BIBLIOTHECA
LUSITANA
^it
Desta edição fe^-se uma tiragem especial de loo exem-
plares, em papel Registo 120, numerados e rubricados
por Manuel Lopes de Almeida.
BIBLIOTHECA
LUSITANA
Hiítorica , Critica , e Cronológica.
NA QUAL SE COMPREHENDE A NOTICIA DOS AU
tKoresí*ortuguc2cs , e das Obras , que compuzcraõ defdc o tempo
da promulgação da Ley da Graça acé o tempo prczcnic
OFFERECIDA
AO EXCELLENTISSIMO, E REVERENDÍSSIMO SENHOR,
D. Fr. J O Z E
MARIA DA FONCECAj E E^ORA
Bifpo do Pcrfo dú Confclho de Sha Ma^ejlâdc.
DIOGO BARBOSA
MACHADO
Vtylpponenfe jíbbade RefervatArio da Pdrochial Igreja de Sar.to Jdrhodit
Sever , e Académico do Numero da Academia KeaL
TOMOU.
LISBOA:
Na Ofíidna deIGNACIO RODRIGUES.
Asno de M. D. CC..XLVII.
Com todâs as licenças ntcejfarias.»
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aXlntim tíiiitUh ttnnl^mr t^iu *m tt^J^ ^^
EXCELLENTISSIMO, E REVERENDÍSSIMO
SENHOR.
EBJ^ITAME V. Excel/ema que com o mais reverente culto
conjagre ao Jeu grande Nome o Jegundo Tomo da Bibliotheca 'Lufttana jelij mente elevada
ao Apogeo da major gloria quando o venera collocado entre a litteraria clajje dos Jeus
EJcritores diftinguindo Je entre elles com aquella preeminência com que o Sol excede na
copia das lui^es a todos os Aftros, e a todas as Aves a Águia na fuhlimidade dos voos. Como
poderá V. Excellencia negar a Jua benévola proteção a Bibliotheca Ljijitana amplijfima
Jcena dos ProfeJJores de todas as Faculdades Je V, 'Excellencia por indulto da Graça,
e da Naturei^a he animada Bibliotheca de todas as J ciências amenas, e Jevéras, divinas, e
humanas, das quais elegeo para digno theatro aquella Cidade Sacerdotal, Empório do
Chrijlianijmo, que como Cabeça do Mundo judiciojamente penetrou as injignes qualidades,
e Jcientificos dotes com que Je ornava o Jublime ejpirito de V, Excellencia, Perdeu a cele-
brada antonomajia de Jubtil o Principe da EJcola Seráfica quando na Cadeira primaria
de Theologia Joy interpretado pela penetrante agude^^a de V. Excellencia conciliandolhe o
magijlerio dejla Sagrada Vacuidade tanto aplaudo que ajfijlio como Theologo no Concilio
Eateranenje convocado pela Santidade de Benedião XIIL em o anno de 1725., e Jer
eleito para Conjultor das mais doutas Purpuras do Collegio Apojlolico quais eraô os Car-
diaes Co:(j(a, Pipia, e Tolomei Oráculos das Familias Francijcana, Dominica, e lejuitica.
Kenaceo a nova vida multiplicada em iS corpos o doutijjimo Hijloriador Fr. Lucas Vvadingo
pela magnifica idea, e generojo dijpendio de V. Excellencia mandando naõjomente reimpri-
mir em Jorma mais elegante os Annaes daquelle grande EJcritor com eloquentijfimas Dedi-
catórias aos Oráculos do Vaticano Clemente XII . e Benedião XIV. em que Je admiraõ
unidas a pure:(a, e magejlade da lingua Eatina da qual he V. Excellencia objervantijfimo
cultor, mas para complemento de taõ vajla obra lhe Jev(^ V. Excellencia novos Suplementos
imitando com tanta exaçaõ o ejlilo daquelle erudito Annalijla, que Je Jora verdadeira a
Metempjycofts Pythagorica poderia crerje que a penna de V. Excellencia Je animava com
ojeu ejpirito. Admirou Koma Solar dos mais Jagaces EJladiJlas a Politica de V. Excel-
lencia regulada pelos diãames do Evangelho, e naõ pelos AJoriJmos de Tácito com que
tratou os mais graves negócios das Coroas de França, Hejpanha, Sardenha, e Polónia
merecendo em remuneração de taõ altas incumbências Jer eleito Conjelheiro Ecclejiajlico da
Magejlade Cejarea de Carlos VI. e delRey de Sardenha, e Plenipotenciário de Portugal
em a Cúria Romana. Entre a Jeveridade dos ejludos majores nunca deixou o Jeujecundo
engenho de cultivar os bojques do ParnaJJo, e colher as flores do Pindo exercitando com
taõ mageJlo:(a elegância os preceitos da Oratória que ao mejmo tempo que rejucitou a memo-
ria de Tullio lhe diminuio a mayor parte da Jua Jama. Naõ houve Academia celebre que
com judicioja emulação naõ pertendejje a V. Excellencia por Jeu Collega Jendo Principe
da Etrujca, ejucejjor do Cardial Albani, e de V. Excellencia o Principe real de Polónia;
Cenjor da Ecclefiajlica da Sapiência de Koma, alumno da dos Árcades com o nome de
Garafto, da Injecunda, e ultimamente da Real da Hijloria Portuguesa em cujas litera-
rias Ajjembleas foy ouvido como Oráculo, e rejpeitado por Erário de toda a Filologia,
Os augmentos mifieriojamente augurados em o nome de V. Rxcellencia naõ fomente Je admi-
rarão cumpridos em tantos lugares honor ificos literários, politicos, e religiojos a que Jubio
pelo ] eu incomparável merecimento, e naÕ pela cega liberalidade da fortuna, mas os parti-
cipou com generoja profujaõ ao jeli^ berço onde naceo para a vida regular primeiro Movei
do Orbe Seráfico, J agrado centro da immenja circumferencia da Familia Francijcana o
Convento de Ara Cali taõ venerável por Jua antiguidade como porjeus habitadores ornando
& a Jua Bibliotheca com fincoenta mil volumes que como tantos Afiros collocados nos Epicyclos
das EJlantes primorojamente fabricadas efiaô perpetuamente comunicando eruditos influ-
xos a todos que conte mplaõ os Jeus A] peão s, Naõ ignoro que dejle profujo donativo teve
V. Excellencia por exemplares os Principes da lerarchia Ecclejiajlica profejjores do
Inftituto Seráfico como foraõ os S um mos Pontifices Xifto IV. e V, ampliando a Biblio-
theca Vaticana; o Emminentiflimo Cardial Cijneros, e os IlluJlriJJimos D. Fr. Pedro
Gonçalves Arcebijpo de Granada, e D. Fr. Francijco Gonzaga Bijpo de Mantua, que
com louvável gratidão aos Conventos onde Je adoptarão por filhos do Serafim humano con-
tribuirão com copiojos legados para augmento das Juas livrarias, porem V. Excellencia
devendolhe a idea os excedeo em o numero capa^ deformar muitas Bibliothecas. Do vigilante
cuidado que Y. Excellencia aplicou para augmento da Bibliotheca Seráfica ejpera firme-
mente a Eufitana protegida com os Jeus benéficos aujpicios Je dilate ajama de tantos EJcri-
tores invulnerável aos golpes da critica menos Judicioja, e innacejfivel aos tiros da morda-
cidade mais petulante. Go^ V. Excellencia a dignidade Epijcopal dejja grande Dioceje
Jantificada com as heróicas virtudes dos Bafileos, e Sylveftres, e ennobrecida com as pro-
fundas letras dos Sylvas, Cunhas, e Almeydas Jeus gloriojos predecefjores pela arithme-
tica dos meus votos, que ardentemente Juplicaõ ao Author da vida numere os annos por Jeculos
de Jelicidades, e Je immortali^^em as Juas virtudes pafioraes nos Sagrados Fajlos da Igreja.
Diogo Barboza Machado.
vc^.
BIBLIOTHECA
U S I T A N A
ABIAM DA MOTA
Natural do lugar do Bom-
barral, termo da Villa de
Óbidos do Patriarchado
de Lisboa, taõ nobre por
nacimento, como pelas
acçoens militares, que
obrou em o Oriente, para
onde partio com o Vice-
Rey daqueUe Eílado D. Garcia de Noronha,
em o anno de 1538. Pela larga aíTiftencia, que
fez na índia já exercitando o lugar de Juiz
da Alfandega de Goa; já achando-fe em di-
verfas emprezas militares, em que adqiiirio
immortal gloria ao feu nome, efcreveo
Hijloria da Índia em que fe relataõ as acçoens
do VíceRey D. Garcia de Noronha, ate o go-
verno de Francijco Barreto 4. M. S. cujo ori-
ginal confervava Pedro Rodrigues Pereira,
morador na Villa da Lourinhãa. Do Author,
e da obra fazem mençaõ o Licenciado Jorge
Cardozo nas Memorias para a Bib. Portug.
Francifco Galvaõ Maldonado na Bib. L/ifit.
AI. S.eo moderno addicionador da Bib. Orient.
de Ant. de L£aÕ. Tom. i. Tit. 3. col. 60.
FABIAM PACHECO, iníigne Medico,
e igualmente perito Anatómico, compoz com
fumma inveftigaçaõ
Traãatus de Anatome M. S.
O qual fe confervava na Livraria do Dou-
tor Manoel Alvares Brandão, celebre profef-
for da Arte Medica.
Fr. FAUSTINO DA GRAÇA. Na-
ceo na Gdade de Goa, Capital do Impe-
BIB LIO THE CA
rio Afiatico Portuguez, aonde recebeo o
habito da Sagrada Ordem dos Eremitas
de Santo Agoftinho, e de tal modo fe dif-
tinguio dos feus domeílicos em a cul-
tura das letras, e obfervancia dos preceitos
do feu Inílituto, que exercitou louvavel-
mente os lugares de Secretario, e Diffinidor
da fua Congregação, e ultimamente foy
Confeflbr das Religiofas do exemplar Con-
vento de Santa Mónica de Goa. Efcre-
veo
Manual de devoçoens para a menhãa atl a
noite; para antes, e depois da Oração, e di:(er
Miffa. Lisboa por António Pedrofo Galraõ
1728. 24.
Efpelbo devoto de Oraçoens para todo o dia :
no fim fe bufcarà o áureo numero, a Epa£{a, letra
Dominical, e as Feflas moveis de cada anno. Lis-
í)oa pelo dito ImpreíTor. 1734. 52.
Ceremonial Alphabetico do culto Divino, Mif-
fas, e Prociffoens, Bençoens; taõbem dos de ff eitos,
que occorrem na celebração do Santo Sacrifício da
Miffa. Lisboa na Oííicina Rita-CaíTiana.
1736. 16.
Brevilogio das noticias das cout(as, e dos fojei-
tos da Congregação da índia dos Eremitas de Santo
Agoflinho. Aí. S. 8. coníla de 180. folhas,
conferva-fe na Livraria do Convento de NoíTa
Senhora da Graça defta Corte.
Officio próprio com Outavario de N. S. com
o titulo da Graça. Aí. S.
Calendário perpetuo, que fe rege por cinco
números difpoflos com grande arte, e fumma cttrio-
fidade para u/o dos Keligiofos de Santo Agofli-
nho. Aí. S.
Fr. FAUSTINO DA MADRE DE DEOS
natural da Villa de Ovar do Bifpado do
Porto, chamado no Século Fauftino da
Sylva, filho de André AiFonfo, c Guiomar
Gonçalves. Recebeo o habito Seráfico em
o Convento de S. Francifco de Bragança
a 8. de Fevereiro de 161 3. Foy muito eru-
dito nas letras Sagradas, e profanas, e dos
grandes Oradores Evangélicos do feu tempo.
Na Religião occupou em o anno de 1624.
o lugar de Guardião do Convento de
Santa Cruz da Ilha da Madeira quando
fua Cuftodia era fogeita à Provinda de
Portugal; depois foy ConfeíTor das Religio-
fas do Mofteiro de Vai de Pereiras, junto de
Ponte de Lima no anno de 1630. do Mof-
teiro de Monchique nos fuburbios da Cidade
do Porto em 1645. e de Santa Clara de Coim-
bra em 1654. e em todos eftes minifterios
Religiofos moftrou a fua grande prudência,
e virtude. Delle fazem memoria Fr. Fer-
nando da Soled. Hifl. Seraf. da Prov. de Portug.
Part. 3. liv. I. cap. 21. e Fr. Joan. à D. Anton.
Bib. Francifc. Tom. i. pag. 342. col. i. Nicol.
Anton. Bib. Hifpan. pag. 277. col. i. Com-
poz.
Primeira parte do Florilégio Efpiritual, co-
lhido da doutrina dos Santos Padres, e de vários
Doutores, e Mefires de ef piri to applicado á per-
feição da Vida religiofa fobre o Pfalmo Beati
immaculati in via &c. fegundo a expofiçaõ do
Doutor Seráfico Boaventura fobre o mefmo Pfalmo.
Coimbra por Manoel Dias ImpreíTor da Uni-
verfidade 1656. 4.
Fr. FAUSTINO DO REGO natural
da Villa de Santa Catherina, fituada nos
Coutos de Alcobaça em o PatriarchaHo
de Lisboa, Monge Ciftercienfe, e muito
verfado em os privilégios da fua obfer-
vantiffima Congregação. Efcreveo cm o
anno de 1525. em hum grande volume,
que fe guarda na BibUotheca do Real Con-
vento de Alcobaça, as obras feguintes.
M. S.
Comeffo da Ordem Ciftercienfe.
Fundação de Odivellas, e Ordem de Chriflo,
Eflatutos de D. Jorge de Mello Funda-
dor do Mofleiro de Portale^e para o bom go-
verno das Keligiofos do dito Mofleiro.
Regimento de como fe hade ler á Mez^a
nos Domingos, e Feflas do Anuo.
Fr. FAUSTINO DE SANTA ROSA
naceo a 24. de Fevereiro de 1694. em o
lugar de Loures diftante duas legoas de
Lisboa, onde teve por pays a Joaõ LuÍ2
Bernardes, c Maria da Luz. Eftudou os
rudimentos Grãmaticacs, c as letras hu-
manas no Collegio de Santo Antaõ dos
Padres Jefuitas, e quando contava quin-
ze annos recebeo o penitente habito de
L USITAN A,
S. Francifco em o Real Convento de Lif-
boa a 27. de Outubro de 1709. Aprendeo
com difvelo, e eníinou com applaufo as
fciencias de Filofoôa, e Theologia em que
jubilou. No Capitulo Geral celebrado em
ValhadoUd em o anno de 1740. preíidio
a humas Conclufoens, que conftavaõ de
1223. pontos em que fe ventila vaõ as
mayores diííiculdades da Theologia Efpe-
culativa, e Dogmática, onde brilhou com
exceíTo a fua grande Htteratura, pela qual
mereceo fer Qualificador do Santo Officio,
Confultor da BuUa da Cruzada, Commif-
fario Vifitador Apoiiolico da Cuftodia da
Immaculada Conceição da Ilha de S. Mi-
guel, ConfeíTor do Real Convento de Santa
Clara, e do Convento de Santa ANNA am-
bos de Lifboa. Compoz
Orbis Philofophicus in quattuor partes di~
vifus. M. S. foi. He hum Curfo de Filo-
fofia completo.
Hierufakm Militantis murus inexpugna-
bilis dítodecim ftmdamentis Jlabilitus, (& Apof-
tolicis charaâeribus firmatus habens fundamenta
duodecim, (ò" in ipjis nomina dmdecim Apof-
tolorum. Apocalyp. 21. v. 14. Sive Sjm-
bolum Apoflolicum duodecim Videi arttculis
Apofiolorum artificio fabricatnm, d^c. Eíle
he o titulo das Conclufoens defendidas em
ValhadoUd no Capitulo Geral.
Fr. FAUSTINO DE TRANCOSO na-
tural da Villa de feu appellido íituada na
Provinda da Beira. Profeííou o inílituto
Monachal de S. Bernardo no Real Con-
vento de Alcobaça, onde exercitou por
muitos annos o miniiierio de Orador Evan-
gélico deixando para teílimunho da applica-
çaõ a eíle género de eítudo.
Sermoens em as Fejlividades de Chriflo, Koffa
I Senhora, e Vários Santos, cujo M. S. fe con-
' ferva na Bibliotheca de Alcobaça.
D. FELICIANA DE MILAM naceo
na Cidade de Lisboa a 8. de Outubro de
1632., e profeíTou o Sagrado Inílituto do
i Mellifluo Doutor S. Bernardo em o Real
' Convento de S. Diniz de Odivellas. Foy
ornada de juizo penetrante, graça natural,
e difcriçaõ fublime. Eternamente fera ce-
lebrado o feu nome pela fentenciofa agu-
deza de feus apothemas, que fendo repenti-
nos pareciaõ meditados por muito tempo,
ou foílem fobre matérias ferias, ou jocofas,
dos quaes publicarão grande parte Pedro Jozè
Supico de Moraes Colkç. Polit. de Apotb.
Hv. 3. pag. 215. e Damiaõ de Froes Perim,
aHás Frey Joaõ de Saõ Pedro no Theatr. He-
roin. Tom. i. pag. 376. atè 382. Naõ foy
menos eítimavel o feu talento em as Cartas
onde retratou a mais viva imagem do feu
efpirito que bem merecido (como efcreve o
Author do Theatr. Heroin. pag. 375.) o bene-
ficio da eflampa para fe confervar com a memoria
das fuás difcriçoens os partos do feu fecundijjimo
Jtà!(o. Compoz muitos verfos em que a ele-
gância competia com a agudeza merecendo
a fua Mufa fer coroada pelas nove do Par-
nafo. Com profunda madureza efcreveo
hum largo Difcurfo fobre a Exiflencia da
Pedra Filofofal, do qual fallando Diogo Ma-
noel Ayres de Azevedo no Portug. llluflr.
pelo fex. Femin. pag. 104. n. 51. affirma que
fó elle podia qualificar o feu elevado juit^o. Conhe-
cendo que era chegada a ultima hora da fua
vida fe difpoz catholicamente com fervorofos
ados, que edificarão a toda a Communidade,
que lhe aíTiília, a quem recomendou que fobre
a fua fepultura fe lhe efcreveíTe o feguinte
epitáfio, que tinha compoílo em toda a fua
vida.
Aqui faz a peccadora.
Falleceo no anno de 1705. quando contava
fetenta e três de idade.
FELICIANO DE ALMEIDA natural de
Lisboa, e filho de Luiz de Almeida, e Maria da
Sylva. Inftruido nos preceitos da lingua La-
tina fe aplicou ao eftudo da Cirurgia, em que
fahio infigne alcançando mais profunda intelli-
gencia deíla Arte aíTim na Theorica, como na
Pradtica, quando aíTiítio no Reyno de Ingla-
terra, e RepubUca de Olanda. Reílituido à
Pátria foy Cirurgião dos Exércitos das Pro-
vindas da Beira, e Alentejo, e ultinumente
depois de fer Meílre em o Hofpital Real de
todos os Santos deíla Corte foy Cirurgião da
Cafa da Auguíla Mageftade d'EIRey D. Joaõ
o V. noíTo Senhor. Morreo em Lisboa a
9. de Outubro de 1726. Publicou
BIB LIO THECA
Cirurgia reformada dividida em dous Tomos.
O primeiro fe divide em três partes fegundo a
ordem das três regioens do corpo humano. O fe-
gundo vay dividido em três livros em os qtiaes fe
trata em geral de todas as feridas, apoflemas,
chagas, Ó^c. Lisboa na Officina Deslande-
fiana 171 5. foi. & ibi por António Pedrozo
Galraõ. 1758. foi.
Fr. FELIQANO DOS ANJOS natu-
ral de Lisboa, filho de Joaõ da Cofta Vi-
digal, e Jofefa da Encarnação. ProfeíTou
o penitente Inftituto de S. Francifco no
G)nvento de Setuval da Provinda dos Al-
garves a 20. de Setembro de 171 8. Foy
Guardião dos Q)nventos do Torraõ, e
de Beja, e Secretario da Província. Pu-
blicou
Sermão do Banquete com o Santijftmo Sa-
cramento manifeflo pregado de tarde na Quarta
Dominga da Quarefma no Keal Convento de Santa
Clara de Beja anno 1740. Lisboa na Real Offi-
cina Sylviana, e da Academia Real. 1740. 4.
Fr. FELICIANO COELHO natural
do lugar de S. Martinho termo da Villa
de Cea em a Província da Beira. Ainda
contava poucos annos de idade, e muitos
de prudência quando deixada a cafa de
fcus illuílres pays António Coelho de Al-
buquerque de Carvalho, Commendador de
Santa Maria de Cea na Ordem de Chrifto,
Governador do Maranhão, e Angola, e
D. Ignez Maria Coelho fua fegunda mu-
lher, e Prima, fe adoptou por filho do
Princepe Ciftercicnfe S. Bernardo rece-
bendo a coguUa Monachal em o Convento
de Santa Maria de Salzedas. Nos cíhi-
dos Efcolaílicos fahio taõ eminente, que
depois de as enfinar aos feus domefticos
foy laureado com as infignias doutoraes
de Thcologo cm a Univerfidade de Coim-
bra. Foy Reitor do CoUegio deíla Cidade
no anno de 161 8. Abbade do Convento
de NoíTa Senhora do Defterro dcfta Corte
em 1624. donde fubio em o de 1627. a
Geral da fua Congregação, cm cujo go-
verno fe fez taõ amável aos fubditos, que
ao tempo que lhe celebrarão o Funeral
em o anno de 1642. nenhum podia entoar
os Pfalmos, c Antífonas impedidos das la-
grymas, e fufpiros com que lamentavaõ a
fua falta. Emprendeo a famofa obra do No-
viciado de Alcobaça, em cuja fabrica deixou
hum eterno padraõ da grandeza do feu cfpi-
rito, naõ fendo menor a prudência com que
pacificou as controverfias que havia entre os
moradores da Villa de Alcobaça, c os Rcli-
giofos do Mofteiro fobre o campo da Roda
levantando nelle os moradores em memoria
da convenção paâada com os Monges huma
Capella dedicada a NoíTa Senhora da Paz.
Compoz
Traãatus Orandi, <& Meditandi ad Novi-
tiorum exercitium editus. Ulyífipone apud Pe-
trum Craesbeeck. 1624. 8.
FELICIANO DE OLIVA E SOUSA
natural do lugar do Tojal fituado em o Con-
felho de Satam diftante trcs legoas para o
Nacente da Epifcopal Cidade de Vizeu onde
teve por pays a Feliciano de Oliva, e Cathe-
rina de Souza igualmente virtuofos, e opu-
lentos. Tendo aprendido as letras humanas
fe applicou ao eíhido do Direito Pontificio
em a Univerfidade de Coimbra, em que re-
cebeo o gráo de Doutor com grande applauzo
dos Cathedraticos. A integridade dos coftu-
mes acompanhada da profundidade das letras
o fizeraõ digno de fer Vifitador, e Vigário
Geral do Bifpado de Elvas, donde paíTou
a fer Auditor, e Vigário Geral da Cúria Bra-
charenfe no tempo que governava eíla Auguíla
Metrópole o lUuílriíllmo D. Aleixo de Me-
nezes. O mefmo minifterio exercitou no
Bifpado de Vizeu, quando pofsuia efta Mitra
D. Fr. Joaõ de Portugal, e ultimamente foy
Governador do mefmo Bifpado por morte
de feu Prelado D. Fr. Bernardino de Sena
tendo a mefma occupaçaõ em o Bifpado de
Lamego. Querendo confagrar a Dcos a
fazenda, que pofsuia, fe refolveo fundar hum
Convento na fua pátria para Religiofas Do-
minicas, c vencidas diverfas difficuldadcs
que fe levantarão contra taõ fanto intento
alcançada faculdade Real em 15. de Mayo
de 1638. e a Pontificia a 27. de Mayo
de 1640. fe começou a habitar o Con-
vento dedicado à N. Senhora de Oliva,
em cuja Capella mór defcanfaõ as fuás
L USITANA,
cinzas. Deixou para ornato do Templo grande
copia de peças de prata, e de preciofos
ornamentos fatisfazendo-fe unicamente em
memoria de fer feu Fundador com os Suf-
fragios annuaes da primeira Mifsa do Na-
tal, a da Feíla do Efpirito Santo, e da
Annunciaçaõ da Virgem Maria, pela fua
alma. Joaõ Soar. de Brito Theatr. l^ufit.
Utter. lit. F. n. 5. o intitula Praãica jurif-
prudentia nominatifimus ; vir doãus, é)' pius. Nicol.
Ant. hih. Hifp. Tom. i. pag. 278. col. 2.
doãe quidem pojl innumeros Mfputavit de Eccle-
fiaflica, (ò' facularis potefiatum viribus, concur-
fuque. D. Franc. Manoel na Carta dos A A.
Portug. efcrita ao Doutor Manoel Themudo
da Fonfeca. Struvio Bib. Jur. Jeleã. pag, 336.
Carvalho Corog. Portug. Tom. 2. Trat. 5.
cap. 21. Fr. Lucas de Santa Catherina Hijl.
de S. Doming. da Prov. de Portug. Part. 4. liv. 2.
cap. 35. Compoz
Traãatus de Foro 'Exclejia materiam utriuj-
que potefiatis Jpiritualis fàlicet, <ii>^ tempo-
ralis priruipaliter refpiciens, in quo utriujque
fori Ecckfiafiici, (àr facularis plures quafiio-
nes, qua quotidie incidunt in praxim, difpu-
tantur, ac refolutionem accipiunt in três par-
tes divifus. Prima pars. Qjnimbricse apud
Emmanuelem drvalho. 1649. foi.
Pars fecunda, ibi per eundem Tjrpog.
1650. foi. No fim deíla Parte promete a
Terceira, a qual fahio com as duas prece-
dentes. Coloniae Allobrogum apud Leonar-
dum de Chovet. 1678. foi.
FÉLIX DE AZEVEDO DA CUNHA
Capitão do Terço da Armada Real naõ me-
nos verfado nos preceitos da Milida, que da
Poética, publicou
Patrocinio empenhado pelos clamores de
bum pre^o diriffdo ao Senhor Luiz Ce^ar
de Aíene^es Governador, e Capitão General
do miado do Brafil. Lisboa por Valen-
tim da Coíla Deslandes Imprefsor d'El
Rey 1706. 4. Coníla de defefeis Outa-
vas.
Fr. FÉLIX DO ESPIRITO SANTO
chamado no feculo Manoel Pitta Calhei-
tos naceo na Qdade do Porto fendo fi-
lho de Joaõ de Almeida Pitta, e Izabel
Soares. Applicou-fe na Univerfidade de
Coimbra à faculdade do Direito Qvil, em
que tomou o gráo de Bacharel, e podendo
pela viveza do engenho, e feUcidade da
memoria feguir as Cadeiras, preferio ao
applaufo, que lhe podia refultar das fuás
letras, abraçar o auftero inítítuto de Agof-
tinho Defcalço recebendo o Habito no
Convento de N. Senhora da Conceição
do Monte Olivete fituado fora dos muros
de Lisboa a 14. de Julho de 1680. e pro-
fefsou a 28. de Agoílo do anno feguinte.
Foy Religiofo muito obfervante, e natu-
ralmente inclinado à Poefia, que fempre
dedicou a Afsumptos Sagrados, como o
publicaõ as obras fegxiintes, que em feu
poder conferva o Reverendo Padre Meílre
Fr. Eílacio da Trindade de quem jà fe fez
mençaõ em feu lugar, com intento de as
fazer publicas pela impreflaõ.
Auto ao Nacimento de Chriflo. Interlo-
cutores os quatro Elementos.
Auto da CircumcifaÕ. Interlocutores o
Padre Eterno, Homem, Anjo, Demónio.
Auto dos Três Keys Magos. Interlocuto-
res eftes Três Príncipes, e Herodes.
Auto da Fugida do Egypto. Interlocutores
N. Senhora, S. Jozè, duas Siganas, e dous
Soldados.
Auto das Lagrymas do Menino Deos.
Fr. FEUX DE JESUS. Naceo em -^
Lisboa, e no Convento de N. Senhora
da Graça recebeo o Habito de Eremita
Auguítíniano, com o qual partio para a
índia com a MiíTaõ que a Província man-
dava em o anno de 1605. Depois de pro-
feíTar no Convento de Goa, e eíhidar as
Letras Sagradas, e Profanas fe dedicou
com grande difvello a inveítdgar as noti-
cias da f\ia Ordem, em cuja laboriofa occupa-
çaõ depois de confumir muitos annos mor-
reo no Convento de Goa no anno de 1640.
Efcreveo
Chronica da Origem, e progrejfos da Con-
gregação da índia dos Eremitas de Santo Agof-
tinho defde o anno de 1572. atè o de 1637. em
que comprehende os fuccejfos do mefmo FJlado.
foi. M. S. Conferva-fe na Livraria do Con-
vento da Graça defta Corte.
BIB LIOTHE C A
Dellc faz mençaõ Joan. Soar. de Brito
Theatr. Loífit. Utíer. lit. F. n. i. affirmando
<juc ignorava o que tinha compofto, e Fr.
Ant. à Purificat. de Vir. Illtijirib. Ord. D. Aug.
Jib. 3. cap. 6.
FÉLIX JOZE' DA COSTA nacco cm
Lisboa a 20 de Novembro de 1701. fendo
filho de Joaõ da Cofta de Brito, e Catherina
Luzia Freire de Andrade. A natureza o do-
tou de engenho penetrante para brevemente
comprehender os preceitos da Gramma-
tica. Tropos da Rhetorica, primores da
Poefia, argucias da Filofofia, e myfterios
■da Theologia. Naõ teve menor talento
para examinar as diHiculdades do Direito
Cefareo, a que fe applicou na Univerfi-
dade de G^imbra, onde com admiração
de todos os Cathedraticos defendeo Con-
dufoens aos Titulos De Jure Codicilhru,
et Cod. de Crimine expilata hareditatis, cujos
pontos eílavaõ fabricados com engenhofo
artificio de figuras Muficas, e Mathema-
ticas, e diverfos Acrofticos, que claramente
indicavaõ a noticia que tinha deftas Fa-
culdades. Depois de fazer Formatura em
Jurifprudencia Civil no anno de 1727. paf-
fados dez annos foy approvado pelo De-
zembargo do Paço para adminiftrar os lu-
gares merecidos à fua fciencia legal. Publicou
as feguintes obras
Crije à Carta Critica que fes^ certo Ano-
nymo Cafielhano Johre o Soneto Ramos cortou
reaes com a foluçaô aos reparos criticos, e com
a expofiçaõ do Soneto. Lifboa por Pedro Fer-
reira ImpreíTor da Sereniflima Rainha N. Se-
nhora. 1737. 4.
O Imineo dos Menet^es, e Caftros novo "Poema
da Voda do VI. Conde da Ericeira o llluftrijftmo,
e Excellentijfimo Senhor D. Francifco Rafael
Xavier de Meneses, com a lllufiriffima, e Excel-
lentiffima Senhora D. Maria Jo/efa da Graça
e Noronha, filho dos lllujlrijfimos, e Excellen-
tijjimos Marqueses do Louriçal, e filha dos Illuf-
trijftmos, e Excellentijftmos Marque:(es de Cafcaes.
ibi pelo dito ImpreíTor. 1740. 4. Coníla de
cento c trinta Outavas.
Nova S tatua ex 'Epigrammatum falibus li-
bellus I. UlyíTip. Typis Petri Fcrrerij Auguft.
Reg. Typog. 1741. 4.
OftentaçaÕ pelo ^ande talento das Damas con-
tra feus emulos. Lisboa pelo dito ImpreíTor.
1741. 4.
Outeiro de Apollo, e das Mu/as em aplaufo
do Keverendijftmo Padre Mefire Doutor Fr. Sal-
vador Corrêa de Sá, Leitor jubilado em Theo-
logia, Confultor do Santo Officio, e da Bulia da
Santa Cruzada, e Examinador das Três Or-
dens Militares. Sendo eleito Geral dos Precla-
rijjimos Monges de S. Jeronymo em 16. de Abril
de 1742. Lisboa por Jozè da Sylva da
Natividade. 1742. 4. Coníla de diverfas
Glofas.
Obras M.S.
Elogios Latinos em competência dos que com-
pov^ o P. Luiz Giuglaris da Companhia de
JESUS.
Epigrammata Sacra. Tem por Titulo Di-
vino fub Sole novum injolitumque Poema.
O Verbo Divino, ou KedempÇM do homem.
Poema Heróico.
Nova S tatua Epigrammatum libellus 2.
De/afio Poético com todos os mayores Poetas.
A primeira parte tem já as licenças para a
impreíTaõ.
Biblia Sacra interpretada de/de o primeiro
Capitulo em obfequio da Conceição de Noffa
Senhora. Coníla de muitos volumes.
Mufica revelei do Contraponto à compo-
JiçaÕ, que comprehende varias Sonatas de Cravo,
Viola, Rebeca, e vários Aíinuetes, e Canta-
tas.
FÉLIX JOZE' DA SOLEDADE. Vc-
ja-fe JOZE' DA CUNHA BROCHADO.
FÉLIX LEAL DE CASTRO, Dou-
tor em Direito Cefareo, c affiílente mui-
tos annos na Cidade de Macao celebre Co-
lónia dos Portuguezes nos confins da China.
Efcrcveo neíla Cidade a 4. de Fevereiro
de 1712.
Rjlacion fincera, y verdadera de la Jujla de-
fenfion de las regalias, y privilégios de la Co-
rona de Portugal en la Ciudad de Macao. Im-
preíT. en Hiang. Xan.
FÉLIX MACHADO DA SYLVA,
CASTRO, E VASCONCELLOS, I. Mar-
quez de Montebello em Milaõ, cujo titulo
L U SITANA,
lhe deu Filippe IV. em o anno de 1630.
Foy filho de Manoel de Araújo de Souza
e Caftro, e de Dona Margarida Machado
da Sylva, e Vafconcellos filha herdeira
de Francifco Machado da Sylva Senhor
de Entre Homem, e Cavado, e Com-
mendador de Souzel em a Ordem de
AvÍ2. Pofluio a Commenda de Saõ Joaõ
de Q)ncieiro da Ordem de Chriílo, e o
Senhorio das GiTas de Giftro, Vafconcel-
los, e Barrofo, e os Solares delias fitua-
dos na Provinda da Beira entre os rios
Homem, e Cavado. ProfeíTou o eftudo das
Artes liberaes, e mecânicas, fendo grande
politico, infigne Genealógico, e profunda-
mente verfado na hçaõ da Hiftoria pro-
fana, e na Geografia aíTim andgua, como
moderna deíle Reino como o publicaõ as
fuás obras, e o teílemunhaõ os elogios
que lhe dedicarão à fua memoria Joan.
Soar. de Brito Theatr. "Lufit. Utter. ht. F.
n. 2. K/r ad omnem elegantiam, atque poli-
tiam natusy €>" jaãus; non enim Jolum equeftri
laude, €>• tis, qtia viros illufires artibus decent,
fed piãura etiam, ^ aliis bufusmodi ipjum
valere. Carvalho Corog. Portug. Tom. i. Trat.
3. cap. 14. Foy Cavalheiro de muito valor,
e entendimento, como confia de feus efcritos.
Cordeir. Hiji. Infulan. liv. 5. cap. 19. o
illufire Aíarquei(^ de Montebello, e fidelijftmo
fempre Vortugue^. Gandara Nobil. de Ga/iz-
liv. 2. cap. 18. p. 222. Franckenau Bib.
Hift. Geneal. pag. 109. Salazar HiJl. Gen.
de la Cai(^. de Sylv. Tom. 2. Uv. 12. cap. 14.
D. Franc. Aíanoel na Cart. dos A A. Portug.
Souza Aparat. à HiJl. Gen. da Cat^. Real Por-
ia^, p. 103. §. 107. Teve grande liçaÕ dos Autho-
res Genealógicos defte Reino, e dos de Cafiella, e
buma boa noticia Geográfica dos antigos fitios, e
lugares defie Reino. Manoel de Faria e Souza
lhe dedicou a Egloga IV. da Quarta Parte
da Fuente de Aganipe onde fe lem eftas obfe-
quiofas expreíToens métricas.
Generofo Aíarquez em qttem derrama
Com efplendida maõ mil partes varias,
Porque a ti tanto como a muitos ama
O trono das eternas latminarias;
A artes mil exercendo com mil partes
Saõ em Ti liberaes todas as Artes.
Cazou com D. Violante de Orofco iimãa
de D. Francifco de Orofco 11. Marquez:
de Mortara, e I. de OUas, ViceRey, e Ca-
pitão General de Catalunha, e Governador
de ^íilaõ, de quem teve a António FeUx Ma-
chado da Sylva e Caibro 11. Marquez de Mon-
tebello. Compoz
Memorial dei hiarquev^ de Montebelo. 1642. 4.
Naõ tem lugar da impreíTaõ. Nelle trata
largamente dos Afcendentes da fua Familia,
e confta de 298 paginas.
Vida de Alanoel Macbado de Azevedo Senhor
de las Ca^as de Cajlro, Vafconcellos, y Barrof^o,
y de los Solares delias, y de las Tierras de Entre
Homem, e Cavado, Villa de Amares, Commen-
dador de Sou:(el en la Ordem de Avi^. Madrid
por Pedro Garcia de Paredes 1660. 4.
Notas ai Nobiliário de D. Pedro Conde de
Barcelos bijo d'ElRey D. Dionit^ de Portugal.
Madrid por Alonfo de Paredes. 1646. foi. e
Lisboa por Joaõ da Coíla. 1667. foi.
Tercera Parte de Gufman de Alfaracbe
dividida em três livros, foi. M. S. a qual per-
tendia publicar com o fuppofto nome de
FeHx Marques. O original fe conferva na
Livraria do Convento da Graça deíla Corte,
onde o vimos.
Conqtáfta de Catalunha. foL M. S. fem o
feu nome.
FÉLIX AL\CHADO DE MENDO-
ÇA EÇA CASTRO, E VASCONCEL-
LOS Neto do precedente naceo em Lis-
boa a 22. de Março de 1677. Teve por
Pays a António Machado da Sylva fegundo
Marquez de MontebeUo, Alcayde mór de
Mouraõ, Comendador do Cazal, e Seixo
da Ordem de Aviz, Senhor de Entre Ho-
mem, e Cavado, Vedor da Caza da Rainha
D. Maria Francifca Ifabel de Saboya, e a
D. Luiza Maria de Mendoça, filha her-
deira de Manoel de Souza dia Sylva,
Comendador de varias Comendas, e de D.
Joanna de Mendoça. Naõ degenerou do
génio dos feus Mayores, aílim no exer-
cido das armas, como na liçaõ dos livros,
fendo Meíbre de Campo, e Governador
de Pernambuco, em cujo lugar pacifi-
cou as diUençoens fomentadas por dif-
cordias particulares. Foy muito perito
no eftudo da Genealogia, como aííirma
8
B IB LIO THE CA
O Padre D. António Gietano de Souza, no
Aparat. á Hijl. Gen. da Cat^a Real Portug.
pag. i6o. §. 194. Faleceo cm Lisboa a 15.
•de Julho de 173 1. tendo no anno antece-
•dente mandado reimprimir o
Memorial
<|ue feu Avó tinha compofto, de que af-
íima fe fez mençaõ, o qual fahio acrecen-
tado por elle com hum Index muito co-
piofo, e outro Memorial, em que trata de
Famílias Eftrangeiras, de que defcendia
a fua Caza pelo cazamento de feu Avò,
a quem dedica hum largo, e elegante Elo-
gio. Foy cazado com D. Eufrazia de Me-
nezes, Dama da Rainha D. Maria Sofia,
filha de D. Luiz Balthezar da Sylveira,
Vedor da Caza da Rainha D. Maria Anna
■de Auftria, e de D. Luiza Bernarda de
Menezes, filha do primeiro Marquez das
Minas, de quem teve dous filhos, e huma
filha.
Fr. FÉLIX DE SANTA ROSA. Na-
t/ eco cm Lisboa a 20. de Novembro de
1708. fendo filho de Domingos Rodrigues
Joaõ, e Dorothea Maria. ProfeíTou o fa-
grado Inílituto dos Agoílinhos Defcalços,
•em o Real Convento de N. S. da Concei-
•çaõ do Monte Olivete extra muros da Ci-
<lade de Lisboa, a 19. de Março de 1727.
onde depois de fahir inílruido nas Scien-
<das dignas de hum Religiofo, foy fubfti-
tuto três annos da Cadeira de Artes em
o Convento de Santarém, e em o de N.
S. da Boa-Hora defta Corte Lente de Theo-
logia, em cuja Faculdade moftrou o talento,
■que tinha, como taõbem em o minifterio do
Púlpito, do qual publicou
Sermão em AcçaÕ de Graças a Maria San-
íijjima Senhora da Confolaçaõ, e ao ^ande
Patriarcha Santo Agofiinho, pela feli^ milhora,
e perfeita saúde, que por fua intercejfaõ con-
Jegtdo de huma maliffia infermidade o Sere-
mjjimo Senhor D. António Infante de Por-
tugal, Pregado em a Igreja do Convento dos
Keligiofos Agojlinhos Defcalços de N. S. da
Boa-Hora defla Cidade de Usboa a ^o. de
Agoflo de 1739. Lisboa por António Ifi-
doro da Fonfeca. 1739. 4-
FÉLIX DA SYLVA FREYRE. Na-
ceo na Villa de Santarém a 22. de Novem-
bro de 1690. fendo filho de Manoel da
Sylva Freyre, e Luiza Maria. Ainda que
naõ profeíTou os eíhidos, em que fe cul-
tivaõ os engenhos, o feu naturalmètc in-
clinado para a Poefia tem produfido mui-
tas obras métricas a vários aíTumptos dos
quaes fomente lograrão da luz publica as
feguintes
'Narração poética em que fe defcreve o apa-
rato do Real EJlado com que as Mageflades
dos Sereniffimos Reys de Portugal D. JoaÕ o V.
e D. Mariana de Auftria, entrarão na muito
nobre, e fempre leal Villa de Santarém. Lis-
boa por Bernardo da Cofta 171 3. 4. confta
de 68. Outavas.
Echo Sonoro, que de métricas vor^es expref-
fado retumba nos públicos feflejos com que a
muito nobre, e fempre leal Villa de Santarém
fe defempenhou no triunfo do AugufliJJimo Sa-
cramento, em o dia gloriofo da fua taõ devota,
como magnifica celebridade em o anno de 1723.
Coimbra, na Officina do CoUegio Real das
Artes da Companhia de Jefus, 1723. 4. Confta
de 66. Outavas.
FÉLIX TEYXEIRA natural de Coim-
bra, em cuja famofa Univerfidade depois
de receber as infignias Doutoraes na Fa-
culdade de Direito Cefareo foy Lètc de
Inftituta, por oppofiçaõ em 13. de Janeiro
de 1560. e fegunda vez reconduzido na
mefma Cadeira a 25. de Janeiro de 1563.
Mereceo particulares eftimaçoens da Sere-
niflima Senhora D. Catherina Duqueza de
Bragança, de quem foy Procurador, de-
fendendo com a profundidade das fuás le-
tras o irrefragavel Direito, que efta Heroina
tinha à Coroa Portugueza, no tempo, que
lho difputava a injufta ambição de Filippc
Prudente. Foy Dezembargador da Caza
da Supplicaçaõ, e Comendador da Ordem
de Chrifto. Falleceo em Villa Viçoza, e
jaz fepultado na Capella mór do Seráfico
Convento das Religiofas da Efperança. Com-
poz juntamente com o Doutor Affonfo de
Lucena, de quem cm feu lugar fizemos
memoria.
AllegaçaÕ de Direito offerecida ao muito
L USITAN A.
alto, e muito poderofo Rey D. Henriqfte Nojffb
Senhor na cauja da SucceffaÕ deftes Keynos por
parte da Senhora Dona Catherina Jua Johrinha
filha do Infante D. Duarte Jeu IrmaÕ a zz. de
Outubro de 1579. Almeirim por António Ri-
beiro, e Francifco Corrêa aos 27. de Feve-
reiro de 1580. foi. Efta obra foy txaduílda
na lingua Latina pelo grande Varaõ Fr.
Francifco de Santo Agoftinho Macedo, e
fahio Parifiis apud Sebaftianum Cramoyli 1641.
foi.
FÉLIX THOMAZ CORRÊA natu-
ral de Lisboa, e muito verfado na liçaõ
dos Authores Afceticos traduíio na Lin-
gua Caílelhana de Luiz de Vera em a Por-
tugueza
Declaração da Doutrina Chriftãa do Cordial
Bellarmino com addiçoens de exemplos aos fins
dos Capitulas tirados de graves Authores, e com
a luta efpiritual d' alma, e meditaçoens das do-
res mentaes de Chrijio. Lisboa por Joaõ Gal-
raõ 1685. 4.
D. FERNANDO ultima producçaõ, e
gloriofo complemento das felicidades do
fecundo thalamo dos SereniíTimos Monar-
chas Portuguezes D. Joaõ o I. e D. Fi-
lippa de Lancaítro, naceo em a celebre
Villa de Santarém a 29. de Setembro de
1402. para exemplar de virtudes heróicas,
€ Chriílãas começando a cultivallas defde
a infância com tal exceíTo que mais pare-
dão herdadas por beneficio da graça, que
adquiridas por induílria da natureza. Como
era dotado de entendimento agudo, e perf-
picaz, e de memoria feliz comprehendeo
com fumma brevidade as fciencias divinas,
e humanas fahindo igualmente confum-
mado na intelligencia da lingua Latina,
como na penetração dos mais difficultofos
Textos da Sagrada Efcritura. Depois de
poíTuir as ViUas de Salvaterra de Magos,
e de Attouguia que lhe dera feu grande
Pay, foy eleito por nomeação de feu Irmão
ElRey D. Duarte Adminiílrador, e Gover-
nador perpetuo da Ordem ^lilitar de Aviz
cujo Meílrado vagara por morte de D. Fer-
nando Rodrigues de Siqueira cuja digni-
dade como Eccleíiaítíca recufou aceitar por
fer incompatível com o Eftado Secular que
profeíTava, atè que difpenfado pela authori-
dade de Eugénio IV. em o anno de 1434.
a exercitou. O mefmo Pontífice attendendo
mais às virtudes com que fe ornava o feu
efpirito que ao foberano efplendor do feu
nadmento lhe mandou ofFerecer para mayor
ornato do Collegio Apoílolico a Purpura
Romana por D. Gomes Ferreira Geral da
Ordem Camaldulenfe Abbade de S. Juf-
tina de Pádua, e feu Nundo nefte Reino,
cuja offerta benevolamente agradeceo, e hu-
mildemente rejdtou como indigno de fer
numerado entre os Princepes da Jerar-
chia Ecdefiaítíca. Querendo dar hum claro
argumento do heróico valor que herdara
de feus Mayores fe embarcou a 6. de Agoílo
de 1437. em huma Armada guamedda de
quatorze mil homens de que era General
feu IrmaÕ o In£uite D. Henrique para
conquiílar a Praça de Tangere do domi-
nio dos Mouros, e poílo que o Exerdto
Portuguez deu vários aífaltos aos feus mu-
ros pelo largo efpaço de trinta e dous dias,
como a fortuna fe moílraífe mais parcial
das armas inimigas, fe aceitarão as Capitu-
lações eítípuladas pelos bárbaros fendo a
prindpal de que fe lhes havia reítítuir a
Qdade de Ceuta ficando em feu poder para
fegurança deíla eítípulaçaõ hum dos dous
Infantes. Ofereceu-fe Dom Fernando em
reféns a Salabenfala Governador de Tangere
facrificando com animo fuperior aos mayores
infortúnios a liberdade da fua PeíToa, e fendo
levado a Arzilla violadas pelo bárbaro as leys
da hofpitalidade naõ fomente o tratou com
graves aflEcontas indignas do decoro de hum
Prindpe, mas certificado de que nunca lhe
feria entregue Ceuta o remeteo a ElRey de
Fez para fer viâima do feu furor. Redufo
em hum tenebrofo cárcere donde fomente
fahia para cavar a terra, e varrer a cavalha-
riíTa tolerou elle Heroe da padenda Chriftãa
todo o género de ludíbrios, e affirontas que
podia idear a barbaridade mais tyranna;
naõ permittindo o menor intervallo entre
taõ acerbas tribulaçõens a vigilância do
Alcaide Lazarac, atè que confortado in-
telleâualmente com huma celeftial viíaõ
que transformou o cárcere em Paraizo
IO
BIBLIO THE CA
voou o fcu heroic» efpirito a coroar-fe na
eternidade a 5. de Junho de 1445. quando
contava quarenta e hum annos de idade.
Paflados vinte e nove annos foy condu-
íido o feu Cadáver em 17. de Junho de
1471. por induílria de hum fobrinho de
ElRey de Fez à Cidade de Lisboa onde
fendo recebido por ElRey D. Affonfo V.
com pompa merecida a taõ veneráveis Cin-
zas fe trasladarão para o Real Convento
da Batalha como cm feu Teílamento or-
denara. Todas as virtudes, que divididas
conílituem hum Varaõ perfeito fe admira-
rão unidas em o coração defte religiofo
Infante. Foy taõ efcrupulofo cultor da
Caílidade, que naõ permittia fe proferiíTe
palavra alguma, que levemente manchaíle o
candor de taõ Angélica Virtude. Como fe
fora Anacoreta da Thebaida macerava o
corpo com rígidas abílinencias, jejuando
cm cada femana três dias, e ao Sabbado
a paõ, e agua. Semelhante rigor praâicava
nas Vigílias das FeíUvidades de Chriílo, e
fua Mãy SantiíTima; e no Triduo da Se-
mana Santa em que affiíUa proftrado na
prefença da Divina Mageftade occulta de-
baixo das efpecies Sacramentaes fendo claro
indicio do fagrado ardor que lhe inflam-
mava o peito as copiofas lagrymas que cor-
riaõ dos feus olhos. Venerava com grande
rcfpeito aos Ecclefiafticos como Miniftros
da Cafa do Mayor Monarcha, e com fumma
aí!abilidade fe communicava aos Religiofos
principalmente àquelles que fe diílinguiaõ
na obfervancia dos feus Inílitutos. Era na-
turalmente compaíTivo para os pobres naõ
permittindo que algum fe apartaííe da fua
prefença defconfolado, extendendo-fe com tal
exceíTo a fua ardente charidade que man-
dava dizer muitas MiíTas pelos Cativos, Na-
vegantes, e Moribundos em cujo difpen-
dio gaílava a decima parte das fuás ren-
das. Rezava quotidianamente o Officio Di-
vino, e ouvia huma Mifla folemne na fua
Cappella onde fe cantavaõ com fumma
perfeição as Horas Canónicas, c fe cele-
bravaõ com igual pompa os Officios Divi-
nos conforme o Rito da Igreja de Salis-
burgo. Eílas fantiiicadas obras lhe canoni-
zarão o nome na pofteridade fendo conhe-
cido com a antonomafia de Infante Santo
como fe vè gravado o feu retrato com
diadema na grande Obra do Aãa Sanâo-
rum a 5. de Junho com eíla infcripçaõ na
parte inferior.
Sanãtis Princeps Ferdinandus Infans
iMJitania. Ohiit FeJJa apud Mattros <^
fes A. D. Aí. CCCCXLUL V. Jmij. Ef-
creveraõ as acções da fua vida Fr. Joaõ
Alvares Abbade do Paço de Souza feu
Secretario, e companheiro infeparavel das
penalidades do feu cativeiro, e como defta
obra apareceífe raramente algum exemplar
por ferem paíTados cincoenta annos que
fora impreíTa, a reimprimio Fr. Jeronymo
Ramos da Ordem dos Pregadores no anno
de 1577. reformada em muitas palavras an-
tiquadas, e accrefcentada com algumas no-
ricias, a qual fahio vertida em Larim no
Tomo I. do mez de Junho da grande
Obra do Aãa Sanãorum defde pag. 563.
até 591. com doutiíTimas Notas. Também
efcreveo a Vida defte religiofo Infante Fr.
Jeronymo Roman da Ordem de Santo
AgoíHnho, o Licenciado Jorge Cardozo
Agiol. Ijufit. Tom. 3. p. 543. O Padre
Anton. de Vafconcellos. Anacephal. "Rjeg.
iMJit, pag. 173. atè 194. e innumeraveis
Efcritores que celebrarão a fua memoria. Fr.
Joan. Caram, Phil. Prud. p. 57. Cufus vita
intentas, eJ?* tokrantia plujquam humana non
Ejiropais Jolúm , Jed etiam harbarisfuit admirabilisy
<& utrobique httcujque colitur memoria Jludiofijftma.
Menezes Hiji. de Tanger pag. 24. Acabou taõ
cheyo de miferias, e trabalhos, como de mere-
cimentos, e virtudes acreditadas com tantos pro-
digios, e milagres, que juftamente fe lhe deve o
nome de Santo pois fofreo com paciência hum
dilatado martyrio. D. Nicol. de S. Mar.
Chron. dos Coneg. Kegran. liv. 9. cap. 26.
n. 10. O Cativeiro lhe ^angeou o nome de
Infante Santo, e a laureola de Martyr. Vaf-
conf. Anaceph. Keg. hujit. pag. 173. In
vi£ia laborum patientia inter homines non fo-
lum pios, fed eb* bárbaros fama claritate fortu-
natijftmus. e pag. 409. Diuturna inter Maurita- ■!
nos laborum tokrantia Aíartyrem reddidit. Ca- ^
margo Epitom. Hiflor. pag. 280. Padecia todafu
vida meneias, prifiones, opróbrios y maios tratamien-
tos en los quales diò exemplo de paciência,
iju ,
ien- I
- f
L USITAN A
1 1
mtiriò fantamente. Mariz Dialog. de var. Hiji.
Dialog. 4. cap. 4. VaraÕ de jingular virtude,
inteireza de vida, e fantidade. Fr. Luiz de
Souza HiJl. de S. Doming. do Reyn. de Portug.
Part. I. liv. 6. cap. 27. Fçj' bom Latino,
e na Sacada Efcritttra taõ verfado, que pa-
recia mais graça do Ceo, que força do eftudo.
Cardozo Agiol. Lufit. Tom. 3. pag. 117.
Deixou no mundo raros exemplos de paciência,
e fofrimento morrendo cativo em Barberia opri-
mido de mi/erias toleradas com generofidade fin-
yular. Souza Cathal. Hiji. dos Sum. Pontif.
e Cardiaes Portug. pag. 45. Entre todos os
Infantes de Portugal fe fe^ fin^armente ef cla-
reado porque unindo ao valor a virtude foube
tirar gloria do infortúnio. Hypolit. Marrac.
Príncipes Marian. pag. 138. P. Joan. Baptift.
RoíTi Clypeus caflitat. pag. 389. Dixijfes laãe
innocentia nutritum, eb* pane Dei timoris ali-
tum, fie ille cor, fie linguam, fie óculos in offi-
cio continebat. Clede Hifl. Gen. de Portug.
Tom. I. pag. mihi 418. // fupporta fa capti-
vite avec tant de douceur e de patience que les
Aíaures en ètoient ravis de admiration. Ca-
mõens Lí/Jtad. Cant. 4. Eftanc. 52.
Só por amor da pátria eflà pajfando
A. vida de fenhora feita ef crava,
Por naõ fe dar por elle a forte Ceita
Mais o publico bem que o feu ref peita.
Efcreveo
Carta efcrita em Fe^ a 12. de funho de
1441. em que narra difufamente os trabalhos,
que padecia no cativeiro. Conferva-fe no Real
Convento da Batalha como teftifica Fr. Luiz
de Souza Hifl. de S. Doming. Part. i. liv. 6.
cap. 31.
Na Chronica defte virtuofo Infante ef-
crita por Fr. Jeronymo Ramos da Ordem dos
Pregadores eílà no cap. 15.
Ka;(oamento do Infante ao Mouro Calaben-
fala em que prova naÕ fer juflo a entrega de
Ceuta.
No cap. 19.
Falia do Infante aos feus companheiros en-
trando em Fez ^^ 1^^^ ^^ anima a fofrer confiante-
mente as afliçoens do cativeiro.
No cap. 22.
Falia do Infante intercedendo por feus com-
panheiros a Lahecencalcal privado do Alcajde
La!(erae.
No cap. 23.
Pranto do Infante pela morte de E/Rey D.
Duarte feu IrmaÕ.
No cap. 27.
Oração a Deos na morte de JoaÕ Gomes
de Avellar que morreo de pefle em Ar(illa.
No cap. 29.
Falia do Infante aos feus companheiros, quando
foraõ mandados que fe apartajfem da fua com-
panhia.
No cap. 37.
Relação que fe^ o feu Confejfor Fr. Gil
Mendes da Ordem dos Pregadores acerca da
celeflial vi^aõ que teve antes de morrer.
D. FERNANDO quarto filho dos Se-
reniflimos Reys D. Manoel, e D. Maria
fua fegunda mulher, fahio à luz do mun-
do em a Villa de Abrantes a 5. de Ju-
nho de 1507. Foy ornado daqueUes do-
tes, que fazem aos Príncipes venerados
na pofterídade, pois além de ter o afpefto
gentil, e a fimetria do corpo bem organi-
zada, era muito applicado ao eftudo, prin-
cipalmente da Hiíloria, em que achava
eíUmulos, e documentos para emprender,
e confeguir acçoens heróicas. Do amor,
que profeíTava às fciencias, fe originou
ordenar a Damiaõ de Góes, que naquelle
tempo aífillia em Flandes, com graves in-
cumbências defta G)roa, que lhe fizeífe
huma feleda colleçaõ de livros, aífim im-
preíTos, como Aí. S. na qual difpendeo
copiofo dinheiro. Em todos os negócios
em que fe intereíTava a gloria do Rey-
no, era confultado por feu Irmaõ Dom
JoaÕ o III. de cujo Concelho como dic-
tado pela prudência do feu juizo, e li-
berdade do feu animo fe feguiaõ utilif-
íimas confequencias. Foy Duque da Guar-
da, e Trancofo, e Senhor da Villa de
Abrantes. A fua Caza competia com a
Real, aífim em o numero, como na qua-
lidade dos criados, fendo feu Mordomo
mór, Chriílovaõ de Távora, Senhor de Ranha-
dos, e do Morgado de Caparica, Comendador
da Conceição de Leyria, e feu Camareiro
mór Vafco da Sylveira, Alcaide mór de Caf-
tellobranco. Cazou em o anno de 1530.
12
BIBLIO THE C A
com D. Guiomar Coutinho, filha herdeira de
D. Francifco Coutinho quarto Conde de Ma-
rialva, c Meirinho mór do Reyno, Senhor de
Caftello Rodrigo, dos Morgados de Leomil,
e Medello, Alcaide mór de Lamego, Guarda,
e Villa de Trancofo, e de D. Brites de Mene-
zes, CondeíTa de Loulé, filha herdeira de D.
Henrique de Menezes primeiro Conde de
Loulé, e de Valença, Alferes mór de A£-
fonfo o V. Senhor de Caminha, Capitão
Donatário de Alcácer Seguer, e Arzilla, e
da CondeíTa D. Guiomar, terceira filha de
D. Fernãdo L do nome Duque de Bra-
gança, e da Duqueza D. Joanna de Caílro.
Defte auguílo matrimonio naceraõ dous fi-
lhos, que no breve efpaço de cinco mezes
paflaraõ a melhor vida acabando em o
mefmo tempo a de feus Pays, pois o In-
fante D. Fernando morreo na Villa de
Abrantes a 7. de Novembro, quando con-
tava a florente idade de 27. annos, e fua
Conforte a 9. de Dezembro de 1534. e jaz
fepultada na Capella mór do Convento dos
Religiofos Dominicos deíla Villa donde foy
trãsferido o Infante D. Fernando, em o
anno de IJ82. para o Real Convento de
Belém, e fobre a fepultura fe lhe gravou
o feguinte epitáfio
H/V mcis império Fernandus Jubjacet Infans
Mecanas doais, prafidium qua viris.
D. Jeronymo Ozorio de reb. E.mman.
Keg. lib. 5. pag. mihi 778. lhe faz o fe-
guinte elogio. Fuit in antiquitate pervef-
tiganda valde curiojus; maximarum rerum Jludio
flagrabat, multijqiie virtutibus illo loco dignis
praditus erat. Caram. Philip. Prnd. pag. 165.
Fmt litterarum Mecanas Optimus. Faria Fm-
rop. Portug. Tom. 2. part. 4. cap. i. §.
113. Príncipe de rojlro hermofo, y animo fin-
cero. Mariz Dial. de var. Hijl. Dial. 4. cap.
21. Fqy muito inclinado ás letras, e dado ao
ejiudo das Hijlorías verdadeiras, e inimigo das
fabulo/as, e príncipalmente nas de feus proge-
nitores trabalhou muito por Jaber fua origem.
Compoz
Arvore Genealógica dedtc^da do tempo
de Noè, atè ElRey Jeu Pqy. A qual man-
dou a Damiaõ de Góes (como efcreve na
Cbronica de ElRey D. Manoel part. 2. cap. 191.
que entaõ aíTiítia em Flandes, para lha
mandar illuminar por artífice infignc, cuja
ordem promptamête executou. Deíla obra
do Infante fazem mençaõ Faria E^rop. Por-
tug. Tom. 2. pag. 512. Caram. Philip. Prud.
folhas 165. e Souza no Apparat. à Hiftor.
Gen. da Cav^a Real Portug. pag. 30. §. 10.
onde o numera entre os Authores Genea-
lógicos, efcrevendo mais difuzamente deíle
Príncipe no Tom. 3. da dita Hiíloria livro 4.
cap. 9.
D. FERNANDO primeiro do nome
11. Duque de Bragança, Marquez de Vil-
laviçofa, e Conde de Barcellos, Ourem, e
Arrayolos, filho fegundo de Dom AíFonfo I.
Duque de Bragança, e de Dona Brites Pe-
reira filha herdeira do infigne Heroe Nuno Al-
vares Pereira Condeílavel de Portugal, Conde
de Ourem, e de Barcellos, e de D. Leonor
de Alvim naceo no anno de 1403. Taõ
illuíbre foy o berço que lhe deu a fortuna,
como perfpicaz o juizo, e maduro talento
de que o ornou a natureza confiando da
fua prudente direcção os Monarchas D.
Duarte, e D. Aífonfo V. as mayores em-
prezas affim politicas, como militares. Na
Armada expedida contra Tangere no anno
de 1457. de que era General o Infante
D. Henrique, exercitou o poílo de Condef-
tavel, em cuja expedição deu claros argu-
mentos do valor do feu peito chegando
a rubricar com o próprio fangue aquellas
aduílas campanhas. Deíle bclicozo génio foy
celebre theatro a Praça de Ceuta, quando
em o anno de 1445. foy eleito Capitão
General por Affonfo V. em cujo gover-
no fe fez igualmente amado dos naturaes,
e temido dos inimigos. Sendo chamado
à Corte onde infruftuofamente intentou
conciliar o animo de Affonfo V. com feu
Tio o Infante D. Pedro, fe reílituhio a
Ceuta em o anno de 1449. para conti-
nuar as prudentes direcçoens do feu go-
verno. Voltando ao Reino lhe expreíTou
ElRey com fingulares fignificaçoens de
agradecimento a zelofa aítívidadc, e vigi-
lante providencia, que applicara para que
as noíTas armas triunfaíTem tantas vezes
dos Sequazes de Mafoma. Acompanhou
a Affonfo V. nas expediçoens que fez a
L USITANA.
i3
Africa, fendo a primeira no anno de 1457.
■e a fegunda quando a 7. de Março de
1463. fe embarcou para a infeliz empreza
de Tangere levando o Duque D. Fernando
aUíladas fetecentas lanças, e dous mil In-
fantes à fua cuíla. Conhecendo o mefmo
Monarcha a madureza do feu talento o dei-
xou por Governador do Reyno com poder
difpotico aíTim em o politico, como em
o militar qiiando terceira vez paíTou a
Africa no anno de 1471. Depois de ter
illuíbrado o feu nome com acçoens dignas
da poíleridade, falleceo em Villa Viçofa em
o I. de Abril de 1478. quando contava
fetenta e dnco annos de idade. Jaz em
o Convento dos Eremitas de Santo Agof-
tinho de que he padroeira a SereniíTima
Cafa de Bragança com efte breve epitáfio
Aqui Ja^ D. Fernando o II. Duque de
Bragança.
Cazou em 28. de Dezembro de 1429. com
Dona Joanna de Caílro filha herdeira de
D. Joaõ de Caibro Senhor do Cadaval, Pe-
ral, e do Reguengo de Campores, e de
Dona Leonor da Cunha Giraõ filha de Mar-
tim Vafques da Cunha I. Conde de Va-
lença, e Dona Thereza Telles Giraõ, de
cujo matrimonio teve a D. Fernando fe-
gimdo do nome, e III. Duque de Bra-
gança, D. Joaõ Marquez de Monte mòr
o novo, D. Affonfo Conde de Faro, D. Ál-
varo de Portugal; D. António, D. Izabel,
D. Brites Marqueza de Villa Real, Dona
Guiomar, que cazou com D. Henrique de
Menezes Conde de Loulé, e Dona Cathe-
rina que efteve ajuftada para cazar com
D. Joaõ Coutinho III. Conde de Marialva,
o qual por morrer na Conquiíla de ArziUa
em o anno de 147 1. fenaõ effeituou. Fa-
zem memoria do Duque D. Fernando Ruy
de Pin. Chron. de D. Duart. cap. 16. Nunes
de Leaõ Chron. de D. Duart. c. 7. 8. e 25.
Góes Chron. do Príncipe D. Joaõ cap. 21.
Faria Afric. Vortug. cap. 6. num. 5. Mene-
zes Hift. de Tangere Uv. i. num. 26. pag. 19.
Souza Hifi. Gen. da Ca^. Real Por/ug. Tom.
5. liv. 6. c. 3. Compoz
Vo/o que deu a EJKey D. Duarte acerca
de naÕ dilatar as Cortes, que tinha convocado
k^ que Juhio ao trono. Começa. £» ouvi
di!(er, e íahio impreíTo na Hift. Geneal. af-
fima allegada pag. 109.
Voto acerca de que fe era licito entregar
Ceuta pelo refgate do Infante D. Fernando
M. S. Conferva-fe na Livraria do Mar-
quez de Gouvea Mordomo mòr de que
fazem mençaõ Joaõ Franco Barreto na
Bib. Luft. M. S. e Souza na Hiflor. Geneal.
aíTima allegada pag. 114.
Carta efcrita de Villa Viçofa a zz. de Ju-
lho de 1468. a D. Affonfo V. fendo confultado
por efie Príncipe fohre quem havia preceder, fe
D. Joaõ filho do Conde de Villa Rjeal,fe D. Af-
fonfo de Vafconcellos filho de D. Fernando de
Cafcaes. M. S. Por efte ultimo refolveo o
Duque.
Carta efcrita de Villa Viçofa em 1^. de Outu-
bro de 1468. a EJRey D. Affonfo V. fobre o feu
Caf amento com a Infanta Dona Isabel filha de
Henrique IV. de Cafiella. ImpreíTa na Hifi. Ge-
neal. da Ca^. Real aíTima allegada pag. i;o.
Carta efcrita de Villa Viçofa a z. de Aíarço de
1469. a D. Affonfo V. fobre a negociação prece-
dente. ImpreíTa na dita Hifi. Genealog. pag. 156.
Voto acerca de caf ar D. Affonfo V. com a Prin-
ce:(a Dona Joanna filha de Henrique IV. de Caf-
tella. Impreíla na dita Hifi. Gen. pag. 166.
FERNANDO, cujo appelido fe ignora,
natural da Villa de Tentúgal do Bifpado
de Coimbra, Medico de ProfiíTaõ, e muito
verfado na liçaõ da Hiftoria Sagrada, e Pro-
fana. Floreceo no Reinado d'ElRey D. Ma-
noel. Compoz
Tratado curiofo de todas as coufas mais ce-
lebres, que fuccederaò no feu tempo. M. S.
Da obra, e do Author faz mençaõ Joaõ Franco
Barreto na Bib. Lufit. Aí. S.
Fr. FERNANDO DE ABREU natu-
ral do Porto filho de Joaõ de Efpino-
fa Ribeiro, e Mariana de Abreu. Na idade
juvenil profeflbu o inftituto da iUuftre Or-
dem dos Pregadores no Real Convento
de Bemfica a 25. de Julho de 1677. em
cuja fagrada paleftra depois de fahir con-
fummado nas Sdendas Efcholafticas as
diâou aos feus domefticos com grande
applaufo do feu nome, de que refultou fer
Qualificador do Santo Offido, Examina-
14
BIB LIO TH E CA
dor das Três Ordens Militares, Deputa-
do da Junta das Miflbens, Dezembarga-
dor da Cúria Patriarchal, e dos primeiros
cincoenta Académicos de que fe compoz
a Academia Real para efcrever as Memo-
rias Ecclefiafticas do Bifpado de Miran-
da. Falleceo no Convento de Lisboa a
8. de Março de 1727. Delle fe lembraõ
Fr. Pedro Monteiro Clauji. Domin. Tom.
3. pag. 203. e Fr. Lucas de Santa Catha-
rina na Hiji. de S. Doming. da Provinda
de Portug. Part. 4. pag. 932. col. 2. e no
EJogio Fúnebre que por ordem da Academia
Real dedicou à fua memoria.
Compoz
Cathalogo dos Bifpos de Miranda. Lifboa
por Pafchoal da Sylva ImpreíTor de Sua Ma-
geftade, e da Academia Real. 1721. foi. Sahio
no Tomo das Collefoens da mejma Acade-
mia.
Conta dos feus ejludos Académicos dada no
Paço a 7. de Setembro de 1722. Sahio no 2. Tom.
da Colleç. da Acad. Keal. Lisboa pelo dito
ImpreíTor 1724. foi.
Conta dos feus ejludos Académicos no Paço a
iz. de Outubro de 1726. Sahio no Tom. 6. da
Colleç. da Academia Keal. Lisboa por Jozè
António da Sylva 1726. foi.
FERNANDO DE ABREU, E FARIA
naceo na Villa do Cadaval do Patriarchado
de Lisboa, e na Igreja Matriz de N. Senhora
da Conceição da mefma Villa recebeo a graça
bautifmal a 22. de Março de 1660. Teve por
Pays a Joaõ Soares de Faria, e Mariana de
Abreu igualmente nobres, e opulentos. De-
pois de fe inftruir nas Letras humanas paíTou
à Univeríidade de Coimbra, onde recebeo o
gráo de Bacharel na Faculdade do Direito
Pontifício. Foy Prothonotario Apoftolico, e
Dezembargador da Relação Ecclefiaílica de
Lisboa em cujo lugar moftrou a fua grande
fciencia jurídica naõ alcançando menor fama
cm os Púlpitos onde foy ouvido com ap-
plaufo. Foy naturalmente difcreto, e ele-
gante; verfado em todo o género de eru-
dição, como publicaõ as fuás obras. Fal-
leceo na pátria a 20. de Dezembro de 1737.
quando contava fetenta e três annos de
idade, e jaz fepultado em fcpultura própria
no meyo da Igreja Matriz do Cadaval. Ef-
creveo
O Servo prudente conjlituido fobre a Fa-
mília de feu Senhor. Vida, e morte de S. Jo^^
E/po/o da Jempre Virgem MARIA, e Pay
putativo de Cbrifto com reflexoens moraes de
varia doutrina. Lisboa por Miguel Rodri-
gues. 1726. 8.
Sermão nas Exéquias que celebrou a Villa
do Cadaval em quinta feira 27. de Março de 1727.
pelo Excellentijftmo Senhor D. Nuno Alvares
Pereira de Mello I. Duque delia. Sahio impreíTo
nas Ultimas AcçÕens do me/mo Duque. Lisboa
na Officina da Mufica. 1730. foi. defde pag.
135. atè 148. e Coimbra por Bento Ferreira
Seco. 1727. 4.
Commentario à Ordenação do Reyno. foi. 2.
Tom. M. S. Eíla obra andava nas licenças
para fe imprimir.
^ Fr. FERNANDO DE SANTO AGOS-
TINHO natural de Lisboa, onde depois de ter
frequentado o eftudo da Latinidade, e letras
humanas profeflbu o Sagrado Inftituto do
Doutor Máximo S. Jeronymo no Real Con-
vento de Santa MARIA de Belém a 5. de
Agofto de 1647. A natural affabilidade de que
era dotado junta com fumma prudência o fi-
zeraõ digno de occupar os mayores lugares na
fua Religião. Duas vezes partio a Roma como
Procurador Geral da fua Congregação onde
mereceo particulares eílimaçoens dos Pontifí-
ces Clemente IX. e X. e de muitos Cardiaes.
Reílituido ao Reyno foy eleito Geral, cuja
dignidade dimittio em o meyo do triénio por
fer mais ambiciofo de obedecer, que de man-
dar. Eftando a 2. de Novembro de 1709.
aíTiíHndo no Coro ás Matinas da Comemo-
ração dos Defuntos que fe cantavaõ de noite
tendo acabado de entoar a Antifona que lhe
coube por diftribuiçaõ Dirige Domine Deus
in confpeãu tuo vitam meam foy accõmetido de
hum accidente apopletico que o privou da
vida. Foy Examinador das Três Ordens Mi-
litares, e dos grandes Pregadores do feu tempo
de que faõ claros argumentos os Sermoens
feguintes
OraçaÕ Fúnebre nas Exéquias annuaes
do Serenijfimo Rey de Portugal D. Manoel
de glorio/a memoria na Cat(a da Mijeri-
L USITAN A.
i5
íordia de Lisboa em 15. de Def(embro de 1685.
Lisboa por Joaõ Gakaõ. 1686. 4.
Sermão da Vififaçaõ de N. Senhora a
Santa Isabel na Santa Cafa da Mifericordia
de Usboa em 2. de Julho 1686. Lifboa pelo
dito ImpreíTor. 1686. 4.
Sermoens das quatro Domingas do Advento.
Lisboa pelo dito ImpreíTor. 1687. 4.
Sermão do Bom LadraÕ em Saõ Julião em
9. de Abril de 1686. Lisboa por Miguel Des-
landes. 1687. 4. He o primeiro Sermaõ da
Laurea Evangélica.
Sermaõ de Santa Cecilia no Keal Convento
de Odivellas no anno de 1684. Lifboa por Joaõ
Galraõ. 1689. 4.
Sermaõ do Máximo Doutor da Igreja S. Jero-
rr^mo Paj dos Monges de Belém pregado no Con-
vento de Saõ Jeronymo do Aíato no anno de 1687.
Lisboa pelo dito ImpreíTor. 1689. 4.
Sermoens da Primeira, Segunda, e Terceira
Dominga da Qtmrejma. Lisboa por António
Pedrozo Galraõ. 1701. 4.
Fr. FERNANDO DE AGLIAR na-
tural da Villa do Teu appellido íituada na
Provinda da Beyra do Bifpado de Vizeu,
Abbade do Real Q)nvento de Alcobaça,
c muito appUcado á Liçaõ da Hiftoria
Eccleíiaítíca, e naõ menos perito nas An-
tiguidades de que he depoíito o grande
Archivo de Alcobaça. Efcreveo
¥los Sanãorum do Mojleiro de Alcobaça tres-
Jadado de antiquijfimos originaes em o anno de 145 1.
M. S. cuja obra aUegaõ Fr. LuÍ2 dos Anjos
Jardim de Portug. pag. 8. D. Mauro Caftellà
Hijior. de S. Tiago liv. 2. cap. 2. e Joaõ Tamayo
Salazar }ilartyrolog. Hifpan. Tom. i. pag. 213.
a 22. de Fevereiro.
D. FERNANDO DE ALMEYDA.
Naceo em Lisboa pelos annos de 1459.
fendo 5. íilho de D. Lopo de Almeyda
primeiro Conde de Abrantes, e de fua
molher a CondeíTa D. Brites da Sylva,
filha de Pedro Gonfalves Makfaya, Ve-
dor da fazenda DelRey D. AfTonfo o V.
Seguindo os veftigios de feu Irmaõ D.
Jorge de Almeyda, Bifpo de Coimbra,
abraçou o eftado Eccleíiaítíco, do qual
fe fazia digno pela integridade dos cof-
tvmies, e proíiílaõ das fdencias. Ao tem-
po que era Prior do Convento de Saõ
Jorge, junto de Coimbra, eleito pelos Có-
negos Regulares, em o anno de 1488. va-
gando a Cadeira Epifcopal de Ceuta, por
morte de D. Juílo Baldino o nomeou neíb.
dignidade ElRey D. Joaõ o 11. que conhe-
cendo experimentalmente a grande capad-
dade de que era ornado o elegeo no anno
de 1492. feu Embaxador á Cúria Romana,
juntamente com D. Diogo de Souza, que
depois foy Bifpo do Porto, e Arcebifpo de
Braga. Naõ fe efeituando a Embaxada
pela intempeftiva morte de Innocencio Vlll.
como Uie fuccedefle no Sólio do Vaticano
Alexandre VI. nomeou o mefmo Monarcha
por feu Embaxador ao Pontífice reynante,
D. Pedro da Sylva Comendador mór de Aviz,
e Iimaõ do Bifpo de Ceuta D. Fernando, or-
denando que efte, e D. Diogo de Souza lo-
graíTem o mefmo carader. Reílituido a Portu-
gal D. Pedro da Sylva, e D. Diogo de
Souza, continuou na Cúria D. Fernando
atè o fetimo anno do Pontificado de Ale-
xandre VI. que atrahido do feu profundo
talento o fez Bifpo AíTiftente do Sólio
Pontificio, e o nomeou Núncio Apoftolico
a ElRey ChriítianiíTimo Carlos VIII. e pofto
que por morte deíle Principe, acontecida
em 6. de Abril de 1498. lhe fuccedeíTe
no Trono Luiz XII. continuou a Nun-
ciatura com grande credito da fua pru-
dência, fendo hum dos Juizes deputados
pelo Pontífice, juntamente com o Cardial
FiHppe de Luxemburg, e Lxiiz de Amboefa
Bifpo de Alby, que na Cidade de Tours
anuUaraõ o matrimonio que efte Monar-
cha contratura com D. Joanna de Valois,
filha de Luiz XI. e Irmãa de Carlos Vlll.
Reys de França, deixandolhe Uberdade para
cazar com Madama Anna Duqueza de
Bretanha, e Viuva de Carlos VTII. feu
anteceíTor. Para celebrar eíle defpozorio
como foíTe neceíTario difpenfaçaõ Pon-
tificia em o parentefco a occultou ma-
lidofamente Cezar Borja, que defpida a
Purpura Cardinalícia eílava feito Duque
de Valentinois, querendo com eíle arti-
fido adiantar as fuás ambiciofas perten-
çoens, porém fendo defcuberto o feu
ló
BIB LIO THE CA
fingimento pela fagacidade de D. Fernando
de Almeida, o mandou matar com veneno
de que frequentemente ufava para fatif-
façaõ da fua vingança, e augmento da fua
ambição privando a hum taõ grande Pre-
lado do Capelo de Cardeal, e da Mitra
de Nevers que lhe eftavaõ promettidos.
Com eíle trágico fim acabou a vida D. Fer-
nando de Almeida femelhante ao de feu
irmaõ D. Francifco de Almeida L Vice-
Rey da índia, e dos mais famofos Heroes
que celebrou o mundo, morto hum, e
outro como vidtímas da barbaridade em
paizes eílranhos. Fazem delle mençaõ Gui-
chiard. Hijí. de Ital. liv. 4. foi. 109. ao
anno de 1498. Ciacon. Vit. Pontif. Roman.
Tom. 3. col. 184. na Vid. do Cardial Fi-
lippe Luxemburg. Mazaray HíJI. de Franç.
no anno de 1498. D. Nicol. de Santa Ma-
ria Chron. dos Coneg. Keg. liv. 8. cap. 15.
n. 10. D. Manoel Caetano de Souza Cathal.
Hiji. dos Pontif. e Card. Portug. p. 49. En-
tre as Sciencias feveras cultivou as amenas
fendo infigne Latino, e mayor Orador,
como fe vio na Oraçaõ obediencial que
em nome de feu Soberano D. Joaõ o II.
recitou na prefença de Alexandre VI,, que
tem efte titulo com a orthografia com que
fahio impreíTa da qual vimos hum exemplar
eílampado em pergaminho em quarto fem
anno, e lugar da impreíTaõ que conferva o
Doutor Nicolao Francifco Xavier da Sylva
Académico Real.
Ad Alexandrum VI. Pontif. Max. Ferd.
de Almeida ele£ti Ecc/ie. Septin: Jo. II. Regis
Portugallie Oratoris Oratio. Começa Socratem
Sapientijftmum illum hominem (ò'c. He dedicada
a ElRey D. Joaõ o II. e tem o titulo feguinte
a Dedicatória Joanni Secundo Portuga/lie Reff
inviíHJftmo, ac pientijftmo Ferd: de Almeyda ele^us
Septin : dicatiffima fue maieflatis creatura perpet.
Foelicitatem. Principia. Magnum, eb* mea omni-
no profejfioni inufitatum múnus ví^c.
Fr. FERNANDO DE ALMEIDA da
Ordem dos Pregadores igualmente douto
na Sagrada Theologia, que nos Cânones Pon-
tifícios. Efcreveo por ordem do Inquiíidor
Geral D. Jorge de Almeida a quem o dedicou
Tratado dos erros, que contém as do-
idas dos Sagrados Cânones, foi. M. S. Con-
ferva-fe na grande Bibliotheca do Cardeal
de Souza que hoje he do Excellentiffimo
Duque de Lafoens. Do Author, e da obra
fe lembra Fr. Pedro Monteiro Claufl. Do-
minic. Tom. 3. pag. 203.
Fr. FERNANDO DE ALMEIDA na-
tural da Villa de Alverca do Patriarchado
de Lisboa, filho de Luiz de Almeida, e
fobrinho de Manoel de Almeida Corre-
gedor da Corte. ProfeíTou o Inftituto Se-
ráfico em a Provinda de Portugal onde
foy ComiíTario geral nefte Reyno. Cultivou
com igual applicaçaõ as Mufas Sagradas,
como as Sciencias feveras, fendo hum dos
grandes Letrados do feu tempo como ma-
nifeílamente fe vio na obra feguinte
Apologia por algumas opinioens; que fe
impugnarão na fumma de Ca:(ps de Concien-
cia compofla por Fr. fov^é Angles Confeffor
das Freiras Defcalças de Madrid. M. S.
Fr. FERNANDO DE ALMEIDA na-
tural de Lisboa, e religiofo da militar Or-
dem de Chriílo, que profeflbu no Real Con-
vento de Thomar no anno de 1638. fendo
pela fua virtuofa vida eleito Vifitador da
Ordem em o anno de 1656. Foy hum
dos mayores difcipulos que fahiraõ da
efcola do infigne Meftre Duarte Lobo de
quem fe fez mençaõ em feu lugar, ou foíTe
na Theorica, ou na Praética da armonica
Sciencia da Mufica pela qual foy muito
eftimado do SereniíTimo Rey Dom Joaõ
o IV. foberano Mecenas de taõ fonora
Arte. Faleceo no Convento de Thomar
a 21. de Março de 1660. Entre muitas
obras que compoz fe diftingue com grande
exceíTo hum livro que comprehende
luimentaçoens, Refponforios, e Mifereres do.^
Três Officios da Quarta, Quinta, e Sefla feira da
Semana Santa. foi. M. S. o qual mandou copiar
a Mageftade d'ElRey D. Joaõ o V. NoíTo
Senhor quando afliítío no Convento de Tho-
mar para que fe cantaíTe na fua Capella Real.
Miffa a dor(e Vo^es. Conferva-fe na Bi-
bliotheca Real da Mufica como coníla do
feu Index Impreflb. Lisboa por Pedra
Craesbeck. 1649. 4.
L US ITAN A.
n
FERNANDO ALVARES natural da
Villa de Santarém, e filho de Henrique
Nunes, e Izabel Alvares. Foy grande Me-
dico, iníigne Aftrologo, e famofo Poeta,
de cuja Arte deixou para eterno monu-
mento do feu nome aquelle celebre Soneto
que compoz paíTando o Tejo que começa
Fermofo Tejo meu quaõ differenfe que alguns
quizeraõ attribuir a Francifco Rodrigues
Lobo, e elegantemente glozou António
Barboza BaceUar. Efcreveo varias obras
Medicas cheyas de profunda efpeculaçaõ,
que ficarão a feu filho Henrique Nunes
também grande Medico, fendo a mais eíH-
mavel de todas
De Pátrio refugo, five qiád praftat in morbis
lottffs terram mutare. M. S.
FERNANDO ALVARES BRANDAM
douto Medico, e muito perito nas Letras hu-
manas a quem o Capitão Manoel Fernandes
Villa Real no Difcurfo dei color verde intitula:
Infiffte, y illuftre ingenio. Q)mpoz em compe-
tência do Doutor Fernando Cardozo que efcre-
veo as excellendas da cor verde
Tratado em defenja da cor az^l. M. S. em
cuja obra moftra muita difcriçaõ, fciencia, e
galantaria.
FERNANDO ALVARES CABRAL na-
tural da ViUa de Santarém, e Avò de Hen-
tique do Quental Vieyra de quem fe fará
memoria em feu lugar. Foy hum dos mayo-
res profeíTores da Arte Medica, que ve-
nerou o feu tempo, de cuja fcienda dei-
xou por manifeftos documentos as obras
feguintes
De morbis intemis à capite u/que ad pedes,
Ò^ de mulierum affeãibus. foi. 3. vol. difbibuidos
em 14. livros. M. S.
De differentiis febríum, & earum curatione.
M.S.
De Alimenforum facultatibus. foi. M. S.
De Venenis commwtibus, ó^ domeJHcis. M. S.
De Arthritidis Jpeciebus. M. S.
De affeãibus cutaneis. M. S.
De Morbo Gallico. M. S.
De Hamorrhoidibus, (& iMmbricis. M. S.
Commentaria in Mechanicam Arifiotelis,
M. S.
Ubellus de Perfpecíiva. M. S.
De Afirologia. M. S.
Commentaria in Quattuor libros Avicener
Jcilicet, Yen. Primum primi; Sectmdum primi^
Primum Quarti. Quartum qnarti.
Todas eílas obras confervava com fimima
eftimaçaõ na fua livraria o Doutor Manoel
Alvares Sereno Phyfico mór defte Reino.
Falleceo na fua Pátria a 17. de Março de 1636.
e jaz fepultado na Igreja de Santa Maria de
Marvilla.
FERNANDO ALVARES DO ORIEN-
TE, cujo appellido tomou da pátria que
lhe deu o berço qual foy a Qdade de Goa
Cabeça do Império Oriental Portuguez,
onde no tempo que governava o Eftado
António Moniz Barreto foy Capitão de
huma Fufta na expedição que fez ao Norte
o Capitão mòr Femaõ Tellez. Foy infigne
Poeta, e ornado de engenho agudo, como
moftrou na obra p>aftoril que com fubtil
artificio, copia de Sentenças, e pureza de
fraze imitando a Diana de Jorge de Monte
mayor compoz com o titulo
hufitania Transformada. Lisboa por Luiz
Eíhipinan. 1607. 8. Dedicada a D. Mi-
guel de Menezes Marquez de Villa Real,
Conde de Alcoutim, e de Valença, Capi-
tão mòr, e Governador de Ceuta. Deíla
obra, e feu author fazem diverfos elogios
Manoel de Fada, e Souza Cõment. às Ri-
mas de Cam. Tom. 2. pag. Z89. Nicol.
Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 280. col. 2.
D. Franc. Manoel na Cart. dos AA. Por-
tug. efcrita ao Doutor Manoel Themudo
da Fonfeca dizendo por quem navegarão as
Mu/as mais longe, e lhe levarão mais riquezas,
que lã fe produzem, e o Padre Ant. dos Reys
Entbuf. Poet. n. 76.
Tu que colens Femande plagas, quas rofcida
primum
Tithoni conjux madidis cum fitr^t ab undis
Adfpicit.
No Cancioneiro do Padre Pedro Ribeiro
feito no anno de 1577. eflà huma fua Ele-
gia que começa
SajaS defta alma trifte, e magoada.
Compoz mais, conforme affirmaõ Jorge
Cardozo nas Memorias para a Bib. Por-
i8
BIBLIO TH E CA
tug. e Joaõ Soar. de Brit. Tbeatr. Ljijit.
Utter. lit. F. n. 4.
Quinta, e Sexta Parte do Palmeirim de
Inglaterra.
FERNANDO ALVARES DE PAYVA
natural de Lisboa, e Prior da Parochial
Igreja de Santo Ifidoro da Villa de Mello
fituada em a Provinda da Beira do Bif-
pado da Guarda. O continuo difvelo que
defde a primeira idade dedicou à liçaõ dos
Livros lhe adquirio huma vaíla intelli-
gencia das letras amenas, e feveras, em
que deixou compoílos doze Volumes de
quarto a vários AíTumptos em Proza, e
Verfo na lingua Materna, e Caílelhana, os
quaes eílavaõ promptos para a impreíTaõ,
e alguns confervava em feu poder Francifco
de Brito Freire, de quem fe fará memoria
em feu lugar, e Joaõ Freire de Mello
Senhor de Mello.
FERNANDO ALVARES SECO Ma-
thematico infigne, e famofo Geógrafo, de
cuja fciencia deu hum manifefto argumento
em o Mapa que fez do Reyno de Portu-
gal, e fahio com efte titulo
Tabula Geográfica Portugallia; o qual de-
dicou Achilles Eílaço, quando aíTiília em Roma,
ao Cardial Guido Sforcia em o anno de 1560.
em cujo anno foy impreíTo por Miguel Tra-
mezzino. Sahio mais correfto por Baptiíla
Detecomio. Amílelodami apud Joannem Bla-
vium, & Joannem Janfonium. 1600. foi. &
ibi apud Ferdinandum Witt, & Juftum Dan-
kherf. Do Author, c da obra fe lembraõ
Draudius in Bib. Clajftc. Tit. Mappa, five Tab.
Geograph. Taxand. Cathal. Ciar. Hifp. Script.
Joan. Soar. de Brit. Theatr. hjdfit. Utterat.
lit. F. n. 5. Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i.
pag. 280. col. 2. e o moderno addicionador
da Bib. Geograf. de Ant. de Leaõ. Tom. 3.
Tit. xmic. col. 1440.
Fr. FERNANDO ANNES Religiofo
da Monachal Ordem de S. Bento, c muito
zelofo das glorias de taõ efclarecida Familia.
Efcreveo
Vida de S. Bento, e Santo Amaro com
varias noticias da Ordem Monachal. ImprcíTa
no anno de 1577. como aíTirma Joaõ Franco
Barreto na Bib. hjtfit. M. S.
Fr. FERNANDO DE SANTO ANTÓ-
NIO natural da Villa de Aveiro do Bif-
pado de Coimbra onde recebeo a primeira
graça a 18. de Julho de 1623. Foy filho
de Francifco Marquez, e Leonor André
Matoza que o educarão com tantos do-
cumentos virtuofos que fe refolveo lar-
gar o mundo na tenra idade de defefeis
annos, e receber o penitente Habito da
Terceira Ordem Seráfica no Convento de
NoíTa Senhora de JESUS defta Gdade
de Lisboa a 7. de Novembro de 1639.
O talento que teve para as Cadeiras lendo
Artes no Convento de S. Francifco do
Mogadouro, e Theologia em o CoUegio
de Coimbra, e no Convento de Lisboa o
habilitou para que tendo fido Definidor, '
e Vigário Provincial fofle eleito Miniílro
Provincial a 28, de Julho de 1663. e Ca-
pellaõ mór das Armadas Reaes por no-
meação d'ElRey Dom Pedro II. o qual
querendo dar mayor premio ao feu mere-
cimento o elegeu Bifpo Ultramarino, de I
cuja dignidade fe efcuzou. Falleceo em o
Convento de Lisboa a 11. de Julho de
1690. quando contava feíTenta e fete annos
de idade, e quarenta e nove de Religião.
Compoz
Sylva Conceptuum Sacra Scriptura, vÍT ali-
quorum SS. PP. ad u/um proprium I. Pars.
Expojifiones Evangélica ad ¥efia, eb* etiam
Dominicas II. Pars.
Eftas duas obras conferva com grande cíli-
maçaõ o Padre Luiz Montez Matozo fobrinho
do Author, do qual faz breve mençaõ Antó-
nio Carvalho da Coíla Corog. Por tug. Tom. 2.
Trat. 2. cap. 4. pag. 122.
FERNANDO ANTÓNIO DA ROZA.
Naceo na Villa de Santarém a 15. de De-
zembro de 1700. onde teve por Pays a
Joaõ da Sylva de Carvalho, e Maria Jofefa
da Rofa. Publicou
RelafaÕ das infifftes Fejlas, que aos felices, e
Reaes annos da Princesa do Brafil N. Senhora Jefi-
:(eraÕ no fitio da Junqueira extra muros de Lisboa
Occidental, por direcção do Du^ do Cada-
L USITANA.
vai, felizmente executadas pela prinàpal No-
breza da Corte, em os dias 5. 8. e 12. de
\ Julho do prev^ente armo de 1738. Lisboa por
António líidoro da Fonfeca. 1758. 4. He
efcrita em proza, e dedicada ao Duque
do Cadaval, cuja Dedicatória confta de
14. outavas com o titulo de elogio Poé-
tico.
Soneto glosado no ejhrago laftimojo, que
na Praça de Campomayor, fe!^ o rayo que nella
cahio, na madrugada de \6. de Setembro de
1732, e a lamentável tempefiade de vento, que
arruinou, e deftruhio parte dejle Reyno, no dia
15. ík Outubro do me/mo anno. Lisboa por
António Pedrozo Galraõ. 1732. 4.
FERNANDO AYRES DE MEZA na-
total da Villa de Eílremós íituada na Pro-
vinda do Alentejo, e fobrinho do iníi-
! gne Theologo Fr. Manoel Rodrigues da
Ordem Seráfica, de quem fe fará larga
I memoria em feu lugar. Inílruido na pá-
tria com os rudimentos da língua Lati-
na, e noticia das letras humanas, eíhi-
dou Jurifprudenda, aíTim Gvil, como Ca-
nónica em a Univerfidade de Coimbra,
em cujas Faculdades mereceo xmiverfal
applaufo alcançando o mayor quando paf-
; fou a Salamanca, e nella explicou os Câ-
nones Pontifícios em a Cadeira de Vef-
pera donde fobio á de Prima admirando
todos os Cathedratícos daqueUa florentif-
I lima Academia, a mageílade com que dic-
tava, a fubtileza com que arguia, a pro-
fundidade, e promptidaõ com que refpon-
dia. Em atenção da fua grande litteratura
o nomeou Filippe IV. no anno de 1638.
Senador do Supremo Senado de Santa
Clara de Nápoles em cuja Univerfidade,
foy Lente primário de Direito Gvil, onde
fez mais patentes os thefouros da fcienda
legal de que era feliz depofito a fua vafta
! memoria. Ao tempo que o mefmo Mo-
; narcha o tinha eleito Regente do Supremo
j Confelho de Itália, em Madrid, o arreba-
j tou a morte em Nápoles a 15. de Mayo
' de 1646. e jaz fepultado na Igreja dos San-
tos Apoftolos dos Padres Theatinos. Pe-
dro Valcarcel no Elogio que fez à obra
que imprimio o louva com eftas elegan-
tes expreíToens. Jure facras interpretaris le-
ges, qui prifcorum Júris conditorum in fcri-
bendo imitaris eloquentiam. Illi quas fub nebri-
cofo subtilitatis tegmento conte xerunt leges, Tu tuo
claritatis lumine exponis júris amantium oculis.
Tam clare Imperatorum referas oracula, ut ea fub
óculos ponas, in qua nec mens humana quidem obtu-
tum fingere potefl. Auri, argentique fodinas tuum
occulit ingenium, unde auream fcribendi fegetem
femper hauris, numquãm exhauris. Qtia duo in
rebus humanis difficillime conjunguntur, ea in Te
mirabiliter coharent, Juflitia fcilicet, ^ Pietas.
ília fontibus fuplicium foluis, innocentemque in in-
tegrum reflitms. Hác vero Parentis inflar omnes
fub tua Toga admitis, neminemque excludis.
O' Hifpania Heroem linguas centum, centum
ora fama referat, nomenque tuum extollit ad
Afira. Carolus Cala J. C. no Prologo ao
leitor das obras de Fernando Ayres de
Meza lhe chama famigerata eruditionis virum,
qui ut alter Cujàcius apud omnes infiéis doc-
trina magifler appariàt cum ingenti Ljtfitana
pátria Jaãantia, Salmantina Univerfitatis glo-
ria, <ò^ communi gentium beneficio. Nicol. Ant.
Bib. Hifp. Tom. i. pag. 281. col. 2. Júris
Utriufque fcientiam fe ejfe haud mediocriter af-
fequutum ijs, qui, tempeflate fua Lyceum Sal-
mantica ttrbis frequentaverunt , è catbedra of-
tendit Ulhoa de Legatis DiíTert. 18. num.
35. e DiíTert. 19. num. 63. fe lembra delle
com grandes louvores. Publicou.
Variarum Refolutionum, <& Interpretatio-
num Júris libri III. Neapoli apud Jacobum
GaíFarum 1641. foi. Genevse apud Samue-
lem Chovet 1658. foi. & Lugdimi apud
Jacobum Canier, & Antonium Beaujollin.
1672. foi.
FERNANDO BOCARRO taõ verfado
na arte da Politica, como zelofo do augmento
da pátria. Efcreveo.
Memorial de mata importância para ver
S. Magefl. o Senhor Rey D. Filippe III. de
Portugal em como fe haõde remediar as necef-
f idades de Portugal, e o como fe hade haver
contra feus inimigos, que moleflaõ aquella Coroa,
e os mais feus Reynos. foi. Naõ tem anno,
nem lugar da Impreflaõ...
20
BIB LIO THE C A
Fr. FERNANDO CALDEIRA ReU-
giofo da Ordem dos Mínimos de S. Frã-
cifco de Paula, famofo Thaumaturgo, cujo
habito veftio em Caftella, onde fahio pro-
fundamente inftruido nas fciencias Efco-
laílicas de quem fazem memoria Nicol. Ant.
Bíh. Hifpan. Tom. i. pag. 282. col. 2. e
Fr. Pedro Alva, y Aftorga Aí/7//. Concept.
Compoz
Miflica Theologia, y dijcricion de efpiriíos.
Valência por Bernardo Nogues. 1656. 16.
FERNANDO CARDOSO filho de Ál-
varo Cardofo natural da Villa de Santa-
rém, e Pagem da toalha DelRey D. Joaõ
o III. a quem foy muito aceito por fua
natural difcriçaõ, e fentenciofos apothe-
mas. Foy Governador do Caftello da Mina,
onde moftrou igualmente o zelo da fa-
zenda Real, que o defprezo da própria
conveniência. Poetizou com fumma joco-
fidade como fe vè nas fuás Cartas, e Sá-
tiras, que faõ muito louvadas por Manoel
Severim de Faria Difcurf. Var. Polit. foi. 82.
e 122. Macedo Flores de Efpan. cap. 22.
Exceli. 6. Mariz Dialog. de Var. Hiji. Dial.
5. cap. 3. Delle parece que faõ as Trovas
que eílaõ no Cancioneiro de Garcia de Re-
zende foi. 157.
Cartas ejcritas ao Duque de Bragança,
e D. Rodrigo Loho, quando era Governa-
dor do Caftello da Mina, com outras obras
que fe confervavaõ Aí. S. na Bib. Seve-
riana.
FERNANDO CARDOSO Prefbitero,
profeíTor de Direito Canónico, em cuja
Faculdade foy muito douto. Efcreveo con-
forme affirma o Lecenciado Jorge Cardozo
nas Mem. Aí. S. á Bih. Por/ug. e Joaõ Soa-
res de Brito Tòeafr. 'Luftt. Utterat. let. F.
num. 6.
Praxis Judicum. foi. Aí. S.
FERNANDO CARDOSO natural da
Villa de Celorico, na Província da Beira.
Inftruido com as letras hunnanas fe appli-
cou aos eftudos feveros de Filofofia, Theo-
logia, e Medicina, cm que fahio taõ emi-
nente, que depois de exercitar efta Arte
em Valhadolid com grande credito do fcu
nome, mereceo fer provido em Madrid
em o lugar de Phiíico mór no anno de
1640. naõ havendo enfermidade por mais
rebelde que foíTe, que naõ cedefle à effi-
cacia dos feus medicamentos. Deixando Ef-
panha paíTou a Veneza onde apoftatando
da verdadeira Religião em que fora edu-
cado fe fez fequaz acérrimo do Judaifmo
mudando o nome de Francifco em Ifac.
De Veneza fe transferio á Qdade de Ve-
rona, e nella exercitou com felicidade o
methodo curativo que obfervava. Naõ foy
menos eftimado o feu talento pela Poeíia
metrificando com elegante fuavidade, como
o moftra o Soneto que fez á morte de
Lopo da Vega Carpio, e fahio impreíTo
na Fama pojlhuma confagrada a efte grande
Varaõ a foi. 55. Como a infigne Poeta
o louva Jacinto Cordeiro Elog. dos Poet.
Ljdjít. Eftanc. 47.
L.uego el Doãor Cardofo en el de/garro
Con prevenida accion ai premio ajftfie
Que a darle Febo el luminojo carro
Nò lloraras hampafia el cafo trijle
Del hermano Faeton quando bizarro
Muerto a tus ojos con un rayo vifte:
Que el Doâor con Ju ingenio le domara
Y el alta petis Jin vigor quedara.
Compoz
Si el parto de 15, e 14. me!(es es natural, y
legitimo. Efcrito em 7. de Enero de 1640. Ma-'
drid. foi. Naõ tem anno da impreílaõ, po-
rém confta de treze laudas o qual vimos, c
he muito douto.
Di/cur/o /obre el monte Vejuvio infigne por
Jus ruinas, famofo por la muerte de Plinio; dei
prodigiofo incêndio dei aiio id^i. y fus caufas na-
turales, y el origen verdadero de los terremotos, y
tempefiades. Madrid por Francifco Martins.
1632. 4.
De febri fyncopali noviter difcuffa, utiliter dif-
putata controverfiis, obfervationibus, bifioriis referta.
Mattid. 1634. 4.
Panegyrico, y excellencias dei color verde, fym-
bolo de efperanfa, byeroglifico de vi£ioria. Madrid
por Francifco Martins. 1635. 8. Florida, y doei a
chama a efta obra o Capitão Manoel Fernandes
de Villa Real no feu livro Color verde.
L USITAN 4.
21
Oracion fúnebre en la muerte de Lape de Vega
Carpio laureado de las Mu/as dedicado ai Du-
que de Sefsa. Madrid por la viuda de Juan
Gon2ales. 1635. 8.
Utilidades dei agua, y de la nieve, dei bever,
frio, y caliente. Madrid por la viuda de
Alonfo Martins. 1637. 8. Defta obra faz
mençaõ o moderno addicionador da Bib.
Nautic. de Anton. de Leaõ. Tom. 2. Tit. 3.
col. 1191.
Philofophia libera in feptem libros Mflri-
buta in quibus omnia, qua ad Pbilofophiam
naturalem fpeãant methodice colliguntur, ó* accurate
difputantur. Venetiis fumptibus Bertanorum
1673. foi- Defta obra fe lembra Gregório
Leti Ital. Re^umíe. pag. 535.
Excellencias, y Calumnias de los Hebreos.
Amílerdaõ por David de Caftro Tartas. 1679. 4.
Neíla obra expõem dez excellencias do povo
j Hebraico, e refponde a dez calumnias, que
contra os Judeos efcrevem os Qiriílãos.
Fazem memoria das fuás obras Bartoloc.
Bib. Rabin. Part. 3. pag. 921. num. 1008.
Wolfio Bib. Hebraic. pag. 689. n. 1265. Baf-
nage Hifl. des Juifs Tom. 3. pag. 1907. Nicol.
Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 282. col. i.
D. Frandfc. Manoel Carf. dos AA. Portug.
e Joan. Soar. de Brito Theatr. l^ufit. Utterat.
lit. F. n. 7.
Fr. FERNANDO DE CASTRO natural
de Lisboa, e filho natural de D. Álvaro de
Caftro do Concelho de Eftado, Vedor da Fa-
zenda d'ElRey D. Sebafliaõ, e feu Embaxador
nas mayores Cortes da Europa. A nobreza
do nacimento que o pudera lizongear com
authorizados lugares no feculo, os defprezou
heroicamente fazendo-fe por beneficio da
graça filho de outra mais efclarecida Famí-
lia qual era a Dominicana. A fua litteratura
exercitada nas Efcolas o conflituhio Mef-
tre em Theologia, e a prudência de que
era fummamente ornado lhe deu os luga-
res de Prior dos Conventos de Amarante,
Coimbra, e Batalha. Teve grande faga-
ddade para tratar negócios graves de que
foy teftemunha a Cúria Romana aonde af-
fiftindo alguns annos mereceo as eftimaçoens
das primeiras Peíloas. Reftituido ao Reino no
anno de 1604. compoz
Vida de Dom JoaÕ de Caflro IV. Vice-
Key da índia feu Avo paterno, a qual entregou
a hum Religiofo da fua Ordem chamado por
antono máfia o Cathegorico para que a redu-
fiííe a melhor eflilo.
Tinha prompto para a ImpreíTaõ por fer
obra do dito feu Avo.
Roteiro da viagem que defle Reyno fe^ para a
índia com o ViceRey D. Garcia de Noronha no
anno de 1538. e outro, que fe^ de Goa ate Dio com
o mefmo ViceRey. M. S. Confervaõ-fe no Col-
legio dos Padres Jefuitas de Évora cuja obra
lhes deu o Cardial D. Henrique.
D. FERNANDO DE CASTRO na-
tural da Cidade de Évora, e filho de Gaf-
par de Caftro. Havendo frequentado com
admirável progreíTo as Sciencias de Filo-
fofia, e Theologia por fer dotado de vivo
engenho, e grande comprehenfaõ preferio
a Paleftra de Marte, à de Minerva, e paf-
fando ao Oriente foy Capitão de Chaúi
onde naõ fomente mofljrou a valentia do
feu coração, mas a generofidade do feu
animo edificando em Baçaim hum Collegio
para os Padres Jefuitas. Voltando à Pá-
tria para evitar o odo fe aplicou a com-
por varias obras as quaes por ficarem im-
perfeitas ao tempo da fua morte, que fuc-
cedeo no anno de 1596. encomendou a
feu Irmaõ D. Joaõ de Caftro, que as re-
dufiííe a cinzas, cuja ordem executou promp-
tamente efcapando unicamente as duas
feguintes que fe confervaõ no CoUegio de
Évora dos Padres Jefuitas como afíirma o
Padre Francifco da Fonfeca. Eror. Gloriof. 41 1.
Expofitio litteralis ad illa verba Genef. cap.
2. Nondum enim pluerat Dominus Deus fuper
terram. M. S.
Traãatus Philofophicus. Nelle funda-
do no Axioma de Ariftoteles Humidum
difficile terminatur feguia fer o fogo húmi-
do. M. S.
FERNANDO DE CASTRO, E MEL-
LO natural de Lisboa filho de Pedro
de Caftro Provedor da Alfandega de Lis-
boa, e Dona Lourença da Cofla. Pela
nobreza do feu nacimento, integridade
de cofloimes, e fdenda da Sagrada Theo-
22
B IB LIO THE CA
iogia foy eleito Deaõ da Capella Real de
Villa Viçofa. Teve talento capaz para o
Púlpito, onde era ouvido com aplauzo.
Publicou
Sermão das Almas pregado no Mojleiro da
Efperança de Villa Viçofa em 7. de Setembro
de 1648, Lisboa por António Craesbeck de
Mello Impreflbr de S. Alteza. 1672. 4.
FERNANDO CERVEIRA natural da
Cidade de Beja. Pela fua grande fciencia Ju-
rídica foy Collegial do CoUegio de S. Bartho-
lomeu da Univeríidade de Salamanca, e Juiz
dos Feitos da Coroa nefte Reino. Ainda que
morreo em idade florente deixou como fazo-
nado fruto da fua profiflaõ a feguinte Obra
Traãatus in Cap. Fin. Ne Pralativices fuás.
O qual affirma Francifco Galvaõ Maldonado
nas Memorias M. S. para a Bib. L.ujit. que
fahira impreflb in 4.
FERNANDO CORRÊA DE LACER-
DA naceo no lugar do Tojal diílante
três legoas para o Nacente da Cidade de
Vifeu onde teve por Pays a António Cor-
rêa de Lacerda, e Maria Cabral filha de
Simaõ Cardozo Feitor de Malaca, e de
Florencia Cabral. A Univerfidade de Coim-
bra foy o theatro em que brilhou o feu
penetrante engenho no eftudo da Jurif-
prudencia Civil fendo taõ agigantados os
progreíTos que contando poucos annos de
idade foy Condu£lario por Provifaõ de
24. de Dezembro de 1603. Tendo alcan-
çado illuílre nome pelas letras o adqui-
rio mayor pelas armas fendo as Cam-
panhas de Africa teftemunhas dos herói-
cos impulfos do feu braço. Foy hum dos
mais celebres Poetas do feu tempo cujas
obras métricas pofto que naõ lograrão o
beneficio da luz publica fempre merece-
rão univerfal aplaufo, ou foffem repetidas
nas Camarás dos Príncipes, ou recitadas nos
Theatros de Efpanha. Delias confervava
três Tomos na fua Bibliotheca o Illuftrif-
fimo Arcebifpo de Lifboa D. Rodrigo da
Cunha como confta do feu Index im-
preflb no Porto em o anno de 1627. Deixou
compoftos dous Poemas hum Heróico in-
titulado
Império Ijifitano. Era o Hcroc D. Af-
fonfo Henriques, e neUe defcrevia toda a
Hifl:oria do Reino de Portugal atè o feu
tempo. foi. M. S. Conferva-fe na Livraria
do Marquez de Abrantes.
O fegundo Poema era Lyrico com efte
titulo
Pajlor de Guadalupe. NeUe dava noticia
daqueUe celebre Santuário com taÕ devota me-
lodia, que podia fervir de Texto efpiritual aos con-
templativos como em feu aplaufo efcreveo
D. António Alvres da Cunha em huma carta
a feu filho D. Fernando Corrêa de Lacerda
de quem logo fe fará memoria, imprefla no
principio da Vida da Rainha Santa Izabcl
compofl:a por efte Prelado.
Vinte Romances Cajlelhanos dos quaes co-
meça o primeiro Sentado junto de un olmo com
doze Cartas jocofas fe confervavaõ na Biblio-
theca do Cardeal de Souza.
Romance a Ardenio enfermo de amores. Sahio
impreflb no Tom. 5. da Fénix renacida. Lisboa
por António Pedrozo Galraõ. 1728. 8. a
pag. 261. Manoel de Faria e Souza o louva J
no Comment. às Rim. de Cam. Tom. i. pag. 140.
e Jacinto Cordeiro no Eloffo dos Poet. Luftan.
Eílanc. 41.
Bien pueden los efcritos defafios
A Itália publicar Efpana, y Fr anciã
Si doão entre los fuyos lo recuerda
Grave Feman Corrêa de Lacerda
D. FERNANDO CORRÊA DE LACER-
DA natural do Tojal, lugar fituado em o Bif-
pado de Vifeu, na Província da Beira, foy
filho de Fernando Corrêa de Lacerda, de quem
fe fez a precedente memoria, e de D. Maria
de Sottomayor, Irmãa de D. Francifco de
Sottomayor Bifpo de Targa, Capellaõ mór
DelRey D. Aflbnfo VI. c nomeado Ar-
cebifpo de Braga. Educoufe na Univer-
fidade de Coimbra, onde applicado aos
Sagrados Cânones fe graduou neíla Fa-
culdade, com applaufo dos Mcftrcs, c cn-
veja dos condifcipulos. Depois de ob-
ter os Beneficios das Igrejas da Arruda,
Arrayolos, Torres Vedras, c huma Cone-
zia na Collegiada de Ourem, exercitou j
os lugares de Inquifidor nas Inquifiçoens
de Évora, ç. Lisboa, onde foy promo-
L USITANA.
23
vido em 17. de Agoílo de 1671. e Depu-
tado do Confelho Geral, e CommiíTario
da Bulia da Cruzada. Atendendo a Magef-
tade de D. Pedro o 11. de quem tinha
íido Meftre, aos feus merecimentos o no-
meou Bifpo do Porto a 26. de Abril de
1673. em cuja dignidade encheo as obri-
gaçoens do Officio Paftoral. Defpendeo doze
mil cruzados no edifício da Parochia de S.
Nicolao, que feu anteceíTor D. Nicolao Mon-
teiro tinha principiado, e a fagrou folemne-
mente no anno de 1676. Reformou o Palácio
Epifcopal, e ornou a Cathedral com preciofos
donativos, onde em todas as Feftas folemnes
reveftido dos paramentos Pontifícios fubia
ao Pxilpito para alimentar com o pafto
da Divina palavra as fuás ovelhas. A to-
das as Religioens de hum, e outro fexo
fe extendeo a benificencia do feu generofo
coração. Com a continua corrente de ef-
moks, libertava os prezos das cadeyas; os
cativos das mafmorras, e as donzellas, e
viuvas das miferias. Por ordem de ElRey
D. Pedro o II. aífiílio em o anno de 1677.
em Coimbra a Tresladaçaõ do Corpo da
Rainha Santa Izabel, em cuja religiofa fun-
ção recitou hum elegante Panegyrico na
prezença de toda a Univerfídade, que o
aclamou por Príncipe da Oratória Eccleílaf-
tica. Naõ menor aplauzo confeguio o feu
nome quando no anno de 1670. foy ju-
rada em Lisboa por fuceíTora defta Coroa
a Infanta D. Izabel, orando com difcreta
elegância em taõ folemne afto. Voltando
para o feu BLfpado, levou por companhei-
ros os exemplariíTimos Padres da Congre-
gação do Oratório para que fundaíTem Caza
no Porto, e em quanto fe naõ determinou
o fitio, os hofpedou pelo efpaço de hum
anno em o feu Palácio. Moleftado de gra-
ves achaques fupplicou à Santidade de
Innocencio XI. que o abfolveíTe da obri-
gação paftoral querendo aproveitar os úl-
timos annos da vida na preparação de huma
feliz morte. Difirio benevolamente o Pon-
tífice a taõ juítíficada fuplica de que fe fe-
guio largar logo a dignidade em o anno
de 1683. e partindo para Lisboa, fendo
mais fortemente combatido da violência dos
achaques, a que naõ pode reliftir a na-
tureza, recebidos com fumma piedade os
Sacramentos, efpirou em o i. de Setembro
de 1685. quando contava 57. annos de idade»
Foy fepultado no Convento de Santo An-
tónio dos Capuchos defta Corte, e fobre
a campa tem por epitáfio eftas breves pa-
lavras.
Aqui Jaz D. Fernando Corrêa de luicerda,.
Bifpo que foy do Porto, do Confelho de Sua
Magejiade. Faleceo ao 1. de Setembro de 1683.
Foy profundamente verfado nas letras
Sagradas, e profanas, naturalmente dif-
creto, e elegante; infigne cultor da pureza
da lingua materna, e taõ perito nos pre-
ceitos da Oratória, como da Poética, em
cuja arte podia difputar com feu Pay, e
levarlhe a primazia. Compoz
CançaÕ á morte de André de Albuquerque.
Sahio na CoUeçaõ de verfos, que a eíle Heròe
fez Joaõ Medeiros Corrêa. Lisboa por Domin-
gos Carneiro. 1661. 4.
Panegyrico ao ExcellentiJJimo Senhor D. An-
tónio LmÍ!^ de Meneses Aíarque^ de Marialva.
Lisboa por Joaõ da Coíla. 1674. 4. Efta obra
aplaude Gerardo Emefto de Franckenau Bib.
Hifp. Hijl. Geneal. pag. 112.
Virtuofa Vida, e Santa Morte da Prin-
cet^a D. Joanna, reflexoens moraes, e politi-
cas fobre fua vida, e morte. Lisboa por An-
tónio Craesb. de Mello. 1674. 4.
Hijloria da vida do Bemaventurado Pa-
dre S. Joaõ da Cru:(^ primeiro Carmelita Def-
calço, reflexões fobre algumas acções da fua
vida. Lisboa por Miguel Manefcal. 1680. 4.
Hijloria da Vida, Morte, Milanês, Ca-
nonif^açaÕ, e Trasladação de Santa Isabel VI.
Rainha de Portugal. Lisboa por JoaÕ Gal-
raõ. 1680. 4.
Carta Paftoral aos do feu Bifpado. Lifboa
por Joaõ da Coíla. 1673. 8.
Carta Paftoral fobre a Fabrica, Dedica-
ção, e Confagraçàõ do Templo aos Fieis do Bif-
pado do Porto. Lisboa pelo dito Impreífor.
1676. 8.
Oraçaõ Panegyrica nos applau^s da fempre
memorável viãoria do Canal. Amílerdaõ por
Jacobo Vanvelfen. 1673. 4. grande. Quan-
do recitou efta Oraçaõ era Académico
da Academia dos Generofos inítituida em
Lisboa.
24
BIB LIO THE CA
I
Com o nome affcdado de Leandro Dória
Cáceres e Faria.
Catajlrophe de Portugal na Depojiçaõ d'EJ-
Key D. Affonjo VI. e fubrogaçaÕ do Princepe
D. Pedro o único jujiificada nas calamidades
publicas, ejcrita para JuJlificaçaÕ dos Portu-
gueses. Lisboa por Miguel Manefcal. 1679. 4.
Efta obra traduíio em Caílelhano D. Juan
Yanes como affírma no Prologo das Memor.
para la Hijlor. de D. Filippe III. Key de Efpan.
pag. 28. da qual faz erradamente Author ao
grande Padre António Vieira da Companhia
de JESUS.
Diário da Embaxada do Conde de Vil-
Jar-mayor Embaixador Extraordinário à Corte
de Hidelberga por ElRej Dom Pedro II. Nojfo
Senhor. M. S. foi. cujo original fe conferva na
Livraria do Excellentiffimo Conde do Redondo.
D. FERNANDO COUTINHO filho
terceiro de Joaõ da Sylva IV. Senhor de
Vagos, Alcaide mór de Monte mór, Ge-
neral em Ampurdaõ, e Camareiro mór
<i'ElRey Dom Joaõ o II. e de Dona Branca
Coutinho fua prima, fegunda filha de Fer-
não Coutinho Senhor de Penaguião, Ar-
mamar, e Fontes, e de Dona Maria da
Cunha Senhora proprietária de Celorico
de Bailo, illuílrou com acçoens heróicas
a qualificada origem da fua Peflba. Anhe-
lando a fazer celebre o feu nome pelas
Sciencias, que lhe faciUtavaõ a perfpicacia
do engenho, e promptidaõ de memoria, e
vendo que o militar tumulto de Marte
tinha defterrado de Efpanha o pacifico co-
mercio de Minerva paíTou a Florença onde
cultivando huma, e outra Jurifprudencia
mereceo com applaufo dos mayores Mef-
tres receber as infignias Doutoraes em
ambas as Faculdades. Reílituido ao Reyno
como conheceíTe o prudente juizo d'ElRey
D. Joaõ o II. a fua grande capacidade o
nomeou Bifpo de Lamego, e Embaixa-
dor extraordinário à Santidade de Ale-
xandre VI. cujo miniílerio defempcnhou
com geral admiração da Cúria Romana.
Da Cathedral de Lamego foy transferido
em o anno de 1502. por ElRey D. Ma-
noel para o Bifpado de Sylves Capital
<io Reino do Algarve, e como o feu ta-
lento fe extendia para o governo Ecde-
fiaíUco, e Secular foy Regedor da Cafa
da Supplicaçaõ cujo lugar depois adminif-
trou feu irmaõ mais velho Ayres da Sylva.
Com piedofa generofidade precedendo con-
firmação Real doou aos Religiofos da Se-
ráfica, e auílera Provinda da Piedade os
Conventos do Cabo de Saõ Vicente; Santa
MARIA do Loreto cm a Gdade de La-
gos, e de Nofla Senhora do Paraizo em
Sylves, e fundou o Convento das Reli-
giofas Ciílercienfes da Cidade de Tavira.
Inílituhio o Morgado de Santo António
da Serra de Monchique para fua filha Dona
Izabel da Sylva, que nos annos da ado-
lefcencia tivera de Izabel Villarinho filha
de Fernando Caldeira de nobre geração,
a qual fe defpozou com Ruy Pereira da
Sylva Alcaide mór de Sylves, e Guarda
mór do Príncipe Dom Joaõ, cujo Mor-
gado pofsuem hoje os Condes de S. Lou-
renço. Cumulado de obras virtuofas que
lhe adquirirão faudofa memoria na pofte-
ridade, falleceo na Cidade de Sylves, e jaz
fepultado junto dos degráos da Capella
mór da parte do Evangelho igual com a
fepultura em que eíleve o Real Cadáver
de D. Joaõ o II. fobre a campa tem as
fuás Armas, e por epitáfio eílas únicas pa-
lavras eílando as feguintes confumidas
Aqui jàs D. Fernando Coutinho.
De taõ illuílre Prelado fazem hono-
rifica memoria Fr. Francifco Brandão
Monarch. Ljijit. Part. 5. liv. 17. cap. 12. Pre-
lado de grande exemplo, e authoridade. Salazar
Hijlor. de la Ca^. de Sylv. liv. 8. cap. 5. Ftã
tan fenalado Cavallero, y tan illujlre Prelado
como correfpondia a fu nacimiento. Mon-
forte Cbron. da Prov. da Pied. liv. 2. cap. 12.
e 26. e o Cathalogo dos Bifpos do Algarve im-
prefso no fim das fuás Conjliíuiçoens. A Ora-
ção obediencial que recitou na prefença do
Pontífice Alexandre VI. e do Sagrado Collegio
dos Cardeaes, fahio com efte titulo
Oratio de obedientia in Confiftorio publico
Roma per me Ferdinandum Coutigno prajulem
luimajenfem Júris utriujque D. bahenda in Pon-
tijicatu Alex. VI. Pont. Max. pro CbriJiianiJ-
Jimo, <& inviãijftmo Domino nojho Joanne Kegt
Portugallia. Começa. Ma^ excellenti mu-
L USITANA
25
nere ab immortali Deo hodierna die me affeãum
effe video. Romje 1493. 4. He imprefsa em
elegante caraâer, e hum exemplar em perga-
minho conferva o Doutor Nicolao Francifco
Xavier da Sylva Académico da Academia
Real, que benevolamente me comunicou.
D. FERNANDO DA CRUZ naceo em
Lisboa no anno de 1629. de Pays de co-
nhecida nobreza. Defde a infância mof-
trou natural inclinação para o exercido
das virtudes, de tal forte que fugindo do
tximulto do feculo em idade de dezoito
annos bufcou a tranquilidade a que afpi-
rava o feu efpirito em o Qauífaro dos Có-
negos Regulares de Santo Agoftinho re-
cebendo o Habito no Real Convento de
Santa Cruz de Coimbra em 3. de JVIayo
de 1647. Conhecendo que na carreira dos
eliudos Efcholafticos era infruâuofo o dif-
vello que a elle dedicava, os deixou pre-
ferindolhe a continua contemplação dos
bens celeftiaes, que interrompia com a
liçaõ dos Livros Afceticos, que lhe fer-
viraõ de Meílres para efcrever os muitos
que para beneficio das almas publicou.
Cheyo de annos que chegavaõ a outenta
e hum, e muito mais de obras meritórias
efpirou placidamente no Convento de Santa
Cruz a 29. de Outubro de 1710. Com-
poz
Amores de MARIA SantiJJima May de
Deos, e Senhora noffa em amorojos Colloquios à
me/ma Senhora. Lisboa por Domingos Car-
neiro. 1682. 8. & ibi na Oííicina Rita-Cafliana.
1737. 8.
Efcola do amor de MARIA SantiJJima di-
vidida em tre^ ClaJJes; da imitação das fuás virtu-
des; dos exemplos, e feus favores, e no exercido de
feu louvor. Lifboa por Domingos Carneiro.
1685. 8.
Coroa de Excellencias, e Louvores da Rainha
dos Anjos. Juntamente com eíla obra Corona
áurea purijfimi amoris Genitricis Dei MARIM
igiitis jaculis inferta, <& canticis fuavibus illuflrata.
UlyíTipone apud Dominicum Carneiro. 1689.
12.
The^ouro efcondido D. Brites Catherina de
Abreu, feus Colloquios amorot^os com Deos; breve
noticia de fuás virtudes. Lisboa pelo dito Im-
prefsor. 1689. 4. Ainda que efte Livro íiahio
em nome do Padre António Lopes, he certa-
mente de D. Fernando da Cruz Tio de Dona
Brites Catherina de Abreu, e feu ConfeíTor,
e fe verifica pela firma da Carta 14. pag. 108.
do mefmo Livro que he Tio F. letra iniaal
de Fernando.
Divina Filomena de amorofos afjeãos a Cbriflo
Crucificado, Lisboa por Domingos Carneiro.
1690. 12.
Paraif(p das Efpofas de Cbriflo em huma
Novena á Virgem MARIA Senhora NoJJa para
as Freiras da Madre de Deos. Lisboa por Ma-
noel Lopes Ferreira. 1690. 12.
Alivio das doenças, e difpofiçaÕ para huma
preciofa morte, Oraçoens, AMos de Fè, e amor
de Deos. Lisboa por Domingos Carneiro.
1691. 8.
Joja riquijftma dos Coraçoens Umpos JESUS
Sacramentado. Lisboa pelo dito ImpreíTor.
1692. 12.
Novena antes da Fefla do Natal para as Ríli-
ffofas da Conceição de Marvilla. Lisboa por
Manoel Lopes Ferreira. 1693. 12.
Defpertador do Amor Divino em huma Ir-
mandade entre Religiofas confa^ada ao dulcijjimo
incêndio das almas, á deliciof a prenda dos Coraçoens,
á Divina Peffoa do Efpirito Santo, Vida dos
Jufios, e premio dos Bemaventurados. Lisboa por
Miguel Deslandes. 1695. 8. e Coimbra por
Joaõ Antunes. 1698. 8.
FERNANDO DUARTE DE MON-
TARROYO natural da Villa de Proença a
nova do Bifpado da Guarda filho de Chrif-
tovaõ Lopes de Montarroyo, e de Maria
Lopes Themuda. Foy muito applicado à
liçaõ da Hiiioria profana, e grande inveíH-
gador dos fucceflbs mais memoráveis que
acontecerão nefte Reyno efcrevendo
Memorias Hijloricas do tempo d'ElRey D.
Joaõ o III. ate ElRey D. Sebafliaõ. foL
M. S.
Fr. FERNANDO DA ENCARNA-
ÇAM. Naceo em a Qdade do Porto
fendo feus illuílres progenitores D. Fra-
dique de Menezes, e Dona Izabel Hen-
riques filha de Fernaõ Nunes Barreto Sc-
2Ó
BIB LIO THE C A
nhor dos Coutos de Freiris, e Penagate,
e Dona Maria Henriques; e irmaõ de
D. AfFonfo de Menezes MeJftre Sala d'El-
Rey D. Joaõ o IV. Defprezando as vai-
dades caducas com que o mundo o li-
2onjeava abraçou o Inílituto da efclare-
cida Ordem dos Pregadores no Real Con-
vento de Bemfica onde profeíTou a 25. de
Dezembro de 1621. quando contava vinte
e dous annos de idade. Neíla infigne pa-
leílra aprendeo os documentos mais altos
da perfeição religiofa, e juntamente as
Sciencias Efcolafticas em que fahio emi-
nente. Querendo coroar os feus mereci-
mentos a Mageílade d'ElRey D. Joaõ
o IV. o nomeou Bifpo do Algarve, cuja
dignidade naõ chegou a pofluir. Falle-
ceo no Convento de Bemfica onde nacera
para Deos, a 27. de Agofto de 1662. cuja
fepultura cobre huma grande campa, e
nella fe lè efcrito o feguinte epitáfio que
exprime em breves claufulas o carafter da
fua PeíToa.
Magifier Theologus Fr. Ferdinandus ah In-
camatione, Epifcopus Algarhiorum nominattis,
hujus Camba filius, Janguinis origine clarus, doc-
trina, litteris, ac virtutihus illuftris, regularis
obfervantia cupidijftmus, mundi lenociniis ahjec-
tis, adamata paupertate, humilitate aucupata,
modeftia fele£ta, moribus tranquillis, atatis, 63.
vix expletis, pojlrema in a^itudine inte^o
ajpeãu, atque auditu, Chrijli Jervatoris Cruci
affixi Jacram Imaginem complexatus inter illius
dulcia colloqma, & foliloquia vitam exbalavit.
"Exânime corpus Bemficani Cetnobita ibi lamen-
tis fleverunt, hic dejideriis tumularunt.
Obiit die i-j. Augujli an. Domini. 1662.
Efcreveo na lingua materna
Theologia Sagrada, foi. M. S. de cuja obra
fazem mençaõ o Licenciado Jorge Cardozo
Mem. para a Bib. Ljijit. M. S. e Fr. Pedro
Monteiro Clatijl. Dominic. Tom. 3. pag. 204.
intitulando o injigne Theologo, Pregador :(clo-
Jijfmo, e mtiy objervante da vida regular em o
Tom. I. pag. 59.
Fr. FERNANDO DE ESGUEIRA cujo
appellido denota a fua pátria fituada em
a Provinda da Beira do Bifpado de Coim-
bra. Foy Monge Ciílercienfe em o Real
Convento de Santa MARIA de Alcobaça,
a quem o Geral defta Monaílica Congre-
gação mandou efcrever em o anno de 1
ijio. a obra feguinte, que fe conferva
M. S. no Archivo do dito Convento
Fxcerpta â diverjis Patribus in Laudem
D. Laurentii: Sermones varij, dÍT vita Sanc-
torum uná cum vita D. Roberti Cijiercii Ab-
batis. foi.
FERNANDO DA FONSECA CHA-
CON. Naceo na Villa de Pinhel em a
Provincia da Beira a 30. de Settembro de
1680. e foy filho de António da Fonfeca
da Cofta, e Leonor Gomes. Applicou-fe
em a Univerfidade de Coimbra ao eftudo
da Medicina, e formado nella naõ fomente
foy infigne na Theorica mas muito mais
na Pratica fendo hum dos mais famofos
Médicos, que prefentemente exercitaõ efta
Arte em a noíía Corte tendo igual fcien-
cia da Chirurgica. Com o fuppofto nome
do Doutor Ambrofio de Miranda efcre-
veo
DiJfertaçaÕ Medica, e novo methodo de curar
febres ardentes, malignas, petichiaes, e outras doen-
ças applicando-lhe Jô o facillijjimo remédio de
agua pura, q fe expõem á ohfervaçaÕ dos Profef-
sores, e utilidade publica. Lisboa por António
Ifidoro da Fonfeca. 1737. 4.
FERNANDO DE GÓES LOUREIRO
natural de Lisboa onde teve por Pays a
André de Góes Loureiro, e Barbara do
Cazal igualmente nobres, e opulentos, ao
qual educarão com documentos condu-
centes á vida Chriílãa, e politica. Como
era moço da Camará de ElRey Dom Se-
baíliaõ o acompanhou na infeliz jornada de
Africa, de cuja morte foy teílemunha ocular,
como affirma em hum Tratado que com-
poz defta infaufta expedição. Reftituido à
Pátria fe ordenou de Presbítero, c obteve
a Abbadia de S. Martinho de Soalhaens
em o Bifpado do Porto. PaíTou a Roma
aonde afliftio muitos annos, c por fer muito
verfado na Hiftoria politica, c militar deftc
Reino efcreveo, c dedicou a D. Vicente Gon-
zaga de Aufíria Duque de Mantua, c Mon-
ferrato
L USITAN A.
27
Breve Summa,y Kelacion de las vidas ^y bechos
de los Rfyj" de Portugal, y cojas Jucedidas en aquel
Reyfio de/de Ju principio bajia el ano de 1595.
Mantua por Francifco Ofana ImpreíTor
Duqual 1596. 4. Coniia de 131. pagi-
nas.
Tratado de la Jornada de Africa M. S.
Deíla obra faz mençaõ a foi. 8. da prece-
dente.
Cathalogo dos Portuguet^es Chrijlaos Novos
que fe hiaÕ declarar Judeos a Itália, com a
Relação das copio/as Jommas de dinheiro que
levavaõ. M. S.
Fxí memoria deíle Author o Padre Soufa
no Apparato á Hijl. Gen. da Caf. Real Portug.
pag. 54. §. 28. a quem por erro chama Fran-
dfco Loureiro, Joaõ Franco Barreto na Bib.
Portug. M. S.
FERNANDO GOMES DE CABREIRA
natural da Villa de Olivença, Praça de
rmas em a Provinda do Alentejo, onte
teve por Pays a Fernando Gomes de Ca-
breira, e a D. Catherina Pegada do Rio.
loy Cavalleiro da Ordem de Chriílo, e Ca-
pitão de Cavallos na guerra, que efta Coroa
teve com a de CaíleUa, no anno de 1640.
e os feguintes onde fez açoens merecedo-
ras da enveja de feus companheiros. Teve
grande inclinação ao eíhido da Hiíloria
profana, e principalmente à Genealogia,
em que deixou eternizada a fua erudição.
Cazou com D. Catherina Pimenta, filha
de António Mendes Coelho, e Mecia Lo-
pes Pimenta de quem naõ teve geração.
Compoz
Nobiliário das principaes Yamilias da Villa
de Olivença jua pátria. O motivo, que o
impellio a fazer efta obra foy, que fendo
tomada pelos Caftelhanos a Praça de Oli-
vença fua Pátria no anno de 1657. onde
fe achou, como relata o Conde da Eri-
ceira Portugal. Kejlaur. Tom. 2. p. 42. fe
paíTou com grande parte dos feus mora-
dores para Beja, e prevendo o eftrago, que
fe executaria nos Cartórios com a perda
daqueUa Praça para que naõ fe extinguiíTe
na pofteridade a memoria dos illuftres fi-
lhos que produzira, efcreveo aquellas me-
morias Genealógicas, cujo original confer-
vava em feu poder Joaõ de Brito Bo-
telho de Lobos, morador na rua de Al-
conchel da Cidade de Évora.
Noticia das coui^as da Ejiropa M. S. Dedi-
cado a D. Joaõ da Cofta Commendador, e
Alcaide mór da ViUa de Caflxo Marim ao
tempo que governava as Armas da Província
do Alentejo. Começa. He França bum dos
mayores Rjeynos da Europa. Acaba com a Co-
roação de Luiz XIV. O 2. Tom. he Hijloria
de Cafiella, e acaba com o levantamento de
Catalunha. Em aplaufo defta obra fez o fe-
guinte foneto Joaõ Franco Barreto, o qual
traz na Bib. Portug. M. S. fallando defte Author.
Debaixo de outro Ceo, de outras EJIrellas
Gama atrevido Julca o mar profundo,
E def cobre primeiro bum mundo ao mundo
Por collocar feu nome ao longo delias.
Gomes f em que desfralde as brancas vellas
Nem ouça os roncos do Aufiro furibundo
Fa^ que o feu no Orbe fique fem fegundo
Moflrandonos de Europa as coufas bellas.
Ambos faÕ dignos de immortal memoria
Hum mais que Tifeo, e Jafon experto.
Mais que Uvio, e Salujiio outro erudito :
Ambos pois viviraõ com igual gloria
Gama, pelo emisferio defcuberto.
Gomes pelo Europeo Volume efcrito.
V. FERNANDO GUERREIRO natu-
ral de Almodovar em o campo de Ouri-
que da Provinda Tranftagana filho de An-
tónio Fernandes Corrêa, e Maria Guerreira
de Gufmaõ, e irmaõ do Padre Bartholo-
meu Guerreiro, de quem fizemos mençaõ
em feu lugar, com o qual contrahio novo
vinculo por beneficio da graça abraçando
o Inftituto da Companhia de JESUS, que
elle profeífara, em o Noviciado de Évora
a 22. de Janeiro de 1622. quando contava
defefete annos de idade. Completos os eftu-
dos das letras amenas, e feveras fe dedi-
cou todo aos minifterios do Púlpito, e Con-
feíTionario atrahindo muitas almas ao cami-
nho da penitencia, difcorrendo para taõ
fagrado fim por grande parte do Reyno.
Governou com fumma prudenda os Col-
legios da Cidade de Bragança, e da Ilha
da Madeira, onde foy Vifitador dos Col-
legios das outras Ilhas, Vice Prepofito da
28
BIBLIO THE C A
Giza Profefla de S. Roque, e companheiro
do Provincial o Padre Aijtonio Mafca-
renhas. Acommettido de hum pleuriz que
fe fez rebelde a todos os medicamentos
fc preparou com fervorofos ados de pie-
dade para a morte que o privou da vida
na Caza ProfeíTa de S. Roque a 28. de
Settembro de 1617. com 67 annos de idade,
e cincoenta de Companhia. O Padre Nicol.
Godin. de Abyjfm. reb. liv. i. cap. i. o
intitula vir prohitatis <& modejlice Jingularis.
Almeida Kejlaur. de Portug. pag. i. cap. 18.
Author digno de todo o credito Fonfec. "Evor. Glor.
pag. 429. Pregador famojo. Bih. Societ. pag.
204. col. I. D. Franc. Man. Cart. dos A A.
Portug. Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i.
pag. 287. col. 2. Joaõ Soares de Brit. Theat.
hujít. Litter. lit. F. n. 9. Franc. Imag. da
Virt. do Nop. de Evor. pag. 861. e no Am.
Glor. S. J. in Ijdfit. pag. 552. Ant. de Leon
Bib. Orient. Tit. 3. e o feu moderno addi-
cionador. Tom. i. col. 53. loi. e 398. Com-
poz.
Re/açaÕ annual das cousas, que fi^eràÕ os
Padres da Companhia de Jefus na índia, e
JapaÕ nos annos de 600. e 601. e do proceffo
da ConverfaÕ, e Chriftandade daquellas partes
tirada das Cartas Geraes, que de lã vieraõ.
Lisboa por Manoel de Lyra 1603. 4. Sahio
traduzida em Caílelhano pelo Padre Antó-
nio CollaíTo da Companhia de Jefus, Pro-
curador da Província de Portugal em a
Corte de Madrid, e imprefsa Valladolid por
Luiz Sanches 1604. 4.
Relação annal das coufas que fi:(eraõ os
Padres da Companhia de Jefus, nas partes da
índia Oriental, e no Brajil, Angola, Cabo
Verde, Guiné, nos annos de 602. e 603. e do
proceffo da converfaõ, e Chrijlandade daquellas
partes tirada das Cartas dos me/mos Padres,
que de lá vieraÕ. Lisboa por Jorge Rodri-
gues 1605. 4.
Relação annual das comias que fi^eraõ os
Padres da Companhia de Jefus, nas partes da
índia Oriental, e em algumas outras da con-
quifla defie Reyno, nos annos de 604. e 605.
e do proceffo da converfaõ, e Chriflandade da-
quellas partes. Lisboa por Pedro Craesbeck.
1607. 4.
Relação Annal das cous^as, que fi:(eràõ os
Padres da Companhia de Jefus nas partes da
índia Oriental, e em alfftmas outras da con-
quifla dejle Reyno no anno de 606. e 607.
do proceffo da converfaõ, e Chriflandade da-
quellas partes. Lisboa pelo dito Impreífor
1609. 4.
Relação Annal das cou!^as que fi^eraõ os
Padres da Companhia de Jefus nas partes da
índia Oriental, e em algumas outras da Con-
quifla defle Reyno, nos annos de 607. e 608.
e do proceffo da converfaõ, e Chrijlandade da-
quellas partes com mais huma addiçaõ à Re-
lação da Etiópia. Lisboa pelo dito Impref-
for 161 1. 4. Sahio traduzida em Caíle-
lhano pelo Doutor Chriílovaõ Soares de
Figueiroa, e naõ pelo Padre António Col-
laíTo da Companhia de Jefus, como ef-
creve o Author da Bib. Societ. pag. 69.
col. I. e o deixamos já notado em feu
lugar. Foy impreíTa em Madrid en la Im-
prenta Real 16 14. 4. com eíle titulo.
Hifloria y anal Relacion de las cofas q
hiv^eron los Padres de la Compania de Jefus
por las partes dei Oriente, y otras en la pro-
pagacion dei Santo Euangelio los anos paffados
de 607. j 608.
FERNANDO HOMEM DE FIGVEI-
REDO. Vejafe Fr. MANOEL HOMEM.
FERNANDO LOPES, Cavalleiro da
Caza do Infante D. Henrique, e Secretario
se feu Irmaõ o Infante Santo D. Fernando,
foy hum dos varoens mais celebres do feu
tempo, aífim na authoridade da peíToa, como
na fciencia da Hiíloria profana, pela qual
o fez ElRey D. Duarte, de quem fora Se-
cretario, quando era Infante, Chronilla mór
do Reyno. Para dezempenhar a obrigação
de taõ nobre empreza, naõ perdoou a
fua deligencia a inveíligar o Archivo Real,
de que foy Guarda mór, c todos os Car-
tórios das Cathedraes, e Conventos def-
te Reyno, examinando com ciirioía in-
dagação as Infcripçoens abertas em már-
more, e gravadas em bronze, para com
eftes mudos documentos authorizar as
noticias, e fucceíTos pertencentes à com-
poíiçaõ das Chronicas dos Príncipes, que
governarão cda Monarchia, dos quaes
L USITAN A.
29
•defcreveo as acçoens, e o carafter com
eíl)'lo ainda que íincero eloquente como
pennitia aquella idade. Querendo ElRey
D. AíFonfo V. confirmar a acertada elei-
■çaõ que feu Pay fizera de o nomear Chro-
iiifta lhe concedeo por carta paflada em
Lisboa a 11, de Janeiro de 1449. quinhen-
tos reis cada mez em remuneração do la-
boriofo difvelo que tinha applicado, e ha-
via applicar na compofiçaõ das Chronicas
de Portugal, que foraõ as feguintes.
Chronica do Conde D. Henrique.
de D. Affonfo Henriques.
de D. Sancho o I.
de D. Affonfo o II.
de D. Sancho o II.
de D. Affonfo o III.
de D. Dini^.
de D. Affonfo IV.
de D. Pedro o I.
de D. Fernando.
de D. Joaõ I.
de D. Duarte.
Todas eílas Chronicas atribue com gra-
ves fundamentos Damiaõ de Góes, Chron.
DelKej D. Aían. part. 4. cap. 38. a Fer-
nando Lopes, a quem feguem Gafpar Ef-
taço Anfig. de Poríug. cap. 21. pag. 69. e
Manoel de Faria, e Soufa no Prolog, da
I. Part. da Afia Portug. o qual lhe acre-
centa a De/Rej D. Affonfo V. que certa-
mente he de Ruy de Pina, e ainda que
algumas das Chronicas referidas fe achaõ
recopiladas humas, e addicionadas outras,
como faõ a De/Rey D. Affonfo Henriques
por Duarte Galvaõ, a quem Joaõ de Bar-
ros Dec. 3. da índia liv. i. cap. 4. chama
feu apurador; a DelRey D. Duarte por Go-
mes Annes de Zurara, ou Ruy de Pina,
e as dos nove Reys por Duarte Nunes de
Leaõ, fempre a parte fubftancial delias he
parto da pena de Fernãdo Lopes, e a elle
fe lhe devem atribuir como feu primeiro
Author. Unicamente mereceo o beneficio
da luz publica a feguinte.
Chronica De/Rej D. JoaÕ o I. de boa memoria,
e dos Keys de Portugal decimo i . Parte em que fe
contem a defenfaÕ do Keyno, até fer eleito Kej.
Lisboa, por António Alvares 1644. foi.
Chronica de ElRej D. JoaÕ I. (&c. 2. Parte
em que fe continuaÕ as guerras com Caftella,
defde o principio do feu Rejnado ate ás pa^es.
Lisboa pelo dito ImpreíTor 1644. foi.
Com merecidos elogios louvaõ o feu
nome graves Efcritores, como Gomes An-
nes de Zurara Chronica de D. JoaÕ o I.
cap. 193. Homem de comunal f ciência, e grande
authoridade. Eduard. Non. in Cenf. Fr. Jofep.
Teix. libei. pag. 25. vir exaãifftma diligentia,
(ò" magna authoritatis. Brandão Mon. Ijufit.
part. 5. liv. 16. cap. 8. o qual em tudo que
anda efcrito antigo dejie Rejno he o de mais
Jídfo. Nicol. Ant. Bib. Hifp. Vet. lib. 10.
cap. 6. §. 306. et feq. Joan. Soar. de Brit.
Teat. Luft. Utter. lit. F. num. 10. Fr. Ra-
fael de Jefus Mon. iMfit. Tom. 7. Uv. i.
cap. 4. nimi. 6. fojeito de qualidade, de ca-
pacidade, e prendas. Leitaõ. Notic. Chronol.
da Univerjid. de Coimbra p. 293. §. 659. naõ
aparou a penna para adidaçaõ, notou o repre-
henfivel com modeflia, e fem affeãaçaõ no lou-
vável fe!(^ jufiiça; mas antes para que a ver-
dade naõ degeneraffe em ódio acerca dos risi-
nhos fe defpio totalmente do próprio amor da
pátria. Jofeph Soar. da Sylv. Prolog, às
Mem. Hifl. DelRej D. JoaÕ o I. lhe chama
Famofo Efcritor. o Padre D. António Cae-
tano de Soufa Apparato à Hi^. Gen. da
Cat^a Keal Portug. pag. 26. §. 6. Fqy muy
intelligente, e todos os feus efcritos de muita
ejlimaçaõ; a elle atribuem a transformação do
original do Conde D. Pedro, que po:^ na forma,
que boje vemos conforme lhe ditou a fua idea,
ou afeição. Huma larga inve£Hva faz elle
Padre contra Fernando Lopes, no Tom.
2. pag. 276. da Hijl. Gen. da Ca^^a Keat
quando trata do Nobiliário do Conde D.
Pedro.
FERNANDO LOPES DA CASTA-
NHEDA naceo na celebre Villa de San-
tarém, e foy filho natural do Licencia-
do Lopo Fernandes da Caftanheda, o pri-
meiro Ouvidor da Cidade de Goa. Na
idade da adolecencia entrou em a Reli-
gião Dominicana, da qual fahindo paílou
ao Oriente com feu Pay, na Armada
em que foy por Governador da índia o
infigne Heróe Nuno da Cunha, e par-
3o
BIBLIO THE CA
tio de Lisboa a i8. de Abril de 1528,
Tanto que chegou a Goa, impellido da
gloria da Naçaõ Portugueza, de que fora
famofo theatro todo o Oriente, começou
a idear huma Hiíloria em que deixaííe na
poíleridade eternizada a memoria de taõ
illuílres façanhas. Para alcançar o fim de-
zejado naõ fomente inveftigou as noticias
que eftavaõ depofitadas nos Carthorios, e
Archivos, mas confultou aos mefmos Ca-
pitaens, e Generaes, que tinhaõ fido glo-
riofos inílrumentos de tantas Vitorias alcan-
çadas em mar, e terra, contra os Antego-
niílas do nome Portuguez. Naõ fatisfeita
a fua incanfavel deligencia com eílas infor-
maçoens difcorreo por diverfas terras exa-
minando com os olhos as fuás fituaçoens
donde fe feguio efcrever huma Hiíloria,
defde o defcobrimento da índia atè o go-
verno de D. Joaõ de Caílro, com fumma
individuação, e verdade, fuprindo a ele-
gância do eftilo a finceridade da narração,
em cujo laboriofo difvelo confumio o
largo efpaço de vinte annos. Voltando ao
Reyno igualmente falto de fazenda, que
faude, fe fatisfez para paíTar a vida com
os emolumentos, que lhe rendiaõ os luga-
res de Bedel da Faculdade de Artes da
Univerfidade de Coimbra, e Guarda do
feu Archivo, atè que na mefma Cidade
falleceo a 23. de Março de 1559. e jaz
fepultado na Parochial Igreja de S. Pedro
em cuja fepultura tem gravado o feguinte
epitáfio.
Aqui Jaz FemaÕ Lopes da Caftanheda,
efcritor primeiro da Hijloria do defcobrimento
da Índia, o qual falleceo aos 23. dias do me^
de Março de 1559. Compoz
Hijloria do defcobrimento, e conquifla da
índia pelos "Portugueses. No fim tem as
feguintes palavras. ¥oy Imprejfo efle pri-
meiro livro da Hijloria da índia em a muito
nobre, e leal Cidade de Coimbra, por Johaò
de Barreyra, e Johaò Alvares Imprejfores Del-
Rey, na mejma Univerjidade. Acabouje aos féis
dias do me^ de Março de M. D. LI. 4. Conf-
ta de 267. paginas, e he dedicado a ElRey
D. Joaõ o III.
Paliados três annos fe reimprimi© cfte
livro em folha com differente dedicatória
ao mefmo Monarcha, e com diverfidade
no principio do primeiro capitulo como
em o numero delles, e fahio com o titulo
feguinte.
Ho livro primeiro dos de:;^ da Hijloria da
dejcubrimento, e conquijla da índia pelos Por-
tuguev^es. Agora emendado, e acrecentado. E
nejles de:^ livros Je contém todas as milagrofas
façanhas, que os Portuguer^es Jii(erad em Etió-
pia, Arábia, Perfia, e nas índias, dentro do
Ganges, e fora delle, e na China, e nas Ilhas
de Maluco do tempo que Dom Vafco da Gama
Conde da Vidigueira, e Almirante do mar In-
dico defcubrio as índias atè a morte de Dom
Joaõ de Cajlro, que lá fqy Governador, e Vice-
-Rçy. Em que fe contem efpaço de cincoenta
annos. No fim tem as feguintes palavras.
Eoy imprejfo efle primeiro livro da Hijloria da
índia em a muito nobre, e leal Cidade de Coim-
bra por Joaõ de Barreira Impreffor d'ElRey
na mefma Univerfidade. Acabou-fe aos vinte
dias do mev^ de Julho de M.D.LIIII. foi. No
principio defte livro eílá o Privilegio d'El-
Rey D. Joaõ o III. paíTado em Almeirim
a 14. de Junho de 1552. para que ninguém
poíTa imprimir efta obra por ter feu Au-
thor gaitado nella muita fazenda, e mais
de vinte annos.
Hijloria do livro Jegundo do dejcubrimento,
e conquijla da índia pelos Portuguev^es. Coim-
bra por Joaõ de Barreira, e Joaõ Alva-
res ImpreíTores d'ElRey arino M.D.LIl.
foi.
Ho Terceiro livro da Hijloria do defcubri-
mento, e conquifla da índia pelos Portuguer^es.
Coimbra pelos ditos ImpreíTores M.D.LIL
foi.
Os livros Ouarto, e Quinto da Hifloria
do defcubrimento, e conquifla da índia pelos
Portuguet^es. Coimbra pelos ditos Imprcf-
fores M.D.LIII. foi.
Ho Sexto livro da Hifloria do defcubrimento,
e conquifla da índia pelos Portugue!(es. Coimbra
por Joaõ de Barreira Imprimidor da Univer-
fidade M.D.LIV. foi.
Ho Sétimo livro da Hifloria do defcubri-
mento, e conqtàfla da índia pelos Portuguev^es
1554. foi.
Ho Oãavo livro da hifloria do defcobri-
mento, e conquifla da índia pelos Portuff4e:(es.
L USITANA.
3i
Coimbra por Joaõ de Barreira ImpreíTor
d'ELRey na mefma Univeríidade 1561. foi.
Efte livro fahio pofthumo, e os filhos do
Author o dedicarão a ElRey D. Sebaftiaõ,
dizendo-lhe. Pedimos a V. A., queira tomar
Job feu amparo ejle livro oãavo, e com ejle o
Nono, e Decimo Jeguintes, que muy cedo fe
imprimirão. Donde fe collige que os dei-
xou efcritos Femaõ Lopes da Caftanheda,
os quaes comprehendiaõ o Governo de
D. Joaõ de Caibro, e os mandou recolher
ElRey D. Joaõ o III. a requerimento de al-
guns Fidalgos (como efcreve Diogo de Couto
Decad. 4. da índia liv. 5. cap. i.) que fe
acharão naquelle raro, e efpantofo cerco, por-
que fallava nelks verdades, e ainda que os
filhos do Author podiaõ cumprir a pro-
meíTa que fizeraõ a ElRey D. Sebaftiaõ
por fer jà fallecido feu Avô D. Joaõ o III.
nunca fe imprimirão, cujos originaes con-
fervava em feu poder Francifco Gomes
como affirmou em 15. de Janeiro de 1620.
a Francifco Galvaõ Aíaldonado que aíTim
o efcreve na fua Bib. Vortug. M. S.
Sahiraõ traduzidos os 7. livros da Hifto-
ria da índia em a lingua Italiana por Affonfo
de Ulhoa com efte titulo.
Hijloria deli' Indie Orientali fcoperte, e
<onquiJiate da Portoghe:(i di commijftone deli'
invitijfimo Re Dom Alanuello di glorio/a me-
moria, &c. Part. I. Venetia apreíTo Gior-
dano Ziletti 1578. 4.
Part. 2. pelo dito ImpreíTor, e no mefmo
anno. 4.
O original defta tradução fe guarda na
Bib. Vatican. n. 316. como efcreve Mont-
faucon. Bib. Bib. Aí. S. Tom. i. pag. 27.
col. I.
/ O primeiro Tomo foy traduzido em
Francez por Nicolao de Grouchy com efte
titulo.
UHiJloire des Indes de Portugal contenant
comment Vinde a efte decouverte par le comman-
dament du Kqy Emanuel, <& la guerre que les
Capitaines Portugalois on menee pour la conquefte
di celles, &c. Anveres per Jean Steelfio 1553.8.
& ibi 1554. por Alichel Vafcofan. 4. & por
S. G. S. juntamente com o livro de rebus
Emmanuelis de D. Jeronymo Oforio. Pariz
por Robert. Magier 15 81. 8. & ibi por
François Eftienne 15 81. foi. O mefmo pri-
meiro Tomo fahio vertido em Caftelhano
com efte titulo.
Hiftoria dei dejcubrimiento, y conqmfta de
la índia por los Portugueses. Anveres por Mar-
tin Núncio 1554. 8.
Compoz mais
Uvro de Cavallarias. M. S.
Cuja obra communicou feu filho Cyri-
cio da Caftanheda a muitas peíToas, e que
huma aventura delia fe achava tranfcripta
na 3. Part. do Palmeirim de Inglaterra.
Fazem illuftre memoria defte Author Couto
Decad. 4. da Ind. Uv. 5. cap. i. Faria Epit.
da Hijior. Portug. Part. 4. cap. 18. Souza de
Maced. Flor. de Efpan. cap. 8. excel. 9. Halle-
vord. Bib. Curiof. pag. 75. col. i. Nicol. Ant.
Bib. Hifp. Tom. i. pag. 289. col. i. Ant. de
Leaõ Bib. Orient. Tit. 3. e o feu moderno
addicionador Tom. i. Tit. 3. col. 74. Ta-
xand. in Cathalog. Ciar. Hifp. fcript.
FERNANDO LOPES DE OLIVEIRA
natural de Villaviçofa, e Licenciado na Fa-
culdade dos Sagrados Cânones, infigne Cultor
da Poezia, de cuja arte deixou celebres monu-
mentos, como fe lem no liv. 3. do Pamaffo
de Villaviçofa, efcrito por Francifco de Moraes
Sardinha, onde eftaõ 8. Sonetos, e glozado
efte mote.
Deixafte Tejo dourado
Por Gtiadiana efcabrofa;
Ou a vens fa^er fer mofa.
Ou te tra^ algum cmdado.
FERNANDO DE MAGALHAENS Ca-
valleiro da Ordem militar de S. Tiago, e hum
dos mais famofos Argonautas, que vio o mun-
do, iiluflxou a nobreza de feu nacimento com
o heróico valor do feu coração intrépido, de
que foraõ theatros as vaftas campinas de Afia,
e Africa, aíTiftindo na conquifta de Malaca no
anno de 15 10. com o Marte Portuguez o
grande Albuquerque, de cuja efcola fahio o
mais bem difciplinado difcipulo ; naõ fendo me-
nos perito em a Náutica conhecendo praíHca-
mente todas as altiiras, e demarcaçoens dos por-
tos das terras Orientaes. Cumulado de tantos
3z
BIB LIO THE CA
fcrviços feitos em obfequio da Pátria com
immortal gloria do feu nome voltou ao
Reyno, onde pertendeo da Mageílade d'El-
Rey D. Manoel lhos remuneraíTe cõ acre-
centamento da moradia, mercê taõ porpor-
cionada à qualidade da fua peflba, como
inferior ao feu merecimento. Naõ diferio
ElRey com injuria da foberania a taõ jufti-
ficada fuplica, de cuja repulfa fe penetrou
taõ altamente o Magalhaens, que auzentan-
do-fe da Pátria como indigna de hum filho
taõ benemérito paíTou a Caílella, onde para
que em nenhum tempo fofle acuzada a fua
fidelidade de menos pura para a Coroa
de Portugal fe defnaturalizou com publicas,
e folemnes demonílraçoens, e bufcando a
Mageílade Cefarea de Carlos V. lhe prometteo
defcobrir hum novo caminho para as Ilhas
Malucas, de cuja navegação, e conquiíla re-
ceberiaõ os Efpanhoes opulentas conveniên-
cias. Aceitou promptamente a offerta o Em-
perador confiando do heróico efpirito do
Magalhaens, que certamente a defempenharia,
para cujo eífeito mandou apreílar cinco náos
guarnecidas de duzentos e cincoenta homens.
Navegava na Capitania como Capitão mór
deíle defcobrimento Fernando de Maga-
lhaens, e em as outras Luiz de Mendo-
ça, Gafpar de Quexada, Joaõ de Cartha-
gena, e Joaõ Serraõ todos Caílelhanos,
e alguns Portuguezes, como eraõ Duarte
Barboza cunhado do Magalhães, Álvaro de
Mefquita, Eílevaõ Gomes, e Joaõ Rodri-
gues de Carvalho. Sahio eíla armada de
S. Lucar de Barrameda a 21. de Setembro
de 15 19. e tanto que chegou à altura do
Rio de Janeiro, começarão os navegantes
a experimentar com o novo clima tantas
calamidades procedidas humas de falta de
mantimentos, outras do exceíTo das enfir-
midades, que julgando por impoíTivel a em-
preza degenerarão os ânimos de impa-
cientes em tumultuofos confpirando-fe con-
tra a vida do Magalhaens, que para caf-
tigar taõ enorme infulto fe valeo da ul-
tima feveridade, mandando juftiçar os prin-
cipaes inílrumentos da rebelião, quaes eraõ
Luiz de Mendoça, e Gafpar de Quexada.
Pacificado o tumulto com taõ fevero caf-
tígo invernou em hum Cabo, no qual fe
defcubriraõ homens de agigantada eftatura»
donde depois de vencidos vários infortú-
nios fe aviftou o Cabo intitulado das Vir-
gens por fer defcuberto a 21. de Outubro
em que a Igreja celebra o triunfal marty-
rio de Santa Urfula, e fuás companheiras,
o qual eftá fituado em cincoenta e dous
gráos, e paíTadas doze legoas fe defcubrio
hum Eílreito, que tinha de boca hunia Ic-
goa, retalhado de angras, rios, e efteiros,
a quem faziaõ lados varias montanhas cuber-
tas humas de afpera penedia, c outras de
frondofos arvoredos. Depois de ter nave-
gado cincoenta legoas por efte Eftreito en-
controu outro mayor, que defembocava
nos mares do Poente, o qual ficou anto-
nomafticamente intitulado com o nome defte
Jafaõ Portuguez. AtraveíTadas mil e qui-
nhentas legoas defde a boca defte Eftreito
fe foraõ defcubrindo diverfas Ilhas habita-
das por Gentios, atè que chegando Maga-
lhaens à Ilha de Zabú foy recebido com
generofa hofpitalidade pelo feu Príncipe
Hamabar, a quem inftruio com os dogmas
da nofsa religião, e o bautizou com o
nome de Fernando, que tomara em feu
obfequio. Querendo efte Príncipe que Ma-
galhaens foífe feu auxiliar na guerra que
tinha declarado a Calpulupo fenhor da Ilha
de Matan feu confinante depois de ter al-
cançado duas vitorias, de que fora inftru-
mento o braço do Magalhaens, receofo
Hamabar de que o defpojaíTe do trono
quem lhe tinha fegurado a Coroa lhe ar-
mou huma cilada, de que refultou privar
da vida em 27. de Abril de 15 21. a hum
Heroe digno de fim mais gloríofo. Foy
cazado com huma filha de Diogo Barbofa
Alcaide mór do Caftello de Sevilha. O feu
nome celebrarão graviíTimos Efcrítores
como foraõ Joaõ de Barros Decad. da Jnd.
3. liv. 5. cap. 8. Era homem de nobre fatigue, e
fervido, e cap. 9. e 10. Damiaõ de Góes Chron.
d'ElKey D. Man. Part. 4. c. 36. Garíbay Comp.
Hijior. de Efpan. liv. 3 5 . cap. 3 2. e 3 3 . Argenfol.
Conquift. de las Mal. liv. i. pag. 17. c 18. Fer-
rer. Hiftor. de Efpan. Part. 12. pag. 293. Nico).
Ant. Bih. Hifp. Tom. i. pag. 289. col. i.
totó orbe notus ob maritimam expeditionem.
Ofor. de reb. Emman. lib. 11. pag. mihi
L USITANA.
3Ò
421. K/r nobilis, (& magno animo praditus.
Maffeo Hift. Ind. lib. 8. pag. mibi 144.
ingenti animo vir, (& rei navalis apprime cal-
kns. Marian. de reb. Hifp. lib. 26. cap. 3.
Andrad. Cbron. d'ElKey D. JoaÕ o III. Part.
I. cap. 10. Homem de ff-ande ef piri to, e de
mtàta pratica, e experiência na Arte da na-
vegarão. Illefc. Hijl. Pontif. liv. 6. cap. 26.
§. 14. durará Ju nomhre, j fama para Jiem-
pre. Paul. Jovio. Hijloriar. lib. 34. pag. 307.
portento/a navigatione inclytus. Solorzan. de
Jur. Ind. Tom. i. lib. i. cap. 5. à n. 35.
Aubert. Mirasus Cbron. ad an. 15 19. Bul-
lart Acad. des Scienc. €>" des Arts. Tom. 2.
pag. 275. l^s Etoilles Jous riont a Jes ef-
perances, e les andes n' avoient que k mouve-
ment qn' il jalloit pour bafier la courje, e Ia
conquefie de ce noiweau Jafon. Tevet viés des
bom. Illuftr. liv. 6. cap. 102. vaillant Capi-
tcáne. Faria Afia Portug. Tom. i. Part. 3.
cap. 5. n. 8. Cavallero en qualidad, y valor.
Fonfec. Ejtora Glorio/, pag. 10 j. Efcre-
veo.
Roteiro da fua Navegação. M. S. o qual
confervava António Moreno Cofmografo mór
da Ca2a da Gantrataçaõ de Sevilha como af-
firmaõ Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag.
289 col. 2. e o moderno addicionador da Bib.
Occident. de António de Leaõ Tom. 2. Tit. 10.
col. 667.
Mandado efcrito em o Canal de todos os
Santos a 21. de Novembro de 1320. em o
qual ordena a todos os Capitaens o advir-
taõ em tudo que for conveniente ao bom fuc-
cejfo da Jornada que bia profeguindo. Sahio
imprefso na Decad. 3. da Ind. de Joaõ de Bar-
ros liv. 5. cap, 9.
Fr. FERNANDO DB SANTA MA-
RIA natural de ViUa-Viçofa, e irmaõ de
Fr. Francifco de Chrifto Eremita Auguf-
tiniano, Cathedratico de Vefpera em a Uni-
veriidade de Coimbra de quem fe fará
mençaõ em feu lugar. Profeflbu o Sagrado
Inílituto da Ordem dos Pregadores, onde
depois de ler Artes, e receber o gráo de
Bacharel em Theologia, paflbu por Pre-
lado de huma Miflaõ à índia, e tanto fe
i inflamou na converfaõ da Gentilidade, de
j q foraõ theatros o Reyno de Camboya, e
as Ilhas de Solor, e Enden, que mere-
ceo a antonomazia de Varaõ Apoftolico.
Foy Prior do Convento de Goa, e Vigá-
rio Geral da Congregação da índia, em
cujos lugares exercitou a gravidade, e pru-
dência, de que era ornado. Na ultima en-
fermidade, que fe prolongou pelo efpaço
de féis mezes, poílo que eítíveííe defen-
ganado pelos Médicos, affirmou que naõ
havia morrer atè que naõ chegaííe do Reyno
fubílituto do lugar, que occupava, e tanto
que aportou a Goa Fr. Jeronymo de Santo
Thomás provido na Vigairaria geral pedio
a Unçaõ fallecendo pladdamente em o me2
de Setembro de 1586. com 70. annos de
idade. Quetif. Script. Ord. Prad. Tom. 2.
pag. 258. col. 2. o intitula Vir Apoftolicus,
firenuufque in vinea Domini operarius. Anton.
de Sen. Bib. Fratr. Prad. pag. 189. vir
tum aliis nominibus cõmendandus, tum etiam,
quod amore Cbrifii in Indiis Orientalibus pro-
feãus concionando, ac legendo muitos tulit, fe-
citque indies labores. Femand. Notit. fcript.
Ord. Prad. vir magna Dei cbaritate, anima-
rum :(elo, fortitudine, et patientia praditus.
Fr. Pedro Mont. Claufir. Dom. Tom. j,
pag. 204. equivocando-o com Fr. Fernando
de Caibro, de quem aíTima fe fez memoria,
fendo totalmente diverfo hum do outro
aíTim pelo tempo, como pelos lugares em
que aíTifliraõ. Compoz
Relação da vida, e martyrio gloriofo do
Padre Fr. Jeronymo da Cru^ nacido em Lis-
boa, morto, e atravejjado com buma lança pe-
los Gentios, em o grande Reyno de SiaÕ anno
1566. Eíla Relação de que faz memoria
F. Luiz de Soufa Hifi. de S. Dom. da Prov.
de Portug. Part. 3. liv. 5. cap. 5. remeteo
feu Author de Goa, em 9. de Dezembro
de 1569. ao Meílre Geral da Ordem Fr.
Vicente JuíHniano, que aíTiftia em Roma,
onde fahio vertida em a lingua Latina,
apud Haeredes Antonij Blavij ImpreíTores
Camerales 1571. 4. com eíle titulo
ReverendiJ/imo Patri totius Familia Pra-
dicatorum I^íagifiro Generali dileãus filius F.
Ferdinandus de S. Maria multam in Chrifto
falutem exoptat. Começa. Nuper dum apud
promontorium de Malaca annum 67. agerem,
&c.
■34
B IB LIO THE CA
Híjloria do Cerco de Goa, governando a
índia D. L/d^ de Atayde .M. S. Defta obra,
e da precedente fazem mençaõ Nicolao
Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 289. col. 2.
e o moderno addicionador da Bib. Orient.
de Ant. de Leaõ. Tom. i. Tit. 3. col. 67.
Fr. FERNANDO MARTINS natu-
ral da Villa da Azambuja do Patriarcha-
do de Lisboa, Monge Ciftercienfe mui-
to verfado na Hiíloria Eccleíiaílica. Efcre-
veo.
Hijloria Kegum Jfrael ab Abraham uí-
que ad Machabaos. Cujo original fe guarda
na Bibliotheca do Real Convento de Al-
cobaça.
D. FERNANDO MARTINS MASCA-
RENHAS naceo em a Villa de Monte
mór o novo íituada em a Provinda do
Alentejo, e foy filho fegundo de D. Vafco
Mafcarenhas Repofteiro mór do Princepe
D. Joaõ filho d'ElRey D. Joaõ o III. e
de Dona Maria de Mendoça filha de An-
tónio de Mendoça. Em a Univerfidade
de Évora em cuja Cathedral obteve hum
Canonicato, lançou os primeiros fundamen-
tos dos feus eftudos ouvindo Filofofia, em
que recebeo o gráo de Meftre em Artes,
e parte da Theologia, laureando-fe Doutor
em taõ fublime Faculdade em a Academia
Conimbricenfe, sendo admitido por Porcio-
nifta do CoUegio Real de S. Paulo a 20.
de Novembro de 1575. Por Provifaõ de
Felipe II. paíTada em 15. de Mayo de
1586. foy nomeado Reitor da Univerfi-
dade de Coimbra, cujo lugar adminiftrou
com tanta prudência, e affabilidade pelo
efpaço de oito annos, que delle fubio à
Cadeira Epifcopal do Algarve a 3. de Ja-
neiro de 1594. e fe Sagrou na Cathedral
de Lisboa a 5. de Fevereiro de 1595. En-
tre todas as virtudes Epifcopaes, de que
foy obfervantifiimo cultor, fe diílinguio
em a charidade para com as fuás ovelhas,
pois no tempo que fe vio fulminado o
Algarve com o horrível flagelo da pefte,
aíTiítio com fummo difvelo aos feridos do
contagio ; naõ fendo menos ardente o
feu zelo quando Villa-nova de Portimão
padeceo os laftimofos effeitos de huma
terrível fome, focorrendo-a promptamente
com todo o trigo que eftava no feu ce-
leiro. Defta charítativa beneficência naõ
fomente participavaõ os domcfticos, mas
os eftranhos, como experimentarão três
Galés Caftelhanas, que de Mamora apor-
tarão em Faro taõ deftruidas pelas tem-
peftades, como cheyas de enfermos, man-
dando dar fuftento aos vivos, e fepul-
tura aos mortos, cuja compaífiva acçaõ lhe
agradeceo com honorificas expreíToens a
Mageftade de Felipe II. Para impedir os
infultos, que cõmetiaõ os Mouros nas Cof-
tas do Algarve, mandou fabricar huma Ga-
leota guarnecida de valerofa Soldadefca, de
que fe feguio refpirarem aquelles morado-
res dos eftragos com que infeftavaõ os
Bárbaros aquelles mares, pagando com as
vidas os roubos cometidos. Com generofa
ufura retribuia beneficios por aggravos,
principalmente àquellas peíToas, que lhe eraõ
mais devedoras aos feus favores. Aten-
dendo pela utilidade do feu rebanho fundou
em Villa-nova de Portimão o CoUegio dos
Padres Jefuitas para enfinarem as letras
humanas, e concorreo com largos dona-
tivos para a nova fabrica do Convento de
Santo António dos Capuchos da Província
da Piedade fituado na Cidade de Tavira. To-
das eftas acçoens cheyas de Catholica piedade
o habilitarão, para que fofle nomeado In-
quifidor Geral deftes Reynos, de cujo lugar lhe
paíTou Bulia Paulo V. a 4. de Julho de 161 6.
onde moftrou o fervorofo zelo que lhe anima-
va o peito contra os Sequazes da Sinagoga.
Foy Confelheiro de Eftado, D. Prior mór de
Guimaraens, a cujas dignidades pudera jun-
tar a de Bifpo de Coimbra, e Arcebifpo de
Lisboa, quando vagou em o anno de 1585.
por morte de D. Jorge de Almeyda, fe as
naõ regeitára com o mefmo empenho, como
outros as pertendiaõ. Foy hum dos mayores
Theologos do feu tempo, de que foraõ tefte-
munhas os Cathedraticos de Coimbra, quando
argumentava em os aôos Académicos
em que fe admiravaõ felizmente unidas a
agudeza com a profundidade. Cheyo mais
L U SITAN A.
35
de virtudes, que de annos que chega-
vaõ ao numero de 8o. efpirou piiflima-
mente em Lisboa a 20. de Janeiro de
1628. Ja2 fepultado no Cruzeiro da Igreja
da Caza ProfeíTa de S. Roque em fepul-
tura raza, e nella eftá gravado o feguinte
epitáfio, que à fua memoria dedicarão os
Religiofos daquella Caza.
H. S. E.
IlluJlriJfimuSf (& Reverendijfmus D. D. Fer-
Snandus Martins hlafcaregias Quafitor Fidei
maximus, à ConjUiis Kegia híaiefiatis; olim
Kiâor Academia Conimhricenfis, me non Fpif-
copus Algarhienfis. Nihilo tamen bifce hono-
ribus acceptis, quam reliãis Epifcopatus Co-
nimbricenfis, <ò' Arcbiepijcopattis Ulyjfiponenfis
tbiaris clarior. Sacris litteris apprime eruditiis:
m Deum, Supero/que egregie pius: ingenio mi-
tijftmo, animo celjijjimo, donis munificentijft-
mus, (ò" in pauperes largijfimus. 'Lufitani po-
puli delicia quondam, mine defideritim.
Ohiit 20. Januarii 1628,
Qui qmniam non Maufolao, fed bumili
fepuJcbro, ut unus ex nofiris ob eximium in
Soeietatem JESU, €>* fingularem in quatuor
fraíres germanos quos in ea babet, amorem,
condi volmt, eadem Societas JESU gratia, <&
amoris ergo.
H. ei M. P.
Graves Efcritores celebrarão o feu no-
me como foraõ AgoíUnho Barbof. Trat.
de Poiejl. Fpifcop. Part. 2. Allegat. 40.
n. 30. vir, (óf gentilitia nobilitate, (ò* lit-
teris infiéis. Telles Cbron. da Comp. de
Jef. da Prov. de Portug. Part. 2. liv. 4.
cap. 47. n. 7. taõ conbecido no mundo por
fuás letras de Tbeologo exeellentijjimo, e taÕ
amado por fua condição de Príncipe magnifico,
e de Prelado benignifftmo. P. Sebaíliaõ Bar-
radas na Dedicat. do Tom. 2. Concord.
Evangélica. Armata illi efl prudentia, Juflitia,
temperantia, vigilantia cbaritate, beneficentia, ca-
terifque virtutibus, ut omnibus bonoríbus, om-
nibufque titulis par effe videarís. Poflevin.
Appar. Sacer. Tom. i. pag. 568. vir no-
bilitate maiorum, fua ipfius illuflríjfimus, vir-
tutibus autem, ac interioribus Tbeologia Jludiis
pracellens. Nicol. Anton. Bib. Hifp. Tom. i.
pag. 289. col. 2. floruit integritatis, <á^ doc-
trína nomine. Franc. de Sant. Mar. Diar.
Portug. Tom. i. pag. 99. vifflante Prelado,
amorofo Pay dos pobres, e liberaliffimo Prín-
cipe. Sachin. Hifl. Societ. Part. 4. lib. 7.
n. 223. vir moribus, <Ò^ virtute praclarus, <&
cum difciplinarum omnium, tum Theoloffa pra-
fertim excellenti feientia totó regno laudatif-
fimus. Paul. Scherlog. Kefponf. pro Seient.
Med. Part. 3. Sed. 10. n. 48. llluflríffi-
mus eb* antiqua, eb* honorifica antiquitatis.
Nicol. Godinho de rebus AbyJJin. na De>
dicat. In quo fumma funt omnia generis am-
plitudo, rerum feientia, animi magnitudo, comi-
tas in officiis, ad benefaciendum propenfio. Fr.
Seraph. de Freitas Addit. ad Traã. Illuflrif.
Rod. da Cunba de follicitantib. Quaeft. 22.
n. 37. multis mibi nominibus fufpiciendus in
quo an nobilitas an ingenium príneipem fibi
locum vendicet in dubium revocarí potefl; vere
Ínterim in eo Pralati ideam omnibus numeris
abfolutam, fideique facem fufpicias, e^* admireris.
O Doutor Belchior de Abreu Ciftercienfe
na cenfura à Oraçaõ Fimebre, que fez a
eíle Prelado o Padre Diogo de Areda da
Companhia de JESUS. Cuja efelareeida me-
moria, :(elo Cbriflianiffimo, rara Santidade, e to-
das as mais excellencias durar aõ por muy largos
atmos, naÕ fe perdendo nunca feu nome de Pre-
lado integerrimo, e defenfor vigilantiffimo da
da Fé Catbolica. Joan. Soares de Brit. Tbeatr.
Eufit. Eitterat. lit. F. num. 13. Soares de
Gratia Prolog. 2. cap. i. n. 7. Ifambert.
Comment. Theolog. Tom. 2. quacft. iii. difp.
9, art. 4. n. 8. Draud. Bib. Claffic. Hal-
levard. Bib. Curiof. pag. 75. col. 2. Fon-
fec. Evor. Gloriof. pag. 333. Sábio por emi-
nenria em todas as Seiencias-. Franco Annal.
S. J. in Eufit. pag. 250. n. i. Heros dignus
monumentis are perennioribus. D. Jofeph Bar-
bof. Alem. do Colleg. de S. Paul. pag. 259.
fqy benemérito da fama que ainda boje tem,
e no Arcbiat. Eufit. pag. 75.
Vértice mitrato, qui regna Algarbica rexit,
Judieis eximio fulgebit bonore fupremi,
Ut facrata fides tuto potiatur afylo.
InconcuJJa dabit fervanda dogmata le^s,
Atque cavenda pia quamplura volumina menti
índice fignabit, ne mens errore vacillet.
36
BIBLIO THE CA
Non illum fajlus, non gloria punget inanis;
Cerne recujantem Collimhrica jura Sacrata,
Urbis C^ antiqua cui mania valia t Ulyjfes;
Dijplicet amhitio terrejlria calce terenti.
Corporis eximas ponet Yerrandus, ahibit
Ad fuperos felix meritorum pondere clarus.
O)mpo2
Traãatus de auxiliis divina gratia ad a£tus
fupematurales in três partes divifus. Prima
agit de variis divina ^atia divifwnihus. Secunda
de gratia efficaci, (& ejus difiinãione à non
efficaci. Tertia de efficacia gratia. UlyíTi-
pone apud Petrum Craesbeck 1604. foi.
& Lugduni apud Horatium Cardon. 161 5.
4.
Pro defenjione Immaculata Conceptionis Epif-
tola. Sahio impreíTa com outras deíle af-
fumpto Hifpali 1616. foi. como efcreve
Fr. Pedro de Alva, y Aftorga in Aí/7//.
Concept,
Officium S. Antonii Ulyjftponenjis, qui
vulgo dicitur de Pádua, quod edendum cura-
vit llluftrifftmus Dominus D. Ferdinandus Mar-
fins Majcarenhas D. António addiãijftmus ad
ufum privatum devotorum ipjius. UlyíTipone
typis Gerardi à Vinea 1623. 12. Deíla
obra faz mençaõ Cardofo Agiol, Ijufit.
Tom. 3. a 30. de Mayo no Comment.
letr. A.
Tratado fobre vários meyos, que fe offere-
ceraS a S. Mag. Catholica para remédio do
Judaifmo nejle Reyno de Portugal no anno de
1625. 4. Naõ tem lugar da impreíTaõ, nem
o nome do Author.
Por fua ordem fahio compofto pelo
P. Balthezar Alvares da Companhia de
JESUS.
Imiex Auãorum damnata memoria. Tum
efiam librorum, qui vel fimpliciter, vel ad ex-
purgationem u/que prohibentur, vel denique ex-
purgati permittuntur. UlyíTipone apud Petrum
Craesbeck 1624. foi.
In I. 2. D. Thoma Commentarii M. S.
aos quaes intitula praclaros o P. Sebaf-
tiaõ Barradas na Dedicatória, que a feu
lUuftrilTtmo Author lhe faz no Tom. 2.
Concord. EvangeL laftimando-fc da perda
de taõ grande obra, quando foy levada
com a numerofa livraria deite Prelado
pelos Piratas, que invadirão a Qdade de
Faro.
Commentaria in Provérbio Salomonis. M. S.
Efta obra louvaõ Dom Francifco Manoel
Cart. dos A A. Portug. efcrita ao Doutor
Themudo, e Jacob, le Long. 'Rib. Sacr.
pag. mihi 850. col. i. a qual affirma Li-
penio Bib. Real. Theol. Tom. 2. p. 569.
fahira imprefla Lugduni 161 5.
Traãatus de Legibus. M. S. Eftava em
o anno de 1606. prompto para fe impri-
mir.
D. FERNANDO MASCARENHAS fc-
gundo Marquez de Fronteira, terceiro Conde
da Torre Senhor do Morgado da Gocharia,
Comendador donatário da Mordomia mór da
Cidade de Faro, e das Comendas de S. Tiago
de Torres Vedras, S. Nicolao de Carrezedo,
e S. Miguel de Linhares, Alcaide mór,
e Comendador do Rofmaninhal naceo em
Lisboa a 4. de Dezembro de 1655. e foraõ
feus Progenitores D. Joaõ Mafcarenhas pri-
meiro Marquez de Fronteira, Confelheiro de
Eftado, Vedor da Fazenda, Gentil-homem da
Camará do Princepe Regente Dom Pedro, e
Meftre de Campo General da Província da
Beira, e General da Cavallaria em a do Alen-
tejo; e Dona Magdalena de Caílro filha de
D. Francifco de Sà e Menezes, terceiro
Conde de Penaguião Camareiro mór, e
de Dona Joanna de Caibro filha de Joaõ
Gonçalves de Attayde fexto Conde de At- ^
touguia. Defde os primeiros annos cul-
tivou com tal génio as Artes liberaes, que
mais pareciaõ herdadas por beneficio da
graça, que adquiridas pela diligencia do
cftudo. A Campanha, c o Gabinete focaõ
os theatros em que igualmente brilharão o
feu valor, e politica, valendo-fe de hum
para deftruiçaõ dos inimigos da Pátria,
c de outra para augmento, e gloria dos
interefles da Coroa. Foy Governador, c
Capitão General do Reyno do Algarve,
Meftre de Campo General, c Governador
das Armas na Província da Beira no anno
de 1706. e Governador das Armas da Pro-
víncia de Alentejo, Confelheiro de Efla-
do, c Guerra, Vedor da Fazenda da ee-
partíçaõ dos Armazéns, c IndiA, Ptcíi-
L USITAN A
dente do Dezembargo do Paço, e Mor-
domo mór da Rainha Dona Marianna de
Aiiíbia, e entre poílos, e lugares taõ au-
thorizados fempre confervou o animo Í2ento
da ambição, e fuperior à vaidade. Na
iníHtuiçaõ da Academia Real da Hiftoria
foy perpetuo Cenfor, a cuja penna fe cõ-
meteo o argximento das Memorias Hifto-
ricas das acçoens, que obráraõ os Romanos
na antiga Luíitania, e nas contas, que re-
ferio do feu eftudo, como nas Oraçoens
que recitou como Prefidente, fe admirou
a elegância do feu eítilo fempre concifo,
e fublime, fazendo que a concifaõ naõ dege-
neraíTe em efcuridade, nem a fublimidade
em precipício. Foy muito moderado em
o ornato da fua peíToa, confervando huma
prudente mediocridade entre a pompa, e a
honeíHdade. Sentindo-fe próximo à morte
fe preparou com Catholica reíignaçaõ para
a. eternidade, de que foy tomar poíTe a
25. de Fevereiro de 1729, quando con-
tava 74. annos de idade. Jaz fepultado à
entrada da porta travefsa da parte de fora
da Igreja das Qiagas, Fregueíia dos homens
da carreira da índia com efte humilde epi-
táfio.
Aqtà ja:(^ o fegundo T^iarquev^ de Fronteira
D. Fernando Aíafcarenhas, que faleceo a z^. de
Fevereiro de 1 729.
Foy cazado com Dona Joanna Leonor
de Toledo e Menezes filha de D. Jero-
nymo de Attayde fexto Conde de Attou-
guia, e de Dona Leonor de ]Menezes filha
de D. Fernando de Menezes, Comendador
da Comenda de Santa alaria de Caílello-
-Branco, de quem teve féis filhos, e féis
filhas. Abatas acções obrou na fua vida ejle
Heróe no militar, no politico, e em todos os
empregos ^andes, em q fe fea^ necejfario pelos
feus muitos ejludos, valor, peffoa, e grande ta-
lento, efcreve em feu applaufo o P. Fr.
Martinho do Amor de Deos Chron. da
Prov. de Santo António liv. 2. cap. i. §. 385.
Compoz
Conta dos feus efludos Académicos em 7. de
Setembro de 1722. fahio no 2. Tom. da ColleçaÕ
dos Documentos da Acad. Keal. Lisboa por Paf-
choal da Sylva ImpreíTor de S. Mag. e da
Academia Real 1722. foi.
^7
Declaração, q fendo Direãor da Acade-
mia da Hijloria Portugue^^a na conferencia de
5. de Agofo de 1723. /^^ de ejlar eleito Aca-
démico com approvaçaõ de S. Mag. o Doutor
Filippe Maciel. Sahio no 3. Tom. da Colleç,
dos Docum. da Academia Keal. Lisboa pelo-
dito Impreílor. 1723. foi.
OraçaÕ, fendo Direãor da Academia Keal
da Hijloria Portug. na presença de Suas Aía-
gejlades, e Alteias, celebrando-fe os annos d'EJ-
Key N. Senhor no dia zz. de Outubro de 1723.
Sahio no 3. Tom. da Colleç. da Academia
Keal.
OraçaÕ no Paço celebrando-fe os annos d'El-
Key N. Senhor no dia zz. de Outubro de 1724.
Sahio no 4. Tom. da Colleçaõ da Academia
Keal. Lisboa pelo dito ImpreUor 1724. foi.
OraçaÕ na primeira Confereticia do quinto
anno da Academia Keal em zz. de Det^embro
de 1JZ4. Sahio no Tom. 5. da Colleç. &c.
Lisboa pelo dito ImpreíTor. 1725. foi.
OraçaÕ na pret^ença de Suas MageJiadeSf,
e AItet(as, celebrando-fe os annos d'EJKeL
N. Senhor no dia zz. de Outubro de 1725.
Sahio no 5. Tom. da Colleçaõ, &c.
Declaração na Conferencia de 27. de Março^
de 11 z-^. de que eflava eleito Académico com
approvaçaõ de S. Aíag. D. Diogo Fernandes
de Almeyda no lugar, que vagou por morte
do P. Fr. Fernando de Abreu. Sahio no
Tom. 7. da Colleçaõ, &c. Lisboa por Jozè
António da Sylva. 1727. foi.
OraçaÕ Académica no principio do 8. anno
da Academia Keal da Hijloria Portug. em
8. de Janeiro de 1728. Sahio no Tom. 8.
da Colleçaõ, &c. Lisboa pelo dito Impref-
for 1728. foi.
Declaração na Conferencia de 28. de Aíajo
de 1728. de eflar eleito Académico com ap-
provaçaõ de S. Aíag. D. Francifco de Almeyda.
Sahio no Tom. 8. de que aíTima fe fez
mençaõ.
FERNANDO DA MATA natural de
Lisboa, e morador em a Qdade de Sevi-
lha, muito douto, e verfado na Theologia
MylHca. Compoz
Breve Compendio de la perfecion. M. S.
Tratado de la difcricion de los Ffpiritos^
M. S.
38
BIB LIO TH E CA
Eíks obras fe confervaõ no Ganvento
Romano de S. Joanino de Mercenários Def-
calços.
FERNANDO DE MENA infigne pro-
feflbr da Medicina, e Lente de Prima deíla
Faculdade na Univerfidade de Alcalá, donde
fubio a fer Medico da Camará de Filippe
Prudente. He intitulado Do£iiJftmm por Za-
cuto de Med. Princip. hijl. lib. 2. quaeíl. 4.
& Hiíl. 44. dub. 30. Delle fa2em memoria
HaUevord. Bib. Curiof. pag. 75. col. 2. Ta-
xand. Cathalog. Ciar. Hifp. Script. e André
Scoto Bih. Hifp. Tom. 2. claíT. 8. pag. 333.
affirmando todos fer Portuguez, fuppofto
que Nicol. Anton. Bib. Hifp. Tom. i. pag.
290. col. I. fundado na authoridade do P.
Jeronymo Roman de la Higuera, que elle
muitas vezes defpreza, o queira fazer Caf-
telhano. Compoz
Methodus fehrium omnium, <& earum Sympto-
jnatum curatoria. Item de Septimefiri partu, <&
pítrgantibtts medicamentis. Antuerpix apud
Plantinum 1368. 4.
Claudii Gakni de Puljibus liber e Graco
converfus, <Ò' doãijfimis commentariis illuflratus.
Compluti apud Joannem Brocatium 1553. 4.
Qtàdam Jiber de urinis cum commentariis
loatpletijftmis. Ibi per eumdem Typog. eo-
dem anno. 4.
Commentaria in libros Gakni de fan-
juinis mijftone, (ò" ptirgatione. Auguft. Tau-
rin. apud Joannem Bevilaquam. 1589. 8.
L.ibellus utilijftmus de ratione permifcendi
medicamenta, qtia pajfim in ufus veniunt. Com-
pluti apud Joannem Brocatium. 1555. 8.
& Auguft. Taurin. apud Joannem Bevila-
quam. 1589. 8.
FERNANDO DE MENDANHA ME-
TELLA naceo cm Lisboa no anno de
1617. onde eftudou as letras humanas, em
que fahio muito perito. Deixada a efcola
de Minerva pela de Marte, fervio com
grande credito do feu valor nas Armadas,
que navegava© defte Reyno para o Braíil,
atè que com o pofto de Alferes pafsou duas
vezes à índia, fendo a fegunda em com-
panhia do Vicc-Rey do Eftado o Conde
de Villa-Pouca no anno de 1657. com o
defpacho do habito militar da Ordem de
Chrifto. Compoz
Rimas Varias, cujo original confervava
feu cunhado Diogo de Vafconcellos, como
affirma Joaõ Franco Barreto na Bib. Por-
tug. M. S.
FERNANDO MENDES natural da Pro-
víncia da Beira, Cathedratico de Medicina
em a Univerfidade de Mompilher, e depois
Medico da SereniíTima Rainha da Grã Bre-
tanha a Senhora Dona Catherina. Pela
grande profundidade com que penetrou as
mayores difficuldades da Arte Medica, e
pelo novo methodo com que triunfou das
mais perigofas, e rebeldes enfermidades me-
receo diftintas eftimaçoens das primeiras pef-
foas dos Reynos de França, e Inglaterra,
devendo-fe à efpeculaçaõ do feu eftudo o
invento da agua contra as febres intermi-
tentes tam efficaz nos feus eífeitos, como
conhecida com o nome de agua de Ingla-
terra por fer compofta, quando aíTiftio neftc
Reyno. Falleceo em a Cidade de Londres
cheyo de annos, e muito mais de cabedaes
opulentos a 26. de Novembro de 1724.
Publicou
Studium ApolUnare, five progymnafmata me-
dica ad Monfpellienfis ApolHnis laurum confe-
quendam habita, propugnataque à Ferdinando
Mendes 'Lufitano ejufdem Univerfitatis confilia-
rio. Lugduni apud Danielem Gayet. 1668. 4.
FERNANDO MENDES PINTO naceo
em a Villa de Monte-mór o velho do Bif-
pado de Coimbra em a Província da Beira
de Pays honrados, mas muito pobres. Quando
contava a tenra idade de doze annos partio
da fua Pátria acompanhado de hum tio,
e chegando a Li f boa a 21. de Dezembro
de 1521. como defejafle fortuna mais prof-
pera para o fobrinho o acomodou em a caza
de hunu Senhora illuftre, onde depois de
affiftir nella pelo efpaço de anno, e meyo
com louvável procedimento, foy obrigado
para falvar a vida, retirarfe clandeftina-
L USITANA.
mente da dita caza. Embarcado em huma
caravella, que de Lisboa partia para Se-
túbal, foy prizioneiro por hum CoíTario
Francez, que depois de meter a fundo a
embarcação, o tratou, e aos feus companhei-
ros com grande incivihdade, fendo efte fuc-
ceflb o fatal prologo das varias infelicidades
que padeceo pelo efpaço de fua vida. Ref-
tituido à liberdade voltou a Setúbal, e de-
pois de fervir quaíi dous annos o lugar de
Moço da Camará do Duque de Aveiro o
Senhor D. Jorge filho natural d'ElRey D.
Joaõ o n. coníiderando que aquella occupa-
çaõ lhe naõ promettia os mayores augmen-
tos fe refolveo a bufcar fortuna mais pro-
j pida em parte muito remota da fua Pátria,
qual era a índia Oriental, para onde fe
embarcou a ii. de Março de 1557. em
huma Armada de cinco náos, de que era
Capitão mór D. Pedro da Sylva filho do
Conde Almirante D. Vafco da Gama. Ha-
vendo difcorrido pela Ethiopia, Arábia Fe-
liz, China, Tartaria, Siaõ, Pegu, MacaíTar,
Samatra, Martavaõ, e todo o Archipelago
Oriental, em cuja dilatada peregrinação que
elle defcreveo com igual juizo, que verdade,
confumio a larga diuturnidade de vinte e
hum annos, em que padeceo laftimofos, e
incríveis infortúnios, fendo cativo treze ve-
zes, vendido dezefete, e quafi tragado das
ondas por diverfas ocafioens naõ fendo taõ
fataes tribulaçoens, e horrorofos perigos,
baílantes obílaculos para que naõ obfer-
valfe com judiciofo exame por fer dotado
de agudo engenho, e feUciíTima memoria, os
coftumes, e cerimonias de Naçoens taõ va-
rias; a potencia dos feus Princepes, e a
fituaçaõ de tantos Reynos, e Provindas.
Como tíveíTe adquirido algum cabedal, deter-
minou em o anno de 1554. reftituir-fe à fua
pátria, e antes de executar efte intento fe con-
feflbu geralmente com o P. Belchior Nunes
da Companhia de JESUS em a Igreja de
; N. Senhora da Graça na Ilha de Choraõ
diftante huma legoa de Goa, e vendo-fe
aliviado do pezo das fuás culpas, come-
çou a perfuadir com grande efficacia ao
mefmo Padre o copiofo fruto, que fe po-
dia colher com a evangélica cultura do
Japaõ por ferem os feus naturaes, como
39
elle teftemunhára, os mais promptos, e dó-
ceis em obedecer à razão, e os mais conf-
tantes em confervar a Fé, para cuja fa-
grada empreza prometia doze mil pardaos
em dinheiro alem de quatro mil para o-
principio da erecção de hum Collegio da
Companhia em a Cidade de Amanguchi^
donde pudeílem fahir os Miffionarios para dou-
trinar a gentilidade daqueUe vafto Império.
Mereceo efte CathoHco intento a geral ap-
provaçaõ de todos os Ecclefiafticos de Goa,,
e juntamente do Vice-Rey D. AíFonfo de
Noronha, nomeando a Fernando Mendes
Embaixador a El-Rey de Bimgo. Antes de
partir para o Japaõ diftribuio dous mil cru-
zados para alguns parentes pobres, que ti-
nha em Portugal; appHcou quatro para
varias efmolas, e libertou grande numero
de efcravos, e embarcado com o P. Bel-
chior Nunes, e outros companheiros defti-
nados para a MiíTaõ, de que elle fora o
Author, commovido do fervor com que
eftes Religiofos renovarão os votos folem-
nes fe inflamou com tal exceíTo que levan-
tando a voz com o rofto banhado em la-
grimas, fez voto de viver, e morrer na
Companhia de JESUS, e de empregar todo
o feu cabedal em obfequio da Chriftandade
Japoneza. Para fatisfaçaõ de taõ ardentes
dezejos foy admitido à Companhia em o
anno de 1554. pelo P. Belchior Nunes,
onde a perfeverança naõ correfpondeo a
taõ heróica refoluçaõ. Ultimamente depois
de ter concluído o largo circulo das fuás
Peregrinaçoens por todo o Oriente fe refli-
tuhio a efte Reyno, e chegando a Lif-
boa a 22. de Setembro de 1558. quando
governava efta. Monarchia a Rainha Dona
Catherina pela menoridade de feu neto
D. Sebaftiaõ lhe aprezentou os feus fervi-
ços authorizados com honorificas Certidões
do Governador da índia Francifco Barreto,
e depois de confumir quafi cinco annos na ef-
perança do defpacho, vendo-fe fruftrado da
merecida remuneração, fe retirou para a Villa
de Almada onde cazou, e teve filhos, para os
quaes efcreveo o Uvro das fuás Peregrinaçoens,
atè que mais cheyo de annos, que ca-
bedaes falleceo entre os annos de 1580.
e 15 81. e jaz fepultado na Igreja Paro-
40
BIB LIO THE CA
chiai de S. Tiago da Villa de Almada.
He celebrado o feu nome por diverfos
Authores como faõ Joan. Soar. de Brit.
Theatr. iMjit. Utíerat. lit. F. n. 5. vir longa,
■Jiutina, admirabilique peregrinatione non Jolum
apud Nojlrates, fed etiam apud exteros celebra-
tíjftmus. Faria AJia Portug. Tom. 2. Part. i.
cap. 3. n. 6. notório por las memorias de Jus
ptregrinaciones, e no Coment. às L.ujiad. de
Cam. Cant. 8. Eftanc. 37. Je duda de mitcho
de lo que refiere: y per Jonas que anduvieron
por aquellas partes afirman que nò Joio es todo
verdad, Ji nò que pudiera con ella di:(ir màs,
j que de miedo lo dexò. O Padre Charlevoix
Hijl. de l'EtabliJJem. des Prog. et de la de-
cadenc. de Chrijl. dans lih. Empir. du Japon.
Tom. 2. liv. 5. pag. 155. o inúinh. Jameux
MVanturier, e na HiJl. du Jap. Tom. i. liv. 2.
§• 3- P^g- "^"^ M5- col. I. O Licenciado
Francifco Herrera Maldonado na Tradução
Caftelhana, que fez da fua Peregrinação no
principio da Apologia da verdade defta Hif-
toria: diz do feu Author. Hombre de agudo
ingenio, de Jingular memoria, y de experiências
notables, que alcançadas por tantos trabajos, y
peregrinaciones le adquirieron Jama eterna, y
ejlimacion entre los mayores Príncipes dei Afia,
y Europa, Jiendo generalmiente oydo de los Keys,
e ejlimado de los nobles. CralTet. Hijl. de 1'EgUJ.
Au Jap. Tom. i. liv. 3. §. 36. & feq.
pag. mihi 188. Reys ElyJ. Jucund. Quajl.
■Camp. quaeíl. 47. n. 31. O moderno ad-
dicion. da Bib. Orient. de Ant. de Lcaõ
Tom. I. Tit. 2. col. 32. refiere JucceJJos
tan notables, y tantos que algunos le tienen
por Jabulojo, però la ejperiencia de otros los
hà dejenganado. No tempo que aíTiílio na
Companhia de JESUS efcreveo
Carta de Malaca em 5. de Abril de 1554.
que começa Determinado tenia chariJJimos her-
manos, &c. he muito extenfa, c fahio im-
preíTa. Lisboa por António Alvares 1355. 4.
cm hum livro que tem eíle titulo Copia
de algunas cartas de algunos Padres, y ber-
manos de la Compania de JESUS, que ejcri-
vieron de la índia, Japon, y Brasil a los Pa-
dres, y hermanos de la mijma Compania en
Portugal, &c.
Carta ejcrita de Malaca a y de Dei(em-
bro de i$54. aos Padres do Collegio de Coim-
bra. Foy feita por ordem do P. Belchior
Nunes, em que relata as coufas mais par-
ticulares, que vio em todo o Oriente, antes
de entrar na Companhia. Sahio na lingua
Caílelhana. Saragoça por AgoíUno Mil-
lan. 1560. foi. com outras cartas das ín-
dias Orientaes, de que temos hum exem-
plar. Sahio traduzida em Italiano, c fahio.
Roma por António Bladio 1556. 8. c Ve-
neza por Miguel Tramezzino 1559. 8. com
eíle titulo.
Di diverji cojlumi, e varie coje eh' hà vifio
en diverJi regni deli' índia nelle qualli andb
avanti che entrajfe nella Compagnia.
Peregrinação em que dá conta de mui-
tas, e muito ejlranhas coujas, que vio, e ouvio
no Reyno da China, no da Tartaria, no
do Somau, que vulgarmente Je chama Siaõ,
no do Caliminhan, no do Pegu, no de
MartavaÕ, e em outros muitos Reynos,
e Senhorios das partes Orientaes, de ^
nejlas nojjas do Occideníe há muito pouca,
ou nenhuma noticia. Lisboa por Pedro
Craesbeck. 1614. foi. Eíla ediçaõ que
he a primeira, foy feita por ordem do Pro-
vedor, e Irmãos do Recolhimento das Con-
vertidas de Lisboa, e dedicada a Filippe II.
Sahio fegunda vez impreíTa. Lisboa por An-
tónio Craesbeck de Mello, 1678. foi. Terceira
vez juntamente com a Conquijla do Reyno
do Pega Jeita pelos Portuguet^es, Jenào
Vice-Rey da índia Ayres de Saldanha
no an. de 1600. Lisboa por Jozè Lopes
Ferreira. 171 1. foi. e quarta vez com
o Itenerario de António Tenreiro. Lis-
boa Oriental na Officina Ferreiriana.
1725. foi. Foy vertido eíle livro na
lingua Caílelhana pelo Licenciado Fran-
cifco de Herrera Maldonado, Cónego
da Santa Igreja Real de Arbas, Capel-
laõ, que foy em Évora do Marquez
de Flexilla, y Malagon, c fahio com
eíle titulo. Hijloria Oriental de las Pere-
grinaçoens de Feman Mendes Pinto, &c.
Madrid por Thomaz Junti. 1620. foi.
e Valência por Bernardo Nogues. 1645.
foi. Bernardo Figueira, de quem já
fizemos mençaõ em feu lugar, o tra-
duzio na lingua Franceza com eíle ti-
tulo.
L USITAN A,
41
L,es Voyages advantureux de Femand
Mendes Pinto. Pariz per Maturin Heoault
1628. 4. & ibi ches Amauld Cotinet,
& Jean Roger. 1645. 4- ^ ultimamente
em Alemaõ com eftampas. Argentorati
ex Ofíicina Poor et R. Waechteer. 1674. 4.
A eftas Peregrinaçoens louvaõ com gran-
des elogios graviíTimos Authores, fendo
os principaes o P. Daniel Bartoli. Afia
pag. 282. L£ cui curiofe peregrinationi per
ma gran parte deli' Oriente da lui medej-
Jimo dejcritte fi legono in piu lingue. Souía.
Orient. Conquijl. Tom. i. Conq. i. Div.
2. n. 7. taõ verdadeiras na boca dos noti-
cio/os, como duvido/as na opinião do vulgo.
Manoel de Faria e Soufa. Advert. á Afia
Portug. De la verdad delia ( Hiíloria
da fua Peregrinação ) dudan muchos; y
otros tantos, que anduvieron por aquellas pip-
ies, di^en que aun pudiera con ella dif(er
cofas más dificiles ai credito. Yo le tengo
por mtçy verdadero por muchas ra^ones, que
a ello me Jugetan. Macedo £ftf, e Ave
Part. 2. cap. 55. n. 4. em cujas pere-
grinaçoens, e fuccejfos, que delias efcreveo,
mofirou o tempo com a experiência a ver-
dade, que Je lhe dijputava antes que houvejfe
tantas noticias daquellas partes. Malvenda
de Antichrifi. lib. 4. cap. 15. pag. 259.
col. I. Qui Sinarum regionis maiorem, <&
meliorem partem perlufiravit, atque qua oculis
vidit, fideliter memoria confignavit, innumera,
€>• propemodum, fupra fidem de Sinarum
terris narrai in fua peregrinatione. Memor.
pour V Hifi. des Scienc. e des beaux Arts
de Trevoux do me^ de janeiro de \~iz(>.
pag. 182. chama às fuás Peregrinaçoens
infiruãifs, e amujans.
D. FERNANDO DE MENEZES
chamado o ISariv^es, foy filho 5. de D.
Duarte de Menezes Conde de Viana,
Alferes mór d'ElRey D. Duarte, e D.
Aiíonfo V. Capitão de Alcacere, e Al-
caide mòr de Beja, e de Dona Izabel de
Caftro fua 2. mulher filha de D. Fer-
nando de Caílro Governador da Caza do
Infante D. Fernando. Herdou com o naci-
mento o valor heróico dos feus Mayores,
de que deu claros argumentos na Regiaõ
de Africa. Foy cazado com D. Izabel de
Caftro filha de D. Diogo de CaUro Capitão
de Évora, e de Dona Brites Pereira filha de
Joanne Mendes Pereira. Eftando cativo em
Fez, onde morreo, aíTiftio ao martyrio do
Venerável P. Fr. André da Rofa, ou de
Efpoleto, por fer natural defta Qdade, que
fuccedeo a 9. de Janeiro de 1532. cujas cir-
amftancias relatou em huma larga carta
efcrita a feu Pay, a qual começa.
Li lhe tenho efcrito como a efia Cidade
era vindo hum Frade da Obfervancia. Acaba.
Pra^a ao Senhor Deos, que lhe dé o paraii(p,
e a nòs dé a fua Fé. Amen.
Efta carta levou para França o Senhor
D. António filho do Infante D. Luiz,
donde a trouxe a efte Reyno o Doutor
Chriftovaõ Soares de Abreu Secretario
da Embaixada naquella Corte, e depois Re-
zidente, a qual communicou ao Licenciado
Jorge Cardofo, como efcreve no Agiol. Lu-
fit. Tom. I. pag. 94. no Comment. de 9. de
Janeiro, letr. C.
D. FERNANDO DE MENEZES na-
tural de Lisboa, Alcaide mòr, e Commen-
dador de Caftello-Branco, filho de D. Diogo
de Menezes Claveiro da Ordem de Chrifto,
de quem fe fez memoria em feu lugar,
e de Dona Cecilia de Siqueira, e naõ de
Menezes, como efcreve o P. Balthezar Tel-
les Chron. da Comp. de Jef da Prov. de Por-
tug. Part. 2. liv. 6. cap. 18. n. 4. filha de
Joaõ Lopes de Siqueira Trinchante d'El-
-Rey D. Manoel. Foy ornado de profundo
juizo, fumma prudência, natural difcriçaõ,
e naõ menos verfado nas máximas da po-
litica, e noticias da Hiftoria aíTim Sagrada,
como profana, por cujos dotes mereceo
fer eleito Embaixador pela Mageftade d'El-
Rey D. Sebaftiaõ à Cúria Romana em o
anno de 1563. fuccedendo em taõ au-
thorizado minifterio a D. Álvaro de Caf-
tro, onde defempenhou as obrigaçoens
de hum perfeito Miniftro. Foy cazado
com Dona Filippa de Mendoça filha de
D. Francifco de Soufa, fenhor da Quin-
ta de Calhariz, e Dona Brites de Men-
42
BIBLIO THE CA
doca filha herdeira de Francifco de Men-
doça, de quem teve entre outros filhos a
D. Diogo de Menezes, do qual fizemos
memoria em feu lugar, e a D, Manoel
de Menezes, Q)llegial Theologo em o Col-
legio de S. Pedro da Univeríidade de Coim-
bra. Compoz
Oração obediência/ em nome d'E/Rej Dom
Sebajliaõ recitada na prev^ença do Summo Pon-
tífice S. Pio V. e do Collegio Apoftolico. Delia
faz mençaõ Fr. Luiz Jacob, de S. Carlos
in Bih. Pontif. pag. 306.
Carta efcrita de Koma em 26. de Setem-
bro de 1566. a E/Rej D. SebaJliaÕ, em que
o perfuade a que cav^e com a Archiduque:^a de
Auftria, e naÕ a Infanta de França. O ori-
ginal fe conferva na Torre do Tombo Ga-
vet. 15. maíTo 5. e fahio impreíTa nas Me-
mor. Hift. d'ElKey D. Sebafiiaõ Part. 2. liv. 2.
cap. 26. §. 194.
D. FERNANDO DE MENEZES fe-
gundo Conde da Ericeira, Commendador
das Commendas de S. Pedro de Elvas, e
de Santa Chriílina de Serzedello em a Or-
dem de Chriílo, naceo em Lisboa a 27.
de Novembro de 16 14. fendo filho de D.
Henrique de Menezes quarto Senhor do
Louriçal, e de Dona Margarida de Lima
filha de Joaõ Gonçalves de Attaide fexto
Conde de Attouguia, e de Dona Maria de
Caílro. Nos primeiros annos deu manifef-
tos argumentos, que tanto génio tinha para
as letras, como inclinação para as virtudes.
Aprendeo os preceitos da lingua Latina
com o iníigne Varaõ Fr. Francifco de San-
to Agoílinho Macedo, de quem breve-
mente fe fará larga memoria, e com a dif-
ciplina de tal direftor, fahio ainda quan-
do fe naõ efperava obfervantiíTimo cul-
tor daquelle Idioma, e naõ menos ele-
gante Poeta, aífim na lingua Latina, como
cm a Materna, deixando em varias pro-
duçoens do feu fecundo engenho, eterni-
zada igualmente a afluência poética, como
a elegância hiftorica. Das Muzas amenas
paííou a cultivar as feveras, ouvindo Filo-
fofia ao mefmo grande Macedo, e de tal
modo penetrou as fubtilezas da Lógica,
que tinhaõ difícil repoíla os feus argu
mentos. Naõ fez menores progreííos nas
difciplinas Mathematicas, em que foy inf-
truido por feus iníignes ProfeíTores os Pa-
dres Ignacio Staford, e Chriílovaõ Borro
ambos Jefuitas, fahindo da fua efcola pro-
fundamente inftruido em as fuás mais no-
bres partes, quaes eraõ a Geometria, Geo-
grafia, e Architeftura militar. Dos Sagra-
dos Myílerios da Efcritura, que continua-
mente revolvia, teve baftante inftruçaõ, be-
bendo as luzes dos mais famofos interpretes
com que diíTipaíTe as fombras de alguns
textos difíicultofos. Ornado com tantas
fciencias afpirou a fazer mais conhecido o
feu nome pelo exercício das Armas, e ven-
do que a pátria lograva o ócio da paz,
paíTou a Madrid, onde alcançada faculdade
d'ElRey Catholico para militar em Itália
naquelle tempo horrorofo theatro de Marte,
partio com Francifco de Mello Conde do
AHiimar, e Governador de Milaõ, e tanto
que chegou a efta Cidade conciliou pela
fua natural benevolência a amizade, e eíli-
maçaõ de Paulo Efpinola, Joaõ de Ga-
ray Oforio, Carlos Colona, e Lélio Bran-
cacio celebres alumnos da paleílra de Bel-
lona, e Minerva. As primícias do feu mi-
htar valor fe admirarão nos íitios das Pra-
ças de Alexandria de la Palha, e Valença
íituadas junto do Rio Pó, como também
em diverfos combates contra os France-
zes, de que fahio fummamente gloriofo.
Reílituido à Pátria fe retirou para o Lou-
riçal, donde foy chamado pelo Conde da
Atouguia, e Joaõ Rodrigues de Sà Ca-
mareiro mòr a venerar por feu Soberano
ao Sereniffimo Duque de Bragança, nova-
mente exaltado ao trono de Portugal, o
qual conhecendo a prudência, e fidelida-
de de taõ grande VaíTallo, lhe encomen-
dou o fortificar os Portos marítimos con-
tra a invazaõ dos Caftelhanos, cuja or-
dem promptamente executou, augmen-
tando com mayor numero de artelharia
o Caftello de Outaõ em Setúbal, e le-
vantando alguns Fortes em Aveiro, c ou-
tros lugares marítimos, de que ainda
hoje fe confervaõ os veíligios. Na ba-
talha do ' Montijo, onde alentadamcntc
L USITANA.
43
morreo feu irmaõ D. Diogo de Mene-
2es, moítrou a heróica valentia do feu
braço, fendo ainda mais aétíva, e fulmi-
nante, naõ fomente na expugnaçaõ das
Praças de Valverde, e Barcarrota, mas
quando livrou do aífedio a Cidade de Évora,
que lhe tinha poíto o Marquez de Lega-
nes. Com igual valor, e difciplina, fendo
Governador da Praça de Peniche impedio
o defembarque da Armada Ingleza naquelle
Porto. Para rebater os infultos, que cõ-
metiaõ os Mouros em Africa com grave
detrimento dos Portuguezes, foy nomeado
Governador, e Capitão General da Praça
de Tangere, para onde partio a 17. de Fe-
vereiro de 1656. onde foy recebido com
multiplicadas defcargas de artelharia por
feu anteceílor D. Rodrigo de Lencaílre.
Nefte Governo defempenhou o juíHficado
conceito, que fe tinha da fua vigilante pro-
videncia obrando acçoens, que igualmente
cediaõ em gloria da Naçaõ Portugueza,
como fatal ruina de feus bárbaros anti-
goniílas. Foy Confelheiro de Guerra, Gen-
til-homem da Camará do Infante D. Pe-
dro, Deputado da Junta dos Três Efta-
dos. Vereador do Senado de Lisboa, Rege-
dor da Caza da Supplicaçaõ, e ultimamente
Confelheiro de Eftado, regeitando o go-
verno do Reyno do Algarve, e a Védoria
da Fazenda. Em taõ authorizados lugares
obfervou religiofamente as virtudes de hum
Varaõ perfeito, votando nas matérias mais
graves com liberdade, zelando os inte-
leííes de Republica com prudência, pu-
nindo os criminofos com reéHdaõ, favo-
recendo os beneméritos com empenho.
Venerou com profundo refpeito aos Va-
roens, que em feu tempo floreceraõ na
pratica de virtudes heróicas, como foraõ os
Veneráveis Fr. António das Chagas celebre
Miflionario, Fr. Domingos da Cruz CõmiíTa-
rio da Ord. Terceir. de S. Francifco, e
o P. Bartholomeu do Quental Pregador
d'ElRey, e Fundador do Inílituto de S. Fi-
Uppe Neri nefte Reyno. Acometido da
ultima enfermidade, fe preparou para taõ
perigofa jornada com as armas dos Sacra-
mentos, os quaes recebeo com fumma pie-
dade, e invocando os fuaviífimos Nomes de
JESU, e MARIA, efpirou a 22. de Ju-
nho de 1699. quando contava 84. annos
de idade. Jaz fepultado no Templo do
Convento da Annundada de Religiofas Do-
minicas padroado da fua Excellentiífmia
Caza, junto do Altar mór. Cazou com
D. Leonor Filippa de Noronha Dama da
Rainha Dona Luiza Francifca de Gufmaõ
filha de Fernaõ de Saldanha, Capitão Gene-
ral da Ilha da Madeira, e Commendador
de S. Martinho de Santarém, e de Dona
Joanna de Noronha, de cujo conforcio teve
a Dona Joanna Jozefa de Menezes ornada
de igual fermofura, que difcriçaõ, de quem
fe fará illuftxe memoria em feu lugar, a
qual cazou com feu Tio irmaõ de feu
Pay D. Luiz de Menezes terceiro Conde
da Ericeira. Eraf (com eftas elegantes ex-
preíToens lhe defcreve a íimetria do corpo,
e caraâier da peíToa o P. António dos Reys
na vida que defte Heroe compoz, a qual
efti impreíTa ao principio da obra Hijloriar.
1-Mjit. de que abaixo fe fará mençaõ) Fer-
dinandus ftatura mediocri, corpore tamen intra
ipfam mediocritatem pulcbro, ac concintié for-
mato; nec ohejo, nec gracili; agiliqm potius
quãm rohufio; vultu non injucundo quidem^ fed
ad feveritatem campo fito; capillis fubflavis, ex-
porreãa fronte, facieque liherali; aquilino nafo;
oculis cafiis, ac in ipfa jtwentute ccBcutientihus ;
fuperciliis raris; parumqm prominentibus ; você
aliquanto quidem acuta, fed minime infuavi, to-
taque oris fymetria ita difpofita, ut animi tran-
quilUtatem, atque ipfam morum probitatem in-
dicaret. Joan. Soar. de Brit. Theatr. Ljifit.
Utter. lit. F. n. 15. ertiditione, judicio, au-
licaque urbanitate refertijfimus. P. Emmanuel.
Lud. vit. Princip. Tbeod. Ub. 3. cap. 16.
n. 202. viro inclyto, <& de univerfa re litte-
raria optime mérito, & lib, i. cap. 20. n. 246.
Duo Meneia Germani Fratres D. Ferdinan-
dus, (ò" D. Ljddovicus Comités Ericeria non
minus LMfitana eruditionis, quam gloria In-
cida Sydera. D. Manoel Caet. de Souf.
Cathalog. dos Pontific. Card. e Bifpos Portug.
p. 26. infixe nàõfó na língua Latina, em que efcre-
veo a Hiftoria de Portugal, mas em todo o género de
erudição. Fr. Joan. à D. Ant. Bib. Fran-
cifcan. Tom. i. pag. 348. col. 2. vir Mar-
te clarus, ingenio nobilis, (& humanis pracipue
44
BIBLIO TH E CA
litterís probe excultus. P. D. Anton. Cact.
de SouT. Hijlor. Gen. da Ca^a Keal Portug.
Tom. 7. pag. 478. taõ excelknte Efcritor,
como politico. D. Francifc. Manoel de Mello.
Obras Metric. na Viol. de Talia pag. mihi
152.
Conheces ò felice
(Já que entendes, q em tudo nos penetras")
Nos primores nas Armas, e nas "Letras
Dos Menev^es o Conde D. Femandol
Bem conheço lhe digo. Pois di^ quando
Intentes, que nos ver/os te ajftnales,
Apollo manda, que com elle f alies.
Ccwnpoz
Vida, e acçoens d^ElRey Dom JoaÕ o I. Lis-
boa por JoaÕ Galraõ. 1677. 4. Opus plane
unicum, ad Cleantis lucemam enucleatum a inti-
tula o Padre Manoel Luiz vit. Princip. Theod.
líb. 1. cap. 17. n. 191. D. Franc. Manoel na
Carta dos A A. Portug. efcrita ao Doutor The-
mudo, donde a politica, a narração, a brevidade,
e elegância refplandecem. Leitaõ. Not. Chronolog.
da Univ. de Coimb. pag. 289. §. 652. com bem
temperada pemta em elegantijftmo eftilo, e pag. 325.
§. 711. cultamente efcrita. Soufa Hijlor. Gen. da
Cav^a Real Portug. Tom. 5. liv. 6. §. 3. pag. 371.
com excelknte ejiilo.
Hijioria de Tangere, que comprehende as noticias,
dejde a Jua primeira Conquijia ate a Jua ruina.
Lisboa na Officina Ferreiriana. 1732. foi. Cele-
bre lhe chama o Licenciado Jorge Cardofo
A^ol. "Ltijit. Tom. 3. no Cõment. de 5. de
Junho letr. A. pag. 561. col. i.
Hijloriarum Ljtjitanarum ab anno MDCXL.
ad MDCLVII. libri decem. Tommprimus. Ulyf-
íipone apud Jozephum Antonium da Sylva
Reg. Acad. Typog. 1734. 4. grande. No prin-
cipio eftà efcrito a vida do Author em a lín-
gua Latina pelo P. António dos Reys
da Gíngregaçaõ do Oratório Académico
da Acad. Real, e Chronifta latino defte
Rcyno.
Tomus Secundus. Ibi per eumdem Typog.
eodem anno & forma.
Elegia Caftelhana em Tercetos à mor-
te de Dona Maria de Attayde. Sahio im-
prefla nas Memor. Funeb. dejla Senhora. Lisboa
na Officina Craesbeckiana. 1650. 4. a foi. 44.
E» la muerte dei Excelentijfimo Senor
Marquez ^ Távora D. António Lui^ de
Távora. Sahio no Compendio Paneg. da
vida, e acçoens defte Heroe. Lisboa por
António Rodrigues de Avreu. 1674. 4.
a pag. 112. Decima, por epitáfio, a pag.
124. Epitáfio Latino em eftilo lapidario
a pag. 125. c no fim hum epigrama.
Soneto em Italiano ao mefmo aíTumpto
a pag. 167.
No livro intitulado Dejejos piedojos
de huma alma Jaudoja. Lisboa por Mi-
guel Deslandes. 1688. 8. os verfos que
eflaõ a cada Emblema faõ compoftos
pelo Conde D. Fernando.
ExcellentiJJtmo Domino Emmanmli Tellio
Sylva Marchioni Alegreti. He huma carta
extenfa em applaufo do livro compofto
pelo dito Marquez, intitulado De Rebus
Geftis Joannis II. Lufitanorum Re^s. Sahio
cõ hum Epigramma latino ao principio
defta obra. UlyíTipone apud Michaelem
Manefc. S. Officii Typog. 1689. 4.
Novena da Encarnação, e exercidos expi-
rituaes para os devotos, que a tomarem. Lis-
boa por JoaÕ Galraõ 1682. 12. Sem o
feu nome.
Obras M. S.
Summa Vitce Maria Sabaudia Regi-
na Lufitanorum, a qual também cfcre-
veo na lingua materna com efte titulo.
Monumento perenne levantado á Jaudoja
memoria da Serenijfima Rainha de Por-
tugal Dona Maria Francifca Isabel de
Sabqya, &c. offerecida à Serenijfima In-
fanta Dona Isabel Lui!(a ]o^fa em o anno
de 1684. A efta obra chama excellente,
e diffia do feu Author o P. Soufa Hift.
Gen. da Cav^a Real Portug. Tom. 7. lib. 7.
p. 740.
Difcurfos Políticos, foi.
Difcurfos, e Oraçoens Académicas recitadas
nas Academias dos Generofos em Lisboa, e dos
Solitários em Santarém.
Relaçoens de alguns fucceffos políticos, e mili-
tares. 4. 2. Tom.
Votos do Confelho de Eftado, e de Gmrra
4. 3. Tom..
Epitome da Filofofia.
L USITANA.
45
Tratados Mathematicos.
Cartas eruditas, e familiares. 4.
Poesias Latinas, e Italianas de vários
j metros. 4.
Po€t(ias Portuguesas, e Cajlelhanas, onde
cQtre algumas Comedias, he a principal.
A'ò es de/engano el dejprecio com Loa, e
bailes.
Usboa Conquijlada. Poema Heróico, de
que deixou compofto 4. Cantos.
Poema á Batalha do Ameixial. Coníla de
no. oitavas Portuguezas.
Novella bijlorica, na qual com o nome de
Felifardo, defcreve a fua vida. Todas eftas
obras fe confervaõ na magnifica Livraria do
ExcellentiíTimo Marquez do Louriçal D. Fran-
cifco Rafael de Menezes 3. neto do Author
delias.
FERNANDO MERGULHAM natural da
Villa de Moimenta, diílante quatro legoas da
Cidade de Lamego em a Provinda da Beira,
filho de Vafco Mergulhão, e Leonor de Lu-
cena. Na Univerfidade de Coimbra fez taes
progreíTos o feu talento no eftudo da Jurif-
prudencia, que recebido o gráo de Doutor
nefta Faculdade foy Dezembargador na Rela-
to de Braga, e Abbade da Igreja de S. Ge-
mente de Bailo em a mefma Diocefe. No
anno de 1594. alcançou faculdade Pontifícia
para fundar nas cazas, em que nacera, hum
Convento de Religiofas do grande Patriarcha
S. Bento, cujo difignio fe efiFeituou no anno
de 1596. edificando hiima fumptuofa Igreja,
■c Convento capaz para habitação de 40. Reli-
.^oías, fendo as primeiras fuás Irmãas Izabel
Mergulhoa, Guiomar Nunes, e Alargarida de
Lucena, que do Alofteiro de Semide em o Bif-
pado de Coimbra, onde eraõ profeíTas, vieraõ
habitar o novo edificio. Havendo dotado efte
Convento com renda abundante, e ornado a
Igreja com preciofos paramentos, e grande
copia de peças de prata para obfequio do Culto
j Divino, morreo em Braga, donde foy trans-
' ferido para hum foberbo Maufoleo compofto
de jafpe, e bronze, de altura de cinco pal-
mos, debaixo do arco da Capella mór, que
lhe mandou levantar fua Irmãa Izabel Mer-
gulhoa, AbbadeíTa perpetua do Convento,
que edificara feu irmaõ, onde efpera a re-
furreiçaõ univerfal. Delle fez memoria
larga Fr. Leaõ de Santo Thomaz. Bened.
Ljífit. Tom. I. Trat. 2. Part. 6. cap. 7.
Compoz
Allega^aõ de Direito, a qual cita o in-
figne Júris Confulto Francifco de Caldas Pe-
reira. ConJU. 3. n. 67.
FERNANDO DE MESQUITA PI-
MENTEL BARBA natural de Santarém, e
bautizado na Freguefia de N. Senhora do
lugar de Azoya termo da dita Villa a 28.
de Junho de 1678. Foy filho natural de
Ruy Barba Corrêa Alardo, fenhor do Mor-
gado da Romeira, o qual depois de fer
legitimado por feu Pay a 24. de Outubro
de 1698. o foy por ElRey em 5. de Fevereiro
de 1699. Seguio a vida militar, onde occupou
o polio de Capitão de Infantaria no anno de
1708. no prezidio da Praça de Almeida, e
depois Sargento mòr no anno de 1714. em
Campo-Mayor. Foy cazado com Dona He-
lena Maria Vicencia Pereira de Attayde filha
herdeira de Femaõ Pereira de Moraes, e de
fua mulher Dona Antónia Maria Froes de
Gomide. Falleceo na Gdade de Portalegre
no anno de 1725. para onde fora convaleccr
de huma larga doença. Inclinou-fe com génio
ao eftudo da Genealogia, no qual fora feu
Pay muito perito, efcrevendo
Arvores Genealógicas de varias familias da
fua pátria, como das Provindas, onde militou.
M. S. foi. Delle faz mençaõ o Padre D. Anton.
Caet. de Soufa. Apparat. â Hifior. Gen. da
Cat^a Real Portug. pag. 140. §. 167. onde o
nomeou herdeiro da caza de feu Pay, fendo
feu filho legitimo Luiz Barba Corrêa Alardo,
que ainda vive com hum filho único chamado
Gonçalo Corrêa Barba.
D. FERNANDO DE NORONHA
nono Conde de Monfanto, Senhor da Villa
de Caftro Dayre, Alcayde mór de Gui-
maraens, e Comendador de S. Marti-
nho de Baldreu na Ordem de Chrifto,
fexto filho de D. Luiz Alvares de Caf-
tro Attayde, Noronha, e Souía, fegua-
46
BIB LIO THE CA
do Marquez de dfcacs, fetimo Conde
de Monfanto, Confelheiro de Eftado, e
de Dona Maria Joanna Coutinho, filha
de D. António Luiz de Menezes, pri-
meiro Marquez de Marialva, e de Dona
Maria Coutinho. Nafceo em Lisboa a 7.
de Outubro de 1677. onde inílruido com
as letras humanas paíTou a Coimbra, e no
Collegio de S. Pedro foy admitido por
Porcioniíla a 31. de Julho de 1694. Acom-
panhou a feu Pay, quando partio para
França com o Carafter de Embaixador ex-
traordinário à Mageílade Chriílianiflima de
Luiz XIV. e na grande Corte de Pariz de-
pois de fallar com perfeição a lingua Fran-
ceza fe inftruio com as máximas de huma
Naçaõ taõ polida, como bellicofa para fer-
viço do feu Príncipe, e honra da fua Pá-
tria. Reílituido a ella aíTentou praça de Sol-
dado, e no poílo de Capitão de Infantaria
fez algumas Campanhas, em q moílrou igual
difciplina, que valor. Atendendo o Mar-
quez feu Pay à falta de fucceíTaõ da fua caza o
retirou da Campanha, para que na fua peíloa
fc eftabeleceíTe, e ainda que conftrangido
cedeo ao preceito, em que fez mais bene-
mérita a fua obediência. Foy creado Conde
de Monfanto pela Mageílade d'ElRey D.
Joaõ o V. a 20. de Outubro de 1714. tem-
po em que o Marquez feu irmaõ fe achava
fem efperanças de fucceíTaõ. Para naõ paf-
far o tempo em torpe ócio fe applicou ao
eíludo das Mathematicas, em que teve por
Meílre ao iníigne Manoel Pimentel, Cof-
mografo mòr do Reyno, e de tal modo
comprehendeo as fuás mayores dificuldades,
que era fuperfluo o aprendellas, debuxando
com delicadeza, e perfeição varias plantas
de Architeftura militar, e civil. Foy or-
nado de fumma modeília, natural affabili-
dade, gentil prezença, e cortezã urbanidade,
cujos dotes o faziaõ a todo o género de
peíToas fummamente amável. Entre os pri-
meiros cincoenta Académicos, de que fe
formou o corpo litterario da Academia
Real foy eleito para efcrever as Memorias
Ecclefiaítícas do Bifpado de Portalegre,
cujo argumento principiou a defempenhar
como do feu talento fc efperava. Falle-
ceo infauílamente pela equivocaçaõ de huma
bebida, que imaginando fer remédio, nella
tragou a morte. Certificado do perigo, a
que naõ podia refiílir a natureza fe refignou
em a divina vontade com aftos religiofos,
atè que réndeo o efpirito a 13. de De- t
zembro de 1722. quando contava 45. annos
de idade. Eftava contratado a cazar com
fua fobrinha Dona Maria Jozeja da Gama,
oitava CondeíTa da Vidigueira. O feu elo-
gio fúnebre recitou com igual elegância,
e difcriçaõ na Academia Real Jozè da Cunha
Brochado do Confelho de S. Mag. e He
fua Fazenda, Chanceller mòr das Ordens
MiUtares, Enviado extraordinário às Cortes
de França, e Inglaterra, e Plenipotenciário
à Corte de Madrid.
Compoz
Cathalogo dos Bifpos da Igreja de Por-
talegre. Lisboa por Pafchoal da Sylva Im-
preíTor de S. Mageílade, e da Academia
Real. 1721. foi. Sahio no i. Tom. da Col-
leçaÕ dos Documentos da Academia Keal.
Conta dos Jeus ejittdos Académicos em 7.
de Setembro de ijzz. recitada no Paço. Sahio
no 2. Tom. dos Documentos da Acad.
Keal. Lisboa pelo dito ImpreíTor. 1722.
foi.
Delle faz larga memoria o P. D. Ant.
Caet. de Souf. Hijl. Gen. da Ca:(a Keal Por-
tug. Tom. 2. liv. 5. pag. 545. e no Apparat.
a ejla HiJl. pag. 159. §. 194.
FERNANDO DE NOVAES natu-
ral do Porto, e dos principaes Qdadoens
deíla Cidade, muito verfado no eíludo
da Hiíloria, e principalmente em a do
noífo Reyno, por cuja caufa lhe cõmet-
teo ElRey D. Joaõ o II. efcrever as Chro-
nicas dos Monarchas feus AnteceíTores,
cuja empreza executou com eíle titulo
Chronica dos Kejs de Portugal atè o reynado
de D. Affonfo V. M. S.
Deíla obra, como de feu Author faz
diílinta memoria Joaõ Rodrigues de Sà
e Menezes, Alcaide mòr do Porto, e Se-
nhor de Sever na carta, que efcreveo no
anno de 1558. a Damiaõ de Góes, como
elle refere na Chron. d'ElKey Dom Man. Part. 4.
cap. 58.
L USITANA.
47
FERNANDO NUNES iníigne profef-
for de Medicina aíTim pratica, como efpe-
I culativa. Compoz
I Das Condiçoens, que bà de ter bum hom
! Medico. M. S.
Do Author, e da obra dà noticia Joaõ
Franco Barreto Bib. Portug. M. S.
FERNANDO DE OLIVEIRA Pres-
bítero muito douto aíTim em a liçaõ da
Hiftoria Sagrada, e profana, como na in-
teUigenda dos Poetas, e Oradores, expli-
cando o mais celebre de todos, qual foy
Quintiliano em a Univeríidade de Coim-
bra, em cujo applaufo lhe dedicou o fe-
guinte elogio Jeronj^mo Girdofo, famofo
Meftre de letras humanas, na carta, que
lhe efcreveo, que he a trigeíTima das fuás
i impreíTas: Unde tibi plurimitm debere Fabium
ipfum óptimo Jure affeverarem, qui illum ante
: bac latitantem, <& á fitu, eb* á tineis afferueris,
! ut poftbac in omnium tam eruditorum, quám
, etiam imperitorum mentes infinuetur. Itaque
Rhetorices pracepta, qua antebac immerfa fue-
rant, Te peritijfimo, atque abfolutijftmo in-
I ierprete nunc demúm nobis reftituuntur. Naõ
( foy menos perito na Orthografia da lín-
gua materna, como na Sciencia Náutica,
de que faõ argumento claro as obras fe-
1 guintes.
! Grammatica da lingua Portuguei^a dirigida
! ao mtiy magnifico fenhor, e nobre Fidalgo o
Jenbor D. Fernando Da/mada filho berdeiro
do muy prudente, e animo/o fenhor D. Antaõ,
Capitão General de Portugal. Lisboa por
German Galhard. 1536. dia 28. Januarij. 4.
Arte de guerra do mar erigida a min-
to magnifico Senhor D. Nuno da Cunha Ca-
pitão das Galés do muito poderojo P>jey de
! Portugal D. Joaõ o III. Coimbra por Joaõ
Alvres 1555. 4. No Prologo afíirma, que
nenhum Author, que eUe vira, efcrevera
daquella matéria até o feu tempo, por-
que Vegecio o fez muito fucintamente, e
Eliano, que prometera efcrever das Or-
denanças da guerra, e o naõ executara.
Defta obra faz mençaõ o moderno addi-
donador da Bib. Naut. de António de
i Leaõ. Tom. 2. Tit. 3. col. 1176.
Hijloria de Portugal. M. S. Conferva-
va-fe na Biblioteca do ExcellentiíTimo Mar-
quez de Valença, e delia exille huma copia
em a Bib. Real de Pariz num. 10022. como
refere Mont. Faucon in Bib. Bibliotbec.
nova. Tom. 2. pag. 891. col. i.
FERNANÍDO OSÓRIO Coadjutor tem-
poral da Companhia de JESUS, e grande
Operário Evangélico em as Ilhas Molucas,
a cujo ardente zelo fe deve a converfaõ,
e bautifmo d'ELRey de Bachaõ, que he
a mais Auílral, e mayor de todas eUas,
chamando-fe Joaõ em obfequio do Sagrado
Precurfor por receber em o i. de Julho
de 1557. dia outavo do feu nadmento a
Graça bautifmal. Por confelho deite Apof-
tolico Varaõ, mandou efte Prindpe levan-
tar três Cruzes na fua Corte em dia da
Epifania, em memoria das três Myfterio-
fas ofFertas, que a Chriílo naddo fizeraõ
os Magos em Belém. Foy companheiro
infeparavel do P. Frandfco Vieira em o
Cabo de Comorim, e havendo obrado he-
róicas acçoens em obfequio da Religião
Catholica, acabou a vida em a Qdade de
Tolo no armo de 1566. DeUe faz mençaõ
o P. Frandfco de Soufa Orient. Conquifi.
Pairt. I. Conq. 3. Div. 2. §. 20. 21. e 29.
Efcreveo
Carta ao IrmaÕ Lmíz Proes ajjijlente em
Goa, efcrita das Molucas a ^. de Alayo de
1561.
Carta aos PP. do Collegio de Lisboa, efcrita
das Molucas a 10. de Fevereiro de 1563. Confia
de 8. paffnas.
Carta ao P. Frandfco Vieira efcrita de Tolo
em o primeiro de Janeiro de 1557.
Carta efcrita ao mefmo P. em 8. de Janeiro
de 1557.
Todas ellas cartas fe confervaõ no Ar-
chivo da Caza ProfeíTa de S. Roque defta
Corte.
FERNANDO PACHECO filho de
Duarte Pacheco muito douto em o Di-
reito Cefario, de cuja faculdade recebeo
as iníignias doutoraes em Itália, e naõ
menos verfado em o eftudo da Genea-
logia, fendo hum dos mais celebres Ge-
48
BIBLIO THE C A
nealogicos, que florecco no Rcynado d'El-
Rcy D. Joaõ o III. como cfcrevc cm
o feu Nobiliário D. António de Lima no
titulo de Pachecos neíla forma. Fqy homem,
que por memoria mais Jouhe das linhagens do
RejnOf e de fora delle, que a teve mtfy fingular,
e fqy o que melhor inflou as linhagens ate o
tempo da guerra, e o mais pratico, que nifio
ouve em noffos tempos, de que todos toma-
mos, e aprendemos alguma coufa, principalmente
eu, que o tive por Meflre, e a elle devo o mais
que diflo fey, e a maneira de tirar as linhagens
antigas do livro do Conde D. Pedro fobre por-
fias, que tivemos, dijfe muitas coufas em meu
louvor; naÕ foy ca!(ado, nem teve filhos, e mor-
reo pobre. Compoz
Nobiliário das Famílias de Portugal M. S.
cuja obra como afíirmava D. António de
Noronha primeiro Q)nde de Viilaverde,
tinha em feu poder no anno de 1630. o
Licenciado Domingos Corrêa aíTiftente em
Braga, filho do Licenciado Simaõ de Abreu
Arcediago, que foy de Neyva.
FERNANDO PAES natural de Lis-
boa, donde paíTou a Coimbra, e na Uni-
verfidade ouvio por Meílre a Martinho
de Afpilcueta Navarro Oráculo da Ju-
rifprudencia Canónica, em que fez taes
progreflbs com a doutrina de taõ grande
homem, que recebeo o gráo de Doutor
na mefma Faculdade, e foy Lente nas
Vacaçoens no aimo de 1556. e depois
Dezembargador dos Aggravos da Caza da
Suplicação. Ao tempo que era Reytor da
Igreja de Santa Maria da Villa de Mon-
te-mòr o novo, onde recebeo a primeira
graça o infigne Portuguez S. Joaõ de
Deos Fundador da Hofpitalidade, falleceo
piamente entre os annos de 1574. c 1578.
Compoz
Kepititio ad cap. Mijfas 64. de Confe-
cratione Dijl. i. circa praceptum de audienda
Miffa. Illujlrijftmo, <ò^ Excellentijftmo Domino
António D. Ljulovici Portugallia Infantis filio.
Hum dos Cenfores deíla obra, dÍ2 as fe-
guintes palavras em feu applaufo. B/i ejl
in ipfo opere verborum ^avitas, ea fententia-
rum profunditas, ea Sermonis perfpicuitas, qua
magis mirari debeamus hominem, qui cum fe
ab ineunte atate ]ttri Pontificio tradidijfet, tanta
venuftate rem Theoloffcam dijferuit, ut ipfum
non minus in Sacra Theologia, quàm in júris
Facultate verfatum credas. Depois defte Tra-
tado fe fegue outro com efte titulo.
Utrum numerus liberorum excufet â mune-
ribus publicis Pa trem, vel Tutorem, €>* qualiter\
OlyíTipone ex Officina Joannis Blavii Typ.
Reg. Nonis Julii anno Domini 1J59. 4.
A efta obra intitula Elegante Manoel Bar-
bofa ad Ord. lib. 4. Tit. 104. in principio
n. I. e eílá inferta in Traã. DD. Tom. 12.
Do Author fe lembraõ Nicol. Ant. Bib. Hifp.
Tom. I. pag. 293. col. 2. & Joan. Soar. de
Brito. Theatr. Ijtfit. Utter. let. F.
Fr. FERNANDO DE PASSOS ReU-
giofo profeíTo da Sagrada, e militar Ordem
dos Mercenários, o qual floreceo no anno
de 1424. Foy muito douto na Hiíloria
Ecclefiaílica, e Jurifprudencia Canónica ef-
crevendo.
De Primatu Komana Ecclefia. De cuja
obra, como de feu Author, fazem men-
ção D. Nic. Ant. Bib. Vet. Hifp. lib. 10.
cap. 2. §. 96. P. Alfonf. de Roxas Cathal.
vir. lllufl. Ord. Mercen. e Fr. Pedr. à D. Ce-
cilio. De fcript. Ord. Mercen.
FERNANDO DE PEDROSA E ME ,
NEZES, filho do infigne Medico Luiz |
Rodrigues de Pedrofa, Lente de Prima
da Univerfidade de Salamanca, de quem
fe fará memoria em feu lugar. Nefta fa-
mofa Academia fe applicou ao eíhido dos
Cânones Pontificios, em que recebeo o
gráo de Doutor, donde paíTou a fer Pre-
bendado na Igreja de Santa Fé nas In-'
dias Occidentaes, e Cónego Doutoral em
a Cathedral de Gudad Rodrigo.
Publicou.
Académica expofitio ad egreffos, celeberri-
mofque Titulos de diverfis Júris antiqtd ex
cor por e Digeftorum, eJ^ de regulis Júris in 6.
Salmanticac apud Melchiorem Eftcves. 1666. 4.
i
L USITANA.
49
FERNANDO PEREIRA DE BRITO
Fidalgo da Caza Real, Alcayde mòr de
Alter do Chaõ, e Commendador de Santa
Maria de ^Monforte em a Ordem de Chriílo,
naceo em Villa-Viçofa, fituada em a Pro-
vinda Tranftagana em o anno de 1640.
onde teve por Pays a Salvador de Brito
Pereira Alcayde mòr de Ourem, e de Al-
ter do Oiaõ, Commendador de Caílellãos,
e de Monforte, Vedor da SereniíTima Caza
de Bragança, e Dona Brites Pereira filha
de Fernaõ Tavares Falcaõ, e de Dona
Maria da Fonfeca. Cultivou com génio,
e comprehendeo com viveza as Artes, a
que fe applicou, fahindo muito verfado
na Hiíloria Sagrada, e profana, e em todo
o género de erudição Oratória, e Poerica,
como também nas máximas da Ethica, e
da Politica. Foy cazado com Dona Maria
de Brito filha de Joaõ de Pinho, e Paf-
choa de Figueiredo, de quem teve três
filhos, e duas filhas. Efcreveo em o anno
de 1702. e illuíbrou com 81. reflexoens
moraes, e politicas a vida de feu Vener.
Irmaõ, a qual publicou D. Fernando de
la Cueva, e Mendoça Fidalgo da Caza
Real, Commendador de Santa Maria do
Pinheiro grande, fobrinho do Author, e
fahio com o titulo feguinte.
Hijioria do nacimento, vida, e martyrio do
Ven. P. Joaõ de Brito da Companhia de JE-
SUS Martyr da Ajia, e Protormrtyr da Mif-
faõ de Madure. Coimbra no Real Collegio
das Artes 1722. foi. Delle faz mençaõ Ant.
Carvalho da Coíla Corog. Vortug. Tom. 2.
pag. 520.
FERNANDO PERES, ou PIRES na-
tural de Lisboa, taõ illuftre por nacimento,
como venerado pela fua judiciofa prudên-
cia, que o elevou ao authorizado lugar de
primeiro Regedor das Juíliças. AíTiftio com
o funofo Monarcha D. AflFonfo Henriques
à conquiíla da Qdade de Lisboa faufta-
xnente fuccedida no anno de 1147. Efcre-
veo com eíHlo fincero, e verdadeiro.
Cbronica da Fundação do Convento de S.
Vicente. Foy impreíTa por ordem d'ElRey
D. Joaõ o 3. em o Mofteiro de Santa
Cruz. 1538. 4. Defta obra traz tranfcripto
o cap. 15. D. Nicol. de Sant. Maria Cbron.
dos Coneg. Keg. liv. 8. cap. 3. n. 8. e aflim
delia, como do Author fe lembraõ o Illuf-
trilTimo Cunha- Hiji. Ecclef. de Lisb. Part. 2.
cap. 75. §. 9. e Fr. António da Purifi-
cação. Cbron. da Prov. de Portug. da Ord.
dos Erem. de Santo Agoji. Part. 2. Tit. 3.
§. 9.
P. FERNANDO PERES Religiofo pro-
feíTo da Companhia de JESUS, e hum dos
grandes Theologos, que floreceraõ no feu
tempo, de que deixou por indubitáveis ar-
gumentos as obras feguintes.
De Sacramentis. M. S.
De Kejiitutione foi. 2. Tom. M. S. Eftaõ
no Collegio de Évora.
De Matrimonio, foi. M. S. cujo original fe
conferva na Bib. Ambrojiana de AíilaÕ, como
efcreve Montfaucon Bib. Bibliothec. nov. Tom. i .
pag. 514. col. I.
FERNANDO PERES DE SOUSA mui-
to verfado na intelligencia da lingua Caf-
telhana pela larga aíTiftencia que fez na
Corte de Madrid, em cujo idioma traduzio
perfeitamente do Italiano, em que naõ era
menos perito.
Avisos dei Pamaffo de Trajano Bocalini,
Cavallero Komano. Primera Parte. Madrid por
Maria de Quinones 1634. 4.
Segunda Parte. Ozea por Joaõ Francifco
Laruumbe 1640. 4.
FERNANDO DE PINA CavaUeiro da
Caza d'ElRey D. Manoel, filho de Ruy de Pina
ChroniTta mòr do Reyno, e Guarda mór do Ar-
chivo Real, e de Catherina Vaz de Gouvea,
naceo em a Qdade da Guarda, folar de fua
illufixe famiUa, onde depois de aprender com
fumma brevidade os rudimentos por fer do-
tado de vivo engenho, paíTou a eíhidar as
lingjiias Latina, e Grega fora da pátria, em
que fahio eminentemente inftruido. Voltando
ao Reyno, como conheceíle a Mageftade de
Dom Joaõ o II. a capacidade do feu talento
o nomeou no anno de 1482. Secretario
da Embaixada, que mandou a Duarte
VI. de Inglaterra, em a qual fignifica-
va a efte Príncipe por feu Embaixador
5o
BIB LIO THE CA
Ruy de Soufa o novo titulo de Senhor de
Guiné, que acrecentára à fua Real PeíToa,
pedindo-lhe que prohibifle aos feus Vaf-
fallos a navegação para aquella Conquifta.
Naõ foy inferior o conceito, que fez da
fua grande comprehenfaõ ElRey D. Ma-
noel, quando lhe cõmetteo a reformação
de todos os Foraes antigos do Reyno, para
cujo fim difcorreo por todas as Cidades,
Villas, e Confelhos, e depois de vencer di-
verfos obftaculos, que fe oppuzeraõ a taõ
difícil empreza, a concluio com tanta fatis-
façaõ daquelle Monarcha, que lhe mandou
dar quatro mil cruzados alem do largo fa-
lario, que lhe aíTinára, em quanto durou
efta incumbência. Como era muito verfado
na hiíloria do Reyno o nomeou no anno
de 1523. ElRey Dom Joaõ o III. Chro-
nifta mòr, e Guarda mòr da Torre do
Tombo, querendo que aíTim como era her-
deiro dos eftudos de feu Pay o fofle tam-
bém dos lugares honoríficos, que poíTuira,
dos quaes foy privado por algumas cul-
pas maquinadas pela malicia de feus emu-
los. Fazem delle particular mençaõ Góes.
Chron. d'ElKey D. Manoel Part. i. cap. 25,
e Part. 4. cap. 37. Joan. Soar. de Brit.
Theatr. Ltiftt. Litter. lit. F. n. 18. Refend.
Chron. de D. JoaÕ o II. cap. 33. Faria £//-
rop. Portug. Tom. 2. Part. 3. cap. 4. §. 22.
de capactdad conocida. Brandão Po/, da Senh.
D. Filíp. pag. 9. fogeito na minha opinião
de mais porte que feu Pay Ruy de Pina. Ef-
creveo
Reformação dos Foraes do Reyno diftri-
buida em cinco livros, que comprehendem as
cinco Provindas da Eftremadura, Alentejo, En-
tre Douro, e Minho, Beira, e Trás os Montes.
Conferva-fe efta obra na Torre do Tombo
como diz Damiaõ de Góes Chron. d'ElRey
Dom Man. Part. i. cap. 25.
Memorias dos Rejs de Portugal. M. S.
Defta obra fazem memoria Jorge Cardofo
Affolog. Lujit. Tom. 3. pag. 732. no Com-
ment. de 18. de Junho letr. F. e no Tom.
I. pag. 412. no Comment. de 12. de Fe-
vereiro letr. A. e Franc. de Santa Maria
Ceo aberto na Terra liv. i. cap. 42. equivo-
cando-fe ambos eftes dous Authores, quando
cfcrevem fer Fernando de Pina irmaõ de
Ruy de Pina, fendo feu filho. Fr. Luiz de
Soufa no Prolog, da i. Parte da Hijior.
de S. Domingos, e Joaõ Soar. de Brit. Theatr.
hi4fit. I-.it fer. letr. F. n. 18. feguem que ellc
continuara .a Chron. d'ElRey D. Manoel,
que feu Pay Ruy de Pina cfcrevcra atè o
anno de 15 14. o que nega Damiaõ de
Góes na Chron. dejle Monarcha Part. 4.
cap. 37.
FERNANDO DE PINA MARECOS
Doutor na Faculdade do Direito Cefareo,
e hum dos celebres Letrados do feu tempo.
Efcreveo douta, e profundamente, quando
pretendia a Coroa defla Monarchia o Se-
nhor D. António filho do Infante D. Luiz,
a obra feguinte.
Tratado em que fe prova poder o povo
eleger Príncipe, que govemajfe o Reyno de Por-
tugal. M. S. Da obra, e do Author fe
lembraõ Caram. Philip. Prud. pag. 177. c
Spener. Opus Herald Part. 2. lib. i. cap. 22.
pag. 287.
FERNANDO PIRES MOURAM na-
tural da Villa de Lordello diflante meya
legoa de Villa-Real para o Poente em a
Provinda Tranfmontana, fendo filho de
Pedro Mouraõ, e Maria de Figueira. Inf-
truido nas letras humanas paflbu à Univer-
fidade de Coimbra para fer theatro dos agi-
gantados progreííos, que o feu penetrante
juízo unido com feliz memoria fez no eftu-
do da Jurifprudencia Cefarea, pelos quaes
mereceo fer laureado com as infignias dou-
toraes, e que o Collegio Real de S. Paulo
o admittiíTe por feu Collega a 24. de Outu-
bro de 171 2. Depois de fer Lente da Infti-
tuta, provido em 30. de Mayo de 1718. c
da Cadeira do Código a 19. de Dezembro de
1726. onde diâou a Poftilla ao Text. in L.
unic. Cod. Ne Tutor, vel curator veãigalia; c outra
ao Text. L. i. Cod. de Sacrof anais EccleJUs. Subio
a fer Lente de Prima, que a£hialmente re-
genta com igual credito do feu nome,
que gloriofo brazaõ da Academia Conim-
bricenfe. Sendo Dezembargador da Re-
lação do Porto, c Deputado da Relação
do Fifto de Coimbra, foy nomeado De-
L USITAN A.
5r
putado da Inquiíiçaõ da meíma Cidade.
Delle fa2 honorifica memoria meu Irmaõ
D. Jo2è Barbofa Mem. do Colleg. Keal de
S. Paulo p. 242. e no Archiacb. 'Lufit. p. 64.
n. 171.
Tempore, quo Pires Jurget Mouranus, amanos
Doãrina latices Collimbria ceifa videbit
Cefarea effluere infiituentis ah ore IStiagfiri.
Argumenta volet nodofa rejolvere júris .
Judicium non ferre volet, vel promere cbar-
tis.
Na celebre controveríia altercada en-
txe os Doutores de Leys, e Cânones fo-
bre o provimento das Conefias Douto-
raes em as Cathedraes do Reyno, impu-
gnando acerrimamente os Canoniftas naõ
poderem fer providos neílas dignidades os
Legiílas, defendeo douta, e nervofamente
a parte, que lhe pertencia como profeíTor
do Direito Qvil publicando com o modeílo
nome de hum Doutor t^elofo da juftiça da Fa-
culdade.
Manifeflo, e AllegaçaÕ Jurídica, Critica,
$ Apologética a favor dos Profejfores da Fa-
culdade de JLeys fobre o direito que lhes com-
pete para ferem providos em os Canonicatos
Douforaes das Sés defle Reyno de Portugal, e
Algarve em repojla, do que fe efcreveo em bum
Memorial Canonifla, e do que contra os l^e-
fffias refponderaõ os 'Lentes das Cadeiras
majores de Cânones, fendo mandados ouvir por
Provit^aÕ de Sua Aíagejlade. Madrid, por Ber-
nardo Peralta 1735. foi.
P. FERNANDO PIRES ReUgiofo da
Companhia de JESUS, e infignemente ver-
fado na intelligenda da Hngua Latina, como
em a Materna. Addicionou com inde-
feflb trabalho a Arte do Padre Manoel Al-
vares com mais de mil vocábulos extrahi-
dos das Leys dos Jurifconfultos por fe-
rem efcritas com a mais pura Latinidade.
Compoz mais
Tratado da Ortografia Portuguet^a. M. S.
P. FERNANDO DE QUEYROS na-
tural da Villa de Canavezes em o Bif-
pado do Porto, filho de Domingos Mei-
reUes, e Paula Ribeira. Quando contava
a florente idade de quatorze annos entrou
em a Companhia de JESUS a 26. de De-
zembro de 1631. com refoluçaõ taõ heróica,
que querendo violentamente impedilla feu
irmaõ, o naõ pode confeguir. Depois de
eítudar as letras humanas, que foube com
perfeição, alcançada faculdade dos Supe-
riores, partio com vinte, e dous Religio-
fos Jefuitas em a náo Almirante, em que
hia embarcado o Vice-Rey Pedro da Sylva,
e aportou felizmente a Cochim a 22. de
Novembro de 1635. Aprendidas as Scien-
cias feveras as diâou aos feus domeíHcos
com grande applaufo do feu nome. Foy
Reytor do Collegio de Tanà, e de Baçaim,
Prepofito da Caza ProfeíTa de Goa, e ulti-
mamente Provincial, em cujo governo de-
fendeo a izençaõ das Igrejas de Salfete,
para naõ ferem vizitadas pelo Ordinário no
tempK) que poíTuia a Mitra Primacial do
Oriente D. Fr. António Brandão, que fora
Monge Ciftercienfe. Foy Deputado do
Santo Officio da Inquifiçaõ de Goa, de
que tomou poíTe a 29. de Outubro de
1659. e eleito Patriarcha de Etiópia pelo
Prindpe Regente D. Pedro. Morreo no Col-
legio de S. Paulo de Goa a 12. de Abril
de 1688. com 71. annos de idade, e 57.
de Companhia. Jaz fepultado na Caza Pro-
feíTa de Goa. Fazem delle breve mençaõ
Franco Imag. da Virt. do Nov. de Coimb.
Tom. 2. pag. 616. e D. Ant. Caetano de
Soufa. Cathal. dos Patriarcbas da Etiop.
Compoz.
Hifioria da vida do Venerável IrmaÕ Pe^o
do Bafio Coadjutor temporal da Companhia de
JESUS, e da variedade de fuccejfos, que Deos
lhe manifeftou. Lisboa por Miguel Deslan-
des 1689. foi.
Conquifla temporal, e efpiritual do Oriente.
Deíla obra faz mençaõ no Uv. 3. cap. 2. pag.
262. da obra precedente.
Controverfiarum Tomi duo. M. S.
Perfeito Milionário. Neiia obra confiitava
os erros de todas as Seitas Orientaes, à qual
tendo applicado fummo defveUo a naõ pode
concluir impedido pela morte. Outras muitas
obras, que pertendia publicar, fe perderão fatal-
mente no incêndio, que de 4. para 5 . de Dezem-
52
BIB LIO THECA
bro do anno de 1664. devorou grande parte
do CoUegio de Goa, como elle efcreveo
no Prologo da vida do Irmaõ Pedro do
Bafto.
P. FERNANDO REBELO natural da
Villa de Caria em o Bifpado de Lamego,
onde teve por Pays a Fernando Rebello,
e Joanna Rebello, a cujos documentos de-
veo a judiciofa refoluçaõ, com que abraçou
o Inftituto da Companhia de JESUS em
a Caza ProfeíTa de Lisboa a 20. de May o
de 1562. Inftruido nas Sciencias Efcholaf-
ticas cníinou féis annos Filofofia em a
Univerfidade de Évora, na qual recebendo
o gráo de Doutor em Theologia a 6. de
Abril de 1589. a leo pelo efpaço de doze
annos atè chegar à Cadeira de Prima, c fer
Confelheiro da mefma Univerfidade. Em to-
dos os aftos litterarios ainda provocado
pela indifcreta cólera de alguns argumen-
tantes, nunca fe lhe defcobrio alterado o
femblante refpondendo com igual modeília,
que fciencia. Foy Reytor do CoUegio do
Porto, onde os fubditos o experimentarão
benigno pay, e naõ Prelado fevero. Tendo
vivido com fingular exemplo de virtudes,
de que foy exaftiífimo cultor, fechou o
circulo da vida em o CoUegio de Évora
a 20. de Novembro de 1608. e foy fe-
pultado na Capella de S. Vicente, que hoje
tem a invocação do Santo Chrifto. Vir
et omnium virtutum genere, Ó^ doHrina laude
prajlans o intitula a Bih. Societ. pag. 206.
col. I. Maced. 'Philip. Vortug. pag. iio.
gjran Theologo. Joan. Soar. de Brit. Theatr.
L.ujit. LiUerar. lit. F. n. 19. vir valde pius,
nec minoris doãrina. Nicol. Ant. jB/Z». H//]&.
Tom. I. p. 296. col. I. 'Non doãrina tan-
tum, fed et omnium virtutum laude conjpicuus.
Franco Imag. da Virtud. do Nov. de Evor.
pag. 861. e na Imag. do Nov. de Lisboa.
liv. 2. cap. 13. §. 7. e no Ann. glorio/.
S. J. in Ijtfit. pag. 692. Multum claruit
Jcientiarum doãrinis, fed multo magis virtu-
tum radiis. & Annal. S. J. in Ijujit. pag.
196. §. 15. Clarijftmi viri fuis fcriptis plu-
rimum noti. Fonfec. Evor. Glorio/, pag. 429.
Sebaft. Cacf. de Menef. Hyerarch. Ecclef.
ad cap. Epifcop. dift. 35. n. 10. Barbof.
Commenf. ad Ord. Reg. lib. 4. & ad Tit.
I. n. 7. & Tit. 24. n. 5. & 6. & Tit.
38. n. 30. & 38. & ad Tit. 44. n. 2. &
ad Tit. 65. n. i. Draudius Bib. Clajftca,
e D. Fraríc. Manoel Carta dos AA. Por-
tug. efcrita ao Doutor Manoel Themudo
da Fonfeca. Compoz
T>e Obligationibus Jujlitia, Keligionis, €^
Charitatis. Lugduni apud Horatium Car-
don. 1608. foi. & Venetiis apud Joancm
Antonium, & Jacobum de Francifcis. 1610.
foi. Defta infigne obra, que era dividida
em três partes, fomente fe imprimio a
primeira.
Fr. FERNANDO RODRIGUES natu-
ral da Villa da Caílanheira do Patriarchado
de Lisboa, e Monge Ciílercienfe no Real
Convento de Santa Maria de Alcobaça,
onde fe confervaõ as obras feguintes.
Hi/loria librorum Kegum, €>* omnium qm
illis temporibus acciderunt in orbe. foi. M. S.
Hi/ioria Ejvangeli/larum, (Ò' Aãuum Apo/-
tolorum foi. M. S.
FERNANDO RODRIGUES CAR-
DOSO natural da Cidade de Vizeu filho
do Doutor Pedro Fernandes, e Barbara
Fernandes, e irmaõ do Doutor António
Dias Cardofo Deputado do Confelho Ge-
ral do Santo Officio, de quem jà fe fez
memoria em feu lugar. Applicou-fe ao
eíhido da Medicina, em que fahio taõ in-
figne, que depois de fer admitido a Col-
legial do Real CoUegio de S. Paulo de
Coimbra a 6. de Julho de 1568. regcn-
tou na Univerfidade huma Cathedrilha no-
vamente creada por ElRey D. Sebaíliaõ,
de que tomou poíle a 22. de Dezembro de
1572. donde fubio à Cadeira de Aviccna
cm 8. de Janeiro de 1577. e ultimamente à
da Vefpera em o primeiro de Fevereiro
de 1578. em que aíTiílio até o anno de
1585. donde foy defpachado para Lis-
boa com o lugar de Fyfico mòr. Morrco
a 20. de Junho de 1608. Zacuto lib. *.
Hift. 44. Dub. 51. lhe chama eximium
Medicina pro/ejforem. Ramires Commcnt.
in lib. Galen. de ration. curandi. cap. 5. foi.
I
L U SI TA NA.
53
37. vir rara eruditionis. D. Nicol. de Santa
Mar. Chron. dos Coneg. ^eg. liv. 10. cap. 7.
n. 13. Joan. Soar. de Brit. Theatr. LjíJíL
JJtter. Ut. F. n. 20. Draud. Bib. Clajftc.
Mercklin. in Unden. renovai. Nicol. Ant.
Bib. Hifp. Tom. i. pag. 296. col. 2. D.
Francifco Man. Carta dos A A. Vortug. ao
Dout. Themud. Barboza. Memor. do Colleg.
Real de S. Paulo. pag. 85. e no Archiat.
Ijtfit. pag. 17. n. 15.
Doãus ApolUnea Jurget Roteridus arte
Cardofus, quem ceifa fui reverentia reddet
Nomnis egregittm, confcripta volumina no-
tum,
£/ celebrem titulus Medicorum Principis al-
tus.
Compoz
De fex rebus non naturalibus. UlyíTipon.
apud Georgium Rodrigues. 1606. 4. &
Francofurti apud Paulum Jacobum de Zet-
ter. 1620. 8.
Methodus medendi fumma facilitate, ac
diligentia in três libros dijlributa, quorum pri-
mus de indicationibus in genere. Secundus fpe-
cialiter de curativis; tertius de prafervativis,
atque vitalibus agit. Venetiis apud Vicen-
tium Tomaíium. 1616. 4.
Difcurfos dei Vefuvio. M. S.
Vida de l^pe da Vega Carpio. M. S.
FERNANDO RODRIGUES LOBO
SOROPITA, cujo carafter efcreve elegan-
temente Manoel de Faria e Soufa no ]ui^
às "Rimas de Camoens. §. 5. Fuè hombre
famofo en la Jurif prudência, injigne advogado
em l^isboa, nò de los que Joio manejan lo fe-
vero de las L^s, y Forenfe de la aboga:(ia;
mas de aquellos que con luzido ingenio Jaben
falir de ejfa cat^i mecânica a los cultos jar-
dines, j reguladas fuentes dei Parnafo con el
apacible caudal de las buenas letras, como lo
fupo ejie Varon no menos dodto en ellas, y
en la urbanidad, y en la politica. El efcrivio
excelentes verfos, otras cofas de entretenimiento
para entendidos, y nò para ociofos con ^an
felicidad. Al tiempo defia primera impref-
fion dejias Rimas tomo a fu cuenta ordenar-
ias, y ai principio delias pu^o un Prologo en
que hit(p jiáíQO delias. Semelhantes elogios
lhe faz na Fuent. de Aganip. Part. i. no
Difc. fobre os Sonet. §. 16. e na Vid. de
Cam. impreíTa no principio do Comment.
das fuás Ljijiad. §. 15. Letrado nò de los que
aun fon barbaras en las mifmas letras, fi nò
ingeniofo, y gran Poeta, y Cortefano, e no §.
29. gran Poeta, y deão en ejlos ejludios. Joan.
Soar. de Brit. Theatr. l^ft. Utter. lit. F.
n. 21. homo ingenio promptus, facetus que. Ja-
cinto Cordeir. Flog. dos Poetas "Lufit. Ef-
tanc. 48.
Muchos laureies, muchos folicita
Poço mi pluma indigna le encarece
Fernan Rodrigues Lobo Soropita
Con ingenio divino los merece.
Que a muchos el laurel por doão quita
FJlo en tan graves verfos me parece, &c.
Compoz alem de muitos verfos de differente
metro, em que fez patente a elegante afluên-
cia da fua Mufa.
Prologo às Rimas de Lm:(^ de Camoens. Nelle
fez hum judiciofo difcurfo fobre o mere-
cimento delia obra, do qual tranfcrevea
grande parte Manoel de Faria e Soufa no
juizo, que fez das mefmas Rimas, e ferve
de prefação ao Commento, que delias pu-
blicou.
Informação de direito offerecida por parte
de Francifco Corrêa no feito, que trás com
D. hlanoel de Attayde fobre a fucceffaõ da
Villa de Bellas, e frutos do morgado, de que-
a dita Villa he cabeça. Lisboa por Manoel
de Lyra. 1597. 4.
Jornada que fe^ de Coimbra para Ufboa. Ef-
crita em huma carta com termos methaforicos,
fendo das fuás mais eílimaveis obras.
O Namorado de Lisboa, ou defajlres de Na-
morados. M. S.
Primavera de Francifco Rodrigues Lobo, eftila
jocoferio. M. S.
Difcurfo Jocofo fobre os cojumes do feu tempo y
e outro acerca das barbas.
Fr. FERNANDO DE SANTARÉM
natural da celebre Villa, que lhe deu
o apellido. Monge Ciílercienfe em o Real
G3nvento de Santa Maria de Alcobaça,
Varaõ igualmente douto, que afcetíco. G>m-
54
BIBLIO THE CA
po2, e traduzio na lingua materna os Tra-
tados feguintes.
Maneira de como fe haõ de ler os livros.
CollaçaÕ, e hiiwildade do Abbade Severo.
Maldades do Demónio.
CollaçaÕ fobre as qualidades da Oração.
CollaçaÕ do Abbade Sereno fobre a per-
feição, e graça de Deos, e do livre alvedrio.
CollaçaÕ da Sciencia ejpiritual.
CollaçaÕ fobre a amizade, e naõ lançar
jui:(ps temerários.
Todos eftes Tratados, que eftavaõ dif-
perfos mandou copiar em hum grande vo-
lume no anno de 1440, por Fr, Nicolao
de Eyras, Monge de S. Bernardo, D. Efte-
vaõ de Aguiar, Abbade perpetuo de Al-
cobaça, do Confelho d'ElRey, e feu Ef-
moler mór, e fe conferva na Bibliotheca
dos M. S.
FERNANDO DA SYLVEIRA na-
ceo na Cidade de Évora, onde teve por
Pays a Francifco da Sylveira Coudel mór,
e Claveiro da Ordem de Chrifto, Senhor
•de Sarzedas, Sovereira fermofa, e Anciaõ,
Regedor da Caza da Supplicaçaõ, e a Dona
Margarida de Noronha, filha de D. Joaõ
de Noronha, e Dona Joanna de Caftro,
Senhora do Cõdado de Monfanto. Igual-
mente em Africa, como na Afia oftentou
os alentados efpiritos de feu coração af-
fiftindo em Zafim, quando era Capitão
defta Praça feu primo D. Nuno Mafca-
renhas, e na conquiíla de Brava, e Zeila
com o Governador da índia Lopo Soa-
res de Albergaria. Reftituido ao Reyno
no anno de 1527. mereceo as mayores
eftimaçoens d'ElRey D. Joaõ o III. e de
fua mulher a Rainha Dona Catherina, com-
municando-lhe a refoluçaõ, em que eftava
de largar a regência da Monarchia na me-
noridade de feu neto o Príncipe D. Se-
baíliaõ. Os últimos annos da fua idade
paíTou na pátria, onde piamente fallcceo
no anno de 1569. Foy fepultado na Fre-
guefia de S. Tiago, e depois tranfferido
para o Convento de N. Senhora do Ef-
pinheiro de Religiofos de S. Jeronymo.
Cazou duas vezes, e do fegundo matri-
monio contrahido com Dona Grimaneza
Mafcarenhas filha de Pedro DoíTem de Al-
meyda, e Dona Izabel Mafcarenhas teve
a Dona Marianna de Noronha, que fuc-
cedeo na caza de Sarzedas. Foy muito
applicado ao eíhido da Poezia, fahindo taõ
infigne em a pratica defta divina Arte, que
era conhecido pela antonomazia de 'Poeta
Heróico; e de tal modo eraõ eftimados os
feus verfos, que o Príncipe D. Joaõ filho
d'ElRey D. Joaõ o III. lhos mandou pe-
dir por efta carta. Femaõ da Sylveira. Eh
o Príncipe vos envio muito Jaudar. Porque
receberey ^ande contentamento com ver todas
as obras, que tendes feitas, vos encomendo muito
que me queiraes enviar o treslado delias, e naÕ
deixeis algumas, de que mo naõ envieis; e quanto
mais em breve o fi'{eres tanto major pra^^er
receberey, e tanto mais volo agraãecerey. E/"-
crita em Almeirim 4. de Março de 1551.
Príncipe. Como famofo alumno do Par-
naíTo o louva com eftas vozes metrícas
Jeronymo Cardofo. EJeg. Hb. i. Eleg. 2.
O' decus, ò nojlri fax fulgentijfima regni
Enitet in cujus vértice gemma dives.
Una eft nobilitas generofa eflfiirpis origo
Qua fupra Fabiii fiem mata clara micat.
Altera doãrina efi, <& mira perítia rerum
Qua fimilem magis tefacit effe Diis.
E na Eleg. 4.
Sed tamen illa tui facúndia peãorís ingens
Quem non leniret, pelliceretque Jibi"?
Illic (& Veneres, illic Charitefque puella
Illic dr Eatium, Cacropiumque meios.
Illic quotquot habet vernácula lingua lepores:
Illic feflivi cum gravitate fales.
Hac te credibile ejl, Phabo diãante, locutum,
Aut te Calliopes hac peraraífe manu.
No Cancioneiro de Garcia de Kefende.
Lisboa por Herman de Campos 15 16.
foi. eftaõ as Poefias de Fernando da Syl-
veira a foi. 2. verf. 3. 4. verf. 6. atè 10.
18. verf. 19. verf. 21. 22. verf. 23. 24. 62.
verf. 65. verf. 66. atè 68. 142. 143. 155.
156. 159. 195.
Poemas de Femaõ da Sylveira fenhor
de Sarzedas dedicadas ao Príncipe D. Joaõ
foi. M. S. Confervaõ-fc na Livraria do
I
L USITANA.
55
ExcellentiíTimo Duque de Alafoens, que D. Ant. Caet, de Souf. H//?. Gen. da Ca:(^ Rea/"
foy do Eminentiflimo Cardeal de Soufa. Portug. Tom, 6. liv. 6. cap. i8. pag. 306.
FERNANDO SOARES HOMEM natu-
ral de Villa-Viçofa, como manifeílamente o
declara feu fobrinho, e difcipulo Nuno Lobo
neftas vozes métricas impreíTas no principio
da fua Arte da Grammatica.
Hoc quoque cum noverint alii, teftatttrq ipfa
Afferat et laudes culta Viçofa tuas.
At fortunatum tanto fe jaãet alumno
Kejlituit pátria, qui decus omne fua.
Foy muito douto, e verfado na liçaõ
dos Authores mais claíTicos da lingua La-
tina, e Grega, e fahio inUgne Grammatico
neíles principaes idiomas, fendo o mais
eftimavel difcipulo, que fahio da efcola do
grande Joaõ Vafeo. A profunda fciencia,
fumma piedade, conhecida nobreza, de que
era ornado, o fizeraõ digno de fer Meftre do
Seremífimo Duque de Bragança D. Theodo-
zio U. devendo à difciplina de taõ douto
Varaõ o progreíTo, que fez em todas as Ar-
tes Liberaes. Pubhcou
Grammatices dm compendia eo modo in
methodtim contraãa, ut nihil redunde t, aut
defit. Ebone apud Andream Burgenfem
1572. 8. Foy dedicada a Aifonfo Vaz Ca-
minha, Alcayde mòr de Villa-Viçofa, Ca-
mareiro do Duque de Bragança D. Theo-
dozio IL onde lhe diz: Tihi certe, nam
Illujlrijfimum Ducem de rebus tam partas ap-
pellare neque debeo, neque aujus fum, Jperans
fore ut amplijjimo Principi maiora per atatem
certe magis digna confecrem. Sahio fegunda
vez impreíla eíla obra. Conimbriae apud
Joannem Alvarum 1577. 4. e na cenfura,
que lhe fez Diogo Mendes de Vafconcel-
los, diz Solam hanc in u/um communem legen-
dam effe, praterea nullam. E o leu Meftre
Joaõ Vafeo lhe faz o feguinte elogio. Tu
vero efi verum ajfecutus, (Ò' quod dicitur rem
ipjam acutetigíjii. A primeira ediçaõ tinha
notas marginaes Gregas, e Latinas, que
na fegunda fe naõ imprimirão.
Khetorica 'Exckfiaftica para Pregadores. M.
S. Confervava em feu poder efta obra
i Jeronymo Soares, Prior de Ourem, filho
do Author, do qual faz memoria o Padre
Fr. FERNANDO SOEYRO nafceo em
Lisboa, fendo filho de Paulo António de
Mattos, e Maria Dionizia de Padilha, or-
nados de igual nobreza, que piedade, a
cuja amável companhia preferio com he-
róica refoluçaõ o fagrado domicilio do
Convento de S. Paulo de Almada, onde
profeíTou o Inftituto da Ordem dos Pre-
gadores a 13. de Julho de 161 7. Havendo
com grande applaufo da fua litterarura en-
finado as fciencias efcholafticas aos feus do-
mefticos, mereceo pela profundidade, com
que penetrou as mayores dificuldades da
Theologia, e Efcritura Sagrada fer hum dos
mayores Letrados do feu tempo, e taõ ce-
lebre Orador Evangélico, que o foy de
três Reys fucceífivos, quaes foraõ os Sere-
niflimos D. Joaõ o IV. D. AíFonfo VI.
e D. Pedro II. Em todos os Sermoens,
aífmi Moraes, como Panegyricos fazia huma
digreíTaõ, em que perfuadia ao auditório
com affeéhiofa efficacia a devoção do Ro-
fario da Senhora, como infallivel conduc-
tora da Bemaventurança. Foy Prior do
Convento de Santarém, e de Bemfica, onde
deu claros argumentos da fua madura pru-
dência, e fumma afíabilidade. Das efmo-
las que recebera dos feus Sermoens mandou
fabricar hum mageftofo Sepulchro cuberta
de prata lavrada para depozito do Sacra-
mento em o dia de Quinta feira mayor,
e para feu augmento deixou hum juro de
trinta mil reis. Cheyo mais de merecimen-
tos, do que annos, falleceo no Convento
de Lisboa a 14. de Dezembro de 1674
Compoz.
SermaÕ na Procijfaõ, que o Tribunal do
Santo Officio de Évora fe:^ ao Convento dt
SaÕ Domingos, de ff^aças a Deos pela liber-
dade do Senhor Bifpo Inquit^idor Geral a 9. de
Março de 1643. Lisboa por Paulo Craes-
beck. 1643. 4.
SermaÕ pregado no Convento da Roja, que fe
fev^ da Ratificação do grande Summo Pontífice
Pio V. em \^. de Outubro de 1672. Lisboa por
Frandfco Villela 1673. 4.
56
BIBLIO THE CA
Commentaría in Vrimam Partem D. Thoma.
Foi. M. S. Conferva-fe na Livraria do Ex-
cellentiíTimo Conde da Ericeira. Fazem delie
memoria Menezes Portug. Kejiam: Tom. 2.
pag. 917. Cataftroph. de Portug. pag. 136.
Fr. Pedro Monteir. Clauftr. Dom. Tom. 3.
pag. 206. e Fr. Lucas de Santa Catherin.
Hift. de S, Doming. da Prov. de Portug.
Part. 4. liv. I. cap. 36.
FERNANDO SOLIS DA FONSECA,
natural de Lisboa, Meftre em Artes, e Pro-
feflbr de Medicina em a Univerfidade de
Coimbra, cuja faculdade diftou pelos annos
de 1584. e 1585. Delle fe lembraõ D.
Franc. Man. Carta dos AA. Portug. e Joaõ
Soares de Brit. Theat. L^fit. Litter. let. F.
n. 23. Compoz
Keff mento para conjervar a faude, e vida
dividido em dous Dialogas. O i. trata de fex
rebus non naturalihus : o 2. das qualidades do
ar, Jitios, e mantimentos do termo de Lis-
hoa. Lisboa por Giraldo da Vinha 1626. 16.
Fr. FERNANDO DA SOLEDADE
nafceo em a Cidade do Porto a 17. de
Agofto de 1663. onde teve por Pays a
Domingos Teixeira, e Dona Maria Pe-
reira iníUtuidores do Morgado de Tei-
xieiro, que hoje adminiílra Carlos Cabral
de Távora Teixeira, fenhor da antiga caza
•da Lumieira, por fer cazado com Dona Su-
fana de Mello, e Sylva, fobrinha do dito
Padre Fr. Fernando. Nos primeiros annos
moftrou tal modeília no femblante, e gra-
vidade nas acçoens, que parece o deílinou
a natureza para exemplar do Eílado Re-
ligiofo, o qual abraçou no Seráfico Con-
vento de Santo António da Figueira da
Prov. de Portugal em o anno de 1682.
quando contava dezefete annos de idade.
Depois de ter confumado a carreira dos
eíhidos efcholafticos, fe applicou com mayor
•difvelo à liçaõ da Sagrada Efcritura, que
recitava de còr, e dos Sagrados interpre-
tes, de cuja applicaçaõ confegxiio fer hum
dos mais celebres Oradores Evangélicos,
que venerou a fua idade. Conhecendo
os Prelados o talento que tinha para ef-
i
crever Hiftoria, e a vafta noticia, que tinha
alcançado dos fucceíTos memoráveis da Pro-
vinda, de que era benemérito filho, foy
eleito Chroniíla fubftituindo cm taõ labo-
riofa incuinbencia ao Padre Fr. Manoel
da Efperança feu patrício, aíTim na inves-
tigação das memorias, como na elegância
do eílilo, em que competio, e excedeo a
muitos Efcritores. Provada a fua pru-
dente capacidade nos lugares de Guar-
dião do Convento de Guimaraens, e de
Confeííor das Religiofas do Real Con-
vento de Santa Anna de Lisboa, duas ve-
zes votou no Capitulo geral, a primeira
em Roma no anno de 1723. e a fegunda
em Milaõ a 4. de Junho de 1729. e como
os feus merecimentos fe fizeíTem dignos
de mayor premio, fubio à dignidade de
Provincial a 24. de Julho de 1734. com
uniforme concurfo dos votantes, em cujo
miniílerio ufou da fumma affabilidade, va-
lendo-fe mais da comiferaçaõ, que da feve-
ridade para emendar defeitos, e caíHgar
culpas. Ao tempo que eílava concluindo o
Triénio do Provincialado, fe fentio acom-
mettido da ultima enfermidade, que jul-
gando fer infallivel annuncio da morte fe
preparou com aquelles Catholicos aftos, que
prafticara por toda a vida, a qual acabou
no Convento de Lisboa a 29. de Dezem-
bro de 1737. quando contava 74. annos,
4. mezes, e 15. dias de idade, deixan-
do por evidentes finaes da fua predefti-
naçaõ a extraordinária flexibilidade do feu
cadáver, e agradável fermofura do rofto.
Foy exceíTivamente lamentada a fua morte
naõ fomente pelos feus fubditos, mas tam-
bém pelos CoUegas da Academia Real da
Hiíloria Portugueza, da qual fora Acade- i
mico Supranumerário. Fr. Joan. a D. Ant I
Bib. Franc. Tom. i. pag. 349. col. i. o •
intitulaõ Utteris probe excultus. D. Emman. j
Caiet. de Soufa Expedit. Hifpan. Apofid.
5. Jacob. Maior. pag. 1008. n. 2385. eleg/m- 1
tij/imus Chronoff^apbus ; vir à morum probi-
tate, Keligionis v^elo, ó^ pluribus editis volumi'
nibus laudatijftmus.
Compoz ■'
Hiftoria Seráfica Cbronologica de S. Fran-
cifco na Provinda de Portugal. Tom. 3. R/-
L USITAN A.
5/
fere os /eus pro^ejfos no tempo de 52. annos
do de 1448. ate o de 1500. Conta as Mif-
foens, que fií^eraõ os Keli^ofos delia a varias
partes do Mundo, e em particular á índia Orien-
tal, onde arvorarão o EJlandarte da Fé, bau-
ti-:^araõ muitos milhoens de creaturas, agrega-
raõ â Coroa de Portugal muitas Coroas com
o r^elo da virtude, affeão da Pátria, defpe^a
do fangue, e facrificio das vidas com bum Dif-
curfo Apologético em defenfaõ do 5. liv. defia
5. Parte. Lisboa por Manoel, e Jozè Lopes
Ferreira 1705. foi. Sahio novamente efcrita
emendada, e acrecentada em diverfos luga-
res. Lisboa por Domingos Gonçalves. 1735.
foi.
Hijloria Seráfica Cbronoloffca de S. Fran-
cifco na Provinda de Portugal Tom. 4.
Refere os /eus progrejfos em tempo de 68.
annos do de 1501. ate o de 1568. Conta
as ultimas controverjias, que /e moverão en-
tre o E/tado da Claujlra, e /amilia da
Oh/ervancia; a divi/aÕ entre ambas, os au-
gmentos da /egunda, e diminuiçoens da pri-
mara atè a /ua ultima extinção nefte Rey-
no. Relata os nacimentos de duas Provindas
procedidas da de Portugal, a dos Algarves,
t a de Santo António. De/creve numero/as
/undaçoens de Conventos, e Moftdros, e as
virtudes de buma ^ande copia de /ervos de
Deos, e E/po^as de C br i/t o. Lisboa por
^lanoel, e Jozè Lopes Ferreira 1709.
foi.
Hifioria Seraphica Chronobffca da Or-
dem de S. Frand/co da Provinda de Por-
tugal Tom. 5. Ke/ere os /eus pro^effos em
tempo de 146. annos do anno de 1569. ati
o de 171 5. aos quaes juntou memorias dos três
/eguintes. Lisboa por António Pedrofo Gal-
raõ. 1721. foi.
Sermoens vários Primeira Parte. Lifboa por
Jozè Lopes Ferreira ImpreíTor da SereniíTima
Rainha 1715. 4.
SermaÕ das Almas pregado no Mojld-
ro da I^íadre de Deos de Moncbique. Lif-
boa por Bernardo da Cofta de Carvalho
1694. 4.
Sentimentos da 'Ley da Natureza, Ley
E/crita, e Ley da Graça, na figura, na pro-
/ecia, e na experienáa articulados na morte,
enterro, e /epultura de Cbri/lo Senbor No/-
/o. Lisboa por Manoel Lopes Ferreira,
1697. 4.
SermaÕ nas Exéquias da Serenijftma Rai-
nba N. S. Dona Maria Sofia Isabel de Neo-
burg celebradas em 19. de Agojlo de 1699.
em o Real Convento de S. Frand/co, pela
Ordem Tercdra. Lisboa por Miguel Des-
landes ImpreíTor d'El-Rey 1699. 4.
SermaÕ do Patriarcba S. Frand/co pre-
gado na /olemnidade que lhe dedicou a /ua
Ven. Ordem Terceira de S. Frand/co de Lis-
boa Ocddental com hum Cathalogo das Pe/-
/oas Veneráveis, que em toda a Ordem Ter-
cdra floreceraõ com /ama de Santidade. Lis-
boa na Officána da Muíica. 1727. 4.
Novena para os 15. dias do preclari/-
/imo, e /empre piedo/o Santo António de Lis-
boa compofta em ob/eqtáo da /ua caridade,
agradedmento do /eu patrodnio, e mayor /er-
vor do /eu culto. Lisboa por Jozè Lopes
Ferreira 171 1. 8.
Novena de Santa Clara e/crita ã in/-
tancia das Rjliffo/as do Mo/leiro da Ma-
dre de Deos de Moruhique da Cidade do Por-
to. Lisboa por Mathias Pereira da Syl«
va, e Joaõ Antunes Pedrofo. 1720.
12.
Memoria dos In/antes D. Affon/o San-
ches e D. Tereja Martins, Fundadores do
Rjeal Mofieiro de Santa Clara da Villa do
Conde. Lisboa por António Manefcal Im-
preíTor do Santo Offido 1726. 4.
FERNANDO DE SOUSA natural de
Villa- Viçofa, filho de Martim Affonfo de
Soufa, Alcayde mòr de Monte-Alegie,
e de Dona Joanna de Távora, filha de
Vafco Fernandes Caminha, Alcayde mòr
de Villa- Viçofa. Foy fenhor de Gouvea,
Alcayde mór de Monte-Alegre, Commen-
dador de Santa Maria de Biade na Ordem
de Chrillo, e Vedor da Caza do Sereni-
íTimo Duque de Bragança D. Theodozio II.
donde foy eleito no anno de 1627. Gover-
nador, e Capitão General do Reyno de
Angola. Cazou com Dona Maria de Caf-
tro, filha de Dom Simaõ de Caítro, fenhor
de Roris, e Dona Margarida de Menezes,
de quem teve entre outros filhos a Tho-
58
B IB LIO THE C A
mè de Soufa, Trinchante, e Vedor da Caza
Real, e a Diogo de Soufa, que de Depu-
tado do Confelho Geral do Santo Offi-
cio, foy aíTumpto ao Arcebifpado de Évora.
Entre os eftudos, que cultivou lhe mere-
cco mayor applicaçaõ a Genealogia, efcre-
vendo
Nobiliário das Familias de Portugal, foi. 4.
Tom. Confervaõ-fe na Livraria do Excellentif-
íimo Conde do Redondo Fernando de Soufa
3. neto do Author.
D. Fr. FERNANDO DE TÁVORA
natural da Villa de Santarém, e filho de
Fernando Cardofo, de fangue taõ illuftre,
como judiciofo talento, pelo qual mereceo
diftintas eftimaçoens d'ElRey D. Joaõ o III.
e de Filippa de Brito de igual nobreza à
de feu conforte. Defprezando heroicamente
as efperanças do mundo, abraçou o fa-
grado Inílituto da Ordem dos Pregadores
(cujo exemplo feguio feu irmaõ mais ve-
lho Fr. Henrique de Távora, de quem fe
fará mençaõ em feu lugar) profeflando em
o Real Convento de Bemfica a 6. de Abril
de 1555. nas mãos daquelle infigne Va-
rão Fr. Bartholameu dos Martyres, que de-
pois illuílrou a Mitra primacial de Braga,
e com a difciplina de taõ venerável Mef-
tre fe fez exemplar da vida religiofa, que
praticou aufteramente, quando inílruio com
os feus documentos aos Noviços do Con-
vento de Lisboa, e fendo Prior do Con-
vento de Bemfica. Foy dotado de huma
natural graça, e eloquência, com que no
púlpito, e na converfaçaõ attrahia fuave-
mente a todos os ouvintes. Na Arte da
pintura foy infigne, deixando para memoria
do feu pincel féis grandes quadros pinta-
dos a frefco no Convento de Bemfica, obra
certamente que podia competir com os
mayores profeíTores, que venerou a antí-
guidade. Em attençaõ às fuás letras illuf-
tradas com grandes virtudes o nomeou El-
Rcy D. Sebaíliaõ Bifpo da Qdade do Fun-
chal, Capital da Ilha da Madeira, em que
foy confirmado pelo Pontífice S. Pio V. a
14. de Novembro de 1569. para onde naõ par-
do receando os perigos do mar. Retirado ao
Convento de Azeitão, e renunciando o Bifpado
fe preparou para a eternidade, de que foy
tomar poíTe no anno de 1577. a tempo
que ElRey D. Sebaíliaõ o tinha eleito feu
Efmoler mòr. Delle fazem illuftre lem-
brança Fr. ■ Luiz de Soufa. Hiji. da Ord.
de S. Domingos da Prov. de Port. Part. 2.
liv. 2. cap. 12. Em matéria fubita, e naõ
cuidada encantava a agude:(a dos conceitos, que
lhe acudiaÕ . . . onde elle faltava era mujica,
que levava trás fi tudo. Nicol. Ant. bib.
Hifp. Tom. I. pag. 298. col. 2. eruditione,
ac morum probitate excellens. Quetif. Script.
Ord. Prad. Tom. 2. p. 248. col. i. Virum
fortem, nec litteris tantum, fed pietate maximum
evajit. Vafconcel. Hijlor. de Sant. Edificad.
liv. 2. cap. 35. muito eftimado d'E/Rey D.
SebaJliaÕ pela fua grave eloquência, e parti-
cular graça no modo de fallar, e Souf. Ca-
thal. dos Bijpos do Funchal. §. 5. era dotado
de eloquência, e graça natural no modo de fallar,
Cardof. Agiolog. Ijifit. Tom. 3. pag. 302.
no Comment. de 17. de Mayo letr. E.
Faria Europ. Portug. Tom. 3. Part. 4. cap.
6. Joan. Soar. de Brit. Theatr. Eufit. Utter.
lit. F. n. 24. Monteir. Claufl. Domin. Tom.
5. pag. 207. Compoz
Commentaria in Evangelium D. Joannis. Co-
meça Joannis Evangelium poflerius fcriptum. Naõ
fahio à luz publica por caufa da morte de feu
Author.
D. FERNANDO TELLES DE
FARO naceo em Lisboa de illuftres pro-
genitores, quaes foraõ D. Braz Telles de
Menezes, fenhor da Villa de Lamerofa,
Commendador de N. Senhora de Companha,
e S. Romaõ de Mouris da Ordem de Chrifto,
Capitão General de Mazagaõ e Ceuta, e
Dona Catharina Maria de Faro fua terceira
mulher, filha herdeira de D, Fernando de
Faro Henriques, fenhor de Barbacena,
Commendador de Santa Maria de Almen-
dra, e de Dona Joanna de Gufmaõ. O
preludio das fuás acçoens militares fe admi-
rou na Praça de Mazagaõ, para onde par-
do com feu Pay no anno de 1614. da
qual fendo transferido para a de Ceuta,
nella exercitou o lugar de Governador
atè , lhe fucccdcr D. Francifco de Almei-
da. Naõ permidndo que cftiveflc ócio-
L U SITAN A.
59
Ib o feu valor, paíTou a Flandes em cujas
campanhas deixou perpetuada a fua me-
moria. Reílituido a Portugal ao tempo
que tinha aclamado por feu Soberano ao
SereniíTimo Duque de Bragança D. Joaõ,
continuou o exercício da guerra fendo Ca-
pitão de cavallos na Província do Alen-
tejo, e depois Governador de Campo-Mayor
em o anno de 1647. e Meftre de Campo
do Terço da Armada, que navegou ao
Brazil para expulfar os Olandezes dos feus
domínios. A Rainha Regente Dona Luiza
Francifca de Gufmaõ o nomeou em o anno
de 1659. Embaixador aos Eftados Geraes
para ajuftar as pazes com efta Coroa, em
cuja negociação efquecido das obrigaçoens
do fangue, que lhe animava as veyas, e
da fidelidade jurada ao feu verdadeiro Prín-
cipe, entregou com eterna injuria do feu
nome a Embaixada ao Minlílro de Caf-
tella, por cuja infame perfídia foy degol-
lado em eílatua, que reduzio a cinzas o
fogo, confifcados os feus bens, e arraza-
das as cazas de fua habitação, onde fe
collocou hum padraõ para eterna memo-
ria de taò feyo deliâo. Tanto que conhe-
ceo que em Portugal fe tinha penetrado o
feu deíignio fe retirou para Flandes com
o titulo de Conde de Arada, que em pre-
mio da fua perfídia lhe dera Filippe IV.
e continuando a fervir nos exércitos de
Flandes, falleceo no anno de 1670. Foy
cazado com Dona Marianna de Noronha,
filha herdeira de Chriílovaõ Soares, Com-
mendador de S. Cofme, e Damiaõ de Azere,
e S. Pedro de Merlim da Ordem de Chriíto,
do Confelho de Filippe III, e IV. e feu
Secretario de Eftado de Portugal, e de
Dona Catherina de Noronha, filha de Dom
Francifco Pereira, Comendador do Pinheiro,
de quem teve fomente a Braz Telles de
Menezes, que cazando com Dona Antó-
nia Margarida de Caílello-Branco, de quem
teve a Manoel Telles de Menezes, fe reco-
Iheo em a Religião da Terceira Ordem de
S. Francifco, onde piamente morreo. Fa-
zem mençaõ de Fernando Telles de Faro
o Conde da Ericeira Dom Luiz de Menezes
Porí»g. Kejlaurad. Part. 2. Uv. 4. pag. 269.
D. Luiz Salazar. Hiji. Gmealog. de la Ca^.
de Sylv. liv. 9. cap. 24. Franckenau Bib.
Hifp. Genealog. Herald, pag. 117. Clede
Hiftor. de Porfug. Tom. 2. pag. mihi 187.
e Soufa Hijlor. da Caf^a Real Porfug. Tom.
9. liv. 8. pag. 634. Publicou
Manifejlo em que pertende jufiificar as cau-
fas de fua perfídia. Sahio impreífo como
afíirma Menezes Porfug. Kejlaurad. Part. 2.
pag. 272.
Arbol Genealógico, j rejumen breve de la
varonia de Feman Teles de Faro. Madrid por
Diogo Dias de la Carrera 1661. 4.
FERNANDO TELLES DE MENE-
ZES natural da Villa de Santarém, e quarto
filho de Braz Telles de Menezes, Alcaide
mòr de Moura, Camareiro mòr, e Guarda
mòr do Infante D. Luiz, e de Dona Ca-
therina de Brito, filha de Ruy Mendes de
Brito, e Dona Margarida Figueira fua fe-
gunda mulher. Para exercitar os feus mar-
ciaes efpiritos, e alcançar immortal gloria, a
que o eftimulava a memoria de feus claros
afcendentes, palTou à índia no anno de
1566. e a primeira occafiaõ, em que deu
famofos argumentos do feu valor, foy fendo
Capitão de huma Fuíla da Armada, com
que no anno de 1568. abateo o Vice-Rey
D. Antaõ de Noronha o orgulho da Rai-
nha de Olaia, que fe tinha levantado con-
tra o Eftado. Naõ moftrou inferior esforço
na expedição ordenada no anno 1570. pelo
Conde da Atouguia D. Luiz de Attayde
para livrar do fitio a Fortaleza de Chaúl,
deixando fepultados debaixo dos feus mxiros
innumeraveis inimigos. Sendo eleito pelos
Governadores deíle Reyno, Governador do
Eftado da índia, praâicou todas aquel-
las máximas politicas, que eraõ conducen-
tes para a confervaçaõ, e credito das Ar-
mas Portuguezas. Chegando á índia com
o lugar de Vice-Rey D. Francifco Maf-
carenhas Conde de Santa Cruz, lhe en-
tregou o governo, e chegando a Lisboa
naõ foy dignamente remunerado como
pediaõ os feus grandes merecimentos, ain-
da que exercitou os lugares de Gover-
nador, e Capitão General do Reyno do
Algarve, General da Armada do Con-
fulado, Confelheiro de Eftado, Rege-
6o
BIB LIOTHE CA
dor da Caza da Supplicaçaõ, e Preziden-
te do Confelho da índia, Commendador
de Santa Maria de Louzãa da Ordem de
Qirifto, e de Moura em a Ordem de
AvÍ2. Foy cazado com Dona Maria de
Noronha, Dama da Rainha D. Catherina
filha mais velha de D. Francifco de Faro
4. Senhor de Vimieiro, Vedor da Fazenda
d*ElRey D. SebaíHaõ, do Confelho de Ef-
tado, e de Dona Mecia de Albuquerque
Henriques, Senhora de Barbacena, de quem
naõ teve fucceíTaõ. Para eternizar o ar-
dente afFefto que tinha á Companhia de
JESUS, fundou no anno de 1597. em Lis-
boa o Noviciado com o titulo de N. Se-
nhora da AíTumpçaõ íltuado em huma fua
Quinta em Campo-Lide, o qual fe mudou
para o fitio da Cotovia, onde agora exiíle.
Falleceo em Lisboa a 26. de Novembro
de 1605. fendo tresladado da Sancriília da
Caza ProfeíTa de S. Roque para o Novi-
ciado da Cotovia, onde na Capella mòr ao
lado do Evangelho defcançaõ as fuás cinzas
fobre hum magnifico Maufoleo aífentado
fobre dous Elefantes, no qual juntamente
eftaõ os oíTos de fua illuílre conforte, com
eíle epitáfio.
yiqui Jaz FemaÕ Te//e:(^ de Menef^es fi-
lho de Bra:^ Telles de Menet(es Camareiro
mòr, e Guarda mòr, e Capitão dos Ginetes,
que foy do Infante D. Lí/iZf e de Dona Ca-
therina de Brito fua mulher, o qual foy do
Confelho do Eflado d'El-Rej Nojfo Senhor,
e governou os EJiados da índia, e o Reyno do
Algarve, e foy Regedor da Jujliça da Cai(a
da Supplicaçaõ, e Prefidente do Confelho da
índia, e partes Ultramarinas. E fua mu-
lher Dona Maria de Noronha filha de D. Fran-
cifco de Faro Vedor da Fa:(enda dos Reys D.
SebafliaÕ, e D. Henrique, e de Dona Mecia
de Albuquerque fua primeira mulher, os quaes
fundaras, e dotáraÒ efla Can^a da Provação
da Cõpanhia de JESU, e tomarão efla Capella
mòr para feu Jas^igo. Falleceo Fernão Tel-
les de Menet^es a XXVI. de Novehro de
MDCV. e Dona Maria de Noronha a VIL
de Março de MDCXXIII.
Fazem delle particular memoria D.
Luiz Salaz. e Caílr. Hifl. Gen. de la Caf
àe Sylv. liv. 9. cap. 14. Faria Afia Por-
tug. Tom. 2. Part. 3. cap. 3. §. 2. e cap.
9. §. 2. e 9. cap. 10. §. 8. cap. 20. per
totum. Tom. 3. Part. i. cap. i. §. 2. Her-
rera Conquifl. de los Affor. liv. 3. foi. 139.
e liv. 4. foi. 181. Cardof. Agiolog. Lu-
fit. Tom. 3. pag. 196. no Comment. de
15. de Mayo. letr. M. Franco Imag. da
virtud. em o Noviciad. de Usboa. liv. i. cap.
2. §. I. e cap. 3. §. 4. Compoz.
Uvro de Cavallarias, que confia de dous
Cavalleiros chamados Nanferlefie, e Biãapor,
que era elle Fernaõ Telles, e o Bifpo do
Porto feu grande amigo.
Arte de Cavallaria foi. M. S. Efta obra
confervava em feu poder Ruy Telles pa-
rente do Author.
FERNANDO TELLES DA SYLVA
fegundo Marquez de Alegrete terceiro Con-
de de Villar-Mayor, Commendador de Rio
mayor na Ordem de Aviz, naceo em Lis-
boa a 15. de Outubro de 1662. Foraõ
feus Pays Manoel Telles da Sylva primeiro
Marquez de Alegrete, fegundo Conde de
Villar-Mayor, Vedor da Fazenda, Regedor
da Caza da Supplicaçaõ, Gentil-homem da
Camará, e do Confelho de Ellado dos Sere-
niíTimos Monarchas D. Pedro II. e D.
Joaõ V. Embaixador Extraordinário à Corte
do Eleitor Palatino, e Dona Luiza Couti-
nho filha de D. Nuno Mafcarenhas Senhor
de Palma, e Alcayde mór, e Comenda-
dor de CafteUo de Vide, e de Dona Britei
de Menezes de Caílello-Branco, filha de
D. Francifco de Caílello-Branco fegundo
Conde do Sabugal, e Meirinho mòr do
Reyno. Com os gloriofos exemplares de
taõ efclarecidos afcendentes fe formou o
feu efpirito para fer exemplar da Fidal-
guia Portugueza, ou foíTe no exercício das
Artes liberaes, ou na pratica de acçoens reli-
giofas. Na primeira idade cultivou com
tanto difvelo as letras humanas, e a Poefia,
aflim vulgar, como latina, que para ter con-
tinuo comercio com as Mufas lhe deu por
habitação o feu Palácio. Entre as linguas
mais polidas, que fallou com elegância, e pro-
priedade alcançou o principado da Latina,
obfervando exaâamente por direftor da pu-
reza defte idioma ao Príncipe da eloquen-
I
L USITAN A.
õi
cia Romana, cujo mageftofo eítílo feguio
com efcnipulofa imitação. Ainda naõ con-
tava vinte annos, quando em as florentif-
fimas Academias dos Infiantaneos , e Genero-
Jos fe ouviaõ com igual applaufo, que en-
veja as elegantes producçoens dos feus
Difcurfos Oratórios. Depois de fer Depu-
tado da Jimta dos Três Eftados, acompa-
nhou no anno de 1704. a ElRey D. Pedro,
quando paíTou à Campanha da Beira, e
nella foy hum dos feus Ajudantes Reaes.
Para conduzir a Sereniflima Rainha Dona
Marianna de Auílria deftinada Ganforte do
noflb Monarca reynante, foy nomeado Em-
baixador à Corte de Vianna, onde fez com
magnifico apparato a fua entrada a 7. de
Junho de 1708. recebendo do Emperador
Jozè fingulares fignificaçoens de affeôo. Ref-
tituido a Portugal foy Gentil-homem da
Camará d'ElRey D. Joaõ o V. Confelheiro
de Eílado, e Vedor da Fazenda da reparti-
ção dos Contos do Reyno, e Caza, em cujo
minifterio deu claros argimientos do feu
selo, e deíinterefle. Na erecção da Real
Academia da Hiíloria Portugueza em o
anno de 1721. foy hum dos feus Cenfo-
les, a quem fe deu por incumbência ef-
crever a Hiftoria EcclefiaíUca do Biff)ado
de Elvas na lingua Latina defempenhando
cfte argumento com grande gloria do feu
nome. Entre o tumulto da Corte obfer-
vou taõ rigidamente a pratica das virtu-
des moraes, que fempre regulou as leys
de Cavalhero pelos diólames do Evange-
lho. Foy naturalmente afíavel, e urbano,
merecendo mayor eílimaçaõ em o feu con-
ceito os homens eruditos como mais feme-
Ihantes ao feu génio eftudiofo. Quando
era confultado, fempre o feu voto era livre
lem que a lifonja lhe preocupaííe a reda
intenfaõ do animo, e naõ faltando ao de-
coro expreíTava claramente a verdade.
Cumulado de tantas virtudes ao tempo,
que contava 72. annos de idade, paíTou
a lograr o prémio delias a 7. de Julho de
1734. Foy cazado com Dona Helena de
Noronha viuva de D. Eftevaõ de Mene-
zes Senhor da Caza de Tarouca, filha de
D. Thomàs de Noronha, terceiro Conde
dos Arcos, e de Dona Magdalena de Bor-
bon, de quem teve a Manoel Telles da
Sylva, quarto Marquez de Alegrete, de
quem faremos merecida memoria em feu
lugar; Thomàs Telles da Sylva, Coronel
de Infantaria, e General de Batalha, no-
meado Embaixador à Corte de Madrid,
e do Confelho de Guerra, que cazou com
fua fobrinha Dona Maria Xavier de Lima,
filha herdeira de Dom Thomàs de Lima
imdecimo Vifconde de Villa-Nova de Cer-
veira: Nuno da Sylva Telles, Thefoureiro
mòr do Collegiado de Guimaraens, Rey-
tor da Univerfidade de Coimbra, Depu-
tado do Confelho Geral do Santo Offi-
do, e da Meza da Confdencia, e Ordens:
António TeUes da Sylva, General de Ba-
talha, Meftre de Campo General com o
governo da Artilharia da Provinda do
Alentejo, do Confelho de Guerra, que ca-
zou com Dona Thereza Jozefa de Mello,
filha herdeira de Frandfco de Mello, Se-
nhor de Ficalho: Dona Marianna de Caf-
tello-Branco, que cazou com Dom Mi-
guel Luiz de Menezes, terceiro Conde de
Valladares: Dona Izabel Coutinho, Reli-
giofa no Convento da Madre de Deos,
fituado fora dos muros de Lisboa, e duas
filhas que morrerão na infanda.
Compoz.
Emmamieli Telkjio Sylvio Aíarcbioni AJe-
gretenfi Parenti fuo maxime colendo, (Ò' carij-
fimo. He huma carta muito extenfa em
applaufo do livro, que compoz feu Pay
o Marquez de Alegrete intitulado de Relms
Geftis Joannis 11. l^fitanomm Keffs Optimi
Principis nuncupati. Sahio imprelTa ao prin-
dpio da obra. Ulyffipone apud Michaelem
Manefcalem Sanai Offidi Typog. 1689. 4.
& Hagas Comitum apud Adrianum Moet-
fens. 171 2. 4.
Soneto CafteUiano em applaufo do Tbea-
tro Hijtorico Genealo^co, j Panegyrico eri^do
a la immortaliãad de la ExcelentiJJima Ca^a
de Sou/a. Sahio impreíTo ao prindpio defta
obra. Pariz por Juan Anifon. 1694.
foi.
Keprefentaçaõ feita a Sua Magefiade em nome
da Academia, na qual lhe a^adece o Decreto,
porque ordenou que fe confervaffem os Monumentos
02
BIBLIO THE C A
antigos. No i. Tom. das CoUeçoens da Acad.
Keal. Lisboa por Pafchoal da Sylva Im-
preíTor d'ElRey, e da Acad. Real. 1721.
foi.
António Rodericio Cojlio Juo. He huma
carta muito extenfa. Sahio imprefla no
Tomo aíTima efcrito.
Oração fendo Diretor da Academia Real
da Hijioria ^ortuguev^a na primeira Conferen-
cia do feu fegundo anno em 18. de Det^em-
bro de 1721. Lisboa por Pafchoal da Sylva.
1722. foi. no Tom. 2. dos Documentos da
Acad. Real.
Conta dos feus efludos Académicos , recitada
no Paço a 7. de Setembro de 1722. No Tomo
aíTima efcrito.
Oraçaõ na ultima Conferencia, que a Aca-
demia Real fev^ no fegundo anno em 9. de De-
:(embro de 1722. foi. No mefmo Tomo.
Oraçaõ fendo Direííor da Academia Real
da Hijioria Portuguesa na primeira Confe-
rencia do feu terceiro anno em 23. de De;(em-
bro de 1722. Lisboa pelo dito ImpreíTor.
1725. foi. No Tom. 3. dos Documentos da
Academia.
Oraçaõ na presença de Suas Magejlades,
e Alte^aSf celebrando-fe os annos da Rainha
nojfa Senhora no dia 7. de Setembro de 1723.
Lisboa pelo dito ImpreíTor. 1723. No
Tom. 3. dos Documentos da Academia.
Declaração na Conferencia de 13. de Ja-
neiro de 1724. de eflar eleito Académico com
approvaçaõ de Sua Magefade Lui:^ Francifco
Pimentel no lugar, que vagou por morte do
Padre António Simoens. Lisboa pelo dito
ImpreíTor 1724. No Tom. 4. da Colleçaõ
dos Documentos da Academia Real.
Oraçaõ na prev^ença de Suas Magejlade,
e Altet(as, celebrando-fe os annos da Rainha
noffa Senhora no dia 7. de Setembro de 1724.
Lisboa pelo dito ImpreíTor, e anno foi.
No Tom. 4.
Conta dos feus efludos Académicos no Paço
a -j. de Setembro de 1725. Lisboa pelo dito
ImpreíTor. 1725. foi. No Tom. 5.
Oraçaõ na ultima Conferencia, que fei^ a
Academia Real da Hijioria Portuguesa no
dia, em que acabou o feu quinto anno a 10.
de Dezembro de 1725. Lisboa pelo dito Im-
preíTor. No Tom. 5.
Oraçaõ que fe^ fta primeira Conferen-
cia do fetimo anno da injlituiçaõ da Acade-
mia Real em 2. de Janeiro de iiz-j. Lis-
boa por Jozè António da Sylva 1727.
foi. No Tom. 7. dos Documentos da Aca-
demia.
Conta dos feus efludos Académicos no Paço
a -f. de Setembro de 1727. Lisboa pelo dito
ImpreíTor. No Tom. 7. dos Documentos da
Academia Real.
Conta dos feus ejludos Académicos no Paço
a 7. de Setembro de 1728. Lisboa pelo dito
ImpreíTor. 1728. foi. No Tom. 8.
Oraçaõ Panegyrica na felicijftma chegada
a ejla Corte da Serenijftma Senhora Dona Ma-
rianna Viãoria, Princesa do Brasil na pre-
fença de Suas íiíagejlades, e Alteias em 22.
de Março de 1729. Lisboa pelo dito Im-
preíTor. 1729. No Tom. 9. dos Documentos
da Academia.
Declaração na Conferencia de 24. de Março
de 1729. de eflar eleito Académico com appro-
vaçaõ de Sua Magejlade Diogo de Mendoça
Corte-Real, no lugar que vagou por morte do
Marques ^^ Fronteira. Lisboa pelo dito
ImpreíTor. 1729. foi. No Tom. 9.
Conta dos feus ejludos Académicos em 7.
de Julho de 1729. No Tom. 9. dos Documen-
tos da Academia.
Oraçaõ na primeira Conferencia da Aca-
demia Real do feu decimo anno a 11. de Ja-
neiro de 1730. Lisboa pelo dito Impref-
for. 1730. foi. No Tom. 10. dos Documen-
tos da Acad.
Oraçaõ na ultima Conjerencia do decimo
anno da injlituiçaõ da Acad. Real em 9. de
Dezembro de 1730. No Tom. 10.
Conta dos feus ejludos Académicos no Paço
a 29. de Outubro de 1731. Lisboa pelo dito
ImpreíTor. 1731. foi. No Tom. 11. dos
Docum. da Acad. Real.
Helvia Sacra. foi. M. S. Deíla obra
faz mençaõ o Padre Soufa na Hijl. Gen.
da Casa Real Portug. Tom. 9. liv. 8. pag.
613. dizendo fer feu ExcellentiíTimo Au-
thor ornado de erudição, modejlia, inteiresa>
eloquente na compojiçaõ da lingua Latina, em
que efcreveo a Hijioria do Bifpado de Elvas,
muy verfado nas boas letras, excellente Poe-
ta ajfim na lingua Latina, como na própria.
I
!
L USITAN A.
63
FERNANDO TUDELA DE CASTI-
LHO Cavalleiro da Ordem militar de Qirif-
i to Fidalgo da Caza Real, naceo na Villa de
I Caftello-Branco do Bifpado da Guarda em
o anno de 1631. fendo filho de Manoel de
Caftilho, e de alaria Tudella. Ainda que
era JuÍ2 proprietário da Alfandega, queren-
do manifeílar o feu talento em mayores
lugares, depois de receber o grào de Ba-
charel em a Faculdade de Direito Cefareo
conferido pela Univerfidade de GDimbra,
foy Juiz das Villas de Arronches, e Cea;
Corregedor da Comarca de Miranda, e do
Crime do bairro do Rocio deíla Corte,
Auditor Geral da Cavallaria, e ultimamente
Dezembargador em a Relação do Porto,
donde partindo á Provinda da Beira com
a incumbência de varias diligencias, humas
pertencentes ao Fifco, outras para pacificar
as difcordias que haviaõ entre o povo,
e a Nobreza, defempenhou o conceito, que
fe tinha da fua Litteratura, e prudência.
Por Decreto d'ElRey D. Pedro II. foy
Conduftor do Príncipe Graõ Meílre da
Ordem Teutonica, irmaõ da SereniíTima
Rainha Dona Maria Sofia Izabel de Neo-
burg, cuja funçaõ fez com igual credito
da fua peflba, como defpeza da fua fa-
zenda, havendo aíTiílido por Procurador da
Villa de Caftello-Branco fua pátria em as
Cortes, que fe celebrarão em Lisboa no
anno de 1674. Falleceo a 20. de Janeiro
de 1692. Entre varias obras, que compoz,
merece diftinéta memoria a feguinte que
confervava em Caftello-Branco feu neto
Fernando Tudella de Caftilho.
Dijcurjo, em que perfuade a CoroacaÕ de
Key deftes Reynos ao Senhor D. Pedro, mof-
trando com ra^oens fundamentaes lhe pertencia
a Coroa, logo que fe julgou com impedimento na-
ral, e perpetuo, incapaf(^ do governo, e fuc-
-ffaõ o Senhor Kej D. Affonfo VI. M. S.
D. FERNANDO DE VASCONCEL-
LOS, E MENEZES nafceo em a Cidade
de Lisboa, fendo filho 2. de D. Affonfo
de Vafconcellos, e Menezes, primeiro Conde
de Penella, e de Dona Izabel da Sylva,
filha de D. Lopo de Almeida primeiro
Conde de Abrantes. Teve por paleftra dos
feus eíludos o real Convento de S. Vi-
cente de Fora, onde foy feu Meftre D. Diogo
Ortis de Vilhegas Prior do mefmo Con-
vento, e como era ornado de grande ca-
pacidade, e agudo engenho, fahio taõ con-
fumado na lingua Latina, Sagrada Theolo-
gia, e Cânones Pontificios, que mereceo
occupar os lugares mais honoríficos da
Jerarchia Ecclefiaftica. Nomeado por El-
Rey D. Manoel Prior do real Convento
de S. Vicente, onde profeffou o Canónico
Inftituto de Santo Agoftinho, fubio a fer
Bifpo da Cathedral de Lamego em o an-
no de 15 15. a qual ornou com precio-
fos ornamentos, e edificou hum fumptuo-
fo Palácio para rezidencia dos feus fuccef-
fores. O mefmo Monarcha attendendo aos
feus merecimentos illuftrados com efplen-
dor do nadmento, e profundidade da litte-
ratura o elegeo feu CapeUaõ mór por carta
paiíada em o primeiro de Setembro de
15 16. bautizando em Évora a 28. de Fe-
vereiro ao Infante D. Carlos, filho dos Se-
reniflimos Monarchas D. Manoel, e Dona
Leonor. Naõ foy defigual a eftimaçaõ, que
fez do feu talento a mageftade de D. Joaõ III.
confultando fempre o feu voto em todas as
matérias cõcernentes à confervaçaõ da Mo-
narchia. Depois de aíTiftir ao Juramento
do Príncipe D. Manoel a 13. de Junho
de 1535. foy eleito Inquizidor Geral, cuja
dignidade lhe confirmou Paulo III, a 23.
de Mayo de 1536. Foy huma das prin-
dpaes peffoas, que acompanharão a El-
Rey Dom Joaõ o III. quando partio de
Évora a 23. de Abril de 1537. afliftir em
Villa- Viçofa aos auguftos defpozorios de
feu irmaõ o Infante D. Duarte com a
Senhora Infanta Dona Izabel, filha do Du-
que de Bragança D. Jayme, como elegan-
temente o exprimio neftas vozes métricas
o infigne Juris-Confulto, e celebre Poeta o
Doutor IManoel da Cofla in Epithalam. Eduard.
Infanf. Portug. atque Ifabella.
Sed non indi£tus L.amacenjis Praful abi-
bit
Femandus cujus niveo diftinãa colore
Brachia, candoremque animi, baculumque no-
tabant,
64
BIBLIO THE C A
Secura/que pajcit oves: ut mandere t erram
Cogantiir rábido ore lupi, longeque recedant.
Vagando o Arcebifpado de Lisboa por
morte do SereniíTimo Infante Cardial D.
Aífonfo lhe fuccedeo em taõ fublime dig-
nidade, em que foy confirmado pela San-
tidade de Paulo III. a 26. de Setembro
de 1540. Conduzio com grande pompa
em o anno de 1545. a Caílella a Princeza
Dona Maria, quando fe foy defpozar com
o Príncipe D. Filippe filho dos Empera-
dores Carlos V. e Dona Izabel. Em 7.
de Dezembro de 1552. lançou as bençoens
nupciaes aos dous auguílos Confortes o
Príncipe D. Joaõ, e a Sereniffima Dona
Joanna de Auftria Pays d'ElRey D. Sebaf-
tiaõ, a cujo Príncipe conferio o Sacra-
mento da confirmação a 16. de Junho de
1557. Como experímentaíTe em diverfas
occafioens declarado o animo do Cardial
D. Henrique contra a fua PeíToa, querendo
como prudente evitar perniciofas confe-
quencias o averbou de fofpeito na pre-
zença do Summo Pontífice Paulo IV. naõ
fomente dos negócios pertencentes a elle,
mas ainda aos feus parentes. Nos últi-
mos annos fe retirou para o lugar de San-
to António do Tojal diílante três legoas
de Lisboa, onde edificou Igreja, e cazas
capazes para habitação dos feus fuceíTo-
res. Deixou a vida caduca pela eterna
a 7. de Janeiro de 1564. quando contava
83. annos de idade. Jaz fepultado na Ca-
pella mòr da fua Cathedral com efte epi-
táfio, em que eftà diminuto o numero dos
annos que viveo.
Aqui jàs enterrado D. Fernando filho de
D. Affonjo primeiro Conde de Penella Arce-
bifpo de Usboa Capellaô mòr d'E/Rey D.
Manoel, e de feu filho D. JoaÕ o III. e d'EJ-
Rey D. Sebafiiaô nojfo Senhor; viveo 77. an-
nos e mejo, faleceo a "j. de Janeiro de
M.D.LXIIII.
Fazem memoría defte illuílre Prelado
Andrada. Chron. d'ElRey D. Joaõ o III.
Part. I. cap. 9. e 93. D. Fr. Thom. de
Faría Decad. 1. lib. 9. cap. 5. D. Nicol.
de Sant. Mar. Chron. dos Coneg. Kegjrant.
liv. II. cap. 9. Leitaõ Mem. Chronol. da
Univ. de Coimb. pag. 474. §. 1018. Carvalho
Corog. Poríug. Tom. 3. pag. 347. Bar-
bofa. Mem. Polit. e Militar. d'ElRey D.
Sebafiiaô. Part. i. liv. i. cap. i. c cap. 4.
Compoz.
Nobiliário das Famílias de Portugal foi.
M. S.
Efiatutos da Sè de Lamego.
Voto politico muito douto, e extenfo a EJ-
Rey D, Joaõ o III. Jobre a perda do Cabo
de Guè.
Carta efcrita ao me/mo Príncipe Jobre a
prohibiçaõ das mulas.
Carta ejcríta ao Summo Pontífice à cerca
das decimas, que haviaõ pagar os Ecclejiafticos
de Portugal para a guerra contra o Turco.
M. S.
Relação da jornada que fe:^, quando condttfio a
Princesa Dona Maria à Cafiella. M. S.
Kepofia aos Capítulos, que por ordem d'El-
Rej D. Joaõ o III. deu o Cardial D. Henrique
aos Prelados do Rejno.
Capítulos de fuspeição contra o Cardial
D. Henrique aprefentados ã Santidade de Pau-
lo IV. onde fa^ hum a publica confiffaÕ dos
feus defeitos. M. S.
'
FERNANDO VAZ DOURADO igual-
mente perito no exercido das Armas, fendo
Fronteiro nas terras de Goa, como ver-
fado na Geografia, efcrevendo
Mapamundo, que trata de todos os Rey"
nos, terras. Ilhas, que há na redondev^a da terra
com Juas derrotas, e alturas por efquadria. Em
Goa 1571. foi. O original fe conferva na
Livraria dos Monges Cartuxos do Convento
de Scala Cíeli de Évora. Confta de re-
gras, e princípios da Hydrographia com ma-
pas de todo o mundo prímorofamente 11-
luminados de cores, e ouro. Huma copia ti-
nha na fua feleóta Livraria o cruditiffimo
Jozé de Faría, Secretarío das Mercês d'El- ij
Rey D. Pedro II.
FERNANDO XIMENES DE ARA-
GAM naceo em Lisboa de Pays taõ
pios, como illuftres, quaes craõ D. Tho-
más Ximenes de Aragaõ, e Dona The* \
reza Vafques de Elvas, filha de Anto»
nio Fernandes de Elvas, Fidalgo da
Caza Real, c Thefourciro da Infanta
L U SI TANA.
65
Dona Maria, filha do SereniíTimo Rey D.
Manoel, de cuja virtuofa efcola fahio edu-
cado para exemplar da vida Eccleíiaftica.
Depois de receber o gráo de Licenciado
na Faculdade dos Sagrados Cânones em
a Academia G^nimbricenfe obteve o Ar-
cediagado de Santa Qiriftina em a Sé Pri-
macial de Braga, que poíTuio pelo largo
efpaço de 40. annos, atè que o renunciou
em feu fobrinho Jeronymo Ximenes de
Aragaõ. A mayor parte de taõ rendofo
Beneficio difpendia pelos pobres; e para
que fe continuaíTe depois de morto eíta
charitativa beneficência, deixou à Caza da
Mifericordia de Lisboa hum legado per-
petuo. Foy muito verfado na lição dos
Santos Padres, e no eíludo de Poetas vul-
gares, como teftemunhaõ as fuás obras,
igualmente cheyas de folida doutrina, e
afluência poética. Morreo na fua pátria a
29. de Abril de 1630. Vir fatis pius, ac
doãus o intitula Joan. Soar. de Brit. Theatr.
iMJit. Utter. lit. F. n. 25. GDmpoz.
Kejlauracion dei hombre. Lisboa por Pe-
dro Craesbeeck. 1608. 8. & ibi por Ma-
noel da Sylva, 1628. 8. He efcrita em verfo
folto em forma de Dialogo, de que faõ
interlocutores Theofilo, Theofophia, e Eccle-
feologia.
Doutrina Catholica para injlruçaõ, confir-
mação dos fieis, extinção das feitas Juperfii-
ciofas, e em particular do Judaifmo. Lisboa
por Pedro Craesbeeck 1625. 4. Dedicada
a D. Fernando Martins Mafcarenhas Bifpo
do Algarve, e Inquizidor Geral. Eíla obra
iãhio fegunda vez com addiçoens, e o tí-
tulo feguinte.
Extinção do Judaifmo, e mais feitas fu-
perfiiciofas, e exaltação da fó verdadeira Keli-
^aÔ Cbrifiãa dada por Deos aos homens para
por ella ferem falvos. Lisboa pelo dito Im-
preflbr. 1628. 4.
Incendium anima, five abbreviatum Ver-
bum ^íifericordiarum Dei. UlyíTipone apud
Petrum Craesbeeck 1630. 16. Dedicado
a D. Francifco de Caftro Liquizidor Ge-
ral.
Praxis da Oraçaõ Mental, ou exercido efpi-
\ritual, e trato da alma com Deos. Lisboa por
furenço Craesbeck. 1633. 4.
D. HLIPA BORGES BARRETO na-
tural da Villa de Torres Novas, onde na
Parochial Igreja de S. Tiago recebeo a pri-
meira graça a 6. de Janeiro de 1661. fendo
filha do Doutor Manoel Borges, e Dona
Izabel de Aguiar. Defde os primeiros an-
nos cultivou as letras humanas com parti-
cular indinaçaõ à Poefia, de cuja arte pu-
blicou varias obras dignas de eftimaçaõ,
fendo a mayor.
Poema ao cafo fuccedido em Itália na Ci-
dade de Aíalafeta a bum Clérigo, que mafca-
rado naõ qui^ adorar o Santijfimo Sacramento,
M. S. 4.
D. FILIPA DE LENCASTRE, cujo
nome lhe foy impofto no bautifmo em
obfequio de fua Avò paterna a Rainha
D. Filipa, mulher do SereniíTimo Rey D.
Joaõ o I. Naceo na Qdade de Coimbra
no anno de 1435. fendo a fexta produção
do augufto thalamo do Infante D. Pedro,
Duque de Coimbra, Governador do Reyno
na menoridade d'ElRey D. AfiFonfo V. e
de D. Izabel de Aragaõ filha de D. Jay-
me, fegundo Conde de Urgel, e de D.
Izabel, filha de D. Pedro IV. Rey de Ara-
gaõ. O penetrante engenho, de que li-
beral a ornou a natureza, lhe facilitou bre-
vemente a intelligenda das linguas mais
polidas, com as quaes adquirio a noticia
das mayores fciendas, fendo a fua con-
tinua liçaõ a Sagrada Efcritura, e as obras
dos Santos Padres. Illuilrada com as luzes
de taõ altos documentos defprezando a glo-
ria caduca do mxindo, bufcou para domi-
cilio o ReHgiofo Convento de Odivellas da
Ordem Ciílerdenfe, onde fem profeíTar taõ
fagrado Inítítuto, fe conftituio perfeito exem-
plar da obfervancia mais auílera, bailando
para immortal brazaõ do feu magiílerio efpi-
ritual a Princeza D. Joanna fua fobrinha, a
quem inTtruio com aquellas virtudes, que lhe
merecerão o culto de Beata, com que he
venerada nos Altares. Animada de fervo-
rofo efpirito, fem lhe caufar impedimento
a foberania da peííoa, e menos a delica-
deza do fexo, emprendeo a peregrina-
ção ao Sepulchro de S. Tiago, para lu-
66
BIB LIO THE CA
crar as indulgências do anno Santo, cuja
jornada executou a pè, difpendendo pela
fua maõ copiofas efmolas para remédio
da pobreza. Com heróico animo tolerou
os fataes golpes das infauílas mortes de
feu valerofo Pay em a batalha da Alfar-
robeira, e do Princepe D. Affonfo feu
fobrinho, fazendo do horror deftas fatali-
dades agradável facrificio aos decretos da
Divina Providencia. Cumulada de obras
meritórias, quando contava 56. annos de
idade, efpirou placidamente no Convento
de Odivellas a 25. de Julho de 1497. como
efcrevem Fr. Chryfoftomo Henriques Me-
nolog. Cijlerc. pag. 240. e o Padre Soufa.
Hiji. Gen. da Ca^. Keal Portug. Tom. 2.
liv. 3. pag. 82. e naõ a 11. de Fevereiro
de 1493. como diz o Licenciado Jorge
Cardofo Agiol. hnfit. Tom. i. pag. 404.
no Comment. de 11. de Fevereiro, letr. A.
Jaz fepultada na Sancriília do Convento de
Odivellas com eíle epitáfio.
Aqui ja^ a Serenijfima Senhora D. Fi-
lipa, filha do Infant^ D. Pedro, e de fua mu-
lher Dona lí^abel, neta d'ElRej D. JoaÕ
o I. Viveo, e morreo recolhida nejle Con-
vento.
Louvaõ a fua memoria com vários elo-
gios os Authores feguintes Carol. Vifch.
Bib. Cijierc. In lingua latina apprime ver-
fata fuit. Henriques Menol. Cijlerc. pag.
240. multipUci fcientia, <& admiranda San^i-
tate, e na Coron. Sacr. Cijlerc. pag. 286.
Tenia un génio agndijftmo, y anji fe diò ai ef-
ttidio de las letras. Joan. Soar. de Brit.
Theatr. luufit. Utter. lit. P. n. 53. non
minus virtutibus, quàm eruditione pradita. Bu-
celin. Menol. Benediã. ad 25. Julii. Quin
€^ raro exemplo multipUci fcientia effulgens
ut Uíterarum Jludiis addiãijftma fuit, (ò" in
latina lingua non vulgariter edoíía varia opera
edidit, iifque praclaris ingenii Regii monumentis
atemam pojieris memoriam, Juique nominis admi-
rationem reliquit. Fr. Franc. da Nat. l^nit.
da Dor. pag. 309. foy verfada em diferentes
linguas. Soufa. Hifl. Gen. da Ca^. Real Por-
tug. Tom. 2. liv. 3. pag. 80. Princesa, em
quem a naturev^a ajudada da Divina ^aça en-
cheo de perfeiçoens, de fciencia, e virtude, por-
que em huma, e outra exercitou a fua vida.
Damiaõ de Froes Theatr. Her. Tom. i.
pag. 361. Na liçaÕ da Efcritura, e Santos
Padres fe divertia com gojlofa, e continua ap-
plicaçaô, e efpirituaes documentos , de que fe
achavaõ enriquecidas algumas obras, que fe
acharão por fua morte de grande piedade, e
fagrada erudição. Cardofo Agiolog. iMfit.
Tom. I. pag. 404. Senhora de altos mereci-
mentos por fms raras perfeiçoens, e fingulares
virtudes. Maris Dialog. de var. HiJi. Dialog.
4. cap. 23. Nun. de Leaõ. Elog. dos Reys
de Portug. foi. 43. Franc. de Santa Ma-
ria Chron. dos Coneg. Secul. liv. 2. cap.
19. Foj fenhora de ef clareadas virtudes, mwf
verfada em diferentes linguas.
Compoz
Nove EJlaçoens, ou Meditaçoens da Pai-
xão, muy devotas para os que vit^^itaõ as Igre-
jas Quinta Jeira de Endoenças. Sahiraõ im-
preíTas no Reynado da Rainha D. Ca-
tharina, mulher d'ElRey D. Joaõ o III.
Concelho, e voto da Senhora Dona Filippa,
filha do Injante D. Pedro fobre as Terçarias, e
guerras de Cajiella. Lisboa por Lourenço de
Anvers. 1643. 4-
Praãica feita ao Senado de Lisboa em
tempo que receava algum tumulto. M. S.
Traduzio da lingua Latina em a Portu-
gueza.
Tratado da vida folitaria, compofto por S.
Loiírenço Jujiiniano.
Traduzio da lingua Franceza em a materna.
Evangelhos, e Homilias de todo o anno.
Efte livro efcrito pela própria maÕ da
Infanta com varias imagens, e figuras de-
buxadas, em cuja arte era infigne, deixou
como ultimo penhor do feu affefto ao Con-
vento de Odivellas, onde fc confcrva com
grande veneração. No fim eftaõ efcritos
eftes verfos da Authora, que teftemu-
nhaõ os feus ardentes aíleâos para com
Deos.
Non vos firvo, non vos amo, '
Mas de:^ejovos amar *
De fempre vojfa me chamo
Sem quem non há repout^ar.
O' vida, lume, e Lu^i
Infinito Bem, e inteiro
Meu JESU Deos verdadeiro
L USITANA.
67
Por mim morto em a Crut^.
Se mim mejma naÕ de/amo,
Non vos pojfo bem amar
A. me ajudar vos chamo
Para faber repoufar.
nUPPA NUNES naceo na Cidade de
Évora, onde teve por Pays a Manoel Gre-
lho Sotto, e Dona Antónia de Aboim.
Foy igualmente perita no idioma latino,
como déftra em tocar todos os inílrumen-
tos regulados pelos preceitos da muíica.
Efcreveo conforme dÍ2em o Author do
í Tbeatr. Heroin. Tom. i. pag. 288. e Diogo
Manoel Ayres de Azevedo Portug. llluftrad.
pelo fexo feminino, pag. 93.
Vita Trium Kegnm. M. S.
Epitom. dd las Hijlorias Portug. M. S.
Sor. FILIPPA DE S. TIAGO natural
\ do lugar de Alcongoíla, termo da Villa
da Q)vilhãa, e Religiofa do Seráfico Con-
vento de S. Francifco, fituado na Villa de
S. Vicente da Beira, onde foy AbadeíTa.
A' fua diligente applicaçaõ deve a Ordem
Seráfica a noticia da
Fundarão do Convento de S. Vicente da
Beira, authenticada com tefiemunhas no anno de
161 8. jEVtf propriedade das allegaçoens (diz o
I Author do Theatr. Heroin. Tom. i. pag.
287.) fe admira quanto era noticio/a, e no ejiilo
ã/creta. Defta obra, como de fua Authora
fe lembra Fr. Fernando da Soledad. Hijl.
Seraf. da Provinc. de Portug. Part. 5. liv. i. cap.
53- n. 232.
Fr. FILIPPE DE ABREU filho de Gre-
gório da Fonfeca, e Beatriz de Negreiros,
nafceo em a Villa de Torres Vedras do
Patriarchado de Lisboa; e na idade da
adolefcencia recebeo o habito de Eremita
AuguíHniano no Convento de N. Senhora
• da Graça defta Corte a 14. de Julho de
i 161 6. O génio que tinha para as letras
o elevou depois de as didkr aos feus do-
meíHcos ao gráo de Doutor Theologo em
j a Univerfidade de Coimbra a 25. de Julho
de 1635. à qual fervio de grande efplendor,
quando foy Lente da Cadeira primaria da
Efcritura, de que tomou poíTc a 16. de
Abril de 1647. e logrou os privilégios de
Lente de Vefpera de Theologia concedi-
dos a 24. de Abril de 1659. Falleceo em
Coimbra a 11. de Mayo de 1659. ^ ^^
Collegio da fua Ordem tem gravado o fe-
guinte epitáfio.
Fr. Philippum de Abreu, Doãorem Theo-
logum in hac Academia Sacra Biblia Prima-
rium, imo Oraculum, fpeculativa Vefperarium,
fed Principem, Concionatoria columen, hijloria
arcbivum, Oratória exemplar, Keligionis exem-
plum invidã forte prareptum {tanto enim in-
dulgeret fatum) excepit undécima Alaii ann. 1659.
atatis prope 59.
Fr. Ant. à Purif. de Vir. Illufir. Ere-
mit. Div. Augufl. lib. 2. cap. 21. lhe chama
praclarus Magifler, e na Chron. da Prov.
de Portug. Part. 2. liv. 7. Tit. i. §. 4. Fr.
Ant. da Nativid. Mont. de Coroas. Mont-
2. Coroa 8. §. 2. n. 46. VaraÔ de naõ me-
nor prudência, que letras. Fr. Man. de Fi.
gueired. Fios. Sanct. Augufl. Tom. 4. pag.
138. Foy claro na poflilla, levantado nos pen-
famentos, e agudo no púlpito. Compoz
Commentariíim de Scala Jacob. M. S.
Defta obra faz mençaõ a Aía^m Bib. Ec-
clef. Tom. i. pag. 35. onde fe equivocou
feu Author, efcrevendo que fora Fr. Fi-
lippe, Agoílinho Defcalço, e Lente em a
Univerfidade de Évora.
De Adoratione, cb* dotibus gloriofis. M. S.
David Princeps perfe£tus. M. S.
Eílas três obras fe confervaõ na Li-
vraria do Convento de N. Senhora da
Graça defta Corte.
Fr. HLIPPE AFFONSO natural da
Villa de Coz do Patriarchado de Lif-
boa, e Monge Ciftercienfe em o Real Con-
vento de Alcobaça, muito douto na li-
ção da Sagrada Efcritura, e dos feus mayo-
res interpretes, efcrevendo a feguinte obra,
que fe conferva no Real Convento de Al-
cobaça.
Commentaria in Pfalmos. M. S. foL
Fr. FILIPPE DE ALGUIM natural
de Évora, e Religiofo da Ordem de S.
Jeronymo, cujo habito profeíTou em o
Convento do Efpinheiro pouco diílan-
68
BIB LIO THE CA
te da fua pátria. Efcreveo conforme af-
firma o Padre Francifco da Fonfeca Évora
Glorio/, pag. 411.
Memorias do Convento do EJpinheiro. M. S.
foi.
HLIPPE BOTELHO Presbítero, e
natural da Ilha Ceylaõ, filho de Pays Por-
tuguezes, compoz com fumma individua-
ção, e curiofidade.
Kelação das guerras de Uva; a qual con-
fervou na fua feleéía Livraria o Excellen-
tiífimo Marquez de Abrantes D. Rodrigo
Annes de Sà, e Almeyda, e a communi-
cou a Monfiur Legrand, que a traduzio
em Francez, e fahio impreíTa juntamente
com a Hijioria de Ceilaõ. compofta por
Joaõ Ribeiro, também traduzida na lin-
gua Franceza. Trevoux ches Eíliene Ga-
neau. 1701. 12.
HLIPPE DE BRITO NICOTE celebre
Capitão em o Reyno de Pegú, teve por
berço a Gdade de Lisboa, e por Pays a Jú-
lio Nicote de naçaõ Francez, e a Marqueza
de Brito, filha de Filippe de Brito, Porteiro
da Camará do Infante D, Duarte, e da Prin-
ceza Dona Maria, que depois fe defpozou com
Filippe Prudente. Em a tenra idade de
dez annos paflbu à índia, onde ajudado
da capacidade do talento, e da affabilidade
do génio, naõ fomente juntou grande co-
pia de dinheiro, que liberalmente difpen-
deo em beneficio do Eílado, mas conciliou
a amizade d'ElRey de Arracaõ, o qual
nada emprendia, fem primeiro o conful-
tar, devendo ao valor da fua efpada fer
duas vezes efte Príncipe livre das mãos
de feus inimigos. Em agradecida remu-
neração de quanto lhe era devedor, o no-
meou Capitão mòr de Pegú, lugar que exer-
citou pelo largo efpaço de doze annos, em
os quaes alcançou o feu heróico braço aíTi-
naladas viftorias de diverfos Príncipes,
igualmente inimigos da Religião, que da
Coroa Portugueza, obrigando a huns a
abraçar a Fè do Crucificado, c a outros
a ferem feudatarios da noíTa Monarchia.
Quando parecia, que jà naõ podia coroarfc
com mayores triunfos, lhe deílinou o Ceo para
complemento das fuás felicidades a palma
mais gloriofa. Acommetida a Fortaleza
de Pegú por ElRey de Brama com cento,
e cincoenta mil combatentes de pè, e quinze
mil cavallos por terra, e com três mil cm-
barcaçoens por mar; havendo fuftentado com
incrível refiftencia o impulfo de tantos bár-
baros pelo efpaço de quarenta c oito dias,
em que morrerão feíTenta mil, foy entrada,
e entre os feus prizioneiros fe aprezentou
Filippe de Brito a ElRey, que com abo-
minável cegueira, mandou que lançado
por terra o adoraíTe, cujo preceito defpre-
zando o heróico Capitão como injuríofo
à Fè que profeííava, o mandou o bárbaro
atraveflar com hum páo pela parte inferíor
do corpo, atè a cabeça, em cujo tormento
durou vivo hum dia, atè que rendeo o ef-
pirito em obfequio de Chriílo a 30. de
Março de 161 3. Foy cazado com Dona
Luiza de Saldanha, filha natural do Vice-
-Rey Ayres de Saldanha, de quem teve a
Marcos de Brito, que eílando por ordem
de feu Pay reformando a Chríftandade de
Bengala, morreo em Pegú pela violenta
atrocidade d'ElRey de Arracaõ. Fazem il-
luftre memoria de Filippe de Brito o Li-
cenciado Cardofo Agiol. Ijufit. Tom. 2.
pag. 369. e no Comment. de 30. de Março
letr. G. Fr. Marcos de Guadalax. Hifi.
Pontif. Part. 5. liv. 3. cap. 8. Barbud. Empref.
Milif. de Eujit. liv. 17. c Manoel de Abreu
Conquift. de Pegú cap. ultim.
Efcreveo
Re/açaÕ do Jitio, que os Keys de Arracaõ,
e Tangu pu:(eraÕ por mar, e terra á Forta-
le:(a de Seriaõ na índia no anno de 1607. Jendo
Filippe de Brito Governador delia. M. S. foi.
Conferva-fe na Bibliotheca d'ElRey Catho-
lico, como affirma o moderno addicionador da
Bib. Orient. de António de Leaõ. Tom. 1.
Tit. 3. col. 75.
Fr. HLIPPE DAS CHAGAS chamado no
fcculo Filippe Nunes, filho de Belchior Mar-
tins, e Guiomar Nunes, naceo cm Villa-Real da
Província Tranfmontana. Foy muito períto
nas Artes da Pintura, e Poética, c naõ me-
nos vcrfado nas letras humanas, c liçaõ dos
Santos Padres. Movido de fupcrior im-
L USITANA
69
pulfo profeíTou em idade muito adulta o
InJftituto da Ordem dos Pregadores, o qual
profeíTou folemnemente no Convento de
Lisboa a 4. de Novembro de 1591. Com-
poz.
ArU Poética, e de Pintura, e Sjmetria
com alguns principias da Perfpeãiva. Lisboa
por Pedro Craesbeeck 161 5. 4. Sahio com
o nome de Filippe Nunes, que tinha em
o feculo.
Memorial da confijjfaõ muy proveito/o para
todas as peffoas, particularmente para as que
frequentaÔ os Divinos Sacramentos, contem o
exame de conciencia, e preparação para antes,
t depois de os receber, e Oraçoens da Paixão
de Chrifto. Lisboa por Gerardo da Vinha
1625. 12.
Exercido da Paixão de Chrifto N. Se-
nhor, repartido por horas, que a alma devota
deve trat^er entre dia. Lisboa 1626. 12.
Paraphrafis. do Pfalmo 118. Beati imma-
colati com hum modo breve de ter Oraçaõ men-
tal, e meditaçoens da Paixaõ repartidas pelos
dias da femana. Lisboa por Jorge Rodrigues
1633. 12.
Rofario de Nojfa Senhora. Foy impreflb
muitas vezes, e ultimamente. Lisboa por
Henrique Valente de Oliveira 1654. 12.
& ibi por Bernardo da Cofta 1694. 12.
Fazem mençaõ delie Author Joaõ Franco
Barreto Bib. Portug. M, S. Fr. Pedro Mon-
teiro Clauftr. Domin. Tom. 3. pag. 202.
Barbof. Comment. ad Ord. Keg. Portug. lib. 4.
Tit. 91. §. 14.
Fr. FILIPPE DA CONCEIÇAM na-
tural de Lisboa, donde paíTou a Caftel-
la, e nella profeíTou a fagrada, e mi-
litar Ordem de N. Senhora da Mercê.
Teve igual talento para o púlpito, como
para a compoíiçaõ da folfa, de que dei-
xou diverfas obras dignas de fumma efti-
maçaõ. Na Biblioteca Real da Muíica
fe confervaõ alguns Vilhancicos do Sacra-
mento, e Natal, principalmente na ERant.
27. n. 686. Eílant. 29. n. 720. Eílant.
28. n. 70. como coníla do feu Index
impreíTo em Lisboa por Pedro Craesbeck.
1649. 4-
Fr. HLIPPE DA CONCEIÇAM na-
tural da ViUa de Aveiro, defcendente da
nobre familia dos Marizes, Pinheiros, como
efcreve António Carvalho da Coíla Corog,
Portug. Tom. 2, pag. 122. Recebeo o ha-
bito de Carmelita Defcalço em o Convento
de N. Senhora dos Remédios de Lisboa
a 26. de Novembro de 165 1. e profeíTou
folemnemente a 30. do dito mez do anno
feguinte, quando contava 18. annos de
idade. No Collegio de Coimbra foy Leitor
da Sagrada Efcritura, de cuja liçaõ fe inf-
truio profundamente para fer inUgne Pre-
gador. Pela fua grande prudência exer-
citou os lugares de Prior dos Conventos
de Aveiro, Évora, e Lisboa, e Diííinidor
Geral. Falleceo no Convento de Lisboa
a 3. de Julho de 1708. com 75. annos
de idade, e 57. de Religião. Dos muitos
Sermoens, que com applaufo pregou fe fez
unicamente publico o feguinte.
SermaÕ no Convento de S. Domingos de
Lisboa na fefta, que celebrou na Beatificação do
grande Summo Pontífice Pio K. em 10. de
Outubro de i6jz. Lisboa por Francifco Vil-
leia. 1673. 4.
FILIPPE DA CRUZ natural de Lisboa,
e Freire profeíTo da militar Ordem de S.
Tiago em o Real Convento de Palmella.
Foy hum dos mais celebres profeíTores da
Arte muíica, que venerou o feu tempo,
intitulando-o infigne Pedro Thalezio Arte do
Canto ChaÕ, cap. 36. foi. 68. Depois de
fer Meftre de muíica em a Caza da Mife-
ricordia de Lisboa, paíTou a Madrid, onde
foy CapeUaõ da CapeUa Real no tempo de
Filippe IV. Aclamado por Príncipe deíla
Monarchia o Sereniífimo D. Joaõ IV. como
fofse fummamente intelUgente na Arte
do contraponto, e conheceíTe pelas fuás
compoíiçoens o profundo talento de Fi-
lippe da Cruz o chamou para Meílre da
fua Real Capella, lugar que exercitou atè
o tempo d'ElRey D. AiTonfo VI. com
grande credito do feu nome. Compoz
Mifsas a 10. vo^es fobre o thema (2ue ra^on
podeis vos tener para no me querer.
Mifsa fobre o thema Solo rejnas ta
yo
BIBLIO THE C A
.en mi. Offerecida, quando ainda aíTiftia
<;m Caílella a Filippe IV. em cujas pala-
vras fe incluem as vogaes de Joannes Quar-
tíis Kex mi. O modo, e artificio, de que
■confiava efta MiíTa era ordenar hora em
huma voz, hora em outra as fyllabas do
thema, e as vozes da Mufica, que corref-
pondiaõ deíla forte Jo la re fa ut rex mi.
Pfalmos de Vefperas, e Completas a co-
ros.
Motete de Defuntos Dimitte me a 12.
Na Bib. Keal de Mufica. Eílant. 33. n. 771.
Motete Vivo ego a 5. Na Eílant. 36.
n. 809.
Vilhancicos a diverfas vozes. Todas eílas
obras Muficas fe confervaõ na Bib. Keal
■como coníla do Index impreíTo em IJs-
boa. 1649. 4.
Fr. FILIPPE DIAS naceo na Cidade
■de Bragança da Província Tran fmontana,
podendo-fe virtuofamente jaélar da pro-
dução de taõ illuílre filho. Deixada a pá-
tria, e o mundo recebeo o habito Será-
fico na Provinda de S. Tiago, donde paf-
fou a Salamanca eíludar as fciencias feve-
ras, em que fahio profundamente verfado,
fendo immortal credito deíla Univerfidade
o crear em feu grémio hum taõ grande
alumno, de que lhe dá os parabéns com
cilas métricas vozes Fr. Joaõ Lopes Fran-
■cifcano.
Lata Brigantinos Salmantica Jujcipe fructus
Quos hac terra tuo laãe rigata tulit.
Hinc modo furrexit do£ii£im»s Author in
omni
Scripturâ, éf legis Doãor Apoftolicet.
O)mo foíTe ornado de todos aquelles do-
tes, que conflituem hum Pregador Apof-
tolico, fe applicou com indefeíTo traba-
lho ao miniílerio do púlpito, onde arma-
do da vehemencia dos affeélos, e effica-
cia das palavras, reduzia como rayo ful-
minante ao caminho da penitencia os co-
raçoens mais duros, e obílinados, fendo taõ
admiráveis, e repentinas as tranfformaçoens
dos coíhimes de todo o género de peíToas,
que claramente fe conhecia fer o feu ef-
pirito illuílrado com luzes fuperiores. Para
reformar os licenciofos exceíTos da mo-
cidade, que eíludiofa frequentava a Univer-
fidade de Salamanca, foy chamado de G^m-
poílella pelo feu Bifpo D. Jeronymo Man-
rique de Lara, e logo, que foou a fua
evangélica voz, poílrou por terra todas
as maquinas, de que era Author o demó-
nio convertendo inílantaneamente aquella
Babilónia confufa em Ninive arrependi-
da. Depois de exercitar eíle apoílolico
miniílerio pelo largo efpaço de quazi cin-
coenta annos, em que com igual jubilo
do Ceo, que confufaõ do inferno, lucrou
tantas almas para o caminho da perfei-
ção, anhelando como incanfavel operário
da vinha do Senhor, a falvaçaõ dos pró-
ximos, e conhecendo, que jà pela idade a
naõ podia promover pregando, fe dedi-
cou todo a efcrever vários difcurfos af-
ceticos, para que eílas mudas vozes naõ
fomente inílruiíTem aos prezentes, mas ain-
da aos ftituros. Na liçaõ da Sagrada Ef-
critura, e Santos Padres foy continuo de
tal forte, que todo o tempo que lhe ref-
tava das obrigaçoens de Religiofo o oc-
cupava naquelle eíludo, do qual extrahia
os folidos documentos, com que authori-
zava os feus difcurfos. Cumulado de obras
virtuofas, falleceo no Convento de Sala-
manca a 9. de Abril de 1601, cuja memo-
ria he celebrada pelas pennas de infignes
Authores, bailando para fua eterna reco-
mendação o elogio, que lhe fez S. Fran-
cifco de Sales nos feus Divertimient. foi.
239. Dias me agrada, el difcurre llanamente,
tiene ejpiritu de predicado», inculca bien, explica
bien los lugares, ha^e hermofas allegorias, j
Jemejanças, hipotipofes nervo/as, nò pierde la
ocafion de di^ir admirablemente, y es mtty
do£io, y claro. Wandigo de Script. Ord. Min.
pag. 292. vir vere pius, vero doãus falu-
tis animarum conftanter fitibundus, indefeffus
verbi Dei minifter. Nicol. Ant. ^b. Hifp.
Tom. 2. pag. 202. col. 2. Egregius fmt
Sacrarum concionum declamator annis fere quin-
quaginta, fíy eo quidem fruãu juventutis Aca-
démica, ut minime dttbitaretur pendere eam
ab ardentijfimo fui concionatoris ore, fumma-
que ejus dicendi vi tamquam fortijfimis vin-
culis intra pudoris, & honeflatis clauflra
L USITAN A.
7'
contineri. Cardof. Affol. Lujit. Tom. 2.
pag. 485. Sahio das ef colas taõ conjumado
letrado, que foy avaliado pelo mais celebre
Ecclejiafles do Jeu tempo. Fr. Man. da Efper.
Hijl. Seraf. da Prov. de Portug. Part. i. liv.
1. cap. 5. n. 7. Pregador ApofioUco, e Mef-
tre dos Pregadores do Jeu tempo. Gracian Art.
de Ingen. Difc. 14. Aquel ff-an. Menor. Fr.
Filipe Dias ingeniojo Francifcano, ai fin Por-
tuguês. Illuílr. D. Jo2è de Barzia Defper-
tad. Cbrifiian. Tom. i. Serm. 9. n. 10. e
Tom. 2. Serm. 27. n. 2. e Tom. 3. Serm.
27. n. 52. o intitula Apofiolico. e Tom.
4. Serm. 54. n. 23. Gran Filipo. Marrac.
Bib. Mariart. Part. 2. pag. 290. vir pra-
Ur ingenium infra vulgus <& praclaras, infig-
nefque animi dotes Caftillo Defenf. de S. Tia-
go, cap. 15. foi. 77. FamoJiJJimo Pregador.
Ávila Hift. de las Antig. de Saiam. liv. 3.
cap. 3. Gran Predicador dei Fjvangelio. Bri-
to Theatr. l^nfit. Utter. lit. P. n. 54. ce-
lebris concionator. Scoto Bib. Hifp. Tom.
2. pag. 255. operibus multis Ecclejiam, Or-
dinemque fuum decoravit. Daça Chron. de
5. Franc. Part. 4. liv. 4. cap. 22. Predi-
cador Apoftolico, y Padre, y hlaefiro de Pre-
dicadores. Drexel. Aurifod. fcient. omnium.
Part. 3. cap. 12. e concionatorihus legendis
inveniuntur ijli: primo Philipus Dias. Fr.
Joan. à D. Ant. Bib. Francifc. Tom. 2.
pag. 482. col. 2. Vir vere piuSy ac vere
doãus indefejjfus verbi Divini Alinifier. Sou-
fa. Expedit. Hifpan. S. Jacob. Tom. 2.
P^g- 1351- §• 389. PoíTeiiin. Appar. Sa-
cer. Tom. i. pag. 80. Hallevord. Bib.
CurioJ. Draud. Bib. Glaffic. MoriUo Hifi.
do Pilar. Trat. 2. cap. 36. foi. 516. Pu-
blicou.
Oiiadruplicium concionum qua quotidie à Do-
minica in Septuagejfima u/que ad gloriofam Do-
mini Refurreãionem in Saneia Fxclejia habentur
Forni primi prima, <& fecunda pars. Salman-
ticíe apud Joanem Fernandum 1583. 4. Ve-
netiis per Joan. Baptillam Seflam, & Fra-
tres. 1586. & Lugduni 1586. Venetiis apud
Dominicum de Farris 1589. 4. Salmanticae
apud Artus Tabemiel. 1602. 4. & Q)loniae
Agripinae apud Antonium Hierat. 1604. 4.
Conciones Quadruplices Dominicanarum , <Ò^
Fejlorum omnium á Dominica prima Adven-
tus ufque ad Septuagejftmam, five Tomus fe-
cundus. Salmanticae apud Joannem Fer-
dinandum 1588. 4. Venetiis apud Domi-
nicum de Farris 1591. 4. & ibi apud hae-
redes Melchioris SeíTíe 1600. 4. & Q>-
loniae Agripinae apud Antonium Hierat
1604. 4.
Conciones quadruplices fuper Fj)angelia Jeftr
Cbrifti, Sanãa Maria, €^ Sanãorum omnium.
Tom. tertius. Salmanticae apud Joannem
Ferdinandum 1590. 4. & Venetiis apud
Dominicum de Farris. 1591. 4.
Dominicales aflivales conciones à Domi-
nica in Albis ufque ad Pentecoflen, e5^ in R<k
gationibus, e^ á Pentecofle ufque ad Adven-
tum. Tom. quartus. Salmanticae apud Joan-
nem Ferdinandum. 1586. 4.
Sahiraõ todos eftes Sermoens em 61
Tomos Lugduni expenJQs Sabiniani Pef-
not. 1586. 4. & Venetiis per haeredes Mel-
chioris Seílâe 1587. 4. Coloniíe Agripinae^
apud Anton. Hierat. 1604. 4. & Lug-
dxmi ex Officin. Aniflbniana 1676. 4. Fo-
raõ traduzidos na lingua Mexicana como
efcreve António de Leaõ Bib. Occid.
Tit. 18.
Summa Pradicantium ex omnibus locis^
communibus locupletijjima. 2. Tom. Vene-
tiis apud Sabinianum Peíhot. 1586. 4.^
Salmanticae apud Joan. Fernandes 1589.
4. Venetiis apud Joannem Florianum.
1591. 4. & Lugduni apud Petrum Lan-
dry 1592. Venetiis apud Bartholamaeum
Carampellum 1595. & ibi acrecentada
com os Sermoens de S. Diogo, Exéquias
de defuntos, e Auto da Fè, e Bulia,
da Cruzada. Venetiis apud Dominicum
de Farris 1596. 4. Ultimamente íahio eíla
obra correâa, e addicionada pelo Pa-
dre Richardo Gibbon Jefuita com o ti-
tulo Concionatorum inflruãio. Antuerpiac
apud haeredes Alartini Nutii 1600. 4.
& Venetiis apud Antonium Bertanum
1600. 4.
Maria Ide la SacratiJJima Virgen nueflra Senora,.
en que fe contienen mucbas confderaciones de grande
fpiritu, y puntos delicadijjimos de la Divina
Efcritura de mucha erudicion, y provecho ajjí
para Predicadores, como era para los de mâs^
72
BIB LIO THE CA
■eftudios de perjonas Bxckfiafiicas, y feglares.
Con un Tratado ai cabo de la Pajfwn de Chrif-
to nueftro Kedemptor, y de la Soledad de la
Santijfima Virgem Maria Santijftma, Barce-
lona por los herederos de Pablo Maio,
y Scbaftian de G^rmellas 1597. 4. & ibi
por Gabriel Lloveras 1597. 4. Sahio tra-
■du2Ído em Italiano por Fr. Mathias Fa-
fano Dominico. Venetia apreflb Junti.
1607. 4. e em Latim, como efcreve Mar-
rado hib. Aíarian. Part, 2. pag. 290. e fahio
Venetiis apud Dominicum Zenarium.
1601. 8.
Quin:(e Tratados en los quales fe contie-
nen muchas, y muy excelentes conjideraçoens
para los aãos generales, que fe celehran en la
Santa Iglejia de Dios, muy provechot^os para
todos los Fieles Chrijiianos. Salamanca por
Juan Fernandes 1597. 4. & ibi por Ar-
tus Taberniel 1602. 4. Traduzido em La-
tim Venetiis apud Dominicum de Far-
ris 1599.
De todos os Sermoens de Fr. Filipe
Dias compoz Fr. Francifco de Campos
Religiofo Menor da Província de S. Tia-
go por iníinuaçaõ de feu Author. Index
moralium conceptuum. Sahio Salmanticae apud
Joannem Fernandes 1588. & Venetiis apud
Minimam Societatem 1597. 4. & per So-
mafchum 1610. & Genuse apud heredes
Hyeronimi Bartoli. 1596. foi. Os fimiles,
de que ufa nos feus Sermoens compilou
o grande Theologo Parifienfe Luiz Bail princi-
palmente na Part. 3. da fua Bibliotheca Concio-
natoria cap. 107.
HLIPE JOZE' DA GAMA naceo em
a Gdade de Lisboa a 13. de Agofto de
171 3. onde foy virtuofamente educado por
feus Pays Jozè da Sylva França, e Bernarda
Maria Leonor. Inftruido com os precei-
tos Grãmaticaes, fe applicou à cultura
dos eíhidos feveros, ouvindo Filofofia, e
Theologia Efpeculativa, e Moral em a GDn-
gregaçaõ do Oratório defta Corte, em que
fez naõ vulgares progreíTos a fua grande
comprehenfaõ, c excellente capacidade. Nas
Academias foy fempre venerado o feu ta-
lento, ou foíTe metrificando na língua La-
tina, em que he feliz a fua Mufa, ou re-
citando Oraçoens Panegyricas, c Fúne-
bres, em que praticou com fumma ele-
gância os preceitos da Eloquência. Foy
admittido a Académico Supranumerário da
Academia Real da Hiftoria Portugueza a
3. de Setembro de 1738. Os frutos fcien-
tificos, que produzio em idade verde o
feu maduro juizo, faõ os feguintes.
Conjugio Excellentijftmi Domini D. Jo-
feph de Portugal amplijftmi, atque illujlrif-
fimi femper Comitis Vimiofii cum praclarif-
jima, nobilijftmaque Domina D. Ljddovica de
Ijorena inclyti Alegretenfis Marchionis filia
Hymenaus iMr^itanus. UlyíTipone apud Jo-
feph Antonium da Sylva 1728. 4.
In mortem Thoma de Barros, e Almeida.
Epycedion. Ulyflipone apud Jofephum Anto-
nium da Sylva 1730. 4.
Epi^ammatum Decades undscim. UlyíTi-
pone apud Petrum Ferreira SereniíTimae Rc-
ginae Typog. 1733. 12.
OraçaÕ recitada na Academia Portuguesa,
e Latina, fendo Presidente em 29. de Setem-
bro de 1733. Lisboa por Jozè António da
Sylva. 1733. 4.
Elogio do IllufiriJJimo Senhor D. Fr. Bar-
tholameu do Pilar, primeiro Bifpo do ff^aõ
Para, do Confelho de Sua Mag. e Keligiofo,
que foy da Ordem de N. Senhora do Monte
do Carmo, recitado em 24. de Fevereiro de
1734. na Academia Portuguesa, e Latina. Lis-
boa por Miguel Rodrigues 1734. 4. Defta
obra faz mençaõ o moderno addicionador
da Bib. Occid. de António de Leaõ Apend.
2. Tit. 23.
Epigrammatum liber unus. UlyíTipone apud
Jozephum Antonium da Sylva Rcgiac Acad.
Typ. 1735. 12.
OraçaÕ Fúnebre na morte do Illuflrif-
fimo Senhor D. Manoel Caetano de Sou-
fa, Clérigo Regular, do Confelho de Sua
Mageflade, Procomijfario Geral Apoflolico da
Bulia da Santa Crusada, e Cenfor da Aca-
demia Keal. Lisboa por Jozè António
da Sylva ImpreíTor da Academia Real.
1736. 4.
Mars Lufitanus , five cantus heroicus panegyricus
in Laudem Serenijftmi Domini D. F.mmanuelis
Lufitania Infantis olim Lufiíanis verfihus á R. P.
LUSITANA. y3
Ant. dos Reys Con^egationis Oraforii, rume latiras glaris da Compatíbia de JESUS em Porttf-
verfihus redditus. Ulyflipone 1736. 8. guer(^ M. S.
Maria Santijftma na Jua Conceição Im- Oraçaõ Problemática de Santo Antorao.
maculada, Aurora Myftica: Oração V roble- M. S.
matica. Lisboa 1737. 4. fem nome do Im- OraçaÕ Académica, quando fe abrio a Aca-
preíTor. demia dos Applicados. M. S.
FJogium de D. Gondijfalvo Amarantho
Ord. Prad. cum Epijiola ad Antonium Fr. FILIPE DA LUZ natural da Q-
Mendejium Grammatica Magijlrum. Ulyf- dade de Lisboa, e filho de Francdfco Fer-
fipone apud Antonium Pedrofo Galraõ. nandes, e Catherina Nunes. ProfeíTou o
1737. 4. fagrado Inftituto de Eremita de Santo
Menalcas. Écloga in obitu Clarijjimi Viri Agoftinho no Convento da Graça a 24.
Francifci Xaverii EeytaÔ Mediei Cubicularii de Fevereiro de 1574. Inftruido com as
Kegii Keffíi Chirurgi Maximi, Regalis Aca- Letras Sagradas, que diâou aos feus do-
demia Eufitana alumni. UlyíTipone ex re- mefticos, mereceo pela rara prudência, e
giis, atque Academicis Typis Sylvianis literatura, de que era ornado, fcr Confef-
1740. 4. for do SereniíTimo Duque de Bragança
Joannes: Egloga in Na fali SuaviJJimi Pueri D. Joaõ, que depois fubio ao trono de
Joannis Petri filii clarijftmorum Dominorum Portugal. Foy Prior do Convento de Lis-
Tboma Joachim da Cofta CorteKeal, (àr D. boa, e Vifitador da Provinda, em que dei-
Therejia Hieronyma Kofa Mello, e Alvim, xou eternas faudades da fua natural afia-
UlyíTipone ex Regiis, atque Academicis Ty- bilidade. Entre os Pregadores grandes do
pis Sylvianis 1741. 4. feu tempo alcançou o principado, fendo
Oração Académica, com que fe deu fim toda a fua applicaçaõ aos livros Afceticos,
em 19. de Outubro de 1742. ao fegundo dia como diredores da vida religiofa. Morreo
<<& Certame, que a Academia dos E/colhidos piamente no Convento de Villa-Viçofa no
celebrou na Aula da Mathematica do Real anno de 1633. Delle fazem mençaõ Fr.
Collegio de Santo AntaÕ da Companhia de Ant. à Purif. de Vir. llluftr. Ord. Eremit.
JESUS pela melhoria do AuguJliJJimo Key D. Aug. lib. 2. cap. 9. morum innocentia,
D. Joaõ V. nojfo Senhor. Lisboa: Na Offi- eb* beni^itate confpieuus, e na Chron. da
cina dos herdeiros de António Pedrofo Prov. de Portug. da Ord. de S. Agoft. Part.
Galraõ. 1743. 4. 2. liv. 6. Tit. 6. §. 11. Keliffofo de grande
PropoJiçaÕ do quinto Império Univer- virtude. Nicol. Ant. Bib. PH/p. Tom. 2.
fal. Mojira-fe a verdadeira antecedência, em pag. 203. col. 2. Joan. Soar. de Brit.
que fe funda a fua matéria. Propoem-fe, Theatr. Eujit. Utter. lit. P. n. 55. Com-
e declara-fe a PeJJoa dejie primeiro Em- poz
perador. Prologo, e obra do quinto Im- Sermoens Primeira parte, que começa de Quarta
perto. Dedicado ao Serenijftmo, e felicijji- feira de Cintra, ate a primeira outava da Paf-
mo Senhor D. Jot(è Principe do Braf^il. choa. Lisboa por Vicente Alvares 161 7.
foi. M. S. Confta de 7. capítulos, e foi.
no principio de cada hum tem huma Sermoens Segunda parte, que contem todas as
eftampa debuxada primorofamente com Fejlas, que pelo difcurfo de todo o armo fe fejlejaõ.
a penna, que allude ao difcurfo do capi- Lisboa por Pedro Craesbeeck 1628. foi.
tulo, em que eílà pofta. O Author o deu Sermoens Terceira parte, que começa da prí-
ao SereniíTimo Senhor D. Jozè, a quem meira Dominga do Advento ate a ultima, depois
o dedicara. do Pentecofle. A fefla do Nacimento de Chriflo
Oração Académica á Soledade da Senhora. Kedemptor nojjo. A fefla da Afjençaõ. A fefla
M. S. do Santijftmo Sacramento: buma matéria para
Tradução dos Elogios Latinos da vida os Domingos do Advento ã tarde. Lisboa
de Chriflo compojlos pelo Padre Lui^ Giu- por Gerardo da Vinha 1625. foi. No
74
BIBLIO THE CA
Prologo deftc Tomo, que foy impreíTo
antes do fegundo, como coníla do anno
da ediçaõ, promette o Author publicar
alguns livros efpirituaes, dos quaes fahi-
raõ os feguintes.
Tratado da vida contemplativa, mw/ útil
a todas as pejfoas devotas, fundado nas Jauda-
des, e fufpiros de huma alma de Amor Di-
vino ferida. Lisboa por Gerardo da Vinha
1627. 8.
Tratado do det^ejo, que huma alma teve de
ff ir viver ao decerto para fervir a Deos com
ff^ande pontualidade. Lisboa por Pedro Craes-
beeck. 1631. 8.
FILIPPE MAQEL naceo em Lisboa,
onde teve por Pays a Domingos Maciel, e a
Maria da Cruz. O perfpicaz engenho, de
que beneficamente o dotou a natureza, lhe
facilitou a intelligencia da Mythologia, Poé-
tica, e Oratória, como também das lín-
guas mais polidas da Europa, em que fahio
eminente, efcrevendo nos idiomas Lati-
no, Francez, e Italiano com pureza, e ele-
gância, e metrificando com igual afluência,
que fuavidade. Mayores progreíTos fez o
feu talento nos eíhidos feveros, de que ele-
geo para theatro, e paleílra a Univerfi-
dade de Coimbra, onde appUcado à Ju-
rifprudencia Cefarea, depois de receber o
gráo de Doutor, e fer admittido a CoUe-
gial do Collegio de S. Pedro a 6. de No-
vembro de 171 2. foy provido cm huma
cadeira de Inftituta a 23. de Julho de 171 8.
na qual manifeftou a delicadeza do feu
juizo na interpretação dos textos mais difíi-
cultofos. Attendendo a Mageflade d'ElRey
D. Joaõ o V. Noflb Senhor aos feus mere-
cimentos o nomeou Conclavlfta do Emi-
nentiíTimo Cardeal da Cunha Inquizidor
Geral dcfte Reyno, quando no anno de
1721. partio para a Cúria Romana a votar
em Summo Pontífice vago pela morte de
Clemente XI. Neíla celebre Metrópole da
Chriílandade conciliou os affedos, e eíli-
maçoens das peflbas mais eruditas, prin-
cipalmente pela elegante pureza, com que
fallava a lingua Latina, parecendo-lhcs, que
tivera o berço junto das ribeiras do Ti-
bre, e naõ do Tejo. Reílituido à pátria.
illuftrou com as fuás doutas deliberaçoens
os Tribunaes Ecclefiaílicos, e Seculares,
fendo Promotor, Deputado, e Inquizidor
da fegunda Cadeira da Inquiziçaõ de Lis-
boa, Dezembargador dos Aggravos da Caza
da Supplicaçaõ, Deputado da Meza da
Confciencia, e Ordens, e Académico do
numero dos cincoenta, que fórmaõ a Aca-
demia Real da Hiíloria Portugueza, oode
produzio os feguintes frutos a fua vaíbi
erudição.
Praâica com que congratulou a Acade-
mia Keal, quando foy eleito feu Collega. Sahio
no 3. Tom. da Colleç. dos Docum. da dita
Academia. Lisboa por Pafchoal da Sylva
Impreífor de Sua Mageílade 1723. foi.
Elogio Fúnebre do Padre António Simoens
da Companhia de JESUS em 23. de De-
zembro de 1723. Sahio no 4. Tom. da Col-
leçaõ, &c. Lisboa pelo dito Impreífor 1724.
foi.
Conta dos feus ejludos Académicos reci-
tada na Academia Keal a %. de Junho de 1725.
Sahio no 5. Tom, da Colleçaõ, &c. Lis-
boa pelo dito Impreífor 1725. foi.
Conta dos feus efludos Académicos em o
Paço a f. de Setembro de 1725. foi. Sahio
no Tom. 5. da Colleçaõ, &c.
Conta dos feus efludos Académicos na
Academia a 20. de Fevereiro de 171 7. Sahio
no Tom. 7. da Colleçaõ, &c. Lisboa
por Jozè António da Sylva 1722. foi.
Conta dos feus efludos no Paço a f. de Setem-
bro de 1727. Sahio no Tom. 7.
Conta dos feus efludos Académicos no
Paço a -j. de Setembro de 1728. Sahio
no Tom. 8. da Colleçaõ, &c. Lisboa por
Jozè António da Sylva 1728. foi.
Conta dos feus ejludos Académicos no Paço a
zz. de Outubro de 1726.
Sahio no Tom. 9. da Colleçaõ. Lisboa pelo
dito Impreífor. 1725. foi.
Conta dos feus efludos Académicos no
Paço a 29. de Outubro de 1731. Sahio
no Tom. 11. da Colleçaõ. Lisboa pelo dito
Impreífor 1731. foi.
Conta dos feus efludos em 9. de Abril
de 1733. Sahio no Tom. 12. da Colle-
çaõ, &c. Lisboa pelo dito Impreífor.
1735. foi.
LUSITANA, 75
In Excellentiftmi Comitis Vimiofenjis Chrif- em hum, e outro Ginto, como publicaõ
tiani Martialis memoriam fempitemam. He as obras feguintes.
hum elogio de eftilo lapidario, que fahio Cantica Beatijftma Vir^nis. UlyíTipone
impreíTo ao principio dos Epigramas do apud Laurentium Craesbeeck 1636. foi.
EsceUentdíTimo Conde do Vimiofo D. Jozè grande.
Miguel Joaõ de Portugal. UlyíTipone apud Mijfa 4. 5. <ò' 6. voàbus confiantes, ibi
Michaelem Rodrigues 1732. 8. per eundem Typog. 1636. foi. grande.
Cantus Exclejiajlicus commendanS animas
Fr. FILIPE DA MADRE DE DEOS corporaque fepeliendi defunãorum; Miffa, co-
natural de Lisboa, e Religiofo da fagrada, Stationes juxta Kitum Sacrofanãa Romana
e militar Ordem de N. Senhora da Mercê, Erclejia Breviarii, Miffalijque Komani Clemen-
cujo habito recebeo em Caftella, donde tis VIU. & Urbani VIII. recognitionem or-
voltando à pátria no tempo que gover- dinata. UlyíTipone apud Petrum Craesbeeck
nava eíla Monarchia o SereniíTimo Rey 16 14. 4. & ibi apud Antonium Alvares
Dom Joaõ o IV. como foíTe iníigne na 1642. 4. & Antuerpiae apud Henricum
Arte do Contraponto o eílimou muito eíte AertíTens 1691. 4.
Príncipe por fer iníigne profeíTor dos feus Na Bibliotheca Real da Muíica fe confer-
atmonicos preceitos. A Mageflade de D. vaõ as feguintes obras.
Affonfo VI. o nomeou Meílre da mu- MiJfa do 2. Tom. a 8. Eílant. 36. n.
fica do feu Gabinete, em cujo theatro 807.
fez patente a fua profunda fciencia, aíTim Cofftavit Dominus Lamentação de Quinta
em a novidade das idéas, como na regu- feira mayor a 6. Eílant. 33. n. 776.
laridade das vozes, de que deixou muitas Villancico de Navidad a 7. Eflant. 28.
obras principalmente de Tonos a 4. dos n. 702.
quaes a mayor parte fe conferva na Bi- Motete Circundederunt me 2. 5. para a
bliotec. Keal da Mujica, e de algumas faz SeptuageíTima.
mençaõ D. Francifco Manoel Obras Me~ Motete Exwge <ò' ne repelias a 6. para
tric. Avena de Terjicore como faõ o Tono 3. a SexageíTima.
De^enganáte Morena. Tono 4. Madama vuef- Motete lB.fto mihi in Deum proteãorem a
tros o juelos. Tono 9. JE« los floridos albo- 5. para a QuinquageíTima.
res. Tono 9. Ala ai palanque Galanes. Tono Motete luBtare Jerufalem a 6. para a 4.
15. Quatro, o féis torres, que fueron. Tono Dominga da Quarefma.
14. Ah Senores. Tono 17. Rayava el Sol Motete Miferunt Judai a 6. para a 3.
por las cumbres. Tono 19. Qtàen es aquella Dominica do Advento.
Diana'^ Tono 23. Yo Joy viejo, y no veo Todos eftes Motetes eílaõ na Eflant.
nada. 36. n. 809.
HLIPE DE MAGALÍIAENS naceo FILIPE MONTALTO, ou FILOTHEO
no lugar de Azeitão do Patriarchado de ELIAS MONTALTO, pois com hum, e
Lisboa, e foy difcipulo na Faculdade da outro nome fe acha efcrito, naceo na Villa
Muíica do grande Meílre Manoel Men- de Caftello-Branco da Diocefe da Guarda,
des, de cuja efcola fahio taõ perito nos irmaò de Amato Lulitano, a quem imi-
preceitos defta fuaviíTima Arte, que depois tou na profundidade da fciencia Medica,
de fer Meílre na Caza da Mifericordia de como na obfervancia dos ritos Judaicos.
Lisboa paílou a exercitar o mefmo minif- Foy Cathedratico de Medicina nas Uni-
terio na Capella Real com grande credito veríidades de Lovanha, e Pifa, onde de-
do feu talento, pois era infigne, como o pois de explicar os feus Aforifmos a di-
intitula Pedro Thalezio Art. da Mujica. verfos difcipulos, que fahiraõ Meílres, paf-
cap. 34. pag. 70. e peritijftmo Joan. Soar. fou a França por ordem da Rainha ChriUia-
A Brit. Theatr. Ljijit. Litter. lit. P. n. 56. niíTima Maria de Medices, de quem re-
76
BIBLIO THE CA
cebeo particulares eíUmaçoens, fendo Fy-
íico mòr, e Gjnfelheiro da Mageftade Chrif-
tianiflima de LuÍ2 XIII. Morreo na Q-
dade de Tours em o anno de 1615. Gran-
des faõ os elogios, que lhe dedicaõ di-
vcrfos Authores como faõ Zacut. de Med.
Princip. Hijl. lib. 5. hift. 16. chamando-
-Ihe clarijfimus, €>• fubtilijftmus, &c lib. 2.
hift. 43. Dub. 30. omnium voto do^ijfimus,
& ibi hiílor. 57. eruditijfimus , & obfervat.
43. inter Neotericos Jcientijfimus. Wolfio jB/-
hliot. Hebraa pag. 163. §. 252. Bartolocc
Bibliot. Rabbin. Part. i. pag. 830. Joan
Soar. de Brit. Theatr. Lujit. Litter. lit. P
n. 59. Abrah. Mercklin. Lind. Kenov. pag
920. Joan Hallevord. Bib. Curiof. pag. 339
col. I. D. Franc. Man. Cart. dos A A
Portug. Bafnage Hijloir. des Juifs Tom. 5
pag. 1829. Nicol. Ant. Bibliot. Hifp. Tom
2. pag. 204. Compoz
Óptica intra Philofophia, (& Medicina
aream de vifu, de vifús organo, (ò" objeão Theo-
ricam compleãens. Florentiae apud Cofmam
Juntam. 1606. 4. & Coloniae AUobrogum
161 3. 4. grande. Eíla obra, que dedicou
ao Graõ Duque de Tofcana, promette no
Prologo hum Tratado De omnibus anima
facultatibus com outros, que conílaõ de In-
temorum morborum praxi, e Cofmopaia Theo-
rica.
Archipatologia, in qua internarum capitis
ajfeãionum, effentia, cauja, figna, prafagia, (Ò"
curatio acttratijftmâ indagine differuntur. Lu-
tetiíe apud Francifcum Juequin 16 14. 4.
& Gervaúi. 1628. 4.
T>e homine Sano. Francofurti 1591. 8.
Fr. FILIPE MOREIRA naceo em Lis-
boa, onde com beneplácito de feus Pays
Domingos Fernandes, e Izabel Efteves,
profeíTou o IníUtuto de Eremita Auguíli-
niano no Convento da Graça a 29. de
Março de 1606. O natural génio, que teve
para as fciencias o conílituhio merecedor
dos applaufos, que alcançou nas Cadeiras, c
nos púlpitos. Depois de receber o gráo
de Doutor Theologo em a Univerfidade
de Coimbra a 28. de Outubro de 161 8.
foy nella Lente da Efcritura, de cujo lugar
tomou poíTe a 12. de Outubro de 1633.
fendo Ccnfor do Santo Officio o nomeou
ElRey D. Joaõ o IV. feu Pregador no
anno de 1641. por Jer conjumado no minif-
terio da Predica, e outras qualidades, que fav^
mais recomendáveis a modejlia, e gravidade, de
que era dotado, efcreve em feu applaufo o
Meftre Fr. Manoel de Figueiredo Fios Sana,
Augujl. Tom. 4. pag. 137. Falleceo no
Convento de Lisboa com opinião de San-
tidade a 10. de Setembro de 1645. Na
Via-Sacra do Collegio dos Eremitas de
Santo Agoftinho de Coimbra eftá gravada
em feu obfequio a feguinte infcripçaõ.
Fr. Philippus Moreira, Doítor Theologus
Cathedra Vefpertina Sacra Pagina profeffor
eximius, Regius Concionator e^egius, Sanãa
Inquijitionis Cenfor gravijftmus, gravitate mo-
rum Jpeãandus, Keligionis Objervantia clarus
obiit fexagenarius anno Domini 1645. ^* ^o.
Septembris. Delle fe lembraõ Fr. Ant. á
Purif. de Vir. llluftr. Ord. Eremit. D. Aug,
lib. 2. cap. 9. e na Chron. da Prov. de Por-
tug. da Ord. de Santo Agofi. Part. 2. liv.
7. tit. I. §. 4. Fr. Ant. da Nativid. Mont.
de Coroas. Mont. 2. Cor. 8. n. 45. Joan.
Soar. de Brito Theatr. Ijifit. Litter. lit. P.
n. 58. Publicou
SermaÔ na Aclamação d'EJRej Dom Joaõ
o IV. pregado em a Univerjidade de Coim-
bra no anno de 1640. Sahio nos Applau-
fos da Univerjid. a ElRey D. JoaÕ o IV.
Coimbra por Diogo Gomes de Loureiro.
1641. 4.
Sermão no Auto da Fé, que fe celebrou
em Évora a 30. de Junho de 1630. Évora
por Manoel Carvalho. 1630. 4.
Sermão do Auto da Fé, que fe celebrou
no Terreiro do Paço dejla Cidade de Lifboa
em 25. de Junho de 164J. Lisboa por Do-
mingos Lopes Rofa. 1646. 4.
Conceitos Predicativos 4. Tomos. foi. M. S.
Confervaõ-fc na Livraria do Convento da.
Graça deíla Corte.
P. FILIPE NERI natural de Ufboa, filho
de Manoel Ribeiro, e Jozefa Maria. Eíhidadas
na pátria as letras humanas, em que deu claros
argumentos da felicidade do feu engenho,
entrou na Congregação do Oratório de S. Fi-
lipe Neri a 15. de Agoílo de 1700. onde
L USITANA.
77
aprendeo, e diâou as fciencias efcolafti-
cas com igual emolumento dos feus dif-
cipulos, que applaufo do feu nome. Naõ
teve menor talento para o minifterio con-
cionatorio, praticando com efcnipulofa ob-
fervancia os preceitos da Rhetorica Eccle-
fiaítica, de que he fiel teftemunha a feguinte
obra.
Sermão na Fejia de acçaÕ de graças pela
rejlauraçaõ da Jaude d'EjRey N. Senhor D.
JoaÕ V. na Igreja dos Padrss da Con^egaçaÕ
do Oratório da Cidade de Lisboa em 21. de
Agojlo de 1742. Lisboa por Francifco da
Sylva Livreiro da Academia Real, e do
Senado 1742. 4.
FILIPE DE OLIVEIRA naceo em Lis-
boa no primeiro de Mayo de 1708. fendo
filho de Manoel Francifco, e Anna Maria.
Tendo na pátria cultivado as letras hu-
manas, e a lingua Latina, paíTou à Univer-
fidade de Coimbra eftudar a Faculdade
dos Sagrados Cânones, em que recebeo o
gráo de Bacharel a 21. de Mayo de 1732.
Ordenado de Presbitero fe applicou à li-
ção da Sagrada Efcritura, e Santos Padres,
e como tiveíTe particular génio para o púl-
pito, começou a exercitar o miniílerio de
Orador Evangélico, no qual tem alcançado
naõ pequeno applaufo, aíTim em aíTumptos
moraes, como Panegyricos, de que tem publi-
cado os feguintes.
Difciirfo Problemático , em que fe fujlenta,
que pôde jaãar-fe mais Inglaterra de haver dado
o nacimento ao Reverendijfimo P. D. Rafael
Bluteau, que Portugal de o haver pojfuido ate
a fua morte, recitado na Academia dos Appli-
cados a zS. de Det^embro de 1754. Sahio im-
preíTo no Ofequio Fúnebre dedicado ã faudofa
memoria do Keverendijftmo Padre D. Ra-
fael Bluieau, Clérigo Regul. pela Academia
dos Applicados. Lisboa por Jozè Antó-
nio da Sylva 1734. Defendeo a i. Parte
do Problema.
Sermão de Preces na enternecida, e pe-
nitente Procijfad, com que implorou a Mi-
firicordia de Deos a devota, e nobilif[ima Ir-
mandade da Senhora da Piedade de S. Paulo
»o fegundo dia de Preces, que por ordem do
IlluflriJJimo, e ReverendiJJimo Senhor Patriarcha
fe fií^eraõ nefia Cidade de Lisboa por occafiaõ
dos temores, que padeceo Portugal originados das
continuas innundaçoens, que fe experimentaras,
e fentiràõ efe anno de 1736. pregado na mefma
Parochial Igreja aos 7. de Abril do dito
anno. Lisboa por Manoel Fernandes da.
Cofta ImpreíTor do Santo Officio. 1736. 4.
SermaÕ do grande Pay dos pobres, Infi-
tuidor da hofpitalidade o gloriofo Patriarcha
S. JoaÕ de Deos pregado no feu dia, e Con-
vento defta Cidade. Lisboa na Officina Al-
meidiana. 1739. 4-
SermaÕ Panegyrico, e Gratulatorio em acçaÕ
de graças pelas felices melhoras de Sua Mag.
na fokmnijftma fefia, que no dia 7. de Julho
de 1742. /^:ç aos gloriofos principaes do Col-
leffo Apofiolico S. Pedro, e S. Paulo a fua
venerável Congregação de Sacerdotes da real
Igreja de S. Juliaõ. Lisboa pelos herdei-
ros de António Manoel de Almeyda.
1742. 4.
Oraçaõ Fúnebre Panegyrica, e Fliftorica
nas fumptuofas exéquias, celebradas pela Ir-
mandade do SantiJfimo Sacramento da Fre-
gue;(ia de S. ChriJiovaÕ em o 1. de Se-
tembro de 1742, pela Illuflrijfima, e Ex-
cellentijjima Senhora D. Igie^ Joaquina da
Sylva Menef(es, e Corte-Real, CondeJJa de
Aveiras. Lisboa na Officina Alvarenfe.
1642. 4.
Panegyrico Hijiorico, e Funeral nas fump-
tuofas Exéquias, celebradas pela Irmandade de
N. Senhora do Loreto, e Caridade na Capella
do Couto de S. Matheos aos 3. de Outubro
de 1742. pelo Illufrijftmo, e F^cellentijfimo Se-
nhor D. Manoel Jo!(è de Cafiro Noronha At-
tayde, e Soufa, outavo Conde de Monfanto, ter-
ceiro Aíarque^ de Cafcaes, Gentil-homem da
Camará d'ElRey N. Senhor, feu Confelheiro
de guerra &c. Lisboa por Pedro Ferreira
ImpreíTor da AuguftiíTima Rainha N. Se-
nhora 1742. 4.
Elogios facros da vida do gloriofo Thau-
maturgo de Paula Plenipotenciário de Deos,
Chanceller da charidade. Sagrado Patriar-
cha da efclarecida ordem dos Mínimos S.
Francifco de Paula. Lisboa por Pedro
Ferreira ImpreíTor da SereniíTima Rainha
1743. 8. Sahio fem o feu nome.
7»
Fr. HLIPE DA PURIFICAÇAM teve
por Pátria Villa-Real em a Província Tranf-
montana, e por Pays a Luiz Rodrigues da
Vcyga, c D. Ignez de Guimaraens de Car-
valho, femelhantes em qualidade do na-
cimento, como em a innocencia dos cof-
tumes. Inllruido em as letras profanas,
paíTou a eftudar Direito Pontifício em a
Academia Conimbricenfe, onde recebeo o
grào de Licenciado com geral applaufo
dos Cathedraticos. Podendo afpirar aos lu-
gares mais honoríficos com as efperanças
bem fundadas da fua litteratura, de que
tinha por exemplar a feu irmaõ Ruy Lo-
pes da Veyga, que de Deputado do Con-
felho Geral do Santo Officio, e Dezem-
bargador do Paço, fora aíTumpto á Cathe-
dral de Elvas, preferio com heróica refolu-
çaõ abraçar o penitente Inílituto da Reli-
gião Seráfica na reformada Província da Ar-
rábida. A grave prudência, e fumma afíabili-
dade de que era ornado, o habilitarão para oc-
cupar todos os lugares da Religião, pelo largo
efpaço de trinta annos, fendo varias ve-
zes Guardião, duas Diffinídor, huma Vi-
gário Provincial, e duas Miniílro Provin-
cial. Foy Vífitador das Seráficas Províncias
de Portugal, Santo António, e de Saõ
Paulo em Caílella, deixando em taõ nume-
rofas Communidades os mais folídos do-
cumentos para confervaçaõ da obfervancia
regular, valendo-fe mais da ternura de Pay,
que da fevcrídade de Prelado para reformar
abuzos, e caíligar delidos. Ao tempo, que
aíTiília no Convento de Alferrara, fentín-
do-fe avizado da morte pelas moleílias de
huma doença, fe preparou com as armas
dos Sacramentos para o ultimo conflifto,
e entre amorofos colloquios com Chrífto
Crucificado, lhe entregou o efpírito a 6.
de Outubro de 1615. O feu corpo foy
fepultado na Capella mòr do mefmo Con-
vento. Compoz.
Tratado da vida do Padre Fr. Luiz ^
EJna Keligiojo Arrábida. M. S. Defta obra
faz mençaõ Cardofo Agiolog. Lufit. Tom. 5.
pag. 14 j. no Comment. de 9. de Mayo
letr. E.
Memorial dos princípios, e progreffos da
Provinda da Arrábida, atè o anno de 1585.
BIBLIO THE CA
M. S. Efta obra allega repetidas vezes o
mefmo Cardofo Ágio/. Ltíjit. Tom. i. pag.
94. no Cõment. de 9. de Janeiro letr. F.
e pag. 275. no Cõment. de 27. de Jan,
letr. E. e' no Tom. 2. pag. 533. no Cõ-
ment. de 12. de Abril letr. E. c pag. 695.
no Cõment. de 23. de Abril letr. G. e
H. Fr. António ■ da Piedade Chron. da Prop.
da Arrab. Tom. i. liv. 5. cap. 11. §. 11 17.
Occupava-Je em efcreper as vidas dos Keli-
ffofos, que floreciaõ em virtudes, e o feu
Memorial citaÕ muitas ve^es o Agiolog
Ljdjitano, do qual fe aproveitarão também
os nojfos Irmãos Fr. L/d^ da Afcençaô,
e Fr. André de S. Paulo para nos par-
ticiparem noticias, que deixarão ejcritas.
Fr. FILIPE DOS REMÉDIOS naceo
em a Cidade de Lisboa, e na Parochial
Igreja de N. Senhora das Mercês, recebeo
a primeira graça a 24. de Janeiro de 1699,
Com animo mayor, que a idade, deixou a
amável companhia de feus nobres Pays
António de Oliveira, e D. Antónia Bau-
tiíla da Rocha, e Azevedo, para abraçar o
fagrado, e penitente Inílituto de S. Fran-
cifco em o Convento de Santa Maria de
Xabregas, Cabeça da Seráfica Província dos
Algarves, onde folemnemente profeflbu a
19. de Março de 171 8. Depois de iníbruido
com os eíludos efcolaílícos fe applicou
com igual dífvelo, que fruto à líçaõ da
Sagrada Efcritura, Híftoría Sagrada, e pro-
fana. Santos Padres, Poetas infignes, e eru-
ditos Filólogos, bebendo deitas taõ caudc-
lofas fontes a copiofa afluência de noticias»
com que tem ornado as feguíntes compo-
fiçoens, que muitas delias eftaõ correntes
para a ímpreflaõ.
Chronica Sa^-ada tresladada, da que ej-
creveraõ os quatro Evangelijlas, authori^ada com
as fentenças dos Santos Padres, e Expojitores,
e parafraseada com muitas fingulares noticias,
e erudiçoens das divinas, e humanas letras. Di-
vidida em 4. Tomos. Trata cfte i. da ge-
ração eterna do Filho de Deos, da creaçaõ
dos Ceos, c da terra, do homem, e tudo
o mais que conduz para a Hííloria, atè o
Nacimento temporal do mefmo Senhor.
M. S. foi.
L USITAN A.
79
Dijcurjo Theologico Moral Efpojiíivo Ju-
rídico Hijiorico Afcetico, e 'Politico, fohre o
iknro intitulado Vozes do defengano contra a
profanidade do luxo. M. S. 4.
Hijioria do homem mais infeli^ ou vida
de Judas Ifcariotes, ornada de erudiçoens, e
notícias naÕ vulgares. Aí. S. 8.
Imagens do melhor Prototjpo. Vidas dos
\:ntiJfimos Patriarchas Domingos, e Francifco
Jtmelhantes na major parte das fuás ac-
çoens, e Juccejjos à de Chrijlo Senhor Nojfo.
M. S. 8.
Defen/a de JoaÕ, fegundo Patriarcha de Jeru-
Jalem, em que he notado por alguns Authores de
herege. M. S.
Methodo compendio/o para confinar com cer-
te:(a, e facilidade os livros, que os Hfiudantes
fbamaõ clajfwos. M, S. 8,
Opus Ejicharifiicum, feu Ejicharifiica Po-
Ifanthaa per Dyfiichos difiinãa diais Sanão-
\ rum Patrum, & aliquorum Doãorum il-
j lufirata. Q)mpo2 efta obra para o Cer-
1 tame Euchariílico, que fe fez a 29. de
Junho, e 4. de Julho de 1724. em o
Convento dos Eremitas de Santo Agof-
tinho de Lisboa.
D. Fr. FILIPE DA ROCHA naceo
em Lisboa, e teve por Pays a Gafpar de
I Medeiros, e Maria Pimentel da Rocha.
Quando contava a florente idade de vinte
annos, abraçou o InlHtuto da fagrada Or-
dem da SantiíTmia Trindade, profeíTando
folemn»;mente em o Convento da fua pá-
tria a 13. de Setembro de 1629. Sahio taõ
iníigne nas letras Sagradas, que as diâou
aos feus domefticos atè jubilar na Cadeira
primaria da Theologia, naõ merecendo o
feu talento menor applaufo em o púlpito.
I Attendendo o IlluíbdíTimo Arcebifpo de
Évora D. Diogo de Soufa aos dotes, de
que era ornado o nomeou feu Coadjutor
a 6. de Janeiro de 1669. com o titulo de
' Bifpo de Madauro, Cidade Epifcopal de
Africa, fuf&aganeo do Arcebifpado de Car-
thago. FaUeceo no Convento de Lisboa
a 24. de Outubro de 1669. Fazem memo-
; ria da fua peíloa Nicol. Ant. Bih. Hifp.
' Tom. 2. pag. 204. col. 2. Fonfec. Évora
Gloriofa pag. 515. D. Manoel Caet. de
Souf. Cathalog. dos Bifp. Portug. p. 143.
Compoz
Conciones Dominicanarum Adventus D o mini,
<& OuadrageJJima. UlyíTipone apud Joannem
da Cofta 1667. 4.
Conciones de Sanãorum Fefiivitatibus. ibi
apud eumdem Typog. 1669. 4.
Fr. HLIPE DE SANTA THEREZA
naceo em Lisboa a 20. de Mayo de 1681.
fendo filho de António Dias Corrêa, e
Antónia da Sylva. No real Convento pátrio
de N. Senhora do Carmo, profeífou o Inf-
tituto da primitiva Obfervancia de Carme-
lita Calçado a 15. de Mayo de 1701. fendo
admittido a CoUegial do Collegio de Coim-
bra a 3. de Novembro de 1703. eíhidou
as fciendas feveras, que depois diôou aos
feus domefticos nos Conventos da Moura,
Lisboa, e CoUegio de Coimbra. Recebeo
o gráo de Doutor Theologo em o Con-
vento do Carmo de Lisboa a 10. de Ju-
nho de 1726. fendo feu Padrinho o lUuf-
triíTimo, e ReverendiíTimo D. Thomàs de
Almeyda, primeiro Patriarcha de Lisboa,
onde foy Regente dos Eftudos, e depois
Prior eleito em o anno de 1735. em cujo
governo, que durou cinco annos, augmen-
tou o Convento com edifícios, e rendas,
donde fubio ao lugar de Provincial com
univerfal jubilo dos votantes a 11. de Ja-
neiro de 1744. Sendo ornado de grande
talento para a Cadeira, o naõ tem menos
feliz para o púlpito, de cujo minifterio
Sagrado unicamente publicou.
Sermão de S. L/«^ Gonzaga, pregado no
quinto dia do O ut avario 10. de Novembro de
1727. que à fua Canonização, e de S. Sta-
nislao Kofcka, confa^àraÕ os Keligiofos da
Companhia de JESUS do Colle^o, e Univer-
Jidade de Évora. Évora na Officina da Uni-
veríidade. 1730. 4. Sahio na Kelaç. das
Fefias da Canonif^. a pag. 192.
FLÁVIO JACOBO naceo em a Cidade
de Évora em o anno de 15 17. de que eUe fe
jafta em o primeiro livro dos feus verfos.
MufcB Pierides Ebora latialis alumnus
Flavius hac urbis qualiacumque dicat.
e pag. 77.
8o
BIB LIO THE CA
I
Hac Ebora efi Vates omat, quam Flavius ur-
hem
JE/ quam plus oculis diligit illefuis.
Ao tempo que contava a idade de dezoito
annos deixou a pátria por ordem de feu
Pay em o anno de 1535. cuja auzencia ex-
prime com eftas fentidas vozes
Me defiderium AíatriSy <& afpera
Prejfus forte parens in lacrymis dies
Noães in lacrymis ducere perpetes
Crudeli ferie juhet.
Depois de fer difcipulo na Dialeótíca do
infigne Letrado Fr. Domingos Sotto, ce-
lebre efplendor da Ordem dos Pregadores,
que de ConfeíTor de Carlos V. fubio á
Cadeira Epif copal de Segóvia; aíTiftio al-
guns annos em Anveres, e Lovanha, donde
paflbu à Cidade de Ragufa, e nella fez o
feu domicilio até a ultima idade como ef-
creve lib. 2. Dyftich.
Si tranquilla mea fedes optanda feneãa
Ante alias urbes fola Khagufa placet.
Foy iníigne Poeta Latino como o pu-
blicaõ os feus verfos pelos quais naõ al-
cançou premio algum, experimentando fem-
pre a fortuna infauíla aos feus defignios.
Celebraõ a fua memoria Brandão Mon. 1m-
fit. Part. 5. liv. 16. cap. 5. Auguft. CaíTio-
dor. Reinio in Prolog. Trad. Latifi. Defcript.
Regfi. Congi Odoardi Lapes. Brito Theatr.
iMjit. JLitter. lit. F. n. 26. Fonfec. Evor.
Gloriof pag. 411. Achilles Eftaço lhe fez
em feu applaufo o feguinte epigramma.
Dyflicha compofuit Galla de gente Secundus
Non mala, c>* Eufebio tejie latina fatis.
Scripjit €>• ille meus civis quoque Flavius, ut
qua
Vere novo cajias, (& thyma libat apis.
Par do£irina viris, ut quidquid Gallia jaHat
Candoris certo plus habet ille meus.
Compoz
Cato mayor, Jive dyfticha moralia. Acceffere
nova epigrammata :t alia nonnulla. Opus pium
€^ erudienãs pueris aprimè necefsarium. Vene-
tiis. Sub figno Leonis. 1592. 8.
Cato minor, Jive dyjlicha moralia ad Lu-
dimagi/lros Ulyjftponenfes partim mcralium, e>*
partim non moralium Epi^ammatum libri
quatiuor. Xenia ad Janum Claudium RJba-
cufanum. Nomina Portugallia Kegum, €> ali'
quot injignium Urbium Hifpania. jQui Poeta,
<& Oratores imitaíione digni. Qtánque magno-
rum Kegum infignia. Dialogifmus inter honef-
tum adolefcentem, dr* pudicam Virginem. Eyrica.
Tumuli illí0res familia Khacufana. Venetiis
apud Felicem Valgriíium. 1596. 8.
FORTUNATO LOPES DE OLIVEYRA
publicou em obfequio da iníigne Matrona
Santa Anna.
Excel lendas da Mulher Forte; a defpo-
v^ada mais cafia; a ejleril mais fecunda, a Mãj
da mefma Graça Aíaria Santi£ima, e Avò,
fegundo a naturei^a humana de JESU Chrijlo
a Senhora Santa Anna expendida em nove
meditaçoens, e meditadn em vinte e fete pontos
pelos dias da fua Novena. Lisboa na Oífic.
Joaquiniana de Bernardo Fernandes Gayo.
1735. 8.
D. FRADIQUE DA CAMARÁ , E TO-
LEDO, filho de D. Manoel da Canura,
fegundo Conde de Villa-Franca, e de fua
mulher D. Leonor de Vilhena, filha de
D. Fradique Henriques Mordomo mòr de
Filipe fegundo, e de D. Guiomar de Vi-
lhena filha de André Telles de Menezes
Alcayde mòr da Covilhãa. Entre as artes,
que cultivou dignas de feu illuftrc naci-
mento, logrou a primazia a Poética, fendo
os feus verfos ouvidos com geral applaufo
em a Academia dos Generofos, de que era
Secretario D. António Alvares da Cunha,
ou foíTem ferios, ou jocofos, defcubrindo-fe
em todos elles fumma elegância, aguda
difcriçaõ, e natural afluência, por cujas
partes confritutivas de hum Poeta infigne
o louvaõ D. Francifco Manoel. Obras Metr.
Viol. de Thal. pag. 152.
Da Camará das Mufas naÕ confias
Naquelle cuja Ja ma multiplique
A fama f em contar dia a feus dias
Hum grande Capitão, bum D. Pratique,
Que as cofias do Pamaffo defendendo
Jã de agora efiou vendo, .
Qut na guerra das Mufas preparada ■ ]
Hà de fer General da fua Armada.
E na Ofientaç. Encomiafi.
O Senhor D. Fradique foy o primeiro Gen-
L U SITAN A
8i
tiJ-bomem da Camará de Apollo, cuja pena
de ouro tantas ve^es lhe tem fervido de chaue
dourada. Jacinto G^rdeiro £/o^. dos Poet.
hnfit. Efianc. 51.
Pedirle a Daphne, que naciò Toledo
EJ /agrado Laurel para fu frente
D. Fradiqtde podrá podrã fin miedo
Con tanto ingenio, efiilo tan valiente:
Eft tiemos ahosfu opulência excedo
A muchos que han efcrito docilmente
Y pide con rav^n dei luutrel parte
Que las Níufas alienta el fon de Marte.
Traduzio em outava Rima Portugueza os
féis primeiros livros da Eneida de Vir-
gílio, cuja obra vio Joaõ Franco Barre-
to, e a louva de perfeita na Bih. Portug.
M. S.
Komance Cajklbano à morte de D. Ala-
ria de Attayde. Sahio impreíTo nas Msmor.
Funeh. dedicadas a efta Senhora. Lisboa na
OíTic. Crasb. 1650. 4. a foi. 57. verf.
Soneto em applaufo do Casamento per-
feito compofto por Diogo de Payva de An-
drade. Sahio impreíTo no principio deíla
obra. Lisboa por Jorge Rodrigues 1630. 4.
Babilónia de Amor GDmedia imprefla em
Madrid, e outras muitas.
Fr. FRADIQUE ESPÍNOLA naceo em
Lisboa, e logo nos primeiros annos mof-
trou tal inclinação à virtude, que refoluta-
mente deixou o feculo p>ara abraçar o Inf-
tituto Monachal da Ordem de S. Bernardo
em o Real Convento de Alcobaça a 22. de
Novembro de 1649. onde profeíTou folemne-
menie a 17. de Abril de 165 1. Foy ornado
de animo íincero, génio aflEavel, prudência
fumma, e de todos aquelles dotes, que conf-
tituem hum perfeito Religiofo pelos quaes
fe fez digno de occupar os lugares mais
honoríficos da fua Congregação, como fo-
raõ Meíbre dos Noviços, Secretario do
Geral Fr. Luiz de Faria, duas vezes Dif-
finidor, a primeira no anno de 1693. e a
fegunda no anno de 1699. Abbade do
Mofteiro de Nofla Senhora do Defterro,
Prior do Mofteiro de Odivellas, onde fez
obras magnificas, e GDnfeííor do reformado
Convento da Nazareth defta Corte, em o
qual paíTou de caduco a eterno a 9. de
Dezembro de 1708. em idade muito pro-
vefta. Compoz varias obras cheyas de eru-
dição fagrada, e profana, em que era muito
douto, principalmente em a Theologia Myf-
tica, em cujo eftudo gaftou grande parte
da fua vida, como fe vè do Cathalogo fe-
guinte.
Direãorio de Keli^ofas para feu aprovei-
tamento efpiritual conforme a doutrina de S.
Francifco de Sales, Bifpo de Genebra. Lis-
boa por Domingos Carneiro. 1676. 8.
Det(eJos do Ceo, vov^es de Varoens illuflres
para todo o eflado de pejfoas poderem viver
Cbriflãa, e religiofamente. Lisboa por António
Pedrofo Galraõ 1694. 12.
Aljava do Amor Divino. Lisboa por Ma-
noel Lopes Ferreira. 1695. 8.
Chave do Parayfo, com que na hora da morte
fe abrem as fuás portas. Lisboa por António
Pedrofo Galraõ. 1697. 8.
Efcada da Bemaventurança compofla de íre-
v^entos e cincoenta Aforifmos afceticos, por
onde o fervo de Deos pôde fubir ao mais alto
cume da perfeição Evangélica. Lisboa por Ma-
noel Lopes Ferreira. 1699. 16.
Efcola Decurial de varias liçoens. i.
Parte. Lisboa pelo dito ImpreíTor. 1696.
8. 2. Part. 1697. 8. 3. Part. 1698. 8.
4. Part. 1698. 8. 5. Part. 1699. 8. 6.
Part. 1699. 8. 7. Part. 1699. 8. 8.
Part. 1700, 8. 9. Part. 1701. 8. 10.
Part. 1702. 8. II. Part. pelo dito Im-
preíTor. 1707. 8.
Ke^a de S. Bento traduzida de Latim
em Portugue^. Lisboa por Domingos Car-
neiro. 1689. 12.
Tinha prompto em o anno de 1700.
Sermoens vários. 2. Tomos. M. S.
Sor. FRANQSCA DA COLUMNA na-
tural da Villa de Torres Novas do Pa-
triarchado de Lisboa no Seráfico Convento
da fua Pátria, dedicado ao Efpirito Santo,
reUgiofa profeíTa, onde foy Abbadeíla, me-
recendo univeríal eítímaçaõ, aíTmi pela rigida
obfervancia do feu Inftituto, como pelo fu-
blime talento, que teve para a Poefia, com-
pondo muitos verfos, em que competia a
82 BIBLIO
fuavidade com a devoção. No Poema da
vida de Santo António compofto por Fran-
cifco Lopes. Lisboa por Pedro Craes-
beeck 1618. 8. eílaõ alguns Sonetos feus
em applauzo do Author. Faz breve men-
ção das fuás obras o Theatr. Heroin. Tom.
I. pag. 386. e Diogo Manoel Portug. illuft.
pelo Sexo Femin. p. 74. onde efcreve, que
imprimira Comedias ao divino, fendo a
mais difcreta a do Nacimento de Chrifto Se-
nhor Nojfo, como elegantemente a defcreve
o Padre António dos Reys no Enthuf. Poef.
n. 278.
Doíía manu feriens refonantia pleãra
Columna
Narrai ut /Eterno foboles aqueva Parenti
Ad cava vicina hethlemo vi/cera rupis
Iverit è Matris ^emio ventura Juh auras
Cum vagajam médios torquehant fydera curjus
Et madefaãa novus Titan revehebat in orbem
Ijimina de médio pelagi.
Sor. FRANCISCA DA CONCEYÇAM
natural de Lisboa, e filha dos Excellentif-
fimos Condes de Villa-Nova D. Manoel
de Callello-Branco, Confelheiro de Eftado
de Filipe IL e IH. e de D. Branca de Vi-
lhena, fenhora do Morgado da Povoa, fi-
lha de D. Diogo de Caílello-Branco, e
D. Leonor de Milà, augmentou as luzes
do feu claro nacimento, quando as cubrio
com as fombras do fayal de S. Francifco,
celebrando os feus caftos defpozorios com
o Divino Cordeiro no Seráfico Convento
da Efperança de Lisboa, onde pela fua
exemplar vida, e prudente juizo foy dig-
niíTima AbbadeíTa. AíTiílindo nefte Con-
vento a Ven. Brizida de S. António pelo
efpaço de fete mezes, por cauza do in-
cêndio, que devaftou a 17. de Agoílo
de 165 1. o Moíleiro das Religiofas In-
glezas de Santa Brizida, onde era pro-
feíTa, obfervou com fumma reflexão as
virtuofas acçoens deíla grande ferva de
Deos, e as reduzio a hum breve epito-
mc, que dedicou à Sereniflima Rainha de
Portugal D. Luiza Francifca de Gufmaõ
com efte titulo.
Kela^aÕ da vida, e morte da V. Ma-
dre Sor. Brígida de Santo António, Freira
THE CA
de Santa Brizida. M. S. 4. Defta obra como
de fua Authora fazem memoria o Licen-
ciado Jorge Cardofo Ágio/. Lujit. Tom. 5.
no Comment. de 26. de Junho letr. L c
Fr. Agoftiriho de Santa Maria na Vida da
me/ma ferva de Deos. liv. i. cap. i. e liv. 4.
cap. I. e 7.
Sor. FRANCISCA JOZEFA DE NO-
RONHA natural de Lisboa filha de Fran-
cifco de Noronha Capitão dos Maltczes, c
Efcrivaõ dos feus Priviligiados, e Thezou-
reiro da mefma Religião, e de D. Anna
Maria de Figueiredo. Na primavera dos
annos fe defpozou com o Divino Cordeiro
no Convento Pátrio de N. Senhora da Rofa
de Religiofas Dominicas, onde com as fuás
virtuofas acçoens fe fez exemplar das fuás
companheiras. Era muito applicada à li-
ção dos livros afceticos, e para que in-
fundiíle nos peitos Catholicos os afFeftos
mais ardentes em obfequio de Chrifto Sa-
cramentado, traduzio da lingua Italiana, que
foube com perfeição, em a materna, o
feguinte livro compofto por feu irmaõ Fr.
Joaõ Jozè de Santa Thereza Carmelita
Defcalfo, de quem fe fará memoria em
feu lugar. Falleceo em idade proveâa no
anno de 171 9. e delia faz mençaõ Fr. Pe-
dro Monteiro Claujlr. Domin. Tom. 3. pag.
220.
Fine:(as de JESUS Sacramentado para com
os homens, e ingratidoens dos homens para JE-
SUS Sacramentado. Coimbra por Joaõ An-
tunes 1705. 8. e Lisboa por António Pc-
drofo Galraõ. 1722. 8.
FRANCISCO DE ABREU natural de
Lisboa, compoz conforme efcreve Joaõ de |
Brito de Lemos no Abedeced. mi/it. foi. 77.
Verf.
Tratado da perdição da Armada de PortMg^
na boca do Canal de Inglaterra, de que era Capitão
General D. Manoel de Meneses. M. S.
FRANCISCO DE ABREU. Veja-fc
MANOEL SEVERIM DE FARIA.
FRANCISCO DE ABREU GO- '
DINHO natural da Villa de Montalvão
LUSITANA.
83
na Comarca da Gdade de Portalegre, fi-
lho de Alanoel Nunes de Abreu, e de
Joanna do Rio. Formado em a Faculdade
de Direito Cefareo, pela Univerfidade de
Coimbra, fervio com igual prudência, que
defintereíTe os lugares de JuÍ2 de fora de
Niza, Ouvidor da Gdade de Bragança, e
ultimamente Provedor da Comarca de Mi-
randa. Compoz hum Difcurfo muito douto
intitulado.
Declamação ao Príncipe N. Senhor no fa-
crílego de/acato, que fuccedeo na Igreja de Odi-
vellas em a noite lo. de Aíayo de 1671. 4.
FRANCISCO DE ABREU HOMEM
Doutor em Direito Cefareo, e muito ver-
fado na liçaõ da Hiftoria, e nos preceitos
da Oratória. Efcreveo conforme afíirma
Fr. Pedro de Poyares no Prolog, do Paneg.
da Villa de Barcellos.
Panegyrico em louvor dos Templários.
Panegyríco ao Duque de Bragança D. Fer-
nando.
FRANCISCO AFFONSO DE CHA-
VES, E MELLO natural da Gdade de
Ponte Delgada, Capital da Dha de S.
Miguel, e filho de Pays nobres. Todo
o feu eíhido applicou á liçaõ da Hiftoria
Sagrada, e profana, publicando em eílilo
claro, e corrente a obra feguinte, na qual
defcreveo as virtuoías acçoens da Ven. Mar-
garida de Chaves fua parenta, como o fi-
tio, e grandezas da fua pátria com efte ti-
tulo.
A Aíargaríta animada, idea moral, po-
litica, e biftoríca de três miados, difcurfada
na vida da Venerável Aíargarída de Cha-
ves, natural da Cidade de Ponte Delgada da
Ilha de S. Miguel com a defcripçaõ da
mejma Ilha. Lisboa por António Pedrofo
Galraõ. 1723. 8.
Fr. FRANQSCO DE SANTO AGOS-
TINHO ^L\CEDO Varaõ verdadeiramente
Encyclopedico, infigne ornato da Repu-
blica Litteraria, e immortal credito de
|ties Familias Religiofas, que illuíbrou com
!0 feu talento por fer huma pequeno
theatro para a immenfa vaftidaõ da fua
Litteratura, naceo no anno de 1596. em a
Gdade de Coimbra baftando para gloriofo
brazaõ defta Athenas Lufitana a produção
deíle alumno, que lhe havia dilatar a fua
fama em as mais celebres Univerfidades da
Europa. Foy vigilantemente educado por
feus Pays Joaõ Rodrigues Cidadão hon-
rado, que tinha fervido todos os officios
da Republica, e Maria de Macedo, de cuja
virtuofa difdplina fahio perfeitamente inf-
truido nos exercidos da piedade Catho-
lica. Nos primeiros crefpufculos da idade,
fe admirou com tanta antedpaçaõ illuftrada
a agudeza do juizo, e a feUddade da me-
moria, que quando contava onze annos,
já repetia fielmente o Poema de Virgilio,
e metrificava com tal elegância, e valen-
tia, que naõ fomente imitava, mas excedia
a eíle Princepe da Poezia heróica, cau-
fando mayor aííombro, que antes de fa-
ber a quantidade das fyUabas, e os precdtos
da Poética, compunha primorofamente todo
o género de verfos, aílim na lingua Lati-
na, como materna. Eftes admiráveis prelú-
dios do feu incomparável engenho, como
foflem infallivds vaticinios dos agigantados
progreflbs, que havia de fazer na idade
adulta, eítimularaõ aos Padres Jefuitas, para
que com grande gofto o admitiíTem ao
feu Inftituto, que abraçou na idade de 14.
annos em o Collegio de Coimbra a 22.
de Mayo de 161 o. Neíla Sagrada paleftra
fe applicou à cultura das letras amenas, e
feveras, fruétificando o feu raro talento,
ainda ao temp>o de florecer, aíTim na prac-
tica de humas, como na efpeculaçaõ de
outras, de que refultava admiração aos Mef-
tres, e enveja aos Condifdpulos. Depois
de explicar os Tropos da Rhetorica, as
difficuldades da Filofofia, e as regras da
Chronologia em os Collegios de Lisboa, e
Coimbra, como retumbaífe o ecco do feu
nome em a Corte de Madrid, foy cha-
mado pela Aíageílade de Filipe IV." para
Mefixe das letras humanas em o Colle-
gio Imperial, onde entre outros grandes
difdpulos teve a Thomàs Pinheiro, que
verteo de Grego em Latim Stepbanus
de Urhibus, como elle com agradedda
84
BIBLIOTH EC A
memoria confefla pag. 561. n. 55. Igual
foy ao feu merecimento a fama que ad-
quirio neíle magiftcrio, aíTim pela afluên-
cia poética, como pela profundidade Theo-
logica, e eloquência Sagrada, com que fe
diílinguia dos mais famofos profeíTores def-
tas Faculdades, conciliando por taõ íingu-
lares dotes o refpeito, e aclamação das
primeiras peíToas da Corte Caftelhana, a
que finceramente correfpondiaõ as vozes do
vulgo. Para fe juílificar de huma culpa ma-
quinada pela malevolencia dos feus emulos,
em que teve mayor parte a credulidade,
que a malicia, foy obrigado a deixar a Re-
ligião da Companhia, havendo fete annos,
que fizera a profiíTaõ do quarto voto, e
qucrêdo manifeftar ao mundo naõ fer o
feu intento preferir a liberdade do feculo
ao rigor do Clauílro, abraçou o auílero
inílituto da reformada Província de Santo
António, recebendo o habito das mãos do
Provincial Fr. Berardo dos Martyres a 27.
de Junho de 1642. e com Breve de Ur-
bano Vni. profeflbu paíTados féis mezes a
28. de Dezembro do mefmo anno, quando
contava 46. annos de idade. Foy mandado
pelos Superiores ler Filofofia, e Theologia
no CoUegio da Pedreira em a Univerfidade
de Coimbra, e ao tempo, que eílava dezem-
penhando taõ laboriofa incumbência, o
chamou El-Rey D. Joaõ o IV. para fe
fervir da fua grande capacidade. Obede-
ceo à ordem do feu Soberano, e para que
mais prontamente fe dedicaífe ao feu fer-
viço, paíTou no anno de 1645. da Pro-
vinda de Santo António para a Obfer-
vante de Portugal, onde permaneceo atè
o fim da vida. Em obfequio daquelle Prín-
cipe acompanhou a quatro Embaxadores,
que mandou às principaes Cortes de Euro-
pa, que foraõ Francifco de Mello Monteiro
mòr a França; o IlluílrilTimo Bifpo de La-
mego D. Miguel de Portugal a Roma;
D. Vafco Luiz da Gama Marquez de Niza
a França, c Joaõ Rodrigues de Sà Conde
de Penaguião, e Camareiro mòr a Ingla-
terra. Neftes grandes Theatros luzio com
igual credito da fua Peflba, que da Naçaõ
Portugueza, o monftruofo engenho, a fu-
blime elegância, e a judiciofa profundi-
dade defte infignc Varaõ, arrebatando em
merecidas fufpenfoens aos mayores Cori-
feos de todas as Faculdades, de que eta
preciofo erário a fua feliz memoria. Na
cabeça do . mundo, como ellimadora dos
mayores juizos, conciliou a veneração das
principaes peíToas, que compõem taõ illuflxe
Corte, diílinguindo-fe entre todas a Santi-
dade de Alexandre VII. que por fer infignc
cultor do PamaíTo, lhe era muito incli-
nado, admirando o natural génio, que ti-
nha para a Poefia. Deíla inclinação foy
confequencia o nomeallo Meftre da Con-
troverfia em o CoUegio de Propaganda Fide,
Lente de Hiíloria EcclefiaíUca na Sapiên-
cia de Roma, e Confultor da Inquifiçaõ
Univerfal. Ao tempo que eftes lugares
com acelerados voos o hiaõ elevando à
mayor eminência, principalmente vendo-fe
favorecido dos Duques de Saboya, Flo-
rença, e Mantua, e o que era mais do decla-
rado affefto do Pontifice, o perdeu infeliz-
mente por naõ condefcender na emenda de
huma palavra, que lhe mandava rifcar o
mefmo Pontifice no epitáfio, que por fua
ordem fizera para o Maufoleo de Mon-
fenhor Favorito feu Prelado domeílico. Def-
ta infelicidade, que pudera evitar a prudên-
cia fe fenaõ deixara arraílar do feu génio
inflexível, fe armou a emulação para lhe dar
graviíTima matéria à fua tolerância, de que
depois triunfou a própria innocencia. Dei-
xada Roma paíTou a Veneza, e para que em
taõ nobre Cidade fizeííe conhecido o feu
nome, havendo defendido na Cúria por três
dias fucceífivos no anno de 1638. humas
Conclufoens de Omni Scibili em obfequio dos
Cardeaes Pedro Ottoboni, c Francifco Aibi-
zio, ambos douti/Timos na Jurifprudenda
Civil, e Canónica, e feus affeóhiofos Patro-
nos, de que lhe refultou immortal credito
à fua litteratura, fe refolveo a entrar em fc-
gundo combate, de que foy thcatro o Con-
vento de Saõ Francifco da Vinha da Gdade
de Veneza eílando prefentes o Doge Do-
mingos Contareno, e a Nobreza daquclla
celebre Republica, fuílentando pelo ef-
paço de outo dias mayor que Athlantc
fem o foccorro de Alcides aquellas £a-
mofas Conclufoês intituladas Leonis San-
L USITANA.
85
ãi Morei ru§tus litterarii, que principiarão
a 26. de Setembro de 1667. e comprehen-
diaõ em outo pontos as matérias feguintes.
I. Os fentídos, verfoens, e interpretaçoens
do Teílamento velho, e novo. 2. A ferie,
fucceíTaõ, e authoridade dos Summos Pon-
tiíices, e Concilios Ecuménicos. 5. A Hif-
toria Eccleílaílica, desde Adaõ atè Chrifto, e
de Chriílo atè o tempo em que defendeo.
4. A doutrina, e tèpo, em que floreceraõ
os Santos Padres aíTim Gregos, como La-
tinos, principalmente de Santo Agoftinho.
5. A Filofofia, e Theologia Efpeculatíva,
e Moral conforme as três Efcholas de Santo
Thomàs, Scoto, e Suares Granatenfe. 6. A
Jurifprudencia Ginonica, e Civil; a Hiíloria
Grega, e Latina, e principalmente a de Itá-
lia, e Veneza. 7. A Rhetorica, e feu me-
thodo; e ultimamente a Poética conforme
a mente de Ariíloteles, e da forma de todo
o género de verfos praticados pelos Gregos,
Latinos, Italianos, Efpanhoes, e France-
ses. Concorrerão a eíle litterario com-
bate os mayores fabios, que aquella ida-
de refpeitava na Europa atrahidos huns
da admiração, e eftimulados outros de
inveja, de que hum homem fe animaíTe,
pofto que ornado de fublime talento a
huma empreza, que ainda era árdua para
todos os Cathedraticos da mais douta, e
florente Univerfidade. Porém a experiên-
cia os defenganou, reconhecendo que era
Macedo animada Encyclopedia, e vivo erá-
rio de todas as fciencias, as quaes poíTuia
com tanta eminência, que a tudo quanto
fe lhe perguntou, e arguio fe naõ equivo-
cou em huma fó palavra, e muito menos
fe fufpendeo pelo mais breve espaço a to-
das as repoílas que dava; antes para eviden-
te prova de como a cõprehençaõ do juifo,
e felicidade da memoria fe naõ tinhaõ per-
turbado com taõ diverfos argumentos, e
logravaõ de huma perfeita ferenidade, emen-
dou a hum dos arguentes hum Texto da
Efcritura erradamente citado; e a outro
lembrou hum verfo de Virgilio, que lhe
efquecera, e a outro que allegava authori-
dades falfas para prova do feu argumento
naõ fomente defcobrio a falGdade das fuás
aUegaçoens, mas lhe repetio diverfos Au-
thores com que verdadeiramente podia
eílabelecer a fua opinião. Coroou eíle fa-
mofo Aélo recitando extemporaneamente mil
verfos Latinos com hum Epigrama em lou-
vor da Republica de Veneza o qual man-
dou efcrever debaxo do feu retrato a mef-
ma Repubhca, e o collocou na BibUo-
theca de Saõ Marcos para eterno padraõ
do feu agradecimento declarando-o feu G-
dadaõ, e elegendo-o Cathedratico de Filo-
fofia Moral em a Univerfidade de Padua^
de que tomou poíTe a 18. de Dezembro
de 1667. Foy hum dos acérrimos propug-
nadores da doutrina de Santo Agoítínho^
de cujas obras tinha tanta liçaõ, que as
repetia de memoria fem interrupção da
menor palavra, caufando mayor efpanto, que
querendo alguns emulos examinar a verdade
de taõ portentofa erudição lhe allegavaõ
alguns textos do Santo Doutor fabricados
com tal arte, que pelo eftilo, e doutrina
pareciaõ fer verdadeiros, cuia falfidade
promptamente defcobria, moftrando naõ fe-
rem genuinos partos da penna da Aguia^
dos Doutores. Fallou as Unguas mais po-
lidas da Europa com perfeição, efcrevendo,
e pregando na Italiana, e Efpanhola como
fe fora nacido em Roma, e criado em Ma-
drid. Entendeo a Franceza, e em a Grega
naõ foy hofpede, alcançando o principado
em a Latina, da qual foy eloquentiíTimo cul-
tor, e nomeado Chroniíla defta Monarchia.
em taõ elegante idioma pela Mageftade de
Dom Joaõ o IV. por Alvará paífado a 8.
de Abril de 1650. Defde a infância bebeo
com tanta abundância as aguas da Hipo-
crene, que foy numerado entre os Prin-
cipes do ParnaíTo, aíTim na elevação do
enthufiafmo, como na cadencia do metro.
Antepoz a mageftade de Virgilio ao fiiror
de Efiacio, e o Eftro de Lucano, à eloquên-
cia de Claudiano, fendo o feu eftilo fempre
fublime, claro, e numerofo. Naõ foy menos
copiofa a fua veya na compofiçaõ das Odes,
e Elegias, de que feguio como exemplares
os Ovidios, Horacios, Propercios, e Ca-
tullos. O primor da Oratória brilhou nas
fuás Orações, Apologias, e Inveâivas, pra-
ticando com artificiofa energia os feus me-
lhores preceitos. Sendo profundo Theo-
Só
BIB LIO THE CA
logo Efcolaftico como manifeílou na la-
boriofa conciliação do Doutor Angélico
com o Subtil, em que pcrtendeo inimigo
da parcialidade unir eftas duas grandes
Efcolas, naõ foy menos em a Pofitiva, e
Polemica, em que fe moílrou fempre fe-
quaz das opinioens mais folidas, e fortif-
fimo propugnador dos dogmas Catholi-
cos contra a cegueira do Atheifmo, e pe-
tulância da Heregia. Da Filofofia moral,
que eníina regular as próprias paixoens,
aprendeo a moderação, com que tolerou
a injuíliça da fortuna nunca mais cega,
do que quando lhe negou os prémios me-
recidos ao feu grande talento, e os con-
cedeo a outros, que lhe eraõ inferiores em
tantos dotes, de que liberal o ornara a
natureza. Defta fem-razaõ, ainda que mo-
deftiíTimo fe queixou na Prefação ao Lei-
tor das Collaçoens de Santo Thomàs, e
Scoto, explicando o feu fentimento com
eftas elegantes vozes: Scribo procnl á fuco,
longe ah amhitione: omni fpe honoris non modo
ahjeêia, fed etiam amijfa: viãima veritatis non
nia^a, fed maãata. Contigit mihi jaciari in
fchola, quòd tile alter in acie-
Difce legens doãrinam ex me, verumque labo-
rem
For tuna m ex aliis: nam te mea penna Minerva
Addi£tum dabit, <& nulla inter pramin ducet.
Para defender as opinioens fobre a ma-
téria da Graça, e da verdadeira doutrina,
que fobre taõ importante queftaõ fegui-
ra Santo Agoftinho, fe armou por diver-
fas vezes a fua penna contra o Cardeal
Henrique de Noris igualmente eminente
em a dignidade como litteratura, chegando
a tal exceíTo o ardor da contenda, que
o defaíiou por hum publico edital, af-
fmada para theatro defta controverfia a
Cidade de Bolonha, o qual naõ aceitou
o Eminenti/Timo Noris como receando o
vigor da eloquência, e afluência da I.a-
tinidade do feu contendor. Entre a la-
boriofa occupaçaõ de tantos eflxidos fem-
pre confervou faude robufta atè poucos
dias antes da morte, para a qual prepa-
rado com todos os Sacramentos, entregou
o efpiríto nas mãos do feu Creador em o
Convento de Pádua no primeiro de Mayo
de 1681. quando contava 85. annos de
idade, e naõ de 88. e de 90. como errada-
mente fe lè nas duas Infcripçoens abaixo
tresladadas. Foy honorificamente fepultado
pelos feuá Religiofos, e para eterna recor-
dação de taõ grande homem mandarão ef-
culpir de bronze hum Bufto, que reprezen-
tafle a fua figura natural, ao qual collo-
cado fobre a porta da Sancriftia fe lhe gra-
vou na parte inferior em huma tarja de pe-
dra a feguinte Infcripçaõ.
D. O. M.
Vatri Francifco Macedo hafitano
Hujus Domiis Patres eximio centuhemali Jm
Iftam
Ex are Imaginem »-
Pro áurea illâ quam in Patavino Gymnafio
Moralis Philofophia Doâíor, <Ò^ undique
Ungua, eS^ calamo vir doãijftmus protulit
Unanimiter decrevêre.
Obiit anno Do mini 1681. die prima MaH
JEtat. 90.
Semelhante obfequio confagrou à fua im-
mortal memoria em o Convento de Ara-
Casli em Roma feu amante difcipulo Fr.
Miguel Angelo Farolfo de Cândia, Pre-
gador do Palácio Apoftolico, coUocando
o feu Bufto aberto de relevo em hum
mármore vermelho, defronte da efcada,
que fóbe para o dormitório, para fervir
aos que paíTaõ de defpertador dos mereci-
mentos defte infigne Varaõ, cujo retrato fe
anima com eftas elegantes claufulas.
P. M. S.
Viro omnifcio
P. Fr. Francifco á Sanão Augufiino hiaceêú ||
Pátria Ljijitano, Veneta Ciui
Min. Obferu. Prov. Portugal. Leãori Jubi-
lato
In Patauina Academia Mtbica Profeffori
Galliarum Regina Anna Conãonatori, €>• Con-
Jiliario
Regis Lujitania Joannis IV. Chronologp La-
tino
S. Officii Roman. Omlijicatori
In Collegio de Prop. Fid. Controverfuxrum
luctori
In Romana Sapientia Hifl. Ecclef. Magiftn
L USITANA.
87
Poeía extemporâneo celeherrimo
Pltmbíis in Catholica, ac Uteraria Reipu-
blica
Obfequium lahorihus claro
Eficyclopedicis non paucis Jpeciminihus, ac certa-
minihus illuftri:
Adverfa fortuna i£íibus intrépido
Ingenio acri, memoria infallibili
L.XX. voluminum Patri
Die I. Maii ann. M. DCLXXXI. atatis fua
ann. LXXXVIII.
PadiUB ad fuperos profeão
Fr. Michael Angelus Farrolfus de Cãdia
Sacri Palatii Apoftolici Pradicator
Cifm. Fam. Min. Obferv. (Ò" Reform. Difcre-
tus perpetuus,
Et in Romana Cúria Commiffar. Genera-
lis
Grati Difcipulatús caufa Aí. P. C.
Anno Domini M. DC. XCI.
A eftes elogios, que a arte gravou na pe-
dra para mayor perpetuidade da memoria
do Padre Macedo correfpondem as vozes
de iníignes Authores, que uniformemente
o aclamaõ por Feniz dos engenhos. Nicol.
Ant. Bib. Vet Hijpan. liv. 4. cap. 4. §. 77.
multorum omnis generis librorum confeãor injignis,
vir multifcius, <& eloquens, e na P>ib. Hifp.
nov. Tom. i. pag. 336. col. 2. Acumine
ingenii, memoria prafentia, multarumque difci-
plinarum prafianii eruditione clarijfimum. Da-
niel Papebroch. Aã. SS. Maii in vita B.
Mafa/d. Reg. no principio Ita/ia toti, quin
& univerfa Europa notijftmus. Carol. Patin.
Eyc. Patavin. pag. 129. celeberrimum P. Franc.
de Francifcis. Dijfert. Philolog. de Franc.
Utter. feft. 3. de Rhethor. atque Poeji. n.
13. noftri faculi author probatijfimus, & n. 21.
Poetam, (Ò' Oratorem prajtantiftmum. Vir pla-
ne eruditus, inque carminibus pangendis felicif-
fimus, ac vena ubérrima. Morhof. Polyhijl. Ut-
terat. lib, 4. cap. 6. incomparabilis omni doc-
trinarum genere, maximoque judicio praditi, &
cap. 12. virum omnibus doãrinis, fíy Jcientiis
conjummatum. Gregor. Leti Itália Regnante
liv. 3. part. 3. ingegno trafcendentijftmo, e mof-
t^ofo, e Jen^a di alcun dubbio uno di maggiori
litterati che Jien viventi. Papadopoli Hifi.
GymnaJ. Patav. Tom. i. lib. 2. cap. 34.
vir miri prorjus, (& facundijftmi in re lit-
ieraria ingenii, e lib. 3. feâ. 2. cap. 33.
vir plane eruditus, <ò^ in pangendis carmini-
bus felicijjimus. Sou Ca de Macedo Eufit. U-
berat. lib. i. cap. 14. n. 20. eruditijftmus, <&
elegantijfimus, e no Prolog, de Caramuel con-
vencid. Cuya elegância rara, y erudicion grande
le ba!(e bien conorido, e na Eva, e Ave. Part.
I. cap. 26. n. 10. bem conhecido em Europa
toda por Poeta injigie. P. Garau Maxim.
Moral. Maxim. \. fu tan ^ande, como breve
Panegjrifta Macedo falia do Panegyrico,.
que compoz em applaufo do Principe de
GDndè. D. Franc. Manoel no Prolog, das
Obras Metric. En la opulência de las bue-
nas, y de las mejores letras humanas, y divi-
nas nuefiro infigie, y nueftro Preceptor el P.
Maejlro Fr. Francifco de Macedo, ctfyos copiojor
raudales go^an admirable mente dos Cathedras,.
muchos púlpitos no poços tribunales, y innume-
rables typos. P. Emman. Ludov. Vii. Prin-
cip. Theod. lib. i. §. 249. Eujitanus Tullius,.
& lib. 3. §. 198. injigtis, (& celeberrimuT
in Academia Conimbricenji Ma^fter. Joan.
Soar. de Brit. Theatr. Eufit. Eitter. lit. F.
n. 52. jingularem illum bominem Eujitania, feu
potiOs Hifpjnia Phanicem, fummifque omnium
nationum viris conferre, vel etiam praferre non
dubitarem. Sabino Eux Moral. Traft. 44.
de Eucharift. n. 49. vir omnifcius, e^ famo-
Jus. Fr. Femand. da Soled. Hift. Seraf.
Part. 3. liv. I. cap. 21. bem conhecido no-
mundo pela glande Eatinidade, Poética, t
Rhetorica, e Part. 5. liv. 5. cap. i. gran-
de homem conhecido por fua remontada eru-
dição em toda a Europa. Ped. Bayle Dic-
cion. Hijlorique e Critique. Tom. 3. pag.
mihi 238. une des plus fer tiles plumes dw
XVn. fiecle. Niceron Memoir. des Hom.
lllufir. Tom. 31. pag. 314. onde com
atrevida critica, e mayor petulância faz
juizo das obras, e do talento do Pa-
dre Macedo, fendo incapaz de fe confti-
tuir Cenfor de hum Varaõ, que foy emi-
nente em todas as fciencias, de cuja vida.
narrou vários faélos com ignorância craf-
ía, devendo aprender da fua erudição para.
ter algum nome com as Memorias Hif-
toricas, que fielmente tranfcrevia, de
quem lhas mandava. GraveíTon. Hijlor^
EccleJ. Tom. 8. pag. mihi 132. col. i.
ss
BIB LIO THE CA
^rNditíoms laude celebris , onde erradamente
o faz Italiano. Bib. Societ. p. 255. col.
2. vir plane erudittis, aÍT in pangenàis car-
minihus felkijfimus. Franco Imag. da vir-
tude em o Nov. de Coimb. Tom. 2. pag.
^617. col. I. Fqy homem eruditijftmo, e na Poe-
s^ia latina excellentijfimo. Franc. de Santa
Maria Chron. dos Coneg. Sectã. liv. i, cap.
2. taõ conhecido no mundo por fuás grandes
letras, e erudição. Soufa Appar. à Hijl. Gen.
da Cat(a Real Portug. pag . 130. § . 152.
de quem temos em muitas, e diverjas obras tan-
tos abonos da erudição, como do grande engenho
taõ univerfal, que fervio de admiração em muitas
fortes, e Univerjidades da Ejtropa, onde rea^idio.
Fr. Martinho do Amor de Deos. Chron. da
Prov. de Santo António pag. 748. preclaro
Heròe. Lopo da Vega Laurel de Apollo.
;Sylv. 2.
Francifco de Macedo
Tu Khetorica dulce,y amorofa
O' tu Lyra latina culta, y grave
Perdiera a tanta empre^^a el jujlo miedo:
Però fi como fue dificulto/a
Fuera impojftble. Amor imaginara
Dédalo que comigo ai Sol bolara.
P. Ant. dos Reys Enthujiafm. Poet. n. 78.
, ab altis
Arboribus certat ramos decerpere pulcher
Cynthius ipfe fuum cinãurus fronde Poe-
tam,
lllum ter mafftum, quo non praflantior al-
ter.
Seu canat in campo fquallentem pulvere Mar-
tem,
Trijlia feu querulâ moduletur carmina você,
Seu Cytharam pulfans fefliva poemata pan-
gat:
lllum, qui natus placidi prope flumina Mõda,
Reptavit per pleâra puer, teneroque liquen-
tes
LarffOs ore bibit latices, quàm turba, foro-
rum
Qua fubit in Pindum, folita efl haurir e: ca-
nentem
J^uem Tagus ut poffet properans audire,
fluenta
Sape fua in médio fecit conjijlere curfu;
^Ibula quem gelidus, Tamefifque, fÍT Sequana,
parvus
Quem Mançanares, Amus, fimul atque citatus
Ticinus quondam mulcentem carmine Nympbas
Audivere fuás: illum qui nomine geflat
In próprio merita laudis monumento,
Macedum.
Cathalogo das obras impreflas por ordem
Chronologica.
De primis folemnibus, €>• pompa triumphali
habita in Apotheofi Divi Francifci Xaverii épico
carmine libri três. Ulyflipone apud Joannem
Rodrigues. 1621. 8.
Apotheofis Sanãa EJifabetha Regina Lu-
fitana épico carmine liber unicus. Gjnimbrioc
apud Didacum Gomes Loureiro .1625. 4.
Lacryma Província Lodjitana ob ereptum
fibi Ljigduni acerba morte P. Francifcum de Men-
doça. Confta de quatro Elegias, e dous Epi-
grammas latinos. Sahiraõ impreíTos no prin-
cipio do Viridarium Sacra, d»* prophana eru-
ditionis do mefmo Padre Mendoça, que mor-
reo na Cidade de Leaõ a 3. de Junho
de 1626. Lugduni apud Horatium Cardon.
1632. foi. & ibi apud Laurentium AniíTon.
1649. foi.
Thefes Rhetorica omni eruditione referia
Matriti. 1628. Conílavaõ deíles Titulos
Thefaurus eruditionis pro fole s^odiacum pro-
currente. Parnajft Nemus poeticis arboribus
confttum. Viridarium eloquentia Rhetoricis flo-
ribus dijiinãum.
Hijloria de los Martjres dei Japon. Ma-
drid. 1632. 4. Faz mençaõ defta obra o
moderno addicionador da Bib. Orient. de
Ant. de Leaõ. Tom. i. foi. 547. no Ap-
pendix.
Vida dei gran D. Lui^ de Attayde, ter-
cero Conde de Attougtáa. Madrid en la Im-
prenta Real. 1635. 4. Sahio com o fup-
pofto nome de Jozè Pereira de Macedo.
A efta obra louvaõ Franckenau Bib. Hifp.
Genealog. Herald, pag. 268. c o moderno j
addicionador da Bib. Orient. de Ant. de ;
Leaõ Tom. i. Tit. 3. col. 56. 1
Epitome Chronoloffco defde el principio id 1
mundo hafla la venida de Cbriflo. Madrid.
1633. 4.
SermaÕ dt S. Tbomè Padroeiro da In-
L USITAN A.
89
dia, na Capella KeaJ. Lisboa por Lourenço
Craesbeeck. 1637. 4.
Panegyris A^pologetica pro Ljtjttania vin-
dicata á fervitute injufta, ah jugo iniquo, á ty-
rannide immani Caftella, jure, virtute, (ò^ opera
Joannis IV. Jujti Keps, L^gitimi Domini, opti-
mi Pareníis armo captivitatis fexagejjimo. Pa-
riíiis. 1641. 4. & Ulyflipone apud Lau-
rentium de Anvers. 1641. 8. & ibi
apud Georgium Rodrigues eodem an-
no. 4. Barcelona por Jayme Romeu
1641, 4.
Jíts fuccedendi in l^ujitania Kegnum Do-
mina Catharina Kegis Em/nanuelis ex EJuardo
filio nepfis Doãorum Juh Henrico latjitania Ke-
ffii ultimo Conimhricenjium Jententiis confirma-
tum. Pariíiis apud Sebaílianum Cramoify.
1641. foi. He huma tradução da Allega-
foÕ de Direito, que na caufa da fucceçaõ dejle
Keyno fe fev^ por parte da Serenijfima Senhora
D. Catherina, e fahio imprefla em Lisboa
1580. foi. a qual tradu2Ío o P. Macedo
em o breve cfpaço de quinze dias, e a
dedicou ao Cardeal de Richilieu, que de-
zejava ver os fundamentos por onde efta
Gjroa naõ pertencia à de Caftella. No fim
defta tradução acrecentou o Tradutor. Kpen-
Sx libri de aãu, (ò" jure pojftdendi Serenijfimi
Kegis J o anis IV.
Laifitania Vindicata. He huma tradução
latina, em a qual diz ao Leitor. Ciim ejfem
Parifiis oão laifitania vindicata exemplaria bre-
pi tempore ex diverjis Europa partibus ad ma-
tms pervenere meãs. Ea vero fihi fingula difcre-
pantia, e^ uno excepto omnia mendofa: ifftur
Lj4fitanam ipfam ex Archetipo quem pra ma-
fiibus habeo Jine crimine tranfcriptam edere vi-
Jum efi. Sahio fem lugar, nem anno da
impreíTaõ, mas do caraâer fe conhece fer
em Lisboa, e no anno de 1641. 16.
Elogia Gallorum. Aquis Sextiis apud Ste-
phanum David. 1641. 4.
Sacra D. Magdalena Spelunca vulgo fainãe
Baume prope Majfiliam poética citra fiâionem
defcriptio. ibi apud eumdem Typ. 1641. 8.
UlyíTip. apud Michaelem Desland. 1683. no
Hv. Carm. Seleãa Macedi à pag. 319.
Statua equeftris Eudovici XIII. PariGis.
1641. 4. & UlyíTip. apud Laurentium de
Anvers. 1641. 4. & ibi apud Michael.
Desl. 1683. 8. no Carmin. Seleã. à p.
155-
Cardinali Júlio Aía^;(arino pro recens do-
nata Purpura Eloffum. Eidem Komam è Ca-
thalonia redeunti. Pariíiis 1641. 4. & Ulyf-
íip. apud Michaelem Desland. 1683. 8. no
liv. Carmina Seleãa à pag. 285.
Excellentijftmi D. D. Aíarchionis de Fon-
tene Chrifiiani Regis Galliarum apud Sanãam
Urbem Oratoris folemni popa inveãi carmen, (&
acroama triumphale. Romac per Dominicum
Mardanum. 1641. 4. & Ulyflipone apud
Michaelem Deslandes. 1683. 8. no Uv. Car-
min. Seleã. à pag. 225. Efta obra íahio com
a feguinte.
Acroamata Gallia á novem Mujis reddita fo-
lemni die pompa pedefiri oratione.
IlluJhriJJimo, f& Keverendijfimo Domino Bre-
talio Archiepifcopo Aquenfi rufiicana Jua
domús poética defcriptio. Parifiis 1641. 4.
& Ulyffipone apud Michaelem Deslan-
des. 1683. 8. no liv. Carmin. Seleã. à pag.
187.
Poema epicum pro viãoria Anglorum ah
Hollandis mari comparata. Londini. 1641.
Panegyricus Urbano VIII. épico carmine.
Lyra Barberina Urbano VIII. Sylva. Verfo
alcaico. Eidem Urbano fuper creatione Car-
dinalium recens faãa elo ff um. Romae apud Do-
minicum Martianum. 1642. 4. A Eyra
Barberina. Sahio fegunda vez imprefla Ulyf-
fipone apud Michaelem Deslandes 1683. 8.
no livro Carm. Seleã. a pag. 17.
Honor Vindicatus. Rupellae. 1642. 8.
Ko*/ia in Tabula Eufitana. Romíe apud
Dominicum Martianum. 1642. 4. & Ulyf-
fipone apud Michaelem Deslandes 1683. 8.
no livro Carmina Seleã.
Sermão nas honras, qtíe a Naçaõ Fran-
cet(a celebrou á memoria do ChriJUanijfimo Lui^
XIII. o Jufto na fua Capella Real defta Ci-
dade de Lisboa. IJsboa por António Al-
vares Impreflbr d'ElRey. 1643. 4.
Montigienjis de Caftellano hofte viãoria. Ulyf-
fipone apud Antonium Alvares Typ. Reg.
1644. 4.
Officium breve S. Joannis Evangelijla ad
ufum Principis TheodoJU. Ulyflipone apud
Paulum Craesbeeck. 1644. 24.
90
BIBLIO THE CA
Sermaõ da Soledade de Nojfa Senhora na
Capella Keal. Lisboa por Paulo Craef-
beeck. 1645. 4. Coimbra pela Viuva de
Manoel Carvalho Impreflbr da Univeríidadc.
1654. 4.
Philipica 'Portugue^^a contra la im>eãica Caf-
tellana. Lisboa por António Alvares Im-
preíTor d'ElRey . 1645. foi- Como efcreveo
efte livro contra Filipe IV. Rey de Caftella,
imitou a Demoftenes, que chamou Filipicas
às eloquentes inveéHvas contra Filipe Rey
de Macedónia.
'Propugnaculum iMfitano Gallicum contra ca-
lumnias Hifpano-Belgicas in quo ferme omnia
utriujque Regnt tum domi tum foris praclare
gefia continentur. Parifiis. 1647. foi.
Principi Condão D. D. Ludovico Borbonio
Epinicium, <ò' EJogium. Pariíiis apud Dyo-
niíium Langlxum. 1647. 4. & UlyíTipone
apud Michaelem Deslandes. 1683. 8. no
livro Carmín. Seleãa. pag. 63.
Orpheus Tragicomedia in Atila Regia Pa-
latii Parijienjis coram Rege Chrijiianijfimo Lu-
dovico XIV. aãa. Pariíiis apud Dyonifium
Langlaeum. 1647. 4. & UlyíTipone apud
Michaelem Deslandes Typog. Reg. à pag.
288. He dedicada ao Cardeal Mazarino,
a quem fez hum largo elogio de obra
Lapidaria, impreíTo no fim deíla Tragicome-
dia.
Manifejlum pro Regno Lttfitnnia. 1647.
foi. Naõ tem lugar, nem anno da im-
preíTaõ.
SereniJJimi Principis Petri Infantis Por-
tugália Genethliacon heroice dicatum Principi
Tbeodofio cum ejujdem elogio. Pariíiis apud
Dionyfium Langlaeum . 1648. 4. & Ulyf-
íipone apud Michaelem Deslandes. 1683.
8. no livro Carmin. Seleã. à pag.
97.
Panegyrís Soterica ob propuljatum Sacra
Eucbarijiia ope imminens ah immijfo Jicarío
perírulítm Serenijftmo Regi Lufitania Joanne
IV. divinitiis Jervato diãa. Pariíiis apud
Scbaílianum Cmmoify. 1648. 4.
Lawrus Harcurtlca trilaurea Excellenfijftmo
Principi Ludovico Lotbaringio Comiti Ar-
meniaco. Pariíiis apud Dionyfium Lang-
Ixum. 1648. 4. & UlyíTipone apud Mi-
chaelem Deslandes. 1683. 8. no livro Carm.
Seleã. à pag. 135.
Mraum trium imaginum Regiarum Ludo-
vici XIII. Jujii, Anna Aujhiaca, Ludoviã
XIV. Adeodati <& Angeli Juper volantis Jpec-
taculum ad atemitatem exprejfum in bivio pon-
tis commutatis collocatum. Pariíiis apud Dio-
nyíium Langlaeum. 1648. 4. & UlyíTipone
apud Michaelem Deslandes. 1683. 8. à pag,
III.
Sermon , que predico a fu Mageflad la
Rejna Chrijlianijfima de Francia D. Amta
de Aufiria Regente en fu Real Palácio en
10. de Março el Martes Jegundo de la Qua-
rejma dei ano 1648. Pariz per Dionis Lang-
leo. 4.
Cortina Auguftini de Pradejlinatione, i&
Gratia adytis in centum Oracula recltifis Gre-
gorii Magni, <i>' D. Bemardi refponfis confir-
mata. Monaílerii per Chriílophorum Ken-
goolt. 1649. 4.
IJagoge ad doãrinam D. Augujlini. ibi per
eumdem Typog. 1649. 4-
Elogia nonnulla, (ò" dejcriptio Coronationis
Serenijfima Chrijlina Suecorum Re^na oratione
foluta, <& ligata. Holniia:. 1650. foi.
Inftituta ab Excellentijftmo Comité Cubi-
liarcho Extraordinário in Anglia Lufitania Ré-
gio Legato navigationis, eb* incepta Legationis
narratio. Londini apud Stephanum Bov-
vtell. 1632. 4. com hum elogio a Ingla-
terra.
Teffera Romana Autoritatis Pontificia adver-
Jus Buccinam Thoma Angli, ó^ Clajfuum He-
terodoxorum. Londini. 1653. 4.
Controverfia Ecclefiaftica inter Trates Mi-
nores. Londini. 1653. 4.
Domus Sádica regiis lineis firmata, Roma-
nis columnis nixa, Saàicis Heroibus illufirata.
londini apud Guillielmum Dugard. 1633.
foi. grande.
Lituus iMfitanus buccina Anglicana Tboma
Angli canenti occinens. Londini per R. Nor-
tonum. 1654. 4.
Mens divinitiís infpirata Santiffimo Patri
Domino Innocentio X. Juper qtànque propo-
fitiones Comelii Janfenii, <& mens Divi Augu/Hni
illufirata de di4plici adjutorio. ibi per eundem
Typog. 1654. 4-
L USITANA.
91
Rofa Alexandrina Alexandra Papa VIL
recens creato. Romae Typis haeredum Cor-
belletti. 1655. 4. Confta de hum Panegyrico
em proza. Elogio de obra Lapidaria. A
exaltação ao trono. Poema em eílilo de
Virgilio; a Coroação no eílilo de Eílado,
e a Cavalcata em o de Claudiano.
Chrifiina Valias togata Alexandrí VIL auj-
piciis trimphatrix, five Elogium Chrifiina Sué-
cia Regina. Romãs ex Typog. Rev. Gim.
Apoftol. 1656. 4.
Statua equeftris Capitolina M. Aurelii cum
oráculo ad Alexandrum VIL Romae per Vi-
talem Mafcardum. 1656. 4. & UlyíTipone
apud Michaelem Deslandes. 1683. 8. à pag.
123.
Trophaum epicum pro viãoria de claffe
Turcica celeberrima ad fauces Hellefponti parta,
Vetutiis ereãum. Romx apud Vitalem Maf-
cardum. 1656. 4. Acrecentado fahio pelo
Author. Patavii apud Cadorinum. 1680.
foi. & Ulyífipone apud Michaelem Des-
landes Typog. Reg. 1683. 8. no livro Car-
min. Seleã. Macedi à pag. 341.
De Alexandri VIL Pontif. Max. inau-
gwratione, Coronatione, Pompa triumpbali Cár-
men. Item duo Epigrammata, (ò* única Elegia.
Romae apud Vitalem Mafcardum. 1656. 4.
& UlyíTipone apud Michael. Desland. Typog.
Reg. 1683. 8. à pag. 29. e 33.
Panegyricus Alexandro VIL ob depulfam
pefiem. Romae apud Vitalem Mafcardum.
1657. foi.
Ejícyclopedia in agonem Utteratorum pro-
duãa aufpiciis Alexandri Alaximi Papa VIL
Romae Typis S. Congregat. de Propa-
ganda Fide. 1657. foi. No principio pro-
põem. Agonis L^ges. Titulus primus. Ra-
tionale, €> doãrina veritatis Philofophica, <ò^
Theologica duodecim gemmis litteraru difiinãum
ad ideam. Exodi cap. 28. conformatum. Di-
ca/um EminentiJ/imo Cardinali Flávio Chifio.
Secundus. Tabemaculum F aderis dijciplinarum
Júris Canonici, <& Civilis, <& Theologia Po-
fitiva, (& Sacra Scriptura duodecim Tentoriis
more Cafirorum IJraeliticorum . Num. cap. 2.
per gyrum ereãis circumdatum. Dicatum Excel-
lentiftmo Domino Mário Chifio. Tertius. Co-
rona Gnojfta novem Jyderibus illufiris pro lit-
teris antiquioribus. Dicata ExcellentiJJimo Prin-
cipi Augufiino Chifio.
Famefii Purpura ad D. Marium Alberi-
cum. Ode Alcaica. Romae Typis Mafcardi.
1658. foi.
In navim Barberinam. Ode Alcaica. ibi
per eumdem Typog. 1658.
Vita Sanãorum Joannis de Matha, (ò" Fe-
licis de Valois Fundatorum Ordinis Sanãif-
fima Trinitatis Redemptionis Captivorum, &
ipfius familia pia fiudia, <ò^ eximii fruãus.
Romae apud Angelum Bamabò à Verme.
1660. 8.
Theatrum Methereologicum, in quo iffiea,
aquea, terrefiria, Jubterranea, €>• tis mixta me-
tbeora fpeãantur. Romae typis Jacobi Dra-
gondelli. 1660. 8. No prologo deíle livro
diz o Author. cap. 1^. de ignibus Jubterr anéis.
No/que fuperioribus annis fimile exemplum atu-
limus maris ad Infulas Tertias ardentis mira-
bili fane incêndio; cujus caufam (& invefiigavi-
mus, & compertam in lucem decUmus Traãatu
ea de re accurate fcripto.
De Clavibus D. Petri. Tom. i. in quaf-
tuor libros divifus. i. de Clavi Pontificia di-
gnitatis. z. de Clavi Sacra Scriptura. ^. de
Clavi fidei dogmática, eb* praãica. 4. de Clavi
Sacramentorum adduãis tribus de harefi, e>*
fchifmate; de Sacerdotio Chrifii, de peccato
originali controverfiis. Romae apud Philip-
pum Mariam Mancinum. 1660. foi.
In obitum Eminentijfimi Prinripis Car-
dinalis Bernardim Spada Nania Eyrica cum
ejufdem epitaphio. Romae per eumdem Ty-
pog. 1661. 4. & UlyíTipone apud Mi-
chaelem Deslandes Typ. Reg. 1683. 8.
no livro Carmina Seleã. Macedi a pag.
375-
Archigymnafij Romana Sapientia ab Ale-
xandro VIL Pont. Max. perfeãi, lufirati,
confecrati pofiridie Idus Novembris defcrip-
tio. Romae apud Jacobum Dragonellum.
1661. 8. No fim tem eílas palavras.
Scribebat uno pofi menfe quãm dedicata efi
ab Alexandro Sapientia ejufdem anni. 1660.
Franc. Aíacedo.
Diatriba de adventu D. Jacobi in Hif-
paniam. Romae apud Philippum Mariam
Mancini. 1662. 4.
92
BIBLIO THE CA
I
Cofitroverfia Sekãa adverfus hareticos, <&
/cismáticos. Romac per eumdem Typog.
1665. 24.
Keverendijftmi P. Abbatis D. Hilarionis
Kancati in ejus exequiis prajente corpore ad
Sanãa Crucis in Hyerufalem habita laudatio.
ibi per eumdem Typog. 1663. 4.
Fmebris in Cardinalem Julium Sachetum
Orafio. ibi per eumdem Typog. 1663. 8.
Schola Theologica ad doãrinam Catholicorum^
<Ò^ confutationem hareticorutn apta. ibi per
eumdem Typog. 1664. foi.
Oratio funebris in Keverendi£imi P. Pau/i
LMchini Exgeneralis Augufiiniani JtiJUs in Tem-
plo D. Augujiini habita, ibi per eumdem
Typog, 1664. 4.
Ajfertor Komanus, five vindicice Romani
Pontificis, <& Pontificatús. ibi per eumdem
Typog. 1666. foi. Efta obra fahio cinco
annos depois com huma epiílola dedicatória
em Pádua com efte titulo Medulla Hijloria
Hcclejiajlica emaculata, emedulata, vindicata. foi.
Vita Terejia Regina Legionis, <& Saneia
Domina Jerabrica Sororum iMJitanarum Sanc-
timonialium Cijtercienjium Sanai Bemardi injii-
tuti, qua vulgo San£ía Regina appellantur. ibi
per eumdem Tj^og. 1667. 8.
Uttera officioja reciproca Marci ad Pe-
trum, (& Petri ad Marcum fuper acceptis à
S. D. N. Clemente IX. Papa in Cretenfi
objidione auxiliis. Venetiis. 1668. 4. Obra
Poética, & confta de huma foi.
Concentus EMcholoffcus Sanãa Matris Ec-
clejia in Breviário, €>* S. Augujiini in libris;
adjunãa armonia Exercitiorum S. Ignatii S.
I. Fundatoris, €>• operum Sanai Auguftini
Ecclejia Doãoris. Venetiis apud Geras. 1668.
foi.
iMcema Macedi ad iMcernam Cleantis. Pa-
tavii Typis Frambotianis. 1669. 16.
Epithalamium Serenijftmorum Principum Joan-
nis Federici Brmfuici, & iMneburpci Ducis,
<ò' Benediãina Palatina. Patavii apud hae-
redes Pauli Frambotti. 1668. 4. Verfo he-
róico. Sahio Ulyffipon. apud Michael. Des-
land. Typ. Reg. 1683. 8. no Carm. Se-
lea.
Phanix Creticus Catharinus Comelius, Ve-
rte tus heros incendiarii pulvtris opera extinãus
tribtis Francifci Macedo operibus Epigrammate,
Elogio, Eaudatione redivivus. Venetiis apud hx-
redes Pauli Frambotti. 1669. 4.
Panegyricus S. D. N. Cie menti Papa
IX. Patavii diâus. ibi per eofdem Tjrpog.
1669. 4.
Vita Venerabilis Toribii Alfonji Mogrovegii
Archiepifcopi Umenjis ex aâis legitimis de
mandato Sacr. Kit. Congregationis opera Or-
dinarii confeãis, deprompta. Patavii Typis Pe-
tri Mariae Frambotti. 1670. 4.
Piãura Veneta Urbis ejufque partium in
tabulis latinis, coloribus oratoriis, e^ pigmen-
lis colorata. Venetiis apud Cieras. 1670. 4.
Votttm Poeticum in triumphali pompa Ex-
cellentijfími Domini D. Francifci à Sou/a Co-
mitis Prati, Marchionis Minarum Legati Ex-
traordinarii á SereniJJimo Príncipe Petro ad
dementem X. Patavii apud Petrum Mariam
Frambotti. 1670. 4. Confta de hum largo
Poema heróico latino. Sahio UlyíTipone
apud Michael. Desland. 1683. 8. no Carm.
Seleã. à pag. 201.
Collationes doãrína D. Thoma, <^ Scoti
cum diferentiis inter utrumque; textibus utríuj-
que fideliter produãis, Jententiis fubtiliter exa-
minatis, commentariis interpretum Caietani im-
primis, (ò" Licheti diligenter excujfts, <& aliarum
pene Scholarum pracipue Jefuitica Suaria, cÍT
Vajquio Authoríbus controverjiis apte prola-
tis. Tomus primus. Patavii apud Petrum Ma-
riam Frambotti. 1671. foi.
Tom. Jecund. ibi per eumdem Tjpog.
1673. foi,
Eminentijfimo D. Everardo Nithardo elo-
gium cum Anagramate. Patavii apud Jaco-
bum de Candorinis, 1672.
Serenijftmi Cofmi III. Magfii Ducis Etrti-
ria Sacellum. Florentiac, 1673. 4. Obra Poé-
tica.
Kev. P. Fr. Joannis Bona Abbatis Gr-
neralis Cijlercienjis ex Congregatione Fulienfium
doãrína de U/u Fermentati in Sacrifício Mijja
per mille, ^ amplius annos à hatina Ecckfia
obfervato, dum effet Abbas, antequam K. E.
Cardinalis {qualis nunc ejl) crearetur, examinata,
expenfa, refutata. Ingolftadii. 1673. 8. Efta
obra, que certamente foy imprefla em Ve-
neza, ainda que dizia fer em Ingolftadio,
L USITAN A.
93
fendo prohibida em Roma pela exceíTiva
acrimonia, com que o Author tratava ao
Cardeal Bona, fegunda vez a publicou com
efte titulo.
EminentiJJimi, ac BjeverendiJJimi D. Cardi-
nafís Bona doãrina de U/u Fermentati in Sa-
crifiào Mijfa per mille, (& amplius annos â
Latina Exckfia obfervato in fuo libro Kerum
Uturgicarum cap. 23. examinata, ^ expenfa.
Veronae 1673. 8.
Dijqtáfitio Theoloffca de ritu A.\ymi, (Ò"
Fermentati Sanãijfimo D. N. Clementi Papa
X. dicata. Veronas Typis Rubeis, & Gambic.
1673. 4.
Commentationes dua Exclefiafiica Polemica.
Altera pro S. Vincentio Urinenfi, & S. Hi-
lário Arelatenji, €>* Monajlerio Urinenfi. Al-
tera pro Sanão Auguftino, eí?* Aurélio, ó^ Pa-
iribus Africanis. Venetiis ex Typog. nova
Rubeana. 1674. 4. O primeiro deíles dous
Tratados he contra Fr. Henrique de
Noris; e o fegundo contra Fr. Chrif-
tiano Lupo, ambos Eremitas Auguftinianos
igualmente doutiflimos na Sagrada Theo-
logia, e Hiftoria Eccleíiaílica. Para ref-
ponder a Macedo, fahio Noris com hu-
ma pequena obra impreffa em Florença
no anno de 1674. com eíle titulo. Ad-
ventoria Ven. P. Aíacedo in Patavina Aca-
demia Rthices Interpreti in qua de infcrip-
tione libri S. Augufiini de Gratia Chrifti,
Albine, Piniane, (& Alelania dijferitur. Tanto
que Macedo leo a impugnação de Noris,
compoz em hum dia, e fe imprimio em
três huma carta, na qual acremente im-
pugnava ao feu Contendor, e a publicou
em nome de hum feu difcipulo com efte
titulo.
Fratris Archangeli de Parma Socii Patris
! Macedo Epifiola obvia Adventoria Fr. Noris
fttper Quafiione Grammatica. Romse. 1674. 4.
Para que naõ paílaífe a mayores ex-
ceíTos efta Litteraria contenda, prohibio
com judiciofa cautela a Sagrada Congre-
gação a ambos os Contendores naõ ef-
crever fobre aquella matéria, de cuja pro-
hibiçaõ eftimulado Macedo, como naõ pu-
deíle refrear o Ímpeto de feu ardente gé-
nio, publicou hum Cartel, em que deza-
I fiava ao P. Noris para vocalmente defen-
der a fua opinião, e arguir com toda a
vehemencia a efte Antegonifta, o qual naõ
aceitou o duello. O Cartel impreíTo em
huma folha conftava das feguintes Claufulas,
e o traz Gregório Leti no 4. Tom. da
Ital. Ke^ante. p. 502.
Ubellus provocationis ad Certamen litte-
rarium in cauja Gratia, é^" Augufiini miffus,
á P. Fr. Francifco S. Augufiini Macedo Ob-
fervante ad P. Fratrem Henricum Noris Eremi-
tam Augufiinianum.
Caufa Duelli
Studium defendenda doãrina Gratia Cbrif-
tiana, ó' Augufiiniana ab erroribus, (Ò' ca-
lumniis: quod efi antiquijjimum Macedo.
Occafio
Diãum Noris de Aíacedo in Vindic. Au-
fffi. cap. 3. verf. 2. pag. 26. Pater Macedo
mihi autor fuit, ut ttun Hiftoriam Pela-
gianam, tum hafce vindicias evulgarem.
Non pottàt Macedo fuafor effe operis in quo
cúm plurima funt à veritate aliena, tum non-
nulla adverfa Gratia, €^ Augufiino.
>
Quando non licet per Superiores qtàdquam
mandare typis, reliquum efi, ut certamine decer-
natur.
Matéria
Tredecim propofitiones Noris pugtantes cum
doãrina Gratia, <& Augufiini. Errores três
inde pullulantes. Decem injuria illata Auguf-
tino.
Modus
Propofitiones fuis uti funt in libro Noris
concepta verbis perfpicue afferentur. Errores
fideliter adducentur; Augufiini injuria manifefie
exponentur; ob fi^uitis libellis, produãis tefiimo-
niis, ut negari nequeant.
Finis
Veritas, <& honor Aufftfiini.
Eventus
Noris pravaricator, <& defertor Gratia, ^ Au-
gufiini.
Macedo utriufque defenfor, ^ vindex appa-
rebit.
94
BIBLIO THE CA
Ux
Norís quibus cumqm ar mis, ó* fociis velit uti
licitum ejio.
Macedo, vel cum mínimo provocai, in uno Au-
gujlino omnia Junto.
Ero Bononia.
Kefponjio ad Notas nobilis Critici ano-
nymi in Apologiam Rev. P. Fr. Thoma Ma:(p^a
Inquijitoris Genuenjis pro Joanne Annio Viter-
hienfi. Veronae per Joan. Baptiílam Merlò
1674. 4.
Myrothecium morale documentorum tredecim,
qua Junt totidem leãiones fuper textum Arif-
iotelis lib. 8. Ethicorum de Amicitia. Patavii
apud Jacobum de Cadorinis. 1675. 4. No
fim eílaõ as feguintes obras. Lamentationes
Hyeremia elegis reddita. Feria Quinta, in Cana
Domini. Feria Sexta, in Para/ceve, eb* Sab-
bato Sanão, ^ PJalm. Miferere mei Deus ad
Flegiam redaãus. Sahiraõ reimpreflas eílas
obras Poéticas Ulyínp. apud. Mich. Des-
land. 1683. 8. no livro Carm. Sele£í. defde
pag. 345. atè 373.
Panegyrico Sacro dei Seráfico P. S. Fran-
cejco per recitar fi nel giomo fejlivo de fuoi Na-
talitii, nel Convento deli' llluftr. Madri di S.
Loren^o di Venetia. Padova por Jacobo de
Cadorinis 1675. foi.
Schema illuftre, ò^ Genuinum Sanai Offi-
cii Romani cum elegiis Fminentijftmorum Prin-
lipum Cardinalium cum corollario de infallibili
authoritate Summi Pontificis in myjleriis Fidei
proponendis, de ejujdem controverfiis decidendis.
Patavii apud Cadorinum. 1676. 4.
Difcorfo Académico : qual goda con piu dilet-
to la Reprejentatione Cómica o Trágica, o
mifia di un Palco; fi un Cieco che fenta, o
un fordo che veda. Padova apreflb Cadorino.
1676. 4.
Refponfiones P. Macedo adverfus propofitiones
parallelas Fr. Joannis à Guidicciolo colleãa
ab Annibale Ricio Veneto. Venetiis. 1676. 4.
Propofitiones parallela Michaelis Baii, cb*
Henrici de Noris á P. Fr. Joanne á Guidic-
ciolo Minorita obfervante Mantuano. Franco-
fiirti apud Joannem Petrum Zubrod.
1676. 12.
Direita rejponfio P. Joannis á Guidic-
ciolo ad refponfiones P. Henrici de Noris fidas
fub nomine Rev. P. Francifci á S. Augufiino
Macedo fuper Propofitionibus parallelis ejufdem
Noris, €>; Baii foi. fem lugar da impref-
faõ.
Prodomus velitaris pro Au^ftino contra Hen-
ricum de Noris. Moguntiae 1676. foi. com
o nome de Fr. Bruno NeuíTad.
Henricus de Noris Dogmatifies AuffiJHno
injurius, Summis Pontificibus, Cardinalibus, Sanc-
tis Patribus, Doãoribus Scholafticis infefius, de-
monfiratus. Auguftae apud Joannem David
Jannor. 1676. 8. Sahio efta obra com o
fuppoílo nome D. Fulgentii Risbrochii Po-
loni Can. LMter. Doãoris Theologi, eb* Abbatis
privilegiati.
Refponfa P. Francifci Macedo adverfus Cer-
ras Germânicas Germanitatum Comelii Jan-
fenii, €>• Henrici Noris colleEta ab Annibale
Riccio Veneto S. Theoloffa Baccalauro. Ve-
netiis Typis Alexandri Pezzanse 1677. ^o^-
Manifefiatio veritatis, e>* refponjio ad Pro-
pofitiones Henrici de Noris Authore Fr. Hilário
á Ragufa Minorita obfervante Generali Tbeo-
logo. foi. Naõ tem lugar da impreíTaõ.
Confutatio Palidonia fub nomine P. Hen-
rici de Noris publicata. foi. Sem lugar da
ediçaõ.
Panegyricus Innocentio XI. Patavii apud Q-
dorinum 1677. foi. He muito extenfo, c
elegante.
Trifavus compofitus ex Panegírico, EJogio,
Poemate conditus llluftrijfimo Reverendijfimo, Ex-
cellentijftmo Domino D. Alqyfio Sou:(a Archie-
pifcopo Bracharenfi Primati Hifpaniarum ad
Papam Innocentium XI. hxgato Extraordi-
nário oblatus. Patavii apud Cadorinum 1677.
4. & UlyíTip. apud Michael Desland. 1683.
8. no livro Carm. Seleã. pag. 167.
Genethliacon Augufii Principis Jov^ephi Ca-
faris Augufii Leopoldi Imperatoris filii tri-
lingue Latinum, Italicum, Hifpanum. Confta
de hum Poema Latino muito largo, e duas
Cançoens, huma Italiana, e outra Caíle-
Ihana. Venetiis apud Antonium Tivani.
1679. foi. No fim Corollarium pro Crepun-
diis mijfts á Summo Pontífice Innocentio XI.
Princlpl Jozepbo Augufio. Coníla de hum
epigramma, e huma elegia.
L US ITAN A.
Panegpicus pro "Laurea doãorali lllufirif-
fimcB Domina Helena Cornélia Pi/copia in
Academia Patavina. Patavii 1679. 4.
Auguftinus Bucharijiicus, feu liber confla-
fus ex triginta tefiimoniis Sanai Augufiini pro
duthoritate Corporis Chrifti, (& aliis quajlio-
nibus ad Eucharijliam pertinentihus Jecundum
Auguftini doãrinam. Patavii apud Cadorinum.
1679. foi.
Elogia Poética in Serenijfimam R£mpubli-
cam Venetam, ejujque augujliim Senatum, Tri-
hunalia, Pontifices, Duces, five Príncipes à
trimo Paulutio Anafejlo u/que ad prajentem
Aloyfium Contarenum Serenijfimum, (& feli-
djftmum Principem ibi apud eumdem Typ.
1680. foi. confta de 150. Epigrammas
cada hum ao Retrato dos Doges deíla
Republica.
De ineffabili, et altijjimo Incamationis Myf-
iferio, et aliis continentibus cum apparatu ad
idem mjjleríum cum Traãattt de Immaculata
B. V. Conceptione, et injlitutione Vita Apof-
tolica. Ibi apud eumdem Typ. 1680. foi.
iNo fim defta obra imprimio Itineraríum S. Au-
guftini poft baptifmum Jujceptum onde confef-
fa, que era tal o afefto com que amava
a eíle Santo Doutor, que muitas vezes fe
lhe reprezètava na fantezia eftando dor-
mindo. Querendo impugnar efte Tratado
Teu emulo Fr. Henrique de Noris, pu-
blicou com o afeitado nome de Fr. Ful-
gencio FoíTeo, a feguinte refutação, que
alludindo aos fonhos em que fe lhe re-
prezentava Santo Agoítinho lhe poz o
ieguinte titulo. Somnia quinquaginta Fr. Ma-
cedo in Itinerário S. Auguftini poft Baptifmum
Mediolano Komam: excutiebat levi brachio P.
Fulgentius FoJJeus Auguftinianus. Lugd. Ba-
tav. 168 1. 4.
In Nuptiis Serenijfima Principis Viãoris
Amadei Ducis Sabaudia, et EJifabetha Ala-
ria Francifca Infantis Lufttana Epithala-
mium. Poema Heróico. Naõ tem lugar
nem anno da ImpreíTaõ, mas do ca-
raâer fe conhece fer impreílo em Itália,
e íahio no anno de 1682. em que fe ajuf-
;tou eíle auguílo Conforcio, que naõ teve
;efeito.
Carmina Seleãa. UlyíTipone apud Mi-
chaelem Deslandes Typ. Reg. 1683. 8. He
95
huma coUeçaõ das fuás Poefias Latinas da
qual a mayor parte tinha fahido feparada,
que fez, e publicou o P. António de Ma-
cedo da G>mpanhia de Jefus, Irmaõ do
Author, de quem em feu lugar fizemos lar-
ga memoria. QneUi Bib. Volant. e o P. Ni-
ceron Mem. des Hom. Iluft. Tom. 31. pag.
338.
Difcri^one delia Veneria dei Ducu di Sa-
voia 8. Sem lugar, nem anno da ediçaõ. He
em verfo.
Clauis Auguftiniana liberí arbitríj à fer-
vitute necejfttatis concupifcentia vindicati. Impref-
fo em meya folha. He contra Noris, con-
forme efcreve Cinelli na fua Bib. Vo-
lant.
Cathalogo das obras Aí. S.
Ljifiada de Luiz ^ Camoens, traãu^da rui lín-
gua Latina M. S. 4. 2. Tom.
Eíla tradução, que confia de quafi dez
mil verfos correfpondendo hum Latino a
hum Portuguez, com igual fidelidade, que
elegância, compoz em Pariz no efpaço de
nove mezes para fer parto perfeito, cuja
laborioza empreza intentou por infinuaçaõ
do Excellentiflimo Marquez de Niza D.
Vafco Luiz da Gama Embaixador àquella
grande Corte, quinto Neto do infigne He-
róe Vafco da Gama gloriofo argumento
deíle Poema. Naõ deixou perfeitamente li-
mada eíla obra como fe vè do feu origi-
nal em que alguns verfos eílaõ por aca-
bar, certamente digniílima de fahir à luz
publica para mayor credito do divino Ca-
moens, por fe lhe naõ diminuir em a me-
nor parte o feu elevado efpirito como fe
pode colher da primeira oitava do Poema.
Arma cano, celebrefque viros qui á littore
ponti
Occidui Lyfij furgtmt ubi mania ^gni
Per maria ante aliis nunquã tentata carínis
Ire vel extremos ultra potuere receffus
Taprobanes: bello egregii, fortefque periclis,
Plufquãm humana ferat virtus, quam fpondeat
aufus,
Et nova regna inter gentes ftatuere remo-
tas,
Qua tantitm faãis fublimia in afira tulere.
96
BIBLIO THECA
Hijloria de la expedicion dei Brasil para
recuperar la Bahia efcrita no anno de 1624.
4. Deíla obra faz mençaõ o moderno ad-
dicionador da Bib. Occident. de António de
Leaõ. Tom. 2. Tit. 12. col. 676.
Uher de generibus, <& differentiis ftili tum
Khetorici, tum Poetici, tum Hijlorici, tum Epif-
tolaris. 8.
Vida do Irmaõ Domingos Joaõ Jefuita. 8.
c também em Latim.
Scientia Khetorica; efcrita em Madrid.
foi.
Scientia Poética. Opus accuratijftmum. foi.
Ella obra foy dolofamente furtada em Ma-
drid por diligencia dos feus emulos.
Guerras de los Efpanoles con los France-
v^s. Madrid. 4. G^nferva-fe na Livraria do
Duque de Villa-hermofa.
Defcriptio Poética Palatii Madritenjis Kuf-
ticani heróico carmine. Confta de três mil Ver-
fos, e fe guardava na Livraria do Conde
Duque de Olivares.
Adverjaria colleãa ex omnibus operibus S.
Augujlini. Eíla obra, em que tinha confu-
mido muito tempo, e applicado fummo dif-
vello, como eftiveíTe efcrita em folhas dif-
perfas, e com muitas interlinhas a queimou
o Guardião do G^nvento, em que aíTiília o
Author, imaginando que eraõ inúteis aquel-
les fragmentos, cujo fucceíTo fentio exceíTi-
vamente por coníiderar fruftrada a appli-
caçaõ de tanto eíludo, e o que era mais,
diminuída a gloria, que delle podia reful-
tar à doutrina de Santo Agoftinho.
Vita D. Rofa Umenfis Dominicana. Foy
a primeira que fe efcreveo, e fe conferva
na Bibliotheca do Convento da Minerva em
Roma.
Hijloria do bello iMJitano libri duo. He
compoíla no eílilo de Tito Livio, a qual
interrompeo, quando partio para Ingla-
terra com o Embaixador Joaõ Rodrigues
de Sà, Conde de Penaguião, e Camareiro
mòr.
De Conciliis univerfalibus, eS»* particularibus.
foi.
Uber apologeticus contra Caronem, €^ Valjium
Komana Bcclejia adverfarios. 4.
Calamitas erudita. 4.
Diatriba de opinione probabili. 4.
Differtatio de Validitate Matrimonii Eíhni-
corum prafertim Ttmchinenfium barbarorum. 4.
Defta obra faz mençaõ o moderno addi-
cionador da Bib. Orient. de Ant. de Leaõ.
Tom. I. Tit. 14. col. 455.
Collationes D. Thoma, <& Scoti. Tom. 5.
Eftava prompto para a impreíTaõ.
Profper rediviuus contra Narratorem.
Accipiter, Jive Sparaverius Kafrerii plumis
vejlitus, deplumatus, (Ò" viginti quinque errorum
conviãus.
Conciones viginti concionales in Ubrum Nu-
meri.
Panegyrico di Santa Chiara.
Qiiafiiones três pojitiva pro difftitate, au-
thoritate, e^ infallibilitate Sedis Apojlolica Ro-
mana.
Augujlinus Pontificius Komanus pro defen-
Jione Primatas Sedis Apojlolica Komana ex
locis ab Augujtino decerptis.
Heroes iMjitani Gubematores Índia Orieih
talis cum Juis eloffis Poeticis in quibus eorum
gejla continentur.
Kaynaldo Cardinali EJlenJi elogium. foi.
Francifco Cardinali Albit^^i elogium.
Urbano VIII. eloffum. Principia. Urbano
VIII. Urbanijfimo amaniorum liíterarum Javo.
Keges iMjitania dijlichis expojiti.
Elogium Illujlrijftma Familia D. Horten-
fia Pranejlrina.
Egloga in qua Jortunam queritur Juam.
Decimas de un peccador, que ai punto, (p»
pecava era cajligado por Dios. Saõ 6.
Além das Obras impreflas, e M. S. re-
citou publicamente 53. Panegyricos, 60. Oia-
çoens Latinas, 52. Fúnebres, e 48. Poemas
Épicos. Efcreveo 123. Elegias, 115. Epi-
taphios, 212. Epiílolas Dedicatórias, 700.
Familiares, 2600. Poemas heróicos, 110.
Odes, 3000. Epigramas. 4. Comedias La-
tinas, e huma Satyra cm Caftelhano.
FRANCISCO ALCAFORADO Efcudeiro
do Infante D. Henrique filho do Screnif-
fimo Rey D. Joaõ o I. c fcu companheiro
no celebre defcubrimento da Ilha da Ma-
deira, efcreveo com igual fingelcza, que in-
dividuação.
KelofaÕ do Dejcubrimento da Ilha da
Madeira, cujo original eu guardo (faõ pa-
L USI TAN A.
97
k-vras de D. Francifco Manoel de Mello
Epanaf. de var. Hijl. pag. mihi 278.) como
jcya preciofa, vindo ã minha maõ por extraor-
dinário caminho.
Fr. FRANCISCO DE ALCOBAÇA, cujo
apellido denota o lugar, que lhe deu o na-
cimento, e Monge da famofa Abbadia, Ca-
beça da Ordem Ciílercienfe nefte Reyno, íi-
tuada na mefma ViUa de Alcobaça. Foy
ornado de íingular prudência, natural dif-
criçaõ, e religiofa obfervancia. Floreceo pe-
los annos de 1597. Compoz
Contra Judaicam perfidiam maxime con-
tra hujus temporis Judaos. Da obra, e do
Author fe lembraõ Carol. de Vich. Bib. CiJ-
terc. Carol. Jofeph Imbonat. Bib. Latin.
Heb. pag. 40. §. 162. e Fr. Auguíl. Sartor.
Cifierc. Bijlert. pag. 565. in quo (faUa da obra)
in objiinatijjimam gentem doãijftma fulmina de-
tonuit.
D. FRANCISCO DE ALMEYDA Co-
mendador do Sardoal da militar Ordem de
S. Tiago, fetimo filho de D. Lopo de Al-
meyda, primeiro Conde de Abrantes, e de
D. Brites da Sylva, filha de Pedro Gon-
çalves Malafaya Vedor da Fazenda d'ElRey
D. Aífonfo V. foy hum dos mayores He-
roes, que produzio Portugal, dilatando o
immortal ecco da fua fama, defde Lisboa,
que lhe deu o berço, atè onde o Sol tem
o feu Oriente. A primeira efcola, em que
pradicou os marciaes efpiritos, que lhe ani-
mavaõ o peito, foy o Reyno de Granada,
onde em obfequio dos Reys Catholicos
triunfou muitas vezes dos Sequazes de Ma-
foma, merecendo pela heroicidade das fuás
acçoens particular eíUmaçaõ daquelles Prín-
cipes, principalmente em a Cidade de To-
ledo, quando o noílo SereniíTimo Rey D.
Manoel fe foy coroar herdeiro da Coroa
de Caftella. Era taõ refpeitada a fua pef-
j foo, que ElRey D. Joaõ o n. que zelava
com efcrupulofa obfervancia a veneração de-
vida à Mageítade, o fez fentar coníigo à
Mcaa com igual enveja, que admiração de
i todos os Palacianos. Certificado ElRey D.
' Manoel das grandes virtudes, que ornavaõ
a hum taõ infigne VaíTallo, quaes eraõ a
difciplina militar nos confliâos, fumma conf-
tancia nas adverfidades, heróica refoluçaõ
nas emprezas árduas, e ardente zelo da glo-
ria da Naçaõ, e do ferviço do feu Príncipe,
o nomeou primeiro Vice-Rey do Eftado da
índia, para que debaixo da fua prudente
direcção, e fulminante efpada fe dilataíTe
aquelle Empório contra a violência armada
dos Potentados da Afia. Partio a 25. de
Março de 1506. em huma poderofa armada,
que conílava de 22. náos guarnecida de
mil, e quinhentos foldados, entre os quaes
fe diftinguia feu filho D. Lourenço de Al-
meyda, e para que foíTe patente a todos a
honra, com que ElRey D. Manoel o tra-
tava, o acompanhou atè o lugar do embar-
que com toda a Nobreza, e irmumeravel
multidão de povo. Logo que tomou as ré-
deas do governo, defempenhou o alto con-
ceito, que fe tinha formado do feu valor
heróico, obrando acçoens dignas da immor-
talidade da fama. Para eftabelecer folida-
mente o Empório Portuguez Afiatíco, lhe
abrio os aUceíTes com a fundação das For-
talezas de Sofala, Quiloa, Anchediva, e
Cranganor inexpugnáveis propugnaculos con-
tra a invafaõ dos Principes Orientaes. Der-
rotou aos Reys de Quiloa, e Mombaça, e
fez tributários os de Ceylaõ, e Batecala, en-
tregando à voracidade do fogo tudo o que
efcapara da violenda do ferro. Alcançou
gloriofas viâorias em Dabul, Onor, e Pa-
nane, fendo a mais celebre de todas a
em que deílruio a 3. de Fevereiro de 1509*
a formidável Armada do Soldaõ do Egyp-
to, de que era General Mirílocem. Foy
inimigo jurado do intereíle como paixaõ
indigna de ânimos generofos, de tal forte,
que concedendo-lhe ElRey, que nos def-
pojos, aífim terreílres, como maritimos
refervalTe para fi huma peça de valor
de quinhentos cruzados, nunca efcolheo
entre tantas conquiílas, e viâiorias al-
cançadas pelo feu braço mais que al-
gum inJlrumento militar, em que fe adu-
lava o feu génio guerreiro. Coroado de
tantos triunfos, partio da índia para Por-
tugal a receber o premio merecido às fuás
gloriofas emprezas, quando ao dobrar o
98
BIBLIO THE CA
Cabo da Boa Efperança, querendo pro-
ver-fe a Armada de agua na Aguada de
Saldanha, fe travou no primeiro de Mar-
ço de 15 IO. hum confllâo dos noflbs Tol-
dados com os bárbaros, que habitavaõ
aquella terra, de que fe feguio empenhar-fe
o Vice-Rey no defaggravo daquella ofFenfa,
e fahindo a terra com os principaes Ca-
valheiros, depois de hum porfiado combate,
em que morrerão Lourenço de Brito, Co-
peiro d'ElRey D. Manoel, que defendera
alentadamente a Praça de Cananor, Manoel
Telles, Pedro Barreto de Magalhaens, e ou-
tros Fidalgos, cahio D. Francifco de Al-
meida atraveíTado pela garganta, cujo trá-
gico fucceflb fera eternamente lamentável
na pofteridade, acabando com fim taõ in-
fauílo hum Varaõ digno de mais larga vida,
e honorifica fepultura. Foy cazado com
D. Joanna Pereira, filha de Vafco Mar-
tins Moniz, Commendador de Panoyas, e
Garvaõ em a Ordem de S. Tiago, e de
D. Aldonça Cabral, filha de Eftevaõ Soares
de Mello, fexto Senhor de Mello, e D,
Thereza de Novaes de Andrade, de quem
teve a D. Lourenço de Almeyda, morto na
batalha de Chaul, e a D. Leonor de Al-
meyda, que cazou com Francifco de Men-
doça, filho herdeiro de Pedro de Mendoça
Alcayde mór de Mouraõ, Capitão que fora
de Ormuz, e irmaõ da Duqueza de Bar-
gança D. Joanna de Mendoça, por cuja
morte paíTou a fegundas vodas com D. Ro-
drigo de Mello, Conde de Tentúgal, pri-
meiro Marquez de Ferreira, de quem teve
dous filhos, e três filhas. A fua memoria
celebraõ graviíTimos Efcritores, como faõ
Garcia de Rezende Mifcellan.
Vi o Vice-Key primeiro,
Que á índia fqy mandado,
Mity vallente Cavalleiro,
Sem cobiça verdadeiro,
Muy fe!(udo, muy avÍ!(ado.
Hos Rumes desbaratou,
Com que a índia fegurou
Tomou Quiloa, e Mombaça.
Carece coufa de graça
Ver de que morte acabou.
Maffeo Hifi. Ind. lib. 4. p. mihi 78. clarif-
Jimus Imperator, ò^ vir integerrimus cu Europam,
<ò^ Afiam vi£íoriis pera^ajfet in Africa demiim
ignoto littore ad ludibriíl rerum humanarum ab
nudis, (òr teterrimis yEtiopibus interfeâus. Caf-
tanhed. Hifi. do defcobrimento da Ind. liv. 2.
cap. 124. Foy homem de corpo meaõ, e mem-
brudo, e de rofio grave, e de grande magefiade,
foy muito devoto, e amador de N. Senhor, e
guardava feus Mandamentos fegundo parecia.
Foy taõ piedofo, que nunca cafiigou ninguém,
que primeiro ho naÕ reprendeffe três vev^es.
Foy de condição muito magnifica, e liberal, fe-
gundo fe vio nos muitos bens, que fev^ aos ho-
mens, em quanto governou ajft à fua cufia como
a d'ElRey, no que fe extendia feu poder. Fqy
muito ii^ento para fav^er o que lhe parecia
bem, porem com confelho, e foy muito pru-
dente, e difcreto, e foy de taS altos pen-
famentos, que muitos lho atribuiaÕ a vaidade,
principalmente feus amigos, ç^c. Faria A^ia
Portug. Tom. 2. Part. 2. cap. 3. Ha-
Zia-fe venerar por lo ff^ave de la prefencia, por
lo acertado dei confejo, y por lo pontual de la
cortev^a. Defcobrio en el el tiempo una efiremada
continência, una capital enimifiad con la co-
dicia, y una concordância fixa con la li-
beralidad, y gratitud. Ofor. de rebus Em-
man. lib. 4. virum infigni virtute pradi-
tum, & lib. 6. vir probitate, <Ò>' libera-
litate, (ò' rebus geftis admirandus. Barros
Decad. 2. da Ind. liv. 3. cap. 10. Era ho-
mem de honrada prer(ença, Cavalleiro de Con-
felho, e de Corte, e por efta, e por ou-
tras qualidades de fua pejfoa muito efti-
mado. Fr. Ant. de S. Rom. Hift. de la Ind.
Orient. liv. i. cap. 27. aviendo confeguido
infignes vitorias em A;(ia, y Europa ai fin
vino a rematar fu vida en una infame playa
de Africa. Maris Dial. de var. Hift. Dial.
4. cap. 15. Pejfoa de altos merecimentos, t
nobres qualidades para grandes, e difficultofas
empre:^as. Franc. de Santa Maria Diar. Por-
tug. pag. 28. Obrou acçoens dignas de im mor-
tal memoria. Fonfec. Evor. Gloriof. p. 130.
Sogeito de ef clareadas prendas, que com a toga,
e com a efpada foy o primeiro Cev^ar da ín-
dia. Barbud. Emprer(. Milit. de Lufit. foi.
144. verf. Fue ajf ombro de varias, y helico-
fas naciones, y pufo debaxo dei yugo Partiam
algtnas delias. Efcrevco
Carta a ElRey D. Manoel. Principia
L USITANA.
99
graník paixaõ he para mi efcrever efta carta
a V. A. He muito larga, e judiciofa, on-
de fe juftifica de quanto tinha obrado na
índia.
Ordem expedida em Cochim a 26. de Mayo
de 1508. para Jindicar de Affonfo de Albuquer-
que.
Carta efcrita a Cogeatar.
Eílas duas obras fe achaõ impreíTas nos
Coment. do grande Affonfo de Albuquerque. A
primeira na i. part. cap. 58. e a fegunda cap.
62. e delias faz mençaõ o moderno addicio-
nador da Bib. Orient. de Ant. de Leaõ Tom.
I. Tit. 3. col. 69.
FRANCISCO DE ALMEYDA natural
de Coimbra, em cuja Univeríidade fe apli-
cou ao eíhido da Medicina, e nella fahio
taõ perito, que a exercitou com feliz me-
thodo em beneficio de diverfos enfermos
fendo Medico do Collegio dos Padres Je-
fuitas da fua pátria, e vendo que muitos
dos que nella eíhidavaõ, morriaõ confumi-
dos de febre Tyfica, depois de obfervar
com judiciofa inveíligaçaõ as cauzas donde
procedia aquella enfermidade, compoz como
aííirmou feu filho em Roma a 31. de De-
zembro de 1677. ao Padre Francifco da
Cruz Jefuita, que aífim o deixou notado
nas Mem. Aí. S. para a Bib. Portug. o fe-
guinte Tratado.
De Caufis cur Jcholajtici Conimbricenfes. S. J.
tàm crebro interirent, M. S.
D. FRANCISCO DE ALMEYDA na-
ceo em Lisboa a 31. de Julho de 1701.
fendo filho de D. Joaõ de Almeyda Conde
de AlTumar, Embaxador Extraordinário à
Mageílade de Carlos III. em Barcelona, Con-
felheiro do Eílado, e Gentil-homem da Ca-
mera de ElRey D. Joaõ V. e de D. Ifabel de
Caftro Dama da Raynha D. Maria Francifca
Ifabel de Saboya, filha de D. Joaõ Mafcare-
nhas fegundo Conde da Torre, primeiro Mar-
quez de Fronteira, Confelheiro de Eílado, e
D. Magdalena de Caílro filha de Francifco
de Sà, e Menezes terceiro Cõde de Penaguião.
Depois de inílruido nas linguas Latina, Ita-
liana, e Franceza, e nos preceitos da Mufica,
eíhidou quando contava 14. annos de idade
Filofofia em a Congregação do Oratório
defta Corte, e paíTando à Univerfidade de
Coimbra foy admitido em o Real CoUegio
de S. Paulo por Porcioniíla a 21. de Ou-
tubro de 171 7. AppUcoufe à Scienda do
Direito Pontificio em que recebeo o gráo
de Licenciado a 5. de Junho de 1723. Sen-
do Arcediago de Saõ Pedro de França em
a Cathedral de Vizeu, foy promovido a
Deputado da Inquiziçaõ de Lisboa, e a
Promotor da de Coimbra de que tomou
poíle a 13. de Março de 1730. donde fo-
bio a Principal da Santa Igreja Patriarcal
de Lisboa a 13. de Janeiro de 1738. A
profunda, e vafta noticia que com incan-
favel difvelo tinha adquirido da Hiftoria
Ecclefiaílica o fez merecedor de fer ad-
mitido ao numero dos CoUegas da Aca-
demia Real a 13. de Mayo de 1728. on-
de exercitou o lugar de Cenfor fendo as
obras que tem publicado os mais iUuHres
e patentes argumentos da fua grande ca-
pacidade, e fublime talento, que faõ as fe-
guintes.
Pratica com que congratu/ou a Academia
Keal de eftar eleito feu Collega. Sahio no
Tom. 8. da ColleçaÕ dos documentos da Acad.
Real. Lisboa por Jofeph António da Sylva.
1728. foi.
Conta dos feus Eftudos Académicos recitada
no Paço a -j. de Setembro de 1728. Sahio no dito
Tom. 8.
Conta dos feus Eftudos Académicos reci-
tada no Paço a zz. de Outubro de 1729. Sahio
no Tom. 9. da Colleç. dos Documentos da
Acad. Real. ibi por eumdem Typcg. 1729
foi.
Conta dos feus efludos Académicos recitada na
Academia em 21. de Junho de 1731. Sahio no
Tom. II. da Colleç. dos Docum. da Acad. Real.
Ibi per eumdem Typ. 173 1. foi.
Cenfura de huma opinião do P. Pafchafio Quef-
nel do Oratório de Jefus Chriflo de Parii^ que no
livro intitulado Difcipline de TEglife tiree du
nouveau Teftamet, et quelques anciens Con-
ciles pertende provar que a Difciplina Ecclejiajiica
das Igrejas de Efpanha, foy dependente das
de França. Lisboa por Jofeph António
da Sylva Impreflbr da Academia 1731. 4.
grande, e no Tom. 11. dos Documentos
lOO
BIB LIO THE CA
da Academia Keal ibi pelo dito Impref-
for, e anno. foi.
Primeira Dijfertaçaõ Critica contra as Me-
morias para a Hijloria do Bi/pado da Guarda
fobre alguns pontos da difciplina Ecclejiajlica de
Efpanha. Lisboa por Jofeph António da
Sylva 1733. 8. grande, c no Tom. 12, da
Colleç. dos Documentos da Academia Keal ibi
pelo dito ImpreíTor, e no mefmo anno
foi.
Aparato para a Difciplina, e Ritos Eccle-
Jiajlicos de Portugal. Parte primeira na qual
fe trata da origem, e Fundação dos Patriar-
chados de Koma, e Alexandria, e Antiochia,
e fe defcreve com efpecialidade o Paíriarchado
do Occidente, moflrando que as I^ejas de Ef-
panha lhe pertenciaõ por direito particular, e
por ocajiaõ defia matéria fe difputaõ haflantes
quefloens pertencentes ã difciplina Ecclejiaftica
cimofas, e naõ vulgares Tom. i. Lisboa por
Jofeph António da Sylva ImpreíTor da Aca-
demia. 1735. 4. grande.
Tom. 2. Lisboa pelo dito ImpreíTor, e
no mefmo anno.
Tom. 3. Lisboa pelo dito ImpreíTor
1736. 4. grande.
Tom. 4. Lisboa Na Real Ofíicina Syl-
viana, e da Academia Real 1737. 4. grande.
Carta efcrita ao Padre Fr. Marcelliano da
AfcençaÕ Monge Benediãino em repofta de outra
qtie fe aprev^enta, em que o confultava fobre vá-
rios pontos hijloricos da Religião Benediãina.
Lisboa por Jofeph António da Sylva Im-
preíTor da Academia 1738. 4. grande.
Fazem delle mençaõ Soufa no Appa-
rato á Hifloria Gen. da Cai^. Real Port.
pag. 172. §. 215. e meu Irmaõ D. Jo-
zè Barboza Mem. do Colleg. de S. Pau-
lo pag. 395. e no Archiath. Liíftan. p.
142.
P. FRANCISCO DE ALMEYDA na-
tural dos Campos da Cachoeira, em o Re-
côncavo da Cidade da Bahia Capital da
America Portugucza, filho do Capitão mór
Amaro Ferreira de Almeyda, e Barbara
de Soufa de Almeyda. Recebeo a Rou-
peta de Jcfuita cm o Collegio da Bahia
a 7. de Dezembro de 1721. quando con-
tava 15. de idade. Aprendeo, e didou as
Sciencias amenas, e feveras com igual aplau-
fo do feu nome, que emulomento dos feus
ouvintes. Publicou por primicias do feu ta-
lento Poético, e concionatorio as feguintcs
obras.
Orpheus Brajilicus, five eximius FJementaris
mundi Harmofles: nempe V. P. Jofephus de
Anchieta novi Orbis Thaumaturgus, e^ BraJUia
Apofiolus. UlyíTipone apud Antonium de
Souza da Sylva. 1737. 4. He Poema em verfo
heróico.
Sermão de SaÕ Francifco "Xavier Proteãor
da Cidade da Bahia, na Solemnidade anniver-
faria com que o fefleja o nobilijfimo Senado da
Camera pelo beneficio que fer;^ a todo o Eflado
do Brafil livrando-o da pefle chamada vulgar-
mente a bicha. Lisboa na Ofíicina dos her-
deiros de António Pedrozo Galraõ. 1745. 4.
Oração Ethica, e Politica da Terceira
Quarta Feira da Quarefma na Mifericordia da
Bahia, em o anno de 1742. Lisboa na mefma
Ofíicina. 1743. 4.
FRANCISCO DE ALMEYDA CABRAL
natural da Cidade de Lamego, onde teve
por Pays a António de Almeyda, e D. Ma-
ria Cabral ornados de igual nobreza, que
Chriílandade. Aprendidas as letras humanas
em que logo deu manifeílos íinaes da vi-
veza do feu engenho, paíTou á Univeríi-
dade de Coimbra, e applicandofe á Facul-
dade do Direito Cefareo penetrou com
fubtileza, e praticou com integridade 09
feus mais dificultofos Textos. Depois de
exercitar os lugares de Corregedor do Cri-
me da Corte, e de Dezembargador dos
Aggravos na Caza da Supplicaçaõ, de que
tomou poíTe a 3. de Abril de 1642. fof
Senador Palatino, merecendo pela natuiai
aíTabilidade do feu génio a eílimaçaò do»
Grandes, e a veneração dos pequenos. Mo#*
reo em Lisboa a 14. de Mayo de i6j4.
e foy depofitado em o Convento de N.
Senhora da Graça, para fer transferido á
Capclla mór de N. Senhora da Piedade
do Convento dos Eremitas de Santo Agof-
tinho da Qdade de Lamego, de que era
Padroeiro. Delle fe lembra António Car-
valho da Coíla Corog. Port. Tom. 2. Trat.
6. cap. I. Publicou.
L USITANA.
lor
y4Jlegaçaõ de Direito na Caufa do Morgado
de Medello, que moveo a D. Catherina Cou-
tinho boje cacada com D. António Luiz ^
Meneses. Lisboa por António Alvares Im-
preflbr DelRey. 1645. fo^- He muito difiifa,
e douta.
FRANaSCO DE ALMEYDA JOR-
DAM Cavalleiro profeíTo da Ordem de
Chriílo, filho de Ignacio de Almeyda Jor-
dão Cavalleiro da Ordem de Qirifto, e de
D. There2a Ignada de Azevedo, naceo em
Lisboa a 31. de Dezembro de 171 2. Sendo
formado pella Univeríidade de Coimbra em
a faculdade dos Sagrados Cânones, traduzio
da lingoa Caftelhana em a materna, acre-
centando varias addiçoens utiUíTimas, e
hum novo apendix das Leys de Portu-
gal.
Arte Legal para ejludar a Jurif prudência,
com a expojiçaô aos Titulos da Jurif prudência
do Lmperador Juftiniano do Licenciado Fran-
cifco Bermudes de Pedraça Advogado nos Tri-
bunaes de Sua Magefiade Catbolica. Lisboa
por António líidoro da Fonfeca 1737. 4.
FRANQSCO ALVARES natural de
Coimbra, e Capellaõ do Sereniflimo Rey
D. Manoel, de cujo talento certificado
efte Príncipe o mandou por companheiro
de Duarte Galvaõ, de quem fizemos
memoria em feu lugar, quando partio
de Lisboa a 7. de Abril de 15 15. com
o carafter de Embaixador ao Empera-
dor da Ethiopia em gratificação da Em-
baixada, que no anno de 15 14. rece-
bera da Emperatríz Helena em nome
de feu filho o Emperador David por
feu Embaixador Matheos, de naçaõ Ar-
ménio. Tanto que morreo Duarte Gal-
vaõ a 9. de Julho de 15 17. em a Ilha de
Camoraõ foy fubftituido por ordem de Dio-
go Lopes de Siqueira, Governador do
Eílado da índia em o lugar de Embai-
xador D. Rodrigo de Lima, a quem acom-
panhou Francifco Alvares, e chegando à
Dha de Maçua a 7. de Abril de 1520. en-
trarão na Corte da Ethiopia, onde foraõ
recebidos com particulares fignificaçoens de
jubilo, e affeélo, e para evidente final da
grande eítimaçaõ, que fizera daquella Em-
baixada, expedio a ElRey D. Joaõ o Hl.
por feu Embaixador a Zagazabo, venerável
Monge, com huma predofa Coroa, orde-
nando-lhe que praticaíTe femelhante obfe-
quio com o Summo Pontífice, a quem re-
conhecia por Cabeça vizivel da Igreja Ca-
thoUca. Chegou Francifco Alvares com »
Embaixador a Lisboa a 24. de Julho de
1527. a quem em remuneração do que ti-
nha obrado na Ethiopia lhe deu ELRey hum
Beneficio na Diocefe de Braga, em que
foy collado pelo Arcebifpo Primaz D.
Diogo de Souza a 30. de Julho de 1529^
Depois paíTou a Roma em companhia de
Zagazabo para dar obediência da parte
do Emperador da Ethiopia à Santidade de
Qemente VII. que os recebeo com pa-
ternal benevolência a 29. de Janeiro de
1553. fazendo-fe mais plaufivel efte aâo por
nelle afliftir D. Martinho de Portugal, Em-
baixador d'ElRey D. Joaõ o III. na Cúria,,
donde fe reftituhio a Lisboa. Efcreveo com
eftílo fincero, e judidofa obfervaçaõ a hif-
toria de Ethiopia, em que relatou os ritos,
e coftumes de feus habitadores, e tudo-
quanto era digno de memoria, devendo-fe
à fua indefeíTa appUcaçaõ naõ fomente a.
noticia de taõ vafto Império, em que re-
fidio o largo efpaço de fds annos, mas a.
perfeição, com que fahiíTe impreíTa efta.
obra, para cujo fim foy a Pariz como con-
feíTa na Dedicatória a ElRey D. Joaõ-
o m. hufcar efiampas caratules de letras, offi-
ciaes, e outras coufas convenientes ã impref-
faõ bas quaes nom fam de menos primor, e
calidade, que bas de Itália, França, e Alema-
nba, onde mais efta Arte florece, a qual iâhia
com efte titulo.
Verdadeira informarão das terras do Prefte
Joaõ, fegundo vio, e efcreveo bo Padre Fran-
cifco Alvares, Capellaõ d'ElRey nojfo Senbor^
No fim eftaõ as feguintes palavras. A*
bonra de Deos, e da Gloriofa Virgem N. Se-
nbora fe acabou bo livro do Prefte JoaÕ das índias,
em que fe conta todos bos fttios das terras, e dos
tratos, e comércios delias, e do que pajfâra na
viage de D. Rodrigo de Lima, que foy
por mandado de Diogo Lopes de Sequeira,
102
B IB LIO THE CA
^ue entaõ era Governador na índia: e ajfi das
cartas, e prefentes que ho Prejle JoaÔ mandou
a E/Rey nojfo Senhor com outras coujas notáveis,
/jue ha na terra. Ho qual via, e ejcreveo ho Padre
Francifco Alvares, CapellaÕ d'E/Reji noJfo Se-
nhor com muita diligencia, e verdade. Acahou-Je
no anno da EjtcamaçaÕ de N. Senhor JESU
dhrijlo a hos vinte dous dias de Outubro de
mil e quinhentos e quarenta annos.
Sahio eíla Hiftoria traduzida em Caíle-
Ihano por Fr. Thomás de Padilha com
•eíte titulo.
Hijloria de las cofas de Etyopia en la
qual fe cuenta muy copiofamente el eftado,
j potencia dei Emperador delia {que es el
que muchos an penfado fer el Prejle Juan)
£on otras infinitas particularidades ajji de
la religion de aquella gente, como de Jus
cerimonias, Jegun que de todo ello fue tef-
iigo de vijla Francifco Alvares, Capellan
J'ElRej D. Manoel. Anveres por Juan
Steelíio. 1557. 8. e naõ em folha como
efcreve o moderno addicionador da Bib.
Orient. de Ant. de Leaõ. Tom. i. Tit. 12.
col. 394. Foy fegunda vez publicada na
mefma lingua por Miguel de Suelves In-
façon, e dedicada a D. Artal de Alagon,
Conde de Saftago. Çaragoça por Agof-
tin Millan. 1561. foi. e Toledo por Pe-
<lro Rodrigues. 1588. 8. Também foy
vertida na lingua Franceza, e fahio com
^fte titulo.
Hijloriale defcription de l'Etiopie conte-
nant uraye relation des terres, e pais du
^rand Koj, e Empereur Prete-Jan, &c.
Anvers par Chriílofle Plantin. 1558. 8.
Na lingua Italiana fahio traduzida no
I. Tomo de Navigationi, et viagi di Gio:
Batijla Kamufio. Venetia apreíTo Giunti.
1563. foi. defde foi. 189. atè 260. Da-
mião de Gocs no livro que intitulou Fi-
des, reliffo, more/que JEthiopum pag. 50. diz
Jovius volumen quod Francifcus Alvares de
Jitu, morihus, cultuque JBthiopum compoftàt, in
quo etiam totum fuum iter explicai, pollicitus
ejl Eatinum f acere, cujus voluminis unum exem-
plar penes me habeo: quod fi Jovius àver-
tendo Juper fedeat, non abhorrerem ab ejus rei
traâatione. Defte intento de Paulo Jovio,
■e Damiaõ de Gocs de verter cm latim a
obra de Francifco Alvares, faz mençaõ
Ilhefcas Hijloria PontiJ. Part. 2. liv. 6.
cap. 22. e aíTim delia como do feu Author
fe lembraõ com vários elogios diverfos
Authores, como faõ o Padre Balthezar Tel-
les Hijl. da Ethiop. Alt. liv. 2. cap. 5.
homem de cofiumes antigos, de muita vir-
tude, de glande capacidade, e prudência; e
cap. 6. compo:^ hum livro muito curiofo com
ejlilo chaõ, e Jincero. Nicol. Ant. Bib. Hifp.
Tom. I. pag. 305. col. i. vir indujlrius, e>*
inculpatis moribus. Bodin in Method. Hiji.
Francifcus Alvarefius multo maiore fide, ac df-
ligentia res JEtiopum primus fcripfit, qua nune
á pere^nis, eb* optimis quibufque fcriptoribus
probantur, nec fine maffia voluptate leguntur.
Guerreiro Rela^. Annal. das coufas do Orient.
do anno de 1607. e 1608. pag. 278. homem
prudente, e bem entendido. Ilhefcas Hift. Pon-
tif. Part. 2. liv. 6. cap. 22. foi. 129. vcff.
Perfona de gran vida, y reputacion. Marian.
de reb. Hifp. lib. 30. cap. 25. Francifcus
Alvares prasbiter de tota ratione itineris, (&
regionis natura, gentifque inftitutis Comenta-
ria pátria lingua accurate defcripta in Iticem
edidit, Barboza Mem. d'EJRey D. Sebaftiaò
Tom. I. liv. I. cap. 12. homem de fumma
finceridade. Job. Ludolph. Hifi. JEtyop. pag.
4. Barros Decad. 3. da Ind. liv. 4. cap. 3.
Andrad. Chron. DelRej D. JoaÕ o 3. Part.
2. cap. 4. e Part. 4. cap. 72. Jarric. Tbe-
Z^ur. rer. Ind. Tom. 2. cap. 14. Caílanhed.
Hifi. do Defcub. da Ind. liv. 7. cap. 5. Bar-
toloc. Bib. Rabbin. Tom. i. pag. 45. Hifp.
Illufirat. Tom. 2. pag. 1285. Godinho de
Abyjftn. reb. lib. i. cap. 25. e 34.
FRANCISCO ALVARES MOREYRA
natural de Coimbra, filho de António
Alvares Moreira, e D. Jozefa de Vaf-
concellos defcendentes de famílias no-
bres. Depois de receber o gráo de Ba-
charel em a Faculdade dos Sagrados Câ-
nones em a Univerfidadc da fua pátria,
paíTou a Pernambuco com o lugar de Ou-
vidor, c Auditor Geral do noíTo exerci-
to, onde com igual zelo, que valor afllf-
tio a todos os fucccíTos militares, cm que
as armas Portuguezas triunfarão das Olan-
dezas efcrevendo
L USITAN A,
io5
Glorio/a reftauraçaõ da Praça do Arre-
cife, e das mais Capitanias, que os Olande:(es
occupavaõ naquelle Eftado. M. S. Do Author,
e da obra fe lembra Joaõ Franco Barreto
na Bib. 'Lujit.
P. FRANCISCO DO AMARAL. Teve
por pátria a Cidade de Lisboa, e por Pays
a Jorge do Amaral de Vafconcellos, e D.
Brites de Medeiros ambos decendentes de
familias nobres. Aliíloufe na Companhia de
Jefus em o Collegio de Coimbra a 14. de
Abril de 1608. quando contava 15. annos
de idade. Teve igual talento para Meílre,
que para Prelado eníinando Filofofia em
o Collegio de Évora, e Theologia nove
annos em Lisboa, e governando o Semi-
nário dos Irlandezes, e os Collegios de
Braga, e de Lisboa. Tudo quanto herdou
de feus Pays, que eraõ muito opulentos,
difpendeo em o culto de Deos, e benefi-
cio da Religião. Edificou a Capella de
Santo Ignacio em o Collegio de Coimbra
o qual ornou com preciofos ornamentos,
e deixou vinte mil reis de Juro para a
cera, que ardelTe no Triduo das quarenta
horas com huma excellente peanha de prata
onde fe colloca o Sacramento. Morreo
com fumma piedade em Lisboa ao tempo,
que era Reytor do Collegio de Santo An-
tão em 4. de Dezembro, e naõ de Setem-
bro como diz a Bih. Societ. pag. 210. col.
2. de 1647. DeUe fazem memoria Marrac.
Bih. Marian. Part. i. pag. 397. vir injigni
litteraturá, ac prohatis morihus conjpicuus. Joan.
Soar, Brit. Teat. iMJit. 'Litter. lit. F. num.
28. Franco Imag. da Virtud. do Colleg. de
Coimb. Tom. 2. pag. 616. e no Ann. glo-
rio/. S. J. in 'Lujit. pag. 725. Magna Bib.
Ecclejiaji. Tom. i. pag. 370. col. 2. Nicol.
Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 307. col. i.
Cordeiro Hijl. In fui. liv. 5. Tit. 4. pag. 169.
na KeligiaÕ morreo Sábio, Santo. Publicou.
Sermoens Tom. i. Braga por Gonçalo do
IBafto. 1641. foi. Tinha prompto o Tom. 2.
Ipara a impreíTaõ.
Fr. FRANCISCO DE SANTO AMBRÓ-
SIO natural de Lisboa, filho de Francifco
Dias, e Antónia de Barros, e Religiofo da.
Seráfica Província dos Algarves, cujo fa-
grado Inftituto profeíTou no Convento de
Santo António do Varatojo a 21. de Março
de 1656. onde exercitou cõ prudência os
lugares de Guardião dos Conventos de
Odemira, Évora, Faro, e Santa Maria de
Enxobregas, Cabeça deita religiofa Provín-
cia. Foy QuaUficador do Santo Ofíicio,^
Examinador Synodal em o Reyno do Al-
garve, e ultimamente ConfeíTor das Reli-
giofas Flamengas do Convento de N. Se-
nhora da Quietação defta Corte. Alcançou
fama pelo púlpito, fendo hum dos celebres-
Prégadores do feu tempo. PaíTou para a.
Província de Portugal no anno de 1692.
donde fe reftituhio à fua Provinda dos
Algarves. Morreo no Convento de Setú-
bal em o anno de 1700. Compoz
Sermão do Príncipe da Igreja S. Pedro, e pre-
gado na Se de Faro. Lisboa por António Craes-
beeck de Mello. 1681. 4.
Sermão da glorio/a Madre Santa Clara^
pregado no Convento das Keligiofas da mefma
Santa Cidade de Varo. Lisboa pelo dito Im-
preíTor. 1681. 4.
Sermoens vários, primeira Parte. Lisboa,
por Bernardo da Coíla. 1696. 4. No Pro-
logo affirma ter corrente a fegunda Parte.
Ultimo fim da vida em difcurfos predicá-
veis, pregados em o Convento do Seráfico Pa-
triarcha S. Francifco de Xabregas. Lisboa,
pelo dito Impreflbr. 1698. 4. Saõ Tardes
de Quarefma.
FRANCISCO DE ANDRADE Naceo-
em Lisboa, fendo filho de Fernando Al-
vares de Andrade Fidalgo da Caza Del-
Rey D. Joaõ o III. Thezoureiro mór
do Reyno, Cavaleiro da Ordem de Chrif-
to. Padroeiro do Padroado de Santa.
Maria de Aguiar, e da Capella mòr da
Convento da Annunciada de Religiofas Do-
minicas deíla Corte, e de Izabel de Pajrva.
filha de Nuno Fernandes Moreira Efcri-
vaõ da Camera de Lisboa, e de Violante
de Magalhaens; Irmaõ de Diogo de Payva de
Andrade, e do Ven. Fr. Thomè de JESUS,,
ambos infignes, o primeiro na efpeculaçaõ das
Sciencias, e o fegundo na praéiica das
I04
B IB LIO THE CA
virtudes. Foy inftruido em todas aquellas
artes dignas do feu illuftre nacimento con-
<;orrendo para a brevidade com que as
comprehendeo natural génio, juizo pene-
trante, e memoria feliz. Applicoufe com
particular difvelo à liçaõ da Hiftoria, prin-
<:ipalmente defta Monarchia em que fahio
taõ doutamente verfado, que fubftituhio no
lugar de Chronifta mór do Reyno, e Guarda
mór da Torre do Tombo a António de
Caftilho. Nefta occupaçaõ dezempenhou as
obrigaçoens de hum excellente Hijloriador
<:omo o intitula António de Souza de Ma-
cedo Flor. de Efpan. cap. 8. Excel. 9. efcre-
vendo a Chronica DelRey D. Joaõ III.
na qual relatou com pena mais difufa as
acçoens Militares, que as politicas deíle Prín-
cipe. Naõ foy menos perito na Poética,
que na Hiíloria, fendo os muitos verfos
aflim Lyricos como heróicos, que compoz
claras teftemunhas de fácil veya, e natural
afluência, que teve para taõ divina Arte.
Foy Commendador de S. Payo de Fragoens
•da Ordem de Chriílo, e do Gjnfelho del-
Rey. Cazou com D. Helena da Cofta, filha
de Salvador Corrêa de Menezes, e D. Vio-
lante da Coíla, de quem teve Diogo de
Payva de Andrade igualmente douto na
liçaõ da íliíloria, como nos preceitos da
Poefia Latina. Falleceo em Lisboa no anno
■de 1614. Fazem delle memoria Nicol. Ant.
Bib. Hífp. Tom. 1. pag. 307. col. i. Joan.
-Soar. Brit. Theat. Lup. Litter. lit. F.
num. 29. Ant. de Leon. Bib. Orient. Tit. 3.
Manoel Telles da Sylva Marquez de Ale-
grete no Prolog, da Hift. da Acad. Keal.
Publicou fem o feu nome.
Filomena de S. Boa Ventura. Lisboa por
•Germaõ Galharde 1566. 12. Começa.
Filomena fuave , que cantando
O fim do bravo inverno denuncias
E a vinda do VeraÔ alegre, e brandol
Chronica do valerojo Cafirioto Scandebergo.
Lisboa por Marcos Borges 1567. folha.
Traduzio eíla obra da lingua Latina ef-
crita por Martinho Barlefio, que depois
foy vertida em Caílelhano por Joaõ de
Uchoa. Sahio com o feu nome.
O primeiro cerco, que os Turcos pu:(eraÕ
.ã Fortalev^a de Dio, nas partes da índia de-
fendida pelos Portugue:(es. Coimbra 1589. 4.
Naõ tem nome do ImpreíTor. Confta cftc
Poema de vinte Cantos do qual faz men-
ção o moderno addicionador de Ant. de
Leaõ Bib. Orient. Tom. i. Tit. 5. col. 61.
e o Padre António dos Reys no Entbuf.
Poético num. 44.
Certamina celfum
Qua cecinit ^Lufos inter Turcafque furentes
Andradio meruère locum.
Chronica do muito alto, e muito poderofo
Key defles Reynos de Portugal D. Joaõ o III.
dejle nome. Lisboa por Jorge Rodrigues
161 3. folha. Foy dedicado pelo Author a
Filippe II.
Injlituiçaõ DelRey Nojfo Senhor. He tra-
dução da Latina, que fez Diogo de Teyvc,
infigne Meftre de Humanidades quando
ElRey D. Sebaftiaõ cumpria fete annos de
idade. Sahio impreíTa no livro do mefmo
Teyve intitulado Epodon, five Jambicorum Cár-
men libri três. OlyíTipone apud Francifcum
Corrêa 1565. 12, foi. 67. Começa.
Doutas habitadoras do Pamafo
Manifejlay agora aos Poetas
O f agrado licor das vojfas fontes
Com que os feus coraçoens, e engenhos ba-
nhem.
Vida, e feitos de D. Vafco da Gama, def-
cobridor da índia, e dos mais Fidalgos daquella
Familia, que militarão na índia. M. S. Efta
obra que eílava prompta para a impreflaò,
compoz à inílancia de D. Francifco da
Gama Conde da Vidigueira, extrahindo as
noticias mais particulares da Hiíloria da
índia, efcrita por Gafpar Corrêa.
Dialogo entre o Anjo da Guarda, e o
corpo humano. M. S. Eílas duas obras fc
confervaõ na Bibliotheca do Excellentiflímo
Conde da Ericeira.
Hijioria de Felicio, e Delia. Obra paftoril.
M. S.
Elegia á morte de D. Catherina de Attaide em
quefaõ Interlocutores Felicio, e Sylvano. M. S.
FRANCISCO DE ANDRADE LEY-
TAM natural da Villa de Condeixa,
duas legoas diílante da Qdade de Coim-
bra, c na Provinda da Beyra. Foraõ
feus Pays Manoel Fernandes de Alma-
i
L USITANA.
io5
da, e Antónia de Andrade filha de Bel-
chior de Andrade, e Catherina Leytaõ,
que o educarão com vigilância como pre-
vendo o grande credito que lhes havia
de refultar de tal filho. Applicoufe em a
Univerfidade de G^imbra, ao eftudo do
Direito Cefareo, cujas dificuldades pene-
trou com tanta fubtileza que recebido o
gráo de Doutor nefta Faculdade naõ fo-
mente mereceo fer admitido por Collegial
do Collegio de S. Pedro a 30. de Outubro
de 161 7. mas fubir a Lente de Inílituta
de que tomou pofle a 27. de Novembro
do dito anno. Como era igualmente douto
na fciencia Legal aíTim efpeculativa, como
praâica paíTou da Univerfidade para a
Cafa da Supplicaçaõ com o lugar de Dezem-
bargador de que tomou pofle a 14. de Se-
tembro de 1626. e de Aggravos a 17. de
Junho de 1628. Nas Cortes celebradas em
Lisboa a 15. de Dezembro de 1640. em
que foy aclamado, e jurado Soberano deíla
Coroa o Sereniflkno D. Joaõ o IV. reci-
tou a Oraçaõ cm nome do Eftado Secular
com tanta elegância, que lhe deraõ o epi-
tcâo de muífo eloquente D. Luiz de Me-
nezes Portug. Kejl. Tom. i. Uv. 3. pag.
113. Souza de Macedo iMfit. Uber. lib. 3.
cap. 3. n. 35. e Birago Hift. de Portogal.
lib. 2. Por fer ornado de Juizo profundo,
fumma politica, e ardente zelo da Pátria
o nomeou em o anno de 1641. ELRey
D. Joaõ o IV. feu Embaxador juntamente
com D. Antaõ de Almada ao Reyno de
Inglaterra donde paflbu no anno feguinte
com o mefmo Carafter a Olanda, para repre-
fcntar aos Eílados Geraes a injuíla violência
com que dominavaõ Angola, Saõ Thomè, e
Maranhão, e poílo que naõ atenderão à efi-
cácia das rezoens do Embaixador naõ paflbu
muito tempo que a noffa juíHça triumfafle da
fua pérfida cavillaçaõ. Provada a fua grande
capacidade, e fiel zelo em obfequio defta
Coroa fendo eleito Dezembargador do Paço
o mandou o mefmo Princepe com o titu-
lo de Plenipotenciário em companhia do
Doutor Luiz Pereira de Cafl:ro ao Con-
^reffo da Paz que fe celebrou em Mimf-
ter, e Ofnaburg Cidade da Veítfallia onde
chegarão a 11. de Julho de 1648. ReíUtuido
á Pátria com grande aplauzo do feu nome
fempre confervou igual reétídaõ como li-
berdade em tudo quanto era confultado,
até que falleceo em Lisboa a 17. de Mar-
ço de 1655. Jaz fepultado no Convento
de Saõ Domingos. Foy cazado com D.
Anna Leytoa Godinho de quem teve unica-
mente a Antónia de Andrade, que cazou
com Frandfco Machado de Brito The-
zoureiro da Caza da índia, dos quaes na-
ceo Pedro Machado de Brito, Commenda-
dor de S. Verifllmo de Lagares da Ordem
de Chriílo Tenente General da CavaUa-
ria. Brigadeiro, e General de Batalha. O
infigne Fr. Francifco Macedo in Propu^.
'Lujit. Gallic. pag. 216. lhe faz o feguin-
te elogio Franàfcus Andradius l^tam jHr-
pis nobilijfimcB omnes virtutes quibus ad lega-
tionem obeundam opus eft, compleãitur. A.cumen
ad inveftigandum, judiàum ad expendendum,
prudentiam ad providendum, facilitatem in agen-
do, confiantiam in urgendo, feliàtatem in con-
ficiendo. Qui ab afferto Kegno ftrenuijftme tri-
bus obitis legationibus pro Pátria ac ^ege la-
bor at: quin nulli umquam labori, Jumpttã ve
pepercit, et noftram ubique Kempublicam ma-
xime promovit. Delle fazem memoria Joan.
Soar. de Brit. Tbeatr. LuJit. Litter. lit. F.
n. 31. D. Nicol. de S. Maria Cron. dos
Coneg. Ksg. liv. 10. cap. 19. n. 10. Manoel
Pereir. da Sylv. Leal Cathalog. Chronol.
dos Colleg. de S. Pedro. §. 55. Qede Hift.
de Portug. Tom. 2. p. mihi 519. No livro
intitulado Pacificatores Orbis Chrifiiani, Jive
ícones Principum, Ducum, et 'Legatorum qui
Monajlerij atque Ofnabruga Pacem Europa
reconciliarunt eftà o feu Retrato aberto em
huma grande Lamina, e no circuito deUe
tem efta fentença Melior ejl tuta pax, quám
Jperata viãoria, e na parte inferior. Francifcus
de Andraãa L^ytaÕ Regis Portugallia Jacri
Confifiorii Confiliarius, Senator Aulicus, Equef-
tris Ordinis D. N. Jefu Chrijli Miles Cru-
ciferus ad P^gem Anglia, nec non unitos fa-
derati Belgij Ordines Generales L^gatus nuper
Extraordinarius, nunc ad Generales Pacis Trac-
tatus itidem Plenipotentiarius Extraordinarius.
Compoz
Oraçaõ recitada a 15. de De:(embro de
1641. no Auto do Juramento DelRey D. Joaõ
io6
BIB LIO THE CA
o IV. Lisboa por António Alvares. 1641
foi.
Difcurfo politico fobre o fe aver de largar
â Coroa de "Portugal, Angola, S. Thomé, e
Maranhão, exclamado aos Altos, e poderofos
EJiados de Olanda. Lisboa pelo dito Impref-
for 1642. 4.
Copia das propojiçoens , e fegunda Alle-
gaçaõ aos Altos Senhores, Ordens Geraes, e
Potentes EJiados das Provindas unidas (^c.
acerca da rejlituiçaõ da Cidade de S. Paulo
de luoanda em Angola. Lisboa por Lou-
renço de Anvers 1642. 4. Eílas duas obras
fahiraõ vertidas em Latim com o titulo
fcguinte.
Copia primes allegationis pro rejlitutio Civi-
tatis S. Pauli de "Loanda in Angola, Infula-
rumque Sanai Thoma, nec non etiam do Ma-
ranhão. Hagae Comitum 1642. 4.
Copia Propojitionum et fecunda Allega-
tionis pro rejlitutione S. Pauli de 'Loanda in
Angola; pro Infula, (& Civitate S. Thoma;
pro Infula, et dijlriãu Maranonij, et aliis locis,
ac Civitatihus (&c. captis poji traãatum Pacis
cum Ordinibus Faderati Belgij renovata die 14.
JuniJ 1642. Hagae Comitum 1642. 4.
Pro Chrijli Kefurgentis Solemnitate Ora-
tio habita in fuo humaniorum litterarum ty-
rocinio. UlyíTipone apud Antonium Alva-
res Typ. Reg. 165 1. 4.
Fr. FRANCISCO DOS ANJOS alum-
no da Ordem dos Pregadores a quem Fr.
Luiz de Souza Irlijl. de S. Dom. do Rçy-
no de Portug. Tom. i. liv. 5. cap. 42. cha-
ma religiofo exemplar, e letrado; fendo Con-
feííor de D. Jeronyma de Carvalho, que
por morte de feu Efpofo D. Francifco
Coutinho herdeiro da Caza de Marialva,
profeíTou a Ordem Terceira de S. Do-
mingos, efcreveo com grande individua-
ção.
Vida da Ven. Serva de Deos D. Jero-
nyma de Carvalho. Deíla obra (de que fez
memoria, e de feu Author Fr. Pedro
Monteiro Claufi. Dom. Tom. 5. pag.
209.); extrahio as noticias que efcreveo
Fr. Luiz de Soufa no lugar aíTima alle-
gado.
P. FRANQSCO ANTÓNIO natural de
Lisboa donde paflando à Univerfidade de
Coimbra eíhidou com tanta applicaçaõ Di-
reito Civil, que o diftou dous annos cm
a Univerfidade com grande applaufo do
feu nome quando contava a florente idade
de vinte c três annos em a qual logrou
a eílimaçaõ que lhe conciliavaõ as fuás
letras abraçando o fagrado inílituto da Com-
panhia de Jefus, no Collegio de Coimbra
no anno de 1558. Por fer ornado de fumma
prudência foy mandado pelos Superiores
com o Padre Balthezar de Pina para a
Fundação do Collegio de Faííaõ em o Rcy-
no de Sardenha. Depois de fer Meftre dos
Noviços em Roma, onde formou o feu
efpirito varoens, que dilatarão a gloria da
Companhia, teve por confeíTados ao P.
Edmundo Campiano, que com o fangue
derramado pela herética pravidade dos In-
glezes rubricou as verdades da Religião
Catholica, e a Santo Eftanislao Kofcka, que
pela eficácia dos feus confelhos fe aliílou
na Companhia de Jefus. Foy Confelheiro,
e Pregador pelo largo efpaço de trinta e
féis annos da Magellade Cezarea de D.
Maria de Auftria, a qual eílimava tanto a
fua grande capacidade, que o mandou tratar
negócios de graves confequencias com feu
Irmaõ Filippe Prudente, e vindo a mefma
Princeza a Madrid fe fervio fempre dos
feus confelhos atè que piamente clauzulou
o fim da fua vida em o Noviciado daquella
Imperial Villa a 15. de Fevereiro de 1610.
com 75. annos de idade, 55. de Religião.
Fazem delle memoria Bib. Societ. pag. 212.
col. 2. Joan. Soar. de Brito Theat. Ljijit.
Utter. lit. F. num. 32. Nadazi Ann. Dier.
S. J. pag. 91. col. I. Nicol. Ant. Bib.
Hifp. Tom. I. pag. 307. col. 2. Franco
Imag. do Nov. do Colleg. de Coimb. Tom. 2.
pag. 616. et Ann. Glor. S. J. in Ljifit. pag.
88. Petr. de Alva y Aftorg. Aí/7//. Imma:.
Concept. Maffui Bib. Ecclef. Tom. i. pag.
499. col. 2. Compoz
Avisos para los Soldados, y gente de guerra.
Madrid, por Pedro Madrigal. 1590. 12.
Bruxellas por Rogério Vclpio 1597. 12. c
Antuérpia. 1605. 12.
Cathecifmus, hoc eft. Catholica Juven-
L USITAN A,
107
ííitis infiitutio ã M. imundo de Augerio S.
J. Theologo primum editas, nunc vero Sacra
j Scriptura, Sacrorumque Conciliorum, ac SS.
PP. authoritatibus illuftratus per P. Francif-
cum Antonium ejufdem Societatis Jefu Matriti
apud Petrum Madrigal 1592. Foy dedi-
cado ao Archiduque Alberto de Auf-
tria.
Conjideraciones fobre el altijjimo Sacrifício
de la Mijfa; dei Santijfimo Sacramento dei
agua bendita; de las Imagines, j relíquias; de
la fenal de la Cru^; dei Agnus Dei. Madrid,
por Pedro de Madrigal. 1598. 4. Tiaha
fahido com o titulo de Myfierios de la Mija.
Madrid. 1596. 4.
Tratados efpirituales de algunos Santos an-
tigos. Madrid, por Luiz Sanches. 1603. 8.
He tradução das obras Latinas dos Santos
I Abbades, Dorotheo, Nilo, e Ifaias, e das
I Sentenças do Papa Xiílo.
, Fr. FRANaSCO DE SANTO AN-
TÓNIO, Religiofo da Ordem dos Me-
I nores da Provinda de S. Thomè da
índia Oriental, e hum dos zelofos ope-
rários, e infatigáveis cultores da Vinha
de Jafanapataõ aonde com a eficácia das
fuás vozes converteo muitos Gentios ao
grémio da Igreja Católica, deixando com-
poftos, como efcreveo Fr. Jacinto da
Madre de Deos Vergel de Plant. e Flor.
cap. I. pag. 17. muitos livros para confu-
são dos erros da gentilidade, doutrina dos
mijierios da Fè, e augmento da Chrifian-
dade.
P. FRANCISCO AYRES Naceo na Villa
da Amieyra do Priorado do Crato em
a Provinda Tranílagana fendo filho de
' Manoel Martins, e Izabel Ayres. Ao tem-
po que na Univerfidade de Coimbra era
Filofofo do quarto anno fe refolveo abra-
çar o Inítituto da Companhia de Jefus
entrando em o Noviciado de Lisboa a 9.
de Junho de 1621. quando contava vinte
e quatro annos de idade. Depois de fer
Reytor do Collegio de Faro aíTiflio na Caza
{ do Novidado de Lisboa por todo o dif-
I curfo da fua vida onde fe conílituhio hum
! perfeito exemplar do eftado religiofo. Ora-
va cada dia muitas horas a que precedia
a rigorofa difdplina de duzentos golpes.
Como cegaíTe cuja moleília qual outro To-
bias tolerava com inalterável conílancia, e
naõ pudeíTe offerecer no Altar o Divino
Cordeiro, o recebia todos os dias com
fumma ternura recitando a efte tempo pa-
nem nojlrum quotidianum da nobis hodie. Foy
exceíTivamente mortificado fervindo-lhe de
cama o pavimento do cubículo, e abílen-
dofe de vinho, e de todo o género de
fruta. No mez que fe recolhia a tomar
os exercidos de feu Patriarcha Santo Igna-
do, fe fuílentava cada dia huma fó vez da
pequena porçaõ de bifcouto, que lhe trazia
hum feu filho efpiritual. No Confeífionario
dirigia as almas ao caminho da perfeição
com termos taõ fuaves, que eraõ innume-
raveis os penitentes que concorriaõ a ou-
vir os feus documentos. Na Theologia
Myílica era muito verfado, de tal forte, que
o confultava o Ven. Padre Bartholomeu do
Quental Fundador da Congregação do
Oratório neiie Reyno. Ainda que eíla-
va privado do mais nobre fentido rezava
todos os dias o Offido Divino, cuja mayor
parte fabia de memoria, e didava a hum
Noviço, que lhe aniftia, as obras que pu-
blicou para benefido das almas Catholicas.
Nellas fe defcobre o cordial afefto com
que fempre venerou a Maria SantiíTima,
cujas Vigílias jejuava a paõ, e agua. Che-
gado o termo da fua vida recebeo com
fervorofa piedade todos os Sacramentos, e
entre fuaves colloquios a Chriílo Cru-
cificado, efpirou placidamente em o No-
viciado de Lisboa a 11. de Novembro
de 1664. com 67. annos de idade, e
43. de Religião. Divulgada a fua morte,
muitas peííoas concorrerão a venerar o
feu cadáver, que cobrirão de flores em
memoria das fuás virtudes que celebra-
rão a Bib. Societ. pag. 214. col. i. Fraf
virtutum omnium Jpeculum. Franco Annal. S.
J. in iMJit. pag. 336. num. 2. vir exquijita
virtutis, e na Imag. da Virt. do Nov. de Us-
boa Uv. 4. cap. 7. religiofo de grande perfei-
ção. P. Francifco de Francifc. Philolog. Dif-
fert. de Francifc. Utter. deficiente vifu, ut
vix lucem ã tenehris difcemeret ... tranfí-
io8
BIBLIO THE CA
vit ad videnda bona Domini in terra vwentium,
Compoz
Kegimento efpiritual para o caminho do
Ceo. Lisboa na Officina Craesbeeckiana.
1654. 8.
Retrato dos triunfos divinos contra os dij-
primores humanos. Lisboa por Paulo Cracs-
beeck. 1658. 4.
Methaforicos exemplares da efclarecida ori-
gem, e illufire defcendencia das virtudes por Evan-
gélicas parábolas, e allegorias figuradas com hum
tratado elogiaco fobre as excellencias, e grande:(as
da Virgem May de Deos. Lisboa por Antó-
nio Craesbeeck. 1661. 4.
Parallelos Académicos entre duas univer-
Jidades divina, e profana, dedu^dos ã reforma-
ção dos cojlumes, e melhoramento de vidas. Lis-
boa por Ant. Craesbeeck de Mello. 1662. 8.
Retrato de prudentes, e efpelho de igno-
rantes; aos primeiros alimento efpiritual de
bons acertos; aos fegundos avi^o de feus enga-
nos. Lisboa pelo dito Impreflbr. 1664. 8.
Epitome efpiritual fobre o que deve faber,
crer, guardar, e obrar todo o Chrijlaõ. Ibi pelo
dito Impreflbr. 1664. 8.
InJlruçaÕ breve, do que deve faber, e confef-
far o ChriflaÕ. M. S.
Regra de bem viver conforme a Lej Evan-
gélica, e diãames da prudência. M. S. Deftas
duas obras faz mençaõ o P. Ant. Franco
na Imag. da virt. do Nov. de Ufboa. liv. 4.
cap. 7. pag. 171.
Fr. FRANCISCO DA ANNUNCIA-
ÇAM filho de Simaõ Pinto, e Águeda
Rodrigues naceo em a Villa de Portel
da Província do Alentejo, onde inftruido
com as primeiras letras paflbu a Lisboa,
e no Convento de N. Senhora da Graça,
quando tinha 16. annos de idade recebeo
o habito de Santo Agoftinho profeflando
a 16. de Outubro de 1685. Com fumma
brevidade, e naõ menor fubtileza penetrou
os fegredos da Filofofia, e os myílerios da
Theologia, que pelo efpaço de nove annos
diftou aos feus domefticos em o CoUe-
gio de Coimbra, em cuja Univeríidade foy
admittido ao numero dos Doutores Theo-
logos, recebendo taõ honorifico gráo em
8. de Junho de 1698. Todo o feu difvelo
era a reforma das vidas, e converfaõ das
almas, entre as quaes foraõ muitas da pri-
meira nobreza, c fublimes dignidades, que
movidas da efficacia dos feus documentos
preferirão o filencio do Clauftro ao tu-
multo do feculo. Ainda que era Meftre con-
fumado na Theologia Myftica, fempre fo-
geitou o feu entendimento ao diftame alhco,
receando prudentemente de naõ cahir cm
algum erro patrocinado pelo amor próprio.
Foy infigne Orador Académico, concor-
rendo para eíle fim a elegância da lingua
Latina, em que era muito perito, e a va-
lentia das acçoens que animava, quanto
dizia. A* fua efpeculaçaõ deve a doutrina
do B. Egidio Columna fer explicada em
o CoUegio de Coimbra, fendo elle o pri-
meiro que abrio o caminho para fer fe-
guida pelos Meílres, que lhe fuccederaõ.
Tendo chegado a Lisboa com a incumbên-
cia de expedir huma Miflaõ para a Congre-
gação da índia, que ordenava o Geral da
Ordem Fr. Francifco Maria Querni, na
qual queria fer hum deftes Miflionarios fc
naõ fofle impedido por ordem dos feus
Superiores, revelou a hum difcipulo do feu
efpirito, q eílava próxima a fua morte,
que fuccedeo no Convento da Graça a
13. de Agoílo de 1720. quando contava
52. annos de idade, e 35. de Religião. Foy
VaraÕ verdadeiramente Apoflolico (como ef-
creve Fr. Manoel de Figueiredo Fios Sana.
Augufl. Tom. 4. pag. 143.) de oração fer-
vorofa, e extenfa; de :(elo ardentijftmo na re-
forma dos Religiofos, que procurava, criando-os
no fanto temor de Deos, e exercido da Oraçaõ.
Era confultado de tantas peffoas dejle Reyno,
que fó fendo a fua penna movida por fuperior
impulfo poderia dar repofias como dava a taÕ
frequentes confultas com tanta lus^ e com tanto
acerto. Compoz
Confulta Myfiico-Moral fobre o habito de certas
Religiofas da Ordem de Santa Clara Urbanas.
Coimbra no Real Collegio das Artes da Com-
panhia de JESUS. 1717. 4.
Vindicias da virtude, e efcarmento de vi-
ciofos nos públicos cafligos de Hypocritas da-
dos pelo Tribunal do Santo Officio. Pri-
meira Parte. Lisboa na Officina Ferrei-
riana. 1725. 8.
L USITANA.
109
Parfe 2. Lisboa na mefma Officina.
1726. 8.
Parf. 3. Lisboa na mefma Officina.
1727. 8.
Difputationes Theologica de Jiatu reliffofo,
obligationibufque eidem annexis atento peculiari
'ure nojlra Sacra Keligionis. 4. M. S.
Philofophia ad mentem Doãoris Funda-
HJJimi B. jEgidií Columna, 4. 3. Tom.
Vi. S.
Aproveitamento efpiritual dirigido às Re/i-
liofas do Convento de Santa Mónica de Us-
loa. foi. M. S.
Cartas efpirituaes. foi. M. S.
QueJíaÕ curioja. Que tempo deva, e poffa
lafiar hum Sacerdote em dit^er Mijfa para a
ii^er fem peccado, e com decência? 4. M. S.
Todas eílas obras M. S. fe confervaõ
ia Livraria do Convento de N. Senhora
IJa Graça defta Corte, como nella as vi-
■nos.
Fr. FRANCISCO DA ANNUNCL\-
ÇAM natural da Villa de Setuval, filho
ie António Barbofa Lobo, e Brites da
Zofta, profeflbu o Inílituto do Doutor Ma-
timo no Real Convento de Belém a 5.
le Dezembro de 1706. Completos os eftu-
los efcolaílicos fe dedicou ao miniíterio
lo púlpito, em que tem confeguido ap-
5laufo. Foy Prior do Convento do Efpi-
iheiro, e Vizitador Geral da Religião,
^ublicou
Sermàõ de S. Lui^ Gonzaga pregado no fe-
imo dia do out avario, que a fua Canonizarão, e à
ie Santo EJianislao Koska confagráraõ os Keligio-
"os da Companhia de JESUS no CoUegio, e Uni-
'erjidade de Évora. Évora na Officina da Uni-
jiTerfidade. 1730. 4.
I Fr. FRANQSCO DE ARA CCELI na-
ytn. a Cidade do Porto no anno de 165 1. ceo-
endo filho de António Pereira Roriz, e Clara
la Cofta Pereira. Recebeo o habito Seráfico
|la. Província de Portugal em o Convento de
p. Frandfco defta Corte a 22. de Outubro de
'(qo. e profeflbu a 24. do dito mez do anno
"eguinte. Applicou-fe ao eftudo da Theo-
ogia Poíitiva, Moral, e Myílica, e à li-
ção da Hiftoria Sagrada, e profana, de que
colheo vaítiffimas noticias, adquirindo gran-
de credito o feu nome, affim pelas fuás
Oraçoens Evangélicas, como pelos feus
doutos efcritos, de que a mayor parte lhe
impedio a morte, fe fi2eflem públicos. Fal-
leceo no Convento da fua pátria em o
anno de 1720. com 69. annos de idade,
e 50. de Religião. Delle fazem memoria
Fr. Fernando da Soled. Hijlor. Seraf. da
Prov. de Portug. Part. 3. hv. i. cap. 21. e
Fr. Joan. à D. Ant. Bib. Francifc. Tom. i.
pag. 361. col. I. Compoz
SermaÕ de S. Jo^è no Mojleiro da Madre
de Deos de Monchique na profiffaõ de fua Ir-
mãa a Madre Soror Maria Clara de Ara
Cali. Coimbra por António Dias da Cofla.
1692. 4.
Sermàõ no Triduo da Canonit^açaÕ de S.
Pajchoal Bc^lon. Ibi pelo dito Lnpreílor.
1692. 4.
Ljfí(es do Ceo defcubertas nas fombras da
PaixaÕ do Redemptor do mundo, para os que
de^ejaõ acertar o caminho da perfeição. Coim-
bra por Jozè Ferreira Impreflbr da Univer-
fidade. 1697. 8.
Norma viva de Keligiofas. Tratado Hiflorico,
e Panegyrico, em que fe defcreve a vida, e acçoens
da ferva de Deos Eeocadia da Conceição, Re/i-
giofa no Recoleto Mofleiro da Madre de Deos de
Mõchique. Lisboa por Miguel Manefcal Im-
preflbr do Santo Officio. 1708. 4.
Orador Evangélico. Confta de Sermoens de
diverfos aflumptos. Tom. i. Coimbra na Offi-
cina do real Collegio das Artes. 1730. 4.
P. FRANQSCO ARANHA filho de
Rodrigo Aranha, e Catherina Lourenço, na-
tural da Villa de Arronches, titulo de Mar-
quezado neflie Reyno, fituado em a Provín-
cia Tranítagana. Sendo de quinze annos
recebeo a Roupeta da Companhia de JE-
SUS em o Collegio de Évora a 24. de De-
zembro de 161 8. onde depois de aprender
com fumma habilidade as Sciencias amenas,
e feveras, enfinou féis annos Humanidades,
e Rhetorica; nove Filofofía, e Theologia
Moral. Foy Perfeito dos Efliidos do Col-
legio de Coimbra, e Reytor de Elvas, em o qual
poí fua induftxia fe introduzio a agua, que lhe
I IO
BIB LIO THE CA
concedeo o Senado daquella Cidade. Era
naturalmente jocofo, porém com tal mo-
deração, que nunca pode fer arguido de
pueril. Padeceo vários infultos de afma
atè que por hum foy privado da vida em
o CoUegio de Évora a i6. de Mayo de
1677. com 74. annos de idade, e 59. de
Religião. GDmpo2.
Commentario a Virgílio no qual fe expli-
cou os lugares mais difficultojos do Poeta. Évora
na Offícina da Univerfidade. 1657. 8. e Lis-
boa. 1668. 8.
Sermão pregado em S. Giàõ de L.ishoa eftan-
do o Santijftmo expojio pelo feliv^ Juccejfo do
exercito, que tinha fahido à campanha em 20.
de Outubro de 1657. Lisboa por António
Craesbeeck. 1658. 4.
Serie dos Keys de Portugal com fuás pá-
trias, idades, e mortes. He huma folha ao
largo. Sem lugar, nem anno da ImpreíTaõ.
Sitio, e rejiauraçaõ da Cidade de "Évora.
M. S.
G^nferva-fe no cubiculo do P. Miniílro
do Collegio de Évora, como efcreve Fran-
co Imag. da virt. do Nov. de Evor. pag. 862.
Do Author, e fuás obras fe lembraõ Bib.
Societ. pag. 213. col. i. e o P. Franc. da
Fonfec. Évora Glorio/, pag. 429.
P. FRANCISCO DE ARAÚJO natu-
ral de Lisboa, filho de Sebaíliaõ Fernandes,
e Beatriz Domingues, foy admittido à
Companhia de JESUS em o Collegio de
Coimbra a 6. de Setembro de 1555. Pela
muita prudência, de que era ornado foy
Meílre de Noviços em o Collegio de Évora,
e Lisboa, Reytor de Santo Antaõ, Bragança,
e Ilha Terceira. Teve animo fincero, génio
humilde, e cordial afFefto ao Patriarcha
S. Jo2è, naõ confentindo ouvir que no
Cco eíHvcíTe outro Santo mayor que elle.
No mefmo dia, que tinha celebrado MiíTa,
conhecendo fer chegada a ultima hora da
fua vida pedio a Extrema-Unçaõ, e tanto
que lhe foy conferida, efpirou piamente
na Caza ProfeíTa de S. Roque a 18. de
Dezembro de 1623. com mais de 83. an-
nos de idade, c 66. de Companhia. Ef-
creveo.
Fundação do Collegio de Santo AntaÕ
de Lisboa, onde relata a entrada, e prin-
cipies da Companhia em Portugal, e do»
primeiros Padres, que habitarão o dito
Collegio. Dividido em dous livros, do»
quaes o primeiro ficou acabado; e do fe-
gundo fomente féis capitules. Deíla obra
faz mençaõ o P. Telles Hijl. de Etiópia
Alt. liv. 2. cap. 3. onde intitula a feu Au-
thor Pejfoa de muita verdade, e a quem faz
hum elogio o P. Franco Ann. Glor. S.
J. in Lujit. pag. 742. & in Annalib. S. ].
in Ljíjit. pag. 237. n. 15.
FRANCISCO DE ARAÚJO Capellaô
do lUuílriíTimo Bifpo de Otranto D. Fr.
Diogo Lopes de Andrade, de quem fize-
mos memoria em feu lugar. Foy Protho-
notario Apoílolico, e Capellaô mòr do Terço
de D. Vefpafiano Suardo no Reyno de Nápo-
les. Efcreveo
Hijloria de los Martyres de la Ciudad de
Otranto Rejno de Nápoles por la previa, que
delia hii(p el Baxá Acomat en nombre de Aía-
hamet Ottomano Emperador de Conftantinopla
el ano 1480. y fu recuperacion Ferdinando 1.
Rej dei dicho Rejno. Nápoles por Egidio
Longo. 1631. 4.
Va/o de tribulacion, e tejlamento dei alma,
Ibi pelo dito ImpreíTor. 1646. 4.
D. Fr. FRANCISCO DE ARAÚJO teve
por Pays a D. Joaõ Hidalgo Caftelhano, e a
Francifca de Araújo Portugueza, natural da |
Villa de Chaves, Praça de Armas na Provinda
Tranfmontana, de quem tomou o apellido, c
por pátria ao lugar de Verim, junto a Monte
Rey em o Reyno de Galiza, poílo que Joaõ Soa-
res de Brito Theatr. hujit. Utter. efcreva que
tivera o feu berço na Villa de Chaves. Na idade
de vinte e hum annos, em que o mundo o lizon-
geava com as fuás enganofas delicias o deixou
heroicamente profeflando o fagrado Inílituto
da Ordem dos Pregadores no Convento de San-
to Eílevaõ de Salamanca a 5. de Março de 1601.
onde depois de fe inílruir nas Sciencias Efcho-
lafticas com geral admiração dos feus Meílrcs,
as didou em vários Conventos, principalmente
em o de S. Paulo de Burgos, donde partin-
do para exercitar o mefmo miniílerio em
o de Alcalá, fendo jà Doutor na Faculda-
L USITAN A.
1 1 1
ie da Theologia, foy chamado no aiino
ie 1617. por Fr. Pedro de Herrera, Lente
ie Prima na Univeríidade de Salamanca
Dará fer feu fubítítuto, cujo lugar depois de
exercitar por féis annos o regentou de pro-
priedade pelo largo efpaço de vinte com
mmortal fama da fua litteratura, e naõ me-
lor credito da ReHgiaõ Dominicana. Igual
i profundidade das fuás letras era a inno-
;encia dos feus coíhimes, merecendo dif-
intas eílimaçoens das peíToas da primeira
ferarchia, aíTim Eccleíiaftica, como Secular,
Drincipalmente da Mageftade de Filipe IV.
:onformando-fe fempre no voto, que lhe
lava nas matérias mais graves, em que
ira confultado, ainda que contra elle eíli-
/eíTem unanimes todos os Theologos de
H[efpanha. Como era taõ amante da ver-
dade, como inimigo da adulação repre-
lendia intrepidamente os vicios, de que
iraõ reos os Palacianos, e pofto que con-
:iliaíre o ódio de muitos, naõ foy baftan-
;e, para que cedeíle do feu zelo Apofto-
ico. Em premio das fuás letras illuftra-
ias com tantas virtudes foy promovido à
ladeira Epif copal de Segóvia a 3. de Ja-
leiro de 1648. em cuja dignidade deixou
^ara os feus fucceílores hum perfeito mo-
ielio da obrigação paíloral, aflim na vigi-
ancia das ovelhas, como no foccorro dos
Dobres, e ornato dos Altares. G^nílran-
^ido da idade proveâa, em que fe achava,
laõ fomente regeitou a Mitra de Cartagena,
1 que eílava deílinado, mas renunciou a
ie Segóvia no anno de 1658. com imi-
^erfal fentimento do feu rebanho, donde
e retirou para o Convento de Madrid
:om huma moderada côngrua concedida por
[nnocencio X. Neíle domicilio viveo féis
innos, preparando-fe com aâios reUgiofos
3ara a eternidade, atè que chegada a hora
ie ferem premiados os feus merecimentos,
recebidos todos os Sacramentos entregou
3 efpirito ao feu Creador a 19. de Março
ie 1664. e naõ de 1665. como efcreve D.
Nicolao António Bib. Hijp. Tom. i. pag.
.508. col. 2. quando contava 84. annos de
^dade. Celebráraõ-fe fumptuofas exéquias
!i fua memoria, a que aíTiíliraõ as principaes
oeíloas da Corte de ívladrid. Paliados cinco
annos determinou Fr, Manoel de Ibar-
ça, y Roxas irmaõ do Conde de Moras
tresladar para o Convento de Salamanca,
do qual era Prior, o cadáver deíle illuf-
tre Prelado, e naõ tendo fido embalfa-
mado fe achou com admiração dos circunf-
tantes, naõ fomente incorrupto, mas flexí-
vel, e exhalando fuave cheiro, fendo ef-
tes finaes evidentes provas da gloria Ce-
leítial, que lograva o feu efpirito. O feu
nome he celebrado pelas vozes de gran-
des Efcritores, como faõ Nicol. Anton.
Bib. Hifp. Tom. i. p. 308. col. 2. Tbeo-
logiam omnem doãijjimis commentariis perluf-
travit, e>* illufiravit maxime quibus famam
Jmm hattd objcuram pervenire ad pojleros fecit.
Graveflbn Hift. Bxclefiajl. Tom. 8. pag.
mihi 129. col. 2. eximius Theologus. Echard.
Script. Ord. Pra. Tom. 2. pag. 609. col. 2.
[// eruditione apud omnes, fie e^* morum inno-
centia, <& facilitate claruit... in adverfis pa-
tientijftmus, in projperis modeftijftmus, (ò' hu-
milis, in difciplina regulari conftantijftmus. He-
nao Scient. Med. hifior. propugn. Eventil. 6.
n. 162. Quem nobiliorem Thomijlam, nec ante
noftrum faculum, nec retroaãa viderunt, & ibi
n. 163. Oh celeber familia Dominicana magifier
<& princeps Salmãticenfis. Fr. Joan. à Cruc. Vra-
fat. Direã. Concient. §. 4. n. 8. Sapientijftmus,
& §. 12. n. 36. in quibus (falia das fuás obras)
mifcellaneas quaftiones fumma claritate <& pro-
funditate, qua huic authori fimiliter fuerunt inna-
tcB, rejolvit. Torrecilla CenJ. Moral. Trat.
2. de Penit. Confult. 5. n. 8. doãijjimo. Dian.
Tom. II. Part. 7. Refol. 28. Sapientijftmus
Magifier. Vincent. Baron. Difput. i. Seâ.
I. foi. 27. affertorem D. Thoma, €>* fide-
lijfimum difcipulum. Hozes Zelo Pafioral Ex-
pUc. de la prop. i. apend. 15. Doãijjimo.
Jacob. Hyacinth. Serry Hifior. Congreg. de
Auxil. lib. 4. cap. 27. Bj-at enim Theologi
nomine vere dignus. Fr. Pedro Mont. Claujtr.
Domin. Tom. 3. pag. 48. e 210. Voj naõ
Jó na Univerjidade de Salamanca, mas em todo o
Rejno havido por Oráculo. Lorea Vid. de D. Fr.
Ped. de Tap. Arceb. de Sevilha cap. 11. §. 3.
pag. 79. Aíagna Bib. 'Exclejiafi. Tom. i. pag.
531. col. 2. Compoz
Commentariorum in univerfam Arifiotelis Me-
thaphjficam Tomus primus quinque libros com-
112
BIB LIO THE C A
pleãens. Burgis apud Joan. Baptiílam Vare-
íium. 1617. foi. & Salmanticae apud Anto-
niam Ramires Viduam 161 7. foi. Nefta obra
fc intitula jà Lente de Prima em a Univerfi-
dade de Salmanca, c que a acabara a 24. de
Junho de 161 5. quando contava 55. annos de
idade.
Tomus Jecunàus. Salmanticae. 1631. foi.
Opujcula tripartita, hoc eft in três con-
troverjias triplicis Theologia divifa. In quarum
prima varia difputationes de puro Jcholajiica,
in fecunda de morali, et in tertia de expojttiva
Theologia utiliter expenduntur. Duaci apud
Bartholomacum Bardon. 1633. 8. Eíla obra
naõ chegou à noticia de Nicolao António.
Tomus primus fuper primam partem An-
gelici Doãoris. Matriti apud Melchiorem
Sanches 1 647. foi.
Tomus Jecundus in primam Partem D.
Tboma á quajl. z-j. ad 64. ibi per eumdem
Typog. 1647. foi.
Tomus primus in primam fecunda D. Tbo-
ma á quafl. I. ad 99. Salmanticae ex Con-
ventu Dominicanorum Saníti Stephani 1638.
foi.
Tomus fecundus in primam fecunda ad Trac-
tatum de Divina Gratia fupematuralihus donis
fuper quafliones ultimas. Matriti apud Mel-
chiorem Sanches 1646. foi.
In fecundam fecunda D. Thoma Commen-
tarius â quafl. i. ad 46. Salmanticae Typis
Conventus S. Stephani. 1655. foi.
Tomus primus in Tertiam partem D. Tbo-
ma á quafl. I. ad. 27. Salmanticae Typis Con-
vent. S. Stephani. 1636. foi.
Tomus fecundus in eamdem Tertiam par-
tem à quafl. 60. ad 90. cum Tradatu de
Indulgentijs Ibidem. 1636. foi.
Varia, (òf feleãa decijiones morales ad fta-
tum Ecclejiajlicum, <Ò' Civilem pertinentes. Lu-
gduni apud Philippum Borde, Laurent.
Arnaud. Petr. Borde, & Guilielm. Barbier.
1664. foi.
FRANCISCO AREZ LOBO DE LA-
CERDA Moço da Camará d'El-Rey, e
muito perito em todo o género de eru-
dição principalmente em a Poefia a que na-
turalmente o inclinava o génio. Queren-
do aliviai o animo atribulado com o ca-
tiveiro, que havia doze annos tolerava em
Tetuaõ, compoz em Outava Rima, e de-
dicou ao SereniíTimo Principc D. Theo-
dofio a 20. de Junho de 1649. o feguintc
Poema, que intitulou
Jufticia fin Pajfton
Nelle prova evidentemente o direito,
que aíTiftia á Mageftade de ElRey D. Joaô
IV. para fe coroar Rey defta Monarchia,
e refponde aos Manifeftos, que contra cfta
famofa acçaõ fe publicarão por parte de Caf-
tella. Confta de quatro Cantos, e começa o
primeiro.
Pleãro fonoro, que con dulce canto
Acaba.
Que pues con bien le go:(as nó fué tarde
Confervafe M. S. cm 4. na Bibliotheca
Real.
Fr. FRANCISCO DE ASSIZ Nacco
na Cidade do Porto, e na Cathedral foy bau-
tizado em o anno de 1674. Educado por
feus Pays Manoel Alvares, e Luiza Pe-
reira, com virtuosos documentos foy admi-
tido à Religião do Carmo, cujo habito rc-
cebeo em o Convento de Santa Anna da
Villa de Collares a 4. de Setembro de 1690.
Feita a profiíTaõ Solemne no anno feguintc
eftudou as Sciencias Efcolafticas em o Col-
legio de Coimbra, com grande aplaufo da
fua capacidade, e concluída a carreira dos
eftudos fe embarcou para a Bahia, e no
Convento, que a fua Ordem tem nefta gran-
de Gdade, inftjuio aos feus domefticos aíTun
nas dificuldades da Filofofia, como mif-
terios da Theologia atè jubilar. Reftituido
ao Reyno foy eleyto fegundo Difinidor, e de-
pois Confeflbr das Religiofas do Convento de
Guimaraens. Pregava com grande aceitação
dos ouvintes, e era geralmente eftimado pda
fua litteratura. Fallcceo no Convento de Lis-
boa a 29. de Janeiro de 1735. Compoz
Opufculo da Ordem Terceira de N. SmèúHÊ
do Carmo, em que fe mofira fer a Primaz de toiãt
as Ordens Terceiras, em quanto à origem, e injlittá'
çaÕ. M. S. 4. Conferva-fe em poder do Dczcm-
bargador Amador António de Soufa, e de i
Torres, Auditor Geral do Exercito d»
Provinda do Alentejo, cuja noticia
volamentc me comunicou, c outras
L U SITAN A.
ii3
tas, com que fe tem augmentado a Biblio-
theca Luíitana, devidas á fua infatigável in-
veíligaçaõ, e generofa liberalidade. Da
tal obra faz eUe mençaõ no Traã. de Ter-
tiarijs Refol. i. poft. n. i8. que jà fe eftà
imprimindo na i. Part. Rationalium Kefo-
lut. Praãicab.
FRANaSCO DE ATAYDE SOTO-
IVLA.YOR natural da Cidade de Faro, no
Reyno do Algarve, Cavalleiro profeíTo da
Ordem Militar de Saõ Tiago, e taõ illuílre
por nacimento, como plauíivel pela Poe-
íia Cómica compondo diverfas Comedias,
que merecerão geral eílimaçaõ de todos
os expeâadores, fendo a mais difcreta.
Defvios no Jon dejprecios.
D. FRANaSCO DO AVELLAR na-
tural da Villa do Torraõ, em a Provinda
do Alentejo, taõ douto na Sagrada Theo-
logia como em Direito Canónico, mere-
cendo a veneração das mayores peííoas pelo
feu grande talento, fumma gravidade, e in-
íigne Literatura. Sendo Deaõ da Cathedral
de Portalegre, foy creado pelo Cardial Rey
D. Henrique, Prior mòr da Ordem Militar
de S. Bento de Aviz, cuja Prelazia adminiftrou
com zelo pelo largo efpaço de vinte annos.
Vindo a Portalegre adoeceo taõ gravemente,
que logo difpoz o feu teftamento, em que
ordenou foíTe depoíitado o feu corpo no
Convento das Religiofas Bernardas daquella
Qdade, donde feria tresladado para o Con-
vento de Aviz. Morreo junto do anno de
1599. Compoz.
Traãatus de antiquitate, et primordiis Or-
dms Militaris Avijienfis. Eila obra reme-
te© com huma carta efcrita no anno
de 1595. ao injQgne Theologo Fr. Ma-
noel Rodrigues o qual a imprimio em
o fim do Tom. i. Quceft. Regular im-
preíTo Salmanticae. 1600. intitulando a feu
jAuthor Keverendijfimum, <& de litteris ma-
xime meritum. O Illuílriflimo D. Rodri-
go da Cunha cita a efte Tratado in
Comment. ad Decret. C. general, dift. 54.
!«. 90. e a Magn. Bib. Ecclejiaji. Tom. i.
'pag. 217.
Fr. FRANQSCO DO AVELLAR Re-
ligiofo, profeíTo da Ordem de S. Domin-
gos onde depois de fer Pregador paliou
á índia por Miflionario, aíTiílindo alguns
annos no Convento de Goa, foy mandado
por Parocho de huma Igreja em os Rios
de Sena em Moçambique, cujo lugar admi-
niJftrou com ardente zelo fendo Viíitador, e
Comiílario Geral daquellas terras por no-
meação do Tribunal do Santo Offido. En-
tre as muitas converfoens que fez naqueUa
gentilidade foy a mayor a do Príncipe D.
Diogo filho do Emperador de Monomo-
tapa, o qual querendo conduziUo a Por-
tugal em fua companhia fe naõ efeituou
efta jornada. Compoz.
KelaçaÕ das Minas de prata da Ethio-
pia Oriental do Império de Monomotapa, e das
coujas necejjarias pertencentes para fuftentaçaÕ,
e conjervaçaõ delias, e dos Rios de Cuama.
M.S.
O original fe conferva na Livraria do
Convento dos Dominicos defta Corte, fir-
mado com o final do Author. Nelle refere
o grande fruto efpiritual, que fe pôde co-
lher daquellas terras, prindpal intento dos
Reys de Portugal, em a conquiíla do Orien-
te, e a neceíTidade que hà neUas de Bifpo
por eftarem muito remotas do Arcebifpado
de Goa. Ultimamente condue com a
grande conveniência que eíle Reyno podia
tirar das predofas minas, que tem aquelle
Império. Da obra, e do Author faz larga
mençaõ Fr. Pedro Monteiro Claufi. Dom.
Tom. 3. pag. 214. e 215.
Fr. FRANQSCO AUGUSTO natural de
Lisboa, e filho de Manoel Rodrigues Efteves, e
Francifca Maria Sanches, profeílou o Inítituto
CarmeUtano em o Convento de Lisboa a 19.
de Setembro de 1728. Eíludou Artes, e Theo-
logia em o Collegio de Coimbra, onde as
diftou aos feus domeílicos, como aos Con-
gregados da Tomina em o feu Collegio de
Noíla Senhora do Alcance, fora dos muros
da Villa de Mouraõ, e depois Filofofia em
o Convento de Lisboa. He Examinador das
Três Ordens Militares, e Confultor da Bulia
da Cruzada. Do talento que tem para o
Púlpito deo por primícias a obra feguinte.
114
BIB LIOTHE CA
Oração exhortatoria aos Irmãos Congre-
gados do Senhor Jefus chamado dos Agoní!(ados,
recitada na Capella dedicada ao me/mo Senhor
fita no Clauftro do Keal Convento do Carmo
de Lisboa em 14. de Setembro de 1736. Lis-
boa por Miguel Rodrigues Impreflbr do
Senhor Patriarcha. 1737. 4.
Fr. FRANCISCO DE AZEVEDO na-
ceo em Lisboa, e teve por Pays a Diogo
Fernandes, e kabel Alvares. Na idade ju-
venil fe deliberou com judicioza madureza
abraçar o Inílituto dos Eremitas de Santo
Agoftinho, profeflando folemnemente em o
Convento da Graça delia Corte a 25. de
Julho de 1649. Aprendeo as Sciencias ef-
colaíUcas com tal applicaçaõ, que naõ fo-
mente mereceo por ellas receber as iníignias
Doutoraes na Faculdade da Theologia a 19.
de Julho de 1664. em a Univeríidade de
Coimbra, mas nella fer Lente de huma Ca-
deira de Efcritura de que tomou poíTe a 27.
de Julho de 1677. Foy bom Poeta Latino
deixando compofto.
Epigrammatum liber mus
O qual efcrito da própria maõ fe con-
ferva na Livraria do Convento de N. Se-
nhora da Graça donde paíTou á eternidade
a 4. de Abril de 1680. Da obra, e do Au-
thor fe lembra Fr. Manoel de Figueiredo
Fios SS. Auguft. Tom. 4. pag. 140.
Fr. FRANCISCO DE AZEVEDO
Sahio á luz do mundo em Lisboa, e logo
que conheceo a vaidade do feculo dei-
xando a companhia de feus Pays Antó-
nio de Azevedo, e Maria da Cruz fe re-
tirou para o Convento de Collares da Or-
dem do Carmo, onde fez a profiíTaõ fo-
lemne a 9. de Julho de 165 1. Tendo fido
Prior do Convento do lugar da Lagoa,
Definidor da Província, e ComiíTario dos
Terceiros em a Villa de Setuval, paflbu
a exercitar efte minifterio neíla Corte onde
com a eficácia das fuás vozes defpcrtou
em multiplicados Sermoens a muitos pec-
cadores do lethargo da culpa, e derigio
a muitos efpiritos ao caminho da per-
feição. Cheyo mais de merecimentos de
que annos falleceo no Convento pátrio a
15. de Outubro de 1696. dedicado á me-
moria da infigne Matriarcha S. Thereza
da qual foy taõ cordial devoto que por
fua induílria lhe ordenou o feu Altar com
hum copiofo numero de peças de prata.
Compoz para quando pregava
Aão de Contrição. He muito cxtenfo.
Sahio varias vezes impreíTo, e ultimamente
junto com o Báculo Pafioral, como efcrevc
Fr. Manoel de Sà Mem. Hifi. dos E/crit. do
Carm. da Prov. de Portug. cap. 28. pag. 148.
Fr. FRANCISCO BAPTISTA natural
de Coimbra, e hú dos mais aufteros pe-
nitentes, que admirarão três Provindas
Seráficas, recebendo o habito em a da
Obfervancia, donde paíTou para a Cufto-
dia de Santo António, que depois foy
ere£la em Provinda, e ultimamente para
a da Arrábida, procurando com andofo
difvelo o feu efpirito onde fe exerdtaíTc
em mayores penitencias. Na abftinencia foy
inimitável jejuando quafi todo o anno
a paõ, e agoa, e comendo em muitas
femanas de dous a dous dias, e em ou-
tras de três a três, fem que a idade de-
crépita o priveligiaíTe de taõ rigida af-
pereza. Caíligava o corpo como fe fora
infenfivel com huma continuada tempeftadc
de golpes para que os fentidos triunfaflcm
dos apetites. Nunca aceitou governo na
Religião ainda fendo obrigado pelos Pre-
lados, querendo com judiciofa eleição an-
tes obedecer, do que mandar. Foy fum-
mamente obfervante da pobreza de tal forte,
que confervou o manto que lhe deraõ
quando entrou Religiofo pelo efpaço de
quarenta e nove annos, que aíTiíHo ncíba
Provinda. Atenuado com a debilidade da
velhice, e muito mais com os achaques,
c penitendas chegou ao termo da vida,
e quando eftava agonizando diíTe que mor-
ria confolado por lhe parecer obfervara
inviolável Fè à Santa pobreza. Falleceo
com evidentes finaes de Predeftinado cm
o Convento de Santarém a 8. de Setembro
de 1609. quando rinha 90. annos de idade.
Efcrevco
Documentos para os homens ordenarem as
L USITAN A.
ii5
vidas em ferviço de Deos autbori^ados com exem-
plos, e doutrinas de varias Santos. M. S.
Documentos para os Sacerdotes, em que lhes
moftrava a obrigação do feu EJlado. M. S.
Eílas obras comunicava a diverfas pef-
foas com faculdade do Tribunal do San-
to Officio, das quaes como do Author
faz mais larga memoria Fr. António da
Piedade Chron. da Prov. da Arrabid. Tom.
I. liv. 5. cap. 10. §. 1108. e feguintes.
Fr. FEANQSCO BAPTISTA natural
da ViUa de Campomayor na Provin-
da do Alentejo Religiofo profeflb dos Ere-
mitas de Santo AgoíHnho, e difcipulo na
Faculdade da Muiica do grande Meftre
António Pinheiro de cuja efcola fahio taõ
perito, que exercitou o lugar de Meftre
no feu Convento de G>rdova. Compoz
diverfas obras Muíicas, em que moítrou a
profundidade da fua fciencia, as quaes fe
confervaõ na BibUotheca Real da MuGca,
como conJfta do feu Index impreflb em
Lisboa por Pedro Craesbeeck. 1649. 4.
grande.
FRANaSCO BARCA natural da Q-
dade de Évora, e Freyre da Militar Ordem
de SaõTiago, que profeílou em as mãos
do Prior mór D. Jorge de Mello, no Real
Convento de Palmella a 26. de Dezembro
de 1625. Foy iníigne profeUor de MuG-
ca, fendo Meílre da CapeUa do feu Con-
vento, e depois do Hofpital Real de to-
dos os Santos deíla Corte onde morreo.
As fuás obras Muíicas fe guardaõ na Bib.
^al da Mufica.
Fr. FRANCISCO DE BARCELLOS
natural da VUla do feu apellido, ou
da Villa de Rates íituadas na Provín-
cia de Entre Douro, e alinho. Foy filho
de Joaõ de Souza Prior de Rates, e de
Meda Rodrigues de Faria; Irmãa de Tho-
mè de Souza, primeiro Governador do
Brafil, Vedor d'ElRey D. SebaíHaõ, e Com-
mendador de Rates da Ordem de Chrifto.
A nobreza do feu nadmento, que lhe po-
dia mfinuar em o animo efperanças certas
de poííuir lugares honoríficos em o mundo.
as defprezou refolutamente elegendo para
centro da fua tranquilidade o ReUgiofo
Clauílro do Convento da Pena onde pro-
feíTou o Inflituto de Saõ Jeronymo a 25.
de Outubro de 1525. Neíle fagrado domi-
cilio fe fez exemplar daquellas virtudes pró-
prias de hum perfeito Regular, fendo na
abftinenda rigorofo, na Oraçaõ continuo,
no zelo inflamado, na obediência prom-
pto, e no filendo obfervante. Pela fua
grande prudência acompanhada de natu-
ral afabilidade, e alegre femblante exerd-
tou varias Prelafias na Ordem como foraõ
Prior do Mofteiro da Coíla em o anno de
1559. Prior do Convento de S. Marcos
junto a Coimbra em 1566. ao qual aug-
mentou com fumptuofos edifidos deli-
neados pela fua maõ, por fer infigne Ar-
chiteâo; Reytor do Collegio de Coimbra
em 1572. e ultimamente Provincial. Foy
celebre Poeta Latino com tanta afluência,
que deUe efcreve D. Fr. Thomè de Faria
Bifpo de Targa feu parente Decad. i. liv.
10. cap. 3. Nam ita Mufis erat deditus ut
quod Ovidiíts de fe commendavit qtádqmd cona-
bar dicere verjus erat, de illo etiam potuerit
publicari. Paflbu da vida temporal para a
eterna em o Convento da Pena junto à Villa
de Cintra a 29. de Junho de 1570. como
diz Jorge Cardofo A^ol. hujit. Tom. 3.
pag. 874. o que certamente naõ pôde fer
porque ainda no anno de 1572. fendo Rey-
tor do CoUegio de Coimbra celebrou hum
contrato pertencente ao mefmo Collegio.
Delle fazem memoria Joan. Soar. de Brito
Tbeatr. Ijijit. Utter. Ut. F. nirni. 33. vir
valde pius, <& in pangèdis carminibus promptus.
O IlluífadíTimo Cunha Hifi. Exclef. de Braga
Part. 2. cap. 78. §. 8. em quem concorrerão
^andes dotes de Jangue, e letras; os majo-
res porem foraÕ de humildade, e pobreza
em que foy perfeitijjimo. Fr. Ant. á Pu-
rif. Cbronol. Monajl. liv. 2. cap. 9. Ut~
teris, (ô* virtutibus infiéis. Nicol. Ant.
Bib. Hifp. Tom. 2. pag. 323. Ferebatur
ardentijftma devotione erga Dominicam Cru-
cem. Cardof. Affol. "Lufit. Tom. 3. pag.
858. Na Voefia naÕ foy menos ajjinalado
ajfim na lingua materna, como na Lati-
na. Villasboas Nob. Port. pag. 109. Foy
IIÓ
BIB LIO THECA
afeiçoado à Poejia, e fe!(^ na lingua materna
algumas obras, e na Latina hum livro dos triun-
fos da Cru:(^. Siguença Hijlor. de la Ord.
de S. Jeron. Part. 5. liv. 2. cap. 42. Varon
iluflre en fan^e, y mas en Keligion. Poyares
Trat. Paneg. da Villa de Barcellos cap. 16.
Compoz
Salutifera Crucis triumphus in Chrifli Dei
Optimi Maximi gloriam, et ad Chrifliana men-
tis folatium. Conimbricae apud Joannem
Barrerium, et Joannem Alvarum Typ. Reg.
anno falutis noftrae milleíTimo quinquageíTimo
tertio XXV. Kalendas Julias,
He compofto em verfo elegíaco, e conlla
de quatro livros. Dedicado a D. Fr. Braz
de Barros, primeiro Bifpo de Leyria feu
grande amigo, e condifcipulo. Pofto que
no frontifpicio fe naõ declara o nome do
Author, o manifeíla Fr. Jeronymo Oleaf-
tro infígne efplendor da Ordem dos Pre-
gadores na approvaçaõ que faz a efta obra
a qual louva com eílas métricas vozes o
Padre António dos Reys Enthuf Poet.
n. 25.
Occupat excelfam Cathedram Barcellius ille,
Qm Crucis eloffum fie nobile panxit, ut ore
A Patris eloquium penitus rapuiffe putares
Grandifonum.
P. FRANCISCO BARRETO natural da
Villa de Montemor o Novo em a Provin-
da Tranílagana recebeo a Roupeta da Com-
panhia de JESUS no Collegio de Évora
a 22. de Abril de 1622. quando contava
quatorze annos de idade, e naõ vinte e
três como refere a Bih. Societ. pag. 214.
col. 2. Acabados os feus eíhidos, e alcan-
çada faculdade dos Superiores para partir
ao Oriente diftou em Goa as fciencias ef-
cholaíUcas. Depois de fer Reytor dos Col-
legios de Coulaõ, e Cochim, como foíTe
ornado de fumma capacidade, foy eleito
Procurador da Provinda do Malabar á
Cúria Romana, onde aíTiíUo à outava, e no-
na Congregação Geral que fez a Com-
panhia. Reftituido à índia, foy Provin-
cial do Malabar, e depois Vizitador da
Provinda de Goa. Foy taõ obfervante
do feu inftituto como prudente em fuás
acçoês conciliando o amor, e veneração
de todos. Atendendo a Mageílade de D.
Aifonfo VI. aos feus mericimentos o no-
meou Bifpo de Cochim, e depois Arcc-
bifpo de Cranganor, porém a morte, que
intempeftivamente o arrebatou em Goa, a
26. de Outubro de 1663. impedio que pof-
fuiíTe aquellas dignidades. Paliando delle
o Padre Queirós Vid. do Irm. Bafl. liv. 2.
cap. 21. diz Tendolhe Deos dado muitos bons
talentos de virtude, prudência, e letras com bum
coração muito honrado, fofrido, e amigo de fa-
v^er bem, foy geralmente, aceito de ânimos defa-
paixonados nos lugares, que occupou, e avaliado
por merecedor de outros mayores. Bib. Societ.
pag. 214. col. 2. vir fuit fpeãata prudentia,
placidis moribus, fedatis animi affeãibus, Ke-
ligiofa difciplina in fe obfervator, et promo-
tor in aliis. Fonfeca Evor. Gloriof pag. 429.
Famofo Alijftonario do Malabar. Franco.
Imag. da Virtud. em o Nov. de Evor. pag.
862. fempre mofirou gjrande prudência, e a ti-
nha efpecial para os governos. Soufa Cathalog.
dos Bifp. de Coch. e Arceb. de Crangan. e
o moderno addidonador da Bib. Orient.
de Ant. de Leaõ Tom. i. Tit. 4. col. 81.
o qual com erro manifefto affirma que na
Colleçaõ das Cartas das MiíToens do Orien-
te, que mandou fazer o lUuftriíTimo Arce-
bifpo de Évora D. Theotonio de Bragãça,
eílavaõ algumas do Padre Francifco Bar-
reto, quando eílas chegaõ atè o anno de
1588. e o dito Padre naceo vinte annos
depois defta era. Quando aíTiíHo em Roma
publicou na lingua Italiana.
Kelatione delia Provinda di Malavare. Ro-
ma por Francifco Corbelletti 1645. 8. Sahio
traduzida em Francês. Pariz ches Henault.
1646. 8.
D. FRANCISCO BARRETO Naceo na
Villa de Serpa da Provinda do Alen-
tejo devendo à vigilante educação de
feus illuftres Pays Nuno Alvares da Cof-
ta Barreto, e D. Francifca Barreto filha
de Álvaro Pereyra, c D. Brites Barreto,
como à capacidade do feu talento o feliz
progreíTo que fez em os cíhidos, c nos
lugares honoríficos que dignamente oc-
cupou. Depois de receber na Acade-
mia Conimbrícenfe o gráo de Doutor cm
L USITANA. '
"7
OS Sagrados Cânones, exercitou reétiíTima-
mente os lugares de Deputado, e Inqui-
iidor nas Inquiíiçoens de Évora, e Lisboa,
donde fendo Q)nigo da Cathedral de Lis-
boa, paíTou a Deputado do Confelho Ge-
ral em 14. de Mayo de 1668. A judiciofa
prudência que manifeftou neíles lugares o
habilitou para fubir á Cadeira Epifcopal do
Algarve de que tomou pofle a 28. de Agof-
to de 1671. fuccedendo a feu Tio que teve
o mefmo nome, onde encheo as obrigaçoens
de Paftor foUcito aflim na reforma dos cof-
tumes, como na profiifaõ das efmolas.
Celebrou Synodo na Qdade de Faro a
22. de Janeiro de 1673. Com generoza ma-
gnificência levantou desde os fundamentos
a Capella mór da fua Cathedral a qual or-
nou de predofos mármores, e elegantes
pinturas, e próximo a elle edificou o palá-
cio para digna habitação dos feus fuceíTores,
como também hum Recolhimento junto da
Caza da Mizericordia para Donzellas. A to-
dos os Templos da fua Diocefe deo com
liberal maõ muitas peças de prata, e Para-
mentos para ornato dos Altares. Falleceo
entre as fuás ovelhas que exceíTivamente fen-
tiraõ a falta de taõ benéfico Paftor a 7.
de Agofto de 1679. e jaz fepultado na fua
Cathedral. Compoz
Conjiituiçoens Sjnodaes do Bi/pado do Al-
garve, novamente feitas, e ordenadas pelo II-
lufirijfimo Senhor D. Francifco Barreto fegundo
defie nome. Évora na ImpreíTaõ da Univer-
iidade. 1676. foi.
Advertências aos Parochos, e Sacerdotes do
Bi/pado do Algarve. Lisboa por Joaõ Gal-
raõ 1676. 4.
Controverjiarum Epifcopalium Tomus unus.
\M. S. Eftava em poder do Cardial de Len-
caftre, Inquizidor Geral.
FRANaSCO BARRETO FROES na-
tural de Coimbra, filho do Doutor Sebaftiaõ
Jorge Froes, Lente de Vefpera na Faculdade
de Medicina em a Univerfidade Conimbri-
cenfe, e D. Maria Barreto. Naõ foy necef-
fario fahir da Pátria para fe applicar às
■fdencias, elegendo entre todas a Jurifpru-
|dencia Cefarea, em que fez taõ pafmofos
iprogreíTos a fubtileza do feu engenho, e
elevação do feu juizo, que mereceo a anto-
nomafia de Agida. Depois de receber as
infignias Doutoraes, e fer admitido ao Col-
legio de S. Pedro a 12. de Fevereiro de
1666. regentou para immortal credito da-
quella celebre Univerfidade as Cadeiras
mayores como foraõ a do Código de que
tomou poíTe a 16. de Janeiro de 1672. a
de Vefpera a 28. de Julho de 1678. e ul-
timamente a de Prima a 3. de Outubro de
1686. Todas as poftillas que diâou nefte
largo magifterio alcançarão o mayor ap-
plaufo de todos os Cathedraticos, pois nel-
las competia a delicadeza com a profun-
didade interpretando fubtilmete a mui-
tos Textos dificultofos, e conciliando ou-
tros totalmente antinomicos, fendo as prin-
dpaes.
Ad Tit, De novi Operis nuntiatione.
Ad Tit. De hareditariis aãionibus.
Ad Tit. De damno infeão.
FRANQSCO BARRETO LANDIM na~
tural da Villa de Arrayolos fituada na Pro-
vinda do Alentejo, profeUor naõ menos
da Jurifprudencia fendo Juiz de fora da
Villa da Certãa, como da Poefia publicando
o Poema feguinte.
Panegyrico da Santa vida, e glorio/a morte
do ^ande Patriarcha S. JoaÕ de Deos. Lisboa
por Manoel da Sylva. 1648. 8. Ao Au-
thor como a obra louva o P. António
dos Reys Enthuf. Poet. n. 83.
... pracipites refonabat carmine rupes
Grandifono referens Landinus gejla Joanis
Cui dedit Omnipotens Lybia flagrantis in agro-
Ipfe Juum nomen dulci cum pondere JE-
SUS
Urgere lajfas, non cognita farcina vires.
Deixou M. S.
Poefia à Feli:^ Aclamarão de ElRey D.
Joaõ o IV. e Centúrias Jobre todo o Direito
Civil promptos para a impreílaõ.
FRANQSCO DE S. BERNARDO Na-
ceo em Lisboa fendo filho de Lucas
Vieyra de Mefquita, e D. Izabel de
Almeida defcendentes de familias no-
bres. Na idade da adolefcencia recebeo
ii8
BIBLIO THE CA
a murça de Cónego Secular do Evange-
liíla Amado em o Convento de S. Bento
de Xabregas, en eíla douta paleftra fez
o feu agudo engenho, e fublime comprehen-
çaõ agigantados progreflbs nas fciencias
feveras, que diftou com applaufo aos do-
meítícos, e cauzou admiração aos eílranhos,
principalmente quãdo nos aftos litterarios
argumentava fempre plauzivel pela fubtileza,
e profundidade das fuás propoíiçoens, ou
foíTe em Theologia Efcolaftica, ou Polemica,
ou Expofitiva à qual fe tinha applicado
com mayor defvelo confervando no mayor
ardor da difputa a modeltia do femblãte,
.e o uzo da urbanidade. Foy Doutor Theo-
ilogo pela Univerfidade de Coimbra, e por
jfeis annos continuos Geral da fua florentif-
fima Congregação, em cujo governo expe-
rimentarão os fubditos a benevolência de
Pay depoíla a feveridade de Prelado. Au-
gmentou o Convento de S. Bento de Xa-
bregas, Cabeça de toda a Congregação com
magnificas obras, que eternamente publicarão
a grandeza do feu efpirito. Igual talento
teve para o Púlpito, que para a Cadeira,
fendo ouvido com geral aclamação em os
mais authorizados Púlpitos da Corte. Aco-
metido de hum acidente apopletico falleceo
no Convento de Santo Eloy de Lisboa a
8. de Março de 1726. Publicou
OraçaÕ Fúnebre nas Exéquias Reaes da
Serenijftma Magejlade do muito alto, e muito
poderojo Rej de Portugal D. Pedro II. cele-
bradas na Real I^eja da Conceição da Cidade
de Usboa, pelos Cavalleiros da Ordem de Chrif-
to, da qual foy S. Magejlade GraÕ Mejlre.
Lisboa por Manoel, e Jozè Lopes Ferreira
1707. 4.
OraçaÕ Fúnebre nas Exéquias do IlluftriJ-
Jimo Senhor D. JoaÕ de Souí^a Arcebifpo de
Usboa, celebradas na Sè da me/ma Cidade em
30. de Outubro de 171 o. Lisboa por Jozè
Lopes Ferreira 1710. 4.
D. FRANCISCO DE BORJA Prín-
cipe de Efquilache, em o Reyno de Ná-
poles, Conde de Mayalde, Camariíla de
Filippe IV. e VifoRey do Perii, teve por
Pay a D. Joaõ de Borja Conde de Fica-
Iho em Portugal, Commendador de Azuaga,
Embaixador a efte Reyno, c a Alemanha,
Mordomo mór da Emperatriz D. Maria, e da
Rainha de Efpanha D. Margarida de Auftria,
Confelheiro de Eftado de Filippe III. e por
Mãy a D. Francifca de Aragaõ Barreto Dama
da Rainha de Portugal D. Catherina, filha de
Nuno Rodrigues Barreto, Alcayde mór de
Loulé; e por Avo paterna a D. Leonor de Caf-
tro, e Menezes, filha de D. Álvaro de Caftro
Senhor do Morgado do Torraõ, e D. Izabel de
Mello Barreto ambas Portuguezas, por cuja
cauza he admitido D. Francifco de Borja ao
numero dos noíTos Efcritores. Foy ornado
daquelles dotes dignos do feu alto nacimento |
fendo taõ inílruido nas máximas politicas,
como virtudes moraes. Cultivou com fumma
felicidade as Mufas Caílelhanas, merecendo
pela elegância do metro, e fineza dos penía-r
mentos, gravar o feu nome em a eminência
do Parnafo. Exercitou o ViceReynato do Peru,
pelo efpaço de doze annos em que deo illuílres
argumentos do feu defintereíTe. Falleceo
em Madrid a 26. de Setembro de 1658. em
idade decrépita. Os mais canoros cifnes da
Hipocrene o celebraõ por feu infigne alumno,
como faõ Lope da Vega Carpio Laurel de
Apollo Sylv. 6.
Si pena Prometeo en alto rifco
Porque intrépido hurtò dei Sol la llama
Que deve quien a Homero nombre y fama
O' claro D. Francifco
Príncipe de Efquilache, y dei Parnajfo
Nuevo en Efpana Tajfo
Illuflrijfimo Borja
Para quien yá laureies de oro forja,
Que los verdes admiten def enganos
De que los pueden marchitar los anos.
Francifco de França da Coíla Jard. de ApolL
Sonet. 16.
Que bien de la noblev^a ef malta el oro
Tu ingenio, cuyo eflilo pere^Hno
Imagen dei arroyo chriflalino
Corriente claro es dulce fonoro.
Eres de nueflro idioma alto the:(pro
Prodígio humano, que en obrar divino
Rindes el Griego, vences ai Latino
{AJft te infpira Apollineo Coro)
De Príncipe tambien dela Poefia <
(No folo de Efquilache) immenfa fumma m/Ê
De edades gomarás el apellido.
\
L USITAN A,
1 19
Mirandote el olvido de/confia
Que hafia el menor rajgo de tu pluma
A poner a tus plantas el olvido.
A eílas vozes métricas correfpondem fe-
melhãtes elogios de Gracian. Art. de In-
genio Difc. 3. -E/ 'Príncipe de Efquilache,y Prín-
cipe de la Poefia. Nicol. Ant. Bih. Hifp. Tom. i.
pag. 314. col. \. Juavis urbanus, facilijque in pau-
cis Poeta ut à Lyrícorum príncipatu non longe
conjliterít. D. Franc, Man. Epanaf. de var.
Hijl. pag. 17. filho, e neto de Portugueses
herdado no Kejno, e Fidalgo delle o P. Gen-
fuegos Vid. de S. Franc. de Borja liv. i.
cap. 10. §. 4. cujas buenas letras, j grandes expe-
riências en todas las máximas politicas le hi-
:(ieron muy favorecido de los Príncipes, y no
menos de las Mu/as como acreditan Jus obras.
Compoz
'La Pajfton de Chrífio en Tercetos. Madrid
por Francifco Martines. 1638. 8. Em louvor
defta obra lhe fez Manoel de Faria, e Souza
na Fuent. de Aganip. Part. i. Sonet. 35. do
Canto 4. que acaba.
O' cuerdas que já más más cuerdamente
Con foberano pulfo os arguijks\
Puente es yá para el Cie lo vuefira puente:
O' alegres trajles fobre affuntos tríftesX
De/de oy de excelfa Mnja ay nueva fuète
Pues fonajles mejor quando gemiftes.
Nápoles recuperada por EJRey D. Alonfo.
Poema Heróico. Saragoça en el Hofpital Real.
165 1. 4. Antuérpia na Officina Plantiniana.
1658. 4. grande.
Obras varias em ver/o. Antuérpia na Officina
Plantiniana. 1654. 4. grande.
Oraciones, y Meditaciones de la vida de Jefu
Chrífio por el D. Thomás de Kempis con otros dós
Tratados de los três Tabernáculos, y foliloquios dei
alma. Bruxellas por Francifco Foppens. 1661.
4. Obra pofthuma. Sahio traduzida eíla obra
em Portuguez por Joaõ Martins. Lisboa por
Bernardo da Coíla de Carvalho. 1716. 8.
FRANCISCO BOTELHO DE MORAES
natural da Villa da Torre de Moncorvo, e
delia Capitão mór, e Coudel mór da fua
1 Comarca filho de Paulo Botelho de Moraes
Cavalleiro da Ordem de Chriílo, que mili-
tou por mar, e terra em obfequio da pá-
tria, e de Izabel Coelho, filha de Bar-
tholomeu Moreira, e de fua mulher Ma-
ria Camello Pereira. Applicoufe ao ef-
tudo da Genealogia, em que fez tantos
progreíTos, que foy eítimado pela vafta no-
ticia que alcançou naõ fomente das Fa-
mílias do Reyno, mas ainda dos eftranhos
efcrevendo com fumma verdade, e naõ me-
nos indagação muitas Famílias de Portugal,
e com penna mais difuía.
Orígem, e pro^ejfos da glande, e antiga
Ca;(a de Villafior, e noticia das linhas Genea-
lo^cas da fua afcendencia, e defcendencia, ramor
collateraes, e de fuás excellencias, e perroga-
tivas, dividido em cinco partes, e offerecido a
Francifco Jot^e de Sampayo de Mello, e Cafiro-
terceiro do nome, e Senhor das Villas, e Hon-
ras de Villafior, Sampayo, Mós, Chacim, Fre-
chas, Villasboas, Parada de PinhaÕ, e Bem-
pojia, Alcayde mór da Torre de Moncorvo,
Senhor dos Direitos Keaes delia, e dos da Villa
de Freixo de Efpada na cinta. Efcríto na
anno de 1689.
Deíla obra, como do Autor faz men-
ção o P. Souza Apparat. à Hifl. GeneaL
da Can^. Keal. Portug. pag. 165. §. 203.
IníUtuio hum Morgado com obrigação de
uzarem os feus adminiftradores do apel-
lido de Botelho. Cazou com D. Bri-
tes de Vafconcellos Saraiva, filha de An-
tónio do Amaral, Capitão mòr da Villa
de Freixo de Nemaõ, e de fua mulher
D. Brites de VafconceUos Sarayva, de
quem teve ao Doutor Alexandre Bote-
lho de Moraes, Dezembargador dos Ag-
gravos na Caza da SuppUcaçaõ, Paulo Bo-
telho de Moraes, que o imitou no eíhido
Genealógico, e a
FRANCISCO BOTELHO DE MORAES,
E VASCONCELLOS. Naceo na Villa da
Torre de Moncorvo e na Igreja Matriz
dedicada a N. Senhora da Aílumpçaõ re-
cebeo a graça bautifmal a 6. de Agofto
de 1670. Ainda contava poucos annos
quando paíTou a Madrid para aíTiílir com
feu Tio, que refidia naquella Corte onde
inítruido em diverfas artes, e fciencias em que
fahio eminente pela grande viveza de engenho,
e admirável comprehençaõ de juizo, conci-
I20
BIBLIO THE C A
iiou a eíUmaçaõ das primeiras peflbas Tendo
feus declarados Patronos, e benéficos Fau-
tores o Almirante D. Joaõ Thomàs Henri-
quez de Cabrera, o Duque de Alva D. An-
tónio de Toledo, e o Duque de Arcos D.
Joaquim Ponce de Leaõ, e Lancaílre. O
tumulto da guerra que fe rompeo pela fu-
ceflaõ de Efpanha, o obrigou a reíUtuirfe
a Portugal, onde atendendo a Mageftade de
D. Joaõ o V. ao fcu merecimento lhe fez
mercê do Habito de Chriílo com huma
larga penfaõ na Commenda de S. Pedro
•de Folgozinhos da mefma Ordem cujo def-
pacho fe fez mais eftimavel com eftas au-
thorizadas palavras. j2«* Sua Magejlade fais^
a dita mercê atendendo a ter Francifco Bo-
Jelho compofto o Poema dei Alffonjo, e fer das
primeiras Fami/ias da Provinda de Trás os
Montes. Nomeado em o anno de 171 1.
Embaxador à Cúria Romana o Excellentif-
fimo Marquez de Abrantes D. Rodrigo
Annes de Sá, e Almeyda, o elegeo por feu
companheiro, e em taõ grande Corte, al-
cançou applauzos, e eftimaçoens dos mayo-
res eruditos. Querendo a Academia dos
Árcades que foíTe feu Sócio lhe mandarão
pelo Secretario a nomeação de Académico,
que naõ aceitou por eílar neíle tempo di-
vidida taõ douta Sociedade em parciali-
dades dizendo ao Secretario os verfos de
Lucano com que os Gregos de Marretha
refponderaõ a Cezar. Accipe devotas externa
itt pralia dextras <irc. A morte de feu Pay
o impellio a voltar à pátria para cobrar
a herãça dos bens livres, que lhe tocarão,
c depois paíTou a Lisboa onde fe applicou
a por a ultima lima ao feu Poema Herói-
co do Alffonfo, e feparallo do outro inti-
tulado Nuevo Mundo pela confufaõ que de
ambos fizeraõ alguns ImpreíTores pois
atè a fraze lhe adulterarão. Eílas duas obras
lhe deverão o difvelo de muitos annos
principalmente o Alffonfo em que fe admiraõ
exaâamente praétícados os preceitos da Epo-
pcya, naõ fomente pela elevação do metro,
como pela delicadeza de conceitos, e afluên-
cia de vozes merecendo entre o geral ap-
plauzo que tem alcãçado em toda a Europa
o métrico elogio que lhe fez o Excellentif-
fimo Conde da Ericeira na Henriqueida Can-
to 12. Outava 185. que modernamente fahio
à luz para illuftrar todo o Parnafo.
Usboa lhe mofirou que coroada
Uje abre as portas do Templo de Minerva,
Que à verdadeira Palias conjagrada
Com veftigios do Itaco conjerva;
Mas a coroa, que cingio dourada
Para feu filho Alffonfo, entaõ referva.
Que afftm o hade cantar com pleãro de ouro
Épico Cifne a que he Caiflro o Douro
Naõ lhe deveo menor eíhido a Pocíia
Latina, que a vulgar, pois naõ fomente
depofitou na fua feliz memoria as obras
de Claudiano, Lucano, Perfio, Juvenal,
e outros Poetas deíla claíTe, que prompta-
mente repete quando fe lhe ofFerece occa-
íiaõ, mas fer fielmente imitador dos feus
eftylos, parecendo que nacera no feculo em
que elles floreceraõ. Ao tempo prezentc
aíTiíle em Salamanca augmentando o brado
do feu nome com novas produçoens fem
que a provefta idade de 74. annos comple-
tos lhe retarde os progreílos do feu fe-
cundo engenho. Publicou
£/ nuevo mundo Poema heróico Barce-
lona por Juan Pablo Alarti. 1701. 4. He
dedicado à Mageílade Catholica de Fi-
lippe V. Coníla de 10. Cantos, cujo argu-
mento he o Defcubrimento das índias
Occidentaes por Chriílovaõ Cólon. Quã-
do o compoz tinha 26. annos de idade, c
o publicou imperfeito prometendo fahir
completo. O moderno addicionador da
Bih. Occid. de António de Leaõ Tom. 2.
Tit. I. col. 576. afíirma que fahira im-
preíTo em Madrid, no anno de 171 6. 4.
fem o ultimo complemento, e deíla edi-
ção confervava hum exemplar na fua Li-
vraria.
£/ Alffonfo Poema Heróico. Pariz por Ef-
tevaõ Michallict. 171 2. 12. Efla impreíTaõ,
poílo que diga fer de Pariz, he de Itália.
Cõíla de 12. Cantos fendo o feu argumento
a Fundação da Monarchia Portugueza por
feu primeiro Rey D. Affonfo Henriqucz.
Foy dedicado ao Excellentiffimo Marquez de
Fontes, depois de Abrantes Embaxador na-
quelle tempo em a Cúria Romana à Santidade
de Clemente XI. e o traduzio feu Autor
em Outavas Portuguezas que naõ publi-
L USITAN A.
121
cou. Sahio fegunda vez. Luca por Maref-
condoli. 171 6. 4. grande com duas columnas
de Outavas em cada pagina. Deíla im-
preíTaõ tenho hum exemplar que tem fo-
mente impreíTos 16. Cantos, e o princi-
pio do decimo fetimo, o qual fe luõ aca-
bou. Terceira vez fe publicou com eíle
titulo.
El Alffonjo, o la fundacion dei Reyno de
Portugal affegttrada, j perfeãa en la Conqwfta
de EJyfea. Salamanca por António Jofeph
Villagordo 1731. 4. Neíla ediçaõ declara
no frondfpicio fer a primeira que fahio
com beneplácito de feu Author. Ultima-
mente quarta vez fahio à luz publica Sala-
manca por António Villagordo, y Alçaras
1737. 8. No fim deíla impreflaõ tem. Avi-
:^os Hijioricos dei affumpto, e huma Sátira
hatina que reimprimio na obra feguinte.
Satyra cum notis, et argumentis Doãoris Do-
mini Joannis Goni(ales de Dios in Salmanticenfi
Academia Primarij Humaniarum litterarum hía-
ffjiri. Salmanticae apud Nicolaum Antonium
Villagordo 1739. 4- Coníla de quatro Sáti-
ras do eílilo de Perfio em que reprehende
vários abufos.
lj)a para la Comedia com que S. Magejlad
que Dios guarde fejleja el dia dei nomhre de
la Reina nuejlra Senora. Lisboa por António
Pedrozo Galraõ 1709. 4.
Três Hymni in laudem B. Joannis â
Crtice mmcHpati Sanãijfimo Domino Clemen-
ti XI. Pontifici Óptimo Aíaximo. Romx
per Joannem Francifcum Chracas 171 5.
4. grande. Saõ compoftos em verfos fa-
phicos.
Gratas exprejfiones dei Cavallero D. Fran-
cifco Botello de Moraes, y Vafconcellos ai óp-
timo Máximo Pontífice Clemente XI. en la
occafion de los triumfos que por influencia de
Ju Santidad ttwo la Iglefia el prefente ano
de 171 6. 4. Luca por Marefcandoli 1716. 4.
Hijloria de las Cuevas de Salamanca. Sa-
lamanca 1734. 8. fem nome do Impref-
for.
Panegyrico Hijlorial Genealo^co de la Fa-
mlia de Soufa. Gjrdova por Diogo de
Valverde Acifclo Cortes de Ribera. Naõ
tem anno da ediçaõ, e coník de 88. Ou-
tavas fendo o principio da primeira.
Canto de Soufa la Familia augufia
Aquella en quien celebra las facadas
Quinas el Betis hajla la adujia
Fthyopia Tetis veneranda &c.
Deíla obra como de feu Author fe lem-
bra o P. D. António Caetano de Soufa
Apparat. à Hiji. Gen. da CaJ. Keal. Por-
tug. pag. 166. §. 205. dizendo y^r bem conhe-
cido pello feu admirável engenho, e muita eru-
dição.
D. FRANaSCO DE BRAGANÇA na-
ceo na Gdade do Porto, como coníla de
huma fua carta efcrita a 15. de Novembro
de 161 8. ao Senado da mefma Gdade, e foy
filho de D. Fulgencio de Bragança D. Prior
mòr da Real CoUegiada de Guimaraens,
e neto de D. Jayme IV. Duque de Bra-
gança. Correfpondeo à nobreza do nad-
mento a vigilância da educação, que lhe
deu feu tio D. Theotonio de Bragança Ar-
cebifpo de Évora, e perfeito exemplar de
Prelados. Depois de inílruido na lingua
latina, e letras humanas paíTou à Univer-
fidade de Coimbra onde foy admitido a
Porcioniíla do Real Collegio de S. Paulo
a 21. de Fevereiro de 1585. e fe graduou
na Faculdade de Direito Pontifício. Foy
Cónego da Cathedral de Évora, Deputado
da Inquifíçaõ de Lisboa, e da Meza da
Conciencia, e Ordens, Sumilher da cortina,
Dezembargador do Paço, Reformador da Uni-
verfidade de Coimbra, ComiUario da Bulia
da Cruzada, Deputado do Confelho geral
do Santo Oiíicio, Confelheiro do Confelho
de Portugal em Madrid, e do Confelho
de Eílado delRey Catholico, Procurador da
Nobreza nas Cortes celebradas em Lisboa
no anno de 16 19. e ultimamente nomeado
Patriarcha de Portugal, e índia, que naõ
chegou a efeituarfe. Em todos eHes lugares
aífim Eccleíiaílicos, como políticos fe admi-
rou a fua reéla intenção, fumma prudência,
apoílolica Uberdade, e judiciofa refoluçaõ. A
fua cafa que fe compunha de grande numero de
criados era efcola de virtudes, e Academia de
fciencias mandando eníinar por Meílres peritos,
a quem aíTiília com largos eílipendios, aos feus
domeílicos as artes para que mais os inclinava
o génio aprendendo huns letras humanas.
122
BIB LIO THE CA
e outros as regras da pintura, e atè aos
efcravos fe eníinavaõ inftrumentos de que
era capaz a fua comprehenfaõ. Para in-
nocente occupaçaõ dos olhos mandou vir
de diverfas partes da Europa grande nu-
mero de aves, e animaes quadrúpedes,
que reduíidos a hum theatro formavaõ taõ
agradável efpeftaculo que concorriaõ a
deleitarfe com a fua variedade innumeraveis
naturaes, e eílrangeiros. Foy dotado de
ardente piedade para Deos, e feu culto
mandando fazer huma Capella ornada de
íingulares peças de prata, e preciofos para-
mentos. Cultivou com taõ efcrupulofa ob-
fervancia a virtude da caftidade, que reflec-
tindo proceder grande parte da ruina efpi-
ritual de muitas almas das pinturas laf-
civas publicamente expoílas mandou im-
primir hum douto Tratado para fe evitar
taõ fatal damno, e condenar femelhante
abuzo. Reílituido ao Reyno bufcou para
os últimos annos por domicilio a Cidade
de Coimbra como centro dos melhores mé-
dicos aíTim da alma, como do corpo, onde
acõmettido de huma grave enfermidade de-
pois de receber os Sacramentos com grande
ternura paíTou ao defcanfo eterno em o
primeiro de Fevereiro de 1634. e foy fe-
pultado junto dos degràos da Capella mòr
do CoUegio de Coimbra onde fe lhe cele-
brarão fumptuofas exéquias em que reci-
tou a Oraçaõ fúnebre o P. SebaíHaõ do
Couto que com afedhiofo difvelo lhe aíTiílio
nas ultimas horas da fua vida. PaíTados
féis annos foy transferido o feu cadáver
a 20. de Janeiro de 1641. pelo P. Fernaõ
Carvalho da Companhia de JESUS do Col-
legio de Coimbra para a Cafa Profefla de
S. Roque deíla Corte onde jaz em a Ca-
pella do Nacimento junto da Sancriftia,
c fobre a campa tem o epitáfio fe-
guinte.
Aqui Ja^i D. Francifco de Bragança in-
digno Sacerdote do Confelho de EJlado dos Keys
dejle Reyno que em fua vida efcolheo, e fabricou
efe lugar, e Capella, e Altar, que eftá defronte
pella muita devoção que tinha à Companhia,
particularmente a efla Cafa. Valeceo aos 31.
de Julho de 1634. Dcve-fc emendar cm o
primeiro de Fevereiro.
Fazem memoria deftc grande vaiaò
Nicol. Agoft. Kelac. da vid. do Are. D.
Theoton. p. 9. vctf. pejfoa de cuja vida, e
obfervancia delia fe pudera di^er muito Souza
de Orig. Inquif Luft. §. 2. n. 32. Cunha
Hif. 'Exclef. de Brag. Part. 2. cap. 106. §. 7.
D. Nicol. de Santa Mar. Chron. dos Coneg.
Reg. liv. 10. cap. 15. §. 16. Franco Imag.
da virtude em o Nov. de Evor. liv. i. c. 4.
§ 8. & in Annal. S. J. in hafit. pag. 264.
§. 9. vir erat modeflijftmus ah omni alienus
arrogantia, profufus in pauperes. Franc. de
Santa Maria Diar. Portug. p. 142. procedeo •
com grande prudência, difvelo, e generojidade.
Souza Hif. Geneal. da Caf Real Portug.
Tom. 5. liv. 6. cap. 10. pag. 646. era de
vida irreprehenfivel, de animo pio, e heróico.
Barbofa Mem. do Colleg. Real de S. Paul.
p. 263. Foy dotado de huma puret(a mais an-
gélica que humana e no Archiath. Ijifit.
pag. 75-
Afpice Francifcum auguflo de fanguine Regum,
Quem domus alta vago Brigantia proferet orbi
Munera multa viro cupient decorarier, illum
Romana qui fceptra Dei moderatur in Arce
Illujlrem faciet Patriarchce nomine maffto
Ut Lyfis populis, pariterque ut prajit Eoir,
Attamen effeãum fortiri fata negabunt, &c.
Compoz
Tratado das Ceremonias da Miffa. Ma-
drid. 8.
Por fua induftria fahio à luz pu-
blica.
Copia de los pareceres, y cenfuras de los
Reverendijfimos Padres Maefhros, y Senores Ca-
thedraticos de las infignes Ciudades de Sala-
manca, y Alcalá y de otras perfonas doãas fo-
bre el abufo de las figuras, y pinturas lafcipos,
y deshoneflas en que fe muefhra que es pecado
mortal pintallas, y efculpillas, y tenellas po-
tentes a donde fean viftas. Madrid, por la
viuda de Alonfo Martin 1632. 4.
Fr. FRANCISCO BRANDAM nacco
na Villa de Alcobaça a 11. de Novem-
bro de 1601. onde depois de cftudar o»
preceitos da Gramática paíTou á Villa de
Santarém por nella aíTiílir hum feu Tio
L USITANA.
123
Cónego, que o educou com exemplares
documentos. Completos dez annos em
que pella viveza do engenho fuperior à
verdura da idade fabia perfeitamente a
lingua Latina, e as Humanidades, partio
em companhia de outro feu Tio Fr. An-
tónio Brandão Monge Cifterdenfe (de quem
em feu lugar fe fez digna memoria) para
o Real Convento de Alcobaça onde havia
de diâar Filofofia, e entre os feus Clauf-
tros como fe fora Religiofo aíTiTtio algxms
annos admirando os moradores daquelle
Venerável Mofteiro a modeítia do femblante,
a profundidade do talento, e fubtileza do
juizo que mollrava em annos taõ tenros.
O familiar comercio dos Monges lhe foy
fuavemente inclinando o animo para que
fem revelar ao Tio a fua refoluçaõ pedille
a Cogulla Ciílercienfe que benevolamente
lhe concedeo o Geral como prevendo o
grande credito que havia de refultar à Re-
ligião com hum taõ iníigne filho. Rece-
bido o habito monachal em o Real Con-
vento de Alcobaça a 25. de Agoiio de
1618. e feita a profiflaõ folemne a 29. do
dito mez do anno feguinte ouvio a Filo-
fofia do Doutor Fr. Eftevaõ de Siqueira,
e em Coimbra eíhidou Theologia fahindo
taõ profimdamente verfado neftas Faculda-
des que naõ fomente as di6lou pello ef-
paço de 6. annos aos feus domeliicos, mas
foy laureado Doutor Theologo pella Uni-
verfidade de Coimbra. Para naõ degene-
rar do génio de feu Tio Fr. António Bran-
dão o imitou igualmente nas fciencias fe-
veras, como amenas applicando-fe defde os
primeiros annos ao eíhido da Hiíloria prin-
cipalmente do noíTo Reyno em que foy taõ
verfado que mereceo fubftituir a feu Tio no
lugar de Chroniíla mór em que foy pro-
vido a 19. de Janeiro de 1649. cuja dificul-
:to2a incumbência dezempenhou com igual
fama do feu nome, que immortal brazaõ
defta Monarchia aíTim na indefella inveítíga-
çaõ como no prudente juizo com que difcernio
o falfo do verdadeiro fervindo-lhe de bafes fú-
idamêtaes para o edificio, que levantava, os
j monumentos irrefragaveis que extrahia dos
jArchivos, e Cartórios das Cathedraes, e Con-
ventos delle Reyno. Foy Qualificador do Santo
Offido, Examinador das Três Ordens Mili-
tares, Efmoler mòr, e Geral duas vezes da
fua authorizada Congregação; a primeira
no anno de 1667. e a fegunda em o anno
de 1674. Falleceo no Convento de N. Se-
nhora do Deílerro defta Corte a 28. de
Abril de 1680. quando contava 79. annos de
idade, e 62. de Religião. Joaõ Soar. de
Brito Tbeaír. l^ifit. Utter. Lit. F. n. 34.
o intitula vir modeftus, diligens, & eruáitus
Fr. Manoel da Efperanc. Hift. Seraf. da
Prov. de Portug. Part. i. liv. 4. cap. 36. n. 5.
gravijfimo Autbor. Maced. l^ujit. Uberat. in
Append. cap. 2. n. 21. eruditus Doãor, &
Prosem, i. §. i. n. 13. D. Franc. Man.
Epanaf. pag. 265. que tantos eruMtos tefiemu-
nbos como livros tem dado do feu talento. Ro-
drig. Mend. Sylv. Catbal. real de Efpan.
p. 84. V. Uno de los eminentes Jugetos de nuef-
tro Reyno en Jus bijlorias. Nicol. Ant. hih.
Hifp. Tom. I. pag. 214. col. i. non minus
indujirie, ac diligenter continuavit Monarcbiam
Ljdjitanam. Souza Apparat. à Hift. Genealog.
da Caf. Real Portug. pag. 128. §. 148. Trata
de muitas Familias na fua origem, e pro^ef-
Jos com ff-ande exacçaõ, e verdade por fer ex-
cellente indagador, e com muita erudição da Hif-
toria. Leytaõ Mem. Chron. da Univ. de
Coimb. p. 132. §. 310. infixe, e perfpicacif-
fimo Chronifta. Franckenau P>ih. Hifp. Gen.
Herald, pag. 61. cujus ftudio, ac labore lucem
videre quintum fextumque Monarcbia hufttana
volumina. Faria Fuent. de Aganip. Part. i.
Cent. 5. Sonet. 52. alludindo a ter compofto
a Chronica delRey D. Diniz.
Aim tiempo ama la pluma pere^na
Con que oy busla el g-an Lm/o que efcurece
Im liberalidad Alexandrina.
Compoz
Difcurfo grafulatorio fobre o dia da felice
reftituiçaÕ, e aclamação da l^lageftade delRey D.
Joaõ o IV. N. S. dedicado á me/ma hlageftade.
Lisboa por Lourenço de Anvers. Sem anno
da impreífaõ. 4.
Confelbo, e voto da Senhora D. Filippa
filha do Infante D. Pedro fobre as Ter-
çarias, e guerras de Caftella com buma breve
noticia defta Princesa. Lisboa por Lourenço
de Anvers. 1643. 4-
124
BIB LIO THE CA
Quinta parte da Monarchia Ijufitana, que
contem a hijloria dos primeiros 23. annos del-
Key D. Dini^. Lisboa por Paulo Craesb.
1650. foi.
Sexta parte da Monarchia htíjitana, que
contem a hijloria dos últimos 23. annos del-
"Rjey D. Dini^- Lisboa por Joaõ da Cofta
1672. foi.
Re/açaÕ do AJJaJftno intentado por Caftella
contra a Magejiade delKey D. JoaÕ o IV. im-
pedido miraculofamente. Lisboa por Paulo
Craesbeeck 1641. 4. Sahio fem o nome
do Author por querer relatar com eftilo
claro ao povo tudo quanto fuccedera.
Sermão nas exéquias que o Mojleiro de Al-
cobaça Jev^ ao Infante D. Duarte no Real Con-
vento de Santa Maria de Alcobaça em 19.
de Dei^embro de 1649. Lisboa na Officina
Craesbeeckiana 1650. 4.
Fundação do Real Convento de Alcobaça.
Defta obra fe lembra na 6. parte da Mo-
narch. Ijufit. liv. 18. cap. 18. e Cardofo
Affol. iMJit. Tom. I. pag. 124. no Cõment.
de 22. de Janeiro. Letr. D. e Tom. 3.
pag. 115. no Cõment. de 7. de Mayo letr.
D. dizendo. Jer obra de grande eftudo, e cre-
dito da Ordem, e Nicol. Ant. Bib. Hifp.
Tom. 2. pag. 291. col. i.
Difcurfo em comprovação do juramento de
D. Affonfo Henriques. Defta obra faz men-
ção na 6. parte, da Mon. ImJ. liv. 19.
cap. 13.
Fr. FRANCISCO BRANDAM natural
da Villa de Barcellos filho de António de
Faria, e Maria Brandão. ProfeíTou o fagrado
Inftituto dos Eremitas Auguftinianos no
Convento de Nofla Senhora da Graça de
Lisboa a 4. de Outubro de 1703. Rece-
beo as infignias Doutoraes de Theologo em
a Univerfidade de Coimbra a 14. de Ou-
tubro de 17 19. He dotado de tenacijfima me-
moria, agudo engenho, infigne Latino, vafto na
liçaÕ dos Santos Padres, e desde tenros annos
continua em frequentes Mijfoens com grande fruto
das almas, aíTim lhe defcreve o caraéter o P.
Fr. Manoel de Figueiredo Fios Sana. Au-
guft. Tom. 4. pag. 148. § 87. Publicou fem
o feu nome
Devoçí^ do Santijftmo Coração de JESUS
injlituida, e propagada em vários Reynos da Chrij-
tandade excitada novamente com huma Novena, e
mais algumas devoçoens para mayor culto do mejmo
Coração Santijftmo. Coimbra por António Si-
moens Ferreira. 1734. 8.
FRANCISCO DE BRITO celebre pro-
feflbr de letras humanas, c infigne cultor
da lingua latina, como teftemunharaõ as
Univerfidades de Pádua, e Veneza, onde deo
repetidos argumentos da fua fciencia. Com-
poz
De Grammatica libri três. Primo libro con-
tinentur Orationis partes, Nominum genus, ver-
borum praterita, <& fupina cum appendice. 2.
Univerfa partium orationis conjlruãio. 3. Syl-
labarum quantitas, pedum ratio, Carminum ge-
nera, accentus, <ò' orthographia. Praponuntur
vero de formula declinandi nomina, <Ò' verba
communia, atque ujitata puerorum rtidimenta.
Patavii apud Laurentium Pafquatum 1369.
ID. DEC. 8. He dedicado a Joaõ Delphino,
e Francifco Veniero Patrícios Venecianos.
Depois da Dedicatoría tem huma Ode la-
tina no eftilo de Horácio com efte titulo
Ejufdem Francifci Briti Ijif. ad Patritios
Venetos Djonium <ò^ Joannem Delphinos, An-
dream Durdum, Marcum Antornum Fofcare-
num ut ineunte hyeme fe dedant litteris. Co-
meça.
Jam nunc Aeoliis pater
Cauris ventipotens imperat hórrido
Perfient tttrbine Narea
Audacefque vetent fcindere Tethyos.
Confta de 38. verfos. Certamente efta
Arte de gramática eftá efcrita com mc-
thodo muito fácil de perceber os feu$
preceitos, como feu author diz no Pro-
logo Iccirco cuique patere volumus adeo im^
pudentem ejje neminem, ut de re ea Jibi inf-
tituat referendum, de qua tam multi jam
ante precaperint ni ft in re qmqièBf aut par-
te putet ejJe commodius pracepturum. Ejl
enim aliquid rem alioqui difufam in path
cas chartas contrabere: mitto fermonis pu-
ritatem, mitto catera qua nos tibi candide
leíior, legendis his nofhis judicanda relinquemus.
Fr. FRANCISCO DE BRITO da
Ordem dos Menores, cujo penitente Inf-
LUS l TANA.
125
ituto profeíTou na Província de S. Mi-
Tuel em Caliella, onde foy Difinidor, de
|uem faz memoria na Bth. Francifc. Fr.
Joaõ de Santo António Tom. i. pag. 375.
;ol. I. affirmando fer Portuguez. Efcreveo
Excellencias grandezas, privilégios, y pre-
'ogativas de S. Juan. Baptijla Vrecurjor de
Chrifto nueftro Redemptor. Salamanca por
^rancifco de Roales. 1644. 4.
Fr. FRANaSCO DE BRITO natural
ia Cidade de Évora, onde teve por Pays
i António Amado de Brito, e Anna Re-
xdlo. Entre os Inítitutos Religiofos elegeo
3 dos Eremitas de Santo Agoftinho cujo
oabito profeíTou no Real G^nvento de
NJofla Senhora da Graça de Lisboa a 15.
ie Alayo de 1689. Ao eíhido efcolaftico
Dreferio o concionatorio com o qual adqui-
rio naõ pequeno applaufo. Foy Vizitador
da Provinda, Pregador Geral, e Prior do
Convento de Lisboa onde falleceo a 6. de
Mayo de 1726. quando exercitava efte lugar
merecendo outros mayores pela fua natural
ifabilidade, e grande prudência.
Compoz
Oração fúnebre nas exéquias annuaes, que
Ca^a da Santa Mi^^ericordia defia Corte
confagra ao Serenijfimo Rey de Portugal D.
Manoel de glorio/a memoria Jeu glorio/o Fun-
dador. Lisboa por Miguel Ivianefcal. 1708. 4.
O Key Johre grande, e máximo Jem feme-
Ihante. Fúnebre Oração nas exéquias annuaes
que a Caí^a da Santa Mifericordia defia Corte
confagra ao Serenijftmo Key de Portugal D.
Manoel de glorio/a memoria Jeu Fundador.
Lisboa por Filippe de Souza Villela. 1710.4.
A Advogada dos impojfiveis a Bemaven-
títrada Rita de CaJJia, dont^ela, cacada. Viu-
va, Religiofa, e defunta, Freira profejja no
Convento de Santa Maria Magdalena de Caf-
fia da Ordem Fremitica de Santo Agofiinho.
Ibi pelo mefmo ImpreíTor 1710. 12.
I Sermão do Bom Pafior na Parochial da
\Magdalena da Cidade de Lisboa. Lisboa por
;Miguel Manefcal ImpreíTor do Santo Of-
'fido, e da SereniíTima Caza de Bragança.
1711. 4-
Sermão de Acçaõ de Graças à Virgem
Senhora Nojfa do Ijoreto pelo bom fucceffo da
jornada, que com o Jeu favor confeguio o Em-
minentijimo Senhor Cardial Conti, hindo defta
Corte de Portugal para a Cúria de Roma. Lis-
boa pelo mefmo ImpreíTor 171 1. 4.
Direção para correr os Pajfos de Crifto.
Lisboa por Filippe de Soufa Villela. 171 3. 12.
Novena da Santijftma Trindade. Lisboa
por Jozè Lopes Ferreira ImpreíTor da Se-
reniíTima Rainha 171 6. 24.
FRANaSCO DE BRITO CAÇAM na-
tural do lugar de Mathoíinhos fuburbio
da Cidade do Porto, iníigne Poeta Latino,
e muito verfado em todo o género de
erudição, de que deu admiráveis provas
em Itália onde aíTiTtio muitos annos. Im-
peUido da fideUdade que profeíTava ao feu
Soberano D. Joaõ o IV. novamente ele-
vado ao trono de Portugal, efcreveo varias
Poeíias Latinas em que com igual agudeza,
que mordaddade arguia aos Caltelhanos
dos pérfidos artifidos que uzaraõ para fe
opporem àquella heróica acçaõ: fahiraõ
impreflbs em huma grande folha ao alto.
Genuae VI. Kalend. Januarij anno Chriíliano
CI^I^CXLn. Coníla de fete Epigrammas,
e duas Poeíias de verfos Phaledos.
FRANCISCO DE BRITO FREIRE
naceo na Villa de Coruche fituada na
Provinda do Alentejo fendo quarto fi-
lho de António Froes de Andrade Fron-
teiro em Tangere, e D. Catherina Freire
filha de Manoel de Andrade Comenda-
dor da Ordem de Chriílo, e fua mulher
D. Beatriz Freire. Na primeira idade mof-
trou igual génio para as letras, que para
as armas aprendendo humas com admirá-
vel viveza, e exerdtando outras com in-
trépido valor. O primeiro poílo militar
que teve foy o de Capitão de Cavallos na
Provinda da Beira onde crecendo com a
idade o feu merecimento, paflfou duas
vezes ao Brazil com o honorifico lugar de
Almirante da Armada de Portugal obri-
gando em a primeira que os Olandezes
120
BIBLIO THE CA
largaíTcm o Eílado de Pernambuco, que
injuílamente dominavaõ; cujas capitulaçoens
fc aíTinaraõ a 26. de Janeiro de 1654.
c na fegunda conduzindo a 28. de Julho
de 1656. para o porto de Lisboa cento e
fctc nàos carregadas com nove milhoens.
Sendo Governador da Praça de Jurume-
nha obrou acçoens heróicas aíTim em ob-
fequio da Pátria como em ruina de feus
inimigos. Entre as virtudes, que confer-
vou com efcrupulofa obfervancia foy a
fidelidade para com o feu Soberano de
que deo o mayor teílemunho quando fendo
mandado em 24. de Mayo de 1669. condu-
zir à Ilha Terceira a ElRey D. Affonfo VI.
o naõ executou ainda com a mercê do
titulo de Vif-Conde, e Governador perpe-
tuo da mefma Villa, cuja acçaõ foy origem
de graves calamidades que tolerou confiante,
diíTimulou prudente. Foy Comendador da
Ordem de Chriílo, Confelheiro de guerra.
Almirante da Armada Real. Teve juizo
agudo, difcriçaõ natural, e afFabilidade fum-
ma. Soube os preceitos da Hiíloria, e da
Poética produzindo em huma, e outra
Arte fazonados frutos, que lhe immortali-
zaraõ o nome. Morreo em Lisboa a 8.
de Novembro de 1692. quando excedia a
idade de 70. annos. Jaz fepultado em Co-
ruche que he o jazigo dos feus Maiores.
Foy cazado com D. Maria de Menezes filha
de Pedro Alvares Cabral Senhor de Azu-
rara, e Alcaide mór de Belmonte, e de
fua mulher D. Leonor de Menezes filha
de D. Joaõ de Menezes Alcaide mòr de Pe-
namacor, de quem teve a António de Brito
de Menezes, que morreo governando o Rio
de Janeiro, e a D. Jozefa Gabriela de Brito
herdeira da Caza, que cazou a 7. de Fe-
vereiro de 1720. com Jozè Bernardo de
Távora Comendador de Santa Maria do
Efcalhaõ, e de Santa Maria de Midoens no
Bifpado de Vifeu, filho de Miguel Carlos
de Távora Conde de S. Vicente, e de D.
Maria Caetana da Cunha herdeira de Joaõ
Nunes da Cunha primeiro Conde de S. Vi-
cente. O P. Manoel Luiz in K/V. Princip.
Theodof. lib. i. §. 450. fallando de Francifco
de Brito Freire de quo vere dttbites aitreone pra-
etlkntis calami, an férreo Julminantis gladij fiylo fit
habendus commendahilior. Carvalho. Corog. Por-
tug. Tom. 2. Trat. 8. cap. 4. Fidalgo muy
difcreto, e erudito. Fr. Joan. Giufep. di S.
Teres. HiJI. dei Brafile part. 2. liv. 7. pag.
189. 'Non meno Jpiccava ml Britto il coraggo,
la vive:(V^a, eV ardore accompagnato da tau
Jomma aviditá di acquiftarfi gloria militare, e
grido plaujihile ai Juo nome, huomo incallito nell*
arme, gran conjiglio, gran ijperienv^a, e gran va-
lore, e pag. 204. nella fcieni^a delia mili:(ia
navale ebbe pochi che lo pareggiajfero nella fm
età. Franc. de S. Mar. Diar. Portug. pag.
121. infixe em acçoens militares. Souza Hifi.
Gen. da Caf. Pjeal Portug. Tom. 5. liv. 6.
pag. 226. D. Franc. Manoel Epanaf. it
var. Hijl. pag. mihi 505. Compoz
Relação da viagem que fet(^ ao Brasil a
Armada da Companhia anno de 1655. Lis-
boa por Henrique Valente de Oliveira
1657. 12.
Nova iMJitania, hijloria da guerra Bra-
filica. Dedicada à alma do Príncipe D. Theo-
doi^io. Década i. que comprehende dei(^ livros
que acabaõ no anno de 1638. 16. annos anttt
da KeJlauraçaÕ de Pernambuco. Lisboa por
Joaõ Galraõ 1675. foi. Deíla Hiíloria, c
feu Author faz mençaõ o moderno addi-
cionador da Bib. Occid. de António de
Leaõ Tom. 2. Tit. 12. col. 676.
Década fegunda que comprehendia a Kef-
tauraçaô de Pernambuco. Deixou a imper-
feita.
"í
FRANCISCO DE BRITO FREIRE na-
tural de Lisboa, Senhor do Morgado de
Santo Eílevaõ cuja Capella eílà fituada no
Seráfico Convento de N. Senhora de Jefus
dos Religiofos Terceiros deíla Corte. Foy
filho de Gafpar de Brito Freire, Senhor
do mefmo Morgado, que feu Pay Eílevaõ
de Brito Freire inílituira, c de D. Francifca
da Sylveira filha de D. Álvaro da Sylveira
Comendador de Sortelha, c Alcaide mór
de Alanquer, e D. Brites de Mexia. Ca-
zou com D. Maria Thcrcza de Távora fi-
lha de Luiz de Miranda Henriques Comen-
dador da Alcáçova de Elvas, c Alcaide
mòr da Fronteira, c de D. Francifca de
Távora filha de Joaõ Furtado de Mcn-
doça. Comendador de Borba, Govcr-
L USITAN A .
127
;^emador do Algarve, e Angola, Prezi-
lente da Camera, e D. Magdalena de Ta-
rara de quem teve Gafpar de Brito Freire
Capitão de Infantaria do Terço da guami-
3iõ da Fortaleza de S. Juliaõ da Barra de
Lisboa. Foy ornado de prudência, gravi-
jade, e applicaçaõ à Hiftoria principalmente
i Genealogia em que foy dos feus mais
venerados profeíTores, e entre elles o nume-
ra com louvor o P. D. António Caetano
de Souza. Aparat. a Hift. Gen. da Cat^a Keal
Portug. p. 145. §. 170. de cujo eíhido dei-
íou compofto vários Tomos das
Familias de Portugal, foi. M. S.
Dos quaes conferva hum original da
não do Author Joaõ de Souza Q)utinho
[rmaõ do Qjrreyo mòr do Reyno como
vimos entre huma grande collecçaõ que
:em feito deíla importante parte da Hif-
ona.
Falleceo em Lisboa a 5. de Fevereiro
de 1706. Jaz fepultado em o Convento do
Jàimo.
P. FRANQSCO CABRAL natural da
Villa da Covilhãa do Bifpado da Guarda
recebeo a Roupeta da Companhia de JE-
SUS quando contava 26. annos de idade
ixD. a Cidade de Goa no anno de 1554.
3nde depois de eníinar as fciencias efco-
afldcas, foy Mellre dos Noviços, e Reytor
dos Collegios de Goa, Baçaim, e Cochim.
Impellido do feu apoftolico efpirito nave-
gou para o Japaõ em cuja dilatada vinha
lendo único Provincial derramou copiofos
uiores para agregar ao rebanho de Chriílo
innumeraveis almas. Com as falutiferas aguas
jdo bautifmo purificou as manchas da Mãy,
mulher, e filhos delRey de Omura D. Bar-
cholomeo, e ao Rey de Bungo a quem S.
Fcandfco Xavier tinha catequizado, e em
abfequio defte infatigável Apoftolo lhe
impoz o nome de Frandfco. Iguais fru-
tos colheo na China convertendo em Chao-
quin dous authorizados Mandarins, que efti-
tnulados com o feu exemplo muitos infiéis
fe fogeitaraõ ao fuave jugo do Evangelho.
lAo brado das fuás vozes fe deve grande
parte da eftupenda vitoria naval que al-
cançou Mem Lopes Carrafco com huma náo
de cento e feíTenta do Achem de que foraõ
derrotadas quarenta. Voltando para Goa
foy Prepofito da Caza ProfeíTa, Vizitador,
e Provincial de toda a índia cujos luga-
res exercitou magna laude prudentia, cbari-
tatís, <& ohfervantia, como diz a Bih. Sa-
cie f. pag. 219. col. I. Airiftio como legado
do Bifpo do Japaõ em o anno de 1606.
ao Synodo Provincial da índia a que fo-
raõ convocados todos os Bifpos Catholi-
cos do Oriente. Cheyo de annos, e mere-
cimentos falleceo em Goa a 16. de Abril
de 1609. com 81. annos de idade, e 55.
de Companhia. Fazem memoria defte va-
rão Cardozo A^olog. Ijufit. Tom. 2. pag.
598. e no Cõment. de 16. de Abril letr. G.
Nicol. Trigault. de Cbrifi. Exped. apud Cbin.
lib. 2. cap. 7. Hífi. Societ. Part. 4. lib. 4.
n. 240. e lib. 5. à n. 190. Guerreiro Coroa
de 'Esforc. Sold. Part. 4. cap. 6. pag. 422.
Gufman Hift. de las MiJJion. de la Comp. de
Jef. Tom. 2. liv. 7. cap. 25. Gennaro Xaver.
Orient. Part. 2. Ub. 8. cap. 42. Ant. de
Leon Bib. Orient. Tit. 3. Gouvea Afta
Extrema Part. i. lib. 2. cap. 7. n. 68.
Joan. Soar. de Brito Theatr. Euftt. litter.
lit. F. n. 36. Faria Afta Portug. Tom. 2.
Part. 3. cap. 5. n. 9. e Tom. 3. Part. i.
cap. 9. n. 12. e 13. Souza Orient. Con-
quift. Part. 2. Conquiíl. 4. Divif. i. §. 59.
e 68. e Divif. 2. §. 103. Efcreveo
Carta efcrita de Cocbinuçu a bum Padre do
Col le ff o de Malaca a zi. de Setembro de 1571.
Começa Por que o anno paffado traduzida
na ColleçaÕ das cartas efcritas do JapaÕ, e
China impreffas por ordem de D. Theotonio
de Bragança Arcebifpo de Évora. Por Manoel
de Lyra 1598. foi. no Tom. i. a foi. 309.
verf. Traduzida em T^tim pelo Padre Maf-
feo Epiftol. lib. 4. Epift. 7.
Carta efcrita de Cocbinuçu a <). de Setem-
bro de 1572. Começa. As novas de mim faõ
chegar. Évora por Manoel de Lyra 1598.
foi. Tom. I. foi. 538. vertida em Italiano.
Roma por Francifco Zannetti 1578. 8.
Carta efcrita de Macao a 31. de Aíayo
de 1574. ao P. Provincial. Traduzida em
Italiano com outras. Roma pello dito Im-
preíTor. 1578. 8.
Carta efcrita de Nanga^aqui a 12. de
128
BIBLIO THE CA
Setembro de 1575. ao P. Provinda/ de Por-
tugal. GDmeça. O atino pajfado de 74 efcrevi
a V. R. Évora por Manoel de Lira 1589.
foi. Tom. I. a foi. 550. Traduzida em Ita-
liano com outras. Roma por Francifco Zan-
nctti. 1578. 8.
Carta efcrita de Cochinuçu a ^. de Setem-
bro de 1576. aos Irmãos da Companhia de Por-
tugal. Q)meça. Nas do anno pajfado ejcrivi.
He muito extença. Évora por Manoel de
Lyra 1598. foi. no Tom. i. a foi 355. verf.
Carta efcrita do JapaÕ i. de Setembro de
1577. ao Padre Geral. Vertida em Italiano.
Roma por Francifco Zannetti. 1579. 8.
Carta efcrita ao Padre Geral a i^. de Se-
tembro de 1581. Começa. Por que o Padre
Visitador. Évora por Manoel de Lyra 1589.
foi. No Tom. 2. a foi. 5. verf. Traduzida
em Italiano Roma por Zannetti. 1584. 8.
Duas cartas efcritas ao Padre Geral em
Macao a 20. de Novembro de 1585. e outra
em 8. de Dezembro de 1584. Na primeira
narra a entrada na China dos Padres Ma-
theos Riccio, e Miguel Rogério. Na fe-
gunda conta a entrada que fez no mefmo
Império, e como voltou para Macao. Tra-
duzidas em Italiano. Roma por Francifco
Zannetti. 1586. 8.
Carta efcrita ao Padre Geral em Goa a
16. de Dezembro de 1596. a qual fahio com
outras por deUgencia do Padre Amador Re-
bello. Lisboa por Alexandre de Siqueira.
i6o8. 8.
Roma falleceo piamente a 11. de Feve-
reiro de 1721. Delle fe lembraõ Fonfcca.
Etfor. Gloriof. pag. 429. c o P. Franco Ati-^
nal. S. J. in Ljtjit. pag. 465. Compoz
Opufculum morale de Bulia Cruciata Lu-
fitana, eb* de Monitoriis. Eborse ex Typo-
graphia Academia. 1718. 8. & ibi 1723. 8.
Fr. FRANCISCO CALDEIRA natural
de Lisboa filho de Bernardino Caldeira»
e Maria Caldeira recebeo o habito Car-
mehtano no Convento pátrio a 16. de
Dezembro de 1605. Eíhidou em o Cd-
legio de Coimbra com applicaçaõ as
fciencias efcolafticas, que depois didou
aos feus domeílicos de cuja laboriofa in-
cumbência alcançou fama de grande Le-
trado. Falleceo na pátria em o anno de
1655. Deixou M. S.
Compendio de varias matérias Tbeoloffcas
o qual fe conferva no CoUegio de Coim-
bra.
FRANCISCO CARDOSO cuja appli-
caçaõ foy para a Poefia vulgar a que
o inclinava o génio cultivado com todo
o género de erudição. Compoz em o anno
de 1591.
Hijloria dos Amores do Capitão Sertório
com a fermofa Rorea filha do nobre Spano Se-
nhor de Eboo. Coníla de quatro Cantos em
8. Rima com algumas Quintilhas, e Lyns.
4. M. S.
P. FRANCISCO CAEYRO natural da
Freguezia de S. Pedro do Corval termo da
Villa de Monfarás em a Província do Alen-
tejo onde teve por Pays a Joaõ Pinto,
e Maria Caeyra. Quando contava a ida-
de de defefeis annos, e nove mezes re-
cebeo a Roupeta de Jefuita em o No-
viciado de Lisboa a 4. de Mayo de
1686. Aprendeo, e enfinou Humanidades,
c Filofofia na Univerfidade de Évora,
cuja Faculdade também diftou no Col-
legio de Santo Antaõ. Foy taõ infigne
na fciencia das letras fagradas como na
obfervancia dos preceitos religiofos. Af-
fiílindo com a incumbência de Revifor
dos livros da Companhia em a Corte de
P. FRANCISCO CARDOSO naceo cm
a Villa de Fomos do Bifpado de Vifeu, e
foraõ feus Pays Francifco Cardofo, e Izabel
Dias. Sendo de 18. annos de idade aba-
çou o Inftituto da Companhia em o Col-
legio de Coimbra a 15. de Março de ijói.
A natural habilidade, e talento, que pofluta
lhe fez brevemente patentes todos os fe-
gredos da Filofofia, e myfterios da Theo-
logia que depois enfinou com muito buMf
feu, e naõ menor efplendor da Companhia covoo
delle efcreve o P. António Franco Imt^.
da Virt. em o Nov. de Coimb. Tom. i. liv. j.
cap. 60. No miniUeno do púlpito foy ior
figne alcançando a opinião do mayor Prégadof
do feu tempo para cuja arte tinha tanti
L USITANA.
129
facilidade que os Sermoens pregados de
repente pareciaõ fer por muito tempo me-
ditados. Notável foy o fruto que collieo
com o exercicio de Doutrineiro explicando
três vezes em a Semana o Cathecifmo pellas
praças de Lisboa. Todas as fuás acçoens
íe dirigiaõ para beneficio dos próximos, e
obfervancia do feu Inftituto fendo fumma-
mente mortificado, e exceíTivamente chari-
tativo. Chegado o dia 20. de Setembro de
1604. depois de ter recitado as horas Ca-
nónicas fe recolheo ao Cubículo onde como
lhe faltafle dizer a ultima MiíTa o foy cha-
mar o Sancriílaõ, que o achou fentado, e
inclinado fobre a parte efquerda com o
femblante aprafivel, e imaginando que dor-
mia o chamou, e reparando com mayor
atenção conheceo, que eílava morto tendo
poíto o dedo index da mão fobre a Biblia,
e concorrendo a Comunidade achou que
eílava apontando para as palavras do Apo-
calypfe, Bea/i mortui, qtà in Domino moriun-
tur. Divulgada a fua morte concorreo innu-
meravel concurfo à Caza ProfeíTa de S.
Roque para venerar o feu Cadáver, prin-
cipalmente os meninos da doutrina, que
clamavaõ com innocentes vozes por feu
Pay, e Meftre. A confraria dos Cantores
de Lisboa inftituida pelo mefmo Padre lhe
cantou hum Officio folemne havendo antes
feito efte fúnebre obfequio os Religiofos
Agoítinhos, e Dominicanos. Compoz os
Tratados feguintes de que he depozito o
Collegio de Évora.
De Opere fex dierum. foi. M. S.
De Correãione fraterna, <& judiciali. foi.
M. S.
De Benefkiis 'Exclefiafiicis. foi. M. S.
FRANCISCO CARDOSO MADUREI-
RA cuja pátria, e nome de feus Pay fe
ignoraõ. Foy muito inclinado à Uçaõ da
Hiftoria profana, e muito inteUigente em a
do noíTo Reyno, efcrevendo no anno de
161 1. a feguinte obra em cujo frontifpicio
.eftà hum Efcudo de Armas, que coníta de
jhuma Alcachofra entre dous Leoens. Contem
além do Prologo 232. foi. com eíle titvilo.
I Univerfal Jummario de varia Hijloria re-
\partido em quatro partes. Na primeira fe
trata da fmdaçaÕ de Roma, e dos Rejs delia,
e de todos os Romanos infixes, que houve. No
2. dos Rejs, e Rainhas, que no mundo fit^eraõ,
ou dijferaõ coufas notáveis, e outras curiofidaães
dignas de memoria. Na terceira as Chronicas
dos Reys de Portugal abreviadas conforme a or-
dem que nefle livro levo. Na quarta, muitas
cartas de peffoas particulares de que o leitor
pode tirar muito fruão. Dirigido a CorreçaÕ da
Santa Madre l^eja Catholica Romana, foi. M. S.
FRANCISCO DE CARVALHAL, E
VASCONCELLOS criado da SereniíTima
Caza de Bragança, como feu Pay António
de Carvalhal, e Vafconcellos. Foy muito
verfado na Hiíloria, e Poefia, difcreto, af-
favel, e cortezaõ. Compoz
Primeira, e fegunda parte de los Trabajos,
y perigrinaciones de Fenicio. Dedicado a EI~
Rey D. Joaõ o IV. quando era Duque de
BarceUos. Coníla de verfo, e proza onde
o Author defcreve os feus trabalhos, e di-
latadas prizoens. Começa. Bien fé que en
efle pequeno trabajo.
FRANCISCO CARVALHO natural de
Coimbra, e Prior da Parochial Igreja de
Santa Comba do Bifpado deíla Cidade.
Sendo criado do lUuftriíTimo Bifpo Con-
de D. Fr. Joaõ Soares o acompanhou
no anno de 1561. quando por ordem
delRey D. Sebaíliaõ partio a aiTLftir em
o Concilio Tridentino. Era muito gra-
dofo, e prompto nas refpoílas fempre ju-
diciofas, e nunca pueris. Efcreveo com
fumma individuação.
Itenerario da fornada, que o Bifpo de Coim-
bra fe^ a Trento, e a Palefiina, onde relata tudo
quanto vio, e lhe aconteceo M. S.
Fr. FRANQSCO DE CARVALHO na-
tural do ConfeUio de Lanhofo diílante duas
legoas para o Norte da auguíla Qdade de
Braga em a Provinda de Entre Douro, e
Minho, e filho de António Antunes, e An-
tónia de Carvalho. Deixando a Pátria pro-
feíTou o Inftituto de Eremita de Santo Agofti-
nho no Convento defta Corte a 17. de Abril de
1658. onde por muitos annos didou as prin-
dpaes matérias da Theologia Efcholaftica
i3o
BIBLIO THE CA
dignas da luz publica affim pclla profundi-
dade da efpeculaçaõ como pellos folidos
fundamentos extrahidos das Efcrituras, e
Santos Padres em que eftabelecia as fuás
opinioens fendo as principaes
De Deo uno, (ò" Trino.
De VreBcleftinatione.
De Incamatione.
De Panitentia.
De Sponfalihus.
Todas fe confervaõ M. S. na Livraria do G^n-
vento da Graça deíla Corte, onde morreo a 2 5 .
de May o de 1703.
FRANaSCO CARNEIRO DE mCUEI-
ROA naceo em a Cidade do Porto, e teve
por Pays a Joaõ de Figueiroa Pinto, Con-
tador da Fazenda Real, e a D. Maria Car-
neiro de Barros. Aprendidas as primeiras
letras na pátria paíTou à Univerfidade de
Coimbra onde fez taes progreflbs a fua
profunda comprehenfaõ nas leys Imperiaes,
que recebido o grào de Doutor, entrou no Col-
legio de S. Pedro a 27. de Julho de 1691. onde
fubio a fer Lente de Inílituta a 23. de Novem-
bro de 1695. Depois de fer Cónego Doutoral
nas Cathedraes de Vifeu, Guarda, Porto, e Lis-
boa, Inquifidor da Inquifiçaõ de Lisboa, Depu-
tado do Confelho Geral, foy nomeado Reytor
da Univerfidade de Coimbra de que tomou
pofle em 17. de Dezembro de 1722. cujo ho-
norifico lugar exercitou com fumma pru-
dência, e integridade pello largo efpaço de
vinte e dous annos. Ao indefeíTo trabalho
com que examinou o Carthorio da Univer-
fidade deve ella as Memorias Chronologi-
cas que efcreveo, e publicou o Beneficiado
Frandfco Leitaõ Ferreira infigne CoUega da
Academia Real fendo por taõ laboriofa in-
dagação digno de fer numerado entre os Au-
tores Portuguezes, quando o naõ fora por
outras obras, que a fua modeília naõ permi-
tio fe fizeíTem publicas pella Impreflaõ entre
as quaes mereceo a primazia a feguinte.
Kegimento do Santo Officio illuftrado com
varias reflexoens. foi. 3. Tom. M. S.
Fallcceo na Cidade do Porto a 8. de
Agofto de 1744. em idade muito proveéla.
Jaz fepultado no Clauílro do Mofteiro de S.
Bento da mefma Cidade.
Fr. FRANaSCO CARREIRA do qual
unicamente fe fabe fer alumno da Seráfica
Provinda de Portugal, e Doutor pella Uni-
verfidade de Coimbra pellos annos de 1533.
em a qual diílou as matérias feguintes di-
vididas em quatro livros, e cada livro coníla
dos feguintes Tratados cm que fe admira
a vaílidaõ da fua fciencia unida com a pro-
fundidade do feu difcurfo. No livro 1. fe
comprehendem eíles Tratados.
1 . De immortalitate anima.
2. De operationihus , (& locutionihus anima
feparata.
3. De bono mor tis.
4. De Judicio particulari illius.
5 . De receptaculis mortuorum.
No 2. livro.
1 . De mundo, <& fine illius.
2. De Antichrifto, (Ò" eventu EJia.
3 . De fignis precedentibus Judicium.
4. De Igne conflagrationis.
5. De Ceffatione mo tus Cali.
6. De Kefurreãione mortuorum.
7. De cognitione meritorum, Ó" demérito-
rum.
No livro 3.
De Judicio Finali.
No livro 4.
1 . De gloria cali, <Ò^ pana infemi.
2. De dotibus corporis glorio fi.
Traãatus de correãione fraterna.
Todas eftas obras fe confervaõ M. S. no Colle-
gio de S. Boaventura da Qdade de Coim-
bra.
Fr. FRANCISCO CARREIRO a quem Ni-
colao António Bib. Hifp. Tom. i. pag. 314.
col. 2. appellida erradamente Cabreiro. Naceo
na quinta de MofuUo diftante huma legoa da
Cidade de Lamego em a Província da Beira, c
recebeo a Cogulla Monachal de S. Bernardo
no Convento de Santa Maria de Salzedas onde
fe applicou com tanta vigilância ao eftudo da
fagrada Theologia, que recebendo em a Uni-
verfidade de Coimbra as infignias Doutoraes,
a illuílrou com a fua profunda litteratura
competindo com a do Doutor Eximio Fran-
dfco Soares eterno cfplendor da Compa-
nhia de JESUS, que no mefmo tempo
era Lente na Univerfidade. Regentou a
L USITANA.
i3i
Cadeira de Gabriel de que tomou pofle a
IO. de Março de 1587. donde fubio à de
Durando em 17. de Janeiro de 1597. e
ultimamente à de Efcoto a 28. de Mayo de
1505. Foy duas vezes Reytor do Collegio
de Coimbra, a primeira no aimo de 1384.
e a fegunda em 1594. atè que claufulou a
vida no anno de 1620. em o mefmo Col-
legio, cuja livraria augmentou de livros, e
ornou de quadros, que reprefentaõ vários
Santos Doutores da Ordem Ciílercienfe .
Compoz
Commentaria in Univerfam D. Tboma
Summam. Efta obra M. S. fe conferva na
Livraria do Real Convento de Alcobaça.
Fazem memoria deíle Author Uifch. in
Bib. Cift. Fr. Angel. Manriq. Annal. Cifterc.
in Ser. Ahhat. Alcoh. p. 14. Qui vel docente
ibidem Francifco Suario nofiri JacuH oráculo
inter primários meruit numerari. Fr. Auguft.
Sartor. Cift. Biftert. pag. 566. Intelligo
ex tuis laudibus ( falia do elogio prece-
dente que fez Fr. Angelo Manrique) Car-
reirum Suare^io conjunãum fuiffe fjdus focium,
amulumque cujus utriujque lumina felix Co-
nimbrica plenius introjpiceret in veritates Theolo-
gicas.
D. FRANCISCO DE CASTELLO-
-BRANCO Senhor de Villa-Nova, e Cama-
reiro mòr delRey D. Joaõ o III. filho de
D. Martinho de Caftello-Branco, Conde de
Villa-Nova, Governador da Juíliça, e Vedor
da Fazenda dos Reys D. Aífonfo V. e D.
Joaõ o II. e D. Manoel, e de D. Mecia de
Noronha filha de Joaõ Gonçalves da Ca-
mará, Capitão da Ilha da Madeira, e D. Maria
de Noronha. Foy cazado com D. Maria
de Caibro, filha de Diogo Lopes de Lima
Alcaide mór de Guimaraens, e D. Izabel
de Caibro herdeira do Senhorio de Caftro
Dairo, de quem deixou defcendencia. Teve
as partes de hum confummado Politico adqui-
ridas pella prudência de feu juizo, e continua
Hçaõ dos livros, Efcreveo
Carta a E/Rej D. JoaÕ o III. em que
lhe perfuade a conquifta de Féz, e que
paíTe em peíToa a eík Conquifta. Come-
ça. Deos me fez Chriftaõ, e Vortugue^^
e Vaffallo de V. A.
Carta ao Infante D. Lmí^ em repofta
de outra efcrita por efte Príncipe, de Barcel-
lona a 13. de Março de 1538. Começa.
Senhor huma carta me deraõ de V. A.
Fr. FRANCISCO DE CASTELLO
DE VIDE natural da Villa do feu apel-
lido fituada na Provinda Traflagana onde
teve por Pays a Braz Antunes, e Cathe-
rina Dias. ProfeUou o Inftituto Seráfico
em a reformada Provinda da Piedade a
29. de Fevereiro de 1689. Com a fua
doutrina inftruio aos domefticos fendo
Lente de Filofofia, e Theologia, e com a
fua prudência os governou em diveríâs
Guardianias. Foy Qualificador do Santo Offi-
do, e Vifitador da Provinda da Soledade,
e do Seminário de Brancanes. Falleceo a
26. de Junho de 1732. Compoz
Eftatíitos da Provinda da Piedade
Sermão de Santa Isabel Rainha de Portugal,
Lisboa
D. FRANQSCO DE CASTRO teve
por berço a Cidade de Lisboa, e por
Progenitores a D. Álvaro de Caftro Senhor
de Penedono Comendador da Redinha da
Ordem de Chrifto, do Confelho de Eftado
d'elRey D. Sebaftiaõ, feu Vedor da Fa-
zenda, e Embaxador a Roma, e Saboya,
e a D. Anna de Attayde filha de D.
Luiz de Caftro Senhor da Caza de Mon-
fanto. Depois de fe iníbruir na Caza paterna
com as primeiras letras em que mofliou
igual viveza de engenho à feliddade da
memoria fe aplicou ao eíhido da Sagrada
Theologia em a Univerfidade de Coim-
bra em cuja faculdade fendo laureado
com as infignias Doutoraes foy admitido
ao Collegio de S. Pedro a 11. de Mayo de
1597. Nefta Cidade que foy o theatro da
fua Utteratura o foy também da fua capa-
cidade no lugar de Deaõ da Cathedral, e
de Reytor da Univerfidade donde paíTou
a Prefidente da Meza da Confdenda.
A integridade dos cofíumes unida com a
reétidaõ da juftiça o elevarão aos hono-
ríficos lugares de Bifpo da Guarda, Inquifi-
dor Geral, e Confelheiro de Eftado onde deu
claros argumentos da Charidade paftoral.
l32
BIB LIO THE CA
ardente zelo da Religião, e vigilante pro-
videncia da Monarchia. A fidelidade que
fempre obfervou incorrupta para com o feu
Principe foy rigorofamente examinada pela
malevolencia de feus emulos dos quaes
fahio triunfante a 5. de Fevereyro de 1643.
Cheyo de annos, e cumulado de mereci-
mentos deixou de fer caduco em o primeiro
de Janeiro de 1653. quando contava 79. de
idade. Ja2 na Sumptuofa Capella que man-
dou edificar no Clauílro do Real Convento
de S. Domingos de Bemfica para depozito
das heróicas cinzas de feu grande Avó D.
Joaõ de Caftro IV. Vicerey da índia, cuja
vida efcrita pela elegante penna de Jacinto
Freyre de Andrade fe deve à fua eleição fendo
o mayor credito do talento defte Prelado
efcolher efte Curcio para narrar as façanhas
daquelle Alexandre. Foy muito incli-
nado ao eftudo da Genealogia efcrevendo
com re£la intenção, e prudente exame
muitas Familias deíle Reyno fendo a prin-
cipal obra defte género hum volume que
principia pela explicação das Regras da
Armaria, e depois 550. efcudos das Fami-
lias Portuguezas primorofamente illumina-
dos cada hum em fua folha, e com a explica-
ção de cada brazaõ na parte inferior. Deixou
efte volume a fua Sobrinha D. Mariana de
Noronha, e Caftro, e eftà encadernado em
veludo carmefim com chapas de prata dou-
rada, e no meyo as Armas dos Caftros. Foy
compofto em o anno de 1649. e fe conferva
em Morgado na Caza dos Marquezes de Ma-
rialva, o qual vimos como também affirma
ter vifto o Padre D. António Caetano de
Soufa Aparat. à Hijl. Gen. da Can^. Real Por-
tug. p. III. §. 119. Publicou
ConJlitMtçoens Synodaes do Bi/pado da Guar-
da impreffas por ordem do Keverendijftmo Se-
nhor D. Francifco de Caftro. Lisboa por Pe-
dro Craesbeeck 1621. foi.
FRANCISCO DE CASTRO natural de
Lisboa filho naõ fomente pela natureza
do Doutor Eftevaõ Rodrigues de Caftro de
quem fe fez larga mençaõ em feu lugar,
mas pela fciencia Medica em que foy emulo
de feu Pay. Compoz
Sintaxis pradiãionum medicarum cum triplici
elticuhratione i. De Chirurgicis adminiftraHo-
nibus. 2. De potu refrigera to. 3. De animalibus
Microcojmi. Lugduni 1661. 4. Por fua in-
duftria publicou a obra feguinte compofta
por feu Pay affirmando no Prologo ter
extrahido efte Poema de huma copia já em
muitas partes confumida, e por efta cauza
fahia defeituofa.
De Simulato Rtge Sehaftiano Poemation Flo-
rentiae 1638. 4.
FRANCISCO DE CASTRO natural da
Cidade do Funchal Capital da Ilha da Ma-
deira, Presbitero de vida inculpável, Meftrc
em Artes, Doutor em Theologia pela Uni-
verfidade de Évora onde foy Collegial do
CoUegio da Purificação. Foy Vigário da
Collegiada de S. Pedro da Qdade do Fun-
chal donde paflando a Cabo- Verde bufcar
remédio para o mal da lepra paíTou a
melhor vida em o anno de 1665. De mui-
tos Sermões que pregou fomente fe fizeraõ
públicos.
Sermão da Conceição de Nojfa Senhora. Re-
cheia. 1656. 4.
Sermão da VifttaçaÕ da Mãy de Deos ibi
no dito anno. 4. Faz memoria delle Hen-
rique Henriques de Noronha Mem. Jecul. e
'Bcclef. da Cidade do Funchal. Tit. 12 cap. 3.
FRANCISCO DE CASTRO natural de
Lisboa, e Prior da Parochial Igreja de S.
Lourenço defta Corte Doutor cm Direito
Pontifício, e hum dos celebres alumnos da
Academia dos Singulares inftituida no anno
de 1663. onde floreceo o feu feomdo enge-
nho em varias produçoens métricas, que
merecerão os applauzos, e envejas dos feus
collegas, das quaes fe publicarão as feguintes
no Tom. i. da Academia dos Singulares. Lis-
boa por Henrique Valente de Oliveira i66j.
4. et ibi por Manoel Lopes Ferreira. 1692. 4.
hum Soneto a pag. 93. Duas Decimas psig. 114.
Soneto a pag. 133. Decima pag. 151. Romance
pag. 231. Soneto pag. 276. OrafaÕ recitada
a 10. de Fevereiro de 1664. a pag. 296.
He huma Sjlva. Soneto a pag. 322. No
Tom. 2. Lisboa por António Craesb. de
Mello 1668. 4. & ibi por Manoel Lo-
pes Ferreira 1698. 4. OrafaÕ recitada em
LUSITANA. i35
i8. de Janeiro de 1664. a pag. 268. He huma ro de 1565. e de Vefpeta a 6. de Maya
Sylva. Outra Syha. a pag. 341. Faleceo em de 1566. onde jubilou a 21. de Fevereiro
Lisboa a 7. de Janeyro de 1696. Jaz fe- de 15 81. Foy o primeiro que introdulia
pultado na Igreja de S. Lourenço, em a Univeríidade o methodo de apoítil-
lar, pois atè o feu tempo coftumavaõ os
P. FRANCISCO DAS CHAGAS na- Meftres explicar os Authores, cujas Cadei-
tural do Porto onde recebeo o Canónico ras regiaõ. Nas exéquias que a Univer-
Habito da Congregação do Evangelifta. Foy íidade dedicou à faudofa memoria da Rai-
Reytor dos Conventos de Villar de Fra- nha D. Catherina mulher delRey D. Joaõ
des, e Vice-Reitor de S. Joaõ de Xa- o IIL feu auguílo Fundador, recitou a
bregas. Pregou com geral aceitação como Oraçaõ fúnebre com a qual conciliou a
delle efcreve Francifco de Santa Maria atenção de taõ iUuítre, como fabio audi-
Chron. dos Coneg. Secul. liv. 2. cap. 40. tório. Mereceo particulares eítimaçoens del-
Falleceo no Convento de Santo Eloy de Rey D. Sebaftiaõ, e D. Henrique atè a
Lisboa a 19. de Fevereiro de 1659. ^^^ ^^^ ^ ^^^ vida, que foy em o Collegia
teftemunhar o devoto afefto com que re- de Coimbra a 10. de Fevereiro de 1387. e
zava o Rofario de Maria Santifíima publicou fobre a fepultura fe lhe efcreveo o feguinte
luiudes perennes de Nojfa Senhora, ou epitáfio.
devoto modo de re^ar o Kofario da Purif- Fr. Francijcus à Chrifio Doãor Theologm,
fima Virgem Alaria Senhora Nojfa na hora, Metbodum in hanc Academiam primus invexit,
(pte couber a qualquer Confrade defia devofaõ. e>* in ea Vefperarius Profejfor emeritus. Obiit
Lisboa por António Alvares 1647. i^- <^^o Domini 1587. 10. FebruariJ.
Celebraõ o feu nome Pamphil. in Cbron.
Fr. FRANCISCO DE CHRISTO na- Ord. D. Augujl. ad ann. 1568. Unguarum
tural de Villa-Viçofa, ou de Villa de peritus, ingenio prafians, ac difertus eloqtáo...
Veyros fituada na Província do Alen- de cujus viri doãrina, prohitate, ac reliffone
tejo. Defde a primeira idade fe admi- numquam tot dici poffunt, quot re vera dici non
raraõ imidas na fua peflba em perfeito deberent. Novi enim bominem doãum, inte-
equilibrio a piedade do coração, e a fu- ^m, benignum, fÍT omni virtutum genere exor-
btile2a do juizo de que procedeo cul- natum. Gratian. AnaftaJ. Augujl. pag. 68.
tivar igualmente as virtudes com exaçaõ, Unguarum variarum peritus ingenio prajlans.
e as letras com difvello. Deixada a cafa Camargo Chronol. Sacra foi. 309. Agudijfi-
de feus Pays fe adoptou por beneficio mo Maejlro, y las obras que hà imprejjo
da graça em a iUuftre famiHa dos Ere- dan tejlimonio de Jus letras. D. Fr. Thom.
mitas de Santo Agoftinho, profeíTando taõ de Faria Decad. i. lib. 9. cap. 8. Vir
fagrado Inftituto no Convento de Évora pius ac doãus. Cardof. Agiol. Uíjit. Tom.
no anno de 1548. onde depois de fazer i. pag. 308. Doutijfimo Mejlre. Franc. Mo-
infigne progreíTo nas letras humanas, e raes Sardinh. PamaJ. de Villaviç. liv. 2.
nas linguas Latina, e Grega fe aplicou cap. 53. Era o mayor humanijla do Jeu tempo,.
aos eftudos Theologicos em que recebeo e taõ conhecido de todos nejla virtude ajora as
o grào de Doutor na Univerfidade de Coim- muitas, que havia nelle, que de muito longe o
bra no anno de 1562. onde naõ fomente vinhaõ bujcar os curiojos para cenfurarem com
os diftou aos feus domefldcos fendo en- elle as obras de humanidade em que fe em-
tre elles o mayor credito do feu Magif- pregavaõ, naÕ as havendo por boas, atè elle
terio o Grande Fr. Egidio da Prezen- as naÕ aprovar por taes. Joan. Soar. de
taçaõ de quem fe fez larga memoria em Brito Theatr. Lufit. Utter. lit. F. n. 37.
, feu lugar, mas illuftrou aquella celebre Athe- Vir exoticis linguis valde peritus. Fr. Ant.
I nas Conimbricenfe regentando a Cadeira de à Purif. de vir. lllujirib. Ord. D. Aug.
I Gabriel de que tomou poííe a 9. de Ju- lib. 2. cap. 15. Doãor eximius. Nicol. Ant.
lho de 1563. a de Efcoto a 7. de Feverei- Bib. Flijp. Tom. i. pag. 318. col. i. Vir
i34
BIBLIO THE C A
Juit lingmrum calkns, <& Sermone prafians.
PoíTevin. Apparat. Sacer. Tom. i. pag.
579. onde por erro o faz natural de G)im-
bra. Fr. Ant. da Nativid. Mont. de Coroas.
Mont. 2. cor. 8. §. 2. n. 37. Andr. Scot.
Bib. Hi/p. p. 270. Taxand. Cathalog. Hifp.
Script. Figueiredo. ¥los San£i. Auguft. Tom.
4. pag. 130. Foy Vice-Keytor da Univerfiãade
entregando aquella celebre Athenas a chave do
Jeu governo a quem tinha a das /ciências. Com-
poz
Praleãionum, Jive ennarrationum admirabilis
Divini Verbi Incarnationis libri VI. Conim-
bricae apud Joannem Alvares 1564. foi.
Fjinarrationes in Colleãanea i. libri Ma-
giftri Jententiarum. ibi Typis Antonij Mariz
Typographi, et Bibliopolac Univerfitatis 1579.
foi.
In Tertium librum Jententiarum, Jive de Vide,
Jpe, (& Charitate. ibi apud eumdem Typog.
1586. fem o feu nome.
Incitamentum amoris erga Deum. Conim-
bricae apud Francifcum Corrêa 1550. 8. He
obra pia, e devota. No fim tem explanação
paraphraftica do Padre noflb, e huma prac-
tica recitada aos feus Religiofos em Quinta
feira mayor.
In Jymbolum Apojlolorum foi. 2. Tom.
Deíla obra faz mençaõ Nicol. Ant. Bib. Hijp.
Tom. I. pag. 318. col. i.
Fr. FRANCISCO DE SANTA CLARA
natural do lugar do Cartaxo Termo da Villa
de Santarém, Religiofo profeíTo da Ordem
Seráfica da Provinda de Portugal, e Vigário
do Coro do Convento de Lisboa, cuja oc-
cupaçaõ exercitou pello largo efpaço de 29.
annos fem interrupção, fendo igualmente pe-
rito no Canto Gregoriano como nas Cerimo-
nias Ecclefiafticas. Falleceo no Convento de
5. Francifco da Cidade a 10. de Fevereiro
de 1702. deixando memoria de Religiofo
muito exemplar. Compoz
Leviticus Seraphicus Carimoniarum Religio-
Jtis Francijcana tam Fratribus, quám Moniali-
bus Ordinis Sanãa Clara Choro injervientibus
pracije necejfarius. 4. M. S. Dedicado no
anno de 1678. ao Reverendo P. M. Fr.
Joaõ da Madre de Deos a£hial Provincial da
Provinda, e depois L Arcebifpo da Bahia.
Ceremonial da Provinda com expojiçaõ das
Rubricas do Breviário, e Mijfal Romano, e
Seráfico. M. S. Ambas eílas obras fc con-
fervaõ na Bibliotheca de S. Francifco da
Cidade. Do Author faz mençaõ Fr. Fer-
nando da Soledade. Hijl. SeraJ. da Provinc.
de Portug. Part. 3. liv. i. cap. 21.
FRANCISCO COELHO natural da G-
dade de Vifeu, filho de Joaõ Coelho, c
Catherina Lourenço de Andrade, Licen-
ciado na faculdade de Direito Canónico, e
famofo Letrado, o qual fendo Dezembar-
gador dos Aggravos o mandou ler a Ca-
deira de Prima de Cânones ElRey D. Joaõ
o III. em quanto naõ chegava de Ef-
panha o Doutor Marti m Afpilcueta Na-
varro, a cuja leitura deu prindpio em
2. de Mayo de 1537. e por ordem do
mefmo Príncipe exercitou o lugar de Vice-
-Reytor da Univerfidade a 29. de Mayo de
1538. Acabado efte magifterio, paíTou a Lis-
boa continuar no miniílerio de Dezembar-
gador, e de Promotor do Santo Oíficio,
de que tomou poíTe a 18. de Agoílo de
1540. Foy Comendador da Ordem de S.
Tiago, e percebia metade dos frutos, que
rendia a Igreja de Caibro Dayro, Chancel-
ler do Meftrado da mefma Ordem, e De-
zembargador do Paço. Em todos os lu-
gares, que fervio fempre foy muito ob-
fervante da juftiça com tanta inteireza, c
liberdade, que reparando D. Joaõ o III.
faltar em huma Confulta o voto de hum
Miniílro de quem fe fiava, e mandando que
votaíTe elle, refpondeo. Senhor os Minijlros,
que Jervimos a V. A. no cargo que eu ocupo
o Ja:(emos com toda a verdade, amor, e :^elo
do Jerviço de V. A. parece o naÕ entende ajftm
V. A. pois Je naõ Je Jatisjav^ Je naõ com o
voto de N. elle pode bajiar a V, A. que eu
me vou para huma quinta que tenho. Aten-
dendo a Rainha D. Catherina aos feus mere-
cimentos o nomeou Chanceller mòr por
morte de Gafpar de Carvalho cm o anno
de 1558. cuja nomeação naõ teve effeito
por nelle fallecer. Foy cazado com D. Anna
do Olival de quem procedem os Nápoles,
e Lourdros de Vifeu. Por ordem delRey
D. Joaõ o III. Compoz
L USITANA.
i35
Annotaçoens ás Ordenaçoens do Keyno con-
trarias á jttrijdíçàõ, e liberdade Ecclejiafiica.
Obra igualmente douta que laboriofa divi-
dida em 3. partes, que fe conferva no Ar-
chivo Real. A 3. parte verteu em Latim
Idibus Januarii 1600. Luiz da Sylva de
Brito por iníinuaçaõ do Arcebifpo de Évora
D. Theotonio de Bragança.
FRANCISCO COELHO MENDES na-
ceo em Lisboa a 4. de Outubro de 1621.
onde teve por Pays a António Coelho Rey
de Armas Portugal, e Maria Mendes. Foy
Rey de Armas índia, e iníigne na Arte da
Armaria efcrevendo
Origem dos Bra^oens das Armas, e feus
Apellidos. M. S.
Nobreza dos Brat(oens de Armas de todos
os Fidalgos de Portugal com todos os feus ef-
cudos. M. S. O Author deixou eíles livros
ao Real Convento de Alcobaça, e parece
que os acabou no anno de 1678.
Genealogias de diverfas Famílias. M. S.
Conferva-fe na Livraria do Excellentiffimo
Conde da Ericeira D. Francifco Xavier de
Menezes. Do Author, e das obras faz men-
ção o P. Souza Apparat. à Hijl. Gen. da
Caf. Real. pag. 63. §. 45.
D. Fr. FRANCISCO DA CONCEIÇAM
natural da Villa de Serpa da Província do
Alentejo, e Religiofo da Ordem Seráfica da
Provinda dos Algarves. Os feus mereci-
mentos que fe faziaõ recomendáveis pella
litteratura, e obfervancia religiofa lhe alcan-
çarão naõ fomente o Provincialado em que
foy eleito no anno de 1549. mas a digni-
dade Epif copal fendo Coadjutor com o ti-
tulo de Bifpo Maffilitano do Arcebifpo de
Braga D. Fr. Balthezar Limpo com o qual
partio ao Concilio Tridentino, e na pre-
zença de taõ venerável CongreíTo, pregou
na lingua Latina em que era perito, o
Sermaõ de fegunda Dominga da Qua-
refma. Reftituido a Braga conferio Ordens
Sacras ao anno de 1553. ^o Ven. P. Igna-
cio de Azevedo Capitão daquella ef-
quadra de trinta e nove Soldados que pella
Fé Catholica foraõ viftimas da crueldade
herética. Falleceo em Braga, e jaz fepultado
na Capella môr da Igreja da Mifericordia.
Delle fe lembraõ Daza Ghron. de S. Franc.
Part. 4. foi. 230. Franc. Jmag. da Virt. em
o Nov. de Coimb. Tom. 2. liv. i. cap. 19.
n. 10. e o P. D. Manoel Caet. de Souz.
Cathal. dos Bi/p. Portug. p. 146. Compoz
Homilias extrahidas do SermaÕ, que pre-
gou no Concilio, as quaes efcreve Joaõ Franco-
Barret. Bib. Portug. M. S. que foraõ im-
preíTas com outros livros aprovados pellos
Padres do ConciUo.
Fr. FRANQSCO DA CONCEIÇAM na-
ceo na Freguezia de Santa Maria de Par-
daes termo de Villa- Viçofa onde recebeo-
a primeira graça a 13. de Mayo de 1627.
fendo filho de Francifco Gomes Freixo, e
Ignez do Sayal Lavradores honrados, e
opulentos. Aos defefeis annos de idade
recebeo o Habito da Terceira Ordem da
Penitencia em o Seráfico Convento de
Viana do Alentejo profeíTando a 6. de Ja-
neiro de 1644. Jubilou em Theologia pella
leytura que fez com applaufo, e fruto dos
feus ouvintes, e foy Cuftodio da Provinda.
Informado o Geral da fua grande prudência
o nomeou Vizitador da Provinda da Ter-
ceira Ordem dos Reynos de Leaõ, e Caf-
tella, cuja incumbência executou com tanta
fuavidade que deixou a todos os Reli-
giofos fatisfeitos. Morreo no Convento de
Lisboa a 11. de Outubro de 1683. com.
56. annos de idade, e 40. de Religião.
Compoz
Sermaõ na Fejla da Milag-ofa Imagem de
Chrijio Crucificado, que efià no Convento de N.
Senhora de Jefus de Lisboa no terceiro Domingo
de Setembro de 1674. ejlando o Santijfimo Ex-
pojlo. Lisboa por Joaõ da Cofta 1675. 4.
Delle fe lembra Fr. Joan. à D. Ant. Bib,
Francijc. Tom. i. pag. 376. col. 2.
FRANCISCO CORRÊA DO AMARAL
CASTELLO-BRANCO naceo na Villa de
Alanquer do Patriarchado de Lisboa a 6. de
Janeiro de 1683. fendo filho de Nicolào Corrêa
Lopes, e Azambuja, e de Antónia de Almeida
de Caftello- Branco. Eftudou Gramática, e
Filofofia, e depois a Arte de Cirurgia em
i36
BIBLIO THE CA
■que fahio taõ perito, que naõ fomente a
exercitou com grande opinião do feu nome
em Portugal, mas em Caftella quando
marchou com o noflb exercito na guerra
da fuceflaõ de Efpanha onde fez curas
<iue admirarão os Cirurgiaens Eíbrangeiros,
que affiíliaõ com as noíTas Tropas extcn-
■dendo-fe a fua fciencia atè a Arte da Me-
decina, que prafticou com fumma felici-
dade. Parecendo-lhe, que era limitado o
ferviço que fazia em obfequio da Pátria
com as operaçoens da Arte Chirurgica fe
ofFereceo aos Generaes para que naquellas
horas que tiveíTe vagas do exercicio de Ci-
rurgião as empregafle em ruina dos inimi-
gos o que felizmente executou aflim na
Praça de Segura fronteira à Província da
Beira, como em Tortoza no Principado de
Catalunha.
Compoz
Apologia, e decemida explicação do verda-
deiro methodo em que fe deve ujar da agua ar-
dente em toda a Cirurgia, fogeitos, partes, e
tempo em que fe deve aplicar dividida em quef-
toens problemáticas fundadas em os Cânones da
mefma Arte. Lisboa por Filippe de Souza
Villela. 171 8. 4.
Noticia de hum cafo raro, e extraordi-
nário Juc cedido nejle pre!(ente anno de 1733.
em Villa-Franca de Xira dada com a copia
de huma Carta do I^icenciado Francifco Cor-
rêa do Amaral Cajlello-Branco Cirurgião da
mefma Villa. Lisboa por Pedro Ferreira. 4.
ObfervaçaÕ Apollinea Chirurgica de hum
4;afo raro, e extraordinário efcrita em ef-
tilo confultivo. Lisboa por Manoel Fer-
nandes da Coíla Impreflbr do Santo Of-
ficio 1738. 8.
Triãraíía Chirurgico-Galenica com aufpi-
■cios Efpagiricos, ou Herméticos dividida em três
Tratados. M. S.
Obfervaçoens Chirurgicas com hum Tra-
tado da combinação dá Quatemiaõ dos hu-
mores do corpo humano pella efcola Gale-
nica com os fucos da efcola Efpagirica. 4.
M. S.
Epitome da combinação das opinioens de
Galenicos, e Efpagiricos em as caufas da
Jebre. 4. M. S.
FRANCISCO CORRÊA DE ARAÚJO
Presbítero, iníigne profeíTor da Mufica, c
naõ menos grande tangedor de Orgaõ, cujo
minifterio exercitou na Igreja CoUegiada de
S. Salvador da Gdade de Sevilha, onde foy
Reytor da Irmandade dos Sacerdotes. Com-
poz
Facultad Orgânica. Alcala por António
Arnao 1626. foi. Nas advertências deíle li-
vro Part. I. foi. 2. promete dous livros,
hum de Cafos morales de la Mufica, outro
de Verfos. Algumas das fuás obras Muíi-
cas fe guardaõ na Bib. Real da Mufica co-
mo coníla do feu Index impreflb Lisboa
por Pedro Craesbeeck, 1649. 4- Delle fe lem-
bra Nicol. Ant. Ktb. Hifp. Append. Tom. 2.
pag. 322.
D. FRANCISCO DA COSTA Comenda-
dor de S. Vicente da Beira da Ordem de Aviz
filho de D. Duarte da Cofta Armeiro mòr dcl-
Rey D. Sebaíliaõ, e do feu Confelho, Gover-
nador do Braíil, e Prefidente da Camera, c de
D. Maria da Sylva filha de Francifco de Men-
doça. Alcaide mór de Mouraõ mereceo geral
eftimaçaõ, ou foíTe como politico, ou como
Militar. Sendo Capitão da Fortaleza de Man-
galor por diverfas vezes triunfou dos ini-
migos do Eftado. Ao tempo que era Go-
vernador do Reyno do Algarve, foy cha-
mado pello Cardeal Rey D. Henrique, c o
mandou com o Carafter de Embaxador ao
Xarife de Marrocos a tratar o refgate do
Duque de Barcellos, e outenta Cavalheros
que ficarão cativos na infeliz batalha de Al-
cácer Seguer, os quaes eílavaõ cortados oa
fomma de quatro centos mil cruzados. En-
trou na Cidade de Marrocos a 25. de Ju-
lho de 1579. com o Secretario da Embaxada
Luiz Duarte, e foy recebido magnificamente
pello Xarife a 29. do dito mcz, c ajuftada
a negociação para que fora eleito, fe refti-
tuiraõ à fua liberdade os outenta Fidalgos,
c por faltarem cento, e cincoenta mil cru-
zados para complemento dos quatrocentos,
fe deixou ficar em cauçaõ deíla quantia,
que fe pagou quando já Filippe Prudente
dominava eíla Monarchia, e nefte intervallo
morreo D. Francifco da Coíla em Níar-
tocos. Foy cazado com D. Joanna Hcnn-
L USITAN A,
quês filha de Gonçalo Vaz Pinto Senhor
de Ferreiros, e Tendaes, e D. Violante
Henriques de quem teve D. Maria Henri-
ques, que ca20u com feu Primo D. Mar-
cos de Noronha. Entre os eftudos, que
cultivou lhe merecerão mayor applicaçaõ a
Hiftoria profana, e a Poética para a qual
naturalmente o inclinava o génio. Efcre-
veo
Re/açaÕ do Reyno do Algarve efcrita no
anno de 1378. por ordem do Girdeal D.
Henrique cujo original fe confervava na
Bib. Severiana.
Poejias varias. Dedicadas a fua mulher
D. Joanna Henriques. M. S.
Fazem memoria do feu nome Mendoça
Jomad. de Afric. foi. 84. verf. e o P. Souza
Hijl. Geneal. da CaJ. Rtal Portug. liv. 4.
pag. 634. atè 639.
P. FRANCISCO DA COSTA naceo em
Lisboa fendo feus Pays D. Joaõ da Coíla
Comendador em a Ordem de Aviz, e D. Antó-
nia de Menezes fua fegunda mulher filha
de António Corrêa, Senhor de Bellas, e Al-
caide mòr de Villa-Franca de Xira, e D.
Maria de Menezes. Ainda naõ contava de-
foito annos quando com refoluçaõ mayor
que a idade defprezou a fortuna, que lhe
prometia o feu illuílre nacimento recebendo
a Roupeta da Companhia de JESUS em o
Collegio de Coimbra a 15. de May o de 1596.
onde com a doutrina de taõ infigne Mãy cre-
ceo igualmente na comprehenfaõ das fciencias,
como na obfervancia das virtudes. Pella uni-
verfal aclamação dos Académicos de Évora
foy laureado com as infignias Doutoraes
na Faculdade Theologica a qual naõ fo-
mente diâou neíla Univerfidade mas foy
chamado a Roma para a mefma incumbên-
cia, que abundantemente dezempenhou, como
da fua profunda litteratura fe efperava. Ao
tempo que fe reftituhia a Portugal vifitou
em Marfelha a fepultura da Magdalena onde
foy fuperiormente avizado de que paíTados
cinco annos havia de morrer. Todo efte
grande efpaço de tempo fe preparou com
frequentes aâos de obras virtuofas para al-
cançar o premio prometido aos Juftos de
que fe fez participante em o Collegio de
137
Coimbra a 15. de Janeiro de 1624. Vir
doãijfimus he intitulado por Joaõ Soar. de
Brit. Tbeatr. Lufit. Utter. lit. F. n. 38. Vir
ingenio, dodirina, virtuteque inter alios ejujdem
Societatis non pofiremus por Hipólito Marrado
Bih. Marin. Tom. i. p. 396. Ingenio ma^us
facultates edocuit mérito Magifiri praclari no-
mine. por Franco Ann. Glorio/. S. J. in Lu-
fit. pag. 25. Publicou
Sermão do Auto da Fé que fe celebrou na
Praça de Évora em 28. de Novembro primeiro
Domingo do Advento de 1621. Lisboa por
Pedro Craesbeeck. 1622. 4.
De Conceptione B. Virginis. Eiia obra
M. S. exiília em poder de Bernardo do
Toro Sevilhano como afirma Marracio Bib.
Marian. pag. 396. e delia faz mençaõ Fr.
Pedro de Alva, y Aílorg. in Aíilit. Concept.
FRANCISCO DA COSTA mercador de
livros publicou
Entendimento litteral, e conjlruiçaõ Portu-
gue!(a de todas as obras de Horácio Princepe
dos Poetas Latinos Lyricos com Index copio/o
das hijiorias, e fabulas contheudas nellas a Jorge
Gomes do Álamo Cavalleiro do Habito de
Cbrijlo. Lisboa por Manoel da Sylva 1639.
4. No Prologo afirma, que trabalhara muito
nefta obra.
FRANCISCO DA COSTA PEREIRA
natural de Lisboa, e hum dos infignes Poe-
tas do feu tempo como deixou manifefto
na obra feguinte
Poema em que fe defcreve todos os aparelhos
militares, que fe fi^eraõ em Usboa no anno
de 1586. contra a Armada Inglet(a. OíFerecido
aos Governadores do Reyno. M. S.
FRANCISCO DA COSTA, E SYLVA
naceo em Lisboa, e logo defde a puerícia
fe aplicou à Arte da Mufica em a qual
fe admirou de tal forte o feu enge-
nho, que foy refpeitado por hum dos
grandes Profeflbres defta faculdade armo-
nica aíTim praâica, como efpeculativa-
mente merecendo fer Meftre da Cathe-
dral da fua Pátria, e nella obter hum Ca-
nonicato de quarta Prebenda. Teve af-
pedo grave, juizo prudente, e procedi-
i38
BIBLIO THE CA
mento inculpável. Falleceo intempeíUva-
mente em Lisboa a ii. de Mayo de 1727.
03mpo2
Mijfa a 4. vo^es com todo o género de inf-
trumentos,
Miferere a 11. vo:(es com inílrumentos.
Motetes para fe cantarem às MiíTas das
Domingas da Quarefma.
Lamentação primeira de Quarta feira de Tre-
vas a 8.
O Texto da "Paixão de S. Marcos, e S.
Ljdcas a 4.
Vilhancicos a S. Vicente, e a Santa Ce-
cilia com inílrumentos.
Kefponforios do Officio dos Defuntos a 8.
vozes com todo o género de inílru-
mentos, que compoz para as exéquias que
a Naçaõ Franceza dedicou em a Capella
Real de S. Luiz defta Corte à memoria do
feu invencível Monarcha Luiz o Grande.
D. FRANCISCO COUTINHO fexto
Conde de Redondo filho de D. Joaõ
Coutinho, Conde de Redondo, e de D.
Prancifca da Sylveira naceo em Lisboa
onde fe inftruio na lingua Latina, e ou-
tras artes próprias do feu nacimento em
que fahio eminentemente verfado. Sendo
Alferes mór lhe entregou ElRey D. Joaõ
o IV. o Eftendarte benzido na Cathedral de
Lisboa quando em 19. de Julho de 1645.
partio para o Alentejo a animar com a fua
real prezença o Exercito Portuguez. Depois
foy Eftribeiro mòr da Rainha D. Luiza
Francifca de Gufmaõ. Cazou duas vezes,
a primeira com D. Helena de Caftro filha
de D. Nuno Mafcarenhas, e D. Izabel de
Caílro, a fegunda com D. Violante de
Alencaílro filha de D. Diniz de Alen-
caftro, Comendador mór da Ordem de
Chrifto, e de ambos eftes matrimónios naõ
teve filhos. Na idade proveéb querendo
emendar os verdores da juvenil fe appli-
cou com fummo dirvello à liçaõ da Sa-
grada Efcritura, e Santos Padres donde
igualmente pio, que douto extrahio a obra
feguinte.
Olfaílorium Panitentia ex Sacra Paffna
fententiis, e^ Sanãomm Patrum doíírina col-
leãum, five feptem gemitus dolentis peccatoris
de peccatis fuis. Ulyffipone apud Dominicum
Lopes Roza. 165 1. 8. Com efta obra fahi-
raõ as feguintcs do mefmo Author
Exercitium quotidianum per quod derigendi
funt aâus. nofiri unaquaque die in laudem,
eS^ gloriam Dei nominis, cÍT proventum anima
noflra.
Compendiofum, five breve Officium in Lau-
dem Conceptionis Immaculata Dei Genitricis,
ac femper Virgmis Maria.
Officium B. Barbara V. €> Aí. ex ejus
vita, <& variis Scriptura locis defumptum
quotidie recitandum. UlyíTip. apud Paulum
Craesbeeck. 1646. Dedicado à Rainha
D. Luiza Francifca de Gufmaõ. & ibi
apud Dominicum Carneiro 1677. & ibi
apud Michaelem Deslandes 1701. 8. Sahio
no livro intitulado ¥lores de devoção co-
lhidas no campo de Santa Barbara pello
Dezembargador Ignacio Lopes de Moura.
Fr. FRANCISCO DA CRUZ natural
de Lisboa, Religiofo profeíTo da peni-
tente Reforma da Seráfica Província da
Arrábida, e hum dos feus mais eftima-
veis alumnos aíTim pella obfervancia do
inílituto, como pella fciencia da Theolo-
gia, e Direito Pontificio fendo conful-
tado pellas principaes peíToas defte Reyno
em matérias graviffimas merecendo as fuás
decifoens o mayor refpeito por procederem
de intenção re£la, e timorata. Depois de
ter exercitado na Religião varias Guardia-
nias, foy eleyto Vifitador da Provinda dos
Algarves onde naõ fomente prefidio ao Ca-
pitulo, mas fe annexou a ella para fugir
aos diíhirbios, que naquelle tempo haviaõ
na fua Provinda. Chegando à noticia de
D. Maria de Gufmaõ Abbadefa perpetua
do Convento das Religiofas Flamengas de
Alcântara fituado nefta Corte, que hum va-
rão taõ infigne fe tinha agregado à Provin-
da dos Algarves pertendeo com grandes
inílandas que foíTe ConfeíTor daquelle Con-
vento, cujo lugar exercitou louvavelmente
pello efpaço de outo annos, no fim dos
quaes dezejofo de acabar a vida natural
onde começara a religiofa, voltou para a
Provinda da Arrábida, e como já con-
taííe a proveda idade de 85. annos lo-
L USITANA,
grou pouco tempo da fua companhia fal-
lecendo piamente no Convento de Alferrara
1 II. de Janeiro de 1681. GDmpoz
EJlatutos da Provinda de Santa Maria
ia Arrábida. Os quaes ordenou (faõ pa-
lavras de Fr, Jozè de Jefus Maria Chron.
iefia Prov. Part. 2. liv. 3. cap. 22. §.
645.) com taõ boa direção, e taõ bem fun-
dados em direito Canónico, e Kegular, e taõ
'onformes à rai(aÕ, que em toda a Ordem
íe fi^eraÕ plaufiveis, efpecialmente nas Pro-
víncias Reformadas.
P. FRANCISCO DA CRUZ naceo no
lugar do Louriçal titulo de Marquezado em
i Provincia da Beyra, e foy filho de Antó-
nio do Rego, e Maria Soares. Na tenra
idade de quatorze annos fe aliJftou na Com-
panhia de JESUS em o Collegio de Coim-
ara a 9. de Dezembro de 1643. onde appli-
:ado aos eíhidos das fciencias amenas, e
feveras alcançou a primafia entre todos os
íeus Condifcipulos. Depois de explicar Re-
thorica, e letras humanas por quatro annos
sm o Collegio de Braga navegou para as
[lhas a exercitar o mefmo miniílerio donde
reftituido a Coimbra diftou Filofofia, e no
Collegio de Santo Antaõ de Lisboa, Theo-
logia fendo as fuás PoíHllas muito eftimadas
pelo excellente methodo, que nellas obfer-
jvou em que fe via unida a fubtileza com
a profundidade, A opinião da fua littera-
tura moveo ao Geral da Companhia para
ler chamado a Roma com a incumbência de
Revedor dos livros da mefma Companhia
jnde aíTilHo pelo efpaço de fete annos. Vol-
tando a Portugal como foíTe ornado de pru-
dência, e afabilidade conciliou a eftimaçaõ das
primeiras PeíToas deíla Corte diftinguindo-fe
mtre todas o EmminentiíTimo Cardeal de
Souza, que para fe aproveitar dos feus do-
cumentos alcançou do Provincial que lhe
iffignaíTe para habitação o Collegio de S,
Patricio por eftar mais próximo ao feu Pa-
jlado. Do Seminário paílou para a Cafa Pro-
íefla de S. Roque onde era continuo no
;Confeflionario, fendo o feu mayor difvello
tdingir para o caminho da eternidade as pef-
íbas de mais Ínfimo nacimento. Querendo
'a Mageílade delRey D. Pedro II. nomear
Meftre a feu filho o Prindpe D. Joaõ que
agora felifmente reyna o elegeo para taõ
honorifico miniílerio do qual paílou para
o de feu ConfeíTor. Foy Reytor do Colle-
gio de Santo Antaõ cujo lugar aceitou com
repugnância a qual moíbrou declaradamente
quãdo regeitou a Propofitura da Cafa Pro-
feíTa de S. Roque. A memoria mais LUuf-
tre, que deixou foy o Convento do Lou-
riçal da primeira Regra de Santa Clara a
que deu principio o heróico efpirito da VeiL
Madre Maria do Lado fua irmãa, cujas vir-
tudes refere o Licenciado Jorge Cardozo
Affolog. 'Lufit. Tom. 2. pag. 744. e Fr. Fer-
nando da Soled. Hifi. Seraf. da Provinc. de
Portug. Part. 5. liv. 3. cap. 36. e feguintes,
fendo iníbrumento de que foíTe feu Funda-
dor o SereniíTmio Rey D. Joaõ o V. e fe
começou a habitar em Mayo de 1709. e a
24. de Abril de 171 1. profeíTaraõ as primei-
ras Noviças. Acometido de hum acddente
de Afma a 15. de Dezembro de 1705. fe
naõ rendeo à fua violência, antes fem medi-
camento algum foy paíTando atè que repe-
tindo fegunda vez o aíTalto havendo cele-
brado MiíTa dous dias antes em que comim-
gou por Viatico, como revelou a hum feu
companheiro, o privou da vida a 29. de
Janeiro de 1706. quando cotava 77. annos
de idade, e 63. de Companhia. Sua Magef-
tade o mandou retratar quando eftava no
féretro a cujo funeral aíTiUio grande parte
da Nobreza da Corte. Com indefeíTo tra-
balho juntou as Memorias que tinhaõ efcrito
Jorge Cardofo, Joaõ Franco Barreto, e Joaõ
Soares de Brito para a Bibliotheca Ljíjitana acre-
centando a taõ laboriofas vigiHas muitas noti-
cias alcançadas em Roma quando aíliftio por
Revedor dos Livros da Companhia, de que
deixou vários volumes efcritos por fua
maõ onde eftaõ os Authores fem ordem, e
como apontamentos para a obra que medi-
tava, e fomente em hum delles eftaõ qui-
nhentos Authores, que naõ comprehendem
totalmente a letra A. cujos elogios faõ com-
poftos elegantemente na lingua Latina. Parte
deftes livros fe conferva na magnifica Livraria
do ExcellentiíTimo Conde da Ericeira D. Fran-
cifco Xavier de Menezes (como efcrevem
os Padres António Franco, e Francifco
140
B IB LIO THE CA
da Fonfcca, o primeiro na Imag. da Vir-
tud. do Nov. de Coimb. Tom. 2. pag. 681.
c o fegundo na Ejfor. Glorio/, pag. 408.
§. 719.) e me foraõ comunicados por eíle
iníigne Mecenas dos Eíhidiofos, e outros
do mefmo Padre que eftaõ na Livraria do
ExcellentiíTimo Conde de Redondo, e aíTim
de huns, como de outros colhi muitas no-
ticias que formaõ efta Bibliotheca cuja con-
fiíTaõ faço taõ clara para naõ fer acufado de
ingrato a taõ grande beneficio. Compo2
mais
Conftituiçoens das Keligiofas da primeira Ke-
gra de Santa Clara do Convento do lj)ttriçal.
Defta obra faz mençaõ o P. Franco Imag.
da Virt. do Nov. de Coimb. Tom. 2. pag.
681.
Tinha compofto diverfas obras, que a
morte impedio fe naõ publicaíTem.
DiJfertaçaÕ em que fe prova fer a antiga
Numancia Freixo de NemaÕ. M. S.
Diário Portuguet(^ e Monologio L.uJitano.
M. S.
Fazem delle memoria Franco no lugar
aíTima allegado, e no Ann. Gloriof S. J. in
Ljifit. pag. 47. e Annal. S. J. in Ijíjit. pag.
425. §. 7. A' multis annis impenderat curas
componenda Bibliotheca de Scriptoribus iMfitanis
quod opus luboris immenji mors 29. JanuariJ in-
terrupit. Fonfec. Evor. Glor. p. 408. P. Souza
Hijl. Gen. da Cafa Real Portug. Tom. 8.
cap. 6. VaraÕ Douto de muita modeflia, e pru-
dência.
FRANCISCO DA CUNHA natural de
Lisboa, filho de António Figueira De-
zembargador da Cafa do Civel, e Iza-
bel da Cunha. Foy muito eftudiofo dos pre-
ceitos da Arte Militar a qual exercitou pra£ti-
ca, e efpeculativamente efcrevendo douta-
mente
Preceitos da Arte Militar. Dedicado a El-
Rey D. Joaõ o IIL Começa. "Ejttre todos os exer-
cidos. M. S. 4. Conferva-fe na Bib. Real.
Fr. FRANCISCO DA CUNHA naceo
em Lisboa onde teve por Pays a Domingos
de Araújo Efcrivaõ dos Feitos da Coroa, e Bar-
bara da Cunha. Inílruido nas humanidades.
e lingua Latina profeflbu o fagrado inftituto
dos Eremitas de Santo Agoftinho no Con-
vento da fua Pátria a 6. de Março de 1714.
onde applicado às fciencias efcholafticas
fahio nellas taõ verfado, que diâou Theo-
logia aos feus domefticos, e no Convento
de Leiria do qual depois foy Prior, e do
Convento da Penha de França tendo fido
pela fua prudência, e capacidade Prefiden-
tc no Capitulo geral celebrado na Cidade
de Perugia, Procurador da fua Provinda
na Corte de Roma, Vigário Provincial cm
o Reyno do Algarve, e Examinador Sy-
nodal do mefmo Bifpado. O grande ta-
lento, que exercita no púlpito o manifeílou
nas obras feguintes.
Oração fúnebre, Laudatoria Hijlorica, e Pa-
negyrica nas Exéquias do Summo Pontífice Bí-
nedião XIII. de gloriof a memoria, que na Sè da
Cidade de Faro Reyno do Algarve mandou ce-
lebrar o Eminentijfimo Senhor Cardeal Pereira
do Titulo de Santa Sufana, do Confelho de S.
Magejiade, dignijftmo Bifpo do dito Bifpado fa-
v^endo nellas Pontifical. Lisboa na Officina
Auguíliniana. 1730. 4.
Sermàõ Panegyrico do Gloriofo ^ande, ou
major Santo S. JOZE' fundado no Decreto da
Sacada Con^egaçaÕ dos Emminentijftmos Cor-
deães em 19. de Dezembro de 1726. pelo qtial
fe manda por S. Jo^e na Eadainha dos Santos
depois de S. JoaÕ Bautifia pregado na Sè it
Faro. Lisboa na mefma Officina. 173 1. 4.
Oração Académica Panegírica Hijlorica Em-
comiafiica Profano-Sacra pelos felicijftmos ftif-
ceffos, e vitoriofos Armas da Serenijftma Rai-
nha de Bohemia com a defcripfaõ do mefmo
Reyno, e Corte de Praga, e das dyas vitorias
do Panàro, e Meno adornada de varias Poejias,
e muitos verfos dos melhores engenhos Oortu-
guet^es. Lisboa na Officina Alvatenfe 1733.4-
Fr. FRANCISCO DE S. DIOGO na-
tural da Villa de Serpa em a Provin-
da do Alentejo, filho de Manoel Quarcf-
ma de Almada, e de Brites Vaz, Religiofo
profeflb da Ordem Seráfica da Provinda
dos Algarves onde foy taõ infigne na Ca-
deira fendo Lente Jubilado, c Qualifi-
cador do Santo Offido, como celebre
em o púlpito merecendo fer Pregador
L USITANA.
141
elRey D. Pedro 11. que nomeandoo Bifpo
e Cabo- Verde no armo de 1668. humilde-
lente recuTou a dignidade, fatisfeito com
pobre2a evangélica, que profeíTava. Mor-
20 no Convento de Évora. Dos muitos
ermoens, que com applaufo univerfal prè-
ou nos mais authorÍ2ados púlpitos do
Leyno fomente fe fez publico o feguinte
SermaÕ na Canonifi^açaÕ de Santa Maria
.iagdakna de Pa:(^í pregado no Terceiro dia
o Outavario, que lhe celebrou o Convento do
".armo de Usboa. Lisboa por António Ro-
rigues de Abreu. 1672. foi.
Sahio no Livro intitulado Forajleiro admi-
ado. Part. 2. pag. 36.
FRANCISCO DIONÍSIO DE ALMEI-
)A DA SYLVA, E OLIVEIRA Fi-
algo da Cafa de Sua Mageílade naceo em
Jsboa a 9. de Outubro de 1696. fendo
•autizado na Parochia de S. Thomè por
2U Tio D. Joaõ da Sylva, e Soxiza Prelado
le Thomar, Prior mór da Ordem Militar
le S. Tiago, que regeitou a JMitra prima-
ial de Goa. Teve por Pays a Luiz Qd
la Sylva, e Oliveira, e a D. Mariana Eu-
;enia da Sylva, e Soufa dos quaes recebeo
angue igualmente nobre, e puro. A natu-
eza o dotou de taõ feliz engenho, que
3go na puerícia fe diílinguio pela compre-
enfaõ com que penetrou os myílerios das
'trtes, e Sdencias, a pureza com que fallou
s linguas Italiana, Franceza, e Efpanhola
endo inQgne em a materna compondo com
ftilo alto, e claro os feus difcurfos que fe
)uviraõ na Academia Portugueza reftau-
ada em a Cafa do ExcellentiíTmio Conde
la Ericeira D. Francifco Xavier de Me-
lezes quando teve por aílumpto os Elo-
;ios das Matronas de Portugal augmen-
ando o efplendor deftas Heroinas com
elegância das fuás difcretas expreííoens,
gual génio teve para a Poeíia, ou foíTe
atina, ou vulgar praéticando com afluen-
jáa os preceitos de taõ divina Arte. En-
|ic os primeiros dncoenta Académicos de
lue fe formou a Academia Real foy eleyto
>ara efcrever as Memorias Hiftorícas del-
í^y D. Manoel cujo foberano aííump-
o que fora laboriofo difvello dos Góes,
Barros, Oforios, e Mafeos, dezempenharia
a fua penna elevada à esfera, que o mefmo
Monarcha tomou por empreza. Acometido
de huma maligna doença comua aos pri-
meiros annos, e fatal nos adultos fe preve-
nio para a morte, que efperou conliante,
e reíignado, e entre cathoUcos aâos falleceo
intempeílivamente a 16. de Janeiro de 1622.
quando contava a florente idade de 26.
annos. Foy fepultado no Convento da Ma-
dre de Deos íituado extra-muros deíla Cida-
de cuja Imagem frequentava com religiofa
veneração. Tinha compofto para as Me^
morias Hiíloricas delRey D. Manoel com
critica judiciofa os dous primeiros livros,
que comprehendiaõ as vidas de todas as Rai-
nhas, e Príncipes da real, e numerofa familia
daqueUe Monarcha; ordenados os Cathalo-
gos dos Embaxadores, que mandou a diver-
fos Principes, examinadas as fuás inftruçoens,
e tudo quanto podia fer conducente para
formar o corpo de huma perfeita Hiíloria.
De todas as fuás litterarias produçoens uni-
camente fe fez publica a feguinte.
'Liçaõ Académica em que compara a
Serenijftma Princesa Santa Joanna com a
Senhora Sor Ijú^a Maria de S. Jot(è filha
dos ExcellentiJJimos Condes de Affumar Keli-
ffofa no Convento da Madre de Deos extra-
-muros. Lisboa por António líidoro da
Fonfeca. 1737. 4.
A eíle aHumpto eftá hum Soneto do mefmo
Author.
Fr. FRANCISCO DA ENCARNA-
ÇAM naceo na Gdade do Porto a 29. de
Setembro de 1673. onde feus Pays Miguel
Vieira, e Maria de Abreu, o educarão com taõ
virtuofos documentos que fuavemente fe
inclinou a bufcar a Religião de S. Bento
recebendo a monaftica Cogulla no Con-
vento Pátrio a 25. de Março de 1694. quando
contava vinte hum de idade. Exercitou
com applaufo o minifterio condonatorio,
fendo Pregador Geral, e Jubilado na Sagrada
Theologia. Foy muito verfado no eftu-
do da Hiftoria Sagrada, e Profana, e naõ
menos em o da Genealogia como taõ
conducente para o conhedmento da mef-
ma Hiíloria. Morreo no Convento de
142 BIB LIOTH ECA \
Rcfoyos de Bafto em o anno de 1729. Com- Sei de Coimbra. Coimbra por Thomè
p02 Carvalho Impreflbr da Univerfidade 1655.
Proff^ejfos admiráveis da Santa vida, e feli- 4. & ibi pela Viuva de Manoel de Car-
cijfima morte da Efpov^a dos Cantares Santa valho. 1672. 4.
Getrudes a Magna. Dedicado ao Geral
Fr. Paulo da Afumpçaõ. Confervafle na FRANCISCO DE ESPINOSA natu-
Livraria do Convento de Saõ Miguel de Re- ral da Cidade de Leyria, e profeíTor de
foyos de Bailo onde o Author faleceo. Mathematica. Publicou.
Novena de Santa Getrudes com hum PrognoJHco Diário das Mares de hum dia
Sermão da Santa pregado no Convento de fucejfwamente em outro dia com o Kaiendario,
Saõ Bento da Vitoria do Porto. Cujo Ori- mudanças do tempo, e afpeãos da Lj4a com
ginal prompto para a ImpreíTaõ conferva o Sol, e feus Eclypfes para o anno de 1661.
em feu poder o Padre Fr. Marcelliano Lisboa por Henrique Valente de Oliveira
da Afumpçaõ Monge de Saõ Bento, e 1660. He impreflb em huma folha ao
D. Abbade do Convento de Santarém, alto, e dividido pelos mezes do anno.
Genealoffas de varias Fami/ias Portuguesas.
Defta obra faz mençaõ o Padre Souza nas Fr. FRANCISCO DO ESPIRITO SAN-
Advert. e Addições no Tom. 8. da Hiji. Gen. TO Naceo em a Villa de Amarante em
da Ca^a Keal Portug. pag. 26. §. 69. o anno de 1588. fendo filho de Diogo Ca-
Mijcellanea de varias noticias do Mundo bral Barbofa, e D. Filippa Pinheiro de
Aí. S. Eílas duas ultimas obras fe con- igual nobreza à de feu conforte, e Tio de
fervaõ no Moíleiro de Bafto. Fr. Joaõ de Deos iníigne Genealógico de
quem em feu lugar fe fará mençaõ. Eftu-
Fr. FRANCISCO DE ESCOBAR dou a lingua Latina na pátria, e Humani-
Naceo em Coimbra a 17. de Janeiro de 161 7. dades no Collegio dos Padres Jefuitas de
onde depois de aprender as primeiras letras Braga, onde teve entre os difcipulos de
deixando a companhia de feus Pays Ma- mayor diftinçaõ a D. Fr. Agoftinho de
noel de Efcobar, e Margarida Rouboa Caftro, que depois foy Arcebifpo da Igreja
de Anhaya, recebeo a Cogulla Ciftercienfe Primacial Bracharenfe. Profeflbu o Inftituto
em o Convento de Santa Maria de Bouro Seráfico em o Convento do Porto a 6. de
do Arcebifpado de Braga a 20. de Mayo Julho de 1610. fendo Provincial Fr. An-
de 1635. onde profeíTou folemnemente tonio de Soufa filho natural de Martim Af-
a 7. de Outubro do anno feguinte. A fonfo de Soufa feu Padrinho em o bau-
fciencia Theologica em que foy infigne tifmo. Ouvio Filofofia de Fr. Francifco
lhe mereceo a borla doutoral que lhe dos Martyres, que depois de Provincial foy
deu a Univerfidade de Coimbra, e a grave aílumpto à Mitra Primacial de Goa. Ain-
prudencia, e afável afpefto de que o da que era ornado de talento para fcguir
ornou a natureza lhe conciliarão o afeólo as Efcholas fe applicou com particular dif-
dos feus fubditos quando foy Abbade do velo ao efliido da Theologia Pofitiva, de
Mofteiro de Aguiar em 1657, e Prior de Odi- cuja applicaçaõ fahio infigne Efcriturario, e
vellas. Falleceo no Collegio de Coimbra a celebre Pregador. Teve fingular capacidade
31. de Julho de 1679. quando contava 62. an- para o governo Económico de que deu rc-
nos de idade e 44. de Religião. Imprimio. petidos argumentos nos lugares de Guar-
SermaÕ fúnebre nas Exéquias do Infante diaõ dos Conventos de Saõ Payo do Monte,
D. Duarte celebradas no Keal Convento de Guarda, Alenquer, Porto, e Lisboa, atè fer
Alcobaça. Lisboa na Officina Craesbeec- Provincial por motu próprio de Innoccn-
kian. 1650. 4. cio X. Foy Vifitador da Província da 3.
Oração Gratulatoria pela faude mila- Ordem Seráfica da Penitencia, e Priziden-
S^ofa, que Deos foy fervido conceder a ElRey te do Capitulo celebrado a 16. de No-
Nojfo Senhor D. JoaÕ o IV. recitada na vembro de 1641. em que fahio eleito Pro-
L USITAN A
143
incial Fr. Manoel Botelho. Faleceo em
isboa a 29. de Outubro de 1666. Jaz
2pultado no Cemeterio dos Religiofos com
te Epitáfio compofto por feu Sobrinho o
[eílre Fr. Joaõ de Deos.
D. O. M.
Admodum R. P. ¥r. Francifcus à Spi-
tu Sanão htfjíis Conventus quondam Guardia-
u, <& Provincialis Mini/ler dignijfimus ohiit
j. Oãobris amo 1666. atatis LXXVIII. Fr.
tannes de Deo etiam quondam Minifier P. Pa-
•m charijfimo. Compoz
Arvores Genealoffcas M. S. que merece-
iò a eílimaçaõ dos profeíTores deíle eftudo
)mo faõ Fr. Bernardo de Caftro Tit. de Bar-
:)fas n. 201. Fr. Joaõ de Deos Memor. da
rov. de Portug. pag. loi. e o Padre D.
jitonio Caetano de Souza Apparat. à Hijl.
'en. da Ca^. Real. Portug. pag. 155. §. 186.
iititulando-o todos ^ande Genealoffco.
FRANCISCO FALEIRO igualmente ver-
\ào na Aílronomia como, em a Náutica
e cujas Artes deo hum claro argumento
ja fua fciencia na obra feguinte.
I Tratado de la Esfera, y dei Arte de
íariar con el re^mento de las alturas. Se-
ilha por Juan Cromberger. 1535. 4. Do
-uthor, e da obra fazem mençaõ António
e Leaõ Bih. Ind. Tit. 3. Nicol. Ant. Bih.
Ufpa. Tom. i. p. 323. col. 2.
, FRANCISCO DE FARIA CORRÊA na-
iral da ViUa de Canavezes diílante oito
ígoas para o Nacente da Cidade do
orto em a Provinda do Minho, Prior
■a Parochial Igreja de S. Miguel das
.auradas, e hum dos mais famofos Poe-
I» do feu tempo, como o celebraõ Ma-
noel de Gallegos, António Figueira Duraõ,
Jacinto Cordeiro, canoros Cifnes do Par-
:afo. O primeiro no Templo da Memor. Liv.
i Eftanc. 188.
A numero/a, e ^ave melodia
Com que vibrando rayos de brandura
Doce rendeo Francifco de Faria
A toda rebelada formo/ura
Honre de Nuno o nome efclarecido,
E Jeja Marte o que dantes foj Cupido.
O fegundo Laur. Pamaf. Ram. 2. pag. 56.
Francifcus de Faria alter Martialis
Cum Juno contra Jovem Jlomachatur
Eam bilari Júpiter lepòre
Mulcet, <& utfaàlius mukiatur
Videns blanditiarum fat' fore
Kepetit quos fert jocos plenos falis
Francifcus de Faria alter Martialis.
E mais abaixo.
Qíum tamen ille Heros, quem circunjlare le-
pòres
Argutos que fales, Plautina que verba, jo-
cofque
Afpicio, ludos quo pertraãante facetos
Impletur Cbaritum numerus? Ntmc ajpice
carmen
Impojitum titulo, quod carminis ampliat au-
thor.
O terceiro EJog. dos Poet. hujit. Eftanc, 67.
António Soares entre canto vario
La Lyra toca con que ajji Je loa
Que le animo Francifco de Faria
Uno Sol defu Pátria, el otro dia.
Compoz varias Comedias que fe reprefen-
taraõ com grande applaufo, e outras mui-
tas obras poéticas, aíTim heróicas como ly-
ricas, que ficarão a feus herdeiros, e fo-
mente fe imprimirão na Fama PoJlhuma do
Ven. P. Fr. António da Conceição Trino huma
Canção, e hum Soneto. Lisboa por Henrique
Valente de Oliveira. 1658. 4. a pag. 320.
e 336. Dous Sonetos que faõ 48. e 50. em
o Certame do Conde de Linhares.
Canção à morte de D. Maria de Ataide
a foi. 44. Sahio nas Mem. Funeb. dejla
Senhora. Lisboa na Officina Craesb. 1650. 4.
FRANCISCO FERNANDES FIALHO
natural da Villa de Viana do Alentejo
profeíTor de Jurifprudencia Cefarea a qual
naõ fomente exercitou fendo Juiz de
fora da Cidade de Coimbra, mas para
que fe conheceíTe o profundo conheci-
mento que alcançara defta grande Fa-
culdade pubUcou na idade da Adolefcen-
da
Titulorum omnium Júris Civilis decla-
ratio, ac maxime fociefas Jimillimorum ti-
tulorum ex diverfo corpore Júris ad Jin~
ffilos, <ò' Jimiles Digejiorum títulos redu.
144
BIBLIO THE CA
ãorum. Eborse apud Martinum Burgcnfem
1587. foi.
Fazem delle memoria Joan. Soar. de
Brito Theatr. LmJíí. Litterat. lit. F. n. 41.
e Joaõ Pinto Ribeiro Lj4jire ao Det^emb. do
Pofo cap. 3. n. 3.
FRANCISCO FERNANDES GALVAM
naceo em Lisboa no anno de 1554. de Pays
illuftres, e logo na primeira idade fahio or-
nado de taes dotes, que mereceo fer admi-
tido aos domefticos da Cafa da SereniíTima
Infanta D. Izabel mulher do Infante D.
Duarte onde paflados com louvável proce-
dimento os annos da puerícia fe lhe anti-
cipou com tal exceíTo a comprehenfaõ, que
eftudadas as letras humanas, Rethorica, e
Filofoíia no Collegio da Purificação de
Évora fe graduou Meftre em Artes na Uni-
verfidade de Coimbra quando contava de-
fefete annos de idade, e naõ tendo comple-
tos vinte e cinco recebeo as iníignias Dou-
toraes na Sagrada Theologia de cuja Facul-
dade como da Efcritura fubílituhio muitas
Cadeiras com tanta atenção dos ouvintes,
que naõ havia a menor inquietação na hora,
que explicava. Inílruido profundamente em
as fciencias amenas, e feveras fe dedicou
ao minifterio do púlpito para o qual o in-
clinava o génio concorrendo na fua peflba
todas as partes conílitutivas de hum Orador
Evangélico cujo minifterio depois de exer-
citar com grande applaufo na Corte de Lis-
boa pelo efpaço de doze annos apetecendo
mayor theatro para as fuás fagradas declama-
ções paílou a Roma no anno de 1585. pa-
trocinado pelo Cardeal Alberto de Auftria
Governador defte Reyno, que lhe era muito
afe£to, e tanto que chegou à Cúria pregou na
Capella Paulina tendo por ouvintes a Santi-
dade de Xifto V. e todo o Collegio Apofto-
lico, que admirados da vehemencia dos afec-
tos, viveza das acçoens, e elegância da fraze
com que animava aos feus difcurfos naõ
duvidarão affirmar, que podia competir
com Fr. Francifco Panigarola Bifpo de Afti,
que naquelle tempo era venerado como
Oráculo da Eloquência Concionatoria. Em
premio do feu grande talento, que fe fa-
zia mais eftimavel pela innocencia dos cuftu-
tumes lhe deu o Papa cm o anno de
1586. huma Conefia na Cathedral de Coim-
bra, que ellc renunciou em feu Irmaõ Duar-
te Galvaõ. Correndo a noticia de eftar vago
o Priorado da Igreja Collegiada de Cedo-
feita em o Bifpado do Porto fe oppoz ao
concurfo de onze Oppofitores entre os quaes
eraõ quatro doutorados, e feito o exame nt
prefença do Cardial Vigário do Papa, e qua-
tro Prelados argumentando-lhe hum douto
Jefuita fobre o Mifterio da Trindade lhe
refpondeo com tal energia, e profundidade,
que voltando para o Cardial diíTe non ref-
pondet, fed docet. Sahindo vitoriofo de taõ
celebres Oppofitores lhe fez graça o Pon-
tífice da Igreja, que naõ teve efFeito por
chegar noticia de fer ainda vivo o Prior.
Para naõ eftar ociofa a fua litteratura foy
nomeado Revifor dos livros prohibidos af-
fiftindo na Congregação deputada para eftc
minifterio. Vagando o Arcediagado de Villa
Nova de Cerveira em o Arcebifpado de
Braga lho deu o Pontífice no anno de
1590. em o qual voltou para o Reyno.
Quando vifitava as fetenta Igrejas do feu
Arcediagado emendava as culpas mais
com brandura, que com a feveridade. A
mayor parte da fua renda difpendia com
os pobres confervando fempre a fua Caza
com decente eftado. Podendo afpirar a
grandes dignidades como era inimigo da
ambição nunca alterou a ferenidade do feu
animo a injufta exaltação de muitos, que
lhe eraõ inferiores em tantos dotes de que
o ornara a natureza. Ouvindo, que alguns
maledicos com critica menos judiciofa ar-
guiaõ os feus Sermoens refpondia placida-
mente com as palavras de Saõ Paulo. Duah
modo Chriftus annuntietur in boc gaudeo, €^ gfUh
debo. Pregando continuamente na Capella
Real de Madrid, e no Convento Real das
Defcalças onde eftava recolhida a Empcra-
triz fempre conciliou a atenção das primeiras
PeíToas fendo o feu mayor difvelo acender os
coraçoens, e naõ lizongear os ouvidos. Ao
tempo, que contava 56. annos de idade foy
tentada a fua tolerância com huma grave in-
fermidade pelo efpaço de quatro mezes na
qual combatido de acerbas dores fe refig-
gnou cm a Divina vontade atè que abra-
L USITANA.
140
gnou em a Divina vontade atè que abra-
çado com hum Crucifixo pronunciando as
palavras do Apoílolo cupío dijfolui, et effe
cum Chrifto efpirou placidamente em o armo
de 1610. Joaõ Soar. de Brit. Theatr. iMJit.
Utterat. lit. F. num. 42. lhe chama celeber-
rimus fuo tempore concionator, e Marrado Bib.
Marian. Part. i. pag. 413. vir pietate, &
doãrina infignis. Os feus Sermoens, que elle
dezejava pulir, e preparar para a impreíTaõ
recolhido em o filencio de algum Clauílro
Religiofo os reduzio a ordem, e emendou
o Licenciado Amador Vieyra Prior de Saõ-
-Thiago de Travanca publicando-os com es-
tes titulos.
Sermoens Primeira Parte, que começa da
quarta feira de Cintra atè a primeira Outava
de Pafchoa. Lisboa por Pedro Craesbeeck
161 1. 4. Sahio traduzida em Caílelhano por
António de Azevedo, e Sà. Sevilha por
Alonfo Rodrigues Gamarra. 161 5. 4. e Ma-
drid por Luiz Sanches. 161 5. 4.
Sermoens das Yefias de Chrifio Nojfo Se-
nhor. Lisboa por Pedro Craesbeeck. 161 6. 4.
Sermoens das Fejias dos Santos. Lisboa pelo
dito ImpreíTor 161 5. 4. Madrid por la Viuda
ie Alonfo Martines. 161 5. 4.
Sermão das Exéquias, que fe fi:(eraÕ
ta Igreja de Santa Crut(^ de Usboa na
norte do Catholico Rey D. Fi/ippe Nof-
0 Senhor em prefença do Senhor Conde
ie Portalegre Capitão General, e hum dos
'Remadores do Rejno. Lisboa por Pe-
Iro Craesbeeck 1600. 4. Sahio com a
\elaçaÕ das Exéquias daquelle Princepe.
Traduzio da Lingua Latina em a Portu-
^ueza.
Celebris Concio in publico Sanãa Inquifi-
ionis Aãu ConimbriccB habita ab lllufirijftmo
'domino D. Alphonfo de Cafielobranco ejujdem
Zivitatis Epijcopo Reverendijfimo Arganili Co-
lite. Romãs apud Titum, et Paulum de
)ianis 1589. 4. He dedicado ao Summo
*ontifice Xiíio V. onde promete publicar
>revemente.
Explanationes in vaticinium Malachia
Expojitio in Jeremiam Prophetam.
1 FRANCISCO FERNANDES PRATA
iatural da Villa de CaíleUo Mendo do Bif-
pado de Vifeu em a Provinda da Beyra,
Bacharel em a Sagrada Theologia, muito
verfado no eítudo da Efcritura, e Santos
Padres, de que faõ claras teiiemunhas as
obras feguintes.
Tratado da Declaração do Credo dos ApoJ-
tolos em que fe explicaÕ os artigos delia, e fe
põem o modo como os mijlerios, e cousas da Fè
fe devem crer com algumas cous;as mais, que
fervem para o bom conhecimento das cou:(as da
Fe. Lisboa por António Alvares. 1648. 16.
Tratado dos Sacramentos em comum, e em
particular; declarafe o que delles fe deve crer,
e a preparação, que para receber a graça, que
daÕ fe requer, apontaò-fe as obrigaçoens dos fieis;
poem-fe algumas advertências importantes. Lisboa
por Manoel da Silva. 165 1. 8.
Carta, que hum Kabbino chamado Sa-
muel efcreveo a outro Rabbino chamado Ifac
confultando-o fobre o ter alcançado pelas Pro-
fecias do Tejlamento velho, que o MeJJias tinha
vindo; a ley Judaica era acabada, e os Judeos
efiavaõ em ódio, e de^emparados de Deos. Def-
troefe totalmente por efla carta a JLey Judaica,
e confirma-fe a Fè Catholica. Lisboa por Ma-
noel da Silva. 165 1. 8. & ibi por Joaõ da
Coíla. 1673. 4.
FRANCISCO FERRAM DE CASTEL-
LOBRANCO natural de Lisboa, filho de
Chriílovaõ Ferraõ de Caftellobranco Fi-
dalgo da Caza de Sua Mageílade, Co-
miflario Geral da Cavallaria, Capitão mór
das Nãos da índia. Governador da Caza
d'ElRey D. Affonfo VI. quando aíTiíHo
em a Villa de Cintra, e de fua mu-
lher D. Aima Maria de Azevedo Cou-
tinho de igual nobreza à de feu con-
forte. Foy Fidalgo da Caza de Sua Ma-
geftade, Cavalleiro profeíTo da Ordem de
Chriílo, Coronel do Regimento de Pe-
niche, cujo lugar occupava quando foy
prizioneyro pelos Caftelhanos em Qudad
Rodrigo em o anno de 1707. Pela aílif-
tencia que teve de 15. mezes em a G-
dade de Bayona, atè que voltaíTe para a
fua Pátria fe fez taõ perito na lingua Fran-
ceza que delia traduzio na materna as obras
feguintes.
146
BIB LIO THE CA
Vida de S. Félix de Cantalicio. Lisboa por
Miguel Manefcal 171 6. 8.
Methodo para comprehender a Hijloria dos
Papas que contem o que fe pajfou de mais par-
ticular em Jeus Pontificados. Lisboa por Mi-
guel Manefcal. 1719. 8.
Devoção para cada hum dos dias da Se-
mana Conjagrada à Gloria de Portugal, mimo
de Itália, e Affomhro de todo o mundo o Se-
nhor Santo António. Lisboa por Pedro Fer-
reira. 1727. 24.
Modello de converfaçoens para pejfoas poli-
das, e curiofas fobre os pontos da Politica. Pri-
meira Parte. Lisboa por Pedro Ferreira Im-
preflbr da Rainha NoíTa Senhora 1734. 4.
Segunda Parte. Lisboa pelo dito Impref-
for, e no mefmo anno.
Terceira Parte. Lisboa pelo dito Impref-
for 1735. 4.
Quarta Parte. Lisboa pelo dito ImpreíTor
1736. 4.
Kamilhete Catholico compojlo, e matit(ado
de flores efpirituaes colhidas em os Jardins
Orthodoxos dos que Chriftàmente as culti-
varão para delias fe tirar o mais Jaho-
ros^o, e Ja^onado para a Salvação das Al-
mas. Lisboa por Pedro Ferreira Impref-
for da Rainha NoíTa Senhora 1739. ^- ^^^
tradução fahio muito augmentada pelo tra-
duâx)r.
Morreo em Lisboa a 15. de Novem-
bro de 1740. ao tempo, que lhe eílava
cometido o governo da Torre de Saõ
Giaõ.
P. FRANCISCO FERREIRA Naceo
na Cidade de Chile fituada na America
Meridional fendo filho do Capitão Gonçalo
Ferreira Portuguez, onde militou por mui-
tos annos com grande credito do feu valor.
Abraçou o Inltituto da Companhia de
Jefus em cuja Sagrada paleílra foy Lente
de Theologia, Reytor do Collegio da
fua Pátria, e celebre Orador Evangélico.
Publicou
Sermão de Santo Agojiinho pregado ás
Kiligiofas Agojlinhas da Cidade de Chile.
Lima. 1654. 4.
Sermão de Santa Anna na fua Igreja Paro-
chial de Chile. Lima. 1654. 4.
Fr. FRANQSCO DA FONSECA natu-
ral de Villa Franca de Xira do Patriarchado
de Lisboa filho de Joaõ de Barros, e Ef-
tacia de Abreu, profeíTou o Inílituto de
Eremita Auguftiniano no Cõvento de Lis-
boa a 2. de Fevereiro de 1577. onde fc
anticipou com tal exceíTo aos feus domefti-
cos, aíTim na comprehenfaõ das mais dificul-
tozas opinioens como na fubtileza e promp-
tidaõ das repoftas aos argumentos mais ner-
uofos, que brevemente paíTou a fer Meftrc
em os Clauftros da fua Religião, e depois
de recebidas as infignias doutoraes na Fa-
culdade de Theologia em a Academia Co-
nimbricenfe a 31. de Julho de 1607. a il-
luílrou com os feus documentos, fendo
Lente de Efcritura, de que tomou poflc
a 25. de Julho de 1609. da Cadeira de
Durando a 9. de Março de 161 3. de Ef-
coto a 27. de Novembro de 161 7. onde
jubilou com igualacçoens à de Vefpera.
Todo o emolumento, que percebia das Ca-
deiras o difpendia liberal, e devoto cm
ornato da Igreja do feu Collegio, onde
pela fua exemplar Vida paíTou a lograr o
premio prometido aos Juftos a 14. de Se-
tembro de 1643. Na Via-Sacra do mefmo
Collegio fe lé gravado efte Elogio.
Fr. Francifcus de Affonceca Doãor Theo-
logus fundantijftmus omnium virtutum genere cUh
rus Theoloffam in Conimhricenfi Lycao ultra
tringinta annos feliciter pralefft, demum vefpe-
rarius emeritus, (& Decanus obiit 14. die Sep-
temhris anno Domini 1643.
Celebraõ o feu nome Franc. Vaz de
Gouvea Alleg. pelo Duque de Aveir. n.
253. Theologo injigne, e eminente entre todos
os que hoje há nas Univerjidades de Efpa-
nha. Fr. Joan. Silveir. Opufcul. Var. Opufc
2. Refol. 28. Quaeft. 8. n. 27. Vir me^
virtutis, religionis, ac Sapientia. Fr. Ant. à
Purif. de vir lllujhrih. Ord. Erem. D. Aug.
lib. 2. cap. 18. Fundantijpmus Magijler, e na
Chron. da Prov. de Portug. Part. 2. Tit. i.
§. 3. Fr. Manoel de Figueiredo. Fios SaiA
Augujl. Tom. 4. pag. 130. §. 40. Vem-
rado por hum dos majores Theologos do ftM
tempo. Compoz
In Univerfam Theologiam 8. Tonr ^'^'
M,S.
L USITANA.
M7
Traãatus de Grafia Cbrijti. M. S.
Todas eílas obras fe confervaõ na Li-
vraria do Ganvento de Lisboa.
P. FRANCISCO DA FONSECA cha-
mado no Seoilo Francifco Duarte filho de
Joaõ Duarte, e Luiza da Fonfeca, e Irmaõ
do P. Chriílovaõ da Fonfeca de quem fe
fez memoria em feu lugar naceo na Qdade
de Évora a 12. de Outubro de 1668. onde
depois de eíhidar na Univerfidade da fua
pátria as letras humanas, e Filofofia, em
que recebeo o grào de Meftre, foy admi-
tido à Companhia de Jefus em o Noviciado
de Lisboa a 11. de Julho de 1686. Por fer
muito verfado nas Humanidades as foy en-
íinar ao Collegio da Ilha da Madeira donde
voltando a 27. de Janeiro de 1696. padeceo
hum horrível naufrágio de que milagrofa-
mente efcapou. A fua prudência acompa-
nhada de natural afabiUdade o fez digno
de acompanhar no anno de 1708. com o
lugar de ConfeíTor a Fernando Telles da
Sylva terceiro Conde de Villarmayor Em-
baxador Extraordinário à Corte de Vianna,
para concluir os defpozorios da Serenif-
íima Archiduqueza D. Mariana de Auftria
com o noíTo Monarcha, e reítituindo-fe ao
Reyno com o Embaixador fegunda vez vol-
tou àqueUa Corte no anno de 171 5. com
o Padre Álvaro Cienfuegos Miniftro em
Lisboa do Emperador Carlos VI. para tra-
tar o graviíTimo negocio da Teílamentaria
do Almirante de CafteUa D. Joaõ Thomàz
Henriques de Cabrera, e tendo felizmente
concluído efte negocio, como outros de naõ
menor importância pertencentes às ^^liíToens
do Oriente de que era Procurador Geral,
quando eílava prompto para voltar ao Rey-
tQO o impedio o EminentííTimo Genfuegos,
que fora eleito Cardial a 30. de Setembro
de 1720. o qual lhe era fúmamente afeâo,
para que partiíle a Roma a preparar Fala-
do para fua morada, e depois por ordem
:do mefmo Cardial foy duas vezes a Sicilia
ia tomar poíTe em feu nome do Bifpado de
Catania, e Arcebifpado de Monreal. Vol-
tando à Cúria paíTou a Portugal donde foy
obrigado por cauza de graves dependências
^ aíliftir em Roma, e na Caza profeíla deíla
grande Corte faleceo a 3. de Mayo de 1738.
com 69. annos, 6. mezes e 21. dias
de idade, e de Religião 52. Delle faz
breve memoria Franco Imag. da virt. em
o Noviciad. de Usboa pag. 967. Compoz
Embaixada do Conde de Villarmayor Fer-
nando Telles da Sylva, de Lisboa à Corte
de Vienna, e viagem da Kainha Nojfa Se-
nhora D. Maria Anna de Auftria de Vienna
à Corte de Usboa com huma fummaria noticia
das Provindas, e Cidades por onde fe fev^ a
Jornada. Vienna per Joãnem Didacum Kur-
ner. 1717. 8.
Évora Glorio/a. Epilogo dos quatro To-
mos da Évora llhiftrada, que compo^ o Pa-
dre Manoel Fialho da Companhia de JE-
SUS acrecentada , e amplificada. Roma na
Officina Komarekiana. 1728. foi.
Compendio da Vida de Saõ JoaÕ Ne-
pommeno Padroeiro do Reyno de Bohemia
com o Oficio, e Ladainhas do mefmo Santo.
Vienna. 1708. Sahio com o fupoílo nome
de AíFonfo Franco, reimpreílo em Lis-
boa.
Maria Sanfijftma Myflica Cidade de Deos,
Breve Compendio da Vida, e Myfterios de
Maria que nas obras da Ven. Madre Soror
Aíaria de Jefus de Agreda fe contem. Lis-
boa por Domingos Gonfalves. 1738. 4.
Sahio fem o feu nome 4.
Breve Refumo da Vida do Ven. Pa-
dre António Vieira da Companhia de Je-
fus. Sahio vertida em Caftelhano no prin-
cipio das obras do mefmo Padre Vieyra.
Barcelona por Maria Marti 1734. foi. 4.
Tom. e Pamplona por Alonfo Bonguete.
1735. 8.
Noticia dos Santos de Alemanha por to-
dos os Met^es do Anno. Deíla obra, que
prometeo no livro da Embaixada do Con-
de de Villarmayor foi. 218. num. 186. con-
ferva hum volume de 4. que comprehende
os mezes de Janeiro, e Fevereiro o Re-
verendo António Alvares Louza Cónego
da Cathedral de Évora muito erudito, a
cuja diligencia devemos varias noticias para
eJfta Bibliotheca.
Tratado das Canonif^açoens pelas duvi- das
que fe opu^ieraõ. à Beatificação do V. Padre
Jo^eph Anchieta da Companhia de JESUS M. S.
148
BIBLIO THE CA
Eíla obra conferva em Roma, onde foy com-
pofta, e com applauzo recebida, o Illuftrif-
fimo Arcebifpo de Perga D. Chriftovaõ de
Almeyda.
FRANCISCO DA FONSECA HENRI-
QUES naceo em a Villa de Mirandella
da Provinda Tranfmontana a 6. de Ou-
tubro de 1665. onde teve por Pays a
Gabriel Pereira, e Gracia Mendes. Apren-
didas as primeiras letras na Pátria paf-
fou à Univerfidade de Coimbra onde fe
applicou ao eíludo da Arte Medica em
que fez grandes progreíTos o feu vivo
engenho, a qual exercitou com admi-
vel methodo neíla Corte em que foy ve-
nerada a fua Sciencia praétíca, e Theo-
rica valendo-fe da eficácia dos medica-
mentos, que elle mefmo manipulava por
fer peritiíTimo na Arte da Alchimia para
triumfar das enfermidades mais perigofas.
Naõ lhe deverão menor eftudo as fcien-
cias amenas do que as feveras fabendo com
perfeição a lingua Latina, Rhetorica, e My-
thologia as quaes lhe facilitarão a intro-
dução no Pamaflb fendo a fua Mufa aíTim
heróica, como Lyrica muito aplaudida pelos
melhores profeíTores da Poética. Falleceo
em Lisboa a 17. de Abril de 1731. quando
contava 66. annos de idade. Jaz fepul-
tado na Parochial de NoíTa Senhora da
Pena. Eruditijfimus vir o intitula Camillo
Eucherio de Quintiis De Balneis Pythecufar.
pag. 251. Compoz
Pleuricologia, Jtve Syntagma Univerjale de
Pleítritide, ^ ipfius curatione in quo dúbia
multa árdua difficilia, qua circa majora auxilia
in acutorum morhorum medella pajfim occurrunt
fub Pleuritidis nomine loculenter diloricantur , <&
rationabili calamo diffolvuntur ; deinceps que omnia
remedia efficacijftma expertijftma pro comperta
Pleuritidis medicatione ad amujftm enucleantur.
UlyíTipone apud Antonium Pedrozo Galraõ.
1701. 4.
Tratado Único do u^o, e adminijlraçaõ
do Av^ougue nus cav^os que he prohibido. Lisboa
por Valentim da Cofta Deflandes Impreflbr
delRey. 1708. 4.
Medicina iMJitana, Socorro Delphico aos
clamores da naturev^a humana para total pro-
fligaçaS de feus males dividido em três Partes.
Na primeira trata da vida do homem antes
de nacer. Na Segunda da arte de criar, e curar
meninos. Na terceira trata das febres. Amftcr-
dam por- Miguel Dias. 1710. foi. No
fim eftá o Tratado do Azougue de que
aíTima fe fez mençaõ. Sahio fegunda vez
impreíTo Amfterdam pelo dito Impreflbr
1731. foi.
Apiarium Medico-Chymicum Chyrurgicum,
et Pharmaceuticum. Amílelodami apud Mi-
chaelem Dias. 171 1. 8.
Methodo de curar o morbo gallico compofio
pelo Doutor Duarte Madeira Arraes ¥iv^co mór
delKey D. JoaÕ o IV. illujlrado com annota-
çoens, e no fim DiJfertaçaÕ dos humores na-
turaes do corpo humano. Lisboa por António
Pedrozo Galraõ. 171 5. foi. Sahio eíla Dif-
fertaçaõ reimprefla na fegunda ediçaõ da Medi-
cina l^ujitana, e Socorro Delphico &c. Amfter-
dam por Miguel Dias. 1731. foi.
Illujlrijfimo Principi, Magnificentijftmo Herói
D. D. Thoma de Almeyda olim Lamecenci,
inde Portugallenji Epifcopo, (& Gubernatori,
nunc Ulyjfíponis Occidua celjjijjimo Patriarcba
Panegyris in qua de Sedis Patriarchalis ertc-
tione Juccinte notitia datur. Ulyfipone aptid
Antonium Pedrozo Galram. 1717. 8.
Anchora Medicinal para conjervar a vida
com faude. Lisboa na Officina da Muíica
1721. 8. & ibi na Officina Auguftiniana.
1731. 4.
Aquilegio Medicinal em que fe dá noticia
das aguas de Caldas, de Fontes, Rios, Poços,
Lagoas, e Ciflemas do Reino de Portugal, e dos
Algarves, que ou pelas virtudes medicinaes qm
tem, ou por outra alguma fingularidade faõ S-
ffuis de particular memoria. Lisboa na Offi-
cina da Mufica. 1726. 8.
FRANCISCO DE FONTES natural de
Lisboa infigne Gramático, fuaviíTimo Poe-
ta, e naõ menos valerofo Soldado o qual
com igual impulfo defembainhou a cf-
pada para defenfa da Pátria, do que
aparou a penna cm obfequio de fcus
grandes amigos Jufto Lipfio, c Erido
Puteano famofos cultores das letras hu-
manas defendendo-os nervofamente da in-
juíla critica com que a maledicência
L USITANA.
149
dos feus emulos fe oppoz aos efcritos de
taõ celebres varoens gloriando-fe de alcan-
çar tal Apologifta como em feu applaufo
efcreveo D. António de Attaide primeiro
Qjnde de Caílro Dayro na carta impreíTa
no principio da obra feguinte que lhe de-
dicou Francifco de Fontes. Fe/ices illi, qua-
muis peccajfent, qui talem naãi Junt propugta-
torem.
Uhellus apologetícus por ]ufto Upfio, (&
Ericio Vuteano viris clarijftmis. Ulyflipone apud
Petrum Craesbeeck. 161 8. 4.
Comentaria in Statium Papinium. Deíla
obra que he difufa, faz o Author mençaõ
a foi. 27. da precedente
Comelio Tácito traduzido em Vortuguev^.
M. S.
Infcripçoens dos Arcos triumfaes com que
Lisboa recebeo a Filippe 11. no anno de 1619.
e fahiraõ impreíTas com a Viagem ai Reyno
de Portugal, (&c. Madrid por Thomaz Junti.
1622. foi. Fazem memoria delle Francifco
Manoel Cart. dos A A. Portug. acérrimo de-
fenjor, e fuave amigo de Jujio L.ipfio, e Pu-
teano, e Joan. Soar. de Brit. Theatr. Lufit.
Litter. lit. F. n. 43. in humanioribus litteris
infiruãijftmus.
Fr. FRANCISCO FOREIRO naceo em
Lisboa de Pays igualmente nobres, e pios
para fer hum dos brilhantes Aílros, que il-
luftraraõ a nobiliíTima Religião dos Prega-
dores, cujo fagrado Inftituto profeíTou no
Convento Pátrio a 2. de Fevereiro de 1539.
A primeira applicaçaò, que teve o feu pe-
netrante engenho foy inílruir-fe com a no-
ticia das três mais famofas lingoas quaes
eraõ a Latina, Grega, e Hebraica, e fahio
nellas taõ peritamente verfado, que refolveo
ElRey D. Joaõ o III. partiííe para a Uni-
veríidade de Pariz a eíhidar Theologia pre-
vendo que igual, ou mayor progreílo havia
de fazer nas fdencias feveras, como era in-
íigne nas amenas. NaqueUa fapientiírima pa-
leftra penetrou com tal agudeza os myílerios
Theologicos, que mereceo as acclamaçoens de
todos os Cathedraticos aíTim na comprehen-
faõ das mais dificultofas queíloens como na
argúcia com que argumentava, e prompti-
daõ com que refpondia dilatando-fe a fua
litteratura naõ fomente pela Theologia Ef-
colaílica, mas pela Moral, e Poíitiva. Cumu-
lado de tantos dotes fdentificos voltou para
o Reyno onde foy igualmente admirada a
fua vafta erudição nas Cadeiras, como nos
Púlpitos conciliando as eíHmaçoens delRey
D. Joaõ o III. e feus Irmãos os Infantes
D. Henrique, e D. Luiz, que tal conceito
formou da fua fciencia, e integridade de
coíhimes, que o elegeo para Meílre de feu
filho D. António, que depois foy Prior do
Crato. A imiverfal fama, que juílamente
mereceo pela fua facimdia concionatoria mo-
veo àquelle Monarcha a nomeallo feu Pre-
gador com cincoenta mil reis de ordenado
por Alvará expedido a 23. de Dezembro de
1555. Entre os famofos Theologos, que no
anno de 1561. mandou a Mageftade de D.
Sebaíliaõ ao Conciho Tridentino foy eUe
eleito, e em taõ venerável, e authorizado
congreíTo manifeílou com eterna gloria do
feu nome, e immortal credito deíle Reyno
o thefouro de que era depolito a fua pro-
funda capacidade. Varias vezes eíleve pen-
dente da fua boca aqueUa doutiflima AíTem-
blea pregando todas as Quintas feiras de
Quarefma, e como era verfado na locução
de varias lingoas, mandou em huma occa-
íiaõ que fubia ao Púlpito preguntar pelo
Meílre das Cerimonias aos Cardeaes feus ou-
vintes em que idioma lhe ordenavaõ prègaf-
fe, do que naceo tmiverfal efpanto em taõ
nobiliíTmio Auditório. Conhecendo os Le-
gados do ConciUo o feu grande talento de-
terminarão na SeíTaõ 18. celebrada a 26. de
Fevereiro de 1562. que foíTe Secretario da
Junta deputada para condenar os livros
mais dignos de fogo, que da luz publica,
cujo lugar exercitou com tanta madureza
que fendo elle o primeiro que o teve âcou
perpetuado na Ordem dos Pregadores affim
como o de Meftre do Sacro Palácio, a que
deu principio o Patriarcha S. Domingos. A*
fua indefeíTa applicaçaõ fe deve a reforma-
ção do Breviário, e MiíTal Romano fen-
do neíla laboriofa empreza feus Compa-
nheiros D. Fr. Leonardo Marino Arce-
bifpo Lancianenfe, e D. Fr. Francifco
Fufcarario Bifpo de Modena ambos da
Religião Dominicana. Com eíles dous gran-
i5o
BIBLIO THE CA
<les Prelados compoz o Cathecifmo Ro-
mano por cuja caufa naõ voltou para Por-
tugal com os outros Theologos Portugue-
zes que aíTiíUraõ no Concilio como aífirma
S. Carlos Borromeo em huma carta efcrita
a ElRey D. Sebaíliaõ em o primeiro de
Novembro de 1564. Tanta era a opinião
<jue havia das fuás letras, que naõ bailando
para elogio delias taõ honorificas occupa-
•çoens o mandarão os Padres do Concilio
a Roma para tratar vocalmente com Pio IV.
negócios em que era intereíTada a Igreja
Catholica. Foy recebido com paternal bene-
volência pelo Summo Paílor, que conhe-
cendo os religiofos coftumes, e profundas
letras de que era ornado, ordenou que foíTe
■direftor da conciencia de feu Sobrinho o
•Cardeal Borromeo, que depois pelas fuás
heróicas virtudes foy adorado nos Altares.
Reílituido ao Reyno foy Prior do Convento
de Lisboa, donde paíTou a fer Provincial
no anno de 1568. Foy Confeflbr delRey
D. Joaõ o III. e da SereniíTima Infanta D.
Maria filha delRey D. Manoel, a cuja morte
aíTiílio, Qualificador do Santo Officio, e
Deputado da Mefa da Conciencia, e Or-
dens. Fundou o Convento de S. Paulo
íituado na Villa de Almada fronteira a
Lisboa elegendo efte íitio como mais aco-
modado para a cultura do eíhido, e
tranquilidade do efpirito confignando-lhe
para feu rendimento hum juro de du-
zentos mil reis na Cafa da índia cõpra-
do com os ordenados que vencera de
Pregador d'ElRey e da impreíTaõ dos feus
livros. ElRey D. Sebaíliaõ lhe converteo
o Ordenado de cincoenta mil reis, que per-
cebia de feu Pregador em juro para fuf-
tentaçaõ do mefmo Convento, onde mais
chcyo de merecimentos do que annos paf-
fou de caduco a eterno em 10. de Feve-
reiro de 1381. com 58. annos de idade,
c 42. de Religião. Naõ faltou quem ef-
creveíTe, que morrera eíle grande Varaõ de
repente penetrado de ver do Convento
de Almada as prayas de Lisboa occupa-
das pelo exercito do Duque de Alva con-
tra o Senhor D. António, que fora feu
difcipulo, cujo fuceíTo facilmente fe conven-
ce de fabulozo por fucceder a fua morte féis
mezes depois, que as Tropas Caílelhanas fc
alojarão em Lisboa. O feu nome he cele-
brado por graviffimas pennas merecendo o
primeiro lugar o elogio, que lhe fez Saõ
Filippe Neri em huma Carta efcrita de Ro-
ma a 5. de Março de 1564. à Senhora D.
Catherina Duqueza de Bragança cujo Ori-
ginal vimos, e fe conferva no Cartório
deíla SereniíTima Caza. Por via dei Emba-
lador de Portugal recebi tm pliego de V. A.
y otro abia tenido embiado antes de la Stf-
fion ultima que fue en 24. de Dev(iembre àt\
Concilio por el Obifpo D. Ga/par Obifpo
de Leiria a tiempo, que fe hallaba yà en
ejla Cúria de venida Fr. Francifco Foreiro
perfona que en extremo defeava ver, y llegò
a tiempo bien oportuno ai mio defidero. Six-
tus Sen. in Ptib. Sana. lib. 4. pag. 566.
Theologus, (& Philofophus fumma eruditione in-
fignis, Latina, Graça <& Hebraica lingua pe-
ritijftmus. Fr. Lud. a D. Franc. Prafat. Glob.
Ling. Sana. Doãijftmus, f& Keliffojijfimus. Fr,
Ant. de Sena Bib. Script. Dom. pag. 8j.
vir in bonis litteris fundatus, Philofophus, &
Theologus in divinarum litterarum leãione val-
de tritus, <ò' inter pracipuos Dei pracones
excellens Jimiliter habitus Imbonati Ptib. Ka-
bina. p. 42. n. 167. Summa eloquentia, et
eruditionis vir. Joan. Soar. de Brito Tbeatr.
Lufit. Utter. lit. F. num. 44. vir facra-
rum litterarum, €>* exoticarum linguarum pe-
ritia clarijftmus. Fr. Joan. à Cruce in
Prsefat. Direã. Confcient. §. 6. num. 16.
Touron Vie de S. Thom. d'Aquin. liv. j.
cap. 8. três habile dans les langues Hebraique,
Grecque, e Latine. Fr. Roque do Sovcr. Hifi.
de N. Senhora da Lu^ liv. 2. cap. 11. Vara9
de grandes letras, e Chrijlandade. Padre Fran-
cifco de Francifcis. Dijfert. Philolog. i»
Francijc. Litter. Seél. 9. num. 7. Alium
authorem hic jam nomino Univerfa BibUo-
theca Chrijliana Cenforem, ^ in Bibliotbe-
carum Sanãorum Patrum honorem omnibus
hijc Patribus fcilicet Concionatorum, atqm
Bibliothecarum titulis jure mérito praMcanium:
Francijc um Forerium; ille enim, cb* in conckh
nando dicendique facultate potentijjimus cumqm
Ulyffe ipjo Gracorum facundijftmo à qM
conditore nempe fua pátria ejus Ulyftp^
nomen traxijfe creditur, conferendus, regun
LUSITANA. i5r
plane vijus eft tn eloqiierifia facra. Ec- famofo Foreiro que ajfifiio no Concilio Tri-
ckfiafies ipfe reffus, atqtie celeherrimus, Rí- de n tino, onde campearão grandemente fuar
gum iMJitanorum concionator, idemque in Con- letras Hyer. Magio. Var. Laã. liv. 2.
cilio Tridentino, in hoc amplijfimo, leãijfimo cap. 8. Theologo praclarijjimo. Comei. A*'
que Orbis Catholici Senatu inter cateros Sa- Lapide in IJaiam pag. 10. Illufiris Kegum^
crofanãa btgus Sjnodi Patres Sententiam di- 'Lufitania Encomiaftes. Paul. Colomef. Ital.
xit. Neque vero hic ad purgandas videlicet, eb* Hifp, Orient. p. 238. vir in Hebraica
atque omandas Orbis Chrifiiani Bibliothecas Hngua verjatijftmus. Paul. Fraher. Theatr.
bano publico natus maios folummodo libros vir. Illujlr. pag. 245. litterarum peritia,.
Oecumenicus ipfe Cenfor projcripfit, Jed et ac linguarum inclaruit. Thuan. HiHor. lib.
optimis idem, ac de facris pracipue Bibliis 70. magna eruditionis Theologus, ^ non Jo-
henemeritus trium Sacrarum Unguarum lui- lum fcriptis editis, Jed Synodi Tridentimr
tina, Graça, Hebraica que peritijftmus Au- ctgus pars magta fuit, aãione clarus Fr.
thor confcripjit, qui ut vulgata editionis au- Pedro Mont. Clauftr. Domin. Tom. i.
thoritatem confirmaret, ejufque authorem of- pag. 87. Filofofo celeberrimo, Theologo in-
íenderet fenfum de fenfu aptijftme expreftjfe figte, peritifimo nas linguas Grega, Hebraica,.
eo nimirum ipfe confilio per muitos Sacra e verfadiftmo nas letras divinas, e pag. 118..
Scriptura libros iterum de verbo ad ver- 122. e 171. e no Tom. 3. pag. 217.
bum vertit ex veritate Hebraica eofque
t)oftea libros lucidijfimis explicavit commenta- ^°^p02.
riis. &c. Pacheco Vid. da Inf. D. Ma- I/aia Propheta vetus, & nova ex Hebraico^
ria liv. 2. cap. 4. Varon en letras, e vir- verfio cum Commentario, in quo utriufque ratia
tudes evidentes, de que fon teftigos las obras redditttr, vulgatus interpres à plurimorum catum-
que dio a lu^ en que fe vé igual eru- niis vindicatur, <ir hei omnes, quibus fana Doc-
dicion, y piedad. Jacob, le Long. Bib. trina aàverfus hareticos, atque Judaos confirmari
Sacr. pag. mihi 556. col. 2. Trium. lin- poteji fummo Jludio, ac diligentia explicantur.
pmrum peritijftmus et pag. 285. col. 2. Venetiis apud Jordanem Zileti 1563. foi. &
Dag. 302. col. 2. et. pag. 728. col. 2. Antuerpix apud Philippum Nutium. 1565. 8.
Soufa Hijl. de S. Domingos da Prov. de Sc in Criticis Sac. Vet. Tefl. Amílelodami
Portug. Part. 3. liv. 6. cap. 8. Pelas 1660. foi. Na prefação faz efta confiíTaõ in-
ktras chegou a fer naõ fó nobre, e conhe- genua aos feus amigos, que ferve de grande
ido, mas famofo no mundo Echard Script. elogio a eíla obra. Coram Cbriflo loquor, à
Ord. Prad. Tom. 2. pag. 261. col. 2. quo eadem accepi; me quicquid efi, quod vel ipft
natalibus, clarus, fed litteris, (ò" eruditione laudant, vel laudari intellexerunt, quicquid in
^onge clarior in orbe totó fuljit Nat. Alex. Hifi. méis concionibus populam tenet at que afficit,
cj:clef. Sascul. XV. & XVI. cap. 5. art. quicquid efl eloquentia fuavitatis, g-avitatis, om-
k. Vir pietate, (Ò" eruditione praftantijftmus. nemque facultatem quam mihi in dicendo tribuunt
^raveíTon Hifi. Ecclef Tom. 7. pag. mihi hac ratione ejfe ajfecutum, quam in interpretando
113. col. I. vir pietate, (Ò' eruditione praf- Jefaia fequor. Xifto Senenf. Bib. Sana. lib. 4.
'antijfimus. Francifc. de Santa Maria Diar. louva eíle Commento com as feguintes pa-
Vortug. pag. 55. VaraÕ doutijfimo na Theo- lavras nullum umquam opus in hoc fcribendi
ogia Efcholaftica, e Moral, e na Sagrada genere prodiit in lucem, quod aquius pofit cor-
^fcritura. Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. nucopia appellari. Naõ he inferior o elogio,
^. 326. col. I. Philofophus, ac Theologus que lhe faz Richardo Simon Hiflor. Critiq.
'S^egius quem prajiantijjima eruditionis laus, deVancien Teflam. pag. 50. Forerius fait uoir
"numque linguarum Eatina, Graça, (Ò^ Ha- dans tout fon ouurage, qu'il etoit exerce dans
hraica peritia fngularis domi forifque cia- le Jlile deVEcriture II fetend ala verite quelqm
"ijjimum, ac Venerabilem reddidere. Cardofo fois fur le fens moral, mais comme il nt
^^ol. Eufit. Tom. I. Comment. de 13. feloigie gueres de fon fuget, cela fert a eclaircir
,le Fevereiro letr. E. pag. 429. aquelle da vantage le fens literal.
l52
B I B LIO THE CA
ComtNentaria in omnes libros Propheíarum,
<ic Job, Davidis, ac Salomonis. Eftavaõ promp-
tos para a ImprcíTaõ como afirma na Epif-
tola Dedicatória aos Padres do Concilio
imprelTa no principio da obra precedente.
In quibus gernianam, cathoUcamque Jententiam
Jumma diligentia, ac Jliidio fingulis dicíionibus
examinatis, dkeiidique formulis Hebraorum ob-
fervatis eliaii, ut promulgarem. Opus fane fpif-
Jum ejl, ai que opero/um : qiiod eiiam haud feio,
an umquam tmus homo praflare pojftí. In Co-
mentário in reliqiios propheías tantummodo loci
difficiles explicantur. Tanta era a eftimaçaõ
que fazia do Commentario fobre o livro
de Job que abrazando-lhe todo o feu apo-
zento hum repentino incêndio preguntou fe
cfcapara da voracidade das chamas o feu
Job, e certificado de que ficara illefo naõ
fez cafo de tudo quanto perdeo. Confer-
vava-fe efta obra no tempo que Fr. Luiz
de Souza publicou a 3. part. da Hifl. de
S. Domingos da Prov. de Porlug. como ef-
creve no liv. 6. cap. 8.
Oraíio habita ad PP. Tridenti Congrega tos
Dominica prima Adventiis anni 1562. Brixiae.
1563. 4.
Lexicon Hebraicum. Deíla obra faz elle
particular mençaõ na Hpiflola ad amicos
impreíTa no principio do Comento de
Ifaias dizendo maximis vigiliis non foltim ex
aliis lexicis, fed examinatis locis, quos citant
ad Verborum fignificationes comprobandas quod
incredibile diãu efl quantum negotii mihi facef-
ferit.
Index libroriim prohibitornm ctim regtilis con-
feris per Patres à Tridentina Synodo deletios
atiíloritate Pii IV. primum editus. Romae ex
Typog. Camerx Apoftolica: 1564. & Ulyf-
nponc de mandato Sercniffimi Cardinalis
Hcnrici Infantis Archicpifcopi Ulyfl^iponen-
fis Legati à Latcre apud Francifcum Corrêa
1564. 4.
Cathccifmus ex Decreto Concilij Triden-
ti ni ad Parochos Pii V. Pontif. Max.
jujju editus. Romx cx Typog. Camerx Apof-
tolicx. 1 566. 4.
hUfJale, ÒT Breiiarinm Komanum. Romx
ex Typ. Cam. Apoíl. Eftas trcs ultimas
obras do Index dos livros prohibidos, Ca-
thccifmo, MiíTal, e Breviário Romano com-
poz Fr. Francifco Foreiro por ordem dos
PP. do Concilio juntamente com os dous
Prelados Dominicanos D. Fr. Leonardo Ma-
rino, e D. F. Francifco Fufcarario de que
aíTima fizemos memoria.
TraÚatiis pro Immaculata Conceptione. M.
S. Defta obra fazem mençaõ Fr. Pedro de
Alva y Aftorga Aí/7;/. Concept. e Andrc de
Peruzzinis in Analyfi Immactd. Concept.
foi. 63.
Fr. FRy\NCISCO DE FOYOS natural
de Lisboa Monge Ciílercienfe cujo habito
veftio no Real Convento de Alcobaça a 16.
de Novembro de 1648. Em a Univerfidadc
de Coimbra recebeo o grào de Doutor
Theologo, c foy Conduélario com privilé-
gios de Lente de que tomou poíTe a 19.
de Abril de 1684. Como tiveíTe igual ta-
lento para a Cadeira, como para o Púlpito
logrou as eílimaçoens de grande Letrado,
e infigne Pregador. Ao tempo que eílava
compondo hum novo curfo de Theologia
fundada em authoridades de feu Mellifluo
Patriarcha, e para tomar poflc da Cadeira
de Durando paíTou defta vida mortal paia
a eterna a 30. de Outubro de 1693. em
cafa de feu parente Mendo de Foyos Pe-
reira Secretario de Eftado delRey D. Pe-
dro II. Jaz fepultado no Convento de N.
Senhora do Defterro deíla Corte. Compoz
Sermão Panegyrico do L^ufperenne que ft
principiou no Keal Mofieiro de Alcobaça $M
dia da Apresentação de N. Senhora i»
anno de \G-jz. Lisboa por Joaõ da Cofia
1675. 4.
Tratado juridico cm que moflra o Preito ifB
os Abbades do Mofleiro de S a /cedas tem ptTê
exercitarem toda a JurifdiçaÕ ordinária, e E^J-
copal em feu Couto, e Território, que confia dl
fete Prcgue^ias. Foy comporto no anno de
1680. e eílava aprovado pelos Mcílrcs dl
Univcrfidade de Coimbra. M. S.
Sermoens vários. M. S. promptos para a
ImprcíTaõ.
FRANCISCO DE FRANÇA DA COS-
TA natural da Cidade do Porto, c hum
dos mais fuavcs Cifncs do ParnaíTo, af-
L USITANA.
i53
'fim pela afluência das vozes, como pela
profundidade dos conceitos, e naõ menos
verfado na Mithologia, e liçaõ dos melho-
res Poetas. Soube com perfeição a lingua
Caftelhana na qual metrificava com admi-
ração dos mefmos nacionaes parecendo-
-Ihes pela aíTiiiencia que fizera em Madrid
fer nacido neíla imperial Villa donde paf-
fando a Nápoles em ferviço de hum Vice-
Rey terminou a carreira da fua vida. Vir
ingenio fingulari, mufaque Jtuwitate cõmendatif-
(imus o intitula Joan. Soar. de Brito Theaír.
Lufit. Utterat. lit, F. n. 45. D. Franc.
Man. Carta dos AA. Portug. concertadijfimo
Poeta. Manoel de Faria, e Souz. 2. part.
da Fuent. de Aganip. ExpUcac. da Fab. de
Gelia, e Flaminia n. 3. P. Ant. dos Reys.
Fjituf. Poet. n. 60.
ínvia hlandijono refonat modulamine montis
Culmina França leves calamos inflante Thalia
QiuB caput intextá Peneide virgine cingit
hata fui vatis.
iCompoz
Penafco de las lagrimas. Madrid por la
iViuda de Alfonfo Martin 1623. 8. He o
ifliimpto defta Poefia em 8. Rima a Fonte
das lagrimas que corre junto da Ribeira
,do Douro pátria do Author.
j Jardim de Apolo. Madrid por Juan Gon-
falves. 1624. 8. e Coimbra por Manoel
Dias 1658. 8. Coníla de vario género de
Poefia cuja obra louva com os feguintes
epitetos o infigne Lope da Vega Carpio
na cenfura impreíTa no principio delia. Son
tan grandes en ejiilo, como pequenos en numero,
fus cornetos raros, Jus ver/os graves.
j Na Relação dos Applaufos da Camniii^a-
■^tâ de Sãto IJtdoro Laurador eftaõ humas
luas Decimas a foi. 78. que começaõ L.ige-
ras para anegar, e hum Soneto a foi. 91.
:que principia Sedientos de celeftes Hjerarchias
3 qxial levou o premio no Certame exal-
[tando ao Poeta a Mufa do grande Lope
da Vega Carpio no ultimo Poema intitulado
Prémios de la Fiejla com eilas métricas vo-
Izes
Yá de Francifco de Francia
I £/ lúcido entendimiento
I Viene con Ju pompa y lujire
Caufar tan dulces efeitos.
Honrando el Reyno de Ulyjfes
De vivos ingenios Reino
Como de gloriofas armas
Y de Orientales Trofeos.
Na Relação das Fejias que o Collegio Im-
perial de Madrid da Companhia de JESUS
dedicou no anno de 1622. á Canonização
de Santo Ignacio, e S. Francifco Xavier
eftaõ a foi. 10. verf. humas fuás Redondi-
Ibas.
FRANQSCO FRANCO natural de Vil-
la-Viçofa como affirma o Licenciado Jorge
Cardozo nas Mem. M. S. para a Bib. Por-
tuguet(a a quem faz Valenciano Nicol. An-
tónio na Bib. Hifpan. Tom. i. pag. 326.
col. 21. Aprendeo Medicina pelos annos
de 1543. em a Univerfidade de Alcalà, em
cuja faculdade fahio taõ eminente que paf-
fando a Portugal o fez Medico da fua Ca-
mará ElRey D. Joaõ o III. Depois de pe-
regrinar por diverfas terras foy Lente de
Prima na Univerfidade de Sevilha onde pu-
blicou
Ubro de enfermedades contagiofas, y de la
prefervacion delias com o Tratado.
De la nieve, y dei u^o delia. Sevilha por
Alonfo de la Barrera. 1569. 4.
FRANQSCO FRAZAM natural de Lis-
boa, muito douto na Hiftoria profana.
No anno de 1569. que o terrivel fla-
gello da pefte inficionou a fua pátria
cauzando fataes calamidades aos feus mo-
radores querendo narrar fucceíTos taõ laf-
timofos efcreveo na metáfora de huma Nào
chamada Boa-Liz.
Tratado da pefle que inficionou a Cidade
de Usboa. M. S. do qual vimos huma
copia.
Fr. FRANQSCO FREIRE Religiofo pro-
feflb da Ordem dos Mínimos de S. Francifco de
Paula, e muito perito na intelligencia da Sagra-
da Efcritura de que foy Meftre em a Univerfi-
dade de Sevilha, Qualificador do Santo Officio,
e Vifitador da Província de CafteUa em cuja pef-
i54
BIBLIO THE CA
foa fe uniraõ profundidade de Sciencia, c in-
nocencia de coíhimes. Efcreveo
Praludium de Sacrorum Interpretum digni-
tate, (Ó>' divina Scriptwra excellentia, puhlice
hahitum in Academia Hifpalenji IV. Non. Ja-
nuar. 1658. Deíla obra faz mençaõ Jacob
Lclong. ^ih. Sacr. pag. mihi 732. col. i.
Sermon en la Canoniv^acion de S. Fran-
cifco Xavier en el Colégio de S. Herme-
negildo. Sevilha por Mathias Clavejo. 1622. 4.
Sermon Jexto en el Convento de Nuef-
tra Senora dei Cármen en el Oãavario que
hii(p a la Canoni^acion de S. Andres Cor-
fino en 23. de Setiemhre. Sevilha por la
Viuda de Juan Cabrera. 1631. 4.
P. FRANCISCO FREIRE naceo na
Villa de Eílremos íltuada em a Provin-
da do Alentejo no anno de 1597. fendo
filho de Manoel Alvares, e Anna Ro-
drigues. No CoUegio da Companhia de
JESUS da Cidade de Évora quando con-
tava quatorze annos de idade recebeo a
Roupeta a 25. de Janeiro de 161 1. Nas
letras humanas, e lingua Latina fez taes
progreíTos o feu engenho, que as eníi-
nou com applaufo no Collegio de Coim-
bra alcançando o mayor quando foy man-
dado eftudar Theologia a Roma em cuja
fciencia tanto fe diílinguio de feus Con-
difcipulos, que mereceo preíidir aos aftos
litterarios em o Collegio Germânico, e
expUcar aos Seminariftas as controveríias
mais dificultofas da Theologia Polemica.
Reílituido à pátria leo hum curfo de Ar-
tes na Univerfidade de Évora, e muitos
annos Theologia Moral com grande opi-
nião da fua fabedoria, que era igual ao
talento que tinha para o Púlpito. Naõ
foy menos verfado em hum, e outro
Direito de que deu claros argumentos
quando era confultado em matérias perten-
centes a eftas Faculdades admirando os feus
profeíTores a promptidaõ com que ref-
pondia havendo-fe applicado por toda a
vida ao eftudo da Theologia. Fallecco de
hum accidente apopletico em o Collegio
de Santo Antaõ a 16. de Setembro como
efcreve o P. Fraco An. Glorio/. S. J. in
LMfit. pag. 329. e naõ de Agoílo como diz
a Bib. Societ. pag. 228. col. 2. do anno de
1644. quando contava 47. annos de idade,
e 33. de Religião. Delle fe lembraõ Nicol.
Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 327. col. 1.
Fonfec. Evor. Glorio/, p. 430. Franco Imag.
da Virt. do Nov. de Evor. pag. 863. & in
Annal. S. J. in Eu/it. p. 288. n. 13. magwm
luminare /cholarum. P. Emman. Lud. Vit,
Princip. Theod. lib. i. cap. 5. n. 31. Eximis
vir ingenii, <& eruditionis cômendatione in pau-
eis clarus. Joan. Soar. de Brit. Theatr. hufit.
Utter. lit. F. n. 46. eraí ingenio magno. P.
Franc. de Francifc. Philolog. Dijfert. de Franc.
Eitterat. Seft. 3. n. 20. Tuas imprimis Fran-
ci/ce Freire mu/as Chri/lianas deveneror... Si /uo
Mu/a gaudet Apolline tuus e/l. D. Franc. Man.
Cart. dos AA. Portug. Girard. Diário de //'
co/e memorab. Part. i. a 25. de Janeiro.
Franckenau Bib. Hi/p. Gen. Herald, pag. 129.
Compoz
Apologia Veriíatis, (ò" Ju/litia pra/ertim
in /oro concientia vindicatrix. 1642. 4. He
imprefla em Amfterdaõ pofto que fe naõ
declare. Nella fe defende a juftiça com
que foy acclamado Rey de Portugal o
SereniíTimo D. Joaõ o IV. e dedicada
a D. Francifco de Mello Marquez de
Ferreira onde afirma o Author as di-
verfas moleílias, e calamidades, que pa-
decera fendo entre todas a mayor o cf-
tar prezo baftante tempo em Évora por
defender publica, e particularmente o Di-
reito, que aíTiftia à SereniíTima Cafa de Bra-
gança para fubir ao trono de Portugal con-
tra as injuílas oppofições de Caílella. Mar-
tinho Jozè Portuguez aíTiftentc cm Amfter-
daõ por cuja induílria fe imprimio efla
Apologia efcreve huma carta a feu amigo
Nicolao Carvalho morador na Gdadc do
Porto, e nella fazendo juizo da obra lhe
diz; Dignijftmus quidam /apientijftmis hominibus
hujus in/erioris Germânia vi/us, qui ante altos
omnes typis mandaretur propterea quoà cateri
/rigide ad modum, exiliter, <Ò^ ob/cttre de ju/- \
titia inviãijtmi Regis noftri Joannis IV. dijft-
rere, €>• ã punão qua/lionis aberrare videantur»*- \
/ed Franci/cus ad /copum collimavit /olu/que mé-
dium percujftt, acutijfime di/linxit, infinita pro-
pemodum utriu/que Júris, Theologica Facultatu, |
cb* annalium eruditione illu/iravit, multipHci ff^ã-
L USITANA.
i55
vijfimorum doEtorum authoritate Jlahilivit, mira
ingenii acritate irrupit oppofitos óbices, objeãa
repagula infregit, Jolidijftme refoluit, <Ò' mereãana
luce clarim cum Jumma hrevitate conclufit.
Com o fupoílo nome de feu Irmaõ Braz
Freire de Pina.
De rebus Sanãa Elifabetba iMJitanorum 'Rjb-
gina. Lugduni apud Jacobum Cardon, &
Petxum Cavillat. 1627. 12.
De Symbolis Heroum libri V. os quais
multiplici eruditione illuftres intitula a 'Bib. So-
ciet. pag. 228. col. I. e fe confervaõ M. S.
na Cafa ProfeíTa de Roma, como também
Conciliorum libri V. M. S. Deftas con-
lultas allega a oâogeíTima do livro 5. o
Doutor Manoel Themudo da Fonfeca nas
luas Decijoens Decif. ziy à num. 9.
Arte de bem morrer. M. S.
Philofophia Univerfa M. S. prompta para
a ImpreíTaõ.
Catena in IV. libros Kegum. M. S. Defta
obra faz mençaõ Jacob. Le-Long. Bib. Sacr.
pag. mihi 752. col. 2.
De excellenti magnitudine Imperii Auftriaci.
I M. S. Defta obra fe lembra Franckenau
Wf. Hifp. Herald. Geneal. pag. 129.
In fmere Excellentijftmi Theodofii Duas Bri-
gantini D. Eduardo ejus filio dicatus. M. S. 4.
Conferva-fe na Bib. Regia. He huma Eglo-
ga intitulada Theodofius em que faõ inter-
locutores Grafus, Titus, eb» Pellaus. Começa
Morfuus eft noftri Theodofius gloria ruris.
Acaba.
\jnus erit quondam grande Maronis opus.
FRANaSCO FREYRE DE FARIA
natural da Villa da Caflanheira do Pa-
triarchado de Lisboa taõ douto na Sa-
grada Theologia, e Direito Pontifício, co-
mo excellente Pregador por cujas par-
tes mereceo fer Prior da Igreja de Nof-
fa Senhora da Purificação do lugar de
Bucellas diftante de Lisboa quatro legoas
para o Norte, cujas ovelhas apafcentou
com fummo difvello atè que paíTou a me-
I Ihor vida em 3. de Janeiro de 1680. e nella
ijaz fepultado. Compoz.
^reve declararão dos fundamentos da Fé, e
'■•MS coufas importantes, e necejfarias á falvaçaõ.
Lisboa por António Craesbeeck de MeUo.
1664. 4.
Primavera efpiritual, e confideraçoens necej-
farias para bem viver. Lisboa por Joaõ da
Cofta. 1673. 8.
FRANCISCO FREYRE SERRAM natu-
ral da Gdade de Évora, e muito perito
no eftudo da Hiftoria, e Poefia em que fez
muitas obras dignas de geral efhimaçaõ fen-
do a principal.
Dialogo em que faõ interlocutores hum Reli-
giofo, e hum Cortev^aÕ. Começa. Entre Douro,
e Minho nejle Rejno de Portugal efiava reco-
lhida em huma quinta, (ò'c. M. S. Delle faz
memoria o P. Francifco da Fonfeca Ej;or.
Gloriof pag. 411. com o titulo de Dialogo
das miferias humanas, que ignoro fe he o
mefmo que o precedente, ou totalmente di-
verfo.
P. FRANQSCO FURTADO Naceo na
Ilha do Fayal huma das Ilhas dos Açores
no anno de 1588. onde teve por Pays a
Gafpar de Lemos, e Maria de Aboim da
Sylveira de igual nobreza que piedade. Na
idade de vinte e hum annos elegeo para feu
domicilio o Collegio dos Padres Jefuitas de
Coimbra onde recebeo a Roupeta a 16. de
Abril de 1609. Ao tempo que eftudava Theo-
logia impellido do fagrado dezejo da converfaõ
da gentilidade paíTou ao Oriente donde fe
introdufio no Japaõ em o aimo de 1621. em
cuja agrefte, e dilatada vinha derramou co-
piofos fuores pelo efpaço de trinta e dous
annos atè que em Macao onde fez a profííTaõ
do quarto voto fendo Vifítador foy lograr o
premio de feus apoftolicos trabalhos a 21. de
Novembro de 1653. com 71. annos de idade, e
50. de Religião. Delle fe lembra com louvor
Bib. Societ. pag. 228. col. 2. Faria Afia Portug.
Tom. 3. Part. 2. cap. 12. n. 18. Joan. Soar.
de Brit. Theatr. Lufit. litter. lit. F. n. 47. Franco
Imag. da Virt. do Nov. de Coimb. Tom. 2. pag.
616. Compoz na lingua Sinica
Hoan yú civen, id eft De mundo, (&
Calo. Confta de 6. livros em que prova
com rezoens Filofoficas haver hum pri-
meiro Motor, e Senhor do Univerfo,
i5ó
BIB LIO THE C A
que era Deos, cuja obra fe imprimio, e
delia fa2em memoria o P. Martin Martinio
Hijl. Sinica pag. 34. §. 7, e Cathalog. PP.
Soe. Jefu qui pojl ohitum S. Franc. Xaver. ah
armo 15 81. ujque ad 1681. Império Sinarum
Jefu Chrijii fidem propagarunt. §. 28.
Ijogica, e>* Methaphyfica. M. S.
Carta ejcrita em 10. de Novembro de 1636.
ao Geral Mmcío Vitelefchi ã cerca dos Ritos da
China.
Kepuejla a las 12. quefiiones de Fr. Jtian
Bautijia de Morales Jobre los Ritos Chtnefes
em 8. de Febrero de 1640. Foraõ traduzidas
eftas duas obras em Latim, e fahiraõ im-
preflas em a Injormacion de la antiquijjima
Praãica de los PP. de la Compartia de JESUS
en la China. 1700. 8. Como efcreve o mo-
derno addicionador da Bib. Orient. de An-
tónio de Leaõ Tom. i. Tit. 7. col. 123.
FRANCISCO FURTADO DE MEN-
DOÇA naceo na Cidade de Bragança
a 22. de Outubro de 1707. fendo fi-
lho de Chriftovaõ da Paz Furtado, e de
fua mulher Mecia de Caftro. Applicou-
fe na Univerfidade de Coimbra ao eíhi-
do da Medicina em que recebeo o grào
de Licenciado . Naturalmente he inclina-
do à Poefia fendo o feu génio para a
Cómica em que tem compoílo as feguintes
obras.
Oriente dei Sol màs claro Auto Sacramental
para o Nacimento de Chriílo.
Suf pirado y divino Oriente dei más hermot^o
Prodigio Comedia para o Nacimento de Nof-
fa Senhora.
El De^^emperio Njmphatico. Comedia
Triunfo dei fiero amor. Bayle, e os feguintes
Ea viãoria de Vénus
Ea difgracia de la Eyra
Zelos aun dei ayre abra!(an
El Robô dei Vellocino.
FRANCISCO GALVAM DE MENDA-
NHA filho de Joaõ Galvaõ Bedel da Uni-
verfidade de Évora, e Moço da Guarda-
-roupa do Cardeal D. Henrique naceo na
Gdade de Évora onde foy Beneficiado da
Igreja Parochial de S. Pedro, e Licenciado
na Sagrada Theologia. Teve o engenho
agudo, fumma intelligencia da lingoa La-
tina, e de todo o género de humanidades a
que fe applicou defde os primeiros annos.
Intentou efcrever as vidas dos Bifpos de
todas as Cathedraes defte Reyno, e fuás
Conquiílas, Cardeais, Santos, e Varoens in-
fignes aífim em fantidade como em valor
de cujas noticias fez participantes ao infi-
gne antiquário Manoel Severim de Faria
como elle confeíTa nos feus Difcur. Var.
foi. 47. verf. Nenhuma deftas obras che-
gou a lograr o dezejado fim, e unicamente
deixou Memorias M. S. para a
Bibliotheca Portuguev^a cujo original vimos,
e examinamos em o anno de 1722. o qual
fe conferva na Livraria do Excellentiffimo
Conde do Vimieiro. Confia de 336. folhas
que comprehendem 677. Authores. Defla
obra faz mençaõ Fr. Fernando da Soledade
HiJl. Seraf. da Prov. de Portug. Part. 4. liv. 3.
cap. 9. §. 529. Morreo em Évora a 5. de
Novembro de 1627. e jaz fepultado em a
Nave do meyo do Convento de S. Domin-
gos da mefma Qdade.
D. FRANCISCO DA GAMA quarto Con-
de da Vidigueira Almirante da índia, Confe-
Iheiro de Eflado de Filippe II. e III. e da Chave
dourada defl:e Príncipe filho de D. Vafco da
Gama terceiro Conde da Vidigueira, Almirante
da índia, Eílribeiro mòr delRey D. Joaõ III. e
Confelheiro de Efl:ado, e D. Maria de Attaide
filha de D. António de Attaide primeiro Conde
da Cafianheira, Confelheiro de Eftado delRey
D. Joaõ o III. e Vedor da fua Fazenda, e de D.
Anna de Távora filha de Álvaro Pires de Tá-
vora Senhor de Mogadouro, e D. Joanna
da Sylva. Podendo gloriarfe de imitar aos
feus Mayores no exercido das armas os cx-
cedeo em a idade em que as empunhou pois
quando contava quatorze annos jà militava
em obfequio da Pátria com enveja dos Solda-
dos veteranos, aífinalando o feu nome na in-
fauíla batalha de Alcácer Seguer onde falvando
a vida perdeo a liberdade. Com taõ glo-
riofos prelúdios fe habilitou para fcr eleito
Vice-Rey do Eflado da índia para onde
partio a 10. de Abril de 1596. com cinco
nàos contando entre os fucceíTos memo-
L USITANA
xaveis do feu governo a deílruiçaõ do
Cunhale pelas valerofas mãos do famofo Ge-
neral André Furtado. Segunda vez foy
mandado reger o Império Aíiatico Portu-
gue2, e partindo de Lisboa a i8. de Março
de 1622. acompanhado de quatro navios fe
encontrou na altura de Moçambique com
cinco nàos Olandezas, que depois de hum
furiofo combate em que fe perdeo a Almi-
rante experimentarão femelhante infortúnio
as outras nàos encalhadas na areya donde
extrahidas as muniçoens, enxárcias, e arti-
lharia fe entregarão ao fogo para que naõ
ferviíTem à cubica dos piratas. Salvo o
Vice-Rey deíle trágico fucceífo aportou em
■Goa alcançando no tempo do feu governo,
<iue adminiílrou pelo efpaço de quaíi féis
annos multiplicadas viâiorias dos Olan-
dczes, e Inglezes de que foraõ gloriofos
inílrumentos aquelles dous animados rayos
Nuno Alvares Botelho, e Ruy Freire de
Andrade. Foy cazado duas vezes a i. com
D. Maria de Vilhena filha de D. Duarte
de Menezes Senhor de Tarouca, e Penalva,
Capitão de Tangere, e Governador do Al-
garve, e de D. Leonor da Sylva filha de
Diogo da Sylva Alcaide mór de Lagos, e
Embaxador ao Concilio Tridentino de quem
teve dous filhos. A 2. com D. Leonor
Coutinho filha de Ruy Lourenço de Tá-
vora, Governador do Algarve, Vice-Rey da
índia, Confelheiro de Eftado de Filippe II.
e D. Maria Coutinho filha de D. Diogo
de Almeida Capitão de Dio, Provedor dos
Armazéns, e Armador mòr, de cujo con-
forcio teve entre muitos filhos, e filhas a
D, Vafco Luiz da Gama I. Marquez de
Niza, V. Conde da Vidigueira Embaxador
extraordinário a França, Confelheiro de Ef-
tado, e Vedor da Fazenda dos Reys D.
Joaõ o IV. e AíFonfo VI. Falleceo na Villa
de Oropeza titulo de Condado em o Reyno
de Toledo em o mez de Julho de 1632.
donde foy transferido a 50. de Mayo de
1640. para o Convento dos Religiofos Car-
melitas Calçados da ViUa da Vidigueira, que
he jazigo da ExcellentiíTima Cafa dos Mar-
quezes de Niza, e na Capella. mòr da parte
da Epiiiola jaz fepultado com eíle epi-
táfio.
157
Aqui jat(^ D. Francifco da Gama quarto
Conde da Vidigueira, Almirante da índia, Vi-
ce-Kfy delia duas ve^es, Prejidenfe do feu Con-
felho, e Gentil-Homem da Camará de Sua Ma-
gefiade, e do feu Confelho de afiado o qual
tendo fervido àncoenta, e féis annos começando
de quatorf^, foy cativo na batalha de Alcácer,
e veyo a acabar em Oropeza mal fatisfeito do
feu R^ donde foy trasjdo para efle Convento
a 10. de Mayo de 1640. Delle faz larga
memoria Manoel de Faria, e Souza Afia
Portug. Tom. 3. Part. 2. cap. i. atè
5. e Part. 4. cap. i. e 2. e D. Ant.
Caet. de Souz. Hijl. Gen. da Caf Real
Portug. Tom. 10. lib. 10. cap. 4. p. 563.
Efcreveo
Relação do fuccejfo da viagem da China
até Moçambique, combate que houve com os ini-
migos, e da perda das nàos em aquella barra.
O original fe conferva na Bibliotheca del-
Rey CathoUco como afirma o moderno
addicionador da Bib. Orient. de António de
Leaò Tom. i. Tit. 2. col. 139.
FRANCISCO GARQA celebre profef-
for da Arte Mufica, aílini pra£tica, como
efpeculativa deixando para teftemunho da
fua fcienda.
Mijfas de vários Tons. Lisboa por Pe-
dro Craesbeeck. 1609. foi. Da obra, e do
Author faz mençaõ Joaõ Franco Barreto
Bib. Portug. M. S.
D. FRANCISCO GARCIA natural da
ViUa de Alter do Chaõ do Bifpado de
Elvas em a Provinda Tranílagana onde teve
por Pays a Joaõ Garcia, e Catherina Gomes.
Na idade de 18. annos fe dedicou a Deos
em o Noviciado de Évora da Companhia
de JESUS em 12. de Jxmho de 1598. onde
depois de aprender as letras humanas, e
divinas inflamado com o dezejo de agregar
filhos ao grémio da Igreja Romana, fe em-
barcou para a índia com cincoenta, e oito
companheiros de que era Superior o Pa-
dre Alberto Laércio. Chegado a Goa foy
diébr Filofofia em Cochim donde com fei-
culdade dos Prelados partio para a Cof-
ta da Pefcaria, e nella exercitou com
incanfavel applicaçaõ os minifterios apof-
i58
BIBLIO THE CA
tolicos. Reftituido a Goa leo hum curfo
de Theologia, e como o feu talento era
taõ capaz para o magifterio como para o
governo foy Reytor dos Collegios de Ba-
çaim, e Saõ Paulo de Goa, e ultimamente
Provincial. Provada a gravidade da fua
prudência com tantos lugares fubio a outro
mayor qual foy fer futuro fuceííor, e Coadjutor
do Arcebifpo da Serra D. Eftevaõ de Brito
fendo fagrado com o titulo de Afcalona
em a Caza profeíTa de Goa pelo Arcebifpo
Primaz D. Fr. Francifco dos Martyres em
o primeiro de Novembro de 1637. Partio
logo para Cranganor, e por eftar o Arce-
bifpo pela fua provefta idade incapaz de
vifitar aquella Chriílandade fe ofFereceo para
efte miniílerio, que defempenhou com igual
zelo, que actividade. Morto de hum acci-
dente apopletico o Arcebifpo D. Eílevaõ
de Brito a 2. de Dezembro de 1641. entrou
a governar a Chriílandade de Cranganor
fendo obedecido do Arcediago dos Chriílãos
da Serra o qual como fequaz dos erros
fcismaticos da Igreja de Alexandria foy
cauza de padecer o Arcebifpo grandes tri-
bulaçoens, e ainda, que applicou vários re-
médios para a redução de tantas ovelhas
erradas, naõ correfpondeu o eíFeito a taõ
fagrados intentos. Naõ fomente foy douto
na Theologia efpeculativa, e Moral, Direito
Canónico, e Civil, mas verfado nas linguas
Grega, Hebraica, Caldaica, Siriaca, Canarina,
e Indoílana. Depois de praéticar exadta-
mente as virtudes próprias de hum vigilante
Paílor paíTou a lograr o premio delias em Cran-
ganor a 3. de Setembro de 1659. quando con-
tava 70. annos de idade e 61. de Companhia dos
quaes foy 18. Arcebifpo. Fazem memoria das
fuás acçoens Franco Imag. de Virt. em o Nov.
de Evor. liv. 3. cap. 8. atè cap. 14. e Ann, Glor.
S. I. in híijit. pag. 514. Souza Cathalog. dos
Bifpos, que tiveraõ Diocev^es fora do Reyno pag. 149.
Compoz
Re/açaÕ dos Gentios Seãarios da índia Orien-
tal. M. S.
Diálogos efpirituaes. Defta obra efcreve o
Padre Franco aíTima allegado pag. 435. fora
compoílo para que com as reprefentaçoens de
cous^as Santas fe inflamajfem mais os ânimos na
virtude, e fe augmentaffe a piedade.
Carta efcrita ao Arcediago dos Chrif-
tãos da Serra em que lhe perfuade com afec-
tuov^a eficácia a fua redução a Igreja Romana.
Delia faz mençaõ o referido Padre Franco
pag. 439.
FRANCISCO GIL natural do Lugar
de S. Pedro de Moimenta termo da Q-
dade de Bragança em a Provinda de
Trás os Motes. Foy Presbítero taõ orna-
do de innocencia de cuíhimes como de
fciencia profunda da Theologia Moral da
qual abrio paleftra na Cidade de Lisboa,
que frequentarão muitos Sacerdotes pelo
efpaço de vinte annos com grande fruto
do feu magifterio pelo qual mereceo fer
provido no anno de 1730. na Abbadia
de Santo André de Meixedo em o Bif-
pado de Miranda cuja apprezentaçaõ he
da SereniíTima Caza de Bragança. Publi-
cou.
EJludo cíiriofo, livro de Theologia Moral.
Lisboa na Officina da Muíica. 1734. 4.
FRANCISCO GIRALDES natural de
Lisboa onde depois de fahir profunda-
mente perito na intelligencia da lingua
Latina, e preceitos da Poética para que
tinha particular génio preferindo a efco-
la de Marte à de Minerv^a aflentou pra-
ça de Soldado para dar claros teftemu-
nhos do feu valor no Oriente, que foy
o theatro das fuás heróicas façanhas pelo
largo efpaço de vinte e cinco annos dif-
tinguindo-fe o feu militar esforço em o
combate naval, que a nofla Armada capi-
taneada por António de Figueiredo Utra,
teve a 25. de Agofto de 1719. em o Eftrcito
da Perfia com a dos Arábios onde foraò
inteiramente derrotados. Naõ fatisfeito de
que a fua efpada foíTe gloriofo inílrumento
de taõ celebrada vitoria aparou a penna
para a defcrever em 928. Verfos heróicos
Latinos, cujo Poema dedicou a D. Luiz de
Menezes V. Conde da Ericeira, que ncíle
tempo era Vicerey do Eftado, e fegunda
vez o governou augmentado com o título
de Marquez do Louriçal. Sahio imprcífo o
Poema em Pariz fcm anno da cdiçaõ com
cíle título.
L USl TANA.
i59
Evenfus Laijitana clajfts qua è Goa ad "Per fiam
projecta eft 8. G^meça
Inclyta Lafiadum clajjis mitenda paratttr
Ormuci in portum in Per/a admirahik regnum.
Falleceo na Gdade de Baçaim no anno
de 1729. quando exercitava o pofto de Al-
feres. Delle, e da obra faz mençaõ o Pa-
dre D. António Caetano de Souza Hifi. Ge-
neal. da Ga^. Real Por/ug. Tom. 5. liv. 6.
pag. 379-
P. FRANCISCO GOMES natural de
Lisboa filho de Bento Cardozo, e Antónia
Gomes fendo de quinze annos entrou na
Companhia de JESUS em o Noviciado de
fua pátria a 25. de Março de 1676. Depois
de inílruido nas letras amenas didou as fe-
veras, como foraõ Filofofia, e Efcritura no
CoUegio de Coimbra, e Theologia Polemica
no Collegio de S. Patrício delia Corte. A
fua prudência, e afabilidade o fizeraõ digno
naõ fomente de fer Procurador Geral da
Provinda, Superior do Collegio de S. Fran-
cifco Xavier em o fitio do Paraizo, Rey-
tor dos Collegios de Braga, e Évora, mas
de occupar o lugar de AíTiftente pela Pro-
vinda de Portugal em Roma defde o anno
úc 1726. atè o de 1741. em o qual paíTou
deíla vida caduca à eterna em a Caza Pro-
feíTa de Roma com 80. annos de idade e
65. de Religião. Foy infigne Orador Evan-
gélico, e dos muytos Sermoens, que pre-
gou nos mayores Púlpitos fomente fe pu-
blicou.
Sermão do Jubileo das quarenta horas, pre-
gado na Santa Igreja Patriarchal. Lisboa por
Pedro Ferreira 1723. 4. Do Author faz
mençaõ o Padre Francifco da Fonfeca Evor.
Glorio/, pag. 450.
FRANCISCO GOMES BARBOZA na-
tural de Lisboa, e aíTiílente em o anno de
1641. em a Cidade de Amílerdaõ, o qual
querendo como fiel Portuguez celebrar a
exaltação delRey D. Joaõ o IV. ao Trono
de feus Avós Compoz
Panegyrico em a Goroaçaõ de S. Aíagefiade
o Serenijftmo Senhor D. JoaÕ o IV. Rsy de
Portugal. Amílerdam por Niculao de Ra-
veílim. 1641. 4. e Lisboa por Lourenço
de Anvers. 1641. 4. Confta de huma Can-
ção larga, e elegante, dedicada a Triftaõ de
Mendoça Furtado Embaxador aos Eftados
de Olanda, cuja Dedicatória he compofta
em huma Sylva com outra Dedicatória em
Tercetos a António de Souza Tavares.
FRANQSCO GOMES DA COSTA na-
tural da Villa de Montemor o Velho do
Bifpado de Coimbra, e Vigário da Paro-
chial Igreja de Santa Maria da Alcáçova
igualmente pio, e douto Efcreveo.
Enchiridion de advertências para os Peniten-
tes, e Gonfejfores, e de ajudar a bem morrer.
Coimbra por Joaõ Antunes 171 2. 8.
FRANCISCO GOMES DE SEQUEI-
RA Naceo na Freguezia de Santa Ma-
ria de Achete termo, e Arcediagado de
Santarém a 15. de Setembro de 1687.
filho de Domingos Alvares, e Catherina
Francifca, Presbítero do Habito de S. Pe-
dro, e muyto perito na intelligenda das
Unguas Grega, Hebraica, Franceza, e Italiana.
Compoz
Vida do Padre António de Almeyda
Villanova chamado vulgarmente o Padre dos
Terços, rejormador, que jqy do methodo de
ret^ar em vos alta o Terço de Nojfa Se-
nhora em as Igrejas, Oratórios, cascas par-
ticulares &c. Lisboa por Miguel Rodrigues.
1735. 8.
Tradufio da Ungua Latina de Fr. Sabino
de Bolonha Religiofo Francifcano em a ma-
terna.
L^ Moral repartida em duas partes onde
je declara jumariamente quat^i toda a Theolo-
gia Moral muito acommodada para os Ordinan-
dos, e infiruçaõ de Gonfejfores em o jeu exame,
e exercido para que evitem erros, e naÕ igio-
rem as Propofiçoens atè aqui condenadas pelos
Summos Pontífices. Primeira Parte. Lisboa
por António Ifidoro da Fonfeca 1737.
foi.
Segunda Parte onde je acrecenta hum Tra-
tado da Bulia da Grulhada Portuguesa, e
as differenças, que hã entre os Privilégios
defia, e da de Ejpanha, e no fim a Bulia Im-
tina. Lisboa pelo dito ImpreíTor, e no mefmo
anno. foi.
i6o
BIBLIO THE CA
Fr. FRANCISCO GONÇALVES natu-
ral do Confelho de Refende do Bifpado
de Lamego na Provinda da Beyra Monge
Ciílercienfe em o Real Convento de Alco-
baça onde fe conferva a feguinte obra que
moílra como feu Autor era verfado na Sa-
grada Efcritura, e liçaõ dos Santos Pa-
dres.
Sermones de Tempore. foi. M. S.
P. FRANCISCO DE GOUVEA natu-
ral de Lisboa filho de Miguel da Mouta,
e Anna Filippe de igual nobreza, e piedade,
e irmão de D. Jeronymo de Gouvea Bifpo
de Ceuta. Na idade da adolefcencia foy
Moço da Camera delRey D. Joaõ o III.
c nefta politica efcola aprendeo defprezar a
gloria caduca, e apetecer a eterna, para cujo
fim fem participar o feu intento a peíToa
alguma fe recolheo no CoUegio de Coimbra
dos PP. Jefuitas onde recebeo a Roupeta a
15. de Fevereiro de 1556. Inílruido nas
letras humanas, e fciencias fagradas fubio
no anno de 1567. a diâar Theologia Mo-
ral em cujo magiílerio exercitado pelo ef-
paço de dez annos adquirio fama de grande
Letrado fendo o primeiro, que eílabeleceo
as opinioens moraes fobre princípios Theo-
logicos concorrendo innumeravel multidão
de ouvintes para receber a fua doutrina.
Notável foy o fruto, que colheo com as
fuás MiíToens na Villa de S. Tiago de Ca-
cem, e outros lugares circumviíinhos, de-
vendo-fe à eficácia das fuás vozes a reforma
dos coíhimes. Foy Reytor do Collegio de
Évora, duas vezes Prepofito da Cafa Pro-
feíTa de Lisboa, duas vezes eleito para Pro-
curador Geral da Provinda da Cúria Ro-
mana, e ultimamente Provincial moftrando
cm taõ diferentes lugares o maduro juizo
de que era dotado. Foy ConfeíTor de D.
Chriílovaõ de Moura Marquez de Caftello
Rodrigo quando era Governador defte Rey-
no valendo-fe fomente da authoridade do lu-
gar para beneficio efpiritual dos próximos.
No anno de 1598. fendo Prepofito da Cafa
ProfeíTa de Lisboa em o qual fe fentio ful-
minada com o medonho flagello da pefte
deu claros teílemunhos da fua abrazada cha-
ridade para os feridos do contagio. Provada
a fua tolerância com as moleftias de huma
enfermidade, que o teve tolhido o largo
tempo de quatro annos, como conheceflc
fer chegado o feu termo, recebeo os Sacra-
mentos com fumma piedade, e naõ menor
compunção dos circunílantes fallecendo na
Cafa ProfeíTa de S. Roque a 17. de No-
vembro de 1638. quando contava a pro-
veâa idade de 98. annos, e 84. de Compa-
nhia. Fazem delle illuílre memoria o P.
Balthezar Telles Chron. da Comp. da Prov.
de Portug. Part. 2. liv. 5. cap. 48. §. 11.
Franco Imag. da Virtud. em o Nov. de Evor.
liv. I. cap. 25. e no Ann. glorio/. Societ. ]ej.
in 'Lufit. pag. 688. e in Annal. S. ]. in iMJit. pag.
274. n. 4. Fonfec. Bvor. Glor. pag. 450. Compoz
Anti-Navarro. Ou obfervaçoens fobre a
doutrina do infigne Doutor Martim Afpilcueta
Navarro obrigando-o a retratar algumas das
fuás opinioens.
De violatione Fejlorum
De contraãu Sacie tatis
De voto, Juramento, é^ Horis Canonicis
De Panitentia, (& Excomunicatione.
Todos eftes Tratados M. S. fe confervaõ no
Collegio de Évora.
FRANCISCO GUERREIRO natural da
Cidade de Beja em a Provinda Tranftagana
donde com feus Pays paíTou a viver na
Villa de Zafra fituada em a Extremadura de
CafteUa onde fe applicou à Arte da Mufica
fendo difcipulo de feu irmaõ Pedro Guerreiro
infigne nefta Faculdade, e taes foraõ os progref-
fos, que nella fez o feu penetrante engenho
naõ fomente praótica, mas efpeculativamente
em o contraponto de que teve por Meílre a
Chriftovaõ de Morales, que contando a flo-
rente idade de dezoito annos foy Meftre
da Cathedral de Jaen pelo efpaço de treze,
donde paflbu a Sevilha para ver a feus Pays
moradores nefta Cidade, e lhe deu o Cabido
de taõ infigne Cathedral hum partido de
Cantor que preferio ao magifterio de Se-
vilha por naõ deixar a amável companhia
de feus Pays. Vagando o lugar de Meftre
da Cathedral de Málaga foy provido ncllc,
triunfando de féis peritos oppofitores, c man-
dandolhe o provimento D. Bernardo Manriquc
L U SI TANA.
lói
Bifpo defta Igreja, naõ confentío o Cab-
bido de Sevilha, que outra Cathedral fe fer-
vifle do feu talento ordenando a Pedro Fer-
nandes noíTo Portuguez, Meílre da Cathedral
de Sevilha jubilaíTe com meyo ordenado, e
que a outra fe deíTe a Francifco Guerreiro
confervando o partido de Cantor atè que
por morte de Pedro Fernandes exercitou o
Magifterio deíla Cathedral. Sendo chamado
a Roma pela Santidade de Xiílo V. o Car-
deal D. Rodrigo de Caílro Arcebifpo de
Sevilha o acompanhou, onde alcançada fa-
culdade defte Prelado para hir a Veneza
imprimir as fuás Obras Muíicas, depois de
recomendar a correçaõ delias a Jozè Zer-
tino Meílre da Capella de S. Marcos da
Senhoria de Veneza paflbu juntamente com
Francifco Sanches feu difcipulo a 14. de
Agofto de 1588. quando contava 60, de
idade a Jerufalem para viQtar os Santos
Lugares, que venerou com fumma piedade
no efpaço de cinco mezes, e cinco dias, che-
gando a Veneza a 19. de Janeiro de 1589,
donde fahira, de cuja jornada efcreveo huma
diílinta relação, que modernamente fe pu-
blicou com eíle titulo
Itinerário da viagem, que fe:^ a Jerufalem. Lis-
boa por Domingos Gonçalves 1734. 4.
FRANCISCO GUILHERME CASMAK
naceo em Lisboa a 4. de Outubro de 1569. e
teve por Pays a Nicolao Guilherme de naçaõ
Normando Capitão que militou na índia, Ca-
valleiro, e Guarda-Repoíla da Cafa Real, e a
Catherina Manrique Cafmak lingua da Rai-
nha D. Catherina mulher delRey D. Joaõ
o III. No CoUegio pátrio dos Padres Jefui-
tas eftudou as letras amenas, e as feveras
nas Univeríidades de Pariz, e Salamanca,
onde recebeo o grào de Doutor na Facul-
dade de Medicina. Foy muito douto naõ
fomente nas experiências phyíicas, mas nas
obfervaçoens Aftrologicas, fendo Cirurgião
da Cafa Real, e do Hofpital. Foy duas
vezes cazado, a primeira com Marta Nunes
de quem naõ teve fuceíTaõ, e a fegunda
com Seraíina de Abreu, e Gouvea, filha de
Álvaro da Cofta Moço da Camera delRey
D. Sebaíliaõ, e de fua mulher Francifca de
Abreu, de quem teve D. Catherina de
Abreu, que cazou com D. Álvaro Perei-
ra, de cujo conforcio naceo D. Maria Pe-
reira fua fobrinha, que cazou com D. Mi-
guel Pereira Coutinho. Chirurgus reffus no-
minatijfímus lhe chama Joaõ Soar. de Brito
Theatr. Lujtt. Utter. lit. F. n. 48. D. Fran-
cifco Manoel Carta dos AA.. Poríug. Jutil
como douto. Fr. Man. de Azeved. Correc. de
Abut^os. p. 456. O feu Retrato fe abrio em
Flandes por Pedro de Jode quando tinha
51. annos de idade, e na parte inferior tem
o feguinte epigramma
Gallia dat Pairem, Matrem Germânia, format
Cafiella ingenium, dat mibi Ijyfia opes.
Compoz
KelaçaÕ Cbirurgica de bum cajo grave em
que Juccedeo mortificar-fe bum braço, e cortar/e
com bom Jucceffo. Lisboa por Gerardo da
Vinha 1628. 4,
Almanacb prototypo, e exemplar com par-
ticulares epbemerides das conjunçoens, e afpeãos
dos Planetas, Eclypfes do Sol, e l^ua, e pro-
nojlicaçaõ de feus e ff eitos para o anno de 1645.
Lisboa por Pedro Craesbeeck 1644. 4.
Bracbilogia Aftrologica, e apocataftajis apo-
grapbica do Sol, e Ljm, e mais Planetas com
todos feus afpeãos, eclypfes, e pronojlicaçaõ de
feus e ff eitos para o anno 1646. Lisboa por Paulo
Craesbeeck 1646. 4.
Confultum Medicum. Sahio impreUo no
Tom. 3. Decif. Doâ:. EmmanueUs Themu-
do da Fonfeca. Decif. 287. UlyíTipone apud
Dominicum Lopes Rofa 1650. foi.
Exercitationes, fve ennarrationes Cbirurffca,
ó* examen Obfletricum M. S. Deíla obra faz
mençaõ na Relação Cbirurgica.
Tre;(entas e vinte narraçoens Cbirurgicas de
ca^os, que primeiro Ibe paffaraõ pelas maõs que
pela penna. M. S.
Experiências acompanbadas de muitos fege-
dos di^os de eflimaçaõ. M. S.
P. FRANCISCO HENRIQUES alum-
no da Illuílre Companhia de JESUS cujo
fagrado InHituto abraçou no Collegio de
Coimbra a 10. de Fevereiro de 1546.
e no mefmo anno partio para a ín-
dia, onde examinado o feu efpirito pelo
infigne Thaumaturgo do Oriente S. Fran-
cifco Xavier o mandou em o anno de
102
BIBLIO THE C A
1552. cultivar, quando era Superior da Re-
fidencia de Cochim, c Tanà, a Ilha de Sal-
fete, em que converte© muitos idolatras, ao
conhecimento da verdadeira Divindade. Le-
vantou em Travancor defenove Igrejas, e
regenerou em hum anno nas aguas do Bau-
tifmo a quinhentos meninos, que brevemen-
te foraõ transferidos à gloria celeftial. Con-
verte© hum Bramene chamado Sancaxi, a
quem impoz o nome de Ignacio em obfe-
quio do feu grande Patriarcha. Como ti-
vefle afliílido oito mezes na Cofta do Tra-
vancor, e naõ colhefle o fruto correfpon-
dente ao feu zelo, efcreveo a S. Francifco
Xavier, que o mandaíTe para terra em que
mais abundantemente fruftificaíTe a divina
palavra, a cuja fupplica refpondeo o Santo,
que continuaíTe na cultura a que fora def-
tinado pois nella fazia grande ferviço a
Deos. Nella perfeverou com indefeíTo tra-
Imlho atè acabar piamente a vida em o
anno de 1556. Delle fe lembraõ Souza
Orient. Conquijl. Part. i. conq. 2. Divif. 2.
§. 13. e 14. e Franco Ann. Glorio/. S. J.
in Lm/íí. p. 159. Efcreveo
Carta ejcrita de Tanà em 30. de Dezem-
bro de 1555. a Santo Ignacio em que lhe relata
os cojlumes de Jeus habitadores, e os bautijmos,
que fe tinhaõ feito. Sahio com outras ver-
tida em Italiano Venetin por Tramezzino
1559. 8.
P. FRANCISCO HENRIQUES natural
de Lisboa femelhante ao precedente, aflim
em o nome, como na Religião, e Noviciado,
em que recebeo a Roupeta a 26. de Mayo
de 1545. quando contava defenove annos
de idade. Ainda que naõ profeíTou o ef-
tudo das letras feveras foy ornado de tanta
capacidade, e talento que chegou a exercitar
os lugares mais honoríficos da Religião fen-
do Reytor do CoUegio de Santo Antaõ def-
ta Corte, Procurador Geral da índia, e Bra-
fil, e Prepofito da Cafa ProfeíTa de S. Ro-
que, cm cujo tempo manifeftou a fua ar-
dente charidade na Epidemia que fatalmente
devorou grande parte dos moradores de
Lisboa em o anno de 1569. naõ lhe fervin-
do de obftaculos três Carbúnculos caufados
pela pefte para deixar o exercício do feu
charitativo zelo em o remédio dos feridos
do contagio. Foy muito aíTiftente no Con-
feíTionario ainda quando jà a idade proveâa
o difpenfava de taõ laboriofo minifterio.
Cheyo de annos, e muito mais de mereci-
mentos, foy transferido à pátria celefte em
a Cafa de S. Roque a 16. de Março de
1590. Delle fe lembraõ com louvor Bib.
Societ. pag. 231. col. i. Franco Imag. da
Virt. em o Noi/. de Coimb. Tom. 2. liv. 4.
cap. 29. e pag. 616. e no Ann. Glor. S.
J. in Ijifit. p. 158. & in Afinal. S. J. in
Lu/t. p. 152. §. 2. Telles Chron. da Comp.
de JESUS da Prov. de Portug. Part. i. liv. i.
§. 8. Efcreveo
Carta efcrita 5. de Der(embro de i^-ji. aos
Padres AJfiJlentes em Koma em que relata larga-
mente o gloriofo martyrio do Padre Pedro Dias,
e feus companheiros em os mares do Brajil a 13.
de Setembro de 1571. Neapoli por Jofeph
Cochia 1572. Sahio vertida em Latim pelo
Padre Manoel da Cofta Kerum à Societate
in Índia gejlar. Colonise apud Gervinum Ca-
lenium 1574. 8. a pag. 462. e por MafFeo
Epifi. Indica no fim Epifl. 2. Defta Carta
faz memoria o P. Mathias Tanner Societas
JESUS ufque ad fang. cb* vit. profuf militans
pag. 175.
Conjlituiçoens das Keligiofas do Seráfico Con-
vento de Santa Marta de Lisboa. Efta obra
compoz por infinuaçaõ do Arcebifpo de
Lisboa D. Jorge de Almeyda, e delia,
como do feu Author faz mençaõ o Padre
Telles Chron. da Companhia de JESUS. Part.
2. liv. 4. cap. 40. §. 8.
FRANCISCO HENRIQUES cuja pátria,
e género de vida, e eftudos fe ignoraõ. Efcre-
veo conforme diz António de Lcaõ Bib. Orien-
tal, e feu moderno addicionador Tom. i . Tit.
7. col. 117. dizendo que Nicolao António tra-
zia a efte Author nas Addiçoens, que prepa-
rava para a Bibliotheca Hifpan. quando já faz
delle mençaõ no Tom. 1. pag. 330. col. i.
Relação da China.
Fr. FRANCISCO HENRIQUES na-
tural de Lisboa, cm o Rcyno de Caftella
recebeo o Habito militar de Nofla Se-
nhora da Mercê diftinguindo tanto o feu
LUSITANA.
IÓ3
talento nas efcolas, que chegou a fer Lente
de Prima de Theologia em a Univeriidade
de Valladolid. Foy hum dos iníignes Ora-
dores Evangélicos do feu tempo, e muito
douto na liçaõ da Sagrada Efcritura, e
Santos Padres, como publicaõ as obras fe-
guintes.
Oraciones Panegyricas j excellencias de los
Santos. I. Tom. Madrid en la Typografia
Real. 1634. 2. Tom. 1636. 4.
Difcurfos morales a los Evangelios de la Qíia-
refma i. Tom. Madrid. 1638. 2. Tom. 1639.
Difcurfos morales a los Evangelios dei A.dviento.
Madrid. 1644. 4.
Sucejfos militares Valência. 1637.
In Canticum Canticorum 2. Tom. M. S.
De metu Judaortim. M. S.
boa na Oííidna Sylviana, e da Acad. Real
1744. He huma douta, e forte inveíHva
contra a precipitada refoluçaõ, com que
ElRey D. loaõ o II. mandou degollar ao
Duque de Bragança D. Fernando. Efta
obra, de que fazem mençaõ, como de feu
Author Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag.
331. col. I. Fonfec. Évora Gloriof pag. 411.
e o Padre Souza Hifi. Genealog. da Caf!^. Real
Port/íg. Tom. 5. liv. 6. pag. 451. he ornada
de todo o género de erudição em que era
o Autor fummamente verfado, e fahio em
CaíleUiano com efte titulo.
Defacierto de Príncipes. Salamanca por Ja-
cinto Taberniel. 1628. 8. Começa. Difponen
nueflros eflatutos. Acaba. Rey de tan colmados
aciertos.
FRANCISCO HOMEM filho de Pedro
Homem Eílribeiro mòr delRey D. Manoel,
cujo honorifico cargo exercitou no tempo
deíle Monarcha, de que faz memoria o Pa-
dre Souza Hifl. Gen. da Cat^a Real Portug.
Tom. 3. pag. 208. Foy muito appHcado à
Poefia, de cuja Arte deixou muitas produ-
çoens, lendo-fe algumas impreflas no Can-
cioneiro geral de Garcia de Resende. Lisboa por
Hermaõ de Campos 15 16. foi. a foi. 196.
FRANCISCO HOMEM DE ABREU
natural de Évora, igualmente famofo nas
letras feveras, fendo grande Jurifconfulto,
agudo FUofofo, e profundo Theologo,
como em as amenas, lendo os preceitos da
Gramática, e Rhetorica em Ledefma, e
Medina dei Campo, com o eíUpendio an-
nual de quinhentos cruzados, e ultimamente
Cathedratico de Prima de Humanidades por
nomeação de Filippe IV. em a celebre Uni-
verfidade de Salamanca, onde elegendo em
o anno de 1628. por argumento das liçoens
Académicas as Epiílolas de Horácio fobre
aquelle verfo. Ouidquid delirant Reges pleãun-
tur Achivi compoz a feguinte obra.
Cholobulemanaãion, id ejl Prceceps judi-
cium Principum. Salmanticae apud Hyacin-
tum Taberniel 1628. 8. e no Tom. 3.
das Provas da Hifl. Genealog. da Ca^a
Real Portug. a pag. 655. até 771. Lis-
FRANQSCO JACOME valerofo Solda-
do, que no anno de 1541. acompanhou ao
infigne Capitão D. Chriílovaõ da Gama,
mais illuílre pelo fangue derramado em
obzequio de Chrifto, do que por aquelle,
que herdou de feus famofos Afcendentes,
quando entrou no Império da Ethiopia.
Sucedendo no poílo de Capitão ao celebre
lorge Nogueira, foy gloriofo inílrumento de
que Malafeguet Emperador da Etiópia trium-
fafle no anno de 1577. de Robus Mamed
Rey de Adel, que com hum formidável
exercito entrou devaílando as principaes ter-
ras daqueUe vaílo Império, ao qual fe op-
poz Francifco lacome com tanto esforço,
que obrigou a huma parte de taõ grande
corpo fe entregalTe a huma vergonhofa fu-
gida, e outra ficaíTe prifioneira, entrando
neíle numero três filhos do Capitão Noor,
que tinhaõ morto ao Emperador Qaudios,
aos quaes mandou degollar feu filho, que
lhe fucedeo no trono Imperial. Neíla Ba-
talha fe recolherão por defpofos de mayor
eítímaçaõ o capacete, e faya de malha do
infigne D. Chriílovaõ da Gama. Para naõ
caducar em a poíleridade acçaõ taõ gloriofa,
efcreveo Francifco lacome.
Relação da vitoria alcançada na Etió-
pia no me^ de Det^embro de i^jj. contra
ElRej de Adel. M. S. De cuja obra faz
mençaõ o Padre Fernando Guerreiro nas
IÓ4
BIBLIO THECA
Addiçoens da Re/açaõ da Etiópia dos annos
1607. e 1608. cap. 13. pag. 343. v.°
Carta a E/Rey D. SebaJliaÕ efcrita a ii. de Ju-
lho de 1567. confervafe no Archivo da Ca2a
profefla de S. Roque.
Cartas varias efcritas em pergaminho fe
confervaõ no Archivo do Collegio dos Pa-
dres lefuitas de Coimbra, como affirma o
Padre Telles Hiji. da Etiop. Alt. liv. 2.
cap. 25. havendo já feito memoria do Au-
tor no cap. 19. do mefmo livro. 2.
FRANCISCO lANAREA DA MATHA
vcjafc Fr. ATHANASIO DA ENCARNA-
ÇAM.
Fr. FRANCISCO DE lESUS Eremita
de Santo Agoftinho, e Capellaõ do Santuá-
rio de N. Senhora do Monte junto do Con-
vento da Graça deíla Corte, cujo miniílerio
exercitou defde o anno de 1602. até 161 3.
Efcreveo.
Milagres, que fev^ a Senhora do Monte até
o Jeu tempo, e os de S. Gens. Conferva-fe
M. S. na Livraria do Convento da Graça
de Lisboa.
FRANCISCO DE lESUS MARIA lO-
SEPH Terceiro Secular da Ordem de S.
Francifco, e muito inclinado aos exercidos
de piedade, e devoção, publicou.
Breve compendio, e direcção para o Santo
exercido da OraçaÕ Mental. Lisboa por Pedro
Ferreira. 1729. 8.
Fr. FRANCISCO DE lESUS MARIA
SARMENTO chamado no feculo Fran-
cifco Sarmento de Moraes filho de Fran-
cifco Xavier de MarÍ2 Sarmento, e The-
reza Nunes de Moraes nafceo na Villa
do Seixo do Bifpado de Coimbra Pro-
vedoria da Guarda, e na Parochial Igre-
ja de S. Pedro recebeo a graça bau-
tifmal a 12. de Setembro de 171 3. Quan-
do contava nove annos de idade eftando
jà fuficientemente inílruido em os precei-
tos da lingua Latina paíTou à Univerfida-
de de Coimbra, e tal foy o progreíTo que
fez a fua applicaçaõ aos eftudos feveros de
Filofofia, e Jurifprudencia, que naõ exce-
dendo dezafete annos recebeo o gráo de
Meftre em Artes, e de Bacharel em Direito
Qvil. Penetrado das apoftolicas vozes de
Fr. Manoel de Deos infigne MiíTionario do
Seminário de Varatojo fe refolveo a deixar
o mundOj e feguir o eftado Religiofo, como
mais feguro para alcançar a falvaçaõ, e
entre todos elegeo o Seráfico Inftituto da
Ordem Terceira da Penitencia, recebendo o
Habito no Convento de N. Senhora de JE-
SUS de Lisboa a 16. de Julho de 173 1.
Depois de eíludar Theologia conhecendo
os Superiores o grande talento, que tinha
para o Púlpito, fe lhe paíTou Patente de
Pregador no Capitulo celebrado em Lis-
boa a 27. de Julho de 1737. de cujo Sa-
grado Minifterio tem publicado as feguin-
tes produçoens.
Sermão de S. JoaÕ Francifco Kegis da Sa-
grada Companhia de JESUS Pregado no dia
fexto do Ouãavario com que celebrou a Canoni-
:(açaÕ do mefmo Santo a Keligiojijftma Ca:(a Pro-
fejfa de S. Roque. Lisboa na Officina da Mu-
fica 1739. 4- ^ ^^^ po' Domingos Gonfalvcs
1739. 4-
Sermaõ Panegirico Gratulatorio prlgado na
Fejla de Nojfa Senhora da Atalaya, e R*-
medios, que na Real Igre/a de N. Senhora
da Conceição dos Frejres da Ordem de Chrif-
to em dia da ExpeííaçaÕ lhe confagra todos
os annos o Tribunal da Alfandega. Lis-
boa por António Corrêa de Lemos. 1 640. 4.
Sermão do Defagravo do Santijftmo Sa-
cramento em o terceiro dia do Solemnijftr-
mo Triduo, que a Regia Irmandade dos Ef-
cravos do mefmo Senhor celebra annualmente
em o magnifico Templo de S. Vicente de
Fora. Lisboa por António Corrêa de Le-
mos 1741. 4.
Sermaõ do Serafim de AJfts o Patriarcba
S. Francifco, pregado em ofeu Convento de NoJJa
Senhora de JESUS dos Cardaes de Lisboa fÍTc.
Lisboa por Domingos Gonfalves. 1741.
Sermaõ Panegyrico da milag^ofa Imagem
do Santo Chriflo Crucificado Proteãor da Ir-
mandade das Almas, Morte, e OraçaÕ em dia
da Invenção da Crus^ concorrendo a Afc9i$faõ
do Senhor no mefmo dia na Parochial Igreja
de S. Miguel. Lisboa por Jozè da Sylva
da Natividade. 1742. 4.
L U SITAN A,
i65
I
Fr. FRANaSCO DE S. JERÓNIMO
Naceo em a Cidade de Évora a 4. de Mar-
ço de 1692. onde teve por Pays a Pafchoal
da Sylva Garcia, e a Maria Rodrigues da
Sylva. Applicoufe à Arte da Muílca em a
Qauílra da Cathedral da fua Pátria, onde
teve por Meftre a Pedro Vaz Rego iníigne
profeíTor deíla faculdade armonica, de quem
fe fará mençaõ em feu lugar. Recebeo o
Habito de S. Jeronymo no Convento do
Efpinheiro em o anno de 171 5. e renovou
a profiflaõ no Real Moíleiro de Belém a
25. de Novembro de 1728, onde exercita
o lugar de Meílre da Capella, fendo as
fuás obras muíicas muito eftimadas, aíTim
pela novidade da idea, como pela fuavidade
da confonancia, das quaes muitas fe con-
fervaõ na Bibliotheca Real da Mufica, ou-
tras correm pelas mãos dos curiofos com
grande eílimaçaõ. As principaes, que tem
compofto faõ as feguintes.
Kefponforios das Matinas de S. Jeronymo
a quatro Coros com todo o género de
Inílrumentos.
Kefponforios das mefmas Matinas a 4. de Ef-
tante fobre o Cantochaõ.
Kefponforios da Semana Santa.
Kefponforios das Matinas do Ej;angelijia S.
JoaÕ, que fe cantarão no Convento de Évo-
ra dos Cónegos Seculares do Evangeliíla.
Mijfa de %-Vof(es obrigadas. Obra de grande
artificio.
Te Deum Landamtis fundado fobre o Can-
tochaõ.
Hymnos do Efpirito Santo, S. Jeronymo,
Santos Martjres, e Confejfores. a 4. fobre o
Cantochaõ.
Pfalmos de Vefperas, e Completas a 8.
Vozes.
Motetes, e Vilhancicos a diverfos aíTumptos.
FRANCISCO JOZE' DA CAMARÁ DE
VASCONCELLOS Naceo em Lisboa no
anno de 1689. fendo filho de Braz de
Ornellas da Camera Fidalgo da Caza Real,
e das principaes, e mais qualificadas famí-
lias da Ilha Terceira, como efcreve o Pa-
dre António Cordeiro Hifl. Inful. liv. 6.
cap. 21. Nos feus primeiros annos fe ap-
plicou às letras humanas em o Collegio de
Santo Antaõ atè o anno de 1703. em que
paíTou à Univerfidade de Coimbra, onde de-
pois de frequentar as Aulas de Filofofía,.
e Jurifprudencia Canónica, fe refolveo no
anno de 1707. a antepor a vida militar à
litteraria, fentando praça no Regimento da
Armada chamado hoje da Marinha com o
qual fez varias Campanhas na Província do
Alentejo em 1708. e 1709. Defte ultimo
anno por diante começou a embarcar nas
Fragatas de Guarda Cofta, e Comboyos das
Frotas Portuguezas occupando os poílos
fubaltemos, que Uie foraõ conferidos em
attençaõ ao brio, e valor, que fempre of-
tentou, atè que foy provido em Capitaã
de mar, e guerra, em cujo exercido fempre
dezempenhou por diverfas occafioens a obri-
gação do feu nafcimento. Nunca o eílron-
do das armas lhe impedio o comercio das
fdencias, cultivando com mayor aplicação-
as difciplinas Mathematicas, como mais con-
ducentes para as direçoens da fua profilfaõ-
militar. Falleceo em Lisboa a 17. de Agof-
to de 1742. Compoz.
DiJfertaçaÕ contra as Memorias Militares de-
António do Couto na qual em nome dos
Difcipulos da Aula da Navegação fe con-
futaõ os erros das ditas ívíemorias. Lis-
boa por Miguel Rodrigues 1733. 4. Sahio
fem o feu nome em o livro Intitulado Vi-
dência Apolegetica, e Critica fobre o 1. e z. To-
mo das Memorias militares de António do
Couto &c. e a diíTertaçaõ prindpia da pagina
168. por diante.
Tratado da Náutica, e exercidos militares^
que deve faber todo o Oficial da Marinha.
M. S. 4.
FRANQSCO JOZEPH FREYRE Naceo
em Lisboa a 3. de Setembro de 1 719. onde teve
por Pays a Joachim Freyre Bellas, e Joanna
Maria Joaquina Corfíni. No Collegio Pá-
trio de Santo Antaõ eftudou as letras ame-
nas, em que fahio egregiamente verfado,
aífim nos preceitos da Oratória, como na
Arte da Poefia Latina, para cuja compre-
hençaõ concorre© a fua natural viveza acom-
panhada de continuo eftudo. Igual pro-
i66
BIB LIOTHE CA
greflb fez o feu difvelo em as dificulda-
des da Filofoíia, que ouvio em o Conven-
to dos Padres Theatinos defta Corte, co-
mo também na intelligencia das linguas
Italiana, e Franceza, e em todo o género
de erudição fagrada, e profana, como tefte-
munhaõ as obras feguintes, primícias do feu
florente engenho.
Plaufíis Tagi qiio Excellentijftmorum, <& Rí-
verendijfimorum D. D. Didaci de Almeyda
Portugal, <& D. Francifci de Almeyda Majca-
renhas San£ta Ecclejia Occidentalis Vrincipum
triumphu, <& pojjejfwnem loci in ipfa Santa
Ecclejia celebravit, poeticè defcriptus. UlyíTipone
apud Antonium líidorum da Fonfeca 1739.
4. Confia de 712. verfos heróicos.
Vida do Venerável Padre Bartholomeu do
J^uental Fundador da Congregação do Oratório
nos Rejnos de Portugal, ejcrita na lingua La-
tina pelo P. ]ov(eph Catalano, e expofta no
idioma Portugue:^. Lisboa por António líi-
doro da Fonfeca. 1741. 8.
Epigranimatum Centúria. UlyíTipone apud
Antonium Ifidorum da Fonfeca. 1742. 8.
Elogio de D. Francifco Xavier Mafca-
renhas Cavalheiro Profejfo da Ordem de
Chrijlo, Coronel, que foy de hum dos Rí-
gjimentos de Marinha, e Commandante da
Ef quadra que em o anno de 1740. foy
para o EJlado da índia. Lisboa pelo dito Im-
preíTor. 1742. 4.
Relação verdadeira do formidável Terremoto
que padeceo a Cidade de L,iorne em 16. de Ja-
neiro de 1742. Lisboa por António líidoro
da Fonfeca 1742. 4. fahio com o nome de
Fernando Jozè Freyre.
AuguJliJfimcB Domina D. D. Maria The-
rejia Wolburg, Hungaria, e>* Bohemia Re-
gina, Pia, Felicis, Inviãa, vera effigies ce-
lebratur Confta de trinta Epigrammas. Ulyf-
fipone Typis Antonii Ifidori à Fonfeca.
1743. 4.
Carta Apologética em que fe mojlra, que
naõ he Author do livro intitulado Arte de Fur-
tar o injigne Padre António Vieyra da Com-
panhia de JESUS. Lisboa na Regia Oííicina
Sylviana, e da Academia Real. 1744. 4. Sa-
hio fem o feu nome.
EJoffo Latino de eftylo Lapidario com
dous Epigrammas em aplauzo do P. Mef-
tre Fr. Joaõ de N. Senhora Religiozo Me-
nor da Província dos Algarves, e feu Cho-
ronilla. foi. Naõ tem anno da edicçaõ.
In Laudem Domini Joannis Rodrigues Cha-
ves Sacrorum Annalium Chronologicorum polu-
men primum in Incem edentis Elegia. Confta
de 60. Dyftichos.
Excellentijfimus, ac Reverendijftmus D. D.
Jofephus Dantas Barbo/a Archiepifcopus Lace-
damonienjis Emminètijfimi D. D. Thoma Car-
dinalis Patriarcha Coadjutor in Sacrofanêía Ba-
Jilica Patriarchali cõfecratur. Epigramma. Cõfta
de 6. Dyftichos.
Emminentijftmo, ac Reverendijftmo Principi
D. D. Jacobo ex Comitibus Oddi, ^ Luji-
tania Regnis, ac Dominiis Legato ApoJlo-
lico nunc Sacro Purpuratorum Patrum Nu-
mero ad/cripto. Epigramma. Confta de 5.
Dyftichos.
Tradução Latina, que conjla de 7. DiJ-
tichos do Soneto compojlo pelo Desembarga-
dor Lui::^ Borges de Carvalho, à morte do
ExcellentiJftmo Conde da Ericeira D. Fran-
cifco Xavier de Mene:(es, que principia. O'
dura pedra, ò Conde da Ericeira. Sahio
efta tradução no Ob/equio Fúnebre, e par-
ticular á faudofa memoria do dito Conde.
Lisboa por Jozè da Sylva da Natividade.
1744. 4.
O Secretario Portuguet(^ compendiofamente inf-
truido no modo de ejcrever Cartas por meyo de
huma injlruçaõ Preliminar, re^as de Secreta-
ria, Formulário de Tratamentos, e hum grande
numero de Cartas com todas as efpecies, que
tem mais u!(p. Lisboa por António líidoro
da Fonfeca. 1745. 4.
Elogio de Jo^è de Sou!(a Académico Ano-
nymo de Lisboa. Lisboa pelo dito impref-
for 1745. 4.
EJoffo do M. R. P. Mejire Fr. Caetano
de S. Jo^è Carmelita Defcaljo. Lisboa na Re-
gia Officina Sylviana 174 j. 4.
Eloffo do ExcellentiJftmo, e Reverendijftmo
Senhor D. Francifco de Almeyda Mafcarenbas
Principal da Santa Igreja de Lisboa. Lisboa
por Ignacio Rodrigues 1745. 4.
Segundo Elogio na morte do ExcellentiJft-
mo, e Reverendijftmo Senhor. D. Francifco de
Almeyda &c. Lisboa na Officina Sylviana,
e da Academia Real 1745. 4.
L US 1 TAN A.
ÍÒJ
OBRAS M. S.
Panegyrico das Glorio/as acçoens da Vida
do 'Eminentiffimo, e Keverendijfimo Senhor Car-
dial Patriarcba primeiro de Lisboa. 4. Con-
fervafe na fua Livraria.
ExcellentiJJimo, ac KeverenSJftmo D. D. Cae-
tano Urjino de Cavalleriis Archiepijcopo Tarfenfi,
<& in Ijijitanicis Regnis Nuntio Apoftolico,
Poema Panegyricum. Coníla de 700. verfos
heróicos. Principia
Ille ego, qui Pindi numquam penetrare recejjus
Aufus;
Acaba.
Semper honore meo, femper celehrabere cantu
Homilias do Papa Clemente XI. fradtn^idas
de Latim em Portugue^. 4. Promptas para a
impreíTaõ.
Keflexoens ao Pfalmo Miferere mei Deus
tradufidas de Italiano em Portuguez. 8.
Memorias Hijloricas de Lisboa nas quaes
fe ejcrevem os Llogios dos Reys, Príncipes,
e Cardiaes, Arcebifpos, Bifpos, Varoens Dou-
tos, Capitaens llluftres, que naceraõ nefia Ci-
dade.
Theatro Genealógico da llluftrijfima Cat^a
de Almeyda. He huma Arvore Genea-
lógica de Nonos Avós do Conde do La-
vradio D. António de Almeyda. foi.
Grande.
Lucubrationes Poética, five Poemata, <& Ele^a
Sacra, <& prophana, 4. M. S.
Lyra Pafioritia Lcloga fex. 8. M. S.
Scanderbech. Opera, que fe reprezentou em
o arino de 1737.
De Bem para melhor. Comedia traduíida
de Italiano em Portuguez. Reprezentada no
dito anno.
Lúcio Papirio. Opera traduzida de Ita-
liano. Reprezentada no anno de 1737.
FRANCISCO JOZEPH SARMENTO
Fidalgo da Caza Real Cavalleiro Profef-
fo da Ordem de Chriílo Sargento mòr
do Regimento de Dragoens da Provín-
cia Tranfmõtana naceo na Cidade de Bra-
gança onde teve por Pays a Pedro Fer-
reira de Sá Sarmento Coronel de Dra-
goens, e a D. Jeronyma de Macedo. Da
efcola militar de feu Pay naõ fomente fahio
inílruido nas máximas de taõ grande Arte„
mas herdeiro do feu valor, que mamfeílou
em varias occaíioens, que lhe adquirirão in-
íigne fama ao feu nome. Parecendo-lhe pe-
queno facrificio para a Pátria o que tinha
obrado com a efpada a illuílrou cõ a penna
efcrevendo.
InfiruçaÕ militar para o fervilho da Cavalla-
ria, e Dragoens. Lisboa na Officina Ferrei-
riana 1723. 4.
FRANCISCO JOZE' IGNACIO DE VAS-
CONCELLOS veja-fe P. MANOEL TA-
VARES.
FRANCISCO JOZE' MONTEIRO NA-
YO naceo em a Villa de Setúbal a 17. de
Abril de 171 1. fendo filho de Thomè Fran-
co Monteiro, e Margarida Paula de Oli-
veira. Havendo aprendido os primeiros ru-
dimentos na pátria frequentou as Univer-
íidades de Évora, e Coimbra eítudando em
a primeira FUofofia, e em a fegunda Di-
reito Pontifício em cuja Faculdade recebeo
o grào de Bacharel no anno de 1738. com
applaufo dos feus Meftres. Ordenado de
Presbítero exercita o miniílerio de Advo-
gado de Caufas Forenfes na fua pátria, fen-
do igualmente applaudido pela fcienda ju-
ridica, como pela veya poerica, principal-
mente em o eílilo cómico de que tem
compoílo as feguintes obras
Todo es engano Amor. Comedia
Defdicha, y amor es una cofa, y parecen
dos. Comedia
£/ amante de fu hermana. Comedia
Do!(e Loas em applaufo de diverfos Santos,
que fe reprefentaraõ em diverfos Conventos
de Religiofas.
D. Quixote renacido. Farça jocoferia.
Oração Académica Problemática, recitada em
a Cidade de Évora no anno de 1730.
Poema amorofo de Lijoardo, e Arminda, divi-
dido em 6. cantos. M. S. 4.
D. FRANCISCO LA\TSIES chamado
no Século Franclfco Troyano filho de
Pedro Troyano, e Anna Maria Neto na-
ceo em Lisboa, e quando contava defa-
i68
BIBLIO THE CA
féis annos de idade fe aliílou na Compa-
nhia de JESUS em o Noviciado da fua
Pátria a i6. de Outubro de 1672. Depois
<lc eíludar as fciencias mayores no Collegio
<le Coimbra em que fez patente o ílngular
engenho de que era dotado fe acendeo em
fervorofos dezejos de pregar o Evangelho
no Reyno do Malabar, e alcançando facul-
dade dos Superiores partio para a índia
no anno de 1681. com o P. Francifco Sar-
mento. Tanto que chegou a Goa pouco
foy o intervallo de tempo que correo para
fe introduzir no lugar deílinado aos feus
apoftolicos miniílerios fendo a Reíldencia de
Catur em Madure o primeiro theatro em
que padeceo com animo imperturbável ter-
ríveis moleftias em beneficio daquella Chrif-
tandade. Naõ foraõ menores as perfegui-
çoens que experimentou no Reyno do Ma-
ravà onde tinha derramado o fangue por
Chrifto o V. P. Joaõ de Brito pois aíTiíHndo
a eíla Chriílandade dous annos, nos quaes
bautizou treze mil, e feifcentas almas, he
incrível quantas injurias ouvio dos Brâma-
nes, e de quantos perigos o falvou a pro-
tecção divina. Tendo exercitado com tantos
trabalhos o minifterio de MiíTionario pelo
dilatado efpaço de vinte e dous annos foy
deito Procurador à Cúria Romana para tra-
tar negócios de graves confequencias. Che-
gou a Portugal no anno de 1704. e partin-
do para Roma foy recebido com afefto pa-
ternal pelo Geral Miguel Angelo Tamburi-
no onde concluídas as dependências, que
o conduzirão de partes taõ remotas, voltan-
do a Portugal fe vio naufragante junto a
Málaga. Chegado a Lisboa como fofle eleito
Bifpo de Meliapor para fucceder ao P. Gaf-
par Affonfo o fagrou no Collegio de San-
to Antaõ a 18. de Março de 1708. o Emi-
nentinimo Cardeal Nuno da Cunha, c At-
taide Capellaõ mòr, e Inquifidor Geral. Par-
tio para a índia com alguns companheiros,
c depois de experimentar vários perigos na
jornada aportou a Moçambique a 23. de
Março de 1709. e a Goa a 25. de Setem-
bro havendo defefete mezes, que fahira de
Lisboa. O zelo em que fe abrazava em
beneficio das almas lhe naõ permitio a me-
nor demora para entrar em Meliapor onde
perfeguido pela malevolenda de hum Go-
vernador Gentio foy obrigado a peregrinar
fora do feu Bifpado atè que vencidos di-
verfos obílaculos exercitou as obrigaçoens
paftoraes com inexplicável jubilo do feu co-
ração bautizando a cincoenta mil Gentios,
ungindo com o fagrado crifma a innumc-
raveis Neófitos, e extendendo-fe a activi-
dade do feu apoftolico ardor defde o Cabo
de Comorim atè os confins da China. Ten-
do acabado a vifita das Igrejas do Reyno
de Bengala fe recolheo à Cafa de Chan-
dernagor para tomar os exercícios de Santo
Ignacio quando ao terceiro dia eílando ce-
lebrando MiíTa foy acometido de taõ violen-
ta enfermidade que lhe naõ permitio acabar
o Sacrifício, e com tanta intenção fe agra-
vou, que brevemente o privou da vida a
II. de Junho de 1715. Foy univerfalmente
lamentada a fua morte fervindo-lhe as la-
grimas, e fufpiros de eloquentes Panegy-
riílas das fuás virtuofas acçoens de que faz
larga memoria o P. António Franco Imag.
da Virtud. em o Colleg. de Coimh. Tom. 2.
pag. 713. atè 743. e na Imag. da Virt. em
o Nov. de Lisboa pag. 968. e no A/tn. Glor.
S. J. in Luftt. pag. 369. & 778. O P.
Joaõ Bautifta Duhalde na Epiftola Dedicató-
ria do Tom. 12. des Loires edifiantes, e Curieu-
fes lhe faz o feguinte elogio Cejtoit un
Prelat qtà remiffoit en Ja perfone toutes les
virtus religieujes, e epifcopales. Marangoni The-
^atir. Paroch. Tom. 2. pag. 54. Vir in ec-
clejiajlicis funãionibus diu verfatus, e>* frequens,
gravis, <ò' prudens uju reriim prajlans. Com-
poz
Def enfio Indicarum Mijftonum Madurenfis nem-
pe Mayfurenfis, (& Camatenfis edita ocafione De-
creti ab llliifirijftmo Domino Patriarcha Antio-
cheno D. Carolo Maylard de Toumon Vifitatore
Apofiolico in Indiis Orientalibus. Ronuc Ty-
pis Reverendae Camerx Apoftolicse. 1707. 4.
e naõ em 17 10. como efcreve o moderno ad-
dicionador da Bib. Orient. de António de Leaõ.
Tom. I. Tit. 3. col. 85.
Carta efcrita de Madftre aos Padres da Com-
panhia Mijfionarios á cerca da morte do Ven. P.
Joaõ de Brito. He muito larga. Sahio tradu-
fida em Francez nas Letres Edifiantes, e Curim-
fes. Tom. 2. defde pag. i. atè 56.
L USITAN A.
FRANCISCO LEITAjVI natural do lugar
de Manteigas da Diocefe de Coimbra Doutor
na Faculdade de Direito Cefareo, da qual mof-
trou a vafta noticia na obra feguinte
Allegaçoens que fet^ para informação da fua
jujiiça na caufa em que o acuja o Doutor Fran-
cífco Vaz de Gouvea. Lisboa por António
Alvares 1618. foi.
P. FRANCISCO LEITAM natural de
Caftello de Vide do Bifpado de Portalegre
em a Província Tranílagana, e filho de Pe-
dro Gonçalves, e Margarida Fernandes.
Quando contava defefeis annos de idade re-
cebeo a Roupeta de Jefuita em o Collegio
de Évora a 20. de Novembro de 1647. e
profeflbu folemnemente a 15. de Agofto de
1667. Na Academia Eborenfe naõ fomente
aprendeo as letras amenas, e feveras, mas
as diétou com grande applaufo fendo nellas
laureado com as iníignias doutoraes de
Theologo. Foy mandado a Roma para Re-
vifor dos livros da Companhia cuja incum-
bência exercitou vinte annos approvando os
alheyos, e compondo os que deixou efcritos
para eterno teftemunho da fua profunda
litteratura, ou foíTe na Theologia Efpecula-
tiva, e Polemica, ou na Hiíloria Eccleíiaftica,
e Secular. Foy ornado de natural bondade,
e de coftumes innocentes por cujos dotes
conciliava o affefto de todos os que o tra-
tavaõ. PaíTou da vida caduca para a eterna
em Roma a 11. de Setembro de 1705. Delle
fazem illuftre memoria Franco Imag. da Vir-
tud. do Nov. de Evor. pag. 864. e Ann.
Glor. S. J. in 'Lujit. pag. 524. & in Annal.
S, J. in Ljijit. pag. 419. §. 3. e Fonfec.
Iijvor. Glor. pag. 450. Compoz
Kemedio de peccadores, exercido de Jujlos.
Contem duas partes a i. trata do exercido da
ConfiffaÕ. A. z. do exercido da Comunhão. Évora
na Oííicina da Univeríidade. 1678. 8.
Opufculum de Hebrao convião in quatuor lihros
divijum. Primus liher de Mejfta credendo ut Deo,
'Ò' homine. Secundus de fignis veri Mejfia, qui efi
Salvator nofter B. Virginis filius. Tertius de dubiis
qua Judai opponunt Chrijiianis. Quartus de He-
hrao convicto. Roma; per Joannem Jacobum
Komarek 1693. 4.
169
Impenetrabilis Pontifícia dignitatis Clypeus
in quo vera doãrina de potejlate Summi Pon~
tificis Komani indubitate fupra omnia Con-
cilia, <& generalia, <& legitime con^egata, ó*
de ejujdem infallibilitate in rebus ad fídem,
more/que fpeãantibus tam intra, quam extra Con-
cilium definiendis demonftratur per argumenta
defumpta ex facra Scriptura, dT Concilijs Uni-
verfalibus, & particularibus, ex facris Canoni-
bus, ex SS. PP. tam Grads, quam Luitinis,
(Óf ex rationibus Theologids. Item de potejlate
Concilij Univerfalis legitime fupra Papam du-
bium, feu Antipapam, (ò^ in cafu Scbifmatis
juxta veram Condlij Conflantienfis explicationem.
Romse apud eúdem T}^ographum 1695. foi.
Synopfis de Ecclejia militante compleãens
partes duas. Prima efl de vera Ecclejia,
<ò' ejus notis, ac infigiibus in qua folum
regula Fidei prafens, ac viva reperiri po-
tefl. Secunda omnia fchifmata, qua per de-
feãum conformitatis ad illam Rfgulam ab
exórdio nafcentis Ecclefia ad noflrum ufque
tempus nata, (ò" per eamdem regulam penitus
extinãa narrantur. Romac apud Antonium de
Rubeis. 1699. foi.
De Conceptione Deipara.
De Opinione probabili.
Vida de S. Francifco Xavier.
Eílas obras M. S. eftavaõ promptas para
a ImpreíTaõ, e delias faz memoria o
P. Francifco da Fonfeca Fvor. Gloriof.
pag. 430.
FRANQSCO LEITAM FERREIRA na-
ceo em a Qdade de Lisboa a 16. de
Mayo de 1667. fendo feus progenitores
Manoel Leitaõ Ferreira defcendente da
Familia dos Leitoens da Villa da Cer-
tãa de quem efcreve JMiguel Leitaõ de
Andrade na fua Mifcellanea Dialog. 20.
e Mariana da Fonfeca. Sahio à luz do
mundo com tal debilidade que foy pre-
dfo que fe lhe conferiíTe o Bautifmo
em caza a 19. de Mayo dia confagrado à
Afcençaõ de Chrifto, e no Domingo da
Pafchoa do Efpirito Santo 29. do dito
mez recebeo folemnemente na Parochia de
S. Paulo os Santos Óleos, e depois o
Sacramento da Confirmação do Arcebif-
170
BIBLIO THE C A
po de Lisboa D. LuÍ2 de Souza. Chega-
do à idade capaz de fe inílruir com as le-
tras humanas, e fagradas aprendeo os ru-
dimentos da latinidade, em que fahio in-
figne com o P. Domingos Ribeiro Pref-
bytero de inculpável vida, e conhecida fciè-
cia, e ouvio explicadas as fubtilezas da
Filofofia Peripatetica por Fr. Simaõ da Af-
fumpçaõ em o Convento do Carmo em que
fez taes progreíTos a fua viva penetração, que
defendeo Conclufoens publicas de Phyfica
a 21. de Janeiro de 1691. Continuou a
carreira dos feus eftudos efcholafticos em
o mefmo Convento aprendendo Theologia
pelo efpaço de dous annos com os Meílres
Fr. Manoel de Santa Catherina, que depois
foy Bifpo de Angola, e Fr. Manoel Caldei-
ra, o primeiro Lente de Prima, e o fegundo
de Vefpera. Refoluto a feguir a vida Ec-
cleíiaílica fe ordenou de Presbjrtero cele-
brando a primeira MiíTa no fumptuofo Tem-
plo de N. Senhora do Loureto fendo feu
Padrinho o IlluftriíTimo D. Jorge Cornaro
Arcebifpo de Rhodes Núncio ApoftoUco
neftes Reynos donde foy aíTumpto à Pur-
pura Romana. Efte Prelado atendendo à
integridade dos feus coíhimes o admitio ao
numero dos feus familiares o que jà tinha
feito feu anteceíTor em a Nunciatura Apof-
tolica Marcello Durazzo, e de ambos rece-
bco taõ diílintas honras, que parecia fer
chamado aos feus Palácios mais para ve-
nerar a fua virtude, do que fervirfe da fua
capacidade. Eíla o fez digno de poííuir os
Benefícios das Parochiaes Igrejas de S. Tia-
go na Cidade de Tavira, e de Santa Maria
da Villa de Porto de Moz, e de exercitar
por efpaço de trinta annos o miniílerio de
Parocho da Igreja de N. Senhora do Lou-
reto da Naçaõ Italiana com fumma vigi-
lância, e naõ menor charidade. Teve tanta
inclinação para a Poefia affim vulgar, como
Latina, Efpanhola, e Italiana, que parecia
a fua metrificação mais filha da natureza
que da arte, e o que he mais digno de
admiração, que confervando por toda a
vida familiar comercio com as Mufas nunca
fe contaminarão as fuás compofiçoens com
algum termo licenciofo. Arrebatado dcíle
divino furor naõ houve aíTumpto Gcnc-
thliaco, Epithalamico, ou Funeral, em que
naõ difcorrefle o feu fecundo talento al-
cançando pela fonora afluência das vozes,
e profunda delicadeza dos conceitos o pri-
meiro premio em muitos Certames Acadé-
micos baJJando fomente o eco do feu nome
para lhe cederem a palma os contendores.
Igualmente foy verfado na intelligencia das
linguas Latina, e Italiana, que efcreveo com
pureza, fallou com facilidade naõ fendo hof-
pede nos dialeftos da Grega, e Franccza.
PoíTuio com incanfavel difvelo o conheci-
mento da Mythologia, Iconologia, Epigra-
fia, Hiftoria Ecclefiaílica, e Secular confer-
vando na memoria os fucceflbs mais memo-
ráveis affim profperos, como infauílos de
que foy theatro o mundo pela larga diu-
turnidade de muitos feculos. Ornado o feu
efpirito com todo o género de noticias Filo-
lógicas o procurarão as mais celebres Aca-
demias com judiciofa competência para feu
alumno fendo a primeira a dos Árcades^
que tem por Corte a cabeça do mundo,
que o admitio com o nome de Tagldeo cm
memoria do preciofo Tejo, que lhe deu o
berço. Em a PoriugNet(a inílituida no Palá-
cio do ExcellentilTimo Conde da Ericeira
D. Francifco Xavier de Menezes foy Mcflxc
dos Symbolos, em a dos Anonymos explicou
a Arte dos conceitos, e ultimamète em a ^al
da Hiftoria Porti4gue:(a fendo hum dos pri-
meiros cincoenta Académicos de que fe for-
mou efte litterario corpo lhe foy diftribuida
a laboriofa incumbência das Memorias Eccie-
fiafticas do Bi/pado de Coimbra fendo os feus
hombros capazes de fuftentar taõ fublime
machina efcrevendo o Cathalogo Critico, e
Chronologico dos Prelados daquella antigua Dio-
cefe, e as Memorias Chrofiologkas da Vniver-
fidade, que tanto illuftra aquella Qdade, em
cujas compofiçoens para emendar anacronif-
mos, computar tempos, fixar Épocas foy
gloriofo inftrumento a fua penna diflipando
como luz as fombras, que occultavaõ as
noticias, refutando opiniocns fabulofas, que
manchavaõ a pureza da verdade, e obfer-
vando exaftamente huma critica fevera com
a qual naõ permitio, que preoccupado o
juizo do amor da Pátria lhe arrogaíTc al-
guma gloria que fe naõ eílabcleccííc fo-
L USITAN A.
171
bre folidos fundamentos. Todo o tempo
da fua vida occupou em exercidos litte-
rarios, e devotos, receando que de qual-
quer inílante inutilmente paíTado havia de
fer reo em o Tribunal Divino. Juntou com
igual eleição, que difpendio huma feleâa
livraria, onde retirado do comercio dos vi-
vos fe deleitava da converfaçaõ dos mor-
tos, da qual os melhores M. S. deixou por
legado a fumptuofa Livraria de S. Domin-
gos deíla GDrte onde fe confervaõ. A con-
tinua applicaçaõ ao eíhido lhe attenuou de
tal forte as forças, que fe renderão à vio-
lência de muitos achaques, que contra elle
fe confpiraraõ. No efpaço de três mezes,
que precederão à fua morte, fuílentou a
vida entre acerbas dores, e multiplicadas
recahidas, que tolerou com animo taõ im-
perturbável, que parecia jà fe habilitava
para o eftado de impaíTivel. Recebidos os
Sacramentos com fumma piedade efpirou
placidamente a 12. de Março de 1735. às
8. horas da manhãa quando contava 67.
annos, onze mezes, e vinte e outo dias de
idade. Por ordem da Academia Real de
que foy celebrado Collega, fiiy eleito para
Panegyriíla das fuás acçoens, e como por
informaçoens menos certas efcrevi que na-
cera a 8. de Mayo, e que eíhidara as le-
tras humanas no Gjllegio de Santo Antaõ,
agora fe emendaõ havendo recebido as noti-
cias, que nefte Elogio fe relataõ, efcritas
pela própria maõ do mefmo Beneficiado
Frandfco Leitaõ Ferreira, que lemos com
faudofa memoria, cujo nome exaltaõ o P.
D. Manoel Caetano de Soufa Cathal. Hi/ior.
dos Pontif. Card. e Bi/p. Portug. p. 14. Pejfoa
bem conhecida pelos eruditos livros, e elegantes
obras, que tem impreffo, e na Exped. Hifp. D.
Jacob. Maioris. Tom. i. pag. 254. §. 520.
eruditijfimus, & pag. 598. §. 1368. ã fcriptis
voluminibus orbi litterario notijftmus, & pag.
660. §. 15 10. Vir acerrimi judicij. Fr. Man.
de Sà Mem. Hijl. dos E/crit. da Prov. do
Carm. de Portug. pag. 290. cuja erudição he
mi(y notória. Marangoni The^aur. Paroch.
Tom. 2. pag. 238. coi. 2. Academicus K£-
gius, ipfique comiffum efi comentários confignare
pro texenda Hijloria ad perantiquam Conimbri-
xenfem Diacejim attinentem. Barboía. h/Um. do
Colleg. Real de S. Paulo. p. 160. Académico
Generofo, Anonymo, Portugueti^, e Real verfadif-
fimo em todo o gsnero de erudição efpscialmente
na Poética, e Critica Ecclejtajlica. Gímpoz
Affeãos iMJitanos, que na intempefiiva
morte da SereniJJima Senhora D. Isabel Lmí-
Za Jo!(efa Infanta de Portugal o mefmo Rey-
no offerece á immortal fama, perene duração,
e perpetua memoria de feu foberano, real,
e augujio nome. Lisboa por Domingos Car-
neiro ImpreíTor das Três Ordens Mili-
tares 1690, 4. He Glofa ao Soneto de
Camoens Alma minha gentil, que te par-
tifle. No fim Eloffum fepulchrale.
Aufpicios Ejicomiaflicos em a felicijftma
promoção ao Cardinalato do EminentiJJimo
Senhor D. Jorge Comaro Gram Commenda-
dor de Chypre, e Núncio Apoflolico com po-
deres de Legado d Eatere nefies Rejnos de
Portugal, e Algarves, e feus domínios, ema-
nada em 22. de Julho de 1697. pelo Oráculo
Santijftmo de Innocencio XII. Pontífice Óptimo
Máximo. Lisboa por Manoel Lopes Fer-
reira. 1697. foi.
Memoria Sepulchral, Epitáfio faudofo ef-
culpido pelo fentimento fobre a fepultura da
fempre Augufta, e Serenijfima Senhora D.
Maria Sofia Isabel de Neuburg Rainha de
Portugal. Glofa ao 86. Soneto do grande
Luiz de Camoens, que anda na fegunda Cen-
túria das fuás Rimas comentadas por feu
llluflrador Manoel de Faria, e Sou^a. Lis-
boa pelos herdeiros de Domingos Carneiro.
1699. 4. O Soneto começa. Os olhos onde
o cafto amor vivia.
Canção Panegyrica em applaufo de D.
Aíanoel Pereira Coutinho, e feus filhos D.
Francifco Jo^è Coutinho, e D. Pedro da
Sjlva Coutinho com três Sonetos a efte af-
fumpto, e outro jocoferio. Londini por Leach.
1704. 4.
Mufa Tjpographica : feu argumento he que
fendo fervido ElRey NoJJo Senhor D. JoaÕ V.
de ver o ufo de huma imprenfa fe lhe eflampou
efie Soneto extemporâneo, o qual glofou. Lisboa
por Valentim da Cofta Deslandes Impreííor
de Sua Mageftade 1707. 4. O Soneto foy
compofto pelo Conde de Tarouca Joaõ Go-
mes da Sylva Embaxador à Paz de
Utrech.
172
BIB LIO THE CA
Idea . Poética Epithalamka Panegírica que
Jervio no Arco Triumphal, que a NaçaÕ Ita-
liana mandou levantar na occafiaZ, que as Ma-
geftades dos Serenijfimos Keys de Portugal D.
JoaÕ o V. e D. Mariana de Aujlria foraõ â
Cathedral de Lisboa no dia de Sabbado iz. de
De!(embro de 1708. Lisboa por Valentim da
GDÍla Deslandes 1709. 4.
Nova Arte de Conceitos, que com o titulo
de Uçoens Académicas na publica Academia dos
Anonymos de Lisboa di£íava, e explicava. Pri-
meira parte. Lisboa por António Pedrozo
Galraõ 171 8. 8.
Arte de Conceitos Jegunda Parte. Lisboa
pelo dito ImpreíTor. 1721. 8.
DiJfertaçaÕ Apologética em que fe defen-
de a verdade do primeiro Concilio Bracha-
renfe defcuberto, e dado á lu^ por Fr. Ber-
nardo de Brito Monge da Ordem de S.
Bernardo, e Chronijla Geral. Lisboa por
Pafcoal da Sylva ImpreíTor de Sua Magef-
tade 1723. foi. No 3. Tomo da ColleçaÕ
dos Docum. da Acad. real.
Cathalogo Chronologico-Critico dos Bifpos
de Coimbra. Lisboa por Pafcoal da Sylva
ImpreíTor delRey. 1724. foi. Sahio no
Tom. 4. da Collec. dos Docum. da Acad.
Real.
Elogio Fúnebre do Reverendiffimo P, Fr.
Miguel de Santa Maria Académico da Acade-
mia Real da Hijloria Portuguev^a em 13. de
Mayo de 1728. Lisboa por Jozè António da
Sylva ImpreíTor da Academia Real. No
Tom. 8. da Collec. dos Docum. da Acad. Real.
Noticias Chronologicas da Univerjidade de
Coimbra. Primeira parte, que comprehende os
annos, que dif correm de/de o de 1288. ate prin-
cípios de 1557. foi. Lisboa por Jozè Antó-
nio da Sylva ImpreíTor da Acad. Real.
1729. foi. No Tomo 9. da Collec. dos Do-
cument. da Acad. Real.
Conta dos feus eftudos Académicos no Paço
a -j. de Setembro de 1725. No Tom. 5. da
Collec. dos Docum. da Acad. Real. Lisboa
por Pafcoal da Sylva. 1725. foi.
Conta dos feus efiudos em ^. de Julho de
1727. No Tom. 7. da Collec. Lisboa por
Jozè António da Sylva 1727. foi.
Conta dos feus efiudos no Paço a 7. de Se-
tembro de T-iif. No Tom. 7. da Collec,
Conta dos feus efiudos em 20. de Novembro
de iiz-j. No Tom. 7. da Collec.
Conta dos feus efiudos no Paço a -j. de
Setembro de 1728. No Tom. 8. da Collec.
Lisboa por Jozè António da Sylva 1728.
foi.
Conta dos feus efiudos em zz. de Outubro
de 1729. no Paço. No Tom. 9. da Collec.
Lisboa pelo dito ImpreíTor 1729. foi.
Conta dos feus ■ eftudos Académicos em 13.
de Março ij^z. No Tom. 11. da Collec.
Lisboa pelo dito ImpreíTor.
Conta dos feus eftudos no Paço a j. de
Setembro de ij^z. No Tom. 11. da Collec.
Lisboa pelo dito ImpreíTor 1732. foi.
No Certame Poético celebrado em applaus^o
da Canonit^açaõ de S. JoaÕ de Deos impreíTo
em Madrid 1692. eílá huma fua Glofa ao
AíTumpto 8. pag. 217.
Ao infixe triumpho com que o Real Con-
vento de N. Senhora do Carmo de Lisboa cele-
brou a Canonização do Sagrado Heroe S. JoaÕ
da Cruz Fpinicio Sacro. He huma larga Can-
ção. Lisboa por Miguel Rodrigues 1728. 4.
Sahio nas Memor. Hift. Paneg. e Métricas do
fagrado culto com que o Convento do Carmo
celebrou a Canonização do mefmo Santo defde
pag. 380. atè 396. Mais três Sonetos pa-
rafrafticos, hum a hum Epigramma Latino
do Marquez de Alegrete Manoel Telles da
Sylva, e dous a dous Epigrammas do P.
António dos Reys da G^ngregaçaõ do Ora-
tório a pag. 134.
Elogio Portuguez em eítilo lapidario com
hum Soneto á Memoria do Doutor António
de Souza de Macedo. Sahio na Eva, e Ave
deíle Author. Lisboa na Officina Deslan-
deíiana 171 1. foi.
Com o nome de Floriano Freyre Cita
Cezar anagrama puro do feu nome publi-
cou.
Berço Natalício dedicado ao felice Naà-
mento do Augufto Primogénito das Mageftades
Liifitanas D. Pedro II. e D. Maria Softa Izabel
de Neuburg Reys, e Senhores Noffos. Lisboa por
Domingos Carneiro ImpreíTor das Três Or-
dens Militares. He huma Sylva muito larga.
Romance em occafiaõ de boas Fejlas a
hum Compadre Mercador de livros, e The-
foureiro da Bulia. Sahio no Tom. 5. da.
L USITANA.
Feniz renacida. Lisboa por António Pedro2o
Galraõ 1728. 8. a pag. 363.
Ephemeride Hijlorial, Chronologica 'Lufitana
na qual por dias, e annos fe referem vários
fucceffos bifioricos, e memoráveis acontecidos em
Portugal, e nas fuás Conquifias com outras me-
morias notáveis a efle gloriofo dominio perten-
£entes. 1. e 1. Tom. 4. M. S. Cujo original
vimos, e delle extrahimos as noticias da
fua vida,
FRANCISCO LEITAM DA SYLVA
Cavalleiro profeíTo da Ordem Militar de
Chriílo naceo em Lisboa de Pays Nobres,
e opulentos, e taõ verfado na liçaõ dos
Poetas como Hiftoriadores, efcreveo
Relafaõ da morte, e enterro da Aíageflade
Serentjfima delRey D. JoaÕ o IV. de gloriofa
memoria. Lisboa por Domingos Lopes Roza.
1656. 4.
FRANQSCO DE LEMOS Capitão, e
morador na Gdade de S. Tiago Capital da Ilha
de Cabo Verde compo2 no anno de 1684.
DefcripçaÕ da Cofia de Guiné, e Situação
de todos os "Portos, e rios delia, e Koteiro para
fe poderem navegar todos feus Rios. M. S. foi.
Conferva-fe na Livraria dos PP. Theatinos def-
ta Corte.
D. Fr. FRANCISCO DE LIMA filho
de JoaÕ de Lima, e Maria das Neves na-
ceo em Lisboa, e no Convento Carmelitano
de taõ illuílre Cidade recebeo o Habito a
19. de Setembro de 1649. e fez a profiJTaõ
lolemne a 25. do dito mez do anno fe-
guinte. Admitido por Collegial em o Col-
legio de Coimbra em 31. de Outubro de
1652. eftudou as fciencias feveras em que
fahio taõ perito, que logo foy deítinado
para diâar Filofofia no Convento de Évora,
porém como a fua prudência competiflie
com a fua fabedoria foy eleyto Reformador,
e Vifitador do Convento da Villa da Horta
na Ilha do Fayal, onde fe applicou igual-
mente à reforma efpiritual, que material
daqueUe edifício. Neiie tempo fuccedeo huma
grande confternaçaõ a todos os moradores
deíla Ilha cauzada pela horrorofa impreílaõ
173
dos terremotos, e para applacar a Divina
indignação difcorreo pelas Praças como outro
Jonas anunciando a fubverfaõ da Qdade, fe
naõ emendaffem as vidas, e reformaíTem as
conf ciências de cujas vozes evangélicas fe
feguiraõ prodigiofas transformaçoens. Refli-
tuido a Lisboa foy nomeado Vigário Geral
do Brafil onde cumprio com todas as obri-
gaçoens de vigilante Prelado, que igual-
mente obfervou quando exercitou o lugar
de Prior do Convento de Lisboa no an-
no de 1686. Foy dos iníignes Pregado-
res do feu tempo conciliando a attençaõ
de toda a Nobreza, e principalmente del-
Rey D. Pedro 11. quando pregava na
fua Real Capella no tempo da Quaref-
ma cujos difcurfos fe animavaõ de liber-
dade apoftoUca. Atendendo eile Príncipe
aos feus merecimentos o nomeou Bif-
po dos Eílados do Maranhão, e Pará a 9.
de Outubro de 1691. fendo fagrado em
20. de Abril do anno feguinte, em o Con-
vento do Carmo pelo EminentiíTmio Cor-
dial de Lancaíbre InquiQdor Geral. An-
tes que partiíle para o Maranhão, foy
provido no Bifpado de Pernambuco no
anno de 1694. Tanto, que chegou a
Olinda começou a praétícar as virtudes
paftoraes fendo o feu mayor difvello o
focorro dos pobres, e amparo das don-
zellas, em que difpendeo mais do que lhe
rendia o Bifpado. Acometido da ultima
emfírmidade, e conhecendo ter chegado
o ultimo termo da vida fe refignou em
o divino benaplacito efpirando a 29. de
Abril de 1704. Delle fazem mençaõ Car-
valho Corog. Portug. Tom. 3. liv. 2. Trat.
8. cap. 47. Fr. Manoel de Sà Mem. dos
Efcrit. da Prov. do Carm. de Portug. p. 148.
e Fr. Agoft. de Sant. Alar. Sana. Ma-
rian. Tom. 9. pag. 262. Publicou fem o
feu nome.
Sermão funeral do Ejninentifftmo Cardial D.
Veriffimo de lumcaflre Cardial da Santa Igreja
Romana, e Inquifidor Geral, que celebrou o Con-
feito Geral do Santo Officio em S. Pedro de
Alcântara Convento da Prov. da Arrábida em
Usboa onde eflâ fepultado o feu Corpo. Lisboa
por Miguel Deslandes ImpreíTor de Sua Ma-
geílade. 1693. 4.
^74
BIBLIO THE CA
Fr. FRANCISCO DE LISBOA cujo ap-
pellido denota a pátria em que fahio à lu2
do mundo. Foy o vigeíTimo fetimo Vigá-
rio Provincial dos Clauftraes, e primeiro
Miniílro da Obfervancia nefte Reyno de
Portugal eleito no anno de 15 17. donde
paflbu a Guardião do Convento de S. Fran-
cifco de Lisboa em cujo governo efemino»
feu nome pela ^ande reforma, que introdí4^io,
e fe:(^ praticar na Jua Comunidade, como delle
efcreve Fr. Fernando da Soledade Hift. Se-
raf. da Prov. de Portug. Part. 4. liv. i. cap.
29. §. 189. Segunda vez foy eleyto Minif-
tro Provincial no anno de 15 21. em que
aíTiílio à morte delRey D. Manoel recitan-
do-lhe os Pfalmos deputados para aquella
tremenda hora, como relata Damiaõ de
Góes Chron. do dito Key Part. 4. cap. 85.
Terceira vez foy aflumpto ao lugar de Pro-
vincial no anno de 1526. e paíTando a AíTiz
para aíTiílir no Capitulo Geral foy crcado
Definidor Geral da Ordem, e ComiíTario
Geral defte Reyno. De todos eíles lugares
era merecedor o feu talento, que fe illuf-
trava com profunda fciencia, e fingular vir-
tude, por cujos dotes alcançou diílintas eíH-
maçoens da Mageftade delRey D. Joaõ
o III. Foy muito applicado ao eftudo da
Genealogia efcrevendo
Familias do Rejno de Portuga/ fendo al-
legado em a dos Manoeis por Pedro de Ma-
riz Dialog. de Var. Hijl. Dialog. 4. cap. 5.
e numerado entre os Autores Genealógicos
pelo Padre D. António Caet. de Souz. Ap-
parat. à Hiji. Geneal. da Ca^- Real Portug.
pag. 36. §.13.
Computationes nominum antiquorum. M. S.
Tratava dos nomes antigos, que tiveraõ as
Cidades, e Villas defte Reyno confrontados
com os modernos, que agora tinhaõ. Efte
livro da maõ do Autor confervava em feu
poder Fr. Bernardo de Brito Chronifia mòr
do Reyno como affirma na i. Part. da Mo-
narch. Ljtjit. liv. 2. cap. 10.
P. FRANQSCO LOPES cuja pátria
fc ignora, e naõ o Inftituto Religio-
fo qual foy o da Companhia de JESUS
que recebeo em Goa. Sendo bom Theo-
logo era melhor Pregador comovendo a
copiofas lagrimas o auditório todas as ve-
zes, que exercitava efte Minifterio evangé-
lico. Quando contava trinta, e nove annos
de idade e vinte de Companhia tendo fido
Superior da Rcfidencia de Coulaõ vindo em-
barcado a 28. de Outubro de 1568. de Co-
chim para Goa lhe fahiraõ ao encontro de-
fronte da noíTa Fortaleza de Chalé quinze
Paraos de Mouros, e dividindofe em duas
alas invefliraõ a noíTa Nào com difdplina
de Soldados, e orgulho de piratas, porém
como vinha igualmente guarnecida de gente,
que artilharia de tal forte rebateo o im-
pulfo dos inimigos que lhe meteo a pique
três Paraos, e fem duvida padeceriaõ mayor
eftrago fe no ardor do conflido, ou por
inadvertência culpável, ou por difgraça ac-
cidental naõ cahiíTe huma faifca no payol
da pólvora, que repentinamente arrebatou
pelos ares a proa, e com as chamas efpa-
Ihadas pelo reftante da nào foy o incêndio
lavrando em mais partes. Para evitar o
ultimo perigo fe arrojou o Padre Fran-
cifco Lopes à Galeota dos Mouros, que
lhe ficava mais próxima, e tanto que pela.
coroa foy conhecido fer Sacerdote o reco-
lherão com hofpitalidade propondolhe o rcf-
gate, e a vida, fe abjuraíTe a Fé do Cruci-
ficado. A taõ blaffema propofta refpondeo
com animo refoluto naõ haver premio nem
caftigo que foííem poderofos para negar a
Religião promerida no Bautifmo. Naõ ti-
nha bem pronunciadas eftas palavras o va-
lorofo ConfeíTor de Chrifto, quando foy
atraveíTado com huma lança pelos peitos,
e aberta a cabeça com hum disforme golpe,
e ultimamente arrojado ao mar confumou
gloriofamente o martyrio. Defte infignc
varaõ fe lembraõ Guerreiro Glorio/. Coroa
de esforçad. Sold. Part. 2. cap. 13. pag. 260.
Alegamb. Mort. Illujl. pag. 47. Tanncr So-
cietas JESUS u/que ad fang. et vit. profus.
milit. pag. 229. e Souz. Orient. conq^ftad.
Part. 2. Conquift. i. Divif. i. §. 25. Ef-
crevco
Carta aos PP. da Companhia de Portugal ef-
crita de Cochim a 16. de Janeiro de 1561. M. S.
Carta e/cri ta de Cochim aos Padres da
Companhia de Portugal a d. de Janeiro d»
1563.
L USITANA.
175
Eílas duas Cartas fe confervaõ no Ar-
chivo da Ca2a ProfeíTa de S. Roque def-
ta Corte.
FRANCISCO LOPES iníigne profeflbr
de Medicina merecendo pelo íingular me-
thodo com que triunfava das mais rebel-
des, e perigofas enfermidades fer Medico
da Camará da Sereni/Tlma Rainha D. Ca-
therina mulher delRey D. Joaõ o m. Teve
grande génio para a Poelia Latina, Por-
tugueza, e Caftelhana, de que deixou por
teftemunhas as obras feguintes,
Loi/vor de Nojfa Senhora. Coníla de metros
diverfos. Lisboa por António Gonfalves
1573- 8-
Na Re/açaÕ do folemne recebimento das Ke-
liquias na Cav^a Projejfa de S. Koque Lisboa
por António Ribeiro 1588. 8. a foi. 191.
eftaõ dous epigrammas feus cujos aíTumptos
faõ. O 1. De Spina Corona Domini. O 2.
áe Velo, <& Túnica Virginis Aía^us Ala/ris,
e dous ad D. Magdalenam, e a foi. 192. verf.
hum de D. Nico/ao Antijlite. Do Autor fa-
zem mençaõ Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i.
pag. 334. e o Padre António dos Reys
Enthuf. Poet. n. 149.
Vario recinebat carmine Matris
Virginis elogium Lapes cui doãus Apollo
Fronde comas cinxit duplici; nam clarus in
arte
Paonià fuerat Catharina traditus olim
EJfet ut adverfus morborum vulnera cujios.
FRANCISCO LOPES natural de Lis-
boa Livreiro, e naturalmente inclinado à
Poeíia lyrica em que deixou varias obras
com eftylo mais devoto, que elegante, dos
quaes os aíTumptos faõ os fegiiintes
Santo António de Usboa i. e 2. Parte
do feu nacimento, criação, vida, morte, e mila-
gres. Lisboa por Pedro Craesbeeck. 1610.
4. & ibi por Francifco ViUela. 1680. 8.
& ibi por Joaõ Galraõ 1683. 8.
Segunda Parte da Vida de Santo António,
e verdadeira Hijioria dos cinco Martyres de Mar-
rocos. Lisboa por Francifco Villela. 1671. 8.
& ibi por Joaõ Galraõ 1682. 4. & ibi por Fi-
lippe de Souza Villela 1701. 8. & ibi por An-
tónio Pedrozo Galraõ 1701, 8.
O Soldado da gloria, e Capitão da Com-
panhia de JESUS Santo Ignacio de Ljtyola na
Jua Canonizarão. Lisboa por Giraldo da
Vinha 1622. foi. Saõ 18. Decimas impreíTas
ao alto.
Feitos heróicos, e milagres, que SaÕ Fran-
cifco Xavier je^ nas partes do Oriente pela Fè
Catholica. Lisboa pelo dito ImpreíTor 1622.
foi. Saõ 18. Decimas foi.
Redondilòas à Canoni:(a{aÕ de Santa Isabel
Rainha de Portugal. Lisboa 1624. foi. Im-
preíTas em colunas.
S. Gonçalo de Amarante nacimento criação,
morte, e milagres. Lisboa por Gerardo da
Vinha 1627. 4. & ibi por Pedro Craesbeeck.
1645. 4- Coníla de 6. cantos em quinti-
lhas.
SaS Bom homem. Redondilhas Lisboa
1628. 8.
Gloria de Portugal Lisboa por Manoel da
Sylva. 1641. foi. confta de 20. Decinus em
huma folha ao largo.
Honra da Pátria. Sextilhas. Lisboa por
Manoel da Sylva 1641. 4.
Sylva Oriental na AcclamaçaÕ delRey D.
Joaõ o IV. Primeira parte. Lisboa por Do-
mingos Lopes Roza. 1642. 4.
Segunda Parte. Lisboa por Manoel da
Sylva 1642. 4.
Favores do Ceo do braço de Chrifio, que
fe defpregou da Crtn^ e de outras maravilhas
dignas de fe notar. Lisboa por António Al-
vares. 1642. 4.
Valentia Chrijlãa, e refpeito dos Portugue-
ses ao culto Divino. Lisboa por Manoel da
Sylva. 1642. 4.
Milagrofo fuccejjo do Conde de Caflello-Mi-
Ihor Lisboa pelo dito ImpreíTor. 1643. 4.
PaJJatempo boneco de adivinbaçoens em ver-
fo, declaraçoens delle em proíba. Primeira Parte.
Lisboa por Pedro Crasbeeck. 1603. 8. &
ibi por Henrique Valente de OUveira.
1658. 24.
Segunda Parte. Lisboa pelo dito Im-
preíTor. 1659. & ibi por Joaõ Galraõ
1677.
Auto, e colloqtáo do Nacimento de Chrif-
to. Lisboa por Manoel da Sylva. 1646. 4.
176
BIBLIO THE CA
P. FRANCISCO LOPES natural de
Lisboa onde teve por Pays a Pedro Lo-
pes de Villa-Nova, e Ambrozia de Figuei-
redo ao qual educarão com taõ fantos do-
cumentos, que delles aprendeo a fiigir do
mundo para a Companhia de JESUS re-
cebendo a Roupeta no Collegio de Coimbra
a 25. de Janeiro de 1591. Nefta douta pa-
leftra fahio egregiamente verfado nas le-
tras humanas, e divinas que aprendeo com
brevidade, enfinou com applaufo. Na Ora-
tória Ecclefiaílica foy incomparável fendo
os feus difcurfos igualmente fubtis, e ele-
gantes atrahindo com a eloquência de que
fummamente era ornado a geral atenção dos
feus ouvintes. Quando exercitava a Rei-
toria do Collegio de Elvas foy nomeado
Procurador a Roma onde fubftituhio o lugar
de AíTiílente, que occupava o P. Antaõ
Gonfalves. O infigne Joaõ Paulo Oliva
Geral da Companhia nefte tempo o applau-
dio muitas vezes pela fagrada eloquência
de que uzava nos Púlpitos. Falleceo em
Roma a 29. de Julho de 1680. Egreffus
Concionator he intitulado pelo P. António
Franco Annal. S. J. in iMJit. pag. 368. §. 9.
Dos muitos Sermoens, que recitou nos
mais authorizados Púlpitos defta Corte de
Lisboa fomente fe fez publico o feguinte
Sermão da Canonização de Santa Maria
Magdakna de Pat(p^i pregado no quarto dia do
Outavario, que lhe dedicou o Keal Convento do
Carmo de Lisboa. Sahio na fegunda Parte
do Forajleiro admirado. Lisboa por António
Rodrigues de Abreu 1672. foi. a pag. 48.
FRANCISCO LOPES HENRIQUES na-
tural de Lisboa, e hum dos mais ce-
lebres Advogados do feu tempo em cujo
miniílerio manifeftou os fcientificos the-
zouros de huma, e outra Jurifpruden-
cia, que eftavaõ depofitados na fua fe-
liz memoria, e alta comprehenfaõ. Nunca
patrocinou caufa em que a juftiça naõ
foíTe clara, e patente atendendo com par-
ticular circunfpecçaÕ aos fundamentos fo-
lidos da controveríia, que fe agitava, e
naõ às razoens apparentes procedidas mais
da fubtileza do difcurfo, que do dida-
me da verdade. Foy no afpcfto grave,
no trato affevel, e nas palavras parco. Mor-
reo na Pátria a 6. de Abril de 1676. Jaz
fepultado na Parochia de S. Mamede. Im-
primio
AllegaçaÕ de Direito a favor do Senhor Conde
de Figueiró D. Jo^è de Lancajlro fobre a fucceffaõ
do EJlado, e Cafa de Aveiro. Lisboa por Joaõ
da Cofta 1667. foi.
FRANCISCO LOPES PEREIRA foy
dos infignes Poetas que floreceraõ em Por-
tugal no Século decimo fexto, de cujas mé-
tricas producçoens fe lèm algumas impref-
fas a foi. 191. verf. em o Cancioneiro geral
de Garcia de Kefende. Lisboa por Hermaõ
de Campos. 15 16. foi.
FRANCISCO LOPES PESTANA Freyre
profeíTo da Militar Ordem de Aviz filho de
Francifco Lopes, e Joanna Netta naceo na
Villa de Santarém onde inftruido com as
Humanidades, e Poefias para cuja arte o
inclinava o génio, paííou a cultivar os eftu-
dos mayores fendo Collegial do Collegio da
Purificação de Évora, fahindo defta paleftra
taõ douto em Theologia Efcholaflica, que
a di£lou por muitos annos em o feu Con-
vento de Aviz. Depois de fer Prior enco-
mendado no anno de 1635. da Parochial
Igreja de S. Lourenço da fua Pátria, foy
Prior da Igreja do Salvador de Veyros do
Bifpado de Elvas. Falleceo em Santarém
a 20. de Agofto de 1672. e jaz em fepultura
própria na Freguezia de Santa Iria. Compoz
De Conceptione B. Virginis libri 12. Efta
obra, que tinha prompta para a ImpreíTaõ
quando era Prior de Veyros fe queimou
laftimofamente no faço, que os Caftelhanos
deraõ a efta Villa no anno de 1662.
Hijloria de Noffa Senhora da Gloria. Co-
media Portugueza. A Ermida em que fe
venera a Senhora com efte titulo eftà fituada
junto a Muge.
Dous Diálogos em que faõ interlocutores
Portuguezes, e Caftelhanos onde fe reprc-
hendem com graciofidade algumas acçoens
executadas por aquelle tempo em a Pro-
víncia do Alentejo.
Loas para varias FeJHvidades, c ou-
L USITANA.
177
tras obras poéticas, que correm pelas mãos P/a/mos, e Vilhancicos a diverfas vo!(es.
dos curiofos. M. S.
It
FRANCISCO LOPES RIBEIRO natu-
ral de Lisboa, e famofo alumno do Par-
nafo, cujas métricas expreflbens fe eterni-
zarão fomente em dous Sonetos, que he
o primeiro, e quarto no Certame Poético
em louvor de D. Migue/ de Noronha Conde
de Unhares Capitão General de Tangere. Lis-
boa por Gerardo da Vinha. 4. naõ tem
anno da ImpreíTaõ
FRANCISCO LOPES SUEIRO natural
de Lisboa igualmente verfado na Mytholo-
gia, que na Poética, e hum dos Académicos
da Academia dos Singulares inílituida na fua
Pátria em o anno de 1663. onde foy ou-
vido com geral acclamaçaõ, ou fofle em
oraçaõ folta, ou ligada pela copia de con-
ceitos, e afluência de palavras com que or-
nava as fuás compoíiçoens, das quaes uni-
camente fahiraõ impreíTas na fegimda parte
da Acad. dos Sinalares. Lisboa por António
Craesb. de Mello 1668. 4. & ibi por Ma-
noel Lopes Ferreira. 1698. 4.
Oraçaõ recitada em 7. de Dezembro de 1667.
a pag. 205.
Cinco Sonetos a diverfos Affumptos a pag.
26. 51. 362. 363. e 374.
Briga entre duas Kegateiras. Confta de 12.
Outavas a pag. 397.
FRANCISCO LUIZ Poeta Cómico como
teftemunha a obra feguinte.
Aiito de Gil Papado, ou de D. Bernardim.
Lisboa por António Alvares 163 1. 4.
FRANCISCO LUIZ natural de Lisboa
Presbytero de vida inculpável, e de pro-
funda fciencia da Arte Muíica aíTim praâica
como efpeculativa. Foy Meílre da Cathe-
dral da fua Pátria, onde morreo a 27. de
Setembro de 1693. e jaz fepultado na Pa-
rochia de N. Senhora dos Martyres. Deixou
varias obras da fua profiíTaõ armonica, que
Jíaõ muito eílimadas fendo as principaes
Texto da PaixaÕ de Domingo de Ra-
mos, e de Sejla feira Mayor, a 4. vozes.
M. S.
Fr. FRANQSCO DE S. LUIZ natural
de Lisboa filho de Joaõ RebeUo, e Maria
das Candeas. Na idade da adolefcenda re-
cebeo o habito de S. Paulo primeiro Ere-
mita em o Convento de Serra de OíTa a 8.
de Agofto de 1722. e profeíTou a 9. do
dito mez do anno feguinte. Sahio taõ emi-
nente nas fciendas efcholafticas, que foy
digno de laurear-fe Doutor Theologo em
a Univeríidade de Évora a 5. de Mayo de
1738. e de fer admitido aos Qualificadores
do Santo Officio a 8. de Outubro de 1639.
Tendo com grande credito da fua fciencia
diâado I^ilofofia, e Theologia aos feus do-
mellicos fe exercitou no miniílerio de Ora-
dor Evangélico alcançando igual fama pelo
Púlpito, que pela Cadeira. Publicou por
primícias do feu talento concionatorio
SermaÕ no Solemnijftmo Outavario com que
a Caja Projeffa de S. Roque da Companhia de
JESUS celebrou a Canonização de S. Joaõ
Franàfco Re^s da me/ma Companhia. Lisboa
na Offidna da Mufica, e da Sagrada Reli-
gião de Malta. 1739. 4- Sahio no livro in-
titulado Vo:(^ em Rjoma, e Echo em Lisboa
na Canonização de S. JoaÕ Franci/co Regis a
pag. 119. atè 139.
FRANQSCO LUIZ DA COSTA na-
tural de Lisboa, e filho de António Fernan-
des da Sylva Capitão de hum Regimento
defta Corte, e D. Brigida da Cofta, Freyre
Conventual da Ordem Militar de S. Tiago,
cujo habito recebeo no Real Convento de
Palmella a 19. de Novembro de 1729. onde
foy Meflxe da lingua Latina, e hoje Bene-
ficiado da Igreja Matriz da ViUa do Tor-
rão em a Provinda do Alentejo. He ornado
de talento capaz para a Poefia, Hiftoria, e
miniílerio do Púlpito publicando
SermaÕ da Fejiividade do Senhor JESUS
dos Perdoens em a Igreja Parochial de San-
ta Alaria Magdalena. Lisboa por Pedro
Ferreira ImpreíTor da SereniíTima Rainha
N. Senhora. 1732. 4.
Com indefeíTo trabalho, e continua ap-
plicaçaõ revolveo pelo efpaço de cinco
178
BIBLIO THE CA
annos o Cartório do Q)nvento de Palmella,
onde he G)nventual, de cuja laboriofa em-
preza colheo o fruto feguinte
ColleçaÕ de todos os Breves Pontifícios con-
cedidos à Ordem Militar de S. Tiago dejle
Rejno, por ordem Chronologica. foi. 2. Tom.
M. S.
FRANaSCO LUIZ DE VASCONCEL-
LOS natural de Lisboa, filho de LuÍ2 Men-
des de Vafconcellos, e irmaõ de Joanne
Mendes de Vafconcellos Governador das
Armas em a Provincia de Trás os Montes.
A natureza com o nafcimento illuílre lhe
comunicou engenho claro para compre -
hender a lingua Latina, letras humanas,
noticia da Hiíloria Sagrada, e profana, e
natural affabilidade para conciliar os âni-
mos de grandes, e pequenos. Foy Caval-
leiro da Ordem de Chriílo, Governador de
Angola, e da Ilha de S. Miguel. Vir non
folum militaris, Jed etiam, eb* eruditus, ó^ au-
licis artihus prajlans, efcreveo Joaõ Soar.
de Brit. Theatr. Ijifit. Utter. Ut. F. n. 51.
Deixou muitas obras efcritas certamente di-
gnas da luz publica logrando unicamente
delia
Epitome da vida de D. Francifco de Por-
tugal. Sahio ao principio da Arte de Galan-
taria compoíla por efte Fidalgo. Lisboa na
Officina Craesbeeckiana. 1652. 4.
CançaÕ a Soror Violante do Ceo Keliffofa
Dominica em o Convento da Kofa de Lisboa.
G^meça Portento Milagrofo. Acaba Suene la
vòs Violante, el echo Cielo.
Carta a D. António Alvares da Cunha
He em Verfo.
Eílas duas obras fe confervaõ M. S.
na grande Livraria do Cardial de Souza.
FRANaSCO DE MACEDO natural
de Lisboa filho de Gregório Gomes, e
Guiomar de Macedo. Havendo entrado na
Companhia de JESUS a 10. de Julho de
1623. onde enfinou Filofofia, e fahindo por
juílificadas cauzas da Religião continuou
os feus eftudos na Univerfidade de Coim-
bra com tanto progreflb da fua applica-
çaõ, que mereceo fer numerado entre os
Doutores Theologos daquella grande Aca-
demia. Foy Cónego da Collegiada de Bar-
cellos, e hum dos bons Pregadores do fcu
tempo de cujo argumento publicou
SermaÕ da Soledade da Mãy de Deos pre-
gado na Collegiada de Barcellos em o anno
de 1675.- Coimbra por Manoel de Car- i
valho 1675. 4. I
SermaÕ da Invenção da Santa Cru^ com a
circunjlancia das Milagrofas Crin^es, que appa-
recem no dito dia em Barcellos pregado na fua
Collegiada anno 1673. Coimbra pelo dito Im-
preflbr 1675. 4.
Fr. FRANCISCO DE MACEDO Na-
ceo na Villa de Torres Vedras do Patriar-
chado de Lisboa, onde teve por Pays a
Joaõ de Macedo da Veyga, e a Maria de
Pina. Recebeo o Habito Carmelitano no
Collegio de Coimbra a 22. de Março de
1661. e fez a Profiflaõ folemne em o Real
Convento do Carmo de Lisboa a 13. de
Abril do anno feguinte. Depois de eftudar
as fciencias efcholaílicas, que pela fua gran-
de comprehenfaõ as podia diétar aos feus
domefticos, preferio o minifterio conciona-
torio ao Cathedratico concorrendo nelle a
valentia com que reprefentava, e a elegân-
cia com que ornava os feus difcurfos. Foy
Vicereytor do Collegio de Coimbra, Prior
do Convento de Setúbal, e Confeífor das
Religiofas do Convento da Efperança de
Beja, Cuílodio da Provincia, Definidor
duas vezes. Sócio, e Secretario do Pro-
vincial Fr. Francifco Ribeiro Cathedratico
da Univerfidade de Coimbra, e em todos
eftes lugares moftrou a prudência do feu
juizo. Falleceo no Convento de Lisboa.
Publicou
SermaÕ da Glorio/a Santa Ce!(ilia Vir-
gem, e Martyr na Vefta, que lhe fi:^aõ
os Cantores Profeffores da Mujica na Pa-
rodiai Igreja de Santa ]ufta no anno d»
171 5. Lisboa por Miguel Manefcal Imprcf-
for do Santo Officio, e da ScreniíTima Caza
de Bragança 1716. 4.
Fr. FRANCISCO MACHADO natural
da Villa de Soure em o Bifpado de
Coimbra Monge Ciílercienfe, cujo Ha-
bito recebeo no Convento de NoíTa Sc-
L USITAN A.
179
nhora de Thamaraes do Bifpado de Lei-
ria, que hoje eftá anexo ao GDllegio de
Coimbra, do qual depois foy Abbade atè
o fim da fua vida. A fubtileza do talen-
to de que benevolamente o dotou a natu-
reza, moveo a elRey D. Joaõ o IH. para
o mandar aprender as fciencias feveras na
Univerfidade de ParÍ2 onde floreceo com
tanta admiração dos feus Cathedraticos, que
o admitirão por Doutor daqueUa iníigne
Academia fendo igualmente perito na intel-
ligenda da Theologia Efcholaílica, como da
Polemica. Reftituido à Pátria foy univerfal-
mente venerado por grande Theologo naõ
havendo controveríia grave, que fe naõ co-
meteíTe à fua decifaõ, que fempre era fun-
dada fobre as opinioens mais folidas. Que-
rendo o Cardial D. Henrique certificarfe dos
milagres, que obravaõ as Santas Rainhas
Thereza, e Sancha filhas do noíTo Rey D.
Sancho I. e brilhantes eftrellas do firma-
mento de Giler Uie efcreveo huma Carta
de Évora a 15. de Agofto, onde lhe
mandava foíTe ao Convento de Lorvaõ in-
formarfe ocularmente dos prodígios, com
que Deos, acreditava a virtude daquellas
duas Princezas. Obedeceo promptamente, e
em huma Carta efcrita a 17. de Outubro
do Convento de Thamaraes onde era Ab-
bade lhe relatou com fumma individuação,
o que vira. Começa a Carta. Senhor fuy
a 'Lorvaõ, como V. A. me mandou &c. Sahio
imprefla na Chron. de Cifter compofta por
Fr. Bernardo de Brito. liv. 6. cap. 34.
Veritaíis repertorium in Hebraos. Conim-
bricas. 1567. 4. Deíla obra como do Autor
faz memoria Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i.
pag. 364. col. 2. & Carol. Jozeph. Jmbo-
nati Bib. Laíin. Heb. pag. 46. n. 186.
E/pe/bo de Chriftaos novos convertidos.
M. S.
Varaphra^s in Jeptem Pfalmos Paniten-
tíales. M. S. O original fe conferva no Con-
vento de Alcobaça no caxaõ das três cha-
ves. Delle fe lembra Fr. Chrifoftomo Hen-
riques Phanix revivi/cens pag. 38.
P. FRANCISCO MACHADO Naceo
em Villa Real em a Provinda Tranfmõ-
tana de Pays taõ qualificados no íangue.
como na virtude, quaes eraõ Joaõ Rodri-
gues Machado, e Catherina Botelha dedi-
cando a Deos quatro filhos, e três filhas
nas Religioens mais authorizadas. Ao tem-
po, que cumpria defefete annos entrou na
Companhia de JESUS no Collegio de Coim-
bra a 6. de Fevereiro de 1605. onde depois
de eíhidar as letras humanas, e divinas in-
flamado com o fagrado ardor de conver-
ter almas a Chriílo alcançou faculdade de
partir para a índia, o que executou no
anno de 161 1. acompanhado de vinte, e
dous Rehgiofos Jezuitas. Eílando lendo
Theologia em Goa fe offereceo occafiaõ
oportuna de paliar à Ethiopia para cujo ef-
fdto navegou em o anno de 1625. a Zeila
Porto do Reyno de Adel em o mar roxo,
e chegando a Caxem de que era Regulo
hum amigo dos Portuguezes fe deteve al-
guns dias atè haver embarcação para ZeUa,
aonde chegando em treze dias para naõ fer
conheddo fe veílio de traje Arménio, e com
efte disfarce penetrou atè Auça Gurrelè Cor-
te do Rey de Adel, o qual fofpdtando, que
era efpia o mandou lançar em hum tene-
brozo cárcere com hum pezado grilhão, e
ainda, que o Emperador da Ethiopia efcre-
veo ao bárbaro, que naõ uzaíTe de feme-
Ihante crueldade com hum innocente, fe en-
fiireceo com tal exceíTo, que o mandou tira-
namente matar com feu companheiro o Pa-
dre Bernardo Pereira a 25. de Setembro de
1625. depois de lhe tentar com vários exa-
mes a Fè que profeíTara no bautifmo. Con-
tra o executor de taõ deshumana acçaõ fe
armou o Ceo pois conjurandofe feu Irmaõ
contra elle o privou da vida, e do Reyno.
A Cidade de Zeila foy totalmente derrotada
pelas noíTas Armas, e confumida pelo fogo,
que choveo do Ceo a Corte, que foy o
lugar onde padeceo confiantemente o mar-
tyrio o Padre Frandfco Machado de quem
fazem illuílre memoria Telles Hiji. da Etiop.
Alt. liv. 6. cap. 4. Tanner Societ. Jef. u/que
ad fang. <& vit. prof. milit. pag. 190. Guer-
reiro Glor. Coroa de Rsforçad. Re/ig. da Comp.
de JESU. Part. 2. cap. 5. Nadas. Ann. dier.
Mem. S. J. Part. 2. pag. 190. Franc. Imag.
da Virtud. em o Novic. de Coimb. Tom. i»
liv. I. cap. 64. Efcreveo
i8o
BIB LIO THE CA
Carta efcríta de Caxem no anm de 1624.
Sahio com outras vertida em Italiano. Roma
por Francifco Corbelletti 1627. 8
P. FRANaSCO MACHADO natural
de Villa Pouca em o Arcebifpado de
Braga onde teve por Pays a António
Martins, e Catherina de Souza. Na ida-
de de quinze annos fe aliftou na Com-
panhia de JESUS em o CoUegio de
Coimbra a 15. de Março de 161 2. onde
applicado às letras humanas fahio nellas
taõ perito, que depois de as diítar féis
annos mereceo a primafia entre os mayo-
res profeflbres da Oratória, como da
Poética. Naõ alcançou menor applau2o nos
Púlpitos fendo igualmente verfado na intel-
ligencia das Efcrituras, como na liçaõ dos
Santos Padres. Morreo na Villa de Ef-
tremos a 29. de Janeiro de 1659. e jaz
fepultado na Caza Profefla de Villa- Viçoza.
Eximius tum Khetor, tum "Elogiajles he in-
titulado pelo Padre Manoel Luiz Vit. Vrin-
cip. Theod. lib. i. cap. 26. n. 339. & liv.
3. cap. 16. n. 197. vir nojlra Societatis cru-
ditijfimus, (ò" in hijioricis monumentis apprime
verfatus. Bib. Societ. pag. 235. col. 2. Fran-
co AnnaL S. J. in hnjitan. pag. 524. §.
12. Eminuit in litteris hatinis facra (ò' pro-
fana eloquentia. e na Imag. da virtud em o
Colkg. de Coimb. Tom. 2. pag. 617. D.
Francifco Manoel Cart. dos A A. Portugue-
i(es. Compoz.
SermaÕ feito no CoUegio de Santo An-
tão com o Santijftmo Expoflo pelo bom fu-
cejfo das Armas, e jornada delKey ao Alen-
tejo. Lisboa por Domingos Lopes Roza.
1643. 4-
Oratio in Exequiis Sanãiffimi Urbani VIII.
Pontificis Maximi quas Illuflriffimus , Ó" Ke-
verendijftmus Dominus Hieronimus Bataglinus
Ijujitania Vicecolleãor celebravit in Auguf-
tiffimo Lauretana Virginis Templo Olyjfipone
27. die Septembris anni 1644. UlyíTipone
apud Dominicum Lopes Roza. 1644. foi.
Oratio aniverfaria in folemni Juramento pro
immaculata Ma^a Matris Conceptione a Ke-
ffo. eb* Académico CoUegio Ulyjftponenji S.
J. rite inflaurato eodem die 25. Martii quo
anno fuperiore 1646. fuit infHtutum à tri-
plici Kegii Ordine in Comitiis regalibus.
UlyíTipone apud Laurentium de Anvers.
1647. foi*
Maufoleum Maiefiatis Joannis IV. Au^flif-
Jimi Regis Ijufitanorum, C^ vitee, (& obitus com-
pendium. UlyíTipone ex Oííicina Craesbcc-
kiana 1657. 4. Confta de vários elogios de
eítílo Lapidado.
Collegium Conimbricenfe iMgdunenfi pro acer-
bo fmere P. Francifci de Mendoça. He huma
larga Elegia, e no fim hum Epitáfio, que
fahio impreíTo com outros Verfos a eftc
aíTumpto de que foy Colleâor o Padre Fran-
cifco Machado, no principio do Viridarium
Sacra, €>• profana eruditionis P. Francifci de
Mendoça Lugduni apud Jacobum Cardon.
1632. foi. cuja obra fendo entregue ao feu
cuidado a reduzio à forma com que foy
impreíTa como efcrevem Joaõ Soares de
Brito Theatr. Ijifit. Utter. lit. F. n. 53. e
Franco Annal. S. J. in hufit. pag. 324.
§. 12.
Elegia in Laudem Michaelis de Keynofo,
€>• Ludopici ejus filii. Sahio impreíTa ao
principio das Obfervaçoens Prafticas do
mefmo Reynofo. UlyíTipone apud Petrum
Craesbeeck. 1625. foi.
Phanix Eufitanus videlicet Alphonfus Lm-
fitania Infans Serenijftmus redivivus, cum In-
fans vita periclitaretur : in quo Ó" preces
publica, ^ Princeps inflruitur quinquaffnta
duobus Elogiis optimis. M. S. 4. Confervafe
na Livraria do Cardeal de Souza, que
hoje he do ExcellentiíTimo Duque de La-
foens.
FRANCISCO DA MADRE DE DEOS
naceo no lugar de Condeixa que diíla duas
legoas de Coimbra, e na Univerfidade deíla
Cidade fe applicou às letras humanas em
que fahio infigne Latino, e excellente Poe-
ta. Foy admitido à Congregação dos Cóne-
gos Seculares do Evangelifta onde acabado
o Noviciado eíhidou no Collegio Conim-
bricenfe as fciencias mayores em que fez
tantos progreíTos, que recebendo as iníignias
doutoraes na Faculdade da Theologia a dic-
tou por muitos annos aos feus domeítí-
cos. Por varias vezes fe oppoz às Cadei-
ras da Univerfidade com mayor mcrc-
L USITAN A.
i8i
cimento, que fortuna, e conhecendo naõ
fer vontade de Deos feguir aquelle género
de vida fe retirou para o Ganvento de
S. Joaõ de Xabregas íituado nos fu-
burbios de Lisboa a tratar da Salvação
das Almas. Nefte retiro era fummamen-
te procurado da Nobreza do Reyno buf-
cando nas fuás refoluçoens, e confelhos
tranquilidade para as fuás conciencias. Em
atenção aos feus merecimentos o nomeou
ElRey D. Joaõ o IV. Bifpo de Macào, de
cuja dignidade fe efcuzou pelo numero dos
annos, que contava, e muito mais das en-
fermidades que padecia, atè que confumido
de huma febre partio a ver ocularmente
o divino objeék), que nefta vida tinha pela
fua efpeculaçaõ comtemplado acabando piif-
íimamente a 25. de Fevereiro de 1658. Com-
po2
In Primam Partem D. Tboma. foi. 3.
Tom. Efta obra fe conferva no Con-
vento de Santo Eloy de Lisboa da qual
fallando o Padre Francifco de Santa Ma-
ria Chron. dos Coneg. Secul. liv. 4. cap.
33. diz que na purev^a da doutrina, no fe-
leão, e bem fundado das opinioens, na pro-
funda intelligencia das dificuldades, na fubti-
le^a dos argumentos, na madura folu^aõ das
duvidas, na coherencia das fentenças, na eru-
dição univerfal dos Padres, e Autores, na
claret(a, e feliàdade do efiilo, na agudet^a do
engenho, na profundidade do jui;^o naõ cedem
a outra alguma obra defle género, e faõ ver-
dadeiramente difftas da lu^ e immortali-
dade.
Fr. FRANaSCO DA MADRE DE DEOS
natural da Villa de Caftello de Vide do Bif-
pado de Portalegre na Provinda do Alen-
tejo onde naceo a 18. de Agoílo de 1675.
fendo filho de André da Fonfeca Ferreira,
e Anna Gil. Inílruido nos preceitos da
Gramática latina profeííou o Seráfico ííabito
da Terceira Ordem da Penitencia no Con-
vento de N. Senhora do Deílerro do lugar
de Monchique no Reyno do Algarve a 5.
de Agofto de 1693. Depois de eíhidar as
fdencias efcholaíticas foy Miniílro de vários
C)nventos, e Confeílor das Religiofas do
Convento de Sà jimto da Villa de Aveiro
cujos lugares adminiíbrou com prudência, e
vigilanda. Traduzio da lingua Latina em
a materna.
Erotemata Ecclefiaflica que compoz Joaò
Qericato Vigário Geral de Pádua, e lhe
acrecentou as 79. propofiçoens de IVIiguel
Bayo condenadas por S. Pio V. no primei-
ro de Outubro de 1567. as 68. de Miguel
de Molinos condenadas por Innocendo XI.
a 28. de Agofto de 1687. as 23. extrahidas
do livro intitulado Explication des Maximes
des Saints, <&c. condenadas por Innocendo
Xn. a 12. de Março de 1699. e ultimamen-
te as loi. de Quefnel condenadas por Ge-
mente XI. a 8. de Setembro de 171 3. Tra-
duzio de ItaUano em Portuguez a obra fe-
guinte que he do mefmo Qericato que tem
por titulo
Li Spighe raccolte; doe: Annotafioni eru-
dite, (Ò' eruditione notate nella lettura delle
facre, e profane Hifiorie delle vite de Santi,
e Sante, e de molti altri libri di doti£imi Ho-
mini.
Fr. FRANQSCO DA MAYA natural
da augufta Cidade de Braga onde educado
com os virtuofos documentos de feus Pays
António da Maya, e Maria de Medeiros
deixou o Mundo, e abraçou o Inftituto de
Eremita de Sãto Agoftinho o qual profef-
fou no Real Convento de N. Senhora da
Graça de Lisboa a 27. de Mayo de 1607.
DÍ6I0U as fdendas feveras aos feus domefti-
cos, atè que jubilou na Sagrada Theologia.
Mereceo grandes applaufos pelo talento que
tinha para o Púlpito de que deixou por
irrefragavel teftemunha a obra feguinte, que
muito louva Joan. Soar. de Brito Tbeatr,
ÍJífit. Utter. lit. F. n. 55.
Sermão nas Exéquias do llluflrijfimo, e
Rjeverendijfimo Senhor D. Affonfo Furtado de
Mendoça Deaõ, que fqy da Sè Metropolitana
de Lisboa, Reytor da Univerfidade de Coim-
bra, Confeiteiro Ecclejiajlico do Supremo Con-
feito defla Coroa em Caflella, Prejidente da
Mefa da Conciencia, e Ordens, Bifpo da Guar-
da, Bifpo Conde, Arcebifpo, e Senhor de Bra-
ga, Primaz ^ Efpanba, e ultimamente
Arcebifpo de Lisboa, e Governador def-
te Reyno pregado na Sè de Lisboa a 6.
1^2
BIB LIO THE CA
^e Julho de 1631. Lisboa por Pedro Craes-
beeck. 1631. 4.
FRANCISCO MANOEL DE BRITO
MASCARENHAS natural da ViUa de Se-
túbal onde recebeo a graça bautifmal na
Parochial Igreja de S. Juliaõ a 11. de No-
vembro de 1706. fendo filho do Alferes
Jozè Teixeira de Carvalho, e D. Catherina
Jozefa Mafcarenhas. Inílruido nos preceitos
da Gramática Latina cultivou a Poefia para
que o inclinava o génio fendo produçoens
da fua Mufa naõ fomente humas Decimas
•em applaufo do livro intitulado Brados
Âo De/engano contra o Jono do ejquecimento
■compoílo pela Madre Magdalena da Gloria
Religiofa no Convento da Efperança de
Lisboa , e hum Romance Heróico em louvor
•da Academia Singular, e Univerfal compoíla
por Fr. Jozè de Jefus Maria da Provinda
da Arrábida, que fahio impreíTa . Lisboa
por Pedro Ferreira 1737. foi. porém três
Loas compoíla a i. em obfequio do Naci-
jnento de Chrijlo. A 2. em applaufo da Pro-
Jijfaõ de huma Keligiofa Dominica do Convento
de S. Joaõ de Setúbal, e a 3. z S. Gonçalo,
que fe reprefentou no mefmo Convento.
D. FRANCISCO MANOEL DE MEL-
LO Cavalleiro da Ordem Militar de Chriílo,
« Comendador de Santa Maria da Aífump-
çaõ do lugar de Efpichel, e Oyam, e de
Santa Maria do Hofpital, e S. Simaõ de
Vianna teve por berço a Cidade de Lisboa
do que elle repetidamente fe jaâa em mui-
tas partes das fuás obras, onde naceo a
23. de Novembro confagrado à memoria
do Summo Pontífice S. Clemente do anno
de 161 1. e por Pays a D. Luiz de Mello,
« D. Maria de Toledo de Maçuellos filha
de Bernardo Carrilho de Maçuellos Gentil-
-Homem de boca do Cardeal Alberto, e
Alcaide mòr de Alcala de Henares, e de
fua mulher D. Izabel Corrêa de Leaõ. A
natureza o dotou de taõ anticipada compre-
henfaõ para as fciencias, que na idade de
dez annos fe diílinguio entre todos os feus
Condifcipulos em o Collegio de Santo An-
tão, quando ouvio Rhetorica, e letras hu-
manas diâadas pelo P. Balthezar Telles
igualmente perito nas cfpeculaçoens da
Filofofia, e Theologia, como em todo o
género de erudição fagrada, e profana. No
tempo, que contava defefete annos de idade
fuccedeo a intempeíliva morte de feu Pay,
e preferindo a paleílra de Bellona à de Mi-
nerva aflentou praça de Soldado, em cujo
nobre exercício foraõ o mar, e a terra os
theatros em que deu claros argumentos de
valor heróico, e animo deílemido. Foy hum
dos celebres Aventureiros, que efcapou do
fatal naufrágio que padeceo a Armada Real
em a Corunha no anno de 1627. de que
era General D. Manoel de Menezes, para
a qual tinha aliftado grande numero de Sol-
dados das Comarcas de Elvas, Porto, Pi-
nhel, Miranda, e Moncorvo. No confliéto
da Armada Caftelhana de que era General
D. António de Oquendo no anno de 1639.
contra a de Inglaterra governada pelo Ge-
neral Tromp occupou o lugar de Meftre
de Campo de hum Terço compofto de mU
cento e fetenta Praças. As Campanhas de
Flandes, e Catalunha foraõ teílemunhas da
fua difciplina militar, ou foíTe obedecendo
como Soldado, ou mandando como Official.
Igual era o valor do animo à prudência do
juizo competindo no feu talento com glo-
riofa emulação as máximas politicas com
as inílrucções militares. Para ferenar a per-
turbação, que em Madrid tinhaõ caufado
os tumultos da Qdade de Évora no anno
de 1638. o mandou por feu Agente àquella
Corte o SereniíTimo Duque de Bragança D.
Joaõ cuja incumbência exercitou com tanta.
fagacidade, que o elegeo o Conde Duque
por companheiro do Conde de Linhares D.
Miguel de Noronha para que fofle a Évora
informarfe dos authores do tumulto prome-
tendo-lhes da parte do feu Soberano perdaõ
de taõ enorme delido muito mais injuriofo
a huma Naçaõ qual era a Portugueza, que
nunca faltara à fé prometida, porém como
deíla negociação fe naõ concluifle o fim
pertendido, voltou a Madrid onde padeceo
com inalterável conílancia a prizaõ de qua-
tro mezes a que injuílamente o condenou
o minifterio de Caftella. Ao tempo que
militava cm Flandes com o poílo de Mef-
tre de Campo como foíTe de génio muito
L USl TANA.
i83
briofo, naõ diíTimulou huma acçaõ que lhe
fez peíToa de grande authoridade, de que
refultariaõ pemidofas cooTequendas fe as
naõ atalhara prudentemente o Cardeal In-
fante D. Fernando Governador daquelles
Eílados mandando-o a Alemanha a negodo
de grave importanda o que naõ executou
impedido de huma enfermidade. Eílando
deílinado para Governador de Bayona fe
acendeo com tal furor a guerra de Catalu-
nha, que paíTou a Bifcaya para aíTiílir ao
Marquez de los Veles que mandava o exer-
dto Caílelhano onde continuou atè que foy
acclamado Príncipe deíla Monarchia o Se-
reniflimo D. Joaõ o IV. e depois de dif-
correr por Inglaterra, e Olanda fe reílitu-
hio à Pátria, na qual experímentou fataes
calamidades maquinadas pela malevolencia
dos feus emulos, fendo a mayor a falfidade
com que foy culpado no aíraíTino de Fran-
cifco Cardofo de que refultou eílar prezo
na Torre Velha pelo largo efpaço de nove
annos. Para juílificar a fua innocenda ef-
creveo hum Memorial à Mageílade delRey
D. Joaõ o IV. com razoens taõ condu-
dentes que evidentemente moftravaõ naõ
ter fido reo do crime que lhe imputavaõ
merecendo em atenção do que relatava fer
abfoluto da menor condenação, e reítitu-
hido à fua liberdade. Patrocinou taõ juíla
caufa a foberana authorídade delRey Chrif-
tianiíTimo Luiz XIII. lignificando a ElRey
D. Joaõ o IV. por huma carta efcrita em
Pariz a 6. de Novembro de 1648. o feu
empenho com eílas palavras. D. Francifco
de Mello Vaffallo de V. Mageftade, e que de
pret(ente ejlà pre^o na Torre Velha de Usboa
por caufa de huma falfa acufaçaõ, que lhe joy
levantada por feus inimigos, os quaes aprovei-
tando-fe da fua retenção com efcurecer manifefla-
mente a verdade acertarão de maneira, que por ejie
ref peito elle foy condenado a fervir a V. Ma-
geftade na índia. Mas por quanto he Fidalgo
de merecimento, e que os ferviços, que nos fe^
em nojfos exércitos nos convidaõ a compade-
cermo-nos da def graça, que lhe ha fuccedido ef-
crevemos ejla Carta a V. Mageflade para lhe
rogar com toda a affeiçaõ que nos he pojfivel
lhe queira conceder a graça que lhe he neceffaria
para que elle naÕ fatisfaça tal condenação ^ (&c.
Depois de tolerar com padenda Chriftãa>
e conftancia heróica tantas adverfidades fe
embarcou para o Brazil onde aíliftio al-
gum tempo, e voltando a Portugal depoftas
as armas com que venceo os inimigos ef-
tranhos, e nunca tríunfou dos domeílicos^
fe appUcou com mayor difvelo a continuar,
e imprimir as fuás obras, que no efpaça
de trinta e fds annos tinha compoílo taã
diverfas nos aílumptos, como copiofas eoi
o numero pois excediaõ o de cem vo-
lumes. Defde o anno de 1628. atè o de
1664. gemerão as ImpreíToens com os par-
tos de feu fecundo engenho podendo glo-
riar-fe que ao mefmo tempo trabalhavaò^
inceíTantemente as de Vareíi, Falco, Man-
dni em Roma; a de BoeíTat, e Remeus em
Leaõ de França; a de Joaõ Stenop em
Londres, e a de Craesbeeck, e Oliveira en>
Lisboa admirando os Leitores em as fuas-
compoíiçoens felizmente praâdcados os do-
cumentos de Filofofo Moral, as noaximas de
confumado Eftadilla, os preceitos de Hiílo-
riador elegante, e as agudezas de Poeta,
fublime. Foy inimitável no eílilo jocoferio,.
em que nunca degenerando em pueril cri-
ticou fem paixaõ, e reprehendeo fem ofenfa.
os coftumes do feu tempo temperando com
tal artiíido o rigor da inveâiva, que fez
appetedda a reprehenfaõ, e deldtofa a cen-
fura. Sendo acredor dos mayores defpa-
chos merecidos pelas acçoens feitas em fer-
viço da Pátria nunca alcançou delias a me-
nor remuneração fatisfazendo-fe com a glo-
ria de a merecer, fem a ambição de a pro-
curar. Nas mayores Cortes do mimdo con-
ciliou com a fua diícreta converfaçaõ a
affeâo das prindpaes peíToas aífim na quali-
dade, como na fciencia que nellas floreciaõ,.
particularmente em a Cabeça do mundo,,
onde como Empório de todas as Faculda-
des foy fummamente venerado do P. Atha-
nafio Kircher Oráculo das difdplinas Ma-
thematicas, Fr. Lourenço Brancati de Lauria.
Corifeo da Theologia Efcholaftica, que fo-
bre o Sayal Francifcano veítio a Purpura^
Romana, e o noíTo iníigne Fr. Francifco de
Santo Agoítínho Macedo, que naquelle
tempo illuíbrava as Cadeiras com a doutrina,,
os Púlpitos com a elegância, e os Tribimaes
i84
BIBLIO THE CA
com o confelho. O influxo que teve para
a Poefia foy taõ cadente, e copiofo, que
bem moftrou recebera os feus preceitos me-
nos da arte, que da natureza compondo na
idade de 14. annos hum Canto de outavas
Portuguezas em que celebrou a reftauraçaõ
da Bahia em o anno de 1625. imitando o
eftilo do incomparável Luiz de Camoens.
Foy taõ excellente Hiíloriador, que na imi-
tação que obfervou dos Curdos, Livios, e
Thucidides fez que a copia excedefle muitas
vezes a taõ venerados Originaes aíTim na
elegância da frafe, profundidade do con-
ceito, como agudeza da difcriçaõ. FaUou
com igual pureza que expedição as lin-
guas mais polidas da Europa explicando a
fineza dos feus conceitos em qualquer delias
com tanta propriedade que parecia nacera
«m Madrid, Pariz, ou Roma. Da Oratória
teve taõ vaíla noticia como da Poefia, de
<iuc foraõ theatros as mais celebres Aca-
demias que competiaõ qual o havia de ter
por Collega fendo em a famofa dos Gene-
rojos por varias occafioens Prefidente, e al-
cançando em os mayores certames littera-
rios os primeiros prémios. Falleceo em
Lisboa a 15. de Outubro de 1666. e naõ
de 1667. como modernamente efcreve o P.
Souza no Tom. 9. liv. 6. da Hift. Gemai,
da Caf. Rea/ Portug. ]âz fepultado no Con-
vento de S. Jozè de Riba-mar deReligio-
fos Arrabidos. Nunca cafou deixando hum
filho natural chamado D. Jorge Manoel de
Mello fiel imitador das fuás proezas mili-
tares de que deu heróicos argumentos na
Batalha de Senef em o anno de 1674. onde
morreo valerofamente fendo Capitão de Ca-
vallos. O fcu nome exaltaõ com elogios
poéticos, e hiftoricos diverfos Efcritores,
como faõ Nicolào António Bib. Hifp. Tom.
1. pag. 322. col. 2. Virum longiore vita <ii-
ffium. Joan. Soar. de Brito Theaír. Ijifit.
Utter. Li ter. F. n. 39. Vir Jlyli elegantia,
Jive ligatam, five folutam orationem dejideres, ex-
cellens, facilis, €>* factmdus. Fr. André de
Chriílo /»/^. Hijlor. ao Põem. Virffnid. de
Manoel Barbuda de Vafconcellos Grande
Jogeito de noffos tempos, bem conhecido, como
applaudido pela multidão, e excellencia de feus
efcritos ajfim em pro:(a, como em ver/o. Cordei-
ro. Hiji. Injul. liv. 5. cap. 6. n. 38. celeberri-
mo compojitor. D. António Caetano de Souza
Apparato à HiJl. Gen. de Portug. pag. 114.
§. 123. bem conhecido pelas fuás obras que im-
primio, e outras que deixou, e na Hifi. Geneal.
da Caf. Keal Portug. Tom. 5. liv. 6. pag.
453. cujas obras correm com univerfal applaufo
dos doutos, e faõ huma irrefregavel teflemunha da
fua erudição, e no Tom. 9. liv. 8. pag. 220.
de grande entendimento cultivado na applicaçaõ
das boas letras como o tejlificaõ as fuás obras
que correm impreffas, e Aí. S. com geral efti-
maçaõ dos eruditos. Jacinto Cordeiro EJog. dos
Poet. Lujit. Eftanc. 16.
D. Francifco Manoel pompa gloriofa
De las Mufas amparo en fu ajjijlencia
Puede folo con mano poderofa
Keflituirnos faltas de fu aur(encia:
Que es fu pluma feli!(^ tan deleitosa
Que mereciendo applaufos fu excellencia
En fu termino iluflre,y modo urbano
"Le condu^^e el Laurel por foberano.
Manoel de Galhegos Templo da Memor. liv.
4. Eftanc. 201.
As lagrimas de Dido bem choradas
O' D. Francifco Manoel de Mello
Vivem por voffo canto etemii^adas
Com as que a Aurora efparr^e en parel-
lelo.
Ah quam felice efle fogeito fora
Se como lá chorais, cantais agora.
P. António dos Reys Enthuf Poet. n. 65.
Cinãus
Subni^a foliis buxi Manuelius Orbe
Nominis in totó ma^ti, feu verba refolvat,
Seu liget, enarrat queribunda você labores,
Quos tulit, expertus fuperá dum vefcitur aura
Perpetuo fortis ludibria.
Cathalogo das obras impreíTas por ordem
Chronologica.
Do:(e Sonetos por varias acciones en la
muerte de la Senora D. Ifftes de Cajlro
muger dei Princepe D. Pedro de Portu-
gal. Lisboa por Matheus Pinheiro. 1628. 4.
Politica miltiar em avisos de Generales
efcrita ai Conde de Linares Marque:^ de
Vifeo Capitan General dei mar Oceano dei
Concejo de Eflado de Su Magejlade, j
LUSITANA.
i85
/u Gentil-Hombre de la Camará. Madrid por
Francifco Martines 1638. 4. e Lisboa por
Mathias Pereira da Sylva, e Joaõ Antunes
Pedrozo. 1720. 4.
Declaracion que por d Reyno de Portugal
ofrece el Doãor Geronimo de Santa Cnfí^ a
todos los Keynos ,jf Províncias de Europa con-
tra las calumnias publicadas por Jus emulos.
Lisboa por António Craesbeeck de Mello.
1643. 4-
Demonjlracion que por el Reyno de Portu-
gal agora ofrece el Doãor Geronimo de Santa
Crus^ a todos los Reynos, e Provindas de Eu-
ropa, y ofrecida contra las calumnias publicadas
de Jus emulos, y en Javor de las verdades por
el tiempo manijejladas. Lisboa pelo dito Im-
preíTor. 1644. 4.
Eco politico rejponde en Portugal a la vo^
de Cajiilla, y Jatisjat^e a un papel anonymo
ojrecido ai Rey D. Felippe IV. Jobre los in-
terejjes de la Corona Lujitana. Lisboa por Pau-
lo Qaesbeeck. 1645. 4.
Hiftoria de los movimientos, y Jeparacion de
Cataltma. Lisboa por Pedro Craesbeeck.
1645. 4. Sahio com o fupofto nome de
Clemente Libertino. Creo (efcreve elle na
Carta 8. da primeira Centúria delias ao
Doutor Joaõ Bautifta Morelli) nò hà perdido
nada el libro Jaltandole mi nombre, ni mi nombre
Jaltandole el libro.
Manijejio de Portugal. Lisboa por Paulo
Craesbeeck. 1647. 4. Nelle declara a detef-
tavel acçaõ de Caílella quando intentou pri-
var da vida perfidamente ao Sereniflimo Rey
D. Joaõ o IV. acompanhando a Solemne
ProciíTaõ de Corpus CbriJH a 17. de Junho
de 1647.
El mayor pequeno, vida, y muerte dei Se-
rafin humano Francijco de AJJis. Lisboa por
Manoel da Sylva. 1647. 12.
El Fénix de Africa AuguJHno Obijpo
Hyponenje primera parte. Augujlino Filojojo.
Lisboa por Paulo Craesbeeck. 1648. 12.
El Fénix de Africa Augujlino Obijpo
Hyponenje. Segunda parte Augujlino Santo.
Lisboa pelo dito Impreflor 1649. 12. Elias
três obras fahiraõ reimpreíTas Roma por
Falco, e Varefi. 1664. 4. com o titulo de
Segunda parte do i. Tomo das obras Mo-
raes.
Las ires Mujas de Melodino. Lisboa na
Offidna Craesbeeckiana, 1649. 4. Sahiraõ
em Leaõ de França por Horado BoeíTat,
e Jorge Remeus. 1665. 4. com efte ti-
tulo
Obras Métricas, y Jegundo Tomo de Jus obras.
Contienen las três MuJas, el Pantbeon, las Mu-
jas Portuguev^as, el tercero Coro de las Mu-
Jas.
Pantbeon a la immortalidad dei nombre Itade.
Poema Traffco dividido en dos Joledades. Lisboa
por Paulo Craesb. 1650. 16.
Melpomene Junto ao tumulo da Senhora D.
Maria de Ataide lamenta Juas magoadas Jau-
dades nejla Ode. Sahio nas Memor. Funeb. da
dita Senhora. Lisboa na Offidna Craesbeec-
kiana 1650. 4. a foi. 31. verf.
RelafaÕ dos Juccejfos da Armada, que a
Companhia geral do comercio expedio ao EJlaão
do Brafil o anno pajjado de 1649. de que Jqy
Capitão Geral o Conde de Cajlello-Melbor. Lis-
boa na Offidna Craesbeeckiana, 1650. 4. fem
o feu nome
Carta ao Doutor Manoel Themudo da Fon-
Jeca Vigário Geral do Arcebijpado de Lisboa.
ImpreíTa ao prindpio das Decijoens do mef-
mo Doutor Themudo. Lisboa por Domin-
gos Lopes Roza. 1650. foi. e reimpreíTa
na I. parte das Cartas Familiares a qual he
a I. da 4. Centúria. Roma por Filippe Ma-
ria Mandni. 1664. 4.
Carta de ffáa de Cav^ados para que pelo
caminho da Prudência Je acerte com a Ca:(a do
dejcanjo. Lisboa na Offidna Craesbeeckiana.
165 1. 16. & ibi por Diogo Soares de Bu-
Ihoens. 1670. 16.
Epanaphoras de varia hijloria Portu^iev^a
em cinco Kelaçoens de Juccejfos pertencentes ae Jle
Reyno, que contem negócios públicos, politicas,
traffcos, amorojos, bellicos, triumphantes. Lisboa
por Henrique Valente de Oliveira. 1660. 4.
& ibi por António Craesbeeck de Mello.
1676. 4.
Antidoron, ou remuneraâon ao Ltytor
dejla Hijloria (qual he a da Etiópia Al-
ta) pelo ajeão, pelo reconhecimento da dou-
trina, que ao M. R. P. Aí. Balthr(ar Tel-
les da Companhia de JESUS Provincial da
Provinda Lujitana deve Jeu mayor amigo, e me-
i8ó
BIBLIO THE CA
nor dijcipulo D. Francifco Manoel. Sahio im-
preflb no principio daquella Hiftoria. G)im-
bra por Manoel Dias. 1660. foi.
Obras Mor ales Tomo primero. Contiene.
Vitoria dei homhre fobre el combate de
virtudes, y vicios, triunfo de la Filofofia
Chrijliana contra la Doutrina EJloica. Roma
por el Falco 1664. 4. Confta de nove li-
vros.
Segunda Parte dei primer tomo de las obras
Morales. Roma por Falco, y Vareíi 1664. 4.
Comprehende as vidas de S. Francifco, e
Santo Agoílinho, de que aíTima fe fez men-
ção.
Primeira Parte das Cartas familiares efcri-
tas a varias Pejfoas fobre ajfumptos diverfos.
Roma por Filippe Maria Mancini 1664. 4.
O carafter defta obra defcreve com elegan-
tes expreíToens o P. Fr. Francifco de San-
to Agoílinho Macedo na cenfura, que lhe
fez dizendo. DaÔ-fe aqui as mãos, o honeflo,
útil, e deleitov^o: correm parelha a elegância, e
a propriedade ; a facilidade, e o decoro: a com-
pofiçaõ, e o defpejo: a gravidade, e a galan-
taria: a variedade, e a semelhança. EncontraÕ-
-fe lendo equivocas graciofos, provérbios agradá-
veis, defcripçoens apra^iveis, anexins galantes, di-
greffoens alegres, documentos proveitosas. As pa-
lavras faõ próprias, a fra^e lidima, o eflilo cor-
rente. Pica com agudeza, remoquea com graça,
conta fem proluxidade, pede fem importunação,
repreq^enta fem biocos, queixafe fem melindres.
Se olho para a facilidade parece nature:(a, fe
para a elegância parece arte, fe para o def(en-
gano parece confiança.
Auto do Fidalgo Aprendi::^, farça que fe
reprefentou a fuás Alte:(as tirada das obras de
D. Francifco Manoel. Lisboa por Domingos
drneiro. 1676. 4.
Aula Politica, Cúria militar, Epiflola De-
clamatória ao Serenijftmo Príncipe D. Theodot^io.
Lisboa por Mathias Pereira da Sylva, ejoaõ
Antunes Pedrozo 1720. 4.
Apologos Dialogaes. Obra pofthuma a mais
politica, civil, e galante, que /<?^ feu Autor.
Lisboa pelos ditos Impreflbres. 1721. 4. Q>nf-
taõ de quatro Apologos, o primeiro inti-
tulado Kelogios Fallantes. Interlocutores hum
Keloffo da Cidade, e outro da Aldeya. O fe-
gundo Efcritorio Avarento, Interlocutores hum
Portugueti fino, hum DobraÕ Caflelhano, hum
enfado moderno, e hum vintém Navarro. 3.
Vifita das Fontes. Interlocutores Fonte Ve-
lha do rocio. Apollo. Fonte nova do Terreiro
do Paço, Soldado 4. Hofpital das letras. Inter-
locutores os livros de Juflo Lypfio, Trajam
Bocalini. D. Francifco de Quevedo e o Author
defla obra.
Tratado da Sciencia da Cabala, ou noticia
da Arte Cabaliflica. Lisboa por Bernardo
da Cofta de Carvalho Impreflbr do Serenif-
íimo Senhor Infante 1724. 4. Obra pof-
thuma.
Cathalogo das obras M. S.
Theodoi^io dei nombre II. Princepe de Bra-
gança Duque f étimo de fu Eflado, natural feitor
de los Portugue:^es. Hifloria própria, y univerfal
dei Rejno de Portugal, y fus Conquifias en Eu-
ropa, Africa, Afta, y America con fuficiente
noticia de los fuceffos dcl mundo ai tiempo de
la Vida defle Princepe. Efcrita dei Orden dei
muy alto, y muy poderofo Key nuejiro Senor
D. Juan el quarto fu hijo, y Padre de la
Pátria. Offerecida a Su Mageflad por D.
Francifco Manoel Parte primer a dividida.
Quare? Amo Chrifliano 1648. O original,
que meu Irmaõ D. Jozè Barboza con-
ferva na fua SeleétiíTima Livraria, eftava
prompto com as licenças da Inquiíiçaõ paf-
fadas a 28. de Março de 1678. para a im-
preíTaõ. Defta obra faz mençaõ o P. D.
António Caetano de Souza. Hifl. Geneal.
da Ca^. Real Portug. Tom. 6. liv. 6. pag.
562.
JuflificaçaÕ das fuás acçoens ante Deos, ante
Sua Mageflade, e ante o mundo contra as
falfas calumnias impoflas dos feus inimigos.
He hum Memorial à Mageílade delRey D.
Joaõ o IV. que coníla de quatro folhas
de papel, que lemos. Começa. Senhor.
Os Romanos cuflumavaõ ouvir em feu Senado
aos Reos; entendiaô, que a JuflificaçaÕ própria
de ordinário periga na pena, e na ro:ç alheya.
Acaba. Ifto conheço, ifio promulgo, ifio proteflo
fat(er.
Vidas dos Serenijftmos Reys de Portugal il-
lufiradas com medalhas. Delia obra como já
quaíi concluída faz mençaõ em o Memo-
rial precedente.
L USITANA,
Apparato Genealo^co de los R^/ de Por-
tugal. Defta obra compofta no anno de 1648.
faz memoria na vida de D. Theodozio Du-
que de Bragança, a qual íahio com os Re-
tratos dos Reys abertos em Lisboa por Lu-
cas Vooílerman, e fe eítavaõ imprimindo
em Anveres. Paliando o Autor deíla obra
em huma Carta fua efcrita a hum Cavalhero
em 8. de Dezembro de 1649. cujo original
vimos, diz. Tenho dejla obra feito de^ vidas
de Príncipes com fuás memorias por efiilo novo,
e elegante.
Tratado da Paciência. Dedicado ao Se-
reniflimo Eleytor do Império Filippe Qhrif-
tovaõ Arcebifpo de Treveris. Coníla da fe-
gunda Carta da Centúria 3. das fuás Cartas
Familiares efcrita a efte Prindpe.
Nobiliário de Damiaõ de Góes addicionado
com varias noticias. Cujo original conferva
o eruditiífimo Jozé Freyre Monterroyo
Mafcarenhas na fua Livraria, e delle faz
mençaõ o Padre Souza Apparat. à Hijl.
Gen. da Cai^a Real Portug. pag. 114. §.
Defcrípçaõ do Brasil intitulada. Parai^o de
Mulatos, Pwrgatorío de Brancos, e Inferno de
Ne^os.
Fejra dos Annexins.
Segunda Parte das Epanapboras de Varia
Hifioria.
Relaciones dei Oriente. Confiava dos fuccef-
fos do primeiro anno do governo do Conde
de Linhares em a índia. Dedicado ao Du-
que de Maqueda, e Naxera, a cuja inftancia
compoz eíla obra.
Concordâncias Mathematicas. Compoz efta
obra quando tinha 17. annos de idade, e
eftava prompta para a impreíTaõ, como af-
firma na Carta aílima allegada de 8. de De-
zembro de 1649.
L^as finet^as mal locadas. Novella dedi-
cada a huma Dama chamada Margarita Lu-
zinda, efcrita na idade de 18. annos Anno
critico, e climatérico fe naõ da vida, da qtáe-
iaçaõ dos homens, e taõbem por ijfo muitas ve-
^es da vida. como elle efcreve na referida
Carta.
Def culpas dei ócio i. e 2. Parte. Poe-
iias.
Loj Caprichos de Amarilis. Difcurfo a
187
huma Dama defmayada em fua prezença,
dedicado a D. Manoel de Caibro feu grande
amigo, o qual depois recitou na Academia,
que fe fazia em caza de feu Tio D. Agof-
tinho ^lanoel de Mello, fogeito (como elle
diz) conhecido igualmente por fuás partes, e Tra-
gedia, que ellas pode fer lhe ^angeaffem.
luibyrintho de Amor. Comedia
h/is fecretos bien guardados. Comedia
De Burlas hat^e amor veras. Comedia
£/ Domine Lucas. Comedia buriefca
EJ Verano en Sintra. Novela
Tas noches ef curas. Novela
Ltf Dama Negra. Novela
Hifioria General de Portugal, que compre-
bende el goviemo de la Princev^a Margarita.
Juis^io de las maravillas de la naturale^a.
Deu motivo a efle Difcurfo o diluvio de
fogo, que cahio na Ilha de S. Miguel no
anno de 1638.
Satisfaciones a Sylvio.
El Hombre. Defcrevefe o caraâer de hum
Princepe perfeito.
Lagrimas de Dido. Poema heróico dedi-
cado a D. Frandfco de Borja Prindpe de
Efquilache, que o queria imprimir, fe o Au-
tor lho naõ ímpedifTe.
Eloffo ao Senhor Infante D. Duarte Ir-
mão do Sereniffimo Rey D. JoaÕ o IV. quando
fegunda ve^ fe preparava para a jornada de
Alemanha. Imitou o elogio do grande Joaõ
de Barros feito à Serenifllma Infanta D.
Maria.
De la Aflicion, y confortarion. Obra muito
erudita ornada de Sentenças dos Santos Pa-
dres, e Filofofos antigos.
Triunjo da Verdade. Apologia por certo
Miniílro falfamente calumniado.
Memorial de la honra. Dirigido a Filippe
rV. Nelle reprezenta à Nobreza a violenda
de hxim tributo, que fe lhe queria impor
no anno de 1632.
Memorial ao Conde Duque por parte de
Diogo Soares Secretario de Eflado.
Memorias da fua vida efcritas no anno
de 1641. quando eHava prezo em Madrid.
Verdades pintadas, e efcritas. Confia-
va de cem Emprezas moraes dibuxa-
das pela fua maõ, e iUuAradas com dif-
i88
BIB LIO THE CA
cuifos. Ao tempo que eftava compondo
cfta obra lhe chegou às mãos jo livro das
Emprezas Politicas, e moraes de D. Dio-
go de Saavedra, e nellas achou quatorze
com o mefmo corpo, e letra, e allegoria
fem nunca fe ter comunicado com aquelle
Politico.
Punfo en boca. Invedtiva jocofa contra Caf-
tella
Luz Impojfthk Tragedia Caílelhana imitando
o eítilo de Joaõ Bautiíla Guarino.
Officio de S. Joaõ Bautijla. Com hym-
nos, refponforios, e Oralçoens publicado
com o fupoílo nome de Innocencio da Pai-
xão.
Canto de Babilónia. Parafraze do Pfalm. Super
Vlumina Babilonis. Em coplas Portuguezas.
Difcurfo acerca dos inimigos, que o vexa-
vaõ tomando por argumento as palavras de
David oderunt me grátis. Dedicado a D. Ro-
drigo da Cunha.
O invifivel Concelheiro. Difcurfo politico.
Maré de Kofas. Inveétiva contra hum li-
vro poético.
Kelaçaõ Hijlorica das Alteraçoens de Évora.
Cartas de la Ka::^on. Idea politica. Pal-
iando deíla obra na Carta referida, diz. fe
Deos for fervido de mo deixar acabar felice-
mente efpero feja a honra, e meta de todos os
meos efcritos.
Commentarios ao livro da Providencia de Sé-
neca.
EJ Chrijliano Alexandro. Hiftoria Politica
de Jorge Caílrioto Principe, e Reílavurador
de Albânia.
Efpiritos moraes. Difcurfos fobre as Do-
mingas de Quarefma. Dedicado a D. Fer-
nando de Andrade, e Sotto-mayor Ar-
ccbifpo de Burgos, e depois de Saõ-
Tiago.
Difcurfo moral, e politico fobre o verfo 9.
do Pfalmo 18.
Homilia fobre as palavras. Mijit Herodes
Kix.
Defenfa univerfal dejie Reyno em que fe pro-
põem todos os meyos praãicos para evitar todos
os perigos, que nelle pôde haver caus^ados por
mar, e terra.
Do modo de empregar na guerra a Fidal-
guia.
Difcurfo fobre a interprefa de Badajòs.
Da Fortificação das Praças.
Das Precedências das Naçoens. Deu ma-
téria a efte difcurfo quererem as nàos da
Coroa de Inglaterra preceder às mercantes
de Olanda em o Porto de Lisboa.
Do modo de fervir dos Reformados.
Difcurfo fobre o Officio de Marichal do
Rejno.
Difcurfo fobre as competências dos Officios da
Ca:(a Real.
Memorial dos Moradores da Capitania de Per-
nambuco.
Relação do Nacimento do Infante D. Pedro.
Relação do Sitio de Olivença.
Relação da Vitoria, que alcançarão os Por-
tugueses dos Olande^es em os Gararapes.
Annotaçoens às Sentenças do Conde de Vi-
miofo.
Anciãs de Dalifo. Poema, que coníla de
verfo e proza.
Annotaciones a las Epijlolas de Francifco
de Sà.
Hijioria de los Infantes.
El Ce^ar de ambos mundos.
El Daniel perfeguido.
Modo de emplear la Noble^a.
Politica Familiar.
Cúria Politica.
Manifiejlo de los Palatinos.
Segunda Parte das Cartas Familiares.
Tratado das infignias militares.
Diário dei Brasil.
Itinerário da Europa i. e z. Parte.
De outras muitas obras aífim Politicas,
hiftoricas, como Métricas fe pôde ver o
cathalogo impreíTo ao principio da i. Par-
te das obras Moraes o qual cftà dividido
por fuás claíTes, das quaes algumas jà eftaõ
impreíTas.
D. FRANaSCO MANOEL DE MEL-
LO. Naceo na Villa de Tanà útuada
na Ilha de Salfete diílante quatro legoas
da Cidade de Baçaim em a índia Orien-
tal fendo filho natural de D. Jerony-
mo Manoel de Mello General da Ar-
mada de alto bordo daquelle Eílado, c
de Maiia de Sequeira. Para herdar os
L USITAN A.
Morgados de feus Tios D. Frandlco de
Mello, Embaxador, que fora aos Eílados
de Olanda, e D. Maria de Portugal fua
Irmãa G^ndefla de Penalva paíTou da ín-
dia a efte Reyno, onde foy Alcayde mòr
de Lamego, Commendador de S. Martinho
de Ranhados na Ordem de Chrifto, Dona-
tário dos Reguengos de Folhadal, e Pu-
rames na Q)marca de Vifeu, e Senhor do
Morgado da Ribeirinha na Ilha de S. Mi-
guel. Ocupou os honorificos poílos de
Capitão de mar, e guerra das Nàos defta
Coroa, e de Meftre de Campo de Infantaria,
e General de Batalha na guerra, que Por-
tugal moveo fobre a fuceflaõ de Efpanha.
Foy dotado de juÍ20 agudo, difcriçaõ na-
tural, firaze elegante, e converfaçaõ agra-
<kvel, que fendo muitas vezes jovial fem-
pre era judiciofa. Praticou com felicida-
de os preceitos da Poefia aíTim heróica co-
mo Lyrica alcançando merecidos applauzos
nas mais celebres Academias de que foy
eftimavel alumno, ou foíTe pela fublime afluên-
cia dos verfos, ou pela eloquente copia dos
feus difcurfos. Falleceo em Lisboa a 13.
de Março de 171 9. Naõ foy cazado dei-
xando de D. Apollonia de Miranda filha
de Pafchoal Gomez de Faro, e Catherina
de Miranda a D. Pedro Manoel de Mel-
lo, que fendo legitimado herdou a fua caza,
e fe defpozou com D. Anna Viftoria de
Caftro filha de Júlio de Mello de Caftro,
e D. Barbara Jozefa de Bragança Corte-
real; e a D. Leonor Thomazia de Portu-
gal Religiofa no Moíleiro de Odivellas ha-
vida em outra May. Das Poezias, que dei-
xou compoílas fe podia formar hum vo-
J lume de juíla grandeza que fe confervaõ
1 em poder dos eruditos, e fomente fe fez
publico o difcurfo feguinte recitado na Aca-
Idemia Portugueza inítituida em Caza do Ex-
cellentiflimo Conde da Ericeira D. Fran-
, cifco Xavier de Menezes onde era Meílre,
e lia os Elogios das Matronas Portugue-
zas.
UçaÕ A.cademica em que compara as virtudes
da Serenijfima Princet^a Santa Joanna com as da
Senhora Soror D. Lui^a Maria de S. Jo^è Re/igio/a
no Convento da Madre de Deos extramuros de
Lisboa filha dos Excellentijfimos Condes do AJ-
189
fumar. Lisboa por António Ifidoro da Fon-
feca. 1737. 4.
P. FRANQSCO DE SANTA MARIA
naceo em Lisboa a 11. de Dezembro de
1653. onde foy vigilantemente educado por
feus Pays o Capitão Manoel Corrêa Caval-
leiro Fidalgo da Caza delRey, e profeíTo
em a Militar Ordem de Chriílo, e de D.
Maria da Sylva de Azevedo. No Collegio
pátrio de Santo Antaõ fe applicou ao ef-
tudo da lingua Latina, e Humanidades, e
como era dotado de comprehençaõ gran-
de, e rara habilidade fe adiantou taõ breve-
mente a todos os feus condifcipulos, que
intentarão os Meftres, que paíTaíTe da Au-
la para o Noviciado, e de difcipulo para
companheiro cujo defignio fe executou re-
cebendo a Roupeta de Jefuita em Lisboa.
Eíla acçaõ pofto que virtuofa como foy exe-
cutada fem a faculdade de feus Pays, que
o amavaõ temiflimamente, applicaraõ todas
as diligencias para que fe reítituifle a fua
Caza, e tantas foraõ as lagrimas, que con-
tinuamente derramava fua Mãy na Igreja
do Noviciado, que compadecidos os Reli-
giofos lhe permitirão, que fahiífe da fua
companhia em que aíTiítío poucos mezes.
Confiderando, que naõ era decorofo ao feu
nome apparecer publicamente fem habito re-
gular fuppUcou a feus Pays, que lhe per-
mitiíTem voltar para onde fahira, ou abra-
çar o Inftituto de outra Sagrada Religião.
A taõ juítificada propoíla condefcenderaõ os
Pays deixando livre ao filho a eleição do
IníHtuto, que havia obfervar. Perplexo na
refoluçaõ lhe fuccedeo, que metendo a maõ
debaixo do traviíleiro da cama em que dor-
mia achou huma eílampa em que eftava
retratado o Venerável P. António da Con-
ceição immortal credito da Congregação de
S. Joaõ Evangeliíla aflim por fuás heróicas
virtudes, como eíhipendos milagres, e en-
tendeo, que aquelle acafo era myfteriofo,
e como tal deíHnado por mais alta Provi-
dencia para receber a murça de taõ floren-
tifllma Congregação o que executou no fa-
mofo Convento de S. Bento de Xabregas. De-
pois de cumprir as obrigaçoens de perfeito
Noviço paUou a eftudar as fciencias fe-
IÇO BIB LIOTHE CA
veras no CoUcgio de Coimbra, nas quaes recebidos os Sacramentos entre os Suavif-
foy admirado o feu talento aprendendo-as, fimos nomes de JESUS, c Maria, que pro-
ou eníinando-as, podendo virtuofamente glo- nunciou atè o ultimo alento, paíTou de mor-
riarfe, que fendo doze os difcipulos do feu tal a eterno em fabbado 3. de Novembro
magifterio, outo foraõ Mcftres, e quatro fe de 171 3. no Convento de S. Eloy de Lis-
laurearaõ com as iníignias doutoraes na Uni- boa, quando contava 59. annos dez messes
verfidade de Coimbra, dos quaes hum que e 8. dias de idade, e 42. annos 6. mc-
foy o P. Manoel de Saõ-Tiago fubio na zes e 7. dias de Cónego Secular do Evan-
mefma Univerfidade a fer Cathedratico da geliíla. A* fua memoria dedicou hum Elo-
Cadeira de Efcoto, de que tomou pofle a gio efcrito com elegante penna Manoel da
4. de Julho de 171 8. Eleito Chroniíla Ge- Cunha de Andrade Cavalleiro Profeflb da
ral da fua Congregação dezempenhou abun- Ordem de Chriílo, e Bacharel na Faculdade
dantemente as leys de Hiíloriador aíTim na de Leys que fahio impreíTo no anno de
elegância do eílilo, como na verdade da 1739. Compoz
narração. Foy hum dos celebres Pregadores Sermão de Nojfa Senhora do Valle em »
do feu tempo merecendo por vezes repeti- B^jeal Convento de Santo Eloy a %. de Setembro
das os applauzos das Mageílades de D. Pe- de 1679. Lisboa por Francifco Villela 1680. 4.
dro II. e da Senhora D. Catherina Rainha Serniaõ da quinta quarta feira de Ouarejma na
de Graà Bretanha quãdo o ouviaõ nas fuás Capella Real da Univerfidade de Coimbra. Coim-
Reaes Capellas. Nefte Evangélico minifterio bra por Jozè Ferreira ImpreíTor da Univcr-
moílrou a fua grande promptidaõ pregando íidade. 1685. 4.
em muitas occazioens repentinamente com Sermão da Primeira Outava de Pafchoa. Coim-
tanto acerto como fe fora por muito tem- bra por Manoel Rodrigues de Almeyda
po meditado o que dizia. Naõ foy menos 1685. 4.
feliz na Poeíia que praéHcou nos feus pri- Sermão da Vifitaçaõ de NoJfa Senhora na
meiros annos com génio taõ jovial, que po- Dominga 6. pofi Pentecofien em a Santa Ca!(a da
dia competir com os Vahias de Portugal, Mifericordia de Usboa a i. de Julho de 1684.
e os Canceres de Caílella porém julgando Coimbra por Manoel Rodrigues de Almeyda
prudentemente, que eíle género de compo- 1685.
íiçaõ era alheyo da modeília religiofa nimca Sermoens Vários i. Tomo Lisboa por Ma-
confentio, que fe divulgaíle com o feu no- noel Lopes Ferreira 1689. 4.
me o menor parto da fua fecunda Mufa 2. Tomo ibi pelo dito Impreflbr
Da fua fciencia Theologica faõ illuftres Pa- 1694. 4.
negyriílas o Tribunal do Santo Officio, de 3. Tomo ibi pelo dito ImpreíTor
que foy pelo efpaço de trinta annos Qua- 1698. 4.
lificador, e a Meza da Conciencia fendo 4. Tomo ibi na Oííicina da Con-
Examinador das Três Ordens Militares. Da gregaçaõ do Oratório 1738. 4.
fua charidade para os pobres foy theatro 5. Tomo ibi na dita Offidna
o Hofpital Real das Caldas quando foy feu 1738. 4. Eftes dous últimos fahiraõ pof-
Provedor, e ultimamente da fua prudência, tumos.
c benignidade fera eterna aclamadora a Sermão Gratulatorio, e Panegírico prègaÂo
fua Congregação, quando foy Reytor do na Capella Real em que na me/ma Capella fe
Convento de Santo Eloy de Lisboa, e Ge- celebra a Fefia dos Reys . Lisboa por Manoel,
ral de toda a Congregação. Humildemen- e Jozè Lopes Ferreira 1709. 4.
te agradeceo, e heroicamente regeitou o Bif- Sermão do Auto da Fè, que fe cele-
pado de Macào em o qual no anno de brou na Praça do Rocio defia Cidade de
1692. foy nomeado por ElRey D. Pedro II. Usboa Junto dos Paços da InquifiçaÒ anno
Avizado pela gravidade de huma doença de 1706. Lisboa pelos ditos Impreflbres.
de que era chegada a ultima hora fe pre- 1706. 4.
parou com ados de fervorofa contrição, e Sapbira Veneziana Vida de S. IjOu-
L USITANA.
191
renço Jujiiniano. Lisboa por Filippe Villela.
1677. 4-
Jacinto Portuguef^ Vida do Ven. P. Antó-
nio da Conceição ibi pelo dito ImpreíTor.
1677. 4.
Agida do Impireo. Excellencias do Difcipulo
amado em compendio/o panegyrico. Lisboa por
Miguel Manefcal 1687. 4. Sahio traduíida
em Caílelhano por Fr. Joaõ Talamanco da
Ordem Militar da Mercê. Madrid. 1735. 8.
O Ceo aberto na terra. Hijioria das Sacadas
Con^egaçoens dos Cónegos Seculares de S. Jorge
em Alga de Venef^a, e de S. Joaõ Evangelijla
em Portugal. Lisboa por Manoel Lopes Fer-
reira 1697. foi.
Jujla defenfa em três fatisfaçoens Apologé-
ticas a outras tantas inveãivas com que o muito
Reverendo P. Mefire Fr. Manoel dos Santos
Monge ProfeJJo no Real Alojleiro de Alcobaça,
Mejlre em Theolo^a, e Chronifia Geral da
Ordem de S. Bernardo fahio ã lu^ no Jeu
livro intitulado Alcobaça Illujlrada contra a
Chronica da Congregação do 'Evangelijla. Lisboa
por Jo2è Lopes Ferreira 171 1. 4.
Anno HiJlorico Diário Portuguev^ noticia
abreviada das PeJJoas grandes, e cousas notá-
veis de Portugal. &c. Tom. i. Lisboa pelo
mefmo ImpreíTor 1714. foi. Comprehende
os mezes de Janeiro Fevereiro, e Março.
InJirucçaÕ, e Direãorio para os Examinado-
res, e Examinados de todos os grãos de Or-
dens, Officios, e AliniJlerios da Igreja com o pre-
cifo, e ejjencial, que deviaõ faber, e fer pregun-
tados em feus exames, foi. Af. S. Naõ ficou
completo.
Fr. FRANCISCO DE SANTA ^L\RIA
UlyíTiponenfe filho de António da Sylva,
e Joanna Baptiíla. ProfeíTou o Inftituto dos
Eremitas Auguftinianos no Real Convento
de Nofla Senhora da Graça da fua Pátria
a 9. de Dezembro de 1696. A fumma agu-
deza com que aprendeo as fdencias efcho-
lafticas deo certas efperanças, de que as ha-
via diâar com igual applauzo aos feus do-
mefticos até jubilar em a Sagrada Theolo-
gia. Depois de ter fido Reytor do Colle-
gio de Coimbra no anno de 1728, e Defi-
nidor em 1737. foy elevado ao lugar de
Provincial a 7. de Mayo de 1740. em cujo
governo manifeftou a prudência do talento
unida com afebiHdade do génio. Entre os
eíhidos amenos da Poefia Latina, e letras
humanas, como entre os feveros da Filo-
fofia, e Theologia fempre cviltivou a Uçaõ
da Hiftoria Ecclefiaftica em que he muito
verfado, principalmente em as antiguidades,
e privilégios da fua Ordê Eremitica. Em
feu applauzo dedicou o P. D. Manoel Cae-
tano de Souza o feguinte elogio na Exped.
Hifp. S. Jacob. Part. 3. Seft. i. Aífert. 48.
§. 159. Vir doãijfimus, ut pote qtá ejl totius
antiqtátatis Ecclejiajiica peritijjimus, ut prate-
ream Romani Sermonis, Eatina que Poefeos ele-
gantiam, Ó" ubertatem, qua mirifice prajlat. Com-
po2
Sermão do Defa^avo do Santijfimo Sacra-
mento, que no Jolemne Triduo celebra todos os
annos no mev^ de Janeiro a Real Magejiade def-
tes Reynos com a Nobreza mais qualificada em
fatisfaçaÕ do def acato, que fe fe^ ao mefmo Sa-
cramento na Iffeja de Santa Engracia pregado
no Terceiro dia do Triduo do anno de 171 1.
Lisboa por Miguel Manefcal 171 1. 4.
Epigrammas, e outros Ver/os Eatinos em
louvor do SermaÕ da Conceição pregado por
Fr. Manoel de S. Carlos. Lisboa por jVIa-
noel Lopes Ferreira 1699. e no Paneg^
rico Funeral de Fr. Filippe de Távora Balio
de EeJJa. Lisboa por Pafchoal da Sylva.
1711. 4.
Novas Notas da Analyjis Benediãina. Ma-
drid por Bernardo Peralta 1734. foL
Memorial das Moedas de ouro, prata, e
cobre, que fe tem lavrado nsjie noJJo Reyno de
Portugal de/de o feu principio ate o premente.
Sahio no Tom. 4. da Hifl. Gen. da Cav^a
Real Portug. compofta pelo P. D. Antó-
nio Caetano de Souza. Lisboa por Jozè
António da Sylva ImpreíTor da Acade-
mia Real 1738. 4. defde pag. 259. atè
282.
Apologia HiJlorica, e critica f obre os milagro-
fos oJJos de S. Joaõ Marcos, que fe veneraõ no feu
Hofpital de Braga M. S.
DiJJertaçaõ Apologética, Hifiorica, Crítica,
e Genealógica da afcendencia fobremillenaria dos
Religiofos Eremitas Auguftinianos Portuguet^es
antecedente ao Mino de 1400. foi. M. S.
192
BIB LIO THE CA
Promontório Sacro Auguftiniano, ou Sylva il-
luftre dos Eremitas de Santo Agojiinho da Provinda
de Portugal adornado com Crije, e Chronoloffa.
M. S.
Annaes Eremiticos Auguftinianos Portugue-
sas de/de o anno de 1147. M. S.
Annotaçoens ao Crifol Purificativo. M. S.
Reparos ao livro de Viris illuftrihus Ord.
Eremit. D. Augujlini. compofto por Fr. An-
tónio da Purificação. Aí. S,
Apoftolicarum Conftitutionum ad Augujlinia-
nos Breviaria á Eeone Papa III. anno Do mini 802.
M. S.
Additiones, & illujlrationes Bullarii Augujli-
niani. M. S.
Defenforium Ordinis Maffjlri Coriolani. M. S.
Augujliniana Kegula Augujlini tantum verhis
explanata. M. S.
Alphahetum Eucharijticum eruditione omnigena
inftruãum. foi. M. S.
Fr. FRANCISCO DE SANTA MARIA
natural da Villa de Barcellos do Arcebif-
pado de Braga onde teve por Pays a Mi-
guel da Coíla Corrêa, e Francifca Vaz.
Quando cumpria vinte e quatro annos de
idade fugio do Século para a Religião re-
cebendo o Seráfico Habito da Terceira Or-
dem da Penitencia em o Convento de N.
Senhora de JESUS de Lisboa a 31. de
Outubro de 1685. onde fez a profiíTaõ fo-
lemne no primeiro de Novembro do anno
feguinte. Poílo que nas fciencias efcholaíli-
cas, que aprendeo no Collegio de S. Pe-
dro de Coimbra onde aífiíHo a mayor parte
da fua vida, fizefle grandes progreíTos o
feu penetrante engenho, mayores foraõ na
Arte da Mufica compondo varias obras, que
ferviraõ de admiração aos mayores profef-
fores deíla Faculdade armonica, e muitas
delias fe confervavaõ em feu poder. Fal-
leceo no Collegio de S. Pedro de Coim-
bra a 13. de Agoílo de 1721.
FRANCISCO MARIA BONANTI veja-
fc P. MANOEL TAVARES da Congrega-
ção do Oratório.
FRANQSCO MARTINS nacco na Pro-
vinda da Beira, e foy hum dos mais cele-
bres profeíTores de letras humanas, que ve-
nerou a fua idade, por cuja fciencia mc-
receo as mayores eftimações em a Univer-
fidade de Salamanca, onde enfinou pelo cf-
paço de dezoito annos Gramática, fahinda
da fua efcola homens peritiflimos aíTim nos
preceitos da Lingua Romana, como em a
noticia da Oratória, e Poética. Para faci-
litar aos feus difcipulos o methodo de
aprender a lingua Latina compoz huma Arte
na qual com fummo difvelo recopilou as
regras mais eííenciaes dos melhores Gramá-
ticos deixando tudo quanto era inútil, e
confufo aos principiantes, e a publicou com
efte titulo
Grammatica Injlitutio. Salmanticíc apud
Cornelium Bonardum. 1587. 8. & ibi apud
Petrum LaíTum 1588. 8. com eíle titulo.
Grammatica Artis integra Injlitutio. a qual
depois iUuftrou com annotaçoens Caftelha-
nas, e fahio em Salamanca por Juan Her-
nandes. 1593. 8.
De Gramática profejfwne declamatio. Sal-
manticae apud Alphonfum de Terra nova.
1579. 8. & ibi apud Petrum LaíTum 1588. 8.
Coníla de duas Declamaçoens. A primeira
In Gramáticos. Começa. Tamen Ji compertum
habeo Judex incorruptijfime. A fegunda. Pro
Grammaticis. Começa. EJl ea nojlrorum tem-
porum, atque hominum Philofopbia. No fim
tem hum Poema Latino a S. Francifco,
hum Epigramma a S. Martinho, e outro
Poema intitulado Tormis Vaticinium. Co-
meça
Aonios Jontes, Heliconifque arua vetuJH. &c.
Oratio pro António Nebrijfenji. Salman-
ticac apud Michaelem Serrano de Vargas
1588. 8. Deíla obra fe lembra Nic Ant.
Bilí. Hifp. Tom. I. pag. 107. col. i. &
pag. 339. col. I.
Poejia Latina em louvor da Summa
Moral do P. Henrique Henriques da
Companhia de JESUS. Salamanca 1591.
foi.
Na Dedicatória da Arfe de Gramma-
tica a D. Diogo Lopes de Zuniga Sot-
to-mayor promete Poéticas quoque Loicubratio-
L U SITANA.
193
fies, Tragedias, é>' Comaàias in quihus fcrihendis
per duo de viginti annos cum aliqua Jua laude ver-
fafus, tuo nomini dedicabo.
Morreo em Salamanca no anno 1596.
com univerfal fentimento de todos os Ca-
thedraticos daquella florentiíTima Academia
com mais de cincoenta annos de idade.
FRANCISCO MARTINS COUTINHO,
e naõ MOUTINHO como efcreve Nicol.
Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 359. col. 2.
Foy Cozinheiro mòr de FeUppe 11. de Caf-
teUa donde paíTou a Portugal na compa-
nhia da SereniíTima Princeza D. Joanna de
Aullria Mãy delRey D. Sebaftiaõ, em cuja
Real Cafa exercitou o feu Ofíicio em que
foy iníigne pelo qual foy remunerado com
huma tença de fetenta cruzados para feu
filho no anno de 1608. Compoz
Arte de Cocina, pajieleria, bifcocheria, y
conjervaria. Madrid por Luiz Sanches. 161 1. 8.
FRANCISCO MARTINS DE SIQUEI-
RA Cavalleiro profeíTo da Ordem de Chrif-
to filho do Dezembargador Luiz Mar-
tins de Siqueira, e D. Maria Franca, Foy
Feitor da Alfandega de Lisboa, e hum
dos celebres Poetas do feu tempo af-
íim pela cadencia das vozes como pela
copia dos conceitos, merecendo o elo-
gio que lhe fez Joaõ Soares de Brito
Theatr. LmJíí. 'Litter. lit. F. n. 54. ex-
cellentis vence Poeta. Morreo na fua Pá-
tria no anno de 1654. e jaz fepultado
no Convento de S, Francifco da Cidade.
Publicou
Na felice aclamação do Inviãijfimo Key D.
Joaõ o IV. de Portugal Senhor Nojfo. Lisboa
por Jorge Rodrigues. 1641. Romance, que
coníla de 161. coplas
Inveãiva a Cajiilla, y ai Rey Filippe
IV. Lisboa por Paulo Crasbeeck. 1647. 4.
Neíla obra que he em proza, traz huma Ou-
tava do Poema Heróico, que tinha com-
poílo intitulado KeftauraçaÕ de Portugal, do
qual affirma Joaõ Soares de Brito no
lugar aíTima allegado diu ab eruditis de-
jideratum, cujus ego jam fragmenta vtdi non
nulla.
Ele^a a la muerte de D. Maria de
Attaide. Sahio nas Memor. Funeb. de/ta Se-
nhora. Lisboa na Ofíicina Craesbeeckiana
1650. 4. onde eílaõ ao meímo aíTumptohum
Komance Caftelhano, e huma Decima por epi-
táfio.
Dous Sonetos. Hum na Fama pojthuma
de Lape da Vega Carpio Madrid 1636. 4. a
foi. 152. verf. Outro em applauzo do Tem-
plo da Memoria de Manoel de Galhegos.
Burlas, y Veras a las fie/tas, que celebro
la Ciudad de Lisboa en la ocafion dei parto
de la Serenijima Reyna de E/pana D. I^abet
de Borbon, y a la viãoria que alcançaron los
FJpaholes contra los Franceses en Fuente Ka-
bia. Saõ três Sylvas muito largas. M. S.
Confervaõ-fe na Livraria do Cardeal de
Souza.
N<7 morte do SereniJJimo Infante D. Duarte
prer(o na Cidade de Ratisbona, cabeça do Im-
pério de Auflria, e morto na de MilaÒ em
hum Caflello. Dialogo entre Portugal, e Caflella
ditado na dor, e efcrito no fentimento. M. S. 4.
Coníla de Outavas Portuguezas, e Redon-
dilhas Caftelhanas.
D. FRANCISCO DOS MARTYRES na-
ceo em a Cidade de Lisboa, e na Freguezia
de N. Senhora dos Martyres, em cujo obfe-
quio tomou o apellido, recebeo a graça bau-
tifmal. Foy filho de Pedro da Fonfeca a
cuja educação deveo o aUftarfe na fagrada
Familia dos Menores em o Real Convento
de S. Francifco da Gdade. Ao mefmo tem-
po que cultivou as letras obfervou as vir-
tudes fahindo taõ eminente na Theologia
Myílica, e Efcolaílica, e intelligencia dos Sa-
grados Cânones como na pradica dos pre-
ceitos do feu penitente Inílituto. A natu-
reza o ornou de todos os dotes, fendo de
afpefto agradável, e eftatura alta, e corpu-
lenta, voz fonora para o Coro, fubtileza
fumma para a Cadeira, e eloquência grave
para o Púlpito. Pela prudência do feu ta-
lento occupou os mayores lugares da Re-
ligião pois havendo vifitado as Provindas
de Caílella, e prefidido nos Capítulos de
S. Miguel, e Burgos, foy Secretario Ge^
ral da Ordem, Guardião de S. Francifco de
Lisboa, e Miniílro Provincial eleyto em
o primeiro de Janeiro de 1633. Inftituin-
13
194
BIB LIO THECA
do Filippe III. de Portugal huma junta para
reformação dos cuftumes de que era Prefi-
dente D. Diogo de Caftro Conde de Bafto,
e Vice-Rey de Portugal, foy nomeado De-
putado delia onde obrou com tanta fatis-
façaõ daquelle Príncipe, que o elegeo Bifpo
de Malaca cuja dignidade naõ aceitou com
virtuofa politica. Conhecendo aquelle Mo-
narcha as virtudes deíle grande Varaõ para
Quafiiones Mtfcellama de Bxcellenfiis B. Vir-
ginis. foi. M. S.
Traãatus de Incamatione Divini Verbi. M.
S. foi.
Confervaõ-fe na Bibliotheca do CoUegio de
S. Boaventura de Coimbra.
Traãatus de vifione Beata. foi. M. S. Na Bib.
de S. Francifco da Cidade.
Faz larga mençaõ defte Prelado Fr. Fcr-
o governo Ecclefiaílico o nomeou Arcebifpo nando da Soled. Hift. Seraf. da Prov. de Por-
de Goa, e para naõ fer acufado com fe- tugal. Part. 5. liv. 3. cap. 40. c D. Anton.
gimda repulfa de defobediente à vontade Caet. de Souza Cathal. dos Arcehijpos de Goa.
real condefcendeo em a nomeação fendo n. 12.
fagrado em o Convento de S. Francifco
da Cidade a 19. de Março de 1636. e a 4. D. FRANCISCO MASCARENHAS pri-
de Abril embarcado em a Nào S. Joaõ meiro Conde de Coculim, e Verodà no Ef-
de Deos, de que era Capitão mòr Gonçalo tado da índia, Comendador de S. Joaõ de
de Barros da Sylva, chegou a Goa a 21. Caftelhaos, e de S. Martinho de Cambres no
de Outubro do mefmo anno de 1656. onde Bifpado de Lamego, e de S. Martinho de
exercitou as obrigaçoens de vigilante Paftor Pina em o de Vifeu da Ordem Militar de
defendendo intrepidamente a immunidade Chriílo illuílrou com o feu nacimento a Q-
Ecclefiaílica, e reformando os cuftumes com dade de Lisboa a 22. de Novembro de
zelo catholico. Duas vezes governou o Ef- 1662. e a feus claros progenitores D. Joaõ
tado com prudente aótividade onde moftrou Mafcarenhas primeiro Marquez de Fron-
que tinha igual talento para o Sacerdócio, teira fegundo Conde da Torre, Confelheiro
como para o Império. Perfuadido por caufa de Eftado, e a D. Magdalena de Mendoça
de huma moleftia de que era chegado o filha de Francifco de Sà de Menezes fe-
termo da fua peregrinação fe armou para gundo Conde de Penaguião Camareiro mór,
cfta luta com todos os Sacramentos, e entre Confelheiro de Eftado, c D. Joaiina de Li-
amorofos colloquios com Chrifto Crucificado ma. Aquelles dotes, que a natureza con-
efpirou a 25. de Novembro dia da V. M. cedeo na idade adulta os poíTuio com ex-
e Doutora Santa Catherina de quem era ceíTo em a juvenil metrificando com tanta
cordial devoto, e Tutelar da fua Cathedral fuavidade, e afluência logo que teve uzo
do anno de 1652. quando contava 69. annos de razaõ, que parece que as Mufas o cria-
de idade, e de Arcebifpo 16. Foy uni ver- raõ no feu grémio, e que do berço voou
falmente lamentada a fua morte principal- ao cume do ParnaíTo para fer coroado Prin-
raente dos pobres faltando-lhe o feu Pay. cipe da Poefia Latina. Naõ teve menor ge-
Celebraraõ-fe fumptuofas Exéquias a 28. de nio para o eftudo da Hiftoria Sagrada, e
Janeiro do anno feguinte em a Cathedral Profana cujos fucceíTos mais memoráveis
onde orou o P. Manoel Ferreira da Com- relatava com tanta diftinçaõ como fe os ef-
panhia de JESUS. Jaz fepultado na Capella tivera lendo. Efcreveo Cartas Latinas com
mòr com efte Epitáfio a pureza da fraze de Qcero, c com a deli-
Aqui ja:^ D. Francifco dos Martyres Reli- cadeza dos conceitos de Plinio. Toda cfta
gio/o Menor da Obfervancia de Portugal naturat erudição fe efmaltava com hum génio afa-
de Lisboa XI. Arcebifpo Metropolitano de Goa vel, c benigno com que conciliava os af-
Primaz da índia, e Governador dejle Eflado feélos de todo o género de peííoas. Na fa-
duas ve:^es. Falleceo no dia de Santa Cathe- mofa Armada, que do porto de Lisboa par-
rina no anno de 1652. depois de governar ejle tio em o anno de 1682. para conduzir o
Bifpado 16. annos, hum mev^ e 4. dJwj tendo de Duque de Saboya futuro Efpozo da Serenif-
idade 69. annos. Compoz íima Senhora D. Izabel, foy hum dos Cava-
L USITANA.
içS
Iheros que fizeraõ mais plauzivel efta jor-
nada a tempo que exercitava o poíto de
Capitão de Cavallos na Corte. Envejoía a
morte de tantos dotes, que omavaõ o feu
efpirito, e fe faziaõ mais recomendáveis no
caraéter da fua Peflba o arrebatou intem-
peíUvamente na florente idade de 22, annos
féis mezes e dous dias a 20. de Mayo de
1685. com geral fentimento de toda a No-
breza a cuja faudoza memoria levantou hum
Tumulo Apollineo compoílo de diverfos me-
tros Jozè Corrêa de Brito. Foy cazado com
D. Maria Jozefa de Noronha fua Prima
filha de D. Luiz Francifco Balthezar da
Gama quarto Conde da Vidigueira, e fe-
gimdo Marquez de Niza, e de fua primeira
mulher D. Helena de Noronha filha de D.
Fernando Mafcarenhas primeiro Conde da
Torre de quem teve D. Filippe Mafcare-
nhas, que lhe fuccedeo na Cafa, D. Joaõ
Mafcarenhas Porcionifta do Collegio de S.
Paulo de Coimbra Dezembargador do Porto,
e de Lisboa, Deputado da Mefa da Con-
ciencia, e Ordens, que no anno de 1717.
cazou na Bahia com D. Joanna Guedes
de Brito filha do Coronel António da Sylva
Pimentel, e D. Izabel de Souza Guedes de
Brito de quem naõ teve fucceíTaõ, e duas
filhas. Efcreveo, e dedicou
iMdovico Ma^o Galliarum, & Navarra Ke-
gj Chrijlianijftmo Pafíegyrís. Parifiis apudjoan-
nem de la Caille 1684. foi. Confta de 1200.
Verfos heróicos elegantiífimos de cuja obra,
como do feu ExcellentiíTimo Author fe lem-
bra o P. António dos Reys. Entbuf. Poef.
n. 62.
Frons tua, fed doãas pariter Cocnline viren-
tes
Induit in luiurus, quas pulchra paravit Opella
Ília liquente quidem calamo de/cripta Aíaro-
nem
Sedjapiens ^avitate metri.
P. FRANQSCO DE AL\TTOS naceo
na Cidade de Lisboa em o anno de 1636.
e logo na infanda defcubrio natural incli-
nação para a virtude. Na tenra idade de
defefeis annos deixando a amável compa-
nhia de feus Pays Joaõ Pereira, e Maria
de Alattos paíTou à Bahia onde em o Col-
legio dos Padres Jefuitas recebeo a Roupeta
a 6. de Março de 1652. com geral fatisfa-
çaõ de taõ grave Cõmtmidade como pre-
vendo a gloria, que havia de refultar àquella
Provinda com efte novo alumno. Aprendi-
das as fdencias amenas, e feveras com a
applicaçaõ que depois diâou com applaufo,
fe reftituhio a Portugal com o lugar de Pro-
curador Geral onde afliíHndo pelo efpaço
de dezoito annos mereceo as eítímações das
primeiras Peflbas, particularmente da Magef-
tade de D. Pedro 11. que lhe coíhimava cha-
mar o feu Noviço pela modeíla compof-
tura, que fempre confervava no femblante.
Conduidos os negodos do feu religiofo mi-
niílerio navegou para o Rio de Janeiro com
o lugar de Reytor daquelle Collegio dando
no tempo deíle governo claros argumentos
de feu ardente zelo, e extremofa charidade
para com os feridos do contagio chamado
da Bicha aíTiítíndo igualmente aos morado-
res da terra como aos Soldados da Frota,
que eílava ancorada naquelle Porto com to-
do o género de remédios aíTim efpirituaes,
como corporaes, cuja acçaõ foy gratificada
por ElRey D. Pedro 11. em huma carta
cheya de real benevolência. Do Reytorado
do Rio de Janeiro paíTou a fer Provinda 1,
cujo governo exerdtou quatro annos com
igual prudência, e benignidade donde foy
trãsferido a Reytor do CoUegio da Bahia,
e depois Meíbre dos Noviços por cinco
annos. Nunca aífiília fora do Cubículo, ex-
cepto quando na Capella interior orava, ou
no Confeífionario dirigia os penitentes para
o caminho da Bemaventurança. Foy or-
nado de fingular modeftia, fumma pobreza,
e de condencia taõ timorata, que afirmava
muitas vezes eftar prompto para padecer os
mais acerbos tormentos do que ofender a
Deos levemente. A fua mais afeduofa de-
voção era à Paixaõ de Chrifto, fendo igual
o culto, que dedicava à Macia Santiílima,
cujo Rozario redtava todos os dias duas
vezes de joelhos. Cheyo mais de virtudes
religiofas, que de annos poílo que con-
tava 84. de idade, e 68. de Religião,
efpirou pladdamente no Collegio da Bahia
a 19. de Janeiro de 1720. havendo va-
içó BIBLIO THE CA
ticinado a hora do feu tranfito. Com-
po2
SermaÕ de S. Gregório Ma^o pregado em
N. Senhora da Ajuda da Cidade da Baòia.
Évora na Ofíicina da Univeríidade. 1675. 4.
SermaÕ do grande Patriarcha S. Bento pre-
gado no Convento do Rio de Janeiro no anno de
1696. Lisboa por Miguel Manefcal. 1697. 4.
SermaÕ das Quarentas Horas pregado no
Collegio do Rio de Janeiro em o primeiro dia
do anno de 1696. Lisboa por António Pe-
drozo Galraõ. 1698. 4.
SermaÕ do grande Patriarcha Santo Elias.
Lisboa pelo dito ImpreíTor. 1699. 4.
SermaÕ do grande Patriarcha dos Pobres S.
Franci/co pregado no Convento de Santo António
dos Capuchos da Cidade do Rio de Janeiro no
anno de 1697. Lisboa pelo dito ImpreíTor.
1699. 4.
SermaÕ do grande Patriarcha Santo Igna-
cio na Igreja do Collego da Companhia do Rio
de Janeiro no anno de 1697. Lisboa pelo dito
ImpreíTor. 1699. 4.
Todos eíles 6. Sermoens fahiraõ reim-
preíTos em hum Tomo em Lisboa por An-
tónio Pedro20 Galraõ. 1701. 4.
Vida do Serenijftmo Principe EJeytor D.
Fi/ippe Wilhelmo Conde Palatino do Rheno
Archithev^oureiro do Império Romano, Duque
de Baviera, de Júlia, de Clivia, e dos Mon-
tes, Conde de Veldencia, de Spanhemio, de
Marchia, de Ravenfpurgo, e de Mercia, <Ò^c.
Pay da Rainha N. Senhora D. Maria So-
fia It(abel. Lisboa por Miguel Deslandes.
1692. 4.
Guia para tirar as Almas do caminho
efpaçofo da perdição, e dirigllas pelo ej-
treito da falvaçaõ. Tradução da lingua
Franccza do P. Juliaõ Hayneufe em a
materna. Lisboa por Domingos Carneiro.
1695. 8.
Dor fem Unitivos dividida em féis dif-
curfos concionatorios, que por exéquias pa-
ra honras fúnebres da Auguflijfima Raynha
Senhora Nojfa D. Maria Sofia Isabel. Lisboa
por Valentim da Coita Deslandes. 1703. 4.
Palavra de Deos def atada em difcurfos con-
cionatorios de doutrinas Evangélicas Moraes,
e Politicas. Primeira parte. Lisboa pelo dito
ImpreíTor. 1709. 4.
Palavra de Deos defataàa. Segunda parte.
Lisboa na OíHcina Real Deslandeílana.
1712. 4.
Det(eJos de Job dif corridos em de!(^ livros
por ferem outros tantos os feus de:(eJos. Lis-
boa por Pafchoal da Sylva ImpreíTor dcl-
Rey. i7i(S. 4.
Manual de Meditaçoens para todos os dias
do anno. Évora na Ofíicina da Univeríidade.
1717. 24.
Vida Chronologca de Santo Jgnacio de
Eoyola Fundador da Companhia de JESUS.
Lisboa por Pafchoal da Sylva ImpreíTor
delRey. 171 8. foi. com eílampas.
Coro Myjlico de Sagrados Cânticos en-
toados na armonia de affumptos moraes, po-
líticos, e concionatorios, e afceticos. Lisboa
pelo dito ImpreíTor. 1724. foi..
FRANCISCO DE MATTOS DE SA* na-
tural da Villa de Frexo de efpada à
cinta em a Província da Beira taõ nobre
por nacimento como infigne na Poeíia af-
íim heróica, como Lyrica de que faõ tcíte-
munlias as obras feguintes
Eivro de NoJJa Senhora do Dejlerro. Lis-
boa por Joaõ Rodrigues 1620. 8. Dedi-
cado a António Gomes da Matta Correyo
mòr do Reyno.
Tratado da pura Conceição da Virgem Ma-
ria Nojffa Senhora. Lisboa pelo dito Im-
preíTor. 1620. 8. Dedicado a Luiz Al-
vares de Távora Conde de S. Joaõ. He
em verfo.
Entrada, y triumfo, que la Ciudad de
Lisboa hi^o a la C. R. M. delRey D.
Filippe III. de las Ef panas, y II. de Por-
tugal con la explicacion de los Arcos triwí-
fales que fe levantaron a fu Jelicijftma en-
trada. Lisboa por Jorge Rodrigues. 1620.
4. Coníla de 168. Outavas, e huma Ele-
gia Portugueza à partida de S. Magcf-
tade comentando a Lamentação de Je-
remias Quomodo fedet fola Civitas. Antes
das Outavas Caílelhanas tem huma Can-
ção excellente. Deíla obra como do feu
Author faz elegante memoria o P. António
dos Reys Ejitbnf. Poet. n. 85.
L USITAN A.
197
Soda triumphaks arcus qtàbus inclyta Kegem
Urbs fenis JEolida veniente excepit, <& udos
A' lacrymis vultus ipfo redemte, liquenti
Você canehat adbiic velatus têmpora juncis
Quos Tagus è bibulo convuljos marine fertum
Nexuit in viriáans arguta pramia frontis.
Fr. FRANCISCO DE MELGAÇO cujo
appelido denota a fua pátria que eftá íi-
tuada no Termo da Villa de Barcellos em
o Arcebifpado de Braga Religiofo Ciíler-
denfe profeffando o Inftituto monachal no
Convento de Santa JVIaria de Bouro. Como
era igualmente pio que douto efcreveo as
feguintes obras que fe guardaõ M. S.
em hum Tomo de folha no Real Con-
vento de Alcobaça, e confia das matérias fe-
guintes
Efpelho de Monjes
Vida de S. Bernardo
Qitaes devem fer os Abbades, e Pregadores.
Penf amentos, que o homem deve ter para je
conhecer a fi mefmo.
Difciplina dos Monjes para bem governar as
vidas compojla por S. Bernardo
Caufas porque Deos permite peccar os ho-
mens.
Explicação das obras da Mifericordia.
Bens que refultaõ a quem comunga muitas
vev^es, e modo com que Je deve receber a
Chrijlo.
Kegras para Je conhecer, e Jugir o peccado
mortal.
Decijoens de vários ca^^ps.
D. FRANQSCO DE MELLO naceo
em Lisboa onde teve por Progenitores
a Manoel de Mello Alcaide mòr de Oli-
vença Repofteiro mòr delRey D. Joaõ
o n. e terceiro Governador de Tan-
gere, e a D. Brites da Sylva filha de
D. Joaõ da Sylva quarto Senhor de Va-
gos Alcaide mòr de Monte mór o Ve-
lho, e Camareiro mòr delRey D. Joaõ
o n. e de D. Branca Coutinho fua fe-
gunda Prima. Nos annos da adolefcencia
moílrou taõ profunda capacidade para as
letras, que fe refolveo ElRey D. Ma-
noel, que foííe eftudar à Univerfidade der
Pariz onde fatisfez com tal exceíTo ao con-
ceito defte Princepe, que alcançou naquella.
famofa paleftra eftimaçoens de infigne Le-
trado affim nas especulaçoens Theologicas^
como em as obfervaçoens Mathematicas.
Reftituido ao Reyno foy Meílre dos Serenif-
fimos Infantes filhos delRey D. Manoel inf-
truindo-os em as DifcipUnas Mathematicas
em que foy profundamente perito, como
teílemunha feu grande amigo André de Re-
zende na Oraçaõ, que recitou na Univer-
fidade de Coimbra em o i. de Outubro de
1534. ISlon Francijcum Mel Hum tranjibo Jum-
ma elegantia, Jumma in Jcribendo Jacilitate, sum-
ma Japientia virum, qtà Chrijliana Philojophia-
non contentus, lingua nitorem addere Mathema-
ticis Scriptis jam clarus nomen Juum ab obli-
vionis injuria vindicavit. Defla faculdade fov
taõ efhidiofo, que jimtamente com Filippe
Guilhen Caflelhano hum dos mayores Ma-
thematicos daquelle tempo praéHcou o ar-
tificio do Afbrolabio, e a navegação de Lef-
te a Ocíle por cuja cauza lhe dedicou eftes
Verfos Gil Vicente no liv. 5. das fuás obrar.
Poéticas.
O graô Francijco de Mello
Que tem Jciencia a vondo
Diz ^ ^ ^^^ ^ redondo
E o Sol Jobre amarelo:
Diz verdade naô o ejcondo.
Que Je o Ceo fora quadrado
O Sol naÕ Jora redondo.
Sendo muito douto nas fciencias feve-
ras o foy igualmente em as amenas. Fal-
lou com pureza a lingua materna, e cul-
tivou com particular applicaçaõ os preceitos
da Rhetorica, que fe admirarão felizmente
praâicados nas Oraçoens, que recitou nas
Cortes celebradas por ElRey D. Joaõ o III.
nos annos de 1525. e de 1533. e no fo-
lemne aôo em que foy jurado fucceflbr defla.
Coroa o Principe D. Manoel a 15. de Junho
de 1535. Tendo alcançado aquelle Monarcha
da Santidade de Paulo IH. a erecção da Cathe-
dral da Cidade de Goa por Bulia expedida a
3. de Novembro de 1534. o nomeou primeiro
Bifpo defla Diocefe, de cuja dignidade naõ
tomou pofTe impedido pela morte, que
o privou da vida em Évora no anno de
198
BIBLIO THE CA
1535. Foy eleito feu fuceíTor D. Fr. Joaõ
■de Albuquerque da Provinda da Piedade
por Bulia paflada a 11. de Abril de 1537.
Fazem memoria de D. Francifco de Mello
alem dos Authores citados Nicolao Clenardo
Epijlol. ad Chriftianos pag. 191. da ediçaõ
de Hanovia Typis Wechelianis 1606. 8.
onde naõ fomente confeíTa a fua grande li-
teratura, mas a benevolência com que lhe
oífereceo hofpedagem em a Cidade de Évora
•quando vinha a fer meftre do Infante D.
Henrique ^rat etiam non pojlremce nota D.
Francifcus Mellonms genere, ac litteris adeo pra-
àitus et inter Aiilkos próceres dignitatem, (ò'inter
eruditos ciaram jamam teneret; qui advenienti
tnihi Choram primus hofpitis nomine fe fe cõ-
mendavit, (ò" omnihus in rebus Jummum fauto-
rem prahuit. Sed non licuit multo tempere hoc
bano gaudere, nec perpetua necejfitudinis vincula
£onjlringere quod fublatus è vita marorem acer-
bum amicis, cladem flebilem intulit Aula L,u-
Jitanica, tantum vir ille conjiliis, prudentiaque
Kempublicam juvare conjuevit magis natus juvan-
Âa pátria, quam Jpeãandis privatis commodis
Salazar Hift. Geneal. da Cafa de Sjlva liv, 8
cap. 4. n. 15. Monforte Chron. da Prov
da Pied. liv. 3. cap. 35. §. 7. e cap. 36. §
2. Souza Cathal. dos Arceb. de Goa. §. i
onde com manifefta equivocaçaõ efcreve
<jue fora D. Francifco de Mello eleito pri-
meiro Bifpo de Goa no anno de 1532.
quando ainda naõ eftava erefto eíle Bifpado,
o qual foy em o anno de 1534. como elle
mefmo diz no principio do referido Ca-
thalogo, e no Tom. 3. da Hijl. Gen. da
CaJ. Keal Portug. Tom. 3. liv. 4. cap. 14.
p. 485. Compoz
Falia que fe^ nas Cortes que celebrou £/-
P^ey D. Joaõ o III. na Villa de Torres No-
vas a 29. de Setembro anno de M. D. XXV.
dia de S. Miguel na Igreja de S. Pedro. Lis-
boa por Joaõ Alvares ImpreíTor delRey.
1563. 4.
OraçaÕ recitada nas Cortes que celebrou
EJKey D. Joaõ o III. em Évora no anno de
1533-
OraçaÕ recitada em Évora no Juramento do
Príncipe D. Manoel filho primogénito delKey
D. Joaõ o III. em 13. de Junho de 1535.
Deíla OraçaÕ faz memoria o P. Souza Hj/?.
Gen. da Caf. Keal Portug. Tom. 3. liv. 4.
cap. 14. pag. 536. onde o intitula Varaõ
douto.
Tratado fobre as Malucas cahirem na de-
marcação de Portugal. M. S. Conferva-fe no
Collegio . dos Padres Jefuitas de Coimbra.
Deíla obra fe lembra o moderno addicio-
nador da Bib. Geografic. de António de Leaõ
Tom. 3. col. 1710.
Commentario fobre a Perjpeãiva ejpeculativa
de Euclides. Dedicado a ElRey D. Manoel.
M. S.
Comento a Archimedes. Efte livro efcrito
em pergaminho, e illuminado excellentemen-
te o confervava com grande eftimaçaõ Luiz
Serraõ Pimentel Cofmografo mòr do Reyno,
e Lente da Mathematica, da qual fez dona-
tivo ao Marquez de Liche na occaíiaõ, que
efte Cavalhero, que era muito applicado à
Mathematica, foy ver à fua Livraria.
D. FRANCISCO DE MELLO fegundo
Marquez de Ferreira, e fegundo Conde de
Tentúgal teve por claros Progenitores a D.
Rodrigo de Mello i. Marquez de Ferreira,
e D. Leonor de Almeyda filha do infigne
Varaõ D. Francifco de Almeyda primeiro
Vicerey da índia. Foy ornado de maduro
juizo, fumma prudência, e de zelofa fide-
lidade para os intereíTes da Sereniífima Caza
de Bragança, da qual com o fangue her-
dara o amor da fua confervaçaõ. Por or-
dem delRey D. Joaõ o III. acompanhou
no anno de 1554. a Princeza D. Joanna
de Auftria quando fe reftituhio a Caftella,
em cuja funçaõ fe admirarão os exceííos
da fua generofa profufaõ. Animado do fin-
cero zelo com que fervia aos feus Prínci-
pes difuadio com eficazes rezoens a ElRey
D. Sebaftiaõ do temerário intento, que me-
ditava da jornada da Africa, e como co-
nheceííe a inflexibilidade do feu animo, não
podendo acompanhallo pelo numero de feus
annos, e achaques, facrificou em obfequio
do Reyno em taõ deplorável tragedia a
vida de feu primogénito D. Rodrigo de
Mello, e a liberdade de D. Nuno Alvares
Pereira de Mello, e D. Conftantino de Bra-
gança feus filhos, que foraõ refgatados
por fumma copia de dinheiro. Na larga
L USITAN A.
199
diuturnidade da fua vida conheceo a qua-
tro Monarchas em o Trono de Portugal
dos quaes naõ recebeo o premio devido
aos feus grandes merecimentos. Obfequiofo
para com Deos acabou em a Villa de Buar-
cos o Convento de S. Francifco, que feu
Pay principiara, e concorreo liberalmente pa-
ra a nova Fundação do Mofteiro das Re-
ligiofas Carmelitas em a Villa de Tentúgal.
Falleceo em a Qdade de Évora em o mez
de Dezembro de 1588. e jaz fepultado no
Convento dos Cónegos Seculares do Evan-
. geliíla. Jazigo da fua ExceUentiíTima Caza.
M Cazou em o anno de 1549. com a Senhora
D. Eugenia filha dos SereniíTimos Duques
de Bragança D. Jayme, e D. Joanna de
Mendoça de quem teve D. Rodrigo de
Mello, que infauílamente morreo na Bata-
lha de Alcácer: D. Nuno Alvres Pereira
de Mello 3. Conde de Tentúgal, que ca-
zou com D. Marianna de Caílro filha de
D. Rodrigo Oforio de Mofcofo Conde de
Altamira: D. Joaõ de Bragança Bifpo de
Vifeu; D. Conftantino de Bragança Com-
mendador de Moreiras na Ordem de Chrif-
to, e Confelhero de Eftado: D. Joanna de
Mendoça, que heroicamente defenganada
pela intempeftiva morte do Senhor D. Duar-
te Duque de Guimaraens, e Condeftavel de
Portugal com quem eílava para fe receber
contrahio mais fubUme defpozorio com o
divino Cordeiro em o Seráfico Convento
das Chagas de Villa-viçofa onde profeíTou
folemnemente com o nome de Joanna da
Trindade. Teve fora do matrimonio de Ma-
ria Nunes mulher nobre a D. Jozè de Mello
Arcebifpo de Évora: D. Francifco de Al-
meyda Thefoureiro mòr da Sè de Lisboa,
e Cónego em a Metropolitana de Évora,
e a D. Maria de Mello Religiofa Ciftercienfe
em o Mofteiro de Cellas. Entre muitas, e
judiciofas cartas, que efcreveo das quaes fe
podia formar hum volume, he muito digna
de memoria a feguinte, que trás impreíTa
o P. D. António Caetano de Souza Hiji.
Gen. da Ca^. Real Portug. Tom. 10. liv. 9.
pag. 189.
Carta efcrita da Villa de Agua de Peixes a
24- ik Março de 1575. ao Serenijftmo Duqm de
Bragança.
D. FRANQSCO DE MELLO naceo
em a Villa de Eftremos da Provinda da
Alentejo em o anno de 1597. fendo filha
primogénito, e herdeiro da Caza, e Eílados
de D. Conílantino de Bragança, e Mello
Commendador de Moreiras Confelheiro de
Eftado, e Prefidente da Junta inflituida por
Filippe IIL para cobrança do tributo, que
fe lançou aos Chriflãos Novos, e de fua
fegunda mulher D. Brites de Caflro filha
de D. Fernando de Caftro Capitão de Chàul,.
e D. Izabel Pereira, e netto de D. Fran-
cifco de Mello 3. Conde de Tentúgal, e
fegundo Marquez de Ferreira. Inftxuido com.
aquelles documentos próprios do feu clara
nacimento paíTou a Madrid onde pela fua
natural afabilidade, profundo talento, e dif-
creta converfaçaõ atrahio os affeftos de toda
a Naçaõ Caftelhana partícvilarmente de Fi-
lippe IV. que atendendo ao Caraâier da fua
PeíToa ornada de tantos dotes o creou Gen-
tilhomem da fua Camará, primeiro Conde
do AíTumar por carta paflada a 3. de Maya
de 1630. e depois Marquez de lUiefcas
e Torre Laguna, Confelheiro de Eftado,
e Mordomo mòr da Rainha D. Izabel de
Borbon. Naõ mereceo menor applauzo a
feu nome pela prudência com que exerci-
tou as Embaxadas de Génova, Roma, e
Alemanha; os Vicereynatos de Sezilia, Ara-
gão, Catalunha, e o honorifico pofto de Go-
vernador, e Capitão General dos Paizes Ba-
xos, em que fucedeo ao Cardial Infante D.
Fernando, como pelo valor, e difciplina mi-
litar com que fendo Generaliflimo das Ar-
mas Hefpanholas triunfou a 26.* de Maya
de 1642. em Honnecourt lugar fituada
na Picardia do exercito Francez, que man-
dava o Conde de Guiché, depois Mari-
chal de Grammont, fupofto, que em 17.
de Mayo do anno feguinte experimen-
tou diverfa fortuna perdendo a Batalha
de Recroy, que felifmente ganhou o Du-
que de Anguien. Sendo Plenipotenciário
delRey Cathohco na Corte de Viena ef-
quecido do parentefco, que tinha com a
SereniíTima Caza de Bragança cõcorreo in-
dignamente para a prizaõ do Senhor In-
fante D. Duarte em cuja negociação fem-
pre injuriofa ao feu nacimento deixou eterna-
200
BIBLIO THE CA
mente manchada na pofteridadc a fama das
Jfuas heróicas acçoens. Tendo governado
Flãdes pelo efpaço de dous annos voltou
para Madrid no anno de 1644. atè que em
o de 165 1. paíTou de mortal a eterno, quan-
do contava 54. annos de idade. Foy ca-
sado com D. Antónia de Vilhena filha de
Henrique de Souza primeiro Conde de Mi-
randa, e de D. Mecia de Vilhena filha her-
<leira de Fernaõ da Sylva G^mmendador de
Alpalhaõ, e Capitão da Torre de Belém, e
de D. Brites de Vilhena de cujo conforcio
teve a D. Gafpar Conftantino de Mello
Marquez de Ilhefcas, e Conde do AíTu-
mar; D. Brites Apollonia de Vilhena, que
-cazou com D. Joaõ Miguel Fernandes de
Heredia i. Marquez de Mora; filho her-
•deiro do Conde de Fuentes em Aragaõ:
D. Mecia de Mello primeira mulher de D.
Pedro de la Cueva Ramires de Zuniga 3.
Marquez de Flores de Ávila Senhor de Caf-
telejo, de quem naõ teve fuceíTaõ, e a D.
Maria Thereza de Vilhena, que fe defpo-
:20u com D. Diogo de Ávila i. Marquez
de Navalmorquende Senhor de Montalvo
Cardiel, e Villatoro, a qual morreo fem
deixar filhos. Fazem mençaõ de D. Fran-
cifco de Mello vários Efcritores, como Im-
hof. Stem. Reg. l^ujit. pag. 40. clarijfimum
Jibi virtute fua Sagi, (ò" Toga artibus injlruãa
nomen amplijfimofque honores peperit. Caramuel
na dedicatória que lhe fez da Kepuejl. ai
Manif. de Portugal impreíTo em Amberes
por Balthezar Moreto 1642. Grandes tiene
E/pana, y entre ellos V. Excelência es el
Sábio. Tiene fabios tambien, y entre ellos
K. Excelência es el grande; pites uniendo
por union hypojlatica el ejlruendo militar de
Marte con el fociego de Minerva guerrea con
Jabidoria, y dà mucho, que efcribir con la
e/pada. Mencz. Portug. Keftattrad. Tom. i.
liv. 3. pag. 186. Souza Theatr. Geneal.
Âe la Cav^a de Souv^a. pag. 795. Galeazzo
Gualdo Hift. Part. 3. liv. 3. Birago. Hiji. de
Portug. liv. j. pag. 379. Girardi Diário a
29. de Abril, e 26. de May o. Salazar Hifi.
Geneal. de la Caf. de Sylva liv. 12. cap. 3.
pag. 746. la Qedc HiJl. Gen. de Portug. Tom.
2. pag. mihi 444. 448. e 449. Anfelme HiJi.
Geneal. e Cbronol. de la Mayjon Koyale de
Franc. Tom. i. pag. mihi 644. Banos HiJl.
Pontif. Part. 6. liv. 10. cap. 11. e liv. 11.
cap. 5. Souza HiJl. Gen. da Caf a Real Por-
tug. Tom. 10. liv. 9. cap. 19. Efcreveo
Carta relatoria a Su Mageftad de la injigru
vitoria que Dios nuejlro Senor fe hà fervido
dar a fu real exercito en la frõtera de Francia
junto a Xetelet a 26. de Mayo dejle ano de
1642. Madrid por Diego Dias de la Car-
rera. 1642. 4. e Sevilha por Juan Gomes
Blas. 1642. 4. He huma extenfa Relação
deíle fucceflb.
D. FRANCISCO DE MELLO Alcayde
mòr da Cidade de Lamego Commendador
de S. Pedro da Veyga de Lila, c de S.
Martinho de Ranhados, S. Miguel de Li-
nhares, e Santa Maria da Torre, e de Eita
na Ordem de Chrifto, Trinchante mòr do
SereniíTimo Príncipe Regente D. Pedro, teve
por Pátria a Cidade de Lisboa, e por Pays
a D. Gomes de Mello Comendador de S.
Pedro da Veyga de Lila, e S. Mamede de
Mogadouro, e D. Marinha de Portugal filha
herdeira de Nuno Cardozo Homem de Vaf-
concellos Senhor do Morgado da Taipa, e
dos Reguengos de Folhadal, e Paramos, Ca-
pitão mór de Lamego. Foy egregiamente
inílruido na Poefia, liçaõ da Hiíloria Sagra-
da, e profana, e muito verfado na intelli-
gencia das linguas mais polidas. Pelo pru-
dente juizo de que era ornado, acompanhou
a Raynha D. Catherina a Inglaterra quando
fe foy defpozar com Carlos II. fervindo a
efta Princeza de feu Camareiro mòr donde
paíTou com o titulo de Embaixador aos Ef-
tados geraes de Olanda em o anno de 1668.
e com o mefmo carafter afnftio em Inglater-
ra, e França defempenhando em taò famo-
fas Cortes as obrigaçocns do fcu miniftcrio
principalmente em Olanda. Falleceo na Corte
de Londres a 9. de Agofto de 1678. Foy infi-
gne Poeta cujas obras métricas admirarão as
Academias do feu tempo, das quaes fe podiaõ
formar hum volume de juíla grandeza, e fo-
mente fahio no Tomo 5. da Feniv^ renacida, ou
obras Poéticas dos melhores engenhos Portuguesas.
Lisboa por António Pedrozo Galraõ 1728. 8.
defde pag. 348. atè 385. os verfos feguintes
L USITANA.
201
Introdução Académica quando foy Prejidente.
He Romance
A.0S annos de Ri/y Fernandes de Almada. Ro-
mance
A certo Conde, que naõ acabava de dar
huma volta, que Ibe prometera. Redondilhas
A una fuente en que fe via una Dama. De-
cimas
1m Segadora. Decimas
Affeãos de Amor. Lyras
Introdução Académica prefidindo em dia de
Ejttrudo. Romance
Como a taõ grande profeíTor da Poé-
tica lhe dedicou o Capitão D. Miguel de
Barrios o feu Coro de las Nbifas impreflb
em Burfellas 1672, 12. onde fe vè primo-
rofamente aberto o feu Retrato, e na parte
inferior com eílas duas engenhofas empre-
zas. Coníla a primeira de huma vcnò que
fuftenta o Caduceo de Mercúrio em que
allude às fuás Embaxadas com a letra Quò
juffa Tonantis. Na fegunda eftà a Lyra de
Apollo enlaçada com huma trombeta com
a letra Ex utraque Meios em que allude ao
feu appeUido fer igualmente perito na ef-
cola de Marte como em a de Apollo. D.
Francifco Manoel de Mello nas Obras Mé-
tricas Samfonha de Euterpe lhe efcreve a Carta
II. e na Viola de Talia na Oraçaõ Acadé-
mica em que foy Prefidente fallando delle
o elogia com eíles termos
Pois que direy de hum Mello
Que trás a melodia em paralello
Porque fegundo a grega Analogia
Dijfe, quam dico Meios, Melodia.
Fr. FRANCISCO DE MELLO natural
de Lisboa filho de Luiz de Mello, e
Izabel de Andrade profeíTou o fagrado inf-
rituto da Ordem dos Pregadores no Real
Convento de Bemfica a 30. de Mayo de
1699. onde fe applicou com tal difvelo às
fciencias dignas de hum perfeito Regular,
que depois de as eníinar aos feus domef-
ticos mereceo alcançar o grào de Bacharel
em a Sagrada Theologia em a Univerfidade
Conimbricenfe. Naõ fomente he verfado na
Theologia Efcolaílica como em a Moral de
cuja Faculdade leo huma Cadeira em a
Cathedral do Porto donde paíTou a fer
Confultor da Bulia da Cnizada. Os applau-
fos que confeguio como Meífare faõ iguais
aos que pelo feu talento tem alcançado
como Pregador de que faõ fieis teftemunhas
as feguintes obras
Sermão hijlorico, e Panegyrico do Doutor An-
gélico Santo Tòomaz de Aquino pregado no
Convento do Porto a f. de Março de 1725.
Lisboa por António Pedrozo Galraõ. 1725. 4.
Sermão Genealógico Hijlorico, e Panegyrico
de S. Domingos de GufmaÕ Fundador da Or-
dem dos Pregadores pregado em o Convento do
Porto a 4. de Agojlo de 1728. Lisboa pelo
dito Impreílor. 1729. 4.
FRANCISCO DE MELLO, E CAS-
TRO Comendador da Alcaydaria Ruyva
da Ordem de S. Tiago. Naceo na Villa
de Collares diílante dnco legoas de Lis-
boa, Solar da fua Caza onde teve por
Pays a António de Mello e Caftro, Ca-
pitão mòr das Nàos da índia, e Com-
mendador de Fornellos, e D. Mecia da
Sylveira filha de Belchior Serraõ, e Ca-
therina Pereira. Foy ornado de agudo
talento para as letras, e de valor in-
trépido para as armas de que foraõ thea-
tros Afia, e America triunfando dos inimi-
gos do Eiiado com prudente aíhicia quando
era Almirante da Armada Real, e deftniin-
do aos Olandezes na occafiaõ em que como
hum dos mais celebres Aventureiros paf-
fou a libertar a Bahia no anno de 1624.
em cujas heróicas emprezas alcançou eterna
fama o feu nome. Foy excellente Poeta
cujos verfos, ou foíTem ferios, ou jocozos
eraõ univerfalmente applaudidos pela na-
tural cadencia, e fumma elegância da fua
Mufa. Cazou com D. Angela de Men-
doça filha de Fernaõ de Mendoça, e D.
Mariana de Noronha de quem teve a An-
tónio de Mello de Caftro ViceRey do Ef-
tado da índia. Compoz
Novella intitulada Bri:(ida Nogueira. Co-
meça. D. Francifco filho de D. Isabel. Acaba.
E depois morreo na China. M. S.
Fabula do BJo das Maçans. Confta de 6y.
Outavas. Começa
Uvre de tanto trafego, e negocio. Acaba,
202
BIBLIO THE CA
Mas sempre teve tudo por mentira.
Faz mençaõ defte Fidalgo o P. António Car-
valho da Q)fl:a Corog. Portng. Tom. 3. Trat. i.
cap. 15.
FRANCISCO DE MELLO, E TORRES
naceo em Lisboa fendo feus Progenitores
Garcia de Mello, e Torres Cavalleiro da
Ordem de Chriílo, Capitão de Sofala do
Confelho delRey, Vedor da Fazenda da ín-
dia, e a D. Margarida de Caftro fua fegun-
da mulher filha de Henrique Corrêa da Syl-
va Alcayde mór de Terena. A natureza o
dotou na adolefcencia de tantos dotes, que
podiaõ fervir de gloriofo ornato aos annos
mais provemos diílinguindo-fe pela viveza do
engenho, e comprehenfaõ do juizo, dos
mayores talentos, que floreciaõ no feu tem-
po. Depois de eílar inftruido em a lingua
Latina, e letras humanas aprendeo no Col-
legio dos Padres Jefuitas a faculdade da
Mathematica em que fahio profundamente
perito. O amor da Pátria o obrigou a an-
tepor o eftrondo das armas ao odo dos ef-
tudos obrando heróicas proezas, quando
occupou os poílos de Meílre de Campo,
Governador da Praça de Olivença, e Ge-
neral da Artilharia. Naõ foy menos a£Hvo
o feu talento no Gabinete, que na Campa-
nha refultando a efta Coroa os mayores in-
tereíTes alcançados pela prudente direção da
fua grande Politica. Com o Carafter de Em-
baxador entrou a 10. de Setembro de 1657.
em a Corte de Londres onde confirmou
com Richardo Cromuel venerado Proteftor
daquelle Reyno os Capítulos da Paz eíli-
pulada com o Camareiro mòr Joaõ Rodri-
gues de Sà, e confeguio outras negociaçoens
de que dependia a confervaçaõ defta Mo-
narchia. Segunda vez paíTou a Inglaterra
no anno de 1661. com o titulo de Conde
da Ponte para ajuftar o cazamento da Se-
rcni/fima Infanta D. Catherina filha delRey
D. Joaõ o rV. com Carlos II. c ainda que
contra eíle auguílo conforcio fe armou a
politica dos Miniílros Caftelhanos, glorio-
famentc triunfou de todos os obftaculos
conduzindo cm o anno de 1662, com o
titulo de Marquez de Sande a efta Princeza
de Lisboa atè à Corte de Londres onde me-
receo os applaufos de confumado Politico.
Naõ foraõ menores as acclamaçoens, que
confegxiio o feu nome quando fendo Em-
baixador à Mageftade Chriftianiffima de Luiz
o Grande concluio no anno de 1666. os
defpoforios delRey D. AfFonfo VI. com
a Princeza de Nemurs D. Maria Francif-
ca Izabel de Saboya. Foy Alcayde mòr
de Terena, Comendador das Comendas de
Santa Maria de Monte mòr o novo, S.
Martinho de Frexedas, S. Tiago de Grilho,
S. Salvador de Fornellos, e S. Miguel de
Fornos da Ordem de Chrifto, c Confelheiro
de Eftado, e Guerra. Cazou com D. Leo-
nor Manrique fua Sobrinha filha herdeira
de Aifonfo de Torres Comendador de Mon-
te mòr o novo, e de D. Violante de Men-
doça filha de Ayres de Souza de Caftro Co-
mendador de Alcáçova de Santarém de
quem teve a Garcia de Mello fegundo Con-
de da Ponte, e a D. Magdalena de Mendoça
que cazou com Luiz de Saldanha Senhor
da Villa de Aflequins Comendador de Sal-
vaterra, Governador, e Capitão General de
Mazagaõ de quem teve numerofa defcen-
dencia. Em a noute de 7. de Dezembro
de 1667. recolhendo-fe da Capella Real para
fua caza foy morto por engano, digno cer-
tamente pela fua prudência erudição, e
Chriftandade de fim mais gloriofo. O feu
nome celebraõ vários Efcritores, como faõ
D. Luiz de Menezes Portug. Kejl. Tom. 2.
liv. 2. p. 76. liv. 4. pag. 269. liv. 5. pag.
302. liv. 6. pag. 362. e liv. 7. pag. 464.
P. Emman. Lud. Vit. Princip. Theod. liv. 3.
§. 92. Viro acerrimi judicii, mui tis que aliis no-
minibus commendahilis ex privata eruditione
puhlicijque legationihus rite obitis longum ma^a-
rum rerum u/um, ^ illujlrium perjonarum ma-
ximam notitiam adepto. Catafirophe de Portvg.
p. 217. O Marquei^ de Sande obrigado do bem
comum do amor da Pátria, da authoridade dos
Príncipes a quem havia fervido na pan^ e na
guerra, no mar, e na terra dentro, e fora do
Reyno com a efpada, com o fan^, com a pen-
na, com o jui^o. Salazar Hifl. Geneal. de la Caf.
de Sylv. liv. 9. cap. 26. Souza Hifl. Geneal. da
Caf. Real Portug. Tom. 7. liv. 7. cap. 4. c
Tom. 10. livr. 10. cap. 4. pag. 580. Hum dos
L USITANA.
2o3
mayores Miniftros que vio no feu tempo. Ef-
creveo
Introdução Geo^afica 3. Tom. O i. con-
tem a effencia da Esfera. O z. os princípios
Geo^aficos. O 3. Quejloens Geográficas com hum
compendio 'Síathematico. Dedicado a D. Fran-
djco "Barreto Bifpo do Algarve em o anno de
1638. 4. M. S.
Aftronomia moderna efcrita em o anno de
1637. M. S. foi.
Summa Politica tirada de vários Authores,
e dedicada ao Príncipe D. Filippe. 8.
Negociaçoens das fuás Embaxadas. foi. 8.
Tom. Efta colleçaõ he digna de grande ef-
timaçaõ pelia ordem com que eílá difpofta,
fendo julgada pela melhor que fe tem feito
neíle género. Todas eílas obras fe confer-
vaõ na Livraria de feu Neto António Jozè
de Mello, e Torres 3. Conde da Ponte.
Das Cartas que efcreveo de Inglaterra à
cerca do Cazamento da Raynha D. Cathe-
rina fe comp02.
Re/açaÕ da forma com que a Magejiade dei-
Key de Gram-Bertanha manifejlou a feus Rjey-
nos tinha ajuflado o feu casamento com a Sere-
nijfima Infanta de Portugal a Senhora D. Ca-
íherina. Lisboa na Officina Craesbeeckiana.
1661. 4.
D. FRANCISCO DE MENDANHA na-
ceo no lugar de Taverede junto da foz do
rio Mondego em a Provinda da Beyra
fendo filho de Joaõ de Mendanha, e Izabel
de Azambuja ambos da mais qualificada no-
breza de Coimbra, os quaes o mandarão
«ducar em caza de feu Avò paterno Fran-
cifco de Mendanha aíTiftente naquella Cidade
«m cujo obfequio lhe foy impoílo o nome
de Francifco em o bautifmo, que conhe-
cendo a boa Índole que o Neto tinha para
as letras, refolveo foíTe eftudar à Univerfi-
dade de Pariz onde fahio eminente em Fi-
lofofia, Theologia, e Direito Pontificio em
cuja Faculdade fe graduou alem da noticia
das línguas Franceza, e Italiana, que fal-
lava, e efcrevia como a materna. Refti-
tuido à pátria como tiveííe feu Avó paíTado a
melhor vida defenganado dos applaufos, que
lhe podiaõ adquirir as fuás grandes letras rece-
beo o Canónico Habito de Santo Agoftinho no
Real Convento de Santa Cruz a 18. de Ja-
neiro de 1528. e tanto fe diftinguio na exac-
ta obfervancia do feu inftituto, que o achou
digno Fr. Braz de Barros Reformador da
Congregação dos Cónegos Regulares para
que foíTe introdufir a Reforma em o Con-
vento Real de S. Vicente de fora de Lisboa
no anno de 1537. onde foy eleyto Prior
trienal defta magnifica Caza com beneplácito
do Prior mòr D. Fernando de Vafconcellos,
e Menezes Bifpo de Lamego, que nelle lar-
gou o governo. No Capitulo Geral celebra-
do em o anno de 15 51. fahio eleyto Prior
Geral, e nefte anno aíTiílio como Cancellario
da Univerfidade de Coimbra a o plauzivel
aâo de Meftre em Artes, que recebeo o
Senhor D. António filho do SereniíTimo In-
fante D. Luiz. Segunda vez fubio ao lugar
de Prior Geral fendo eleyto a 7. de No-
vembro de 1555. em cujo governo alcan-
çou infignes privilégios da Sè Apoílolica
para a fua Congregação. Querendo fatisfa-
zer aos dezejos do Summo Pontífice Pau-
lo III. compoz na língua Italiana, e a de-
dicou ao EminendíTimo António Puccio Cár-
dia! Presbytero do Título dos Santos Qua-
tro coroados Proteélor da Congregação de
Santa Cruz
Defcripçao do Convento de Santa Cru^.
Efta obra foy tradufida por ordem delRey
D. Joaõ o III. na língua Portugueza por D.
VeriíTimo Cónego da mefma Congregação, e
a mandou imprimir o mefmo Príncipe em
Coimbra no anno de 1540. D. Nicoláo de
Santa Maria Chron. dos Coneg. Reg. Uv. 7.
cap. 22. §. I. lhe chama ao Author Varaõ
de grandes letras, e muy verfado na lingua Ita-
liana, e Romana, e liv. 10. cap. i. §. 2. Varaõ
muy douto, e de vida muito exemplar.
FRANCISCO MENDES DE VASCON-
CELLOS ínfigne Poeta, que floreceo no Rey-
nado delRey D. Manoel de cujas obras fe lè
alguma parte no Cãcioneiro Geral de Garcia de
Refende. Lisboa por Hernando de Campos.
15 16. foi. a foi. 197.
P. FRANCISCO DE MENDOÇA cha-
mado no Século D. Francifco da Cof-
ta naceo em Lisboa onde foraõ feus
204
BIB LIO THE CA
Progenitores D. Álvaro da G^fta Amieiro
mòr delRey D. Sebaíliaõ, e D. Leonor de
Sou2a filha de Fernaõ Alvares de Souza
Senhor da Labruja, e D. Brites de Souza.
Applicou-fe ao eíhido das letras humanas
em o CoUegio pátrio de Santo Antaõ, e
tal foy o afeélo que concebeo ao Inítítuto
dos Padres Jefuitas de quem recebia a dou-
trina, que para confeguir o intento de fer
feu companheiro ao qual fortemente fe
oppunha feu irmão D. Duarte da Q)fta, fe
lançou de huma janella da caza em que
eftava reduzo, e fugio furtivamente para o
Q)llegio de Santo Antaõ donde foy receber
a Roupeta em o de Coimbra a 28. de Ju-
lho de 1587. quando contava quatorze an-
nos de idade. Como era dotado de agudo
engenho, penetrante comprehenfaõ, e feliz
memoria fahio elegante Poeta, eloquente
Orador, profundo Theologo, infigne Efcri-
turario, e hum dos mais celebres Declama-
dores Evangélicos do feu tempo. Enfinou
com applaufo pelo efpaço de fete annos
letras humanas nos Collegios de Lisboa, e
Coimbra onde também diílou Filofofia. Em
a Univerfidade de Évora recebeo as iníi-
gnias doutoraes da Theologia a 10. de
Mayo de 1607. fendo feu padrinho D. An-
tónio de Menezes Senhor de Alconchel ma-
rido de D. Cecilia de Mendoça, fua parenta,
em cujo obfequio mudou o apellido de Cof-
ta, em Mendoça. Neíla famofa Academia
foy Lente da Sagrada Efcritura em cujo ma-
giílerio defcubrio as vaílas noticias, que com
indefeíTo eíhido tinha alcançado das letras
Sagradas. Governou os Collegios de Coim-
bra, e Évora com fumma prudência pela
qual foy eleyto no anno de 1625. Procura-
dor Geral defta Província à Corte de Roma,
onde deixou immortal memoria do feu no-
me affim pela eloquente energia com que
pregava, como pela obfervancia religiofa com
que fe fazia exemplar dos feus companhei-
ros afirmando o Geral Mucio Vitelefchi que
era igualmente infigne na efpeculaçaõ das
fciencias, como na praéUca das virtudes.
Acompanhado do P. Francifco Freyre par-
tio de Roma, e depois de vifitar com ter-
niíTima piedade o San£hiario da Caza do
Loreto, atraveíTados os Alpes entrou em
Leaõ de França, onde recolhido ao CoIIe-
gio da SantiíTima Trindade dos Padres Je-
fuitas enfermou taõ gravemete, que fendo
inúteis todos os remédios applicados pela
medicina pedio o Sagrado Viatico que re-
cebeo com exceíTiva ternura fora da cama
em que jazia fuftentado em os braços de
feus Irmãos. Pouco antes de efpirar pedio
que lhe leíTem a Paixão efcrita por S. Joaò
mandando fufpender a liçaõ em alguns paf-
fos que attento contemplava, e compungido
refle£tía atè que o feu innocente efpirito fe
dezatou da prizaõ do corpo para gozar da
pátria celefte a 3. de Junho de 1626. Foy
univerfalmente fentida a fua morte a cujo
fimeral concorreo obfequiofa a Cidade, e
Univerfidade de Leaõ beijando-lhe a mão,
e levando parte das fuás alfayas em final
do refpeito devido à fua memoria. O Ca-
dáver eílava cuberto de flores como fym-
bolos das religiofas virtudes, que vigilan-
temente cultivara. Para fe gravar fobre a
fua fepultura efcreveo a elevada Mufa do
P. Francifco de Macedo o feguinte Epi-
táfio.
Sijle hofpes. Jacet bic Mendoça. Quis ilW^
requiris
Accipe. Erit mercês hac fatís ampla mora.
Hic pátria Lm/us. Genus alta è jiirpe. La-
tino
TnIHms eloqtáo. Carmine Virgtlius.
Vifus Arijloíeles Sophia. Documenta falu-
tis
Dum dedit Os aureum diãus, ^ Amhro-
fius.
Scriptura Hieronymus. Pajlor bónus arte re-
gendi
Doãrina quantus haurea parta docet.
EJ pius in fuperos, cS?* morihus integer. Idem-
que
His titulis tantus, Jpe quoque maior erat.
Ex illo Regum monumenta, <& Eama Juper-
funt.
Praterea Cinis eft, €>* dolor beu\ Pátria.
Foy taõ illuftre em a nobreza do fan-
gue como infigne no abatimento da pef-
foa aborrecendo com exceíTo toda a prac-
tica em que fe fallava do explcndor da
fua origem, e unicamente eílimando o
L US ITANA.
2o5
exercido dos Officios mais humildes da
Comunidade. Obfervava taõ exaâamente
as regras do feu Inllituto, que nunca
violou a menor circunílancia dos feus pre-
ceitos. Tinha por delicia o obedecer, e
por tormento o mandar. Igualmente era
parco em o comer, como em o dor-
mir fervindo-lhe de defcanfo a continua
applicaçaõ ao eíhido que fomente inter-
rompia com os aftos de Religiofo. To-
das as fuás acçoens eraõ reguladas pela
modeíHa com a qual mudamente emen-
dava defeitos, reprehendia exceíTos. Ora-
va com tanto fervor, que as lagrimas que
derramava© os olhos eraõ claras teftemu-
nhas do aétivo incêndio, que lhe abra-
sava o coração. Quotidianamente fe açou-
tava com grande rigor, e nunca pregava,
<iue naõ eítiveíTe cingido com hum afpero
cilicio. Com eílas armas confervou illefa a
flor da caílidade, que entre todas as vir-
tudes cultivou com mayor difvelo. Foy
-devotiíTimo da Virgem Maria a cujo obfe-
quio dedicava todos os dias vários gé-
neros de afectuofas devoçoens. Teve ani-
mo heróico para intentar emprezas árduas,
génio afável, e urbano para atrahir os âni-
mos mais difcordes. Ardia em taõ fer-
vorofo zelo da falvaçaõ das almas, que
repetidas vezes fupplicou aos Prelados o
mandaíTem à índia para inftruir a gentilidade
que eílava taõ remota da fua vifta. Final-
mente foy huma perfeita imagem do ef-
tado religiofo, e hum animado compen-
dio das f ciências fagradas, e profanas,
como publicarão diverfas penas de gravif-
íimos Efcritores. Nicol. Ant. Bib. Hifp.
Tom. I. pag. 340. col. 2. religiofa vita,
multiplicifque eruditionis, atque facúndia exem-
plar. Macedo Propug. iMJit. Gallic. pag.
III. clarijfimus fcripturarum interpres. & pag.
179. Vivum Sacrarum Utterarum Oraculum,
€ na Philip. Portug. cap. 21. pag. 210,
^an Maejtro de Efcrituras. Zuleta ad Com-
mmt. 'Epift. D. Jacob, ad cap. 2. vir ma-
ximus. Cardozo Agiol. L.ujit. Tom. i. pag.
-273. no Comment. de 27. de Janeir. Letr.
I. infiffie Padre. Uluíbiffimo Barzia Def-
pertad. Chrifiian. Tom. i. Introd. Exhortat.
cap . 6. §. 8. n. 182. Aquel admirable
expositor dei libro i. de los Ktys. Gafpar
dos Reys Franco Camp. Elys. Quafi. 58.
n. 12. doãrina, ó" virtute praclarus, <& eru-
ditione injignis, e quasíl. 38. n. 48. dotijft-
mus. Souza Hifi. de S. Domingos da Prov.
de Portug. Part. i. liv. 6. cap. 19. dou-
tijfimo Fr. Joaõ Lahaye na impreíTaõ das
obras de Santo António imprimio huma
Oraçaõ do P. Mendoça em louvor defte
Thaumaturgo Portuguez, o intitula Doão-
rem Theologum infixem. Joaõ Pinto Ribeiro
iMJlr. ao Det^emb. do Paço cap. 5. n. 62.
lllufire filho de Santo lotado. D. Fr. Thom.
de Faria. Decad. i. lib. 9. cap. 9. tum
oh virtutum ornamenta^ tum ob Utterarum
eximiam cognitionem, tum denique ob illufirem
fcribendi methodum. Macedo Eua, e Aue.
Part. I. cap. 39. n. 4. doutijjimo. D.
Lourenço Gracian Arte de Ingen. Difc.
49. el Commentador de los P^s y el P>jBy
de los Commentadores, e Difc. 45. el grave,
el doão, y fubtil en Jus eruditos Commen-
tarios de los Reyes. Pinto Ramires Com-
ment. in Cant. Cantic. Tropolog. lib. 3.
cap. I. V. 14. Societatis nofira columen, e
no Specileg. Sacr. Traét i. cap. 7. in omni
litteratura Summum Virum. Francifco de Sant.
Mar. Chron. dos Coneg. Secul. liv. liv. i. cap.
37. chamado o Chrijofiomo da Companhia, e
ainda com mais ret^aõ o Expot(itor dos Reys,
e o Rey dos Expositores. Joan. Soar. de Brito
Theat. Eufitan. Lâtter. lit. F. n. 56. Sa-
crarum Utterarum Conimbrica, <& Ehora
muitos annos cum celebritate profejjor fuit,
fed vita Sanãimonia, animi finceritate, morum-
que candore multo celebrior Franc. de Fran-
cisc. Dijfert. Philolog. de Franc. Utterat.
Seft. 3. n. 20. Poética (& Rhetorica cul-
tura florentijftmum doãa ejus manu conditum,
confitumque viridarium facra, (ò" prophana eru-
ditionis. Bib. Societ. pag. 237. col. i. no-
bilitate generis, omnigena litteratura, morum,
vitaque innocentia fummis viris par. D. Franc.
Manoel Carta dos Auth. Portug. illufires em
Jangue, letras, e virtudes. Marrac. Bib. Ma-
riana. Part. I. pag. 423. divina, buma-
naque fapienfia fupra hominem peritus. Fran-
co Imag. da Virtude em o Nov. de
Coimbra. Tom. i. Uv. 2. cap. 83. fa-
pientijjimo Doutor, e no Tom. 2. pag. 617.
20Ó
BIB LIOTHE CA
Homem em tudo grande, e no Ann. Glor.
S. J. in ImJíí. pag. 305. in jludendo vir
fuit omnino indejeffus. & in Annal. S. J.
in l^ijít. pag. 245. Jpkndidijfwmm non Jo-
lum hujus Provinda, fed etiam totius So-
cntatís lúmen. Fonfeca Ejvor. Glorio/, pag.
430. Jlluftrijfimo no fangue, e mais nas vir-
tudes, e letras. Jacob. Lelong. Bib. Sacra
pag. mihi 858. col. i. P. António dos
Reys Enthus. Poet. n. 225.
Stat Juper elatus folio Mendocius ille
Quem Lyjia Matri raptum dedit Ímproba
Ceitis
Mors: focii lacrymis irrorant grandibus ora
Ijugdtmumque vocant defunãi corpore felix
Ter quater, (& Nymphas Khodani de gurgite
quifque
A-dmonet excitas, ut curvo in littore magnis
Pro meritis tumulum confpergant floribus.
Compoz
Cõmentariorum, ac dijcurfuum moralium in
Kegum libros Tomi três varia, ac jucunda
eruditione, nec non difcurjibus moralibus ad om-
nem concionum materiam utilijfimis luculenter
injiruãi. Tom. i. Conimbriae apud Dida-
cum Gomez de Loureiro Acad. Tjrp. 1621.
foi. Lugduni apud Jacobum Cardon 1622.
foi. Colónias apud Petrum Henningium 1634.
foi. Lugduni Sumptibus Gabriel BoiíTat, &
Sociorum 1636. foi.
Commentarior . (ò^c. Tom. 2. UlyíTipone
apud Petrum Craesbeeck. 1624. foi. Lug-
duni apud Jacobum Cardon. 1625. foi. Colo-
niac apud Petrum Henningium 1634. foi.
& Lugd. apud Gabrielem BoiíTat, et foc.
1637. foi.
Commentariorum, (ó^c. Tom. 3. Lugduni
apud Jacobum Cardon 1631. foi. Colo-
niac apud Petrum Henningium 1633. foi,
& Lugduni Sumptibus Gabrielis Boiffat
& Socior. 1637. foi.
Viridarium Sacra ^ prophana eruditio-
nis. Lugduni apud Jacobum Cardon 1632.
foi. Colónia: apud Petrum Henningium 1633.
foL & ibi 1650. 8. Lugduni apud Lau-
rcntium Aniflbn 1645. & ibi per eum-
dcm Typog. 1649. Coloniac Agrippinae apud
viduam Joannis Schlcbufch. 1733. 8.
Primeira Parte dos Sermoens. Nella fe con-
tem os Sermoens dos Santos, Tempos do Adven-
to, Qítarejma, e outras Domingas do anno, e da
Santa Cruzada. Lisboa por Mathias Rodri-
gues 1632. foi.
Segunda Parte dos Sermoens. Contem os Ser-
moens da Eucharijlia, da Virgem Mây de Deos,
dos Patriarchas das Keligioens, e outros muito
Santos, e Santas, dos Defuntos e outros vários.
Lisboa por Lourenço de Anvers. 1649. foi,
Eftes dous Volumes fahiraõ traduzidos
em Caílelhano por Fr. Francifco Palau da
Ordem dos Pregadores. Barcelona por Pedro
de la Cavalleria 1636. 4,
Sermão em huma ff^ande Seca em Évo-
ra no Collegio da Companhia, e patente o
Sanãuario das Sacadas Keliquias na Domin-
ga da Pajchoela em 29. de Abril de 161 2.
Évora por Francifco Simoens 161 2. 4.
Sermão na Solemne ProciffaÕ, que ordenou
a Univerfidade de Évora pelo Jacrilego roubo do
Santijfimo Sacramento na Cidade do Porto em 9.
de May o de 1614. Évora pelo dito Imprcflbr
1614. 4.
Sermão no Auto publico da Fè que Je
celebrou na Praça da Cidade de Évora em
8. de Junho de 1616. Évora pelo dito Im-
preíTor. 161 6. 4.
Sermão do Aão da Fè em Coimbra a
25. de Novembro de 161 8. Coimbra por
Diogo Gomez de Loureiro 161 9. 4. e Lis-
boa por Pedro Crasbeeck. 1619.
Sermoens de S. SebaftiaÕ, e do B. Ltd^
Gonzaga, que fahiraõ impreflbs na primei-
ra Parte dos feus Sermoens os traduzio
em Caftelhano o Doutor Eftevaõ de Agui-
lar, e Zuniga, e fe publicarão no 2. To-
mo da Laurea Portugue:(a. Madrid por An-
tónio Garcia de la Jglcíia. 1679. 4.
Praãicas domejlicas. Efte tomo Aí. S.
fe conferva na Caza Profefla de S. Ro-
que onde o vio o Padre António Fran-
co como efcreve no 2. Tom. da Imag.
da Virtud. em o Nov. de Coimb. pag.
617.
Commentaria in Genefim. 3. Tom. foi.
De Keffilis Sacra Scriptura. foi.
Eftas obras fe guardaõ Aí. S. com gran-
de eíUmaçaõ em o Collegio de Évora dos
PP. Jcfuitas.
L USITAN A.
207
Fr. FRANaSCO DE AÍENESES ReU-
giofo ProfeíTo da Seráfica Ordem dos Me-
nores onde fe diftinguio entre os feus do-
mefticos em a profunda noticia das letras
humanas, principalmente dos preceitos da
Gramática Latina efcrevendo com grande eru-
dição, e naõ menor clareza.
Difficilium accenttmm compendium. Parifiis
apud Stephanum Robertum. 1527. 8.
Defta obra como do feu Author fa-
zem memoria o Padre Filippe Labe Je-
fuita in Leãore erudito ad Menfam, Wa-
dingo do Script. Ord. Min. pag. 125. col.
I. Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag.
342. col. 2. e Martin. Lipen. Bib. Rea-
Jis Philofoph. Tom. i. pàg. 7. col. 2.
D. FRANCISCO DE MENESES natu-
ral da Cidade do Porto, e filho de D.
Fradique de Menezes, e D. Izabel Hen-
riques filha de Femaõ Nunes Barreto Se-
nhor dos Coutos de Freiris, e Penagate,
e D. Maria Henriques, e irmaõ de D.
Affonfo de Menezes, Senhor da Ponte da
barca, e Meílre Sala delRey D. Joaõ o
IV. Aplicou-fe na Univerfidade de Coim-
bra ao eíhido da Sagrada Theologia em
que tanto fe adiantou o feu vivo enge-
nho que recebida a borla Doutoral em
taõ fublime Faculdade foy Conduâario com
privilégios de Lente a 21. de Outubro
de 1635. Depois de fer Cónego Magiíbral
da Sè de Évora de que tomou poíTe a
21. de Novembro de 1636. paíTou a fer
Deputado da Junta dos Três Eftados. Teve
grande noticia das Famílias prindpaes deíle
Reyno merecendo pela verdade, e exa-
çaõ com que efcreveo fer venerado por
hum dos miUiores Genealogiílas, e como
tal o numera o P. D. António Caetano
de Souza Aparat. ã Hijl. Gen. da Caf.
Real Portug. pag. 120. §. 150. Naõ teve
menor génio para o Púlpito onde foy ouvido
com geral acclamaçaõ dos Académicos de
Coimbra, que igualmente o admiravaõ na
Cadeira. Falleceo no anno de 1680. Publicou
Sermão pregado na Sè de Coimbra a },. de
Deí^embro na felice acclamaçaõ, que o Cabbido, e
Cidade fi-:(eraõ a Sua Magejiade. Lisboa por
Paulo Craesbeeck. 1641. 4.
Nobiliário das Familias de Portugal 5,
Tom. foi. que deixou a feu Sobrinho D.
Jozè de Menezes Arcebifpo de Braga taõ
infigne em letras, como em virtudes paf-
toraes
Dialogo entre D. André de Almada, e
D. Diogo de Uma feu Sobrinho à cerca do
modo, com que fe deve haver em Coimbra
com Freiras. M. S. Conferva-fe na Bibliothe-
ca do Cardeal de Souza.
FRANQSCO DE MESQUITA Secreta-
rio do Senhor D. Alexandre Irmão do Se-
reniflimo Rey D. Joaõ o IV. efcreveo com
eftilo corrente
Relação do cat^amento do Serenijftmo Du-
que de Bragança D. Joaõ com a Senhora
D. Lui^a Francifca de GufmaÕ. M. S. Da
obra, e do Author faz memoria Joaõ Fran-
co Barreto Bib. Portug. M. S.
Fr. FRANQSCO MEXIA natural da Ci-
dade de Elvas da Provinda do Alentejo, Re-
ligiofo profeíTo da Illuftre Ordem dos Pre-
gadores, e hum dos celebres Letrados da
Efcola Thomiítica como efcreve Fr. Pedro
Monteiro Claujlr. Domin. Tom. 3. pag. 220.
Compoz
Ordo, (ò" methodus partium Sanai Tho-
ma, €>• omnium partium re/olutio. UlyíTipone
apud Petrum Craesbeeck. 161 8. 4.
FRANQSCO MILLIS DE MACEDO
naceo em Lisboa a 20. de Outubro de
1650. onde teve por Pays a Luiz de
Pina Caldas, e D. Anna Maria Millis ir-
mãa do Doutor Joaõ Millis de Macedo
Dezembargador da Cafa da Supphcaçaõ,
e Enviado à Corte de Inglaterra. Haven-
do aprendido os primeiros rudimentos na
Pátria paíTou á Univerfidade de Coimbra
onde appUcado ao eftudo de Jurifpruden-
da Cefarea fez taes progreUos o feu agu-
do engenho que recebendo o grào de Ba-
charel na melma Faculdade fe reítituhio à
Corte, e nella exerdtou o offido de Pa-
trono de Caufas Forenfes com tanto cre-
dito, e applaufo das fuás profundas letras
que ainda permanece entre os mayores
208
BIBL 10 THE C A
Profeflbres de hum, e outro Direito a me-
moria do feu nome. Nunca allegou Au-
thor, que naõ fofle primeiramente examina-
do pela fua incanfavel diligencia verificando
com efte exame a re£tidaõ com que uzava
das fuás doutrinas para confirmar as opi-
nioens que feguia. Qjmo era amante da
verdade, e inimigo do interefle fempre pa-
trocinou os letigios em que era manifefta a
juftiça. Foy ornado de natural brandura, e
afabilidade aíTim para as peíToas da primeira
Jerarchia, como da ínfima claíTe. Todos os
Domingos frequentava o Sacramento da Pe-
nitencia em a Congregação do Oratório fen-
do direftor da fua conciencia aquelle grande
Meílre de efpirito o P. Manoel Bernardes
de quem fe fará larga memoria em feu lu-
gar. Cheyo igualmente de virtudes como de
annos morreo em Lisboa a 24. de Dezem-
bro de 1721. fendo fepultado na Parochial
Igreja de N. Senhora dos Anjos a cujo Fu-
neral aíTiftio a Nobreza da Corte. Foy
cazado com D. Jozefa Maria de Maga-
Ihaens de quem deixou fucceíTaõ. Das mui-
tas, e doutas Allegaçoens, que compoz fo-
mente fe fez publica a feguinte
Allegaçaõ de direito fobre a JucceffaÕ do Ti-
tulo, e EJlado da Cat^a de Aveiro, que vagou
por falecimento da Rxcellentijfima Senhora D.
Maria Guadalupe de Lancajlro a favor de D.
Pedro de luincaftro Conde de Villa-Nova, Co-
mendador mor de Avi^ contra a Excellentifftma
Senhora Camareira mor, e contra os Excellen-
tijftmos Senhores o Marquez Mordomo mòr, o
Duque de Banhos, e D. Lourenço de Lancajro,
e bem ajftm contra os Senhores Procuradores da
Coroa, e Fazenda. Lisboa por Jozè Lopes
Ferreira Impreffor da SereniíTima Raynha 1719.
foi.
FRANQSCO DE MIRANDA HENRI-
QUES filho de Francifco de Miranda Hen-
riques Senhor de Ferreiros, e Tendaes, e
de D. Violante Henriques naceo em a Ci-
dade de Lisboa, e frequentou a Univer-
fidade de Coimbra onde graduado na Fa-
culdade de Direito Pontificio occupou pela
fua grande fciencia, e fumma integridade
os lugares de Inquifidor de Évora, Depu-
tado da Inquifiçaõ de Lisboa, Prior da Igre-
ja de S. Martinho da mefma Cidade, Có-
nego da CoUegiada de Santarém, Dezembar-
gador do Paço, e Chanceller mòr do Reyno.
Sendo eleyto no anno de 1662. Bifpo da
Cidade de Vifeu regeitou efta dignidade co-
mo fuperior aos feus merecimentos. Falle-
ceo em Lisboa a 16. de Outubro de 1678.
e jaz enterrado na Igreja de S. Francifco
da Cidade. Deixou no feu Teftamento de
que foy Teftamenteiro Garcia de Mello Mon-
teiro mòr do Reyno hum grande legado à
Santa Cafa da Mifericordia em que eterni-
zou a fua religiofa magnificência. Dellc fa-
zem memoria Fr. Pedro Monteiro Cathal.
dos Deput. de Lisboa. §. 87. e no Cathalog.
dos Inquifídores de Évora. §. 42. e o P. Joaõ
Col. Cathalog. dos Bifp. de Vifeu. Efcreveo
Vida, e morte da Madre Soror Vio-
lante de JESU Maria compojla em Lisboa
no anno de 1658. 4. M. S. Foy efta Reli-
giofa fobrinha do Author, e Dama da
SereniíTima Rainha D. Luiza Francifca de
Gufmaõ a qual deixando o Paço fe re-
colhe© no Convento da Madre de Deos
fituado fora dos muros de Lisboa. Tinha
nacido a 19. de Dezembro de 1636. e fal-
leceo piamente a 6. de Julho de 1657. Foy
ornada de grande juizo, e muito obfervante
do feu Inftituto Seráfico. Confta a vida de
dous livros, que comprehendem vinte c fete
Capitulos largos; eftà efcrita com bom eftilo,
e delia fe conferva huma copia na Livraria
dos Padres Theatinos defta Corte, e huma
em a do ExcellentiíTimo Conde de Vi-
mieiro.
Fr. FRANCISCO DE MONTE AL-
VERNE chamado no feculo Francifco Cor-
rêa Baharem, naceo em Lisboa fendo fi-
lho fegundo de Simaõ Corrêa Baharem,
que duas vezes paíTou a Africa com El-
Rey D. Sebaftiaõ, e na ultima perdeo a
liberdade, Commendador de S. Barthola-
meu de Alfange em Santarém da Ordem
de Chrifto, e de fua fegunda mulher
D. Paula Rebello. Eftudou em a Uni-
verfidade de Coimbra Direito Pontifício
com tanta applicaçaõ, que depois de re-
ceber o gráo de Licenciado nefta Fa-
culdade foy provido em o lugar de De-
L USITANA.
209
putado da Inquiíiçaõ de Évora de que to-
mou poíTe a 16. de Mayo de 1620, Pene-
trado de heróico defengano deixou todas as
efperanças, que lhe prometiaõ a nobreza do
nacimento, e a vaftidaõ da litteratura rece-
beo o auftero habito de S. Francifco em
o Convento de Santo António dos Capu-
chos de Lisboa a 16. de Janeiro de 1622.
diétando Theologia em o Collegio da Pe-
dreira em Coimbra de cuja Faculdade foy
feu fuceíTor o iníigne Fr. Francifco de San-
to AgoJftinho Macedo. Como era ornado de
fumma prudência exercitou com geral acei-
tação os lugares de Guardião do Collegio
de Coimbra, Cuftodio da fua Província, e
Vizitador do Convento de Santa Maria de
Enxobregas Cabeça da Provinda Seráfica
dos Algarves. Teve confumada noticia do
Direito Pontifício, Sagrada Theologia, Hif-
toria Secular, e da Genealogia. Cheyo mais
de virtuofas açoens, que de annos falleceo
piamente em o Convento de Santo Antó-
nio da Merciana em 5. de Março de 165 1.
O feu corpo fe conferva incorrupto. Delle
fe lembraõ Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i.
pag. 343. col. 2. Franckenau Bib. Hifp. Hiji.
Gen. pag. 136. Fr. Pedro Mont. Cathal. dos
Deput. de Evor. §. 36. Pereira Leal. Difc.
Apolog. Crit. do Coll. de S. Ped. cap. 5.
§. I. pag. 334. e Fr. Mart. do Amor Div.
Chron. da Prov. de Sant. Ant. Tom. i. liv.
I. cap. 19. n. 234. e 235. Compoz.
Da Monarchia de Roma em Três Ef-
tados Rejno, Império, e Republica, foi. M. S.
Da Nobreza de Portugal. M. S. Def-
ta obra faz memoria D. António Caet.
de Souza Advert. e Addic. aos Auth.
Geneal. fahiraõ no fim do Tom. 8. da
Hiji. Gen. da Ca^a Real Portug. pag. 15.
n. 16.
Comentaria Philofophica juxta mentem Scoti.
M. S.
Obra efpiritual. Confervavafe em poder de
D. António de Alcáçova.
FRANCISCO DE MORAES naceo em
a Cidade de Bragança em a Provinda
Tranfmontana fendo filho do Doutor Ál-
varo de Moraes, e Tio pela parte materna
do P. Balthezar Telles celebre Filofofo, e
Chroniíla da Companhia de JESUS. A na-
tureza lhe concedeo nadmento nobre co-
mo engenho perfpicaz com o qual fe fez
pela continua appUcaçaõ aos livros eíli-
mado dos mais infignes profeííores de
letras, que venerava aquella idade. Foy
Poeta elegante, e Hiíloriador difcreto. Af-
fíílio em Pariz com o Embaxador deíla
Coroa D. Francifco de Noronha fegun-
do Conde de Linhares, e Mordomo mòr
da Rainha D. Catherina mulher delRey
D. Joaõ o IIL quando governava a Mo-
narchia Franceza Francifco I. fendo di-
gno de vida mais prolongada foy vio-
lentamente privado delia à porta do ro-
do da Qdade de Évora em o anno de
1572. onde a Corte eftava. Compoz.
Primeira, e Jegunda parte do Palmeirim
de Inglaterra. Dedicada à Infanta D. Ma-
ria. Évora por André de Burgos 1567.
foi. Sahio vertido em a lingua Franceza.
Pariz. 1574. 8. Manoel de Faria, e Sou-
za. Coment. ás Rim. de Cam. Tom. 4.
pag. 102. fallando defta obra: puede fer-
vir de magifierio a los que quif^eren e/cri-
vir una hijloria verdadera. O P. Balthezar
Telles HiJl. da Etiop. Alt. liv. i. cap.
I. No feu muy celebrado, e fabulo/o Pal-
meirim de Inglaterra porque efte Autbor com
a amenidade do feu florido engenho, e com
a Juavidade do feu elegante efiilo fó perten-
deo recrear os leitores com fabulas doutas, e
com fiçoens engenhofas. Miguel de Cervan-
tes Hifloria de D. Quixote liv. i. cap. 6.
ejfa Palma de Inglaterra fe guarde, j fe
conferve como a cofa única, y fe baga para
ello otra coxa, como la que hallò Alexan-
dra en los defpojos de Dário, que la dif-
pu^o para guardar en ella las obras dei Poeta
Homero.
De los valerofos, y esforçados hechos en ar-
mas de Primaleon hijo dei Emperador Palme-
rim, y de fu hermano Polendos, y de D. Duarte
Princepe de Inglaterra. Lisboa por Simaõ Lo-
pes 1598. foi.
Diálogos em bum defengano de amor
fobre certos amores, que teve em Fran-
ça com buma Dama da Rainba D. Leo-
nor. Évora por Manoel Coelho 1624. 8.
14
2 IO
BIBLIO THE CA
Três Diálogos em que faõ Interlocutores do
I. hum Fidalgo, e hum Efcudeiro: do z. hum
Cavalheiro, e hum Doutor; e do i. hum a re-
gateira, e hum moço da Efiriheira. O eíHlo
defta obra he imitado de Francifco de Sà,
e Miranda, e Bernardim Ribeyro, o qual
muito louva o infigne antiquário Manoel
Seveiim de Faria Dijc. Var. pag. 8i. vcrf.
Relação das Fejlas, que ElRey de França
Francifco i. fet^ nas vodas do Duque de Cle-
ves, e a Princesa de Navarra no anno de 1541.
Relação das Exéquias, e enterramento del-
Rey D. Francifco i. no anno de 1546.
Relação dos Tornejes do Príncipe em Xa-
bregas a ^. de Agojlo de 1550.
FRANCISCO MORAES DURANTE ce-
lebre Poeta aíTim lyrico, como heróico de
que he claro teftemunho.
Elegia à morte de Jorge de Monte mayor.
Sahio imprefla com outras Poeíias na Diana
daquelle Author. Elegante intitula a eíla Ele-
gia Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 413.
col. 2.
FRANCISCO DE MORAES SARDI-
NHA filho do Doutor Álvaro de Mo-
raes, e neto de Manoel Sardinha naceo
em Villa-viçofa onde floreceo em todo o
género de erudição fendo infigne Poeta,
e muito verfado na Mythologia, e li-
ção da Hiíloria. Foy Cavalleiro Profef-
fo da Ordem de Chriílo, e Commenda-
dor de huma Comenda, que lhe deo o
Sereniflimo Duque de Bragança D. Theo-
dofio 2. Para eternizar as glorias da fua
pátria efcrcveo no anno de 161 8.
Famofo, e antiquijfimo Pamaffo novamen-
te achado, e defcuberto em Villa-Viçofa de
que he Apollo o Excellentijftmo Príncepe D.
Theodot(io 2. defle nome Condejlabre dejies
Reynos de Portugal, Duque de Bragança, e
de Barcellos; e dos Varoens illujlres, que
nella naceraô, e floreceraõ em armas, em le-
tras, e Poejias com outras muitas cou^^as a
propojito no difcurfo defle livro.
Neíla obra cujo Original conferva meu
Irmaõ D. Jozè Barboza Clérigo Regular,
e Chroniíla da Sercnifiima Caza de Bragança,
eftaõ no liv. 3. foi. 5. féis Sonetos, hum Mote
gloíTado, hum Romance, e duas Cançoens do
Author que acaba com o feguinte Soneto
Depois de tantos annos de cançado
De fujíentar de Amor a dura guerra
Eflou colhendo as flores dejla Serra,
Que o falfo amor, e o tempo tem criado.
Afligemme as memorias do pajjado,
E num profundo Jilencio me encerra
Ter á vijla o mal, que me dejlerra
Do bem do poder fer recuperado.
Vayfe a vida por tempos, e por annos
Confumindo fegundo lhe acontece
Hora bem ajji, hora mal paffando:
Paffafe a trífle vida com enganos,
E quanto mais de efpaçofe adormece
He para fe acordar feja chorando.
Neíla obra confeíla ter compofto outra in-
titulada
Do efpantofo Cavalleiro da Lut^.
FRANCISCO MORATO ROMA Caval-
leiro Profeflb da Ordem de Chriílo, Familiar
do Santo Oíficio naceo em a Villa de Caftello
de Vide da Provinda Tranílagana a 4. de Ou-
tubro de 1588. onde teve por Pays a Joaõ Mo-
rato, e Maria Callada Roma. Eíhidou Filofofia
em a Cidade de Évora, e Medicina em a de
Coimbra fendo eftas duas famofas Academias
expeétadoras do feu vivo engenho, e admirável
talento, com que comprehendeo as dificul-
dades, e penetrou os arcanos de huma, c
outra Faculdade. Acabada a carreira dos
feus eíhidos o chamou no anno de 1619. paia
feu Medico o SereniíTimo Duque de Bra-
gança D. Theodofio 2. e com a mefma oc-
cupaçaõ paflbu para Lisboa no anno de
1640. acompanhando a ElRey D. Joaõ o
IV. A difcreta converfaçaõ, c natural graça
de que era dotado divertia muito aos emfer-
mos que vifitava concorrendo igualmente as
fuás palavras, e os feus medicamentos para ali-
vio das moleílias, que padeciaõ. Morreo cm
Lisboa na proveâa idade de 80. annos. O
P. Manoel Luiz Vit. Princip. Theod. lib. i.
cap. 5. n. 14. o intitula medica artis peritijjimus
e lib. 2. cap. 2. n. 11. Injiffiis artis medica profef-
for. Compoz
L USITAN A.
21 I
Obfervaçad do achaque, que Sua Magefiade
teve em Salvaterra de que livrou mtlagrojamente ,
Lisboa 1655. 4.
1j{^ da Medicina praãica, racional, e me-
thodica, guia de enfermeiros dividida em 3. par-
tes. Na I. fe moftra a ordem, e modo, que fe
deve guardar na cura dos enfermos. Na fegunda
fummatim attinguntur os remédios particulares com
que fe deve acodir a cada hum dos achaques do
corpo humano. 3. agit dos achaques particulares
das mulheres. Additur Traãatus de febribus
fimplicibus, putridis, mali^is, (ò" peflilentibus.
Lisboa por Henrique Valente de Oliveira 1664
4. & ibi por António Craesbeeck. de Mello
1672. 4. e Coimbra por Joaõ Antunes 1700. 4
& ibi no Real G^llegio das Artes 1726. 4
acrecentado com vários remédios de Grurgia,
e recopilado do thezouro dos pobres com o
titulo feguinte
L«:^ de Medicina pratica, racional, e me-
thodica; guia de enfermeiros, direãorio de prin-
cipiantes, e fummario de remédios para poder
acudir, e remediar os achaques do corpo humano
começando do mais alto da cabeça ate o mais
baixo das plantas dos pis.
Sentimentos de D. Pedro, e D. Ignes de
Caflro I. e z. Parte. Conílaõ de 140. Ou-
tavas. Deíla obra que fahio no primeiro
Tom. da Fénix Renacid. defde pag. 92. atè
139. Lisboa por Jozè Lopes Ferreira 171 6.
8. faz Author a Francifco Morato Roma o
P. António dos Reys Enthus. Poet. n. 125.
Roma cadentem
Qualiter Agnetem Petrus defleverit augens
Flumineos Latices Lacrimarum rore, ca-
nebat.
D. FRANCISCO DE MOURA illuf-
tre por nacimento, infigne por talento, e
venerado pela Poética, e Oratória, de
cujas artes foy eíhidiofo cxiltor em o Col-
legio Romano dos Padres Jefuitas onde re-
citou a feguinte Oraçaõ com applauzo de
toda a Cúria.
Íris "Lufitana, five de Sanãa EJif abelha Re-
gina Laudibus. Oratio habita in aula máxima
CoUegii Romani S. J. Romãs Typis Francifci
Corbelleti. 1626. 4.
Poefia em applatc^p do Doutor António Fer-
reira. Sahio impreíTa no principio dos feus
Poemas JLuftanos. Lisboa por Pedro Craes-
beeck. 1598. 4.
Fr. FRANCISCO DA NATIVIDADE Re-
ligiofo Menor da Seráfica Provinda de Por-
tugal, donde eíhidadas as fciencias feveras
em que fez naõ pequenos progreflbs o feu
engenho como moílrou fendo Lente de Theo-
logia, partio para a índia, e no Convento
de Goa da Cuílodia de S. Thomè diétou
aos feus domeítícos Filofofia, que dividida
em 2. Tomos fe conferva na Livraria do
Convento de S. Francifco juntamente como
Itinerário da índia Oriental dividido em
quatro partes das quaes unicamente exifte na
dita Livraria a 2. Parte e nella fe lem ao
principio as feguintes palavras. Tenho feito
a I. e 2. Parte do no ff o Itinerário, e cheguei
com a fegunda até Barcelona: refia fa's^er a 3.
que fera com o divino favor de Barcelona atè
Madrid, e Lisboa, e de como me embarquei para
a índia, e arribei outra vez ^ Portugal, e a 4.
fera depois da arribada a Usboa tè a índia
por terra querendo Deos. Vivia pellos annos
de 161 1, como coníla do Capitul. i. da 2.
P. do feu Itinerário afíirmando aíTiílir em
Marfelha em a noute de Natal do referido
anno.
Fr. FRANQSCO DA NATIVIDADE
Naceo em a Villa do Torraõ da Provinda
Trãílagana, e recebeo o Habito de Eremita
de S. Paulo no Convento de Montes Cla-
ros, onde pela applicaçaõ, que fez nos ef-
tudos fahio iníigne Pregador, e pela obfer-
vancia dos Eftatutos exemplar Religiofo fen-
do no habito pobre, nas acçoens moderado,
e na converfaçaõ afável. A mayor parte
da vida paíTou exerdtando os lugares a que
o elevara o feu merecimento, e naõ per-
tendera a fua modeftia fendo na fua Con-
gregação Reytor dos Conventos de Elvas,
Serra de Oíla, e Collegio de Évora, De-
finidor quatro vezes, três Vifitador, huma
Vigário Geral, três Provincial, e em tan-
tas Prelafias unio a feveridade com a
brandura, e a prudência com a benig-
nidade. O feu mayor difvdo confiítia em o
2 I 2
B I B LI O THE CA
cultf) divino naõ diflimulanclo o menor dcf-
cuido na prac^ica das cercmonias Ixlefiafti-
cas, c para que eftas fe cxecutaflem com a
perfeição neceílaria cfcrevxo
Ordinário, e Ceremonial da Ordem Jcqiindo
o !i-:^n KoMcino das Mijjas, e Of/icios Divinos,
í de outras coiifas neccjjarias da Ordem de Nof-
fo Padre S. Paulo primeiro ILrmitaÕ, e anti-
yuidadcs da mejma Ordem. Lisboa por Pedro
Craesbecck. 1615. 4.
Falleceo no Convento da Serra de OíTa
com evidentes linaes de Predeftinado quan-
do contava 64. annos de idade, e 46. de
Religião a 10. de Junho de 1626. como re-
lata o livro dos Óbitos daquelle Convento
fuppofto, que o Licenciado Jorge Cardozo
^■\yiol. Ijijií. Tom. 3. pag. 776. tratando
delle a 21. de Junho cfcrcve que morrera
neíle dia.
Fr. FRANCISCO Dy\ NATIVIDADE
Naceo em Lisboa onde recebeo a graça bau-
tifmal na Parochia de S. Juliaõ a 10. de
Outubro de 1635. fendo lilho de Matheos
de Caftro, e Maria Luiz. Quando eftava na
Horente idade de 18. annos profefTou o Sa-
grado Inftituto da Terceira Ordem da Pe-
nitencia do Seráfico Patriarcha em o Con-
vento de Noffa Senhora de JIÍSUS da fua
pátria a 8. de Setembro de 1653. Ouvio
í-ilofoíia no Convento do Mogadouro, c Theo-
logia cm o CoUegio de S. Pedro de Coimbra,
cujas Faculdades diílou em o mefmo Collegio
c no Convento de Lisboa com grande credito
da fua litteratura, c|ue fc fez mais conhecida
c|uando era confuitatlo nas duvidas pertencen-
tes à Theologia Moral que promptamente re-
lolvia apontando os Authorcs, que as tratavaõ,
caufando mayor efpanto citar os Capítulos, os
números, c as paginas dos livros em que efiava
p decifaõ da matéria cm que era pregun-
tado. Foy F.xaminador das Três (~)rdens Mi-
litares, Minifi^ro tios Conventos do Moga-
douro, c de Lisboa, Definidor, e Cuftodio
lia Província, e em todas eftas ocupaçoens
rcligiofas fe moftrou zclofo, c benévolo.
Todo o tempo que lhe reílava do oflicio
tle Prelado, o confumia no cRudo, c na
Oraçaõ chegando a fcr intitulado pela mo-
deftia do femblante o heciío. Morreo no
Convento pátrio a 6. de Dezembro de 1691.
do qual faz honorifica mençaõ o P. António
Carvalho da Cof^a Coroq^. Portiig. Tom. 5.
pag. 500. Compoz.
Nilo Moral. foi. .\/. .S". Confiava de to-
das as Matérias de Theologia Moral.
Doutrina Cbrijlaã, e avií^o de Parochos. 4. M. S.
Perfeito Confejjor dividido em três partes a
1. Perfeito Confejjor de brades, a 2. Perfeito
Confejjor de Seculares, a 5. Perfeito Confejjor
da hora da morte. foi. M. S.
Fr. FRANCISCO DA NATIVIDADE
chamado antonomafticamente o Latino pela
perfeição, com que foube cfte idioma, nacco
em Lisboa no anno de 1648. fendo filho de
Duarte Ferreira, e Izal>el da Coíla. Eftudou
as letras humanas na claíTe do famofo Mef-
tre António Fernandes de Barros, de quem
fizemos mençaõ em feu lugar, e tanto o
diftinguia dos outros difcipulos, que quã-
do fe altercava alguma duvida fobre hum
ponto gramatical mandava ao feu Gigan-
te (aíTim o intitulava ironicamente por fer
de cftatura muito pequena) o qual fubido
a hum banco a decidia com fumma viveza,
e geral admiração dos circunílantes. Eftes
dotes com que a natureza taõ antecipada-
mente o dotou moverão a varias Religioens
para o pcrtender para feu alumno, porém
mereceo efta fortuna a Ordem Carmelitana
fendo admitido em o Convento pátrio a 2.
de Julho de 1661. cujo Inftituto profeífou
folemnemente a 22. de Fevereiro de 1664.
Applicoufe as fciencias feveras no Collegio
de Coimbra, e tal foy o progrcfTo, que
nellas fez a fua penetrante comprehenfaõ,
e profundo talento, que fe refolveo An-
dré Furtado de Mcndoça Reytor da Uni-
verfidade a que rcccbcfrc as infignias dou-
toraes como prevcntlo o grande credito,
que havia refultar a taõ celebre Acade-
mia com cRe infigne Candidato, cujo in-
tento fe naõ cfcituou por fer mandado
ler Filofofia no Convento de Moura, c
depois a mefma Faculdade, c a de Theo-
logia cm o Convento de Lisboa, do
qual foy Prior por nomeação do Re-
L USITAN A.
2 i3
verendiíTimo Geral Fr. Angelo Monfignani
a 8. de May o de 1683, ordenandolhe foíTe
defender Conclufoens no Capitulo geral, que
fe celebrava em Roma. Obedeceo prompta-
mente a eíla ordem, e partindo de Lisboa
no anno de 1686. chegou à Cúria onde
compoz, e imprimio humas Conclufoens,
que comprehendiaõ todas as fciencias, que
fe enOnaõ em as Univeríidades confiando
de 72. paginas de folha divididas em onze
Ceos efmaltados com graviffimas quelioens
de que trata a Theologia Efcholaftica, Ex-
poíitiva. Dogmática, Moral, Regular, e Myf-
tica. Jurisprudência Canónica, e Gvil, Me-
decina, Filofofia, Mathematica, e Muíica. Cor-
refpondeo ao profundo engenho com que fo-
raõ ideadas a prompta aftiv idade com que fo-
raõ defendidas aclamando-o todo o numerofo
concurfo, que foy efpedador defte littera-
lio combate por homem Encyclopedico.
Nefte Capitulo foy eleito Provincial da Pro-
vinda Portugueza cuja eleição foy confir-
mada pela Santidade de Innocencio XI. no
primeiro de Julho de 1686, e no fim deíle
lugar foy ComiíTario, e Viíitador Geral da
mefma Província, Tanta prudência piaâi-
cou neftes lugares, que fegunda vez foy
eleito Provincial a 20. de Mayo de 1703.
e como no anno feguinte fe celebraíTe Ca-
pitulo Geral em Roma partio para efta Cor-
te onde recitou varias Oraçoens latinas em
applauzo da Santidade de Clemente XI.
de quem recebeo efpeciaes íignificaçoens
de eílimaçaõ fendo a principal o motu
próprio paíTado a 5. de Abril de 1705.
para governar quarto anno a Província.
Foy eloquente Orador, excellente Poeta
em todo o género de Verfos, agudo Fi-
lofofo, e profundo Theologo, iniigne nas
; letras humanas, e verfado nos Sagrados
Cânones. Pello efpaço de quarenta annos
pregou na Capella Real, de cujos Ser-
\ moens tanto fe agradava a Mageílade de
D. Pedro 2. que lhe ordenou em al-
gximas Quarefmas prègaile três vezes. Te-
ve íingular urbanidade, grave prezença,
deleitofa converfaçaõ. Era fiel para feus
amigos, e compaíTivo para os ingratos por
fer dotado de coração cândido, e gé-
nio afável. Venerou com afedlo cordial
a Maria SantiíTima, e com igual afedo a
Imagem de Chriilo morto, que eftá em hu-
ma Capella da Igreja do Convento do Car-
mo de Lisboa folemnizando-a com grande
pompa no 3. Domingo de Julho. Depois
de tolerar huma larga enfermidade perpa-
rado com aftos de bom religiofo paíTou delia
vida mortal para a eterna a 16. de Outubro
de 1714. quando contava 66. annos de ida-
de, e 53. de Religião. Ao feu Funeral af-
fiftio a mayor parte da Nobreza da Corte^
e das Comunidades Regulares. Jaz Sepul-
tado no Cemitério novo com efta infcrip-
çaõ.
Aqui jas^ o muito Reverendo P. Mejlre Fr,
Francifco da Natividade por anthonomafia o La-
tino, VaraÕ de perfpicat^ engenho, infigne nas
humanas, e divinas letras tanto nos Vulpi-
pitos como nas Cadeiras; Prior, que foy def-
te Convento, e duas ve-:(es dignijfimo Provin-
cial, Comiffario, e Vifitador Geral, e Re-
formador Apojiolico defla Provinda, Pregador
de Sua Mageflade, e por Decreto feu De-
putado da Junta das Miffoens. Falleceo de
66. annos aos 16. de Outubro de 1714.
Compoz.
Sermão da Soledade da Senhora pregado
na Capella Real. Lisboa por Miguel Des-
landes. 1687. 4. Sahio na Laurea Portu-
guet^a.
OraçaÕ Panegyrica, e funeral em as Exéquias
do Beatijfimo Padre Innocencio XI. celebradas em
o Templo do Loreto defla Cidade. Lisboa pelo
dito ImpreíTór 1689. 4.
OraçaÕ fúnebre em as Exéquias, que a Ir-
mandade do Santijfimo Sacramento da Paro-
chial Igreja de Santa Jujla celebrou como a
feu Jui:^ perpetuo o Duque D. Eui^ Am-
brofio de Mello filho primogénito do Excel-
lentijfimo Duque do Cadaval D. Nuno Al-
vares Pereira de Mello. Lisboa pelo dito
ImpreíTor 1701. 4.
Lenitivos da dor propojlos ao auguflijfimo,
e poderofo Monarcha EÍRey D. Pedro II. e
applicados aos leaes Portuguet(es no jujli ficado fen-
timento da intempeftiva morte da Serenijftma Rai-
nha D. Maria Sofia Ii^abella. Lisboa pelo di-
to ImpreíTor 1700. foi.
Novena da Senhora Santa Anna com o
feu Oficio. Lisboa por Manoel, e Jozè
214
BIBLIO THE CA
L,opcs Ferreira 1708. 12. Sahio fem o feu
nome.
Tòe^aurus Evangelicus. Defta obra de que
■deixou efcritos 45. cadernos, e lhe fez os
Índices neceflarios Fr. Jayme de Sampayo
Lente de Prima do ODllegio do Carmo de
•Coimbra, fallando Fr. Manoel de Sà Mem.
Hiji. dos Efcrit. do Carm. da Prov. de Por-
Jug. pag. 162. fera de grande utilidade para as
Cadeiras, e para os Púlpitos pelo admirável das
refoluçoens, pela Jingularidade dos conceitos, e pelo
Juhido do EJlilo.
Fr. FRANCISCO NEGRAM Naceo na
índia Oriental onde recebeo o Habito de
Religiofo Menor na Seráfica Cuílodia de
5. Thomè fojeita à Província de Portugal.
Aprendidas as fciencias capazes de o fa-
zer bom Letrado o feu ardente zelo o
conllituhio hum dos mais famofos culto-
res da vinha de Columbo agregando ao
rebanho do divino Paftor fete mil, e qui-
nhentas almas, a quem conferio a pri-
meira graça em trinta, e hum bautifmos
no efpaço de cinco mezes. Foy Guardião,
e ComiíTario de Ceylaõ, em cujos lugares
moftrou a prudência do feu juizo. Os
negócios da fua Província o obrigarão a
paflar à Cúria Romana, donde depois de
concluídos fe reftituhio ao Oriente. Delle
fazem honorifica mençaõ Fr. Jacinto de
Deos Prol. do Verg. de Plant. e Flor. e
no Caminh. dos Frad. Men. para a Vid.
Etem. pag. 76. virtutibus, <& litteris pra-
Jitus aliquos libras edidit, efcreve delle Fr.
Miguel da Purif. Kelac. Defenf. dos filh. da
Ind. Orient. foi. 51. verf. e no Memorial
aprezentado em Roma à Santidade de Ur-
bano VIII. a 3. de Julho de 1638. Compoz
com eftudiofa applicaçaõ.
Primeira Parte das Chronicas dos Frades
Menores da Cuftodia de S. Thomè da índia
Oriental, que trata do muito que os ditos Fra-
des trabalharão na promulgação, e pregação da
Fè Catholica entre os infiéis, e do ^ande fruto,
que fi^eràÔ na diocefe das Serras do Malabar
doutrinando os Chrijlãos de S. Thomh, e refor-
mando feus livros Surianos. foi. M. S. Con-
fervafe na Bibliotheca do Real Convento de
5. Francifco de Lisboa.
FRANQSCO NOGUEIRA LIMA, E
SAMPAYO filho de Joaõ Nogueira Lima
naceo a 11. de Janeiro de 1684. em huma
Quinta Solar da fua Caza fituada na Trofa
Freguefia de S. Miguel de Barreo Termo
da Villa de Ponte de Lima em o Arccbif-
pado de Braga, Tanto, que eíleve inftruido
nas letras humanas, paflbu à Univerfidade
de Coimbra onde fe applicou às fciencias
feveras merecendo pelo progreíTo, que nel-
las fez naõ fomente receber o gráo de Mef-
tre em Artes, e a borla doutoral na Facul-
dade de Theologia, mas paíTar a fer Cone-
nego MagiílraJ da Sè de Vifeu provido a
9 de Julho de 1721. donde paíTou com o
mefmo lugar para a Primacial de Braga a
22. de Junho de 1724. Nefte vaíHíTimo Ar-
cebifpado foy Examinador Synodal, Vifita-
dor por diverfas vezes, Abbade Refcrvata-
rio, ConfeíTor, e Pregador elegante de cujo
Sagrado Miniílerio publicou
Sermão do Santijfimo Sacramento pregado no
Triduo das Fejlas de Braga em z. de Junho de
1725. Lisboa por António Pedrozo Galiaõ.
1730. 4.
Fr. FRANCISCO DE NOSSA SENHO-
RA natural da Villa da Azambuja do Pa-
triarchado de Lisboa, e filho de Thomaz
Lourenço, e Catherina Marques, recebeo o
Habito de Agoílinho Defcalfo no principio
da Fundação defta Reforma em Portugal
em o anno de 1669. ratificando a profiíTaõ
ao primeiro de Dezembro de 1680. em o
Convento do Monte Olivete. Foy excel-
lente Poeta Latino, e muito obfervante dos
preceitos do feu IníUtuto, de tal forte,
que padecendo a falta do juizo nunca
deixou de continuar o Coro, e muitas
vezes no mayor furor da fua demência
obedecia promptamente às ordens do Pre-
lado. Falleceo no Convento de N. Se-
nhora da Conceição do Monte Olivete fi-
tuado fora dos muros defla Corte a 2.
de Julho de 1696. Entre as Obras mé-
tricas Latinas, que compoz, foy a mais ce-
lebre.
In Eaudem Virginis Maria Poema heroicum. M.
S. o qual por incúria dos feus domefticos
defappareceo.
L USITAN A.
2l5
Fr. FRANCISCO NUNES cuja pátria, e
Inítituto Religiofo fe ignoraõ, e fomente fe
fabe como efcreve Joaõ Soar. de Brit.
Tbeatr. 'Lujit. Utter. lit. F. n. 58. compu-
zera
Traãatiís de Filio Pródigo. M. S.
FRANCISCO NUNES DE ÁVILA na-
tural da Cidade de Lisboa, formado na Fa-
culdade dos Sagrados Cânones, e hum dos
celebres Poetas do feu tempo aíTim na Hn-
gua Latina, como em a materna por cuja
fonora Arte o louva Jacinto Cordeiro EJog.
dos Poet. LjtJiL Eílanc. 18.
Dadme la pluma uuejlra, que Ji falta
Cleobroío de Platon Jer imagino
Tanto por lo imortal Ju ingenio ef malta
Francifco Nunes de Avila, que es digno
De que en grave atencion pluma mas alta
De/criva con ingenio peregrino
Dejle Platon el nombre dilatado,
Si en Jus Ver/os me veo dejpenado. Pu-
blicou
Panegyrico à invenção do corpo do Martjr
S. Vicente em as celebres fejlas, que- lhe fe^ a
Cidade de Lisboa em fua TreJladaçaÕ. Lisboa
por Pedro Craesbeeck. 4. Naõ tem anno
da impreílaõ. He huma Sylva elegante, que
começa
Novos altos efpiritos concebe
Inclyta Ijijitania, que o benigno
Ceo outra idade de ouro em ti renova.
&c.
No Certame do Conde de Linhares he
feu o Soneto 14. que fahio impreíTo Lisboa
por Giraldo da Vinha. 4. e hum Epigramma
Latino em applauzo do Licenciado Francif-
co Fernandes Galvaõ em o i. Tomo dos
Sermoens.
FRANCISCO DE OLANDA natural de
Lisboa, e taõ eílimado pela Arte da Pin-
tura em que foy iníigne de cujo pincel
fe confervaõ muitos quadros neíle Reyno,
como pela delicada perfeifaõ com que
illuminava com ouro, e diverfas cores de
que faõ eternos teftemunhos os Uvros do
Coro do Real Convento de Thomar. Af-
fiílio em Roma quando preíidia no Sólio
do Vaticano a Santidade de Paulo III.
onde mereceo as eílimaçoens das primeiras
peíToas daquella grande Corte. Compoz em
diverfo género de metro
louvores eternos. Dedicou efta obra aa
feu Anjo Cuílodio, e a acabou a 22. de No-
vembro de 1569.
Amor da Aurora.
Idades do Homem.
Eftes dous tratados ornados de coníide-
raçoens devotas deixou primorofamente illu-
minados.
FRANCISCO DE OLIVEYRA natural
da Qdade de Braga, e filho de Domingos
Barrofo, e Maria de Oliveira. Applicoufe
com difvelo à arte da Arithmetica em que
fahio taõ eminente, que naõ fomente abrio
efcola para a enfinar, mas dezejozo de que
todos fe aproveita/Tem de femelhante eíhido,
naõ lhe fervindo de impedimento a provefta
idade de fetenta annos, que contava no
anno de 1739. publicou nella o feguinte
Tratado
Arithmetica verdadeira, ou arte facilijfima de
contar para todos os curiofos, que com funda-
mento, clarefa, e dijlinçaõ quiserem fai^er qual-
quer género de conta, principalmente para todas
as Peffoas, que tem a ocupação de comprar, e
vender, faberem com facilidade, o que impor-
taõ as fazendas, que compraõ, ou vendem, e a
lucro, ou perda, que nellas alcançaõ ajftm por
annos, como por meií^es, e dias. Porto 1739. 4-
fem nome de ImpreíTor.
Fr. FRANQSCO DE ORTA natural
de Lisboa, onde profeíTou o IníHtuto da.
Ordem dos Pregadores a 22. de Abril
de 1543. fazendo taes progrelTos nos ef-
tudos, que foy hum dos grandes Mef-
tres, que di£laraõ Theologia Moral na
Real Collegio de NoíTa Senhora da Ef-
cada deíla Corte. Jaz fepultado no Con-
vento de Évora. Compoz
Commentaria in Summam D. Tbomce Aqui-
natis. M. S. Os quaes (como aííirma Fr. Pe-
dro Moat. Clauft. Dom. Tom. 3. pag. 218.)
fe efpalháraõ pela Provinda com ^aude efiima-
çaõ. He numerado entre os Efcritores Do-
minicanos por Altamura Bib. Domin. foi. 345 ►
2l6
BIB LIO THE CA
FRANaSCO OSÓRIO natural de Lis-
boa Presbytero Theologo Meílre de letras
humanas, e Prior da Parochial Igreja de
S. Vicente de Villa Franca de Xira do Pa-
triarchado de Lisboa. Para inílruir as fuás
ovelhas traduzio da lingua Latina em a ma-
terna
Compendio de ejpiritual doutrina colhido pela
mayor parte de varias Sentenças dos Santos Pa-
/ires Author o lllujlrijfimo, e Keverendijfimo Se-
jihor D. Fr. Bartholameo dos Martyres Arce-
bijpo de Braga Vrima^. Lisboa por António
Alvares ImpreíTor delRey 1653. 8.
FRANCISCO PAEZ FERREIRA, E
FRANÇA natural da Cidade de Évora,
Meílre em Artes, e Licenciado em Theo-
logia. AíTiílio grande parte da fua vida
•em Madrid onde foy Capellaõ delRey.
Falleceo neíla Imperial Villa depois do anno
•de 1668. Compoz
]ui:^o Catholico, y pio fobre la ejlrella dei
nacimiento dei Príncipe D. Filippe Projpere hijo
Je los Reyes D. Filippe IV. y D. Anna de
Aujlria. Madrid, por Domingos Garcia Mor-
ras 1658. 4.
Fr. FRANCISCO DA PAYXAM natu-
ral de Lisboa donde paíTando a Madrid
recebeo o Habito de Mercenário Defcal-
■ço, e depois de ler Filofofia, e Theo-
logia aos feus domefticos fe applicou com
particular eftudo às Cerimonias Ecclefiaf-
ticas augmentando com varias noticias o
livro que neíla matéria efcrevera Frey
Domingos dos Santos feu patrício, e Re-
ligiofo da mefma Ordem de quem fi-
;2emos memoria em feu lugar, e o pu-
blicou fem o feu nome com efte ti-
tulo
Ceremonial, y injlnucion de Officios de los
Keligiojos Defcalfos de Noffa Senhora de la
Merced, Kedempcion de Cautivos en que fe con-
tiene lo tocante ai rejado, y celehracion de los
Officios Divinos en el Altar, y Coro Jegun el
Breviário, y Miffal Komano reformado por Cle-
mente VIU. y Rit/Ml de Pablo V. y aft mif-
mo lo que pertenece a cada uno de los Keli-
^ofos fegun fus Officios, y minijierios. Madrid
por Francifco Nieto 1668.
Manual de Procejftones , Officios particulares
dela Semana Santa, Benediciones, Sacramentos con
el Officio de la fepultura delos Keltgiofos Def-
calfos dela Orden de N. Senora dela Merced
Kedempcion de Cautivos. Barcelona por Dio-
nÍ2Ío Hydalgo 1669. 4.
FRANQSCO PEDRO VIDAL DE CAR-
VALHO natural da Villa de Cezimbra do
Patriarchado de Lisboa Theologo Mo-
raliíla. Querendo teílemunhar o devoto
afeélo para o infigne Pay dos pobres,
c verdadeiro exemplar de Prelados publi-
cou
Novena do gloriofo Santo Thomàs de Vil-
lanova Arcebifpo de Valença da Ínclita familia
Augufliniana. Lisboa por Pedro Ferreira Im-
preíTor da Corte, 1731. 4.
P. FRANQSCO PEDROSO naceo em
Lisboa, e logo nos primeiros annos deu
claros indícios da innocencia dos coílu-
mes, que havia obfervar por toda a vida
fendo a vigilante educação de feus Pays
Manoel de Alpoem de Souza, e Marian-
na Cardofa da Sylva o fuave eftimulo
para que deixando o feculo bufcaífe co-
mo efcola de virtudes a Congregação do
Oratório fundada neíla Corte pelo apof-
tolico efpirito do V. P. Bartholameu do
Quental, onde recebeo a Roupeta a 21.
de Novembro de 1669. Como era do-
tado de grande comprehenfaõ, e naõ me-
nor capacidade de tal forte fe dillinguio
no eíhido das fciencias fevcras, que bre-
vemente fubio à Cadeira onde com igxial
clareza, que profundidade didlou as ma-
térias mais dificultofas da Theologia Ef-
peculativa, e Moral merecendo, que ncíbis
Faculdades foíTe refpeitado como Oráculo de
cuja decifaõ pendiaõ as controveríias perten-
centes ao foro interno por fer femprc o feu
voto eílabelecido fobre as folidas bafes
das opinioens mais prováveis. A* efpe-
culaçaõ das fciencias correfpondia a prac-
tica das virtudes fendo fummamente mo-
deílo, mortificado, compaíTivo, amante da
pobreza, e inimigo da vaõ-gloria. Copiofo
foy o fruto, que colheo quando pregava
principalmente nas MiíToens apoílolicas.
i
L USITAN A.
21J
que fa2Ía por varias partes em o tempo da
Quarefma concorrendo o afpeâo penitente,
e a VÒ2 formidável para reduzir ao cami-
nho da bemaventurança os coraçoens mais
obftinados. Eftas partes conftitutivas de
hum Varaõ perfeito lhe conciliarão a efti-
maçaõ da Nobreza, e particularmente dos
Cardiaes Jorge Comaro Núncio Apoftolico
neftes Reynos, e Nuno da Cunha de At-
tayde Inquiíidor Geral, que o creou Qua-
lificador do Santo Ofíicio. A Mageílade rey-
nante delRey D. Joaõ o V. o elegeu por feu
ConfeíTor confiando naõ fomente da fua
prudente capacidade os negócios de gra-
ves confequencias, mas venerando a fua
Peíloa como ornado de infignes virtudes.
Naõ eraõ eficazes taõ diftintas eílimaçoens
para alterar ainda levemente o feu co-
ração por fer fuperior a todas as hon-
ras mundanas confervando fempre a fin-
ceridade de animo com que fervia aos
intereíTes alheos, e nunca aos próprios.
Mais cheyo de virtudes, que de annos
paíTou com fumma piedade defta vida
mortal para a eterna a 8. de Janeiro
de 171 9. A Congregação em obfequio de
filho taõ benemérito lhe dedicou folem-
nes exéquias a que aíTiílio a Nobreza, e
a mayor parte das Comunidades Religiofas.
Publicou
ExborfaçaÕ dogmática contra a perfiàia Ju-
daica feita aos Reos penitenciados no Auto
publico da Fè, que fe celebrou na Praça
do Rocio junto aos Paços da Inquijiçaõ defta
Cidade de Ushoa em 9. de Julho de 171 3.
Lisboa por Miguel Manefcal Impreílor do
Santo Ofíicio 171 3. 4.
Cenjura, in qua refolvitur Jufficere approha-
tionem à quocumque Ordinário, ut Confeffarius
ifirtute Bullce Cruciata pojftt ubique eligi. Sahio
no Tom. i. Queft. Seleã. Bui. Cruc. Authore
Laurentio Pires de Carvalho à pag. 380.
athe 386.
De Incarnatione Divi Verbi. foi. M. S.
Efta obra, que era doutiíTima, levou o
Cardial Comaro Núncio ApoíloHco nefte
Reyno quando delle partio para Roma com
o intento de a imprimir, cuja idea fe naõ
efeituou.
FRANQSCO PEREIRA cuja pátria, e
eftado de vida fe ignoraõ. Efcreveo hum
Difcurfo muito largo, e douto com elle ti-
tulo
Parecer fobre os lugares, e pajfagem de Africa.
M. S. Conferva-fe na Livraria do ExceUentif-
fimo Marquez de Abrantes. Começa Haverá
por ventura alguém.
P. FRANCISCO PEREIRA natural do
lugar de Cachugaes do Bifpado do Porto
filho de António Pereira, e D. Filippa da
Sylva ambos de conhecida nobreza. Profef-
fou o Inllituto da Companhia de JESUS
em o CoUegio de Coimbra a 9. de Janeiro
de 1577. e depois de eíhidar as letras hu-
manas, e fciencias divinas diâou muitos an-
nos Theologia em o Collegio de Évora on-
de fe confervaõ os Tratados feguintes di-
gniíTimos da luz publica
De Gratia foi. M. S.
De Juftitia, & Reftitutione. foi. M. S.
D. Fr. FRANCISCO PEREIRA naceo
em a ViUa de Lampazes do Bifpado de
Miranda fendo filho natural de Nuno Al-
vares Pereira Pimentel do Confelho de Por-
tugal em Madrid, Padroeiro do Capitulo de
S. Francifco do Convento de Bragança def-
cendente da illuftre familia dos Pimenteis da
Caza dos Condes de Benavente em Caftella,
e irmaõ de Pedro Alvares Pereira Senhor
de Serra Leoa, e do Paul de Muge Com-
mendador de Santa Maria de Marmeleiro da
Ordem de Chriílo do Confelho de Eftado
de Filippe IV. e feu Secretario, e de D.
Maria Pereira mulher de D. Diogo Botelho
Governador do Brazil progenitores do Con-
de de S. Miguel. Nos annos da adolefcen-
cia deixando a Caza paterna entrou na Re-
ligião dos Erimitas de Santo Agoftinho cujo
Inftituto profeíTou no Convento de Noíía
Senhora da Graça de Lisboa a 27. de Se-
tembro de 1585. donde fahio eminente aflim
nos eftudos Efcholafticos, como na Arte
da Oratória Ecclefiaftica. Quando contava
3 5 . annos de idade partio a Roma pa-
ra aíTiftir no Capitulo Geral, que fe ce-
lebrou em o anno de 1602. onde foy
eleito AíTiftente do Geral pelas Provin-
2l8
BIBLIO THE CA
cias Ultramontanas fendo o primeiro Por-
tuguez, que exercitou eíle miniílerio. Ref-
tituido ao Reyno fubio ao lugar de Pro-
vincial em o anno de 1609, que adminif-
trou prudente, e afável. Atendendo a Ma-
geílade de Filippe III. aos feus merecimen-
tos ornados da nobreza do nacimento, e
profundidade da fciencia o nomeou no an-
no de 1618. Bifpo de Miranda em cuja di-
gnidade foy confirmado por Paulo V. em
o primeiro de Outubro do dito anno ha-
vendo recebido defte Pontífice particulares
fignificaçoens de afedo em o tempo, que
aífiílio na Cúria. Em os dous Aélos folem-
nes das Cortes celebradas em Lisboa o pri-
meiro a 14. de Julho de 1619. e o 2. a 18.
do dito mez, e anno em que Filippe III.
fez juramento aos Três Eftados do Reyno,
e foy jurado feu filho o Príncipe D. Filippe
fuceíTor defta Coroa, orou pela parte do Ef-
tado Ecclefiaftico com applauzo de taõ au-
thorizado congreíTo. Tendo governado a fua
Diocefe com vigilância de Paftor, e ternura
de Pay faUeceo piamente a 7. de Janeiro
de 1621. quando eílava nomeado Bifpo de
Lamego. Fr. Ant. à Purifi. de vir llluft. Ord.
Erim. D. Aug. lib. 1. cap. 17. o intitula
immortali laude àignus. Miranda Difc. Hijl.
da vid. de D. Ant. de Zunig. Difc. ult.
foi. 62. Ctgas letras, fangre, y virtud. es
hien conocida por el mundo. Haro Noh. Ge-
neal. Tom. i. foi. 136. verf. varon de
Jingular vida, y exemplo, y de una fuave,
y muy rara prudência en la predicacion de
la doãrina evangélica en que poços Je le igua-
laron en fu tiempo. Faria Decad. i. hb.
9. cap. 8. Nicol. Ant. Bib. Hijp. Tom.
1. p. 350. col. 2. Herrer. Alphab. Au-
guft. Fr. Ant. da Purif. Cbron. da Prov.
de Portug. dos Erimit. de Sant. Aguft. Part.
2. liv. 5. Tit. 3. §. 16. e 21. Abreu Cathal.
dos Bi/p. de Mirand. §. 11. Faria, e Sou-
za Fuent. de Aganip. Eleg. 12. cujo af-
fumpto hc Pedro Alvares Pereira irmaõ
de D. Fr. Francifco Pereira, a o qual
aíTim o louva
En ti llevò la muerte de una herida
De Varon fabio Original Valiente
Y gjran modelo de virtud Ungida.
Compoz
Oração no Auto do Juramento, que elKey
D. Filippe N. Senhor fegundo dejle nome Jev^
aos três Eftados do Reyno, e do que elles fiz'~
raõ a S. Magejlade do recebimento, e aceitação
do Príncipe D. Filippe N. Senhor Jeu filho
Primogénito em Lisboa a 14. de Julho de 1619.
OraçaÕ do Auto do Juramento de Filippe
III. nas Cortes celebradas em Lisboa a 1%. de
Julho de 161 9.
Huma, e outra fahiraõ impreíTas Lisboa
por Pedro Craesbeeck. 1619. foi. e na Viage
de la Cafholica Real Magejlade delRey D. Fi-
lippe III. ai Reyno de Portugal. Madrid por
Thomas Junti ImpreíTor delRey 1622. foi.
a pag. 63. e 65.
Tratado da Religião Erimitica de Santo
AgoJlinho M. S. o qual confeíTa ter em feu
poder Fr. António da Purificação Antid.
AuguJl. Trat. 2. cap. 9. foi. 54.
FRANCISCO PEREIRA PESTANA fi-
lho de Joaõ Peílana fidalgo de conhecida
nobreza. Defde a primeira idade atè a ul-
tima frequentou a paleftra de Bellona cor-
refpondendo felifmente a fortuna ao valor
de feu heróico coração. No tempo, que go-
vernava o Reyno de Nápoles ElRey D. Fra-
dique foy o primeiro theatro dos feus mar-
ciaes efpiritos donde reílituido a Portugal
paíTou por ordem delRey D. Manoel à re-
gião de Africa onde pelo efpaço de fcte
annos alcançou immortal gloria ao feu no-
me, e cauzou fatal rui na aos fequazes de
Mafoma. De Africa navegou para Afia
com o pofto de Capitão, e depois de fuílcn-
tar a Fortaleza de Quiloa na obediência do
feu Soberano affiílio na celebre conquiíla de
Goa no anno de 15 10. em que deu mani-
feílos argumentos de feu natural valor. Se-
gunda vez navegou deíle Reyno para Goa cm
tempo do Governador do Eftado D. Duarte
de Menezes provido em huma Capitania de
que o privou no anno de 1 5 24. o Vicerey D.
Vafco da Gama finiílramente informado pela
malevolencia dos feus emulos, e ainda que no
anno de 1525. governando D. Henrique de
Menezes focorreíTe com o pofto de Capitão de
hum galeaõ a Fortaleza de Calicut, prevalecerão
de tal forte contra o feu claro procedimento
L USITANA.
219
as machinas de feus inimigos, que chegando
a Lisboa eíleve prefo dous annos no Caflello
atè que juíUficada a fua innocencia das falfas
acufaçoens, que lhe tinhaõ impoílo, foy li-
vre, e abfoluto. Acompanhou ao Infante
D. LuÍ2 na famofa expedição de Tunes al-
cançando fempre fama de valerofo foldado,
e prudente Capitão. Foy Camareiro do In-
fante D. Affonfo filho do SereniíTimo Rey
D. Manoel fendo inftrumento de pacificar
as difcordias, que o indifcreto zelo de al-
guns Criados fomentara entre efte Príncipe,
e feu Irmão D. Joaõ o III. Teve juizo
agudo, e difcreto, condição afável, e benigna,
profufaõ generofa, e continua. DeUe faz a
feguinte memoria Ofor. íie reb. Emman. Hb.
4. Vir nobilis, (& acer, qui multa in re militari
facínora elegia virtutis ediderat. Compoz
OraçaÔ na presença delKey D. Manoel,
e feus Def(embargadores em que fe jujiifica
dos crimes que lhe impu^eraÔ fendo Capitão
da índia M. S. Começa. Segundas culpas
por ferviços merecem perdão. He muito judi-
ciofa.
Praãica em que perfuadia a D. JoaÕ o III.
iUM fer conveniente paffar elle, e feu IrmaÕ o
Infante D. L^/i-:^ a Africa; e o modo como os
Exclefiaflicos podiaõ concorrer para efla empret^a.
M. S.
Difcurfo fobre o governo da índia onde moflra
os meyos por onde fe pode dilatar a fua Con-
quifla. M. S.
Eftas duas obras fe confervavaõ na Li-
vraria do Chantre de Évora Manoel Seve-
tim de Faria.
FRANCISCO PEREIRA DA SYLVA
natural da ViUa de Viana em a Pro-
víncia do Minho muito verfado na H-
•çaõ da Hiíloria, e principalmente em a
noticia da Origem, e progreíTos da Or-
dem Terceira do Seráfico Patriarcha, da
qual era Irmão profeíTo, efcrevendo
Caminho dos Terceiros Seráficos para a
Celeftial Pátria defcuberto pelo Serafim dos
Patriarchas na inflituiçaõ da fua Terceira Or-
dem manifefio no largo campo da Efcla-
recida Religião dos Menores por muitos, e
craves Efcritores. Lisboa por Maurício Vi-
cente de Almeyda 173 1. 8. & ibi por
Theotonio Antunes de Lima. 1736. 8.
Chronica da Terceira Ordem do Rejno de
Portugal, e fuás Conqtâflas. foi. Deíla obra
faz o Author memoria no Prologo da obra
precedente, e delia examinou a primeira par-
te em o anno de 1740. por ordem do De-
zembargo do Paço para fe impremir o Re-
verendo Padre Fr. Manoel de S. Damafo
Bibliothecario do Real Convento de S.
Francifco de Lisboa, Chroniíla da Provinda
de Portugal, e Académico da Academia Real.
Fr. FRANCISCO DA PIEDADE MA-
CIEL naceo em Lisboa, e profeíTou o
Inílituto da illuftre Ordem dos Prega-
dores em o Convento de Goa, onde fe
applicou ao eíludo da Sagrada Efcritura,
e dos Santos Padres em que fahio emi-
nente. Informado o Meítre Geral da Or-
dem Fr. Nicolào Ridolphi da profunda
fciencia que tinha da BibUa, e dos feus
mayores interpretes lhe ordenou efcre-
veíTe a obra feguinte a qual afirma que
ainda que contaíTe a proveâa idade de
cento, e quinze annos que viveo feu Avó
materno Pedro Corfi natural da Ilha de
Corfega a naõ poderia completar pela
fua immenfa vaíUdaõ a qual publicou
com efte ritulo
Expofitiones feleãa Sanãorum Patrum, Doc-
torumque clarijfimorum in totum hifiorialem utriuf-
que Sacra Pagina textum colleãa, ac concepti-
bus pradicabilibus applicata. Interponuntur etiam
expofitiones fententiarum, qua inveniuntur in Ca-
pitibus parabolicis Job, Pfalmis, libris Salomonis,
Prophetis, Epijiolis Apojlolorum, Apocalypfi,
in quibus ejl aliquod verbum ejufdem hijiorialis
textus. Tomus primus compleãens opera fex
dierum divifus in três partes. Prima pars
continet opera unius diei, ac tria millia fe-
leãarum expofitionum cum duobus indicibus lo-
cupletijfimis, eaque fubdivifa in Três partes.
NeapoU apud Secundinum RoncagUoU. 1656.
foi. Defta obra, como de feu Author,
fazem memoria Nicol. Ant. Bib. Hifp.
Tom. I. p. 351. col. I. Fr. Petr. de
Alva y Aftorg. Milit. Concept. Echard.
Script. Ord. Prad. Tom. 2. p. 478. col.
220
BIBLIO THE CA
a. Lclong. Bih. Sacra. p. mihi 906. col. i.
c Monteiro Clauftr. Domin. Tom. i. p. 218.
FRANCISCO PIMENTEL naceo em Lis-
boa, c na Parochial Igreja de Santa Jufta
recebeo a primeira graça a 23. de Se-
tembro de 1652. Foy filho terceiro de
LuÍ2 Serram Pimentel Cofmographo mór.
Tenente General da Artilharia, e Enge-
nheiro mòr do Reyno, de quem fe fará
diílinta memoria em feu lugar, e de fua
fegunda mulher D. Izabel Godins. De-
pois de frequentar o eftudo das letras hu-
manas no CoUegio de Santo Antaõ dos Pa-
dres Jefuitas, paíTou à Univerfidade de
Coimbra onde applicado à Faculdade de Di-
reito Cefareo recebeo o grào de Bacharel
em o anno de 1677. Como foíTe muito pe-
rito nas difciplinas Mathematicas principal-
mente em a Geometria, e fortificação o no-
meou ElRey D. Pedro II. a 7. de Agofto
de 1677. por Capitão Ajudante do Enge-
nheiro mòr feu Pay ao qual fubftituhio em
o anno de 1679. no exercicio de Lente de
Fortificação, que continuou todo o tempo
que lhe permitiaõ afliítir em Lisboa as fre-
quentes jornadas que fazia para obfervar a
fegurança das Praças do Reyno, e difpor as
defenfas de que neceíTitavaõ. Entendendo
ElRcy D. Pe<Jro que no tempo da paz era
conveniente pi-evenirfe para a guerra, e inf-
truir na difciplina militar aos feus VaíTa-
los valendo-fe da occafiaõ dos apreílos, que
em Polónia, e Alemanha fe faziaõ contra o
inimigo commum da Chriftandade mandou
a Francifco Pimentel, e D. António Sal-
gado com o pofto de Capitaens acompanha-
dos de quatro Ajudantes para que aíTiílindo
naquellas Campanhas aprendeflem praétíca-
mente os diftames da Arte militar. Partio
de Lisboa Francifco Pimentel a 17. deMayo
de 1684. e chegando à Corte de Polónia
foy benevolamente recebido pelo feu Sobe-
rano Joaõ Sobieski chegando a tal exceíTo
a diílinçaõ que fez da fua peflba que o
fez fentar à fua mefa algumas vezes. Por
ordem dcfta Corte paííou de Polónia em
o anno de 1685. a Hungria achando-fe na
cxpugnaçaõ da Praça de Newhaufel que
os Imperiaes por aíTalto recuperarão do po-
der do Turco donde marchou com o exer-
cito Imperial a aviílar a Praça de Buda ha-
vendo-fe em todas as operaçoens defta Cam-
panha com grande aítividade, e naõ menor
difciplina. Reítituido ao Reyno paiTou no
anno de 1690. a difpor a forma da defenfa
da Praça de Mazagaõ por fe recear a inva-
faõ dos Mouros, a cujos rebates fahio mui-
tas vezes ao campo em que deu manifeftos
argumentos de feu valor natural. Declarada
a guerra por efta Coroa contra a Caftelhana
no anno de 1704. entrou a fervir na Beira
com o pofto de Quartel Mcftre General or-
denando tudo quanto pertencia a efte lugar
com fumma providencia, e acreditando o
feu esforço no choque que o noflb exer-
cito teve com o inimigo em Monfanto de-
vendo-fe a recuperação do feu Caftello, e
grande parte da felicidade defte dia às fuás
difpofiçoens donde fahio gravemente ferido
de huma bala. Ainda mal convalecido fahio
da Praça de Penamacor governando o Trem
da Artilharia do noíTo exercito que marcha-
va para a Praça de Almeyda. Nomeado no
anno de 1705. Meftre de Campo General
difpoz com grande acordo todos os campa-
mentos do noíTo exercito, e fe aíTinalou na
recuperação da Praça de Salvaterra. O mef-
mo ardor manifeftou na Província do Alen-
tejo aíTiftindo ao fitío de Badajos, atè que
a 17. de Setembro de 1706. lhe ordenou
o Marquez das Minas Governador das Ar-
mas que ficafle na Cidade de Cuenca com
trezentos Infantes para prefidio da Praça
que governaria com patente de Meftre de
Campo porém fentindo-fe gravemente enfer-
mo fez o feu Teftamento fendo a principal
difpofiçaõ que fe annexaíTem os feus bens
ao Morgado de feus Avós, e recebidos os
Sacramentos com catholica piedade falleceo
a 6. de Outubro de 1706. quando contava
54. annos de idade a tempo que os Cafte-
Ihanos tinhaõ aííediado a Cuenca. Foy fe-
pultado com todas as honras militares na
Parochial Igreja de Santa Cruz da mefma
Cidade. Faz do feu nome repetida memoria
o P. Souza Hift. Gen. da CaJ. Keal Portug. Tom.
7. p. J56. e 619. e Tom. 8. p. 339. Com-
poz
EJementos de Geometria.
I
L U SI TANA
221
Geometria Praãica que contem a doutrina
4Íos Triângulos, a confiruçaõ das Taboas dos Se-
nos Tangentes, e Secantes, e dos L^garithmos.
A dimenfaõ das linhas, Juperficies, e corpos. A
perfpeãiva, e a divifaÕ das Juperficies.
Tratado da offenfa, e dejenja das Pra-
ças.
Fortificação moderna que trata da Côjlrucçaõ, e
Fabrica das Fortalezas.
Todas eílas obras M. S. fe confervaõ
com eftimaçaõ em poder dos ProfeíTores da
Arte militar.
P. FRANCISCO DE PINA natural da
Villa de AvÍ2 em a Provincia Tranílagana filho
de António de Pina, e Francifca Vaz recebeo
a Roupeta de Jefuita no CoUegio de Coimbra
a 22. de Julho de 1555. Alcançada faculdade
dos Superiores partio de Lisboa a 9. de
Março de 15 61. para a índia, e chegando
a Goa a 7. de Setembro do referido anno
fe empregou na cultura da Chriílandade da
Cofta de Coromandel. Foy Reytor do Col-
legio de S. Thomé no anno de 1575. Delle
fe lembra Hijl. Societ. lib. 2. §. iio. Ef-
creveo
Carta de Goa de â,. de Novembro de 15 61.
£m que relata a fua jornada. Sahio com ou-
tras em Italiano. Venetia por Tramezino.
1565. 8.
Carta de Goa do i. de Novembro de i^6z.
M. S.
Carta ejcrita de S. Thomè ao P. Manoel da
Cofia a 20. de Setembro <í? 1 5 63 . M, S.
P. FRANCISCO DE PINA natural da
Cidade da Guarda em a Provincia da Beira.
Aliílou-fe na Companhia de JESUS em o
Collegio de Coimbra a 28. de Janeiro de
1605. onde confumados os eíbidos dasfcien-
cias efcholaílicas inflamado com o zelo de
aggregar filhos à Igreja Romana navegou
ao Oriente, e logo que chegou a Goa foy
■deílinado pelos Superiores para Miffionario
da Cochinchina fendo companheiro do P.
Alexandre de Rhodes, e o primeiro, que
pregou na lingua Aimamitica que aprendeo
com grande difvelo para fe fazer intelligivel
aos feus naturaes. Compoz juntamente com
o P. Alexandre de Rhodes
Diãionarium Annamiticum. Romae Typis,
& fumptibus facras Congregationis de Pro-
paganda fide. 165 1. 4.
FRANCISCO DE PINA, E DE MEL-
LO Moço Fidalgo da Cafa de Sua Magef-
tade, e Chefe da Familia dos Pinas de Ara-
gão, que vieraõ a efte Reyno com a Rainha
Santa Izabel, filho de Joaõ de Mello de
Pina, e de D. Maria Francifca Xavier de
Sà, e de Miranda filha de Luiz de Sà, e de
Miranda, e de D. Mariana de So\iza Tava-
res, teve o feu berço na Villa de Montemor
o Velho em a Provincia da Beira a 7. de
Agofto de 1695. Nos primeiros annos o
applicou feu Pay ao exercício da Cavallaria
em que era perito, porem o génio em idade
taõ tenra o inclinava para a liçaõ dos li-
vros, e cultura das fciencias. O engenho,
de que liberal o ornou a natureza, lhe fez
fácil o progreíTo nas Artes Liberaes deven-
do-lhe mayor afedto a Poefia com a qual
ao mefmo tempo fe purificava o entendi-
mento, e fe deleitava a vontade Depois
de eíhidar em a Univerfidade de Coimbra
a FUofofia Peripatetica leu com particular
reflexão os Syftemas de Renato Defcartes,
Pedro Gaflendo, e outros Filofofos moder-
nos, e da fua mefma liçaõ colheo que uni-
camente a Filofofia Moral era digna de toda
a appHcaçaõ como direâiora das acções vir-
tuofas. Por morte de feu Pay fegunda vez
frequentou a Univerfidade de Coimbra onde
defendeo Conclufoens de Direito Pontificio
com geral applaufo dos Cathedraticos cujo
eíhido interrompeo por caufas urgentes que
o obrigarão a refl:ituir-fe à fua pátria onde
conferva innocente commercio com as Mu-
fas fendo hum dos mais canoros Cifnes do
Parnafo Portuguez, que hoje venera efte
Reyno, ou feja pela copiofa afluência das
vozes, ou pela profunda difcriçaõ dos pen-
famentos com que orna os diverfos géneros
de metros que tem produzido a fua fecunda
Mufa, fendo os que lograrão do beneficio
da luz publica os feguintes
Kimas. Primeira, e fegunda parte. Coim-
bra por Jozè Antunes da Sylva ImpreíTor
da Univerfidade. 1727. 8.
Epithalamio Hendecafillabo nas felicijftmas
222
BIB LIO THE C A
'Núpcias do Excellentijftmo Senhor D. Jor(è Mi-
guel Joaõ de Portugal Conde de Vimiojoy e da
Excellentíjfima Senhora D. Lui^a Xavier de
lorena celebradas em 24. de Outubro de 1728,
Lisboa por Jozè António da Sylva Im-
preflbr da Academia Real 1729. tbl.
Egloga na morte do Excellentijftmo Senhor
D. Nuno Alvares Pereira de Mello primeiro
Duque do Cadaval. Interlocutores Sylvio, e Si-
leno. Começa
Ora venhas com bem Sileno amigo.
Ketrato pathetico na morte do Excellentijft-
mo Senhor D. Nuno Alvares Pereira de Mello
primeiro Duque do Cadaval, quarto Marquev^ de
Ferreira, fexto Conde de Tentúgal. Huma, e
outra obra fahio nas ultimas Acçoens do mef-
mo Duque. Lisboa na Officina da Muíica.
1730. foi. de pag. 347. atè 363.
Admiraçoens fentidas pela irremediável perda
da Serenifftma Senhora Infanta D. Francifca.
Lisboa por Miguel Rodrigues. 1736. 4.
Coníla de hum Romance heróico, e hum
Soneto.
Efpelho Nupcial Epithalamio no felicijjtmo
casamento do Illujlrijftmo, e Excellentijftmo Se-
nhor D. Jayme de Mello Duque do Cadaval
com a Senhora Prince:(a Henriqueta Júlia Ga-
briela de Lorena. Lisboa por António líi-
doro da Fonfeca. 1739. foi. Confta de 100.
Outavas
Apologo métrico na jornada que fet^ de Ten-
túgal para a Corte o Illujlrijjtmo, e Excellentif-
Jimo Senhor D. Jayme de Mello com a Illujlrif-
fima, e Excellentijftma Senhora Henriqueta Júlia
Gabriela de Eorena Duques do Cadaval, Aíar-
que:(es de Ferreira, Condes de Tentúgal. Lisboa
por António Ifidoro da Fonfeca. 1739.
foi.
Gruta das Parcas. Epithalamio nos felicif-
Jimos dejpojorios do Illujlrijftmo, e ExcellentiJ-
Jimo Senhor D. Jo^è Majcarenhas, Conde Mor-
domo mòr com a Illujlrijftma, e Excellentijftma
Senhora D. Leonor Thoma^ia de Lorena ji-
Iha dos Illujlrijftmos, e Excellentijftmos Senho-
res Condes de Alvor. Lisboa na Regia Of-
ficina Sylviana, c da Academia Real.
1740. 4.
Para o tumulo do KeverendiJJimo Padre
D. Kajael Bluteau Epitajio. He hum Soneto.
Sahio a pag. ij8. do Objequio Fúnebre
que a Academia dos Applicados dedicou aa
mejmo Padre. Lisboa por Jozè António da
Sylva. 1734. 4.
Obras M. S. completas
Rimas. 4. 5. í 6. Parte. Eílaõ com as
licenças para a Impreflaõ.
VerJaÕ, AnnotaçaÕ, e addiçaõ à Centúria dos
Epigrammas do Excellentijftmo Conde do Vi-
miojo imprejjos no amto 1732. He cm Profa,
e Verfo.
Epithalamio nas Keaes Vodas dos Serenijji-
mos Senhores Príncipes do Brai(il, e dos Sere-
nijfimos Senhores Príncipes das AJlurías. Verfo.
Epithalamio em as Vodas do Excellentijjtma
D. Francijco Xavier de Meneses Jegundo Mar-
qttet^ do Louriçal com a Excellentijftma Senhora
D. Maria da Graça de Noronha filha dos Ex-
cellentijftmos Marque!(es de Cajcaes. Verfo.
Genethliaco em o Nacimento do Prímogenilo
do Excellentijftmo Marquev^ de Gotwea D. Joi(è
Majcarenhas. Profa.
Theatro da eloquência Jundada nos preceitos
Rhetoricos dos Oradores antigos, e modernos; il-
lujlrado, e acrecentado com novas ponderaçoens, e
exemplos, e outras regras de elegância ajftm vo-
cal, como ejcríta pertencentes à Pros^a, e ao
Verjo.
Combate Crítico, e apologético contra la pre-
ferencia que diò a Lucano Jobre Virglio en el
4. Tomo de Ju Theatro Critico Univerfal DiJ-
curjo 14. §. 15. n. 40. el P. M. Fr. Benito
Feijó Montene^o.
DijfertaçaÕ hijloríca da Vida, e martyrío de
Santa Comba.
Obras M. S. imperfeitas
O Peregrino, ou a jornada do Heroe para o
Templo da Fama. Poema Épico, MyíUco, e
Allegorico.
Eneida de Virgílio tradu^^ida em 8. PJma
Portuguev^a.
Vida, e acçoens do grande Affonjo de Albu-
querque Governador da índia.
Canoculo intelleãual J>ara objervar a perfpec-
tiva do Theatro do mudo viíivcl do P. Aí.
Fr. Bernardino de Santa Koja.
L USITANA.
223
Epitome da Hiftoria Komana de/de Komulo até
o Emperador Carlos VJ.
Kevoluçoens, e Jucceffos das Armas das Po-
iencias da Europa fobre a fuccejfaõ Aufiriaca de-
pois da morte do Emperador Carlos VJ.
P. FRANaSCO PINHEIRO natural da
Villa de Gouvea do Bifpado de Coimbra
onde teve por Pays a Francifco Pinheiro,
e Maria Ribeyra. Quando cumpria quinze
annos de idade fe aliftou na Companhia de
JESUS em o CoUegio de Coimbra a 14.
de Março de 161 1. A mayor parte da fua
vida paíTou occupado no magillerio das le-
tras amenas, e feveras fendo o theatro da
fua doutrina a Univeríidade de Évora onde
recebeo o grào de Doutor na Faculdade da
Theologia a 21. de Julho de 1633. e nella
foy Cancellario. Ainda que diftou defafeis
annos Theologia Efcholaftica, e três Moral
com fama de excellentijjimo Meftre, e Doutor
SapientiJJimo, como delle efcreve o P. Ant.
Franco. Imag. da Virt. do Colleg. do Nov.
de Coimb. Tom. 2. p. 618. col. i. naõ
lhe impedio a continua aplicação a efte
género de fciencia para que naõ foíTe in-
iígne Jurifconfulto como o publicaõ as
obras que imprimio em que fe admira
a vafta noticia que tinha de ambos os
Direitos. Naõ foy menos eílimavel pela
\ Lrtude por fer exemplar da obfervanda
rehgiofa. Governou os Collegios de Évo-
ra, e Coimbra com prudência, e afabi-
lidade, e no tempo que exercitava efte
finalizou a vida a 27. de Julho de 1661.
com 66. annos de idade, e 51. de Re-
ligião. Delle fazem memoria Joan. Soar.
de Brito Theatrum Eufit. Utter. Lit. F.
n. 60. Vir pietate, prudentia, (& doãrina
Jpeãantijftmus, <& nominatijfimus. Ulhoa de
Legatis, e^ Fidei comif. DifTert. 4. n. 138.
Bib. Societ. p. 244. col. 2. Floruit in eo
vita intentas, éf morum Janãitudo. Fonfec.
Evor. Glor. p. 431. dotado de fingular en-
genho para as fcienàas. Nicol. Ant. Bib.
Hifpan. Tom. i. pag. 351. col. i. Franc.
Annal. S. J. in Eufit. pag. 330. n. 4. Vir
exquefitcB fapientia, e no Ann. Glor. S. J. Lu-
Jit. p. 431. col. 2. Fuljit admirabili fapientia.
Compoz
De Cenfu, (ò^ Emphyteufi. Conimbricse apud
Emmanuelem Dias. 1655. foi.
Traãatus de Tefiamentis. Conflat fex parti-
bus, prinàpalibuSy feu difputationibus. i. de iisy
qui Teflamentum f acere pojfunt, aut non pojfunt.
2. de modo, <& folemnitatibus in conficiendo Tef-
tamento neceffario adbibendis, ubi de Codicillis,
(& Claufula codicillari. 3. de inflitutione baredis.
4. de fubfHtutionibus. 5 . de iis, qui pojfunt, aut
debent infiittá baredes alia ve ratione bonorari tef-
tamento. 6. de revocatione, aÍT infirmatione Tef-
tamenti. Tomus primus. Conimbricse apud Jo-
fephum Ferreira. 1681. foi.
Tomus Secundus. ibi apud eumdem Typog.
1684. foi. & ibi apud BenediâQ Secco Fer-
reira 17 10. foi.
Fr. FRANCISCO DE PINHEL cujo apel-
lido indica a pátria que lhe deo o berço.
Monge Cifterdenfe profeíTando efte Sagrado
Inftituto em o Convento de Santa Maria da
Eftrella íituado em o Bifpado da Guarda.
Foy grande Theologo, e iníigne Efcritura-
rio. Compoz
De Incarrujtione Divini Verbi. foi. M. S.
O original fe conferva na Bibliotheca do
Real Convento de Alcobaça cabeça da Mona-
chal Congregação Cifterdenfe nefte Reyno.
FRANQSCO PINTO PACHECO natu-
ral da . Cidade de Tangere íituada na Re-
gião de Africa onde foy Capitão mòr,
Cavalleiro da Ordem de Chrifto, Comif-
fario do Tribimal da Condencia, e Or-
dens, e Fidalgo da Cafa de Sua Magef-
tade. Teve por progenitores a António
Pinto Pacheco, e a D. Brazia Antunes.
Foy cazado três vezes, a primeira com
D. Izabel Figueira; a fegunda com D.
Maria de Vafconcellos, e Souza, e a ter-
ceira com D. Izabel Zarca Rebello filha
de Thomaz Rodriguez, e de D. Marga-
rida Thomazia Rebello de Moura, e de
todos eftes três matrimónios deixou co-
piofa defcendencia. Sendo inflxuido nas ar-
tes dignas do feu nobre nacimento fe
diflinguio em a da Cavallaria alcançando
por ella as mayores eftimaçoens dos feus
mais peritos profeffores, e para que for-
224
BIB LIO THE CA
mafle difcipulos de taõ nobre exercido, ef-
creveo
Tratado da Cavallaria da Gineta com a dou-
trina dos melhores Authores, Lisboa por Joaõ
da Cofta. 1670. 4.
FRANaSCO PINTO DA VEIGA So-
brinho do IlluílriíTimo Bifpo do Porto D.
Fr. Marcos de Lisboa, e Abbade da Pa-
rochial Igreja de S. Mamede de Canel-
las em o mefmo Bifpado. Foy muito pe-
rito nas letras humanas, e principalmente
na cultura da lingua Latina em que imi-
tou os primeiros Meftres que venerou o
Século de Augufto. Sempre viveo retirado
do comercio humano, de tal forte, que
naõ tendo mais que hum criado lhe fal-
lava a horas determinadas, paíTando todo
o mais tempo fechado em huma cafa onde
cozinhava o que comia. Sendo dignas da
lu2 publica as fuás obras poéticas fomente
fe imprimirão as feguintes das quaes fe ar-
gumenta o furor da fua Mufa.
Três Poejias luitinas em applaufo do Ca-
thalogo dos Bifpos do Porto compofto pelo llluj-
trijftmo Bifpo defta Diocefe D. Rodrigo da Cunha.
Sahiraõ no principio defta obra. Porto por
Joaõ Rodrigues 1623. foi.
Poema Latino em applau:(p do mefmo 11-
lujlrijftmo Preiade efcrevendo a Hijloria B/;cle-
fiajlica de Braga. Sahio ao principio da pri-
meira parte defta obra. Braga por Manoel
Cardofo. 1634. foi. Q>meça
Qui Jludio, ingenioque fuo tibi Brachara nuper
Hefperia afferuit jura fuprema mitra.
Delle fe lembra Joan. Soar. de Brit. Theatr.
Lufit. Litter. Lit. F. n. 61.
P. FRANCISCO PIRES natural da ViUa
de Celorico em o Bifpado da Guarda,
e Religiofo da Companhia de JESUS cuja
Roupeta recebco em o Collegio de Coim-
bra a 24. de Fevereiro de 1J48. Infla-
mado no zelo da falvaçaõ das Almas foy
hum dos celebres Operários que no anno
de 1550. partirão de Lisboa para o Bra-
íil a cultivar taõ dilatada vinha. A's fuás
ardentes oraçoens fe deve a fonte de agua,
que rebentou debaixo do Altar de NoíTa
Senhora da Ajuda íituado na Capitania do
Porto Seguro hum dos mais devotos Sane-
tuarios que fe veneraõ na America o qual
foy edificado por fua incanfavel diligen-
cia. Foy Reytor do Collegio da Bahia
onde depois de exercitar as obrigaçoens
de Varaõ Apoftolico das quaes para a
fua immortal gloria faz huma larga nar-
ração o V. P. Jozè de Anchieta Thau-
maturgo daquella Regiaõ, efpirou placida-
mente a 12. de Janeiro de 1586. Mere-
cidos encómios lhe tributaõ Cardo/. AgioL
iMJit. Tom. 1. p. 120. e no Cõment. de
12. de Jan. letr. H. Telles Cbron. da Com-
panh. de JESUS da Prov. de Portug. Part. i.
liv. 3. cap. 13. §. 5. Orland. Hijl. Societ.
lib. II. n. 76. Vafconcel. Chron. da Comp.
de JESUS no EJlad. do Brajil. liv. 2. §. 70.
e 71. Franco Imag. da Virtud. em o Nov. de
Coimb. Tom. 2. liv. 2. cap. 17. §. 4. e no
Ann. Glorio/. S. J. in LMfit. p. 21. Efcreveo
Cartas Annuas aos Padres da Provinda de
Portugal efcritas na Bahia a 17. de Setem-
bro de 1552. Sahiraõ com outras vertidas
em Italiano. Venetia por Tramezino. 1559. 8.
Cartas e/critas da Capitania do E/pirito
Santo ao P. Manoel da Nóbrega em o anno
de 1558. Sahiraõ em Italiano Venetia por
Tramezino. 1562. 8.
Carta em que relata a Vitoria que alcan-
çarão as noffas Armas dos índios de Paragoacíi a
2. de Outubro de 1559. M. S.
Carta e/crita da Capitania de S. Vicente
a 22. de Outubro de 1559. M. S. Eftas duas
ultimas Cartas fe confervaõ no Archivo
da Cafa ProfeíTa de S. Roque defta Corte.
Fr. FRANCISCO DA PORTA DO
CEO naceo em o lugar de Tuyfreo Fre-
guezia de S. Pedro de Farinha podre
do Bifpado de Coimbra onde recebco a
graça bautifmal a ij. de Fevereiro de
1683. fendo filho de António Joaõ, e
Thereza Ribeira. Inftruido nos preceitos
da lingua Latina recebco o penitente Ha-
bito do Seráfico Patriarcha em o Con-
vento do Porto a 5. de Julho de 171 5.
Depois de frequentar os eftudos efcholaf-
ticos nos Conventos de S. Frandfco de
Guimaraens, e da Ponte de Coimbra fe
i
L USITANA.
225
lhe paflbu Patente de Pregador em o an-
no de 1725. Pela fua religiofa modeftia exer-
cita aéhialmente o lugar de CõmiíTario dos
[ Treceiros do Convento de Alanquer. Efcre-
veo
Novena de Nojfa Senhora do Capitulo Ima-
gem milagrofa, e venerada no Santo, e Keal Con-
vento de S. Francijco da Villa de Alanquer
ordenada por nove claujulas do jeu Hymno que
principia O* gloria das Virgens, que efta Se-
nhora revelou a hum Noviço do dito Convento
lhe era muito agradável. Lisboa por Pedro
Ferreira 1731. 24.
Fr. FRANCISCO DO PORTO cujoapel-
lido denota a pátria em que naceo, Reli-
giofo ProfeíTo da Seráfica Provinda dos Ca-
puchos de Santo António onde fe applicou
à Hçaõ da Sagrada Efcritura em que fahio
inligne, efcrevendo
Comentaria in librum Judicum. foi. M. S.
Conferva-fe o Original na BibUotheca dos
Capuchos de Santo António defta Corte on-
de o vimos.
D. FRANCISCO DE PORTUGAL pri-
meiro Conde do Vimiofo Senhor de Aguiar,
Comendador de Calvedo na Ordem de Chriílo
illuftrou com o feu feliz nacimento a Q-
dade de Évora. Foy filho natural de D. Af-
fonfo de Portugal Bifpo de Évora, e Neto
do primeiro Marquez de Valença primogé-
nito do primeiro Duque de Bragança, me-
recendo em todo o Reyno a mayor vene-
ração aíTim pelo claro efplendor da fua af-
cendencia, como pelas virtudes moraes, e he-
róicas com que fe ornou o feu grande ef-
pirito. Atendendo ElRey D. Manoel aos
feus merecimentos, que fe faziaõ mais efti-
maveis pelos vínculos do parentefco o creou
Conde a 2. de Fevereiro de 1515. com ou-
tros generofos indultos, que lhe formarão à
fua Cafa. Acompanhou a elle Monarcha
quando paíTou a Caftella a fer jurado Prin-
cepe daquella Coroa, e o mefmo obfequio
praâicou na occafiaõ que a Emperatriz D.
Izabel fe defpozou com o Cezar Auftriaco
ao qual vifitou por ordem delRey D. Joaõ
o III. Do intrépido valor que lhe animava
o peito deo repetidos argumentos em Africa
militando em Arzila com outenta Infantes, e
cincoenta Cavallos onde em vários combates
experimentarão os bárbaros os fulminantes
golpes da fua efpada. ReíHtuido ao Reyno
acompanhou ao Duque de Bragança D. Jay-
me na celebre expedição de Azamor cõme-
tendo-lhe o Duque depois de conquiílada
efta Praça o cuidado da fua Cafa, e familia
que nella deixava por fer obrigado de huma
infermidade a retirar-fe com grande pref-
teza. Igual ao valor que oftentou como
Soldado na Campanha, era a prudência que
praéHcou como politico na Corte. A grave
madureza, e fumma penetração do feu jxiizo
fe admiravaõ na prompta expedição dos
mayores negócios, que pertenciaõ ao Offi-
cio de Vedor da Fazenda que exercitou em
os Reynados dos Reys D. Manoel, e D.
Joaõ III. Obfervante dos diâames do Evan-
gelho, e opofto aos Aforifmos de Tácito
eraõ fempre os feus votos mais religiofos,
que poUticos de tal modo que pelo fobe-
rano teftemunho delRey D. Joaõ o III. afir-
mava delle que quando votava na prezença
do Rey da terra tinha no feu penfamento a
veneração a outro mayor Rey qual era o do
Ceo. Foy naturalmente generofo cuja vir-
tude deixou hereditária na fua grande Cafa
fendo a prof\ifaõ que ufava para remédio da
pobreza, e naõ para argumento da vaidade.
Varias vezes lhe fuccedeo voltar para cafa
com a bolfa vaíia em beneficio dos pobres,
que levava cheya de ouro, e prata. A mef-
ma piedofa liberalidade ufou lançando ocul-
tamente de noute três mil cruzados no cofre
da Mifericordia por lhe conftar que eftava
exhaufto. Naõ foy menor o difpendio que
fez no Convento de Santa Catherina de Sena
de ReUgiofas Dominicas em a Cidade de
Évora para o qual lhe deo o fitio com tanto
defintereíTe, que unicamente fe contentou
com o Padroado da Capella mòr. Foy mui-
to devoto da Oraçaõ, e obfervante do jejum.
Frequentemente fe confeílava, e comungava.
Fez hum voto a Deos de nunca negar o que
fe lhe pediííe por feu amor. Ao criado mais
grave da fua cafa encomendava a pia oc-
cupaçaõ de enfermeiro aíTim da fua Fa-
milia, como Parochia para aíTiftir aos in-
fermos com o duplicado focorro de reme-
15
220
BIB LIO THE CA
dios, c alimentos. Cultivou defde os pri-
meiros annos a Poeíla em que fe2 admirá-
veis progreíTos na mayor idade. Pelas fo-
lidas, e agudas fentenças, que proferio, e
efcreveo alcançou a nobre antonomafia de
CafaÕ Porfugwz as quaes fem declarar o au-
thor, repetia a peíToas illuftres para lhes in-
crepar modeílamente os defeitos. Naõ hou-
ve Vaflallo em feu tempo que lograííe mais
diftintas eftimaçoens de feus Príncipes como
elle, de que faõ irrefragaveis teftemunhos as
cartas de D. Joaõ o III. da Emperatriz D.
Izabel, dos Infantes D. Luiz, e D. Duarte
efcritas do próprio punho onde o tratavaõ
com o ineftimavel titulo de Primo. Mayor
honra recebeo quando no letigio que teve
com o Conde de Penella D. AíFonfo de Vaf-
concellos fobre qual era mais propinquo no
parentefco à Caza Real para preceder nos
Aftos públicos, firmaíTe a fentença a feu fa-
vor a Mageílade delRey D. Joaõ o III.
com os Infantes D. Luiz, e D. Henrique,
e cinco Miniílros de conhecida fciencia, e
integridade a tempo que efta formalidade
havia muitos annos eftava extinéla entre os
Reys de Hefpanha. Foy Camareiro mór dos
Príncipes D. Manoel, e D. Joaõ filhos do
SereniíTimo Rey D. Joaõ o III. fendo igual
a taõ honorifico lugar a carta que lhe paíTou.
Defta taõ authorizada occupaçaõ fe defpedio
com exemplo pouco pradticado entre os Pa-
lacianos, e parecendo-lhe que era mayor ac-
ção naõ fomente deixar o ferviço do Paço
mas também a aíTiílencia da Corte fe reti-
rou para o fitio de Belém onde prevenido
com ados religiofos para o ultimo inílante
da vida a finalizou piamente em a Gdade
de Évora a 8. de Dezembro de 1549. bajlan-
do (como difcreta, e elegantemente efcreve
o Illuftriflimo, e Excellentiflimo Conde do
Vimiofo herdeiro do Titulo, e virtudes def-
te infigne Heroe na InJlruçaÕ para feu filho
primogénito D. Francifco Jo^è Miguel de Por-
tugal pag. 15.) para inferir-fe a felicidade da
hora confiderar-fe a fantidade do dia em que
efpirou. Foy com exceíTo fentida a fua mor-
te principalmente pelos pobres cujos cla-
mores eraõ laftimofos pregoeiros da fua
compafliva liberalidade. Jaz em Sepultura
raza no meyo da Capella mòr do Convento
de Nofla Senhora da Graça da Cidade dè
Évora cujo Padroado lhe deo a Mageíla-
de de D. Joaõ o III. com eftc breve Epi-
táfio
Aqui ja^ D. Francifco de Portugal Conde
do Vimiofo por amor de Deos hum Pater Nof-
ter, e hum a Ave Maria por fua alma. Falleceo a
VIU. do me^ de Det^embro de M.D.XLIX.
Foy duas vezes cazado, a primeira cõ
D. Brites de Vilhena filha de Ruy Telles
de Menezes quinto Senhor de Unhaõ, Mor-
domo mòr da Rainha D. Maria, e da Em-
peratriz D. Izabel, Governador da Caía do
Infante D. Luiz feu Camareiro mòr, e Guar-
da mòr, e de D. Guiomar de Noronha filha
de D. Pedro de Noronha Senhor do Cada-
val, e Mordomo mòr delRey D. Joaõ o II.
e feu Embaxador a Roma da qual teve D.
Guiomar de Vilhena, que cazou com D.
Francifco da Gama fegundo Conde da Vi-
digueira Almirante da índia Oriental, e Ef-
tribeiro mòr delRey D. Joaõ o III. filho
do famofo Heroe D. Vafco da Gama, e
de D. Catherina de Attaide de que ha nu-
merofa defcendencia. PaíTou a fegundas vo-
das com D. Joanna de Vilhena fua Prima
fegunda filha do Senhor D. Álvaro filho
de D. Fernando primeiro do nome Duque
de Bragança do qual era bifneto, e de D.
Filippa de Mello CondeíTa de Olivença, e
de taõ auguílo matrimonio fahiraõ D. Af-
fonfo de Portugal que lhe fuccedeo na cafa,
D. Joaõ que foy Bifpo da Guarda, e D.
Manoel Embaxador a Caílella, que cazou a
primeira vez com D. Maria de Menezes fi-
lha de D. Henrique de Menezes, Comenda-
dor da Idanha a Velha, Governador da Cafa
do Gvil, e Embaxador a Roma de quem
teve quatro filhos. PaíTou a fegundas vo-
das com D. Margarida de Mendoça Corte
Real, Senhora do Morgado de Vai de Pal-
ma na Ilha Treceira filha de Manoel Corte
Real Senhor da Capitania de Angra na dita
Ilha, e de D. Brites de Mendoça Dama
da Rainha D. Catherina da qual teve úni-
ca a D. Joanna de Mendoça Corte Real
a qual cazou com D. Nuno Alvrcs de
Portugal, Governador do Reyno feu pri-
mo com irmaõ de cujo conforcio hou-
ve defcendencia. Fazem illuíbre memoria
L USITAN A,
227
do G^nde D. Francifco os noíTos Chro-
niiias, e outros graves Efcritores. Garcia
de Refende Corou, de D. JoaÕ o II. cap.
55. Homem de muito preço, e grande ejli-
ma, de muito credito, e authoridade mtty fe-
t^udo, e prudente, e de muito bom confe-
Iho. Damiaõ de Góes Chron. do Princip.
D. JoaÕ cap. 17. a quem com ra^aõ po-
demos chamar bum CataÕ Cenforino porque
tal ho fqy elle vivendo em faber, e pru-
dência, ajft nas coufas da pat^ quomo nas
da guerra, quomo nos Confelhos dos Keys que
Jervio, e na Chron. delKej D. Manoel Part.
4. cap. 85. Andrada Chron. delRey D.
JoaÕ o III. Part. 4. cap. 58. Ofor. de
reb. Bjamanuel. lib. 9. cujus injignis nobi-
litas erat cum non mediocri laude pruden-
tia conjunãa. Maris Dialog. de var. Hiji.
Dialog. 5. cap. 3. Imhof. Stem. Keg. Lu-
Jit. pag. 32. e 43. Coelho Chron. da Ord.
do Carm. liv. i. cap. 20. Foy muy ef-
clarecido em prudência, Cavallaria, e todo o
ffnero de virtudes, pejjoa de muita verdade
com feu Key do qual com ^ande ra^aõ foy
mw/ ejlimado, e juntamente com ijlo era mtey
iufto com todos, e piedofo com os pobres em
tanto que era delles chamado Procurador feu.
Fr. Ant. da Purif. Chron. da Prov. dos
Erimit. de Sant. Agofl. liv. 7. Tit. 6. §.
3. deixando geral fama de Principe Chriflia-
nijftmo. Tofcano Paralel. de Var. Ilhift.
cap. 125. ¥oy VaraÕ de muito grande go-
verno, confiança, authoridade, verdade, e cor-
te:(ia por o qual alcançou grandes cargos, e
officios nas Cat^as Reaes ... era naturalmente
eloquente, e cheyo de excellentes fentenças. Sa-
laz. HiJl. Geneal. de la Cafa de Sylva Part.
2. liv. 9. cap. 2. Faria Coment. ás L.u-
fiad. de Cam. Part. i. pag. 54. £/ Conde
de Vimiofo D. Francifco de Portugal gran
voto en ejlos efiudios (falia da Poeíia) Joan.
Soar. de Brito Theatr. Lufit. I^itter. lit.
F. n. 62. Fonfec. Ej;or. Gloriof pag. 346.
As fuás palavras eraÕ apothemas, os feus
confelhos oráculos. Souza Hifl. Gen. da Ca^.
Real Portug. Tom. 3. Uv. 4. cap. 5. e
15. e no Tom. 10. liv. 10. cap. 3. pag.
551. Varàõ grande. Sábio, prudente ornado
de tantas virtudes que naÕ he fácil dijlinguir
na que mais fe excedeo. Por ordem, e di-
ligencia de feu Neto D. Henrique de
Portugal fahio à luz publica
Sentenças de D. Francifco de Portugal pri-
meiro Conde do Vimiofo derigidas à No-
bre!(a dejle Reyno. Lisboa por Jorge Ro-
drigues 1605. 12.
Em huma Carta de D. António de
Attaide Neto do grande D. António de
Attaide Conde da Caílanheira, e valido
delRey D. Joaõ o III. efcrita de Alco-
baça a 10. de Janeiro de 1601. impreíTa
ao principio deíla obra em que perfua-
de a D. Henrique de Portugal pubUque
as fentenças de feu Avó D. Francifco
de Portugal, faz o feguinte Elogio a eíle
Heroe. Rendeo na guerra os inimigos com
esforço, na pa^ os competidores com enten-
dimento, na Corte os galantes com eflilo, em^
fim naceo com pouca fat^enda fendo por li-
nha mafculina Trefneto delRey D. Joaõ o I.
e pela feminina do Condeflabre D. Nuno Al-
vres por cujo valor o mefmo Rey alcançou o
Reyno, e o titulo de gloriof a memoria, mas de
modo fervio os Reys, D. Manoel, e D. Joaõ o
III. feus Reys, e feus Tios que mereceo iguala-
remlhe o EJlado com o Sangue injlituindo ejja
Cafa do Conde do Vimiofo, que durará ajfi
grande para fempre pois a deixou cheya de
VaJJallos com muitos contos de renda, e afás
rodeada de fuccejjores, e fundada fobre mereci-
mentos pejjoaes, que faõ mais feguros alicejjes,
que os da valia. NaÕ temos coufa fua que mais
no lo reprei(ente, que as fuás fentenças pelas
quaes no mundo que pode fer, alcança a im mortali-
dade.
Obras Poéticas ajfim Portuguesas, como Caf-
telhanas. Sahiraõ impreíTas no Cancioneiro de
Garcia de Ret^ende. Lisboa por Hermaõ de
Campos. 15 16. foi. a foi. 79. atè 86. 144.
145. 150. verf. 153. 175. e 182. Gloíía ao
Mote
Jà naõ pojjo fer contente.
Glofla às Redondilhas compoílas por Fran-
cifco de Sà, e Menezes primeiro Conde de
Matozinhos de quem adiante fe fará a me-
recida memoria. Começaõ
A tudo quanto desejo
Acho atalhadas as vias
Intentos, e Fantet^ias
Muy mal caminho vos vejo.
228
BIB LIOTH E CA
D. FRANCISCO DE PORTUGAL filho
primogénito de D. Aiíonfo de Portugal fe-
gundo Conde do Vimiofo, Vedor da Fa-
zenda delRey D. Joaõ o III. Confelheiro de
Eftado delRey D. Sebaftiaõ, e de D. Luiza
de Gufmaõ filha de Francifco de Gufmaõ
Mordomo mòr da SereniíTima Infanta D.
Maria, e de D. Joanna Blasfet Camareira
mór da mefma Infanta, naceo em a Cidade
de Évora onde recebeo as inílruçoens dignas
de feu alto nacimento as quaes comprehen-
deo com brevidade, pradtícou com excellen-
cia, fendo igualmente deftro no exercício
da Cavallaria, e no jogo da efpada, como
infigne na arte da Pintura. Naturalmente
foy inclinado à Poefia fcrvindo-lhe muitas
vezes a fua cultura de lenitivo às moleílias,
que tolerou nas fuás peregrinaçoens. Soube
com perfeição a lingua Hebraica, e naõ fó
fiallou, mas efcreveo com elegância a Grega,
Latina, Franceza, Caftelhana, Italiana, e Ma-
terna compondo de todas ellas hum So-
neto, que na Portugueza traduzio Fernando
Alvares do Oriente, e o imprimio na fua
hufitania Transformada. Como o feu heróico
coração fe animaíTe com os beliciofos ef-
piritos de feus dous Auguftos Avós D.
Joaõ o I. e o Condeftavel D. Nuno Al-
vres Pereira, que na Conquiíla de Ceuta
fecharão as portas à nova irrupção dos Mou-
ros contra Efpanha, querendo coroar-fe nef-
ta Regiaõ com as palmas de novos triun-
fos acompanhou a ElRey D. Sebaftiaõ na
infeliz jornada de Africa onde facrificando
as vidas em obfequio da fidelidade feu Pay,
feu Irmaõ D. Manoel de Portugal, e feu
Sobrinho D. Joaõ, fe falvou daquelle fatal
diluvio em que naufragou a Nobreza defte
Reyno para fe expor a novos infortúnios.
No tempo que efteve cativo moftrou, que
a piedade do feu coração era igual à gene-
rofidade de feu animo concorrendo com de-
vota profufaõ para todos os exercícios
da Religião Chriftãa, repartindo copiofas
cfmolas, dando meza publica a todos os
Cativos dos quaes refgatou mais de cem
à fua cufta. Eftas virtudes lhe conciliarão
o refpeito dos mefmos bárbaros, c atè o
amor menos fincero da Sobrinha do Em-
perador de Marrocos o qual oâereccndo-
Ihe a liberdade em obfequio de Filippe II.
a regeitou dizendo com animo refoluto, que
fomente por intervenção delRey D. Hen-
rique, que reynava em Portugal aceitaria
aquella oferta, e nunca pela mediação de
Caftella pois antes queria paíTar toda a vida
no infeliz eftado de Cativo do que reftituir-
fe à Pátria com condição taõ injuriofa. Sa-
tisfeito o bárbaro com vinte mil cruzados,
que lhe deo pela fua liberdade paííou a Tc-
tuaõ onde fe obrigou ao refgate de muitas
peíToas Nobres difpendendo cm anno e
meyo, que aíTiftio em Africa mais de cem
mil cruzados, naõ fendo ainda Senhor da
Cafa de que era herdeiro. Acompanhado
das peíloas que libertara chegou a Ceuta
donde entrando em S. Lucar o eftava cf-
perando o Duque de Medina, e Sidónia pa-
ra lhe perfuadir a juftiça de Filippe Pruden-
te a efta Coroa, fendo tantas as mercês que
lhe prometia, como fe na fua PeíToa quizef-
fe conquiftar todo o Reyno a quem refpon-
deo com igual liberdade, que prudência fcr
aquella propofta injuriofa ao feu nome naõ
fomente porque em Portugal reynava hum
Monarcha legitimo, mas porque o mefmo
Filippe Prudente lhe havia de condenar a
imprudência de dar fucceflbr a hum Rcy
vivo, e como fempre atendera mais para a
gloria da Pátria, do que para o augmento
da fua Cafa cuidaria no modo com que fe
eftabeleceíTe a paz publica do Reyno. Efta
repofta naõ caufou pequeno fufto em o ani-
mo do Duque o qual uzando com o Conde
D. Francifco da diftinçaõ de o mandar acom-
panhar por duas Companhias da guarnição da
Cidade a meya legoa as defpedio dando mil
cruzados aos Capitaens, e femelhante quantia
aos Soldados. Reftituido a Portugal, e animado
de novos efpiritos que fempre dedicara em
obfequio dos feus Príncipes naõ lhe fazen-
do a mais leve impreíTaõ no feu heróico
peito a confifcaçaõ da fua Cafa por Filip-
pe II. nem a indecencia com que fua Mày,
e fete filhas foraõ levadas para a prizaò
do Caftello de S. Torças fe declarou acér-
rimo parcial do Senhor D. António filho
do SereniíTimo Infante D. Luiz quando
fe oppoz à fucceíTaõ defta Coroa fendo in-
fcparavel companheiro dos trágicos fuc-
L USITAN A.
229
ceflbs deíle Príncipe imitando neíle fidelif-
íimo afeéto ainda que com defigual fortima
a conftancia de feu preclariíTimo Afcendente
o Condeílavel D. Nuno Alvres Pereira. Com
elle fe achou na batalha de Alcântara junto
a Lisboa, que contra quatro mil homens de
gente Colledicia fe oppo2 o Duque de Alva
com vinte mil Soldados de Tropas Italia-
nas, e Flandrinas onde por falta de difd-
plina, e naõ de valor, vencidos os Portu-
guezes fahio o Conde D. Francifco ferido
na teíla, e feguindo a D. António atè a Q-
dade do Porto fe apartou delle atè que paf-
fados féis mezes fabendo, que aíTiília em
França o foy bufcar disfarçado com o nome
de Trivulcio veílido à Italiana. Acompa-
nhado de féis criados entrou em Madrid
onde vio ElRey Filippe, e paíTando a Ca-
talunha o faudou hum Caílelhano que que-
rendo tirar-lhe a vida os criados do Conde
para que o naõ manifeílaíTe lho impedio
com generofa clemência. Entrando a ParÍ2
veílio cem homens a Tudefca armados de
alabardas em que mandou gravar as armas
de Portugal, e com efta Comitiva chegou à
prezença do Senhor D. António a quem ac-
clamou Rey de Portugal com geral admi-
ração daquella taõ grande Corte. Com o
Caraâer de feu Embaxador pedio focorro à
Rainha Regente Catherina de Medicis, que
igualmente atendendo à reprezentaçaõ do
Miniftro, como à importância do negocio
mandou apreftar huma Armada compoíla de
dncoenta Navios, e guarnecida de fete mil
homens de que era General Filippe Strozzi
onde fe embarcou o Senhor D. António
com o Conde D. Francifco. Navegando pa-
ra as Ilhas dos Aflores, que feguiaõ a fua
facçaõ fe aviftou com a Armada de Caftella
compoíla de cincoenta Galeoens, e doze
Gales, que governava D. Álvaro de Bazan
Marquez de Santa Cruz, e receando o Con-
de D. Francifco os ânimos venaes de alguns
Capitaens advertio prudentemente ao Senhor
D. António, que fe retirafle á Ilha Terceira
para fe naõ expor eílando embarcado a al-
gum perigo inevitável. No horrorofo com-
bate naval, que durou pelo efpaço de cin-
co horas obrou acçoens de immortal me-
moria o Conde D. Francifco atè que re-
cebeo nas coílas hum violento golpe, que
o fez cahir no convez gravemente ferido,
DeíHtuido de forças, mas naõ de acorda
ordenou a hum Criado, que promptamente
avizaíTe ao Senhor D. António que fe refii-
giafe a França por eílarem defvanecidas as
efperanças, que o podiaõ animar. O Mar-
quez de Santa Cruz com afefto de parente,
e providencia de General o mandou levar
a bordo do feu Navio, e depois de lhe
tentar inutilmente a conftancia com gene-
rofas promeíías receofo, que voltando a
Hefpanha fatisfizeííe Filippe II. com a Ca-
beça de taõ illuftre Heroe a fua vingança
lhe antidpou a morte com veneno disfar-
çado em hum remédio precifo, cuja vio-
lência o privou da vida a 26. de Julho de
1582. digno certamente de mais larga vida,
e fim mais gloriofo. Foy lançado ao mar
o Cadáver em hum caxaõ fendo pequeno
efpaço todo o âmbito das fuás aguas para.
maufoleo de taõ infigne Varaõ. Naõ £07
cazado deixando nas fuás gloriofas acçoens
a mais illuftre defcendencia como Lzenta da.
jurifdiçaõ do tempo. Foy Condeftavel do
Senhor D. António fendo efta huma das
menores femelhanças, que teve com o gran-
de Nuno Alvres Pereira feu Progenitor.
Dedicando muitos dos feus verfos ás Da-
mas de quem pela fua natural gentileza, e
aguda difcriçaõ era muito favorecido, nunca
contaminou a pureza dos feus penfamentos
com algum termo licenciofo, que o arguiíle
de menos modefto. Foy taõ inimigo da
vaõ-gloria que naõ confentio fer chamado
Conde cujo Titulo tinha por mercê delRey
D. Sebaftiaõ, em quanto viveo feu Pay. Pal-
iando da fua Peííoa Jeronymo de Mendoça
Jornada de Africa cap. 16. lhe faz o feguinte
Elogio. Os Fidalgos, que efiavaõ no Derbe fe-
aga^^alhavaÕ em camaradas conforme ao paren-
fefco, ou amif(ade que entre elles havia, alguns
fe acomodarão em ca^a de D. Francifco
de Portugal filho do Conde de Vimiofo for-
çados da fua afabilidade, e cortefia, onde ha-
via Mijfa todos os dias, e pregaçoens a
feu tempo, que era efla a primeira coufa em
que punha o cuidado, alem de fer amparo,
e refugio a todo o homem nobre em Berbé-
ria; mas que podia faltar a quem das melhores
23o
BIBLIO THE C A
partes tinha tudo. LuÍ2 de Torres Lima AviJ.
do Ceo. Tom. i . cap. 33. lhe chama monftro de
esforço, e de Cavallaria. Coneílagio Hijlor.del
jmion. dei Regn. di Portug. liv. 9. Era Giovane
dotato di huone parti dei corpo, e de W animo, Jen-
tirono la morte Jua coloro che lo conojcevano perche
naturalmente era amabile. Le Clede Hijl. Gen.
Ji Portug. Tom. 2. pag. mihi 140. col. i. ]eune
brave. Fonfec. £for. Glorio/, pag. 412. G^rdeiro
HiJl. Inful. liv. 6. cap. 26. Das muitas Poeíias,
que compoz, merecem diílinta memoria, e
grande eílimaçaõ as Trovas com que judicio-
famente increpava a ElRey D. Sebaíliaõ do
intento de paíTar a Africa diílribuidas em três
Poeíias, que intitulou Avi:(p primeiro de Franco,
a Sehajio. G^níla de trinta ramos de que o
primeiro he o feguinte.
Pide a tuJuí:(io cuenta
Zagal de ti de/cuidado
Que Je te pierde el ganado
Y pienjas, que Je acrecienta:
Trahes cercados de enganos
La vida, lo Jefo,y anos
De Juenosy de locuras;
Perderás, fi no locuras
Tu poder y tus r eh anos.
Segundo avisto de Franco a Sehajio, que fe deu
a ElRey D. Sebaíliaõ em Évora a 24. de De-
zembro de 1572. Começa, e coníla de 14. ra-
mos da forma feguinte.
Di;(en que pienjas bolver
A.I mal que Je recelava
Para que Je algo quedava
Se acahaffe de perder;
Mas yó como verdadero
Amigo y nò lif^ongero
Otra vez ^^ ^^ ^ avisar;
Puedes lo tan mal tomar
Como tomajle el primero.
Terceiro avit(p dado a EJRey D. SehaJliaÕ em
Évora na Quarejma do anno de 1573. Confta
•de trinta ramos de que o primeiro he o
feguinte.
Haò Pajlor tu porventura
Duermes di? ò ejlás deJpiertoX
Si duermes es dejconcierto ;
Si nò duermes es locura.
Muda muda yá el pelejo,
Nò dejprecies el conjejo
De tu huen amigo Franco,
Que de verte errar el hlanco,
Si le ha^e el rojlro hermejo.
Dezafeis Outavas a hum Amigo. Gjmcçaõ
Si mover yá la pluma nò dá pena.
Acabaõ
Dò Je recihe el ultimo Jociego.
D. FRANCISCO DE PORTUGAL Sa-
hio à lu2 do mundo em a grande Gdade
de Lisboa para comunicar novo efplendor
aos feus defcendentes fe o naõ herdara taõ
efclarecido dos feus Mayores, fendo filho
de D. Lucas de Portugal Comendador da
Fronteira na Ordem de Aviz, Senhor do
Prazo da Marinha, e D. Antónia da Sylva
filha de D. Antaõ de Almada Capitão mòr
de Lisboa, e Neto de D. Francifco de Por-
tugal Eílribeiro mòr delRey D. Sebaíliaõ,
Vedor da fua Fazenda, do feu Confelho de
Eílado. Nos primeiros annos fe aplicou
ás Artes dignas do feu nacimento como eraõ
jogar as armas, manejar os Cavallos, tocar
vários inílrumentos regulados pelos precei-
tos da Mufica, e cultivar as flores da
Poefia para a qual o dotou taõ prodi-
gamente a natureza, que excedeo aos mayo-
res Corifeos do Parnafo Caílelhano aíTim na
afluência das vozes, como na fubtileza dos
conceitos, retratando taõ fielmente nos ver-
fos o feu efpirito, que aquelles que fe
publicavaõ fem o feu nome eraõ logo
conhecidos por partos da fua Mufa. Paf-
fando a Madrid frequentou o Palácio de
Filippe III. onde foy applaudido, e eíli-
mado pelo mais difcreto Cortezaõ daquel-
la idade caufando refpeito aos inferiores,
enveja aos iguais, e admiração aos mayo-
res. Entre todos fe diílinguia na pompa,
e boa eleição dos veílidos, que trajava,
poílo que a fazenda que poííuia naõ era
correfpondente à fua qualidade. Ninguém po-
dia competir com elle aíTim na urbanidade
do trato, como na promptidaõ das repoílas,
e agudeza de ditos, que fendo muitos jocofos
nunca degenerarão em pueris. Naõ foy me-
nos illuílre na Corte, que na Campanha, co-
mo o manifeílaõ as varias occaíioens em
que embarcando nas Armadas do Reyno
três vezes ocupou o lugar de Capitão; a
primeira na Armada de que era General
L USITANA.
23
I
D. Affonfo de Noronha, e as duas exer-
citando efte poílo D. António de Attaide.
Naõ fatisfeito o feu heróico coração com
eílas expediçoens militares fe embarcou na
Armada da Reftauraçaõ da Bahia no anno
de 1624. movido da gloria, e zelo da Pá-
tria onde valendo-fe os Olandezes do noíTo
defcuido fizeraõ huma fahida à qual fe op-
poz taõ intrepidamente, que rompendo ao
inimigo por entre hum diluvio de balas o
obrigou a que largaíTe ignominiofamente o
campo femeado de cadáveres, e inftrumen-
tos militares de cujos defpojos ofFerecendo-
Ihe huns mofquetes primorofamente fabri-
cados os naõ aceitou dizendo, que naõ eraõ
dignas de hum Capitão as Armas, que dei-
xara a cobardia, e naõ o valor. Voltando
da Bahia para Portugal fe embarcou na Al-
mirante a qual pela fúria das tempeílades
deftitmda de maílros, e quaíi aberta chegou
à Ilha do Fayal, e refolvendo o Almirante
reprefentar ao Governador o imminente pe-
rigo em que fe achava foy eleito para eíla
cõmiíTaõ D. Francifco o qual advertindo que
o Ceo condenfado prometia a ultima derrota
à Nào para que hia pedir focorro, e nella
acabariaõ laítímofamente os feus companhei-
ros, e elle falvar-fe, recufou com animo he-
róico o apartar-fe da fua amável companhia
em cujo obfequio queria facrificar a vida.
Foy mandado à índia por três vezes com
o pofto de Capitão mòr, e em todas fe ef-
cufou defte lugar igualmente honorifico que
rendofo por motivos dignos da fua PeíToa.
Defenganado de receber premio capaz dos
feus merecimentos, deixou o ferviço do Prín-
cipe da terra para totalmente fe dedicar ao
culto do Supremo Monarcha, que remunera
com eternas felicidades, e pofto que defde
a primeira idade cultivaíTe as virtudes, em
a ultima as exercitou mais rehgiofamente.
Era extremofamente charitativo para os po-
bres, feveramente cruel para o feu corpo,
e fummamente urbano para todo o gé-
nero de peíToas. Poucos dias antes da fua
morte eftando em o Convento de S. Fran-
cifco da Qdade cujo penitente habito da
Terceira Ordem profeíTara, e como Minif-
tro delia eftava exercitando com fumma hu-
mildade efte lugar, foy acometido de hum
grande defmayo caufado da debilidade a que
o reduziaõ as penitencias, e fendo promp-
tamente focorrido pelos circimftantes a o
dezapertarlhe os veftidos o viraõ cingido
com hum afpero cilicio que coftumava tra-
zer havia muitos annos. Com taõ religio-
fas virtudes fe preparou o feu efpirito para
a eternidade o qual depois de recebidos os
Sacramentos com grande piedade paíTou a
gozar da pátria celefte a 5. de Julho de
1632. com 47. annos de idade. Foy depo-
íitado o feu Cadáver (como tinha difpofto
no Teftamento) na CapeUa dos Terceiros de
S. Francifco de Lisboa donde paflados al-
guns annos fe tresladou para o Convento
de Santo António da Villa da Fronteira da
Provinda da Piedade de que era Padroeiro.
Teve a eftatura mediana, e bem porporcio-
nada, cabello negro, barba povoada, rofto
alvo, e gentil, olhos vivos, e taõ ayrofo a
pè como a cavaUo. Cazou com D. Cedlia
de Portugal filha de António Pereira de
Barredos, Comendador de S. Joaõ da Caf-
tanheira, e de S. Gens de Arganil na Or-
dem de Chrifto, Governador, e Capitão Ge-
neral da Ilha da Madeira, e da Praça de
Tangere, e General perpetuo da Armada de
Portugal, e de D. Mariana de Portugal. Defte
matrimonio teve numerofa defcendencia co-
mo foy D. Lucas de Portugal digno fi-
lho de taõ grande Pay, Comendador da
Fronteira, e Meftre Sala do Palácio de quem
em feu lugar faremos mençaõ: D. António
de Portugal Religiofo da Ordem dos Pre-
gadores: D. Diogo de Portugal, que mor-
reo no infeliz naufrágio de Triftaõ de Men-
doça: D. Lourenço de Portugal Cavalleiro
da Ordem de Malta: D. Carlos de Portugal
Religiofo da Ordem Militar de JESUS Chrif-
to: D. Maria de Portugal, que fe defpo-
fou com D. Paulo da Gama, Primo com
Irmaõ de feu Pay, e D. Mariana, e D. Mag-
dalena que naõ cazaraõ. A fua vida efcre-
veo na lingua materna Francifco Luiz de
Vafconcellos reduzida a hum breve, e ele-
gante epitome em que reprefentou fo-
mente a figura de taõ grande Heroe, e
fahio impreíTa por ordem de D. Lucas
de Portugal com as obras pofthumas de feu
Pay eternizando por efte modo a fua me-
232
BIBLIO THECA
moria mais perdurável pelo privilegio da ef-
critura, do que fe a gravaíTe na dureza dos
mármores, e dos bronzes, e fahiraõ com
•eíle titulo
Divinos, e humanos Ver/os. Coníla de So-
netos, Cançoens, Motes, Redondilhas, Sex-
tinas, Outavas, e Romances em Portuguez,
•e Caílelhano. No fim tem outra obra inti-
tulada
Pri^oens, e Jolttiras de huma Alma. Coníla
de Profa, e Verfo. Huma, e outra fahiraõ
em hum Tomo. Lisboa na Oflicina Craes-
beeckiana. 1652. 4.
Arte de galantaria. Lisboa por Joaõ da
Cofta 1670. 4. & ibi por António Crasbeeck.
de Mello. 1683. 8. Coníla de Verfo, e Pro-
za Caílelhana, e Portugueza.
Na Bibliotheca do Cardeal de Souza, que
hoje poíTue o IlluílriíTimo, e Excellentiffimo
Duque de Lafoens fe confervaõ muitas obras
Poéticas de D. Francifco de Portugal orna-
das de termos galantes, e penfamentos dif-
-cretos fendo entre ellas a mais eílimavel
Difcurfo a Ave chamada Solitário.
Começa
Cidadão de ty me/mo, que fuave
Nas lií^onjas de ff a gloria te aplicas
Acaba
'Ejitre ale^es louvores te derrama
E acclamaçoens de Célia tudo chama.
Naõ he inferior a eíla obra a Fabula burle/ca
Âe Iphis, e Anaxarte, que principia
Senhora Célia pois que meus gemidos
Naõ ferem voffo peito
Nem minha dor vos paffa dos ouvidos.
Vários foraõ os Elogios com que diver-
fos Efcritores applaudiraõ o feu talento fen-
do entre elles o mais celebre D. Francifco
Manoel de Mello na Carta dos Authores Por-
Jugue^es efcrita ao Doutor Themudo. Juntou
ã diferirão as boas partes, e Jev^ raramente ca-
ber juntas as gentilet^as de Cortet^aõ com as con-
Jideraçoens de devoto, e mais largamente no
Tomo das fuás Cartas Familiares Centur. 2.
-cart. 91. efcrita a feu filho D. Lucas de
Portugal. A locução Jobre Jer bem fielmente
Cafielhana he florida, e myfterioja. Ajunta com
raridade a decência com que go^a da graça, e
da doutrina, e de tal maneira que fe naÕ def-
via daquelks dous fins para que a Poefia fqy
inventada. Affi perfuade, afft deleita, afft en-
fina. Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag.
252. col. I. difertus Poeta. Macedo Fã^a, e
Ave Part. i. cap. 13. n. 13. Illufire Corte:(aõ.
Joan. Soar. de Brit. Theatr. 'Lufit. Utter.
lit. F. n.. 63. Urbanitate aulica celebratifftmus.
D. António Caetano de Souza Hifi. Gen.
da Caf. Real Portug. Tom. 10. liv. 10. cap.
4. pag. 610. Foy muy entendido grande Cor-
te^aõ, e Poeta. Jacinto Cordeiro Fdog. dos
Poet. LMfit. Eílanc. 10.
Difcreto a D. Francifco figo, en tanto
Portugal fin igual, cuyo fentido
Para la elevacion moviendo efpanto
Fl ingenio mas alto y prefumido.
Imitar prefumi tu heróico canto
Que impoffible me fue} Quedo vencido;
ícaro quife fer de tal fugeto
Que nò puede imitarfe en lo difcreto.
O P. António dos Reys Enthuf Poet. n. 54.
Nec Francifce tui refonantis carmina plectri
Tinnula prateream furdus: Te facra pro-
phanis
Sed procul á culpa mis centem exomat
Apollo
Fronde fibi própria.
D. FRANCISCO DE PORTUGAL Ou-
tavo Conde do Vimiofo, e fegundo Mar-
quez de Valença Senhor da Cafa de Bailo,
Donatário da Capitania de Machico na Ilha
da Madeira, Comendador das Comendas de
S. Miguel de Chorenfe, S, Tiago de An-
droes, S. Martinho de Sande, S. Miguel de
Souto, S. Nicolào de Saleas da Ordem de
Chriílo, e de Almodouvar, e Garvaõ no
Campo de Ourique da Ordem de S. Tiago.
Naceo em a Cidade de Lisboa a 25. de Ja-
neiro de 1679. fendo filho de D. Miguel
de Portugal fetimo Conde do Vimiofo, Se-
nhor da Villa de Aguiar, Governador de
Évora, e Eílribeiro mòr da Rainha D. Ma-
ria Francifca Izabel de Saboya, e neto de
D. Affonfo de Portugal quinto Conde do
Vimiofo, primeiro Marquez de Aguiar, Ca-
pitão General do Reyno, e Confelheiro
de Eílado. Por morte de feu Excellentif-
fimo Pay foy educado com virtuofas má-
ximas atè a idade de onze annos por fua
L USITANA.
233
Tia a CondeíTa D. Maria Margarida de Caf-
tro, e Albuquerque huma das mais celebres
Matronas, que refpeitou a noíTa Corte a
quem deixou igualmente herdeiro dos do-
tes do feu efpirito, como da opulência da
fua Cafa. Logo que começou a receber as
primeiras inílruçoens da Hngua Latina, e le-
tras humanas foraõ tantos os progreflbs do
feu agudo engenho, e penetrante compre-
henfaõ, que claramente moílrou nacera mais
para eníinar, do que para aprender. Tendo
alcançado a perfeita inteligência das linguas
mais polidas da Europa eíhidou com par-
ticular atenção a materna a qual efcreve
com pureza, falia com elegância fendo taõ
efcrupulofo cultor das fuás palavras, que
nunca para fe explicar admitio o menor
termo dos idiomas eítrangeiros. De todas
as artes liberaes unicamente frequentou co-
mo mais própria de Cavalhero o manejo
dos Cavallos em cujo exercido foy taõ de-
lembaraçado, como ayrofo. Ao continuo ef-
tudo de féis horas cada dia obfervado pelo
largo efpaço de vinte e cinco annos deveo
o vaíliíTimo conhecimento da Filologia de-
leitando-fe o feu génio em a liçaõ dos Poe-
tas, e Hiftoriadores do Século de Auguílo,
e de outros Efcritores, que felizmente uni-
rão a elegância da fraze com a verdade da
narração. As fuás litterarias produçoens
fempre foraõ refpeitadas por incomparáveis,
aífim pela novidade da idea, como pela fub-
tileza do difcurfo, e pureza do eftilo. Nas
Cartas Familiares naõ fomente imitou, mas
excedeo na fineza dos penfamentos a Sé-
neca efcrevendo a Lucillo, e a Plinio a Tra-
jano. Toda a facúndia de Cicero, energia
de Péricles, e eloquência de Demoílhenes
fe admiraõ mais vigorofamente animadas
nos Difcurfos, e Oraçoens, que recitou fora,
e dentro da Academia Real da Hiíloria Por-
tugueza onde foy Académico, e Cenfor, naõ
havendo aííumpto Feftivo, ou Fúnebre, Mo-
ral, ou Politico, Qvil, ou Militar, que naõ
foíTe profundamente defcrito pela fua penna
fempre fecunda de conceitos finos, razoens
concludentes, e agudas fentenças. Corref-
pondeo à profundidade do juizo a mag-
nificência do coração igualmente pio, que
generofo fendo eternos padroens deíla he-
róica profuçaõ, defafeis mil cruzados, que
difpendeo quando por ordem delRey D. Pe-
dro IL aliílou Soldados no Termo de Tor-
res Vedras, e Alanquer, defafete mil cruza-
dos fendo Provedor da Meza da Mifericor-
dia, três mil cruzados para remédio dos pre-
zos, e outras fomas de grande importância
no religiofo culto de Deos, e de fua Mãy
Santiflima. Com animo imperturbável vio
arder o feu magnifico Palácio a 25. de No-
vembro de 1726. recebendo neíle fatal fuc-
ceíTo partioilares honras de Sua Mageílade,
e do Senhor Infante D. Francifco offere-
cendo-lhe ElRey com incomparável grandeza
o Palácio da Cafa de Bragança, e o Se-
nhor Infante o da Bem-Pofta para fua ha-
bitação. Teve fempre a nobre paxaõ de
tratar os homens mais infignes em qualquer
arte dos quaes publica o merecimento para
o premio, defende o credito contra a cen-
fura. Venerador obfervantiíTimo dos coíhi-
mes pátrios aborrece os eftranhos como opof-
tos à venerável antiguidade. Sendo dotado
de génio brando, e fuave he rigidamente fe-
vero nas matérias pertencentes à Religião,
c ao pundonor. Ainda que naturalmente be-
névolo, nimca lizongeou aos que eftaõ col-
locados na mayor esfera da fortuna prac-
ticando fer Cortes para o povo, Civil para
a Nobreza, reverente, e izento para os
Príncipes. Cazou com D. Francifca Roía
de Menezes filha do primeiro Marquez de
Alegrete Manoel Telles da Sylva, e da Mar-
queza D. Luiza Amaro Coutinho de cujo
conforcio teve a D. Jozè Miguel Joaõ de
Portugal nono Conde do Vimiofo perfeita
copia de taõ grande original: D. ^Miguel
Lúcio de Portugal, Cónego da Santa Ba-
filica Patriarchal, que laureado Meílre em
Artes pela Univerfidade de Évora promete
na verdura da idade fazonados frutos em
as fciencias mayores, e D. Thereza Ma-
ria Jozefa ornada de tantas virtudes, que
excedem o numero dos feus annos. Das
muitas, e diverfas Obras, que tem com-
poílo o feu fecundo talento fe fizeraõ
publicas por beneficio da ImpreíTaõ as fe-
guintes
Praãica com que congratulou a Acade-
mia quando foy admitido por Académico.
234
BIB LIO THE CA
Lisboa por Pafcoal da Sylva 1723. foi. Sa-
hio no 3. Tomo da Collec. dos Document. da
Academia Real.
OraçaÕ com que congratulou a Academia
Real da Hijloria Portugue:(a pelo feli^ na-
cimento do Senhor Infante D. Alexandre re-
citada no Paço a z-j. de Setembro de 1723.
No Tom. 3. da Collec. dos Documentos da
Academia, foi.
OraçaÕ Panegyrica no felicijjimo Ca!(amento
do Serenijftmo Senhor D. Jo!(è Príncipe do Bra-
Jil, e da Serenijftma Senhora D. Mariana Viálo-
ria Infanta de Caflella recitada na presença de
Suas Magejlades, e Alteadas em 13. de Janeiro
de 1728. Lisboa por Jozè António da Sylva
1728. foi. No Tom. 3. da Collec. dos Do-
cumentos da Academia Real. & ibi pelo dito
ImpreíTor 1728. 4.
OraçaÕ recitada na Academia Real da Hif-
toria Portuguei^a na oca^aõ da morte do Se-
renijftmo Senhor Infante D. Alexandre. Lis-
boa por Jozè António da Sylva. 1728. foi.
No Tom. 8. da Collec. dos Docum. da Aca-
demia.
Elogio do P. Jeronymo de Cajlilho da Com-
panhia de JESUS recitado na Academia a 25.
de Mayo de 1730. Lisboa por Jozè António
da Sylva 1730. foi. No Tom. 10. da Collec.
dos Documentos da Academia.
Difcurfo como deve fer hum HiJloriador
recitado na Academia a 4. de Janeiro de
1731. Lisboa pelo dito ImpreíTor 1731.
foi. No Tom. II. da Collec. dos Docum. da
Academia.
Difcurfo em que fe prova quem logra a
fahedoria pojfue todas as virtudes recitado na
Academia em 21. de Junho de 1731. Lis-
boa pelo dito ImpreíTor. foi. No Tom.
II. da Collec.
Elogio do P. Pedro de Almeida da Com-
panhia de JESUS recitado na Academia a 3.
de Janeiro de 1732. Lisboa pelo dito Im-
preíTor. foi. No Tom. II. da Collec. dos
Documentos da Academia Real.
Difct^rfo recitado na Academia Real em 13.
de Março de 1732. em que perfuade a uniaõ
entre os Sábios. Lisboa pelo dito ImpreíTor.
foi. No Tom. II. da CoUeçaõ.
Difcurfo recitado no Paço em 7. de Se-
tembro de 1732. em que prova que a virtu-
de louvada naõ crece antes fe diminue. Lisboa
pelo dito ImpreíTor. foi. No Tom. 11. da
ColleçaÕ.
Difcurfo em que defende que ejie titulo
de Heroe fe pode dar a hum VaraÕ infi-
ffie nas ■ letras, e fantidade como nas ar-
mas oppondo-fe a quem afirmava, que fó com-
petia aos profejjores das armas recitado na
Academia Real a 23. de Abríl de 1733.
Lisboa pelo dito ImpreíTor. 1733. foi. No
Tom. 12. da Collec. dos Documentos da Aca-
demia Real.
Elogio do P. D. Manoel Caetano de Sote^a.
Lisboa por Jozè António da Sylva 1734.
foi. No Tom. 13. dos Documentos da Aca-
demia Real.
OraçaÕ recitada no Paço em 7. de Setembro
de ij^y dia em que fe celebravaõ os annos da
Rainha N. Senhora. Lisboa pelo dito Im-
preíTor. 1735. 4.
OraçaÕ recitada no Paço a zy de Outubro
de 1735. celebrando-fe os annos delRej N. Se-
nhor. Lisboa pelo mefmo ImpreíTor. 1735. 4.
Elogio Fúnebre do Excellentijfimo Senhor Ma-
noel Telles da Sylva Marquev^ de Ale^ete Se-
cretario da Academia Real. Lisboa pelo mef-
mo Impreflbr 1736. 4.
Elogio Fúnebre do Serenijftmo Senhor In-
fante D. Carlos recitado no Paço em 30. de
Abril de 1736. Lisboa pelo dito ImpreíTor.
1736. 4.
Elogio Fúnebre de Diogo de Mendoça Coríe-
-Real Secretario de Eflado recitado no Paço em
ij. de Mayo de 1736. Lisboa pelo dito Im-
preíTor 1736. 4.
OraçaÕ recitada no Paço na oca^iaÕ da morte
da Serenijftma Senhora Infanta D. Francifca.
Lisboa por António Ifidoro da Fonfeca
1736. 4.
OraçaÕ recitada no Paço a -/. de Setembro de
1736. em os annos da Rainha N. Senhora. Lisboa
pelo mefmo ImpreíTor. 1736. 4.
OraçaÕ recitada no Paço a 29. de Outubro
de 1736. celebrando-fe os annos delRey N. Senhor.
Lisboa pelo dito ImpreíTor. 1736. 4.
OraçaÕ Panegjríca recitada no Paço a 6. de
Junho de 1757. nos felicijpmos annos do Serenif-
fimo Senhor D. Jot(è Príncipe do Brafil. Lisboa
por Miguel Rodrigues ImpreíTor do Senhor
Patriarcha. 1737. 4.
L USITAN A.
235
Vofo recitado na Academia pelo qual fe mofira
Je devem admitir a ella os EJlrangeiros. Lisboa
pelo dito ImpreíTor 1738. 4.
Oraçaõ recitada no Paço pela qual fe mof-
ira, que nem os Reys devem filofofar, nem
as Filofofos reynar. Lisboa pelo dito Im-
preíTor 1738. 4.
EJoffo Fúnebre de Belchior do Kego de An-
drade, ibi pelo mefmo ImpreíTor 1738. 4.
Fdo^o Fúnebre do IlluflriJJimo, e Excel-
lentijftmo Senhor Conde de Tarouca JoaÕ Go-
mes da Sylva. ibi pelo mefmo ImpreíTor
1739- 4-
Segundo EJogio Fúnebre do IlluJlriJJimo, e
Excellentijftmo Senhor Conde de Tarouca Joaõ
Gomes da Sjlva. ibi pelo mefmo ImpreíTor,
€ anno. 4.
Difcurfo Apologético em defenfa do Thea-
Jro Hefpanhol. ibi pelo mefmo ImpreíTor
1739- 4-
Keflexoens ã SacratiJJima Paixão de JE-
SUS Cbrifio Nojfo Senhor. Lisboa pelo dito
ImpreíTor 1730. 12.
Emmanueli Tellejio Sylvio Marchioni Ale-
gretenji S. P. D. Sahio eíla Carta Lati-
na ao principio dos Epigrammas do mef-
mo Marquez de Alegrete. UlyíTipone apud
Pafchalem da Sylva Typ. Reg. 1722. 8. &
Hagae Qjmitum apud Hadrianum Moetiens.
1723. 4.
Carta efcrita ao Duque FJlribeiro mor em
que o applaude pelas Acçoens ultimas, que ef-
creveo de feu Pay o Duque do Cadaval D. Nuno
Alvres Pereira de Mello. Sahio ao principio
^efla Obra. Lisboa na Offidna da Mulica.
1730. foi.
Panegyrico de Plinio ao Fmperador Trajano
tradu^do na lingua Portuguev(a. foi. M. S.
InJlrucçaÕ que deu a feu filho o Fxcellentijfimo
Conde do Vimiofo quando foy à Campanha do
Alentejo no anno de 1735. 4. M. S.
Cartas a diverfos affumptos de que fe po-
dem formar hum volume de juíla grandeza.
M. S. 4.
FRANaSCO DA PRESENTAÇAM na-
tural da Villa de Almada do Patriarchado
de Lisboa defcendente de Famiha Nobre,
Cónego Secular da Congregação do Evan-
geliíla amado onde aprendeo as Sciencias
Efcholaflicas em que fahio profundamente
verfado. Foy Reytor do Collegio de Évora,
e no Convento de Lisboa, paíTou a melhor
vida em 10. de Mayo de 1595. Compoz
Traãatus Tbeologici. M. S.
Fr. FRANQSCO DA PRESENTAÇAM
natural de Toaõ na índia Oriental ondepro-
felTou o fagrado IníHtuto dos Erimitas de
Santo Agoílinho no anno de 1584. O feu
talento acompanhado de litteratura o fez di-
gno de que o Eílado o elegeíTe Embaxador
a ElRey de Bombaraça, e depois fer Prior
do Convento de Cochim, e Governador def-
te Bifpado. Impellido do afefto com que
amava a fua Religião efcreveo no anno de
1622.
Defenforio da Ordem contra o Chronifla Se-
ráfico Fr. António Dav^a. Eíta Obra fe con-
ferva M. S. no Collegio do Populo da Q-
dade de Goa,
FRANCISCO DA PRESENTAÇAM SA-
LES natural de Santarém, e filho do Dou-
tor Miguel Barbofa Carneiro Juiz de fora
deíla Villa, e D. Leonor da Fonfeca, e ir-
mão de Fr. Miguel Barbofa Carneiro, Juiz
Geral das Ordens, Dezembargador da Cafa
da SupUcaçaõ, Ouvidor da Capella Real,
Deputado da Inquifiçaõ de Lisboa, e do
Tribunal da Mefa da Conciencia, e Ordens.
Na idade da adolefcencia recebeo a Murça
de Cónego Secular da Congregação do Evan-
geliíla onde floreceo, e frutificou o feu en-
genho aíTim nas Cadeiras como em os Púl-
pitos. A fua prudência o habilitou para
exercitar os lugares de Reytor de Évora,
Procurador da fua Congregação na Corte
de Lisboa, Vifitador do Convento de S.
Bento de Xabregas, e Provedor do Hof-
pital Real das Caldas pelo efpaço de doze
annos. A fua fciencia o fez digno de fer
Lente de Theologia Moral em o Convento
de S. Bento, Cabeça da fua Canónica Con-
gregação, Qualificador do Santo Oíficio, e
Examinador das Três Ordens Militares. Ao
tempo que para remédio de huma parlezia
uzava dos banhos das Caldas da Rainha,
deixou a vida caduca pela eterna a 24. de
Julho de 1733. Publicou
236
BIBLIO THE CA
Sermão de Noffa Senhora do Valle.
Lisboa por António Pedrozo Galraõ.
1698. 4.
Sermão da Dominga da Sexagejftma pregado
na Capella Keal. Lisboa por Manoel Lopes
Ferreira. 1701. 4.
OraçaÕ em acçaõ de graças , que na Ca-
pella Keal de Noffa Senhora do Populo do
Hofpital das Caldas celebrou o Excellentif-
jimo Duque do Cadaval pela efpecial noti-
cia que ElRey D. JoaÕ o V. lhe comuni-
cou de fe terem ajuftados os felices defpo-
i(prios da Prince;(a D. Maria, e do noffo
Príncipe D. Joi^è recitada a 11. de Outu-
bro de 1725. Lisboa por António Pedro-
zo Galraõ. 1725. 4.
Theoloffa Moralis Compendium. foi. M. S.
FRANCISCO REBELLO DE AZE-
VEDO natural da nobre Villa de Gui-
maraens filho de Gonçalo Rebello, e D.
Maria de Andrade, e Azevedo, e Sobri-
nho do Licenciado Manoel Barbofa que
efcreveo os doutos Comentários fobre a
Ordenação do Reyno. Depois que fe inf-
truio na pátria com as letras humanas fe
applicou em a Univeríidade de Coimbra
ao eftudo dos Sagrados Cânones nos quaes
recebendo o grào de Doutor, foy Len-
te de huma Cathedrilha em 28. de Fe-
vereiro de 1578. donde fubio à Cadeira
de Sexto em 16. de Novembro de 15 81.
e a Cónego Doutoral da Sè de Lis-
boa em IJ82. de cuja Diocefe foy Go-
vernador. Deftes lugares Ecclefiaílicos paf-
fou a exercitar os Seculares de Dezem-
bargador da Cafa da Suplicação, e ulti-
mamente de Dezembargador do Paço a
cuja memoria dedica hum grande Elo-
gio feu Primo o Doutor AgoíUnho Bar-
bofa De Potejl. Epifcop. Part. i. Tit. 3.
cap. 8. que finaliza com eílas palavras
Ut quot noftree Ljdjitania Jimt partes, toti-
dem faceret monumenta virtutis Jua, ctgus im-
matura mors maximum nobis reliquit fui de-
Jiderium. Efcreveo douta, e nervofamente
Allegaçaõ a favor da Senhora D. Catherína
Duqueí^a de Bragança fobre a fucceffaÕ do Reyno
de Portugal. M. S.
FRANQSCO REBELLO HOMEM De-
zembargador, e Vereador do Senado da
Camera de Lisboa taõ perito na Jurif-
prudencia Cefarea como nos preceitos da
Oratória. Para congratular em nome da
Cidade de Lisboa ao SereniíTimo D. Joaõ
o IV. na occafiaõ que nella entrava ac-
clamado por Soberano da Monarchia Por-
tugueza recitou
Praãica a ElRey D. JoaÕ o IV. quan-
do depois de acclamado, e jurado foy à Se
em 15. de De:(embro de 1640. dar graças
a Deos. Sahio impreíTa no Auto do Le-
vantamento, e Juramento, que fe fez ao dito
Rey. Lisboa por António Alvres. 1641. foi.
Defta obra, e do Author fazem men-
ção D. Luiz de Menezes Portug. Refl.
Tom. I. liv. 3. pag. 114. Birago Hifl.
di Portugal, liv. 3. pag. mihi 276. e Souza
Hifl. Geneal. da Cafa Real Portug. Tom. 7.
Uv. 7. pag. 109.
D. FRANCISCO REBELLO DE LIMy\
filho de Manoel de Mendanha de Lima, e D.
Dionizia Henriques naceo na Villa de Alen-
quer diílante fete legoas de Lisboa, e na Pa-
rochia de N. Senhora da Triana recebeo a
graça bautifmal a 10. de Novembro de 1690.
Quando contava a idade de defanove annos
entrou na Religião dos Clérigos Regulares
de S. Caetano cujo fagrado IníUtuto profeílou
a 15. de Março de 1710. onde depois de
eftudar as fciencias efcholafticas fe dedicou
com mayor difvello, a que o inclinava o génio,
ao miniílerio do Púlpito de que tem publicado
as feguintes produçoens.
SermaÕ de Noffa Senhora da Divina Providencia
pregado na fua propría Igreja na fegunda Dominga
pojl Epiphaniam dia em que o Clero rets^a ao Santif-
fimo Nome de JESUS em 20. de Janeiro de 1726,
Lisboa na Patriarchal Officina da Mufica
1727. 4.
SermaÕ da Quarta feira de Cin^a pregado na
Santa Igreja Patríarchal. Lisboa por Jozè Antó-
nio da Sylva. 1729. 4.
SermaÕ da PayxaÕdeN. Senhor JESUS Cbrif-
to pregado na Cafa de N. Senhora da Divina Provi-
dencia no afino de 1732. Lisboa por António Ifi-
doro da Fonfeca. 1736. 4.
L US ITAN A,
lij
P. FRANCISCO RANGEL natural da
Cidade do Porto onde educado virtuofa-
mente por feus Pays Marcos Lopes, e Mó-
nica Rangel elegeo abraçar o Liftituto da
Companhia de JESUS em o Noviciado de
Lisboa a lo. de Janeiro de 1629. em cujo
anno partio para a índia, e depois de obrar
muitas acçoens na cultura Evangélica paf-
fou a Macao a lograr o premio delias a
28. de Fevereiro de 1660. Efcreveo
Caria para o P. Provincial de Portugal ef-
aita de Macaffar a 14. de Abril de 1644. em
que fe refere o martyrio de cinco Keligiofos, e
Je contaõ outros cajos memoráveis. Lisboa por
Domingos Lopes Roza. 1645. 4.
Fazem memoria deíla Carta o Licenciado
Jorge Cardofo Agiolog. 'Lujit. Tom. 2. pag.
152. letr. L e o moderno addicionador da
Bih. Orient. de António de Leaõ Tom. i.
Tit. 4. col. 81.
FRANQSCO DO REGO natural da
Aldeya de Naulà em a Ilha de Goa Ca-
beça do Império Oriental Portuguez, fi-
lho de Nicolào do Rego, e Angela Ro-
<lrigues. Das letras humanas paíTou a ef-
tudar as fagradas, fahindo profundamente
douto em Theologia Efcholaftica, e Mo-
xal, e Licenciado em ambos os Direitos,
merecendo pela fua grande litteratura fer
Prothonotario Apoftolico, Promotor fifcal
■do Ecclefiaítico, e Procurador da Mitra
Primacial de Goa em que foy provido
pelo IlluílriíTimo Arcebifpo D. Fr, An-
tónio Brandão. Naõ foy inferior o feu
talento para o Púlpito, como também
para a metrificação affim Latina, como
.Portugueza. Sendo Vigário Collado da Igre-
fja de S. Braz paíTou para a de Santa
Anna onde fundou o Templo, que hoje
-exiíle que he certamente dos mais fump-
tuofos, que tem a Cidade de Goa. Com-
poz
Tratado Apologético contra varias calum-
nias impoftas pela malevolencia contra a fua
NaçaÕ Bracmana. M. S. 4. Naõ chegou
a imprimir efta obra impedido pela morte
em o anno de 1686. quando contava 51.
de idade.
Comedias varias. M. S.
Fr. FRANCISCO DOS REYS naceo em
Lisboa de Pays nobres, e opulentos. Ain-
da naõ contava doze annos de idade como
eftiveíTe fuficientemente inílruido com os pre-
ceitos da Ungua T .atina frequentou a Uni-
verfidade de Coimbra eíhidando Direito Ce-
fareo, onde alcançou diíHnto nome pela agu-
deza do talento com que penetrava as mayo-
res dificuldades, porém penetrado do de-
fengano das vaidades mundanas antepoz ao
applavifo, que lhe refultava da fua fciencia
o filencio do Clauíbro da reformada Provin-
da da Arrábida à qual foy admitido em o
Convento de S. Jozè de Riba-Mar pelo Pro-
vincial Fr. Francifco de Santo António.
Tantos foraõ os progreflbs, que fez na obfer-
vancia do feu Inftituto, que foy eleito Pre-
fidente, e Meílre dos Noviços, de cuja vi-
gilante cultura frutificarão muitos para be-
neficio da ReHgiaõ. Ainda que com repe-
tidas difciplinas, e afperos cilícios macerava
o corpo, eiaõ continuas as batarias com que
o inimigo commum queria render o feu
efpirito aos incentivos da carne de cujas
fugeíloens triunfava com os auxílios da Di-
vina Graça. Muitas vezes foy vifto alie-
nado dos fentidos bufcando extático o
centro das fuás amorofas delicias. Attra-
hidas muitas almas da fuavidade, que ref-
piravaõ as fuás virtudes o elegiaõ para
direôor das fuás conciencias entre os quaes
fe diítinguiraõ D. Pedro de Lancaftro, que
depois foy Duque de Aveiro, e Inqui-
fidor Geral, e a ExcellentilTima Senhora
D. Anna Maria Manrique de Lara Du-
queza de Torres Novas. Cinco vezes exer-
citou o lugar de Guardião do Convento
da Arrábida em cujo governo uzando fem-
pre de prudente afabilidade fez obfervar
exaâamente a difciplina regular. Depois de
tolerar com heróica paciência huma infer-
midade pelo efpaço de três mezes em que
todos os dias comungava das mãos de feu
amado Difcipulo, e Noviço Fr. Álvaro da
Conceição entre devotos colóquios com Chrif-
to Crucificado efpirou placidamente na En-
fermaria de Setúbal a 24. de Mayo de 1645.
quando contava 75. annos de idade, e
60. de ReUgiaõ. Foy depofitado na Paro-
chial Igreja da Anunciada cujo corpo ef-
238
BIBLIO THE CA
tava cuberto de flores, e na maõ tinha huma
palma, que fymbolizava o triunfo que al-
cançara do inimigo da pureza virginal on-
de expofto à veneração do povo, foy ac-
clamado por Varaõ Santo, e o defpo-
jaraõ da mayor parte do habito como
preciofas relíquias. Defte lugar foy leva-
do ao Convento da Arrábida fendo o
ExcellentiíTimo Duque de Aveiro D. Pedro
de Lancaftro hum dos que conduzirão o
cadáver até à eminência da Serra onde ef-
tà íituado o Convento. Compoz
Tratado das Excellencias, e praxe da Ora-
ção. Paliando Fr. Jozé de JESUS Maria na
Chron. da Prov. da Arrah. Part. 2. liv. i.
cap. 28. defta obra diz que naõ logrando do
beneficio da imprenja muitos Jogeitos a treslada-
raõ dev^ejofos de fe aproveitarem da lu:(^ com
que os illujlravaõ na perfeição da vida efpiritual,
que procuravaõ feguir. Faz memoria defte Varaõ
Jorge Cardofo Agiolog. L.ufit. Tom. 3. pag.
59i.e398. no Coment. de 24. de Mayo letr. O.
ffe, a borla de Doutor na Sagrada Theo-
logia, a qual illuftrou com o feu Magifte-
rio na Cadeira de Efcoto em que foy pro-
vido a 22. de Mayo de 1696. e jubilou a
15. de Mayo de 1706. Ao tempo que cf-
tava para fubir à Cadeira de Prima de Ef-
critura, morreo intêpeftivamente a 4. de Se-
tembro de 171 2. Foy Qualificador do Santo
Officio, Reytor do Collegio de Coimbra, De-
finidor da Província, Provincial eleito a 22.
de Setembro de 1700. e ultimamente Com-
miíTario, e Vifitador Geral. Foy hum dos
grandes Theologos, que venerou o feu tem-
po deixando efcrito.
Commentaria in Magijirum Sententiarum. M.
S. foi. 3. Tom. Ohra Utilijftma para as li-
çoens de Ponto como efcreve Fr. Manoel de
Sà Memor. dos Efcrif. do Carm. da Prov. de
Portug. pag. 164.
Traíiatus Theologici. foi. 3. Tom. M. S.
Eftes 6. volumes fe confervaõ no Col-
legio do Carmo de Coimbra.
Fr. FRANCISCO DOS REYS natural da
Cidade de Braga Monge da Ordem de S.
Bento cuja cogulla veftio no Convento de
Tibaens em o anno de 1607. Foy Abbade
dos Conventos de Gafey, Porto, e Lisboa,
Definidor, Vifitador Geral, e ultimamente
Geral da fua Monaftica Congregação. Falle-
ceo em o Convento de Lisboa em o pri-
meiro de Agofto de 1664. Efcreveo
Vida do Venerável P. Fr. Thomav^ do So-
corro duas vet^es Geral da Ordem de S. Bento.
M. S. Defta obra como de feu Author faz
mençaõ Cardofo Agiolog. Ljíjit. Tom. 3 . pag.
539. no Coment. de 4. de Junho letr. H.
Fr. FRANQSCO RIBEIRO natural da
Villa de Cantanhede titulo de Condado fituada
na Provinda da Beira do Bifpado de Coim-
bra. Teve por Pays a Thomé Mendes, e a
Maria Ribeira. Profeííou o Inftituto Carmeli-
tano em o Convento da Villa de CoUares a
20. de Junho de 1655. Eftudou as fciencias fe-
veras em o Collegio de Coimbra, onde depois
que as diôou com grande applaufo da fua
fciencia, recebeo na Academia Conimbriccn-
P. FRANCISCO RIBEIRO Naceo em
a Cidade de Évora onde teve por Pays
a Manoel Nunes e Jzabel Francifca. Em
o Noviciado da fua Pátria recebeo a
Roupeta da Companhia de JESUS a 10.
Fevereiro de 1668. e depois de aprender
as letras humanas, e as fciencias efcho-
lafticas didlou na Academia Eborenfe Hu-
manidades, Filofofia, Efcritura, e Theo-
logia Moral atè fer graduado Doutor em
2. de Julho de 1696. Governou com
prudência os Collegios de Braga, c de
Coimbra em cujo governo depois de to-
lerar acerbiflimas dores cauzadas de huma
chaga paííou ao defcanço eterno a 14.
de Julho de 171 5. Efcreveo douti/fimas
obras aíTim Filofoficas, como Theologicas
das quaes nunca permitio fe publicafle
alguma, e para que naõ ficaflc totalmen-
te fepultada a memoria do feu grande
talento fez publica pelo beneficio da im-
preflaõ hum feu difcipulo a feguinte obra.
iMcuhrationes Philofophica ad libros Arif-
totelis de ortu, e^* interitu, five Traãatus
de generatione, c^ corruptione. Eborac cx Ty-
pographia Academise. 1723. 4.
L USITAN A.
239
Da obra, e do Author fe lembra o Padre Fran-
■cifco da Fonfeca Evor. Glorio/, pag. 451.
Fr. FRANCISCO DA ROCHA natural
de Lisboa, e Religiofo ProfeíTo da Ordem
<ia SantiíTimia Trindade à qual fervio de or-
nato pela profunda intelligencia que teve
•da armonica Faculdade da Muíica. Taes £0-
raõ os progreíTos, que a fua penetrante com-
prehenfaõ, e engenhofa fubtileza fez neíla
Arte, que com admiração dos feus mais ce-
lebres profeíTores, quando contava a tenra
idade de onze annos compoz huma AíLíIa
a 7. vozes fobre as vozes Sol, fa, mi, re,
Jít. Entre todos os Corifeos da Arte Muíica
venerou como iníigne a Joaõ Soares Re-
bello imitando com taõ efcrupulofa exa-
■çaõ as ideas de taõ famigerado Meftre, que
pareciaõ as fuás compoíiçoens eccos fo-
noros das vozes de Rebello. FaUeceo no
Convento pátrio a 12. de Janeiro de 1720.
quando excedia a idade de 80. annos. Compoz
Mijfa a 4. das quatro Domingas da Qua-
rejma.
Traâo da quarta feira de Cin^a. a 4.
Mottete para o mefmo dia. a 4.
Traão, e Motete da primeira Quinta feira,
a 4.
Traão, e Alotete da primeira Dominga,
a 4.
Traão, e Motete para a Dominga de Ra-
mos, a 4.
Traão, e Motete para a Terça feira da
Semana Santa, a 4.
Traão, e Motete para Quarta feira de Tre-
vas, a 4.
Traão, e Motete para a Sexta feira Mayor.
a 4.
Motete a 6. para a Adoração da Crut^.
Todas eílas obras foraõ compoftas no an-
no de 1690. e eftaò em hum livro ef-
critas pelo Author, que conferva em feu
poder o P. Joaõ da Sylva de Moraes,
Meftre da Baíilica de Santa Maria de
quem faremos memoria em feu lugar, co-
mo também outro da letra original do Au-
thor que coníla de Pfalmos de Eíknte de 4.
vozes, que faõ os feguintes
Dixit Dominus
Confitebor Tihi
Beatus Vir.
Taudate pueri.
Laudate Dominum.
In exitu Ifrael de Mgypto
Credidi propter quod locutus Jum
Beati omnes.
Magnificat.
Te Ljicis ante Terminum.
Alem deitas obras comprehendidas neíles dous
Tomos. Compoz
MiJfa a 8. vozes de 8. Tom.
MiJfa a 8. vozes de 7. Tom. fobre a Hçaõ
dos Defuntos Spiritus meus compoíla por Re-
beUo
Miffa a 8. de 6. tom.
Miffa a 8. de 6. tom.
Miffa a 8. de 7. tom.
Miffa a 7. de 8. Tom.
Dixit Dominus a 8. de 5. tom. Outro a
8. de I. tom. Outro a 8. de 4. tom. Outro a 8.
de 7. tom.
haudate Dominum a 8. de 7. tom. Outro
a 8. de 6. tom. Outro a 8. de 7. tom.
Laudate pueri Dominum. a 4. 5 . baixo Outro
a 8. 5. tom.
Confitebor a 8. de 7. tom. Outro a 8. de 8.
tom. Outro a 4. de 5. tom.
Latatus fum a 8. de 8. tom. Outro a 8. de
8. tom.
Beatus Vir a 8. de 8. tom. Outro a 8. de
7. tom.
luiuda Jerujalem a 8. de 8. tom.
Niji Dominus. a 8. de 4. tom.
Magnificat a 8. de 7. tom. Outra a 8. de
6. tom.
Te De um Laudamus. a 8.
Tantum ergo Sacramentum a. 4. Outro a 4.
O Salutaris Hofiia. a 4. de 6. tom.
L,acrimofa dies illa a 4. Motete dos
Defuntos. Todas eílas obras fe confer-
vaõ efcritas da própria mão do Author
em poder do P. M. Joaõ da Sylva de Mo-
raes.
Os Textos das Paixoens da Dominga de
Ramos, Terça, Quarta, e Sexta feira da Se-
mana Santa a 4.
Diverfos Vilhancicos a 8. 6. e 4. e mui-
tos Tomos Caílelhanos a 4.
240
BIB LIO THE CA
P. FRANCISCO RODRIGUES naceo
em a Villa de Odemira titulo antigamente
de Condado em a Provinda do Alentejo
fendo filho de Francifco Rodrigues, e He-
lena Jorge. Eíludou em a Univerfidade de
Salamanca hum, e outro Direito cm que
foy laureado com as infignias doutoraes.
Atrahido do inílituto que profeíTavaõ os
Padres Jefuitas veyo a Coimbra para fe alif-
tar na fua Companhia, e pofto que era alei-
jado de ambos os pès naõ atendendo o
P. Meílre Simaõ a eíle defeito, mas ao feu
profundo talento ornado de tantas fciencias
o admitio a 8. de Abril de 1548. Para de-
zempenhar o conceito que da fua peíloa for-
mara a Religião foy hum dos primeiros
Meftres, que teve o CoUegio de Santo An-
tão de Lisboa lendo duas Cadeiras, huma
de Mathematica, e outra de Theologia Mo-
ral concorrendo a eíla quatrocentos ouvin-
tes. Inflamado no zelo da converfaõ da
gentilidade Oriental fuplicou com repetidas
inftancias aos Superiores lhe concedeflem fa-
culdade para taõ fanta empreza da qual naõ
recebendo o dezejado defpacho recorreo a
Santo Ignacio, que fuperiormente illuílrado
naõ fomente lha concedeo, mas mandou Pa-
tente para fer Reytor do Collegio de S.
Paulo de Goa, e como foíTe eílranhada eíla
eleição pelo manifeílo defeito que tinha, ref-
pondeo judiciofamente o Santo Patriarcha,
que os Reytores naõ governavaõ com os
pès, fe naõ com a cabeça. Partio em a
Nào Garça com o V. P. Gonçalo da Syl-
veira, e o Patriarcha Joaõ Nunes Barreto
a 30. de Março de 1556. e ferrou a barra
de Goa a 4. de Setembro onde tomando
pofle do Reytorado fe applicou com incan-
favel difvelo à reforma dos coílumes pre-
gando pelas Praças, e a total extinção da
idolatria para cujo fim difputava continua-
mente com os Meílres das fuás feytas tra-
duzindo na lingua Portugueza os livros de
Gita Veaco venerados como efcrituras Ca-
nónicas pela credulidade daquelles bárba-
ros de que fe feguiraõ multiplicadas vito-
rias da ley Evangélica confundindo os Le-
trados do Iníloftan, convertendo o celebre
Brâmane Saneaxi de Angediva, e bautizando
a filha delRey Meale. Para aniquilar os
Pagodes de Salfete foy o principal inf-
trumento das leys, que promulgarão Fran-
cifco Barreto, e D. Antaõ de Noronha.
De hum fó lanço recolheo nas redes do
Evangelho a duzentas famílias de pcf-
cadores. AíTillio como Theologo, c Ca-
noniíla no Concilio primeiro celebrado
em Goa no anno de 1567. fendo hum
dos principaes Letrados, que concorrerão
para a decifaõ dos feus decretos. Ultima-
mente confumidos defafete annos em be-
neficio das almas, e gloria do Creador
paíTou em o Collegio de S. Paulo de
Goa a lograr o premio dos feus apof-
tolicos trabalhos a 17. de Setembro de
1575. com 60. annos de idade, e 26.
de Companhia. Foy geralmente fentida a
fua morte, e com mayor exceíTo pelos
moradores de Goa, que o veneravaõ co-
mo amantinimo Pay. Fazem delle illuílre
memoria Hifl. Societ. Part. 4. Ub. i. n. 48.
e 153. inter primos fidei Jnjula Goa Autho-
res mérito numeratur. Godinho de rehus Abyf-
fin. lib. 2. cap. 20, Vir Juit nota apud omnes
prohitatis, <Ó>' prudentia laude clarus. Telles
Chron. da Compan. de Jef. da Prov. de Por-
tug. Part. I. liv. 2. cap. 26. n. 5. hum dos
mais importantes fogeitos, que deu ejia Provinda
em letras, e em exemplo, o qual naô tendo pès
para poder andar, teve animo para navegar pelos
mares a quem parece, que ferviraô as moletas
pescadas de a:(as ligeiras com que voou ao Orien-
te, e Part. 2. liv. 4. cap. 4. n. 8. Varaõ de
muita doutrina, prudência, e governo, e liv. 6.
cap. 35. n. 3 . Varaõ injigne ajftm pelos fingu-
lares ornamentos daquella dito/a alma, como pe-
las grandes letras de que foy dotado, era excel-
lente Mathematico, e fabia mtty bem a Theologia
Efpeculativa, e Moral, e foy douto nos Sagrados
Cânones. Cardofo Agiol. Ijufit. Tom. i. pag.
92. fogeito raro em fciencias, e virtudes. Souza
Orient. Conquifl. Part. 2. Conq. i. Divif. i.
§. 57. Bjra Pregador de fama, excellente Theo-
logo e Mathematico. Franco Jmag. da Virtud.
do Nov. de Coimb. Tom. i. liv. 3. cap. 32.
e 33. e no Ann. Glor. S. J. in Ljtfit. pag.
5 30. rarum ad fcientias ingenium excoUàt SaJ-
mantica, ó^ Conimhrica. Efcreveo
Carta efcrita de Goa a i. de Dezem-
bro de ijj6. aos Padres da Provinda de
L USITAN A.
241
Portugal em que relata a fua jornada, e dos
Jerviços que a Deos nella fe fi^eraõ. GDnfta
de 10. paginas cujo original fe conferva na
Cafa ProfeíTa de S. Roque defta Corte.
Parte delia imprimio o P. Franco na Imag.
do Colleg. de Coimh. Tom. i. liv. 3. cap. 32.
§. 9. 17. e 18. Sahio vertida em Italiano
com outras Venetia por Tramezzino 1559. 8.
Carta e feri ta de Goa a 12. de Det(em-
bro de 1557. em que refere o eflado efpiritual de
Goa, e a converfaõ da filha delKey de Meale.
Sahio traduzida em Italiano com outras.
Venetia pelo mefmo ImpreíTor. 1559. 8.
Carta ao P. Leaõ Henriques Rejtor do
Collegio de Évora efcrita de Goa a ^. de De-
t(embro de 1560. Deíla carta tranfcreveo par-
te o P. Franco no lugar aíTima citado cap.
33- §• I-
//w^o fobre o eclypfe da l^ua, que fe vio em
Goa a 28. de Outubro de 1566. o qual durou
três horas e meya. M. S.
Tratado dos contratos particulares da ín-
dia, e fobre os foros, e coflumes das Aldeyas
do Norte. M. S. Cuido (faõ palavras do P.
Francifco de Soufa Orient. Conq. Part. 2.
G)nq. I. divif. i. §. 58. fallando deíla obra)
(pu ainda hoje perfeveraõ algumas relíquias dos
feus efcritos.
P. FRANCISCO RODRIGUES naceo
na Villa de Montemor o Velho em o
Bifpado de Coimbra, e entrou na Com-
panhia de JESUS em o Collegio de
Coimbra a 17. de Novembro de 1608.
Depois de eníinar letras humanas, Filo-
fofia, e Theologia Moral, foy Procurador
da Provinda Luíitana em a Corte de
Madrid em que deixou memoria do feu
talento. Reílituido ao Reyno governou os
Collegios de Faro, e de Braga; onde fal-
leceo a 26. de Mayo de 1654. DeUe fe
lembra Joan. Soar. de Brit. Theatr. Lu-
jit. Utter. lit. F. n. 64. e Franco Imag.
da Virtud. do Colleg. de Coimbra. Tom. 2.
pag. 618. Compoz quando aíTiiiio em Ma-
drid
Cathalogo dos Keligiofos da Companhia de
JESUS, que foraÕ martyri^^ados, e mortos no
Japaõ pela Fè de Chriflo em os annos de 1632.
* 1633. Dedicado ao Núncio Campegio. Ma-
16
drid por André de la Parra 1633, foi. Sahio
vertido em Italiano. Roma por Francifco
CorbeUeti 1646. 8. E em Latim Antuerpiae
per Joannem Meuríium. 1636. 12. Deíla
obra como do Author fe lembra o moder-
no addicionador da Bib. Orient. de Ant. de
Leaõ Tom. i. Tit. 8. col. 373.
Carta efcrita de Saõfins fobre os fucceffos da
ffierra da Provinda da Beira. Sahio impreíTa
na RelafaÕ do que obrou Rodrigo Pereira Sotto-
-Aíajor Capitão, e Alcayde mor da Villa de
Caminha, e Valladares no tempo da Acclama-
çaõ. Lisboa por Lourenço de Anveres.
1641. 4.
FRANCISCO RODRIGUES CASSAM
naceo no anno de 161 4. no Concelho de
Saõfins diílante féis legoas para o Poente da
Qdade de Lamego em a Província da Beira
fendo decimo, e ultimo filho, que pario fua
Mãy quando contava cincoenta annos de ida-
de. A natureza, que na fua produção excedeo
o termo da fecundidade, fe íingularizou no
talento, que lhe deo ornando-o de juizo
perfpicaz, comprehenfaõ fumma, e memoria
tenaciíTima cujos dotes o conílituhiraõ em
a Univerfidade de Coimbra hum dos mayo-
res Profeílores da Medicina, que venerou o
feu tempo em cuja Factddade recebeu a bor-
la Doutoral, naõ fendo menos efldmavel pela
noticia, que tinha das letras humanas. Ora-
tória, Poética, eftudo da Hiíloria Sagrada, e
Profana, intelligente, e verfado (como delle ef-
creve o Licenciado Jorge Cardofo Apol.
Eufit. Tom. 3. pag. 396. letra A.) nas Anti-
guidades defle Keyno, e fora delle, e Fr. Ant.
Brandão no Prolog, da Terceir. Part. da
Mon. Eufit. Grande Medico, e Mathematico
de grande noticia, e applicaçaÕ nas Hiflorias.
Juntou huma numerofa Livraria compoíla
de todas as fciencias onde no tempo, que
lhe reftava da vizita dos enfermos o confu-
mia na Hçaõ de varias noticias para illuflrar as
fuás doutas compoíiçoens. Morreo na Qdade
de Coimbra, quando contava a provefta
idade de noventa annos. Compoz
Inveãiva contra o Tabaco, em que mof-
trava com fundamentos folidos fer peçonha
fina, e pefle encuberta. Eíle Tratado trou-
xe a Lisboa para o oprimir quando
242
BIBLIO THE CA
no anno de 1663. foy chamado para curar
o SereniíTimo Infante D. Pedro.
Tratado em que provava que os Campos E/y-
Jios efiiveraõ em Coimbra junto ao Mõdego. Def-
ta obra faz mençaõ Fr. António da Puri-
ficação no Prolog, à i. Part. da Chron. de
Santo Agoftinho da Prov. de Portug. cap. 5.
onde affirma, que feu Author a quem in-
titula Medico peritijftmo lha comunicara ef-
tando jà prompta para a Impreflaõ.
FRANCISCO RODRIGUES DE CAR-
VALHO filho de Belchior Rodrigues Ve-
dor da Fazenda do Duque de Bragança D.
Joaõ, natural de Villa Viçofa, Licenciado
cm os Sagrados Cânones, e Meílre Efcola
na Collegiada de Barcellos. Foy infigne Poeta
de cuja veya eftaõ no Parnajfo de Villa Viçofa
de Francifco de Moraes Sardinha liv. 3.
Dous Sonetos, e huma Canção.
FRANCISCO RODRIGUES CHEIRO-
SO natural de Borba em a Província Tranf-
tagana, e defcendente das famílias mais no-
bres deíla Villa. Foy inítruido em todas as
Artes liberaes principalmente muito verfado
na liçaõ da Hiíloria Sagrada, e Profana de
que faõ claras teftemunhas as obras, que dei-
xou efcritas dignas certamente da luz publica
cujos títulos faõ as feguintes
Efpelho de murmuradores illuftrado de va-
ria Hijloria efpiritual, e politica dividido em
duas Partes. Confervava-fe o Original na
Bibliotheca do Chantre de Évora Manoel
Severim de Faria.
B.Jpelhó de bem criados, e difcurjos vários
fobre a criação dos filhos para perfeição dos feus
bons cofiumes.
Penfil de Sábios. Faz mençaõ defta obra
em vários Capítulos da primeira Parte do
Espelho de Murmuradores.
ConfufaÕ de Necios no qual particularmente
defcreve os defeitos, e damnos da ignorância, e
proveitos da Sabedoria. Defta obra fe lembra
no Prologo da fegunda Parte do Efpelbo de
murmuradores.
DefcripçaÕ das Artes liberaes.
FRANCISCO RODRIGUES LOBO na-
tural da Qdade de Leiria, onde teve por
progenitores a André Lazaro Lobo, c D.
Joanna de Brito Gaviaõ igualmente nobres,
e opulentos. Foy hum dos mais canoros
Cifnes do Parnafo Portuguez, entre os quaes
fe diflinguio com ventagem conhecida em
a metrificação das Eglogas em que a fua
Mufa reprefentou taõ naturalmente a can-
dura paftoril, que parece fe eftaõ ouvindo
as vozes dos ruflicos, e vendo a fértil ame-
nidade dos campos, como a diáfana corrente
dos rios. A fua vafta erudição aprendida
nas efcolas, e nos livros lhe eternizarão o
nome em a pofteridade, ou foíTe difcorrendo
como experimentado Politico, ou doutri-
nando como Filofofo Moral. Merecendo
adminiftxar os lugares mais honoríficos para
que o habilitavaõ a nobreza do nacimento,
e profundidade do talento, fempre viveo re-
tirado da Corte, como quem conhecia fer
o feu clima pouco favorável aos cultores
das fciencias. Ao tempo que paíTava de
Santarém para Lisboa embarcado perdeo a
vida naufragãte em o Tejo digna certamente
de fim mais gloriofo, cujo cadáver fahindo
à praya, foy honorificamente fepultado na
Capella das Queimadas fituada no Clauflxo
de S. Francifco da Cidade. Hum difcreto
engenho lhe poz o feguinte Epitáfio nefte
Apoftxophe ao Tejo
Si piedofo supijle enternecer te
O' Tojo de 'Loreno ai canto trifle.
Quando en tus aguas perecer le vifle
Como no te moviofu amarga fuerte}
Si en gratificacion de ennoblecerte
Pompofa tumba de crifial le difle;
Quanto en fu vida celebre vivijle
Vivirãs infamado por fu muerte.
A quien enfus ef cri tos te dilata
Vida gloriofa tu el vivir limitas;
Infame vive quien in^ato mata:
Mas noble buelvas lo que infauflo quitas
Que fon tus olas laminas de plata
Do fus memorias vivir an efcritas.
Os mais celebres Poetas exaltarão com ele-
gantes elogios o feu nome, como faõ Lopo
da Vega Carpio Lavrei de Apolo. Syiv. 3.
Yà Lobo que deftende
A corderillos nuevos
Que prefumen de Febos
La entrada dei Parnafo,
L USITAN A.
243
Y con raa^on pues tiene ai primer paffo
Y en las Riberas dei ameno Rio
A.quellas dos floridas Primaveras
Que nunca las podrà vencer EJlio, <&c.
Manoel de Faria, e Sou2a Quente de Aganip.
Part. 2. Põem. 3. Eftanc. 60.
Entre rehanos de torcidos cuemos
Las humildes y rufiicas avenas
Suenen con propriedad, que el Pindo efiima
Lobo en el Lis, Berfiardes en el Lima.
António Figueira Duraõ Laur. Pamaf. Ram. 2.
Hunc urbana Lupum decorai factmdia tan-
tum,
Tantusque ajpergit fingula verba lepos
Ut fi ipfos fuperos audiret mu/a canen-
tes
Ifiius alloquium crederet effe Lupi.
E mais abaixo
No» tilam effigiem taciturna Jilentia la-
dent
Quando quidem de me tantum Francifce me-
reris
Quamquàm alii melius lacrymantia djfticba
fundant
Dulcius arma, viros, atque hórrida pralia
cantent
Tu fari urbano eloqtáo Francifce me-
mento
Indicat ecce tuos infcriptio doãa lepo-
res.
P. Ant. dos Reys Enthuf. Poet. n. 7.
Tuque Lupe injontum quondam celebrator amo-
rum
Quà ténues rivi Lis, Lenaque flumina du-
cunt
Laurea pro meritis ab Appolline Jerta tu-
líjli.
Naõ faõ menores os applaufos dos Ef-
critores com que celebrarão a fua me-
moria. Lourenço Gracian Criticon Part. 3.
Crife 12. Lfle fi, que fera eterno y mof-
trò un libro pequeno, miradle j leedle que
es la Corte en Aldeã dei Portugue^ Lobo.
Macedo Flor. de Efpan. cap. 8. Excel.
7. En todas fus obras mofirò mucha habili-
dad. e cap. 22. excel. d. En la blandura
de las Eglogas Francifco Rodrigues Lobo. Fa-
ria, e Souza Vida de Camoens impreíTa no
principio do Coment. das Lufiad. §. 24.
Poeta natural, y dul:(e fe hit^p entrada en
el Pamafo no aviendo efcrito poços Verfos
mayores con los pequenos y fingularmente las
Eglogas dignas de toda efiima. e na 4. part.
da Fuent. de Aganip. Difc. das Eglog. n.
15. Efcriviò muchas Eglogas... y en aquel
modo rufiico es el mejor de Efpana. e n. 17.
Llegando a la propriedad con que deven ba-
blar perfonas dei Campo Theocrito es fu-
perior, y con ventaja Francifco Rodrigues
Lobo Joan. Soar. de Brito Theat. Lufit.
Litter. lit. F. n. 65. populari eloquentia,
facilitateque in carminibus Lufitanis pangendis
multo commendatior. Nicol. Ant. 'bib. Hifp.
Tom. I. pag. 357. col. 2. amano ingenio
vir, (ò" Mufarum operi quafi natus. D.
Francifco Manoel Cart. dos AA. Portug.
de veya abundante, e felicijfima. Fr. Manoel
da Efperança Hifi. Seraf. da Prov. de
Portug. Part. i. liv. 2. cap. 23. §. 3.
Morreo afogado no Tejo depois de aver be-
bido na fonte das Mufas o efpirito poético.
Compoz
Corte na Aldeya, e noutes de inverno. Lis-
boa por Pedro Crasbeeck. 1630. 4. Foy
traduzida em Caftelhano por Joaõ Bau-
tiíla Morales. Montilla. 1632. 8.
Primavera, primeira Parte. Lisboa por
Jorge Rodrigues. 1601. 4. Dedicada a D.
Juliana de Lara ODndeça de Odemira, &
ibi por António Alvares 161 9. 4. & ibi
por Lourenço Craesbeeck. 1633. 16. &
ibi por Pedro Craesbeeck. 1635. 32. &
ibi por António Alvares. 1650. 8. Foy tra-
duzida em Caftelhano por Joaõ Bautifta Mo-
rales. Montilla 1629. 8.
Pafior Peregrino fegunda Parte da Pri-
mavera. Lisboa por Pedro Crasbeeck. 1608.
4. & ibi por António Alvares 161 8. 4.
e 1651. 8.
O Defenganado. Terceira Parte da Primavera.
Lisboa por Pedro Crasbeeck. 16 14. 4.
O Condefiabre de Portugal D. Nuno Alva-
res Pereira. Offerecido ao Duque D. Tbeo-
dofio fegundo defie nome Duque de Bragan-
ça, e de Barcellos. Lisboa por Pedro Cras-
beeck. 161 o. 4. & ibi por Jorge Rodri-
gues 1627. 4. Poema heróico que confta
de 20. cantos.
Eglogas pafioris. Lisboa por Pedro Cras-
beeck. 1605. 4.
244
BIB LIO THE CA
Romances primeira, e Jegunda Parte. G)im-
bra por António Barreira. 1596. 16. e Lis-
boa por Manoel da Sylva. 1654. 8.
La Jornada que la Magejlad Catholica
delKey Felippe Tercero bi^o ai Reyno de
Portugal y el triunfo y pompa con que le
recehiò la infigne Ciudad de Lisboa compuefta
en vários Romances. Lisboa por Pedro Cras-
beeck. 1623. 4.
Todas eftas obras fahiraõ correâas, e reim-
preíTas em hum grande volume de folha.
Lisboa na Officina Ferreiriana. 1723.
Canto Elegiaco ao lamentável Jucceffo do
Santijfimo Sacramento que faltou na Sè do
Porto. Lisboa por António Alvares. 16 14. 8.
Auto dei Nacimiento de Còrijlo, y EdiSío
dei Emperador Augujlo Cefar. Lisboa por
Domingos Carneiro. 1676. 4.
Hifloria da Arvore Tríjle. Confta de 96.
Outavas. Sahio no principio do Tom. 4.
da Feni:(^ Renacida, ou Ohras Poéticas dos me-
lhores engenhos Portuguev^es. Lisboa por Ma-
thias Pereira da Sylva, c Joaõ Antunes Pe-
dro2o. 1721. 8.
FRANCISCO RODRIGUES DA SIL-
VEIRA natural da Cidade de Lamego.
Militou muitos annos na índia com gran-
de valor fendo igualmente perito nos pre-
ceitos militares, como nas máximas politicas
efcrevendo
Reformarão da Milicia da índia Orien-
tal repartida em três livros. O primeiro
trata das def ordens. O fegundo dos rememos
para ellas. O terceiro de difcurfos notáveis
fobre matérias da fav^enda, e bom governo
para o Eflado da índia. Eíla obra foy de-
dicada a Filippe II. e feu Author a
offereceo em Madrid no Confelho de Por-
tugal, à qual lhe dà o Elogio de gran
jm:(io y buena elegância Manoel de Faria,
c Souza nas Advert. ao i. Tom. da
Afia Portuguer^a em os M. S. pertencen-
tes à Afia. Conferva-fe huma copia def-
te livro na Livraria do ExcellentiíTimo
Marquez de Gouvea Mordomo mòr.
Objeçoens do pontual perfegiàdo ás Infla-
das de Camoens. M. S. Eíla obra eftava
na Bibliotheca do Cardeal de Souza, que
hoje poflue o Excellentiflimo Duque de La-
foens. Naõ poflb certamente afirmar fe o
Author deíle livro hc o mefmo, que o do
precedente por ter o mefmo nome.
D. FRANCISCO ROLIM DE MOU-
RA naceo em Lisboa no anno de 1J72.
fendo decimo quarto Senhor da Azambuja,
e Montargil, do Morgado de Marmellar,
Comendador da Comenda de N. Senhora
da Azambuja, e Prefidente da nova Junta
das Lizirias em Portugal. Foraõ feus Pro-
genitores D. António Rolim de Moura de-
cimo terceiro Senhor da Azambuja, que
acompanhando a ElRey D. Sebaftiaõ na
infeliz jornada de Africa depois de experi-
mentar as moleftias do cativeiro acabou a
vida em a Cidade de Fez, e D. Guiomar
da Sylveira filha de Joaõ Rodrigues de Beja,
Vedor do Infante D. Luiz, e de fua
fegunda mulher D. Brites de Sou2a. Foy
ornado de virtudes, e inftruido nas Ar-
tes próprias de hum Cavalhero, como
foraõ Poefia, Mathematica, c deftreza de
jugar as armas, em cujo exercido naõ
houve quem lhe difputaíTe a primazia.
Cazou duas vezes, a primeira com D.
Cecilia de Caftro, filha de D. António
de Menezes, e Noronha, Alcayde mór de
Vizeu, de quem teve a D. Luiza de
Caftro, que fe defpozou com Ruy de Mouca
Telles, Senhor das Villas da Povoa, e Mea-
das, Prefidente do Paço, c Confelheiro de
Eftado, de cujo conforcio naceo D. Luiza
de Moura, que cazou com Nuno de Men-
doça fegundo Conde de Vai de Reys. Paf-
fou às fegundas vodas com D. Joanna de
Mendoça filha de Francifco de Mello, c D.
Margarida de Mendoça de quem teve a D.
Manoel Childe Rolim decimo fetimo Senhor
da Azambuja. Morreo a 12. de Novembro
de 1640. quando contava 68. annos de ida-
de. Jaz fepultado na Capella mòr da Igreja
da Mifericordia da Villa da Azambuja ao
lado do Evangelho fem Epitáfio. O infigne
Poeta Manoel de Galhegos lhe celebrou
com eftas vozes métricas o feu nome, e a
illuftre Cafa de que defcendia no Templ. da
Memor. livr. 4. Eftanc. 194.
L USITANA.
245
Vòs tamhem ò Kolim Senhor infi^
Do primeiro Solar da l^fitania
Va^ey que em vòs meu livro fe termine
jAcahe-o felit^mente a voffa Urania,
E ouvindo-vos cantar Homero tema
Que he Virgilio que acaba o feu Poema.
E liv. 3. Eíl. 155, 156. e 157.
Aquella injigne Ca^a que do Tejo
Vè fobre Árabes mortos fabricada,
E a que nejfe altar pintada vejo
Aos pes do General da longa efpada
Mais antigo Solar da Ljijitania
E o mais fatal horror da Mauritânia.
Aquelle brio fuperior, aquella
Pranta que fó com fangue fe regara
E os influxos de Marcial Eflrella
Veyo no mundo a fer única, e rara
E a ter a par do mais foberbo rio
Pequeno, mas antigo Senhorio.
Aquelle Paço augufto em que fe ojlenta
O e feudo mais illujire, e mais triumfante;
Aquella real esfera que fuflenta
D. Francifco Rolim fublime Athlante.
Efte pois a quem eu Príncipe acclamo
Também da Cat^a de Bragança he ramo.
Nicolào Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 358.
col. I. lhe chama Poeta eruditus. Joan. Soar.
de Brit. Theatr. hnfit. Uter. lit. F. n. 66. omnis
eruditionis, fed artis prafertim poética clarus. D.
Franc. Man. Cart. dos AA. Portug. ao Dou-
tor Themudo: Moral, Politico, e Filofofo nos
verfos. Franckenau Bib. Hifpan. Hift. Geneal.
Herald, pag. 142. Artem poeticam adpríme caluit.
Sou2a Aparat. à Hifi. Gen. da Cat^a Ejeal Portug.
pag. 99. §. 100. Carvalho Corog. Portug. Tom.
3. Trat. 5. cap. 8. pag. 270. Jacinto Cordero
Elog. dos Poet. Eujit. Eftanc. 9.
D. Francifco Kolim cuyo decoro
Las Mufas Efpaiiolas y Tof canas
Kefpetan Cifne quando el Tojo en oro
Uma ofrece a las ftyas iMfltanas:
Que de Aganipe defpreciando el coro
Zelos le piden yá las Cajiellanas
De que efcríva fu heróica gallardia
Sin darles de barato folo un dia.
Compoz
Dos Novijftmos. 4. Cantos. Lisboa por Pe-
dro Crasbeeck. 1623. 4. Na cenfura que o
P. Balthezar Alvares da Companhia de JESUS
fez a eíla obra diz fer na invenção, e traça inge-
nbofa, nas fentenças grave, rica nas palavras, na
efiilo fobida, e elegante, a cujo Author a fcienàa, e
eloquência podem agradecer, que em taô ejlreito thea-
tro taõ vivamente as mojiraffe. O P. António
dos Reys Entbuf. Poetic. n. 41. o louva com.
eíias métricas expreflbens
Moura
Hunc fequitur rábida m qui facro carmine mor-
tem
Judiciumque canit; Barathrique incenda, Ca-
lis
Quidquid, ^ in fuperís olim fruitura bono-
rum
Efl bominum numerofa cohors, cui Numen ah
avo
Dulcia pofl vita certamina dura paravit
Gaudia, qua nunquam turbabunt triflia, <ò'c^
Cõmentaríos de Juan da Vega explicados por
D. Francifco Kolim de Moura Senhor da Cat(a da
Azambuja. Lisboa por Pedro Craesbeeck.
1628. 32.
Afcendencia de la Ca:(a da At^ambuja. De-
dicada a D. Gafpar de Gufman Conde
de Olivares, Duque de S. Lucar. 4. Naõ
tem lugar, nem anno da ImpreíTaõ mas
da Dedicatória coníla fer compoíb. no an-
no de 1633.
Soneto em applaufo da Gigantomachia de
Manoel de Galhegos. Sahio impreflb no prin-
cipio defta obra. Lisboa por Pedro Craes-
beeck. 1620. 4.
Apologia em defenfa dos NoviJJimos con-
tra os defcuidos , que nelles lhe arguiraõ feur
emulos. M. S.
Advertências a alguns erros de Luiz ^ ^^'
moens em os Lufiadas. M. S.
Aforífmos a feu filho D. Manoel Childe Ko-
lim de Moura. M. S.
Lpf para os desafios. M. S.
Arte de Tourear. M. S. Eíla obra con-
fervava feu Neto D. Joaõ Rolim.
Na Bibliotheca do Cardeal de Souza en-
tre os M. S. fe confervaõ quatro Sonetos
feus, fendo o primeiro a huma Cruz col-
locada fobre hum monte. Começava. Da
vitoria mayor Sacro Trofeo. O fegimdo à Nou-
te de Natal. Renova hoje do Sol a claridade.
O terceiro a hvmia faudade. Memorias que
en mi pecho detenidas. O quarto Dourava a
Sol a nuvem que cubria.
24Ó
BIBLIO THE C A
Fr. FRANCISCO DE SANTA ROSA
tiaceo cm Lisboa donde partio para a ín-
dia, c na Provincia Seráfica de S. Thomè
recebeo o Habito onde foy bom Letrado,
c grande Pregador. Tinha prompto para a
ImpreíTaõ
Sermoens vários. 2. Tom. 4. M. S.
D. Fr. FRANCISCO DE SANTA RO-
SA DE VITERBO naceo em o lugar da
Flor da Rofa fituado no Termo da Villa do
<Zrato fendo filho de Joaõ Gonçalves, e Ma-
ria Martins. Na idade da adolefcencia pro-
feíTou o auftero Inftituto dos Frades Meno-
j:es em o Convento de Portalegre da Pro-
vincia dos Algarves a 4. de Setembro de
171 2. onde depois de aprender as fciencias
feveras em que moftrou vive2a de engenho
as diftou com grande emolumento dos feus
Difcipulos atè jubilar na Sagrada Theolo-
gia. Sendo Qualificador do Santo Oííicio,
•c Confultor da Bulia da Cruzada, foy no-
meado pelo SereniíTimo Rey D. Joaõ o V.
em 17. de Junho de 1742. Bifpo de Nanc-
kim, e poílo que efteve por algum tempo
indecizo na aceitação defta dignidade como
coníideraííe que com ella fe intereíTava o
augmento das Chriílandades da China cedeo
da fua renitência, e foy Sagrado pelo Emi-
nentiíTimo Patriarcha de Lisboa D. Tho-
maz de Almeyda em a Santa Igreja Pa-
triarchal a 17. de Fevereiro de 1743. Nef-
tc anno por ordem delRey NoíTo Se-
nhor, e o SereniíTimo Infante D. Pedro
Graõ Prior do Crato, viíitou eíle Prio-
rado onde reformou muitos abuzos. Com-
poz
Optativo do Santijftmo Nome de JESUS.
Lisboa por Pedro Ferreira ImpreíTor da Rai-
nha NoíTa Senhora. 1735. 12.
Conjunãivo do VenerabiliJIJimo Nome de
MARIA, e o Optativo do Santijftmo Nome
de JESUS. Lisboa pelo dito ImpreíTor.
1737. 12.
Qtânquagium Sacrum Jíutvijfimum , jive Qui-
narium Encomiajlicum de Familia Sacra JESU
MARIA JOSEPH, JOACHIM, <& ANNA
in quorum laudem tot Pfalmi cum fuis Anti-
J)homs reàtandi offeruntur, quot Junt Utterat
4X qtàhus ctpuslibet venerabile nomen componitur
additis hymnis, eV Orationibtis congruis. Ulyf-
fipone apud eumdem Typog. 1736. Tradu-
zio de Caílelhano em Portuguez.
The:;^onro dos Chrijlãos que para cada dia
lhes deixou Chrifto no verdadeiro Maná Sacra-
mentado compojio pelo Padre António Velafquev^
Pinto Clérigo Regular Menor. Lisboa por Do-
mingos Gonçalves. 1739. 4-
Appendix ao Ther(puro dos Chrijlãos divi-
dido em três partes. Tom. 2. em qm fe prova
a mefma matéria fobre a Comunhão quotidiana
convencendo com ejicacijftmas rav^oens, e gtmànas
provas aos da opinião contraria com 10. appro-
vaçoens de Theologos modernos, ^c. Lisboa por
Bernardo Fernandes Gayo. 1739. 4-
Fr. FRANCISCO DO ROSÁRIO na-
ceo em a Qdade do Porto donde par-
tindo para o Braíil recebeo o Habito dos
Menores no Convento de NoíTa Senhora
das Neves de Pernambuco a 24. de Abril
de 1591. fendo taõ amante da humildade,
que ainda que fabia a lingua Latina fem-
pre perfeverou no eílado de Lcygo. Foy
rigido cultor da pobreza, e mortificação
fervindo-lhe a terra de cama, e as ervas
de fuílento. Aprendeo a lingua Braíilica
com a qual doutrinava os Gentios, que
habitavaõ o Maranhão devendo-fe à fua
incanfavel diligencia a converfaõ de innu-
meraveis bárbaros. Muito tempo antes de
fucceder a Reílauraçaõ deíle Reyno a pré-
vio profeticamente, e manifeílou a mui-
tas peíToas, que lhes parecia chimera da
fantezia, e naõ fucceíTo verdadeiro. Cheyo
de annos, e muito mais de religiofas virtu-
des, morreo na Bahia a 28. de Junho de
1649. Singularis pietatis vir he intitulado por
Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. 2. pag. 324. col.
I. e Jorge Cardofo Agiol. LMfit. Tom. ^.pzg.
8jo. Viveo fempre com muito exemplo, efhra-
nha pobres^a, notória charidade, e rara abfHnen-
cia. Compoz
Cathecifmo da lingua Brafilica. M. S.
Dos ritos, cojiumes, trages, e povoaçoens do
Maranhão. Eíle livro veyo a poder dos Olan-
dezes quando fe fizeraõ Senhores de Per-
nambuco. De huma, e outra obra fazem
mençaõ Nicolào António, c Jorge Cardoíb
nos lugares allegados.
L USITANA,
M7
D. FRANCISCO DO ROSÁRIO chama-
do no Século Francifco de Souza Coutinho
natural da Villa de Ervedofa, que he izento
do Moíleiro de S. Pedro das Águias da
Ordem de S. Bernardo íituado na Comarca
de Pinhel da Província da Beira. Teve por
Pays a Domingos da Cofta de Aguiar de
Azevedo defcendente por varonia da Cafa
de Azevedo, e a D. Margarida Clemente de
Souza da Cafa dos Senhores de Bayaõ. Dei-
xando as efperanças, que lhe prometiaõ a
nobreza do nacimento, e a capacidade do
talento, recebeo o Canónico Habito de San-
to Agoílinho no Convento de Moreira em
o anno de 1649, onde fe diílinguio dos feus
companheiros na praética das virtudes, e ef-
peculaçaõ das fciencias. Como foíTe Primo
em quarto grào do V. P. Jorge de Távora
da Companhia de JESUS, que morreo viétí-
ma da Charidade aíTiftindo aos feridos da
pefte em Coimbra a 4. de Abril de 1599.
do qual fazem honorifica mençaõ o Licen-
ciado Jorge Cardofo Agiol. Ljdfit. Tom. 2.
pag. 419. e o P. Franco Imag. da Virt.
do Nov. de Coimb. Tom. i. liv. i. cap. 77.
Compoz em verfo heróico Latino em que
era feliz a Mufa do P. D. Francifco do Ro-
fario
Vita, (& Martyrium V. P. Georgij de Tá-
vora. 8. M. S. Conferva-fe no Real Con-
vento de Santa Cruz de Coimbra. Do Au-
thor deíle Poema era parente em grào co-
nhecido D. Angela de Azevedo de quem fi-
zemos mençaõ no primeiro Tom. da Bib.
J-Mfitan. Tom. i. pag. 175. col. i. efcreven-
do fer natural de Lisboa, e filha de Joaõ
de Azevedo Pereira, e D. Izabel de Oliveira,
cuja aíTeveraçaõ retratamos informados de
noticia verdadeira pela qual coníla fer natu-
ral da Villa de Paredes da Comarca de Pi-
nhel em a Província da Beira, e filha de
Thomè de Azevedo da Veiga Sargento mòr
da Villa de Paredes, Capitão de Infantaria
na guerra da Acclamaçaõ, e de D. Maria
de Almeida. Foy cazada com Francifco An-
ciaens de Figueiredo de quem naõ teve def-
cendencia.
Fr. FRANCISCO DO ROSÁRIO filho de
António Serraõ, e Maria da Conceição naceo
k
na ViUa do Barreiro fituada junto ao mar
duas legoas diílante de Lisboa para a parte
do Sul a 27. de Abril de 1688. Recebeo o
Habito Seráfico no Convento de Setuval da.
Província dos Algarves, e profeílou em o^
de Santa Maria de Xabregas a 5. de Ou-
tubro de 1709. Eftudou Artes, e Theologia
no Convento de Valhadolid. Por fer muita
dèílro em o Canto-Chaõ, foy Vigário dez:
annos do Coro, e o enfinou aos ReUgiofos
AgoJiinhos Defcalfos, que o praâicaõ com
fumma perfeição. Traduzio da lingua Caf-
telhana do Padre Fr. Joaõ Peres Lopes,
Leytor de Prima no Collegio de S. Diogo
de Çaragoça em a lingua materna.
Infiantes do Heroe fubtil, e Mariano Pre~
cítrjor da mais celefte Aurora, Trovão da Juít
primeira ^a^a, Kajo da fua primeira gloria,,
lu^ da fua primeira duvida o V. P. João Dtmr
Scoto, fb'c. Lisboa por Miguel Manefcal da.
Coíla. 1744. 8.
FRANCISCO DE SA' cuja pátria he taõ
incógnita, como conhecida a fua erudiçaã
poética, e Oratória, de que deu hum claro
teílemunho quando a Gdade de Coimbra re-
cebeo no anno de 1527. a feus Augullos
Monarchas D. Joaõ o III. e D. Catherina
de Auílria recitando na fua prezença
Ora^aõ na entrada delKey D. Joaõ o IIL
e a Kainha D. Catherina na Cidade de Coim-
bra. M. S. Conferva-fe na Bibliotheca do-
Excellentilfimo Marquez de Abrantes. Co-
meça. Muitas ve^es nos mojlrou Nojfo Senhor
manifejlamente. Acaba. EJla mwf antigua, e
muy nobre fempre leal Cidade de Coimbra nun-
ca he alegre verdadeiramente fe naÕ com vojjar
alegrias.
FRANQSCO DE SA*, E MENESES
primeiro Conde de Matozinhos, Comenda-
dor de Proença, e S. Tiago de CaíTem,.
e Alcayde mòr do Porto, naceo nefta G-
dade fendo feus Progenitores Joaõ Ro-
drigues de Sà, e Menezes, Alcayde mòr
do Porto, Senhor do Confelho de Se-
ver de quem fe fará diítinta memoria em.
feu lugar, e D. CamUla de Noronha fi-
lha de D. Martinho de Caftello-Branco-
primeiro Conde de Villa-Nova de Por-
248
BIB LIO THE CA
timaõ, Camareiro mòr delRey D. Joaõ o III.
Governador da Juftiça, e Vedor da Fazenda
<ios Reys D. Aiíonfo V. D. Joaõ o II. e
D. Manoel, e de D. Meda de Noronha fi-
lha de Joaõ Gonçalves da Camará, Capitão
<la Ilha da Madeira, c D. Maria de Noro-
nha. Em os primeiros crepufculos da idade
•era tal a prudência do juizo, e gravidade do
^fpefto com que fe diítínguia de todos os
Fidalgos, que frequentavaõ o Palácio delRey
D. Joaõ o III. que o elegeo efte Monar-
■cha para Criado do Princepe D. Joaõ feu
filho, dezempenhando com tanta fatisfaçaõ
•o conceito, que da fua peíToa fe tinha feito,
que foy fubftituto de D. Francifco de Por-
tugal primeiro Conde do Vimiofo em o lu-
gar de Camareiro mòr do mefmo Princepe.
Semelhante miniílerio conferido pela Rainha
D. Catherina no anno de 1558. exercitou
com a PeíToa delRey D. Sebaftiaõ, o qual
dimitio por ferem nomeados quatro Cama-
riílas cuja eleyçaõ diminuía grande parte de
taõ authorizado lugar. Retirado à Cidade do
Porto fe dedicou ao eíludo, que defde a
puerícia cultivara em que fez excellentes pro-
greíTos o feu profundo talento, principal-
mente em a Poefia divertindo com a fua-
vidade da metrificação a moleília de penfa-
mentos melancólicos. Naõ permitio ElRey
D. Sebaftiaõ, que hum Varaõ taõ infigne ef-
tiveíTe ociofo em beneficio do Reyno, o
qual fendo chamado à Corte naõ fomente
o nomeou Capitão da fua Guarda, e Mor-
domo mòr da Princeza com quem fe ha-
via defpozar, mas o deixou por Governa-
■dor do Reyno em ambas as occafioens em
que paíTou a Africa. Mayores honras re-
cebeo do Cardeal D. Henrique, que aten-
dendo à fua prudência, e fidelidade extinftos
os lugares de Camariftas o creou feu Cama-
reiro mòr a 9. de Outubro de 1578. e feu
Confelheiro de Eflado dando-lhe o titulo de
Conde de Matozinhos, e nomeando-o por
hum dos cinco Governadores para a re-
j^encia defta Monarchia, e nomeação de
feu fucceífor. Penetrado de que o do-
mínio defta Coroa fe transferiíTe a Prin-
<ipe eftranho para cujo efeito concorrera
involuntariamente com o feu voto deixou
a Corte bufcando a Pátria para fepultura
onde acabou a vida a 3. de Setembro de
1^84. quando contava 61. annos de idade,
e naõ a 17. de Março de 1585. como ef-
creve o Padre Francifco de Santa Maria Diá-
rio PortMg. pag. 350. Jaz fepultado no Conven-
to Seráfico da Conceição do lugar de Matozi-
nhos fuburbio da Cidade do Porto jazigo dos
feus Mayores. Joaõ Soares de Brito Theatr.
iMJit. Utter. lit. F. n. 67. lhe compoz o feguin-
te epitáfio
Offa
Francifci de Sá de Menev^es.
Hoc nullum graviorem virum, vel prudentiorem
Ver omnes honorum gradus
Mtas priftina mira ta eft.
Vuit enim Joannis Principis educationi
Sebajiiani Regis pratoria cohorti,
Henrici, atque Philippi Kegum cuhiculo prapo-
pus,
A! Confiliis ftatus trium Kegum,
LMjiíania bis Guhemator
Semel vivente Sehafiiano, iterum defunão Hen-
rico.
Tot tamque diverfe fentientium
ijQua Jumma apud mor tales gloria efi)
Judicio maffius.
Foy cazado duas vezes; a primeira com D.
Anna de Mendoça filha de Ayres de Souza
Comendador da Alcanhede de Santarém, e a
fegunda com D. Catherina de Noronha filha
de Joaõ Rodrigues de Sà Prima de feu
Pay, e de ambos eftes conforcios naõ dei-
xou defcendencia. Diogo Bernardes. Uma
Carta 16. efcrita ao mefmo Francifco de Sà,
e Menezes o louva com eftas métricas vozes
Illujlrijftmo Sá a quem concede
O Ceo todas as partes que a virtude
Para formar hum raro efprito pede.
Matéria deu o Ceo a voffo efprito
Para fe nos moflrar tal na larguev^a
Qual fempre na virtude, qual no efcrito.
Naõ nega a vojfa branda naturet^a
Os olhos a ninguém, naÕ nega ouvidos
A ninguém dá motivo de trifle:(a.
Os da fortuna menos conhecidos
Effes achaÕ em vòs mais certo amparo
EJfes faõ mais de vòs favorecidos.
António Ferreira nos feus Põem. Luft. pag. 41.
verf lhe dedica a Ode 3. onde o louva da edu-
cação que dera ao Príncipe D. Joaõ
L USITANA.
249
Aò tu Francifco vijle
A lu^ que Je acenei
Naquelle realfprito, que criajk:
Porque ainda tua alma trifie
Sufpira, ali provafie
QuaÕ cedo o fogo a efcuridaõ vencia.
E na Elegia i.
Polo publico bem te de/velavas
GraÕ Francifco tuas horas, e tua vida
Em nojfa vida, e honra fô gaflavas.
Igual ao penf amento era o teu dito
Igual ao dito a obra fe viveras
Quanto nos cá de ti ficara efcrito.
E na Egloga 3.
Bem conhecidos faS ; Sós fe chamarão
Hum de Menev^es, outro de Miranda
De que as Irmãos, e Febo fe efpantaraõ.
E inda hoje entre nòsfoa a vo^ taõ branda
Dofeu divino Canto que lhe ouvimos
Que todo o Ceo aclara, e o ar abranda.
Emman. da GDÍla Epithalam. Infant. Eduard.
Tu quoque pendebas Safia fpes máxima gentis
Jam venerande puer Francifce, novemque fo-
rorum
Delicia vatum quondam tutela future.
D. Franc. Manoel Carta dos AA. Portug.
ao Doutor Themudo ; heróico, e cândido Poeta.
Franc. de S. Mar. Diar. Portug. pag. 350.
Varaõ digno de illuftre memoria pelas ^andes
prendas, que nelle refplandeceràõ de prudência,
generofidade, e valor. Fr. Manoel da Efperança
Hift. Seraf. da Prov. de Portug. Part. 2. liv.
10. cap. 53. n. 4. Excellente Cortet^aõ, e in-
clinado ás letras em particular à Poefia Por-
tu^ie^a. E no cap. 43. n. 2. infi^ Por-
tugiéev^. Fr. Franc. à D. Aug. Maced. Do~
mus Sádica. {>ag. 81. Vir memorabilis, €>•
in quo prudentiam, €>• felicitatem Politici mi-
rentur, quod cum fit difficile Principem Sum-
ma Keipublica fucceffori placere, ille qtánque
Principibus ma^m femper obeundo munera g-a-
tus fuerit. Joaõ Soar. de Brit. Apolog. a
Cam. repoft. à Cenf. 10. 11. e 12. n.
12. Grande, e efclarecido Conde de Matofi-
nhos, e no Theatr. Eufit. lit. F. n. 67.
Fuit vir eximia prudentia, aÍT tametfi in dif-
ficillima têmpora inciderit incolumem tamen
femper fuflinuit dignitatem. Entre as fuás
obras Poéticas, Sagradas, e Profanas de
que confervava hum volume na fua fe-
leda Livraria o eruditiflimo Antiquário Ma-
noel Severim de Faria Chantre de Évora íaõ
celebres aquellas Redondilhas, que compoz
quando fe retirou ultimamente da G>rte,
que prindpiaõ
A tudo quanto dei^ejo
Acho atalhadas as vias
Intentos, e fantefias
Muy máo caminho me vejo.
Foraõ gloíladas por D. Francifco de Portu-
gal primeiro Conde do Vimiofo, e elegan-
temente vertidas em verfos elegíacos Lati-
nos pela iníigne Mufa do grande ^ííacedo
in Dom. Sádica, defde pag. 78. atè 81. Co-
meçaõ
Omnia, qua cupio fu^unt mea vota, nec ullo
Quo teneam, video jam fupereffe modum.
Multa a ff to mecum, curas <& pafcor inanes
Ut fruar optatis invia faãa via efl.
Redondilhas ao Rio Lejfa. Prindpiaõ.
(y rio de Eejfa
Como corres manfo
Se eu tiver defcanfo
Em ti fe comera. *
Efta Poefia verteo excellentemente em Ver-
fos Elegíacos, Saficos, e Alcaycos, Joaõ Soa-
res de Brito, e fahiraõ impreíTos na Apolog.
de Cam. repoíla à Cenfur. 10. n. 12.
Ekffa a Santa Maria Magdalena. He em
Tercetos cuja obra applaude Francifco de
Sà, e Miranda no 25. Soneto das fuás Poe-
íias, que começa
A vofja verdadeira penitente
QuaJÕ bem que lhe guardais pontos devi-
dos
Do fepulcbro os Apoflolos partidos
EJla naõ parte, vede o que ali fente.
Eleffa a Fili^ cujo prindpio he o fe-
guinte
Buelve Fili^ hermofa a ejle llano
Do efles olmos verdes, o fombrios
Por ti fufpiran longamente en vano.
Defta Poefia fe lembra com louvor o
Dezembargador António Ferreira Carta 13.
Sofrera-fe melhor buma elegância
Branda de amor de ti também cantada
Quando Filiv^ tua doce frauta ouvia, Ó'c.
Soneto em applaufo do Doutor Anto-
25(>
BIBLIO THE CA
mo Ferreira. Sahio impreflb no principio
dos fcus Põem. Ltíjif. Lisboa por Pedro
Craesbceck. 1598. 4.
FRANCISCO DE SA', E MENESES
Comendador de S. Pedro de Fins, e S. Cof-
me de Garfe na Ordem de Chriílo natural
da Cidade do Porto, filho de Joaõ Rodri-
gues de Sà, e D. Maria da Sylva femelhante
ao precedente aíTim no efplendor do naci-
mento, identidade do nome, como na cul-
tura da Poeíia em que foy iníigne, cuja arte
pradicou com tanta fuavidade, e afluência,
que mereceo os Elogios dos mayores alum-
nos do ParnaíTo como foraõ Manoel de Ga-
Ihegos Templo da Memor. livx. 4. Eftanc. 192.
NaÕ vijles vòs (ò celebre Meneses)
Mais maravilhas na Cidade de ouro
Que as que Hymeneo vio dos Portuguet^es
Nejle da fama celeftial the^iouro.
Tomay pois a invocar a vojfa Clio
E dos Gufmaens etemit^ay o brio.
E Jacinto Cordcir, EJog. dos Poet. iMjit. Ef-
tanc. 29.
Yá Francifco de Sã gloria Jucinta
De la immorialidad a que Je mueve
Como Meneses Valentias pinta
"La pluma, que ai ingenio tanto deve.
Livre dos vínculos do matrimonio fe delibe-
rou a largar o mundo, cuja refoluçaõ he-
roicamente executou recebendo o Habito de
S. Domingos no Real Convento de Bemfica
em que fez a ProfiíTaõ folemne a 14. de De-
zembro de 1642. com o nome de Fr. Fran-
cifco de JESUS antepondo com judiciofa
eleyçaõ efte SantiíTimo nome aos nobres
apellidos de Sà, e Menezes de que total-
mente fe queria efquecer por ferem mudos
defpertadores da vaidade mundana. Asprin-
cipaes virtudes que conflituem hum Religio-
fo perfeito praélicava com tanta exacçaõ,
que fervia aos moços de eftimulo, e aos
velhos de confufaõ. Era na obediência prom-
pto, na oraçaõ continuo, na mortificação fe-
vero, na charidade ardente. Cumulado de tan-
tos actos heróicos fallecco piamente a 27. de
Mayo de 1664. Foy cazado com D. An-
tónia de Andrade filha de Balthezar Leytaõ
de Andrade Thezoureiro da Cafa da índia.
Comendador da Ordem de Chriílo, c D.
Joanna de Andrade fua Prima de quem teve
Joanna de Sà, e Menezes, que cazou com
Fernando da Sylveira fegundo irmaõ do
Conde de Sarzedas, e Capitão de Cavallos
cm Flandes, Confelheiro de Guerra dos
Reys D. Joaõ o IV. e D. Affònfo VI.
acabando gloriofamente a vida na Bata-
lha das Linhas de Elvas a 14. de Ja-
neiro de 1659. ^ 4^^^ deixou larga pof-
teridade. Celebrou o nome de Francifco
de Sà, e Menezes o Licenciado Jorge Car-
dofo Agiol. "Lufit. Tom. 2. pag. 295. no
comment. de 24. de Março. Nicol. Ant.
Bib. Hifp. Tom. i. pag. 359. col. 2. Alta-
mura Centur. 4. foi. 515. Faria Europ.
Portug. Tom. 3. Part. 4. cap. 6. Joan. Soar,
de Brit. Theatr. Ltiftt. Utter. lit. F. n. 68.
Echard Script. Ord. Prad. Tom. 2. pag. j8i.
col. 2. Monteir. Claujlr. Dom. Tom. 3. pag.
218. Compoz
Malaca cõquijiada por o ^ande Affonfo de
Albuquerque Poema Heróico. Offerecido à Ca-
tholica Magejlade delRey Filippe III. de Por-
tugal. Lisboa por Mathias Rodrigues. 1634.
8. & ibi novamente reformado, por Pe-
dro Crasbeeck. 1658. 4. Confta de 12. Can-
tos. Na cenfura, que por ordem delRey
fez a efta obra Diogo de Pajrva de Andra-
de Sobrinho do grande Theologo do mef-
mo nome, que foy ao Concilio Tridentino,
dos quaes fe fez memoria em feus lugares,
diz entre outros louvores as feguintes pa-
lavras. Fa^ o Autbor Jer de mayores quilates
a perfeição dejla fua obra com os da puret^a
do feu fangue, e das virtudes naturaes de que
he dotado; com que também naò fó imita, fe
naõ iguala, ou ainda excede a prudência, valor,
e merecimento de feus illujlres antepajfaãos ; au-
thoriv^ando com a excellencia de feus verfos a
pátria que elles honrarão com o esforço de feus
braços. Continua em applaufo defte Poema
com feguinte Epigramma digno parto da
fua grande Mufa.
Hórrida concujfus miratur pralia Ganges
Dum premi t Eoas Lyfia turba plagas:
SifHt inexhauflum Tagus ad nova pralia curfum
PoUice mafftifico dum vaga pleãra moves:
Ille racemiferos irrorans fangftine Cãpos
L USITAN A,
25l
Sujpicit Hef pertos, Marte fonante, duces:
Hic fieriks mulcens celebri dukedine casiteSf
Defpicit Aonios te modulante choros:
Ille beat rutilis Indorum araria gemmis,
Cantibus bic celfis Lyfia Sceptra beat:
Ille potens armis, hic vate potentior, auget
Carmine, quod jaculis obtinet ille decus:
Ille Jonat bellis, hic plaufibus, ille tuorum
Viribus, bic numeris fertur ad afira ttás:
Hac dívifa procul tu vatum maxime junffs
Eff-egium abjolvens Martis, é^ artis opus,
Nam fimul exigias late celeberrima chartis
Extollunt Gangem pralia, pleãra Tagum.
Ao mefmo argumento dedicou o Soneto
12. da Tuba de Calliope D. Frandfco Ma-
noel de Mello pag. 7. das obras Métri-
cas.
Nlalaca de Albuquerque conquifiada
Taõ culto efcreves, cantas taõ valente.
Que parece que o Bárbaro igualmente
Venera a Tuba, que temeo a e/pada.
Nunca fora a viãoria duvidada
Se nella illufire Sã, foras prev^ente.
Pois o que naõ rendera o rayo ardente
Bem o rendera a Aíufa levantada.
Em quanto viva o circular governo
Nas esferas do Olympo huminofo
Vivirás a pescar do opofio inferno.
Porem tu com excejfo mais gloriofo.
Que elle fem ti naõ pode fer eterno,
Mas tu fem elle podes fer famofo.
O Padre António dos Reys Enthuf. Poet.
n. 13.
Non aberat, culti par carminis arte, Ma-
laca
Sadius excidium, qtá cantat viribus aquis
His quibus intrepidus profiravit mania miles.
Compoz mais
Can^aÕ em applaufo da Gigantomachia de
Manoel de Galhegos. G^meça
Batid Cifnes dei Tajo
Batid aleg'es las Canoras alas.
Sahio imprefla ao principio. Lisboa por Pe-
dro Craesbeeck. 1628. 4.
Soneto em louvor do Templo da Memoria do
mefmo Poeta. Lisboa por Lourenço Craes-
beeck. 1635. 4.
Soneto â Fama pofihuma de Lape da Vega
a foi. 134. Madrid. 1636, 4.
Tragedia de D. Alaria Telles mulher do
Infante D. JoaÕ filho delRey D. Pedro I.
e D. I^ez de Cafiro. M. S. Principia
Horas alegres do ditofo dia.
Conferva-fe M. S. na Bib. Real. 4.
Satyras. 8. Eliavaõ na BibHotheca do II-
luíbifllmo Bifpo do Porto D. Rodrigo da
Cunha como coníla do feu Index impreUo
no Porto em 1627. 4.
FRANaSCO DE SA\ E MIRANDA
naceo na famofa Gdade de Coimbra a
27. de Outubro de 1495 . de cuja pátria
virtuofamente fe jaâa na Fabul. do Mon-
deg. Eílanc. 7.
Mas fobre todo lo que enriquiciò
lut antigua tierra mia es el thet(pro
Del fanto cuerpo de fu R^ primero
Foraõ feus Pays Gonçalo Mendes de Sà,
e D. Filippa de Sà filha de Rodrigo An-
nes de Sà, e neta de Joaõ Rodrigues de Sà
Varaõ digno de eterna memoria pelas ac-
çoens politicas, e militares, que obrou
em o Reynado delRey D. Joaõ o I. Para
fe inftruir nas fciencias amenas, e feveras
naõ foy neceíTario fahir da fua pátria onde
depois de eftudar os preceitos da Poefia,
e Oratória fe aplicou com mayor difvelo
a penetrar as fubtilezas da Jurifprudencia
Cefarea em que fez tantos progreíTos o feu
maduro talento, e admirável compreheníàõ,
que recebidas as iníignias Doutoraes neAa
Faculdade a diâou com univerfal applaufo
em varias Cadeiras illuílrando duplicadamen-
te aquella nova Athenas com o nacimento,
e com o magiílerio. Por morte de feu Pay
em cujo obfequio feguira aquelle género de
eíhido fe refolveo ainda que convidado
pela MageJlade delRey D, Joaõ o Hl.
para adminiílrar os mais honoríficos luga-
res de letras a preferir a contemplação
da Filofofia Moral, e Eftoica para onde o
inclinava o génio, a todas as honras, e con-
veniências, que lhe podiaõ refultar do exer-
cido de Miniílro, Firme em refoluçaò taõ
madura íãhio do Reyno a examinar com os
olhos as noticias, que aprendera em os livros,
e difcorrendo pelas melhores Qdades de Ef-
252
BIBLIO THE CA
panha, principalmente de Itália como foraõ
Roma, Veneza, Nápoles, Sicilia, Milaõ, c
Florença obfervou tudo, que era mais no-
tável com atenção de curiofo, e juÍ2o de
Sábio. Reílituido a Portugal mereceo lo-
grar diílintas eílimaçoens delRey D. Joaõ
o III. e ainda mayores do Príncipe D. Joaõ,
que igualmente fe deleitava da fua difcreta
converfaçaõ, como da liçaõ das fuás Poe-
fias. Ao tempo que recebera da liberalida-
de real a Comenda chamada das duas Igre-
jas da Ordem de Chriílo em o Arcebifpado
de Braga fe armou injuílamente contra a
fua peíToa a indignação de hum Cavalhero
muito refpeitado na Corte, e querendo co-
mo prudente evitar a caufa defta emulação
fe retirou para a fua Quinta da Tapada
junto de Ponte de Lima antepondo a tran-
quillidade do feu animo a todas as efperan-
ças de mayores mercês, que lhes fegurava o
particular afefto do Príncipe D. Joaõ, e
do Cardeal D. Henríque. Neíle ameno íi-
tio paíTou o reílante da vida com louvável
ócio fem receyo de infolentes, nem depen-
dência de poderofos. Cazou com D. Brio-
lanja de Azevedo filha de Francifco Macha-
do Senhor da Louzãa, e das terras de En-
tre Homem, e Cavado, e de D. Joanna de
Azevedo, a quem concedendo-lhe liberal a
natureza o dote de difcreta lhe negou avara
o de fermofa merecendo pela excellencia do
feu juizo a veneração de feu efpofo, que
altamente penetrado com a fua morte, fe
prívou por três annos, que lhe fobreviveo,
de todo o género de alivio explicando par-
te do feu fentimento pelas vozes daquelle
Soneto, que lhe dedicou, e foy o ultimo
que compoz
Aquelle efpirito já também pagado,
Como elle merecia claro, e puro.
Deixou de boa vontade o Valle e/curo
De tudo que cá vio como anojado, (&c.
Defta matrona teve dous filhos, Gonçalo
Mendes de Sà, que valerofamente perdeo a
vida em Ceuta com o feu Capitão D. An-
tónio de Noronha filho do primeiro Conde
de Linhares cujo lamentável fucceíTo foy ar-
gumento da Egloga em que faõ Interlocuto-
res Umbrano, e Frondelio compofta pelo
incomparável Luiz de Camoens. O fegundo
filho foy Jeronymo de Sà de Azevedo, que
cazou com D. María de Menezes filha de
Francifco da Sylva de Menezes, e D. Leo-
nor de Mello de quem teve defcendencia.
Nas fuás compofiçoens poéticas cm que
obfervou por exemplares a Ariftoteles, e
Horácio naõ oftentou pompa de vozes, mas
copia de fentenças querendo com artificio
novo que tiveíTem mais alma do que corpo.
Em muitas delias reprehendeo com rígida
feverídade os defeitos de algumas peíToas,
que viviaõ na Corte cujos nomes por igno-
rados nefte tempo fazem dificultofa a intel-
ligencia de alguns Verfos. Foy o primeiro,
que nefte Reyno efcreveo' Verfos mayores,
devendo-fe pela novidade do invento diíTirau-
lar alguma imperfeição, que depois emendou
a Arte. Sempre amou com taõ religiofa obfer-
vancia o decoro, que atè no eftilo cómico em
que he permitida mayor licença fe abfteve de
alguma expreíTaõ menos honefta, fendo tam-
bém o primeiro, como efcreve Manoel Sc-
verim de Faría Dijc. Var. pag. 82. verf. que
em a nojfa Hngua Portugue:(a o defcobrio com ge-
ral admiração de todos. Efludou fer mais pro-
fundo aos entendimentos, que armoniofo aos
ouvidos, e com arte nunca pradticada ocultou
debaixo das fombras de hum eftilo fincero
os documentos mais folidos para a inftru-
çaõ da vida moral, e politica. Da lingua
Grega foy taõ fciente, que lia a Homero
no feu Original, e no mefmo idionu o
marginava. Taõ deftramente manejava os
Cavallos, como tocava os inftrumentos pro-
curando neftes louváveis exercidos a diverfaõ
de cuidados moleftos. A todas eftas acçoens
excedia a piedade fumma para com Deos, e o
afeâo cordial para fua SantiíTima Mãy praítí-
cando os preceitos evangélicos com tanta exac-
çaõ, que mais parecia Religiofo, que Secular.
Teve a eftatura mediana, e corpulenta, o rofto
alvo, e defcorado, o cabello preto, e corredio,
a barba povoada, e crecida, os olhos verdes,
mas com exceíTo grandes, o naríz aquilino, e
curvado. Foy na peíToa grave, no afpeélo me-
lencolico, e na converfaçaõ afável. Ao tempo,
que contava 63. annos de idade foy acõmet-
tido da ulríma emfermidade, e conhecendo
fer chegado o termo da fua vida fe prcpa-
L USl TANA.
253
I
rou com todos os Sacramentos, que recebi-
dos com grande ternura paíTou de mortal a
eterno a 15. de Março de 1558. Jaz fepul-
tado na Igreja de S. Martinho de Carra-
zedo no Arcediagado de Braga em a Capei-
la de Santa Margarida. Para eternizar a me-
moria de Varaõ taõ iníigne lhe mandou
Martim Gonçalves da Camará do Confelho
de Eílado delRey D. Sebaíliaõ, e Tvliniílro
muito conhecido no Reynado defte Príncipe
levantar huma fumptuofa fepultura, e nella
fe lhe gravou o Epitáfio feguinte
Kuftica, qua fuerat folis vix cognita filvis
Aulica Miranda Mu/a canente fuit
Mafurofque jocos, <ò' ludricra feria ludens
Divina humanum mifctát arte Meios.
Cum pojfeí gladio tranfcendere nomen avorum
Maluit arguti militiam calami.
Pofíhabuit fafces, lò^ inertis laudis honores
A.C doctãt pleãro promeruiffe decus
Omnia Mirandus Mirandus pulvere in ipfo efi
Pulvere in hoc pátria gloria /cripta manet.
A taõ celebrado Poeta elogiarão os mayo-
res cultores do Parnafo. Lope de Vega Car-
pio. laurel de Apolo Sylv. 3.
Al gran Sã de Miranda
Que le dexe Melpomene le manda.
Diogo Bernardes 'Lima Elogio 6.
O noffo Sá de Miranda, que entendeo
A fem rai^aÕ do mundo a tyrania
Aqui entre efies montes fe efcondeo
Onde Senhor de fi livre vivia;
Vivia effes bons annos que viveo
Pois que naõ efperava, nem temia.
Ah difcreto Pajlor quem te feguijje
Tuas pilhadas cà\ Quem lã te vijfe}
Tu nos bofques as plantas, tu nas ferras
As pedras abrandavas com teu canto
Tra:(ido cã por ti de ejiranhas terras
Com grande enveja duns d' outros efpanto.
Agora em longo fono os olhos cerras
Agora efles meus abres ao pranto,
Mas eu naÕ choro fô, que choràõ montes
Valles, bofques, prados, rios, fontes.
Por ti Aves, e feras chorar vejo
Os Satyros, os Faunos, os P aflores
Minho, Douro, Mondego, Uma, Tejo
A folha o louro perde, o campo as flores.
As louras Njmfas deixaõ com dei(ejo
Saudofo de verte feus lavores
E polia trijie praya em grito folto
Teu nome com fufpiros vay envolto.
António Figueira Duraõ Laur. Pamaf.
Ram. 2.
Carmina dum flupidum fundis Miranda per or~
bem
Pulfari Orpheam credit Apolo Tyram.
Dum feris armonicum fubtili carmine pleãrum
Obflupet Aonidum, Pieridumque Chorus.
Nec mirum efl, quod te mirentur ubique
Nam Aíiranda quidem nomine Mufa tua efl.
António Ferreira Põem. Lujit. Eglog. 9
O* bom Poeta jã a tua doce, e branda
Voz fe callou; jã por aqui naÕ foa,
Nem os ventos ferena, o mar abrandaX
Ah jã aquella innocencia fanta, e boa
Do bom velho aquella alta, e fam doutrina
Nos deixou quam deprejfa o melhor voa.
Ah fanto velho de mil annos di^a
Era tua vida, e inda mil annos cedo.
Quem honra o campo? Quem virtude enfinaX
Jã naõ do pè da Faya, ou do penedo
Mufcofo te ouvira o campo, e o valle
Cantar da terra, e Ceos alto fegredo.
O rio feque, e o campo Apolo calle
Chorem as trifies Irmaãs, nem jã aqui foe
Frauta, pois nenhua hã que ã tua iguale.
Nem Paftor cante, rum louros croe.
Nem tenha hera, ou loureiro jã verdura.
Nem Nymfa da agua faya, ou ave voe.
Perdefie Apollo jã tua fermofura
Do teu Poeta fempre taÕ cantada
Perdefie, Amor, teu fogo, e tua brandura.
O* doce, e grave Lyra temperada
Daquella maõ que ajfi fe fev^ famofa,
Naõ confntas fer de outra maÕ tocada.
A nojfa idade, que tu taÕ ditofa
Fit^efle, te honre fempre, e louve, e ame
Pois por ti fera fempre gloriofa.
P. Ant. dos Reys Enthus. Poet. n. 6.
Nobilis ille fenex ódio quem vajlus habehat
Occeanus fiquidem prohibebat ferre tributum
254
BIB LIO THE CA
In maré fujpmjum cantus dulcedine Mon-
dam.
Fr. Franc. à S. Aug. Macedo Domus
Sádica pag. i6. Francifcus Sã Miranda; an
Mirandus? Celeberrimus ob ingenii acumen,
€>• Judicii pondus, (& Jcientiarum varietatem,
morumque integritatem : qui primus Lífjitanis
Jlili na/um produxit; Joccojque cothumis mijctnt
feliciter; togatas fatyras in aulam induxit; <àr
illud pajloritio carmine confecutus eji, ut Sjlva
Confule digna fierent: ultra fabulas Poeta, imo,
€>• fui temporis ff-atus Momus, <& futuri vates,
quem admodum ejus fcripta demonfirant. Certe
nemo melius eo, & aptius focos feriis, ac fe-
ria focis diflinxit. Lourenço Gracian Criti-
con p. 5. Crif, 12. Seran eternas las obras
de Francifco de Sá, y Miranda. E na Ar-
te de Ing. Difc. 63. El fentenciofo, y in-
geniofo Vortuguev^ Sá Tofcano Parallel. de
Var. Illuflr. Cap. 41. Outro Horácio Ly-
rico na Poejia, e Sentenças delle. Macedo
Flor. de Efpan. Excel. 9. cap. 8. e Eva,
e Ave. Part. i. cap. 26. e na Eufit. U-
berat. Prosem, i. §. 5. n. 3. Plataõ Lu-
sitano. Bernardes Nova Florefl. Tom. i.
pag. 127. Joaõ Medeiros Q)rrea Elogio
de And. de Albuq. foi. 27. Fr. Francifco
da Nativid. Eenit. da dor. pag. 26.
o intitulaõ Séneca Portugue:^^. Efperança Hifi.
Serafi. da Prov. de Portug. Part. 2. liv.
10. cap. 35. excellente Corter^aÕ inclinado às
letras humanas particularmète á Poejia Por-
tuguev^a. IlluílriíTimo Cunha Hifl. Ecclef. de
Braga Part. 2. cap. 77. §. 11. Grande
Poeta, honra, e gloria defle Reyno Nicol.
Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 359. col.
2. in quibus (falia das fuás Poefias) Luji-
tani fententiarum gravitatem, fimul, (ò' acumen,
Sermonis caflitatem fervatum uniuscujufque rei
decorem, imitatos falicijfime veteres Poetas agnof-
cunt pari ter, <Ò' effufe laudant: ai ter um huic
pofl Camoèfium Poetarum fuorum Coripheum
fine controverfia locum adfudicantes. Franc. de
S. Maria Diar. Portug. pag. 343. Famo-
fo poeta, fingular ornamento, e gloria im-
mortal da Cidade, e Univerfidade de Coim-
bra. Franckenau Bib. Hifp. Geneal. Herald.
pag. 143. n. 475. virum lingua Greca, an-
tiqtdtatum, Juriumque doãijfimum, ac Poeta-
rum Eufttanorum, fi Ludovicum Camonium ex-
cipias, Corypheum. As fuás Poefias fc pu-
blicarão com efte titulo.
Obras do Doutor Francifco de Sá de Mi-
randa que M. S. fe conferva na Bib.
Real de ParÍ2 num. 8292. como efcreve
Montfaucon Bib. Biblioth. nova Tomo 2.
pag. 796. col. I. Sahiraõ impreífas a pri-
meira vez Lisboa por Manoel de Lyra.
1595. 4. Novamente impreífas com a re-
lação da fua qualidade, e vida. Lisboa
por Vicente Alvares. 1614. 4. Nefta edi-
ção fahio com alguma diferença da pri-
meira emendada pelo original do Author,
que confervava em feu poder D. Fer-
nando Cores Sotomayor morador em Sal-
vaterra de Galiza, e cazado com huma
Neta de Francifco de Sá de Miranda,
que eftimou tanto efte original, que quiz
que entraífe como peça de grande valor
em o dote que recebeo. Sahio terceira
vez impreífo Lisboa por Pedro Craesbceck
1632. 32. e quarta vez ibi por António Ley-
te Pereira 1677. 8.
Comedia de Vilhalpandos. Coimbra por An-
tónio de Mariz. 1560. 12.
Comedia dos Eflrangeiros. Coimbra por Joaõ
de Barreira. 1569. 8. Foraõ mandadas im-
primir por ordem do Cardial D. Henrique,
que varias vezes as mandou reprezentar em
fua prezença. De ambas vimos hum exem-
plar, fahindo a primeira fegunda vez im-
preíTa com as mais obras poéticas. Lisboa
por Manoel de Lyra. 1595. 4- c ambas Lis-
boa por Vicente Alvares. 1622. 4.
Satyras. Porto por Joaõ Rodrigues
1626. 8.
No Cancioneiro Geral de Garcia de Ke-
^ende. Lisboa por Hermaõ de Cam-
pos. 15 16. foi. eftaõ duas Glofas a foi.
109.
No Cancioneiro de que foy Colleôor
Pedro Ribeiro no anno de 1577. c fc
conferva na Bibliotheca do Cardial de Sou-
fa, que hoje poífue o Excellentiífimo Du-
que de Lafocns, eftaõ duas Elegias. Huma
começa.
O' bom Jefu, e por que me naõ vejo.
Outra
L USITANA.
255
A Magdalena o feu efpofo bufca.
Vida de Santa Maria Egvpciaca. M. S. ef-
crita em Redondilhas, que fe guarda na Li-
vraria do Excellentiflimo Conde de Redon-
do, e acaba com efta copla
A. Deos Leyfor a mais ver
Porque ainda aveis de ver mais:
Mas da Angélica mulher
Admiração dos mortais
NaÕ foube mais efcrever.
P. FRANaSCO SALGUEIRO natural
da adade de Tangere íituada na Regiaõ de
Africa donde paíTando com feus Pays Ma-
theus Salgueiro, e Igne2 da Coíla a Portu-
gal afeiçoado ao IníHtuto da Companhia de
JESUS recebeo a Roupeta em o Collegio
de Évora a 12. de Julho de 1676. Apren-
deo as fdencias amenas, e feveras em taõ
douta paleftra para depois as eníinar com
grande applaufo do feu nome de que fo-
raõ theatros os Collegios de Angra, Évora,
e Coimbra diâando letras humanas em o
primeiro, Rhetorica, e Filofofia em o Se-
gundo, e Theologia, e Sagrada Efcritura,
€m o terceiro, fendo admitido ao numero
dos Doutores em a Univeríidade de Évora
a 21. de Julho de 1704. Foy hum dos mayo-
res Letrados do feu tempo de cuja profun-
da fabedoria deu claros argumentos no tem-
po, que exercitou o lugar de Reytor do
Collegio de Santo Antaõ no anno de 1719.
Aífiílindo com fervorofo zelo na Qdade de
Faro do Reyno do Algarve aos feridos de
hum geral contagio falleceo entre elles co-
mo viâima da charidade a 17. de Setembro
de 1724. Publicou
Sermaõ das Exéquias do Serenijftmo R^ D.
Pedro II. de glorio/a memoria, que na Sè da
Cidade de Évora celebrou de Pontifical o Illuf-
trijftmo, e Reverendijftmo Senhor Arcebifpo D.
Simaõ da Gama em zi. de Janeiro de 1 707. Évora
na OHicina da Univeríidade. 1707. 4.
Fazem delle memoria Franco Imag. da
Virtud. do Noviciad. de Evor. pag, 864. & in An-
nalib. S. J. in Eufit. pag. 466. Doãor Theolo^
praclarijftmus in adverfitatibus tolerandis illufire
erat exemplum, charitate erga mi/eros, infirmos,
là" morientes omni maior cômendatione. Fonfec.
Evor. Glorio/, pag. 451.
Fr. FRANCISCO DO SALVADOR na-
ceo no lugar de S. Bento da Várzea Couto
do Convento de Villar de Frades no Ter-
mo de Barcellos, e foy filho de Manoel
Carvalho, e Anna Ferreira Lavradores hon-
rados, e bem procedidos. Com igual appli-
caçaõ que emolumento aprendeo a lingua
Latina em que íahio muito perito. Abra-
çou o Inftituto Seráfico no Convento de S.
Francifco de Santarém onde eíhidou Filo-
fofia, e no Collegio de S. Boaventura de
Coimbra Theologia, e em huma, e outra
Faculdade moftrou, que tinha talento, mas
preferindo a fdencia dos Santos à das Ef-
cholas praéHcou com grande exacçaõ as vir-
tudes religiofas. Dormia pouco, trabalhava
muito, orava com fummo fervor deítíllando
dos olhos copiofas lagrimas todas as vezes,
que ouvia fallar nas Chagas do Redemptor.
Era o primeiro, que entrava no Coro à
meya noute, e paíTando três horas depois de
Matinas fe levantava para chorar os feus
peccados, e confiderar na conta, que havia
de dar no Tribunal Divino. Foy Comiífa-
rio dos Terceiros da Qdade de Leyria, e
da Villa de Guimaraens donde veyo a fer
fubítituto defte miniilerio na Corte de Lis-
boa do Venerável Fr. Domingos da Cruz
o qual exercitou pelo efpaço de defefeis an-
nos com geral aceitação. Ao feu fervorofo
zelo, e aétiva diligencia fe devem as Fimda-
çoens do Recolhimento de Santa Izabel da
Villa de Guimaraens no fitío de Vai de Do-
nas, e o Recolhimento da Madre de Deos,
que hoje he Mofteiro da primeira Regra de
Santa Clara em a mefma Villa. Com animo
imperturbável tolerou diverfas contradiçoens,
que fe armarão contra taõ fagrado intento
valendofe da fua profunda humildade, e re-
fignaçaõ na vontade Divina para vencer to-
das as dificuldades. Perfuadido dos Médi-
cos, que uzaííe de algum reparo em os
pès, que tinha muito inchados nunca fe
abfteve da auHeridade, que praéticara por
todo o difcurfo da vida, que rendeo nas
mãos do feu Creador a 15. de Setem-
bro de 1710. em o Convento de Guima-
raens quando contava 81. annos de ida-
de. Delle faz larga, e honorifica memo-
ria Fr. Fernando da Soledade. Hiji. Seraf. da
k
256
BIB LIO THE CA
Prov. de Portug. Part. 5. liv. 4. cap. 35.
c 36. Compoz
Memoria do principio, e fuás circmftan-
àas, que teve o Recolhimento de Santa Isa-
bel dejla Villa de Guimaraens em que efii-
veraõ as Irmãos Beatas Capuchinhos, que
vivem em perpetua claujura voluntária guar-
dando à ri/ca a Regra da Terceira Ordem
do N. P. S. Franci/co, e feguindo quanto
lhe he pojfwel o modo de vida que obfer-
vaõ as Keligiofas da primeira Kegra de Santa
Clara. M. S. Conferva-fe na Bibliotheca do
Real Convento de S. Francifco da Cidade.
Defcreve-fe fummariamente a vida, e morte
das Veneráveis Irmãas Maria de S. Francif-
co, Paula do Efpirito Santo, e Catherina
das Chagas, e a Fundação do Mofteiro do
fegundo Recolhimento da Madre de Deos,
que hoje he Mofteiro da primeira Regra de
Santa Clara.
Fr. FRANCISCO SANCHES natural de
Lisboa Monge profeflb da Illuftre Or-
dem de S. Bento cujo Habito recebeo
em o Convento de Santa Maria de Mon-
ferrate em o Principado de Catalunha das
mãos do Abbade Fr. Filippe de S. Tia-
go. Depois de efliidar as fciencias efcho-
laflicas em que fahio muito perito fe apli-
cou com particular difvelo à liçaõ da Sa-
grada Efcritura, e tal foy o progreflb que
fez o feu penetrante engenho nefte género
de eftudo, que efcreveo fete Tomos dos
quaes fomente vio a lu2 publica o feguinte
In Ecclejiajlen Cõmentarium cum Concor-
da vulgata editionis, eb* Hebraici Textus. Bar-
cinone apud Sebaftianum Mathevat. 1619. 4.
Defta obra, como do Author fe lem-
bra Joan. Halleuord. Bib. Curiof. pag. 89.
col. 2. Jacob, le Long. Bib. Sacra pag.
mihi 944. col. 2. Guilielm. Croweus. EJench.
Script. in Sacr. Script. e Fr. Gregório
Argaes Perla de Catalunha pag. 450. §.
107.
FRANCISCO SANCHES natural da Au-
gufta Gdade de Braga donde paíTando com
feu Pay António Sanches infigne profeíTor
da Medicina a França alcançou grandes cf-
timaçoens pelo feu raro talento, e profunda
efpeculaçaõ na Faculdade Medica. Havendo
girado por Itália, e aíTiftido por algum
tempo em Roma fe reftituhio a França,
e na Univeríidadc de Mompilher foy Ca-
thedratico de Medicina quando contava a
florente idade de vinte e quatro annos.
Defta Gdade fe tràsferio para a de To-
lo2a onde paíTou o reflantc da vida, que
acabou em idade de 70. annos tendo dic-
tado 25. annos Filofofia, e 11. Medicina,
de cujas Faculdades fc publicarão as fc-
guintes obras pofthumas, por deligenda
de feus filhos Dionifio, e Guilherme San-
ches.
Opera Medica. Tolofae apud Petrum Bofch.
1636. 4. Comprehendem eftes Tratados. De
morbis internis libri III. De Febribus, e^ ea-
rum Symptomatis lib. II. De Venenatis om-
nibus cum Jignis, €>* remediis liber. De Pur-
gatione liber Jingularis. De Phlebothomia lib.
I. De locis in homine liber. i. in quo phar-
macopari docentur reãam applicandorum Topi-
corum medicamentorum methodum. Objervatio-
nes in Praxi. De Formulis prafcribendi medi-
camenta ad Tyrones Médicos. Pharmacopeia li-
ber III. feu brevis, ó^ compensaria pracep-
torum qua tyronibus Pharmacia conveniunt, col-
leãio tribus libris divifa, quorum prima eft
de eleHtone medicamentorum. 2. de prapara-
tione medicamentorum, <& fimplicibus purgan-
tibus. 3. de Compojitione medicamentorum. De
Theriaca, <& Pharmacopaos liber i. jExa-
men Opiatarum, Syroporum, Pillularum, e^
Eleãauriorum Jolidorum liber IV. In librum
Galeni de Pulfibus ad Tyrones Cõmentarii.
In ejufdem librum de differentiis morborum
Cõmentarii. In librum III. Galeni de Criji-
bus Cõmentarii. Cenfura in Hypocratis opera
omnia.
Summa Anatómica in qua breviter orniáum
corporum principium, Jitus, numerus fubJUmtia,
ufus, ^ figf^ra continetur ex Galeno, c^ Ambva
Vejfallo colleãa. Addita funt etiam annotationes
quibus Columbi, ^ Fallopii repufftantia cum
Galeno, cÍT Vejfallo opinamenta recenfentur.
De multam nobili, t& utili fctentia qmd
nihil Jcitur, deque litterarum pereuntium agp-
ne, ejus que caufis. Lugduni apud An-
tonium Gryphium 1581. 4. Francofiirti
I
L USITAN A.
257
apud Joannem Bememm 161 8. 8. & Reto-
rodami. 1649. 12. Neíla obra eílaõ no fim
os feguintes Tratados.
De Longi/udifte, éf brevitate vita.
In lib. Arifiotelis Phyjiognomicon Comment.
De divinatione per Jomnum ad Arifiotelem.
De Interpretandis Autorihus. Antuerpiíe
apud Plantinum. 1582. 8.
'Erotemata fuper Geométricas Ejiclidis demõj-
trationes ad Chrifiophorum Clavium armo 1627.
A repofta que fez efte grande ProfeíTor
da Mathematica naõ fatisfez à eficácia
dos argumentos do noíTo Frandfco San-
ches.
Difcurfo fobre o Cometa, que apareceo no
armo de 1377. Defta obra faz mençaõ feu
difcipulo Raymundo DelaíTo.
FRANaSCO SANCHES DE GVSTI-
LHO natural da Qdade da Guarda, e
Prior da Igreja de S. Tiago de Aíarvaõ
do Bifpado de Portalegre donde foy pro-
movido pelo Pontífice no tempo, que af-
fiílio na Cúria Romana à Abbadia das
duas Igrejas em o Bifpado de Lamego,
que governou com zelo. Morreo no an-
no de 1558. Tinha prompto para a Im-
preíTaõ
Diãionarium iMJitanum, & Latínum. foi.
P. FRANaSCO DE SANDE natural
da Villa de Veyros do Bifpado de El-
vas em a Provinda do Alentejo onde
fendo vigilantemente educado por feus no-
bres Pays Martim Figueira Pereira, e D.
Leonor Vaz deixou a fua amável cõpa-
nhia para íe aliftar em outra mais Sa-
grada, que foy a de JESUS recebendo a
Roupeta no Collegio de Évora em o i. de
Janeiro de 1676. Nefla Univerfidade fe inf-
truio com as letras humanas, e fagradas,
que depois diâou com grande applaufo che-
gando à Cadeira de Prima de Theologia em
que fe doutorou a 31. de Outubro de 1706.
Foy Qualificador do Santo Officio, Exami-
nador Synodal do Arcebifpado de Évora,
e Cancellario da Univerfidade onde falleceo
a II. de Dezembro de 1726. Compoz com
bom methodo
Candidatus Eborenjis ad Lauream Tbeoloff-
cam injlruãus. Injlruãionis tomus primus pro
prima tentativa, aÍT primo principio de Deo
Trino, Sciente, Auxiliante, & Pradejlinante.
Eboras ex Typographia AcademiíE. 1726. foi.
Cãdidatus Ehorenfis ad luouream Tbeolo^-
cam infirtiãus. Tomus ordine quartus pro Henri-
quiana ad Theoloffam Moralem, <& quodlibeti-
cas quaftiones. Continet Sacramentorum in ge-
nere praãicam, df Jpeculativam notitiam, ^c.
Eboras ex eadem Typog. 1726. foi.
Deixou prompto para a Impreílaõ
'Pbilofopbia. 3. Tom.
Theologia. i. Tom.
Faz mençaõ delle o P. Frandfco da Fon-
feca Evor. Glorio/, pag. 431.
Fr. FRANQSCO DO SANTÍSSIMO SA-
CRAMENTO chamado no Século Frandf-
co Teixeira naceo em Lisboa a 4. de
Outubro de 16 10. Foy filho de Frandfco
Teixeira, e Francifca Serrãa abundantes dos
bens da fortima. Applicado ao eíbido da
Gramática fe diítinguio em breve tempo
de todos os Condifcipulos por fer^ or-
nado de entendimento claro, engenho ^agu-
do, e feliz memoria. O Pay atendendo
mais ao augmento do feu cabedal, que
ao progreíTo, que o filho fazia no eíhido
para que fe indulbiaíre nos intereííes da
mercancia o mandou a Sevilha ajuftar hu-
ma larga conta, que tinha com hum feu
Correfpondente, e conduida eíta incumbên-
cia como da fua adividade fe efperava ref-
tituindo-fe à pátria refolveo defprezar as ri-
quezas patrimoniaes, e abraçar o fagrado, e
auílero Inftituto dos Carmelitas Defcalfos,
que profeíTou no Convento de N. Senhora
dos Remédios defta Corte a 15. de Outu-
bro de 1629. confagrado ao culto da fua
Semfica I^Iatriarcha Santa Thereza. Apren-
deo Filofofia no CoUegio de Figueiró fen-
do feu Meftre Fr. Belchior de Santa An-
na primeiro Chronifta defta Provinda em
cujo lugar foy depois nomeado a 30. de
Janeiro de 1665. e em Coimbra eftudou
Theologia fahindo em ambas as Faculdades
capaz de as didar, fe a grave prudenda
de que era ornado o naõ habilitara para
adminiftrar os lugares de Procurador Ge-
ral em Lisboa por nove annos. Prior dos
17
258
BIB LIO THE C A
Conventos de Adolhalvo, Santarém, e Lis-
boa dous triénios, e duas vezes Provincial
rccufando o Generalato offerecido pelos Gre-
miaes por haver aíTiftido com authoridade
graviíTima a féis Capitulos Gcraes como Pro-
vincial, e Sócio defta Provincia. Mereceo
particulares eftimaçoens do G^nde de Caf-
tello-Melhor Luiz de Vafconcellos, e Souza
Efcrivaõ da Puridade, e primeiro Miniílro
delRey D. AfFonfo VI. confiando da fua
prudente direção, e maduro confelho os
mayores negócios defta Monarchia. Pela fua
induftria confeguio grandes créditos à Pro-
vincia de que era benemérito filho fendo
os principaes, que a Univerfidade de Coim-
bra fizeíTe Preftito em dia de Santa The-
reza, impedir que fe derrubafle o Convento
do Porto para no feu fitio fe levantar hum
Forte, e fer Author das Fundaçoens dos
Conventos de Santarém, e das Religiofas da
Conceição dos Cardaes nefta Corte. Foy exem-
plariffimo na obfervancia regular com tal
cxceíTo, que ouvindo tocar o íino para a
Oraçaõ fe defpedia promptamente das pef-
foas com quem eftava fallando ainda que
foíTem da primeira Jerarchia. DiíTimulava os
aggravos próprios, e encobria os defeitos
alheos. Todo o tempo, que lhe reftava das
obrigaçoens de Religiofo o empregava na
liçaõ dos livros. Sobre alguns achaques, que
padeceo pelo efpaço da fua vida lhe fobre-
veyo huma febre catarral, que o obrigou a
receber os Sacramentos atè que com os
olhos fixos em Chrifto Crucificado lhe en-
tregou o efpirito a 12. de Julho de 1689.
quando contava 80. annos de idade, e 62.
de Habito. Compoz
Epííome único da dignidade do grande; e
mayor Minijlro da Puridade, e da fua muita
antiguidade, e excellencia. Lisboa por Joaõ
da Cofta. 1666. 4. Dedicado ao Excellentif-
fimo Senhor Luiz de Vafconcellos, e Sou-
za Conde de Caftello- Melhor Efcrivaõ, c
mayor Miniftro da Puridade delRey D. Af-
fonfo VL &c. A efte livro intitula doutij-
Jimo o Beneficiado Francifco Leitaõ Ferreira.
Mem. Chronolog. da Univ. de Coimbra, pag.
406.
Nobiliário das Familias defte Reyno, e
fora delle. foi. 5. vol. grandes, os quaes
por fua morte com beneplácito do Geral
Fr. Affonfo da Madre de Deos, do Provin-
cial defta Provincia Fr. Joaõ Bautifta, e de
Fr. Manoel da Cruz Prior do Convento dos
Remédios defta Corte fe entregarão ao
Eminentiffimo Cardeal de Lcncaftro com
protefto de naõ fahirem do feu jxxler,
e fomente para o archivo do Tribunal
do Santo Officio.
Arvore Genealógica da Cav^a dos Marque-
v^es de Ni:(a. Arvore da Familia dos Meneses
da linha dos Condes da Ericeira. Deftas duas
obras faz memoria o P. D. António Cae-
tano de Soufa Apparat. à Hijl. Geneal. da
Caf. Keal de Portug. pag. 128. §. 147. dizen-
do. Foy no feu tempo havido por hum dos
grandes Genealógicos, e com grande eflimaçaÕ na
Corte.
Carta politica efcrita ao Conde de Caftello-
-Melhor Privado delRej D. Affonfo VI. de
Portugal. Começa. NaÕ fe pôde. Senhor, negar
a natural fympathia aos Afhros. Acaba. Tudo
para gloria de Portugal, e admiração do mundo,
idea dos vindouros, credito do feu Kej, honra da
fttó pátria, major luftre do feu fangue. 4. M. S.
Confta de 222. paginas. Sem o nome do
Author.
Defenforio Apologético da exijlencia do Mo-
nochato EJiano continuado jure hareditario defde
Elias feu Fundador atè o prev^ente Século, e re-
pojia às objeçoens frívolas por impugjtarem a
verdade eflabelecida com a doutrina dos Santos
Padres, fundada na Efcrítura Santa, authorida-
de Pontifícia, univerfal fentimento, e approvaçaõ
dos Doutores ajftm Clafftcos, como hifioricos, e
geral tradição confiante de feculos immemoraveis.
foi. M. S.
Mifcellanea de Tratados Moraes, e Hif-
toricos, Genealoffcos, e Epifiologicos. foi.
M. S.
Myfticos dos Senhores Rçyx de Portugal re-
copilados, foi. M. S.
Fragmentos Hifioricos. foi. M. S.
Varíos pareceres fobre materías Genealógicas.
foi. M. S.
Jardim de Portugal, vida de Santas Por-
tuguev^as, mulheres illujires, e virtuofas. foi.
M. S.
Dos Ricos homens, e mais peJftMS notá-
veis, qiu floreceraõ em Hefpanha depois de
L USITANA.
259
i
fua KeJiauraçaÕ, referindo Jó as pejfoas, qua-
lidades, e dignidades, que tiveraõ, e os Sé-
culos em que vweraõ, e mais notahilidades,
que os celebrarão. Ordenado pelas letras do
A. B. C. 4. M. S.
Fr. FRANCISCO DOS SANTOS natu-
ral da Villa de Setúbal, e ReUgiofo Profeflb
da Ordem Seráfica em a Provinda da ^Ma-
dre de Deos em a índia Oriental onde pela
fua conhedda prudenda exerdtou os luga-
res de Prefidente, e Meílre dos Noviços no
Convento da Madre de Deos de Goa no
anno de 1643. e de Definidor em o anno
de 1646. No tempo que governava o Ef-
tado o Vice-Rey D. Miguel de Noronha
Conde de Linhares fuccedeo o laítímofo nau-
frágio da Nào S. Gonçalo de que era Ca-
pitão Femaõ Lobo de Menezes em a Bahia
chamada Fermofa junto do Cabo da Boa
Efperança no anno de 1632. cujo fucceíTo
efcreveo com eíle titulo
Kela^aÕ diária da viagem, que fev^ em a Náo
S. Gonçalo, e de como infauftamente fe perdeo.
M. S. 4.
Da obra, como do Author faz memoria Fa-
ria Afia Portug. Tom. 3. Part. 4. cap. 8. n. 17.
FRANQSCO DOS SANTOS natural de
Lisboa filho de Rafael dos Santos Meftre da
Carreira da índia, e de fua mulher Maria
Varella. ERudou letras humanas no Colle-
gio Pátrio de Santo Antaõ fendo Condifd-
pulo do Licendado Joaõ Franco Barreto,
como efcreve na Bib. Ljífit. M. S. Deixan-
do as efcolas fe applicou à fabrica dos Na-
vios, e fahio nella taõ perito, que foy Mef-
tre na Ribeira onde fe fabricaõ. Para inf-
truir perfeitamente aos que quizeíTem exer-
dtar efta arte efcreveo hum livro grande
de folha, que intitulou
Renautica.
Nelle reprefenta em varias eílampas a fa-
brica de hum Navio com todas as partes
de que fe compõem, e os nomes de cada
pao, e os quintaes de pregos, que leva,
como também o linho, eftopa, breu, azeite,
alcatrão, chumbo, e todos os mais mate-
riaes neceíTarios para a fua conílrucçaõ. Ul-
timamente debuxou em cada folha os re-
tratos dos Vedores da Fazenda da diftribui-
çaõ dos Armazéns, que ferviraõ defde a
Aclamação do Sereniffimo Rey D. Joaõ o
IV. a quem dedicou efte hvro, que mandou
collocar na fua Real Bibliotheca.
FRANCISCO SARAIVA natural de Bra-
ga, infigne profeíTor de Medicina cuja Arte
praéHcou com grande feliddade, e naõ me-
nor fdencia em a fua Pátria. Efcreveo
Difcurfo Jobre a incorruptibilidade do cor-
po do Arcebifpo de Braga D. Lourenço Vi-
cente, que morrendo no anno de 1397.^0^ acljado
incorrupto a 4. de Julho de 1663.
Defta obra, e feu Author fe lembra o
Licenciado Jorge Cardofo Agiol. Lufit.
Tom. 3. pag. 542. no Cõment. de 4.
de Jimho letr. L. onde lhe chanu Medico
perito.
FRANQSCO SARAIVA DE SOUZA
natxiral da Villa de Trancofo do Bifpado
de Vifeu em a Provinda da Beira. Appli-
cou-fe em a Univerfidade de Coimbra à Fa-
culdade dos Sagrados Cânones em que re-
cebeo o grào de Licenciado. A fua Litte-
ratura acompanhada de procedimento incul-
pável o fez digno de fer Parocho de N.
Senhora dos Martyres de Lisboa, e Con-
feíTor das Religiofas do Seráfico Convento
de Santa Martha da mefma Qdade. Foy
muito veríado na Theologia Myílica, e na
lição dos Santos Padres. Compoz
Báculo Pafioral de flores de exemplos colhi-
dos de varia, e authentica bifioria ejpiritual Jo-
bre a doutrina Cbriftãa. Dedicado ao SereniJJimo
Senhor D. Theodojio II. defte mme Duque de
Bragança. Lisboa por Pedro Craesbeeck.
1624. 4. & ibi por Henrique Valente de
Oliveira. 1657. 4* Acrecentado com o Auto
de Contrição compofto |X)r Fr. Francifco de
Azevedo Cõmiílario da Ordem Terceira do
Carmo, e com a Hiftoria do Purgatório de
S. Patrido. Lisboa por António Rodrigues
de Abreu. 1676. 4. & ibi por Joaõ Gal-
raõ. 1682. 4. & ibi pdo dito ImpreíTor-
1690. 4. & ibi por António Pedrozo Galraõ.
1698. 4. & ibi pelo dito ImpreíTor. 1708.
e 1719. 4.
2Ó0
BIBLIO THECA
Parte fegunda. Lisboa por António Pe-
drozo Galraõ. 1708. 4.
Soneto em applaufo de Ga/par Pinto Corrêa
Author do Livro intitulado luiayma LjíJí-
tanorum. ImpreíTo no principio deíla obra.
UlyíTipone apud Petrum Crasbeeck. 161 3. 8.
FRANaSCO DE SERQUEIRA natu-
ral da Villa de Amarante Cavalleiro Pro-
feflb da Ordem Militar de S. Tiago fi-
lho de Miguel Q)rrea, e Pay do Dou-
tor Gafpar Serqueira Coelho de quem fe
fará mençaõ em feu lugar. Eftudou as
Leys Imperiaes, e os Cânones Eccleíiaf-
ticos nas celebres Univeríidades de Sala-
manca, e Pariz, onde recebeo o grào de
Doutor em ambas eftas Faculdades. Foy in-
figne Poeta affim Latino como vulgar, mui-
to inclinado à Mufica, que pradtícou com
fumma perfeição, e tocou vários inftrumen-
tos com igual deílreza, que confonancia.
PaíTou á índia, e depois de fe diílinguir em
diverfos combates com os inimigos do Ef-
tado, morreo deixando do feu nome glo-
riofa memoria. Compoz, e reduzio a hum
volume
Poejias varias. M. S. 4.
Fr. FRANCISCO DA SILVA naceo no
lugar da Telha do Patriarchado de Lisboa
no anno de 1583. fendo filho de Pedro Cor-
rêa da Sylva, e D. Antónia Jozefa de Mi-
randa de igual nobreza à de feu Conforte.
Na florente idade da adolefcencia deixou as
delicias da Cafa paterna, e fe recolheo ao
Clauftro do Convento do Carmo cujo Inf-
tituto profeíTou a 5. de Outubro de 1603.
Sahindo confumado nas fciencias efcolaíU-
cas as diftou no CoUegio de Coimbra, e
Convento de Lisboa com grande credito
do feu magifterio, e na Univerfidade de Évo-
ra fe graduou Doutor na Faculdade Theo-
logica a 19. de Mayo de 1624. fendo o pri-
meiro Regular, que nefta Academia, exce-
tuando os Padres Jefuitas, recebeo as infi-
gnias doutoracs. Foy taõ grande Pregador,
como profundo Theologo, naõ havendo Jun-
ta de Letrados para decifaõ de matérias gra-
viífimas à qual naõ foíTe chamado por fcr
fempre o feu voto regulado pelos diâames
de huma conciencia timorata. Entre a feve-
ridade dos eftudos mayores cultivou os Cam-
pos do Parnaíío fendo hum dos Poetas mais
difcretos do feu tempo, e como tal o louva
Jacinto Cordeiro EJog. dos Poet. Ijifit. Ef-
tanc. yi.
"Pray Franâfco da Sylva illufire enfena
Quando con pico de oro el gujlo amaga
Que a muchos Cifnes con rafon defdena
Y a muchos gujlos eloquente paga.
Que humano entendimiento nò de/pena
Si en divinos conceptos nos propaga
Copias de injigne Jangre en los cõceptos
Rayo de admiracion para difcretos.
Nos lugares, que occupou na Religião deu
claros argumentos da prudência do juizo,
e magnificência de animo, pois fendo ele5rto
Prior do Convento de Lisboa em 2. de
Fevereiro de 1625. mandou lagear a Capella
mòr, e plantar o jardim, que orna ao Clauf-
tro. Em 13. de Mayo de 1628. fubio ao lu-
gar de Provincial, e chegando nefte tempo
a noticia de eftar Canonizado pela Santidade
de Urbano VIIL Santo André Corfini Bif-
po de Fefoli a celebrou com as demonf-
traçoens de pompa da qual ainda perma-
nece a memoria. Quando os feus mereci-
mentos eraõ acredores de grandes dignida-
des falleceo de huma enfermidade maligna
a 12. de Agofto de 1633. com 49. annos,
e 8. mezes de idade. Na fua fepultura fe
lhe gravou efte Epitáfio
Aqui jav^ o M. R. P. M. Fr. Francifco
da Sylva Prior, que foy defle Convento, e Pro-
vincial defla Provinda, Keligiofo em feus tempos
infixe em 'Letras, e Púlpito. Falleceo em 12.
de Agojlo de 1633.
Deixou promptos para a Imprcflaõ
Sermoens vários. Confta de Domingas do
Advento, Quarefma, e outros aíTumptos Pa-
negyricos. Confervaõ-fe na Livraria do
Convento de Lisboa.
Delle fazem memoria Carvalho Corog. Por-
tug. Tom. 3. liv. 2. Trat. 8. cap. 47. pag. 632. c
Fr. Manoel de Sà Mem. Hijl. dos Efcrit. do Carm.
da Prov. de Portug. pag. 166. n. 236. até 241.
FRANCISCO DA SYLVA natural da
Gdade de Bragança em a Provinda
L usitana:
261
Tranfmontana igualmente douto na liçaõdos
Filofofos antigos, e Santos Padres, como nas
difdplinas mathematicas. Efcreveo
Opujculo da Infanda, e puerícia dos Prin-
àpes. Lisboa por Paulo Craesbeeck. 1644. 4.
He louvado por D. Franc. Man. Carta dos
AA. Portug. e Joaõ Soar. de Brito Tbeatr.
Lufit. LJtter. lit. F. n. 81.
FRANaSCO DA SYLVEIRA Coudel
mòr, e Claveiro da Ordem Militar de Qirif-
to. Senhor da Cafa de Sarzedas, e do G^n-
felho delRey D. Joaõ o IH. filho de Fer-
não da Sylveira Senhor de Sarzedas, e Re-
gedor da Cafa da Supplicaçaõ, e de D. Iza-
bel Henriques filha de D. Fernando Hen-
riques Senhor das Alcáçovas, e D. Branca
de Souza. Foy verfado em todo o género
de erudição principalmente na Poefia he-
róica, e lyrica deixando muita copia de ver-
fos taõ elegantes, como conceituofos, dos
quaes fe publicarão alguns no Cancioneiro
de Garcia de Refende impreíTo em Lisboa
por Herman de Campos 15 16. a foi. 2.
4. 7. 87. 88. 157. verf. 162. verf. atè 168.
Militou na índia com grande fama de vale-
rofo fendo Capitão de Chaul, Dio, e So-
fala. Foy cazado com D. Margarida de No-
ronha filha de D. Joaõ de Noronha o dentes,
e de D. Joanna de Caílro herdeira do Con-
dado de Monfanto. Delle faz memoria D.
Luiz de Salazar e Caibro Hijl. Geneal. de la
Cas^a de Sylv. liv. 9. cap. 4. n. 18.
P. FRANCISCO SOARES chamado no
Século Frandfco Soares de Alarcão teve
por Pátria a Villa de Torres Vedras do
Patriarchado de Lisboa, e por Progenitores
a Joaõ Soares de Alarcão, e MeUo fet-
timo Alcayde mòr de Torres Vedras, Se-
nhor deíb. Cafa, e de Villa de Rey, Meítre
Sala da Cafa Real, Comendador de S. Pe-
dro de Torres Vedras da Ordem de
Chrifto, e a D. Izabel de Caibro, e Vi-
lhena, irmãa de D. Jorge Mafcarenhas pri-
meiro Marquez de Montalvão. Ainda naõ
tinha completos quatorze annos quando com
refoluçaõ mayor, que a idade recebeo a
Roupeta da Companhia de JESUS na Cafa
ProfeíTa de S. Roque a 5. de Fevereiro de
16 19. Pela intempeíUva morte de feu ir-
mão mais velho D. Martinho Soares de
Alarcão fuccedida em Tange re no anno de
1623. fuccedeo no opulento Senhorio da
fua Cafa, e pofto que foy importunado com
repetidas inflancias para que deixando a Re-
ligião vieíTe adminiílrar taõ nobre patrimó-
nio o defprezou heroicamente nomeando pa-
ra SucceíTor delle a feu irmaõ menor Joaõ
Soares de Alarcão, que foy Marquez do
Trocifal, e Conde de Torres Vedras. Apren-
deo as letras humanas no Collegio de Coim-
bra em que tanto fe diftinguio o feu vivo
engenho, ou folTe no eítílo Poético, ou Ora-
tório, que fempre alcançou o primeiro pre-
mio entre os feus Competidores. Quando
diâou Humanidades no Collegio de Lisboa
defendeo duas celebres Conclufoens fendo
o aííumpto das primeiras Septem orhis mira-
cula, e das fegxmdas Novem Roma Heroes,
que lhe conciliarão naõ pequeno applaufo
pelo artificio com que eílavaõ cõpoftas. Naõ
foy menor o progreífo, que a fua compre-
henfaõ fez nas fdencias feveras lendo Filo-
fofia, e Theologia atè jubilar na Cadeira de
Prima em o Collegio de Coimbra, onde os
Cathedraticos da Univerfidade ProfeíTores da
Jurifprudenda Canónica, e Qvil fe admiravaõ
da promptidaõ com que repetia qualquer texto,
que lhe opunhaõ. Nos aftos litterarios nunca
tranfcendeo os Limites da modeília, antes
quando era infultado por algum arguente in-
difcreto fempre confervou o animo inalte-
rável. Depois de illuíbar a Coimbra com as
fuás letras paííou à Univerfidade de Évora a
fer Lente de Prima onde recebeo o grào de
Doutor a 6. de Junho de 165 5. e foy Qualifica-
dor do Santo Officio. Duas vezes eíleve prezo
por fofpeita de inconfidência procedida de feu
irmaõ ter paíTado para Caílella com outros
Fidalgos no tempo, que Portugal aclamou
por feu legitimo Soberano a ElRey D. Joaõ
o rV. e de ambas eftas duas occafioens fahio
mais purificada a fua innocencia, e manifeíla
a fua fidelidade. Foy ornado de todas as vir-
tudes religiofas fendo humilde, compaíTivo,
modefto, penitente, e charitativo. Supplicou
com repetidas inflancias ao Geral Mucio
202
BIB LIO THE CA
Vitellefchi a faculdade para pregar as ver-
dades Evangélicas em o Japaõ, de cuja fup-
plica nunca alcançou o dezejado defpacho.
Ao tempo que era Reytor do CoUegio de
Évora ordenou a SereniíTima Raynha Regen-
te D. Luiza Francifca de Gufmaõ, que os
Eíhidantes daquella Univerfidade foflem pre-
íidiar a Praça de Jurumenha por fer pre-
cifo foccorrer Elvas, que eftava reduzida ao
ultímo perigo pelas armas Caftelhanas. Re-
folveo-fe no Clauftro da Univerfidade, que
acompanhafle o Reytor aos Eftudantes, o
qual chegando a Jurumenha recebeo a feliz
noticia de eftar libertada Elvas com igual
gloria dos Portuguezes, que fatal deftroço
dos Caílelhanos. Depois de ter entrado nef-
ta Cidade para applaudir taõ infigne vitoria,
voltou para Jurumenha onde a tempo, que
eftava aíTiftindo a hum enfermo com os Pa-
dres Diogo de Alfaya Lente da Univer-
fidade, e Diogo Cardofo foraõ arrebatados
com cem Eftudantes pela violência do fogo,
que cafualmente fe ateou em huns barriz
de pólvora, que eftavaõ em huma cafa infe-
rior do Governador da Praça, cuja laftimofa
fatalidade fuccedeo a 19. de Janeiro de 1659.
Entre os eftragos, que fez o incêndio, foy
achado hum fragmento do corpo do P.
Francifco Soares conhecido pelo finete do
lugar de Reytor, que tinha em a algibei-
ra, onde também fe viraõ o cilicio, e dif-
ciplinas com que macerava o corpo. Efte
foy o trágico fim, que teve a vida defte
Varaõ Religiofo digna certamente de mayor
duração, cuja memoria celebrarão diverfas
pennas como faõ Fr. Franc. à D. Aug. Ma-
ccd. Secmd. fent. Collat. difFer. 2. fe£l. 5.
infigni Magijlro, magío Soario, Ji vivere conti-
pffet diutius, haud impari, ut opinor, futuro.
Fr. Ant. Corrêa Vid. do V. Ant. da Cone.
Part. 3. cap. 3. de quem a Sagrada Companhia
de JESUS dignamente fe pôde gloriar. D. Franc.
Manoel Cart. dos A A. Portug. ao Dou-
tor Themudo. Francifco Soares, que nas le-
tras, como no nome he huma viva imitação
do primeiro. Bib. Societ. pag. 254. Fuit vir
omnihus plane numeris ahfolutus, clarus ge-
nere, litteris eruditus, ad gubemandum natus.
Joan. Soar. de Brit. Theatr. l^fit. Ut-
ter. lit. F. n. 77. Sed longe major viro
pietas, prudentia, ó^ morum comitas, nec minor
in adverfis conflantia. Franco Imag. da Virtud.
em o Nov. de Lisboa liv. 3. cap. 48. n. i.
Gravijftmo Padre, e Doutor Sapientijftmo, & in
Ann. Glor. S. J. in Ljifit. pag. 33. In Ma-
gifierijs- nihil ac pralarius opinio par fapientia,
ingenium, acumen, <& memoria prafiantijftma, &
in Annalib. S. J. in Ljifit. pag. 232, n. 4.
domo, an virtute illuflrior, aut certe utraque il-
lujlrijftmus : nihil in eo humile. Soar. de Alar-
cão. Kelaç. Geneal. de la Cafa de los Marq.
do Trocif. pag. 385. col. 2. Nicol. Ant, Bib.
Hifp. pag. 245. col. I. chamando-lhe por
equivocaçaõ Diogo. Fonfeca Evor. Gloriof.
pag. 431. Compoz
Curfus Philofophicus in quattuor Tomos dif-
tributus, quorum primus comprehendit L/)ffcam.
Secundus Phjficam, de Calo, Meteora, (& libros
de parvis naturalibus. Tertius de Generatione, €>•
de anima. Quartus Methaphy ficam. Conimbricac
Typis Pauli Craesbeeck. i6ji. foi. 2. Tom.
& Eborac T5^is Academix 1669. foi. 2.
Tom.
Traãatus de Panitentia. Eborac Typis Aca-
demiae 1678. foi.
De Cenfuris Ecclefiaflicis, <& Bulia Cana.
M. S. foi.
Commentaria in Primam Partem D. Tbo-
ma. M. S. foi.
Eftas duas obras eftavaõ promptas para a
ImpreíTaõ como afirmaõ a Bib. Societ. pag.
254. e Franco Imag. da Virtud. em o No-
viciad. de Lisboa, pag. 968. c 969.
FRANCISCO SOARES FEYO Medico
do partido delRey em a Univerfidade de
Coimbra, e taõ perito na praélica, como na
efpeculaçaõ defta Faculdade Compoz
Tratado do Scrubuto, a que o vulgo chama
mal de Loanda. Lisboa por Manoel Gomes
de Carvalho. 1649. 4-
Tratado de como fe devem abrir as fontes,
e da enfirmidade do bicho. Sahiraõ impreflbs
eftes Tratados no fim da KecopilaçaÕ da C,$ir-
ffa compofta por António da Cruz. Lisboa
por Manoel Carvalho. 1645. 4- & ibi por
António Craesbeeck. de Mello. 1669. 4. &
ibi por Miguel Deslandes. 1688. 4. & ibi
por Bernardo da Cofta de Carvalho. 171 1. 4.
L US ITAN A.
2Ó3
Do Author fe lembraõ Joan. Soar. de Bri-
to Tbea/r. Lufif. Utterat. lit. F. n. 78. e
D. Franc. Manoel Carta dos AA. Portug.
ao Doutor Themudo.
FRANaSCO SOARES TOSCANO na-
tural da Cidade de Évora onde fe applicou
às letras humanas, e Filofofia em que fahio
egregiamente verfado, naõ o fendo menos
em a liçaõ da Hiíloria Sagrada, e Profana
como manifefta a obra feguinte, que ef-
creveo em applaufo dos Heroes, que pro-
duzio o noíTo Reyno
Paraíielos de Príncipes, e Varoens illufires
antigos, e que muitos da noffa Na^aÕ Por-
tuguesa fe ajemelharaõ em fuás obras, ditos,
e feitos com a origem das Armas de al-
^tmas Familias defle Reyno. Dedicado a D.
Tbeodojio 11. do nome, e fetimo Duque de
Bragança. Évora por Manoel Carvalho. 1623.
4. Sahio fegimda vez impreíTo. Lisboa na
Oíficina Ferreiriana. 1755. 4. com o addita-
mento de 6c. Parallelos compoftos pelo Ex-
cellentiíTimo Conde da Ericeira D. Frandfco
Xavier de Menezes
Theatro LMJitano. Deíla obra a que fe
refere no cap. 16. 25. 39. 81. e 150.
fallando no Prologo dos Parallelos diz
eílas palavras. Quando fahir à lus^ onde
com o favor de Deos efpero fat(er bum bom
ferviço à nobreza defle Reyno apurando, e or-
denando-lbe por exemplos as coufas meus notá-
veis delle em forma, que efcu^em hufcallos nou-
tras biflorias, nem tenhaõ inveja às dos outros
Reynos da Europa.
Do feu nome fazem honorifica mençaõ
Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 368.
col. 2. Joan. Soar. de Brito Theatr. iMfit.
Utter. lit. F. n. 79. Franckenau Bib. Hifp.
Gen. Herald, pag. 146. n. 83. chamando-lhe
antiquitatum, bifloriarumque pátria fedulus in-
vefligator. e Fonfec. Bjvor. Glor. pag. 412.
D. Fr. FRANQSCO SOARES DE
VILHEGAS naceo em a Cidade de Lis-
boa fendo filho de Bernardo Drago, e
Francifca Soares de Villas-Boas. No Cõven-
to de Villa de Moura primogénito da
Provinda Carmelitana nefte Reyno rece-
bco o Habito a 22. de Outubro de 16 10.
onde profeíTou folemnemente a 24. do dito
mez do anno fegviinte. Eftimulado de naõ
fer admitido ao Curfo da Filofofia; ou im-
pellido da fortuna, que benévola o convi-
dava em Paiz eítranho deixou a Pátria, e na
Univerfidade de Alcalà eíhidou Artes donde
paflando a de Bordevx em o anno de 161 5.
fe applicou à Theologia efpeculativa com
tanto applaufo do feu nome, que recebido
o grào de Doutor a 10. de Dezembro de
1624. foy Lente de taõ fublime Faculdade,
como de Filofofia nefta florentiffima Univer-
fidade. No Capitulo celebrado em Roma a
18. de Mayo de 1625, em que fahio eleyto
Geral Fr. Gregório Canal defendeo humas
Conclufoens de Theologia Pofitiva compof-
tas fobre o primeiro, e decimo Capitulo das
Profecias de Ezechiel cuja fuftentaçaõ ad-
mirou a todos os expeâadores daqueUe aâo
litterario. Chegando à noticia da SereniíTima
Raynha de França D. Anna de Auílria a
profundidade das fuás letras o nomeou feu
Pregador no anno de 1644. cujo minifterio
como o de feu Confelheiro comfirmou p>or
Alvará expedido a 20. de Março de 1648.
o Chriítíaniírimo Monarcha Luiz XIV. Efte
Príncipe o propoz à Santidade de Innocen-
cio X. para Bifpo de Memfiz, ou graõ Cairo
fendo Sagrado em Roma no Convento do
Carmo de Santa Maria Tranfpontina a 21. de
Dezembro de 1649. pelo Eminentiflimo Car-
deal D. Juho Roma Bifpo Portuenfe. Por
mercê delRey, e faculdade do Pontífice teve
huma penfaõ de mil e quatro centas livras
Francezas no Deado de S. Martinho Turo-
nenfe. Tanto, que chegou ao feu Bifpado
o nomeou Innocencio X. Legado Apoílo-
lico na Etiópia, e depois de ter exercitado
eíle honorifico lugar com prudência, e re-
gido o Bifpado com vigilância, voltou a
Roma donde paífando a França, e renun-
ciando a dignidade Epifcopal lhe deu Luiz
o Grande huma grofla penfaõ a 18. de Abril
de 1662. em o Bifpado de Rhodes quando
a elle foy aíTumpto o lUuíbáíTimo Luiz Abely
bem conhecido pela fua grande erudição.
Tendo chegado á idade de 70. annos acabou
a vida em a Gdade de Pariz a 17. de Abril
de 1664. Jaz fepultado no meyo do Co-
ro do Convento do Carmo da mefoia
2Ó4
BIB HOTHEC A
Cidade íituado na Praça de Manbert. Fa-
zem mençaõ deíle Prelado F. Dan. à Virg.
Mar. Specul. Carmel. Tom. 2. part. 5. lib.
3. pag. 921. n. 3218. e pag. 1083. n.
3800. Cafanate Parad. Carm. Dec. Stat.
5. iEft. 18. cap. 171. p. 492. Fr. Pan-
tal. Baptiíl. Kamlbet. Efpirit. liv. 5. cap.
6. pag. 412. n. 16. Vinea Carmeli Part.
•6. cap. 7. pag. 523. n. 932. Nic. Ant.
Bih. Hifp. Tom. i. pag. 297. col. 2.
onde por equivocaçaõ o chama Fernando e
pag. 368. col. 2. Joan. Soar. de Brito
Theatr. Lufit. Utter. lit. F. n. 80. Car-
valho Corog. Portug. Tom. 3. liv. 2. Trat.
8. cap. 47. pag. 624. Fr. Manoel de Sà
Mem. Hiji. dos Hfcrit. do Carm. da Prov.
Je Portug. pag. 170. n. 242. atè 245. D.
Manoel Caet. de Souf. Cathal. Hijlor. dos
Pontif. e Bi/p. Portug. pag. 151. Compoz
Epilogus unwerfa Dialeãica quas Sumulas
vulgo dicunt. Burdigalae apud Simonem Mil-
langium. 1622. 4.
Jardin Sacre du Lauvre. Paris ches An-
toine Robinot. 1643. i^*
Oraifon fúnebre ai' augufte memoire de JLouys
Je Jujle 1}. du nom três Chrejlien Roj de F ran-
ce ç!^ de Navarre prononciè dans VEgliJe du
ff-and Convent des Carmes de Paris /<? 25. ]uin
1643. Paris por Cláudio Marette 1643. 4.
Foy mandada imprimir efta Oraçaõ por or-
dem delRey Chriílianiflimo Luiz XIV.
Myjlerij pacis <& Chriftiana concorda vo-
tiva Tabeliã Theologica adumbrati interpreta-
do, <ò'c. Romíe per Híeredes Corbelleti.
1645. 4- He huma congratulação ao Pon-
tifice Innocencio X. à paz celebrada entre
França, e Caílella fobre hum Emblema aber-
to em huma eílampa, e explicado em Profa,
« Verfo.
FRANCISCO DE SOUZA Poeta in-
íigne em o Reynado delRey D. Manoel
igualmente illuílre pelo nacimento que pe-
lo engenho efcrevendo grande copia de
Verfos dos quaes alguns fe lem impref-
fos defde folha 213. verf. atè 21 j. do
Cancioneiro geral de Garcia de Refende.
Lisboa por Herman de Campos 1516.
foi.
FRANQSCO DE SOUZA natural de
Lisboa donde paflando à Univeríidade de
Coimbra fe aplicou ao eftudo da Jurifpni-
dencia Cefarea, da qual teve por Meílre ao
celebre Cathedratico Ruy Lopes da Veiga,
que diftou efta Faculdade defde o anno de
1569. atè 1398. Com a doutrina de taõ in-
íigne Jurifconfulto fahio profundamente dou-
to nas dificuldades de hum, e outro Di-
reito por fer dotado de perfpicaz engenho,
e feliz memoria. Deixando a Pátria paíTou
a Flandes, e na Cidade de Bruxellas exer-
citou o Offido de Advogado Fifcal com
geral credito da fua litteratura atè que em
Florença onde deixou grande opinião do
feu talento acabou a vida. Nicol. Ant. Bib.
Hifp. Tom. I. pag. 366. col. i. e Joan. Soar.
de Brito Theatr. Ljíjit. Utter. lit. F. n. 73.
fazem mençaõ da obra feguinte que publicou
Repetitiones ad L. Faminam ff. de reffdlis
Júris. Ad §. Aãionum Injlit. de Aãionibus, €>*
Cõment. ad Tit. ff. de pa£iis. Antuerpiae apud
Hyeronimum VerduíTen. 161 8. foi. & ibi
apud Guillielmum de Tongris 1625. foi. &
Matriti ex Typ. Regia. 1626. Dedicado a
D. Joaõ Affonfo Pimentel Conde de Bena-
vente.
FRANQSCO DE SOUZA natural da
Cidade do Funchal Capital da Ilha da Ma-
deira, e nella Feitor delRey, muito curiofo
da liçaõ da Hiftoria, e naõ menos invefliga-
dor das Antiguidades, cfcreveo.
Tratado das Ilhas novas, e defcobrimento
delias, e outras coufas, e afft fobre a gente da
Naçaõ Portuguev^a, que eflà em huma graÕ liba,
que nella foraÕ ter no tempo da perdição de Ef-
panha, que ha tre:^entos, e tantos annos em que
reynava ElRey D. Rodrigo, e dos Portuffde^es,
que foraÕ de Viana, e das Ilhas dos Affores a
povoar a terra nova do Bacalhao vay em fetenta
annos, de que fuccedeo o que adiante fe trata,
anno do Senhor de 1570. foi. M. S. Conferva-
-fe na Bibliotheca do ExcellentiíTimo Mar-
quez de Abrantes. Começa. Ouve em tempos
antigos nas Efpanbas huma taÔ ff ande feca, ^c.
Fr. FRANCISCO DE SOUZA natu-
ral da Gdade de Faro cm o Rcyno do
L USITANA.
265
Algarve filho de Jeronymo de Souza Sar-
gento mòr da meíina Gdade, e de D. Izabel
Monteira, e irmaõ de Qiriílovaõ Peres de
Souza Secretario da Meza da G^ncienda.
Tendo profeíTado o Inftituto Seráfico em a
reformada Provinda da Piedade fe incorpo-
rou em a Obfervante de Portugal onde af-
fim no Púlpito, como na Cadeira foy admi-
rado o feu talento. Ao tempo que occupa-
va o lugar de Cuílodio da Provinda o cha-
mou o ReverendiíTimo Fr. Bernardino de
Sena para Secretario Geral da Ordem em
cujo lugar fe fez taõ eítímavel pela fua pru-
dência, e capaddade que uniformemente foy
preconizado ComiíTario Geral da Familia Cif-
montana por todos os Capitulares que ef-
tavaõ juntos para cdebrar o Capitulo Ge-
ral em ValhadoUd no anno de 1633. Po-
rém deíle lugar para o qual o habilitara o
feu merecimento o privou o artifido am-
bidofo de outro Capitxilar que nelle fahio
provido. Penetrado defte fucceíTo fe reco-
Iheo a Portugal onde foy Definidor no an-
no de 165 1. e Confeflbr, e Vigário das Re-
Ugioías do Real Mofteiro de Santa Clara
de Lisboa em o anno de 1654. O P. Fr.
Fernando da Soled. Hi^. Seraf. da Prov. de
Portug. Part. 5. liv. 3. cap. 40. lhe chama
injigne Jogeito, e que ainda hoje tem nejla Pro-
vinda glorio/a fama. Compoz
Oratio habita in Comitiis generalihus Or-
dinis Minorum celebratis Vallifoleti anno 1633.
M. S. 4.
As memorias deíle Capitulo lhe fazem o fe-
guinte Elogio. Ocupava el médio un Púlpito
donde Juntos ya todos los vocales, e ávida la
bendicion de fu Ilufirijfima grave, e eloquentemente
oro en latin el muy R. P. Fray Francifco de
Sow(a Qualificador de la Suprema, Cujlodio de
la Santa Província de Portugal y Secretario Ge-
neral de Efpaiia, la exortacion ál Capi-
tulo.
D. FRANQSCO DE SOUZA naceo em
Lisboa a 7. de Agofto de 1631. onde
foraõ feus Progenitores D. Francifco de
Souza, e D. Violante de MeUo filha her-
deira de Francifco de Faria Coelho, e
D. Violante de Mello. Foy Capitão da
Guarda Alemãa dos Monarcas D. Aflfon-
fo VI. e D. Pedro 11. Comendador de S.
Salvador da Infella, e Santa Maria de Bel-
monte na Ordem de Chrifto, Deputado da
Junta dos Três Eílados, Prefidente do Se-
nado da Camará, e da Meza da Conrienda,
e Ordens, ConfeUieiro de Eiiado, e Guerra
dos Reys D. Pedro 11. e D. Joaõ o V.
Teve afpedo gentil, juizo maduro, e difcri-
çaõ natural. Nas Academias foy ouvido
com applaufo, no Confelho de Eílado com
refpdto, e na converfaçaõ com gofto. Cul-
tivou as Mufas defde os primeiros annos
fendo as fuás producçoens métricas orna-
das de igual eleganda, que profundidade.
Foy intelligente nos idiomas Latino, Ita-
liano, e Efpanhol, e verfado na liçaõ dos
livros hiíloricos, e políticos por onde fe
conítítuhio hum dos mais venerados Cor-
tezões do feu tempo. Cazou com D. He-
lena de Portugal filha de D. Joaõ de Al-
meida o fermofo Vedor da Caza delRey D.
Joaõ o rV. e D. Violante Henriques de
quem deixou defcendenda. Falleceo em
Lisboa a 4. de Fevereiro de 171 1. com 80.
annos de idade. DeUe faz memoria o P.
D. António Caetano de Souza Apparat. à
Hijl. Gen. da Caf. Real Portug. p. 161. §.
196. e no Tom. 7. da mefma Hifi. liv. 7.
pag. 723. e António Carvalho da Cofta Ca-
rog. Portug. Tom. 3. pag. 302. Fidalgo mirf
/ciente em toda a Faculdade. Efcreveo mui-
tas Cartas dignas da luz publica que fo-
mente lograrão duas, efcrita a primeira a
Manoel de Souza Moreira em louvor do
Tbeatro Geneal. de la g-an Caf a de Sofá, que
elle compozera, e impreíTa ao prindpio def-
ta obra. A fegimda ao P. D. Rafael Blu-
teau em o principio do feu Vocabulário Por-
tuguês, e 'Latino. Das ftias Poefias fe poderá
formar hum volume de jufta grandeza fendo
entre ellas celebre aqueUe Romance, que fez
extemporaneamente quando a Sereniílima
Rainha de Portugal D. Maria Sofia Izabel
de Neoburg eílava lavando as mãos na Fon-
te da Nimfa em a Quinta de Alcântara. Co-
meçava
Fji el cryflal de una fuente
luwava Clori fus manos;
Si nò fue que los Cryfiales
En fus manos fe lavaron.
2ÓÓ
BIBLIO THE CA
P. FRANaSCO DE SOUZA natural
da Ilha de Taparica celebre pela pefcaria
das Baleas íituada três legoas defronte da
Gdade de S. Salvador da Bahia Capital da
America Portugueza. Pela viveza do enge-
nho de que logo na puerícia deo evidentes
nnaes recebeo em o Noviciado de Goa a
Roupeta de Jefuita, e paflando logo a Por-
tugal partio no anno de 1647. com outros
companheiros defte Sagrado Inítituto para
a índia onde aprendeo as fciencias amenas,
c feveras em que fahio egregiamente ver-
fado, e fe occupou no miniílerio do Púl-
pito, que lhe conciliou univerfaes applaufos.
Segunda vez voltou a eíle Reyno donde
embarcado em a Nào S. Pedro de Alcân-
tara fe reílituhio no anno de 1665. ao
Oriente. Havendo adminiílrado por alguns
annos com fervorofo zelo a Vigairaria da
Igreja de N. Senhora das Neves na Ilha
de Salfete foy Prepoíito da Cafa ProfeíTa
de Goa em cujo lugar moílrou a fumma
prudência de que era ornado, e Deputado
da Inquifiçaõ da mefma Cidade de que to-
mou poíTe a 9. de Agofto de 1700. Cheyo
de merecimentos, e annos que excediaõ de
81. falleceo no Collegio de S. Paulo de Goa
no anno de 171 3. Compoz obrigado da
obediência impofta pelo Geral o P. Tyrfo
Gonzalves.
Oriente conquijlado a Jefu Chrifto pelos 'Pa-
dres da Companhia de JESUS da Provinda
de Goa. Primeira Parte, na qual fe contem os
primeiros vinte e dous annos dejla Provinda. Lis-
boa por Valentim da Cofta Deslandes Im-
preíTor de Sua Mageílade. 1710. foi.
Oriente conquijlado, t&c. Segunda Parte na
qual fe contem o que fe obrou defde o anno de
1564. atè o anno de 1585. Lisboa pelo dito
ImpreíTor. 171 o. foi.
Oriente conquijlado, <&c. Terceira Parte.
Conferva-fe M. S. no Collegio de Santo
Antaõ defta Corte. foi.
Nefta obra fe admiraõ felizmente unidas
a clareza do methodo, a elegância do eftilo, e a
fciencia da Geografia, e Chronologia, partes
conílitutivas de huma perfeita Hiftoria mere-
cendo feu Author pela cxaéta obfervancia com
que pra£tícou os feus preceitos, fer collocado
entre a clafle dos feus mais infignes Profeííores.
D. FRANCISCO DE SOUZA Capitão
da Guarda Alemãa de Sua Mageílade, Al-
cayde mòr da Certâa, e Pedrógão, Comen-
dador de S. Salvador da Infefta, e de Santa
Maria de Belmonte da Ordem de Chrifto
naceo em Lisboa a 24. de Fevereiro de
1700. e teve por Progenitores a D. Filippe
de Souza Capitão da Guarda Alemãa del-
Rey D. Pedro II. Deputado da Junta dos
Três Eftados, e D. Catherina de Menezes
filha dos Marquezes de Alegrete Manoel
Telles da Sylva, e D. Luiza Coutinho, e
por Avò a D. Francifco de Souza, de quem
fe fez a precedente memoria. Ornado de
memoria igualmente firme, que prompta
aprendeo com fumma velocidade as linguas
Latina, Italiana, Franceza, e Efpanhola, as
quaes fallou com elegância, efcreveo com
pureza. Das letras amenas fe introdufio cm
o conhecimento das feveras alcançando pela
Geografia a noticia do Globo Terráqueo,
e pela Aílronomia a da Esfera Celeíle. Era
taõ verfado em a Chronologia, que diílin-
guia com judiciofa critica os Períodos, e
Épocas mais difficeis. Sendo admitido por
Collega da Academia Real da Hiíloria Por-
tugueza a 3. de Janeiro de 1726. para ef-
crever as Memorias Hiftoricas dos Reys D.
Pedro, e D. Fernando, e relatando em va-
rias occafioens o progreíTo, que a fua ap-
plicaçaõ fazia nefta litteraria incumbência re-
tratou com taõ decorofo eftilo o caraâer
de hum, e outro Príncipe que nem a excef-
fiva aufteridade do prímeiro parecia rigor,
nem a demafiada brandura do fegundo era
julgada por frouxidão. Foy para com Deos
rehgiofo, para os pobres compaflivo, para
os amigos fiel, e para todos afável, e ur-
bano. Depois de tolerar huma dilatada, e
penofa enfirmidade em que fofreo com ani-
mo conftante as violentas operaçoens da
Cirurgia paflbu o feu efpirito ao defcanfo
eterno a 24. de Novembro de 1723. quando
contava a florente idade de 29. annos. Foy
fepultado na Capella da fua illuftre Cafa fi-
tuada na Igreja do Convento de S. Francifco
de Xabregas. Compoz
OraçaÕ com que congratulou a Acade-
mia Real de ejlar admitido por feu Colle-
ga. Sahio no Tom. 6. da Collec. das
L USITANA.
267
Aíem. e Docum. da me/ma Acad. Lisboa por
Jozè António da Sylva. 1726. foi.
Conta dos feus efiitdos Académicos recitada
na Academia em %. de Agojio de i-jzG. Sahio
no Tom. 6. da Collec. foi.
Conta dos feus eftudos Académicos em 20.
de Novembro de 1727. Sahio no Tom. 7. da
ColIeçaÔ dos Docum. &c. Lisboa por Jozè
António da Sylva. 1727. foi.
Conta dos feus ejludos Académicos a 24. de
Março de 1729. Sahio no Tom. 9. da Col-
lec. &c. Lisboa pelo dito Impreflbr. 1729.
foi.
FRANaSCO DE SOUZA DE ALMA-
DA naceo a 3. de Outubro de 1676. em
huma Quinta de feus Pays Joaõ de Souza
da Sylva Efcrivaõ Proprietário da Chancel-
laria da Cafa de Aveiro, e D. Violante de
Noronha, e Almada, a qual eftà útuada na
Freguezia de Santa Maria Magdalena de Al-
deagavinha da Merciana Termo da Villa de
Alenquer do Patriarchado de Lisboa. En-
tre os eftudos feveros, que frequentou em
a Univeríidade de Q)imbra fempre confer-
vou innocente comercio com as Mufas com-
|>ondo Verfos de todo o género nas linguas
Latina, Portugueza, e Caftelhana, que me-
receo applaufos em diverfas Academias prin-
cipalmente em a dos Aplicados que teve feu
principio no anno de 1722. devendo-fe à
fua judiciofa direção o Certame Poético Eu-
chariftico, que fe fez no G^nvento de Nof-
fa Senhora da Graça dos Eremitas de Santo
Agoftinho defta Corte em 29. de Junho, e
4. de Julho de 1724. para o qual concor-
rerão as Poeíias mais elegantes defte Reyno,
e de Caftella ambiciofas de alcançar o pre-
mio prometido. Naõ he menos eíHmavel o
feu talento na Poeíia Cómica aflim profana
como fagrada, e ainda na Jocoferia, que
nunca degenera em pueril. Tem publicado
as obras feguintes
In laudem eximii viri, praclarijjimique Doc-
toris D. Kaphaelis Bluteauii fuper Vocabulário
locupletijfimo quod in Lufitanorum utilitatem, to-
tiufque Orbis miraculum immenfo cum Jludio, ac la-
boris difpendio elaboravit Eloffum. He de obra
lapidaria. No fim. L^byrinthus Poeticus cir-
cumcirca nomen Auãoris concludens, quod maiuf-
culum B. demonjlrat. Sahio no principio do
Tom. 3. do Vocabulário Vortugue^ e latino.
Coimbra no Real Collegio das Artes da
Companhia de JESUS 171 3. foi.
Kamilhete Apollineo de varias flores em
nove ajfumptos defcubertos no Nacimento do Se-
reniffimo Príncipe o Senhor D. Jo^è. Lisboa
por António Pedrozo Galraõ. 1714. 4.
El Tríumfo por la difcreta. Comedia. Lis-
boa por Mathias Pereira da Sylva, e Joaõ
Antunes Pedrozo. 1719. 4.
RelofaÕ do Certame Poético Eucòaríflieo,
que celebrarão os Académicos Aplicados no
Convento de N. Senhora da Graça nas duas
tardes de 29. de Junho, e 4. de Julho do
armo de iiz4. Lisboa por Pedro Ferreira.
1724. 4.
Sufpiros na perda, e alivios na faudade, que
ef prime a alma pelos aãos de fuás três Po-
tencias na morte da Serenijflma Senhora D.
Francifca Infanta de Portugal divididos em
duas Partes. Na primeira fe expõem os fuf-
piros, e os alivios na fegtmda. Lisboa por
António Ifidoro da Fonfeca. 1756. 4.
Thalia Sacra, ou Loas Sacras Utteraes,
e Allegoricas de vários Mjflerios de Chriflo
N. Senhor, de fua Mãy Santijftma, e das
Excellencias de alguns Santos. Lisboa na Of-
fidna Rita-CaíTiana. 1736. 4.
Difcurfo problemático Jocoferio fobre qual
he mais poderofa para atrahir o coração hu-
mano, fe a Mufica, fe a Eloquência. Lis-
boa por Miguel Rodrigues Impreflbr do
Senhor Patriarcha. 1736. 4. Sahio com
o afedado nome de AíFonfo Gil da Fon-
feca.
Dous Sonetos á morte da Serenijflma Se-
nhora Infanta D. Francifca. Sahiraõ nos Sen-
tim. Metric. Colleçaô 4. a pag. 6. Lisboa
por Miguel Rodrigues. 1736. 4.
Satyra moral contra os vidos em com-
mum. Lisboa por Miguel Rodrigues 1736.
4. Sahio com o nome de Franco de Af-
fis Amado, e Luca puro anagrama do feu
nome
Critica moral contra os viàos em com-
mum. Parte fegunda. Lisboa por Manoel
Fernandes da Cofta Impreflbr do Santo
Officio. 1737. 4.
2Ó8
BIBLIO THE CA
Thalia Sacra, ou Dramas Sacros de vá-
rios Myfterios de Chrijio Senhor Nojfo, da
Virgem Santijftma, e de alguns Santos em
ejlilo métrico, Allegorico, e Myfiico. Lisboa
na Officina do Doutor Manoel Alvares So-
lano do Valle. 1740. 8.
Quatro Sonetos em applaufo do Excellentif-
fimo, e Keverendijftmo Bifpo do Porto D. Fr.
Jo!(è Maria da Fon/eca, e Évora. Sahiraõ na
ColleçaÔ de Applaufos com que a Cidade de
Usboa celebrou a chegada dejle Prelado. Lisboa
na Regia Officina Sylviana, e da Academia
Real 1742. 4. defde pag. 107. atè iio.
Dous Sonetos ã morte do E^cellentiJJi-
mo Conde da Ericeira D. Franci/co Xa-
vier de Meneses. Sahiraõ no Obfequio Fú-
nebre â faudofa memoria do dito Conde. Lis-
boa por Jozè da Sylva da Natividade.
1744. 4.
OBRAS M. S.
Epigrammata varia in quinque libros dif-
tributa. Coníla de 722. Epigrammas a to-
dos os géneros de aíTumptos com três
diíFerenças de Obras Metametricas, que clau-
fulaõ cada hum dos cinco livros §. £«-
neaticos Applaufos, Encómios Poéticos, que em
nove Affumptos com toda a variedade Mé-
trica fe oferecem, dedicaõ, e tributaÕ ao Ex-
cellentij/imo Senhor D. Gabriel de Eancajlro,
fetimo Duque de Aveiro, e nono Duque no
EJlado. Coroa-fe a obra com hum Canto He-
róico da fundação da Cafa de Aveiro. Efta
Obra coníla de nove AíTumptos, defde
que o Duque fahio de Caftella atè que
fe lhe confirmou a fentença, e cada Af-
fumpto coníla de nove Metros, com eíla
ordem, que os três primeiros, que faõ
dous Epigrammas Latinos, e hum Soneto,
e os três últimos, que faõ dous Sonetos,
o primeiro de artificio, o fegundo em La-
byrintho, e o terceiro cm Labyrintho La-
tino, fempre faõ confiantes. E os outros
metros, que faõ os três intermédios fempre
faõ vários, de tal forte, que em toda a Obra
neíles intermédios fe naõ repete hum mefmo
género de Poefia, mas fempre faõ vários.
Obra muito laboriofa; cujos Sonetos de La-
byrinthos vulgares, e Labyrinthos Latinos
tem tantas, e taõ varias tranfmutaçoens, que
pela Arithmetica combinatória fe multiplicaõ
em muitas centenas, e milhares de contos.
O que fe moílra na explicação das Obras
Metametricas, que fe faz largamente no
principio com toda a exadla, e evidente de-
monílraçaõ. No quinto AíTumpto eílà hum
Soneto Mudo por figuras, a que chamaõ
Gryphos. Todos os metros faõ alternados
na lingoa Portugueza, e Caílelhana, porque
o feu objefto he Caílelhano pelo Pay, e
Portuguez pela Mãy. foi.
Jardim Apollineo, verfos f acros, e humanos.
em 4.
Pajfatempo Académico, ou Miffellaneas de
varias Obras Provias, e Verfos, Obras La-
tinas, Caflelhanas, e Portugues^as. em 4.
Florefla Portuguev^a, Apotegmas de Au-
thores Portuguev^es com varias addiçoens do
Author.
'Norte ChriflaÕ, e Politico em de^ Centúrias
de Diãames Moraes, Politicos, e Cbriflãos. em 4.
Arte de Pregar conflruida, e fundada pe-
los exemplos, fentenças, e documentos do Sol
dos Pregadores o grande P. António Viei-
ra: em que fe def cobre todo o artefaão def-
ta nobiliffima Arte, para fe comporem per-
feitamente todos os géneros de Sermoens, mof-
trado tudo nos feus mefmos Difcurfos. foi.
Apotegmas do mefmo P. Vieira, morali-
zados, e elucidados, em 4.
Mundo exterior, ou interior, ou Mundo vif-
to por dentro, e por fora. em 4.
Efpelho vifivel, e corpóreo, da Alma in-
corpórea, e invifvel.
Triumphus Immaculata Conceptionis. Obra
em Verfo, e Profa. foL
FRANQSCO DE SOUZA DE CAS-
TRO Embaxador de Portugal no Rey-
no do Achem onde padeceo martyrio cm
obfequio da Fè Catholica o Venerável ?►
Fr. Dionifio da Natividade Carmelita Dcf-
calfo feu ConfeíTor, e Fr. Redempto da
Cruz irmaõ Leigo de cujo fuccclTo in-
formou ao Geral deíla Reformada Famí-
lia por huma
Carta efcrita de Goa a 3. de Março
de 1643. * <iu3l fahio imprcíTa in Itinerário
L U SITANA.
2Ó9
Orientali Fr. Philippi à Trínitate. Lugduni
apud Antonium Jullierin. 1649. 8. no lib.
10. cap. I. Foy traduzida em Italiano, e
íahio Venetia por Giovani Pietro Brigonci.
1667. 12. Nella afirma Francifco de Souza
de Caílro ter efcrito aos EminentiTTimos Car-
diaes da Congregação dos Ritos para que
fe declare por Santo o Ven. Martyr. O Au-
thor defte Itinerário foy o que lançou o
habito, e diétou Filofofía em Goa a Fr.
Dionifio da Natividade, donde partio para
oflferecer às Sagradas Congregaçoens de Pro-
paganda, e de Kitibus o proceíTo do feu Alar-
tyrio feito por authoridade do Arcebifpo de
Goa D. Fr, Francifco dos Martyres da Or-
dem dos Menores. Da carta efcrita por
Francifco de Souza de Caílro faz memoria
o moderno addicionador da Bib. Orient. de
António de Leaõ. Tom. i. tit. 4. col. 80.
FRANCISCO DE SOUZA COUTINHO
naceo na Ilha de S. Miguel onde teve
por Pays a Gonçalo Vaz Coutinho Co-
mendador de Santa Maria de farinha po-
dre. Governador da Ilha de S. Miguel,
e a D. Jeronyma de Moraes filha de Se-
baíHaõ de Moraes Thefoureiro mòr do
Reyno, e por Tio paterno a Fr. Luiz
de Souza claro efplendor da Ordem Do-
minicana chamado no Século Manoel de
Souza Coutinho, Iníbruido na primeira ida-
de com a noticia das letras humanas, e pre-
ceitos da Poefia, que cultivou com igual ele-
gância, que facilidade fe dedicou em annos
mais maduros à liçaõ da Hiftoria fendo ver-
fado em todos os idiomas, e erudito em va-
rias faculdades. O feu profundo talento,
grande capacidade, e fumma prudência o
coníbtuhiraõ hum dos mais celebres Polí-
ticos, que refpeitou a fua idade tendo por
theatros das fuás negociaçoens as Cortes de
Suécia, Dinamarca, Olanda, França, e Roma
onde com o carafter de Embaxador da Ma-
geftade delRey D. Joaõ o IV. reprefentou
a juítiça do feu Soberano novamente eleva-
do ao trono de Portugal, triunfando com
artificiofa fagacidade das cavillaçoens dos
Olandezes, e concluindo Tratados de que
refultou igual gloria, que confervaçaõ a
eíla Monarchia, em cujo minifterio con-
fumio o largo efpaço de quinze annos.
Foy Comendador de Santa Maria de fa-
rinha podre, Alcayde mòr de Souzel,
Confelheiro de Eftado, e nomeado Go-
vernador do Brafil. Cazou em Madrid com
D. Maria de Aguila, e Heredia filha de
Francifco Gonçalves dei Aguila, e de D.
Sabina de Heredia de quem teve a D. Joan-
na Thereza Coutinho, que cazou com D.
Diogo Fernandes de Almeida Alcayde mòr
de Santarém, Golegãa, e Almeirim Comen-
dador de Santo André de Villa-Boa de Qui-
res, de quem naõ teve filhos. FaUeceo em
Lisboa a 22. de Junho de 1660. e jaz
fepultado no Convento da SantiíTima Trin-
dade. O feu nome celebraõ diverfos Efcri-
tores. Fr. Francifco de Santo Agoftinho Ma-
cedo Philip. Portug. pag. 197. en quien com-
pite la fofiffre con el valor, la prudência con la
corteja, & in Propugí. 'Lufit. Gall. p. 198.
D. Francifco Manoel Carta dos AA. Por-
tug. taõ luf^ido BJcritor, como grave Minijlro
Joan, Soar. de Brit. Theatr. iMJit. lit. F.
n. 74. le Qede Hifi. Gen. de Portug. Tom.
2. pag. mihi 434. até 448. 532. 560. 571.
593. Menezes Portug. Kejl. Tom. i. pag.
158, 161. 191. 440. 640. 734. 754. e 885.
e Fr. Joan. Giufep. di S. Theref. IJloria de)
Brajile. Part. 2. pag. 51. e 52. 127. e 162.
e feguinte. Publicou o feguinte Manifefto
pela liberdade do Senhor Infante D. Duarte
aprefentado na Dieta de Ratisbona, ao qual
chama eloquente, e bem fundado D. Luiz de
Menezes Portug. Kejlaurad. Tom. i. pag. 191.
e íahio com eíle titulo
Propofitio faãa Celjis prapotentibus Domi-
nis Ordinis generalibus cõfaderatarum Provin-
ciarum Belgii in confejfu publico 16. Augujli
1641. Holmiae 1641. 4. Sahio fegvmda vez
impreíTo na Hijl. di Portugallo compoíta
pelo Doutor Joaõ Bautiíla Birago liv. 5.
pag. mihi 400. até 405 . Foy vertido em
Portuguez, e impreíío em Lisboa por
Jorge Rodrigues. 1641. 4. com eíle ti-
tulo
Manifefto, e proteftaçaõ feita por Francifco
de Soufa Coutinho Comendador da Ordem de Chrif-
to. Alcaide mòr da Villa de Sou^^el, e do Confelho
delKey D. JoaÕ o IV. e feu Fmbaxador às partes
Septentrionaes, e Enviado ã Dieta de Ratisbona
k
270
BIBLIO THE CA
fobre a injujla retenção, e liberdade, que requere
do Serenijftmo Infante D. Duarte IrmaÕ do dito
Senhor.
Rnganosj def enganos de la vida. Sylva moral
dedicada a la Senora Luis^a Ponce de Leon Da-
ma de la SereniJJima Rejna de Portugal. 4.
Naõ tem o nome do Author, nem do Im-
prelTor, e lugar da ediçaõ mas do caraéter
fc conhece fer feita em ParÍ2, ou Olanda.
Memorias Hijloricas das fuás Embaxadas.
M. S. às quaes chama celebres D. Francifco
Manoel de Mello Cart. dos AA. Portuguev^es
cfcrita ao Doutor Themudo.
Carta em Verfo efcrita a D. Francifco Ma-
noel de Mello à qual refpondeo com efte dif-
crcto Soneto que he o 18. da Tuba de
Calliope das Obras Métricas.
Senhor a vojfa carta he jà de guia
Para mi que perdido ando vivendo
Mais me cativa quando a vou mais lendo
Naõ tem geito de fer a d* alforria.
Será de marear á fante!(ia
Que fem rumos também fe vay perdendo.
He tudo, mas he mais fegundo entendo
A da examinação da Poefia.
Ouço PlataÕ em termos eloquentes
Homero efcuto em Verfos inauditos
Chore Grécia as Athenas, e as Efpartas;
Vivaõ vojfos efcritos fobre as gentes.
Que emfim quem conhecer vojfos efcritos
Naõ pôde efperar menos, que ejlas cartas.
FRANaSCO DE SOUZA CERQUEI-
RA natural de Lisboa filho de Manoel de
Souza Cerqueira Mampoíleiro mòr dos Ca-
tivos, e Capitão das Ordenanças da Corte,
c de Catherina da Sylva. Foy naturalmente ef-
tudiofo da Hiftoria profana, e principalmente
da Genealogia, em que fez grandes progref-
fos com a difciplina de D. António Alva-
res da Cunha Senhor de Taboa, e Trinchan-
te mòr, em cuja Cafa fe educou. Foy Se-
cretario do primeiro Marquez de Alegrete
Manoel Telles da Sylva em cuja Livraria fe
conferva efcrito da própria mão
Arvores de Cofiados de varias familias de
Portugal, e Cafiella. foi.
Dcfta obra, que muito louva, como de feu
Author, que falleceo em Lisboa a 11. de
AgGÍlo de 171 1. fa2 mençaõ a P. D. An-
tónio Caet. de Souf. Apparat. ã Hifi. Gen.
da Caf. Keal Portug. pag. 151. §. 177.
FRANCISCO DE SOUZA DA SYLVA
ALCOFORADO REBELLO Senhor da Tor-
re de Alcoforado quatro legoas diílante do
Porto na Freguefia de Lordello, filho de
António de Souza da Sylva, c D. Antónia
Bemardina de Lobera, e Sylva naceo na
Quinta de Sylva fituada na Freguefia de S.
Juliaõ do Calendário de Neyva no Termo
de Barcellos do Arcebifpado de Braga a
25. de Outubro de 1697. O feliz engenho
de que o dotou a natureza lhe fez breve-
mente comprehender os preceitos da Gram-
matica Latina, e as efpeculaçoens da Filo-
fofia, e Theologia, a cujas Faculdades fe
appUcou curiofo, e fahio egregiamente inf-
truido affim como em a liçaõ da Hiftoria
Sagrada, e Profana, e na intelligencia das
linguas Caftelhana, Franceza, Italiana, e In-
gleza. Tem publicado
Vida de Soror Igne^ de JESUS Religiofa
Converfa no Convento da Anunciada defla Ci-
dade de Lisboa infigne em virtudes. Lisboa por
Maurício Vicente de Almeyda. 1731. 8.
Vida, e morte trágica de Maria Stuart Rai-
nha de França, e Efcocia, e pertendente da Co-
roa de Inglaterra. Lisboa por António Cor-
rêa de Lemos. 1737. 4.
Manual Politico. Lisboa por Maurício Vi-
cente de Almeyda. 1753. 12. He huma inftru-
çaõ para hum homem viver na Corte. Sahio
com o nome fupofto de Luiz Florêncio da
Sylva.
Vida de Alcibíades. 4. M. S. Nefta obra
intenta formar hum Princcpe Politico reprc-
hendendo os vicios, e louvando as virtu-
des daquelle celebre Grego.
Faz memoria do feu nome o Doutor An-
felmo Caetano Munos de Abreu na Dedi-
catória da fegunda Parte da Emtaa, ou apli-
cação do entendimento fobre a pedra Filofofal.
Lisboa na Officina de Maurício Vicente de
Almeyda. 1732. 4.
FRANCISCO DE SOUZA TAVA-
RES filho de Gonçalo Tavares Senhor
de Mira, Comendador da Ordem de
Chriíla, e de D. Izabcl de Caílro lòy
L USITAN A.
27f
exemplar de proezas militares, e de ações
virtuofas. Militou na índia Oriental com
o pofto de Capitão do Jvlalabar contra os
inimigos do Eftado de quem alcançou mul-
t^licados triunfos. Querendo conquillar o
Ceo fe aliílou em outra mais nobre milicia
-qual foy a reformada Provinda da Piedade
onde praâicando com exaâa obfervancia os
preceitos do Seráfico Inílituto paíTou a co-
roar-fe na eternidade em o Convento de
Santo António da Villa de Aveyro. Foy
cazado com D. Maria da Sylva filha, de
Joaõ de MeUo da Sylva de quem teve a
D. Magdalena de Vilhena, que foy cazada
com D. Joaõ de Portugal neta de D. Fran-
cifco de Portugal primeiro Conde do Vi-
miofo a qual fupondo, que morrera na ba-
talha de Alcácer paíTou as fegundas vodas
com Manoel de Souza Coutinho os quaes
fantamente fe divorciarão recebendo elle o
habito de S. Domingos com o nome de
Fr. Luiz de Souza em o Convento de Bem-
fica, e ella em o Mofteiro do Sacramento
chamando-fe Soror Magdalena das Chagas.
Sendo Francifco de Souza Tavares Tefta-
menteiro do infigne Capitão, e ^lofo Apof-
tolo das Ilhas Malucas António Galvaõ pu-
blicou no anno de 1563. em Lisboa na Im-
preíTaõ de Joaõ Barreira
Tratado dos dejcohrimentos antigos, e moder-
nos, (ò'c. que achara entre outros feus efcri-
tos, e o dedicou a D. Joaõ de Lancaftro
Duque de Aveiro cuja larga Dedicatória
fahio impreíTa ao principio do mefmo Tra-
tado, que fe reimprimio. Lisboa na Offi-
-dna Ferreiriana. 1751. foi. Publicou mais
I^ivro da doutrina efpiritual. Contem os
Tratados feguintes. i. que coufa he Ora^aÕ, e da
jjecejfidade, e obrigação delia. 2. EfpoJiçaÕ do
Padre Nojfo. 3. Avif(os para os principiantes,
ou peccadores fe exercitarem na conjideraçaõ dos
beneficias de Deos. 4. Documentos para o princi-
J>iante efpiritual andar com a mente em Deos.
5 . Defenfaõ da vida efpiritual, e oração. 6.
AdmoeflaçaÕ charitativa. 7. Opufculo do Efiado
da comtemplaçaõ. 8. Outro do EJiado da Crw^. 9.
A.dmoeflaçaÕ do Anjo ao ef pirita, que guarda para
-operfuadir afe unir a Deas cam humildade. Lisboa
J>or Joaõ Barreira. 1564. 8. Fazem deUe
Jncmoria Joan. Soar. de Brit. Theatr. L»-
fit. Utter. Ut. F. n. 76. Cardofo Affol. JLu-
fit. Tom. 2. pag. 140. Cõment. de 11. de
Março letr. C. Fr. Joan. à D. Ant. Bib.
Francifc. Tom. 2. pag. 438. col. 2. Fr. Luc.
de S. Catherina Hifi. da Prov. de S. Domin-
gos de Portug. Part. 4. Hv. 3. cap. 11.
FRANQSCO TAVARES PACHECO cuja
Pátria, e eftado de vida ignoramos. Efcre-
veo
Kelacion de las Fieflas, que fe hi^eron en
Villaviciofa Corte dei E^celentiJJimo Senor Du-
que de Bragança, y las capitulaàones de fu ca~
^amiento can la Excelentijfima, y SereniJJima Se-
nora D. Lui^a Francifca de Gufman hija dei
Senor Duque de Medina, y Sidónia, foi. Naõ
tem anno nem lugar da ImpreíTaõ, da qual
vimos hum exemplar.
Fr. FRANQSCO DE SANTA THE-
REZA naceo em a Cidade do Funchal Ca-
pital da Ilha da Madeira onde teve por
Pays a Francifco da Coíla, e Maria das
Neves. No Real Convento do Carmo de
Lisboa recebeo o habito a 14. de Ou-
tubro de 1669. cujo fagrado IniHtuto fo-
lemnemente profeíTou a 15. do dito mez
do anno feguinte. Como era perfeitamen-
te iníbruido nas letras humanas, e lingua
Latina foy admitido por Collegial no Col-
legio de Coimbra a 13. de Outubro de
1673. onde aprendeo com difvelo as fcien-
cias efcholafticas, e as diftou com ap-
plaufo recebendo o grào de Doutor na
Faculdade Theologica em aqueUa Univer-
fidade, fendo hum dos melhores Oppo-
íitores às Cadeiras de que o privou in-
tempeftivamente a morte em o anno de
1698. Foy fingular Poeta aíTim em a lin-
gua Latina como Materna, e Caftelhana, e
excellente Orador, e profundo Efcriturario.
Delle fe lembraõ honorificamente Carvalho
Corog. Portug. Tom. 3. liv. 2. Trat. 8. cap.
47. e Fr. Manoel de Sà Mem. Hiflor. dos
Efcrit. do Carm. da Prav. de Portug. pag.
173. Deixou compofto ainda que imperfeito
hum volume, que fe conferva M. S. em o
CoUegio de Coimbra intitulado
Alphabetum Theologicum duplià delineatum
272
B IB LIO THE CA
regula Jcholajlica una, d^ concionatoria altera. Commentaria in Magijlrum Sententiarum. foi.
foi. M. S.
FRANCISCO DE SANTA THEREZA
naceo na Cidade do Porto a 2. de Julho de
1685. onde deveo á virtuofa educação de
feus Pays António da Coíla, e Ignacia Pinta
a eleição de largar o mundo, e receber a
murça de Cónego Secular do Evangelifta em
o Convento de Villar de Frades a 11. de
Fevereiro de 1700. Tendo aprendido os pri-
meiros rudimentos na pátria acabou de ef-
tudar Grammatica em o Real Collegio das
Artes em Coimbra, e no Collegio, que a
fua Congregação tem nefta Cidade aprendeo,
e diílou as Sciencias de Filofofia, e Theo-
logia em cuja fublime Faculdade lhe con-
ferio a Academia Conimbricenfe o grào de
Doutor a 26. de Julho de 1714. Foy Rey-
tor do mefmo Collegio, e Provedor do Hof-
pital Real de Coimbra. Neíla Cidade com
as fuás declamaçoens evangélicas converteo
innumeraveis eíludantes da vida licenciofa
para o caminho da penitencia fendo cada
palavra hum trovaõ, que defpertava aos
que ja2iaõ fepultados em feus vicios. Fal-
leceo no Collegio de Coimbra com geral
opinião de virtuofo a 17. de Novembro
de 1739. quando contava 54. annos de
idade. Com o fupofto nome do P. Ma-
noel Corrêa da Azambuja Cura da Fregue-
íia de NoíTa Senhora da Graça da Torre
de Vai de todos do Bifpado de Coimbra.
Publicou
Tratado do Cerimonial da Miffa revoada con-
forme as Rubricas do Mijfal Komano reforma-
do. Coimbra por António Simoens Ferreira.
1733. 8.
Compendio de Indulgências, e devoções em
duas partes dividido. Na primeira fe trata
das Indulgências em comum, e em particular,
e no fim fe põem o Decreto de Innocencio
XI. das Indulgências apócrifas. Na fegunda fe
explica, que coufa feja verdadeira devoção, e
fe propõem varias devoçoens extrahidas de Au-
thores pios para fe aproveitarem delias os que
forem devotos. Coimbra pelo dito Impreílor.
1734. 8.
Tinha compofto com grande eíhido, que
deixou imperfeito.
Fr. FRANCISCO DE SANTA THERE-
ZA POMBO naceo na Villa de Santarém,
e na Parochial Igreja de Santa Iria recebco
a primeira graça a 19. de Novembro de
1692. fendo filho do Licenciado Manoel de
Oliveira da Coíla profeíTor da Medicina, c
Maria das Neves. Chegando à idade de de-
fenove annos profeflbu o IníUtuto Seráfico
da Terceira Ordem da Penitencia no Con-
vento de N. Senhora de JESUS defta Corte
a 24. de Junho de 171 1. Eíludou Filofofia
no Collegio de Santa Catherina diílante meya
legoa da fua pátria, e Theologia no Colle-
gio de S. Pedro de Coimbra, e neílas duas
Faculdades defendeo Conclufoens publicas
com grande applaufo do fcu talento. Pre-
ferio o miniílerio do púlpito ao da Cadeira
pelo qual tem alcançado eílimaçoens naõ a
merecendo defigual pelo efpirito poético de
que he dotado. De diverfos aíTumptos aíTim
fagrados, como profanos efcritos na lingua
Latina, Portugueza, e Caílelhana fez huma
Colleçaõ que intenta dar à luz publica com
o feguinte titulo
Mifcellanea Profo-Poetica. 4. M. S.
Fr. FRANCISCO DE SANTA THERE-
ZA XAVIER filho de António da Sylva
Ferreira, e Catherina Corrêa naceo em Lisboa,
e na Parochial Igreja de N. Senhora da En-
carnação recebeo a primeira graça a 28. de
Dezembro de 1704. Depois de eftudar Gram-
matica com o P. Gafpar Simoens infigne Pro-
feíTor de letras humanas, e Filofofia no Colle-
gio pátrio dos Padres Jefuitas, recebeo o pe-
nitente habito de S. Francifco em o Convento
de Alanquer da Provinda de Portugal a 2.
de May o de 171 2. Tanto fe adiantou o feu
talento na aplicação das fciencias feveras, que
no anno de 1733. foy nomeado Lente de Ar-
tes em o Convento de S. Francifco do Porto
donde crecendo com os annos a fama da
fua litteratura paflfou por ordem real cm 12.
de Fevereiro de 1737. a ler a Cadeira da
Sagrada Efcritura no magnifico Convento
de N. Senhora, e Santo António dos Rc-
ligiofos Arrabidos junto da Villa de Ma-
I
L USITAN A.
ijò
fra onde prefidio a três aôos litterarios de
Theologia Pofitiva com geral aclamação dos
feus eíludos. Da liçaõ defta Cadeira foy txans-
ferido para diéíar Theologia Efcholaítíca em
o Convento de S. Frandfco da Qdade. Sen-
do Qualificador do Santo Offido, e Con-
fultor da BuUa da Cruzada, fubio ao ho-
norifico lugar de Provincial a 22. de Mayo
de 1745. quando contava 41. de idade. Pu-
blicou.
Sermão do Seráfico Patriarcba S. Francifco
pregado no feu Convento de Usboa na Solemni-
dade que lhe dedicou no anno de 1738. a Jua
Venerável Ordem Terceira em dia do Kofario
da Mãy de Deos ejlando o SantiJJimo expofio,
e ajfiftindo na me/ma Celebridade a Venerável
Ordem Terceira de S. Domingos. Lisboa na
Officina da Mufica 1739. 4-
OraçaÕ de Sapiência recitada na prefença
delRejr D. Joaõ o V. Príncipe, e Infantes, quan-
do fe abrirão os Efludos de Filofofia, Theoloffa
E/peculativa, Moral, e Pofitiva em o Real Con-
vento de Mafra. M. S.
FRANaSCO DE S. THOMAS naceo
na Qdade do Porto a 29. de Agoílo de
1661. fendo filho de Domingos Teixeira Syl-
va, e D. Maria Pereira, e Irmaõ de Fr. Fer-
nando da Soledade Provincial, e Chroniíla
da Ordem Seráfica da Provinda de Portu-
gal de quem fe fez memoria em feu lugar.
Na idade da adolefcencia recebeo a murça
de Cónego Secular do Evangeliíla amado,
e em taõ florente Congregação fruâificou
o feu penetrante engenho aíTim nas efpe-
culaçoens Theologicas, em cuja liçaõ jubi-
lou, como nas declamaçoens Evangélicas
com as quais adquerio aplauzo o feu no-
me, coUieo fruto o feu zelo difcorrendo
por diverfas partes do Reyno para def-
pertar aos pecadores do lethargo da cul-
pa. Acompanhava até o patibulo aos reos
dos mayores crimes exhortando-os com
apoíloUca eficácia à verdadeira contrição
de fuás culpas para que tolerando refi-
gnados o fuplido fe fizeíTem merecedo-
res da falvaçaõ eterna. Foy Examinador
Synodal dos Bifpados de Lamego, e Por-
to. Falleceo no Convento de S. Joaõ de
Xabregas Cabeça da Congregação dos Có-
negos Seculares nefte Reyno a 30. de Se-
tembro de 1726. com 65. annos de ida-
de e 45. de Religião. Publicou.
Difcurfo Ejtcomiaflico do Sagrado Benjamim
de Cbrifto, e filho adoptivo da mefma Mãy de
Deos, o grande 'Evangelifla S. JoaÕ. Lisboa por
Manoel Lopes Ferreira. 1701. 4.
Sermaõ do grande Ejvan^lifta S. Joaõ em o
Real Convento da Efperança. Lisboa por An-
tónio Pedrozo Galraõ 1702. 4.
Sermaõ do noffo infixe Português S. Antó-
nio na occurrencia do Laufperenne na Parochial
de S. Jorge defla Cidade de Usboa a 7^ de
Novembro de 1701. Lisboa pelo mefmo Im-
preíTor 1702. 4.
OraçaÕ fúnebre na lu^uofa morte delRey
D. Pedro II. Noffo Senhor Lisboa por Ma-
noel, e Jozeph Lopes Ferreira. 1707. 4.
Sermaõ do Excel/o Príncipe dos Anjos o
Archanjo S. Miguel pregado no Real Convento
das Reliffofas de S. Clara da Villa do Conde.
Lisboa por Jozeph Lopes Ferreira Impreílor
da AuguítííTima Rainha Noíla Senhora.
1714. 4.
Sermaõ nas Exéquias do Illufhiffimo, e
Reverendifjimo Senhor D. Francifco de S.
Jerónimo Geral que foy duas vet(es dos Có-
negos Seculares da Congregação do Evangelijia,
Di^ifftmo Bifpo do Rio de Janeiro do Coti-
felho de S. MageJlade que fe fir^eraõ no Con-
vento de Santo EJqy de Usboa Oriental.
Lisboa por Francifco Xavier de Andrade
1723. 4. Deíle Sermaõ faz memoria o
moderno addidonador da Bib. Occid. de
António de Leaõ Append. 2. Tit. 26.
Epitome de Noffa Senhora do Valle, em
que fe trata da fua admirável, e miraculo-
fa imagem, que fe venera no Convento dos
Cónegos Seculares da Congregação de S. Joaõ
Evangelijia da Cidade do Porto, como tam-
pem da fua efcravidaõ, e Novena. Lisboa
por Jozeph Lopes Ferreira. 17 14. 24.
Caminho do Ceo encuberto no efpiritual prado
da doutrina Chrifiãa, defcuberto em bum Dia-
logo entre Meflre, e difcipulo com preguntas,
e repoflas. Lisboa por Pedro Ferreira.
1726. 8.
Fafciculus Catholica veritatis. foi.
18
2/4
BIBLIO THE CA
De Potejiate Clavium. foi.
Curfus Phílofophicus. foi.
Eftas três obras efcritas da fua maõ fe
confervaõ na Livraria do Convento de S.
Bento de Xabregas Cabeça da Congregação
dos Cónegos Seculares do Evangeliíla.
tado do Maranhão que JucederaÕ no anno de
1684. com a dejcripçaò geográfica do dito miado,
e Juceffos, que em feu dejcubrimento, e conquijia,
e Fundação houve, e os progreffos da fua Kef-
tauraçaõ pelos Vortuguev^es feus habitadores fendo
invadido dos Olandei^es de/de o anno de 1499.
até o de 1686. M. S.
FRANCISCO TEYXEYRA Presbitero, e
familiar da cafa do IlluílriíTimo Arcebifpo
de Cranganor, e da Serra D. Francifco Gar-
cia da Companhia de JESUS que foy Sa-
grado em Goa em o primeiro de Novem-
bro de 1637. com o titulo de Bifpo de
Afcalona por D. Eftevaõ de Brito Arcebif-
po de Cranganor, em cuja dignidade lhe
fuccedeo. Atendendo à fciencia, e inculpá-
vel vida de Francifco Teixeira o fez Cura da
fua Cathedral, e Vigário da Vara da For-
taleza de Cranganor. Para de algum modo
agradecer os grandes benefícios que rece-
bera defte Prelado, efcreveo.
Vida do llluflrifftmo D. Francifco Garcia
Arcebifpo de Cranganor, em que fe relata
os fuceffos da fua Igreja no feu tempo, e
de feus Anteceffores D. Francifco Ro:^ D.
EflevaÕ de Brito Jefuitas; açoens que obrou
o feu v^elo pafloral em beneficio das fuás
ovelhas; a ultima doença, morte, enterro com
as suas exéquias que fe lhe celebrarão, e
Poe!(ias, que fe dedicarão ã fua memoria.
Dedicou eíla obra à Cidade de Cochim
em 20. de Dezembro de 1659. havendo
paíTado a milhor vida efte zelozo Pre-
lado a 3. de Setembro do dito anno.
Eftá efcrita com muita individuação, e
clareza como vimos em hum volume de
folha M. S.
FRANCISCO TEYXEYRA CHAVES
natural da Villa de Alanquer do Patriar-
chado de Lisboa, e morador na Cidade
de S. Luiz do Maranhão por cuja af-
íiílencia fe fez muito perito affim em as
Antiguidades, como na Geografia daquel-
le Eftado. Efcreveo no anno de 1690.
e dedicou a Gomes Freyre de Andrade.
Relação Hijlorica, e politica dos tumul-
tos da Cidade de S. Lm\ Metrópole do Ef-
Fr. FRANCISCO DE SAMTIAGO na-
tural de Lisboa donde paíTando a Caftella
recebeo o habito de Carmelita calçado. Foy
hum dos mais celebres profeíTores de Mu-
fica que floreceraõ na fua idade por cuja
fciencia aífim praítíca como efpeculativa che-
gou a fer Meftre defta fuaviíTima Arte nas
Cathedraes de Placencia, e Sevilha. Mere-
ceo grandes eftimaçoens do SereniíTimo Rey
D. Joaõ o IV. infigne Mecenas defta armo-
nica faculdade principalmente quando ainda
fendo Duque de Bragança o tratou com
muito familiaridade em Villa Viçofa. Falle-
ceo na Cidade de Sevilha a 13. de Outubro
de 1646. O feu Retrato de corpo natural
fe conferva primorofamente pintado na Bi-
bliotheca Real da Mufica onde na Eftante
34. n. 787. e Eftant. 35. n. 797. e 804. da
qual fe imprimio o Index. Lisboa por Pe-
dro Crasbeeck. 1649. ^^ confervaõ as feguintes
obras em que depofitou a profunda fciencia
que alcançara da Mufica.
Dixit Dominus. a 8. vozes.
Beatus vir. a 8. vozes.
Laudate pueri. a 4.
Nifi Dominus. a 6.
luiuda anima mea Dominum. a 12.
Ecce nunc benedicite Dominum a foi. c a 4.
Cum invocarem, a 12.
Beatus vir. a 10. vozes de 8. Tom.
Quomodo fedet fola civitas. a 8.
Cofftavit Dominus. a 6.
Manum fuam mifit hoflis, folo. com di-
verfos inftrumentos.
Ego vir videns paupertatem meam. a 12.
com vários inftrumentos.
Kefponforios da 5. feyra mayor. e 6. f^-
ra a 8.
Salve Regina, a 16. vozes.
Ave Reffna calorum. a 4.
Reffna cali la tare. a 8.
L USITANA
Viãima Pafcbalis. a 8.
DÍ€S ira Mes tila. a 4.
Si qítarís miracula, a 8.
Diverfos Motetes, e Vilbaruicos âe Natal,
Sacramento f Nojfa Senhora, e outros Santos.
Fr. FRANaSCO DE S.\M TIAGO Naf-
ceo em a Cidade do Porto fendo filho de
Francifco Leitaõ, e Maria Vieira. Depois
de ter aprendido na Pátria os primeiros ru-
dimentos recebeo o habito Seráfico em o
Convento de Santo António de Ferreirim
da Provinda de Portugal diílante três quar-
tos de legoa da Gdade de Lamego a 12. de
Agoílo de 1677. Paflada a carreira dos Ef-
tudos Efcholafticos, e fahindo bom Prega-
dor paíTou ao Brazil onde exercitou eíle
minifterio com geral aceitação dos Ouvin-
tes. Reílituido ao Reyno foy eleito Guar-
dião do Convento do Porto em o anno de
1709. em cujo lugar deu taes argumentos
da fua vigilante economia que depois de
fer Difinidor o nomeou o ReverendiíTimo
Miniíbro Geral da Ordem Fr. Jozè Grada
ComiíTario Geral dos Lugares da Terra San-
ta nefte Reyno, e fuás Conquiílas devendo-
-fe à fua aôividade, e 2elo o augmento das
Conduâas, que annualmente fe remetem pa-
ra Jerufalem. Para exercitar nos coraçoens
Catholicos ardente devoção, e affeâo para
a confervaçaõ daquelles lugares fantos ef-
creveo.
KelaçaÕ Summaria, e noticia dos lugares
fantos de Jerufalem, e dos mais, que na Ter-
ra Santa, e Palejlina eftã de pojfe, e em
que tem muitos Conventos, e Hofpicios a Re-
liffaõ dos Frades Aíenores da Regular obfer-
vancia do ^ande Patriarcha dos pobres o Se-
ráfico Padre S. Francifco fobre o direito com
que a dita Religião os pojfue: dos glandes
tributos, que alli fe pagaõ, dos muitos, e
innumeraveis trabalhos, que feus RiUgiofos alli
padecem naÕ fô dos infiéis Turcos, fe naõ
também dos Scifmaticos Gre^s; tudo a fim
da fua inteira, e devida confervaçaõ. Lis-
boa na Oífidna de Miguel Manefcal. 171 6. 4.
Intentou reimprimir addidonada: Cbroni-
ca da Terra Santa compoíla por Fr. Joaõ
de Calahorra Francifcano, e impreíla em Ma-
275
drid no anno de 1684. in foi. para cujo fim
mandou abrir com grande perfeição, e naõ
menor defpe2a em Laminas de cobre a def-
cripçaõ da Gdade Santa, e os prindpaes lu-
gares onde foraõ obrados os Miílerios da
noíTa Redempçaõ, porém a morte que in-
tempeítivamente o arrebatou em 13. de Mar-
ço de 171 8. em o Convento de NoíTa Se-
nhora das Portas do Ceo diftante huma le-
goa de Lisboa lhe naõ permitio pôr o ul-
timo complemento a eíia obra.
FRANQSCO DE TORRES filho de
Joaõ de Torres, e Maria de Seyxas natural
de Coimbra em cuja Univerfidade recebeo
as infignias doutoraes na Faculdade de Theo-
logia, e foy Qualificador do Santo Offido.
Sendo Cónego Magiíbral na Cathedral do
Algarve provido a 20. de Novembro de
1693. paliou com a meCma dignidade para
a Primacial de Braga a 24. de Abril de
1703. onde foy Provifor, e ultimamente obte-
ve o mefmo Canonicato em a Sé de Coim-
bra a 25. de Mayo de 1707. Teve o af-
pefto grave, eftatura grande, juÍ20 pruden-
te, e génio afável. Falleceo na fua Pátria
a 15. de Junho de 1722. quando contava
64. annos de idade. De poucos Sermoens
que pregou fendo dignos de luz publica
unicamente a logrou o feguinte.
Sermão do aão publico da Fe que fe cele-
brou no pateo de S. hliguel da Cidade de Coim-
bra em 7. de Julho de 1720. Coimbra na
Oífidna do Real Collegio das Artes 1720.4.
Fr. FRANQSCO TRAVASSOS cuja Pá-
tria, e Religião que profeííou fe ignora.
Foy infigne Poeta, e como tal he lou-
vado entre o feu Coro por Jacinto Cor-
deiro EJog. dos Poet. Ljifit. Eftanc. 53.
Fr. Francifco Travafjos ja Sirena,
Duplica tiemo canto melodia.
Talvez ShÍP^^ I^ fecunda vena,
Los que paffan el mar de fu T balia,
Que afluto UlyJJes el paffarle ordena,
Aunque de Circe hermofa la porfia,
U avi!(e la dulçura de fus luijjos.
Que nò encanten los verfos de Travajfos.
27Ó
BIB LIO THE CA
Compoz muitas Poefias, fendo entre ellas
as mais famofas huma Cançaõ que princi-
pia.
Mandado-me ha amor cantar un poço. &c.
c o Soneto.
Qui:^ e naõ qm^, e quero nàô querendo. &c.
FRANaSCO TRIGUEIROS GÓES fi-
lho de Manoel Fernandes de Crafto, e Ma-
riana de Góes nafceo em Lisboa onde inf-
truido com as primeiras letras paíTou à Uni-
verfidade de Coimbra, e applicando-fe ao ef-
tudo da Jurifprudencia Cefarea recebeo com
applauzo dos Cathedraticos o grão de Ba-
charel naquella Faculdade. Reílituido à pá-
tria exercitou o Officio de Advogado de
Caufas Forenfes com grande fama da fua
fciencia jurídica para a qual concorria a
penetrante viveza, e feliz memoria de que
era ornado. Teve fuficiente noticia das le-
tras humanas, e da Hiftoria Sagrada, e pro-
fana. Falleceo na Pátria a 29. de Junho de
1732. Jaz fepultado no Convento de Nof-
fa Senhora da Boa Hora dos Agoftinhos
Defcalfos. Compoz.
AllegaçaÕ de Direito a favor do Prior, e
mais Beneficiados da Parochial Igreja de S.
Nicolao do Patriarchado de Lisboa Occiden-
tal, e do Real Padroado da Rainha Nojfa
Senhora em que fe impugna o Decreto que
os Padres da Congregação do Oratório con-
feffíiraô naõ fendo ouvidos o Prior, Benefi-
ciados, e outros legitimas contradiãores para
obrigar a que fe lhe vendejfem varias pro-
priedades de Cafas da Rua nova do Al-
mada diflrião da mefma Freguefia para ex-
tenderem o fitio que habitaõ. Lisboa na Of-
ficina da Mufica. 1730. foi.
Ecco Juridico contra as vot^es das refle-
xoens, que formão os Reverendos Padres da
CongjregaçaÕ do Oratório defla Cidade de Lis-
boa Occidental oppoftas à AllegaçaÕ de di-
reito, que fe deu à luv^ a favor do Prior,
e Beneficiados da Igreja Parochial de S. Ni-
colao do Padroado da Rainha Noffa Senho-
ra dividido em 3. Partes. Na primeira ref-
ponde à intitulada noticia fiel de todo o
facto que fe involve nefia queftaÕ. Na 2.
contradÍ!(^ aos 12. fundamentos que fe expen-
dem por parte da Congregação. Na 3. def-
vanece todas as refiexoens contrarias á fobredi
ta AllegaçaÕ a qual de novo vay imprejfa
no fim defta obra. Lisboa na mefma Of-
ficina 1731. foi.
D. FRANQSCO DA TRINDADE na-
tural da Villa de Fonte Arcada titulo de
Vifcondado íltuada em a Província da
Beyra, filho de António Ferreira, c Vi-
toria Antunes, Cónego Regular de Santo
Agoílinho cujo habito recebeo no Real
Convento da Santa Cruz de Coimbra a
27. de Setembro de 161 6. Diélou Thco-
logia em o feu CoUegio de Coimbra em
cuja Univerfidade foy admitido ao nume-
ro dos Doutores Theologos fendo taõ
grande Letrado, como excellente Prega-
dor. Morreo em Coimbra a 13. de Ju-
nho de 1654. Publicou.
SermaÕ pregado no Real Convento de San-
ta Cruv^ quando primeiro que a Sé, Mof-
teiros, e Collegios deu a Deos graças por
dar a efte Reyno o inviãijfimo Rey D. JoaÕ
o IV. Nojfo Senhor em 12. de De:(embro
de 1640. Lisboa por Manoel da Silva.
1642. 4. Tinha prompto para a impreíTaõ.
Commentaria in Jonam Prophetam. foi.
M. S.
Deíla obra efcreve D. Nicolao de Santa
Maria Chron. dos Coneg. Regfd. liv. 10. a^.
27. §. 25. eflar compofla com mtnta erudição;
e delicados conceitos.
Fr. FRANCISCO DA TRINDADE na-
tural da Cidade de Lisboa onde recebendo
o Habito de S. Domingos partio para a
índia, e no Convento de Goa depois de
profeíTo leo Artes, e Theologia em cuja
Faculdade tomou o grào de Prefentado.
Sendo Parocho em os Rios de Sena con-
verteo a muitos Gentios, c entre clles bau-
tizou a dous filhos do Emperador de Mo-
nomotapa dos quaes era hum o herdeiro da
Coroa Imperial devendo-fe à eficácia das
fuás vozes animadas de zelo apoftolico, que
naõ fomente deixaflem a cegueira do Pa-
ganifmo, mas que defprczaíTem as pompas
do feculo profeíTando o Sagrado inítítu-
L USITAN A.
77
to da Ordem dos Pregadores. Governava
nefte tempo o Eftado da índia o Conde da
Ericeira D. Luiz de Menezes a quem or-
denou a Mageftade delRey D. Joaõ o V.
trouxefe para efte Reyno em fua companhia
ao Príncipe de Monomotapa com aquelle
decoro que era divido à fua peíToa, mas
como o VifoRey arribou infauiiamente à
Ilha de Mafcarenhas no anno de 1722. on-
de foy defpojado pelos Piratas, entre as
PeíToas que faltarão em terra foy o Prín-
cipe que brevemente falleceo de huma grave
infermidade. Reftituido Fr. Francifco a Por-
tugal aíTiílio em o Convento de S. Domingos
deíla Corte fendo Pregador do Seremífimo In-
fante D. Francifco onde falleceo a 27. de
Mayo de 1730. Quando foy Parocho dos
Rios de Sena compoz na lingua defte Paiz.
Cathecifmo, ou Confejfionario necejfario para
te(p dos naturaes do EJlado de Monomotapa.
M. S. Defta obra como de feu author faz
mençaõ Fr. Pedro Monteiro Claujir. Domin.
Tom. 3. pag. 219.
Fr. FRANCISCO DA TRINDADE na-
tural do Couto de Semide da Comarca de
Coimbra filho do Doutor António Botelho
de Macedo, e D. Anna María de Bríto.
Aprendidas as primeiras letras na patría re-
cebeo o penitente habito de S. Francifco
no Real Convento de Lisboa em 20. de
Abríl de 1725. onde o feu grande engenho
fez taõ agigantados progreíTos nas fciencias
feveras que mereceo depois de ter lido hum
curfo de Artes em o Convento de Guima-
raens regentar a Cadeira de Prima de Theo-
logia Moral por efpaço de três annos em
o Real Convento de Mafra fuílentando qua-
tro Conclufoens publicas com naõ pequeno
credito da fiia litteratura, e recitando a Ora-
ção de Sapiência no principio defta leitura
em que molirou como era egregiamente inf-
truido na lingua Latina, e nos preceitos da
Oratória. Reftituido à fua Provinda leu a
Cadeira de Vefpora no Convento de San-
tarém donde foy eleito Guardião do Con-
vento de S. Francifco da Cidade a 25. de
Mayo de 1743. Tem compofto.
De Sacramentis in genere. M. S.
Direãorium Morale. M. S.
De Diluvio Univerfali. M. S.
FRANQSCO VAHIA TEIXEIRA na-
tural de Braga filho de Francifco Rodrígues
Ferreira, e María Vahia Teixeira, e Irmaõ
do infigne Fr. Jeronymo Vahia Monge de
S. Bento de quem em feu lugar fe fará
larga memoría. Foy hum dos famofos pro-
feíTores da Jurifprudencia Cefarea que admi-
rou a Univerfidade de Coimbra, onde fendo
admitido a Collegial de S. Pedro a 10. de
Abril de 1638. e laureado com a borla dou-
toral naquella Faculdade da qual explicou
com profunda fubtileza os mais dificultozos
Textos, fendo Lente de Inftituta a 7. de
Outubro de 1637. dos Três Uvros do Có-
digo a 12. de Mayo de 1642. do Digefto
Velho a 29. de Janeiro de 1654. e da Ca-
deira de Príma a 31. de Mayo de 1659. on-
de jubilou no anno de 1664. Foy Dezem-
bargador da Cafa da Suplicação de que to-
mou poíTe a 17. de Fevereiro de 1650. e
dos Aggravos por feu Procurador o De-
zembargador Joaõ Leite a 31. de Mayo de
1649. donde paíTou ao Dezembargo do Pa-
ço. Delle faz memoría o Doutor Manoel
Pereira da Silva Leal Cathalog. dos Colleg.
do Colleg. de S. Pedro. n. 85. As principaes
Poftnias que diftou no tempo do feu Ma-
gifterío dignas da impreíTaõ faõ as feguintes.
Commentaria ad Tit. ff. de Tefiamentis.
ad Tit. ff. de U/u capionihus.
ad L.. 'i.. ff. de donationihus inter virum
eS^ uxorem.
ad L. unic. ex deliãis defunãorum in quan-
tum hcnedes.
ad Tit. Cod. de Jure Fifci lib. 10.
ad Tit. Cod. de inofficiofis dotihus.
ad Tit. ff. de Servitutihus.
FRANQSCO VALASCO DE GOU-
VEA lutural de Lisboa , e filho fegtmdo
do Doutor Álvaro Valafco celebre Jurif-
confulto de quem fe fez larga memoria
em feu lugar, e D. Brítes de Gouvea.
A penetrante comprehenfaõ que teve pa-
ra as letras amenas foy infaUivel final
2/8
BIB LIO THE CA
•dos progreíTos que havia fazer em as
feveras fendo a Academia GDnimbricenfe
o theatro onde brilhou o feu agudo en-
genho nas efpeculaçoens do Direito Pon-
tificio em que fe naõ excedeo, certa-
mente competio com feu grande Pay nas
Interpretaçoens que fez ao Cefareo. Ad-
metido ao numero dos Doutores fubio
a regentar huma Cathedrilha de Ginones
a 30. de Março de 1607. donde paíTou
à Cadeira de Sexto a 28. de Novembro
de 16 14. do Decreto a 13. de Março de
1623. de Vefpora a 17. de Outubro de
1625. em que jubilou no anno de 1633.
Da efpeculaçaõ da Jurifprudencia paíTou
à Pradica em os lugares de Dezembar-
gador da Cafa da Supplicaçaõ a 27. de
Fevereiro de 1649. e dos Aggravos a 10.
de Novembro de 1650. onde regulou as
fuás Decifoens mais pelos di£b.mes da
Juíliça, que pelas delicadezas do difcurfo.
Impelido do zelo da Pátria armou a fua
penna contra os feus mais robuílos an-
tegoniílas defendendo com folidos funda-
mentos eftabelecidos fobre as bazes de
hum, e outro Direito a Juíliça com que
Portugal aclamou por feu Soberano ao
SeremíTimo D. Joaõ o IV. e deteftando
a horrorofa perfídia com que Alemanha
alliada com Caílella concorrerão para a
prizaõ do Infante D. Duarte. Foy Arce-
diago de Villa-Nova de Cerveira em a
Cathedral de Braga com jurifdiçaõ de vi-
fitar feíTenta e outo Igrejas Parochiaes do
dito Arcebifpado. Falleceo de hum acci-
dente apopletico em a fua Pátria quando
excedia a idade de 79 annos. Nicolao
Monteiro Vox Turtur. in Prosem Art. i.
o intitula Praceptor communis fuper athera
notus. Fr. Franc. à D. Aug. Propug. Lu-
Jit. Gallic. pag. 207. hujus avi Utterarium
Oraculum. Ant. Figueira Duraõ na Dedica-
tória que lhe fez do feu Poema Ignatiados
entre outros louvores lhe diz noftri faculi Ju-
rifconjultum emfmnentiffimum , hjtjitania decus,
Ulyjftponis non leve omamentum, cujus fcientiam
pene incredibUem Juris Cafarii, e^ Pontificii
Profeffores admirantur. Joan. Soar. de Brito
Theatr. l^njit. Litter. Lit. F. n. 83. In Conim-
bricenji Academia publicus, ac eméritas projeffor no-
minatijfimm. D. Franc. Manoel de Mello
Cart. dos AA. Portug. efcrita ao Dou-
tor Themudo. Na fua JuJlificaçaÕ de Por-
tugal obra ao Mundo taÕ agradável como pe-
nofa a nojfos inimigos, que em vaò traba-
lhão por efcurecella. Compoz.
Jujla Aclamação do Serenijfimo Key de
Portugal D. JoaÔ o IV. Tratado Analytico
dividido em três partes ordenado, e divulgado
em nome do me/mo Reyno em JuJlificaçaÕ de
fua Acçaõ. Lisboa por Lourenço de An-
vcres. 1644. foi. Efta obra fahio por elle
mefmo vertida em Latim com o titulo
feguinte.
Joannes IV. SereniJJimus Portugal lia Rex
Jufie confalutatus ab eodem Re^o fuo. Trac-
tatus Analyticus in três divifus partes, com-
pofitus, <Ò' vulgatus Regni nomine pro juf-
titia aãionis fua fummo Pontijici Ecclejia
Catholica, Regibus, Populifque liberus Chrif-
tiani orbis dicatus. UlyíTipone apud Lau-
rentium de An veres. 1645. foi.
Perfidia de Alemania, y de Caflilla en
la prifion, entrega, acufacion, y procejjo dei
Serenijfimo Infante D. Duarte: fidelidad de
los Portugueses en la aclamacion de fu le-
gitimo Rey el miy alto, e mw/ poderofo D.
Juan IV. dejle nombre Nuejiro Senor Pa-
dre de la Pátria, Rejlaurador de la tiber-
tad contra los pertenfos derechos de la Co-
rona Cafiellana. Refponde-fe a lo que erra-
da, fátua, y efcandalofamente qui:^o efcrevir
D. Nicolas Fernandes de Caftro Senador de
Milan, y en Salamanca Cathedratico de la
Cathedra pequena dei Código. Lisboa na Of-
ficina Crasbeeckiana 1652. foi.
Re^oens em final offerecidas por parte de
Francifco Vaí^ de Gouvea Lente da Ca-
deira de Sexto na Univerfidade de Coim-
bea contra o Doutor Francifco Leitaõ na cau-
fa do ferimento que lhe foy feita em Coim-
bra. Lisboa por Jorge Rodrigues. 161 8.
foi.
AllegaçaÕ de Direito pelo Duque de Torres
Novas D. Raimundo contra o Marqtie^ de Por-
to feguro feu Tio fobre a fucejjaò do Eflado, e
Cafa de Aveiro por falecimento da Senhora Du-
quet^a D. Juliana. Lisboa por Jorge Rodri-
gues. 1637. foi.
AllegaçaÕ na qual fe mofhra por Direito,
L USITAN A
279
por Breves dos Stimmos Pontífices, Alvarás
dos Senhores Keys, por fentenças em ]íát(p
contenciofo, por conjultas da Meí^a da Conf-
ciencia, pela Regra, Bfiatutos, e difiniçoens da
Ordem, e por juramento, como o dinheiro dos
três quartos da Ordem de Chrijlo fe naõ
pôde gaftar mais que nas obras, e fabrica
do Convento de Thomar, e fuás ca^^as. Sa-
hio impreíTa no livro Memorial do Ge-
ral da Ordem de Chrifto, e Religiofos
delia à Mageftade delRey D. Joaõ o IV.
Lisboa 1648. foi.
Parecer fobre a Thefouraria mór da Sé
de 'L.isboa. ImpreíTo no Tom. 3. das De-
cifoens do Doutor Manoel da Fonceca
Themudo. Decif. 334.
Carta l^audatoria em aplatc^o das Decifoens
do dito Themudo efcrita no anno de 1643.
a qual fahio no primeiro Tomo das De-
cifoens defte Author.
As mais celebres Poftillas, que diélou na
Univeríidade foraõ as feguintes.
Ad Text. de Videi jujforibus. Principia-
da no anno de 161 1. e acabada em 1613.
Ad Tit. et Tex. in Clement. unic. de Ref-
titutione in integrum. Começada em 161 3.
Ad Text. de Oficio, <& Potefiate Judieis
Delegati lib. 6. em o anno de 161 5.
\ Ad Text. de Alienatione Judicii mutandi
caufa faãi. Começada a 4. de Março de
1620.
In Decretales de Solutionibus.
\ InSext. Decretai. Regula Is qtà in Jus 46.
FRANCISCO DE VALHADOLID na-
tural da Cidade do Funchal capital da
Ilha da Madeira onde teve por Meftres
da Muíica ao Cónego Manoel Fernandes,
e em Lisboa a Joaõ Alvres Frovo Bi-
bliothecario da Bibliotheca Real da Mu-
íica, e Cónego de Quarta Pretenda em
a Cathedral de Lisboa de quem em feu
lugar fe fará mençaõ, e com a difci-
pUna de taõ infignes profeíTores daquella
armonica faculdade fahio egregiamente inf-
truido, de tal modo que foy Meftre do
Seminário Archiepifcopal de Lisboa, e ul-
timamente na Parochia dos Santos Már-
tires VeriíTimo, Máxima, e lulia, onde fal-
lecendo a 16. de Julho de 1700. jaz
fepultado. Preparava para a impreíTaõ hum
Uvro em que comprehendia os Myfterios
da Muíica aíTim praétíca, como efpecula-
tiva, que impedido pela morte, naõ aca-
bou. Compoz.
MiJJa a 6. vo^es. Outra a 8. outra a 14^
outra a 16.
Mijfa de Defuntos, a 4.
Pfalmos de Vefporas, e Completas, a 8>
Pfalmos de Noa. a 4.
Lamentação da 4. fejra de Trevas a 4.
Lamentação de 5. fejra mayor. a 4.
Refponforios das três Matinas da Semana
Santa, a 4.
Mifereres 2l diverfas vo2es.
Ladainha de N. Senhora a 8. e 12, vozes >
Vários Motetes a 3. 4. 7. e 8. vozes..
P. FRANCISCO DO VALLE reUgiofa
da Companhia de Jefus traduzio da Lín-
gua Caílelhana do Padre Martinho de
Roa da mefma Companhia, em a mater-
na, e dedicou ao SereniíTimo Duque de
Bragança D. Joaõ que depois fubio 2.0
trono de Portugal.
EJlado dos Bemaventurados no Ceo; dos
meninos no Limbo; dos condenados no infer-
no, e de todo ejle univerfo depois da Refur-
reiçaõ, Juif^o Univerfal. Lisboa por António-
Alvres. 1628. 12.
P. FRANQSCO VALENTE natural
de Lisboa donde deixando a cafa de feus
Pays Jorge Valente, e Anna Nunes re-
cebeo quando contava quinze annos de
idade em o Collegio de Évora a roupe-
ta da Companhia de Jefus a 13. de Ja-
neiro de 1394. Neíla fagrada paleftra en-
íinou féis annos letras humanas, e nove
as fciencias efcholaílicas com grande fru-
to dos feus difcipulos, fendo igualmen-
te douto na Jurifprudencia Cefarea, e Pon-
tifícia, como na Theologia Poíitiva, e Myf-
tica. Depois de fer Revifor dos livros
em Roma, foy Reytor dos Collegios de
Angra, e Braga, e duas vezes Propo-
íito da Cafa de S. Roque onde paíTou.
28o
B IB LIO THE CA
a milhor vida a 23. de Novembro de
1662. com 83. annos de idade, e 68.
de Religião. Fuií vir v^elo magno praàitus
ohjervantia regularis, <& Injlituti Societatis e^e-
pe peritus diz delle a Bih. Societ. pag.
263. col. I. Franco Ann. Glor. S. J. m
LMjít. p. 701. DoãiJJimus fíát utriujqm júris;
et Annal. S. J. in L.ujit. pag. 333. §. 12.
Homo fuit antiqtia finceritatis fine doli um-
hra. e na Imag. da virtud. em o Nov.
Âe Evor. pag. 865. Teve grande !(e/o da
objervancia religioja. Joan. Soar. de Brit.
Theatr. "Lufit. Utter. lit. F. n. 84. Com-
p02.
Concórdia Júris Pontificii cum Cajareo, et
'Cum Theologica ratione: de caufis, €>* effeãibus
Divini, eb* Humani Júris in genere ad Títu-
los de Jumma Trinitate <ò'c. De Conftitutioni-
bus, et XX. Difiinãiones Decreti. Pariíiis apud
Sebaílianum Cramoyfi. 1654. foi.
De rebus Societatis JESUS. Tinha promp-
to para imprimir efte volume como afirma
o P. António Franco Annal. S. I. in Lufit.
pag. 3 3 3- §• 14.
Oratio de laudibus Sapientia habita in Col-
Jegio IJlyjfiponenfi D. Antonii Magni. anno 1605.
M. S.
Fr. FRANCISCO VALESIO natural de
Lisboa filho de António Borges Valefio, e
Luiza Franca Leal. No Convento pátrio
recebeo o habito de Carmelita calçado a
31. de Dezembro de 1709. Eftudou Filo-
fofia, e Theologia no Collegio de Coimbra
em cuja Univerfidade foy admittido ao nu-
mero dos Doutores. He excellente latino,
-elegante Orador, e muito verfado nas le-
tras humanas. Recebendo em 23. de Ja-
neiro de 1722. a borla doutoral em a fa-
culdade Theologica Fr. Jozeph de Villas
Boas Carmelita recitou em o feu aplauzo
huma Oraçaõ Latina, que fe imprimio no
mefmo anno na Officina do Real Collegio
<ias Artes, da qual como de feu Author faz
mençaõ Fr. Manoel de Sá nas Memor. dos
E/crit. Portug. da Ord. do Carm. pag. 175.
FRANCISCO VANEGAS natural de Us-
boa, e Familiar da Cafa do IlluílriíTimo D.
Garcerano Albanelii Meftre que foy de Fc-
lippc IV. e depois Arcebifpo de Granada.
Foy fummamente verfado, e egregiamente
perito nas letras humanas, e Antiguidades
Romanas, cuja profunda noticia bebeo dos
milhores Authores affim Gregos, como La-
tinos que fe confervaõ na fumptuoza Biblio-
theca do Real Convento de S. Lourenço
do Efcurial, onde continuadamente affiítía.
Efcreveo.
Pro/egomena in L. Ca/ium Laãantium Fir-
mianum et cateros Authores, qui fcripferunt ad-
verjus gentes dijputationes. Como também.
Commentaria ad librum primum LaBantii, aÍT
ad librum de falfa religione ujque ad Cap.
XXII. et ad librum de origine erroris u/que
ad Cap. V. varia/que le£tiones.
Eeíla obra afirma Niculao António Bib.
Hifp. Tom. I. pag. 376. col. 2. que a
vira acabada em oder de Martim Vafques
Siruela Racioneipro da Catedral de Se-
vilha.
FRANCISCO DE VASCONCELLOS
COUTINHO natural da Cidade do Funchal,
Capital da Ilha da Madeira Bacharel forma-
do pela Univerfidade de Coimbra em os Sa-
grados Cânones, infigne Poeta cujo efpi-
rito fe arrebatava ao cume do Parnaflb com
tal elevação, que por voto dos mayores cul-
tores de taõ divina Arte excedia o feu en-
thufiafmo a mais penetrante comprehenfaõ
fendo os feus verfos cadentes, difcretos, ele-
gantes, e claros. Dos muitos que a fua
fecunda Mufa produzio fe publicarão os fe-
guintes.
Feudo do PamaJJo, e viãima numero/a con-
fagrada ás Aras da Soberana Mageflade do mui-
to alto, e poderofo Key D. JoaÕ o V. Lisboa
por Pedro Ferreira 1729. 4. Saõ Terce-
tos.
Hecatombe Métrico, conjagrado às Aras ia
Cru^ Santijftma, e ã pure:^a immaculada da
fempre Virgem Maria N. Senhora. Lisboa
pelo dito Impreflbr. 1729. 4.
Fabula de Polifemo, e Galatea. Confta de
73. Outavas começa
Aonde Thetis com grilhoens Ituentes. ó^c.
i
L USITANA.
281
Sahio impreíTa com /efe Sonetos a diver-
fos Affumptos defde pag. i. até 32. no Tom.
2. da Veni^ renacida, ou obras poéticas dos mi-
Ibores engenhos Portuguet(es. Lisboa por Jo-
zeph Lopes Ferreira Impreflbr da Serenif-
íima Rainha. 1717. 8.
Trinta, e dous Sonetos a vários affumptos.
Sahiraõ impreflbs defde pag. 220. até 251,
do Tom. 3. da ¥eni^ renacida &c. Lisboa
pelo mefmo Impreflbr. 171 8. 8.
FRANCISCO VAZ natural da Villa de
Guimaraens Presbitero pio, e devoto, co-
mo manifefta a obra feguinte que publi-
cou.
Ohra da muita doloroja morte, e paixaõ
de N. S. JESU Chrijlo comforme a efcrevem
os quatro Santos Evangelijlas. Évora por Ma-
noel de Lira 1593. 4. Braga por Fruc-
tuofo do Bailo 161 3. 4. Évora por Fran-
dfco Simoens. Lisboa por António Al-
vres 1617. e 1639. 4, e Lisboa por Do-
mingos Carneiro 1659. 4. Deixou compof-
tas outras obras poéticas divinas, e huma-
nas.
FRANCISCO VAZ DE ALMADA naõ
fomente illuílre por nacimento, como pela
£ama que adquirio em o Oriente fendo Ca-
pitão no anno de 161 5. de huma Nao da
Armada de que era Capitão Mór D. Hen-
rique de Noronha contra o Malabar, exer-
citando o meíino pofto na vitoria que al-
cançou o General Luiz de Brito de Mello
dos moradores da Qdade de Barbute em
cujas expediçoens fe oílentou formidável aos
inimigos do Eftado. Navegando em o
anno de 1621. em a Náo S. Joaõ Bau-
tifta de que era Capitão Pedro de Mo-
raes Sarmento padeceo laftimofo naufrá-
gio no Cabo da Boa Efperança de cujo
trágico fucceíTo compoz a narração fe-
guinte.
Tratado do Juceffo que teve a Náo S. JoaÕ
Bautijia, e jornada que fev^ a gente que delia
ef capou defde trinta, e três grãos no Cabo da
Boa E/perança onde /^^ naufrago até Zofala
hindo fempre marchando por terra. Lisboa por
Pedro Crasbeeck. 1625. 4. Fazem illuílre
memoria do feu nome Faria Afia Portug.
Tom. 3. part. 3. cap. i. n. 5. cap. 13. n.
16. e cap. 17. n. 19. Nicol. Ant. Bib. Hifp.
Tom. I. pag. 377. col. 2. Ant. de Leon,
Bib. Orient. Tit. 13. Joan. Soar. de Brit.
Tbeatr. ImJ. Uter. lit. F. n. 82.
FRANQSCO VAZ TAGARRO natu-
ral da Villa de Óbidos onde aprendeo a
lingua Latina, e letras humanas, e na Uni-
veríidade de Coimbra Jurifprudenda Qvel
em cuja Faculdade recebeo o gráo de Ba-
charel. Foy hum dos mais celebres Advo-
gados que teve eíla Corte fendo muito ref-
peitadas as fuás Allegaçoens que fez fobre
caufas graviflimas onde competia a profun-
didade da fciencia com a delicadeza do dif-
curfo. Foy cazado com D. Mariana The-
reza de quem naõ teve filhos. Morreo na
pátria a 24. de Abril de 1724. e jaz fepul-
tado na Parochial Igreja de N. Senhora da
Encarnação. Publicou.
AllegaçaÕ praâica, e juridica fobre a poffe,
e fuceffaõ do Titulo, e Cav^a da Feira contra
os Senhores Procuradores da Coroa, e Infantado
a favor de D. Álvaro Pereira Forjas Couti-
nho. Lisboa por Mathias Pereira da Sylva,
e Joaõ Antunes Pedrozo. 1720. foi.
P. FRANaSCO VELHO natural do
lugar de S. André de Palma termo de
Barcellos do Arcebifpado de Braga fi-
lho de Joaõ Alvares Velho, e de Ca-
therina Affonfo. Na tenra idade de quin-
ze annos abraçou o inílituto da Com-
panhia de Jefus em Lisboa a 9. de Mar-
ço de 1620. Diôou humanidades féis an-
nos, e Filofofia no Collegio de Lisboa.
Em Roma foy Subílituto do AíTiílente
deíla Provinda, e Penitenciário em o ce-
lebre Sanéhiario da Cafa do Loureto. Con-
trahindo huma grande infermidade da af-
íiílencia que fazia aos foldados do Exer-
cito de Entre Douro, e Minho ao tem-
po que fe recolhia ao Collegio de Bra-
ga faUeceo no Hofpital de Ponte de Li-
ma, que adminiílraõ os religiofos de S.
Joaõ de Deos, a 30. de Novembro de
1662. Foy muito douto nas letras hu-
manas, e antiguidades Eccleíiafticas. Com-
poz.
282
BIBLIO THE CA
Vida de Santo Olympio. Deíla obra faz
mençaõ Cardofo Agtol. Lsijit. Tom. 3. pag.
655. no Comment. de 12. de Junho letr.
B. e Nicolao António Bib. Hijp. Tom. 2.
pag. 325. col. I.
Vida de Santo Epitacio Martyr. Fa2 me-
moria deíla obra Fr. Pedro Poyares Vaneg.
da Villa de Barcel. cap. 98. pag. 227.
Sendo Meílre de Humanidades compoz
huma Elegia à morte do P. Francifco de
Mendoça que fahio imprefla no principio
do feu Viridario. Lugduni apud Lauren-
tium AniíTon. 1649. foi.
Tem por titulo a Elegia.
iMgdtmi, feu Gallici leonis Olyjfiponi de ohitu
Mendoca Epijlola. Começa.
Sic ad Ulyjjaam Jcrihit 'Leo Gallicus Ur-
bem.
Sed tamen ut Lybicus non viget ore leo.
Faz honorifica memoria delle o P. An-
tónio Franco Ann. Glor. S. I. in Lujit. pag.
718. et in Annal. S. I. in Ijujit. pag. 333.
§. 13.
P. FRANCISCO DA VEYGA natural
de Villa Viçofa da Diocefe de Évora filho
de Francifco Cordeiro, e Maria Fagundes.
No Real CoUegio deíla Qdade fe aliílou na
Companhia de JESUS a 5. de Junho de
161 7. quando contava 17. annos de idade.
Aprendeo as letras humanas, e divinas com
difvelo, e as di£lou com aplauzo, prin-
cipalmente quando foy Meílre da Sagra-
da Efcritura em a Univerfidade de Évo-
ra. Obfervou com efcrupulofa exaçaõ os
preceitos do feu inílituto. Foy muito aman-
tiíTimo da pobreza, e inimigo da comu-
nicação com Seculares. Pregou com gran-
de fruto dos ouvintes fendo o feu to-
tal empenho plantar virtudes, e eílirpar
vicios. Ao tempo que tinha feito todos
os aélos literários para fc graduar Dou-
tor em a Faculdade da Theologia foy
intempeílivamente arrebatado pela morte a
7. de Dezembro de 1643. com 43. annos
de idade e 26. de Religião. Delle fe lembra
Franco Annal. S. J. Li^Jit. pag. 285. §. 8.
Clarejcebat ad Jcientias tr adendas ingenio felici e
y\nn. GlorioJ. S. J. in 'Lufit. pag. 73 1. Compoz.
Commentaria in lonam Prophetam. foi.
M. S.
Fr. FRANCISCO DA VEYGA natural
da Villa de Barcellos do Arcebifpado de
Braga filho do Doutor Thomaz Rodrigues
da Veyga lente de Prima de Medeciru em
a Univerfidade de Coimbra, e de D. He-
lena Pinheira irmãa do infigne Jurifcon-
fulto o Dezembargador Thome Pinheiro da
Veyga dos quais ambos fe fará diílinta me-
moria em feus lugares. ProfeíTou o iníli-
tuto Seráfico em a Provincia de Portugal
onde depois de eíhidar as fciencias necef-
farias para o púlpito exercitou eíle fagrado
miniílerio com zelo apoílolico reprehenden-
do as culpas, e ocultando os culpados cie
que fe feguiraõ admiráveis converfoens. Re-
tirado para o Convento da Ilha da Madeira
fe fepultou em huma cova pelo efpaço de
féis mezes fendo o feu único alimento as
emas, que produzia o campo, de cuja ri-
gorofa abílinencia contrahio a infermida-
de que o afligio largo tempo até fer
transferido ao eterno defcanço. Compoz.
Perfeição da Vida Ejf angélica. 2. Tom.
M. S. Os quais eílavaõ com defpacho
do Dezembargo do Paço de 21. de Ja-
neiro de 1634. em que o Author vi-
via para que os revilTe Fr. Martinho Mo-
niz Religiofo Carmelita obfervante.
Fruto do Sangue de Chriflo fobre as pa-
lavras do Capitulo 20. de S. Matheos Ca-
licem meum bibetis. 4. 2. Tom. Eílavaõ
com aprovação da Ordem para fc impri-
mirem.
Sermoens diverfos de Nojfa Senhora, das
fuás nove Feflas do anno, e outras particula-
res dedicados à Immaculada Conceição da Vir-
gem NoJfa Senhora, honra, Tymbre, folar,
devifa, e profifaõ da Ordem Seráfica. Co-
meça a Dedicatória. Qmndo ponho os olhos,
Immaculada Princesa, nas muitas obrigaçoetis
que a Sagrada Religião Francifcana vos tem
em lhe dares a honra de Defenfora da vojfa
Immaculada Conceição, eu como filho ^c.
Coníla de 29. Sermoens. 4. M. S. Fr.
Fernando da Soledade. Wfl. Seraf. da Prov.
de Portug. Part. 5. cap. 29. n. 459. faz men-
LUSITANA, 283
çaõ defta obra a qual como a precedente Carfa efcrita das Molucas aos me/mos Pa-
confervava em feu poder Fr. LuÍ2 de dres a 29. de laneiro de 1568. Eftas duas
S. Francifco fobrinho do Author de quem Cartas com outras duas fe confervaõ no Ar-
fe fará memoria em feu lugar. chivo da Ca2a profeíTa de S. Roque de Lis-
boa.
P. FRANCISCO VIEYRA natural da KelaçaÕ do Martyrio do V. P. loaõ Bau-
Villa da Arruda do Patriarchado de Lis- fi^a Machado. Conferva-fe M. S. no Carto-
boa foy admitido em o CoUegio de Coim- rio do Collegio de Coimbra como afirma o
bra à Companhia de JESUS a 15. de Ja- Padre António Franco Imag. da virtud. do
neiro de 1544. onde igualmente cultivou as Novic. de Lisboa. Liv. 2. cap. 24. §. 25.
letras, e as virtudes. Depois de fer Supe-
rior da Caza de Santo Antaõ em Lisboa Fr. FRANCISCO VIEYRA natural de
dezejozo de pregar o Evangelho nas Re- Villa-Real em a Provinda Tranfmontana fi-
gioens Orientaes pardo com faculdade dos lho de Pays igualmente nobres, que opu-
Superiores a 24. de Março de 1553. em a lentos chamados Gafpar Ferreira de Aze-
Náo Santa Cruz de que era Capitão Bel- vedo, e Izabel Vieyra de Souza. Ainda con-
chior de Souza Lobo em cuja navegação tava poucos annos de idade, e muitos de
pofto que impelido dos ventos arribaíle a madureza quando deixando a Caza paterna
Lisboa, exercitou com os infermos todo o elegeu a ReUgiaõ dos Erimitas de S. Agof-
genero de charidade. Segunda vez tentou tinho profeílando o feu inftituto no Real
taõ prolongada jornada, e embarcado com Convento de NoíTa Senhora da Graça de
o Vice-Rey D. Pedro Mafcarenhas em a Lisboa a 6. de Mayo de 1669. Tal era a
Náo Saõ Boaventura aportou felifmente a viveza com que comprehendeo as fciencias
Goa a 23. de Setembro de 1554. Para exer- feveras que ao mefmo tempo cauzava en-
cicio do feu apoílolico efpirito paílou com veja aos condifcipulos, e admiração aos Mef-
outros companheiros em o anno de 1557. três. Laureado com as inlignias Doutoraes
às Ilhas Molucas onde agregou muitas ai- na Faculdade Theologica pela Univeríidade
mas ao conhecimento da verdadeira Divin- de Coimbra a 14. de Fevereiro de 1685.
dade padecendo na cultura de vinha taõ a illultrou com o feu Magiíterio em as mayo-
agrefte intoleráveis trabalhos fendo bufcado res Cadeiras, fendo Lente de Gabriel a 23.
por ElRey de Geilolo para o privar da de Outubro de 1706. da Efcritura a 26. de
vida até que recebeo o premio delles na laneiro de 1714. de Vefpora em 12. de No-
eternidade gloriofa. Fazem mençaõ deíle vembro de 171 6. e ultimamente de Prima
Varaõ Evangélico Telles. Chron. da Comp. em o primeiro de Outubro de 171 7. A
de Jefus da Prov. de Portug. Part. 2. liv. fua grande literatura fe naõ coarétou às
4. cap. 22. §. 7. e liv. 5. cap. 4. §. efpeculaçoens da Theologia, mas com ex-
I. e cap. 49. §. 2. Maffeo de Keh. Ind. ceifo a todos os Cathedraticos fe exten-
lib. 16. Franc. Ann. glor. S. I. in l^fit. pag. dia à intelligencia das Efcrituras, noticia
775. Efcreveo. da Hiftoria Sagrada, e Profana, liçaõ dos
Carta ao Geral efcrita de Temate a 18. Oradores, e Poetas antigos como teíle-
de Fevereiro de 1558. Na qual refere o mar- munhavaõ todos, que participava© da fua
tyrio do Padre AíFonfo de Caílro, conver- converfaçaõ fempre agradável, e judicio-
faõ de hum Rey, e Chriílandade daquellas fa. Naõ mereceo menor aplauzo o feu
partes. Defta carta fe fez hum extraéíio na talento no púlpito que na Cadeira fen-
Lingua Latina que fahio com outras. Lo- do as fuás declamaçoens Evangélicas de-
vanii apud Rutgerum Velpium 1569. 8. a regidas à reforma dos cuftumes, e extin-
pag. 225. çaõ dos vidos. Retirado à fua pátria fe
Carta efcrita das Molucas aos Padres da preparou com repetidos aâos de obfer-
Provincia de Portugal a f). de Março de 1559. vante ReUgiofo para a morte que o pri-
Confta de nove paginas. vou da vida a 25. de Setembro de 1720
284
BIBLIO THE CA
quando contava 71 annos de idade, e 51.
de religião. Jaz fepultado no Capitulo do
Convento de S. Domingos de Villa Real em
cuja Campa fe deve gravar por epitáfio as
palavras que delle efcreveo o Padre Fr. Ma-
noel de Figueiredo F/os Sana. Aug. Tom.
4. pag. 140. Conjumado Theologo em todas as
BJcolas, e plaufivel nos argumentos.
Compoz.
Sermão da Terça fexta feira de Quarejma
na Capella Real da Univerjidade de Coimbra.
Coimbra por Jozé Ferreira Impreflbr da Uni-
verfidade. 1689. 4.
Sermão da Anunciação da Senhora e Encar-
nação do Divino Verbo no Collegio da Graça em
1687. Coimbra pelo dito Impreflbr. 1689. 4.
Sermão na ultima Tarde do Triduo que
no Convento de Santo Agofiinho da Cidade
do Porto fe celebrou em 28 de Outubro de
1689. na TresladaçaÕ do Sacramento para a
nova Igreja dedicada ao mefmo Santo Agof-
tinbo com a circunjiancia da felice nova do
nacimento do Príncipe que Deos guarde por-
que chegou quando fe dava principio a fo-
lemnidade. Coimbra por Manoel Dias Im-
preflbr da Univerfidade 1689. 4.
Sermaõ da Quarta Dominga de Quarefma
na Sé de Coimbra. Lisboa por Miguel Ma-
nefcal 1691. 4.
Sermaõ do Auto da Fé que fe celebrou
no pateo de S. Miguel da Cidade de Coim-
bra em 19. de lunho de 171 8. Coimbra na
Officina do Real Collegio das Artes da Com-
panhia de lESUS 171 8. 4.
Ko:^ Evangélica, que nos mudos charaííe-
res da ejlampa catholicamente brada, e fe di-
vulga em quarenta Sermoens Panegyricos fef-
tivos, como também fúnebres, e Quarefmaes.
Coimbra por António Simoens Impreflbr
da Univerfidade. 1708. foi.
fimo Bifpo deíla Cathedral. Era muito apli-
cado ao eftudo da Genealogia efcre vendo.
Família dos Pintos hijloríada. M. S.
P. FRANCISCO XAVIER natural de
Lisboa filho de Domingos loaõ, e Do-
mingas Pedroza recebeo a roupeta de S.
Filipe Neri em a Congregação do Ora-
tório da fua pátria a 26. de Abril de
1688, onde diétou Filofofia, e Theologia
com profundidade, e pregou com elegân-
cia. Foy Qualificador do Santo Offido,
e duas vezes Propozito da Caza de Lis-
boa, e huma em a da Villa de Eílre-
mos. Teve o afpedo grave, génio afá-
vel, comprehenfaõ fublime, e coração pio.
Ornado de todas as virtudes, que conf-
tituhem hum perfeito Regular falleceo cm
a Congregação de Eftremos a 6. de No-
vembro de 1732. depois de tolerar com
admirável refignaçaõ as moleflias de hum
prolongado achaque. Foy taõ fentida a
fua morte que em 11 de Dezembro fe
lhe dedicarão fumptuozas exéquias na Igre-
ja de Santo André da Villa de Eftre-
mos fechando todo efte fúnebre obzequio
o Doutor Manoel Martins Fontes da Syl-
veira, que fez das fuás virtuofas açoens
hum elegante Panegyrico. Compoz
Parecer fobre a controverfia dos Reverendos Pa-
dres da Congregação do Oratorío com os Reve-
rendos Parochos, e Clero fecular do Patriarchado
de Lisboa fobre a precedência na ProciJfaÕ do
Corpo de Deos. Efcrita em Lisboa a 6. de
lunho de 1719. foi. Impreflb 1722. fcm lu-
gar nem nome de Impreflbr, mas do carac-
ter fe conhece fer em Olanda.
Sermoens Varíos i. Tomo. Lisboa na
Officina da Congregação do Oratório 1735. 4.
Sermoens Vários 2. Tomo. ibi na mefma
Officina 1736. 4.
FRANCISCO VIEYRA PINTO filho
de Francifco Pinto da Fonceca, e de Je- FRANQSCO XAVIER Naceo em Lis-
ronima Pinto da Fonceca. Foy Reytor da boa a 2. de Dezembro de 1685. fendo
Igreja de S. Pedro de Valongo fituada feus Pays António Dias, c Catherina do
junto a ponte do Rio Vouga em o Bif- Efpirito Santo. Quando contava 15. an-
pado de Coimbra em cujo beneficio foy nos de idade foy admetido à Congrega-
provido fendo D. loaõ de Mello dignif- çaõ do Oratório da Villa de Eftrcmós a
I
L USITAN A.
285
19. de Março de 1701. onde eíhidadas
as fciencias efcholaílicas exercitou o oííicio
de MiíTionario Evangélico por diverfas ter-
ras da Provincia do Alentejo em que co-
Iheo copiofo fruto. Obrigado do preceito
dos Médicos deixou a Congregação por fe-
rem os achaques que padecia incompatíveis
com os miniílerios de Congregado. Reti-
roufe à Villa de Peniche onde experimen-
tando por beneficio do clima alivio em as
fuás queixas foy chamado pela AbbadeíTa do
rcligiofiíTimo Convento de Nlarvilla de Reli-
giofas de Santa Brigida íítuado nos arre-
baldes de Lisboa para feu ConfeíTor, cujo
lugar exercita com louvável procedimento.
He muito perito na intelligencia da lingua
Latina, letras humanas, e Mythologia. Quan-
do aíTiília na Congregação compoz.
EfcravidaÕ, e filial entrega a Maria Santif-
Jima Senhora Nojfa, exercido uiilijjimo no qual
Je deve empregar todo o Catholico propofio à
praxe dos devotos. Lisboa por Jozé Lopes
Ferreira 171 5. 16. e muitas vezes reimpreílo
em Lisboa, e Coimbra.
Depois que fahio da Congregação pu-
blicou.
^^di menta Ut ter ária Studiofa Jtwentuti, opus
excultum in duas partes divifum. Ulyffipone
apud Antonium Pedrozo Galraõ. 1732. 4.
Sermão da ^ande Matriarcha Santa Brigida
pregado na fua Igreja em o anno if^j. no feu
próprio dia 8. de Outubro. Lisboa na Officina
dos herdeiros de António Pedrozo Galraõ.
1740. 4.
Fr. FRANCISCO XAVIER Naceo em
Lisboa fendo filho de loaõ Botelho, e Mar-
garida de JESUS. ProfeíTou o fagrado inf-
tituto de Carmelita Calçado no Real Con-
vento da fua Pátria a 29. de Mayo de 171 8.
Eíhidou Artes, e Theologia em o Collegio
de Coimbra, e em o de Évora diétou efta
fublime Faculdade. Naõ he menos eftimavel
o feu talento para a Cadeira, que para o
púlpito de cujo minifterio publicou por pri-
mícias.
Sermão na SolemniJJima Yefia do Corpo
àe Deos pregado no Convento do Carmo de
Lisboa no anno de 1738. Lisboa por An-
tónio líidoro da Fonceca. 1738. 4.
Demonfiraçàõ Theolopco Canónica da ver-
dadeira cor do habito que devem vejlir os Ke-
ligiofos do Carmo da antigua, e regular obfer-
vancia. Lisboa por Miguel Rodrigues Im-
preíTor do EmminentiíTimo Senhor Cardial Pa-
triarcha. 1742. foi.
FRANQSCO XAVIER Vejafe P. MA-
NOEL MONTEIRO da Congregação do
Oratório.
FRANQSCO XAVIER LEYTAM Na-
ceo em Lisboa a 5. de Julho de 1667. onde
teve por Pays a Gafpar Leytaõ da Fonceca
Sargento Mòr na Praça de Tangere, e a
D. Maria Quarefma Gayoa fua 2. mulher
de igual nobreza à de feu Conforte. Tanto
fe anticiparaõ na puerícia as luzes do feu
engenho, que eítudando os primeiros rudi-
mentos de Gramática no Collegio de Santo
Antaõ dos Padres Jefuitas o atrahiraõ para
feu companheiro fendo admetido ao Novi-
ciado de Lisboa a 24. de Fevereiro de 1682.
No Collegio de Évora aprendeo as fcien-
cias amenas em que fahio taõ infigne
que fempre levou o prímeiro premio ou
foíTe na oraçaõ folta, ou ligada confef-
fando os feus mefmos competidores o
conhecido exceíTo, que lhes fazia o feu
talento. Naõ era menos nas efpeculaçoens
da Filofofia fendo os feus argumentos taõ
fubtis, como nervozos por cuja cauzaeraõ
ao mefmo tempo timidos, que admira-
dos. Deixando no anno de 1689. a Re-
ligião em que taõ virtuofamente fe edu-
cara voltou a Lisboa onde vaciUante en-
tre o eiiado que feguiria, elegeu o de
cazado defpozandofe em 3. de Mayo de
1691. com D. Margarída Thomazia Cou-
tinho de quem teve três filhos, e fin-
co filhas, que acomodou em nobres lu-
gares aíTim religiofos, como feculares. De-
liberado a eíhidar Medicina frequentou a
Univerfidade de Coimbra, e como era
muito inteligente da lingua Latina, e Fi-
lofofia penetrou profundamente os myfte-
ríos deíla Faculdade com tanta aclama-
ção do feu nome que chegando a Lis-
boa lhe entregou o Tribunal da Meza
28Ó
BIBLIO THE CA
da Conciencia a dircçaõ do Hofpital de N.
Senhora da Luz fituada no fuburbio deíla
Corte, que foy piedofa, e magnifica Funda-
ção de SereniíTima Infanta D. Maria ultima
filha delRey D. Manoel. Paflados finco an-
nos bufcou no anno de 1702. em Lisboa
mayor esfera em que girafle o influxo da
Arte, que profeíTava alcançando tanto aplau-
20 com o methodo, que aplicava às infer-
midades mais perigofas, que o elegerão por
feu Medico as Cazas mais illuftres, e as Co-
munidades mais graves. Eíla bem mereci-
da fama da fua fciencia moveo a Magef-
tade delRey D. loaõ o V. para o nomear
Medico da fua Camera na ocafiaõ, que acom-
panhou ao Excellentiflimo Marquez de Ale-
grete Fernando Telles da Sylva quando par-
tio a 25. de Setembro de 1707. a concluir
os auguílos defpozorios daquelle Monarcha
com a SereniíTima Archiduqueza de Auf-
tria, e no giro que fez por Londres,
Holanda, e Alemanha fe inílruio com a
comunicação dos mayores fabios da fua
profiíTaõ, que admirados refpeitavaõ a pro-
fundidade do talento, e fubtileza do juizo
com que fallava, e difcorria em varias
matérias fcientificas. Reílituido à pátria co-
mo eílivefle livre dos vínculos do ma-
trimonio querendo milhorar de eftado fe
ordenou de Presbítero no anno de 1720.
conferindo-lhe as Ordens o Emminentiflimo
Cardial Senhor Patriarcha o qual como
conhecia a fua grande capacidade lhe deu
licença fem limitação para exercitar os
Miniílerios de ConfeíTor, e Pregador, e
o nomeou por hum dos feus Médicos.
Partindo defta Corte o EmminentiíTimo Car-
dial da Cunha para aíTiíUr na eleição de
Summo Pontífice no anno de 1721. foy
dcftinado entre os Varoens infignes de
diverfas profiíToens para acompanhar a efte
Príncipe, e tanto que chegou a Roma
mereceo univerfaes eílimaçoens pela na-
tural elegância com que fallava a Lín-
gua Latina, c Italiana contrahindo ami-
zade com os Médicos Romanos e os da
Corte de Turim, que lhe comunicarão as
suas obfervaçoens, e lhe moílraraõ vários
Gabinetes depozitos de raras antiguidades.
A inílancia do grande Medico de Saboya
cfcrcvco huma DiíTertaçaõ fobre a origem
das febres purpúreas, c das que foraõ def-
conhecidas pelos Médicos antigos. Em Pa-
riz vio como curiofo, e obfervou como Sá-
bio os Jardins das plantas Medicinaes cul-
tivados pelos Botânicos; os inílrumcntos de
que ufaõ os Chimicos para a calcinação, e
manipulação dos remédios. Por morte do
Secretario de Eftado Diogo de Mendonça
Corte Real Académico da Academia Real
foy eleito Collega deAa Real Sociedade no
anno de 1756. onde recitou huma clcgan-
tiíTima Oraçaõ digna de fer invejada pelos
Meílres da Eloquência Grega, e Romana,^
fendo ainda mayor a que fez em aplauzo
do Myfterio da Immaculada Conceição da
Senhora na Solemne Feíla que annualmente
lhe dedica a Academia Real em que com-
petia a novidade da idea com a fubtileza
do difcurfo. Sendo nomeado Cirurgião Mór
no anno de 1738. naõ permitio a mor-
te que poíTuiíTe efte lugar o breve ef-
paço de hum anno, pois acometido de
huma diíTimulada doença, que moftrou fer
vencida pelos remédios o aíTaltou com
taõ grande impulfo que recebidos os Sa-
cramentos com piedade Catholica ,0 pri-
vou da vida a 15. de Dezembro de
1759. quando contava 72. annos 5. mezes,
e 8. dias de idade. Jaz fepultado na Pa-
rochia de Saõ lozeph a cujo Funeral afif-
tio illuftre, e numerofo concurfo. Entre
os Poetas Latinos mereceo o principado
admirando-fe na metrificação dos verfos
heróicos a Mageftade de Virgílio, e a
difcriçaõ de Claudiano, e nos Elegíacos
a ternura de Ovídio, e a fraze de Propcr-
cio. Igual génio teve para a Poefia vulgar
nunca deixando de fer judiciofa ainda quan-
do era jovial. Na eloquência latina, e Por-
tugueza foy peritamente exercitado comopu-
blicaõ os difcurfos, e Oraçoens que recitou,
e efcreveo onde fe admiravaõ felifmente uni-
das pureza de fraze, com fubtileza de juizo.
Ainda que fempre venerou o cngenhofo
artificio da Dialeítíca de Ariftoteles foy
acérrimo fequaz da Filofofia de Renato
Defcartes em cujo Siftema defcubrio fo-
lidos princípios para a Medecina que pro-
feíTava. De muitas obras aíTim cm Prosa
L USITAN A.
iSj
•como em verfo fomente fe fizeraõ publicas
as feguintes.
OraçaÕ com que congratulou a Acad. Real
guando foy admetido por feu Collega. Lisboa
por lozeph António da Sylva ImpreíTor de
Academia. 1736. 4.
In Nuptiis ExcellenfiJIimi Domini D. Fran-
àfci Xaverii Menefii, €> Excellentiftma Domi-
jia D. Maria à Gratia Norognia Epithala-
mium. Ulyffipone apud Antonium Pedrozo
Galraõ 1738. 4. Confta de 306. verfos he-
róicos.
Sermão da Purijftma Conceição da Virgem
Nojfa Senhora na Fejla, que como a fua Pro-
teãora lhe fai^ a Academia real da Hijloria na
Capella do Paço do Duque a 14. de De^mhro
Je 1737. Lisboa na Officina Sylviana, e da
Academia Real. 1739. 4-
Epiff^amma Lafino ao iníigne Capitão An-
tónio Galvaõ que fahio na parte inferior
do feu Retrato aberto na fua obra dos Def-
/rubrimentos antigos, e modernos. Lisboa na Of-
ficina Ferreiriana. 1731. foi.
Epigramma Latino ao Retrato do Conde
da Ericeira D. Fernando de Menezes im-
preíTo na Hijloria de Tangere compoíla por
efte Fidalgo. Lisboa na Officina Ferreiriana.
1732. foi.
■ Bpigramma Latino em aplaufo dos Epi-
grammas do Excellentiffimo Conde do Vi-
miofo D. lozé Miguel loaõ de Portugal.
IJsboa por Miguel Rodrigues. 1732. 8.
Obras M. S.
Defcripçaõ do Collegio dos PP. lefuitas
de Efora. Em Verfo heróico Latino.
Poema à feli^ entrada em Coimbra da
Serenijftma Senhora D. Catherina Rainha da
Graã Bretanha. Verfo heróico Latino.
Epicedion in obitu P. Dominici Louvado
Collegii, et Academia Eborenjis Reãoris. Ele-
gia Latina.
Sequentia MiJJa Defunãorum Dies ira, àies
illa &c. reduzindo cada três Verfos que
faõ Leoninos a três heróicos, e eíles a
dous dyftichos, e ultimamente todos os
penfamentos dos três ao argumento de
hum fó verfo Exametro.
Vida de dous Arcebifpos de Lisboa em
Latim recitadas na Academia Real.
Difcurfo fobre os lardins de Semiramis, e
Muros de Babilónia.
Difcurfo fobre a exiflencia do Pelicano.
Foraõ lidos eíles difcurfos na Academia
Portugueza inftituida em caza do Excel-
lentiffimo Conde da Ericeira D. Frãdfco
Xavier de Menezes.
Sermão da Fefla dos Santos Reys.
Sermão das Dores de N. Senhora.
Obfervaçoens, e Confultas Medicas, foi.
Epitome da fua vida efcrita em eflilo Joca-
ferio.
Vários "Epigramas Latinos entre os quais
he celebre o epitáfio ao D. Manoel Alva-
res Pegas infigne lurifconfiilto que fe le-
ra impreíTo quando delle fe fizer men-
ção.
Diverfos Romances, ferios, e Jocofos. In-
tentava efcrever.
De Morbis, €>• medicina Principum.
D. FRANCISCO XAVIER MASCARE-
NHAS Sahio à luz do Mundo em a notá-
vel Villa de Santarém a 1 1 de Agofto de
1689. fendo feus claros Progenitores D. Fer-
nando Mafcarenhas fegundo Marquez de
Fronteira, terceiro Conde da Torre, Gover-
nador, e Capitão General do Reyno do Al-
garve, Meílre de Campo General, e Gover-
nador das Armas das Províncias da Beyra,
e Alentejo, Confelheiro de Eftado, Vedor
da Fazenda, Prezidente do Paço, e Mordo-
mo mòr da Rainha Noífa Senhora e D.
loanna Leonor de Toledo, e Menezes filha
de D. leronimo de Atayde fexto Conde da
Atouguia Governador das Armas de Trás
os montes, Vicerey do Brazil, Confelheiro
de Eílado, e de D. Leonor de Menezes.
AqueUas virtuofas açoens que canonizaõ a
memoria dos Varoens infignes foraõ in-
nocente exercido dos feus primeiros an-
nos em cuja cultura claramente mollrou que
por beneficio da Graça fora nacido no gré-
mio da devoção, e bebera com o Ley-
te a candura dos cuíhimes. Inílruido nos
preceitos Gramaticaes entrou por Porcio-
nifta do Collegio Real de S. Paulo da
Univerfidade de Coimbra a 11. de Agof-
to de 171 1. onde fe aplicou ao eíhi-
288
B IB LIO THE CA
do dos Sagrados Cânones quando já pof-
fuia a dignidade de The2oureiro mór da
Guarda, e pofto que o feu penetrante
engenho unido com feliz memoria fizef-
fe admiráveis progreflbs naquella Faculda-
de impellido do génio que tinha para
as Armas fe refolveo feguir os bellicofos
veíligios dos feus Mayores preferindo a
campanha de Marte à paleftra de Miner-
va. Anelando o feu efpirito copiar na fua
peíToa a imagem de hum perfeito Capitão
fe dedicou com incanfavel difvelo a apren-
der as regras da difciplina militar aíTim tcr-
reílre, como naval em que fahio taõ confu-
madamente perito que ninguém houve que
lhe difputaíTe a primazia ou foííe em as no-
vas evoluçoens, que pra6ticou com o Re-
gimento de que era Coronel, ou no exer-
cício da Manobra de que efcreveo diverfos
Tratados. Para naõ eftar ociofo o valor que
lhe animava o peito fe ofFereceo ocaziaõ de
o exercitar em beneficio deíla Coroa em o
mayor theatro das façanhas Portuguezas on-
de tinhaõ feus gloriofos Afcendentes im-
mortalizado a fama dos feus nomes. Opri-
mido o Eftado da índia com as repetidas
invafoens do Maratà, e Bonfulo poderozos
Régulos da Cofta do Reyno de Decan de
que fe feguiraõ a devaílaçaõ das Terras do
Norte, e Provincia de Bardes, receandofe
que a cabeça do noíTo Império Oriental pa-
deceíTe a mefma fatalidade, foy mandado
por Commandante de quatro Batalhoens com
patente de Sargento môr de Batalha em-
barcado em a Nào N. Senhora do Carmo
que acompanhava a Capitania em que hia
o Marquez do Louriçal Vicerey do Eftado,
e fahindo de Lisboa a 7 de Mayo de 1740.
ferrou a barra de Murmugaõ a 17 de Mayo
do anno feguinte, em cuja penofa viagem
fe confumio hum anno, e dez dias, infor-
txmio que fe naõ experimentou femelhante
defde o tempo que os Portuguezes furca-
raõ aquelles mares. Laftimado das gravifli-
mas moleftias, que padeciaõ os Soldados em
taõ prolongada jornada procedidas humas da
falta dos mantimentos, e outras da intem-
perança dos climas fe empenhou em o feu
alivio com taÕ charitativa comiferaçaõ que
lhes miniftrava com as próprias maõs o ali-
mento, e fe defpojava dos veftidos para lhe
cubrir a defnudez dos corpos. Reftituida a
gente militar ao vigor, que perdera na via-
gem, marchou com três mil, e cem comba-
tentes a caftigar o orgulho do Regulo Bon-
fulo, é bufcando para feliz aufpicio da Vi-
toria o dia 13. de lunho confagrado às fa-
gradas memorias do Thaumaturgo Portu-
guez Santo António rendeo a Fortaleza de
Corjuem, e depois o Forte de Culuale com
horrorofo eftrago dos inimigos, que naõ po-
dendo refiftir à violência do noflb ferro buf-
caraõ na fugida a fua falvaçaõ, devendofe
igualmente à direção das fuás ordens, como
aos golpes da fua efpada a recuperação da
Provincia de Bardez no breve efpaço de
dous dias, que entaõ dilatado tempo nos ti-
nhaõ os bárbaros ufurpado. Voltando para
Goa mereceo publicas aclamaçoens de Ref-
taurador da gloria Portugueza diminuida
pela infelicidade dos tempos, e agora re-
nacida pelos impulfos do feu invencivel
braço. Querendo o Ceo premiar as fuás
heróicas virtudes, e darlhe huma Coroa em
mais alto triumfo fe fentio acometido de
huma infermidade que fazendofe rebelde á
eficácia dos medicamentos fe deliberou a
cuidar mais da faude eterna, que da tem-
poral. Obrigado das inftancias dos Padres
Jefuitas do CoUegio de S. Roque de Pane-
lim o levarão para efte fitio como mais fau-
davel, porem agravandofe a infirmidade que
durou o largo efpaço de trinta dias, rece-
bidos os Sacramentos com ternura catholica
expirou abraçado com hum Crucifixo a 11.
de Setembro de 1741. quando contava 52.
annos e trinta dias de idade. Foy fepultado
ao pè do Altar de S. Francifco Xavier co-
mo ordenara em feu Teftamento querendo
ainda morto gratificarlhe o beneficio que
lhe devera em o feu nacimento. Das fuás
açoens virtuofas, e militares publicou hum
Elogio Hiftorico Francifco lozé Frejrre or-
nado de taõ elegantes expreíToens, e difcre-
tos penfamentos, que certamente he digno
padraõ à immortalidade de Varaõ taõ in-
figne. Compoz.
As vo:(es mais próprias de qm fe deve ír^ar
para o manejo das Armas. 1735. 4. Naõ tem lu-
gar da Impreííaõ, nem nome do Impreííor.
L USITANA.
289
Operofoens que o Coronel D. Francifco Xa-
vier Mafcarenbas hade fat^er no Terreiro do Pa-
ço com o feu Kegimento. Lisboa na Ofíic. de
Jozè António da Sylva. 1736. 4.
Tratado do Exercido da Aíanobra com bum
Methodo muy fácil para fe aprender a maria-
çaô. Lisboa por António líidoro da Fon-
ceca 1737. 4. & ibi por Jozeph António da
Sylva. 1737. 8.
Tratado do Armamento, regras, e voi^es mais
próprias com que fe deve mandar fa^^er o exer-
cido aos Soldados, e das pofluras com que elles
as devem executar, e que milhor condic^m para
a mais prompta execução dos mandamentos, e
para a mayor confervaçaõ da milhor uniaõ, e
regular forma. Dedicado a Mageftade delRey
D. loaõ o V. N. S. 4. Q)nílava de 166.
paginas, que vimos.
Tratado de como fe deve haver no mar bum
Capitão em todos os perigos, que padecer a fua
Não. M. S. 4.
D. FRANCISCO XAVIER DE MENE-
ZES Quarto Conde da Ericeira fegvindo Se-
nhor de Anciaõ, e outavo da Caza do Lou-
riçal. Comendador das Comendas de Santa
Chriftina de Sazerdello, S. Pedro de Elvas,
S. Cypriano de Angueira, S. Martinho de
Frazaõ, S. Payo de Fragoas, e S. Bartho-
lameu da Covilhãa, Deputado da Junta dos
Três Eílados, Confelheiro de Guerra, Sar-
gento Mór de Batalha, e Meftre de Cam-
po General naceo na Gdade de Lisboa a
29. de laneiro de 1673. para immortal glo-
ria de feus lUuíbáíTimos Pays D. Luis de
Menezes 3. Conde da Ericeira, General da
Artilharia, Vedor da Fazenda, e Governador
da Provinda de Traz os Montes, e D. Joan-
oa. de Menezes fua Sobrinha, filha única, e
herdeira de D. Fernando de Menezes 2.
Conde da Ericeira do Confelho de Eftado,
e Guerra, Regedor das Juítíças, e Governa-
dor de Tangere de quem fe fez honorifica me-
moria em feu lugar. A natureza empenhada
a que foíTe herdeiro dos dotes fcientificos
defies dous claros confortes que igualmente
fe illuftravaõ com os rayos de Apollo, lhe
illuíbrou com taõ anticipadas luzes o enten-
dimoito que principiou a fallar aos féis me-
zes de nacido, e comprehender até a pue-
ril idade de outo annos os preceitos da
Gramática, a quantidade das Syllabas, a My-
thologia, e Poética, de cuja Arte fuftentou
em o anno de 1682. hum exame na pre-
fença da principal Nobreza deíla Corte, e
dos Collegas da Academia dos Inílantaneos
inítítuida em Cafa do IHuftriíTimo Bifpo do
Porto D. Fernando Corrêa de Lacerda dan-
do-lhe vários aíTumptos, e alguns de con-
foantes forçados que elle promptamente
compoz caufando notável efpanto àquelle
literário congreíTo a fubtileza dos conceitos,
e a cadencia das vozes com que voa-
va ao cume do Pamazo quando ainda
naõ tinha forças para intentar a fua fu-
bida. Aplicou-fe aos eíhidos Mathematicos
com o infigne Cofmografo Mór Manoel
Pimentel de cuja fabia difdplina fahio
egregiamente inftruido, fazendo em to-
das as fdendas próprias de hum Cava-
Ihero taõ rápidos progreíTos que excedia
a esfera da comprehenfaõ mais penetran-
te, e da fubtileza mais profunda. Nas
Academias ninguém lhe difputou a pri-
mazia difcorrendo a fua eloquência em
diverfos Problemas, e Difcurfos, e metri-
ficando a fua Mufa em vario género de
Poefia com igual delicadeza de concei-
tos, como afluência de vozes naõ fomen-
te na lingua materna, mas em a Lati-
na, Franceza, Italiana, e Hefpanhola, cujos
polidos Idiomas fallou com promptidaõ, e
efcreveu com pureza, tendo por Meílre da
primeira feu Avó, e Tio D. Fernando de
Menezes; da fegimda a CondeíTa fua Mãy;
da terceira feu Excellentilfimo Pay, e da
quarta fua Avó D. Leonor Filippa de
Noronha. Naõ houve congreíTo literário
inítítuido nefte Reyno, ou fora delle que
o naõ pertendeíTe por Collega querendo
authorizar-fe com a fubUmidade do feu
talento. Ainda naõ contava vinte annos
quando a Academia dos Generofos re-
novada no anno de 1693. o elegeo para
feu primeiro, e ultimo Prefidente. Na Aca-
demia Portugueza inítítuida em 171 7- na
fua ExcellentilTima Caza foy Proteétor, e
Secretario, e na Real da Hiftoria Por-
tugueza formada pela Real magnificenda
do noUo Monarcha no anno de 1721.
19
290
BIBLIO THE CA
foy dos finco Direftores, e Cenfores, de
taõ illuífarc AíTemblea. Nas Q)nferendas
eruditas que fe faziaõ no anno de 1715.
em Caza do IlluílriíTimo Núncio Apofto-
lico Monfegnor Firrao que depois foy
elevado à Purpura Romana, lhe tocou a
parte critica dos Concílios Univerfaes, on-
de o nobre concurfo das primeiras pef-
foas da Corte admirarão a profunda fcien-
cia que tinha da Hiftoria Ecclefiaftica, Sa-
grada Theologia, e Cânones Pontifícios.
A Academia da Arcádia, fem que elle
o pertendeíTe, o nomeou feu CoUega com
o nome de Ormauro Palifeo, como tam-
bém a Real Sociedade de Londres. Em
todos os certames literários mereceo fer
arbitro das obras métricas, que nelles fe
liaõ diftribuindo os prémios com tanta
equidade, que nunca deixou queixofo o
merecimento. A fama do feu nome fe
dilatou com tanto exceíTo por toda a
Europa que chegou a alcançar as mais
diftinâas atençoens das primeiras peflbas,
que refpeita o mundo Catholico, pois a
Santidade de Innocencio XIII. lhe gra-
tificou por hum Breve expedido a 29.
de Abril de 1722. o Panegyrico que à fua
exaltação ao Pontificado recitara em a Aca-
demia Real, e a Mageftade ChriftianiíTima de
Lui2 XV. lhe mandou o Cathalogo da fua
Livraria em 5. Tomos e 21. Volumes de
cftampas que reprefentavaõ tudo quanto
mais raro, e admirável fe admira na Corte
de Pariz. A Academia da RuíTia lhe efcre-
veo huma elegante e oficiofa carta com 12.
Tomos das obras dos feus CoUegas. Os
mais celebres Filólogos de Itália, Alemanha,
Olanda, França, e Efpanha bufcaraõ a fua
erudita comunicação recebendo cartas de
Muratori, Bianchimi, Crefcimbeni, Dumont,
Garelli, I^eclerc, Bayle, Beuleau Renaudot,
Bignon, Salazar, Feijoo, e Mayans em que
teftemunhavaõ o profundo conceito, que fa-
ziaõ da fua vaftifiima erudição. A' felec-
tiffima Livraria que herdou de feu Pay
acrecentou quinze mil Volumes impref-
fos, c mil M. S. com magníficos Glo-
bos, e diverfos inftrumentos Mathematicos
a qual como Mecenas dos Eíhidiofos, e Fau-
tor dos eruditos tinha patente a todos que
queriaõ utilizar-fe da fua liçaõ. Entre os
dotes de que liberalmente o ornou a na-
tureza, merecerão a preeminência a agu-
deza do juizo, a felicidade da memoria,
e a candura de animo com que bene-
volamente fem diminuição do decoro fe
comunicava a todas as peíToas que o buf-
cavaõ. Para naõ degenerar do heróico
tronco dos Menezes que em todos os
feculos brotou viítoriofas palmas, feguio
a paleftra de Marte fem deixar a Miner-
va, acompanhando a Mageftade delRey D.
Pedro II. no anno de 1704. quando foy
à Campanha da Beira donde de Governa-
dor da Cidade de Évora paíTou no anno
de 1707. a Sargento Mór de Batalha do
Exercito, e Província do Alentejo, e com
efte pofto fe achou nas Campanhas de
1708. e 1709. diílinguindo-fe em açoens
heróicas, e no anno de 1755. foy no-
meado Meílre de Campo General, c Con-
felheiro de Guerra. Cazou a 24. de Ou-
tubro de 1688. com D. Joanna Magda-
lena de Noronha filha de D. Luiz da
Sylveira fegundo Conde de Sarzedas, e Con-
felheiro de Eftado, e da Condefa D. Ma-
riana da Sylva de Lencaftre de quem teve
D. Luiz Carlos de Menezes 5. Conde da
Ericeira, e i. Marquez do Louriçal, e Vice-
-Rey do Eftado da índia duas vezes: D.
Fernando de Menezes Doutor em Cânones,
que deixando o Século recebeo o habito
Seráfico no Seminário do Varatojo com o
nome de Fr. António da Piedade.' e D.
Confiança Xavier Domingas Aureliana, que
cafou com Jozeph Félix da Cunha, e Me-
nezes. Acometido da ultima infirmidade fe
preparou com catholica refignaçaõ para a
morte, e recebidos os Sacramentos efpirou
placidamente a 21. de Dezembro de 1743.
quando contava 70. annos, dez mezes, e 22.
dias de idade. Jaz fepultado na Capella Mór
do Cõvento da Annunciada Padroado da
fua Excellêtiífima Caza. O feu nome he
celebrado pelas vozes de trinta Dedicatórias,
e pelas penas de diverfos Efcritores, que
uniformemente aclamaõ a fua incomparável,
e vaftiífima erudição de que faõ honorifi-
cos padroens as obras fcguintes que com-
poz aíTim impreflas, como M. S.
I
L USITANA.
29
CATALOGO DAS OBRAS
ImpreíTas.
Soneto, e Romance em aplaufo do Tbeaíro
Genealógico da Cafa de Soíc^a compofto por Ma-
noel de Sotc^a Moreira. Pariz por loaõ Anif-
fon 1694. foi.
KelaçaÕ do fitio, e rendimento da "Praça de
Miranda, que mandou o Meftre de Campo Ge-
neral D. loaÕ Manoel de Noronha. Lisboa por
António Pedrofo Galraõ. 171 1. 4. fem o
feu nome.
Elogium Ventaglotton "Latine, Gallice, Ita-
lice, Hifpanicè, hufitanicè in laudem R. P. D.
Raphaelis Bluteau authoris Lexici Lufitanico
Latini. Coimbra no Collegio Real das Ar-
tes da Companhia de Jefu 171 2. f. Eftá
no principio do Tomo primeiro do Vo-
cabulário do P. D. Rafael Bluteau.
Relação da Campanha do Alemtejo no Ou-
tono de 1712. com o Diário do fitio, e
glorio/a defenfa da Praça de Campo Mayor
recopilada das memorias dos Generaes. Lis-
boa por Miguel Manefcal. 17 14. 4. fem o
feu nome.
Elogio de Júlio de Mello de Cafiro Aca-
démico da Academia Real da Hifioria Por-
tuguesa, e Mefire na Academia Portuguet(a
recitado a 20. de Fevereiro de 1721. tendo
ef pirado em 19. do dito mev^. Sahio no
principio da Hiíloria Panegyrica da vida de
Diniz de Mello de Caílro L Conde das
Galveas efcrita pelo mefmo Júlio de Mel-
lo. Lisboa por Jozé Manefcal 1721. foi.
Refiexoens fobre o efiudo Académico para a
Academia Real da Hifioria Portuguesa. Lis-
boa por Pafcoal da Silva 1721. foi. fahio
no Tomo i. da Collecçaõ dos Documentos
da Academia Real.
Syfiema da Hifioria Secular de Portugal, que
ba de efcrever a Academia Real da Hifioria
Portuguesa. No mefmo Tomo da Collecçaõ
Académica f.
Panegprico na eleição do Summo Pontí-
fice Innocencio XIII. recitado na Academia
Real da Hifioria Portuguesa fendo Direãor
em 5 de lulho de ijzi. f. no meímo
Tomo.
Introdução Panegyrica na Conferencia pu-
blica da Academia Rjeal da Hifioria Por-
tuguesa, que fe celebrou no Paço na pre-
fença de Suas Magefiades, e Altesas em 7
de Setembro de 1721. dia dos annos da Rai-
nha N. S. f. fahio no meímo Tomo.
Elogio de Francifco Dionifio de Almei-
da da Silva, e Oliveira Fidalgo da Cafa
de Sua Magefiade, e Académico da Acade-
mia Rtal da Hifioria Portuguesa em 19
de Janeiro de ifzz. f. Sahio no Tom. 2.
da Colleçaõ dos Documentos Académi-
cos.
Declaração fendo Direãor da Academia
Real da Hifioria Portuguesa na Conferen-
cia de z<). de Janeiro de \-jzz. de que
efiava eleito Aademico com approvaçaõ de
Sua Magefiade o Doutor Manoel Dias de
Uma. f. fahio no mefmo Tomo 2.
Noticia dos feus Efiudos das Memo-
rias Ecclefiafiicas de Évora na Academia
Real em 7. de Janeiro de ijz^. dia em
que tomou poffe de Académico o Marques
de Valença, i. fahio no Tomo 3. da
Coleçaõ.
Egloga na morte do Senhor Dom Miguel
filho d' ElRey D. Pedro z. que em ly de Ja-
neiro de 1724. naufragou no Tejo. Lisboa na
Officina da MuUca 1724. 4.
Oração na ultima Conferencia, que a Aca-
demia Real da Hifioria Portuguesa fes no dia
em que acabou o feu quarto anno em 9. de De-
Sembro de 1724. Sahio no Tom. 4. das Col-
lec. da Acad.
Conta dos Efiudos Aademicos no Paço a 7
de Setembro de 1725. f. Sahio no Tom. 5.
das Collecçoens.
Introdução Panegyrica em os Amtos da Se-
renijftma Prainha N. Senhora em -j. de Setem-
bro de \iz^. f. no mefmo Tomo.
Panegyrico ao Serenijfimo Senhor Infante D.
António na Aademia Rjeal concorrendo em qmn-
ta feira 15. de Março de ijz^. a circunfiancia
de fer o dia dos feus annos. f. no mefmo
Tomo.
OraçaÕ Académica no principio do fexto
anno da Academia Real da Hifioria Portugue-
sa em 3. de Janeiro de ijz6. Sahio no Tomo
6. da Colleçaõ Académica.
OraçaÕ Panegyrica no felicijjimo Casamen-
to da SereniJJima Senhora D. Maria Bar-
292
BIB LIO THE C A
bara Infanta de Portugal, e do Serenijftmo
Senhor D. Fernando Príncipe das Aftmias
recitada no Paço em 13. de Janeiro de 1728.
f. Sahio no Tomo 8. da Colleçaõ.
Conta dos Jeus EJludos Académicos em
o primeiro de Abríl de 1728. no mefmo
Tomo.
Introdução Panegyríca na prefença de S.
Magejlades e Altev^as em 7. de Setembro de
T728. dia dos Annos da Rainha N. Senho-
ra. No mefmo Tomo.
IntroducçaÕ Panegyríca na prefença de Suas
Magejlades, e Altercas em 11. de Outubro de
1728. dia dos Annos de ElRej N. Senhor f.
no dito Tomo 8.
Fabulas de Ecco, y Narcijfo. La primera
efcríta por el Rxcellentijfimo Senor Duque de
Montellano; la fegunda refpondida por los mif-
mos Confonantes por el Conde de Ericeira D.
Francifco Xavier de Mene:(es con una idea Epi-
tbalamica de las reales Vodas de los Príncipes
celebradas em Caya em 1729. Lisboa en la
Imprenta Ferreiriana. 1729. 4. Eíla Obra
foy remetida no mefmo Correyo em que
recebeo o Poema Caílelhano.
Introdução Panegyríca celebrando-fe os An-
nos d' ElRey N. Senhor em 22. de Ou-
tubro de 17 z^. Sahio no Tomo 9. da Col-
leçaõ Académica.
Elogio de D. Francifco de Sou:(a Ca-
pitão da Guarda Alemaã de S. Mageflade,
e Alcayde Mòr da Certaà, e Pedrógão, Com-
mendador de S. Salvador da Infejla, e de
S. Maria de Belmonte Académico da Aca-
demia Real em 17. de Novembro de 1729.
f. No dito Tomo 9.
Oraçaõ na ultima Conferencia da Aca-
demia Real dando-fe fim ao nono anno da
fua InflituiçaÕ em 9. de De:(embro de 1729.
No mefmo Tomo 9.
Paralello de D. Nuno Alvares Pereira
Duque do Cadaval com D. Nuno Alvares
Pereira Condeflavel de Portugal f. Lisboa na
Officina da Mufica 1730. Sahio nas ultimas
acçoens do Duque a pag. 363. Acaba com
hum Soneto.
Declaração feita no Paço a i-j. de Ju-
lho de 1730. fendo eleito Académico o Dou-
tor Agoflinho Gomes Guimaraens Promotor
do Santo Officio de Usboa. f. Sahio no
Tomo 10. da Collccçaõ Académica.
Introdução Panegfríca celebrando-fe no Pa-
ço os Annos da Rainha N. Senhora em
7. de Setembro de 1730. No mefmo To-
mo 10,
Oraçaõ príncipiando o undécimo anno da
Academia Real da Hifloría Portuguet^a em
4. de Janeiro de 1731. No Tomo 11. da
GsUeçaõ.
Conta dos feus Efludos Académicos em 21.
de Junho de 1731. No mefmo Tomo.
OraçaS Académica na Prímeira Conferen-
cia da Academia Real em 3 . de Janeiro
de 1732. Sahio no Tomo já dito.
Conta dos feus Efludos Académicos em
13. de Março de 1752. no mefmo Tomo.
Eloffo Fúnebre na morte do Senhor Mar-
que^l de Abrantes D. Rodrígo Annes de Sà
Almeida e Mene:(es Direãor, e Cenfor da
Academia Real da HiJloría Portuguer^a re-
citado na mefma Academia em 7. de Mayo,
de 1733. f. No mefmo Tomo 12. da
Colleçaõ.
Declaração no Paço em 21. de Mayo
de 1733. fucedendo no lugar de Académico
pelo Excellentijftmo Senhor Marque^ de Abran-
tes o Excel lentifjtmo Senhor Conde de Af-
fumar D. Pedro de Almeida. No mefmo
Tomo.
Introdução Panegyríca no Paço celebrando-fe
os Annos da Rainha N. Senhora em 7. de
Setembro de 1733.
Oraçaõ Académica feita no Paço a 24. de
Outubro de 1733.
Declaração na Conferencia de 24. de Outu-
bro de 1733. de eflar eleito Académico SebafHaÕ
Jo:(è de Carvalho.
Declaração de eflar eleito Académico o Dou-
tor Manoel Moreira de Sou^a em 19. ^ No-
vembro de 1733. Eftcs quatro papeis no mef-
mo Tomo 12.
Jui!(p HiJloríco do Retrato, e Efcrttos de
Manoel de Faría, e Souí^a. Lisboa na Officina
Ferreiriana. 1733. f.
Quarenta e oito Paralellos de Varoens h-
figfies, e dot(e de mulheres, addicionados aos Pa-
ralellos de Príncipes, e Varoens da NaçaÕ Por-
tugue^a compoflos por Francifco Soares Tofca-
no. Lisboa na Officina Ferreiriana 1733. 4.
L USITAN A,
293
E/ogio do KeverendiJftMO P. D. Rafael
BUiteau Clérigo Regular, e Académico da Aca-
demia Real recitado em 4. de Aíarço de
1734. f. No Tomo 13. da Colleçaõ Aca-
démica.
Romance Heróico, que na trifie occajiaõ
da morte do Serenijftmo Senhor Infante D.
Carlos tiveraõ audiência publica da Rainha,
e Princet^as Nojfas Senhoras, e da Serenif-
Jima Senhora Infanta D. Francifca todas as
Senhoras da Corte veflidas de luto com ade-
reços, e mantos talares de fumo. Lisboa na
Offidna Ferreiriana 1736. 4.
OraçaÕ recitada no Paço com a occafiaõ
da morte do SereniJJimo Senhor Infante D.
Carlos em 30. de Abril de 1736. No
Tomo 14. da Colleçaõ Académica 4.
Grande.
Declararão fendo nomeado Académico o R.
Padre Luiz Cardofo da Congregação do Ora-
tório no lugar que vagou pelo Excellentijftmo
Senhor Manoel Telles da Sylva Marque^ de
Alegrete, Secretario da Academia de quem
fe fa^ também o EIo^o. No mefmo Tomo.
OraçaÕ Panegyrica no Naamento da Se-
nhora Infanta filha fegunda dos Principes Nof-
fos Senhores em 7. de Outubro de 1736.
No dito Tomo de 4.
Bibliotheca Sou^ana, ou Catalogo das Obras,
que compo:^ o Reverendijffimo P. D. Aíanoel
Caetano de Sou^a Clérigo Regular do Con-
felho de Sua Mageflade, Pro Comiffario Ge-
ral Apoflolico da Bulia da Santa Cru^^ada,
e Direãor da Academia Real da HiJIoria
Portuguesa illuflrada com Obfervaçoens Aca-
démicas, e Filoloffcas. No Tomo jà dito.
Extraãos Académicos dos Uvros que a
Academia de Petersburg mandou à de Lis-
boa por ordem da Academia. No mefmo
Tomo. Saò Obfervaçoens Gdticas a to-
das as Obras da Academia Imperial da
Ruflia, que foraõ depois impreflbs, e tra-
duzidos na lingua Rufliana.
Epicedio na morte da SereniJJima Senhora
D. Francifca Infanta de Portugal. Lisboa.
Na Oííicina de António Ilidoro da Fon-
feca 1737. 4.
A' Profiçaõ da ExcellentiJJima Senhora D.
Liát^a Alaria do Pilar filha dos Excellentif-
fimos Senhores Condes do AJfumar, Dama da
Rainha N. Senhora Camerifia da SereniJJima
Senhora Infanta D. Maria havendo preferid»
o Eflado de Religior(a a hum grande Ca:(a-
mento que fe lhe defiinava. Lisboa por An-
tónio Ifidoro da Fonfeca. 1737. Saõ 22.
Outavas.
Memoria do valor da moeda de Portugal
defde o Jmncipio do Reyno ate o prev^te^
efcrita a 13. de Dev^embro de 1738. à inf-
tancia do P. D. António Caetano de
Souza Qerigo Regular, e Académico, e
imprefla no 4. Tomo da Hifl. Geneahff-
ca da Cav^a Rjal Portu^ie^^a compofta pe-
lo dito P. Lisboa por Jozè António da
Sylva. 1738. 4. defde pag. 419. até
447-
Templo de Neptuno, Epithalamio no fe-
licijjimo Ca!(amento da Excellentijftma Senho-
ra D. Joanna Perpetua de Bragança com o-
Excellentijfimo Senhor D. Lmíz J^Z^ ^ ^<?/~
tro, Noronha, Attaide, e Soir^a Marque:^^ dt
Cafcaes. Lisboa na Officina Silviana da.
Academia Real 1738. 4. Confta de 113.
Oitavas.
Elogio fúnebre do Senhor Doutor Francif-
ca Xavier heitaõ Medico da Camará de Sua
Mageflade, Cirur^aÕ Aíòr do Reyno, e Aca-
démico do numero da Academia Real de Hif-
toria, recitado no Paço a 18. de Fevereira
de 1740. Lisboa por Miguel Rodrigues.
1740. 4.
Henriqueida Poema Heróico, com adver-
tências preliminares das Re^as da Poef(ia
Épica, argumentos, e notas. Lisboa por An-
tónio líidoro da Fonfeca. 1741. 4.
Oração Panegyrica recitada em 2. de A/íayo
de 1740. no dia dos Annos do IlluftriJJimo,
e Excellentijfimo D. Francifco Xavier Rafael
de Meneses 6. Conde da Ericeira tendo-fe
celebrado no mefmo dia os feus defjw^orios
com a Excellentijfima Senhora D. Aíaria Jot(è
da Graça de Noronha filha dos Excelentif-
fimos Aíarquet(es de Cafcaes. Lisboa na Of-
ficina Regia Silviana, e da Academia Real.
1740.
Eloffo Fúnebre na morte de D. Fernan-
do de Aíene^es filho do Excellentijfimo D.
Lui^ Carlos de A/íener^es Marquei^ do Lou-
294
BIBLIO THE C A
riçal, e fegunda pe^ ViceKey da índia com a
Varonia hijlorica, e genealógica dos Menev^es da
Jua illujlre Família. Lisboa na Officina dos
Herdeiros de António Pedrofo Galraõ, 1742.
4. Eftes dous papeis foraõ impreflbs em
nome do P. Manoel de Almeida Q)rrea Ca-
pcllaõ da Cafa do Conde.
CATALOGO DAS OBRAS
promptas para a ImpreíTaõ.
Obras Poéticas Portugues^as, que compre-
hendem trezentos Sonetos, e 150. Roman-
ces, e hum Jocoferio de imprecaçoens, que
coníla de 400. Coplas todas no Aflbante V,
c E fem repetir Toante, e feguindo hum
Romance a efte aíTumpto do infigne An-
tónio Barboza Bacellar; Oitavas, Elegias,
Tercetos, Cançoens, Silvas, Odes, Redon-
dilhas. Decimas, e Glofas. Endimeon, e Dia-
na, Poema Triforme em 127. Oitavas com
huma larga illuílraçaõ em profa da Allegoria
defte Poema.
Obras Poéticas Caftelhanas, que compre-
hendem 150. Sonetos, Elegias, Tercetos,
Cançoens, Redondilhas, Decimas, e 150. Ro-
mances.
Aftronomia fúnebre na morte da SereniíTi-
ma Senhora Infanta D. Izabel em 100. Oi-
tavas. Templo de Imineo. Epithalamio do
Conde de S. Joaõ Luiz Alvares de Távora,
e da Senhora D. Anna de Lorena em hum
Romance Heróico de 130. Coplas. Vinte
Obras Muíicas para Theatro. Comedia in-
titulada, £/ Te/oro de la Armonia, efcrita em
vinte horas com quatro mil verfos. Outra,
a Ligeireza mais firme. Outra, lui edad dei
Impireo reprefentada no Paço comprindo dez
annos a SereniíTima Senhora Infanta D. Fran-
cifca.
Arte Poética do grande Nicolao Boileau
dez Preaux Hiíloriador de Luiz 14. e da
Academia Franceza dividida em quatro Can-
tos, c traduzida de Francez em Oitavas Por-
tuguezas.
Amores da Kegj^a, e do Compaffo. Poema
de Moníiur Defmaretz traduzido em Oita-
vas Portuguezes.
Memorias da Vida do Conde da 'Ericeira
D. Lm\ de Meneses f.
Memorias para a Vida do Conde da Eri-
ceira D. Fernando de Menet(es, das quacs fc
extrahio o Epitome da vida Latina, que
elegantemente efcreveo o P. António dos
Reys da Congregação do Oratório, c fc im-
primio no principio da Hiíb3£ia Latina do
mefmo Conde.
Memorias da Vida de D. Lmz ^ Meneses
I. Aíarquez do Loííríçal, duas verdes Vice-Rey
da índia. 4.
Obras Académicas, que comprehendem
Oraçoens Académicas, em quefoy Preíiden-
te, e outras com que deo principio, c fim
às mais celebres Academias, que houve em
Lisboa.
Keflexiones Apologéticas fobre el Theatro
Critico, difcurriendo fobre cada uno delos Tra-
tados, que comprehenden los nueve Tomos, j
los fuplementos de la mifma Obra dei Ke-
verendijfimo P. Fr. Benito Fefó, a qtáen fe
dirigen.
Quin:^e Problemas Moraes Académicos a
diverfos affumptos.
Vinte e oito Difcurfos Filológicos, fendo
os principaes: Definição, e progreíTos da
Filologia, provando, que naõ há fcien-
cia univerfal, que fe adquira por huma
fó Arte. DiíTertaçaõ, em que fe prova
que os Verfos confoantes agudos podem
admitirfe nos Verfos heróicos. L^ys fobre
a propriedade do ejiilo.
Keflexoens fobre as fete palavras de Ma-
ria Santifftma. Medita^oens das fuás Dores. 4.
Vida de Soror Maria Magdalena de Je:(u
Religiofa no Convento Seráfico da Madre
de Deos fituado fora dos muros de Lisboa.
Duv^entas Hiflorias memoráveis para fe jun-
tarem ao Livro Scitu difftis, que coníbi
de oitenta hiílorias fuccedidas cm Por-
tugal, comportas na lingua Latina por
Diogo de Payva de Andrade de cuja
obra fe fez mençaõ, quando foy feita
defte Author.
Methodo dos Efludos, dividido em dez 11-
çoens Académicas, i. Máximas do Methodo
dos Efiudos. 2. Methodo dos Efludos dividido
pelas idades. 5. Efludos pelas horas do dia ^.
EJludos próprios aos Temperamentos. 5. Efludos
de hum Príncipe. 6. Efludos de hum General.
7. Efludos de hum Eccleftaftico. 8. Efbubr
L USITANA
de bum embaixador. 9. EJludos de bum Minif-
295
I tro. 10, EJludos de bum Traduãor.
Dijfertaçoens Criticas. Contem 16. as
I primeiras féis fobre os Q)ncálios Uni-
verfaes nas Conferencias Eccieíiaiticas, que
eftabeleceo em Lisboa o Cardeal Fir-
rao fendo Núncio Extraordinário nefta
Corte.
DiJferta^aÕ dos Bifpos, que o foraÕ de pouca
idade.
IlluJlraçaÕ das Armas do Cabido da Igreja
Patriarchal de Usboa.
DiffertaçaÕ Critica, Filoloffca, e Geográfica
fobre o ouro de Tibar.
DiJfertafoÕ fobre o nome de Évora.
Cartas Filológicas fobre pontos eruditos
a mviitos homens doutos de Europa.
DiJfertaçaÕ fobre a pronunciarão da palavra
Idolon.
Obferva^oens Criticas a Obras de vários Au-
tbores.
InJlrucçaÕ a feu Neto o Conde da Ericeira
D. Francifco de Aíene^es hoje z. Marque:^ do
Lounçal quando po^ efpada fobre o u:(o, e abu-
Zo do Duello.
Cenfuras, e approva^oens de duzentos, e
vinte volumes, de que a mayor parte cor-
rem impreíTas.
IlluJiraçaÕ fobre o numero zz. offerecida a
ElRey a quem tributou zz. Moedas Roma-
mas, que appareceraõ junto a Lisboa em
zz. de Outubro de 171 1. em que S. Ma-
geílade compria zz. annos provando em zz.
DiíTertaçoens que efte numero era o mais
perfeito.
Cartas Familiares em dnco linguas.
IlluJiraçaÕ do nome de Nuno, dirigida ao
EmminentiíTimo Senhor Cardeal Nuno da
Cunha de Attaide.
Tratados S cientificas, que contem zz.
Tratados, dos quaes faõ fete fobre as
Artes Uberaes; dous fobre a Geo^afia,
e Cbronologia, lendo o Autor na Acade-
mia Portugueza efte aíTumpto; Qual he
mayor erro em hum Hiíloriador, o da
Geografia, ou o da Chronologia? Dif-
curfo, em que fe prova que pela Ál-
gebra, fendo a Arte mais útil, naõ fe
podem aprender as outras Sdencias, e
Artes: Que Arte he mais nobre, a Pin-
tura, ou a Architeâura?
DiJfertaçaÕ fobre os marés, e fobre a Teó-
rica de Neuton.
Differtaçaõ fobre os Sjfiemas do Mundo.
Utilidades da Matbematica, e Obferva^oens
Matbematicas, e Phyjicas.
Syftema fobre a caseia das Febres, fe-
gimdo a doutrina moderna; efcrito pelo
Author à ínn-anHa da Univeríidade de
Coimbra, quando efteve naquella Qdade.
Concordância da Eogica Aíodema com a an-
tiga.
DiJjertaçaÕ, em que fe prova que, a Ab-
bada be o verdadeiro Unicórnio, com o que
os Autbores dijferaõ, ou verdadeira, ou fa-
bulofamente, feita à inftancia do Empera-
dor Carlos 6. quando eíleve em Lis-
boa.
Memoria Métrica. Comprehende em Ver-
fos em hum pequeno volume a Geogra-
fia, Chronologia, Prindpios, e Divifoens
das Sciencias, e Artes, Mythologia, a Hif-
toria Univerfal fagrada, e profana; a Hif-
toria de Portugal, e outros lugares com-
muns, e matérias dignas de fe conferva-
rem na memoria. Para uzo da SereniíTima
Senhora Princeza da Beira. 8.
Tratados Hijloricos. Tratados das hon-
ras Gvis, que tíveraõ, e tem Ecclefiaf-
ticos nas Cortes dos Príncipes. Tratado
da Origem, e exercido das Guardas dos
Reys, e Prindpes de Europa.
Tratado do modo de eflabelecer buma nova
Ordem Militar.
Kelaçoens , e declaraçoens das Ideas de al-
gumas Ceremonias, e Feflas publicas, de que
o Autbor teve a direcção.
Defenfa de bum Pintor, que fez verde
a Serpente, que he o Timbre das Ar-
mas de Portugal, e naõ de ouro como
fe coíhima.
Noticia Hifiorica do direito incontefiavel, que
tem Portugal ao Eflado do AíaranbaÕ, Para,
e Terras do Cabo do Norte, com a navegação,
e Comercio do Rio das Amat^onas, no anno de
1702.
Relação Cbronologica das Cortes que bouve
em Portugal com buma breve noticia, do que
296
BIBLIO THECA
nellas fe tratou, e da Jua origem, e Ceremo-
nial.
Obras imperfeitas.
Dijcurjo fobre a cauja dos Terremotos.
Dijcurfo fobre a imorrupçaÕ dos Cadáveres.
Difcurfo, em que fe prova que naõ pôde cha-
marfe propriamente, Heroe, quem o naõ foy pela
ffterra.
Difcurfo do u^o, que pode dar hum Cava-
Ihero ás Sciencias, e Artes, provando que he
a mais própria a liçaõ da Hijloria.
Difcurfo, em que fe defende que quem fabe
MS linguas ejlranhas, deve correfponderfe nellas, e
naõ na fua própria.
Apoloffas, Tratados, e L.inhas Genealo^cas
Je muitas Famílias Portuguei^as, e EJlrangeiras.
{. 1. Tomos.
Memorias Ecclejiajlicas do Arcebifpado de
Évora para a Academia Real da Hijloria Por-
tuguev^a. 4. 3. Tomoá.
Todas eftas obras M. S. conferva com
a merecida eílimaçaõ o ExcelientiíTimo e II-
luílrilTimo D. Francifco Rafael de Menezes
n. Marquez do Louriçal, e VI. Q>nde da
Ericeira digniíTimo Neto do Author delias
-cm a fua magnifica Livraria.
FRANCISCO XAVIER DE OLIVEIRA
natural de Lisboa filho de Jozé de Oliveira,
c Souza Contador dos Contos do Reyno, e
Caza de quem fe fará mençaõ em feu lugar,
<. de D. Izabel da Sylva Neves. Sendo Ca-
valleiro Fidalgo da Caza real, e profeíTo em
a Ordem militar de Chriílo aífiílio por Se-
cretario do Conde de Tarouca loaõ Gomes
da Sylva Embaxador na Corte de Viana que
fora Plenipotenciário na Paz celebrada em
Utrech no anno de 171 5. He muito verfa-
■do na liçaõ da Hiftoria profana principal-
mente em a do noíTo Reyno, e naõ menos
intelligente da lingua Latina, Caftelhana,
Franceza. Aflifte ao tempo prezente em
Olanda onde tem publicado as fcguintes
obras felices partos do feu fecundo engenho.
Memorias das fuás viagès Tom. i . Amfter-
•dam. 1741. 12. fcm nome de Impreflbr.
Mille, et une obfervations fur diversfujefl de Mo-
rale, de Politique, d'Hifloire, e de Critique. 1. Tom.
■Amílerdam. 1741. 12. fem nome do impreíTor.
Memoires de Portugal avec la 'Ribliotbeque
hujitane. 2. Tom. Amílerdam. 1741. 12. O
I. Tomo dedicado ao Sereni/Timo Senhor In-
fante D. Manoel e o 2. ao Conde da Eri-
ceira D. Francifco Xavier de Menezes; c
na Hàya 1743. 2. Tom. 8. com mudança
no Titulo, e huma nova advertência do Im-
preífor.
Cartas Familiares hijloricas, politicas, e Cri-
ticas: Difcurfos ferios, e jocofos. Tom. i.
Haya por Adriaõ Moetjens 1741. 12. Dedi-
cado à ExcellentiíTima Senhora Condefla do
Vimiofo.
Tom. 2. Haya pelo dito ImpreíTor 1742.
12. Dedicado a António Guedes Pereira Se-
cretario de Eílado.
Tom. 3. Haya 1742. 12. Dedicado a
Marco António de Azevedo Coutinho Se-
cretario de Eílado.
Reponfe a la Letre de Mr. C. D. M. M.
Amílerdam ches Jacques Desbordes. 1741. 8.
Carta ao Senhor Ifaac de Souv^a, Brito com
os Privilégios concedidos em Nápoles, e Sicilia
ã NaçaÕ Hebrea tradujidos do Oriffnal Italia-
no em Nápoles no anno de 1740. Haya 1741. 4.
Viagem à Ilha do Amor: efcrita a Philan-
dro. Haya 1744. 8. Dedicada a Diogo de
Mendoça Cortereal.
Obras promptas para impreíTaõ.
Mille <& une Reflexions. Tom. 3. 4. c j.
Memoires de Portugal. Tom. 3. e 4.
Memorias das viagens do Author Tom 2. 5.
4. 5. 6. 7.
Cartas Familiares, e Hijloricas, Politicas, e
Criticas. Difcurfos Sérios, e Jocofos. Tom. 4.
5. 6. 7. 8. e 9.
Diverfos Tratados fobre matérias muy dife-
rentes de que fe podem fa:(er 2. vol. de 8.
Obras em que prefentemente traba-
lha o Author.
Reponfe a plufieurs critiques, <Ò^ faujfetes re-
pandues par les Autbeurs Etrangers contrt U
Royaume de Portugal. Tom. 1. 8.
Bibliotheque 'Lujitane, qui comprend tous les
Autheurs Etrangers qui ont ecrit â l'ègard du
Royaume de Portugal. Tom. i. c 2. 8.
Diâionaire Portugais Franfois Ó^ Latin.
Tom. I. 4.
L US ITAN A. ^
297
I
Diãionaire François, Vortugais (ò* luitín.
Tom. 2. 4.
Diãionaire du Pour, et Contre, qui contient
le hien, et le mal qu' on a ecrit de toutes les
parties, et de tous les Auteurs dei Univers. Tom.
I, e 2. 4.
'Plenipotenciário Perfeito, e Imperfeito. Tra-
tado offerecido aos Príncipes para direção
da escolha que devem fazer dos Miniílros
Públicos, e de feus Secretários.
DefcripçaÕ da Cidade de Vienna de Aufiria,
e Memorias Hifloricas, e Politicas da Corte Im-
perial no tempo de Cefar Carlos VI. 4. 6.
Tom. M. S.
Fazem memoria do Author com mere-
cidos elogios Nouvel. Bibliothec. ou Hifl. Ut-
terar. des principaux Ecrits qui fe publient.
Tom. XI. Article VI. Móis de Mars 1742.
Tom. XII. Art. IV. Móis de May. 1742.
Biblioth. François, ou Hijl. Liter. de Franc.
Tom. XXXVI. 2. Part. pag. 562.
FRANCISCO XAVIER PINTO DE MA-
GALHAENS filho de Manoel Leytaõ de
Magalhaens, e de Maria dos Santos de
Albuquerque neto de Manoel Leitaõ de
Magalhaens filho 2. de Belchior Pinto Se-
nhor de Calvellos, do Confelho de S.
Martinho de mouros naceo em o lugar
da Povoa termo da Cidade da Guarda
em o Primeiro de Março de 1700. A
natureza o dotou de taõ anticipado co-
nhecimento para perceber as fciencias, que
na idade de finco annos o inftruio feu
Pay nas primeiras regras da Hiftoria, e
da Esfera, e inteligência da lingua Caf-
telhana em que era muito perito. Quan-
do contava 8. annos foube perfeitamente
Gramática Latina, e de onze Filofofia que
lhe explicou o Padre Meftre Fr. António
de Santa Roza de Viterbo Provincial da
Ordem Seráfica da Provinda de Portu-
gal. Na Univerfidade de Coimbra fe apli-
cou à Jurifprudencia Canónica em que
defendeo Conclufoens debaixo dos aufpicios
do Doutor Luiz Guedes Carneiro Lente de
Prima deíla Faculdade, quando tinha quin-
ze annos de idade. PaíTou a Roma com
Pedro da Mota, e Sylva Enviado de Por-
tugal àquella Corte onde cultivou as lín-
guas ItaUana Franceza, Grega, e Hebraica
como também, a Hiftoria Ecclefiaftica, e fe-
cular, de cujas vaftas noticias fez depozito
a fua feliz memoria. Naõ foraõ inferiores
os progreíTos que fez a fua eftudiofa, e in-
canfavel aplicação na Poezia, Aftronomia,
Chiromancia, e Náutica, como na Hiftoria
dos Concílios, Difciplina Eclefiaftica, e Theo-
logia Polemica. A fama que corria da fua
vaftiflima erudição moveo à Academia dos
Árcades a elegeUo para feu Collega com o
nome de Erotilo em 31. de Julho de 1750.
a tempo que jà fe tinha reftituido a efta
Corte. Traduzio da lingua Italiana de Mon-
fenhor loaõ de la Caza em a materna.
O Galateo, ou Cortef(aõ. Lisboa na Offi-
dna da Mufica. 1732. 8.
D. FRANCISCO XAVIER DO RE-
GO UlyíTiponenfe filho de Pays nobres
chamados loaõ do Rego, e D. Maria
Cabral Toraõ. Na idade da adolefcencia
abraçou o inftituto dos Clérigos Regula-
res Theatinos profeflando em a Caza de
N. Senhora da Divina Providencia defta
Corte a 5. de Mayo de 171 2. Foy or-
nado de fumma modeftia, prefpicas ta-
lento, e elegante frafe, que felifmente prac-
ticou nas fuás compofiçoens em que era
obfervantiflimo cultor da pureza da Un-
gua materna. Ainda que padecia a grave
moleftia de accidentes epilépticos naõ dei-
xava de eftar continuamente aplicado à
liçaõ dos livros onde a fua incanfavel
curiofidade achava o mayor alivio. Re-
tirado a Madrid aíTiftio muitos annos na
Caza de N. Senhora dos Favores, que
a fua Religião Theatina tem naquella Cor-
te onde exercitando os aélos de perfeito
religiofo paíTou da vida caduca para a
eterna em idade muito florente a 8. de
lunho de 1738. Compoz.
Vida de Santa Viãoria Virgem, e Mar-
tyr Portuguesa Padroeira da Cidade de Córdova.
Lisboa na Officina da Mufica 1721. 4.
Sermão da Paixão de N. Senhor Jefus Chrif-
to pregado em 5. feira mayor 13. de Abril de
1724. na Igreja de N. Senhora da Divina Pro-
videncia dos Clérigos Kegulares. Lisboa na Of-
ficina da Mufica 1726. 4.
298
BIB LIO THE CA
Sermão das fete Dores de Nojfa Senhora pre-
gado em 4, de Abril do armo de i^z-j. na San-
ta Igreja Paíriarchal. Lisboa na mefma Offi-
cina 1727. 4.
Avisos importantes para a Salvação praãi-
cados em alguns exercidos precifamente neceffa-
rios para tK(p de hum verdadeiro Chrijlaõ. Lis-
boa na dita Officina. 1727. 16. & ibi por
Pedro Ferreira Impreflbr da SereniíTima Rai-
nha Nofla Senhora. 1739. 12. Com o fu-
poílo nome de Xavier Cabral do Toraõ.
Coroa Myjiica do grande Patriarcha Santo
Agojlinho adornada de nove pedras preciofas Sa-
grados Sjmbolos de nove virtudes do me/mo San-
to, e illujlradas com outras tantas fentenças ti-
radas de feus ejcritos. Lisboa por Mathias
Pereira da Sylva, e loaõ Antunes Pedrozo.
1720. 12.
Officium de Tranjitu Beata Virginis Ma-
ria recitandum a quacumque particulari Keligione,
piaque devotione. 8. fem lugar nem lugar da
impreíTaõ.
Sermon dei Mandato predicado en el dia Jue-
ves Santo 25. de Março de 1728. en la real
Iglev^ia de Santa Maria de el Favor de Clérigos
Keglares de Madrid. 4. fem lugar nem anno
da impreíTaõ. Dedicado ao Senhor Infante
D. António.
DefcripçaÕ Geographica Chronologica, Hif-
torica, e Critica da Villa, e Real Ordem
de AviZ' Dedicada ao Senhor D. Manoel
Caetano de Sou^a Clérigo Regular do Con-
Jelho de Sua Mageftade Comiffario Geral Apof-
tolico da Santa Cru:(ada, e Cenfor da Academia
Real da Hijloria Vortugue:(a em Madrid a 16.
de Abril de 1730. 4. M. S. O Original fe
conferva na Livraria dos PP. Theatinos def-
ta Corte.
Fr. FRANCISCO XAVIER DA RO-
CHA naceo em Lisboa onde teve por
Pays a Francifco da Rocha, e Izabel Si-
moens. Profeflbu o inílituto Seráfico da
auílera Provinda de Santa Maria da Ar-
rábida em o Convento de Alferrara jun-
to da Villa de Setuval a 19. de Ou-
tubro de 1699. Aprendeo as letras Sagra-
das com aplicação fahindo bom letrado,
e milhor Pregador. Foy três vezes Guar-
dião de diverfos Conventos, e primeiro Mef-
tre das Cerimonias do Real Convento da
Villa de Mafra. Publicou.
Vários Sermoens Panegyricos, e Moraes Tom.
I. Lisboa por Maurício Vicente de Almey-
da. 1734. 4.
Tomo 2. ibi pelo mefmo Impreflbr. 1738. 4.
FRANCISCO XAVIER DA RUA Na-
ceo no lugar da Alverca termo da Villa
de Trancofo Comarca da Villa de Pi-
nhel na Provinda da Beira a 18. de
Outubro de 1687. Depois de eílar fcien-
te nos rudimentos gramaticacs paflou à
Univerfidade de Coimbra onde rcccbco o
grão de Meftre em Artes, e de Bacha-
rel na Faculdade de Direito Pontifício me-
recendo poíTuir os lugares de Advogado
da Caza da Suplicação, Prothonotario Apof-
tolico, Prior de Requeixo, e Juiz con-
fervador dos Religiofos Dominicos do Con-
vento de Aveiro. Acompanhou com o lu-
gar de Secretario da Embaxada que ao
Emperador da China deu em nome do
noflb Monarcha, Alexandre Metello de Sou-
za de Menezes a 28. de Mayo de 1725.
hoje Confelheiro Ultramarino, e Deputado
da Bulia da Cruzada de cuja politica fimçaô
efcreveo a feguinte Obra.
Relação da embaxada que por ordem del-
Rey D. JoaÕ o V. fe^ ao Emperador da
China Yum Chim, Alexandre Metello de Sou-
:(a, e Meneses no anno de 1725. com trin-
ta caxoens de prev^ente. Começa. Havia EJ-
Rej Noffo Senhor. No fim tem huma no-
tida breve, e fummaria de algumas cou-
fas pertencentes ao Império da China. M.
S. foi. Acabada de efcrever em Lisboa
a 10. Março de 1732. Coníla de 178. pa-
ginas.
Additamentos às Cartas que o mefmo Em-
baxador efcreveo de Macao, e Pekim a Sua Ma-
gejlade Portugue:(a fobre os néscios da fua Em-
baxada.
Aditamento à Carta que o Padre Pa-
rennin Jefmta efcreveo de Pekim a 8. de
Outubro de 1727. ao Padre Nyel Jefuita
fubprecetor dos Senhores Infantes de Efpa-
nba a qual eílá imprefla no Tom. 19.
L USITAN A.
'99
das Leíres EJifiantes ecrites par qiielques Mif-
Jionaires de la Compagnie de Jefus defde pag.
206. até 264. onde relata individualmente a
Embaxada que ao Emperador da Qiina man-
dou o noíTo Monarca reynante.
FRANaSCO XAVIER DOS SANTOS
DA FONCECA filho de António dos San-
tos, e Antónia Maria da Fonceca. Naceo
em Lisboa a 21. de Abril de 1707. Tendo
eífaidado Gramática no ODllegio dos PP.
Jefuitas, e Filofofia na Congregação do
Oratório fe aplicou em a Univeríidade
de Coimbra à Scienda dos Sagrados Câ-
nones em que recebeo o grão de Ba-
charel a 6. de Abril de 1728. ReíHtui-
do a pátria depois de fer admetido ao
numero dos Advogados da Caza da Su-
plicação foy aprovada a fua Sdencia le-
gal em o De2embargo do Paço a 24.
de Outubro de 1729. para fervir os lu-
gares da RepubUca. Sendo Procurador da
Fazenda Real da Repartição das fete ca-
zas, e Promotor Fifcal das Capellas da
repartição da Meza da Concienda, e Or-
dens, e Procurador da Mitra Patriarchal de
que tomou poíTe a 5. de Junho de 1744.
exercita a advocacia de Cauzas Forenfes nef-
ta Corte com igual Sciencia, que verdade.
He muito verfado na Liçaõ da Hiftoria Sa-
grada, e profana, e Académico dos Árca-
des com o nome de Lyjidas. Do feu nome
faz agradecida memoria o Beneficiado Fran-
dfco Leytaõ Ferreira infigne Académico da
Academia Real no Prologo das Noticias Chro-
nol. da Univerjidade de Coimb. Tem com-
pollo.
Additiones ad Doãorem E.mmanuelem Bar-
bojam in KemiJJionibus ad Ordinat. Regias.
UlyíTipone apud Michaelem Rodrigues 1752.
foi. 2. Tom.
Additiones ad Emmanuelem Mendes de
Caftro. Conimbricae apud Antonium Si-
moens Ferreira. 1739. foi. No fim tem
efte Tratado. De authoritate Decijionum Se-
natús.
Epitome Chronologico Hifiorico Jurídico em
que fe mofiraõ os verdadeiros Authores dos
Textos que fe acbaõ no Decreto de Gra-
ciano efcríto no anno de 1730. M. S. 8.
2. Tom.
Tabula Pafenfes in Infiitutiones Imperiales
miro ordine difpojita et annotationibus illuflrata.
4. M. S.
DemonJlra^aÕ apologética da nobrev^a do Cor-
reãor do numero contra o empenho de 2. Au-
thores modernos que o reputaõ por vil. 4. M. S.
Fr. FRANQSCO XAVIER DOS SE-
RAFINS PITARRA natural de Lisboa fi-
lho de Agoítínho da Colla, e Maria de Sou-
za. Sendo ainda mancebo profeíTou o pe-
nitente iníUtuto de S. Francifco no Real
Convento de S. Maria de Xabregas a 5. de
Agoílo de 1725. He inílruido em a eru-
dição Sagrada, e profana, e naturalmente in-
clinado à cultura da Poefia de cuja divina
Arte tem pubUcado as feguintes produ-
çoens.
Panegjríco metríco ao 'Excellentiffimo, e Ke-
verendijjimo Senhor D. Francifco de Almeida
elevado ã diffiidade de Principal da Sagrada Ba-
filica Patriarchal, do Confelho de Sua Aíageflade.
Lisboa por Pedro Ferreira. 1740. 4. Confia
de Outavas.
Ao muito Reverendo Padre Fr. loaõ de Nof-
fa Senhora Pregador, e dignijjimo Chronifla da
Provinda dos Algarves Epifiola. He hum Ro-
mance que confta de 24. Coplas. 4. Sem
lugar da impreíTaõ.
Reverendo admodum P. N. Magiflro Fr. An-
tónio ab Archangelis Theoloffa Sacra Jubilato
Leãori, S. Officii inflexibili Cenfori hujus de-
nique alma Algarbiorum Provinda ter, quater-
que colendijjimo Moderatori Elegia. Ao mefmo.
Romance Heróico que coníla de 15. Coplas
foi. Sem lugar da impreíTaõ. Eftas duas
Obras fahiraõ fomente com o nome de Fr.
Francifco dos Serafins.
Romance Heróico em aplauzo do Doutor
Jozeph de Matos da Rocha na fua obra
intitulada Defcriptio poética Villa Calarifiana.
UlyíTipone apud Antonium Ifidorum da Fon-
ceca 1739. 4. grande coníla de 21. Coplas.
Romance Heróico em Louvor da vida do
V. P. Fr. lozeph de Santa Anna, e de feu
Author Fr. Jerónimo de Belém. Lisboa
por Miguel Manefcal da Cofta 1743. 8.
i
3oo
BIB LIO THE CA
Elogio ás Chagas do Seráfico Patriarcba SaÕ
Francifco dividido em finco difcurfos Panegyri-
cos. Lisboa por Francifco da Sylva 1745. 4.
Vida Panegyrica do V. P. Pedro Coelho
Confejfor do Mofieiro do Salvador de Évora.
M. S.
Epicedio Lúgubre á morte do Doutor Vião-
rino Xavier do Amaral celebre poeta defie fe-
culo. M. S.
Defenfa Apologética fobre hum Soneto. M. S.
FRANCISCO XAVIER DA SERRA
CRAESBEECK Cavalleiro Fidalgo da Caza
de Sua Mageílade, e Familiar do Santo Of-
ficio naceo em Lisboa a 18. de Outubro de
1675. fendo feus Pays Manoel da Serra, e
D. Mariana Garces Craesbeeck. Tendo re-
cebido o gráo de Bacharel em a Faculda-
de da Jurifprudencia em a Univeríidade de
Coimbra, a exercitou com fumma integri-
dade em os lugares de Iui2 das proprie-
dades da Qdade de Lisboa, Juiz de fo-
ra da Villa de Caftello-Branco, Ouvidor
da Comarca de Monte Mòr o Velho,
Corregedor de Guimaraens, e Provedor da
Efgueira. Foy muito verfado no eftudo
da Genealogia como delle efcreve o Pa-
dre D. António Caetano de Souza Ap-
parat. á Hifior. Geneal. da Ca^- Real. Por-
tug. pag. 175. §. 220. e naõ menos em
a Hiftoria Ecclefiaílica, e fecular deíle Rey-
no merecendo por taõ laboriofa aplica-
ção fer admetido a Académico Supranu-
merário da Academia Real. Falleceo na
Villa de Aveiro a 26. de Mayo de 1736.
com 63. annos de idade. Compoz.
Cathalogo dos religiofijfimos D. Ahbades
do antigo Mofieiro de Santa Maria de Gui-
maraens de religiofos, e religiofas de S. Ben-
to, e dos Illufirijfimos D. Priores do me/mo
Mofieiro, e da infigne, antigua, e real Col-
legiada defia Villa conjervada com o titulo
de Nojfa Senhora da Oliveira. Lisboa por
Jozé António da Sylva. 1726. foi. Sahio
no 6. Tomo da Collec. dos Document. da
Academia Keal.
Noticia Hifiorica Genealógica do prodigio-
Jo milagre da antiga, e fingular Imagem de
N. Senhora do Pranto fita na Jua Ermida
do lugar do PedrogaS da Fregue^^ia da Vinha
da Rainha termo da Villa de Monte Mòr o
Velho Bi/pado de Coimbra. Dedicada ã me/ma
Senhora, foi. M. S. Neíla obra fe efcreve o
nacimento do rio Mondego, e o lugar por
onde fe mete no mar, e das Quintas que
eftaõ de huma, e outra parte do Rio, c dos
donos que as pofluem.
Memorias rejucitadas da Provinda de Entre
Douro, e Minho efcritas em féis partes difiribui-
das pelas Correiçoens de que fe compõem, a fa-
ber Guimaraens, Porto, Viana, Barcellos, Braga,
e Valença refiituidas à real Academia de Por-
tugal, foi. M. S. Eíla obra foy efcrita no
anno de 1726. da qual fomente âcaraõ com-
pletas as Memorias da Comarca de Guima-
raens.
Efpelho da Nobret^a do Rejno de Portugal,
onde fe trata de todas as Diffiidades Ecclefiafii-
cas, e Seculares, Officios, e empregos da Ca^a
real com Cathalogos dos feus Officiaes, e a no-
ticia da Armaria, e diferença de Efcudos, e dos
foros da Cai^a foi. M. S.
Abecedario Genealógico das Familias Illufires
de Portugal dividido em 20. volumes, folha M. S.
Arvores de Cofiado das mefmas Familias.
foi. 2. Tom. M. S.
Todas eílas obras fe confcrvaõ em po-
der do Doutor Francifco Jozé da Serra
Crasbeeck de Carvalho Cavalleiro profeílo da
Ordem de Chriílo, e Corregedor que foy
de Tavira filho do Author que me communi-
cou eftas noticias.
FRANCISCO XAVIER DA SYLVA
filho de Pafchoal da Sylva, c Francifca
Maria da Rocha naceo em Lisboa a 11.
de Agofto de 1709. Inílruido na lingua
Latina, e letras humanas frequentou a
Univerfidade de Coimbra aplicado á Ju-
rifprudencia Canónica na qual recebeo o
grão de Bacharel a 22. de Mayo de
1734. Reílituido à pátria como o feu me-
recimento excedeíTe a fua idade foy elcy-
to Juiz do Tribunal da Legada Apofto-
lica, e Miniílro da Cúria Patriarchal de
que tomou poíTe a 11. de Agofto de
1744. cujos lugares adminiftra com igual
fciencia, que integridade. He verfado na
L USITAN A.
.3o I
Hiftoria Eccleíiaílica, e fecular, e em todo
o género de erudição como teftemunhaõ as
obras feguintes que tem compoílo.
DiJfertaçaÕ apologética, Jurídica, e Crítica em
que fe moftra com as refoluçoens mais certas de
Direito, e doutrínas claríjfimas dos melhores Dou-
tores que os Kegulares, e Isentos podem apel-
lar para o Summo Pontifice omiíTis mediis,
e que dejia apellaçaÕ conhecem validamente os
Excellentijfimos, e Keverendijftmos Senhores Nun-
àos Apojlolicos com poderes de legados à La-
tere para os quais ainda omifTis mediis podem
taÕbem direitamente apellar, e que he contra os
prívileffos do Reyno Jahirem as fuás caudas a
Jentenciar fora delle, e fe propõem alguns pon-
tos do ur(0 da Difciplina Kegular. Lisboa na
Officina Sylviana, e da Academia Real.
1743. 4.
Taurícidio condemnado, ou difcurfo Catholico
moral, politico. Jurídico, e Crítico fobre o efpec-
taculo dos Touros, em que fe mofka fer us^o
bárbaro, tyrano, e indico de fe exerrítar entre
Catholicos. 4. M. S. compoílo no anno de
1738.
De Titulo Dom. Traãatus Jurídicus in
três partes divifus. i, de Orígine, (& excel-
lentia Tituli Dom. 2. deiis, qui illo uti
pojjunt. 3. de panis impojitis adverfus eos,
qui indebite ita fe vocaverínt. 8. M. S.
G)mpoílo no anno de 1742.
Dialogo moral entre o VaraÕ Chryfanto,
e o mancebo Olyntho em que fe moflra naõ
fer licito, e conveniente â gravidade do ho-
mem o exercido, e recrearão dos bajles, e
danças em contrapojiçaõ do que efcreveo Lu-
ciano Samofatenfe grande defenfor da contraría
4)piniaÕ; Jujlijicado com authorídade dos San-
tos Padres, exemplos memoráveis, e eruMçaÕ
ajftm Ja^ada como profana. 4. M. S.
Quefioens Capitulares em que fe defende
a JurífdiçaÕ Epifcopal das Ufurpa^oens que
lhe faixem os Cabbidos das fuás Igrejas
quando ejiaõ Sede Vacante. Part. i. foi.
M. S.
FRANCISCO XAVIER DA SILVEY-
RA, E BELLAGUARDA fahio à luz do
inundo em Lisboa a 8. de Dezembro de
171 5. fendo filho de Simaõ da Sylveira
Rego, e D. Catherina Bellaguarda. Quan-
do contava a idade de dezafeis annos
preferio o comercio das fciencias, ao das
fazendas a que feu Pay o deílinava dan-
do de feu agudo juizo, e feliz memoria
taõ claros argumentos que em hum anno
que fe aplicou à lingua Latina penetrou
as mayores dificvildades de Marcial, Ho-
rácio, e Suetonio celebres Corifeos de
taõ celebre idioma em o qual compunha
em verfo, e proza com igual elegância
que pureza, como taõbem fem inílruçaõ
de Meftre adquirio a noticia das linguas
Grega, Caílelhana, Franceza, e Italiana. An-
tes de ouvir Filofofia aprendeo comfigo
a Forma Syllogiílica, e de tal forte a pra-
ticou, que frequentando a aula defta Facili-
dade em a Congregação do Oratório de
Lisboa argumentava com tanta formalidade,
e fubtileza que fe pjerfuadio o Meftre que já
era nella egregiamente verfado. Eftes dotes,
com que fe ornava o feu efpirito, o habi-
litarão para receber a roupeta em a Con-
gregação do Oratório a 21. de Novembro
de 1724. onde fegunda vez aprendeo Filo-
fofia diâada pelo Padre loaõ Baptifta, a
qual defendeo publicamente com igual aplau-
zo da fua fciencia, como credito de taõ
infigne Meftre, de quem fe fará em feu
lugar merecida memoria. Semelhante pro-
greíTo fez nas Theologias Efcolaftica, e Mo-
ral pelo efpaço de fete annos no fim dos
quais obrigado de urgentes cauzas fe apar-
tou com o corpo, e naõ com o aífeélo de
taõ illuftre Mãy que amorofamente o ali-
mentara com o leite de folida doutrina, e
fanta educação. FaíTando à Cidade de Se-
vilha foy rogado por D. Jozé Ortiz, e D.
Francifco Alvarado Presbíteros zelozos da
converfaõ das almas para que fe aggregaíTe
ao Inftituto dos MiíTionarios confirmado pe-
la Sè Apoftolica de que fora Author o V.
P. Francifco Ferrer Varaõ de claras virtu-
des, e para naõ parecer ingrato ao concei-
to que fe tinha feito da fua capacidade,
exercitou por féis mezes os minifterios
do confeíTionario, e púlpito moftrando que
para efte tinha tanta propenfaõ que no ef-
paço de doze dias compoz finco Difcurfos
3o2
BIB LIOTHECA
Moraes que merecerão univerfal aplauzo.
Reftituido a Portugal fe aplicou em a Uni-
veríidade de Coimbra a huma, e outra Ju-
rifprudencia em cujo eftudo adquirio a eíli-
maçaõ de todos os Cathedraticos. Ao tem-
po que aíTiília em Coimbra fahio o Thea-
tro do mmdo vifivel compofto pelo Padre
Doutor Fr. Bernardino de Santa Roza da
Ordem dos Pregadores em que criticava al-
gumas opinioens do eruditiíTimo Filólogo
defta idade o R. P. Fr. Jeronymo Bento
Feijoo Monge Benediftino, em cujo obfequio
publicou a feguinte Obra.
Elogio Apologético do Critico 'EJpanhol, e
huma nova DiJfertaçaÕ contra a exijlencia da
Feni^' Lisboa Por Francifco da Sylva
1745. 4.
]/erdad de Feijoo fegunda ve:;^ vindicada, o
Jolucion evidentijfima de la pertendida contradi-
cion evidente atrihuida en la medecina por un
Medico hisbonen/e. Salamanca 1745. 4. fem
nome do Impreflbr.
FRANCISCO XAVIER TEIXEIRA DE
MENDOÇA filho de loaõ Teixeira de Men-
doça que fervio vários lugares de letras
com igual fciencia que deíintereíTe, e de
D. Roza Maria Jofefa de Oliveira naceo
em Villa Real da Provinda Tranfmon-
tana em o mez de Agoílo de 171 3.
Inftruido na pátria com as primeiras le-
tras frequentou a Univerfidade de Coim-
bra aplicado à Jurifprudencia Civil em a
qual recebeo o grão da Formatura a 50.
de Julho de 1733. Aprovada a fua lit-
teratura, em o Dezembargo do Paço a
10. de Setembro de 1739. foy eleito Advo-
gado da Caza da Suplicação, bailando para
claros argumentos da profundidade da fcien-
cia legal que profeíTa, as feguintes produ-
çocns que fe fizeraõ patentes pelo beneficio
da impreíTaõ.
Epilogo memorial, ou recopilarão Jttridica
da Cau:^a que pende por embargos no Tri-
bunal dos Aggravos da Car^a da Suplica-
ção Jobre a JuceffaÕ do Morgado, que ficou
vago por falta de defcendentes dos Illujlrijft-
mos, e Excelientijfimos Senhores D. Jorge
Mafcarenbas, e D. Francijca de Vilhena Mar-
que^es de Montalvão a favor de Gonçalo
ChriJlovaÕ Teixeira Coelho de Mello Pinto de
Mefquita Senhor da Teixeira, e de Cergude R.
Embargante contra SebafliaÕ Joi^è de Carvalho,
e Mello A. Embargado. Salamanca por An-
tónio de Villar Gordo, y Alçarás. 1743.
foi. ■
Segunda AllegaçaÕ de Direito fobre a mefma
Catfí^a. Salamanca pelo mefmo ImpreíTor,
e anno. foi.
Fr. FRANCISCO XAVIER DE S. THE-
RESA Naceo em a Qdade da Bahia Capi-
tal da America Portugueza a 12. de Março
de 1686. onde teve por Pays a Pafchoal
Luiz Bravo, e Thereza Viegas de Azevedo.
Eftudou a lingua Latina no Seminário da
Villa da Cachoeyra dos Padres Jefuitas dif-
tante fete legoas da fua pátria, e fahio egre-
giamente inílruido naquelle Idioma. Quando
contava defafeis annos de idade recebeo o
habito Seráfico no Convento de Sergipe
do Conde da Provinda de S. António da
Bahia a 3. de Julho de 1702. e profeíTou
folemnemente a 4. do dito mez do anno
feguinte. Ao tempo, que eílava acaban-
do o curfo de Artes em o Convento
de Olinda paífou à Ilha da Maddra cm
cuja Cuílodia fe incorporou. Para receber
as Ordens de Presbítero navegou para
Lisboa onde alcançou em atenção à pref-
picacia do feu talento Patente de Lcy-
tor de Theologia na Ilha da Madeira pa-
ra onde voltou a diétar eíla Sagrada Fa-
culdade fem a ter apoftillado. Segunda vez
veyo a Lisboa na companhia de D. Pedro
da Cunha Governador da Ilha onde fervio
o lugar de Procurador da referida Cuílodia.
Paflbu a Londres no anno de 17 14. com
Jacinto Borges de Caílro que depois foy
Enviado naquella Corte e depois de ter dif-
corrido por muitas Provindas dos Paizes
Baixos fe reflituhio a Lisboa no anno de
171 7. em o qual fe embarcou na Capitanea
de que era Almirante o Conde do Rio Gran-
de D. Lopo Furtado de Mendoça da for-
midável Armada, que a Mageílade delRey
D. Joaõ V. expedio à inílancia do Summo
Pontífice Clemente XI. para libertar a Ilha
de Corfu da opreflaõ a que eílava re-
duzida pela violenda dos Turcos. Que-
LUSITANA. 3o3
rendo animofamente aíTiítir ao conflido por Sermaõ da Soledade de Maria SantiJJima na
fer contra os inimigos da Religião, de que Igreja do Hofpital Real de Lisboa no anno de
tby theatro o golfo de PaíTavà na entrada 1729. Lisboa por Maxiricio Vicente de Al-
do Archipelago a 19. de Julho de 1717. meyda 1755. 4.
huma bala de artilharia lhe ferio taõ gra- Sermaõ Vanegyrico em a nova Fejla do Pa-
vemente a perna efquerda que para con- trocinio do illujlre, e glorio/o Patriarcha S. Jo-
iervar a vida foy precifo que logo foíTe ^epb celebrada na l^eja de S. Jo;(eph de R/-
cortada. Reftituido felifmente defte fatal de- bamar em 17. de Junho de 1735. Lisboa por
laílre entrou com a noíTa Armada triunfan- Jozeph António da Sylva. 1735. 4.
te da Otomana em o Porto de Lisboa onde Extremus honor llluftrijftmo, Religiojifímo,
foy incorporado na Provincia de Portugal ^ Sapientiftmo D. D. Emmanueli Caetano à
a 27. de Abril de 1719. confeguindo em Sou^a amplijftma dignitatis viro perfolutus. Ulyf-
premio da fua erudição Sagrada, e profa- ç^^^^. ^^^^ Mauritium Vincentium de Al-
ua, inteUigencia das linguas Italiana, Fran- meyda. 1735. 4. Confta de dous Elogios
ceza, e Ingleza como da Poezia vulgar, e Ladinos de eítilo Lapidario 5. Epigra-
Latina, e Oratória Eccleíiaítíca os lugares ^^^^5 Latinos, e dous Sonetos Portugue-
<le Penitenciário geral da Ordem Seráfica, ^es.
! Examinador das Três Ordens Militares, e „- , c -n: tí ■ ...t^ r\
I. ,,^. ,,^ ^/-ii Pofiremus honor òertmmmo Pnnctpt D. D.
' do grande Pnorado do Crato, Conlultor da ^ ; r» ^ ;• t r ^' tu- j j
I _ ,.° , ^ - A 1 • 1 Carolo Portugália Infantt. Ibi apud eumdem
' Bulia da Cruzada, Académico do numero _ ° /-'n-juT-iT
„ , , TT-r. • T^ Typog. 1736. 4. Coníta de hum Elogio La-
i <k Academia Real da Hiílona Portugueza /^ ^ '. ^ ^ ^
. , 1 A t"io 5- Epigramas, e três Sonetos,
•eleito em o anno de 1735. e da dos Ar- * °
I cades com o nome de Elredio. As Obras Plaufus in Natali die Augujli£ir»^ Beria Prin-
Poeticas, e concionatorias que tem pubUca- cipis Olyjftpone feliciter nata XVI. KaUnd. ]a~
do faõ as feguintes. ««^' MDCCXXXIV. Ibi per eumdem Ty-
Oratio Panegyrica de Exaltatione Sanmjji- P°g- ^755- 4- Coníla de huma Elegia 4.
mi Domini Nojíri Benediãi XIII. Pontifiàs Ma- Epigramas hum Soneto, e hum Elogio Na-
^mi habita in Régio D. Franri/ci Olyffiponenji ^*^° ^^ ^y^° Lapidario.
Canobio Tertio Nonas Oãobris MDCCXXIV. Praãica com que congratulou a Academia
UlyíTipone apud Pafchalem da Sylva 1725. ^^^ ^ C/^^'' eleito feu Collega recitada no Pa^o
4. No fim tem hum Epigrama Latino, e a ^. de Setembro de 1735. Usboa por Jo-
hum Soneto Portuguez ao mefmo aíTumpto. zeph António da Sylva. 1736. 4.
Augurium ex felicijfimo conjugio Serenif- Oração Fúnebre nas folemnes Exéquias
Jimi Brajilia Principis. UlyíTipone apud Of- do AuguJHJJimo Cen^ar Carlos VI. celebra-
fidnam Patriarchalem Muficse. 1728. 4. das pela NaçaÕ Germânica no Real Convento
Coníla de dous Epigramas, e huma Ele- de S. Vicente de fora em ^. de Março
gia. de 1741. Lisboa na Offidna Almeydiana
Dous Sonetos, e quatro Epigramas com 1742. 4.
huma Eleffa à Memoria do Duque do Ca- Três Epigramas, e hum Soneto em aplaus(o
daval D. Nuno Alvres Pereira de Mello, do ExcellentiJJimo, e ReverendiJJimo Bifpo do
Sahiraõ nas ultimas Acçoens do Duque. Lis- Porto D. Fr. Jot^eph Maria da Fonceca, e
boa na Officina da Mufica 1730. foi. a pag. Évora chegando de Roma a Usboa. Sahiraõ
171. 172. 176. com outros Verfos a elie aíTumpto. Lisboa
Quatro Epi^amas Latinos, e hum So- na Officina Real Sylviana 1742. 4.
neto Portugue^ em louvor do Padre D. Ra- Flofculus Epigrammaticus. Coníla de Epi-
fael Bluteau Clérigo Regular. Sahiraõ no gramas a todos os Santos da Ordem Se-
Obfequio Fúnebre que lhe dedicou a Aca- rafica. M. S.
demia dos Aplicados Lisboa por Jozeph Poema ao Efpirito Santo que coníla de
António da Sylva 1734. 4. a pag. 62. 100. Verfos, e todos principiaõ pela letra S.
75- 81. 87. M. S.
3o4 BIB LIOTHE C A
Tragicomedia ao martyrio de Santa Felici- Memorias do feu tempo. Nellas cftaõ mui-
dade, e feus Filhos. Coníla de todo o gene- tos Epigramas Latinos cm cuja compoíiçaô
ro de Verfos Latinos. M. S. Todas eftas era taõ felÍ2, que o compara a Marcial o
3. Obras fe confervaõ no Convento de San- Licenciado Jorge Cardozo Affol. Ljijit. Tom,
to António de Olinda. 3. pag. 799. no Comment. de 23. de Junho
letr. L. Todo efte Livro eftá primorofamen-
FRANCONIANO ADAM CUNTIM FA- te illuminado em cuja Arte era infignc.
VORINO Veja-fe Tratado dos Cômputos Ecclejiajlicos. Defta
ANTÓNIO BAPTISTA VIÇOSO. Obra faz mençaõ o livro dos Óbitos do
Convento de Moreira de Cónegos Regran-
D. FRUCTUOSO DE S. JOAM Na- tes, e do Author Nicol. Ant. Bib. Hifpan.
ceo em a Província do Alentejo a 23. Tom. 2. pag. 323. col. i. Eruditionis La-
de Junho de 1550. de Pays honeftos quaes tina, ac poética Artis, ritmmque Ecclejiajlico-
eraõ Luiz Alvares, e Margarida Luiz. O rum exaãijfima cognitionis vejligia reliquit non
nome de Joaõ que lhe fora impoílo no ohjcura.
bautifmo em memoria de fahir à luz do
mundo na Vefpera do grande Precurfor Fr. FRUCTUOSO DA MADRE DE
o mudou em Fruduofo pela devoção que DEOS chamado no feculo Fructuofo de
tinha a efte iníigne Prelado da Primacial Sequeira natural de Monte Mor o Velho
Igreja de Braga quando na florente idade do Bifpado de Coimbra, e filho de Gallor
de 18. annos profeíTou o inftituto de de Mendanha nobre ramo da Familia defte
Cónego Regrante de Santo Agoftinho no apellido, e de Maria de Sequeira. Como
Real Mofteiro de Santa Cruz de Coim- era dotado de eftatura agigantada, forças ro-
bra a 27. de Março de 1568. Nefta Sa- buflas, e animo deftemido moftrou em va-
grada paleftra cultivou todas as virtudes rias ocafioens que ninguém por mais va-
de perfeito Religiofo fendo humilde, de- lente que foíTe, podia refiftir à fua efpa-
voto, contemplativo, e efmoler. No Sa- da, porém illuftrado de fuperior impulfo
crificio da MiíTa gaftava muitas vezes o empregou a fua valentia contra fi mefmo
largo efpaço de duas horas em que ar- bufcando huma Religião auftera, e peniten-
rebatado o feu efpirito participava das te, qual foy a dos Carmelitas Defcalfos on-
delicias que fe lograõ no Ceo. Mereceo de recebendo o habito no Convento de
antes do feu tranfito ver a Maria San- Noíla Senhora dos Remédios defta Corte a
tiíTima acompanhada dos dous Príncipes 29. de Agofto de 1604. quando contava
da Igreja S. Pedro, e S. Paulo. Foy vinte e quatro annos de idade profeflbu fo-
dotado de dom de profecia fendo-lhe pa- lemnemente a 8. do dito mez do anno fe-
tentes os fegredos do coração. Serenou guinte. Para domar o feu robufto corpo fe
a conciencia de muitos efcrupulozos redu- armou de rigurofas mortificaçoens com que
zindo-os a huma inalterável quietação. Fal- brevemente o reduzio às leys do efpirito,
leceo no Convento de S. Vicente extra alcançando pelo exercido de virtudes hc-
muros da Cidade de Lisboa em o mef- roicas o refpeito, e veneração dos feus do-
mo dia em que nacera 23. de Junho de meflicos. Foy Prior dos Conventos de Caf-
1624. com 74. annos de idade, e 56. de cães, Évora, e Vianna fazendo obfervar
habito. Depois de muitos annos foy achado exaâamente os preceitos do feu Inftituto.
o feu corpo incorrupto. Foy infigne nas le- Sendo convidado pelo Prior do BuíTaco
trás humanas, e na intelligencia dos Authores, para aíTiftir à Dedicação da Igreja defta
c Poetas do feculo de Augufto, c naõ menos Carmelitana Thebaida que fe celebrou a
verfado nas Cerimonias Ecdefiafticas deixando 3. de Mayo de 1639. ^^"^ tanto fervor
cfcrito para teftemunho do feu talento. fe afeiçoou à vida erimitica que nclla
Commentaria in Khetoricam Ciceronis, & paíTou o largo efpaço de doze annos
Artem Poeticam Horatii. 4. M. S. com grande admiração dos feus aufteros
L USITAN A.
3o5
habitadores dos quais era vigilante emulo
aíTim em o continuo exercido da Oraçaõ
como das penitencias com que macerava o
corpo. ImpoíTibilitado por hum acidente de
parlezia naõ continuou a aHiftencia do De-
zerto donde paíTando para o G^Uegio de
Coimbra obfervou até a morte contra o pre-
ceito dos Médicos a abílinencia de carne.
Muitos dias antes do ultimo da fua vida
revelou a alguns Religiofos que em Domin-
go de Pafchoa havia de morrer cujo vati-
cínio fe vio verificado a 28. de Março de
1660 em que fe celebrou eíla triunfante, e
gloriofa folemnidade quando contava 80.
annos de idade e 56. de Religião. Compoz.
Caderno dos Jantos cujlumes de que devem
lit^ar os Ermitaens defie Janto Decerto do Buf-
Jaco no Convento, e nas Ermidas. Efta Obra
fe conferva M. S. em vários Treslados em
BuíIacG a qual ferve de inllruçaõ aos feus
habitadores para tudo quanto nelle devem
obrar; podedo gloriarfe o Padre Fr. Fruc-
tuofo de fer o primeiro que reduzio a me-
thodo eíle celeftial Inílituto, cujos preceitos
moderou depois a prudência de alguns Pre-
lados por ferem impraóHcaveis à fragilidade
da natureza humana.
Tratado da Família dos Mendanhas, de que
elle defcendia. Defta Obra faz memoria o
Padre D. António Caetano de Souza Ap-
parat à Hijl, Gen. da Ca^. Real Portug. p.
109. §. 115. onde erradamente efcreve que
feu Author morrera a 20. de Abril de
1658. fendo a 28. de Março de 1660. co-
mo deixamos efcrito por informação do
Reverendo Padre Fr. Francifco de San-
ta Maria adual Chronilk dos Carmelitas
Defcalfos deiie Reyno, a cuja deligencia
devemos as noticias dos Authores defta
Sagrada Reforma. Delle fe lembra Fr.
loaõ do Sacramento no 2. Tomo da
Cbronic. dos Carmel. Defcalfos da Prov. de Por-
tug. liv. 5. cap. 23. §. 533.
Fr. FRUCTUOSO PEREYRA natural
da Villa da Feira finco legoas diftante da
Qdade do Porto, Cabeça de Condado, e
defcendente dos Condes defte Titulo, o qual
querendo fer mais illuftre por beneficio da
Graça do que nacera por liberalidade da
natureza recebeu a Cogulla Benediétina em
o Convento da Cidade do Porto a 5. de
Mayo de 1620. Foy muito douto nos pre-
ceitos da Gramática Latina, Poefia heróica,
e inteUigencia das linguas Italiana Franceza,
e Efpanhola. Eftudou Filofofia no Moftei-
ro de S. Miguel de Refoyos de Bafto, e
Theologia no CoUegio de N. Senhora da
Eftxella defta Corte, e em huma, e outra
Faculdade fahio egregiamente inftiuido. Fal-
leceo no Aíofteiro de S. Martinho do Cou-
to a 20. de laneiro de 1660. Compoz.
Arte de Gramática Eatina novamente orde-
nada em Portuguef(^ para menos trabalho dos que
começaõ a aprender. Lisboa por Lourenço
Craesbeeck 1636. 4. Sahio fegunda vez com
efte titulo.
Arte de Gramática latina ordenada em
Portugue^ para major facilidade dejle ejludo. Lis-
boa por Lourenço de Anveres. 1643. 8. et
ibi por Domingos Lopes Rofa. 1652. 8.
De B. Placidi, fociorumque ejus gefiis libri
duo. Começa.
Quis Plácido fuerit fangtás quo duxerit avum.
Ordine, qui Juveni mores, qua funera di-
cam cíyc.
Vita S. Getrudis, <& D. Mauri heróico car-
mine conf cripta. M. S. Confervaõfe eftas duas
obras Poéticas em poder do R. P. Fr. Mar-
celiano da Afcenfaõ Monge Benediítino Ab-
bade que foy do Mofteiro de Santarém.
Faz memoria honorifica do Author Fr. Gre-
gório Argaes Perla de Catalun. pag. 464.
§. 156. Compufo el Arte de Gramática que
anda de haxo de fu nomhre con tan fadl dif-
pofiàon para los principiantes, que hiís^tera ef-
curecer todas las de mas artes dejla matéria fi
nó huviera la opojicion de la embidia, y dei
interes.
Fr. FULGENCIO BOTELHO natural
da Provinda da Beyra Monge Cifterden-
fe cujo habito profeíTou no Convento de
Santa Maria de Salzedas. Foy Abbade
no Collegio de Coimbra em o anno de
1624. onde diftou diverfos tratados Theo-
logicos, e Efcriturarios. Exerdtou o lu-
gar de Deputado da Inquiziçaõ de Coim-
3o6
BIBLIO THE CA
bra de que tomou poíTe a 27. de Agofto
de 1627., e no Qjllegio da mefma Cidade
paíTou a milhor vida no anno de 1629.
Efcreveo doutamente.
Contra ]udaos. foi. M. S.
FULGENCIO FREYRE cuja pátria, e
Pays fe ignoraõ. Sendo Feitor de Baçaim
que com igual zelo, que interefle adminiílra-
ra, abraçou o inílituto da Companhia de
JESUS no eílado de Coadjutor Temporal
do qual nunca quiz ainda inflado pelos Su-
periores, fubir ao Sacerdócio. Foy deftina-
do por companheiro do Padre Gonçalo Ro-
drigues no anno de 1555. quando partio
com o noflb Embaxador Diogo Dias man-
dado pelo Vicerey Pedro Mafcarenhas ao
Império da Etiópia onde com fummo dif-
velo encheo as obrigaçoens de Operário
Evangélico. Reílituido a Goa voltou no
anno de 1560. para Etiópia em cuja via-
gem encontrando quatro Gales de Turcos
que capitaneava o Pirata Cafar, depois de
receber outo feridas foy levado ao Cayro com
outros Portuguezes onde remava no banco,
e fervia na Ribeira de Moca. Nefte mifera-
vel eílado o acharão os Padres Gonçalo Ro-
drigues, e loaõ Baptiíla Eliano quando en-
trarão no Império da Etiópia no anno de
1 5 62. com a incumbência cometida pela San-
tidade de Pio IV. de unir a Igreja Ale-
xandrina com a Romana, e poílo que cor-
tado de tantas tribulaçoens tinha taõ vigo-
rofo o efpirito, que confirmava na Fé aos
feus companheiros, e reduzia a muitos in-
fiéis ao fuave jugo do Evangelho. Refga-
tado com outo Chriílaos por mil, e qui-
nhentos cruzados que dera o noíTo Emba-
xador refidente em Roma partio por terra
até eíla Santa Cidade donde chegou a Lis-
boa no fatal anno de 1569. em que ardia
fulminada de hum peílifero contagio aíTiílin-
do aos feridos com taõ ardente charidade,
que antepunha a faude alhea à própria vida.
Efquecido de tantos trabalhos tolerados em
obzequio da Fé, e ambiciofo de outros
mayores fe embarcou outra vez para a ín-
dia no anno de 1571. e querendo Deos re-
munerarlhe quanto tinha padecido pela exal-
tação do feu nome permitio que naufra-
gafle a náo em que hia embarcado donde
voou o feu efpirito ao porto da Bemaven-
turança. Delle fazem illuílre memoria Car-
dofo Agiol. luufit. Tom. 2. pag. 686. Uift.
Societ. Part. 2. hb. 4. n. 320. e lib. 6. n.
140. e Part. 3. lib. 7. n. 165. Guerreiro
Adiçaõ ã Kelac. da Etiópia dos ann. de 1607.
e 1608. Cap. I. Godinho de reb. Abyjfm.
lib. I. cap. 27. e lib. 2. cap. 18. Telles
Chron. da Comp. de Jefus da Prov. de Portug.
Part. 2. liv. 6. cap. 8. n. 2. e na Hift. da
Etiop. Alt. liv. 2. cap. 23. e cap. 32. Jar-
ricus Thefattr. rer. Ind. Tom. 2. cap. 17.
Coíla Hijl. de reb. in Orient. gejlis á S. l.
pag. 31. Souza Orient. Conq. Tom. i. conq.
5. Divif. 2. §. 63. Faria A:(ia Portug. Tom,
2. Part. 2. cap. 15. n. 8. e 9. Couto De-
cad. da Ind. 7. liv. 8. cap. 8. Franco Imag.
da virtttd. em o Nov. de Coimbra. Tom. i.
liv. 3. cap. 35. n. 2. Barboza Mem. Hiji.
delKey D. Sebajl. Part. 2. liv. i. cap. 16.
§. 122. Efcreveo.
Carta efcrita de Moca a iz. de Agojlo de
1560. ao Patriarcha D. JoaÔ Nunes Barreto
em que lhe relata a fua chegada, e as tri-
bulaçoens que padecia no Cativeiro. Sahio im-
prefla com outras Venetia por Tramezzino.
1662. 8.
Carta efcrita do Graô Cayro a y de Ou-
tubro de 1562. ao Geral Diogo Eaynes em que
refere as miferias do Cativeiro. Confervava eíla
carta em feu poder o Padre Balthefar Telles
como efcreve na Hifl. da Etiop. Alta. liv.
2. cap. 32.
Carta efcrita ao Geral no fim de Novembro
de 1569. Outra efcrita do Cayro ao mefmo P.
Geral a 1^. de Fevereiro de 1564. Outras duas
efcritas do Cayro ao Provincial da índia em
Abril de 1562. e em 30. de Mayo de 1562.
Todas eílas fe confervaõ no archivo da Ca-
za profeíTa de S. Roque deíla Corte.
Fr. FULGENCIO LEITAM natural de
Lisboa onde recebeo o habito de Erimita
Auguíliniano. Era Superior, em o Convento
pátrio no anno de 1626. e Meílre de Noviços
em o de 1630. Igualmente profeíTou a fagra-
da Thcologia como a Jurifprudencia Canó-
nica, e Civil. PaíTando a Itália viveo mui-
tos annos, em o Convento de Santa Maria
L USITAN A,
do Populo em Roma com o nome de Fr.
loaõ António Rivarolla onde pela fua gran-
de literatura era confultado nas mayores di-
ficuldades. Por cauza de hum livro de que
Édfamente o fizeraõ Author incorreo na in-
dignação do Cardial loaõ Bautifta Pallota
Proteâor da Ordem dos Erimitas de S. Agof-
tinho fendo obrigado a retirarfe para Pariz
ao anno de 1658. onde acometido de huma
apoplexia acabou a vida quando excedia a
idade de 70. annos. Foy muito zelozo da
gloria da Pátria, e acérrimo propugnador
da julliça com que foy elevado ao trono
de Portugal o SereniíTimo D. loaõ o IV.
de que faõ claros teftemunhos as obras que
doutamente efcreveo fobre efte argumento.
Publicou com o nome de Fr. loaõ António
Rivarolla. 4.
La perfeita muger B. Rifa de Cajfta de la
Orden de San Augufiin. Dijctirjos morales fo-
bre fu vida, j mila^os en todos los ejiados que
imo. Nápoles por Francifco Savio. 1645.
Com o nome de loaõ Baptiíla Morelli.
Kedíiccion, y refiitw/non dei Reyno de Por-
tugal a la Jerenijfima Ca^a de Bragança en la
real perfona de D. Juan IV. Key dei dicbo
Reyno. Difcurfo moral, y politico. Turim por
Juanetim Penotto. 1648. 4. Com o nome
de Fernando de Molina, y Savedra.
ÒOJ
E.piJlola apologética a la Magefiad Catbolica
de Felipe el Grande contra el parecer de cierto
minifiro confultado fobre la recuperacion de Por-
tugal. Colónia Agripina. 1650. 4. Com o
nome do Doutor António de Bentancor
Anti-Diana, five admonitio apologética ad R.
P. Antoninum Dianam circa fuum Traâatum de
poteflate exauthorandi Reges decima parti fua-
rum Refolutionum nuper additum. Lugduni.
1653. Sem nome de ImpreíTor. 8. Com o
nome Jacobi a Caibro bono Pedamontani
utriufque Júris doâoris peritiflimi.
Confilium fuper validitatem afferti Bretfis
Apoflolici circa contraãum inter partes Serenif-
fimum Joannem IV. Regem Portugallia exuna,
<Ò' aliquos Vajfalos, five fubditos {Lafitanice Ho-
mens de negocio) e/ufdem Re^i ex altera ut
aliqui, volunt annullantis. In Caftro bono 29.
Aprilis. 165 1. 4.
Prudentium Amicorum Princeps. Epiflola
Apologética cujufdam afferti amici adverfus
Anonymum calamo urgentem apud Sedem Apof-
tolicam pro L^gato, nec non pro prafenta-
tionibus Ducis Brigantini ad Ecclefias Por-
tugallia admitendis apologetice etiam refpon-
det. Ulyflipone. 1656. foi. Pofto que di-
ga fer impreflb em Lisboa certamente he
em Itália, como do carader da letra fe
conhece.
3o8
BIBLIO THE CA
D
Fr. GABRIEL DE ALMEY- GABRIEL DE ALMEIDA DE VAS-
DA chamado no feculo Pedro de Almey- CONCELLOS natural da Qdadc do Por-
da naceo em a Villa de Moymenta da to profeflbr de Direito Gvil, c iníigne
Bcyra do Bifpado de Lamego. Deixadas advogado de Caufas Forenfes como o in-
com heróica refoluçaõ a pátria, e caza pa- titulaõ loaõ Soares de Brito Theatr. Lu-
terna recebeo a Cogulla Qílercienfe em o ^t. Utterat. lit. G. n. 9. e Diogo Guer-
reai Q)nvento de Alcobaça a 17. de De- reiro Camacho Traã. de R£cufat. lib. 2.
zembro de 1625. cujo fagrado inílituto pro- cap. 11. n. 4. Da fua fciencia legal dei-
feíTou a 6. de Janeiro de 1627. Eftudou xou por eternos teílemunhos as obras fe-
com tal aplicação as fciencias feveras para guintes.
as quais a natureza o dotara de engenho AllegaçaÕ de Direito pelo Marqun^ de Vil-
agudo, e prompta comprehenfaõ, que de lareal D. Lídz de Meaet^es contra D. Carlos
difcipulo paflbu logo a Meftre diftando aos de Noronha, e fua mulher em que Je impugnaõ
feus domefticos Filofofia, e Theologia em os embargos com que vieraõ Jobre a JuceffaÕ, e
cuja Faculdade recebeo o gráo de Dou- morgado da Ca:(a de Villareal no Imv^o das
tor pela Univerfidade de Coimbra que illuf- Jujlificaçoens . Lisboa por Jorge Rodrigues,
trou com o feu magiílerio, fendo Lente 1640. foi.
da Cathedrilha de Efcritura em 6. de No- Informação por parte de D. loaÔ Lmí:;^ de
vembro de 1658. fubftituto da Cadeira gran- Aíene^es na caut^a que corre f obre a fucejfaõ do
de a 12. de Abril de 1662. até que a regen- morgado injlituido pelo Bifpo de Lisboa D. loaÕ
tou Proprietário em 10. de Janeiro de 1664. Martins de Soalhaens. Kefpondefe em particular
e igualado à Cadeira de Vefpora no anno à allegaçaõ impreffa a favor do Conde de Fi-
de 1667. Depois de ter fido Reytor do gueirô. Lisboa por Domingos Lopes Roza.
CoUegio de Coimbra fahio eleito D. Ab- 1646. foi.
bade geral da fua illuílre Congregação em Segunda informação de Direito em defenfaÕ
o I. de Março de 1660. que governou com da primeira por parte de D. loaÕ Líd^ ^ V^of-
fumma prudência, e afabilidade. Para co- concellos, e Meneses na caseia que corre fobre
roa dos feus merecimentos foy nomeado o morgado, que inflituhio o Bifpo de Lisboa D.
Bifpo do Funchal Capital da Ilha da Ma- JoaÕ Martins de Soalhaens: e repojlas à expof-
deira para onde partio a 4. de Março de tulaçaõ apologética feita em contrario por o Dou-
1672. Exercitou vigilante o Officio Pafto- tor Clemente Félix. Lisboa pelo dito Im-
ral deixando faudofas as fuás ovelhas do preflbr. 1648. foi.
breve tempo que as apafcentou por falle- Allegaçaõ na qual fe mofhra por direi-
cer a 12. de Julho de 1674. Jaz fepultado to por Breves dos Summos Pontifices, por
no Coro da fua Cathedral. Faz delle fu- Alvarás dos Senhores Keys, por fentenças em
cinta memoria D. Ant. Caet. de Souz. Ca- juii(p contenciofo, por confultas da Met(a da
thal. dos Bifp. do Funchal, n. 12. Dos mui- Conciencia, pela Keg^a, Eftatttíos, e Defini-
tos Sermoens que com aplaufo pregou, imi- çoens da Ordem de Chrijlo, e por juramen-
camente fahio o fcguinte por beneficio da to como o dinheiro dos quartéis da dita
impreíTaõ. Ordem fe naõ pode gafiar mais, que nas
Sermão nas "Exéquias do Serenijftmo In- obras, e fabrica do Convento de Tbomar, e
fante D. Duarte no real Convento de Al- Ca:^as fuás por ordem do GraÕ Mejhe. Sa-
cobaça. Lisboa na Officina Crasbceckiana. hio no Memorial do Geral da Ordem de
1650. 4. Cbriflo, e dos Religiosos delia ã Magefladi
L USITAN A.
delKey D. loaõ o IV. Lisboa por Manoel
da Sylva. 1648. foi.
D. GABRIEL DA ANNUNCIAÇAM
natural da Villa de Guimaraens do Ar-
cebifpo de Braga Cónego Secular da G^n-
gregaçaõ do Evangeliíla cuja murça re-
cebeo no G3nvento de Villar de Fra-
des, e no Collegio de Coimbra a noti-
cia das letras fagradas em que fahio gran-
de letrado, e iníigne Pregador. Eíles do-
tes o habilitarão para que o Arcebifpo
de Évora D. Joaõ Coutinho o elegefle
para feu Coadjutor fendo fagrado com
o titulo do Bifpo de Fez no anno de
1638. em o Convento de Santo Eloy de
Lisboa. Partindo o Arcebifpo nefte anno
para Madrid o deixou com o governo
da Diocefe, que exercitou com igual pru-
dência, que vigilância até a morte da-
quelle Prelado fucedida a 12. de Setem-
bro de 1643. A Sede vacante o nomeou
por VÍ2Ítador Geral do Arcebifpado on-
de contrahindo huma grave infermidade
foy obrigado a recolherfe a Évora, e no
Convento da fua fagrada Congregação paf-
fou à vida eterna a 18. de Março de
1644. Sobre a fepultura fe lhe gravou o
feguinte epitáfio.
Sepultura de D. Gabriel da Anunciarão Co-
ne^ da Congregação de S. loaÕ Evangelijla Bif-
po de Fez- Falleceo a 1%. de Março de 1644.
Fazem illuftre memoria do feu nome
Franc. de S. Maria Chron. dos Coneg. Secul.
liv. 2. cap. 40. Voy muito efiimado na Corte,
I e em muitas partes do Rfyno. Fonceca. Evor.
Glorio/, pag. 308. n. 540. de cujas virtudes,
e prendas fe podiaõ fiar majores cargos. loan.
Soar. de Brit. Theatr. 'Lufit. Utter. lit. G.
n. I. Optimus fui temporis Ecclefiajies. Souza
Catbalog, dos Pontif. Card. e Bifp. Portug.
pag. 153. Grande Letrado, e infigte Pregador.
Publicou.
Sermão em a nova l^eja do feu Mofleiro de
Eítxobregas em dia da DegolaçaÕ de S. Joaõ
Baptijia que foy o ultimo dos três em que fe
folemni^ou a nova translação do SantiJJimo Sa-
, cramento da Igreja Velha para a nova Capella,
^ fet^ a Senhora D. Joanna de Noronha. Lis-
boa por António Alvares. 1625. 4.
Sermão nas Exéquias que fe^ o Mofleiro de
Santo EJqy de Lisboa na Sé da mefma Cidade
em a morte do IllufiriJJimo, e Keverendijfimo Se-
nhor D. Miguel de Caflro. M. S. 4. do qual
confervo huma copia. Era Reytor do Con-
vento de Lamego quando pregou efte Ser-
mão.
Fr. GABRIEL DA ANNUNQAÇAAf
Naceo na Villa de Ovar da Comarca da
Feyra em o Bifpado do Porto fendo filho
de André Francifco de Aguiar, e Izabel de
Carvalho. Depois de receber na pátria os
rudimentos da Gramática, Rhetorica, e os
preceitos da Mufica em cuja Arte, coma
efcreveo Plataõ, fe comprendem todas as
fciencias, foy admetido ao Seráfico habito
no Real Convento de S. Francifco da Ci-
dade a 6. de Setembro de 1706. quando
contava 25. annos de idade. Eíludou as
fciencias feveras no Convento de Leiria em
que fahio muito inílruido, porem querendo
a Religião aproveitar-fe do grande talento
que tinha para regentar o Coro aíTim pela
voz, como pela fciencia Mufica de que he
dotado o nomeou Vigário do Coro do Con-
vento de S. Francifco de Coimbra, do Por-
to, e ultimamente do de Lisboa onde fe
admira a fua continua aíTiUencia às horas
diurnas, e nodurnas do Officio Divino, e
a perfeição com que obferva as Cerimo-
nias Ecclefiaíticas em que he fumamente
perito, para cujo fim efcreveo, e publi-
cou.
Arte do Canto-ChaÕ refumida para o ut(p
dos Keligiofos Francifcanos Obfervantes da San-
ta Provinda de Portugal. Lisboa na Officina
da Mufica. 1735. 4.
Com indefeíTo trabalho, e cõtinua apli-
cação reformou toda a Livraria dos H-
vros pertencentes ao Coro que horroro-
famente confumio o incêndio que devaf-
tou o Templo, e Coro de Lisboa a 10.
de Junho de 1707. cujo Cathalogo he o fe-
guinte.
Uvro de Antiphonas Feriaes que prin-
cipia no Advento até Sábado de Alleluya.
folha. Pergaminho.
Uvro de Antiphonas Feriaes defde Do-
minga de Pafchoa até o Advento, folha.
3io
BIBLIO THE CA
Livro de Miffas de Santos, folha.
Livro das Miffas próprias das Domingas que
principia na primeira do Advento até o Sábado
/ie Pentecojihen. folha.
Livro de Miffas próprias de/de a Dominga
Âo Efpirito Santo até a ultima pojl PentecoJ-
fhen. folha.
Livro de Miffas particulares a vo:^es. fo-
lha.
Livro do Officio, e Mi ff a de Defuntos: Of-
ficio da Sepultura dos Keligiofos com varias An-
tiphonas de Sufrágios pelos Keligiofos. folha.
Officio do Archanjo S. Rafael para o Con-
vento de S. Francifco do Porto.
Manual, e Cerimonial que prepara para a
impreflaõ.
GABRIEL ANTUNES. Vejafe.
Fr. GABRIEL DA PURIFICAÇAM
Fr. GABRIEL DA AVE MARIA na-
tural do lugar do Bombarral termo da Villa
■de Óbidos do Patriarchado de Lisboa. Sen-
do filho de Pays nobres fe quÍ2 adoptar
«m mais illuftre familia qual foy a Religião
de S. Bernardo recebendo a CoguUa mo-
nachal no Convento de Santa Maria de Sal-
zedas a 20. de Mayo de 1637. onde pro-
feflbu a 14. de Agofto do anno feguinte.
A fua litteratura o fez digno de fer adme-
tido ao numero dos Doutores Theologos
em a Univerfidade de Coimbra, e a fua
prudência unida com fumma afabilidade pa-
ra exercitar vários lugares da Religião, como
foraõ Reytor do Collegio de Coimbra, Con-
feíTor das Religiofas de Cos, Abbade do
Convento de Maceiradaõ junto à Cidade
de Vifeu no anno de 1666. onde fez ex-
cellentes Obras, Procurador Geral em Lis-
boa, Viíitador, c Definidor da Ordem,
Abbade do Convento do Deílerro em
Lisboa, em o anno de 1674. e três ve-
zes Secretario do Geral. Vindo de vi-
fitar o Mofteiro de Tavira infermou gra-
vemente no Mofteiro de S. Bento de
Évora onde recebidos os Sacramentos com
grande piedade falleceo a 9. de Dezembro
de 1677. Reformou c reduzio a milhor me-
thodo.
Officium B. Maria Virginis fecundum mo-
rem Monachorum Ciflercienfium. UlyíTiponc apud
Dominicum Carneiro. 1665. 8.
Breviário dos Converfos fegundo o uv^ da
Ordem de Cifler, e Congregação de Santa Ma-
ria de Alcobaça. Lisboa por Domingos Car-
neiro.- 1669. 8.
Formulário de todo o género de Provi foens
que fe cuflumaõ paffar na Secretaria dos Geraes
da Ordem de Chriflo muito neceffario aos Se-
cretários que o confervaõ em feu poder. foL M. S.
GABRIEL DA COSTA natural da Villa
de Torres Vedras do Patriarchado de Lis-
boa. Havendo efludado as primeiras le-
tras conducentes para comprehender as fcien-
cias mayores paíTou à Univerfidade de
Coimbra onde fe aplicou ao efliido da
Sagrada Theologia em que fez o feu pe-
netrante engenho taõ famozos progreíTos
que recebida a borla doutoral nefta fubli-
me Faculdade foy admetido por Collegial
no Collegio de S. Pedro a 3. de Junho
de 1582. Naõ mereceo menor aplauzo o
feu agudo talento na inveftigaçaõ dos pro-
fundos myfterios, e graves difficuldades da
Sagrada Biblia chegando depois de fubf-
tituir na Cadeira grande da Efcritura ao
infigne Fr. Luiz de Sottomayor clariíTi-
mo efplendor da Religião Dominicana, pe-
lo largo efpaço de 20. annos a regen-
talla como Proprietário de que tomou
pofle em o primeiro de Outubro de 1599.
e nella jubilou em 161 5. Foy Chantre
da Cathedral de Coimbra, c Cónego Ma-
giftral provido a 15. de Fevereiro de
1605. donde paflbu para a de Lisboa,
a 7. de Janeiro de 16 14. Qualificador
do Santo Officio de que tomou o Jura-
mento na Inquifiçaõ de Coimbra a 6.
de Julho de 1607. Falleceo em Lisboa
a 6. de Abril de 1616. c jaz fepultado
na Parochial Igreja de N. Senhora dos
Martyres. Celebraõ a fama do feu nome
Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 384.
col. I. Doãor Theologus Conimbricenfis jam
in oculis omnium ifiius Academia nempe erat
ingenijque habilis plurima laude celeber. Joan.
de Brito Theatr. Lufit. Litter. Lit. G.
n. 2. Sacrarum Litterarum nominatiffimus pro
feffor. Joan. Baptift. CapaíTo Hifl. Pbilo-
L USITAN A.
3ii
fopb. Sypnos. pag. 452. Extitere in Comm-
bricenfi Academia praclari femper liheralium
artium Profejfores, quorum unum, vel alterum
adnotare fufficiat, Gabrielem fcilicet à Cofta,
<& Sehafiiamtm Barradas. Fr. loaõ de Vaf-
concellos da Ordem dos Pregadores na
Cenfura aos feus G^mentarios à Efcritura,
efcrita em o Convento de Bemfica a 16.
de Fevereiro de 1634. o intitula ^ía^ms
Tbeologus, infiéis que Sacrarum Utterarum
primus interpres. Jacob Lelong. Bib. Sacra
pag. mihi 596. col. i. ALt^tw Bibliotbec.
Ecclejiaft. Tom. i. pag. 70. col. 2. Pu-
blicou.
SermaÕ nas exéquias delRey D. Filipe i.
defte nome dos Reys de Portugal pregado em
Coimbra. Sahio com a Relação das Exé-
quias do mefmo Rey. Lisboa por Pedro
Craesbeeck. 1600. 4.
SermaÕ pregado no Vreftito que a Um-
verfidade de Coimbra ordenou â Raynba San-
ta dando graças a Deos pelo nacimento do
Príncipe D. Filipe Nojfo Senhor. Coimbra
por Diogo Gomes de Loureiro ImpreíTor
da Univeríidade 1606. Sahio nos Aplau-
zos que a mefma Univeríidade dedicou
ao nacimento defte Principe.
Commentaria quinque in totidem libros Ve-
teris Teftamenti. i. in Cap. 49. GeneJ. de
Benediâionibus duodecim Patriarcbarum. 2. in
librum Rjab. 5. in Tbrenos Jeremia Pro-
pbeta. 4. in Jonam Propbetarum novijfimum.
Lugduni fumptibus híeredis Gabrielis Boif-
fat, & Laurentii Aniflòn. 1641. foi. Efta
obra foy publicada por deligencia do 11-
luftriflimo Inquiíidor Geral D. Frandfco
de Caftro em agradecida memoria de
ter íido difdpulo de Doutor Gabriel da
Cofta a qual juntou com grande dif-
velo, e a dividio em duas partes com-
prehendendo a primeira o que pertencia
ao Teftamento velho, e a fegunda ao Tef-
tamento Novo que naõ logrou do beneficio
da luz publica. Efcreveo mais.
Traãatus de Benediâionibus Patriarcbarum
in Cap. 49. Genefeos, ibi: vocavit autem Ja-
cob filios fuos. Principia: Quod inhoc. 49.
C. Continetur, poftrema funt verba, qua mo-
riens dixit Patriarcba Jacob filiis fuis, pof-
terijq.; omnibus gentis hebraa, &c. foi. dic-
tado na Univerfidade de Coimbra no anno
de 1600.
Traãatus de Sepultura defunãi Patriarcba
Jacob. Principia: Ad inferias, Jive ad Fune-
ralia facra defunãi Jacob nos vocat principium
bujus anni &c. foi. didado na mefma Uni-
verfidade anno 1601.
Traãatus de loco acommodato ad Sepulcbrum.
Principia: iVo« Jolum Jacob fuis filiis manda-
vit ut Juum Cadáver fepelirent, fed locum difi-
nivit cum dixit &c. foi. No meíino anno de
1601.
i Traãatus de Cadaveríbus Defunãorttm. Prin-
cipia Haãenus, diximus ea, qua fbi fieri man-
davit moriens Jacob, quo continentur in Cap. 49.
Genes. Cateraque fequentur pietatis officia funt
Jofepbi (ò' aliomm filiorum in defunãum patrem
&c. foi. No mefmo anno.
Commentaria, in prima tria Capita Sar^i
Ei'angelii fcc. loan. Principia: Aggredimur Sanc-
tum lefu CbriJli Fj^angelium fecundum loannem.
Hoc in Titulo pranotatum invenimus &c. foi.
anno de 1605.
Commentaria in Caput 13. loamtis, Jive in
mandatum Domini Prafatio, incipit. In parte
borum Comentariorum D. loannis liceat mibi
prafari; quod tamen fecere plerique in parte fuo-
rtim openim, quando digitas, et maiejlas ar^
menti, de quo agendum erat, illud ita pofiula-
bat. Affredimur namque Sacra mj/fteria Kedemp-
tioms noflra cum D. Evangelifla &c. foi. anna
de 1608.
Commentaria in Cap. 18. loannis de Paf-
Jione CbriJli Domini. Principia. Quamvis
tamen Jicut eleganter dixit Leo Papa Serm.
II. de Paflione dificille fit de Pajftone
loqui &c.
Todos eftes fete Tratados do Doutor Ga-
briel da Cofta fe confervaõ M. S. na Li-
vraria do Convento de S. Frandfco de Lis-
boa.
GABRIEL DA COSTA natural da G-
dade do Porto, e filho de Pays nobres,,
e Catholicos pofto que defcendentes da
Naçaõ Judaica, que o educarão com aquel-
les documentos, e artes dignas de hum
mancebo bem nacido, fendo muito deftro
no manejo dos cavallos em que imitou
3l2
BIBLIO THE CA
a feu Pay, que neíle exercido foy peritif-
íimo. Para cultivar o engenho que era mui-
to perfpicàs elegeo entre todas as Facul-
dades a lurifprudencia Cefarea em que fez
grandes progreíTos pelos quais mereceo quan-
do contava vinte e únco annos de idade
obter a dignidade Ecclefiaftica de The-
zoureiro Mòr em huma Collegiada defte
Rcyno. Temerofo da condenação eterna,
e folicito da falvaçaõ revolvia com in-
canfavel difvelo vários livros afceticos, e
outros de Theologia Moral, e da fua
liçaõ começou a duvidar como podiaõ fer
perdoados os pecados na Confiçaõ facra-
mental do que concebeo tal aflição, e
perplexidade no animo, que fluéhiando en-
tre a eleição da Ley, que havia de fe-
^uir, apoílatou da Catholica em que fora
educado, e abraçou a Moyfaica para cujo
cfFeito conhecendo que na pátria havia de
fer punido por defertor da verdadeira Re-
ligião fem participar a peíToa alguma o
feu intento renunciado o Beneficio, e dei-
xadas as cazas nobres que feu Pay edificara
no Porto, fugio clandeítinamente com fua
Mày, e Irmaõs para Amílerdam onde fe
circuncidou mudando o nome de Gabriel
em Vriel. Depois de examinar com grande
reflexão que a ley que os ludeos obferva-
vaõ naquella Cidade era muito diferente da
que promulgara Moyfes, julgando por hor-
rendo abfurdo eíla tranfgreíTaõ, efcreveo
hum livro em que moftrava claramente pe-
los fundamentos da mefma ley como lhe
«raõ totalmente opoftas, e repugnantes as
tradiçocns dos Farifeos de que fe originou
hum taõ furiofo ódio dos ludeos contra a
fua peíToa, principalmente por negar a im-
mortalidade da alma, que lhe chamavaõ pu-
blicamente herege, c era apedrejado nas ruas
todas as vezes que aparecia. Naõ foraõ baf-
tantes taõ graves opróbrios para que re-
folutamente animozo fahiíTe com hum Tra-
tado em que fuílentava a fua opinião de
naõ fer a alma immortal por cuja caufa fen-
do delatado pelos ludeos aos Magiílrados
de Amfl:erdaõ acuzando-o de ofender igual-
mente a ley de Moyfes como arruinar os
fundamentos da Religião Chriílaã, de que
refultou depois de eíbir prefo i8. dias fer
condenado em trezentos Florins com perda
de todos os livros. Gúiindo de hum abif-
mo, em outro mayor começou a afirmar
que a Ley de Moyfes naõ fora dada por
Deos, mas era hum invento hununo por
conter, muitos preceitos repugnantes à ley
da natureza, e naõ podia Deos como Au-
thor da mefma natureza fer contrario a fi
mefmo; e certamente o feria fe propuzeíTe
aos homens preceitos, que fe naõ podiaõ
obfervar. Sendo acuzado por hum feu fo-
brinho de fer infiel aos Rabinos concitou
contra fi a cólera dos fequazes da Sinagoga
com tal exceíTo, que tumultuariamente o le-
varão à prezença dos Juizes, e fendo exa-
minado efcrupulofamente das fuás propo-
fiçoens o condenarão a que defpido até a
cintura, e defcalfo dentro da Sinagoga fofle
açoutado recebendo trinta, e nove açoutes
naõ chegando ao numero de quarenta por
fer prohibido pela Ley. Eílimulado defta
publica injuria refolveo vingar-fe de quem
fora o feu principal author contra o qual
difparando hum bacamarte como erralTe o
tiro, e fofle conhecido, com a mefma arma
fe privou da vida no mez de Abril de 1640
como efcreve loaõ Mallero in Prolog, ad
Judaifm. deteã. pag. 71. ou no anno de
1647. como querem loaõ Qerc Bib. Univ.
Tom. 7. pag. 327. e loaõ Chrifl:ovaõ Wol-
fio Bib. Hebraic. pag. 131. §. 203. Fazem
delle mençaõ Imbonato Bib. Latín. Hebraif.
pag. 201. col. I. pag. 208. Bib. Maffia Ec-
clef. Tom. i. pag. 70. col. 2. Bayle Diccion.
Hijloriq. e Critiq. Tom. 1. pag. mihi 67.
Joan. Moller Homonymof copia. pag. 784. e
Bern. Mart. Diefenbach. in Judao convertenã.
p. 132. Compoz.
Exame de Tradiçoens Farifaicas conferi-
das com a Ley ejcrita contra a immortali-
dade da alma. Amfterdam por Paulo Ra-
venftein 1623. 8. Efla obra foy efcrita
contra o Tratado da immortaJidade da alma
que compoz o Doutor Samuel da Sylva
de profifliaõ medico o qual foy imprcíTo
Amfterdaõ anno da Creaçaõ do Mundo
J383. que correfponde ao de Chrifto.
1623.
Exemplar humana vita. Foy achada efta
obra entre os M. S. de Simaõ Epifco-
L USITANA.
3i3
pio, e publicada por Filipe Limborck no fim
do feu doutiíTmio Tratado intimlado Arnica
collatio cum erudito Judao. Goudas apud Juf-
tum ab Hoeve. 1687. 4. a pag. 341. Nelle
narra os trágicos fuceflbs da fua vida, e faz
huma acérrima inveâiva contra os Judeos
de quem fe queixa fora tyranamente tra-
tado onde involve algims argumentos com
que impiamente impugna toda a Revela-
ção divina, e toda a religião revelada, co-
mo fabricada pela malicia humana, vomi-
tando muitas propofiçoens contra o Qmf-
tianifmo de que foy ímpio defertor. Fi-
lipe Limborck o confuta doutamente na-
quella parte que refpeita à Revelação di-
vina com hum Tratado particular que in-
titulou Brevis refutatio argumentorttm qtáhus
A.cofta omnem Keligionem revelatã impu^at.
Sahio impreíTo com o 'Exemplar vita humana
do mefmo Gabriel da Q)íla.
ticou com exa£la obfervanda os preceitos
do feu Inftituto fendo ornado de gravidade
própria do Eílado monachal, que profeíTava.
PaíTou de mortal a eterno a 23. de laneiro
de 1738. quando contava 63. annos de ida-
de. Dos Sermoens, que pregou nos mais
authorizados púlpitos fe publicarão os fe-
guintes.
Sermão pregado na profijfaõ da Senhora Ma-
dre Soror l^f^a Maria do Pilar, hoje de S.
Io!(eph filha dos Excellentijftmos Senhores Condes
do Affumar, e Keligiofa de S. Francifco no Mof-
teiro da Madre de Deos da Cidade de Lisboa
em dia de N. Senhora da Conceição ejiando o
Santijfimo expojio no anno de 171 8. e ajjijiindo
fuás Magejlades, e Alteias. Lisboa por An-
tónio Ifidoro da Fonceca. 1757. 4.
Sermoens Tom. i. Lisboa por Miguel
Manefcal da Cofta Impreííor do S. Offido.
1744. 4.
Fr. GABRIEL COUTINHO natural de
Villa nova de Anços diftante da Cidade de
Coimbra quatro legoas para o Poente onde
teve por Pays a Nuno Alvres Pereira, e D.
Ignez Michaela Coutinho iguais em a no-
breza, como opulência, e por irmaõs ao
Doutor Giraldo Pereira Collegial do Col-
legio Real de S. Paulo, e Cathedratico de
Prima de Cânones em a Univerfidade de
Coimbra, e ao IlluítriíTimo, e ReverendiíTimo
D. Fr. Manoel Coutinho religiofo da mili-
tar Ordem de Chriílo que da Mitra do Fun-
chal foy provido em a de Lamego no an-
no de 1741. Na idade da adolefcencia re-
cebeo a cogulla monachal do Doutor Mel-
lifluo no real convento de Santa Maria
de Alcobaça a 30. de Abril de 1690. don-
de paiTando ao Collegio de Coimbra apren-
deo, e eníinou as fciencias efcholaíHcas aos
feus domefticos merecendo em premio da
fua litteratura fer admetido ao numero
dos Doutores Theologos na Academia Co-
nimbricenfe. Foy Reytor do Collegio de
Coimbra no anno de 1720. e Abbade
do Convento do Deílerro em 1735. En-
tre os celebres Declamadores Evangélicos
mereceo univerfal aplauzo unindo em os
feus Difcurfos a elegância das palavras
com a profundidade dos conceitos. Prac-
GABRIEL DE FARIA natural de Lis-
boa Capelão, e Meíbre das Cerimonias da
Capella Real dos Sereniflimos Reys D.
Affonfo VI. e D. Pedro H. Varaõ de
venerável afpeíto, e inculpável vida. Co-
mo foíTe muito perito em a praítíca dos
Ritos Eccleíiafticos ordenou em milhor me-
thodo.
Officia Sanãorum pro Capella Regia reci-
tanda. UlyíTipone apud Antonium Craesbeeck.
de Mello Typ. Reg. 1667. 4.
GABRIEL DA FONCECA natural da
Cidade de Vizeu, e fobrinho do Doutor
Rodrigo da Fonceca Cathedratico de Me-
decina em a Univerfidade de Pifa em
cuja Arte fez taes progreíTos que podia fer
emulo de feu Tio, chegando a fer Lente
em a mefrna Uniuerfidade, e depois em a
Sapiência de Roma onde pelo judiciofo me-
thodo com que triumfava das infirmidades
mais perigofas, foy Medico dos Summos
Pontífices Innocencio X. e Alexandre VU.
merecendo diílinétas eítímaçoens das prin-
cipaes peíToas da Cúria Romana onde fal-
leceo em 20. de Mayo de 1668. Jaz fe-
pultado na Igreja de S. Lourenço in Lu-
cina na Capella dedicada à Encarnação
do Verbo Divino primorofamente fabri-
3i4
BIBLIO TH E CA
cada. Delle fe lembraõ com Elogios Nicol.
Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 387. col. i.
Abrah. Mercklin. Un4. Kenovat. Vander Lin-
deu Scrip. Med. Leo Allatius Apes Urbana.
pag. 1 5 7. Compoz.
Mediei Oeconomia. Romae apud Andraram
Phaum 1666. 8.
Hijloria Medica. A efta obra allega Pe-
dro Sérvio DiJJert. de unguento Armário n.
2c. intitulando a feu author Medicum prajian-
tijftmun;.
Fr. GABRIEL DA GLORIA natural de
Cucunha cabeça do Couto do Moíleiro de
Santa Maria de Salcedas da Ordem de S.
Bernardo, cujo monachal inftituto profeíTou
no Convento de S. Joaõ de Tarouca a 4.
de Janeiro de 1663. Depois de eftudar as
fciencias feveras di£lou Theologia em o Col-
legio de Coimbra de cuja incumbência fe
abíleve por impedimento de graves molef-
tias. Foy Abbade do Convento de Aguiar
no anno de 1684., e Meílre dos Noviços
no Real Convento de Alcobaça no anno
de 1687. e ultimamente Geral da fua Con-
gregação no anno de 1699. Teve natural
inclinação para a Poefia Lyrica que fempre
dedicou a argumentos fagrados deixando ef-
critos em hum volume de 4.
Vilhancicos para as Fejlas de Chrifto, Nojfo
Senhor, e Santos, que fe celebraõ no Keal Mof-
teiro de Alcobaça. M. S.
GABRIEL GOMES natural da nobre
Villa de Santarém iníigne Medico, e pro-
fundo Aftrologo de cuja faculdade foy Ca-
thedratico em a Univerfidade de Salamanca,
e depois cm a de Valladolid onde falleceo
no anno de 1390. Deixou promptas para
a impreííaõ.
Varias Obras de AJlrologia. M. S.
Fr. GABRIEL DE lESU natural da
Qdade de Lcyria, c Monge Ciftercienfc cujo
inílituto profeflbu no celebre Convento de
Alcobaça cabeça deíla Congregação a 22.
de Abril de 1676. obfervando com tanta
exaçaõ os feus preceitos que no largo ef-
paço de trinta, e dous annos naõ fahio do
Convento, e nunca faltou a huma hora do
Coro. Foy deftriíTimo tangedor de Orgaõ,
c Arpa, e naõ menos iníigne em o Contra-
ponto deixando muitas obras Muficas dignas
da luz publica, merecendo entre ellas a pri-
mazia.
Qtán:^e motetes para as quinze EJIafoens da
Via-Sacra com as letras da 'EJcritura Sagrada
competentes a cada HJlaçaÕ. He obra fumma-
mente devota a qual fe cuíhima cantar no
Convento Real de Alcobaça.
P. GABRIEL DE MAGALHAENS Na-
ceo na Villa de Pedrógão diftante quatorze
legoas da Villa do Crato em o anno de
1609. de Pays igualmente nobres, e piedo-
fos chamados Manoel Calvo de Magalhaens,
e Maria de Andrade. Foy educado por
hum feu Tio Cónego com taõ virtuofos do-
cumentos, que havendo eftudado os primei-
ros rudimentos de Gramática com os Padres
Jefuitas fe afeiçoou tanto ao feu inílitu-
to que foy a elle admetido em o Novi-
ciado de Lisboa a 24. de Março de 1624.
quando contava quinze annos de idade.
Acabada a carreira dos eíludos Efcolaf-
ticos pedio com repetidas inílancias aos
Superiores faculdade para promulgar o Evan-
gelho no Oriente, e tanto que a alcan-
çou partio fem demora para Goa onde
chegando no anno de 1634. depois de
diftar Rethorica aos feus domeílicos paf-
fou a Macao a ler Filofofia de cuja la-
boriofa incumbência o divertio hum Man-
darim Portuguez que o levou à Gdade
de Hamcheu Capital da Provinda Che-
kiam onde aíTiília o ViceProvincial o qual
tendo recebido noticia de eílar gravemen-
te infermo o P. Luiz Buglio de naçaõ
Siciliano aíTiílente na Provinda de Súchuem
para nclla fundar huma MiíTaõ, fe ofere-
ceo o P. Magalhaens para feu Companheiro
naõ lhe fervindo de obflaculo a larga jor-
nada de quatro mezes até chegar a Súchúen.
Horríveis foraõ as pcrfeguiçocns, c cruclif-
ílmos os tormentos, que conílantemente to-
lerou cíle Operário Evangélico maquinadas
pela malicia dos Bonzos condtando mui-
tas vezes ao povo contra a fua peíToa,
e delatando-o aos Tribunaes como pertur-
bador da paz publica, fendo condenado a
L USITAN A.
3i5
hum tenebrozo cárcere por efpaço de quatro
mezes onde jazia oprimido com três Ca-
deyas no pefcofo, três nas mãos, e três
nos pés, e algumas vezes era açoutado
rigorofamente naõ podendo tantas tribu-
laçoens emtibiar o ardor da fua Chari-
dade affim na converfaõ , como no bau-
tiímo de muitos Gentios. Na G^rte de
Pekim foy muito aceito ao Emperador
da Qiina cujo afeâo conciliou com a
oíferta de algumas peças engenhofamente
fabricadas por fuás maõs. Três annos an-
tes da fua morte padeceo penetrantes do-
res cauzadas do pezo dos grilhoens cuja
moleíUa fe augmentou com hum grave
difluxo que lhe difficultava a refpiraçaõ.
Conhecendo fer chegado o termo de fe-
rem premiados os feus Apoftolicos tra-
balhos fe confeíTou geralmente, e rece-
bendo os Sacramentos na prefença de mui-
tos Padres, e Qiriftaõs morreo pladda-
mente na Corte de Pekim a 6. de Mayo
de 1677. quando contava 66. annos de
idade, e 45. de ReUgiaõ. Ao dia fe-
guinte foy o vice Provincial o Padre Fer-
nando Verbieíl certificar ao Emperador da
morte do P. Alagalhaens para cujo enterro
mandou logo outocentos Francos, e dez
peíTas de Damafco o qual foy difpofto pela
ordem feguinte. Precediaõ a toda a comi-
tiva vinte quatro trombetas, e outros inf-
trumentos com dez Oíficiaes que levavaõ
em humas taboas efcritas pelos Mandarins
a cominação do caftigo daquelles que naõ
deíTem lugar para a paíTagem do Funeral.
Seguiafe huma Liteira em que hia efcrito
€m Setim amarello o Elogio que o Em-
perador mandou fazer ao Padre defunto que
conílava deftas palavras. Agora entendo que
Nghaen ven Jú (era o nome que na China
fe dava ao Padre) he morto da doença. Faço-
Ihe efta ejcritura em ret^aõ de que em tempo de
meu Pay primeiro Emperador da noffa Família,
efie Padre com fuás obras engenbofas acertou
com o génio, e gofto do dito meu Pay, e tam-
bém porque depois de eftar inventadas, teve cui-
dado de as conjervar com huma deligencia ex-
trema, e fobre fuás forças; e muito mais em
re^aÕ de que viera de taõ longe, e alem do mar
ptr viver como viveo muitos annos na China.
Era homem verdadeiramente fincero, e de hum
engenho folido como moflrou por todo o dif-
curfo da fua vida. Efperava eu que a fua
infermidade fe pudeffe vencer com os remédios,
mas contra a minha efperança fe apartou
de nòs com ^ande pe\ar, e fentimento de
meu coração. Por efias refoens lhe mandei dar
du;(entos efcudos, e de^ grandes peffas de Da-
mafco para que fe conheça que minha ten-
ção he nunca me efquecer de Vajfallos vin-
dos de taõ longe. No anno 16. do Empe-
rador Camhi (he o de Chriílo de 1677.)
aos 6. do quarto da hata (que he a 7.
de Mayo.) Cerca vaõ eíla liteira mui-
tos Eunuchos Chriílaõs dos quais algvms
eraõ da Caza do Emperador, Seguiaõ fe
três liteiras ornadas de feda de varias
cores. Na primeira hia huma Cruz; na
fegunda a Imagem de N. Senhora, e na
terceira a de S. Miguel acompanhadas de
muitas bandeiras, e lanternas. Em outra
liteira fe via o retrato do P. Magalhaens,
que mandara copiar o Emperador por
hum primorofo pintor do feu Palácio a
qual hia feguida de grande multidão de
Chriftãos, e Mandarins. No fim de toda
efta pompoza comitiva era levado o fé-
retro por feíTenta homens cubertos de
luto o qual eftava pofto fobre huma cai-
xa envernizada com o tefto forrado de
veludo roxo. O numero das peflbas que
acompanhava o enterro era taõ grande,
que os primeiros diftavaõ dos últimos
o efpaço de huma milha. Chegada efta
comitiva ao lugar da Sepultura fe cantou o
Refponfo com as cerimonias determinadas
pelo Cerimonial Romano, e fe finalizou efta
fúnebre funçaõ com as lagrimas de todos os
affiftentes. Fazem delle mençaõ Rougemont
Hijhr. Tártaro Sinica pag. 216. n. 147. e 166.
P. Luiz BugUo Abrege de la vie e de la mort.
du P. Gabriel de Magaillans no fim da fua
Relação da China. Cathalog. PP. Societ. Jef
qui poji obitum S. Francifci Xaverij ab anno
15 81. ufque ad an. 168 1. in Imp. Sinar. I. C.
fidem prepagarunt. pag. 32. n. 52. Com-
poz.
Do:(e excellencias da China. Efta obra
que trouxe da China o Padre Filippe
Couplet Procurador das Miíloens daquelle
3i6
BIBLIO THE CA
Império em a Corte de Roma a deu ao
EmminentiíTimo Cardial de Eftreès Duque,
e Par de França aíTiftente na Cúria para
fatisfazer às curiofas preguntas que lhe
fazia aíTim da Corte de Pekim, como
do governo politico, e militar daquelle
Império. O Cardial a recebeo com gran-
de gofto por fer compoíla com fumma
verdade, e naõ menor inveftigaçaõ adque-
rida pela larga aíTiilencia, que feu au-
thor fez na China pelo efpaço de vinte,
c nove annos converfando com as Pef-
foas principaes daquelle vaíliíTimo Eftado,
e tendo a entrada livre no Palácio do
feu Soberano. Foy traduzida por ordem
do dito Cardial na lingua Franceza re-
duzindo o tradutor as doze partes da
obra em que a dividira o Padre Gabriel
de Magalhaens em 21 Capitules, e fahio
com efte titulo.
Nouvelle relation de la Chine contenant
la deJcripHon des particularites les plus con-
fiderahles de ce grand Empire compofee en
r annèe 1668. par le R. P. Gabriel de
Magaillans de la Compagnie de JESUS
MiJJionaire Apoftolique. Pariz chez Claude
Barbim. 1688. 4. & ibi ches Etiene
Caftin. 1690. 4. Traduzio na lingua
Sinica a obra de Santo Thomaz de
Aquino.
De Kefurre£tione Camis. M. S. Defta
obra fazem memoria o Padre Buglio
na vida do Author aflima allegada, e
o Cathalog. PP. Societat. Jefti. pag. 32.
n. 52.
Carta ejcrita a z, de Janeiro de 1669.
de Pekim, em que relata a perjeguiçaô Ju-
cedida no anno de 1664., a qual traduzio
em Italiano o Padre Profpero Intorceta
na fua Compendio/a Narratione delia fiato
de la Mijftone Cine/e &c. Roma por Fran-
cefco Tizzoni 1672. 8. defde pag. 77.
até 114.
Relação das tyranias obradas por Can-
gbien Cbmgo famofo ladraõ da China em
o armo de 165 1 da qual extrahio o Pa-
dre Martim Martinio Hijl. de bello Tar-
tarico pag. 183. tudo quanto efcreveo nef-
ta matéria, como elle ingenuamente con-
feíTa.
D. GABRIEL DE SANTA MARIA
Cónego Regular da Congregação de Santa.
Cruz de Coimbra, e grande inveíligador das
antiguidades, e privilégios da fua Ordem.
Canónica; deixando efcrito.
Memorias Hijloricas do Convento de Santa
Cn^. Delias fe aproveitou muito o Chro-
niíla da mefma Congregação D. Nicolao de
Santa Maria como efcreve no Prologo da
Chron. dos Coneg. Regrantes. Falleceo em
Coimbra a 9. de Outubro de 161 6.
P. GABRIEL DE MATOS natural
da Villa da Vidigueira em a Provinda
Tranílagana, e filho de Pedro Gallego,
e Izabel Gonçalves. Sendo de 16. annos
abraçou o inílituto da Companhia de lESUS
em o Collegio de Évora no primeiro
de Dezembro de 1587. Ainda naõ tinha
completo o tempo de Noviço pedio, e
alcançou a milTaõ do Oriente para onde
partio com fummo gofto. Eftudadas as
fciencias feveras em Goa paíTou ao Ja-
pão cuja dilatada vinha cultivou zelofa-
mente até ao anno de 161 7. em que
foy mandado por Procurador à Cúria Ro-
mana. Reftituido a Portugal tal foy o
fervor, e eficácia com que reprezentou
a heróica conftancia com que os Chrif-
taõs fem horror ao fogo, e menos ao
ferro facrificavaõ as vidas em obzequio
de Chrifto em o Japaõ, que fomente do
Collegio de Coimbra fe offereceraõ feten-
ta religiofos Filofofos, Theologos, e Hu-
maniftas para cultores daquella Chriftan-
dade dos quais por permiflaõ dos Su-
periores foraõ doze que chegarão com o
Padre Matos livres do menor perigo a
Goa. Partio para Macao onde tinha fido
Reytor daquelle Collegio em o qual paf-
fou à vida eterna em 9 de Janeiro de
1633. com 62. annos de idade, e 46. de
religião. Fazem mençaõ dos feus apoftoli-
cos minifterios Bib. Societ. pag. 271. col. i»
Joan. Soar. de Brito Tbeatr. Lujit. Litte.
lit. G. n. 4. Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i.
pag. 288. col. 2. Cardozo Agiolog. Ljijit.
Tom. 3. pag. 452. col. 2. no Coment.
de 25. de Mayo Letr. L. Franco Imag.
da Virt. em o Noviciad. de Emot. pag.
L USITAN A.
Í65. Fonceca Evor. Glorio/, pag. 431. Ef-
creveo.
Carta Annoa do JapaÕ efcrifa de Nangat^a-
tbi I. ^ Março de 1603. com outra da China,
t Malucas. Sahio traduzida em Italiano Ro-
ma por Ludovico Zamieti. 1605. 4.
Kelaçaõ da PerfeguiçaÕ que teve a Chrifian-
dade do JapaÕ de/de May o de 161 2. até Novem-
bro de 16 14. tirada das Cartas annuaes, que
Je enviarão ao P. Geral da Companhia de JE-
SUS. Lisboa por Pedro Craesbeeck. 161 6.
12. Traduzida em Italiano com outras. Ro-
ma por Bartholameo Zanneti 161 7. 12.
Fr. GABRIEL PAES religiofo da Or-
dem dos Menores, e muito verfado em as
noticias da fua fagrada familia de que era
benemérito filho. Publicou conforme efcre-
vem Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag.
389. col. I. Cardofo Agiolog. iMJit. Tom. 2.
pag. 176. col. 2. e Fr. loan. à D. Ant. Bib.
Francifc. Tom. 2. pag. 4. col. 2.
Ordenaçoens da Terceira Ordem de S. Fran-
. djco.
GABRIEL PEREIRA DE CASTRO
Naceo na auguíla Gdade de Braga a 7 de
Fevereiro de 1571. e na Parochia de S.
loaõ de Souto recebeo a graça bautifmal
a 10. do dito mez. Teve por Pays ao Dou-
tor Frandfco de Caldas Pereira bem conhe-
cido em a Republica Literária por fuás
doutiflimas obras com que illuílrou a Ju-
rifprudencia Cefarea; e a Anna da Rocha
de Araújo filha do Doutor António Fran-
cifco de Alcáçova Procurador da Coroa,
e Alcayde Mòr de Eruededo de quem fe
fez memoria em feu lugar, e de fua
mulher Catherina da Rocha. Ainda naõ
fabia pronunciar as primeiras palavras com
que balbucientemente fe explica a infân-
cia, e jà fe afeiçoava aos livros revol-
vendolhe as folhas fem conhecer as le-
tras. Defta taõ anticipada inclinação infe-
rindo feu Pay o talento com que o or-
nara a natureza para as fciencias o man-
dou eíhidar na pátria a lingua Latina, e
letras humanas, e taõ velofmente fahio nel-
las confumado que parecia enfinar mais do
que aprender o que eíhidava. Paflbu à
317
Univerfidade de Coimbra onde aplicado ao
Direito Pontificio penetrou com tal perfpi-
cada as fuás mayores dificuldades que foy
laureado com as infignias doutoraes em taõ
fagrada Faculdade. Vagando huma beca no
Collegio Real de S. Paulo illuftre Seminá-
rio de Varoens famofos, que em todas as
idades ferviraõ de credito ao Sacerdócio, e
ao Império, fe oppoz a eUa, e pofto que
nefta ocaziaõ a naõ alcançou prevalecendo
o refpeito contra o merecimento, por va-
catura de outra foy provido a 9. de Agof-
to de 1600. com aplauzo de todos os Aca-
démicos, como prevendo que efta pedra in-
juftamente reprovada havia fer o mayor or-
nato daquelle nobre edifido. Depois de
fubfldtuir com grande credito da fua lit-
teratura, e naõ menor emolumento dos feus
ouvintes varias Cadeiras da Univerfidade
paííou a Dezembargador da Relação do
Porto em 2. de Setembro de 1606. donde
foy transferido para a Caza de Suplicação
a 24. de Abril de 161 5. fendo Dezembarga-
dor dos Aggravos em 18. de Novembro
de 161 7. Corregedor do Crime da Corte
a 9. de Agofto de 1623. e ultimamente co-
mo Cavalleiro profeíTo da Ordem de Chrifto
Procurador Geral das Ordens Militares. Em
todos eftes lugares fempre tinha a porta pa-
tente às peíToas que o bufcavaõ com fumma
afabilidade, e aprazível femblante ainda àquel-
las, que com importunas repetíçoens lhe pro-
punhaõ os feus Letígios. No feu coração
confervou a juítiça em taõ perfdto equi-
líbrio que fendo obfervantiíTimo das Leys
caftigava com violência, abfolvia com promp-
tídaõ; perfeguia aos vidos, e naõ aos ho-
mens, moderando com tal arte a feve-
ridade do offido com a brandura do gé-
nio que ninguém o culpou de afpero,
nem experimentou inflexível. Foy humano
com os inferiores, modefto com os iguais
altivo com os mayores, prudente nas rc-
foluçoens, maduro nos concelhos, promp-
to nas refpoftas, e circunfpeâo nas ac-
çoens. Entre o laboriofo exerddo de Se-
nador fe ocupava algumas horas na cul-
tura das Mufas depondo a balança de
Aftrea para tocar a Lyra de Apollo em
cuja divina Arte competio, e excedeo os
3i8
B IB LIO THE C A
mais fonoros Cifnes do Parnafo Portu-
guc2. Ninguém obfervou mais religiofa-
mente as leys da Poezia uzando fempre
de fraze clara, e elegante, conceitos profun-
dos, e delicados com taõ natural afluência
que lhe naõ cuílava mayor difvclo os feus
Verfos de que efcrevelos. Com impertur-
bável animo tolerou as defatençoens de al-
guns poderofos a quem dava immunidade
o efplendor do nacimento diíTimulando eftes
agravos como doutrinado na efcola da pru-
dência. Nunca moílrou no femblante o me-
nor fentimento da injufta preferencia que
para os lugares fuperiores fe lhe fez de ou-
tras peíToas, ainda que conhecia ferem jul-
gadas em o juizo dos homens por culpas
as defgraças, e por defeitos próprios as in-
juíliças alheas. Ao tempo que foy nomeado
Qianceller mór cahio taõ gravemente in-
fermo que logo capitularão os Médicos por
mortal a doença para a qual foraõ inúteis
os esforços da Arte. Certificado do perigo
fe difpoz catholicamente para a morte como
quem receava pelo Ofíicio que exercitara, a
re£tidaõ com que havia de fer julgado. Fal-
leceo a i8. de Outubro de 1632. quando
contava 60. annos 8. mezes, e 11. dias de
idade. Jaz fepultado no Real Convento de
S. Vicente de fora. O iníigne Poeta An-
tónio Figueira Duraõ Laur. Pamas. Ram.
3. foi. 50. lhe fez o feguinte Epitáfio.
Hoc antro aternum jacehit.
Pamajft non leve Nunien
Poefis injigne lúmen
Cui numquam livor nocehit.
Fama ejus nomen docebit,
Si aliquis forte iffwravit,
Pereiram pátria vocavit,
Phahus Phabum Poetarum,
Thalia gloriam Mufarum:
Sed mors omnia dijfipavit.
Foy ornado de gentil prefença, eílatu-
ra grande, c de proporcionada fymitria
em todas as partes como capazes de fer-
vir de ornato à grandeza do feu efpi-
rito, e excellencia do feu talento. Sen-
do Dezembargador do Porto fe defpozou
com D. Joanna de Souza que contando
dezoito annos de idade alem dos dotes
da natureza, e de muitas qualidades vir-
tuofas aprendidas na efcola de feus Pays
Mathias de Souza, e Angela da Cunha
de Mefquita era merecedora de tal con-
forte de quem teve dous filhos, e duas
filhas fendo o primogénito Fernaõ Pe-
reira de Caílro que na florente idade de
18. annos militando na Praça de Tangere
para falvar a vida em huma fahida, que
fizera aos mouros, matou hum às lança-
das de cuja acçaõ informado Filippe IV.
por D. Fernando Mafcarenhas General
daquella Praça lho mandou agradecer ani-
mando o com taõ nobre eílimulo para
emprezas mayores. Depois da morte de
Gabriel Pereira inílituhio fua mulher hu-
ma Capclla dedicada a S. Francifco Xa-
vier em o CoUegio de Santo Antaõ dos
PP. Jefuitas deíla Corte a qual dotou de
muitos bens, que tinha em Lisboa, e
Braga, e como morreíTc o primogénito
fem fuceíTaõ paíTou a Capella ao Doutor
Luiz Pereira de Caílro irmaõ de Gabriel
Pereira de Caílro com hum morgado taõ
honorifico que aprezenta íinco Igrejas, e
hum Beneficio fimples o qual tem a fua
cabeça em a Capella de NoíTa Senhora
da Annunciada em a Cathedral de Braga.
Com diverfos Elogios exaltaõ o nome de
Gabriel Pereira infignes Efcritores, como faã
Carvalho in cap. Raynaud. Part. i. n. 175.
Aquila noftra atatis. Agoíl. Barbof. de Po-
teji. Epifcop. Part. i. Tit. 3. cap. 8. n. 8.
nojlra iMJitanica gentis decus, et omamentum.
e Part. 3. Allegat. 106. n. 58. celeberrimus
Doãor, maiorum nobilitate clarus, utriufque Jú-
ris conjultijftmus, €S>* in omnium fcientiarum ge-
nere apprime verfatus. Fragozo de Regim. Rei-
pub. Chrijlian. Part. 2. lib. 4. Decif. 12. n.
16. doãiffimus, ac integerrimus Senator. Portug.
de Donationib. Keg. Tom. i. lib. i. Prxlad.
2. §. 7. n. 51. Virum doâijftmum. Phxb. De-
cif. Tom. I. Decif. 39. n. 2. Tom. 2. Decif.
103. n. 29. & Decif. 214. n. 12. Senaior
eximius, e^* indefejfi fludii vir. Mend. à Caf-
tro Pra£t. Lujit. lib. i. cap. 2. n. 8.
Senatorem gravijftmum, d^ nojira atatis vi-
rum admirabilis judicij , & in^mj acutijft-
mum. Joan. Soar. de Brit. Tbeatr. Ltifit,
Liter. lit. G. n. 5. Poeta cum paucis, &
raris numerandus, e>* memorandus, c na Apo-
L USITANA
3i9
Jog. à Camoens repoít. a 8. Cenfur. 14.
I n. I. Gloria immortal naõ fey fe mais de
\ Braga aonde naceo, fe de Lisboa que cantou.
Diana Refol. Moral. Part. 4. Traâ:. i. in-
íer praclara 'Lufitania ingenia nemini Jecun-
dum. Marinho Fundação de Lisboa liv. i.
<:ap. 19. in/gne Jurifconjulto, e Poeta. Mello de
Induc. Credit. Quseíl. 32. n. 6. doãijfmum
Senatorem. Efperança Hift. Seraf. da Prov.
de Portug. Tom. i. liv. 4. cap. 9. n.
2. No mundo por letras bem conhecido de
todos. Macedo Lujit. liberat. Proíem. 2. §.
2. n. 2. doãijfimum, e Proasm. i. n. 52.
egregium. D. Francifco Manoel Cart. dos
A A. Portug. efcrita ao Doutor Themudo
herdeiro do ejpirito dos antigos épicos. Illuf-
triíTimo Cunha in Decret. in cap. qui Epif-
cop. diíl. 23. n. 8. infignem, e no Ca-
ibalog. dos Bi/p. do Porto Part. 2. cap.
15. Pejfoa bem conhecida por fuás letras,
^ qualidades. Nicol. Ant. Bib. Hifpan. Tom.
I. pag. 389. col. I. pari doãrina, atque
inffnij laude confpicuus. Barbofa Alem. do
Colleg. de S. Paulo p. iio. ¥oy taÕ ^an-
Àe Letrado, como o di:(em os feus livros,
e taÕ injiffie Poeta que tem lugar entre os
primeiros, e no Archiath. Lujit. p. 24.
Inclitus en Gabriel Cafiro Pereira feque-
tur,
Hic propu^abit pátria regalia jura,
Et Lyjia ojlendet jit quanta potentia Ke-
gum.
Cajareo ji jure novum quis dixirit aftrum
JSÍofcet ab eximio magnum co^omine CAS-
TRO.
In/uper Aonidum decus immortale Soro-
rum
Hic erit, eS>* cinget viridanti têmpora
Lauro.
Certabit CASTKO, pariter certabit Home-
rus,
Alter Ulyjjea muros modulabitur Urbis
Errores, (& jaãa Vagi canet alter Ulyj-
fis.
Certabunt ambo dúbio certamine, litem
Dividet intonjus hiujarum numen Apollo
Una Corona duas pracinget laurea frontes
Unaque palma pares faciet dijcumbere Pindo.
P. António dos Reys Enthuj. Poet. n. 42.
Frontis
Depojita ^avitate fedet, vultuque jereno
Mutato in jacilem Gabriel qui celja Pelafff
Mania jlruãa manu cantu juper athera vexit
Altitonante
António Figueira Duraõ Latn'. Pamaf.
Ram. 2. pag. 33. Verf.
Quis procul ille toga injignis, clavoque ve-
rendo
Lauri jerta gerensl vultu Pereira videtur
Pieridum Cajlrum:
Manoel de Gallegos Cançaõ em louvor da
Ulyjjea.
Vós ó Pereira; quando
Canjado na jurídica palejlra
Ócio doce bujcais, repoujo brando,
E da pena aliviais a inji^e dejka:
Os bojques de Aganipe
Sujpendeis Sonorojo
Com branda vós com pleãro numerojo.
Jacinto GDrdeiro Elog. de Poet. Lujit.
Eíl. 6.
De loj que illujiran mas ju jelis ajlro
Infffie en letras y en ingenio joio:
Digno de marmol, bronz^e y alabaftro
Es el Doãor en ciências nuevo Apollo:
Gabríel Pereira a quien illujlra Cajlro
Único dejle ai contrapuejlo Polo:
Cuyo illujlre Poema honrando a Lajo
Diera embidia a Virgílio, Homero, y Tajo.
Manoel de Faria, e Souza Fuent. de Aga-
nip. Part. i. Centur. 6. Sonet. 78.
Xanto, Eupompe, Ligea, e Limnoría,
Com as outras marítimas Don^ellas,
Que doutas tem Titulo, e de bellas
Hum que Vénus lhes deu, outro Thalia.
Lã jahem da cerúlea Monarquia
{Faf^endo enveja ás lúcidas ejirellas
Que je retiraõ de que as vençaõ ellas)
Por ouvir, Gabríel, tua armonia.
E ouvindoje dejcritas no teu canto.
Que jobre a margem Tagica derramas,
Vem que ates eraõ bellas, mas naÕ tanto;
Tanto CO o doce numero as inflamas.
Que o jer Damas no mar do Nume Sãto
Ejquecem jó por jer do Tejo Damas.
Compoz.
De Manu Regia Traãatus in quo om-
nium Legum Re^arum quibus Regi Portugallia
320
BIBLIO THE CA
in caufis Ecclejiajlicis coffiitio ejl ex Jure, privi-
legio, confueíNdine, Jeu concórdia Jenfus, €>* vera
decidendi ratio aperitur. Tom. i. OlyíTipone
apud Petrum Craesbeck. 1622. foi.
Tomus Jecundus. Ibi apud cumdem Ty-
pog. 1625. foi. & Lugduni apud Claudium
Bourgeat. 1673. foi. 2. Tom. & UlyfTipone
apud Joannam Baptiílam Lcrzo 1742. foi. 2.
Tom. com addiçoens.
Decijiones Supremi, Emminentijftmiqtde Sena-
tus Vortugallia ex gravijfimis Patrum rejpon-
Jis colleãa. UlyíTipone apud Petrum Craes-
beck. 1621. foi. & ibi apud Antonium Cras-
beeck de Mello. 1674. foi.
Ulyjfea, ou Lisboa edificada Poema Heróico.
Lisboa por Lourenço Crasbeeck. 1656. 4.
Sahio fegunda vez em 8. por diligencia de
feu Irmaõ o Doutor Luiz Pereira de Caftro,
que a dedicou ao Príncipe D. Theodofio,
affim como dedicara a primeira ediçaõ a
Filippe IV. Naõ tem lugar da impreíTaõ,
mas do carafter fe colhe fer impreíTa em
Olanda no anno de 1642. ou 1643. Em
aplaufo defte Poema compoz o feguinte So-
neto a elevada Mufa de Lopo Feliz da
Vega.
Lisboa por el Griego edificada
Ya de fer Fénix immortal prefuma,
Pues deve más a tu divina pluma
(jDoão Gabriel) que a Ju famoi^a efpada.
Voraz el tiempo con la diefira ajrada
No aj império mortal que nò confuma,
Pêro la vida de tu heróico fuma
Es alma illuftremente refervada.
Mas ay que quando màs enriquecifie
Tu pátria que fu artífice te llama,
Por la fegunda vida que le dijle:
Çyprls funefto tu laurel enrama,
Si bien ganajle en lo que màs perdifie,
Pues quando mueres tu, naciò tu fama.
CançaÕ ao Naci mento de Filippe IV. pre-
miada em Coimbra com o primeiro premio.
Sahio impreíTa ao principio do Trat. de
Manu Regia.
Epiff^amma in effigiem Francifci de Cal-
das Pereira Patris fui.
Elegia in Laudem Parentis fui. Huma, e
outra obra poética fahio impreíTa no prin-
cipio da 3. c 4. Parte de Jure Emph/teutico
do Doutor Francifco de Caldas, cuja obra
foy publicada por induílria de feu filho Ga-
briel Pereira empreílandolhe a Univeríidadc
de Coimbra em o anno de 1601. feiscentos
mil reis para o gafto da ediçaõ.
Epigramma, e Elegia com o titulo de Exaf-
ticon. Sahio no livro intitulado
Anagrama de la vida humana author Hen-
rique Viforio. Lisboa por António Alvres.
1590. 8.
Monomachia fobre as Concordias que os Keyr
fi^eraÕ com os Prelados de Portugal nas duvidas
da JtmfdiçaÕ Ecclefiaftica, e Temporal, e Bre-
ves de que foraõ tiradas algumas ordenaçoens com
as confirmaçoens ApoJlolicas, que fobre as ditas
Concordias interpur^eraÕ os Summos Pontifices.
Lisboa na Oííicina da Congregação do Ora-
tório 1738. foi.
Antinomias das Ordenaçoens de Portugal con-
ciliadas. M. S. 8. Dedicado ao Conde do Bailo
Governador do Reyno.
Obras Poéticas em diverfas linguas. 2. Tom. 4.
Confervavaõfe na Bibliotheca do IlluílriíTimo
Bifpo do Porto D, Rodrigo da Cunha como
coníla do Index delia impreíTo na dita Gdade
1627. 4. Confiava hum tomo de Obras Ly-
ricas. Outro de Comedias.
Fr. GABRIEL DA PURIHCAÇAM cha-
mado no Século Simaõ Antimes filho de Do-
mingos Antunes, e Maria Lopes naceo em
Lisboa, e profeíTou o fagrado inftituto de
S. Jerónimo no real Convento de Belém a
2 de Fevereiro de 1632. Foy muito obfer-
vante da difciplina regular de que deu mani-
feftos argumentos quando exercitou os luga-
res de Porteiro Mòr do Convento de Belém
por muitos annos. Prior do Convento do Ef-
pinheiro, e duas vezes Vizitador Geral. Teve
talento para o púlpito, e inclinação para a
Poefia vulgar. Falleceo em idade muito pro-
veéía em o Convento de Bclcm a 25 de Abril
de 1704. Compoz.
Efpelho Diáfano, e Criflalino em que fe retra-
taÕ as vidas dos dous mais aufteros penitentes S.
Jerónimo habitador dos af peros de!(ertos da Syria,
e S. Bruno morador nos defabridos montes da Car-
tuxa. Lisboa por Manoel Lopes Ferreira 1680.
8. he em 8. rima.
L USl TAN A.
321
Sermão em a Vefia de N. Senhora do Egyp-
to pregado no Convento dos Keligiofos de S.
Bernardo. Lisboa por loaõ Galraõ 1687, 4.
Temo Sonoro cantado em as três principaes
Fejlas da Gloriojijftma Virgem Maria Senhora
nojfa, afaber da Immaculada Conceição; da purif-
fima Encarnação; e da humildijjima Purificação.
Lisboa pelo dito ImpreíTor. 1689. 4.
Dia maravilhot(o em que fe manifeftaõ as
virtudes do mais infigne Patriarcha S. ]o^eph
difiinto em duas partes, ou dous Sermoens hum
de menhaã, outro de tarde pregados na Igreja de
N. Senhora da Graça de Setuval. Lisboa por
Manoel Lopes Ferreira 1695. 4.
Sermão dos Santos Apojlolos S. SimaÕ, e
S. Judas. Lisboa por António Pedrozo Gal-
raõ. 1700. 4.
Jujio Sentimento à morte do Serenijfimo In-
fante de Portugal D. Duarte em o dia das fuás
funeraes exeqtáas em o Keal Convento de Be-
lém. Lisboa por António Alvres. 1650. 8.
Gíníla de 43. Outavas. Sahio com o nome
afeftado do Padre Gabriel Antxines.
Carta efcrita ao Conde de Cajlello-milhor
Minijiro do defpacho delKey D. Affonfo VI.
fobre a forma do governo. M. S. he larga, e
judiciofa.
Canção a Batalha de Montes Claros. AI. S.
4. Delle faz diftinta memoria o Padre An-
tónio dos Reys Enthuf. Poet. n. 74. collo-
cando-o entre o Q)ro dos Poetas Portugue-
zes com eílas vozes.
: : Gabriel quatientis peãora faxo
Gejla Senis memorat, tacitamque Brunonis ere-
mum.
AJfiduo refonat cantu, dum muta repellit
Petra, volens filuijje, meios; latebrofaque
rumpi
Antra gemunt gravibus dileãa filentia ver-
bis
Hic nunquam audiri folitis.
GABRIEL REBELLO ornado de gran-
de engenho, e muito perito nas efpecula-
çoens da Filofoíia, como em as noticias da
Hiftoria Secular partio de Lisboa no anno
de 1566. provido em o lugar de Feitor,
e Alcayde Mòr da Fortaleza de Tidore em
as Ilhas Malucas, das quais pela grande aflif-
tencia que nellas fez, efcreveo com verda-
de, e inveftigaçaõ.
Informação das cout^as de Maluco feita no
anno 1569. derigida a D. Conflantino Vicerey,
que fqy da índia dividida em três partes. A i.
trata em 13. Capitulos as cousas notáveis que
ha no Maluco, e dos cujiumes dos moradores
delle. A z. trata em 12. Capitulos do feu def
cubrimento ajfim pelos Portuguet^es, como pelos
Cajlelhanos com todas fuás armadas até a de
que foy Geral Ruy Lopes de Villalobos. A
3. trata em 13. Capitulos das cour^as que fu-
cederaÕ em tempo do Capitão Bemaldim de
Sout^a até dejlruir as Fortalezas de Geilolo, e
Tidore. M. S. Começa a obra pelo Prolo-
go aos Leytores. Se fora licito naõ contar cou-
t^as de admiração. O original fe confervava
na Livraria do iníigne antiquário Manoel
Severim de Faria, e deUe tinha huma co-
pia Diogo do Couto como afirma na De-
cad. 8. da índia cap. 14. e outra vi-
mos em a Livraria do ExcellentiíTimo Mar-
quez de Valença. Deíla Obra como de
feu author faz mençaõ o Padre Francifco
de Souza Orient. Conquifl. Part. 2. Conquift.
3. Divif. I. §. 36. Nicol. Ant. Bib. Hifp.
Tom. pag. 389. col. 2. Anton . de Leaõ
Bib. Orient. Tit. 7. e o feu moderno addi-
cionador Tom. 2. col. 636. Compoz mais.
Retrato dos bens, e males da índia M. S.
Defta obra fe lembra Diogo de Couto De-
cad. 8. da índia. cap. 26.
GABRIEL SOARES DE SOUZA na-
tural de Lisboa, e defcendente de ge-
ração nobre, a cujo intrépido valor, e
judiciofa direção fe deveo a Conquifta
do Rio de S. Francifco em o Braíil
no anno de 1591. Foy nomeado Capitão
Mòr de duas Nàos para o defcubrimen-
to das Minas das Efmeraldas de que
trazendo a Portugal vários pedaços de
terra em que eftavaõ encerradas algumas
pedras perfeitas, e outras imperfeitas, naõ
confeguio o dezejado fim daquelle def-
cobrimento, que profeguio com milhor for-
tuna D. Francifco de Souza Senhor de
Bringel, Alcayde Mór de Beja que neíle
32 2
BIBLIO
tempo governava o Brazil por cujo fer-
viço mereceo o titulo de Marquez. Com-
poz.
Roteiro Geral com largas informaçoens de
toda a Cojla que pertence ao E.Jlado do Brasil,
e defcripçaõ de muitos lugares delle ejpecialmen-
te da Bahia de todos os Santos. Confta de 2
Tratados, o i. comprehende 74. Capítulos;
c o 2. 196. o qual tem por titulo.
Memorial, e declaração das grandei(as da
Bahia de todos os Santos, da fua fertilidade, e
das notáveis partes, que tem M. S. foi.
Confervafe na Bibliotheca Real. Dedicado
a D. Chriftovaõ de Moura em o anno de
1587. Defta obra, e feu author fazem me-
moria Pedro de Mariz Dialog. de Var. Hijl.
cap. 5. foi. 36. e o moderno addicionador
da Bib. Geograf. de Ant. de 'LeaÕ. Tom. 3.
col. 171 o. onde efcreve compuzera Gabriel
Soares.
KelaçaÕ do Defcubrimento das Efmeraldas.
M. S.
GABRIEL DE SOUZA BRITO natu-
ral de Lisboa donde paflbu à Cidade de
Amílerdam na qual afliília em o anno
de 1719. Era taõ perito na Arithmeti-
ca aíTim pratica, como efpeculativa, co-
mo em a Cofmografia, e difciplina mi-
litar de que faõ teílemunhas as obras fe-
guintes.
Norte mercantil, y crijol de cuentas di-
vidido em três livros, en los quales fe tra-
tan por modos muy faciles, y breves de la
Arithmetica mercantil, y efpeculativa con to-
das las regias, y fecreto de effa arte, y de
los giros de câmbios de una placa a otra,
y las monedas corrientes, que ay en Euro-
pa, y fuera delia, y la declaracion dei li-
vro de caxa, y fu manual de cuentas de
Mercaderes. Amílerdam por Cornelio Hoo-
genhuifen. 1706. 8.
Epitome Cofmografico en el qual fe trata
de todas las Ciudades dei mundo calculai
por fus Kegiones, y Provindas a fu longi-
tud, y latitud con las cofas màs notables
de ellas fiendo un fummario de todos los
mappas, y Atlas por orden dei Alfabeto,
e de màs fe defcriven em breve los Im-
périos, y Monãrcbias, Keynos, y Províncias
THECA
dei Mundo en particular {principalmente de ^
la Monarchia Efpanold) con un rotero de
fus caminos el qual vã difpue^o por la or- |
den dei alfabeto para que com mayor fa-
cilidad fe puedan hallar las Ciudades, Villas,
y lugares que cada uno querrà faber, y de
todas las regias contenidas en la arte de la
Geometria con las figuras, y otras curiofidades
dignas de feren notórias, como tambien un
tratado de las quatro formas de efquadrones más
acuftumbrados en la arte militar a fàber ef-
quadron quadrado, de terreno quadrado, de gente
prolongado, y de gran frente con f$u figuras.
ibi pelo dito Impreflbr. 1706. 8.
GALEOTE PEREYRA filho de Fer-
não Pereira, e de fua fegunda mulher D.
Maria de Berredo, e meyo irmaõ de Ruy
Pereira I. Conde da Feyra o qual militou
na índia com valor digno do feu claro na-
cimento. Eílando cativo no lugar de Tun-
chien fituado no Império da China efcre-
ceo huma larga relação dos trabalhos, e mo-
leftias que padeceo nefte cativeiro com al-
guns Portuguezes de que fe extrahio a fe-
guinte obra publicada na lingua Italiana
com efte titulo.
Alcune cofe dei paefe de la China faputi
de certi Portughefi eh' ivi furon fati fchiavi; e
queflo fu cavato d' un tratato che fecce Galeoto
Pereira Gentil huomo perfona di molto credito
il quale flette priffone nel fudetto luogo Tu-
chien alcuni anni. Venetia por Michele Tra-
mezzino. 1565. 4.
D. GARCIA DOS ANJOS natural do
Porto, e filho de Luiz Alvres de Tá-
vora BaHo de I^íTa. Recebeo o habito
de Cónego Regrante no real Convento
de Santa Cruz de Coimbra onde fe dif-
tinguio entre os feus condifcipulos na
comprehençaõ das fciencias efcholafticas fen-
do laureado Doutor Theologo cm a Aca-
demia Conimbricenfe em o anno de 1662.
Foy Reytor do CoUegio novo de Santo
Agoftinho, e Prior do Real Convento de
S. Vicente fituado fora dos muros de
Lisboa. Morreo a 31. de Julho de 1689.
Compoz.
L USITANA.
òiò
'Livro de Caí(os com relaçoens, e fentidos
muito aprovados, e chegados à ret(aÕ. M. S.
GARCIA LOPES natural da Cidade de
Portalegre, e iníigne profeíTor da Medicina,
que ouvio em Salamanca do noflb Agofti-
nho Lopes, e a praéHcou com feliz metho-
do em Portugal, Caílela, e Flandes. Foy
muito perito nas línguas Grega, e Latina
fendo muito louvado por Jorge Abraham
Mercklin. hind. Kenovat. Zacut. Ind. AA.
in princip. Hijl. Med. Princip. Joan. Soar.
de Brito Theatr. 'Liifit. Utter. lit. G. n. 7.
Nicol. Ant. hih. Hijp. Tom. i. pag. 394.
col. 2. Compoz.
De varia rei medica le£Hone. Antuerpix
apud Viduam Martini . Nutij 1564. 8.
Commentarium in L.ibellum Galleni de parva
pila exercitio. Dedicado ao Doutor Thomaz
Rodrigues da Veyga Lente primário de Me-
decina em a Univeríidade de Coimbra, e
delle faz mençaò no cap. 26. da obra pre-
cedente.
D. GARCIA DE MENESES Naceo em
a celebre Villa de Santarém, e teve por
Progenitores a D. Duarte de Menezes ter-
ceiro Conde de Viana Capitão de Al-
cácer Seguer, Alferes mór dos Reys D.
Duarte, e D. AiFonfo V. e D. Izabel
de Caílro fua fegunda mulher filha de
D. Fernando de Caílro. A vivacidade do
engenho de que liberalmente o ornara a
natureza, fe admirou na veloz compre-
henfaõ da Hngua Latina, e letras huma-
nas em que foy egregiamente inítruido
donde paíTando aos eftudos mais feveros
excedeo a todos os engenhos da fua ida-
de aíTim na profundidade do talento, co-
mo felicidade da memoria. Cheyo de tan-
tos dotes fcientificos , que fe augmen-
tavaõ com o efplendor do feu nacimento
foy nomeado Bifpo de Évora por fer
promovido feu AnteceíTor D. Álvaro Paes
à Cadeira primacial de Braga. Naõ lhe
entibiou a benevolência de Paílor com
que governava o feu rebanho, aqueUe ar-
dor militar que herdara de feus Mayores
alimentado entre as palmas, e louros de
Alcácer Seguer, e Ceuta onde fe achara
com feu heróico Pay, fendo hum dos
gloriofos inílrumentos de fe alcançar a
memorável batalha de Toro no anno de
1476. onde depofto o bago, e empunha-
da a efpada triunfou em obfequio do
feu Príncipe do exercito Caílelhano. Igual
gloría confeguio quando acompanhado de
feu Irmaõ D. Joaõ de Menezes primeiro
Conde de Tarouca, e Prior do Crato der-
rotou a D. Affonfo de Cardenas Meílre de
S. Tiago nas margens do rio Odigebe. Pro-
vada a valentia de feu animo, e prudência
da fua direção neílas belicozas emprezas, o
nomeou ElRey D. AiFonfo V. Commandante
da Armada que no anno de 1480 expedio
em focorro de D. Fernando Rey de Nápo-
les para reprimir a violenta impreíTaõ dos
Turcos com que tinhaõ conquiílado a G-
dade de Otranto, e invadido a toda a Ca-
lábria, cuja incumbência aceitou com gofto
por ceder em gloria da Religião, e ruina
de feus Antegoniílas. Tanto que aportou
a armada em ItaUa paíTou D. Garcia a Ro-
ma com o Carader de Embaxador, e na
prezença de Xiílo IV. e de todo o ConUf-
torio que cflava publico na BaíiUca de S.
Paulo in via Oftienfi recitou em 31. de Agof-
to de 1481. huma Oraçaõ Latina na qual
com a mais pura fraze, elegante facúndia,
e vehemente expreíTaõ reprehendeo a cul-
pável inércia de muitos Príncipes Catholi-
cos, e a efcandalofa vida de alguns Prela-
dos Eccleíiaílicos exhortando ao SummoPaf-
tor a que aplicaíle toda a vigilância contra
os progreííos do inimigo comum, e refor-
mafle os abuzos que infeníivelmente fe ti-
nhaõ introduzido na Igreja. Entre o grave
auditório, que eílava pendente da boca do
Orador aíTiília Pomponeo Leto celebre Filó-
logo, e Rhetorico daquella idade, que admi-
rado da fublime eloquência com que fe ex-
plicava D. Garcia, rompeo nelias palavras.
Pater Sanãe quis eft ijle barharus, qui tam di-
ferte loquitur^ em cujo aplauzo lhe dedicou
huma Mufa Romana o feguinte Dyílicho.
EJoquium domina quod jam Tagus haufit ab
urbe,
Hauriat Hefperij Tibris ab amne Ta^.
Para íinal do afedo com que o Sum-
mo Pontífice eítímara o feu talento o no-
324
BIBLIO THE CA
meou AíMentc do Sólio Pontifício, c o fez
prepetuo adminiílrador do Bifpado da Guar-
da cm 5. de Setembro de 1481. confervando
fempre a Mitra de Évora. Reftituido a Por-
tugal no anno de 1482. coroado de trofeos
fem defembainhar a efpada, e aplaudido na
cabeça de todo o mundo pela fua eloquên-
cia, e capacidade, achou muito propenfa a
vontade delRey D. Joaõ o fegundo para
a fua peíToa, porem como D, Garcia efti-
vefle mais cuftumado a mandar, de que
obedecer no reynado delRey D. Aífonfo V.
naõ pode tolerar a feveridade com que aquel-
le Príncipe governava, e interpretando eíla
independência por violação dos Privilégios
da Nobre2a perfuadio ao Duque de Vifeu,
e outros Cavalheros quizeíTem opporfe a efta
violência. Certificado D. Joaõ o II. deíla
conjuração depois de caíligados com pena
capital os feus authores o mandou encerrar
na cifterna feca do Caílello de Palmella onde
preocupado de taõ penetrante difgoílo aca-
bou brevemente a vida no anno de 1484.
digna certamente de fim menos infauílo. O
Carader da fua peflba recopilou neftes Ver-
fos Garcia de Refende Mifcellati.
Vi o Bifpo D. Garcia
Bijpo de taes dous Bi/pados
Que honra que gran valia
Que grandes mercês fan^ia
A. parentes, e chegados.
Nas guerras Fronteiro moor
Nas letras gran fahedor;
Que ca^a, que converfar:
Como foy trijle acabar
Com tanta trifte:(a, e door.
Nicol. Ant. Bib. Hi/p. vet. lib. 10. cap.
12. §. 703. Garcias Menejius amplijjima hu-
jus familia omatijftma proles. Macedo Lm-
fit. Inful. pag. 207. belli, pacifques artibus
clarus. D. Agoftinho Manoel Vid. de D.
Joan. II. pag. 149. tenia muchas partes
de Soldado y en las ocafiones aventejó a los
de mayor opinion y n6 U faltava ingenio y
agude:(a porque era Letrado y jingular Hu-
manijla <á>'c. Sampayo Vida dei Princip.
perfet. pag. 59. Verf. Prelado de grandes
letras, y calidad. Souza Hijl. de S. Domin-
gos da Prov. de Portug. Part. 2. liv. 5.
cap. j. dotado de Jingular eloquência de que
até a noffa idade chegarão vejligios. Fr. Luiz
dos Anjos Jardim de Portug. cap. 107.
refplandecia em virtude, prudência, e :^elo do
bem commum. Medeiros Perfeito Soldado pag.
28. D. Luiz de Salazar HiJl. Geneal. da
Cav^a de Sylva. Part. 2. liv. 6. cap. 4. e
13. Fonceca 'Evor. glorioj. p. 293. foy hum
dos mais eloquentes, e eruditos heroes do feu
feculo. Refende Chron. de D. Joaõ o U.
cap. 51. Telles de rebus gejlis Joannis 11.
pag. mihi 112. e 124. Lipenio Bib. Real.
Philofoph. pag. 175. Joan. Soar. de Brit.
Tbeatr. Lj4fit. Litter. lit. G. n. 8. Joan.
Hallevord. pag. 97. Sylva Leal Cathalog.
dos Bifp. da Guard. §. 27.
A Oraçaõ que recitou na prefença do
Summo Pontífice Xiílo IV. em o anno
de 1481. fahio imprefla no mefmo anno
em Roma da qual vimos hum exemplar
na feleéHffima Livraria do Doutor Nico-
lao Francifco Xavier da Sylva Académico
do numero da Academia Real, a qual
tinha o titulo feguinte com cila ortho-
grafia.
Garfias Menefius Eborenfis preful quom Lu-
Jytania regis iclyti legatus, et regia clajfts adver-
fus turcos idrunte in aptãlia prefidio tenentes pro-
feãus ad urbem accederet in tèplo divi pauli pu-
blice exceptus apud Xiflum IIII. pont. max.
et apud facrum Cardinalium fenatum hujuf-
cemodi orationem habuit. 4. No fim tem
eílas palavras. Habita hec efl oratio pridie
Kalendas Septembris falutis Anno Millejftmo
quadringentijftmo oHuageJimo primo: pontificatús
vero Xijli IIII. anno XI. ^ eodem Rome
imprejja.
Sendo mandado a Roma pelo Gu:-
dial D. Henrique Gafpar Barreiros de
quem brevemente faremos larga memo-
ria para gratificar da parte defte Príncipe
a Paulo III. o Capello Cardinalício que
lhe mandara, contrahio taõ eílreita ami-
zade com o Cardial Jacobo Sadoleto, que
lhe deu como preciofo donativo efta Ora-
çaõ, que confervava na fua Bibliotheca
a qual remeteo o mefmo Gafpar Barrei-
ros com huma elegante carta cfcrita a
feu cordial amigo Jorge Coelho taõ gran-
de Orador, como Poeta Latino, e nel-
la lhe diz fallando da mefma Oraçaõ.
L U SITAN A.
325
Nam qua fpecies, qua dignitas, qui oratio-
fiís JpkndoTy et omatus? Quam conànna ver-
borum collocatio, et quam propriorum confor-
matio} Quam uberes, eb* acuta fententiai^ Quan-
tus ufus, eS^ quanta rei militaris difciplina?
Quam perfeãa maritimarum, et terrejlrium re-
ffonum fcientia, ò^ quam completa hifioriarum,
caterarumque rerum co^itio apparet? In qua
tu oratione Coeli deprehendes nervos, Juccum,
(ò^ fangtánem, non jejunam, e5^ exilem, vel
ineptam quamdam eloquentiam multa inanium
verborum congerie fidentem tamquam innumeris,
ó* garrulis perfirepentem vocibus, non rebus
uti nonnullis u/u venire videmus, qui cum in-
genii, <& inventionis inópia premantur mi/e-
ram chartarum arcam plurimis verborum velut
palearam, (ò" culmorum manipulis, non autem
lata frumenti ubertate injerciunt. Quantus in-
Jur^t adverjus ChriJHanorum Kegum illius ata-
tis imbellem focordiam, e^ negligentiam"^ Quan-
tum invebitur in depravatos, €>• corruptos Antif-
titum mores? Quo animo, boné Deus, erigi t, e^
inflamat ipfum Pontificem, <àr Jacrum Cardina-
lium fenatum ab bellum contra Turcas Jufci-
piendum'^ Quo ar dor e mentis etiam Reges, ó^
cateros Cbriftianos Príncipes ad id quoque bel-
lum eifdem barbarís inferendum follicitat} &c.
Sahio efta Oraçaõ reimprefla Conimbricae
apud Joannem Alvares Acad. Typ. 1561.
juntamente com a Coro^afia, e outras obras
de Gafpar Barreiros que fe fizeraõ publicas
por deUgencia de feu Irmaõ o Doutor Lopo
de Barros. Compoz mais D. Garcia de Me-
nezes.
Hiftoria Relli Hydrmtini. Q)nimbricaf.
1560. 8.
GAROA DE ORTA natural da Ci-
dade de Elvas donde depois de eílar inf-
truido com os primeiros rudimentos paf-
I fou a Caftella, e nas Univeríidades de
! Alcalà, e Salamanca frequentou o eíhido
da Medecina em que recebeo o graò de
Licenciado. Reítítuido a Portugal foy Len-
te de Filofofia na Univeríidade de Lis-
i boa até o anno de 1534. em que fe
j embarcou com o lugar de Medico del-
[ Rey para a índia na armada compofta
de finco Náos de que era Capitão Mòr
Martim Affonfo de Souza de cuja familia
era domeítíco, e com eUe fe achou no-
anno feguinte de 1535. na Fundação da_
Fortaleza de Dio, como efcreve no Col-
loquio 35. Tendo adquerido a mais pro-
funda noticia da Arte Medica praôicada.
pela larga experiência de quarenta annos
aífim na Europa, como na Afia, fe apli-
cou à inveftigaçaõ das virtudes das plan-
tas, e ervas que produziaõ as Regioens.
Orientaes devendofe à fua incanfavel de-
ligenda manifeílar as qualidades que ef-
tavaõ ocultas naquella vegetativa republi-
ca, das quais por falta de exame, e co-
nhecimento tinhaõ efcrito tantas fabulas
muitos authores aíTim antigos, como mo-
dernos. O methodo com que triunfou das
doenças mais rebeldes, e a vafta fdenda
que tinha da Botânica lhes condliaraõ a
eftimaçaõ naõ fomente dos Governadores
do Eílado da índia, mas ainda de mui-
tos Reys Gentios principalmente do Niza-
maluco que muitas vezes o chamou para
o curar dando-lhe cada vez que vinha à
fua prezença doze mil pardaos, e ofe-
recendo-lhe quarenta mil de eítipendio fe
quizeíTe aífiítírlhe quatro vezes cada anno.
Para utilizar o publico com as continuas
vigílias, que aplicara na inveftigaçaõ das
plantas medidnaes de que he fecundo ter-
reno a índia Oriental. Compoz.
Colloquios dos Simples, e cousas medicinaes
da índia, e ajft de alemãs frutas mediânats
achadas nella, donde fe trataÕ algumas cousas
tocantes á Medecina praãica, e outras cotfí^as
boas para faber. Goa por Joannes de En-
dem a X. de Abril de 1563. annos. 4.
Efta obra que tinha efcrito na lingua La-
tina a publicou na materna por fatisfazer
á fupUca de alguns amigos empenhados
em que fofle mais proveitoza a todo o
género de peíToas, e a dedicou a Mar-
tim Aflfonfo de Souza havendo 18. annos
que com eUe fe embarcara para a índia
quando já aíTiftia em Portugal gozando o
ócio da paz à fombra das palmas com que
fe coroou triunfante em o Oriente. A efte
grande Mecenas antes da Dedicatória eftà
hum Soneto cujo aíTumpto declara com efte
titulo. Do autor falando com ho feu libro, e
mandão ao Senhor Martim Afonfo de Sou^a^
ÒIÒ
BIB LIOTHE C A
.Seguro livro meu, da qtà te parte,
Que com buma caufa jufta me conjolo.
De verte oferecer ho inculto colo.
Ao cutello mordas, em toda a parte.
JS ejla he, que da qui mando examinarte.
Por hum Senhor, que de hum ao outro polo,
Sò nelle tem moftrado ho douto Apollo
Ter competência igual có duro Marte.
Ali acharás defenfa verdadeira
Com força de rav^oens, ou de Ofadia,
Que huma virtude a outra naõ derrogua.
Mas na fua fronte há Palma, e há Oliveira,
Te diraô que elle fó, de igual valia
Fe^ CO fanguineo amev^ ha branca Togua.
Seja o primeiro elogio deíla obra a eru-
dita informação do Doutor Dimas Bofque
Medico Valenciano, que naquelle tempo vi-
via em Goa, e fahio impreflb no principio
•dizendo entre outros louvores. Torça tam-
•bem a authoridade do Autor aos que ejle feu
Jivro lerem ter as cou:(as delle na conta , e eflima,
upte ellas merecem, pois faô de homem, que do
principio da fua idade até a authorit^ada velhi-
ce nas letras, e faculdade de Medecina gajlou feu
iempo com tanto trabalho, e deligencia, que du-
vido achar na Europa quem em feu efludo lhe
fi^ejfe vantagem. O celebre Poeta Henrique
Cayado lhe dedicou o feguinte epigramma
•em louvor de obra.
Índia quos fruãus, gemmas, (& aromata gignat,
Garcia pefcribit Wortius illa brevi.
Hoc opus, ò mediei, manibus verfetur ubique
Quod veteres olim non valuere viri.
Multa quidem vobis per qua medicina paratur
Occurrent, íenebris, qua latuere diu.
Rarus honos, doãor, tantas aperire tenebras
Plinius es terris , atque Diofcorides.
_Qui quamvis aufi, magnis de rebus uterque
Scribere, judicio cedet uterque tuo.
Namque potens herbis, totó Podalyrius orbe
Diceris, (& verá laude parare decus.
Forjitan ^ quaras cur non fermone Latino
Utitur, d Leãor: confulit indocili.
Floret utraque nimis lingua cum poflulat ufus,
Excellens Medicus, Philofophufque fimul.
Em diverfa lingua, mas com mayor ener-
gia lhe correfponde o mais canoro Ciíhe
do ParnaíTo Portuguez o divino Camoens
aíTiílente naquelle tempo cm Goa na Ode
8. derigida a D. Francifco Gíutinho Con-
de de Redondo, e Vicerey da índia.
Favorecey a antiga
Ciência que já Aquilles ejlimou:
Olhay que vos obriga
O ver que em vojfo tempo rebentou
O fruto de aquell' Orta onde florecem
Plantas novas, que os doãos naÕ conheci
Olhay que em voffos annos
Huma Orta produ:^e varias ervas
Nos campos Indianos
As quaes aquellas do£ías, e protervas
Medea, e Circe nunca conhecerão
Poflo que a Ley de Aíapa excederão.
E vede carregado
De annos, e trás a varia experiência
Hum velho que enjinado
Das Gangeticas Mufas na Ciência
Podaliria fútil, e arte Sylveflre
Vence ao velho Chiron d* Aquiles Mefhe.
Chriílovaõ da Cofta, de quem fizemos
memoria em feu lugar, no Tratado de las
Drogas, e Medicinas de las índias Orientales
diz no Prologo. Encontre en las índias Orien-
tales con el Doãor Garcia de Orta medico Por-
tugue:(^ y Varon grave de raro, y peregrino in-
genio, cuyos loores dexo para mejor ocajion por
fer tantos que quando penfajfe auer dicho mu-
chos ferian más lof que me auria dexado. De-
pois de relatar varias circunílancias porque
fe fazia digna de eílimaçaõ a obra que im-
primira o Doutor Garcia de Orta, conclue.
Pareciendome a mi, que en ejla nueftra nacion fe-
ria aquel libro de grade provecho fe fe diejfe
noticia de las cofas buenas que en el ay
mofirandofe con fus exemplos, y figuras para
mayor conocerlas . . . z^^lo^o dei bien dejla tier-
ra con la charidad que a mis próximos de-
vo delibere tomar efle trabajo, y debuxar át
vivo cada planta facada de raiz abueltas de
otras muchas, que yo vi, y el Doãor Gar-
cia d*Orta nò pudo por las caudas dichas.
Donde fe colhe que traduzio a obra dos
L USITAN A
Colloquios de Garcia de Orta em Caíle-
Ihano, aíTim como a verteo em Latim Car-
los Cluíio mais abreviadamente com eíle ti-
tulo.
Aromatum, et fimplicium aliquot medicamen-
torum apud Indos nafcentium Hijloria: primum
quidem lj{fitana lingtia per Diálogos conjcripta
a D. Garcia ah Horto Proregis índia Medico
auãore. Nunc vero Latino fermone in Bpitomen
contraãa, €>* iconibus ad vivum exprejfts, locuple-
tiorihus annotatimculis illufirata a Carolo Clufio
Atrebate Antuerpiae apud Chriílophorum Plan-
tinum 1567. 8. & ibi apud eumdem Typ.
1574. 8. et 1582. 8. 1584, 8. & ibi apud
Viduam Joannes Moreti. 1593. 8. O Tra-
duâor na Epiftola dedicatória diz. Verleãum
Uhrum haud mendaci titulo infignitum ejje de-
prebendi: etenim multarum plantarum meminit,
qua ã Veteribus haudquaqmm de/cripta funt;
atque etiam de iis aromatibus agit, qua vete-
ribus quidem de/cripta, (ò^ non Jatis perjpe^a
fuere. Sahio com humas doutiíTimas illuf-
traçoens de Joaõ Boncio Medico de Ley-
den. Lugd. Batau. 1642. 12. Joaõ Poílhio
Medico Alemaõ louva com eíle epigrama
ao Tradutor, e ao Traduzido.
Grafia magia tibi debetur Garcia: nec non
Grafia debetur Carole magna tibi.
Tu quoniam nobis latio fermone dedijii
Ille Juis pátrio, qua dedit ante fono.
Vefira fimul vivent igitur praconia, donec
índia fertilibvs pharmaca mittet agris.
O Doutor Anibal Briganti Marracino de
Chieti traduíio eíla obra em a lingua Ita-
liana com efte titulo.
Dell* hijloria de i Jemplici aromati, e altre
cofe che vengono portate deli' Indie Orientali per-
tenente ai ujo de la Medecina fcritta in lengua
Porfughefe deli' excellente Doãore Garcia dei
Horto. Venetia por Francefco Ziletti. 1582.
4. & ibi por le heredi de Hyeronimo Scoti.
1605. 8 e na lingua Franceza por António
Colin. Pariz. 1609. 8. e 161 5. com o apel-
lido du Jardin.
Fazem illuílre memoria de Garcia de
Orta Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. p. 395.
col. I. eximio ingenio, (& multa vir doíírina,
rerumque imprimis Indicarum peritia inJlruHif-
fimus. Zacut. Luíit. de Med. Princip. Hift.
Ò2J
lib. 5. hift. 28. diligentijjimus fcriptor. Joan..
Soar. de Brito Theatr. Ljtjit. Utter. lit. G.
n. 6. Medicus clarijfimus. O Doutor Dimas
Bofque na Carta Latina efcrita ao Dou-
tor Thomas Rodrigues da Veyga Cathedra-
tico de Prima de Medecina do qual era
feu difcipulo, lhe chama prudentijfimus Jenex.
Severim Dijc. de Var. Hijl. foi. 50. cujor
livros faÕ mtiito ejlimados. Leitaõ Mem. Chro-
nol. da Univ. de Coimb. pag. 517. até 529.-
GARCIA DE RESENDE Naceo em a
Cidade de Évora fendo filho de Pedro
Vaz de Refende, e Leonor Angela de
Vaz, e Góes ambos de qualificada no-
breza, e irmaõ do famofo antiquário o
Meftre André de Refende. Foy moço da
Camará delRey D. Joaõ o II. e fidalga
da fua Caza por cuja aíTiílencia obfervan-
do como teftemunha ocular as açoens da-
quelle grande Monarcha as efcreveo com.
grande individuação, fumma verdade, e ef-
tilo fincero eflimulandoo a taõ laboriofa
empreza o afefto que devia àquelle Prin-
cepe, e naõ a obrigação de Chronifla que
naõ era. Certificado ElRey D. Manoel da
capacidade do feu talento o nomeou Se-
cretario da Embaxada , que com magnifica
pompa fez em Roma Triílaõ da Cunha.
no anno de 1514. à Santidade de Leaõ X.
Foy ornado de juizo maduro, e apUca-
çaõ eíludiofa como publica õ as fuás obras-
pofto que naõ frequentou as efcholas, co-
mo ingenuamente confeíTa no fim da fua.
Mifcellanea.
Sem letras, e fem faber
Me fífy na quijlo meter
Por faa^er aquém mais fabe
Qtie ho que minguar acabe
Pois eu mais num Jey fa!(er.
Mandou edificar huma Ermida de 15..
pés de cumprimento e 11. de largura a
cujo lado eftaõ huma fonte, e jardim,,
fituada na Cerca do Convento de N. S. do-
Efpinheiro de Religiofos Jerónimos, e fobre
a porta efliaõ abertas em pedra as fuás Armas
que conftaõ de duas Cabras em palia, e por
tymbre outra. Debaixo fe lé a feguinte inf-
cripçaõ efcrita nefta forma.
328
BIB LIO THE CA
EJla Ermida, e fonte
Mandou fas^er Garcia
De Kefende em lottvor
De Nojfa Senhora anno de 1520.
No retábulo do Altar fe venera hum
paynel de Jefus Maria Jozè com o Ef-
pirito Santo na parte fuperior. No pavi-
mento da dita Ermida eftá fepultado Gar-
cia de Refende com huma Campa de 10.
palmos de comprimento, e 5. de largu-
ra, cercada pela circumferencia de folha-
gens primorofamente abertas com o bra-
zaõ das fuás Armas no meyo, e na par-
te fuperior a ellas eftas breves palavras
■efcritas na forma feguinte.
Sepultura de Gar-
cia de Kefende.
Delle fe lembraõ honorificamente Nicol.
Ant. Bib. Hifp. Tom. 1. pag. 395. col. i. Joan.
Soar. de Brit. Theatr. 'Lufit. 'Litter. lit. G.
n. 9. Franckenau Bib. Hifp. Geneal. Herald.
f)ag. 156. n. 510. Góes Chron. delKey D. Man.
Part. 3. cap. 55. Efperança Hiji. Seraf. da
Prov. de Portug. Part. 2. liv. 10. cap. 46.
Fonceca Ej^ora Gloriof pag. 412. c o moder-
no addicionador da Bib. Orient. de Ant. de
LeaÕ. Tom. i. Tit. 3. col. 65. Compoz.
Livro que traãa da Vida, e grandijfimas vir-
tudes, e bondades, magnânimo esforço, excellentes
4oJiumes, e manhas, e mtry craros feitos do Chrif-
fianijfímo muito alto, e muito poderoso Príncipe
■elRey Dom Joam ho fegundo defle nome, e dos
Keys de Portugal ho tret^eno de gloriof a memoría :
começado de feu nacimento, e toda fua vida até
Jua morte com outras obras, que adiante fe fe-
^uem. As quais fac.
Ha tresladaçam do corpo do muy Catholico,
e magnânimo, e muy esforçado Rej Dom Joam
ho Jegundo dejle nome da See da Ciidade de
Silves pêra ho Moefleiro da batalha por ho mtty
Serenijfimo, e efclaricido Senhor EJRej Dom Ma-
noel feu fuccejfor, e herdeiro nefles Reynos, e Se-
mrios de Portugal.
Ha entrada delRey Dom Manoel em Caftella.
Hida da Iffante Dona Breatit^ a Sabqya
Mifcellanea, e variedade de hiflorias coflumes
íafos, e coufas, que em feu tempo acontefce-
ram.
No fim cftaõ eftas palavras. ', . ^
A. louvor de Deos, e da gloríofa Virgem
Nojfa Senhora fe acabou ho livro da vida e
feitos delRey Dom Joam ho fegundo de Portu-
gal, e ha tresladaçam do feu corpo, e ha hida
delRey Dom Manoel a Caflella, e ha hida da
Iffante Dona Breatri:^^ a Saboya feito por Gar-
cia de Refende, e vifio, e examinado pelos De-
putados da Santa Inquijiçam. Fqy inpreffo em
Ejjora em cav^a de André de Burgos inpreffor
do Cardial iffante no fim de Mayo do anno de
mil quinhentos LIIII. Sahio rcimpreíTo. Lis-
boa por Simaõ Lopes 1596. foi. & ibi por
lorge Rodrigues 1607. foi. e ultimamente
Lisboa por António Alvares 1622. foi. com
efte dtulo.
Chronica do Príncipe D. JoaÕ depois fegun-
do do nome Rey de Portugal com a mifcellanea,
variadade de Hiflorías, cafos, e coufas, que em feu
tempo acontecerão.
Como foíTe aplicado à Poefia vulgar em
que naõ foy infecunda a fua Mufa compi-
lou de vários Poetas Portuguezes do feu
tempo.
Cancioneiro Geral. No fim tem as fe-
guintes palavras que tranfcrevemos fielmen-
te com a mefma orthografia com que
eftaõ impreflas. Acabou ff e de emprímyr o
Cancyoneiro Gerall com privilegio do muyto
alto, e mtfyto poderofo Rey Dom Manuell
noffo Senhor. Qtte nenhua peffoa o poffa em-
primir, nem trova que nelle vaa. fobpena de
duzentos crut(ados, e mais perder todolos vo-
lumes que fi^er. Nem menos o poderam tra-
v^er de fora do Reyno a vender abynda que
la foffe feito fo a mefma pena a ira^ tf-
crita. Foy ordenado, e emèdado por Garcia
de Reefende fidalgo da cafa delRey noffo Se-
nhor, e ef crivam da Fazenda do príncipe.
Comecoufe em almeyrym, e acaboufe na mtcf-
to nobre, e fempre leall Cidade de Lix-
boa. Per Herman de Cápos alemã bombar-
deiro delrey noffo Senhor, e empremidor. Aos
XXVIII dias de Setèbro de mil e qui-
nhentos e XVI annos. Defde foi. 215. até
272. Verf. eftaõ Verfos do mefmo Re-
fende.
Breve memorial dos pecados, e coufas que
pertencem há confiffam. Lisboa por Gcrmam
Galharde cmprimidor a XXV. dias de
H
L US ITANA,
329
Fevereiro de mil DXXI. annos. 8. Foy
mandado imprimir por ordem delRey D.
Manoel.
Paixaõ de N. Senhor Jefu Cbrijlo conforme
os quatro Evangeliftas a referem. M. S.
GARCIA SOARES SOTTOMAYOR na-
tural da Villa de Moura em a Provinda
Tranftagana. Efcreveo com eflálo íincero.
Re/afaÕ do fucejfo que teve FemaÕ Telles de
Meneses General da 'Provinda da Bejra na to-
mada de Elges, e Jua Villa com a de Villaverde
no Reyno de Caftella. Lisboa por Ant. Al-
vres 1642. 4.
KelaçaÕ verdadeira da mila^ofa Vtãoria que
de Cafiella alcançou o Capitão D. Henrique Hen-
riques em companhia do Terço de D. Franci/co
de Sow(a nos campos de Moura donde era Capi-
tão Mór Luií(_ da Sylva Telles aos 14. de Mar-
ço de 642. Lisboa por Domingos Lopes Roza
1642. 4.
Fr. GASPAR cujo apellido fe ignora, af-
íim como fe fabe fer iSlho da Seráfica Pro-
vinda da Piedade. Por fer muito intelligen-
te na lingxia do Reyno de Q)ngo tradu2Ío
por ordem do Cardial D. Henrique.
Cartilha da doutrina Chrifiàa. Évora. 8.
Do author e da obra fa2em memoria
Nicol. Ant. Bih. Hifp. Tom. i. pag. 596.
col. 2. Fr. loan. a D. Ant. Bib. Fran-
cifc. Tom. 2. pag. 9. col. i. e o moderno
addidonador da Bib. Orient. de Ant. deLeaõ
Tom. I. Tit. 16. col. 518.
P. GASPAR AFFONSO natural da Villa
de Serpa em a Provinda do Alentejo, e
filho de Martim AíFonfo, e Maria Gon-
falves. Depois de ter abraçado o infti-
tuto da Q)mpanhia de Jefus em o G^lle-
gio de Évora a 12. de Fevereiro de
1569. impeUido do ardente zelo de íalvar
almas partio de Lisboa a 10. de Abril
de 1596. para a índia embarcado com
fete companheiros em a Náo S. Fran-
cifco de que era Capitão Vafco da Fon-
ceca. Naõ permitio a divina providenda
que chegaíTe ao dezejado termo da fua jor-
nada padecendo taõ continuadas, e fiiriofas
tormentas que o obrigou a defembarcar
quafi agonizante em diverfas partes da
America Meridional, e Occidental como
foraõ a Bahia de todos os Santos, Por-
to Rico nas Antilhas, Ilha de S. Do-
mingos, Carthagena, Havana, e ultimamen-
te em Cadiz donde fe reítituhio a Por-
tugal a 10. de Março de 1599. e no
Collegio de Évora diâou nove annos Theo-
logia Moral. Todo o reílante da fua vida
paiTou em doutrinar os próximos em va-
rias MiíToens, e ConfeíTionario até que
foy lograr o premio dos feus Evangéli-
cos trabalhos no Collegio de Coimbra a
21. de Fevereiro de 161 8. Delle fe lem-
bra Franco Ann. Glorio/. S. /. p. 105. Com-
poz.
Relação da viagem, e Juceffo que teve a Náo
S. Franíi/co em que hia por Capitão Vafco da
Fonceca na Armada que foy para a índia no
anno de 1596. Sahio impreíía na Hift. Trá-
gico marítima Tom. 2. a pag. 517. até
456. Lisboa na Officina da Congregação
do Oratório. 1736. 4.
Traãatus de Ufurís. foi. M. S.
Sermoens para as Feftas de todo o anno.
2. Tom. M. S.
Eftas Obras fe confervaõ no Collegio de
Évora.
GASPAR ALVARES DE LOUSADA
MACHADO natural da Gdade de Braga
onde a natureza lhe deu origem nobre por
fer filho de Paulo Machado, e Catherina Al-
vares de Távora, engenho agudo, e feliz me-
moria. Ornado com eftes dotes, que fe illuf-
travaõ com a inocência dos cuíhimes de-
pois de receber com aplauzo na Univerfida-
de de Coimbra o grão de Licendado em a
Faculdade Theologica o elegeo para feu Se-
cretario o Arcebifpo Primaz D. Fr. Agofti-
nho de Caibro querendo que a capaddade, e
modeítia de Varaõ taõ infigne ferviífem de
exemplares à fua família. Sendo nomeado
Efcrivaõ do Archivo Real onde por muitas
vezes fervio de Guarda Mór, e Reformador
dos Padroados da Coroa, fe aplicou com
indefeíTo trabalho, e incanfavel inveítígaçaõ
a examinar as Antiguidades defte Reyno
de cuja aplicação confeguio defcobrir im-
.33o
BIBLIO THE CA
portantes noticias que o defcuido, e o tem-
po tinhaõ fepultadas nos Archivos, naõ me-
recendo menores elogios pelo eíhido de Ge-
nealogia em que foy muito perito, e ver-
fado illuftrando muitas familias de Portu-
gal em que moftrou o profundo eíhido, que
tinha da Hiíloria Portugueza, e Caílelhana,
de cuja vaíliíTima erudição faõ claros pre-
goeiros o IlluftriíTimo Cunha Catalog. dos
Bi/p. do Port. Part. i. cap. 2. Pejfoa bem
conhecida pelo muito que tem trabalhado nas
Antiguidades do Reyno, e de que fe tem apro-
veitado muitos Hijloriadores, e Hiji. Ecclef. de
Brag. Part. 2. cap. 80. n. 8. erudito. D. Mau-
ro Caílella Ferrer HiJl. de S. Tiago. Liv. 1.
cap. 16. A quien nô hi^o ventaja Andrea Ke-
v^endio con todas las que tuvo pues es de los
mejores que he vifto ayudado con la Jubtilev^a de
fu entendi miento, de que daran tejligo Jus obras.
Souza Vid. de D. Fr. Barth. dos Martyr.
liv. 4. cap. I. grande invejligador de antiguida-
des. Marinho Fundac. de Lisboa liv. 3. cap.
14. A cuja deligencia, e grande noticia da anti-
guidade deu a Efpanha muitas, que a tem illuf-
trado, porque delias fe aproveitarão os grandes
fogeitos, que em nojfos tempos a honrarão
com Jeus ejcritos. Joan. Soar. de Brit. Theatr.
iMJit. Utter. lit. G. n. 10. vir multa
eruditionis. Abreu Vid. de S. Quiter. cap.
2. e 16. erudito Abbade. Brandão Prolog,
da 3. Part. da Mon. "Lufit. De muita no-
ticia nas antiguidades dejle Rejno, e de toda
E/panha em cujo ejiudo fe tem mojlrado in-
canfavel com tanto fruto que por elle fou-
beraõ muitas cow^as alguns dos Hijloriadores
dos nojfos tempos, como elles mefmos con-
feffaõ nos feus efcritos. Franckenau Bib. Hifp.
Geneal. Herald, p. 156. vir antiquitatum non
reffti tantum, fed Hifpana totius cognitione
infhruHijfimus. Souza Apparat. à HiJl. Gen.
da Ca^. Real Portug. pag. 75. §. 60.
hum dos mayores invejligadores das Antigui-
dades do Reyno. Nicol. Ant. Bib. Hijp.
Tom. I. pag. 396. col. 2. Macedo. Im-
t(it. Inful. & Purpur. p. 58. e 105. D.
Nicol. de Santa Maria Chron. dos Coneg.
Reg. Part. 1. pag. 215. n. 18. Falleceo
cm Lisboa, c jaz fepultado no Qauílro
do Convento de N. Senhora da Luz de
religiofos da ordem militar de Chrifto dif-
tantc huma legoa de Lisboa, c na fepultura,
que eílà junto da porta que vay para a
Sancriília fe lé gravado o feguinte epitá-
fio.
Sepultura perpetua do Licenciado Gajpar Al-
var-es de Lottv^ada Machado natural de Braga
injigne antiquário na Hijloria de Portugal, e al-
legado por todos os Chronijlas de Europa, EJ-
crivaõ da Torre do Tombo Rejormador das Igre-
jas do Padroado Real. Falleceo a 29. de Ou-
tubro de 1634. de idade de outenta annos, e
de Jeus herdeiros.
Compoz
De Vera Primatuum Bracharenjium SucceJ-
Jione. M. S. Eíla obra allega o Licenciado
Jorge Cardozo Agtol. Lufit. Tom. 3. pag.
278. col. I. e Tom. 2. pag. 380. col. 1.
DeJcripçaÕ da Igreja Bracharenje M. S. Eíla
obra fe naõ he parte da precedente, remc-
teo a 4. de Abril de 1596. a Abrahaõ Or-
telio como efcreve o allegado Cardozo Agol.
Lujtt. Tom. I. pag. 389. col. 1.
DeJcripçaÕ da Provinda de Entre Douro,
e Minho, e da Provinda de Trás os mon-
tes. Eílas obras faõ allegadas por Car-
dozo Agiol. Lujit. Tom. 2. pag. 319. col.
I. pag. 518. col. I. e pag. 607. col. 1.
Lazor Orb Univ. Tom. 2. foi. 4. e o
moderno addicionador de António de Lcaõ
Bib. GeograJ. Tom. 3. Tit. Unic. col.
1608.
Carta ao Mejire Affonjo Vilhegas acerca
de S. Tyrjo ejcrita no anno de 1J95. Al-
legada por Cardozo Affol. LuJit. Tom. 2.
pag. 607. col. I. c Tom. 3. pag. 519.
col. I.
EJcudo real de Portugal. Efte livro af-
fevera Fr. António Brandão Chroniíla Mór
do Reyno no Prolog, da 3. Parte da
Mon. Lufit. Jer de tanta erudição que bade
confirmar com os efirangeiros a glande opi-
nião que tem de Jeu author, e com os na-
turaes, como em todas as idades, c na mcf-
ma Part. 3. liv. 10. cap. 7. obra bem
trabalhada em que dá noticia de muitas cou-
v^as antigas defte Reyno.
IllufiraçaÕ da Familia , i geração dos Sou-
!(as. foi. M. S. He volume grande cf-
crito pelos annos de 1631. c 32. Nclle
fomente trata do ramo pertencente aos
L USITANA.
33 1
GDndes de Miranda depois Marquezes de
Arronches. Huma Copia fe conferva na
Livraria do Duque de Cadaval Eíbibeiro
Mòr, e delia afirma o P. D. António Cae-
tano de Souza nas A-dverf. e addiçoens a fua
Hiji. Gen. da Ca^. Keal Vortug. pag. 4. Jer
obra bem trabalhada, eb* verdadeiramente de feu
autkor.
Tratado da Família dos Cafiros da Ca^^a
de Monfanto, e Cafcaes. Compofto em obze-
quio do Arcebifpo Primas D. Fr. Agoíli-
nho de Caibro do qual foy Secretario. M. S.
Eílas obras Genealógicas fe confervaõ na Li-
vraria do ExcellentiíTimo Duque de Lafoens.
Tratado dos Alcaydes Mores de Braga com
a fua afcendencia, e defcendencia até noffos tem-
pos compofto à infiancia dos Vereadores defia
Cidade. M. S.
Precedência de Portugal a Nápoles e Ara-
gão. Eíla obra he muito douta a qual re-
meteo ao grande antiquário Manoel Seve-
rim de Faria Chantre de Évora, e fe con-
ferva na Livraria do Excellentiffimo Conde
de Vimieiro.
Thet^attrus Sanãonim hujitanorum Ó^ viro-
rum illujlrium. foi. M. S.
Summarios de todas as Doapens, e Chan-
cellarias da Torre do Tombo que comprehen-
diaõ vinte livros. Eíla laboriofa colleçaõ
venderão os feus herdeiros ao Efmoler Mòr
António Tavares Cónego de Mafra na Ca-
thedral de Lisboa de que muito fe valeo para
a Illuíbraçaõ que fez ao Nobiliário do Conde D.
Pedro. Deíles Summarios conferva hum Extrato
da letra do mefmo Louzada o Duque de Ca-
daval Eftribeiro Mór. Outro conferva o P.
D. António Caetano de Souza em três Tomos
que foraõ de Manoel Severim de Faria Chan-
tre de Évora, e celebre Antiquário.
GASPAR ALVARES VEYGA natu-
ral de Freixo de Efpada a cinta em a
Província da Beyra, e celebre profeíTor
de Humanidades, e Mellre da lingua La-
tina em a Univerfidade de Salamanca, cujos
preceitos para utilidade publica reduzio a
hum compendiofo methodo do que teve
por exemplar ao noíTo Frandfco Martins
Cathedratico de Latim na mefma Univer-
fidade como confelía no Prologo da obra,
que publicou da qual vimos hum exem-
plar na Livraria de Ignacio de Carvalho,
e Souza Cavalleiro profeíío da Ordem de
Chriílo, e Académico Real de quem fare-
mos mençaõ em feu lugar, cujo titulo he o
feguinte.
Dios con tu ajuda. Comiença el exercido
de principiantes en la facultad de la lingua
Latina Jacado de los mejores authores antigos
para mayor comodidaA, y provecho de los que
aprenden efia Facultad. Salamanca en la Of-
ficina de Sufana Munos. 1619. 8. Foy
preterido por Nicolao António na Bib.
Hifpana.
P. GASPAR DO AMARAL natural do
lugar da Corvaceira termo da VUla das
Chans Confelho de Tavares em o Bifpado
de Vifeu, e filho de Diogo Fernandes do
Amaral, e Domingas Francifca. Ainda naõ
tinha entrado na idade da Adolefcencia quan-
do recebeo a roupeta da Companhia de JE-
SUS em o Noviciado de Coimbra em o
primeiro de Julho de 1608. onde fe diftin-
guio dos feus companheiros aíTim na cul-
tura das virtudes, como no progreíTo dos
eíhidos fahindo infigne Humaniiia, Filofofo,
Theologo, e Pregador. Depois de enfinar
a lingua Latina nos Collegios de Braga,
Coimbra, e Évora ao tempo que eítudava
a Sagrada Theologia pedio com repetidas
inftancias que o mandaíTem à índia para
onde partio no anno de 1623. em compa-
nhia do Patriarcha Affonfo Mendes. Che-
gando a Goa paíTou a Macao donde par-
tio para a Cochinchina, e voltando por for-
ça de huma tormenta para Macao foy man-
dado a Tumquim por Superior daquellaMif-
faõ na qual pelo efpaço de fete annos que
nella aíTiftio fe bautizaraõ mais de quaren-
ta mil almas. Foy Provincial do Japaõ, e
China, e Reytor do CoUegio de Macao. Vol-
tando fegunda vez a Tumquim com o de-
zejo de lucrar mais fiilhos ao grémio da
Igreja Catholica naufragou infauftamente a
23. de Dezembro de 1645. Por fer muito
intelligente na Ungvia Japoneza a que fe
aplicou com grande difvelo, compoz.
332
B IB LIO THECA
Diccionario da língua Annamitica. Defta
obra fa2 mençaõ o Padre Alexandre de
Rhodes no Prologo do Diccionario Annamitico
hatino, e Vortuguev^ que fahio Roma; Typis
de Propaganda Fide 165 1. 4. dizendo alio-
rum etiam ejufdem Societatis Vatrum lahorihus
Jum ujus pracipue P. Ga/paris de Amaral, (Ò"
P. Antontj Barbo/a, qui ambo fuum compofuere
Diccionarium tile lingua Annamitica &c. Fa-
zem memoria delle o Padre Franco Ann.
glorio/. S. J. in hujit. p. 751. e na Imag. da
virtude em o Noviciad. de Coimb. Tom. 2.
liv. 4. cap. 20. onde tranfcreve parte de três
Cartas fuás.
Fr. GASPAR DE AMORIM filho de
Francifco Velho, e Perpetua de Amorim na-
ceo em Lisboa, e no G^nvento pátrio de
Nofla Senhora da Graça recebeo o habito
de Erimita Auguftiniano que profeíTou a 18.
de Dezembro de 1596. Depois de fahir
cgregiamente inílruido nas Faculdades de
Filofofia, e Theologia partio para a ín-
dia no anno de 16 10. onde pela madu-
reza do juizo, e obfervancia do inftituto
foy Prior do Convento de Goa, Vigário
Geral da Congregação, Deputado da In-
quifiçaõ daquelle Eftado, de que tomou
poflc a 10. de Outubro de 1644. Fun-
dador do Seminário de S. Guilherme, e
Juiz das Ordens Militares na fegunda inf-
tancia. Falleceo na Cidade de Goa a 7.
de Agofto de 1646. Publicou.
SermàÕ funeral em as exéquias do llluf-
trijftmo, e Keverendijftmo Senhor D. Fr. Alei-
xo de Meneses Arcebijpo de Goa Primas,
e Governador da índia depois Arcebijpo, e
Senhor de Braga Primas da Efpanha Vice-
Key de Portugal &cc. mandadas celebrar em
Cochim pelo llluftrijftmo Senhor D. Diogo Cou-
tinho Capitão, e Governador da dita Cidade no
anno de 161 8. Lisboa por Pedro Craesbeeck.
162c. 4.
Sermão em o Auto da Fé que na Cidade de
Goa celebrou o muito illufire Senhor Inquijidor
António de Faria Machado em 16. de Agof-
to de 1656. Lisboa por Ant. Alvres. 1637. 4.
SermàÕ em a Jolemne celebração dos pro-
diffov^s milanês, qtte Cbrijlo Senhor Nojfo
obrou em hum Crucifixo, que eftâ fobre o arco
do Coro do injiffie, e mtáto obfervante Convento
de Santa Mónica de Goa anno 1636. Lisboa
por Paulo Craefbeeck. 1647. 4.
Pro^efjos da Congregação dos Erimitas de
Santo Agoftinho da índia, e das acçoens mais
memoráveis dos religiofos delia. M. S. foi.
GASPAR DOS ANJOS Natural de
Coimbra Cónego fecular da florentiíTima Con-
gregação do Evangeliíla, cuja murça recebeo
no Convento de Villar de Frades a 20. de
Abril de 1650. O perfpicas engenho que
tinha para as letras o fez digno de que
foíTe admetido ao numero dos Doutores da
Uiiiverfidade de Coimbra conferindo-lhe o
grão em 31. de Julho de 1670. D. Luiz de
Souza que da Cadeira primaria da Theolo-
gia fubio à primacial de Braga. Foy Quali-
ficador do Santo Officio, e Provedor do
Hofpital das Caldas onde falleceo com mais
de 80. annos de idade a 20. de Fevereiro
de 1720. Compoz.
Sermão na CanonifaçaÕ do Glorio/o S. Fran-
cifco de Borja pregado no primeiro dia do Jeu
Outavario de tarde no Real Collegio de Coim-
bra da Companhia de JESUS da Univerjtdade
de Coimbra. Coimbra por Thome Carvalho
ImpreíTor da Univerfidade 1672. 4.
Sermão do Doutor da Igreja S. Jerónimo
no Jeu Collegio de Coimbra. Ibi pelo dito im-
preflbr, e no mefmo anno. 4.
Fr. GASPAR DE ANSAM Cujo apel-
hdo denota a fua pátria íituada em o
Bifpado de Coimbra, Monge Ciftercienfe
em o Real Convento de Alcobaça. Dei-
xou efcrito.
Varii Sermones Sanãorum. foi. M. S.
GASPAR ANTÓNIO Poeta infigne co-
mo fe manifeíla na Egloga em que faõ
interlocutores Menandro Hergaílo, Lizan-
dro, c Argeo que efta no Cancioneiro de
que foy Colleílor o P. Pedro Ribeiro
efcrito no anno de 1577. c fe conferva
M. S. na Bibliotheca, que foy do Car-
dial de Souza. Começa a Egloga que
coníla de nove folhas.
L USITAN A.
.333
Fuy à'antre o Domo, e Minho defterra-
do &c.
GASPAR DE S. ANTÓNIO Natural
de Lisboa Cónego Secular da Congregação
do Evangelifta onde pela fua grande pru-
dência foy Reytor dos Conventos de Ar-
rayolos, Évora, e Lisboa, e Vizitador Ge-
ral. Teve bom talento para o púlpito em
cujo minifterio alcançou aplauzo. Falleceo
I no Convento de Santo Eloy de Lisboa a 3.
I de Agoiio de 17 10. Traduzio da lingua Ita-
I . liana em a Caílelhana nas quais era muito
' intelligente, a feguinte obra, que fahio pof-
thuma.
Lm àichoja peregnna fegimdo Apocalypse de
Dios, Embaxatrii^ dei Cielo Santa Brígida de
Suécia, Princesa de Nericia. Lisboa por An-
tónio Pedro2o Gabraõ. 171 4. 4.
Fr. GASPAR DA ASCENSAM alumno
da Ordem Dominicana, e iníigne Theo-
logo como o intitulaõ Echard Script. Ord.
Prad. Tom. 2. pag. 457. col. 2. e Mon-
teiro Clauftr. Dofíiin. Tom. 5. pag. 221.
Na Armada expedida no anno de 1624.
para reílaurar a Bahia de todos os San-
tos partio fendo ConfeíTor de D. Affonfo
de Noronha Confelheiro de Eílado, que
com outros Fidalgos foy o gloriofo inf-
trumento da recuperação daquella Capital
da America ao dominio Portuguez. Cele-
broufe com feílivas demoníbraçoens na Ca-
thedral da Baliia taõ famofo triumfo a
5. de May o de 1625. fendo eleito para
Orador deíla plauíivel folemnidade Fr. Gaf-
par dando (como delle efcreve o Padre
Bartholomeu Guerreiro Jomad. dos Vaffal.
da Cor. de Portug. cap. 38.) a todos jin-
^lar fatisfaçaõ de fuás letras, reliffad, e
talento obrigando a reconhecer a ^ande mercê
divina, e que poSaÕ ejperar vitorias de ou-
tras empreitas, fojeiçaõ dos inimigos, e gloria
das Coroas de Portugal. Para que foíTe pa-
tente a todo o mundo a eloquência def-
ta Oraçaõ Evangélica fahio à luz publica
com efte titulo.
Sermão na Sé da Bahia de todos os
Santos na Cidade do Salvador na primeira
Mijfa, que fe dijfe quando J'e deraÕ as pri-
meiras ^aças publicas entrada a Cidade pela
vitoria alcançada dos Olandejes a ^. de May o
de 1625. Lisboa por Giraldo da Vinha. 4.
fem anno da impreíTaõ.
Da obra, e do author fe lembraõ loan.
Soar. de Brito Theatr. L.ujit. Liter. Ut. G.
n. 12. e o moderno addicionador da Bib.
Occid. de Ant. de Leaõ Tom. 2. Tit. 24.
col. 858.
GASPAR BARREYROS Naceo em a
Cidade de Vifeu onde teve por Pays a Ruy
Barreiros de Sexas, e Maria de Barros ir-
maã do iníigne Hiftoriador Joaõ de Barros
de igual nobreza à de feu conforte. Sendo
provido em hum Canonicato da Cathedral
da fua pátria na idade de nove annos, era
tal o dezejo que tinha de fazer progreíTos
nas fciencias, que defprezando os emolu-
mentos do beneficio igualmente honorifico,
que rendofo, paííou à Univerfidade de Sa-
lamanca onde fahio eminentemente iníbruido
nos preceitos da Rhetorica, obfervaçoens da
Mathematica, e dificuldades da fagrada Theo-
logia, e Direito Pontificio. Ornado de tan-
tos dotes fcientificos o admitio por feu
criado o Infante D. Henrique fazendo o
Fidalgo da fua Caza em que aíTiiiio pelo
efpaço de vinte e finco annos com tanta
madureza de juizo, e integridade de vida
que conciliou as eílimaçoens da Raynha D.
Catherina mulher de D. Joaõ o III. e das
Infantas D. Maria, e D. Izabel, como tam-
bém a amizade dos mais celebres varoens
daquella idade entre os quais fe diílinguiaõ
André de Refende, e Jorge Coelho hxim
Orador, e outro Poeta infigne. Sendo cria-
do Cardeal o Infante D. Henrique pela fan-
tidade de Paulo III. a 16. de Dezembro de
1545. o mandou em o anno feguinte por
feu Embaxador gratificar ao Summo Pon-
tífice a dignidade Cardinalifia a que fora af-
fumpto. Por alguns annos refidio na Cúria
com o lugar de Agente dos negócios defta
Coroa onde contrahio grande familiaridade
com os Cardiaes Pedro Bembo, e Jacobo
Sadoleto eminentes aífim em a dignidade
como na eloquência venerando felismente
unidas na fua peíloa a vafta inílruçaõ, e
profunda notícia das fciencias amenas, e fe-
334
BI B LIO THE CA
veras. Reftituido a Portugal obteve por li-
beralidade Pontifícia hum Canonicato em a
Cathedral de Évora de que tomou pofle a
6. de Abril de 1549- onde reébmente admi-
niílrou o Ofíicio de Inquifidor contra a
herética pravidade. Penetrado das vozes do
apoftoUco efpirito de S. Francifco de Borja
G^rniíTario Geral da Sagrada Companhia de
Jefus em ambas as Efpanhas, que à inílan-
cia do Cardial D. Henrique pregou as Do-
mingas da Quarefma em a Cathedral de
Évora, renunciou o Canonicato em feu ir-
mão Lopo de Barros, que aíTiftia com feu
Tio o IlluílriíTimo Bifpo de Leiria D. Fr.
Braz de Barros, do qual tomou poíTe a 12.
de Outubro de 1560. e acompanhando aquelle
Santo Varaõ até a Cidade do Porto fe re-
folveo a abraçar o inílituto que elle pro-
feflava. Para efeito de taõ virtuofo intento
depois de fazer o feu Teftamento no mez
de Junho de 1561. partio com o Santo
Borja para Roma onde chegou a 7 de Se-
tembro do referido anno. No principio
de Outubro recebeo a roupeta de Jefui-
ta onde fomente permaneceo fete mezes
lembrado de ter feito voto de fer religiofo
de S. Francifco. Recorrendo à Santidade
de Pio IV. lhe ordenou que para cumpri-
mento do voto fe aliílaíTe na Familia Se-
rafíca em qualquer Província, ou Convento
que elegeíTe, e profeíTafe antes de acabar
o anno da aprovação como elle pediíTe.
Com efte apoftolico indulto recebeo o pe-
nitente habito do Serafim humano em o
Convento de Ara Cseli em huma 5 feira
30 de Abril de 1562., e profeíTou folemne-
mente quando contava 18. dias de Noviço
a 17 de Mayo que era Dominga de Pente-
coftes mudando o nome que tinha no fe-
culo em o de Fr. Francifco da Madre de
Deos. Informado o Pontífice da grande
fciencia que tinha da Cofmografia lhe orde-
nou reviíTe, e emendaíTe os defeitos dos
Mappas que eftavaõ pintados em huma fump-
tuoza Sala, que mandara edificar em que
fc reprezentava a Cofmografia do Univerfo
conforme as Taboas de Ptolomeu. NaÕ
aífiftio em a Provinda Romana mais que
dous annos incompletos, porque fendo in-
corporado em a de Portugal pelo Miniílro
Geral Fr. Angelo de Sambuca a 25 de Abril
de 1564. fe reftituhio a efte Reyno por
infinuaçoens do Cardeal D. Henrique, e
delRey D. Sebaftiaõ. Depois de diólar
Theologia Moral em o Convento de Alan-
quer, c Santarém foy obrigado por cauza de
graves moleftias paíTar para Vizeo onde ef-
perava por beneficio dos ares pátrios ali-
vio às fuás queixas porém naõ experimen-
tando a dezejada faude, morou alguns annos
em o Convento de Lamego, e ultimamente
em Ferreirim donde foy chamado em o
anno de 1574. para continuar as Déca-
das da índia, que deixara incompletas feu
Tio materno o grande Joaõ de Barros
porém atenuado de annos, e achaques
naõ pode fatisfazer ao preceito real. Re-
tirado ao Convento de S. Francifco de
Orgens diftante meya legoa da fua pá-
tria faleceo piamente a 6 de Agofto de
1574. O feu nome exaltaõ diverfos Ef-
critores como faõ Mirarus de Script. Ecclef,
Saecul. 16. cap. 9. omnis antiquitatis, atqut
etiam Geographia infigtiter peritus. Cunha Hijl.
Ecclef. de Brag. Part. i. cap. 42. n. 2. dou-
tijfimo e Part. 2. cap. 80. n. 7. Pejfoa bem
conhecida por fua muita erudição: Fr. Daniel
à Virg. Mar. Specul. Carmelit. Part. 3. de vi-
ris illufirih. lib. 3. n. 3174. eruditis libris notij-
Jimus. Marinh. Fundac. de Lisboa lib. 2. cap.
22. Nas partes da Khetorica mojlra feu vivo-
engenho, e grande erudição Scoto Hifp. Bibliotb.
pag. 477. latine, €>* omnis antiqtatatis e^efft
doãus, pracipue Geographia. D. Franc. Ma-
noel. Cart. dos A A. Portug. ao Doutor
Themudo eminentijfimo no efludo das Anti-
guidades, e nas Epanaf. de Var. Hiji., pag.
213. eminentijfimo antiquário, Severim Difc.
var. foi. 36. Verf. concorria nelle muitas
letras, e engenho. Franckenau Bib. Hifp. Ge-
neal. Herald, pag. 157. vir hifloria, anti-
qmtatumque patriarum peritijjimus. Morales Hift.
Gen. de Efpan. liv. 10. cap. 31. chaman-
do-lhe erradamente Fernando, hombre de
ff^an noticia de Antiguidad y de deligencia
notable en averiguala. Joan. Soar. de Brit.
Theatr. Ltifit. Utter. lit. G. n. 13. vir
in antiquitatibus verfatijfimus. Nicol. Ant. Bib.
Hifp. Tom. I. pag. 398. col. 2. virum-
eruditionis non vulgaris. Fr. Fernando da
L USITANA.
Soled. Hiji. Seraf. da Prov. de Vortug. Part.
5. cap. 18. n. 122. VaraÕ injigne. O mo-
<lerno addicionador da Bih. Geograf. de Ant,
Ae LeaÕ Tom. 3. Tit, unic. col. 1324. muy
doão. Fr. Joan. a D. Ant. Bib. Francifc.
Tom. I. pag. 403. col. 2. Compo2.
Chorographia de alguns lugares que ejlaõ em
hum caminho que fej^ Ga/par Barreiros o anno
de M.D.XXXXVI. começando na Cidade de
Badajos te à de Milam em Itália. Coimbra
por Joaõ Alvres imprelTor da Univeríidade
1561. 4. Efta obra foy compoíla à inílan-
cia de feu Tio materno o infigne Joaõ de
Barros querendo inílruirfe da íituaçaõ de
algumas terras por onde caminhara Gaf-
par Barreiros para a compoíiçaõ da Geo-
grafia, que meditava publicar. Foy im-
preíTa por deligencia do Doutor Lopo
<ie Barros do Dezembargo delRey, e Có-
nego da Sé de Évora irmaõ do author,
e a dedicou ao Cardial D. Henrique. ¥a-
moja Geografia lhe chama D. Franc. Man.
na Cart. 62. da Cent. 3. das fuás Cartas
Familiares. Deíla obra fez author Fr. Pe-
-dro Monteiro Claujlr. Dom. Tom. 3. pag.
221. a Fr. Gafpar de Barros com ma-
nifefta equivocaçaõ aíTim no appellido do
Efcritor como no titulo da obra efcre-
vendo Barros por Barreiros, e Itinerário
■de Beja fendo de Badajos, o qual nunca
profeíTou o inílituto da Ordem dos Pre-
gadores.
Commentarius de Ophyra Regione apud di-
vinam fcripturam commemorata unde Salomo-
ni Judaorum Kegi inclyfo ingens auri, argen-
ii, gemmarum, eboris aliarumque rerum copia
apportabatur. Efte Tratado que intitula ce-
leberrimo o Licenciado Jorge Cardozo Agiol.
iMJit. Tom. 2. pag. 727. no Coment.
de 27 de Abril letr. A. Sahio primei-
xamente Conimbricae apud Joannem Al-
varum Typ. Reg. 15 61. 4. Dedicado pelo
Author a ElRey D. Joaõ o III. V. Kal.
Decemb. que he a 27. de Novembro
<io anno M. D. L. Como eíle Monar-
cha morrefle antes de fahir impreíTa eJfta
obra a dedicou novamente a feu Neto
ElRey D. Sebaftiaõ em Évora VI. Kal.
Maii que faõ 26 de Abril. M.D.LX. Sa-
hio reimpreíía com os Commentarios. Au-
335
guftini Canifii de Ijocís Sacra Scriptura, et
Quinquagena Antonii Nebrijfenjis. Antuerpiae
apud hasredes Joannis Belleri 1600. 8. e
no livro intitulado Novus Orbis, idejl. Na-
vigationes prima in Americam. Roterodami
per Joannem Leonardum Berewout. 161 6.
8. et Amftelodami apud Joannem Janf-
fonium 1623. 8. e no livro Ifaaci Pon-
tani Difcujfiones hiftorica. Hardervici apud
Nicolaum Wieringem 1637. 8. e no Tom.
6. Critic. Sacr. Francof. apud Balthefa-
rem Chriítophorum Wuílii 1696. foi. def-
de pag. 459. até 480. Defta obra fazem
mençaõ Carol. Jozeph Imbonati Bib. Lat.
Heb. pag. 362. n. 11 12. e Jacob. Le
Long. Bib. Sacr. pag. mihi 626. col. i.
Cenjuras fóbre quatro livros intitulados em
M. Porcio Catam de Originibus; em Be-
ro/o Chaldao; em Manethon JEgyptio, e em
Q. Fábio Piãor Romano. Coimbra por loaõ
Alvares ImpreíTor da Univerfidade 1561.
4. Dedicado ao muito Reverendo Padre
Fr. Marcos de Bethania Meílre em San-
ta Theologia da Seráfica Ordem dos Me-
nores em Évora a 8 de Abril de 1557.
Eíle he Fr. Marcos de Lisboa Chroniíla
da Ordem Seráfica que depois foy af-
fumpto a Bifpo do Porto. Eftas Cenfu-
ras tinha feu author principiado a efcre-
ver na lingua Latina, e fomente a que
fez fobre Berozo publicou neíle idioma,
e a dedicou ao Cardial António Amulio
do Titulo de S. Marcello em 24. de Ju-
lho de 1563. como já diíTemos. Sahio
com eíle titulo.
Cen/ura in quemdam author em, qui fub falfa
Beroji Chaldai infcriptione circumfertur. Romac.
fem anno da impreílaõ. 4. e Edelbergas Ty-
pis CommeUanis. 1598. 8.
Todas eílas quatro Cenfuras verteo em
Latim André Scoto, e fe publicarão na fua
Hifp. Biblioth. defde pag. 386. até 442.
Carta efcrita de Roma a 12. de Novem-
bro de 1547. a ElRey D. Joaõ o III. Sahio
na HiJi. Ecclef. de Braga do Illuílrifrimo Cunha
Part. 2. cap. 81.
Vita D. Francijci. Deíla obra faz men-
çaõ na Dedicatória a Fr. Marcos de Lis-
boa dizendo. JE Je nefta parte o achar
taõbem defenfor, como efpero, e tenho por
336
BIB LIO TH E C A
muy certo, que terá, lançarey também entam
à Jua conta a pubricaçam da vida do glo-
riofo, e Seráfico Padre San£í. Frãcifco, que
em hatim à muitos annos tenho começada,
e mu^ cedo ejpero acabar. Defta obra fe
lembraõ o mefmo Fr. Marcos de Lis-
boa no Prologo da 2. Parte da Chron.
de S. Francifco, e D. Franc. Man. na
Cart. I. da Cent. 2. das Cartas Familiar.
onde o intitula diligentijfimo.
Verdadeira Nobret(a, ou Unhagens anti-
gas de Portugal M. S. Defta obra faz
elle memoria na fua Corographia foi 68.
e delia fe lembraõ Gafpar Eftaço Anti-
guid. de Portug. cap. 53. pag. 193. e
200. Ambrozio de Morales Hiji. Ger. de
Efpan. liv. 10. cap. 31. André de Re-
fende Epijl. ad Barthol. Cabbed. foi. 33.
e Cardozo Agiol. L^Jit. Tom. 3. pag.
72. no Coment. de 4 de Mayo let. B.
Foy compofta por ordem do Cardial D.
Henrique, e a confervava em feu poder
Manoel de Azevedo de Barros fobrinho
do author como efcreve o infigne anti-
quário Manoel Severim de Faria Not. de
Portug. Difc. 3. §. 18. Joaõ Pinto Ri-
beiro Cart. da Nobre^- de Portug. e /eus
privilégios pag. 9. afirma que por infeli-
cidade dejle Rejno naõ fahio á lu:(^ fendo
a cou\a mais douta que nejla matéria fe ej-
creveo.
Geografia da antigua Ljifitania. M. S.
Obra certamente muito laboriofa a qual
ficou imperfeita fendo a ultima terra que
defcreve a Villa de Tentúgal que feguia
fer Concórdia, e difcrepava, muitas ve-
zes das opinioens do grande Refende com
boas conjedhiras. Confervafe na Livraria
do ExcellentiíTimo Conde de Vimieiro.
Annotaçoens a Ptolomeo. Defta obra o faz
author Fr. Fernando da Soled. HiJl. Seraf.
da Prov. de Portug. Part. 5. liv. i. cap. 18.
n. 126.
DefcripçaÕ do Egypto. M. S.
Carta conjolatoria efcrita em Roma a 4. de
Dezembro de 1563. á Infanta D. Maria a cerca
da morte do Infante D. Duarte feu irmaõ.
Carta efcrita em Santarém a z6 de Julho
de i^ 67. a Damião de Góes fobre a Afcenden-
cia da Familia dos Manoes. O P. D. António
Caetano de Souza Appar. á Hifl. Gen. da
Ca^. Real Portug. pag. 36. §. 12. afirma que
a lera, e era digna de feu author, como taõ-
bem confervar em feu poder hum Nobiliário
do mefmo Barreiros copiado por António
de Aureu, e Caftellobranco.
Obfervaçoens Cofmograficas de muitos luga-
res marítimos de Efpanha com todos feus cam-
pos, e promontórios. M. S.
Homilia fobre as palavras do Ejfangelho Angc-
lus Domini apparuit in fomnis Jozeph. M. S.
Egloga pafioril em louvor da Infanta D. Ma-
rta.
Fr. GASPAR BARRETO filho natural
de Jerónimo Barreto Cavalleiro da Ordem
militar de S. Joaõ de Malta, e defcendente
da familia dos Barretos Senhores de Frei-
riz, e Penagate naceo na Cidade do Porto
a 3 de Mayo de 1661. Recebeo a cogulla
do Príncipe dos Patríarchas no Convento de
S. Martinho de Tibaens Cabeça da monaf-
tica Congregação Benediftina a 3. de Fe-
vereiro de 1678. onde pelo grande progref-'
fo que fez nas letras foy laureado Doutor
na Univerfidade de Coimbra, Reytor do Col-
legio da Eftrella, Abbade do Convento de
Lisboa no anno de 1707. e do CoUegio
de Coimbra em 171 9. Procurador Geral
nefta Corte, e na Cidade de Braga. Pek
profunda noticia, e vafta liçaõ que tinha
da Hiftoria Sagrada, e profana foy eleyto
Chronifta da SereniíTima Caza de Bragan-
ça, e Académico fuprenumerario da Aca-
demia Real da Hiftoria Portugueza. Cul-
tivou as Mufas com felicidade, naõ fen-
do menos perito no efliado da Genealo-
gia, e plauzivel na converfaçaõ fempre
difcreta, e jovial. Morreo no Convento
de Tibaens a 9 de Fevereiro de 1727.
com 66 annos de idade, e 49. de Reli-
gião. Delle faz memoria entre os milho-
res Genealógicos o P. D. António Cae-
tano de Souza Apparat. ã Hifl. Geneal.
da Cav^. Real Portug. pag. 156. §. 187.
e nas advert. e adifoens á mefma Hiftoria
pag. 8. no fim do Tom. 8. Compoz.
Vtda de D. Jayme Duque de Bragança.
foi. M. S.
Portugal Renacido. Poema de 12 can-
L USITAN A.
tos em 4. de que he argumento a Acla-
mação do SereniíTimo Rey D. Joaõ IV.
M. S.
Efpenero Vortuguei^. 3. Tom. foi. M. S.
Efte titulo allude à obra intitulada Theatrum
Nobilitatis Europa compofto por Filippe Ja-
cobo Spenero. Confta de 18. Vol. de folha,
dos quais íinco perfeitamente acabados con-
ferva D. Joaõ de Menezes Senhor da Caza
da Barca com quem o author tinha paren-
tefco.
Genealogia da Vamilia dos arretas Senho-
res de FreiriZ) e Penegate com a Genealoffa das
famílias com quem fe aparentarão até os Chefes
delles com as armas de que ut(aÕ. Conferva-fe
em poder do P. Fr. Marcelliano da Afcen-
íaõ Monge de S. Bento. foi.
Arvores Genealógicas que chegaõ ao numero
de 306. as quais conferva o referido Monge.
Diccionario de Nomes latinos exquifitos que
Je naõ achaõ na Profodia do Padre Bento Pe-
reira, foi. M. S.
GASPAR DE BARROS VELHO. A
profunda fciencia dos Sagrados Cânones em
que tinha recebido o grão de Licenciado
em a Univeríidade de Coimbra, como a in-
tegridade dos cuíhimes o conílituhiraõ digno
de que o IlluílriíTimo Arcebifpo de Évora
D. Theotonio de Bragança verdadeiro exem-
plar de Prelados o nomeaíTe naõ fomente
feu Vigário Geral, mas Penitenciário em a
Cathedral de Évora, e como quizeíTe que
cfte lugar tiveíTe a preeminência de Digni-
dade foy determinado pela Congregação dos
Emniinentiflimos Cardiaes naõ fer mais que
hum Cónego Prebendado, de cujo lugar
por naõ vagar Prebenda alguma em que
foUe provido efteve efperando até 6. de
Abril de 1610. em que tomou poííe por
Vacatura do Cónego Jerónimo de Al-
meyda. Falleceo em Évora no primeiro
de Julho de 16 14. com 59. annos de ida-
de, e jaz fepultado na Cathedral. Com-
poz.
De percujforibus Clericorum, ó^ aliarum per-
Jmarum Ecclefiajiicarum tribus libris difiinãum.
foi. M. S. Conílava de 65. cadernos de
finco folhas cada hu como afirma o Licen-
ciado Francifco Galvaõ Maldonado nas Nlem.
ÒÒJ
pêra a Bib. Portug. por lho moftrar feu au-
thor em 14. de Abril de 1608.
Fr. GASPAR DE S. BERNARDINO
natural de Lisboa filho de Simaõ Rodrigues,
e Maria Rodrigues. Recebeo o habito Se-
ráfico em o Convento de S. Francifco de
Leyria a 24. de Mayo de 1592. e a 25. do
dito mez do anno de 1393. profeíTou folem-
nemente os votos religiofos. O ardente zelo
da falvaçaõ das almas o impeUio a preferir
o laboriofo exercido de Miflionario em as
Regioens Orientaes ao fuave defcanfo que
lograva na pátria para a qual voltando
no anno de 1605. em companhia de ou-
to religiofos padeceo o mais horrivel nau-
frágio em a Ilha de S. Lourenço fer-
vindo de pafto a infaciavel cobiça dos
Gentios todas as riquezas que traziaõ os
Portuguezes. Levado a Mombaça deter-
minou vizitar os lugares da PaleíHna fan-
tificados pelo Redemptor do mundo, e
tendo paflado a Melinde furgio em hum
porto de Cafres medonhos no afpeâo, e
piratas por Offido. Na Ilha de Patê foy
benevolamente recebido pelo feu Prindpe,
experimentando femelhante agazalho em
a Cidade de Ampaza do feu Soberano.
Navegando pela Coíla de Africa chegou
ao cabo de Guardafií, que defronta com
a Ilha de Socotorá, e atraveíTando o mar
vermelho obfervou com judiciosa curio-
íidade algumas Ilhas fituadas na Arábia.
Ao entrar pelo golfo da Perfia experi-
mentou taõ formidável temporal, que quaíi
fe vio engolido das ondas do qual efca-
pando foy aportar a Ormus donde come-
çou a jornada por terra para Jerufalem de-
zejada baliza das fuás devotas andas. Em
Babilónia defcanfou alguns dias nas Ribei-
ras do Rio Eufrates hum dos quatro que
defcorriaõ pelo Paraizo Terreal, e embar-
cando-fe em Chypre em huma fragata Ve-
nefiana aconteceu, que fendo abrazados ou-
to homens pela violenda de finco rayos
foíTe caufa eíle trágico fuceíTo para que
converteíle a hum Turco, e hum Gen-
tio à verdadeira Religião. Venddos com
fumma conftancia, e tolerados com he-
róica padencia tantos trabalhos, e mo-
338 B IB LIO THE C A
leftias pelo eípaço de hum anno chegou to de Alcobaça em o anno de 1682. e jaz
a Chypre a 14. de Fevereiro de 1606. don- fepultado na Caza do Capitulo. Compoz.
de entrou em Jerufalem viíitando devota- Traãatus de Fide, e Spe.
mente aquelles lugares que tinhaõ fido thea- de Incarnatione.
tros dos exceflbs do Amor divino em bene- de Trinitaíe.
fício dos homens de cuja fuavc contempla- de Grafia.
çaõ recebeo o feu efpirito as mayores con- de Eíuhariftia.
folaçoens. Tendo defcorrido por Veneza, Todas eftas matérias fendo digniíTimas
Otranto, Nápoles, Sardenha, defembarcou de luz publica a merece como mayor en-
em Denia donde paíTando por Gandia, Va- tre ellas.
lença, e Madrid entrou em Lisboa, e no De Jenfihus facra Scriptttra. foi. M. S.
Convento de S. Francifco afliílio até que onde com fubtil inveftigaçaõ, c profunda
foy chamado a receber o premio dos feus intelligencia penetra, e expõem os myílerios
apoftolicos trabalhos. De taõ larga, e peri- mais ocultos de hum, e outro Teftamento.
gofa perigrinaçaõ efcreveo por ordem da Todas eftas obras fe confervaõ M. S. no
SereniíTima Raynha D. Margarida de Auf- CoUegio de S. Bernardo de Coimbra,
tria, a quem narrou parte dos feus fucef-
fos, a obra feguinte, que publicou com efte Fr. GASPAR CAMPELLO natural de
titulo. Lisboa, e Religiofo da Ordem Carmelitana
Itinerário da índia por terra até o R^- cujo inftituto profeflbu no Convento da fua
no de Portugal com a difcripçaõ de Hieru- pátria a 24. de Junho de 1567. Exercitou
falem. Lisboa por Vicente Alvres. 161 1. 4. com grande prudência os lugares de Defi-
Fazem memoria da obra, e do author nidor eleito no Capitulo celebrado no Con-
Ant. de Leaõ hih. Orient. Tit. 2. Joan. vento de Moura a 12. de Dezembro de
Soar. de Brit. Theatr. Lsifit. Utter. lit. G. 1598. Sócio, e Secretario do Provincial Fr.
n. 14. Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. Thome de Faria depois Bifpo de Targa;
398. c 407. Fr. Fernando da Soledad. Hijl. Prior dos Conventos de Moura, c Évora,
Seraf. da Prov. de Portug. Part. 3. liv. i. e Meftre dos Noviços do Convento de Lis-
cap. 21. e Part. 5. liv. 2. cap. 26. e Fr. boa. Foy perito na Arte de Mufica, e jun-
Joan. à D. Ant. Bib. Franc. Tom. 2. cap. tamente verfado nas Cerimonias Ecclefiaf-
8. col. 2. ticas compondo.
Procefftonarium Ordinis Carmelitarum Pro-
Fr. GASPAR BRANDAM natural da vincia iMJitana. Ulyffipone apud Petrum Cras-
Villa de Alcobaça Solar illuftre de infignes Va- beeck. 1610. 4.
roens defte apellido, fobrinho de D. Fr. An- Morreo com fumma piedade em o Con-
torno Brandão Arcebifpo de Goa, e do Dou- vento de Lisboa em o anno de 1662. Delle
tor Fr. Francifco Brandão Chronifta Mór do faz memoria Fr. Manoel de Sà Mem. Hiftor.
Rcyno ambos Monges Ciftercienfes, cujo fa- dos EJcrit. do Carm. da Prov. de Portug.
grado inftituto recebeo no Convento de cap. 37. p. 167.
S. Joaõ de Tarouca a 24. de Janeiro de
1642. e profeíTou folemnemente a 28, do P. GASPAR CARDOSO natural da Vil-
dito mez do anno feguinte. Tendo diâa- la da Fronteira cabeça de Marquezado em a
do aos feus domefticos as principaes ma- Provinda Tranftagana filho de André Cardozo,
terias da Theologia Efcolaftica, e Pozitiva e Ignez Fernandes, e Religiofo da Companhia
recebeo as infignias Doutoraes na Univer- de Jefus, cuja roupeta recebeo em o Noviciado
fidade de Coimbra onde foy Conduâario de Évora a 2j. de Dezembro de 1J77. quan-
provido cm 30. de Julho de 1677. c Lente do contava dezoito annos de idade. En-
da Cadeira de Durando em que deu a co- finou por grande efpaço de tempo letras
nhecer a viveza do feu engenho, c profun- humanas cm que era infigne. A modcf-
didade do feu talento. FaUeceo no Conven- tia cxtehor eia claro teftemuoho das vir-
L US ITAN A.
339
tudes, que praétícava pelas quais era mui-
to eítímado pelo Illuíkiírimo Arcebifpo de
Évora D. Theotonio de Bragança levando-o
fempre por companheiro quando vizitava a
fua Diocefe. Depois de ter íido Reytor do
Collegio da Ilha da Madeira, e Procurador
Geral delia Província em a GDrte de Ma-
drid fe recolheo ao Q)llegio de Évora onde
piamente acabou a vida a 23. de Setembro
de 1658. com quaíi outenta annos de idade.
Delle fe lembraõ a Bib. Societ. pag. 275.
col. I. Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag.
400. col. I. Joan. Soar. de Brito Tbeatr.
Lufit. LÀtter. lit. G. n. 15. Franco Imag.
da Virtud. em o Novic. de Evor. pag. 865.
e Foncec. Evor. Glorio/, pag. 431. Com-
poz.
Medita^oens para todos os dias do Anno.
M. S.
Calendário V>jomano para re^ar as Horas Ca-
naúcas, e celebrar o Sacro/anão Sacrifido da
Mijfa M. S.
GASPAR CARDOSO DE SIQUEIRA
natural da ViUa de Murça em a Provinda
Tranftagana. Depois de receber o grão de
Aíeílre em Artes na Univeríidade de Alcala
fe aplicou ao eítudo da Mathematica com
tanto difvelo que fahio egregiamente inf-
truido em taõ fublime Faculdade a qual
naõ fomente diftou em Lisboa no anno
de 1604. mas em as Cidades de Braga,
Porto, Coimbra, e Lamego, e até fora do
Reyno fendo Meílre em Qudad Rodrigo,
e Tuy em que confumio o largo efpaço
de vinte annos. Grande aplauzo conciliou
o feu nome aífim de naturaes, como de
eftranhos pela vafta comprehenfaõ que teve
das difciplinas mathematicas deixando por
argumentos da fua fdenda as obras feguin-
tes.
Pro^oftico Lamario para o anno de 1605.
com algumas curiojas annotaçoens no Cabo. Lis-
boa por Pedro Craesbeeck 1604. 8.
Ibetrpuro de Prudentes. Contem quatro li-
vros I. do computo Ecclefiajlico com alemãs
annotaçoens para os Parocbos. 2. tem dous Tra-
tados. I. de cout(as tocantes a Agpcultura para
Jemear plantar enxertar, modo para Jas^ No-
ras, que andem por fi, para prognofiicar dos
tempos, e novidades. O z. de coufas importantes
á Medecina, e Cirurgia com alfftns remédios ex-
perimentados. Uvro 3. da Arijmetica com va-
rias curiofidades a ella pertencentes. 4. da Es-
fera; maneira de fa^er quadrantes para tomar
altura, fabricar relógios diurnos, e noãumos; me-
dição das horas planetárias. Preparação das duas
figuras usadas na Judiciaria para julgar dos
tempos, novidades, e cousas femelbantes. Coim-
bra por Nicolao Carvalho 161 2. 4. ibi pelo
mefmo 1626. 4. & ibi por Thome Carva-
lho 165 1. 4. acrecentado pelo author com
o Profftojlico, e Eunario perpetuo. 8c ibi pela
Viuva de Manoel Carvalho 1664. 4. Lis-
boa por Frandfco Villela. 1673. 4. Évora
na ImpreíTaõ da Univeríidade. 1675. & ibi
1701. 4. Lisboa por Manoel Lopes Fer-
leiía 1701. 4. et ibi por Miguel Manefcal.
1712. 4.
Pronoflico geral, e Eunario perpetuo, ajji
das Euas novas, e cbeyas, como quartos, crecen-
tes, e miguantes. Dedicado a D. André de
Almada Lente de Vefpera de Theologia em
a Univeríidade de Coimbra. Coimbra por
Nicolao Carvalho 1614. 8. e Lisboa por
Joaõ Galraõ 1686. 4.
Primeira, e fegunda parte de fe^edos da
Natureza tirados de regras filofoficas. Lisboa
por António Alvares. 163 1. 8. & ibi por
Frandfco Villela. 1673. 8. e Coimbra por
lozeph António da Sylva 1704. 8.
Narração, ou regras das Fejlas moveis do
anno em verfo. Sahio impreíTo em huma
folha de papel ao alto.
loaõ Soares de Brito Tbeatr. Ejc(it.
Eitter. lit. G. n. 16. o intitula Vir Pbi-
lofopbia, <Ò^ difciplinis matbematiàs apprimé eru-
ditus.
GASPAR DE CARVALHO natural da
Villa da Alhandra do Patriarchado de Lis-
boa filho de Frandfco Carvalho, e loan-
na Ferreira, e Cura da Parochial Igreja
de S. Vicente de Villafranca de Xira
do dito Patriarchado, muito douto na
Gramática Latina que eníinou muitos an-
nos pubhcamente, e naõ menos em a
Theologia Moral. Foy vigilantiírmio no
340
BIBLIO
pafto das fuás ovelhas entre as quais fal-
leceo como bom paftor a i8. de lulho de
1721. Compoz.
Mifcellanea moral, em que com fingular cla-
res^a Je trataõ varias matérias moraes em pre-
ffmtas muito nece ff árias i. 2. e 3. Parte. Lis-
boa por Francifco Xavier de Andrade 1722. 4.
Pecúlio Moral tirado de vários Authores. i.
c 2. Tomo. 4. M. S. o I. foy efcrito no
anno de 1706; e o 2. em o de 1707. os
quais vimos da própria maõ do Author.
D. Fr. GASPAR DO CAZAL. Na-
ceo em a celebre Villa de Santarém cor-
rendo o anno de 15 10. e pofto que fe
ignore o nome de feus Pays confia cla-
ramente que procedia de illuftres Afcen-
dentes por fer Neto de Valentim Gon-
falves do Cazal Cavalheiro profeíTo da
Ordem de Chriílo Senhor de Germinade,
e Mouril, e Ouvidor das terras do In-
fantado, e primo de Vafco Fernandes do
Cazal criado do Infante D. Duarte. Quan-
do contava a tenra idade de quatorze
annos abraçou o fagrado iníUtuto de Eri-
mita de Santo Agoílinho em o Convento
da fua pátria em o anno de 1524. pro-
feííando folemnemente no de 1526. Nefta
fagrada paleftra começou a exercitar aquel-
les aftos virtuofos conftitutivos de hum
exemplar religiofo cauzando admiração o
veloz progreflb que fazia o feu efpirito
nas virtudes naõ fendo inferior em as
letras que eftudou na Univeríidade de Lis-
boa merecendo por ellas receber o grão de
Doutor Theologo em a Academia Conim-
bricenfe a 19. de Março de 1542. onde
foy Lente de taõ fagrada Faculdade.
A profundidade da fua litteratura unida
com a integridade dos feus cuftumes ef-
timularaõ a ElRey D. loaõ o III. para
o nomear feu Pregador, e Confeflbr de feu
filho o Príncipe D. loaõ, e naõ fatisfeito
com efta eleyçaõ o fez primeiro Prefidente
da Meza da Conciencia, e Bifpo do Fun-
chal Capital da Ilha da Madeira em cuja
dignidade foy confirmado por lulio III.
a 3. de Fevereiro de 155 1. O mefmo
Monarcha o mandou como feu Theolo-
go ao fagrado Concilio de Trento, e nef-
THECA
ta venerável AíTemblea affiftio fegunda vez j
no anno de 1563. reynando a Mageftade de
D. Sebaíliaõ já quando era Bifpo de Ley-
ria onde em ambas as ocafioens deu ma-
nifeftos argumentos da fua profunda fabi-
doria, e eloquente expreíTaõ. De Trento
paíTou a Roma para bejar o pé do Summo
Pontífice Pio IV. de cuja paternal benevo-
lência recebeo fingulares demonílraçoens co-
mo elle agradecido confeíTa na Dedicatória
ao mefmo Pontifice da fua obra intitulada
de Cana, <^ Cálice Domini neftas palavras
Beatitudinis tua fanãifftmos pedes, €^ Officti,
<Ò' pietatis ergo deojculaturus Komam adveniffem,
ita me, Pontifex Maxime fervulum tuum hilari
fronte, gratoque animo excepiJH ut re ipfa
omnia fama, atque exiflimatione maiora effe me-
cumque praclare maffs, quam antea unquam ea
die a£tum effe cognoverim. Reftituido a Dio-
cefe de Leyria começou a exercitar as obri-
gaçoens de folicito Paftor difpendendo com
generofa maõ em beneficio dos pobres o
património Ecclefiaftico, que naõ excedendo
a quantia de finco mil cruzados de renda,
parece incrível que pudeíTe chegar para taõ
largo difpendio, principalmente quando fe
animou a erigir defde os fundamentos a
Cathedral, certamente huma das mais fump-
tuozas que tem o Reyno. Depois de aíTif-
tir no Synodo de Lisboa celebrado pelo feu
Metropolitano D. lorge de Almeyda em 22.
de Março de 1574. em que eftiveraõ o
Bifpo do Funchal D. leronimo Barreto;
o de Lamego D. Manoel de Menezes,
e o de Portalegre D. André de Noro-
nha feus fuflfraganeos, voltou para Ley-
ria onde edificou em o anno de IJ77.
hum Convento da fua Ordem para depo-
zito das fuás cinzas. Havendo illuftrado
as duas Cathedraes de Funchal, c Ley-
ria foy aflumpto por nomeação do Car-
dial D. Henrique à Cadeira Epifcopal de
Coimbra fendo confirmado pela Santida-
de de Gregório XIXI. em o primeiro de
Dezembro de 1579. Convocadas Cortes em
a Villa de Almeirim foy nomeado pe-
los Governadores do Reyno Embaxador
a Filippc 2. para lhe reprezentar naõ
uzaíTe do violento impulfo das armas na
pertendida fuceíTaõ dcíla Coroa mas que
L USITAN A.
341
efperaJTe a decifaõ jurídica de quem ha-
via fer o feu dominante. Aceitou a incum-
bência com zelo de fiel Portuguez levando
por feu companheiro a Manoel de Mello
Monteiro mór do Reyno, e pofto que na
fua peíToa concorriaõ a larga experiência de
negócios, o venerável numero de annos, e
o refpeitado carafter da dignidade para con-
cluir aquella negociação, naõ correfpondeo
o efeito às diligencias do feu zelo. Tendo
aíTiíHdo nas Cortes celebradas na Villa de
Thomar por Filippe 11. em o anno de
1581. fe reítituhio ao feu Bifpado de Coim-
bra onde prafticou todas as virtudes pafto-
raes dignas de eterna memoria pelas quais
partio a receber o premio na pátria celef-
te a 9. de Agofto de 1584. quando con-
I tava 72. annos de idade 60. de Religião,
e 34. de Bifpo, fendo 6. para 7. do Fun-
chal, 22. de Leyria, e 5. de Coimbra. Foy
fepultado em o Collegio de S. Agoftinho
com eíle epitáfio.
Hk jacet bona memoria 'Pater Pauperum
D. Fr. Ga/par Cafalius Auguftinianus fanãi-
monia, et oão doãijftmorum tibrorum editione
cmfpicuus. Quidam ex primis httjus Academia
leãoribus, primus Prajidens Senatus Conjcien-
tia, Joannis III. l^ifitania Regis Confejfarius,
conjiliarius , et concionator. Archiepifcopus primo
¥unchalenfis, deinde Epifcopus L^eyrienfis {quo
tempore bis interfuit Concilio Tridentino) tan-
dem Epifcopus Conimbricenjis, (& Comes Arga-
mUenfis.
PaíTados 22. annos da fua morte foy
tresladado como elle difpufera no feu Tefta-
mento para o Convento de Leyria que fun-
dara cuja tresladaçaõ fe executou a 15. de
Mayo de 1596. fendo conduzido pelo Pro-
vincial Fr. António de Santa Maria filho
do Senhor D. Jorge, e neto delRey Joaõ
n. e Fr. Guilherme de Santa Maria filho
dos Condes de Linhares D. Francifco de
Noronha, e D. Violante de Andrade, e ou-
tros graviíTimos Capitulares em cujo fúne-
bre ado pregou o Meílre Fr. Antaõ Galvaõ
Lente da Univerfidade de Coimbra. Para
fe eternizar a memoria de taõ illuílre Prela-
• do por ter novamente erigido a Cathedral
de Leyria fe lhe gravou a feguinte infcrip-
çaõ na fachada deíle Templo.
Ga/par Eeirienfis Epifcopus vir litteris,.
(& ma^ificentia antiquis Patribus perjimilis
Ecclefiam Dei gubemante Paulo IV. Eufita-
norum Rege Joanne III. anno à partu Virginis^
M.D.EIX. Tertio Idus Augufti Templi Ma-
ximi fundamentum primum jecit, propriis fump-
tibus auxit.
Naõ he menor o aplauzo que dedica-
rão ao feu nome diverfos Efcritores como
faõ o infigne André de Refende na Carta
que lhe efcreveo em Verfo Latíno a qual
eftá impreíla no 2. Tom. das fuás obras.
Colonise Agripinae apud Arnoldum Mylium
1600. 8. onde entre outros Elogios que
lhe faz diz o feguinte.
Te neque luxus iners, nec degener ambitur
alta
Dejecit fpeculã; communis totius orbis
Caufa Triden tinas Alpes, Atbefimque niva-
lem
Magium ad Concilium Patrum, Sanctumque
Senatum
Fecit adire procul patriã, laribujque relictis.
Nec tamen inde demum rediifti inglorius,
extant
Ingenij monumenta tui tefiantia curam
Pro pietate, leget qua poft mirata vetuj-
tas,
Guilielm. Hyfengreu. Cathal. Teft.
veritatis ad ann. 1555. vir omni genere doc-
trinarum, eb* Japientia clarus. Nicol. Ant.
Bib. Hifp. Tom. I. pag. 400. col. i. eru-
ditionis, atque ingenii, nec non et vita inte-
gritatis laude prajlans. Souza Vid. de D.
Fr. Barth. dos híart. liv. 2. cap. 17. era
eftremado na agudeza, e fubftancia de con-
ceitos para fujpender os entendimentos, e na
excellencia de os difpor para deleitar os ouvi-
dos Joan. Soar. de Brito Theatr. Eufit.
Utter. lit. G. n. 17. vir certe Chrijliana
eruditione fatis conjpicuus. Gratian. Anaf-
taf. Augufi. pag. 76. vir prater morum
integritatem ingenii prafiantia, divinarum,
atque humanarum cognitione fupra morem
excultus. Crufen. Monaft. Augufi. Part. 3.
cap. 39. Eufitania ut alterum Ambro-
fium fufcepit, fufpexit, eique uti patri pátria
acclamavit. Faria Europ. Portug. Tom. 3.
Part. 3. cap. 12. Varon Santo. Macedo
342
BIBLIO THE CA
Collat. DoHr. D. Thom. et Scot. Tom. 2.
■Collat. 10. Differ. 2. feft. 3. unus PP.
Concilií Tridentini prajlantijfwjus. Fr. Ant.
à Purif. de vir. llluft. Ord. Erim. D. Aug.
<:ap. 23. memorahilis vir divinis, humanis que
Jitteris Jupra morem exctiltus, e na Chron.
Aa Prov. de S. Agofi. de Portug. lib. 7.
Tit. I. §. 6. foi. 219. Verf. doutijftmo,
s religiofijftmo Padre. Cardozo Agiol. 'Lufit.
Tom. 3. pag. 262. foraõ bajlã temente aplau-
didas fuás letras de que faõ evidentes tejiemu-
nhas inda hoje os muitos, e doãos volumes,
que ejlampou para bem Univerfal da Igreja
adquirindo com elles no mundo fama immor-
tal . Fr. Jozeph de S. António ¥los
Sana. Augujl. Part. 3. pag. 720. Grande
Prelado. Leytaõ Cathol. dos Bifp. de Coimb.
■§. 70. Venerável em virtudes, e letras, e nas
Notic. Chronolog. da Univ. de Coimb. pag.
530. §. II 34. e feguintes. Vazconcellos
Hijl. de S ant ar. Edificad. liv. 2. cap. 14.
Aigno de perpetua memoria. D. Ant. Caet. de
Souz. Cathal. dos Bifp. do Funchal. §. 3.
Varaô douto, e virtuofo. e no Agiol. L,ujit.
Tom. 4. pag. 486. efclarecido Prelado em vir-
tudes, e letras. Fr. Ant. da Nativid. Mont.
£ Coroas, letr. G. §. 7. n. 9. e Mont. 2. cor. 8.
5. 2. n. 36. e cor. 9. §. 2. n. 23. Joan. Hal-
leverd. Bib. Curiof. pag. 98. col. i. Pal-
lavic. Hifi. Cone. Trid. lib. 19. cap. 4.
n. 5. Fr. Manoel de Figueired. Flof. Sana.
Augujl. Tom. 4. pag. 127. Compoz.
Axiomatum Chrijlianorum libri três ex
diverjis fcripturis, <& Sanais Patribus adver-
fus hareticos antiquos, <Ò' modernos. Conin-
bricae apud Joannem Barrerium, & loan-
nem Alvares. 1550. 4. Venetiis apud lorda-
nem Zilettum 1563. 4. & Lugd. 1593. 4.
In Pradicamenta , eJ?* Topicfi Arijlo-
Jelis. Venetiis apud lordanem Zilettum.
IJ63. 4.
De Sacrifício Miffa, d?* facrofanâa Eucha-
riflia celebratione per Chriflum in Cana novif-
fima libri três in quibus tredecim bis de rebtis
articuH in Sacra (Ecuménica Synodo Tri-
dentina propojiti in examen revocantur, Ortho-
doxa fides ajferitur, et adverfariorum errores
■eliduntur. Venetiis apud lordanem Zilet-
tum 1563. 4. Antuerpise apud Libertum
JMalcotium ij66. 8.
De Cana, cS>* Cálice Domini libri três
ad Pium IV. Pontificem Maximum. Venetiis
apud lordanem Zilettum 1563. 4.
De Qtiadripartita Jujlitia libri quatuor
in quibus omnium quotquot extant Tbeo-
logorum conquifitis, probeque digejlis fenten-
tiis orthodoxa de Jujlificatione nojlra fides
ajferitur, et errores hareticorum eliduntur. Ve-
netiis apud eumdem Typ. 1565. foi. et
ibi. 1668. foi. In quo opere (faõ palavras
do Doutor leronimo Maggio lurifcon-
fulto Anglarienfe na Epiílola Dedicató-
ria deíle livro) Dii honi\ Quam multiva-
gam eruditionem? Qttàm Chrijliana feita} Quam
recôndita Theologia fupelleãilem\ quàm validiffi-
morum argumentorum vim cui nemo non manus
dederit, reperi. Divum ipfum Augujlinum ha-
reticorum flagellum, quin potius Dei Spiritum,
quem et Paulus Je habere fajjus ejl, eruditijfimo,
fanãoque Epifcopo adfuiffe credos: ita probe
diffidia componit ex abditis Theoloffa, Scriptu-
raque facra locis argumenta eruit; de facatam,
<& genuinam veritatem afiruit et graphice delinea-
tam leãorum oculis Jpeãandam, atqm expeten-
dam proponit.
Carta efcrita de Lejria em 23. de Janeiro
de 1561. ã Rajnha D. Catherina em que
lhe perfuade naõ deixe a Regência da Mo-
narchia no tempo da menoridade de feu Neto
o Príncipe D. SebaJliaÕ. Sahio imprefla
nas Mem. Polit. e Milit. delKey D. Sebaft.
Part. I. liv. 2. cap. 3. He muito larga,
e judiciofa.
P. GASPAR DE CASTRO Natu-
ral da Qdadc de Braga, e filho de Paf-
choal de Caftro, e Francifca de Bouro.
Foy admitido por coadjutor temporal cm
a Companhia de lefus veílindo a roupe-
ta em o Noviciado de Coimbra a 25. de
May o de 1578. quando tinha defafctc
annos de idade. As virtudes, que exercitou
no principio do eílado religiofo moverão ao
Padre Sebaíliaõ de Moraes primeiro Bif-
po do Japaõ para o levar por feu com-
panheiro quando partio para a índia em
6. de Abril de 1588. em cuja navegação
morrendo efte Prelado, c outros feus
companheiros, deu multiplicados argu-
L USITANA.
343
mentos da fua ardente, e incanfavel cha-
ridade. PaíTou com o Padre Pedro Martins
fuceflbr em o Bifpado do lapaõ a Macao,
e vendo os grandes progreíTos que fa2Ía o
feu zelo em a converfaõ da Gentilidade o
ordenou de Sacerdote no anno de 1596.
os quais profeguio com infatigável difvelo.
Sendo obrigado pela impiedade do Tirano
Dayfuzama a fahir do lapaõ no anno de
1614. bufcou artificio de cultivar aquella
feara Evangélica que lhe cuílara tantos
fuores pelo efpaço de 18. annos introdu-
zindo-fe com habito de paíTageiro em os
Reynos de Arima, e Fingo onde alentava
a Fé de outo mil Qiriftãos. Atenuado com
tanto trabalho cahio infermo, e recebidos
com grande piedade os Sacramentos falleceo
em Arima a 7. de Mayo de 1626. quando
contava 66. annos de idade, e 47. de G^m-
panhia. Delle fe lembraõ honorificamente
Nieremberg Var. Illuji. de la Comp. Tom. 4.
pag. 532, Cardim V afeie. Martyr. Jap. p. 117.
Tanner Soe. Jef. u/que ad Jang. <& vit. profuf.
milit. pag. 321. Cardof. Agiol. Lufit. Tom. 3.
pag. III. & no coment. de 7. de Mayo.
letr. L. Franco Imag. da virt. em o Noif. de
Coimh. Tom. 2. Uv. i. cap. 45. et Ann. glor.
S. J. in Ijijit. pag. 259. Efcreveo.
Carta ao Padre Joaõ Corrêa Provincial
da Provinda de Portugal efcrita de Goa a 9.
de Setembro de 1588. em que narra as ulti-
mas acçoens do Bifpo do JapaÕ D. SebaJliaÕ
de Moraes. Sahio impreíTa na Imag. da virt.
aflima allegada Liv. i. cap. 35. e no Tom. 2.
defta obra cap. 45. n. 3. tranfcreve parte de
outra Carta do dito Padre Gafpar de Caibro
em que relata alguns fuceflbs da fua nave-
gação.
GASPAR DE CHAVES SENTIDO
natural da Villa de Portel em a Provinda
Tranílagana, Moço da Camará do Duque
de Bragança D. Theodozio fegundo, e taõ
inftruido na liçaõ da Hiíloria, como no
eftudo da Genealogia. Compoz.
Suceffos Trágicos do Reyno de Portu-
gal procedidos da infelice jornada delKey D.
SebaJliaÕ em Africa, e das alteraçoens que
fucederaÕ, e entrada do exercito delKey de
Efpanha D . Filippe II . e fua fuceffaõ.
Dedicado ao Duque D. Theodozio 11.
no anno de 1620. cujo Original fe con-
ferva na P>ib. 'Keal. Confta de 33. Capí-
tulos. Começa o i. Para fe entender milbor
a hijloria. Acaba o ultimo. Para pat;^ e con-
ferva^aÕ da Chrifiandade, e augmento da Santa
Fé Catholica. Rodrigo Xavier Pereira de Fa-
ria natural, e morador em a Villa de Santa-
rém conferva na fua Livraria huma copia
deíla obra, cuja noticia, e outras muitas me
comunicou a fua grande erudição.
lardim real de Armas, e genealo^as
dos 'Rjeys Chriflãos do mundo, e outros fucef-
fos de Portugal por morte do Cardial Rç)'.
Dedicado em o anno de 1622. ao Duque
de Bragança D. Joaõ que depois fubio ao
trono de Portugal. EHa obra vio a 11.
de Março de 1621. o Licenciado Fran-
cifco Galvaõ Maldonado como afirma na
fua Bib. Portug. M. S. que examina-
mos, a qual eílava efcrita em folha com
as arvores illuminadas. Do author, como
da obra fez mençaõ o Padre D. António
Caetano de Souza Apparat. à Hifi. Gen. da
Caf Real Portug. pag. 79. §. 63.
GASPAR CLEMENTE BOTELHO
Cónego da Cathedral de Elvas, e mviito
fciente na lingua Italiana da qual verteo
em a materna.
Relação das verdadeiras refoens em favor do
Eftado Ecclejiajlico defle Reyno de Portugal
feita pelo Doutor Nicolao Aíonteiro. Lisboa
por Paulo Craefbeeck. 1645, 5.
P. GASPAR COELHO natural da
Cidade do Porto donde fendo mancebo
paíTou ao Eílado da índia para augmen-
tar o cabedal, que herdara de feus Pays,
porem illuílrado da Divina Graça o renun-
ciou pela pobreza Evangélica, recebendo
a roupeta da Companhia de lefus na.
Caza de Goa em o anno de 1556. quan-
do tinha 25. annos de idade. Todo o
feu difvelo empregou em beneficio da-
queUas ovelhas, que vagavaõ fugitivas
do rebanho de Chrifto fendo o mayor
theatro das fuás apoftolicas operaçoens o
Reyno de Omura onde bautizou dez
344
BIB LIO THE CA
mil Gentios, abrazou innumeraveis Ído-
los, arrazou fumptuozos Pagodes, e atrahio
ao conhecimento do Deos verdadeiro
feflenta Bonzos, que fufpenfos, e atónitos
da eficácia das fuás vozes confeflaraõ fer
celeftial a fua doutrina. Eleito vice Pro-
vincial do lapaõ continuou com igual
zelo a converfaõ da Gentilidade, e ainda
que fe levantou huma furíoía perfeguiçaõ
movida pela impiedade do Emperador
Quabocondono contra o Evangélico Ope-
rário, e os filhos que gerara em Chriílo,
naõ foy poderofa para entibiar o fagrado
fogo, que lhe abrazava o coração focor-
rendo-os pelo efpaço de três annos em
todos os trabalhos, e afliçoens para que fe
confervaíTem firmes, e confiantes na Fé pro-
metida no Bautifmo até, que confumido de
huma febre lenta partio da Refidencia de
Canzuca em o Reyno de Ari ma a receber a
Coroa dos feus Apoftolicos miniílerios
em 25. de Mayo de 1590. quando con-
tava 60. annos de idade, e 36. de Com-
panhia. Fqy muito fentida fua morte ( aíTim
o relata o P. Luiz Froes Annua do Japaõ
de 12. de Outubro de 1590. ao Padre Geral)
dos ChrijiaÕs rapando-Je muitos delles em
Jinal de trijle:(a como cujlumaõ cã fai^er por
feus Senhores, e Pqys. Foy enterrado em
Arima com grande concurfo de gente, e a
mayor pompa, e apparato, que fe tem vijio
em Japaõ, ajftm pelos muitos Padres, e Ir-
mãos, que em fuás exéquias fe ajuntarão,
como por E/Rey de Arima querer de pro-
pofito honrar, e celebrar com grande folem-
nidade efte enterramento. Fazem delle me-
moria Bib. Societ. pag. 275. col. i. vir
de Japonica Ecclejia benemeritus. Cardof.
Agiol. iMjit. Tom. }. pag. 401. Infati-
gável obreiro das Chrijlandades Orientaes.
Gennari Xatí. Orient. Tom. i. part. 2.
liv. 8. Nieremberg. Var. illufi. de la Comp.
Tom. 4. pag. 462. Nadafi Ann. dier. Mem.
S. J. Part. 1. pag. 284. Hijlor. Societ. Part. 4.
lib. 3. n. 247. e Part. 5. lib. 10. n. 187. 188.
Joan. Soar. de Brito Theatr. LMjit. Litter.
lit. G. n. 18. Gufman Hiji. de las Mifton.
de la Comp. de lef. liv. 10. cap. 18. Souza
Orient. Conquijl. Part. 2. Conq. 4. Div.
I. §. 79. c Divif. 2. §. 2. Padre Charle-
voix HiJl. du lapon. Tom. i. liv. 4. §. 10.
Efcrevco.
Carta efcrita de Socotorá para o feu
Provincial em 30. de Agoflo de 1562. M. S.
conferva-fe no Cartório da Caza profeíTa de
Lisboa.
Carta efcrita de Vomwra a ^. de Outu-
bro de 1575. fahio no Tom. i. das Cart.
efcrit. do lap. e Chin. Évora por Manoel
de Lyra. 1598. foi. eftá a folh. 352. Verf.
começa. Porque o Padre Francifco Cabral f^c.
Carta efcrita de Nanga!(aqui em 15.
de Fevereiro de 1582. ao Padre Geral. Sahio
no Tom. 2. das Cartas aíTima allegadas
desde foi. 17. até 47. Começa. Pojlo que
todos despejávamos &c. Sahio traduzida em
Latim 1586. como diz o moderno addicio-
nador da Bib. Orient. de António de Leaõ.
Tom. I. Tit. 8. col. 181.
Cartas efcrit as de Nanga:(aqm a 11. de
Setembro de 1584. e de 24. de laneiro de 1585.
do Rejno de Tingem ao Governador das Filippi-
nas, S. Tiago de Vera, e ao Bifpo D. Fr. Domin-
gos de Salas^ar em que lhes pede religiofos
Agoílinhos, e Francifcanos, como coníbi
da Hijlor. do Kofario compoíla por Fr. Diogo
Aduarte Dominico liv. i. cap. 49. foi. 212.
Deílas Cartas faz mençaõ o allegado addi-
cionador da Bib. Occid. de António de Leaõ
Tom. 2. Tit. 7. pag. 916. col. i.
Annual do lapaÕ do anno de 1588. para
o Reverendo Padre Geral da Companhia
de lefus efcrita de Canv^uca 4. de Fevereiro
de 1589. He muito cxtenfa. Sahio im-
preíTa nas Cartas efcritas do lap. e Chin.
Évora por Manoel de Lyra. 1598. foi. no
Tom. 2. defde folhas 234. até 262. Nella
fe relata o progreíTo de todas as Chriílandadcs
do Japaõ. Começa. Das Cartas annuas paf-
fadas de 1587. fahio vertida em Italiano.
Roma por Francefco Zaneti 1589. 8. c cm
Alemaõ no mefmo anno como efcrevc o
addicionador da Bib. Orient. de António de
Leaõ Tom. i. Tit. 8. col. 181.
GASPAR COELHO cuja pátria, e
eílado de vida fe ignora, efcreveo com
eftilo fmcero, e corrente.
Tratado das coufas acontecidas em 27.
annos nas caibas das Convertidas, e cax(a pia
L USITANA.
345
<Ias Penitentes de Lisboa M. S. 4. Obra curiofa
que confervava na fua Livraria o Excel-
lentiíTimo Duque de Aveyro D. Pedro de
Alencaílre.
GASPAR COELHO ARANHA Doutor
Theologo, e Capellaõ do Conde de Monfanto
D. António de Caílro, igualmente verfado nas
fciencias amenas, e feveras. Compoz.
Tratado das Ideas de Plataõ com diverfas
Poesias ao Conde de Monfanto D. António de
Cafiro. M. S. 8. Confervavafe na Bib. do
EmminentiíTimo Cardeal de Sou2a, que hoje
poíTue o ExceUentiíTimo Duque de Lafoens.
Fr. GASPAR DA CONCEYÇAM na-
tural de Lisboa donde paíTando à índia em
o anno de 1584. em companhia de feu Tio
o Ven. Fr. Gafpar de Lisboa religiofo muito
obfervante da Seráfica Provinda de Portugal
nomeado Cuftodio da Cuílodia de S. Thome,
recebeo o habito no Convento de Goa
cabeça da mefma Cuftodia. Depois de pro-
feíTo fe reftituhio à Provinda de Portugal
onde era refpeitado pelas letras, e virtudes
em que florecia. Eleito no anno de 1622.
Fr. Luiz da Cruz que fora feu Meílre
de efpirito, ComiíTario Geral de toda
a Ordem Seráfica Oriental o nomeou
feu Secretario, e partindo ambos para a
índia tal foy a prudência, e capacidade
que moílrou para o governo que fahio
Miniftro Provincial em o anno de 1623.
da nova Provinda de S. Thome, a qual aug-
mentou com muitos Conventos. Abrazado
em catholico zelo reduzio ao grémio da Igreja
Romana em o Reyno de Jafanapataõ innu-
meraveis almas. Bautizou na Cidade
de Columbo ao Príncipe herdeiro do Rey-
no impondolhe o nome de Conftantino
em obzequio de feu Padrinho D. Conf-
tantino de Sà Capitão Geral de Ceylaõ.
Nefta Ilha regenerou para Chriílo com
as falutiferas aguas do bautifmo a fetenta,
e tantos mil Gentios em que entrarão
a Raynha, Princeza herdeira, e muitos
Fidalgos da primeira grandeza. Havendo
colhido na cultura delias dilatadas regioens
taõ abundantes frutos como apoílolico operá-
rio chegou o anno de 163 1. em que foy rece-
ber o premio na eternidade gloriofa. Publicou.
Uber injcriptus Dieta falutis in quo
continentur varia opufcula tum S. Bonaventu-
ra, tum aliorum Doãorum ab Ecclejia jam
olim recepta. Ulyffipone apud Petrum
Craesbeeck. Typ. Reg. 1620. 24. Delle
fe lembra Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i.
pag. 401. col. I. & Fr. Joan. a D. António
Bib. Francifc. Tom. 2. p. 8. col. 2. ao qual
ambos fazem da Provinda de Portugal.
GASPAR CORRÊA. Deixou a pátria
que lhe deu o berço, e bufcou a índia
para fer o Oriente da fua gloria onde
pelas heróicas açoens militares, que obrou
o feu braço, e efcreveo a fua pena alcan-
çou fama perdurável. Entre as expedi-
çoens que fez em ferviço do Eftado,
gloria da Naçaõ Portugueza, e mina
dos feus mais obftinados antígoniftas mere-
ceo os nuyores aplauzos quando nave-
gou com o pofto de Capitão de hum Catur
armado à fua Cuíla acompanhando a for-
midável Armada, que expedira o Governa-
dor Nuno da Cunha para a conquifta de Dio,
e na ocaíiaõ que com o mefmo pofto foy
mandado com finco navios pelo Capitão
Mòr de Malaca Jorge Cabral em o anno
de 1528. a focorrer Maluco contra ElRey
de Tidore. Para que naõ caducaíTem na
pofteridade as heróicas façanhas que os Por-
tuguezes tinhaõ obrado no Oriente, fendo
de muitas teftemunha ocular, efcreveo.
Hijioria da índia dividida em 4. To-
mos, foi. M. S. Começa defde o feu
defcobrimento feito pelo infigne Heroe
Vafco da Gama no anno de 1497. até
o de 1550. onde relata com igual ver-
dade, que individuação tudo quanto
fucedeo memorável afTim no tempo da
guerra, como da paz em a dUatada car-
reira de tantos annos. Eftes livros com-
prou em Goa, onde falleceo feu Author,
D. Miguel da Gama, e os deu a feu So-
brinho o Conde da Vidigueira D. Fran-
cifco da Gama, e na Livraria defta Excel-
lentiíTima Caza fe confervaõ. Huma copia
reduzida a dous volumes de folha vimos
.340
BIBLIO THE CA
em a Livraria do Excellentiflimo Marques
de Abrantes. Defta hiíloria fa2 mençaõ
Francifco de Andrade Chron. delKey D.
JoaÕ III. Part. 2. cap. 66. e 68. como
também loaõ Sardinha Mimofo Re/ac.
de la Real Trágico med. foi. 52. fallando
de Vafco da Gama; Jegm lo refiere un
antigo Jcriptor de las cofas de la índia en los
diligentijftmos lihros de mano, que fe guardan
en la Libraria dei Conde Almirante. Fr.
Luiz de Souza Hijl. de S. Doming. da
Prov. de Portug. Part. 3. liv. 4. cap. 5.
pag. 513. à margem. Joaõ de Barros
Decad. da Ind. Decad. 4. liv. i. cap. 17.
Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 401.
col. I. e o moderno addic. da Bib. Orient.
de Ant. de Leaõ. Tom. i. Tit. 3. col. 56.
P. GASPAR CORRÊA natural da
Villa de Olivença na Provinda Tranf-
tagana filho de Joaõ Corrêa da Silva, e
D. Izabel Loba defcendente de Ruy Gon-
zalves Lobo fidalgo muito conhecido
no Reynado de AíFonfo V. Com rezoluçaõ
heróica deixou o morgado da fua Caza a
fcu irmaõ loaõ Lobo da Silva quando con-
tava a idade de 15 annos, e fe recolheo em
o CoUegio de Évora dos Padres Jefuitas
onde recebeo a roupeta a 2 de May o de 1598.
Por fer muito zelozo do augmento deíla
monarchia fe fez fofpeitozo a Filippe IV.
que entaõ a dominava, ordenando que par-
tiíTe para Madrid donde juíUficada a fua
innocencia fe reílituhio a Évora, e nella
paflbu o reftante da vida que finalizou a
30 de Mayo de 1654. com 71 annos de idade
e 36 de Religião. Foy muito devoto das
Almas do Purgatório, e para defpertar aos
Fieis a que as focorreíTem com fuffragios,
deixou prompto para a impreíTaõ.
Tratado das penas que padecem as almas no
Purgatório M. S. Confervafe no Collegio de
Évora. Do author, e da obra fazem men-
çaõ o P. Franco Imag. da Virt. em o Col-
leffo de Evor. pag. 866. e Foncec. Evor. Glo-
rio/, pag. 431.
GASPAR DA COSTA Abbade da
Igreja de S. Salvador de Eíluriacns, e muito
perito na iingua Latina. Compoz.
Diccionario da Iingua Latina, e Portuguesa
foi. M. S.
GASPAR DA COSTA DE ATTAYDE
natural de Lisboa filho de Gonçalo da
Cofta Coutinho Commendador da Ordem
de Chriílo, Governador de Aveiro, Buar-
cos, e Figueira, e D. Izabel de Attaydc,
e Azevedo filha única, e herdeira de D.
Joaõ de Attayde, e Azevedo Senhor das
Quintas de Barboza, e Attayde em o
Minho, Commendador de S. Salvador de
Fornellos, ComiíTario Geral da Cavallaria
do Alentejo. Naõ degenerou do efpirito
marcial de feus afcendentes merecendo pe-
las fuás açoens ocupar os poílos de Ca-
pitão de mar, e guerra, Meftre de Cam-
po do mar, e General de Batalha. No
anno de 1701. paíTou a índia por Ca-
pitão Mòr das Nãos daquelle Eftado. Foy
Commendador da Caza da índia em a
Ordem de Chriílo, e Alcayde Mòr da
Villa de Sortelha. Compoz como taõ exer-
citado em a pratica da milicia naval em o
anno de 1701.
Arte das Armadas navaes tirada de feus
movimentos que contem regras úteis aos Officiaes
Generaes, e particulares de huma armada Na-
val com exemplos tirados das mais confideraveis
ocafioens que houve no mar de fincoenta annos
a ejla parte. O livro fe reparte em féis
livros, o I. explica as ordens, e modo de
as tomar. 2. enjina a mudar as ef quadras
nas diverfas ordens. 3. fe daô vias fáceis
para eflabelecer as ordens quando as turba a
mudança do tempo. 4. como a armada pode
paffar de huma, a outra ordem fem confu-
faô. 5 . dos movimentos, que as Armadas po-
dem fat^er fem trocar as Ordens. 6. Algu-
mas Notas para facilitar a praãica da na-
vegação, que contem a doutrina dos Trianff4-
los, planos esféricos, obliquangtãos, e regras
úteis aos Officiaes Pilotos, as qtiais fe re-
dut(em no fim a huma breve Tavoada com
outra mais, que moflra o rumo com que o
foi nace , e fe põem pela qual fe pode
obfervar a variação da agulha, e outras per-
tencentes á Artilharia, e bombas para fe fa-
berem as diflancias por cada ^ao de eleva-
ção do Quadrante, foi. imperial. M. S.
1
L USITAN A.
Fr. GASPAR COTTA natural da Q-
dade de Beja em a Provinda Traníia-
fl^ana onde teve por Pays a Manoel Cor-
deiro, e Catherina Lopes. Recebeo o ha-
bito Carmelitano no Convento de Moura
a 20 de JuUio de 1621. em idade de
18 annos, e profeíTou a 24 do dito mez
do anno feguinte. Aprendeo Filofoíia em
Évora, e Theologia em Lisboa fahindo
em ambas eftas faculdades egregiamente pe-
rito por fer dotado de engenho perfpicas,
e memoria felÍ2. Exercitou com aplauzo o
miniílerio de Orador Evangélico. Ao tem-
po que fe efperava copiofos frutos da fua
eíhidioza aplicação morreo em o Convento
do Carmo de Lisboa a 3 de Abril de 165 1.
quando contava 48 annos de idade e 30 de
Religião. Dos muitos Sermoens que pre-
gou, fe fizeraõ fomente públicos.
SermaÕ aos 1% de Janeiro no ultimo dia da
Fejla que a Nobreza fez ao Santijfimo Sacra-
mento em a Igreja de Santa agracia da Cidade
de Ushoa. Lisboa por Domingos Lopes
Roza 1643. 4.
SermaÕ pregado em hum dos dias, que fe
celebrarão em Santa Engracia da Cidade de
Lisboa na fefta do Santijfimo Sacramento efie
anno de 1647. Lisboa pelo dito Impreííor.
1647. 4.
Efcrevia huma grande obra para os Pre-
gadores que naõ confentio a morte lhe pu-
zeíle a ultima lima como afirma Fr. Manoel
de Sà Mem. Hijl. dos Efcrit. do Carm. da
Prov. de Portug. cap. 38.
Fr. GASPAR DA CRUZ natural da Ci-
dade de Évora, e naõ da Villa de Setúbal
como efcreveo Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom.
I. pag. 401. Foy admetido à Sagrada Or-
dem dos Pregadores em o Convento de Azey-
taõ onde erradamente imaginou Fr. Agofti-
nho de Santa Maria Sana. Marian. Tom. 8.
liv. I. Tit. 2. que tinha fido o feu berço.
Inflamado com o fagrado ardor de anunciar
o Evangelho àqueUes bárbaros que viviaõ
taõ remotos do noíío Clima, como obfer-
vantes cultores da Idolatria navegou em o
anno de 1548. com doze Companheiros, de
<iue era Vigário Geral Fr. Diogo Bermudes
Mj
à índia Oriental, e depois de edificar hum
Convento em Goa, e outro em Malaca pe-
netrou até o Reyno de Camboya onde co-
mo naõ correfpondeíTe o fruto ao feu dif-
velo determinou paíTar ao Império da China
em o anno de 1556. fendo o primeiro Mif-
fionario que illuftrou com as luzes da Fé aos
feus habitadores, que jaziaõ fepultados nas
fombras abomináveis de diverfos erros, po-
dendo gloriarfe de fer o Precurfor de todos
aquelles Operários Evangélicos, que com
tantos fuores, e com o próprio fangue cul-
tivarão aquella taõ dilatada, como agrefte
vinha. Depois de confumir alguns annos
nefta laboriofa empreza em que expoz va-
rias vezes a vida em obzequio da Fé prin-
cipalmente quando em hum fumptuozo Pa-
gode derrubou huma multidão de Ídolos
confundindo, e emudecendo com a vehe-
mente eficácia da fua doutrina aos mayores
Meftres da gentilidade, naõ fatisfeito o feu
heróico zelo difcorreo pelo Reyno de Or-
mus exercitando com incanfavel aétividade
o feu evangélico minifterio. Voltando para
a pátria no anno de 1569. o nomeou ElRey
D. Sebaíriaõ Bifpo de Malaca cuja dignidade
naõ aceitou. Nefte fatal anno ardia a Capi-
tal defte Reyno com huma Epidemia que
devorava innumeraveis peíToas de hum, e
outro fexo, e como o feu peito fe animava
da charidade mais fervorofa fem temor ao
contagio afliítio com Fr. Pedro Altamirano,
e Fr. Belchior de Monfanto aos feridos
aplicandolhes ao mefmo tempo remédios ef-
pirituaes, e corporaes, até que diminuindofe
o peftifero mal em Lisboa, e augmentandofe
em Setúbal paíTou velofmente a eíla Villa
onde exercitando feu ardente zelo em be-
neficio dos infermos contrahio o conta-
gio que como viétima da charidade o
privou da vida a 5. de Fevereiro de
1570. havendo vaticinado que com a fua
morte fe havia extinguir taõ medonho
flagello, como promptamente fe experimen-
tou. O feu corpo foy conduzido ao Con-
vento da villa de Azeitão onde recebeo
devotas veneraçoens dos povos circumue-
zinhos. Celebraõ o feu nome o Licen-
ciado Jorge Cardozo Agiol. Lu^it. Tom.
I. pag. 353. VaraÕ verdadeiramente Apoflo-
348
BIB LIO THE C A
lico, e incanjavel obreiro da vinha do Senhor.
Echard. Script. Ord. Prad. Tom. i. pag. 210.
col. 2. Verum Charitatis Chriftiana holocauftum.
Navarrete Hift. de la China Tom. 2. Trat. 8.
cap. I. p. 418. n. 5. Varon Apojlolico y de
gran ejpiritu. Fr. Pedro Mont. Claufir. Do-
minic. Tom. 3. p. 222. Keligiofo muito obfer-
vante. Fr. Alonfo Fernand. Hift. Ecclef. liv.
2. cap. 43. Apoftolico Varon. Souza Hift. de
S. Dom. da Prov. de Portug. Tom. 3. liv. 4
cap. 8. e liv. 6. cap. 9. Fr. Jeron. Garcian
Eftimul. de la Propag. de la Fé. pag. 255
Mendonça Hift. de la China liv. 2. cap. 3
Fr. Joaõ dos Sant. Etiópia Orient. Part. 2
liv. 2. cap. 2. Fr. Gregor. Garcia Hift. Ec-
clef. y Jecul. de las Ind. liv. 4. cap. 2. Lopes
Chron. da Ord. de S. Domingos. Part. 4. cap.
37. Fr. loan. à Cruce Prej. Direã. Concient.
§. 8. n. 24. Fr. lacinto de Deos Verg. de
Plant. e Flor. cap. 4. Art. i. António de
Leon Bib. Orient. Tit. 7. Fonceca Evor. Glo-
rio/, pag. 412. Q)mpoz.
Traãado em que Je contem muito por eftenfo
as coufas da China com fuás particularidades, e
ajft do Reyno de Ormus. No fim tem eftas
palavras. Foy imprejfo efte Traãado da China
na muy nobre, e fempre leal Cidade de Évora
em cai^a de André de Burgos imprejfor, e Ca-
valleiro da Cai^a do Cardial Iffante Acaboufe
aos XX. dias de Fevereiro de mil quinhentos,
e fetenta. 4. O imprelTor dedicou efta obra
a ElRey D. Sebaíliaõ. Coníla de 29. Capi-
tulos, e huma relação da Chronica dos Reys
de Ormus. Nicol. António Bib. Hifp. Tom.
1. pag. 401. afirma que fora traduzida efta
na lingua Caftelhana, e fahira em Sevilha.
Ff. Joan. à D. António Bib. Francifc. Tom.
2. pag. 8. col. 2. miferavelmente fe enga-
nou querendo fazer religiofo da fua ordem
a Fr. Gafpar da Cruz, e author do Tratado
da Qiina.
D. GASPAR DA CRUZ Cónego Re-
gular de Santo Agoftinho infigne profeflbr
de Mufica, e Meftre defta armonica Facul-
dade em o Real Convento de Santa Cruz
de Coimbra deixando por teftemunhos da
fua fciencia.
Arte do Canto chaõ recopilada de vários Au-
tbores. M. S.
Arte de Canto de OrgaÕ. M. S.
Huma, e outra encadernada em hu vo-
lume confervava com grande eftimaçaõ Fran-
cifco de Valhadolid grande profeíTor da
Mufica, de quem fe fez memoria em fcu
lugar.
P. GASPAR DIAS natural da Villa de
Monte mòr o Velho do Bifpado de Coim-
bra filho de Francifco Frade, e Izabel Dias
recebeo a roupeta da Companhia de lefus
a 16. de Janeiro de 1564. Partio para a
índia em o anno de 1567. e tanto que che-
gou a Goa efcreveo a 30. de Dezembro do
referido anno.
Relação da fua jornada à índia Oriental.
M. S. Confta de 17. paginas.
GASPAR DIAS CARDOSO Familiar da
Caza do UluftriíTimo Arcebifpo de Lisboa
D. AfFonfo Furtado de Mendoça a cuja di-
gnidade foy aílumpto a 3. de Dezembro
de 1626. Foy muito inclinado à Poezia vul-
gar, fendo o mayor parto da fua Mufa.
Cântico Benedicite omnia opera Domini Do-
mino em Tercetos Portuguezes. M. S. con-
ferva-fe na Livraria do Excellentifiimo Du-
que de Lafoens.
GASPAR DIAS FERREIRA Afliftio no
Brazil no tempo que dominava aquelle Ef-
tado o Conde Mauricio donde voltando acufa-
do por ter difpendido doze mil cruzados foy
prefo em Olanda, e fendo reftituido à fua liber-
dade pela proteção do Principe de Orange,
publicou.
Epiftola in cárcere, unde erupit,f cripta 17. Au-
gufti 1647. 4. Pofto que naõ tem lugar da im-
preíTaõ, do carafter da letra fe conhece fer
impreíTo em Olanda, como vimos em huma que
conferva na fua feleâa Livraria meu Irmaô
D. Jozé Barbofa Clérigo Regular ,Chronifta da
Sereniflima Caza de Bragança, e Académico
da Academia Real.
D. GASPAR DA ENCARNAÇAM natu-
ral de Lisboa filho de António Galvaõ, e D.
Brites de Almeyda, e irmaõ de Francifco Gal-
vaõ Efcrivaõ da Camera de S. Mageftade na re-
partição da Juftiça. Recebeo o Canónico habi-
L USl TANA.
to de S. Agoílinho no Real Convento de
S. Vicente fora dos muros deAa Gjrte a
25. de Julho de 1672. onde foy Procura-
-dor Geral, três vezes Prior do Convento de
S. Vicente, e duas Geral da fua Canónica
Congregação, Qualificador do Santo Of?i-
cio. Examinador das Três Ordens Militares,
€ do Priorado do Crato. Teve igual talento
para a Poesda vulgar, e Latina, como para
o púlpito. Morreo a 8. de Julho de 1737.
com mais de 80. annos de idade, e 65. de
Religião. Publicou.
Oração fúnebre nas honras pofthnmas que de-
Scou a Irmandade dos Italianos na fua Ca^a do
luoureto às cini^as do Santijfimo Padre Innocen-
4no XII. com huma deplorarão biflorial da vida,
morte, e exéquias em metro hatino, a que fe
úcrecentou bumas reflexoens fobre as circunflan-
àas mais efpeàaes na exaltação do Santijfimo
Papa noffo Senhor Clemente XI. vatinnado na
ultima claufula do Poema. Coimbra por An-
tónio Simoens ImpreíTor da Univeríidade.
1706. 4.
A deploraçaõ hiftorial começa.
Tempus erat, quo Koma fuo exultabat bo-
nore
Prafule Supremo <&€.
Epigrama Latino em aplauzo de Louren-
^ Pires de Carvalho impreíTo no i. Tom.
•das Quejl. Sele£t. da Bulia da Crti^ada.
GASPAR ESTACO natural da Gda-
■de de Évora onde teve por Pays a An-
<lre Nimes, e Brites Eílaço fendo irmaõ
do Cónego Balthezar Eílaço de quem fi-
zemos memoria em feu lugar, e de Fr.
Manoel Ellaço Erimita de Santo Agof-
tinho do qual fe fará mençaõ. Na Uni-
verfidade da fua pátria aprendeo as le-
tras amenas, e feveras por ordem do
Cardial Infante D. Henrique aíTiftindo em
fua Caza defde a tenra idade de dez
annos. Foy Cónego da celebre Collegiada
de Santa Maria de Oliveira da Villa de
■Guimaraens. Refidio algum tempo na Cor-
te de Roma onde mereceo particulares
eíHmaçoens do Cardial Duarte Famefe fi-
lho dos fereniíTimos Príncipes de Parma,
€ Placencia Alexandre Farnefe, e D. Ma-
ria filha do noíTo augufto Monarcha D.
349
Manoel o qual fendo aíTumpto à Pur-
pura vaticana pela Santidade de Gregório
XrV. a 6. de Março de 1591. morreo
a 21. de Fevereiro de 1626. Foy Gaf-
par Eftaço muito eftudiofo da Hiíioria
defte Reyno, e critico inveftigador das
fuás Antiguidades, como também da Ge-
nealogia, em que confumio a mayor par-
te da fua vida por cuja incanfavel aplica-
ção alcançou os Elogios de infignes Ef-
critores como faõ Nic. Ant. Bib. Hifp.
Tom. I. p. 401. col. I. Vir quidem fiu-
dio rerum antiquarum, defeecatoque , ac virili
judiào praflans. Cardof. A^ol. Ijifit. Tom.
I. pag. 253. no Coment. de 23. de laneir.
letr. B. doutiffimo. Abreu Vida de Sant. Qtú-
ter. cap. 2. pag. 28. ^ave Efcritor. loan.
Soar. de Brit. Theatr. Lujit. Utter. lit. G.
n. 32. vir valde diligens, €^ fludiofus. Efperan.
Uifl. Seraf da Prov. de Portug. Part. i. liv.
I. cap. 51. n. I. doutijfimo. Foncec. Ejvor.
Gloriof pag. 406. infigne. e pag. 421. D. An-
tónio Caet. de Souz. Apparat. à Uifl. Gen.
da Ca^. Rfal Portug. pag. 65. §. 48. douto.
Franckenau Bib. Hifp. Gen. Herald, pag. 158.
Compoz.
Varias Antiguidades de Portugal. Lisboa
por Pedro Craesbeeck 1625. foi. No fim
delia obra.
Tratado da Unhagem dos Eftaços rmturaes
de Évora, o qual contem buma defenfaõ da no-
bret(a do fangue, e outra das armas com o prin-
cipio das infifftias das famílias particulares, iflo
he quando, e por quem foraõ introdu^das. Lis-
boa no mefmo anno e impreíTor.
P. GASPAR ESTEVAM Religiofo da
Companhia de lefu da Provinda de Goa
onde efcreveo no anno de 1597.
KelaçaÕ do martyrio que deu Taycofama Empe-
rador do JapaÕ a féis reliffofos de S. Francifco, três
Irmãos da Companhia, e defafete Japoneses. M. S.
Conferva-fe na Caza profeíTa de Goa.
GASPAR DE FARLA SEVERIM Co-
mendador de Mora em a Ordem de Aviz
teve por pátria a Qdade de Évora, e
por progenitores a Francifco de Faria Se-
verim Executor mór do Reyno, e Ef-
crivaõ da Fazenda Real, e a fua mulher
35o
B IB LIO THE CA
D. Joanna da Fonccca filha de Rodrigo
Sanches Commendador de Viana em a Or-
dem de Chriílo, e de fua primeira mulher
D. Lui2a da Fonceca. A boa Índole, que
defde os primeiros annos moftrou para o
eíhido das letras humanas, e hiftoria fecular
o fez digno de que em os mayores chegaíTe
a fer Secretario das Mercês delRey D. Joaõ
o IV. e do feu Confelho cujo miniílerio po-
litico adminiílrou no reynado delRey D.
AíFonfo VI. Entre as continuas ocupaçoens
do feu Officio nunca fe abílinha da apli-
cação dos livros, de tal forte, que como
afirma D. Francifco Manoel de Mello na
carta cfcrita ao Doutor Manoel Themudo
da Fonceca que he a i. da 4. Cent. das fuás
Cartas Famil. o feu defcanfo era efcrever
em obzequio, e honra da Pátria. Foy Poeta
elegante, e Genealógico erudito como her-
deiro, e emulo do talento de feus doutiíTi-
mos AntepaíTados. Acrecentou com hum
grande numero de livros a feleâdíTima Bi-
bliotheca que herdou de feu Tio o cele-
bre Antiquário Manoel Severim de Fa-
ria Chantre da Cathedral de Évora. Ca-
20U com D. Mariana de Noronha filha de
D. Francifco de Noronha Commendador de
S. Martinho de Frazaõ de quem teve a
Francifca Maria de Menezes que cazou com
D. Diogo de Faro 7. Senhor da Villa
de Vimieiro, Alcoentre, e Tagarro dos
quais naceo D. Sancho de Faro 2. Conde
de Vimieiro. Compoz em muitos volu-
mes.
Famílias do Reyno de Portugal, foi. M. S.
Saõ difpoftas por boa ordem, e dou-
tamente hiftoriadas com as allegaçoens dos
livros, e authores que fallaõ em cada
huma, e com os epitáfios de diverfas
pcflbas. Delias conferua alguns volumes
Originaes o Padre D. António Caetano
de Souza como efcreve no Apparat. da
Hijor. Gen. da Cai^. Real. pag. 115. §.
124.
ColleçaÕ de Memorias extrahidas da Torre
do Tombo 3. Vol. Eílaõ em poder do re-
ferido Padre.
Obras Poéticas. 4. M. S. Na Biblio-
theca do ExceUentiflimo Conde de Vi-
mieiro.
P. GASPAR FERNANDES natural da
Cidade de Beja em a Província Tranftagana
onde teve por Pays a Pedro AfFonfo, e
Leonor Rodrigues. Foy admitido à Com-
panhia de JESUS em o Collegio de Évora
a 51 de Janeiro de 1602. Depois de ter
enfinado letras humanas, e Rhetorica na
Univerfidade de Évora recebeo o grão de
Doutor Theologo a 30 de Mayo de 1658.
fendo Lente de Efcritura na mefma Uni-
verfidade, e fubftituto do fapientiíTimo P.
Francifco de Mendoça. No minifterio do
púlpito mereceo diítintas eftimaçoens prin-
cipalmente dos ExcellentiíTimos Duques de
Bragança dos quais foy Pregador. Com
apoílolico efpirito difcorreo pelo Reyno fa-
zendo muitas MiíToens de cuja laboriofa
empreza colheo copiofos frutos. Em Beja
onde nacera para o mundo renaceo para
a eternidade a 22. de Julho de 1640. com
57 annos de idade, e 38. de Religião. Delle
diz Marrac. Bib. Níarian. Part. i. pag. 466.
Vir utroque virtutum fcilicet, €^ litterarum or-
namento admodum confpictms. Franco Imag.
da Virt. em o Nov. de Evor. pag. 866.
No talento para os púlpitos foy excellente, e
no Ann. Glor. S. I. in Lufit. p. 355. egré-
gias ac Jacrum Juggeftum exercuit artes. Bib.
Societ. pag. 276. col. 2. concionator injignis.
Fonceca Evor. Glorios. p. 432 Jacob le
Long. Bib. Sacr. pag. mihi 723. col. i.
Compoz.
Sceptrum Davidicum, feu in primum, e^ fe-
cundum caput. libri 11. Keg. in vários difcur-
fus explanatio. Eborae ex Oíficina Academia?.
1685. 4.
Eíla obra poílhuma era continuação aos
Commentarios dos livros dos Reys do P.
Francifco de Mendoça ao qual aíTim co-
mo fubftituhio na Cadeira da Efcritura
intentava profeguir o mcfmo argumento,
que deixou imperfeito aquelle grande Ef-
criturario.
Ad Comités Flandria per Emmanuelem
Sueiro Equitem Militia Domini No/M Jefu
Chrifli in lucem éditos Dialogifmus. He hu-
ma Elegia Latina ao principio dos An-
naes de Flandes efcritos por Manoel Soei-
ro Senhor de Voordc. Anvcrs por Pc-
L USITANA.
35 1
<iro, e Juan. Beleros. 1624. foi. Começa.
Salvete aternum Comités, qtúhus inclyta nomen
F lanaria Syderihus par jihi vija ttãit.
Sermoens 12. Tom. 4. Eílavaõ promptos
paia a impreíTaõ como afirma o Padre
Fianco Imag. da Virtud. em o Nov. de Evor.
p. 866.
GASPAR FERNANDES TELLES Li-
cenciado em Theologia, e muito perito na
Filologia, e prindpaes Unguas da Europa.
No anno de 1636. quando contava 70 de
idade. Compoz.
Mijcellanea qtia continentur varia Jententia,
apotbegmata, cajus varij, exercitia, defcriptiones
bominis, rerum, <& temporum Latino, Ljifitano,
Hijpamque Sermone conjcripta profa, €>* verfu.
foi. 2. Tom. O I. Tomo, como vimos
confiava de 475. paginas fem Verfo. O 2. de
314. paginas fem Verfo.
GASPAR FERREYRA Sotopiloto da
Náo Saõ Thome de que era Capitão aquelle
infigne Heroe D. Paulo de Lima, a qual
padeceo horrível naufrágio no anno de 1 5 89.
de cujo trágico fuceíTo compoz com eíHlo
íiocero.
Tratado dos grandes trabalhos que paffaraõ
os Portuguef(es, que falvaraô do efpantot^o nau-
Jragio que fev^ a Não S. Thome que vinha para
o Reyno bo anno de 1589. Feito em o anno
1590. Dedicado ao Cardeal Alberto. Confer-
va-fe M. S. na Livraria do Excellentinimo
Conde de Caftello milhor.
P. GASPAR FERREYRA natural da
Villa de Tomos do Bifpado de Vifeu,
•c filho de Gafpar Ferreira, e Izabel Gaf-
par. Na idade tenra de 15 annos fe
agregou à Companhia de lefus receben-
do a roupeta em o Noviciado de Coim-
bra a 21 de laneiro de 1589. Com o
dczejo de íalvar almas, e reduzir ao gré-
mio da Igreja aos gentios paíTou à In-
<iia no anno de 1593. onde enfinou qua-
tro annos letras humanas, e foy Meílre
<ios Noviços. Ao tempo, que defcorria
pela China acompanhou ao Padre Ma-
theos Ricd à Corte de Pekim. Pelo lar-
gp efpaço de quarenta annos foy inde-
feíTo obreiro daquella dilatada vinha em
que derramou copiofos fuores fendo def-
terrado no anno de 161 2. quando era
Superior da Refidencia de Xaocheu até
que partio a receber o premio na eter-
nidade a 27 de Dezembro de 1649. quan-
do contava 75. annos de idade, e 56. de
Religião. Delle fe lembraõ Faria Afia Por-
tug. Tom. 3. Part. 2. cap. 8. n. 16.
Bib. Societ. pag. 276. col. 2. Gouvea A^
Extrema, liv. 5. n. 68. Cathalog. PP. S.
J. qui poft obitum S. Francifci Xav. ab
an. 1581. ufque ad 1681. in Imp. Sin.
Jef. Cbrifti fidem propagarunt. §. 14. Fran-
co Imag. da Virt. em o Nov. de Coimb.
Tom. 2. p. 218. Compoz na lingua Chi-
nenfe.
Calendário dos Santos de cada mez^ para
UT(o dos Chrifiãos com fentenças dos Santos
Padres. M. S.
Meditaçoens dos quinze Mjfterios do Kofario.
M. S.
Diccionario da lingua Chinenfe, e Portuguet(a.
M. S.
Vinte Tratados fobre diverfas matérias. M. S.
Deftas duas ultimas obras faz mençaõ o
Padre Gabriel de Magalhaens Novuelle Kelat. de
la Chine. cap. 4. pag. 10 1.
GASPAR FERREYRA REYMAM Pi-
loto mór, e Cavalleiro da Ordem militar
de S. Tiago. Pela larga experiência que
tinha da navegação da índia, efcreveo.
Roteiro da Navegarão, e carreira da índia
com Jeus caminhos, e derrotas, finaes, e ania-
gens, e diferenças da agulha tirado do que ef-
creveo Vicente Rodrigues, e Diogo Affonfo Pi-
lotos antigos. Lisboa por Pedro Craesbeeck.
1612. 4.
Do author, e da obra faz mençaõ
o moderno addicion. da Bib. Náutica de
António de Leaõ Tom, 2. Tit. 3. coL
1148.
GASPAR FRUCTUOSO naceo em a
Qdade de Ponte Delgada Capital da Ilha
de S. Miguel em o anno de 1522. de
Pays igualmente nobres, que opulentos,
que vendo a inclinação natural, que logo
nos primeiros annos moíhrou para as fcien-
352
BI B LIO THE CA
cias, depois de inílruido na Gramática
Latina, o mandarão eíhidar as Faculda-
des mayores em a Univeríidade de Sa-
lamanca onde comprehendeo as agudezas
da Filofofia com taõ excellente engenho,
e profunda efpeculaçaõ que recebeo o
grão de Meílre em Artes. Havendo che-
gado à idade de ordenarfe de Presbítero
paflbu à fua Pátria, e tanto, que fe fez
domeílico da Caza de Deos, naõ havia pef-
foa alguma, que o naõ confultafle nas ma-
térias pertencentes à direção das concien-
cias fendo igualmente venerado pela cul-
tura das letras, que das virtudes. Segunda
vez bufcou Salamanca para frequentar o
eíhido da mayor fciencia própria do feu
Eftado, qual era, a Sagrada Theologia, de
cuja Faculdade teve por Meílre aquelle fa-
mozo Oráculo da Religião dos Pregadores
Fr. Domingos Soto a quem lhe era muitas
vezes precizo mayor reflexão para refpon-
der às duvidas propoílas por taõ grande
difcipulo, que mereceo fer laureado com as
iníignias doutoraes em a mefma Univeríi-
dade. A fama da fua litteratura unida com a
reftidaõ do feu procedimento moverão a
D. Juliaõ de Alua Bifpo de Miranda para
fe fervir da fua peíToa principalmente nas
matérias concernentes à obrigação paíloral
cuja eleyçaõ dezempenhou como delle fe
efperava lendo no G^llegio da Cidade de
Bragança alternativamente com os Padres
Jefuitas, que o habitavaõ Theologia Mo-
ral. Sendo promovido o Bifpo de Miranda
à dignidade de Capellaõ mór pela Mageílade
delRey D. Sebaíliaõ no anno de 1566. re-
nunciou Gafpar Fru£hiofo em as mãos de
D. António Pinheiro fuceíTor deíle na Diocefe,
os Benefícios, que nella poíTuia fem refervar
a menor penfaõ. Querendo fatisfazer às repe-
tidas inílancias dos feus naturaes, que lhe ro-
gavaõ fe reílituiíTe à pátria para direftor de mui-
tas almas, veyo a Lisboa onde achou provido
na Mitra da Cidade de Angra a D. Manoel de
Almada o qual obfervando a modeília do fem-
blante, e a profundidade da fciencia de taõ
inílgne Varaõ reprcfentou eficafmente a El-
Rey, que o elegeíTe Bifpo de Angra, cuja
dignidade logo renunciava por julgar tinha to-
das aquellas partes conílitutivas de hum
perfeito Prelado. Como era inimigo jurado
da ambição regeitou conílantemente a digni-
dade Epifcopal, q lhe ofFereceo ElRey, c fe
fatisfez com a Igreja da Villa da Ribeira
Grande íituada na Ilha de S. Miguel, e dif-
tante três legoas da fua pátria, naõ que-
rendo aceitar o governo do Bifpado em
quanto naõ partia para elle D. Manoel de
Almada. Na adminiílraçaõ da fua Igreja
encheo todas as obrigaçoens de Paílor foli-
cito naõ havendo inllante vago, que naõ
ocupaíTe em beneficio das fuás ovelhas. No
púlpito reprehendia feveramente os vidos;
no confeíionario atrahia fuavementc os pe-
cadores, e derigia prudentemente aquelles
efpiritos que feguiaõ o caminho da virtude
dos quais foy o principal a V. Margarida
de Chaves. Era compaffivo com os pobres,
e fumamente auftero com a fua peíToauzan-
do de afperos cilícios, e continuas difcipli-
nas para confervar illeza a flor da pureza
virginal. Todas as femanas jejuava três dias
intercalarmente, e na Quarefma as fextas
feiras a paõ, e agua. Como lhe foíTe reve-
lada a ultima hora da vida diíTe MiíTa na.
fua Igreja com a pauza, e devoção cuíhi-
mada, e de tarde depois de rezar Vefperas,
e Completas pedio que lhe adminiíbraírem
o Sacramento da Extrema Unçaõ, e in-
vocando os dulciíTimos nomes de lESUS,
e MARIA entregou placidamente o efpi-
rito nas mãos do feu Creador a 24. de
Agoílo de 1591. quando contava 70. an-
nos de idade. Logo que foy divulgada a
noticia da fua morte concorrerão a venerar
o Cadáver naõ fomente os feus freguezes
mas innumeraveis peíToas de hum, e ou-
tro Sexo clamando fer morto o feu Meíbre,^
e Pay Univerfal. AíTiílio o IlluílriíTimo Bif-
po às fuás exéquias no flm das quais
foy fepultado na Capella mór da fua Pa-
rochial Igreja de N. Senhora da Eílrella,
e fobre a Campa fe lhe gravou eíle Epi-
táfio.
Aqui ja:^ o Doutor Ga/par Fruâmfo que
foy Vigário, e Pregador defta Igreja vere Va-
raõ Apojlolico, e ittfigrte em letras, e vir-
tude.
Foy muito afefto aos Padres lefuitas
deixando para teílemunho do feu amor
L US l TAN A.
353
a fua Livraria, que excedia de quatrocentos
volumes impreflbs, e féis M. S. da fua pró-
pria letra entre os quais merecia mayor
eftimaçaõ o que acabou de compor em o
anno de 1390. com o feguinte título.
Defcobrimento das Ilhas, ou Jaudades
da Terra.
Neíle Tomo trata em o i. Livro do Def-
cobrimento das Ilhas Canárias, e Cabo Verde;
e no 2. comprehende a Ilha da Madeira, e
dos AíTores principalmente a de S. Miguel.
Na Livraria do ExcellentiíTimo Conde de
Vimieiro fe conferva huma Copia, que foy
do iníigne antíquario Manoel Severim de
Faria Chantre da Cathedral de Évora o
qual perfuadio a loaõ Franco Barreto como
afirma na Bih. Portug. M. S. reduziíTe eíla
obra a milhor forma, e eftilo. Compoz
outro livro, que deixou imperfeito intí-
tulado.
Saudades do Ceo.
Fazem ílluílre memoria do feu nome
loan. Soar. de Brit. Theatr. hafit. Utter.
lit. G. n. 21. Cardofo A^oL Ijifit. Advert.
do Tom. I. §. 14. pag. 53. Fr. Luiz dos
Anjos lard. de Portug. p. 539. n. 179.
Cordeiro Hift. Injulan. liv. 2. cap. 2. Mello
Vid. da V. Marg. de Chav. p. 343. D. An-
tónio Caet. de Souz. Cat. dos Bifp. de An^a
e no Agiolog. Ljifit. Tom. 4. p. 647. Maran-
goni Thet^aur. Paroch. Tom. 2. pag. 244.
O Padre Manoel Gonfalves da Companhia
de JESUS lhe dedicou três Epigramas de
que tranfcrevemos o feguinte.
Doãori Ga/pari Fruãuofo inflar arhoris vita
talem fruãum habentis.
Arbor vitalis vitalibus undique ramis
Cum fis; vitalis non nifi fruãus eris.
Et fi viuus eras fuerant dum corpore vires
Nunc magis illuftri nomine viuus eris.
Nam licet occidat corpus mors, gefta mane-
bunt
Cum tua non pojjint inclyta faBa mori.
GASPAR GIL SEVERIM natural
da Cidade de Évora onde foraõ feus
Progenitores António Gil Severim Caval-
leiro da Ordem de Chrifto, Executor mór
do Reyno, e Thefoureiro da Arca, cujo
25
Officio fe extinguio, e Catherina Lopes
de Siqueira. Aprendeo as primeiras letras
com admirável comprehenfaõ, e naõ menos
as Artes liberaes, fendo infigne Arithmetico,
e elegante Poeta. Acompanhou ao Senhor
D. Duarte quando foy a primeira vez a
Africa ElRey D. Sebaftiaõ, e o fervio com
fumma fidelidade, e vigilância todo o tempo
que aíTiílio na Praça de Tangere. Querendo
paíTar com o mefmo Monarcha no anno
de 1578. aos Campos Africanos o deixou em
Lisboa com o poílo de Capitão, que exer-
citou até o tempo em que foy aclamado
por fuceíTor defta Coroa o Cardial Infante
D. Henrique. Quando Felippe Prudente
entrou nefte Reyno certificado do feu talento
lhe deu o Officio de Executor mór. Naõ
foraõ pequenas as demonftraçoens do feu
natural valor na ocafiaõ em que o Senhor
D. António Prior do Crato aportou em Lis-
boa com huma Armada Ingleza no anno
de 1589. Foy muito pio, e devoto con-
trahindo grande familiaridade com os Varoens
mais virtuozos, que venerou aquella idade,
como eraõ o Padre Fr. Ambrofio Mariano
primeiro Fundador dos Carmelitas Defcal-
fos nefte Reyno, e ao Ven. Bernardino
de Obregon author da Congregação dos
Sacerdotes aíTiftentes aos infermos o qual
veyo a efta Corte no anno de 1592. e affiítío
muitos annos com feus Companheiros no
Hofpital de todos os Santos. A fua mais
ardente piedade era para com Maria Santif-
íima em cujo obfequio levantou huma fump-
tuoza Ermida na fua Quinta de fubferra junto
da ViUa da Caílanheira do Patriarchado de
Lisboa a qual dotou de Miíía perpetua para
todos os Domingos, e dias Santos. Falle-
ceo em Lisboa a 16. de Dezembro de 1598.
e jaz fepultado no Capitulo do Convento de
S. Francifco da Qdade. Foy cazado duas
vezes a primeira com D. Antónia de Faria,
e VafconceUos filha de António Dias de
Vafconcellos, e D. Anna de Faria; a fegun-
da com D. luliana de Faria fua fegunda
Prima filha de Duarte Frade de Faria, e
Maria Severim prima com Irmãa de feu
Pay, filha de Aífonfo Severim de quem en-
tre outros filhos teve ao grande antíqua-
rio Manoel Severim de Faria, que à me-
354 BIB LIO THECA
moria de feu Pay dedicou a feguintc inf- Imag. da Virt. do Nov. de Evor. liv. i.
cripçaõ fepulchral. cap. 34. §. 9. e Ann. Glor. S. J. in Lufit. pag.
Ga/pari JEgidio Severino Exaãori Ma- 278. e Annal. S. J. in Ljtfit. p. 206. §. 6.
ximo in quo mérito duhites utrum pietas, Compoz.
liheralitas, veritas, urhanitas, (& litterarum Traãatus de Sacramentis in genere et
amor plíis excelluerit, cujus fi negotia regni Jpecie.
curata intmris, nil eum umquam legere, aut de Incarna tione
fcribere potuijfe dicas. Si qua multa inferi- 'de Cenfuris
bere infpicias mtdtorum hominum otia quie- de Indidgentiis, voto,
tiora continuiffe judices. Emmanuel Severinus Juramento et Horis Canonicis.
de Faria filius. Suavijftmo Patri, eJ^ incom- de Correptione Fraterna.
parabili D. C. O. Ebora in I^(f. Kal. Augujl. Todos eftes Tratados fe confcrvaõ M. S.
ann. à part. Virg. M.DC.XLVI. Compoz. em. o GDllegio de Évora.
Tratado de Conjideraçoens devotas fobre
as obras divinas ordenadas em beneficio dos r-Acr>AT> r^r-^Kn-nc t r^-or^ rr- •
L -Kt c GASPAR GOMES LOBO Vigano
homens. M. b. 1 t^ 1 • 1 x • 1 í> » . ,
,, ' j ^ j r rr j -n da Parochial Igreja de Santo Antomo do
Memorias de todos os fucejjos do Keyno, _.,^ , °' ,,-, t-
r j n r ^ 1 r 3 - -Kt <- Tojal íituada no termo de Lisboa. Foy muito
e fora delle que em feu tempo fucederao. M. S. . , . .„ . , , . ^ ,.
^ n ^ j r\. . I exercitado no miniíterio do púlpito, e na liçaõ
Colleçao de Sentenças moraes por luga- ,„ ,-^.. ,0 t>,
, a -^ •. •. da Sagrada Efcritura, e dos Santos Padres
res communs onde eftao mm tos conceitos, que , • , ^ y r r^
^ j r ' ^ , 1 i-r r deixando compoílos em diverfos Tomos.
podem fervir para ornato de vários dt curfos. „ ^ . , , ,,
-KK c òermoens vários. M. ò.
■Kx j'^ ~ r 1 ^ j -Kic c A nona parte em que fc continhaõ 78
Meditação fobre o Credo. M. S. ^ . ^ - „ ^ . _'
T a ~ r j:il i i efcritos em 279. folhas coniervava em leu
In/truçao a eu nlho quando embarcava. , _ _ ''^ . , _, .
•K4- c XT T • • j T- 11 -rr r> 1 poder Colme Ferreira de Bnim como efcreve
M. S. Na Livraria do Excellentiuimo Conde t,t- t^ t^, t r -^^ ^
j TT- • • joao Franco Barreto Bib. LMltt. M. S. e que
do Vimieiro. , ^ « /- 1
„ ^ ^ ,. T^ /• do mel mo tomo conltava ler começado no
roefias vanas, e Comedias em Profa, . , . , '
, . , p . . , _.. -^ . anno de 1592. e acabado em o de 1595.
das quais numa fe intitulava Difcurfo ■^
Natural.
P. GASPAR GONSALVES filho de
P. GASPAR GOMES natural da Joaõ Gonfalves, e Domingas Simoens nacco
Villa de Cabeço de vide do Bifpado de na Cidade de Coimbra onde quando contava
Elvas, em a Provinda Tranftagana onde teve 16. annos de idade fe aliftou na Companhia
por Pays a António Fernandes, e Anna de JESUS a 25. de Mayo de 1556. e naõ
Bacias. Recebeo a roupeta da Companhia em Salamanca como erradamente cfcrcvco
de lefus em o Collegio de Évora a 4 de o author P>ib. Societ. p. 277. col. i. Aprendeo
laneiro de 1375. e no anno feguinte paíTou as letras humanas fahindo taõ confumado
para o de Coimbra. Teve infigne talento nos preceitos da Oratória, c Poeíia que foy
para as fciencias feveras diftinguindo-fe dos Meftre da primeira ClaíTe de Rhctorica em
mayores letrados do feu tempo na efpe- Coimbra, naõ fendo menos perito na intel-
culaçaõ da Theologia Efcholaftica, e Moral, ligencia das linguas Latina Grega, e
cujas Faculdades em que recebeo o grão Hebraica. Naõ floreceo menos o feu
de Doutor, diftou muitos annos em a agudo engenho em as fciencias mayores
Univerfidade de Évora. Obfervou com ef- diélando com univerfal aplauzo Theo-
crupulofa advertência todos os preceitos logia em a Univerfidade de Évora cm
do feu inftituto fendo fumamente mo- cuja Faculdade fe doutorou a 26. de Ou-
deílo, exceffivamente pobtc, e rigorofamente tubro de 1572. c depois foy nclla Lente
mortificado. PaíTou da vida caduca para da Sagrada Efcritura. Mcrecco particu-
a eterna no Collegio de Évora a 20 de lares eftimaçoens do Cardial D. Hcnri-
Mayo de 161 2. Delle faz memoria Franco que, ElRcy D. Sebaftiaõ, e do Infante
L U SI
D. Duarte Duque de Guimaraens, que
o elegeo por feu ConfeíTor, e lhe aíTiítio
na ultima hora com vigilante afefto. Tanto
era o conceito, que as Peflbas Reaes faziaõ
da fua prudência, que o mandarão a Villa-
viçofa para mitigar a vehemente dor
com que eílava penetrada a Senhora D.
Catherina pela morte de fua irmãa a Se-
nhora D. Maria Princeza de Parma, No
tempo, que tinha vago das ocupaçoens
religiofas difcorria pelo Reyno pregando
apoílolicamente donde colhia abundante fruto
como teílemunharaõ as Villas de Olivença
em o anno de 1568. e a de Serpa em 1571.
Sendo chamado a Roma alcançou tanta
eíHmaçaõ da Santidade de Xiílo V. que lhe
cometeo ao feu exame a correçaõ da Bí-
blia, que depois publicou. Na prefença
deíle Pontífice, e de todo o G^llegio Apof-
tolico orou elegantemente em a língua
Latina na ocaíiaõ em que foraõ admitidos
à prefença do Summo Paftor os Embaxa-
dores do Japaõ a 23. de Março de 1585.
Recolhido ao Noviciado de S. André fe pre-
parou para a morte com heróicos aâos de
piedade, que o transfeiio ao defcanfo eterno
em 9. de Agofto de 1590. com 50. annos de
idade, e 34. de Religião. A Bib. Societ. p. 277.
col. I. o intitula vir omnium dijciplinarum
genere excultus. Franc. Imag. da virt. em o
Nov. de Coimb. Tom. i. liv. 2. cap. 95. hum
dos homens, que no feu tempo authorit^ou
a Companhia com feus grandes talentos, e vir-
tudes, e no Ann. Glor. S. J. in l^ujit. p. 456.
Calluít apprime Latinas Graças, d>* hebrai-
cas litteras. Joan. Soar. de Brito Theatr.
hufit. Utter. lit. G. n. 22. vir in omnibus
difciplinis apprime excultus. Telles Cfjron.
da Comp. de Jef. da Prov. de Port. Part, 2.
Uv. cap. 35. §. 9. homem de muita erudi-
ção, e engenho, muy univerfal para todas as
faculdades, fendo em cada huma taÕ eminente
como fe fó aquella profejjara. Fonceca Evor.
Glor. p. 431. infgne Theologo, famofo Pre-
gador, e fervorofo Mijfwnario. Compoz.
Oratio nomine 'Legatorum Japonia habita
in publico Conjijiorio Romano 23. Mar-
tij 1585. Romãs apud Frandfcum Za-
nettum 1585. 4. Antuérpia apud Mar-
tinum Nutium 1593. 12. IngolAadii 1595.
TANA, 355
cum orationibus Marci Antonii Mureti. Q)-
loniíe Agripiníe apud Petrum Heningium,
& Michaelem Domenium 1661. 12. cum
orationibus P. Petri Joannis Perpeniani S. J.
Sahio vertida em Italiano. Roma por Fran-
cifco Zanetti. 1585. 4. Q)mpo2 mais os
feguintes Tratados Theologicos que fe con-
fervaõ no Collegio de Évora.
Traãatus de Gratia
de Pecato Originali, <& L^gibus.
de Beatitudine.
de Voluntário, (ò" Aãibus hu-
manis.
Fr. GASPAR DE lESUS natural da
Villa de Campo mayor em a Provinda do
Alentejo donde paliando a Caftella movido
de fuperior impulfo recebeo o habito de
Trino Defcalfo onde tantos foraõ os pro-
greflbs, que fez nas fciencias efcolaílicas co-
mo em as virtudes religiofas, fendo Minif-
tro dos Conventos de Granada, Madrid, e
Salamanca donde fubio a fer duas vezes
Provincial da Provinda de Caftella, e ulti-
mamente o Sexto Geral deíla reformada Fa-
mília eleito em o anno de 1653. cujo ?P~
vemo naõ acabou impedido pela morte, que
o privou da vida em Madrid a 7 de Janei-
ro de 1656. Efcreveo.
Cartas efpirituaes para inflruçaõ dos Reli-
giofos. Muitas delias fahiraõ impreíTas, bene-
fido, que outras muitas obras afceticas naõ
lograrão. Fazem delle mençaõ Fr. Belchior
do Efpirito Santo Vid. do V. P. Fr. Joaõ
Bautijla da Conceição Fr. Alexand. da Ma-
dre de Deos em a 3. Part. das Cbronicas dos
Trin. Defcalf cap. 17. e 26.
Fr. GASPAR DE S. JOAM natural
da Qdade de Leyria. Teve por Pays a
Álvaro Gomes, e Izabel Antimes. No tem-
po, que curfava as efcolas em a Uni-
veríidade de Coimbra foy admitido ao
Canónico habito de Santo Agoftinho em
o Real Convento de Santa Cruz em o
primeiro de Julho de 1598. Depois de ter
eíludado Filofofia, e Theologia diâou ef-
tas Faculdades aos feus domefticos em o
Collegio de Santo AgoUinho. Laureado
356
BIBLIO THE CA
Doutor Theologo em a Academia GDnim-
bricenfe no amio de 1619. foy Reytor do
CoUegio de G^imbra, Procurador Geral da
fua Congregação em Roma donde alcan-
çou da Santidade de Urbano VIII. pudefle
o Prior Geral de Santa Cruz conferir Or-
dens Menores aos feus Familiares. Era mui-
to verfado nas letras humanas, e na Rhe-
torica Ecclefiaílica, naõ o fendo menos na
intelligencia da Sagrada Efcritura. Falleceo
em Coimbra a 15. de Fevereiro de 1634.
Deixou compofto conforme efcreve D. Ni-
col. de S. Maria Chron. dos Coneg. Keg. liv.
10. cap. 29. n. 21.
Commentaria in Threnos Jeremia. Confer-
vaõ-fe no CoUegio de Coimbra.
D. GASPAR DE LEAM Naceo na Q-
dade de Lagos em o Rcyno do Algarve,
e naõ em Évora como efcreve o Padre
Francifco da Fonceca Evor. Glor. p. 320.
§. 574. Nos primeiros annos moílrou igual
Índole para a efpeculaçaõ das fciencias, co-
mo para o exercício das virtudes fendo taõ
eminente em humas como outras de que
refultou, que ordenado de Presbítero obti-
veíTe hum Canonicato na Cathedral de Évo-
ra de que tomou poíle a 12 de Junho de
15 51. donde foy provido pelo Cardial In-
fante D. Henrique Arcebifpo da dita Ca-
thedral em Arcediago do Bago, que va-
gara por morte de Joaõ de Sande Efmoler,
e Fidalgo da Caza do mefmo Infante D.
Henrique, de cuja dignidade tomou poíTe
a 27. de Julho de 1557. e o elegeu feu
Efmoler mór a quem acompanhava em to-
das as vizitas da fua Diocefe. Ereâa em
Primacial do Oriente a Cathedral de Goa
pela Santidade de Paulo IV. no anno de
15J7. foy eleito em 1559. feu primeiro Ar-
cebifpo por ElRey D. Sebaftiaõ, e repugnan-
do humildemente a aceitar lugar taõ hono-
rifico como fuperior ao feu talento, efcre-
veo o mefmo Príncipe ao feu Embaxador
na Cúria Lourenço Pires de Távora para
que o Pontífice o obrigaíTe a aceitar o Ar-
cebifpado pois era certamente digno de o
reger. Em attençaõ à fuplica delRey expe-
dio o Pontífice hum Breve em o qual lhe
mandava, que fem demora foflc adminiftrar
aquelle rebanho, que a divina Providencia
deítínara para a fua vigilância. Obedecco
promptamente ao preceito Pontíficio, e Sa-
grado em Lisboa pardo a 15. de Abril de
1560. e chegando profperamente a Goa co-
meçou a exercitar o Officio paftoral com
fummo difvelo fendo o feu total empenho
a reforma dos cuíhimes, e a extinção dos
abuzos, que fe tinhaõ infenfivelmente intro-
duzido. O mais claro teftemunho do feu
Apoftolico zelo foy perfuadir ao ínfigne He-
roe D. Conílantino de Bragança, que com
ímmortal credito do feu nome moderava
as rédeas do Império Afiatico, mandaíTe re-
duzir a cinzas hum abominável dente, que
fe colhera entre os defpojos da Conquiíla
de lafanapataõ, o qual era adorado com
profundas veneraçoens por todos os Prín-
cipes Orientaes; e para que fe extinguiíTc
a memoria de taõ execranda relíquia, com
as próprias mãos o pizou em hum almo-
fariz na prefença do Vicerey, e grande par-
te da Nobreza, e Gentilidade, e reduzido
a pò o lançou fobre o fogo cujas cinzas
foraõ fepultadas em o mar. Admirados os
Gentios deíle efpeftaculo conhecerão, que
no peito dos Portuguezes prevalecia o ódio
da idolatria ao amor do dinheiro, que pro-
digamente pelo refgate do dente fe ofFere-
cera. Naõ foraõ menores argumentos da
fua ardente piedade regenerar com as aguas
do Bautifmo em Goa no anno de 1562. a
trezentos, e vinte nove Cathecumenos, e no
de 1564. deftinar com huma feta na aldeã
de Margaõ Cabeça da Ilha de Salcete, o fi-
tio, que ocupava hum Pagode para fobre
as fuás cinzas fe erigir hum Templo à ver-
dadeira Divindade. No principio do anno
de 1567. celebrou Synodo, que foy o pri-
meiro, que fe fez no Oriente onde afliftiraõ
D. Fr. Jorge Themudo Bifpo de Cochim,
Manoel Coutinho Adminiílrador de Mozam-
bique, e Rios de Cuama, Francifco Viegas
Procurador do Bifpo de Malaca, os Provin-
cíaes das Religíoens de S. Domingos, S.
Francifco, e Companhia de Jefus com ou-
tros Theologos, e Canoniílas. Afpirando à
tranquillidade da vida religiofa renunciou a
dignidade Epifcopal, que adminiftrara pelo
efpaço de fctc annos, c para que o feu efpi
L USITAN A,
rito lograiTe da paz, que ardentemente de-
zejava, e da pobreza a que naturalmente
era inclinado, edificou hum Convento à Or-
dem Seráfica fituado no paíTo de Daugim
diftante de Goa menos de huma legoa, que
depois foy a cabeça da Provinda da Madre
de Deos onde começando a fer habitado
a 31. de Novembro de 1369. afliília conti-
nuamente com os religiofos faltando-lhe fo-
mente a folemnidade dos votos para fe nu-
merar entre os profeíTores de taõ auílero
inílituto. Por morte de feu fuceíTor D. Fr.
Jorge Themudo foy conílrangido pela San-
tidade de Gregório XIII. para que fegvmda
vez tomaíTe fobre os hombros o infopor-
tavel pezo da dignidade Paftoral a cuja or-
dem obedeceo aplicando-fe com mayor dif-
velo ao pafto das fuás ovelhas, e confi-
derando atentamente, que fe naõ tinha con-
cluido o Concilio, que elle principiara, e
continuara feu fuceíTor, o promulgou no-
vamente a 12. de Julho de 1575. para o
qual convocou a Mar Abrahaõ Arcebifpo
de Angamale no Malabar, e pofto, que naõ
veyo, aíTiítíraõ D. Henrique de Távora Bif-
po de Cochim, Fr. Gafpar de Mello Vigá-
rio Geral dos Dominicos como Procura-
dor de D. Fr. Jorge de Santa Luzia Bifpo
de Malaca, Bartholameu da Fonceca, In-
quifidor Apoílolico, André Fernandes Chan-
tre, e Procurador Geral do Cabido da Ca-
thedral de Goa, e feu Vigário Geral; o
Doutor Gonçalo Lourenço Chanceller da ín-
dia, e Embaxador por parte do Governador
do Eftado, e os Prelados, e Meílres das
Religioens. Neíle Concilio Provincial fe ef-
tabeleceraõ varias leys, e eftatutos condu-
centes para a reforma, e confervaçaõ do
Eftado Ecclefiaftico, Cumulado de obras
meritórias, e atenuado de diverfos acha-
ques paíTou da vida caduca para a eterna
a 15 de Agoílo de 1576. Foy fepultado
no Presbitério da parte do Evangelho da
Capella mór da Igreja da Madre de Deos,
que edificara, a cujas exéquias folemnes af-
íiíHraõ o Arcebifpo feu fuceííor com o Vi-
cerey, e toda a Nobreza, que o veneravaõ
como Santo, e fobre a fepultura fe gravou
o feguinte Epitáfio.
Aqui ja^ Dom Gafpar o primeiro Arce-
357
bifpo de Goa, e o primeiro dos pecadores,,
rogay a Deos por elk. Falleceo nejla Cas^a
da Madre de Deos aos 15 de Agoflo de
1 5 76. annos.
Aberta a fepultura no anno de 1665^
em que fe cumpriaõ 87. do feu tranfito fe
achou desfeito o Cadáver, até que em 15.
de Agofto de 1725. fendo Miniftro Provin-
cial Fr. Simaõ de Jefu Maria aífiítíndo o
UluflriíTimo, e Excellentiffimo Arcebifpo de
Goa D. Ignacio de S. Thereza hoje dignif-
fimo Bifpo do Algarve, que era juntamen-
te Governador do Eftado com todo o feu
Cabido, foraõ tresladados os oíTos do Ven.
Arcebifpo para hum maufoleo ornado de
excellentes mármores em o Presbitério da
parte do Evangelho. Deíle illuílre Prelado
fazem larga memoria Fr. Jacinto de Deos
Verg. de Plant. e Flor. cap. i. Art. 2. pag.
27. e feguintes. Fonceca Evor. Glor. pag.
520. §. 574. Faria Afia Portug. Tom. 2.
Part. 2. cap. 15. n. 11. e cap. 16. n. 4.
Couto Decad. 8. liv. i. cap. 29. Souza
Orient. Conq. Conq. i. Difc. i. Fr. André
de Chriílo Hifl. da Ord. de SaÕ Tiago liv. 2.
cap. 41. Jorge Cardofo Agiolog. hjifit. Tom.
2. pag. 107. letr. F. Honra do Sacerdorio^
e fingular exemplo de Prelados, e nas Advert.
do I. Tom. pag. 34. Prelado digiiffimo da
Cargo por fuás letras, e virtude. Alegambe
Mort. Illuflr. p. 151. virum doãrina, <& vir-
tute clarum. Fr. Agoft. de S. Mar, Sanã^
Mar. Tom. 8. Tit. 37. Mem. Polit. e Milita
delRey D. Sehafl. Part. i. liv. 2. cap. 2.
§. 15. Souza A^ol. Loifit. Tom. 4. p. 539.
e no Coment. de 15. de Agofto letr. B^
Publicou.
Tratado efpiritual para o Sacerdote quan-
do di^ Mijfa, e pêra os Ouvintes, que a
ouvem com bum fuave exercido do nome de
Jefu, e outro da OraçaÕ, e AíeditaçaÕ para
os que tem pouco tempo. Lisboa por loaõ-
Blavio Colonienfe 1558. 12. Sahio fem <y
feu nome.
Compenso efpiritual da vida Chriflãa tirada
pelo primeiro Arcebifpo de Goa, e por elle pre-
gado no primeiro anno a feus freguev^es. Divi-
dido em dous efiados do pecado, e da graça, e em
4. partes, i. da doutrina Chriflãa. 2. dos pecados. 3.
dos remeis contra elles. 4. da OraçaÕ, e
358
BIBLIOTHEC A
perfeição ejpiritual com devotos exercícios. Goa
por loaõ Quinquénio de Campania. 1561.
12. Coimbra por Manoel de Araújo. 1600. 8.
Carta do primeiro Arcehifpo de Goa ao
"Povo de IJrael Jeguidor ainda da ley de
Moyfes, e do Talmud por engano, e mali-
•cia dos Jeus Rabhis. Em que treflada em
Portuguei^ hum Tratado, que fe:^ Mejlre Je-
rónimo de Santa Fé Medico do Papa Be-
jtedião XIII. em que prova o Mejftas da
L^y fer vindo. Goa por loaõ de Endem
AOS 29. dias do mez de Setembro de
156$. annos. 4.
Conjlituiçoens do Arcehijpado de Goa apro-
vadas pelo primeiro Concilio Provincial. Goa
por loaõ de Endem. 1568. foi.
De/engano de perdidos em dialogo entre
Jous peregrinos, hum ChriJlaÕ, e hum Turco,
qm fe encontrão entre Sue^, e o Cayro di-
vidido em três partes, i. trata do dejen-
^ano dos Mouros denunciandolhe Jua total def-
truiçaõ conforme a expojiçaõ de huma Pro-
fecia de S. JoaÕ no Apocalypfe cap. 18.
2. do def engano dos homens perdidos, e fen-
fuaes conforme a declaração moral da Fabula
das S éreas. 3. de toda a vida efpiritual
pela qual fe alcança a perfeição. Goa por
loaõ de Endem 1573. Sendo examinado
pelo Padre Francifco Rodrigues Provin-
cial da Companhia, e approvado pelo Dou-
tor Bardiolameu da Fonceca InquÍ2Ídor
nas partes da índia. Taxado em 4. Tan-
gas de boa moeda em papel. Efta obra
compoz o virtuozo Arcebifpo retirado ao
Convento que edificara havendo renun-
<úado o Arcebifpado em D. Fr. Jorge
Themudo.
Dialogo efpiritual, Colloquio de hum Reli-
giofo com hum peregrino onde lhe enftna como,
4 onde fe hade achar a Deos. Lisboa por Joaõ
Fernandes 1578. 8. e Évora por André de
Burgos 1579. ^'
Carta efcrita de Goa a 20. de Novembro
de ij6i. em que relata a ElRey D. SebaJliaÕ
CS progrefjos da Chriflandade da índia. O oti-
ginal eílá na Torre do Tombo Gavet. 7.
Maflb. 9. fahio impreíTa nas minhas Mem.
Polit. e Milit. delKey D. Sebafi. Part. i. lib.
2. cap. 2. §. 15.
Piura qu^^co^e infallivelmente fer a G-
dade de Lagos como efcreveo loaõ Franco
Barreto na hib. Portug. M. S. e naõ a de
Évora, pátria deíle infigne Prelado cuja opi-
nião feguiraõ lorge Cardofo, e o Padre
Francifco da Fonceca na Fvor. Gloriofa da-
remos hum teílemunho authentico da pró-
pria maõ do Arcebifpo o qual defcubrimos
em beneficio da curiofidade antes, que fof-
fe comunicado ao Padre D. António Cae-
tano de Souza que o publicou no 4. Tom.
do Agiol. Ljífit. pag. 571. Confta de huma
Carta fua efcrita em Belém a 7. de Abril
de ij6o. nove dias antes de partir para
a índia, ao Provedor, e Irmãos da Santa
Caza da Mifericordia de Lagos a qual co-
meça. Por fatisfav^er em alguma maneira com
a obrigação devida aos Pays, e à pátria pareceo
ferviço de Noffo Senhor deixar as cav^as, que
nejfa Villa tenho, que fis^eraõ meus Pays à fua
geração. Eftas cazas foraõ doadas ao Licen-
ciado Álvaro Martins, e fua mulher Conf-
tança Lourenço fobrinha do Arcebifpo D.
Gafpar de Leaõ com o foro de três mil
reis à Caza da Mifericordia de Lagos, dos
quais mandaria dizer o Provedor, e mais
Irmãos finco MiíTas rezadas cada anno no
tempo da Quarefma. A primeira pelo Ef-
tado da Igreja Univerfal 2. por todos os
pecadores. 3. pelas almas do Purgatório.
4. pelas almas de feus Pays. 5. por fi, e
feus Irmãos. Foraõ teftemunhas defta doa-
ção Fernaõ Alvares irmaõ do Doutor D.
Gafpar de Leaõ, e feu cunhado Lourenço
Fernandes.
GASPAR LEYTAM DA FONCECA
Académico fupra numerário da Academia
Real da Hiíloria Portugueza naceo cm a
Villa de Thomar a 13. de laneiro de 1680.
fendo filho de Sebaftiaõ Leytaõ da Fon-
ceca, e Anna Leytoa. Depois de eftar inf-
truido nas letras humanas. Oratória, e My-
thologia, paíTou à Univerfidadc de Coimbra
onde aplicado ao eíludo da lurifprudencia
Pontificia recebeo o grão de Bacharel nefta
Faculdade. Reílituido à pátria prefcrio o
ócio das Mufas ao tumulto das caufas Fo-
renfes, ou foíTc patrocinando-as, ou dcci-
dindo-as, de cuja aplicação tem produzido a
amenidade do feu engenho multiplicados fru-
L USITAN A.
tos, que fervem de honorifico ornato no
Templo de ApoUo metrificando com caden-
cia, elegância, e difcriçaõ aíTim nos verfos
heróicos, como Lyricos em que compete
a novidade da idea com a delicadeza do
conceito fendo da fua fecunda veya partos
felices as feguintes obras.
Agnifierio de Apollo na Jaudo^a morte da
Excellentijftma Senhora D. Joanna de Meneses
Condejfa da Ericeira Jucedido no laftimofo Con-
vento de Santa Clara de L,isboa, e funerada delle
luãuofamente pelas fuás Keligiofas com fump-
tuo^o fufragio. Lisboa por Bernardo da
Coíla, 1709. 4. He huma larga Sylva.
Serpentaquila numero/a nas augujiijjimas vo-
das dos mtty altos, e poderofos Kejs, e Senhores
nojfos D. Joaô V. e D. Mariana de Auftria.
Lisboa por Valentim da Cofta Deslandes.
1709. 4. Confta de 83. Outavas.
Três Sonetos, bum Portuguet;^ outro Italiano,
e o outro Cajlelhano ao Bailio de LeíTa D.
Fr. Filippe de Távora, e Noronha. Sa-
hiraõ com outros Poemas a efte AíTumpto.
Lisboa por Pafchoal da Sylva Impreílor de
S. Mageílade. 171 6. 4.
Coroa Cafirenje no feli!(^ nacimento do Ex-
cellentijfimo Senhor D. L.uit^ lot^eph Thomat^
Leonardo de Cajlro duodécimo Conde de Mon-
fanto fegundo genito dos ExcellentiJJimos Se-
nhores D. Manoel, e D. LMÍt(a Terceiros
Marquev^es de Ca f cães em Sahhado 18. de
Setembro de i-jij. Lisboa por o dito Im-
preíTor. 171 8. 4. Saõ 83. Sextilhas he-
róicas.
Ejicyclo certame Eucharijiico. Lisboa pelo
dito ImpreíTor 1725. 4. Ganfta de hum
Soneto, Cançaõ Real, Romance Hendecafyl-
labo, 6 Decimas, Romance, dez Outa-
vas, e finco Dyítichos Latinos em que
fe ponderaõ as finco palavras da Con-
fagraçaõ.
Relação do Sanãuario de Nojfa Senhora
das iMpas no lugar dos Cafaes novos junto
ao rio NabaÕ em Tercetos. Sahio no Tom.
3. do Sana. Mariano liv. 6. Tit. 10.
pag. 478. Lisboa por António Pedrozo
Galraõ 171 1. 4.
La Jfabel en Poema Myjlico. Lisboa, na
Impreííaõ da Mufica. 1731. 8. He a vida
35ç>
de Santa Izabel Rainha de Portugal def-
crita em 10 Romances Endecafyllabos.
Dous Sonetos à morte da SereniJJima Se-
nhora Infante D. Francifca. Sahiraõ nos Sen-
timentos Métricos a efte Affumpto. Collec. i.
Lisboa por Miguel Rodriguez 1736. 4. a
pag. 12. e 21.
Outro Soneto ao me/mo Affumpto. Sahia
na Collec. 2. dos Sentim. Metric. a pag. 17.
Lisboa pelo dito Impreílor. 1736. 4.
Theatro do fentimento reprefentado no Tu-
mulo do Excellentijftmo Senhor D. Fernando-
de Noronha Conde de Monfanto. Lisboa por
Pafchoal da Sylva ImpreíTor de S. Ma-
geílade 1724. 4. Coníla de hum Difcur-
fo em proza, e três Sonetos Portuguez,
Caílelhano, e Italiano, e hum Epigrama
Latino.
Ponderação obfequiofa à Oraçaõ Honorária
com que fe celebrarão as exéquias de Bento de
Moura Baratta Mendoça Freyre. Lisboa por
Miguel Manefcal da Coíla ImpreíTor da
Santo Oífido 1741. 4.
Cyprefte elegíaco ao laureado Tumulo do
Illuftrijfimo Senhor D. Manoel lofeph de CaJ-
tro Noronha Attayde, e Sout^a 3. Marque^
de Cafcaes, 8. Conde de Monfanto, Fronteiro
mór, Coudei mór, e Alcayde mór de Lis-
boa do Confelho de Guerra, e Gentil ho-
mem da Camará delRey de Portugal D.
loaõ o V. N. Senhor. Lisboa na Regia
Officina Sylviana, e da Academia Real.
1742. 4.
No primeiro Tomo do lardim Carme-
litano novamente cultivado por Fr. EftevaÕ
de S. Angelo. Lisboa. Na regia Oífid-
na Sylviana, e da Academia Real. 1741.
foi. eílaõ as feguintes Poefias de Gafpar
Leytaõ da Fonceca em aplauzo da ReUgiaõ
Carmelitana, e de alguns dos feus San-
tos. Outavas Portuguet^as. a pag. 147. De-
cimas Portuguet(as p. 180. Endechas Reais.
p. 254. Romance Ejtdecafyllabo p. 334. Quin-
tilhas, p. 339. Soneto p. 356. Romance p>
365. No 2. Tomo Egloga Mjftica entrr
Sionino, e Taboreno p. 129. Dotts Epigra-
mas Latinos, p. 447. e 586.
Soneto à morte do ExcellentiJJimo Con-
de da Ericeira D. Francifco Xavier de Me~
net^s. Sahio no Obfequio Fúnebre à fau-
36o
BIBLIO THE CA
■doja memoria do dito Conde. Lisboa por
Jo2é da Sylva da Natividade 1744. 4.
Obras M. S.
Irenidos. Poema heróico da vida da Vir-
gem, e Martyr Santa Iria. Confta de 10.
Cantos, que comprehendem mil cento,
e tantas Outavas. Defta obra fa2 o mef-
mo author mençaõ no Poema de Santa
Izabel dizendo.
Im Mufa, que mi ple£iro ha remontado
En la palma de Irene aun alto affumpto
Texa en lauro efpanol aquel portento.
Que ultimo honor há fido a fu fepulchro.
Ljifitania Celefie nos recíprocos ca^amen-
Jos dos Príncipes do Brasil, e das Afiurías
■dividida em de^ Ceos, por de^ Cantos.
Romance Epithalamico com hum Soneto nas
Vodas do ExcellentiJJimo Senhor Conde de Sar-
cedas D. Rodrigo da Sylveira com a Ex-
cellentijjima Senhora D. Bernarda de Távora.
Sarao de las Mu/as en las bodas dei
Excellentijftmo Senhor Conde de Erícera D.
Luiz ^^ Meneses con la ExcellentiJ/ima Se-
.nora D. Anna de Ruan. Romance hende-
cafyllabo.
Coro Amabeo ao Excellentiffimo Senhor
Conde do Rio em nome do Rio Nabaô.
Coníla de hum Difcurfo em proza, e va-
riedade de Verfos.
Memorias doces. Difcurfos amorofos, em
alguns Verfos.
De/enganos cortejes. Difcurfo amorofo.
Anticrifis. Difcurfo Apologético à Crífis,
qm efcreveo Soror loanna de la Cru^ fobre
o Sermão do Mandato do Padre António
Vieyra.
Pe^ame elegíaco na morte do Excellentif-
Jimo Marquez de Abrantes D. Rodrigo Ean-
nes de Sá, e Almeyda com duas Elegias,
huma Latina, e outra Caílelhana.
A Treiçaõ mais bem vingada. Novella Por-
tugueza.
Adamaftor . Em 70 Outavas Caílelha-
nas imitando o Polifemo de Gongora na
•ocaíiaõ, que foy por Vicerey da índia
•o Excellentiflimo Conde da Ericeyra D.
Luiz de Menezes.
Lyfia magoada, e Eyfia Gloriofa na aufen-
cia do Senhor Infante D. Manoel. Confta de
130. Outavas
Pamaffo Epithalamico no Cazamento dos Se-
nhores Marquezes de Cafcaes D. Luiz lozeph
Thomas Leonardo de Caftro com a Excellentif-
fima Senhora D. loanna Perpetua de Bragança.
ConJfta de 80. Outavas.
Prímicias Epithalamicas no Cazamento do
Excellentijfimo Senhor D. Francifco de Menezes
com a Excel lentijftma Senhora D. Maria da
Graça de Noronha. Coníla de 60. Outavas.
Purpura Patríarchal revefiida ao efpelho
dos três celebres Rios Mondego, Douro, e
Tejo na promoção Cardinalícia do Emminen-
tijftmo Patriarcha de Lisboa. Coníla de 40.
Outavas.
Rafgo Épico repetido na Tomada de OraÕ
pelos mefmos confoantes, e numero de Ou-
tavas, que publicou D. Eugénio Gerardo Lobo.
Poefias varias que confiaõ de zoo Ro-
mances, 200 Sonetos, Cançoens, Tercetos, De-
cimas, e Loas a diverfos Affumptos. 4. 2.
Tom.
GASPAR DE LEMOS, E CASTRO
natural de Lisboa Fidalgo da Caza Real,
e filho de Joaõ Gomes de Lemos de
Caílro Contador mór na Praça de Maza-
gaõ, e de fua fegunda mulher D. Maria
de Vafconcellos Encerrabodes. No tempo,
que feu Pay aífiília em Mazagaõ foy Ca-
pitão de Cavallos dando de feu valor
heróicos argumentos em vários recontros,
que teve com os mouros. Foy igualmen-
te fabio na arte de Cavallaria como em
a Poética deixando compoílo diverfas Ri-
mas, e hum livro da
Cavallaria da Gineta
Cujas obras com toda a fua equipa-
gem lhe cativarão os mouros em o mar
quando fe transportava de Lisboa para
Africa. Falleceo na pátria a 25. de Se-
tembro de 1636. e jaz fepultado na Pa-
rochia de S. Mamede em jazigo próprio
de fua Familia.
P. GASPAR LOBO natural da Vil-
la de Chaves cm a Provinda Tranfmon-
tana, e Religiofo da Sagrada Companhia
de JESUS. Deixando voluntariamente o
L USITANA
36 1
Reyno partío para o Brazil onde fe de-
dicou com fervorozo zelo à converfaõ
dos índios. Foy ornado de iníignes vir-
tudes, que o conftituhiraõ exemplar de
domeílicos, e eílranhos. Recitava o Offi-
cio Divino de joelhos, e para, que o
naõ interrompeflem fechava a porta do
cubículo. Saudava aos domeíticos com ef-
tas palavras Laus Deo, Pax vivis, requies
ítefunãis. Sendo cenfurado, de que prega-
va com eílilo humilde refpondeo, que nos
Sermoens naõ bufcava a fua gloria, mas
a de Deos, e falvaçaõ das almas. Ainda,
que naturalmente era colérico moderava
de tal modo o génio, que para todos
era fummamente afável. Foy iníigne Hu-
manifta, e íingular Poeta, aíTim na lingua
Latina, como na materna em que com-
poz em Outava Rima.
Vida do JB. Ltà^ Gonzaga. M. S.
Os quatro NoviJJimos do Homem. M. S.
Falleceo piiíTimamente na Aldeã de S.
Pedro de Cabo Frio a i8 de Outubro de
1622. com 60 annos de idade, e 35. de
Companhia.
GASPAR LOPES natural de Villa nova
de Portimão em o Reyno do Algarve in-
íigne profeíTor de Gramática, que por mui-
tos annos eníinou em a fua pátria publi-
cando.
Ars Grammatka.
A qual foy impreíTa em Flandes como afir-
ma loaõ Franco Barreto na Bib. Portug. M. S.
P. GASPAR LUIZ natural da Villa
de Portel na Provinda do Alentejo. Foy
admetido à G^mpanhia de Jefus no Col-
legio de Évora a 15 de Mayo de 1602-
Depois de ter eníinado Rhetorica nos Col-
legios de Lisboa, Évora fe embarcou pa-
ra a índia com o Padre Gabriel de
Mattos no anno de 161 8. donde nave-
gou para o lapaõ, cuja dilatada, e in-
culta vinha cultivou por muitos annos,
fendo Prefidente da Congregação, que fe
celebrou nefta Provinda, em o anno de
1638. Falleceo em Goa, de cujos apof-
tolicos miniílerios fe lembraõ Faria Afia
Portug. Tom, 3. Part. 2. cap. 8. n. 21.
Bib. Societ. p. 279. col. i. Joan, Soar.
de Brit. Tbeatr. Lufit. Utter. liter. G.
n, 23. Franco Imag. da virt. em o Nov.
de Evor. pag. 867. Efcreveo.
Re/ofaõ do lapaÕ do amo de 1619. efcrita
em Macao ao primeiro de Outubro de 1620.
Sahio traduzida na lingua Italiana. Roma
perl* heredi di Bartholameu Zanetti. 1624. 8.
Carta Anima efcrita do Goa em o pri-
meiro de Fevereiro de 1619. e 1620. ao
Padre Geral Mudo Vitallefchi. Sahio com
outras em Italiano: Neapoli por Lazaro
Scoríggio. 1621. 8. defde pag. 94. até 137.
Rela^M da MiJfaÕ da Conchincbina efcri-
ta de Macao a if de Dei(embro de 1621.
Sahio em Italiano com outras. Roma por
Frandfco Corbelletti 1627. 8. defde pag.
97. até 118. e na lingua Franceza. Pariz
chez Sebaílien Cramoify 1628. 8. defde
pag. 122. até 148.
GASPAR LOPES CANÁRIO celebre
profeíTor de Medicina, e como tal louvado
por Zacuto Praf. Pro^Jl. Hjpoc. e Jorge
Ahrahaõ Mercklin. Und. Renov. Vander Lin-
den de Script. Med. e Nic. Ant. Bib. Hifp.
Tom. I. pag. 405. col. i. Foy Medico do
Conde de OíTuna D. Pedro Giron, fendo
igualmente perito na Theorica, como na
praítica deíla Faculdade, Efcreveo.
In libros Gakni de temperamentis novi, <&
integri commentarii in quibus fere omnia, qua
ad naturalem Medecina partem fpeãant, conti-
nentur. Compluti apud Petrum de Robles
et Sebaftianum Cormellas. 1565. foi.
P. GASPAR DE MACEDO. Naceo
na ViUa de Alcobaça do Patriarchado de
Lisboa onde teve por Pays a Pedro Ley-
taõ, e Maria de Macedo. Entrou em a
Companhia de Jefus no Collegio de Coim-
bra a 6 de Janeiro de 161 5. onde dic-
tou Rhetorica, e Filofofia, e Sagrada Ef-
critura na Univerfidade de Évora na qual
recebeo o grão de Doutor. Fazendo hu-
ma MiíTaõ na Villa de Setuval inftituhio
nella a Confraria de S. Frandfco Xa-
vier, ainda quando naõ tinha na dita
VUla Collegio a fua Religião. Pela muita
302
BIBLIO THE CA
afabilidade de que era dotado atrahio
os ânimos de todo o género de peíToas.
Voltando das Caldas aonde fora bufcar re-
médio para o achaque que padecia, foy
acometido de huma febre taõ perniciofa,
que o privou da vida a ii. de Outubro de
1649. Delle fe lembraõ com louvor Joan.
Soar. de Brito Theatr. Ljíjit. L,itter. lit. G.
n. 24. e o Padre António Franco Ann.
Glor. S. J. iMfit. p. 587. e Amai. S. J.
in 'Líifit. p. 297. §. 12. Compoz.
Sermão pelo bom Juceffo das Armas Por-
tugue!(as pregado no Collegio da Univerjidade de
Évora a ^o. de Níayo de 1644. Lisboa por
Lourenço de Anvers 1644. 4.
In ohitu ExcellentiJJimi Principis Odoardi,
epicedium começa.
Parcarum fuhitos raptus, inopinaque lethi
Vulnera, €>* extinãum pátria illacrymantis
alumnum
Lnjiada plorate &c.
Elegia ao mefmo aJTumpto. Principia.
Irruit in Lyjiam manibus Libi/ina cruentis
Mergereque indigno funere regna parat.
Confta de 25. diílichos com 6. Epigra-
mas ao mefmo argumento, que tudo vi-
mos M. S.
D. GASPAR MALDONADO DE ES-
POLETA natural de Lisboa moço fidalgo
da Caza Real Senhor do Morgado, e Cou-
tada da Vidigueira, Commendador da Com-
menda de Santa Maria da Nave da Ordem
de Chrifto, Vedor da Chancellaria mór do
Reyno, filho de D. Miguel Maldonado Com-
mendador de S. Maria da Nave, e Vedor
da Chancellaria mór do Reyno, e de fua
mulher D. Margarida Soares de Efpoleta
filha de D. Diogo Soares de Efpoleta Ca-
valleiro da Ordem da Monteza. Foy mui-
to eíludiofo da Hiíloria fecular, particular-
mente de huma das fuás mais nobres par-
tes qual he a Genealogia em que efcreveo
muitos livros com igual verdade, que in-
dagação, fendo os principaes.
Nobres^a de Efpanha i. Parte. Contem
a hiíloria dos feus Reys começando de
D. Pelayo com as memorias dos Ricos
homens, c grandes da Corte; fuceíTaõ de
cada hum delles ate os noíTos tempos
com a noticia das Armas, Apellidos, e Sola-
res, origens dos governos politicos, e dos
Titulos em que entraõ os Reys das Aíhi-
rias, Leaõ, Portugal Galliza, e Caftella repar-
tida em vários livros. M. S.
Nobreza de Efpanha. 2. Parte. Com-
prehendc os Reys de Aragaõ, Valença,
Catalunha, Navarra, Ilhas de Sardenha,
Malhorca, Minorca começando de D.
Inigo Ariíla pelo Rey de Navarra, dos Con-
des de Aragaõ, e Barcellona, feus Ricos
homens, e defcendentes com fuás Armas,
e Titulos. M. S.
Nobret(a Politica de Efpanha. Confta dos
Titulos, e Foros da Nobreza. M. S.
Seta de ouro. Difcurfo para hum Prin-
cipe com efta honorifica infignia premiar
aos Beneméritos. M. S.
Notas ao Nobiliário do Conde D. Pedro
Conde de Barcellos. M. S.
Deílas obras como do Author fazem
memoria Joaõ Franco Barreto. Bib. Por-
tug. M. S. e o Padre D. António Caet. de
Souza Apparat. a Hifi. Gen. da Ca!(^. Real
Portug. p. 123. §. 156.
GASPAR MANOEL natural da Villa do
Conde em a Provincia da Beira, e Piloto muito
experimentado em a navegação da índia Orien-
tal como fe manifefta na obra, que efcreveo.
Roteiro, e advertências da navegação da
Carreira da índia feito, e emendado por Gaf-
par Manoel. M. S. 4. he muito largo, confer-
va-fe na Livraria do ExcellentilTimo Conde
da Ponte.
Fr. GASPAR DE MELLO filho
da cfclarecida Ordem dos Pregadores, e
hu dos mayores Letrados que teve Portu-
gal no feu tempo. Didou com aplauzo
Theologia nos Conventos de Lisboa; Bata-
lha, e Collegio de Coimbra fendo fubf-
tituto da Cadeira de Prima, que regen-
tava de propriedade em a Univcrfida-
de Conimbricenfe o infigne Theologo Fr.
Martinho de Ledefma. Duas vezes paf-
fou à índia fendo em a primeira Vigano
Geral da fua Congregação daquelle Efta-
do onde aíTiftio muitos annos. Segunda
vez navegou para o Oriente com o lugar
L USITANA.
363
de Inquizidor de que tomou poíTe a i8. de
Setembro de 1583. Falleceo no Convento
de Goa, e jaz fepultado em o Capitxilo. Delle
fazem honorifica mençaõ Souza Apborifm.
InquiJ. Fr. Joaõ dos Santos EJiop. Orient.
Part. 2. foi. 49. & Monteiro Claufir. Domin,
Tom. 3. p. 222. e no Catbal. dos Inquis^iã.
de Goa. n. 5. Efcreveo.
Obras Tbeologicas, e Efcriturarias.
Eftavaõ promptas para a impreílaõ que
fufpendeo a morte do Author como afirma
Joaõ Franco Barreto Bib. Porfug. M. S.
Fr. GASPAR DE S. MIGUEL na-
ceo na índia Oriental onde fe agregou
à Familia Seráfica da Provinda de S. Tho-
me para fer exemplar religiofo. Letrado
grande, e fervorofo Pregador. Abraza-
do no fanto zelo de atrahir ao rebanho
do divino Paftor a muitas almas, que
viviaõ fepultadas nas trevas da gentili-
dade compoz na lingua Canarina em eítílo
poético para mais facilmente fe decorarem
as obras feguintes que foraõ dedicadas à
Mageílade de Filippe IV.
Explicação do Credo, vida dos Apof-
tolos com muitos documentos, e refu-
taçoens da idolatria, ritos, e fuperítíçoens
gentilicas.
Das miferias humanas, cavidade do pecado,
quatro NoviJJimos, e dos Benefícios de Deos.
Eftas duas obras conOaõ de féis mil
•vcrfos.
Das E/íafoens, que os Parocbos devem
fas^er às fuás ovelhas em que fe enfinaõ
os Myjkrios de N. Santa Fé, e fe expli-
eàõ os fete Sacramentos, e os Preceitos do
Decálogo.
PayxaÕ de Chriflo defcrita em três mil
Verfos.
Arte da linffki Canarina. 4.
Diccionario da lingua Canarina, e Portu-
Sermoens do Tempo, e de Santos. 4.
[Tom.
Báculo P aflorai.
Sjmbolo da Fé do V. Fr. Lui^ ^ ^^^'
jMada.
Sjmbolo do Cardial Bellarmino.
De todas eíbis obras efcritas em lingua
Ginarina fazem mençaõ Fr. Atliguel da
Purificação. Relação Defenf. dos Relig. da
Prov. de S. Tbome. Trat. i. cap. 2. n. 10.
e cap. 5. n. 2. Fr. Paul. da Trind. Chron.
da Prov. de S. Tbome liv. i. cap. 69.
Wading. de Script. Ord. Min. p. 144.
col. I. Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i.
pag. 405. col. 2. Fr. Joan à D. Ant.
Bib. Francifc. Tom. 2. pag. 9. col. 2. e o mo-
derno addidonador da Bib. Orient. de Antó-
nio de Leaõ Tom. i. Tit. 16. col. 528.
P. GASPAR DE MIRANDA naceo
na ViUa de Alegrete em a Provinda Tranf-
tagana a 17 de Agofto de 1564. fendo filho
de Joaõ Rodriguez, e Izabd Rodriguez peflbas
prindpaes daquella Villa educandoo taõ vir-
tuofamente, que na florente idade de 16 an-
nos deixou o mundo, e abraçou o inftituto
de Jezuita no CoUegio de Évora a 20 de
Dezembro de 1578. onde eftudou as
fdendas amenas, e feveras, que depois
enfinou com igual efplendor da Compa-
nhia, que credito do feu talento. Sendo
Meftre de Gramática fez algumas obferva-
çoens das quais fe aproveitou o Padre Antó-
nio Velez em os doutos commentarios com
que illuftrou a Arte do Padre Manoel Alva-
res. As poítíllas Theologicas, que diétou ^
pelo efpaço de vinte annos eraõ taõ profun-
das, que as mandou copiar para o feu ef-
tudo o grande Soares Granatenfe. Igual
foy o progreíTo das virtudes ao das letras
fendo hum vivo exemplar da perfeição reli-
giofa. Vaticinou a hora da fua morte, que
felizmente fucedeo a 19. de Mayo de 1639.
com 75. annos de idade, e 61. de Compa-
nhia. A fua vida efcreveo o grande anti-
quário Manoel Severim de Faria feu Confef-
fado, que a remeteo ao Licenciado Jorge
Cardofo cujas noticias tranfcreveo no feu
Agiol. Eufit. Tom. 5. pag. 319. e no Com-
ment. de 19. de Mayo letr. H. Compoz.
Metbodo excellente para os qm qtátrerem
faf^er Confijfaõ Geral. M. S.
Traãatus de Jubilao
de Fide
De primo, et fecundo Pracepto Deca-
loff.
De E^comutticatione.
364
BIBLIOTH EC A
De Kejlitutione, Promijfwne, ^ Dona-
tione.
Todos eftes Tratados fe confervaõ M. S.
no Collegio de Évora. Do author fazem
memoria Franco Imag. da Virt. do Nov.
de Evor. liv. 3. cap. 3. e Ann. Glor. S. J. in
LMjit. p. 276. et Annal. S. J. in Ljifit. p. 276.
n. 7. Fonceca Evor. Glor. p. 432.
GASPAR DE MORAES DE MA-
CEDO fidalgo da Caza Real, e Piloto muito
perito em a navegação da índia Oriental
cuja fcicncia alcançou pelas repetidas vezes,
que furcou aquelles mares. Efcreveo.
Koteiro da navegação, e carreira da índia
com Jeus caminhos, e derrotas, finaes, e agua-
gens, e diferenças da agulha; tirado do que
efcreveo Vicente Rodrigues, e Diogo Affonfo
Pilotos antigos acrecentado com a viagem
de Goa por dentro de S. Lourenço, e Mon-
fahique com outras coufas, e advertências.
M. S. G^nfervava-fe na Bibliotheca do
Cardial de Souza, que hoje poíTue o Excel-
lentiflimo Duque de Lafoens.
GASPAR NICULÀS natural da Villa
de Guimaraens em a Província do Minho,
e infigne Arithmetico de cuja fcien-
cia deixou para inílruçaõ de quem a
quizeíTe faber.
Tratado da Praãica da Arithmetica.
Lisboa por Luiz Alvres 1541. 4. & ibi
1594. Dedicado ao Conde de Tentú-
gal, & ibi por Viâorino Alvres. 161 3. Do
author como da obra faz memoria Joan.
Soar. de Brito Theatr. L,ufit. Utter. lit. G.
n. 2$.
GASPAR PACHECO natural da
Gdade do Porto filho de Simaõ Pache-
co Gdadaõ da mefma Gdade, e de D.
Maria de S. Paulo. Depois de fahir egre-
giamente inílruido em as letras humanas
frequentou a Univeríidade de Coimbra
onde rccebeo o grão de Bacharel na Fa-
culdade dos Sagrados Cânones. Reíli-
tuido a fua pátria fendo ComiíTario do Santo
Officio, e Capellaõ Fidalgo da Caza Real
foy aíTumpto a Arcediago da Cathe-
dral do Porto em 31 de Dezembro de
1668. como era muito aplicado à liçaõ da
Historia Eccleíiaftica continuou com igual
exame, que eftilo.
Cathalogo dos Bifpos do Porto, que efcre-
veo o Illuflrijfimo, e Keverendijftmo D. Ro-
drigo da Cunha principiando em D. Fr.
JoaÕ de Valladares até D. loaõ de Sou^a,
que morreo Arcebifpo de Lisboa M. S. Co-
meça. Os muitos, e grandes merecimentos
do Bifpo D. Rodrigo da Cunha. &c. Coníla
de 42. paginas de folha.
Falleceo na fua Pátria a 9. de Julho de
1694. quando contava 50 annos de idade,
e jaz fepultado na Cathedral.
P. GASPAR PAES natural da Vilk
da Covilhãa do Bifpado da Guarda donde
paíTando a índia Oriental recebeo a roupeta
da Companhia de Jefus em Goa a 23. de No-
vembro de 1607. quando contava quatorze
annos de idade. Tendo eníinado pelo efpaço
de três annos letras humanas, como pediíTe
o Emperador da Etiópia Sultaõ Segued
alguns operários Evangélicos para que con-
fervaíTem no feu Império a Religião Romana
contra os erros fcifmaticos de Alexandria,
foy nomeado para taõ gloriofa empreza
o qual fahindo de Goa no fim do anno de
1623. embocou pelo mar Erithreo até chegar
a MaíTuà a 26 de Mayo de 1624. onde foy
recebido pelo feu Governador com todas
as fignificaçoens de aplauzo, e benevolência.
Efcoltado de quarenta Turcos para naõ fer
acometido dos ladroens chegou à Cidade
de Fremona íituada em o Reyno de Tigre,
e nella aíTiíUo algum tempo exercitando o
feu apoílolico miniílerio com incanfavel zelo,
e vigilância. Sucedendo no Império
Etiópico por morte de Sultaõ Segued
feu filho Facilidas como apoftataíTe da Fé
prometida no Bautifmo fc declarou fautor
dos erros de Alexandria mandando cm o
anno de 1634. com graviíTimas penas, que
foíTem expulfos de todo o feu Império os
profeíTores dos Dogmas da Igreja Romana.
Naõ intimidou efta furiofa tormenta o heróico
coração do Operário Evangélico para
deixar de confirmar na Fé aos filhos da
fua doutrina fendo-lhe precifo para que
naõ foíTc conhecido mudar continuamente
L USITAN A.
365
a habitação, e veítído, e por varias vezes
ociíltar-fe nas cavernas dos montes, e
na efpeíTura dos bofques. Querendo
o Ceo premiar as fuás virtuofas açoens
com a coroa do martyrio permitio, que
ao tempo, que eílava doutrinando aos
Chriílãos foíTe acometido improvifamente
de cento, e lincoenta Scifmaticos arma-
dos de varias armas ofenQvas, e arre-
metendo tumultuariamente contra o Ve-
nerável Padre lhe trefpaíTaraõ o peito com
duas lançadas por onde fahio o feu efpi-
rito a lograr da eternidade gloriofa a 25.
de Abril de 1635. quando contava 42.
annos de idade e 28. de Companhia. Fa-
zem honorifica memoria do feu nome.
Tanner Soe. Jefu u/que ad Jang. <& vit.
profuj. milit. p. 139, Rho var. Virt. Hijl.
Lib. 6. cap. 5. Bib. Societ. p. 279. col. i. Car-
dofo A^ol. iMJit. Tom. 2. p. 710. e no Gim.
de 25. de Abril letr. F. Alegambe Mort.
llluft. p. 456. ad an. 1635. Nadafi Ann. dier.
Mem. S. J. Part. i. p. 228. col. i. Telles
HiJ^. da Etiop. Alta liv. 6. cap. 21. Joan.
Soar. de Brit. Theatr. hujit. Utter. lit. G.
n. 26. Efcreveo.
Carta Annua da 'Etiópia efcrita da Ke-
Jidencia de Tamghà ao Padre Geral Muào
Vitallejchi em i'^ de Julho de 1625. da
qual imprimio grande parte o Padre
Manoel da Veyga Kel. Ger. do Eftad.
da Chrift. da Etiop. liv, i. cap. 12. 13. e
feguintes defde foi. 24. Verf. até 32. Verf.
Sahio vertida em Italiano. Roma por Bar-
tholameo Zanetti. 1628. 8, e em Francês Pa-
riz ches Sebaílien Cramoify 1629. 8. à pag. i.
até 124. como vimos.
Carta Annua da Etiópia efcrita da Rí-
Jidencia de Tamghà a 30. de Julho de 1626.
Traduíida em Francez. Pariz ches Se-
baftian Cramoify 1629. 8. defde pag. 181.
até 252.
Carta em que relata a conversão do
Reyno de Beguemadri na Etiópia. Sahio
impreíTa na Kelac. aflima allegada do
Padre Manoel da Veyga liv. i. cap. 21.
defde foi. 55. Verf. até foi. 56. Delle
faz mençaõ o moderno Addicionador da
Bih. Orient. de Anton. de Leaõ Tom. i.
Tit. 12. col. 399.
Fr. GASPAR PATO natural da Q-
dade de Coimbra, e religiofo da reformada
Provinda Seráfica de Santo António
Theologo, Pregador, e infigne Efcritu-
rario. Falleceo em o Convento de Viana
a 22. de Fevereiro de 1647. Deixou prompto
para a impreílaõ com facilidade do Pro-
vincial Fr, Luiz de JESUS dada no pri-
meiro de Março de 1626. e com todas as
licenças dos Tribunaes, a feguinte obra,
que vimos na Livraria do Convento de
Santo António deíla Corte.
Medulla quajlionalis omnium Jacra Scrip-
titra locorum, qui in concionibus pojjunt afferri
eduãa ex oureis rationibus Sanãorum Patrum,
€>• Doãorum. foi. M. S.
Expojitiones in Evangelia. 2. Tom.
M, S.
Do author fe lembraõ Nicol. Ant. Bib.
Hijp. Tom. I. p. 406. col. I. e Fr. Joan.
a D. Ant. Bib. Frannfc. Tom. 2. pag.
10. col. I.
GASPAR PEGADO natural da G-
dade de Elvas, ou da Villa de Campo
mayor como querem Joaõ Franco Bar-
reto, e Francifco Galvaõ Maldonado
nas fuás Bib. Portug. M. S. Foy paren-
te muito chegado de Fernando Pegado,
e Eílevaõ Pegado, que com outros cele-
bres varoens defcubriraõ a Provinda da
Florida na America Septentrional no
anno de 1539. Eíhidou Jurifprudencia fendo
Juiz do Fifco do Território de Évora,
e depois da Comarca de Coimbra donde
paUou a Senador da Caza da Suplica-
ção em cujos lugares manifeftou a fcien-
cia pra£Hca, e efpeculativa em que era
infigne, como também em as obras feguintes,
que publicou.
Kepetio in L. inter catera ff. de Uberis,
€>* pojlhumis. Eboras apud Emmanuelem
de Lyra 1598. 4.
Quajiionum Fifcalium libellus. Ebo-
ras per eumdem Typ. 1600. Dedicado
ao Bifpo de Elvas D. António de Matos
de Noronha Liquifidor Geral. Eíla obra
aUega Manoel Barbofa nos Comment. ad
Ord. Reg. lib. 5. Tit. 6, §, 9, n. 3.
Praãica Criminalis Pars prima.
366
BIB LIO THE CA
Gínimbricíc per Didacum Gomes do Lou-
reiro. 1604. 4. Na Dedicatória defte livro
ao IIluílriíTimo Bifpo de Coimbra D. AfFonfo
de dílello branco afirma ter compoílo a
fegunda parte, e eftar prompta para a im-
preflaõ.
GASPAR PEREYRA igualmente douto
no Direito Pontifício, como em os Privilégios
das Ordens Militares deíle Reyno compoz,
c publicou.
Informação por parte das Ordens de Saõ-
-Tiago, SaÕ Bento de Avit(^ contra o Arcebifpo
de Évora. Lisboa por Jorge Rodrigues
1630. foi.
GASPAR PINTO CORRÊA natural do
lugar do Garajal fituado na Provinda da Beira
do Bifpado de Lamego, filho do Doutor
Gafpar Vaz de Souza, e D. Maria Corrêa, e
irmaõ de Fr. Belchior da Santa Anna Carme-
lita Defcalfo de quem fizemos memoria em
feu lugar. Quando contava quatorze annos
de idade entrou na Companhia de Jefus a
15 de Fevereiro de 1610 onde pelo efpaço de
vinte annos, que nella aíTiílio moftrou o
grande talento, que tinha para as letras huma-
nas, e divinas fendo Meftre de Rhetorica no
Collegio de Coimbra, e de Filofofia em o de
Braga. Depois, que deixou a Companhia
foy ComiíTario do Santo Officio, e Cónego
Penitenciário da Collegiada de Barcellos. Fal-
lou, e efcreveo com pureza, e expedição a lín-
gua Latina, e metrificou em o mcfmo idioma,
e também em o materno com elegante caden-
cia. Foy ornado de exemplares cuíhimes,
modeftia fumma, afabilidade natural. Morreo
a 25 de Março de 1664. quando contava 68.
annos de idade. Jaz fepultado na Ermida
de S. Bento, que elle fundara em Barcellos,
e fobrc a Campa fe deve gravar o epitáfio
feguinte, que à petição de hum feu cordial
amigo compoz extemporaneamente o qual
ainda por muito tempo meditado merecia a
mayor eftimaçaõ.
Hic jacety bic tacitus loqtútur fine você Ma-
KíiJta loquendo dedit, plura tacendo docet.
Multa dedit calamo, €^ Ungm documenta
per orhem
Sed matara brevis dat documenta lápis.
Qua male vixit erit poft mortem mortuus
idem
Pofi mortem vivus, fi bene vixit, erit.
Ars bene vivendi, €>• moriendi eft una viator;
Si vis in atemum vivere, dijce mori.
O feu nome celebraõ Joan. Soar. de Brit.
Theatr. híifit. Uter. lit. G. n. 28. Ingenio
ad latinas Mu/as fácil li mo, <& promptijjimo. D.
Franc. Manoel Cart. dos A A. Portug. Poyares
Paneg. em louvor da Vi lia de Barcel. cap. 16.
pag. 26. Sampayo Nobil. Portug. cap. 7.
IIluílriíTimo Cunha in Decretai, cap. Catinenf.
Diíl. 61. n. 2. Manoel de Gallegos Templ. da
Mem. liv. 4. Eílanc. 199.
Pois já com metro fúnebre, e fucinto
Fi:(ejle a Theodoi^io a terra leve
Cantay agora comigo ò fuave Pinto
Argos a noite ouvindo-vos fe eleve;
Kecline o Tybre em umas a cabeça
Durma, e por vos de Titiro fe efqueça.
António Figueira Duraõ haur. Pamaf
Ram. 2.
Quàm piâas fuperat nativa figura tabeliãs
Tam Pheebum Pintus maximus eminuit.
Efi enim Apollo palam Pinto depiãus Apollo
Judicio at Pintus verus Apollo meo efi.
E logo mais abaixo.
En quoque principibus permixtum vatibus illis
Agnofce próprio quem Mifa nomine dicunt.
Corream illius nam currit fama per orbem
Dum í-jifitanas lacrymas, mafiamque Brigan-
tum
Cantitat, atque Tagum lacrymis augmen-
tat obortis
Dnmque fuis fuperâ funííus Tbeodofius aura
Carminibus vivit, nomem quoque fculpfit in
auro.
Compoz.
Mufa Panegyrica in Tbeodofium. Duos con-
tinet libros. Primus variam Panegfrim. Seam-
díis variam Mufam amplectitur. Bracharac Au-
guftac Typis Fructuofi Laurcntii de Bailo
L USITANA.
i
1624. 8. Sahio com o fupoílo nome de Mi-
iíuel Pinto de Souza.
Lacryma l^fitanorum in obitu Serenijftmi
Prittcipís Theodofii fecmdi, Briganfia Ducis Se-
púmi. Ulyflipone apud Petrum Crasbeeck
Reg. Typ. 163 1. 8. Coníla de Profa Latina,
Verfos Latinos, e Portuguezes.
Lujitania Captivitas Juh Pbilippo, liber-
tas, (Ò" felicitas fub Joanne: libri qtán-
qm qua bijlorico, qua Oratório Stylo inter-
punãi. UlyíTipone ex Officina Pauli
Crasbeeck. 1643. 8.
Commentarii in libros Q. Horatii
Flaci primo juxta Verborum ordinem ube-
rioribiís deinde notis illuftrati, continens qua-
tuor libros Carminum, <ir librum Epodon.
Conimbricae apud Thomam Carvalho
Acad. Typ. 1655. 4.
Commentarii in Pub. Vir^lium Maro-
nem nunc primum juxta ordinem Verborum
poji tamem uberioribus notis locupletandi
Tomus primus compleãens Eglogas, et Geor-
_gicas. Ulyflipone apud Emmanuelem
da Silva. 1640. 4. & ibi apud Ant. Cras-
beeck de Mello 1670. 4. & ibi apud Emma-
nuelem Lopes Ferreira 1699. 4.
Commentarii in P. Virgilium Aíaronem To-
mus Jegundus in fex priores JEneidos libros.
Ulyflipone per Paulum Crasbeeck. 1644. 4.
Conimbricae apud viduam Emmanuelis da
Sylva 1668. 4. & Ulyflipone apud Anto-
nium Crasbeeck de Mello 1670, 4. & ibi per
Dominicum Carneiro 1698. 4.
Commentarii in P. Virgilium Maro-
rnrn Tomus tertius in fex pofleriores JEnei-
dos libros. Ulyflipone apud Antonium
Crasbeeck. de Mello 1653. & ibi per eum-
dem 1665. 4.
GASPAR PIRES REBELLO natural
da Villa de Aljuftrel no Campo de Ourique
€m a Provinda Tranítagana Freire profeflb
da militar Ordem de Saõ-Tiago em o Real
Convento de Palmella Prior de Caftro Verde,
Pregador iníigne, e naõ menor Poeta Vulgar.
Compoz.
Infortúnios Trágicos da Confiante Flo-
rinda. I. Part. Lisboa por Giraldo da
Vinha 1625. 8. Coimbra pela viuva de Ma-
367
noel de Carvalho 1665. 8. Lisboa por Joaõ
da Coíia 1672. 8. & ibi por Bernardo da
Cofta de Carvalho 1707. 8.
Segunda Parte Lisboa por António
Alvres 1633. 8. e Coimbra pela Viuva de
Manoel Carvalho. 1671. 8.
Ambas eílas partes fahiraõ Lisboa por
Domingos Carneiro 1684. 8.
Novellas exemplares. Lisboa por An-
tónio Alvares 1650. 8. & ibi por António
Crasbeeck de Mello 1670. 8. & ibi por Do-
mingos Carneiro 1684. 8. & ibi por Bernardo
da Coíla de Carvalho. 1700. 8.
The^ouro de penf amentos Concionatorios
fobre a explicação dos Mjflerios, e Ceri-
monias do Santo Sacrifício da í^íijfa, das
Veftiduras Sacerdotaes em forma de Dialogo
entre o Sacerdote, e feu Miniflro. Lisboa
por António Alvres. 1635. 4.
GASPAR PIRES DE HGUEIREDO
natural da Villa de Torres Novas do
Patriarchado de Lisboa filho de Femaõ
Gonfalves, e Vicenda da Cruz. Aplicou-fe
à Faculdade da Medicina em a Univer-
fidade de Coimbra onde recebendo o grão
de Doutor, foy Collegial do Collegio Real
de S. Paulo a 13. de Dezembro de 1634. e
conduâario com privilégios de Lente de
cujo lugar tomou pofle a 10. de Outubro
de 1636. Deixou compoílo três volumes
de Medecina fendo o prindpal.
Das virtudes das plantas, e eruas que
prodtfí^ a Villa de Torres Novas pátria
do autbor.
Todas eílas obras confervava em feu
poder o Doutor Joaõ Bautiíla Rodriguez
Medico de Torres Novas. Do author fa-
zem mençaõ Joaõ Franco Barreto Bib. Por-
tug. M. S. e D. lozeph Barbof. Memor.
do Colleg. de S. Paulo p. 154. e no Archiatb.
iMfit. p. 36.
Arte Figueiredo medecina pellere morbos
Nofcet, non poterit propriam depellere mor tem.
GASPAR REBELLO natural da
Villa de Cea da Provinda da Beyra em
o Bifpado de Coimbra a quem a nature-
za deu o corpo taõ pequeno como agigan-
368
BIB LIO THE CA
tado o engenho. Foy de profiíTaõ luriíla
de cujos prudentes confelhos fe valeo muito
o Senhor D. António Prior do Crato no
tempo, que pertendia fuceder neíla Coroa.
Teve grande noticia das letras humanas, e
da ]ingua Latina, e Grega a qual enfinou
cm a Univeríidade de Coimbra. Compoz
por modo de Dialogo.
Cana Cea, Jive Noites Ceana de variis
Júris Civilis quajliombus. M. S. Efta obra,
que mereceo a aprovação dos homens mais
doutos daquella idade naõ teve a fortuna
de fahir a luz publica.
Index copiofijfimus de locis, et materiis Júris
Civilis. M. S.
D. GASPAR DO REGO DA FON-
CECA naceo em a Villa de Villar-mayor
titulo de Condado da Comarca de Pinhel
em a Provincia da Beyra, e naõ em a
Cidade da Guarda como alguns imagi-
narão pela diuturna habitação, que nella
teve. Foy filho de Daniel do Rego,
e Leonor da Fonceca ambos defcendentes
das principaes famílias daquella Villa. Or-
nado de fingular comprehenfaõ fe aplicou
em a Univerfidade de Coimbra ao eíhido dos
Sagrados Cânones em que naõ fomente rece-
beo as infignias doutoraes, mas foy Opofitor
de grande nome às Cadeiras daquella Facul-
dade. Informado o Bifpo da Guarda D.
Aifonfo Furtado de Mendonça da fua Utte-
ratura acompanhada de inculpável proce-
dimento o nomeou Vigário Geral, Provifor,
e Vizitador deíla Diocefe cujas incumbên-
cias exercitou com tanta integridade, que
fendo promovido o mefmo Prelado à Mitra
de Coimbra no anno de 1615. à Primacial
de Braga em 161 8. e ultimamente à Metro-
politana de Lisboa em 1626. fempre o con-
fervou por feu Miniílro em taõ famozas
Diocefes confiando da fua prudente direção,
e maduro confelho os negócios de mayo-
res confequencias. Igual, ou mayor con-
ceito fez do feu talento D. loaõ Manoel
que fucedeo no anno de 1630. a D. Af-
fonfo Furtado na Cadeira Archiepifco-
pal de Lisboa elegendo-o por feu Bifpo
coadjutor confirmado com o titulo de
Targa pela Santidade de Urbano VIII.
Como os feus merecimentos fe augmen-
taíTem com os annos o nomeou Filippe
IV. Bifpo da Cathedral do Porto, que vagara
por morte de D. Fr. loaõ de Valladares
onde fez a entrada publica a 21. de Dezem-
bro de 1637. Ao tempo, que como vigi-
lante paftor eílava cuidando do feu rebanho
foy chamado a Lisboa para aíTiftir à Junta
chamada do Dev^empenho donde paíTados fete
mezes partio para a Corte de Madrid, c che-
gando a 21. de Outubro de 1638. foy fum-
mamente eftimado por ElRey, e os feus
mayores Miniílros pela judiciofa liberda-
de com que votava em todas as matérias
em que era confultado, principalmente
na Junta dos Três Eftados de Portugal
convocada àquella Corte. Voltando para
o Reyno chegou a Lisboa gravemente
moleílado de hum Antràs maligno gerado
na parte pofterior da garganta, que prin-
cipiou em Talavera o qual agravando-fe
exceffivamente o privou da vida a 13. de
Julho de 1639. quando contava 63. annos
de idade. Jaz fepultado na Capella mór do
Convento do Carmo de Lisboa em fepultura
raza. F///V vir doãus, et urhanus como delle
efcreveo Joan. Soar. de Brito Theatr. Ljtjii.
Litter. lit. G. n. 29. Compoz.
Conjultum in caufa exemptionis Ord.
Mi lit. S. Joannis &c. Sahio impreíTo nas
Decif. Do Doutor Themudo. Decif. 97.
n. 28. Ulyflipone apud Dominicum Lo-
pes Rofa. 1643. foi. Foy feito no anno
de 1629. quando era Provifor do Arcc-
bifpo de Lisboa.
L,ivro das Igrejas, e Benefícios da Co-
marca de Villa Keal Arcehijpado de Braga
com as particularidades, que fe poderão alcan-
çar de cada huma. foi. M. S. Conferva-fe
na Livraria do Excellentiífimo Duque de
Lafoens, que foy do EmminentiíTimo Car-
dial de Souza.
Injlruãio provia ad Vijitatores excipiendos
in Epifcopatu Portucalenji. foi. M. S.
GASPAR DOS REYS natural da
Cidade de Leiria, Bacharel nos Sagrados
Cânones pela Univerfidade de Coim-
bra, e da Capella da mefma Univerfi-
dade Capellaõ. Foy muito inclinado ao
L USITANA.
369
eftudo da Poezia em que deixou compof-
tas varias obras, das quais algumas eftaõ
impreflas no livro, que publicou com efte
titulo.
Re/açaõ do fokmne recebimento das Santas
Keliquias, que foraÕ levadas da Sé de Coimbra
ao Real Mojieiro de Santa Cru^. Coimbra
por António de Maris. 1596. 8.
Do author, e da obra faz repetida memo-
ria D. Nic. de Santa Maria Chron. dos Coneg.
Keg. liv. 7. cap. 19. n. 6. e lib. 10. cap. 30.
n. 13.
Fr. GASPAR DOS REYS natural
da Villa de Monte-mór o Velho do Bif-
pado de Coimbra na Província da Beyra
filho de Joaõ Negraõ Coelho, e Branca
Vieyra a cuja virtuofa educação deveo pre-
ferir o eílado religiofo ao fecular profeíTando
o inílituto dos Erimitas de Santo Agoítí-
nho no Real Convento da Graça de Lisboa
a 6. de Mayo de 1585. Foy Vigário do
Coro, muito perito em as Cerimonias Eccle-
íkfticas, e obfervante dos preceitos da fua
Regra. Efcreveo.
Officium parvum in bonorem SanctiJJimi Pa-
triarcha Jo^eph adjeãis qtnbujdam Orationibus
pro devotione offerentium. Ulyflipone apud Pe-
trum Crasbeeck. 161 8. 12. Dedicado a
António Gomes da Matta Coronel Correyo
mór.
InJirucçaÕ de Keligiofos. Lisboa por Domin-
gos Lopez Rofa. 1645. 12.
Abbreviatura das horas.
GASPAR DOS REYS celebre profeíTor da
Muíica de cuja armonica Arte teve por Meftre
ao iníigne Duarte Lobo. Foy Meftre em a Pa-
rochial Igreja de S. Juliaõ de Lisboa donde
paíTou com efte minifterio à Cathedral de
Braga, e nefta Cidade falleceo. Compoz.
Mijfas, PJalmos, Motetes, e Vilhancicos a di-
verfas vozes, que confervava Francifco de Va-
Ihadolid de quem fe fez memoria em feu lugar.
Fr. GASPAR DOS REYS chama-
do no feculo Gafpar Marquez, naceo na
Villa de Torres Novas do Patriarchado
de Lisboa fendo filho de Simaõ Marquez,
e Anna Gonfalves. No Convento pátrio
24
recebeo o habito Carmelitano a 12. de Ou-
tubro de 1594. e em o de Lisboa profef-
fou folemnemête a 17. do dito mez do
anno feguinte. O engenho, que moftrava
para as letras fe fez mais conhecido, e ve-
nerado quando depois de aprendidas as dic-
tou com grande aplauzo no Collegio de
Coimbra em cuja Univerfidade foy laureado
com as infignias doutoraes na Faculdade da
Theologia. Depois de ter confumido grande
parte dos feus annos na efpeculaçaõ das
matérias Theologicas fe aplicou a penetrar
as dificuldades da Sagrada Efcritura em que
fez admiráveis progreííos o feu eflndo. Pela
fua prudência mereceo exercitar os mayo-
res lugares da Religião até fer eleito Pro-
vincial em 31 de Abril de 165 1. temperan-
do de tal forte a feveridade com a clemên-
cia, que fe fez ao mefmo tempo amado,
e temido dos feus fubditos. Por mayores
ocupaçoens, que tiveíTe nunca deixou de
rezar quotidianamente o Officio de NoíTa
Senhora a quem venerava com cordial afec-
to. Foy Qualificador do Santo Officio, Exa-
minador das Três Ordens Militares, e Con-
feíTor dos Excellentiffimos Duques de Avei-
ro D. Raymundo de Lencaftre, e D. Ma-
ria Manrique de Lara. Falleceo no Con-
vento de Lisboa a 30 de Janeiro de 1660.
com 81. annos de idade, e 66. de ReU-
giaõ. Fazem honorifica mençaõ do feu
nome Fr. Daniel à Virg. Mar. Spectd. Carm
Part. 2. do 2. Tom. pag. 1080. n. 3792
Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. 2. pag. 325
Carvalho Corog. Portug. Tom. 3. Uv. 2
Trat. 8. cap. 47. e Fr. Man. de Sà Mem
Hijl. dos EJcrit. do Carm. da Prov. de Portug.
cap. 39. n. 261. Publicou.
Sermão nas exéquias da ExcellentiJJima Con-
de ff a de Unhaõ. Lisboa 1643. 4.
Sermão nas Exéquias, que fe celebrarão em
o Real Convento do Carmo de Usboa pela al-
ma de D. Mariana de Alencajire a qual fal-
leceo a i de Det(embro de 1643. fendo Aya do
Príncipe Noffo Senhor D. Theodov^o, que Deos
guarde, molher, que foy de Luií^ da Sjlva do
Confelho do Eflado, Vedor da Faf^enda, e Mor-
domo mór defie Reyno. Lisboa por Paulo
Crasbeeck Impref. das Três Ordens MiUta-
res. 1644. 4.
ÍJícerna Concionatorum , cb* Jacra Scriptura
Profejforum in tria volumina, Jeu lumina divija.
Primum volumen Pentateuchum, d^ reliquos Ja-
cra Scriptt4ra lihros ad EJlher u/que illuftrat. Se-
cundum ]ohum, Sapientiales, e^ Prophetales
u/que ad Machaheoritm Jecimdum. Tertium No-
vum Tejlamentum ad Apocalypfim u/que dilu-
cidat. UlyíTipone apud Paulum Crasbeeck
1638. foi.
O fegundo Tomo deíla obra, que com-
prehende o livro de Job até o fegundo
dos Macabeos fe conferva M. S. na Livra-
ria do Convento de Lisboa como também
cm o Collegio de Coimbra.
In Primam Partem D. Thoma. foi. M. S.
GASPAR DOS REYS FRANCO na-
tural da Cidade de Évora, e defcendente
de Pays nobres, fendo Primo de Francif-
co Lopes Franco Senhor de Contich, e
Helmont em Flandes natural de Lisboa o
qual fallecendo em Antuérpia a 15 de Fe-
vereiro de 1660. jaz fepultado com fua mu-
lher D. Mariana Franco em hum fumptuofo
Maufoleo, que mandou edificar na Capella
erigida no Convento dos Francifcanos à
Virgem SantiíTima, e ao Patriarcha Seráfico.
Aprendeo as primeiras letras, e Filofofia
na Univerfidade de Évora conferindo-lhe
o grão de Meftre em Artes o infigne
P. Francifco de Mendonça immortal cre-
dito da Companhia de JESUS, como o
mefmo Gafpar dos Reys efcreve com agra-
decida memoria no feu Campus Elyjiuí
Qujeft. 37. n. 48. Inílruido egregiamente
nos primores da lingua Latina, vafto co-
nhecimento da Filologia, e nas dificul-
dades da Filofofia Peripatetica paíTou a
eftudar em a Univerfidade de Salamanca
a Faculdade de Medicina tendo por Mef-
tre ao Doutor Gafpar Fernandes Cathe-
dratico de Prima como elle efcreve na
obra aíTima allegada Quseft. 70. n. 15.
e fe2 taõ monílruofos progreflbs a vi-
veza do feu engenho, e comprehenfaõ
do feu juizo, que mereceo as aclama-
çoens de todos os profeíTores das fcien-
cias, que cnnobreciaõ aquella florentiíTi-
ma Univerfidade. Por muitos annos aflif-
tio cm a Cidade de Carmona da Provin-
BIB LIO THE CA
cia de Andaluzia exercitando com igual
felicidade, que fciencia a Arte da Me-
dicina cujo methodo era invejado pelos
principaes Corifeos deíla Faculdade por naõ
haver infermidade perniciofa, ou invete-
rada, que naõ cedeflc à eficácia dos fcus
remédios. Teve hum filho chamado Luiz
Franco, que foy feu emulo na Arte Me-
dica de que deu claros argumentos cm
a Cidade de Sevilha, c huma filha Rcli-
giofa no Convento de Santa Clara de
Beja. Foy ornado de vaíla erudição aíTim
dos authores fagrados, como profanos, c
naõ menos intelligente nos myfterios da
Efcritura Sagrada, e intrepretaçoens dos
Cânones Pontificios, e Leys Imperiaes, co-
mo manifefta a obra feguinte.
Elyjius jmundarum quajlionum Campus
omnium litterarum amanijftma varietate refer-
tus Medíeis imprimis tamquam luxuriantis na-
tura fpeãatijfimi flores erUpant, <& admiran-
da illius opera contemplentur, maxime delec-
tahilts. Theologis deinde, Jurifperitis, <& om-
nium denique honarum difciplinarum Studiofis,
Philofophis, Philiatris, Philolo^s, Philomufis
fumme utilis, ac ah omnihus expetitus. Bru-
xellse apud Francifcum Vivien. 1661. foi.
& Francofurti apud Joannem Beyerum 1 670.
4. & Antuerpias apud Hyeronimum Verduf-
fen 1667. foi.
Heraclidis Antrum
Nicomedes.
Deílas duas obras faz elle mençaõ na
Obra precedente; da primeira em a Quaft.
100. n. 24. e da fegunda em a Quaft. 28.
n. II. António de Souza de Macedo Ejfa,
e Ave Part. i. cap. 18. n. 4. e cap. 48. n.
12. o intitula eruditijftmo o Padre Franc. da
Fonceca £for. Glorio/, p. 412. inftffie Medico,
e Humanifta, e Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom.
I. pag. 406. col. 2. eruditione plenum multáque
varium doBrina.
Fr. GASPAR DO SALVADOR natural da
índia Oriental, e Religiofo da illuíbre Ordem
dos Pregadores Vigário do Convento de Ma-
laca a cujo difvelo fe deve a obra feguinte.
Tratado da Chriftandade, que os Padres
de S. Domingos fav^aò em Solor, e pelas
mais partes da jurifdiçaõ de Malaca. Nclle
L USITAN A.
relata os varoens eminentes em virtude,
que difcorriaõ por aquellas terras annun-
dando o Evangelho, principalmente efcre-
ve dos milagres, que obrou o V. D.
Fr. Jorge de Santa Luzia Bifpo de Ma-
kca. Efta obra foy entregue ao Prior
do Q)nvento de Goa para que a limaf-
fe, e defapareceu por fua morte. Falleceo
o author delia em Baçaim no anno de
1593. do qual faz memoria Fr. Pedro
Monteiro. Claujlr. Dom. Tom. 5. p. 224.
GASPAR DE SEYXAS VASCON-
SELLOS E J^UGO natural de Lisboa
Cavalleiro profeíTo da Ordem de Chriílo,
Fidalgo da Caza Real, e Contador mór
dos Contos deíle Reyno, filho de Fran-
dfco de Seixas Vazconcellos, e Lugo, e
de D. Engracia Henriquez de Miranda.
Foy inílruido em todo o género de eru-
dição aíTim fagrada, como profana da qual
íaõ irrefragaveis teílemunhos os frutos, que
produzio, e publicou o feu agudo ta-
lento. Falleceo na Corte de Madrid em
10 de Mayo de 1664. Jaz fepultado no
Convento de S. Bernardo deíla Imperial Vil-
la. Compoz.
Trofeos de la paciência Chrifiiana y regias
<pie dehen ohfervar los Minifiros Jupremos en las
audiências. Madrid por Diego Dias de la
Carrera. 1645. 4.
O Author compoz efte livro na lingua
Portugueza, e o verteo na Caftelhana em
que fe publicou, em cujo aplauzo lhe ef-
creve huma Carta D. Francifco Manoel de
Mello, he a 35. da Centúria 3. e entre
outros elogios lhe faz o feguinte Do£trina
Chrifiiana, Politica jufta, methodo fácil, ertidi-
cion profunda, difpoficion clara raras ve^es fe
juntan, mas en efle libro cada pe^'
Difcurfo y exclamacion a la muerte de
la Reyna D. It^abel de Borbon, Madrid.
1645. 4-
Corona Imperial confeguida en la mayor vi-
toria, e formada con el mayor triunfo, efpinas
rigorofas mojiradoras de la ingratitud humana,
y defempenos dei amor divino. Madrid por
Diego Dias de la Carrera. 1656. foi.
Deíb, obra tinha já promptos o fe-
gundo, e terceiro Tomo para a impreíTaõ,
371
e profeguia o quarto, que conílava da Pur-
pura, e Cana com que os Judeos efcame-
ceraõ do noíTo divino Redemptor. Fazem
mençaõ do author Nic. Ant. hib. Hifp.
Tom. I. pag. 408. col. 2. Joan. Soar. de
Brit. Theatr. iMjit. Liter. lit. G. n. 31. Hal-
levord. Bib. Curiof. pag. 413. col. 2.
GASPAR SERQUEYRA COELHO na-
tural da Villa de Amarante em a Provin-
da do Minho, e filho de Francifco Serqudra
Cavalleiro profeíTo da Ordem militar de
Saõ-Tiago. Tendo frequentado a Univer-
fidade de Coimbra, e nella recebido o grão
de Doutor em os Sagrados Cânones, como
foíTe conhedda a fua grande litteratura o
elegeo para Dezembargador da Cúria Pri-
macial de Braga o Arcebifpo D. loaõ Af-
fonfo de Menezes a cuja dignidade fora af-
fumpto em o anno de 1582. Em premio
da fua integridade o nomeou efte Prelado
Abbade de Molares. Falleceo em Guima-
raens, e jaz fepultado na Igreja de Saõ-
Tiago em huma Capella dedicada a efte Sa-
grado Apoftolo, que feu Pay edificara onde
fobre a fepultura tem abertas as fuás Ar-
mas. Compoz.
De filiis Prasbiterorum foi. M. S. Efta
Obra, que induia muitas matérias jurídicas
profundamente tratadas deixou acabada, e
prompta para a impreíTaõ, a qual conferva-
va Francifco Martins de Serqudra filho do
Author, que o teve de legitimo Matrimo-
nio antes, que recebeíTe as Ordens de Pres-
bitero.
GASPAR SERRAM natural da Gdade de
Évora, e irmaõ naõ fomente pela natureza, mas
ainda pela fdencia Medica, em que foy infigne,
de Lopo Serraõ Medico delRey D. SebaíHaõ
de quem faremos mençaõ em feu lugar. Refi-
dio muitos annos em Alemanha onde foy Medi-
co do Emperador Maximiliano primeiro donde
voltou para a pátria no anno de 1 5 99. Compoz.
Hiforia Evangélica, Jtve compendium con-
córdia Evangeliorum Janfenii Gandavenfis Epif-
copi. Coloniae Agripinae apud Bertranum
Bucholit. 1590. 8.
Epijlola áurea de comtemptu mundi, ^
3/2
ejus vanitate, (& lande vita folitaria, ad Phi-
lippum Tertíum Hijpania Príncipem. 8.
GASPAR SIMOENS DE CARVALHO
Presbítero do habito de S. Pedro natural
de Lisboa filho de António Simoens, e
Jozefa Maria. Deixando a Religião da
Companhia de Jefus onde tinha entrado
a 6 de Julho de 1692. como fofle mui-
to verfado nas letras humanas, e intelli-
gencia da lingua Latina abrio clafle em
a fua pátria na qual eníinou publicamen-
te a muitas peíToas, que acreditarão o feu
Magifterio até, que falleceo a 7 de Abril
de 1745.
Na Academia dos Anonymos inílituida
em Lisboa na caza de Ignacio de Gir-
valho, e Souza Cavalleiro da Ordem de
Chrifto, e Académico da Academia Real
foy hú dos feus mais eíHmaveis alumnos,
ou fofle quando orava, ou metrificava o
feu agudo engenho de cujas produçoens
fe fizeraõ publicas nos Progrejfos Académi-
cos dos Anonymos de 'Lisboa. Lisboa por
Jozeph Lopes Ferreira 171 8. 4. a pag. 97.
Oração Académica fendo affumpto Pajfar
o Condejiavel D. Nuno Alvares Pereira o
Tejo por entre a Armada Caftelhana tocando
Clarins.
Poema Latino a pag. 69 A hum Rou-
xinol, que morreo no defafio de huma
Qthara tocada por huma Dama. Começa.
Dum digitis vitam Cythara, vocemque puella
Fronde Juh arbórea.
Epiff^ama a pag. 208. fendo afl"umpto
Duarte Pacheco voltando para Portugal
pobre de bens da fortuna, e rico de vi-
torias. Começa.
Mendax jam fileat Fama, nec acrium
Plaudat faífa Ducum laudibus inclytis,
Hos quamuis veteres robore praditos
Secemant populo &c.
No primeiro Tomo do Jardim Car-
melitano novamente cultivado por Fr. Ffte-
vaõ de Santo Angelo. Lisboa na Regia
Oficina Sylviana 1741. foi. eftaõ dous
Hjmnos Latinos a pag. 141. c 338. cm
louvor da Religião do Carmo c no Tom.
2. outros dous Hjmnos Latinos ao mefmo
aflumpto a pag. 310. e 322.
BIB LIO THE C A
P. GASPAR TAVARES filho de An-
dré Fernandes, e Filippa Fernandes na-
ceo em Villa Real da Provinda Tranf-
montana, e recebeo a roupeta da Com-
panhia em o Collegio de Coimbra a 22.
de Dezembro de 1557. Paflbu à índia
donde efcreveo em 13 de Novembro de
1567.
Carta em que relata a fua jornada de Lis-
boa até Goa. M. S.
P. GASPAR VAZ natural da Villa de
Chaves em a Província Tranfmontana onde
tendo aprendido os primeiros rudimentos
paflbu a Coimbra, e no Collegio dos Padres
Jefuitas foy admetido a 17 de Julho de
1572. Teve particular talento para as fcien-
cias efpeculativas, que diftou com grande
aplauzo em a Univerfidade de Évora. Sen-
do chamado pelo Illuílriflimo Bifpo do Al-
garve D. Fernando Martins Mafcarenhas
para pregar em a fua Diocefe contrahio al-
guns achaques procedidos do laboriofo exer-
cido das Miflbens. Para fe refliituir à fau-
de perdida paflbu a Lisboa efperando con-
valecer pela benignidade do feu Clima po-
rém agravando-fe mais as moleílias o pri-
varão da vida em a Caza profefla de S. Ro-
que no anno de 1596. Deixou compofto.
Introduâio ad Dialeâicam. Aí, S.
Lógica. Aí. S. Confervafe na Bib. da
Univerfidade de Oxonia como confta do feu
Cathalogo.
In lib. Perihermineas. Aí. S.
In lib. Pojleriorum Arijlotelis. M. S.
In lib. de Calo. Aí. S.
Todas eftas obras fe confcrvaõ no Col-
legio de Évora, e do feu author faz men-
ção o Padre Franco Ann. Glor. S. J. p.
262. e Annal. S. J. in Lujit. p. 163. n. 6.
GASPAR VAZ REBELLO mais conhc-
ddo pelo apcllido aktinado de Valafco na-
ceo cm a Cidade do Porto donde paflando à
Univerfidade de Pádua no reynado do noflb fe-
licifimo Monarcha D. Manoel recebeo o grão
de Doutor em os Sagrados Cânones como cf-
creve o Doutor Gonçalo Mendes de Vafcon-
cellos Cabedo Div. Jur. Argtim. lib. i.
L USITANA
375
cap. 5. n. 18. Foy Dezembargador do Se-
nado Palatino, e do Confelho delRey D.
Joaõ III. e feu Collaço. Cazou duas vezes;
a primeira com D. Ignez de Brito, e a fe-
gunda com D. Alaria de Payva as quais
eílaõ fepultadas em huma Capella do Con-
vento de S. Domingos de Lisboa onde elle
também jaz deixando inítítuida huma Ca-
pella de MiíTas no anno de 1567. que po-
derá fer aquelle em que falleceo. Compoz.
In L. Imperium 70 ff. de Jurifdiãione om-
nium Judicum.
In L. Admonendi D. de Jurejurando Lug-
duni 1553. foi.
Delle fe lembraõ Covarruvias in cap. Al-
ma Mater. 2. p. releâ:. §. 3. n. 6. Pereira
Deàjion. Decif. 21. n. 2. Barbofa Comment.
ad Ord. Re^i lib. 5. Tit. 138. §. i. n. 6.
e outros allegados por Nicol. Ant. Bib.
Hijp. Tom. I. pag. 409. col. 2.
P. GASPAR VILLELA infatigável cul-
tor da vinha do lapaõ, e gloriofo emulo
do heróico efpirito de S. Frandfco Xavier
em a converfaõ da Gentilidade. Naceo em
a Villa de Aviz na Provinda Tranílagana,
e em o Convento da Ordem militar de S.
Bento foy educado com virtuofos documen-
tos, que fuavemente o moverão a defprezar
a vaidade do mundo, e abraçar a obfervan-
cia do Clauílro elegendo entre todas as Fa-
mílias Religiofas a da Companhia de JESUS
em que aliftado efte novo foldado, já nas
virtudes veterano, paíTou com o Padre Bel-
chior Nunes Barreto em o anno de 15 51.
à índia para declarar fatal guerra a todo o
Inferno. Ordenado Presbítero em Goa par-
tio no anno de 1554. para o lapaõ deftinada
baliza das fuás evangélicas conquiílas fen-
do o primeiro theatro delias o Reyno de
Pirando onde bautizou em hum dia feif-
centas almas, e em dous annos mil, e tre-
zentas nas Ilhas de Tucufxima, e Iquicheu-
que. A impulfos de feu ApoíloUco zelo
abrazou Ídolos, demolio Pagodes, arvorou
Cruzes, e fobre profanas cinzas erigio três
Templos dedicados, a Deos, à Cruz de
Chrifto, e à Raynha dos Anjos. Armou-
fe contra o author de taõ admiráveis obras
a protervia de Firagadaque celebrado Bonzo
dezafiando a publica difputa ao Padre Vil-
lela, o qual na primeira altercação deixou.
vencido, e confufo ao feu Antígoniíla. Naõ^
foraõ menores os triumfos, que teve na
Corte de Meaco, pois alcançando faculdade
de Cubuzama Rey de Guoquinay para pre-
gar a Fé Catholica fahio animofamente às
praças promulgando com tanta eficácia as
verdades EvangeUcas, que atrahida innu-
meravel multidão de todos os Eftados di-
vulgavaõ, que hum homem vindo do Poen-
te confundia a todos os Meftres do lapaõ.
Em a Qdade de Sacay Capital do Reyno
de Izumi igualmente celebre pela copia de
riquezas, como pelo numero de habitado-
res fahio efte agricultor apoftoUco a fe-
mear o gráo da palavra divina com hum.
crucifixo nas mãos, e ainda que pela malí-
cia dos Bonzos naõ correfpondefle o fruto
ao difvelo da cultura, fempre recolheo para
o Celeiro da Igreja a quatorze Soldados da
caza de hum Titular, que lhe dera hof-
pedagem trocando por eficácia da graça
bautifmal os cuíhimes Ucenciofos em he-
róicos aâios de piedade, e religião. Depois
de evadir de hum fatal perigo machinado
em Meaco pela malevolencia dos Bonzos
paíTou a Ximo onde bautizou féis centas al-
mas, e no lugar de Nangazachi derrubou
hum Pagode, e erigio huma Igreja em que
celebrou os Officios de Semana Santa com
devota aíTiftencia dos Neófitos. Querendo
o Padre Vifitador Gonçalo Alvares infor-
mar-fe dos progreílos da Chriílandade do
lapaõ o mandou chamar, e chegando a
Cochim a 4. de Fevereiro de 15 71. par-
tio para Goa, e no Collegio de S. Pau-
lo em o anno feguinte quando contava
47 annos de idade, e 21 de Companhia
paíTou a lograr o premio merecido aos
feus apoftolicos trabalhos em que fe exer-
citara pelo dilatado circulo de defafeis
annos padecendo fomes, frios, e calores
intoleráveis aíTmi por mar, como por ter-
ra, expofto muitas vezes à violência dos
Tyranos, e à cubica dos ladroens, de
cujos perigos o falvou a divina clemên-
cia. Aprendeo a lingua laponeza para com
ella atrahir naõ fó pregando, mas efcreven-
do innumeraveis ovelhas ao rebanho de
374
BIBLIO THE CA
■Chrifto, muitas vezes mudando o veftido
para fe introduzir em algumas terras fecha-
•das aos promulgadores do Evangelho, tole-
rando confiantemente tempeftades de pe-
<lras, e innundaçoens de opróbrios mo-
vidos pela enveja dos Bonzos, e ultima-
mente difcorrendo em perpetuo giro para
plantar a Fé, e deílruir a Idolatria. A me-
moria de varaõ taõ infigne celebraõ o Li-
cenciado lorge Cardozo Ágio/. Ijijit. Tom.
2. p. 634. e no Cõment. de 19. de Abril
letr. B. Guerreiro Coroa de esforc. Sold. liv.
4. cap. 5. Nieremberg. Var. lllufi. de la
Comp. Tom. 2. p. 642. Gufman Hift. de las
Mijfwn. de la Compan. Part. i. liv. 6. cap.
2.0. 30. e 31. Genari Xaverio Oriental. Part.
X, liv. 9. cap. 6. Joan. Soar. de Brito
Tbeatr. Lup. Utter. lit. G. n. 33. Bih. So-
'Ciet. p. 283. col. I. & 2. Souza Orient.
■Conq. Part. i. cap. 4. Divif. 2. §. 16. 21.
22. até 28. e Part. 2. Conq. 4. divif. i.
§. 16. 17. 19. 29. e 67. Hift. Societ. Part.
3. lib. I. n. 14. lib. 2. n. 112. lib. 3. n. 245.
251. lib. 6. n. 207. Franco Imagem da Virtud.
do Nov. de 'Lisboa lib. i. cap. 38. Ann.
Glor. S. J. in ImJíí. p. 234. Barbof. Mem.
Polit. e Mtlit. de D. Sebajl. Part. i. liv. i.
cap. II. §. 98. e cap. 22. §. 193. e 194.
e liv. 2. cap. 14. §. 144. e o moderno ad-
dicionador da Bib. Orient. de Ant. de Leaõ
Tom. I. Tit. 6. col. 96. e Tit. 8. col. 176.
Efcreveo as feguintes Cartas, que vaõ col-
locadas por ordem Chronologica.
Carta efcrita de Cochim a 24. de 1554.
MOS Irmãos do Collegio de Coimbra. Sahio no
Tom. I. das Cart. do lap. e Chin. Évora por
Manoel da Sylva 1598. foi. a foi. 30. Co-
meça A terra do JapaÔ Traduzida em latim
pelo Padre Manoel da Cofta Rer. Societ.
in Ind. Gejlar. Coloniae apud Gervinum Ca-
lenium 1374. 8. à pag. 177. vertida em
Caftelhano pelo Padre Cypriano Soares.
Coimbra por Joaõ Barreira, e Joaõ Alvres.
1565. 4. e Alcala por Juan Inigues da Le-
querica iJ7J. 4. a foi. 61. e Coimbra por
Ant. de Maris. 1570. a foi. 76.
Carta efcrita de F irando a i% de Outubro
de 1557. aos Irmãos da Companhia da índia.
Sahio no livro das Cartas do lapaõ aíTima
allegado dcfdc foi. 54. até 61. Começa O
anno de 1556. vertida em latim pelo P. Ma-
noel da Cofta Kerum Societ. in Ind. Geji. lib.
2. a foi. 117. Verf. até 130. Dilingac apud
Sebaldum Mayer 1571. 8. & Colonix apud
Gervinum Calenium 1574. 8. defde pag. 230.
até 247. e por MafFeo Epijlol. Indic. lib.
I. Florentix apud Philippum Junâam 1588.
foi. em Caftelhano pelo Padre Cypriano
Soares. Coimb. por loaõ Barreira 1565. 4.
p. 150. Alcala por luan. Inigues da Leque-
rica. 1575. 4. foi. 57. Verf. e Coimbra por
Ant. de Mariz 1570. 4. foi. 141. Verf.
Carta efcrita do lapaÕ ao primeiro de Se-
tembro de 1559. aos Padres da Companhia de
Goa. Sahio no livro das Cart. do lap. e Chin.
aíTima alleg. a folh. 68. Começa, o Anno
pajfado. Vertida em latim no livro intitu-
lado Epijlola laponica. Coloniae apud Rut-
genim Velpium 1569. 8. defde pag. 190.
até 196. e por Manoel da Cofta Ker. Societ.
in Ind. Gejl. Dilingae apud Sebaldum Meyer.
1571. 8. a foi. 134. até 135. Verf. Coloniae
apud Gervinum Calenium 1574. 8. defde
pag. 252. até 253. e por MafFeo Epifi. Ind.
lib. I. Em Caftelhano por Cj^rian. Soar
Coimbra por loaõ Barreira 1565. 4. a pag
199. Alcala por luan. Inigues. 1575. 4
foi. 93. e Coimbra por Ant. de Maris 1570
4. foi. 181. e na língua Italiana com outras
Venetia por Tramazzino. 1562. 8.
Carta efcrita da Cidade de Sacay a 17.
de Agojlo de 1561. aos Irmãos da Compa-
nhia da índia. Évora por Manoel da Syl-
va 1598. foi. a folh. 89. Verf. até 94.
Começa No anno de 1559. ^^7 vertida
em latim por Cofia Kerum Societ. in Orient.
Geft. Coloniae apud Gervinum 1574. 8.
a pag. 298. até 311. & Delingae apud
Sebaldum Mayer. 1571. 8. defde foi. 167.
Verf. até 176. Verf. c no livro Epifiola
Japonica Lovanii apud Rutgerum Velpium
1569. 8. a pag. 230. até 262. Maífeo
Epifl. Indic. lib. 3. em Caftelhano . Coim-
bra por loaõ Barreira 1565. 4. pag. 305.
e Alcala. 1575. 4. foi. 108. Verf. e Coim-
bra por Ant. de Maris. 1570. 4. foi.
238.
Carta efcrita do Sacay no anno de 1562.
aos PP. da Companhia de Jefus. Évora
por Manoel da Sylva 1598. foi. a folh.
L USIT AN A,
'\ 112. até 115. Começa. Pela Carta do anno
pajfado. Vertida em latim pelo Padre Cof-
ta Cólon, apud Gervinum Calenium 1574.
8. a pag. 331. até 336. Alaffeo Eptji. In-
j dic. lib. 2. em Caftelhano Coimbra por
loaõ Barreira 1565. 4. pag. 371. Alcala
por luan Inigues de Lequerica 1575. 4.
foi. 135. e Coimbra por Ant. de Maris.
1570. foi. 299. Verf.
Carta efcrita da Cidade de Sacay para
os Irmãos da índia a 27. de Abril de
j 1563. Évora por Manoel da Sylva. 1598.
; foi. a folh. 137. Verf. até 139. Começa
No anno de 1562. Traduzida em latim.
Dilingíe apud Sebaldum Mayer 1571. 8.
defde foi. 202. até 204. & Coloniae apud
; Gervinum Calenium 1574. 8. defde pag.
347. até 349. e por Maífeo Epift. Indic.
lib. 3. em Caftelhano pelo Padre Soares.
Coimbra por loaõ Barreira 1565. 4. pag.
398. Alcala. 1575. 4. foi. 164. Verf. e
Coimbra por António de Maris. 1570.
4. a foi. 366.
Carta efcrita de Meaco a 13. de Julho de
1564. aos Padres da Companhia de Portugal.
Évora por Manoel da Sylva 1598. foi. a
folh. 140. até 143. Verf. Começa. Na era
de 1559.
Carta efcrita de I mores a z. de Agoflo de
1565. ao Padre Cofme de Torres. Évora por
Manoel da Sylva 1598. foi. a folh. 1690.
Começa. Depois que o Tyrano. Vertida em
Caftelhano. Alcala por Juan Inigues de
Lequerica 1575. 4. foi. 222. e Coimbra por
Ant. de Maris. 1570. 4. foi. 496.
Carta efcrita de Sacay ao Convento de Avii^
em 1^ de Setembro de 1565. Évora por Ma-
noel da Sylva 1598. foi. defde folh. 193.
atè 197. Verf. Começa. Se me naõ efquece. Em
Caftelhano. Coimbra por Ant. de Maris.
1570. 4, a foi. 503. Verf. e Alcala por luan
Inigues de Lequerica 1575. 4. a foi. 226.
Carta efcrita de Cochim a 4 de Fevereiro de
1571. aos PP. da Companhia de Portugal.
Évora por Manoel da Sylva 1598. foi. defde
foi. 301. até 304. Verf. Começa. Foy Nojfo Se-
nhor fervido. Em Caftelhano. Alcala por luan
Inigues de Lequerica. 1575. 4. a foi. 311.
Carta efcrita de Cochim a 4. de Fe-
vereiro de 1571. para hum IrmaÕ da Com-
.375
panhia. Évora por Manoel da Sylva 1598.
foi. defde folh. 304. até 305. Começa.
Muito largo lhe qui-:^era efcrever . em Caf-
telhano Alcala 1375. 4. a foi. 284.
Carta de Goa a 20. de Outubro de 1571.
Evor. por Manoel da Sylva. 1598. foi. def-
de folh. 317. Verf. até 319. Começa. EJie
anno de 1571.
Carta efcrita de Goa a G. de Outubro de
15 71. aos Padres do Convento de Avi^ em Por-
tugal. Évora por Manoel da Sylva 1598.
foi. a folh. 319. até 530. Verf. Começa.^
Parece que fe me podia contar por muita in-
gratidão.
Compoz na lingua laponeza.
Controverjias contra todas as feytas do la-
pão. Nellas refutava concludentemente todos
os argumentos propoftos pelos Meftxes da.
Corte de Meaco.
Hijioria das vidas dos Santos.
Documentos Efpirituaes.
Deftas obras fazem mençaõ Bib. Societ..
pag. 284. col. 2. Gufman Hijl. de las Mif-
fion. Part. i. lib. 6. cap. 30. Souza Orienta
Conqmft. Part. 2. Conq. 4. Divif. i. §. 16.
Cardof. Affol. hnfit. Tom. 2. pag. 642. col.
e Franco Imag. da Virtud. em o Nov. de
L.isboa. pag. 969.
Fr. GASTAM cujo apeUido fe ignora^
religiofo da Ordem dos Pregadores, e fi-
lho da Congregação da índia Oriental
onde afliftio muitos annos principalmente
na Feitoria de Cruzi. Para eternizar as
heróicas proezas, que o iníigne Heroe
Duarte Pacheco Pereira obrou contra El-
Rey de Calicut derrotando-lhe as formi-
dáveis Armadas, que expedio contra o-
Eftado, efcreveo.
Tratado da Guerra entre os Rejs de Co-
chim, e Calicut. Defta obra como do feu
author fe lembraõ Barros Decad i. da índia
liv. 7. cap. 8. loaõ Franco Barreto Bib,
Portug. Aí. S. e Fr. Pedro Monteiro Claufhr,
Domin. Tom. 3. pag. 224.
gastajvi de ABRINHOSA LEY-
TAM natural da Villa de Serpa em a
Provinda Tranftagana Presbítero, e forma-
do em a Faculdade dos Sagrados Cano-
376
ncs. Acompanhou a ElRey D. Sebaftiaõ
na infeliz jornada de Africa onde depois
•de receber varias feridas ficou cativo, cujo
infortúnio experimentou fegunda vez na
ocafiaõ, que voltava de Roma para eíle
Reyno onde aíTiílio no anno de 1605.
Para fe purificar da malévola impoftura
<le ter fangue infefto com que era pri-
vado de huma Igreja das trcs Ordens
Militares cm que fora provido, efcreveo.
Informação' de Gaftàô de Ahrinhoja op-
poenU à caifí^a de loaô de Abrinhofa meu
IrmaS. foi. fem lugar, nem anno da Im-
preflaõ.
Summario dos fuceffos, e alteraçoens do Key-
no de Portugal depois da perda delKey D. Se-
baftiad. M. S, Defta obra extrahio muitas
noticias Gafpar de Qiaves Sentido para o
feu livro intitulado Trágicos Jucejfos do Reyno
Je Portugal, do qual fe fez mençaõ em feu
lugar.
D. GASTAM COUTINHO Commenda-
-dor de Vaqueiros na Ordem militar de
■Chriílo filho de D. Gonçalo Coutinho fe-
gundo Conde de Marialva, e D. Brites de
Mello. Com igual valor, que difciplina mi-
litou em Africa, e na ultima guerra, que
Affonfo V. teve com Caftella. Reftituido à
Corte continuou no ferviço delRey D. Joaõ
o 2. donde obrigado de hum grave motivo
fe retirou para Granada, e manifeftando a
fua fciencia militar nas fanguinolentas guer-
ras de que era theatro efte Reyno nas quais
teve por companheiros, e emulos a D. Fran-
<:ifco de Almeyda, que depois foy o pri-
meiro Vicerey da índia, e a D. Gonçalo
Fernandes de Córdova chamado antonomaf-
ticamente o Graõ Capitão conciliou taõ par-
ticulares eílimaçoens dos Reys Catholicos D.
Fernando, e Izabel, que lhe deraõ por con-
forte a D. Toda Centelhas Dama da Ray-
nha filha de Gafpar Centelhas Conde de
Oliva com o dote de trezentos mil mara-
vidis de Tença pagos nos direitos do Rey-
no de Murcia. Foy de eftatura pequena,
de engenho grande, c de capacidade fumma.
Entre os eftudos que cultivou foy muito in-
clinado à Genealogia deixando efcrito.
BIB LIO THE CA
Hijloria Genealógica defcrita em FJoffos Àos
nomes, e nacimentos de feus Irmãos, dos casa-
mentos delles, e dos filhos, que tinhaõ tido. Aí. S.
Da obra, e do author faz mençaõ o Padre
D. António Caetano de Souza Advert. $
Addic. a Hift. Gen. da Cav^. Real Portug.
Tom. 8. pag. 14. no fim.
GASTAM DE FOX por nacimento Por-
tuguez, e por origem defcendente dos Prín-
cipes de Guiene em França. Foy hum dos
famofos Theologos do feu tempo, c muito
intelligente, e verfado alem das linguas Por-
tugueza, e Franceza em a Latina, Hebraica,
e Arábica. A grande litteratura, que pro-
feíTava unida à innocencia dos cuíhimes, c
fuavidade do génio impelliraõ ao noíTo pri-
meiro Monarcha D. Affonfo Henriques pa-
ra o nomear Bifpo de Évora, e Embaxador
à Cúria Romana em cuja jornada foy vio-
lentamente morto pelos ladroens, digno cer-
tamente de fim mais gloriofo. Jaz fepul-
tado na Igreja de S. Paulo fituada em o
fuburbio da Cidade de Tolofa em a Pro-
vinda de Guipufcoa em hum maufoleo à
parte efquerda da entrada do Templo fo-
bre o qual fe lhe gravou o feguinte epi-
táfio.
Gaftonis Foxii LMjitani à latronihus inter-
feri ojfa hic quiefcunt. vixit. annos LIV. men-
fes X. dies XXIV.
Efte Templo com o fuburbio foraõ abia-
zados pelas armas Francezas do qual naõ
ficou o menor veftigio. Compoz na língua
Arábica que naquelles tempos era a mais
univerfal cm Hefpanha huma Obra repar-
tida em 7 partes, que conftavaõ.
De Deos, e da immortalidade da alma. Con-
cordância das Profecias das Sybillas com os Pro-
fetas; da Bemaventurança eterna, Purgatório, e
Inferno. Foy traduzida eui Portnguez por
D. Pedro Galvaõ Arcebifpo de Braga à
inftancia delRey D. Diniz. Depois a vcr-
teo na lingua Latina o Cardial D. Mi-
guel da Sylva cm cujo idioma era mui-
to perito, c a comunicou cm Roma a
lacobo Eborenfe o qual querendo trcs-
ladalla o naõ confentio o tradutor. To-
das eílas noticias de hum Varaõ taõ in-
L USITAN A.
377
íigne fe devem à curiofa inveftigaçaõ de
Jacobo Eborenfe deixando-as efcritas no
livro, que intitulou Cafo mayor impreflb
em Vene2a no anno de 1592. lib. 2.
pag. 126. onde neftas vozes métricas com-
prehende o que efcreveo Gaílaõ de Fox.
«
Schre licet paucis, qua rerum arcana revol-
vens
Explicíát Jeptem Gafio voJuminibus
Et quíB tot Vates, et tot cecinere Sybilla
Hi folymis, illa colle Juh Albaneo.
EJl Deus, ejl inquam, Deus Unus, & ornnis in
ipfo
Omnium, et ipfe parens omnium et inflar agens.
Praterea illius Spirat de numine Sanão
Aura lenis tardis infita corporihus.
Qua fimul infufa eft, eb* numquam definit, <&
cum
Dejerit exanimum corpus in aflra reSt.
Hic mercês fua cuique, Ó" vitá digna peraãa
Stant exquefito pramia judicio.
Atque aliquis gentis mixtus felicibus ora
Ora Dei Jumma jam propiora videt.
Contra alius ftat luce procul, lex nulla no-
centi.
Durior, aut gravior pana venire potefl.
Hac Sénior Gaflo: tu vero numquid Aquinas;
Nunquid habet melior Scotus amice doce.
Joaõ Soar. de Brit. Theatr. Liter JLuflt.
lit. G. n. 34. lhe chama Theologorum fui
Jaculi nemini fecundus, et linguarum plurimarum
nntitia clarus. Joaõ Pint. Rib. Vrefer. das letr.
as Arm. Ahali^uje aquelle douto Português
GaflaÕ de Fox cu/os e/critos por ventura andaõ
perfilhados nefle tempo por que fe acreMtou com
feus trabalhos. Brãdaõ Monarch. Ljífit. Part.
5. liv. 16. cap. 3. Príncipe dos Theologos do
feu tempo. Leytaõ Notic. Chronolog. da Univ.
de Coimb. pag. 4. §. 7. Grande Theologo, e
Jorge Cardofo Agiol. Lstfit. Tom. 3. no
Comment. de 22. de Mayo letr. A.
Fr. GERARDO DA AJUDA natural
dos Coutos de Alcobaça Monge profeíTo no
Real Convento de Santa Maria de Alcobaça,
c iníigne Efcriturario como publica a fe-
guinte obra que fe conferva em o Cartório
do dito Convento.
Expofltio in Pfalmos David. foi. M. S.
Fr. GERARDO DAS CHAGAS natu-
ral da Villa de Touro em a Provinda
da Beira, e naõ em Villa cova como
efcreve lorge Cardofo Agiol. Ijifit. Tom.
3. pag. 696. Recebeo a cogulla Cifter-
cienfe em o Convento de Santa Maria
de Salcedas, e nefta illuftre paleftra fez
iguaes progreíTos nas virtudes, que nas
fciencias. Foy fevero obfervante do feu
fagrado inílituto, e taõ inimigo da vaõ
gloria, que fendo laureado com as in-
fignias doutoraes em a fagrada Theologia
f)ela Univeríidade de Coimbra nunca quiz
intitularfe Doutor. Com igual aíFabilidade,
que prudência adminiílrou as Abbadias dos
Conventos de Bouro, e Salcedas, a Rey-
toria do Collegio de Coimbra, e o Ge-
neralato de toda a Congregação no an-
no de 1591. Mereceo as eftimaçoens das
primeiras peíToas do Reyno pela profun-
didade da fciencia, e innocencia da vida
chegando a formar delle tal conceito o
iníigne Meftre Fr. Martinho de Ledef-
ma grande efplendor da Religião Domi-
nicana, e Cathedratico de Prima em a
Univeríidade Conimbricenfe, que a hum
Religiofo Ciílercienfe lhe fez o feguinte
elogio. Scitis quod babetis inter vos virum
Sanãum, e^ do£íum, fed nimis fcrupulofum.
Zelou como verdadeiro filho os privilé-
gios da fua Sagrada Congregação com-
pondo douta, e diíFufamente.
Defenfam do direito, e jufliça que tem
a Ordem de SaÕ Bernardo do Reyno de
Portugal no padroado dos Mofleiros da mef-
ma Ordem apret^entada a Mageflade deíKey
Catholico D. Filippe II. foi. 1594. Naõ
tem lugar nem nome do ImpreíTor.
Ao tempo, que era Abbade do Con-
vento de Salcedas deixou a vida caduca
pela eterna em o anno de 16 10. laz fe-
pultado em o Capitulo com eíle epitá-
fio.
Hic jacet Keverendijftmus Parens nofler Fr.
Gerardus à Plagis, qui virtutum, <ò^ Sa-
pientia dotibus praclanis, dum vixit, flonát.
378
Fr. GERARDO DE S. lOSEPH natu-
ral de Lisboa a donde paflando â índia
recebeu o habito da illuílriíTima Ordem dos
Pregadores em o Convento de Goa no
anno de 171 5. Depois de eftudar as fcien-
cias Efcolafticas foy lente de Theologia,
Prior do G^nvento, de Goa, Qualificador
do Santo Officio, e excellente Orador Evan-
gélico de cujo minifterio publicou como
primícias a feguinte obra.
A fortuna do EJlado Portugue^ da índia
Oriental agravada, e de/agravada. Sermão Pa-
negjrico pregado no folemniJfiNw dejagravo da glo-
rio/a Virgem, Doutora, e Martyr Santa Ca-
therina Padroeira da Cidade de Goa. Lisboa
por Miguel Rodrigues ImpreíTor do Em-
minentiíTimo Cardial Patriarcha. 1742. 4.
GHEDALIA BEN DAVID lACHIA
natural de Lisboa onde teve o feu fo-
lar cila familia, que produzio celebres ef-
critores. Por morte de feu Pay David
lachia deixou a pátria, e partio para Conf-
tantinopla onde exercitou a faculdade da
Medecina, e foy Reytor da Sinagoga por
fer muito verfado em os delírios do Tal-
mud. Naõ foy menos inílruido nas Leys
Imperiaes, que nas experiências Fificas. Ef-
creveo conforme afirma feu parente Ghe-
daUa Jachia in Scial Jeeiet Hakkabala pag.
62. muitas obras fendo a principal, que
lhe chegou a feu poder, a feguinte.
Septem Oculi. ex Zach. 7. n. 10.
Faz mençaõ delle Barthol. Bib. Rabhin.
Tom. I. pag. 705. n. 390.
S. Fr. GIL chamado no feculo Gil
Rodrigues de Valladares filho de Ruy Pi-
res de Valladares do Confelho delRey
D. Sancho I. de Portugal feu Mordo-
mo mór, e Alcayde mór do Caftello, e
Gdade de Q)imbra, e de Thereza Gil
filha do Senhor da Quinta da Cavalla-
ria naceo em o anno de 1185. em a
Villa de Vouzella Cabeça do Confelho de
Lafoens em o Bifpado de Vifeu. Teve
por paleíbra dos feus eíludos a £amofa
Cidade de Coimbra onde aprendendo a
lingua Latina, Filofofia, e Medecina (fa-
BIBLIO THE CA
culdade em que naquelles tempos eíhida-
vaõ peíToas de conhecida nobreza) em o
Real Convento de Santa Cruz de Coimbra
como teftefica D. Nicol. de Santa Maria
Chron. dos Coneg. Keg. liv. 7. cap. 15.
n. 4. fahio pela viveza do engenho taò
egregiamente iníbuido, que nenhum dos
feus condifcipulos lhe difputava a pri-
mazia. A fama que corria das fuás le-
tras lhe adquirio multiplicadas dignidades
fendo ao mefmo tempo Cónego das Ca-
thedraes de Braga, Coimbra, e Guarda,
Arcediago da terceira Cadeira em a de
Lisboa, e Prior das Igrejas de Santa Iria
em Santarém, e Santa Maria de Coruche.
O verdor dos annos, e a opulência de tan-
tas rendas EcclefiaíUcas lhe infundirão cm
o animo taõ vaõgloriofos penfamentos, que
fe refolveo a frequentar a Univerfidade de
Pariz celebre empório de todas as fciencias
formando delias os degraos por onde fu-
biíTe à eminência dos mayores lugares, que
na fua idea maquinava. Tanto que chegou
a efta celebre Academia continuou o eíhido
da Medecina, e nella fez taõ agigantados
progreíTos, que por voto de todos os Ca-
thedraticos foy laureado com as infignias
doutoraes. Obfervando com madura refle-
xão que alguns dos feus condifcipulos taò
claros em o fangue, como na Sabidoria pre-
feriaõ a pobreza Evangélica à opulência
mundana determinou fegviir taõ heróicos
veíligios para cujo efeito deixando o feculo
fe recolheo ao clauíbro do reformado Con-
vento de S. Jacobo de Pariz da Ordem dos
Pregadores em o anno de 1225. quando con-
tava quarenta annos de idade. Em o No-
viciado onde teve por companheiro a Hum-
berto, que depois foy Meílre Geral da Or-
dem, caftigava com a parfimonia do fuften-
to, e afpereza do veíUdo os regalos, c deli-
cias com que fora educado na caza de feus
illuftres Pays, e para abater a memoria da
fua nobreza fc exercitava em os mais vis
miniílerios da cozinha, e enfermaria. Feita
a profiçaõ folemne fe aplicou ao eftudo da
Sagrada Theologia em que recebco o grão
de Meílre em a Univerfidade de Pariz don-
de partio para Hefpanha a diftar taõ fu-
blimc Faculdade. Do Magiílerio foy af-
L USITAN A.
I
fumpto em o anno de 1233. ao Provindalado
de toda Efpanha, que vagara por morte do
V. Fr. Sueyro Gomes, em cujo lugar uzou
de afabilidade, e prudência, e pofto, que
eftava fummamente atenuado com achaques,
e penitencias naõ deixou de viíitar a pé
taõ dilatada Provinda, que fe extendia pelo
vafto efpaço de trezentas legoas. Tendo
afllftido em Bolonha à celebração do Capi-
tulo Geral em que fahio eleito no anno
de 1238. por Meftre Geral da Ordem S.
Raymundo de Penafort voltando a Portu-
gal, foy abfolto do lugar de Provincial, que
eítímou exceíTivamente para com mayor fo-
cego fe dedicar à contemplação dos divinos
atributos. A culpável inércia com que El-
Rey D. Sancho 11. de Portugal permitio
fer dominado pelos feus VaíTalos com inju-
ria da Soberania, e abatimento da Mageftade
impellio aos zelozos da pátria para que cla-
maíTem a Innocencio IV. o depuzefle do
trono. Eíla comiíTaõ, que era a todos for-
midável, a executou o Santo Fr. Gil com
apoftolica liberdade pofto, que padeceo gra-
ves afrontas, e infinitas moleítías. Segunda
vez foy eleito Provincial, e como atendia
mais pela obfervanda religiofa, que pelo
próprio defcanço aceitou taõ laboriofo mi-
niílerio em que encheo as obrigaçoens de
vigilante Prelado. Acometido da ultima in-
fermidade recebeo com fumma ternura os
Sacramentos, e pronimdando as palavras
in manus tuas Domine commendo Spiritum
meum partio a lograr o premio das fuás
virtuofas obras a 14 de May o de 1265.
quando contava 80 annos de idade fican-
do com taõ agradável afpeâo, que pa-
recia fe entregara a hum pladdo fono.
PaíTados féis annos foy transferido o feu
corpo, que fe achou incorrupto para hum
Maufoleo, que lhe edificara fua Prima
D. Joanna Dias Senhora da Attouguia
mulher de D. Fernando Fernandes Co-
gominho fenhor de Chaves, e Alcayde
mór de Coimbra, o qual eílá collocado
em huma Capella do Cruzeiro do Con-
vento de S. Domingos da Villa de San-
tarém da parte da Epiftola concorrendo
continuamente innumeravel povo a vene-
rar o Santo Cadáver. Os aííombrofos mi-
379
lagres, que em benefido de innumeraveis
peíToas obrou a fua heróica virtude aíTun
vivo como morto; os admiráveis exta-
fis com que repetidas vezes foy viiio fuf-
penfo nos ares parecendo mais habitador
do Ceo, que da terra; as rigorofas pe-
nitencias com que macerou o corpo re-
duzindo o às Leys do efpirito; e as glo-
riofas vitorias, que alcançou do Prindpe
das trevas fe podem ler difufamente em
Refende. Conv. mirand. D. JE^d. hufit.
lib. 4. Souza Hijl. de S. Domingos da
Prov. de Portug. Part. i. Uv. 2. cap. 13.
até 35. IlluílriíTimo Cunha Hiji. Bxclef. de
Brag. Part. 2. cap. 34. e HiJi. 'Exclef. de
Usboa. Part. 2. cap. 64. Bzou. Annal.
Ecclef. Tom. 13. ad an. 1230. Mariet.
HiJl. de los Sant. de Efpan. lib. 12. cap.
25. Tamayo Martyrol. Hifp. Tom. 3. ad
16. Maij. Brandão Mon. Ljifit. Part. 4.
liv. 15. cap. 32. Nunes Defcripc. de Por-
tugal, cap. 47. Vafconcel. Defcript. Portu-
gal, p. 553. n. II. Balinghen Kalend. Virg.
p. 228. Dekio Di/q. Mag. lib. 6. cap.
2. feâ. 5. quíeft. 3. Joan. Soar. de Brit.
Theatr. Ljtfit. Utter. lit. G. n. 49. Ma-
^a Biblioth. Ecclef. Tom. i. pag. 125.
col. i. Cardofo Affol. ILufit. Tom. 3.
pag. 239. e no Coment. de 14. de Mayo
letr. C. e pag. 816. e no Coment. de
25. Julho. letr. D. Nicol. Ant. Bib. Hifp.
Yet. lib. 8. cap. 4. §. 117. Monteiro
Claujlr. Domin. Tom. 3. pag. 227. Echard.
Script. Ord. Prad. Tom. i. pag. 241. onde
refuta com refoens concludentes tudo o quan-
to efcreveraõ alguns authores da Converfaõ
do Santo Fr. Gil, moftrando evidentemente
fer apocryfa aquella hilloria. Compoz alem
de outras obras, que defapareceraõ grande par-
te do livro atribuído a Fr. Humberto Meftre
Geral da Ordem dos Pregadores intitulado.
Vita Fratrum. Lovanii apud Servatium
SaíTenium 1575. 8. no qual in lib. 4. Tit.
de Virtute Orationis fe lem eftas palavras.
Hac Fr. JE^dius de Portugallia fcripjit vir
Jimplex, et reãus, (& timens Deum ma^tus in
artibus, (Ò' Phyjica, €>* Theoloffa. E na im-
preíTaõ de Duaco 1619. Hísc Fr. JEgfSus de
Portugália fcripjit vir totius Sanãitatis. No
mefmo lib. 4. Tit. de diverfis Vifionibus.
38o
BIB LIO THE CA
Fr. Mffdius Hifpanus, qui fmt in Jaculo
mafftus, in Artibus, €^ in Vhyjica eS^ in
Ordine Sacra Pagina leãor, qui Prior fmt
bis in Hi/pania, vir religiojus, pius, €>* ve-
rax focio Juo Fr. Humberto Magiftro Ordi-
nis /cripta mijit &c. Deílas Relaçoens, que
remeteo a Fr. Humberto faz repetida me-
moria Fr. LuÍ2 de Souza Flifi. de S. Do-
ming. Part. i. liv. 2. cap. 8. 9. e 11. prin-
cipalmente da Vida de Fr. Fernando Pires, e
Fr. Fernando de JESUS Religiofos Domini-
cos no Gjnvento de Santarém efcreve Jorge
Cardofo Ágio/, loifit. Tom. 2. pag. 223.
no Coment. de 18. de Março letr. B. fora
feu Qironifla o Santo Fr. Gil.
Fr. GIL mais conhecido pelo nome que
pelo apellido, que fe ignora, foy natural de
Lisboa, e celebre difcipulo da efcola mu-
íica do grande Meftre Duarte Lobo, de
quem já fizemos memoria. Tendo profef-
fado o fagrado inftituto da Terceira Or-
dem Seráfica da Penitencia paíTou para a
Provinda da Obfervancia de Portugal, e em
ambas eílas religiofas familias exercitou o
lugar de Vigário, e Meílre do Coro deven-
do-fe à fua direção, e confumada fciencia
em hum, e outro canto fe celebraíTem com
fumma perfeição os Officios Divinos, aíTim
em o noíTo Reyno, como em o Principado
de Catalunha onde aífiílio com grande cre-
dito do feu nome. Falleceo no Convento de
S. Francifco da Guarda em o anno de 1640.
Deixou muitas, e excellentes obras muficas
fendo as principaes.
Outo Mijfas de diverjos Tons, que conílaõ
de diverfas vozes.
PJalmos de diverjos Tons.
P/a/mos de Completas a 6. vozes.
Motetes a 4. vo:(es.
Fr. GIL DE S. BENTO natural da Vil-
la de Vouzella em o Bifpado de Vizeu fi-
lho de Simaõ de Figueiredo Caílellobranco,
c D. Brites Telles, e alumno da auguíla Re-
ligião Benediétína, cuja monachal cogulla
veílio em o Convento de Tibaens a 20 de
Janeiro de 161 5. Ao tempo, que a pene-
tração, do feu juizo fazia grandes progref-
fos no eíhido das fciencias feveras as inter-
rompeo obrigado da falta de faude, porem
querendo moftrar-fe grato à illuílre Mãy de
que era benemérito filho, começou a in-
veíligar com infatigável difvelo os Cartho-
rios, e Archivos das Cathedraes, e Conven-
tos mais antigos deíle Reyno donde extra-
hio documentos authenticos com que de-
fendeo os infignes privilégios da fua au-
gufta Religião refutando evidentemente a
fallacia dos argumentos dos feus Antigonif-
tas, em cuja laboriofa emprefa moílrou a
vafta noticia que tinha da Hiftoria Ecclefiaf-
tica, e Secular, e de muitas antiguidades
defta Monarchia até aquelle tempo ocultas
à mais perfpicas curiofidade, alcançando em
premio de taõ douta obra o fer eleito Chro-
niíla da fua Congregação. Entre a feveri-
dade deftes eíhidos naõ deixava o exercido
ameno da Poezia, fendo os feus Verfos
igualmente cadentes, que conceituofos af-
fim na lingua materna, como em a Caíle-
Ihana. Foy também verfado na Genealogia
como parte prindpal da Hiftoria. Falleceo
em o Convento de Santa Marinha da Cofta
de Religiofos Jerónimos fituado junto da
Villa de Guimaraens a 13 de Novembro de
1664. a tempo, que eftava inveftigando o
Carthorio daquelle Convento. loaõ Soar. de
Brito Theatr. Lujit. Utter. lit. G. n. 50.
o intitula vir diligens, et eruditus, e Carvalho
Corog. Portug. Tom. i. Trat. i. liv. i. cap.
8. hum dos ^andes Chronijlas. Compoz.
Satisfação Apologética, e quinta ejfencia de
verdades averiguadas, e apuradas em finco re-
poflas com que fatisfa:^^ em tudo a finco
extraordinárias, que de novo deu à impren-
fa em fua Chronica contra a KeligiaÕ de
S. Bento o muy Reverendo Padre Fr. An-
tónio da Purificação Erimita de Santo Agof-
tinho. Lisboa por Manoel da Sylva. 1651.
foi.
Con efie libro (efcreve Fr. Gregório Ar-
gaes Perla de Catalun. pag. 462. §. 146.)
há perpetuado fu nombre; es mwf doão, Ueno
de erudicion, como de noticias, c D. Nicol. de
S. Maria Cbron. dos Coneg. Keg. liv. 6. cap.
14. n. I.
Seffmda Parte da Satisfa^aS Apologética.
Deixou prompta para a impreíTaõ com as
licenças da Religião.
L USl TANA.
38 1
Nas Memorias fúnebres de D. Maria de
Attayde Lisboa na Officina Crasbeekiana
1650. 4. a pag. 28. eftá hum Soneto feu
que principia.
No pifes pere^ino inadvertido. &c.
Coroa de Portugal. Eíla obra naõ chegou
a publicalla por lho impedir a morte como
afirma Carvalho Corog. Portug. no lugar af-
ílma allegado,
Chronica da Monaflica Congregarão de S.
isento do Reyfio de Portuga/. M. S. Delia
tinha efcrito fomente os prindpios como
dÍ2 Argaes no lugar citado.
Arvore Genealoffca da Familia dos Aíacòa-
dos. M. S. Confervafe na Livraria do Con-
vento de S. Bento defta Gorte, de cuja obra
faz mençaõ o Padre D. António Caetano
■de Sou2a Addiçoens à Hi^. Gen. da Ca^.
Real Portug. Tom. 8. pag. 19. n. 36. no
íim.
Fr. GIL CORRÊA de quem he taõ
oculto o inftituto Religiofo, que profeíTaíTe,
como patente o talento, que teve para as
letras Sagradas, e inílruçoens politicas ef-
crevendo.
De Regimine Principum cuja obra verteo
na lingua Portugueza o Infante D. Pedro
filho do SereniíTimo Rey D. Joaõ o I. como
afirma Pedro de Maris Dial. de Var. Hifl.
Dialog. 4. cap. 4. fobejando para Elogio
<lella o ter hum taõ heróico traduâor.
Fr. GIL EANES natural de Coimbra
Monge Ciílercienfe cuja cogulla recebeo no
Convento de S. Paulo, que hoje eftá annexo
ao CoUegio de Coimbra. Floreceo igual-
mente na obfervancia de feu inftituto, como
na continua aplicação ao eftudo da Theolo-
gia Moral, compondo pelos annos de 1567.
Summa de vitiis, e^ peccatis. foi. M. S.
Conferva-fe na Bib. do Real Convento de
Alcobaça.
D. GIL EANES DA COSTA naceo em
Lisboa fendo filho de D. Gil Eanes da
Cofta Vedor da Fazenda delRey D. Joaõ
in. feu Confelheiro de Eflado, e Embaxa-
dor à Mageftade Cefarea de Carlos V. e de
D. Joanna. da Sylva filha de D. Filippe de
Souza Lobo do Confelho delRey D. Joaõ
o in. e D. Filippa da Sylva. Acompanhou
com igual valor, que fidelidade a ElRey D.
Sebafliaõ na infeliz jornada de Africa onde
depois de Cativo foy Ubertado com outros
Fidalgos como efcreve Jerónimo de Men-
doça fornada de Afric. Uv. 2. cap. 8. Foy
ornado de prudente juizo, fingular urbani-
dade, valor heróico, e fumma vigilância de
que deu irrefragaveis teftemunhos fendo
Prefidente do Senado de Lisboa principal-
mente em o arino de 1599. quando efta Q-
dade fe fentio fulminada pelo horrível fk-
gello da pefte, em cuja geral fataHdade af-
fiíUo como amorofo Pay da pátria para
falvar aos feridos do contagio. Da Prefi-
dencia do Senado padou para a do De-
zembargo do Paço no anno de 1607. em
que exercitou as virtudes de que era or-
nado até que com geral fentimento da
Corte deixou a vida mortal pela eterna.
No teftamento que fez em Lisboa a 26
de Março de 1609. inllituhio com fua mu-
lher hum Morgado, e Capella de MiíTa
Quotidiana no Convento dos Agoftinhos da
ViUa de Santarém onde jaz fepultado na
Capella da Saõ Nicolao Tolentino fituada
no Cruzeiro à parte do Evangelho em que
eftaõ gravadas as Armas dos Coftas, e na
parte inferior a feguinte infcripçaõ.
Efla Capella he de Gilianes da Cofia do
Confelho de Eftado dos Reys D. Filippe II.
e III. defle nome, feu Governador, e Capitão
da Cidade de Cepta, e Prefidente da Camará
da Cidade de Ushoa no tempo em que nella
houve ff-ande pefle, e a governou com mero, e
miflo império fem nunca delia fair, e depois
foy Prefidente do Desembargo do Paço qua-
tro annos, e meyo; e de D. Margarida de
Noronha fua única mulher, e de feus her-
deiros. Ambos a dotarão para nella fe di-
^er Miffa Quotidiana, e Oficio de nove li-
çoens em cada hum Mino. Falleceo na era. .. .
a féis de Aíayo.
Foy Capitão da Praça de Ceuta, Com-
mendador de S. Miguel de Linhares no
Arcebifpado de Braga, e Confelheiro de
Eftado. Cazou com D. Margarida de No-
ronha filha de Rodrigo Lobo Senhor de Sar-
cedas, Commendador de S. loaõ de Tran-
382
BIB LIO THE CA
cofo, e de D. Maria de Noronha da Syl-
veira filha herdeira de Fernaõ da Sylvei-
ra Senhor de Sarcedas, de quem teve D.
António da Q)fta, que morreo menino;
D. Rodrigo da Q)íla, que fucedeo na Caza,
D. Gil Eanes da Coíla Qjmmendador de
S. Miguel de Linhares, que cazou com D.
Anna Henriques de quem naõ teve fucef-
faõ; e a D. Álvaro da Coíla, que de Q)lle-
gial Theologo do Gjllegio Real de S. Paulo
foy Reytor da Univeríidade de Coimbra,
Capellaõ mór da Mageílade delRey D. loaõ
o IV. e eleito Bifpo de Vifeu. Na De-
dicatória, que a eíle Prelado fez o Padre
Eílevaõ Fagundes no feu Tratado de Jujli-
tia, €>• ]ure, confagra o feguinte Elogio a
feu grande Pay. Hic tile ejl beros verus pá-
tria amor, €^ amator cui una tantum fuit de
communi utilitate folicitudo, oh eamque aã to-
tius hujus urhis regimen, ciim folus tum admiffo
aliorum conjortio vocatus efi eo tempore, qm
tetra peftilentia lue labor aba t Civitas: nec alius
in tanto malorum turbine quafitus eft ad re-
gendam civitatem nifi vir ijle fingulari pru-
dentia, (ò" Sapientia injignitus. Hunc Septa
in Africa Civitas prafeâum fuum gloriatur
adhuc: quondam tenuiffe eumdem Senatus Ca-
mera Vlyjftponenjis, eb* Senatus Palatii Pra-
fidem veneratus eft; admijfus denique ad Con-
cilium Status Regis Philippi Tertii Hifpa-
niarum fie regni projpiciehat emolumento, ut
planum fit ad hoc tantum fuam fpeãare fen-
tentiam (ò" quamvis fatorum invidia nobis fit
ereptus, ejus tamen memoria perpetuo in orbe
perennabit. Delle faz mençaõ Rodrigo Mend.
Sylv. Cathal. Real de Efpan. p. mihi 120.
Verf. Efcreveo com igual verdade, que ele-
gância.
Jornada delRey D. SebaftiaÕ a Africa.
M. S. Efta obra ainda, que naõ logrou
o beneficio da luz publica fe conferva
em poder de alguns eruditos com fum-
ma eílimaçaõ.
Fr. GIL DE LEYRIA natural da Ci-
dade, que tomou por apellido. Monge pro-
feflb no Real Convento de Alcobaça onde
fe fez conhecido, e eílimado o feu talento
pela varia erudição de que era ornado ef-
crcvendo na era de Chrifto de 1209.
Vocabulário para infirufaÕ dos Cuftumes.
foi. M. S.
He difpofto por ordem Alfabética onde
acomoda cada Vocábulo à doutrina morai
eftabelicida fobre lugares da Sagrada Efcritura
em que moftra fer muito verfado. Con-
ferva-fe na Bibliotheca do Real Convento
de Alcobaça em hum volume muito grande.
GIL MESTRE natural da Villa de
Abrantes do Bifpado da Guarda Efcu-
deiro, e Cantor da Capella Real de D.
loaõ o III. Foy dotado de natural muito
urbano, e génio jovial como fe admi-
ra nas Cartas efcritas a Pedro Carvalho
do Confelho de D. loaõ o lU. e feu Ca-
mareiro, Delle fe conferva na Livraria do
Excellentiffimo Duque de Lafoens, que
foy do Emminentiflimo Cardial de Souza.
Debuxo natural do naris, e boca de
hum homem, que eu fey, e como, e quando
fe achou a navegação defte Perii. 4. M. S.
GIL PIRES Capellaõ de D. Pedro
Eanes de Portel filho de loaõ de Avoim
infigne varaõ, e illuílre Cavalhero, que
deu a Villa de Marmellar à Ordem mi-
litar de S. loaõ como efcrevc o Conde
D. Pedro em o Mobiliar. Tit. 36. §. 2.
e Tit. 22. §. 3. Floreceo no reynado de
D. Diniz VI. Rey de Portugal, e foy
muito perito na lingua Arábiga da qual
traduzio em a Portugueza juntamète com
o Meftre Mafamede a Chronica de Ef-
panha, que compuzera o Mouro Razis
Chronifta de Miramolim Rey de Marro-
cos, e Córdova conforme a Egira dos
Mouros em o anno de 366. e em a de
Chriílo 957. O titulo da obra traduzida he
o feguinte.
Livro compofto por Ras^ Chronifta de
Miramolim de Marrocos por feu man-
dado, e foy tirado da lingua Arábia
em Portugue:^^ por Meftre Mafamede, r
a efcrevia Gil Pires Clérigo de Pedrea-
nes de Portugal. Começa o primeiro
Capitulo. Há em Efpanba quatro Ser-
ras, que atraveffaõ a terra de mar a
mar, e nenhum rio, nem valle em parte ne-
nhuma deftas Serras. Huma copia fe con-
L USITAN A.
383
ferva na Bibliotheca do ExceUentiíTimo
Conde do Vimieiro. Da obra, e do tra-
dutor fazem mençaõ Refende Hijl. da
Antig. da Cid. de Et'or. cap. ii. e na Epif-
tol. ad Kabed. Coloniae apud Mylium.
1600. a pag. 164. et in Hifpan. Illufirat.
Tom. 2. pag. 1006. D. Nicol. Ant. Bih.
Hl/p. Vet. lib. 6. cap. 12. §. 283. e 284.
■e o moderno addicionad. da Bib. Geo^af.
de Ant. de Leaõ Tom. 3. Tit. imic. col. 1147.
GIL SIMOENS moço da Camará
delRey D. Manoel o qual anhelando à immor-
tal gloria, que fe alcança pelas armas paíTou
a o Oriente quando governava o Eftado o
clariíTmio Heroe D. AfFonfo de Albuquer-
que, que determinando mandar hum Emba-
xador a Xeque Ifmael Rey da Períia nomeou
a Fernaõ Gomes de Lemos Senhor da Trofa,
e por Secretario da Embaxada a Gil Simoens
efcrevendo como teftifica loaõ de Barros
Decad. 2. da InSa. liv. 10. cap. 15.
KelaçaÕ da Embaxada, qm mandou o Gover-
nador da InSa D. Affonfo de Albuquerque a
Xeque Ifmael Key da Ver fia. M. S. Do author
fe lembra Damiaõ de Góes Chron. delKey
D. Manoel Part. 3. cap. 67. e Part. 4. cap. 10.
onde difiifamente narra efta Embaxada defde
o cap. 9. até 11. cujas noticias extrahio da
relação de Gil Simoens.
GIL VICENTE illuftre por nacimento,
e muito mais illuftre pelo efpirito poé-
tico com que imitou, e ainda excedeo
aos mayores Poetas, que venerou a Anti-
guidade. Naceo em a Villa de Guima-
raens como quer D. António de Lima
em o feu Nobiliar. Tit. de Aíene^es, ou
na Villa de Barcellos como efcreve Fr.
Pedro Poyares Paneg. da Vill. de Barcel.
cap. 16. ou na famofa Cidade de Lisboa
como feguem muitos efcritores. Aplicou-
fe ao eftudo da lurifprudencia Cefarea em
a Univerfidade de Lisboa, e ainda que
pela vivacidade do engenho com que
penetrava as fuás mayores dificuldades po-
dia fubir aos lugares mais honorificos, im-
peUido do génio faceto, e jovial, que
tinha para a Poefia, preferio o comer-
cio das Mufas às efpeculaçoens da fcien-
cia legal compondo diverfas obras no eftilo
de Plauto com madureza de juizo, e novi-
dade de idea. Nas Comedias de que foy
por repetidas vezes theatro o Palácio, e
expedadores os SereniíTimos Reys D. Ma-
noel, e D. loaõ o III. com feus Irmãos D.
Luiz, D. AflFonfo, e D. Henrique conciliou
os aplauzos deftes Príncipes obfervando o
fubtil artificio com que valendo-fe de pala-
vras jocofas, e figuras ruflicas increpava
feveramente os vidos, e atrahia fuavemente os
ânimos ao amor das virtudes. Defte eftilo
jocofo, e nunca pueril foraõ imitadores aquel-
les dous Corifeos do ParnaíTo Caftelhano Lopo
Félix da Vega, e D. Frandfco de Quevedo.
Taõ largamente fe extendeo a fama do feu
talento poético, que fahindo do continente de
Efpanha eftimulou a Erafmo Roteradamo cele-
bre Filólogo a aprender a lingua Portugueza
para penetrar as agudezas, que eftavaõ ocultas
em as obras de Gil Vicente, e dej>ois, que as
leo, confeíTou ingenuamente, que nenhum
Poeta mais exaétamente como elle imitara o
eftilo de Plauto, e Terêncio. Foy cazado com
Branca Bezerra digna conforte da fua peííoa,
de quem teve Gil Vicente, Luiz Vicente, e
Paula Vicente, que nos Verfos Lyricos naõ
degenerarão da fecunda veya de taõ illuf-
tre Pay. Sendo a fua aíTiftencia em Lis-
boa foy obrigado a paflar com a Corte
para a Gdade de Évora onde terminando
a carreira da vida humana foy univerfalmente
lamentada a fua morte fucedida antes do
anno de 1557. por nelle perder o Reyno o feu
Plauto como era intitulado por muitos, e
principalmente por Manoel de Faria, e Souza
Epit. das Hí/p. Porfug. Part. 2. cap. 18. Foy
fepultado no Convento de S. Francifco, e
fobre a Campa fe lhe gravou o feguinte
Epitáfio, que elle compuzera, e fe acha
impreíTo no fim das fuás obras.
O Graõ Juif^o ef per ando
Ja^o aqui nefia morada
Também da vida cangada
Defcançando.
PreguntaJ-me quem fuy eu?
Atenta bem para mi.
Por que tal fui coma ti,
E tal hafde fer coma eu.
E pois tudo a ijio vem
384
BIB LIO THE CA
O' Ley/or do meu Conjelho
Tomame por teu ejpelho
Olhame, e olhate bem.
Q)m mayor propriedade fe lhe podia
efculpir aquella infcripçaõ fepulchral, que
compoz para o Poeta Plauto Varro lib. i.
Pqftquãm ejl morte captus Comadia luget,
Scena ejl deferta; rijtis, ludus joc u/que, <&
numeri innumeri jimul omnes collacrymarunt.
Celebraõ o feu nome Nicol. Ant. Bib. Hifp.
Tom. I. pag. 314. col. 2. Manoel Severim
de Faria Dial. da ling. Portug. foi. 78. Sou2a
Flor. de Efpan. cap. 8. excel. 9. cap. 24. excel.
6. e Eva e Ave. Part. i. cap. 26. n. 8. André
de Rezende Genethl. Princip. Joan.
Cunãorum hinc aãa ejl Comadia plaufu,
Quam Eujitaná Gillo author, (ò* Aãor in Aula
Egerat ante; dicax, atque inter vera face-
tus:
Gillo jocis levibus doãus prajlingere mo-
res:
Qui fi non lingua componeret omnia vulp,
Sed potius Latia non Gracia doâía Menan-
drum
Ante Juum ferret: nec tam Komana Thea-
tra
Plautinos, ve fales; lepidi vel /cripta
Terenti
Jaãarent: tanto nam Gillo prairet utrif-
que,
Quanto ílli reliquos inter, qui pulpita rore
Oblita Coryceo digito meruere faventem.
Garcia de Rezende Mijcellan.
E vimos fingularmente
¥at(er reprefentaçoens
De ejlilo muy eloquente
De mw/ novas invençoens
E feitas por Gil Vicente.
Elle fqy o que inventou
Ifio cá, e o u^ou
Com mais ff^aça, e mais doutrina
Pofto que ]oaÕ de En:(ina
O Pajloril começou.
Por deligencia de feu filho Luiz Vi-
cente fahiraõ pofthumas as fuás obras com
efte titulo.
Compilação de todas las obras de Gil
Vicente o qual fe reparte em finco livros.
O primeiro be de todas fuás coufas de de-
vaçam. O fegundo as Comedias. O terceiro
as Tragicomedias. O quarto as Farfas. Na
quinto as obras meudas. Lisboa por Joaò
Alvres 1562. foi. e mais correâas por Andic
Lobato 1586. 4. coníla de 281. folhas. Varias
obras poéticas fahiraõ difperfas antes, e
depois da fua morte das quais o Cathalogo
he o feguinte.
Auto de Amadis de Gaula. Lisboa por
Vicente Alvres 1586. 4. et ibi por Domingos
da Fonceca. 161 2. 4. Poílo que efte Auto
foíTe prohibido pelo Index Expurgatorio
Caftelhano impreíTo Valladolid 1549. fe per-
mite emendado no Cathalogo dos livros
prohibidos por ordem do lUuftriíTimo In-
quizidor Geral D. Fernaõ Martins Mafca-
renhas Lisboa 1624.
Auto da Barca do inferno. Lisboa 1623.
4. e Évora na Oííicina da Univerfidade
1671. 4.
Auto de D. Duardos. Lisboa por Vicente
Alvres 161 3. 4. & ibi por Ant. Alvres 1634.
e Braga por Frudhiozo de Bafto. 1623. 4.
Auto do Juit(^ da Beyra. Lisboa por Ant.
Alvres. 1630. 4.
Triunfo do Inverno. G^media. Lisboa por
Manoel Carvalho 161 3. 4.
Pranto de Maria Parda. Lisboa: por
António Alvres. 1632. 4.
Auto da Dom^ella da Torre, ou do Fi-
dalgo Portugue^. Lisboa por António Alvres.
1643. 4.
GIL VICENTE natural de Lisboa
filho de Gil Vicente de quem fe fez a
memoria precedente, e de Branca Bezerra.
Naõ fomente imitou, mas excedeo a feu
Pay na Poefia cómica de tal forte, que para
lhe naõ diminuir a gloria, que alcançara,
foy caufa de o mandar para a índia onde
moftrou em huma açaõ militar cm que glo-
riofamente acabou a vida, que naõ era menos
infigne na efpada, que na pena. Entre mui-
tos Autos, que deixou efcrito merece a pri-
mazia o que intitulou.
D. Luiz ^ ^^^ Turcos.
De cuja obra, como de feu author
faz diftinta memoria Manoel de Faria,
e Souza Comment. ao 3. Jivr. dos Sonet. de
Camoens. Sonet. 31. pag. 338.
L USITANA,
385
MESTRE GIRALDES cujo nome
próprio fe ignora quando he confiante
fora Medico delRey D. Dinis, e inQ-
gne na Arte de Alveitaria compondo por
ordem deíle Prindpe.
Livro de Alveitaria dividido em duas
partes. No primeiro trata das coujas que
convém ao Cavallo defde que nace, até
que lhe põem a Sella, e o freyo. A Jegtmda
trata de todas as infermidades dos Cavai-
los, e Juas curas. Coníla de 77. Capi-
tulos. e foy efcrito em Lisboa no armo
de 15 18. Do author, e da obra fe
lembra Nicol. Ant. Bib. Hifp. Vet. Ub. 9.
cap. 4. §• 202. onde efcreve por aíTim o ter
lido nas Mem. M. S. para a Bib. Lufit. de
Jorge Cardofo, e que mais compuzera.
Arte de Volateria. M. S.
GOMES DIAS natural de Évora filho
de António Gomes, e Izabel Lopes. Re-
cebeo o habito militar da Ordem de S. Tiago
em o Real Convento de Palmella a 13. de
Mayo de 1571. das mãos do Prior mor D.
Diogo de Gouvea. Aprendeo Filofofia na
Univeríidade da fua pátria onde foy Meílre
em Artes. Diélou Theologia Moral em o
feu Convento por cuja fciencia, e madu-
reza de que era ornado, fubio a Prior
da Igreja de Alcochete. Falleceo em Se-
tuval onde tinha dous Benefícios em o
primeiro de Novembro de 1596. quando
contava 60 annos de idade.
IlluJlraçaÕ da ^e^a, privilégios, ori-
gem, e obrigaçoens das quatro Ordens Mi-
litares, que há nejle Reyno, que JaÕ de
Cbrifio, Saõ-Tiago Avi^, e Malta com hum
Confejfwnario no fim. 4. M. S, Eíla obra,
que eftava prompta para a impreíTaõ ficou
em poder do Licenciado António Simoens
Corrêa Sobrinho, e Teftamenteiro do
Author.
GOMES EANES DE ZURARA
Cavalleiro profeíTo da Ordem militar de
Chriílo natural da Villa do feu apeUido
fituada em a Diocefe do Porto como
efcreve Joaõ Soares de Brito Theatr. JL/í-
jit. Uter. lit. G. n. 52, Defde os primei-
ros annos fe aplicou ao eftudo da Hiílo-
ria profana em que fahio taõ eminente-
mente verfado, que vagando o lugar de
Chroniíla mór do Reyno pela morte de
Femaõ Lopes o nomeou Affonfo V. nefte
lugar, que defempenhou como da fua
vaíla erudição fe efperava. Para efcrever
fundado fobre os documentos mais foU-
dos o elegeo o mefmo Rey de quem era
Criado, Guarda mór da Torre do Tombo
cuja incumbência exercitava no anno de
1472. como coníla de huma Carta de Foral
paífada por ordem de Affonfo V. aos mora-
dores da ViUa de Cafcaes. Efte Monarcha,
que pelas heróicas proezas com que aíTom-
brou a Africa alcançou a denominação de
Africano o mandou a Alcácer feguer para fe
informar individualmente das açoens mili-
tares, que tinhaõ obrado os Portuguezes
das quais havia compor a Hiftoria efcre-
vendo-lhe aquelle Principe hxmia carta
da fua própria maõ em que lhe louvava o
trabalho, que nefta empreza aplicara e
ijlo naõ com palavras taxadas ( como elegan-
temente efcreve Joaõ de Barros Decad. i.
da Ind. Uv. 2. cap. z.) e avaras Jegundo o u^o dos
Principes, mas em modo eloquente, e de pródigo
orador como quem fe pre:(ava diffo. A primo-
génita das fuás obras foy a feguinte.
Chronica da Tomada de Ceuta a qual
he a Terceira Parte de Chronica delKey
D. Joaõ o I. cujas partes antecedentes
foraõ compoftas pelo Chroniiia mór Femaõ
Lopes. Sahio impreíTa Lisboa por António
Alvtes. 1644. foi. Eíta Chronica principiou
a efcrevella, como afirma no cap. i. trinta
e quatro annos depois da Conquiíla daquella
Praça e lhe puzera a ultima maõ na Gdade
de Sylves a 25 de Março de 1450. fendo
mandada compor por ordem de Affonfo V.
como a feguinte.
Chronica de D. Duarte de Mene-
zes Conde de Viana, e primeiro Capitão
de Ceuta. foi. M. S. Nella ( como diz
Barros Decad. i. da Ind. liv. 2. cap. 2, )
relata os feitos daquella guerra muy parti-
cularmente, e por eflilo claro, e tal que bem
mereceo o nome do Officio, que teve. Se-
melhante Elogio lhe fizeraõ Duarte Nunes
de Leaõ Chron. de D. Joaõ o I. cap. 97.
D. Agoftinho Manoel de Vafconcelloç
^5
386
BIBLIO THE CA
concellos Vid. de D. Dimrt. de Mene:^.
liv. 1. e Góes Chronic. do Princip. D. JoaÕ
cap. 17.
Chronica delKey D. Duarte. Poílo que
a principal parte delia feja de Fernaõ
Lopes, as prafticas da Jornada de Tangere,
e a relação do Enterro de D. loaõ o I.
como também os defcubrimentos do
Infante D. Henrique até a fua morte
faõ de Gomes Eanes de Zurara como
afirma Damiaõ de Góes Chron. delRey
D. Manoel Part. 4. cap. 38. Efta Chronica
reduzio a milhor eftilo Ruy de Pina.
Chronica delKey D. Affonfo V. até
a morte do Infante D. Pedro. foi. M. S.
Compilação de varias Escrituras, Orde-
naçoens, Cartas, cafamentos, contratos,
armadas, feftas, obras, doaçoens, mercês,
ajjim por regiftro da Chancellaria, e Fa-
!(enda, como por contas de todo o Reyno.
Efta obra taõ útil, como laboriofa,
que comprehende os Reynados de
D. Pedro I. e feu filho D. loaõ o I.
de gloriofa memoria extrahio da Torre
do Tombo, e a reduzio a diverfos volu-
mes, que ferviraõ de illuftraçaõ a mui-
tas noticias defte Reyno.
Milagres do Santo Condeftahre D. Nuno
Alvres Pereira. M. S. Efta obra allega
Jorge Cardozo Agiol. iMJit. Tom. 3. p. 217.
no Comment. de 12. de Mayo letr. D.
Falleceo no Reynado de Affonfo V.
depois do anno de 1472. e verdadeiramente
( faõ palavras do infigne loaõ de Bar-
ros Decad. i. da Ind. liv. 2. cap. 2. ) eu
naÕ fey quando elle viveo, nem o tempo
que teve ejles Officios ( de Chronifta mór,
e Guarda mór da Torre do Tombo )
mas y^y Jegundo o que leixou feito por fua
maõ, que naÕ foy fervo fem proveito, mas
diffio dos cargos, que teve a£i pelo eflilo,
como diligencia das coufas, que tra£iou.
Celebraõ o feu nome Nicol. Ant. Bib.
Hifp. Vet. lib. 10. cap. 12. §. 695. e fe-
guintes Fr. Luiz de Souza Hifi. de S. Do-
mingos da Prov. de Portug. Part. i. liv. 3.
cap. 16. Macedo Flor. de Efp. cap. 8.
Exceli. 9. Brandão Mon. iMfit. Part. 5.
liv. 17. cap. 3. Faria Epit. das Hifl. Portug.
Part. 4. cap. 18. Tofcano Parai, de Var.
Illuflr. cap. 28. e 44. Franckenau Bib. Hifp.
Geneal. Herald, p. 164.
GOMES DE S. ESTEVAM hum
dos criados, que acompanhou ao Infante
D. Pedro Duque de Coimbra, e filho do
SereniíTimo Rey de Portugal D. loaõ o I.
que eftimulado do heróico efpirito de fe
inftruir em os documentos próprios de hum
Príncipe nas efcolas das mais celebres Cortes
do mundo fahio de Portugal com bene-
plácito de feu Pay no anno de 1424 quando
contava 32. annos de idade, c vizitando pri-
meiramente os lugares da Terra Santa onde
fe confumou a redempçaõ do género humano
afiftio nas Cortes do Graõ Turco, c Sol-
daõ de Babilónia dos quais recebeo particu-
lares eftimaçoens dõde paíTando a Roma foy
tratado com paternal afedo pela Santidade
de Martinho V. Depois de ter difcorrido por
Alemanha, Inglaterra, e Caftella, fe reítituio
a Portugal cumulado de aplauzos devidos à
fua grande prudêcia, e natural urbanidade.
Efta jornada efcreveo Gomes de Santo Eftc-
vaõ com algumas noticias pouco examinadas
por cuja caufa he reputado em alguns fuceífos
por fabulofo, e pofto que diga que o Infante
D. Pedro correo as quatro partidas do mundo
fe naõ deve entender as quatro partes de
que fe compõem por eftar ainda encuberta
a America. Publicou efta obra com o titulo
feguinte.
I^ivro do Infante D. Pedro, que andou as
quatro partidas do mundo. Lisboa por An-
tónio Alvres 1554. 4. Traduzida cm Cafte-
Ihano. Burgos por Filippe Junta 1564. e
Sevilha por Domingos de Robcrtis 1595. 4.
e 1626. 4. de que faz mençaõ António de
Leaõ Bib. Ind. Tit. 1. Fr. Jerónimo Roman
Kepub. dos Tartar. cap. 14. Ávila Vid. delKey
D. Henriq. 3. cap. 25. Sylva Mem. delKey
D. JoaÕ o I. Tom. i. liv. i. cap. 58. §. 379.
e loaõ de Mena neftas vozes métricas efcri-
tas com a orthografia, que traz Rcfendc
no Cancioneiro Geral Portugue^.
Nunca fue defpues ny ante
Quyen vyejfe los atauyos
Y fecretos de levante
Sus montes Jnffoas y rryos
Sus calores y fus fryos
I
L USITANA.
387
Como vos Senhor Ifante
Antre moros y judyos
EJla gran virtud Je cante
'Entre todos três gentyos
Cantaran los metros mjos
Vueftra perfecyon delante.
D. Fr. GOMES DE LISBOA cujo
apellido declara a pátria donde era natural,
e hum dos celebres filhos da Seráfica Pro-
vinda de Portugal onde concluidos os eHu-
dos das fciencias feveras andofo de mayor
esfera para o feu grande talento paflbu à
Univerfidade de Pariz, e nella fez tantos
progreíTos a fua vafta literatura, que recebeo
as infignias doutoraes na Faculdade da Theo-
logia. Os feus grandes merecimentos o
fublimaraõ ao Generalato de toda a Ordem
Francifcana em o anno de 1511. antes da
divisão dos Qauílraes, e Obfervantes. Re-
beo diílintas honras dos Summos Ponti-
fices lulio n. e feu fuceflbr Leaõ X. o qual
querendo premiar o feu talento o nomeou
Arcebifpo da Metrópole de Nazareth, como
efcreve em o Prologo l^ãur. in lib. i. Scri-
pti Oxoniens. Scot. Fr. loaõ Vigerio Mi-
niílro, que foy dos G^nventuaes, e Bifpo da
Ilha de Qiio, e familiar amigo do dito Fr.
Gomes pelo efpaço de vinte annos, cuja
profunda fdenda he louvada por Wadingo
Script. Ord. Min. p. 43. col. i. e Annal.
Ord. Aíin. ad ann. 1511. n. 7. Nicol.
Ant. Bíb. Hí/p. Vet. liv. 16. cap. 16.
§. 875. Wite de Illuftrib. Scriptor. Franàfc.
pag. 59, PoíTeu. Apparet Sacer ^. 648. Fr. Mar-
cos de Lisboa Chron. da Ord. Part. 3. liv. 8,
cap. 34. e 57. Soled. Hifi. Seraf. da Prov. de
Portug. Part. 4, Hv. i, cap. 24. §. 165. Souza
Cath. dos Bi/p. de Port. p. 157. Fr. Joan.
a D. Ant. Bib. Franc. Tom. 2. p. 20. col. 2.
Henrique Cayado celebre Poeta Latino lhe
dedicou o feguinte Epigrama.
Commtmi grator pátria, quo Je qmque
alumnum
Inter de titias gaudet babere Juas.
Gramina dum terra fuerint, dum fydera calo
Per te tolletur nofter ad afira Tagus.
Tu rerum canjas nofii, tu Myfiica Jacra
Quaque Jub objcurá nube latere Jolent.
Occuluit natura nibil tibi. Tu potes ipjos
Sublimi baud dúbia Jcandere mente poios.
Qtàd Sanãos rejeram mores, vitamque proba-
taml
Qtàd linffia rejeram pleãra Latina tua!
NU mortale Japis. Divinas cunãa Gometi
E citra cineres diceris effe Deus.
Compoz,
Annotationes Sexmille, e^ oBingenta ad Sum-
mam Moralem Fr. Artejani AJtenfis Ord. Min.
Venetiis apud Guilliemum Huyon. 15 19. Fr.
Bartholameo Bellatis legado do Papa Xiílo
IV. a Veneza juntamente com Fr. Gomes
addidonaraõ eíla Summa de Moral, e dedi-
cando-a ao Emminentinimo Cardial Barba lhe
diz. In qua deligentia Gometio Ulyxbonenfi con
Keli^ojo meo, ^ in Theoloffa doíHjJtmo Ba-
cbalauro ex fiudio que Parifienfi pracipuo Jami-
liari... Jum ujus. e no Direftorio ao Leytor
o intitula clarijjimus vir.
De cujujcumque Jcientia, ac prajertim de
Naturalis Plilojopbia Jubjeão. M. S.
Quafiiones Quodlibetica in via Scoti.
M. S. Conferva-fe na Bibliotheca dos Pa-
dres Premonílratenfes do Q)nvento de
Retorta pouco diílante da Gdade de Va-
Ihadolid.
EeHura Juper quatuor libros Senten-
tiarum. M. S. Q)nfervaõ-fe no GDn-
vento dos PP. Conventuaes de Veneza.
M. S.
Eeãura in librum Primum Scripti
Oxonienfis Scoti. Publicou efta obra Fr.
Joaõ Vigerio de quem aíTima fe fez men-
ção, e fahio Venetiis apud Joannem de
Tridino. 1527. foi. No prologo confefla
ingenuamente fer obra de Fr. Gomes
de Lisboa. Qua propter ^atitudine, et objer-
vantia per Juafus bac qualiacumque, & quanta-
lacumque commentaria Junt in primum librum
Jententiarum Doãoris Jubtilis Joannis Scoti pro-
mulganda curavi à praceptionibus acuratijfimis
ejus viri nibil exorbitantia. No mefmo pro-
logo promete publicar o 2. 3. e 4. livro,
que expoz, e illullrou Fr. Gomes de Lisboa
com eftas palavras fi ergo candor, <ò^ la-
bor {quod auguror, €>" confido) a te pro-
388
BIBLIO THE C A
batus fuerit in cujus manus hac noftra tran-
fierint, nohis ad catera ftinmlus quidam acu-
katum calcar addetur, ut reliqui fcilicet ejuf-
dem Scriptoris fíbri in quibus pleriqm omnes
tanquam in tenebris Cimeriis cacutiunt, (ò>'
allucinantur , depojita per nos ( Deo óptimo
Máximo f avente) furua objcuritate, Jerenio-
rem frontem cândido leãori porrigant. Naõ
coníla, que fahiíTem à lu2.
D. GOMES DE MELLO Alcay-
de mór de Lamego Commendador de
Saõ Mamede de Mogadouro, e de S.
Pedro da Veyga de Lila na Ordem de Chrifto
Senhor do Morgado da Ribeirinha na
Ilha de S. Miguel, e do Zambujalinho em
Évora. Teve por Pays a D. Francifco Ma-
noel Alcayde mór de Lamego, e D.
Urfula da Sylva, que o educarão com
documentos próprios do feu illuftre naci-
mento. Foy muito perito no eftudo da
Genealogia efcrevendo.
Familias de Portugal em diverfos volumes
de que faz mençaõ feu primo com irmaõ D.
Francifco Manoel de Mello na Cart. dos A A.
Portug. efcrita ao Doutor Themudo, e Joaõ
Soar. de Brito Theatr. hujit. Liter. lit. G.
n. 53. Confervaõ-fe na Livraria de Joaõ de
Saldanha Senhor do morgado de Barquerena,
e Commendador de S. Martha de Santa-
rém, e de feu Neto Jozeph de Saldanha
Souza, e Menezes Commendador de Santo
Eufebio de Aguiar da Beira da Ordem de
Chriílo como efcreve o Padre D. António
Caetano de Souza Apparat. à Hijl. Gen. da
Cav^. Real Porttig. pag. 61. §. 41.
Fr. GOMES DO PORTO natural
da Cidade de que tomou o apellido don-
de com refoluçaõ mayor, que a idade
paíTou a Caftella, e na Provinda da Im-
maculada Conceição profeíTou o iníli-
tuto Seráfico. As virtudes religiofas de
que era obfervante cultor moverão aos
Padres da mefnnia Provinda para o elege-
rem Guardião do Convento de Palen-
çuela em cujo governo praticou taõ pru-
dentes máximas, que foy deito pelo Vi-
gário Geral da Obfervanda Fr. Joaõ Ma-
huberto o primeiro Viíitador a Provin-
da de Portugal dczempenhando com tanto
credito do feu talento efta incumbência,
que o conílituiraõ feu Vigário Provincial
os mefmos religiofos, que viera vizitar.
Ambiciofo de vida mais auftera, e penitente
defcubrio o feu efpirito o Convento de
Santa Chriílina diílante meya legoa da
Villa de Tentúgal na Provinda da Beira
onde plantou a obfervanda mais eíbrdta
da Ordem Seráfica efcrevendo as coníti-
tuiçoens, que confirmadas pelo Vigário
Geral Fr. loaõ Quiefdebcr no Capitulo
celebrado em Alenquer no anno de 1456.
em que affiílio, e aprovou o novo iníti-
tuto denominando -fe Striáíioris Obfer-
vantia a que era chamada regular obfer-
vanda Seráfica, devendo fe ao heróico
efpirito de Fr. Gomes do Porto fer o
Inventor, c Fundador da mais eftreita
Obfervanda Seráfica authorizada com tantas
letras, e virtudes nas quatro partes do mundo.
Cheyo de annos, e muito mais de açoens
virtuofas paíTou a receber o premio delias
no anno de 1461. Compoz.
Conjlitmçoens premitivas da mais eftreita
Obfervanda Seráfica. Aí. S.
P. GOMES VAZ natural da Villa de
Serpa em a Provinda Tranftagana, e Re-
ligiofo da Companhia de lefus, cuja rou-
peta veftio em o Collegio de Évora a 8 de
Fevereiro de 1562. profeflando o quarto
voto a 1 5 de Agofto de 1 5 84. PaíTou à índia
em o anno de 1564. e depois de ler Fi-
lofofia, e Theologia em a Caza de Goa
fe aplicou à converfaõ da Gentilidade
enchendo nefte apoftolico miniílerio as
obrigaçoens de zelofo MiíTionario. Foy
Procurador do Collegio de Goa, e Su-
perior da Refidenda de Malaca donde
voltando a Portugal acabou piamente a
carreira da vida a 3. de Setembro de 16 10.
com 68 annos de idade, e 48. de Companhia.
Delle faz breve memoria o Padre Franco Ati-
nai. S. J. in iMfit. pag. 200. n. 4. Efcreveo.
Tratados Moraes. M. S.
Carta efcrita de Goa a % de Novembro dt
1566. a hum Keliffofo da Companhia.
Carta de Goa efcrita a ^o de Dezembro
de 1566. ao Padre Pedro da Fonceca.
L USITANA.
389
Carfa efcrita de Goa a 14. de Novem-
bro de 1576. ao Padre Provincial "Leaõ Hen-
riques. Nella narra difufamente os ritos
da Qiina. Sahio hum compendio delia
com outras em Italiano. Roma por Fran-
cifco Zanetti. 1578. 8.
GONÇALO AYRES FERREIRA
companheiro de loaõ Gonçalves Zarco pri-
meiro defcubridor da Ilha da Madeira como
coníla de hum Alvará do Infante D, Henrique
paíTado em o anno de 1430. Foy de geração
niuílre fendo o primeiro que a deixou nume-
rofa na Ilha da Madeira chamando ao filho
primogénito Adaõ, e à primeira filha Eva.
Efcreveo com eílilo fincero.
Defcuhrimento da Ilha da 'Madeira. M. S.
Começa. Chegamos a efta Ilha a que put^e-
mos nome da Madeira.
Do author, e da obra faz memoria o
Padre António GDrdeiro Hijl. Injulan. liv. 3.
cap. 15.
P. GONÇALO ALVARES natural de
ViUaviçofa, e filho de Pays nobres. Ao
tempo, que eftudava em a Univerfidade de
G3Ímbra fe afeiçoou com tanta incUnaçaõ ao
inftituto dos Padres lefuitas, que deixando o
aplauzo merecido à fumma viveza do feu
engenho, recebeo a roupeta em o Collegio da
mefma Gdade ao primeiro de Janeiro de
1549. Nefta virtuofa paleftra fe diílinguio na
exafta obfervancia das virtudes religiofas
pelas quais fe fez digno dos lugares mais
honoríficos como Meífare dos Noviços, Rey-
tor do Collegio de Coimbra, e Propofito da
Caza profeíTa de S. Roque. Conhecendo
a profundidade do feu talento S. Francifco
de Borja Geral neíle tempo da Companhia
o nomeou em o anno de 1568. Vifitador
à índia fendo o primeiro, que teve efta in-
cumbência, e pofto, que padeceo huma hor-
rível tempeftade no Cabo da Boa Efperan-
ça aportou em Goa a 10 de Setembro em a
celebrada náo Chagas em que hia o Vice-
rey D. Luiz de Attayde. Depois de ter
obrado açoens dignas do feu minifterio, e
introduzido os primeiros efludos no Col-
legio de Macao dezejofo de pregar no la-
pão, navegou com o Padre Manoel Lopes
parente do Thaumaturgo Portuguez Santo
António em cuja jornada acabou infelifmen-
te a 21. de Julho de 1573. hindo-fe a náo
a pique impeUida de hum furiofo tufaõ.
Efcreveo.
Carta a Saõ Franàfco de Botja Geral da
Companhia da qual huma parte tranfcrevea
Hijt. Soàet. Part. 4. n. 147. Franco Imag..
da Virtud. em o Nov. de Coimh. Tom. i.
liv. 3. cap. 47. e Souza Orient. Conquijl,
Part. 2. Conq. 4. Divif. i. §. 71.
GONÇALO ALVO GODINHO naceo
em a Gdade do Porto fendo filho de Si-
mão Alvo Cavalleiro profeíTo da Ordem mi-
litar de Saõ Tiago, e de Gracia Godinha.
Foy celebre profeíTor dos Sagrados Cânones
em a Univerfidade de Coimbra onde regen-
tou as Cadeiras do Decreto em 24. de No-
vembro de 1635. de Vefpera a 31 de Ou-
tubro de 1638. e de Prima a 2. de Outu-
bro de 1646. onde jubilou a 8. de Agofto
de 165 1. Foy Dezembargador da Caza da
Suplicação de que tomou poífe a 18. de
Abril de 1644. e Cónego Doutoral da Sé
de Évora a 21. de Mayo de 1646. Fal-
leceo em Coimbra no anno de 1659. En-
tre as doutiíTimas PoftiUas, que diôou a vá-
rios Titulos de Direito faõ as mais efti-
madas.
Ad Tif. de Conjanguinitate, et Affinitate
in Ciem.
Ad cap. 2. de Converfione Infidelium in
Decret.
Ad Tit. de Confirmatione Utili, vel Inutili.
Tra£tatus de Adulteriis.
Ad Tit. de Arbitris.
Ad Tit. de Fideijujforibus
Ad Tit. de iis, qtuB vi metits ve cauja
fiunt. in 6.
Ad Cauf. Prim. quafi. 4.
Ad Cap. fuper Specula 28. de Privileffis in
Decret.
Ad Tit. de Sepulturis.
Traãatus de Panis o qual aUega Roque Mon-
teiro Paym. Dijc. Jurid. Polit. foi. 25. n. 141^
Ad Tit. de ConfeJJis.
Ad Tit. de Exceptionib. in 6.
390
BIB LIO THECA
Ad Tit. de Judiíiis in Decretai, et adeumd
Jit. in Clement.
Ad Tit. de Pignorib. in Decret.
Fr. GONÇALO DOS ANJOS natural
de Lisboa, e filho de Gonçalo Vaz de Vil-
lasboas Procurador da mefma Cidade, e de
lufta de Magalhaens. Recebeo o habito
Carmelitano no Convento pátrio a 8. de
Dezembro de 1601. e profeflbu folemne-
mente a 50 de laneiro de 1605. Aprendi-
'das as fciencias Efcholafticas no CoUegio
de Coimbra didou Filofofia em Évora, e
Theologia em Coimbra, e Lisboa onde foy
Regente dos Eftudos. Teve igual talento
para a Cadeira, como para o púlpito fendo
hum dos grandes Oradores Evangélicos do
feu tempo. Exercitou os lugares de Prior
dos Conventos de Setuval Moura, Évora,
e Reytor do Collegio de Coimbra. Falle-
ceo no Convento de Lisboa a 18 de Março
de 1659. quando contava 76 annos de ida-
de, e 58 de Religião, Compoz.
Sermão da primeira Outava do Pentecojles
pregado no Convento do Carmo de Lisboa: Ro-
ma por lacome Mafcardi 1617. 4.
Commentaria in Matthaum. Eílava promp-
to para a impreíTaõ como efcreve loaõ Fran-
co Barreto Bib. Portug. M. S.
Delle fazem mençaõ Carvalho Corog.
Portug. Tom. 3. liv. 2. Trat. 8. cap.
47. e Fr. Manoel de Sá Mem. Hijl. dos
Efcrit. Portug. do Carmo. pag. 187. n. 265.
GONÇALO ANNES BANDARRA na-
tural da Villa de Trancofo em a Pro-
víncia da Beyra do Bifpado de Vifeu
onde exercitando o Officio de Sapateiro
fe fez plauzivel no conceito do Povo
pelas Trovas, que em Redondilhas, ou
de pé quebrado compunha a fua ruftica
Mufa com termos taõ emfaticos, que eraõ
refpeitadas como profecias, e como naõ
foubeíTe ler nem efcrever fe valia de
maõ alhea para as divulgar. O aplauzo,
que lhe conciliarão eftes vaticínios, o fez
crer, e afirmar, que o feu entendimen-
to fuperiormente fe illuftrava com o dom
de profecia por cuja caufa, e naõ por
culpa de ludaifmo, como alguns errada-
mente fe perfuadiraõ, fendo prezo pelo
Santo Officio fahio no Auto publico da
Fé celebrado em Lisboa na Praça da
Ribeira a 23 de Outubro de 1541. fen-
do Inquizidor Geral o SereniíTimo Cor-
dial Infante D. Henrique. Paliado qua-
fi hum feculo renaceo a fua memoria
no fauíliíTimo anno de 1640. acreditada
com os vaticínios, que fizera da gloriofa
Aclamação delRey D. loaõ IV. pelos quais
mereceo os Elogios de Nicolao Monteiro.
Vox Turtur. Art. 3. cap. 5. Ant. de Sou-
za de Macedo Lufit. Uberat. p. 735. Vaf-
concellos Kejiaur. de Portug. Part. i. cap.
22. moftrando com o exemplo das Sy-
billas Balaõ, e Cayfas poder unirfe o
dom da profecia com vida menos juf-
tificada. Falleceo na fua pátria depois do
anno de 1556. e naõ em 1550. como ef-
crevem os referidos Macedo, e Vafconcel-
los pois dedicando elle as fuás Trovas ao
IlluílriíTimo Bifpo da Guarda D. loaõ de
Portugal com eftas palavras.
llluftrijfimo Senhor
De Virtudes muy perfeito.
Vos divieis fer eleito
De todas as Lejs dador.
Deos vos deu tanto primor
Que fe naõ acha em vojfa marca
Mays fubido Patriarca
De nobre gente Paflor.
E fendo efte Prelado confirmado na di-
gnidade Epifcopal a 25 de Março de 1556.
f>ela Santidade de Paulo IV. ciaram ète fc
colhe, que naõ morreo em 1550. mas depois
de 1556. laz fepultado no Alpendre da Pa-
rochial Igreja de S. Pedro da Villa de Tran-
cofo fua Pátria onde D. Álvaro de Abran-
ches Governador das Armas da Província
da Beyra lhe mandou levantar huma fepul-
tura honorifica com o fcguintc Epitáfio.
Aqui ja:^ Gonçalo Anes Bandarra, que em
feu tempo profetizou a KeJlai4raçaÕ defle Kgyno,
e D. Álvaro de Abranches lha mandou fa^er
fendo General da Beyra anno de mil feiscentos,
e quarenta e hum.
No tempo, que era Embaxador extraor-
dinário defta Coroa na Corte de Pariz o
Excellentiffimo Marquez de Niza D. Vafco
Luiz da Gama mandou imprimir.
L USITANA
3gT
Trovas do Bandarra apuradas, e impref-
fas por hum grande Senhor de Portugal offe-
recidas aos verdadeiros Portugue;(es devotos
do Encuberto. Nantes por Guilherme
de Morder. 1644. 8. Acabaõ com os
feguintes Verfos.
De tudo o que fe aqui di:^
_ Nota bem as profecias,
^p. E pondera de rai\
Daniel, e Jeremias;
E acharás que nejjes dias
Viraò grandes novidades
Novas leys, variadades
Mil contendas, e profias.
Foraõ prohibidas no Cathalogo dos li-
vros prohibidos por mandado do Inquiridor
Geral D. Jorge de A.lmeyda Arcebifpo de
Lisboa no anno de 15 81. a pag. 23. e
ultimamente por hum Edital da Inquiíi-
çaõ de Lisboa em 3. de Novembro de
1665. D. loaõ de Caftro filho natural de
D. Álvaro de Caftro Senhor de Penedo-
no, e neto do inclyto Heroe D. Joaõ de
Caftro IV. Vicerey da índia por cor-
rerem muito viciadas, e infertas varias
coufas, que naõ eraõ do author, as redu-
2Ío a hum volume, e illuftrou com di-
verfas reflexoens para milhor inteUigen-
cia de alguns lugares obfcuros, e o pu-
blicou com efte titulo.
Paraphrafe, e concordância de algumas
Prophecias de Bandarra Sapateiro de Tran-
co/o. 1603. 8. Naõ tem lugar da Im-
preíTaõ, mas do carader da letra fe
conhece fer em ParÍ2:. O JuÍ20 que
deftas Trovas faz loaõ Soares de Brito
Theatr. Lujit. Liter. lit. G. n. 15. foy o
feguinte Ego verjus hominis ifiius vidi rudes,
feu rujiicos potius, et tantum abeft, ut in eis
fatidicum aliquid inejje exijiimem, ut ri/u,
cachinnifque prorjus excepiendos arbitrer, nec
ad vulgus etiam Jlolidum decipiendum idó-
neos, quippe quos pradiãus Jutor Bandarra
ad fubula, laborifque ceramentum, prout in
buccam viniebant, cantitabat. DeUe fazem
mençaõ com diferente cenfura D. luan.
de Horofco Tratad. de la Verdad. y falf.
Profec. cap. 24. e o eruditiíTimo Fr. Ben-
to leronimo Feijoo Theatr. Crit. Univ.
Tom. 2. difc. 4. §. 5. n. 34.
Fr. GONÇALO DE BARCELLOS
cujo apeUido denota a fua pátria. Profef-
fou o fagrado inftituto Ciftercienfe no
Convento de Santa Maria de Bouro íi-
tuado no Arcebifpado de Braga. Para.
inftruir a mocidade nos preceitos da Gra-
mática Latina em que era muito verfado,.
illuftrou com doutiftimas explicaçoens o
Uvro intitulado.
Doãorale puerorum
Compofto em Verfos Leoninos por Fr.
Alexandre de Villa Dieu ReUgiofo Fran-
cifcano Lente em a Univerfidade de Pa-
rÍ2, que floreceo no feculo XIII. e foy
repetidas vezes impreílo como fe pode
ver na Bib. Francif. de Fr. loaõ de Santo
António Tom. i. pag. 35. col. 2. e Oudin
de Script. Ecclejiaft. Tom. 3. p. 154. Con-
ferva-fe a obra de Fr. Gonçalo de Barcellos
na Livraria do Convento de Alcobaça M. S.
in foi. com efte titulo.
Doutrina Aíagiflri Alexandri de Villa Dei
cum glojfis.
GONÇALO COELHO muito pe-
rito na fciencia da Cofmografia o qual par-
tindo por ordem delRey D. Manoel a
explorar a fituaçaõ das terras, e por-
tos da America novamente defcuberta
por Américo Vefpufio como também os
cufliimes, e ritos de feus habitadores
fahio de Lisboa com o pofto de Capitão
mór de huma armada compofta de féis
navios, e chegando feUfmente inveftigou
com juizo de Sábio, e obfervaçaõ de
curiofo tudo quanto era digno de faber-fe,
naõ fomente tomando poíle daquella Re-
gião em nome do feu Soberano, como ef-
crevendo em eftilo claro, e íincero.
DefcripçaÕ do Brajil. foi. M. S.
A qual quando voltou da jornada of-
fereceo a ElRey D. loaõ o III. por ter já
deixado a coroa caduca pela eterna fea
auguAilTimo Pay. Do author, e da obra
fazem mençaõ PoíTin. de Vit. Ven. Igtat.
A^eved. €>* Socior. lib. 2. cap. i. n. 16.
Fr. Gio. Giufep. di S. Teref. Ifior. delle
guerra dei Regn. dei Bras^il. Part. i. liv. i.
pag. 7. e Sebaftiaõ da Rocha Pitta Hift.
da Amer. Portug. liv. i. §. 90.
BIBLIO THE C A
392
GONÇALO CORRÊA DE SOUZA
natural da Cidade de Ponte Delgada Capi-
tal da Ilha de S. Miguel filho de António
lorge Corrêa defcendente de huma famí-
lia nobre, que tinha o feu folar na Cidade
<lo Porto, e da Ven. Matrona Marga-
rida de Chaves. Foy Presbítero de incul-
pável vida, o qual ao tempo, que aíTiftia
na Cúria Romana querendo eternizar a
memoria das virtuofas açoens de fua
infigne Mãy, compoz na lingua Italiana
-em que era muito perito, e a dedicou a
Infanta D. Margarida de Auílria.
Breve Compendio de Santa Vita di Mar-
garita de Chiaves di glorio/a memoria. Roma
por Bartholameo Zanneti. 161 2. 8.
D. GONÇALO COUTINHO filho
natural de D. Diogo Coutinho, e irmaõ
<le D. Francifco Coutinho Conde de Ma-
rialva. Foy dos alentados Capitaens que
floreceraõ na índia quando a governava
o grande Nuno da Cunha por cuja or-
dem acometendo em Salfete as trinchei-
ras, que o Idalcaõ tinha levantado, fendo
infelifmente rechaflado pelos mouros
com morte de trezentos Soldados rece-
beo huma ferida taõ grave, que breve-
mente o privou da vida em Goa. Teve
^rãde génio para a Poezia de que faõ tefte-
munhas algumas obras fuás impreíTas no
Cancioneiro de Garcia de Kefende Lisboa
por Herman de Campos 15 16. foi. a foi.
160. v.° 172. v.o e 175. v.o Foy cazado
<x)m D. Izabel Marinha de quem naõ
teve fuceçaõ. Delle faz mençaõ Couto
Decad. da Ind. 4. liv. 10. cap. 8.
D. GONÇALO COUTINHO Com-
mendador das Commendas de Vaquei-
ros, e Santa Luzia de Trancofo da Or-
dem militar de Chrifto foy filho de D.
Gaftaõ Coutinho, e de D. Filippa de
Souza filha de Fernaõ de Souza de Brito,
•e de D. Izabel de Souza. Defde a
adolefcencia fe empregou na cultura
das Artes Liberaes fendo a fua natural
inclinação converfar com homens eftu-
<Uofos donde confeguio contrahir eftreita
amizade com o infigne Luiz de Camoens
Príncipe da Poezia Épica, que muitas
vezes o tinha por hofpede na fua Quinta de
Vaqueiros cujo afefto eternizou depois da
morte mandando-lhe fazer huma Campa com
Epitáfio no anno de 1595. para a fua fepul-
tura em a Igreja das Religiofas de Santa Anna
de Lisboa. Para com mayor aplicação fc
dedicar ao eftudo em que tinha a mayor
deleitação fe retirava à fua Quinta de cujo
retiro o louva o grande Poeta Diogo Ber-
nardes na Carta 27 de feu Uma. O amor
da pátria o obrigou a preferir o tumulto da
guerra ao ócio do Campo fendo o primeiro
theatro do feu valor a Praça de Arzilla,
e depois a de Mazagaõ quando foy eleito
feu Governador, e Capitão General onde
fempre triunfou da aílucia armada, e defar-
mada dos mouros coroando-fe com dupli-
cados louros aífim nos confliílos terreftres
como nos combates marítimos. Com a
mefma fortuna governou o Reyno do Al-
garve até que cheyo de grande numero de
annos fempre inferior ao dos feus mereci-
mentos falleceo no anno de 1634. Foy do
Confelho de Eílado de Filippe III. de Por-
tugal fendo digno de mayores lugares por
feu nacimento, valor, e capacidade como
delle efcreve D. Gonçalo de Cefpedes Chron.
de Filip. IV. liv. 5. cap. 13. loaõ Soar. de
Brit. Theatr. Lufit. Liter. lit. C. n. 16. fua
atatis nemini Jecundus litteratorum , doãorum-
que hominum jingularis Patronus, ac Macenas,
e Manoel de Faria, e Souza Vid. de Camoens
no principio do Coment. das Rimas §. 56.
bien entendido y muy corte!(ano. Cazou com D.
Maria de Oliveira filha do Doutor Manoel
de Oliveira Dezembargador do Paço, e
luiz da Fazenda delRey D. Scbaítíaõ de
quem naò teve filhos cuja falta fentio com
tanto extremo, que tomou por empreza
huma Oliveira com cfta letra Mibi Taxas
por fer efta arvore infecunda. Foy Ge-
nealógico, Hiíloriador, e Poeta, c como
a tal o colloca entre os alumnos do Par-
naíTo Portuguez lacinto Cordeiro EJog. dos
Poet. Lujit. Eftanc. 8.
D. Gonfalo Coutinho a quel Ljifero
Cott que la Pátria glorias alimenta,
Que en nombre de Camoens tanto venero
Pues muerto le tomo tanto a fu cuenta.
L USITAN A,
Que ingenio libre a Ju mirar fevero
Si el Jteyo admira prefmcion intenta
Quando el mi/mo en Jus verfos fe retrata
De laminas de hronv^e ter/a plata.
GDmp02.
Difcurfo da Jornada de D. Gonçalo Cou-
tinho à Villa de MafagaÕ, e feu governo
nella. Lisboa por Pedro Craesbeeck.
1629. 4. A eíla obra louva muito Antó-
nio de Souza de Macedo Vlor. de Efpanb.
cap. 14. Excel. 8. n. 58.
Vida de Francifco de Sà, e Miranda.
Lisboa por Vicente Alvres 16 14, 4. No
principio das obras Poéticas defte Author
que fahio fem o feu nome.
KelaçaÕ da dejcendencia de D. Gonçalo Cou-
tinho Jegundo Conde de Marialva a que nejle
Reyno chamarão Ramiro na qual fe trata dos
filhos Varoens, que teve, e das peffoas que defies
defcenderaõ até o prev^ente de 1607. Defta obra
faz mençaõ o P. D. António Caetano de
Souza Advert. e Addic. da Hifi. Gen. da
Ca:^. Real Portug. Tom. 8. pag. 15. n. 13.
Conferva huma copia delia Luiz Gonçalves
da Camará feu defcendente.
Cartas Varias. M. S. 4. Conferva-
vaõ fe na Livraria de D. António Al-
vres da Cunha.
Poefias Varias. M. S. 4. Na Livra-
ria do Cardial de Souza hoje do Duque
de Lafoens.
Hijloria de Palmeirim de Inglaterra, e
de D. Duardos foi. 3. Tom. Era con-
tinuação deíla Hiftoria fabuloza. Eftava
na Livraria de loaõ de Saldanha como
afirma o P. Francifco da Cruz nas Mem.
M. S. para a Bibliotheca l^fitana. Ao
feu nome foy dedicada a i. Parte das
Rimas de Luiz de Camoens em o anno de
1621. eni cujo frontefpicio eílà a fua imprc-
za da Oliveira com a letra mihi Taxus, c
em aplauzo da proteção que fempre lhe
deveo aquelle Príncipe da Poeíia Épica lhe
fez o feguinte Epigrama Manoel de Souza
Coutinho que recolhido a Religião de S.
Domingos fe chamou Fr. Luiz de Souza
igualmente eftimavel pela Poeíia, como pela
Hiftoria.
Nominibus gentis donis Coutigne Minerva
Nobilitatis bonos, Pieridumque decus.
393
Viãa fitu in tenebris Camonii Mu/a jacebat
Quo nihil in totó grandius orbe fonat.
Perte fquallentem cultum deponit, (ò" audet
Obfita Lyfiaca pleãra ferire Lyra.
Ac velut Orphao revocafii munere amicum
Orphaus exifiet nominis ille tui.
Sic vos alterno vivetis munere, et Orphaus
Alter erit Mu/a, nominis alter erit.
GONÇALO DELGADO natural da
Qdade de Tavira em o Reyno do Al-
garve filho de loaõ Pinto Delgado. Foy
Efcrivaõ dos Orfaõs como feu Pay, e
muito inclinado à Poefia em que fez ad-
miráveis obras merecendo deftinta eíHma-
çaõ o Poema compofto em Outava Rima
de que era o argumento.
A violenta imipçàõ feita pelos Ingkv^es no
anno de 1596. faqueando, e abrar^ando a Cidade
de Faro. Dedicado a Ruy Lourenço de
Távora Governador do Algarve.
GONÇALO DL\S DE CARVALHO
natural da Villa de Guimaraens em o Arce-
bifpado de Braga onde aprendendo as pri-
meiras letras fe aplicou em a Univerfidade
de Coimbra à Sciencia da Jurifprudenda
Ccfarea em que recebeo as infignias douto-
raes. Foy Dezembargador da Caza da Supli-
cação, e Deputado da Meza da Conciencia, e
Ordens, e ornado de todas aquellas partes
neceíTarias para a inílruçaõ de hum perfeito
Miniíbro. Falleceo em Lisboa a 25 de Ou-
tubro de 1598. e jás fepultado no Convento
de S. Francifco da fua pátria. Compoz.
Carta dirigida a EJRej D. SebaJliaÕ. Lis-
boa 4. Naõ tem anno, nem nome do Im-
preíTor como vimos em hum exemplar im-
prcíTo. Coníla de huma inílruçaõ politica para
governar acertadamente aquelle Principe.
Traãatus ad illa verba Jeremia cap. 12.
V. I. Quare via impiorum profperatur?
M. S.
Do Amigo l^iv^ongeiro. M. S.
P. GONÇALO FERNANDES ze-
lozo operário da Companhia de lESUS
em o Reyno de Madure onde por fua
induíbia edificou huma Igreja, e Hof-
pital, c abrio efcola publica em que en-
394
BIBLIO THE CA
finava à puerícia os rudimentos da língua
Tamulana em cujos exercicios confumio
o largo efpaço de quinze annos até o
de 1606. em que por eftar muito exhaufto
de forças fe lhe ajuntou por companheiro
o P. Roberto Nobile fobrinho do Cardial
Sforcia que continuou o miniílerio Apof-
tolico com incanfavel zelo. Querendo illuf-
trar o conhecimento dos Badagàs gente fe-
rò^, e indómita com os dogmas da Re-
ligião Chriftaã, efcreveo na lingua de Ma-
dure
ExpoJtfaÔ da Fé Caíbolica.
Da qual obra, como de feu Author
fazem memoria o Padre Jarrico Thet^aur.
Rçr. Ind. Tom. 3. liv. 2. cap. 21. o P.
Bartholam. Guerreiro. Kelac. Annal do
Oríení. dos annos 1607., e 1608. liv. 2.
cap. 5. e loan. Soar. de Brito Theatr,
iMJit. Uíter. lit. C. n. 17.
GONÇALO FERNANDES TRAN-
COSO natural da Villa do feu apel-
lido fituada na Província da Beira igual-
rnente verfado na liçaõ da Hiíloria pro-
fana, que na fciencia da Ailronomia.
Q)rnpoz.
Ke^ra geral para aprender a tirar pela
ma^ as Fejlas mudáveis, que vem no anno,
a qual ainda que he arte antigua ejlà por
termos muy claros. Derigido ao Arce-
bifpo de Lisboa D. lorge de Almeyda.
Lisboa por Francifco Corrêa ImpreíTor do
SereniíTimo Cardial Infante 1570. 4.
Contos, e hifiorias de proveito, e exem-
plo. I. e 2. Parte Dedicada à Rainha
D. Catherina. Lisboa por loaõ Alvres
1589. 8.
Contos, e hiftorias eS^f. 5. "Parte que
deixou a feu filho António Fernandes.
Sahio imprefla Lisboa por Simaõ Lo-
pes 1596. 8. Todas efl:as 3 Partes foraõ
reimpreflas varias vezes como em Lisboa
por António Alvares 1644. & ibi por Do-
mingos Carneiro 1681. & ibi por Bernar-
do da Cofia. 1710. 8.
Fazem delle mençaõ Nicol. Ant. Ptib.
Hifpan, Tom. i. pag. 425. col. i. c loan.
Soar. de Brito Theatr. Ijtfit. Utter. lit. G.
n. ^8.
GONÇALO GARCIA DE SANTA
MARIA cuja pátria, e eftado de vida fe
ignora, traduzio da lingua Latina em a ma-
terna, e illufixou com algumas reflexoens.
Epijlolas, e Evangelhos, que fe cantão no Dif-
curfo do anno. Impreflb em letra gothica no
anno de 1479. ^<^"^ lugar da ediçaõ. foi.
GONÇALO HENRIQUES Presbí-
tero, e piiflimo devoto dos Paflbs que
o Redemptor do Mundo deu com a Cruz
fobre feus hombros defde o Pretório de
Pilatos até o monte Calvário em cujo
obfequio. Compoz.
Officium parvum de Via Crucis Do-
mini Nojiri Je/u Chrijli. Ulyfiipone apud
loan. da Cofia 1673. 24.
Fr. GONÇALO DE S. lOSEPH
religiofo da Seráfica Província de Saõ
Thomé da índia Oriental, e nella De-
finidor. Efcreveo.
lomada que Francifco de Sow{a de Caftro Fi-
dalgo da Ca!(a de S. Magejlade fe;(^ ao Achem com
huma importante Embaxada inviado pelo Vicerey
da índia Pedro da Sjlva no anno de 1638. Goa
1642. 4. fem nome do Imprefibr.
Relação das Fejlas quando fe Jurou o
Myjlerio da Conceição da Senhora na índia
em 1647. 4.
KelaçaÕ do Bautifmo Geral em Goa em
1648. 4. Huma, c outra fe confervaõ
M. S. na Livraria do Excellentiflimo
Conde do Vimieiro.
GONÇALO LOPES DE CARVA-
LHO FONCECA, E CAMOENS fexto
Senhor de Negrellos, e Abbadim filho
de Luiz Lopez de Carvalho V. Senhor
de Negrellos, c de D. Anna da Silva
naceo na Illuftre Villa de Guimaraens
a 10 de Janeiro de 1664. Foy infirui-
do nas artes dignas do feu nacimento, e
principalmente muito apUcado ao eftudo
da Genealogia. Morreo na fua pátria a
18. de Outubro de 1694. Compoz.
Arvores Genealógicas que comprehen-
dem as Familias que pertencem ã fua
Ca^a com as armas, e bra^oens illumina-
dos. foi. Confcrvafc cfte volume em poder
L USITAN A.
de Thadeo Luiz António Lopes de Carvalho
Fonceca filho do author de quem recebemos
efta noticia, e fe dará da fua peffoa em feu
lugar.
GONÇALO LUCENA DE CAR-
VALHO natural de Alcácer do Sal em
a Província do Alentejo, Teve nacimento
illuítre, engenho agudo, e génio particular
para a Poezia em que compoz diverfas obras,
que podiaõ eternizar a fua memoria fe fahif-
fem à luz publica, que fatalmente lhe impedio
a morte privando o intempeftivamente da
vida. Entre as fuás produçoens poéticas
merece a primazia.
Poema heróico da Batalha do Campo de Ouri-
que. Cuja obra ouvio muitas vezes ler por feu
author o grande antiquário Manoel Seve-
rim de Faria, e o louva de ornado de excel-
lente efpirito em huma Carta efcrita de
Évora a 15 de Julho de 1647. a António
de Magalhaens Peixoto a qual eftá entre as
fuás Originaes, que vimos a foi. 126. v.^
Também louvaõ o feu poético fiiror Joan.
Soar. de Brito Theatr. l^fit. Uter. lit. G.
n. 19. e D. Frandfco Manoel Carta dos A A.
Portug. efcrita ao Doutor Themudo.
GONÇALO LUIZ COELHO natu-
ral de Coimbra Doutor em Direito Qvil pela
j Univerfidade da fua pátria, e nella Lente de
Inftituta, que levou por oppofiçaõ a 29
de Mayo de 1571. donde paíTou à Cadeira do
Código a 5 de Novembro de 1576. e dos
Três livros a 29 de Novembro de 1581. a
qual fegunda vez regentou fendo Dezembar-
gador dos Aggravos a 20 de Outubro de
161 7. Efcreveo.
, AlíegaçaÒ Jurídica a favor da Serenif-
\ fima Senhora D. Catherina Johre a JuceffaÕ
\ do Reyno. foi. M. S.
Varías Pojlillas fobre diverfos Títulos
de Direito, que faõ muito eítimadas pelos
ProfeíTores da lurisprudencia.
GONÇALO DA MADRE DE DEOS
SEMBLANO natural da Cidade do
Porto onde teve por Pays a Antó-
nio Dias, e Izabel do Amaral. Apli-
cou-fe na primeira idade à arte da Mu-
.395
fica na qual fez taõ grandes progreíTos a fua
natural viveza naõ fomente na fuavidade
com que cantava, mas em a deílreza com
que tangia vários inftrumentos, q foy adme-
tido à Sagrada Congregação dos Cónegos
Seculares onde conhecido o feu talento foy
julgado por capaz de fe aplicar às fciendas
feveras. Nellas ainda fendo difcipulo era
refpeitado como Meftre merecendo, que depois
de diâar aos feus domeíticos Filofofia, e
Theologia em o CoUegio de Coimbra, fe
laureaíle Doutor entre os Theologos da
Academia Conimbricenfe. Aos grandes aplau-
zos, que conciliou na Cadeira excederão
os que alcançou em o púlpito fendo hii dos
celebrados Pregadores, que aclamou a fua
idade. Nas repetidas vezes, que teve por
Theatro dos feus Evangélicos Difcurfos a
Capella Real, e os mais celebres Templos da
Corte eílava o auditório pendente da fubtUeza,
e facilidade com que htteralmente provava
com a Efcrimra Sagrada os feus conceitos
parecendo a quem ignorava a profunda
intelligencia, que elle tinha das Sagradas
letras, que os textos, que allegava eraõ mais
inventados, que verdadeiros. Foy Reytor do
Collegio de Coimbra, e do Porto, Provedor
das Caldas da Raynha, e Examinador das
Três Ordens Militares. FaUeceo no Con-
vento de Santo Eloy de Lisboa a 20 de Ou-
tubro de 1705. Dos Sermoens, que pre-
gou pelo efpaço de muitos annos fe podiaõ
formar diverfos volumes fendo os que fe
fizeraõ pubUcos pela impreíTaõ.
Sermaõ de S. loaÕ ^angelifia em Santo
EJoj no feu dia a z-j de Dev^embro de 1671.
Coimbra por Thome Carvalho. 1672. 4.
Sermaõ de Terceira fexta Feira de Qua-
refma na Keal Capella da Univerfidade de
Coimbra. Coimbra por Thome Carvalho
1672. 4.
Sermaõ do í\/landato na I^Ufericordia da
Cidade de Coimbra Coimbra pela Viuva
de Manoel Carvalho. 1673. 4. & ibi por
Rodrigo de Carvalho Coutinho Impref-
for da Univerfidade 1674. 4.
Sermaõ das Soledades da Mãy de Deos
na Miferícordia de Coimbra. Coimbra por
Manoel Carvalho. 1674. 4.
Sermaõ de Nojfa Senhora da Purífi-
396
BIBLIO THE CA
caçaõ com o titulo da Ljfí(^ na Univerjiãadtf t
Capella Real de Coimbra. Coimbra pela Viuva
de Manoel de Carvalho. 1675. 4.
Sermão do Mandato pregado na Mift-
ricordia de Ushoa Coimbra por lozcph
Ferreira 1677. 4. e na haurea Portug.
defde pag. 54. até 76. Lisboa por Miguel
Deslandes 1687. 4.
Sermão da Canonii^açaÕ do glorio/o Pa-
triarcha S. JoaÕ de Deos em o quinto dia
do Outavario folemnijftmo, que celebrou fua
Religião em 21. de Junho de 1691. Lisboa
por Miguel Deslandes 1691. 4.
GONÇALO MANOEL GALVAM
DE LACERDA Cavalleiro profeflb da
Ordem de Chrifto Fidalgo da Caza Real, De-
putado do Confelho Ultramarino, e da
SereniíTima Caza de Bragança, Enviado Ex-
traordinário a Corte de Pariz naceo em Lis-
boa fendo filho do Doutor lozeph Galvaõ
de Lacerda Dezembargador do Paço, e Chan-
celler mór do Reyno, e de D. Chriílina da
Sylva, e Caftro filha do Doutor Rodrigo
Rodrigues de Lemos Dezembargador do
Paço, e Commendador de Santa Maria da
Moreira em a Ordem de Chrifto, e de D.
Joanna Figueiroa. A boa Índole, que logo
nos primeiros annos moftrou para as letras
foy infallivel prognoftico do progreflb, que
havia fazer na idade adulta aíTim na intel-
ligencia das linguas Latina, Franceza, c Ita-
liana, como na liçaõ dos livros políticos, e
hiftoricos por cujos dotes mereceo fer eleito
Académico da Academia Real a 18. de No-
vembro de 1729. Sendo os frutos, que tem
produzido o feu fecundo engenho depois
de fer admitido a efta eruditiffima Afemblea,
os feguintes.
Praítica com que con^atulou a Aca-
demia Real de eftar admitido por feu Col-
lega. Sahio Tom. 9. da Collec. dos Docu-
mentos da Acad. Real. Lisboa por lozeph
António da Sylva. 1729. foi.
Conta dos Jeus eftudos Académicos tm
25 de Fevereiro de 1730. No Tom. 10.
da Collec. dos Documentos da Acad. Lis-
boa pelo dito Impreííor. 1730. foi.
Conta dos Jeus efiudos Académicos em
4. de Janeiro de 173 1. No Tom. 11.
da Collec. dos Docum. Lisboa pelo dito Im-
preíTor 173 1. foi.
Conta dos Jeus ejludos Académicos a 13.
de Março de 1732. No Tom. 11. da Collec.
dos Documentos.
Conta dos Jeus ejludos no Paço a -f. de
Setembro de 1752. No Tom. 11. da Collec.
dos Documentos.
Elogio Fúnebre de Jo\epb da Cunha
Brochado Académico, e Cenjor da Academia
Real da Hijloria Portuguev^a recitado em
8 de Outubro de 1733. No Tom. 12. da
Collec. dos Documentos da Acad. ReaJ. Lis-
boa pelo dito Impreflbr. 1733. foi.
GONÇALO MENDES SACOTO Poeta
de fcftival engenho, e natural galantaria
de cuja veya fe lem algumas produçocns
no Cancioneiro de Garcia de Rejende. Lis-
boa por Herman de Campos 15 16. foi. a
foi. 136.
GONÇALO MENDES SALDANHA
natural de Lisboa irmaõ de António
Mendes infigne Poeta Latino de quem
já fizemos mençaõ. Teve por Meftre da
Arte Mufica ao celebre Duarte Lobo de
cuja efcola fahio taõ perito em os preceitos
daquella armonica fciencia, que chegou a
fer eftimado pelos feus mayores profeílores,
ou foíTe pela novidade das ideas, ou pela
poftura das vozes com que regulava as fuás
compofiçoens, fendo as principaes as feguin-
tes, que fe confervaõ na Bibliotheca Real
da Mufica como confta do feu Index im-
preíTo em Lisboa por Pedro Crasbeeck 1649.
Lauda Hyerujalem Dominum a 6.
Beatus vir de 3. Tom. a 8. Eftant.
34. n. 788.
Beatus vir do 4. Tom. a 8. ibi n.
793-
Quomodo Jedet Jola civitas. a 8. c outro
a 6. Eftant. 33. n. 776.
Cofftavit Dominus. a 8. ibi.
Parce mihi a 5. e outro a 8. ibi n. 771.
Hei mihi Domine. Motete a 7. ef-
tant. 36. n. 810.
Mijereres a varias vozes.
Vilhancicos diverjos ao Sacramento, Natal,
Rjtys, e a muitos Santos.
L USITAN A.
Tonos a 4. vo^es. foi. 4. Tom. Na Bi-
bliotheca do Cardial de Souza que hoje he
<lo Excellentiflimo Duque de Lafoens.
GONÇALO MENDES DE VAS-
CONCELLOS CABBEDO filho fegun-
■do de Miguel de Cabbedo moço fidalgo
<k Caza Real, e de D. Leonor Pinheiro
<le Vafconcellos fua Prima com Irmaã,
e Irmaõ do Doutor Jorge de Cabbedo
Commendador de Frechas na Ordem de
Oiriílo, Guarda Mòr da Torre do Tombo,
Dezembargador do Paço Chanceller Mòr
do Reyno, e Confelheiro de Eílado de Por-
tugal em a Corte de Madrid dos quais fe
fará diíUnta memoria em feus lugares. Naceo
na Villa de Setúbal illuftre folar defta Caza
de cujos afcendentes naõ degenerou o feu
admirável engenho na fácil comprehenfaõ
com que na Univerfidade de Coimbra pene-
trou as dificuldades da Jurifprudencia Ca-
nónica, em que recebendo o grão de Ba-
charel foy admitido a Collegial do Col-
legio Real de S. Paulo a 2 1 de Abril de 1 5 79.
Neíla celebre Academia fez patentes os the-
zouros da fua profunda fciencia quando
fubio a regentar a Cadeira de Sexto de que
tomou poíTe a 13 de Novembro de 1582.
donde paflbu a do Decreto a 2 de Mayo
de 1587. Foy Cónego Doutoral da Sé de
Évora que renunciou com faculdade da
Univerfidade de Coimbra em feu Tio Diogo
Mendes de Vafconcellos. Depois de fer
Deputado da Inquifiçaõ de Coimbra em que
foy provido a 29. de Dezembro de 1580.
e da Inquifiçaõ de Évora a 23 de Janeiro
de 1590. foy Dezembargador da Caza da
Suplicação onde entrou a 29 de Novem-
bro de 1594. Exercitou na Cúria Ro-
mana o lugar de Agente dos negócios
defta Coroa por ordem de Filippe 11.
onde conciliou pela fua natural benevolên-
cia, e difcreta converfaçaõ os afe£los das
primeiras Peííoas daquella grande Corte
principalmente da Santidade de Gemen-
te Vni. que o creou Referendário de
huma, e outra AíTinatura, e Prothono-
tario Apoftolico. Reftituido ao Reyno
em o anno de 1599. inftituhio hum mor-
gado com obrigação de que os feus pof-
397
fuidores uzaíTem do fegimdo apellido de
Vafconcellos, e como a Capella Mòr da
Parochial Igreja de Santa Maria da Gra-
ça Matriz da Villa de Setúbal foíTe jazigo
dos feus Mayores, alcançou faculdade Pon-
tificia em o anno de 1596. quando aífiftio
em Roma para que o feu Altar foíTe privi-
ligiado para fempre em beneficio das Almas
do Purgatório. Falleceo na fua pátria em
o mez de Junho de 1604. Fazem illuftre
memoria da fua peUoa Nicol. Ant. Bih.
Hifp. Tom. I. p. 427. col. I. loan. Soar.
de Brito Tbeatr. l^ifit. Utter. lit. G. n. 20.
D. Nic. de S. Mar. Cbron. dos Coneg. ^eg.
liv. 10. cap. 15. Carvalho Corog. Portug.
Tom. 3. Trat. 7. cap. i. pag. 295. D. lozeph
Barboza Aíem. do Colleg. Real de S. Paul. pag.
93. e no Archiath. Ljijtt. pag. 19. Compoz.
Diverforum Jtiris argumentorum lihri três.
Conimbricae apud Antonium Barrerium Typ.
Reg. in Univerfitate 1594. 4. Dedicado a
D. lorge de Almeyda CapeUaõ Mòr onde diz
Tranfaãis viginti circiter annis, quos in evolvendis
luris utriufque authorthus conjumpfimus depofitis
quotidiana praleãionis curis in qua fere per decen-
nium in injigni Conimhricenfi Academia elahora-
vimus, naâi aliquantulum otii <à^c. Quando
efcreveo efta Dedicatória foy a 7 de Dezem-
bro de 1591. jà quando aífiftia em Évora.
Em aplauzo da obra lhe dedicou hum Poeta
o feguinte epigrama.
H/V tihi pracipue Leãor fit cura líbellm
Quem Vafconcelli máxima mufa dedit.
Pamafi flores affert, arcana que júris
Pandit in accejfas pandit, & ille vias.
Si te jujia tenet dominorum cúria forfan
Accipe CauJiSci dogmata mille fori:
Si maffs ohleãant Gymnajia, difce, profundos
Totius Júris, Sfficiles que locos
Jllum doãrina Jiudium, virtutis amorque
Abjeãa jamdudum ambitione tenent:
Scilicet boc ma^o Conimbrica gaudet aluno
Nato Cetobrix, Ebora eive fuo.
Sahio fegunda vez efta obra impreíTa Romãs
apud Dominicum BaíTam. 1597. 8. Dedicada
ao Summo Pontífice Gemente VIII. No fina
tem o feguinte Tratado.
De Sententiis Inquifitionis ; o qual tinha diâa-
do em Coimbra como afirma na Dedicatória.
398
Diverjorum Júris argumentorum liher TV.
Romse apud Guilielmum Facciotum. 1598. 8.
Foy dedicado a D. ChrLftovaõ de Moura
Marquez de Caílello Rodrigo Comenda-
dor Mòr de Alcântara Confelheiro de Eílado,
e Gentilhomem da Camará do Príncipe de
Efpanha. No tempo que afTiílio em Roma
juntou, e pulio com grande trabalho.
De Antiquitatihm Ljifitania libri qm-
tuor a L. Andrea Kefendio inchoati, a Jacobo
Mendes de Vafconcellos ahjoluti, <& qmntm
liher de Municipii Bhorenfis antiquitate ah
eodem conjcriptus. Cum aliis Opufculis verfi-
hus, (& Joluta oratione ah eodem Jacobo Men-
des de Vafconcellos, Michaele Cahedio, et
António Cahedio elaboratis. Qua omnia colle-
git, emendavit, ac Typis Jumma indujlria com-
mijit Doíior Gmdifalvus Mendes de Vafcon-
cellos, ó" Cabedo Ijtjitanus. Romãs apud
Bernardum Baflam. 1597. 8.
Vita Sanãijftma Elifahetha Portugaliia
Keffna. M. S. OfFerecida a Sereniffima
D. Margarida de Auílria quando eílava
para fer Rainha de Efpanha.
Das doutiíTimas Poílillas que diftou na
Univerfidade faõ as mais eftimadas.
Ad Text. Katihahition. De Kegtdis Júris
lih. 6. diâado no anno de 1583.
Ad Text. Quod Jemel Placuit. no anno
de 1584.
Ad Titul. de Hareticis Cauja 24 Qtiajl.
I. no anno de 1586.
D. Fr. GONÇALO DE MORAES.
Naceo em Villafranca de Lampazes lugar
íituado na Comarca da Provinda Tranf-
montana de Pays nobres quais eraõ Antó-
nio Borges de Moraes, e Francifca de Moraes
fua parenta. Na puerícia defcubrio tal pro-
pcfaõ para todos os aftos virtuozos que
fervia de exemplar a domeílicos, e eílranhos.
Inftruido na Gramática Latina, e letras hu-
manas quando contava quatorze annos de
idade fe dedicou a Deos na auguíla Religião
do Príncipe dos Patríarchas S. Bento rece-
bendo a cogulla monachal em o Moílciro
de S. Miguel de Refoyos em o anno de 1557.
Nefta fagrada paleílra excedeo ainda em
o Noviciado a todos os feus companhei-
ros na exaâa obfervancia do feu inítituto,
BIBLIOTHECA
onde feita a profilíaõ folemne eftudou as
fciencias efcholaílicas em a Univerfidade de
Coimbra em que fez taes progreíTos a grande
penetração do feu engenho que merccco
as aclamaçoens de confumado Theologo.
A efpeculaçaõ das fciencias unida à pratica
das virtudes o conílituhiraõ digno de exer-
citar os lugares mais honoríficos da fua
Religião, como foraõ Abbade de Santa-
rém pelo efpaço de dez annos, e Geral de
toda a Congregação Benediétína em o anno
de 1590. em cujo prudente governo flo-
receo a difciplina regular como no tempo
do feu SantiíTimo Patriarcha. Dezejozo de
paííar os últimos annos em virtuoza tranqui-
lidade alcançou em o Capitulo Geral facul-
dade para viver retirado no Moíleiro de Lis-
boa onde fazendo da Corte dezerto fc exer-
citava nos minifteríos da vida monachal
fendo os mais contínuos Oraçaõ fervorofa,
e filencio inviolável. Defte fagrado retiro
foy chamado pela Mageílade de Filipe Pru-
dente para a Cadeira Epifcopal do Porto
que vagara por morte de D. Jerónimo de
Menezes, e ainda que reprezentou a fua inca-
pacidade para taõ fublime lugar, foy fagrado
no anno de 1602. Aquellas virtudes paf-
toraes praéticadas pelos Prelados da prími-
tiva Igreja lhe ferviraõ de exemplar por
onde regulou as fuás açoens vizitando pcf-
foalmente toda a fua Diocefe, e crifmando
a innumeraveis peflbas por haver muito tempo,
que fe naõ tinha adminiftrado efte Sacra-
mento, difpendendo com liberal maõ infi-
nitas efmolas em beneficio da pobreza,
zelando a jurífdiçaõ Ecclefiaftica, e o decoro
devido à fua dignidade em cuja empreza
deu evidentes provas de coração intrépido,
e animo deítimido, e reformando o Qero
com prudente fuavidade pela qual fc fez
temido, e refpeitado. Edificou defdc os
fundamentos a Capella Mòr da fua Cathe-
dral com tanta magnificência, que com-
petio, e excedeo as mayores obras que tinha
o Reyno, e a ornou de grande numero
de preciozos ornamentos, e varias peíTas
de prata. Depois de ter governado pelo
efpaço de dezafete annos foy acometido
de ultima infermidade, e conhecendo fer
chegada a hora que o havia de fazer im-
L US I TAN A
399
mortal pedio que lhe recitaiTem a Payxaõ
efcrita por S. Matheos, e o Evangelho de
S. loaõ In principio erat Verhum no meyo do
<jual placidamente efpirou no anno de 1617.
■quando contava 74 annos de idade. Foy
fepultado na Capella de N. Senhora da Saúde
lituada no Clauftro da Sé. A fua vida ef-
creveo o IlluítriíTimo D. Rodrigo da Cunha
Catai, dos Bi/p. do Porto. Part. 2. cap. 41.
€ Manoel de Faria, e Souza a compoz ele-
gantemente, cujo M. S. fe conferva na li-
vraria do Convento de Travanca de Mon-
ges Benedidinos. O mefmo Faria o louva
na 5. Part. da Fuenf. de Aganip. Centur. 3.
Sonet. 86. e na 2. Part. Poema. 8. Eftanc.
53. e na 4. Part. 'EJog. Fmeb. Out. 41. allu-
dindo à CapeUa mór, que edificou na fua Ca-
thedral, que he dedicada a AíTumpçaò de
NoíTa Senhora, e nella eftá o corpo de S.
Pantaleaõ Proteâior da Qdade do Porto.
Alli da melhor alma o melhor dia
O poema dos olhos repret^enta
Dos do^e vendo abforta a companhia
Quando ella affumpta ao Ceo delles fe
aujenta :
O triumfo immortal da morte fria
Panteleaô purpttreo abaxo ofienta
Purpúreo Panteleaô, cuja ventura
Foj ter por Panteam tanta Ffirutura.
D. Francifco Moreno Porcel Kftrat. de
l^lanoel de Faria §. 12. Ftie efie Prelado uno
de los excelíentes, que tuuo la Iglefia, magnifico
en fabricas [agradas, en lifmofnas largijfimo,
en v^elo maravillofo. Fr. Greg. Argaes Perla
de Catalunh. p. 451. §. iii. honro la cogolla nó
folo con fu noble^a Ji no con fus letras, que adorno
con las virtudes en todo el difcurfo de fu vida.
Compoz.
Kele£íio menflrua, et hebdomadaria. He
hum Tratado fobre as três vias purga-
tiva, iUuminativa, e unitiva repartido
pelos dias da femana para exercício da
contemplação. Deíla obra faz mençaõ
Argaes no lugar aíTima citado.
Vinte, e finco Sermoens pregados até
o anno de 1610. quando era Bifpo, e
algumas praãicas efpirituaes aos feus Mon-
ges. M. S. Confervaõ-fe em hum vo-
lume na Livraria da Caza ProfeíTa de S.
Roque deíla Corte dos Padres lefuitas
como afirma o Padre Francifco da Cruz
nas Mem. para a Bib. Ljifit.
Fr. GONÇALO DE MORAES natural
da Freguezia de S. Pedro da ViUa de Pene-
dono em o Bifpado de Lamego filho de
Francifco de Moraes Mefquita, e de D. Maria
de Caibro Oforio, e irmaõ do Doutor Tho-
mas Ayres Pereyra de Caftro Collegial do
Collegio Real de S. Paulo de quem fe fará
memoria em feu lugar. Recebeo a cogulla
Ciílercienfe no Real Convento de Santa
Maria de Alcobaça a 17 de Abril de 171 1.,
e profeílou folemnemente a 22 do dito mez
do anno feguinte. Havendo com aplauzo
diftado as fciencias feveras aos feus domef-
ticos em o CoUegio de Coimbra foy laureado
com as infignias doutoraes na Faculdade da
Theologia pela Academia Conimbricenfe.
Teve igual talento para o púlpito, que para a
Cadeira, como fe infere da obra feguinte.
Sermão da Aclamação do Sereniffimo
Key o Senhor D. Joaõ IV. de gloriofa, e
faudofa memoria pregado no Real Colle^o
de S. Bernardo da Univerfidade de Coimbra
no primeiro de Dezembro do anno de 1725.
Coimbra por lozeph Antunes da Sylva
ImpreíTor da Univerfidade. 4. Falleceo
no CoUegio de S. Bernardo de Coimbra
a 14 de lulho de 1730. quando cotava
34 annos de idade, e 19 de Religião.
GONÇALO MOREYRA natural da
Villa de Aveiro, e filho de Pays nobres,
que o educarão conhecendo a viveza do feu
engenho com difciplina das Artes liberaes
em que fahio eminente, fendo admirável
Poeta Lyrico, exceUente Mufico, aífim can-
tando, como compondo, dextro no toque
de diverfos inftrumentos, e infigne em a
Pintura. Foy Vigário da Parochial Igreja
de S. Martinho da Villa de Santarém onde
faUeceu pellos annos de 1648. e jaz fepul-
tado no meyo da Igreja. Deixou grande
copia de Verfos feus M. S. em que compete
a elevação do efpirito com a delicadeza do
conceito fendo entre elles celebre huma
Sylva que principia.
Quando el Dragon indómito bramiendo
Por concavas gargantas fepultava
400
BIB LIO THE Ca
En las entrarias de fu pecho horrendo
Horror noãurno porque el foi llegava.
D. GONÇALO PINHEYRO natural
da Villa de Setúbal filho de Joaõ Pires, e
Leonor Rodrigues Pinheiro neto pela parte
paterna de Affonfo Fernandes Secretario da
Raynha D. Filippa mulher delRey D. loaõ
o L e pela materna de Gonçalo Rodrigues
Cavalleiro delRey D. loaõ o II. Aprendeo
a fciencia dos fagrados Cânones em a Uni-
verfidade de Lisboa donde paíTando à de
Salamanca alcançou taõ grande nome de
letrado, que antes de ter o grão de Doutor
foy admetido por Collegial do celebre Col-
legio de S. Bartholameu. Tanto, que fe
reftituhio à Pátria obteve alguns benefícios em
que o aprefentou o SereniíTimo Duque de
Bragança D. Jayme, e oppondo-fe a huma
Conezia de Évora a levou por premio da
vitoria alcançada de feus competidores da
qual tomou poíTe a i8 de Junho de 1553. que
depois renunciou em feu fobrinho Diogo
Mendes de Vafconcellos com approvaçaõ do
Arcebifpo, e Cabbido. Atendendo a Mageílade
delRey D. loaõ o III. à fumma capacidade
de que era ornado o nomeou feu Dezem-
bargador, e Bifpo de Safim. Neíle tempo
fe alterou huma grande contenda entre a
nofla Naçaõ, e a Franceza fobre algumas
prezas, que fe tinhaõ feito de parte a parte,
e para compor efta difcordia foy mandado
pelo mefmo Príncipe a Bayona cuja negocia-
ção concluyo com igual prudência, que
aâividade. Nefta Cidade foy rogado pelo
Cabbido, que por eftar aufente o feu Bifpo
aceitaíTe o governo daquella Diocefe a cuja
fuplica naõ pode refiílir pelas repetidas inílan-
cias dos Capitulares exercitando efta incum-
bência, como do feu talento fe efperava.
Sendo eleito Bifpo de Tangerc recebeo em
Medina dei Campo huma Carta delRey D.
loaõ o III. em o armo de 1545. em que
o nomeava feu Embaxador à Corte de
França onde recebeo de Francifco primei-
ro, e feu filho Henrique as mais diíUntas
fignificaçoens de eílimaçaõ. Voltando
ao Reyno ocupou em remuneração de
feus ferviços o lugar de Dezembarga-
dor do Paço por carta feita cm Lisboa a
14. de Novembro de 1548. donde foy af-
fumpto ao Bifpado de Vifeu em cuja Ca-
thedral entrou no anno de 1J53. Exer-
citou como vigilante Paftor as obrigaçoens
do feu Eftado reformando cuftumes, extin-
guindo abuzos, difpendendo efmolas, e reedi-
ficando Igrejas. Com geral fentimento das
fuás ovelhas o arrebatou a morte em o
mez de Novembro de 1567. quando contava
77. de idade. Foy fepultado em fepultura
raza na Capella mór da fua Cathedral onde
debaixo do efcudo das fuás armas fe lhe
gravou o feguinte Epitáfio.
Aqui ja:^ D. Gonçalo Pinheiro Bifpo de
Vifeu do Confelho delRey N. S. 1569.
Foy muito intelligente nas linguas Grega,
e Hebraica, ap. idendo a primeira em
Bayona, e a fegunda em Pariz como tam-
bém na Aftronomia, Geometria, e outras
Artes Liberaes. A fua vida efcreveo ele-
gantemente na lingua Latina Diogo Mendes
de Vafconcellos feu fobrinho materno cujo
carafter defcreveo com eftas eloquentes
vozes. St atura fuit procera, <& reãa, corpore
aliquantulum ohefo, fed agili, (& compaão, atque
omnium memhrorum aqua proportione confpi-
cuo, latis humeris, extento peêtore, firmis
lateribus, nec non hrachiis, cruribus, mani-
hus, pedibufque quam injiía vi, ac venuflo
rnotu decentibus. ]am vero in vultu, orifque
lineamentis tanta inerat ^avitas blanda que-
dam lenitate, e^ hilaritate condita, ut omnes
quantumvis extraneos, Ò' igfiotos ad fe aman-
dum, fufpiciendumque folo afpeãu alliceret.
Oculi pro modo capitis, (Ò^ faciei aliquan-
tulíim exigui, fed vividi, <Ò^ prafulgentes.
Veneranda omnino, atque etiam in máxima
hominum turba confpicua, et decora fades,
cuique cantties plurimum auâoritatis adde-
ret. Do feu nome fazem illuílre me-
moria loan. Soar. de Brito Theatr. Lu-
fit. Liter. lit. G. n. 21. fingulari pruden-
tia infigràs. Franc. de Santa Maria Chron.
dos Coneg. Secul. liv. 3. cap. 13. em virtu-
des, fangue, e letras naÕ foy fegundo a
nenhum do feu tempo. De Portug. Kegfi.
Comment. p. 367. e o Reverendo Padre
loaõ Col Cathalog. dos Bifp. de Vifeu.
§. 53. No Synodo, que celebrou pou-
L U SI TAN A.
401
cos mezes paflado da fua entrada no Bif-
pado promulgou vários Decretos aíTim para
a adminiftraçaõ dos Sacramentos como para
reforma dos Eccleíiafticos, e coníiderando
ellarem pela diuturnidade do tempo fem
obfervancia as Gjnílituiçoens, que tinhaõ
feito feus Predeceflbres as reduzio a milhor
forma, e as publicou com efte titulo.
Conftituiçoens do Bijpado de Vi/eu.
GONÇALO RAVASCO CAVAL-
CANTE, E ALBUQUERQUE natural
da Bahia de todos os Santos Capital da
America Portugueza filho de Bernardo Vieyra
Ravafco Secretario do Eftado do Brazil,
e fobrinho do Padre António Vieyra Orá-
culo dos púlpitos. Foy fidalgo da Caza
de fua Mageftade Commendador da Ordem
de Chrifto, Alcayde mór da Cidade de Cabo
frio, Secretario de Eílado, e guerra do Bra-
zil, e herdeiro dos dotes, que omaraõ a feu
Pay principalmête do efpirito poético, e
animo generofo de que deu hum manifeílo,
argumento nas fumptuozas Exéquias, que
à fua cuíla celebrou na Mifericordia da Bahia
em 30 de Outubro de 1714. à memoria da
Senhora D. Leonor lozepha de Vilhena
mulher de D. Rodrigo da Coíla Gover-
nador do Eftado do Brazil, em cuja fabrica
competio a idea com a profufaõ. Morreo
na fua pátria a 9 de Outubro de 1725. quando
contava a proveâa idade de 86 annos.
Compoz diverfas obras Poéticas, fendo as
mais eftimaveis.
Três Autos Sacramentaes. M. S.
P. GONÇALO RODRIGUES na-
ceo em Calheiros Aldeya da Villa de
Ponte de Lima do Arcebifpado de Bra-
ga onde teve por Pays a loaõ de Prol, e
Conftança de Velas. Penetrado pela fa-
grada energia dos Sermoens do Apofto-
Hco Varaõ o Padre Francifco de Efliada
da Companhia de lefus largou o mun-
do, e abraçou o initituto defta grande
Religião em o Collegio de Coimbra a
23 de Agofto de 1545. Para conquiftar
almas ao Império de Chrifto partío de
Lisboa à índia em 10 de Março de 15 51.
e furgindo em Goa a 10 de Setembro foy
26
deftinado para fubftituir em Ormus ao in-
figne operário o V. Padre Gafpar Barzeo
fendo pela profundidade das letras, e pra£tíca
das virtudes digno Hercules daqueUe
Athlante. Dezembarcou nefta Gdade a
8 de Dezembro de 1551. e pofto que colheu
copiofo fruto com o feu apoftohco minif-
terio naõ pode reduzir por mais repetidas
deligencias, que aplicou, ao feu Principe,
donde voltou para Goa obrigado da falta
da faude. Ao tempo, que queria reparar
as forças atenuadas pelo feu incanfavel zelo
o nomeou D. Pedro Mafcarenhas Vicerey
do Eftado juntamente com Diogo Dias,
Embaxador ao Emperador da Etiópia para
delle faber fe eftava prompto a receber o
Patriarcha, que vinha de Portugal, e par-
tindo de Goa a 7 de Fevereiro de 1555. em
trinta dias de feliz navegação ferrou Arquico
dominado nefte tempo pelos Abexins, e em
17 de Mayo chegou à prezença do Empe-
rador a quem entregou as cartas delRey
de Portugal, e lendoas moftrou no femblante
lhe era defagradavel a matéria, que conti-
nhaõ. Conhecendo que o animo defte Prin-
cipe eftava totalmente entregue aos fcifma-
ticos erros de Alexandria efcreveo hum
douto Tratado em que clara, e evidente-
mente moflxava a verdade da Igreja Ro-
mana, e a falfidade da Alexandrina porem foy
infruftuofo para o Emperador efte traba-
lho. Da Etiópia voltou para Goa onde
chegou no mez de Mayo de 1556. em cuja
jornada fe lhe voltou junto a Zeila já fora da
garganta do Eflxeito, o navio, mas invocando
a piedade de Maria SantiíTima furgio de
repente de cujo fuceíTo como milagrofo fe
pintou hum quadro, que a devaçaõ agrade-
cida pendurou como trofeo em hum Tem-
plo dedicado à mefma Senhora. Como
naõ podia eftar odofo o feu ardente efpirito
em beneficio da Chriftandade partio fegunda
vez de Goa no anno de 1557. para o Norte
cultivar a Vinha de Salfete onde para
demonftraçaõ do feu zelo deftxuio em
hum lugar diftante pouco menos de hu-
ma legoa de Taná hum fumptuofo Pago-
de dedicado à fabulofa Trindade dos Gen-
tios fymboUzada em hum idolo de três
cabeças, e fobre as profanas minas edi-
402
BIB LIO THE C A
ficou hum Templo confagrado a Deos
Trino nas PeíToas, e hum na Eflencia.
Ultimamente para coroa dos feus apof-
tolicos miniílerios partio por ordem do
Vicerey D. Conílantino de Bragança,
e o Arcebifpo de Goa D. Gafpar de Leaõ
ao Idalxá Rey de Balagate no anno de 1560.
por ter pedido efte Principe Meftres, que dif-
putaíTem com os feus Cacizes. Chegou
a Vifapor theatro deíla grande controveríia
onde convencidos com a eficácia dos feus
argumentos os mais famozos letrados do
Decan julgando por afronta a vitoria apel-
laraõ cegamente para o juÍ20 das armas
com as quais por falta de rezoens concluden-
tes queriaõ fuftentar a falfidade da fua crença.
O Rey ainda que períiílio na fua cegueira
ornou ao miniílro Evangélico em aplauzo
do triunfo com huma precioza Cabaya.
Reílituido a Goa por ordem dos fuperiores
mais cheyo de merecimentos, que de annos
partio em o Collegio de S. Paulo a 4 de Março
de 1564 a lograr o premio dos feus fuores
com tanto jubilo do feu efpirito, como fau-
dade dos circunílantes. Delle fazem hono-
rifica mençaõ lorge Cardofo Ágio/. L,ujit.
Tom. 2. pag. 36. naõ menos doão em letras
humanas, e divinas, que afinalado em religiojos
coftumes, e criftaõs procedimentos. Telles Chron.
da Comp. de lefus em Portug. Part. i. liv. 3.
cap. 28. §. 4. naõ menos douto em letras,
que ajfmalado em virtudes, e Part. 2. liv. 6.
cap. 8. §. 2. muy vifto nas letras divinas, e mte^
noticio/o dos Concilios, e Controverjias da Fé,
e na HiJ. da Etiop. Alt. liv. 2. cap. 23.
VaraÕ de raro exemplo, e muitas letras.
Fr. Ant. de S. Roman Hifi. de la Ind.
Orient, liv. 4. cap. 26. Perfona mtiy doãa,
y religiofa. Gufman Hifl. de las Mijion. de
la Com. de Jefus Part. i. liv. 3. cap. 17.
de muchas letras, y de grande religion. Godi-
nho de AbyJJin rebus lib. 2. cap. 18. probus,
prudens, doãus que facerdos. Guerreiro Kelac.
Annal de Orient. do anno de 1608. foi. 280.
v.o muy do£ío, e prudente, de muita virtude.
Andrad. Chron. delRey D. loaõ o 3. Part.
4. cap. 113. VaraÕ douto, e de vida exem-
plar. Faria AJia Portug. Tom. 2. part.
2. cap. II. n. 8. Souza Orient. Conqmji.
Part. I. Conq. 5. Divif. i. §. 40. homem de
ff-andes prendas, em virtude, e faber. c Part. 2.
Conquiíl. i. Divif. i. §. 4. hum dos mais infi-
gnes Mijfwnarios que do Colleffo de Coimbra
pajfaraõ a ejlas Conquijlas. Franco Imag. da
Virtud. em o Nov. de Coimb. Tom, i. liv. 5.
cap. 34. com fua pregação deu ff-ande luv^ às
naçoens Orientaes. ComjKJZ.
Tratado em que mojlrava pela decifaõ dos
Concilios, e authoridade dos Santos Padres a Pri-
mav^ia da Iff^eja Romana contra os erros Jcifmaticos
dos Abexins. Goa 1 5 60. 4. Efta obra compofta
em Portuguez, e vertida em lingua Caldea
aprezentou feu author ao Emperador da
Etiópia para que convencido com a eviden-
cia da verdade rendeíTe obediência ao Pon-
tífice Romano, e abjuraJTe os erros que
profeíTava. Deíla obra fe lembra "bib. So-
ciet. p. 303. col. 2. Nicol. Ant. Bib. Hifp.
Tom. I. pag. 427. col. 2. Franco Imag. da
Virt/íd. do Nov. de Coimb. Tom, 2. pag,
618. e o moderno addicionador da Nb.
Orient de Ant. de Leaõ Tom. i. Tit. 12. col.
395. e todos que fallaraõ do Padre Gon-
çalo Rodrigues.
Carta efcrita de Ormus a ^i de Agojlo
de 1352. aos Padres do Collegio de Coimbra.
Sahio impreíTa na Imag. da Virtude do Nov.
de Coimb. Tom. i. liv. 3. cap. 34.
Carta efcrita a ii de Março de 1555.
ao P. Balthet(ar Dias Reytor do Colleffo
de Goa que contem a jornada defla Cidade
até a Etiópia. Sahio impreíía na Imag.
da Virtud. aíTima allegada cap. 35. Tra-
duzida em Italiano com outras. Venetia
por Michele Tramezzino. 1559. 8.
Carta efcrita da Etiópia a i^. de Setem-
bro de 1556. aos Padres da Companhia de
Portugal em que relata tudo quanto lhe fuce-
deo nefle Império. Sahio imprefla na Adi-
ção à Kelac. da Etiop. do P. Fcmaõ Guer-
reiro foi. 281. v.o e na Hifl. da Etiop.
Alt. do P. Telles liv. 2. cap. 23. e 24
e na Imag. da Virtud. aíTima allegada Tom.
I. liv. 3. cap. 36. c 37. c vertida cm
Latim pelo P. Nicolao Godinho de Abyf-
fin. rebus lib. 2. cap. 18. a qual traz emen-
dada em muitas partes lobo Ludolpho Com-
ment. ad Hifi. EJiopic. pag. 474. & fc-
quent.
Carta efcrita de Baçaim aos Padrts
L USITANA.
4o3
da Companhia em o anno de 1557. em que
defcreve os pro^effos da Chriftandade de Tanà.
Parte delia imprimio o P. Franco Imag.
da Virtud. cap. 38.
Carta ejcrita de Baçaim a ^ de Setem-
bro de 1558. aos Padres da Companhia de
Goa. M. S. Confervafe no Archivo da
Caza profefla de Lisboa.
Carta efcrita de Tanà no 1. de Dezem-
bro de 1560. aos Padres da Companhia de
Goa. M. S. No mefmo Archivo. Sahio
vertida em Italiano com outras Venetia
per Michele Tramezzino. 1562. 8.
Carta efcrita de Balagate Corte do Idal-
caõ a 25. de Março de 1561. ao Provincial
de Goa. M. S. No dito Archivo.
Carta efcrita de Vifapor ao mefmo Provincial
a-f de Abril. ^ 1561. M. S. No dito Archivo.
Sahio vertida em Italiano com outras. Uene-
tia per Michele Tramezzino. 1565. 8.
Carta efcrita de Cochim ao Padre Aliguel
de Torres em laneiro de 1562. M. S. No dito
Archivo.
Carta efcrita de Alalaca aos Padres da
Provinda de Portugal em 1562. M. S. No
dito Archivo.
GONÇALO RODRIGUES DE CA-
BREIRA natural da Villa de Alegrete
na Provinda do Alentejo, muito perito
na Arte da Grurgia, que exercitou com
grande felicidade pelo efpaço de muitos
annos. Compoz.
Compendio de muitos, e vários remédios de
Cirurgia, e outras cousas curiofas recopiladas
do the\ouro de pobres, e outros authores. Lis-
boa por António Alvres. 161 1. 8. & ibi pelo
dito ImpreíTor. 16 14. & ibi pelo mefmo
Impreflbr 161 7. & ibi pelo dito ImpreíTor.
1635. Nefta quarta impreíTaõ fahio acre-
centado com hum.
Tratado para perfervar do mal da pefle o qual
foy fegunda vez impreíTo no fim da Lu^ da
Medecina. compoíla por Francifco Morato
Roma. Coimbra no Collegio das Artes da
Companhia de Jefus 1726. 4. Sahio quinta
vez impreíTo o Compendio de vários remédios.
Lisboa por Francifco VíUela 1671. 8.
Do author fazem memoria D. Fran-
cifco Manoel de Mello Carta dos AA.
Portug. loan. Soar, de Brit. Tbeatr. luufit. Ut-
ter. hter. C. n. 22. e Nicol. Ant. Bib.
Hifpan. Tom. i. pag. 427. col. 2.
Fr. GONÇALO DA SYLVA. Naceo
em a Villa de Soure em a Provinda da Beira
do Bifpado de Coimbra, e foy filho natural
de Gonçalo Gomes da Silva Alcayde mòr
de Soure irmaõ de Ruy Gomes da Silva
primeiro Senhor de Ulme, e Chamufca pro-
genitor dos Duques de Paílrana como ef-
creve o infigne Genealógico D. Luiz Sala-
zar, e Caibro Hifl. da Cat^a de Silva Part. 2.
Uv. 12. cap. 13. Para augmentar por bene-
fido da graça o efplendor que recebera da
natureza profeíTou o inftituto Monachal
do Doutor MelMuo em o real Convento
de Santa Maria de Alcobaça onde depois
de receber o grão de Licendado em Theo-
logia pela Univerfidade de Pariz foy Prior
no tempo dos Comendatarios os Cardiaes
Infantes D. AíTonfo, e D. Henrique filhos
do Sereniflimo Rey D. Manoel. Foy Rey-
tor do Collegio de Coimbra no anno de
1550. e ConfeíTor das Religiofas do Real
Convento de S. Diniz de Odivellas do qual
fendo fubprioreíTa D. Guiomar de Caílro
lhe pedio traduziíTe da lingua Franceza
em a Materna a vida de S. Bernardo cuja
incumbência executou acrecentandolhe vá-
rios fuceíTos, e fahio à luz publica por ordem
da SereniíTima Rainha D. Catherina mulher
delRey D. loaõ o III. com eíle titulo.
Vida de S. Bernardo. Lisboa por Luiz
Rodriguez 1544. foi. Falleceo no anno de
1596. como efcreve Fr. Chrifoítimo Henri-
ques Phanix Revivifcens. lib. 2. cap. 46. onde
faz delle, e da obra iilufhre memoria ao qual
feguem Fr. Carol, Vifch. Bib. Ciflerc. Fr.
Angelo Manrique Annal Cifierciens. in Serie
Abbat. Alcob. p. 11. e Nicol. Ant. Bib. Hifp.
Tom. I. pag. 428. col. i.
V. P. GONÇALO DA SYLVEIRA
Teve por berço a Villa de Almeirim
fituada na Provinda Traftagana onde
vio a primeira luz a 23 de Fevereiro de
1526. e por Progenitores a D. Luiz da
SUveira primeiro Conde de Sortelha, Al-
cayde Mòr de Alanquer, Capitão da Guarda
404
BIB LIO THE CA
delRey D. loaõ o III. e a D. Brites Cou-
tinho filha de D. Fernando Coutinho Ma-
richal do Reyno, que valerofamente facri-
ficou a vida na Conquiíla da Cidade de Ca-
licut, e de D. Mariana de Noronha. Naceo
o decimo, e ultimo de feus irmãos, e como
teve a forte de Benjamin em o nacimento
aíTim experimentou fua Mãy a defgraça
de Rachel morrendo três dias depois, que
o pario. Poucos annos contava de idade
quando fe vio orfaõ de feu Pay, e entregue
à vigilante educação de fua irmãa D.
Filippa de Vilhena mulher de D. Álvaro
de Távora Senhor do Mogadouro fahio
inllruido em máximas mais catholicas, que
politicas. Aprendidos os primeiros rudi-
mêtos eíhidou Gramática com os Religiofos
Francifcanos do Convento de Santa Mar-
garida fituado nas rayas de Caftella, e depois
de eílar igualmente doutrinado em a lingua
Latina, como na praftica das virtudes o
mandou feu irmaõ mais velho D. Diogo da
Sylveira profeguir os eíludos das fciencias
mayores em a Univerfidade de Coimbra
onde impellido da exemplar vida dos pri-
meiros Fundadores do Collegio da Compa-
nhia de Jefus deixou as enganofas efperanças
do mundo por feguir os veftigios da po-
breza Evangélica abraçando aquelle fagrado
inílituto a 9 de Junho de 1545. Confuma-
da a carreira da Filofofia, e Theologia em
que moílrou igual capacidade para a Cadeira,
que para o púlpito fe exercitou em diverfas
MilToens em que colheo copiofos frutos a
fua ardente charidade, e parecendo-lhe pe-
quena esfera o Reyno de Portugal para
theatro das fuás declamaçoens Evangéli-
cas alcançou faculdade de Santo Ignacio
para paíTar ao Oriente para onde partio no
anno de 1556. Tanto, que aportou em Goa
a 6 de Setembro do referido anno foy ou-
vido na Sé Primacial com geral aplauzo de
hum numerofo auditório, exercitando o fa-
grado minifterio de Evangélico operário já
quando era Provincial de Chaul, Ta-
nâ, e Cochim com efpirito verdadeira-
mente apoftolico atè que foy deílinado
à cultura do Império de Monomotapa
a cuja alta empreza lhe fervio de prolo-
go a convcrfaõ do Príncipe de Imham-
bane, que bautizou com toda a familia real*
Para eíla jornada fe embarcou em 19 de
Agofto de 1560. e fubindo até a boca do Rio
Zambece, que dos feus dous braços fe for-
mão as barras de Quilimane, e Loabo, foy
conduzido a Simbaoè Corte do Empera-
dor de Monomotapa por António Cayado
grande valido deíle Príncipe o qual avizado
da chegada do varaõ Apoftolico o mandou
cumprimentar com hum generofo donativo,
que cortez agradeceo, defentereíTado regei-
tou, de cuja acçaõ deixou atónito ao bár-
baro por fer pouco pradtícada naquelle Paiz,
e como foíTe admitido à fua prezença o re-
cebeo com particulares fignificaçoens de ur-
banidade. Para atrahir o coração deftc
Príncipe à nova ley, que lhe pregava, lhe oflfe-
receo hum quadro em que eftava pintada
com elegante primor a Virgê Santiffima, c
de tal forte fe fentio penetrado da fermofura
da imagem, que refolveo authorízar com ella
o feu Cabinete onde foy decorofamente col-
locada. Refoluto o Emperador abraçar a
Religião Catholica de que teve por eftimulo
hum myfteríofo fonho, foy folemnemente
bautizado com o nome de Sebaftiaõ em obfc-
quio do Monarcha, que naquelle tempo
dominava Portugal, e a Emperatriz fua Mãy
cujo exemplo feguiraõ trezentos Titulares,
que regenerados na fonte bautifmal fe adop-
tarão por Grandes da Caza de Deos. Envc-
jofo o demónio de fe lhe arrebatar das mãos
o fcetro da Cafraría fe valeo para inftrumento
da fua vingança dos mouros, que furíofa-
mente confpiraraõ contra a innocente vida
do V. P. Gonçalo da Sylveira fendo taes as
refoens, que propuzeraõ ao Emperador para
ultima mina defte Evangélico varaõ, que
perfuadido delias fem attender à male-
volencia com que eraõ maquinadas de-
cretou a fua morte, e pofto que naõ par-
ticipou a peflba alguma taõ impia refolu-
çaõ foy fuperiormente revelada ao Vene-
rável Padre. Para efte conflido fe prepa-
rou com o incruento facrifido da MiíTa
onde oferecendo em holocaufto o divino
Cordeiro, brevemente em feu obfequio fc
havia facrificar como viéUma. Tendo bauti-
zado fincoenta Cafres últimos filhos, que
gerara para Chrífto confeflbu a muitos
L USITAN A.
40^
Portuguezes a quem deixou herdeiros do feu
efpirito, e conhecendo fer chegada a hora,
que o havia transferir à eternidade ornado
de fobrepeliz, e eftola fe poz a paíTear com
grande ferenidade efperando por feus ini-
migos. Cançado da tardança fe lançou a
dormir com hum crucifixo á cabeceira.
Tanto que os aíTaíTinos o viraõ reclinado en-
trarão fiiriofamente, e arrebatando-o pelos
pés e braços o fufpêderaõ no ar em quanto
outros lhe lançavaõ huma corda ao pefcoíTo
com a qual oprimida a refpiraçaõ voou o
feu heróico efpirito a coroarfe na gloria
fendo grande a inundação de fangue, que
manava da boca, e nariz. Com efte género
de martyrio confumou a carreira dos apoílo-
licos trabalhos efte iniigne varaõ a 15 de
Março de 1561. quando contava 35 para
36 annos de idade. O Ceo fe empenhou a
vingar o fangue deíle innocente Abel com
hum exercito de Gafanhotos, que cubrindo
o foi, e talando os campos confumiraõ tudo
quanto produzia a terra. A efta praga fe
feguio outra mais fatal, que foy a pefte de-
vorando a muitos milhares de viventes de
cujos horrorofos efeitos penetrado o Faraó
da Cafraria conheceo a injuftiça com que
condenara a innocencia daquelle grande va-
raõ, e convertendo o furor contra os confe-
Iheiros de taõ execravel deliâo mandou
matar fua Mãy, e todos os authores da morte
de V. Padre Gonçalo da Sylveira. Foy
Doutor em Theologia, primeiro Propofito
da Caza de S. Roque, VI. Provincial da índia
pela ordem dos tempos, e fegimdo por pa-
tente de Santo Ignacio fomente con-
cedida antes delle a S. Francifco Xavier.
Efcreveraõ as fuás heróicas açoens o P.
Nicolao Godinho na lingua Latina, o Pa-
dre Bernardo Qenfuegos na Caftelhana, e
na Portugueza Jorge Cardozo Affol.
Lídjit. Tom. 2. p. 190. e no Commenta-
rio de 16 de Março letr. D. e o Padre An-
tónio Franco Imag. da Virtud. em o Nov.
de Coimh. Tom. 2. liv. i. cap. i. até 18.
Fazem iUuílre memoria do feu abrazado
zelo, e cruel martyrio Orland. Hifi. So-
ciet. Part. i. lib. 4. n. 57. lib. 8. n. 8. lib.
II. n. 71. lib. 13. n. 52. lib. 16. n. 2. Sachin.
Hift. Sockt. Part. 2. lib. i. n. 19. 48. 53.
144. 152. lib. 2. n. 171. lib. 3. n. iii. 120.
127. 144. lib. 4. n. 210. lib. 5. n. 219. Maf. Hifi,
Ind. lib. 16. Jarric. The^aur. rer. Ind. Tom. i.
lib. I. cap. 16. e Tom. 2. lib. i. cap. 3. e 10.
e Tom. 3. lib. i. cap. 42. Vafconcel. DiJ-
cript. Portugal, pag. 205. e 517. Guerreiro
Coroa de Sold. Esforc. da Comp. Part. 3. Guf-
man Hijí. de las MiJJion. de la Comp. de Jef.
liv. 3. cap. II. Telles Chron. da Companb.
de Jefus da Prov. de Vortug. Part. i . liv. i . cap.
22. e Part. 2. liv. 4. cap. 29. até 38. Nadaíi
Ann. dier. Mem. S. J. Part. i. |>ag. 141. Tanner
Societ. Jefus ujque ad vit. <ò' fang. efuf. milita
p. 156. et feq. Alegambe Mortes llluft. ad
ann. 1561. à pag. 22. ad 41. Andrad. Chron.
delKey D. JoaÕ o III. Part. 4. cap. 118. Faria
A^ia Porfug. Tom. 3. Part. 3. cap. 23. n. 6.
Camargo Chronol. Sacra ad 1556. Surius
Comment. Rer. in Orbe Geftar. ad. ann. 1540.
pag. mihi 273. e 274. Imago primi Jacul. S. J.
lib. 4. cap. 13. S. Roman. Hifi. de la Ind.
Oriental, liv. 4. cap. 28. O grande Camoens
Ljíi^íad. Cant. 10. Out. 93.
Vè de Monomotapa o grande Império
Da Salvatíca gente ne^a, e nua
Onde Gonçalo morre, e vitupério
Padecerá pela Fé Santa fua.
O mefmo Virgilio Portuguez na i. Parte^
das fuás Rimas lhe compoz o Epitáfio neíle
famofo Soneto, que he o 37.
NaÕ paffes caminhante: quem me chama?
Huma memoria nova, e nunca ouvida,
De bum que trocou finita, e humana vida
Por divina, e infinita, e clara fama.
Quem he que taÕ gentil louvor derrama?
Quem derramar feu fangue naõ duvida
Por fegtúr a bandeira ef clareada
De hum Capitão de Chrifio, que mais ama:
Dito:^o, fim Stof(p facrificio
Que a Deos fe fef^, e ao mundo Juntamente
Apregoando direi taõ alta forte:
Alais poderás contar a toda a gente
Que fempre deu fua vida claro indicio
De vir a merecer taÕ fanta morte.
Efcreveo.
Carta para feu cunhado L-ui^ AJ-
vres de Távora, e fua IrmÕa. D. Filip-
pa de Vilhena. Sahio impreífa pelo Pa-
dre Franco Imag. da Virtud. do Nov. de
Coimb. Tom. 2. liv. i. cap. z. a qual tra-
4o6
BIBLIO THE CA
•du2Ío em latim o Padre Godinho Vií. P.
•Gmdif. Sjlver. lib. i. cap. 7.
Carta ejcrita de Braga ao Padre Miguel
Je Torres em que lhe dá conta dos Jeus efcru-
pulos. Imprefla na Imag. da virtud. aflima
allegado cap. 4.
Carta ejcrita da Cidade do Porto ao Padre
Manoel Godinho, e mais Irmãos do Collegio
de Coimbra. Parte delia fahio na Imag. da
virtud. cap. 5.
Carta ejcrita de Cochim em o anno de 1557.
ao Padre Gonçalo Va:^ de Mello em que lhe
relata os Juceffos dejde Lisboa até Goa, e o Jruto,
^ue fis^era em Cochim. Conferva-fe no Ar-
chivo da Caza profeíTa de Lisboa, e coníla
de 10 paginas. Parte delia eílá imprefla na
Imag. da Virtud. cap. 6. e 7. e fahio traduzida
em Italiano com outras. Venetía por Mi-
chele Tramezzino 1559. 8. Defta Carta
faz mençaõ Manoel Corrêa no Comment.
das iMJiad. de Cam. Cant. 10. Out. 93.
Carta ejcrita de Moçambique a 11. de Feve-
reiro de 1360. ao Padre António de Quadros.
Imprefla na Imag. da virtud. cap. 9, e 10.
Carta ejcrita em o anno de 1559. ao
Padre Geral em que lhe dá conta da MiffaÕ
Jutura de Monomotapa. M. S.
Carta ejcrita de Moçambique a 12. de
Fevereiro de 1560. aos Padres do Colleffo
de Goa. M. S.
Carta ejcrita a ^ de Agojlo de 1560.
de Moçambique onde narra o bautijmo del-
Key de Imhambane. M. S. Eftas três Car-
tas fe guardaõ no Archivo da Caza pro-
fefla de S. Roque defta Corte. Sahiraõ ver-
tidas em Italiano. Venetia por Michele
Tramezzino. 1562. 8.
Duas Cartas ejcritas ao Illujlrijfimo Ar-
cebijpo de Évora D. Theotonio de Bragança
ambas de Monomotapa. a primeira em 20
de Outubro de 15J9. e a 2. em 26 de
Janeiro de 1561.
Duas Cartas ejcritas de Monomotapa
ao Padre Inácio Martins da Comp. de Jejus.
A I. cm 10 de Outubro de 1559. e a 2. em
10 de Janeiro de 1561.
Eftas quatro Cartas efcritas da fua própria
maõ fc confervaõ no Archivo da Sereniflima
Caza de Bragança onde as vimos.
GONÇALO SOARES DA FRANCA
natural da Bahia de todos os Santos
filho de Luiz Barbalho de Negreiros, e
D. Luiza Cortereal. Eftudou as fcien-
cias efcolafticas no Collegio da Com-
panhia de Jefus fua pátria, e depois de fahir
nellas fuficientemente inftruido, recebidas
as Ordens de Presbítero fe aplicou à
liçaõ da Hiftoria fagrada, e profana, c
tanto nella fe diftinguio, que mereceo
fer eleito Académico fupranumerario da
Academia Real inflitmda em o anno de
1721. Teve natural propenfaõ para a Poc-
zia, aflim Lyrica, como heróica da qual
fe fizeraõ patentes as feguintes obras.
Glojfa a Outava 50. do Canto 4. de
Camoens.
Sinco Sonetos, e hum delles compojlo todo
de Verjos de Camoens.
Quator^e Emblemas com Jeus Epigramas
Portuguev^es.
Todas eftas obras Poéticas foraõ com-
poflas à morte delRey D. Pedro II. c
fahiraõ impreflas no Breve Compenso e
Narração do Junebre ejpeãaculo, que na Ci-
dade da Bahia Je Je^ à morte daquelle Mo-
narcha. Lisboa por Valentim da Cofta Des-
landes. 1709. 4.
P. GONÇALO DE SOUZA natural da
Villa de Aveiro do Bifpado de Coimbra
onde teve por Progenitores a Belchior de
Souza Tavares, e D. Guiomar da Sylva.
Abraçou o inftituto de lefuita em o Col-
legio de Coimbra no primeiro de Janeiro
de 1562. onde fez taes progreflbs a fua grande
comprehenfaõ nas fciencias feveras, que as
diftou com univerfal aplauzo em a Univer-
íidade de Évora. Vinte annos antes da fua
morte, q fucedeo a 25 de Fevereiro de i6oj.
em o Collegio de Évora, e naõ a j de Janeiro
de 1608. (como efcreveo o Padre Franco
Ann. Glor. S. J. in Eufit. p. 8. ) fendo aco-
metido de hum eftupor o reduzio ao inno-
cente eftado da puerícia. Entre os Tratados
Theologicos, que compoz faõ de mayor
eftimaçaõ os feguintes, que fe confervaõ
M. S. em o Collegio de Évora.
Tra^atus de jejunio.
L USITANA.
407
Traãatus de Sacramentis in genere.
Traãatus da 'Eiicharifiia.
Fr. GONÇALO DE VALBOM naceo
no lugar, que tomou por apellido diílante
huma legoa da Cidade do Porto podendo
gloriarfe de que fendo pouco conhecido
fe fizeíTe celebrado pela produção de hum
taõ iníigne filho. Ainda contava poucos
annos quando fuperiormente inclinado ao
eílado Religiofo deixou o fecular, e rece-
beo o habito Seráfico em o G^nvento do
Porto onde crecendo igualmente na efpe-
culaçaõ das fciencias, como na praâica das
virtudes paíTou de Miniftro da Provinda
de Caftella ao Generalato de toda a Ordem
fendo eleito no Gipitulo celebrado em Pariz
em o anno de 1304. cuja eleição foy apro-
vada com grandes aplauzos pela Santidade
de Benediéto XL Eternamente fera vene-
rado o feu nome em todo o Orbe Seráfico
por fer o gloriofo inílrumento das mayores
excellencias, que logrou taõ dilatada como
penitente Familia no tempo do feu prudente
governo. Alcançou de Benedifto XL que
a Igreja univerfal celebraíTe a myfteriofa
impreílaõ das Chagas do Redemptor do
mundo em o corpo de feu admirável Pa-
triarcha. Transferio para hum fumptuozo
maufoleo as prodigiofas cinzas do Thau-
maturgo Portuguez Santo António quan-
do celebrou Capitulo na Qdade de Pádua.
Expedio Patente para receber as infignias
doutoraes em a Univerfidade de Pariz a loaõ
Duns Scoto conhecido antenomafticamente
por Doutor Subtil de cuja doutrina como
de vaílo Oceano fe derivarão as caudalofas
fontes, que fecundarão toda a Religião dos
Menores. Aplicou o rnayor difvelo para
confervar o inftituto Seráfico na fua pri-
mitiva obfervancia prohibindo com feveras
leys aos feus fubditos a fuperfluidade dos
hábitos, e ornato das Cellas. Arrazou mui-
tos edificios fumptuozos como impróprios
à profilTaõ do inftituto Seráfico reduzin-
do-os àquella forma, que lhe prefcreveo
a Evangélica pobreza do Seráfico Fran-
cifco. Naõ lhe impediaõ os cuidados do
governo de taõ immenfa Familia a con-
templação das celeíliaes deUcias, e o exer-
cido dos mais abatidos minifterios da Co-
munidade fervindo de exemplar aos domef-
ticos, e de exemplo aos eftranhos. Atenuado-
com o continuo difvelo da reformação reli-
giofa, e perfeguido da emulação menos;
reformada falleceo piamente no Conventa
de Pariz a 13 de Abril de 15 13. fendo ma-
nifefta a algumas peíToas a gloria, que poíTuia
na eternidade. Fazem illuftre memoria defte
infigne varaõ Wadingo Atinai. Minor. ad
Ann. 1304. ufque ad 13 13. et de Script..
Ord. Min. p. 147. Artur Martyrol. FranciJ-
can. p. 163. Álvaro Pelagio ^ Vlanãu Bx-
clef. lib. 2. cap. 33. e 67. D. Antonins Hift^
3. Part. Tit. 24. cap. 9. §. 13. Pifano Confor-
mit. lib. I. frua:. 8. Part. 2. Fr. Marc. de
Lisboa. Chron. da Ord. Part. 2. liv. 6. cap. 28.
e liv. 7. cap. 19. e 21. Willot Athenas Fran-
cijcana. Ht. G. PoíTevin. Appar. Sac. pag^
648. Macedo Flor. de Efp. cap. 23. Excel. 3.
Brandão Mon. l^if. Tom. 6. liv. 18. cap. 77^
Fr. Manoel da Efper. Hijl. Seraf. da Prov,
de Portug. Part. 2, liv. 7. cap. 26. Car-
dofo Agiol. hãifit. Tom. 2. pag. 538^
e no Comment. de 13 de Abril letr. D^
Nicol. Ant. 'Rih. Hifp. Vet. lib. 9. cap. i.
§. 28. e Fr. Joan. a D. Anton. Bih. Fran-
cifc. Tom. 2. pag. 20. col. 2. Compoz.
Traãatus de praceptis eminentihus <ò^ aqui-
polkntihus Kegula Seraphica. Sahio impreíTo in.
Enchirid. Minor. Hifpali 1535. Começa. Kegula-
nojlra Fratres charijjimi non Jit nobis confufa. Elta.
expofiçaõ, que fez fobre a Regra Seráfica foy
cauza de Clemente V. promulgar a celebre
Extravagante no Concilio Vienenfe onde aífif-
tio Fr. Gonçalo de Valbom, e começa Exivf
de Paradijo, e fe incorporou no Direito Ca-
nónico.
Fpiftola ad Minifiros Provinciales. Eftá im-
preíla no i. Tomo do Orhis Seraphici. pag.
145.
A certeza de que Fr. Gonçalo Valbon>
foíTe Portuguez, e naõ Gallego prova com
evidentes rezoens Fr. Manoel da Efperança,
e o Licenciado lorge Cardofo nos lugares
aíTima citados onde fe podem ver, alem de
outros Authores eílranhos, que feguem a
mefma verdade como faõ Fr. Henrique
Willot Francifcano, e o Padre António
PoíTevino Jefuita.
4o8
BIB LIO THE CA
GONÇALO VAZ natural do lugar
<ie Foes junto à Villa de Armamar do
Bifpado de Lamego, Doutor em leys, c
Ouvidor do Infante D. Fernando filho do
SereniíTimo Rey D. Manoel. Foy muito
douto, e eftimado pela fua fciencia, reíHdaõ,
c capacidade. Orou por parte do Povo
nas Cortes que ElRey D. Joaõ o IIL cele-
brou em Torres Vedras na Igreja de S.
Pedro a 19 de Setembro de 1525. cuja Ora-
^õ fc publicou com efte titulo.
Kepojia do Doutor Gonçalo Va^ por
■o Povo. Lisboa por Joaõ Alvres Impref-
for delRey 1563. 4.
Falleceo na fua pátria no anno de IJ70.
com 80 annos de idade.
GONÇALO VAZ Ulyfliponenfe muito
perito na intelligencia das Rubricas, e
Orimonias Ecclefiafticas como mani-
feftou na obra feguinte.
Breve Compendio das Rubricas geraes,
€ particulares, e Cerimonias, que Je devem
aguardar no Sacrojanto Sacrifício da Mijfa
re^^ada, e folemne conforme a ultima refor-
mação do Papa Urbano VIU. Lisboa por
Domingos Lopes Rofa. 16 ji. 8. & ibi
por António Crasbeeck 1656. 8. & ibi
por Joaõ da Cofta 1674. e neíla ediçaõ
fahio com efte titulo.
Breve declaração das Rubricas do Breviário
Romano conforme a ultima reformação do Papa
Urbano VIU. de boa memoria.
GONÇALO VAZ COUTINHO na-
ceo em a notável Villa de Santarém fendo
filho terceiro de Lopo de Souza Cou-
tinho Capitão da Mina do Confelho del-
Rey D. loaõ o III. c Vifitador dos Lu-
gares de Africa, e de D. Maria de No-
ronha filha de D. Fernando de Noronha
Capitão de Azamor, e irmaõ do infigne
Hiftoriador Fr. Luiz de Souza da Ordem
dos Pregadores chamado no feculo Ma-
noel de Souza Coutinho de quem fe fará
cm feu lugar illuftre memoria. Nos feus pri-
meiros annos fc aplicou em a Univerfida-
de de Coimbra ao eftudo da Jurifpruden-
cia Canónica, porem como conheceíTe
era mais gloriofa a vida militar, a que o in-
clinava o génio, que a literária, preferio a
paleftra de Marte à de Minerva. Depois
de fervir com grande credito da fua peíToa
o pofto de Capitão de huma nào da Armada,
que guardou as coftas do Reyno contra os
infultos dos inimigos, foy eleito Gover-
nador da Ilha de S. Miguel no anno de 1597.
onde deu claros argumentos de feu valor
intrépido, e experiência militar principal-
mente no tempo, que foy ameaçada por
huma poderofa Armada expedida pela Ray-
nha da Inglaterra de que era General Ro-
berto de Boreu Conde de Ecci foldado
muito pra£tico, e valerofo, obrigando, a
q naõ fomète defiftiffe da empreza, mas
que ao levantar das ancoras mandaíTe quei-
mar huma náo, que alli chegara arribada da
índia, que fahira de Lisboa no anno de 1595.
em companhia do Conde Almirante, açaõ,
que fentio o General Inglez por naõ poder
evitar o dano, que o privou da riqueza,
que conduzia. Coroado com a felicidade
defte fuceíTo entregou o governo da Ilha
ao Conde de Villa Franca feu parente, e
proprietário daquella Praça donde fahindo
a 19 de Fevereiro de 1598. embarcado
em huma Náo flamenga com hum patacho
armado à fua cufta encontrou vinte legoas
diftante da Rocha de Cintra hum Cofario
Inglez, e depois de hum porfiado combate
o rendeu entrando em Lisboa com o Navio
atoado por popa. Foy Commendador de
S. Pedro de Farinha podre da Ordem de
Chrifto, e do Confelho delRey. Cazou com
D. Joanna de Moraes filha de Sebaftiaõ
de Moraes Thefoureiro mór do Reyno de
quem teve três filhos, e duas filhas. Com-
poz.
Copia de la Carta, que Gonçalo Va:(^ Co/h
tinho dei Concejo delRey Nueflro Senor efcrim
a fu Mageflad fobre la fabrica y fuflento de la
armada de Barlavento en las índias con m Sf-
curfo en que fe prueva la propoficion. foi. M. S.
Naõ tem lugar da Impreílaõ, e foy efcrita
no anno de 1614.
Hifioria do fuceffo, que na Ilha àt
S. Miguel houve com a Armada Ingrefa,
que fobre a dita Ilha foy, fendo Governa-
dor delia Gonçalo Va^ Coutinho. Lisboa.
1630. 4. Defta obra fazem mcnçaõ Nicol.
L USITAN A,
409
! Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 428. e o mo-
^ demo addicion. da Bib. Occid. de António
de Leaõ Tom. 2. Tit. 2. col. 582.
Ra^ioens em favor da ConfervaçaÕ das Ef-
coilas do Keyno feitas a 4 de Junho de 161 1. em
forma de Carta mijftva mandada em repofia
de outra, que hum feu amigo lhe mandou fobre
efla matéria no tempo, que fe tratava de reduzir
as ef col las dos Padres da Companhia fomente
a Coimbra, e a Usboa. Coníla de finco folhas
de papel, he obra muito douta.
Diálogos Politicas fobre o governo defle
Kejno. Efta obra moftrou em Lisboa ao
celebre antiquário Manoel Severim de
Faria Chantre de Évora.
GONÇALO VAZ PINTO natural
da Cidade de Évora filho de Pedro Pinto,
e Izabel Bocarra egrégio profeíTor de Jurif-
prudencia Cefarea em a Univerfidade de
Usboa pelo largo efpaço de trinta annos
donde foy exercitar a mefma incumbência
em Coimbra por ordem delRey D. Joaõ o
in. quando a Univerfidade foy transferida
para eíla Gdade dando principio ao feu ma-
giílerio a 2 de Mayo de 1537. Foy Dezem-
bargador da Caza da Suplicação, e da meza
dos aggravos merecendo o univerfal aplauzo
de todos os Cathedraticos, que o venera-
va© por Oráculo na interpretação das leys
Imperiaes como efcrevem Pedro de Mariz
Dial. de Var. Hijl. Dialog. 5. cap. 3. e
Franc. de Monçon Efpej. dei Princip.
Chrifl. liv. I. cap. 36. Ordenado de Pres-
bítero pelo Bifpo de Salè D. Nuno a 8 de
Outubro de 1546. obteve hum Canoni-
cato na Cathedral de Évora de que tomou
poíTe a 31 de Outubro de 1554. Vários faõ
os Elogios, que lhe daõ Franc. de Cald. Pe-
reira De Oper. Emphjt. Part. 3. cap. i. n. 28.
e cap. 2. cap. 4. n. i. cap. 5. n. 4. e cap. 8.
n. I. António da Gama feu difcipulo Decif
307. e Decif. 147. Cabbedo Div. Jur. Argum.
lib. 5. cap. 7. n. 23. Fragofo de ^eg. R£Ípub.
Chrifl. Part. i. lib. 4. difp. 9. n. 43. D. Nic.
de S. Mar. Chron. dos Coneg. Keg. lib. 10.
cap. 3. n. 17. Refende in Orat. ad Acad.
Conimb. o intitula Confultorum confultiffimo.
Cardozo Sylvar. lib. i. Epifiol. 10. ad Acad.
Ulyjfipon. Doãores. Tom. 11.
Proximus exoritur cythará haud leviore canendus
Gonfalus noflri fax fulgentijjima regni
Seu IsSges, aut jura docet, feu differit ipfe
Seu Cygiea monens refonanti guttura você
Pulpifa confcendit legum ut penetralia pan-
dat. (árc.
Ergo Cafarei lampas nitidijjima júris
Inclyte Doãor ave non conceffure Ucurgo;
Optime Doãor ave pátria, tuifque fupremum
Allature decus.
A efte armonico aplauzo correfponde
com igual melodia o grande Ayres Bar-
bofa Antimor. foi. 29.
Aonias inter Dominas, cum forte federei
Cynthius auratâ concineretque Lyra.
Aonium ad neãar venit Gonfalus: at illum
Ut vidit Pbabus, Pieridumque chorus.
Ajfurgens inquit, divini Confcie Júris
Júris, (& bumani cedo Poeta tibi.
Dignus es ut capias primos Heliconis honores
Poft hac Pierios tu moderare viras.
Compoz.
Commentaria in Infortiatum. M. S. Efte
volume que era de jufta grandeza con-
fervava como preciofo Thefouro o Doutor
Francifco de Caldas Pereira.
Commentaria ad Ordin. Keffas. M. S.
Defta obra faz mençaõ Manoel Barbofa
Kemif. ad Ordin. lib. 4. Tit. 92. onde
intitula infgne a feu author.
GREGÓRIO AFFONSO filho de
Pays nobres, e criado da Caza do Illuf-
triíTimo Bifpo de Évora D. Affonfo de
Portugal de quem fazia muita eftimaçaõ
naõ fomente pela innocencia dos cuftu-
mes, como pelos dotes fcientificos, que
omavaõ o feu efpirito fendo o principal
a Poezia a que naturalmente era propenfo
como publicaõ as obras métricas, que fe
publicarão no Cancioneiro de Garcia de
Refende. Lisboa por Herman de Cam-
pos 15 16. a foi. 137. v.o 138. e 139. Os Arre-
negas, que começaõ.
Arrenego de ti Mafoma
E de quantos cr em em ti. 'J
Que fahira no Cancioneiro affima alle-
gado foy reimpreíTo. Lisboa por António
Alvres. 1Ó39. 4. e outras vezes.
4IO
BIBLIO THE CA
GREGÓRIO DE ALCÁÇOVA taõ
illuílre por nacimento, como iníigne pelo
efpirito poético de que liberal o ornou
a nature2a, e pulio a arte merecendo
fer aplaudido entre os Poetas Portugue-
zes por Jacinto Cordeiro EJog. de Poet.
I^ujit. Eftanc. 25.
A Gregório de Alcáçova pompofo
Por Jus ver/os el tiempo fe dilata
Que el ingenio y ejlilo numero/o
Eji altivos conceptos fe retrata &c.
Compoz muitas Poezias em diverfos
metros, que naõ lograrão o beneficio da
luz publica.
GREGÓRIO DE ALMEYDA. Ve-
ja-fe P. lOAM DE VASCONCELLOS
da Companhia de Jefus.
Fr. GREGÓRIO DE ANSAM natu-
ral da Villa do feu apellido fituada no
Bifpado de Coimbra, Monge Ciilercienfe,
e muito douto na Sagrada Efcritura, e
liçaõ dos Santos Padres. Efcreveo.
Sermoens in Evangelia totius atini. M. S.
foi. Conferva-fe na Livraria do Real
Convento de Alcobaça.
GREGÓRIO DE AREZ DA MOTTA,
E LEYTE naceo na Villa da Gollegãa
do Patriarchado de Lisboa a 9 de
Mayo de 1658. e foy filho de Manoel
de Arez de Vafconcellos Fidalgo da Ca-
za Real, e Joanna de Gouvea Leyte.
Foy muito verfado no eíludo da Hiftoria
Secular, e Genealógica, e naturalmente
inclinado à Poezia. Cazou cm 3. de No-
vembro de 1707. com fua Prima em quar-
to grão D. Ignez Maria Maldonado, e
Vafconcellos filha do Doutor Pedro de
Azevedo Maldonado, e D. loanna Guedes
Ribeiro. Falleceo na Villa de Torres No-
vas a 20 de Setembro de 1720. quando
contava 58 annos de idade, e jaz fepulta-
do na Santa Caza da Mifericordia cm fepul-
tura própria. Compoz.
Hiftoria dt Torres Novas. 4. M. S.
a qual levou para Évora feu Cunhado
Francifco Maldonado.
Noticias Hijloricas Chronologicas de tudo
o Jucedido em o mundo; maravilhas da natu-
ret(a, qualidades de plantas, e aguas. foi. 5.
Tom. M. S. o I. confta de 626. folhas;
o 2. de 600. e o 3. de 640.
Qualidades, e variedades de peixes, que
tem o mar. 4. M. S. 8.
Sentenças de Filofofos, e Santos Padres.
M. S.
Khetorica Portugue!(a. M. S.
Memorias Genealógicas das Famílias de
Are^, Gouveas, Maldonados, e outras, foi. M. S.
Duelos y v^elos hafen los hombres necios.
Comedia.
Trinta Novellas com diverfos Titulos.
Ejitreme:(^ das Donv^ellas.
Fr. GREGÓRIO BAPTISTA natural
da Qdade do Funchal Capital da Ilha da
Madeira. Na idade juvenil abraçou o infti-
tuto da regular obfervancia de S. Fran-
cifco em a Província de Catalunha donde
com faculdade Pontifícia paíTou para a mo-
nachal Religião de S. Bento veílindo a cogulla
no Convento de S. Sebaíliaõ da Qdade da
Bahia onde diftou as fciencias feveras aos
feus domeílicos alcançando fama de bom
letrado, e infigne Pregador. Dezejofo de
acabar a vida mortal onde principiara a
Religiofa voltou para a Ordem Seráfica alif-
tando-fe na Província dos Algarvcs onde
foy Lente da Efcritura, c Examinador das
Três Ordens Militares, e por haver uza-
do huas vezes do apellido de Baptiíla,
e outras de Furtado, e Mendonça o mul-
tiplicou em dous Nicolao António na hi-
bliotheca Hifpana. Tom. i. p. 415. Delle fe
lembraõ Joan. Soar. de Brito Theatr. Lth
fit. luiter. lit. G. n. 54. D. Francifco Ma-
noel de Mello Cart. dos A A. Portug.
Wadingo Script. Ord. Min. pag. 147. col.
2. Jacob. Lelong. Bib. Sacr. pag. mihi
624. col. 2. Fr. Gregório Argaes Perla de
Catalunha, p. 463. col. 2. Fr. loan. à D. Ant.
Bib. Francifcana. Tom. 2. pag. 26. col. 2.
vir fuit valde Jludiofus, ac Sacra Scriptura erudi-
tus interpres. Compoz.
Annotationes in caput XIII. Sacrofanãi Chrijli
Evangelii Jecundum Joannem. Conimbricac apud
Nicolaum Carvalho. 1621. foi.
L USITANA.
411
SermaS pregado na Santa Ca^a da Mife-
ricordia de Coimbra na i. 6. fejra da Quarejma
do anno de 1621. Coimbra por Nicolao Car-
valho 1621. 4.
Primeira Parte dos Sermoens das Domingas
de todo o anno quadruplicadas. Lisboa por An-
tónio Alvres 1629. 4. Promete no Prologo
a fegunda Parte que conílava das Domingas
poft Epiptaniam. Terceira das Domingas pojl
Pafcha. Quarta das Domingas pofi Pentecofien.
Completas da Vida de Chrifio cantadas à
Harpa da Crut(^ por elle me/mo com difcurfos
predicáveis para as Tardes da Quarejma, e para
as Fejlas da Cru:^, de Nojfa Senhora, e do glo-
rio/o S. JoaÕ Bautijla. Lisboa por Pedro
i Crasbeeck ImpreíTor delRey 1623. 4. Sahio
efta obra traduzida em Caftelhano por Fr.
i Fernando Camargo Rrimita Auguftiniano.
I Perpinhaõ por Luiz Roure 1653. 4. e em
Italiano. Leaõ por Lourenço Arnaud, e
Pedro Borde 1670. 4.
Afjnotationes in Evangelia totius anni
tam Dominicarum, quam Vefiivitatum. Bar-
cinone ex Officina Petri de la Cavallaria.
1638. foi. No prologo delia obra diz
o author Pofi meãs in Caput. 13. Sacrofanãi
TBjfangelii fecundum Joannem annotationes
bis pralo datas; pofique meum vita Cbrifii
Completorium quater jam Typis excufum,
accipe humanijjime leãor Annotationum ad
totius anni Evangelia partem hanc primam,
quam fi ea animi aviditate, qua prafatas
hicubrationes accipifti; fecundam, (ò" tertiam
babebis quãm primum. Falleceo em Ca-
talunha depois do anno de 1640.
P. GREGÓRIO BARRETO natu-
ral da Villa de Cantanhede Titulo de
Condado em a Provinda da Beyra, filho
de Thome Francifco, e Maria Rodri-
gues abraçou o inílituto da Companhia
i de lESUS em o Collegio de Coimbra
a 22. de laneiro de 1685. para fer hum dos
feus grandes ornatos em as letras amenas,
e feveras. Diâiou Rhetorica no Colle-
, gio de Santo Antaõ de Lisboa, e em
Coimbra onde leo Filofofia, e Theolo-
gia em cujo magillerio manifeftou a pe-
netração do juizo, e vaílidaõ de efhido.
Foy Dezembargador na Cúria Patriar-
chal onde os feus votos eraõ refpeitados
por foUdos, e rcétiflimos. Falleceo em
o Collegio de Évora a 14 de laneiro 1729.
quando era ConfeíTor do SereniíTimo Senhor
Infante D. António. Delle fazem memoria
Franco Imag. da virtud. do Nov. de Coimb.
Tom. 2. pag. 618. e Fonfeca Ej^or. Glor.
pag. 432. Sendo Regente dos Eftudos do
Collegio de Santo Antaõ de Lisboa, com-
poz, e fahio fem o feu nome.
Nova Tuo^ca Conimbricenfis in fex traãa-
tus tribuitur. Primus dijferit de Procemialibus
Dialeãica. Secundus de Pradicabilibus, (à>' Pra-
dicamentis. Tertius de Interpretatione. Ouartus
de Priori refolutione. Qrnntus de Pofieriori
Kefolutione. Sextus de Topicis, & Elenchis.
UlyíTipone apud Antonium Pedrozo Galraõ.
1711. 4.
Venerabilis Patris Joannis de Brito capite
manibus (ò* pedibus pro vera Fide truncatur Epi-
^amma. Sahio impreíTo ao principio da
Vida defie Ven. Padre efcrita por feu Irmaõ
Fernando Pereira de Brito. Coimbra no
Real Collegio das Artes 1722. foi.
D. GREGÓRIO DE CASTELLO-
BRANCO terceiro Conde de Villanova,
e Sortelha, Senhor da antiquiíTima Ca-
za de Góes, e Guarda mór delRey, foy fi-
lho de D. Manoel de Caftellobranco Se-
gimdo Conde de Villanova, Confelheiro
do Eílado de FiHppe 2. e 3. do qual fe
fará mençaõ em feu lugar, e de D. Bran-
ca de Vilhena Senhora do morgado da
Povoa. Foy muito inílruido nas difcipli-
nas mathematicas de quem teve por Mef-
tre ao Padre Chriftovaõ Borri da Com-
panhia de lefus celebre profeíTor da Ma-
thematica publicando por fua ordem, e
diligencia.
Colleãa Afironomica ex doãrina P. Chrif-
tophori Borri S. J. de tribus calis Aerio, Syderio,
€>* Empyreo. UlyíTipone apud Mathiam Ro-
drigues 165 1. 4.
Manoel de Faria, e Souza lhe dedicou
o Retrato de Albânia 7. Poema da 2. Parte
da Fuent. de Aganippe cuja Dedicatória
começa.
A vós SeHor, que en tan vario efiudio
Del foi de la Noblet^a fois ornato &c.
412
B IB LIO THE CA
Na advertência ao dito Poema n. 2. lhe
faz grandes Elogios do feu eíludo, engenho,
juízo, e liberalidade. Ao meCmo Cavalhero
dedicou a 4. Parte da Fuent. de Aganippe,
que mandou imprimir à fua cuíla.
FR. GREGÓRIO DAS CHAGAS
natural de Lisboa Monge Benediftino Dou-
tor pela Univerfidade de Coimbra, e nella
Lente de Prima de Sagrada Efcritura de
que tomou pofle no primeiro de Outubro
de 1621. em cujo magifterio conciliou os
aplauzos de todos os Cathedraticos admira-
dos da vafta comprehenfaõ, e indefeflb ef-
tudo, que tinha da Theologia Pofitiva. Foy
Abbade do Collegio de Coimbra donde
fubio a Geral da fua monaílica Congregação
em o anno de 1626. lugar, que adminiílrou
anno e meyo por fallecer intempeíHvamente
no Convento do Porto a 31 de Outubro
de 1627. Foy Vicereytor da Univerfidadc
de Coimbra por fer transferido o feu
Reytor D. Francifco de Menezes ao Bif-
pado de Leyria. Fr. Leaõ de Santo Tho-
maz Bened. Ljijit. Trat. 2. Part. 2. cap.
23. §. 5. n. 17. lhe chama Pejfoa bem co-
nhecida por fua ^ande Keligiaõ, e letras.
Compoz.
De reconditis Divini verbi myfteriis in
Canticum Habacuc Propheta lucubrationes.
foi. M. S. Confervafe na Livraria de
S. Bento de Lisboa onde o vimos. Obra
( como efcreve Fr. Gregório Argais Veria
de Catai. pag. 464. §. 153.) que es por todos
títulos merecedora de falir a luv^ y que tenia
difpuejia para la imprenta.
Commentaria in Vijtonem Ifaia. foi.
M. S.
Commentaria in Vijtonem D. Pauli. foi.
M. S.
Breviarium Monajlicum. Conimbricse apud
Didacum Gomes do Loureiro. 1607. 8.
com as liçoens dos Noéhimos muito
mais abreviados de que as compuzera
Fr. Gregório das Chagas. Pouco tempo
uzou a Congregação defte Breviário,
introduíindo-fc outro reformado por
Paulo V. à inílancia do Cardial Roberto
Bcllarmino Proteftor da Religião Bene-
diâina, do qual agora fe uza.
Fr. GREGÓRIO DO ESPIRITO
SANTO naceo em a Freguczia de Santa
Chriftina diftante legoa, e meya da Villa
de Amarante em a Provinda de entre
Douro, e Minho a 4. de Março de 1648.
Quando contava a florente idade de 17 an-
nos deixou a amável companhia de feu Pay
António Teixeira Rebello, e profeíTou o
fagrado inílituto do Principe dos Patriar-
chas S. Bento em o primeiro de Novembro
de 1665. onde depois de diâar as fciencias
efcolafticas aos feus domeílicos, c receber
o grão de Doutor Theologo em a Univer-
fidade de Coimbra foy nella Lente da Ca-
deira de Efcoto a 26 de laneiro de 1714.
da Cadeira de Vefpora em o primeiro de
Outubro de 171 7. e de Prima a 19 de Feve-
reiro de 1721. Foy Geral da fua Congrega-
ção eleito no anno de 171 3. Falleceo em
Coimbra a 2 de Setembro de 1726. com
74. annos de idade, e 31 de Religião. Com-
poz.
Arte de Syllaba. 8. M. S. Confervafe
na Livraria do Convento de S. Martinho
de Tibaens.
Traãatus Tbeologicus de Peccatis. foi.
M. S. Foy diâado em a Univeríidadc
de Coimbra, e mereceo geral aplauzo.
GREGÓRIO DO ESPIRITO SANTO
natural da Qdade de Évora filho de Fran-
cifco Vidigal, e Maria Thomè. Recebco
o habito Canónico da Congregação de
S. loaõ Evangeliíla no Convento de S.
Bento de Enxobregas a 22 de Março de
1695. Aplicou-fe com particvilar difvelo ao
eíhido das fciencias feveras compondo.
Curfus Phylofopbicus. foi. M. S. o
qual fe conferva na Livraria do dito
Convento, e eftá prompto para a imprcf-
faõ.
Fr. GREGÓRIO DE FIGUEYROA
naceo em a Villa de Viana fituada na
Provincia de Entre Douro, c Minho
a 14 de laneiro de 165 1. onde teve por
Pays a António Pereira Lobato, e Anna de
Villasboas ambos da principal nobreza
daquella Villa. Quando contava 14 an-
nos de idade recebeo no Convento de
I
L USITAN A.
4i3
S. Salvador de Rendufe a cogula mo-
naftica do grande Patriarcha S. Bento
a 19 de Abril de 1665. A agudeza do
juizo com a felicidade da memoria veloz-
mente concorrerão para os agigantados pro-
greflos, que fez na carreira dos Eíhidos
merecendo fer numerado entre os Douto-
les Theologos da Academia Conimbricenfe
onde por muitos annos foy Opoíitor às
Cadeiras com grande credito da fua littera-
tura. Foy Abbade do G^nvento de S. Mar-
tinho do GDuto de Cucujaens, S. Bento
da Vitoria do Porto, e S. Tyrfo de Riba
de Ave, e Procurador Geral na Corte de
Lisboa onde adquirio multiplicados aplau-
.20S pelos Sermoens, que recitou nos mayo-
res púlpitos concorrendo a formar-lhe o
auditório as peíToas da primeira lerarchia,
€ da mais profunda erudição, admiradas da
delicadeza dos penfamentos, como da elegância
das palavras. Falleceo no Convento de Ti-
baens a 28 de Dezembro de 1709. quando
contava 58 annos de idade e 34 de Religião.
Tinha prompto para a impreflaõ.
Sermoens vários 2. Tom. dos quais fomente
fe fez publico o feguinte.
Sermaõ da Terceira Dominga do Advento
pregado na Sé de Coimbra. Coimbra por
Jozeph Ferreira impreíTor da Univeríidade
1682. 4.
GREGÓRIO DE FREYTAS naceo em
a celebre Villa de Setúbal a 9 de Mayo de
1701. fendo filho de Leandro de Freytas,
e Domingas dos Santos. Defde os primei-
ros annos cultivou a Hçaõ dos livros da
qual colheo huma perfeita noticia de todas
as fciencias, e Faculdades concorrendo para
eíla taõ vafta inílruçaõ a boa inteUigencia
das linguas Latina Franceza, Italiana, e Caf-
telhana. Com igual defpeza, que efcolha
tem formado huma grande Livraria a qual
certamente he a mais feleâa, que tem a fua
pátria, compofla de livros raros conduzidos
dos Reynos eílranhos. Efcreveo.
Catbalogo dos Jogeitos naturaes de Se-
iuhal, que a tem ennohrecido com os feus
ejcritos, e compoji^oens. No fim tem hum
Index dos Santos, e Pejfoas virtuojas, e
outros varoens infigrus naturaes da me/ma
Villa. Deíle Cathalogo, que feu Authof
me remeteo em 2 de Abril de 1743. extrahi
varias noticias para a Bibliotheca Lufitana,
que fempre fe confeflará agradecida a inda-
gação da fua laboriofa penna.
Hijloria da Academia Problemática de
Setúbal, que principiou em ^o de Junbo de
1721. foi. M. S.
Hijloria da Villa de Setúbal. Nefla obra
trabalha prefentemente com grande difvelo
para lhe dar o ultimo complemento.
Fr. GREGÓRIO DE lESUS natural
de Lisboa filho de Paulo Coelho, e Simoa
dos Santos profeííou o iâgrado inftituto
de Carmelita calçado no Convento pátrio
a 13 de Junho de 1644. Teve natural pro-
penfaõ para o eíhido das fciencias Efcho-
laílicas, que diflou aos feus Religiofos, e
depois fe graduou Doutor pela Univerfi-
dade de Coimbra. Foy Qualificador do
Santo Officio, Examinador das Três Ordens
Militares, e do Priorado do Crato, Prior
do Convento de Lisboa, e Provincial eleito
a 6 de Abril de 1681. de cujo lugar arrebata-
damente o privou a morte a 25 de laneiro
de 1682. laz fepultado no Cemeterio novo
do Convento de Lisboa com honorifico
Epitáfio. Por fer profundamente douto na
Sagrada Theologia como em Direito Pon-
tificio era frequentemente confultado
em matérias gravifllmas fobre as quais
compoz Pareceres doutiíTmios, que alguns
fe confervaõ M. S. na Livraria do Con-
vento do Carmo de Lisboa como efcreve
Fr. Manoel de Sá Mem. Hifi. dos E/crit.
da Prov. do Carm. de Portug. cap. 42.
pag. 188. n. 268.
V. GREGÓRIO LOPES naceo na
Villa de Linhares do Bifpado de Coim-
bra a 4. de lulho de 1542. Foy quarto filho
pela ordem da natureza, e primeiro por
beneficio da graça, que tiveraõ feus Pays
Paulo Lopes, e Maria Affonfo do Pom-
bal igualmente pios, que nobres. Logo
na infanda deu a conhecer os infignes
dotes do feu efpirito formando os cara-
âeres com tanta perfeição, que pareciaõ
impreíTos, e fallando puramente a lingua
414
BIB LIO THE CA
Latina fem a ter aprendido. Quando eílava
na florente idade de i6 annos movido de
fuperior impulfo fe auzentou da Caza de
feus Pays para a Cidade de Valhadolid onde
naquelle tempo aíTiília a Corte Caftelhana,
mas como o feu génio aborreceíTe o tumulto,
e faufto mundano paflbu às índias Occiden-
taes naõ para acumular riquezas, mas pata
diftribuir prodigamente pelos pobres tudo
quanto pofluia defpojando-fe dos próprios
veftidos cm a Qdade de Vera Cruz donde
partio para México. Pouca foy a demora
que fez neíla Cidade pois o feu efpirito pro-
curava a folidaõ para totalmente fe dedicar
à contemplação das delicias celeíliaes até,
que penetrou o Valle de Amayac entre os
Chichimecos, e depois de tolerar confian-
temente varias afrontas da petulante liber-
dade dos foldados Efpanhoes, que hiaõ
cativar os índios, edificou naquelle lugar
huma caza de barro onde veflido de faço, e
cingido com huma corda fazia vida Erimi-
tica fervindo-lhe as ervas do Campo de ali-
mento, e huma pedra de cabeceira. Nefle
folitario domicilio era continuamente afTal-
tado pelo inimigo comum com diverfas
fugefloens das quais heroicamente trium-
fava pronunciando Fiaf Volmtas tua ficut
in calo, et in terra, cujas palavras chegou
a repetir todos os inílantes que refpi-
rava pelo efpaço de 3 annos. Defla foli-
daõ pafTou para a de Guafleca onde aplicado
quatro horas ao eíhido da Efcritura alcan-
çou perfeita intelligencia dos feus mais pro-
fundos myflerios chegando a recitar de me-
moria os quatro livros da Hifloria dos Reys,
os dous dos Machabeos, e a repetir o livro,
capitulo, e numero da matéria, que conti-
nha hum, e outro Teflamento. Depois de
padecer huma grave infermidade em que
foy charitativamente aíTiflido pelo Bene-
ficiado loaõ de Mena querendo fugir da
eíUmaçaõ, que da fua pefToa faziaõ os
índios, e Hefpanhoes, partio para a Villa
de Atrifco onde fendo acuzado pelo in-
difcreto zelo de alguns Regulares ao Ar-
ccbifpo de México D. Pedro de Moya, e
Contreras, e examinando com circunfpe-
çaõ o feu procedimento foy declarado por
varaõ luílo, permitindo Deos que cm cre-
dito da fua innocencia fc convertefrem as
acufaçoens em apologias das fuás heróicas
virtudes. Obrigado das moleílias que pade-
cia fe recolheo ao Hofpital de Guaílapcc
onde afTiflio com incanfavel zelo a todos
os infermos, confolando huns, e confor-
tando outros para fazerem meritórias as
fuás tribulaçoens. Querendo fatisfazer às
repetidas inflancias de muitas peflbas dezc-
jofas de fe aproveitarem dos feus faudavcis
confelhos pafTou à Cidade de México, onde
atrahido do amor da folidaõ fe retirou ao
lugar de Santa Fé diílante 6 legoas daquella
Qdade e nella teve por companheiro ao
Padre Francifco Lofa, que obfervou, e efcre-
veo a fua vida fendo os exercícios delia comer
huma fó vez, dormir duas, ou três horas,,
e confumir todo o reflante do tempo em orar.
Cumulado de tantas virtudes paíTou a lograr
o premio merecido a 20 de lulho de 1596.
quando contava 54 annos de idade, e 33 de
Solidão. Foy fepultado o feu corpo, que
exhalava fuavifTimo cheiro, pela principal
gente da Cidade de México fazendo o Officio
da fepultura D. Alonfo da Motta, e Efcobar
Deaõ da Cathedral defla Cidade eleito Bifpo
de Guadalajara. Orou nas fuás Exéquias
o Doutor Fernando Ortiz de Hinojofa Có-
nego da dita Cathedral eleito Bifpo de Gua-
temala. Foy tresladado o cadáver em o 1
Março de 161 6 para o Altar mór do Con-
vento de S. lozeph de Carmelitas Defcal-
fas por D. loaõ Perez de Lucema Arce-
bifpo do México. Os prodígios, que obrou
depois de morto com que Deos quiz acre-
ditar as virtudes defle feu fervo impelliraõ
a Filippe IV. para que por carta efcrita de
Madrid a 5 de Mayo de 1636. à Santidade
de Urbano VIII. he pedifTe o coUocaíTe no
Catalogo dos Santos. Foy cfle venerável
Varaõ muito intelligente no fentido literal
da Efcritura Sagrada fendo confultado
por homens muito doutos na interpreta-
ção de muitos lugares dificultozos. Igual
noticia teve da Hifloria Ecclefiaílica, c
Secular relatando os fuceffos com tanta
diflinçaõ como fe fora a elles prezentc,
Foy infigne Aílrologo, Cofmografo, c
Geógrafo como moflraõ hum Mappa e
Globo, que fez, e delineou, em que fc
L USITAN A.
4i5
viaõ emendados muitos erros de outros
Authores. Da Anatomia, e Medecdna foube
taõ profundamente as Regras, que delias
■cfcreveo diverfos Tratados. Conheceo
claramente os interiores, difcemio fabia-
mente os efpiritos, e dirigio prudentemente
as conciencias. Teve juizo profundo,
comprehençaõ grande, e memoria taõ
feliz, que nunca lhe efqueceo o que huma
vez lhe encomendou. Todos os Prelados
das Diocefes das índias Occidentaes teJfte-
munharaõ com elegantes Elogios as vir-
tudes defte iníigne Varaõ, que fe podem
ler na fua vida efcrita pelo Licenciado
Francifco Lofa Cura da Cathedral de México
impreíTa d\ias vezes, e na fegunda addicio-
nada, a qual traduzio em Francez MonGur
Arnaud D'Andilly, e na lingua Portugueza
Pedro Lobo Corrêa Efcrivaõ da Contado-
ria Geral de Guerra, e Reyno onde evi-
dentemente moílra fer nacido Gregório
Lopes em a Villa de Linhares com o nome
de Pays, e Irmãos, que teve contra o en-
gano, que padeceo o Padre Losa efcrevendo
fer natural de Madrid de cujo erro foy fe-
quaz Fr. AfFonfo Ramon Chronifta Geral
da Ordem Militar da Mercê na vida, que
cfcreveo deíle fervo do Senhor, e fahio im-
preíTa em Madrid 1630. 8. Delle fazem
memoria Jorge Cardozo Agiol. iMJit. Tom. 2.
pag. 164. afirmando fer natural da Villa de
Linhares, e Morery Dicnon. Hijioriq. Verb.
Lopes Gregoire, e ultimamente com mayor
difufaõ o Padre D. António Caetano de
Souza A^ol. hMJitan. Tom. 4. pag. 233.
e 247. no Comment. de 29 de Julho
letr. C. Compoz.
Explication dei Apocalypfe. Eíta obra,
que fahio impreíía Madrid 1678. 4. man-
dou a Mageílade de FiUppe UI. que fe lhe
remetefle o Original, o qual foy aprovado
por Ordem da InquiQçaõ pela douta cen-
fura de D. Fr. Pedro de Agurto Bifpo de
Qbú, e de outros grandes letrados confef-
fando fer profunda a explicação, e erudita
a parafrafe, que fez aos Myfterios daquelle
livro do qual naõ deixando feu author co-
pia, e defaparecendo , o reformou fegunda
vez fem alterar a menor palavra.
Chronologia dos Tempos. Aí. S.
Tratado das Propriedades das Ervas. Foy
compoílo no Hofpital de Guaftapec, e fe
conferva com grande veneração em o Real
Convento da Encarnação de Madrid fun-
dado pela Raynha D. Margarida de Auífaria.
Carta efcrita ao Padre Francifco Lajfa
em que dá rezaõ porque compoz a Expli-
cação do Apocalypfe. Sahio impreíía
na vida do Author efcrita por Fr. Aflfonfo
Ramon a pag. 147.
P. GREGÓRIO LUIZ naceo na Villa
de Alpalhaõ em o Bifpado de Portalegre
fendo filho de Simaõ Inchado, e Maria Luiz.
Ainda contava poucos annos de idade quan-
do Deos o livrou de hum infortúnio, que o
podia privar da vida. Pela deligencia de
feu Tio Cónego na Cathedral de Portalegre
fe aplicou aos eftudos, e como neíla Qdade
fe dava principio ao Collegio dos Padres
Jefuitas fe afeiçoou tanto ao feu inítituto,
que depois de repetidas fuplicas foy adme-
tido ao Noviciado de Évora a 9 de Mayo
de 1610. Diâou dous annos Theologia
moral em o Collegio da Ilha de S, Miguel
onde erigio a Confraria de Noíía Senhora
da Vitoria, e lhe ordenou os Eftatutos para
fua direção. Abundante foy o fruto, que
colheo o feu apoílolico efpirito neíla Ilha
pregando aos feus habitadores conftema-
dos com os horrorofos efeitos, que fez o
fogo rebentando da terra em Ponta de Gar-
ça a 2 de Setembro de 1630. Defta Ilha
paíTou à Terceira a fer Reytor do Colle-
gio da Gdade de Angra em que deo prin-
cipio à Igreja, e augmentou as obras do
Collegio com a doaçaõ, que lhe fez o Chan-
tre da Cathedral Sebaíliaõ Machado de Mi-
randa. Mais prompto a obedecer de que
a zelar a própria faude navegou no anno
de 1638. para o Reyno de Angola em cuja
jornada fendo o navio entrado por Cof-
farios Olandezes padeceo diverfas molef-
tias até fer lançado na Ilha de San-Tiago
donde fe reítituio a Lisboa em 14 de
Dezembro de 1636. em huma Náo da
índia, que acafo chegara àquelle Porto em
que vinha embarcado o Conde de Li-
nhares D. Miguel de Noronha. Tendo
exercitado com louvável procedimento os
4i6
BIB LIO THE CA
lugares de Meílre dos Noviços em Évora,
Reytor do Collegio de Elvas, e companheiro
do Vizitador o Padre André de Moura fe
recolheo à Caza profefla de S. Roque onde
tolerando pelo efpaço de três annos com
admirável conílancia huma contraçaõ dos
nervos, recebidos devotamente os Sacra-
mentos expirou a 3 de lunho de 1660. Foy
homem (como delle efcreveo o Padre Franco
Imag. da Virt. do Colleg. de Coimb. Tom. 2.
pag. 747) em quem Jempre refplandeceo o v^elo
das almas, e dev^ejo de Jervir a Companhia
no que o ocupaffe até morrer, e no Ann.
Glor. S. I. in 'Lujit. p. 308. Vir fuit obe-
diência laude infiéis, ó' laborum ajfiduitate
indejeffus; eS>* in Annalib. S. I. in Ljíjit.
p. ^ij. n. 10. Compoz.
Vida da Venerável Madre Sor Violante
da AJcenfaõ religiofa no Convento do Salva-
dor de Évora filha de D. Gonçalo da Cofia
Armeiro Mor defie Rejno a qual morreo
a 2 de Fevereiro de 1640. e foy delia
feu Confeflbr, cuja obra efcreveo por
petição de huma irmaã da V. Madre
religiofa no mefmo Convento do Salvador.
Tratados Vários efpirituaes. M. S.
De ambas eílas obras faz memoria o Padre
Franco na Imag. da Virtude aíTima allegada.
Vida do P. Luiz Alvares da Companhia
de JESUS. M. S.
Delia extrahio noticias o P. Franco
para a que efcreveo defte V. P. como
afirma na Imag. da Virt. do Collegio de Coim-
bra Tom. I. cap. 76. n. 23.
GREGÓRIO DE S. MARTIM natu-
ral de Lisboa filho de Luiz Rodrigues,
e muito inclinado a Poefia Caílelhana
em que fez diverfas obras a fua Mufa.
Foy cazado com huma fobrinha do infi-
gnc Lope da Vega Carpio. Falleceo na
pátria e jaz fepultado na Parochia de S.
luliaõ com o feguinte epitáfio.
Aqui dentro ja:^ em fim
Aquelle taõ celebrado,
E Poeta Laureado
Gregório de SaÕ Martim.
Publicou.
El triumfo más famojo que hiv^ Lis-
boa a la entrada de D. Phelippe Tercero
d' E/pana, y Jegundo de Portugal. Lisboa
por Pedro Craesbeeck. 1624. 4. Poema
heróico, e coníla de 7 Cantos.
Todo lo nuevo aplav^e. Dedicado a D.
Affonfo Furtado de Mendoça Arcebifpo de
Lisboa, e Governador de Portugal. Lis-
boa pelo dito ImpreíTor 1628. 4. Confta
de diverfas Rimas.
Suceffos felices intitulados finev^as de amor.
Lisboa por Manoel da Silva. 1642. 4. Confta
de Endechas à Aclamação delRey D. loaõ
o IV.
GREGÓRIO MARTINS CAMINHA
natural de Lisboa, e Advogado da Caza
da Suplicação, e igualmente perito na fcien-
cia, especulativa, e praéHca da lurifpruden-
cia Civil, e Canónica. Compoz e dedi-
cou ao Príncipe D. loaõ filho delRey
D. loaõ o ni.
Forma dos libellos, e da forma das Allega-
çoens judiciaes, e forma de proceder no jui:(p fecu-
lar, e Eclefiafiico, e da forma dos contratos com
fuás gloffas, e cotas de direito. Coimbra por
loaõ Barreira, e loaõ Alvres 1549. 4. &
ibi pelos ditos Impreflbres. 1578. Braga
por António de Mariz. 1567. 4. Addicio-
nado por loaõ Martins da Cofta. Lisboa
por Pedro Crasbeeck. 1608. foi. & ibi pelo
dito Impreífor. 1621. foi. & ibi à cufta
de Francifco de Souza, e António Leite
Pereira 1680. foi. e Coimbra por lozeph
Antunes da Silva 1701. foi.
Delle faz mençaõ loan. Soar. de Brito
Theatr. Lufit. Litter. Ut. G. n. 55. cuja no-
ticia aflim defte author como da obra que
compoz foy oculta a Nicolao António.
GREGÓRIO MARTINS FERREIRA Li-
cenciado em a Faculdade dos Sagrados Câno-
nes, e elegante Poeta Vulgar como publicaõ
as duas feguintes Cançoens publicadas em o
anno de 1642. em que florecia, fendo o argu-
mento da Primeira.
Ao Excellentijfimo Senhor o Senhor D. Migfiel
de Portugal Bifpo de Lamego Embaxador Ex-
traordinário a Roma. Panegyrico. Começa.
Do mefmo tronco do graõ Key que agora
O f cetro tem da Lufa Monarchia &c.
A fegunda.
L USITAN A,
4^7
Ao llluftriffimo Pantakaõ Rodrigues Pa-
checo eleito Bifpo de Elvas Panegyrico. Co-
meça.
Felice Portugal, dito/a idade
Adonde refplandece hum Key prudente,
Que a fempre det^ejada liberdade.
Kejlituhio a todos igualmente. &c.
Sahiraõ ambas eftas Cançoens impref-
fas em Veneza 1642. 4. das qxoais confervo
hum exemplar.
D. Fr. GREGÓRIO NUNES CO-
RONEL Naceo em Lisboa onde teve
por Pays ao Doutor Leonardo Nunes Fiíico
Mòr, Fidalgo da Caza Real, e Cavalleiro
profeflb da Ordem de Chriílo, e Leonor
Coronel, e por irmaõ ao Doutor Ambro-
zio Nunes Cavalleiro da Ordem militar de
Chriílo de quem fe fez mençaõ em feu lugar.
Para fe inftruir nas letras amenas, e feveras
frequentou a Univeríidade de Salamanca onde
floreceo o feu agudo engenho com taõ acele-
rados progreíTos, que fervia de emulação
aos Meftres, e de enveja aos difcipulos de taõ
fapientiíTima paleftra. Ao tempo que contava
vinte, e outo annos de idade movido de fupe-
rior impulfo deixou os aplavizos académicos
que lhe vaticinavaõ exaltaçoens à fua peíloa,
e veftio o habito de Erimita Auguíliniano
em o Convento de Salamanca a 8 de Mayo
de 1576. e depois de alguns annos incorpo-
rado na Provinda de Portugal continuou
com indefeíTa aplicação os mefmos eftudos
que profeíTara no eltado fecular. Temerofo
de fer viítima do furor de Filippe 11. por
feguir as partes do Senhor D. António
quando pertendia fubir ao trono deíla Monar-
chia, fe auzentou com eterna faudade dos feus
patrícios para a Corte de Saboya onde naõ po-
dendo ocultarfe a fama da fua litteratura o
nomeou o Duque Carlos Manoel feu Prega-
dor. Naõ mereceo menor eílimaçaõ em a
Cabeça do Mundo elegendo-o por feu Con-
feíTor o Cardial Aldobrandino o qual fendo
aíTumpto ao Sólio do Vaticano com o nome
de Clemente VIII. o fez feu Theolo-
go, e Secretario da Congregação cele-
brada em Roma no anno de 1602. em
que fe difputou a matéria dos AuxiUos
entre a Religião Dominicana, e lefuitica.
27
A Santidade de Paulo V. formando das
fuás letras o mefmo conceito que feu Ante-
ceflor, o nomeou Bifpo de Horta Gdade da
Tofcana em a Provinda Romana cuja digni-
dade humildemente regeitou com o pre-
texto da fua idade incapaz de taõ grande
pezo, fuplicando ao Pontífice a conferiJTe
a Fr. HypoUto Fabriano Geral da Ordem
dos Erimitas de Santo Agoílinho. O Ponti-
fice naõ fomente lhe difirio à fuplica, mas
lhe coníignou em o anno de 1607. huma
penfaõ no mefmo Bifpado. No Capitulo
geral celebrado em Roma a 6 de lunho de
1620. foy eleito Definidor Geral onde fal-
leceo no anno de 1623. e naõ em Sardenha
como algvms erradamente efcreveraõ. Nas
fuás exéquias orou Fr. Nicolao Laurinories
Erimita Auguíliniano, cuja oraçaõ fe impri-
mio Roma 1623. 4. Celebraõ a fua memoria
Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 418.
col. I. Herrera Alphab. Augufiin. Tom. i.
pag. 304. Elfius Encom. Agujl. loan Soar de
Brito Theatr. Lujit. Utter. lit. G. n. 56.
Fr. Ant. à Purif. de Vir. Illujh. Ord Erimit.
D. Aug. lib. 2. cap. 9. Henao Scient. Med.
hijlor. propugnat. Eventil. 3. n. 112. Fr. Ant.
da Natívidad. Mont. de Cor. Mont. 3. Coroa
Unic. §. 6. n. 3. pag. 554. GraveíTon Hijl.
Ecclef. Tom. 8. pag. mihi 133. col. 2. Souza
Cathalog. Hiji. dos Bi/p. Portug. p. 159. Com-
poz.
De Vera Chrifti Ecclejia. Romae apud
Jacobum Lunam in Typographia externa-
rum linguarum. 1594. 4.
De Óptimo Keipublica Statu. ibi apud
eumdem Typog. 1597. 4. 2. Tom. Inc hoc
Traâatu (efcreve Crufenio Monafticum Augufiin.
Part. 3. cap. 46. ad an. 1608.) Jpirat ut tam
doãijjimus Theologus magnam cognitionem Scrip-
turarum, Sacra Theologia, utriufque júris, ac
bifioria univerja contra fenfa Machiavelli, (&
Antimachiavelli optime ofiendens quibus fieri po-
tefi, ut Republica beate, <Ò' Chrifiiano more fit
gubemanda.
No fim do 2 Tomo da Obra precedente
eftá a feguinte obra.
De Sacris Apoftolicis traditionibus liber
unus.
De Aíateriis in Congregatione de Auxi-
liis a^fatis. foi. M. S.
4i8
BIBLIO THE CA
Varia Confulíationes fpeãantes ad S. Offi-
cium. foi. M. S. Eílas duas obras que com-
prehendem dous grandes volumes fe con-
fervaõ na Bibliotheca dos religiozos Agof-
tinhos do Convento de Roma.
GREGÓRIO DE OLIVARES natural
do lugar da Raparia freguezia de S. Sebaíliaõ
de Sernache de bom Jardim termo da Villa
da Certaã onde foy bautizado a 20 de Março
de 1644. Teve por Pays a Pafchoal de Oli-
vares, e Leonor Jorge. Inftruido nas letras
humanas fe aplicou ao eftudo das fagradas
em que fez grandes progreíTos a fua prompta
capacidade. Foy Meftre Efchola da Cathe-
dral da Guarda, e Padroeiro da Capella
Mòr do Convento de S. lozé de Capuchos
de S. António junto da Villa de Sarnache.
Falleceo na pátria a 12 de lulho de 1709.
com 65 annos de idade jáz fepultado na Ca-
pella de que era Padroeiro. Compoz.
Cupido projirado, Amor profano defva-
necido, moftraje a real exijiencia do Amor,
e fua maravilhofa communicaçaÕ a toda a
nature:(a criada. Tratado moral. Lisboa
por Miguel Manefcal ImpreíTor da Sere-
niflima Caza de Bragança, e do Santo
Officio 1709. foi.
P. GREGÓRIO DE OLIVEYRA
filho de Gafpar Velho, e Maria Dias naceo
em a Cidade de Angra Capital da Ilha Ter-
ceira, e recebeo a roupeta da Companhia
de lESUS em o Collegio de Coimbra a 27 de
Novembro de 1576. Foy ornado de virtu-
des reUgiofas, que o fizeraõ digno dos mayo-
res lugares. Compoz.
Vida do P. Baltòe^ar Barreira da Com-
panhia de Jefus. M. S. Delia imprimio
grande parte o Padre António Franco Imag.
da Virtud. do Noi^. de Coimb. Tom. 2. liv. 4.
cap. 4. 5. e 6.
GREGÓRIO DE PINA UlyíTipo-
nenfe filho de Joaõ Moreira, e Magda-
lena de Payva. Quando contava defa-
feis annos de idade entrou em a Compa-
nhia de Jefus a 10 de Setembro de 161 3.
onde depois de fer Meftre de Rhetorica
no Collegio de Coimbra por juftificados
motivos a largou. Foy infigne Poeta Latino
cujo elevado furor fe admirou em Roma
todas as vezes, que fe publicava algumas
das fuás obras merecendo tal afefto do Pon-
tífice Alexandre VII. celebre Corifeo do Par-
naflb, que o remunerou com hum Canoni-
cato em a Cathedral de Évora de que tomou
poíle a 6 de Setembro de 16 j 8. Na Acade-
mia dos Generofos inftituida cm Lisboa
foy integerrimo Cenfor publicando entre
muitos Verfos, que fe dedicarão ao naci-
mento do Infante D. Pedro no anno de 1648.
que depois fubio ao trono de Portugal com
o nome de D. Pedro II. a feguinte obra.
Nupero Infanti Petro Emmanueli bene
ominatur famina JEgjptia ex Chiromantia,
<& Phyfiognomia. Ulyífipone apud Petrum
Crasbeeck 1648. 4. Confta de 52. Verfos.
Ad Alexandrum Pontif. Max. recens
eleãum. EJogium, Anagrammata, e>* EJogia.
Romae apud Ignatium de Lazzaris. 1655. 4.
Pompa Virgínea Magna Matri Laure-
tana N afarão in folio opera, eb* fludio Na-
tionis Picena pravio proteãore 'Emminètijftmo
Príncipe Cardinalí Palloto. Romíe apud
eumd. Typog. 1655. 4. Começa.
Qua nova Jlat curfús fácies, qua macbimo calo
JEmula? caleflefque dulci guttura cantus
Humanas mulcent aures &c.
Écloga in obitu P. Francifci de Men-
doça Lofgduni. Saõ interlocutores Daphnis,
Nemorofus, Amyntas. Sahio ao principio
do Veridarium P. Francifci Mendoca Lug-
duni apud Laurentium AniíTon 1649. ^'^^*
Começa.
Stellatus, quo Monda vagis Spatiatur
arenís.
In obitum Illuflrijfima D. D. Maria
de Attayde. Epitaphio, c hum Epigra-
ma. Sahio nas Mem. Fúnebres dedica-
das a efta Senhora. Lisboa na Offidna
Crasbeeckiana. 1650. 4. a foi. 78. v.o Fal-
leceo em a Qdade de Évora a 4. de Julho
de 1660.
GREGÓRIO DE PITA LOBO na-
tural da Villa de Caminha fituada na
Provinda de Entre Douro, e Minho,
e defcendentc de nobres progenitores.
L USITANA.
419
Foy dotado de taõ penetrante juizo, e pro-
funda comprehenfaõ, que fera frequentar
Univeríidades, nem ouvir Meíbres foy dif-
dpulo de íi mefmo efpeculando com con-
tinua aplicação as mayores dificuldades da
jurifprudencia aíTim Canónica, como Qvil
de que faõ irrefragaveis documentos.
Sinco Tomos de diverfas matérias Jurídi-
cas doutiíTimamente tratadas, os quais fi-
carão em poder de feu Sobrinho Sebaftiaõ
Pita como efcreve loaõ Franco Barreto
Bib. Portug. M. S. Compoz mais.
Alkgaçaõ de direito a favor da Cav^a
de Villa-real contra D. Carlos de Noronha.
Sahio impreflb conforme o referido loaõ
Franco Barreto.
GREGÓRIO DA SYLVA natural
da Cidade de Lisboa, e bautizado na
Real Parochia de S. luliaõ a 25 de Novem-
bro de 1662. fendo filho de Pafcoal Gomes,
e loanna Baptifta. Defde os primeiros annos
moílrou a boa Índole, que tinha para as
letras eíhidando as amenas na pátria, e cul-
tivando as feveras em a Univerfidade de
Évora onde recebeo o grão de Meftre em
Artes, e de Doutor na Sagrada Theologia.
Nas aulas foy ouvido com aíTombro, e nos
púlpitos com admiração cujo fagrado mi-
niílerio exercitou por toda a vida. Foy
Beneficiado nas Igrejas de S. Eílevaõ de Lis-
boa e de Santo André de Mafra fendo taõ
exemplar nos cuíhimes, como afável na
converfaçaõ. Falleceo em Lisboa a 2 de
Novembro de 1738. com 76 annos de idade,
e jaz fepultado na Parochial Igreja de San-
to Eftevaõ onde era Beneficiado. Publi-
cou.
Sermão na Canonit(açaÕ dos Santos Lmí^
Gonzaga, e Stanislao Kofka da Companhia
de Jefus pregado no Collegio de Santo
Antaõ em 29 de Julho de 1727. no terceiro
dia dejla Jolemnidade. Lisboa por Pedro
Ferreira 1728. 4.
Sermão da glorio/a Virgem, e Proto-
martyr Santa Tecla pregado rm P^al Iff^eja
de S. Juliaõ de Lisboa na Dominga 18
pojl Pentecojlen. ibi pelo dito ImpreUor.
1729- 4.
SermaÕ na Degollaçaõ de S. loaÕ Bau-
tijla pregado no Mofieiro de Santa Mónica
de Usboa. Lisboa pelo dito ImpreíTor.
1729. 4.
SermaÕ da gloriojijftma Virgem Senhora
Nojfa Maria SantiJJima exaltada à digni-
dade fuprema de AÍÕy de Deos no dia da En-
carnação do Divino Verbo pregado na Santa
Sé de Usboa Oríental em z^ de Março de
1730. Lisboa na Offidna Auguítíniana.
1730. 4.
SermaÕ do glorio/o Patríarcha S. lo^eph
Efpos^o da Mãy de Deos pregado na Sé de Usboa
no anno de 1732. Lisboa por Miguel Rodri-
gues, 1732. 4.
SermaÕ de S. Thome Apojlolo pregado na
Santa Sé de Usboa no anno de 173 1. Lisboa
por Pedro Ferreira ImpreíTor da Raynha
NoíTa Senhora 1733. 4.
GREGÓRIO SYLVESTRE naceo em
Lisboa a 3 1 de Dezembro de 1 5 20. fendo filho
do Doutor Joaõ Rodrigues Medico delRey D.
Joaõ o in. e de D. Maria de Meza natural da
Gdade de Cadiz. Quando contava a tenra ida-
de de fete annos o levou feu Pay para Caílella
acompanhando com o lugar de Medico a Se-
reniíTima Infanta D. Izabel quando fe hia def-
pozar com o invidiíTimo Emperador Carlos
V. Tanto, que cumprio quatorze annos foy
admetido ao ferviço do Conde de Feria em
cuja caza fe congregavaõ os mayores enge-
nhos poéticos entre os quais fe diítínguia
Garcia Sanches de Badajos de quem depois
foy fiel imitador principalmente na compo-
fiçaõ das RedondiUias. Sendo já celebrado
o feu nome pela deílreza, e fuavidade com
que tocava Orgaõ por cujos dotes foy provido
em primeiro Organiíla da Cathedral de Gra-
nada, ainda dilatou mais exteníamente a fua
fama por inventor dos Verfos de doze pês
muito mais pompofos, e elegantes, que os de
onze praétícados por loaõ de Mena, e Bof-
can, cujo armonico invento celebra feu afe-
duofo amigo Luiz de Barahona do Soto
em huma carta dizendo-lhe.
Y que per los Verfos desligados
De la Bfpanola lengua, e Italiana
Seran con la medida encadenados
Deveros ha de aqui la Caflellana
420
BIBLIO THECA
Mas que la Griega deve ai claro Homero,
Y ai Ínclito Virgilio la Komana.
Pelo elevado efpirito da fua Mufa, e ju-
diciofa promptidaõ dos feus apothegmas
conciliou as eftimaçoens de D. AfFonfo Por-
tocarreiro filho do Marquez de Villa nova,
D. Afíònfo Vanegas, e do Marquez de Vi-
lhena aos quais celebrou com varias Poezias.
Sempre confervou erudito comercio com
Diogo de Mendoça, D. Fernando da Cunha
intitulado Honra da Poe:(ia de E/pana, Joaõ
latino doutiíTimo nos idiomas Grego, e
Latino, e lozeph Taxardo iníigne nas dif-
ciplinas Mathematicas, e linguas Orientaes.
A natureza, que liberalmente o ornou dos
dotes pertencentes ao efpirito, foy fumma-
mentc avara nos que refpeitaõ ao corpo
parecendo pela defproporçaõ da Symetria,
e deformidade do rofto mais monílro de que
homem como iinceramente o pintou Luiz
de Barahona com eftas cores poéticas.
Salijles por el mucho fuego adufto
Y por labrar el animo excellente
Dexò de monjiruo el cuerpo tan robujlo
Cabello caji crefpo y ancha frente
Sin rcr^a tranfverfal con una ocura
Por entre ceja y ceja fola mente &c.
Foy cazado com D. loanna Cazorla y Pa-
lencia de quem teve numerofa defcendencia,
que naõ degenerou do talento de feu Pay.
Falleceo em a Cidade de Granada no anno
de 1570. com 50 de idade. laz fepultado no
Convento dos Carmelitas. Seu amigo Pedro
de Cáceres, e Efpinofa lhe compoz o feguinte
Epitáfio para fe lhe gravar na fepultura.
El que en dulce Poejia
Fue mas famofo en la tierra
Que quantos el Cielo cria
Su cuerpo aora fe encierra
En aquefla piedra fria.
Altas Mufas poderofas
Sobre fu fepulchro amado
Derramad perlas preciofas
Pues en el eflá guardado
Qmen os hifo tan famofas.
Celebres efcritores eternizaõ com di-
vcrfos Elogios a fua memoria. Lourenço
Gracian Art. de Ingen. Difc 28. lhe cha-
ma ingeniofo Portuguev^. Nicol. Ant. Wib.
Hifp. Tom. I. pag. 418. coL 2. inter aqua-
les fui temporis non mediocris exifHmationis
Poeta fazendoo erradamente natural de
Badajos. Manoel de Faria, c Souza Prolog,
da I. Part. da Fuent. de Aganip. n. 10. loaõ
Soar. de Brito Theatr. Eujit. Liter. lit. G.
n. 57. Lope de Vega Carpio Laurel de Apollo.
Sylva 2.
J2ue el antigo Sylvefhe
Bafla que folo mueflre
El ff^an nombre, que tuvo 1
Quando en la cumbre dei Parnaffo efluvo.
Sahiraõ as obras defte grande Poeta com
efte titulo.
Eas obras dei famofo Poeta Gregório Sylvefhe
recopiladas, y recogidas por deligencia de fus bere-
deros y de Pedro de Cáceres, y Efpinofa. Lisboa
por Manoel de Lyra 1592. 12. Granada por
Sebaftian de Mena. 1399. ^•
Terno, que confiava de 100. Outavas cada.
Terno. O i. Tratava da Payxaõ de Chriflo.
2. da Decida ao Limbo. 3. da AfcenfaÔ ao Ceo.
Por naõ eílar eíla obra perfeitamente acabada
a mandou o author reduzir a cinzas.
Vários Vilhancicos, e Entremev^es para a
Cathedral de Granada cujas obras compu-
nha por obrigação de fer o primeiro Orga-
niíla defta Igreja.
Arte de efcrever por Cifra. M. S. Defta
obra faz mençaõ o feu amigo Luiz de Ba-
rahona na carta, que lhe efcreveo.
Ay outra f ciência antigua en que fe ef crive
Occultas cofas de fecreto dignas
De dò provechos grandes fe recive
La qual de cifras confia clandejlinas.
De quien formafie arte, que es baflante
A declarar las bofas Sybillinas
Tan clara tan fubtil, tan elegante
Que os prueba por primero, y fin fegundo
En los de atrás, de aora, e de adelante.
GREGÓRIO SOARES DE BRITO
natural da Villa de Monfaõ no Arcc-
bifpado de Braga nobre por nacimento,
e muito perito na Arte miUtar aíTim thco-
rica como praólica de que deu illuílres argu-
mentos naõ fomente quando ocupou os
poftos de Capitão, c Sargento mór, mas
publicando.
Tratado da Tbeorica, e praãica da
ffierra do mar, e terra. Offerecido a D. loaõ
L US l TAN A.
42 r
de Soíft(a Alcayde mór da Villa de Thomar.
Lisboa por Paulo Crasbeeck 1642. 8.
Breve difcurjo, e Tratado das Râgras mili-
tares obfervadas por muitos praãicos, e vale-
rofos foldados. Offerecido a Femaõ Telles de
Meneses Commendador das Commendas de S.
JoaÕ de Moura, e da Villa de Albufeira. Lis-
boa pelo dito ImpreíTor 1644. 4.
Fr. GREGÓRIO TAVEYRA natural de
Lisboa filho de Pays nobres Francifco Peres
Vieyra, e D. Leonor de Aguiar. Profeflbu
o inílituto da ordem militar de Chriílo em
o Real Convento de Thomar a 8. de Se-
tembro de 1594. onde depois de Prior do
Collegio de Q)imbra, e do Convento de
NoíTa Senhora da Luz em os fuburbios de
Lisboa foy eleito Geral a 22 de lulho de
1635. Obfervou com exacçaõ todas as virtu-
des próprias do feu eílado, fendo taõ amante
da pobreza que querendo feus parentes
fazer-lhe Tença com que pudeíTe paíTar com-
modamente, o naõ confentio afirmando naõ
neceíTitar de outro fubíidio mais do que lhe
dava a Religião. Falleceo com fumma pie-
dade no Real Convento de Thomar em o
anno de 1654. quando contava 79 de idade,
e 54 de Religião. Foy Qualificador do Santo
Officio, Pregador de fama, e muito verfado
na Theologia Myftica como teílemunhaõ
as obras feguintes.
Fugida do mundo para Deos pela efcada
da Penitencia pela qual fobio David penitente,
e deixou facilitada nos pecadores em fete de^aos
fi^ificados nos fete Vfalmos Venitenciaes repar-
tidos pelos fete dias da femana. Lisboa por
Pedro Crasbeeck 1619. 8. & ibi pelo dito
ImpreíTor 1624. 8. & ibi por António Ro-
drigues de Avreu 1675. 8. ibi por loaõ Gal-
raõ 1676. 8. e Coimbra por lozeph Antu-
nes da Sylva. 1709. 8.
Sermão da Fé em a visita, que fe /^^
por parte do Santo Officio em Thomar, e feu
diflricío em o i. de Janeiro de 1619. Lis-
boa por Pedro Crasbeeck ImpreíTor del-
Rey 1619. 4.
Sermaõ na quarta Feyra depois da Quar-
ta Dominga da Quarefma na Capella
anno de 1623. Lisboa pelo dito ImpreíTor.
1623. 4.
Sermaõ em gloria, e exaltação do San-
tijffimo Sacramento por ocafiaÕ do cafo de Santa
Engracia no Mofieiro da Lu^ ^ ^^ ^^ Prior
a ^. de Mayo de 1630. Lisboa pelo mef-
mo ImpreíTor 1630. 4.
Kegalo de contemplativos, e Theologos com
algumas advertências de como fe haÕ de haver na
exame das Kevelaçoens, que tiverem. Lisboa
por Manoel da Sylva. 1639. 12.
Mantimento da alma. Lisboa por Pedro
Crasbeeck. 1647. 8.
Subida para Deos pelo monte das fau-
dades de duas almas, huma do Jujlo por ar-
dentes desejos da fua vifla; outra do pecador
redundo figurado no Pródigo por fentimento
dos bens, que perdeu por fe apartar de feu
Pay celeflial repartida em fete jornadas para
fe frequentarem efpiritualmente nos fete dias
da femana. Lisboa por Domingos Lopes
Roza. 1650. 8.
Via Cali repartida em três jornadas.
A primeira do Horto em feguimento de Chrifla
prefo até o monte Calvário. Segunda do pé
da Crut(^ até o alto do mefmo pela efcada
da penitencia. Terceiro do trono da Cru:^^
até o alto da gloria pela via regia de hum
Jardim de virtudes preparado para refeição
efpiritual da alma, que vay continuando o
caminho da penitencia.
Vida de Santa If^abel Rajnha de Portugal.
Eílas duas obras fe confervaõ M. S.
na Livraria do Real Convento de Tho-
mar. Do author fe lembraõ loan. Soar.
de Brito Theatr. iMfit. Uter. lit. G. n.
59. e D. Francifco Manoel Carta dos AA.
Portug. ao Doutor Themudo.
GUALTER PEREYRA DE AN-
DRADE natural da Cidade do Porto, e
Presbítero do habito de S. Pedro efcreveo
com eftilo devoto.
Panegjrico em redondilhas ao Thauma-
turgo Catalão S. Salvador de Horta. Lisboa
na Officina da Mufica. 1726. 4.
Fr. GUIDO DE LEYRIA natu-
ral da Cidade do feu apellido Monge
Ciftercienfe, e muito verfado no eíhido
da Sagrada Efcritiura, e intelligencia dos
Santos Padres compoz.
422
BIBLIO THE CA
Expojitio in Pfalmos David. foi. cotifer-
va-fe na Bibliotheca do Real Gjnvento
de Alcobaça. M. S.
GUILHERME DE AGUIAR DE
AZEVEDO natural de Lisboa, e na
mefma Cidade Efcrivaõ dos Aggravos,
muito intelligente nos preceitos da Ora-
tória, e Poética fendo em diverfas Aca-
demias aplaudido o feu nome, ou foíTe
CoUega, ou Meílre em taõ eruditas So-
ciedades. Traduzio da lingua Caílelhana
do Padre Martim da Roa da G)mpanhia
de lefus em a materna.
EJiado das almas do Purgatório, e do
modo com que podem, e devem fer ajudadas
para fahir das fuás penas com varias medi-
taçoens de Jeus tormentos. Lisboa por Mi-
guel Manefcal. 1701. 8.
No principio defta acrecentou o Tradutor.
Trifte^as de hum peccador na falta da
^raça divina. He huma Cançaõ de 12
ramos e
Quarenta Outavas f aliando a Chrijlo Cru-
cificado hum pecador na agonia da morte.
Promete no Prologo varias obras aífim em
profa, como em Verfo a diverfos AíTumptos,
que foraõ lidas nas mais celebres Academias.
Faz delle mençaõ entre os Poetas Portu-
guezes o Padre António dos Reys Enthuf.
Poet. n. 224.
Trifles.
Numen ob offenfum gemitus Aguilarius edit.
Fr. GUILHERME DE BUARCOS
natural da Villa maritima do feu apellido
fituada fete legoas de Coimbra em a
Província da Beyra. Foy Monge Ciíler-
cienfe, e infigne Efcriturario, como ma-
nifefta a obra, que fe conferva M. S.
na Bibliotheca do Real Convento de
Alcobaça com o feguinte titulo.
Glojfa in Pfalmos Davidicos. foi.
GUILHERME HGUEYRA Prefbitero,
e Capellaõ da ExcellentiíTima Marqueza de
Alenquer Camareira mór da Sereniffima Ray-
nha D. Maria Sofia Izabel de Ncoburg. Foy
muito inclinado ao eíhido da Genealogia cm
que fez grandes progreíTos a fua aplicação
addicionando com eruditas noticias.
Dous Tomos de Familias Illujires dejle
Rejno em que tinhaõ trabalhado os gran-
des Genealogiílas D. António de Lima,
D. Luiz Lobo, e António das Povoas. Eftcs
dous volumes deixou a Senhora Marqueza
de Alenquer a D. Pedro António de Noro-
nha I. Marquez de Angeja em cuja livra-
ria os vio muitas vezes o Padre D. Antó-
nio Caetano de Souza como afirma no Ap-
parat. à Hifl. Gen. da Ca:^a Real Portug. pag.
159. §. 161.
GUILHERME JOSEPH DE CAR-
VALHO BANDEYRA Capitão de huma
das Companhias Auxiliares de que he
Meílre de Campo Coronel Martim Paça-
nha na Praça de Setúbal. Naceo em Lis-
boa a 17 de Agofto de 17 14. onde teve
por nobres Pays ao Capitão António Gui-
lherme de Carvalho Bandeira, e D. Fran-
cifca Maria Anjos de Moraes Cabral fendo
igualmente inftruido nos preceitos da Poc-
zia, como da Hiftoria. Compoz.
Vot^^es do Temor, eccos da verdade. GloíTa
a hum Soneto, que começa. Naõ defejes
mais honras, que as Virtudes. Lisboa por
lozeph Corrêa de Lemos 1741. 4.
Vida do Illuflrijfímo, e Keverendiftmo
Senhor D. Affonfo de Caftello-hranco Bifpo
de Coimbra. Efta Obra, que tinha quazi I
acabada no anno de 161 6. o Doutor
loaõ de Almeyda Soares parente de Gui-
lherme lozeph de Carvalho Bandeira, a
reduzio a milhor forma, e eílá prompta
para a impreíTaõ.
Diário Hijiorico, Critico, e Cbronolo-
ffco dos fucejfos mais memoráveis de Por-
tugal, e fuás Conquifias dividido em 12 Tom.
Aí. S.
Tratado do defcubrimento da Ijon^tude. Aí. J.
Memorias das Familias de Portugal, e Caf-
tella Aí. S.
Fr. GUILHERME DE S. MARIA
natural de Lisboa filho de D. Fernsmdo
de Noronha 11. Conde de Linhares Mor-
L USITAN A.
425
domo mór da Raynha D. Catherina mulher
delRey D. loaõ o III. Embaxador a França,
e de D. Violante de Andrade filha de Fer-
nando Alvres de Andrade Efcrivaõ da Fa-
zenda do mefmo Príncipe. G)m heróico
defprezo quando contava 20 annos de idade
preferío as mortificaçoens do Clauftro às
delicias da fua illulire Caza profeíTando o
inítituto de Erimita Auguftiniano no Gan-
vento pátrio de NoíTa Senhora da Graça
a 22 de Outubro de 1570. A grande pru-
dência de que era ornado, o ícz digno de
fer Reytor do Collegio de Coimbra, Pro-
vincial eleito no anno de 1594. e Vizitador
Geral da Província por patente de Oâavio
Acoromboni Núncio Apoftolico nefte Rey-
no paíTada a 6 de lulho de 161 5. Falleceo
a 7. de laneiro de 1634. com 84. de idade,
c 64 de ReHgiaõ. Compoz.
Expojitiones in VIU. libros 'Phyficorum imã
cum Simonis de Vifitatione in libros Meteorum,
€>• de Calo Commentariis. Urfellis 1604. 4.
Delle fe lembraõ Nicol. Ant. Bib. Hifp.
Tom. I. pag. 420. col. i. Elíius in Ejicom.
Auffiftin.
Fr. GUILHERME DE S. MARIA natu-
ral da Cidade de Tavira em o Reyno do Al-
garve, e hum dos infignes varoens da Con-
gregação dos Agoílinhos Defcalfos cujo inf-
tituto profeíTou a 12 de Mayo de 1672. A ca-
pacidade do talento, e prudência do juizo
lhe conciliarão diílintas eftimaçoens principal-
mente do IlluílriíTimo Arcebifpo de Lisboa D.
António de Mendoça, que fempre o con-
fultava nas matérias mais graves. Com gran-
de obfervancia adminiílrou os Priorados dos
Conventos do Porto de Mòs, e de Monte-mór.
Retirado ao Hofpital Real de Loulé paíTou
de caduco a eterno. Como era muito verfado,
e intelligente em as notícias da fua Congre-
gação fundada pelo V. Padre Fr. Manoel da
Conceição efcreveo por fua ordem.
Chronica da Congregação dos A.gofiinhos
Defcalfos do Keyno de Portugal 2. Tom.
M. S. O primeiro confta de 6 Uvros
que finaUzaõ no anno de 1671. em que
o Author entrou na Religião, O fe-
gundo comprehende 5 livros, que ter-
minaõ no anno de 1682. em o qual falle-
ceo piamente o V. Padre Fr. Manoel da.
Conceição. Acabou elia obra no anno de
1690. cujo Original confervaõ com a mere-
cida eílimaçaõ os ReUgiofos defte Inítituto.
Fr. GUILHERME DA PAYXÃO na-
tural da auguíla Cidade de Braga, e grande
credito da Familia Ciílercienfe onde depois
de profeíTo fe fez exemplar do eílado mo-
naftico. Ainda, que padecia continuas mo-
leíUas fempre uzou na cama, e veftidos inte-
riores de eftamenha, e o que he mais digna
de admiração o trazer fempre cingido o^
corpo com hum afpero cilicio. Pelo largo
efpaço de trinta annos nunca deceo à Cerca
para naõ ter ocaziaõ de violar o íilencio. Era.
mayor a fua habitação no Coro, que na CeUa
onde paíTava duas horas contemplando os
divinos atributos. Eftas heróicas virtudes
lhe conciliarão a veneração dos Reys, e
Prindpes do feu tempo diítínguindo-fe entre
elles o Cardial D. Henrique de quem foy
ConfeíTor féis annos o qual fendo Abbade
Geral de Alcobaça, e naõ podendo aíTiftir
impedido de achaques ao Capitulo, que fe
havia celebrar em o i de Mayo de 1579. o-
nomeou feu fubílituto por huma Provizaõ
efcrita em Lisboa a 17 de Março do referido
anno de cujas claufulas fe manifefta o grave
conceito, que formava da fua PeíToa. Con-
fiando eu da virtude, prudência, t^elo da Keligiaõ,
e bom exemplo de vida, e cofiumes do Padre
Fr. Guilherme da Payxaò Prior do dita
Mofleiro, e crendo, que fará bem, fielmente
como ao ferviço do Nojfo Senhor, bem da
dita Ordem, e defcargo de minha conciencia
tudo, que por mim lhe for cometido, e enco-
mendado com a inteireza, que convém, fem^
fe mover por refpeito algum particular coma
até qtà tem feito, lhe cometo minhas ve^^es &c.
Naõ foy menos aceito ao Cardial Al-
berto de Auílria quando governava eíle
Reyno cometendo-lhe à fua prudente dire-
ção a vizita, e reforma da Ordem Terceira
da Penitencia do Seráfico Patriarcha cuja
incumbência começando a 2 de Dezembro
de 1587. a concluio a 15 de Abril de 1588.
com grande credito do feu talento, e naã
m
424
BIBLIO THE CA
menor gloria daquella Religiofa Família.
Sendo elevado à dignidade de Geral al-
cançou novos aplauzos de prudente, e
vigilante na adminiílraçaõ de taõ grande
lugar. Pelo afeftuozo obfequio com que
venerava ao Príncipe da Milicia angéli-
ca S. Miguel lhe erigio em o Cruzeiro do
Convento de Alcobaça hum fumptuofo
Altar, e para naõ caducar na pofterida-
de a memoria de quem o tinha erigido
lhe gravou na parte fuperior Fr. Filippc
de Siaõ filho do grande Chronifta Da-
mião de Góes o feguinte dyílicho.
Guillielmus Ahhas cum Chrijli pajjio nomen
Hic dedit Altare dum Generalis erat.
Cumulado de virtudes, que excediaõ
o numero dos annos paíTou a lograr o pre-
mio eterno a 21 de Mayo de 160 1. Os Mon-
ges o fepultaraõ no mefmo lugar onde jazia
S. Domingos Martins Abbade, que fora
daquella Real Caza, e já eftá collocado em o
Oathalogo dos Santos. Delle efcrevem com
Elogios Fr. Bernardo de Brito Chron. de
Cifi. I. Part. liv. 5. cap. 22. Jongel. Notit.
Abbat. Ord. pag. 32. Vifch Bib. Cijlerc. pag.
156. Manriq. Annal. Cijlerc. Apend. i. lorge
Cardozo Agiol. iMfit. Tom. 3. p. 343. e
pag. 352. no Comment. de 21 de Mayo
letr. D. Nicol. Ant. hib. Hifp. Tom. i. pag.
240. col. 2. e Tom. 2. pag. 296. col. i. Fran-
ckenau Bib. tíifp. Gemai. Herald, pag. 168.
Compoz.
"Labyrintho efpiritml. Nefta obra trata
particularmente do Archanjo S. Miguel
de quem era fummamente devoto, e dos
Anjos onde moftra a grande fciencia neíla
matéria Theologica. Pela profunda hu-
mildade, que obfervava naõ defcubrio
o feu nome, e fomente diz fer compoíla
por Fr. Ninguém. Conferva-fe em Alco-
baça no Caixaõ das trcs chaves.
Chronica do Keal Convento de Alcobaça.
Cbmpofta no anno de 1582. foi. M. S.
Noticia das Fundaçoens dos Conventos
Àe Cifter em o Keyno de Portugal, foi. Aí.
S. Deftas duas obras faz mençaõ Fr.
Angelo Manrique Annal. Cijlerc. Tom.
2. ad an. Chriíli. 1147. cap. 17. n. 10. &
ad an. 1171. cap. 8. n. 11. & ad an. 1221.
cap. 9. n. 2.
Fr. GUILHERME DO VADRE na-
tural de Lisboa filho de leronimo do Va-_
dre, <t Maria Bacler. ProfeíTou o fagradc
inftituto da Ordem dos Pregadores no
vento pátrio a 16 de Novembro de 1645
onde aprendeo, e enfinou as fciencias
cholaílicas até jubilar na Sagrada Theol
gia. Foy dos mais infignes Oradores Evan-
gélicos do feu tempo. Falleceo em Lisboa
a 9 de Novembro de 1675. Publicou.
Sermão no Convento de S. Domingos de
Bemfica na fejla, que celebrou na Beatificação
do ff ande Jummo Pontífice Pio V. em o mez^
de Outubro de 1672. Lisboa por Francifco
Villela 1673. 4.
Delle fe lembra brevemente Fr. Pe-
dro Monteiro Claujlr. Dom. Tom. 3. pag.
227.
Sor. GUIOMAR DOS ANJOS na-
tural da Villa de Amarante do Arcebif-
pado de Braga, e Religiofa profefla no
Seráfico Convento de Santa Clara da fua
pátria onde floreceo pelos annos de 1592.
Foy obfervante do feu Inftituto fervindo
de exemplar às fuás companheiras das
quais querendo eternizar a memoria na
pofteridade efcreveo.
Memorial do Mojleiro de Santa Clara da
Villa de Amarante: contem as virtuojas me-
morias de muitas Keligiofas que nelle floreceraõ
com opinião venerável. M. S. foi.
Sor GUIOMAR DO DEZERTO na-
cco em Lisboa fendo fetima produção
de fecundo thalamo dos Excellentinimos
Condes de S. Lourenço D. Luiz de Mel-
lo da Sylva Senhor da Villa do Bifpo,
Alcayde mór de Elvas, Commendador
das Comendas de S. Tiago de Lobaõ,
e Pentalvos, c S. Salvador de loannc
em a Ordem de Chrifto, Vedor da Ca-
za das Sereniffimas Raynhas D. Maria
Francifca Izabel de Saboya, c D. Maria
Sofia; c de D. Filippa de Faro filha de
Bernardim de Távora Repofteiro mór, e
D. Leonor de Faro. Na eleição do Ef-
tado, que abraçou na primavera dos an-
nos deu a conhecer a madureza do juizo
com que liberalmente a dotara a natu-
LUSITANA.
425
reza fepultando heroicamente o efplendor
do feu nacimento em o Seráfico Qauftro
do Convento de NoíTa Senhora da Efpe-
rança de Lisboa onde profeíTou a 24 de
lunho de 1682. Nefta virtuofa efcola apren-
deo, e enOnou a mais rígida Obfervancia,
ou fofle como fubdita, ou como Prelada.
Igualmente foy iníigne na arte da Muiica,
como da Poezia praâicando huma com
deftreza, e fuavidade, e exercitando a outra
com cadencia, e elegância. Nunca con-
taminou a elevação do feu Enthuíiafmo
com aflumpto profano, antes com efcru-
pulofa advertência dedicava as fuás pro-
duçoens métricas em obfequio da divina
\Iageílade, Myfterios da noíTa Redempçaõ,
de Maria SantiíTima, e alguns Santos feus
Tutelares. Falleceo com eterna faudade
das fuás Companheiras em o i de Agoílo
de 1710. Compoz.
Panegyrico de Santo AJeixo recitado
no feu dia na claufura do Convento da
Efperança.
T)ei^engano do Mundo. Difcurfo difcreto,
e douto.
Ver/os vários, que correm ( como ef-
creve o author do Tbeatr. Heroin. Tom.
2. pag. 497. ) pelas mãos dos cttriofos em mul-
tiplicados tranjumptos.
GUIOMAR DE JESU cuja pátria,
e eftado de vida fe ignora, e unicamente
fe fabe, que compuzera.
Confolaçaõ do nojfo defierro: incêndio do
Amor. Trata da vida, PayxaÕ, e morte do
nojfo dulcijfimo amor, e Senhor Jefu Chrijlo.
Elia obra, que coníla de 65 capitulos
foy dedicada à Raynha D. Leonor ter-
ceira mulher delRey D. Manoel, e man-
dada imprimir por ordem do Cardial In-
fante D. Henrique em caraâer gothico.
4. fem lugar, e nome de ImpreíTor. No
fim foy aprovada pelo Meftre Olmedo,
e Fr. leronimo de Azambuja da Ordem
dos Pregadores. DeUa, como de fua au-
thora fazem mençaò Nicol. Ant. Bib. Hifp.
Tom. I. pag. 421. col. i. e o Licencia-
do lorge Cardozo Agiol. Ljdjif. Tom. 2.
pag. 582. no Coment. de 15 de Abril
letr. A.
D. GUIOMAR DA SYLVA naceo
na Villa de Viana íituada em a Provín-
cia de Entre Douro, e Minho a 17 de
lunho de 1665. fendo feus Progenitores
Fernando da Sylva de Souza moço Fi-
dalgo da Caza Real, e D. Margarida Cou-
tinho de Távora irmãa de Fernando de
Souza Coutinho General da Artilharia da
Província do Minho onde governou mui-
tas vezes as Armas. Ainda contava pou-
cos annos de idade quando era admirado
o feu raro engenho, que fe fez mais plau-
livel pela continua liçaõ da Hiíloria Por-
tugueza, Caftelhana, e Italiana, cuja lingua
fallou com a ultima perfeição. Foy ornada
do divino dom da Poezia pela qual contrahio
amizade, e correfpondencia com a Excel-
lentilTmia CondeíTa da Ericeira D. loaima
lofefa de Menezes heróica Mufa do Par-
naíTo Portuguez. Cazou com Chriftovaõ
Francifco de Magalhaens moço fidalgo da
Caza Real filho de Nuno Fernandes de
Magalhaens, e de D. Florencia de Vaf-
concellos, e Sylva de quem teve defcen-
dencia Compoz.
AJcendencia da fua Ca^a illujlrada com
noticias bifioricas, e reflexoens criticas, foi.
M. S. Eílá efcrito eíle livro com ex-
cellente methodo, boa ordem, e fummo
exame.
Poei(ias varias, i. Parte 4. M. S.
Eftas obras conferva em feu poder Fran-
cifco de Magalhaens da Sylva de Souza Moço
Fidalgo da Caza Real Capitão de Granadei-
ros, e morador na Cidade de Elvas filho
primogénito da Authora.
Obras varias M. S. 4. Confervafe em
poder de Martinho Lopes Lobo de Sal-
danha neto da Authora morador na Villa
de Eílremòs.
D. GUIOMAR DE VILHENA teve
por pátria a Cidade de Évora, e por
Pays a D. Francifco de Portugal primeiro
Conde do Vimiofo digno de eterna me-
moria pelas virtudes, que reUgiofamente
pradicou, e a D. Brites de Vilhena fua
primeira mulher filha de Ruy Telles de
Menezes quinto Senhor de Unhaõ, Mor-
domo mór da Emperatriz D. Izabel, e
420
BIB LIOTHE CA
de D. Guiomar de Noronha filha de D. Pe-
dro de Noronha Senhor do Cadaval Mor-
domo mór delRey D. loaõ o II. e feu Em-
baxador a Roma. A hum taõ esclarecido
nacimento foube acrecentar novos efplen-
dores efta grande Heroina exercitando-fe
nos aôos de piedade, e devoção com tanto
exceíTo, que podia fervir de exempbr aos ef-
piritos mais aufteros. Ocupava o tempo
na liçaõ dos livros afceticos donde extrahia
folidos documentos para direção das fuás
açoens. Com devota generozidade concor-
reo no anno de 154J juntamente com feu
efp020 D. Francifco da Gama II. Conde da
Vidigueira Almirante da índia Oriental, e
Eftribeiro mòr delRey D. loaõ o III. filho
do infigne Varaõ D. Vafco da Gama I. Conde
da Vidigueira, Defcobridor da índia Orien-
tal, e de fua mulher D. Catharina de Atayde
para a Fundação do Convento de NoíTa Se-
nhora da Aflumpçaõ da Seráfica Provín-
cia da Piedade fituado junto da Villa da
Vidigueira. Paflbu a lograr o premio mere-
cido às fuás virtudes em Lisboa no anno
de 1585. laz fepultada no Convento dos
CarmeUtas calçados da ViUa da Vidigueira
jazigo da Excellenti/Tmia Caza dos Marque-
zes de Nifa. Compoz.
Confideraçoens pias fobre alguns pajjos
de Nojfa Senhora. 12. Sahio impreíTo con-
forme efcreve loaõ Franco Barreto Bib.
Portug. Aí. S. Da obra como de fua Ex-
cellentiflima Authora faz mençaõ o Pa-
dre D. António Caetano de Souza Hift.
Gen. da Ca:(^. Real. Tom. 10. liv. 10. cap. 4.
D. GUTERRE COUTINHO Com-
mendador de Sezimbra filho de D. Fer-
nando Coutinho Marichal do Reyno, e
D. loanna de Caílro filha de D. Álvaro
Gonfalves de Attayde I. Conde da Atou-
guia, e irmaõ de Vafco Coutinho Con-
de de Borba. Foy cazado com D. Iza-
bel Pereira filha de D. Gonçalo de Caf-
tello-branco Governador da Caza do G-
vil. Por fer hum dos Authores da conf-
piraçaõ contra a vida delRey D. loaõ
o II. foy reclufo no Caftello de Aviz
onde infelifmente acabou no anno de 1484.
Entre os eftudos, que cultivava era natu-
ralmente inclinado ao da Poezia como
fe colhe de muitos Verfos feus, que fa-
hiraõ impreíTos no Cancioneiro de Garcia
de Kefende a foi. 70. \P Lisboa por Her-
man de Campos. 15 16. foi. Fazem delle
memoria o referido Refende Chron. dei-
Key D. Joaõ o II. cap. 51. e J5. Telles de
reb. gejl. Joan. 11. pag. mihi 113. Sampayo
Vid. dei Princip. Per/et. foi. 39. v.» Vaf-
concel. Vid. de D. Joan. 11. pag. 139.
Faria Europ. Portug. Tom. 2. Part. 3.
cap. 4. n. 33.
á
L USITANA,
4^7
H
HEYTOR DE BRITO PEREYRA
natural de Villa-viçofa filho de
Chriftovaõ de Brito Pereira Com-
mendador de Santa Maria de Viade, de S.
Salvador de Sanguinhedo da Ordem de
Chriílo, Alcayde mór da Villa de Alhos
Vedros, Meílre de Campo dos Auxiliares de
Villa-viçofa, e Governador deita Praça, que
heroicamente defendeo no anno de 1665.
contra a invafaõ do exercito Caftelhano, que
mandava o Marquez de Caracena; e de D.
Paula Maria de Vilhena filha de Antó-
nio Q)rrea Baharem Q)mmendador de
Alfange na Ordem de Omito, e de D.
Antónia de Vilhena fua fobrinha. Foy
Prior da Collegiada de Barcellos, Dezem-
bargador da Caza da Suplicação de que
tomou poíTe a 31 de Janeiro de 1696. em
cujo lugar moítrou igualmente a obfervan-
cia da juítiça, com a profundidade da fcien-
cia. Entre os Poetas do feu tempo mere-
ceo geral eítimaçaõ pela delicadeza dos con-
ceitos, e afluência das vozes, de cujas pro-
duçoens métricas fe podia formar hum vo-
lume de juíta grandeza, e fomente lograrão
da luz publica.
A la Santa relíquia, que truxo de Valência de
Santo Thomas de Yillanueva el Doutor Ladz ^
Lourejro Canonigo en la Cidad de Coimbra. Ro-
mance. Sahio nos Acroamas Vanegyricos com
que a Santa Cathedral Igreja de Coimbra rece-
beo, venerou, e aplaudia a facada reliquia do
novo Thaumaturgo Efpanhol o lllufirijfimo Arce-
bifpo de Valença Santo Thomas de Villa-nova.
Coimbra por lozeph Ferreira. 1690. 4. a pag.
124.
Soneto em aplaudo de Manoel de Sou^a Mo-
reira author do Theatro Geneal. da Ca!^. de Soui^a.
Sahio ao principio deita obra. Paris por
Joaõ Aniííon 1694. foi.
Delle faz memoria António Carvalho da
Coita Corog. Portug. Tom. 2. pag. 519.
Fr. HEYTOR PINTO natural da Vil-
la da Covilhãa em a Província da Beyra,
ou da Villa de Mello como conita do Ar-
chivo da Univerfidade de Coimbra, foy hum
daquelles famofos Varoens, que ferviraõ de
grande credito a eite Reyno, e de gloriofo
tymbre à Religião de S. Jerónimo cujo Sa-
grado Initituto profeiTou no Real Convento
de Santa Maria de Belém diitante huma le-
goa de Lisboa a 8 de Abril de 1543. em as
mãos do Provincial Fr. António do Tro-
cifal. A primeira paleitra dos feus eitudos
Efcolaiticos foy o Convento da Coita, que
felifmente continuou em a Univerfidade de
Coimbra pelo anno de 15 51. donde paííando
à de Siguença nella recebeo as infignias dou-
toraes em a Faculdade de Theologia. Ref-
tituido ao Reyno como foíTe peritiirimo nas
linguas Orientaes com que tinha penetrado
as mayores dificuldades de hum, e outro
Teítamento, querendo a Mageitade delRey
D. Sebaitiaõ illuitrar a Academia Conimbri-
cenfe com a doutrina de taõ infigne varaõ
creou a 2 de Agoíto de 1575. huma Cadeira
de Efcritura da qual o nomeou Lente,
e tomou poíTe a 9 de Agoito de 1576.
mandando, que foíle numerado entre os
Doutores daquella Univerfidade fupoito que
em outra tiveiíe recebido o grão. Pelo es-
paço de muitos annos iluítrou com admi-
rável fubtileza, e fumma profundidade as
myiteriofas fombras dos Oráculos profé-
ticos de cuja interpretação admirados os
mayores Cathedraticos fe confeíTavaõ dif-
cipulos de taõ fublime magiiterio. A' ef-
peculaçaõ das fciencias correfpondia a pra-
ética das virtudes obfervando com tal exa-
çaõ os preceitos do feu initituto, que fervia
de exemplar aos domeiticos, de veneração
aos eitranhos. Todo o tempo, que va-
gava do eitudo o confumia na contem-
plação da eternidade. Com judiciofa dif-
pofiçaõ era fummamente fevero para
comfigo, e exceifivamente benévolo pa-
ra os fubditos, ou foíle quando exerci-
tou o lugar de Reytor do CoUegio de
Coimbra no anno de 1565. ou quando
428
BIB LIO THE C A
governou a fua Gjngregaçaõ fendo Provin-
cial no anno de 1571. Como fempre pro-
feflaíTe incorrupta fidelidade para os Prín-
cipes Portuguezes defendeo acerrímamentc
o direito, que o Senhor D. António filho
do SereniíTimo Infante D. Luiz tinha a efta
Coroa, e querendo Filippe Prudente livrarfe
de hum taõ forte Antegonifta o levou em
fua companhia para Madrid quando voltava
de Portugal, com o pretexto honorifico de
fcu Confultor em os negócios mais graves.
Ao entrar naquella Corte diífe com apof-
tolica liberdade: E/Rey Filippe bem me
poderá meter em Caftella, mas Caftella em
mim he impojftvel. Reclufo em o Convento
dos Religiofos leronimos de Sysla fituado
fora dos muros da Cidade de Toledo aca-
bou a vida em o anno de 1584. com fofpeita
de veneno, que lhe mandou dar a ambiciofa
impiedade de Filippe Prudente como ef-
creve o Senhor D. António na carta, que
mandou a Gregório XIII. efcrita em Fran-
cez, e traduzida em latim por Oâavio Syl-
vio Cavalheiro Romano da qual temos hum
exemplar. llle tamen fuperhorum militum
fidei comijfus fuit in Caftellam deduãus, (ò"
in vincula conjeãus ubi non fine verifimili ve-
neta Jujpiàom e médio Jublatus efi. Jaz fe-
pultado no clauftro antigo chamado dos
Santos, e fobre a Campa fe lhe gravou
efte enfático Epitáfio.
Hic jacet Heãor l^ufitanus tile.
Mais digno de taõ grande varaõ foy
o que lhe compoz o Padre André Scoto hib.
Hifpan. pag. 525. neíla forma.
hufiadum Te Pinte decus quin Heãora di-
tam?
Non ferro, at verbi fortis es eloquio.
Iliacos circum muros rapit Heãora Acbilles.
Te fidei traxit Zelus, amor que Dei.
Entre os infignes Religiofos da Ordem
de S. leronimo, que eftaõ retratados na
Livraria do Real Convento de Belém eftá
o feu Retrato animado com eftes Verfos
compoftos por Fr. Diogo de lefus.
Fortis ut Antaus pátria removeris ab urbe
Heãor, vive domi vincere morte foris.
Publicus at Cathedra Jocios in munere vincis,
Qua fuerat tanto jure crtata viro.
Ao feu nome dedicaõ graviíTimos Ef-
critores merecidos aplaufos como faõ Ni-
col. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 430.
col. I . Hunc locum ( falia da Cadeira da
Univerfidade ) magta cum doãrina, erudi-
tionis, atque eloquentia laude fuftinuit. loaõ
Pinto Ribeyro "Lufir. ao Det^emb. do Pafo
cap. I. n. 8. Galhardo Português^. Guillielm.
Eyfagrein Cathal. Tefi. verit. Vir (ÍT mori-
bus, çir doãrina clarus, Philofophus, e^ Ora-
ior, infignis Theologus, Sacrarum legum exer-
ntatijftmus. Macedo l^fit. Libera/, lib. 2.
cap. 2. n. 13. cu/us /cripta ofiendunt autbo-
ris claritatem. Fr. Thom. de Faria Decai i.
lib. 10. cap. 3. vir fuit fane integer vita,
€>• magno animi fenfu, quem nulla potuerunt
pramia, nulla item detrimenta, (& perfecutio-
nes demoliri. Brandão Mon. Ljdfit. Part.
6. liv. 19. cap. 15. Grande Portuguei^ e na
Dedicatória da 5 . Part. da Mon. Lufit. O grande
Heytor luufitano. Bonucd Iftoria de la Vit.
dei Ké D. Alfonfo Anriq. liv. 5. cap. 10.
celebre in tuta la republica literária per gli
eruditi volumini che há dato in luce. Fr. Ber-
nard. da Sylv. Defenf. da Mon. Lufit. Part. 1.
cap. 10. doutijftmo, e de fumma authoridade.
Scoto Hifp. Bib. pag. 524. Sanãa lin^ue
non iffiarus fuit, neque gracarum literarum
rudis: latino vero fermone fupra Theologum
facundus. Lelong. Bib. Sacra pag. mihi
907. col. 1. Trium linguarum peritum. loan.
Soar. de Brit. Theatr. Ijufit. Uterat. lit. H.
n. I. Vir lufitana eloquentia, morumqm
urbanitate celebratifftmus , in hebraa, gnecã-
que linffia valde peritus. Sixtus Scncnf.
Bib. Sana. lib. 4. intitula aos Commenta-
rios em Ifaias nitida, <& culta. Fr. Ludov.
a D. Franc. in Proacm. Gan. e^ Arctm.
Egregius Mafffier. Fr. Francifco da Nativi-
dade L>enit. da dór Prolog, pag. 16. n. 15.
o Portuguev^ Heytor dos Expofitores, e pag.
204. n. 186. infigne. Fr. Francifco dos San-
tos Hifi. de la Ord. de S. Jeron. lib. 5.
cap. 69. Heãor verdaderamente fin Acbilln
invencible en el i^elo de la fé, de la obfervast-
cia incontrafiable en la doãrina, efplendor\
grande de la Univerfidad de Coimbra, y\
de todo el Reyno Lufitano. Imbonati Bib,
Lat. Heb. pag. 68. Hallevordio Bib.
Curiofa. p. 121. col. i. Poíícvino Appa-
i
LUSITANA. 429
Tãf. Sacer. Tom. i. pag. 719. Com- as partes Lisboa por Simaõ Lopes 1595.
po2. & ibi por Miguel Manefcal 1681. 4. Sa-
In IJaiam Vrophetam Commentaria. Lug- hio efta obra traduzida por hum erudito
<luni apud Theobaldum Paganum 1561. foi. Francez. Lugdxmi 1590. 2, Tom. & Co-
Antuerpias. 1567. 8. Colónias apud viduam, lonias apud loannem Crythium. 1609.
& hasredes Joannis Stelii. 1572. 4. Salman- 12. & ibi 1616. 4. e ultimamente no 4.
ticas apud loannem Canova. 1581. foi. & Tomo in foi. da impreíTaõ de Pariz apud
Antuerpiae per Petrum Bellerum 1584. 8. Michaelem Sonnium 161 7. da qual fe fez
In Ej(echielem Prophetam Commentaria. aíTima mençaõ, onde o traduâor em o
Salmanticae apud loannem Canova. 1568. Prologo efcreve as feguintes palavras.
foL Antuerpiae apud Petrum Bellerum Neminem ego tam alienum ab omni huma-
1570. 8. Salmanticae apud Mathiam Ga- nitate exifiimo, ut non ultro fateatur vix quem-
Ihies 1574. Lugduni apud Joannem Ja- quam hoc noftro Jaculo extitijfe, cui ingenio,
<:obi Juntas filiam 1581. 4. & ibi apud d^ indtiftria plus creverit facrarum litterarum
Rovillios 15 81. 4. & ibi apud Stephanum Jludium inter eives Juos, quàm doãijjimi illius
Michaelem 1584. & Coloniac Agripinac viri Fr. Heãoris Pinti. llle renajcentes tum
-apud loannem Crythium. 161 5. 4. in Conimhricenfi A.cademia bonas litteras
In divinum Vatem Danielem Commentaria. primam excepit, fummis vigiliis, (ò" labori-
■Conimbricae apud Didacum Gomes de Lou- bus ter/as, omatas, expolitas eò evexit, ut
leifo 1579. foi. Venetiis 1583. 4. Coloniac cum varia aliarum regionum eruditione, &
•ex Officina Birckmanica 1582. 8. Antuerpiae multiplici elegantia Academia illa l^ufitana
apud Petrum Bellerum 1595. 8. poff^^ certare. Confirmant juditium nofirum
In Danielem, hamentationes Hyeremia, cum alia non pauca, qua ad noftram inda-
<íy Nahum Colónias ex Officina Birckma- ginem non venerunt, aut in fcriptis ejus
nica. 1582. 8, Adverfariis baferunt ab illo doai J/ima [cripta
Todos eíies Commentos em que depois volumina; tum injigne hoc moralium Dialogo-
<le explicar o fentido litteral acrecenta no rum opus quo vulgari hnjitanorum lingua
fim de cada capitulo doutiíTimas Notas ex- nullum fere nojlra memona prodiit eruditius,
trahidas dos Originaes Hebraico, Caldaico, ^ politiorum dijciplinarum fiudiojis utilius,
« Grego, fahiraõ em hum volume. Conim- cujus eximia pietate, «^ eruditione diíãi multi
bricas apud Antonium Maris 1579. foi. Lug- muJtis idiomatibus traduãum fubinde edide-
dimi apud Bartholamaeum Honoratum 1584. runt. Efta obra dos Diálogos foy vertida
foi. 3. Tom. & ibi mais addicionados apud na lingua Caftelhana. Madrid por Pedro Cufea
Joannem Veyratum 1590. foi. Ultimamente 1572. 4. Medina dei Campo por Benito
Lutetiae Parifiorum apud Michaelem Sonnium Boyer, e Domingo de Saraguay 1573. 4.
1617. foi. 4. Tom. Contem o i. Commentaria Salamanca por Gafpar de Portonareis 1576. 4.
in IJaiam, (ò' Threnos. 2. in Es^echielem. 3. Saragoça por Pedro Sanches de Efpilleta.
in Danielem, (ò" Nahum. 4. os diálogos tradu- 1577. 4. Alcala por luan Gracian 1592. 2.
zidos em Latim. Tom. Na lingua Franceza por Guilherme
Imagem da Vida Chrifiãa. confta de de Curfol com efte titulo.
6. Diálogos o I. da Verdadeira Filo/o- Image de la vie Chrifiiene, ou la urofe
fia z. àsi. Keliffaõ 3. da Jujiiça. 4. da Tri- Philofophie, <& Keligion entre les Chriftiens.
bulaçaõ. 5. da Vida folitaria. 6. da Me- Pariz Chez Guillielme Chaudiere. 1580. i.
moria da morte. i. Parte Lisboa por An- Tom. e o 2. Lion 1593. 16.
tonio Alvares. 1572. 8. Na lingua Italiana traduzida por Fr. Za-
Parte 2. Confta de 5. Diálogos i. charlas de Lisboa Religiofo Capuchinho,
<íÍ2 Tranquillidade da vida. 2. da difcreta que o dedicou ao Sereniífimo Raynucio
ignorância. 3. da verdadeira amis^adt. 4. das Famefe Principe de Parma, e Placencia. Ve-
<au:(as. 5. dos verdadeiros, e falfos bens. Lis- netia por Erafmo Viotto. 1594. 4. 2 Tom.
boa por loaõ Barreira. 1572. 8. Ambas & ibi por Nicolao MiíTerino. 1594. 4-
43o
BIBLIO THE CA
Commentaria in primos decem Davidis Pfal-
mos. Começaõ. Solent virí fapientes. M. S. 4.
Conferva-fe na Livraria do Convento de
S. Francifco de Lisboa. Deixou compoftos
ODmmentarios fobre todos os Profetas Me-
nores de que fomente fe imprimirão ao Pro-
feta Nahum, os quais como efcreve nos
feus Ferculos Fr. Diogo de lESUS Religiofo
leronimo de quem fe fez memoria em feu
lugar, fe confervaõ M. S. no Convento de
NoíTa Senhora do Efpinheiro junto da Ci-
dade de Évora.
HEYTOR RODRIGUES natural de
Lisboa, celebre profeíTor da lurifprudencia
Cefarea de cuja Faculdade foy Lente primá-
rio pelo efpaço de vinte annos em a Univer-
íldade de Coimbra onde regentou a Cadeira
do Código de que tomou poíTe a 28 de No-
vembro de 1543. e do Digefto Velho, a 27
de Setembro de 1546. e a de Vefpora a 20
de Dezembro de 1559. que levou por oppofi-
çaõ tendo por contendor o iníigne Pedro Bar-
bofa. Sendo pequena esfera para a grandeza
do feu talento huma fó Academia, illuftrou
com a profúda interpretação das Leys Impe-
riaes a de Salamanca fubftituindo na Cadeira
de Prima ao noflb Ayres Pinhel, fobejando
para credito do feu magiílerio fer feu difci-
pulo o doutiíTimo Francifco de Caldas Pereira
por tempo de finco annos, a cuja memoria
em remuneração da doutrina, que delle rece-
bera em Salamanca, dedica nas fuás obras
grandes Elogios fempre inferiores à fubtil
penetração de taõ infigne Meílre intitulan-
do-o na L. fi Curai, habens. verb. Lacfis. n. 47.
§. quo circa excelji ingemi Papinianiis &c verb.
Contraãum fecijli. n. 38. Clarijftmum omnium
quos noftra vidit atas & Oper. Emphyteut.
Part. 4. cap. 10. n. 30. Prajlantijftmus. &
Part. I. Quacft. i. n. 55. doíiiftmus, (& excel-
lentijftmus Jurisfconfultos. & ibi Quseft. 12.
n. 56. infignis. Semelhantes louvores lhe
daõ Macedo Tlor. de Efpan, cap. 8. cx-
ccl 9. Mend. à Caftr. Praíi. Luftt. lib. 3.
cap. 15. n. 6. c na L. Cum oportet de honij-
que líber. 1. Part. à n. 61. Carvalho ad cap.
Puvfnaud. Part. 4. n. 61. Ainda vivia no
anno de 1577. como confta de muitos
eftudantes, que vinhaõ incorporar-fe na.
Univerfidade de Coimbra havendolhe con-
ferido os grãos de Bacharéis como Lente
de Prima em Salamanca onde falleceo na,
proveéla idade de 80 annos. As Poítíl-
las, que diftou em as Univerfidades de
Coimbra, e Salamanca fobre vários Tí-
tulos de Direito fendo dignilTimas da luz
publica a naõ lograrão, infortúnio, que
com elegantiíTimas expreflbcns lamentou
feu grande difcipulo Francifco de Caldas
Pereira na L. Si Curatorem. Verb. iMJit.
n. 47. Nulla hujus eximii Pracepíoris /cripta
remanferunt, cum tamen plura edere potuijfet,
qua manibus doãijftmorum hominum fumma
cum laude circumferrentur ; et Ji quo Junt ea
Jervantur in Schedis apud clarijftmos filios^
qui pro fua induftria diu apud fe tam opu-
lentos jurifprudentia Thev^auros non oculta-
bunt, fed in commune omnium utilitatem
multo fanore cumulatiores nobis exhibebunty
(Ò" aperient, ut illius viri ingenii perfrua-
mur.
HEYTOR DA SYLVEYRA filho de
Bernardim da Sylveira Senhor de Sobreira
Fermofa, e de D. Ignez de Almeyda fi-
lha de Bernardim de Almeyda, e D. Guio-
mar Freyre. Para fer imitador das açoens
heróicas de feus Mayores partio para a
índia no anno de 1561. onde experimentou
fortuna taõ infauíla aos feus aumentos,
que chegou a padecer os efeitos da ultima
neceíTidade. Nefte tempo contrahio ef-
treita amizade com o Principe da Poezia
Épica o grande Camoens fendo hum dos
convidados daquelle graciofo convite, que
eftá nas fuás Rimas, c o trouxe em fua
companhia no anno de 1569. quando vol-
tou para o Reyno de que faz memoria.
Manoel de Faria, e Souza Afia Portag.
Tom. 2. Part. 3. cap. 4. §. 15. Cazou com
D. leronima de Menezes filha de D.
Luiz de Menezes de quem naõ teve fu-
ceíTaõ. Foy infigne Poeta como confia
daquelles Verfos cfcritos ao Conde de
Redondo Vicerey da índia cm que lhe
pedia remédio para a opreíTaõ cm que
cftava, cujo principio he o feguintc.
L USITAN A,
43 1
Vojfa Senhoria crea
Que naõ apura o engenho
Fome fe he como a que tenho
Mas a fra^e acorta a vea.
Eftaõ impreflbs nas Rimas de Camoens o
ij <]ual lhe acrecentou eftas duas Quintilhas.
Nos doutos livros fe trata
Que o grande Achiles injano
Deu a morte a Heytor Trqyano
Mas agora a fome mata
O noffo Heytor L^fitano.
Só ella o pode acabar
Se ejfa vojfa condição
LiberaJ, e fingular
Naõ mete entre elles bajlaõ
Baflante para o fartar.
No Cancioneiro de Pedro Ribeiro ef-
crito no anno de 1577. cujo Original fe
■conferva na Livraria do Excellentiflimo
Duque de Lafoens eílá hum Soneto de
Heytor da Sylveira, que começa.
Thefeu, Thefeu, e por Thefeu perdida. &c.
D. HELENA DA PAZ cuja pátria,
€ Pays fe ignoraõ. Foy dotada de fubli-
me efpirito para a Poezia, que cultivou
<x)m afluência, e difcriçaõ fumma, como
publicaõ os feus Verfos impreíTos no
livro intitulado Aplaudo Gratulatorio de
la infigne Bfcuela de Salamanca ai llluflriffimo
Senor D. Francifco de Botja, y Aragon.
Barcelona por Sebaftian de Gjrmellas
fem anno de impreíTaõ. Como celebre
Mufa do ParnaíTo Portugue2 a celebra
o Padre António dos Reys Enthuf. Poetic.
n. 279.
Succinta virenti
Pax olèa, Lufis mérito jungenda Poetis
AJfidet, inque choro I^íufarum accepta libentes
Phabaas attres experta efl, Bórica faãa
Dum canit.
D. HELENA DA SYLVA defcen-
dente da nobre familia dos Falcoens, e
Religiofa em o Ciftercienfe Convento de
Cellas junto a Coimbra cujo habito vef-
tio por iníinuaçaõ do feu mellifluo Pa-
triarcha a quem dedicou com tal exceflo
o feu coração, que todas as ve2es, que
via a fua Imagem, ou ouvia o feu no-
me fe arrebatava em fuaves extaíis como
querendo voar para o centro dos feus
temiíTimos afeftos. Para triunfar das fu-
geftoens do efpirito infernal naõ houve
género algum de mortificação, que naõ
uzaíTe chegando muitas vezes a exceíTo a
tyrania com que macerava o corpo. Con-
tinuamente meditava em os dolorofos
myílerios da Payxaõ de Chrifto corref-
pondendo com lagrimas copiofas ao fangue,
que no Pretório, e Calvário derramou o
divino Redemptor. Superiormente lhe foy
patente o campo de Alcácer em que a 4. de
Agoílo de 1578. agonizou com o feu Prín-
cipe a Monarchia Portugueza, cuja deplo-
rável derrota revelou com finaes de pene-
trante fentimento a algumas Religiofas. Cumu-
lada de heróicas virtudes partio a receber
do feu inmiaculado Efpozo o merecido
premio a 28 de Mayo do anno de 1590.
Teve natural génio para a Poezia cujo
enthufiafmo fanétificou com a obra feguinte.
Poema a la Pajfion de Chrijlo o qual co-
mo efcreve Fr. Bernardo de Brito Chron. de
Cifl. liv. 6. c. 34. he compofto por alto eflilo,
e lindo modo de conjideraçaõ. Souza de Mace-
do Flor. de Efpan. cap. 8. excel. 11. igualando
en el ajfumpto, y ingenio la famofa Imperatriz
Athanais, o Eudoxia, que de los Verfos de Ho-
mero compufo la vida de Chrifio, y la celebre Ro-
mana Proba Falconia, que de los de Virgílio
bi!(p lo mifmo. Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. 2.
pag. 344. col. 2. facri carminis perita in pau-
cis artifex. Entre as Mufas Portuguezas he
collocada pelo Padre António dos Reys.
Enthuf. Poet. n. zj^.
Sjlva Redemptoris pendentis ah arbore
mortem
Flet gemebunda fui trifli modulamine nar-
rans
Qualiter occulto fubitá caligine fole,
Noluerit micuijfe Ses, et terra fatifcens
Reddiderit vivos, quos abdidit ante fepultos
Saxaque confixi Domini ceu Jata dolerent
Vulnere fe crebro lacerarint.
Fazem também delia illuftre memo-
ria Fr. Chrifoft. Henriq. Menoi. Ciflerc.
ad diem 18. AL///. & in Cathalog. Sana.
Ord. cap. 7. pag. 470. Cardozo A^ol.
432
BIB LIO THE CA
LmJíí. Tom. 3. pag. 453. e pag. 441. no G>-
mcnt. de 28. de Mayo letr. E. Fr. Franc. da
Nativid. henit. da Dor. pag. 310. Fonccca
Bjoora Glorio/, pag. 415. onde a faz natural
de Évora, e Religiofa em o Convento de
S. Bento de Caílris onde nunca aíTiílio por
fer de Religiofas Benedi£Hnas, e ella ter
profeíTado o inílituto Ciftercienfe em o Qon-
vcnto de Cellas.
D. HELENA DE TÁVORA. Teve
por berço a Cidade de Lisboa, e por pro-
genitores a LuÍ2 Francifco de Oliveira, e
Miranda Senhor dos Morgados de Oliveira,
e Patameira, e D. Luiza de Távora filha de
Álvaro Pires de Távora Senhor do Morgado
de Caparica, e D. Maria de Lima filha de D.
Lourenço de Lima, e Brito outavo Vifcon-
de de Villanova de Cerueira. Os dotes,
que lhe concedeo benéfica a natureza aug-
mentados com a eftudiofa aplicação da Poe-
2Ía, intelligencia das Fabulas, e liçaõ da
hiftoria a fizeraõ celebrada entre as Damas
da Corte Portugueza diílinguindo-fe de
todas menos pelo efplendor do nacimento,
que pela delicadeza do juizo. Defpo-
zada com Henrique de Carvalho, e Souza
Provedor das obras do Paço continuou
no eftado conjugal o comercio familiar
das Mufas, que fempre experimentou
propicias às fuás compofiçoens métricas.
Por morte de feu efpofo fe dedicou com
tal vigilância à educação de feus filhos,
que pelo largo efpaço de quatorze annos
naõ fahio de Caza, cuja claufura fantificou
retirando-fe para o exemplariíTimo Con-
vento de NoíTa Senhora da Conceição
de Marvilla da Ordem de Santa Brígida
onde fem o vinculo dos votos pra£ticou
exaâamente os preceitos defte fagrado
inílituto. Para eternos monumentos da
fua piedofa magnificência ornou os Alta-
res da Igreja com preciofos ornamentos,
e primorofas peflas de ouro, e prata, e no
Clauílro para onde tinha conduzido agua
nativa, edificou huma Capella dedicada a
Chriílo com a Cruz às coílas. Falleceo
com fumma piedade a 6 de Agofto de 1720.
Jaz fepultada no Coro como Bemfeitora
de taõ illuftre Comunidade fervindo-lhe de
Epitáfio a memoria de fuás virtuofas açoens.
Compoz com igual elegância, que dif-
criçaõ.
Vários Ver/os. 4. Tomos. 4. Aí. S.
Sendo dignos da luz publica perfuadida
de hum heróico defengano os reduzio a cin-
zas naõ fendo eficazes as deprecaçoens de
muitas Religiofas para que fe falvaíTem defte
voluntário incêndio. Acabarão todos os Ori-
ginaes ( como efcreve o author do Theatr.
Heroin. Tom. 2. pag. 488. ) no fogo, mas baftaõ
os tref lados de algumas obras, que fobreviveraõ
ao ejlrago para viver na pojleridade em feus
efcritos.
D. HELIODORO DE PAYVA na-
tural de Lisboa filho de Bartholomeu de
Payva Guarda roupa delRey D. Joaõ o IIL
e Vedor das Obras do Reyno como efcreve
Francifco de Andrada na fua Chronica Part. i.
cap. 2. e de Filippa de Abreu Ama de peito
do mefmo Monarcha. Ainda naõ excedia
a idade juvenil quando feus Pays o man-
darão efl^dar no Real Convento de Santa
Cruz de Coimbra onde igualmente apren-
deíTe as fciencias, e virtudes de que eraõ
infignes cultores os feus Religiofos, e com
tal afeâo fe inclinou ao inftituto canónico
Auguftiniano, q deixando as efperanças do
feculo fundadas em fer collaço delRey D.
Joaõ o IIL recebeo o habito para fer hum
dos grandes ornatos de taõ illuftre Con-
gregação. A natureza o dotou beneficamente
de engenho penetrante, e aguda compre-
henfaõ parecendo, que lhe foraõ mais infii-
fas, do que adqueridas pelo eftudo de diver-
fas Faculdades em que fahio peritiíTimo.
Depois de diâar as fciencias Efcolafticas em
que admirou a fua fubtileza, querendo in-
veftigar os arcanos da Sagrada Efcritura
aprendeo as linguas Grega, c Hebraica, e
nellas fe fez taõ verfado, que as efcrevia,
e fallava com a mefma facilidade que a ma-
terna. Ao tempo, que no Convento de
Santa Cruz eftava explicando aos domef-
ticos os Aftos dos Apoftolos, e as Epif-
tolas de S. Paulo, movido da fua fama o
foy vizitar Luiz Lipomano Bifpo Vero-
nenfe Núncio nefte Reyno da Santidade
de Paulo III. Varaõ muito celebre cm
L USITANA
433
a interpretação das Efcritiiras, e com a fa-
miliaridade de D. Heliodoro le aproveitou
de muitas noticias com que ornou a Caiena,
que compoz fobre o Genejis. Sendo íingu-
lar o feu talento em as fciencias Severas o
naõ foy menos admirável em as Artes Li-
beraes. Pintava excellentemente, e efcre-
via todo o género de letras com tanto pri-
mor, que pareciaõ debuxadas. Foy infigne
na arte da Muíica aíTim praâica, como efpe-
culativa compondo, e cantando fuavemente
ao compaço do Orgaõ, Qaviorgaõ, Viola
de arco, e Harpa, que deílramente tocava
de cuja armonica conionancia arrebatados
os mais celebres profeíTores defta Facul-
dade o aclamavaõ por Orfeo daquelle fe-
culo. Todos eíles dotes, que em outro ef-
pirito podiaõ influir defvanedmento lhe
ferviaõ de manifeílar mais a modeília de feu
animo, e abatimento da fua peííoa de tal
modo que querendo ElRey D. loaõ o III.
premiar os feus merecimentos com alguns
Bifpados, que lhe ofiFereceo, fempre fe excu-
fou com decorofos pretextos naõ fomente
de taõ alta dignidade, mas ainda de aíTiítir
em Lisboa, como lho iníinuou o mefmo
Monarcha na ocaíiaõ, em que hindo vizitar
a Univeríidade de Q)imbra no anno de 1550.
fe hofpedou no Real G^nvento de Santa
G112. Cheyo mais de açoens virtuofas, que
de annos paíTou da vida caduca para a eterna
a 20 de Dezembro de 1552. Qjmpoz.
'Lexicon Gracum, (ir Hebraicum. Conim-
bricae in Monafterio Sanébe Cnicif. 1532.
foL Foy dedicado a ElRey D. loaõ o III.
como diz D. Nicol. de Santa Maria Chron.
dos Coneg. Ke^ant. liv. 1. cap. 12. n. 9.
Mijfas, Maffiifkas, e Motetes de varias
vof^es. M. S.
D. HENRIQUE quinta produção do
fecundo thalamo dos Sereniflimos Mo-
narchas D. Joaõ o I. e D. Felippa na-
ceo em a Gdade do Porto a 4 de Mar-
ço de 1394. Q)mo a natureza cegamen-
te lhe negou fer herdeiro do Scetro de
feu Pay o quiz fer do feu valor conceben-
do defde os primeiros annos efpiritos taõ
heróicos, e militares, que parece fe ani-
mava o feu coração com o beUico furor
28
de Marte de que foy gloriofo preludio a
empreza de Ceuta em cuja famoza expedi-
ção authorizada com a prezença de feu au-
gufto Pay, o Conde de Barcellos feu irmaõ,
e o clariflimo Heroe D. Nimo Alvres Pe-
reira foy o primeiro, que faltou em terra,
e entrou a Gdade feguido de poucos, e co-
metido de muitos onde com o braço e com
a vóz rebateo o impulfo dos bárbaros, exce-
dendo o numero das açoens heróicas ao
dos annos, que naõ paíTavaõ de vinte, e hum.
Segunda vez paíTou à Africa em companhia
de feu Irmaõ o Infante D. Fernando com
o religiofo intento de dilatar a Fé, e opri-
mir aos feus Antegoniílas, e ainda, que o
efeito naõ correfpondeo à piedade da cau-
za, fempre confeguio a fama de iníigne Ge-
neral. Ao exerdcio das armas unio o das
letras deixando indecifa a poíleridade fe na
paleílra de Minerva, ou de Bellona mere-
ceo mayor Coroa. Como tiveíTe aplicado
o feu agudo talento à efpeculaçaõ das Difci-
plinas Mathematicas, e revolveíTe na Gran-
deza de feu animo generofas emprezas fe
retirou do tumulto da Corte para a ViUa de
Sagres íituada em o Reyno do Algarve onde
com mayor tranquilidade cultivaíTe os eíhi-
dos, e defcubriíTe a vaíla extenfaõ do Ocea-
no, cuja vilia lhe excitou o heróico intento
de defcubrir novos mares, e novas terras
para mayor extenfaõ defta Monarquia. Im-
pellido de taõ nobre idea expedio vários
Argonautas inftrtiidos pelo feu diâame para
inveftigar mares nunca cortados de alguma
quilha confeguindo pela fua incanfavel in-
duftria, e prudente direção defcubrir trezen-
tas, e fetenta legoas de Cofta, que correm
do cabo Bojador até Serra Leoa alem das
Ilhas fertiliífmias do Oceano de que foraõ
venturofas primicias Porto Santo, e Ma-
deira, fendo o primeiro Author, e inftru-
mento de que domado o orgulho do Ocea-
no, domefticada a ferocidade de varias na-
çoens, aberto, e patente o caminho até aquelle
tempo ignorado para tantas Regioens, naõ
lomente manifeftaíTe ao mundo a ignorân-
cia em que eftava da exiftencia dos An-
típodas, e de fer habitável a Zona tórri-
da, mas de fe aggregarem à Coroa de Por-
tugal as mais vaftas, e opulentas terras
434
BIB LIO THE CA
de feu domínio. Igualmente foy cultor das
fciencias, que Proteâor dos Sábios doando
em 12 de Outubro de 143 1. humas cazas
quando a Univerfidade eftava em Lisboa
para nellas fe lerem todas as Faculdades, e
confignando doze marcos de prata cm 22
de Setembro de 1460 procedidos dos Dízi-
mos da Ordem de Chrifto para Salário do
I-«nte de Prima da Theologia por cujos
donativos mereceo o titulo de Proteãor dos
ejludos de Portugal. Defde a puerícia foy
inclinado a exercícios devotos recitando quo-
tidianamente as Horas Canónicas, e aíTiftindo
com toda a fua familia ao incruento Sacri-
fício do Altar. O feu Palácio era norma do
Mofteiro mais reformado bailando, que al-
guém tivefle o foro de feu criado para fer
conhecido com o carafter de virtuofo. Nas
açoens foy magnifico, no comer parco,
no veftir modeílo. Amou com tanta ob-
fervancia a continência, que nunca a con-
taminou com a mais leve palavra. Sempre
confervou o animo illefo da paixaõ da
ira, e ainda que foíTe provocado rompia
em palavras brandas, e fuaves. Foy libe-
ral para com os pobres, compafTivo para
os afliftos, e para todo o género de pef-
foas fuavemente afável como fignificava a
Coroa tecida, e enlaçada de ramos de car-
rafco, que tomou por empreza animada
com efta letra Franceza. Talent de bien
faire. Teve a eílatura proporcionada, os
membros robuílos, a cor branca, e corada;
os cabellos quafi crefpos; o afpefto fevero, e
o génio humano. Foy Duque de Vifeu, Se-
nhor da Covilhãa, Fronteiro mòr da Comarca
de Leiria, outavo Governador, e Adminif-
trador do Meftrado da Ordem militar de
Chrifto, e Cavalleiro da Jarretiere por elei-
ção de Henrique VI. de Inglaterra. PaíTou
a coroar-fe na eternidade em a Villa de Sa-
gres quinta feira 13 de Novembro de 1460.
quando cotava 66 annos 8 mezes, e 9
dias de idade. Foy fepultado na Igreja
de Lagos donde em o anno feguinte fe
traníferio o feu cadáver por deligencia do
Infante D. Fernando feu fobrinho, e her-
deiro, para o Real Convento da Batalha,
e na fumptuofa Capella em que jazem
feus auguftos Pays cftá o feu maufoleo
fobre o qual fe vè a fua figura veftida de
armas brancas com huma cotta efmaltada
com as Armas de Portugal. O feu nome,
e açoens louvarão as mais remontadas pen-
nas merecendo o primeiro lugar entre todos
o Pontífice Nicolao V. na Bulia expedida
em Roma a 8 de Janeiro de 1454. em que
confirnru a Conquifta de Africa pelos Por-
tuguezes a qual eftá impreíTa em o livro de
Donat. Keffis compofto pelo Doutor Do-
mingos Antunes Portugal Tom. 2. lib. 3.
cap. 8. dizendo o Summo Paftor em o
louvor defte grande Príncipe as feguintes
palavras. Ad noftrum fiquidem nuper non
fine ingenti gáudio, €>* noftra mentis latitia
pervenit auditum, quod dileãus filius nohilis
vir Henricus Infans Vortugallia charijftmi
in Chrifto filii noftri Aphonfi Portugallia, €>•
Algarbii Kegnorum Regis illuftris Patruus
inharens veftigiis clara memoria Joannis dião-
rum Kegnorum Regis ejus genitoris, ac \elo
Jalutis animarum, ^ fidei ardore plurimiim
fuccenfus, tamquam Catholicus, <& verus om-
nium Creatoris Chrifti miles ipfiusque Fidei
acerrimus, ac fortijftmus defenfor, ó" intre-
pidus pugil &c. P. Joaõ Marian. de reb.
Hifpan. lib. 21. cap. 12. unus Henricus
generis nobilitatem, pare/que opes Htterarum
ftudiis illuftrans; & cap. 17. Henricus
EAuardi Regis frater ingenti Spiritu vir pri-
mus omnium in eam cogitationem incubuit novas
orbis reffones inveftigandi, anniverfariifque clajftbus
auftralem cali plagam explorare jujfis ad extima
Africa littora, qua inflatis immenfum Occeani
fluãibus quatitur, novas infulas, gentes incógnitas
invenit. Pacheco Vida da Inf. D. Ma-
ria, liv. 2. cap. 15. Efte Príncipe a quien
deve He/pana Jus navegaciones. Damian de
Góes in Fertilit. Hifpan. Mathematicus
infifftis, qui prímò novas terras fuo ftudio,
e^ induftría reperit Petrus Opmerus
Opus Chronol. Orb. Univ. Tom. i. pag.
423. Navigationes Occeani atque Madeiram
Infulam ejus aufpiciis inventam ad coro-
nam regni Ljifitania tanquam fundum hari-
ditarium tranfmifit. Faria Afia Portug.
Tom. I. cap. i. n. 16. Autor memorabU
de la milicia Auftral y Oríental. En las ar-
tes, y letras fue verfado, en las Nlathemati-
cas fuperíor a todos los que las manegaron en
L USITAN A.
435
ftí edad. e na Ejirop. Portug. Tom. 2.
Part. 3. cap. i. n. 179. Valerofo Príncipe
y Jahio j Santo y digno de Ju Origen, e no
Comment. das iMJiad. de Cam. Cant. 8. Ef-
tanc. 35. ¥ue el Prometheo de E/pana por-
que fi aquel de/de el monte Caucafo invejligó
el curjo, y virtud de los Planetas, ejle dexando
la Corte fe fiié a vivir Joio en el Promon-
tório de Sagres y de/de alli invejligando las
ejlrellas hallo el dejcuhrímiento de nuejlros
mares, y Conquijias, de que es Padre único.
Charlevoix Hijl. dei 'Ifle de S. Doming.
Tom. I. pag. 64. un des plus vertueux, e
des plus accomplis de Jon temps. D. Agofti-
nho Manoel Vid. de D. Duarte de Men.
liv. 5 . n, 20. Yá más fe entendio trataffe de
otra cofa, que de enriquecer el Reyno con las
Conquijias de Africa, defcubrimientos dei
Oceano, de que fue el Origen, y promovedor
y a quien por ejie refpeto y el de fus virtudes
fe deve fingular memoria. Sou2a Hifl. de S.
Domingos da Prov. de Portug. Part. 1. liv. 6.
cap. 15. ¥oy fua alma coroada de muitas,
e grandes virtudes vivendo em perpetua con-
tinência, vida folitaria, e Filofofica exerci-
tando todas as boas fciencias, e em efpecial
as da Cofmografia, e Geografia, que lhe abri-
rão o caminho para intentar os primeiros
defcubrimentos dos mares, e terras incógni-
tas da Cofia de Africa, como pot^ por obra.
Oforius de reb. Emman. lib. i. vir animi
maximi, eb* Keligionis fanãitate clariftmi
D. Francifc. Man. Epanaph. de Var. HiJl.
pag. mihi 313, Aíejire infigne de toda a
arte militar, e da nojfa milicia de Cbrifio
fe finalou em valor, e difciplina por fer aven-
tejofamente afeiçoado a emprer^as dificulto-
t^as, cujos intentos crecendo em virtuofa emu-
lação de que via confeguir a ElRey feu Pay
em fi mefmo fe efiava cada hora enfayando
para mayores efeitos. Mafíeus Hift. rer.
Ind. pag. mihi 3. Nihil omnino vel ad no-
minis Eufitani famam illuftrius, vel immor-
tali Deo gratius vifum efi quàm incógnita
fcrutari Maria, novas in Occeanum clajfes
mittere, €>* reãam Keligionem in omnes par-
tes quoad ejus fieri poffet, extendere. Ma-
ris Dialog. de Var. Hifi. Dialog. 4. cap. 4.
Entre as letras Sagradas, que elle por de-
vaçaÕ, e veneração muito amava também das
humanas fcy minto efiudiofo, e com ellas che-
gou a fer grandijfimo Cofmo^afo. Amol-
do Ugn. Vita lib. i. cap. 92. ampliandi
regni patemi defiderio Africa littora clafi-
bus lufirare capit, (ò" in Athlantico mari
novas, (ò^ ab hominibus nunquam habitat as,
reperit infulas. Sylva Mem. delKey D.
loaô o I. Tom. i. liv. i. cap. 92. Foy
o prototypo das mayores virtudes; eraÕ nelle
iguaes a piedade, e a KeligiaÕ, a prudência,
e a conft anciã; a clemência, e afabilidade;
a liberalidade a beneficência, e a ma^animi-
dade. JMarracio Prinap. Marian. pag. 225.
non folitm bellica virtute, verum etiam vita
fanãimonia illufiris. Franc. de Santa Mar.
Cbron. dos Coneg. Secul. lib. 3. cap. 27.
Ao manejo das armas ajuntou o das letras
revolvendo com igual defkei^a, e valentia as
folhas dos livros, e da efpada. Leytaõ JVo/.
Chronol. da Univ. de Coimbra p. 371. §.
812. deixando de fi a todo o Reyno gloriofa
memoria, e eterna faudade pelos defcubrimentos
a que deu principio, e pela proteção com que
amparou as letras. Moníiur de la Qede
Hift. de Portug. Tom. i. liv. 11. pag. mihi
406. col. I. Prince pieux, fage, e courageux.
Vafconcel. Anaceph. Rtg. Enfit. pag. 154. Prin-
ceps fane nulli priorum pofterior, nulli pofterio-
rum inferior, five fidei ardorem five animi magni-
tudinem confideres. Souza Hifi. Gen. da Ca^.
Real Portug. Tom. 2. liv. 3. cap. 3. do feu
valor faõ teftemunhas as Praças de Ceuta, Ar-
:(ila, Alcacere, e Tangere, e das fuás virtudes o
fera eternamente a Hifioria em que he univer-
falmente louvado, naõ fó na Portuguesa, mas
nas outras naçoens com immorted memoria do feu
nome.
Efcreveo.
Noticia dos f eus Defcubrimentos. Efla obra,
como afirma Fr. LuÍ2 de Souza na Hifi.
de S. Domingos da Prov. de Portug. Part. i.
liv. 6. cap. 15. mandou o Infante D. Hen-
rique feu author a EIRey de Nápoles, a qual
vio o mefmo Chronifta Dominicano, e na
Qdade de Valença de Aragaõ entre algu-
mas alfayas preciofas, que ficarão da reca-
mara do Duque de Calábria ultimo defcen-
dente daquelles Príncipes. Amoldo Vion
in Eign. Vita. lib. i. cap. 92. efcreve fer efta
obra vertida em Italiano, e impreíTa em Ve-
436
BIB LIO THE CA
neza por deligencia de Joaõ Baptifta Ra-
mufio.
Carta ejcrita de Coimbra a 22 de Se-
tembro de 1428. a Jeu Pay D. Joaõ o I. em
^e refere como fe celebrarão naquella Cidade
os dejpov^orios de Jeu irmaõ E/Rey D. Duarte.
Começa. Muito alto, e muito honrado, e
muy prefado Senhor. Eu bofo filho, e fervi-
der o Ifante D. Anrique Duque de Vifeu,
e Senhor da Covilhãa muito humildofamente,
enuio a beijar bofas mãos. &c. Sahio im-
preíTa nas Memor. delRej D. Joaõ o I. com-
poftas pelo Académico Real Jozeph Soa-
res da Sylva Tom. i. liv. i. cap. 92. pag.
470.
Confelho fobre a guerra de Africa. M.
S. G^meça. Voffo IrmaÕ, e fervidor o Ifante
D. Anrique Governador da Ordem de Noffo
Senhor JESU Chrifio Duque de Vi^eu Se-
nhor da Covilhãa Proteãor dos EJludos de
Portugal.
Confelho oferecido a feu Paj quando par-
tia para Tangere. Começa. Dejlas coufas vos
dijje fegundo o meu avit^o que vos cumpria muito
avisar &c. M. S.
D. HENRIQUE decimo fetimo Monar-
cha da Coroa Portugueza teve por Pays a os
auguíliffimos Reys D. Manoel, e D. Maria
fua fegunda efpoza, e por berço a famofa
Cidade de Lisboa a 31 de Janeiro de 15 12.
eftando toda cuberta de neve como feliz pre-
fagio da candura do feu animo, e pureza de
feu corpo. Nos primeiros crepufculos da
idade defcubrio claras luzes com que havia
igualmente illuftrar as virtudes, e as fciencias.
Depois de ter profunda intelligencia das lin-
guas Latina, Grega, e Hebraica, aprendeo
as difciplinas Mathematicas com o Oráculo
delias o iníigne Pedro Nunes, fahindo com
femelhante progreíTo perito nas dificulda-
des da Filofofia, e myfterios da Theologia.
Como a prudência fe anticipafle velofmente
aos annos ainda naõ contava quatorze quan-
do recebidas as primeiras Ordens ocupou
o honorifico lugar do Prior Commendata-
rio do Real Convento de Santa Cruz de Coim-
bra donde foy promovido à Cadeira Prima-
cial de Braga em o anno de 1532. Para refor-
ma dos abuzos, e obfervancia dos Cânones
Pontifícios celebrou Synodo a 14 de Se-
tembro de 1537. em que fe eftabeleceraõ
as Conllituiçoens para o governo de taõ di-
latada Diocefe, a qual renunciando em D.
Diogo da Sylva Bifpo de Ceuta a 3 de Julho
de 1539. ^'^y creado Inquizidor Geral deftes
Reynos, e fuás Conquiílas em cujo lugar
fez patente o ardente zelo, que alimenta-
va no peito contra os obftinados fequazes
da Synagoga, fundando o Sagrado Tribu-
nal do Santo Officio em Évora, e erigin-
doo novamente em Coimbra, c Goa. Morto
intempeftivamente feu irmaõ o SereniíTimo
Infante D. Affonfo Bifpo de Évora a 21 de
Abril de 1540. o fubftituhio a 14 de Setem-
bro nefta dignidade elevada ao privilegio
de Metropolitana, fendo o primeiro Ar-
cebifpo deíla illuílre Cathedral. Para digna-
mente premiar os feus merecimentos com-
petiaõ entre fi as mais fublimes Dignida-
des fobre qual havia fer a primeira, que fe
ornaíTe com a fua peíToa, pois como fe foíTe
pequena remuneração os lugares, que pof-
fuia o creou a Santidade de Paulo III. a 16
de Dezembro de 154J. Cardial com o titu-
lo de Santa Cruz de Jerufalem, que depois
foy mudado em o dos Santos quatro coroa-
dos, e Júlio III. no anno de 1553. Legado
à Latere nefte Reyno. Tal era o conceito,
que o Sagrado Collegio formou das vir-
tudes defte Sereniífimo Collega, que no
Conclave, que fe feguio à morte de Paulo
III. concorreo com grande numero de vo-
tos para fe coroar com a Tiara Vaticana.
Naõ permitío a Cathedral de Lisboa, que
as de Braga, e Évora fe illuftralTem com
taõ infigne Paftor fem que ella participaíTc
de femelhante gloria fubindo a Metropo-
litano de taõ venerável Diocefe em o anno
de 1564. por morte do Arcebifpo D. Fer-
nando de Vafconcellos, e Menezes. Em
todos eftes Arcebifpados exercitou com in-
defeíTa vigilância as obrigaçoens de Pre-
lado zelofo adminiftrando peflbalmcntc os
Sacramentos, e difpendendo continuas ef-
molas fendo mais copiofas àquellas pef-
foas a que o pejo lhe fechava a boca para
as pedir. Sem atender à própria faude vi-
zitava todas as Parochias, e pofto, que
era naturalmente benigno fc armava de
L USITAN A.
ngor contra os vidos dos Ecclefiafticos
por ferem os claros efpelhos a que compu-
feíTein as vidas os feculares. Para remédio
de huma fatal eílerilidade em as Provindas
de Entre Douro, e Minho, e Trás os montes
mandou vir do Reyno de França grande
copia de paõ o qual foy providamente re-
partido pelas partes em que fe experimen-
tava mais urgente neceíTidade. Ornou as
fuás illuíbáíTimas Efpozas com preciofos or-
namentos, e primorofas peças de ouro, e
prata para mayor obfequio do culto divino,
e pompoza celebração dos Offidos Eccle-
fiafticos. O natural afeâo, que tinha às fden-
das como taõ verfado nellas lhe infpirava a ef-
timaçaõ, que fazia dos homens fabios como
eraõ André de Refende, Ayres Barbofa,
D. Fr. Gafpar do Cazal, D. Jerónimo Ofo-
rio, e de outros muitos de que era fecunda
aquella idade. Ainda fe extendeo a mais
dilatada esfera o defejo de fe comunicar
com varoens eruditos mandando convocar
de Flandes a Joaõ Vazeo, e Nicolao Qe-
nardo ambos peritos nas Unguas Orientaes,
e de ItaUa ao Padre Pedro MafFeo celebre
em a Latina para que nefte Idioma fizeíTe
patente ao mundo as açoens mais que hu-
manas obradas pelos Portuguezes nas vaf-
tiíTimas Regioens do Oriente. Ordenou a
Damiaõ de Góes, e ao Bifpo do Algarve
D. Jerónimo Oforio efcreveíTem a Qiro-
nica de feu grande Pay o SereniíTimo D.
Manoel o I. na língua materna, e o II. em
a Latina, na qual fe naõ excedeo, certamente
competio com Quinto Curdo. Ao Dezem-
bargador Duarte Nunes de Leaõ infinuou
fer utiliíTimo para decifaõ das cauzas com-
pilar diverfas Leys, que por andarem dif-
perfas eraõ ignoradas, de que refultava gra-
viíTimo detrimento aos Litigantes. Teve
partioilar amizade com os Cardiaes S. Carlos
Borromeo, Eftanislao Hofio, e Jacobo Sa-
doleto igualmente eminentes pela purpura,
que pela Sabidoria. Ao tempo que jantava
ouvia altercar queftoens fobre matérias iden-
tificas fendo para o feu goílo mais delicio-
ías eftas controverfias de que todas as
iguarias, que foube inventar a arte para
lizonja da gula. Foy fagradamente pró-
digo em beneficio das Famílias Religio-
43/
fas levantando para eterno padraõ da fua
magnificência a Univerfidade de Évora cuja
direção cometeo aos Padres lefuitas donde
como inexhaurivel manandal tem fahido
caudelofos rios de erudição fagrada, e pro-
fana. Na mefma Gdade fundou o Collegio
dos Pordoniflas a que fucedeo o Real da
Purificação compoftos de fincoenta alum-
nos, cujo numero fe reduzio paliados alguns
tempos a vinte, e finco: a nova Parochia^
de Santo Antão; os Conventos de Valverde,
e de Santo António da Provinda da Pie-
dade, de cujas plantas foy architedo; o
Mofteiro de Santa Maria Magdalena de Re-
ligiofos Arrabidos junto da Villa de Alco-
baça, a reedificaçaõ do Convento de Còs
de Religiofas Cifterdenfes; a fundação da
Collegio de S. Bernardo de Coimbra; e ulti-
mamente o fumptuofo Collegio de Santo
Antaõ em Lisboa para os Padres Jefuitas.
Sucedendo a morte de feu Irmaõ ElRey
D. loaõ o III. a II de lulho de 1557. naõ
pode refiftir às multiplicadas inflancias da
Raynha D. Catherina para fer feu adjunto
na regenda defla Monarchia em quanto
durafle a menoridade de feu Neto EIRey D.
Sebafliaõ, mas paíTados dous annos refoluta^
efta Heroina largar a regência como info-
portavel aos feus hombros convocou Cor-
tes onde fendo eficafmente inftada pelos
Três Eftados do Reyno a que executaíTe o
feu intento, perfifldo nelle taõ conftante,
que foy refoluto naquelle politico congreíTo
fubAituilTe o feu lugar o Cardial D. Henri-
que cuja grave incumbência aceitou conf-
trangido a 25 de Dezembro de 1562. naõ que-
rendo, que a fua repugnância contribuiíle
para as infeUddades, que prudentemente
fe receavaõ. He incrível a vigilanda, que
aplicou pelo efpaço de féis annos na admi-
niftraçaõ delia Monarchia edificando For-
talezas, expedindo armadas, aliflando exer-
dtos para que os feus domínios fundados
nas quatro partes do Mundo eítiveíTem im-
penetráveis a invafoens inimigas, naõ fendo
menos aftivo o feu efpírito em promover
o augmento do comerdo, o culto da Re-
ligião, e a obfervancia da jufiiça. Ele-
vado ao trono feu Sobrinho D. Sebaftiaõ
a 20 de laneiro de 1568. dimitio o go-
438
B IB LIO THE CA
vcmo com igual jubilo à repugnância com
<juc o aceitara, e querendo aproveitar em
fanto ócio aquella parte de vida, que lhe ref-
tava, fe retirou a Évora a apacentar fegunda
vez aquellas ovelhas por morte de feu Paf-
tor D. loaõ de Mello fucedida a 6 de Agoílo
<le 1574. deixando eternamente faudofas as
<de Lisboa. No tempo, que eílava em Alco-
baça de cuja Real Abbadia era Commenda-
tario, devendo efta illuílriíTima Congrega-
do ao feu zelo a exaéb. obfervancia, que
hoje praâica cm os feus clauílros, lhe che-
gou a fatal noticia de que a 4 de Agoílo de
1578. fe fepultara com o feu Príncipe em
os Campos de Alcácer a gloria da Naçaõ
Portugueza. Conílernado com efte trágico
fuceíTo paíTou a Lisboa, e como naõ havia
outro Príncipe da linha Real, que legitima-
mente fucedeíTe no trono defta Coroa, pofto
que pela idade eftava inhabil para o gover-
no, foy aclamado em a Igreja do Hofpital
Real de todos os Santos a 28 de Agofto de
1J78. A primeira açaõ do feu governo
foy expedir copiofas fomas de dinheiro para
aíTiílir a outenta Fidalgos, que eftavaõ ca-
tivos nas mafmorras de Africa, que foraõ
reftituidos à fua liberdade por D. Francifco
da Cofta Commendador de S. Vicente da
Beyra Embaxador ao Xarife para concluir
efta negociação. Inftado das eficazes repre-
fentaçoens de vários Príncipes, que como
feus confanguineos pertendiaõ fuceder nefta
Coroa fe refolveo convocar Cortes em Lis-
boa ao primeiro de lunho de 1579. oi^de fe
elegerão finco Governadores para a deci-
faõ de taõ grande controverfia. Retirado
a Almeirim por cauza da Epidemia, que
fatalmente devaftava aos moradores de Lis-
boa convocou para aquella Villa os três
Eftados do Reyno a 11 de laneiro de
1580. onde vacillante o juizo pelo ter-
ror das armas de Caftella deixou com
culpável inércia indecifa a nomeação de
fuceflbr da Coroa cometendo aos finco
Governadores a faculdade da eleyçaõ.
Naõ podendo a natureza já decrépita re-
íiítír à violência de cuidados taõ impor-
tunos fe rendeo à ultima infermidade, de
cujo mortal perigo avizado recebeo com
fumma piedade os Sacramentos, e expi-
rou placidamente, em o Paço de Almei-
rim a 31 de laneiro de 1580. quando fecha-
va o perfeito circulo de 68 annos de idade
renacendo para a eternidade em o mefmo
dia, que nacera para o mundo. Teve a cfla-
tura mediana, os olhos azuis a cor do rofto
alva, e corada, cabello louro que encane-
ceo antes da Velhice. De Almeirim foy
transferido o feu cadáver a 14 de Dezem-
bro de 1582. por ordem de Filippe Prudente
para o Real Convento de Belém onde paíTa-
dos cem annos foy aberta a fepultura a 12
de lulho de 1682. para fe collocar em hum
fumptuofo Maufoleo, que mandara fabri-
car a piedofa magnificência delRey D. Pe-
dro n. e fe achou o cadáver naõ fomente
incorrupto, mas intaâas as veftes cardinali-
cias, e fendo levantado o corpo com pru-
dête advertência para fe examinar receberia
com o ar algua diferença, fe confervou no
mefmo eftado que tinha com geral admira-
ção dos circunftantes, fervindo taõ admirá-
vel incorrupçaõ de claro teftemunho da inte-
gridade da juftiça, e pureza do corpo em que
fora infigne. Sobre o Maufoleo fe lhe gra-
vou o feguinte Epitáfio compofto pela ele-
gante Mufa do Conde da Ericeira D. Fer-
nando de Menezes.
HU jacet Henricus gemino diademate clarus
Quod pátrio /ceptro purpura Junãa fmt.
Conditur, & Kegnum pariter cum Kege fe-
pultum
Ut foret Imperij vitaque mor/que fui.
O exceífivo fentimento, que univcr-
falmente houve pela fua morte explicou
o Padre Manoel Pimenta infigne Poeta
neftas métricas expreíToens.
Te liquidi flevère lacus, Te pallidus ouro
Rex Tagus, (& majlus Te pater Occeanus
Te juga, Te montes, Te fata draconibus
antra,
Quaque colunt vitreas Jquammea monjlra
domus.
Quin etiam fummos tefiata in noâe dolores
lúcida pallentes Cynthia traxit equos.
Omnia dant lacrymas mundi loca, credite
gentes
Máxima tot lacrymas non mji damna
petmt.
1
LUSITANA. 439
Quantítn perdiderit generofo in Príncipe judiais ad vitam , fortunamque petentihur
Mundus a^t, fed qtia de Jyderum cttrjti, deque univerja
Dat maré, dat fellus, a/Iraque máfia cali ratione dijputat. Eum tu Kex huma-
fidem. nijftme decem ahhinc annis ( efcrevia efta
As virtudes, e dotes com que fe illuf- epiílola no de 15 41.) Alathematicis Jcien-
trou a fua alma faõ heróico aflumpto dos tiis infiituendum à me curafii. Didicit ilh
Elogios de Varoens iníignes, e Efcrito- diligsntijfime , hrevique tempore Arithmetica
res fabios. O Summo Pontífice Pio IV. e5>* Geométrica EmcUSs EJementa, Spbara
em huma Bulia expedida no anno de 1561. Traãatum, Theoricas planetarum, partem
formou tal conceito da fua peííoa, que de- magna Afirorum compofitionis , Ptolomai
fejava defcanfar sobre elle parte dos feus Arifiotelis Mecbanica, Cojmo^aphica omnia,
cuidados paíloraes dizendo-lhe : in animo ha- Prifcorum quorum dam infirumentorum ufii,.
buerimus pro univerfalis Ecclefia felici reff- (& non nullorum etiam, qua ego ad navt-
mine nofira Jolicitudinis partem cttra tua comit- gandi artem excogitaveram. Didac. de Pay-
tere, ac demandare tihi, cujus fides, vita inte- va, e Andrad. Epifi. Dedic. Defenf. ad
gritas, fingularis virtutis merita nohis jam Gregor. XIII. Princeps omnium virtutum
ante nofiram ad Summi Apofiolatiis affum- genere omatijjimus. Joaõ de Barros Pa-
ptionem, cognita, & prohata exifiunt. Se- neg. à Inf. D. Mar. n. 80. cujos cufiumes,
melhante Elogio lhe fez feu fuceííor S. fanta vida, e purijfima limpeza de vida nor
Pio V. em huma Carta, que lhe efcreveo reprefentaõ em nojfos dias o grande Grego-
no anno de 1566. Jucunda nohis fuit com- rio, Bafilio, ou Agofiinho. Padre Anto-
memoratio pietatis, ac virtutis Re^s Sebaf- nio de Macedo. J-^fit. InfuL pag. 258.
tiani, (àf" ingentis fpei, ac expeãationis quam Índole excelfa, ingenio ad virtutem dociliy
de fe omnihus illa jam atate affert: id quod ad litteras comparato. Góes Chron. de/Rey
Nos cum vi natura, Generifque tribuimus, D. Man. Part. 3. cap. 27. No trato da fua
tum vero paterna cura, ac infiitutioni tua, pejfoa fevero, e pouco mimofo, muy conti-
nec folum monitis fapientijftmis, fed etiam nente, e temperado fora de toda a cobiça, e
exemplis, qua in Te fibi propofita ad imi- ambição de proveitos, e honras temporaes.
tandum habuit. Santo Ignacio de Loyola Marrac. Purpur. Marian. pag. 197. Qut
em Carta efcrita de Roma a 6 de lulho non folum rara quadam fanãitatis perfeãione,
de 1553. Também me confolei muito em o fed etiam regali majefiate {quod ad ejus ata-
Senhor nojfo com o que V. A. fe dignou efcre- tem vifum non fuerat) facrum Cardinaliurfr
verme do ferviço, que fe fa\ nejfas partes à Collegium illufiravit; (& Coronam galero,
divina Magefiade pelos baixos infirumentos defia f ceptro haculum, et utramque purpuram co-
minima Companhia, porque taõ grave tefie- pulavit. <& Bib. Marian. Part. i. pag. 562.
munho de quem Deos NoJfo Senhor tem do- vir optimarum omnium virtutum laude incly-
tado de tanta lu^ e efpirito, naõ pode fe naõ tus, eb* praclarus tam corporis, quàm ani~
ter muy grande pev^o. O Doutor Martim mi dotibus à Deo omatus. Telles Chron.
AfpUcueta Navarro Manual. Confejfar. De 7. da Comp. de Jefus da Prov. de Portug. Part. 2.
Pracep. Decai. n. 206. Omnium virtutum liv. 5. cap. 28. n. 5. Com a idade foy
heroicarum panegyri, rerum divinarum, <& crecendo na fciencia da Sacada Efcritura,
humanarum eximia cognitione comi tatus. Pe- e Theologia; inclinou-fe muito à liçaõ dor
trus Nunes De Crepufcul. in Epift. Dedi- Santos Padres onde adquirio bom cabedal"
catr. ad loannem III. Qui cum nullum de fciencias, das quais deu mofiras em mui-
tempus inter mittat, quin femper, aut anima- tas ocafioens. Ofor. de Reb. Emman. lib. 8.
rum faluti profpiciat, aut óptimos quofque Plane confiat in illius probitate, virtute, reli-
authores evolvat, aut litteratorum hominum gione, confiantia, <& in Sanãitatis exemplo
Colloquia audiat, Afironomia theorematis Lafitani Imperii firmamentum confifiere.
mirum in modum deleãafur, non illius qtà- Vafconcel. Anaceph. Reg. Eufet. pag.
dem fluxa fidei, (& pene jam explofa, qtà 339. Suopte ingenio ^avis, loquendi difper-
440
BIB LIO THE CA
Jior, veritatis fumme amator, fecreti aprí-
me tenax, lahorum patiens, abhorrens à di-
liciis, accerrimus juJHíia cultor. Brito EJog.
dos Keys de Portug. Elog. i8. Teve gran-
de :(elo das coujas de Deos, e conciencia.
Palat. Faji. Cardinal. Tom. 3. col. 184.
In Henrico mirahatwr Lsijitania, quod in fanc-
fa memoria Pio V. Koma fufpiciebat. Ma-
ris Dial. de Var. Hijl. Dial. 5. cap. 5.
Do Grego, Hebraico, Matbematica, e Filo-
fofia entendeo bem os principios. Ciacon. Vit.
Pontif. Koman. Tom. 3. col. mihi 718.
In quo multa, cu praclara tam corporis, quam
animi partes, <& eximia ingenii dotes erant,
quibus accedebat litterarum cogiitio, vita in-
tegritas, morum Sanãimonia, magna, ac vere
re^a liberalitas, qua pios femper homines, €^
ftudia fovebat. Clede HiJl. Gen. de Portug.
Tom. 2. pag. mihi 89. II etoit ver/è dons
le Droit Canon; il connoiffoit plufittrs lan-
^es. Barbud. Emp. Milit. de Ijujit. liv.
17. Príncipe dotado de muchas virtudes, y
en quien concorrieron las calidades necessárias
a un buen P^ey. Duard. Non. de Ver.
R/jg. Portug. Orig. foi. 45. v.o Keligionis,
^ fidei negotia, cujus Jummum gejfit magifira-
tum tanta indujiria, (ò* integritate traãavit
conquíjitis ad id virís optimis, et do£Hftmis,
quorum opera ufus ejl, ut fecundam Deum ei
videatur acceptum ferendum Jiimmum religionis
Jludium, quo iMjitania inter omnes alias Or-
bis provindas eminet. Cunha Hijl. Ecclef.
de Brag. Part. 2, cap. 74. c 75. Atichy
Flor. Cardinal. Tom. 3. pag. 293. Pal-
lavic. Hijl. Concil. Tríd. Pait. 2. lib. 24.
cap. 9. n. 15. Thuan. Hi^. Tom. 2. ad
ann. 1580. lib. 69. e 70. Franco Imag.
da virt. em o Nov. de Evor. liv. i. cap.
5. e feguinte, e Annal. S. J. in hujit.
pag. 122. n. 8.
Compoz.
Meditaçoens, e homilias Jobre alguns MyJ-
terios da Vida de nojfo Redemtor, e Jobre
alguns lugares do Santo Evangelho, que /<rç
o Serenijfimo, e Reverendo Cardial Iff ante Dom
Henríque por fua particular devoção. Évora
fem anno da imprcííaõ em letra gothica.
Depois fahiraõ Lisboa por António Ri-
beiro 1574. 8. Eíla obra foy publicada
por dcligencia do infigne Varaõ Fr. LuÍ2
de Granada da qual faz no Prologo o
feguinte juizo. EJlan ejlas meditaciones tan
llenas de Jentencias, y doãrinas tan provecho-
:(as; van acompanadas con tantos, y tan dul-
ces, y devotos afeãos y fentimientos ; Jon las
Jentencias tan próprias, y tan acomodadas a
los Myjlerios, que tratan; es el ejlilo por
una parte tan dulce, e por otra tan grave
y tan elegante, que qtnen quiere que los leye-
re, conocerà que el ejiilo es de Príncipe, y
de pecho Real. Da lingua Portugueza trans-
ferio eíla obra à Latina Fr. António de
Sena Dominico à inftancia de Frandfco
Giraldes Embaxador de Caílclla em a Cot-
te de Inglaterra, c llie acreccntou o Tra-
tado dos Três votos ej/enciaes da Reliffaõ
compofto por Fr. Humberto de Romanis
Meílre Geral da Ordem dos Pregadores,
e fahio dedicada ao dito Embaxador. Lo-
vanii apud Servatium Sallenium. 1575. 12.
Ultimamente os Padres Jefuitas do Col-
legio de Évora em agradecida memoria
do Sereniflimo Cardial Infante feu magni-
fico Protector traduzirão eíla obra em
latim mais puro, e elegante, e íahio com
o titulo feguinte.
Meditationes, éf homilia in aíiqua myj-
ieria Salvatoris, (ò' in nonnulla Evangelii loca,
quas Jibi prívatim conjcrípjit Serenijfimus, €>*
Reverendijfimus Cardinatis D. Henricus poten-
tijftmi, ac inviãijftmi Emmanuelis quondam Por-
tugallia Regis jilius. OlyíTipone apud Fran-
cifcum Corrêa 1576. 8. Eíla ediçaõ íahio
addicionada com as Meditaçoens fobrc a
Magnificat, e Oraçaô Dominical, fendo eílas
ultimas já traduzidas em latim pelo Q-
cero Portuguez D. Jerónimo Oforio como
confeíTaõ no Prologo ao Leytor os tradu-
tores. Foraõ também eílas ultimas Medita-
çoens vertidas em Outava Rima por André
Falcaõ de Refende fobrinho do Chroniíbi
Garcia de Refende, cuja obra começa.
Remirte ò homem qtáv^ Deos Sempiterno
Com rejgate de amor maravilhojo.
Conjlituiçoens do Arcebijpo de Braga. Lis-
boa por Germaõ Galharde. IJ38. foi.
Baptijlerío Jegundo o cujiume Romad tom
outras coujas muito neceJJ'arias aos Curas, e
Capellaens agora novamente correão, e auffmih
tado por mandado do Serenijfimo Iffante de
L USITANA,
441
Portugal D. Anríque Cardial de Santa I^e-
ja de Roma. Lisboa na Caza de Joannes
Blavio de Agripina Gilonia ImpreíTor del-
Rey NoíTo Senhor. Acabou-fe aos 20 dias
de Dezembro anno 1558. 4.
Confiituiçoens do Bifpado de E^ora im-
prejfas por mandado do muito alto, e muito
excelhnte Principe, e Senhor o Senhor Car-
dial Infante de Portugal. Évora por André
de Burgos. 1558. foi.
Decretos, e determinaçoens do Sagrado Con-
cilio Trideniino que devem fer notificadas ao
povo por ferem de fua obrigação, e fe baõ
de publicar nas Parochias. Lisboa por Fran-
cifco Corrêa ImpreíTor do Cardial líEan-
te NoíTo Senhor aos 15 de Outubro de
1564. 4.
Confiituiçoens Extravagantes do Arcebifpa-
do de Usboa. Lisboa em caza de Fran-
cifco Corrêa Impreflbr do SereniíTimo In-
fante aos 26 de lulho de 1565. foi. &
ibi 1569. foi.
Praãica a ElRey D. Sebafiiaõ quando a 20
de Janeiro de 1568. lhe entregou o governo do
Reyno. ImpreíTa na Hijl. Sebajlic. de Fr. Ma-
noel dos Santos Chroniíla deíle Reyno liv.
2. cap. I.
Memorial, que apret^entou a ElRey D.
SebafliaÕ em que relatava tudo quanto tinha
obrado em ferviço da Coroa no efpaço de
Jeis annos que a regeo. ImpreíTo na Chron.
da Companhia de Jefus da Prov. de Por-
tugal compoíla pelo Padre Telles Part. 2.
liv. 5. cap. 30. n. 4.
Duas Cartas de recomendação a favor do
Padre 1-MÍ^ Gonfalves da Camará efcritas a
dous Cardiaes, a 20, e 26 de laneiro de 1553.
ImpreíTas na Chronic. da Comp. de Jefus da
Prov. de Portug. compoíla pelo Padre Telles
liv. 4. cap. 13. n. 2. e 5.
Carta a S. Francifco de Borja efcrita
de Lisboa a 11 Novembro de 1559. ImpreíTa
na dita Chronic. Part. 2. Uv. 5. cap. 20.
n. 2.
Epifiola Santijjfimo Domino Pio IV. data
Ulyjfipone 4. Kal. Januar. 1568. ImpreíTa na
dita Chron. liv. 5. cap. 32.
Mandou traduzir em Portuguez para
inflxuçaõ dos Parochos da Diocefe Bracha-
renfe quando era feu Arcebifpo.
Sacramental de Clemente Sanches do Ver-
dal Arcediago de Valdeiras em a Igreja de
Eeaõ. Braga por loaõ Beltrão, e Pedro
de la Rocha. Acaboufe de imprimir aos
15 dias do mez de Fevereiro de 1539.
Deíla tradução fe lembraõ o IlluíbriíTimo Cunha
Hifl. Ecclef. de Brag. Part. 2. cap. 74. n. 6.
e D. Nicol. Anton. Bib. Hifp. Vet. lib. 10.
cap. 2. §. 93.
Coufas de devoção, que fe^ E/Rey D. Hen-
rique Cardial, e Miguel de Moura ordenou fe
tresladaffem de papeis rubricados por fua Al-
tev^a, que foraõ cubados em hum efcritorio na
morte do dito Senhor. M. S.
Lembranças para qualquer pejfoa examinar
fua conciencia, M. S.
Lembranças, que deve ter o Rey defle Reyno
para examinar, e repartir as horas de dia, e de
noute. M. S.
Expofiçaõ fobre o PfaJmo Mifericordiam,
& judidum cantabo tibi Domine. Aí. S.
Meditação fobre a comerfaõ da Magdalena.
Aí. S.
Tercetos fobre o Evangelho da Samaritana.
Aí. S.
Praãica aos Monges de Alcobaça em o
Capitulo celebrado a ^o de Setembro de 1573.
Aí. S.
Todas eílas obras M. S. fe confervaõ
na Livraria do lUuítóíTimo, e ExcellentiíTimo
Duque de Lafoens, que foy do Eminen-
tiíTmao Cardial de Souza.
Difcurfo em que fe mofira que S. Paulo
pregara a Fé em Hefpanha. Aí. S.
Obfervaçoens Hijioricas; as quais comuni-
cou a loaõ Vafeo para a Chronica de Ef-
panha, que compoz, como efcreve no Pro-
logo deíla obra. Sed non contentus begnif-
fimus Princeps hoc beneficio fi quid etiam in
legendis authoribus, ut omne tempus, quod ab
oratione, eb* publicis negotiis vacat, Sacrorum
Atithorum leêHone tranfigit, obfervaret quod inf-
tituto meo conduceret, humanijjime mihi commu-
nicavit. DeAas duas obras fazem memoria
Ciacon. Vit. Pontif. Roman. Tom. 3. col.
mihi 719. e Palat. Fafli Cardin. Tom. 3.
col. mihi 192.
Fr. HENRIQUE DE ALMEYDA na-
tural de Lisboa, e alunmo da illuíbre
442
BIBLIO THE CA
Ordem dos Pregadores igualmente nobre
por nacimento, que infigne na litteratura
aflim nas efpeculaçoens Theologicas, como
em as dificuldades Efcriturarias. Por obe-
decer à infinuaçaõ da Raynha D. Catherina
digniflima conforte delRey D. loaõ o III.
traduzio da lingua Portugueza em que com-
puzera o Venerável varaõ Fr. Luiz de Gra-
nada, em a Caílelhana.
Compendio de la Doãrina Chrijliana con
quatorv^e Sermoens de las principales Vieftas
dei ano. Madrid. 1595. Deíla obra fa-
zem mençaõ Nic. Ant. Wih. Hifp. Tom. 2.
p. 35. col. I. Mõteiro Clauftr. Domin. Tom. 3.
pag. 227. e Echard Script. Ord. Prad. Tom. 2.
pag. 315. col. I. onde adverte, que eíla tra-
dução conforme efcreve o Doutor Luiz
de Munós Vid. de Fr. Lut^ ^ Granad. liv. 3.
cap. 3. he diferente da que fez Fr. loaõ de
Montoya Dominico impreíTa Granada por
loaõ Dias, e Seballiaõ de Mena. 1595. 4.
HENRIQUE DE ANDREA filho de
loaõ Filippe de Andrea, e D. Maria Dias
naceo em Lisboa no anno de 171 1. Na tenra
idade de nove annos paíTou a Itália onde
aprendendo letras humanas, e Filofofia
recebeo o grão de Meílre neíla Facul-
dade, da qual dedicou humas conclufoens
ao SereniíTimo Senhor Infante D. Manoel
afliftente naquelle tempo na Cidade de
Génova. Admetido a Academia dos Ár-
cades com o nome de Irmiride havendo
girado pelas principaes Cidades de Itália
chegou a efta Corte no anno de 1730. e fe
aplicou ao eíludo da Sagrada Theologia
em a Congregação do Oratório. Segunda
vez deixou a pátria, e cultivando na Sa-
piência de Roma hum, c outro Direito
recebeo em ambos as infignias doutoraes
em 1737. Sendo alumno da Academia dos
Infecundos fe diílinguio o feu talento em
varias obras poéticas aíTim Latinas, como
Italianas, que fe fizeraõ publicas com as
outras da mefma Academia. ReíUtuido a
Portugal foy provido em o Arcediagado de
Fonte Arcada, que vagara por feu Irmaõ
loaõ de Andrea de quem cm feu lugar
fe fará diíUnta lembrança. Por ordem do
Meílre do Sacro Palácio recitou em a
Capella Pontifícia na prefença da Santidade
de Clemente XII.
De gloriojijftma Chrifti AJcenJione Ora-
tio habita in Sacello Pontificio aã demen-
tem XII. Pont. Max. Romae apud Typ.
Vatican. 1734. 4.
Fr. HENRIQUE DE SANTO ANTÓ-
NIO chamado no Século Manoel Armaõ
naceo em a marítima Villa de Cafcaes a
II de Setembro de 1682. fendo filho de
loaõ Armaõ, e Mariana Marinha da Matta.
Com judiciofa eleição preferio em a idade da
adolefcencia a tranquilidade do Clauílro ao
tumulto do feculo recebendo o habito de
S. Paulo primeiro Erimita em o Convento
de Lisboa a 28 de Novembro de 1698. e
profeíTando folemnemente a 30 do dito
mez do anno feguinte. As fciencias efco-
laíUcas, que aprendeo com difvelo diâou
com aplauzo até jubilar na Sagrada Theo-
logia fendo taõ venerado o feu talento nas
Cadeiras, como nos púlpitos onde fubtil-
mente praéticou os preceitos da Oratória
Ecclefiaílica. Pela fua literatura, e prudên-
cia obteve os lugares de Geral da fua Con-
gregação, Qualificador do Santo Officio»
e Examinador das Três Ordens Militares.
Como taõ verfado no eftudo da Hiftoria.
Ecclefiaílica, e principalmente do Erimitica
inílituto, que profeíTa, publicou pelo bene-
ficio da impreíTaõ os feguintes partos da
fua laboriofa aplicação.
Chronica dos Erimitas da Serra de OJfa no
Keyno de Portugal, e dos que floreceraõ em mais m
ermos da Cbriftandade, dos quais nos feffántes
Jeculos fe formou a Congregação dos Pobres de
Jefu Chriflo, e muito depois a Sagrada de S.
Paulo primeiro Erimita chamada dos Eremitas
da Serra de OJfa. Tom. i. que contem a Hijloria
Anacoretica, e Cenobitica dos primeiros finco
féculas do Mundo Cbrifiaõ. Lisboa por Fran-
cifco da Sylva. 1745. foi.
Memorias do V. Fr. Vafco que fe acbaõ
no Arcbivo do nojfo Convento da Serra de
OJfa. Sahio na Antilogia Catacritica da ver-
dade Benediãina compoíla por Fr. Marcelliano
da Afccnfaõ Monge Beneditino. Madrid
por Alonfo Balbas. 1758. foi. dcfde pag. 152.
até IJ9.
L USITAN A.
443
HENRIQUE BRAVO DE MORAES
profeíTor dos Sagrados Cânones, Deaõ
da Sé Primacial de Goa, ComiíTario da
Bulia da Cru2ada, Vigário Geral do Ar-
cebifpado, e feu Governador nomeado
pelo Uluftriflimo Arcebifpo Primaz D.
Sebaftiaõ de Andrade Paçanha. Foy muito
eftudiofo da Hiíloria, principalmente da
Eccleíiaftica efcrevendo.
Notícias dos Arcebifpos, e Prelados da
Metropolitana de Goa com defcripçcw da Igreja
da Jtia Sé Primacial, e todas do Arcebifpado
de Goa. foi. M. S. Confervafe efte Vo-
lume na Livraria dos Arcebifpos de Goa
no feu Palácio de Panelim. Delle man-
dou huma copia à Academia Real da
Hiftoria Portugueza cuja obra fer feita
<om grande exaçaõ, e cuidado aííirma o Pa-
dre D. António Caetano de Souza Affol.
Lufit. Tom. 4. no Commentar. de 15 de
Agofto letr. C. pag. 575. coL i. e a con-
ferva em feu poder. Falleceo o author
com fumma piedade em Goa a 6 de Fe-
vereiro de 1729.
HENRIQUE DE BRITO ProfeíTor de
Humanidades em a famofa Univeríidade de
Coimbra no feliz tempo em que com igual
gloria floreciaõ as letras fagradas, e profanas.
' Foy iníigne latino, e elegante Orador como
I deixou manifefto na obra feguinte.
Oratio de Scientiarum, difciplinarumque
omnium laudibus habita Conimbrica. Co-
nimbricae. 1554. 8.
HENRIQUE CAYADO filho de Ál-
varo Cayado, e de fua conforte Anna
ornada de todos os dotes da natureza
teve por pátria a incUta Cidade de Lisboa
onde na idade da adolefcencia aprendeo
os preceitos Gramaticaes de Gonçalo Rom-
bo celebre profeíTor de letras humanas, An-
helando o feu talento, que era prefpicas,
inftruirfe com fciencias mayores fe refol-
veo paíTar a Itália atrahido da fama do
grande FHologo Angelo Policiano a cujo
dezejo condefcendeo feu Pay o qual ob-
tendo faculdade delRey ( a quem era
muito aceito peUas açoens politicas, e mi-
litares que em obfequio deíla Coroa tinha
obrado) para que feu filho fahiíTe de Por-
tugal, o mandou abundantemente provido
de tudo quanto lhe era neceíTario para Bolo-
nha em cuja Univerfidade havia frequentar
o eítudo da Jurifprudencia Cefaria porem
como o feu génio fe naõ inclinaíTe a efta Fa-
culdade dedicou toda a aplicação à cultura
das letras humanas em q com fumma delei-
tação confumia o tempo. Florecia nefte tempo
em Bolonha Cataldo Parifio natural de Sicília
fublime cultor do ParnaíTo de cujo magifterio
fahio taõ egregiamente inílruido, que che-
gou a competir na fuavidade da metrificação
com o Meíbre eternizando em o Epigram-
ma feguinte os progreíTos, que fizera na
Poezia com as fuás inílruçoens.
Otia fi qua tibi fuerint, fi quando vacabit,
Verjiculos nojlros, doãe Catalã, leges:
Verjiculos è fonte tuo quos haufimus, <& quos
Diãare baud dubie vifus es ipfe mihi,
Yormafii ingenium primus, primujq per altos
Duxijli lucos, an traque Pieridum:
A.' te principium Mu/a, tibi nofira Thalia
Supplicat, €^ fe vult te genitore fatam.
Mirari noli, fi degeneravimus ufquam,
Nam liquido interdã manat ab amne lutu
De Bolonha fe transferio a Florença an-
dofo de ver a Angelo Policiano cujo afefto
querendo condliar lhe ofTereceo hum Poema
em feu louvor do qual inferio Policiano o
fublime enthuíiafmo da fua Mufa. Nadando
por devertimento em hum Viveiro de peixes,
que eftava nos arrebaldes de Florença quafi
efteve para exhalar o efpirito por cauza do
exceíTo de frio, que Uie ocupou todo o corpo,
cujo trágico fuceíTo defere ve na Egloga fe-
gunda em que juntamente lamenta com enter-
necidas expreflbens a morte de Angelo Poli-
ciano. Em todas as Qdades de Itália, que dif-
correo eraõ os mais celebres eruditos os Pane-
giriftas do feu talento como foraõ em Bolonha
Roberto Lantono, e Mino Rofcio Diétador,
e em Ferrara Gregório Giraldo, e Celio Cal-
cagnino chegando a tal aclamação, que o
povo com o dedo o moílrava como erário
das delicias do ParnaíTo. As fuás Eglogas
eraõ lidas com geral aplauzo das quais
tinha elle formado taõ alto conceito,
que lhe pareciaõ igioaes às de Virgílio
como iníinuou na Carta efcrita ao Duque
444
BIB LIO THE C A
Hercules. Virgilius decem Éclogas, Ego dum-
taxat novem edidi, ne cum Poeta emineníijftmo
certare de numero viderer. A fama, que tinha
adquerido em o eíludo das letras amenas,
como a natural averfaõ à Jurifprudencia,
totalmente o feparou de fe aplicar a efta
Faculdade, que feu Pay o mandara eftudar,
e fendo feveramente increpado por feu Tio
Nuno Cayado de naõ ter obedecido àquelle
preceito, lhe refpondeo nefta forma.
Difcere me coffs, Noni, Civilia Jura
Et donare juhes jam mea phãra rude.
Dulcia quis trucibus permutat carmina ri xis}
Quis prafert nojlris jurgia rauca Jocis?
Sunt leges lacrymce, quajius, perjuria lites,
In vetitumque nefas, impticiteque doli.
Quis fordes aquis oculis fpeâare reorum,
Quis fleãus duro peãore ferre potefl;
Men nugas audire fori mendacia? vanis
Men prabere aures caufdicis faciles?
Ut juvat hijlorias veterum monumenta viro-
rum
Perlegere, e^ mores infpicere inde homi-
num.
Quid referam arcana fenfus in nube laten-
tes?
Quid referam obflrufis myjlica facra mo-
dis?
Adde et conuexi clarijftma lumina mundi,
Et rerum caufas, notitiamque deum.
Hac ego Paãolum Jiquis mihi tradat, e^
Hermum
Non vendam, efl cunãis vitaque, morfque
eadem.
Quod fi divitiis opus efl fulvoque metallo,
Ejfe inopes Mufas non patiere mihi.
Teãa Ducum fubeant alii, Procerumque pe-
nates,
Tum mihi pro cunãis Keffbus effe potes.
Agravado o Tio do pouco fruâo, que
colhera com a exhortaçaõ feita ao fobri-
nho fe vingou negando-lhe a aíTiílencia
do dinheiro com que fe alimentava, e veftia,
de cuja opreílaõ fe queixou com eftas vozes
a Bartholameo Blanchino.
Noãe, dieque famem patitur, Blancbine, Poeta
Incedit nudus pene Poeta mifer.
Naõ eraõ poderofas eftas moleftias pa-
ra que fufpendendo o comercio das Mufas
frequentafle o eíhido da Jurifprudencia até
que obrigado do preceito delRey D. Ma-
noel preferio luítíniano a ApoUo, c no cf-
paço, de três annos tal foy o progreíTo, que
a perfpicacia do feu talento unida à felici-
dade da memoria fez naquella Faculdade
em a Univerfidade de Pádua, que foy lau-
reado com as iníignias doutoraes, c na mef-
ma Academia a 23 de Outubro de 1505.
recitou huma Oraçaõ cm louvor da Jurif-
prudencia, que mereceo aplauzo univerfal a
qual no anno feguinte fe publicou impreíTa
por Bernardino Vital. Reftituido a Portu-
gal afliftio pouco tempo na fua pátria pois
fentindo, que lhe foíTe antepoílo em hum
lugar Jurídico outra peflba muito inferior
ao feu merecimento, para naõ experimentar
fegunda injuftiça fe retirou para huma Quinta
íituada em Bemfica meya legoa diftante de
Lisboa onde defgoílozo acabou a vida.
Adriano Baillet Jugem. des Scavans Tom. 4.
pag. mihi 304. efcreve, que elle morrera em
Roma no anno de 1508. de huma grande
porçaõ de vinho que para remédio da
doença, que padecia lhe deu hum Inglez
feu amigo chamado Chriílovaõ Fifcher
perfuadindo-o a que defprezando os me-
dicamentos receitados pelos Médicos
bebeíTe aqueUe eficaz Befoartico produ-
zido em Corfega, e confervado havia
quatro annos. Teve a eílatura pequena,
corpo groíTo, praétíca jovial, e fumma-
mente prompto em as refpoílas. Diverfos
authores celebrarão a fua memoria com
elegantes Elogios, como faõ Filippe Bc-
roaldo in Epifl. ad Eudou. Teixeram dizen-
do. Efl Hermicus Eufitanus in condendis Poema-
tis ingeniofus, elegans, flor ulen tus: habet venerem,
hahet falem funt illi verba latina, fententia poé-
tica, verfus emunãi. Deíider. Erafmo in Cice-
roniano lhe fez o feguinte Elogio. Et hujita-
nos aliquod eruditos novi qm vulgaverinte tngmii
fui fpecimen, ne minem novi prater Hermicum
quemdam in Epigrammatibus felicem, C^ in ora-
tione foluta f adiem, ac promptum, ad argumen-
tandiim dexterrima dicacitatis. Fana, c Sou-
za Fuent. de Aganip. 4. Part. n. 3. c 4.
las Eglogas de nuefiro Portuguei^ Henriqm
i LUSITANA, 445
j Cajado, que las dedico ai Key D. Mamei 'EclogB, Sylva, (& Epiff^ammata. Bo-
j £on otros Poemas nò fon infelices. Nicol. nonise apud Benedidum Heétorem. 1501. 4.
i Ant. Bib. Hifp. Tom. pag. 432. col. 2. Qiegando hum exemplar defta obra às
j Jloruit latina eruditione, (& Poeji. Refende maõs do Summo Pontífice Alexandre VH.
j in Orat. hahit. in Acad. OlyJJip. anno 1337. iníigne Poeta Latino julgou fer digno o
Poeta veterihus conferendus. Lilius Girald. feu author de ornar a Bibliotheca Hif-
Ae Poet. fui Temp. Dialog. 2. Fmt Hermicus pana em que naquelle tempo trabalhava
Cayadus Poeta vefier qui in lod/itania Hen- indefeflamente o famofo Nicolao António
ricus vocahatur fermone fefiivus in Itália Fio- a quem remeteo o exemplar pelo eruditif-
rentia, <Ò' Bononia verfatus, PoHtiani, (& íimo Monge Ciftercienfe Fr. loaõ Bona,
Beroaldi tempore quorum, <& difciplina, <& que depois foy elevado á Purpura Romana.
jamiliaritate ujus. Ludou. Teixeira in Epif- Sahio efta obra fegunda vez imprefla em
tol. ad Beroald. Utinam qua ego de Car- nobre carafter, e elegante forma no i. Tom.
mnibus Cayadi, qua de ingenio conceperim, do Corpus llluftr. Poetar, hjtjitanor. qui latine
vulgo pojjim citra affentationis Jujpicionem. Jcripjerunt. Lisboníe Typis Regalibus Syl-
OJlenderem quippe quantopere Poeta nofier vianis, Regiíeque Academiíe. 1745. 4. defde
non modo inter Hif panos excellat, fed etiam pag. 51. até 259.
j itrgeat veftrates. Morery Diccion. Hiftorique.
! Poete celebre. Maced. Flor. de Efpan. cap. HENRIQUE CARLOS CORRÊA
! 8. Excel. II. Damian. de Góes Hifpan. naceo em Lisboa a 10 de Fevereiro de
no Tit. de vir doais. loan. Soar. de Bri- 1680. fendo filho de Félix Thomaz Cor-
to Theatr. Ijijit. Liter. lit. H. n. 5. Ley- rea, e Mariana de Brito, e Oliveira. Nos
taõ Not. Chronol. da Univerjidade de Co- primeiros annos em que logo moftrou
imb. pag. 414. §. 895. Fxcellente Poeta, viveza de engenho, e felicidade de me-
i Jurifconfulto. Petrus Sanches in Epijl. moria cultivou a Arte da Mufica que lhe
ad I^atium de Moraes. enfinou o Padre Domingos Nunes Pe-
Cayada de gente tibi venit Hermicus ille reira Meftre da Cathedral de Lisboa de
Hermicus Aufonia cunãis notijjimus urbe, quem já fizemos memoria, e foraõ taes
Qui cecinit Sylvas, pecudefque, fÍT numimina os progreíTos, que fez nefta Faculdade,
ruris, que chegou a exceder ao feu Meífare, e
Quem fape inflantem calamos, <& dulce fo- competir com o infigne António Mar-
nantem quez Lesbio Meftre da Capella Real vene-
Teãus arundinibus fummis audivit ab tmdis rado Oráculo defta armonica Arte. A
Mincius ipfe pater fiuãus, fÒ" ponere rau- fama, que corria da fua profunda fciencia
cum authenticada com a multiplicidade de
JuJJit murmur aqua labentis, ut altius aure obras em que a novidade da idea fe unia
Attentá molles números, <& verba notaret. com a armonia da confonancia fempre
Credebatque fenex Mufam, mane/que Aia- reguladas pelos preceitos da Arte moveo
ronis ao Illuftriírimo Bifpo de Coimbra D. An-
Populeas inter frondes, in vallibus illis tonio de Souza, e Vafconcellos para o cha-
Errare, <& Sjlvas, fedefque revifere amatas. mar para Meftre da fua Cathedral cuja in-
O Padre António dos Reys Enthujiafm. cumbencia dezempenhou por mmtos annos
Poet. n. 1 67. com geral aclamação. Anhelando o feu efpi-
Cayadus ab ipfo rito a mayor perfeição recebeo o habito mili-
Virgilio baud multUm difians fuper árdua tar de S. Tiago em o Real Convento de Pal-
collis mela a 24 de lulho de 171 6. onde exercitando
Ibat, ab ore meios fundendo dulcius illo, o magifterio da Mufica naõ tem ceifado até
Quo placata olim Plutonia Re^a canenti o tempo prefente de compor as obras, que
Eutydícem tribuere viro. fe ouvem com aplauzo, e fe confervaõ com
Publicou. eftimaçaõ, cujo Cathalogo he o feguinte.
446
BIB LIO THE CA
Kefponforios das Matinas da ^. 5 . e 6. feyra
da Semana Santa a 8. vozes.
Kefponforios da y e G. feyra da f emana
Santa 2. 4. vozes.
Kefponforios da Fejla do Natal a 4. vozes
com Rabecas, e Rabecão obrigados.
Kefponforio das Matinas de S. Lj/^ia. Di-
lexiíli Juftitiam. a 4. vozes com Rabecas.
Kefponforio das Matinas de Santa Ignes.
de Três Tiples.
Kefponforio das Matinas de Santa Ceci-
lia O' beata Cecilia. A 8. vozes com dous
Clarins, duas Rabecas obrigados. He de 5.
Tom. ponto alto.
A primeira luimentaçaõ Cogitavit Do-
minas da 6. feyra de 4. Tiples z. Tom.
por bmol.
A mefma Lamentação a Solo Tiple
com quatro Rabecoens obrigados.
A mefma hamentaçaõ a Duo contralto,
e Tenor com o acompanhamento extra-
vagante. I. Tom ponto baixo.
Ex Traâatu S. Auguflini liçaõ 4. das
Matinas de 6. feyra Mayor a 4. vozes dous
contraltos, e dous Tenores, i. Tom.
Fejlinemus ingredi. liçaõ 7. das Ma-
tinas da 6. feyra Mayor a 4. vozes 2. Tom.
por bmol.
Miferere mei Deus a 12 vozes de 4.
Tom. Outro a 4. vozes 2. Tom por
bmol; outros a três vozes.
Motetes de 4. vozes de 7. Tom hum
ponto alto que fervem para a Via- Sacra,
e começaõ Bajulans fibi crucem Exeamus
ergo — Domine Jefii — Angariaverunt Simonem
— Filia Jert falem O' vos omnes — ]efns cla-
mans você ma^.
Motetes de 4. vo:(es de 4. Tom. que
começaõ Pupilli faãi fumus — Cecidit coro-
na — O' vos omnes — Defecit gaudium Sepulto
Domino. Servem para a prociííaõ do
Enterro do Senhor.
Motetes Trijlis ejl anima mea a 4. vo-
zes 6. Tom. Domine miferere de 4. Tom.
Converte nos de 6 Tom. Domine ]efu de
três Tenores 2. Tom por bmol.
Ave San£íum Corpus a 4. de 2. Tom.
Tota pulchra eji Maria a 4. i. Tom.
Alma Kedemptoris Mater a 4. 5.
Tom.
Ave Kegina calorum. a 3. 6. Tora.
Anna parens. a 4. 8. Tom.
Benediãus qtá venit a 4. de 4. Tom.
Outro a 4. de i. Tom ponto baixo. Outro
a 3. 2. Tom por bquadro.
Gradual, Trato, verfo, e ofertório da Mijfa das
Dores de Noffa Senhora a 4. vozes com duas Ra-
becas, e Rabecão obrigados. O Trato, e Verfo
de I. Tom hum ponto baixo. O OfFertorio
a Duo de 5. Tom hum ponto alto.
Gradual de NoíTa Senhora Benediãa^
(ò" venerabilis a 4. vozes com Rabecas, e
Rabecão obrigados de 6. Tom.
Gradual Ave Maria a 4. vozes de 2. Tom.
Graduaes, Tratados, e Verfos da Mi ff a do Sa-
cramento huns a 4. outros a 3. a Duo e Solo.
Invitatorio das Matinas do Natal a. 4.
vozes com hum Coro de inftrumentos
de 4. Tom.
Gradual, e Verfo para a Miffa da Noute
de Natal com hum Coro de inftrumentos
de I . Tom.
Confitebor tibi Domine a 8. vozes de
2. Tom por bmol.
luiudate pueri Dominum a 5. vozes
de 6. Tom.
Gradual da Miffa de quinta Feira Mayor.
Chriflus faãus efl pro nobis obediens a 8. vo-
zes de 2. Tom por bmol.
Três Kefponforios de Defuntos Mement»
mei Deus, dous a 4. e o outro a 8. vozes.
Todos de 2. Tom por bmol.
Muíica de Eftante.
Duas Magúficat; huma de 2, Toi
outra de 4.
Verfos para a ProciffaÔ de Palmas d<
I. Tom.
Defenfor Alme Hifpania Hymno
S. Tiago.
hadainha de Noffa Senhora a 4. vozes
de 8. Tom.
Vilhancicos de Natal, Fefta dos KeySr
Conceição, Sacramento, e outras Fejlividades
a 8. 6. 4. Duo, e Solo.
P. HENRIQUE DE CARVALHO
naceo em o lugar de Alvarellos termo
da Villa de Oliveira do Conde do Bifpa-
L USITAN A.
447
do de Vifeu a 3 de Março de 1667. fendo
filho de Manoel Gomes de Carvalho, e Iza-
bel Henriques. Na tenra idade de quinze
annos fe aliftou na Sagrada Companhia de
lefus em o Collegio de Coimbra a 18 de
Abril de 1682. onde de tal modo fe diítinguio
de feus companheiros na comprehenfaõ das
letras humanas, e divinas, que depois de
diâar humanidades em o Collegio de Lis-
boa, e fer Meftre da primeira em o de Coim-
bra, e Lente de Filofofia, explicou Theologia
Moral em a Univeríidade de Évora, e no
Oíllegio de Santo Antaõ de Lisboa. A fua
literatura unida à madureza de que era or-
nado o fez digno de fer Reytor do Collegio
de Lisboa, Procurador da Provinda do Ja-
pão, Provincial defta Provinda, Qualificador
do Santo Officio, Examinador das Três Or-
dens Militares, e ConfeíTor do SereniíTimo
Príncipe do Brazil o Senhor D. Jozeph.
Palleceo no Collegio de Santo Antaõ a 23 de
Outubro de 1740. quando contava 73 annos
de idade e 58 de Religião. Compoz.
Kepojla a huma Carta do EmminentiJJimo
Cordial Ver eira ejcrita de Usboa a },o de Ja-
miro de 11 1 A-
Kepojla Jegunda ao Emminentijfwio Cordial
Pereira ejcrita em Lisboa a ^i de Mayo de 11^4.
He muito larga. Huma, e outra em folha
fem anno, nem lugar da ediçaõ.
Lacrymee Typo^aphíca Officina in obitu Ven.
Patris Antonii Viejra. Lisboa por Miguel
Rodriguez Impreííor do Senhor Patriarcha
1736. 4. He huma Profopopeya elegan-
temente compofta em huma Elegia, que
confta de iii. Dyílichos na qual a Impreííaõ
lamenta naõ poder jà illuftrar-fe com as
obras do Padre António Vieyra por lhe
faltar a vida para as compor. Sahio no livro
intitulado Vot^es Jaudo^as da eloquência a pag.
282. que publicou o Padre André de Bar-
ros da Companhia de JESUS.
Fr. HENRIQUE COUTINHO filho
de Pays nobres quais eraõ Pedro Car-
dofo Coutinho, e D. Guiomar Bote-
lho naceo em Lisboa, e no Convento
pátrio da Sagrada Ordem da SantiíTima
Trindade profeíTou o feu iníbtuto. Ten-
do fido Miniftro do Convento de Setúbal
naõ aceitou o mefmo lugar em o Convento
de Lisboa em que fora uniformemente eleito,
e para que naõ foíTe acuzado de inútil para
obfequio da fua Religião exercitou por
alguns annos o lugar de Procurador Geral.
Aplicou-fe com baftante difvelo ao eftudo
da Chimica para o qual juntou com grande
defpeza vários livros pertencentes a efta
Arte. Morreo em o Convento de Lisboa a
30 de Agofto de 1707. Traduzio de Latim
em Portuguez.
Obras de JoaÕ Baptijia Helmonjio as quais
com todas as licenças para a impreífaõ fe
confervaõ na Livraria do Convento defla
Corte.
HENRIQUE CUELLAR celebre profef-
for de Medecina, que eíhidou em a Univerfi-
dade de Pariz, e nella fahio taõ eminente,
que querendo a Mageílade delRey D. loaõ
o III. reftaurar a Univerfidade de Coim-
bra o mandou chamar para fer hum dos feus
primeiros Meílres ocupando a Cadeira de
Prima de que tomou poíTe a 2 de Mayo de
1537 a qual ainda regentava no anno de
1543. Da fua fciencia medica fazem illuftre
memoria Nicol. Ant. Bib. Hijp. Tom. i.
p. 431. col. I. loan. Soar. de Brito Tbeatr.
Ijijit. Uter. lit. H. n. 4. loan. Hallevord.
Bib. Curiof. pag. 414. col. 2. Zacut. Praf.
Prognojl Hjpocrat. Scoto HiJp. Bib. p. 328.
Maris Dialog. de Var. Hijl. Dial. 5. cap. 3.
Abraham Mercklin. Und. Kenovat. Compoz.
Commentaria in Prognojlica Hypocratis cum
Commentariis Galeni. Conimbricae ex Officina
Academiae. 1543. foi.
HENRIQUE DIAS criado do Senhor D.
António Prior do Crato o qual fahindo do
porto de Lisboa a 1 5 de Abril de 1 5 60. embar-
cado em a Náo S. Paulo, de que era Capitão
Ruy de Mello da Camará, acompanhada de
outras finco por naõ fer o tempo oportuno
arribou à Bahia de todos os Santos donde
depois da dilação de quarenta dias largando o
pano a 15 de Setembro aviliou o Cabo da
Boa Efperança no fim de Novembro, e
fubindo a mayor altura por ferem os
448
B IB LIO THE CA
ventos muito agudos bufcou a Ilha de Sa-
matra na qual a 20 de laneiro de 1561. pade-
ce© laílimozo naufrágio de cujo fatal fuceflb
como teílemunha ocular efcreveo.
KelaçaÕ da Viagem, e naufrágio da Não
S. Paulo, que fqy para a índia no anno de i^do
de que era Capitão Ruy de Mello da Camará,
Mejlre Joaõ Luiz> * Pilofo António Dia^. Lis-
boa na Officina da Congregação do Ora-
tório 1735. 4. Sahio na Hijl. Trag. Marit.
Tom. I. defde pag. 353. até 479. Fazem
memoria defta fatalidade Couto Decad. 7.
da Afia Uv. 9. cap. 16. Souza Orient. Con-
quifi. Tom. i. Conquift. i. Divif. 2. §.
65. e Barbof. Mem. Hifi. delRey D. Se-
bafiiaõ Part. 1. liv. 2. cap. 14. n. 139.
HENRIQUE DE FARIA natural
de Lisboa, e iníigne profeflbr de Mufi-
ca de cuja armonica Faculdade teve por
Meílre a Duarte Lobo competindo com
elle na profundidade da fciencia. Foy
Meílre em as Parochias de Santa lufta,
e N. Senhora dos Martyres de Lisboa
havendo exercitado o mefmo miniílerio
em a Igreja Matriz da Villa do Crato.
Morreo na pátria onde fe confervaõ.
Varias obras de Mufica. Aí. S.
HENRIQUE FERNANDES Dou-
tor Medico, e Lente de Prima de Filo-
fofia em a Univerfidade de Salamanca on-
de foy eftimado o feu talento, e a aguda
comprehenfaõ com que penetrava as
mayores dificuldades da arte medica, e
inveíligava os fegredos mais recônditos da
Phyfica. Efcreveo.
De rerum naturalium primordiis Se£Hones
VIU. Salmanticae in sedibus luntíe. foi.
HENRIQUE FERNANDES naceo
em Lisboa, e eftudou em Coimbra Ju-
rifprudencia Cefarea, que ouvio inter-
pretada pela boca do infigne Ayres Pi-
nhel Lente do Código defde o anno de
1544. até 1548. ao qual querendo de
algum modo agradecer a doutrina, que
delle recebera lhe efcreveo huma carta
Latina em aplauzo do feu Commentario
de Bonis Matemis, que fahio imprefla ao
principio defte Tratado. Conimbricas apud
Anton. Mariz. 1557. foi.
HENRIQUE FERNANDES SERRAM
natural da Gdade de Lagos em o Rcyno
do Algarve Advogado da Caza da Supli-
cação taõ perito nas efpeculaçoens jurídi-
cas como verfado cm a liçaõ da Hiftoria
profana. Efcreveo com eftilo íincero.
Hifioria do Reyno do Algarve. Dedicada
a D. Manoel de Lancafiro. Aí. S. Conferva-
va-fe na Bibliotheca Severiana onde a vio
Joaõ Franco Barreto como affirma na fua
Bib. Portug. M. S.
HENRIQUE GRACES natural da
Cidade do Porto donde paílou às índias
Occidentaes, e nellas aíTiílio a mayor parte
da fua vida ocupado em o ferviço da Mo-
narchia de Caftella devendo-fe à fua induílria,
que no Peru naõ correfle a prata fem fer
cunhada, e fe uzaííe do azougue para bene-
ficio deíle metal. Depois de eftar livre do
vinculo conjugal obteve hum Canonicato
na Cathedral de México, e para que naõ
paíTaíTe ociofamente as horas, que lhes ref-
tavaõ do Coro traduzio da lingua Italiana em
a Hefpanhola.
Lús Sonetos, y Canciones dei Poeta Frath-
cifco Petrarcha. Madrid por Guillielmo
Dravi 1591. 4. Verteo de Portuguez
em Caftelhano.
Ims hufiadas de Camoens em Outavas.
Madrid pelo dito ImpreíTor. 1591. 4.
Defta tradução faz memoria Manoel de
Faria, e Souza na Vid. de Camoens im-
preíTa no principio do Tom. 1. do Com-
mento das J/tas Rimas, e he celebrado o
traduftor pelo Padre António dos Reys
Enthuf. Poet. n. 150.
Inferiora loco pofitos dejpeãat olentis
Arboris incinãus folio Garcefus Ibero
Carmine Lufiadas reddebat Numinis aure
Aufcultante fonos avidã.
Ultimamente traduzio em Caftelhano
a obra Latina de Francifco Patrício coi
efte titulo.
Del Reyno, y de la infiitucion dei
hade reynar. Madrid por Luiz Sanches.
1591. 4.
I
L USITANA.
449
na-
P. HENRIQUE HENRIQUES
ceo em Villa-viçofa do Arcebifpado de Évora
onde inftruido com as letras humanas fe
aplicou ao eíhido da Jurifprudencia Canó-
nica em a Univeríidade de Q)imbra. Defpre-
zando os aplauzos merecidos ao feu grande
talento, e feguindo o confelho evangélico
de vender quanto pofluia, e diílribuir o feu
preço pelos pobres fe aliílou em a Q)m-
panhia de JESUS no CoUegio de Coimbra
a 8 de Outubro de 1545. quando contava
vinte e íinco annos de idade. Sendo pequena
esfera para o feu agigantado efpirito o Rey-
no de Portugal pedio com repetidas inftan-
cias a MiíTaõ da índia para onde partio no
anno de 1546. com íinco Náos de que era Ca-
pitão mór Lourenço Pires de Távora, e che-
gando a Goa a 17 de Setembro do dito anno
foy logo deíUnado pelo apoftoUco zelo de S.
Francifco Xavier para a Cofta da Pefcaria
cuja agreíle vinha cultivou pelo largo efpaço
de íincoenta, e três annos com taõ indefeíTo
trabalho, e continua vigilância, que mereceo
fer intitulado Apoftolo do Camorim. Para
atrahir com mayor facilidade ao grémio
da Igreja Romana aquelles bárbaros apren-
deo a fua Ungua muito difícil de comprehen-
der, e muito mais de pronunciar, e fahio no
breve efpaço de féis mezes nella taõ perito,
que pregava, e efcrevia livros em taõ rude
idioma. Entre as graviíTimas afliçoens, que
padeceo em obfequio da Religião foy
a mayor quando acometido o lugar de
Punicale pelos Badagàs gente feroz, e
indómita lhe lançarão huma cadeya de
palmo, e meyo do pefcofo até o pè di-
reito, e nefte cruel martyrio permaneceo
conílante por alguns dias até que foy ref-
tituido à liberdade. Em publica difputa con-
venceo a hum Brâmane, que para confirmar
aos bárbaros na falfidade da fua crença fe
fingia muitas vezes morto, e refucitado, de
cuja controverfia fe feguio gloria para o
Chriftianifmo, e confufaõ para a gentilidade.
Igual triumfo alcançou em Punicale fuprin-
do a auzencia, e as faudades do Santo Xa-
vier, e o Ven. Criminal, na converfaõ
de hum celebre Seneaxi, que obfervan-
do vida inculpável conforme a ley da na-
tureza o illuílrou a graça para fazer meri-
29
torias as penitencias com que macerava o
corpo. Nefte mefmo lugar edificou a fua
induftriofa charidade hum Seminário para
a inftruçaõ dos meninos fahindo também
difciplinados em os Myfterios da Fé, e pre-
ceitos da Ley Evangélica, que nas fuás pradti-
cas eraõ ouvidos, e refpeitados como Mef-
tres. Para remédio dos infermos levantou
hum Hofpital em que igualmente fe tra-
tava do remédio dos corpos, como das al-
mas. Foy na pureza Anjo, no dezejo Mar-
tyr, e no zelo Apoftolo. Cumulado de he-
róicas virtudes deixou a vida caduca pela
eterna em Punicale a 6 de Fevereiro de
1600 quando contava 80 annos de idade
e 55 de Religião. Divulgada a fua morte
foy exceífivo o fentimento, que ocuf)ou o
coração de todos os Chriftãos chegando
muitos a naõ comer o efpaço de três dias,
e até os Mouros fizeraõ luéhiofas demonf-
traçoens pela falta de taõ grande varaõ.
Foy fepultado em o Collegio de Tutu-
curim diftante três legoas de Punicale com
geral veneração daquella Chriftãdade. O
mayor Elogio que fe pode ao feu nome
fazer foy o que lhe fez o Apoftolo do
Oriente em huma Carta efcrita de Cochim
a 14 de Janeiro de 1549. a feu Patriarcha
Santo Ignacio de Loyola, a qual he a nona
do liv. 2. das fuás Cartas traduzidas em
latim pelo P. Horácio Turfellino. p. mihi
215. HenrJcus Henriques Jacerdos eft e Jocietate
iMJitanm vir elegia vir tu tis, <& exempli: is
verfatur in Promontório Comorino. Malavarice
perbene et Jcrihit, <& loquitur: atque adeo unus
pro multis Jane utiliter elahorat. Bib. fociet.
pag. 327. col. I. Charitate in Deum, ac pró-
ximos, s^elo animarum, arumnarumque patientia
paucos habmt pares. Faria AJia Portug. Tom.
2. Part. 4. cap. 20 n. 9. Fueron famofos
y aun Santos y companeros de Jus trahajos,
e predicacion Henrique Henriques &€. Surius
Comment. rer. in orbe gejl. ad ann. 1565. pag.
mihi 460. vir multa virtute conjpicuus. Nicol.
Ant. Bib. Hijp. Tom. i. pag. 431. col. i.
in Pijcaria ora diãus ab incolis Comorinenjium
Apojiolus. Cardofo Agiol. Ijijit. Tom. i. pag.
363. de tal maneira o conjormou Deos com
heróicas açoens do Santo Xavier, que Joy
hum vivo retrato Jeu nos trabalhos, Jomes, Je-
45o
B IB LIO THE CA
des, cárceres, cativeiros, e naufrágios, que tudo
experimentou, e fofreo com admirável paciên-
cia. Marracio Bib. Marian. Part. i. pag.
559. vir vita irreprehenfihilis , pleneque Keligio-
fus. Telles Chron. da Comp. de JESUS da
Prov. de Portug. Part. i. liv. 2. cap. 7. n. 6.
VaraÕ verdadeiramente digno de perpetua me-
moria. Rho Hift. virt. <& Vit. lib. 6. cap. 3.
n. 25. Gufman. Hift. de las Mijfton. de la
Comp. Part. 1. liv. 2. cap. 15. 14. e 16.
Tanner Societ. Jefu u/q. ad Sang <& vit. pro-
fuf. militans pag. 225. Nadaíi Ann. dier.
memor. S. J. Part. i. pag. 72. Sou2a Orient.
Conquift. Part. i. Conquiíl. 2. Div. i. §. 67.
e Conquift. 2. Div. i. §. 5. 12. 15. e 20.
e Part. 2. Conquift. 2. Divif. i. §. 10.
Franco Imag. da virtud. do Nov. de Coimb.
Tom. I. liv. 3. cap. 2. e feguintes e Ann.
Glorio/. S. J. in Luftt. p. 65. Efcreveo.
Arte de Gramática da lingua Malabar.
Vocabulário de me/ma lingua.
Deftas duas obras faz o Author men-
ção na Carta efcrita a Santo Ignacio de
Punicale a 6 de Novembro de 1550. affir-
mando, que o Vocabulário era muito abun-
dante de palavras. O Padre Joaõ de Lu-
cena na Vid. do Santo Xavier, lib. 5. cap. 25.
falia deftas obras dizendo. Sahio com a
Arte, e Vocabulário da lingua com ejpanto dos
naturaes, que todos o tinhaÕ por coun^a fobre-
natural, e grande beneficio dos noffos Padres, e
Irmãos, que d' entaõ até agora por eftes, e por
outros livros que Je foraõ fa:(endo, taÕ facilmente
aprendem o Malabar como o latim.
Doutrina Chriftãa por modo de Dialogo.
Methodo de Conjeffar.
Vida de Chrifto, Nojfa Senhora, e San-
tos cujo exemplar fendo trazido a Roma
em o anno de 1602. fe guardou na Bi-
bliotheca Vaticana.
Contra as fabulas dos Gentios. M. S.
De todas eftas obras fazem memoria
Telles Chron. da Companhia de JESUS
Part. 1. lib. I. cap. 7. Bib. Societat. p. 327.
Franco Imag. da Virtud. do Nov. de Coimb.
Tom. 2. pag. 618.
Carta efcrita aos Padres de Coimbra em
Bembay do Cabo do Camorim no ultimo de
Dev^embro de 1548.
Carta efcrita ao Provincial de Portugal
efcrita em Cochim a 12. de Janeiro de 15 ji.
Duas Cartas efcritas a Santo Ifftacio do
Cabo de Camorim. a primeira a 6. de No-
vembro de 1550. Sahio vertida cm latim
com outras. Lovanii apud Rutgerum
Welpium. 1566. 8. defde p. 155. até 159.
A fegtmda efcrita no anno de 1555. Ambas
fahiraõ vertidas em Italiano com outras.
Venetia por Michele Tramezzino. 1559. ^•
Copia de huma Carta efcrita em Punicale
em o ultimo de Dezembro de 1556.
Carta efcrita de Macaçar do Keyno de
Tranvacor ao Padre Geral em i^ de Janeiro
de 1558. Defcreve a terra, e progreflbs
da Chriftandade. Sahio cõ outras vertida
em Italiano Venetia por ^lichele Tramez-
zino 1559. 8.
Carta efcrita de Manar a 1^ de Dezem-
bro de 1560. ao Padre Geral. Outra em
que relata a conftancia com que padeceo os
açoutes hum Chriftaõ em Punicale. Ambas
vertidas em Italiano Sahiraõ Venetia por
Tramezzino. 1561. 8 .
Carta efcrita de Cariapataõ em o Cabo
de Comorim a zo de Dev^mbro de 1358.
aos Padres do Colleffo de Coimbra.
Carta efcrita da Ilha de Manar a S. de
Janeiro de 1561. ao Padre Geral. Ambas
traduzidas em Italiano. Venetia por Tra-
mezzino. 1562. 8. A fegimda vertida em
latim fahio com outras. Lovanii apud
Rutgerum Welpium 1570. 8. a pag. 272.
até 275.
No archivo da Caza profeíTa de S. Ro-
que defta Corte fe confervaõ as Cartas fe-
guintes. M. S.
Carta efcrita de Punicale a d de Det(em^ .
bro de 1547. aos Padres de Coimbra. fl
Carta efcrita de Cochim a S. de De:(em-
bro de 1547. aos mefmos.
Carta efcrita de Bambaj em ^i de De-
zembro de 1548. a Santo Igtmcio, e ao Pa- j
dre Simaõ Rodrigues. Confta de 13. pagi- '
nas.
Carta efcrita do Cabo de Camorim a |
19. de Dezembro de 1548. aos Padres de \
Portugal. He muito extcnfa.
Carta efcrita do Cabo de Camorim a 21. ;
de Novembro de 1549. a Santo Ignacio.
L USITAN A.
45 1
Carfa do Cabo de Camorim ejcrita a 12.
de Janeiro de 15 51. aos ladres da Província
de 'Portugal.
Carta ejcrita de V mie ale em o i. de No-
pembro de 1352. Outra a zf de Novembro
do me/mo anno. Aos Padres da Provinda
de Portugal.
Carta ejcrita ao Jeu Provincial do Cabo
de Camorim a i de Janeiro de 1560.
Carta ejcrita de Goa a 12. de Novem-
bro de 1556. aos Padres do Co lie ff o de Coim-
bra.
Carta ejcrita de Manar a 14 de Dezem-
bro de 1561. aos Padres do Collegio de Coim-
bra. Q)afta de nove paginas.
Carta ejcrita aos mejmos Padres a 30
de Dezembro de 1561. Coníla de 6. pagi-
nas.
Carta ejcrita a \^ de Det(embro de 1563.
aos Padres de Portugal. Q)níla de 7. pagi-
nas.
Carta ejcrita a iz de Dezembro de 1564.
aos Padres da Ca^a de S. Roque. G^nfta
de 6. paginas.
Carta ejcrita aos mejmos a z-j de Janeiro
de 1566. Outra ejcrita aos mejmos a 24
de Dezembro de 1567.
Carta ejcrita aos Padres da Provinda
de Portugal no fim do anno de 1566. Ganíla
de 7. paginas.
P. HENRIQUE HENRIQUES natural
da Qdade do Porto donde paíTando a
CafteUa na juvenil idade de defafeis annos
recebeo a roupeta de Jefuita em o Q)llegio
de Alcalà em o anno de 1552. e fez a
profiíTaõ folemne dos quatro votos em
Salamanca a 25 de Abril de 1568. Tal era
a comprehenfaõ do juÍ2o unida à felicidade
da memoria com que penetrou as dificulda-
des Theologicas, que por uniforme voto de
todos os Meíbres da Companhia regentou
as primeiras Cadeiras deíla Faculdade no
Collegio de Salamanca defde o anno de
1566. até 1571. cuja laboriofa incumbência
continuou com univerfal aplauzo em os
Collegios de Córdova, e Granada bailando
para immortal credito do feu magiílerio
ter por difcipulos aquelles famofos Orá-
culos da Theologia Efcholaítíca os Pa-
dres Francifco Suares, e Gregório de Va-
lença. Sempre feguio as opinioens mais
folidas como fundadas nas authoridades
dos Santos Padres, naõ fe deixando arre-
batar de novidades em que commumente
periga a verdade, e muitas vezes a Religião.
Falleceo na Cidade de Tivone fituada na
Campanha de Roma diílante quinze milhas
deíla Gdade fobre o Rio Teverone a 28
de laneiro de 1608. com 72. annos de
idade, e 56 de Companhia. A fua Httera-
tura he aplaudida pelas pennas de celebres
Efcritores, como faõ Fr. Francifco de Santo
Agoílinho Macedo Collat. Do£tr. D. Tbom.
<& Scot. Tom. I. Collat. 10. Differ. 4.
feâ. I. chamando-lhe ilhiftrem Tbeologum, <&
infignem authorem, leãorem maguB authoritatis^
in Augujlino, fÍT Patribus verjatijftmum.
Joan. Soar. de Brito Tbeatr. 1-Mfit. Uter. lit.
H. n. j. Facultatis Theologia eminentijjimus
projejjor, nullique è tot, ac tantis Societatis
injignibus Theoloffs doãrina, Jubtilitatis atque
eruditionis laude Jecundus. Fr. Manoel Ro-
drigues Explic. de la Bui. de la Crut^. §. 5.
na addic. ao num. 3. Cuya autboridad y
reverencia es para mi de tanto valor por Jer
taõ do£to y baver Jido mi padre ejpiritual de
conjejfion eftando metido en el golfo dei mundo.
Fr. Luiz da Conceic. Exam. Verit. Theolog.
Moral. Traél. i. Part. i. caf. 15. n. 8.
doãijftmus. Maffeo Vit. P. Soar. cap. 4. Au-
thor Jamojo. Barbof. KemiJ. ad Ord. Keg.
lib. 4. Tit. 83. §. I. n. I. doãijfimus. Henao
Scient. Med. Hijl. propugtat. Eventil. 5.
n. 158. non minèribtis pradifus virtutibus, quàm
litteris. Joan. Sanches Seleã. Dijput. 47.
n. 21. qui brevitate dicendi omnes alios Doão-
res excelluit, & denique parem ejje Thomce
Sambes intentione dicendi ejus Jtripta demoj-
trant. Girardi Diário. Part. i. a 25 de Ja-
neiro doãijfimo Scrittore. Nicol. Ant. Bib.
Hijp. Tom. I. pag. 431. col. 2. Pbilojo-
pbus, (ò^ Tbeologus eximius. Kening. Bib.
Vet. ó^ Nov. pag. 391. col. i. Compoz.
Summa Tbeologia Moralis libri qtiindecim in
quibus non Sacramentorum Jolum tam in generali,
qiiam in particulari, Jed Indulgentiarum etiam,
Cenjurarum Ecclefiafilcarum , Excomunicationis ,
Sujpenjionis, Interdiãi, Irregularitatis, jmijque bo-
452
BIBLIO THE C A
minh doãrina omnis non erudiíá minus, quàm me-
thodka hrevitate dilucide expUcantítr. i. Vars. Sal-
manticse apud Joanem Fernandes 1591. foi.
Secunda Pars. ibi apud eumdem Typogra-
phum 1593. foi. Ambas as Partes Venetiis
apud Damianum Zanarum 1596. foi. & ibi
mais correfta apud Baretium. 1600. foi. &
Moguntiac apud Joannem Albinum 161 5. foi.
De Clavibus Ecclejia. Salmanticac in
acdibus Joannis Ferdinandi. Como neftc
Tratado fe defendeíTe a authoridade Real
contra a violência feita aos Ecclefiafticos,
fe eftimulou taõ fortemente o Núncio
Apoftolico, que naquelle tempo afllília em
Hefpanha, que por fua induílria toda a
impreíTaõ foy entregue ao fogo falvandofe
unicamente três ou quatro exemplares, dos
quais hum fe conferva na Bibliotheca do
Real Convento do Efcurial, e os outros
em poder dos Padres da Companhia.
HENRIQUE HENRIQUES DE NO-
RONHA natural da Ilha da Madeira filho
3. de Pedro de Betancourt Henriquez, e
de D. Mariana de Menezes. Frequentou
alguns annos a Univerfidade de Coimbra
em que moftrou viveza de engenho, feli-
cidade de memoria, e deixando aquella
paleftra voltou para à fua pátria para fuce-
der nos morgados de feu Tio Ignacio de
Betancourt da Camará onde fe defpozou
em 6 de Julho de 1692. com fua Prima D.
Francifca Maria de Vafconcellos. Naõ lhe
impedio o novo eftado de continuar o
louvável cuftume da continua aplicação aos
livros principalmente da Hiíloria fecular,
e da Genealogia em que fez grandes
progreflbs merecendo fer numerado entre
os Académicos fupranumerarios da Aca-
demia Real da Hiíloria Portugueza por
fer excelente invejligador das Antiguidades
como o intitula o Padre D. António Cae-
tano de Souza Apparat. à Hijl. Gen. da
Ca:(. Rgal Portug. pag. ijy. §. 190. Fal-
leceo a 26 de Abril de 1730. Compoz.
Famílias da Ilha da Madeira. M. S.
foi. Hunu Copia defta obra conferva o
Padre D. António Caetano de Souza af-
fima allegado, c he eftabelecida fobre
documentos extrahidos dos Carthorios, que "
peflbalmente examinou feu Author.
F a mi lia de Henriques illujlrada; da qual
elle defcendia no anno, que fe radicou na
Ilha da Madeira. Dedicado a D. Jorge
Henriques Senhor das Alcáçovas.
Família dos Freyres de Andrade deduzida
dos Condes de Trava. Dedicada a Bernar-
dim Freyre de Andrade.
Memorias Seculares, e Ecclejiajlicas para a
CompoJiçaÕ da Hijloria da Diocefe do Funchal
na Ilha da Madeira dijlribuidas na forma do
Syfiema da Academia Keal da Hijloria Portu-
guet^a. foi. M. S. Confervaõ-fe cm poder
do Padre D. António Caetano de Souza
onde o vimos o qual no Tom. 10. liv. 10.
pag. 892. da HiJl. Gen. da Ca:(a Real Portug.
diz que faõ excellentemente ordenadas.
HENRIQUE lORGE HENRIQUES ir-
mão de Gafpar Fernandes infigne lurifcon-
fulto naceo em a Cidade da Guarda em a Pro-
víncia da Beira onde inílruido nos primeiros
rudimentos fe aplicou ao eftudo da Medecina
fendo feu Meílre o grande Thomaz Rodri-
guez da Veyga Cathedratico de Prinu em a
Univerfidade de Coimbra de cuja difciplina
fahio taõ perito, que foy Lente de Artes em
a Univerfidade de Salamanca, e fubílituto da
Cadeira de Avicena em a de Coimbra,
pois eleito na mefma Academia para
de Prima de Pradtíca de Medecina em o anno
de 1595. Foy Medico do Duque de Alva D.
António Alvares de Toledo.
De Regimine cibi, ac potus, et de catera-
rum rerum non naturalium u/u nova ennaratio.
Salmanticac apud Michaelem Serranum de
Vargas 1594. 4.
Tratado dei perfeto Medico dividido en finco
Diálogos. Salamanca por loaõ, André Rc-
naut. 1595. 4.
Compendium Dialeãica. Defta obra faz men-
ção a pag. 200. do Tratado dei perfeão Medico.
Dous livros de Cenjuras. Nelles falia no
Tratado do perf. Med. foi. 203. c no de Regim.
cibi potus. foi. 187.
Efpelho da Vida Humana. Delle fe lem-
bra no de Regim. cibi ó' pot. foi. 25
LJvro do Amor fobre o Capitulo de
ato da
e de- I
Lente I
L USI TAN A
453
Avicena em que trata dos
delle memoria no Traí.
foi. 179. 184. e 186.
Apolo^a Medica. Delia
referido Tratado, foi. 203
Poemata Varia. M.
Delle fazem memoria
Curiof. pag. 414. col. i,
cklin. Und. Renov. Nicol.
Tom. I. pag. 431. col. i.
cio». Hijiorique.
Amantes. Faz
dei perf. Med.
fe lembra no
. e 287.
S.
HaUevord. Bib.
Abrah. Mer-
Ant. Bib. Hifp.
e Morery Dic-
HENRIQUE lOZÉ DA SYLVA
QUINTANILHA filho de Agoftinho
da Sylva, e Maria das Neves naceo em
Lisboa a 15 de Março de 1723. onde inf-
truido nas letras humanas paíTou à Uni-
veríidade de Q)imbra, e nella frequen-
tando o eíhido do Direito Pontifício fe
formou neíla Faculdade a 19 de lunho
de 1744. na florente idade de 22. annos.
O génio, que teve para as fciencias fe-
veras he igual para as amenas oiltivando
defde os primeiros annos a Poética com
felicidade, e agudeza publicando entre
muitas obras, que a fua Mufa fecunda-
mente eftá produzindo, as feguintes.
Júbilos de Portugal na Jujpirada vinda
do Excellentijfimo, e Rjeverendijftmo Senhor
D. Fr. lo^è Maria da Fonceca, e Évora
Sagrado Bijpo do Porto. Lisboa na Regia
Officina Sylviana, e da Academia Real
1741. 4. & ibi 1742. He himi Romance
lyrico, que coníla de 40 coplas.
Fragoa de Vulcano. Fpithalamio nas feli-
cijftmas Núpcias do Senhor D. loaõ António
Domingos Bento da Cofia com a Senhora
D. There;(a lofeph de Noronha filhos dos
Illufirifímos, e Excellentijftmos Senhores Con-
des de Soure, e Marquet^es de Aíarialva.
Lisboa na mefma Officina 1746. foi.
HENRIQUE LOPES muito eíhidiofo
da Poefía Cómica em que fahio eminente
compondo diverfos Autos, que fe repre-
zentáraõ com aplauzo dos expeâadores.
De todos fomente fe fez publico por deli-
gencia de Affonfo Lopes parente do Author.
Cena PoUciana. Sahio na i. Part.
dos AutoSf e Comedias Portuguesas. Lis-
boa, por André Lobato. 1587. 4. a foL.
41. v.o
HENRIQUE MANOEL DE AGRANDA
PADILHA Fidalgo da Caza Real, e Cava-
leiro profeflb da Ordem militar de Chrifto
naceo em Lisboa a 10 de Outubro de 1700.
fendo filho de Fruéhiofo de Padilha Salazar
Fidalgo da Caza Real, e de D. Angela de
Aucourt. Tanta foy a indinaçaõ, que logo
defcubrio em os primeiros annos à vida.
militar, que quando contava doze aíTentou
praça de foldado merecendo pelas fuás açoens
em que moífarou valor, e difciplina paíTar
de Capitão a Tenente, e Capitão de mar,
e guerra. Para fe conhecer, que naõ era.
incompativel o exerdcio da penna, ao da
efpada efcreveo com elegante eftilo.
Relação do principio da guerra da Co-
lónia do Sacramento até a chegada da Náo
Efperança, em que nos Juceffos da dita Não-
fe exprejfaõ os que houve na Colónia até che-
gar o Armifiicio. M. S. 4.
HENRIQUE DE MELLO Commenda-
dor de Santa Maria de Manteigas da Ordem
de Chrifto filho de Vafco Martins de Mello,
e de D. Anna Moniz. Foy muito aplicado
ao eíhido da Genealogia, e contemporâneo
de Affonfo de Torres infigne Genealogifta.
de quem fe fez mençaõ em feu lugar. Efcreveo.
Familias do Rejno de Portugal. DeUe faz
mençaõ D. António Caetano de Souza Ap-
parat. à Hifi. Gen. da Ca^. Real Portug. pag..
73. §. 56.
HENRIQUE DE MENEZES Commen-
dador da Azinhaga em a Ordem de Chrifto,
e Capitão de Tangere filho fegimdo de D.
Joaõ de Menezes primeiro Conde de Tarouca
Mordomo mór delRey D. Joaõ o 11. Graõ
Prior do Crato, Alferes mór de Portugal,,
e de D. Anna de Vilhena filha de Femaõ
Telles de Menezes quarto Senhor de Unhaõ,
Geftafo, Meinedo, Commendador de
Ourique Mordomo mór da Raynha D.
Leonor; e de D. Maria de Vilhena Ca-
mareira mór da Raynha D. Leonor filha
de Martim Affonfo de Mello Alcayde
mór de OUvença, e Guarda mór dos
454
BIBLIOTH E CA
Reys D. Duarte, c D. Affonfo V. Foy
muito eíhidiofo da Hiftoria Secular, e fu-
ficientemente inílruido na Jurifprudencia
Civil, de que deu claros argumentos quan-
do exercitou o lugar de Governador da
Caza do Civel. Pela fumma prudência, de
que era ornado o nomeou ElRey D. loaõ
o III. Embaxador a Roma alcançando no
tempo do feu miniílerio a Bulia da ereçaõ
do Tribunal do Santo Oííicio nefte Reyno
expedida pela Santidade de Paulo III.
Para defender a innocencia de feu Irmaõ
D. Duarte de Menezes, que depois foy
quinto Governador da índia, e decimo
fexto Governador da Praça de Tangere,
que fe achava prezo à ordem delRey D.
Joaõ o III. fez huma eloquente reprezen-
taçaõ a eíle Principe em a Villa de Setu-
val a 15 de Junho de 1552. eílando pre-
zentes os mayores Fidalgos, e infignes
Letrados, a qual começava.
Por nos Jav^er a todos mercê, e a feu Real
•Officio o que deve. Acaba. £ para que
V. A. ajftm o determinar, e haver por fer-
viço fará afi, e a feu efiado, e a ejla, taõ
antigua Cavallaria o que deve, e a nos muita
Jujiiça, e mercê. Compoz mais.
Trabalhos de Hercules. Efta obra alle-
ga o Doutor António Francifco de Alcá-
çova Compend. da Nobre:(^. e Fidalg. dejies
Rejnos. cap. i .
Fazem delle mençaõ Couto Decad. 7.
■da índia liv. 7. cap. 2. e o Padre D. Antó-
nio Caetano de Souza Hi^. Gen. da Ca:^a
Real Portug. Tom. 10. liv. 10. pag. 795.
HENRIQUE DA MOTA Efcrivaõ da
Camera delRey D. loaõ o III. ornado de
génio eíhidiofo, e grande capacidade pela
qual lhe ordenou efte Principe que fizefle
huma defcripçaõ de Lisboa, e por quantas
peíToas era habitada, cuja incumbência
executou no anno de 1528. efcrevendo.
Tratado dos vi:(inhos, que tinha a Ci-
dade de Lisboa no anno de 1528. Deíla
obra como de feu Autor faz memoria o
celebre antiquário Gafpar Barreiros na
Corografia, foi. 54.
Diverfas Poejias. Sahiraõ no Cancio-
neiro de Garcia de Refende. Lisboa
por Hermaõ de Campos 15 16. foi. defde
foi. 201. v.o até 211.
Fr. HENRIQUE DE NORONHA
naceo em Lisboa a 31 de Março de 1610.
e teve por Progenitores a D. Marcos de
Noronha, e a D. Maria Henriques filha de
D. Francifco da Cofta Armeiro mór, c Em-
baxador a Marrocos, e por Avós a D. Tho-
maz de Noronha Embaxador de França,
e D. Helena da Sylva filha de D. Gil Ean-
nes da Coíla Vedor da Fazenda delRey D.
Sebaftiaõ. Com eleição prudente preferio
ao efplendor do nacimento a auíleridade
do clauílro recebendo o habito de Carme-
lita da primeira Obfervancia em o Con-
vento pátrio quando eílava em a innocente
idade de 15 annos a 20 de lulho de 1623.
e profeíTando folemnemente a 17 de Mayo
de 1626. Como foííe admitido a CoUcgial
do CoUegio de Coimbra a 14. de Novem-
bro de 1629. moílrou na carreira dos eíhi-
dos efcholaílicos a viveza fumma do feu
penetrante engenho. Depois de ter íido
Prior do Convento de Camarate, Sócio, e
Secretario do Provincial Fr. António da
Guerra, Prior do Convento de Lisboa, c
Prezentado, foy eleito Provincial pela uni-
formidade de trinta, e quatro votos de que
fe compunha o Capitulo a 12 de Mayo de
1658. Naõ confentio a morte, que acabafTe
o tempo defte lugar, que adminiílrava com j
integridade, e benevolência arrebatando o
intempeílivamente a 17 de Fevereiro de
1660. quando contava 50 annos de idade, \
37 de Religião. laz fepultado no Cemi-
tério antigo do Convento de Lisboa com
efte Epitáfio.
Aqui jav^ o muito Reverendo Padre Prefen-
tado Fr. Henrique de Noronha Provincial defla
Sacada Religião, varaò illuflre por geração.
Falleceo no fegundo anno do feu Provincialado
aos if de Fevereiro de 1660.
Compoz com eftilo elegante, e con-
ceituozo.
Exemplar politico ideado nas acfoens do
feu Outavo Avò o Serenijfimo Rey D. Pedro I.
defle Reyno. Lisboa por Pafchoal da Sylva
ImpreíTor dclRey. 1723. 8.
Da obra, e do Author faz larga men-
L U SITAN A.
455
çaõ Fr. Manoel de Sá Mem. Hijloric. dos
Efcril. da Prov. do Carm. de Portug. cap.
43. §. 270. e feguinte.
Fr. HENRIQUE DE PENALVA natu-
ral do G^nfelho do feu appellido íituado
em a Provinda da Beira do Bifpado de Vi-
feu. Monge Ciílercienfe, e muito perito na
erudição fagrada, e profana. Efcxeveo.
De Accentibus. M. S. foi. Confervafe
na BibUotheca do Real Convento de Al-
cobaça.
HENRIQUE DO QUENTAL VIEY-
RA natural da Villa de Santarém filho do
Licenciado Rafael do Quental Vieyra, e
neto do infigne medico Fernando Alvres
Cabral, e como elle profeíTor da mefma Fa-
culdade em a Academia Conimbricenfe, onde
fahindo nella eminente alcançou as mayo-
res eftimaçoens pelo methodo com que
triumfava das infermidades mais perigofas.
Foy elegante Poeta alTim na lingua mater-
na, como Cailelhana, Latina, e Italiana fen-
do as fuás compofiçoens métricas ouvidas
com grande aplauzo na Academia dos Sin-
gulares inílituida em Lisboa no anno de
1663. do qual era famofo Collega por cuja
cauza o numera, e a feu irmaõ entre os mi-
Ihores alumnos do PamaíTo Portuguez,
Jacinto Cordeiro EJog. dos Poet. Ljtjit. Ef-
tanc. 66.
Puede a los dos Quintales eminente
Tanto el laurel honrar com fin glorio/o
Que jàctando-Je en ellos de excellente
Pajje a ver graves ver/os de Viço/o.
Morreo em Lisboa a 16 de Junho de
1664. deixando compoílas as obras feguintes.
Dous Sonetos hum Caílelhano, e outro
Portuguez à morte de D. Maria de Atayde.
Nas Me mor. Funeh. dejla Senhora. Lisboa
na Ofíicina Craesbeckiana 1650. 4.
Quatorze Epi^amas latinos. Huma Elegia
Portuguet^a. Poefia latina Macaronica ao Car-
naval. 4 Sonetos 3 Sjlvas. i. Tercetos. 16
Decimas, i Komance. i Kedondilhas a diverfos
aíTumptos fahiraõ impreíTos na i. Part. da
Academia dos Singulares Lisboa por Henrique
Valente de Oliveira. 1665. 4. & ibi por Ma-
noel Lopes Ferreira. 1692. 4.
Gída de Saneadores. Lisboa por Joaõ^
da Cofta. 1669. 8. & ibi pelo dito Im-
preíTor. 1670. 8.
Difceptationes apologética de fanguinis mijjione,
<Ò' purgatione Jp>eculatíve, <& praãice. Tom. i.
M. S. volume grande.
Obfervationum Medicarum praãicarum To-
mi duo cum Scholiis. Continent centum qua-
draffnta quinque obfervationes. M. S. foi.
Dialogus de febre mali^. M. S. 4.
Empyrica, Jive Secreta Secretorum om~
nittm infermitatum Corporis humani, Tomur
primus. M. S. foi.
Todas eftas obras confervava com
grande eílimaçaõ o Doutor Henrique
Moraõ Medico da Camará delRey D^
Pedro II.
De pulchritudine. Efta obra vio Joaõ-
Franco Barreto como afirma na Bib. Por-
tug. M. S.
Tratado do Tabaco. M. S.
Delle fazem memoria D. Francifco-
Manoel de Mello Carta dos A A. Portu-
gueses ao Doutor Manoel Themudo da.
Fonceca, e Joan. Soar. de Brito Tbeatr^
Eufit. Eiter. lit. H. n. 9.
HENRIQUE DE SOUZA natural
de Coimbra, e filho do Doutor Joaõ de
Mello de Souza Dezembargador dos ag-
gravos na Caza da Suplicação, e nella
ChanceUer, Fidalgo da Caza Real a quem
imitou na fciencia jurídica, e afluência
poética como cantou o infigne Poeta Pe-
dro Sanches na Carta efcríta a Ignacio
de Moraes.
En tibi ni fallor generofa, <ò' vera pro-
pago
Praclari Melli Henricus, qtn damna re-
pendit
Et funt, quod fata mala inflixere Minerva.
Foy Dezembargador da Caza da Sup-
plicaçaõ de que tomou poíTe no primeiro
de Agoílo de 1576. Procurador das Or-
dens Militares, e ultimamente Dezembarga-
dor do Paço. Morreo em Lisboa a 15 de
Junho de 1605. Compoz.
456
BIB LIO THE CA
Decijiones ad Ordines Militares pertinen-
tes, foi. M. S.
Egloga entre Pereiras, e Carvalhos. M. S.
Epigramma in haudem Ijupi Serrani de
Seneãute Jcrihentis.
Poejias em aplatn^p de Santo António
de Usboa. M. S.
Fr. HENRIQUE DE SOUZA DE
JESUS MARIA Religiofo da Sagrada
Ordem do Monte do Carmo da Provín-
cia da Bahia onde exercita com aplauzo
o miniílerio de Orador Evangélico, pu-
blicou.
Sermão da jujliça na primeira Outava do
Efpirito Santo ejlando pressente o Illujlrijftmo,
e Excellentijftmo Senhor André de Mello de
Cajlro Conde das Galveas, e Vicerej do EJlado
do Bra!^il com toda a Relação do me/mo EJlado
pregado no Convento do Carmo da Cidade da
Bahia. Lisboa por Domingos Gonfalves.
1745. 4.
D. Fr. HENRIQUE DE TÁVORA
naceo na celebre Villa de Santarém fendo
filho terceiro de Fernaõ Cardofo muito
eftimado na Corte delRey D. Joaõ o III.
pelos feus fentenciofos apothegmas, e D. Fi-
lippa de Brito irmãa de Manoel Serraõ de
Brito. Por iníinuaçaõ do Cardial D. Hen-
rique de quem fora moço da Camará rece-
beo o illuílre habito da Ordem dos Prega-
dores em o reformado Convento de Bemfica
(onde havia dous annos profeflara o mef-
mo inílituto feu irmaõ mais moço Fr. Fer-
nando de Távora, que depois foy Bifpo do
Funchal) a cujo aélo aíTiftio aquelle Príncipe
mudando em feu obzequio o nome de Jeró-
nimo, que tinha no Século em o de Hen-
rique. PaíTado o anno do Noviciado com
exemplar obfervancia profeflbu folemne-
mentc a 14 de Agoílo de 1537. nas mãos
do iníigne Varaõ Fr. Bartholameu dos Mar-
tyres Prior de Bemfica, e tal foy o afefto,
que lhe teve pela religiofa modeftia, e fum-
ma prudência de que era ornado, que
fendo conílrangido aceitar a Mitra Prima-
cial de Braga o elegeo por feu domeílico
em quem defcanfava parte dos feus cuidados
paíloraes. Com o tempo foy crecendo a
eftimaçaõ que fazia da fua peíToa querendo,
que o acompanhaíTe ao Concilio Triden-
tino para onde partio a 24 de Março de
1561. Nefte venerável CongreíTo conciliou
Fr. Henrique geral aclamação fundada na
fua virtuofa vida, e profunda fdencia, da
qual deu manifeftos argumentos pregando
a primeira Dominga da Quarefma, que
cahio a 15 de Fevereiro de 1562. na prezen-
ça daquella authorizada AiTemblea onde re-
prehendeo com apoílolica liberdade os vi-
dos, q manchavaõ o puro ouro do Sanéhiario,
e de que eraõ efcandalozos reos as primei-
ras peíToas da Jerarchia Ecdeíiaftica. Ref-
rituido ao Reyno foy elejrto Prior do Con-
vento de Évora em cujo governo fe habili-
tou para outro mayor fendo nomeado por
ElRey D. SebaíUaõ Bifpo da Cathedral de
Santa Cruz de Cochim em cuja dignidade
o confirmou S. Pio V. a 15 de Janeiro de
1567. donde foy promovido para Arcebifpo
de Goa Primaz do Oriente por Bulia de Gre-
gório XIII. a 20 de Janeiro de 1578. Como
verdadeiro difdpulo do zelo paftoral do
Ven. Fr Bartholameu dos Martyres vizitou
peíToalmente todas as Igrejas de taõ vaífca
Diocefe reformando coíhimes, extinguin-
do abuzos, e plantando virtudes até chegar
à Cidade de Chaul diílantc feflenta legoas
de Goa contra o Norte, e como a achaíTe
infecionada de enormes vidos fe aimou
com as obras, e palavras a reduzilla ao ca-
minho da penitenda, porem como deíbi
redução fe ofFendeíTe hum dos feus mora-
dores para fe vingar do zelozo Prelado lhe
deu ocultamente veneno, que o privou
da vida a 17 de Mayo de 15 81. Jaz fepul-
tado no Cruzeiro do Convento de S. Do-
mingos junto ao Altar da Senhora do Rofa-
rio. Delle fazem meredda mençaõ Souza
Vid. de D. Fr. Bartholameu dos Martyr.
liv. 2. cap. I. c na Hift. de S. Domingos
da Prov. de Portug. Part. 2. liv. 2. cap. 1
Cunha Hift. Ecclef. de Brag. Part. 2. cap.
83. n. 10. Fcrnand. Concert. Prad. ad an.
1573. pag. 279. e na Hift. Ecclefiaft. liv.
2. cap. 12. Lopes Chron. da Ord. de S.
Domingos. 4. P. no fim. Santos Etiop.
Orient. liv. 2. cap. 13. Cardozo Agiolog.
Eufit. Tom. 3. pag. 296. e 302. no Com-
L USITANA,
457
ment. de 17. de Mayo lit. E. Echard. Script.
Ord. Prad. Tom. 2. p. 264. col. i. & 2. Nic.
Ant. Bib. Hifp. Tom. i. p. 432. col. i. loan.
Soar. de Brito. Theatr. iMjif. Uter. lit. H.
n. 7. & 10. o qual fe enganou duplicando
em dous, cujo erro feguio Altamura ad ann.
1562. Mont. Claujlr. Dom. Tom. i. pag. 45.
n. 32. e pag. 170. n. 5. e Tom. 3. pag. 228.
Fontana Monum. Dom. Part. 4. cap. 6. foi.
481. Vafconcel. Hift. de Sant. Edificad. Part. 2.
cap. 35. Souza Cathal. dos Bi/p. de Cochim.
e Arcebifpos de Goa. Compoz.
Oratio de Calamitatihus Ecclejia in Tri-
àentina Synodo habita Dominica prima Qua-
àragejfima 15. Februarii 1562. Brixias 1562.
com todas as Aftas do Q)ncilio. Lo-
vanii 1567. foi. a pag. 294. & Pariíiis
1672. foi. na ediçaõ de todos os Q)n-
ciHos. Tom. 15. col. 1386. Começa a
Oraçaõ. Nemo eft SS. PP. qui hujus nofiri
turbuknti faculi. Acaba. Divina f^ppe-
Stante conjcientia perfruamur.
Advertências para o que devem fat^er os
ConfeJJores. Coimbra. 1560. 8.
Fr. HERMENEGILDO DE TAN-
COS cujo appellido denota a Villa da
Comarca de Thomar, que lhe deu o ber-
ço. Foy Monge Ciílercienfe em o Real
Convento de Santa Maria de Alcobaça
onde fe exercitou nas virtudes próprias
do feu Eílado monachal. Efcreveo.
Vidas, e Sentenças dos Santos Padres.
Horto do mpof(p.
Varias Oraçoens devotas.
Todas eítas obras M. S. fe confervaõ,
em folha no Archivo de Alcobaça.
Fr. HESICHIO DE MUGEM natural da
Vnia do feu appeUido íituada duas legoas de
Santarém para o Sul, e doze de Lisboa para o
Nacente. ProfeíTou o monachal inílituto de S.
Bernardo, em o Real Convento de Alcobaça
cabeça, neíle Reyno da Familia Ciílercienfe, e
foy muito verfado na liçaõ, e intelligencia
da Sagrada Efcritura, e Santos Padres, com-
pondo.
Expojitio PJalmorum David. M. S. foi.
Guarda-fe na Bibliotheca do Convento
de Alcobaça.
D. HILARIAM BRANDAM filho
de Pays nobres quais eraõ leronimo Bran-
dão, e Maria Aranha. Naceo em a Qdade
de Coimbra onde havendo recebido o grão
de Meftre em Artes entrou na illuftre Con-
gregação dos Cónegos Regulares, e nella
eftudou Theologia, em que fahio eminente.
Todo o tempo que lhe reftava das obriga-
çoens da Comunidade o gaílava na liçaõ
de livros afceticos, e na expofiçaõ dos tex-
tos mais dificultozos da Sagrada Efcritura.
Foy Prior do Real Convento de S. Vicente
de fora dos muros de Lisboa, e Procura-
dor da fua Canónica Congregação, cujos
lugares exercitou com fumma inteireza, e
afabilidade. Diftou muitos annos Theo-
logia Moral aos feus domelHcos. Falleceo
em Coimbra a 22. de Agofto de 1585. Fa-
zem delle mençaõ D. Nicol. de Santa Maria
Cbron. dos Coneg. Keg. liv. 10. cap. 27. n. 19.
e Joan. Soar. de Brito Theatr. Ijufit. Uter.
lit. H. n. 32. Compoz.
Vot(^ do Amado.
Ca!(ps de Conciencia. No fim. Extf-
me de Conciencia. Eílas duas obras foraò
impreíTas no Moileiro de S. Vicente em
1579. por ordem do Geral D. Lourenço
Leyte.
iMCubrationes, five Commentaria in Can~
ticum Canticorum Salomonis. M. S. Confta
de 266. folhas. Começa Quanquâm do Cân-
tico Canticorum futurus eft f ermo. Acaba. Pius
ille Deus, (Ò" homo verus Salomon Chriftus Je-
JuSf qui eft benediãus in facula. Amen. Con-
fervava eíla obra em o anno de 1604. o Mef-
tre Diogo Serraõ morador na Cidade de
Évora como afirma Francifco Galvaõ Mal-
donado Bib. Portug. M. S.
Fr. mLARIO DA CRUZ chama-
do no feculo Domingos Vieira naceo em
Lisboa fendo filho de Matheos Fernandes,
e Maria Fernandes. ProfeíTou o inftituto
de S. Paulo primeiro Ermitão em o Con-
vento da Serra de Oíía a 10 de Setembro de
16 19. onde pela agudeza do engenho, e pe-
netração do juizo fahio taõ perito nas fd-
encias EfcolaíHcas, que diâou pelo efpa-
ço de 15 annos Theologia aos feus do-
meíticos até jubilar em taõ fagrada Fa-
458
BIBLIOTHECA
culdade. Foy ornado de tantos dotes, que
qualquer delles o podiaõ conílituir digno da
mayor eftimaçaõ. Cantava com fuavidade,
compunha Mufica com admirável idea, e
tangia Orgaõ com fumma deftreza. Teve
para a Poefia Latina natural afluência, para
as fciencias feveras portentofo talento, e
para as Oraçoens Evangélicas elegante fa-
cúndia. Duas vezes governou a Religião
deixando faudozos, e edificados os fubditos.
Falleceo no Convento de Lisboa a 19 de
Setembro de 1665. Compoz.
Epiff^ammata in haudem Sanãorum, qtn
per totum anni circulum ah Ecclejia Univer-
Jali cekhrantur, e^ alia Poemata. M. S. 4.
Confervafe no Convento de Lisboa.
Sermoens. 2. Tom. M. S. 4. Confta-
vaõ de Panegíricos de Santos, e Difcur-
fos QuadrageíTimais. Eftes três volumes
affirma Joaõ Franco Barreto na lòih. Por-
tug. M. S. que os vira.
Fr. HILÁRIO DA LOURINHAA
natural da Villa do feu appellido perten-
cente ao Patriarchado de Lisboa. Profeflbu
o inllituto monachal da Familia Ciílercienfe
em o Real Convento de Alcobaça, e neíla
virtuoza paleftra fe exercitou em todos os
aôos de hum perfeito Monge. Efcreveo.
Vida do Infante ]ot(aphà: de Santa Eufro-
v^na: de Santa Maria Egypciaca: de Santa Paula.
Morte de S. Jerónimo. Contemplaçoens de S.
Bernardo. Vida de Santo Amaro: do Caval-
leiro Tungula que foy ao Purgatório, inferno,
e Parait^p. Confervaõ-fe todas eílas obras
em hum volume de folha M. S. na Biblio-
theca do Real Convento de Alcobaça.
HILÁRIO MOREYRA natural da
Gdade de Coimbra em cuja Univerfidade
foy infigne Profeflbr de Filofofia, e naõ
menor Orador Latino como o manifefta
a obra feguinte.
Oratio de omnium Philofophia partium
laudibus, (òf fludiis ad inviãijfimum Ljdjita-
nia Kegem D. Joannem Tertium apud incly-
tum Conimhricenfe Lycaum de more Acade-
mia habita Kalend. Oãob. 1552. Conim-
bricsE apud Joannem Barieira, & Joan-
nem Alvares 1552. 2.
Do Author, c da obra fazem mèçaõ Nic.
Ant. Bib. Hifp. Tom. i. p. 463. col. 2. Li-
pcnio Bib. Real Philofof Tom. 2. pag. 11 28.
Maris Dial. de Var. Hiji. Dial. 5. foi. mihi
515. v.o à margem.
HILÁRIO DE OLIVEYRA TAVA-
RES natural de Lisboa filho de Alexan-
dre de Oliveira, e criado do ScreniíTimo
Senhor Infante D. Manoel. Para teftemu-
nhar a fua ardente devoção com que vene-
rava a S. Braz Bifpo de Scbaíle compoz.
Novena do gloriofo Martyr S. Brai(^ Bif-
po de Sebajie Proteãor da Arménia, Advo-
gado da garganta repartida pelas fuás excel-
lentes virtudes, e nove obfequios para cada
hum dos dias da Novena. Lisboa por Mi-
guel Rodriguez. 1731. 12.
D. Fr. HILÁRIO DE SANTA ROSA
naceo em Lisboa a 12. de Fevereiro de 1695.
fendo filho de Crifpim da Sylva, e Maria
Jofefa. Na florente idade de vinte, e qua-
tro annos abraçou o auftero inílituto da
Seráfica Provinda da Arrábida a 15 de Ou-
tubro de 1719. onde depois de ter didado
Theologia Moral em o Convento de Lcy-
ria de cujo Bifpado foy Examinador Syno-
dal, leu a mefma Faculdade dous annos, e
Filofofia três em o Real Convento de Ma-
fra. Ao tempo, que era Confultor da Bulia
da Cruzada, e Guardião do Convento de
S. Jozé de Ribamar foy nomeado Bifpo de
Macao a 11. de Fevereiro de 1739. ^"™ ^^
dignidade o fagrou em a Santa Bafilica Pa-
triarchal o Eminentiffimo Cardial D. Tho-
maz de Almeida primeiro Patriarcha de
Lisboa a 5 de Março de 1741. e a 14 do
dito mez do anno feguinte partio para o
feu Bifpado onde felifmente chegou a j.
de Outubro de 1742.
Dos muitos Sermoens, que pregou com
univerfal aplauzo, fc fez unicamente pu-
blico pelo beneficio da impreíTaõ o fe-
guinte.
SermaÕ da fegunda Dominga da Qua-
refma de tarde em iz de Fevereiro de 1739.
pregado na Parochial de S. Nicolao. Lis-
boa por António líidoro da Fonccca.
1739. 4.
LUSITANA, 459
D. HYPOLITO DE S. LOUREN- na Caza profeíTa de S. Roque de Lisboa
ÇO naceo em Algodres lugar humilde da em o primeiro de Fevereiro de 1746. quan-
Provincia da Beyra fendo fobrinho do do contava 59. annos de idade, e 44. de
Venerável Padre Ignacio Martins da Com- Religião. Das Declamaçoens Evangeli-
panhia de JESUS author do Cathecifmo cas, que recitou na prezença de gravilli-
para inílruçaõ da puerida, e de D. Ma- mos auditórios fe fizeraõ publicas as fc-
noel de Gouvea Bifpo de Angra. Rece- guintes.
beo o habito Canónico Auguiiiniano em Sermão do ff-ande Patriarcba S. Caetano
o Real Convento de Santa Cruz de Coim- Fundador da IlluJlriJJima, e Apofiolica Keli-
bra a 9 de Agofto de 1596. onde fiazen- ffaõ dos Venerandos PP. Clérigos ^guiares
do iníignes progreíTos nas fciencias, fo- da Divina Providencia. Lisboa por Jozeph
raõ mayores em as virtudes. Era na Ora- António da Sylva. 1728. 4.
çaõ fervorofo, no Coro continuo, em o SermaÕ pregado no Real Convento de N.
jejum auftero. Naõ ocupou na Religião Senhora do Carmo de Usboa aos 26 do met(^
outro lugar mais, que o de Meftre de de Setembro de 11 zi. na Jolemnidade em que
Noviços devendo-fe à fua vigilante cul- o dito Convento celebrou a CanonifaçaÕ de
tura o virtuofo frudo, que aquellas novas S. JoaÕ da Crut^. Lisboa por Miguel
plantas deraõ para beneficio da Ordem Rodrigues. 1728. 4. & ibi por Jozeph
Canónica. Vinte annos antes da fua mor- António da Sylva. 1729. 4.
te paííou privado da viíla, cuja fenfivel SermaÕ do Nacimento de Maria Santijftma
moleftia tolerou como outro Tobias com Mãy de Deos pregado no Convento de Santa Aíar-
raro exemplo de cooftancia. Cheyo de tba de Usboa a S de Setembro de 1732. profef-
heroicas virtudes, e fortalecido com as fando no me/mo dia Sor Violante do Ceo. Lis-
armas dos Sacramentos fe preparou para boa por Jozeph António da Sylva Impref-
o ultimo coníliôo, que o transferio para o for da Academia Real. 1752. 4.
defcanfo eterno a 30 de Mayo de 1659. OraçaÕ fúnebre nas Exéquias do Excel-
com 80 annos de idade. Compoz. lentijftmo Senhor Conde da Calheta Affonfo
Vários Tratados efpirituaes com alguns de Vafconcellos, e Sou!(a celebradas na Real
Officios, e Hymnos de Santos. Pofto fe naõ Igreja de N. Senhora da Conceição dos Frey-
imprimiraõ muitos religiofos ufavaõ delle res da Ordem de Chrifto no dia z^ de Fe-
como efcreveo o Licenciado Jorge Car- vereiro de 1734. Lisboa pelo dito Impreflbr
dozo Agiol. Uifit. Tom. 3. pag. 463. 1734. 4.
fallando de feu Author, e pag. 469. no SermaÕ da ProfiJJaõ da Madre Soror
Comment. de 50 de Mayo letr. O. Joaquina Fffdia Benta da 'Natividade pre-
gado no Convento de Santa í^íartha a 17
P. HYPOLITO MOREYRA natural de de Setembro de 1739. Lisboa por António
Coimbra, e filho de António Moreira, e IGdoro da Fonceca. 1740. 4.
Maria da Paz. Na florente idade de quinze SermaÕ da ProfiJfaÕ das Madres Soror
annos recebeo a roupeta de Jefuita em o Catherina Joaquina, Soror Antónia Rita, So-
Noviciado de Lisboa a 6 de Julho de 1702. ror Thereti^a Getrudes filhas do Capitão Jo-
Aprendeo as letras humanas, e Sagradas em :(eph Carvalho de Oliveira pregado no Con-
o Collegio de Coimbra onde foy Meftre da vento das Trinas De/calças defta Corte em
primeira claíTe das Humanidades de cuja z^ de Junho de 1742. dia do nacimento de
difciplina fahiraõ Poetas elegantes. Orado- S. JoaÕ Baptijla. Lisboa por António
res facundos. Podendo illuftrar com o feu Ifidoro da Fonceca. 1742. 4.
agudo engenho, e fublime comprehenfaõ as Com as letras iniciaes do feu nome fa-
Cadeiras, fe dedicou ao minifterio do pui- hiraõ dous Epigrammas Latinos nas Ulti-
pito no qual conciliou grande eftimaçaõ mas Açoens do Duque do Cadaval D. Nu-
nefta Corte aflim pela delicadeza dos difcur- no Alvares Pereira de Mello. Lisboa na
fos, como pela viveza das açoens. Falleceo Officina da Mufica 1730. foi. o primeiro
460
BIBLIO THE C A
Epigramma ferve de Epigrafe ao Retrato do
Duque aberto em huma grande lamina; o
fegundo eílá a pag. 315. fendo o aflumpto
delle Cum in Templo D. Jujla celehrarentur exe-
qíáa Serenijfimi Ducis do Cadaval feftiva Cym-
balorum puljatio perpetuo injonuit. G^níla de
10. Dyílichos.
Sem o feu nome fahiraõ as obras fe-
guintes.
Culto, e venerofaÕ do Sacro/anão CoraçM
de JESU Chrijio. Lisboa 1731. 8.
Devoção, e culto do Jacrofan^o coração de
Maria Santijftma. Lisboa 1731. 8.
Novena do Glorio/o S. Roque advogado
contra a pejle, ou outro qualquer mal Ept-
demico, e contagio/o, efpecialmente de bexigas.
Lisboa por Jozeph António da Sylva.
1734. 24.
L USITAN A,
4Ó1
I
IACINTO ALVARES DE ALMEY-
DA natural da Villa de Abrantes
do Bifpado da Guarda, Doutor em
os Sagrados Cânones, De2embargador da
Relação Eccleíiaílica de Lisboa, e hum
dos celebres letrados do feu tempo. Hum
leu Voto Decifivo eílá impreíTo nas De-
j ^foens do Doutor Manoel Themudo da
Fonceca em a Decif. 112. Do Author
fa2 mençaõ loan. Soar. de Brito Theatr.
íj Lufit. Uterat. lit. H. n. 34.
Fr. lAONTO DE BRITO natural
da Villa de Palmella filho de Manoel
Coelho de Brito, e D. Maria do Avellar
ambos defcendentes de famílias nobres.
Deixou na idade da adolefcencia o mun-
do pela Religião dos Erimitas de Santo
AgoíUnho, cujo inílituto profeíTou em o
Convento de N. Senhora da Graça de
Lisboa a 12 de lulho de 1637. Foy Len-
te jubilado em Theologia, Reytor do
Collegio de Santo AgoíHnho de Lisboa,
c bom pregador. Compoz.
Traãatus Theologicus de Trinitate.
Traãatus Theologicus de Vifione Beata.
Ambos fe confervaõ M. S. in foi. na
Livraria do Convento de Lisboa.
Fr. lAQNTO DE CANTANHEDE
natural deíla ViUa cabeça de Condado cujo
titulo poíTuem os primogénitos dos Marque-
zes de Marialva. ProfeíTou o inftituto Ciiier-
cienfe no Convento de Santa Maria de Ceiça
no Bifpado de Coimbra, e foy morador mui-
tos annos em o Real de Alcobaça onde ef-
creveo, e fe confervaõ as obras feguintes
M. S. in foi.
Expojiíio moralis, (Ò" allegorica Taber-
naculi.
Expojitio in Ruth.
Petrus Cellenjis ad Alcherium Monachum
de Conjcientia.
'Expojitio Berenguerii in Apocalypfim.
Fr. IACINTO DAS CHAGAS reUgiofo
Menor da Seráfica Cuílodia de S. Tiago Me-
nor da Ilha da Madeira donde paiTando a eíle
Reyno exercitou o miniílerio de Pregador
publicando.
Sermão do Seráfico Patriarcha S. Francifco
de Ajffís pregado no Real Convento de S. Fran-
cifco de A.lanquer em 4. de Outubro de 1705. Lis-
boa, por António Pedrozo Galraõ. 1706. 4.
Fr. LVCINTO DA CONCEYÇAM na-
tural de Lisboa devendo à vigilante educação
de feus illuílres progenitores Manoel Freyre
de Andrade Governador de Elvas, e Peniche,
e das Comarcas de Leyria, e Torres Vedras,
e D. loanna de Brito os admiráveis progref-
fos, que fez o feu agudo engenho em as
fciencias amenas. Deixando com heróica
refoluçaõ as delicias da caza paterna abraçou
os rigores do clauílro veíHndo o penitente
Sayal do Serafim dos Patriarchas em a Pro-
vinda de Portugal onde diétou Filofofia no
anno de 1680. em o Convento de Santarém
merecendo para eterno brazaõ do feu ma-
gifterio, que foíTe feu difcipulo o Excellen-
tiíTimo Conde da Ericeira D. Francifco Xa-
vier de Menezes preciofo erário da erudição
fagrada, e profana. Com fingular aplauzo
explicou Theologia no anno de 1683. em
Lisboa, e Coimbra fendo mayor o que con-
ciliou em o púlpito pela eloquente expreífaõ
dos conceitos, e difcreta afluência de pala-
vras, herdadas do Floro Portuguez lacinto
Freyre de Andrada feu Tio paterno arre-
batando a todas as peíToas infignes aíTim
em o efplendor do nacimento como em a
profundidade da fciencia, que lhe forma-
vaõ o auditório. Foy favorecido das Mu-
fas, cujo comercio nunca interrompeo ain-
da no eítado de religiofo praticando com
decoro as leys da Poefia. Teve vaíla no-
ticia da Hiíloria, e da Genealogia das
Famílias Portuguezas. Foy Examinador
das Três Ordens Militares, Definidor da
Provinda, Guardião do Collegio de Coim-
402
BIBLIO THE CA
bra, e Confeflbr das Religiofas do Real G)n-
vento de Santa Clara defta Corte. Falleceo
mais cheyo de merecimentos do que annos
no Convento de S. Francifco da Qdade em
o anno de 171 1. Alem do Curfo Filofofico,
e varias Matérias Theologicas, que compoz
dignas da lu2 publica deixou.
Sermoens vários. 4. M. S.
Delles como efcreve Fr. Fernando da
Soledade Hijl. SeraJ. da Prov. de Portug. Part. 3.
lib. I. cap. 21. fe imprimio hum naõ decla-
rando o feu argumento, nem o lugar da
impreflaõ, nem o nome do impreíTor.
lACINTO CORDEYRO natural de Lis-
boa, e muito inílruido em todo o género de
erudição principalmente em a Poética para
cujo eíhido era naturalmente inclinado com-
pondo com fumma afluência, e naõ menor
difcriçaõ varias obras métricas, que foraõ
veneradas pelos mais celebres alumnos do
Parnaflb. Na Poeíia Cómica excedeo aos
principaes cultores delia como publicaõ as
muitas Comedias, que compoz fendo repre-
zentadas em Caftella com grande aplauzo
dos expeftadores. Foy Alferes de huma Com-
panhia da Ordenança defta Corte onde fal-
leceo a 28. de Fevereiro de 1646. quando
contava a varonil idade de quarenta annos,
e jaz fepultado na Parochia de Santa Maria
Magdalena. Publicou.
De la 'Entrada delKey en Portugal. Co-
media dedicada a D. Fernaõ Martins Maf-
carenhas Inquiíidor Geral. Lisboa por Jor-
ge Rodrigues. 1621. 4.
BJogio de Poetas Ijtfitanos ai Fénix de Ef-
pana Fr. Lope Félix de Vega Carpio en fu Lau-
rel de Apollo. Lisboa, por Jorge Rodrigues
163 1. 4. He hum Supplemento de Poetas
Portuguezes, que faltarão em o Laurel de
Apollo compofto por Lope da Vega.
Triumfo Francês, recebimento, que man-
dou fav^er elRey D. JoaÕ o IV. ao Marque^
de Brejfe Embaxador, e Capitão General del-
Key de França. Lisboa por Lourenço de
Anvers. 1641. 4.
Sylva a ElRey D. Joaõ o IV. Lisboa
pelo dito ImpreíTor. 1641. 4.
*í' Vitoria dei Amor Comedia Madrid por
Jozeph Fernandes de Buendia. 1667. 4.
No ay pla:(p, que nó llegue, ni deuda qm\
no fe pague, ibi pelo dito Impreflbr. 1 667. 4.
Primeira, e 2. Part. de Duarte Pacheco,
Comedia. Lisboa por Pedro Craefbeeck.
1630. 4. Defta fegunda Comedia faz men-
ção Souza Flor. de Efpan. cap. 15. exceli.
13. n. 3. \
Amar por fuerça.
El juramento ante Dios.
EJ hijo de las batalhas.
El mayor trance de amor.
El Soldado rebolto!(p
El valiente negro en F landes.
Eftas féis Comedias fahiraõ cm Caftel-
la impreíTas em diverfas Oíficinas. De cujo
Author fazem memoria Joan. Soar. de
Brito Theatr. Eufit. Uter. lit, H. n. 35.
e o Padre António dos Rcys EnthuJ. Poet.
n. 80.
Miles Corderius ipfo
Sujcipit a Phabo myrti, laurique Coronam
Pramia folerti jujiè retributa, tacente
Nam Lopio vatum clarijftma nomina, fama
Ipfe humeris fubiit rutilantia ad afira fe-
rendos
Afferuitque fuis nomen, qttod perdere nun-
quam
Tempus edax rerum, nec tu longava Ve-
tufas.
Quibitis.
Fr. lACINTO DE DEOS natural da
Qdade de Macao celebre Colónia dos
Portuguezes íituada na Província de Can-
tão do Império da China filho de Pedro
Soares, e Cecilia da Cunha. Na idade de
18 annos recebeo o Seráfico habito da
reformada Província da Madre de Dcos
de Goa a 13 de Julho de 1630. c a 14
do dito mc2 do anno feguinte profeíTou
folemnemente. Aprendeo com aplicação
as fciencias Efcholafticas, que depois di-
ôou com credito do feu talento até ju-
bilar na Cadeira de Prima da Theologia.
Ocupou os mayores lugares da fua Re-
ligião como foraõ Cuftodio da Provin-
da eleito no Capitulo celebrado a 14 de
Fevereiro de 1646. Provincial a 6 de Ju-
L USITANA.
463
Lho de 1658. Guardião do Convento da
Madre de Deos de Goa a 14 de Janeiro
<ie 1661. e ultimamente GDmiíTario Geral
por patente do Geral Fr. AíFonfo de Sali-
zanes. Entre taõ continuas ocupaçoens,
que louvavelmente exercitou em benefi-
cio da fua Província para que naõ hou-
vefle inftante vago, que naõ empregaíTe
-em feu obzequio fe aplicou com indefeíTo
trabalho a efcrever a Qironica dos filhos
infignes em virtudes, e letras que com
portentofa fecimdidade produzira aquelle
Seráfico Jardim como também outras
obras em que moíhrou a grande noticia,
I que tinha da inílituiçaõ das Ordens Mi-
I litares, da inílruçaõ poHtica dos Prin-
dpes, e dos documentos neceflarios à vida
efpiritual, e religiofa, Foy Deputado da
Inquifiçaõ de Goa de que tomou poíTe
a 30 de Outubro de 1671. Falleceo no
Q)nvento da Madre de Deos de Goa
a 8 de Aíayo de 1681. quando contava
69 annos de idade, e 5 1 de Religião. Jaz
fepultado no Capitulo. Compoz.
Efcudo dos Cavalleiros das Ordens Mili-
iares. Lisboa por António Crafbeeck
de Mello. 1670. 4.
Tribunal da Provinda da Aladre de Deos
dos Capuchos da índia Oriental. Lisboa pelo
dito ImpreíTor. 1670. 8.
Brachilogia de Príncipes. Dedicada ao
Príncipe N. Senhor D. Pedro. Lisboa pelo
dito ImpreíTor. 1671. 8.
Caminho dos Frades Menores para a vida
Eíema. Lisboa por ^liguei Deflandes
1689. 4- ^ Coimbra por Bento Seco Fer-
reira. 1721. 4.
Vergel de Plantas, e Flores da Provín-
cia da Aíadre de Deos dos Captichos refor-
mados. Lisboa por Miguel Deslandes.
1690. foi. No principio deite livro diz,
que eílaõ promptos para a impreíTaõ as
feguintes obras.
Cadeya dos F/cravos da I^íadre de Deos.
Efmola para as almas do Purgatório.
Arte de viver.
Trono de Serafins.
Trlumfo da Conceição de Nojfa Senhora.
Fazem mençaõ do Author Nicol. Ant.
Blb. Hl/p. Tom. i. pag. 465. col. 2. Ignat.
Pereyra de Revlfiombus. cap. 99. n. 11. e
o moderno addicionador da Blb. Orlent. de
António de Leaõ Tom. i. Tit. 4. col. 81.
L\CINTO FREYRE DE ANDRADA.
Naceo em a Qdade de Beja da Provinda
Tranftagana onde teve por progenitores a
Bernardim Freyre de Andrada, e D. Lui-
za de Faria de igual nobreza à de feu
conforte por fe derivar do Caftello de Fa-
ria na Provinda de Entre Douro, e Minho
folar de huma das mais antigas FamiHas
deile Reyno. O fublime génio, que logo
defcobrio nos primeiros annos para as le-
tras, moveo a feu Pay para que frequentaíTe
a aula de Minerva, e naõ a paleílra de
Marte em que elle em obzequio deíla Mo-
narchia tinha obrado açoens de eterna me-
moria. Liftruido nos preceitos da lingua
Latina, Poética, e Oratória paíTou à Uni-
verfidade de Coimbra onde fez celebre o
feu nome pelos acelerados voos com que
fe remontou o feu penetrante engenho
com enveja de feus difcipulos, e dos Mef-
tres a inveftigar os arcanos da Theologia, e
as dificuldades de huma, e outra Jurifpru-
dencia, que todos fe faziaõ patentes à fua
profunda comprehenfaõ. Refoluto a feguir
a Vida Ecdefiaílica recebeo o grão de Ba-
charel na Faculdade dos Sagrados Cânones
a 18 de Mayo de 1618. como própria do
Efiado, que elegera, e paíTando à Corte de
Madrid mereceo diítintas eítimaçoens das
principaes PeíToas da Jerarchia Ecdefiaf-
tica, e Secular que fendo devidas à nobreza
do feu nadmento fe fazia delias mayor
acredor pela fublimidade do talento. Naõ
contava muitos dias de aíriílencia naquel-
la Corte quando foy provido na Abba-
dia de NoíTa Senhora da AíTumpçaõ de
Saòbade em o termo da ViUa da Alfan-
dega da Fé em a Provinda Transmon-
tana, que era do Padroado Real, e pofto,
que era muito rendofa paílou por nova
nomeação para a Abbadia de Santa Ma-
ria das Chans do mefmo Padroado fitua-
da em o Confelho de Tavares do Bif-
pado de Vifeu hum dos mais opulentos
Benefidos deíle Reyno. Conhecendo o
464
BIBLIO THECA
primeiro Miniftfo de dftella a profundi-
dade do feu juízo lhe participou alguns ne-
gócios graves, que felifmente fe conclui-
rão pela madura direção da fua prudência.
Ao tempo, que imaginava fer generofamente
premiado pelos ferviços que fizera em obfe-
quio da Coroa Caftelhana experimentou hu-
ma fatal tormenta ocafionada da fiel liber-
dade com que vocalmente, e por efcrito
defendeo o direito da SereniíTima Caza de
Bragança ao Trono de Portugal violenta-
mente ufurpado pela ambição de Filippe
Prudente. Para evadir a prizaõ a que eftava
condenado fahio ocultamente de Madrid,
e vencidos vários perigos bufcou para azi-
lo da adverfidade, que o ameaçava a fua
Igreja das Chans onde aíTiílio largo tempo,
e poílo que a lembrança da Corte lhe fazia
mais intoleráveis a afpereza do Clima, e o
horror da Solidão temperava eílas molef-
tias com a liçaõ dos livros em que confumia
a mayor parte do tempo. Aclamado no an-
no de 1640. legitimo Suceflbr da Coroa Por-
tugueza o SereniíTimo Rey D. Joaõ o IV.
paflbu a Lisboa onde foy recebido defte
Monarcha com agrado, da Nobreza com
affefto, e do povo com veneração. Por morte
do Príncipe D. Theodofio a quem foy fum-
mamente aceito, o elegeo ElRey D. loaõ
para Meílre do Príncipe D. Aifonfo cujo
lugar ainda que honorifico refolutamente
regeitou prevendo, que os feus documen-
tos haviaõ de fer inúteis para quem a natu-
reza incapacitara para a difciplina. Deter-
minado ElRey de ocupar o feu talento em
alguma das Cortes da Europa, e naõ exe-
cutando efte intento lhe offereceo o Bifpado
de Vífeu a cuja ofFerta refpondeo com dif-
creta galantaria que naÕ queria gov^ar de huma
dignidade em leite, pois naõ podia fer em carne
alludindo à repugnância com que os Pon-
tífices naquelle tempo mais attentos à po-
litica de Caílella, que ao pafto das Igre-
jas de Portugal lhe negavaõ a confirma-
ção dos Bifpados. Defte apothegma jo-
cofo, que os feus emulos interpretarão
por liberdade indecorofa ao Príncipe fe
feguio fer julgado por incapaz de minifterío
quem era taõ refoluto nas açoens, c claro
nas palavras. Conhecendo, que fomente as
lizonjas eraõ premiadas na Corte fe retirou
para a fua Igreja onde dominava a fincc-
ridade, da qual o obrigou aufentar-fe a
affiftencia de fua irmãa D. Maria Couti-
nho, que morava em Lisboa com a qual
viveo alguns tempos ocupado na cultura
dos livros em que achava a mayor delei-
tação até que mais cheyo de merecimen-
tos, que de annos pois naõ excediaõ de 60
efpirou placidamente a 15 de Mayo de
1657. em as cazas próprias fituadas às por-
tas de Santo Antaõ. Jaz fepultado na Pa-
rochial Igreja de Santa Jufta em humilde
jazigo, digno certamente que fofle depo-í
fito das fuás cinzas o mais fumptuozo Mau-
foleo. Teve a eftatura mais que ordinária^
o afpeélo malencolico, e grave de tal forte,
que olhado infundia refpeito; a converfa-
çaõ agradável com apothegmas igualmente
galantes que agudos; o trato com as pef-
foas taõ moderado, que nem era arguido
de fevero, nem acuzado de fácil. Como
inimigo jurado da adulação fallou fempre
com liberdade eftranhando aos fautores de
açoens críminofas, e proferindo o feu voto
com mayor atenção à conciencia do que ao
refpeito de quem o confultava. Foy com
os pobres liberalmente charitatívo; com os
humildes fumamente humano; e com os Fi-
dalgos parcamente comunicável. Teve natu-
ral afluência, e elegância para a Poezia
Vulgar alcançando a palma entre os mais
fuaves Cifnes do Parnaflb Portuguez, fendo
os feus Verfos ferios, ou jocofos claros índi-
ces da fua fecunda, e difcreta Mufa. Mayor
efpirito moftrou na compofiçaõ da Híftoria
onde o feu judiciofo talento dilatou mais
vaftamente a delicadeza dos feus penfamen-
tos. Perfuadido das repetidas inftancias do
Bifpo Inquifidor Geral D. Francifco de Caf-
tro neto do clariíTimo Varaõ D. Joaõ de Caf-
tro 4. Vicerey da índia cfcreveo a vida
defte Heroe com taõ elegante frafe, qui-
deixou duvidofa a pofteridade fe fora mais
feliz D. Joaõ de Caftro pelo que obrou com
a efpada no Oriente, fe pela penna com que
defcreveo Jacinto Freyre as fuás gloriofas,
e immortaes açoens cm todo o mundo.
Nefta primorofa obra cxcedeo a magef-
toza pompa dos Livios, Curdos, c Tu-
L USITAN A.
465
cidedes uenerados Oráculos da Hiíloria
Romana, e Grega u2ando de eílilo alti-
loquo, e corrente, palavras naturaes, e
elegantes; penfamentos agudos, e claros.
Cada claufula he filha da eloquência mais
fublime, e cada período parto da locução
mais difcreta. Perfuade com eficácia, dif-
corre com juÍ20, reprehende com mode-
ração, e louva fem lizonja. Igual metho-
do fe admirou nas fuás cartas naõ fe dif-
tinguindo o eftilo familiar com que tra-
tava aos feus amigos daquelle a que o ref-
peito das peíToas fazia fer mais fevero. Vir
ingenio JekEHJftmo o intitula loan. Soar. de
Brito Theatr. iMJit. Uter. lit. H. n. 36. Cardo-
fo Agiolog. iMJit. Tom. 2. pag. 140. no Co-
ment. de 11. de Março letr. C. O Abbade Ja-
cinto Frsyre de Andrade na celeherrima Vida
de D. JoaÕ de Cafiro. Souza Apparat. a Hijl.
Gen. da Ca^- Real. pag. 106. §. 113. do Jeu
admirável talento, e diferirão nos deixou irre-
fragavel teftemtmho naquella inimitável obra
da Vida de D. JoaÕ de Cajlro quarto Vicerey
da índia em que a eloquência, e puret^a da
nojja lingua fe admira em hum ejlilo taõ fubli-
me que he huma das obras mais fngulares, que
fe tem efcrito, e por iJ[o igualmente eflimada nàõ
fô dos nojjos, mas dos Eflrangeiros. Teixeira
Vid. de Gom. Freyre de Andrade Part. i.
liv. 2. §. 75. a Corte o venerava Demoflhenes
J-jifitano, e o Reyno Cicero Portuguet^. Franc-
kenau Bib. Hifp. Gen. Herald, pag. 198.
Diogo Gouvea de Barradas Antig. de Beja.
liv. 3. cap. 27. lacinto Cordeiro Elog. dos
Poet. Luft. Eílanc. 34.
Jacinto Frejre gloria de Helicona
De Andrade lujire de fu nombre gloria
Si flor le jaãa, y piedra perficiona
Im gala defie nombre amable hifloria;
Merece con juflicia la corona
Que le efcrive el ingenio en la memoria
Del Templo de la fama a que le llama
Tan immortal con el fera la Fama.
G)mpoz.
Vida de D. Joaõ de Cafiro quarto Vi-
cerey da Índia. Lisboa na Officina Craf-
beeckiana. 165 1. foi. & ibi por loaõ da
Cofta. 1671. foi. & ibi pelos herdeiros de
Miguel Manefcal. 1703. foi. & ibi na Of-
ficina da Mufica. 1722. 8. & ibi por An-
30
tonio Ifidoro da Fonceca. 1736. 4. Sahio
traduzida na lingua Ingleza por Peter Wichek
com eíle titulo. The life of Dom John de Cafiro
The Fourth Viceroy of índia. London por
Henry Herringman, 1664. foi. e ultimamente
na lingua Latina pelo Padre Francifco Ma-
ria dei RoíTo da Companhia de lESUS. Ro-
ma ex Typographia Rochi Barnabò. 1727. 4.
O juizo, que o tradutor faz do Author da
obra he o feguinte. Scriptor, quem interpre-
tandum fufcepi, ut ma^i efl apud L^iftanos no-
minis, ita nationibus cateris non improbabitur ;
habet enim in narrando non mediocrem jucundi-
tatem, (Ò" illaboratum candor em; preffus efl, et
velox ut hifloricum decet, qtàn tamen obfcurus
fit, vel fupinus: elegantiam feãatur, fed non
jejunam, acumen fed minime illiberale. Nef-
ta ediçaõ fahio com o Retrato de D.
loaõ de Caftro primorofamente aberto,
e na parte inferior animado com o feguinte
dyíticho.
Qualis quantus erat pietate infignis, eb* ar-
mis
Spirat adhuc piãá Cafrius in Tabula.
Portugal Reflaurado. He tradução da
obra intitvilada Loifitania Uberata que com-
poz o IllufiriíTimo Capellaõ mòr D. Ma-
noel da Cunha, que fahio fem o feu nome.
Foy dedicada a tradução impreíTa fem anno,
nem lugar em 24 a SereniíTima Raynha de
Portugal D. Luiza Francifca de Gufmaõ
fechando o tradutor a Dedicatória feita
a 20 de Março de 1645. com eílas difcre-
tas palavras. Aqtá naÕ há coufa minha fe
naõ os erros da VerfaÕ, porque traduzir naõ
he mais, que levar bum recado alheo, que eu
aceitei para com elle me pòr de joelhos aos
pés de V. MageJlade.
Origen, y progrejjo de la Ca^a y Famí-
lia de Cafiro y de los ^andes hombres, que
bã havido en ella defde fu principio bafla nuef-
tros tiempos facado de Chronicas, Hijlorias,
y otros Autores digios de todo credito foi.
M. S. EJfta obra foy compoíla em obze-
quio do Bifpo Liquizidor Geral D. Fran-
cifco de Caftro a qual deixou fua fobri-
nha D. Mariana de Noronha, e Caftro aos
Padres Theatinos defla. Corte fua magnifica
Bemfeitora, e fe conferva na SeleétiíTima
Livraria defta douta Comunidade.
406
BIB LIO THE C A
Dos feus Verfos fe poderão formar vo-
lumes dos quais a mayor parte pereceo
no fatal incêndio, que deváílou as cazas
em que morava às portas de Santo Antaõ
defta Cidade, e unicamente fe fizeraõ pú-
blicos no Tom. 3. da Fenit^^ renacida, ou
Obras Poéticas dos melhores engenhos Por-
tuguev^es. Lisboa por lozeph Lopes Fer-
reira. 171 8. 8. defde pag. 316. até 384.
Diverfos Sonetos, Romances Sylvas, Can-
çoens, Endechas. Fabula de Narcijfo. Coníla
de 54. Outavas. Fabula de Polifemo, e Ga-
latea. Coníla de 61 Outavas. A eílas duas
Fabulas celebra o Padre António dos Reys
no Enthuf. Poet. n. 70. como a feu ele-
gante, e difcreto Author com eftas métri-
cas vozes.
Crinibus Andradii pofuit NarciJJus odoru
Ex femet Jertum; nec non Polyphemus,
amufus
Sit licet, Idaa pracidit ab arbore ramum,
Et mole cotttextum, {nam dextra eft infcia
cultus
Barbara ) donavit.
Fr. lACINTO DE S. lOZÉ natural de
Villa-nova de Gaya fronteira à Cidade do
Porto, e filho de Manoel André, e Águeda
de Oliveira. Profeflbu o Sagrado Inftituto
de Erimita Auguftiniano no Convento de
Nofla Senhora da Graça de Lisboa a 19 de
laneiro de 1702. Depois de enfinar Gra-
mática, e letras humanas em o Convento
de Villaviçofa, e Filofofía em o Collegio de
Coimbra em cujos magiílerios teve por dif-
cipulo a Fr. Manoel de Figueiredo Chro-
niíla da Ordem (como efcreve com agrade-
cida memoria em o Tom. 4. do Fios Sana.
Augujl. pag. 148. n. 86.) diftou Theologia
com grande aplauzo de que refultou fer ad-
metido entre os Doutores Theologos pela
Univerfidade de Coimbra a 4 de Abril de 171 5 .
Tem ocupado os lugares de Reytor do Col-
legio de Coimbra, e primeiro Definidor da
Ordem. Igual talento teve para o púlpito
como para a Cadeira fendo teftemunhas
do feu talento concionatorio as obras fe-
guintes.
Panegyrico Funeral nas exéquias do Ex-
cellentijftmo Senhor D. Filippe Mafcarenhas
Conde de Coculim celebradas pela nobilijji-
ma Irmandade do Senhor dos Paffos na Iff-eja
de Nojfa Senhora da Graça de Lisboa em
2 ]unho de 1735. Lisboa por lozeph An-
tónio da Sylva ImpreíTor da Academia
Real. 1735. 4.
Sermão no f étimo dia do folemne Outavario
com que os Religiofos da Companhia de JESUS
da Ca^^a profeffa de S. Roque celebrarão a
Canonização de S. JoaÕ Francifco Regis.
Lisboa na Officina da Mufica, e da Sa-
grada Religião de Malta. 1739. 4-
lACINTO MACílADO DE SOUSA Ve-
ja-fe IGNACIO BARBOZA MACHADO.
lACINTO LEYTAM MANSO DE LIMA
naceo em a Villa da Certãa do Priorado
do Crato a 16 de Agofto de 1690. Fo-
raõ feus Pays Manoel Vicente de Lima,
e Izabel Manfa Moutinha peíToas prin-
cipaes da dita Villa onde na Igreja Ma-
triz de S. Pedro obteve hum Beneficio.
Toda a fua aplicação confiílio no eíhido
da Hiíloria, principalmente de huma das
fuás mais neceíTarias partes qual he a Ge-
nealogia efcrevendo com incanfavel difvelo
45 volumes de folha por ordem alphabetica
em que fe comprehendem.
Famílias do Rejno de Portugal M. S.
Querendo fer grato à pátria, que lhe
deu o berço defcreveo com eftilo claro,
e corrente a individual noticia de tudo
que pode contribuir para a fua gloria,
cuja obra intitulou.
Certãa ennobrecida, ou difcripçaÕ da Villa
da Certãa. foi. 3. Tom. M. S. O origi-
nal conferva em feu poder o cruditifli-
mo Jozè Freyre Monterroyo Mafcarenhas.
Do Author, e das fuás obras faz men-
ção o Padre D. António Caetano de Souza
Apparat. á Hifi. Gen. da Cai^. Real pag.
173. §. 221. e nas addiçoens do Tom. 8.
defta Hift. pag. 10.
lAQNTO DE S. MIGUEL naceo
em a Villa de Benavente da Provinda
Tranflagana onde recebeo a primeira gra-
ça na Igreja Matriz a 26 de Fevereiro de '
L USITANA.
4Ó7
■ 1596. fendo filho de Miguel Perdigão, e
de Leonor do AveUar do Quental de
igual nobreza à de feu conforte. No mais
florente curfo da idade deixou o mundo,
e recebeo o habito Canónico da Sagrada
Congregação do Evangeliíla em o anno
de 161 6. onde logo moftrou a natural
Índole, que tinha para as virtudes, que
cultivou com fumma perfeição. ApUca-
do aos eíhidos fez conhecido o feu ta-
lento, ou aprendendo, ou enfinando. Foy
naturalmente propenfo à Poezia metrifi-
cando nos idiomas Latino, e Portuguez
com igual valentia, que afluência. Sen-
tindo-fe acometido de achaques fe pre-
parou com ados religiofos para a eterni-
dade. Antes de efpirar afirmou aos cir-
cunftantes, que partia muito confolado defta
vida por nunca ter fido Prelado. Falleceo
placidamente no Convento de Santo Eloy
de Lisboa no primeiro de Junho de 1641.
com 45 annos de idade, e 24 de habito. Alem
í de muitas Poezias Latinas, que compoz em
Évora em aplauzo das Canonizaçoens de
: Santo Ignacio de Loyola, e S. Francifco
Xavier compoz na lingua materna.
Poema Heróico fobre a vida de Pafriar-
I còa S. Lourenço Juftiniano. M. S. O qual
efcreve o Padre Francifco de Santa Maria
Cbron. dos Coneg. Secul. liv. 4. cap. 31.
fora compofto com tanta elegância, e gala;
vivera, e valentia, propriedade, e jui^o, que
o Ja^iaõ dignijpmo da efiampa.
Fr. L\CINTO DE S. MIGUEL naceo
em Lisboa a 10 de Setembro de 1692. onde
teve por Pays a Pedro Fernandes Tinoco,
e Helena Jozepha Borges, cuja amável com-
panhia deixou quando contava quinze an-
nos de idade para fe dedicar a Deos em a
Religião de S. Jerónimo profeflando o feu
inítituto em o Real Convento de Santa Ala-
ria de Belém a 19 de Março de 1708. onde
fe aplicou naõ fomente à inteUigencia das
linguas Latina, Grega, Franceza, e Italia-
na em que fahio perito, mas à inveíBga-
çaõ das fciencias feveras, que enfinou
até fer jubilado na fublime Faculdade de
Theologia. Naõ lhe deveo menor aplica-
ção a Hiíloria Ecclefiaítica como a Se-
cular em que he muito verfado. Foy Rey-
tor do CoUegio de Coimbra, duas vezes
Geral da fua Congregação, e Chronif-
ta delia, e Examinador Synodal do Pa-
triarchado. Traduzio de Grego em Por-
tuguez em competência de outra verfaõ,
que fez o Padre Fr. Manoel de Santo An-
tónio Bibliothecario da Livraria do Con-
vento de Belém.
Arte Hifiorica de Luciano Samoffateno.
Lisboa na Officina da Mufica. 1733. 12.
Sermão do Santijftmo Sacramento refii-
tuido ao Real Templo da Incarnação das
religiofas de S. Bento de Avit(^ pela Irman-
dade do Senhor da Parochia da Pena em que
fe depofitara na noite de 11 de Agofio de
1734. por caufa do incendo que na dita I^eja,
e Mojleiro fe atheara pregado em zi de No-
vembro. Lisboa na Officina da Mufica
de Theotonio Antunes de Lima. 1737. 4.
Tratado Hijiorico das Ordens Monajli-
cas de S. Jerónimo, e S. Bento. i. Parte.
Lisboa na Officina da Mufica, e da Sa-
grada Rehgiaõ de Malta. 1739. foi.
Sermão de Santo Igiacio de Loyola Fun-
dador da Companhia de JESUS pregado
na Igreja de Nojfa Senhora do Populo na
Villa das Caldas. Lisboa por Joaõ Ba-
ptiíla Lerzo. 1742. 4.
Com o fupofto nome de Miguel Joa-
chim de Freytas puro anagrama do feu
nome publicou.
Nottas da Analyjis Beneditina. Madrid
por Bernardo Peralta. 1734. foi.
Arte de Pregar, ou verdadeiro modo de
pregar fegtmdo o efpirito do Evangelho. Lis-
boa na Officina da Mufica, e da Sagra-
da Religião de Malta. 1739. ^- ^^^ ^^~
duçaõ da lingua Franceza em a materna.
Fr. JAQNTO DE PÁDUA refigio-
fo profeílo da Ordem militar de Chriílo,
e muito douto na intelligenda da Sagra-
da Efcritura, e liçaõ dos Santos Padres
como fe manifefla. na obra feguinte da
qual como de feu Author faz memoria
António Carvalho da Coíla Corog. Por-
tug. Tom. 3. pag. 162.
Commentario in Epiflolas D. Pauli. M. S.
408
B IB LIO THE CA
lAQNTO DA PAZ natural de Lis-
boa profeíTor de lurifprudencia Civil, e
infigne Poeta Latino. Compoz.
Kepetitio Júris Gafarei carmine exame-
iro latino. Defta obra, e do Author fe
lembra loan. Soar. de Brito Theatr. hãifit.
Uter. lit. H. n. 37.
Fr. lACINTO PACHECO natural do
Porto Monge Benedidino cujo habito re-
cebeo em o Convento de Lisboa a 25 de
Abril de 1620. Foy Abbade dos Conven-
tos de Cucujaens, Porto, Paço de Souza,
S. Romaõ, e CoUegio de Coimbra, e em
taõ diverfos governos fempre deixou faudo-
fos os feus fubditos da fua prudente afabi-
lidade. Mereceo grande eílimaçaõ pelo mi-
nifterio do púlpito em que foy iníigne. Ao
tempo que eftava preparando para a impref-
faõ vários tomos de
Sermoens Panegyricos, e Moraes ( de
cujo trabalho faz mençaõ Fr. Gregório
Argaes Perla de Catalm. pag. 473. §. 184.)
o arrebatou a morte em o Convento do
Porto a 26 de lunho de 1679.
P. lACINTO PEREYRA religiofo
da Companhia de lESUS, e incanfavel
Operário das Chriílandades do Oriente.
Efcreveo.
Carta Annua do Malabar ejcrita de Co-
chim a 27 de Setembro de 1621. Sahio tradu-
zida em Italiano com outras. Roma por
Francifco Corbelletti. 1627. 8. de pag. 51.
até 96. e em Francês pelo Padre loaõ Driefde
lefuita a qual foy impreíTa com outras Pa-
riz chez Sebaílien Cramoify. 1628. 8. def-
de pag. 70. até 121. Do Author, e da obra
fe lembra o moderno addicionador da 5//>.
Orient. de António de Leaõ Tom. i. Tit. 4.
col. 91.
lAQNTO DA SYLVA DE MIRAN-
DA Cavalleiro profeflb da Ordem mi-
litar de Chriílo filho do Doutor Simaõ
da Sylva profeíTor de Medicina, e D.
Thereza de Miranda naceo na Villa de
Setúbal a 16 de Agofto de 1701. onde de-
pois de aprender os primeiros rudimen-
tos eíhidou Direito Pontifício cm a Uni-
verfidade de Coimbra em cuja Faculda-
de fe formou a 20 de Mayo de 1720.
Reftituido à pátria exercitou nella o Of-
ficio de Patrono de Cauzas Forenfes, e agora
o he nefta Corte fendo Advogado da
Caza da Suplicação onde tem adquerido
naõ pequeno aplauzo pelo feu talento.
Foy hum dos Collegas da Academia Pro-
blemática inftituida na fua pátria na qual
foy ouvido varias vezes recitar elegantes
Oraçoens. Publicou.
Oração Problemática em que fe defende
fer de mais jaãancia para Portugal pojftàr
ao Keverendijfimo Senhor D. Rafael Bluteau
Clérigo Regular da Divina Providencia até
o tempo da fua morte, do que para Ingla-
terra dar lhe o naci mento; recitada na Aca-
demia dos Applicados a z% de Fevereiro de
1734. 4. Sahio no Obfequio Fúnebre dedi-
cado à faudofa memoria do dito Padre. Lis-
boa por lozeph António da Sylva. 1734. 4.
Tem compofto, e prompto para a im-
preíTaõ.
De Amatoribus Monialium. M. S.
Regimento militar explicado. M. S.
lACINTO DA SYLVA DE OLIVEY-
RA Presbítero do habito de S. Pedro
natural da Villa de Torres novas do Pa-
triarchado de Lisboa onde teve por Pays
a Pedro da Sylva, c Mariana Lopes. Cul-
tivou com felicidade a Poezia deixando
compoftos.
Diverfos Sonetos, Romances, Sylvas, e
Cançoens a vários AJfumptos. Aí. S. 4.
lAQNTO DE SOUZA SEQUEYRA.
Veja-fe Fr. lERONIMO DE SOUZA.
lACOB DE ANDRADE VELOSI-
NO. Naceo em Pernambuco opulenta
Provinda de America Portugueza em o
anno de 1657. donde depois que os Por-
tuguezes expulfaraõ dos feus domínios
aos Holandezcs fe paíTou a Amfterdam,
e aplicando-fe ao eftudo da Medicina fez
nella taes progreflbs que mereceo gran-
de fama pelo methodo com que triunfa-
va das infermidades mais pcrigofas prin-
cipalmente em as Cidades de Haya em
L USITAN A.
4Ó9
Olanda, e de Anveres em Flandes com-
poz.
Theologo Religiofo. He huma inveéHva
contra o Theologo Politico de Bento de Ef-
pinofa, que de Judeo fe fe2 Atheifta.
Mejfias reftaurado contra o livro de
Moníiur Jaqueloto Miniílro Calveniíla, que
intitulou Dijfertaçoens do Aíejftas.
Epitome de la verdad de la ley de Moyfes.
Efta obra, que era compofta pelo Rabino
Morteira, que em Amfterdaõ conheceo, e
admirou ao Padre António Vieyra no anno
de 1647. reduzio a melhor eflilo Jacob de An-
drade, e lhe acrecentou doutiíTimas reflexoens.
lACOB AVENDANHA naceo em
a Qdade de Amburgo de Pays Portugue-
zes, que o educarão nos ritos da Sinago-
ga, nos quais fahio taõ perito, que exer-
citou muitos annos o Rabbinado em a
Qdade de Londres, e regeo a Synagoga
da mefma Qdade onde morreo em o
anno de 1690. Traduzio da lingua Ará-
bica de Judas Levita em a Caílelhana.
Notas y reflexiones ai livro intitulado Cua-
íari. Foy traduzida efta obra na lingua he-
braica pelo Rabbino Aben Tibor Efpanhol,
e na Latina por Buftorfio. Amftelodami
anno Creationis 5423. Chrifti. 1662. 4.
Ao tempo, que aíTiftia na Academia de
Qxonia traduzio na lingua Latina.
Sex Ordines Mi/ena.
Dos quais efcritos pela fua maõ fez
donativo à BibUotheca de Cambridge Q-
dade do Reyno de Inglaterra onde fe con-
fervaõ como afirma Júlio Bartolocdo Bib.
Ma^. Kabbin. Tom. 3. pag. 836. n. 829.
P. lACOB BERNARDES filho de
Jacob Bernardes, e Maria de Santo An-
tónio de Caftilho naceo em a Cidade de
Lisboa, e em a do Porto recebeo a rou-
peta da Congregação do Oratório a 8
de Setembro de 1685. Nefta igualmen-
te douta, que virtuofa paleftra adquirio
todas aquellas partes conftitutivas de hum
perfeito Congregado. Foy Lente de Fi-
lofofia, e o primeiro da Theologia que
teve aquella Congregação, Examinador
Synodal do Bifpado do Porto, e Confef-
for de feu lUufiriíTimo Prelado D. Thomas
de Almeyda, hoje digniíTimo Patriarcha de
Lisboa, e Cardial da Igreja Romana. O feu
mayor difvelo era a reforma dos cuftumes,.
e converfaõ dos pecadores para cujo efeito-
difcorria incanfavelmente pelo Reyno em
continuas MiíToens. Eftando em a Villa do
Conde pregando apoftolicamente a hum nu-
merofo auditório, fufpendeo o difcurfo, c
pedindo perdaõ aos ouvintes lhe affirmou
que certamente morria pois Deos lhe def-
pachara a petição, que lhe fizera de acabar
a vida no minifterio de MiíTionario, e pro-
feridas eftas palavras foy acometido de hum
eftupor, que o privou dos fentidos, porem
fendo-lhe reftituidos recebeo com grande
piedade os Sacramentos na Igreja em que
eftava pregando, e degenerando o eftupor
em apoplexia, faUeceo na menhãa do dia
feguinte de 16 Novembro de 171 8. repe-
tindo o Santiffimo Nome de lESUS. Foy
levado o feu Corpo com huma numerofa
Comitiva da Villa do Conde à Igreja dos
Religiofos de S. Francifco onde lhe deraõ
decente fepultura. Imprimio.
Sermoens, e Praãicas i. Tom. Coimbra
por Joaõ Antunes. 1714. 4.
Segundo Tomo. ibi pelo dito ImpreíTor..
1716. 4.
Terceiro, e quarto eftavaõ promptos para
a impreíTaõ.
lACOB DE CASTRO SARMENTO aliás
Henrique de Caftaro Sarmento filho de Fran-
dfco de Caftro Almeyda, e de Violante de
Mefquita naceo em a Qdade de Bragança
da Província de Trás os montes em o anno
de 1691. e fendo educado na fua puerícia
em a Villa de Mertola paíTou à Univerfi-
dade de Évora onde aplicado ao eftudo da
Filofofia Ariftotelica, de que teve por Mef-
tre ao Padre Diogo Martins fe diftin-
guio com tal exceílo entre os feus con-
difcipulos, que naõ fomente fez a pri-
meira pedra da fciencia, mas recebeo o
grão de Meftre em Artes no anno de
1710. Semilhante foy o progreílo, que
a fua viva comprehenfaõ fez no eftudo
da Medecina, que cultivou em a Uni-
verfidadc de Coimbra, recebendo o grão
470 BIB LIOTH E CA
•de Bacharel nefta Faculdade no anno de Medicis máxima cum lauãe per complurts
171 7. Ambiciofo de enriquecer o feu ta- amos incubuiffe, <& iifdem máximos pro-
lento com thezouros fcientificos deixando grejfus baítenus Jeciffe, fed etiam in omni Me-
a pátria paíTou a Londres no principio de decina praxi magno Mortalium commodo ver-
Janeiro de 1721. onde fez a fua refidencia, Jatum ejfe, ^ f^iff^- Propterea Nos Jaco-
€ eftudou novamente Philofofia Experimen- bus Gordon Gymnajiarcha, caterifque profef-
tal, como também os Principios de Mede- Jorihiis in pradiãa Univerjitaíe conjentienti-
cina Mechanica, e Chymica Filofofica, e bus antedi£lum D. Jacob de Caftro Sarmento
Analytica, e frequentou o curfo da Anato- Medecina Do£iorem creamus, declaramus eb*
mia, de cuja aplicação refultou, que fuften- confiituimus , illique tenore prajentium litte-
tando com grande aplauzo do feu nome rarum vim publici inftrumenti habentium Mx-
tres exames, de Anatomia, Economia Ani- decinam exercendi hic, Cb* ubique terrarum
mal, Theorica, e PraéHca de Medecina foy potejlatem conferimus omnibufque, €>• Jingu-
admetido ao Collegio Real dos Medi- lis iJHus gradUs privilegiis, exemptionibus li-
cos de Londres no anno de 1725. Ha- bertatibus, honoribus, (& Indultis aliis quo-
vendo o Doutor Fernando Mendes noflb cumque nomine cenjeantur juxta firmam con-
Portuguez, e celebre profeíTor de Mede- tinentem vim, (àr tenorem Jlatutorum, <&
•cina inventado a agua cuja virtude fe Privilifforum Academiis, cb* Univerfitatibus
■extendia fomente para remédio das febres concejforum eum frui, ac Jeliciter gaudere ju-
intermitentes, inventou outra mais pura, bemus. In quorum omnium fidem ac tejlimo-
e efeéliva para varias queixas fendo o pri- nium hajce Doãoratus litteras maffti Univer-
meiro que moftrou fem fegredo a na- Jitatis figilli appenjione, nojlrifque Chiro^a-
tureza defte remédio, e o methodo do feu phis communiri voluimus. Datum Abredo-
iizo, por cujo invento mereceo que no nia: Ex Univerfitate Marifchal. Kal. ]ul.
anno de 1730. foíTe nomeado Sócio da M. DCCXXXIX. As obras com que até
-Sociedade Real de Inglaterra, e que a o prezente tem illuílrado a Republica
Univeríldade de Aberden em o Reyno de literária faõ as feguintes.
Efcocia o creaíTe em o anno de 1759. Dijfertatio in novam, tutam, ac u tilem
Doutor do feu grémio com efte honori- methodum Inoculationis , feu transplantatio-
fico Diploma. Omnibus, <& fingulis hafce nis variolarum, Thefalia, Conjlaníinopli, €^
Doãoratus litteras vifuris, hauris, vel audi- Venetiis primo inventam, nuncque hac Civi-
turis. Nos Jacobus Gordon Saluberrima Me- tate authoritate Re^a Majeflatis Britânica
■decina in Alma S. D. R. Univerjitate Ma- comprobatam 28. ////// 1721. Cum Criti-
rifchalana Abredonenfi Doãor, eb* Profeffor, eis notis in vários Authores de hoc morbo
aãu Regens, €>* Decanus Salutem in eo, qui fcribentes. Londini. 1721. 8. Sahio reim-
efl omnium vera falus. preíTa em a Univerfidade de Leyden em
Quum mos antiquus, et laudabilis femper Olanda fem noticia do Author, e delia
extiterit, ut qui multis fudoribus, indefeffo fe extrahio hum Epitome na A£ia Eru-
labore, fluSoque affiduo litteris operam nava- ditorum Volume 54. Impreíla efta DiíTer-
verint, infi^i aliquo, eS^ eximio honoris ti- taçaõ com hum appendix De fucejfu vario-
tulo tanquam peraãi laboris monumento, €>* larum in Magna Britania ab anno 1721. ad
clarijpma virtutis pramio dignar entur, ut fe- finem anni 1728. cum comparatione inter dif-
quentium faculorum progénies horum exem- crimen variolarum naturali via invadentium,
pio alleãa ad perfequendas árduas, <& glo- <Ò^ illud à methodo inoculationis oriundjm.
riofas eruditiones, ac virtutis vias flimulen- Londini. 1731. 8.
tur: cumque nobis fatis fuperque compertum Exemplar de Penitencia dividido em três
fit D. Jacob de Caftro Sarmento Medecina Difcurfos Predicáveis para o dia Santo de
in Univerfitate Conimbricenfi Portugal. Ba- Kipur. Dedicado ao Grande, e Omnipotente
chalaurum, Collegii Medicorum Londini, e^ Deos de Ifrael. llle dolet vere, qm fine Tef-
Reffa Societatis Socium; non folum fluais te dolet. Martial. Epigram. 31. Londres
L USITAN A.
47'
anno da Creaçaõ do mundo 5484. que he
de Chriílo 1724.
Extraordinária Providencia, que el gran Dios
i de Ifrael ujó con fu efcoffdo puehlo en tiempo
■ de fu major aficion por médio de Mcrdehay
y Efier contra los protervos intentos dei ty-
rano Aman. Compendiojamente deduzida de
la Sagrada Efcritura en el Jeguinte Romance.
Londres en el ano de la Creacion dei
mundo 5484. de Qiriílo 1724. He o livro
de Efter reduzido a metro Caftelhano.
Sermão fúnebre às deploráveis memorias
do muy Reverendo, e doutijftmo Haham Afa-
. km Morenu A. R. o Doutor David Neto
infgne Tbeologo, eminente Pregador, e cabeça
da Congregação de Sahar Hajfamaym. Lon-
j dres. 5488. da Creaçaõ do mundo, e de
Chriílo. 1728. 8.
Specimen da primeira parte da Matéria
Medica Hijlorico - Phyfio - Alechanica em que
fe trata dos Fojfiles, a faber de todos os Me-
taes, faes. Pedras, Terras, enxofres, cu ful-
pbures, e femimetaes, e fe mojlraõ as pro-
priedades, e ur(ps humanos dos ditos corpos
donde fe achaÕ, de que modo fe alcançaÕ, ou
purificaõ; como fe conhecem; fe fe adulteraõ;
as virtudes, e operação de cada corpo Jimples
fem artificio nas enfermidades do corpo hu-
mano, e debaixo de cada hum todos os remé-
dios Oficionaes Galenicos, e Chymicos, que
delle fe preparaõ para fua compofiçaõ, os que
fe lhe ajtmtaõ, e a dofe peculiar com que fe
receitaõ. Londres. 1731. 8.
Obras Philofoficas de Francifco Baconio
BaraÕ de VerulaÕ Vifconde de Santo Al-
bano com Notas para explicação do que he
efcuro. Londres. 173 1. 4. 3. Tom. He
tradução da lingua Ingleza em a Portu-
gueza.
Hijioria Medica Fifco - Hijlorico Mecha-
nica do Reyno Mineral. Parte primeira.
Londres. 1735. 8.
Difcurfo Praãico, ou Sjderohydrelogia das
aguas mineraes Efpadanas , ou Chalibeadas .
Londres por J. Humfrey. 1726. 8.
Tratado da verdeira Theorica das Mares.
Londres. 1737. 8.
Tratado das Operaçoens da Cirur^a com
as figuras, e defcripçaõ dos instrumentos, de
que nellas fe fa^ uf(p, e huma introdução
fobre a naturei^a, e methodo de tratar
as feridas, Abceffos, e chagas; tradut(i-
do de Ingls^ de Monfittr Samuel Skarp-
CirurffaÕ do Hofpital de Gíçy em Lon-
dres, e acrecentado pelo traduâor com
huma Alateria Chirur^ca, ou todas ar
compojiçoens, e remédios da prev^te Pra-
tica de Cirur^oens de Inglaterra, e as cou-
:(as mais principaes, e precisas na Cirurgia..
Londres. 1744. 8.
Dedicou à Academia Real da Hifto-
ria portugueza hum hvro M. S. que ti-
nha vertido em a lingua Portugueza cuja
Dedicatória remeteo ao Secretario da.
mefma Academia o ExcellentiíTimo Mar-
quez de Alegrete Manoel Tellez da Syl-
va com efte titulo.
Excellentijfimo Prafidi, ceeterifque Re^
Academia Sociis apud Ulyjftponem nuper-
rime fundatce longe celeberrimis hoc opus ela-
boratum Eufitanice redditum humillime dicat,.
dedicatque Jacob de Cajlro Sarmento Medi-
cus Kegalis Colleffi Eondinenjis Socius. Sahio
imprefla em o Tomo 10. da Colleçaõ dor
Docum. e Memor. da Academia Real da Hijt.
Portug. Lisboa por Jozeph António da.
Sylva Impreflbr da Academia Real 1630..
foi.
lACOB L\CHIA filho de David Ja-
chia natural de Lisboa de quem fizemos
mençaõ em feu lugar, foy igualmente
perito como feu Pay acabando a obra.
que elle começara intitulada.
Laus Davidis ex Pfalm. 145. Verf. i..
Como efcreve o Rabino Ghedalia in
Scialfcelet. pag. 65. Foy impreíTo ConJftan-
tinopoli 4. Do Author, e da obra faz
memoria Júlio Bartoloci Bib. Rab. Tom.
2. pag. 281. n. 446.
L\COME DE ARAÚJO cuja pátria,
e eftado de vida fe ignoraõ, foy muito
verfado na liçaõ da Hiftoria profana ef-
crevendo.
Guerras de França, e Inglaterra. M. S. 4>
Conferva-fe na Bibliotheca Real.
472
BIB LIO THE C A
I
lACOME CARVALHO DO CANTO
natural da Villa de Guimaraens onde te-
ve por Pays a António Va2 do Canto,
€ Izabel Fernandes Vicente, e por Tio
o infigne Poeta Gil Vicente de quem fe
fez merecida mençaõ em feu lugar. Defde
a puerícia foy inclinado à açoens virtuo-
fas de que deu repetidas provas em todo
o difcurfo da fua vida. Sendo Porteiro
•do Tribunal do Santo Oííicio aíTilUo no
tempo da pefte, que devorou grande
parte dos moradores de Lisboa no anno
de 1599. com ardente charidade aos pre-
20S para que naõ foíTem defpojos de taõ
medonho flagello. Sahindo de noute da
Igreja de S. Domingos achou expofto à
inclemência do tempo hum pobre, que to-
mando fobre feus hombros o conduzio
a fua caza onde foy tratado com piedofa
hofpitalidade. Foy ornado de animo pa-
cato, de tal forte que fendo provocado
varias vezes pela terrível condição da fua
conforte nunca rompeo em palavra, ou açaõ
coleríca. A mayor parte do tempo gaílava
na liçaõ de livros afceticos dos quais extrahia
<locumentos folidos para direção da vida,
que exercitava. Cumulado de merecimentos
paíTou a lograr o premio das fuás virtudes
na eternidade em o anno de 1623. Delle
faz memoria Joan. Soar. de Brito Theatr.
Ljtjit. Lifer. lit. L n. i. Compoz.
Pérola preciofa ornada com excellentes
documentos, e avisos efpirituaes para dejlerro
Âe pecados, e exercido de virtudes. Lisboa
por Pedro Craesbeeck. 1610. 12. & ibi
pelo mefmo 1616. 12. & ibi por Domin-
gos Carneiro 1680. 16. No fim defte
livro eílá hum Tratado com eíle titulo.
Ramalhete de flores ejpirituaes. Lisboa
por Pedro Craesb. 16 10. 12.
'Exercido de humildes para re^ar o Ko-
Jario, e duas Coroas de N. Senhora, e a
Coroa de Chrijlo com outras Oraçoens devo-
tas com a Coroa de Santo António. Lis-
boa por Joaõ Alvres. 1619. 16. & ibi
por Alvares. 1645. 24.
ILivro de re^ar, e manual de Oraçoens.
Lisboa por Pedro Crasbeec. 161 2. 24.
& ibi por Joaõ Alvares. 1657. 12. & ibi
por Domingos Carneiro. 1669. 16.
Horas da Cruv^ de Chrijlo. Arte, e apa-
relho Santo para bem morrer. Lisboa por Pe-
dro Craesbeeck. 16 13. 24.
Excellendas, e louvores do Santijftmo
Sacramento do Altar. Lisboa por Vicente
Alvares. 161 5. 24. & ibi por António
Alvares. 1645. 24.
A perfeita religiofa, e Thev^uro de avi-
Zos, e documentos ejpirituaes com hum Tra-
tado de meditaçoens devotas do Amor de
Deos. Lisboa Pedro Crasbecck. 161 5. 12.
Coroa das Excellendas de Santo Antó-
nio de Ushoa. Lisboa por António Alva-
res ImpreíTor delRey. 1640. 24.
Kegra de perfeição de alguns eftados aos
quais fe enfina a compojtçaõ dos bons cuflu-
mes, e evitar peccados, e exercitar virtudes.
Lisboa por António Rodrígues. 1675. 12.
Fr. lACOME DA CONCEYÇAM. Na-
ceo em a Cidade de Lisboa, a qual como
a feus Pays António Rodríguez, e An-
gela Soares da Veyga deixou partindo
para a índia Oríental, onde no Convento
de Goa cabeça da Seráfica Provinda da
Madre de Deos recebeo o habito. De-
pois de diftar as fciencias efcholafticas
jubilando em Meftre de Theologia foy
Regente dos Eíhidos, e Cuftodio Provin-
cial em cujo governo moílrou tanta pru-
dência, que exercitou o lugar de Vifitador
Geral por duas vezes da Provinda de Saô
Thome. Ao tempo que contava a proveâa
idade de 80 annos, e feflenta, e fmco de
religiofo publicou para inftruçaõ de hum
feu fobrinho.
Methodo facilijfwio de aprender Gram-
matica. Lisboa por António Ifidoro da
Fonceca. 1 743 . 4.
P. lACOME GONÇALVES Brâma-
ne natural da Ilha de Divar em Goa
Capital do Imperío Portuguez Afiatico,
filho de Thomaz Gonzalves, c Maria-
na de Abreu. Eftudou a lingua Latina,
e Humanidades no Collegio dos Padres
Jefuitas de Goa em que fahio muito pe-
rito. Sendo Diácono naõ obftantes as
rcpugnandas de feus Pays movido de
fupcríor impulfo rcccbco no anno de 1700.
L USITAN A.
a roupeta de S. Filippe Neri em a Congre-
gação do Oratório de Santa Cruz dos mi-
kgtes de Goa. Ao tempo, que ellava para
ler o curfo de Artes aos feus domeílicos
foy mandado no anno de 1705. para a Mif-
faõ de Ceylaõ onde pelo efpaço de trinta,
e três annos exercitou o miniilerio apof-
tolico com tanto zelo, que a mayor parte
da Chriílandade, que florece naqueUa Ilha,
foy fruto da fua evangélica cultura chegando
fomente o Reyno de Jafana hum dos fete,
e o mais pequeno de Ceylaõ a contar defa-
feis mil almas de confiíTaõ. Para frutificar
taõ vafta fementeira naõ perdoava o feu
incanfavel difvelo a género algum de tra-
balho pois aíTim com a V02, como com a
penna confundia Gentios, refutava Here-
ges, e gerava filhos para Chrifto. Na pre-
zença delRey de Candea convenceo hereges
Calveniftas, que femeavaõ os feus erros com
damno dos Catholicos, de cuja difputa man-
dou eíle Principe, que fahiílem logo do feu
Reyno. Tal era a veneração, que lhe tinha
o mefmo Monarcha, que naõ refolvia ne-
gocio algum fem primeiro fer confultado
devendo-fe à prudência do feu juizo a paci-
ficação celebrada entre o dito Rey, e os Ho-
landezes. Na caza que os Miffionarios Con-
gregados tem em Putelaõ introduzio huma
forma de vida commum obfervada na Igreja
primitiva. Attenuado com tantos trabalhos
contrahio huma tyfica que o teve muitos
mezes de cama, e conhecendo a gravidade
da doença, renunciou o governo da Mif-
faõ em o Padre Martinho Xavier mandado
de Goa, e poílo que eílava agonizando tal
foy a alegria, que concebeo o feu efpirito
com a chegada de feu fuceíTor, que fe levantou
da cama para cantar na Igreja o Te Deum
luiudamus pela feliz viagem, e boa vin-
da do P. Xavier. Recebidos os Sacra-
mentos com muita ternura falleceo pia-
mente a 17 de Julho de 1742. na Igreja
do Baluarte de q fora Fundador. Foy fepul-
tado a 19 por caufa do immenfo concurfo,
que veyo a venerar o feu Cadáver. Compoz
grande numero de livros nas linguas Chin-
gala, Tamul, e Portugueza dos quais fez
grande defpeza nos treslados para que mul-
tiplicados, por falta de impreílaõ, fe efpalhaf-
47-5
fem por terras taõ dilatadas cujos títulos
faõ os feguintes.
Cathecifmo breve fobre os prinàpaes Mjf-
terios da Fé, NoviJJimos, Sacramentos com
tudo, o que o CbriJiaÕ deve faber. Confejfto-
nario com declaração dos peccados, que cada
Aíandamento inclue. Explicação das Cerimo-
nias da Mijfa; huma para os Domingos onde
há Mijfa; outra breve para quando o Sacer-
dote diz Mijfa para explicar ao povo, e outra
Jegtmdo a ordem da PayxaÕ para Ouarefma
com preparação, e graças para antes, e depois
da Comunhão. &c. Compofto no anno de
1715. 4.
Coronica da Hifioria Sagrada em que
contem as principaes coufas do Tefiamento
novo, e velho com refutação do Gentilifmo
por ordem das fete Idades do mundo. &c.
foi. 2. Tom. em o anno de 1725.
Kefumo da fobredita Chronica em Dia-
logo. 4.
Explicação dos Evangelhos Dominicaes,
e Feflivaes com exhortaçoens em o anno de
1730. 4.
Sermoens da Payxaõ de nove Paffos. 4.
Vida dos Santos. 4. em o anno de
1755.
Itinerário de Milanês. 4. em o anno
de 1732.
Efpelho de Virtudes em que fe explica
o modo da Oração mental, defpret(p do mun-
do, pobreza, humildade. Paciência, Caflidade,
e outras virtudes principaes moflrando os fun-
damentos, e excellencias de cada huma com
vicios contrarias. 4.
]ui\o de Deos em que fe mqfira a terribi-
lidade de fenecer o mundo, refurreiçaõ dos mor-
tos, actd^açaÕ de todas as criaturas, e miudet^a
do jui^o primeiro em geral pela lej, e exemplos
dos Santos, e obras de cada hum; fegimdo em
particular aos infiéis. Terceiro em particular
aos hereges; quarto em particular aos Cbrif-
tãos pelos benefícios geraes, e particulares.
&c. 4.
Medecina para cegueira dos Gentios em
que por modo de Dialogo argumentando bum
Sacerdote com hum gentio fabio o alumea
das dez ignorâncias, ou det^ cegueiras gentí-
licas que procedem de naÕ conhecer a Deos.
&c. 4.
474
BIBLIO THE CA
Princípios por onde fe mojlra a origem
da ley de Btidu, e em que terras corre
a Jua variação, e extinção com impojfibilidade
de fe obfervar. Foy compoílo eftc livro
à inílancia delRey de Candea, que com
a fua liçaõ fe defenganou da falfidade
daquella feyta. Efcrito no anno de 1733.
Medecina ejpiritual dos infermos em que
fe dá remédio a todas as infermidades dos
homens, animaes, e as que vem do demó-
nio, e para bichos de Searas com palavras
da Igreja, e de Santos contra as Cerimonias,
e fuperjliçoens gentilicas. 4.
CreaçàÕ do mundo até a KefurreiçaÕ uni-
verfal defcrita em Verfos. 4. No anno de
1725.
Cançoens para todas as Fejias de Chrif-
to. Senhora, e Apoflolos, e para os dias
de Sabbado, e Domingo. 8. Efcrito no anno
de 1730.
Vocabulário Chingala l^fitano no anno de
1730. 4.
Vocabulário "Lujitano Chingala. 4.
Vocabulário Ijufitano Tamulfio, e Chingala
com a declaração das frav^es Chingalas 4.
Efchola Chrijlãa. 4.
Controverjia em Dialogo contra Reforma-
dos. 4.
Igreja Catholica, e Reformada moflrada por
duas partes com declaração das caudas, e
modos porque fe fea^ a reformação. 8.
Origem, e refutação da Seita dos Mouros. 8.
Refutação do Gentilifmo breve, e efica^. 8.
Refutação das quatro Seytas Paganifmo,
Mourifmo, Judaifmo, e Calvenifmo. 4.
Diccionario breve de palavras feleãas, e de-
ficeis da Coronica, e Evangelhos. 8.
Alivio da Conciencia na MiJfaÕ. 8
Demonjlraçaõ da Igreja Catholica por fete
Notas. 4. Eíle foy mandado a Portugal
em o anno de 1720. para fe impri-
mir.
Controverjia breve, e ejica\ acomodada para
os Calveniflas de CejlaÕ.
Fr. lACOME PEREGRINO natural de
Lisboa, ou do lugar de Oeiras diftante deíla
Cidade três legoas para o Poente. Foy fi-
lho de Gafpar de Gamboa Cavalleiro pro-
feíTo da Ordem de Chriílo, e D. Joanna
Manoel. Inílruido nas letras humanas quan-
do contava defafeis annos de idade frequen-
tou a Univerfidade de Coimbra aplicado ao
eftudo da Jurifprudencia Canónica onde pela
agudeza do engenho, felicidade da memo-
ria, e gentileza do afpefto conciliou uni-
verfaes eftimaçoens. Acabada a carreira dos
eíhidos Académicos fe recolheo a caza de
feus Pays, que conhecendo o progreíTo
que fizera nas letras determinarão, que
pertende-fe os lugares dignos da fua pef-
foa, e fciencia porem atrahido da exem-
plar vida de feu Tio Fr. Jacome Pere-
grino primeiro Provincial da Seráfica Pro-
vinda da Arrábida deixou refolutamcte a
caza paterna, e todas as efperanças com
que o lizongeava o feculo, e recebeo o
habito deíla penitente Familia no Con-
vento de S. Jozeph de Ribamar queren-
do naõ fomente fer fiel imitador das vir-
tudes, mas ainda do nome de feu Vene-
rável Tio. Tal foy a exaçaõ com que
pradicou as obrigaçoens do feu inílituto,
que naõ contando mais que onze annos
de profeíTo foy eleito Guardião do Con-
vento onde foy Noviço, e crecendo com
a idade o merecimento duas vezes foy
Provincial; a primeira no anno de 1619.
e a fegunda em o de 1633. e Vizitador das
Provindas de Santo António, e Soledade.
Com igual aplauzo, que fruto de numero-
fos auditórios exerdtou o miniílerio de Ora-
dor Evangélico pelo efpaço de quarenta e finco
annos em a Corte de Lisboa, e Cidade de
Salamanca. Eftando affiftindo a 18 de No-
vembro. 1648. às Exéquias da Excellentifll-
ma Marqueza de Gouvea D. Maria Perdra
Pimentel, que fe celebravaõ na Cathedral
de Lisboa foy acometido de hum acci-
dente apopletico, que o privou da vida
quando contava 78. annos de idade, e
55 de Religião. Foy levado ao Hofpicio
onde habitava, e jaz fepultado no Capi-
tulo do Convento de S. Jozeph. Ddle
efcrevem Fr. António da Piedade Chron.
L USITANA.
da Prov. da Arrab. Part. i. liv. 5. cap. 21.
^. 1190. e Fr. Jo2eph de lefus Maria, Part.
z. da dita Chron. liv. i. cap. 7. §. 50. e liv.
2. cap. 10, §. 290. e fegiiintes. Efcreveo.
Do governo da Província da Arrábida, e
(omo lhe era conveniente ter Syndico. M. S.
Fr. lACOME DA PURIFICAÇAM reU-
giofo da Ordem dos Menores Cuílodio da
Provinda do Bra2dl, e Miflionario Apoíto-
lico. Publicou.
Sermão de Santo António pregado no Con-
vento do Arrecife do mejmo Santo em Pernam-
buco. Lisboa por Miguel Deslandes Impref-
for delRey. 1694. 4.
D. lAYME quarto Duque de Bragan-
ça fahio à luz do mundo em o anno de
1479. íendo feus auguftos Progenitores D.
Fernando fegundo Duque de Bragança, e
a Infanta D. Izabel irmãa delRey D. Ma-
noel, e filha do Infante D. Fernando primo
com irmaõ do Duque feu Pay, e da In-
fanta D. Brites fua prima com irmãa. Naõ
contava mais que quatro annos de idade
quando para evadir da fatal tormenta em
que eílava quafi fubmergida a fua grande
Caza paíTou acompanhado de feus Irmãos
para Caftella onde teve por Ayo a Lopo
de Souza defcendente por varonia delRey
D. Aífonfo III. que o educou com aquel-
les documentos, que do feu alto naci-
mento fe efperavaõ. Sublimado ao tro-
no de Portugal ElRey D. Manoel, e que-
rendo principiar a felicidade do feu Rey-
nado por huma acçaõ heróica a que o
impeUaõ a juftiça da cauza, e o vin-
culo do parentefco mandou reiiituir ao
Reyno a D. layme onde foy recebido
por efte Monarcha com benévolas demonf-
traçoens dando-lhe generofamente os Tí-
tulos, Eílados, e preeminências concedi-
das por feus coroados anteceílores a taõ
foberana Caza, e inftituindo-o vocalmen-
te herdeiro deíla Coroa na ocaziaõ, que
paílou em o anno de 1498. a fer jura-
do fuceíTor da Monarchia Caftelhana. Acom-
panhado de mH homens montados a ca-
vallo, e preciofamente veftidos conduzio
■de Caftella a Portugal a Infanta D. Ma-
4/5
ria filha dos Reys Catholicos para fe def-
pozar com ElRey D. Manoel, cuja cerimo-
nia fe executou na ViUa de Alcácer a 30
de Abril de 1500. Refoluto efte Príncipe a
conquiftar a Cidade de Azamor Praça, e
porto celebre nas prayas do mar Athlan-
tico na Mauritânia Tingitana o nomeou em
o anno de 15 13 General de taõ famofa ex-
pedição para a qual aliftou por feu foldo
quatro mil Infantes, e quinhentas lanças,
que efcolhera dos feus Eflados fazendo-fe
mais pompoza a fua comitiva com cem ca-
valos acubertados em que montavaõ ho-
mens Fidalgos da fua Caza. Conftava a ar-
mada de quatrocentas velas entre nãos, fra-
gatas. Caravelas, e outras embarcaçoens li-
geiras guarnecidas de dezoito irúl Infantes,
e dous mQ, e quinhentos cavalos diflinguin-
do-fe entre as prindpaes peUoas, que hiaõ
embarcadas D. Rodrigo de Mello Conde
de Tentúgal depois Marquez de Ferreira, e
D. Fernando de Faro filho de Sancho Con-
de de Faro ambos primos com irmaõ do
Duque General: D. Afíònfo de Portugal de-
pois Conde do Vimiofo, e D. Fernando de
Noronha herdeiro de D. Sancho de Faro
m. Conde de Odemira ambos fobrinhos do
Duque filhos de primos irmãos. Aviftou a
armada os muros de Azamor a 28 de Agof-
to, e difpoftas em três dias todas as coufas
neceííarias para a fua expugnaçaõ pofto, que
os defenfores eraõ animofos, e o Governa-
dor da Praça Gde Mançor difcipUnado na
Arte militar como foíTe morto de huma
bala expedida do noílo campo fe rendeo
com pouco difpendio de fangue. Triunfan-
te o Duque entrou na Praça onde fendo
fantificada a Mefquita com o incruento Sa-
crifício do Altar gratificou poftrado por ter-
ra ao Deos dos exerdtos a gloriofa vitoria,
que alcançara dos Antigoniftas do feu fa-
grado nome. Com a numerofa comitiva
de cem alabardeiros, quarenta moços da
Camará, féis moços Fidalgos, e trezentos
homens de cavalo armados de lanças, e
couras, de q era Capitão António Lobo
Alcayde mor de Monfarás, conduzio da
Raya de Caftella até a Villa do Crato
a Infante D. Leonor irmãa do Empera-
dor Carlos V. com a qual tinha paíTado a
476
BIB LIO THE CA
terceiras vodas o auguíliíTimo Rey D. Ma-
noel. Por morte deíle Monarcha que foy
para o coração do Duque o mais feníivel
golpe, cingindo a Coroa defte Reyno D.
Joaõ o III. ordenou, que fofle acompanhar
a Raynha D. Leonor fua Madraíla até a
entrada dos domínios de Giílella, donde foy
conduftor da Infanta D. Catherina em o
anno de 1524. futura efpoza defte Príncipe,
exercitando o mefmo minifterio quando a
Emperatri2 D. Izabel cm o anno de 1526.
fahio de Portugal para digna conforte do
Cezar Auftriaco. Da fua magnificência faõ
eternos padroens o Palácio da Villaviçofa
fumptuoza habitação de feus fuceflbres; o
foberbo Maufoleo levantado na Capella mór
do Convento do Carmo de Lisboa para de-
pozito das veneráveis, e triunfantes cinzas
do Condestavel D. Nuno Alvares Pereira
de Mello feu III. Avò; a Capella mor do
Convento dos Agoftinhos de Villaviçofa pa-
ra jazigo dos Senhores da fua Caza; e o
Mofteiro de Santa Marinha da Cofia junto
da Villa de Guimaraens doado aos religio-
fos de S. Jerónimo. Do culto religiofo para
com Deos faõ evidentes teftemunhas as pri-
morofas peças de ouro, e prata, e os pre-
dofos paramentos com que ornou a Capella
Ducal de Villaviçofa, naõ fendo inferior a
eftes donativos o numero de Capellaens, e
Muficos fuftentados com largos eftipendios
para com mageftoza pompa fe celebraíTem
os Officios divinos. Da fua generofa pro-
fufaõ faõ indeléveis memorias as immenfas
defpezas, que fez para a conquifia de Aza-
mor, e a guerra de Africa; os foberbos ap-
paratos com que conduzio diverfas Prince-
zas aíTim para Caftella como para Portugal;
a profíifa hofpitalidade, que uzou pelo ef-
paço de anno, e meyo com feus Cunhados
o Duque de Medina, e Sidónia, e o Conde
de Vrenha D. Pedro Giraõ; e os edifícios,
que erigio, e reedificou para ornato, e con-
fervaçaõ dos feus Eftados. Enfermando gra-
vemente fe dispoz com aftos de verdadeiro
Catholico para o ultimo inftante, que o
transferio à eternidade em Villaviçofa a
20 de Setembro de 1532. quando con-
tava $2 annos de idade. laz fepultado
na Capella Ducal com efte breve Epi-
táfio como ordenou em feu Teftamento.
Aqui jav^ D. Jayme o IV. Duque de Bra-
gança; falleceo aqui a XX, de Setembro de
M.D.XXXIL
Foy cazado duas vezes: a primeira em
o anno de 1502. com D. Leonor de Me-
nezes filha de Affonfo de Gufmaõ III. Du-
que de Medina, e Sidónia V. Conde de
Niebla, Marquez de Cazaca, Senhor de Gi-
braltar, e D. Izabel de Valafco filha de D.
Pedro Fernandes de Valafco Condeftavel de
Caftella, e Camareiro mór, cujo conforcio
foy fatal a efta Senhora pois preocupado o
Duque feu efpozo de hum ciúme, que a fua
malencolica imaginação fez criminofo a pri-
vou violentamente da vida a 2 de Novem-
bro de 15 12. manchando com efla deteftavel
acçaõ a memoria do feu nome. Defte matri-
monio naceraõ D. Theodofio I. do nome,
e V. Duque de Bragança, e a Senhora D.
Izabel, que cazou com o Infante D. Duar-
te irmaõ delRey D. loaõ o III. Paílou a
fegundas vodas atrahido da fermofura de
D. loanna de Mendoça Dama da Raynha
D. Leonor filha de Diogo de Mendoça
Alcayde mór de Mouraõ, e de D. Bri-
tes Soares filha de loaõ Soares da Al-
bergaria Senhor do Prado de quem teve
D. layme, que fendo Commendador de
Alvarenga feguio a vida Ecclefiaflica: D.
Conftantino Sétimo Vicerey da índia, que
pelas fuás heróicas acçoens gravou o feu
nome no Templo da immortalidade. D.
Fulgencio XI. Prior da CoUegiada de Gui-
maraens: D. Theotonio Arcebifpo de Évo-
ra de cuja piedade, e vigilância pafto-
ral deixou faudoza memoria: D. loanna,
que fe defpozou com D. Bernardo de
Cardenas Marquez de Elche: D. Euge-
nia, que cazou com D. Francifco de Mel-
lo II. Marquez de Ferreira: D. Maria,
e D. Vicencia, que profeflando o Será-
fico infiituto no Convento das Chagas
de Villaviçofa finalizarão as vidas com
univerfal opinião de virtuofas. Fazem ho-
norifica mençaõ do nome, e açoens do
Duque D. layme Góes Cbron. delKey D,
Aíanoel Part. i. cap. 15. 16. 46. e 62.
Part. 2. cap. 46. Oforius de Keb. Emma-
niul. lib. I. Faria Estropa Portug. Tom.
L USl TANA.
Ali
2. Part. 4. cap. i. n. 41. e Africa Por-
tug. cap. 7. n. 94. Andrad. Chron. del-
Key D. loaõ III. Part. i. cap. 3. e 93.
Mariz Dial. de Var. Hiji. Dial. 4. cap.
19. Moníiur de la Qede Hijloria de Por-
íug. Tom. I. pag. mihi 598. Monfort.
Chron. da Prov. da Piad. liv. 2. cap. 2.
Barbuda Empret<^. Milit. de Ljijit. foi. 170.
v.o RoíTeau Hijl. de Portug. pag. 669.
Purificac. Chron. dos Erimit. de Santo Agoft.
Part. 2. liv. 6. Tit. 6. §. i. D. Ni-
cul. de S. Maria Chron. dos Coneg. Keg.
liv. 6. cap. 12. Souza H^. Gí;z. da Ca^.
Real Portug. Tom. 5. liv. 6. cap. 8.
Efcreveo
Carta efcrita de Villaviçofa em -j de No-
vembro de 1530. a EJKey D. Joaõ o III. acer-
4:a do casamento de fua filha a Senhora D. I^a-
hel com o Infante D. Duarte irmaô do mefmo
Key querendo efle lhe dejfe em dote huma das
principaes V tilas da Ca^a de Bragança, cujo
ca2amento naõ teve naquelle tempo efeito
por naõ querer o Duque aíTentir à vontade
delRey. Começa. D. António de Attayde me
efcreveo &c. Acaba. NoJJo Senhor a vida,
e o real EJiado de V. A. guarde, e acrecente.
He muito extenfa, e cheya de expreíToens
arrogantes.
D. lAYME DE MELLO terceiro Du-
que do Cadaval, quinto Marquez de Fer-
reira, e fexto Conde de Tentúgal naceo em
Sl Cidade de Lisboa no primeiro de Setem-
bro de 1684. fendo fexta produção do cla-
riíTimo thalamo de D. Nuno Alvares Pe-
reira de Mello primeiro Duque do Cadaval
quarto Marquez de Ferreira quinto Conde
de Tentúgal do Confelho de Eftado, e guer-
ra dos SereniíTimos Monarchas D. AfFon-
fo VI. D. Pedro II. e D. Joaõ V. e de fua
terceira conforte 'D. Margarida Armanda de
Lorena filha de Luiz de Lorena Conde de
Harcourt, e de Armagnac Par, e Eílribeiro
mór de França, e de Catherina de Neuf-
viille Duque de Villaroy Par, e Mari-
chal de França, e de Magdalena de Cre-
■quy filha de Carlos de Crequy Principe
do Poyx, Duque de Lefdiguieres Par, e
Manchai de França. Ornado de virtudes
heróicas derivadas da sua coroada afcen-
dencia emendou a injuftiça com que a na-
tureza lhe negou a primogenitura da grande
Caza do Cadaval difpondo a Providencia,
que fofle feu herdeiro para a illuftrar com
tymbres mais gloriofos. Tanta foy a ma-
dureza do juizo que defcubrio na verdura
da primeira idade, que ainda naõ contava
completos vinte annos quando ElRey D.
Pedro o n. o nomeou Confelheiro de Ef-
tado. Efta prudência anticipada o habilitou
para exercitar os honoríficos lugares de Ef-
tribeiro mór delRey D. Joaõ o V. em que
foy provido no anno de 171 3. de Prefi-
dente do Tribunal da Meza da Conciencia,
e Ordens em anno de 171 5. onde pelo ef-
f)aço de vinte annos contínuos a indepen-
dência unida com a afabilidade o coníti-
tuhiraõ exemplar de hum perfeito Miniftro;
e de Mordomo mór da SereniíTima Raynha
D. Mariana de Auílria nomeado a 13 de
Fevereiro de 1739. Em todas as Artes dignas
de hum Cavalhero fe diíHnguio com excef-
fo, pois dotado de eílatura agigantada, gen-
til prezença, forças robuílas joga com pri-
mor as armas, exercita a montaria, e vo-
lataria com igual impulfo na lança, que na
efpingarda; manda os cavallos com tanta
fciencia, que os mefmos brutos milhoraõ
de inílinto obedecendo à maõ da fua ré-
dea para cujo nobre exercido edificou com
igual difpendio, que magnificência huma Pi-
caria cuberta em a fua caza de Campo de
Pedrouços diilante huma legoa de Lisboa,
que he frequentada todas as femanas pelos
profeíTores de taõ illuílre Arte. Como fiel
imitador das virtudes de feu grande Pay
he fimimamente compaíTivo para os pobres,
e Communidades Religiofas, que quotidia-
namente experimentaõ os generofos efei-
tos da fua charitativa liberalidade como
também a particular eítimaçaõ, que faz
das PeíToas eruditas de cuja comunicação
fe deleita o feu génio fempre ambiciofo
de noticias. Sucedendo a intempeítiva mor-
te do feu irmaõ o Duque D. Luiz Am-
brofio de Mello a 13 de Novembro de
1700, cazou com fua Cunhada a Senhora
D. Luiza filha delRey D. Pedro o II.
para cujo matrimonio foy difpenfado pela
Santidade de Clemente XI. a 13. de No-
478
B IB LIO THE CA
vcmbro de 1701. e morrendo efta Senho-
ra a 23 de Dezembro de 1732. fem dei-
xar fuceíTaõ paHbu a fegundas Vodas com
Madamoifelle de Braine Henriqueta Júlia
Gabriela de Lorena filha de feu Primo com
irmaõ Luiz de Lorena Príncipe de Lam-
befch Conde de Orgon, e Marquez de Gdís-
lin, e da Princeza D. Joanna Henrique de
Durfort filha de Jaquez Henrique de Dur-
fort Duque de Duràz com a qual fe rece-
bco a II de Mayo de 1739. de cujo au-
gufto conforcio faõ generofos frutos D.
Nuno Caetano Alvares Pereira de MeUo,
que naceo a 17 de Novembro de 1741.
D. Joanna Caetana nacida a 9 de Setembro
de 1743. que morreo a 20 de Setembro de
1745. e a D. Margarida Caetana de Lorena
nacida a 15 de Junho de 1745. Para eterni-
zar a memoria de feu grande Pay efcreveo
com eílilo claro, e íincero.
Ultimas Acçoens do Duque D. Nuno Alva-
res Pereira de Mello dejde 11 de Setembro de
1725. até 29. de Janeiro de i'j2.-j. em que fal-
leceo; KelaçaÕ do feu enterro, e das Exéquias,
que fe lhe fií^eraõ em Lisboa, e nas terras de
que era donatário. Lisboa na Officina da
Mufica. 1730. foi. grande. Eíle livro pela
mageftoza forma com que foy impreíTo he
huma evidente demonftraçaõ do generofo,
e magnifico efpirito de feu Author onde
fe admiraõ a grandeza da forma, a per-
feição do carafter, e a copia de eftampas
dibuxadas, e abertas por Monfiur Quilhard
infigne Pintor do noíTo SereniíTimo Monar-
cha. Tem efcrito com todo o exame, e
individuação.
Memorias Hifloricas da Fundação do Real
Convento de N. Senhora, e Santo António da
Villa de Mafra. M. S. foi.
Moraes. Como eftiveíTe inílruido nas le-
tras humanas fe aplicou em as Univerfi-
dades de Salamanca, e Coimbra à Juris-
prudência Canónica, e taes foraõ os pro-
greíTos, que o feu penetrante engenho fez
nefta Faculdade, que depois de levar f>or
oppofiçaõ em a Academia Conimbriccnfe
huma Cathedrilha a 8 de lulho de IJ55.
regentou a Cadeira de Sexto de que to-
mou poíle a 6 de lunho de 1556. donde
paíTou à de Vefpora em 31 de Outu-
bro de 1560. e ultimamente à de Pri-
ma a 7 de Dezembro de 1565. Foy Có-
nego Doutoral de Refidencia em a Ca-
thedral de Coimbra provido a 9 de Agoílo
de 1577. Defendeo douta, e acerrimamen-
te o heriditario direito à Coroa de Portu-
gal que rinha a Senhora D. Catherina Du-
queza de Bragança compondo.
Allegaçaõ de Direito pela Senhora D. Ca-
therina. Deíla obra faz elle huma Ateílaçaõ
no fim das Allegaçoens de Direito, que fe of
fereceraô ao muito alto, e poderofo Key D. Hen-
rique na caut(a da SuceffaÕ defles Reynos por
parte da Senhora D. Catherina fua fobrinha
filha eh Infante D. Duarte feu irmaõ a zz de
Outubro de 1579. Almeirim por António Ri-
beiro, e Francifco Corrêa a 27 de Feve-
reiro de 1580. donde a p. 126. v.° eílá a
feguinte ateílaçaõ de Doutor layme de Mo-
raes. Qua potui diligentia perfcrutatus fum dú-
bia omnia, qua circa propofitam quaflionem oc-
currere pojfunt, <ò^ tandem conclufi meliorem ejfe
caufam domina Catharina, qua reliquis omnibus
de fucejfione contendentibus praferri debet, cb* ita
Scripfi in favorem di£ía Domina Catharina pofl-
qítam inviãijfimus Rex nofler Henricus caufam
incboari Jujfit volens, ut cuicumque ex bifque de
fucejfione contendtmt quajiti pojfemus de jure ref-
Memorias Hifloricas da Jornada, que fuás pondere: in cujus rei jidem hac fcripji, ó* fubf-
Mageflades fiv^eraõ ao Rio Caja no anno de
1729. para fe fazerem as trocas das Prin-
cesas do Bra;(il, e Aflurias. M. S. foi.
Huma, e outra obra efcrita em elegante
letra fe confervaõ no Gabinete dos feus
M. S.
lAYME DE MORAES natural de Vil-
laviçofa filho de Doutor Fernando de Mo-
raes, e neto do Doutor loaõ AfFonfo de
cripfi. laimes de Moraes. Efta ateílaçaõ fe
lé a pag. 48. do Jus fuccedendi in Lu-
fit. Regn. Domina Catherina. Parifiis apud
SebaíUanum Cramoify. 1641. Ao tempo
que era Prior da Parochial Igreja de N.
Senhora da Villa de Podentes diílante três.
legoas de Coimbra foy aflaltada a fua
caza pelos fequazes do Senhor D. António
Prior do Crato, c no violento defpojo,
que fizeraõ das alfayas fe perderão com
L USITANA.
479
grave detrimento da Republica literária as
íuas doutiíTunas obras juridicas que eílava
limando para as imprimir, como efcreve feu
fobrinho Francifco de Moraes Sardinha Par-
naf. de Villaviç. liv. 2. cap. 52.
lAYME THEOTONIO DE NAXARA
nome fupofto com que fe quiz encubrir
o author da feguinte obra quando ao mef-
mo tempo manifeftou o feliz enthuliafmo da
fua Mufa aplaudindo o augufto nacimento
<io noíTo Monarcha reynante com efta Syl-
va Portugueza intitulada.
ProlufaÕ Genethliaca em os faufios aujpicios
do nacimento da Keal A.lte^ do Príncipe her-
deiro Jticceffor dos Reynos de Portugal Jegtmdo
j genito das Mageftades de D. Pedro II. e de
Aíaría Sofia de Neuburg. Keys, e Senhores nof-
fos. Lisboa por Domingos Carneiro Impref-
for das Três Ordens Militares. 1689. 4.
lERONIMO DE ABREU natural da
Villa de Guimaraens, e profeíTor de Mathe-
matica. Compoz.
Prognojlico dos effeitos, que os Afiros influiaõ
no anno de 1647. Offerecido a D. Joaõ Lobo
I de Faro Dom Prior de Guimaraens. Lisboa
por Paulo Crasbeeck. 1647. 8,
Fr. lERONIMO DE ABREU Naceo em
a Villa de Veyros do Bifpado de Elvas, e
foy bautizado a 28 de Fevereiro de 161 7.
Seus Pays Belchior Mendes de Abreu, e
Anna Ferreira de Abreu por ferem abimdan-
tes dos bens da fortuna difpenderaõ lar-
gamente para a conftruçaõ da Igreja do
Convento de N. Senhora de lefus deita Cor-
te habitado pelos Religiofos Terceiros da
Seráfica Ordem da Penitencia, e em grati-
ficação da fua religiofa liberalidade lhe acei-
tarão dous filhos fendo hum delles Fr. Je-
rónimo, que profeíTou a 13 de Novembro
de 1634. Aprendeo Filofofia no Convento
de Caria, e Theologia no Collegio de San-
ta Catherina fora dos muros da Villa de
Santarém, e fahio taõ douto neftas Facul-
dades, que as diâou aos feus domeílicos
no Convento do Mogadouro, Collegio de
Coimbra, e Convento de Lisboa até que
jubilou em 28 de Julho de 1663. Foy
Reytor do Collegio de S. Pedro de Coim-
bra, Definidor, e ultimamente Miniílro Pro-
vincial eleito a 25 de Março de 1669, En-
tre os Eílatutos, que ordenou para augmen-
to da obfervancia regular, e progreUo das
letras fagradas foy dar faculdade aos fub-
ditos para que recebeílem o grão de Dou-
tores em a Univerfidade de Coimbra. No
Capitulo Geral da Religião Seráfica celebra-
do em Valhadolid a 24 de Junho de 1670.
em que aíTiílio, alcançou, que a Provinda
de Portugal da Ordem Terceira tiveíTe hum
Definidor Geral como logravaõ as Provín-
cias de França, e Caftella. Reíiituido ao
Reyno pouco tempo paíTou, que naõ en-
fermafle mortalmente, fallecendo com eter-
na faudade dos feus fubditos no Con-
vento de Lisboa a 22 de Novembro de
1670 quando contava himi anno, e outo
mezes de Provincial 53. de idade, e de Re-
ligião 36. Foy Examinador das Ordens mi-
litares, Pregador de grande nome, natural-
mente afável, e profundamente inílruido em
as fciencias efpeculativas por cujas qualida-
des conciliou as eílimaçoens das primeiras
PeíToas da Corte diítínguindo-fe entre todas
o SereniíTimo Principe Regente D. Pedro.
Compoz.
Efiaíutos para as ^li^ofas dos Mofteiros
da Madre de Deos do fitio de Sã junto à Villa
de Aveyro, de N. Senhora do l^oureto da Villa
de Almeyda fogeitas à obediência do Provincial
da Terceira Ordem de S. Francifco. ImpreíTas
no anno de 1669. 4. fem lugar da Impref-
faõ, e nome do ImpreíTor.
lERONIMO DE ACHA natural de Lis-
boa a quem intitula Famofo o Licen-
ciado lorge Cardofo A.giol. laifit. Tom. 2.
pag. 643. Traduzio em a Ungua materna
da T Atina em que fora efcrita por D. Pe-
dro Sutor.
Vida de S. Bruno. M. S. 4.
lERONIMO AFFONSO BOTELHO
natural da Villa da Idanha nova do Bif-
pado da Guarda, e filho de Manoel Fer-
nandes Ramos, e Izabel Affonfo. Depois
48o
BIB LIO THE CA
de fer Collegial Theologo no celebre
CoUegio da Purificação de Évora onde
moílrou o talento, que tinha para as fcien-
das feveras foy admitido à Ordem militar
de S. Tiago em o Real Convento de Pal-
mella em o primeiro de Janeiro de 171 3.
fendo Prior mór o Illuílriffimo D. Jozeph
Pereira de Lacerda que depois foy Cardial
da Igreja Romana. Havendo exercitado o
magiílerio de Theologia Moral em o feu
Convento, e de Orador Evangélico cm os
púlpitos mais authorizados foy provido na
Igreja Parochial de Santa Maria da Graça
da Villa de Setúbal onde prefentemente af-
fiíle às fuás ovelhas como paftor vigilan-
te fendo ComiíTario do Santo Officio.
Publicou.
SermaÕ do Calvário ao recolher a prociffaõ
dos Pajfos na Igreja de Santa Maria de Setúbal.
Lisboa por Pedro Ferreira Impreflbr da
Raynha N. Senhora. 1735. 4.
lERONIMO DE ALMEYDA natu-
ral da Villa de Canavezes do Bifpado
do Porto. Pela fua capacidade, e intei-
reza de cuftumes foy Secretario do Ar-
cebifpo de Évora D. Joaõ de Mello, Be-
neficiado da Igreja do Salvador das Alcá-
çovas, e Cónego meyo prebendado da
Cathedral de Évora de que tomou poíTe a
19 de Agofto de 1565. Renunciado o Ca-
nonicato no anno de 1590. fe retirou
para a fua pátria onde falleceo a 20 de
Março de 161 o. Compoz com fumma
individuação, e verdade.
KelaçaÕ da forma como no anno de 1582.
foy recebido, o Cadáver delKey D. SebafliaÕ na
Cidade de EAfora. Confervafe o Original no
Archivo do Real Convento de Alcobaça,
que imprimio na fua Hifloria Sebaflica Fr.
Manoel dos Santos Monge Ciílercienfe, e
Chroniíla da fua Religião, e do Reyno de
Portugal a pag. 481. e feguintes.
P. lERONIMO ALVARES natural
de Évora filho de Francifco Alvares, e
Anna Rodriguez. Refoluto a abraçar
o inílituto da Companhia de lESUS pro-
curou com grande empenho o inimigo
commum impedir-lhe taõ fanto intento
apparecendolhe na figura de feu Pay defun-
to, porem triunfando das fuás aíhicias re-
cebeo a roupeta no Collegio da fua Pá-
tria a 15 de Fevereiro de 1578. Tantos
foraõ os progreííos, que fez o feu agudo
engenho nas fciencias fagradas, e profanas,
que depois de fer admitido ao numero dos
Doutores Theologos da Univerfidade de
Évora a 8 de Dezembro de 1603. leu nella
a Cadeira da Efcritura, e foy Cancellario
da mefma Univerfidade. Governou os
Collegios de Lisboa, e Coimbra em cujos
lugares fez exaftamente obfervar os pre-
ceitos religiofos. Faleceo em o Collegio
de Évora a 20 de laneiro de 1624. com
60 annos de idade e 47 de Companhia.
Delle fazem memoria Nadafi Ann, dier.
mem. S. J. Part. i. pag. 37. col. i. Joan.
Soar. de Brito Theatr. iMp. Uter. lit. H.
n. 12. Franco Imag. da Virtud. em o Nov.
de Evor. liv. i. cap. 29. n. 9. c 10. c pag.
867. e Ann. Gloriof. S. J. in Lfffit. pag. 36.
Fonceca Evor. Gloriof. pag. 432. Tra-
duzio de Italiano do Padre Virgílio Ce-
pari lefuita em Portuguez.
Vida do B. J-Já;(^ Gonv^aga. Lisboa por
Pedro Crasbeeck. 1610. 4. a qual tinha fido
traduzida em latim pelo Padre loaõ Horrion;
em Francez pelo Padre António Balinghen,
e em Caílelhano pelo Padre loaõ de Lugo,
que depois foy Cardial da Igreja Romana
todos da Companhia de lESUS.
Hifloria da Companhia de JESUS em
o Reyno de Portugal efcrita por Anaes
em o anno de 16 19. Aí. S. Efta fe formou
das Memorias, que deixou o Padre Ál-
varo Lobo da mefma Companhia.
Fr. lERONIMO DE ANDRADE natu-
ral de Lisboa irmaõ de D. Fr. Diogo Lopes
de Andrade religiofo Erimita de Santo Agof-
tinho, e Bifpo de Otranto em o Reyno de
Nápoles de quem já fe fez larga memoria.
Recebeo o habito de Carmelita Calçado em
a fua pátria donde paífou a Itália, e depois a
Caftella, e neíles dous grandes Theatros ma-
nifeftou a capacidade do feu talento, a ener-
gia da fua eloquência, e a profundidade
do feu juizo, ou foflc pregando, ou cfcrc-
vendo a quem intitula Hypolito Marrado
L USITAN A.
481
Bíb. Maria». Part. i. pag. 578. Vir pius, (&
litterarum ftitdio injtgnis. Publicou em o anno
de 1633. em que florecia.
Tratados de la purijfima Concepcion de la
V. Senora nueftra fobre el Evangelio liber Ge-
nerationis facados ^ los Sermones, que pre-
dico en la Corte ds Madrid fu hermano. Nápo-
les por Lazaro Scorrigio. 1663. 4.
Vida do llliifirijfimo Bifpo de Otranto
D. Fr. Diogo 'Lopes de Andrade. M. S. 4.
Conferva-fe na Livraria do G)nvento de
N. Senhora da Graça dos Erimitas de
Santo Agoftinho delia Corte.
Por fua induílria fahiraõ impreíTos, e em
muitas partes addicionados os Difcurfos con-
cionatorios de feu Irmaõ D. Fr. Diogo Lo-
pes de Andrade. Madrid por Gregório Ro-
drigues. 1656. foi. 3. Tom. No primeiro
fe comprehendem os Sermoens de Qua-
refma; no fegimdo os dos Santos; no
terceiro os da Conceição puriíTima da
Senhora. Deíla addiçaõ, que fez a eftes
Sermoens fe lembra o Padre D. Manoel
Caetano de Souza Cathal. Hiji. dos Summ.
Pontif. Card. e Bifpos. Portug. pag. 130.
D. lERONIMO DE ATTAYDE Sexto
Conde da Attouguia naceo em Lisboa
fendo feus claros progenitores D. Luiz de
Attayde quinto Conde da Atouguia, e D.
Filippa de Vilhena filha herdeira de D. Je-
rónimo Coutinho Confelheiro de Eílado,
e Prefidente do Dezembargo do Paço, e
de D. Luiza de Faro. A natureza benefi-
camente lhe concedeo juizo agudo, e pru-
dente; coração intrépido, e refoluto para
igualmente fer infigne na efcola de jVIí-
nerua, como na paleflxa de Marte exerci-
tando os miniiierios políticos, e militares
com fumma madureza, e fingular valor.
Foy Confelheiro de Eílado, Governador
do Eílado do BrazH, e das Armas nas
Provindas de Trás os montes, e Alen-
tejo, Capitão General da Armada Real,
e Prefidente da Junta do Comercio. Ca-
zou duas vezes; a primeira no anno de
1658. com D. Maria de Caibro filha de Fran-
cifco de Sà, e Menezes, e D. Joanna de Caf-
tro de quem teve a D. Manoel Luiz de Atay-
de Conde de Atouguia Tenente Gene-
31
ral da Cavallaria em Alentejo, que mor-
reo fem fuceífaõ. PaíTou a fegundas vo-
das com D. Leonor de Menezes filha her-
deira de D. Fernando de Menezes, e D.
Jeronima de Toledo filha de D. Manoel
da Camará Conde de Villa-franca de quem
teve numerofa defcendencia. Falleceo a
16 de Agoílo de 1665. e jaz fepultado na
Capella mór do Seráfico Convento de
Santa Maria de Xabregas padroado deíb.
illuftre Caza. Entre os Eíhidos que cul-
tivou lhe mereceo mayor aplicação a Ge-
nealogia efcrevendo.
Nobiliário das Famílias defie Keyno foi. 4.
Tom. Confervaõ-fe na Livraria do Con-
vento de N. Senhora da Graça deíla
Corte. Emendou, e addidonou.
Arvores Genealógicas compofias pelo Conde
de Villa-nova; de cuja obra tem huma copia
o Padre D. António Caetano de Souza como
efcreve no Appar. à Hijl. Gen. da Cat^. Real
Portug. pag. 113. §. 122.
D. lERONIMO DE ATTAYDE fe-
gundo Conde de Caílro Dayro, e fexto
da Caílanheira naceo em Lisboa fendo filho
de D. António de Attayde do Confetho de
Eílado, Embaxador ao Emperador Fer-
nando fegundo, Prefidente da Meza da
Condencia, e Ordens, e de D. Anna de
Lima filha herdeira de D. António de Li-
ma Senhor de Caílro Dayro, Alcayde mór
de Guimaraens, e de D. Maria de Vilhe-
na filha de Chriílovaõ de Mello herdeiro
da Ilha de S. Thome. No tempo, que
foy elevado ao trono de Portugal o Se-
reniíTimo D. Joaõ o IV. affiília em Caf-
teUa onde pelos feus grandes merecimentos,
que fe illuílravaõ com a cultura das Artes
liberaes foy nomeado Marquez de Colla-
res, Ayo do Prindpe D. Balthezar Carlos,
e Mordomo mór da SerenifTima Raynha
D. Izabel de Borbon. Celebradas as pazes
entre eíla Coroa, e a de Caílella em o anno
de 1668. voltou para a pátria contra a qual
nunca rmlitou onde paíTado pouco tempo
de aífiílencia falleceo a 12 de Dezembro
de 1669. Foy fepultado no Convento
dos Religiofos Capuchos de Santo Antó-
nio da Caílanheira jazigo de feus iUuílres
482
BIDLIO THE CA
Mayores. Cazou com D. Helena de Caf-
tro filha de D. Joaõ de Caftro Senhor de
Reriz, Sul, Bemuiver, Penella, e Refen-
de, e de D. Juliana de Souza, e Távora
fua fegunda mulher de quem teve a D.
António de Attayde, que morreo meni-
no; D. Jorge de Attayde terceiro Conde
de Caftro Dayro, e D. Anna de Lima,
e Attayde fetima Condefla da Caftanheira.
Compoz.
Informacion Johre haver de preceder en el
Conjejo de Portugal fupHcando de la nueva
forma de precedências, e rejpondiendo a los
errados informes, que fe dieron a fu Magejlad.
Começa. Pretende el Marquet^ de Collares
&. Acaba. Se affegure la juflicia de quien
la huviere con fu determinacion. Madrid 29.
de Março de 1662. foi. Naõ tem lugar
da Impreflaõ. Coníla de muitas folhas,
de que vimos hum exemplar. Fez outro
Memorial fobre efta matéria da prece-
dência, que principia.
E/ Marque::^ de Collares dei Confejo de
EJlado. Acaba. Mande V. Magejlade lo
que más fuere de fu real fervido. Ocupa
folha, e meya, e naõ tem lugar da im-
preflaõ, o qual também vimos.
Ohras Genealógicas. M. S. foi. Confervaõ-fe
na Livraria do ExcellentiflTimo Conde de Re-
dondo a cujo poder vieraõ por morte da
Condefla D. Anna de Attayde irmãa do Au-
thor, e mulher, que foy de Simaõ Corrêa
da Sylva ultimo Conde da Caftanheira.
Nobiliário de D. António de 'Lima addi-
cionado. Cujo Original eftá na Livraria
do Excellentiflimo Conde de Redondo.
Deftas obras Genealógicas de D. Jerónimo
de Attayde faz memoria o Padre Souza Ap-
parat. à Hifl. Gen. da Cas^. Real Portug. pag.
115. §. 125. e no Tom. 2. defta Hif. liv. 3.
pag. 537. e no fim do Tom. 8. pag. 7.
Fr. lERONIMO DE AZAMBUJA
mais conhecido pelo appellido de OLE AS-
TRO que na lingua Latina fignifica Azam-
bujeiro, naceo naquella Villa fituada em
riba Tejo do Patriarchado de Lisboa naõ
fomente para a nobilitar com o feu na-
cimento, mas para immortal gloria da
Ordem dos Pregadores cujo inftituto pro-
feflbu em o Real Convento de N. Senhora
da Vitoria no lugar da Batalha do Bifpado
de Leiria a 6 de Outubro de 1520. Como
logo nos primeiros annos dcfcubrifle a pro-
fundidade do talento, e agudeza de enge-
nho de que era dotado foy admetido a
CoUegial do Collegio de Santo Thomaz
em Coimbra a 8 de Dezembro de 1525. e
nefta paleftra diftou Artes, e Theologia em
que recebeo o grão, e infignias de Doutor.
Da efpeculaçaõ das fciencias Efcholafticas
fez tranfito para a inveftigaçaõ das dificul-
dades da Theologia Pofitiva, e Polemica,
e como era muito intelligente das linguas
Orientaes foraõ tantos os progreflbs, que a
fua continua aplicação fez nefte laboriofo
eftudo, que alcançou a veneração e a fama
do mayor Efcriturario do feu tempo. Con-
vocado pela Santidade de Paulo IIL Con-
cilio Ecuménico para a Qdade de Trento, _
e mandando ElRey D. loaõ o IIL Theo-
logos para aíTiftir a taõ venerável Con-
greflb o elegeo como depozito das mais
fublimes fciencias. Chegou a Trento a 19
de Dezembro de 1545. onde foy recebido j
por todos aquelles graviflimos Padres com
aquella aclamação, que tinha divulgado
a fama do feu nome, admirando na feflaõ
celebrada a 7 de laneiro de 1546. a fabi-
doria, e madureza com que votava em
todas as matérias, que fe difcutiaõ fendo
indecifo para o conceito dos mayores Le-
trados fe era mais profundo Theologo, ou
infigne Canonifta. Sufpenfo o Concilio fe
reftituhio a Portugal cumulado de aplauzos.
que a fua modeftia recufava, como a Mi-
tra da Ilha de S. Thome valendo-fe do pre-
texto de querer antes eftar aplicado à liçaõ
dos livros, que ao pafto das ovelhas. Eleito
Provincial no anno de 1551. com a unifor-
midade de todos os votantes, naõ exerci-
tou efta Prelafia por naõ fcr vontade
delRey. Ao tempo, que com grande be-
neplácito dos feus fubditos era Prior do
Real Convento da Batalha foy nomeado
pelo Cardial D. Henrique, Inquifidor da
Inquifiçaõ de Évora de que tomou pofle
a 2 de Setembro de 1552. donde paflbu
com o mefmo lugar para a Inquifiçaõ de Lis-
boa a 4. de Outubro de 15 J5. deixando ;
L USITAN A.
483
gloriofas memorias do feu zelo, e reéHdaõ.
luntamente com o Ven. Fr. Thomè de
lefus Erimita AuguíUniano amortalhou o
cadáver delRey D. loaõ o III. que com ge-
ral fentimento dos feus VaíTalos o arreba-
tou aceleradamente a morte a ii. de lunho
de 1557. Ultimamente coroou as virtuo-
fas açoens da fua vida quando no anno
de 1560. fubíUtuhio no lugar de Provincial,
em que fora eleito, ao iníigne Varaõ Fr.
Luiz de Granada em cujo miniíterio exer-
citado por dous annos, e meyo deu com a
voz, e com a penna faudaveis documentos
para que a ReHgiaõ fe confervaíTe na fua
primitiva obfervancia, como coníla de hu-
ma carta latina circular efcrita a todos os
Gjnventos da Ordem, e duas Aâas dignas
de que fempre fe confervaíTem indeléveis
na memoria dos Religiofos. A Girta, e as
Aâas tranfcreveo traduzidas em Portuguez
o famofo Chroniíla deíla Provinda Fr. Luiz
de Souza Part. i. Uv. 6. cap. 37. Cumulado
de merecimentos paíTou em o Convento de
Lisboa a lograr o premio delles na eterni-
dade no principio do anno de 1563. O feu
nome he celebrado com os Elogios de di-
verfos Efcritores, como faõ Fr. António
de Scena Bib. Ord. Prad. pag. 114. Vir
religionis prafiantia, et doãrina darijjimus,
linguarum Hebraica, (ò" Graça peritm, (Ò'
in Sacrorum voluminum leãione multum, diu-
que verfatus. lacob Lelong Bib. Sccr. pag.
mihi 573, col. I. Trium lingtmrtim peritus.
Pallau. Hijl. Condi. Trid. lib. 6. cap. i.
n. 12. ob egrégios in exponendo Pentateucho
labores illuftris. Poííeu. Apparat. Sac. Tom.
I. pag. 743. ad fingulonim autem capitum
Pentateuchi expofitiones, exhortationes ad-
jecit utiles, commodas, doãas. Souza Hiji.
de S. Doming. da Prov. de Portug. Part. i.
liv. 6. cap. 37. Ejra mtrf verjado na Theo-
logia Efcholajiica, e ajudava-o bum grande
conhecimento, que tinha das linguas Hebrai-
ca, e Grega, o que junto com bum jui^ mtty
affentado , e acompanhado de grande agude-
za de engenho produzia partos admiráveis
Echard. Script. Ord. Praed. Tom. 2. pag.
182. col. 2. Vir fuit linguarum Sacrarum
Hebraica imprimis peritus, nec minus Theo-
loffa, Canonumque fcientia clarus Aldrete
Antigutd. de Efpan. liv. 2. cap. 2. pag.
210. fue erudito, y curiojo en la lengua He-
brea j la fupo como el que màs. Nicol. Ant.
Bib. Hifp. Tom. i. pag. 448, col. i. Gra-
ça lingua, atque adhuc magis Hebraica compôs
faãus fchola ad bac qtiafiiombus probe exercitus
adyta facra in fontibus lingua ipjius Sanãa non
infpexit tantum, fed derivare in omnium u/um
fidetiter voluit. Foncec. Evor. Glorio/, pag. 305.
celebre na republica das letras pelo nome de Oleaf-
tro. e pag. 403. famojo, e infigne Commenta-
dor do Pentateucho, celeberrimo no mundo. Na-
tal. Alexand. HiJl. Ecclef. Secul. XV. &
XVI. cap. 5. art. i. n. 24. ad Tridentinam
Sjnodum miffus eft, magnumque in illo facro
Conjejfu nomem fibi peperit Monteiro Claujlr.
Domin. Tom. i. pag. 82. bum dos mayores
Theologos do feu feculo e Tom. 3. pag. 229.
doutijfimo das linguas Grega, e Hebraica: e
no Cathal. dos Inquif(id. de Evor. n. 5. Va-
raõ doutijfimo. CaJmet. Bib. Sacr. impreífa
ao principio do Diccionario da Biblia.
Sacra Scriptura linguarum peritus erat. Im-
bonat. Bib. Latin. Heb. p. 72. n. 280. e
pag. 381. n. II 59. Lippen. Bib. Real Theo-
log. Tom. I. pag. 514. e 626. Fernand.
Concert. Prad. foi. 476. Lopes Hijl. de la
Ord. de S. Doming. Part. 3. cap. 87. foi.
370. Hallevord. Bib. CurioJ. pag. 135.
col. I. CapaíTi Hijl. Philofopb. pag. 453.
Richard. Simon. Hijl. Critique du Veaux
Tejl. Tom. i. liv. 3. c. 12.
Compoz.
Commentaria in Genejim. OlyíTipone
apud loannem Barreira. 1556. foi.
Commentaria in Exodum. OlyíTipone apud
eumdem Typ 1557. foi.
Commentaria in Eeviticum, <& Núme-
ros, ibi apud eumdem Typ. 1557. foi.
Commentaria in Deutoronomium. ibi apud
eumdem Typ. 1558. foi.
Sahiraõ juntos eíles Commentarios com
eíle titulo.
Commentaria in Pentateuchum Moyji, boc ejl^ in
quinque primos Bibliorum libros quibus juxta Aía-
gijiri Sanai Pagnini Eucenjis interpretationem He-
braica veritas cum ad genuinum litera fenfum, tum
ad mores informandos ad unguem enucleatur. An-
tueipiae in aedibus Viduae, & haeredum loan-
484
BIB LIOTH E C A
nis Stelíii 1569. foi, & Lugdiini apud
Petrum Landry. 1586. foi.
/;; IJaiam Prophetam Comníentarii opus in-
fiffie varia doãrina inJiruãiJfiMum, Divini Verbi
concionatoribus perquàm necejfarium , in quo poji
exaãijftmam li t terá expojitiomm qiia ad mores
injlituendos pertinent, facili, <& apto fermone ex-
pendutur. Lutetíac Parifiorum apud Sebaftia-
num Cramoify. 1622. foi. Sahio por induf-
tria de Fr. Pedro Calvo Dominico. Nova-
mente foy reimpreflb com o titulo fe-
guinte.
Ifaias inter mayores Prophetas primus
a R. P. Hyeronimo Oleaftro O. P. Com-
mentariis illujlratus, <& Júlio Cardinali Duci
Mazz^rino nuncupatus. Pariíiis apud Se-
baftianum, & Gabrielem Cramoify 1656. foi.
Hebraifmi, & Cânones pro intelleãu
Sacra Scripturee. Lugduni 1566. e 1588.
foi. Efta obra, que com eftc titulo tra-
zem Imbonat Bib. hatin. Rab. pag. 72.
n. 280. e Lipen. Bib. Real Theolog. Tom. 2.
p. 742. parece fer o Commento fobre o
Pentateucho de que aíTima fe fez mençaõ.
Commentaria in Jeremiam, (& duodecim
Prophetas Minores. Efcritos, e firmados
pela maõ do Author fe guardavaõ na
grande Livraria do Convento de S. Do-
mingos defta Corte, e nella os vio Fr.
Pedro Montdro como efcreve no Claujir.
Dom. p. 229. e que tinhaõ defaparecido.
Commentaria in Pfalmos omnes David
inquibus Jimiliter primiim hebraica veritas
exaStiJftme explicatur, deinde qua ad morum
compojitionem aptari pojfunt ex ipjius litte-
ra penetralibus feorjim adjun^tur. Começa.
Beatitudines illius viri injignis qui non ambu-
lat in Concilio impiorum &c. Acaba. ////'
fit laus, gloria, e>* honor cujus ope, et auxi-
lio incaptum opus Pfalterii abfolvere datum
efi. Compoz efta expofiçaõ quando aíTif-
tio no Convento de Bolonha da Ordem
dos Pregadores na ocafiaõ, que foy ao
Concilio Tridentino, e no mefmo Con-
vento fe conferva.
Commentaria in IV. libros Regum. M. S.
foi.
He tradição confiante entre os Religio-
fos Dominicos defta Província de Por-
tugal, que hindo o infigne Oleaftxo pa-
ra afliftir nas Matinas da Fefta do Natal
pedira à Communidade o ajudaíTe a ren-
der as Graças a Deos por ter concluído
o Commento a toda a Sagrada Efcritura
de cujo preciofo trabalho fe perdco gran-
de parte com grave detrimento dos Efcri-
turarios.
Fr. lERONIMO DE BARCELLOS
natural da Villa do feu appellido íitua-
da na Província de Entre Douro, c Mi-
nho onde teve por Pays a Manoel Car-
valho, e Paula Corrêa Pinheiro defcen-
dentes de famílias nobres. Profeflbu o
inftituto do Doutor Máximo S. Jeróni-
mo no Convento da Cofta junto a Gui-
maraens em o anno de 161 5. Foy dos in-
fignes Theologos da fua idade diéíando
no Collegio de Coimbra as principaes ma-
térias defta fublime Faculdade conforme
a doutrina do Anjo das Efcolas com igual
profundidade, que fubtileza. Foy Prior
do Mofteiro de S. Marcos em o anno de
1648. e do Mofteiro da Cofta em 1654.
onde piamente finalizou a vida a 2 de
Mayo de 1672. No Collegio de Coimbra
fe confervaõ os feguintes Tratados, perdcn-
dofc infelifmente outros.
Traíiatus de Vijione Beata foi. M. S.
de VoUmtate Dei foi. M. S.
De Pradejlinatione. foi. M. S.
D. lERONIMO BARRETO filho de
Gafpar Nunes Barreto Senhor dos Cou-
tos de Freiris, e Penagate, e de Izabel
Cardoza, fobrinho do Padre Belchior
Nunes Barreto Operário Evangélico na
China, e Japaõ, e de D. Joaõ Nunes Bar-
reto Patriarcha da Etiópia ambos Jefui-
tas dos quais fe fez larga mençaõ em
feus lugares. Tanto fe anticipou o feu
merecimento à idade, que naõ tendo
completos os annos, que determina o
Concilio Tridentino para fer Bifpo, foy
elevado à Cadeira da Ilha do Funclial
em cuja dignidade foy fagrado no anno
de 1573. Foy recebido pelas fuás ovelhas
a 31 de Outubro de 1574. com grandes
fignificaçoens de jubilo como prevendo a
fuavidade do feu governo. Para refor-
L U SITAN A
485
ma de abu20s celebrou Synodo a i8 de
Outubro de 1578. em a Cathedral em que
fe publicarão as GDnllituiçoens, que ef-
crevera, nas quais igualmente fe admi-
ra a profunda fciencia dos Sagrados Câ-
nones como o vigilante zelo da fua obri-
gação paftoral. Nunca faltou à celebra-
ção dos Pontificaes em as Feftas mayo-
res, como vizitar peíToalmente a fua Dio-
cefe, e aíTiftir muitas vezes às Horas Ca-
nónicas eníinando com a fua prefen-
ça a pouca devoção com que eraõ canta-
das. Foy de condição brando, de afpe-
ôo grave, amigo da virtude, inimigo da
maledicência. Havendo governado efta
Diocefe fcte annos foy promovido ao
Bifpado do Algarve no anno de 1385.
onde exercitando as açoens de Paílor
compaíTivo, e vigilante falleceo com eter-
na faudade do feu rebanho no anno de
1589. Por deligencia de feu fuceíTor na
dignidade Epifcopal D. Luiz de Figuei-
redo de Lemos fahiraõ.
Conjlituiçoens Sjnodaes do Bifpado do Fun-
chal feitas, e ordenadas por D. Jerónimo Bar-
reto. Lisboa por Pedro Crasbeeck. 1601.
foi. Fazem delle memoria Carvalho Co-
rog. Portug. Tom. 3. pag. 16. Cordeiro Hijl.
Inful. liv. 5. cap. 17. Souza Cathal. dos Bifp.
do Funchal. §. 6.
P. lERONIMO DE BEJA natural
da Villa de Gouvea em a Provinda da
Beira onde recebeo a graça bautifmal a
7 de Outubro de 1662. fendo filho de
Manoel Rodrigues de Beja, e Izabel Go-
mes defcendentes de familias nobres. Quan-
do contava quinze annos, e nove mezes
de idade abraçou o inHituto de Jefuita em
o Collegio de Coimbra a 7 de lulho de
1677. e fez a profiíTaõ do quarto voto a
15 de Agoílo de 1698. Obfervou com
exaçaõ as virtudes religiofas pelas quais fe
fez merecedor do premio eterno fallecendo
no Collegio de Coimbra a 10 de Março
de 1739. com 77 annos de idade, e 62
de Religião. Compoz.
Compendiofa explicação das Virtudes, efpe-
cialmente das Theologaes. Coimbra no Collegio
das Artes. 1733. 8.
Fr. lERONIMO DE BELÉM Na-
ceo na Villa dos Arcos de Valdeves da
Arcebifpado de Braga a 30 de Setembro-
de 1692. fendo filho de Bento de Araújo,,
e Pafchoa Cerqueira. Eíhidou os pri-
meiros rudimentos em Lisboa, e Filo-
fofia em o Convento dos Religiofos Do-
minicos Irlandezes da mefma Cidade donde
paíTando à de Évora recebeo o Seráfico
habito de S. Francifco em o primeiro de
Março de 171 5. Depois de frequentar
com credito do feu talento as fciencias
EfcholaíHcas, e conhecendo os fuperiores
o engenho, que tinha para o minifteria
do púlpito lhe deraõ patente de Prega-
dor a 4 de Mayo de 1726. Recufou algu-
mas Prelazias por fer a fua mayor ambição
de obedecer, do que mandar, e unicamente
aceitou em o anno de 1736. o laboriofo
lugar de Comiííario da Ordem Terceira,
que louvavelmente exercitou pelo efpaço
de dous annos no qual teve a gloria de
fe concluir a fumptuofa Igreja dedicada ao-
Menino Deos onde fe fazem com grande
perfeição os exercidos efpirituaes da mefma
Venerável Ordem Terceira. Ao feu devo-
to zelo fe deve a inílituiçaõ da Irmandade
do Coração de lESUS em o Convento de
Santa Maria de Xabregas da qual por fua
direção fe foraõ inílituindo outras pelo Rey-
no com grande utilidade das almas virtuo-
fas fendo a principal a que fe erigio no
lugar da Lagoa do Reyno do Algarve na
Ermida de S. lozeph, que hoje he Reco-
lhimento de Donzellas, que veftem de roxo
com efcapulario encarnado, e nelle borda-
dos os Santiífimos Coraçoens de lESUS,
e Maria recebendo os hábitos a 26 de
lulho de 1743. da maõ do Excellentif-
fimo, e ReverendiíTimo D. Ignado de San-
ta Thereza Bifpo do Algarve a cuja jurif-
diçaõ pertencem. He Pregador lubilado,
MiíTionario Apoftolico, Penitendario Ge-
ral da Ordem Seráfica, Confultor da Bul-
ia da Cruzada, Examinador das Três Or-
dens Militares, e Bibliothecario do Conven-
to de Xabregas. Da fua continua apUca-
çaõ tem pubUcado eíles devotos frutos.
Coração de lESUS communicado aos
Coraçoens dos Fieis. Noticia, e principia
486
BIBLIO THE C A
%
Âefta Santijfima devoção. Lisboa por Mau-
rício Vicente de Almeyda. 1751. 8.
Vida da Ven. Madre Nlargarida Maria
Alacoque da Ordem da VifitaçaS a quem
Chrijlo Senhor Nojffo revelou o culto, e vene-
ração de Jeu Coração Santijfimo. Lisboa
pelo dito Impreflbr. 8.
Coroa Seráfica, e deprecativa do Santif-
Jimo Coração de Maria. Lisboa por Pedro
Ferreira. 173 1. 12.
Excellencias da mulher forte Novena pa-
negyrica de Santa Anna. Lisboa por Ber-
nardo Fernandes Gayo. 1733. 8. fem o
nome do Author.
Compromijfo da Confraria do Santijfimo
Coração de JESUS fita no Convento de S.
Francifco de Xabregas. LLsboa na Officina
loaquiniana da Muíica. 1734. foi.
Devoto da Conceição, Coroa revelada por
Maria Santijftma ao Ven. Padre Fr. Si-
Maõ de Roxas da Ordem da Santijftma Trin-
dade advogado das mulheres de parto com a
noticia da fiia vida. Lisboa na Officina
Rita-CaíTiana. 1735. 12.
Paleflra da Penitencia. Origem, Graças,
indulgências, privilégios da Terceira Ordem
Seráfica, obra utilijftma para todos os Vene-
ráveis filhos das Terceiras Ordens, e mais
Catholicos. Com a noticia da milagro:(a Ima-
gem do Menino Deos; da vida do Padre Fr.
Thome de Santo António filho da Santa Re-
4oleiçaÕ; e da Madre Cecilia Maria de Je-
Jus Venerável Preta &c. Lisboa por An-
tónio Ifidoro da Fonceca. 1736. 8.
Saudaçoens Angélicas aos Santijfimos Co-
raçoens de JESUS Maria, e Jo^è. Lisboa
por Bernardo Fernandes. Gayo. 1738. 12.
Regra, e EJlatutos novijfimos da Vene-
rável Ordem Terceira da Penitencia no idio-
ma Portngue^. Lisboa por Pedro Fer-
reira. 1739. ^•
Acontico Seráfico. Appendix á Palef-
tra da Penitencia, repofla apologética ao au-
thor do Epitome Carmelitano fobre a liçaÕ
primeira, e outava da mefma Palefira. Lis-
boa por Pedro Ferreira. 1740. 8.
Efcada Myfiica dividida em nove degraos
para a Novena do Santijfimo Coração de
JESUS extrahida do livro Corarão de JESUS,
^ ff&*fida ve:i impreJJa com as indulgências
concedidas a efle, e a outros fantos exercidos,
de que trata. Lisboa na Officina loaqui-
niana. 1740. 12.
Coroa Seráfica, e deprecativa do Santif-
fimo Cora^aõ de JESUS fegunda ve^ impreffa
com as indídgencias concedidas a efle devo-
tiffimo exercido. Lisboa na mefma offi-
cina. 1741. 8.
Cru^ Seráfica, e Francifcana decifrada
pelas letras do nome Francifco para a No-
vena das Chagas do Seráfico Patriarcha. 12.
Vida Juflificada, morte precioja, virtu-
des, e milagres do Padre Fr. Jo:(è de Santa
Anna filho da Santa Provinda dos Algar-
ves da regular obfervancia de N. Padre S.
Francifco. Lisboa por Miguel Manefcal
da Cofta. 1743. 8.
Obras M. S.
Officium proprium Saníiijftmi Cordis Jefu
pro feria fexta pofl diem Oãavum Corpo-
ris Chrifti. Eftá compoílo com grande
propriedade ao argumento da Feftivida-
de affim em as Antífonas, Refponforios,
como em as Liçoens, e Mífla.
Parecer em que fe moftra fer licito o fef-
tejo, que na Villa de Sines fe fat^^ a S. Mar-
cos com o Touro, e fe refponde às opinioens
contrarias explicando a Bulia de Clemente
VIU.
Parecer fobre o dijlrate de huma terra
pertencente a certo Mofleiro de Religiofas.
Apologia fatisfatoria, e defenfiva da va-
lidade do Santo Jubileo da Porciuncula na
Igreja do Menino de Deos nefta Corte con-
tra o fentir dos menos pios por ocav^taõ de
huma declaração da Sé Apoflolica, que pu-
blicada pelo Provi^or do Arcebifpo de Lisboa,
a revogou &c.
Fr. lERONIMO DE S. BERNARDO
Monge Cíílercíenfe em o Real Conven-
to de Alcobaça. Affiílindo na Q)rte de
Pariz traduzio na língua materna, e offe-
receo a ElRey D. Sancho de Portugal
fem declarar fe era o primeiro, ou o fe-
gundo do nome.
Tratado notável de huma prcUHca, ifm
\
I
L USITANA,
hum laurador teve com hum R^y de Perfia,
que fe chamava Ariano feito por hum Per-
l fio por nome Codio rufo, que naqttelle tempo
■ fe achou no qual foy tresladado de Grego em
latim, e redu^io em Portugue^ por Fr. Hye-
ronimo da Ordem de S. Bernardo do Con-
vento de A-lcobaça que eftando em Pari^ lhe
veo ter à maõ, e nelle ho trouxe a EJRej
D. Sancho de Portugal a quem ho prologo
very dirigido. Coimbra por Joaõ Barreira
Impreflbr da Univeríidade 1560. 4. He
impreflb em letra gothica, do qual vimos
hum exemplar. Defta obra, como do feu
author faz memoria Nicol. Ant. Bib. Hifp.
Vet. Tom. 2. pag. 266. col. i.
Fr. lERONIMO DE S. BOAVEN-
TURA Naceo em o lugar do Ribeirinho
arrebalde da Villa de Amarante em a Pro-
vinda do Minho a 30 de Setembro de 1656.
Teve por Pays a Cuftodio Guedes bifneto
por fua Avó Leonarda Guedes de Simaõ
Guedes quinto Senhor da Villa de Murça,
e a Maria Ferreira. No preludio dos feus eíhi-
dos moílrou a admirável habilidade de que
o ornara a natureza fahindo perfeito latino,
cujo idioma fallava correntemente como o
materno naõ fendo menos iníigne na Poe-
zia Vulgar cujos dotes illuftrados com a
innocencia dos cuftumes o habilitarão para
fer admitido à Religião Seráfica em o Con-
vento do Porto a 30 de Setembro de 1650.
quando contava 16 de idade donde depois
de profelTar folemnemente foy eftudar Ar-
tes em o Convento de Santarém das quais
teve por Meílre a Fr. Joaõ da Madre de
Deos, que depois foy o primeiro Arce-
bifpo da Bahia, porém como foíTe man-
dado pelos Superiores para o Convento
de Trancozo naõ teve a felicidade de
ouvir a doutrina de taõ grande homem.
Como era dotado de memoria feliz pois
baftava ler huma pagina de qualquer livro
para promptamente a recitar pedio aos feus
condifcipulos, que deixara em Santarém,
lhe remeteflem as poíHllas aílim como as
foííem efcrevendo, e tendo por aulas os
caminhos, e montes da Provinda da Bd-
ra por onde difcorria pedindo efmola pa-
ra o Convento onde habitava, as decora-
487
va naqueUas horas vagas de taõ laboriofo
miniílerio, e deíle modo fendo difdpulo
de fi mefmo fahio confummado Filofofo.
Certificados os Superiores do progreíTo taõ-
extraordinário, que fizera no eftudo depois
de fer rigorofamente examinada a fua ca-
paddade, foy com univerfal admiração ad-
mitido ao curfo de Theologia no Convento-
de S. Frandfco da Ponte de Coimbra, e ain-
da que era interpoUada a fua aplicação pe-
las obrigaçoens de fubdito nunca faltava,
às de eftudante em que mereceo a prima-
zia entre todos os feus condifcipulos, de
tal forte, que fendo ainda Coriíla foy no-
meado Lente de Filofofia, e Theologia pa-
ra a Provinda da Arrábida, de cuja efcola.
fahiraõ quatro Provinciaes defla auílera Re-
forma. Acabado efte magiílerio com tan-
to credito da fua peíToa diâou em a Pro-
vinda de que era filho, Filofofia no Con-
vento de Santarém no anno de 1664. e Theo-
logia em Coimbra, em 1677. unindo em o
feu talento promptidaõ, fubtileza, e clari-
dade com que defendia, e argumentava em.
todos os aôos litterarios. Naõ alcançou
menor aplauzo no púlpito ao que tinha ad-
quirido em a Cadeira conciliando pela deli-
cadeza do difcurfo, elegância da fraze, e
viveza da reprezentaçaõ aclamaçoens de nu-
merofos auditórios fendo o principal o da Ca-
pella Real onde pregou trinta, e nove vezes,,
e mereceu, que a mageftade delRey D. Pe-
dro o n. foíTe Panegyrifta do feu talentcv
condonatorio, chegando a tal exceíTo a be-
nevolenda deite Príncipe para com eUe que
o vizitou no feu apozento quando os feus
achaques o tinhaõ reduzo. Eíles lhe foraã
abreviando a vida, e pofto que padeceUe
acerbiífimas dores nunca fe lhe ouvia a me-
nor expreíTaõ de queixa, antes refignado em
a divina vontade as ofFereda como oblação-
pelas fuás culpas. Todo o tempo, que du-
rou efte confliôo recebia todas as fema-
nas com fumma piedade o Paõ dos Anjos
até que chegando o termo de paííar ao
eterno defcanço falleceo em o Convento de
Lisboa a 9 de Setembro de 1683. com qua-
renta e féis annos, onze mezes, e nove dias
de idade, e naõ com quarenta incomple-
tos como efcreve Fr. Fernando da Sole-
488 BIBLIOTH E CA
dade no lugar abaixo allegado. Foy fe- Hirte pater, hinc mater chara hinc oriunda
pultado com aíTiílencia dos Religiofos gra- propago
vcs das outras Gímunidades confeíTan- Hic data Junt laãis prima alimenta mihi.
do, que tarde produziria a natureza ou-
tro femelhante engenho taõ breve na Ainda naõ tinha chegado aos annos da
duração como vafto na litteratura. Se os adolefcencia, e já defcobria tal propcnfaõ
Jeus ejcritos. ( Saõ palavras de Fr. Fer- para a Poezia, que parece o embalarão
nando da Soledade Hift. Seraf. da Prov. no berço as Mufas. Querendo obedecer
de Portug. Part. 5 . lib. 5 . cap. 11.) fe deraõ à vontade de feu Pay deixou a amenidade
ao prelo podiaõ formar-fe delles diverfos To- defte eftudo pela feveridadc dos Cânones
mos, os quais certamente achariaõ univerfal Pontifícios em que recebeo o grão de Ba-
eftimaçaõ, porque lograõ muita, os que ain- charel, porem como eílivefle profundamente
da exifiem dentro, e fora da Provinda. Com- inílruido na Oratória, Poética, Mythologia,
poz. impellido do génio, que fe deleitava com a
Curfus Philofophicus. M. S. Bem canhe- cultura das letras humanas abrio efcola publi-
cido, e igíialmente aceito. Como efcreve o ca íituada em a Univerfidade de Lisboa onde
referido Chronifta. como Meftre recitou a Oraçaõ da Sapiência
Traãatus de Trinitate. em o primeiro de Outubro de 1556. Para
de EJfentia Dei. eterno credito do feu magifterio naõ fomente
de Pecato Originali. teve por difcipulos Ruy Gonzalvcs da Cama-
De Angelis. ra filho de D. Manoel da Camará Governa-
Sermoens vários. M. S. dor da Ilha de S. Miguel; D. leronimo de
Obras diverfas. M. S. Sendo todas cia- Caftro, D. loaõ de Attayde, e outros Fi-
rijjimos efpelhos da fua erudição, e naÕ peque- dalgos da primeira lerarchia, mas ao infi-
nos argumentos do amor, que tinha às virtu- gne Manoel da Cofta Lente de prima de
Jes, conclue o mefmo Chroniíla. Leys em a Univerfidade de Salamanca inti-
Repoflas a 33 Notas ao Livro da Myf- tulado o Subtil; a D. leronimo Oforio Q-
tica Ciudad de Dios compofio pela Venera- cero Portuguez, que depois foy Bifpo do Al-
vel Madre Maria de Agreda. Eíla obra fe garve; Ayres Gomes de Sá Catíiedradco de
fe imprimiíTe como o author a efcreveo. Cânones, António Vaz, e António Mendes,
certamente formaria hum volume de jufta que paíTou a fer o primeiro Bifpo da Cathe-
grandeza. Cometeu-lhe taõ laboriofa em- dral de Elvas, Lentes das Efcholas Menores
preza o ComiíTario Geral Fr. Jozeph em Coimbra, podendo juílamente gloriar-fe
Ximenes Samaniego, o qual aífiílindo a de fer Meftre de tantos Meftres, que cm
humas Conclufoens do Capitulo Provin- diverfas Faculdades aíTòbràraõ as mais
ciai celebrado no Convento de Lisboa celebres Univerfidades. Anhelando com
a 10 de Dezembro de 1678. em que pre- virtuofa ambição adquirir thefouros de
^dio Fr. Jerónimo tal foy o conceito, que novas Faculdades determinou paíTar à
formou das fuás letras, que o achou digno Univerfidade de Pariz por ter jà aíTiftido
de impugnar, e defender as propofiçoens em a de Salamanca de cujo intento o def-
<:riticadas na obra da V. Agreda em que perfuadio feu pardcular amigo Chriftovaõ
o mefmo Samaniego tinha doutamente Fernandes em huma Carta cheya de lou-
trabalhado. vores dedicados ao feu merecimento em
que a foi. 41. lhe diz Qtád Parrhijiorum
lERONIMO CARDOSO Naceo cm Lutetiam proficifci cupis? Quid aves, quod
a Gdade de Lamego como elle fe jaâa non obtinueris? non ne ubi rex eft, cúria ineftl
com eftas métricas vozes Sylvar. lib. 2. eb* ibi Parrhifú, ubi doãijfmi funt, quorum
CoUe fub ingenti ( luimacum dixere prio- tu omnium princeps máximo omnium coa-
res) fenfu es: igitur Olyfipo Lute tia efl. Cur
Urbs fedet. &c. er^o Lutetiam adire cupis, cum tibi Lute-
LUSITANA.
489
tiam domi baheas; ipfe que tuâ unicã erudi-
tione iMtetiam effinas; nam Parrbijienfes
Grammatices eruditione fuperas, Poetas promp-
HtuSne excellis, Oratores pra te ipfo par-
vipendis. Noa ejl igitur quod optes, nec quó
proficifci cupias. Pela fuavidade dos feus
Poemas, e elegância das fuás Cartas con-
ciliou a eílimaçaõ dos mais famofos Va-
roens do feu tempo admirando em huns
reproduzido o furor de Virgilio, e em ou-
tras excedida a profundidade de Séneca, e
difcriçaõ de Plinio. Até a ultima idade con-
tinuou no magiílerio, e poílo que a cegueira,
que padecia era baílante cauza para naõ
continuar minifterio taõ laboriofo, fe valia
de huma filha, que lhe nacera de fua mu-
lher Filipa Cardoza a qual lendo os livros
os explicava eruditamente aos feus difcipu-
los. Falleceo em a Cidade de Lisboa em
o anno de 1569. cujo nome mereceo os
aplauzos dos mayores Filólogos, que fe vem
impreíTos no livro das Epiílolas do mefino
Cardozo. André de Refende na Epijiol.
5. o intitula doãijfímum. Jorge Coelho Se-
cretario do Infante D. AiFonfo Epiji. 8.
Te ingenio, multa que leãione, €>• bumanitate
injtffiem, €>* multorum Jermone acceperam,
et nunc facile intellexi. D. Jeron. Ofor.
Epift. 10. Omni liberali do£trina mirabiliter
injlruãum, atque acri juditio praditum cog-
novi ... et quid mibi acciderit amplius, quàm
probari /cripta mea ab bomtne uno omnium
doãijjimo. Domum enim tuam quafi Sanãum
Mufarum Sacrarium frequentare debuijent
omnes, qui iis artíbus imbuti funt, quorum
me Jludiofum effe profiteor. Bartholameu
Filippe Epijl. 21. e ctfjus Scbola non infe-
rioris nota dijcipuli, quàm olim ex equo Troja-
no Heroes procejfijfe plerique omnes intelli-
^mt. António Liaiz fubtiMimo Interprete
de Galeno em Coimbra Eptft. 26. in quem
ficut in alterum Ciceronem Civitas noftra óculos
convertat. Pedro Sanches Poeta eruditiffi-
mo Epijl. 32. virum praclara eruditionis,
et divina pene in dicendo facúndia. Nicol.
Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 437. col.
I. Poeta, (ò" Orator latina lingua difertif-
fimus, omniumque in ea gente eruditorum fua
atatis hominum judicio probatus, <& laudi-
bus exomatus. Leytaõ Not. Chronol. da
Univerfid. de Coimb. pag. 571. n. 1211. So-
licitou com feus fuaviffimos Poemas, e elegantif-
fimas Bpiflolas a correfpondencia dos Portugue-
t(es mais doutos do feu tempo. Ignacio de Mo-
raes Eleg. Cardofi lib. 2. B2eg. 24. lhe £»
o feguinte Elogio.
Quàm bene depinfft pulcbros Cardofus ho-
nores
Mufarum"^ ut dulce manat ab ore lepos
Quanta demulcet mentis dulcedine fandi
Et novit Veterum f cripta vefluta viriim.
Quidquid Grammatici doai fcripfere Ma-
giflri
Quidquid Arifloteles protulit, atque Plato.
Quidquid doãores legum, Jurifque periti,
Et quidquid demiim Grada doãa tuJit,
Protulit in lucem muJtis celata tenebris.
Qua fimul exomat floribus ipfe fuis.
Nunc Cicero efi vifus; fed fi non fallor amore
Alter Virfflius pofimodo vifus erit.
E em outro lugar o mefmo Moraes.
Seu cupis Orator profam feu fcribere carmen,
Tullius es profa. Carmine Virfflius.
Carmina componas, feu fcribas verba foluta
Alter VirffliuSf Tullius alter ades.
Compoz.
Ubellus de Terremotu, de vario amore Eglo-
ga; de Difciplinarum omnium laudibus Oratio.
Conimbricse apud Joannem Barrerium, et
Joannem Alvarum Typog. Reg. 1550. 8.
Deíla Oraçaõ recitada em a Univerfida-
de de Lisboa em o primeiro de Ou-
tubro de 1536. fez eUe mençaõ em hu-
ma das fuás Epiílolas efcrita a André
Cotrim foi. 26. v.o Antonius auditor meus,
à quo Epiflolam bane accipies, vir eminentif-
fime, ad me nec opinantem {non fine incom-
parabili meo gáudio) protulit, velle te fum-
mopere Orationem, quamdam, quam pro rof-
tris Olyfiponenfi Academia ut cumque babm,
videre. Id quod animum erexit, nec minorem
etiam fpem addidit, cum fperarem fore, ut
non mediocrem gloriam brevi affequerer; fi Vi-
gila mea qualefcumque fint, in tanti Arif-
tarchi manus devenirent.
490
BIB LIO TH E CA
Diãionarium Juventuti Studioja admodum
fruffferum. Conimbricíc apud Joannem Bar-
rerium, & Joannem Alvarum Tjrp. Reg.
1551. 8. Q)níla. De partihus corporis; de
veftihtis, de Armis, de conjanguinitatihm , e^
Affinitatibus ; de officiis tam Ecclejiajlicis, quam
prophams; de partihus adium; de Hortis; de
arboribus; de animalibus terreftribus ; de pifci-
bus; de avibus. Dedicado Clarijfimo ptiero Em-
manueli Góes Damiani à Góes monumentorum
hufitania Regni prafe£H filio. Sahio fegunda
vez. Qjnimbricíe apud Joannem Alvarum.
IJ62. 8.
Egloga, qtia Sjienis injcribitur de vario amo-
re aliaque fimul poemata. Conimbricac apud
loan. Barrerium. 1553. 8.
Epijlolarum familiarium libellus. Olylipo-
ne apud loanem Barrerium Typ. Reg. 1556.
8. Dedicado Clarijftmo adolefcenti D. Alfon-
fo llluftrijfimi viri Domini Sanãii a Noronha
de Mira domini, <& Extremotia Areis prafeãi
maximi filio.
De obiíu Serenijfimi Principis D. Ljidovici
Vortugallia Infantis Dialogus cum aliis Epigram-
matis. Olyíipone apud loan. Barrer. Typ.
Reg. 1556. 8.
Inftitutiones in Latinam linguam breviores, et
eluâdiores, quàm ante hac alia in lucem edita
Junt. Olyíipone apud eumdem Typ. 1557.
8. Dedicadas Clarijfimo adolefcenti D. Joanni
Menefio. Vafconcelio praflantijfimi viri D. Al-
fonfi Menefii Vafconcelii equitum Magiflri filio,
Comitifque Penele nepoti. He huma Arte de
Gramática, que comprehende defde as decli-
naçoens dos nomes, e conjugaçoens dos ver-
bos até a compoílçaõ dos Verfos. Nella
cenfura o methodo de outros Gramáticos,
que por muito extenfo confunde aos prin-
cipiantes, ou por muito fucinto lhes difi-
culta a fua perfeita intelligencia. Conclue
com a feguinte Elegia ao Leytor em que
reprova as Artes de Defpauterio, e Ne-
briza.
Exce per anfraãus, vaftique pericula Ponti,
Eejfa tenet portam noftra carina fuum.
Grammatica gaudete qtàbus pracepta paravi,
Óptima, qua ducant vos breviore viá.
Ad juga Pamajfi, viridifque Heliconis ad arces,
Nec non ad Phabum, Pieridefqiie novem.
Spemite Nebrijfa numerofa volumina doai,
Qua fint doíia licet, longa putanda ta-
men,
Fafiidite precor Ninivita Scripta loquacis, %
Cujus longa nimis pagina fruge caret.
Hanc legite, et verfate diu quam tradimus Ar-
tem,
Qua brevis, e>* multa luce refufa nitet.
Ergo te moneo nimium Studiofa jtaentus,
Ut qua pracepi fingula mente geras.
Nam quacumque legis prifcorum è fontibus
haufi, ^
Quos mea verfavit noãe, dieque manus.
Pracipue cultis legi Ciceronis in hortis,
Qua fuerant operi confona, (& apta meo.
Non fecus ac fiorum beneolentum germina
mille
Mollibus in pratis Dadala livat avis.
Sahio fegunda vez imprefla. Olyfipone
in Officina loannis Blavii de Agripina G>
lonia. Anno Domini 1562. Dedicado a El-
Rey D. Sebaíliaõ.
Apologus de morte, (ò" de Pafiore cum aliis
elegiacis. Olyfipone apud eumdem Typog.
1558. 8. No fim tem huns enigmas tradu-
zidos de Caílelhano em Verfo latino ly-
rico.
De Monetis, tam ff-acis, quám latirás.
Item de Ponderibus, Menfuris ad prafentem
ufum redaãis Anacephaleofis. No fim Genc-
thliacon Emmanuelis pueri, hoc ejl Reffs Joan-
nis III. filii. Gínimbricac apud loannem
Alvarum Typ. Reg. 1561. 8.
Elegiarum libri duo. Olyfipone apud loan-
nem Barrerium Typ. Reg. 1563. 8. Dedi-
cadas ao infigne lurifconfulto Álvaro Ve-
lafco.
Sylvarum liber unus. Conimbricx apud
loannem Barrerium. 1564. 8. No fim.
Epithalamium Sereniffima Joanna Caroli V.
filia, five de ingrejfu in urbem Olyfiponenfem
Sereniffima Joanna Regina defig^ta. O Pa-
dre António dos Reys o celebra pela
obra das Sylvas com cilas vozes métri-
cas no Enthuf. Poet. n. 84.
Cardofus in alto
Culmine perftabat montis; fjlvifque fub
ipfis
L USITANA.
491
^«£W /bi conjevit, vigilique labore rigavit
Otia carpebat recubans.
rum labori conjukrem. Citius enim ptieri ad id,
qmd confeqtú fiudent boc compendiolo perducun-
Diãionarium luitiruhLufitanicum, & vice ver- tur; quàm fi ambaffofa Nebrijfenjis carmina.
fa LMjiíano - Latinum cum adafforum fere om-
nium juxta feriem alpbabeticam pro utili expo-
fitione Ecclejiajlicorum, ó" vocabulorum interpre-
et tot anfraãibus implicata perdifcant. Tu fi
htác labori meo álbum calculum adfeceris mit-
tam ad te aliquot ex bis, ut inter auditores
tatione. Conimbricae apud loannem Barrerium tuos eo quo ftatueris pratio veniunt. Multum
ieptem Idus Julii M. D. LXIX. 4. No prin-
cipio eílá hum Alvará delRey D. Sebaíliaõ
paíTado em Lisboa a 4, de lulho de 1569.
enim conferet illis bujus libelli retraãatio modo
memoria diligenter affigant, Te vero maffta libe-
rabis moleflia cUm citra laborem illis facile pof-
a Filippa Cardofa mulher do Bacharel lero- fis omnium verborum praterita, fupinaque in-
nimo Cardofo para que nenhuma peíToapof- culcare. Sed id qualecumque fit, tuo candiSf-
ia imprimir, nem condu2Ír de fora para fimo Judicio, tuisque purgatijfimis auribus per-
vender eíle Dicionário para cuja impreíTaõ mitimus cafHgandum. Como naõ coníla defta
concorreo o mefmo Príncipe com hum do- carta o anno em que foy efcríta fe naõ
nativo fendo o primeiro author que em pode colher o anno da impreííaõ da obra
Portugal compoz obra defte argumento co- aílima nomeada por cujo motivo a colloca-
mo fe colhe das palavras de Seballiaõ Stoc-
kamero Alemaõ em a Dedicatória a ElRey
D. Sebaftiaõ dizendo E^egium, novumque inf-
titutum Hjeronimi Cardofi. Sahio fegunda vez
Olyíipone apud Alexandrum de Siqueira ex-
peníis Simonis Lopeíii Bibliopobe 1592. No
fim fe lhe acrecentou hum Alfabeto de
Frazes Portuguezas, e Latinas com o titu-
lo Varii loquendi modi &c. fahio terceira vez
UlyíTipone apud Antonium Alvres 1601. 4.
& ibi apud Petrum Craesbeeck. 16 19. &
ibi apud Laurentium de Anvers 1643. 4*
& ibi apud Antonium Crasbeeck de Mel-
lo 1677. 4. & ibi apud Dominicum Gir-
neiro Trium Ord. Milit. T5^g. 1694. foi.
Dedicado ao Girdeal Cornaro Núncio Apof-
tolico nefte Reyno da Santidade de Inno-
cencio XIL Da repetição de tantas im-
preíToens fe manifeíia o confumo defta obra,
e a eftimaçaõ que fempre mereceo dos ef-
tudiofos das Unguas Latina, e Portugueza
naõ podendo diminuir a gloria que alcan-
çou pela fua primazia o Dicionário do in-
figne Agoílinho Barboza, e a Prozodia do
Padre Bento Pereira tantas vezes impref-
fos.
De Prateritorum, et Supinorum ratione. Def-
ta obra faz o author mençaõ em huma
carta efcrita a António Pimenta Meílre de
Gramática. Olyfipone Oâavo Calend. No-
vemb. foi. 41. v.o Superioribus diebus excuden-
dum tradidimus libellum de Prateritorum, et
fupinorum ratione, ut et meo, et auditorum meo-
mos em ultimo lugar.
lERONIMO DO CARVALHAL FREY-
RE natural da Qdade de Beja Fidalgo
da Caza Real fendo filho de Chriftovaõ
do Carvalhal, e de D. Izabel Freyre de
Andrade. Querendo nobilitar a pátria, que
lhe dera o berço efcreveo com eftilo fin-
cero em o anno de 1609.
Memorias hijloricas da Cidade de Beja. M.
S. Confervaõfe em poder do Doutor Luiz
Freyre de Andrade Ouvidor da Comarca
de Setúbal fegimdo Neto do Author como
efcreve o P. Fr. Manoel de Saà Mem. Hifl.
da Ord. do Carm. da Prov. de Portug. Part.
I. liv. 3. cap. 9.
lERONIMO CASTANHO cuja pátria,
e género da vida fe ignoraõ, o qual como
efcreve o moderno addidonador da B/^.
Orient. de António de Leaõ Tom. i. Tit.
3. col. 78. Compoz.
Aíemorial a ElRey fobre o f ocorro de An-
gola, e conqiúfla de Bengala, foi. M. S. O
original fe conferva na BibUotheca delRey
Catholico.
P. lERONIMO DE CASTILHO Na-
ceo em Lisboa a 23 de laneiro de 1674
fendo filho de António de ^Macedo, e
D. Violante de Caílilho defcendentes de
nobres £unilias. Na tenra idade de treze
492
BIBLIO THECA
annos, c finco mezes foy admitido à Com-
panhia de lESUS, e nella procedeo com
tal pureza de cuftumes que parece fora
mais a eníinar, que a aprender virtudes.
Sendo ainda antes de religiofo infigne hu-
maniíla novamente fe aplicou às letras hu-
manas em o Gjllegio de Coimbra, e fez
taes progreflbs a viveza do feu engenho
ou foíTe metrificando, ou orando, que me-
receo as honorificas antonomafias de Vir-
gílio, e Cicero Portuguez. Eíhidada Filo-
fofia cm Coimbra enilnou no Collegio de
Santo Antaõ de Lisboa finco annos Huma-
nidades de cujos preceitos fahiraõ difcipulos,
que foraõ Meftres. Foy mandado eíludar
Theologia no Collegio Romano onde com
igual aplauzo do feu talento, e da Naçaõ
Portugueza defendeo conclufoens Magnas
moftrando tanta profundidade naquella fu-
blime Faculdade, que o ReverendiíTimo Vi-
gário Geral da Companhia Miguel Angelo
Tamburino intentou perfilhallo em a Pro-
vinda Romana. Reftituido a Portugal leu
Rhetorica em Coimbra aos feus Collegas, e
depois Filofofia. Em a Univerfidade de
Évora regentou a Cadeira de Sagrada Ef-
critura em que diftou o feu David Penitente
que deixou imperfeito. AíTiílio como Con-
feíTor, c direftor dos eíludos do Senhor D.
loze filho do auguíHíTimo Monarcha D. Pe-
dro II. hoje digniffimo Arcebifpo Primaz de
Braga, cuja incumbência largou por cauzas
urgentes. Como era muito perito na pu-
reza do idioma latino foy eleito entre os
fincoenta primeiros Académicos de que fe
formou a Academia Real da Hiíloria Por-
tugueza em o anno de 1721. para efcrever
as Memorias do Bifpado de Coimbra. Se-
gunda vez partio a Roma com o lugar de
ConfeíTor do EmniinendíTimo Cardial lozé
Pereira de Lacerda quando por morte de
Innocencio XIII. hia votar na eleição do
futuro Pontífice, e achou naquella Corte taõ
firmes as memorias da eíUmaçaõ para com
a fua peíToa, que pudera o agradecimento
para os eftranhos difputar com a fidelidade
dos naturaes. Depois de voltar para a Pá-
tria exercitou o feu talento no minifterio
do púlpito em que fazia efquecer pela ven-
tagcm, e lembrar pela imitação os mayo-
res Oradores que lhe precederão. AíTaltado
de huma febre maligna, que fe fez invencí-
vel a todos os remédios da Arte confervou
entre violentas operaçoens aquella tranqui-
lidade de efpirito, de que fora ornado atè
que rendida a natureza entregou placida-
mente a alma nas maõs do feu Criador a
6 de Mayo de 1730 cm o Collegio de S.
Antaõ quando contava 56 annos três mezcs,
e treze dias de idade. A Oraçaõ Latina que
na Univerfidade de Coimbra recitou em
aplauzo de S. Izabel Rainha de Portugal
mereceo as aclamaçoens de todos os Ca-
thedraticos pela pureza da latinidade, deli-
cadeza de conceitos, c novidade da idca.
Deixou excellentes Poezias Latinas, e Ser-
moens vários dignos da luz publica, c uni-
camente a logrou.
EpíBnotaphion Encomiújiicum R. admodum
P. Antonii Vieyra Societ. Jef. Lisboa por
Miguel Rodrigues ImpreíTor do Senhor Pa-
triarcha. 1736. 4. Sahio a pag. 249. do
livro intitulado Vo^es Jaudov^as da "Eloquên-
cia que publicou o P. André de Barros da
Companhia de lESUS. O epitáfio he com-
pofto em cftilo lapidario com elegância, c
fubtileza.
Conta dos feus eftudos Académicos no Pa-
ço a zi de Outubro de 1729. Sahio no
Tom. 9. da Colleç. dos Docum. da Acad.
Keal. Lisboa por lozé António da Silva
1729. foi.
Fr. lERONIMO DE CASTRO, E CAS-
TILHO natural de Lisboa, c filho de luliaõ
de Caftilho. ProfeíTou o fagrado inftituto
da Religião da SantiíTima Trindade em o
Convento de Toledo, e depois de fe apli-
car aos eftudos efcholafticos cultivou a Hif-
toria aíTim Eclefiaftica como profana cm
que foy imitador de feu Pay profeguindo,
e continuando até o reinado de Filipe IV.
a que elle cfcrevera, e publicara cm Bur-
gos de cuja Diocefe era natural; por Fi-
lippe de lunta 1582. foi. com o titulo.
Hifloría de los Keys Godos que vinieron de la
Scythia de Europa contra el Império Romano, y a
E/paria confucejfion de los bafta los Catholicos Reyes
D. Feirando, y D. Isabel. Madrid por Luiz
Sanches ImpreíTor delRey 1624. foi. De-
L USITAN A
49.3
bicada a D. Manoel da Fonceca y Zuni-
ga Conde de Monterey, e de Fuentes. A
addiçaõ feita por Fr. leronimo de Caftro,
e Caftilho he muito curiofa, e bem traba-
lhada.
lERONIMO COELHO natural da Villa
de Barcellos do Arcebifpado de Braga, e
hum dos celebres filhos, que produzio como
efcrevem António de Villas boas, e Sam-
payo Nohí/. Portug. cap. 90. pag. 109. Fr.
Pedro Poyares Trat. Paneg. da Vil. de Barc.
cap. 16. pag. 28. e António Carvalho da
Coíla Corog. Porttig. Tom. i. Trat. i. cap.
8. pag. 26. Eíhidadas as fciencias feveras
na Univerfidade de Évora, que lhe fervi-
xaõ de condutoras para penetrar as difi-
culdades da Sagrada Efcritura em que fahio
muito perito tendo génio particular para o
púlpito cujo miniílerio exercitou muitos an-
nos em a Provinda de Entre Douro, e Mi-
nho. Foy ornado de innocentes coíhimes,
e de fumma vigilância para com as fuás
ovelhas, que apacentou fendo Reytor da
Igreja de S. Torquato jimto de Guimaraens
onde acabou louvavelmente a vida em o
anno de 1653. quando contava 65 annos
de idade. Foy devotiffimo do noíTo Thau-
maturgo Santo António em cujo obfequio
compoz a obra feguinte, que fahio poílhu-
ma com efte titulo.
Difcítr/os predicáveis fobre a vida, virtudes,
e milagres do Gigante dos Menores Hercules Por-
iuguet(j divino Athlante Santo António Primeira
Parte fobre a vida do Santo do tempo de fua
meninice até fe exercitar no Officio de Meftre.
Lisboa por Henrique Valente de Oliveira.
1665. 4.
Segunda Parte. Do tempo em que o Me-
nino Deos fe lhe pòs em os braços até que na
eternidade fe lhe manifeflou gloriofo. Lisboa
por Domingos Carneiro. 1669. 4.
D. lERONIMO CONTADOR DE AR-
GOTE Naceo em a deliciofa Villa de Col-
lares do Patriarchado de Lisboa a 8 de
lulho de 1676. Foraõ feus Pays o Doutor
Luiz Contador de Argote, que depois de
fer Dezembargador na Relação do Porto, e
na Caza da Suplicação fe recolheo à Con-
gregação do Oratório deíla Cidade onde no
eílado de Leygo acabou piamente a vida;
e D. Maria lofefa Lobo da Gama de igual
nobreza à de feu conforte. Aprendeo os
primeiros rudimentos em a Cidade do Por-
to, e os preceitos da lingua latina em o
Collegio de S. Francifco Xavier da Paro-
chia do Paraizo em Lisboa com os Padres
lefuitas Álvaro Machado, e António Vieyra.
Na tenra idade de doze annos, e meyo dei-
xando a amável companhia de feus Pays
veílio a roupeta de Clérigo Regular Thea-
tino em a Caza de N. Senhora da Divina
Providencia defta Corte a 22 de laneiro de
1688. Aplicado aos eftudos Efcholallicos
como foíTe ornado de grande comprehenfaõ
fahio nelles taõ egregiamente inítruido, que
foy eleito para diâar Filofofia cuja incum-
bência interromperão as diverfas moleítías,
que o obrigarão por preceitos dos Médicos
a mudar de clima, e ainda que aíTiílio al-
gum tempo na Província de Entre Douro,
e Minho, naõ experimentando a melhora,
que pertendia voltou para Lisboa no anno
de 171 3. Depois de alcançar perfeita intel-
ligencia das linguas Latina, Grega, Franceza,
e Italiana cultivou com particular difvelo a
Hiftoria Sagrada, e profana fervindo-lhe de
direftoras a Chronologia, e Geografia para
fe inftruir em os fuceíTos acontecidos defde
o principio do mundo até o feu tempo re-
provando com critica judiciofa tudo quanto
julgava apocryfo, e feguindo fem a menor
preocupação as opinioens mais folidas e ver-
dadeiras. Ornado deites fcientificos dotes fe
fez merecedor de fer alumno da Academia
Portugueza inílituida no Palácio do Excel-
lentiíTimo Conde da Ericeira D. Francifco
Xavier de Menezes onde recitou em diver-
fas conferencias doutilTimos Difcurfos fobre
as Fabulas introduzidas na Hiíloria atribuin-
do-as à ignorância, malicia, Poezia, e Pintu-
ra. Entre os primeiros fincoenta Académicos
de que fe formou a Academia Real da Hif-
toria Portugueza foy nomeado por Sua Ma-
geftade para efcrever as Memorias Hifto-
ricas do Arcebifpado de Braga, argumento
digno dos feus profundos eftudos, o qual
dezempenhou com admiração dos feus mef-
494
BIB LIO THE CA
mos Collegas, e de todos os profeíTores
da Hiftoria, de que faõ patentes teílemu-
nhas as multiplicadas produçoens, que tem
publicado o feu fecundo talento cujo Ca-
thalogo he o feguinte.
DiJfertaçaÔ da vinda de S. Tiago a Hefpa-
nha provada, e fuftentada com a doutrina do
Máximo Doutor S. Jerónimo, foi. Coníla de
52 paginas. Sahio impreíTa na Collec. dos
Docum. e Memor. da Acad. Keal Vortug. do
anno de 1722. Lisboa por Pafchoal da Syl-
va Impreflbr delRey. 1722. foi.
Conta dos feus ejludos Académicos recitada
na Academia Keal a 24 de Fevereiro de 1724.
Sahio no Tom. 4. da Collec. dos Docum.
e Mem. da dita Academia Lisboa por Paf-
choal da Sylva. 1724. foi.
Conta dos feus ejludos Académicos re-
citada no Paço a -j de Setembro de ijz^.
No Tom. 5. da Collec. dos Docum. da Aca-
demia. Lisboa pelo dito Impreflbr. 1725.
foi.
Conta dos feus efludos Académicos recitada
na Academia a 22 de Agoflo de 1726. No
Tom. 6. da Collec. dos Docum. e Mem. da
dita Acad. Lisboa por lozeph António da
Sylva. 1726. foi.
Conta dos feus efludos na Academia a 4
de Janeiro de 1731. Sahio no Tom. 11. da
Collec. dos Docum. &c. Lisboa pelo dito
Impreflbr. 1731. foi.
Conta dos feus efludos Académicos recitada
no Paço a z^ de Outubro de 1732. No Tom.
II. da ColleçaÕ dos Documentos &c. Lisboa
pelo dito Impreflbr. 1732. foi.
De Antiquitatibus Conventus Bracharauguf-
tani libri quattuor vernáculo, latinoque fermone
confcripti. Olyíipone apud Jofephum Anto-
nium da Sylva 1728. foi. Sahio no Tom.
8. da Collec. dos Documentos, e Memor. da
Academia Keal, Secunda editio quinto libro
locupletata. ibi Typis Sylvianis Regalis Aca-
demias. 1738. 4. grande.
Memorias para a Hijioria EccleJiaJiica de
Braga Primas das Efpanhas. Tom. i. que trata
da Geo^afia do Arcebifpado Primav^ de Braga,
e da Geo^ajia antiga da Provinda Bracharenfe.
Lisboa por Jozeph António da Sylva Im-
preflbr da Academia. 1752. 4. grande com
eftampas. Defla obra faz memoria o addi-
cionador da Bib. Geograf. de António de
Leaõ Tom. 3. pag. 615.
Memorias para a Hijioria Ecclejiajlica de
Braga Primas das Efpanhas Tom. 2. compre-
hende a Geografia do Arcebifpado Prima^ de
Braga, e a Geografia antiga da Provinda Bra-
carenfe. Ibi pelo dito Impreflbr. 1754. 4.
grande.
Memorias para a Hijioria Ecclejiajlica de
Braga Primav^ das EJpanhas. Tom. 3. Lis-
boa na Ofíicina Sylviana da Academia Real
1744. 4. grande. |
Sermão da Payxaõ pregado no Convento de
NoJJa Senhora da Divina Providencia. Lisboa
por António Pedrozo Galraõ. 171 7. 4. &
ibi por António Ifidoro da Fonceca. 1735.
4. Com o nome do Padre Caetano Maldo-
nado da Gama.
Kegras da lingua Portugues^a, ejpelho da
lingua latina, ou dijpojiçaõ para facilitar o en-
Jino da lingua latina pelas regras da Portuguev^a.
Lisboa por Mathias Pereira da Sylva, c
loaõ Antunes Pedrozo. 1721. 8. e mais
acrecentada, e correfta. Lisboa na Ofíicina
da Muíica. 1725. 8.
Vida, e milagres de SaÕ Caetano Thiene
Fundador dos Clérigos Kegulares. Lisboa por fM
Pafchoal da Sylva Impreflbr de S. Magefla-
de. 1722. 4. Sahio huma addiçaõ a efta ^—
obra pelo mefmo author. Lisboa por An- ■
tonio Ifidoro da Fonceca. 1743. 4.
Traduzio da lingua Italiana do Padre
lozè Gentil da Companhia de lESUS em
a materna, e dedicou a Serenifllma Princeza
do Brazil.
Vida da Ven. Madre Kofa Afaria Se-
rio de Santo António Carmelita da antigua
obfervancia, e Priora do Mofleiro de S. Jo^è
de Fa^ano Baliado da KeliffaÕ na Provinda de
Bari do Keyno de Nápoles. Lisboa por Fran-
cifco da Sylva. 1744. 4.
Fr. lERONIMO CORRÊA da illuf-
trc Ordem dos Pregadores a quem Fr.
Luiz de Souza na Hijl. de S. Domifh
gos da Prov. de Portug. Part. 3. liv. i.
cap. 3. intitula grande PeJJoa, e grande fojH-
L USITANA.
495
fo. A obfervancia do inliituto unida com
a iníigne literatura que profeíTava o habili-
tarão para fer eleito Provincial no anno de
1585. cujo lugar adminiílrou hum anno por
determinação do Meílre Geral Fr. Xifto Fa-
bri. Floreceo até o anno de 1600. deixando
cfcrito.
De concórdia fcientiarum. M. S.
De privilegiis Ordinis Pradicatortim à fede
\poftolica concejfis. M. S.
Do author, e deftas obras fazem memo-
moria Fernand. Notit. Script. Ord. Prad.
loan. Soar. de Brito Theatr. Ljijit. L.iter.
lit. H. n. 15 Echard. Script. Ord. Prad.
Tom. I. pag. 327. col. 2. e Monteiro Clauft.
Domin. Tom. 3. pag. 230. Da fegunda obra
fe lembra Lipenio ^ih. Keal Theolog. pag.
545-
lERONIMO CORRÊA natural de Lis-
boa onde exercitando o officio de ourives
•do ouro em que era iníigne o naõ foy me-
nor em a cultura da Poezia, e exercido de
aftos religiofos em que fe defcubria a pie-
dade do feu animo. Afliílio algum tempo
em o Reyno de Angola donde reftituido à
pátria acabou a vida privado do juízo em
o Hofpital Real a 20 de Mayo de 1660.
Compoz.
Daphene, e Apollo. Lisboa por Pedro
Crasbeeck. 1624. 8. Confta de 100 Outavas
Portuguezas.
CançaÕ à morte do Serenijftmo Infante D.
Duarte. Lisboa na Offidna Crasbeeckiana.
1649. 4- -^ Ç-^í3& duas obras poéticas ce-
lebra o P. António dos Reys no feu £«-
thus. Poet. n. 96.
Dulcifonam puljans Citharam Corrêa cane-
bat
Qualiter intonfum fugiens Peneià Phabum
Fixa repente pedes fleterit circundata libro
Corpus ad imperium fluvii Genitoris, alu-
mna,
Quem tulit afliãa vafio de gurgite clamor:
Plorat <& Infantis trifliffima fata Duardi
Sic meeflis ele^s, ut vel latijftma Montis
Numina perpetuis rorarent imbríbus ora.
Têmpora plangentis cinxit diademate Taxi
Melpomene: triflem trifiis docet illa Poe-
tam
Arbor.
Memorial de pecados, e breve modo para
examinar a conciencia com Komances para
antes, e depois da Comunhão. Lisboa por
Domingos Carneiro 1662. 8,
Devoto Manual para ajfiflir ao Sacrofanto
Sacrifício da Mijfa com Oraçoens próprias
para todos os Mjflerios que nelle fe contem.
Lisboa por Domingos Carneiro 1677. ^4
& ibi por loaõ da Cofta 1676. 12.
Relação da vida, e morte de D. Fran-
cifco do Soveral Bifpo de Angola. M. S. Eíle
Prelado Faleceo a 4 de laneiro de 1642.
quando naquelle Reyno aíTiília o Author
defta obra a quem louva lacinto Cordeiro
em o EJog. dos Poet. Ljdfit. Eílanc. 66.
Geronimo Corrêa la corriente
Mitigo dei ingenio prefurov^
Y a Filis oluidò de amor fentido
Siendo digno de aplaudo j nó de olvido.
lERONIMO CORTEREAL Senhor
do Morgado de Palma filho terceiro de
Manoel Cortereal moço fidalgo delRey
D. Manoel Capitão Donatário das Ilhas
Terceira, e de S. lorge por confirmação
delRey D. loaõ o III no anno de 1524.
e D. Brites de Mendoça Dama da Rai-
nha D. Catherina filha de Inigo Lopes
de Alendoça, e D. Maria de BaíTan Da-
ma da Rainha de Caftella D. Izabel, fi-
lha de loaõ de BaíTan II Vifconde de
Valdierma illuíbrou a nobre qualidade
do feu nacimento com os admiráveis pro-
greíTos que fez na paleílra de Minerva,
e Bellona. Havendo deixado celebre o
feu nome em Africa, e Aíia quando foy
Capitão Mòr de huma Armada em o
anno de 1571. em cujos heróicos thea-
tros triunfou fempre a fua efpada dos ini-
migos da Coroa voltou para a pátria, e
retirado a huma Quinta do feu Morgado
junto da Qdade de Évora lhe fervia de
Mufeo hum fido altiíTimo formado pela
natureza de pedras tofcas de cuja emi-
nência fe defcobriaõ dilatados, e aprazi-
496
BIB LIO THE CA
veis campos por onde vagando livremente
a fantezia lhe offereciaõ varias imagens para
as fuás métricas obras pelas quais mereceo
fer aplaudido pela auguíla Mageftade de
Filippe 11. em huma honorifica carta que
lhe efcreveo em 8 de Novembro de 1576.
por lhe ter dedicado a Aujiriada dizendo-
Ihe en la obra moftraes el ingemo,jm:(io, y otras
hienas partes de que Dios os há dotado. Seme-
lhantes elogios confagraraõ à fua Mufa os
mayores cifnes do Parnafo Portuguez, como
faõ D. lorge de Menezes.
(y clara lu^ da Ijifitana gente
Honrajle tua pátria, e nojfa idade
Celebrandoa, e defendendo altamente
Co a e/pada, e mais q humana habilidade
O Doutor António Ferreira.
Quem pode ò graÕ leronimo louvarte
Dos raros dons q os Ceos em ti juntarão
No pincel vences naturev^a, e arte
Na Lyra quantos a melhor tocarão:
Na forte efpada representas Marte
Nos brandos verfos poucos te igualarão
Atè no claro fangue, e gentileza
Fortuna, e Ceos roubafie à naturei^a.
Diogo Bernardes.
Colhey Nymfas do Tejo as mais cheirofas
Flores de quantas rouba o tempo avaro
E delias, e de louro a Phebo caro
Com roxos lirios, e purpúreas ro!(as.
Tecei alegres já nada envejot^as
Das do famofo Pò, e Mincio claro
Capellas a ejle vojfo fpirito raro
Que tanto vos honrou Nymfas fermofas
Pedro Landim.
Hofles confecit juvenili Hieronimus avo
Regia cui nomen Cúria ^ande dedit.
Hofles confecit maturo Hyeronimus avo
Mirificis condens Verjibus Hijloriam
Ingenio fUmus, fummus quoque viribus unus
Et belli laudes, ingenii que tulif.
O P. António dos Reys Etithuf. Poet. n. 45.
Vates quem próprio decoravit nomine Doctor
Maximus ille, ferum mifcentem pralia Mar-
tem
Fluãibus in mediis, qui carmine pinxit,
€> urbis
Mania perpetua globulorum ^andine quajfa
Sed non fraUa Diu: cui tu Sepúlveda, pane
Gurgite confumptus mifera cum conjugt
debes
Totius lacrymas, gemi tus, fufpiria mundi;
Te fiquidem primus cantando fparfit in orbe
Naufragtumqtte tuum.
Lope da Vega Laurel de ApoUo Sylv. 5.
Porque fi defpertaran
Ya las Cortes Parnajftdes llenaran
Doâo Cortereal tu nombre folo
Aim no quedara con el fuyo Apollo.
Pedro Mar. Dial. de Var. Hifl. Dial. 5.
cap. 10 lhe chama elegantiffimo. Fr. Bernard.
de Brito Mon. Eufit. Part. i. liv. 2. cap. 15.
infigne Poeta naõ menos por nobrev^ de fan-
gue, que por felicidade de entendimento, c
lib. 4. cap. 8. celebre nobilijfimo Poeta. Ma-
ced. Flores de Efpan. cap. 14. cxcel. 2.
injigne Poeta, e na Eujit. Eiber. Proaem. 1.
§. 4. n. II. illuflris Poeta. Faria Prolog,
a 2. P. da Fuent. de Aganip. n. 8. fem-
pre efiudiofo; e no Coment. das Eujiad.
Cant. 2. Eílanc. 50. Nic. Ant. Bib. Hifp.
Tom. I. p. 438. col. 2. plurium liberalium,
atque viro nobili dignarum artium co^itione,
et exercitio deleãabatur pracipue pangendii
verjibus. Joan. Soar. de Brit. Theatr. Eujit.
Eiter. lit. H. n. 16. Cordeiro Hijl. Inful.
liv. 6. cap. 4. §. 29. Solorzano de lure
Indiar. Tom. i. lib. i. cap. 3. n. 48. o
moderno addicion. da Bib. Orient. de
António de Leaõ Tom. i. Tit. 3. col. 62.
e Tit. 13. col. 437.
Sendo o feu nome taõ celebrado pelo
enthufiafmo da Poeíia, naõ mereceo me-
nor aplauzo pela fciencia da Mufica, c
inteligência da Pintura confervandofc para
teílemunho da valentia do feu pincel hum
quadro de S. Miguel em a Capclla das Al-
mas da Parochia de S. Antaõ da Cidade
de Évora. Falleceo na fua Quinta do
Morgado de Palma antes do anno de 1593.
Foy cazado com D. Luiza de Vafconcel-
los filha de lorge de Vafconcellos Prove-
dor dos Armazéns de quem teve huma
filha que fe defpozou com António de
Souza. Compoz em verfo folto.
Sucejfo do fegundo Cerco de Diu eftando
D. loaõ Mafcarenhas por Capitão da For-
taleza anno de 1546. Lisboa por Antó-
nio Gonzalves 1574. 4. Confta de 21.
L USITANA
497
Cantos. Dedicado a ElRey D. Sebaftiaõ.
Sahio traduzido em Caftelhano por Fr.
Pedro Padilha Carmelita com eíle titulo.
La verdadera Hifloria, j admirahle fu-
ceffo dei fegundo cerco de Diu efiando D. Jmn
Majcarenas por Capitan, j Governador de
la Fortale^^a. Alcala de Henares por luan
Gradan. 1397. 8.
FeliãJJima Viãoria concedida dei cielo
ai Senor D. Jmn de Aitjlria en el golfo de
hepanto de la poderofa armada Otbomana
en el ano de nuefira Jalvacion de 1572. Lis-
boa por António Ribeiro. 1578. 4. Confta
de 1 5 Cantos em Verfo folto na lingua Cafte-
Ihana da qual foy muito perito como efcreve
Nicolao António no lugar aíTima citado.
Naufrago, e lajlimofo Juceffo da perdi-
foõ de Manoel de Sou^a de Sepúlveda, e Do-
na Uanor de Sã Jua mulher, e filhos vindo
da índia para efte Reyno na Nao chamada
o GaleaÕ grande S. JoaÕ que fe perdeo no
Cabo da Boa E/perança na terra do Natal;
e a peregrinação que tiveraõ rodeando terras
de Cafres meãs de trezentas legoas té ftia
morte. Lisboa por Simaõ Lopes. 1594. 4.
ConAa de 17 Cantos. Efta obra, que o
author eítimava fobre todas as que tinha
compofto deu à lu2 feu Genro António
de Souza, e a dedicou ao Duque de Bra-
gança D. Theodozio. Foy traduzida em
Caftelhano em Outava rima por Fran-
dfco de Contreras com o nome de Nave
Trágica de índia de Portugal. ^íadrid. 1624.
4. Dedicado a Lopo de Vega Carpio.
Epilogo de Capitaens infignes Portugue-
:(es M. S. Defta obra fazem mençaò Brito
Aíon. Lu/t. Part. i. liv. 2, cap. 15. e
Macedo Flor. de Efpan. cap. 14. excel. 2.
e na Ljífit. liber. Proaem. i. §. 4. n. 11.
Eleffa a buma Dama illuflre natural de
Évora. Parte defta. obra eftá imprefla na
I. Part. da Mon. Eufit. lib. 4. cap. 8.
Perdição delRey D. Sebafliaõ em Afri-
ca, e das calamidades, que fe feguirM a
efle Reyno. M. S. Conftava de vários
Cantos.
lERONIMO DA COSTA LEAL na-
tural de Évora. Foy muito inftruido nas
32
letras himianas, e muito inclinado à Poe-
zia, imprimindo varias obras em que
moftrou a cadencia do metro unida à ele-
vação do conceito, como efcreve o Padre
Francifco da Fonceca. jEtw. Gloriof. pag.
412.
D. lERONIMO DA CRUZ natural
da Villa de Linhares em a Provinda da
Beyra filho de Pays nobres chamados Ál-
varo de Siqueira, e Leonor Rodrigues Bo-
telha. Ao tempo, que efliidava em a
Univerfidade de Coimbra recebeo o habito
Canónico Auguftiniano em o Real Con-
vento de Santa Cruz a 31 de Janeiro de
1586. onde tendo por Meftre o celebre D.
Pedro Figueiró fahio grande Theologo, e
infigne Efcriturario para o que lhe fervio
a profunda intelligencda da lingua Hebraica
diâando por alguns annos a Sagrada Eí-
critura aos feus domefticos. Depois de fer
Secretario do Geral D. Miguel de Santo
Agoftinho, e haver por ordem delRey, e
do Colldtor Gafpar PaUado Bifpo de San-
tegelo vizitado, e reformado a Congrega-
ção dos Cónegos Seculares do Evangelií^
como também exerdtado com univeríal
aprovação os lugares de Prior do Convento
da Serra, e de Vizitador Geral, foy eldto
a 10 de Mayo de 161 5. Prior Geral da
fua Canónica Congregação em cujo tempo
foraõ aceitas as Conftituiçoens aprovadas
por Paulo V. pelas quais fe governa. Cre-
cendo com os annos os feus meredmentos
fegunda vez obteve o Generalato a 22 de
Abril de 1630. deixando fempre faudozos
os fubditos da benevolência do génio, e
prudenda do juizo com que os governara
fendo exemplar da obfervanda regular
aíTmi na aíTiftenda do Coro, como na
abftinenda do jejtim. A' fua ardente devo-
ção fe deve a inftituiçaõ do Jubileo das
quarenta horas em os três dias precedentes
a quarta feyra de Cinza em o Convento
de Santa Cruz de Coimbra. Compoz.
Commentaria ia Pfalmum QuinquageJJi-
mum. M. S. foi. Defta obra eflar efcrita
com grande efpirito dà teftemunho D.
Nicol. de Santa Maria Cbron. dos Coneg.
Keg. liv. 10. cap. 38.
498 BIB LIOTHE CA
lERONIMO DIAS natural da Villa da Academia Real entre os livros da fua
de Efpozende íituada no termo de Bar- feleâa Livraria de que faz duplicada men-
cellos em a Província de Entre Douro, e çaõ o Padre Fr. Manoel de Sá Mem. Hijl.
Minho, e Capellaõ do Cbnvento de Nofla dos Efcrit. do Carm. da Prov. de Portug.
Senhora das Candeas de Religiofas de S. pag. 198. n. 276. e Mem. HiJl. da Prov. de
Bento em a Villa de Moymenta da Beyra. Portug. Part. i. liv. 4. cap. 2. §. 526. G>-
meça a Qironica pela Família dos Pereiras
Comp02. dedu2Índo-a dos Longobardos dando-lhe
Officio do Gloriofo S. JoaÕ Baptijia com principio na Fundação de Roma, e a dedús
hymnos muito eloquentes dedicado às Keligiofas até o Império dos Godos. Defta obra
do me/mo Convento. Lisboa. 1634. 4. faz memoria Francifco Soares Tofcano
Parai, de Var. Illujl. cap. 131. afirmando
lERONIMO DIAZ LEYTE natural que o Author lha comunicara, e eílava
da Cidade do Funchal Capital da Ilha da prompta para fe imprimir.
Madeira, e Cónego na Cathedral da fua
Pátria. Foy domeftico da Caza dos Condes lERONIMO FALCAM DE SOUZA
da Calheta Donatários defta Ilha pelos Doutor em a Sagrada Theologia pela
annos de 1590. Teve natural inclinação Univerfidade de Coimbra, c Pregador de
para a Poezia, e eftudo da Hiftoria pro- grande nome, de cujo fagrado minifterio
fana. Efcreveo. publicou.
Infulana, ou defcubri mento , e louvores Sermão do dia do Jui:(o no primeiro Do-
da Ilha da Madeira. Poema em Outava mingo do Advento na Se de Vi/eu. Coim-
Rima, que confta de 7 Cantos, e fe con- bra pela Viuva de Manoel de Carvalho
ferva na Livraria do Excellentiffimo Du- ImpreíTor da Univerfidade. 1676. 4.
que de Lafoens, que foy do Eminentif-
íimo Cardial de Souza. Pofto, que naõ P. lERONIMO FERNANDES natural
tenha o nome do Author no frontifpi- do lugar da Motta da Diocefe Bracha-
cio da obra, o declara hum Soneto de renfe filho de Afíonfo Fernandes, e Helena
Diogo Mendes de Paredes efcrito ao prin- Martins. Recebeo a roupeta da Compa-
cipio do Poema. Defta obra, e feu author nhia de lESUS em o Collegio de Coim-
faz breve memoria o Padre António Cor- bra a 17 de Abril de 1544. onde depois
deiro Hi^. In/ul. liv. 3. cap. 15. de aprender letras humanas, e fciencias
fagradas as diétou com aplauzo em a Uni-
Fr. lERONIMO DA ENCARNAÇAM verfidade de Évora. Foy muito exercitado
Naceo em Lisboa fendo filho de Anto- em todo o género de virtudes, que lhe
nio da Paz, e loanna de Abreu. Por fer alcançarão feliz morte em o Collegio de
defixi/fimo na Arte da Mufica foy admi- Coimbra a 29 de Novembro de 1606.
tido à Religião Carmelitana profeíTando Nexu óptimo litteris junxit virtutem. Sui
o feu inftituto em o Convento pátrio a contemptor e^egius. Nemo ipfo manfuetior,
30 de Setembro de 1597. No Capitulo aut corporis macerandi ftudiofior. Efte Elo-
cclebrado em Lisboa a 18 de Abril de gio lhe dedica o Padre Franco Annal.
1621. foy eleito Subprior do Convento de S. J. in Ijifit. pag. 189. n. 4. Compoz.
Évora, e exercitando femelhante lugar Calendário perpetuo curiofo conforme a
cm o Convento de Lisboa paíTou a mi- reformação do Breviário recognito por Cle-
Ihor vida no anno de 1631. Compoz. mente VIL M. S. Defta obra faz men-
Chronica do Condefiavel Nuno Alvares çaõ o Licenciado lorge Cardozo Mem.
Pereira de Mello M. S. foi. O original Aí. S. para a Bib. Portug. M
conferva meu Irmaõ D. lozè Barboza TraUatus de Sacramentis in Communi.
Qerigo Regular Chronifta da SercniíTima foi. M. S. Cooferva-fe no Collegio de
Caza de Bragança, Académico, c Ccnfor Évora.
I
L USITAN A.
499
lERONIMO FREYRE SERRAM na-
tural de Évora donde paíTando à Univer-
íidade de Coimbra fe aplicou à Jurifpru-
dencia Cefarea em que recebeo o grão
de Bacharel, a qual praéticou no lugar
de Juiz de fora da Villa de Montemor
o novo com grande dezintereíTe, e equi-
dade. Teve natural génio para a Poeíia
como também para o eíhido da Hiílo-
ria fagrada, e profana. Falleceo na Pá-
tria no anno de 165 1. Delle faz mençaõ
o P. Foncec. Evor. glor. p. 412. Compoz.
Difcurfo politico da excellencia, e abor-
recimento, perfeguiçaõ, e t^elo da verdade, em
que também fe trata das caut^as, e ret^pens
porque Deos caftigou ejle Rejm, e da mife-
ricordiofa lembrança que delle teve na jufia
rejlituiçaõ delRey N. Senhor D. loaõ IV. o
desejado libertador da pátria Felice, Pio,
Jempre augufio Monarcba da LMJitania. Lis-
boa por Lourenço Anveres. 1647. 4. No
fim tem huma Ode iMJitatia à Aclamação
do mefmo Monarcha, e íinco fonetos às
finco emprezas com que o Duque D.
Theodozio entrou em Lisboa na fua Ga-
leota quando em Lisboa eftava Filippe III.
lERONIMO GODINHO DE NIZA
Cavalleiro Fidalgo, e profeíTo da Ordem
de Chriílo, Official mayor da Secretaria
de Eíkdo dos negócios do Reyno na-
ceo em Lisboa a 31 de Março de 1681
fendo filho de Luiz Godinho de Niza Of-
ficial mayor da Secretaria das Mercês, e
muito erudito nas letras humanas, e Poezia
Latina a quem naõ fomente imitou, mas
excedeo com a viveza do engenho, que lhe
facilitou a fubida do PamaíTo, e a intelli-
gencia da Mythologia; e de D. Anna Ma-
ria Vieyra. Para penetrar as dificuldades
da Filofofia Ariílotelica ouvio como Orá-
culo ao P. Sebaíliaõ Ribeiro da Congre-
gação do Oratório em cuja paleílra lo-
grey a fortuna de fer feu condifcipulo
naõ havendo duvida alguma por mais gra-
ve que foííe, que fe naõ fizeíle patente
à penetração do feu juizo. A Academia
dos Anonymos iníUtuida em Caza de Igna-
cio de Carvalho, e Souza Académico da
Academia Real de quem fe fará memo-
ria mais larga em feu lugar, o elegeo por
feu Secretario onde era admirada a ele-
gância da fua frafe quando orava, e naõ
menos a agudeza da fua Mufa na metrifi-
cação dos Epigrammas. Entre os pri-
meiros fincoenta Académicos de que fe for-
mou no anno de 1721. a Academia Real
da Hiíloria Portugueza foy eleito para ef-
crever as Memorias hifiioricas da entrada
dos Aíouros nefte Reyno até o tempo do
Conde D. Henrique cuja incumbência
dezempenhou como do feu talento fe cf-
perava dando deUa as contas feguintes.
Conta dos fetis efiudos A.cademicos reci-
tada na Academia a 24. de Setembro de 1725.
Sahio no 2. Tom. da ColleçaÕ dos Documen-
tos, e Mem. da Academia Real. Lisboa
por Pafchoal da Silva Impreííor de Sua
Mageftade 1722. foi.
Conta dos feus efiudos Académicos reci-
tada na Academia em 2. de Janeiro de 1722.
No Tom. 2. da Collec. dos Docum. da Aca-
demia.
Conta dos feus efiudos Académicos na Aca-
demia a z'ó de Março de 1722. No dito
Tom. 2.
Conta dos feus efiudos Académicos na
Academia a zi de Janeiro de 1723. Sahio
no Tom. 3. dos Documentos da Academia.
Lisboa por Pafchoal da Silva 1723. foL
Conta dos feus efiudos Académicos dada
em o Vaco a zz de Outubro de 1723. No
Tom. 3. da Collec. dos Documentos.
Conta dos feus efiudos Académicos reci-
tada no Paço a 1 de Setembro de lyzj. No
Tom. 7. da Collec. dos Documentos. Lis-
boa por lozé António da Silva 1727.
foi.
Conta dos feus efiudos em o Paço a zz
de Outubro de 1729. No Tom. 9. da Col-
lec. dos Documentos da Academia Real i'jz().
foi.
Conta dos feus efiudos no Paço a 25. de
Outubro de ij^z. No Tom. 11. da Col-
lec. dos Documentos, e Mem. da Academia
Real. Lisboa por lozé António da Silva.
1732. foi.
Judicium de novatis Sacrorum Ma^fira-
tuum nominibus. Sahio no i. Tom. da
Soo
BI B LIO THE CA
Collec. dos Documentos da Academia Real. Lis-
boa por Pafchoal da Silva ImpreíTor de Sua
Mageílade, e da Academia Real 1721. foi.
Elogio Fúnebre na morte do Senhor Io:(ê
do Couto Pejiana Académico da Academia Keal
da Hijloria Portugue:(a recitado na me/ma Aca-
demia a 1% de Agofto de 1735. Lisboa por
Io2é António da Silva Impreflbr da Aca-
demia Real. 1735. 4. grande.
Três Oraçoens na lingua Portuguei^a, e
82. Epigramas Latinos a diverjos affumptos
ajftm heróicos, como Lyricos que recitou na
Academia dos Anonymos. Sahiraõ nos Pro-
grejfos Académicos dos Anonymos de IJs-
boa Primeira Part. Lisboa por lozé Lo-
pes Ferreira Impreflbr da Sereniflima
Rainha Nofla Senhora. 1718. 4.
Soneto à morte da Serenijfiwa Senhora
Infanta D. Francifca. Sahio nos Jentimen-
tos Métricos Colhe. i. a pag. zc. Lisboa
por Miguel Rodrigues. 1736. 4.
Fr. lERONIMO GOMES natural da
Villa de Torres novas do Patriarchado
de Lisboa onde teve por Pays a Diogo
Luiz de Bivar Padroeiro da Capella de
N. Senhora da G^nfolaçaõ da Parochial
Igreja de S. Tiago da mefma Villa, e
de Violante Gomes cuja amável com-
panhia deixou heroicamente, e paflando
a Caftella recebeo o fagrado, e militar ha-
bito da Ordem de N. Senhora das Mer-
cês, e no CoUegio de Vera Cruz de Sala-
manca eftudou as fciencias efcholaílicas
em que fahio profundamente douto. Com
indefeflb trabalho juntou as Epiftolas do
Doutor Máximo, e as emendou confor-
me os exemplares mais antigos, e verda-
deiros acrecentandolhe no principio de
cada huma o argumento de que confta-
vaõ, e illuílrandoas com notas marginaes,
e no fim as fentenças mais feleílas extra-
hidas das mefmas Epiftolas que publicou
com efte titulo.
D. Hyeronimi Stridonenfis Epiftola aliquot Je-
leSia in u/um, et utilitatem adolefcentium, qui La-
tina Jingua dant operam. Compluti apud viduam
loannis Gratiíe. 1612. 8. Salmanticac per Pe-
trum Laflum 1587. 8. et Burgis apud Petrum
Gomefium à Valdeucelfo. 1625. 8.
Super Pfalmum Miferere mei Deus.
Index, feu expurgatorium copiofijftmum ad
Opera V. P. Ludovici Granatenfis.
Deflas duas obras o faz author Ni-
col. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 440.
col. 2. onde o intitula vir doãus, at que in- fl
génio jelix, e que florecera pelos annos de
1597.
lERONIMO DE GOWEA cuja pá-
tria, e género de vida fe ignora, c fo-
mente que efcrevera como afirma loan
Soares de Brito Theatr. Lufit. Liter. lit.
H. n. 17.
Cerco de Ma^agaÕ. M. S.
Fr. lERONIMO DE lESUS. natu-
ral de Lisboa donde com rezoluçaõ mayor
que a idade paflbu a Caftella, e no Con-
vento de Granada de religiofos Francifca-
nos recebeo o habito defta ferafica Familia.
Inflamado com o fanto zelo de reduzir
almas ao grémio da Igreja difcorreo apof-
tolicamente pelas Ilhas Filipinas, e Impé-
rio do lapaõ fendo companheiro do B.
loaõ Baptifta, e outros religiofos, e Ter-
ceiros da Ordem Seráfica que com o fan-
gue derramado teftemunharaõ em Nagan-
zaqui as verdades da Religião Catholica
a 5 de Fevereiro de 1595. e fupofto que
naõ teve a gloria do martyrio a mere-
ceo com o ardente dezejo de fer viftima
da impiedade de Taicufama, confcflando
a fè do Crucificado. Por morte defte
Tyrano bufcou em o anno de 1599. a G-
dade de Yendo em o lapaõ para theatro
das fuás evangélicas emprezas onde colheo
defta agrefte vinha copiofos frutos, con-
vencendo Bonzos, derrubando Pagodes,
levantando Templos, bautizando Gen-
tios, libertando a muitos corpos do de-
mónio, e obrando efíxípcndas maravilhas.
Por ordem delRey de Quanto foy man-
dado por Embaxador ao Governador
das Ilhas Filippinas para eftabelecer a con-
federação, c comercio, que dezejava, e
como confegxiifle efta negociação voltou
para o lapaõ onde piamente falleceo em 29
de Dezembro, e foy fcpultado na Capella
dos Santos Martyres dos quais fora compa-
L USITAN A,
5o r
nheiro, íituada no Convento dos Religio-
fos Menores. Efcreveo.
Re/açaÕ dos Juceffos do Japaõ efcrita de Meaco
a zo de Det(embro de 1598. Sahio impreíTa na
Hijl. das Ilhas dei Archipelago y Reynos de la
gran China compofta por Fr. Marcello de
Ribadaneira Francifcano liv. 5. cap. 32. e 33.
Cartas varias. Sahiraõ impreíTas por Fr.
Joaõ de Santa Maria Chron. da Prov. de S.
Jo^è Part. 2. liv. 3. cap. 25. 26. e 27. Algu-
mas fe confervaõ M. S. no Archivo do Gan-
vento de S. Gil de Madrid, e as vio Fr. loaõ
de Santo António como efcreve na Bib. Fran-
cifc. Tom. 2. pag. 73. col. i. Defte iníigne
Varaõ faz memoria illuftre Fr. Artur à Mo-
naft. Martyrolog. Francifc. pag. 635. e 637.
Fr. lERONIMO DE lESUS natural da
Villa de Vianna da Provinda do Minho,
e Religiofo Menor da reformada Provin-
da de Santo António onde exerdtou vá-
rios lugares fervindo fempre de exemplar
aos domefticos pelas iníignes virtudes,
que praéticava. Aos brados do feu apof-
tolico efpirito defp)ertáraõ innumeravds
pecadores, que jaziaõ fepultados no lethar-
go da culpa reduzindo-os a o caminho da
penitencia. Foy cordial devoto de Maria
SantiíTima explicando feus fervorofos af-
feftos todas as vezes que via alguma das
fuás Imagens. Todo o tempo, que tinha
vago das obrigaçoens de Religiofo o gaf-
tava na liçaõ da Sagrada Efcritura, e dos
mais doutos Expoíitores de cuja aplicação
alcançou profunda intelligencia dos myf-
terios da palavra de Deos efcrita. Cumu-
lado de virtuofas obras foy receber o pre-
mio delias no Convento da Certãa do
Priorado do Crato a 13 de lunho de 1630.
PaíTados vinte annos foy tresladado o feu
cadáver, que obrou muitos prodígios.
Delle faz honorifica mençaõ o Licenciado
lorge Cardozo A^ol. l^ufit. Tom. 3. pag.
671. e no Comment. de 13 de lunho letr.
G. Compoz.
Series divinarum fcripturarum, artificium
mirahile divinorum vatum Juhtiliter aperiens,
ut Jacilior pateat adytus Svina fapientia ama-
toribus; fiquidem in ipfis Jacris Bibliis vere
latitat juxta divijionem utriujque Tefiamenti
Ven. Ma^firi Nicolai Lyrani O. M. ad
pauperum utilitatem, unde meritó ab eo Bi-
bliomm Sacrorum, vel Scbema, Lyranus Pau-
perum nuncupatur. foi. M. S. com licença
do Geral da Ordem Fr. Bernardino de
Senna a 17 de Setembro de 1626. para a
impreíTaõ.
Series divinarum Jcriptttrarum, <& Scbo-
lafticee Theoloffa cum duplici opujculo Sa~
crofanãa Esicbarijiia. foi. M. S. Com li-
cença do Provincial Fr. Francifco de
Lisboa paíTada a 10 de Setembro de 1632.
para fe imprimir.
EJenchus pradicativus in quo conveniunt fimut
in tmum dives, <ò' pauper; dives in quaftionibus
Jpeculativis Angelicus Doãor Ecclejia D. Tho-
mas, <Ò' pauper Minorita Ven. P. Fr. Nico-
laus Lyranus in litteraria expofitione Epifto-
larum, (& Ej;angeliorum per annum in gratiam
Concionatortim. foi. Aí. S.
Eíles três Volumes fe confervaõ na Li-
vraria do Convento de Santo António dos
Capuchos deíla Corte como vimos, e deíle
ultimo claramente fe conhece a equivoca-
çaõ de lorge Cardozo no lugar aíTima
fitado pag. 683. onde afirma, que as con-
cordâncias eraõ entre Santo Thomas, e
Efcoto, fendo aquelle Angélico Doutor,
e Nicolao de Lyra, cujo erro feguio Nicol.
Ant. Bib. Hifp. Tom. 2. pag. 326. col. 2.
como também acrecentarlhe o apellido de
MARIA no Tom. i. pag. 444. col. 2.
Fr. loaõ de Santo António Bib. Franc.
Tom. 2. pag. 72. e 73. cahio em femelhante
eqviivocaçaõ fazendo de hum Author dous
ao primeiro com o nome de Fr. leroni-
mo de lESUS, e o fegundo com o de
Fr. leronimo de lefus Maria.
P. lERONIMO LOBO Naceo em
Lisboa de Pays illuftres chamados Fran-
cifco Lobo Governador de Cabo Verde
e D. Maria Brandão. Ao tempo, que ellu-
dava letras humanas em Coimbra, e ti-
nha de idade quatorze annos e meyo fe
aliílou na Companhia de lESUS em o pri-
meiro de Mayo de 1609. e fez a profifíaõ
de quarto voto a 5 de laneiro de 1629.
Como anhelaíTe o feu zelofo efpirito an-
nundar o Evangelho às Naçoens Orien-
5o2
BIB LIO THE CA
taes alcançada faculdade dos Superiores
fe embarcou a 29 de Abril de 1621. em
a Náo Capitania Conceição com o Vicerey
<io Eftado D. Affonfo de Noronha, porem
foy taõ infauíla a jornada aíTim pelos peri-
gos, como pelas infermidades, que pade-
•ceraõ os navegantes, que voltou a 7 de
Outubro para Portugal. Segunda vez in-
tentou taõ perigoza navegação, e fahindo
do porto de Lisboa com vento profpero
a 18 de Março de 1622. embarcado na
■Capitania com o Vicerey D. Francifco da
Oama Conde da Vidigueira experimentou
mayores infortúnios procedidos do fangui-
Tiolento combate, que houve entre as náos
Inglezas, e Olandezas com a noíTa Armada
cm o porto de Moçambique onde pereceo
laftimofamente a Almiranta Portugueza
até que aportando em Cochim a 8 de Ou-
tubro, e paflados alguns dias entrou em
•Goa. Entre os Apoftolicos cultores do
Império da Etiópia foy deftinado para taõ
^loriofa empreza, e depois de ter padecido
intoleráveis moleílias chegou a Baylur
porto delRey de Dancali juntamente com
o Patriarcha da Etiópia D. Affonfo Men-
des onde reduzio muitos fcifmaticos à
obediência da Igreja Romana. Em Fremona
Capital do Reyno de Tigre affiftio algum
tempo ocupado na cultura daquella Chrif-
tandade donde partio no anno de 1626.
a tresladar para mais decente lugar os vene-
ráveis oíTos do illuftre Martyr D. Chriftovaõ
da Gama, que jaziaõ no Campo de Ofalá
fituada nos confins de Tigre, e os remeteo
ao Conde da Vidigueira Vicerey do Eftado
fobrinho defte efclarecido Heroe. Havendo
aíTiftido na Refidencia dos Damotes, e
inveftigado com obfervaçaõ Filofofica o
nacimento do Rio Nilo partio para Dam-
biá Corte do Emperador da Etiópia o
qual querendo, que voltaífe para o Reyno
de Tigre tolerou com animo inalterável
horríveis opreíTocns dos mouros até que
faciada a fua cubica fe reftituhio a Goa a
8 de Dezembro onde reprezentou ao Con-
de de Linhares Vicerey do Eftado os
meyos mais proporcionados para naquelle
Imperío florecer a Religião Catholica com-
batida pela fcifmatica cegueira da Igreja
de Alexandria. Ainda naõ tinha defcan-
fado do defterro da Etiópia, e cativeiro
de Suaquem, quando fe conjurarão no-
vos infortúnios para exame da fua tole-
rância. Determinando paíTar a Portugal
fe embarcou em a Náo NoíTa Senhora de
Belém, e fahindo da barra de Goa a 23 de
Fevereiro de 1655. naufragou laftimofa-
mente em a Cofta do Natal onde em di-
verfos tempos fe tinhaõ perdido quatro
Náos Portuguezas. He difícil de crer, e
muito mais de narrar as miferias, fomes,
e traiçoens, que experimentou com os ou-
tros navegantes da infidelidade dos Cafres
até fe fabricarem duas embarcaçoens das
relíquias da Náo deftroçada, que o mar lan-
çava nas prayas, e embarcado cm huma, que
tinha feíTenta, e dous palmos de quilha,
quinze de largo, e outo de pontal depois
de vencer outra tempeftade, que quafi o
teve fumergido, aportou em Loanda Capital
do Reyno de Angola com 48 dias de jorna-
da, e fahindo a terra difcorreo pelas ruas
difciplinando-fe, e todos os feus companhei-
ros em fatisfaçaõ do voto, que fizera, pelos
repetidos perigos a que eftiveraõ expoftas as
fuás vidas. Defte porto fe embarcou para as
índias Occidentaes com tençaõ de paíTar
feguramente a Hefpanha, e fahindo com o
Governador D. Manoel Pereira Coutinho,
paíTados dous mezes de profpera navega-
ção foraõ acometidos juntos da Ilha de
Zambe por hum Coífario Glandes, que logo
os rendeo aproveitando-fe de outocentos ef-
cravos, que vinhaõ em a Náo, e de tudo o
mais que julgou conveniente à fua ambi-
ção. Em Carthagena fe embarcou em hum
dos Galeoens da Frota Caftelhana, e che-
gando a Cadiz paíTando por Saõ Lucar, e
Sevilha entrou em Lisboa a 8 de Dezem-
bro de 1636. donde havia quatorze annos fe
tinha auzentado. Naõ podia o feu ardente
zelo defcançar hum breve efpaço em bene-
ficio da Chriftandade da Etiópia por cuja
caufa partio a Madrid em 20 de Janeiro
de 1637. reprezentar a Filippe IV. a neceíTi-
dade, que havia da fua confervaçaõ. Efte
mefmo o levou a Roma onde entrou a 9 de
Mayo do anno feguinte, e difcorrendo por
Nápoles, Milaõ, Barcelona, e Valença fe
L US ITANA.
5o5
reftituhio a Lisboa. Terceira vez fe embar-
cou para a índia em 26 de Março de 1640.
com o Vicerey do Eftado loaõ da Sylva
Tello Conde de Aveiras, e logo, que ferrou
Goa a 17 de Setembro foy recebido pelos
feus Padres com afFeduofas demonftra-
çoens admirados dos immenfos traba-
lhos, que conílantemente tinha tolerado o
feu efpirito fempre fuperior a todas as cala-
midades. Havendo íido Provincial da Pro-
vincia de Goa foy eleito Prepozito da Caza
profeíTa no anno de 1648. tempo em que
governava o Eílado D. Filippe Mafcarenhas
j o qual arrebatado de huma cega refoluçaò
o mandou prender publicamente pelo Ouvi-
dor Geral do Crime, e levado ao cárcere
do Convento de S. Francifco por ter reco-
lhido a hum Fidalgo, que o Vicerey fof-
peitava fer complice de hum defacato, que
contra elle fizeraò os feus inimigos. Tole-
rou o Padre efta grave afronta com animo
imperturbável, e fendo manifeíla a fua inno-
cencia fahio da prizaõ com mayor gloria do
que a injuria com que nella fora reduzo.
Da índia voltou a Roma onde nomeado
pelo Geral Reytor do Collegio de Coimbra,
como experimentaíTe o feu clima pouco
benigno à fua faude fe abfolveo do gover-
no. A fua ultima morada foy a Caza pro-
feíía de Saõ Roque de Lisboa onde depois
de ter difcorrido de Norte a Sul, de Leíle
a Oefte, e de Oriente a Poente por mar,
e terra mais de trinta, e outo mil legoas
em que experimentou calores exceíTivos
frios intoleráveis, e tempeílades medonhas
em que muitas vezes teve expofta a vida ao
ultimo perigo, ou foíTe pela violência da
fome, ou pela tyrania da gentilidade che-
gou ao feliz termo de tantas perigrina-
çoens a 29 de laneiro de 1678. que foy o
principio do feu eterno defcanfo quando
contava 82. annos de idade, e 69 de Re-
ligião. Iliíiftrc Mijfwnario da Etiópia o in-
titula o Padre Telles Hiji. da Eíiop. Alt.
liv. 5. cap. 7. e dotado de Deos de bum
ejpirito incanjavel para fofrer trabalhos por
Jua gloria. Franco Ann. Glorio/. S. J.
in 'Lujit. p. 44. laborum helluo infatigabi-
íis. e Atinai. S. J. in 'Lufit. pag. 365. n. 6.
Vir natus ad labores propemodum infinitos pro
bono animarum ac Dei gloria exanthlandos^
Compoz.
Itinerário das fuás viagens. M. S. Aca-
ba com eftas palavras. O que contey foy
por groffo, que o particular dos trabalhos, e
a variedade delles he taõ impojfwel contarem-fe ^
quam trabalho/a coufa experimentarem-Je. Deíla
obra faz feu author memoria na Cenfu-
ra, que por ordem do Doutor ívíiguel Ti-
noco Provincial da Companhia de JESUS
da Província de Portugal fez à Hijloria
da Etiópia Alta compoíla pelo Padre Bal-
thezar Telles em 16 de Janeiro de 1658.
dizendo, que para a conftruçaõ da dita
Hiíloria fe valera também das noticias dt
bum largo Itinerário que eu fit^. Delle faz
repetida mençaõ o dito Padre Telles na
referida Hiji. da Etiópia hv. i. cap. 5. con-
felTando lha communicara feu author, e
também o Padre Franco Imag. da Virtud.
do Nov. de Coimb. Tom. i. liv. 3. cap. 93^
n. I. e cap. iii. n. 17. affirmando, que o
Original delia obra fe conferva na Caza.
profeíla de S. Roque, o qual naõ fenda
impreíío na lingua Portugueza em que
foy compofto, fahio traduzido em diver-
fas linguas, pois na Ingleza o verteo So-
tuwel y Toyfon Enviado de Inglaterra a
Portugal com efte titulo.
A short relation of the river Nile. Lon-
don. 1673. 8. Deffca tradução faz memoria^
lobo Ludolpho HiJi. Etiop. p. 13. n. 61.
Lourenço Magolotti Florentino a verteo de
Inglez em Italiano, e fahio em Florença.
1693. 4. com efte titulo.
Kelai(ioni varie cavate de una tradu^ione In-
gle^a dei Original Portughefe fatta di Girolamu
Eobo Jefuita. Defta tradução fe lembra o
Padre Niceron Memoir. pour fervir ai HiJi,
des Hommes llluftr. Tom. 3. pag. 235.
Sahio traduzida em Francez por Melchife-
dech Tevenot com outras Relaçoens. Pariz
chez André Cramoify. 1671. foi. e ultimamente
na mefma lingua com o titulo feguinte.
Kelation bijlorique d' Abijfinie continuei,
e augmentee de plujfiurs dijjertations, letres,
e Memoires par M. EeGrand Prieur de Neu-
ville — les — Dames, e de Prevejftn. Pa-
riz chez la Veuve de Antoine Urbain Couf-
telier. 1728. 4.
5o4
B IB LIO THE C A
No tempo em que Monfeur Legrand
afTiília por Secretario do Abbade de Ef-
treés Embaxador de França neíla Corte
ihe deu o ExcelentiíTimo Conde da Eri-
ceira D. Francifco Xavier de Menezes
huma copia do Itinerário do P. leronimo
Lobo ao qual acrecentou Monfeur Le-
grand algumas cartas, e memorias, e quin-
ze DiíTertaçoens que fe podem ler neíla
Tradução Franceza onde no Prologo a
pag. 6. faz o feguinte Elogio ao author
do Itinerário. Cè :^í/f Mijfwnaire fe fait
affes connoitre dans toute fa Kelation: on voit
stn homme a la fleur de fon agé, d'un com-
plexion forte, e rohufie, laborieux, infatiga-
hle, f expofant tou'jours aux plus grands
■dangers; de forte qu, on pout lui apliquer
-cef paroles du livre des luges. Animam fuam
•dedit periculis. Aujfi quels perils n'a tttil
pas courus? II auoit rafon de repeter fouvent
xomme il faifoit, cef paroles de S. Paul:
Ter naufragium feci, noâe, & die in pro-
fundo maris fui, in itineribus faepe, peri-
culis fluminum, periculis latronum, periculis
cx Gentibus, periculis in civitate, periculis
in folitudine, periculis in mari, periculis in
falfis fratribus.
Memorial a Sua Mageflade Catholica em
■que fe reprefentaõ os trabalhos dos CriJiaÕs
Àa Etiópia. M. S. Offereceu eíle papel
<}uando veyo à Corte de Madrid no anno
de 1658. Confervafe na Bibliotheca del-
Rey Catholico como efcreve o addicio-
nador da hib. Orient. de António de Leaõ
Tom. I. Tit. 12. col. 401.
KelaçaÕ do Naufraffo da Não Nojfa Se-
jj/jora de Belém na Cofia do Natal. lozé
Cabreira, que efcreve efte lamentável fu-
ceflb, e fe imprimio Lisboa por Pedro
Craesbeeck. 1636. 4. diz no Prologo que
o P. leronimo Lobo o tinha efcrito difu-
famente pois fora hum dos que vinhaõ
embarcado em a Náo, mas porque o naõ
publicara, fahio lozé Cabreira com a fua
Helaçaõ.
lERONIMO LOPES Efcudeiro Fi-
"dalgo da Caza do SereniíTimo Rey D.
loaõ o III. e muito verfado na liçaõ da
Hiíloria fecular. Impelido do nobre zelo
de que fe eternizaíTem pela impreíTaõ as
virtuofas açoens do SereniíTimo Infante
D. Fernando filho delRey D. loaõ o I.
e da Rainha D. Filipa de Alencaílro, o
qual morreo viftima da barbaridade cm
a Gdade de Fez em o anno de 1443 pu-
blicou a Chronica deíle Príncipe com-
poíla por loaõ Alvares feu Secretario, e
infeparavel companheiro do feu trágico
fim, e a dedicou à Mageílade delRey D.
loaõ o III. com varias addiçoens aos Ca-
pítulos que vaõ finaladas com huma Cruz
no principio, e outra no fim, e fahio com
o titulo feguinte efcrito com a mefma
Orthografia em carafter gótico.
Crónica do Sanão, e virtuofo Iffante Dom
Fernando filho delRey Dõ lohã primeyro defie
nome que fe finou em terra de mouros. Di-
rigida a fua Alteia. No fim tem eílas
palavras. Acaboufe de emprimir a vida, e
Crónica do muy Catholico, e virtuofo Iffante
Dom Fernando filho delRey Dom loham pri-
meiro de Portugal. Aos XVIII. dias de
laneiro de mil, e quinhentos, e vinte e fete
annos por German Galharde imprimidor.
Corregida, e emendada por leronimo L/>pes
efcudeiro Fidalgo da Cat(a delRey Noffo Senhor.
lERONIMO MARTINS DA VEYGA
Presbítero Ulyífiponenfe. Publicou.
Fejlas, que fe fi:^eraÕ em Ushoa à Cano-
nifaçaÕ de S. Thomas de Villanova. M. S.
D. lERONIMO MASCARENHAS Na-
ceo em Lisboa onde teve por progenitores
a D. lorge Mafcarenhas Marques de Mon-
talvão, Conde de Caftello novo. Mordomo
Mòr, Caçador mòr, e Veador da Caza Real,
primeiro Vicercy do Eíbdo do Brazil, Ge-
neral dos Exércitos deíle Reyno, Preíidcn-
te do Confelho Ultramarino, e do Senado
de Lisboa, Vedor da Fazenda, c Confe-
Iheiro de Eílado; c a D. Francifca de Vi-
lhena. Foy ornado de génio fublime pa-
ra as letras de que dando claros indidos
nos primeiros annos fe admirarão os fie-
lices progreíTos que fez em a Univcr-
fidade de Coimbra onde depois de fer lau-
L USITAN A.
5o5
l
reado com as infignias doutoraes de Theo-
iogo foy eleito Collegial do Collegio de
S. Pedro a 20 de Outubro de 163 1, e
Ganego da Cathedral daquella Qdade. Sen-
do Deputado da Meza da Conciencia, e
Ordens fucedeo a gloriofa aclamação do
SereniíTimo Rey D. loaõ o IV. de que
refultou paíTar a CafteUa, e em premio do
afifefto q tinha ao dominio Caftelhano foy
nomeado por Filippe IV. Cavalleiro da Or-
dem de Calatrava, e Diffinidor Geral da
Ordem, feu G^nfelheiro, e Sumilher da
Cortina, D. Prior mòr de Guimaraens, e
Bifpo de Leyria de cujas ultimas dignida-
des naõ tomou poíTe por reíidir na peíToa
delRey D. loaõ o IV. o direito, e naõ em
Filippe IV. para as conferir. G^m os hono-
rificos títulos de Efmoler mòr, e Capellaõ
mòr da Sereniflima Rainha D. Mariana de
Auftria paíTou aos confins de Alemanha
para conduíir a Hefpanha a eíla Princeza,
a qual depois de celebrada a paz entre eíla
Coroa, e a de Caílella no anno de 1668.
fendo Tutora de feu filho Carlos 11. o no-
meou Bifpo de Segóvia em cuja dignidade
foy confirmado pela Santidade de Gemen-
te IX. a 9 de Abril do dito anno. Gover-
nou as fuás ovelhas com vigilância de in-
figne Paílor até o anno de 1671. em que
falleceo. Foy naturalmente eloquente, mui-
to verfado na liçaõ da Hiíioria Ecclefiaftíca,
e Secular, e muito fácil em compor de que
faõ eternos teílemunhos os muitos volu-
mes em diverfas matérias, que efcreveo,
dos quais por carta efcrita de Madrid a
10 de Mayo de 1668. ao Licenciado lor-
ge Cardozo afirma que eftavaõ trinta, e
fete promptos para os imprimir na Gdade
de Segóvia da qual era já digniíTimo Pre-
lado. O P. André Mendo ík Ordin. Milit.
Difp. I. quaeft. 10. n. 179. lhe chama Vi~
rum defacata notitia. et in Buli. Cruciai. Difp.
3. cap. I. n. 5. illuftrijfimum pariter, et doãif-
fimum. Gouvea Vid. de S. luan de Dios
■cap. 27. Príncipe por fu illufiríjftmo fangue,
íonocidas letras, y aprohada virtud merece-
dor de los majores puefios. loan Soar. de
Brito Theatr. Lufit. Liter. lit. H. n. 19.
Ingenium viro egreffum, parque ftudium; ac
Migentia. Salazar Hijl. Geneal. da Ca^a de
Sylv. Part. 2. liv. 12. cap. 8. dexando fu
memoria en la major veneracion de los Doc~
tos por los mucbos ejcritos, com que illuf-
tró todo género de erudicion. Nicul. Ant.
Bih. Hifp. Tom. I. pag. 446. col. 2. Cafiel-
lana hic eloquentia, atque bifiorice rei Jludium
qua mirífice deleãabatur librís editis palam fe-
cit omnihus Souza Catbalog. HiJl. dos Sum.
Pontif. e Bi/p. Portug. p. 162. Foj mm-
eloquente, e mtrf dado no efiudo da IrUfio-
ria. Franckenau Bih. Hifp. Gen. Heral. p.
186. Vir bijloria, antiquitatumque patríarum
amantijftmus aque ac gnarijftmus Zamper Mon-
tes llluftrad. Tom. i. pag. 60. Pereira
Cathal. Cbronol. dos Colleg. de S. Ped. pag.
20. n. 76. e pag. 42. n. 19. Argaes
Soled. Laur. Tom. i. pag. 310. Souza
Apparat. á Hift. Gen, da Caz- R£al Por-
tug. p. 121. §. 132. Manoel de Faria,
e Souza Fuente de Aganipe. Part. 4. lhe
dedica a Egloga 13. e entre vários elo-
gios exalta a fua afcendenda com eílas
vozes.
A. vos rama de un tronco que pendientes
Muefhra de tantas ramas mil diademas
Qual el de Mafcarenas, que excellentes
Heroes colloca en glorias mas fupremas.
Compoz.
Obras ImpreíTas.
OrafaÕ exbortatoría, e Panegyríca no terceiro
dia do Sjnodo que aos S do me^ de Mayo de
1639 começou a celebrar o lllufbrijfimo, e Reve-
rendijfimo Senbor D. loanne Mendes de Távora
Bifpo de Coimbra. Lisboa por António Al-
vres 1640. 4.
Viage de la Reyna D. Alaria Anna de
Aufhia fegunda muger de Filippe IV, bafla
la Corte de Madríd . defde la Imperial de Viana.
Madrid, por Diogo Dias de la Carrera 1650. 4.
Apologia Hijloríca por la Illuftríjfima Reli-
ffon, j incljta Cavallaría de Calatrava, fu an-
tiguidad, fu extenfion, fus grandev^as entre las
militares de Efpana. Madrid pelo dito Im-
preílor. 165 1. 4.
Rajmundo Abad. de Fitero de la Orden de
Cijler fundador de la Sagrada Keligion, j Ca-
vallaría de Calatrava. ibi pelo dito Impref-
for. 1653. 4.
Amadeo de Portugal en el figlo luan
5oó
BIB LIO THE C A
de Menet^es da Sylva religiojo dei Orden de S.
Francifco de la objervancia, j Fundador de la
illujlrijftma Congregacion de los Amadeos en
Itália. Madrid por o dito Impreflbr. 1663. 24.
Definiciones de la Orden, y Cavallaria de
Calatrava. Madrid. 1661. foi.
Campana de Portugal por la parte de Ex-
iremadura el anno 1662. executada por el Sere-
nijfimo Senor luan de Aujlria. Madrid por
Diogo Dias de la Carrera. 1663. 4, Contra
efte livro faz huma breve, e forte inveftiva
o Excelentiflimo Conde da Ericeira D. Luiz
de Menezes Portug. Kejiaur. Tom. 2. pag.
334. arguindo a feu author da pouca ver-
dade com que ingrato à fua Pátria perten-
deu augmentar o progreíTo das Armas Caf-
telhanas.
Fr. luan Pecador religiojo dei Orden, y hof-
pitalidad de S. luan de Dios, y fundador dei
hof pitai de Xeres de la Frontera, fu Vida,
Virtud, y maravillas. Madrid por Melchior
Alegre. 1665. 4.
Trofeo por la immaculada Concepcion de
Maria Senora nueftra confagrado por voto en el
Templo de S. Martin de Madrid de la Orden
de S. Benito por la Sagrada Keligion, y in-
clyta Cavallaria de Santa Maria de Calatrava
congregada en Capitulo General. Eíla obra eílá
impreíTa na Theolog. Mariana do P. Chrijfto-
vaõ da Veyga da Companhia de lESUS.
defde pag. 145. até 147.
Obras M. S.
Hijloria da Cidade de Coimbra. Por car-
ta do author efcrita de Coimbra ao Li-
cenciado lorge Cardozo a 2 de Agof-
to de 1636. lhe afirma que confiava de
dous Tomos, e que tinha acabado três
livros do primeiro Tomo. No primeiro
refutava as opinioens, que alguns tive-
raõ a cerca da dita Cidade. 2 das fuás
Antiguidades. 3 fuás excellencias ; e no
4 efcrevia a Hiftoria Ecclefiaftica da mef-
ma Cidade. Deíla obra faz mençaõ Ta-
mayo Martyrolog. Hifpan. Tom. 4. ad 20.
lulii. pag. 185.
Monumentos de Itália. Coníla de Epitá-
fios, e Infcripçoens notáveis que o Author
vio.
DefcripçaÕ de Trento, Noticias do feu Con-
cilio; e elogios de todos os Ffpanhoes que nelle
aJJifliraÕ.
Arvores Genealógicas da Rainha D. Ma-
rianna de Auflria com hum Epitome da def-
cendencia da Augujlijftma Cat^a de Auflria
defde a fua origem até os noffos tempos.
Excellencias, e Utilidades da Hijloria.
Hijloria da Cidade de Ceuta, feus fucefjos
militares, e Políticos; memoria dos feus San-
tos, e Prelados, e Elogios de feus Capitaens
Generaes.
Genealogia Regia de Portugal, e elogios
de feus Varoens, e mulheres illuflres, e fe
efcrevem em Epitome as vidas de todas as
pejfoas Reaes defle Reyno.
Igrejas de Portugal, e vidas de feus Pre-
lados dividida em quatro partes. Na primei-
ra fe efcreve de Braga, e das fuás fuffra-
ganeas; na fegunda de Usboa, e das fuás
fuffraganeas; na terceira de Évora, e das fuás
fuffraganeas; rui quarta de Goa, e todas as
Igrejas Ultramarinas.
Hifioria da Illuflrijftma Religião de Cala-
trava.
Hifloria das Ordens Militares de Por-
tugal que JaÕ de Chriflo, Santiago, e Avin^.
DefcripçaÕ de Portugal, e fuás Conquif-
tas.
Noticias da Cidade de Eeiria; defcripçM
de feu Bifpado, e noticia de feus Bifpos.
Ceremonial dei Sacro Convento de Cala-
trava.
Bullario de Calatrava.
Cortes de Lamego.
Origen de la Ordem de Avi^.
Anno fixo da Entrada da Religião de
Cifler em Portugal.
Chronologia de Efpanha.
Vida de D. Beatriz ^ Sylva Irmaã do
B. Amadeo, Dama da Infante D. I:(abel
mulher delRey D. loaõ o fegundo de Caf-
tella Fundadora das religiofas da Coaceifaõ.
Vida de D. Leonor Mafcarenhas Dama
da Emperatri:(^ D. I:(abel, Aya de Filip-
pe II. t de D. Carlos feu filho Cama-
reira mòr da Princet:^a de Portugal D. loan-
na de Auflria. Deílas duas vidas faz men-
L USITAN A,
Soy
çaõ o author na Epiftola Dedicatória da
Vida do B. Amadeo, que imprimio.
Viíia da Vrince^a D. Joanna filha delRey
D. Affonfo V. de Portugal.
Vida de Santa Isabel Kajnha de Portugal.
Vida do Santo Infante de Portugal D. Fer-
nando filho delRej D. JoaÕ o I.
Vida do Infante de Portugal D. Pedro filho
do dito Key.
Vida de S. JoaÕ Evangelifia.
Vida de S. Thome Apofiolo da índia Orien-
tal.
Epitome das Ca^as dos Marques^es de Villa
Kcal, Duques de Caminha.
Origem da InquifiçaÕ de Portugal.
Chronica delKey D. SehafiiaÕ.
Vida de Nuefira Setlora à qual, como tef-
temunha ocular afirma Nicolao António no
lugar aíTima citado, eílava com grande dif-
velo apUcado feu Author.
Defcripcion General de toda la tierra def-
cuhierta. Começa Toda la tierra fe divide.
Acaba. Aunque le difputan muchos Santos Doc-
tores. Q)nferva-fe na Bibliotheca delRey Ca-
tholico como efcreve o addicionador da
Bib. Geo^af. de António de Leaõ Tom. 5.
Tit. unic. col. 1380.
Toda efta dilatada liiia de obras M.
S. traz feu Author imprefla no princi-
pio da Viagen de la Rejna D. Aíariana
de Aufiria &c. onde conclue dizendo. Def-
íos libros los mas eftan acabados, otros ne-
cejjitan de algun trahajo para lograr la ul-
tima perfeccion. Y para que los referidos la
tengan (Ji bien los que la tienen nò dexarãn
defde oy defcanfar la Prenfd) neceffito de al-
gttnos anos de trabajo. Si Dios fuere fer-
vido de conceder-melos j algunos otros, en-
tonces fe lograra mi principal, j mi mayor
eftudio en la Hifioria a que fiempre fui
enderet(ando mi leccion continua. Efie es el
de los Annales Ecclefiafiicos de Portugal, obra
fin duda por la matéria digna de un aven-
tejado fugeto, fi nò de muchos. No rifiero
los materiales, que fe han juntado para efte
Efcrito {que promete muchos tomos) ni la
leccion de Authores, ò conocidos ò efquifitos,
que fe hallaran en los cadernos de mis An-
notaciones Hifioricas, porque folamente fera crei-
ble aquien viere locado efie trabajo. Com
a morte de D. leronimo ^lafcarenhas fe
efpalharaõ todos eíles Aí. S. por Efpanha,
dos quais confervava alguns em Barcelona
D. Diogo Vicente Vidania Inquifidor, que
foy de Sicilia Capellaõ mór de Nápoles, e
do ConfeUio de Aragaõ, e Itália, e os mof-
trou ao Padre D. Manoel Caetano de Souza
quando no anno de 1713. voltava de Roma
como efcreve no Cathalog. Hifi. dos Bifpos de
Portug. pag. 165.
D. lERONIMO DE MELLO COUTI-
NHO Commendador de Punhete naceo em
a Villa de Alconchel íituada no Reyno de
Andaluzia no anno de 1578. fendo filho
de lorge de Mello Coutinho, e D. Maria
de Menezes irmãa de D. lorge de Sotto-
mayor Senhor de Fermofelhe, e Alconchel.
Tendo eíhidado com aplicação as letras hu-
manas fahio eminente nas efpeculaçoens da
Sagrada Theologia, e fupofto, que fe def-
pozou com D. Maria de Noronha filha de
D. Thomaz de Noronha a qual era con-
fultada como Oráculo pelo vafto conheci-
mento, que tinha das Famílias, e Antigui-
dade deíle Reyno de quem mmca teve fi-
lhos, viveo taõ obfervante dos preceitos
Evangélicos, que parecia fer mais Religio-
fo, que fecular. FaUeceo em Lisboa em o
primeiro de Abril, de 1645. quando con-
tava 67 annos de idade, e jaz fepultado na
Sancriítia nova do Convento de Santa Ma-
ria de Xabregas cabeça da Seráfica Provin-
da dos Algarves. Compoz.
Os Santifftmos Nomes de N. Senhor lESU
Chrifio tirados da Sacada Efcritura appro-
vados pela authoridade da Santa Madre Igre-
ja contra todos os perigos, que podem acon-
tecer nejla vida. Lisboa por Domingos Lo-
pes Rofa 1643. 12. Sahio na Ungua La-
tina com o nome do Author.
Memorias da vida de D. EeaÕ de No-
ronha Avò paterno de D. Alaria de No-
ronha mulher do Author. M. S. Confer-
vaõ-fe em poder do Conde dos Arcos
D. Marcos de Noronha 4. Neto de D.
Leaõ de Noronha as quais comunicou ao
Padre D. António Caetano de Souza
5o8
BIBLIO THE CA
como afirma no Agiol. "Lufit. Tom. 4. pag.
688. col. 2.
Hijloria da Vida de Soror Maria da Con-
ceição Dama, que foy da Kaynha D. Cathe-
rina filha de D. Pedro de Meneares Sottomayor
Senhor de Alconchel, e D. Maria de Noronha,
religiofa no Convento da Madre de Deos. Deíla
obra como do feu author fe lembra o Li-
cenciado Jorge Cardozo Agiolog. "Lufit. Tom.
1. pag. 500. col. 2. no Comment. de 22
de Fevereiro letr. F. & pag. 155. no Com-
ment. de 15. de laneiro letr. G. col. i.
Fidalgo bem conhecido nefte Rejno por Jua no-
breza, piedade, e exemplar vida.
lERONIMO DE MENDOÇA natural
da Gdade do Porto illuftre por geração, e
iníigne por talento, naõ fomente verfado na
intelligencia das linguas mais polidas, mas
na deftreza de tocar todo o género de inf-
trumentos. Acompanhou a ElRey D. Se-
baftiaõ na infeliz jornada de Africa em o
anno de 1578. onde depois de dar do feu
valor heróicos argumentos ficou cativo, e
fendo reftituido à fua liberdade efcreveo fiel-
mente como teílemunha ocular dos trági-
cos fuceflbs de taõ fatal dia a feguinte hif-
toria, que intitulou.
Jornada de Africa em a qual fe refponde
a Jerónimo Franqui, e outros, e fe trata do fu-
ceffo da batalha, e cativeiro, e dos que nelle
padecerão por naÕ ferem Mouros com outras cou-
fas diffias de notar. Lisboa por Pedro Cras-
beek. 1607. 4.
Efta obra dedicou o Author em 20
de Janeiro de 1607. a D. Francifco de
Sá, e Menezes Senhor de Penagiaõ Al-
cayde mór, e Capitão mór da Cidade
do Porto fendo o feu principal intento
convencer a falfidade com que Jerónimo
Franqui de naçaõ Genovês, e Feitor da
Alfandega de Lisboa efcreveo a batalha
de Alcácer, e os feus fuceíTos, que fe lhe
feguiraõ. O Padre Fernando Rebello na
Dedicatória ao Geral Cláudio Aquaviva
da fua obra de Obligationibus Juflitia o
intitula praclarum fcriptorem, c Joan. Soar.
de Brit. Tbeatr. Lufit. Liter. lit. H.
n. 20. Vir aulicis dijciplinis aprime ex-
cultus, eb* linguarum exoticarum cognitione
clarus.
D. lERONIMO DE MENESES Nacco
em a Villa de Santarém, e teve por Pays
a D. Henrique de Menezes Governador de
Tangere, e da Caza do Civil, e a D. Bri-
tes de Vilhena filha de Ruy Barreto Al-
cayde mòr de Faro. Havendo manifeftado
a fubtileza do feu engenho na cultura das
fciencias feveras em a Univerfidade de Coim-
bra fubio a fer feu Reytor cujo honorifica
lugar exercitava quando em 13 de Outubra
de 1570. elRey D. Sebaftiaõ acompanhado
do Cardial D. Henrique, e a mayor parte
da Nobreza vizitou aquella celebre Acade-
mia recebendo taõ foberanos Hofpedes com
magnificência digna das fuás PeíToas, c que-
rendo os mefmos Príncipes aíTiíUr a hum
afto literário o fez mais plaufivel o Reytor
laureandofe com as infignias doutoraes em
a Faculdade de Theologia. Elevado à Ca-
thedral de Miranda aíTiftio nas Cortes cele-
bradas na Villa de Thomar em que foy ju-
rado fuceíTor defta Coroa Filippe Prudente
a 16 de Abril de 1581. Por morte de D.
Fr. Marcos de Lisboa Bifpo do Porto foy
nomeado feu fuceíTor entrando neíla Gdade
a 5 de Setembro de 1592. com univerfal
aplauzo das fuás ovelhas. No tempo que
governava eíla Diocefe teve a gloria de
admitir para ornato da Cidade do Porto-
as fundaçoens dos Monges de S. Bento, e
dos Erimitas de S, Agoftinho. AíTiftinda
na Cidade de Lisboa foy acometido do
mal epidemico que devaílava grande nu-
mero de feus moradores, fallecendo pia-
mente a 12 de Dezembro de 1600. Foy
depozitado na Capella mòr de S. Fran-
cifco donde paíTados fmco annos foy tranf-
ferido por feu fuceíTor D. Fr. Gonçalo
de Moraes para a Seé do Porto, c na
Capella de N. Senhora da Saúde fe fe-
pultou o feu corpo que cftava incorrup-
to confirmandofe a opinião das heróicas
virtudes que pra£tícara como vigilante Paf-
tor. Compoz.
Eftatutos da Sé do Porto, em que fe decla-
rai as obrigaçoens que tem o Bifpo, Di^tidades^
Cónegos, e mais Clero. M. S.
LUSITANA. 509
Deila obra, como do feu Author illuf- boa por Bernardo da Cofta de Carvalho
triíTimo fazem mençaõ D. Rodrigo da Cunha ImpreíTor da Religião de Malta. 1733. 4.
Cathal. dos Bi/p. do PorL P. 2. cap. 40.
p. 347. loan. Soar. de Brit. Theatr. Uifit. lERONIMO NUNES RAMIRES natu-
Uter. lit. H. n. 21. Fr. Fernand. de Abreu ral de Lisboa donde paíTando à Univer-
Cathal. dos Bifpos de Mirand. §. 5. D. íidade de Coimbra teve por Meílre em
Nicol. de S. Maria Chron. dos Coneg. V^jeg. a Faculdade de Medecina ao iníigne Dou-
liv. 10. cap. I, n. 9. tor Thomaz Rodrigues da Veyga de cuja
efcola fahio taõ perito em a Theorica
TT-T)i-.xmv4^/-k T-kT- TkíTT> AXTT-. A rii j como T\3i praâíca daquella fciencia uzan-
lERONIMO DE MIRANDA filho de , , , ^ , ,
, • 1 Tir- 1 ^ 1 1 ^ do de hum novo methodo contra as
\ntomo de Miranda Contador dos Contos , . . . , ^
iT. /- iir. T-.«-in-~T- doenças mais pengozas, que fatalmente conf-
do Reyno, e Caza delRey D. Sebaltiao. Foy . \. 1, ■ r ^
c rc iTifi- TVfv 1^ piravao contra a vida dos infermos. O
proreflor de Medecma, e Medico da Camará L. . .... , , . _ ,
\ n -Kr 1 Doutor Antomo Luiz celebre profeílor de
defte Monarcha. ^r j • t-w i- 11 r 1
Medecma na Dedicatona, que lhe fez do
Compoz. f*^^ livro Erotemata Galen. entre outros Elo-
„ . , , r • ~ r ^ RÍos confagrados ao talento de leronimo
Dialogo da perfeição, e partes que íao ne- ?j r r ■ , ^
n- • I n t 7- T - 1 A - Nunes eicreve as legumtes palavras, i//
cejjanas ao bom Medico. Lisboa por Antomo . ., . ,. ^ ^ -n-
ri _ rr 1 iT. ^ namque tnopenbus artis medica confenmíu, et
Alvares ImpreíTor delRey. 1562, 4. 1 • -c . ...
ad mtrípcam eorum, qua rei medica incum-
htint, cognitionem, experimenta, <& theorema-
lERONIMO MOREYRA DE CAR- tum exercitationem per omnem vitam adjtm-
VALHO natural da Villa de Eftremòs em xifti; quam rem ita feliciter traãajii, ut nul-
a Província Tranílagana filho de Francifco lus hac noftra atate reperiatur, qui dignus
de Carvalho, e Maria Ribeira. Aplicou-fe hoc in alho pojfit reponi... eo nomine plti-
ao Efhido da Medicina em a Univerfidade rimum commendaris. e^ acceptijjimus es, quod
de Coimbra onde foy dos Médicos do par- opera artis ingenue traãas, quod judicio quo-
tido, que tem a Univerfidade, e dos Exer- dam mirífico {quod ejfe difficile dixit Hjpo-
citos da Província do Alentejo, e Phyfico crates) nullus tibi certet, quod denique pra-
mór do Reyno do Algarve. Compoz huma Jidia tua, qua agrotis admoves, non minus
MaíTa, que intitulou "Pedra de David, com a Jaluhria, quam Deorum manus, ut provérbio
<jual triumfou de infermidades diverfas. Ef- eft, citnãi experiantur. lllud tamen mirari non
creveo. tacebo cum tantum anuis procefferís, adeo ftu-
Methodo verdadeiro para curar radicalmente diorum pracipias voluptatem, ut proinde ac
as Camofidades. Lisboa por FiUppe de Sou- fi juvenis robujlijftmus ejjes. Foy muito pe-
za Villela. 1721. 8. rito nas Hnguas Grega, e Latina como
Traduzio de Callelhano em Portu- teftemunhaõ as fuás obras, que louvaõ
guez. Zacut. de Med. Vrincip. Hifi. fib. i. Hiíl.
Hifioria do Emperador Carlos Aíagno, e i. e lib. 2. Hift. 43. Dub. 30. Draud.
iios do^e Irares de França. Lisboa por Pe- Bib. Clajfic. loan. Soar. de Brito Theatr.
dro Ferreira. 1728. 8. e Coimbra por lozè Eujit. Eitter. in Addit. loan Hallevord. Bib.
Antunes ImpreíTor da Univerfidade. 1732. 8. CuríoJ. pag. 135. col. i. Nicol. Ant. Bib.
Hifioria do grande Roberto Duque de Nor- Hifp. Tom. 2. pag. 326. col. 2. Mer-
mandia, e Emperador de Roma em que Je trata cklin. Eind. Kenovat. Compoz.
■da Jua conceição, nacimento, e da fua depravada De ratione curandi per fanguinis mijfio-
vida por onde mereceo fer chamado Roberto do nem. Ulyífipone apud Petrum Crafbeeck.
Diabo; e do feu grande arrependimento, e pro- 1608. 4. & Antuerpix apud Petrum Bel-
digiofa penitencia, por onde mereceo fer cha- lerum. 16 10. 4. He dedicada a D. Pe-
mado Roberto de Deos, e prodigios, que por dro de Caítilho Governador do Reyno,
mandado de Deos obrou em batalhas. Lis- e Inquifidor Geral a quem promete pu-
5io
B IB LIO THE CA
blicar mayores obras, que eílavaõ promptas
para a impreflaõ. No fim deíle Tratado
eftá o feguinte.
Trataãus de ponàerihus, ò* menfttris Koma-
norum, Gracorum, <& V éter um Hifpanorum ; o
qual louva muito Luiz Rodriguez Pedroza
Traft. 1. fe/eã. Phihfoph. & Medecin. diffi-
cult. no fim da primeira Difputada.
D. lERONIMO OSÓRIO Naceo em
Lisboa no anno de 1506. fendo filho pri-
mogénito de loaõ Oforio da Fonceca quarto
filho de Álvaro Oforio da Fonceca Senhor
das Villas de Figueiró da Granja, e Santa
Eufemia, e de Francifca Gil de Gouvea fi-
lha de Affonfo Gil de Gouvea criado do
Infante D. Fernando Pay delRey D. Ma-
noel, e Ouvidor das Terras do mefmo In-
fante. Pela auzencia do feu Pay, que par-
tira para a índia a exercitar a Ouvidoria
Geral do Eílado acompanhando ao lazaõ
Portuguez o clariíTimo Heroe D. Vafco da
Gama, conhecendo fua May, a cuja vigi-
lante tutela ficara cometido, a viveza de
engenho, que jà defcubria na idade de dez
annos o mandou inílruir em a lingua La-
tina na qual fez taõ acelerados progreíTos
que delle vaticinou o Meílre a excellencia
do feu talento para comprehender os eílu-
dos mais feveros. Quando cumprio treze
annos paíTou à Univerfidade de Salamanca
onde fe aperfeiçoou em o idioma Latino,
e aprendeo o Grego no qual traduzio em
elegantes Verfos as Lamentaçoens de lere-
mias. PaíTados dous annos fe reílituhio à
Pátria para com a prezença diminuir as
faudades de feu Pay, que tinha chegado
da índia mais cheyo de fama, que riquezas,
e querendo, que foíTe herdeiro da fua fcien-
cia jurídica lhe ordenou voltaíTe para Sala-
manca a eíludar Direito Cefareo a cujo
preceito obedeceo conílrangido por fer a
íva, natural inclinação para as armas, de
tal forte, q cílava refoluto oftentar os brios
do feu coração profeíTando a Ordem mi-
litar de Malta. Na Academia Salmanticenfe
aplicava fomente duas horas cada dia ao
cftudo da lurifprudencia, e confumia todo
o tempo em a liçaõ dos Hiftoriadores
Latinos, c Gregos fendo o feu principal
cuidado confervar a alma izenta da menor
culpa, e para efte fim armado de continuo
cilicio fez voto folemne de Caílidade no dia
da triumfal AíTumpçaõ de Maria Santiflima
ao tempo que feu G^nfeífor celebrava o in-
cruento Sacrifício da MlíTa em o reformado
Convento de Santo Eílevaõ da Ordem dos
Pregadores. Por morte de feu Pay voltou
a Pátria donde quando tinha defanove an-
nos foy eíludar a Pariz a Diale£tíca, cujas
fubtilezas penetrou taõ profundamente, que
mereceo as aclamaçoens de confumado Fi-
lofofo. Nefta florentilTima Univerfidade con-
trahio cordial amizade com Santo Ignacio
de Loyola, e feus infignes companheiros
fendo hum dos principaes authores para que
ElRey D. loaõ o III. admitiíTe ao feu Rey-
no o inílituto da Companhia de lESUS.
Reílituido terceira vez a Portugal depois
de concluir alguns negócios pretencentes
à fua PeíToa paíTou a Bolonha em cuja
Univerfidade fe aplicou ao eftudo da Sa-
grada Theologia, e à intelligencia da lin-
gua Santa efcrevendo quando contava trin-
ta annos os livros de Nobilitate Civili, eb*
Chrifliana, que dedicou ao Infante D. Luis
de quem era fummamente favorecido. Que-
rendo a Mageílade delRey D. loaõ o III.
authorizar com o feu magiílerio a Academia
Conimbricenfe, que magnificamente reftau-
rara, o mandou chamar de Bolonha, e na
Cadeira da Efcritura explicou com emolu-
mento dos difcipulos, e aflbmbro dos Ca-
thedraticos o livro de Ifaias, e a Epiftola
de S. Paulo aos Romanos. Confiderando
com madura reflexão a irreparável perda,
que padecia a Republica litteraria com a
falta dos livros de Gloria; de Republica, e
de Confolatione, que compuzera o Prín-
cipe da eloquência Latina emprendeo rcf-
taurallos, cuja idea felifmente confeguio
efcrevendo o Tratado de Gloria com cf-
tilo taõ femelhante ao de Gcero, que
muitos julgavaõ fer parto da pcnna dcftc
eloquentiífimo Orador. Depois compoz cm
contrapofiçaõ do Tratado de Republica o de
Regis Injlitutione ; c ultimamente para fubf-
tituir a falta do Tratado de Confolatio-
ne fez huma douta parafrafe fobre o li-
vro de lob como eficaz lenitivo para to-
L USITAN A,
5ii
lerar as moleftias, e tribukçoens do Mundo.
O SereniíTimo Infante D. LuÍ2 de quem fora
muitos annos Secretario como conhecefle
a profimdidade da fua fciencia, e a integri-
dade dos feus cuíhimes o nomeou Prior das
Igrejas de Santa ]Maria do Caftello de Ta-
vares, e S. Salvador de Travanca em o mef-
mo Confelho de Tavares do Bifpado de
Vifeu, e lhe cometeo a educação de feu
hlho o Senhor D. António cuja incumbên-
cia confervou até a morte daquelle Princi-
pe, por cuja cauza partio para a fua Igreja
onde reíidia com vigilância de perfeito Paf-
tor. Increpado por alguns amigos do reti-
lo que fizera da Corte, refpondeo que a fé,
c verdade que fempre profeíTara naõ po-
<liaõ habitar onde fomente dominavaõ o
engano, e a adulação. Naõ foy poderofa a
auíleridade do feu génio para naõ fer cha-
mado ao lugar donde fugira merecendo
diílintas eílimaçoens dos SereniíTimos Mo-
narchas D. loaõ o IH. e D. Catherina, e do
Cardial D. Henrique que o nomeou por re-
nuncia do Meftre Gafpar de Leaõ depois
Arcebifpo de Goa, Arcediago do bago da
Cathedral de Évora de que tomou poíTe em
50 de Março de 1560. e por fua infinuaçaõ
efcreveo aquella erudita Carta à Rainha Iza-
bel de Inglaterra onde lhe perfuadia com
I xezoens concludentes que abjurados os erros
heréticos abraçaíTe os dogmas da Igreja
Romana. Para defender a impiedade deíla
nova lezabel tomou a penna feu Miniftro
Gualter Haddon contra o qual vibrou Ofo-
rio como fulminante rayo a fua convencendo
com tanta evidencia os fofifmas do feu An-
tigoaiíta que confufo fe naõ atreveo a entrar
em fegundo confliéto. Como os feus mere-
cimentos fe augmentaíTem com os annos
o nomeou ElRey D. Sebaíliaõ Bifpo da G-
dade de Sylves em o Reyno do Algarve,
e pofto que proteftou a fua incapacidade
para taõ alta Prelazia conílrangido a aceitou
no anno de 1564. cuja Cathedral paliados
17 annos fe transferio em feu tempo para a
Cidade de Faro em 30 de Março de 1577.
onde agora permanece. Todas as virtudes
que fizeraõ veneráveis os Prelados da pri-
mitiva Igreja copiou taõ fielmente no feu
peito, que de muitos foy gloriofo exceíío.
Quotidianamente fe levantava da cama an-
tes de amanhecer, e pofto de joolhos apren-
dia na efcola da Oraçaõ mental os documen-
tos conduzentes ao ferviço de Deos, e do
próximo; como também a intelligencia de
algum lugar difidl da Efcritura, e paíTa-
das duas horas celebrava o incruento Sa-
crificio do Altar. Para que os feus Familia-
res evitaíTem a ociofidade fecunda mãy de
todos os vicios, fuftentava com largos ef-
tipendios em o feu Palácio homens erudi-
tos para lhes enfinar as artes dignas do feu
eftado, aos quais muitas vezes inftruia com os
preceitos da Ungua Grega, e Geometria de Eu-
clides. A meza era commua como as iguarias
onde havia continua liçaõ de vários authores
fendo para o feu palato a mais dHiciofa
alguma obra do Melifluo Doutor S. Ber-
nardo, fatisfazendo a todas as duvidas, que
eraõ propoftas pelos drcunftantes. Para inf-
truçaõ univerfal do feu rebanho mandou
com grande difpendio abrir efcolas de latim
em Lagos, e Villa nova de Portimão; e de
Theologia Moral em Faro, Tavira, e Loulé.
Exhortava aquelles, que pelo feu talento
fe diftinguiaõ, a frequentar as Univerfida-
des focorrendo generofamente aos que a
pobreza dificultava efte exercido, e remu-
nerando com lugares honoríficos, e rendo-
fos a todos que tinhaõ feito mayores pro-
greílos nos eftudos. Tanta era a prompti-
daõ com que dezejava remediar aos pobres
que trazia fempre cheya a bolça de dinhei-
ro para efcuzar a providencia do feu Efmol-
ler, em cuja defpeza gaftava a mayor parte
das rendas Epifcopaes. Toda a quantia,
que fe cobrava em a Chancellaria das con-
denaçoens fe aplicava para beneficio dos
Hofpitaes, e Cazas da Mifericordia, uzando
da mefma comiferaçaõ com os Conventos
mais reformados dandolhe todo o género
de remédios para cura dos infermos. Sem-
pre eftava patente a porta do feu Palácio
a qualquer peíToa que o bufcava, e fuce-
dendo que o porteiro em certa ocafiaõ di-
ficultou a entrada a hum pobre, o repre-
hendeo feveramente naõ permitindo que hou-
veííe tal lugar em fua caza. Vizitando a fua
Dioccfe inquiria prudentemente dos cri-
minofos, e fendo chamados à fua pre-
5l2
BI B no THE CA
zença os exhortava paftoralmente à refor-
ma das fuás vidas de cujas faudaveis admoef-
taçoens fe admirarão transformaçoens re-
pentinas. Foy acérrimo defenfor da fua
dignidade punindo feveramente aos vio-
ladores da jurifdiçaõ Eccleílaílica que fe va-
liaõ da authoridade real para livremente
cometer enormes infultos. Nas Cortes ce-
lebradas em Lisboa a 20 de laneiro de 1568.
onde tomou as rédeas do Governo ElRey
D. Sebaíliaõ affiftio com os Prelados das
outras Diocefes, e como o Cardial D. Hen-
rique conhecia a fua grande prudência in-
tentou que foíTe hum dos direftores do no-
vo Monarcha em a regência do Reyno, po-
rem com o pretexto da obrigação paftoral
fe retirou ao Algarve, e chegando a noticia
da precipitada refoluçaõ com que elRey
arrebatado do feu inquieto efpirito queria
paflar a Africa lhe efcreveo huma Carta na
qual com zelofa fidelidade lhe expunha
fer conveniente à eílabilidade da Monar-
chia, que fua Alteza cazaíTe antes de exe-
cutar os defignios que meditava. Com ou-
tra Carta cheya de documentos políticos,
e defenganos catholicos perfuadio ao mef-
mo Príncipe fe reílituiíTe ao Reyno depois
de ter imprudentemente executado a pri-
meira expedição de Africa. Eftes maduros
confelhos que deviaõ fer fummamente eíli-
mados foraõ motivo de varias calumnias
maquinadas pelo ódio dos feus emulos, e
receando que foíTem benevolamente acei-
tas a ElRey fe retirou de Portugal com o
pretexto da vizita ad li/nina Apojlolorum.
Da Cidade de Sevilha pedio por huma Car-
ta o beneplácito real para eíla jornada, e en-
trando em Parma em o anno de 1576. foy
tratado com fumma benevolência pela Se-
reniíTima Princeza D. Maria Neta DelRey D.
Manoel onde para naõ paflar ociofamente
o tempo que naquella Cidade afliftio, com-
poz em obzequio daquella Princeza a Para-
frafe fobre os Pfalmos. De Parma paflbu
a Roma, e depois de venerar com fumma
piedade as fepulturas dos Príncipes do Apof-
tolado foy benevolamente recebido pelo
Summo Pontífice Gregório XIII. de cuja
paíloral liberalidade recebco particulares
prívilegios para a Sua Igreja. Obrigado
das Cartas delRey D. Sebaftiaõ, e do Car-
dial D. Henrique para voltar ao Reyno co-
mo também do efcrupulo de eftar auzentc
hum anno do feu rebanho, e evitar o rumor
popular de que a fua demora na Cúria era
com intento de veftir a Purpura Romana,
penfamento que tivera Marcello II. par-
tio de Roma onde deixou impreflas faudo-
fas memorias da fua grande capacidade, c
exemplar vida. Ao tempo que chegou a
Portugal fe eftava preparando com o mayor
aparato militar ElRey D. Sebaíliaõ para a
infeliz expedição de Africa, e valendofc da
authoridade da peflba, e eficácia da eloquên-
cia exhortou a efte Príncipe que naõ exc-
cutafle a temerária refoluçaõ com que pre-
cipitadamente corria à ultima perdição. Re-
cebida a infauíla noticia de que nos Campos
de Alcácer agonizara a 4 de Agoílo de 1578.
a Monarchia Portugueza com o author de
taõ deplorável derrota, concebeo taõ pro-
fundo pezar o feu coração, que fendo na-
turalmente robufto lhe faltarão forças para
refiílir a taõ fatal calamidade. Querendo
pacificar os tumultos, que havia em Tavira
procedidos deíle infauílo fuceflb partio em
huma liteira, e parecendo-lhe, que a me-
nor demora augmentaria o furor dos tumul-
tuofos montou em huma mula para mais
brevemente chegar àquella Gdade onde co-
mo o tempo fofle muito calmofo, e contra-
hifle huma chaga na perna direita foy obri-
gado a recolherfe ao Convento dos Religio-
fos de S. Francifco. Acometido de huma ar-
dente febre que durou pelo efpaço de vinte
dias, fendo avizado de que certamente
morria recebeo com femblante alegre efte
anuncio levantando os olhos, e maõs ao
Ceo. Pofto que tinha faculdade de Gregó-
rio XIII. para teíbir de vinte mil cruzados
fomente difpoz de mil, e quinhentos que
tinha hum Cónego feu familiar, os quais
ordenou fe repartiflem pelos criados da fua
caza fatisfazendolhe os eílipendios annuaes
ainda que os naõ tiveflem vencidos. De-
pois de receber com terniffima piedade o
fagrado Viatico, e a Extrema unçaõ expi-
rou abraçado com hum Crucifixo a 20 de
Agoílo de 1580 quando contava 74 annos
de idade. Foy fepultado na Capella mór
L USITAN A
5i3
do Convento de S. Francifco de Tavira
como ordenara para fer transferido para
a fua Cathedral. Foy verdadeiramente Va-
rão ornado de profundas letras, e Angulares
virtudes pelas quais mereceo as eílimaçoens
dos Summos Pontífices Marcello 11. e Gre-
gório Xni. dos Reys de Portugal D. Joaõ
o ni. D. Sebaftiaõ, e D. Henrique, de Ef-
tevaõ Battorio Rey de Polónia que pelo feu
Chanceller loaõ Zamoifchio o mandou vi-
fitar a Roma confeíTando com honorificas
expreíToens a utilidade, que colhera com
a liçaõ das fuás obras; dos infignes Cardeaes
Eílanislao Ofio, e Guilherme Sirleto. Pal-
iou a lingua Latina como fe nacera no fe-
culo do Auguílo chegando a imitar com
cores taõ vivas a Qcero, que fe equivoca-
V2i a copia com o Original. Foy eloquentif-
íimo Orador, profondiíTimo Theologo, dou-
tiflimo Efcriturario, e excellente Hiíloria-
dor elegendo para aíTumpto da fua penna
as Ínclitas acçoens delRey D. Manoel, que
por fer o fegundo Alexandre GDnquiílador
do Oriente as narrou com o eítílo de Quinto
Curdo Chroniíla das façanhas do primeiro.
O feu nome he celebrado pelas vozes de
infignes Efcritores, como faõ D. Manoel
de Almada Bifpo de Angra in princip.
'Epifi. ad Gualterem Haddonem. Vir non
tantum utraqm {quod aiwit) Minerua Graça
fimul, (& Latina, fed etiam ajfiduis Sacra-
rum Utterarum Jludiis praditus, qtà per mui-
tos annorum retro aãorum vigilias evajit doãif-
Jimus, cujus /cripta ut pia, fruãofa, e^
Chrijiianam redolentia pietatem Príncipes
Chríjiiani, (& próceres Ecclejia Catholica
ruipimt, omnejqm doãijftmi nofiri tempo-
ris virí magnifaciunt. Jacob. Auguli. Tuan.
Hift. fui Tempor. Part. 3. lib. 72. Tãm
Scriptis qua multa, <ò^ varía puríori, ac flo-
rido fylo exarata dum vixit, pafim dedit,
tum viteB Janãiorís exemplo non Jolum fuis,
fed totó Chrífliano orbi utilis. Lelong.
B/^. Sacr. pag. mihi 888. col. 2. Latine,
(ò' Grace doãus. Faria Europ. Portug.
Tom. 3. P. I. cap. 4. n. 3. Excellentijftmo
Efcritor. Joan. Soar. de Brito Theatr. Lu-
fit. Uter. lít. H. n. 23. Vir ingenio, judicio
que magno, eá vero eloquentia, qua fua faculo
parem vix habuit. PapadopoU Hijl. Gym-
33
nas. Patavin. lib. 2. cap. 28. §. 128. Ne-
mo fua atate in Lufitania claríor fuit, fve
fpendorem generís fpeães, fve decus cUm Sa-
pientia, tum pietatis qua praflitiffe illum ad
exemplar prífcorum Patrum ahfolutijfimum
conjlat. Hyeron. Blancas Aragonenf rerum
Comment. pag. 301. SapientiJJimum ^ eio-
quentijfimum cui videntur in cunis dormienti
tamquam alterí Platoni in lahellis apes con-
fediffe. Walchio Hifi. Crít. ling. Latin.
cap. II. pag. 444. hominem laudibus elo-
quentia omatijfimum. Beyerlinck Opus Cbro-
nolog. ad ann. 1567. perpetuis erudita laudis
honoribus efferendus efl. Daça Cbron. de S.
Franc. Part. i. liv. i. cap. 50. diligente y
fideliflimo Hifloríador. Arnold. Myllíus Epífi:.
ad loan. Metei, que fahio no principio da
Parafrafe de Ifaias do mefmo Oforio Vir
efl longe doãijftmus, (ò" rara pietate, morum-
que gravitate multo clariflimus. Souza Elor.
de Efpan. Excel, de Portug. cap. 23. Excel.
23. §. 10. por los excellentes livros, que com-
pufo ganò tal fama, que de Inglaterra, AJe mania,
y otras partes venian folo a verle mucbas
gentes como a otro Titolivio. Marangoni
The:(aur. Parocb. Tom. 2. pag. 68. §. 34.
Doãrína, religione in Deum, (ò" Regem cla-
rijfimus. Telles Cbron. da Comp. de Jef da
Prov. de Portug. Tom. 2. liv. 5. cap. 28.
§. 10. Varaõ eloquentijftmo. CapaíTi Hifi. Phi-
lofopb. lib. 4. cap. 14. Cicero Eufitanus.
Franckenau Bib. Hifp. Gen. Herald, p.
178. n. 259. vir ob erudita, ac eleganti f cripta
eloquio varii argumenti opera notijjimus. Teif-
fer Elog. des Hom. Savans. Tom. 3. pag.
187. perfonage d' une naiffanfe noble, d' une
profonde erudition, d' une rare eloquence, e
d' une fncere piete. Gil Gonzalves de Ávila
Tbeatr. de las Gr and. de Madrid pag. 506.
aquel varon tan fenalado, j famofo diffio
de toda memoria, el Cicero Cbrífliano D.
Geronimo Oforío, que honro fu patría con
fus efcritos, y pluma. Tofcano Paralel.
de Var. llluftr. cap. 129. Foy igual a Ci-
cero rui eloquência, eflilo, e frafe, e finalmente
ate boje o que mais o imitou, feguio, e igua-
lou nefta matéria pelo qual confegtáo, e Mgm-
mente mereceo o titulo, e fobre nome tam-
bém de Príncipe da Ungua Latina, e no
cap. 130. NaS fó foy muy louvado, e ejli-
5i4
BIB LIO TH E CA
mado de feus naturaes, mas das naçoens ef-
tranhas. Maris Dialog. de Var. Hijí. Dia-
log. 4. cap. 15. Príncipe dos Oradores.
Hollander de Nobilitat. pag. 65, Ora-
torum hujus Jaculi omnium eloquentijftmus.
Fonceca. Evor. Glorio/, pag. 301. injigne
Hijioríador, e "Letrado. Brito Mon. Lm/íí.
Part. I. liv. 2. cap. 12. eloquentijftmo. Ni-
col. Ant. Bih. Hifp. Tom. i. pag. 449.
col. 2. Plane in hoc viro quid quid praj-
tantis, €>• eximii natura concedere, fiudiaque
litterarum conferre folent cumulatum meritò
dixeris. Nam prater innocentijftmos mores,
duãamque ad unguem Pontifícia vita formam,
fie in eo refplenduit fapientia, eloquentia con-
jun£ta, ut nefcias quid in ejus doâifftmis, eb*
ekgantifftmis lucuhrationihus folidiffima ne,
ac vere Chrifliana Philofophia documèta, €>
illuflres undique cogitationes quibus Platonem,
an excellentia Latina loquutionis, qtta Tul-
lium Ciceronem ad Ecclefia Caflra deducere
voluiffe videtur celebritate mayorí, (ò' laude
dignum fit. Dupin Hifl. de l' Eglife, e des
Autheurf. Ecclef. Sede XVI. pag. mihi
419. C efl à bon droit qu on appelle Ofo-
rius le Ciceron Portugais car il efl un des
plus grands imitateurs de Ciceron qu' il y
ait eu foit pour le fiile, foit pour le choix
qu' il fait des fujets, foit pour la maniere de
les traiter. Poflevin. Apparat. Sac. pag.
745. Vir nobilis, doãus, eloquens, caflus. An-
dré Scoto Hifp. Bib. pag. 551. ob egrégia in-
genii monumenta nulla unquam atas de ejus
laudibus conticefcet: teretur illorum manibus
qui fapientiam reãa cum eloquentia conjun-
gendam exiflimarínt. Franco Imag. da Vir-
tud. em o Nov. de Evor. liv. i. cap. 5. ex-
cellente Hifloriador. Koning. Bib. Vet. eb*
Nov. pag. 594. col. I. Souza Agiol. Lufit.
Tom. 4. pag. 606. Grande t^elador da honra
de Deos, acérrimo defenfor da Religião Chrif-
fãa, infigte Theologo, verfado em todo o género
de erudição. Niceron Memoir. des Hom.
Jlluftr. Tom. 11. pag. 202. e fegxiintes.
Conrado Gcfnero in Append. Biblioth. foi.
520. Reynerio Mathifio em a feguinte
Ode imprefla no livro de E^bus Emman.
Reffs da ediçaõ de Q>lonia.
Vis JLu/tana Gentis, in índia
Res feire geflas, bellaque barbarís
ília ta regnis; <& fubaBos
In Lybicá Regione Mauros:
Vi et repertas navibus infulas:
Et feire mores juraque gentium
DoHos deferti leãor Oforíi
Evolve libros affidua manu;
Ex hoc amano fonte fumma
Utilitas fluet, (& voluptas.
Hine multa difces, qua nequa faculis
Unquam fuerunt nota prioríbus
Nec Vifa. Miras longus arfes
Reperit, (& meditatur ufus
Hae perfequetur doHus Oforíus:
HUe hue ades tandem juventus
Pieriis opera ta Mufis:
Hae Tullianis plena leporíbus
Sunt, atque cedro digna volumina
Utaris hâc noães, dies que
Hifloriá fludiofe leBor.
As obras defte iníigne Prelado, que corriaõ
difperfas em diverfos tomos, e impreíTas em
varias partes as collegio com grande difvelo
feu fobrinho leronimo Oforio Cónego da Ca-
thedral de Évora quando aíTiíHo em Roma, e
fahiraõ comprehendidas em quatro Tomos
de folha. Romae apud Bartholamaeum Bonfadi-
ni. 1692. No primeiro Tomo eílaõ as feguintes.
De Nobilitate Civili libri 11.
De Nobilitate Chrifliana. libri iii.
Eftes dous tratados, que muito louvaõ dous
Oráculos da Jurifprudencia André Tiraquello
Traã. de Nobilit. cap. i. e loaõ Solorzano de
fure Ind. Tom. i. liv. i. cap. 5. n. 48. foraõ
dedicados ao Sereniflimo Infante D. Luiz.
OlyíTipone apud Ludovicum Rodriguez.
1542. 4. Florentiae apud Torrentium 1552. 8.
Baíileas apud Petrum Pemam 1571. 8.
Coloniae apud Cholinum. 1591. 12. Parifiis
apud Ifaiam le Preux 1606. 8. Sahio traduzi-
do em Francês por Monfiur de Guilloticre.
Pariz ches laquez Kerner. 1549. 4. Rogério
Afcanio Varaõ fummamente erudito reme-
teo efta obra ao Cardial Reginaldo Polo com
huma elegante carta, que he a primeira entre as
de Oforio exaltando feu Author com o feguinte
Elogio. In traãanda vero hae tam praclara ma-
tería eam eloquentia facultatem adhibet, qua pauei
quidem mea certa opinione pofl tila AugufH têm-
pora aut puriore, aut praflantiore ufi funt. Efl
enim in verbis deligendis tam peritus; in fen-
L USITAN A.
5i5
tentiis continuandis tam politus, ita proprie-
tate cafttis, ita perjpicuitate illujiris; ita aptus,
<& verecundtts in translatis; fuavis ubique
fine fafiidio; gravis femper fine molefiia; fie
fluens, ut nunquam turgejcat; fie omnibus
perfeãus numeris, ut nec addi aliquid, nec
I demi ei quidquam mea opinione pojfit. Immo
tam prafians artifex efi, ut nec Itália in Sa-
doleto, nec Gallia in Langolio pltis quam
nunc Hifpania in Oforio gloriari debeat. O
mefmo conceito fez defta obra leronimo
Cardofo em huma carta que he a 6 entre
as impreíTas. Videbar mihi in Ciceronis
de Philojophia libris Jumma cum voluptate
verfari. Nec mirum cum eadem ubertas, (&
gravitas, eadem fermonis puritas, eb* oratio-
nis concinnitas, idemque denique lepos pajftm elu-
ceret.
De Gloria libri V. Dedicado a El-
Rey D. loaõ o III. OlyíTipone apud Fran-
cifcum Corrêa 1549. 4. Sahio juntamen-
te com o tratado de Nobi/it. Chrifiiana.
Florentiae apud Laurentium Torrentium
1552. Baíileas 1556. 8. Compluti apud
Andream Angulo. 1568. 12. GDlonias
1577. Bilbao apud Mathiam Mares 1578.
Baíileas 1584. ODlonise. 1594. 12. Pariíii
apud Ifaiam le Preux 1608. 8. Rhoto-
magi 1616. Antuerpiae 1635. 12. Deíia
obra como da precedente faz eile elogio
Afonfo Garcia Matamoros de Acad. et
doai. vir Hifp. Suavi fimul, et artificio/a ver-
borum firuãura citra ver/um confcripfit. Sono,
et numero Orationis leviter demulcet aures,
ut hac unà pojjit fingulari virtute cum Lac-
tantio, (& Chrifiophoro Ijongolto, et quovis
alio Ciceroniano non injuria certare. Arifiotelica
tamen quadam differendi ratione, et copia fie
efi ufus, ut non ad voluptatem aurium, qiuB
Jumma efi, ficuti ego afiimo, in hoe authore,
fed ad judiciorum certamen fcripfijfe videatur.
De Regis Infiitutione, (& difciplina libri
VIII. ad Sebafiianum primum Portugallia
Regem. OlyíTipone apud loannem Hif-
pan. 1572. 4. Coloniae apud hasredes Bir-
ckmani. 1574. 8. Pariíiis apud Petrum
Huillier 1583. foi. por deligencia de Pe-
dro BriíTon irmaõ do Prezidente Bamabe
BriíTon; et Coloniae apud haeredes Ar-
noldi Birckmani. 1614. 8.
De rebus Emmanuelis Regis Lufitania
virtute, et aufpicio gefiis libri duo decim. Olyf-
lipone apud Antonium GondiíTalvum
1571. foi. Coloniae apud haeredes Birck-
manni 1597. 8. com huma douta pre-
fação de loaõ Matallio Metello Sequano
lurifconfulto efcrita ao íapientiflimo Va-
rão D. António Agoítinho Arcebifpo de
Tarragona. Sahio traduzido em Fran-
cês por Simaõ Goulard com o titulo fe-
guinte. Hifioire de Portugal eontenant, les
entreprejes, navegations, et gefies memorables
des Portugaloes tant en la conquéte des Indes
Orientales qu' aux guerres de Afrique &c.
Pariz par François Eítíene 15 81. foi. &
ibi chez Abel V Angelier 1587. 8. & ibi
par Samuel Crefpin 16 10. 8. 2. Tom.
Manoel de Faria, e Souza nas Advert.
ao primeiro Tom. da Afia Portuguesa faz
o feguinte elogio a efta obra fin algun dif-
crimen es la màs felis despues de la de Titu-
livio. En la latinidad todos le coneeden facil-
mente la palma de Jer el mejor Ciceroniano:
en la orden es fingular, en el juit^io es claro;
en los reparos es agudo, en la gala es grave,
e en todo es perfeão, e o Padre Niceron
Memoir. des Hommes Illufir. Tom. 11. pag.
208. £/? recommandable par le foin qu' il
apris de f informer de la verite des faits,
e de les raconter fans degtàfement; il ecrit
avec brievete, avec elarte e avec neteté. II
fonde les conjeils, e les fundamens des deli-
berations, donne fu jugement fur les aãions
des Grands, e des Róis, e condamne avec li-
berte leurs defauts fans èpargner ceux de Ja
Nation.
Defenfio fui Nominis. He huma erudita
apologia em que mollra contra feus emu-
los as rezoens que o moverão para afirmar
que devia fuceder neíla Coroa Filippe Pru-
dente por morte do Cárdia 1 D. Henrique.
Epifiola. Hannoviae. 12.
O fegundo Tomo comprehende as
feguintes obras.
Epifiola ad Sereniffimam Elifabetham
Anglia Reginam. OlyíTipone apud loan-
nem Blavium. 1562. 4. & Venetiis apud
loannem Ziletum 1563. OlyíTipone apud
Antonium Riberium. 1575. 4. Foy ver-
tida na língua Franceza. Pariz chez Ni-
5ió
BIB LIO THE CA
cuko Qiefnau. 1565. 8. e na Ingleza como
efcreve Niceron Mem. des Hom. lllujir.
Tom. II. pag. 209.
In Gualterum Haddonem Magiftrum li-
hellorum JupHcum apud clarijfimam Prin-
cipem EJifabetham Anglia, Francia, Hi-
bemia Keginam libri III. OlyfTipone apud
Francifcum Corrêa 1567. 4. Dilingae 1569. 8.
& ibi 1576. com huma Oraçaõ de lacobo
Longolio fobre o mefmo argumento. Tre-
veris apud Edmundum Hatot. 1585. 12.
De Jujlítia libri X. in quibus explican-
tur omnia qua de Fide, <& aãionibus, Me-
ritis, (& Gratia, libera hominis voluntate <Ò^
Prafenjione, atque prajcriptione divina ad hanc
diem dijceptata Jmt, €>* Jalfis opinionibus evulfis
omnes ad pie credendum, e>* bene vivendum
infiituuntur. Colónia; apud haeredes Birck-
manni 1574. 8. e 15 81. 8.
De Vera Sapientia libri V. ad Grego-
rium XIII. P. M. OlyíTipone apud Fran-
cifcum Corrêa. 1578. 4. Coloniae. 1579. 8.
et ibi ex Officina Birckmannica. 1582. 8.
In Epijlolam Pauli ad Komanos. No
terceiro Tomo eftaõ as obras feguintes.
Paraphrajis in lob. libri III.
Paraphrafis in Pfalmos.
Commentaria in Parábolas Salomonis.
In Sapientiam Salomonis. Antuerpiae.
1596. 12. No Quarto Tomo.
Paraphrajis in Ifaiam ad Henricum Ke-
ffs Hmmanuelis filium S. R. E. Tit. Sanc-
torum Coronatorum Cardinalem libri V.
Coloniae apud Alexandrum Bonatium
1578. & ibi apud haeredes Arnoldi Birck-
manni 1579. 4*
In OJeam Prophetam Commentaria.
In Zachariam Prophetam Commentaria.
Colónia 1584. 8.
In Laudem D. Ae Catherina Oratio.
In loannis Evangelium Orationes XXI.
Coloniae. 1584. 8.
Cármen in diem Natalem D. N. J.
Cbrijli. Confta eíle Poema de 80. verfos
heróicos.
Alem deftas obras comprehendidas nos
quatro Tomos impreflbs cm Roma. Com-
poz.
Tradução Latina das Meditofoens do Car-
dial D. Henrique fobre a Oração do P. Nojfo.
Lisboa por Francifco Corrêa. 1576. 12.
Epijlola ad Hjeronimum Cardo/um. He
a 10 entre as do mefmo Cardofo que
fahiraõ. OlyíTipone apud loannem Bar-
rcrium Typ. Reg. 1556. 8.
Commentaria in Pfalmum Miferere mei
Deus. M. S.
Tratado do Reyno do Algarve. He alle-
gado por Fr. Bernardo de Brito Mon.
Ijtifit. P. I. liv. 2. cap. 13.
Oraçaõ fúnebre nas Exéquias delRey D.
loaõ o III. celebradas em Coimbra. M. S.
Decretos do Concilio Tridentino tradu-
zidos em Portugmt:^. M. S.
Carta efcrita de Villa nova de Portimão
a 11. de Outubro de 1570. a ElRey D.
SebaJliaÕ em que lhe perfuade que fe caz^e.
M. S.
Carta efcrita de Lisboa a 20 de Outu-
bro de 1574. ao mefmo Príncipe. He larga,
e difcreta. M. S.
Duas cartas efcrítas ao mefmo Príncipe
contra Máximo Dias de Lemos por fe oppor
à lurífdiçaõ Eclejiajlica. M. S.
Carta à Rainha D. Catherína defprefua-
dindoa que naõ parta para Caflella M. S.
Carta ao Cardial D. Henríque fobre a
fucejfaõ defla Coroa. M. S.
Excellentijftmo Domino Alphonfo Por-
tugalenfi Comiti do Vimiofo Epijlola cujo
original vimos, e fe conferva no Archivo
deíla ExcellentiíTima Caza da qual faz |
memoria o P. D. António Caetano de
Souz. Hijl. Genealog. da Caz^a Real Portug.
Tom. 10. cap. 5. pag. 689.
f
lERONIMO OSÓRIO Sobrinho do pre-
cedente filho de Bernardo da Fonceca Ofo-
rio Fidalgo da Caza Real, Provedor Geral
do Eftado da índia, e de D. Luiza Lopes Pef-
tana naceo em o anno de 1545. em a Qdadc
de Coulaõ fituada na Coíla do Malabar a
tempo, que feu Pay era Capitão da fua For-
taleza, e naõ em Lisboa como com equivo-
caçaõ cfcreveo o Padre Fonceca Évora Glo-
ríof. pag. 407. fendo irmaõ de Bernar-
do da Fonceca Oforio de quem fe fez
mençaõ em feu lugar, e de Joaõ Oforio
L USITANA.
5.7
da Fonceca Commendador de Ivlinhoraes
em a Ordem militar de Chriílo. Quando
contava onze annos de idade partio para
Portugal recomendado a tutela de feu Tio
Paterno D. leronimo Oforio, e com a dou-
trina de taõ iníigne Varaõ fahio verfado
na efpeoilaçaõ das fciencias, como na prac-
tica das virtudes. Depois de aprender a
língua Latina em Coimbra em o Collegio
das Artes fendo feu Meíbre o Padre Manoel
Pimenta hum dos mais Egrégios Huma-
niftas, e Poetas do feu tempo fe aplicou ao
eíhido da Grega onde paííou a penetrar com
admiração dos feus condifcipulos as difi-
culdades da Filofofia Peripatetica. A mo-
deília do femblante, a urbanidade do trato,
a frequência dos Sacramentos, e a charida-
dc para com os pobres lhe conciliarão taõ
geral veneração, que muitos Fidalgos orde-
navaõ aos filhos, que eíhidavaõ em G^im-
bra, que frequentaíTem a fua caza como Re-
llgiofa paleílra de virtudes catholicas, e mo-
raes. Ao tempo que curfava o quarto an-
no de Filofofia, foy provido por feu Tio,
que já era Bifpo do Algarve em o Arcedia-
gado de Lagos, e como aíTiíHa no Palácio
defte IlluífadíTimo Prelado o inftruio com a
ultima perfeição na lingua Grega. Segun-
da vez frequentou a Univerfidade de G>-
imbra para cultivar a Sagrada Theologia
a cuja Faculdade apUcava a mayor parte
do tempo refervando algumas horas para
aprender a lingua Hebraica neceíTariamen-
te previa para a intelligencia da Sagrada
Efcritura, que lhe enfinava D. Pedro Fi-
gueiró infigne profeílor defte Idioma, e illuf-
tre brazaõ dos Q)negos Regrantes da Q)n-
gregaçaõ de Santa Cruz. Recebidas as infi-
gnias doutoraes em a Faculdade Theolo-
gica a 26. de lunho de 1580. voltou ao Al-
garve onde aíTiílio com vigilante afefto à
morte de feu liluíbáíTimo Tio. Sendo pro-
vido na Conefia Magiftral da Cathedral de
Évora a 3. de Fevereiro de 1582. exercitou
as virtudes próprias de hum exemplar Ec-
clefiaftico. Celebrava com fumma pieda-
de, e naõ menor atenção o Sacrifido da
MiíTa todos os Domingos, e dias Santos.
Socorria a todos os pobres principalmente
àquelles, que o pejo lhe prendia as lín-
guas para folicitar o feu remédio. AíriíHa
com largos donativos aos eíhidantes, que
mais fe diftinguiaõ no progreíTo das letras,,
concorria com todo o neceíTario para as
Enfermarias dos Religiofos Francifcanos de
Évora fendo participantes defta charitativa
profufaõ os Carmelitas Defcalfos, e as Re-
ligiofas do Convento do Calvário. Por fer
inimigo jurado da ociofidade todo o tem-
po, que lhe reftava das obrigaçoens do feu.
Cabbido o confumia na Compofiçaõ das
fuás obras. Para imprimir as de feu grande
Tio paíTou a Roma no anno de 1588. com
Breve de Xifto V. onde a fua Caza era a
Hofpido de todos os Portuguezes, que fe
valíaõ da fua proteção para o feliz êxito das
fuás pertençoens. Nelia famofa Corte me-
receo naõ vulgares eíUmaçoens dos Emmi-
nentilTimos Cardiaes Marco António Colo-
na, D. Pedro Deça, e Gabriel Paleoto, e
ainda, que conhecia inclinada a authorida-
de deites Príncipes para os feus augmen-
tos, fuperior a toda a ambição nimca per-
tendeo mayor lugar do que poíTuia. Naõ-
fomente com a voz, mas com a penna de-
fendeo eruditamente na prefença do Car-
dial Guilherme Alano algumas contradiçoens
armadas contra a impreíTaõ das obras de feu
Illulbiflimo Tio, triunfando com tanta gloria
dos feus emulos, que confufos fe arrepende-
rão de ferem inftrumentos do aplauzo, que
alcançara. ReiHtuido a Évora alcançou faoil-
dade delRey para renunciar com penfaõ o Ca-
nonicato obrigado das moleítias, que pade-
cia, cuja renimcia fez a 6 de Fevereiro de 1599.
em o Doutor Sebaíliaõ da Coíla. Era taõ ef-
crupulozo, que tinha hum caderno intitulado
Conàencia em que aílentava as faltas das
Horas Canónicas para reílituir ainda no tem-
po em que os Médicos o difpenfavaõ do
Coro convalecendo de graviíTimas doenças.
De todos os Benefidos EcdefialHcos, que
obteve fempre feparava a terceira parte
para os pobres. Depois de renundar o
Canonicato partio para Galliza a vizitar
a fepultura do Apoftolo S. Tiago, e vol-
tando bufcou para fua habitação o Será-
fico Convento do Varatojo, onde paf-
fava o tempo orando, e compondo até
que por caufas urgentes paíTou a Lisboa,
5i8
BIB LIO THE C A
■€. morando no Campo de Santa Clara era
a fua Caza procurada dos pobres para re-
médio; e de muitos graves Religiofos para
a doutrina confultando-o nas mayores
■dificuldades da Theologia Efcholaílica,
■e Pofitiva. Deixou a fua Livraria aos
Religiofos Francifcanos do Convento de
Xabregas, e pedindo ao Guardião a col-
locaífe no Convento em quanto vivia,
fe naõ executou. Provada a fua pacien-
■cia com huma infermidade, que fe ex-
tendeo pelo efpaço de hum anno man-
dou chamar de Évora a feu Irmaõ Ber-
nardo da Fonceca o qual chegando à fua
prezença a ii de Janeiro de 1611. lhe dille,
•que o naõ mandara chamar com mayor
anticipaçaõ porq em Fevereiro certamente
partia para a eternidade, e lhe entregou
dous facos de dinheiro para diílribuir pelos
neceíTitados. Recebidos todos os Sacra-
mentos com catholica ternura, e aíTiftido
dos Religiofos Francifcanos a quem en-
comendara o naõ defemparaílem até o ulti-
mo inftante, poftos os olhos em Chrifto
Crucificado efpirou placidamente em quarta
feira de Cinza 16 de Fevereiro de 161 1.
em idade de 66 annos, e foy fepultado
no Convento de Xabregas. Fazem hono-
rifica mençaõ do feu nome Nicol. Ant.
Bib. Hifp. Tom. i. pag. 450. col. 2. Joan.
Soar. de Brito Theatr. h.ufit. Uter. lit. H.
n. 24. le Long. Bib. Sacr. pag. mihi 888.
col. I. D. Nicol. de Santa Mar. Chron. dos
Con. Keg. liv. 11. cap. 10. n. 10. Gafpar
Eftaço Antiguid. de Portug. cap. 94. n. 10.
Taxand. Cathalog. Ciar. Hifp. Script. Teif-
fier ^og. des Hommes Savans. Tom. 3. pag.
192. Niceron Memoir. des Homm. llluftr.
Tom. II. pag. 210. Compoz.
Hyeronimi Oforii vita. Sahio imprefla
no principio das obras defte IlluftrilTimo
Prelado publicadas por fua induílria em
Roma, como affima efcrevemos a qual
diz Poííevino Apparat. Sacer. pag. 743.
dignam qtue legatur, e o P. Scoto Hifp.
Bib. pag. J32. luculente, ac diferte conf cri-
pta.
Notationes in Hjeronimi Oforii para-
phrafim Pfalmorum as quais louva de mui-
to eruditas Monfiur Dupin Hift. des Au-
theurs Ecclef. du feit^ieme ftecle pag. mihi
419. Sahiraõ no Tom. 3. das obras de
feu Tio impreflas em Roma apud Bar-
tholamícum Bonfadini. 1592. foi. a pag. 530.
até 655.
Paraphrajis, €>• Commentaria in Eccle-
fiaften nmc primum edita, eS>* paraphrajis
in Cant. Canticor. <& in ipfam recens auãa
notationes. Rornse ex Typographia Gabiana.
1592. 4. Petro Decio Cardinali dicata, & Lu-
gduni apud Horatium Cardon. 161 1. 4.
A parafrafe fobre os Cantares fahio no Tom.
3. das obras de feu Tio impreíTas em Roma
a p. 10 14. até 1083. nas quais faõ produ-
çoens fuás as Dedicatórias a Filippe Pru-
dente, Gregório XIII. Marco António Co-
lona, Gabriel Paleoto, e Pedro Decio Car-
diaes da Igreja Romana.
Memorial da Origem, e titulo dos Cónegos,
e da qualidade das fuás Kendas. Dedicado ao
Cabbido da Cathedral de "Évora a f de Agof-
to de 1602. M. S. Começa. Em os três
annos, e quafi três meares da ftm peregrinarão
foy Chriflo modello. &c. Defta obra faz men-
çaõ Nicolao de Santa Maria Chron. dos Co-
neg. Kegrant. liv. 5. cap. 9. n. 3. e 4. e liv.
II. cap. 10. n. 10.
Cathalogo dos Bifpos, e Arcebifpos de Évo-
ra. M. S. Gafpar Eftaço Antiguid. de Por-
tug. cap. 94. n. 10. faz memoria defta
obra, como de feu Author nefta forma.
Jerónimo Oforio Cónego de Évora, a quem
a virtude da fua Pejfoa, e a eriidiçaõ das
fuás obras fiv^erão conhecido, e juntamente be-
nemérito da Igreja daquella Cidade pelo Ca-
thalogo dos Bifpos, que delia efcreveo.
De difplicentia rerum humanarum. Eftava
concluindo efla obra no anno de 1609.
e prompta para a mandar imprimir cm
Leaõ de França por Horácio Cardon.
Da Obrigação que os filhos tem aos Pays.
Derigida a D. Brites de Souza filha de An-
na de Souza fua Prima. M. S.
Notationes in Evangelia. M. S. Eftas duas
obras confervava Bernardo da Fonceca Ofo-
rio irmaõ do Author.
De Poteflate Papa. M. S.
Parecer a cerca dos CbriflaÒs novos efcrito
no anno de 1591. à inflancia do Cárdia l Pa-
leoto. M. S.
ti
L USITAN A,
lERONIMO OSÓRIO DE CASTRO
Ficklgo da Gi2a Real Cavalleiro profeíTo da
Ordem de Qiriílo filho de António Oforio
da Gama, e D. Maria Antónia Coutinho
de igual nobreza à de feu Conforte. Foy
igualmente perito na Arte militar quando
fervio na Praça de Penamacor, e na Ar-
mada que no anno de 1682. navegou a
Turim para conduzir o Duque de Savoya,
como nos preceitos da Poefia Cómica pu-
blicando a feguinte Comedia.
EJ Valor vence impojfibles y Jegundo Vi-
riato. Lisboa por Bernardo da Cofta de
Carvalho. 17 10. 4. He o argumento Giraldo
fem pavor.
lERONIMO DE PAYVA cuja pátria,
e eftado de vida fe ignora. Por fua induf-
tria publicou.
Compendium Commentariorum Collegii Co-
mmhricenfis in Logicam Arijlotelis. Amftelo-
dami. 1634. 8.
lERONIMO DE S. PAULO natural da
! auguTta Qdade de Braga Cónego Secular
da Congregação do Evangelifta, Provedor
do Hofpital real de Coimbra, e celebre Pre-
gador do feu tempo de que deixou por
teftemunho do talento, que tinha para o
' púlpito.
Exéquias feitas à memoria do Serenif-
jimo Príncipe, e Senhor D. Theodofio prí-
meiro defte nome celebradas na Capella Real
do Hofpital de Coimbra. Coimbra por Ma-
noel Dias Impreílor da Univerfidade. 1654. 4.
FaUeceo na fua pátria a 15 de Fevereiro
1 de 1694, em idade muito proveâa.
lERONIMO PEYXOTO DA SILVA
natural de Lisboa, e filho de Balthezar
Peixoto da Silva, e D. Frandfca Deça
ambos defcendentes de nobres geraçoens.
Foy ornado de igual talento para as ef-
peculaçoens Theologicas em que recebeo
o grão de Doutor na Univerfidade de
Coimbra, como para as Declamaçoens Evan-
gélicas de que teve por theatro os mais
authorizados púlpitos de todo o Rcyno^
Sendo provido em a Conezia Magiílral da.
Sé do Algarve a 14 de Dezembro de 1649.
paílou com a mefma dignidade para a Ca-
thedral do Porto de que tomou poíTe a 22
de Mayo de 1655. em cuja Gdade falleceo-
a 20 de Abril de 1666. e jaz fepultado na.
Cathedral. Dos muitos Sermoens que pre-
gou fe fizeraõ pubHcos os feguintes.
Sermaõ na fefla que fe fev^ na Collocaçaõ
da Senhora da Graça em o muro da Cidade
de Usboa fahindo a prociffaõ da Igreja do So-
corro. Lisboa por Paulo Crasbeeck. 1617.
4. e Coimbra pela viuva de Manoel Car-
valho ImpreíTor da Univerfidade 1664. 4.
Sermaõ da Qtíarta feira de Cin^a pregado-
na Mit^erícordia da Cidade do Porto. Lisboa
por Paulo Craesbeeck. 1658. 4.
Sermaõ da DegollaçaÕ de S. loaõ Baptifler
pregado no Mofleiro das religiofas de S. 'unta-
do Porto. Coimbra por Manoel Dias. i66i>
4. e Lisboa por António Crasbeeck de Mel-
lo 1672. 4.
Sermaõ de S. loaÕ Evangelifta. Coimbra.
por Manoel Dias ImpreíTor da Univerfidade
1663. 4.
Sermaõ da fegunda quarta feira de Quaref-
ma. Coimbra por Manoel Carvalho. 1664. 4.
Sermaõ de Paffos de Chrífto pregado na-
Convento das Religiofas de Santa Clara do
Porto. Coimbra por Manoel Dias 1663. 4.
e Lisboa por António Crasbeeck de Mello.
1671. 4. e Coimbra por loaõ Antunes
1715. 4.
Sermaõ da Sexta Feira de Eaf(aro na Mi-
t(ericordia do Porto. Coimbra por Rodrigo-
Carvalho Coutinho 1672. 4.
Sermaõ do Santifftmo Sacramento pregado às-
Frejras de S. Bento do Porto. Coimbra por
Manoel Carvalho. 1672. 4.
Sermaõ das lagrímas da Magdalena na Al/-
!(ericordia do Porto. Coimbra pelo dito Im-
preíTor. 1672. 4.
Sermaõ da Conceição de N. Senhora na Ca-
pella Real. Coimbra pela Viuva de Manoel
Carvalho ImpreíTor da Univerfidade. 1674. 4.
Lagrímas de Onimo na morte de feu querid»
Ther^ar. Lisboa por Domingos Lopes Rofa.
1646. 4. Sahio em proza, e verfo fem o
nome do author.
520
BIB LIO THEC A
Os Sermoens do Santijftmo Sacramento, e
<la DegolaçaÕ do Baptijla fahiraõ traduzidos
na lingua Caílelhana em a haurea LMjitana.
Madrid por André Garcia. 1679. 4.
Vida de D. Ignes de Cajlro. M. S. Defta
obra o faz author loaõ Franco Barreto na
Bih. Portug. M. S.
D. Fr. lERONIMO PEREIRA, e naõ
PINHEIRO, como alguns erradamente o
apelidarão naceo em Lisboa, e no Convento
pátrio da Ordem illuílre dos Pregadores
profeíTou o feu inftituto a 25 de Julho de
1535. As fuás grandes letras illuílradas com
Si obfervancia das virtudes religiofas o fi-
zeraõ digno para que o SereniíTimo Infante
-Cardial D. Henrique Arcebifpo de Évora
o nomeaíTe feu Bifpo Coadjutor com o ti-
tulo de Salè Cidade da Mauritânia Tingin-
tana nas prayas do mar Athlantico em que
foy confirmado pela Santidade de Gre-
gório XIII. a 15. de Dezembro de 1577.
Naõ poííuio efta dignidade hum anno com-
pleto morrendo pouco depois do infauf-
to fuceíTo da expedição Africana do an-
no de 1578. Jaz fepultado em a caza
•do Capitulo do Convento de S. Domin-
gos da Gdade de Évora com eíle epi-
táfio. Hic fitus eji Dominus Fr. Hyeroni-
mus Pereira Epifcopus Calamacenfis. hom le-
irado, e pregador de grande nome he chamado
por Fr. Luiz de Souza. Hist. de S. Domin-
gos da Prov. de Portug. Part. i. liv. 5. cap.
36. Vir moribus clarus, ac concionator clarif-
Jimus por Fr. Ant. de Sena Bih. Ord. Prad.
pag. 116. VaraÕ infixe em virtudes, e letras
por D. Manoel Caetano de Souza. Cathal.
Jos Bi/p. Portug. pag. 115. Grande na pru-
dência, s^elo, e letras, pelo P. Fonceca Evor.
Glorio/, pag. 316. Varaõ doutijftmo, e Pre-
_gador celeberrimo por Fr. Pedro Monteiro
Claujlr. Domin. Tom. 3. pag. 231. e no
Tom. I. pag. 48. Na Theologia fqy dos fogei-
Jos majores, que teve o feculo, e no púlpito va-
raÕ celeberrimo. Clarus concionator, <& tam
Joãrina quam moribus conjpicuus por Hypo-
lyt. Marrac. bib. Maria». Tom. 2. p. 463.
-c ultimamente Fr. lacobo Echard. Script.
Ord. Prad. Tom. 2. p. 248. col. 2. In-
ter cateros ille divinarum, humanarumque cogni-
tione literarum emicuit, celeberrimufque clarvit
atate fua concionator €>• facunduSy o qual fc-
gue que fora Bifpo de Calamo Gdade an-
tigua de Africa fuffraganea ao Arcebifpo de
Carthago como eftá efcrito no feu epitáfio
por aíTim o nomear com eíle titulo Fr. Vi-
cente Maria Fontana Monumenta Dominic.
Part. I. cap. 4. Tit. 42. e cap. 5. n. 118.
e naõ poder intitularfe com o nome de Salè
cuja Cidade fe naõ achava na Geografia Ec-
clefiaílica ignorando que com eftc nome fe
intitularão D. Fr. Diogo de Araújo, c D.
Fr. Domingos Furtado Erimitas Auguítí-
nianos Bifpos Coadjutores de D. Fr. Aleixo
de Menezes Arcebifpo de Goa, e D. Nuno
coadjutor do Seremífimo Arcebifpo de Évo-
ra o Cardial D. Aifonfo. Compoz. 1
Traãatus de Kefurreãione Domini. 1
Traãatus de Sacramentis compofto por or-
dem do Cardial D. Henrique.
Sermonarios de Santos, e outros Affumptos.
Todas eílas obras que feu author tinha
promptas para a impreíTaõ defapareceraõ
com a fua morte, e pofto que o Cardial D.
Henrique fulminaífe Excomunhão contra
quem as tinha roubado nunca aparecerão.
Defte Prelado fazem memoria alem dos Au-
thores referidos, loan. Soar. de Brit. Theatr.
Ljífít. Liter. lit. H. n. 25. e 26. Faria Europ.
Portug. Part. 4. cap. 6. e Fr. Lucas de S.
Catherina Hijl. de S. Domingos da Prov. de
Portug. p. 935. col. I. no Apend.
Fr. lERONIMO RAMOS natural da
Gdade de Évora onde teve por Pays a
Diogo de Ramos, e Ignez Carvalha. Pro-
feflou o fagrado inftituto da Ordem dos
Pregadores no Convento pátrio a 13 de
May o de 1565. Foy excellentc Orador
Evangélico, infigne Mufico, c perito Ar-
chitefto. Faleceo no Convento de Lis-
boa no anno de 158J. Para que naõ ctiJ
ducaíTe na pofteridade a fantificada me-
moria do SereniíTimo Infante D. Fernan-
do filho delRey D. loaõ o I. que m<MP»
reo viftima da barbaridade em as maf-
mortas de Africa, cuja vida, e morte cf-
crevera Fr. loaõ Alvares Secretario do
L USITANA,
521
I
mefmo Príncipe, e deíla fendo imprefla no
anno de 1527. eraõ jà rariíTimos os exem-
plares, fe empenhou a reimprimilla refor-
mando algumas palavras antiquadas, e acre-
centando alguns fuceíTos, a publicou com
eíle título.
Chronica dos feitos, vida, e morte do If-
fatite Santo D. Fernando que morreo em Fees.
Lisboa por António Ribeiro. 1577. 8. De-
rigida ao SereniíTimo Cardial D. Henrique
Infante de Portugal Arcebifpo de Évora
Legado à latere. Sahio vertida em latim
no Tom. i. do mez de lunho dia qiiinto
da grande obra do Aãa Sanãorum pag. 365.
Fazem memoria de Fr. leronimo Ramos,
como deíla obra Souza Hiji. de S. Doming.
da Prov. de Portug. Part. i. Uv. 6. cap. 31
loan. Soar. de Brito Theatr. 'Lufit. Uter,
lit. H. n. 27. Faria Europ. Portug. Part. 4
cap. 6. Cardozo Agiol. iMjit. Tom. 2. pag
653. no G)mment. de 22. de Abril letr
C. e Tom. 3. pag. 560. no Gímment. de
5. de lunho letr. A. Nicol. Ant. Bib. Hifp.
Tom. I. pag. 454. col. 2. onde fe equivo-
cou miferavelmente imaginando fer a vida
que efcreveo o noíTo Fr. leronimo Ramos
a que compoz do mefmo Infante Fr. lero-
nimo Roman Erimita de Santo Agoftinho
quando entre huma, e outra mediarão de-
zoito annos de impreíTaõ. Echard. Script.
Ord. Prad. Tom. 2. pag. 245. col. i. Mon-
teiro Claujlro Domin. Tom. 3. pag. 232.
Deixou imperfeito hum Volume efcrito com
perfeição, e dibuxado com curioíidade das
Armas, e Familias do Reyno de Portu-
gal, foi.
lERONIMO RIBEYRO DE CARVA-
LHO. Teve por pátria a Qdade de Braga,
e por progenitores a Manoel Ribeiro do
Lago, e Francifca Carvalha. Na idade de
quatorze annos abraçou o fagrado inítituto
da Companhia de lESUS no Collegio de
Coimbra em o primeiro de lunho de 1623.
onde exercitou o feu agudo engenho com
admiração de Meíbres, e condifcipulos, ou
foíTe na amenidade das letras humanas, ou
na agudeza das fciencias Efcolaíticas. Dei-
xada a Companhia em que aíTiítira pelo ef-
paço de trinta annos recebeo as iníignias
doutoraes de Theologo na Academia Co-
nimbricenfe, que illuílrou quando em 11.
de Mayo de 1650. foy Condutario com pri-
vilégios de Lente competindo em taõ fa-
mofa paleilra com feus dous Irmãos Félix
Ribeiro do Lago, e Pedro Ribeiro do Lago
ambos Collegiaes do CoUegio de S. Pedro,
Profeííores de Direito Pontifício, Deputados
do Santo Officio, e Cónegos Doutoraes nas
Cathedraes de Vifeu, Braga, Évora, e Coim-
bra. Da Univerfidade foy promovido a Có-
nego Magiftral de Braga em 30 de Julho
de 1654. donde paliou para a Sé do Porto,
e ultimamente Chantre da Cathedral de
Coimbra de que tomou poíTe a 27 de Ju-
lho de 1671. Mereceo as aclamaçoens de
inGgne Pregador bailando para lhe cano-
nizar a memoria os Elogios, que lhe fazia
o Padre António Vieyra Oráculo da Elo-
quência Eccleíiaítíca. Os feus difcurfos ain-
da que fubtiliíTimos fempre eraõ perceptí-
veis fervindo-lhe de bazes fimdamentaes
os Textos da Efcritura Sagrada, e as Sen-
tenças dos Santos Padres. Retirado ao lu-
gar de Vai de flores em a Provinda Tranf-
montana com intento de edificar hum Mof-
teiro para MiíTionarios falleceo piamente a
15 de Outubro de 1679. quando contava
69 annos de idade. O Padre Manoel Go-
dinho Vid. do Ven. P. Fr. Ant. das Cbag.
liv. I. cap. 14. Hum author dos majores en-
genhos do noffo tempo o Doutor Jerónimo Ri-
beiro Catbedratico da Efcritura na Univerjidade
de Coimbra Chantre da Sé da mejma, e que
fabendo morrer feito Capitão de Mijfionarios con-
vertendo algumas fe graduou por fabio das mi-
lhares fciencias faí(endo-fe fuperior às mefmas
envejas. Fr. Fernand. da Soled. Hifl. Serafic.
da Prov. de Portug. Part. 2. liv. 3. cap. 26.
§. 880. infgne Pregador dos noffos tempos.
Cordeiro Hifl. Infulan. Hv. 5. cap. 6. fubtil,
e celebre L^nte da Sagrada Efcritura em a Uni-
verfidade de Coimbra. loan. Soar. de Brito
Theatr. Eufit. Uter. Ut. H. n. 29. Sendo
Jefuita publicou com o nome de leroni-
mo Ribeiro os Sermoens feguintes.
SermaÕ da Quarta Dominga da Quarefma
no Collegio de Santo Antàò em Usboa. Lis-
boa por Paulo Craesbeeck. 1645. e Coim-
bra por Thomé Carvalho. 1664. 4.
522
BIBLIO THE CA
SermaÕ pregado em Santa Catherina de
Monte Sinay na celebridade de N. Senhora de
la Antigua em dia dos Vrav^eres ejlando o San-
tijjimo expojlo em o anno de 1654. Coimbra
por Thomc Carvalho 1664. 4.
SermaÕ na Fe/ta do Kofario da Vir. Mãy
de Deos. Coimbra por Jozé Ferreira. 1673.
& ibi por Manoel Rodrigues de Almeyda.
1695. 4.
SermaÕ do Apoftolo do Oriente S. Francifco
Xavier. Lisboa por Domingos Lopes Roza.
1645. 4. e Coimbra por Thome Carvalho
Impreflbr da Univerfidade 1664. 4.
SermaÕ do Apoftolo S. Thome. Lisboa por
Domingos Lopes Roza. 1645. 4. e Coim-
bra por Thome Carvalho. 1664. 4.
Depois de fahir da Companhia publicou
os feguintes com o nome de leronimo Ri-
beiro de Carvalho.
SermaÕ nas Honras do Serenijfimo Prín-
cipe de Portugal D. Theodo^io, que jev^ o
Reverendo Cabbido da Sé do Porto em 28
de Junho de 1653. Coimbra por Thome
Carvalho. 1653. 4. e Coimbra por Ma-
noel de Carvalho. 1671. 4.
SermaÕ da ptmjfima, e immaculada Con-
ceição da fempre Virgem Maria em Santa
Afina de Coimbra no anno de 1672. Coim-
bra por Rodrigo de Carvalho Coutinho.
1673. 4.
SermaÕ do Mandato. Coimbra por Tho-
me Carvalho ImpreíTor da Univerfidade.
1664. 4. & ibi por lozé Ferreira. 1672. 4.
SermaÕ na Fejla de N. Senhora da Pu-
rijicaçaõ pregado em o anno de 1669. Coim-
bra pela Viuva de Manoel Carvalho.
1672. 4.
OraçaÕ Fúnebre nas honras do Serenijfimo
Príncipe D. Pedro Duque Arcebifpo, e In-
quifidor Geral, que fe celebrarão na Sê da
Cidade de Coimbra em o anno de 1671.
Sahio na Laurea Portug. defde pag. 298.
até 335. Lisboa por Miguel Deslandes.
1687. ^.
SermaÕ das Soledades da Aíày de Deos.
Coimbra por Thome Carvalho Impreflbr
da Univerfidade. 1671. 4.
SermaÕ do Príncipe dos Patriarchas S.
Bento. Coimbra pelo dito Impreflbr. 167 1.4.
SermaÕ das hagrimas de S. Pedro na Ca^a
da Miferícordia de Coimbra. Coimbra pelo
dito Impreflbr. 1671. 4. & ibi por Manoel
Dias. 1672. 4.
SermaÕ de S. Joi(jé E/po^o da Virgem Ma-
ria no Convento de Santa Anna de Coimbra.
Coimbra por Rodrigo de Carvalho. 1673. 4.
SermaÕ na projijjaõ de Sor Maria do Salva-
dor em o Mojeiro de Santa Clara de Coimbra.
Coimbra pela Viuva de Manoel Carvalho
Impreflor da Univerfidade. 1675. 4.
SermaÕ de Santa There^a no Convento dos
Carmelitas Defcalfos. Coimbra por lozé Fer-
reira. 1674. 4.
SermaÕ do Santijftmo Sacramento na Do-
minga do Anjo Cujlodio pregado no Convento
de Santa Anna de Coimbra. Sahio na haurea
Portuguet^a a pag. 275. até 297. Lisboa por
Miguel Deslandes. 1687. 4. e Coimbra por
Manoel Rodriguez de Almeyda. 1695, 4.
SermaÕ de Santo António pregado em o Col-
legio de Santo António da Pedreira. Coimbra
por Rodrigo de Carvalho Impreflbr da Uni-
verfidade. 1673. 4.
Deixou prompta para fe imprimir.
Expojitio in quatuor Evangelia mirís acumi-
nibus referta.
Na Bibliotheca do Eminentiflimo Car-
dial de Souza que hoje pofluc o Excellcn-
tiflimo Duque de Lafoens fe confervaõ M.
S. as feguintes obras Latinas Poéticas em
que foy fummamente elegante.
Beatior ne fuerít Roma Ignatii funere, quam
natalibus Guipufcoa} Começa.
Erige fublime nam vértice tãgis Olympum
Roma Juperba caput. &c.
Mayor ne fama ex JESU nomine Socic-
tati fua indito contigit, quam ex fuo fi imponere
contiffjfet} Começa.
hxfyola titulos, ^ non fua flemmata fama
Contemptorem animum, quantumque emerferít
orbe
Dum fedet Iffmto vètura in facula nom!
Occultare Dei fub nomine &c.
lERONIMO RIBEYRO SOARES na-
tural da Villa de Torres novas do Pa-
triarcado de Lisboa, e dcfcendente de
Nobre familia foy muito aplicado à cul-
L USITAN A.
523
tura da Poeíia GDmica, em que compoz
muitas obras de que unicamente fe fez pu-
blico.
Auío do Fijico. Sahio a foi. loi. v.** da
I. Part. dos Autos, e Comedias Portuguesas.
Lisboa por André Lobato. 1587. 4. Do
author fa2 memoria loan. Soar. Tbeatr. Lu-
fit. Uter. lit. H. n. 28.
P. lERONIMO RODRIGUES na-
tural da Villa de Monforte, ou de Monte-
mor o novo íituadas em a Província Tranf-
tagana. Sendo admitido à Companhia de
lESUS partio para a Lídia no anno de
1556. e depois de fer Vizitador das Pro-
^'incias do lapaõ, e China aíTiítío em a Ilha
de Tidor huma das Molucas pelos annos
de 1579. onde obrou o feu apoftolico ef-
pirito heróicas açoens em beneficio dos con-
vertidos à verdadeira Religião. Falleceo pia-
mente em o Collegio de Macao quando
exercitava o lugar de Reytor. Efcreveo.
Carta efcrita de Cocbim aos Padres da Pro-
vinda de Portugal a 6 de laneiro de 1565.
Carta efcrita de Cocbim aos me/mos a 20
de Janeiro de 1566.
Carta geral efcrita aos me/mos de Cocbim
a 16 de Janeiro de 1568.
Carta Annua efcrita ao Padre Geral de
Cocbim a \^ de Janeiro de 1570. He muito
larga. Sahio com outras. Romãs apud Hx-
redes Antonii Bladii. 1571. 8. e P. Emman.
da Coíla de rebus Indicis pag. 151. Coloniae
apud Gervinum Calenium. 1574. 8.
Breve declaração da doutrina Cbrijlãa efcrita
na lingua Malaya. O Padre Francifco de
Souza Oriente CotiquiJl. P. 2. Conq. 3. Di-
vif. 2. §. 15. efcreve que foy grande o fruto,
que refultou defla obra.
Fr. lERONIMO RODRIGUES natural
da Villa de Eílremoz em a Provinda
do Alentejo fobrinho do infigne Theo-
logo Fr. Manoel Rodrigues do qual foy
fiel imitador, naõ fomente em o infti-
tuto Seráfico, que profeíTou na Provinda
de S. Tiago em Caftella, mas em a pro-
funda efpeculaçaõ da Sagrada Theologia,
que didou aos feus domeíticos no Con-
vento de Salamanca onde intempeítívamente
morreo deixando para manifeílo argumen-
to da fua fdenda, que tinha do Direito
Canónico, e Theologia Moral a feguinte
obra.
Compendium quafiionum Kegularium Em-
manuelis Roderici, five refolutiones quafiionum
Reffilarium ad compendij formam reduãa, qm-
hus acceffertmt nota, reãratationes, <& additio-
nes, quibus feorfim partim quadam ab Autbore
omiffa fupplentur, partim aliorum idem, vel di-
verfam fentientium rationes pari brevitate ex-
cerpta expenduntur, variaque Bullarti indulta
intertexta recenfentur. Lugduni apud Ho-
ratium Cardon. 1630. 4. grande & ibi apud
eumdem. Typ. 1634. 8.
Fazem ddle memoria Wadingo Script.
Ord. Min. pag. 175. col. i. Nicol. Ant.
Bib. Hifpan. Tom. i. pag. 455, col. i. Fr.
Ludou. à Concept. Exam. Verit. Tbeolog.
Moral. Part. i. Traâ. 3. caf. i. cap. i.
intitulando-o doãijjimus, e Fr. loan. à D.
Ant. Bib. Franàfc. Tom. 2. pag. 78. col. 2.
lERONIMO RODRIGUES Vigário em
a Qdade de Cochim fituada na Cofta do
Malabar. Efcreveo com eftilo claro, e íin-
cero.
Relação de buma Crus^ mila^ofa, que foy
cubada em a Cidade de S. Tbome a qual quafi
todos os annos em Dei^embro muda quatro, ou
finco ve;(es a cor, e deita de fi algumas gotas
de agua como lagrimas fobre o que tirou infhru-
mento autbentico de Tefiemunbas. M. S.
lERONIMO DA SYLVA DE ARAÚ-
JO naceo em Lisboa fendo filho de lozé
da Sylva de Araújo, e Thereza Maria Cer-
veira, e irmaõ de Fr. António da Sylveira
Religiofo Trinitario de quem em feu lu-
gar fe fez mençaõ. Inftruido nas letras
himianas, inteUigencia da lingua Latina,
e precdtos da Poefia frequentou em a
Univerfidade de Coimbra o Dirdto Pon-
tificio no qual recebendo o grão de
Bacharel fe reítítuhio à fua pátria on-
de exerdtando o lugar de Patrono de
Caufas Forenfes compoz a feguinte obra
ornada de varia erudição para com ella
524
BIB LIO THE CA
fe inílruiflem os lurifconfultos que exerci-
tarem a Advocacia intitulandoa.
Perfeãus Advocatus, boc eji, Tra£tatus de
Patroms, Jive Advocatis, Tbeologicus, luridicus,
Hijioricus, (& Poeticus; cui accedunt Jupremi 1m-
fitani Senatus pulcherrima, et vere áurea Deci-
Jiones, nec non et Forenfes aliqua Conjultattones.
UlyíTipone apud loannem Baptiílam Lerzo
1745. foi.
In obitu Serenijftma Portugallia Infantis
D. D. Francifca Epigrammata tria. Sahiraõ
no fim da 2. P. dos Acentos Métricos das
Mu/as a efte Affumpto. Lisboa por António
Ifidoro da Fonceca. 1736. 4.
lERONIMO DA SYLVA DE AZE-
VEDO natuial da Qdade do Porto on-
de foraõ feus nobres progenitores Fran-
cifco de Azevedo, e Leonor Pedroza. Nos
primeiros annos frequentou a Univeríidade
de Coimbra onde a agudeza do feu en-
genho fez progreíTos taõ admiráveis que
recebidas as inlignias doutoraes na Fa-
culdade do direito Cefareo fubio da Ca-
deira da IníHtuta em que foy provido
a 9 de Dezembro de 1659 ^ ^^ ^^
digo a 22 de Fevereiro de 1642. Da
efpeculaçaõ deíla fciencia paflbu à pra£ti-
ca na Relação do Porto onde foy De-
zembargador. e Corregedor do Crime, e
depois Dezembargador da Caza da Su-
plicação de que tomou poíTe a 5 de No-
vembro de 1648. e de Dezembargador
dos Aggravos a 12 de Novembro de 1650.
Sendo nomeado para Embaxador de In-
glaterra no anno de 1652. loaõ Rodri-
gues de Sá Conde de Penaguião, e Ca-
mareiro mòr da Mageftade delRey D. loaõ
o IV. foy eleito por feu Secretario em
quem concorriaõ (como efcreve o Excellen-
riíTimo Conde da Ericeira D. Luiz de
Menezes Portug. Kejlaur. Tom. i. liv. 11.
pag. 777). todas as partes neceffarias para
a ocupação que fe lhe entregou. Reílituido
ao Reyno foy Deputado da Meza da
Conciencia, e hum dos mais graves Mi-
niílros do feu tempo, aíTim pela pro-
fundidade da fciencia, como pela obfer-
vancia da juftiça. Falleceo em Lisboa cm
X9 de Fevereiro de 1661. laz fepulta-
do no Convento de N. Senhora da Graça dos
Erimitas de S. Agoftinho. Foy infigne cultor
da lingua latina, e igualmente verfado nos pre-
ceitos da Oratória, e da Poética compondo
com graça natural, e fumma promptidaõ
grande numero de verfos aíTim ferios, como
jocofos as quais intitula concinna, vÍT elegantia
loan. Soar. de Brito Tbeatr. 'Lufitan. Uter. lit.
H. n. 30 Manoel de Faria, e Souza Fuent.
de Aganip. Part. i. Centur. 6. lhe dedica em feu
aplauzo o feguinte Soneto que he o 77.
Por ouvirmos o Douro como deve
Sae là do fundo as aguas dividindo
Da mufgofa cabeça f acudindo
Nuvens de aljôfar vojfo fom recebe.
E tal opinião de ouvirmos teve,
Que a fuperficie com o pé ferindo
A bella corte chama, e vem fahindo
Por portas de Coral Nymphas de neve.
Eu que taõbem entaÒ cantando efiava
De aquelle rayo a meos incêndios pronto
Huã Nereida ouvi, que em nós f aliava:
DÍ!(ia aos bellos Soes do fundo Ponto
Que ejie meu canto fácil fe illuflrava
Com o vojfo divino contraponto.
Compoz.
Panegyris pro legitima fucefftone felicif-
fimaque acclamatione invi£iif[ími , ac ferenif-
fimi Re^s loannis IV. in Academia Co-
nimbricenfi diãa 8. Februarii 1641. Conim-
bricae Typis Didaci Gomez do Loureiro.
1641. 4. Sahio nos Aplausos da Univerji-
dade de Coimbra a ElRey D. loaÕ o IV,
Canção à morte da Senbora D. Maria
de Ataide. Nas Memor. Funeb. da mejma
Senhora a foi. 39 v.o Lisboa na Officina
Craesbeeckiana 1650. 4.
Canção nas Exéquias do Sereniffimo In-
fante D. Duarte M. S. da qual confervo
huma copia. Principia.
Nefle duro penedo onde fufpira
O echo em vaÒ: o nome fempre auguflo
CaiC^a fatal de lafHmofa hijloria.
Canção a traição ordenada a ElRey D.
loaõ o IV. no dia do Corpo de Deos. He
compofta em eftilo jocofo. Começa.
Pojio que o pa£lo quebre,
E o compromifjo rompa
Em que abjurei os dogmas do Pamafo*
Acaba.
L USITAN A
525
Demos por acabada
"Muja a noff a jornada;
Idevos Jem Coroa
De palma má, nem boa,
De Ijoiíto, nem de cedro,
Que eu taõbem Mu/a canto, e naõ medro.
Outra Cançaõ, que prindpia.
EJle trabalho extremo Mut^a amada
Camareira do filho de Latona,
Que teu favor permite que fe ordene :
fu que em cothumos de ouro apanttffada
No tribunal do poço de Helicona
Es alimária branca de Hypocrene.
Todas eftas Poezias fe confervaõ M. S.
na Livraria do Excellentifllmo Duque de
Lafoens, que foy do EmminentiíTimo Car-
dial de Souza.
D. lERONIMO SO.\RES. Naceo em
Lisboa fendo filho de loaõ Alvares Soares da
Veyga Avelar, e Taveira Provedor de Alfan-
dega de Lisboa, e de D. Maria Soares de Mello.
Aplicoufe em a Univerfidade de Coimbra ao
eftudo dos Cânones Pontifícios em que rece-
beo o grão de Doutor. A modeftia do fem-
blante unida à integridade da vida o fize-
raõ digno de fer Deputado da Inquifiçaõ
de Lisboa, e Coimbra, Inquizidor em Évo-
ra, e ultimamente Deputado do Confelho
Geral de que tomou poíTe a 25 de Abril de
1675. Nefte anno paíTou a Roma com a
incumbência de Procurador do Tribimal
de que era Minillro contra as injuiias per-
tençoens dos Chriílaos Novos alcançando
da Santidade de Innocencio XI. benévo-
lo defpacho da fua negociação. Reítítuido
ao Reyno foy nomeado pela Mageliade del-
Rey D. Pedro 11. Bifpo de Elvas de cuja
dignidade tomou poíTe a 15 de Mayo de
1690. Delia Cathedral foy transferido pa-
ra a de Vifeu onde fora Cónego Doutoral
fazendo a entrada publica a 6 de lulho de
1695. No largo efpaço de vinte, e finco
annos que governou efta Igreja deu re-
petidos argumentos da fua vigilância, e
charidade para com as fuás ovelhas que
com exceífivo fentimento o lamentarão
defunto a 28 de laneiro de 1720. quando
contava 85 annos de idade. Fazem hono-
rifica memoria do feu nome o Reveren-
diílimo P. loaõ Col Cathal. dos Bi/p. de
Vifeu §. 67. Ignado de Carvalho, e Sou-
za Cathal. dos Bifp. de Elvas. §. 10. Fr.
Pedro Monteiro Cathal. dos Deput. da In-
quif. de Coimbra n. 107. Cathal. dos Deput.
de Usboa: n. loi. Cathal. dos Inquifid. de
Evor. n. 57. e Cathalog. dos Deput. do Conf.
Ger. n. 62. Publicou.
Confenfus Conjiitutioni Unigenitus praf-
titus. Ulyflipone apud Pafchalem da Sylva
Typ. Reg. 1719. 4.
Fr. lERONIMO DE SOUZA naceo
na Villa de Freixo de Nemaõ em a Pro-
vinda da Beyra fendo filho de illuftres
Pays quais foraõ André de Souza Diniz
de quem fe fez memoria em feu lugar, e de
fua terceira mulher D. Maria de Amaral,
e Aguilar, e irmaõ de António de Souza
de Noronha Capitão de Infantaria do qual
já nos lembramos, e de Fr. Bernardo de
Souza Pacheco religiofo da Ordem de S.
Bafilio Fundador do CoUegio de Alcalá
de Henares, e Vigário Geral da fua Re-
ligião em as Provindas de Hefpanha.
Abraçou o inftituto Seráfico em Caftella
mudando na profiçaõ o nome de lacinto
que tinha em o feculo em o de leronimo
naõ fomente em obzequio do Doutor Má-
ximo de quem era fummamente devoto,
mas para renovar a memoria de feu Irmaõ
leronimo de Souza Tavares Capitão em a
Bahia de todos os Santos, e Provedor da
Fazenda Real. Depois de fer Collegialem o
Collegio mayor de S. Pedro, e S. Paulo
de Alcalá diâou Artes em Caftella, e Theo-
logia em a Qdade de Palermo Capital
do Reyno de Sidlia, e na Qdade de Nápo-
les onde jubilou. Pela fua grave prudên-
cia, e fuave génio ocupou os mais honorí-
ficos lugares da fua Religião fendo Secreta-
rio do Miniftxo Geral D. lozé Ximenes Sa-
maniego. Definidor, e Cuftodio da Provin-
da de Caftela, Guardião do Convento de
Madrid, Definidor Geral em o Capitulo
Geral celebrado no Convento da Vitoria
no anno de 1694. Foy Qualificador do
S. Ofíicio, e Examinador Synodal do Ar-
cebifpado de Toledo. Sendo Procurador
Geral da Religião em a Cúria Romana
52Ó
BIB LIO THE CA
lhe cometeo a Real Junta da PuriíTima
Conceição da Senhora a diligencia da Su-
plica authorizada com a infinuaçaõ de Car-
los II. à Santidade de Alexandre VIII.
para que em toda a Igreja fe celebraflc
com Outavario a Fefta daquelle Imma-
culado Myfterio, cuja graviíTima incum-
bência de tal modo dezempenhou, que
mereceo receber huma honorifica carta
delRey Catholico efcrita a 23 de Dezem-
bro de 1689. em que lhe agradecia o
a£Hvo zelo com que confeguira taõ pia
negociação. Foy hum dos mais celebres
Theologos do feu tempo como manifeílaõ
os feus efcritos, e naõ menos os Aélos
litterarios, que com gloria do feu nome
fuílentou nos Capítulos Geraes de Toledo
no anno de 1682. e de Madrid em o de
1694. fazendo de hum deftes merecida me-
moria o Doutor Fr. Manoel Navarro Mon-
ge Benedidino, e Cathedratico de Sala-
manca Tra£i. de Trinitat. Difput. 6. dub. i.
§. 9. n. 567. Entre os Eíhidos Efcholafti-
cos cultivou a Hiíloria profana, e huma das
fuás mais illuílres partes, qual he a Genea-
logia em que fez naõ vulgares progref-
fos a fua eíludiofa aplicação alcançando por
ella os aplauzos dos mais infignes Genea-
logiftas como faõ D. Luiz de Salazar, e
Caílro Glor. de la Ca:(a Vamev^e. pag. 318.
chamando-lhe Jahio Keligiofo, y clajfico Efcri-
tor. Franckenau hih. Hifp. Geneal. Herald.
pag. 191. Vir in omni fihili verfatijfimus.
o Padre D. António Caetano de Souza
Apparat. à Hijl. Gen. da Ca^- Real Por-
tug. pag. 8j. §. 74. hem inftruido na Hijloria,
e na Genealogia. Morreo no Convento de
S. Francifco de Madrid a 20 de Fevereiro
de 171 1. Compoz.
Oracion Panegyrica en la transladacion de
la Imagem de Nuejlra Senora dei huen Sticeffo
de la Corte de Madrid para Nápoles. Ná-
poles por Novello de Bonis. 1670. 4.
Oracion Panegyrica en la fejlividad dei
Glorio/o S. Pedro de Alcântara celebrada en
el Convento de Santa Lu^ia dei Monte de la
Ciudad de Nápoles de la Orden de N. P. S.
Francifco a los 19 de Outubro de 1670. pa-
tente el Santijftmo Sacramento. Nápoles pelo
dito ImpreíTor. 1671. 4.
Noticia de la gran Ca:(a de los Marque
v^es de Villajranca y Ju parentejco con las
mayores de Europa en el Arbol Genealoffco
de la ajcendencia ex o£io grados por ambas
lineas de D. Fradique de Toledo Oforio VIL
Aíarquez de Villajranca. Nápoles pelo dito
ImpreíTor 1676. 4. D. lozè Pellicer hib.
de Jus ejcritos. pag. 190. fazendo juizo
deíla obra, diz: es ejcrito con exquijitas
noticias y memorias de las màs ejclarecidas
Cascas de EJpana, y con methodo tan curiojo
como bien ordenado dejeando em todo las màf
Jeguras, y verdaderas.
Interrupti certaminis injlauratio de dijlinc-
tione S piri tus Sanai ã Filio; Ji per impojftbile
ab illo non procederet, e^ pracipue de mente
D. Gregorii Nyffeni in hoc punão. Nea-
poli apud Ludovicum Cavallum. 1679. 8.
Futurorum contingentium Polyjophia Je-
clujis decretis omnibus, <& Jcientia media aã
mentem Doãoris Jubtilis. Pariíiis por Dyo-
nifium Tierry. 1680. 8.
Schala Theologica per quam ajcendit crea-
tura de non effe ad effe, e^ dejcendit á Deo
in mundum cum appendice copioja quibus ac-
cejftt Traãatus de Pradejlinatione, ac etiam
Juti4rorum contingentium polyjophia noviter
recuja. Matriti apud loannem Garciam
Infançon. 1 706. foi.
Com o fupoílo nome de D. Francifco
de NaíTao Zarco y Colona publicou.
Pericope Genealógica, y Linea Real Je-
parada aqui de las muchas otras, que la acom-
parian en las Ca^as aquien toca. Nápoles
por Novelo de Bonis. 4. fem anno da
impreíTaõ.
Fragmento dei Jecundo Arbol de la Illujlre
Ca^a de Sou:(a recogido, y ornado por el Bene-
ficiado Jacinto de Sojfí(a Sequeira. Sahio im-
prcílo no anno de 169J. 4. Com eíle nome,
que teve no feculo publicou efta obra, cuja
noticia por fer oculta, ao Padre D. António
Caetano de Souza Apparat. à Hijt. Gen. da
Ca^. Real Portug. o faz diferente author de
Fr. Francifco de Souza de cuja equivoca-
çaõ fe retratou nas Advert. e Addiçoens ao
dito Apparat. no fim do 8. Tom. da Hiji
Geneal. pag. 5. Tinha prompto para a
preíTaõ.
Sermones Quadragejimaks.
L US ITAN A.
Siy
Sermones de vários Santos.
Officium proprium S. Joannis Capifirani.
Ord. Min. M. S.
Quaftio Scolafiico — Hijiorica. Cujus Fa-
milia alumnis adjcrihendus fit S. Petrus de
Alcântara in Religione Seraphica?
De Origine Dijcalceatorum , <ò' Keforma-
forum. M. S. GDoferva-fe na Livraria do
Convento de Madrid como affirma Fr.
loan. a D. António Bib. Francifc. Tom. 2.
pag. 80. col. I,
Defcripcion Genealógica de la illujlre Cat(a de
Softs^a con muchas de las ^andes, y todas las rea-
Jes, qm delia participan. foi. M. S. Huma copia
<lefl:a obra conferva o Padre D. António Cae-
tano de Souza Clérigo Regular, Académico
■da Academia Real, e Deputado da Bulia
<la Cruzada em cujo poder a vimos.
lERONIMO TAVARES MASCARE-
NHAS DE TÁVORA natural de Lisboa,
€ filho de loaõ Tavares Maicarenhas, e D.
Luzia Jozefa de Távora. Acabados os
primeiros eftudos na fua pátria frequentou
a Univeríidade de Coimbra até fe formar
em a Faculdade dos Sagrados Cânones no
anno de 173 1. Depois de exercitar alguns
annos em Lisboa o Officio de Patrono de
Caufas Forenfes fez exame em o Dezem-
bargo do Paço a 4 de Setembro de 1738.
onde foy aprovada a fua fciencia legal
para os lugares da Republica fendo o pri-
meiro, que ocupou o de Juiz de fora da
Villa de Marvaõ em a Provincia do Alen-
tejo. Foy Académico Juvenil, e Applicado,
e em ambas eftas eruditas AíTembleas foy
ouvido com aplauzo fendo muito verfa-
do nas letras humanas, e na Arte da Poezia
em que tem publicado as feguintes obras.
Lúgubre Viãima y holocaufio Panegy-
rico en la lachymable muerte dei Excelentif-
fimo Senor D. Nuno Alvres Pereira de Mel-
lo Duque de Cadaval, Marquei^ de Ferrera,
Conde de Tentúgal. Lisboa na Ofíicina
da Mufica. 1727. foi. Coníla de hum la-
byrintho poético, Sonetos, e hum Romance
Endycafillabo.
L/)s arrojos por amor y duelo contra la
Pátria. Comedia. Lisboa en la Emprenta
Herreriana. 1727. 4.
Soneto à morte da Serenijfima Senhora
Infanta D. Francifca. Sahio na i. Part.
dos Acentos métricos das Mu/as a efte affumpto.
Lisboa por António Ifidoro da Fonceca.
1736. 4.
Epithalamio nas felicijjimas Núpcias dos
ExcellentiJJimos Senhores D. L/dí^ de Al-
meyda, e a Senhora D. Lui^a Romualda de
Meneses. Lisboa na Officina da Mufica
de Theotonio Antunes de Lima. 1737. 4.
Confia de dous Sonetos, Tercetos, e huma
Egloga.
Parabém Epithalamico, que nas felicijji-
mas Núpcias do llluflrijftmo, e Excellentif-
Jimo Aíarquez de Cafcaes o Senhor D. Ljííz
de Cajlro, e a IlluJMJJima, e Excellentijfima
Duquesa a Senhora D. Joanna Perpetua de
Bragança recitaõ as Villas de feus Eflados.
Lisboa na Officina Rita - Caífiana. 1738. 4.
Confia de diverfo género de Verfos.
EJoffo ao lllujlrijfimo, e EjxcellentiJJimo
Senhor António Guedes Pereira Cavalleiro
profejfo da Ordem de Chrifto, Fidalgo da
Ca^a de Sua Magejlade e Senhor da Villa
de Fraguas, AJcayde mór de luzmego, e Con-
deixa Commendador da Commenda de Mou-
rão da Ordem de S. Bento de Apt^ Secre-
tario de Ejlado de Sua Magejlade para os
negócios do ultramar, e Milida. Lisboa por
António Ifidoro da Fonceca. 1739. 4-
Confia de 12 Sonetos, e hum Romance
Heróico.
Academia Epithalamica celebrada no felicif-
fimo defpot(orio dos Illujlrijfimos, e Fxcellentif-
Jimos Duques de Cadaval, o Senhor D. Jayme
de Mello primeiro do nome, e a Senhora Prin-
cesa Henriqueta Júlia Gabriela de Ijorena em
conclave das fciencias, e Artes liberaes. Lis-
boa. Na Regia Officina Sylviana, e da
Academia Real. 1740. foi.
Culto obfequiofo, que nas aras dos Illuf-
trijfimos, e ExcellentiJJtmos Senhores D. layme
de Mello 1 do nome. Duque de Cadaval fe-
gundo, e f étimo Marque^ de Ferreira, e a
Prince!(a de luimbafc a Senhora Henriqueta
lulia Gabriela de Ijirena no felice nacimento
de feu filho Primogénito o Fxcellentijftmo Se-
nhor D. Nuno Caetano Alvares Pereira de
Mello 2 do nome. Lisboa por L\iiz loze
Corrêa de Lemos. 1742. 4.
528 BIB LIOTHECA
Nuptiis praclarijftmi Domini Emmanue- 20 do fcu nome por varias vezes as Ca-
lis Caietani de Laure cum Domina D. An- deiras de Prima, e Vefpera de Theolo-
tonia loachina de Meneses plaudit iMJita- gia, e da Sagrada Efcritura. Foy taõ pc-
nia foi. Naõ tem anno nem lugar da rito no eíhido da Mathematica que na
ediçaõ. Gíníla de hum Epigramma La- mefma Academia Conimbricenfe regen-
tino, e hum Romance heróico de 14 Gd- tou a Cadeira deíla Faculdade por efpa-
plas. ço de íinco annos. Foy Qualificador do
Allegoria religiofa na felicijjima eleyçaõ S. Officio, Examinador das Três Ordens
da muito Keverendijftma, e Excellentijftma Militares, e Abbade do Convento de Lis-
Senhora D. Anna Maria de Monte Olivete, boa no anno de 1691. no qual fatalmente
e Sous^a dignijfima Ahhadejja do real Mof- ardeo grande parte defte fumptuofo edi-
teiro de S. Anna repetida em o aplaw^p dos ficio, que brevemente foy reparado pela
Jeus ditov^os annos. foi. Naõ tem nome do fua incanfavel diligencia. Atendendo aos
author, nem lugar da impreflaõ. He feus merecimentos a Mageílade de D.
hum largo Romance. Pedro II. o nomeou Arcebifpo de Cran-
Aplau^o métrico na reelejçaõ da Madre ganor cuja dignidade naõ aceitou impe-
Cypriana Maria de lefu em Abbadejfa do dido de graves achaques que o privarão
Convento de S. Anna. Lisboa por Pedro da vida a 15 de Agoílo de 1720. quando
Ferreira. 4. Sahio em o nome da Madre contava 76 annos de idade. O P. Anto-
D. Marianna Antónia Botade. nio Carvalho da Cofta Corog. Portug. Tom.
Komance nos Annos da Madre D. Maria i. Trat. 6. cap. 10. pag. 384. lhe chama
de Sows^a Ahhadeffa do Convento de S. Anna. talento de grande fupojiçaõ ajfim em Theolo-
Lisboa por Maurício Vicente de Almey- gia, e Efcritura, como nas Mathematicas.
da. Sahio em nome da Madre D. Feli- Compoz.
ciana lozefa Xavier da Sylveira Vidal, e Tratado do Cometa que appareceo em Det^ew-
Brente. bro paffado de 1680. Coimbra por Manoel
Komance na eleição da Madre Antónia Dias ImpreíTor da Univerfidade 1681. 4.
de SaÕ Jerónimo Ahhadeffa no Convento de Sermão do Príncipe dos Patriarchas S. Bento.
S. Anna. Lisboa por Theotonio Antu- Lisboa por Miguel Deslandes ImpreíTor del-
nes de Lima. Sahio em nome de D. Fe- Rey. 1696. 4.
Uciana lozefa Xavier. &c.
Tem prompto para a impreíTaõ. Ff. lERONIMO TOSTADO natural de
Traãatus de Cautione de judicio Jtfti, foi. Lisboa onde na idade da adolefcencia re-
Traãatus de judicato folvendo. foi. cebeo o habito Carmelitano a 28 de lunho
Gloffas aos Privilégios da Sacada Keli- de 1544. e profeíTou folemnemente a 5 de
ffaÕ de Malta. foi. Julho do anno feguinte. Com faculdade
de feus Prelados paflbu à Univerfidade de
Fr. lERONIMO DE S. TIAGO Na- Pariz, e aplicado às fciencias feveras tal
eco na Villa da Arrifana de Souza do foy o progreflb que fez feu penetrante en-
Bifpado do Porto a 30 de Outubro de genho, que com aplauzo dos Cathedrati-
1644. fendo filho de Domingos da Ro- cos de taõ florente Academia fe lhe con-
cha de Aguiar, e Maria de Souza de Saõ ferio o grão de Doutor em Theologia. Ro-
Tiago. Quando contava 18 annos de gado pelos Religiofos da Provinda de Ca-
idade recebeo a cogviUa monachal do talunha para lhes diâar as fciencias efcho-
Principe dos Patriarchas S. Bento em o laílicas os inílruio juntamente em letras, e
Convento do Porto a 11 de Abril de 1662. virtudes pelas quais mereceo fer eleito por
Com tanta aplicação aprendeo as fcien- feu Provincial ainda que era filho de outra
cias efcholafticas que recebendo o grão Provinda. Atendendo à fua grande litera-
de Doutor Theologo em a Univerfidade tura o Geral Fr. loaõ Baptiíla Rubio o no-
de Coimbra fubíUtuhio com grande aplau- meou Vigário, e Reformador das Provin-
i
L USITAN A.
529
cias de Portugal, Hefpanha, Nápoles, e
Sicília por patente de 20 de De2embro
de 1575. em cuja empreza tolerou graves
contradiçoens, e compoz diverfos Eíla-
tutos para augmento, e obfervancia da
vida regular. Prezidindo ao Capitulo cele-
brado em Lisboa a 30 de Setembro de
1576. com tal arte ferenou os ânimos dos
Capitulares, que uniformemente votarão
em quem era mais digno da Prelazia. Che-
gado o termo da fua vida, e recebidos
os Sacramentos entregou o efpirito ao feu
Criador em o Convento de Nápoles a 23
de Fevereiro de 1582. quando contava
58 annos de idade. Sobre a fepultura fe
lhe gravou o feguinte epitáfio.
Fratri Hyeronimo Tojlato Carmelita Vlyf-
fiponenji iMp. S. T. D. Paríjienji, Famí-
lia praclarijftmo, omni eruditione praditif-
fimo vários pro fua Keligione perpejfos labo-
res, ac multis perfunão bonorihus, prater Ge-
neralatum, nec non <& in Hifpaniarum Kegnis
Summi Inqmjitoris Conjultori dignijfimo, ujus
almi Conventus Fratres hoc erigendum Jlatuere.
Obiit Neapoli 6 Kal. Aíarlii anno 1582.
JEtafis 5 8 peraão.
Fazem delle honorifica mençaõ o Li-
cenciado lorge Cardozo Agiol. iMJit.
Tom. 2. pag. 324. Fr. Manoel Roman
Elucid. Carmel. pag. 309. Cafanate Parad.
Carm. Decor. Stat. 5. JE&zs 17 cap. 62.
pag. 443. Fr. Agoft. de S. M. Adeodato
Comtemplat. Part. i. cap. 36. pag. 269.
n. 522. Coria Cbron. dei Cármen liv. 12. cap.
10. foi. 520. Cotrim Carmel. hufit. Part. 2.
cap. 38 foi. 187. v.o Nicol. Ant. Kth. Hifp.
Tom. I. pag. 462. col. i. Franckenau Bib.
Hifp. Gen. Herald, p. 192. Labbe Bib. Bi-
blioth. in appendice pag. 208. e Fr. Manoel
de Sá Mem. Hifl. dos Efcrit. da Prov. do
Carm. de Portug. p. 198. e feguintes. Com-
poz.
De Viris, <& faminis illujlribus Ordinis Car-
melitarum. M. S. De cuja obra fe lembraõ
a mayor parte dos authores allegados.
lERONIMO DE TOVAR infigne
profeíTor de Medecina o qual he nume-
rado como Portuguez por Zacuto no Ca-
thalogo dos Médicos impreílo no princi-
34
pio das fuás obras, e de quem faz diftinta
memoria lorge Abrahaõ Mercklino in
Und. inovai. Efcreveo.
De ponderibus medicamentorum. Hifpali
ex Ofíicina Antoniana. 1572. 4.
Fr. lERONIMO VAHL\. Naceo em
a Qdade de Coimbra celebre empório de
todas as fciencias, onde teve por Pays a Fran-
cifco Rodrigues Ferreira, e Maria Vahia
Teixeira, e por irmaõ ao Doutor Francif-
co Vahia Teixeira Collegial do CoUegio
de S. Pedro, Lente de Prima de Leys, e De-
zembargador do Paço de quem em feu lu-
gar fe fez merecida lembrança. Na idade
juvenil deixou o feculo para abraçar o fa-
grado inftituto da auguíla religião Bene-
diétina que folemnemente profeíTou no Con-
vento de S. Martinho de Tibaens a 4 de
Mayo de 1643. O raro engenho, e a perf-
picaz penetração, de que profufamente o
dotou a natureza, fe admirarão na veloci-
dade com que comprehendeo em o Colle-
gio da fua pátria as fciencias escholafticas po-
dendo enfinallas quando as aprendia. No exer-
cido da Oratória Ecclefiaftica alcançou tanta
aclamação, que a Mageílade delRey D. Af-
fonfo VI. a quem foy muito aceito, o nomeou
feu Pregador. De todos os alumnos do Par-
naífo de que era fecunda a fua idade, nenhum
lhe difputou a primazia, ou foíTe na magef-
dade do eílilo épico, ou na cadencia da me-
trificação lyrica em a qual o feu génio jo-
vial, e nunca pueril fe excedia a fi mefmo
uzando de equívocos taõ naturaes, e pró-
prios que privou da gloria de único neíle
género de compofiçaõ ao celebrado leroni-
mo Câncer. Para todos os aííumptos aílim
fagrados, como profanos fe elevava taõ al-
tamente a fua Mufa em o idioma latino, e
materno que parecia fer o feu influxo mais
divino, que humano. Sendo taõ infigne na
Poética o naõ foy menos em a Hiítoria fe-
cular, e Ecclefiaftica principalmente da fua
augufta Religião por cuja cauza foy nomea-
do feu Chronifta. Querendo dezempenhar
taõ nobre incumbência, como naturalmente
para a fua penna lhe fervia de tinta a agua
da Hypocrene, compoz em verfo heróico
os fuceífos memoráveis da Congregação Be-
Sjo
BIBLIO THE C A
nediétína do Reyno de Portugal com tanta
mageílade, que igualava a elegância do me-
tro à grandeza do aíTumpto, de cuja labo-
riofa empreza havendo efcrito quarenta
cadernos, que excediaõ o numero de ou-
tenta folhas laftimofamente fe perderão com
outras fuás compofiçoens. Retirado ao Con-
vento de S. Romaõ de Neyva diftante hu-
ma legoa da Villa de Vianna do Minho
fe preparou como virtuofo Monge para
a eternidade de que tomou pofle em o
anno de 1688. Para fe gravar na fua fe-
pultura efcreveo com elegante fubtileza
huma Mufa Portugueza efte epitáfio La-
tino.
Hyeronimum condit tumttU brevis ttma Va-
hiam.
Heu parvo quantus vir jacet in tumuloX
Corpus você caret, dum f piri tus advolat:
antro
In mafio, at celebrat Mors lacrymoja vi-
rum.
In Çytharas nervos aptat, conneãit et OJfa
In tibias: Jpirant offa Jepulta meios.
Non trijles fugias concentus; fifte viator:
Mors aliis mafta efi, huic puto lataquies.
Celebraõ o feu nome loan. Soar. de Brito
Theatr. hujit. Liter. lit. H. n. 31. Inge-
nio, Ó" acumine fummo, eruditione magna,
poética vero laudis prajlantia cum paneis nu-
merandus. Fr. Gregório Argaes Perla de
Catalma. foi. 465. col. 2. §. 160. Talento
major que todo encarecimento. Souza Hift.
Gen. da Ca^. Real Portug. Tom. 7. liv. 7.
pag. 407. a fuavijftma melodia da fua admi-
rável Mufa. P. Ant. dos Reys Enthujias.
Poet. n. 68.
Exorta repente
Lis fuit è Mufs meritá qua fronde Vahia
Debuerit cinxijfe caput, Pbabus que fequef-
ter
Eleífus: demum Phabo mandante, Thalia
Calliope cejfit, memorans tamen inclyta faãa
\Qua cecinit vatis pleãrum, quorum edita quon-
dam
Pars videre diem . tinea pars altera claufis
In pluteis arrofa latent.
Compoz.
Sermão de Santa Comba V. e M. Q)im-
bra por Manoel Carvalho 1661. 4. Sahio
vertido em Caílelhano na Laurea LmJí-
tana. Madrid por André Garcia. 1679. 4-
Canção heróica á mageflade ferenijftma
dõ noffo invisto Monarcha D. Affonfo VI.
na fingular vitoria que fempre fuás juftas,
e agora triunfantes armas alcançarão na me-
morável batalha do Canal. Lisboa por Hen-
rique Valente de Oliveira. 1663. 4. Sahio
reimpreíTa no Tom. 2. da F«w';ç renacida
a pag. 290. Lisboa por lozé Lopes Fer-
reira Impreflbr da Sereniflima Rainha
1717. 8.
Começa
Auguflo Key do mais valente Império
Em Ji breve, em conquiflas dilatado
Afirmafe que compuzera efta obra no mcf-
mo dia cm que chegou a noticia da vi-
toria, e que pafladas poucas horas a ofe-
recera peíToalmente a ElRey D. Affonfo VI.
No Tom. I. da Fénix Renacida, ou obras
Poéticas dos milhores engenhos Portuguea^es
Lisboa por lozé Lopes Ferreira 1716. 8.
Sahiraõ eftas obras defde pag. 215. até 370.
Fabula de Polifemo, e Galatea Coníla
de 60 Outavas.
Jornada para Coimbra. Dedicada a D.
Francifco de Souv^a Capitão da Guarda Ale-
maã. Confta de íinco Romances jocofos.
Jornada de Lisboa para o Alentejo. Confia
de 4 Romances.
Vários Romances, e Decimas a diferen-
tes aíTumptos.
No tom. 2. da Fenis Renacida. Lisboa
pelo dito ImpreíTor 1717. 8. defde pag. 501.
até 367.
Decimas, Redondilhas, e Romances quaíi
todos jocoferios.
No Tom. 3. da Feni^ Renacida. Lisboa
pelo dito ImpreíTor 171 8. 8. defde pag. i.
até 219.
Lampadário de Chrijlal que mandou a
Duquev^a de Saboya â Real Mageflade da po-
derojijfima Rainha de Portugal fua Irmaa, e
Idylio Panegyrico a fuás Alteias Reaes o
Príncipe D. Pedro, e fua augufla conforte
D. Maria Franàfca Ir^abel de Sabida. He
huma larga, c elegante Cançaõ.
II
L USITANA.
53i
A morte da Serenijfima Príncfí(a de Vor-
tugal a Senhora D. It^abel Canção Fúnebre.
Madrigaes Romances, Decimas, e Sonetos a
vários ajjumptos.
No 4. Tomo da Venis renaàda. Lisboa
por Mathias Pereira da Sylva. 1721. 8. def-
de pag. 34. até 150.
Do^e Outavas a buma Kofa.
Nove Sonetos a diverfos affumptos.
Fabula de Apollo, e Dafne. Romance.
Aos defpos^orios de/Rey D. Ajonjo. 6. Três
Romances.
Fm louvor de Santa Senhorinha Vortuguev^a.
Loa, que coníla de hum Romance muito
largo.
Kedondilhas, e Komances, a diverfos af-
fumptos.
Elifabetha triumfans. Poema Heroicum duo-
bus libris abjolutum. Ulyflipone apud Pe-
trum Ferreira Auguftinimx Reginae Typog.
1732. 8. He o argumento Santa Izabel Ray-
nha de Portugal.
O Pecador arrependido fe enternece na ulti-
ma hora à vifia de Chrifio Crucificado. Lis-
boa por Pedro Ferreira ImpreíTor da Sere-
niflima Raynha. 1736. 4. Romance, que
compo2 na ultima infermidade.
Alphonfeada. Poema Heróico de 12 Gin-
tos. Era o Heroe do Poema ElRey D.
AfiFonfo VI. Fallando deíla obra como de
outras deíle iníigne varaõ Fr. Gregório
Argaes Perla de Cataluna foi. 465. diz.
Por el argumento, e excellencia Jon dignas
de ejiimacion, como capares de la embidia.
Pudo ejla tanto, que de un golpe defcom-
pufo el fugeto dei argumento, y los intentos
dei Author. Conferva-fe huma copia defte
Poema digniíTimo da luz publica em
a Bibliotheca do ExcellentiíTimo Duque
do Cadaval como afirma o Padre D. An-
tónio Caetano de Souza no lugar aíTima
allegado.
Fonte dos Amores. He huma fabula,
que intitula cultiftma. loan. Soar. de Bri-
to Theatr. 'Lufit. Uter. lit. H. n. 31. de-
dicada pelo Author ao mefmo Brito con-
feíTando, que ao feu nome fizera Vahia cem
Anagramas Latinos.
Annaes L^fitanos Part. 1. M. S.
Annaes Benediãinos Part. i. M. S.
Põem ata Sacra. M. S.
Epigrammata centum, eb* oãoffnta. M. S.
Oraçoens Académicas trinta. M. S.
Sermoens de diverfas Fefiividades jmcoenta.
M. S.
lERONIMO XIMENES DE ARAGAM
natural de Lisboa filho de Thomas Xi-
menes de Aragaõ, e D. Thereza de El-
vas. Foy Adminiílrador do morgado, e
Padroado do Collegio de S. Patricio ha-
bitado pelos Irlandczes nefta Corte, no
qual fucedeo a feu Irmaõ Rodrigo Xi-
menes. Entre os eíhidos, que cultivou
preferio o da Genealogia em que deixou
efcrito com verdade, e exaçaõ.
Nobiliário das Famílias Portuguev^as. foi.
M. S.
Do author, e da obra faz mençaõ o
Padre Souza Advert. e Addiçoens ao 8. Tomo
da Hifi. Gen. da Ca:^. Real Portug. pag. 16.
n. 18.
D. IGNAQA XAVIER natural da G-
dade de Braga, e huma das mulheres mais
doutas, que floreceo no feculo paíTado. Foy
perita na Rhetorica, Filofofia, Mathematica,
Medecina, e na liçaõ da Hiftoria. Falleceo
no anno de 1647. Delia faz mençaõ hono-
rifica o author do Theatro Heroino Tom, i.
P^g- 537- Compoz.
Arte de bem fallar. M. S.
Antiguidades de Braga. M. S.
Vida de huma Venerável Matrona Jua con-
temporânea. Aí. S.
Fr. IGNACIO DE ATTAYDE Na-
ceo na Honra de Barbofa Solar da fua
antigua familia, que eílá fituada na Fre-
guezia de S. Miguel de Rans do Con-
felho de Penafiel em o Bifpado do Por-
to a 25 de Setembro de 1657. fendo
filho de D. Francifco de Azevedo, e At-
tayde Senhor das Honras de Barbofa, e At-
tayde Commendador da Ordem militar de
Chriílo, e Governador das Armas de En-
tre Douro, e Minho, e de D. Maria
de Brito, e Noronha filha de Lopo de
Brito, e D. Maria de Alcáçova. Para
augmentar a nobreza de feu nacimento
532
BIBLIO THE CA
recebeo a coguUa monachal do grande Pa-
triarcha S. Bento em o Gjnvcnto de S.
Martinho de Tibaens a 24 de Setembro de
1671. onde na carreira dos eftudos Efcho-
laílicos fe diílinguio com tal viveza, c com-
prehenfaõ dos feus condifcipulos, que foy
admetido ao numero dos Doutores Theo-
logos em a Univerfidade de Coimbra, e
depois conduftario com privilégios de Len-
tfc a 17 de Fevereiro de 1707. Naõ fe
coarftou o feu eíhido fomente à Faculdade
da Theologia, mas aplicado à da Mathema-
tica foraõ tantos os progreflbs, que nella
fe2 o feu engenho, que na mefma Acade-
mia Q)nimbricenfe regentou a Cadeira defta
grande fciencia defde 22 de Março de
1702 até 2 de Março de 1722. em que
nella jubilou. Sendo Abbade do CoUegio
de Coimbra aíTiílio revertido de Pontifi-
cal no anno de 171 1. à tresladaçaõ da
Princeza Santa Joanna em o Convento
de Aveyro a que prefidio o IlluftriíTimo
Bifpo de Coimbra D. António de Vaf-
concellos, e Souza, como efcreve o Pa-
dre D. António Caetano de Souza Hifi.
Geneal. da Ca^a Real Portug. Tom. 3. liv.
4. cap. 2. pag. 102. Falleceo na Villa das
Caldas da Raynha no mez de Agofto do
anno de 1725. Compoz.
Sermão para o dia da tarde no Jolemne dia,
que fe celebrou a glorio/a entrada da reliquia
do Pay dos Pobres S. Thoma^ de Villanova
na illuflre Sé de Coimbra. Coimbra por Jozè
Ferreira Impreflbr da Univerfidade. 1690. 4.
Sahio no livro Acroatmas Panegíricos. &c.
Genealoffa dos Afcendentes da ca:(a donde
procedia com a Vida de feu Pay D. Francifco
de As^evedo, e Attayde. M. S. Conferva-fe
no CoUegio de Coimbra. Defta obra faz
mençaõ o Padre Souza nas Advert. impref-
fas no fim do Tom. 8. da Hijl. Gen. da
Ca:^. Keal Portug. pag. 20. e do author a
faz António Carvalho da Cofta Corog. Por-
tug. Tom. I. pag. 388.
IGNACIO BARBOZA MACHADO meu
Irmaõ naceo em a Cidade de Lisboa a
25 de Novembro de 1686. fendo filho do
Capitão loaõ Barboza Machado, e D. Ca-
therina Barboza. Depois de ouvir Filofo-
fia do Padre Manoel Rodriguez da Con-
gregação do Oratório em que defendco
Conclufocns publicas fe aplicou em a Uni-
verfidade de Coimbra ao eftudo da lurif-
prudencia Ovil cm cuja Faculdade fe for-
mou no anno de 171 6. Examinada a
fua capacidade em o Defembargo do Pa-
ço para fervir os lugares da Republica
foy defpachado luiz de fora da Villa
de Almada donde paíTou a exercitar o
mefmo minifterio em a Cidade da Bahia
Capital da America Portugueza. Reftitui-
do ao Reyno foy Provedor da Comarca
da Villa de Setúbal. Por morte de fua
mulher D. Mariana de Menezes, e Ara-
gão preferio a vida Ecclefiaftica à fe-
cular recebendo as Ordens de Presbíte-
ro a 21 de Dezembro de 1634. He Aca-
démico do numero da Academia Real,
e Miniftro do Tribunal da Legada. Com-
poz.
Panegyrico Hijlorico do Serenijftmo Senhor
Infante D. Manoel, no qual fe efcrevem as glo-
riofas acçoens, que tem obrado na pav^ e
na guerra depois, que fahio do Reyno de Por-
tugal até o fim da vitoriofa Campanha de
Hungria do anno paffado de 171 6. e de
como foy tratado em diverfas Cortes da Eu-
ropa. Lisboa por Pafchoal da Sylva Im-
preíTor delRey. 1717. 4.
Noticia da Entrada publica, que fez na Cor-
te de Pariz em iS de Agoflo de 171 5. o Ex-
cellentijftmo D. Lmí^ ^(^^^oel da Camará Conde
da Ribeira Grande. &c. Lisboa por lozè
Lopes Ferreira ImprelTor da Sereniflima Ray-
nha. 171 6. 4. Sahio fem o feu nome.
Panegyrico à immortalidade do Excellen-
tijftmo Senhor o Senhor Manoel Carlos de
Távora Conde de SaÕ Vicente do Confelho
de S. Magejlade, e General de Batalhas da
Armada Real ^c. em que fe louvaÒ as
gloriofas acçoens do feu animo, e fe relata
a infigne Vitoria naval, que alcançou dos
Turcos nos mares da Grécia. Lisboa por lozè
Lopes Ferreira Impreflbr da ScreniíTima Ray-
nha. 171 8. 4. Sahio com o fupofto nome
de Valeriano da Cofta Frcyre.
Nova Relação das importantes Vião-
rias, que alcançarão as Armas Portugue-
sas na índia, e da gloriofa Pa^, qfft
L USITANA.
533
fcajuJlou com algtms de feus inimigos logo, que
gou o Vicerey do EJiado o llluftrijfimo, e Ex-
lentijftmo D. Luiz ^ Meneses quinto Conde
da 'Ericeira, e primeiro Marque^ do EotmçaL
Lisboa por António líidoro da Fonceca.
1742. 4. Sahio com o nome de lacinto
Machado de Souza.
Praãica recitada no Pofo a ^ de Dezem-
bro de 1734. com que congratulou a A.cademia
Real de fer eleito feu Collega. Sahio no Tom.
13. da Collec. dos Docum. da Academia Keal.
1734. foi.
Fajios Politicos, e Militares da antigua, e
nova Eufitania, em que fe def crerem as acçoens
memoráveis, que na Paz, e na guerra obrarão
os Portuguezes nas quatro partes do mundo.
Tom. I. Lisboa por Ignacio Rodriguez.
1745. foi.
IGNACIO DE BRITO NOGUEYRA
íahio a luz do mundo em Lisboa a
10 de Março de 1586. onde teve por
Pays a Ignado CollaíTo de Brito Dezem-
bargador da Caza da SuppUcaçaõ de quem
fe fará logo particular memoria, e a D.
Violante Refende. Na Univeríidade de
Coimbra recebeo o grão de Doutor na
Faculdade de Direito Cefareo onde foy
muitos annos Oppoíitor às Cadeiras com
grande aplauzo da fua fcienda. Em to-
das as artes Liberaes foy profundamente
verfado fendo erudito Cofmografo, perito
Aíbrologo, injQgne Arithmetico, e confum-
mado Geometra. Da Poezia obfervou os
preceitos, e da Hiíloria Secular, e Ecde-
íiaílica foube os fuceíTos. Superior a to-
da a ambição naõ pertendeo remunera-
ção alguma pelos feus ferviços, nem de
feu Pay, antes fugindo ao comercio hu-
mano fe retirou como Filofofo defenga-
nado a lugar folitario onde efcreveo as
feguintes obras.
Mirabilia Júris. Era difpoílo por ordem
Alfabética.
Anacephaleofes pracipuarum materiarum Jú-
ris. Conílava de cento e íincoenta Titulos
de Direito Qvil.
Polyptofon Mfculapii. Confiava de remé-
dios exquiíitos da Medecina, e da anatomia
do corpo hiunano, e Chiromanda.
Polycrefion Sxonomia. Contem a doutrina
das cortezias, e governo Económico em
qualquer eftado, e fazenda, rezoens de Ef-
tado fobre politica, milicia campal, e naval;
doutrina de Cavallos, e regras de Gineta,,
e Eftardiota.
AJirologia RuJHca. ConJfta das lavouras,
plantas, vários modos de enxertia, íignaes
de bom, ou máo tempo, criação de gados,,
e todas as matérias pertencentes à Agricul-
tura.
Virt/uks das eruas, plantas, e das fuás qua-
lidades.
Virtudes das pedras, offos, pontas de ani-
maes, peixes, e Aves, feus intejlinos, e também
do corpo humano.
Dos Inventores das Artes. Pejfoas mais cele-
bres de bum, e outro fexo de fuás boas, ou màs
obras, e dos que deixarão voluntariamente as^
di^idades do mundo; dos que fendo maòs foraõ
bons, e dos Meflres de grandes Principes, e Fi-
lofofos ^andes, que floreceraÕ.
Livro dividido em féis livros, i. trata doT
fegredos da Natureza. 2. da Pbyfiogtomia. 3.
da Arifmetbica. 4. da Geometria. 5. da Or-
tbografia. 6. de Emprezas.
Meios Poetarum. Confta de Verfos de to-
do o género.
Triambus Lnjitania. Contem a Hiíloria de
Portugal, e fua Nobreza.
Encyclopedia Júris. NeJfta obra allega mais
de íinco mil Authores.
Fafciculus Summarum. Confta dos mais di-
ficultozos cazos de Moral por ordem Alfa-
bética.
P. IGNAQO DE CARVALHO filho de
Manoel Coelho, e Qcilia Figueira naceo em
a Villa de Monte mór o novo da Diocefe
de Évora em cujo Collegio abraçou o iníli-
tuto de lefuita a 24 de Dezembro de 165 1.
a tempo que tinha 15 annos de idade, e
frequentava o curfo da Filofofia. Neíla
Univeríidade aprendeo, e diâx)u letras hu-
manas, Rhetorica, e Filofofia. Recebido,
o grão de Doutor em a fublime Faculdade
da Theologia foy Lente da Sagrada Efcri-
tura. Todas as produçoens da fua penna.
merecerão univerfal aplauzo naõ fe conhecen-
do exceUo de húas a outras por fer igualmen-
534
BIBLIO THE CA
te infigne nas letras amenas, e feveras. Nos
poemas era elegante, nas Oraçoens eloquen-
te, e nas Poílillas profundo. Acometido de
huma febre maligna fe preparou com ca-
tholica refignaçaõ para a morte que o pri-
vou da vida em o G^llegio de Évora a 13
•de Dezembro de 1682. quando contava 46
annos de idade, e 31 de religião. Delle fe
lembraõ com louvor o P. António Franco
Imag. da Virttid. em o Novic. de Évora. p.
868. Ann. Glor. S. L in l^ufit. p. 737. et
Anual. S. I. in iMJit. pag. 374. n. 13. e
o P. Fonceca. Evor. Glorio/, p. 432. G)m-
poz.
Compendium 'Logtca Conimhricenfis. Eborae
•cx Officina Academiae. 4.
IGNACIO CARVALHO DA CUNHA
;filho de António Carvalho da Cunha, e
Angélica de Araújo naceo em a Cidade de
Braga recebendo a graça bautifmal em a
Sé a 15 de Mayo de 1710. Depois de ef-
tudar Filofofia no CoUegio dos Padres le-
2uitas, e Theologia dous annos no Collegio
■do Populo dos Erimitas de S. Agoílinho
paflbu à Univerfidade de Coimbra onde
aplicado à lurifprudencia Canónica fe for-
mou nefta Faculdade a 10 de lunho de
1737. He Arciprefte da infigne CoUegiada
•de Guimaraens, e alumno da Academia inf-
tituida neíla Villa onde fe tem ouvido com
aplauzo dos feus Collegas varias produçoens
do feu engenho aíTim em profa como em
verfo. Publicou
Guimaraens combatido, affalto da penitencia,
Jriunfo da virtude, Epanafora métrica. Coimbra
no real Collegio das Artes da Companhia de
lefus 1744. 4. Coníla de 145 Outavas.
Diverfos Epigramas, e Poemas Latinos,
•como taõbem Sonetos, e outras obras métri-
cas em Portuguez. M. S.
IGNACIO CARVALHO DE SOUZA
-Cavalleiro Fidalgo da Caza de Sua Magef-
tade, c profeflb da Ordem militar de Chriílo,
Secretario do ExcellentiíTimo Duque de Ca-
-daval Eftribeiro mòr, filho de Manoel de
Carvalho Cavalleiro da Ordem de Chriílo
Xlapitaõ de Infantaria fendo hum dos pri-
meiros que rompeo as linhas de Elvas no
fauíliffimo dia de 14 de laneiro de 1659,
e de D. Francifca de Souza irmaá do
P. Manoel de Souza Fundador da Congre-
gação do Oratório da Villa de Eftremos
meu Tio materno, naceo cm Lisboa a 2
de Fevereiro de 1680. Aprendeo os rudi-
mentos Gramaticaes com o P. Manoel
Soares infigne Meftre de Latinidade cm
cuja efcola tive a gloria de fer feu condif-
cipulo donde paíTando a cultivar a Poética
percebeo taõ profundamente os myílerios
defta divina Arte, que entre os feus mais
famozos profeíTores foy venerado por Mef-
tre preclarijftmo como o intitula o Benefi-
ciado Francifco Lcytaõ Ferreira Académico
da Academia Real em as Notic. Chronolog.
da Univ. de Coimb. p. 550. §. 1175. cujas li-
çoens ouvio a Academia dos Anonymos
que pelo efpaço de quatorze annos con-
fervou em fua Caza com aplauzo, e con-
curfo de engenhos nobres, e eruditos. En-
tre os primeiros fincoenta Académicos de
que fe formou a Academia Real da Hifto-
ria Portugueza foy eleito para efcrever as
Memorias Ecclefiaílicas do Bifpado de El-
vas, e as feculares dclRcy D. loaõ o 2.
de cuja aplicação produzio os feguintes
frutos.
Cathalogo dos Bifpos de Elvas. Lisboa por
Pafchoal da Silva ImpreíTor de Sua Magcf-
tade, e da Academia Real 1721. foi. Sahio
no Tom. i. dos Docum. da Acad. Real.
Conta dos feus eftudos Académicos recitada
em o Paço a ii de Outubro de 1723. onde
eftá impreíTa a Dedicatória das Memorias do
Rejnado delKey D. loaÕ o 11. à Magejlade del-
Key D. loaõ o V.
Conta dos feus ejiudos Académicos reci-
tada no Paço a z^ de Outiéro de 1732.
No Tom. II. da Coltec. dos Docum. da
Academia Real. Lisboa por lozé Antó-
nio da Silva Impreflbr da, Acad. 1731.
foi.
Soneto á morte do Duque do Cadaval
D. Nuno Alvres Pereira de Mello. Sahio
nas Ultim. Açoens do Duque a pag. 559.
Lisboa na Officina da Mufica. 1730. foi.
Com o nome de Icanio Garcolha ana-
grama puio do ícu nome.
I
I
L USl TANa.
535
Do»s Sonetos. Nos prelud. Ejtcomiafticos
do qtie obrou D. Manoel Pereira com Jeus fi-
lhos na Campanha de 1704. Londres por
Leach. 1704. 4.
Nos ProgreJJos Académicos dos Anorr/mos
de Lisboa i. P. Lisboa por lozé Lopes Fer-
reira 171 8. 4. eílaõ 2 Komances hum Ly-
,. rico, e outro Heróico, e três Decimas.
IGNACIO COLASSO DE BRITO Na-
ceo na Villa de Coruche da Provinda Tranf-
tagana em o primeiro de Fevereiro de 1570
fendo filho de Ignacio G^llaíTo de Brito, e
Helena Vaz do Cazal. Foy Cavalleiro da
Ordem de Chriílo, Dezembargador da Giza
da Suplicação de que tomou poíTe a 20 de
Fevereiro de 1616. e de Corregedor do
Civil a 3 de Outubro de 1620. Cazou duas
vezes; a primeira com D. Violante de Re-
fende de quem teve a Ignacio de Brito
Nogueira cuja memoria fe fez aífima; e a
fegunda com D. Helena de Gouvea filha
do infigne lurifconfulto o Doutor Álvaro
Vaz, e Brites de Gouvea a qual fendo pre-
tendida por peíToas da primeira graduação
para mulher por ter hum dote muito opu-
lento, fe cazou furtivamente com Ignacio
Collaíío, o qual a repudiou por naõ doar
todos os feus bens aos filhos que tivera do
primeiro matrimonio. Foy dos mais celebres
letrados do feu tempo, e muito perito nas
difcipUnas Mathematicas. Compoz.
Syntagma Júris. foi. 6 Tom. M. S.
Syntagma Legum. foi. 6. Tom. M. S.
Ambas eftas obras eraõ difpoílas por or-
dem Alfabética.
Commentario aos finco livros das Ordena-
çoens do Reino.
Sinco livros fobre o Património Real, U-
^irias, e feus arrendamentos, Feitoria do li-
nho cânhamo em Santarém, e Coimbra para
haver enxárcia no Reino, e tret^entas Tece-
deiras na Comarca do Porto para fa^er o
velame para as Nãos. M. S. Difpoz efta
obra quando foy Prefidente da Iimta da
Agricultura do Reyno.
Livro de Mathematica com varias figuras
dibuxadas primorofamente pela fua maõ.
M. S.
Fr. IGNAQO DA CONCEIÇAM natu-
ral da Cidade de Belém Capital do Graã
Pará religiofo da Ordem do Carmo lubi-
lado na Sagrada Theologia, Ex- Vigário Ge-
ral no Eftado do Maranhão, e Examinador
Synodal do Bifpado do Pará. O igual ta-
lento que teve para a Cadeira, como para-
o púlpito lhe conciliou univerfal eítimaça»
publicando como primícias das fuás eíhidio-
fas fadigas.
Sermão em acçaÕ de gradas que na tardt
de \i de lunho de 1743. fe abrio, e dedicou
a S. António a l^eja do feu novo Convento de-
Belém do Pará ocorrendo com a Fefia do mefmo-
Santo a do Corpo de Deos Sacramentado. Lis-
boa por Pedro Ferreira ImpreíTor da Rai-
nha noíla Senhora. 1745. 4.
P. IGNAQO DA COSTA religiofo da.
Companhia de lefus, e zelozo Operário da.
Vinha do lapaõ onde no anno de 1634.
edificou algumas Igrejas. Affiítindo na Pro-
víncia de Quantum no anno de 1665 foy
defterrado acabando no anno feguinte a.
vida caduca para começar a eterna. Deixoa
prompto para a ImpreíTaõ.
De pecato oriffnali, ejufque remédio.
De Incamatione Domini et Pajfione. 2. Tom-
De Santiffima Trinitate. 2. Tom.
Declaratio Symboli.
De Senectute.
Deftas obras como de feu Author faz me-
moria Cathalog. Patrum S. L qià ab anno-
15 81. ufque ad 1681. in Império Sinarum L C-
fidem propagarunt. §. 42.
IGNACIO DA COSTA QUINTELA
Naceo em Lisboa a 17 de laneiro de-
1691. e depois de inílruido na lingua
latina, e letras humanas frequentou a Uni-
verfidade de Coimbra cultivando a lurif-
prudencia Cefarea cujos miílerios compre-
hendeo com tanta agudeza de engenho, que
naõ fomente foy admetido ao numero dos
Doutores deíla Faculdade mas ao Collegio de
S. Pedro em 16 de lulho de 171 6. Provido em.
14 de Fevereiro de 1725 em huma Cadeira der
Inítituta onde explicou com clara profun-
536
BIBLIO THE C A
didade os textos mais dificultozos, paflbu
para a Relação de Lisboa a 15 de Mayo
ie 1734. donde fubio a Dezembargador dos
Aggravos a 22 de Março de 1738. Con-
íervador da Naçaõ Britânica, Deputado da
Junta do Tabaco, Corregedor da Corte, e
Caza, e Fidalgo da Caza de Sua Mageílade.
Para utilidade dos ProfeíTores da lurifpru-
■dencia publicou.
Bibliotheca Jurifconfultorum l^ufitanortim in
qua continentur illufirium Profejforum Conimbri-
^enjium Scholia, Traãatus, <& Commentaria ad
Jus Civile, Canonicum, ó^ Kegium, qua ad
Commentariorum normam rediguntur, <& notis
accuratíjftms illuftrantur. Tomus primm. Ulyf-
íipone apud Antonium Pedrozo Galraõ.
1730. foi.
iMcuhrationes , (ò* Commentaria in libros
quattuor Inftitutionum Imperialium pro cúpida
Jegum juventuíe per prima Civilis, Canonici, et
Regii luris principia ad Theoricam, Ó^ Praífí-
-cam lurijprudentiam manuducendam Tomi primi
pars prima, ibi apud eumdem Typog. 1731.
OraçaÔ Académica fobre ceder D. loaõ de
dajlro a gloria de montar o muro de Diu a
Laurenço Pires de Távora Joldado aventureiro.
Recitada fendo Preíidente na Academia dos
Anonymos. Sahio nos ProgreJJos Académicos
dos Anonymos de "Lisboa, a pag. 339. Lisboa
por lozè Lopes Ferreira, Impreflbr da Se-
leniflima Raynha. 171 8. 4.
Fr. IGNACIO COUTINHO natural de
Coimbra filho de Balthezar Coutinho, e
Maria Gomes. Na idade da Adolefcencia
preferio com judiciofa eleição entre todas
as Famílias Regulares a IlluftriíTima Ordem
dos Pregadores, cujo fagrado inftituto pro-
feíTou em o Real Convento de Bemfica fanc-
tificada paleftra de virtudes a 13 de lulho
de 1609. Nos Eftudos Efcholaílicos fahio
taõ profundamente verfado, que depois de
Prefentado em a Sagrada Theologia diftou
a Moral cm a Sé da Gdade do Porto.
Foy hum dos mais celebres Oradores Evan-
gélicos, que venerou a fua idade, fendo
theatros Portugal, e Caftella dos feus ele-
gantes difcurfos authorizados com a co-
pia de textos de hum, c outro Teftamento,
e Sentenças dos Santos Padres da Igreja
Latina, e Grega de que tinha vaíliíTima, e
continuada liçaõ. Falleceo no Convento de
S. lacinto da Cidade de Sevilha em o anno
de 1647. As varias línguas em que foraõ
traduzidas as fuás obras faõ hum indelével
teftemunho da eftimaçaõ xmiverfal, que me-
recerão. Celebraõ o feu nome H)rpolit.
Marrac. Bib. Marian. Part. i. pag. 6jo. De-
clamator cekbris, (Ò' tam in Theologia Scholaf-
tica, quam Scriptura, ac SS. PP. leãione pra-
clare verfatus. loan. Soar. de Brit. Theatr.
Lujit. Liter. lit. H. n. 5. nominatijftmus con-
cionator. Echard. Script. Ord. Prad. Tom. 2.
pag. 556. col. I. Vir in Theologicis eruditus,
fed in concionibus ad populum habendis, lò' cla-
rus, €>• continuus. Fr. Pedro Monteiro Clauftr.
Dom. Tom. 3. pag. 232. Compoz.
SermaÕ pregado na Igreja de S. Mamede
da Cidade de Lisboa na Commemoraçaõ, que
por mandado do Illujirijftmo, e Reverendijffimo
Senhor Arcebifpo D. Miguel de Cajlro fe fe^
pelas necejftdades do Reyno em 5 de Abril de
1623. Lisboa por Giraldo da Vinha.
1623. 4.
SermaÕ na Igreja de S. Domingos do Porto
no Ultimo dia do Triduo, que nella houve pela
Pajchoa da RefurreiçaÕ do anno de 1630. Porto
por loaõ Rodriguez. 1630. 4.
Maria triumfante, e Herejta triumfada. Ser-
maÕ pregado no Convento de S. Paulo de
Sevilha 1638. 4. Sahio fegunda vez impref-
fo Lisboa por Pedro Crasbeeck. 1649.4. com
efte Titulo.
Sermon a los aggravios, que los hereges bi-
Jieron a la Imagem de Nuejlra Senora en et Caf-
tillo de Callo. Depois foy reimpreíTo no li-
vro intitulado Efcuela de difcurfos formada de
Sermones vários efcritos por divcrfos Authores
maeflros grandes de la Predicacion. Publicado
pelo Doutor Francifco Ignacio de Porres.
Marial, ou promptuario efpiritual fobre os
Evangelhos das Feflas da Raynha dos Santos
Maria Mãy de Deos. Lisboa por Louren-
ço Crasbeeck. 1636. foi. Foy traduzido
em Caftelhano por Fr. Francifco Palau
Dominicano. Barcelona por Pedro de la
Cavallaria. 1639. foi. & ibi fegunda vez,
c terceira Madrid cn la Imprenu Real.
1647. foi.
1
LUSITANA. 537
Promptuario Efpiritual para los EvangeUos Kofcka em o fefftndo Sa do folemnijfimo tri-
de los três principales dias de Quarejma Mier- duo, que com affiftencia do diviniffimo Sacra-
coles, Viemes, Domingas, e Semana Santa, mento celebrou o Collegio de S. Paulo da Com-
Madrid por Francifco Martines. 1644. foi. panhia de JESUS da Cidade de Braga em
& ibi por Maria de Quinones. 1647. foi. 28 de Julho de 1727. Lisboa na Ofl&dna
O author compoz efta obra em Cafte- Patriarchal da Muíica.. 1728. 4.
lhano imitando a fuavidade, e elegância
do eílUo dos infignes Fr. Fernando de IGNACIO ESPÍNOLA CASTRO, E
Caflilho, e Fr. Luiz de Granada Mef- MENEZES natural da Qdade do Funchal
três naõ fomente da Sagrada Ordem dos Capital da Ilha Terceira filho de Manoel
Pregadores mas também do eítilo Cafte- Carvalho Valdeves igualmente nobre por
lhano. nadmento como pelo engenho fendo muito
Promptuario efpiritual de Elo^os de los perito em as letras humanas, e Artes li-
Santos; continua algumas fejlividades de los beraes. Compoz na Ungua Caftelhana nove
mas illuflres heroes, que la Igrejia Catholica Diálogos, que intitulou o i. Hombre da
celebra por el difcurfo dei ano preãcados los lengua. O 2. Hombre gloton. &c.
màs en la muy noble, y leal Ciudad de Sevilla.
Madrid en la Imprenta Real. 1646. foi. IGNAQO FERREYRA LEYTAM
& ibi 1650. foi. Cavalleiro profeíío da Ordem de S. Tiago,
Todos eftes três Tomos fahiraõ tradu- Fidalgo da Caza Real naceo na Villa de
zidos na lingua Latina por Fr. Henrique Fonte Arcada em a Província da Beyra
Hechtermans da Ordem dos Pregadores de Pays nobres quaes eraõ Pedro Simaõ
com o título feguinte. Ferreira Amado, e Genebra Lopes Ley-
AdmodUm R. P. Fr. I^tii Coutinho taõ. Refoluto a feguir as armas deixou
Ord. Prad. S. T. Ucentiati conciones quas a caza paterna, e chegando a Lisboa mu-
ex idiomate Hifpanico in iMtinum tranjlulit. dou o nome para naõ fer conhecido, e
R- P. Fr. Henricus Hochtermans S. T. Li- eftando já embarcado em huma Galé, que
cenciatus, (ò' profejjor ejufdem Ordinis Con- com outras partia para Cadiz, foy defcuber-
j ventus Mofa Trajeãenfis. BruxeUis apud to por feu Tio, que com andofa deli-
Francifcvmi Vivien. 1653. 4. 3. Tom. & gencia o bufcava. Reftituido involunta-
Coloniíe. 1661. 4. O I. Tomo comprehende riamente à caza donde fogira foy manda-
o Marial; o 2. o Santoral; o 3. o Qua- do eftudar na Univeríidade de Coimbra onde
refmal. foraõ tantos os progreflos que o feu grande
engenho fez na Faculdade da lurifpruden-
■r Fr. IGNAQO DA CUNHA natural cia Cefarea, que recebido o grão de Dou-
'P da Villa de Provezende diftante duas legoas tor mereceo fer admetido a Collegial do
da Qdade de Braga em a Provinda do Mi- Real Collegio de S. Paulo a 6 de Agofto
nho filho de Amaro Fernandes Godinho de 1679. Ocupou os mayores lugares de
Capitão de Cavallos em a Provinda Tranf- que eraõ dignas as fuás letras como foraõ
montana, e D. Bernarda da Cxmha ambos Dezembargador do Porto, e da Caza da
X; defcendentes de famílias diftindas. Deixan- Suplicação de que tomou poíTe a 29 de
WL do a caza paterna profeílou o inftituto ia- Abril de 1595. Dezembargador dos Ag-
^ grado dos Erimitas de Santo Agoftinho no gravos a 19 de Novembro de 1598. De-
Convento de Lisboa a 30 de Abril de 1696. putado da Meza da Condenda a 19 de
#Foy Lente jubilado na Sagrada Theologia, Fevereiro de 1603. Chanceller das Três
€ Examinador Synodal na Cúria Bracha- Ordens Militares, Vizitador dos Hofpi-
lenfe. Prior do Convento do Porto, e De- taes das Caldas, de Santarém, e das Mer-
finidor. Publicou. deiras de Óbidos, Chanceller mór do Rey-
SermaÕ da Canonizarão dos gloriofos San- no, e Dezembargador do Paço. Obfer-
tos SaÕ Luiz Gonzaga, e Santo Ejlanislao vou reâamente a juftiça inclinando-fe mais
538
BIB LIO THE C A
por génio, que afeébçaõ a milhor parte.
Era benéfico para quem lhe fazia aggra-
vos antepondo os preceitos do Evange-
lho aos diftames do Mundo. Nunca con-
denou reo ao ultimo fuplicio antes com o
feu voto falvou a dous Coflarios Inglezes
que reduzio à verdadeira Religião, e a
hum delles fuftentou à fua cufta na Galé
pelo efpaço da fua vida. Efta charitativa
comifcraçaõ fe extendia com mayor ex-
ceíTo aos pobres a quem o pejo lhes fe-
chava a boca para folicitar o feu remédio,
dftigava o corpo com feveridade, fre-
quentava os Sacramentos com ternura.
Ambiciofo de mayor perfeição perten-
dco com repitidas inílancias profeflar os
auíleros inílitutos dos Carmelitas Defcal-
fos, e Religiofos Arrabidos porém naõ
permitio Deos que confeguiíTe o fim deze-
jado de taõ fantos intentos. Cumulado
de obras meritórias depois de receber de-
votamente os Sacramentos expirou a 9
de Abril de 1629. laz fepultado na Ca-
pella de S. lozè do Convento de Nofla
Senhora dos Remédios de Lisboa de Car-
melitas Defcalfos. Foy cazado com D.
Paula de Sá filha de Gomes Corrêa de
Lacerda, e D. Ignez de Sá, e Menezes de
cujo conforcio naceo para eterno brazaõ
da fua memoria a celebre heroina D. Ber-
narda Ferreira de Lacerda elegantiíTima
Mufa do ParnaíTo Portuguez da qual fi-
zemos larga, e merecida mençaõ em feu
lugar, e delle a fazem Fr. Belchior de
Santa Anna Chron. de Carm. Defcalf. do
Keyno de Vortug. Tom. i. liv. 2. cap. 55.
n. 590. Cardofo Agiol. hujit. Tom. 2.
pag. 487. e no Commentario de 9 de Abril
letr. H. e meu Irmaõ D. lozè Barbofa
Mem. do Colleg. Keal de S. Paulo. p. 95
c no Archiath. iMJitan. pag. 20. defcreve
com métrica elegância as principaes açoens
deftc infignc Varaõ, cantando.
DoBus erit Ferreira rapi quem cento Ju-
venta
Cum prima incipiet lanugine tingere malas,
Numinis ardenti fiudio quod prajidet armis,
Ergo paterna vide fufftivum linquere te£ta,
Quarere que horrificum juvenili peãore Mar-
tem.
Non dabitur fera cafira fequi, Bellona Mi-
nerva
Cedet, (& infiffii concedei "Laurea lingua.
Otia nulla pati, dúbias dijfoluere lites
Rara erit egreffo, praclaraque ludice pir-
tus.
Amhitio qua corda folet torquere Juper-
hum
Nefciet Igtati generofum tundere peãus.
Sola repuffiantem poterunt mandata Phi-
lippi
FleSiere, <& antiquum penitus fervare te-
norem.
At Jam jujla fenex capiet fajlidia cautus;
Curis tadebit fedi confumere vitam:
Virginis arãa petet facrata clauflra Tere-
fa,
Sed fruflra; Divum florent ubicumque Co-
rona.
O* quantos miferans pietate levabit egenos!
Condiet ipfe dapes, obfonia lauta parabit.
Óptima queis poterunt adipifci pramia
cali
llluftris faãis fuperas afcendet ad auras;
Non tamen occumbet, proles pia faãa per
avutti
Servabit dileãa Patris ter magia Lacer-
da,
Cafalio qua fonte bibens numerofa fluenta
Incolet excelji frondofa cacumina Pindi,
Compoz.
Praãica a ElKey Filippe III. Noffo Se-
nhor na entrada que fet;^ em Lisboa dia de
S. Pedro do anno de 161 9. Lisboa por
Pedro Crasbeeck. 161 9. foi. e na Viag.
de la Cathol. Keal. Mageflad ielKey D. Fi-
lippe Nojfo Senhor ai Keyno de Portugal por
luan Baptifta Lavanha. Madrid por Tho-
mas lunti ImpreíTor delRey NoíTo Se-
nhor 1622. foi. a foi. 32.
Fr. IGNAQO GALVAM natural da
Qdade de Évora onde virtuofamente
educado por feus Pays loaõ Rodrigues,
e Maria Diaz recebeo o habito da illuf-
tre Ordem dos Pregadores profeflando fo-
lemnemente a 22 de Fevereiro de 1592.
Foy Prior do Convento da fua pátria Re-
L USITANA.
539
gente dos Eíhidos em o de 1625. Rey-
tor do Collegio de S. Thomas de Coim-
bra em o de 1628. Pela fciencia Theo-
logica, que com aplauzo diítou aos feus
domeíHcos foy promovido a Pre2entado
na mefma Faculdade, e recebeo as inli-
gnias doutoraes em Lisboa no anno de
161 8. e depois foy Confultor do S. Of-
íicio. Teve grande liçaõ dos Santos Pa-
dres, e fagrados Expoíitores como o pu-
blicaõ as fuás obras imipreíías, e M. S.
ornadas de erudição divina, e humana.
Em obzequio de feu Angélico Meílre de
quem era cordialifllmo devoto, publicou.
Difcurfus varii ex commentatione faptentia
D. Thoma Aquinatis Bcclejia Doãoris colleãi
continens tam litteralem quãm etiam moralem
expofitionem diverforttm facra Scriptttra locorum,
qtábus Ecclejia eumdem Sanãum Doâorem in
folemni Mijfa facrificio pro illius fefto die cele-
brando commendant Eborae apud Emmanue-
lem Carvalho. 1625, foi.
Dijcurjus varii ex Commentatione Japien-
tia D. Thoma Aqmnatis <à>^c. volumen al-
terum. UlyíTipone apud Laurentium Craes-
beeck. 1635. foi.
Sermão na ¥efta do glorio/o Doutor An-
_gelico S. Tbomas a f de Março de 161 2.
Lisboa por lorge Rodrigues. 161 2. 4.
Dedicado ao Chantre de Évora Manoel
Severim de Faria.
Foy infigne Poeta Latino cujo fublime
enthuíiafmo deixou eternizado em hum
Poema, que coníla de 50 verfos heróicos
em aplaufo da Etiópia Oriental compoíla
por Fr. loaõ dos Santos alumno da Sa-
grada Ordem dos Pregadores, o qual
fahio ao principio defta obra. Évora por
Manoel de Lyra 1609. foi. Começa.
Ethiopum pharetrata parens, qttam luce re-
texunt
Solis equi cum primum alto fe gurffte tol-
Imt &c.
Commentaria in VJalmum 56. foi. M. S.
Fazem memoria defte author Nicol,
Ant. 'Rib. Hifp. Tom. i. pag. 473. col. i.
afirmando que ainda vivia no anno de
1642. Echard Script. Ord. Prad. Tom. 2.
p. 528. col. I. Fr. Pedro Monteiro. Clauftr.
Dom. Tom. 3. p. 235. e Catbalogo dos Qua-
lificadores do Santo Officio pag. 9. §. 10.
e o P. Fonceca. Evor. Glorio/a. p. 404
e 412.
IGNAQO GARCES FERREYRA. Na-
ceo na Villa de Almeyda da Praça de Armas
da Provinda da Beyra a 18 de Setembro de
1680. fendo filho de António Cardofo Ca-
valleiro profeflb da Ordem de Chriílo, Ve-
dor Geral da Provinda da Beyra, e de fua
mulher D. Maria de Carvalho. Quando con-
tava a florente idade de defanove annos re-
cebeo a murça de Cónego Secular do Evan-
gelifta a 19 de Março de 1700. em o Con-
vento de S. Bento de Xabregas, e no Col-
legio de Coimbra eíhidou as fciendas feve-
ras, em que fahio taõ eminente como eta
em as amenas. Deixando com juíHficada
cauza a fua Congregação partio para Ro-
ma a 25 de Dezembro de 171 2. onde afliftio
até o anno de 1728. merecendo pela fua erudi-
ção fagrada, e profana fer admitido a Aca-
démico dos Árcades com o nome de Git-
medo. De Roma paíTou a Nápoles, e depois
da demora de quafi três aimos fe reftituhio
à Cúria fendo provido em Cónego Peniten-
ciário da Cathedral de Lamego de que tomou
pofle a 22 de Dezembro de 1733. Cultivou
defde os primeiros annos a Poefia obfervando
com inclinação natural os myílerios de taõ
divina Arte, de cuja aplicação concebeo o
nobre intento de commentar ao Príncipe do
PamaíTo Efpanhol o noíTo celebrado Ca-
moens publicando
'LiCQada Poema Épico de Luiz ^^ Camoens
Príncipe dos Poetas de E/ponha illufirado com
varias, e breves Notas, e com hum precedente
Apparato do que lhe pertence. Tom. i. Nápo-
les na Officina Parriniana 1731. 4. grande.
Tom. 2. Roma por António Rofd 1732.
4. grande.
Elogio Parenetico a la maffuinima piedad del-
Rey Nueftro Senor D. luan él Quinto en ocafion
de ofrecer a fua Santidad tm grande /ocorro para
la guerra contra el Turco. Roma por Domin-
gos António Hercules 1716. 4.
Tratado da íingua, e Ortbografia Portu-
gue!(a. Promete efta obra na Prefação
do Commento de Camoens à qual lhe falta
a ultima lima.
540 BIBLIOTHECA
IGNACIO GOMES natural da Villa mais, pois tudo podeis com Deos, day gra-
dc Eftremoz em a Provinda Tranílaga- ça ao Keverendijfimo Padre Geral me mande
na donde paflbu à índia, e embarcan- imprimir dous livros mais, que há mtátos
do-fe em Goa no anno de 1608. para Pe- dias lhe tenho offereàdo. Todas eílas obras
gú padeceo hum horrível naufrágio na fe confervaõ M. S. no Convento de Rcn-
altura da cabeça de Cavallo do qual fc dufFe onde o author falleceo.
falvou com defafeis peíToas de noventa,
e duas, que hiaõ embarcadas. Sahindo a Fr. IGNACIO DE lESU MARIA
terra foy levado pre2o pelos bárbaros a natural da Gdade da Bahia Capital da
Arrecaõ, c fendo defterrado para a ter- America Portugueza onde reccbeo o ha-
ra de Maum cortando-lhe primeiro os bito de Carmelita Calçado. Eftudou as
calcanhares como he cuílume, aos que Faculdades de Filofofia, e Theologia,
condenaõ a efte deílerro, e paíTados ai- que depois diftou aos feus domeíticos,
gims annos como cazaíTe, e tivefle da fua e jubilando foy Doutor em Theologia.
conforte íinco filhos defejando bautizallos O Geral da Ordem atendendo à fua litte-
jà que os tinha inllruido em os dogmas ratura o conítituhio feu ComiíTario cm
da Igreja Romana efcreveo para eíle ef- os Gravames dos Religiofos. Falleceo no
feito. Convento da fua pátria. Compo2.
Carta ao Padre Fr. SebaJliaÕ Manrique Doutrina Chrijlãa ordenada á maneira
Keligiofo dos Erimitas de Santo Agojiinho de Dialogo para enjinar os meninos pelo Em-
Mijfwnario Apojlolico na índia a qual traz minentijftmo Cardial Dura:(i(o Arcebifpo de
o mefmo Padre no feu Itinerário Orient. Génova acrecentada por Fr. Ignacio de JESUS
cap. 29. pag. 178. Do Author defta Car- Maria da Ordem de N. Senhora do Carmo.
ta faz memoria o moderno addiciona- Lisboa por Miguel Manefcal. 1678. 12.
dor da "Rib. Orient. de António de Leaõ & ibi por Joaõ Galraõ. 1697. 12. & ibi
Tom. I. Tit. 13. col. 439. por Filippe de Souza Villela. 1699. 12.
& ibi por Manoel Fernandes da Cofta
Fr. IGNAQO DA GRAÇA natural ImpreíTor do Santo Officio 1732. 12. e
da auguíla Cidade de Braga, e Monge outras muitas vezes. Delle faz breve men-
Benediftino, cujo habito recebeo em o çaõ Fr. Manoel de Sá Mem. Hijl. dos EJ-
Convento do Porto a 25 de Fevereiro crit. Portug. da Prov. do Carm. cap. 46.
de 1638. Foy aplicado ao eftudo da Hif- pag. 201.
toria Ecclefiaílica, e fecular, e acérrimo Sermão em Ma de S. Francifco de Ajfts
propugnador dos privilégios, e grande- na profijfaõ de Soror Maria de Santa Ro^a
zas da fua Sagrada Religião. Falleceo Religio/a de S. Francifco no Convento de
em o Convento de Santo André de Santa Clara do Dejlerro da Bahia. Lisboa
Renduffe no mez de Fevereiro de 1677. por Bernardo da Cofta. 1697. 4.
Efcreveo.
Apoloffa Paranetica. Dedicada a S. IGNACIO DE LIMA, cuja pátria.
Bento. He contra a Chronica dos Cone- e eflado de vida fe ignora. Querendo vi-
ges Regulares da Congregação de San- zitar os lugares em que o Filho de Deos
ta Cruz de Coimbra, que compoz D. confumou a redempçaõ do género huma-
Nicolao de Santa Maria. Confta de 4. no partio de Lisboa no anno de 1585.
livros, c cada hum de 12. Capítulos. No a Jerufalem onde com devota ternura
c. 4. do 1. livro allega o Epitome Politico aíTiftio algum tempo até que fe reftitu-
cm que tinha efcrito as vidas de alguns hio a Portugal efcrcvendo.
Summos Pontífices. Memorial da Viagem, que fen^ de Lisboa
Tratado Jobre a Primajia de Braga. à Cas^a Santa de Jerufalem no anno
Vida de S. Giraldo. No fim defta obra 1585. 4. Conferva-fc na Livraria do Exccl-
fallando com o Santo lhe diz. Peçovos leatinimo Duque de Lafocns.
L USITAN A,
<x
541
IGNACIO LOPES DE MOURA Ca-
valleiro da militar Ordem de Chrifto namral
de Lisboa filho de António Ferreira Caval-
, leiro da Ordem de Chrifto, e Cirurgião da
Camera delRey de quem fe fez merecida
memoria em feu lugar, e D. Maria de Saõ
loaõ. Inftruido na pátria com os primei-
ros rudimentos cultivou em a Univeríi-
dade de Coimbra a lurifprudencia Civil,
merecendo pelos progreíTos, q fez nefta
Faculdade fer Dezembargador do Porto
•donde paíTou para a Caza da Supplicaçaõ
a 18 de Março de 1692. Corregedor do
Civil da Corte a 13 de Novembro de 1700.
e Dezembargador dos Aggravos a 14 de
Outubro de 1704. Em todos eftes lugares
j confervou o decoro de Miniftro uzando de
I fumma benevolência de que era natural-
1 mente ornado. Falleceo em Lisboa em o
j primeiro de Abril de 1709. e eflá fepul-
I tado na Ermida de Santa Barbara fituada
I nas cazas próprias em que habitava. Em
obzequio defta infigne Virgem, e valerofa
Martyr publicou em metro, em que naõ
foy infeliz a fua Mufa, a vida da mefma
Santa com efte titulo.
Flores de devoção colhidas no Campo de
Santa Barbara. Lisboa por Miguel Des-
landes. 1701. 8.
Prologo muito largo ao livro intitulado
i-«^ Verdadeira, e recopilado Hxame de toda
a Cirurgia, que compuzera feu Pay Antó-
nio Ferreira, e fahio Lisboa por Valen-
tim da Cofta Deslandes. 1705. foi.
P. IGNAQO MANOEL filho de André
Gonfalves, e Catharina AfFonfo naceo em o
lugar de S. Pedro junto da Cidade de Bra-
gança em a Província Tranfmontana. Re-
cebeo a roupeta de lefuita em o Collegio
de Coimbra a 30 de Agofto de 1663. Sendo
profeflb do quarto voto, e Perfeito dos Eftu-
dos do Collegio de Braga pedio faculdade
para paíTar à índia o que executou no anno
de 1688. Foy Religiofo ornado de virtu-
des, e muito perito na Hiftoria do noíTo Rey-
no, e fuás Conquiftas. Delle faz fucinta
memoria o Padre Franco Imag. da Virtud.
do Collegio de Coimb. Tom. 2. pag. 619. col. i.
Compoz.
Preparação para a Eternidade. Lisboa
por Valentim da Cofia Deslandes. 1705. 8.
Fa^os Laijtfanos das acçoens illufires dos Por-
tugtiet^s por cada hum dos dias do anno. foi. M. S.
Conferva-fe na Caza profeíTa de Goa.
Fr. IGNAQO DE SANTA MARIA
chamado no feculo Balthezar Nunes. Na-
ceo em a Qdade de Beja da Provinda
do Alentejo donde paíTando a Roma
recebeo no Convento de S. Nicoláo To-
lentino o habito de Agoflinho Defcal-
fo a 6 de Mayo de 161 2. e profeíTou
folemnemente a 7 do dito mez do an-
no feguinte. Efiudou Theologia com
Fr. Appollinario de lefus também Por-
tuguez de quem já fizemos memoria em
feu lugar, e fahio da fua efcola taõ pe-
rito, que com aplauzo univerfal diftou
as Faculdades, que aprendera, aos feus
domeflicos, que de difcipulos paíTaraõ
brevemente a fer Meflxes. No Capitu-
lo Geral celebrado no Convento de San-
to Antaõ de Roma a 4 de Mayo de 1621.
foy eleito fegundo Difinidor, e prefidio
ao Capitulo do anno de 1625. em que
fahio nomeado primeiro Difinidor. Foy
ornado de folida doutrina, vafia erudi-
ção, e rara modeftia. Falleceo no Con-
vento de Santa Francifca Romana da
Qdade de Milaõ a 18 de Agofto de 1644.
com 54. annos de idade e 32. de Religião.
Nefte Convento fe conferva o feu Re-
trato animado com efta infcripçaõ.
P. Ignatius à S. Maria Augufiinianus
Fxcalceafus Ijufitanus S. Theologia leãor,
divinarum litterarum, Sanãorumque Patrum
ajftduus Scrutator, vita Jolitaria, (& contem-
plativa merifice dedttus editis libris myfiica
Theologia plenis, relião regularis obfervantia
nobiH exemplo. Obiit Medtolani in D. Fran-
cifca Romana canobio die 18 Augufii 1644.
atatis fua 54. Keligionis. 32.
Compoz.
Turris falutis Deipara Virgini dicata
in qua traduntur induflria fpiritualis militia
contra anima hofles. Venetiis apud laco-
bum Sarrinam. 1650. 4.
542
BIBLIO THE CA
Proptígnaculum contra vitia, five Turris
altera pars. Romac apud Ludovicum Gri-
gnani 1638. 4.
Preparatione ai ben morire. Fermo per
rhercdi de Montio. 1646. 16.
Compuntione dei cuore utile, e neceffaria
per la Jalute. Milano par heredi di Pa-
cifico Pondo, e Picaglia. 1654. 4.
Fr. IGNAQO DE SANTA MARIA
natural de Villa nova de Portimão em
o Reyno do Algarve. Profeflbu o inftituto
Seráfico em a Provinda de Portugal onde
diftou aos feus domeílicos as fciencias
efcholafticas até jubilar em a Sagrada Theo-
logia. Pela fua prudência foy Reforma-
dor da Cuílodia de S. Tiago da Ilha da
Madeira, Vizitador da Provinda dos Al-
garves, G^nfeflbr das religiofas do Convento
da Efperança de Lisboa Provincial da fua
Província eleito a 25 de laneiro de 1723.
Qualificador do S. Officio, e Examinador
das Três Ordens Militares. Falleceo na
Villa de Santarém a 8 de Dezembro de
1724. quando voltava para Lisboa de fazer
a primeira vizita de Provincial. Dos mui-
tos Sermoens, que pregou, fomente fe fez
publico o feguinte.
Problema moral Politico refohido por huma,
e outra parte em o Sermão de AcçaÕ de graças pelo
Capitulo Provincial da Provinda de Portugal
que fe celebrou em o Convento de S. Franci/co de
Santarém em ^ de Abril de 1699. Lisboa por
Manoel Lopes Ferreira 1699. 4.
Delle faz breve memoria Fr. Fernando
da Soled. Hijl. Seraf. da Prov. de Portug.
Part. 3. liv. I. cap. 21.
P. IGNACIO MARTINS Naceo na Villa
de Gouvea do Bifpado de Coimbra fendo
filho de Martim Lourenço, e Brites Alvares,
e o primeiro Noviço que foy admitido a
17 de Abril de 1547. à Companhia de lefus
em o Collegio de Coimbra onde lhe mudou
o P. Simaõ Rodrigues o nome de Vafco que
tinha em o feculo em o de Ignacio para me-
moria do feu grande Fundador. Apren-
didas as fdencias efcholaílicas em que mof-
trou fubtileza de engenho foy Meílre do
quarto curfo de Filofofia em o Collegio das
Artes no anno de 155 j. em o qual D.
loaõ o III. entregou o feu governo aos
Padres lefuitas, e diftou a mefma Facul-
dade em o Collegio de Évora antes de fcr
Univerfidade onde depois recebco as infi-
gnias doutoraes na Sagrada Theologia a
28 de Março de 1570. fendo feu Padrinho
o Ven. Fr. Luiz de Granada eterno cx-
plendor da Ordem dos Pregadores cujo
a£lo fe fez mais plauzivel com a authori-
zada prezença delRey D. Sebaíliaõ, Car-
dial D. Henrique e o Infante D. Duarte
Duque de Guimaraens. Entre os Padres
que foraõ votar ao Capitulo geral cele-
brado em Roma no anno de 1573. foy
elle eleyto, e antes de chegar a Cúria vene-
rou em Pádua a lingua incorrupta do Thau-
maturgo Portuguez Santo António, c
confiderando que ella tinha fido o inílru-
mento da converfaõ de tantas almas fe
deliberou a emendar o eílilo com que no
púlpito lizongeava mais os ouvidos, de que
compungia os coraçoens dos feus ouvintes.
Reílituido a Portugal no anno de 1574. paíTou
à Praça de Tangere onde arrancou vicios, c
plantou virtudes a impulfos de feu apoílolico
efpirito. Mayor fruto colheo o feu incanfavel
difvelo explicando pelas praças, e ruas de
Lisboa o Cathecifmo de cujo louvável exer-
cido, que o Ceo aplaudio com prodigio-
fos fuceíTos, foy o primeiro author. De
todas as virtudes Religiofas podia fer exem-
plar pois na Oraçaõ era taõ continuo que
poílo de joolhos confumia finco horas na
meditação das divinas perfeiçoens; nas peni-
tencias taõ rigorofo que todos os dias fc
difciplinava pelo efpaço de três quartos; na
caridade taõ ardente que fe privava do ali-
mento neceíTario para com elle focorrer a
pobreza; na modeília taõ infigne que fo-
mente abria os olhos para dirigir os paf-
fos. Os ados da piedade Catholica que
fez na ultima doença eraõ baílantes para
lhe fantificar a memoria. Falleceo no Col-
legio de Coimbra a 28 de Feverdro de
1598. com tal ferenidade que fe duvidava
eftar morto. Os primdros que venera-
rão o feu Cadáver foraõ o UluílriíTimo Bif-
po de Coimbra D. AHonfo de Caílello Bran-
co o Senhor D. Alexandre filho dos Serenif-
L USITAN A.
543
fimos Duques de Bragança, o Reytor da Uni-
verfidade Aífonfo Furtado de Mêdoça, c de-
pois todos os Cathedraticos, e Doutores que
com a mayor fumiíTaõ lhe beijarão os pés.
Tanto que fe divulgou a fua morte foy innu-
meravel o concurfo do povo que concorreo
ao Collegio defpojando o dos veftidos, unhas,
e cabellos que levavaõ como preciofas reli-
quias. Antes de fer fepultado recitou hum
Panegyrico das fuás virtudes o P. Sebaíliaõ
Barradas famofo Efcriturario, que ícz reno-
var as lagrimas de todo o auditório lamen-
tando a falta de taõ grande Varaõ, cuja fan-
tidade quiz Deos manifeftar com alguns mila-
gres que obrou em beneficio de vários infer-
mos. Foy fepultado, como elle pedira, com
a cana na maõ que lhe fervia de inílrumento
para governar os mininos que catequizou
em a Doutrina Chriílaã. D. loanna de Portu-
gal no dia do feu enterro alludindo ao ulti-
mo Sermaõ que pregara da Dominga 3. de
Quarefma lhe fez eíle elegante Soneto.
yiquella vo^ de Inácio, que abalava
O Ceo, e a terra toda Jujpendia:
A que do Ceo à terra Anjos traria
A que da terra ao Ceo homens levava.
Acabou: jà naÕ foa onde bradava
Mas por nos nos Ceos falia onde /'ouvia:
Pregou por fe na vida o que naÕ via,
Mas vio antes da morte o que pregava.
Pelejou com o diabo, e com a vida,
E já perto do fim mais esforçado
Na ultima batalha acabou tudo;
J\ açoutes deixa a carne já vencida;
Por humilde o mundo def pregado;
Por doutrina o diabo furdo, e mudo.
Com vários elogios exaltaõ o feu nome
graviíTimos Efcritores como faõ lorge Car-
dozo Agiol. iMfit. Tom. pag. 378. perfeito
exemplar de virtudes, angélica vida, profunda
humildade, próprio abatimento, defpre^o das
mundanas honras, abraf^ada charidade com os
próximos nacida de grande amor de Deos.
loan. Soar. de Brito Theatr. Ljifit. Uter.
lit. I. n. 8. Vir heroicis quidem virtutibus
injigtis, fed i^elo pracipue Chrifiiana Doc-
trina inflillanda apud iMfitanos eminentif-
jimus. Fr. Roque do Soveral Uifl. do Appa-
rec. de N. Senhora da Luí^. liv. i. cap. 6.
Varaõ Apoflolico. Bib. Societ. p. 395. col. i.
e 2. vir omnium judicio inter focietatis He-
roas fanãijjimus recenfendus. Telles Chron.
da Compan. da Prov. de Portug. Part. i.
liv. 2. cap. 21. n. 6. aquelle infixe Varaõ
a quem todo Portugal venerou com titulo de
Meflre Igtacio porque na verdade fffjf Meflre
na doutrina, que por efpaço de 17 annos en-
finou com a cana na maÕ, e com o exemplo,
que em toda a vida nos deu. Orland. H^/?.
Societ. lib. 7. n. 73. Sanãitate percelebris
cui beata forte obtigit non vocabulum modo,
fed et praftantes B. Patris participare vir-
tutes. Imago Prim. Seecul S. I. lib. 3. cap. 6.
fpretis cum honore cathedris totum fe dedit
pueris, imperita plebi, mancipiisque necejfa-
ria ad falutem doãriná imbuendis Taner
Societ. lef Apofl. Imitatrix. pag. 306. vir
communi omnium fenfu fanãus. Franco Afi-
nal S. I. in Luft. p. 166. n. i. admiran-
di Heróis, e na Imag. da Virtud. em o No-
vic. de Coimb. Tom. i. liv. 2. cap. 63.
Varaõ cheyo de efpirito apoflolico, e de v^elo
incanfavel Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i.
p. 474. col. I. innocentijjimis moribus. fin-
gulari in Deum eV próximos charitate Apof-
tolicus per l^fitaniam Ecclejiafles. Fonceca
Evor. Glor. p. 432. Varaõ illujlre pelas
fuás virtudes, e introdução do u:(o da Santa
Doutrina. Compoz
Pregação feita no dia da CollocaçaÕ das
Santas Relíquias em a Ca^a profejfa de S.
Roque a zS de laneiro de 1588. Sahio na
Relação do foknne recebimento deflas Relí-
quias. Lisboa por António Ribeiro. 1588.
8. a foi. 97.
Utania Sacrofanãa Euchàriflia, et dul- »
cijjimi Nominis lESU, ac Spiritus Sanai
Paracliti ex facra fcriptura collecta. Ulyfli-
pone per Emanuelem de Lyra. 1592. 12 &
Conimbricx per Nicolaum Carvalho 1620. 12.
Cartilha da Doutrina Chriflaã do M. Igna-
cio He hum additamento à Cartilha com-
poíla pelo P. Marcos lorge da Compa-
nhia de Jefus, e foy a primeira que fahio.
Conftaõ as addiçoens. Ordens para pajfar o
dia; como fe hade ouvir Mijfa, confejfar, comun-
gar, e re^ar o Rofario. Sahio impreíTa varias
vezes em diverfas partes. 12.
Sermoens para todo o Afino. 4. Tom.
M. S. 4.
544
BIBLIO THE CA
P. IGNACIO MASCARENHAS. Te-
ve por berço a Villa de Monte mór o
novo em a Provinda do Alentejo, e por
progenitores a D. Fernando Martins Maf-
carenhas Commendador de Mertola, Al-
cayde mór de Monte mòr o novo, Senhor
de Lavre, e a D. Maria de Lencaftre filha
de D, Diniz de Lencaílre GDmmenda-
dor mór da Ordem de Chriílo, Alcayde
mòr de Óbidos, Embaxador a França, Caf-
tclla, e Roma, e de D. Izabel Henriques
filha de D. Francifco Q)utinho terceiro
Conde de Redondo Vicerey da índia, e
por irmaõ a D. loaõ Mafcarenhas Conde
de Santa Cru2. Na tenra idade de 15 annos
preferio com madura reflexão a humildade
religiofa ao claro efplendor do feu naci-
mento recebendo a roupeta de lefuita em
o Noviciado de Évora a 24 de Fevereiro
de 1622. e fazendo a profiíTaõ do quarto
voto a 2 de Fevereiro de 1644. Didou
Filofofia em a Univerfidade de Évora,
e Theologia Moral em o Collegio de Santo
Antaõ de Lisboa deixando em huma, e
outra parte eternos monumentos da fub-
tileza do feu talento. Pela gravidade da
peíToa, e prudência de juizo mereceo o
declarado affedo delRey D. loaõ o IV.
cometendo-lhe quando o mandou a Ca-
talunha no anno de 1641. graviíTimos
negócios de que pendia a confervaçaõ defta
Monarchia, cuja incumbência defempe-
nhou com igual deftreza, que fidelidade
como efcrevem o Excellentiflimo Conde
da Ericeira D. Luiz de Menezes Portug.
Kejiaurad. Tom. i. pag. 147. e Almeyda
"Rjeftaurac. de Portug. liv. 2. cap. 22. Tendo
fido Reytor do Collegio de Lisboa foy pro-
movido a Propofito da Caza de S. Roque
em cujo lugar deixou a vida caduca pela
eterna a 24 de Novembro de 1669. quan-
do contava 62 annos de idade, e 47 de
Companhia. Delie fe lembraõ honorifica-
mente loan. Soar. de Brito Tbeatr. LmJíí.
Liter. lit. I. n. 7. e Franco AfiftaJ. S. J.
m hujit. pag. 347. n. 5. Compoz.
KelaçaÕ do Juceffo, que teve na jornada,
que /<?:ç a Catalunha por ordem de S. MageJ-
tade ElRey D. loaÕ o IV. N. Senhor Lis-
boa por Lourenço de Anuers. 1641. 4.
Jujiicia dei inclyto Rey D. Juan el 4.
de Portugal, Arbol de los Kejs Portugueses
y Ca:^a de Bragança, Lejs de Lamego &c.
Barcelona por laques Romeu. 1642. 4.
Contra eíle livro fahio ocultando o nome
loaõ Adaõ de la Parra Advogado do Tri-
bunal da Inquifiçaõ cuja mordaz petulân-
cia fe conhece do titulo da fua impugna-
ção, que he o feguinte. Apologético con-
tra el Tirano y rebelde Vergan:(a y conjura-
dos Arcobifpo de Lisboa y Jus parciales em
refpuejla a los do^e Fundamentos dei Padre
Mafcarenas. Zaragoza por Diego Dor-
mer. 1642. 4.
Oraçaõ exhortatoria aos fieis, e pios Chrif-
tãos do Reyno de Portugal pela devoção de
ajudar ao próximo na agonia da morte; offe-
recea à Irmandade dos Agoni:(antes fita na
Igreja de Santo Ignacio do Collegio de Santo
Antaõ da Companhia de JESUS. Lisboa
na Officina Crasbeckiana. 1656. 16.
P. IGNACIO DE MELLO Brâma-
ne, e Congregado da Congregação do
Oratório de Santa Cruz dos Milagres da
Cidade de Goa na índia Oriental igual-
mente perito na lingua Latina, como ver-
fado na Theologia Afcetica publicou fem
o feu nome.
Compendio, do que devem Ja:(er, e dos privi-
légios, e graças, que gos^aÕ os Conjrades de
Nojfa Senhora do Carmo. Lisboa na Officina
da Congregação do Oratório. 1736. 8.
Três Hymnos Latinos a N. Senhora, e
hum a Jua Mãy a Senhora Santa Atma.
Naõ tem lugar da ImpreíTaõ.
IGNACIO DE MORAES Naceo na
Gdade de Bragança igualmente illuftre
pelo nacimento fendo filho de Pedro
Alvares de Moraes, e irmaõ de Nuno
Alvres Pereira do Confelho de Eftado
de Portugal em Madrid, Senhor de Sena
Leoa do Paul de Muja, das lugadas de
Santarém, Commendador da Commcn-
da de N. Senhora do Marmeleiro da Or-
dem de Chriílo, como pelo engenho com
que fe diftinguio em a Univerfidade de
Paiiz de todos fcus condifcipulos no cf-
tudo das letras humanas e na metrifica-
í
L USITANA.
545
çaõ dos Verfos Latinos em que imitou
a Mageílade de Virgilio, e a fuavidade
de Ovidio. A fama, que corria da fua
erudição moveo a ElRey D. loaõ o m.
ordenar-lhe por carta paflada a 21 de
laneiro de 1541. que illuílraíTe com o
feu magiílerio a nova Univeríidade de
1 Coimbra lendo a Cadeira de Grammati-
ca, e como era venerado Oráculo da
Poezia Latina foy provido em 30 de
{ Setembro de 1546. em a Cadeira deíla
Arte da qual lia os preceitos huma hora
de menhãa, e outra de tarde com o
falario de outenta mil reis. Naõ foy in-
ferior o feu talento para as fciendas fe-
veras como o tinha exercitado em as
amenas pois recebendo o grão de Mef-
tre em Artes em que chegou a fer De-
cano, fe formou na Faculdade da lurif-
prudencia Cefarea com aplauzo de todos
os Cathedratícos Conimbricenfes, que uni-
formemente o elegerão para congratular
as Mageftades de D. loaõ o IIL e de
D. Catherina quando foraõ no anno de
1550. vizitar a Univeríidade, cuja incum-
bência dezempenhou com huma Oraçaõ
Latina compofta, e recitada com o ef-
pirito de Qcero, e certamente digna de
taõ auguftos ouvintes. Teve a honra de
fer Meíbre do Infante D. Duarte filho
do SereniíTimo Rey D. loaõ o III. e
do Senhor D. António filho do In£ui-
te D. Luiz. Entre os homens eruditos
da fua idade com quem tratou familiar-
mente, lhe deveo mayor affeâo o in-
íigne André de Refende, o qual de Con-
verf. mirand. D. JEffd. pag. 71. v.o ef-
creve, que convidando a Ignacio de Mo-
raes para huma fua quinta onde corria
huma caudelofa fonte lhe fez extempo-
raneamente o feguinte Epigramma.
Potitat boc liquidas de fonte fuaviter imdas
Hicj jubar eximum ordinis, ecce, fui
Qua poflquam tanti fubierunt jura Magjflri
Cajialis bac unda efl, Thtfpiadumque locus.
E admirando a amenidade do fitío
rompeo a fua Mufa em fegundo Epi-
gramma.
Mollem fecejfum, portum placidumque lahorum
35
Hac prabet cunãis Villa beata bmis
Hunc amat ille locum, fecuraque otia vita,
Quem nec livor edax, ambitio ve tenet.
Foy cazado com Anna Mendes ma-
trona nobre de quem teve hum filho,
e duas filhas. Falleceo em o Real Con-
vento de Alcobaça para onde fe tinha
retirado a prepararfe para a morte, que
fucedeo pouco tempo depois, que Fili-
pe Prudente fe fenhoreou deíle Reyno.
Aplaudem o feu nome, e a fublimida-
de da fua Mufa Refende lib. 2. CotwerJ.
Mffd. pag. 22. v.° ufius ex bonarum littera-
rum Conimbrices cum quo mibi pervetus efi
amicitia, homo fane honeflis praditus Mfâ-
plinis, ut fi qtns apud nos alius, certe in
poética, venee faàllima, <ò^ Ovidiana, ad quam
fe componit , tam fimilis, ut qui ubivis gen-
tium maxime. et lib. 3. pag. 71. v.° ut
efl ad carmina pangenda prompto, perue ioci-
que ingenio. loan. Soar. de Brit. Tbeatr.
loffit. Uter. lit. I. n. 9. E^e^us Poeta.
Maris Dial. de Var. Hifl. Dial. 5. foi.
mihi 357. D. Nicol. de Santa Maria
Cbron. dos Coneg. 'Rxg. liv. 10. cap. 5.
n . II. eminente em letras de humani-
dade. Faria "Europ. Portug. Tom. 3. Part.
3. cap. 12. n. 43. Didac. Mend. de Vaf-
conc. de fuo Ebor. difcef.
Antiquis JEffiatt aquande poetis.
Hyer. Cardof. Sylvar. Tom. 2. Sylv. 12.
Tot peperere tut JE^ti doãijftme Verfus
Gaudia, quas nudas inter Pafitbea Sorores
Geflavit gavifa finu, falibufque referfit
Facundis, totumque dedit confiflere nume,
Cypriis, <òf Idylais uuxit pulcberrima fuccis.
Alígeros prohibens procul bine abfcedere natos
Addidit, et Graio gujlatam guttere Lothon
Ut maiora queant obleãamenta movere.
Et lib. I. EJe^arum.
Qualis imprimis meus efl difertus.
Gloria JEgnatus juvenum decufque
Cujus efl nobis amor ante mella
DuJcis Hymeti.
Cujus, (ò" doais recreor libellis.
Qui meras plane redolent Athenas
Quique Komanos fapiunt lepores
Júdice Momo.
546
BIB LIO THE CA
Aaton. Qbbcdo in Poemat ad ipfum.
Si meritís donare tuis aqitalia vellem
Mmera fi donis vellem praire méis.
Quantum Te nojlro jam dudum in peHore fixi
Pars anima /Ç.gnati, dimidiumque mea.
V. Anton. dos Reys Bnthuf. Voet. n. 50.
vano defcripfit carmine laudes
Gentis ubique fiia Morales.
GDmpoz.
Aí. T. Ciceronis Proamium Khetorica. Di-
catum Nobilifw/o luveni Pefro Ljipo Sou/a.
Naõ tem lugar da impreíTaõ. He compofto
em verfos elegíacos. 4.
Oratio Panegyrica ad inviãijftmum 'Luji-
tania Regem D. loannem III. nomine totiits
Academia Conimhricenfis in ejiijdem fcholis ha-
bita ipfa etiam Kegis cônjuge augufiijftma Di-
va Catherina h,ufitania Regina. eS>* regni ha-
reàe Príncipe filio D. loanne Serenijfww, ejuf-
demque Regis Sorore Diva Maria SereniJJima
prafentibus. 4. Naõ tem anno da ediçaõ.
No fim eftà huma Ode Safica a ElRey
D. loaõ o III. de ejus urbem Commbncam
odventu.
Epithalamium Serenijfimorum Príncipum loan-
fiis, <& loanna. 4. fem lugar nem anno da
impreflaõ.
Panegyris D. António Principis Ludovici fi-
lio. Gínimbricse apud loannem Barrerium.
Typ. Reg. 1553. 4.
In interitum Principis loannis elegia dua;
item cum ejujdem duobus epitaphiis. Deplorat
loanna Juavtjfimum maritum. Elegia Latina.
Outra elegia que tem por argumento loan-
nes Princeps recenti fato fwtãus (òr Maria
ejus Soror in Olympo colloquuntur. Outra.
Ad nafcentem prolem Serenijfima loanna.
Conimbrica Encomium. Serenijfimo Principi
D. António fortijftmi Principis D. L/ídovici
Portúgallia Infantis filio. Conimbricae apud
loannem Barrerium Typ. Reg. 1554. 4.
Confta de huma defcripçaõ excellente da
Cidade de Coimbra em verfos elegíacos.
In interitum Principis Ludovici elegia cum
epifaphio. Conimbricae upud loannem Alva-
res. 1555. 4.
Oratio funebris in interitum Serenijftmi Re-
ffs loannis àd Patres Confcriptos Conimbri-
cenfis Academia. Conimbricae apud loannem
Alvarum Typ. Reg. 1557. 4. No fim tem
huma Elegia, e 4 Epitáfios.
In quofdam Dialécticos, ac Grammaticos pro
iureperitts carmen, <& alia quadam ejufdem poe-
mata. Conimbrica; apud loannem Barrerium.
1562. 4.
IGNACIO MOREYRA. Nacco a 17
de Mayo de 1685. em a Gdade da Ba-
hia Capital da America Portu^ucza fendo
filho de Francifco Moreira Franco, e An-
na Coelha. Eftudou Gramática, Humani-
dades, e Filofofia no Collegio pátrio dos
Padres lefuitas onde recebeo o grão de
Meftre em Artes. Ordenado de Presbí-
tero no anno de 17 14. levou por opo-
fiçaõ a Vigairaria da Parochíal Igreja de
N. Senhora do Defterro em a fua pá-
tria da qual tomou poíTe a 8 de lulho
de 1727. onde exercitando as obrígaçoens
de vigilante paftor falleceo com faudades
das fuás ovelhas a 19 de lunho de 1740.
Foy bom Pregador de cujo fagrado miniíVc-
rio fez publico
Sermão da gloriofa Virgem Santa Clara com
o Santijfimo Sacramento expojlo pregado na Pa-
rochial de Nojfa Senhora do Dejlerro, e Con-
vento das Religiofas de Santa Clara da Cidade
da Bahia. Lisboa por Manoel Fernandes da
Cofta ImpreíTor do S. Officio 1739. 4-
D. IGNACIO DE NORONHA filho
mais velho de D. António de Noronha Con-
de de Linhares Capitão General de Ceuta,
e Efcrivaõ da Puridade dos Reys D. Ma-
noel e D. loaõ o III. e de D. loanna
da Sylva filha de D. Diogo da Sylva
primeiro Conde de Portalegre Senhor das
Villas de Gouvea, e Celorico, Ayo, Mordo-
mo mòr, e Vedor da Fazenda delRey D. Ma-
noel Chanceller mòr do Meftrado de Chrif-
to, e de D. Maria de Ayala filha mais
velha de Diogo Garcia de Herrera Senhor
das Ilhas Canárias. Foy cazado com D.
Izabel de Atayde filha do dariínmo He-
roe D. Vafco da Gama I. Conde da Vi-
digueira, e de D. Catheriíu de Atayde fi-
lha de D. Álvaro de Atayde Senhor de
Penaííova, de cujo matrimonio naõ ha-
L USITANA.
547
vendo fuceíTaõ paíTou a Ca2a a feu Irmaõ
D. Francifco de Noronha fegundo Conde
de Linhares Embaxador a Francifco I. de
França, e Mordomo mòr da Raynha D. Ca-
therina. Efcreveo.
Carfa a D. loaõ o III na qual reconhece
com grande modejlia os feus defeitos, e pede a
E/Rey pelos feus ferviços que pajfe a Cat^a de
Unhares a feu irmaõ D. Francifco de Noro-
nha que o Julga digno de a ocupar. M. S. Con-
fervafe na Livraria do Excellentinimo Con-
de de Vimieiro.
IGNACIO PEREYRA DE SOUZA na-
tural de Lisboa filho de António Pereira
de Souza Doutor em Direito Pontificio, De-
zembargador dos Aggravos na Caza da Su-
plicação, Procurador da Coroa, e Confe-
Iheiro da Fazenda a quem imitou na inte-
gridade da vida, como na profundidade da
fciencia. Foy Cavalleiro da Ordem de Chrif-
to. Fidalgo da Caza Real, Dezembargador
dos Aggravos na Caza da Suplicação de
que tomou pofle a 5 de lulho de 1668.
Procurador da Caza do Infantado, e Depu-
tado do Tribunal da Conciencia, e Ordens.
Falleceo em Lisboa a 10 de Novembro de
1676. Jaz fepultado no Convento de S.
Domingos. Compoz.
Traãatus de Keviftonibus. UlyíTipone apud
Antonium Crasbeeck de Mello. 1672. foi.
A eíle Tratado intitula Antunes Portugal de
Dona/. Regiis Tom. 2. part. 3. cap. 37. n.
17. áureo f e erudiíiftmo, e Ulhoa de L.egat. er
Fideicom. DiíTert. 14. n. 70. elegantem, QÍy
doãijjimum, e a feu Author aplaude o refe-
rido Portugal Part, 2. cap. 21. lib. i. n. i.
com efte elogio Vir fane apprime docíus, <&
in expediendis caufis admodum circunfpeãus, inte-
gritate morum, omnique virtutum genere ornatif-
fimus.
IGNACIO DA PIEDADE, E VAS-
CONCELLOS. natural da notável Villa
de Santarém recebendo a graça bauíif-
mal na Parochia de S. Niculao a 28 de
Março de 1676. Teve por Pays a André
Duarte de VafconceUos Cavalleiro da Or-
dem militar de S. Tiago, Meíbre de Cam-
po do Reyno de Angola, e a D. An-
tónia de Andrade Gouvea, e Miranda de
igual nobreza à de feu Conforte. Quan-
do contava a florente idade de 19 annos
recebeo o habito de Cónego fecular da
Congregação do Evangeliíla Amado, e no
CoUegio de Évora eíhidou as fciencias ef-
colafticas em que fahio fuficientemente inf-
truido. Com igual difvelo cultivou as Ar-
tes Liberaes como foraõ a Eftatuaria, Archi-
tedhira Civil, e Pintura das quais penetrou
as dificuldades, e efcreveo os preceitos.
Paia eternizar as glorias da fua pátria lhe
erigio para fincero teftemunho da fua gra-
tidão o mais famofo ObeHfco na Defcrip-
çaõ hiílorica que publicou da fua Fundação
com o feguinte titulo.
Hifloria de Santarém edificada que dá noti-
cia da fua Fundação, e das cousas mais notá-
veis nella fucedidas, a faber das Fundaçoens de
todas as fuás Igrejas, ajfim das Parrocbias como
dos Conventos, e Ermidas, dos prodiffofos mila-
ffes ali fucedidos, das Keliquias que em fi en-
cerra, das vidas de Vários Santos, e Bea-
tos, e de muitas peffoas dignas de memo-
ria ajfim em virtudes, como em letras, e ar-
mas todas naturaes de Santarém, e de tudo
o que toca ao feu Termo, e Comarca, de que
fe fegue dar muitas noticias de todo o Reyno.
I. e 2. Parte. Lisboa na Oíficina da Con-
gregação. 1740. foi.
Artefaãos Simmeiriacos, e Geométricos adver-
tidos, e defcubertos pela induflriofa perfeição das
Artes Ffcultaria Architeãonica, e da Pintura
&c. Lisboa por lozé António da Sylva
1733. foi. com eftampas.
Fr. IGNACIO RAMOS filho de Ma-
noel Ramos Parente, e Andreza Cazada,
e irmaõ do P. Domingos Ramos da Com-
panhia de Jefu de quem fe fez memoria em
feu lugar, naceo em a Gdade da Bahia Ca-
pital da America Portugueza, e no Convento
pátrio de N. Senhora de Monte do Carmo
recebeo o habito a 17 de lulho de 1672.
onde aprendeo Filofofia, e Theologia. Sen-
do já Pregador, minifterio que fempre com
geral aplauzo exercitou, negócios urgentes
da fua familia o obrigarão a paíTar a Lisboa
no anno de 1685 donde paíTando a Ro-
548
BIBLIOTHEC A
ma já com o gráo de Prezentado para
votar como Procurador do Vigário Pro-
vincial do Brazil no Capitulo celebrado
no Convento de Santa Maria Tranfpontina
a 27 de Mayo de 1692. fahio com o gráo
de Meftre, e nomeado Vigário Provincial do
Brazil pelo Geral da Ordem Fr. loaõ Fei-
xoo de Villalobos. Para adminiílrar eíla Pre-
lazia fahio de Lisboa, e depois de experi-
mentar varias tormentas com que foy obri-
gado a arribar as Ilhas do Fayal, e Marti-
nica, chegou á Cidade da Bahia onde tomou
poíTe a 14 de Dezembro de 1693. e foy Vi-
zitador, e Reformador Geral dos Conventos
da Reforma de Pernambuco. Segunda vez
paíTou a eiie Reyno donde fez fegunda jor-
nada a Roma no anno de 1700. como Pro-
curador da Província de Portugal, e no Ca-
pitulo celebrado em 1704. lhe foraõ con-
cedidos os privilégios de Ex Vigário Pro-
vincial, e Definidor perpetuo. Foy Secreta-
rio deíla Provinda, e Prior do Convento
de Lisboa de que tomou poíTe a 12 de
Setembro de 17 14. em cujo governo mof-
trou em beneficio dos fubditos a grande
prudência, e fumma affabilidade de que era
ornado. Falleceo no mefmo Convento a 18
de Novembro de 1731. Publicou.
Kamos ^angélicos divididos em Sermoens Pa-
negyricos, e doutrinaes em vanas celebridades. Tom.
I. Lisboa na Officina Ferreiriana. 1724. 4.
Tomo 2 ibi na mefma Officina. 1726. 4.
Coníla de Sermoens Quadragefimaes.
Tomo 3 ibi por António Pedrozo Gal-
raõ. 1727. 4.
Tomo 4. ibi por Pedro Ferreira 1730. 4.
Delle faz memoria Fr. Manoel de Sá
Miem. Hijl. de Efcrií. Portug. da Prov. do
Carm. pag. 202.
P. IGNAQO RIBEYRO chamado no
feculo Manoel Fernandes Ribeiro filho de
Domingos Ribeiro, e Catherina Nunes na-
cco a 9 de Novembro de 1679. no lu-
gar de Alcaens Arcipreftado da Villa de
Caftello-Branco em a Provinda da Beyra.
Foy admetido ao Noviciado da Compa-
nhia de lESUS em Coimbra a 16 de Mayo
de 1695. onde fe diílinguio entre os feus
1
Collegas na cultura das letras humanas, c
efpeculaçaõ das fdencias EfcolaíUcas. Dic-
tou Theologia Moral em a Cadeira de Prima
no CoUegio de Santo Antaõ de Lisboa onde
piamente falleceo a 18 de Setembro de 173J.
Compoz.
Sermão de AcçaÕ de graças pelo felicif-
fimo nacimento do fexto filho, que a Magef-
tade divina deu às de Portugal em 24 de
Setembro de ijz^. pregado na Sé da Ci-
dade do Porto aos 17 de Outubro do mef-
mo anno Lisboa por António Pedrozo Gal-
raõ. 1724. 4.
Novena do milagre de Príncipes, ejpelho
de Prelados, exemplar de Keligiofos, Proto-
typo de humildes S. Francijco de Borja Ter-
ceiro Geral da Companhia de lESUS. Lis-
boa na Officina da Mufica. 1736. 24.
Fr. IGNACIO DE SANTA ROSA Na-
ceo em Lisboa a 31 de Julho de 1709. Na
tenra idade de doze annos deixando a com-
panhia de feus Pays Manoel da Cofta, e Ma-
ria dos Santos paíTou com feu Tio à Q-
dade de S. Sebaftiaõ do Rio de landro
onde aprendeo Grammatica cm o Collegio
dos Padres lefuitas no breve efpaço de
anno e meyo, e compoz fendo de quatorze
annos hum Poema em Verfos Elegíacos do
qual era o argumento aquellas palavras do
Apoftolo Cupio dijfolvi, et ejfe cum Cbrtjlo.
Admirados os Meftres da monílruofa viveza
do feu talento o rogarão para que viftifle
a roupeta de lefuita, e eílando jà acdto
pelo Provindal o Padre Manoel Dias levado
da devoção cordial, que tinha a S. Fran-
cifco preferio o feu inftituto ao de Santo
Ignacio recebendo o ferafico habito no Con-
vento de S. Boaventura da Villa de CaíTe-
rebú da Provinda da Imaculada Conceição
do Rio de laneiro onde folemnemente pro-
feíTou a 4 de Setembro de 172J. Igual
foy o progreíío, que a fua comprehenfaõ
fez nas fdendas feveras ao que fc tinha
admirado em as amenas pois naõ contando
mais, que hum mez de Ouvinte de Filofofia
era chamado Pythagoras pelos feus condifdpu- ■
los. Foy fubftituto dcfta Faculdade quando ti
nha 25 annos de idade, que pudera dl-
I
L USITANA,
549
£tar como proprietário. Sendo verfado em
ambos os Direitos, e Theologia Moral o
naõ he menos na Poética, e Oratória de
que faõ claros argumentos as obras fe-
guintes.
Oratio in laudem P. Ferdinandi â D. An-
tónio Província Immaculata Conceptionis meri-
tijftmi Moderatoris cum ex Comitiis Generali-
bus in Juam Provinciam redirei. Tinha por
Thema Nox pracejfit, dies autem approquin-
quavit. D. Paul. ad Roman. 13. n. 12. M. S.
Oratio in luiudem R. P. Fr. Ludovici à
S. Kofa Provinda Aíoderatoris prudentijjimi.
Tinha por Thema Induamur arma Imcís. S.
Paul. ad Roman. 13. n. 12. M. S.
Oratio in luiudem llluftrijfimi Domini D.
Fr. Ioi(ephi Fialho Epijcopi Pemamhucenjis.
Tinha por Thema. ISiemo natus eft in ter-
ra ut lofeph. Eccleíiafl:. cap. 49. n. 16.
e 17. M. S.
Oraçaõ dedicada ao lllufirijfimo Cahhido da
Cidade de Laanda. Tinha por Thema. In
Cbrifio lESU per Evange/i/im ego vos ge-
ntá. D. Paul. i. ad Corinth. cap. 4. n.
15. M. S.
Oraçaõ em aplau:^o de Kodrigo Ce/ar de
Menes^es Capitão Geral do Rejno de Angola
recitada em buma Academia na Cidade de
Ltíonda. Começava. 1m fabuli:(pu a genti-
lidade &c. M. S.
Soneto em aplau^ do Sermão das Dores
de N. Senhora pregado por Fr. António da
Graça Comijfarto da Ordem Terceira do Con-
vento de S. Franafco da Cidade. Lisboa
1738. 4.
Soneto em aplatc^ dos Sermoens do P.
Fr. hlanoel Kodrigues Keltffofo Francijcano
da Provinda da AJfumpçaÕ de Paraguay. Lis-
boa na Ofíicina Sylviana. 1738. 4.
Três Sonetos em aplaudo do Clauftro Fran-
cijcano compoflo por Fr. Appollinario da Con-
ceição Religiofo Eeygo da Provinda da Immacula-
da Conceição do Rio de laneiro. Lisboa por
António IQdoro da Fonceca 1740. 4. defde
pag. 212. até 214.
Fr. IGNAQO QUARESMA natural de
Lisboa, e Religiofo profeflb da Sagrada
Ordem da SantiíTima Trindade ornado de
igual fciencia, e virtude. Foy muito perito
na metrificação latina pelo eíhido, que apli-
cara a eíle género de compofiçaõ obfer-
vado em os primeiros cultores de taõ di-
vina Arte. Sendo Meftre dos Noviços com-
poz hum Poema.
De Nativitate Chrijli.
Que com outras Poezias Latinas de vá-
rios metros de que formou hum volume
de 4. grande offereceo a Monfenhor Bran-
da Sobrinho do lUuílriíTimo Decio Caraffa
G)lleitor Apoftolico nefte Reyno, que o le-
vou para Roma com intento de o impri-
mir. Falleceo no G^nvento de Lisboa a
17 de Setembro de 1638.
IGNACIO SARMENTO DE CARVA-
LHO Capitão General do mar e terra no
Sul da índia Oriental onde alcançando fama
pela efpada, a naõ mereceo menos pela pen-
na efcrevendo.
Relação das Armas Portuguesas nas partes
da índia, e Tomada de Aycota até o anno 1661.
Lisboa por Domingos Carneiro. 1663. 4.
D. IGNAQO DE SANTA THERESA
Naceo em a Gdade do Porto a 22 de No-
vembro de 1682. Foraõ feus progenitores
Domingos Fernandes de Souza Cidadão no-
bre, e defcendente legitimo da nobre caza
de Freixo de Nemaõ, e a D. Maria Magda-
lena lacome de Torres filha de António Lo-
pes Torraõ, Neta de António Lopes Tor-
rão, Capitão de mar, e guerra. Foy lhe
impofto em o bautifmo conferido a 28 de
Novembro pelo Abbade Manoel Teixeira de
Sampayo o nome de Ignacio em obfequio
de feu Tio, e Padrinho Ignacio de Torres
de Araújo Tenente do Meílre de Campo-
General, e depois Capitão de Cavallos.
Aprendeo os primeiros rudimentos em o
CoUegio pátrio de S. Lourenço dos Padres
lefuitas onde moílrou tal engenho neíle pro-
logo dos feus eíhidos, que o quizeraõ alif-
tar na fua companhia fe a vocação própria
ajudada do exemplo de feu Tio D. Jozé da Ma-
dre de Deos Cónego Regular de Santo AgoíU-
nho o naõ inclinaffe para taõ iUuílre Congrega-
ção recebendo a murça no Real Mofteiro de
S. Salvador de Grijó a 14 de Agoílo de
55o
BIBLIO THECA
1698. Paflbu a curfar os eftudos mayorcs
•cm o Collegio de Coimbra em cuja Uni-
verfidade foy laureado com a borla dou-
toral na Faculdade de Theologia a 24 de Fe-
-vcrciro de 171 1. Querendo a fua Q)ngregaçaõ
<que naõ eftivefle ociofo taõ grande talento
<:riou novamente huma Gideira de Filofofia fem
prejuízo da antiguidade dos outros Meftres
•que diftou com aplau20, como a Theologia
cfpeculativa, e Moral em cujas Faculdades ar-
gumentava com fubtileza, e prefidia com gra-
vidade. Determinando a Mageílade delRey
D. loaõ o V. NoíTo Senhor prover a Cadeira
Primacial de Goa com hum Prelado digno
•de taõ alta incumbência o nomeou a 22
de Novembro de 1720. em que cumpria 38
annos de idade, e poílo que fe valeo de
efícaces rezoens para naõ aceitar aquelle mi-
niílerio formidável aos hombros angélicos,
Xogeitou a fua vontade à ordem expreíTa del-
Rey declarandolhe que o mandava naõ fo-
:mente como Prelado, mas Reformador dos
abuzos do Eftado da índia. Confirmado nef-
ta dignidade pela Santidade de Clemente XI.
•em 3 de Fevereiro de 1721 foy fagrado na
Baíilica Patriarchal pelo IIluftriíTimo Patriar-
«cha D. Thomaz de Almeyda a 30 de Mar-
ço do anno referido, em o qual a 19
<le Abril fahio da barra de Lisboa, e
tferrou Goa a 23 de Setembro fazendo a
entrada publica a ii de Outubro dedi-
cado à Tresladaçaõ do feu Patriarcha S.
Agoftinho. Como Paftor vigilante come-
çou, aplicar todo o difvello em a re-
forma dos cuftumes, e extinção de abu-
zos naõ Xó com o exemplo, mas com
as palavras proferidas nas pra£tícas, e ex-
hortaçoens, que fazia do púlpito ao feu
rebanho, principal obrigação do officio paf-
toral, e fendo arguidas pela critica mal
intencionada de feus emulos trinta, e no-
ve Propoíiçoens que em diverfos Sermoens
proferira como condenadas pela Sé Apof-
tolica, fendo examinadas na fuprema In-
•quiziçaõ dos EmminentiíTimos Cardiaes fe
ifeguio expedirlhe a Santidade de Clemente
XII. hum Breve a 25 de Agofto de
.1737. eterno padraõ da fua folida dou-
trina, e irreprehenfivel procedimento o qual
j)rincipiava por eftr.s palavras Epiflola tnjlar
Brevis SS. P. Clementis XII. aH Excellentíf-
fimum Archtepijcopum Primatem Goanum: R#-
vijis per Emmiti. Cardin. ejus Propofitionibus
quas Scioli hareticas damnaverant. O mefmo
zelo, c aétívidade, que aplicou cm be-
neficio da fua Igreja omandoa com prc-
ciofos paramentos, c reedificando os Pa-
lácios de Panelim, e Santa Ignes pata
habitação de feus fuccííorcs, manifeftou cm
obzequio do Eftado fendo por duas ve-
zes feu Governador, huma por morte do
Vicerey Francifco lozé de Sampayo, e
outra quando voltou para Portugal o Vi-
cerey loaõ de Saldanha da Gama. Sendo
nomeado Bifpo do Reyno do Algarve
em 13 de Fevereiro de 1740. partio de
Goa, e chegando a Lisboa a 6 de Abril
do anno feguinte pouco foy o tempo
que affiftio na Corte com o cuidado de
apacentar o novo rebanho que lhe fora
cometido, entrando na Cidade de Faro
a 19 de Novembro com as Cerimonias
que prefcreve o Cerimonial Romano. Pa-
ra a fundação do Convento de religio-
fos Carmelitas Defcalfos filhos da Ma-
triarcha Santa Thereza de quem he cor-
dial devoto comprou no anno de 1743.
hum largo campo em Caftro Marim. Te-
ve natural génio para a Poezia como
publicaõ muitos verfos larinos, e Portu-
guezes compoftos nos feus primeiros an-
nos. Na lingua Latina he infigne c da
Grega tem baftante noticia. Da Theologia
Efcholaftica, Polemica, e Expofitiva, como
da lurifprudencia Canónica, e todo o gé-
nero de erudição poíTue a mais profunda
intelligencia de que faõ monumentos ir-
refragaveis as obras feguintes.
Kefoli4tiones Morales pro Statu Keiigfo-
Jo omnihus amãarum Keligionum SS. Fm-
datorlhus, ac Keformatoribus. Conimbricac ex
Typog. Regali Artium Collcg. S. I.
1728. 4.
Pérolas Orientaes concebidas, e geradas por
beneficio do Orvalho celefte entre as conchas de
hum retiro do inquieto mar do feculo da índia
enfiadas pelo fio da contemplação, e difcurfo em
hum myftico Kofario de cento, e fincoenta Medi-
taçoens pias. Na i P. pelo di/cur/o das vi-
das de Cbrifio, e fua Maj Santijfima, e de
I
L USITAN A.
55 1
muitos Santos. Na 2. P. pe/o àifcurjo da
EJfencia, Atributos, e Benefícios divinos. Na
3. P. pelo difcurfo das Miferias, e Novif-
fimos do homem. Expojias a lu^, e de-
voção publica dos Fieis para comum utilidade
de iodos efpecialmente de Pejfoas que trataõ
da devoção, Direãores ejpirituaes, Pregadores
^angélicos, Prelados, Pays de Familtas. 2.
Tom. 4. Dedicado a Mageílade delRey
D. loaõ o V. e prompto para fe im-
primirem.
Compendio das Noticias, e documentos ex-
trahtdos por ordem de S. Magefiade dos Au-
thores, e MS. do Cartório do real Con-
vento de S. Cru^ de Coimbra no anno de
171 8. para a Canonização de D. Affonfo i.
Monarcha de Portugal, foi. M. S.
Sermoens Vários i. P.
Sermoens Vários. 2. P.
Manifejlo do procedimento do Arcebijpo Pri-
ma^ de Goa i. P. Principia Mendaces ojlendit,
qui maculaverunt illum Sapient. cap. 10. n. 14.
foi. M. S.
Manifejlo do procedimento do Arcebijpo Pri-
mas de Goa 2. P. Principia. In Jraude cir-
cumuenientium illum affuit illi, (ò" honejium
fecit illum. Cujlodtvit illum ab inimicis, (ò"
I à Jeduãoribus tutavit illum. Sapient. 10. n.
II. e 12. foi. M. S.
Manijejlo Apologético da lurijdiçaõ Ordi-
nária contra as Pejfoas ii(entas. foi. M. S.
ReconuençaÕ à Keplica, ou Kepojla em defen-
Ja do Manifejlo Apologético da luriJdiçaÕ ordi-
nária, foi. M. S.
Cenjura Verdadeira de huma falfa Cenfura
de hum Cenfor Jimulado &c. foi. M. S.
Reprovação do exame do Cenfor fimulado,
e da nova recalcitraçaÕ ã Cenfura Verdadeira
refutatoria da fua falfa Cenfura. foi. M. S.
Defenjio 32. Propojitionum in Concionibus,
€> literis promulgatarum ad Sedem Apojiolicam
mifja. foi. M. S.
Traãatus Theojuridicus de utroque recurfu
competenti, <& incompetenti. foi. M. S.
luit^o verdadeiro do Manifeflo do llluf-
trijfimo Bifpo de Malaca, e do lui^o Theo-
lo^co 'Legal fobre a validade, ou invali-
dade da Confervatoria dos Reverendos Re-
gulares, e dos mais procedimentos, que delia re~
fultaraõ. foi. M. S.
Condenação Jufla do injuflo manifeflo falfa-
mente intitulado. Das falíidades do luizo ver-
dadeiro. &c. em 1 de Outubro Domingo do
SantiJJimo Rofario. Principia Cum Judicatur
exeat condemnatus, et Oratio ejus fiat in pe-
catum. Pfalm. 108. n. 7. foi. M. S.
AllegaçaÔ fobre a validade do procedimento
do Reverendijftmo Vigário Geral do Arcebifpo
de Goa contra o Iui:(o confervatorio dos Reve-
rendos Regulares, foi. M. S.
Eflado do premente Eflado da índia Meyos
fáceis, e efjicaces para a fua Geral Reforma
Temporal, e Efpiritual 4. Aí. S.
Epi^ammata Sacra. M. S.
Oratio Pathetica in funere Sanãijftmi Do-
mini Nojlri Benediâi XIII. 4. M. S.
Ofjicium S. Theotonii primi Sanâa Crtuis
Canobii Prioris pro Breviário Romano. 4. M. S.
Noticias do Eflado da índia defde o anno
1723. até 1735. foi. M. S.
Opufculus Triplex Tbeologtcus, Hifloricus,
Afcettcus, ^ Myfticus. De uno Tríplice fr*-
pliciter fiabilito. Divino fcilicet. Angélico, €>*
humano. In Tríplicem partem trípliciter dif-
tiníius, ac divifus. In quo parte prima qua-
que ex Jeleãtoríbus tríplicis Theolo^a quaj~
tionibus colliguntur ad Deum unum, <& Tri-
num attinentia. In 2. P. ad Angelos, Ca-
los, <& Calicolas. In 3. ad homines <ò' re-
liqua viventia trípliciter divija, nec non ad
tríplicem elementarem globum, cb* ad trípli-
cem Statum Ecclejiajlicum concementia Jolide
pralibantur, ac diluàdantur. foi.
P. IGNAQO VIEYIL\ natural de Lis-
boa onde teve por Pays a Luiz Vieyra
Garcia, e Maria da Sylva Machado. Na
idade juvenil abraçou o inftituto da Q)m-
panhia de lESUS a 30 de lulho de
1692. onde fahio egregiamente inílruida
nas letras humanas fendo Meítre da pri-
meira Gafle em o Q)llegio pátrio de
S. Antaõ onde paíTados alguns annos
diôou Mathematica com grande credito
da fua fciencia. Pela fua madureza exer-
citou os lugares de Meílre dos Noviços-
552
BIBLIO THE CA
em Coimbra, Reytor do Collegio de S. Pa-
trício, e de S. Antaõ em Lisboa, e Confef-
for do SereniíTimo Senhor Infante D. Pe-
•dro filho do noíTo augufto Monarcha. Fal-
Jeceo na Caza profeíTa de S. Roque a 21
àc Abril de 1739. Compoz, e diftou nos
annos de 1717. e 1719. fendo Meftre de
Mathematica.
Tratado da Dioptrica. 4.
Tratado da Captotrica. 4.
Tratado da Pjrotchrtica. 4.
Eíles três volumes primorofamente efcri-
tos com varias figuras mathematicas vimos
na Livraria de loaõ de Souza Coutinho ir-
mão do Correio mór do Reyno.
Fr. IGNACIO XAVIER DO COUTO
Naceo em a Cidade de Elvas da Provinda
•do Alentejo a 17 de Agoílo de 1697. fendo
filho do Doutor Lopo Gil do Couto Medi-
co da Camará dos SereniíTimos Monarchas
D. Pedro II. e D. loaõ o V. e de D. Iza-
bel Maria Jacome. Aprendidos os rudimen-
tos Gramaticaes, e Filofofia em Lisboa par-
tio para Caílella, onde movido de fuperior
impulfo deixou o feculo, e no Convento da
SantiíTima Trindade da Qdade de Marbella
recebeo o habito a 6 de laneiro de 1716. e
profeflbu folemnemente a 17 do dito mez
•do anno feguinte. Segunda vez ouvio Filo-
fofia no Convento de Sevilha diâada pelo
Meílre Fr. Hermenigildo de Leon, e Theo-
logia pelo efpaço de quatro annos no mef-
mo Convento onde foy Procurador Geral
da fua Província no anno de 1729. Por
efpecial ordem delRey NoíTo Senhor fe in-
corporou neíla Provinda de Portugal no
anno de 1736. onde tem exercitado o mi-
nifterio de Pregador com aplauzo por fer
ornado de juizo prefpicaz, e memoria fe-
liz. Dcfdc os primeiros annos cultivou a
Poezia com tanta cadenda, que as fuás
produçoens métricas teftemunhaõ o enthu-
fiafmo da fua Mufa das quais fe fizeraõ pu-
blicas.
lut Vida en tranje mortal. Comedia.
BI Ódio dei Amor. Comedia.
Sahiraõ ambas impreíTas cm Caftella, co-
mo também.
Métrica dejcripcion de la Jumptmfifftma puhlica-
cion de Cautivos, que el antiquijftmo Real Con-
vento de Santa Jujla, y Kufina extra muros de
Sevilla dei celejlial Orden de la Santijftma Trini-
dad hit^o en la nobilijftma Ciudad de Sevilla
en el ano de iji^. Sendo impreíla neíla Q-
dadc naõ tem nome do lugar, nem author,
e fomente diz Por un curiofo Portugue\.
Dous Sonetos á morte da Serenijftma Senhora
Infanta D. Francifca. Sahiraõ na Colleçaõ fe-
gunda de Poev^as a efte fúnebre ajfumpto. Lis-
boa por Miguel Rodrigues. 1736. 4. a pag.
26. e 27.
Soneto a ElRey N. Senhor em a morte da
Serenijftma Senhora Infanta D. Francifca fua
Irmãa, e hum Komance Herotco a ejle ajfumpto.
Sahiraõ na Colleçaõ 3. das Poesias, que fe Ji-
^eraõ à morte defla Senhora. Lisboa por Mi-
guel Rodrigues. 1736. 4. a pag. i. e 27.
Romance Heróico, que principia Agora Sa-
cra Euterpe o pleãro ajina em aplauzo de
Félix da Sylva Freyre em o feu Pamafo Fef-
tivo, e hum Soneto, que começa FJJe Ceo
de Bernardo Refulgente,
Soneto em aplaudo da Hiforia Romana tra-
du!(ida de France:^ na lingua Portuguev^a por
Manoel Pereira da Cofia. Lisboa por Antó-
nio Ifidoro da Fonceca. 1743. 8.
Soneto em loiwor de loaÕ António Garrido.
compondo Taboada Curiofa. Lisboa. 1743. 4-
Maré Marianum Elogio a Maria Santif-
fima na Allegoria de mar, que coníla de
todo o género de Verfos. M. S.
Poei^ias varias Latinas foi. M. S.
Poet(ias varias Vulgares, foi. M. S.
Fr. INNOCENCIO BORGES natural
da Villa da Alhandra do Patriarchado de
Lisboa Monge Cifterdenfe em o Real Con-
vento de Santa Maria de Alcobaça, e mui-
to verfado no eftudo da Sagrada Efcritura
compondo com grande difvdo.
Sacra Pa^na Concordantia, M. S. |
Conferva-fe na Livraria de Alcobaça.
Fr. lOACHIM DO AMEAL cujo ap-
pellido denota o lugar do feu nadmen-
to, que he a Freguezia de S. lufto do
Termo da Cidade de Coimbra, Monge Cif-
teidenfe cujo habito profeflbu no Real
L USITANA.
553
L
Convento de Alcobaça muito perito na li-
ção dos Santos Padres, e Sagrados Expo-
íitores. Efcreveo.
Sermones Dominicarum. foi. Aí. S.
D. lOACÍHM DE SANTA ANNA fi-
lho do Doutor loaõ Bernardes de Moraes
Phyfico mór do Reyno, e D. Ignes Rufina
da EftrcUa, irmaõ do Doutor Dionifio Ber-
nardes de Moraes Prelado da Santa Igreja
Patriarchal de quem fe fez memoria em
feu lugar, naceo em Lisboa a 14 de Setem-
bro de 1692. e recebeo o habito de Cóne-
go Regrante em o Moileiro de S. Vicente
de fora a 7 de Abril de 17 10. A vaítíflima
notícia das letras humanas, e de toda a eru-
dição fagrada, e profana em que he fum-
mamente perito lhe conciliarão a mayor ef-
timaçaõ cm a Corte de Madrid, ou fofle
orando nos púlpitos, ou metrificando nas
Academias fendo venerado por hum dos
mais infignes Poetas do feu tempo pela fub-
tileza dos penfamentos, e cadencia das vo-
zes cuja bem merecida fama conferva de-
pois, que fe reítítuhio à pátria; de taõ di-
vina Arte produzio os feguintes frutos.
Breve defcripcion de la entrada que Jus Ma-
gefiades y Altet^as I^uv^itanas hiv^eron por el rio
Tajo a la Corte de lAshoa el dia 12 de Fe-
brero de 1729. Madrid por António Sanz.
1729. 4. Coníla de hum Romance Endeca-
fyllabo de 125 coplas, e hum Epigramma
Latino.
Defcripcion de la illuftre Villa de Bil-
hão. Confta de 48. Outavas. Bilbao. 1735.4.
Inmdacion de la Villa de Bilhão milagro-
Jamente libertada por intercejfíon de Maria
Santijfima de Begotla. Dedicado ai Excellen-
tijfimo S. Conde de Haro Gentilhomhre de la
Camará de Su Magefiad Catholica. Madrid. 4.
fem anno da impreílaõ. Coníla de 50 Ou-
tavas.
Romance Heróico em aplaur^o do author
da Bibliotheca iMJitana. Lisboa por Antó-
nio Ifidoro da Fonceca. 1741. foi.
Romance Heróico em aplauv^ da Oração
"Fúnebre, que pregou o Padre Fr. Francifco
Xavier de Santa Theret(a nas Exéquias do
Emperador Carlos VJ. Sahio no princi-
pio deíla Oraçaõ. Lisboa na Offidna Al-
meydiana. 1742. 4.
Sermàõ de S. JoaÕ Nepomuceno Protomar-
fyr do Ji^llo pregado na fua l^eja dos Reli-
giofos de Santa Tere!(a no terceiro dia da fua
Novena de tarde. Lisboa por Miguel Ro-
drigues Impreííor do EmniinentilTimo Car-
dial Patriarcha. 1746. 4.
Poer^ias varias, y Proíbas Caftelhanas. 4. 2.
Tom. M. S. Confervaõ-fe em poder de
lozé Viâorino Holbeche Fidalgo da Caza
Real Efcrivaõ dos Filhamentos, Sobrinho
do Author.
Pro:(as y Poet^ias Caflelhanas. 3. Tom. 4.
Af. S. que em Caílella paíTaraõ a diverfas
maõs.
Anatomia critica à vida de Santo Antotm
Ahhade efcrita em Outavas. M. S.
lOACHIM ANTÓNIO DA ROSA
filho de loaõ da Sylva de Carvalho, e Ma-
ria lofepha da Rofa naceo na Villa de San-
tarém a 2 de lulho de 171 2. e foy bautí-
zado na Parochial Igreja de NoíTa Senhora
de Marvilla a 10 do dito mez e anno.
Naõ fomente pela natureza foy irmaõ de
Fernando António da Rofa de quem fe
fez memoria em feu lugar, mas em a arte
Poética fendo emulo da fua metrificação
em diverfos aíTumptos aflim heróicos, como
lyricos dos quais fe podia formar hiim vo-
lume, dignos certamente da luz publica
que unicamente lograrão os feguintes.
Três Sonetos em aplau:(p do Padre D. Ra-
fael Bluteau Cler. Reg. que fahiraõ a pag.
68. e iio. do Obfequio Fúnebre dedicado à
faudofa memoria do dito Padre. Lisboa por
lozé António da Sylva 1734. 4.
Três Sonetos à morte da SereniJJima Se-
nhora Infanta D. Francifca. Sahiraõ a pag.
15. e 16. dos Sentimentos Métricos a efte
aílumpto. Collec. 2. Lisboa por Miguel
Rodrigues. 1736. 4.
Soneto à morte da Sereniffima Senhora D.
Francifca. Sahio a pag. 2. dos Sufpir.
faudos. 2l efte aflumpto Lisboa pelo dito
ImpreíTor. 1736. 4.
Soneto em aplau^^p do Doutor Caetano
lot(é da Sylva Sottomayor. Sahio nos Fpi-
cedios à morte da Sereniffima Senhora Infanta
554
BIBLIO THE CA
D. Francifca compoftos por cllc. Lisboa
por Manoel Rodrigues. 1736. 4.
lOACHIM FEYO SERPA com efpirito
devoto publicou.
Fiel Defpertador de exercidos quotidianos,
e devoçoens oportunas, e conducentes para efpe-
ciaes horas, dias, e tempos tiradas de "Vários
livros. Lisboa na Ofíícina Auguftiniana
1754. 12.
Fr. IOACHIM DE S. lOZE PIMEN-
TA. Naceo em Lisboa, e na Parochial
Igreja de N. Senhora da Conceição rece-
beo a graça bautifmal a 3 de Abril de 1707
fendo filho de Domingos Fernandes Cief-
po, e D. Bri2ida Maria da Encarnação Pi-
menta. Aprendendo no CoUegio de S. An-
tão letras humanas compunha com tanta
elegância em verfo, e efcrevia com tanta
pureza em proza, que era admirado por in-
comparável o feu talento. Na idade de
doze annos frequentou Filofofia, e Theolo-
gia no real Convento de S. Domingos de
Lisboa, e depois de gaílar íinco annos ou-
vindo eílas faculdades paflbu à Univerfidade
de Coimbra para eíludar Direito Pontifício
porem impedido por huma grave infermi-
dade, que padeceo no primeiro anno que
fc recolhia de Coimbra para a fua pátria re-
cebeo o habito da Ordem Terceira da Peni-
tencia cm o Convento de N. Senhora de
lESUS a 18 de lunho de 1724. Segimda
vez fe aplicou ao eíhido da Filofofia em o
Collegio de S. Catherina da Villa de Santa-
rém, e da Theologia em o Collegio de S.
Pedro da Univerfidade de Coimbra onde
depois diftou com aplauzo eftas Faculda-
des fendo admetido ao numero dos Douto-
res Theologos em a mefma Univerfidade
a 22 de Mayo de 1735. Publicou.
Oração fúnebre patética, hijtorica, e enco-
miajlica recitada nas Exéquias que ao Emmi-
nentifmo, e Keverendijftmo Senhor D. Fr. An-
tónio Manoel de Vilhena GraÕ Mejlre da Ordem
de Malta, e milicia da Sacada KeligiaÕ de
S. loaõ Baptijia do Hofpital de lerufalem, e
Santo Sepulchro do Senhor, Príncipe de Mal-
ta, Khodes, Go^o, e Quemona em o Con-
vento de N. Senhora de le/us de Lishoa aos
jS de Março de 1737. Lisboa por Miguel
Rodrigues Impreííor do EmminentiíTimo
Senhor Cardial Patriarcha. 1738. 4.
IOACHIM LEOCADIO de FARIA
natural de Lisboa Ajudante de hum dos
Regimentos da Corte de que he Coronel
o Excellenti/Timo Conde de Coculim. O
exercício das armas lhe naõ impedio o
comercio das Mufas, que fempre experi-
mentou propicias para todo o género de
metros, que concebeo o feu Enthufiafmo,
dos quais fendo grande a copia unicamente
fe fizeraõ públicos pelo beneficio da im-
preíTaõ os feguintes.
Aveiro obfequiofo, ou Relação métrica das
fejlas que na nobre Villa de Aveiro ji:reraõ
Jeus moradores em aplaur^o de ver reftituido o
feu dominio ao mais legitimo herdeiro dos Jeus
antigos Duques. Lisboa por Pedro Ferreira
ImpreíTor da SeriniíTima Rainha NoíTa Se-
nhora 1734. 4. Coníla de hum Romance
Heróico de 73 Coplas.
Quatro Sonetos, o i. pag. 20. o 2. a pag.
168. e o 3. a pag. 103. e o 4. a pag. 168.
do Obfequio Fúnebre dedicado à faudofa memo-
ria do Reverendifimo P. D. Rafael Bluteau
Clérigo Regular, e hum Romance Endecafyl-
labo a pag. 69. Lisboa por lozé António
da Sylva 1734. 4. Sendo Secretario da Aca-
demia dos Aplicados publicou efta colleçaõ
de Obras poéticas, e Oratórias, e a dedicou
ao Reverendiífimo P. D. Manoel Caetano
de Souza Clérigo Regular ProcomiíTario
da Bulia da Cruzada, e Cenfor da Acade-
mia Real.
Dous Sonetos à morte da Serenijftma Se-
nhora Infanta D. Francifca. Sahiraõ em os
Sentimentos Métricos a efle fúnebre AJfumpto.
Colleçaõ I. a pag. 11. Lisboa por Miguel
Rodrigues 1736. 4.
Na fepultura do Excellentijfimo Senhor
D. Francifco Xavier de Menet(es Conde da
Ericeira. &c. Soneto, foi. fem lugar nem
anno da ImpreíTaõ.
IOACHIM ROBERTO DA SYLVA
natural de Lisboa. Traduzio da lingua
Caílelhana em a materna, c addicionou
a Relação do plaufivel triumfo do Sacra-
L USITANA.
555
mento compoílo por líidoro Vekfquez a
qual publicou com efte titulo.
Relação da folemne ProciJfaÕ do Corpo de
Deos, que aos z de Setembro de 1582. fet^
a Irmandade do Santijjimo Sacramento da Fre-
guer^a de S. JuliaÕ defia Cidade em acçaÕ de
graças pela Vitoria que as noffas Armas
alcançarão no mefmo tempo da Armada Fran-
ce:(a extrahida de algumas memorias Aí. S.
e fidediffias daquelle tempo, e de hum livro
compofto na lingua Cajlelhana por Ifidoro Va-
la/quet^, e agora novamente traduzida, e acre-
centada. Lisboa por lozé António da Syl-
va. 1731. 4.
Sor. lOANNA BAPTISTA natural da
Villa de Campo mayor em a Provinda
Tranílagana filha de D. loaõ de Menezes,
e D. Magdalena da Sylva filha de Luiz da
Sylva de Menezes Capitão de Tangere, e
irmãa de D. Manoel de Menezes General
da Armada Real, Chroniíla mór do Reyno
de quem fe fará larga mençaõ em feu lugar.
Na idade de 18 annos fe defpozou com o
Divino Cordeiro em o celebre Convento
de S. loaõ das Maltezas fituado em a Villa
de Eílremòs, onde pela fua grave prudên-
cia, e natural afabilidade exercitou o lugar
de Prioreza. Para perpetuar as açoens das
Religiofas, que tinhaõ florecido cm virtu-
des naquella obfervante Caza efcreveo.
Memorias do Convento de S. JoaÕ da Ordem
militar de Malta fituado em Fftremós. M. S.
Defta obra faz mençaõ Cardozo Agiol. hufit.
Tom. I. pag. 540. no Coment. de 7. de Fe-
vereiro letr. F. e Tom. 2. pag. 771. no
Comment. de 30 de Abril. letr. G.
lOANNA DA GAMA Naceo em a
Villa de Viana do Alentejo de Pays no-
bres quais eraõ Manoel Cafco, e Filip-
pa da Gama. Como fe viíTe livre do vin-
culo conjugal por morte de feu marido
com quem fora cazada anno e meyo anhe-
lando a eílado mais perfeito fundou na
Cidade de Évora hum Recolhimento in-
titulado do Salvador do Aíundo onde re-
colhida com algumas companheiras de
que eraõ as principaes Catherina de Aguiar,
■e Brites Cordeira obfervavaõ a Regra de
S. Francifco fendo feus Diredores os filhos
defte grande Patriarcha. Ao tempo, que ef-
perava da benevolência do Cardial D. Hen-
rique eílabilidade para o novo edificio foy
demolido por fua ordem para mayor ex-
tençaõ do Collegio dos Padres lefuitas
ordenando ás Recolhidas foíTem viver em
caza de feus parentes atè lhe fundar ou-
tra habitação. Com exceíTivo fentimen-
to deixou loanna da Gama o lugar, que
o feu efpirito elegera para fe dedicar
a Deos faUecendo a 21 de Setembro
de 1586. laz fepultada na Igreja da Mi-
fericordia de Évora em fepultura própria.
Compoz.
Diãos diverfos poftos por ordem de Alfa-
beto com mais algumas Trovas, Yilhancicos,
Sonetos, Cantigas, e Romances em que fe con-
tem Sentenças, e avií^os notáveis. Évora por
André de Burgos 1555. 8.
D. lOANNA lOSEFA DE MENEZES
terceira CondeíTa da Ericeira filha de D.
Fernando de Menezes fegundo Conde da
Ericeira, Confelheiro de Eílado, e guerra
delRey D. Pedro 11. feu Gentilhomem da
Camará, Regedor das luftiças, e Capitão
General de Tangere, e de D. Leonor Fi-
lippa de Noronha Dama da Raynha D.
Luiza filha de Fernaõ de Saldanha Com-
mendador de S. Martinho de Santarém,
e Governador Capitão Geral da Ilha da
Madeira, e de D. loanna de Noronha fi-
lha herdeira de D. Manoel de Souza, Se-
nhora do Morgado da Azinhaga, fahio
à luz do mundo em Lisboa a 15 de Se-
tembro de 165 1. para novo efplendor da
fua illuífare Caza. Aprendeo os princípios
da lingua Latina com o Padre António
de MeUo da Companhia de lESUS, e de
feus Pays ouvio as inílruçoens dos idio-
mas Italiano, Francez, e Efpanhol, que
fallou com expedição, e efcreveo com
pureza, e elegância. Igualmente foy exer-
citada nos preceitos da Rhetorica, e da
Poética em cuja Arte voou o feu efpirito
com tanta elevação ao cume do ParnaíTo, q
a venerarão por fua Prefidente as nove
Mufas, fendo os feus Verfos elegantes,
difcretos, cadentes, e fentenciofos. Aífim
556
BIBLIO THE CA
como a natureza a fez única em a fcien-
cia permitio, que também o foííe em a
fuceflaõ da fua Caza defpozando-fe como
herdeira delia com feu Tio D. Luiz de Me-
nezes terceiro Conde da Ericeira, que igual-
mente eternizou o feu nome na paleftra de
Marte, que na Aula de Minerva. Deíle
illuílre conforcio naceraõ D. Francifco Xa-
vier de Menezes, e D. Maria Magdalena
de Menezes perfeitas copias de taõ iníignes
Originaes onde a perfpicacia do juizo fe vio
competida, e o eíhido das Artes, e fciencias
excedido. Entre as Damas do feu tempo
mereceo lograr felifmente imidas os raros
indultos de fermofa, e difcreta com que fem
o dezar da vaidade infeparavel companheira
daquelles dotes conciliava as atençoens dos
dous mais nobres fentidos. Conhecendo a
Mageílade da Raynha da Gram Bretanha a
Senhora D. Catherina as virtudes de que
era ornada a nomeou fua Camariíla em o
anno de 1695. e pelo efpaço de dez que
teve eíle emprego foy fummamente eílimada
por aquella Princeza confiando da fua pru-
dente direção graves negócios no tempo,
que governou eíla Monarchia por auzen-
cia de feu irmaõ ElRey D. Pedro, os quais
conferia com os Miniílros Eílrangeiros
nas fuás próprias linguas. Naõ recebeo
menor eítímaçaõ da Sereni/Tima Raynha D.
Maria Francifca Izabel de Saboya com quem
teve comunicação por cartas efcritas na
lingua Franceza aífim em profa, como em
Verfo. Sem faltar ao governo domeftico
confumia grande parte do tempo na liçaõ
da hiftoria antigua, e moderna; dos Poetas
Latinos, e vulgares, e outros authores de
diverfas Faculdades com que illuftrava o
entendimento, e enrequecia a memoria.
Acometida de hum accidente de parleíia
bufcou para remédio os banhos das Cal-
das donde voltou com alguma lezaõ con-
fervando fempre vigorofo o juizo até que
oprimida de huma apoplexia em o Conven-
to de Santa Clara, que lhe permitio fazer
confifTaõ geral de feus pecados, efpirou com
finaes de predeftinada a 26. de Agofto
de 1709. quando contava 58 annos de
idade. laz fepultada na Capella mór do
Convento da Annunciada de Rcligiofas Do-
k
minicas Padroado da fua Excellentiffima
Caza. Celebraõ o nome deíla clariíTima
Heroina feu filho D. Francifco Xavier
de Menezes 4. Conde da Ericeira na Hen-
riquiada Cant. V. Out. 79.
Filho fera de huma divina Mu/a
Que dos Heroes herdando alta grandeza
Unto Aonia na Hipocrene iMja
Virtude, diferirão, /ciência, bellev^a.
Damiaõ Froes Pirim aliás Fr. loaõ de S.
Pedro Theatr. Heroin. Tom. i. pag. 486.
Celebrou, e conheceo ejle noffo feculo para en-
veja dos paffados, e futuros, a fempre illujlre
Heroina D. Joanna lofefa de Menev^es. D.
António Caetano de Souza Hiji. Gen. da
Ca:;^. Real Portug. Tom. 5. pag. 372. Foy
dotada de ff^ande fermofwa, e admiráveis par-
tes, muy difcreta, e erudita como jufiificaò varias
compojiçoens fuás, e os feus verfos. O Padre
António dos Reys Enthuf Poet. n. 274.
Thefpiadum Joanna choro dabat inclyta leges,
Et graviore fono quàm poffet femina pi-
gros
Surgere mortales extrema in prcelia, fo-
mno
Admonet excujfo: Mufas habmffe Ma^f-
trum
Doãoremque pudet Phabum, nec concipit
iras
Ob prarepta Jibi regalia fceptra Poejis
Ipfe, fed ingenue viííum fe faffus ab iUá,
Ple£ira dedit fuerant qua quondam injignia
fummi
Prajidis atque graves tacita tejludine latus
Arre£ta bibit aure fonos, gaudetque doceri
Compoz.
Defpertador ai Suem de la vida en vo^
de un advertido defengaHo. Lisboa por ^ía-
noel Lopes Ferreira. 1695. 4. Confta de
trezentas Outavas elegantiíTimas. Publi-
cou eíla obra em nome de Apollinario
de Almeyda feu criado. Traduzio da lin-
gua Franceza em a materna.
Keflexoens fobre a Mifericordia de Deos
em forma de Solilóquios por huma peccadora
arrependida compoflas em Francês por Sor
Ljéi^a da Mifericordia Carmelita Defcalfa
no feculo htdi^a Francifca de la Beaume Le-
li
L USITAN A.
557
I^lanc Duquesa de Valiere, e de Vaugour,
imprejfas em Part^. 1680. e íradu^idas em
Portuguei(_. Lisboa por Miguel Deslandes
1694. 8. A excellente Traduftora alem
da Dedicatória a SereniíTima Rainha da
Gram Bretanha, e do Prologo acrecen-
tou diverfas couzas às ditas Reflexoens.
Paneg yrico ao governo da Serenijftma Se-
nhora Duquet(a de Saboja Maria loanna Ba-
ptifia de Sabqya recitado pelo Ahbade de fua
AJtet(a Keal na Academia de Turim aos 13
de Majo de 1680. dia antecedente ao em que
tomou poffe do governo fua Altet^a Keal o
SereniJJimo Senhor Duque de Sabqya Príncipe
■de Piamonte Key de Chipre. Dedicado ã Kai-
nha D. Maria It^abel de Sabqya. Lisboa
por loaõ Galraõ 1680. 4.
Obras M. S.
Vida de Santo Agojlinho com varias refle-
xoens. foi.
Poema fúnebre á morte da Rainha D.
Maria Francisca Isabel de Saboja. Coníla
<le 100. Outavas.
Cartas France:(as á Rainha D. Maria
Francifca de Sabqya, e outras Peffoas llluf-
ires. 4.
Triumfo das Mulheres, tradur^ido de Fran-
ges, e illujlrado.
Difcurfos Académicos, e Moraes com huma
Novella Allegorica. 4.
Cartas Familiares a varias Senhoras i.
P. 4.
Cartas Familiares 2. P. 4.
Obras Poéticas Francesas, e Italianas. 4.
Obras Poéticas Hefpanholas i. P.
Obras Poéticas Efpanholas que contem
duas Comedias intitulada a i Divino Impé-
rio de Amor. e a 2. El duelo de las fi-
nezas; dous Autos Sacramentaes, e outras obras
de Theatro. 2. P. 4.
Obras Poéticas Efpanholas que contem a
Fabula de Andromeda, e Perfeo em finco can-
ios. P. 3, 4.
Obras Poéticas Portuguesas. 4.
Todas eílas obras M. S. fe confervaõ
na Livraria do Excellentiflimo Marquez
do Louriçal bifneto da Authora.
D. lOANNA MARGARIDA DE
CASTRO. Naceo em o anno de 1634.
na Quinta do íitío de N. Senhora da Luz
diftante huma legoa de Lisboa onde viviaõ
feus illuífares Pays Luiz Gomes da Mata
Coronel, Fidalgo da Caza de fua Magef-
tade, Correyo mòr do Reyno, e D. Vio-
lante de Caibro defcendente da grande Ca-
za dos Condes de Monfanto. Logo na pri-
meira idade deu claros indícios do fublime
engenho de que prodigamente a dotara
a natureza aíTim na agudeza das repoftas,
como na comprehenfaõ das fciencias. Or-
nada de igual fermofura no corpo, que
no efpirito fe diítínguio com exceíTo entre
as Senhoras que floreceraõ no feu tempo
fendo aplaudida pelas peíloas da primeira
lerarchia affim na qualidade como na erudi-
ção que com goíloza ufura pertendiaõ a
fua difcreta converfaçaõ. Repetidas vezes
era vizitada pelo infigne P. António Vieira
Oráculo da eloquência Ecclefiaftica para
ouvir a elegância com que fallava, e a pro-
fundidade com que difcorria. Recebeo par-
ticulares favores da SereniíTima Senhora Prin-
ceza D. Izabel jurada herdeira defte Reyno,
e filha do AuguíliíTimo Rey D. Pedro II. dedi-
candolhe em retribuição de taõ declarado
affefto grande parte das fuás Poezias em que
a fineza dos penfamentos competia com a ma-
geílade do aíTumpto. Ainda que foy perten-
dida de muitos Cavalheiros para efpoza prefe-
rio com judiciofa eleyçaõ o celibato ao matri-
monio deixando a fua pofteridade eterniza-
da nas fuás obras que geradas pelo feu
efpirito fempre viviraõ izentas da jurifdi-
çaõ do tempo. Preparada com todos os Sa-
cramentos partio da vida mortal para a
eteriu em 25 de Março de 171 4. laz fepul-
tada na Capella mòr do Convento de Santo
António da Cruz da pedra diílante huma le-
goa de Lisboa de que he padroeira a fua
Caza. Paliados alguns annos fe achou in-
corrupto o feu Cadáver quando foy dado à
fepultura feu irmaõ Manoel de Souza Cou-
tinho donde fe infere a bemaventurança
da fua alma. Compoz com fublime enthu-
fiafmo.
Poefias varias Portuguesas, e Caflelhanas.
Delias fez huma Colleçaõ fua irmãa D.
Maria Magdalena de Caibro, e querendo
feu fobrinho Luiz Vitorio de Souza Cou-
558
BIBLIO THE C A
tinho imprimillas as mandou ordenar em
fuás claíTes por loze Freyre de Monter-
royo Mafcarenhas bem conhecido por fua
vaíla erudição, e fe efpera que brevemente
fahiraõ à luz publica, que merecem. O P.
António dos Reys En/òujia/m. Poet. n. 276.
a louva com eílas métricas vozes.
^íagdala Sapphus
JEmula jlat lyrtcos inter non ultima Vates,
"Et petit ã Phabo, juheat fua carmina promi,
Qua dum luce frui licuit, nimis uhere vená
Ingenium totá L.jfiá mirante profuàit.
lOANNA VAZ natural da Gdade de
Coimbra filha do Licenciado loaõ Vaz,
e irmaã do Doutor António Vaz Cónego
Magiílral da Sé de Coimbra em que foy
provido a 29 de Outubro de 1575. Foy
Aya, e Meílra da lingua latina da Sere-
niíTima Infanta D. Maria filha dos auguf-
tiíTimos Monarchas D. Manoel, e D. Leo-
nor. Nos idiomas Latino, Grego, e He-
braico foy peritiíTima efcrevendo nelles à
Santidade de Paulo IIL do qual recebeo
repoíla com admiração do fummo Paf-
tor da Igreja. Interpretava aos Poetas com
grande erudição fendo igualmente douta
na liçaõ dos Hiftoriadores. Cazou com
Fernaõ Alvres da Cunha defcendente de
nobre geração. Em feu aplaufo fe ocupa-
rão diverfos Efcritores aífim em profa,
como em verfo, como faõ Souza de Ma-
ced. ¥lor de Efpan. cap. 8. excel. 9. Fr.
Luiz dos Anjos Jardim de Portug. p. 131.
Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. 2. p. 340.
col. 2. onde erradamente lhe chama Anna.
Gil Gonzalu. de Avil. Hifl. de Saiam. liv.
3. cap. 22. Fr. Francifco de Nativid. he-
ttit. da Dòr. p. 308. e 310. André de Re-
fende Epiflol. ad D. Emman. filiam loan.
IIL Soror. Alariam Princip. erudit.
Porro autem Comitum, qua jam maturior
avi
Carminibus tibi nota ttds efl VASIA, cujus
Ut fileam mores, inculpateque pwentam
Haãenus exaítam laus efl ea ma^a, quòd
atila
Dux bona virginibus Latias praluxit ad artes.
Cujos Verfos felifmente traduzio cm Caf-
telhano D. Manoel de Salinas, y Lizana.
Cónego da Cathedral de Huefca, e fe lem
impreífos na Vida da Inf D. Maria com-
porta por Fr. Miguel Pacheco foi. 140. v.**
Buelve a mirar aora dejfas Damas
La que el afpeão más anciana mueflra,
Aquien por fer tan dieflra,
En verfos tu conoces:
Vafia digo la injigne, y eloquente
De quien {callando de fu edad lui(iente
La vida más loable,
lubentud en cojiumbres inculpable)
Solo quiero det^irte en fu alabança
Que tanta erudicionfu ingenio alcança,
Que Maejlra en Palácio.
De las artes de Lacio,
Varon en génio, fi en las canas dueOa,
De la Infanta a las Damas les enfena.
Ayres Barbofa Epiç^amat. foi. 37. v.<*
Qtns te do£iorum noftris putet ejfe loanna
In terris ortam qua tua f cripta lefft?
Te vel in Exquiliis natam, media ve Suburra
Urbs te Komanam vendicet alta Ròemi.
Tam comptum, tam dulce Jtmul componis,
<ò' ipfa
Qua neãis latio verba lepore fluunt.
Barbárie in tanta, qua vix exculta virorum
Qua tua virgo ftát lingua diferta modo?
Nunc doleo quod cum potuijfem vifere; vifi
Non te cum veflra nuper in urbe fui.
Nam quo deleâor calamo Jucundius ore
Prafenti fruerer colloquioque tuo.
Dulcius efl pomum, quod carpitur in arbore
ipfa,
Et magis ex ipfo fonte bibijfe Juvat.
P. António dos Reys Ejttbuf. Poet. n.
265.
Vafia prima fedet Lyjia clarijfimus Aula
Splendor, operta comas lauri viridante corona
Pleãra canora manu feriens fie dulciter,
immò
Poffet ut e pélago melius Delphinas in
auras
Vellere, quàm vulft quondam Citbaradus
Arion
\
L USITAN A. V
559
In fua damna feros cum vidit fttrgere nautas
Spe lucri viãos.
Alem das muitas obras Poéticas, que
correm impreíTas, e M. S. conforme ef-
creve o author do Theafr. Heroin. Tom.
I. pag, 538. he celebre a
Epiftola ad Sanãijjimum Paulum III. Sum-
mum 'ExcleJuB Vajlorem efcrita nas línguas La-
tina, Grega, e Hebraica, de cuja obra fazem
honorifica mençaõ Fr. Ludou. à D. Franc.
in Prolog. Ling. Sana. p. 12. e Carol. lozé
Imbonati Bíb. Latin. Hebraic. pag. 597.
lOAÕ XX, ou XXL em o Nome, e
entre os Summos Pontífices Romanos cen-
tefimo oólogeíTimo fetimo conforme a Chro-
nologia do Erudito Fr. Francifco Pagi Brev.
Gefi. Sumn:. Pontif. Tom. i. pag. mihi 241.
nobilitou a Cidade de Lisboa com o seu
nacimento, e illuftrou a Igreja Catholica
com as fuás memoráveis açoens. Teve
por Pay a luliaõ Rebello mais abundante
dos dotes da graça, que dos bens da for-
tuna do qual tomou por apellido o feu
nome chamando-fe Pedro luliaõ. O nome
de Pedro conferido no bautifmo foy feliz
prognoítíco de fer fuceíTor do primeiro Pe-
■dro em a Cadeira Pontifical. Na celebre
Univerfidade de Pariz frequentou os eftudos
<k Dialeétíca, Aílrologia, e Medicina, e
em taõ diverfas Faculdades fahio confumado
Meítre pois a viveza do engenho, e fe-
licidade da memoria lhe facilitavaõ a com-
prehenfaõ de todos os mvílerios fcienti-
ficos. Reílituido à pátria com mayor nu-
mero de merecimentos, que de annos o
nomeou ElRey D. Affonfo III. Prior da
Igreja de Mafra donde paíTou a Deaõ da
Cathedral de Lisboa, Thefoureiro mór do
Porto, Arcediago de Vermoim na Sé Pri-
macial de Braga, e Prior mór da Colle-
giada de Guimaraens. Ao tempo que fo-
ra eleito pelo Cabbido de Braga fucef-
íòr do Arcebifpado defta Igreja por mor-
te de Martinho Giraldes partio para o
Concilio Lugdunenfe convocado por Gre-
gório X. em 27 de Março de 1272. o
■qual attendendo aos feus merecimentos
o ornou com a Purpura Romana, e a
•Mitra Tufculana em o anno de 1275. no-
meando para credito da eleição por feus
companheiros na dignidade Cardinalícia a
S. Boaventura immortal gloria da Ordem
Seráfica, e a Fr. Pedro de Tarantafia claro
efplendor da Religião Dominicana, que de-
pois fubio ao folio do Vaticano com o
nome de Innocencio V. Por morte de
Adriano V. foy aíTumpto ao fupremo Pon-
tificado da Igreja a 13 de Setembro de 1276.
mudando o nome de Pedro em loaõ. Ele-
vado ao cume da mayor dignidade, que
venera o mundo Catholico, aplicou todo
o difvelo para confeguir as emprezas mais
heróicas, que igualmente cedeííem em glo-
riofo augmento da Igreja como fatal ruina
dos feus Antigoniftas. Para efte fim efcre-
veo cartas circulares, e expedio Embaxado-
res a ElRey D. Affonfo HL de Portugal, a
FiUppe chamado o Atrevido Rey de Fran-
ça, e ao Emperador Rodolpho perfuadin-
do-lhes a que depoftas as contendas, que
entre fi alimentavaõ, converteííem a poten-
cia armada dos feus exércitos contra o ini-
migo conimum da Chriílandade. Com efte
fagrado intento concedeo a Pedro Hl. Rey
de Aragaõ, e a Guido Conde de Flandres,
e Marques de Nemurs as Decimas Eccle-
fiafticas para que o primeiro impediíTe a
entrada dos Mouros em Hefpanha; e o fe-
gundo marchaíTe armado contra a Syria.
Pelas vozes de feus Legados fignificou a
Abagha Rey dos Tártaros, que favorecefe
os novos convertidos à Ley Evangélica, e
ao Emperador do Oriente Manoel Paleologo,
que perfeveraíTe conftante na uniaõ da
Igreja Grega com a Romana prometida por
elle em o Condlio Lugdunenfe a cuja infi-
nuaçaõ obedeceo reverente, e feu filho
Andronico fuceíTor do diadema Imperial.
Efte fagrado ardor, que alimentava no
peito para a eftabilidade da ReUgiaõ Ca-
tholica fe extendia aos que deftinava para
feus Miniftros conferindo os Beneficios,
e Prebendas unicamente àquelles, que fe
diftinguiaõ na integridade da vida, e vafti-
daõ de fciencia. A todos, que conhecia
abundantes de talento, e faltos de fazen-
da lhes afliftia com generofa liberalidade
para frequentarem os eftudos efperando,
que pelo progreflb das letras fe habilitaf-
56o
BIBLIO THECA
fem para os miniílerios Eccleíiaílicos. Ini-
migo jurado da vaõgloria aborrecia o fauílo
dos feus AnteceíTorcs fendo naturalmente
inclinado converfar com pcflbas humildes
fem diminuição do decoro Pontifício. Amou
com grande refpeito as Familias Religiofas
devendo-lhe mais declarado affefto a Reli-
gião Seráfica por fcr entre todas a mais
humilde. Da fua profunda fabidoria faõ
eternos padroens as Summulas da hogica,
que por muitos annos fe diftàraõ cm as
Univerfidades de Efpanha, e França onde
moílrou como era acérrimo fequáz da Ef-
cola Peripatetica, e no Thev^ottro dos pobres
dep02Ítou a preciofidade de vários remé-
dios contra as infermidades mais incurá-
veis. Eílando em huma oca2Íaõ vendo hu-
ma Camará do Palácio, que mandara edifi-
car em Viterbo cahio improvifamente o
tedo, em cujas minas ficou fepultado antes
de morto donde fendo extrahido recebeo
com terniíTima piedade os Sacramentos, e
paíTados féis dias efpirou com geral fen-
timento da Chriílandade a 19 de Mayo
de 1277. quando contava 8 mezes, e
féis dias da dignidade Pontifícia parecen-
do exceder a credulidade humana, q em
tempo taõ breve obraíTe açoens merece-
doras da eternidade contra as quais fe
atrcveo a maledica petulância de alguns
Efcritores, que para lhes naõ renovar a
infâmia lhe oculto os nomes. Foy fepulta-
do na Cathedral do Martyr S. Lourenço
cm hum monumento de porfído com a fe-
guinte infcripçaõ.
Joanni iMjitano XXI.
Pontificaíus Maximi fui mèje VIU.
Moritur M. CC. LXXVIL
A fublime Mufa do Padre D. lozè Si-
los Qironiíla Geral da Congregação dos
Qerigos Regulares Theatinos na fua obra
intitulada Maujol. Sum. Pontíf. pag. 262.
lhe gravou eíle elegante Epitafío.
HU volo te pauàs, Hofpes denatm in urbe
Joamus jacet, natus Ulyjftpone.
Cum Ijufitano lufiffe inopina videtur
Mors ipfa illata per nova fata nece.
SciUcet ante obitum Jepelit, teãoque ruente,
Viventem tumulo vajla ruina tegit.
Hinc efformatur caju non arte Jepulchrum;
Qíiaque erat aula prius flebilis uma fuit.
O profundo talento, que exercitou nas
fciencias exaltaõ com multiplicados Elogios
graviiTimos Efcritores. loan. Palat. Gejl.
Pontíf. Rom. Tom. 3. col. 73. e 74. Natura
ubi defuit Stagirita navarcus ibi Petrus iruepit
ac Peripatetici moderatus errores, Dialeãicam
ita inftruxit, ut fine ea fcientia omnes ejjent
fallaces, (& per eam Jolam feire te feires.
Fr. Alphonf. Ciacon. Vit. Pontif. Rom.
Tom. 2. pag. mihi 211. Vir admodum, (ir
litteratus, (àr litteratorum valde amator mul-
tarumque rerum feientia inftruãus. Cardo -
fo A^ol. Ijifit. Tom. 3. pag. 312. Ura
elle mui eftudiofo, e verfado na doutrina li-
lofofica, e Peripatetiea fendo o primeiro, que
eompoi(^ Ijogica em Hefpanba a qual fe leo
muitos annos nas efeolas publieas de mais de
fer infiffte Afirologo, e perito Aíedieo. Nicol.
Ant. Bib. Vet. Hifp. lib. 8. cap. 5. §. 152.
infignem litteris virum, eb* litteratorum omnium
benefieentijfimum Maeenatem. Brandão Mon.
Ljdfit. Part. 4. liv. 15. cap. 42. Fqy dou-
tijftmo, e por fuás grandes letras, e boas par-
tes vejo a fubir em Roma à primeira digni-
dade. CapaíTi Hifi. Philofoph. lib. 4. cap.
6. pag. 303. à pátria nulli magtarum ur-
bium feeunda magnum deeus aecepit, fed maius
ei reddidit nedum dignitatis omnium fupre-
ma fplendore, fed etiam litterarum gloria.
IlluílriíTimo Cunha Hifi. Ecclef de Brag.
Part. 2. cap. 35. n. 2. Todas efias obras
(falia das que efcreveo) fit^eraõ no Reyno, e
fora delle famofo a Pedro luliaõ. Padre Ant.
Maced. l^fit. Inf. et Purp. pag. 36. A'tene-
ris exeelfam nobilioris ingenii indolem pra fe
tulit, atque ita fe fe liberalibus artibus exer-
euit, ut nemo avidius, €3?* ardentius litteris
operam navaret. Scverim Not. de Port.
Difc. 7. §. 4. Foy doutijftmo varaõ parti-
cularmente nas hiathematicas, e Medina.
Fr. Franc. Pag. Brev. Sum. Pontif. Tom. 2.
pag. mihi 242. Medico doãijftmo, atque
in Loffcis apprime verfato. Marangon. Tbe-
t(aur. Parocb. Tom. i. pag. 152. Vir em-
ditiffimus. Fr. Lud. lacob. a D. Carol. Bib.
Pontif. pag. 137. Medicus, et Philofophus
celeberrimus. D. Manoel Caet. de Souz.
LUSITANA. 56i
Cathal. dos Pontif. e Card. Vortug. p. 4. EccleJ. Nov. lib. 23 ad ann. 1276. de loaõ
VaraÕ doutijjimo favoreceo muito aos ejludio- XXI. e louvandolhe a fciencia medica
fos. GraveíTon Hijl. Ecclef. Tom. 5. co com que compuzera Thet^aurus Vauperum
loq. 2. p. mihi 26. Eximia eruditionis vir, de que logo fe fará mençaõ, naõ refirira
€>• in Phyjicis prafertim, ac Medecina dif- que fora author das Summulas o que fizera
ciplina verfatiftmus. Genebrard. Chronol. fe as tivera efcrito Pedro Hifpano. Ao
ad. ann. 1276. Vir litteratus in Vhilojo- filencio deíle Efcritor fe podem contrapor
pbia, &" Medecina ertiditijfimus. Compoz. as vozes de todos os Efcritores da vida
Summula Ijogicales. Sahiraõ illuílra- de loaõ XXI. que imiformemente affir-
das por Verforio Parifienfe 1487. foi. e maõ fer elle author das Summulas da Lo-
Venetiis 1572. 4. apud Francifcum Sanfo- gica, e até o mefmo Fr. Bartholameu de
vinum. Com os Commentos de Fr. Pedro Luca fallando do noíTo Pontífice. ¥ent, <&^
Crockart Dominico. Parifiis apud An- lihrum de Problemaíibus juxta modum et for-
draeam Bouchard 1508. foi. Com os Com- mam libri Arifiotelis donde fe colhe que
mentos de Fr. Niculao de Orbellis Francif- fendo taõ douto na FUofofia, eraô fuás as
cano. Venetiis apud Lazarum de Soardis Sumulas por ferem parte defta Faculdade,
15 16. 4, de Gerardo Liíliio. Suvollae 1520. da qual compoz as obras feguintes.
4. De Pedro Tartareto Theologo Parifienfe. Parua lj)gicalia. Venetiis 1593. 4.
Venetiis 1592. 8. e por Fr. Matheos de Bo- Traãatus LagicaUs fex cum elucidariis Ma-
lonha Geral dos Carmelitas, e Thomas gifirorum in burfa montis Colónia regentium. Co-
Bricoto. Lugduni apud. lannotum de Cam- loniae apud Henricum Quentelium. 1505.
pis 1509. cum recognitione Fr. Alphonfi In Phyjiofftomicam Arifiotelis. M. S. na Bi-
dé Vera AuguíUniani. Apud Terram No- bliotheca de Cantoberry em Inglaterra vol. 54.
vam Indiae Occidentalis 1573. foi. et Ve- n. 3. e na Vatícana dos Uvros que foraõ do
netiis apud Floravantium a Prato 1586. 4. Duque de Urbino.
& Salmanticae 1593. foi. Exifte M. S. em Dialeãica. M. S. Exifte na Bibliothe-
Padua na Bibliotheca dos Cónegos Re- ca dos Cónegos Regrantes do Convento
grantes de S. loaõ in Viridario, e na Bi- de Pádua como teíUfica Filippe Tomaflino.
bUotheca de Cremona dos Erimitas de Santo A eíla Dialeãica acrecentou Chriftovaõ Ha-
Agoílinho, e em a do graõ Duque de gendorfio Dragmata. Bafileae apud Cra-
Florença Eftan. 71. tandrum 1540. 4. Foy traduzida em Gte-
Como eíla obra foy pubUcada com o go por Máximo Planud que viveo entre os
nome de Pedro Hifpano intentarão Fr. Aí- annos de 1320. e 1350. Bartholameo Ke-
fonfo Fernandes, Fr. Ambrofio Altamura, ckermmano Tom. i. Oper. Pracognit. Log.
Fr. Lourenço Pignon, e Fr. Luiz de Va- pag. 105. e 107. torpemente fe hallucinou
Uiadolid nos Cathalogos que fizeraõ dos Ef- condenando a Pedro Hifpano de Plagiário
critores Dominicanos, que foíTe o author defta obra a qual fendo efcrita na lingua
das Sumulas da Ordem dos Pregadores Grega por Miguel PfeUo Philofofo Platónico
cuja falfidade refuta doutamente Fr. lacobo que floreceo no anno de 1059. a publicara
Quetif. Script. Ord. Prad. Tom. i. p. 485. em latim como fua Pedro Hifpano, cujo erro
onde fe podem ler os folidos fundamentos feguio Hornio author Heterodoxo com Ke-
com que naõ admite ao Cathalogo dos feus ckermmano Hifi. Philofoph. lib. 6. cap. 4.
Authores eíle Pedro Hifpano. Com muito In 1^ ff cam reparationes Petri Hifpani Co-
diferente juizo o mefmo Quetif feguindo lonix. 1610.
a Nicolao António Bib. Hifp. Vet. lib. 8. Modemitates Ijogicaks Petri Hifpani. Exifte
cap. 5. §. 156. duvida fer author das Sum- na Bibliothec. Barberina que foy de Bene-
mulas ao noílo Pedro Hifpano aíTim cha- diâo XIII.
mado antes de fer Summo Pontífice fun- 'Leãiones in primum librum Pbyficorum.
dado em o argumento negativo de que M. S. Confervafe na Bibliotheca Ambrofiana
efcrevendo Fr. Bartholameo de Luca Hifi. de Milaõ.
36
562
BIBLIO THE C A
' Tòe/aur/ís Pauperum, fett de medendis
humani corporis morhis per experimenta ex
omni genere authorum, et experientia própria
congeftum. Lugduni apud lacobum Myt.
1525 cum pradHca loannis Serapionis.
Parifiis apud lacobum de Pays 1577. 16.
in Thefauro Sanitat. loan. Liebaultii. Fran-
cofurti apud Chriílianum Egenolphum
1576. e 1578. 8. Traduzido em Caftelhano
por Arnoldo de Villanova. Barcelona por
Sebaílian de Cormellas 1645. onde fe enga-
nou efcrevendo no Prologo que loaõ XXI.
mandara fazer efta obra a hum feu Medico
chamado luliaõ quando eíle nome era o
do Pontífice antes de chegar a efta Dig-
nidade.
Dt medenda podraga Traãatus.
De oculis Traãatus. M. S.
Exifte no Collegio Oxonienfe vol. 23.
De formatione hominis Traãatus. Exifte
no Archivo do Collegio Cayo de Canto-
berry.
Super Tegnis e^ Hippocratem Glojfet de
natura puerorum. Confervafe no Convento
de Pádua dos Cónegos Lateranenfes. M. S.
Conjilium de tuenda valetudine. Dedi-
cado á Rainha D. Branca mãy de S. Luiz
Rey de França.
Epijlolarum volumen.
Sermones pradicabiíes. M. S. Confer-
vaõfe no Convento de Cremona de Agof-
tinhos Calçados.
Commentaria in Ifaacum de diatis uni-
verfalibus, et particularibus. Lugduni apud
Bartholamacum Troft. 15 15. foi.
Traãatus de Conceptione Deiparee. Defta
obra o faz author Fr. Bartholameo Guer-
reiro Francifcano de Controv. Immac. Con-
eept. foi. 12. Dos Authores q fallaõ das
Obras defte Summo Pontífice fe podem
ver o Cathalogo no P. Macedo "Lufit.
InfuL et Vurpurat. pag. 56. c 57. e Fr.
Lud. lacob. a S. Carol. ^ib. Pontif. pag.
D. lOAÕ L defte nome, e decimo
entre os Monarchas Portuguezes teve
por Oriente a Qdade de Lisboa a ij de
Abril de 1558. e por Pay a ElRey D. Pe-
dro L que depois de viuvo o houve de
Thereza Lourenço, que alguns Genealó-
gicos fazem defcendente da familia dos An-
drades do Reyno de Galiza. Como naceo
para Heroe foy eleito em a tenra idade de
onze annos Meftre, e Cavalleiro da militar
Ordem de Avis armado pelas maõs de feu
Pay, e entregue à prudente direção de Fer-
nando Martins de Siqueira Commendador
mòr da mefma Ordem da qual depois
poíTuio o Meftrado. Com tolerância fu-
perior à idade triumfou das violências
maquinadas pela ambição de fua Cunhada a
Rainha D. Leonor chegando a tanto exceíTo
o ódio defta Princeza, que aíTim como o tinha
privado da liberdade no Caftello de Lisboa,
intentou defpojallo da vida fe a Providen-
cia o naõ tivera deftinado para Conferva-
dor do Império Portuguez. Com o fanguc
do Conde de Ourem derramado pelas fuás
maõs lavou a efcandalofa afronta de que
fora criminofo author conciliando com efta
açaõ tal afefto, e refpeito em todo o povo
de Lisboa, que o aclamarão com feftivas
vozes Defenfor, e Regente da Monarchia.
Para dezempenhar titulos taõ illuftres fe ar-
mou contra a potencia delRey de Caftella
que injuftamente pertendia fuceder a feu
Sogro ElRey D. Fernando em o dominio
defta Coroa, fendo o primeiro triunfo que
alcançou das armas Caftelhanas libertar a
Lisboa do apertado fitio, que padecera onde
foy principal inftru mento de taõ gloriofa
acçaõ o infigne Heroe D. Nuno Alvres Pe-
reira infeparavel companheiro de todas as
glorias militares do feu feliz Reynado. Con-
vocadas Cortes para a Qdade de Coimbra
difputou com agudeza, e refolveo com li-
berdade o famozo lurifconfulto loaõ das
Regras fegundo Baldo daquclla idade, que
a Coroa Portugueza eftava vaga, e podia
o povo eleger Príncipe, que o governafle,
de cuja propoziçaõ fe feguio fer aclamado
Rey o Meftre de Aviz com as mais plauzi-
veis demonftraçoens a 6 de Abril de 1585.
naõ tendo ainda completos vinte fete an-
nos de idade quando jà contava feculc
de immortal gloria. Elevado ao Trom
c cingida a Coroa, que lavrara com a prc
pria efpada para firmar a hum, c eftal
lecer a outra fe aplicou a debcllar os ini-<
L USITANA.
563
migos eílranhos já que dnha felifmente
triumfado dos domeíticos. A vitoria alcan-
çada em Trancofo lhe fervio de prologo
para confegiiir a mais memorável que admi-
rou aquelle feculo de que foy theatro o
Campo da Aljubarrota a 14 de Agofto de
1385. com o de2igual numero de féis mil,
e quinhentos Soldados ao de trinta mil dos
Caftelhanos, que fe faziaõ mais formidáveis
com a prefença do feu Príncipe, fendo as
importantes confequencias do triumfo o
rendimento de varias Praças aíTim em Por-
tugal, como em Caftella. Naõ fatisfeito o
feu bellicofo génio com as vitorias terref-
tres meditou fazer o feu nome immortal
com as navaes preparando huma Armada
compofta de duzentas velas, a mayor, que
fobre feus hombros fuílentou o Oceano,
e guarnecida de grande numero de comba-
tentes onde embarcado com feus filhos os
Infantes D. Duarte, D. Pedro, e D. Henri-
que, e a mayor parte da Nobreza navegou
a conquiílar do infiel dominio dos mouros a
Cidade de Ceuta cuja empreza felifmente
confeguio a 21 de Agofto de 141 5. podendo
naõ fomente gloriar-fe da tomada defta
Praça, mas de fer o primeiro Príncipe, que
depois da lamentável perda de Efpanha
paflbu com exercito às Regioens Afrícanas.
No feu tempo fe abrirão as portas às Con-
quiílas de Portugal com os defcubrimen-
tos das Ilhas do Porto Santo, e Madeira
no anno de 1419. Em obfequio do paren-
tefco que com elle tinha Henríque V. de
Inglaterra lhe mandou o habito da Ordem
da larretiere, que aceitou com expreíToens
agradecidas, A piedade do feu animo exce-
deo o valor do feu coração fendo fumma-
mente religiofo para com Deos, e fua Mãy
SantiíTima a cuja foberana proteção dedicou
o fumptuozo Templo da Batalha em gratifi-
cação da memorável Vitoria da Aljubarrota
o qual doou à Ordem dos Pregadores a
4 de Abril de 1388. Com igual zelo fundou
os Conventos de S. Francifco de Leyría, de
Penhalonga da Ordem de S. leronimo,
e de Santa Clara do Porto. Refoluto a
illuftrar a Gdade de Lisboa que lhe dera
o berço a nobilitou com a dignidade Ar-
chiepifcopal alcançando da Santidade de
Bonifácio IX. por Bulia paíTada em Roma
a 10 de Novembro de 1394. fer ereâa em
Metropohtana de que ficarão feus fufraga-
neos os Bifpados de Évora, Guarda, La-
mego, e Sylves. Na Gdade de Ceuta erígio
Cathedral por conceíTaõ de Martinho V. a
5 de Março de 1421. fendo o feu primeiro
Bifpo D. Fr. Aymaro, que era titular de
^larrocos, de naçaõ Inglez, e de profiííaõ
Francifcano. Mandou, que fe naõ computaf-
fem os annos pela Era de Cefar até aquelle
tempo obfervada, mas pela Sagrada Época
do Nacimento de Chrifto, cuja Catholica
determinação principiou a 22 de Agofto
de 1422. Para fe adminiftxar reâamente a
juftiça promulgou leys muy utiliíTimas, e or-
denou, que fe traduziííe na lingua materna
o Código do Emperador Juftiniano donde
emanarão as Ordenaçoens do Reyno a que
deu principio, e ordem a profunda fcien-
cia do celebre lurifconfulto loaõ das Re-
gras feu Chanceller mòr. Com efpiríto ver-
dadeiramente real mandou reedificar para
habitação dos feus fuceíTores os Palácios
de Lisboa, Santarém, Coimbra, e Almei-
rim. Foy cazado com D. FiHppa de Lan-
caftre filha de loaõ de Gante Duque de
Lancaftre, e de fua primeira mulher Bran-
ca filha herdeira de Henríque Duque de
Lencaftxe Conde de Leicefter, Derby, e
Lincoln, e da Duqueza Izabel filha de Hen-
ríque Baraõ de Beaumon de cujo augufto
conforcio celebrado a 2 de Fevereiro de
1387. teve a miis feliz fecundidade com que
fe illuftrou efte Reyno, e fe nobilitarão
os eftranhos, fendo o primeiro fruto defta
real uniaõ a Infanta D. Branca, que bre-
vemente paUou a coroarfe no Impirío; o
Infante D. Affonfo arrebatado intempefti-
vamente pela morte para cujo cadáver lhe
mandou himi foberbo Maufoleo fua irmãa
D. Izabel Duqueza de Borgonha no qual
defcanfa em a Cathedral de Braga; D.
Duarte fuceflbr da Coroa cujas açoens fe
defcrevèraõ em feu lugar; o Infante D.
Pedro Duque de Coimbra, que fendo digno
pelas fuás virtudes de vida perdurável aca-
bou infauftamente a 20 de Mayo de 1449.
em a Batalha da Alfarrobeira; o Infante
D. Henríque Duque de Vifeu, e outavo Go-
5Ó4 BIB LIOTH E C A
vernador, e Adminiftrador do Meftrado Hoc tegttur tumulo, feJix Kex tile Joan-
da Ordem de Qiriílo a cuja fciencia ma- nes,
thematica, e valor intrépido deve Portugal Ma^animus, pius, (& cunãorum gloria R/-
os primeiros defcubrimentos das noíTas gum,
Conquiftas. A Infanta D. Izabel, que fe Militiaque decus, firmijfma Regula legtim,
defpozou em lo de laneiro de 1430. com Qui tumidim Regem parvo cum milite fre-
Filippe o Bom terceiro do nome Duque de fft
Borgonha, e Conde de Flandes o qual para Cajlella, dr Septam fihi magna claffe Ju-
argumento manifefto da eftimaçaõ fumma, he^t.
que fazia defte conforcio inftituhio no mef-
mo dia a famofa Ordem da Cavallaria do Teve a eftatura mediana mas bem por-
Tufaõ de ouro. O Infante D. loaõ Admi- porcionada; o rofto largo, tcfta pequena,
niílrador, e Governador do Meftrado da cabello negro pouco comprido, mas bem
Ordem de S. Tiago, e terceiro Condefta- compofto, olhos negros, c grandes, o fem-
vel de Portugal, que cazou com fua fo- blante agradável, c o corpo robufto como
brinha a Senhora D. Izabel filha de D. Af- moftraõ as armas de que uzava. Foy mo-
fonfo I. Duque de Bragança. O Infante derado na fortuna profpera, e conftante
D. Fernando Adminiftrador, e Governa- na adverfa. Moftrou-fe compaíTivo para os
dor da Ordem militar de Aviz, depois de inimigos domefticos mais perneciofos, que
tolerar com paciência heróica o cativeiro os eftranhos, e generofo para os Vaflallos,
bárbaro em Fez pelo efpaço de féis annos que lhe fuftentáraõ a Q)roa muitas ve-
voou o feu efpirito a receber a laureola de zes vacillante. Teve a gloria, que nenhum
Martyr no Paraizo a 5 de lunho de 1443. dos feus AnteceíTores, e Suceflbres podc-
Fora do matrimonio teve ao Senhor D. Af- raõ alcançar, de que negando-lhe a natu-
fonfo I. Duque de Bragança, e a D. Izabel, reza a Q)roa a cingiíTe heroicamente fa-
que cazou a 26 de Novembro de 1405. com bricada pelos impulfos do feu braço, c
Thomaz Fizt Alan Conde de Arundel em fubiíTe ao Trono pelos degráos do mere-
Inglaterra, e Cavalleiro da Ordem de lar- cimento, e naõ por beneficio da fortuna,
retiere. Conhecendo fer chegado o termo A honorifica antonomafia de hoa Aíemo-
da fua vida fe preparou para efte ultimo ria lhe canonizou o nome em todos os
conflifto com as armas dos Sacramentos, feculos em que fempre vivirà immortal.
e cumulado de açoens Chriftãas, e herói- Ainda, que o feu génio era mais para as
nas partio a coroarfe no Capitólio da Éter- armas, que para as letras naõ deixou de
nidade em Lisboa nos Paços de Alcaço- cultivar cflas premiando com largos do-
va a 14 de Agofto de 1433. em huma fex- nativos aos profeflbres das fcicncias. Como
ta feira quando contava 73 annos, três me- era cordial devoto de Maria SantiíTima tra-
zes, e vinte c nove dias de idade; e 48 an- duzio da lingua latina cm a materna,
nos 4 mezes, e 8 dias de Reynado. laz fe- Horas de Nojfa Senhora. Defta tradução
pultado no Real Convento da Batalha para faz memoria diftinta o Chronifta mór Fcr-
onde foy tresladado de Lisboa a 50 de No- nando Lopes no Prolog, da 2. Part. da
vembro de 1433. e ultimamente transfe- Chron. defte Monarcha com as feguintes pala-
rido a 14 de Agofto do anno feguinte com vras. Sendo muy devoto da preciofa Virgem
o cadáver da fua efpoza a Raynha D. Fi- em que avia ftngular, e eftremada devaçaÕ.
lippa para a Capella, que no mcfmo Con- Eílle tomou em feu louvor as fuás devotas
vento magnificamente edificara para feu horas em lingoagem apropriando as palavras
lazigo. No feu Maufoleo eftá efcrito hum delias à Virgem Maria, e a feu bento Filho
Epitáfio taõ largo, que ocupa as três par- de gtàfa, que muitos tomaraõ devoram de as
tes delle em circuito onde fe relataõ as re:^ar, que ante delias nem avia relembrança.
principaes acçoens da fua vida, c na cabe- Mandou traduzir cm Portugucz.
ceira tem efta infcripçaõ. Os Evanfflbos Aãos dos Apoftolos, e as
I
L USITANA.
565
Epijtolas de S. Paulo, como efcreve o re-
ferido Chroniíla no lugar citado afirman-
do loan. Soar. de Brito Tbeatr. Ijufit.
Utter. lit. I. n. ii. que o mefmo Mo-
narcha fora traduftor de algumas deílas
obras como he a dos Evangelhos, que in-
dtulou Vida de Chrifto.
Fazem memoria das fuás Catholicas,
e militares açoens innumeraveis Efcrito-
res dos quais fomente faremos Cathalo-
go dos feguintes Hjpolit. Marrac. Keg.
Marian. pag. 149. Oh illuftria facínora,
<& admirabilem virtutum fpkndorem Bonse
Memorias acroamate nobilitatus. Brenta-
no Epit. Chronolog. hlund. Cbrifi. p. 503.
col. I. non virtutis tantum militaris, cb* Ifn-
peratoria gloria excellens, Jed laude etiam
Ejligionis, magtanimitatis liberalitatis, eb*
clementia prajlantijftmus. Brito EJog. dos
Reys de Portug. Elog. 11. Governou com
animo verdadeiramente real. Vafconcel. Ana-
cephal. Keg. iMJit. pag. 155. animo rerum
ingentium capaci quem nec bofiium multitu-
do, nec perictdorum formido tmquam perculit.
Souza Europ. Portug. Tom. 2. Part. 3.
cap. I. §. 165. Verdaderamente Rey, ver-
daderamente Heroe, verdaderamente grande
en la e/pada, ^ande en la Toga; digno de
que viva en lo immortal de las perpetuida-
deSf pues vivo Je perpetuo en la immortalidad
de la gloria. Qede Hifi. de Portug. Tom. i.
pag. mihi 405. Ses virtus civiles ègaloient
fes virtus guerrieres. Maris Dial. de Var.
Hijl. Dial. 4. cap. 2. Foy bum raro exem-
plo de valor militar, e o mais venturofo Prín-
cipe, que até feu tempo bouve no mundo por-
que mm a multidão de inimigos o venceo nun-
ca: nem com temor delia deixou de come-
ter árduas, e dificultot^as empregas de que
fua ditosa forte o fai(ia fempre vencedor.
Leaõ Chron. de D. loaõ o I. cap. 103.
Tinba fempre buma perpetua ferenidade, que
dava tejiemunbo de feu animo, e conflancia.
Menezes Portug. Kejiaurad. Tom. i. pag.
8. Foy no refplandecente das açoens, e no
invencível do animo criflal, e aço formado
pela naturev^a, unido efpelbo em que podef-
fem verfe os milbores Príncipes, e Capitaens
que de^^ejajfem a major compojiçaõ de vir-
tudes.
D. lOAÕ n. em o nome, e decimo-
terceiro entre os Reys de Portugal naceo
em a Gdade de Lisboa a 3 de Mayo de
1455. fendo o terceiro, e ultimo fruta
do thalamo delRey D. Affonfo V. e D.
Izabel filha do Infante D. Pedro feu Tio,
e da Infante D. Izabel de Aragaõ. Ain-
da eílava nas faxas quando foy jurado
herdeiro da Coroa Portugueza, que gover-
nou prudente, fuftentou politico, e defen-
deo valerofo. Nos primeiros crepufculos
da idade brilhou com tal intenção o feu
talento para comprehender as Artes dignas
de hum Principe, que era efcuzada a dif-
ciplina fahindo inílruido pela natureza.
No Tyrodnio da Adolefcencia fe admi-
rou taõ veterano na Efcola de Marte, que
vencidas todas as opofiçoens contra a pró-
pria refoluçaõ acompanhou a feu Pay
na celebre expugnaçaõ da Praça de Ar-
zila em que deu de feu heróico valor
iluftres argumentos fendo muito mais glo-
riofos quando na batalha de Toro falvou
as relíquias do exercito Portuguez confer-
vando-fe no campo viítoriofo daquelle
fatal fuceíTo. Antes de empunhar o fcetro
foy duas vezes Regente da Monarchia na
auzencia de feu Pay quando foy a Caftella,
e França, e fendo em a fegunda aclamado
Rey na Villa de Santarém a 10 de No-
vembro de 1477. voltando Affonfo V. para
Portugal com refignada obediência renun-
ciou o titulo de Rey, e confervou o de
Principe. Subindo ao trono por morte de
feu auguílo Pay a 31 de Agofto de 148 1.
começou a praâicar as prudentes máximas
do feu governo premiando beneméritos,
punindo criminofos, e ampliando o comer-
cio pelo feliz defcubrimento do famofo
Promontório chamado da Boa Efperança
com o qual fe abrirão as portas à navegação
da índia, como taõbem do Reyno de Gin-
go defcuberto por induftria de Diogo Caõ
Cavalleiro da fua Cafa em o anno de 1484
cuja Ganquiíla eítímou tanto que vinculou
aos titulos da Coroa Portugueza o de Se-
nhor de Guine. Para confervar o comercio,
e navegação de feus VaíTaUos fazia refpei-
tado o feu nome com os mayores Prínci-
pes da Europa obrigando a Carios VIU. de
566
BIBLIO THE CA
França a lhe reftituir huma caravella com toda
a carga que tinhaõ tomado os Piratas Fran-
cezes em os noflbs mares, e fendo author
de que os Reys Catholicos celebraíTem
o Tratado da repartição dos defcubrimen-
tos marítimos ficando à Coroa de Caftella
a parte que olha para o Occidente, e a
Portugal a do Nacente. Zelofo da autho-
ridade real abrogou dos Donatários das
terras a jurifdiçaõ criminal devida à fobe-
rania, e ordenou novo methodo no jura-
mento da Homenagem dos Alcaydes Mo-
res. Naõ podendo diíTimular os Gran-
des do Reyno a diminuição dos feus Pri-
vilégios fe deliberarão a confpirar contra a
fua vida de cujo feyo crime fendo acufados
o Duque de Bragança D. Fernando II. do
nome, e o Duque de Vifeu feu Primo, e
Cunhado, mandada proceíTar a cauza do pri-
meiro foy degollado na Praça de Évora a
20 de lunho de 1483. e ao fegundo privou
da vida com fuás próprias maõs, açoens que
lhe deixarão o nome menos gloriofo na pof-
teridade, pois em huma foy IuÍ2 fendo par-
te e em outra foy executor fendo Rey. Defpo-
zoufe na Villa de Setúbal a 22 de laneiro
de 147 1. com D. Leonor fua Prima com
irmaã filha do Infante D. Fernando feu
Tio, e da Infanta D. Izabel, e defte confor-
cio teve unicamente ao Príncipe D. Affonfo
o qual cazando com a Infanta D. Izabel
filha dos Reys Catholicos paíTou infaufta-
mente na breve duração de féis mezes, e
vinte, e finco dias do thalamo ao tumulo a
13 de lulho de 1491. quando contava a flo-
rente idade de dezafeis annos, e vinte, e féis
dias. Efte trágico fuceíTo penetrou taõ
altamente o coração do noíTo Monarcha
que foy a cauza de lhe fobrevir graviffimos
achaques para cujo remédio fendolhe apli-
cados os banhos da Villa de Alvor em o
Reyno do Algarve, nella falleceo ao tempo
que o foi fe ocultava no Occidente a 25 de
Outubro de 1495. com 40 annos finco me-
zes e vinte e dous dias de idade, e de rey-
nado quatorze annos hum mez, e vinte e
finco dias. Foy fepultado na Cathedral de
Sylves donde foy transferido por ordem
delRey D. Manoel para o magnifico Tem-
plo da Batalha em que jáz o feu Cadá-
ver triunfante da jurifdiçaõ do tempo fendo
a incorrupçaõ do corpo indelével teftemu-
nha da inteireza do feu animo. Teve a efta-
tura mediana, o corpo proporcionado, e ay-
rozo, o femblante grave, o roftro compri-
do alvo, e corado; os olhos pretos, e gra-
ciofos, o naris bem feito, a boca pequena,
e os dentes alvos, e bem ordenados, a
barba negra, c comporta, o cabello cafta-
nho, e pofto que já na idade de trinta e
fete annos parte delle encanecia, nunca per-
mitio que fe lhe riraíTe alguma das cans
que muito eftimava. Foy dotado de en-
tendimento prudente, e de memoria taõ
feliz que nunca lhe efquecia tudo quanto a
ella encomendava. Fallou com pureza, e
elegância a lingua materna pronunciando
com tanta pauza as palavras que pareciaõ
meditadas antes de proferidas. Da Hiftoria,
e Filofofia teve fuficiente inílruçaõ, e da
Poezia fe deleitava fervindo a fua liçaõ de
parenthefis jucundo aos negócios de mayo-
res confequencias. Com generofa anticipa-
çaõ premiava os merecimentos de feus Vaf-
fallos naõ permitindo que com as fuplicas
lhe diminuiífem a gloria de remvmerador.
Taõ amante era da verdade, como inimigo
da lizonja. Exercitou a juíliça fem ofenfa
da piedade fendo o primeiro que exaâa-
mente obfervava as Leys promulgadas para
confervaçaõ da Monarchia. Eftimou muito
o fegredo como depofito da felicidade das
mayores emprezas, e taõbem aos Miniílros
que fe diftinguiaõ na profundidade da fcien-
cia, e redtidaõ da juítiça. Em todos os ne-
gócios ainda que procedia com cautela,
era refoluto. Armado de feveridade abateo
o orgulho dos Grandes julgando fer indeco-
rofo à fua peííoa confervar emulos da So-
berania. O feu peito fe ornou de piedade
folida afiim no culto das fagradas Imagens,
como na veneração dos Decretos Pontifí-
cios. Foy cordialmente devoto da Paixaõ de
Chriílo difirindo promptamente a qualquer
fuplica que fofle patrocinada com as fuás
fantiíTimas Chagas. A Maria SantiíTima de-
dicava terniíTimos obzequios recitando quo-
tidianamente poftrado de joolhos os Pfalmos
Penitenciaes. AíTiítia cuberto de luto as três
noutes da Semana Santa ao Sagrado Monu-
I
LUSITANA. 56j
mento onde fervorofamente contemplava Aíanoel de Mello cõ eítilo igual ao aíTum-
os exceíTos, que para beneficio dos homens pto, e Chriílovaõ Ferreira de Sampayo; e
obrara o Amor Divino nas ultimas horas na Franceza Maugin, Neufiiille, e Le Qede.
da fua Vida. Eternos brazoens da fua ma- Alem dos elogios que lhe formarão eíles
gnifica piedade faõ o Hofpital real de todos Authores, aplaudirão a fua memoria outras
os Santos, o Moíleiro das Comendadeiras pennas como faõ as de Fr. Bernardo de
da Ordem Militar de S. Tiago, c a Igreja Brito EJog. dos Reys de Portug. p. 113..
de Santo António fundada onde teve o feu Foy de ^ande animo de fe naÕ Jenborear de
Oriente efte infigne Thaumaturgo. Para privados, inclinado a fat^er mercês, e remune-
fignificar a exceíTiva ternura com que amou rar fervidos. Marrac. Keg. Marian. p. 151^
aos feus VaíTallos formou huma empreza Vir omni laude Juperior. Salaz. e Caftr. Wfi.
em que fe via hum Pelicano abrindo com de la Caf^. de Sylv. liv. 6. cap. 15. §. 2^
o bico o peito para alimentar com o pro- aqtàen Jus virtudes grangearon el renombre
prio fangue a feus filhos animada com eJfta que jufiamente gos^a de Principe Perfeão. OJor
letra Pro lege, <& grege. Ainda quando era de rehus Emmanuel lib. i. pag. mihi 6.
Principe teve de D. Anna de Mendoça Fuit vir clarus, et excelfus, infejius impra-
filha de D. Nuno de Mendoça Apozenta- bis, banis propitius, juftitia cupidus, <& in-
dor mòr delRey D. Afíonfo V. e de fua omni genere virtutis admirandus. Fonceca.
mulher D. Leonor da Sylva ao Senhor D. Ejjor. Glorio/, p. 97. Na liberalidade ex-
lorge tronco da preclariflima Caza, e Eíla- cedeo a Alexandre, no valor fe avantajou a-
do dos Duques de Aveiro. Foy infigne Ce^ar porque naÕ fó triumfou dos vivos, mas
cultor da lingua Latina cuja elegância por três ve^es tratou intrépido com os defun-
exprimio em huma carta efcrita em Lis- tos, e finalmente foraõ as fuás excellencias~
boa a 23 de Outubro de 1491. a Angelo taõ raras que a pe^ar da enveja as venera-
Policiano celebre FHologo daquella ida- raõ, e aplaudirão os mefmos inimigos. Bar-
de perfuadindo-o a efcrever no idioma La- bud. Empre:^^. Milit. de Ijufit. p. 109. v.***
tino, ou Tofcano a Hiftoria de Portugal. Amava por ejhremo qualqtáera virtud en lor
Q)meça. hombres, por lo contrario aborrecia qualquer
loannes Dei Gratia Rex Portugallia, et vicio publico Manoel de Faria, e Souza.
Algarbiorum citra, (ò" ultra maré in Africa Europ. Portug. Tom. 2. Part. 3. cap. 4.
Dominus Guinea Angelo Politiano viro peri- §. iio. Era gentil Filofofo, y mwf vijlo en-
tijjimo, <& amico fuo S. P. D. Ex fuavi- las Mathematicas, y Hijiorias. Menezes
JJimis tuis literis, doãijftme vir <ô'c. Sahio Portug. Kejlaur. Tom. i. pag. 9. Cafli-
nas obras de Angelo Policiano lib. X. gou os Vajfallos indómitos, e nunca aguar-
Epijlol. Bafileas. 1553. foi, a pag. 138. e dou que lhe pedi jf em premio os beneméritos^
nas Prov. da Hiji. Geneal. da Caf(a Real. Souza Hijl. Gen. da Ca^. Real Portug..
Portug. Tom. 2. p. 162. Tom. 3. liv. 4. cap. 3. p. 114. Fojy admi-
Em varias linguas fe efcreveo a Vida ravel a prudência, valor, e cautela com que
defte Monarcha, fendo todas limitadas vozes efte ^ande Rey fe portou com os amigos, e
para publicar as fuás virtudes. Na Latina a inimigos confervando a pat^, e amit^ade com-
efcreveraõ o P. António de Vafconcellos tal modo que mais parecia fuperior, e arbitro
Anaceph. Reg. loifet. pag. 215. e o Excellentif- do que igual.
íimo Marquez de Alegrete Manoel Tellez da
Sylva com igual pureza, que elegância a qual D. lOAÕ m, em o nome, e ded-
foy duas vezes impreíla: na Portugueza mo quinto entre os Monarchas Portu-
Garcia de Refende Moço da Camará do mef- guezes fahio à luz do mimdo na famofa.
mo Rey, e Fidalgo da fua Caza; Damiaõ Gdade de Lisboa a 6 de lunho de 1502.
de Góes Chronifta mòr do Reyno, e Pe- fendo filho fegundo dos Sereniflimos Mo-
dro de Maris Dial. de Var. Hifi. Dial. narchas D. Manoel, e D. Maria fua 2.
4. cap. 10. Na Caftelhana D. Agoíiinho efpoza filha dos Reys Catholicos Fernando,.
568
BIB LIO THE CA
c Izabel. Recebeo as primeiras inílruçoens
cia lingua Latina de D. Diogo OrtÍ2 de
Vilhegas Bifpo de Tangere, e a explica-
ção da Theorica dos Planetas de Thomaz
<ie Torres infigne Aftrologo, e excellente
Medico, e com a difciplina de taõ grandes
Meftres naõ correfpondeo a aplicação do
eíhido à comprehenfaõ do talento de que
era ornado. Defde a idade da adolefcen-
<na o admitio feu Pay ao Concelho para
que naquella politica efcola aprendeíTe a
difícil arte de reynar à qual deu feliz prin-
cipio em 19 de Dezembro de 1521. em que
foy aclamado fuceíTor defta Monarchia. Nos
theatros mais bellicofos do Univerfo exten-
•deo a fama do feu nome, abateo o orgu-
lho dos inimigos, e elevou a gloria da Na-
ção Portugueza ao mayor zenith da feli-
cidade humana. Na Afía acrecentou as glo-
riofas Q)nquiílas de que fora author o he-
róico efpirito de feu grande Pay derrotando
os mayores Potentados do Oriente pelas
fiilminantes efpadas dos Cunhas, Gamas, e
Menezes. Na America domefticou a fero-
cidade dos bárbaros pela armada induílria
dos Souzas, e Coftas. Na Africa fendo ef-
teril o feu terreno fe fecundarão as pal-
mas, e os louros para os triumfos dos
Mafcarenhas, Botelhos, e Attaydes fobejan-
do para eterno clarim da fua fama o cele-
bre Galeaõ, que jogava trezentas, e fef-
fenta, e féis peças de Artilharia com que
focorreo ao Cefar Auílriaco na expedição
de Tunes fendo entre quatrocentos vazos
de que fe compunha a Armada o glorio-
£0 inftrumento da Conquiíla da Goleta. A*
Religiofa piedade de feu animo fe deve
a ereçaõ do Tribunal do Santo Oííicio in-
contraftavel propugnaculo da Fé contra a
herética pravidade de que foy I. Inquiíi-
dor Geral D. Fr. Diogo da Sylva igual-
mente illuftre pelo fangue, que pela vir-
tude. Depois de inítituir o Tribunal da
Mcfa da , Conciencia, e Ordens Militares,
cujos Meftrados incorporou na Coroa, com-
padecido de que innumeraveis VaíTallos, que
habitavaõ as Regiocns da Aíia, c Ame-
rica naõ recebiaõ o pafto neceflario para
alcançar a vida eterna, fuplicou ao Sum-
mo Paílor, que erigifle cm Cathedraes a
Qdade de Santa Catherina em Goa, a de
S. Salvador cm Angra, a de Cabo Verde,
e S. Tiago em Africa, e a de S. Salva-
dor na Bahia de todos os Santos em a
America, as quais proveo de Bifpos, que
imitarão o zelo dos Prelados da primitiva
Igreja, O mefmo ardor de Religião fe
admirou dentro do feu Reyno elevando a
Metrópoles as Igrejas de Évora, c a do
Funchal fendo o primeiro Arcebifpo da pri-
meira feu Irmaõ o Cardial D. Henrique,
e da fegunda com titxilo de Primaz do
Oriente D. Martinho de Portugal, e illuf-
trando com Cadeiras Epifcopaes as Gda-
des de Leiria, Miranda, Portalegre a que
foraõ aíTumptos D. Fr. Braz de Barros, D.
Toribio Lopes, e D. luliaõ de Alva Efmo-
leres da Raynha D. Catherina. Entre todos
os Monarchas Portuguezes foy o mayor
Mecenas das Artes, e Sciencias pois con-
íiderando, que por defcuido dos feus co-
roados predeceíTores eílavaõ quaii extinâas
em Portugal para gloriofamente as reftau-
rar elegeo peflbas dignas de taõ alta em-
preza as quais mandou inílruir no Collegio
de Santa Barbara de Pariz confignando-lhe
copiofos eftipendios para fua fuílentaçaõ
donde fahiraõ egregiamente peritos nas le-
tras amenas, e feveras. Efte nobre empenho
do augmento das Faculdades fcientificas o
eílimulou para que no anno de 1537. trans-
feriíTe de Lisboa para Coimbra a Univerfi-
dade como lugar mais retirado do tumulto
da Corte, e conducente para o progreíTo dos
eíludos, devendo eíla Athenas da Lufitania
aos defvelos defte Príncipe a immortal fama,
que adquirio entre as mais celebres Uni-
verfidades do mundo aíTim na profunda lit-
teratura de feus Meftres, que com largos
difpendios convocou de varias partes, como
dos famofos varoens, que delia fahiraõ em
todas as idades para ornato do Sacerdócio,
e do Império. Mayor era a ambição, que ti-
nha de dilatar o Império de Chrifto, do que
de extender os feus domínios mandando
Operários Evangélicos dos quais foy precurfor
o apoftolico efpirito de S. Francifco Xavier
para cultivar as vaftinimas vinhas da Etió-
pia, China, e lapaõ donde derramarão depois
de copiofos fuorcs o próprio fangue cm
L USITANA.
569
I
L
obzequio do Redemptor Qucificado. Nas
fabricas fe moítrou taõ magnifico, que com-
petio com a generofa idea de feu Pay fendo
os mármores do Collegio de Coimbra dos
PP. Jefvdtas; da Caza profeíla de S. Roque
de Lisboa, do Templo de N. Senhora da
Graça de Lisboa, e do Aqueduâo da Fon-
te da prata da Qdade de Évora ainda que
mudos, eloquentes pregoeiros da fua Real
liberalidade. A prudência, que he a baze
dos tronos, foy fempre a direâora das fuás
acçoens da qual deu hum illulbre argumento
quando fe confervou neutral fem offenía do
parentefco, e da amizade entre os dous
mayores emulos, que naquelle tempo ref-
peitava a Europa Carlos V. e Frandfco I.
Promulgou leys para confervaçaõ da Mo-
narchia, e derrogou outras que lhe parece-
rão feveras por fer o feu génio mais incli-
nado à clemência, que ao rigor. Elegeo
fempre os Miniftros mais doutos, e menos
rigidos, e para que o premio fe dividiíTe
pelos beneméritos, e a Republica foíTe bem
fervida nunca confentio, que adminiftraiTe
hum muitos lugares. Para evitar controver-
ÍJas de que podiaõ nacer defordens deter-
minou a precedência dos Grandes ainda, que
foíTem feus parentes i>ela antiguidade das
Cartas, cuja determinação ainda hoje fe prac-
tica. Foy cordial devoto de Maria SantiíTi-
ma, e do Principe da milicia Angélica S.
Miguel ampliando por indulto Apoftolico
na fua Real Capella em os Sabbados, e Ter-
ças feiras os cultos deftes feus Tutelares.
Teve memoria taõ feliz, que paíTava a monf-
truofa confervando nella os nomes, e apel-
lidos de todos os Eíhidantes, que lera na
Matricula da Univerfidade de Coimbra. Ini-
migo dos cuftumes Eftrangeiros, e unica-
mente amante dos pátrios fempre uzou do
traje Portuguez por fer o mais honefto.
Entre o belhco furor de Marte em que
ardia grande parte da Europa fe confer-
vou Pacifico, colhendo os feus VaíTaUos
à fombra da tranquiUidade publica os fini-
tos das mayores felicidades. Tendo vivido
55 annos, e 5 dias, e reynado 55 annos, fin-
co mezes, e vinte e nove dias foy improvi-
íamente acometido de hum acddente apo-
pletico a II de Junho de 1557. e reftituido
ao juizo, como conheceíle o perigo em que
eftava fe confeíTou com o Bifpo de Ley-
ria D. Fr. Gafpar do Cazal, e recebendo
o Sagrado Viatico com fumma piedade, e a
Extrema-unçaõ miniftrada pelo Cardial D.
Henrique, efpirou pladdamente entre as
onze horas, e doze da noute. Ao dia fe-
guinte foy levado o Real cadáver com gran-
de pompa ao Convento de Belém onde fe
collocou em hum fumptuofo Maufoleo cer-
cado de cento, e vinte, e outo tochas. De-
pois de fe cantar folemnemente o Offido
dos Defimtos redtou a Oraçaõ fúnebre o
Doutor António Pinheiro comovendo com
a eficada das fuás eloquentes vozes aos dr-
cunftantes para novas lagrimas. Sobre o
mármore do fepulchro fe lhe gravou o fc-
guinte Epitáfio.
Pa^g, domi, htlloque foris moderamine miro
Auxit loannes Tertius Imperium.
Divina excoltút, Kegno importavit Athenas
Hic tandem Jitus eft Rex, Pátria^ Pa-
rem.
Foy de mediana eftatura, porem cor-
pulenta; o roílo gentil, mas muito co-
rado, a barba preta, e bem povoada, olhos
azuis, e agradavds, e de afpeâo taõ ma-
geftozo, que cauzava naõ pequena tur-
bação a quem lhe fallava. Cazou em 5
de Fevereiro de 1525. com D. Cathe-
rina irmãa de fua Madrafta a Raynha
D. Leonor, e do Emperador Carlos V.
c filha de FiUppe I. de Caftella, e da
Raynha D. loanna herdeira daquella Co-
roa; e deíle auguílo confordo naceraõ
D. Affonfo, que brevemente morreo; a
Infanta D. Maria, que fe defpozou
em 12 de Mayo de 1543. com D. Fi-
Hppe Prindpe das Afturias, a qual mor-
reo de parto a 12 de Julho de 1545.
quando contava 17 annos, e nove mezes
de idade, e jaz no Pantheon do Conven-
to do Efcorial: as Infantas D. Izabel, e
D. Brites mortas em tenra idade. O Prin-
dpe D. Manoel jurado Prindpe herdeiro
da Monarchia a 15 de Junho de 1535.
e falleddo a 24 de Abril de 1537. O
Infante D. Filippe jurado fuceíTor da Co-
roa morreo a 29 de Abril de 1539. ^ ^'
Syo
fante DinÍ2 cuja vida durou brevemen-
te. O Príncipe D. loaõ, que nacendo
a 5 de lunho de 1537. morreo intem-
peílivamente a 2 de laneiro de 1554. def-
po2ado com D. loanna de Auílria filha
do Emperador Carlos V. e da Empera-
tri2 D. Izabel, de cujo conforcio naceo
ElRey D. SebaíHaõ. O Infante D. An-
tónio, que naõ chegou a cumprir o ef-
paço de hum anno. De D. Izabel Mo-
niz moça da Camará da Raynha D. Leo-
nor teve hum filho natural chamado D.
Duarte, que pelas fuás grandes letras, e
fumma capacidade foy aíTumpto à Cadei-
ra Primacial de Braga; e a D. Manoel
taõbem illegitimo que morreo em idade
pueril. Efcreveo as açoens politicas, e mi-
litares deíle Princepe Francifco de An-
drada do feu Confelho, e fcu Chroniíla,
e à fua gloriofa memoria dedicarão elo-
quentes Panegyricos o grande loaõ de
Barros, e António de CaíUlho Guarda
mòr da Torre do Tombo, e Chroniíla
mòr do Reyno. Os mais infignes Efcri-
tores lhe fizeraõ grandes elogios como
foraõ o Doutor Martim Afplicueta Na-
varro de Kedditib. Ecclef. cap. 38. Omnes
quotquot viderim Reges, régulos, €>* altos Prín-
cipes viros {vidi autem quàm plurimos in Hif-
paniis, eS?* Galliis) fuperat, (falia de Filippe
Prudente) Ji unum gloriofa memoria loannem
Teríium l^ufitania Kegem numquàm Jatis lau-
datum, eumdemque próximo cognatum ejus, <&
Jocerum jàm vita fun£tum excipias. O mefmo
Navarro in Apolog. pro defenf. fui nomin. ibi
loanni Tertio Kegum atatis Jua (abjit verbo adu-
latid) reliffone, elyemojinis, omatu, prudentia tam
belli, quàm pacis artibus infignita, jujiitia cle-
mentia radiis corujca mafftificentia omni ge-
nere modejlia decora, exemplari. Fr. Bernar-
do de Brito Elog. dos Keys de Portug.
pag. mihi 130. Foy amigo, e favorecedor
das letras Eduard. Non. Cenfur. in Tei-
xeir libell. Liíerarum Studia in Portugallia
excitavit, doãorum hominum flipendia auxit.
Vafconcellos Anaceph. Keg. hufit. p. 288.
Quantum illi debeat. Tbeologia, cateraque libe-
rales artes tejlis ejl Conimbrica quam altricem
fcientiarum ejfe voluit acitis illuc magnis propofi-
tis flipendiis, eJ»* honoribus ex Gallia, C>* Hif-
BIBLIO THE C A
pania florentijjimis praclara eruditione ma^firis,
locupletata Academia plus tríginta millibus au-
reorum annuis. Fonceca Ejvor. Gloríof. p. 109.
Foy príncipe de infixe piedade, fngular prudên-
cia, ff^ande valor, e incorrupta Jujliça. Menezes
Portugal Kejlaur. Tom. i. p. 10. Govemoufe
pela Keligiaõ com que ejlabeleceo a jujliça fem-
pre inclinado á miferícordia. Pacheco Vid. da
Inf D. Mar. liv. i. cap. 18. p. 77. v.®. Ami-
go de la pa^ y de las letras para mayor exer-
cido delias reflituhio ã Coimbra la Acade-
mia, que Jujlamente merece el nombre de prí-
mero Fundador de aquella Univerjidad y pa-
dre de fus ejludios Godinho de Rebus Abyf-
ftm. lib. 2. cap. 16. virum prudentia, eb*
omnium virtutum laude fuo faculo tantum,
ut neque inter aquales, neque multis retro fa-
culis ullus extiterít quem ipfi vel nofira, vel
patrum atas jure anteponat. Maffeus Hijl.
Indic. lib. 12. pag. mihi 230. Id fane
Gymnajíum ipfe loannes in pojierum longe
profpiciens ex Olyjfiponenfi tumultu Conimbrí-
gam tranjlulerat in urbem antiquam, et Mu-
farum otiis jam aute dica tam; ac tum qui-
dem cafiigato praterlabentis Monda fluminis al-
veo falubrís paríter , et amani fecejfus. Eò
clarijfimos dicendi magijlros, ac mathematica
rei, ac medica profejjores, et humani, divini
que Júris, et Sacrarum literarum interpretes
non ex Hif pania tantum, fed etiam ex Gallia,
Germânia, Itália magnis pramiis evocabat: fcho-
lifque ex Parífienfi formula, et difciplina injli-
tutis aliquot infuper adolefcentium Collegia in
eadem urbe fundaverat.
Efcreveo.
Epijlola ad Sanãifimum Dominum Nof-
trum Clementem Pontificem Vil. data Se-
tuval 28 Maii IJ32. Foy mandada quan-
do os Embaxadores da Etiópia paflaraò
a Roma para dar obediência ao Pontí-
fice. Sahio imprcfla no Tom. 2. Hifpan.
llluflrat. pag. 1287. Francofurti apud Clau-
dium Marnium. 1603. foi. e delia faz
mençaõ o moderno addicionador da Bib.
Oríent. de António de Leaõ Tom. i.
Tit. 12. col. 589.
Epijlola ad Santijftmum Dominum Pau-
lum III. Pontificem Maximum data Ebo-
ra 20 lulii 1536. Confiava dos fcli-
L USITAN A.
571
ces SuceíTos, que as fuás Armas alcança-
vaõ no Oriente. Ambas eftas Cartas fa-
hiraõ impreíTas Francofurti 1630. 4. e del-
ias fe lembra Lipenio Bib. Keal. Theolog.
pag. 606. col. 2.
Carta efcrita de Évora a i^ de Alayo de
1535. ao Duqtie D. Tbeodof^io de Bragança para
que acompanhe ao Infante D. Lmz "^ Tomada
de Tunes. ImpreíTa na Cbron. de/Rey D. Ma-
noel efcrita por Damiaõ de Góes Part. i.
cap. loi.
Carta efcrita de Almeirim a % de Março
de 1346. a D. loaõ de Caflro Governador da
índia. He elegante, e extenfa. Sahio na Vid.
de D. loaÕ de Caflro efcrita por lacinto Frey-
re de Andrada liv. i. n. 69.
Carta efcrita de Usboa a zo de Outubro
de 1547. ao mefmo D. loaõ de Caflro. Sahio
na Vida deíie Heroe Uv. 4. n. 95.
Carta efcrita em Usboa a ^ de Agoflo
de i^4j. a E/Rey de Congo. ImpreíTa na
Chron. da Companhia de lefus da Prov. de
Portug. compoíla pelo Padre Tellez P. i.
liv. 2. cap. 28. §. 5.
Carta efcrita em Coimbra a 10 de Novem-
bro de 1550. ao Summo Pontífice lullo III.
Impreíla na referida Cbron. liv. 5. cap. 16.
Duas Cartas ef cri tas em Usboa a ^o de
lanelro de 1555. A primeira para Santo
Ignado de Loyola; a fegunda para D. Af-
fonfo de Alencaífare Embaxador em Roma.
Ambas na dita Chronlc. liv. 3. cap. 35. §.
3. e 4.
Carta efcrita de Usboa a ^ de lanelro de
1553 ao Pontífice Itdlo III. em que lhe recomen-
da a Companhia de lefus.
Carta efcrita a hum Cardlal fobre a ma-
ieria da precedente. Ambas impreflas na Chro-
mca do Padre Tellez. Part. 2. liv. 4. cap.
12. §. 4. e 6.
Ditas Cartas efcritas de Usboa a z^ de
lanelro de 1553. A 1. a D. Affonfo de Alen-
caftro Embaxador na Cúria; aza EJRey de
França em favor da Companhia. ImpreíTas na
Chron. da Companhia Part. 2. liv. 4. cap. 12.
§. 9. e 12.
Carta efcrita ao Blfpo Conde D. Fr. loaõ
Soares. Impreíla na dita Chron. P. 2. liv.
6. cap. 15. §. I.
Carta efcrita em Usboa a 10 de Setembro
de 1555. ao Doutor Diogo de Teyve para en-
tregar o governo das Efcholas menores aos PP.
lefmtas. ImpreíTa na referida Chron. P. 2.
liv. 6. cap. 18 §. 10.
Carta efcrita no armo de 1555. ao Provin-
cial da Companhia da Provinda da índia Sahio
na Ulfl. da Etlop. Alt. do Padre Tellez liv.
2. cap. 20. pag. 149.
Cartas para os R^j de França Franclfco I.
e D. Uonor a cerca da partida da Infanta D.
Maria. ImpreíTas na Vida deíla Senhora
compoíla por Fr. Miguel Pacheco liv. i.
cap. 10. pag. 35. v.o e 36.
Carta efcrita de Usboa a 28. de Março
de 1556. ao VlceRey da índia em que lhe man-
da fe Informe das açoens mrtuofas de S. Fran-
clfco Xavier para delias fe efcrever a fua Vida.
Sahio vertida em latim pelo P. Manoel da
G)íla P>jer. à S. I. In índia geflar. p. 5. e deUa
faz mençaõ o addicionador da Blb. Orlent.
de António de Leaõ Tom. i. Tit. 8. coL
151.
Carta efcrita a Uurenço Pires de Távora
Embaxador a Carlos V. ImpreíTa na Vida
da Infanta D. Maria aíTima aUegada liv. i.
cap. II. pag. 4.
Carta efcrita a zi de Fevereiro de 1557.
a Uurenço Pires de Távora. Impreíla na Vida
da Inf. D. Mar. liv. i. cap. 17. pag. 73. v.o
D. lOAÕ rV em o Nome, e vigef-
íimo primeiro entre os Monarchas Por-
tuguezes naceo em Villaviçofa a 19 de
Março de 1604. de feus SereniíTimos Pays
D. Theodozio 2. do nome e 7. Duque
de Bragança, e D. Anna de Velafco fi-
lha de D. loaõ Fernandes de Velafco
Condeftavel de CafteUa, 6. Duque de Frias
Conde de Haro, Marquez de Berlanga,
Camareiro mòr delRey, Confelheiro de Ef-
tado, e Governador de Milaõ, e da Du-
queza D. Maria Giron filha de D. Pe-
dro de Giron I. Duque de OíTuna e
VI. Conde de Urenha. Iníbruido na lín-
gua Latina que lhe fervio para a intelli-
gencia da Sagrada Efcritura de cuja Uçaõ
fummamente fe deleitava, começou a fe-
guir o exercido da caça com tal mode-
5/2
raçaõ, que fem fatígar o corpo evitava os
pcrniciofos cffeitos da ociofidade. Entre to-
das as Artes Liberaes lhe deveo mayor in-
clinação a Mufica de cuja armonica Facul-
dade teve por Meftre a Roberto Tornar de
naçaõ Inglez, e difcipulo do famofo Geri
de Gherfen Meílre da Capella do SereniíTimo
Archiduque Alberto Senhor dos Eftados de
Flandes, fahindo taõ perito com as fuás
inílniçoens que chegou a praélicar com
admiração dos mayores profeíTores deíla Ar-
te os feus preceitos aflim theoricos, como
pra£tícos. Por morte de feu Pay fendo ou-
tavo Duque de Bragança, quinto de Gui-
maraens, e terceiro de Barcellos fe defpo-
20U a 12 de laneiro de 1633. com a Se-
nhora D. Luiza Francifca de Gufmaõ filha
de D. loaõ Manoel Perez de Gufmaõ ou-
tavo Duque de Medina, e Sidónia, e de D.
loanna do Sandoval filha de D, Francifco
de Sandoval I. Duque de Lerma, e da Du-
queza D. Catherina de Lacerda celebrandofe
efte auguílo defpozorio com taõ plaufiveis
júbilos que foraõ vaticínios da dignidade
real a que haviaõ fubir os dous excellentif-
íimos Confortes. Oprimida fatalmente a
Monarchia de Portugal com o violento do-
mínio de Caftella fe deliberarão os Portu-
guezes facudir taõ pezado jugo, e defpe-
daçar as cadeyas, que ignominiofamente ar-
raftavaõ pelo efpaço de feíTenta annos para
cujo fim fendo precurfores da Uberdade os
tumultos de Évora, aclamarão por feu legi-
timo Soberano ao Duque de Bragança D.
loaõ em o faufto dia do primeiro de De-
zembro de 1640. e a 15 do dito mez foy
coroado na Corte de Lisboa com a folem-
nidade cuíhimada em femelhantes funçoens.
Elevado ao trono de feus Avós para fa-
zer patente aos Príncipes da Europa a juf-
tiça com que cingira a Coroa uzurpada
pela ambição Caftelhana, expedio por Em-
baxadores a França Francifco de Mello
Monteiro mór do Reyno; a Inglaterra D.
Antaõ de Almada; a Olanda Triílaõ de
Mendoça; a Dinamarca Francifco de Sou-
2a Coutinho; e a Roma D. Miguel de
Portugal Bifpo de Lamego que com igual
fidelidade, que prudência dezempenharaõ
as obrigaçoens de taõ alta inciimbencia.
BIBLIO THE CA
A fortima alliada com o valor lhe conce-
derão gloriofos fuceíTos pelo impulfo das
noíTas Tropas, que entrando conquiftadoras
pelas Fronteiras de Caftella depois de ga-
nhar Praças, demolir Caftellos, e abrazar Vil-
las fe coroou com a Vitoria do Montijo on-
de de vencidas paíTáraõ a viftoriofas as Ar-
mas Portuguezas. Naõ foraõ inferiores os
triumfos, que alcançou dos Olandezes cm
Pernambuco, pois havendo fuftentado por
quatorze annos guerra contra taõ cavillofa
Potencia com as duas celebres Vitorias dos
Garárapes lhe quebrou de tal forte as for-
ças, que ficou pacifico dominador de toda
aquella Capitania. Com generofa hofpita-
lidade protegeo os Príncipes Palatinos Ro-
berto Duque de Gumberland, e feu irmaõ
Maurício filhos de Federico V. Conde Eley-
tor Palatino perfeguidos do Tyrano Cro-
mwvel os quais bufcando por azilo o
porto de Lisboa defendeo por mor, e
terra, que naõ foíTem entregues ao Ge-
neral Blac, que com huma Armada com-
pofta de quinze navios anciofamente os
procurava. Entre os beneficios, que re-
cebe© da maõ omnipotente foy o mayor
quando acompanhando a Prociflaõ do
Corpo de Deos a 20 de lunho de 1647.
naõ permetio, que a fua vida foíTe fa-
tal defpojo da perfidia Caftelhana, erigin-
doíTe para eterno monumento da gratifica-
ção hum Templo em o lugar deftinado para
taõ abominável AíTaíTino. Attendendo com
paternal vigilância pela eftabilidade da Mo-
narchia, e confervaçaõ de feus VaíTalos pro-
mulgou leys utiliíTimas, e erigio os Tribu-
naes do Confelho de Guerra, lunta dos Três
Eftados, Confelho Ultramarino, e a lunta do
Comercio. Movido do cordial aífedlo com
que venerava o puriíTimo Myftcrio da Con-
ceição da Senhora a declarou nas Cortes
celebradas no anno de 1646. Padroeira, e
Defenfora do Reyno, e querendo teftemu-
nhar com mayores argumentos a fua pie-
dade mandou bater moedas de ouro, e
prata em que eftava efculpida a Imagem
da Senhora, e ordenou à Univerfidade de
Coimbra, que todos os Académicos antes
de receber o gráo das Faculdades juraíTem
o fingular privilegio com que aquella di-
f
L USITAN A.
vina PriQce2a foy izenta de culpa Original.
Foy profundo venerador dos Vigários de
Chriílo ainda quando com mais politica,
que juítiça lhe negáraõ a confirmação dos
Bifpados do Reyno, bxifcando todos os
meyos para juftificar a fua obediência, e naõ
admitindo os pareceres dos Theologos por
ferem pouco conformes aos religiofos diâa-
mes da fua conciencia. Com generofa pie-
dade ratificou a Doaçaõ ao Real Moíleiro
de Alcobaça das rendas, que eílavaõ uni-
das a Abbadia Commendataria na mefma
forma, que lhas doara feu invido predecef-
for D. Affonfo Henriques em remuneração
do auxilio, que com as fuás fervorofas ora-
çoens lhe deu S. Bernardo quando conquif-
tou eíla Monarchia dos Sequazes de Ma-
foma. Havendo triumfado de inimigos do-
mefticos, e eílranhos, e eílabelecido alianças
com os mayores Potentados da Europa
cahio infermo de huma fopreíTaõ alta, que
fazendo-fe rebelde a todos os medicamen-
tos fe preparou corroborado com os Sa-
cramentos para a ultima hora, e depois de
exhortar a feus filhos a hum amor reci-
proco, pacificar as famílias de mayor dif-
tinçaõ, que eftavaõ difcordes, perfuadir aos
Miniftros a adminiftraçaõ da juítiça, e aos
Generaes a vigilância das Fronteiras en-
tre a repetição do SantiíTimo Nome de lE-
SUS, e da Virgem Immaculada efpirou pla-
cidamente em himia fegunda feira 6 de No-
vembro de 1656. quando contava 52 an-
nos, 7 mezes, e 18 dias dos quais foy 26
annos Duque de Barcellos, dez Duque de
Bragança 16 menos 24 dias Rey de Por-
tugal. Foy fepultado em o Real Convento
de S. Vicente de fora de Cónegos Regrantes
de Santo Agoftinho em hum foberbo JMau-
foleo fabricado de preciofos mármores de-
baixo do Sacrário do Altar mór com duas
faces eftando gravado na que olha para o
Altar o feguinte Epitáfio.
Sije Hofpes: Regum virtutes quaris in
uno?
Joannes Ouartus conditur boc Tumulo.
Hic Lyjiam ajferuit, fervavit, rexit, çíy auxit
Jure, armis, nutu, limitihufque novis
Na parte, que olha para o Coro.
5/3
ímpia facrilegi peteref cum dextra Joannem
In niveo cufios adfuit orbe Deus
Ergo vel in Tumulo Rex bane Je fijlit ad
aram
Cujlodem ut cufios excuhet ante fuum.
Foy de eftatura mediana, muito gentil
antes das bexigas, que lhe diminuirão parte
defte dote. Teve o cabello louro, olhos
azuis alegres, e agradáveis; a barba mais
clara, que o cabeUo, o corpo groíTo, e ro-
bufto ao qual a defordem do alimento fez
menos durável. Defprezou a pompa de vef-
tir evitando com a moderação do traje o
luxo dos feus VaíTalos. Na converfaçaõ foy
difcreto ainda, que uzava de palavras pouco
polidas, prompto nas refpoílas, e nos def-
pachos da fua maõ jovial. Amou a juítíça
com tanta obfervancia, que ainda fendo ar-
guido de fevero pelos delinquentes nunca
degenerou em rigor. Exercitou a liberali-
dade fem nota de pródigo difpendendo gran-
de copia de dinheiro com politico fegredo
em utilidade da Coroa. Nunca admitio Va-
lido na adminiftraçaõ do governo, e fo-
mente fe fojeitava à direção dos Minif-
tros mais reélos, e intelligentes. Prevenio
com vigilante cautela todos os fuceíTos futu-
ros de que refultou fahirem fempre infruc-
tuofas as maquinas de feus inimigos. Do
augufto matrimonio, que contrahio com a
Senhora D. Luiza Frandfca de Gufmaõ na-
ceraõ o Principe D. Theodofio, que ornado
de todas as virtudes moraes, e fciencias di-
gnas da fua peUoa falleceo a 15 de Mayo
de 1654. A Senhora D. Anna, que a 21
de laneiro de 1635. unio o berço com o
tumulo. A Infanta D. loanna, que intem-
peftivamente morreo a 17 de Novembro de
1653. A Infanta D. Catherina, que fe def-
pozou com Carlos II. Rey de Inglaterra em
o anno de 1662. e depois de aíTiftir naquelle
Reyno quafi trinta annos por morte de
feu augufto Efpozo fe reftituhio a Portu-
gal em 20 de laneiro de 1695. onde mor-
reo a 31 de Dezembro de 1705. O Senhor
D. Manoel nacido, e morto a 6 de Setem-
bro de 1640. O Principe D. AíFonfo, que
fubindo ao trono a 15 de Novembro de
1656. foy depofto pela fua incapacidade
a 25 de Novembro de 1667. e morreo
574
BIB LIO THE CA
no Palácio de Qntra a 12 de Setembro de
1683. O Infante D. Pedro, que fendo ju-
rado fuceflbr da Coroa a 27 de laneiro de
1668. governou o Reyno com titulo de
Príncipe em quanto viveo feu irmaõ D. Af-
fonfo, e depois de o reger como Monar-
cha mais de vinte e três annos morreo a
9 de Dezembro de 1706. Fora do matrimo-
nio teve a Senhora D. Maria, que recolhida
no Convento de Carnide de Religiofas Car-
melitas Defcalfas acabou piamente a vida
a 6 de Fevereiro de 1693. Foy infigne pro-
fcíTor da Muíica digna ocupação de Prin-
cipes como em feu tempo a praílicáraõ
Fernando III. Emperador de Alemanha, e
Filippe IV. Rey de Caftella. luntou huma
magnifica Bibliotheca compofta dos mi-
Ihores Authores de todas as Naçoens in-
íignes neíla armonica Faculdade, e delia
mandou imprimir a i. Parte do feu Index.
Lisboa por Paulo Crasbeeck. 1649. 4. gran-
de. Comprehendia 521. paginas. Foy aplau-
dido o feu nome pela excellencia defta Arte
da qual penetrou profundamente os Myf-
terios. O grande Fr. Francifco de Santo
Agoílinho Macedo Propug. Lm/íí. Galic. pag.
100. Cantihus facris ita deleEtatur, ut non modo
eos lihenter audiat, fed quâ pollet titque ad ad-
mirationem mujicarum rerum Jcientia Davidis
inflar hymnos fcientijftme componat, quorum har-
monia Templa rejonant. O Doutor Duarte
Madeira Nova Phiiofoph. Difp. 9. Tom. 2.
prim. Part. Seft. 6. n. 3. Mufarum Cori-
phaum, et n. 9. Orphaus. iMJitanus. P. Em-
man. Ludou. Vit. Princip. Theodojii. lib. i.
cap. II. n. 124. Conjlanti omnium Jcientia hu-
jus nobilijftma artis Mufica peritiá excelluit.
Manoel de Galhegos Templo da Memor. liv.
I. Eílanc. 56. 57. e 58.
Cuidado/o, Jolicito engolfado,
No immenfo mar da Mufica procura
Ir por algum caminho deJu:^ado
A dar novos preceitos à doçura:
E a de/cobrir na orgânica armonia
Números novos, nova melosa.
Quando douto, e armonico perfende
Encher de varias flores hum motete
Com ffaça Juperior as vo:(es prende;
E com tanta deftre:(a hum paffo mete,
Que antes, que efte fuavifftmo feneça,
Outro mudando de intenção, começa.
Por novos modos, nova variedade
Faz f^oMifib^r o vo^: talve^ a obriga
A que fuja com rara fuavidade,
Talve:^ a que galharda hum pajfo figa.
Ora com ley de números lhe manda
Que tremula fe quebre, e pare branda.
Compoz.
Defenfa de la Mufica contra la errada opi-
nion dei Obifpo Cyrillo ¥ ranço. Lisboa. 1649.
4. Nella eílá huma Carta deíle Bifpo ef-
crita ao Cavalheiro Ugolino Gualteruzzio
em que fe queixa de que a Muíica moder-
na naõ faça os effeitos da antigua. Dedi-
cada a loaõ Lourenço Rebello Fidalgo da.
Caza Real Commendador de S. Barthola-
meu do Rabal da Ordem de Chrifto hum
dos mais famofos profeflbres da Muíica,
que venerou a fua idade. No fim da Dedi-
catória tem eílas duas letras iniciacs D. B.
que fignificaõ Duque de Bragança. No
principio da obra eílá hum Soneto Acroílico
compoílo por feu Sereniífimo Author cm
louvor da Mufica Moderna lendofe pelas
letras iniciaes dos quatorze Verfos EJ Rçy
de Portugal. A eíla obra dedicou hum largo
Elogio loaõ Alvres Frouvo Bibliothecario
da Bibliotheca Real da Mufica, e Meílre cm
a Cathedral de Lisboa em o feu livro in-
titulado Difcurfos fobre a perfeição do Diathe-
faron. Lisboa. 1662. Defta defenfa da Mu-
fica feita pelo Sereniífimo Rey D. loaõ o
IV. lhe fazem os feguintes Elogios D. Fran-
cifco Manoel de Mello Prolog, do Pantheon.
I. Parte. Real nos diò un Author foberano en
la Defenfa de la moderna armonia com que a
toda fuavidad dexò illuftre y obligada. E na
Carta dos A A. Portng. E outro fobre todos
os mais celebres levantado na defefa da Mufica
moderna, que por ella fe rio naÔ fó real, mas
defendida. loan. Soar. de Brit. Theatr. Lm-
fit. Utter. lit. I. n. 14. In quo infixem ejus
artis peritiam non folum prodidit, fed etiam in
litteras propenfionem.
Kefpueflas a las dudas, que fe ptífie-
ron a la Mijfa Panis quem ego dabo de
Paleflrina . imprejfa en el libro %. de fus Mif-
I
L USITAN A
Jas. Lisboa. 1654. 4. Sahio traduzida em
Italiano com efte titulo.
Kifpojie alli duhii propofii fopra Ia Mijfa
Panis quem ego dabo ck/ Pakjirína fiam-
pàta delle Jue Mijfa tradoãe de Spafftuolo in
Italiano. Roma por Maurício Balmonti.
1655. 4. Tem no frontifpicio as Armas
Reaes de Portugal, que indicaõ a peíToa do
feu Author, pollo que naõ tenha o feu
nome.
Dous Mofetes fahiraõ impreíTos no fim
das obras Muíicas de loaõ Lourenço Ra-
bello. Romx Typis Mauritii, et Amadei Bal-
montiarum. 1657. 4.
Magnificai a 4. vozes.
Dixíf Dominus Domino meo. a 8.
J-Mudate Dominum omnes gentes, a 8.
Concertado fobre o Canto-chaõ do Hy-
mno Ave Maris Stella.
Concordância da Aíufica, e pajfos delia
<:ollegida dos majores profeffores defia Arte.
M. S.
Principias da Mufica, quem foraÕ f em pri-
meiros Authores, e os progreffos, que teve.
foi. M. S. De quaíi todas eftas obras
faz mençaõ o Padre D. Ant. det. de Souz.
Hifi. Geneal. da Ca^. Real Portug. Tom. 7.
liv. 7. pag. 240, 241. e 242.
Praãica aos Fidalgos em 28 de Julho
Ae 1641. quando foraÕ pret(os por inconfi-
dentes o Marques de Villa Real, e o Du-
^e de Caminha. Lisboa por António Al-
vres 1641. foi.
Memoria, que deixou à Raynha D. JLui^a
quando paffou no anno de 1643. à Provinda
do Alentejo, e lhe cometeo a regência do Reyno.
O Original fe conferva na Livraria do Ex-
cellentiíTimo Duque do Cadaval como ef-
creve o P. Souza no lugar aíTima ?llegado
pag. 239. Outro memorial efcrito da fua
própria maõ mandou lançar nas Cortes com
o nome fupofto.
D. lOAÕ decimo Adminiftrador, e Go-
vernador do Meftrado da Ordem de Chrif-
to, e terceiro Condeílavel de Portugal quin-
to filho dos SereniíTimos Monarchas D.
loaõ o I. e D. Filippa de AlencaJlro
naceo na celebre Villa de Santarém a
13. de laneiro de 1400. Imitou a feu
5/5
grande Pay em os dotes de prudente, e
valerofo, e amou com particular afeélo a
feu irmaõ o Infante D. Pedro cuja trá-
gica morte em os Campos da Alfarrobei-
ra fentio exceífivamente. Foy cazado com
fua fobrinha D. Izabel filha de D. Af-
fonfo I. Duque de Bragança feu irmaõ,
e de fua primeira mulher D. Brites Pe-
reira da qual teve a D. Diogo quarto
Condeílavel de Portugal, e undécimo Mef-
tre da Ordem de Chriílo que morreo fol-
teiro no anno de 1443. D. Izabel que fe
defpozou no anno de 1447. com ElRey
D. loaõ o n. de Caftella, e falleceo a 15
de Agoílo de 1496. D. Brites que cazou
com feu Primo com irmaõ o Infante D.
Fernando Duque de Vifeu no anno de
1447. e morreo a 30 de Setembro de 1506.
e D. FiUppa Senhora da Villa de Almada.
Ao tempo que contava 42 annos de idade
foy arrebatado pela morte em a ViUa de
Alcácer do Sal a 18 de Outubro de 1442.
e jaz fepultado no Real Convento da Ba-
talha. Fazem delle memoria Leaõ. Chron.
delRey D. loaÕ o L cap. 13. Souza Hifi.
de S. Domingos da Prov. de Portug. P. i.
liv. I. cap. 15. Góes. Chron. do Princip. D.
loaõ cap. 17. Lopes. Chron. de D. loaÕ o I.
Part, 2. cap. 148. Ruy de Pina Chron. de
Affonfo V. cap. 77. Compoz.
Conjelho fobre a guerra de Africa. M. S. Co-
meça Amim me parece. He muito judiciofo.
lOAÕ por Origem Godo, e por na-
cimento Portuguez famofo Prelado que
floreceo em Hefpanha no Século fexto
teve por berço a nobre Villa de Santa-
rém eternamente gloriofa pela produção
de taõ grande filho. Anhelando na ida-
de da Adolefcenda colher os fazonados
frutos das fciencias fagradas, e profanas
deixada a Pátria paíTou a Conílantinopla
cabeça do Império Oriental, empório na-
queUe tempo de todas as Faculdades
identificas, e pelo efpaço de defafete an-
nos as cultivou com tanto difvelo, que
fahio perfeitamente confumado em todo
o género de erudição Latina, e Grega,
intelligencia da Sagrada Efcritiira, e Li-
ção dos Santos Padres. Reítítuido a Ef-
5j6
panha governava o Império Gothico Leo-
vegildo acérrimo fequaz da feyta Arriana
contra o qual fe oppoz com apoftolico ze-
lo moílrando evidentemente a falfidade em
que fe eftabeleciaõ os deteftaveis erros da-
quelle impio Herefiarcha, de cujo peílifero
veneno eílava inficionada grande parte de
Hefpanha. Conhecendo Lcovigildo a fatal
guerra, que eíle iníigne varaõ publicara
contra os erros de Arrio de que fe fe-
guiaõ gloriofos triumfos aos dogmas Ca-
tholicos, tentou a fua conílancia com ge-
nerofas promeflas, e com feveros caíligos
para que deíiílilTe da opoíiçaõ, que fazia
ao Arrianifmo, porem como experimen-
taíTe, que nem a brandura, e menos o ri-
gor lhe faziaõ a mais leve impreíTaõ no
fcu heróico peito, o deílerrou para Bar-
celona onde pelo efpaço de dez annos to-
lerou com animo imperturbável gravifli-
mas moleftias cauzadas pelo ódio dos Ar-
rianiílas. Entre o pélago de tantas tribu-
laçoens emprendeu o feu efpirito bufcar
porto tranquillo para a fua contemplação
fundando o celebre Mofteiro de Valclara
íituado no Principado de Catalunha nas
laizes dos Montes Pirineos duas legoas dif-
tante do illuílre lugar de Mon — Blanch no
qual plantou a vida MonaíUca, e lhe ef-
creveo para os feus habitadores fandtííTimas
ConíUtuiçoens. Ao tempo, que louvavelmen-
te exercitava o miniílerio de Abbade fuce-
deo, que por morte de Leovigildo cingiffe
a Coroa Gothica feu filho Recaredo, e co-
mo foíTe obfervantiíTimo profeíTor da Reli-
gião Catholica querendo premiar os feus
merecimentos o nomeou Bifpo de Girona
em cuja dignidade manifeftou em vários
Concilios celebrados em Efpanha onde af-
íiílio, o abrazado zelo de feu Coração em
promover os augmentos da verdadeira Re-
ligião, e extirpar as relíquias da zizania do
Arrianifmo. Cumulado de obras heróicas
recebeo o premio a ellas devido a 6 de
Mayo de 621. como efcreve Nicol. Ant.
Bib. Vet. lib. 4. cap. 5. §. 112. c naõ em
631. como quer loaõ Tamayo Salazar Mar-
tyrol. Hifp. Tom. 3. pag. 86. fundado nas
Aftas, que defte iníigne Varaõ compoz
Garcia de Loayfa extrahidas de vários M. S.
B IB LIO THE C A
que merecem pouca fé pelas muitas in-
coherencias que nellas fe obfervaõ, cuja
opinião feguio o Licenciado lorgc Cardo-
zo Agtol. Ljijit. Tom. 3. pag. 102. no
Comment. de 6 de Mayo letr. B. Baila
para eterna gloria defte infigne Prelado fcr
feu Panegeriíla o clari/Timo Arcebifpo de
Sevilha Santo líidoro do Script. EccUJ.
cap. 21. de quem beberão todos as noti-
cias das fuás virtuofas açoens, que louvaò
com diverfos Elogios como faõ Trith. de
Vir. llluftr. D. Bened. lib. 4. cap. 10.
Morales Hift. de Efpanha liv. 12. cap. i8.
Fr. Ant. Yepes Chron. de S. Bent, Tom.
1. Cent. 2. an. 599. Padilla Hiji. EccleJ.
de Ejp. Tom. 2. Cent. 5. cap. 70. Vafcon-
cellos Defcript. Regn. Poríug. foi. 521. n. 5.
lUuftriíTimo Cunha Hift. EccleJ. de Lisboa.
Part. I. cap. 21. Scoto Bib. Hifp. foi. 479.
Sabei. JEneid. 2. lib. 6. Diag. Hifi. de Bar-
cel. liv. I. cap. 15. e liv. 2. cap. 21. Pof-
fevino Apparaf. Sacer pag. 191. Brito Mon.
Ijdfit. Part. 2. liv. 6. cap. 17. Fr. Leaò
de S. Thom. Bened. Ljtjit. Tom. i. Trar.
2. pag. 5. cap. 32. Mariana Hift. de Efpan.
liv. 5. cap. 13. e 15. Garibay Compend.
Hiflor. de Efpan. liv. 8. cap. 14. Marieta
Cathal. dos Sant. de Efpan. liv. 3. cap. 37.
Efcolano Hifl. de Valenc. Part. i. liv. 2.
cap. II. Lober. Grande^, de LeaÕ Part. 2.
cap. I. foi. 167. Sampayo de Converf. JEgi-
dian. lib. i. foi. 11. v.o D. Nicol. de S. Maria
Chron. dos Coneg. Keg. liv. 4. cap. i. n. 15.
Sandoval Antiguidad. de Tuy. foi. 31. loan.
Soar. de Brito Theafr. Luftf. Utter. lit. I.
n. 21. Natal. Alexand. HiJi. Ecclefiafl. Sascul.
6. cap. 4. art. 15. Vafconcellos Hifl. de Sant.
Edificad. liv. 2. cap. 27. GraveíTon Hifl. Ecclef.
Tom. 2. pag. mihi 82. col. i. Efcreveo.
Regula Monachorum in Biclarenfi Canobio
degentium. M. S.
Chronicon. He huma breve Chronologia
Hiftorica desde o anno 567. até 589. que prin-
cipia no primeiro anno do Reynado de luftino
o moço, e acaba no outavo anno de Maurício
Príncipe dos Romanos, e o quarto anno delRcy
Recaredo, a qual obra foy efcrita confor-
me diz Santo líidoro, Hiflorico, compofito-
que fermone, e Fr. Bernardo de Brito hh-
narch. Lujit. Part. 2. lib. 6. cap. 17.
L USITAN A.
577
guardando na ordem, e efiilo de Hijloria tudo
aquilh, que convém a bum perfeito Chronifia.
O P. André Scoto da Companhia de le-
fus foy o primeiro q extrahindo da Biblio-
theca da Cathedral de Toledo huma copia
deíla obra a communicou a Marcos Vel-
fero Senador da Republica de Augufta,
cujo exemplar fe2 publico pelo beneficio
da impreíTaõ Henrique Canifio ProfeíTor dos
Sagrados Cânones na Univerfidade de In-
goliladio in Antiquar. L^ctionum. Ingolftadii.
1600. 4. Segunda vez foy pubHcada por
Francifco Scoto lurifconfulto irmaõ do P.
André Scoto em o 4. Tom. Hifp. lllufirat.
p. 134. Francofurti apud Claudium Mar-
nium 1608. foi. e na Colleã. Concil. Hifp.
do Cardial de Aguirre. Tom. 2. p. 421.
loaõ Gerardo VoíTio da Hijíor. Latin. lib.
2. cap. 23. confundio eíla Chronica de
loaõ de Valclara com o Paralipomenon Hif-
pania loannis Gerundenfs fendo eíle muito
diverfo daquelle.
lOAÕ DE ABOIM natural da Villa de
Tentúgal em a Provinda da Beyra do Bif-
pado de Coimbra. Foy muito eíhidiofo da
Genealogia em que efcreveo com forme o
Licenciado lorge Cardofo nas Memor. M.
S. para a Bib. Portug.
Familia dos Falcoens hijloriada. M. S. foi.
lOAÕ AFFONSO DE AVEYRO de
cuja notável Villa fituada em a Diocefe de
Coimbra foy natural, e filho de loaõ Gon-
2alves Alcayde mòr da Villa de Almofter,
e de Catherina Garcia da Gama. Entre
os Criados que teve D. Diogo quarto Du-
que de Beja, e irmaõ do SereniíTimo Rey
D. Manoel mereceo diftinta eítimaçaõ naõ
fomente pela nobreza do nacimento, como
pela agudeza do juizo com que metrificava
deixando eternizada a fua Mufa em alguns
verfos, que fahiraõ impreflbs a foi. 13c.
v.o e 131. do Cancioneiro de Garcia de R^-
fende, e muito mais em hum Volume de
Poet(ias Varias.
Que confervava M. S. em feu poder hum
religiofo da Ordem dos Pregadores em o
Convento de Lisboa como efcreve Fr.
Manoel Homem da mefooa Religião no
37
livro intitulado Kefurreiçad de Portugal, e morte
fatal de Cajlella que pubUcou com o afeâado
nome de Femaõ Homem de Figueiredo onde
liv. I. cap. 2. 5. e 12. allega Verfos delle cha-
mando em huma, e outra a feu Author. Pejfoa
infigne em letras, e virtude; e infigne VaraÕ.
lOAÕ AFFONSO DE BEJA natural
da Gdade do feu appellido Vedor da Caza
do SereniíTimo Lifante D. Luiz, e Com-
mendador de Santa Maria de Beja. Foy
filho de Rodrigo Affonfo de Beja, e D.
Ignez de Aboim filha de Álvaro de Brito.
Entre as peíToas de diíUnçaõ que acompa-
nharão no anno de 15 13. ao Duque de
Bragança D. layme para a expedição de
Azamor foy nomeado pela madureza do
juizo, e fidelidade do coração. ProfeíTou o
eíhido da lurifprudencia em que recebeo o
grão de Doutor, fendo ornado de todo o
género de erudição de que faõ teílemunhos
os celebres Diálogos que compoz de que faz
memoria o Licenciado lorge Cardozo Agiol.
Ijdfit. Tom. 2. p. 727. col. I. no Comment.
de 27 de Abril letr. A. os quaes faõ outo, e
tem por titulo.
Primeira Parte de paffatempo e Séflas
do Doutor loaõ Affonfo de Beja. Coníla o
I. Dialogo das Excellencias do Alentejo, e
Entre Douro, e Alinho interlocutores Duria-
no Efcudeiro de Entre Douro, e Minho, e
Anatolio VillaÕ do Alentejo. 2. das Ex-
cellencias das mulheres. 3. da Amizade. 4. do
Amor honeflo. 5. do enfadamento de ler,
e efcrever &c. M. S. Foy dedicada eíla
obra por loaõ AfiFonfo da Gama neto do
author a D. Luiz Coutinho onde lhe
diz que feu Avó naõ permitira, que fe
imprimiíTe, como outros muitos volumes
de Direito que deixara imperfeitos. Foy
cazado com D. Meda de Vafconcellos
filha de Ruy Fernandes de Vafconcellos
de quem teve finco filhos, e huma filha
que cazou em Beja com Diogo Gonzal-
ves Sanches Cavalleiro do habito de S.
Tiago. laz fepultado em Capella própria,
que edificara com obrigação de certas
MiíTas por fua alma, e de feus parentes, e
amigos. Delle fazem memoria Diogo de Gou-
vea de Barradas Antiguidad. de Beja liv. 3.
5/8
cap. 29. e o P. Souza Hifi. Gen. da Ca^-
Real Portug. Tom. 5. liv. 6. pag. 512.
lOAÕ AFFONSO DE BEJA, ou de
BRAGA devendo o primeiro apellido à
pátria, que lhe deu o berço, e o fegundo
à diuturna aíTiílencia que fez em taõ
augufta Cidade. Teve por Pays a Dio-
go Gonzalves Sanches de naçaõ Caftelhano,
c Cavalleiro do habito de S. Tiago, pro-
feflbr de lurifprudencia Civil, e a loanna
Sanches da Gama natural de Beja onde
com ella fe defpozou filha de loaõ AiFonfo
de Beja de quem fe fez a memoria pre-
cedente. Aplicoufe ao eíludo do Direito
Pontifício em que fahio eminentemente ver-
fado de cuja Faculdade foy Lente de Vef-
pera em a Univeríidade antes de fer trans-
ferida a Coimbra donde paíTou a Dezembar-
gador da Caza da Suplicação. A fua litera-
tura unida a huma madura prudência o ha-
bilitou para governar o Bifpado do Al-
garve na Vacância do Bifpo D. Fernando
Coutinho quando era Regedor dasluftiças,
como taõbem o Arcebifpado de Braga pelo
feu Arcebifpo D. Manoel de Souza irmaõ do
Conde do Prado em cuja Cathedral foy Có-
nego, e concorreo com a vaíla noticia dos Sa-
grados Cânones para os Decretos do Conci-
cilio Provincial celebrado na mefma Cidade
no anno de 1566. pelo Venerável Arcebifpo
D. Fr. Bartholameo dos Martyres. Foy Ca-
pellaõ Fidalgo delRey D. loaõ o III. Deaõ
do Algarve, Arcediago, e Cónego Doutoral
em Lagos Abbade de S. Pedro de Gandara,
e S. Bartholameu de Campello. Do afefto
com que zelava a gloria defta Monarchia, e
da liberdade do animo com que votava deu
hum claro argumento quando foy confultado
por ordem do Cardial D. Henrique fobre as
clauzulas da Bulia do fubfidio impetrada no
anno de 1561. por ElRey D. Sebaftiaõ da
Santidade de Pio IV. onde com a eficácia de
rezoens concludentes fez que a Bulia fe naõ
aceitaíTe por fer indecorofa à foberania da
Coroa. Falleceo em Braga a 15 de Agof-
to de 1585. quando contava 75 annos
de idade. Delle fez illuílre memoria o
grande lurifconfulto Francifco de Caldas
Pereira in L. ^ Cttrat, Vcrb. Implorar in
BIB LIOTHE C A
integ. n. 32. Hac cum aliquando familiari fer-
mone cum utriufque htris doãijfimo, <ò' num-
quam fatis laudato acerrimique, ac perfpicacif-
fimi judicii viro omnium qms nojira vidit atas
Doãore loane Alphonjo Canónico Bracharenji
contuliffem. Exijlimabat vir tile Jummtts. &c.
No principio deíla obra de Caldas eftà hua
Carta Latina do Doutor loaõ Affonfo para
elle efcrita 6. Kalend. Sept. 1569. c a re-
pofta do Doutor Caldas efcrita Tydaí (que
he a Cidade de Tuy fua pátria) 25 Sep-
tembris 1569. Compoz.
Parecer fobre a Bulia do Suhjidio de du-
s^entos, e fincoenta mil crur^ados em finco annos
em as Rendas Ecclefiafiicas pedida por ElRej
D. SebafiiaÕ à Santidade de Pio IV. Sahio
impreíTa em as minhas Mem. Polit. e Mi-
litar. delRey D. Sebaft. Part. i . liv. 2. cap.
9. defde pag. 459. atè 477.
Oraçaõ fobre a Primada de Braga recitada no
feu 4. Concilio. M. S. Confervafe na Bibliotheca
do Excellentiffimo Conde de Vimieiro. Pejfoa
de nome, e authoridade o intitula Cardofo Agiol.
L.ufit. Tom. 2. pag, 1583. col. i. fallando da
Primazia de Braga.
Comedias de Terêncio tradu^^idas em Portuguei:^.
Defta obra faz mençaõ loan. Soar. de Bri-
to Theatr. Ljdfit. Liter. lit. I. n. 14. c do
Author Fr. Fernand. da Soled. Hifi. Seraf.
da Prov. de Portug. Part. 4. liv. 4. cap. 28.
n. 985.
lOAÕ AFFONSO FRANCÊS muito pe-
rito na Arte da Navegação aíTun praâica
como efpeculativamente.
Efcreveo.
Roteiro do defcubrimento das Ilhas novas.
4. M. S. Começa. A Ijefie da Ilha, que fe
chama da Madeira fejjenta, ou fetenta legoas
efià huma grande Ilha que fe chama Santa
Cru:^ dos Rejs Magos.
Fr. lOAÕ DE SANTO AGOSTI-
NHO. Naceo a 7 de Agofto de 1681. na
Honra de Santa Eulália de Paflbs de Fer-
reira Comarca de Penafiel do Bifpado do
Porto onde teve por Pays a Simaõ
Fernandes, e Águeda Ferreira. Quando
contava 18 annos íinco mezes, e 22
L USITAN A.
579
dias de idade recebeo o habito Seráfico
em o Ganvento de S. Francifco de Gui-
maraens a 29 de Janeiro de 1700. Sendo
admitido aos eítudos Efcolafticos moílrou o
talento capaz para comprehendellos, e ain-
da eníinallos, porem renvmciou todo o cre-
dito, que lhe podia refultar das Cadeiras
para fe ocupar em exercidos conducentes
á falvaçaõ das Almas. Depois de fer fe-
gundo ComiíTario da Ordem Terceira do
Convento de Lisboa, foy o primeiro da
Villa de Santarém. Acabado o governo do
Convento de N. Senhora das Virtudes, q
louvavelmente exercitou, foy nomeado Mef-
tre dos Noviços aos quais inílruio mais
com exemplos, que palavras. Ultimamente
para que naõ eíUveíTe ociofo o feu talento
em obzequio da Religião aceitou o lugar
de Meftre das Cerimonias do Real Con-
vento de S. Francifco da Gdade onde
para mofttar a fciencia pra£tíca, que tem
deíle miniílerio, efcreveo.
Ceremonial Minorita, e Komano para ífí(p
do Coro, e Altar na celebração do Officio divino
Jegtmdo a Ordem da Santa l^eja Romana, fuás
ultimas difpojiçoens, Decretos da Sacada Con-
gregação de Ritos, e Rubricas do Breviário, e Mi ff ai
affim Romano, como Seráfico. Uvro primeiro.
Lisboa por Miguel Rodriguez. 1737. 8.
lOAÕ AYRES DE MORAES natural
da Villa de Abrantes em a Provinda da
Beyra, CapeUaõ do Hofpital Real de todos
os Santos de Lisboa, e hum dos celebres
alumnos da Academia dos Singulares iníU-
tuida neíla Corte no anno de 1663. onde
poílio, que privado da viíla era taõ perfpi-
cas o feu talento, ou foííe na eloquência
orando, ou na eleganda metrificando, que
merecia aplauzos dos feus Collegas diftin-
guindo-fe entre todos o famofo António
Marquez Lesbio Meítre da Capella Real
com eílas vozes métricas.
O' glande maravilla, ò pafmo rarol
Ser Juntos lu:(^ y fombra,
O* rayo, que con fuego màs affombra;
Y fiendo e/curo es claro;
O' portentos dei Cielo Jiempre largos,
Pues te vemos Cupido, y nos vès Argosl
(y nube Jiempre rara,
Que cubierta de niebla, lun^ declara;
O' fatal maravilla jà màs vifia,
Pues te falta la viflay nos dàs vifla.
Compoz.
FefHvos Aplaufos na felii(^ vitoria das Armas
Lsijitanas, e memorias fúnebres no fatal defirago
da profia Efpanbola na batalha de Montes Cla-
ros. Lisboa por Domingos Carneiro. 1665.
4. Confta de huma Sylva.
Tratado da PayxaÕ de Cbrijlo. Lisboa por
António Rodrigues de Abreu. 1675.4. Confta.
de vario género de metros.
Ao Nacimento do Verbo encarnado Egloga.
Interlocutores Almeno, Berardo, Laufo, Toribio,
e Filena. Lisboa fem anno, e nome do Im-'
preíTor. 4.
Oração recitada na Academia dos Singulares
a 4 de Novembro de 1663. Sahio com 8 Sonetos
a diverfos Aííumptos. No i. Tom. da dita
Academia Lisboa por Henrique Valente de
Oliveira. 1665. 4. & ibi por Manoel Lopes
Ferreira. 1692. 4.
OraçaÕ recitada na Academia dos Singula-
res a 14 de Dezembro de 1664. Sahio com 9
Sonetos, huma Decima, e hum Romance a diver-
fos AíTumptos no 2. Tomo da dita Academia
Lisboa por Henrique Valente de Oliveira.
1668. 4. & ibi por Manoel Lopes Ferreira.
1698. 4.
lOAÕ DE ALBUQUERQUE Naceo
na Freguezia de NoíTa Senhora da Con-
cdçaõ de Efmolfe no Confelho de Pe-
nalva três legoas ao Suefte diílante da
Qdade de Vifeu, onde teve por Pays a
Manoel Saraiva, e Catherina de Albu-
querque. Quando contava quatorze annos
recebeo a roupeta de lefuita em o No-
viciado de Lisboa em o primeiro de
lulho de 1620. onde foy Meíbre de letras
humanas, e dos mais infignes Poetas La-
tinos do feu tempo. Depois de deixar
a Companhia foy Lente da Academia dos
Generofos onde explicava a Comelio Ta-
dto com geral aclamação de taõ erudi-
to congreíTo como efcreve D. Frandfco
Manoel de Mello Viol. de Talia. pag. 260.
Aqui achareis os firmiffimos Diamantes ou-
vindo a verdadeira, e firme matéria de Ef-
58o
BIB LIO THE C A
todo, que para nòs ejiâ cavando nas minas
naÕ da remota Narjtnga, mas da urbana Koma
em a fua doãijftma verfaÕ, e illujiraçaõ de
Tácito o Senhor Doutor JoaÕ de Albu-
querque. O Conde de Penaguião loaõ
Rodriguez de Sá, e Menezes Camareiro
mór dos Reys D. loaõ o IV. e D.
Affonfo VI. e infigne cultor das letras
humanas o eftimava tanto, que para fe
aproveitar do feu grande talento quiz,
que foíTe familiar da fua Caza onde fal-
leceo no anno de 1665. laz fepultado
na Real Parochia de S. luliaõ. Compoz.
P. Francifci Mendoca Exequiee. Elegia,
que coníla de 60 Dyftichos. Sahio no
principio do Veridario defte Author. Lu-
gduni apud Laurentium AniíTon. 1649. ^^^'
Epithalamium in Nuptiis D. Ferdinandi
de Meneses Comitis Ericeria, <& D. Eieonora
Philippa de Noronha libri três. 4. M. S.
Conferva-fe na Bibliotheca do Excellentif-
íimo Duque de Lafoens, que foy do Em-
minentiíTimo Cardial de Souza.
Começa.
Solemnes Hyminae faces, <Ò' lâmpada cajlis
Ifftibus ardentem fan£íafque atollere tadas
Incipe.
Certamen Ulyjfis cum Ajace. Tragicome-
dia reprefentada em o Collegio da Com-
panhia de Coimbra. Começa.
Eji adjum eloquioque potens, et fulmine
lingua
Vrologus auritum ut reddant mea verba vi-
rorum
Nobilium ceetum injigriem.
Acaba.
Si quid difplicuit vobis indufhria mites
Parei te; fi placuit jam plaujibus addite piau-
fus.
Epicedium in obitum P. Didaci Monteiro
S.J.
Começa.
Soluere in irriguos lacrymantia lumina fon-
tes
Et gemere, ^ò" funus cbari deflere Parentis
Nunc liceat. &c.
Acaba.
"'_ Ille colit mafftum nunquam periturus Olym-
pum.
Fatalis JÇjiea clypeus Veneris opera, Vul-
cani mira arte calatus.
Somnia divina, <& humana in bicipiti Par-
naffo. Prima tria de Chrijlo Infante. 4. va-
rium. 5. de Santa EJifabetha Regina Portugal-
lia. 6. de Divis António, e^ Ifftatio.
Pro folemnitate Purificata Virginis Poema.
Começa.
Ut Deus humana pueri fub imaffm Templi
Ante aras fleterit fummo intemerata parenti
Hojlia.
Acaba.
Claufit Olorinam Cigneo peãore vocem.
S. P. l^atius Manrefa fe fe acerrime cadit.
Poema. Começa.
Qui fonus hic tácitas inter nemora avia Syl-
vas
Manrefa"^ referunt iãis per opaca locorum
Antra, repercujfifque fonant cava faxa que-
relis.
Exclamat S. Xaverius fat eft Domine Poe-
ma. Começa.
Corde vigil feram carpebat noãe quietem
Xaverius, feffofque fopor laxaverat artus.
Fr. lOAÕ DE ALCARAPINHA cujo
apellido tomou de huma Herdade em que
naceo diílante huma legoa da Qdade de
Elvas em a Provinda Tranílagana. Dei-
xando o nome de loaõ Gonzalves de
Abreu, que tinha no feculo, e a Caza
de feus illuftres Pays Manoel de Souza
de Abreu Commendador da Ordem de
Chriílo, Senhor do Morgado de Alcara-
pinha, e D. Filippa de Menezes fua pri-
ma filha de D. Pedro da Sylva de Me-
nezes Mordomo mòr da Infanta D. Iza-
bel mulher do Infante D. Duarte, e D.
Izabel de Abreu filha de Ruy de Abreu
Alcayde mór de Elvas, recebco o peni-
tente habito da Seráfica Provinda da Pie-
dade onde foy exemplar de todas as
virtudes religiofas. Para perpetuar as açoens
de feus companheiros, que fe tinhaõ dif-
tinguido dos outros na fevera obfervanda
do feu Inftituto, efcreveo.
Memorial da Provinda da Piedade. M. ■
S. Conferva-fc em o Archivo da Sere-
I
L USITAN A,
58 1
niíTima Ca2a de Bragança como afirma lorge
Cardozo Agiol. iMjit. Tom. 2. p. 452. col. i.
letr. D. e Tom. 3. p. 116. col. i. letr. F. e
pag. 129. col. 2. letr. G. e p. 302. col. 2. letr. G.
onde o allega.
Tratado da precedência entre o Embaxador
de Portugal, e o de Nápoles. M. S. He citado
por Gafpar Eftaço Antig. de Portug. cap. 2.
n. 31. Fazem defte author memoria Nicol.
Ant. Bib. Hijp. Tom. i. p. 477. Salazar, y
Caftro Hijl. Geneal. da Ca^a de Sylva. Part. 2.
liv. 6. cap. 7., e Fr. loan à D. Ant. Bib. Fran-
cifc. Tom. 2. p. 118. col. 2.
D. lOAÕ DE ALMEYDA. Senhor do
Couto de Avintes filho de D. Francifco de
Almeyda Capitão General de Tangere do Con-
felho de Filippe 2. e de D. Izabel Brandão.
Foy cazado com D. leronima de Caílro filha
de D. loaõ Soares de Alarcão Senhor de Villa
de Rey Alcayde mòr de Torres Vedras, Com-
mendador de S. Pedro da mefma Villa, e de
D. Izabel de Caílro, e Vilhena filha de D. Fran-
dfco Mafcarenhas Capitão de Ormus, e irmaã
de D. lorge Mafcarenhas primeiro Marquez
de Montalvão, Conde de Caftellonovo, Ge-
neral da Armada, Vicerey do Brazil, Con-
felheiro de Eílado de quem teve a D.
Izabel de Caftro que cazou com D. An-
tónio de Almeyda primeiro Conde de Avin-
tes Confelheiro de Guerra, Governador do
Rio de laneiro, de Tangere, e do Rey-
no do Algar\'^e. Pela perfpicacia do juizo,
e aplicação ao eftudo foy D. loaõ inti-
tulado o Sabia. Teve natural inclinação
à Poezia compondo.
Varias obras Poéticas. M. S.
pelas quais o collocou entre a claíle dos Poe-
tas infignes Portuguezes ladnto Cordeiro
FÀog. de Poet. iMjit. Eftanc. 11.
Muerto D. luan de Almeyda cuya gloria
Entre fu muerta lu^ mas rejplandece
ha^mas frequentando la memoria
A fu tumulo illuflre el lauro ofrece:
Quien profeguiendo fu infeli-:^e hiftoria
Parca de tu rigor no fe enternece
Si en tanto fentimiento el llanto ordena
Dexar la pluma por llorar la pena.
D. lOAÕ DE ALMEYDA, E POR-
TUGAL, fegundo Conde do AíTumar, Con-
felheiro de Eftado, Gendlhomem da Cama-
rá de Sua Mageftade naceo em Lisboa a
26 de laneiro de 1663. fendo filho de D.
Pedro de Almeyda L Conde do AíTumar,
Deputado da lunta dos três Eftados, Ve-
dor da Caza delRey D. Affonfo VI. Vice-
rey do Eftado da índia, Confelheiro de
Eftado, e de D. Margarida de Noronha
filha de D. Fernando Mafcarenhas I. Conde
da Torre, e de D. Maria de Noronha filha de
D. Luiz Lobo da Sylveira Senhor de Sarzedas,
e D. loanna de Lima. Aprendeo nos primeiros
aimos as linguas Latina, Italiana, Efpanhola,
e Franceza, e fe fez pratico na Geometria, e
Geografiia como também na liçaõ da Hiftoria
antigua, e moderna. Nomeado feu Pay
Vicerey do Eftado da índia o acompa-
nhou, e depois de vencida taõ larga na-
vegação chegou a Goa a 28 de Outu-
bro de 1677. onde com o pofto de Capi-
tão da Infantaria, e de Capitão de mar,
e guerra deu do feu valor heróicos
argumentos. Reftituido a Portugal fer-
vio por ordem delRey D. Pedro 11. o
Officio de Vedor da Caza Real, que
fora de feu Pay, e com efta ocupa-
ção navegou para Villafranca de Niza
na foberba armada que havia fer con-
dutora do Duque de Saboya Viâorio
Amadeo futuro Efpozo da Sereniffima
Senhora Princeza D. Izabel Luiza lofefa,
e no tempo que naquelle porto efteve
ancorada a armada examinou com os olhos
muitas Praças do Piamonte, e Monferrato,
e a populofa Cidade de Milaõ admirando
com judiciofa curiofidade os veftigios das
Antiguidades Romanas. Havendo fegunda
vez voltado à pátria foy feito Deputado
da lunta dos Três Eftados em cujo lu-
gar fe admirou a fua militar vigilância
para as preparaçoens da guerra, que Portu-
gal declarara contra Caftella. Sendo reco-
nhecido por fuceíTor da Coroa de Efpanha
o Archiduque Carlos, e dezembarcando
em Lisboa a 9 de Ivíarço de 1704. foy
nomeado Embaxador Extraordinário a efte
Príncipe quando afliíUo em Catalimha por
carta delRey D. Pedro II. de 14 de lulho
582
BIBLIO THE CA
"de 1705 moílrando nefta incumbência as
máximas da fua profunda politica em ob-
sequio do feu Soberano. Por morte de
lulio de Mello de Caftro foy uniformemente
eleito Académico da Academia Real da
Hiftoria Portugueza a 4 de Março de 1721.
fendo o primeiro que com hunia elegante
Oraçaõ congratulou a Academia pela fua
«leyçaõ. Falleceo a 26 de Dezembro de
1753. quando contava 70 annos, e 11 me-
zes de idade. laz fepultado na Capella de
N. Senhora do Egypto no Clauílro do Con-
vento da SantiíTima Trindade deíla Corte
religiofo depozito dos feus Mayores. Foy
cazado com D. Izabel de Caftro filha dos
Marquezes da Fronteira D. loaõ Maf-
■carenhas, e D. Margarida de Caftro de
quem teve numerofa defcendencia, que
illuftrou igualmente a Paleftra de Mar-
te, que de Minerva. Compoz com eftilo
grave.
Praãica recitada na Academia Real na
ocafiaõ de Jer admitido por feu Collega. Sahio
no Tom. 1. da Collec. dos Docum. da
Academia Rea/. Lisboa por Pafchoal da
Sylva ImpreíTor de Sua Mageftade 1721.
foi.
Conta dos feus ejludos Académicos em
7 de Fevereiro de 1726. No Tom. 6 da
Collec. dos Docum. da Acad. Real. Lisboa
por lozé António da Sylva. 1726. foi.
Conta dos feus ejluáos Académicos no
Paço a 1 de Setembro de 1733. No Tom.
12 da Collec. dos Docum. da Acad. Real.
Lisboa pelo dito ImpreíTor. 1733. foi.
Votos em a Junta dos Três lEflados. foi.
M. S.
Votos do Confelho de Eflado. foi. M. S.
Cartas da Embaxada de Catalunha. 16
ml. foi.
Cartas particulares efcritas da fua própria
maÕ. 8. Vol. foi. M. S.
Diário defde li de lulho de 1705. até 8 de
Agojlo de 1708. em que fe comprehendem os Sn-
íeffos de Catalunha, e de toda a Fjtropa. 4. Tom.
foi. M. S.
Todas eftas obras fe confervaõ com a
devida eftimaçaõ em a fua Excellentinuna
Caza.
lOAÕ DE ALMEYDA SOARES na-
tural da Cidade de Coimbra filho decimo,
e poflximo de feu Pay Manoel de Almey-
da Soares. Eftudou na pátria as letras huma-
nas, e Direito Cefareo em o qual depois
de receber o Grão de Bacharel exercitou
com aplauzo da fua fciencia o officio de Pa-
trono de Caufas Forenfes em Lisboa, fendo
Advogado da Caza da Suplicação. Cul-
tivou as Mufas com felicidade, os precei-
tos da Oratória com elegância merecendo
grandes elogios dos Collegas da Academia
dos Singulares da qual foy alumno pelo gé-
nio jocofo, e feflivo das fuás compofiçocns.
Morreo em Lisboa a 8 de Março de 1664.
quando contava 50 annos de idade. Jaz
fepultado na Capella mòr da Parrochial
Igreja de Santa lufta. Compoz.
Oraçaõ recitada na Academia dos Sinffd-
lares em z^ de De:(embro de 1665. Sahio no
primeiro Tom. da mefma Academia, a pag.
539. Lisboa por Henrique Valente de Oli-
veira 1665. 4. & ibi por Manoel Lopes
Ferreira 1692. 4.
Vida, e morte do Bifpo Conde D. Affonfo
de Cajlello Branco. Eftava prompta para a
impreflaõ, e delia faz memoria meu Irmaõ
D, lozé Barboza Mem. do Colleg. de S. Paulo.
p. 80.
luatrea Conimbricenfe. Dedicada a D. Pe-
dro de Menezes Conde de Cantanhede 4.
M. S.
Advertências, e documentos políticos a bum
feu fobrinho. M. S.
Penhafco confufo. Obra trágica.
Vida do Author efcrita por elle. Obra
jocofa. M. S.
Fr. lOAÕ ALVARES natural da Villa de
Torres Novas do Patriarchado de Lisboa,
Presbitero de inculpável vida, e Freyre pro-
feíTo da militar ordem de S. Bento de Aviz.
Acompanhou ao Santo Infante D. Fernando
filho do SereniíTimo Monarcha D. loaõ o
primeiro fendo feu Secretario na expedi-
ção de Tangere onde prevalecendo a for-
tuna dos bárbaros à dos Chriftaõs ficou
juntamente com o Infante em reféns da
entrega da Praça de Ceuta aíTiftindolhe cem
fumma fidelidade, e ardente afeôo entre
j
L USITANA,
583
os oprobios, e tribulaçoens, que conftan-
temente tolerou reclufo no cárcere eíle in-
ligne Heroe até fer coroado o feu efpirito
com Laureola de Martyr a 5 de lunho de
1445. Sendo reftituido à liberdade pelo
piedofo cuidado do Infante D. Pedro em
o anno de 1448. fe deveo à fua induítria o
refgate de Pedro Vaz Capellaõ do Infante
Santo, e de loaõ Rodriguez feu CoUaíTo,
que fe concluio no anno de 1450. como
também conduzir os inteíUnos do mefmo
Infante, que de Fez extrahira ocultamen-
te, e chegando a Santarém no i de lunho
de 145 1. os entregou a ElRey D. AíFonfo
V. que nefte tempo aíTiília naquella Villa.
No armo de 1461. foy eleito Abbade Gím-
mendador do Mofteiro de Paço de Souza
da Ordem do Principe dos Patriarchas S.
Bento, e como foíTe mmto aceito à Senho-
ra D. Izabel Duqueza de Borgonha o man-
dou a Roma fuplicar de Paulo II. hum Bre-
ve de Indulgências para as PeíToas, que
aíTiUiflem na Cafa de Santo António de Lis-
boa ao Anniverfario de feu Irmaõ o Infante
D. Fernando de quem fora Secretario, em
o dia de 5 de lunho, e alcançando o Bre-
ve, que foy paíTado a 10 de laneiro de 1470.
fe reítítuhio a Portugal. Compoz com ef-
tilo íincero a Qironica do Infante Santo
a qual emendada publicou leronimo Lopes
Efcudeiro Fidalgo da Cafa delRey D. loaõ
o III. a quem a dedicou, e fahio com eíle
Titulo, e Ortografia em letra Gothica, como
vimos.
Crónica do Sandto, e virtuofo Iffante dom
Fernando filho de/Rey dõ loba primeyro defte
nome, que fe finou em terra de mouros. Diriffda
a fua alteia.
Na folha feguinte tem eftas palavras.
Começa-fe a Crónica da vida, e feitos do mtr/
virtuofo Iffante dom Fernando, que fe finou em
terra de mouros. Ef cripta por frey lohã alvrés
casalleiro da ordè davis. Secretario do dito Se-
nor, e que cõ elle efieve no cativeiro até fua morte;
e depoys cinco annos.
No fim eftaõ as feguintes palavras.
Acabou-fe de emprimir a vida, e crónica
do mu}/ Catholico, e virtuofo Iffante dom Fer-
nãdo filho de/Rey dom lobam primeiro de
Portugal. Aos XVJII. dias de laneiro de
mil, e quinhentos, e vinte, e fete annos por
German Galharde imprimidor Corregida, e emen-
dada por leronimo Ijopes efcudeiro fidalgo da Ca^a
delRey Noffo Senhor.
PaíTados fincoenta annos defta impreíTaõ,
como dificultofamente apareceífe algum
exemplar da vida do Infante Santo, a pu-
blicou novamente reformada de algumas
palavras antigas, e acrecentada em alguns
fuceíTos Fr. leronimo Ramos da Ordem dos
Pregadores. Lisboa por António Ribeiro
1577. 8. Dedicada ao Cardial D. Henri-
que. Sahio vertida em Latim no Tom. i.
do mez de lunho da grande obra do Aâr
Sanãorum com doutiíTimas Notas defde
pag. 563. até 591. Neíle idioma tinha vif-
to D. Nicolao António (como efcreve na.
Bib. Vet. Hifp. Uv. 10. cap. 5. §. 295.) em.
a BibUotheca Vaticana M. S. Códice 3654.
a vida do Infante Santo, que parece
fer diftinta da precedente, que efcreveo Fr.
loaõ Alvres pelas palavras por onde prin-
cipia, que faõ as feguintes. Incipit Aíar-
tyrium pariter, (& gejla ma^ifici, ac potentis
Infantis dom Ferdinandi Keffs Portugallia
filii apud Fez P^° fi^^ V^^* ^ ardore,.
e>* Cbrifii amore. Principia. Diebus ifHs
novifftmis pater Mifericordiarum, (ò" Deus
totius confolationis &c. Compoz mais Fr^
loaõ Alvares.
Confiituiçoens ordenadas para o bem efpi-
ritual, e temporal do Mofteiro do Pafo de Sou-
^a. Foraõ aprovadas pelo Papa Paulo 11.
na ocaziaõ, que foy à Cúria para delle im-
petrar o Breve de Indulgências à inftanda
da Infanta D. Izabel Duqueza de Borgo-
nha, como affirma Fr. Leaõ de Santo Tho-
maz Bened. L^ftt. Tom. 2. Part. 4. cap. 12.
pag. 265. col. I.
Sermoens de Santo Agoftinho ad Fratres^
in Eremo. traduzidos em Portuguez que
mandou de França aos feus Monges do
Mofteiro do Paço de Souza. Delle fazem
mençaõ Cardofo Agiol. Lufit. Tom. 3. pag»
560. no Comment. de 5 de lunho letr. A.
e pag. 730. no Comment. de 17 de lunha
letr. E. Fr. Leaõ de Santo Thomaz, e D.
Nicolao António nos lugares aífima alle-
gados.
584
B 1 B LIO THE CA
lOAÕ ALVARES Naceo nos fubur-
bios da augufta Cidade de Braga em o an-
no de 1622. Foy Abbade da Igreja de S.
Mamede de Efcariz fituada no termo da
Villa do Prado em a Provinda do Minho
onde com charidade de vigilante Paílor
diílribuia a mayor parte da fua renda, que
era copiofa, em beneficio dos pobres. Te-
ve grande inftruçaõ da Hiíloria Portugue-
za, c naõ menor eftudo da Genealogia efcre-
vcndo.
Nobiliário Português^ dividido em 5 vol.
de folha. Conferva-fe na Livraria de Ga-
briel de Araújo Senhor de Lobios mora-
dor em Braga. A efte Nobiliário addicio-
nou com Provas Bento Barboza de Brito
natural de Bragi Presbítero do habito de
S. Paulo, que falleceo a 2 de lulho de 1739.
de quem faremos mayor mençaõ no Sup-
plemento da Bibliotheca.
Nobiliário de algumas Familias Cajlelha-
nas. foi. M. S.
"Tratado das Armas das Familias de Por-
tugal, de Cajlella, e de algumas de Itália, foi.
M. S.
Falleceo em o anno de 1700. e delle faz
memoria o P. D. António Gietano de Sou-
za nas Advert. e Addic. à Hijl. Gen. da Ca^-
Real Portug. No fim do Tom. 8. pag. 13.
n. 6.
lOAÕ ALVARES BORGES natural do
lugar de Mofebres fituado em o termo da
Villa de Murça de Panoya Comarca da Torre
de Moncorvo em o Arcebifpado de Braga.
Foy Ferrador, Alveitar mòr das Cavalharif-
fas dos Reys de Caílella Filippe IV. e Car-
los II. cujo Officio exercitou com grande
fciencia pelo efpaço de feíTenta annos don-
de fubio a fer Alcayde, e Examinador em
os Reynos de Caílella de todos os Ferrado-
res, e Alveitares. Efcreveo.
Praãica j obfervaciones pertencientes ai
Arte de Albeytaria en que Je manifiejla
el modo particular con que fe deben curar
las màs ^aves caufas, que fe pueden ofe-
recer en ejla arte. Madrid por luan Gar-
■cla Infançon. 1680. 4. Na Cenfura, que
a cila obra fez o Padre Lucas de Ne-
vares da Companhia de lESUS Lente
de Theologia lhe diz. Em lo natural-
mente dijcurrido, aun philofoficamente tra-
tado yà con médicos fundamientos, yà con
rav^ones experimentales parece, que le illufirò
ai Author algum rayo de Sabidoria, que bla-
:(ond Salomon.
lOAÕ ALVARES DA COSTA Caval-
leiro profeíTo da Ordem de Chriílo, Fidal-
go da Caza de Sua Mageílade naceo em Lis-
boa, e na Parochial Igreja de Santa Maria
Magdalena recebeo a primeira graça a 21
de lulho de 1672. fendo filho de António
Alvares Lima, c Viéloria da Coíla. Inílruido
na pátria com os preceitos da lingua Latina,
e intelligencia das letras humanas frequentou
a Univerfidade de Coimbra onde aplicado
ao eíludo da lurifprudencia Cefarea fez
taes progreflbs a fua grande comprehenfaõ,
que fe diílinguio entre todos os feus con-
difcipulos. Da efpeculaçaõ daquella facul-
dade paíTou à praftica em que fe fez mais
patente a profunda vaílidaõ da fua fciencia
legal adminiílrando os lugares de luiz, c Cor-
regedor do Civel, Dezembatgador da Re-
lação do Porto donde paíTou para a Caza da
Supplicaçaõ a 7 de laneiro de 171 6. c para
Dezembargador de Agravos a 4 de No-
vembro de 171 7. Crecendo com a idade o
feu merecimento foy provido em os hono-
ríficos lugares de Procurador da Coroa,
luiz do Fifco Real, Deputado da lunta da
Adminiílraçaõ do Tabaco, e Dezembargador
do Paço. Attendendo a Mageílade delRey
D. loaõ o V. às fuás refpeitadas letras o no-
meou Conclaviíla régio do EmminentiíTi-
mo Cardial Pereira na ocaziaõ em que partio
no anno de 1721. para a Cúria Romana a vo-
tar na eleição do Summo Pontífice. Neíle
celebre empório da Chriílandade deu a conhe-
cer como Conclaviíla, lugar, que havia cen-
to, e vinte dous annos naõ tivera outro Por-
tuguez, os dotes de prudência, e politica
de que fe ornava o feu efpirito pelos quais
fe fez digno das eílimaçoens das primeiras
peíToas aífim, em a dignidade, como em a
fciencia. Entre os primeiros fincoenta Aca-
démicos de que fe formou a Academia
Real da Hiíloria Portugueza no anno de
1721. foy eleito para decidir os pontos
L USITANA.
585
juridicos que fe alter caíTem na Hiftoria.
Do feu grande talento íaõ produçoens as
obras feguintes.
Aquila ^Augufia trijuko oharmata ful-
mine, feu Carolus Tertius Aufiriacus R<?a:
Hifpaniarum affertus, <& tribus libris pro-
píignatus. Amílelagdami. apud Petrum
Mortier 1705. foi.
De Toga Origine, antiquitate, nohilitate dif-
íurjus hifioricus juridictis, quadantenus tamen po-
liticus. UlyíTipone apud lofephum Lopes
Ferreira Seren. Reg. Typ. 171 6. foi.
Difcurfo fobre a pregunta, que Je lhe fet^
Je os ludeos nos primeiros Jeculos da Igreja tinbaõ
poder para cafiigar com pena de morte os Jervos
ChriftaÕs, e fe os podiàõ ter. Lisboa por Paf-
choal da Sylva ImpreíTor de S. Mageílade
1721. foi. Sahio no I. Tom. da ColleçaÕ dos
Document. da Acad. Real. e na Hiforia da
Acad. Keal. Lisboa por lozè António da
Sylva ImpreíTor da Acad. Real 1727. 4.
defde pag. 247. até 258.
Conta dos feus efludos Académicos em
zi de lulbo de 1729. em que prometeo Jin-
coenta Dijfertaçoens pertencentes á Hifloria
de Portugal, que expendeo. Sahio no Tom. 9
da Collec. dos Docum. da Acad. Keal.
Lisboa por lozé António da Sylva. 1729.
foi.
Conta dos feus efludos Académicos recitada
na Acad. Keal. em f) de Março de 1730. Sahio
no Tom. 10 da Collec. dos Docum. da Acad.
Keal. Lisboa pelo dito ImpreíTor. 1730,
foL Neíla Conta relatou parte das DiíTerta-
çoens de que devia tratar.
Conta dos feus efludos Académicos reci-
tada no Paço a 1 de Setembro de 1730. Sahio
no Tom. 10. da Collec. dos Docum. da Aca-
demia.
^ Conta dos feus efludos Académicos reci-
tada na Academia em 19 de laneiro de 173 1.
Sahio no Tom. 11. da Collec. dos Do-
cumentos da Academia Keal. Lisboa por
lozé António da Silva. 173 1. foi. Nella
promete a noticia das DiíTertaçoens de
que trata pertencentes a Hiftoria de Por-
tugal.
Elogio do De-:^embargador Manoel de Ai^e-
vedo Soares Académico da Academia Keal
da Hifloria Portugue^ dito em i^ de la-
neiro de 173 1. Sahio no Tom. 11 da Collec.
dos Docum. da Academia.
Conta dos feus efludos Académicos a n) de
Março de 1732. Sahio no Tom. 11 da Collec.
dos Docum. da Academia.
Conta dos feus efludos recitada no Paço a
25 de Outubro de 1732. Sahio no Tom. 11
da Collec. da Academia.
Conta dos feus efludos em -j de Março de 1733.
Sahio no Tom. 12. da Collec. dos Docum.
da Academia. Lisboa por lozé António da
Silva ImpreíTor da Academia Real. 1753.
foi.
lOAÕ ALVARES FRADE Criado da
SereniíTima Caza de Bragança taõ nobre
por nacimento como iníigne pela Poezia.
Compoz, e dedicou ao Sereniílimo Duque
de Bragança D. Theodozio El.
Egloga paftoril interlocutores Fradelio, De-
mo, e Laurena. Coníla de diverfo género
de metros. Começa.
Clara, e doce agua, hora turva, e falgada.
Acaba
A Deos cançado Denio, a Deos Laurena,
Confervafe M. S. na Bibliotheca Real.
lOAÕ ALVARES FROVO. Naceo em
Lisboa a 16 de Novembro de 1608. fendo
fobrinho do celebre antiquário Gafpar Al-
vares Louzada de quem fe fez em feu lugar
larga memoria. Aprendeo os preceitos da
Arte Muíica com o grande Duarte Lobo,
que com o feu nome illuíbrou a Bibliothe-
ca LuUtana, e fahio taõ perito em os myf-
terios deíla armonica Faculdade que fe naõ
excedeo, competio com a fciencia de taõ
iníigne Meílre. Foy Capellaõ delRey, e
Bibliothecario da Bibliotheca Real da Mu-
íica a qual formou o SereniíTimo Rey D.
loaõ o IV. como profeíTor de taõ divina
arte, das obras dos mais celebres Efcrito-
res que venerou a Europa. Na Cathedral
da fua pátria exercitou o minifl-erin de Mef-
tre da Muíica pelo efpaço de trinta, e íinco an-
nos onde em remuneração do feu merecimento
obteve hum Canonicato de quarta Prebenda.
Falleceo a 29 de laneiro de 1682. qviando con-
tava 74 annos de idade, e jaz fepultado oa
Cathedral de Lisboa. Compoz.
586
BIBLIO THE C A
Difcurfos Johre a perfeição do Diathe-
Jaron, e louvores do numero quaternário em
que elle Je contem com hum encómio Johre
o papel que mandou imprimir o Serenijfi-
mo Ríy D. loaõ o IV. em defenfa da mo-
derna Mujica, e repofta Johre os três Bre-
ves ne^os de ChriJlovaÕ de Morales. Lis-
boa por António Crasbeeck. de Mello
1662. 4. In quo (falia defte Tratado o P.
Emman. Lud. Vit. Princip. Theod. lib. i.
cap. II. n. 121) Sanãorum, (ò^ illujlrium
Authorum tejiimoniis dijerte prohat prater
alia ejfe hanc Artem Kegihus, Sapientihus,
€^ maximis quihusque viris dignijftmam. Del-
le taõbem fe lembra Souza Hijl. Geneal.
da Ca!(^. Real Portug. Tom. 7. liv. 7.
p. 241.
Speculum Univerjale in quo exponuntur
omnium ihi contentorum AuStorum loci, uhi
de quolihet Mujices genere differunt, vel agunt.
2. Tom. foi. M. S. O 2. compoílo no
anno de 165 1. efcrito em admirável cara-
fter tive em meu poder; confiava de 589.
paginas excepto o Index. He obra mui-
to erudita, e tinha algumas palavras gre-
gas em cujo idioma moftrava fer verfado
fcu Author.
Theorica, e Praâica da Mujica. foi. M. S.
Breve Explicação da Mujica 4. M. S. a
qual vimos primorofamète tresladada em
o anno de 1678. por feu difcipulo António
da Cunha de Abreu.
Uvro de Hymnos a 4. vozes foi. grande
M. S.
Uvro de Mijfas. foi. grande M. S.
Mijfas de Coros duas, e huma a 16 vo^es.
Dous PJalmos da Noa a 8.
PJalmos de Vejperas a 8. 10. e 12.
vozes.
PJalmo de Completas a 20. vozes.
Diverjos Motetes a 3. e 4. vozes.
Kejponjorios da Noute de Natal a 8.
vozes.
Invitatorio do Officio dos Dejuntos a 4. e
a 12.
Kejponjorios do mejmo Officio dous a
8. c hum a 12. outro a 16. c outro a 17. vo-
zes.
TraBos das Domingas da Quarejma a 4.
Texto da Paixão da Dom. de Ramos, c 6.
Jeira Mayor a 4. vozes.
Mijerere a 16. vozes.
iMmentaçoens de diverfas vozes.
Vilhancicos de diverjas Feftividades a 4. 6.
e 8. vozes
Fr. lOAÕ ALVARES DE SANTA MA-
RIA natural da Villa de Santos em a Capita-
nia de S. Paulo da America Portugueza, c
irmaõ de Alexandre de Gufmaõ Cavallciro
profeflb da Ordem de Chriílo, Fidalgo da
Caza Real, e Confelheiro do Tribunal do Con-
felho Ultramarino de quem já fe fez em feu
lugar diílinta memoria. ProfeíTou o fagrado
inílituto da Ordem de Nofla Senhora do
Carmo da primitiva Obfervancia em o Con-
vento do Rio de laneiro onde pela agudeza
do feu engenho cultivado com a continua
aplicação às fciencias fe veras chegou a ju-
bilar na Sagrada Theologia. Obrigado pe-
los feus Superiores paflbu a Portugal a pro-
curar os negócios da fua Religião em cujo
minifterio moftrou zelo, e aftividade. Pa-
ra moftrar como era perito nos preceitos
da Oratória Ecclefiaílica publicou como pri-
micias da fua eloquência concionatoria.
SermàÕ de S. Nicolao pregado na Parocbial
do meJmo Santo de Lishoa Occidental em o arnio
de 1739. Lisboa por António líidoro da
Fonceca 1740. 4.
lOAÕ ALVARES SOARES. Nacco
em a Cidade da Bahia a 8 de Setembro de
1676. fendo filho de Rafael Soares da Fran-
ca moço fidalgo da Caza Real, Cavallciro
profeflb da Ordem de Chriílo, e de D. Ca-
therina de Souza Barbalho de igual nobre-
za à de feu Conforte. Eíhidou no Colle-
gio pátrio dos PP. lezuitas as letras huma-
nas, e as fciencias feveras recebendo o giao
de Meílre em Artes. Da paleílra de Miner-
va paflbu à de Bellona aflentando praça
de Soldado no Terço da Infantaria da
guarnição da Praça da Bahia de que era
Meílre de Campo feu irmaõ António Soa-
res da Franca, onde foy Alferes do Mef-
tre, e depois Capitão. Deixada a vida M
militar fcguio a Ecdeíiaílica recebendo Or- ■
L USITAN A.
58;
dens de Presbítero no anno de 171 8. Cul-
tivou em os primeiros annos a Poezia em
que naõ foy infecundo o feu talento, como
também em todo o género de erudição fa-
grada, e profana de que faõ teftemunhas as
obras feguintes.
Quatro Sonetos Caftelhanos à lamentável morte
do augufiijfimo 'Kej de 'Portugal. D. Pedro
11. Sahiraõ no Breve Compendio, e narra-
ção do fúnebre ejpeãaculo, que na infigte Ci-
dade da Bahia fe vio na morte delKey D. Pe-
dro II. lisboa por Valentim da Cofta
Deslandes. 1704. 4.
Sermaõ da Glorio/a Santa yínna Mày de
Maria Santijftma Senhora nojfa na fefta, que
lhe confagraõ os Aíoedeiros na Cathedral da Ci-
dade da Bahia. Lisboa na Officina Augufti-
niana. 1733. 4.
Progymnajma litterario, e thefouro de erudição
/agrada, e humana para enriquecer o animo de
prendas, e a alma de virtudes. Tom. i. que con-
tem fe tenta, e dous Difcurfos moraes, e politicas,
Académicos, doutrinaes, afceticos, e predicáveis
difpoflos pelas letras do Alphabeto até a letra C.
Lisboa na Officina da Muíica de Theotonio
Antunes de Lima ImpreíTor da Sagrada Re-
ligião de Malta. 1737. foi. Promete mais 4
volumes defta obra, que naõ eílaõ concluí-
dos por falta de faude.
Fr. lOAÕ DE SANTO AMBRÓSIO
religiofo Menor da Seráfica Provinda dos
Algarves donde movido de fumma devoção
partio a vÍ2Ítar os Santos lugares em que
confumou a Redempçaõ do género hximano
o Verbo Divino, e affiUindo alguns annos em
o Convento do Santo Sepulchro, que em
lenifalem poíTue a Religião Seráfica, efcre-
veo.
Breve, e diflinta relação da fediçaÕ popular,
que na Cidade de lerufalem fe levantou contra os
Keli^ofos de noffo Padre S. Francifco, que os
habitaÕ, e veneraõ os f agrados vefii^os da nojfa
Redempçaõ. Lisboa por Miguel Manefcal
ImpreíTor do Santo Officio, e da Serenif-
iima Caza de Bragança. 171 6. 4.
Fr. lOAÕ DE SANTA ANNA na-
tural da Cidade de Lisboa onde profeíTou
o iniiituto Carmelitano da primitiva obfer-
vanda. Aplicou-fe mais ao exercido das
virtudes, que à efpeculaçaõ das fdendas,
de que teve por diredor Fr. Conílantino
Pereira fobrinho do Ven. Fr. Nuno de San-
ta Maria Condeílavel, que foy deíle Rey-
no, o qual vivia contemplativo em o Con-
vento de Collares, que eUe edificara, e com
os documentos de taõ virtuofo Meftre fa-
hio Fr. loaõ exemplar da obfervancia re-
ligiofa. Foy eleito Provincial em o anno
de 1506. por infinuaçaõ delRey D. Manoel,
cujo lugar exercitou com tanta prudenda,
que o confervou até o anno de 1520. em
que lhe fucedeo Fr. Gonçalo Fialho. O Ge-
ral Fr. Bernardino Landudo informado das
fuás virtudes o nomeou Vigário Geral nef-
ta Provinda. Tanto que acabou o minif-
terio de Prelado fe retirou f>ara o Convento
de Collares onde fe dedicou com fumma
tranquillidade à contemplação das felidda-
des eternas porém o numero dos annos,
e o exceíTo das penitencias lhe acelerarão
a morte, que fucedeo no anno de 1523.
deixando da fua vida fantificada memoria.
Delle fe lembraõ Cardofo Agiol. iMfit. Tom. i.
pag. 142. letr. D. Mertola Vid. de Fr. EJíev.
da Purif. cap. 29. Cafanate Parad. Carm.
Decor. Stat. 4. jEA. 17. cap. 407. pag. 388.
Carvalho Corog. Portug. Tom. 3. liv. 2. Traâ. 8.
cap. 47. e Fr. Manoel de Sá Mem. Hifi.
dos Efcrit. Portug. do Carm. cap. 48. n. 291.
Traduzio da língua Latina em a materna
para que os reUgiofos moços com fad-
lidade mayor podeílem faber o que deviaõ
obfervar.
Conftituiçoens, e Cerimonial da Ordem. M. S.
Obra, que naquelle tempo foy recebida com
eílimaçaõ como efcreve Fr. Manoel de Sá
no lugar affima allegado.
Fr. lOAÕ DE ANDRADE Naceo
a 27 de laneiro de 1588. em a Qda-
de de Ceuta cabeça antigamente da Mau-
ritânia Tingitana fituada em altura de
trinta, e fds gráos na ponta de Africa, que
no Eílreito de Gibraltar confina com
Efpanha em o Reyno de Fez da Provín-
cia de Habat. Teve por Pays a Manoel
de Azevedo Almoxarife de Ceuta, e Vio-
lante de Andrade igualmente nobres, e
588
BIBLIO THE Ca
opulentos. Ainda naõ excedia os annos da
adolefcencia quando abraçou o fagrado inf-
tituto da SantiíTima Trindade em o anno
de 1603. no Convento da fua pátria donde
completo o anno do Noviciado paíTou a
Lisboa, e eíludando as fciencias Efcholafti-
cas as eníinou aos feus domefticos. Jubi-
lado na Sagrada Theologia foy Reytor do
Collegio de Coimbra, Miniílro do Con-
vento de Lisboa, e Provincial eleito em o
anno de 165 1. Obfervou exaélamente os
eftatutos da Religião fendo fummamente
cândido, e afFavel, e taõ amante da pobre-
za, que naõ conhecia o valor da moeda.
CompaíTivo das miferias alheas nunca ne-
gava o que fe lhe pedia chegando a tanto
exceíTo a fua charidade, que deu a hum os
fapatos, que tinha calçado, e fe recolheo
defcalfo para o Convento. A authoridade
da fua peíToa unida à pratica de tantas vir-
tudes o fizeraõ digno da atenção delRey
D. loaõ o IV. de quem recebeo particula-
res honras fendo entre ellas a nomeação do
Bifpado de Tangere, e de Ceuta a 29 de Outu-
bro de 1655. que naõ exercitou impedido pela
morte, que o defpojou da vida a 2 de Novem-
bro do dito anno. Ao feu funeral aíTiílio
toda a Corte diílinguindo-fe entre todos o
IlluílriíTimo D. Pedro de Lancaftro Inqui-
íidor Geral, e Preíidente do Paço feu grande
amigo o qual, ao tempo, que o entregavaõ
à terra, diííe EJle fqy o verdadeiro Nathanael
em quem naÕ houve engano. Delle fazem men-
ção Cardofo Advert. ao Agiolog. Ljifit. Tom. i.
n. 51. Fr. António Corrêa Vid. do Ven.
Fr. António da Conceição. Part. 3. cap. 2.
foi. 88. Magia Bib. Ecclef. Tom. i. p. 436.
col. I. Compoz.
Apologia pro vero, <& próprio martyrio per
pejlem. Sahio impreíTa no Tom. 20 das obras
do Padre Theophilo Raynaudo da Compa-
nhia de lefus a pag. 219 da ediçaõ de Cra-
cóvia. 1669. He doutiíTima em que defende
o Tratado, que fobre a mefma matéria ef-
creveo o Padre Raynaudo. Delia faz me-
moria o P. Niceron. Mem. des Hom. lllufir.
Tom. 26. pag. 260. quando trata de Theo-
philo Raynaudo, e das fuás obras.
Apologia Patriarcbal facada em que
provou, e defendeo o culto immemorial dos
Santos Patriarchas loaÕ, e Félix feita a 12.
de Setembro de 1647. foi. Conferva-fe M. S.
na Livraria do Convento da Trindade de
Lisboa.
Quaftiones feleãa in Univerfam Theologiam,
foi. M. S.
lOAÕ DE ANDREA Naceo em Lis-
boa no anno de 1713. fendo filho de Filippe
Andrea, e D. Maria Diaz. Na idade da ado-
lefcencia paíTou a Itália, e aplicado ás letras
humanas, e Filofofia dedicou humas Conclu-
foens deiia Faculdade ao SereniíTimo Infante
D. Manoel. Como era taõ perito na Poezia,
como em a Oratória foy admetido a Aca-
démico, dos Árcades com o nome de Ci-
norta, e dos Infecundos, c em huma, e outra
erudita Sociedade recitou varias obras. Ef-
tudou lurifprudencia Canónica, e Civil, e
em ambas eftas Faculdades recebeo o
gráo de Doutor. Por ordem do Meftre
do Sacro Palácio recitou na Bafilica Va-
ticana, e a dedicou à Santidade de Clemen-
te XII.
De Apqftolica S. Petri Cathedra Oratio
habita in Vaticana Bafilica ad dementem XII.
Pontif. Opt. Max. Romx ex Typ. Vaticana.
1734. 4.
Reftituido a fua pátria foy promovido ao
Arcediagado de Fonte Arcada, que poíTuio dous
annos, e meyo fallecendo intempeftivamente a
17 de Março de 1742. laz fepultado na Igreja
de Noíía Senhora do Loreto da Naçaõ Italiana.
Fr. lOAÕ DOS ANJOS Erimita de Santo
Agoftinho do qual, pofto que Fr. António
da Purificação de Vir Illuft. Ord. D. Aug.
lib. 3. cap. 8. efcreve, que naõ achou dellc
noticia em a Provinda de Portugal de que
foy Chronifla, o reconhece Fr. Thomaz
Gracian Anafi. Augufi. por Portugucz, c
author do livro intitulado.
Triumfos do Amor Divino.
lOAÕ ANTÓNIO CORRÊA natural de
Lisboa, e muito verfado na Poezia Cómica^
e na intelligencia da lingua Caftelhana em que
fe fez muito perito pela diuturna aíTiftcncia,
que teve em Giílella. Efcreveo muitas Come-
dias, que foraõ reprezcntadas com aplauzo
L USITAN A.
589
nos Theatros de Madnd das quais fe fez pu-
blica.
B^Jlauracion de Ia Bahia. Madrid, por
lozé Fernandes de Buendia. 1670. 4.
lOAÕ ANTÓNIO DA COSTA, E
ANDRADE Naceo na celebre Villa de
Santarém a 18 de Novembro de 1702. onde
teve por Pays a Gafpar Barbofa de Andrade,
e Mariana Antónia lozefa. Eíhidou lurifpru-
dencia em a Univeríidade de Q)imbra a qual
exercita como Advogado nos auditórios da
fua Pátria, e Comarca, e Contadoria fendo
Procurador da Fazenda Real, Em obze-
quio da Ordem Terceira do Seráfico Pa-
triarcha compoz.
Cryjol Seráfico em que fe apuràõ as verda-
des do Infiituto da Ordem Terceira da 'Peniten-
cia do Paíriarcha dos pobres S. Francifco. Lis-
boa Na Offidna da Muíica. 1739. ^•
lOAÕ ANTUNES natural de Lisboa
filho de Manoel Antunes Machado, e Mag-
dalena da Cruz. Na idade da adolefcenda
recebeo a roupeta de S. Filippe Neri na
Congregação do Oratório da fua pátria a
15. de lunho de 1686. onde aprendeo as
letras fagradas, que diâiou aos feus domef-
ticos com credito da fua fcienda pela qual
mereceo fer Confultor do Santo Offido.
Havendo afllftido com louvável procedi-
mento por muitos annos na Congregação
a deixou obrigado de caufas urgentes, e em
atenção á fua litteratura o nomeou o Ex-
cellentiffimo Conde da Atalaya Prior da Pa-
rochial Igreja de NoUa Senhora da AíTum-
pçaõ Matriz da dita Villa onde depois de
encher as obrigaçoens de vigilante Paf-
tor morreo com faudade das fuás ovelhas.
Compoz em o tempo, que foy Congre-
gado.
Efcola do Temor de Deos em que fe
mfina a viver bem fugindo dos vidos, e pro-
curando as virtudes. Lisboa por Valen-
tim da Colia Deslandes 1707. 8. He tra-
duzida da lingua Italiana do Padre lozé
Manfi da Congregação do Oratório em a
materna onde o Tradutor acrecentou hu-
mas breves Meditaçoens para todos os dias
da femana.
Arvore da vida plantada no Parai^o da
Igreja junto às correntes da gra^a: Hifiorias fe-
leãas das vidas dos Santos diflribuidas por todos
os melões, e dias do anno Tom. i. Lisboa por
Mathias Pereira da Sylva, e loaõ Antunes
Pedrozo. 1720. 4.
lOAÕ ANTUNES natural da auguf-
ta Gdade de Braga Presbítero do habito
de S. Pedro, e muito perito nas difciplinas
Mathematicas, e experiências Phyficas. Com-
poz.
Bphemeride AJlronomica demonfkativa, e va-
ticinio AJiroloffco conjeãural Pbyjico Ecclejiaf-
ticOf e politico para o anno de 1728. bijfexto
calculado cw Meridiano, e Latitud da muito no-
bre, augufia, e fempre leal Cidade de Braga Ca-
tbedral Metropoli, e Primav^ de todos os Rey-
nos de Efpanba. 4. M. S. Confiava como
vimos, de dez cadernos, e cada hum de duas
folhas.
lOAÕ ANTUNES DE BRITO natu-
ral da Gdade da Bahia Capital da Ame-
rica Portugueza, Sacerdote de inculpável
vida, e Meflxe publico de letras Humanas,
e Gramática Latina em que era profunda-
mente perito, como moftrou na obra fe-
guinte.
Mappa da Grammatica Latina dividida em
finco partes com admirável brevidade, e clareia
de modo, que pojfaõ bem faberfe em pouco tempo
os preceitos delia. Coimbra por Bento Seco
Ferreira. 17 14. 4.
Fr. lOAÕ DO APOCALYPSE natural
da Villa de Guimaraens e Monge Bene-
diéHno taõ obfervante do feu infiituto como
incanfavel invefiigador das Antiguidades da
fua monafiica Congregação. Alcançou grande
opinião pelo púlpito, e muito mayor pela
pradica das virtudes religiofas de que foy
exemplar nos lugares, que exercitou na
ReUgiaõ fendo Abbade do Mofteiro de
Santo André de Rendufe em 1608. do
Mofteiro de Santa Maria de Carvoeiro em
1614. e do Mofteiro de S. Tyrfo em 1628.
Falleceo no Mofteiro de S. Salvador de
Travanca a 22 de Abril de 1632. DeUe
£azem honorifica mençaõ Fr. Leaõ de Santo
Sço
BIBLIO THE C A
Thomas Bened. "Lufit. Tom. i. p. 542.
Keligiofo grave, antigo, e bem conhecido entre
nòs por fuás letras, e partes e Tom. 2.
p. 40. reltgiojo muy recolhido, e miiy eftu-
diofo a cuja curiojidade, e deligencia deve-
mos muitas memorias que nos deixou efcri-
tas tocantes aos Mojleiros defta noffa Con-
gregarão, e outras Antiguidades do Reyno.
Argaez Per/, de Catalun. p. 458. §. 134.
Talento cultivado com las letras, y las vir-
tudes.
Compo2.
Coronica da Keligiaõ de S. Bento de Por-
tugal, e dos Kejs em cujo tempo floreceo, e das
Fundaçoens dos Mojleiros. foi. M. S. Conlla
de 10 livros, e de 390. folhas. Trata o i.
livro da demarcação do Rejno de Portugal, e
Kejs que nelle floreceraõ antigamente, e Mof-
teiros que edificarão, o z. da Dejlruiçaõ de
Hefpanha, e do ejlado delia atè ferem lan-
çais os Mouros, o 3. Continua ejla maté-
ria atè a fucejjaõ dos Kejs de Portugal. 4.
Continua a mefma matéria. 5. Como fe go-
vernarão antigamente os Mofleiros. 6. Da
Congregação de S. Bento em Portugal. 7.
Do augmento dos Mofleiros depois da Re-
forma, e do eflado em que agora ejlaõ. 8.
Dos Mofleiros das Monjas Bentas que houve,
e ha em Portugal. 9. Dos Privilégios que
à Keligiaõ concederão os Summos Pontífi-
ces, e das Cerimonias do Altar, Coro, e
modo de Vejiir. 10. dos Santos da Ordem
que ouve em Portugal, e taõbem dos Abba-
des de alguns Mofleiros. Confervafe no Con-
vento de S. Salvador de Travanca.
Laci communes de B. Virgine, D. loanne,
et D. Benedião. 3. Tom. M. S.
hoci Communes Sacra Scriptures M. S.
Commentaria in libros Kegum. foi. 2.
Tom.
Varietates rerum.
Ponderaçoens fobre a Keff^a de S. Bento
7. Tom. 4. Todos eíles livros fc confcrvaõ
M. S. na Livraria do Convento de Tibaens
como afirma Fr. Gregório Argaes no lugar
aíTima allegado.
Leonor Coelho. Aprendidas na pátria as
primeiras letras em que logo moftrou a gran-
de habilidade de que o dotara a natureza^
recebeo o habito da illuftriíTima Ordem
dos Pregadores em o real Convento da
Batalha onde folemnemente profeflbu a 15
de lunho de 1581. Foy tal o progreíTo que
fez a fua eíhidiofa aplicação em as fcien-
cias feveras que depois de as diftar parti-
cularmente aos feus domeíticos no Con-
vento da Batalha, e CoUegio de Coimbra
fubio a Cathedratico de Efcritura em a Aca-
demia Conimbricenfe a 2 de lunho de 161 5
em que fez mais patente a fua profunda
fciencia fendo refpeitado por infigne Theo-
logo, excellente Efcriturario, e grande Hu-
maniíla. Foy Deputado da Inquifiçaõ de
Coimbra de cujo lugar tomou poíTe a ift
de Setembro de 1618. Falleceo no Col-
legio de Santo Thomas da mefma Qdade
no anno de 1620. quando contava 64 an-
nos de idade e trinta, e e nove de religião.
Fazem memoria do feu nome Fr. Pedra
Mont. Claujl. Dom. Tom. 3. p. 233. c na
Cathal. dos Dep. da Inq. de Coimb. n. 53. e
Fr. Lucas de Santa Cathcrina Hifl. de S.
Domingos da Prov. de Portug. p. 935. De
muitos Sermoens que pregou com aplau-
20 univerfal fomente fc fez publico o fc-
guinte.
Oração nas exéquias que a muy nobre Villa
de Santarém fumptuofamente fei:^ em Nojfa
Senhora de Marvilla a E/Key N. Senhor D.
Philippe o \. de Portugal a que fe acharão as
Ordens todas, e clerezia, toda a Nobret(a, e povo
da terra em i^ de Outubro de 1598. Lisboa
por Pedro Crasbeeck. 1600. 4. Sahio na
Kelac. das Exéquias do dito Key. ,
DiJfertaçaÕ fe no mila^e da HofHa q$te |
fe venera na Villa de Santarém ejlava o
Santijfimo Sacramento, e fe fe devia adorar ?^ ,
M. S. 4. I
Quatro índices ao Commento do livro dos .
Cantares, que compov^ o M. Fr. Luiz ^ ^^^^
mayor da Ordem dos Pregadores. Obra de
fummo trabalho, c de igual utilidade.
Fr. lOAÕ ARANHA. Naceo em lOAÕ DE ARAÚJO DA COSTA,,
a Cidade de Coimbra no anno de 1556. on- E MELLO natural da Frcguczia de S.
de teve por Pays a Fernando Aranha, c Martinho de Crafto da Villa da Ponte
I
L USITANA.
591
la Barca diílante féis legcas de Vianna do
Minho filho de António Soares de Araújo,
« de fua fegunda mulher Alaria de Barros
Barbofa ambos defcendentes das principaes
Familias da Província do Alinho. A no-
breza do feu nacimento \inida à reéHdaõ
■dos cuftumes o habilitarão para fer Abba-
<le da Igreja de S. Thome de Pedrozello
em o Confelho de Entre Homem, e Cava-
■do onde igualmente aplicado ao palio das
Tuas ovelhas, que à liçaõ dos Uvros. Com-
p02.
Nobiliário das Familias Vortugue^as. foi.
d. Tom. onde (como efcreve o P. D. Antó-
nio Caetan. de Souza nas Jídvert. e addiçoens
<k Hiíl. Gen. da Caz. Real Portug. Tom. 8.
P- ^9' §• 37*) ^^^^^ ^^^ ff-ande difufaÕ hijlo-
rica das Familias do Reyno, e de muitos ramos
Âellas que Je extenderaÕ pello Kejno de Galli^a.
A obra vay dif|>ofta por ordem alfabética,
€ das Familias que principia pela letra A.
formaõ dous Tomos.
lOAÕ ARAÚJO DE LEAÕ natu-
Tal de Lisboa, e celebre alumno do Par-
naíTo cuja elevada Mufa mereceo fempre
premio nos Certames Poéticos como fe
vio naquelle que fe fez em aplauzo do Con-
•de de Linhares D. Aíiguel de Alenezes.
Entre os Poetas Portuguezes he celebra-
do por lacinto Gírdeiro EJog. de Poet. hu-
Jit. Eftanc. 39.
huego luan de Araújo muefira el fruto
Que a la pátria propaga en tantas flores
Porque en darle el laurel por atributo
Las glorias dei laurel fe ha^en majores.
Dele Amaltbea cândida el tributo,
Y haura en alabanças fuperiores
Proponga a Apolo, Ji efte bien defea
Qiie en emplearfe en el mui bien fe emplea.
Das muitas obras poéticas de que foy
fecunda a fua idea, fe fizeraõ publicas as
Xí^uintes.
Dous Sonetos que faõ o 58, e 49. Sahiraõ
no Certame do Conde de Linhares. Lis-
boa por Giraldo da Vinha. 4.
Sextinas em aplaut(p da Gigantomachia de
Manoel de Galhegos. Lisboa por Pedro Cras-
ijeeck. 1628. 4.
Soneto à EJlatua do Jilencio. Começa.
Efla que ve^ Eflatua religiofa.
P. lOAÕ DE ARRUDA natural da
Villa do feu appelido diílante féis legoas
de Lisboa para o Nacente. Foy educado por
hum feu Tio Prior da Igreja Parochial de
NoíTa Senhora da Salvação da meínaa Villa,
e logo moílrou o génio que tinha para as
cerimonias Ecclefiafticas, como fciencia da
Mufica, para regular o Coro. Ordenado
de Presbítero como foíTe venerado pela
innocencia dos cuftumes o elegeo feu Ca-
pellaõ o Infante D. Fernando filho do Se-
reniíTimo Rey D. loaõ o I. e por infinua-
çaò do mefmo Príncipe foy Meftre da Ca-
pella real de Affonfo V. devendofe à fua
perícia a reforma de muitos abuzos que
fe tinhaõ introduzido nos Officios Divi-
nos. O mefmo Infante D. Fernando quan-
do no anno de 1429. acompanhou a fua ir-
maã a Senhora D. Izabel para fe defpozar
com Filippe o Bom terceiro do nome. Du-
que de Borgonha o levou em fua compa-
nhia juntamente com o Aleftre loaõ, e Aíar-
tim Lourenço bazes fundamentaes da Con-
gregação dos Cónegos Seculares nefte Rey-
no, e da comunicação deftes infignes Va-
roens fe lhe acendeo o dezejo para deixar
o mundo cuja refoluçaõ reftituido ao Rey-
no promptamente executou recebendo o
habito Canónico no Convento de Villar de
Frades onde exercitou com aíTombro de
domefticos, e eftranhos as virtudes mais
heróicas. Pelo efpaço de doze annos naõ
fahio fora do Convento fugindo de todo o
comercio humano, e anhelando imicamente
pela contemplação das delicias celeftiaes. Para
beneficio da fua Congregação foy obrigado
pelos Superiores paífar a Roma cuja jornada
fez a pé fuprindo o valor do efpirito a debi-
lidade do corpo cauzada pelo numero dos
annos, e rigor das penitencias. Concluí-
dos felífmente os negócios na Cúria par-
tio para Veneza onde admirou a obfervan-
cia dos Cónegos da Congregação de S. lor-
ge em Alga, e aprendeo algumas regras
conducentes para a perfeição do Canto Ec-
clefiaftico, e culto Divino. Reftituido a
Portugal bufcou logo o Convento de Vil-
lar onde acometido de humas acerbiíTimas
5C}2
BIBLIO THECA
dores prognoíUcos infalliveis da morte fe
preparou com todos os Sacramentos para
o ultimo conflifto. Duas horas antes do
feu tranfito rezou com voz fubmiíTa todo
o officio de Defuntos, e de NoíTa Senhora,
e levantando a voz proferio com grande
fervor de efpirito Venite exultemus Domino,
jubimus Deo Jalutari noftro, praocupemus fa-
dem ejus in confejfione, e no fim deílas pala-
vras entregou o efpirito ao feu Creador
a 29 de Junho de 1470. PaíTados alguns
annos fendo aberta a fua fepultura foy acha-
do com aíTombro dos circunílantes o ca-
dáver incorrupto, e exhalando fuaviíTimo
cheyro. Fazem memoria das fuás virtuo-
fas açoens com pena mais difufa o Licen-
ciado Jorge Cardozo Agiol. L,fíjit. Tom. 3.
pag. 855. e Franc. de Santa Maria Chron.
dos Coneg. Secul. liv. 3. cap. 44. 45. e 46.
Compoz.
Tratado das Ceremonias E.cclejiajlicas, e do
Canto, que fe ífí(a nos Officios Divinos. M. S.
Defta obra faz mençaõ Franc. de Santa Ma-
ria no lugar aíTima allegado pag. 743.
Fr. lOAÕ DE SANTO ATHANASIO
religiofo profeflb da Seráfica Provinda dos
Capuchos de Santo António Prefidente da
MiíTaõ do Eílado do Maranhão, e delia
Procurador, Miniílro da lunta das MiíTocns
daquelle Eílado. Foy muito verfado em
a noticia natural, e efpiritual defta Conquifta
efcrevendo com grande individuação.
Koteiro moral para Mijftonarios feito para
a Cofia do Maranhão, e que pode fervir para as
mais Conquiflas da Coroa 'Lufitana, em que
fe trata com a brevidade pojftvel todo o
necejfario para a adminijlraçaõ dos Sacramen-
tos, e os privileffos concedidos aos Padres Mif-
fionarios, e índios com muitas curiojidades, e
doutrinas concernentes ao intento da obra, tudo
ajuflado às Pontifícias condenaçoens dos San-
tijftmos Padres Alexandre Vil. e Innocen-
cio XI. Dedicado a ElRey D. Pedro 11.
foi. M. S. Confta de 1145. paginas. Con-
ferva-fe cfcrito em admirável carafter na
Livraria de Santo António dos Gipuchos,
onde o vimos.
D. lOAÕ DE ATAYDE, E AZEVEDO
natural do Gíuto de S. loaõ de Pendorada
no Confelho de Bem viver da Comarca do
Porto em a Província de Entre Douro, e
Minho. Teve por progenitores a D. Fran-
cifco de Attayde de Azevedo Commenda-
dor da Ordem de Chrifto, e a D. Brites da
Sylva. Aplicou-fe na Univerfidade de Coim-
bra ao eftudo da Sagrada Theologia em que
fez tantos progreíTos a agudeza do feu en-
genho, que foy admetido a Collegial do
Collegio Real de S. Paulo a 11 de Mayo
de 161 3. PaíTados alguns annos preferio
a efcola de Bcllona à de Minerva fendo
Capitão de Couraças, e Comiflario da Ca-
vallaria do Alentejo diftinguindo-fe entre
os mais valerofos foldados na batalha do
Montijo alcançada no anno de 1644. con-
tra o Marquez de Tarracuza onde deu do
feu valor heróicos teftemunhos. Cazou com
D. Catherina de Sá filha de Chriftovaõ de
Sá de Coimbra. Foy infigne na Arte da
Cavallaria, e muito dèílro em tourear. Ef-
creveo.
Rudimentos da Cavallaria da Gineta. 4.
M. S. Dedicados ao SereniíTimo Rey D.
loaõ o IV. Efta obra eftava prompta com
todas as licenças para a impreíTaõ, e delia
tranfcreveo grande parte Francifco Pinto
Pacheco no feu Tratado da Cavallaria da
Gineta impreíTo em Lisboa. 1670. Do au-
thor, e da obra faz mençaõ meu Irmaõ D.
lozé Barbofa Mem. do Colleg. Keal de S. Pau-
lo pag. 118. e no Archiath. Ijuftt. pag. 26. e
161.
Martia pofihabitá quaret vexilla loan-
nes
Pallade, virtutem dicet Montijia pugna
Hifpaná de gente potens quá Lufus ovabif.
Fr. lOAÕ DE AZEVEDO Naceo
em a celebre Villa de Santarém a zj de Ja-
neiro de 1665. c naõ a 2 de Dezembro
de 1667. como efcreve o P. Ignacio da Pie-
dade, e VafconccUos Hijl. de Santar. Edif.
Tom. 2. pag. 483. e na Parochial Igreja
de NoíTa Senhora de Marvilla rccebeo a
primeira graça a 2 de Fevereiro. Foy fi-
lho de Pays muito nobres quais foraõ An-
L USITAN A
593
tonio de Azevedo Pereira, e D. Iria de Abreu,
e Córdova filha de António de Abreu, e
Córdova, e D. Antónia de Góes. Entre os
Inítitutos religiofos profeíTou o de Erimita
Auguíliniano em o Real Convento de Nof-
fa Senhora da Graça de Lisboa em o pri-
meiro de Novembro de 1686. onde a oovor
prehenfaõ do feu talento, felicidade de me-
moria, e inclinação ao eíhido o coníHtui-
raõ hum dos mais celebres Theologos do
feu tempo principalmente em a Theolo-
gia Moral em que a fua penna deixou im-
mortalizado o feu nome. Depois de diâar
as fciencias feveras aos domeliicos pelo ef-
paço de vinte annos com grande aplau-
zo da fvia litteratura foy Prior do Conven-
to da Ilha, Reytor do Collegio de Braga,
Prior do Convento de Lisboa, Definidor
da Ordem, Examinador do Tribunal da
Meza da Conciencia, e Ordens, e Conful-
tor da Bulia da Cruzada. Falleceo no Con-
vento de N. Senhora da Graça de Lisboa
a 16 de Junho de 1746. quando contava
81. annos de idade, e 60 de Religião.
Compoz.
Tribunal Theolo^cum, €>* Juridicum con-
tra Juhdolos Confejfarios in Sacramento Pani-
tentia ad 'Venerem follicitantes fecurioribus Au-
thorum tum veterum, tum recentiorum delibera-
tionibus undequaque exomatum, ereãum, in quo
breviter, <ir dilucide confertmtur cajus Jolicitan-
tium: deliberantur omnia fere dúbia f aliei tatio-
nis. UlyíTipone apud Michaelem Rodrigues.
1726. 4.
Tribunal de De/enganos dividido em 24
dejenganos, deliberaçoens Theologicas, Efcri-
turarias, doutrinaes, politicas, e Cbrifiãas.
Lisboa na Officina Auguítíniana. 1753. foi.
Fr. lOAÕ BAPTISTA reUgiofo pro-
feílo da Seráfica Provinda de Santo An-
tónio do Brazil cujo primeiro Convento
foy fundado no fuburbio da Qdade da Bahia
de todos os Santos em o anno de 1587.
e fegimda vez fundado dentro da mefma
Cidade em o anno de 1594. Sendo o pri-
meiro Provincial deíla Provinda, e mui-
to zelozo dos feus augmentos conduzio
de Roma varias Relíquias com que naõ
38
fomente ornou o Convento de S. Frandfco
da Bahia, mas o de NoíTa Senhora das Neves
da Qdade de Olinda Capital do Eiiado de
Pernambuco. Compoz.
Ramalhete de flores de Itália. Conferva-fe
M. S. no Convento da Bahia. He obra ef-
piritual, e mereceo a eíUmaçaõ de todos
que a leraõ.
Fr. lOAÕ BAPTISTA natural de Coim-
bra, e religiofo Menor da Provinda Será-
fica de Portugal, e Meíbre dos Noviços do
Convento de Santarém para cuja inllruçaõ ef-
creveo, e dedicou em 25 de Março de 1625.
a D. Fr. Bernardino de Sena Bifpo de Vifeu,
Geral, que fora da Ordem Frandfcana.
InJlruçaÕ de Noviços com todas as cerimo-
nias do anno do Noviciado ajjim commuas, como
do Coro, Altar, e Sancriftia para os Acolytbos,
e Cerof erários, como do de fa^er profiffaõ, e o
que para ejfe aão be neceffario, e as re^as do
Oficio Divino, aJJim do Breviário Romano,
como as da noffa Ordem. No fim. Tra-
tado dos ca/os refervados eu)s Padres noffos
Provinciaes com todas Juas particularidades.
4. M. S. O Original fe conferva na felec-
tiíTima Livraria dos Padres Theatinos deita
Corte onde o vimos.
Fr. lOAÕ BAPTISTA intitulado o Al-
parca naceo em Lisboa profeíTou o infti-
tuto ferafico em o Convento de Leyria a
16 de Outubro de 161 1. onde aprendidas as
fdencias Efcholafticas em que fahio infi-
gne, alcançou geral aclamação em o púl-
pito fendo hum dos mais famozos Decla-
madores Evangélicos da fua idade pela de-
licadeza dos penfamentos, afluência de pa-
lavras, e profundidade dos difcurfos. Para
eterno monumento do feu talento condo-
natorio baila o elogio, que lhe fez em bre-
ves palavras o Oráculo da Eloquência Ec-
defiaflica o Padre António Vieyra, que
ouvindo-o em a Parochia de Noíla Senhora
da Várzea do termo da ViUa de Alanquer
pregando himi Sermaõ do Sacramento ad-
mirado da energia, e fubtileza com que
difcurfava, diíTe A' mãy do P. Alparca
deraõ-lhe as dores do parto na Igreja, e foy
594
BIB LIO TH E CA
o parir ao pulpito. Ainda quando a idade
decrépita que chegou a 91 annos o difpen-
fava do exercício de Pregador o continuou
até o anno de 1687. em que falleceo no Con-
vento de S. Francifco defta Corte. Poden-
do formarfe muitos volumes dos feus Ser-
moens em cujos padroens fe perpetuafle
o feu nome unicamente fe fez publico o
feguinte que furtivamente fe alcançou co-
mo efcreve Fr. Fernando da Soledade. Hijl.
Seraf. da Prov. de Vortiig. Part. 3. liv. i. cap. 21.
Sermão Pane^rico da glorio/a AJfumpçaÕ
de Maria Santijftma pregado em o Convento da
Madre de Deos. Sahio na luiurea Portug.
a pag. 336. até 357. Lisboa por Miguel
Deslandes. 1687. 4. Defta obra como de
feu author faz memoria Fr. loan. à D. Ant.
Bih. Franc. Tom. 2. pag. 126. col. i.
Fr. lOAÕ BAPTISTA natural da Ci-
dade de Tavira em o Reyno do Algarve
filho do Doutor Belchior Baptifta Delga-
do, e de loanna Figueira. Na idade da ado-
lefcencia recebeo o habito de Agoflinho
Defcalfo em o Convento de N. Senhora
da Conceição de Monte Olivete fituado fora
dos muros de Lisboa onde profeíTou fole-
mnemente. Aprendidas as fciencias efcho-
laflicas as di£tou aos feus domefticos em o
Convento de Évora em que jubilou com
aclamaçoens de infigne Letrado. Como era
dotado de fumma obfervancia, e igual pru-
dência foy mandado pellos Superiores ás
Miflbens de S. Thome, Ilha do Principe,
Anno bom, e Cofla. de Africa, e depois de
ter exercitado louvavelmente eftas in-
cumbências paíTou à Bahia onde fundou
o Hofpicio de N. Senhora da Palma para
religiofos da fua Reforma. Reftituido
a Portugal foy Vifitador Geral da fua
Congregação, e primeiro Definidor Ge-
ral, Qualificador do Santo Officio, e
Examinador das três Ordens Militares.
Dos muitos Sermoens que com aplauzo
foraõ ouvidos em diverfas partes publicou
os feguintes.
Sermão pregado no Terceiro dia do Sj-
nado Diocefano que fe celebrou em a Sè Ca-
tbe^rai ,da Cidade da Bahia preftdindo o II-
luftrijftmo Senhor D. SebaJliaÕ Monteiro da
Vide Arcebijpo Metropolitano do Eftado do
Brav^il. Lisboa por Miguel Manefcal. 1709. 4.
Sermão do Patriarcha Santo Elias prega-
do no Convento do Carmo da Bahia. Lisboa
por Pafchoal da Sylva. 1716. 4.
Sermão do Apojlolo S. Pedro na dedicarão
da fua nova Igreja na Bahia. Lisboa pelo dito
ImpreíTor. 1716. 4.
P. lOAÕ BAPTISTA. Naceo em a
notável Villa de Setúbal onde teve por Pays
ao Doutor Balthezar da Fonceca Lemos
Provedor da Comarca defta Villa, e depois
Corregedor do Civel da Corte, e a D. Ma-
riana lozefa Lobata. Começou aprender
os primeiros rudimentos da lingua Latina
com hum Clérigo de inculpável vida, na
qual fahio confummado pelas inftruçoens
de feu Pay que era muito perito nefte idioma.
Ouvio Filofofia na Congregação do Ora-
tório de Lisboa di£lada pelo P. lozé Tro-
yano Qualificador do S. Officio onde fua-
vemente atrahido do exemplar inftituto de feu
Meftre veftio a roupeta de S. Filippe Neri a
8 de Setembro de 1724. Nefta virtuoía, c
fabia paleftra fendo difcipulo dos Padres
Manoel de Almeyda, Eftacio de Almeyda Aca-
démico Real, e Chronifta defte Reyno, c o
Padre lulio Francifco Académico Real, e hoje
digniíTimo Bifpo de Vifeu, fubio ao magif-
terio da Filofofia em que conciliando a
doutrina de Ariftoteles com os Syftemas
de Renato Defcartes, e Ifaac Newton, e
outros celebres fequazes deftes dous Orá-
culos de França, e Inglaterra alcançou a glo-
ria fingular de fer o primeiro que nefta Corte
diâaíTe a Filofofia Moderna, que totalmente
fe ignorava em Portugal em cuja árdua em-
preza manifeftou o incanfavel difvelo do
feu eftudo, e a fubtil penetração do feu juízo.
Igual fublimidade de talento, e extenfaõ
de literatura defcubrio nas Cadeiras de Vcf-
pera, e Prima onde diílou diverfas Maté-
rias Theologicas folidamente eftabelicidas fo-
bre as fentenças dos Santos Padres, prin-
cipalmente de Santo Agoftinho, cujas
obras tem revolvido com taõ continuo
exercício, que de muitas fielmente repete
L USITANa.
595
paginas inteiras. Naõ he menos verfado na
Theologia Polemica, e Expoíitiva com que
corrobora, e illuftra a Efcholaftica, fendo
illuftres pregoeiros da fua profunda fubti-
le2a, e vaftiíTima erudição repetidos Aâios
literários onde ou argumentando, ou de-
fendendo fe venera o feu nome fenipre in-
vulnerável aos golpes da enveja, e da emula-
ção. Para fazer patente ao mundo a labo-
riofa empreza, que animofamente intentou,
e felifmente confeguio em o novo Metho-
do da Filofofia a reduzio a 4. Tomos de
folha dos quais o i. e 2. fe eílaõ imprimin-
do nelie anno de 1746. na Officina Real
Sylviana, e da Academia Real com o titulo
feguinte.
Philofophia Arifiotelica rejlituta, et illuf-
trata quá expertmentis, quã ratiociniis recenter
inventis. Pars Prima. IjOgica. foi.
Philofophia Arijloíelica rejlituta &c. Pars
fecunda. Phjfica duplici volumine abfolvenda.
foi. Tem prompto para a impreíTaõ.
Quajliones feleãa ex penitiore Theolo^a eâ
nimirum qua noflram concemunt lihertatem. Conf-
taõ De f ciência media, cujus exijleniia fortiter
impugnatur. De Gratia efficaci. De Pradef-
tinatione. De Primatu Divina Voluntatis in
noflras. De libero Arbítrio.
Fr. lOAÕ BAPTISTA DE S. ANTÓ-
NIO. Naceo na Freguezia de S. Miguel
dos Gémeos da Villa de Bafto G^marca de
Guimaraens do Arcebifpado de Braga on-
de foy purificado da primeira culpa a 24
de lunho de 1683. Foy filho de António
lorge, e Senhorinha de Carvalho Laurado-
res honrados, e opulentos. Pela zelofa aétí-
vidade com que procurou a ultima decifaõ
no altercado pleyto que a favor das Ter-
ceiras Capuchas do Recolhimento da Ma-
dre de Deos de Guimaraens, hoje Mofteiro
da primeira Regra de Santa Clara, fe alcan-
çou contra o IlluílriíTimo Arcebifpo Pri-
maz Ruy de Moura Telles, mereceo fer
admitido ao inílituto ferafico no real
Convento de S. Francifco da Gdade a
21 de Dezembro de 171 5. que folemne-
mente profeíTou no eílado de Leygo a
22 do dito mez do anno feguinte. Conhe-
cendo o ComiíTario Geral da Terra Santa
Fr. Francifco de S. Tiago a fua capacidade
o elegeo para feu companheiro de cuja in-
cumbência deu taõ boa fatisfaçaõ, que o
novo Comilíario Fr. loaõ das Chagas fubf-
tituto do precedente o nomeou em 20 de
Abril de 1720. por ordem do Geral Vice
ComiíTario, e Procurador Geral dos fantos
Lugares. A' fua incanfavel deligencia, e fer-
vorofo zelo fe deve o copiofo augmento
de efmolas que efte Reyno, e fuás conquif-
tas piamente difpendem para fubfidio dos
Santos Lugares. Com igual, ou mayor dif-
velo ideou huma Hiíloria em que fe leíle
tudo quanto nos mefmos lugares fe com-
prehende para cuja idea juntou grande nu-
mero de Authores que tinhaõ efcrito da
Terra Santa, e fupoílo que grande parte
delles fe abrazaraõ no fatal incêndio, que
devaílou o Convento de S. Francifco de
Lisboa a 30 de Novembro de 1741. ainda
conferva muitos, dos quais, e das Relaçoens
authenticas enviadas dos Conventos da Cuf-
todia de lerufalem compoz com eftilo claro,
e corrente.
Parair^p Seráfico plantado nos fantos lu-
gares da Kedempçaõ, regado com as pre-
ciofas correntes do Salvador do mundo
Jefu Cbriflo fonte da vida, guardado pe-
los filhos do Patriarcba S. Franâfco com
a efpada de feu ardente v^elo, repartido
em outo eflancias nas quais fe defcrevem
os principaes fanãuarios em que refidem
os Keliffofos Francifcanos. Primeira Par-
te. Lisboa por Domingos Gonzalves.
1734. foi. ■■ '■}
Parte fegunda Refere em finco livros a
Guerra Sacra ate a tomada de lerufalem;
o efiado do governo de feus Reys até Guido
de hufignano, e perda da Santa Cidade;
motivos dejla perda; Vaticínios do Kefiau-
rador dos Santos iMgares o Santo P. S.
Francifco. Summario das ultimas Armadas
dos Cruzados que intentarão a Keftaura-
çaõ do Reyno de Jert falem: efiabslicimento
do Patriarcha Seráfico, e da fua Religião
na Afia com efpecialidade para guarda, e
culto do Santijfimo Sepulcbro, e mais Lu-
gares fantos. Lisboa pelo dito ImpreíTor
1741. foi.
596
B IB LIO THE CA
lOAÕ BAPTISTA DE CASTRO na-
ceo em a Cidade de Lisboa a 2 de Feve-
reiro de 1700. Foraõ feus Pays Sebaftiaõ
Dias de Caibro Sargento mór de hum dos
Regimentos da guarnição da Corte o qual
na batalha da Almança dada a 25 de Abril
de 1707 fendo Capitão de Infantaria em
que ficou prizioneiro, fez patente o valor
do feu Coração, e D. Feliciana da Serra
defcendente das principaes familias da Vil-
la de Cintra. Da virtuofa efcola deftes dous
confortes fahio perfeitamente inftruido em
todos os documentos pertencentes à vida
moral, e politica. Frequentou o eftudo
da Filofofia Peripatetica em a Congrega-
ção do Oratório, e por quatro annos ou-
vio Theologia Efpeculativa em o Colle-
gio de S. Antaõ dos Padres lefuitas, e de
huma, e outra Faculdade penetrou os
arcanos, que lhe facilitou a perfpicacia
do engenho, e a felicidade da compre-
henfaõ. Ordenado de Presbítero no an-
no de 1734. como anhelafle o comercio
de homens eruditos paíTou a Roma onde
recebeo da benevolência de Clemente
XII. graciofos indultos como foraõ o de
Prothonotario Apoílolico, e de fer Altar
priviligiado duas vezes cada mez aquelle
onde celebrafle por fua eleição o incruen-
to Sacrifício da MiíTa. Foy admetido en-
tre os CoUegas da Academia dos Infecm-
làos eftabelicida em caza do Commendador
Gama aíTiftente na Cúria onde compoz va-
rias Poefias que fahiraõ impreíTas em as
Rimas do infigne Pintor lacome Diol o qual
lhe fez em aplauzo alguns fonetos pregoei-
ros da fecundidade, e difcriçaõ da fua Mu-
ía. Ao tempo que voltava para a pátria
difcorreo pelas mais excellentes Cidades de
Itália obfervando com juizo de fabio, e
exame de curiofo tudo quanto era digno
de admiração. Da erudição profana, e fa-
grada tem vafta noticia como taõbem da
Oratória, Poética, e Hiftoria, cujas Artes
praítíca com fumma elegância, fendo
hum dos Eccleíiafticos mais modeílos,
c eruditos que fe venera entre o Clero def-
ta Corte. Havendo publicado vários par-
tos da fua fecunda penna como inimigo
da vaõgloria, e amante da modeília os
naõ publicou em o feu nome, fe naõ ocul-
to com o de Cuftodio lefaõ Barata puro
anagtamma do feu nome, ou com as letras
iniciaes delle que faõ I. B. C. cujo Cathalogo
he o feguinte.
Recreação Provei tof a i. Parte, que em
forma de Colloquios dá noticia de muitos
prodigios memoráveis da Arte, e Naturev^a,
Lisboa por António Pedrozo Galiaõ
1728. 8.
Recreação Proveito/a 2. Parte &c. pelo
dito Impreííor. 1729. 8.
Novena do gloriofijfimo hlartyr S. Boni-
fácio com meditaçoens deduajdas das 9 letras
de feu próprio nome. Lisboa na Officina de
Domingos Gonçalves. 1733. 12.
Efpelho da eloquência Portuguev^a illuflra-
do pelas exemplares luv^es do verdadeiro foi da
eloquência o venerável Padre António Vieyra
da Companhia de lESUS. Lisboa por An-
tónio Pedrozo Galraõ. 1734. 8.
Fonte de refrigério para os que caminhão
tibios, fecos, e dijlraidos pela ejlrada da OraçaÕ:
Epijlola afcetica efcrita a hum amigo, que fe foy
meter religiofo para fe entregar todo ao exerci-
do da OraçaÕ Mental. Lisboa na Officina
de Maurício Vicente de Almeyda de
1735. 8.
íris da Paz a prodigiofa , e admirá-
vel Virgem, e Martyr Santa Barbara ap-
parecida no Ceo da fua vida, admirada nos
refplendores das fuás virtudes, e milagres;
na veneração das fuás reliquias, ereçaõ dos
feus Templos, e culto efpecial de feus de-
votos. Lisboa por António Pedrozo Gal-
raõ 1736. 8.
Aflição confortada derigida à virtude da
paciência. Lisboa por António Pedrozo Gal-
raõ. 1738. 8.
Rofa Poética, ou verdadeiro caraíler da Poe-
v^a expreffado nas propriedades da Rofa Dif-
curfo Académico Lisboa por António Ifi-
doro da Fonfeca. 1740. 4.
Hora de Recrejo nas ferias de mctfores
efludos, e opprejfaõ de mayores andados i.
Parte. Lisboa na Officina de Miguel
Manefcal da Cofta ImpreíTor do Santo
Officio. 1742. 8.
Hora de Recrejo 2. Parte pelo mefmo
ImpreíTor. 1745. 8.
L USITAN A.
597
Mappa de Portugal. Parte Primeira.
Comprehende a JitiiaçaÕ, etymologia, e cli-
ma do Rejno; memoria de algumas povoa-
çoens, que fe extinguirão; defcripçaõ circular;
divifaõ antiga, e moderna; montes, rios,
fontes, caldas, fertilidade, Mineraes, moedas,
lin^, génio, e cujiumes Portugueses. Lis-
boa pelo dito ImpreíTor. 1745. 8.
Mappa de Portugal. Segunda Parte con-
tem a Origem, e JituaçaÕ dos primeiros povoa-
dores da 'Lufitania; entrada, e dominio dos Fe-
nit(es, Cartbagineties, Komanos, Godos, e Mou-
ros; ereçaÕ da Monarchia Portuguev^a, e as prin-
cipaes acçoens de feus augujios Monarchas,
Píjzynhas, Príncipes, e Infantes; governo da
Cat^a Keal, e outras noticias politicas. Lis-
boa pelo dito ImpreíTor. 1746. 8.
Eíles 2. Tomos fahiraõ com o feu
nome.
Obras naõ eílampadas, mas
completas.
Recreação Proveitofa 3. Parte. 8.
Homem Khetorico, exemplificado todo com
os Sermoens do Padie Vieira. 4.
Syntagma Comparijlico. Conlla de va-
rias comparaçoens difpoftas pelo alfabe-
to, e illuílradas com muita erudição.
Sueco Poético. He huma G)lleçaõ das
fentenças, e primores Poéticos, extrai-
dos dos melhores Poetas Latinos, e vulga-
res, ordenados também alfabeticamente, e
divididos em 2. Tomos.
Gnomologia Portuguesa. Efcreveo o Au-
thor efte livro de 12 annos: trata dos ditos
mais judiciofos de Authores Portuguezes,
famofos, e infignes.
Jornada de Roma he hum curiofo Diá-
rio do que o A. paíTou quando foy, e veyo
de Roma com algumas obfervaçoens ef-
peciaes.
O Ceo Conquijiado. Efte livro compoz
o Author para os Monges das Covas prin-
cipiarem os exercidos efpirituaes no tyro-
dnio do feu noviciado: confta do mais ef-
fencial da Oraçaõ mental efpeculativo, e
pratico. 8.
EJogio de S. Bruno. He a vida defte San-
to, com vários Elogios da Religião Cartu-
zana.
Arte para cifrar, e decifrar todas a^
cifras. He huma illuftraçaõ da Arte de
Leaõ Baptifta Alberto com outras muitas^
advertências.
Piloto de moribundos. Trata dos cazos mo-
raes, que pôde occorrer à hora da morte;
e dos confelhos, que fe devem dar confor-
me as peíloas a que fe aíTiftir.
Elucidário Mjjlico. He hum Vocabu-
lário de termos myfticos, muy claro, e
erudito.
Paralello entre a vida, e a honra. Ora-
ção panegyrica de Manoel Thefauro tra-
duzida.
O perfeito Palaciano com regras, e exem-
plos de experimentada prudência para o
trato cortezaõ, e politico. 8.
Ephemerides Hijlorico — Portuguesa pelos
dias dos mezes.
A. confusão da foberba.
Obras imperfeytas.
Hijloria da Freguesia de S. José- E das
outras Freguezias de Lisboa com defcripçaõ
Topográfica dos feus fitios.
Mentiras vijlas. He huma crifi moral
contra alguns vicios por idea engenhoza.
O Tácito Divino, ou Vida de S. Bruno.
Jardim MjJlico, Alaria Santijfima.
Ajfeãos bem logrados. Livro de devo-
ção.
Defculpa da culpa. Obra Moral, e eru-
dita.
Elucidário Poético. He huma rezu-
mida explicação das Fabulas pelo alfa-
beto.
Qttefloens Curiofas. &c.
Itinerário das primeiras terras de Por-
tugal.
Eucema Myfiica: tradução do admi-
rável Tratado, que compoz o Padre
lozé Lopes Efquerra para os Diredo-
res das almas. Obra baftantemente adian-
tada.
Cabo da enganofa efperança. G^mple-
mento da 3. parte, que deixou imper-
feita o Padre Nicolao Fernandes CoUa-
res, e principio da 4. Parte pelo mefmo
eftillo, e idea.
598
BIBLIO THE CA
lOAÕ BAPTISTA DIAMANTE na-
■cido em Caftella de Pay Efpanhol qual
foy lacome Diamante, e de Mãy Portu-
gueza, Cavalleiro da Ordem Militar de Mal-
ta, e hum dos mais celebres Poetas Comi-
■cos, que floreceraõ no feculo paflado. Foy
infigne em todas as Artes dignas de hum
Cavalhero diftinguindo-fe no jogo das Ar-
mas, e manejo dos Cavalos. Publicou.
Comedias varias i. Parte. Madrid por
André Garcia de la Iglezia. 1670. 4.
2. Parte Madrid por Roque Rico de Mi-
randa. 1674. 4.
Antes de fahirem eílas duas Partes de
■Comedias, corriaõ impreíTas com outras de
diverfos Authores as feguintes
El honrador de Ju Padre. Madrid por
Gregório Rodrigues. 1658. 8.
Servir para merecer. Madrid por André
Garcia de la Iglezia. 1685. 4.
Santo Thoma^ de Villanueva. Ibi por
Jozé Fernandes de Buendia. 1665. 4.
£/ vaquero de Granada
£/ mancebo de Camino.
Ambas. Madrid por Francifco Nieto.
1666. 4.
hxihirintho de Creta
L/i Crw(^ de Caravaca
La Judia de Toledo.
Todas três Madrid por André Garcia
de la Iglezia. 1667. 4.
EJ Tyrano cajiigado
La dicha por el agravio.
Madrid por lozé Fernandes de Buen-
dia. 1671. 4.
EJ Vaqttero Ejnperador 2. lomada.
Madrid por lozé Fernandes Buendia.
1678. 4.
Bajle en efdruxtdos. Sahio no livro
de Entremezes intitulado Verdores dei
Pamajo. Madrid por Domingos Garcia
Morras. 1668. 8.
Fr. lOAÕ BAPTISTA FEYO rcU-
giofo Menor da Província de Portugal
cm a qual fe incorporou pelos annos de
1570. ou 1571. Voltando de Roma onde
em o Convento de Aracscli recebera,
efte penitente habito, e profeíTara taõ ri-
gorofo inílituto, todo o tempo, que lhe
reftava das precifas obrigaçoens de reli-
giofo o confumia na liçaõ de livros af-
ceticos, e no eftudo das Cerimonias Ec-
cleíiafticas em que foy eminente, efcrc-
vendo.
Calendário perpetuo para todos os que us^aõ
o Officio Divino Komano com regras do mej-
mo Officio, annotaçoens curiofas, e refolufaõ
das duvidas, que nelle podem occorrer. Tam-
bém o modo, que fe hade guardar em todo
o governo de Officio votivo, e como fe deve
revoar, e di:(er as Mijfas do Trinitario, al-
gumas particularidades do Martyrologio, e ou-
tras matérias. As Taboas de ocmrècia e
concorrência emendadas com tudo o mais, q
para ejia matéria he necejfario. Lisboa por
António Ribeyro. 1588. 8. Delle fe lem-
braõ Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag.
524. col. I. e Fr. Fernando da Soled.
Hifi. Seraf. da Prov. de Portug. Part. 5. liv.
I. cap. 21. e Part. 5. liv. 2. cap. 11.
lOAÕ BAPTISTA LAVANHA Caval-
leiro da Ordem Militar de Chrifto natural de
Lisboa, e filho de loaõ Baptifta Lavanha, que
morreo a 5 de Fevereiro de 1555. e jaz fepul-
tado na Igreja do Carmo defta Corte. A boa
Índole, que logo nos primeiros annos moftrou
para a cultura das fciencias eíUmulou a El-
Rey D. Sebaftiaõ a que eftudaíTe em Ronu,
e de tal modo defempenhou o conceito
defte Príncipe, que voltando para o Reyno
foy venerado por infigne profeíTor das dif-
ciplinas Mathematicas, letras humanas, e
vaíUíTima noticia das Hiílorias fagrada, e
profana por cujos dotes mereceo as efti-
maçoens de todos os Monarchas do feu
tempo empenhados em remunerar o feu
talento, nomeando-o Filíppe Prudente Cof-
mografo mòr, e Filíppe III. Chronifta mór
de Portugal em o anno de 1618. de cujo
lugar foy fuceflbr do infigne Fr. Bernar-
do de Brito, e o mandou a Flandes ín-
formar-fe das noticias neceflarias para a
compofiçaõ da Hilloría da Monarchia de
Efpanha, e Genealogia dos feus Monarchas.
Para efte effeito efcreveo de Valhadolid hu-
ma carta a 29 de Novembro de 1601. ao
Archiduque Alberto Governador dos Ef-
tados de Flandes cm que lhe figníficava
I
L USITANA
599
o empenho de que S. Alteza prompta-
mente mandalTe aíTiflir a loaõ Baptiíla La-
vanha com tudo, que foíTe precifo, e con-
ducente à incumbência, que lhe comettera
concluindo com efte Elogio da fua pefloa.
Será muy próprio de V. Altei^a efiimarle, y
honrar le por fer muy eminente en huenas letras, y
exemplar en Ju trato. Semelhante recomenda-
ção fez ao feu Embaxador de França loaõ
Baptiíla TaíTis quando paíTou a efte Reyno
para a mefma incumbência dizendo-lhe por-
que lo merece por Ju perfona, letras, calidad, y
huenas partes. AíTim o relata Gil Gonzalves
de Ávila Tbeatr. de las Grand. de Madrid.
pag. 330. col. 2. por cartas Originaes, que
lera delRey Catholico para o feu Embaxa-
dor na Corte de Pariz. Mayor foy o favor,
que recebeo da Mageílade de Filippe IV.
de quem fora MeJftre de Coímografia quan-
do recolhendo no anno de 1625. em hum
Convento de jVIadrid a duas filhas foraõ
acompanhadas por efte Monarcha, e fua
Efpoza a Raynha D. Izabel de Borbon
com os Infantes, fendo Madrinhas a Con-
deíía de OUvares, e a Marqueza de Caftel-
lo Rodrigo, e benzeo os Veos o Bifpo de
Canárias. Falleceo na Corte de Madrid em
o anno de 1625. em idade mviito provecta.
Celebraõ o feu nome graviíTimos Efcrito-
res como faõ Luiz Salaz. y Caftro Hijl.
Gen. da Gav^a de Sylv. Part. i. liv. i. cap.
7. adornado de varia y ^ande erudicion, e Part.
2. liv. II. cap. 4. D. Nicol. Ant. Bib.
Hi/p. Tom. 2. pag. 489. col. 2. eruditione
varia animum excoluit. Souza floreira Tbeatr.
de la Gas^a de Souf^a. pag. 508. inji^ Ef-
critor. loan. Soar. de Brito. Tbeatr. Lu-
fit. Uter. lit. I. n. 15. Gojmograpbus nomi-
natijftmus, eloquens, et eruditus. Souza Ap-
par. ã HiJl. Gen. da Ga^. Real Portug. pag.
64. §. 47. infi^ie Alatbematico. Cardofo
Affol. Ljéfit. Tom. 2. pag. 236. letr. A.
D. Francifco Manoel. Garta dos AA.
Portug. António de Leaõ Bib. Indic. Tit.
13. e 15. Faria Gathal. dos AA. ao prin-
cipio da Afia Portuguet^a Franckenau Bib.
Hifp. Geneal. Herald, pag. 210. Fr. lozé
Pereira Ghron. dos Garm. da antig. e Keg.
Obferv. de Portug. Tom. i. Part. 4. cap.
16. §. 1605. Compoz.
Reffmento Náutico. Lisboa por Simaò
Lopes. 1595. 4. & ibi por António Al-
vres. 1606. 4. Defta obra faz mençaõ o
moderno addicionador d'» Bib. Naut. de
António de Leaõ Tom. 2. col. 11 63.
Naufrágio da Não Santo Alberto, e iti-
nerário da gente, que delia fe falvou. IJsboa
por Alexandre Siqueira. 1597. 12. e na
Hift. Trag. Marit. Tom. 2. a pag. 217. até
315-
Quarta Década da Afia de loaõ de Barros^
reformada, e acrecentada com Notas, e Taboas-
Geo^aficas. Madrid, na ImpreíTaõ Real. 161 5.
foi. Foy dedicada em Madrid a 24 de
lunho de 161 5. a Filippe 11. de Portugal
por loaõ Baptifta Lavanha, o qual no Pro-
logo aos Leitores diz. Gom mais trabalho,,
e mayor efiudo reformei efia quarta Década, que
fe de novo a compusera: porque imitando quanto
me foy pojjivel o efHlo de loaÕ de Barros acre-
centei Gapitulos inteiros, e ff-andes pedalo-: em
outros; cortei, antepu^ e pofpu;^ alguns, e claii-
fulas inteiras para milhor difpofi^aÕ. Sahio il-
luftrada com Taboas Geográficas da Ilha
de Jaoa, e dos Reynos de Guzarate, e
Bengala compoftas pelo mefmo Lavanha.
cujo trabalho, e deUgencia louva o iníigne
antiquário Manoel Severim de Faria Difc^
Var. Hifi. foi. 52. v.o
lomada de D. Filippe III. a Portugal, e
rela^aÕ do folemne recebimento, que nella fe lhe
fev^. Madrid por Thomas lunti Impreflbr
delRey. 1622. foi. com eflampas.
Nobiliário de D. Pedro Gonde de Bar-
cellos hijo delRey D. Dionis de Portugal or-
denado y illuftrado com notas, y índices. Ef-
ta obra, que fe extrahio de huma co-
pia, que fe guardava no Real Convento
de S. Lourenço do Efcurial a fez pu-
blica com as Notas de Lavanha à mar-
gem D. Manoel de Movira Corte Real
II. Marquez de Caftello Rodrigo Emba-
xador em Roma onde foy impreíTa por
Eftevaõ Paulinio. 1640. foi. grande; de-
pois em Madrid na Officina de Alonfa
de Paredes. 1646. foi. cuja ediçaõ fahio
por induftria de Manoel de Faria, e Sou-
za, que coUocou as Notas de Lavanha
depois da obra do Infante D. Pedro. O
original efcrito da própria maõ de La-
6oo
BIB LIO THE C A
vanha fe conferva na Livraria do Excel-
lentiflimo Marquez de Gouvea Mordomo
mór da Caza Real, fupofto, que em algu-
mas partes difere do impreflb por incúria
de quem correo com a impreflaõ como
adverte o Padre Souza Appar?t. à Hijl.
<^en. da Ca^- Rea/ Portug. pag. 64. §. 47.
Uvro Hijlorico, y Genealoffco de la Monar-
chia de Bjpara. Efta obra efcreveo em o
anno de 161 2 por ordem de Filippe II e
III. de Portugal. Nella comprehendia a
Defcripçaõ de 22. Províncias de que era
Senhor ElRey Catholico, e a Genealogia
■dos Monarchas Caftelhanos até fextos Avós.
O original ainda imperfeito conferva va em
feu poder D. Fernando de Tovar Henri-
ques Cavalleiro da Ordem de Calatrava,
primeiro Marquez de Valverde em o Rey-
no de I^aõ que era muito perito no eílu-
•do de Genealogia.
Selva Real. G)níla de diverfas Arvores
Genealógicas de muitos Reys, e grandes
da Europa abertas em primorofas laminas
■de cobre, que fe confervaõ no Archivo
Real as quais mandou Carlos II. dar a D.
Luiz Salazar de Caftro feu Bibliothecario,
•e faniofo Genealogiíla da noíTa idade, co-
mo efcreve Franckenau Bih. Hifp. Gen. He-
rald, pag. 211.
FamWa dos Alouras hiftoriada. Delia faz
mençaõ lorgc Cardozo Agiol. L.uJíí. Tom.
2. pag. 236. no Comment, de 19 de
Março.
Hijloria de la Ca^a de Lerma. He allegada
-por D. Luiz Salazar Hi/. Gen. de la Ca:(^. de Sylv.
Tom. I. liv. 2. cap. 6.
Tratado da Família dos Sjlvas. Delia faz
memoria o referido Salazar. Tom. i. liv. i.
■cap. 7. e Part. 2. liv. 11. cap. 4.
Família de Mettdoça. A efta obra allega D.
António Soares de Alarcão Relac. Geneal. de
la Cav^. de los Marq. do Trocifal. pag. 311.
<;ol. 2.
Itinerário de Aragon con relaciones y an-
tiguidades curiofas efcrito no anno de 16 10.
Aí. S. 4. Huma copia conferva na fua
Livraria meu Irmaõ D. lozé Barboza Qc-
ligo Regular, Chronifta da SereniíTima Caza
de Bragança.
Defcripfaõ da Guiné em que trata de va-
rias naçoens de Ne^os, que a povoaõ, dos feus
cuftumes, leys, ritos, cerimonias, guerras, armas,
trages, e das qualidades dos portos, e comercio,
que nelles fe fa^^. M. S. Conferva-fe na Li-
vraria do Excellentinimo Conde do Vi-
mieiro.
Taboas do lugar do foi, e Largura do
lufle a Oefle com hum inflrumento de duas la-
minas repret^entando nellas duas agulhas gra-
duadas de grãos com hum amofirador, e agulha.
Feito no anno de 1600. Defta obra fe
lembra António de Mariz Carneiro Rotei-
ro da índia. pag. 79. da impreílaõ do anno
de 1666.
Architeãura Náutica. M. S.
Chronica delRey D. SebafliaÕ. Defta obra
para a qual afliftia em Lisboa no anno de
1618. ja Chronifta mór do Reyno collegin-
do as noticias, e documentos faz mençaõ o
Doutor Martim Carrilho Annal. y Mem.
Chronolog. ao anno 1578. pag. 475.
Hifloria do Cunhale celebre Coffario da ín-
dia. M. S.
Tratado da "Esfera do Mundo. M. S.
V. P. lOAÕ BAPTISTA lVL\CHADO.
Naceo em a Cidade de Angra Capital da
Ilha Terceira fendo filho de Chriftovaõ
Nunes, e Maria Cotta igualmente nobres,
que opulentos. Quando contava defafeis
annos paíTou a Portugal, e no Ccllegio de
Coimbra foy admetido à Companhia de
lESUS a 10 de Abril de 1597. onde eftu-
dou as primeiras letras. Alcançando facul-
dade dos Superiores para a MiíTaõ da ín-
dia partio no anno de 1601. e na Qdade
de Goa eftudou Filofofia, c na de Macao
Theologia. Entrou em o lapaõ no anno
de 1609. c aprendendo a iingua no Col-
legio de Arima partio para a Gdade de
Meaco huma das principaes do lapaõ, c
nella exercitou com ardente zelo o minif-
terio Apoftolico. Defterrados no anno de
16 14. todos os Miflionarios para a Gdade
de Nangazaqui fe ocultou cm Miaco pa-
ra beneficio dos Chriftaõs, que gerara pa-
ra a Igreja. Depois de ter difconido pelo
Eftado de Omura, e Ilhas de Gotto cul-
tivando com incanfavcl difvelo taõ agrcf-
tcs vinhas foy prezo por ordem do Em-
^
LUS I TAN A,
6o I
pcmdor Xogum, e reclufo em o carceie
de G)ii em Omura donde fendo levado a
hum Outeiro lhe cortarão a cabeça de três
golpes a 22 de Mayo de 1617. facrificando
a vida em obfequio de Qiriílo com af-
fombro da mefma Gentilidade. Fa2em re-
ligiofa memoria delle varaõ o Padre Pedro
Morejon Hifi. dei lapon. liv. 2. cap. 12.
Cardim. Vajncul. lapon. Elog. 17. Eufebio
Var. lllufi. dela Compan. Tom. 4. pag. 194.
Cardozo A^ol. Ijifit. Tom. 3. pag. 364.
Franco Imag. da Virt. em o Nov. de Lisboa.
liv. 2. cap. 22, e feguinte; e Ann. Glor. S. J.
in LMjit. pag. 281. Efcreveo do cárcere.
Três Cartas de ^ e if de Aíayo. Sahiraõ
impreflas pelo Padre António Franco em
o lugar aflima allegado Uv. 2. cap. 23. e
traduzidas em Latim pelo Padre Mathias
Taner Socief. lef. u/que ad Sang. €>• vit. pro-
fuf. militans. pag. 279. e 280.
Carta efcrita do cárcere ao V. P. Sebaf-
íiaÕ Vieyra. Sahio impreíTi pelo Padre Fran-
co no lugar aflima citado liv. 2. cap. 24.
Fr. lOAÕ BAPTISTA DE MARINIS
natural da Cidade do Porto filho de Pan-
taleaõ Pereira, e Catherina de Figueiredo
Guedes. Recebeo o habito da preclarifli-
ma Ordem dos Pregadores em o Conven-
to de Aveyro a 24 de Outubro de 1664.
onde aprendeu as fciendas feveras fendo
Collegial de Santo Thomaz de Coimbra
ao qiial foy admetido a 26 de Abril de
1673. e nelle diftou Theologia, e Filofofia
em o Real Convento de Santa Maria da
Vitoria da Villa da Batalha merecendo pe-
la fua litteratura fer Meítre do numero da
fua Provinda, Prior do Convento da Ba-
talha, e de S. Domingos de Lisboa, Vi-
gário das Religiofas do Convento do Sa-
cramento, Provincial eleito no anno de
1702. Examinador Synodal do Arcebifpa-
do de Lisboa Deputado da Junta das Mif-
foens, e da Inquiíiçaõ de Évora de q to-
mou poíTe a 4 de lunho de 1707. FaUe-
ceo no Convento deíia Qdade em o anno
<le 1723. Delle fe lembra Fr. Pedro Monteiro
Clauftr. Domin. Tom. 3. pag. 233. e no Catha-
log. dos Deput. da Inquifu. de Evor. §. 1 10. Com-
poz.
Novena do SantiJJimo Patriarcba S. Domin-
gos compofta a inflancias de fuás affeãuojcu filhas
as Keli^ofas do Parai:(o da Cidade óe Évora.
Lisboa por António Pedrozo Galraõ. 1720. 24.
D. lOAÕ BAPTISTA DA PONTE
Naceo em Lisboa a 9 de Setembro de 1677.
e a 21. foy bautizado na Parochial Igreja
de S. Paulo. Foraõ feus progenitores An-
tónio de Pontes, e Barbara Cornelles. Inf-
truido nas letras humanas eftudou na Uni-
verfidade de Coimbra Direito Pontifício em
cuja faculdade recebido o gráo de Bacha-
rel, e aprovada a fua capacidade em o
Dezembargo do Paço para fervir os luga-
res da Republica, adminiftrou com funmia
integridade o de Juiz de fora dos Orfaõs da
Villa de Freyxo da efpada a cinta em a Pro-
vinda Tranfmontana. Na Academia dos
Anonymos inítítuida em a fua pátria no an-
no de 1698. foy Cenfor, e Secretario onde
fe ouvirão com geral aclamação as fuás
obras poéticas em que era feliz a fua Mu-
za. Ordenado de Presbítero no anno de
171 5. fendo Prothonotario Apoftolico, e
luiz do Tribunal da Legada o nomeou o
Illuftriflimo Bifpo de Lamego D. Nuno
Alvres Pereira de Mello Abbade da Igreja
de S. Pedro de Efter, Promotor, Dezem-
bargador, e Vizitador do feu Bifpado, em
cujos lugares moílrou a prudência do feu
talento, e o defintereííe do feu animo.
Ambidofo de eftado mais perfeito deixou
o rendimento da Abbadia, e a eftimaçaõ
dos lugares, que poíTuia, e abraçou em o
anno de 1731. o inítituto dos Qerigos Re-
gulares Theatinos em a Caza de Nofla
Senhora da Divina Providencia defta Corte
profeííando folemnemente a 26 de Março
de 1732. com difpeniâ Pontifícia do No-
viciado de féis mezes quando contava 55
annos de idade. Nefta fagrada paleílra
exerdtou exadamente as obrigaçoens reU-
giofas. Conciliou grande aplauzo pelos feus
Sermoens cõ que penetrava os coraçoens,
e naõ adulava os ouvidos. Provada a fua
tolerância com huma prolongada infermi-
dade falleceo a 2 de Outubro de 1741.
quando contava 64 annos de idade, e 10.
de Religião. Compoz.
6o 2
BIBLIO THE CA
Queixas da Vermojura contra as tyranias da
Parca executadas em o coração de Portugal por
meyo da morte da fua Serenijftma Kaynha a Se-
nhora D. Maria Sofia I:(abel de Neoburg. Lis-
boa por Manoel Lopes Ferreira. 1699. 4.
Confia de huma Glofla de hum Soneto de
Camoens, que começa. Que levas cruel mor-
te\ &c.
Dous Sonetos. Hum em louvor de loaõ
Pereira da Sylva, e outro, do Benefi-
ciado Francifco Leytaõ Ferreira. Sahiraõ
nos Prelud. 'Ejtcomiaft. ao que obráraõ D.
Manoel Pereira, e Jeus filhos na Campa-
nha de 1704. Londres por Leach. 1704. 4.
Romance em louvor dos Académicos Ano-
nymos. Sahio a pag. 26. dos Progreffos
Academ. dos Anonym. de Lisboa i. Parte.
Lisboa por lozé Lopes Ferreira. 171 8. 4.
Carta efcrita a \ de lulho de 1728. ao
Padre Fr. SimaÕ António de Santa Cathe-
rina em aplaut(o da KelaçaÒ Métrica efcrita
nas Jolemnijfimas Fejlas em que o Convento
do Carmo de Lisboa aplaudia a Canoniza-
ção de S. loaõ da Cru^. Lisboa na Pa-
triarchal Officina da Mufica. 1729. 4.
Ao Falecimento da Serenijftma Senhora
Infanta de Portugal a Senhora D. Francifca
Endechas Endecafillabas. Sahiraõ nos Sentim.
Metric. a ejie Affumpto. CoUec. i. a pag.
31. Lisboa por Miguel Rodrigues. 1736. 4.
Sermoens Vários. 4. M. S. Confervaõ-
fc na Livraria do SereniíTimo Senhor D.
António.
lOAÕ BAPTISTA SERNIGE natural
da Qdade do Porto, Meftre em a fubli-
me Faculdade da Theologia pela Univer-
íidade de G^imbra onde cultivou as fcien-
cias efcholaílicas com grande credito do
feu talento, e Prior da Parochial Igreja
de S. Nicolao da Villa de Santarém em
que deixou eternizada a fua religiofa li-
beralidade iníUtuindo por herdeira de tu-
do quanto poíTuia a Q>nfraria do San-
tiíTimo Sacramento em cujo altar orde-
nou, que perpetuamente ardefle huma alam-
pada, e fe celebraíTe huma MiíTa todos
os Domingos, c Dias Santos ao romper
da menhãa, e que do dia de Quinta
feira Mayor até o de Pafchoa ardefle
hum citio de vinte arráteis de cera em
culto do diviniíTimo Sacramento, que to-
dos os annos fe renova com o rendi-
mento da fua fazenda. Falleceo em San-
tarém a 14 de lulho de 1650. laz fe-
pultado em fepultura raza debaixo do
Coro da Igreja do Convento de S. loaò
Baptiíla de religiofos Arrabidos próximo
à Villa de Santarém, e fobre a Campa
tem efcritas as feguintes palavras.
Sepultura de loaõ Baptifia Semige Meftre
na Sacada Theologia, e Prior da Igreja de
S. Nicolao a qual fe reedificou em feu tem-
po. Falleceo aos 14 de lulho de 1630. cmnos.
Compoz.
Sermaõ do Gloriofo Santo Ifftacio de Loyola
Fundador da Companhia de lESUS pregado
no Colleffo da Companhia de lESUS de
Santarém a ^i de lulho de 1627. acrecen-
tado, e redigido a hum Tratado copiofo, e
erudito. Conferva-fe M. S. na Livraria do
dito Collegio, e comprehende 106. fo-
lhas em folha. Tem por Thema as pa-
lavras do Ecclefiaftico cap. 50. Quafi Stel-
la matutina in médio nebula, <Ò^ quafi Lsma
plena in diebus fuis lucet, <& quafi foi re-
fulgens fie ille effulfit in Templo Dei. Conf-
ta de hum largo Elogio ao Santo, e a
Companhia de lESUS, que fundara, dif-
correndo pelas açoens da fua vida illuf-
tradas com textos da Sagrada Efcritura,
e authoridades dos Santos Padres obra
certamente digna da luz publica aífim pelo
eílilo, como pela erudição divina, e hu-
mana de que eílá ornada. ^
lOAÕ BAPTISTA DE SIQUEIRA na-
tural da Villa de Monte mòr o novo em a
Provinda do Alentejo formado em a Facul- ^
dade da lurifprudencia Civil, c muito apli- |
cado ao eíludo da Hiftoria. Compoz. ,
Fr. lOAÕ BARBARICA. Naceo cm
a Villa de Penamacor em a Provinda
da Beira a 12 de landro de 1673. on-
de teve por Pays a Domingos Antunes
Barbarica, e Brites Lopes de Almeyda
L USITANA
6o3
ambos das principaes famílias da dita Villa.
Na idade da adolefcencia recebeo a cogul-
la Ciftercienfe em o Convento de S. loaõ
de Tarouca a 5 de Agofto de 1688. e pro-
teíTou a 7 do referido mez do anno fe-
guinte. Foy Meítre jubilado em a Sagrada
Theologia, que com aplauzo diâou no
Collegio de Coimbra, Abbade do Mofteiro
de S. Pedro das Águias no aimo 171 7. e
Confeflbr das Religiofas do Real Convento
de S. Diniz de Odivelas, e das Bernardas
Defcalfas do reformado Mofteiro de N.
Senhora da Nazareth defla Corte. Exerci-
tou o minifterio de Orador Evangélico
com fruto dos ouvintes, e foy ornado de
virtudes próprias do eftado Monachal. Fal-
leceo em o Mofteiro de N. Senhora do
Defterro de Lisboa a 12 de laneiro de
1729. quando contava 56 annos de idade,
€ 41 de Religião, Compoz.
Diâames para a vida reliffofa, e per-
Jeiía ejcritos pelo Mellifluo Doutor S. Ber-
nardo. Lisboa por Mathias Pereira da Syl-
va, e loaõ Antunes Pedrozo. 1721. 4.
Novena para o glorio/o Precurfor de Cbrifio
S. loaõ Baptijla. Lisboa por Miguel Ro-
drigues ImpreíTor do Senhor Patriarcha.
1727. 24. Sahio fem o feu nome.
lOAÕ BARBOZA DE CRASTO na-
tural de Lisboa, e dotado de efpirito
poético com que fez conhecido, e vene-
lado o feu nome entre os mayores cul-
rores da Poezia, e de cuja fecunda veya
fe podiaõ formar vários livros compof-
tos das fuás produçoens métricas das
quais unicamente fe fízeraõ patentes.
Quatro Sonetos, que faõ o 25. 60. 61.
€ 62. entre os que fe imprimirão no
Certame do Conde de Unhares. Lisboa por
Giraldo da Vinha. 4.
lOAÕ BARREYRA de quem faz men-
ção Nicol. Ant. Bih. Hifp. Tom. i. pag.
497. col. I. Foy mviito perito nas difci-
plinas Mathematicas principalmente Ailro-
logia, e Aflxonomia. Compoz.
Kepertorio dos Tempos. Coimbra. 1579.
e 1582. 4.
lOAÕ BARRETO BORGES filho do
Doutor Manoel Barreto Borges, e de D.
Izabel de Aguiar naceo em a Villa de
Torres-novas do Patriarchado de Lisboa,
e na Igreja Parochial de Santa Maria re-
cebeo a primeira graça em o anno de
1665. Recebido o gráo de Bacharel em
direito Qvil pela Univerfidade de Coim-
bra fe aplicou ao efl^ido da Hiftoria pro-
fana invefligando com fummo difvelo as
Antiguidades da fua pátria. Com igual
curiofidade cultivou a Poezia vulgar, e
a Genealogia deixando efcritas.
Obras Varias poéticas. M. S.
Nobiliário das Famílias de Portugal. M. S.
lOAÕ BARRETO VOGADO natural
de Lisboa, e iníigne profeíTor da Arte
poética, cujos verfos difcretos, e elegan-
tes fe lem impreííos nas Lagrimas Pane-
gíricas ã morte de D. loaÕ Pere^ de Mon-
talvão a foi. 67. . 76. . e 84.
lOAÕ DE BARROS Teve por pátria
a Qdade de Vifeu em a Provincia da Beira
onde sahio à luz do mundo em o anno de
1496. e por Pay a Lopo de Barros de geração
nobre por fer neto de Álvaro de Barros Se-
nhor do Morgado da Moreira junto a Braga,
o qual foy neto de Martim Martins de Bar-
ros hú dos mais antigos Fidalgos defla geração,
cujos afcendentes tomáraõ o appellido do lu-
gar de Barros entre Douro, e Minho onde
poíTuiraõ Morgados, e Lugares com jurif-
diçaõ. A efcola em que recebeo as primeiras
inflxuçoens foy o Palácio delRey D. Manoel
onde naquella idade era cuftume doutrinar
os moços fidalgos em as artes Uberaes, e exer-
cidos virtuofos de cuja difciplina fahio loaõ
de Barros egregiamente inftxuido na lingua
Latina, e Grega, letras humanas, e fciencias
Mathematicas. Entre os Poetas elegeo por
exemplares a Virgílio, Lucano, e entre
os Hiftoriadores a Livio, e Saluftio dos
quais exaâamente imitou a fublimidade
do eftilo, e a elegância da narração.
Ornado na idade da adolefcencia com
tantos dotes fcientificos o nomeou El-
Rey D. Manoel por Moço da Guarda-
roupa de feu filho o Prindpe D. loaõ
6o4
BIB LIO THE CA
quando lhe aíTentou Caza, e como toda
a fua inclinação era a cultura das fcien-
cias nas horas vagas do ferviço do Prín-
cipe compo2 no breve efpaço de outo
mezes a Hiíloria fabulofa do Emperador
Qarimundo, que lhe fervio de preludio pa-
ra exercitar o eftilo em compoíiçaõ de mais
fublime aíTumpto. Efta obra ideada, e ef-
crita quando contava vinte annos foy re-
cebida com tanto agrado delRey D. Ma-
noel aíTim pelo artificio, como pela locu-
ção, que lhe cometeo a alta empreza de
narrar as heróicas façanhas, que os Portu-
guezes tinhaõ obrado em as Regioens Orien-
taes. Ao tempo que começava abrir os
aliceíTes de taõ mageílozo edificio fucedeo
paflar de mortal a eterno elRey D. Ma-
noel ficando por efta cauza fufpenfa taõ
famofa incumbência. Entre os Criados de
mayor diftinçaõ, que no principio do feu
Reynado defpachou D. loaõ 3. foy loaõ
de Barros nomeando-o Capitão de S. lorge
da Mina fituada na Africa Auftral para
onde partio no anno de 1522. donde vol-
tando com grande credito da fiel adminif-
traçaõ da Fazenda Real lhe deu o mefmo
Príncipe no anno de 1525. o Oíficio do
Thezoureiro da Caza da índia. Mina, e
Ceuta, que fervio com fummo deíintereíTe
até o anno de 1528. Obrigado do conta-
gio, que no anno de 1530. devaflava grande
parte dos moradores de Lisboa fe retirou para
a fua Quinta da Ribeira de Alitem junto da
Villa do Pombal onde ocupou o tempo efcre-
vendo algumas obras moraes, e politicas que
depois fe fizeraõ publicas pela impreíTaõ. Ex-
tínâo o contagio fe reftituhio a Lisboa, e aten-
dendo ElRey D. loaõ ao feu merecimento o
nomeou Feitor proprietário da Caza da índia,
e Mina no anno de 1532. cujo ofíicio era
de igual authorídade, que rendimento pelo
comercio da Afia, e da Africa, porém ainda
que efta ocupação lhe levava a mayor parte do
tempo com a expedição das Armadas, e ou-
tros negócios em que era intereíTada a Coroa,
nunca deixou de interromper a liçaõ dos
livros para a qual naturalmente era inclinado,
de tal forte que oferecendofe a ElRey para
efcrever a Hiftoria da índia, que lhe tinha en-
comendado feu augufto Pay, naõ fo-
mente lhe aceitou a offerta, mas com ho-
norificas expreíToens o eftimulou a em-
prender taõ grande obra que infruéhiolia-
mente tinha cometido a Lourenço de Cáce-
res Meftre do Infante D. Luiz. Para de-
zempenhar taõ árdua empreza que facili-
tava o amor da pátria, e a inclinação ao
eftudo dedicou todo o tempo que lhe rcf-
tava das precifas obrigaçoens, e no efpaço
de onze annos publicou três Tomos que
intitulou Décadas imitando a divifaõ, que
Titolivio fizera na Hiftoria Romana, e delle
foraõ depois fequazes nas Hiftorias Orien-
taes, e Ocidentaes Diogo do Couto, e An-
tónio de Herrera. Mereceo efta obra o
mayor aplauzo em toda a Republica lite-
rária pois nella fe vem religiofamente obfcr-
vadas todas as leys integrantes da Hiftoria
quais faõ verdade, clareza, e juízo. Para
naõ fer acuzada a fua penna de menos
verdadeira examinou as Chronicas dos Prín-
cipes do Oriente efcrítas na própria lingua;
extrahio das Cartas dos Vicereys, e Capi-
taens os fuceíTos em que a fortima fe
moftrou profpera, ou adverfa às noíTas ar-
mas; informoufe dos Pilotos mais experi-
mentados em a navegação daquelles mares,
e fituaçaõ dos portos de que naceo emen-
dar em diverfas partes a Ptolomeo, e Ar-
riano Geógrafos antigos; narrou com ma-
geftofa frafe, e elegante pompa as bata-
lhas, os aíTedios, e as Embaxadas; defcre-
veo as Ilhas, Cidades, e Províncias com
tanta certeza das fuás alturas que faõ ef-
cuzadas as Taboas Geográficas para fe fa-
ber onde exiftem. Com fumma liberdade
reprova os vícios, e louva as virtudes naõ
fe dexando preocupar de algum afeâo 11-
zongeiro como elle protefta na i. Decad. 1
liv. 3. cap. 12. Pois a Deos aprouve que naõ #
por officio, mas por inclinarão, naÕ por premio,
mas de graça, e mais offerecido, que convidado i
tomaffe o cuidado de efcrever as cou^^as, qm I
paffaraò nefte defcubrimento, e Conquifia do f
Oriente, naò permitirá, que eu perca algum
premio, fe o dejie trabalho poffo ter, tro-
cando, ou negando os méritos de cada bum.
As digreíToens faõ poucas, mas cheyas de
exemplos raros, dos quais fe aprovei-
tou loaõ Botero nos feus Apothegmas.
L USITAN A. 9i
6o5
Os difcurfos abundantes de fentenças poli-
ticas, e delias extrahio Fernando Alvia de
Caftro huns Aforifmos que competem com
os de Tácito. Finalmente pela excellenda
defta obra mereceo a honorifica antonomá-
sia de Uvio Portuguet<^ com que o intitulaõ
o Illuíbiírimo D. Rodrigo da Cunha in
Decret. ad cap. Qui de menfa dift. 37. n. 2.
D. Franc. Manoel de Mello Epanaf. de
Var. Hift. pag, 274. loan. Soar. de Brit
Tbeatr. iMfit. Uter. lit. I. n. 17. Valdês
de ^^it. Rí^. mjp. cap. 12. n. 7. Fr
Ant. de S. Roman Prolog, da Hijl. da Ind.
Orient. Cardof. Agiol. iMJit. Tom. 2. p
375. letr. A. Telles Chron. da Comp. de
lef. da Prov. de Portug. Part. 2. liv. 6. cap
9. Fr. ladnt. de Deos Vergel de Plant. cap
I. pag. 5. Madeira Nov. Philofoph. Part. i
Tom. 2. difp. 8. n. 8. et dubit. 5. §. 20
Portugal de Donat. Regiis. Tom. 2. Part. 3
cap. 8. n. 71. Fonceca Evor. Glorio/, p
337. Havendo loaõ de Barros alcançado
taõ gloriofa fama pelos feus efcritos, co-
mo fe fentifle combatido de achaques que
fe fa2Íaõ mais graves pelos feus annos pa-
ra gozar do defcanfo apetecido renunciou
no anno de 1567. o Offido de Feitor da
Caza da índia, cuja dimiíTaõ lhe aceitou
elRey D. Sebaítíaõ remunerando o feu me-
recimento com o foro de Fidalgo da fua
Caza com dous mil reis de moradia, e hu-
ma Tença de mil cruzados de renda em
fua vida com faculdade de mandar vir da
índia fazendas das quais lhe ficaíTem líqui-
dos quatro mil cruzados com izençaõ dos
direitos, e fretes, e por fua morte fincoen-
ta nu! reis de Tença a fua mulher, e cen-
to e fincoenta a feu filho leronimo de
Barros em quanto o naõ proveíle em hu-
ma Comenda de mayor quantia. Concluí-
dos eftes defpachos no principio do anno
de 1568. fe retirou à fua Quinta da Ribei-
ra de Alitem junto à Villa do Pombal
onde pelo efpaço de três annos privado
do comercio humano viveo para fi obran-
do açoens merecedoras de premio eterno
até que chegada a ultima hora falleceo pia-
mente a 20 de Outubro de 1570. quando
contava 74 annos de idade. Foy fepultado
na Ermida de Santo António fituada alem
do rio Arunca no termo da Cidade de
Leyria. Teve o rofto alvo, e venerável,
olhos vivos, nariz aquilino, barba compri-
da, e toda branca, eítatura mediana, e del-
gada, converfaçaõ deleitoza, e juntamente
grave, entendimento agudo, erudição vaítif-
fima, feliz memoria que ajudava com a ar-
tificial, animo livre, fidelidade fimima, e
grande defintereíTe de tal forte que po-
dendo com os Officios que adminiílrou
deixar ricos a feus filhos antes quiz que
foUem legatários das fuás virtudes, que
dos bens caducos da fortxma como judi-
ciofamente efcreveo em o Dialog. da viciof.
vergonh. a feu filho António de Barros.
Trabalhei por te naõ envergonhar com edifiàos
que tem a magefiade, e opinião da Torre de
Babilónia os quais depois de compojlos vem a
confufaõ eterna que os divide em tantas linguas,
quantas foraÕ as achegas de que fe fundarão,
e daqui vem quantas heranças vemos fem pró-
prios herdeiros, porque como fe ajuntarão de
eflranhas fazendas, eflranhos as herdaõ. Creme
que nunqua alguém perdeo o próprio; e por iffo
me ficaõ defle meu trabalho ditas ef per ancas, hu-
ma que nunqua por elle feras citado pois faS
noites minhas veladas, e a outra que tempo
virá em que ferei Julgado por homem t^elofo do
bem da pátria. Cazou com Maria de Al-
meyda filha de Diogo de Almeyda do
Pombal de quem teve leronimo de Barros,
António de Barros, e loaõ de Barros mo-
ços Fidalgos por mercê delRey D. loaõ
o m. dos quais o primeiro fe defpozou
com D. Luiza Soares de quem naõ teve
defcendencia, e o terceiro morreo na infe-
liz batalha de Alcácer; Diogo de Barros
morto pelos mouros na índia; Lopo de
Barros Capitão de Baçaim, que cazou com
D. Maria de Siqueira de quem teve a D.
Catherina de Barros mulher de Pedro Pei-
xoto da Sylva; D. Maria de Almeyda; D.
Izabel de Almeyda cazada com Lopo de
Barros fidalgo da mefma familia; D. Ca-
therina de Barros mulher de Chriílovaõ
de MeUo filho de Diogo de Mello da
Sylva Vedor da Rainha D. Catherina, e
outras duas filhas. Paflados quarenta an-
nos que jazia o cadáver deíle infigne Va-
rão na Ermida de Santo António lem-
6oó
BIBLIO THE CA
brado o IlluílriíTimo Capellaõ mór D. lor-
ge de Attayde Commendatario perpetuo do
Moíleiro de Alcobaça de que loaõ de Bar-
ros fora feu padrinho no bautifmo o man-
dou tresladar para a Capella mór da Igreja
Parochial da Villa de Alcobaça onde in-
tentava com generofa idea levantar hum
foberbo maufoleo às fuás cinzas porem im-
pedido da morte o naõ pôde concluir dei-
xando o Epitáfio, que nelle fe havia gra-
var, de cuja elegância fe argumenta a ma-
gnifica obra, que meditava.
loanni Barros cujus fcriptorum maiejiate non
minus hufitania Regibus blandita eft Fortuna,
quâm perfraãís Indici Oceani clauflris, <Ò* fu-
baão Oriente, ne humili Joio inter fuos deli-
tefceret mortuus, qui exteris nationibus notij-
Jimus in omnium ore, atque fermone mérito
virttitis, et jludiorum lande vivit, Georgins
Vijienfis Epifcopus duorum Philipporiim Pri-
mi, eb* Secundi maior Capellanus, amico pa-
terno, ac Juo optime merenti libens poftát
anno 1610. A fama do feu nome fe di-
latou com tal exceflb pelo mundo todo,
que mandou o Papa Pio IV. coUocar o
feu Retrato no Vaticano junto de Ptolo-
meo, e femelhante lugar lhe deraõ os
Venezianos entre os Varoens mais infi-
gnes em literatura. Naõ faõ menores os
elogios que à fua penna dedicarão cele-
bres Efcritores. Nicol. Ant. Bib. Hifp.
Tom. I. p. 498. col. I. Virum quidem
eximia mentis acie, memoriaqtie, ac multa bo-
norum authorum lectione, quorum fidem, Judi-
cium, perfpicuitatem, atque elegantiam prater
alias virtutes in contexenda Hijloria Ljíjitani
fui idiomatis fere príncipe, fuit imitatus. Ma-
cedo Flor. de Efpan. Cap. 8. Excel. 9.
En el hijloriar fue excellentijftmo por la ver-
dad, clareia, y jui!(0, que en fus Décadas
guardo e na Eva, e Ave Part. i. cap. 42.
n. 3. ff^ande Hijloriador. Fr. Sim. Coelho
Chron. do Carm, liv. 2. cap. 6. muy do-
cto, e elegante Pineda de reb. Salom. liv. 4.
cap. II Praclarum. Pacheco K/V/, de la
Inf. D. Mar. liv. i. cap. 4. Gran Ef-
critor, e cap. 7. injigne Hijloriador. Maf-
feo Hijl. rer. Ind. lib. i. gravis author
D. Franc. Manoel Epanaf. de Var. Hift.
p. 226. famofo Hijloriador, e Filofofo. Ant.
Lud. Traã. de Pudor, que lhe dedicou. Tu
eruditione, et nobilitate prajlas: nulli otii, <ir
negotii ratio magis quam tibi uni conjlat c>
perire omne opus arbitraris, quod in libris, lite-
rifque non infumatur; dies reipublica impendis,
no£íem cum Mujis, €$>* ingenuis commentationi-
bus commutas, maioremque omnino partem Jlu-
dio, quám fomno tribuis: tuoque ex ore {quod
de Nejlore fcripjit Homerus) melle dtdcior pro-
fltttt oratio. Fr. Manoel da Efperan. Hijlor.
Seraf. da Prov. de Portug. Tom. 2. liv. 12.
cap. 24. n. 5. com pena fobre todos elegante
fev^ voar pela larguer^a do mundo a fama mi-
raculofa do esforço Portuguev^. Faria Afia Por-
tug. no Prolog, da i. Part. n. 6. Varon de
antiga capacidad en fciencia, e elegância. Gan-
davo Hifl. da Prov. de Santa Cruz. cap.
I. Illujlre, e famofo efcritor. Ambrozio de
Morales Chron. de Efpan. liv. 12. cap. 38.
digno de fer mucho alabado por fu ingenio, mu-
chas letras y gran jui:(io. Solorzan. de Jure
Ind. Tom. i. lib. i. cap. 3. n. 48. egre-
gium Scriptorem. Souza Hifl. Gen. da Cai^a
Keal Portug. Tom. 8. no fim. pag. 27.
injigne EJcritor... VaraÕ verdadeiramente ^an-
de. Sá Mem. HiJl. dos EJcrit. do Carm. pag.
322. celebre, e erudito EJcritor. Severim Dijc.
Var. Polit. pag. 23. trabalhando toda a vida
por illujlrar a pátria, e deixar de feus na-
turaes gloriofa memoria.
Compoz.
Cbronica do Emperador Clarimundo donde
os Reys de Portugal defendem. Coimbra por
loaõ da Barreira. 1520. foi. & ibi pelo
mefmo ImpreíTor. 1553. foi. c Lisboa por
António Alvares. 1601. foi. & ibi por
Francifco da Sylva. 1742. foi.
Primeira Década da Afia dos feitos, que
os Portugueses Jit^eraÒ no defcubrimento, e
Conquijla dos mares, e terras do Oriente.
Lisboa por Gcrmaõ Galhardc aos XXIV.
dias de Março de M.D.LIII. foi.
Segunda Década da AJia. &c. Lisboa
pelo dito ImpreíTor, c no mefmo anno
foi.
Eftas duas Décadas fahiraõ traduzidas
em Italiano por Affonfo Ulhoa com cftc
titulo.
V AJia dei S. Giovanni di Barros
Ê
L USITANA,
607
4:onfigliero dei Cbriftianljfimo Ke di Portugallo
de fatti de Portogheji nello Jcoprímento, e Con-
qíàfta de Alari, e Terre di Oriente. Venetia
apreíTo Vincenzo Valgrilio. 1562. 4. 2.
Tom.
Terceira Década da índia &c. Lisboa
por loaõ Barreira. 1563. foi. Sahiraõ eftas
Três Décadas reimpreflas primorofamente
por ordem do Senado de Lisboa, ibi por
lorge Rodrigues. 1628. foi. AbfolutiJJimum,
íalatumque novem Mufis opus, ut Horafio utar
{faõ palavras com que o grande Nicol.
Ant. 'Siih. Hijp. Tom. i. pag. 498. col. 2.
exalta eíla Hiíloria) manjurumque in omnem
atatem cum lande máxima fui artificis. In quo
eminet incorrupta fides, luculenta Oratio Uvia-
na amula, Geographiaque fotius earum partium,
quas defcribit fiylo, multa adeo, <Ò^ accurata co-
gnitio.
Quarta Década da Índia. Madrid em a
Impreílaõ Real 161 3. foi. Efta Década, que
ficou imperfeita confervava LuÍ2a Soares
nora de loaõ de Barros, e viuva de lero-
nimo de Barros feu filho mais velho de
cujo poder a extrahio no anno de 1591.
Fihppe I. de Portugal mandando-lhe dar
•quinhentos mil reis, e cometendo a D. Fer-
nando de Caftro Pereira fidalgo de gran-
de talento, e depois a Duarte Nunes de
Leaõ muito verfado na Hiftoria a coordi-
naçaõ defta Década, e como aíTim hum,
como outro naõ efeituaíTem o intento del-
Rjey, foy dada efta incumbência por Filippe
II. a loaõ Baptifta Lavanha Cofmografo
xnór do Reyno, que naõ fomente a orde-
nou, mas illuflxou com doutas Notas, e
Taboas Geográficas.
Cartinha para aprender a ler. No fim
tem eftas palavras. A. luouvor de Deos;
a da glorio/a Virgem Alaria. Acaba/e a Car-
tinha com os preceitos, e Mandamentos da San-
ta Madre Igreja, e com os Mjfierios da Miffa,
* Kefponforios delia. Imprimida em a muy
ítobre, e fempre leal Cidade de Usboa por
autoridade da Santa InquifçaÕ em Ca;(a de
Luís Rodrigues livreiro delRey Nojfo Senhor
<om privilegio Real aos 20. de Det^embro
de 1339. 4. Nefta obra enfina a ler, e
para mayor clareza dos principiantes traz
a cada letra do Alfabeto huma figura.
gura, que principie pela mefma letra pa-
ra que fique mais fixa na memoria. So-
bre o A huma Aj.rvore, fobre o B huma
Béfta, e affim em as que fe feguem. Foy
dedicada ao Principe D. Filippe filho
delRey D. loaõ o IH. que aprendeo a
ler por ella, e como tiveíTe anexa a
Cartilha de D. Fr, loaõ Soares Meílre
do dito Principe imaginarão muitos, que
era obra fua, fendo certamente de loaõ
de Barros.
Grammatica da lingua Portuguesa. Olyf-
fipone apud Ludovicum Rotorigium Ty-
pog. 1540. 4. No prologo diz. Em a
Cartinha pajfada demos arte para os mininos
farilmente aprenderem a ler... fica agora dar-
mos os preceitos da noffa Grammatica de cujo
titulo intitulamos a Cartinha &c. Nefta. obra
traz hum Tratado da Ortografia da lingua
Portuguevra a foi. 40. e Dialogo em lotwor
da nojfa linguagem &c.
Dialogo da vicio/a Vergonha. Olyflipone
apud Ludovicum Rotorigium. 1540. 4. No
fim. Imprimido em cat^a de Luiz Rodrigues
livreiro delRey NoJfo Senhor com privilegio
Real aos 12 de laneiro de 1540. 4. Nefta
obra inftxue a puericia com doutrinas opor-
tunas à efta idade, e pofto, que era o ar-
gumento moral pedio ao infigne Medico,
e Filofofo o Doutor António Luiz de
quem fe fez larga mençaõ em feu lugar,
que lhe miniftxafle as noticias pertencentes
à matéria de que efcrevia extrahidas da Fi-
lofofia natural. A efta fupUca fatísfez Antó-
nio Luiz compondo o Tratado de Puãore,
que ao mefmo loaõ de Barros dedicou.
Dialogo de preceitos moraes com pratica del-
les em modo de jogo. Lisboa por Luiz Ro-
driguez Hvreiro delRey N. Senhor. 1540.
4. Saõ interlocutores o author com feus
filhos António, e Catherina. Dedicado à
Princeza D. Maria, que depois cazou com
Filippe Prudente, a qual jogava com feu
Pay ElRey D. loaõ o Hl. efte jogo de
Tabolas reduzindo a elle as Ethicas de
Ariftoteles onde fe introduziaõ as virtudes,
e vidos por exceíTo, ou defeito. Teve in-
tentos de regular a Economia pelo jogo
das Cartas, e a Politica pelo Xadres por
ferem eftes jogos os mais communs.
6o8
BIB LIO THE CA
\
Khopica Pneuma, ou Mercadoria ejpirittuil.
He hum Colloquio metaphorico em que
íaõ interlocutores o Entendimento, e a
Vontade. Lisboa. 1532. 4. Dedicado a
Duarte de Refende feu parente. Foy taõ
eílimada eíla obra pelo cruditinimo Luiz
Vives, que dedicou a loaõ de Barros no
anno de 1535. o feu Tratado Rxercitatio-
nes animi in Deum, e na Dedicatória lhe diz
cftas palavras. Chrijlophorus Mirandus meus
declaravit nobilitatem tui generis, tum ingenium,
eruditionem, et probitatem, qiut ego ex optijculo
quodam tuo vejirati lingua conjcripto facile perf-
pexi non potui non compleSH, et Jufcipere dotes
animi exercitas inter tiegotia, tam varia, et ma-
gna &c.
Panegyrico a muy alta, e ef clareada Vrincev^a
Infanta D. Maria Nojfa Senhora. Coníla de
80 §§. Sahio a primeira ve2 impreíTo em
as Noticias de Portugal compoílas pelo eru-
ditiíTimo Chantre de Évora Manoel Seve-
rim de Faria. Lisboa na Ofíicina Cras-
beeckiana. 1655. foi. Segunda vez fe im-
primio na Vida da mefma Princeza efcrita
por Fr. Miguel Pacheco religiofo da Or-
dem militar de Chriílo. Lisboa por loaõ
da Cofta 1665. foi. defde foi. 143. v.o até
164. o qual aíTim à obra, como a feu au-
thor faz o feguinte Elogio. H/i^o Barros
efta obra con tanta erudicion, y lugares de la
Efcritura divina, y humana, que haviendo mu-
ehas y Jus Décadas tan celebres en Europa, la
prefente en Ju género vence todas y la igualan
algunos ai Panegyrico, que efcrivio Plinio a Tra-
jano, que fe eflima por lo mejor de todo lo que
fe halla defie gran ingenio, y juit(p. Sahio 5.
vez em a fegunda impreflaõ das NoZ/V. de
Portug. Lisboa por António Ifidoro da
Fonceca. 1740. foi. defde pag. 395. até 450.
Ao muito alto, e muito poderofo Key de
Portugal D. loaÕ III. defle nome Panegyrico
em o anno de 1533. Sahio na fegunda Im-
preíTaõ das Notic. de Portug. Lisboa por
António líidoro da Fonceca 1740. foi.
defde pag. 287. até 380. He muito ex-
tcnfo, e ornado de erudição fagrada, e pro-
fana.
Obras M. S.
Problemas Moraes. AUega cila obra no
Dialogo da viciofa Vergonha.
Exclamação contra as opinioens, e abu:(ps
do mundo prev^ente. He obra muito fenten-
ciofa, c cheya de Filofofia moral efcrita
em mais de 460. Redondilhas derigida com
hum largo difcurfo a feu grande amigo
loaõ Rodrigues de Sá, c Menezes Senhor
de Sever, e Matozinhos, e Alcayde mór
da Cidade do Porto, em o anno de ij6i.
Começa.
Aquella eterna Mente
Alta Iw:^ inaceffivel,
En fi mefma permanente.
Sem moto, ou accidente,
NaÕ fendo comprehenjivel.
Por Fé cremos firmemente.
Década da Africa. Faz memoria defta
obra na Dec. 3. de Afia liv. 5. cap. 8. e
a teve em feu poder o IlluftriíTimo D. Ro-
drigo da Cunha Arcebifpo de Lisboa co-
mo afirma Manoel de Faria, e Souza no
Cathalog. dos livros, que traz ao principio
do primeiro Tom. da Afia Portug. n. 81.
Geographia Univerfalis. Defta obra faz
repetida memoria na Decad. i. cap. i. e
liv. 4. cap. 2. e Decad. 2. liv. i. cap. 3.
e liv. 8. cap. 4. Era huma combinação da
Geografia antigua com a moderna defcre-
vendo primeiramente dos inftrumentos da
Navegação, e depois as fituaçoens das Pro-
víncias, arrumaçoens das terras, e cuftu-
mes de feus habitadores. Hum fragmento
defta obra confervava feu filho Jerónimo
de Barros, que ofFereceo a ElRey D. Se-
baftiaõ, e infelifmente fe pcrdeo como cf-
creve Faria no Cathal. dos livros collocado
ao principio do i. Tom. da Afia Portug.
n. 81. e no Comment. às hufiad. de Cam.
Cant. 8. Eftanc. 5. afirma, que confervava
alguns fragmentos da dita Geografia da
qual faz mençaõ o moderno addicionador
da Bib. Geograf. de António de Leaõ Tom.
3. col. 13 19.
Hiftoria natural do Oriente, que confia de
plantas, e animaes daquellas Provineias, e das
obras artificiaes perteticentes à comutação, e
comercio de ambas eftas matérias. Defta obra
fe lembra na Decad. i. liv. 6. cap. 4.
Summario, que trata das Provindas do
mundo em efpecial das índias ajfi de Caf-
tella, como das de Portugal; * trata larga-
L USITAN A.
mente da arte de marear juntamente com a ef-
pera em romance com o regimento do foi, e do
Norte, e outras derrotas, e alturas das terras,
e com outras muitas outras cout^as necejfarias
aos Navegantes, foi. Conferva-fe na livra-
ria do ExcellentilTimo Marquez de Abran-
tes, e parece fer o Original.. Começa. Aveis
de Jaber, que ajft como os círculos dos Ori^on-
tes. &c.
Hijloria dos 'Keys da Perjia, Graõ Tamorlaõ,
e Prejle loaõ. Ficou incompleta, e fe confer-
va na Bib. Real.
lOAÕ DE BARROS natural do Por-
to como efcreve o IlluílriíTimo Cunha Hiji.
Ecclef. de Brag. Part. 2. cap. 35. n. 5.
ou de Braga como affirma o douto anti-
quário Manoel Severim de Faria Di/c. Var.
Hiji. foi. 23. Eíhidou Jurifprudencia Civil
em a Univeríidade de Coimbra fahindo taõ
eminente neíla Faculdade, que depois de
fer Ouvidor do Arcebifpado de Braga, e
Efcrivaõ da Camará delRey D. Joaõ o III.
pelos annos de 1546. e 1547. Dezembar-
gador dos Aggravos em 1549. e naõ do
Paço como diz Nicol. Ant. Bib. Hifp.
Tom. I. pag. 497. col. 2. a quem o mef-
mo Principe cometeo juntamente com o
Doutor Rodrigo Monteiro, que fervia de
Almotace mór, e os Vereadores da Q-
dade de Lisboa a incumbência de rever
as Taxas velhas, e ordenar outras novas
para beneficio de feus Vaílallos de que faz
mençaõ Francifco de Andrada Chron. del-
Rey D. loaõ o III. Part. 4. cap. 54. O
Cardial D. Henrique fendo Adminiíbrador
do Convento de Pedrozo lhe ordenou re-
formaíTe os Carthorios de muitos Conven-
tos cuja empreza dezempenhou com igual
aâávidade, que difpofiçaõ. Teve três fi-
lhos chamados Marcos, Diogo, e Pedro
de Barros, que frequentarão a Univerfi-
dade de Coimbra, e naõ degenerarão de
feu Pay na integridade, e litteratura com
que ferviraõ vários lugares da Republica.
Compoz.
Efpelho de cagados em que fe difputa quaõ
excellente feja o casamento. Porto por Vafco
Diaz do Frexenal. 1540. 4.
DefcripçaÕ de Entre Douro, e Minho.
39
609
M. S. Coníla das Antiguidades, e couzas
notáveis delia Província, e de outras mui-
tas de Portugal, e Efpanha. Foy compofta
em Lisboa no anno de 1549. e tem 32
Capítulos. Começa o Proemio. Depois, que
ElRej N. Senhor me mandou eflar em fua Cor-
te &c. Acaba. Onde levaõ fuás novidades, e
de lá trat^em o que haõ mifler. No fim tem
huma Cenfura de Fr. Francifco Foreiro da
Ordem dos Pregadores em que diz fe po-
de imprimir. O UluftriíTimo Cunha Hifl.
Ecclef de Brag. Part. 2. cap. 35. n. 5. affir-
ma fer dignij/ima de ejiampa, e o mefmo ef-
creve loan. Soar. de Brito Theatr. Eujit.
Litter. lit. I. n. 18. Deíla obra faz repe-
tida mençaõ o Licenciado lorge Cardozo
Agiol. Eufit. Tom. 2. pag. 681. col. 2. e
706. col. 2. Fr. FiHppe Columbo Vid. do
Ven. Fr. Gonçal. Dias de Amarante liv.
I. cap. I. Maris Dial. de Var. Hifl. e Fr.
Bernad. de Brit. Mon. Eujit. e do Author
o Padre Vafconcel. Defcript. EuJit. pag.
392. n. 3. Joannes Barrius Jurifconfultus, et
gravijjimus Eujitania Scriptor.
Dos Nomes próprios de todas as Provindas
de Efpanha. M. S. 4.
Eivro das Efcrituras Authenticas, e bens
do Mojleiro de Pedroí(o. Foy ordenado por
ordem do Cardial D. Henrique Comen-
datario do dito Convento o qual fe
conferva no Collegio dos Padres lefuitas
de Coimbra.
Carta efcrita ao Cardial D. Henrique.
O principio delia imprimio o IlluítriíTimo
Cunha na HiJl. Ecclef. de Brag. Part. 2. cap.
35. n. 5.
lOAÕ DE BARROS FERREYRA Ju-
rifconfulto de profiíTaõ, e taõ profunda-
mente perito em ambos os Direitos, co-
mo na Hiftoria Ecclefiaftica, e do Rey-
no de Portugal publicando no anno de
1705.
DemonJlraçaÕ legal, e concludente das Igrejas,
que no Reyno de Portugal devem Quidennios, e
das que ejiaõ it^entas do tal tributo conforme to-
das as Bulias, e Breves Apoflolicos, que fohre
a matéria de Quidennios difpuv^eraõ os Summos
Pontífices. Lisboa por Valentim da Cofta
Deslandes. 1705. foi.
ÓIO
BIB LIO THE CA
Fr. lOAÕ DE BEJA MARMELEY-
RO natural de Coimbra filho de Diogo
Marmeleiro, e Izabel de Beja Pereftrello.
ProfeíTou o inílituto de Erimita de Santo
Agoílinho no Real GDnvento de N. Se-
nhora da Graça de Lisboa a 14 de Janei-
ro de 1605. Foy ornado de litteratura, e
madureza por cujos dotes depois de ter
diélado Theologia nos Collegios da fua
Provinda foy duas vezes Provincial; a pri-
meira no anno de 1645. e a fegunda no
anno de 1663. havendo fido Deputado da
Inquifiçaõ de Coimbra, de que tomou pof-
fe a 28 de Janeiro de 1622. Falleceo na
pátria a 20 de Agofto de 1664. Compoz.
De Benediãionibus Patriarcharum Com-
mentaria. foi. M. S.
Traãatm varii Theologici. foi. 5. Tom.
M. S.
Eílas obras efcritas da própria maõ
do Author fe confervaõ no Convento da
Graça de Lisboa.
Fr. lOAÕ DE S. BENTO chamado
no feculo loaõ de Pinna filho de Soey-
ro de Pinna da Gama, e de Maria de
Brito da Sylva naceo em a Cidade de
Elvas da Província Tranílagana. Quando
contava a florente idade de vinte, e qua-
tro annos deixou o feculo profeíTando o
inílituto de S. Paulo i. Erimita em o Con-
vento da Serra de Ofla em o primeiro
de Mayo de 1623. onde diélou Theologia
Moral, e exercitou o minifterio do púlpito
por muitos annos. Três vezes foy Reytor
de diverfos Conventos, e Definidor fazen-
do, que exaâamente fe obfervaflem as Conf-
tituiçoens de cuja obfervancia era perfeito
exemplar. Falleceo no Convento da fua pá-
tria a 16 de Mayo de 1679. ^^"^ ^° annos
de idade e 56 de Religiofo. Compoz.
Tratado do ultimo VolcaÕ de fogo, que
rebentou na Ilha de S. Miguel no anno de
1652. A efta obra allega, como a feu
Author o Licenciado lorge Cardozo Affol.
l^fit. Tom. 2. pag. 520. no Comment.
de II. de Abril. letr. A.
P. lOAÕ BERNARDES natural de Lis-
boa onde teve por Pays a LuÍ2 Mendes
Cotrim Cavalleiro da Ordem militar de
Chriílo, e a D. Mariana Bernardes de
Moraes. Sendo de idade muito tenra re-
cebeo a roupeta de S. Filippe Neri na
Congregação do Oratório da fua pátria
a 7 de Março de 1 6 8 1 . onde exerci-
tou todos os minifterios de perfeito Con-
gregado ate que paflbu a milhor vida
em 22 de Abril de 171 5. Compoz, e
publicou fem o feu nome.
Novena de S. Francifco de Sales Bifpo, e
Príncipe de Genebra Fundador das Keliffofas da
ViJííaçaÕ de S. Maria, primeiro Propofito da
Congregarão do Oratório de Tonon, Apoftolo em
Saboya, e celejlial Meflre do Divino Amor. Lis-
boa por Bernardo da Cofta Carvalho. 1705.
8. No fim eftá hum Refumo da Vida do
Santo.
lOAÕ BERNARDES DE CASTILHO.
Natural de Lisboa filho de lacob Bernar-
des, e Maria de Santo António de Caíli-
Iho, e irmaõ do Padre lacob Bernardes da
Congregação do Oratório de quem fize-
mos memoria em feu lugar. Depois de
eftudar Gramática em a pátria, fallecida
fua mulher com a qual poucos annos vi-
vera defpozado, entrou na Congregação do
Oratório da Cidade do Porto a 12 de
Dezembro de 171 1. donde obrigado de
graves achaques incompatíveis com aquelle
inílituto, fahio antes de acabar o anno do
Noviciado. Exercitou com cadencia a Poe-
zia vulgar, e foy muito timorato, e de-
voto tolerando com fumma paciência a fal-
ta dos bens da fortuna. Faleceo na Gda-
de do Porto em o anno de 1743. Publicou
Queixas da Saudade contra as tyranias da Parca
na Lamentável, e nunca cabalmente Jentida, nem di-
gnamente chorada morte do mtnto alto, e minto pode-
rojo Key, e Senhor Nojfo D. Pedro 2. Lisboa por
Valentim da Coíla Deslandes. 1707. 4. Coníla
de 20. Outavas.
Novena da glorio/a Virgem, e Doutora Santa
Teresa de le/us. Lisboa pelo dito ImpreíTor.
1708. 24.
Fr. lOAÕ DE S. BERNARDINO.
Naceo na Cidade de Lisboa em o anno
de 1577 para credito da Seráfica Pro-
L USITAN A.
6ii
vincia de Portugal cujo penitente inf-
tituto abraçou no real Q)nvento de S.
Francifco da fua pátria em o anno de
1594. quando contava defafete de idade
onde exercitou a fua ardente charidade af-
íiltindo aos religiofos feridos do contagio,
que devaílava aos moradores de Lisboa.
Teve por Meílre das fciencias feveras a
Fr. Bernardino de Sena que de Geral da
Ordem palTou à ^litra de Vifeu bailando
efte difcipulo para immortal credito do feu
magifterio. Inftruido eminentemente nos
preceitos da Rhetorica, dificuldades da Fi-
lofofia, e myfterios da Theologia fe apli-
cou ao eíhido da lingua Hebraica para
mais profundamente penetrar os textos da
Sagrada Efcritura, e fahindo taõ inteligente
que nunca pregava fem que primeiramente
confultaíTe o texto hebraico donde ex-
trahia folidas doutrinas afirmando que era
hum Reyno abundante de preciofos the-
fouros ocultos a muitos engenhos, que
fe naõ animavaõ à fua G)nquiiia. Con-
fumado o feu magifterio Theologico no
anno de 1625. foy eleito Secretario de Fr.
Bernardino de Sena feu Meftre, Comiííario
Geral naquelle tempo da Família Qfmon-
tana. Igualmente na Cadeira como no púl-
pito brilhou o feu agudo talento naõ fo-
mente nefte Reyno, e o de Caftella, mas
em a Cúria Romana goftando muito da fua
judiciofa converfaçaõ a Santidade de Urba-
no Vin. principalmente quando o ouvia na
fua Capela a cuja elegante energia eftava fuf-
penfo o Collegio Cardinalício. AíTumpto a
Geral da Ordem Seráfica Fr. Bernardino de
Sena em o Capitulo celebrado no Convento
de Aracarli a 17 de May o de 1625. o nomeou
Procurador Geral de toda a Ordem em cujo
lugar moftrou a zeloza aótividade do feu ef-
pirito defendendo os privilégios, e authori-
dade da Obfervancia contra as maquinas dos
Clauftraes, Recolletos de Efpanha, e Religio-
fos de França intentando os primeiros que
o GeneraUíTimo da Obfervancia fe naõ inti-
tulaífe Aíiniftro Geral de toda a Ordem Será-
fica, e pertendendo os Hefpanhoes, e Fran-
cezes fepararfe da fua obediência, e pofto,
que foraõ protegidos pela foberania dos
feus Príncipes naõ alcançarão os efeitos
de feus injuftos defignios. Tendo exer-
citado pelo efpaço de três annos, e meyo
o lugar de Procurador Geral fe reftituhio
a Portugal onde em premio do zelo que
praíHcara em beneficio da Religião foy
eleito Provincial a 25 de Novembro de
1629. em cujo minifterio deixou a mais
prudente direção para os feus fuceífores.
Exaltado ao trono de feus Avós o Seie-
niíTimo Rey D. loaõ o IV. em o i de Dezem-
bro de 1640. foy eUe o primeiro Orador,
que no dia da puriíTima Conceição da Senhora
lhe deu em nome do Reyno os parabéns da
Coroa, que tinha cingido. Efte Sermaõ, e
outro que pregou no dia feguinte na Cathe-
dral de Lisboa foraõ duas doutiíTimas Apolo-
gias que juftificavaõ a acçaõ dos Portuguezes
aclamadores da Mageftade de D. loaõ o IV.
contra os quais fe armou inutilmente a penna
dos defenfores da intrufaõ Caftelhana. Nas
matérias mais graves era fempre confultado
pelas principaes peíToas da Corte feguindo
fempre o feu voto por fer fundado em os dida-
mes de huma conciencia timorata, e nas re-
foluçoens dos Doutores mais infignes. Nunca
pertendeo lugar algum, antes os que exercitou
na Religião foraõ aceitos com manifefta
repugnância. Foy taõ auftero no comer,
como parco no faUar, de tal forte que
fendo provocado pela indifcreta loquacida-
de de alguns domefticos naõ proferia pala-
vra, que indicaífe a menor alteração do
animo. Na vefpera da Afcençaõ de Chrif-
to do anno de 1650. o acometeo huma
parlefia que o privou do movimento de
meyo corpo, e como Uie permitia paífar o
tempo com a liçaõ dos livros tolerava
confiantemente a gravidade do achaque até
que paíTados finco annos recebidos com
fumma piedade os Sacramentos expirou a
26 de lulho de 1655. no Convento de S.
Francifco da Qdade quando contava 78
annos de idade e 61 de reUgiofo. Fazem
delle iUuftre memoria Fr. Manoel da Efpe-
rança Hifi. Seraf. da Prov. de Portug. Part.
I. Uv. 2. cap. 20. n. 6. e Fr. Fernando
da Soled. Hift. Seraf. Part. 3. liv. i. cap.
21. e Part. 3. liv. 3. cap. 33. Cardofo Affol. Lm-
Jit. p. 140. col. 2. VaraÕ digno de todo o lou-
voT> S^ande em Jâencia, major em Re/i^aõ
ÓI2
BIBLIO THE CA
conhecido em toda Hefpanha pela Predica o qual
na Ordem obteve por muitas pe^es os mais au-
tòorif^ados cargos delia grangeados por fua muita
prudência, e fuave governo. E certo, que Je
a Provinda de Portugal naÕ tivera muitos fo-
geitos injiffies em letras, ejle fomente hafiava
para a acreditar, e honrar. Joan. Soar. de
Brito Theatr. ILuJit. Utter. lit. I. n. 20.
Vir doHiis, eb» eruditus. Fr. Petr. de Alva Mi-
lit. Concept. col. 734. Fr. loan. a D. Ant.
Bib. Francifc. Tom. 2. p. 136. col. 15. Com-
po2.
Sermão da Immaculada Conceição da Mãy
de Deos feito na Capella Keal ajfiftindo nel-
la a primeira ven^ S. Magejlade outo dias
depois da fua aclamação. Lisboa por An-
tónio Alvres Impreflbr delRey. 1641. 4.
Sermão do fegundo Domingo do Advento
nono dia de De;(embro, e da Aclamação delKey
D. JoaÔ o IV. Lisboa pelo dito Impreflbr.
1641. 4.
Foraõ traduzidos nas linguas Franceza
e Italiana, e difcorreraõ com aplauzo por
toda a Europa como affirma Fr. Fer-
nando da Soledade no lugar aíTima alle-
gado n. 818.
Sermão das Exéquias do SereniJJimo Infante
D. Duarte na Santa Sé Metropolitana de Lis-
boa. Lisboa por António Alvres Impref-
for delRey. 1650. 4.
Conftituiçoens dos Cavalleiros da Ordem
Militar da Immaculada Conceição da Virgem
Santijfima, que debaixo da Kegra de S.
Francifco inflituiraõ com authoridade Apoflo-
tica em o anno de 1625. Fernando Gon:(a-
ga Duque de Mantua, Carlos Duque de Ne-
vers, e Adolpho Conde Althan, divididas em
10. Capítulos. Foraõ confirmadas pela San-
tidade de Urbano VIII. em o 3. anno
do feu Pontificado. Delias como de feu
Author faz memoria Gubernatis Orbis
Seraphic. Tom. 2. lib. 13. cap. 2. n. 12.
pag. 931. Die 20 Maii 1625. ipforum Sta-
tuta confirmavit, quibus ordinandis prafixum
fuiffe pra cateris Fr. Joannem de Sanão
Bernardino ex Provinda Portugallia infifftem
Theologum tunc temporis in Romana Cúria
Generalem Commijfarium &c.
lOAÕ DE S. BERNARDO MOS-
TARDA natural de Lisboa filho de Antó-
nio Lopes Moftarda, e Antónia da Penha,
Cónego fecular da florentiíTima Congrega-
ção do Evangeliíla, onde foy taõ infigne
na Arte do Contraponto em que deixou
admiráveis obras como em o minifterio do
púlpito. Falleceo no Convento de Santo
Eloy a 3 de Janeiro de 1720. Publicou.
Sermão da injigrie Cantora, gloriofa Virgem,
e portentov^a Martyr Santa Cicilia pregado na
Solemnidade, que lhe confa^aÕ os Cantores da Corte
na Parochial de Santa Jujla nefla Cidade de Lis-
boa no anno de 171 8. Lisboa por Miguel
Manefcal. 171 9. 4.
Fr. lOAÕ DE BESTEYROS Monge
Ciftercienfe, e dos primitivos habitadores
do Real Convento de Alcobaça, varaõ
pio, e elludiofo. Compoz.
Vita, Ó" quamplurima miracula S. Thoma
Archiepifcopi Cantuarienfis, qui pajfus efl fub
Henrico Rege Anglia anno 1170. Acabou efta
obra no anno de Chrillo 1185. quinze annos
depois do martyrio do Santo, e trinta, e
fete da Fundação do Convento de Al-
cobaça. Conferva-fe M. S. in foi. na Bi-
bliotheca do mefmo Convento.
Fr. lOAÕ BOTAFOGO natural da
Cidade de Elvas em a Provinda Tranf-
tagana filho de loaõ Gonfalves Botafo-
go e Leonor Rodrigues Sembrana. Pro-
feflbu o fagrado inftituto da Ordem dos
Pregadores, em o Convento do fua Pá-
tria a 12 de Mayo de 1641. onde foy
Meftre de Theologia Moral no Real Col-
legio de N. Senhora da Efcada de Lis- ■
boa, e Pregador Geral de cujo minifte-
rio publicou.
Sermão do Defcendimento de Chrifto Nof-
fo Senhor, Sentimentos, e lagrimas da Virgem
Senhora Nojfa pregado no Convento de S.
Domingos de Lisboa em 2^ de Março de
1674. Lisboa por loaõ da Cofta 1674. 4.
Delle faz breve memoria Fr. Pedro
Monteiro Claujir. Domin. Tom. 3. pag.
254.
L USITANA,
6i5
Fr. lOAÕ DE BRAGA natural da
1 auguíla Cidade do feu appellido, e reli-
I giofo da Sagrada Ordem dos Pregadores.
Foy Doutor em Theologia, e Prior do
Gjnvento de Guimaraens em o anno de
1410. Efcreveo.
Tratado colhido das memorias antiguas de
como Je principiou o edifício do Convento de Gui-
maraens. Foy efta obra compofta no anno
de 141 5. e acrecentada pelo mefmo author
no anno de 1434. como refere Fr. Luiz
de Souza Hiji. de S. Domingos do Rejno de
Portug. Part. i. liv. 4, cap. 13. e 15. e Fr.
Pedro Mont. Claufir. Domin. Tom. 3. pag.
234.
lOAÕ BRAVO CHAMISSO natural
da Villa de Serpa em a Provincia Tranf-
tagana, filho de Pedro Bravo. Eíludou
Artes em Évora, e Medecina em Coim-
bra fahindo taõ eminente neíla Faculdade,
que a illuftrou com o feu Magiílerio
fendo Proprietário da Cadeira da Anato-
mia de que tomou poíTe a 3 de Abril de
1601. e da Vefpera a 7. de Fevereiro de
161 5. onde jubilou a 24. de Julho de
1624. Delle fazem honorifica mençaõ Za-
cut. HiJl. Med. Princip. lib. 2. hift. 42.
dub. 29, Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i.
fttg. 504. col. 2. loan. Soar. de Brito
Tbeatr. Ljijit. Utter. lit. I. n. 22. Abrah.
Mercklin. Und. Renovat. Compoz.
De medendis Corporis malis per manualem
operationem. Conimbricre apud Didacum Go-
mes do Loureiro. 1605. 4.
De Capitis vulnerihus liher. ibi per eum-
dem Typ. 16 10. foi.
De intentionihus Chirurgicis. Nefta obra
trata da Cura por Enfalmos excitando a
queftaõ fe nas palavras pode haver eficácia
para curar, e refolve, que fim. Dedicada a
D. AíFonfo Furtado de Mendonça fendo
Reytor da Univerfidade de Coimbra, que de-
pois foy Arcebiipo de Lisboa, e Governa-
dor do Reyno. Contra eíla obra efcreveo o
Doutor Diogo Pereira profeíTor de Medeci-
na como em feu lugar deixamos notado.
lOAÕ DE BRITO Veja-fe P. lOAÕ
DE PAYVA da Companhia de Jefus.
V. P. lOAÕ DE BRITO chamado no-
feculo loaõ Heytor de Brito terceiro, e ul-
timo filho de Salvador de Brito Pereira
Fidalgo da Caza delRey D. loaõ o IV.
e feu Trinchante ao tempo, que fubio ao
Trono de Portugal, e de D. Brites Pereira
naceo em a Cidade de Lisboa no primeiro
de Março de 1647. No Palácio, onde ti-
nha o exercicio de moço Fidalgo era tal
a modeftia de feu femblante, e a compuíhi-
ra das fuás palavras, que fervia de exem-
plar aos AtUicos, e de admiração aos Prín-
cipes. Atrahido fuavemente da vida reli-
giofa como mais conforme ao feu efpirito
abraçou o inítítuto de Jefuita em o Novi-
ciado de Lisboa a 17 de Dezembro de
1662. quando contava a florente idade de
15 annos. Eíhidada Filofofia em o CoUe-
gio de Coimbra diftou letras humanas em
o de Lisboa, e como a fua mayor inclina-
ção era annunciar o Evangelho nas vaílif-
fimas regioens do Oriente fe embarcou
com faculdade dos Superiores a 24 de
Março de 1673. Chegando a Goa fe apli-
cou ao eftudo da Theologia em que fahio
egregiamente inílruido, e querendo os Pre-
lados que diftaíTe Filofofia em Goa fe efcuzou
dizendo, que naõ viera à índia bufcar
aplauzos das Cadeiras, mas trabalhos das Mif-
foens. Acompanhado do Padre António
Freyre partio de Goa para Ambalacata nas
terras do Malabar, e depois de tolerar por
todo o caminho, que era fummamente fra-
gozo, diverfas moleítías chegou a Madure
deftinada baliza dos feus apoftoUcos difvelos.
A prímeira cultura, que emprendeo foy a
Chriílandade da Refidencia de Colley, e do
Reyno de Tanjaor levantando huma Igre-
ja em Tatuanquerí onde com ruina de
muitos Ídolos fez adorar o verdadeiro Deos,
fofrendo com animo conílante a perfegui-
çaõ de alguns Régulos, e a infidelidade
de muitos Gentios, que furíofos o bufca-
vaõ para o privarem da vida. Ao tempo,
que affiftía em Catur no Reyno de Gin-
ga paíTou à Cofta da Pefcaria lugar
que muito venerou por ter fido fan£ti-
ficado com a prezença do Apoftolo do
Oriente S. Francifco Xavier donde par-
tio para Travancor, e no principio do an-
ÓI4
BIB LIO THE CA
no de 1683. eftando na Provinda do Gibo
que hc do Maravá difputou com dous le-
trados da Gentilidade os quais vendofe
convencidos o tratarão com graves ignominias.
Envejo20 o inimigo comum das muitas al-
mas, que do feu infernal poder extrahia efte
infigne Varaõ, concitou contra elle horríveis
perfeguiçoens de que eraõ Ímpios executores
os idolatras das Províncias de Vetavanaõ, Ti-
rumualey, e Xengama, fendo a mais feniivel
a que padeceo no Reyno do Maravá onde pre-
zo com finco Catequiftas pelas mãos, e pés
com groíTos grilhoens paíTou fem comer o
efpaço de dous dias fendo ludibrio de toda
a gentilidade que o aborrecia como inílrumen-
to da mina, e abatimento dos feus Ídolos.
Conduzido da prizaõ à prezença do Rey que
o tinha condenado à morte de tal modo fe
penetrou da vehemente energia com que o
Varaõ apoílolico lhe explicou os myílerios
da noíTa Fé, que promptamente revogou a
fentença contra elle fulminada. Chamado
pelo Provincial do Malabar lhe fignificou
como era precizo paíTar a Roma para infor-
mar ao Geral dos progreílos da MiiTaõ de
Madure. Chegou a Lisboa a 8 de Setembro
de 1688. onde foy recebido pela mageílade
<delRey D. Pedro II. com diftintas fignifica-
çoens de agrado naõ fomente pela memoria
que confervava do tempo em que no Paço
fora moço Fidalgo, mas do apoílolico zelo
<:om que tinha promovido a converfaõ da
Gentilidade. Determinou o mefmo Monar-
cha que foíTe Meílre de feus fereniffimos
filhos, porém agradecendo a honra do mi-
nifterio a naõ aceitou proteílando a ElRey
que o feu magiílerio eílava deílinado para
aquellas almas, que jaziaõ fepultadas no
abifmo da idolatria fendo eíla incumbên-
cia a mais nobre, e illuílre que todas as
dignidades do mundo. Dezenganado de
hir a Roma por motivos políticos que
lhe impedirão a jornada refolveo partir
fem demora para a índia, e vencidos for-
tes obftaculos armados contra eíla refo-
luçaõ fe embarcou no anno de 1690. em
cuja viagem experimentarão os navegan-
tes os efeitos de feu compaífivo coração
aífiílindo a huns como ConfeíTor, a ou-
tros como Medico, e Enfermeiro fem
atender ao rifco da faude, e ao perigo da
vida que quazi eíleve agonizante de huma
graviífima doença cauzada do continuo tra-
balho. Tanto que chegou a Goa fe em-
barcou para o Malabar donde fe introdu-
zio no Reyno do Maravá fituado entre
Madure, e a Coíla da Pefcaria, do qual
era Soberano o Regulo Rauganada-deven,
que perfidamente ufurpara a feu Sobrinho
o Príncipe Taria-daven. No efpaço de quin-
ze mezes foy copiozo o fruto, que o feu
ardente zelo colheo neíla agreíle vinha pois
entre outo mil Cathecumenos, que purificou
com as aguas do bautifmo, foy o Príncipe
Taria-daven o qual querendo recuperar a fau-
de do corpo, confeguio felifmente a da alma.
Eílimulados os Brâmanes deíla converfaõ
propuzeraõ ao Regulo do Maravá a fatal
guerra, que tinha movido contra o culto dos
Deofes, e veneração dos Pagodes aquelle Pre-
gador do Occidente pois fe lhe naõ mandava
tirar a vida, certamente fe extinguia a Ley
taõ religiofamente obfervada por feus Mayo-
res. Condefcendeu a eílas palavras o Tyrano
ordenando que foíTe conduzido o Ven. Pa-
dre à Corte, e depois de eílar prezo vinte, e
três dias em que tolerou as mayores afrontas
o mandou vir à fua prezença, e provada
com diverfos exames a conílancia da Fé que
pregava, receando algum tumulto o remeteo
à Cidade de Urgur diílante duas jornadas
da Corte. Levado a hum Outeiro eminente
ao rio Pamparru foy defpojado dos feus veíli-
dos por íinco algozes, que vendo pendente
do pefcofo hum relicário imaginarão fer
depozito dos feitiços com que encantava
aos convertidos por cuja cauza receando
fe o tocaíTem, ferem atrahidos do mali-
ficio, hum delles cortou com a efpada o
cordaõ de que pendia, recebendo em hum
lado huma penetrante ferida de que co-
meçou a manar copiofo fangue. Sem de-
mora arremeterão furiofamente a prender
aquella innocente viélima, e atando-lhe
as mãos, e barba, que era muito com-
prida, foy degollado de hum golpe cuja
cabeça, mãos, e pés cortados fufpcnde-
raõ da cintura do cadáver que arvorado
em hum altiífimo pao, e expoílo por ou-
to dias à inclemência do tempo, foy co-
I
L U SITANA.
6i5
mido pelas feras como tinha vaticinado.
Com efte género de martyrio confumou a
fua apoílolica vida o Ven. P. loaõ de
Brito a 4 de Fevereiro de 1695 confir-
mando Deos com grande numero de mi-
lagres quanto lhe fora agradável o facrifi-
do defte feu fervo, cuja Beatificação fe
efpera com devota impaciência por eílar
muito propinqua a fua declaração. Efcre-
veo com eíHlo elegante a fua vida feu
Irmaõ Fernando de Brito Pereira de quem
já fizemos mençaõ em feu lugar, a qual fahio
impreíTa. Q)imbra no real Collegio das Artes
1722. foi. Delle fe lembraõ honorificamente
o P. Franco Imag. da Virtud. em o Nov. de Lisboa
liv. 4. cap. 15. até 32 e Ann. Glor. S. I. in
Ljijit. p. 55. O P. Manoel GDimbra Epit.
da Vid. e morte do V. P. O P. Francifco
Laynes Superior da MiíTaõ de Madure em
huma larga Carta aos Padres da Companhia,
que trabalhão na dita Milíaõ efcrita de
Madure a 10 de Fevereiro de 1693 onde
relata individualmente as circunílancias do
martyrio deíle infigne Varaõ. Sahio tra-
duzida em Francês nas Lefres Edifiantes, e
curieufes, ecrites des Mijfwns Etrangeres. Part.
2. defde pag. i. até 56. Efcreveo o
Ven. P.
Carta efcrita da prit^aÕ de Maravà efiando
condenado à morte ao P. Provinda/ do Malabar
o P. Manoel Rodrigues em 30 de lulho de 1686.
Sahio na Imag. da Virtud. aflima allegada
p. 807. e na Yida do mefmo fervo de Deos. efcrita
por feu Irmaõ. p. 247.
Carta efcrita do cárcere a ^ de Fevereiro
de 1693. ao Padre Francifco Laynes. Sahio
na Imag. da Virtud. p. 833. e na Vida do mef-
mo fervo de Deos efcrita por feu Irmaõ.
p. 199.
Carta ao P. loaÕ da Cofia Mijfionario do
Malabar efcrita do cárcere a 1, de Fevereiro de
1693. Sahio na Imag. da Virtude p. 833.
e 834.
Quatro Cartas efcritas a feu IrmaÕ Fernando
Pereira de Brito quando veyo da índia a Portu-
gal por Procurador Geral da Mijfaõ. Sahiraõ
impreílas no fim da Vida do dito Padre ef-
crita por feu Irmaõ pag. 240. até 242.
Carta efcrita a feu IrmaÕ de Goa a zd de laneiro
de 1691.
Carta efcrita da MijfaÕ a feu IrmaÕ em xz.
de Setembro de 1692.
Sete cartas efcritas ao P. loaõ da Cofia Mijfio-
nario do Malabar.
Carta ao P. Luis Pereira da Companhia
de lefus efcrita de Madure a z^ de Mayo de
1692.
Carta efcrita do cárcere ao P. Francifco Laj"
nes Superior da Mijfaõ de Madure a i de Fevereiro-
de 1693. He diferente da outra que eftà aífima
pofta.
Todas eftas Cartas eílaõ impreífas na Vida
defte Ven. P. efcrita por feu Irmaõ defde pag..
245. até 250.
lOAÕ DE BRITO BOTELHO na-
tural da Gdade de Évora Fidalgo da caza
Real filho de Luiz Lobo da Gama, e de
D. Margarida de Brito. Foy Eftribeiro do
Senhor D. lozé filho natural delRey D.
Pedro n. meritiíTimo Arcebifpo de Braga.
Entre a grande aplicação que tem à
Hiftoria cultivou com particular difvelo a
Genealogia extrahindo dos Carthorios pu-
bUcos da Provinda do Alentejo muitas
noticias com as quais formou.
Genealogias das Famílias pertencentes á Ci-
dade de Évora, Villa de Olivença, e ou-
tras terras da Provinda Tranflagana M. S.
Da obra, como de feu Author faz me-
moria o P. Souza Tom. 8 da Hifl. Gen^
da Ca^. Keal Portug. no fim pag. 17.
§• 23-
lOAÕ DE BRITO DE CASTELLO-
BRANCO infigne lurifconfulto, e elegante-
Poeta cuja fonora Mufa deixou eternizada
na obra feguinte.
Kelacion de las Fieflas conque la Ciudad der
Porto folenit^ el feli^ nacimiento dei Príncipe Bal-
the^ar Carlos Domingo nuefiro Senor hijo primo-
génito dei auguflijfimo Rey de las Efpanas D. Fi-
lippe IV. en dia de la Expeãacion dei Par-
to de Nueflra Senora de 1629. Porto por luan
Rodrigues. 8. Naõ tem anno da ediçaõ.
Confta de 44 Outavas Caftelhanas. Dedicada
a D. Fr. loaõ de Valladares Bifpo do Porto.
Do author, e da obra faz mençaõ loan. Soar.
de Brito Tbeatr. Lufit. Liter. Lit. I. n. 23 ►
^ló
BIB LIO THE C A
lOAÕ DE BRITO DE LEMOS natural
da Cidade de Bragança Cavaleiro Fidal-
go da Caza Real, e Ajudante do Terço
da Infantaria de que era Coronel Braz
Tellez de Menezes, cujos Pays, c Avos
foraõ criados da Sereniffima Caza de
Bragança fendo taõ nobre por nacimen-
to, como infigne na fciencia militar ex-
trahindo com fumma aplicação dos me-
lhores profeflbres defta Arte os preceitos
para inílruçaõ dos Soldados, e Gene-
neraes, a qual illuílrada com exemplos
antigos, e modernos publicou com o fe-
guinte titulo.
Ahecedario militar do que o foldado deve fa^er
té chegar a Jer Capitão, e Sargento mór, e para
cada hum de lies in folidum, e todos juntos faberem
a obrigação de Jeus cargos, e o modo, que teraÕ
em formar Companhias, Batalhoens, e Efqua-
droens de mayor, ou menor numero de foldados,
e como fe desfarão, e fe retirará a Rai^ quadra
para os faber formar, e outras couv^as curiofas,
que os afeiçoados a efla Arte folgarão de faber.
Lisboa por Pedro Crasbeeck. 163 1. 4. De-
dicado ao SereniíTimo Duque de Bragança D.
Theodozio II.
Delle fe lembraõ Nicol. Ant. Bib. Hifp.
Tom. I. pag. 505. col. i. e loan. Soar. de
Brito Theatr. 'Lufit. Litter. lit. I. n. 24.
lOAÕ DE BRITO DE LIMA Na-
•ceo em a Cidade da Bahia Capital da
America Portugueza a 22 de Outubro
de 1671. fendo filho de Sebaftiaõ de
Araújo, e Lima Tenente General da arti-
lharia, e Alcayde mòr, e de D. Anna Ma-
ria da Sylva. Naõ eftudando mais, que
os rudimentos gramaticaes, a natureza o
dotou de engenho taõ vivo, e compre-
henfaõ taõ fublime, que fez celebrado o
feu nome pela copiofa afluência dos feus
verfos ornados da noticia da Hiíloria fa-
grada, e profana, Mythologia, e todo o
género de erudição, naõ havendo af-
fumpto feílivo, ou fúnebre, lyrico, ou
heróico em que a fua Muza naõ levaííe
a primazia. Exercitou três vezes o lugar
<ie Vereador do Senado da fua pátria
onde foy Capitão de Infantaria dos Au-
xiliares de que era Mcftre de Campo Ale-
xandre de Souza Freyre. Na Acadc
que inftituhio na Bahia o ExcellentilTi
Conde de Sabugoza Vafco Fernandes Cc-
zar Vicerey do Eftado do Brazil foy
hum dos feus principaes alumnos viven-
do taõ abundante dos dotes da natu-
reza, como falto dos bens da fortuna.
Compoz.
Poema Elegíaco, e narração verdadeira em
que fe defcrevem as Feflas, que o Mefhre de
Campo loaõ de Araújo de Ai^evedo man-
dou celebrar na Cidade da Bahia em obfe-
quio do primogénito do Excellentijftmo Se-
nhor Conde de Villaverde Neto, e herdeiro
do Rxcellentijftmo Senhor Marque^ de An-
geja dignijftmo Vicerey dos Eflados da ín-
dia, e Bra:(il. Lisboa por Miguel Manef-
cal ImpreíTor do S. Officio 171 8. 4.
Coníla de 4. Cantos compoftos de du-
zentas, e noventa, e três Outavas.
Poema Feflivo, breve recopilaçaõ das fo-
lemnes Feflas, que obfequiofa a Bahia tribu-
tou em aplau!(p das fempre fauflas regias
vodas dos Serenijftmos Príncipes do Brasil»
e das Aflurias com as Ínclitas Princesas de
Portugal, e de Caflella. Lisboa na Offi-
cina da Mufica. 1729. 4. Coníla de cen-
to e vinte e outo Outavas.
Poema Panegyríco em que fe defcrevem
pátria, nacimento, e lugares, que fervio o
meritijfimo Dei^embargador Ignacio Dias Ma-
deira. Lisboa por Miguel Manefcal da
Coíla. 1742. 4. Confta de 37. Outavas.
A' morte de D. Leonor Io:(epha de Vi-
lhena molher de D. Rodrigo da Cofia Go-
vernador do Eflado da Bahia. Quatro So-
netos, 2 Caílelhanos, e 2 Portuguezes
Acroílhicos. 2 Glojfas a huma Decima.
Sahiraõ no Summar. da Vid. e mort. defia
Senhora. Lisboa por António Pedrozo Cai-
rão. 1721. 4.
Cev^aria. Poema Heróico, que coníla
de 1300. Outavas cm que fc defcrcvc
a Genealogia do ExcellentiíTimo Conde
de Sabugoza Vafco Fernandes Cezar, fuás
açoens, e fuceíTos no progreíTo dos feus
governos da índia, c Brazil, onde foy
Vicerey. M. S.
Poema á entrada, que /<r:ç de Capi-
tão da Infantaria Manoel Xavier Ala filho
L USITAN A.
6iy
do Meftre de Campo, e Governador de Santos
Joaõ dos Santos Ala. M. S.
Poema à profiffaõ de duas Irmãas no Convento
de Santa Clara da Bahia. M. S.
Poema a htimas Fejlas Confagradas a Santo
António por Sebajiiaõ Gago da Camará. M. S.
Sylva à feli^ chegada do Excellentijftmo Arce-
bifpo da Bahia D. Lui^ Alvares de Figueiredo.
M. S.
Diverfos géneros de Metros, de que fe pode
formar hum Volume de jufta grandeza. M. S.
lOAÕ DE BRITO DE MELLO na-
tural da Villa de Setúbal Cavalleiro pro-
feíTo da Ordem de Chrifto, Fidalgo da
Caza Real, Provedor da Alfandega da
fua pátria filho de Joaõ de Brito de
Mello, e de fua mulher Izabel Coelho.
Foy muito eftudiofo, e hum dos cele-
bres alumnos da Academia dos Injignes
inítítuida em Setúbal. Teve igual génio
para a Poezia, como para a Hiíloria
compondo com beneplácito dos Religio-
fos Arrabidos.
Chronica da Provinda de Santa Maria
da Arrábida dividida em finco livros. Con-
fervava-fe M. S. no Convento de S.
Pedro de Alcântara deíla Corte, cuja
obra vio o Padre Francifco da Cruz da
Companhia de lESUS como efcreve nas
Memorias M. S. para a Bih. Portug. fu-
pofto, que Fr. António da Piedade na
Chronica, que modernamente imprimio deíla
Provinda afíirme, que fomente fe acháraõ
finco cadernos da Chronica compoíla por
loaõ de Brito de Mello, a qual devia dei-
xar completa pois em feu aplauzo lhe de-
dicou o feguinte Soneto o Doutor loaõ
Soares da Gama contemporâneo do Author.
Nefte Volume, tal na contextura.
Que aos majores excede fendo breve
Se vè quanto efcrevera quem defcreve
Com tantas flores huma ferra dura.
Do monte pois Barbarico a efpejfura
Se com tal Efcritor tal dita teve.
Diga, que a competir hoje fe atreve
Com os que a Fama pot(^ na mor altura.
Mas, que muito, fe aqui delineado
Defde a rai:^, que a idade oculta tinha
Se admira hH Templo a votos confagrado.
Seja pois, fe ao Ceo tanto fe avif^inha,
Dos Chroniftas P^ey Brito afamado,
Das Provindas a Arrábida Kaynha.
Compoz mais.
Fefias ao Nacimento do Serenijfimo Infante
D. Pedro em o anno de 1648. 4. Confta de
Outavas.
FaUeceo com fumma piedade em a fua
pátria no anno de 1682.
P. lOAÕ CABRAL religiofo da Com-
panhia de lESUS, e Operário Evangélico
da Vinha do lapaõ. Efcreveo.
Carta para os Irmaõs da Companhia de Por-
tugal efcrita do lapaõ a 1^ de Novembro de 1566.
Começa. Vendo a obrigação &c. Sahio im-
preífa nas Cart. do lapaõ, e China dos PP. da
Companhia Évora por Manoel de Lyra 1398.
foi. 228. Traduzida em Caftelhano. Alcala
por luan Iniguez de Lequerica. 1575. 4. a
foi. 263. e Coimbra por António de Maris.
1570. 4. a foi. 589.
P. lOAÕ CABRAL natural da Villa
de Celorico da Província da Beyra filho
de António Sarayva de Vafconcellos, e D.
Catherina Sarayva Cabral. Quando con-
tava a tenra idade de quatorze annos re-
cebeo a roupeta da Companhia de lESUS
em o Collegio de Coimbra a 13 de lunho
de 161 5. ImpeUido do zelo da conver-
faõ da gentilidade paílou à índia, e de-
zejando os Superiores da Provinda do
Malabar introduzir MiíTionarios em Tibet
pelo caminho de Bengala por fer mais
breve do que pelas Serras de Siranegar
por onde tinha entrado na Tartaria o Pa-
dre António de Andrade, foy nomeado
companheiro dos Padres Eftevaõ Caííela,
e Manoel Diaz os quais morrendo nefta
empreza delia fahio falvo o Padre Ca-
bral havendo padecido graviíTimas enfer-
midades, e innumeraveis tribulaçoens, até
que chegou a fer teílemunha do celebre
cerco de Ugulim, e da lamentável def-
graça da entrega de Malaca. Foy Provin-
cial da Provinda do lapaõ, e Prepofito
da Caza profeíía do bom lefus de Goa
onde paíTou a milhor vida. AíTiílio à morte
do V. Irmaõ Pedro do Bailo fucedida no pri-
6i8
BIB LIOTHECA
meiro de Março de 1645. Delle faz memoria
o Padre Queiroz Vid. do Irm. Bajio. liv. 2.
cap. 22. Efcreveo.
Kelaçaõ copio/a dos trabalhos grandes, que pa-
deceo na MiJfaÕ do Tibeth. Foy mandada a
Roma antes do anno de 1635. e a ouvio ler
o P. Fernando de Queiroz como efcreve no
lugar aíTima allegado.
lOAÕ DE CÁCERES natural da Villa
da Louzaã íltuada quatro legoas ao Na-
cente da Cidade de Coimbra filho de illuf-
tres progenitores quais foraõ Luiz Mendes
de Cáceres Senhor de Algodres, Penaver-
de. Fornos, e Louzaá, e D. Izabel de
Mello fua primeira mulher. Cultivou as
fciencias feveras em a Univerfidade de Pa-
riz onde recebendo o grão de Meíbre em
Artes, e de Doutor em a Sagrada Theo-
logia voltou para a fua pátria onde era
o refugio da pobreza remindo com con-
tinuas, e copiofas efmolas a innumeraveis
peflbas das extremas neceíTidades, que pa-
decia augmentando-lhe o Ceo repetidas ve-
zes o paõ que difpendia em obra taõ
meritória. Ordenado de Presbitero fe re-
tirou a hum fitio folitario onde fe exer-
citava em perpetua Oraçaõ, e continua
abftinencia. Perfuadido das continuas fu-
plicas dos feus patricios fe reítítuhio ao
lugar que lhe dera o berço, e na Igreja
Matriz inílituhio a Confraria do SantiíTi-
mo Sacramento, e fabricou huma Capella
dedicada a Chrifto Crucificado que or-
nou com preciofas dadivas, e renda per-
petua. Cheyo mais de merecimentos que
de annos paíTou a lograr o premio eter-
no a 7 de Fevereiro de 1564. quando
contava 70 de idade. laz fepultado na
Capella, que edificara mandando efcrever
por epitáfio na campa que lhe cobre o
cadáver as palavras feguintes.
Vida honejla.
'Facultas certa,
Domus quieta.
Dona caleJHa.
Compoz.
Traãatus de Santijftmo Mijfa Sacrifício. M. S.
Tratado dos Rios, e portos marítimos da índia
até o Jeu tempo dejcubertos. M. S.
Todas eftas obras, como outras que tra-
tava© de Medecina, e Cirurgia defapareceraò
com a morte de feu Author, do qual, como
taõbem delias faz larga mençaõ o Licenciado
lorge Cardozo Agiol. Ijifit. Tom. i. pag.
371. c no Commcnt. de 7 de Fevereiro letr. G.
Fr. lOAÕ DE S. CAETANO natu-
ral da Cidade do Porto filho de loaõ
Soares, e Clara Pereira. Profeflbu o Se-
ráfico inftituto no Convento de Santa Ma-
ria de lefus de Xabregas cabeça da Pro-
vincia dos Algarves a 19 de Março de
1698. onde pela fua fciencia, e nudu-
reza foy Lente jubilado em Theologia,
Qualificador do S. Officio, Guardião do
Collegio de S. Boaventura de Coimbra,
e de S. Francifco de Évora, e Confef-
for das Religiofas do Mofteiro da Con-
ceição de Beja onde falleceo no anno
de 1728. Teve fingular talento para o
púlpito, e dos muitos fermoens, que pre-
gou com aplaufo, unicamente fe fez pu-
blico o feguinte.
Sermão no Keal Convento de N. Senhora do
Carmo de Usboa aos 25 dias do me^ de Setem-
bro de 11^1. na folemnidade com que o dito Con-
vento celebrou a Canoni^^açaÕ de S. loaÕ da Cru^-
Lisboa por Miguel Rodrigues 1728. 4.
Sahio nas Mem. Hijlor. Pareg. e Metríc.
do fagrado culto com que o Keal Conven-
to do Carmo celebrou a Canoni:(açaÔ do
Doutor Myjlico S. loaÕ da Cru^; defde
pag. 252. atè 285.
lOAÕ CAETANO CALADO natural |
de Lisboa ProfeíTor de lurifprudencia Ci-
vil, e Advogado da Caza da Suplicação.
Para teftemunhar o cordial afefto com
que venerava a infigne Virgem, e Mtr- I
tyr Santa Barbara efcreveo.
Novena da glorioja V. e Aí. Santa Bar-
bara advogada para fetis devotos naõ morre-
rem /em os Sacramentos, e contra as tor-
mentas rayos, e pejle com hum novo hymno
do feu Martyrio. Lisboa pelos herdeiros
de Pafchoal da Sylva. 1725. 12.
lOAÕ CALDEYRA natural da Gda-
dc de Évora. Eftudou Medecina nas
i
L USITAN A.
Ó19
duas celebres Univeríidades de Coimbra, e
Salamanca em cuja faculdade fahio eminente
aíTim na Theorica, como na praétíca, que
exercitou na Cidade de Portalegre, e depois
na Corte de Lisboa com credito da fua fcien-
cia. Compoz.
Traãatus de Fafcinatione. M. S. foi. Naõ
fahio à luz publica por lhe fer negada a
licença. Delle fe lembra brevemente o Padre
Francifco da Fonceca. Evor. Glorio/, pag. 412.
Compoz,
Cathalogo das Ca:(as Titulares de Efpa-
nha fogeitas aos dom Reys delia, como de
algumas de Itália fundadas por EJpanhoes.
Summario da principal Nobreza, e fua ori-
gem, e de alguns varoens illuflres, que ouve
nas ditas Cat(as. Dedicado a Alexandre de
Sou!(a Freyre Governador, e Capitão Gene-
ral da Bahia. Compoiio no anno de 1671.
4. M. S.
lOAÕ CALMON. Naceo em Lisboa a
8 de Novembro de 1620. fendo filho de Bel-
trão Calmon de naçaõ Francez, e geração no-
bre, e de Maria de Tovar. A mayor parte da
fua vida militou em obfequio defta Coroa prin-
cipiando o feu exercido na Armada, que no
anno de 1638. paíTou ao Brazil comandada
pelo Conde da Torre. ReíHtuido ao Reyno
fervio na Província da Beyra com os poílos
de Alferes, Tenente, e Comiííario Geral da
Cavallaria donde paíTou a Governar a Caval-
laria do Alentejo dando de feu valor herói-
cos argumentos nas vitorias alcançadas dos
Caílelhanos, em que recebeo três feridas em
huma batalha, e em outra prizionou algims
Cabos. Naõ foy defigual a fua valentia quando
foy nomeado Capitão de mar, e guerra da Náo
Bom Jefus de Bouças, e da Náo Noíía Senhora
da Conceição peleijando alentadamente na ref-
tauraçaõ do Eftado de Pernambuco. Com o
mefmo poílo partio na Armada de que era Ge-
neral Francifco de Brito Freyre em 17 de
Abril de 1655. e ultimamente aíTiflindo
no Brazil lhe cometeo Alexandre de Sou-
za Freyre Governador, e Capitão General
a Superintendência das Fortificaçoens por
fe recear a invazaò da Armada Olan-
deza reedificando com grande difpendio
da própria fazenda o Forte chamado do
Barbalho. Foy muito inftruido na liçaõ
da Hiftoria fecular, e da Genealogia. Falle-
ceo na Qdade da Bahia a 22 de Abril de
1674. quando contava 54 annos de idade.
Jaz fepultado no Convento de S. Bento.
Delle fazem memoria Francifco de Brito
Freyre Kelac. da Armad. que foy ao Brasil.
5. 4. e o Padre Souza Apparat. à Hiftor.
-Gen. da Ca^. Real Portug. pag. 121. §. 133.
lOAÕ CALMON. Naceo em a Q-
dade da Bahia Capital da America Por-
tugueza a 6 de Setembro de 1668, e
foraõ feus Pays loaõ Calmon de quem
fe fez a precedente memoria, e D. Ju-
liana de Almeyda. Eftudou no Collegio
pátrio dos Padres lefuitas Filofofia em
que tomou o gráo de Meflxe em Artes,
e Theologia donde querendo inílruir-fe
na Faculdade dos Sagrados Cânones paf-
fou à Univerfidade de Coimbra, e nella
fe formou com grande credito da fua
capacidade. Reftituido à pátria no anno
de 1694. e ordenado de Presbítero pelo
Arcebifpo D. loaõ Franco de Oliveira
o fez feu Vigário Geral fubindo pelos
feus merecimentos às dignidades de Mef-
tre Efcola, e Chantre na Cathedral da
Bahia, e aos lugares de Juiz dos Refi-
duos, e Cazamentos, Dezembargador da
Relação Ecclefiaftica, e Promotor do Sy-
nodo, que celebrou o Arcebifpo D. Se-
baftiaõ Monteiro da Vide, Examinador
Synodal, Provizor, e Governador do Ar-
cebifpado. Juiz das Juflificaçoens de Ge-
nere, ComiíTario do Santo Offido, e da
Bulia da Cruzada, e Confervador das Re-
ligioens de S. Bento, e S. Francifco.
Morreo na pátria a 6 de Julho de 1737.
com 69. annos de idade. Foy fepultado
em o Mofteiro de S. Bento em jazigo
próprio onde defcançaõ as cinzas de feus
Pays. Publicou.
Sermão nas Exéquias da ExcellentiJJima Se-
nhora D. Leonor ]ot(efa de Vilhena celebradas na
Mifericordia da Cidade da Bahia aos ^o de Outu-
bro de 17 14. Lisboa por António Pedrozo
Galraõ 1721. 4.
Ó20 BIB LIO THECA
lOAÕ CAMELLO Capellaõ, e Con- lOAÕ CAMPELLO DE MACEDO
feíTor do noíTo primeiro Monarcha D. natural da Villa de Óbidos do Patriar-
AíFonfo Henriques, e o primeiro Chro- chado de Lisboa Thefoureiro mór da
niíla do Reyno de Portugal. Querendo Capella Real, e peritiíTimo Meílre de Ce-
efte magnânimo Principe eternizar na pof- rimonias Eccleíiaílicas como o intitula
teridadc por beneficio da Hiíloria as glo- loan. Soar. de Brito Theatr. hufit. Lit-
riofas açoens, que obráraõ na Conquiíla ter. lit. I. n. 25. Fallcceo em Lisboa
defte Reyno contra a barbara potencia dos a 25 de Mayo de 1666. GDmpoz.
fequazes de Mafoma aquelles celebres He- Oj^cia Sanítorum pro Capella Regia de
roes, que foraõ feus Companheiros af- mandato llluftriffimi, ac Keverendijfimi D. D.
fim do perigo, como da gloria de taõ Joannis à Sylva Capellani mayoris Ordinarii
famoza empreza lhe cometteo a 13 de Capella domus regia ac totius Cúria Lu-
Junho de 1145. por fer ornado de juizo jífana typis mandata. UlyíTiponc apud Lau-
prudente, e animo fmcero a incumben- rentium Crasbeeck. Typ. Reg. 1633. 4.
cia de narrar as origens das Familias declaração, que agora fa^ o noffo San-
donde procediaõ por quanto (faõ palavras ^^^^^ p^^^ ^^^^^^ yjj^ j^y^ j^ ^^^ ^
da Provifaõ Real em que nomea a loaõ ^^ticipar o premente anno de 1659. o jejum
Camello para efcrever eíla obra) andou ^ y-^-j-^ ^ ^ j^^g ^^p^-j^^ ^^^^ ^^^
Jempre comigo nas guerras, e conhece bem ^^ 5^^^^ -^^j^j^^ ^ refoluçaõ fobre o numero
os que comigo andáraõ, e fabe donde pie- ^ ^ r^^„.^^ ^ ^ y-^j^^^ ^^ ^ j^
raõ, e he pejfoa de boa conciencia. De- ^^j^^^ ^^^ ^^^^ ^ ^-^^ j^j^^^ j^ „^g ^^
zempenhou o preceito real como da fua ^^^/.y^^^ ^ ^,^^^ ^ ^V^ Vigília f em ex-
grande capacidade fe efperava, efcrevendo. ^^^^^ declaração da Santa Sé Apojíolica.
Summario das Familias, e primeiros Conquijla- Lisboa por Manoel da Sylva. 1639. 4^
dores dejle Rejno. Re/oluçaÕ fobre o numero 2. da Rubri-
Defta obra fe acharão algumas folhas ^^ 6. de Vigiliis. Lisboa por Manoel da
na Torre do Tombo, que tresladou Gaf- Sylva. 1639. 4.
par Alvares de Louzada Efcrivaõ da DiJpofiçaÕ, e ordem com que fe celebrou
mefma Torre como afíirma o Padre Fr. o bautifmo do Principe D. Affonfo depois
Francifco Brandão Monarch. iMfit. Part. Rey na Capella Real. Lisboa por Paulo
5. liv. 17. cap. 5. onde falia de feu Craesbeeck. 1644. 4.
author loaõ Camello, fazendo delle ho- Infiancias, que fa:(^ o Cerimonial dos Bif-
norifica memoria D. Nicol. de Sant. pos às opinioens, que o Licenciado Chriflo-
Mar. Chron. dos Coneg. Regul. liv. 9. cap. ^^j Martins fundado nas Rubricas do Mijfal
9. §. 7. Mendes Sylva. Cathal. Real de Romano tra:^^ no feu opufculo de Ritibus
Bfpanh. §. 59. n. i. e Sampayo Nob. Sacris. Lisboa por Domingos Lopes Ro-
Vortug. cap. i. fa. 1654. 4.
The/ouro de Cerimonias, que contem as
Mijfas regadas, e folemnes ajft de Fejlas,
lOAÕ CAMINHA natural da Villa ^^^^^ ^^ ^^j^^^^^^ ^ ^^^y^^ ^^ ^ ^^^^„^
de Monte mòr o Velho em a Provin- ^^^^^^ ^^^^^ j7,,y^ ^ ^^^^^^ ^ Candeas,
da da Beyra, e Freyre Conventual da ^ j^y^^^ ^ j^^f^i ^^^ ^ ^^ ^^^ ^ ^^.
Ordem militar de Aviz. Foy muito ver- ^^^^g ^^ j^-jp^^^ y^^ ^,-^^ ^^^^^^ ^
fado nas Antiguidades da fua pátria co- ^^^ Capellaens em fua prezença, e tudo o
mo em a noticia da Hiíloria geral do ^^-^^ ^^ p^^^ j^^^^ p^i^ j^j^^j^ ^
mundo. Efcreveo. ^^^^ ^^^^ advertências particulares para mi- á
Origem da Villa de Monte mór o Ve- Ihor intelligencia das Rubricas. Lisboa por
lho. M. S. Henrique Valente de Oliveira. 1657. 4. ibi
Hifioria Antiqmtatum Eborenfium. M. S. por António Crasbeeck de Mello. 1671. 4.
L USIT AN A.
621
ibi pelo Impreflbr 1682. 4. Sahio addicio-
iiado por loaõ Duarte Parocho da Igre-
ja dos Santos Reys jQtuada em o Cam-
po grande fuburbio da Cidade de Lisboa.
Lisboa por António Pedrozo Galraõ. 1697.
4. e Braga. Na Officina de Francifco
Duarte da Matta 1734. 4. peio mefmo
loaõ Duarte Cónego da Primacial Igreja
de Braga, que lhe acrecentou varias re-
foluçoens modernas acerca das Horas Ca-
nónicas.
Fr. lOAÕ DE CAPISTRANO alum-
i no da Seráfica Província de Portugal in-
Ijgne em letras, e virtudes pelas quais
mereceo fer Guardião do Convento da
Cidade de Malaca, que depois pela fua
extinção fe unio à Cuftodia da Madre
<le Deos da índia Oriental fogeita à
Provinda Obfervante de Portugal. Ao tem-
po, que falleceo no Convento em que aílif-
tia o V. Irmaõ Leygo Fr. Luiz da Cruz
-querendo, que fe perpetuaíTem em a poílerida-
<le as fuás religiofas açoens, efcreveo.
Breve relação da vida, e morte do fervo de Deos
Fr. Luiz ^ ^^^ religiofo recoleto da Santa Cufio-
Jia da Madre de Deos da Ordem do S. Padre
5. Francifco na índia Oriental Porteiro do Con-
vento de Malaca onde ját^ feptiltado, e refplandece
tom infignes milanês. 4. M. S. Conferva-fe
na Bibliotheca de S. Francifco da Gdade.
lOAÕ CARDOSO natural da Cidade
de Portalegre em a Província do Alen-
tejo. Sendo mancebo abraçou o iníHtuto
de Cónego regular de Santo Agoílinho
em cuja fagrada efcola aprendeo as f ciên-
cias feveras, porem dezejozo de vida
mais auiiera paíTou para a Religião Se-
ráfica onde profelTando em o Conven-
to de NoíTa Senhora da Eftrella da Vil-
la de Marvaõ da Província dos Algarves
mereceo pelas fuás letras Theologicas, e
Efcriturarias fer Qualificador do Santo
Officio, Examinador das Três Ordens Mi-
litares, e Confultor da Bulia da Cruzada.
Movido de jaftificadas cauzas anullou a
profiíTaõ, que fizera em a Religião de
S. Francifco por fentença proferida na
Relação Ecclefiaftica de Lisboa a 11 de
Fevereiro de 1640. e querendo voltar pa-
ra a Canónica Congregação de Santa Cruz
de Coimbra naõ foy admetido como ef-
creve o Doutor Manoel da Fonceca The-
mudo nas fuás Decifoens Tom. i. De-
cif 56. n. 15. vivendo muitos annos no
eílado clerical com exemplar procedimen-
to. Como contrahiíTe eílreita amizade com
D. António de Attayde primeiro Conde de
Caibro Dayro o acompanhou a Alemanha,
difcorrendo por toda Efpanha, e outros
Reynos da Europa, em cuja jornada adqui-
rio muitas, e importantes noticias com que
illuílrou o juizo, e enriqueceo a memoria.
Falleceo em Lisboa a 8 de Mayo de 1655.
laz fepultado na Parochial Igreja de S. Ni-
colao. Publicou quando era religiofo Fran-
cifcano.
Jornada da alma libertada guiada no arifcado,
e tempejluofo mar do mundo por Chrijlo Piloto
divino ao porto celejiial da Salvação cuja morali-
dade fe funda, e profegue em difcurfos moraes fobre
o Pfalmo 113. Lisboa por Gerardo da Vinha.
1626. 4.
Kuth peregrina, feus fucejfos, e boa ventura
moralizada fobre a letra do fadado Texto i.
Parte. Lisboa pelo dito ImpreíTor. 1628. 4.
R///i6 peregrina <&c. 2. Parte, ibi por Ma-
noel da Sylva. 1654. 4. Delia obra faz men-
ção Jacob. Lelong. Bib. Sacra pag. mihi 667.
col. 2.
Tratado dos efcrupulos copilado do que na
matéria di^em os Doutores para qtnetar concien-
cias timoratas. Lisboa por Matheos Rodri-
gues. 1629. 8.
Lj/^eiro da Nobreza de Efpanòa. Confta
efta obra de 24 Volumes difpofta por ordem
Alfabética em que fe comprehendem os Bra-
zoens, Officios, e Dignidades das Famílias
de todos os Reynos de Efpanha. A mayor
parte delia eftava já poíla em limpo. O ori-
ginal do 7. Tomo, que confiava da letra M.
confervava em feu poder Gafpar Maldo-
nado de Efpoleta como efcreve António
Carvalho da Coíla Corog. Portug. Tom. 3.
pag. 26. Parte deíla obra tinha Fr. Filipe
de Gandara afirmando no feu Nobiliar.
de Galiza liv. 2. cap. 12. pag. 173. que
com elle dera grande luz à Hiíloria de Ef-
Ó22
BIBLIO THECA
panha devendo-fe ao incanfavel eftudo de
feu Author muitas noticias, que eraõ igno-
radas. O Padre D. António Caetano de Souza
Apparat. à Hijl. Gen. da Caa^. Keal Portug.
pag. 95. §. 90. fallando defta obra, e de feu
author efcreve, que conferva delia huma co-
pia da Família dos Menezes trabalhada com
profunda inveíligaçaõ. Faz memoria delle
como Genealógico Franckenau Bib. Hifp.
Gen. Herald, pag. 214. onde erradamente
o intitula Chronifta mór do Reyno. Delle
fc lembraõ Wadingo de Script. Ord. Min.
pag. 197. col. 2. Aftorga Milit. Immacul. Con-
cept. loan. Soar. de Brito Theatr. ImJíí. Ut-
ter. lit. I. n. 26. Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i.
pag. 510. col. I. Fr. loan. a D. Ant. Bib.
Francifc. Tom. 2, pag. 142. col. i. e Souza
Exped. Hifp. D. Jacobi Part. 2. pag. 1324.
§. 362. Em feu aplauzo compoz Fr. Antó-
nio de Payva Francifcano o feguinte Epi-
gramma.
Cardofus in dulcis mutatur fiumina mellis
Spinaque vemantes dat fine fente rofas.
D. lOAÕ CARDOSO CASTELLO na-
tural do lugar de Loures diftante duas le-
goas da Cidade de Lisboa filho do Capitão
Vicente Simoens, e D. Antónia Cardofa.
Foy educado em caza de feu Tio o Cónego
lozé Cardofo Secretario do Confelho Geral
do Santo Officio. Eíhidou em Lisboa Hu-
manidades, Filofofia, e Theologia, e depois
de ordenado de Presbítero frequentou a
Univerfidade de Coimbra onde recebeo o
gráo de Bacharel na Faculdade dos Sagra-
dos Cânones. Reftituido a Lisboa exercitou
o Officio de Advogado cõ grande concurfo
de Cauzas em q pelas fuás letras adquirio
fama de infigne letrado aíTim no foro Ec-
clefiaílico, como fecular. Deíle minifterio
paíTou a fer Vigário Geral do novo Patriar-
chado de Lisboa donde foy aflumpto a Bifpo
coadjutor do lUuílriíTimo, e ReverendiíTimo
Patriarcha D. Thomas de Almeyda fendo con-
firmado pela Santidade de Clemente XL
com o titulo de Arcebifpo de Lacedcmo-
nia. Foy reôo na juíUça, íingular na bene-
volência, e iníignc na prudência. Fallc-
ceo em Lisboa a 16 de Novembro de 1729.
Jaz fepultado na Capella de NoíTa Senhora
da boa morte em a Igreja de S. Roque Caza
profeíTa dos PP. Jezuitas. Das muitas, c
doutiíTimas Allegaçoens luridicas, que cf-
creveo, fe fizeraõ publicas as feguintes fem
o feu nome.
Kefponfio edita à Procuraíore in Cttria Pa-
triarchali U/ixbon. degente contra Allegationem
promtdgatam pro Prafbiteris diãa Diocefis oriun-
dis à Keverendijftmo Epifcopo Tagafi. Vicá-
rio Capitulari Diocefis Vlyjftp. Orientalis con-
tra Sacrorum Canonum, et Sacri Coruilii Tri-
dentini SanHiones Sacris Ordinibus ad Tittãum
Capellaniarum ejufdem Diocefis Orientalis infi-
gnitis. Romãs Typis Reverendae Camerac Apof-
tolica;. 1722. foi.
AllegaçaÕ da Mitra Patriarcbal contra a
Ordem de S. Tiago, na qual fe propõem, e confiitaõ
os excejfos com que o Prior mór de Palmella, e
a fttrifdi^aõ das Ordens ampliando as faculda-
des de feus privilégios contra as difpofiçoens de
Direito, e efiipulaçoens do contrato porque obteve
as Igrejas, que tem ultra Tagum, offendem, e
ufurpaõ as prerogativas da mefma Mitra, e fua
jin^fdiçaÕ ordinária. Lisboa por Pafchoal da
Sylva ImpreíTor de S. Mageílade. 1723.
foi.
lOAÕ CARDOSO DA COSTA Caval-
leiro profeflb da Ordem de Chriílo, luiz pro-
prietário do Officio de luiz dos Orfaõs da
Cidade de Lamego, Efcrivaõ da Cúria Pa-
triarchal, c Gentilhomem do Emminentiffi-
mo Senhor Patriarcha de Lisboa D. Tho-
maz de Almeyda naceo em a Gdade de La-
mego a 30 de laneiro de 1693. fendo filho
de Sebaftiaõ Cardofo, e D. Efperança da
Cofta. Ainda que naõ cultivou as letras
por ter muito infeliz memoria fempre fre-
quentou a liçaõ dos livros da qual colhco
inftruçaõ erudita. Defde os primeiros an-
nos teve natural inclinação à Poczia vul-
gar produzindo a fua Mufa diverfos géneros
de metros a aíTumptos facros, e profanos.
He ornado de génio dócil, concicncia timo-
rata, e fumma urbanidade. Publicou.
Alma cborofa do pecador arrependido. Guia
I
L USITAN A.
6iò
perdão, reconhenmento, e confijfaõ da culpa para
bem do pecador. Lisboa na Officina da Muíi-
ca. 1725. 8. Coníla de vinte, e íinco clamo-
xes extrahidos das ConfiíToens de Santo Agof-
tinho, e de outros Authores, que traduzio.
Mufa pueril. Dedicada a Senhora D. Igne^
Francifca Xavier de Noronha Vifcondefa de
Barbacena. Lisboa por Miguel Rodrigues
ImpreíTor do Senhor Patriarcha. 1736. 8.
Mufa Sacra. Dedicada a Reverenda Aladre
Soror loanna do Apocalypfe religioja da SantiJ-
Jima Trindade no Convento de Nojja Senhora dos
Remédios de Campolide irmãa do Author. Lis-
boa pelo dito ImpreíTor. 1736. 8.
Três Sonetos à morte da Serenijftma Senhora
Infanta D. Francifca. Sahio nos Sentim. Aíe-
iric. a efie AJfumpto Collec. i. a pag. 7. e 8.
Lisboa pelo dito ImpreíTor. 1736. 4.
Romance Heróico ao mefmo AJfumpto. Sa-
hio na Collec. 2. dos Sentim. Aletric. a pag. 30.
Lisboa pelo dito ImpreíTor 1736. 4.
Difcurfos da Caballina em que fe defcreve
a ruina do grande, e antiquijfimo Pinheiro da Ci-
Jade de Évora, que depois de iS feculos de dura-
rão a impulfos do vento cahio por terra a dous
de Janeiro defle premente anno de 1739. ^^^~
boa pelo dito ImpreíTor 1739. 4- Coníla de
huma Sylva jocofa muito larga, e hum So-
neto.
Clamor do arrependimento entre exercidos
devotos com importantes doutrinas para mayor
perfeição tudo refumido em duas partes. Lis-
boa pelo dito ImpreíTor. 1742. 8.
Obras M. S.
Vo^ do Parnaf(o. 4. Coníla de vários
Verfos a diverfos Santos.
Aíufa particular. 4. GDnfta de Sonetos,
E-omances, e GloíTas, e Decimas a AíTumptos
particulares.
Nova Hifloria de Clamedes, e Clarimunda.
Relação Diária da jornada, que fet(^ à
Villa de Mafra o EminentiJJimo, e Reve-
rendijjimo Senhor Cardial Patriarcha de Lis-
hoa D. Thoma^ de Almejda onde fe narra
a função da Sanação da famofa Igreja de Noffa
Senhora, e Santo António junto a Mafra, que
fe^ o mefmo Senhor. 4.
lOAÕ DE CARVALHO natural de
Goaens termo de Villa Real em a Provin-
via Tranfmontana filho de Gonçalo Pirez,
e Collegial do Collegio de S. Pedro de Coim-
bra onde foy admetído a 24 de Abril de
1623. Foy hum dos iníignes Cathedrati-
cos da Academia Conimbricenfe na Fa-
culdade do Direito Pontifício fubindo ao
magiílerio a 19 de Junho de 1627. A fua
profunda htteratura he louvada por loan.
Soar. de Brito Theatr. latfit. Utter. lit. I.
n. 27. Portug. de donation. Reg. Tom. 2.
Part. 5. cap. 18. n. 48. e cap. 23. n. 39. e
cap. 25. n. 33. Pegas Allegac. pelo Conde de
Figueiró, n. 215. e na Alleg. por D. Agofli-
nho de luincaflre. n. 492. dizendo fer hum dos
grandes Meflres, que lançou a Univerjidade. D.
Francifco Manoel Cart. dos A A. Portug.
D. Nicol. de Santa Maria Chron. dos Coneg.
Reg. Part. 2. cap. 17. n. 11. Cardozo Agiol.
iMfit. Tom. 2. p. 218. no Comment. de 26.
de Março letr. A. lhe chama infigne Jurif-
confulto. Manoel Pereira da Sylv. Leal Ca-
thal. do Colleg. de S. Pedro. n. 63. Nicol. Ant.
Bib. Hifp. Tom. i. pag. 512. col. i. Com-
poz.
Nouus, (& methodicus traãatus de una, (ò"
altera Quarta deducenda, vel non legitima Fal-
cidia, (& TrebelUanica, earumque imputatione.
Ad Cap. R/iynaldus de Teflamentis in quat-
tuor partes divifus. In quo elucidatur univerfa
matéria fucceffionum filiorum tam legitimorum,
quàm natura Hum, quãm etiam fpuriorum; de
nobilitate, <& alienatione prohibita per contrac-
tum, vel ultimam vol unta tem; de inventario, de
bonorum poffefftonibus, <& de imputationibus. Co-
nimbricae apud Nicolaum Carvalho Univer-
íitatis Typog. 1631. foi. & Lugduni apud
loan. Anton. Huguetan. 1677. foi. & An-
tuerpise apud viduam Henrici VerduíTen.
1731. foi.
Das doutiíTimas Poítilhas, que diólou em
a Univeríidade faò as principaes.
De dolo, <& contumácia. Acabada de diâar
a 10 de Dezembro de 1628.
Ó24
BIB LIO THE CA
Keleãio circa materiam reprejentationis aã
Clement. Vlures de Jure Patronatus. Defta faz
elle mençaõ na fua obra imprefla Part. 2.
n. 159.
Keleãio ad C. Per fuás de Arbitrariis. Defta
fe lembra na fobredita obra imprefla Part. 4.
cap. 3. n. 32.
Ad Tit. de Cenfibus in Clementinis. Diâada
no anno de 1630. Acaba efte paragrafo.
Quajlio máxima controverja eft an fuper Perjona
cenjus creari pojftt? E feguem eftes verfos
compoftos por quem recebia a poftilla.
Hoc dubium Jolvit mors, qua cunãa rejol-
vit;
Nam fi faia Deum, fi mens non lava Juiffet,
Et facile Canonum depromeret ille Sacro-
rum
Intima, (ò" aternum ferret fub facula no-
men.
Donde claramente fe infere, que falle-
cera no anno de 1630. quando diâava efta
poftilla pois naõ chegou a refolver a queftaõ
propofta.
lOAÕ CARVALHO natural de Lisboa
filho de Pedro Carvalho, e irmaõ de Fran-
cifco Carvalho Dezembargador do Paço.
Aplicou-fe na Univeríidade de Coimbra à
Faculdade de Direito Cefareo em que o feu
grande talento focorrido da felicidade da
memoria fez taes progreflbs, que recebidas
as iníignias doutoraes regentou com uni-
verfal aplauzo as Cadeiras do Código, três
livros do Digefto Velho, Vefpera até fubir
à Cadeira de Prima a 4 de Dezembro de 1630.
e nella jubilar no anno de 1641. Foy Cóne-
go Doutoral da Cathedral de Coimbra pro-
vido a 17 de Agofto de 1627. donde paflbu
para a Cathedral de Évora a 27 de Novem-
bro de 1635. Juiz do Fifco e Deputado da
Inquifiçaõ de Coimbra de que tomou pofle
a 23 de Abril de 1626. Foy hum dos Depu-
tados, que nomeou a 26 de Março de 1626.
D. AfFonfo de Caftello-branco Bifpo de
Coimbra para o exame do fagrado cadáver
da Raynha Santa Izabel, que jáz no Con-
vento de Santa Clara daquella Gdadc. Na
Junta dos Prelados defte Reyno feita na Villa
de Thomar em o anno de 1625. foy conful-
tado como fe podia evitar cm Portugal a
gente da naçaõ hebrea a cuja pregunta rcf-
pondeo com hum douto Tratado oíferecido
a Filippe III. que lhe conciliou a veneração,
e aplauzo dos mais infignes Letrados. Das
muitas, e feleâas poftillas, que diâou no
largo tempo do feu nugifterio em a Univer-
fidade merecerão mayor diftinçaõ.
Ad Tit. de adimendis legatis.
Ad Tit. de JEdilitiis aãionibus
Ad Tit. in L. 1. ff. de conditionibus, <ò^ de-
monjlrationib.
Ad Tit. de Dolo.
Ad Tit. de Hmptione, €>• venditione.
Ad Tit. de Juribus faminarum ad L. 2. de
ff. de Reg. Jur.
Ad Tit. ff. in Utem Jurando.
Ad Tit. de mutuis petitionibus.
Ad Tit. de Jure Keipublica lib. 11.
Ad Tit. de rebus creditis.
Ad L. haredes mei 75. §. cum ita ff. ad J. C.
Trebelianum.
Ad L. 4. ff. ubi pupillus educari debeat.
Ad Tit. ff. de Donationibus, qua fub modo.
P. lOAÕ DE CARVALHO natural
de Monte mór o Velho em a Provincia da
Beyra filho de Gafpar Carvalho, e Maria
loaõ. Quando contava quatorze annos en-
trou na Companhia de lESUS em o Collegio
de Coimbra ao primeiro de Março de 1636.
onde aprendeo, e eníinou as fciencias efcho-
lafticas até fer Lente primário de Theolo-
gia com grande aplauzo da fua litteratura.
Foy ornado das virtudes conftitutivas de
hum perfeito religiofo. Voltando de fer
Procurador na Cúria Romana foy Reytor
do Collegio de Braga em cujo lugar fallc-
ceo a 30 de Abril de 1684. quãdo contava
62 annos de idade, e 48 de Religião. Dcl-
le faz repetida memoria o Padre Franco Imag.
da Virt. em o Nov. de Coimb. Tom. 2.
pag. 619. col. I. Annal. S. J. in Lufit.
pag. 377. n. 6. Dos muitos Sermocns, que
pregou com aclamação fe fizcraõ públicos
os feguintes.
Sermão de Cim^a i. Quarta feira da Qua-
refma pregado na Cathedral de Coimbra. Coim-
bra por Manoel Dias 1677. 4.
L USITAN A.
625
Sermão da Soledade da May de Deos a Vir-
gem Maria Nojfa Senhora, ibi pelo dito Im-
preíTor. 1677. 4.
Sermão da Confiçaõ 3. Dominga da Qtta-
refma na Cathedral de Coimbra. Coimbra por
Manoel Rodrigues de Almeyda 1680. 4.
Sermão das penitentes lagrimas da Magda-
lena na Ca^a da Santa Mifericordia de Coimbra.
ibi pelo dito ImpreíTor 1680. 4.
Sermão do Mandato na Ca^a da Santa Mi-
fericordia de Coimbra, ibi pelo dito ImpreíTor.
1680. 4.
Keligiojijfimo P. Fr. António ab Spi-
rito Santo Moralis Theologia primário emeritif-
fimo librum in Ljtcem edenti Direftorium Re-
gularium infcriptum, Encomium. Começa.
Dum Sacra Re/igio tam doâa volumina ver-
M
Dixit ab autboris nomine numen habet.
Confia eíla Elegia de 17 Dyílichos, e fahio
impreíTa ao principio do Direélorio dos Re-
gulares. Lugduni apud loannem Antonium
Huguetan & Marcum Antonium Rigaud.
1661. foi.
Panóplia Minerva. Romíe 8. Sahio com
outro nome como afirma o P. Franco no
lugar aíTima allegado.
ceiçaÕ que os Turcos queimarão à vifia da barra
de Usboa vários Juceffos das pejfoas, que nella
cativarão, e defcripçaÕ nova da Cidade de Argel,
de feu poder, e cotizas muy notáveis acontecidas
nos annos 1621. at> 1626. Lisboa por Antó-
nio Alvres. 1627. 4.
Da obra, e do author fazem memoria
loan. Soar. de Brito Theatr. "Lufit. Uter.
lit. I. n. 28. e o moderno addidonador da
Bib. Orient. de António de Leaõ. Tom. i.
Tit. 15. col. 439. onde por engano o apellida
Aíartins, fendo Mafcarenhas.
lOAÕ DE CARVALHO DE SOUZA
natural de Lisboa, e hum dos celebres alu-
mnos da Academia dos Singulares inftituida
na fua pátria no anno de 1663. onde affim na
Oratória, como na Poética mereceo univer-
faes aplauzos de que faõ claros argumentos
as obras feguintes que fahiraõ impreíTas
no Tom. 2. da Acad. dos Sing. Lisboa por
António Crasbeeck de Mello 1668. 4. &
ibi por Manoel Lopes Ferreira 1698. 4,
OraçaÕ recitada a z^ de Novembro de 1664.
apag. 158.
Sete Sonetos, doze Decimas e humas Ke-
dondilhas a diverfos AíTumptos.
lOAÕ CARVALHO AíASCARENHAS
natural de Lisboa, e profeíTor da Arte
militar que com grande valor exercitou
nas conquiílas defte Reyno principalmente
em a Lídia Oriental donde voltando para
a pátria em o anno de 1621. embarcado
cm a Nào Conceição de que era Capitão Jeró-
nimo Corrêa Peixoto fe encontrou na altura
da Ericeira com defafete navios de Turcos,
e depois de hum fanguinolento confliâio do
qual fe retirarão os bárbaros deftroíTados,
inveítindo ao dia feguinte a nao viftoriofa
lhe lançarão o fogo que arrebatadamente a
reduzio a cinzas. Conduzidos os miferaveis
navegantes cativos a Argel padeceo loaõ Car-
valho com animo confiante as afliçoens do cati-
veiro até fer refgatado por feiscentos mil reis,
e reílituido a Portugal. Para que a noticia de
taõ fatal fuceíTo fe perpetuaíTe nas idades
futuras efcreveo com eílilo corrente.
Memorável relação da perda da Não Con-
40
lOAÕ CASCAÕ cuja pátria, e Pays fe
ignoraõ. Foy muito inclinado ao eíhido da
Hiíloria efcrevendo com difufaõ como diz
o Licenciado lorge Cardofo nas Mem. M. S.
para a Bib. l^ufit.
KelaçaÕ da jornada delRey D. Manoel á
Cidade de Évora. M. S.
D. lOAÕ DE CASTELLO-BRANCO
Commendador de Aljezur da Ordem militar
de S. Tiago, Confelheiro de Eílado delRey
D. Sebaíliaõ, e Governador do Algarve.
Foy filho 3 de D. Martinho de Caftellobranco
primeiro Conde de ViUanova de Portimão,
e de fua mulher D. Maria de Noronha fi-
lha de loaõ Gonfalves da Camará. Cazou
com D. Catherina Barreto filha de Pedro
Mafcarenhas Governador da Lídia de quem
teve fuceíTaõ. PaíTou a fegundas vodas
com D. Branca de Vilhena filha de Nuno-
020
BIB LIO TH E CA
Rodrigues Barreto Alcayde mòr de Faro.
Foy hum dos mais inílruidos Cavalheros,
que floreceraõ no reynado delRey D. Se-
baftiaõ aíTim nos preceitos da Hiíloria dei-
xando compoftas diverfas obras das quais
naõ merecem pequena eílimaçaõ as feguintes.
Praãíca a EJRey D. Sebajliaõ em que lhe
perjuadio fer inconveniente dar hum rebate faljo
de noute em "Lisboa M. S.
Re/açaÕ do fingido Rey intitulado D. Sebaf-
tiaõ que apareceo em Veneza. M. S. Deíla
obra fe infere certamente que feu author
ainda vivia no anno de 1598. em o qual fu-
cedeo o fingimento, ou a Verdade da peflba
que afirmava fer ElRey D. SebaíUaõ.
D. lOAÕ DE CASTELLOBRANCO
natural de Lisboa onde foraõ feus illuftres
progenitores D. Duarte de Caílellobranco
primeiro Conde do Sabugal, e D. Cathe-
rina de Menezes filha de D. Bernardo Cou-
tinho. Foy excellente Latino, e muito pe-
rito nos preceitos do idioma Romano. Or-
nado de fumma prudência, e naõ menor
vigilância exercitou o lugar de Prezidente
do Senado de Lisboa em que o elegeo o
SereniíTimo Rey D. loaõ o IV. no anno
de 1644. A fua caza era o refugio dos po-
bres, aos quais curava com ardente chari-
dade miniftrandolhe os medicamentos ma-
nipulados por fuás próprias maõs. Fal-
leceo em Lisboa com geral fentimento dos
neceíTitados. Foy cazado com D. Cecilia
de Menezes filha de D. loaõ Coutinho quinto
Conde de Redondo de quem deixou fuceíTaõ.
Compoz.
Arte de Gramática "Latina. Lisboa 1636. 4.
Breve methodo curativo tocante á C,urgia
que o u:(p, e experiência certa defcobrio por D.
loaõ de Cajlellobranco : enjina como fe deve curar
com o balfamo, ou óleo de ouro, e de fuás
grandes virtudes com outras advertências no modo
de C,urgia para com facilidade fe curarem os
enfermos. Lisboa na Officina Crasbeeckiana.
1655. 8.
Breve recopilarão das muitas, e fingulares
virtudes dos pòs brancos folutivos da quinta effen-
cia do ouro de Alexandre Qmntilio. Lisboa
por Pedro Crasbeeck. 1656. 8. e ibi pelo
dito ImpreíTor. 1658. 8.
Fazem delle honorifica memoria D. Fran-
cifco Manoel Carta dos Author. Portug. loan.
Soar. de Brito Theatr. Lufit. Li ter. lit. L
n. 29 e Fr. Manoel de Azevedo Correc. de
Abusos. Trat. i. n. 51. a quem tanto de-
vem os pobres dejle povo de Lisboa pois fó
para curalos gaflou tantos crin^ados mandou
obrar, e obrando por fua maÕ diverfos unguen-
tos, e quintas effencias fendo entre elles os qua^i
miraculofos pòs de Quintilio com os quais pur-
gou a tantos milhares de homens, mulheres,
e meninos fem já mais haver nenhum fucef-
fo ruim com as ditas purgas fendo muitas
ve^es dadas fem prepararão alguma, e fem
os requijiíos, e refguardos, que os Médicos
obfervaÕ.
D. lOAÕ DE CASTRO decimo quar-
to Governador, e quarto Vicerey do Ef-
tado da índia nobilitou com o feu nacimento
a famofa Cidade de Lisboa onde vio a pri-
meira luz a 27 de Fevereiro de 1500. Foy
filho II. de D. Álvaro de Caílro Governa-
dor da Caza do Ovil, e de D. Leonor de
Noronha filha de D. loaõ de Almeyda fe-
gundo Conde de Abrantes, Aprendeo as
difciplinas Mathematicas com Pedro Nunes
Oráculo deíla profiíTaõ naquella idade de
cuja efcola em que teve por companheiro
o SereniíTimo Infante D. Luiz, fahio pro-
fundamente inílruido; porem como o feu
génio foíTe mais inclinado às armas, que
às letras elegeo para preludio das fuás açoens
militares a Praça de Tangere diftinguindo-fe
neíle bellicofo theatro com tal exceíTo dos
mayores foldados, que mereceo fer armado
Cavalleiro por D. Eftevaõ de Menezes Go-
vernador da mefma Praça. Reílituido à
Corte, e remunerado por ElRey D. loaõ III.
com a Comenda de Salvaterra fe embar-
cou na formidável armada, que Carlos V.
expedio para a Conquiíla do Reyno de Tu-
nes violentamente ufurpado pela cavillo-
za induftria do Pirata Barbaroxa em cuja
expedição naõ aceitando a honra de fer ar-
mado Cavalleiro pelo Cefar Auftriaco, e mui-
to menos o donativo de dous mil cruzados
I
j
L USITAN A,
ôiy
moArou, que fervia ambiciofo da fama,
e naõ do premio. Havendo adquirido im-
mortal gloria nas Campanhas de Africa an-
helando o feu efpirito a mais dilatada es-
fera navegou para a AGa em o anno de 1538.
com o Governador do Eílado D. Garcia
de Noronha feu amhado levando por com-
panheiro a feu filho D. Álvaro de Caílro
o qual educado para Heroe lhe dava por
divertimento da idade de treze annos que
contava, os perigos de taõ prolongada via-
gem. Tanto, que chegou a Goa partio com
fummo alvoroíTo ao focorro de Dio, que
heroicamente defendia o famofo Antó-
nio da Sylveyra como vaticinando os ce-
lebres triumfos, que havia de alcançar
naquella Praça Oriente da fua gloria, e
fetal Oca2o da potencia de Cambaya. Na
Armada em que empenhou a authori-
dade da pessoa, e o poder do Eílado o
Governador D. Eftevaõ da Gama para
queimar as Gales do Turco fabricadas no
Porto de Suez, foy com o pofto de Capitão
de hum Navio obfervando no eftreito do
mar roxo como Filofofo natural, e perito
Aíbrologo, a altura do Sol, os impulsos, e
movimentos naturaes das crecentes do
Nilo, nas monçoens do Ellio, cujas obfer-
vaçoens deixou eternizadas pela fua penna
emula da fua efpada. Voltando a Portugal
naõ permitio ElRey, que defpiíTe as armas
nomeando-o General das Armadas da Coíla,
e lãhindo no anno de 1543. a comboyar as
Náos, que fe efperavaõ da índia aviilou hum
pirata Francez, que com 7 Navios infeíla-
va os noUos mares, e depois de hum porfiado
combate o rendeo lançando duas Náos ao
fimdo, e falvando-fe as outras por beneficio
da noute. Pouco foy o tempo que defcanfou
à fombra deíle triumfo porque para mayor
empreza o convidou a fortima. Certificado
D. Joaõ o m. de que o inimigo comum
apceftava huma formidável armada para con-
quiftar a Praça de Ceuta expedio huma ar-
mada da qual o nomeou General, e imida
com a do Emperador Carlos V. furgio á
vilia de Gibraltar, e pofto que D. Álvaro
Baçan General da armada Imperial recuzou
peleijar com os inimigos, D. Joaõ de Caf-
tro regulando as fuás açoens pelos impul-
fos do feu heróico coração, fe deteve pelo ef-
paço de três dias efperando o confliéto do qual
fugio Barbaroxa receozo de fer defpojo das
noíTas armas. Recolhido ao porto de Lisboa
onde a fama tinha divulgado o valor intré-
pido do feu peito fe retirou à Villa de Cin-
tra para evitar os aplauzos merecidos á gran-
deza do feu coração. Habilitado com o
exercido de tantas emprezas militares lhe
entregou o governo do Eftado da índia a
Mageftade de D. loaõ o III. efperando da
prudência do feu juizo, e da valentia do feu
braço o confervaria impenetrável a todos
os Potentados da Afia. Partio para Goa
embarcado em a Náo S. Thome a 17 de
Março de 1545. acompanhado de feus filhos
D. Fernando, e D. Álvaro, q na efcola de
taõ grande Pay aprenderão a arte de immor-
talizar os feus nomes na pofteridade. De-
pois de edificar nova Fortaleza em Moçam-
bique ferrou Goa a 10 de Setembro onde
foy magnificamente recebido por feu an-
teceíTor Martím Affonfo de Souza, e aplau-
dido pela fincera voz do povo, que fe-
tidicamente augurava as felicidades difpen-
fedas pelas prudentes máximas do feu go-
verno. O prologo das vitorias com que
eftabeleceo a confervaçaõ do Eftado, e
humilhou o orgulho de feus inimigos foy
a derrota de dez mil bárbaros capitanea-
dos por Acedecaõ valerofo Turco Ge-
neral do Hidalcaõ, que experimentando o
furor das noílas armas igualmente na ruina
dos feus exércitos, como em o incêndio
das principaes Gdades do feu dominio,
pedio humilde f>azes, que lhe foraõ bene-
volamente concedidas. !Mais gloriofo trium-
fo lhe ofifereceo a fortuna em a celebre
Fortaleza de Dio, que governava D. loaõ
Mafcarenhas grande pelo nadmento na
Europa, mayor pelo valor na Afia, cujos
muros fendo fegunda vez invadidos pela
obftinada refoluçaõ delRey de Cambaya
Soltaõ Mamude havendo rebatido os Por-
tuguezes formidáveis aíTaltos derigidos pe-
la militar difciplina de Coge fofar, e feu
filho Rumecaõ, fahio a campo, e depois
de huma bem difputada batalha em que
três vezes fe formou o inimigo para no-
vo confliôo fe coroou triumfante com
028
BIB LIO THE C A
a morte de íinco mil bárbaros, feiscentos
cativos, quarenta peças de artilharia cujos
defpojos ferviraõ para lhe authorizar o
triunfo com que foy recebido em Goa por
ter abatido o mais arrogante antegoniíla da
Mageílade do Eftado agora felismente re-
nacido pelos impuLfos da fua fulminante
efpada. Deíla memorável vitoria foraõ prof-
peras confequencias a derrota dos Achens
no rio Parles vaticinada pelo apoftolico
efpirito de S. Francifco Xavier; os incên-
dios das Cidades de Baroche, Patê, e Pa-
tane, e a aíTolaçaõ da Cofta de Surrate em
cujas prayas prezentou batalha a ElRey
de Cambaya, que timido naõ quiz acei-
tar. O difvelo continuo com que aten-
dia pela confervaçaõ do Eftado unido
aos incommodos experimentados em tan-
tas campanhas lhe foraõ diminuindo com
tal exceíTo a faude, que cahio gravemente
enfermo, e conhecendo pelos fymptomas
fer mortal a doença entregou o governo em
paz firmada fobre tantas vitorias. Convo-
cou as peflbas principaes de ambas as Jerar-
chias, e na fua prezença jurou, que até a hora
em que eftava naõ era devedor à Fazenda
Real de hum fó cruzado, e que defta decla-
ração fe fizeíTe hum termo legal para que
fe fofle achado perjuro o caftigaíTe ElRey
como reo de taõ feyo deliâo. Para director
da fua conciencia elegeo o iníigne Ope-
rário Evangélico S. Francifco Xavier o
qual lhe aíTiftio em toda a enfermidade com
cuidado de enfermeiro, e piedade de
Santo. Havendo recebido com grande ter-
nura o Sagrado Viatico, e a Extrema-Un-
çaõ conferida pelo Bifpo D. loaõ de Albu-
querque expirou placidamente a 6 de lunho
de 1348. quando contava 47 annos três
mezes, e dez dias, e quafi três de governo
o qual lhe prorogava D. loaõ o III. por
outros três com o titulo de Vicerey fe a
morte envejofa da fua fama o naõ privara
da vida digna de mais larga duração. Foy
depofitado o feu Cadáver no Convento
de S. Francifco de Goa donde foy tresla-
dado para a fumptuoza Capella, que feu
Neto o IlluftriíTimo Bifpo da Guarda D.
Francifco de Caftro edificou no Clauftxo de
S. Domingos de Bemfica diílante huma
legoa de Lisboa na qual em hum Maufoleo
formado de varias pedras, que defcanfaõ
fobre Elefantes de pedra negra eftaõ recolhi-
das as Cinzas defte infigne Heroe com o
feguinte Epitáfio.
D. Joannes de Cafiro XX. pro Re/igio-
ne in utraque Mauritânia flipendiis fa£Hs,
navata ftrenm opera Thmetam hello; Aíari
rubro felicibus ar mis pene trato; debel latis in-
ter Ettphratrem, <ò^ Indum Nationibus: Ge-
drofico Rege, "Perfis, Turcis uno pralio fufis;
Jervato Dio, imo Reipublica reddito dormit
in magnum diem, non fibi, Jed Deo Trium-
phator; publicis lacrymis cowpofitus, publi-
co Jumptu pra paupertate funeratus. Obiit
Oãava Id. Junii anno 1348. Ãitatis. 48.
Foy cazado com fua prima fegunda D.
Leonor Coutinho filha de D. Leonel
Coutinho, e D. Mecia de Azevedo de
quem teve D. Miguel de Caftro, que fal-
leceo Capitão de Malaca; D. Fernando,
que morreo abrazado na mina do Baluarte
de Dio, e D. Álvaro gloriofo emulo das vito-
rias de taõ grande Pay o qual pelos feus
infignes merecimentos foy Embaxador a
Caftella, França, Roma, e Saboya Confelheiro
de Eftado, e Vedor da Fazenda delRey D.
Sebafliaõ. A fua vida efcreveo com ele-
gante, e difcreto eftilo o incomparável Ja-
cinto Freyre de Andrade fazendo com a
fua penna taõ illuftre a memoria de D. loaõ
de Caftro depois de morto, como elle
a fizera vivo pela fua efpada cujo ca-
rafter dibuxou com eftas eloquentes co-
res no Liv. 4. §. iio. Com igual fem-
blante o virão as incomodidades da pátria,
e as profperidades do Oriente parecendo fem-
pre o me/mo homem em diverjas fortunas.
Fez ^'^ ^ merecer tudo, e de naÕ pedir
nada. Fa:(ia ra^aõ, e jufiiça a todos igml-
mènte fendo nos cafiigos inteiro, mas taÕ juftiji-
cado, que mais fe podiaÕ queixar da ley, que
do miniftro. Era com os foldados liberal, t
com os filhos parco mofirando mais burnani'
dade no Officio, que na naturev^a. Trato»*
com ff ande ref peito as açoens de feus antwtf-
fores honrando até aquellas de que fe apartoMi
Sem efiragar a cortev^ta confervou o refpeito,
fempre v^elou a cau^a de Deos primeiro, que a
do Efiado; nenhuma virtude deixou fem pre-
Jl
L USITAN A.
Ó29
mio; alguns vidos deixava fem cafiigo melho-
rando ajft muitos, buns com o beneficio, ou-
tros com a clemência. Os Donativos que
recebia dos Príncipes da Afia mandava car-
regar na Va^enda Keal, virtude que louva-
rão todos, imitarão poucos. Os Soldados en-
fermos achavaÕ nelle lafiima, e remédio; a
todos obrigava, e parecia devedor de todos.
Nenhuma façaÕ emprendeo que naõ confe-
ffájfe fendo nas execuçoens promptifftmo, ma-
duro nos Confelhos. Entre ocupaçoens de
Soldado confervou virtudes de Keligiofo; era
frequente em vit(itar os Templos, grande
bonrador dos Minifiros da l^cja, compaf-
fwo, e liberal com os pobres; devotiffimo
da Crua^ cujo final adorava com inclina-
ção profunda fem diferença do lugar, ou
tempo. Na Villa de Gntra poíTuia huma
Quinta chamada Penha Verde plantada
toda de arvores fylveílres para onde algu-
mas vezes fe retirava a paíTar o tempo em
ócio proveitofo; nella dedicou huma Er-
mida à Virgem SantiíTima, e na portada fe
lè gravada em huma pedra a feguinte inf-
cripçaõ. loannes Cafirenfis cum viffnti an-
nos in duriffimis bellis in utraque Mauritâ-
nia pro Chrifii Keligione confumpfiffet, (ô"
in illa clarifftma Tunetis expugnatione inter-
fuiffet, atque tandem finus Arabici litora, <&
omnes índia oras non modo luftraffet, fed lite-
rarum monumentis mandaviffet Chrifii numine
falvus domum rediens Virgini Matri Fa-
num ex voto dicavit anno 1542. Na mef-
ma Quinta edificou D. Francifco de Caibro
Inquizidor Geral, e Neto deíle Heroe fo-
bre hum elevado monte chamado o das Al-
viffaras que pedio D. loaõ de Caibro pela
celebre Viftoria de Dio, huma Capella de-
dicada a infigne Martyr, e Sabia Doutora
Santa Catherina em cujo retabolo, como
vimos eftá hum grande quadro de jafpe, e
nelle primorofamente aberto, e reprezen-
tado o certame que a mefma Santa teve com
os Filofofos em Alexandria. Defronte deíla
Capella eftá huma Cruz grande de mármo-
re arvorada fobre o monte, e na parte in-
ferior fe lé gravada efta elegantiífima inf-
cripçaõ. D. loannes de Cafiro índia Pro-
rex, Augufius, Félix, Pius, Triumphator
collem bun á Rege tantum pro Afia de-
tiãa pofiulatum viãrici Crucis Lábaro con~
fecrandum reliquit. Epifcopus D. Francifcur
á Cafiro nepos votum foluit anno Chrifii
1641. As virtudes moraes, e proezas
militares com que eternizou o feu no-
me efte famofo Heroe foraõ aílumpto
das penas dos mais infignes Efcritores
dos quais para immortal padraõ da fua
memoria fe relatarão os Elogios. O pri-
meiro, e o mayor de todos feja o que
lhe fez o Taumaturgo do Oriente S. Fran-
cifco Xavier em huma carta efcrita ao
P. Ignacio ^lartins da Companhia de lefus
mandada de Goa a 28 de Outubro de
1548. cujo original, que vimos, fe conferva
na SereniíTima Caza de Bragança, e fahio
por minha deligencia impreíía na Vida defte
Heroe compofta por lacinto Freyre de An-
drade da impreííaõ de 4. Lisboa por Antó-
nio Ifidoro da Fonceca 1736 1m impenfada
muerte dei Virey D. luan de Cafiro dexó
deshauciado a todos efios pueblos, y flerto
perdia S. A. en el el mejor baffallo, que po-
dia defearfe, y aun fi nó fiente fu muerte que
penfé fue ftieno, la Compania mas que to-
do, que fi en fu vida fue efpejo de la vir-
tud, j dei valor, en fu muerte fuè verguença
aios Fxclefiafies, y affombro a los Seglares;
a los Fxclefiafies porque fu muerte no pa-
recia fi nó de angel fe di^ir fe puede, y a
los feglares porque echó la haliv^a de la ctidi-
da mas de raya dexando en el defprecio de
los bienes profanos una memoria de que pue-
de llebantarfe efiatua efiimando en tanto la
pobreza que aun para la comida de fu do-
lência pidio prefiado, y con tan limpias ma-
nos de la hat(ienda real que ai punto de mo-
rirfe dio tefiimonio jurado que por la cuenta,
que tenia que dar a fu Creador nada ni va-
lor de un Xarafim era deudor; dio el efpi-
rito ai Senor con tantas muefiras de jufio,
que en mi efiimadon bolo ai cielo, y fi nó no
fé que serê yo. Maffeus. Hifi. Ind. lib. 13.
Vir omnium confenfu aque belli, ac pads
artibus clarus. Couto Decad. da Ind. 6.
liv. 6. cap. 9. Foy bem infiruido nas artes li-
beraes, e taõ bom latino que podia julgar de
efiilo... Foy muito inclinado, e afeiçoado â Ma-
thematica... fervio com muito t^elo, amor,
intdrev^, e pouca cubica, Mariz Dialog, de
63o
BIBLIO THE C A
Var. Hijl. Dial. 5. cap. i. fendo ff-andif-
Jimo Mathematico, e em outras /cientificas
excellencias illuftrijfimo: era também de fua
pejfoa taõ esforçado, como em letras infigne.
Fr. Ant. de S. Roman Hifl. de la Ind.
liv. 4. cap. 6. illujlre Capitan, y famofo
Vicerey. Souza de Maced. Ylor. de Ef-
pan. cap. 12. excel. i. Excellente Gover-
nador, e cap. 18. exccl. 2. infigne. Solor-
zan. de lur. Ind. Tom. i. lib. i. cap. 3.
n. 48. infignis Indiarum Prorex. Telles
Chron. da Comp. da Prov. Part. 2. liv. 6.
cap. 59. n. 9 e na Hifi. da Etiop. Alt. liv. i.
■cap. 9. famofo. Barros Decad. 4. da Ind. liv.
10. cap. 19. Lucena Vid. do Santo Xavier.
liv. 6. cap. 2. como fer^ a muitos ventagem
no esforço militar, ajft lhe fit^eraõ poucos na
corteja, eftima da virtude, i^elo da piedade
e KeligiaÕ Chriftãa. Faria Afia Portug.
Tom. 2. Part. 2. cap. i. Varon excellente
por fangre,por efiudios, y por talento, e no
Coment. às Kim. de Cam. Tom. i. pag.
300. meretijfimo por quantas partes y virtudes
Je pueden Juntar a componer un Heroe. Pereira
Hift. de D. Luiz de Attayde liv. 2.
cap. 7. cuja gloriofa memoria, e defacuftuma-
Àos merecimentos naõ fofrem fer em hifioria
Ja índia nomeado fingelamente. Pois Juntas
a tanta grandet^a de animo, e a hum taÕ
raro valor das armas fe viraõ refurffr nefle
Capitão as mais efquecidas virtudes da con-
tinência, e defentereffada puret^a da antigui-
dade Romana com efpirito temperado mais
manfo, que Severo, em que fe achou fempre
hum puro, e verdadeiro concerto de vida vir-
iuofa. Clede Hifi. de Portug. Tom. 2. pag.
mihi II. Caftro Joifftoit aux vertus civiles
les vertus guerrieres, e l'on peut le compter
au rang de ces hommes rares que la nature
ne produit que de loin en loin. Fonceca Evor.
Gloriof. pag. 149. ef pirou com fentimento uni-
verfal de toda a Afia Chriftãa, que devia
ú fua piedade a confervaçaõ, e propaga-
ção da Fé, e ao feu valor a fegurança,
e liberdade. Lafitau Conq. de Portug. Tom.
2. liv. 12. pag. mihi 418. Tous ces traits
que peuvent le metter en parallele avec les Heros
de rattcienne Grece, e avec les grands hommes
des premiers ages de la fimplicite Romaine
font mieux fon eloge que Je pourrois ajouter
pour tracer fon caraElere, e embellir fon portrait.
Fr. loan. de Luc. Contin. Annal. Minor.
Luc. Wadin^ Tom. 18. ad an. Chrifti 1J46.
p. 195. n. 131. Vir omnium confenfu aque
belli, ac pacis artibus clarus. Sousa Orient.
Conquifi. Part. i. Conq. i. Divif. i. §. 37. Na-
vegou feguro no porto da eternidade como pode
prefumir a mais acertada prudência das virtudes
de fua vida, e das circunftancias da fua morte.
Lcytaõ Mem. Chronol. da Univerfidade de Coimb.
pag. 505. n. 1086. preclarijfimo efpelho de He-
roes. Souza Hifi. Gen. da Ca^. Real Portug.
Tom. 3. p. 483. infigne varaõ ornado de tan-
tas virtudes como valor. A os Historiadores
correfpondem com armonica fuavidade os
Poetas dedicando métricos aplauzos à me-
moria de taõ grande Heroe. O divino Ca-
moens Lujiad. Cant. i. Eftanc. 14.
Albuquerque terrível, Cafiro forte,
E outros em quem poder naõ teve a morte.
E no Cant. 10 Eftanc. 72.
Efte depois em campo fe apren^enta
Vencedor forte, e intrépido ao poffante
Rey de Cambaya, e á vifia lhe amedrenta
Da fera multidão quadrupedante.
Naõ menos fuás terras malfuftenta
O Hidalcaõ do braço triunfante.
Que cafiigando vay Dabul na Cofia
Nem lhe ef capou Pondã no SertaÕ pofia.
Diogo Bernardes Cart. que he a 23 a
D. Fernando Alvres de Caftro Neto deftc
Heroe.
Nunca àfombra dofrexo, nem dafaya
Creou Torquatos, Fabios, Scipioens;
Nem quem por fima de lies po:(^ a raya
Aquelle q entre os mais claros varoens
A palma fe lhe deve afirmar pojfo
Ifio fem confultar opinioens
Aquelle graÕ guerreiro aquelle noffo
Invencível Avó graõ Yiforey
De Cafiro D. loaõ efpelho noffo.
Ah Senhor D. Fernando, que direi!
De quem por todo o mundo div^em tanto
Se com tal intenção naÕ comecei!
Somente por retrato raro, e Santo
Das armas, dofaber, da Cortesia
J2uiz illufirar com elle efte meu canto
Que para o celebrar mifter havia
Hum eftilo mais alto, e levantado
Do que Satyra pede, ou Elegia
L USITAN A.
63 1
Deixou-vos o caminho ahalii^aão
Por onde foy foberbo ao claro templo
A! Jempitema fama dedicado.
Manoel de Faria, e Sou2a Vuent. de Aga-
mp. Part. i. Cent. 3. Sonet. 34.
Morifte ò Jítíin con nuebas circunjlancias
De valor, pues ai ttrj/o raro toca
Ha^er, que com perceptos dejfa boca
Hagan obras d^ejja alma confonancias.
De ejplendor haciendo exorbitâncias
Si el curfo dei vivir fe te revoca
Livre tu alma de fu efirecha roca
De tierra a Cielo mide las dijlancias.
Eftrecba bien, que ai fin nófue defnuda
De Ju cuerpo alma tal por edadfria
Ni por golpe violento, ó fiebre aguda:
Mudar fue, no morir, que apetecia
Bufe ar un Cielo en que caber fin duda,
Que fin duda en un cuerpo nó cabia
Gabriel Pereira de Caftro Ulyjfea Cant. 7.
EAanc. 113. e 114.
Ejnbraçado o efcudo rutilante
Vem o famofo Cafiro com prefie^a
A /ocorrer os feus, elle diante
Pouco efiimando a perigo/a empreita.
Armado fahe de hum animo confiante
Defpre!(ador da vida, e fó fe pre^a
Da alta virtude, que a feu braço unida
A índia toda o teme, e fa:^ timida.
Tal preço de fua barba, e tal valia
TeraÕ fó dous cabelos, que o thefouro
Mayor do foi {com feus rayos cria
Nas grandes vejas cujo fangue he ouro)
Menos efiima tem, que a quanto a fria
Noite efconde, e defcobre Apollo louro,
Tocando o mais remoto paralelo
Excede defia barba hum fó cabelo.
Barbofa Archiath. Ijifit. pag. 83.
Ecce maris domitor generofus Cafirius urbem
Indica quá prudens, €>* jufius regta gubemat
Deferit obfeffis laturus clajfe falutem
D. Thomaz de Bem Cafireidos lib. V.
pag. iio.
Gloria latfiadum, duãor clarijfime, Cafire
Sat ferro, belloque datum, fat Marte cruento
Quid valeat tua dextra, rubens Jam fan-
guine Maurus
Fraãaqi4e turbata tefiantur comua Lama
Othomana quando praclarum optare trium-
phum
Non aliud, quam ferre ftát, quàm vincere,,
velle.
Vicifii; affertát fe fe, rupitque catenas
Urbs tandem, <& fafius decoravit grata trium-
pho.
Cedat Alexander fpoliis Orientis onufius
Nunc tibi, conceda t Scipio Carthagine vi£tár
Pompeius, Cafar, Marius, vel fortis Acbil-
les,
Heroes fileant veteres; quos fama volucrir
Altitonante tuba mirum fuper extulit afira
&c.
Compoz.
Roteiro da viagem, que fe^ defie Rejno para
a índia com o Vicerey Garcia de Noronha
no armo de 1538. e do que fe^ de Goa até
Dio. Dedicado ao Infante D. Luiz. Eftas
duas obras, que alguns Authores intitu-
larão Q)mmentarios Geográficos os tinha,
promptos para a impreíTaõ Fr. Fernando
de Caílro religiofo Dominico neto do
author de quem fe fez memoria em
feu lugar, e fe confervaõ M. S. na Li-
vraria do G^llegio dos Padres Jefuitas de
Évora como efcrevem Maífeo Hifi. Ind. lib.
13. no fim, e Fr. Ant. de Roman Hifi. Orient.
liv. 4. cap. 6. Paliando deíla obra o eloquen-
tiflimo Jacinto Freyre de Andrade Vid^
de D. loaõ de Cafi. liv. 4. §. iio. Nas horas ,
que lhe perdoavaõ os cuidados da guerra def-
creveo em copiofo tratado toda a Cofia, que
jaí^ entre Goa, e Dio finalando os baixos,
e recifes; a altura da elevação do Polo em
que efiaÕ as Cidades, refiingas, anglas, e en-
feadas, que formàõ os portos, as monçoens dos^
ventos, e condiçoens dos mares, a força das
correntes, e Ímpeto dos rios, arrumando as
linhas em taboas diferentes, tudo com tàõ
miúda, e acertada Geografia, que o poderá efia
fó obra fa;(er conhecido, fe já o naõ fora tanto
pelo valor militar.
Roteiro da viagem da índia até o Ef-
treito de Sues. A eíla obra fazem gran-
des Elogios diverfos authores como faõ
Andrade Vid. de D. loaÔ de Cafiro liv.
I. n. 19. Em todas efias angras, e enfeadas
da boca do Efireito até Suev^ foy D. loaõ
de Cafiro tomando o foi, e fazendo roteiro
formando jtãv^ já de Filofofo natural, e jã
Ó32
BIB LIO THE CA
T
■de marinheiro moflrando como caminha cega a
experiência rude dos Pilotos fem os preceitos
da arte e liv. 4. §. iio. Obra útil, e grata aos
navegantes. Faria AJia Portug. Tom. 2. Part.
I. cap. 3. n. 5. tomando en ejla ocafion ora la
•ejpada, ora la pluma fue defcribiendo con mu-
^ba Jujlificacion en efiilo, y lengua Ciceroniana
aquelles mares, aquella cojla. e no Coment.
Àas Ijn^iad. de Cam. Cant. 5. Eílanc. 19. Fr.
Ant. Roman. Hift. Orient. liv. 4. cap. 6.
I^ivro das mercês que fe^ na índia M. S.
Cartas que ejcreveo. e das rejpojlas que teve
Âe D. loaõ o III. 5 . Tom. M. S.
Outo livros do governo que fez na índia orde-
nados por elle. M. S.
Carta a Aleixo de Sou^a Chichorro Ve-
Jor da Fazenda da índia. He repoíla a
huma que elle lhe efcreveo na qual o incre-
pa de ambiciofo. He larga, e judiciofa. Co-
meça. Guardei hum pouco em refponder á vojfa
carta.
Carta ejcrita de Dio ao Senado de Goa
^m 23. de "Novembro de 1546. Sahio im-
prefla na Vid. deíle Heroe efcrita por
lacinto Freyre de Andrade liv. 3. §. 29.
KelaçaÕ do que paffou no fitio de Dio. M. S.
Defta obra faz memoria o moderno addicio-
nador da Bib. Orient. de António de Leaõ
Tom. I. Tit. 3. col. 65.
D. lOAÕ DE CASTRO filho na-
tural de D. Álvaro de Caftro Senhor
<le Penedono Embaxador a França Ro-
ma, Caílella, e Saboya, Vedor da Fazen-
■da delRey D. Sebaíliaõ, e Neto do
Ínclito Heroe D. loaõ de Caftro de
quem fe fez a precedente memoria. A
pcrfpicaz intelligencia, de que o dotou
a natureza para a cultura das fciencias
o impellio a frequentar a Univerfidade
<le Évora em o armo de 1568. onde aíTif-
tindolhe o Cardial D. Henrique com tudo,
que era neceíTario para o decoro da fua
pcíToa, e vendo o aplauzo, com que re-
cebera o grão de Meftre cm Artes o pro-
veo em hum Canonicato da Collegiada
-de Valença do Minho, que naõ aceitou,
c em hum beneficio fimplez em S. Giaõ
da Sylva termo da dita Villa. Ao tempo
que continuava o efíiido da Thcologia o
interrompeo com a fatal jornada de Afri-
ca em o anno de 1 578. em que depois de mof-
trar os alentados cfpiritos com que fc ani-
mava o feu Coração ficou cativo com fetcnta,
e nove Fidalgos companheiros da fua infe-
licidade. Reflituido à liberdade como fcm-
pre foíTe fiel para os Princepcs naturaes ou-
vindo que na Villa de Santarém fe aclamara
a 24 de lulho de 1580. Soberano defta Mo-
narchia ao Senhor D. António filho do Se-
reniffimo Infante D. Luiz paíTou a Lisboa
com alguns foldados fequazes da fua he-
róica refoluçaõ, e na batalha de Alcântara
fuburbio daquella Cidade fendo derrotado
o exercito Portuguez pello Duque de Al-
va fe falvou com o Senhor D. António
acompanhando-o com fumma fidelidade, e
igual defmtereíTe, já aliftando com o pofto
de Coronel gente em a Villa de Barcellos, e
na Ilha Terceira para a meditada conquifta
da Madeira; já difpondo com a madure-
za do feu juizo as emprezas conducentes
para confeguir a Coroa de feus Avós ufur-
pada pela violência Caftelhana. Naõ fc cx-
ringuio em o feu peito com a morte do
Senhor D. António fucedida em Pariz a
26. de Agofto de 1595. o ardente zelo para
com a fua Pátria pois chegando à fua noti-
cia em o anno de 1598. que ElRey D. Sebaf-
tiaõ, ou quem afeftava a fua PeíToa, eftava
prezo em Veneza paílou de Pariz em 14. de
lulho de 1600. àquella Gdade onde repre-
zentou ao Senado com exprelToens revef-
tidas da mais zelofa fidelidade a injufta açaõ
de ter reclufo cm o cárcere quem fora ado-
rado no trono. Movido o Senado com as
inftancias que fe lhe faziaõ de diverfas par-
tes para a liberdade do prezo concedeo que
fahindo do cárcere fe naõ demoraíTc cm
Veneza mais que o efpaço de três dias. Foy
inexplicável o jubilo, que concebeo o feu
Coração quando vio reftituido à liberda-
de aquelle Príncipe, que com profunda ve-
neração reconheceo por feu Soberano co-
mo largamente defcreve na Vida que compoz
defte Monarcha cap. 19. Foy muito in-
tclligentc, c pradtico nas linguas Latina,
Franceza, c Italiana, c naõ menos ver-
d
L USITAN A.
633
fado na Hiíioria Sagrada, e profana. Dif-
correo pelas principaes Gdades de Itália,
e por duas vezes afliítío em Olanda, e In-
glaterra até que fez a fua fixa habitação em
a O^rte de Pariz onde vivia em o anno de
1623. tolerando a infauíla fortuna que fem-
pre o acompanhou, certamente indigna do
feu illuífare nacimento e perfpicaz juizo.
Delle fazem mençaõ Caramuel Philip. Prud.
lib. 5. in Proaem. Spener. Opus Herald. Part. i.
lib. I. cap. 22. pag. 287. Compoz.
Difcurfo da Vida do fempre bem vindo,
e apparecido Rey D. SebafiiaÔ nojfo Senhor o
Encuberío desde feu nacimento te o pre:(ente de-
riffda aos três EJlados do Reyno. Pariz por
Martim Verac. 1602. 8.
Ajunta do Difcurfo precedente aos mef-
mos Eflados em a qual fe adverte de como
ElRey de Efpanha fe ouve com ElRey D.
SebaJliaÕ depois, que o teve em feu poder.
1602. 8.
Repofla, que os três Eflados do Reyno
de Portugal a fua Nobreza, Cleret(ia, e
Povo mandarão a D. loaõ de Caflro fobre
hum Difcurfo, que lhes deriffo fobre a vin-
da, e apparecimento delKey D. Sebaftiaõ.
1603. 8.
Paraphrafe, e concordância de algumas Pro-
phecias do Bandarra Sapateiro de Trancofo.
1603. 8.
Eftas três obras fupofto que naõ tem
lugar da imprelTaõ, certamente fe conhece
pelo carader da letra que foraõ impreíTas
em Pariz onde feu Author afliíHa.
Obras. M. S.
Difcurfo deriffdo a ElRey D. Sebaftiaõ.
Efcrito a zy de lulho de 1588. Começa. Que
maravilha be em anno taõ profetizado. &c.
De quinta, <àr ultima Monarchia futura,
rebufque admirandis nofiri temporis. 4. 0)m-
poAa em o anno de 1597.
Remonfirança feita de novo aos llluflriffimos
Senhores do Confelho de Eflado, e privado deíRey
Cbriftianijftmo, e fufcita^aõ da Caufa, e dos acon-
tecimentos admiráveis do Serenijftmo Rey de Por-
tugal D. Sebaftiaõ primeiro do Nome. 4. Ef-
crita em 1603.
Difcurfo a ElRey D. Sebaftiaõ. Efcrito
em Pariz a 18 de Agofto de 1604.
Aurora. G3níla eiia obra de diverfas
Profecias interpretadas em obzequio deí-
Rey D. Sebaftiaõ, e comprehende 67 ca-
dernos de dez folhas cada hum. Foy com-
poíla em Pariz, e acabada em 28 de Abril
de 1605. com eftas palavras. Aqui demos
fim a efla obra na qual poderamos tra:(er mià-
ta outra reqtúffima pedraria de Prophecias, fe
naõ ouveramos medo, que alguns dos Leytores
fe enfadajfem a qual naÕ fará falta pêra o co-
nhecimento, e clare!(a intelleãual deffas ad-
miráveis maravilhas, que eflaÕ por vir, ctgo
começo ef per amos por horas: pois as que
allegamos nefta Aurora faÕ taõ condes taõ
claras, e tantas, que fomente o dia do cum-
primento delias pode fer mais claro, e mais
fermofo. Eu put;^ as Prophecias na mctyor
purev^a, que pude, mas naÕ todas em feu
rmtural, e naquella irmocencia, e virtude fua,
como foraõ profetit^adas por ceuc^a da cor-
ruçaõ dos exemplares, e do defeito da im-
prejfaõ antiga. Se ao diante fairem os feus
Oriffnaes authenticos em fua inteiret^a fometo
a elles a correição dos erros que aqui fo-
rem: naõ fe botando por ijfo a ninguém o
goflo do que achar puramente referido.
Tratado fobre o Profeta Daniel. Com-
pofto em 3 de lulho de 1613.
Selva fobre a Paraphrafe do Bandarra, (jorn-
pofta em Pariz a 30 de Agofto de 1614. Gjnfla.
de 19. Capítulos começa. Ainda, que tarde
me acordei. &c. 4.
O Antichriflo, ou Profecias, e Revela-
çoens fobre elle ordenadas. Confta de 62 ca-
dernos de finco folhas, a qual obra princi-
piou em Pariz a 20 de lulho de 161 5, e foy
acabada a 17 de Novembro de 161 6. Co-
meça. Depois que me comecei a dar ás Profe-
cias, e revelaçoens annunciadoras das maravilhas
dos nojfo s tempos. &c.
Ornamento, honra, e gloria de quatro Or-
dens de que profetis^ou o Ven. Abbade loachim
em teflemunho, e trofeos dos illufires merecimen-
tos delias, e delle. Compofto em Pariz a 7
de Abril de 161 7. Começa. Entre as muitas
Ordens. &c.
Avifos divinos, e humanos para os me-
morandos Conquijladores da Terra da Pro-
634
BIBLIO THE CA
mijfaõ dos noffos tempos que he de todo o Uni-
ver/o. G)níla de 4 livros que comprehen-
dem 13 cadernos compoílo em Pariz a 23
de Setembro de 161 7. Começa. NaÕ ha
coufa nejia Vida taô natural, e cummua a todos
os homens &c.
Novas flores fobre a Parafrafe do Bandarra
com algumas retraíiaçoens. Efcrito em ParÍ2
a 19 de Novembro de 161 7.
Payneis divinos onde fe repre^entaõ algumas
das grandes mercês que Deos tem prometidas ao
Jeu Povo Ocidental da Igreja Romana com algu-
mas particularidades jà feitas por elle aos Reys
de Portugal, e aos Portuguet^es. Confta de
5 livros que comprehendem 58 Capitules.
Compoílo em Pariz a 11 de Outubro de 1621.
Começa. Temos já apregoadas tantas, e tamanhas
Mifericordias. &c.
Do Ternário, Senario, e Novenario dos Por-
tugue^es, que em Veneza folicitaraõ a liberdade
delRej D. SebaJliaÕ Nojfo Senhor com mais huma
breve mençaÕ do Senhor D. António Repartido
em 5 livros que comprehendem 29 Cader-
nos. Compoílo em Pariz a 3 de Mayo de
1625.
Genealogia dos Kejs de Portugal de/de D.
Affonfo Henrique^ até D. Sebajliaõ Efcrita
em Francez, e coníla de muitos cadernos
que fazem dous tomos de 4. de juíla gran-
deza.
O Jegundo apparecimento delRey D. Sebaf-
tíaÕ Noflo Senhor de/afeiflo Rey de Portugal
com a repetição fummaria do primeiro, e de to-
da a Jua vida. Dirigido aos Três EJlados do
Rejno a faber ao da Clerejia, ao da Nobrei^a,
e ao do Povo. 4. Coníla de 20 Capítulos lar-
gos. Começa. Dous ditos há muy celebres.
&c.
Tratado Apologético contra hum libello dif-
famatorio que imprimirão em França certos
Portuguet^es com o titulo Jegtánte. Refpoíla, que
os Três Eílados do Reyno de Portugal a
faber Nobreza, Clerezia, e Povo mandarão
a D. loaõ de Caílro fobre hum livro, que
lhes dirigio fobre a vinda, e apparecimento
delRey D. Sebaíliaõ. 4. Começa. Achan-
do-me na Corte de Hefpanha em companhia, e
converfaçaõ dalguns Senhores Portugueses afei-
çoados à Pátria &c.
Tratado fobre alguns Pajfos do Apocaly-
pfe. 4.
Das Fundaçoens da B. Tareja de Je:(us. 4.
Advertências ao Difcurfo da vida de D.
Sebajliaõ, e da Ajunta do Difcurfo aos Três
Eftados do Reyno. 4.
Notaçoens da Hiftoria Geral de Efpanha
compofla em Caftelhano por loaõ de Mariana da
Companhia de lESUS. 4.
Juramento delRey D. Affonfo Henriques tra-
duzido na lingua France:(a. 4.
Todas eílas obras efcritas pela própria
maõ do Author, e firmadas com o feu íinal
fe confervaõ na feledliíTima Livraria de meu
Irmaõ D. lozè Barboza Clérigo Regular
Chroniíla da SereniíTima Caza de Bragança,
e Cenfor da Academia Real onde as exami-
namos com fumma aplicação, e certamente
muitas delias faõ merecedoras da luz publica.
Fr. lOAÕ DE CEYTA natural de Lis-
boa, e hum dos famofos alumnos da Será-
fica Provinda dos Algarves onde floreceo
igual na Poezia Latina, como profundi-
dade Theologica, e Oratória Eccleíiaílica
pela qual mereceo univerfaes aplaufos, ou
foíTe pela multiplicidade de textos com que
exornava os feus difcurfos, ou pela vehe-
mente energia com que os reprezentava, e
proferia. Havendo fido Guardião do Col-
legio de Coimbra o elegeo por feu Confef-
for o exemplariíTimo Prelado D. Jozé de
Mello Arcebifpo de Évora devendo à ma-
dureza dos feus Confelhos grande parte
do acerto das fuás acçoens paíloraes. Fal-
leceo em o Convento de Setúbal em o an-
no de 1633. quando cotava 55 annos de
idade. Vários authores lhe celebraõ o no-
me como faõ D. Francifco Manoel Cart.
dos A A. Portug. em Cathedra púlpito, e letras
famofo loan. Soar. de Brito Theatr. Lu-
fit. Litter. lit. I. n. 31. Infignis Fxclefiaf-
tes. Pizarro Var. Illujl. da Ind. cap. 5.
Obfervac. 4. reli ff of o grave; e na vid. de
Ant. de Ojed. Obfervanc. 2. grande predi-
cador. Wadingo de Script. Ord. Min. Z29.
col. 2. vir eruditus. Nicol. Ant. Bib. Hifp.
Tom. I. p. 615. col. 2. ingenii doãrinaque
fama clarus, totoque oris, eb* corporis fffiu vt-
L USITANA.
635
/u/í aã eloquentia fadem conformatus... tam
Jcholafiica, quàm expojitiva Tbeologia appri-
me fftarus. Marrac. Bib. Marian. Part. i.
pag. 809. Vir plane doãus, atque in divini
Verbi pradicatione non i^ohilis. Fr. loaõ
do Sacram. Cbron. dos Carm. DefcalJ. da
Prov. de Portug. Tom. 2. liv. 5. cap. 22.
§. 52J. Sogeito bem conhecido por Jetis ej-
critos. Fr. loan. a D. Ant. Bib. Francifc.
Tom. 2. pag, 233. col. 2. injtffiis Eccle-
fiafies. lacinto Cordeiro BJog. dos Poet. hup.
Eflanc. 52.
Fray luan de Ceita defte coro ff-ave
Affdla fuperior, que altiva lucha
Con los rayos dei foi buela fuave,
Y de Efcoío agudev^as folo efcucba :
El folo con la pluma afi fe alabe
Venerar le podre con ra!(pn mucha,
Peró alabarle no; que es def vario
Quando nó es tan capa^ el génio mio
Compoz.
Quadragena de Sermoens em louvor da Virgem
Maria, e de Chrijlo Senhor Nojfo feu filho con-
forme os Evangelhos, que a Igre/a canta em fuás
Feftas pelo difcurfo do anno. Lisboa por Pedro
Crasbeeck. 1619. foi.
Quadragena fegunda, em que fe contem os
dous Santos Tempos do anno convém afaber Adven-
to, e Quarefma com feus intróitos com outo Ser-
moens do Santijfimo Sacramento do Altar. Évora
por Lourenço Crasbeeck 1625. foi. Efte tomo
foy traduzido na lingua Caftelhana por Fr.
loaõ de Navaes Monge Ciílercienfe, e fahio
Valhadolid. 1626. e depois na mefma lingua
por Fr. Fernando Camargo Erimita Auguítí-
niano. Madrid por Juan Gonzales. 1629. 4.
Sermoens das Feflas da Virgem SantiJJima, e
de Chrijlo Senhor NoJfo com outo do Sacramento,
e de alguns Santos, e outo de defuntos. Lisboa
por Lourenço Crasbeeck. 1634. 4. Tradu-
zido em Caftelhano pelo Padre Camargo Au-
guftiniano. Saragoça. 1635.
Sermoens para algumas Feflas de Santos da
noffa Ordem, Apojlolos, Martyres, Santas, e de^
do Sacramento. Lisboa por Lourenço Cras-
beeck. 1635. 4.
Sermaõ da Fé pregado em o Aão que
o Santo Tribunal de Évora fev^ em a mef-
ma Cidade no anno de 1624. a 14. de
Julho. Évora por Lourenço Crasbeeck.
1624. 4.
D. lOAÕ DAS CHAGAS natural de
Viana do Minho filho de Pays nobres
quais eraõ Belchior Pinto, e Catherina
Lobo. Veítío o habito Canónico Augufti-
niano no Convento de S. Salvador de Gri-
jò a 10 de Dezembro de 1608. Apren-
deo as fdencias efcholafticas no Collegio
de Santo AgoíHnho de Coimbra onde
depois de jubilar na Sagrada Theologia
recebeo o gráo de Doutor neíla Facul-
dade em a Academia Conimbricenfe no
anno de 1633. Foy celebre Orador Evan-
gélico, e muito verfado na intelligenda
da Sagrada Efcritura, e Santos Padres.
Falleceo em Coimbra a 25 de Abril de
1650. Delle fe lembra D. Nicol. de S.
Maria Cbron. dos Coneg. ^g. liv. 10. cap.
29. n. 24. Compoz.
Tratado da perfeição religiofa fobre aquellas pa-
lavras do Genefis. cap. 1 2. Egredere de terra tua, (Ò'
de co^mtione tua, e^ de domo Patris tui. M. S.
F. lOAÕ DAS CHAGAS natural da Villa
de Guimaraens filho de Manoel Vieyra, e
Joanna Na idade da adolefcencia re-
cebeo o ferafico habito em a Provinda de
Portugal onde pelo feu grande talento me-
receo exerdtar os lugares mais honoríficos
como foraõ ComiíTario da Corte, Miniftro Pro-
vindal eleito no anno de 1720. e ComiíTario
Geral da Terra Santa nefte Reyno, e fuás Con-
quiAas pelo efpaço de nove annos. Falle-
ceo no Convento de S. Francifco deíla Corte
em o anno de 1727. Imprimio.
Verdadeira, e individual Relação do que fe tem
obrado em Confiantinopla fobre a reedijicaçaõ do
Templo do Santo Sepulchro de Jefus Chrijlo Senhor
NoJfo na Santa Cidade de Jerusalém. Lisboa
por Jozé Manefcal. 1722. 4.
lOAÕ CHRISOSTIMO DA CRUZ Na-
ceo em Villa-franca de Xira do Patriar-
chado de Lisboa a 27 de Janeiro de
1707. fendo filho de Manoel Francifco
da Cruz, e Maria da Conceição. Apren-
didos na pátria os primeiros rudimentos
fe aplicou com difvelo a Arte da Mu-
636
BIBLIO THE CA
íica cujos preceitos exercitou com feli-
cidade aíTim praftica, como efpeculativa-
mcnte. Ordenado de Presbitero em o an-
no de 1751. moftrou pela integridade da
vida, e modeftia do femblante fer digno
de taõ fublime eftado. Querendo inf-
truir com preceitos fáceis á comprehen-
faõ aos amantes da Muíica efcreveo.
Methodo breve, e claro em que fem prolixidade,
nem confufaõ fe exprimem os necejfarios principios
para inteligência da Arte da Mujica. Com hum
appendix dialogico, que fervirà de Index da obra,
e liçaÕ dos Principiantes. Lisboa por Ignacio Ro-
drigues. 1745. 4.
Fr. lOAÕ DE CHRISTO natural de
Lisboa Monge Ciílercienfe cujo habito
veítío no real Convento de Santa Maria
de Alcobaça a 8 de laneiro de 16 14.
c profeíTou folemnemente a 10 do dito
mez do anno feguinte. Foy iníigne tan-
gedor de Orgaõ, e dos celebres profef-
fores de Mufica do feu tempo como
teítímunhaõ as obras que deixou defta
armonica Faculdade, fendo as principaes.
O Texto das Paixoens que fe cantaô em
a Semana Santa compofto a 4. voz^es, do
qual fe uza no Real Convento de Al-
cobaça.
Calendas do Natal, e de S. Bernardo.
Falleceo no Convento de Alcobaça a 30
de lulho de 1654.
Fr. lOAÕ DE CHRISTO chamado no
feculo loaõ Botelho naceo em Villareal do
Arcebifpado de Braga onde teve por Pays
a António Ferreira, e D. Helena Botelho
igualmente nobres, e pios. ProfeíTou o auf-
tero inílituto de Carmelita Defcalfo em o
Convento de NoíTa Senhora dos Remédios
de Lisboa a 11 de Março de 161 2. onde
fe diíUnguio dos feus domefticos na cul-
tura das virtudes, e principalmente no zelo
com que paíTando á índia com o lugar de
Vigário Geral promoveo incanfavelmente a
Converfaõ da Gentilidade. Duas vezes foy
a Roma como Procurador da fua Reli-
gião confeguindo pela prudência, e aóti-
vidade de que era ornado importantes
negócios para augmento, c confervaçaõ
da fua Ordem. Reílituido a Portugal ocupon
todo o tempo que lhe reftava das precizas obri-
gaçoens do feu eftado na laboriofa aplicação
de efcrever memorias hiftoricas da fua Reli-
gião. Falleceo no Convento de Lisboa onde
nacera para Deos, em o anno de 1658. com
64 annos de idade c 47 de religiofo. Com-
poz.
Carmelo Defcalfo hujitano, ou Summario de
alguns Keligiofos Portugue:(es illuflres em Santi-
dade. M. S. Defta obra fez participante ao Li-
cenciado lorge Cardofo por carta efcrita a
17 de lulho de 1647. e delia fe lembra no
Agiol. Lujit. Tom. i. p. 125. no Comment.
de 12 de laneiro. letr. I.
Clauflro de Santo Alberto, ou noticia da
Fundação defle Convento fituado em Lisboa, e
das lieligiofas Carmelitas Defcalfas que nelle
floreceraõ. Dedicado a SereniíTima Rainha
de Portugal a Senhora D. Luiza Francifca
de Gufmaõ. M. S. Defta obra faz mençaõ
o referido Cardozo Agiolog. "Lufit. Tom. 2.
p. 69. no Comment. de 6 de Março Letr. I.
¥onte de 'Elias, ou Tratado das Antigui-
dades da Ordem Carmelitana. foi. M. S.
Vida de D. L^aÕ de Noronha afcendente
dos Condes dos Arcos com noticia das fuás
virtudes, e da hijloria daquelles tempos. Efcrita
em 10 Capítulos.
Vida da Madre Maria de S. lo^è, e
de algumas Religiofas do Convento do Cal-
vário de Ejfora com as noticias do Bifpo D.
Vafco. M. S. Eftas duas obras fe achaõ
encadernadas em hum volume, que fe
confervaõ na Livraria do Excellentiflimo
Conde do Vimieiro.
V. Fr. lOAÕ CIRITA primeiro Ab-
bade do Convento de S. Chriftovaõ de
Lafoens, e o 3 do Convento de S. loaõ
de Tarouca da Ordem Ciftercienfe. No
tempo em que reynava em Leaõ D.
Affonfo VI. chamado Emperador de Ef-
panha exercitou a vida militar, e como
fahilTe de huma batalha perigofamente fe-
rido fe retirou a Galiza para caza de
hum Sacerdote de inculpável procedimen-
to onde recebeo igual medecina cm o
corpo, como na alma elegendo outra no-
va milicia com a qual triumfaííe dos
L USITANA
63;
feus apetites. Por morte do feu direâor
efpiritual bufcou para habitação a afpe-
reza dos montes onde o inimigo comum
lhe reprefentava a licenciofa liberdade da
vida paflada, e lhe propunha os inconve-
nientes da que eítava praâicando, porém
armado da divina giaça reíiftia à violência
deftas fugeftoens. Atrahido da virtude de
dous Erimitas que viviaõ junto do rio
Vouga bufcou a fua companhia onde com
outros difcipulos do feu efpirito faziaõ vi-
<la mais angélica, que humana. Deíle íi-
tio paííou a fundar huma ermida na emi-
nência de hum monte para a parte do
Norte cercado do rio Barofo onde confti-
tuido Abbade chegou a fama das fuás vir-
tudes ao Qjnde D. Henrique que entaõ
dominava Portugal, o qual dezejando cer-
tificarfe com os olhos do que tinha per-
cebido pelos ouvidos o viíitou com íinaes
de grande afedo pedindolhe alcançaíTe de
Deos hum filho para fuceíTor do Efta-
do, que poíTuia. Seguroulhe o iníigne Va-
rão que brevemente feria defpachada a fua
fuplica, e logo concebeo a Rainha D. The-
reza ao valerozo Príncipe D. AfFonfo Hen-
riques, que como feu Pay o venerou por
depozito da fantidade mais heróica. Avizado
fuperiormente de que o Doutor Melifluo S.
Bernardo mandava religiofos a Efpanha para
fundar Conventos da fua Ordem os conduzio
de Lamego para Guimaraens Cone do Prín-
cipe D. Affonfo do qual alcançou facilidade
para a fundação do Q)nvento de S. loaõ de
Tarouca fendo elle o primeiro que das maõs
do Abbade Boemundo recebeo a cogulla Cif-
tercienfe no anno de Chriílo de 1123. e foy
o primeiro noviço que efta Ordem Monachal
teve nefte Reyno. Impetrada licença do mef-
mo Príncipe, edificou outro Convento no
lugar da Ermida que habitara, intitulado de
S. Chriftovaõ de Lafoens do qual foy o pri-
meiro Abbade. Em todo o tempo que go-
vernou o Convento de S. loaõ de Tarouca
era na Oraçaõ continuo, na penitencia rigo-
rofo, no filencio obfervantiffimo, na abftinen-
da admirável, e na charidade ardente. Ate-
nuado com o numero dos annos, e muito
mais com as penitencias fe retirou ao Convento
de S. Chriílovaõ de Lafoens onde viveo
três annos, e meyo no fim dos quais pro-
vada a fua paciência com huma diutur-
na enfermidade, recebidos os Sacramen-
tos com fumma piedade poftos os olhos
em o Ceo pronunciando com voz intel-
ligivel luiudate Dominum de calis, laudate
eum in exceljis entregou o efpirito ao feu
Criador a 23 de Dezembro do anno de
ChriJfto de 11 64. Na fua fepultura fe lhe
gravou o feguinte epitáfio.
loannes Ahbas Cirit.. rexit Monaft. S. loan-
niSf S. Còrifiopòorif Sals^eda, S. Peíri clarus
vitãf clarus meritis, clarus miraculus ciarei in
Calis. Obiit XI. Kalend. lanuar. ICCII.
Delie iUuflxe Varaõ fazem honorifica me-
moria Fr. Bernardo de Brito Cbron. de Cifi.
liv. 2. cap. 2. 5. e 6. liv. 5. cap. 14. e
15. Carol. Vifch. Bib. Cifierc. Chrifoft. Hen-
riq. Monolog. Cifterc. p. 427. & in Fafcicul.
Sana. Ord. Cifterc. Ub. i. dift. 19. Purif.
de vir. illuft. Ord. D. Aug. liv. 2. cap. 3.
e na Cbron. de S. Agoft. da Prov. de Portug.
Part. 2. Uv. 6. Tit. 3. §. i. Camargo Cbro-
nol. Sacr. foi. 164. Nicol. Ant. hib. Vet.
Hifp. lib. 7. cap. 6. Manriq. Annal. Cifterc.
ad an. 1119. cap. 3. n. i. & ad ann.
1161. cap. 5. n. 4. & ad ann. 1164. cap.
8. n. 2. Brandão Mon. 'Lufit. Part. 3. Uv. 9. cap.
9. e liv. II. cap. 5. D. Nicol. de S. Maria
Cbron. dos Coneg. Keg. liv. 4. cap. 4. n. 15.
Compoz.
Regula, (Òr Statuta Ordinis Militaris Avi-
fienfis. Começa. In nomine Sanãa, & indi-
vidua Trinitatis Patris, Filii, eí^ Spirifus
Sanai Deus unus, verus, eS^ ejf enfia infeparabilis.
Nos loannes Cirita. &c. Foy efcrita em
Coimbra no anno de Chrifto de 1162. a
qual traz por extenfo Fr. Bernardo de
Brito Cbron. de Cifter. liv. 5. cap. 312.
e delia fazem memoria Fr. Chrifoft. Henr
riq. Menolog. Cifterc. p. 427. e Nicol. Ant. Bib.
Vet. Hifp. lib. 7. cap. 6.
Carta efcrita ao Abbade Boemundo ajjif-
tente no Convento de Tarouca. Sahio imprefla
por Fr. Bernardo de Brito Cbron. de Cift.
liv. 2. cap. 3.
Carta aos Monges do Convento de Ta-
rouca. Sahio na referida Cbron. de Cift. liv.
5. cap. 15.
638
BIBLIO THE CA
Carta a D. Mendo Abbade do Convento de
S. Pedro das Águias, Sahio na dita Chron. liv.
3. cap. 13.
lOAÕ COELHO natural da Villa de
Barcellos do Arcebifpado de Braga em
a Provinda de Entre Douro, e Minho
Licenciado na faculdade dos fagrados Câ-
nones, e Pregador de nome de cujo fa-
grado miniílerio publicou.
Sermão do Kofario da Virgem Senhora Nojjfa
pregado em o primeiro Domingo de Outubro de
1673. Coimbra por lozé Ferreira. 1677. 4.
lOAÕ COELHO DE ALMEYDA
natural da Villa de Torres Vedras do
Patriarchado de Lisboa. Depois de fre-
quentar a Univerfidade de Coimbra onde
fe graduou na faculdade da Jurifpru-
dencia Cefarea fervio alguns lugares da
Republica com igual fciencia, que deíinte-
reíTe até que paíTou a fer Dezembargador
da Caza da Suplicação a 23 de Dezembro
de 1669. Sendo Vereador do Senado de
Lisboa congratulou em nome da Corte
a SereniíTima Raynha D. Maria Sofia Iza-
bel de Neoburg na ocaíiaõ, que junta-
mente com feu foberano Efpozo D. Pe-
dro IL foraõ à Cathedral render as gra-
ças a Deos pelos feus auguftos defpofo-
rios, recitando.
Praãica na Entrada, que S. Magejlade o Se-
nhor D. Pedro II. e a Senhora Raynha Maria
Sofia l!(abel fit(eraÕ a Sé em 30 de Agofto de 1687.
Lisboa por Miguel Manefcal. 1687. 4.
Falleceo a 23 de Agoílo de 1691.
Jaz fepultado na fua Ermida de NoíTa
Senhora da AíTumpçaõ em o lugar de
Carnide diílante huma legoa de Lisboa.
Foy cazado com D. Margarida da Cunha
Bernardes.
Fr. lOAÕ DE COIMBRA natural da
Cidade do feu appellido filho de Manoel
Jorge, e Anna Pimenta. Profeflbu o infti-
tuto Seráfico na auílera Provinda da Sole-
dade onde tem exercitado o feu talento em
o púlpito de cujo miniílerio publicou.
Sermão em acçaÕ de ff^aças pelos auffif-
tijftmos , e reaes dejpov^rios dos Serenijfimos
Senhores D. Joi(é Principe do Brasil, e a Se-
nhora D. Maria-Anna Viâoria Infanta de Caf-
tella, e dos Catholicos Senhores D. Fernando
Principe das Aflurias, e a Senhora D. Maria
Barbara Infanta de Portugal pregado na infiffte
Collegiada da Villa de Barcellos na Dominga
da Sexagefftma do anno de 1728. Coimbra por
Bento Seco Ferreyra Impreífor do Santo
Officio. 173 1. 4.
Sermão domeflico ad Fratres do Capi-
tulo Provincial, que fe celebrou no Convento
de Santo António de Valle da Piedade jun-
to à Cidade do Porto em 26 de Setembro
de 1735. Coimbra no Real Collegio das
Artes da Companhia de lefus. 1739. 4*
Cordiaes Kefumptivo, e Analeptico aplica-
dos ás efperanças de Portugal deffallecidas na
falta de Principe VaraÕ tendo havido três
partos femeninos, que deu à lu^ a Sereniffi-
ma Princet^a do Brat^il. M. S.
Sermoens vários. M. S.
P. lOAÕ COL Naceo em a Gdade de Lis-
boa onde teve por progenitores a Frandfco An-
tunes, e Maria Bernardes. Na idade da adolef-
cenda recebeo a roupeta de S. Filippe Neri na
Congregação do Oratório da fua pátria a 8
de Setembro de 1700. onde aprendeu as fcien-
cias feveras, e as diftou com aplauzo da fua
litteratura merecendo fer numerado entre os
Confultores do Santo Officio. Como foíTe
profundamente verfado na liçaõ da Hiftoria
Ecdefiaílica, e fecular foy eleito entre os pri-
meiros fincoenta Académicos de que fe for-
mou a Academia Real para efcrever as Memo-
rias Ecdefiafticas do Bifpado de Vifeu cuja
incumbenda defempenhou como do feu ta-
lento fe efperava. Atendendo a mageílade
delRey D. loaõ o V. às fuás grandes letras,
que fe augmentavaõ com religiofas virtu-
des o nomeou Bifpo de Elvas a 11 de Fe-
vereiro de 1739. ^^j^ dignidade confirmada
por Gemente XIL conílantcmentc regdtou
como infoportavd às fuás forças. Das fuás
litterarias produçoens fe fizeraõ publicas as
feguintes.
Cathalogo dos Prelados da Igreja de Vi-
feu. Lisboa por Pafchoal da Sylva. Im-
I
L USITANA.
659
preíTor de S. Mageftade. 1722. foi. íahio
no 2. Tomo da Collec. dos documentos da
Academia B^eal.
Conta dos feus efitddos Académicos reci-
tada na Academia Keal a z^ de Agofto de
1724. Sahio no Tom. 4. da Collec. dos
documentos da Academia Keal. Lisboa por
Pafchoal da Sylva. 1724. foi.
Conta dos feus eftudos Académicos em 4.
^ Agofto de 11 z^. No Tom. 9. da Col-
lec. dos Doe. da Academia Real. Lisboa
por Jozè António da Sylva. 1729. foi.
Conta dos feus eftudos Académicos em o
Paço 7 de Setembro de 1750. No Tom.
10. da Collec. dos Docum. da Acad. Real.
Lisboa pelo dito Impreflbr. 1730. foi.
Conta dos feus eftudos no Paço a j de
Setembro de 1753. Sahio no Tom. 12. da
Collec. dos Docum. da Academia Real. Lis-
boa pelo dito ImpreíTor. 1735. foL
Elopo Fúnebre do Senhor Lourenço Bo-
telho Sottomayor Fidalgo da Ca^a de S.
Mageftade, e Académico da Academia Real
recitado em a mefma Academia. M. S. 4.
Fr. lOAÕ DA CONCEYÇAM natu-
Tal da Qdade de Lisboa, e alumno da
Seráfica Provinda dos Algarves, que illuf-
trou com o feu talento de que foraõ
theatros a Cadeira, e o púlpito. Diâou
Theologia em o GDUegio de Gjimbra no
anno de 1632. e explicou os myfterios
da Sagrada Efcritura em o Convento de
Santa Maria de Xabregas cabeça da fua
Província no anno de 1634. fahindo gra-
viíTimos difcipulos do feu magiJfterio. Fal-
leceo nefte Convento no anno de 1643.
Publicou.
Sermão da ExpeãaçaÕ de Nojfa Senho-
ra ajfíftindo EJRey na Capella Rjeal. Lis-
boa por António Alvres Impreflbr del-
^ey. 1641. 4.
SermaÕ na TresladaçaÕ do gloriofo Mar-
tyr S. Vicente na Sé de Lisboa em i^ de
Setembro de 1641. Lisboa pelo dito Im-
preflbr. 1641. 4.
Tratado da Provinda dos Algarves. M.
S. foi. Deíla obra fazem memoria lorge
Cardozo Agiol. Luftt. Tom. 2. p. 695.
no Comment. de 23 de Abril letr. D.
Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 516.
col. I. e Fr. loan. à D. Ant. Bib. Fran-
cifc. Tom. 2. pag. 145. col. 2.
lOAÕ CORRÊA PEYXOTO natural
da ViUa de Alpalhaõ na Comarca de
Portalegre da Provinda Tranílagana Frey-
re profeflb da Ordem militar de Chrifto,
Doutor em os Sagrados Cânones, e Pro-
thonotario Apofl:olico. Teve infigne ta-
lento para o púlpito merecendo aplauzo
de graves auditórios, que foraõ expeéb.-
dores da fua reprefentaçaõ Oratória. Pu-
blicou.
OraçaÕ fúnebre nas Lxequias reaes da
Mageftade delRey D. JoaÕ o IV. Nojfo
Senhor celebradas na inftgne Collegiada de
Ourem. Coimbra por Thome Carvalho Im-
preflbr da Univerfidade. 1657. 4.
lOAÕ DA COSTA natural de Villa-nova
de Portimão em o Reyno do Algarve, e taõ
nobre por geração como infigne por littera-
tura. Eíhidou no Collegio de Santa Barbara
de ParÍ2 de que era Reytor o Doutor Diogo
de Gouvea, e depois de receber as infignias
doutoraes na Faculdade de Direito Cefareo
em a Univerfidade daquella Corte foy chama-
do pela Mageftade delRey D. loaõ o IH.
para Meftre de Humanidades em a Univer-
fidade de Coimbra, que transferira de Lisboa,
e a dezejava augmentar com infignes talentos.
Como era famofo na intelligencia das linguas
Latina, Grega, e Hebraica defempenhou o
alto concdto, que fe fazia da fua vaíla eru-
dição fendo hum dos principaes profef-
fores de Letras humanas, que venerou
aquella idade. Igual à fdencia era a in-
nocencia dos cuíhimes merecendo por taõ
egrégios dotes fer confultado por ElRey
D. loaõ o ni. em matérias graviflimas,
que promptamente refolvia feguindo fem-
pre os diâames da fua condencia timo-
rata. FaUeceo com fumma piedade quan-
do era Prior da Igreja Matriz de S.
Miguel da Villa de Aveyro pouco antes
da fetal batalha de Alcácer fucedida a 4
de Agofto de 1578. Delle faz memoria
Mariz Dialog. de Var. Hift. Dialog. 5.
cap. 3. e Pedro Sanches Epiftol. ad Ignat.
640
B IB LIO THE CA
Moral, com eftas expreíToens métricas.
Prafuit hic olim juvenis cii pratulit atas
Gymnajiis, docuitque tuos Conimbrica Cives.
Ingénuas Artes, Getica procul inde repulja
Barbárie, qua lata tuis regnahat in arvis.
Das muitas, e elegantes obras Poéticas que
produzio a fua fecunda Mufa unicamente fe
fez publico.
Cármen ad Lsijitaniam.
Q)meça.
Gracia Maonio celehrata ejl carmine quon-
dam. &c.
Q)nfta de treze Dyftichos. Sahio im-
preflb no principio do livro de Diogo
de Tejrve intitulado Commentarius de rebus
à Ljijitanis in índia apud Dit/m gejlis anno
Jalutis nojlra M. D. XL.VI. Conimbricas
apud loannem Barreira, & loannem Al-
vares 1548. 4,
lOAÕ DA COSTA cuja pátria, e
eftado de vida fe ignora, e fomente fe
fabe pela noticia relatada em a Bib.
Orient. de António de Leaõ moderna-
mente addicionada Tom. i. Tit. 5. col.
58. que efcrevera.
Relação dos Rejnos, e Senhorios da índia
quais faõ de Mouros, quais de Gentios, e de feus
cujlumes. M. S. Foy traduzida em Giílelhano
no anno de 1624.
D. lOAÕ DA COSTA primeiro Con-
de de Soure Alcayde, e Commendador mòr
de Caibro marim, de S. Pedro de Várzeas,
e de Santa Maria de Bezelga em a Ordem
de Chriílo naceo em Lisboa no anno de
161 o. e foy filho de D. Gil Eannes
da Cofta Commendador, e Alcayde mòr de
Caílro marim, e D. Francifca de Vaf-
concellos filha herdeira de D. Rodrigo
de Souza dos Alcaydes mores de Tho-
mar. Sendo único por difpofiçaõ da na-
tureza, fe fez fingular pellas virtudes com
que ornou o feu efpirito. Ainda con-
tava poucos annos quando no Palácio de
Madrid fervindo de braceiro da Raynha
D. Izabel de Borbon mulher de Filippe
IV. moftrou a madureza do juizo illuf-
trada com a modeftia do femblante. Reílituido
à pátria fem faltar ao decoro da peííoa re-
gulava o publico luzimento pelos cmolumen
tos da fua Caza. Logo que cingio efpada paf-
fou à Praça de Tangere onde pelo efpaço de
três annos deixou gloriofas memorias de feu
valor heróico. Mayores foraõ os argumentos
da fua militar difciplina na batalha do Montijo
no qual fendo General da artilharia comprou
com o próprio fangue a liberdade da pátria
tyranizada pela ambição Caílelhana. Com
o pofto de Meftre de Campo General alcançou
felices fuceíTos na Província do Alentejo onde
fendo Governador das Armas moftrou que
a prudência do juizo competia com a heroi-
cidade do coração. Em o Confelho de Guerra
fempre os feus votos eraõ em beneficio dos
interefles políticos, e no Confelho Ultrama-
rino de que foy Prefidente experimentarão
as Conquiílas os efeitos das fuás prudentes
máximas. Foy nomeado no anno de 1659.
Embaxador Extraordinário à Corte de França,
e pofto que o tempo era contrario ás conveniên-
cias defta Coroa valendofe da fua profunda
politica, e fagaz a£tividade triunfou das induf-
trias dos Miniftros Caftelhanos, e Francezes
cauzando naõ pequena admiração ao pene-
trante juizo do Cardial Mazarino primeiro
Miniftro da Monarchia de França a fagacidade
com que o Conde concluirá a fua ne-
gociação, e tal foy o conceito que for-
mou do feu talento que pedio ao Car-
dial de Rets lhe fallaíTe antes de par-
tir para Portugal para conhecer a hum
Varaõ confumado. Reftituido a Portugal
a 13 de Novembro de 1660. exercitou
o lugar de Gentilhomem da Camará do
Infante D. Pedro merecendo particulares
diftinçoens defte Príncipe. Foy dotado de
grande eloquência, graça natural, e fum-
ma promptidaõ para efcrever. Na ami-
zade foy conftante, c fendo algumas ve-
zes provocado antepóz a ley divina aos
impulfos da natureza. Teve a eftatura
mediana, o roftro branco, e corado, olhos
grandes, e verdes, cabello negro, e com-
pofto. Foy cazado com D. Francifca de
Noronha que depois de Viuva foy Mar-
queza de Soure Aya, c Camareira mòr
da Senhora Infanta D. Izabel lozefa, a
qual era filha de D. Pedro de Noro-
nha XII. Senhor de Villa Verde, e de
L USITAN A.
Ó41
D. luliana de Noronha filha herdeira de
Vafco Martins Monis Senhor de Anjeja de
quem teve a D. Gil Eannes da Coíla 2.
Q)nde de Soure Vereador da Camará de
Lisboa que morreo a 26 de laneiro de
1680, D. Pedro da Cofta que falleceo na
tenra idade de três annos; D. Álvaro da
Coíla era a de féis annos: D. Rodrigo da
Cofta Governador, e Capitão General da
Ilha da Madeira, e do Eftado do Brazil, e
Vicerey da índia o qual morreo a 16 de
Dezembro de 1722, e foy cazado com D.
Leonor lozèfa de Vilhena Dama das Rai-
nhas D. Maria Francifca de Saboya, e D.
Maria Sofia Izabel de Neoburg, a qual era
filha de Manoel de Mello Porteiro mòr
de quem teve defcendencia : D. luliana de
Noronha que cazou com loaõ da Sylva
Tello 3. Conde de Aveiras; e D. Helena
de Noronha que morreo de tenra idade.
Falleceo D. loaõ da Cofta a 22 de laneiro
de 1664. laz enterrado na Cappella do
Collegio de Santo Antaõ de Lisboa dos
Erimitas de Santo Agoftinho em cuja fe-
pultura fe lhe deve gravar por epitáfio o
feguinte foneto compofto por André Nunes
da Sylva impreíTo nas fuás Poen^ias varias
pag. 65.
Vifia fomhras o Ma, lutos corte
O valor, cada qual trifie, e turbado.
Pois que falta à Campanha tal foldado
Pois que tal Cortesão falta da Corte.
Triumfou cruel da valentia a forte;
Frágil cedeo a gentileza ao fado,
He o defpojo ao triumfo vinculado
O mòr abono do poder da morte.
Morreo aquelle Cofia em cujo alento
O pet^o defcanfou do nojfo polo;
Portugal o fufpira em toda a parte;
Pois contemplo no trágico lamento
A Corte trifie, f em o feu Apollo
A Campanha infeli^fem o feu Marte.
Franc. de S, ^lar. Diar. Portug. p. 107. Foy
amantijfimo da honra, e ruiô menos da confervaçaõ
da pátria. Confiante nas amiv^ades, difcreto na
corwerfaçaÕ, liberal, compajftvo, e generofo. Salaz.
e Caftro Hif. Gen. da Ca^. de Sjlv. Part. 2.
Uv. 8. cap. 15. Clede Hifl. de Portug. Tom.
2. p. mihi 677. e 690. Souza Apparat. à Hifl.
Gen. da Ca:^. real Portug. p. 112. §. 120. Va-
rão grande em quem concorrerão excellentes virtu-
des, ou foffe na Campanha, ou no Gabinete, e em
huma, e outra cotada moflrou conflancia, refoluçaõ,
e ff-ande talento, e no Tom. 7. da Hift. Gen.
liv. 7. p. 349. do qual era taÕ conhecido o valor,
como o talento para os negócios políticos. Com-
poz.
Difcurfo politico que deu ao Cardial Ma^a-
rino em S. loaÕ da Lu^ nas viflas que teve
com D. L/dz de Haro primeiro Miniflro de
Caftella quando começou a tratar a pa^ moflrando
por vinte e fete ra:(pens forçojijftmas como
França por jufliça, e conveniência naõ devia
fav^er a Pa^ fem inclufaõ de Portugal. Lis-
boa por Henrique Valente de Oliveira.
1661. 8.
Efte Manifefto fez tal conftemaçaõ em
França, que o Cardial Mazarino o mandou re-
colher, e que foflem prezos o impreíTor, e
Tradutor que o paflara da hngua Portugueza
para a Franceza os quais bufcaraõ por azilo
a Caza do Embaxador.
Memorial a E/Rey D. loaõ o IV. fobre
a confervaçaõ do Reyno efcrito no armo de 1642.
Confervafe na Livraria do Excellentiílimo Du-
que de Lafoens, que foy do Emminentiílimo
Cardial de Souza.
Famílias do Reyno. 4. Tom. foi. M. S.
Cartas foi. 3. Tom. Eftaõ na Livrada
do ExceUentiíTimo Marquez do Louriçal.
Vários papeis políticos, foi. M. S. Exif-
tem na Livraria do Excellentiflimo Du-
que do Cadaval, onde os vio o P. D.
António Caetano de Souza como efcreve
no Apparat. à Hifl. Gen. da Ca^. Real
Portug. p.
112.
A' fua memoria fe dedicarão elegantes elo-
gios. D. Luiz de Menezes Conde da Ericeira
Portug. Reflaur. Tom. 2. defde pag. 658. até 660.
onde acaba. Teve todas aquellas qualidades de que
virtuofamente fe deve compor hum Varaõ perfeito.
41
lOAÕ DA COSTA natunl de Usboa
igualmente verfado em a Mythologia, que
na Hiftoria fagrada, e profana deixando
para teftemimhas da fua continua apUcaçaõ
as obras feguintes.
Ó42
BIBLIO THE CA
Annaes das Cotejas mais notáveis, que fuce-
deraõ nejle Keyno, e fora delle de/de, que veyo a
Kaytiha de Portugal D. Maria Sofia Isabel de
Baviera. 4. M. S.
Pecúlio, e breve compendio de Hijlorias, e Hu-
manidades, e Fabulas tirado de muitos, e graves
Authores. M. S. 4.
lOAÕ DA COSTA CÁCERES Cor-
retor de Câmbios naceo em Lisboa no
anno de 1628. onde pela noticia, que
tinha das letras humanas, e Arte Poé-
tica foy dos celebres alumnos da Aca-
demia dos Singulares inftituida em lisboa
no anno de 1663. merecendo o aplauzo
dos feus Collegas quando recitava alguns
Difcurfos Académicos dos quais fe fize-
raõ públicos.
Oração recitada na Academia a 1% de Novem-
bro de 1663.
OraçaÕ recitada na Academia a 1 de Novem-
bro de 1664.
Sahio impreíTa a i. na i. Parte da Acad. dos
Singul. Lisboa por Henrique Valente de Oli-
veyra. 1665. 4. & ibi por Manoel Lopes Fer-
reira. 1692. 4. e a 2. na 2. Part. da Acad. dos
Singul. Lisboa por António Craesb. de Mello.
1668. 4. & ibi por Manoel Lopes Ferreira.
1698. 4.
P. lOAÕ COUTINHO natural da
Villa do Pombal do Bifpado de Coimbra,
e filho de Luiz Coutinho Pereira, e Maria
Godinha. Quando contava 18 annos de idade
abraçou o inftituto da Companhia de lESUS
em o Noviciado de Lisboa a 7 de Setembro de
1 660. e profeíTou folemnemente a 2 de Feve-
reiro de 1682. Foy Reytor do CoUegio de
Setúbal, c Inftruftor dos Padres do terceiro
anno. Teve fingular talento para o púlpito,
e naõ menos para as letras humanas. Fallc-
ceo piamente no CoUegio de Coimbra a 24
de Abril de 1709. com 66. annos de idade,
e 49 de Religião. Delle fazem memoria Fon-
ceca Evor. Glorio/, pag. 432. e Franco Imag.
da Virtuà. em o Novic. de Lisboa, pag. 969. e
Annal. S. ]. in Ijífit. pag. 453. n. 13. Compoz.
Stromas predicáveis moraes, e políticos. Tom.
i. Coimbra por loaõ Antunes. 1700. 4.
Tom. 2. ibi pelo dito impreíTor. 1702. 4.
Tom . 3 . ibi por Jozé Ferreira Im-
preíTor da Univeríidade, e do Santo Of-
ficio. 1705. 4.
Fr. lOAÕ DA CRUZ natural da
Villa de Monte-mór o novo da Provín-
cia Tranílagana, e filho de Jozè Lopes
Baptifta, e Angela Baptifta. ProfeíTou o
fagrado inftituto da illuílre Religião da
SantiíTima Trindade no Convento de Lis-
boa a 2 de Junho de 1703. onde apren-
didas as fciencias efcholafticas as diélou
com aplauzo aos feus domefticos mere-
cendo pela fua grande capacidade fer
Examinador das Três Ordens Militares,
e do Patriarchado de Lisboa, Reytor do
CoUegio de Coimbra, Definidor da Pro-
víncia, e duas vezes Provincial; a pri-
meira a 7 de Mayo de 1733. e a fe-
gunda a 2 de Setembro de 1744. cujo
governo naõ acabou preocupado da mor-
te, que o privou da vida em o Con-
vento de Lisboa a 5 de Abril de 1745.
quando contava 65 annos de idade, e
43 de ReUgiaõ compoz.
Sermão pregado na Canoni;(açaÔ dos admi-
ráveis Santos Lot:^ Gonzaga, e Stanislao
Kofika em o dia 27 de Setembro de 1727.
primeiro do folemnijfimo Triduo, que celebrou
o CoUegio da Companhia de lESUS da
Villa de Santarém. Lisboa por lozé An-
tónio da Sylva. 1727. 4.
Traãatus de poteftate, €>* jurifdicHone Confer-
vatorum. foi. M. S.
lOAÕ DA CUNHA Meftre em Ar-
tes, e Vigário da Igreja de NoíTa Se-
nhora da Piedade Freguezia de Matuim
féis legoas diftante da Cidade da Bahia
Capital da America Portugueza onde exer-
citou com geral aprovação os minifterios
de vigilante Parocho, e infigne Pregador.
De muitos Sermoens, que pregou, fc fez
pubUco o feguinte.
Sermão de S. Theotonio na Santa Sé do Sal-
vador da Bahia na 2. Domin. de Quarefma ejlando
o Santijftmo expojlo, e dando/e principio ã reedifi-
carão do dito Templo. Lisboa por loaõ da Coibi.
1675. 4.
í
L USITAN A.
643
lOAÕ CURVO SEMMEDO Caval-
leiío profeíTo da Ordem militar de Qmf-
to. Familiar do Santo Officio, e Medico
da Caza Real filho de Domingos Curvo,
e Ignez Alvares naceo em a Villa de Mon-
forte da Provinda Tranílagana em o pri-
meiro de Dezembro de 1655. Aprendeo
em Lisboa os rudimentos grammaticaes no
Collegio de Santo Antaõ dos Padres Je-
fuitas onde deu a conhecer a viveza do
engenho, e felicidade da memoria. Na
Univeríidade de Coimbra ouvio Medecina
dos mais celebres Cathedraticos deíla Fa-
culdade, e nella fahio taõ eminente, que
recebido o gráo de Licenciado a começou
exercitar na Corte de Lisboa com imiver-
Jâl aplauzo da fua profunda fcienda, que
unida á continuada praética de muitos an-
nos inventou diverfos medicamentos, que
manipulava, contra achaques inveterados, e
doenças agudas merecendo entre todos a
primazia o Bezoartico contra as febres ma-
lignas com o qual libertou repetidas ve-
zes a muitos agonizantes da morte com
que eftavaõ lutando, A experimentada vir-
tude deíle Befoartico impelUo a muitas
Naçoens remotas, que o mandaíTem pro-
curar como vital antídoto, e Clava Her-
cúlea contra as febres malignas conhecendo
evidentemente, que os effdtos excediaõ as
ateílaçoens da fua eficácia. Com igual dif-
velo vizitava os infermos ricos, e pobres,
preferindo a eíles por fer mais amante da
charidade, que do interefle. Inimigo jurado
do odo ocupava em diverfas obras medi-
cas todo o tempo, que lhe reftava da vi-
zita dos infermos. Ainda, que tinha o
afpefto malencolico tratava a todos com
fumma afabilidade, e fendo muito acele-
rado no fallar a ninguém fe fazia imper-
ceptível. O methodo com que eximia da
morte a muitos infermos, e o aplauzo dos
livros com que immortalizara o feu nome
naõ eraõ poderofos para exerdtar no feu
animo a mais leve impreíTaõ de vaõgloria.
Acometido na proveda idade de 84 annos
menos 5 dias, da ultima infermidade que-
rendo alcançar a vida eterna, já que tinha
prorogado a tantos a caduca, recebeo os
Sacramentos com os quais confortado naõ
receou a morte, que o transferio ao def-
canfo eterno a 25 de Novembro de 171 9.
Jaz fepultado no Convento de S. Fran-
dfco deíla Corte. Foy cazado com D.
Izabel Guilherme irmâa do Meftre Fr. Ma-
noel Guilherme da Ordem dos Pregadores
de quem fe fará larga memoria em feu
lugar, da qual naõ teve fuceíTaõ.
Compoz.
Polyantbea AUdeànaJ, notuias Galenicas, e
Chimicas repartidas em três Tratados. Lisboa
por ^liguei Deslandes ImpreíTor de S.
Mageftade. 1695. foi. No prindpio fe vè
primorofamente aberto em hiuna lamina
o feu Retrato com efte Epigramma na
parte inferior.
Ad Curui effi^em pavet hórrida mortis
imago;
Sem medo morhi pellit ah Orbe metum.
Ille dies bominum longos portendit in an-
nos;
Hinc Curta nomen curua Jentãa tenet.
Entre vários Elogios poéticos aílim la-
tinos, como Portuguezes compoftos em aplau-
zo do author deíla obra fe diílingue com
exceíTo hum Elogio de obra Lapidaria in-
titulado EJoffum Anatomicum do infigne D.
Rafael Bluteau Qerigo Regular em que
com admiravas argudas difcorre por todas
as partes, que compõem o author da Po-
lyanthea. Sahio 2 vez mais acrecentada.
Lisboa por António Pedrozo Galraõ. 1704.
foi. 3 vez ibi pelo dito Impreííor. 171 6.
e 4 vez ibi pelo dito ImpreíTor. 1727. foi.
Obfervationes agrituMnum fere incttrabilium.
UlyíTipone apud Pafchalem da Sylva Typ. Reg.
1718. foi.
Obferva^oens medicas doutrinaes de cem cat^os
^avijftmos, em ferviço da Pátria, e das Naçoens ef-
tranhas efcritas na lingua Portuguev^a, e luitina,
Lisboa por António Pedrozo Galraõ. 1727. foi.
A.talaya da vida contra as bofiilidades da morte
fortificada, e guarnecida com tantos defenfores, quan-
tos faõ os remédios, que no difcurfo de fincoenta, e
outo annos experimentou. Lisboa na Officina
Ferreiriana. 1720. foi.
Tratado da Pefk. Lisboa por loaõ Galraõ.
1680. 4.
Manifeflo feito aos amantes da faude, e
044
BIBLIO THE C A
attentos às fuás conckttcias. Lisboa por Valen-
tim da GDÍla Deslandes. 1706. 4. He acerca do
feu Bezoartico.
Memoria dos remédios exquÍ!(itos, que da
índia, e outras partes vem a ejle Keyno, em
que fe declaraõ as fuás virtudes, e as con-
diçoens com que fe aplicaõ. 4. Sem lugar
da impreflaõ.
Manifefio em que fe mojira com ff^avijji-
mos Doutores que fe podem dar purgas ef-
tando os humores críis quando por ferem mui-
tos, ou mali^os nàõ poderá a naturev^a co-
v^ellos. 4. Sem lugar da impreíTaõ.
Tratado do Ouro Diaphoretico, fua prepa-
ração, e virtudes que tem, e modo com que fe
aplica. 4. Sem lugar da impreíTaõ.
Fr. lOAÕ DE S. DÂMASO natu-
ral de Lisboa filho de Jerónimo Corrêa
de quem fe fez memoria em feu lugar.
Deixada a pátria recebeo em Caílella o
habito de Mercenário Defcalfo, e em taõ
fagrada paleftra exercitou igualmente as
virtudes, e as fciencias. Foy Lente de
Theologia em OíTuna, e Commendador
dos Conventos de Xeres dela Frontera,
de S. Lucar de Barrameda, e de S.
lozé de Sevilha em cujos governos unio
grande prudência, com fumma afabili-
dade. Falleceo piamente entre o anno de
1670. e 1671. Efcreveo com eílilo claro,
e elegante.
Vida admirable dei Sieruo de Dios Fr.
António de S. Pedro religiofo profejfo de los
Defcalfos de nuejlra Senora de la Merced nacido
en el Rejno de Portugal convertido a la gracia
de Dios prodigiofamente en el Keyno dei Peru
en Uma, efpantov^o en virtudes, y cafos pere-
grinos en el de Efpana; vivio, e muriò en Of-
funa con indecible opinion de Santidad. Cadiz
por luan Lourenço Machado. 1670. foi.
PaíTados 18 annos de imprcflb cfte li-
vro fahio com a Vida defte infigne fer-
vo de Deos Fr. André de Santo Agof-
tinho Chronifta Geral da Ordem dos
Mercenários Defcalfos onde fevera mente ar-
gue a Fr. loaõ de S. Damazo do affec-
tado filencio com que ocultou a apoftafia
do V. Fr. António de S. Pedro quando
da fua admirável converfaõ refultou tan-
ta gloria a Deos como credito à Santi-
dade defte varaõ deixando os erros da
Sinagoga pelas verdades do Evangelho.
P. lOAÕ DELGADO natural da
Cidade de Lagos em o Reyno do Al-
garve religiofo da Companhia de lefus,
e Lente de Mathematica em o Collegio
de Santo Antaõ de Lisboa de cuja
fciencia foy ouvinte em Roma do Padre
Chriftovaõ Qavio celebre profeífor defta
Faculdade. Falleceo em o Collegio de
Coimbra a 30 de Setembro de 161 2.
Delle faz breve memoria Franco Annal.
S. J. in Luft. pag. 204. n. 4. Com-
poz.
Aflrologia praãica, ou Judiciaria, na qual fe
contem 4 Tratados, o i dos princípios delia, o 2
dos juit^os dos tempos, o 3 dos Nacimentos. 4 dos
juit^os da Medecina. M. S. 4. Conferva-fe na
Livraria dos Padres Theatinos defta Corte.
S. lOAÕ DE DEOS Patriarcha da
Hofpitalidade, Sagrado Abrahaõ da Ley da
Graça, e Primogénito da charidade mais
ardente para remédio dos enfermos teve
por berço a Villa de Monte-mór o novo
em a Província Tranftagana a 8 de Março de
1495. e por Pay a André Cidade, Varaõ mais
ornado dos dotes da graça, que dos bens da
fortuna. Foy celebrado o feu nacimento
pelas vozes dos íinos da Igreja Matriz de
NoíTa Senhora do Bifpo, que fem impulfo
humano deraõ feflivos anúncios do novo Af-
tro, que rayava no feu emisferio. Na pueril
idade de outo annos deixando a Caza paterna
paíTou à Cidade de Oropeza onde havendo
exercitado o innocente Ofíicio de paftor como
fe fentiíTe igualmente crecido cm brios, do
que annos fe aliftou nas Tropas, que fe man-
davaõ para Fuenterabia ocupada pelas ar-
mas Francezas. Depois de evadir de dous
graves perigos a que eftevc condenada a
fua vida deixou o exercício militar pe-
lo paftoril, que fegunda vez praâdcou cm
Oropeza, c Sevilha. PaíTando à Praça
de Ceuta fuftentou com o próprio tra-
balho a D. Luiz de Almeyda Cavalhei-
ro Portuguez com toda a fua familia rc-
L U SITAN A.
645
duzida à ultima miferia donde depois de
efcapar de huma horrível tormenta, que
quazi o teve fumergido no Eítreito de Gi-
braltar entrou em Granada, theatro, que
lhe deftinou para a fua mortificada vida o
Príncipe da gloría aparecendo-lhe disfar-
çado em a innocente forma de menino.
Sucedeo, que pregando em o fuburbio
deíla Cidade o Ven. loaõ de Ávila Apof-
tolo de Andaluzia fofle feu ouvinte, e
como o argumento do Sermaõ eraõ as
fetas que trespaíTaraõ o corpo do invido
Martyr S. SebaíUaõ, e moftrafle o Orador
Evangélico quanto mais penetrantes eraõ
as que difparava o Amor Divino paraatra-
hir a fi os Coraçoens humanos, fe acendeo
com tal exceíTo o feu peito ferido da vehe-
mente energia daquellas vozes que fahio
da Igreja confeíTando publicamente os feus
pecados fendo manifeílos indícios da fua con-
verfaõ a copia de lagrímas, e de fufpiros que
fahiaõ inceílantemente da fua boca, e olhos.
Para mais clara demonílraçaõ do feu arrepen-
dimento difcorría pela Cidade como frenético
ferindo o peito com pedras, e manchando o
rofto com o lodo das ruas, cujas açoens
como foíTem interpretadas pelo povo por
efeitos de loucura, foy reduzo no Hof-
pital onde pelo efpaço de quarenta dias
tolerou com heróica paciência finco mil
açoutes para remédio da fua afeâada de-
mência. Obedecendo ao preceito do Mef-
tre Ávila feu efpiritual direftor de fer já
tempo de deixar a aparente loucura pela
qual tinha padecido a multiplicidade de
tantos golpes em fatisfaçaõ das fuás culpas
fe reftituhio ao juizo que fempre confervou
perfeito, e fahindo do Hofpital vifitou o ce-
lebre Sanduario de Guadalupe onde recebeo
de María SantiíTima particulares favores. Vol-
tando a Granada como o feu Coração fe
abrazaíTe em o charitativo focorro dos infer-
mos fundou em humas cazas alugadas a 8
de Novembro de 1537. quando contava 42
annos de idade hum Hofpital para onde
conduzia fobre feus hombros todas as pef-
foas que padeciaõ infirmidades incuráveis,
e contagiofas, fendo efte edifício o primei-
ro defenho da Sagrada Religião, que inf-
tituhio para univerfal beneficio da pobre-
za afliéla com diverfas doenças, a qual com-
tanta gloria de Deos, como remédio dos in-
fermos fe tem dilatado pelas quatro partes
do mundo. Recebida a forma do habito de
que havia uzar, da maõ de D. Sebaíliaõ Rami-
res de Fuenreal Bifpo de Tuy, e Prefidente da
Chancellaría de Granada ordenandolhe que
mudaíTe o fobrenome de pecador com que
fe intitulava por humildade em o de Deos,
continuou com mayor difvelo aífiílir aos in-
fermos procurando inceíTantemente de noute,^
e dia efmolas por todo o Reyno de Andaluzia
com que podeíTem fer focorrídos. O mais he-
róico teílemunho da fua ardente charidade
para com os infermos fe admirou quando
fem temor às vorazes chamas em que ardia,
o Hofpital real de Granada falvou de taõ-
horrível incêndio a todos os doentes com os
leitos em que jaziaõ fendo mais aétívo
o incêndio que lhe abrazava o peito do
que aquelle que devaftava, e confumia
taõ nobre edificio. Ornado o feu grande
efpirito de Fé heróica, Efperança firme,.
Charídade exceffiva, paciência inviâa, hu-
mildade profunda, mortificação rigorofa^
e oraçaõ continua triumfou das aftucias
diaboHcas, prévio fuceíTos futuros, e re-
cebeo celefldaes favores. Certificado pelo
Archanjo S. Rafael que muitas vezes fo-
ra feu companheiro no miniílerío da
Hofpitalidade, de fer chegada a hora do feu
feliz tranfito lhe minilirou o Sagrado Viatico
D. Pedro Guerreiro Arcebifpo de Granada a
quem recomendou os feus pobres como os
mais preciofos legados. Depois de exhortar
aos feus religiofos ao exercício da cha-
rídade para com os infermos pedio que
o deixaíTem fó, e levantandofe da Cama
veftido com o habito, e poíto de joo-
Ihos com Chrifto Crucificado entre os
braços lhe entregou placidamente o ef-
piríto a 8 de Março de 1550 quando
contava 33 de idade. Nefta admirável pof-
tura, efteve o efpaço de féis horas o fagrada
corpo fuílentandofe contra os foros da natu-
reza como fe eítivera vivo, porem a in-
difcreta piedade dos aíTiílentes o exten-
deo para fer collocado no féretro. Tan-
to que os finos deraõ fem impulfo hu-
mano funeítos finaes da fua morte concor-
646
BIBLIO THECA
leu tumultuaria mente o povo a venerar
o feu Cadáver explicando com fentidas
vozes, e laftimofos clamores a falta do
feu univerfal Bemfeitor. Foy levado aos
hombros do Marquez de Tarifa Adiantado
mayor de Andaluzia, D. Inigo Lopes de
Mendoça Marquez de Monde j ar, e Conde
de Tendilha Capitão General do Reyno de
Granada; D. Rodrigo Pacheco Marquez de
Cerraluo, D. Pedro Granada Viegas Se-
nhor de Campo Tejar que hoje he Mar-
quezado; D. Pedro de Bovadilha, e D.
loaõ de Guevara ao Convento de N. Se-
nhora da Vitoria dos Minimos de S. Fran-
cifco de Paula donde paflados cento e
quatorze annos precedendo repetidas fupli-
cas de feus religiofos filhos foy tresladado
a 28 de Novembro de 1664. para o Hof-
pital de Granada primeiro folar da fua
Sagrada Familia. Havendo corrido o largo
efpaço de 57 annos depois da morte do
Santo, como eftiveíTe dilatada a fua Reli-
gião em muitos Conventos lhe concedeo
faculdade Xiílo V. para que fe eximiíTe do
Ordinário, e elegefle hum Geral que a go-
vernaíTe. O inílituto foy aprovado por S.
Pio V. com grandes elogios em o pri-
meiro de laneiro de 1571. aíTinando a for-
ma do habito, e declarando fer verdadeira
Religião com profiflaõ de três votos fo-
lemnes acrecentando o quarto da Hofpi-
talidade como fundamental bafe do feu
Inílituto. A multiplicidade de eftupcndos
milagres com que a divina Omnipotência
fe empenhou a manifeftar a fama defte feu
grande fervo moveo à Santidade de Ur-
bano VIII. para que o Beatificaíle a 28 de
Setembro de 1630. e paíTados 60 annos
foy collocado entre o numero dos Santos
ConfeíTores pelo Summo Pontífice Alexandre
VIII. a 16 de Outubro de 1690. e como fu-
cedeíTe logo a morte defte Papa expedio
a Bulia da Canonização Innocencio XII.
a ij de lulho de 1691. Efcreveo a fua vida o
Meftre Francifco de Caftro Adminiftrador do
Hofpital de Granada a qual fahio traduzida
cm Francês pelo Arcebifpo de Ruaõ Francifco
de Harlay, em Italiano por loaõ Francifco
Bardin Arcebifpo de Avinhaõ, e em Latim
por António de RaiíTe Cónego da Cathedral
de Dovay, e mais fielmente pelo P. Hef-
chenio AH. San£i. ad diem 8. Martii. Na lín-
gua Caftelhana a efcreveo D. Fr. António
de Gouvea Bifpo de Cirene varias vezes
impreíTa, e mais difufamente Fr. loaÕ dos
Santos Chronol. Hofpital. Part. i. liv. 2.
cap. I. até 85. e na Franceza loaõ de
Loyac Confelheiro, Efmoler, e Pregador
ordinário delRey ChriftianiíTimo, c Abbade
de N. Senhora de Gondon, e Monfiur Ge-
rard de Ville Thierry em o armo de 1691.
e Monfiur Adriaõ Baillet Viés des Saints
Tom. I. pag. mihi 91. P. Heliot Hift. des
Ordres Monajliq. Tom. 4. cap. 18. Em a
Portugueza o I>icenciado lorge Cardofo
Agiol. hjifit. Tom. 2. p. 106. c no Com-
ment. de 8 de Março Letr. B. e em Ou-
tavas Portuguezas o Licenciado Francifco
Barreto de Landim. Efcreveo
Cartas a differentes perjonas imprejfas a la
inftancia de Fr. Domingo da Mendoça Do-
minica. Madrid por luan. de la Cuefta.
1623. 4.
Sinco Cartas efcritas a i. e 2. à Excel-
lentiíTima Duqueza de Sefa D. Maria de los
Covos, y Mendoça; a 3. e 4. a Gutierre LaíTo;
e a 5. a luan Baptifta morador na Cidade de
Gaen. Saliiraõ impreflas no fim da Vida do
mefmo Santo efcrita pelo Bifpo de Cirene
D. Fr. António de Gouvea Madrid por
Thomas lunti 1624. 4. defde foi. 195.
até 215. Eftas mefmas Cartas foraõ reim-
preíTas na Chronolog. Hofpital. ou Kefumen
Hiflor. de la Sagrad. Relig. de S. luan. de
Dios Tom. I. liv. 2. cap. 71. 81. 82. c
liv. 3. cap. 25. e 26.
lOAÕ DE DEOS natural de Lisboa Có-
nego da Cathedral da fua pátria, e hum dos ce-
lebres profeííores de Direito Pontificio, que
floreceraõ pelos annos de 1 240. cuja faculdade
diftou com univerfal aplauzo em a Univerfida-
dc de Bolonha fendo celebrada a fua fcicncia
por Pedro Mexia Hiji. de los Emperad. pag. mihi
507. Parifio de Kejignation. lib. 5. Quxft. 5. n
109. Nicol. Ant. Bib. Hift. Vet. lib. 8. cap. 3. §
93. et feq. Martin Lippen. Bib. Juridic. p
62. e 153. Poflevin. Appar. Sacer. p. 86 j
A mayor parte das fuás obras fc naõ pu-
L USITANA.
647
blicou, e unicamente fahio a feguinte que fe
intitvxlou com diverfos nomes.
Cavillatíones, Jive doãrina Aãvocatorum, Par-
tium, <& Affefforum. Venetiis 1566. & Lugdu-
ni. 1577. Sahio juntamente com a obra inti-
tulada Speculum de Guilhelmo Durando Bifpo
Mimatenfe a qual como efcreve o Dou-
tor loaõ de Deos foy principiada por
Huberto Bovio, e a ampliou, e ordenou
elle em melhor methodo. Na Epiftola
Dedicatória a G. Cardial da Igreja Ro-
mana faz o cathalogo feguinte das fuás
obras.
Apparatus Decretorum,
Breviarium Decretorum.
Uber Pajloralis.
Uber Dijpenjationum. Exifte na P>ib. Va-
ticana. num. 5066, e na Palatina n. 802.
Summa fub certis cafibus Decretalium.
Confervavafe na Bibliotheca do grande An-
tónio Agoftinho Bifpo de Tarragona.
Uber ludicum. A eíla obra intitula o Ber-
gomenfe Summa ludicum.
Notabilia cum Summis Juper títulos Decreta-
lium, eí'* Decretorum.
Apparatus metricus Juper arborem Decre-
talium. Eíla arvore he da confanguini-
dade, da qual tratando loaõ André diz.
Jmtio circa leãuram arboris diverjis olim di-
verfum modum tenentibus loannes de Deo Hif-
panus pofi illos lectura illius arboris novum
modum ajfumens per fuás métricas regulas
ipjíus intelleãum nifus fuit aperire. Sed prop-
ter multitudinem regularum, <Ò' verjuum obf-
curitatem aliquibus notum iffiotum, et aliis
tffu)tum i^otius reddidit. Gjnfervavafe na
Bib. Palatina n. 666. que depois fe in-
corporou na Vaticana.
Uber Dijiinãionum.
Commentum Juper Novellas Decretalium.
Uber Panitentiarius de Cautela fimpli-
cium Sacerdotum. M. S. 4. Exiíle na Bib.
dos G^negos Lateranenfes de S. loaõ in
Viridario da Cidade de Pádua como afir-
ma Thomafino Bib. Patavin. p. 31. No
fim dÍ2 que fora acabada aquella obra
Anno Domini M. CCXLVH. Indift. V.
V. Kalend. Novembris. Alguma parte
deíla obra publicou lacobo Petit no fim
do 2. Tomo Panitentialis Tbeodori Cantuarenfis^
Epifcopi.
Concordantia Decreti, et Decretalium.
Additiones ad Summam Hugutionis. Exif-
te na Bib. Vaticana. n. 2280
Catbalogus bareticorum. Na Bib. Vati-
cana. n. 4896.
Uber primarius de Variis luris Ponti-
ficii materiis autbore loanne de Deo Hif-
pano Olyjftponenji luris Decretorum Doãore.
Qjm efte titulo exiftia eíla obra na Li-
vraria de D. Fernando Cólon filho do
celebre Argonauta Chriílovaõ Cólon, a
qual agora poíTue a Igreja Cathedral de
Sevilha como efcreve Nicolao António.
Bib. Vet. Hifp. lib. 8. cap. 3. §. iio.
donde claramente confia fer natural de
Lisboa o Doutor loaõ de Deos famofa
interprete de Direito Pontifido, e Cóne-
go da Cathedral da fua pátria que por
erro muitos intitularão Canonicus Isbolenfir
devendo fer Usbonenjis.
Fr. lOAÕ DE DEOS. Naceo em a Villa
de Amarante a 23 de Fevereiro de 161 8.
e naõ a 20 de Setembro como efcreve o P.
D. António Caetano de Souza Apparat. à
Hifi. Gen. da Ca^. Real Portug. p. 126. §. 144.
Teve por Pays a Ruy Cabral Barbofa, e D.
Paula Barbofa fua Prima defcendentes da
principal nobreza de Entre Douro, e Mi-
nho, e por Tio a Manoel Barbofa Cabral
Abbade de S. Tiago de Sandim no Con-
feUio de Filgueiras ComiíTario do S. Ofifi-
cio, e Prothonotario Apoílolico. Foylhe
impoílo o nome de loaõ de Deos por fua.
Avó D. Filippa Pinheira matrona ornada
de excellentes virtudes em obfequio do in-
figne Patriarcha da Hofpitalidade cujos mi-
lagres aíTombravaõ naquelle tempo ao mun-
do. Aprendeo os primeiros rudimentos
com Miguel Cerqueira Doce Presbitero mui-
to douto, e Poeta celebre em a lingua la-
tina de quem em feu lugar fe fará memo-
ria mais larga, e as letras humanas em o
Collegio de S. Paulo da Qdade de Braga,
dos Padres lefuitas onde fez taes progref-
fos a viveza de feu talento que admiran-
do os Meílres os fazonados frutos, que
produzia em idade taõ verde o convidarão-
648
BIB LIO THE CA
para veftir a roupeta da G^mpanhia, porem
atrahido do exemplo de feus dous Tios Fr.
Fernando do Efpirito Santo, e Fr. Alexandre
de lefus religiofos da Seráfica Provinda de
Portugal que a illuftraraõ como Mcftres na
Cadeira, e como Oradores em o Púlpito, fe
refolveo abraçar eíle fagrado inftituto quan-
do contava vinte annos, e onze mezes re-
cebendo o habito no anno de 1639. ^"^ ^
venerável Convento da Villa de Alanquer.
Acabada a carreira dos eftudos efcholafticos
em que foy emulo o feu grande engenho
<le dous grandes condifcipulos Fr. loaõ da
Madre de Deos, e Fr. António de S. Dionifio,
efte Bifpo de Cabo Verde, e aquelle primeiro
Arcebifpo da Bahia, fubio a ler Filofofia
■cm o Real Convento de S. Francifco da Q-
dade com grande credito da fua litera-
tura, cuja incumbência foy obrigado inter-
romper fendo eleito Procurador a Roma
para pacificar os tumultos, que o Comif-
fario Geral Fr. Martinho do Rofario ti-
nha cauzado em todas as Províncias Se-
ráficas deíle Reyno. A 24 de Mayo de
1649. chegou à Cúria, e fazendo patentes
os dotes, de que fe ornava o feu efpi-
rito, com tal arte conciliou os afedlos
•das principaes peflbas daquelle famofo Thea-
tro da politica Chriílaã, e Gvil, que trium-
fou de todas as maquinas que tinha ar-
mado o indifcreto zelo do ComiíTario Ge-
ral contra a fua Província adquirindo para
•cila fingulares indultos. Reftituido a Por-
tugal a 19 de Março de 1650. foy eleito
Guardião de Santo António de Ferrei-
rim donde foy aílumpto aos lugares de
Guardião do Convento da Ponte de Coim-
bra em o anno de 1662. Definidor em
1669. e de Miniftro Provincial eleito em
31 de Março de 1669. aíTiíUndo neíla elei-
to o ReverendiíTimo Fr. Affonfo de Sa-
lizanes Miniílro Geral da Ordem Seráfica.
Foy Prefidente de dous Capítulos inter-
médios; o primeiro da Província dos Al-
^arves a 21 de lulho de 1674. fendo Pro-
vincial Fr. Diogo da Natividade Caldeira;
o fegundo da Província da Terceira Or-
dem da Penitencia a 7 de Setembro do
<Hto anno fendo Provincial Fr. Bartholameu da
Porciuncula o primeiro Definidor, que teve
efta Provinda. Obteve os honoríficos lu-
gares de Qualificador do S. Offido, Exa-
minador das Três Ordens Militares, e
Pregador delRey D. Affonfo VI. de quem
recebeo particulares favores. Naõ fc limi-
tou o feu eíhido as efpeculaçoens efcho-
lafticas, dilatoufe pelos vaílos campos da
Hiíloria Sagrada, e profana fendo profun-
damente erudito em a do noflb Reyno.
Entre os profeíTores da Genealogia me-
receo taõ univerfal refpeito que afirma-
vaõ os mais peritos que de Coimbra para
baixo entrava na claffe dos primeiros Ge-
nealógicos, e de Coimbra para Jima o naô
havia milhor, cujo axioma fc verificou em
as muitas obras, que efcreveo defta taõ
importante parte da Hiíloria taõ cheyas
de verdade fincera, como de indefeíTa in-
veíligaçaõ. Falleceo no Convento de S.
Francifco da Cidade a 15. de lulho de
1684. quando contava 66 annos de ida-
de e 45 de Religião. Delle fazem me-
moria Fr. Fernando da Soledade H//?.
SeraJ. da Prov. de Por/ug. Part. 5. liv.
4. cap. 32. §. 1162. e o P. Souza no
lugar aíTima allegado. Compoz.
Sermão na folemne prociffaõ que fev^ o Reve-
rendo Cabbido, e Camará de Coimbra à Kainha
Santa em acçaõ de graças pela glorio/a Kejlauraçaõ
de Évora. Coimbra por Manoel Dias, 1664.
4. & ibi por Thome Carvalho Impreflbr
da Univerfidade 1672. 4. Defte Sermaõ fez
dous o P. Fr. Fernando da Soledade efcre-
vendo no lugar aíTima allegado, que impri-
mira dous Sermoens hum da Reftauraçaõ de
Évora, e outro de Santa Izabel, quando no
referido fe comprehendem eftes dous argu-
mentos.
Topo^apòia das Terras de Portugal. Conf-
ia efta obra de huma Defcripçaõ Hifto-
rica Geográfica, e Genealógica de todas
as Qdades, Villas, Honras, Coutos, Jul-
gados, e Igrejas do Reyno, fendo to-
talmente femelhante à Corografia Portu-
guev^a, que em três volumes de folha
publicou o Padre António Carvalho da
Cofta. Conferva-fe o Original na Livraria do
Convento de S. Francifco da Gdade foi.
Theatro das Igrejas de Portugal, Cathe-
draes, Collegiadas, e Keligioens Militares. M. S.
L USITAN A.
foL Conferva-fe na Livraria do Excel-
lentiíTimo Duque de Lafoens, que foy
do EmminentiíTimo Cardial de Souza on-
de a vio o Padre Frandfco da Cruz
como afirma nas Mem. M. S. que dei-
xou para a Bib. Portug.
Vários livros Genealo^cos. foi. M. S.
Deites fe deraõ três volumes ao Emmi-
nentiíTimo Girdial de Alencaftre Inquiíi-
dor Geral deíles Reynos, e outros fica-
rão em poder de Manoel Barbofa Ca-
bral Abbade de S. Tiago de Sandim Tio
do author, que depois os deu ao Padre
Fr. Martinho Martiniano de Caibro reli-
giofo de S. leronimo da Caza dos Ex-
cellentinTimos Marquezes de Cafcaes.
Arvores Genealógicas, foi. M. S. Con-
fervaõ-fe na Livraria do Excellentiflimo
Duque do Cadaval Eftribeiro mór de S.
Mageftade como afirma o Padre Souza
no Apparat. â Hijl. Gen. da Ca^. Keal
Portug. pag. 126. §. 144.
Memorias das Provindas Francifcanas de Por-
tugal, e fuás Conquijias. M. S. 4. Conferva-fe
elia obra na Livraria do Convento de S. Fran-
cifco da Gdade com a feguinte rubrica.
Aíemorias dejlas Provindas da Ordem de N. Pa-
dre S. Frandfco, que eu Fr. loaõ de Deos indiffio
reli ff of o delia ji^ para os vindouros do que alcan-
cei, vendo a pouca curiofidade dos antigos nefla
matéria.
Mifcellanea Hiflorica, e Genealoffca. M. S. 4.
Na mefma Livraria de S. Frandfco da Gdade.
Fr. lOAÕ DE DEOS MONTE-AL-
VERNE Naceo na Gdade do Porto a 8 de
Março de 1699. filho de Simaõ Henriques
Cardozo, e JMaria do Ceo. Foy admitido a
religiofo obfervante de S. Frandfco em o re-
coleto Convento da Conceição de Matozinhos
a 5 de Agoílo de 171 6. e profeíTou folemne-
mente a iz do dito mez do anno feguinte.
Eftudou Artes no Convento de Leiria, e
Theologia em o de Santarém, e depois de
conduir eíla aplicação em que fahio com
aplauzos de grande eftudante fe dedicou ao
minifterio do púlpito, que a£hialmente exer-
cita com grande credito do feu talento, do
qual publicou como primicias.
Ó49
SermaJÔ da prodigiofa, e admirável Imagem
do Santo Cbrifh de Matosinhos pregado em
5 de Mayo fegundo do decantado Triduo, que no
mefmo lugar de I^íato^inbos celebrarão os Reli-
giofos Kecoletos do Convento da Conceição em
acçaÕ de Graças pela Collocaçaõ, que da mef-
ma Sagrada Imagem fi^eraõ os Irmaõs da fua
Confraria tresladando-a para bum magnifico
Tabernáculo anno de 1733. Lisboa por An-
tónio Ifidoro da Fonceca. 1757. 4.
lOAÕ DE DEOS DA SYLVA
irmaõ do Doutor Jacinto de Miranda
de quem fe fez memoria em feu lugar,
naceo em a nobre Villa de Setúbal a
8 de Março de 1696. onde teve por
Pays ao Doutor Simaõ da Sylva pro-
feíTor de Medecina, e a D. Thereza de
Miranda. Quando contava treze annos de
idade foube perfeitamente a lingua La-
tina, e letras humanas, e fendo de de-
fafeis recebeo o gráo de Meflxe em Ar-
tes em a Univerfidade de Évora donde
paíTando à de Coimbra eftudou Medecina
em cuja Faculdade formado no anno de
171 8. a exerdta com grande aplauzo do
feu Nome. Na Academia Problemática
inftituida em a fua pátria mereceo os
Elogios dos feus Collegas, ou foíTe dif-
correndo, ou metrificando. Tem prompto
para a ImpreíTaõ.
Centúria Epigrammatum. 4. M. S. Conf-
ta das açoens prodigiofas da Vida de
S. loaõ de Deos Patriarcha da Hofpi-
talidade em cujo dia naceo, e em feu
obfequio lhe foy devotamente impofto o
nome.
Celebrando a Academia dos Ffcolbidos
a reftituiçaõ da faude do noíTo Monar-
cha D. loaõ o V. em o Collegio de
Santo Antaõ de Lisboa em os dias 18
19, 20, e 21 de Outubro de 1742. foy
premiado efte feu Epigramma.
Corpore R/x doluit, doluerunt mente Clientes
Torquet uterque dolor; plus tamen ifle
ferit.
Kex animo numquàm ceddit: ceddere clientes
P>jegeqM fie populum pliis doltàffe patet.
65o
BIBLIOTHECA
lOAÕ DIAS natural da Villa de
Cea da Província da Beyra fituada em o
Confelho do Bifpado da Guarda. Foy
Subchantre da Cathedral de Coimbra, e
muito perito na Faculdade da Mufica
principalmente em Canto-Chaõ como dei-
xou manifeílo na obra feguinte, que mui-
to louva Pedro Thalefio Art. do Cant.
ChaÕ. cap. 36. foi. 63.
Enchiridium Mijfarum folemnium, <ò^ voti-
varum ctim Vefperis, <ò' Completis totius anni,
nec non officio Defm£Íorum, <ò^ aliis juxta mo-
rem S. R. E. <ò' reformationem MiJJalis, ac
Breviarii ex decreto Concilii Tridentini fub mo-
dulamine cantus, et elegantihus Notis utiliter,
& laudahiltter in utilitatem publicam colleãum.
Conimbricae apud Antonium Maris Univ.
Tj^. 1 5 80. 4.
Uvro de revoar em lingoagem Portugue!(a. 24.
Foy varias vezes impreflb, e ultimamente Lis-
boa. 1684.
lOAÕ DIAS DE CARVALHO cuja
pátria, e eílado de vida fe ignora, e fomente
fe fabe florecera no feculo decimo feptimo.
Compoz.
BençaÕ Profética^ divina, e myjlerioja do Sere-
nijfimo Príncipe, e Excellentijftmo Senhor D.
Theodojio de glorio/a memoria f étimo Duque de
Bragança, que lançou aos Príncipes Jeus filhos na
ultima hora de Jeu tranfito declarada ejpirítual-
mente. M. S. 4. Conferva-fe na Livraria
do ExcellentiíTimo Duque de Lafoens, que
foy do Emminentiflimo Cardial de Souza.
lOAÕ DUARTE natural de Lisboa
Presbítero muito erudito aflim em as Noti-
cias hiftoricas, como em as difcipUnas mathe-
maticas. Explicou a Esfera Terreílre na Acade-
mia dos Singulares inílituida em a fua pátria no
anno de 1663. da qual era digniíTimo alumno
onde fedo Preíidete recitou
Oração a zo de Janeiro de 1664. Sahio no i.
Tomo das obras da dita Academia Lisboa
por Henrique Valente de Oliveira. 1665. 4. a
pag. 219.
Oração a iz de Janeiro de 1665. No Tom. 2.
da dita Academia Lisboa por António Craes-
beeck de Mello. 1668. 4. a pag. 314.
lOAÕ DUARTE DOS SANTOS na-
tural do lugar do Campo grande fitua-
do em o Subúrbio de Lisboa onde fen-
do Parocho da Igreja dos Santos Reys
partio no anno de 1694. com o Bifpo
de Pernambuco D. Fr. Francifco de Li-
ma da Ordem Carmelitana, e como de-
zejaííe vida mais perfeita fe recolhco à
Congregação do Oratório da Qdadc de
Olinda da qual fahio por juftiíicadas cau-
zas, e reftituido a Lisboa exercitou o
minifterio de Cura da Parochial Igreja de
N. Senhora dos Anjos. Como foíTe mui-
to perito nos ritos, e Ceremonias Eccle-
fiafticas foy chamado pelo UluílriíTimo, e
ReverendiíTimo Arcebifpo de Braga D.
Rodrigo de Moura Telles paia feu Mef-
tre das Cerimonias, e em premio do
zelo, e perfeição com que exercitava cfte
Officio, o nomeou Cónego da Sé Prima-
cial. Morreo em Braga a 16 de Feve-
reiro de 1737. Addicionou.
Theti^ouro de Cerimonias, que contem as
MiJJas regadas, e Jolemnes, ajji de fejlas,
como de defuntos, e também as de Semana
Santa, Quarta Feira de Cin^a, das Catt-
deas, e MijJas do Natal com o que toca
á Sagraçaõ dos Bifpos, fuás MiJJas re!(adas,
e dos Capellaens, e fua prev^ença, e tudo o
mais, que pode fuceder pelo difcurfo do anno
com advertências particulares para milhor in-
telligencia das Kubrícas. Compofio pelo Li-
cenciado loaõ Campello de Macedo Thefou-
reiro mór, que foy da Capella Real de S.
Magefiade, novamente anecentado com huma
direção das MiJJas, que fe devem S!(er ajft
folemnes, como revoadas na oca:(iaô do Lauf-
perenne nas Igrejas em que fe achar em
qualquer tempo do anno ajuflada conforme
as Rubrícas, e expofitores delias, e autho-
rit(ada com refpofias do Meftre das Cerimo-
nias do Papa &c. Lisboa por António
Pedrozo Galraõ. 1697. 4.
Sahio efta obra com o nome de loaõ Duarte,
e na 2 Impreflaõ o fegundo appellido de San-
tos na qual acrecentou algumas Kefoluçoens
modernas na matería da Ret^a com huma direção para
os Domingos Terceiros; forma de receber o Pre-
lado viv^tando, ou outro Vis^itador infe-
rior com alguma noticia do Rito Bracha-
L USITANA,
65 1
renfe. Braga por Francifco Duarte da
Mata 1734. 4.
Fr. lOAÕ DA ENCARNAÇÃO na-
tural de Lisboa religiofo Menor da Pro-
vinda de Portugal a quem intitulaõ vir
doãus (ò' infiéis Pradicator Wadingo de
Script. Ord. Min. pag. 212. col. 2. Ni-
col. Ant. Bib. Hi/p. Tom. i. p. 546.
col. I. e Fr. loan. D. Ant. Bib. Fran-
cifc. Tom, 2. p. 178. col. I. fendo
aíTim na Cadeira, como em o púlpito
refpeitado o feu nome. Para que no
Orbe Literário fe fizefle mais plauíivel
a doutrina do fubtil Efcoto Príncipe da
Efcola Seráfica reduzio a milhor methodo,
e illuftrou com doutiflimas annotaçoens o
primeiro Uvro das Sentenças defte grande
Doutor cuja obra publicou com efte titulo.
Reverendi Pafris Fr. loannis Duns Scoti
Ordinis Minorum Doãoris fubtilijftmi, et Tbeolo-
gorum omnium faàle Principis Oxonienfe Scrip-
ttim in librum primum Sententiarum Mag,firi
Petri hombardi, ntmc primo ordinatum, <& ex-
pitrgatum per Fr. loannem ab Incamatione Ulyf-
Jiponenjem ejujdem Ordinis Prasbiterum, <&
Sacra Theoloffa emeritum praleãorem. Co-
nimbricae apud Didacum Gomez de Lou-
reiro. 1609. foi. Na Dedicatória que faz
defta obra a Fr. Pedro Gonzales de
Mendoça ComiíTario Geral da Familia Cif-
montana relata com eftas elegantes pa-
lavras o indefeílo trabalho, que aplicou
para felismente a concluir. Qtiam legen-
dis, et intelligendis antiquis imprejfionibus ali-
qualiter infudarunt, vel noftram bane cum
veteribus contulerint, facile cognofcere poterunt
quantiis fuerit nofter hic labor Jufceptus. Qui
certe fint tantus, ac talis ut in breviori
novuM, nojlrumque paraffemus quam ab Sco-
to paratum prapoliffemus. Unde nec eru-
bejcimus hoc ipjum opus tametfi Scoti fa-
teamur nofirum quoqm appellare, non falja
prajumptione, et arrogantia, fed autboritate,
dp" verbis D. Hyeronimi in fimili matéria,
<Ò' ocajione prolatis. Is enim cum multúm
laboraffet in convertendis, et coaptandis qua-
íuor libris Kegum , non ejl veritus libros
ipfos {aliás a Prophetis confcriptos) apellare
Juos. Nafu in prologo Galeato fie ait.
Lege primum Samuelis, id eft primum, et
fecundum Regum, & Malachiam meum,
id eft, Tertium, & quartum Regum. £/ quia
forte aliquibus temeritas, vel audácia videri po-
terat meum vocare librum, quod alterius Marte
ftút fcriptum, confequenter addidit. Meum in-
quam meum. Quafi diceret; libri ifti tametfi
Propbetarum nonfemel,fed bis meifunt. Quidquid
enim {inqtát Hyeronimus) crebrius vertendo, et
emmendando folicitius, et didicimus, et tene-
mus noftrum eft. Sendo digno dos mais
honoríficos lugares naõ teve outro mais que
a Guardiania do Convento de S. Francifco
do Porto que exercitava no anno de 1609.
pequena remuneração (como efcreve Fr. Fernan-
do da Soled. Hifi. Seraf. da Prov. de Portug.
Part. 5. Hv. 2. cap. 28. n. 4^^.) para diadema
de taõ avultados méritos. Falleceo no Conven-
to de S. Francifco da Qdade cujo dia, e anno
fe ignoraõ.
lOAÕ DE ESCOVAR. Poeta Cómico, e
infigne profeíTor de Mufica como manifeftaõ
as fuás obras publicando.
Motetes. Lisboa 1620. 4.
Auto intitulado Fidalgo de Florencia que
dedicou a ElRey D. Sebaftiaõ, e muitas vezes
fe imprimio.
D. Fr. lOAÕ ESTACO filho de Ál-
varo Peres, e Aldonça Martins naturaes
da Cidade de Angra Capital da Ilha Ter-
ceira onde fahio à luz do mundo para
credito feu, e da Religião dos Erimitas de
Santo Agoftinho cujo habito recebeo em
o Convento de Salamanca onde eftudava
em o anno de 1520. fendo difcipulo da-
quelle exemplar de Prelados S. Thomas de
Villanova cujo magifterio o habilitou para to-
dos os lugares, que poíTuio. Excedendo os
dotes do efpirito aos annos da idade gra-
duado Meftre em Theologia paíTou no anno
de 1539. ^^ índias Ocidentaes com o apofto-
lico intento de illuftrar com as luzes do Evan-
gelho os idolatras que jaziaõ fepultados
nas trevas da fua cegueira, e correfpon-
dendo o fruto ao trabalho foy conftran-
gido a aceitar o lugar de Vigário Pro-
vincial da Provincia do México no anno
652
BIB LIO THE CA
de 1545. que exercitou com fumma vigi-
lância, e naõ menor afabilidade. Nefte tem-
po chegando eleyto Vicerey do Peru D.
António de Mendoça irmaõ do Marquez
de Mondejar o nomeou feu confeíTor, e
fendolhe cometido o governo Ecclefiaftico
aplicou todo o difvelo em procurar minif-
tros capazes para inílruir as almas, e refor-
mar os cuílumes. Voltando a Hefpanha
no anno de 1552. como a fama das fuás vir-
tudes cultivadas com ásperas penitencias
foíTe patente a Filippe Prudente o elegeo
Bifpo da Cidade dos Anjos, ou Puebla de
los Angeles SufFraganea do Bifpado do
México cuja dignidade naõ logrou falle-
cendo a 4 de Abril de 1553. com opinião de
Varaõ jufto, e como tal o veneraõ ElíTio,
Encom. Augujl. p. 371. loachim Brulio Hift.
Peruan. lib. 5. cap. 3 Nicol. Cruzen Hiji.
Peruan. Part. 3. cap. 38. e 39. Pamphil Chron.
Ord. E.rimit. foi. 116. e 119. Herrer. Al-
phahet Augujl. lit. I. Pacheco B.pit. da
Vid. de Santo Tbom. de Villan. liv. 3. cap. 12.
Cardofo Agtol. L,ujit. Tom. 2. pag. 416. e
424. no Q)mment. de 4 de Abril letr. D.
Souza Cathal. dos Bi/p. Portug. que tiveraõ
Diocefe fora do Reyno. p. 170. Cordeir. Hifi.
Infulatj. liv. 6. cap. 41. n. 414. Compoz
fendo Provincial da Provinda do México
no anno de 1545.
Conjlituiçoens faudaveis para o governo Re-
liffofo. M. S. foi.
Memorial dos Jingulares favores, e benefí-
cios, que recebeo da maõ divina. M. S. Eíla
obra, que obrigado pela obediência efcre-
veo, fe lè tranfcripta em Brulio, e ElíTio nos
lugares citados, e delia faz mençaõ Gir-
dozo Affol. Lufit. Tom. 2. pag. 424.
col. 2.
Efta obra principiou o Padre Paulo de Por-
talegre Cónego da mefma Congregação, a
qual confefla o Chroniíla do Prologo ter a
grande fortuna de alcançar eílas memorias
efcritas pelo Padre loaõ de Santo Eftevaõ
por já andarem em maõs alheas, e por Lavra-
rias de fora. Do Author, e da obra faz men-
ção Fr. Francifco Brandão Mon. iMfit. Part. 6.
liv. 19. cap. 7. dizendo, que fora cfcrita
no anno de 15 17. fendo em o de 1496.
como efcreve o Padre Francifco de San^
ta Maria Chron. dos Coneg. fecul. liv. i.
cap. 42.
Fr. lOAÕ DE SANTO ESTEVÃO
natural do lugar da loeiria junto da Villa
de Lourinhãa do Patriarchado de Lisboa
filho de loaõ Henriques, e Domingas Duarte.
ProfeíTou o inílituto Seráfico no Convento
de Caílello de Vide da Provinda dos Algar-
ves a 12 de Março de 1646. Foy Lente ju-
bilado. Guardião do Collegio de S. Boa-
ventura de Coimbra, Definidor da Provin-
da, e duas vezes ConfeíTor do religiofiflimo
Convento da Madre de Deos fituado no
Subúrbio de Lisboa. Falleceo com eviden-
tes finaes de PredeíHnado em o Conventa
de Santa Maria de Xabregas a 13 de Mayo-
de 1703. Compoz.
Origo Provinda Algarbiorum, ereãiones Con-
ventuum Fraírum, (Ò" Monialium, Compendium-
que rerum notabilium, maxime earum qua ha--
bentur certiori fide; dequibus omnibus aut di-
minute, aut falfo narrai Chronica Generalis
Jinijlris injormationibus, aut earum dejeãu in-
jormata. M. S. foi. Conferva-fe huma co-
pia em a Provinda, e outra no Archivo
Geral da Ordem Seráfica em Madnd.
lOAÕ DE SANTO ESTEVÃO natural
da Villa de Condeixa do Bifpado de Coim-
bra Cónego fecular da Congregação do
Evangeliíla, e curiofo inveftigador das fuás
antiguidades, e privilégios profeguindo ainda,
que fucdntamente como efcreve o Padre
Francifco de Santa Maria no Prologo da
Chron. dos Coneg. Secul.
Memorias Hijloricas da Conff'egaçaÕ dos
Cónegos feculares compojias no anno de 1496.
D. lOAÕ ESTEVES DE AZAM-
BUJA em cuja Villa do Patriarchado de _
Lisboa, que tomou por appellido ia- I
hio à luz do mundo. Foy filho de
Afíonfo Efteves de Azambuja Repofteiro
mòr ddRey D. loaõ o L c feu Emba-
xador na Corte de Roma, c de fua mu-
lher Maria Annes; fupofto, que o Illuf-
trilTimo Cimha em o Cathalog. dos Bijp. do
Porto cap. 23. lhe aíTina por Pay a Eftc-
i
L USITAN A.
653
vaõ Annes de Azambuja Capitão de hu-
ma Gale da Armada, que fe perdeo em Se-
vilha a 13 de lulho de 1381. e por Avò a
loaõ Eíleves de Azambuja VaíTallo delRey
D. Pedro I. Nos feus primeiros annos exer-
citou as armas com a mefma felicidade com
que depois feguio as letras merecendo o
declarado aífedo delRey D. loaõ o I. de
cujo talento confiava a dicifaõ dos mais
graves negócios. Preferindo a vida Eccle-
fiaftica à militar como eftiveíTe inílruido nas
fciencias fagradas competirão entre íi os luga-
res mais honoríficos da Jerarchia Ecclefiaf-
tica qual devia nobilitarfe com a fua gran-
de Peflba, pois fendo Cónego da Cathe-
<lral de Évora, e de Coimbra, Prior da Igre-
ja de Monçoens entre Douro, e Minho, e
da Alcáçova em Santarém fubio á digni-
dade Epifcopal do Algarve em o anno de
1389. e paíTados dous annos foy aíTumpto
à do Porto, que adminiílrou fete donde
depois de governar a Cadeira de Coimbra
foy transferido no anno de 1402. para a Me-
tropolitana de Lisboa. A todas eftas illuíbres
Efpozas ornou com fumptuozas fabricas, e
preciofos ornamentos promovendo zelofa-
mente o culto divino, opondo-fe intrepi-
damente aos violadores da immunidade Ec-
clefiaftica, vizitando peíToalmente as fuás
ovelhas para reforma dos cuíhimes, e dif-
pendendo copiofas efmolas para beneficio
da pobreza. Duas vezes o vio a cabeça do
mundo Embaxador delRey D. loaõ o I. e
com efte caraâer aíTiftio no Concilio de
Pifa congregado em o anno de 1409. pelo
Pontífice Gregório XII. onde foy admi-
rada a fua grande litteratura unida com fum-
ma madureza quando fluéhiava a Náo da
Igreja com hum calamitofo fcifma. Aca-
bado o Concilio paííou a Jerufalem para
vizitar os lugares fanctificados com o fangue
do divino Redemptor. Reílituido ao Rey-
no como igualmente creceííe em annos,
que merecimentos para digno premio delles
foy creado Cardial Presbítero do Titulo
de S. Pedro ad Vincula a 6 de lulho de 141 1.
pela Santidade de loaõ XXIII. e que-
rendo receber das maõs do Pontífice as
infignias de tal dignidade partio para a
Cúria onde experimentou afíeduoías figni-
ficaçoens do fummo Paftor. Para dar hú
claro argumento de feu generofo animo
ornou em Bolonha com preciofos mármo-
res o maufoleo em que defcançaõ as cin-
zas illuítres pelo fangue, e Santidade de S.
Domingos Patriarcha da Ordem dos Pre-
gadores, e em Roma edificou hum Mofteiro
de Erimitas de S. leronimo. Ao voltar para
a Pátria enfermou gravemente na Cidade
de Bruges do Condado de Flandes, e pre-
parado com todos os Sacramentos falleceo
piamente a 23 de Janeiro de 141 5. Foy tres-
ladado o feu Cadáver para o Convento do
Salvador de Religiofas Dominicas, que elle
fundara em Lisboa no anno de 1392. quan-
do era Bifpo do Porto, e depois dotou com
rendas fendo Arcebifpo de Lisboa. Collo-
cado na Capella mór fe lhe gravou o feguinte
Epitáfio.
Aqíâ fáz o muito honrado Senhor D. loaõ
EJleves Arcebifpo de "Lisboa, e Cardial de Ko-
ma, baraõ Jabedor, e virtuojo. Em Bolonha
folemnifou a Sepultura de S. Domingos. Em
Koma fundou o mojleiro de S. Hieronimo.
Em Lisboa ejle em que fe mandou fe-
pultar.
Deíle lugar foy transferido no anno de
1608. para o Coro das Religiofas onde agora
permanece. Pofto que o Convento do Sal-
vador fundado pela piedade de taõ gran-
de Prelado tiveíTe Ellatutos por onde fe
governaíTe alcançou faculdade Pontificia para
lhe fazer additamentos efcrevendo.
Statuta Monajlerii Sanai Salvatoris. Def-
ta obra que confta de vários Capítulos, faz
mençaõ o infigne Fr. Luiz de Souza Hifl.
de S. Domingos da Prov. de Portug. Part. 2.
liv. I. cap. 7. dizendo. NaÕ he pojfwel efpe-
cificar todos, mas por honra do author delles, e
do valor das que os aceitarão para os manter,
e cumprir daremos noticia de alguns.
Fazem memoria defte grande Prelado
Macedo Lufit. Inful. p. 134. Cardof. AgioL
Lufit. Tom. I. p. 227. e 233. no Com-
mentar. de 23 de lan. letr. C. Severim
Notic. de Portug. Difc. 8. §. 6. Foncec.
Evor. Gloriof. p. 334. Souza de Mace-
do Flor. de Efpan. Excellent. 3. cap. 23.
Ciacon. Llifl. Pontif Koman. Tom. 2.
col. mihi 798. Palat. Fafli Cardin. Tom. 2.
654
BIBLIO THE CA
col. 167. Souza Cathal. dos Sum. Pontif. e
Card. p. 12. Lcytaõ Cathal. dos Bi/p. de Coimb.
p. 126. §. 69. Sylva Mem. Hiji. delKey D.
loaÕ o I. liv. 2. cap. 113.
lOAÕ ESTEVES DE CARVALHO na-
tural de S. Pedro da Torre do Minho De-
2embargador, e Procurador Geral da Mitra
Primacial de Braga, e muito perito em hu-
ma, e outra lurifprudencia. Compoz.
Pecúlios de Direito, em que ejlavaõ re-
fumidas as Decifoens da Rota Rowana,
ou fentenças julgadas com muitas Bulias Apof-
tolicas. foi. M. S. 3. Tom. Ficarão em poder
de feu filho.
D. lOAÕ EVANGELISTA. Naceo
em Lisboa a 50 de lulho de 1685. e na Pa-
rochial Igreja de Santa Engracia recebeo
a primeira Graça a 10 de Agoílo do dito
anno. Teve por Pays a Francifco Tava-
res da Sylva, e D. lulia Máxima da Sylva
igualmente nobres pela confaguinidade, q
entre elles havia. Antes de contar fete an-
nos aprendeo a lingua Latina, e quando
chegou aos onze naõ fomente eílava per-
feitamente inílruido nella mas em a Caf-
telhana. Italiana, e Franceza. Aplicou-fe
ao eíhido das letras humanas, e liçaõ dos
Poetas, e Mythologicos de que refultou
prafticar com felicidade a Poezia vulgar, e
Latina. Quando cumprio quatorze annos
frequentou no Collegio pátrio de Santo
Antaõ dos Padres lefuitas o curfo de Filo-
fofia o qual interrompeo largando o feculo,
e recebendo o habito Canónico de Santo
Agoílinho no Real Convento de S. Vicente
de fora a 4 de lulho de 1703. onde profeíTou
folemnemente a 6 do dito mez do anno
feguinte. No Collegio de Santo Agoíli-
nho da Univeríidade de Coimbra aprendeo
as fciencias feveras com tanta aplicação
como as continuou com igual aplauzo me-
recendo laurearfe na mefma Univerfidade
com as iníignias doutoraes na Faculdade
Theologica a 13 de Dezembro de 1713.
lubilado em o anno de 1725. fe íizeraõ as
Oppofiçoens à Cadeira de Prima da Theo-
logia na Univerfidade, e fendo hum dos
Oppofitores fez com tal dillinçaõ as fuás
funçoens que naõ obílante o merecimen-
to de vinte e fete Oppofitores mais anti-
gos, que cllc foy uniformemente conful-
tado pelo Tribunal da Meza da Concien-
cia para huma Conduéla. Completo o trien-
nio de Reytor do Collegio de Coimbra fe
reftituhio ao Convento de S. Vicente de
fora de Lisboa para experimentar clima
mais propicio à fua faude. No decurfo de
trinta annos tem exercitado o minifterio
de Orador Evangélico com univerfal acei-
tação derigindo fempre os feus difcurfos à
reforma das vidas, praética das virtudes, e
abominação dos vidos. He ornado de mo-
deftia religiofa urbanidade fumma, e vafta.
erudição Sapientijftmus Doãor, religiojijftmus-
que Pater he intitulado pelo P. D. Manoel
Caetano de Souza in Ind. Harmon. Critic.
§. 17. do 2. Tom. Exped. Hifp. D. lacohi.
Compoz.
Sermoens Tom. i. Lisboa por Miguel
Manefcal da Cofta ImpreíTor do S. Oííicio
1743. 4.
Sermão na profiçaõ da muito reli^ofa Ma-
dre a Senhora Soror Maria de S. Io;(é filha de
L,uiz lo^é de Vafconcellos, e Azevedo Gover-
nador de Portalegre no Convento da Efperança
com o Sacramento expojlo em o primeiro de Ja-
neiro de 171 8. Lisboa por António Pedrozo
Galraõ 171 8. 4.
Com o nome de Damiaõ Goneto, e
Silva anagrama puro do feu nome tradu-
zio da lingua Franceza em a materna, e
addicionou, e emendou em muitas partes.
Hifloria Chronologica dos Papas, Empera-
dores, e Rejs, que tem rejnado na Eiíropa do
nacimento de Chrifto até o pre^^ente. Coimbra
por António Simoens Ferreira 1731. 12.
E fegunda vez na mefma imprefiaõ 1757.
com novas addiçoens.
Com o nome de Gelafio António de
Sà anagrama arithmetico do feu nome
publicou.
Supplemento da Hijloria Chronologica dos
Papas, Emperadores, e Reys, que tem rej-
nado na Europa <á^c. P. i. que contem
o Suplemento da Hiftoria Chronologfca dos
Papas. Tom. i. em que fe dá huma no-
L USITAN A.
655
íícia Geoff-aphica dos domínios temporaes de
que faõ Príncipes Joheranos os Supremos Von-
íífices. Lisboa por Miguel Manefcal da Cofta
1741. 12.
Tomo 2. em que fe dá huma notícia hífiorico
Cbronologica das Perjtguiçoens da Igreja; das
príncipaes heregias; de todos os Concílios Ge-
raes Ecuménicos, e de outros, que merecem efpe-
•cial memoria. Lisboa pelo dito ImpreíTor.
1741. 12.
Cenfura fobre o u^o da Comunhão quotidiana.
Sahio no Appendix ao The^ouro dos Chrijlâos
compofto por Fr. Francifco de Santa Rofa
■de Viterbo da Provinda Seráfica dos Al-
garves. Lisboa por Bernardo Fernandes
Oayo. 1739. 8. defde pag. 376. até 385.
Obras M. S.
Suppkmento da Hijloría Cbronologica dos Pa-
pas Emperadores, e Keys d^c. Parte 2. que
confia da Hífioria dos Emperadores.
Parte 3. que contem o Suppkmento da Híf-
ioria dos Keys.
Commentariorum in Magifirum Sententia-
rum Petrum Eombardum ex Canónico Regu-
Jari Epífcopum Parífienjem ad u/um Univer-
Jitatis Colimhrienfis. Tomus primus compleãens
29 Priores Dífiinãiones Ubri primi Mafffiri.
foi. Tinha efte Tomo por prefação huma
DiíTertaçaõ fobre o Canonicato Regular de
Pedro Lombardo. Naõ continuou os to-
mos feguintes da obra taõ importante por
deixar a Univerfidade.
Efpecilegío Theologico — Jurídico Critico Híf-
iorico das Notas da Analyfis Benediãina, com-
prehende outras novíjjimas defcubertas em defenfa
das Sagradas Keligioens, efpecialmente da dos
Cónegos Pije guiar es de Santo Agofiinho. foi.
Confervafe huma copia no Real Mofteiro
de Santa Cruz de Coimbra, e outra em o
de S. Vicente de fora de Lisboa.
Triumfo dos Varoens fortes entre os For-
tíjjimos de Ifrael que defendem do poder das tre-
vas o myfiico leito de Salamaõ confeguído pelo
Senhor das Batalhas de três formidáveis exérci-
tos ordenados contra elles pelo cruel Faraó Prin-
. cipe das fombras, e totalmente derrotados em
cutras tantas campanhas compofia cada huma
delias de diferentes confliãjs concluídos todos
em ventagem do partido das lu^^es, e celebrados
depois em vários Problemas que em lugar de Epi-
nicios, fe propõem em obfequío da curiofidade pu-
blica, e fe refolvem a favor da commua utilidade.
Obra Apologético Regular em que fe jufiificàõ, e
víndicaõ as f agradas Keligioens das impofiuras, e
inveãívas com que infiígados do demónio procuraõ
ainda hoje infamallas três dos feus jurados inimi-
gos efiabelecendofe contra a mentira a verdade
em irrefragaveis conclufoens illufiradas todas com
varias Differtaçoens incidentes poucas vulga-
res, muitas curiofas, e todas úteis. foi. Eíia
obra he dividida em quatro volumes, dos
quais o primeiro eftá corrente para a im-
preíTaõ, e nelle fe conhece a profunda no-
ticia, e vaíla erudição que o Author tem
da ííiíloria Eccleíiaftica, Theologia Pofitiva,
e Polemica.
D. Fr. lOAÕ DE FARO em cuja
Cidade Epifcopal do Reyno do Algarve
de que tomou o apelido naceo a 19 de Ja-
neiro de 1676 fendo filho de Manoel Go-
mes Peitinho, e Maria Rodrigues. Quan-
do contava defoito annos de idade rece-
beo o penitente habito Seráfico em a Pro-
vinda da Piedade a 6 de Agoílo de 1694.
onde naõ fomente foy infigne Poeta Lati-
no, e vulgar, e muito perito na intelligen-
cia das linguas Italiana, e Franceza, mas
dos mayores letrados da fua Provinda a
cujos domeílicos inftruio com as fciencias
feveras, e governou com fumma prudên-
cia, e afabilidade quando foy Guardião
dos Conventos de Santo António de Lou-
lé, Tavira, e Beja, e Secretario da Pro-
vinda. Em premio de feus religiofos
merecimentos foy nomeado pela magef-
tade delRey Noíío Senhor em 16 de
lulho de 1738. Bifpo de Cabo Verde,
e fagrado pelo EmminentiíTimo Cardiai
Patriarcha D. Thomaz de Almeyda na
Santa Igreja Patriarchal a 5 de Outubro
do dito anno. Partio para o feu Bifpado
a 14 de lanciro de 1741. em cuja navegação
padeceo horrorofo naufrágio, e cruel ca-
tiveiro de cujas fataes calamidades ainda
que evadio vivo pouco tempo paííou, que
656
BI B LI O THE CA
naõ falleceíTe com eterna faudade de feus
companheiros a 21 de lunho de 1741. quan-
do contava 65 annos de idade. Tinha com-
pofto.
Ia Cantica Canticorum. foi.
De L^ffbus. foi.
De jiatu religiojo, tam in commmt, quàm
in partictilari. foi.
De privilegiis Kegulariítm tàm in communi,
quàm in particulari.
De eleâionihus Vralatorum Kegularium. foi. 2.
Tom.
De potejlate, (& jtirifdiãione Pralatorum
Kegularium . foi.
Todas eftas obras perecerão em o nau-
frágio, que padeceo feu Author.
lOAÕ DE FARIA natural da Cida-
de de Miranda da Província de Traz dos
montes, e morador em a Cidade de Coim-
bra taõ douto em as obfervaçoens aílrolo-
gicas, como em a noticia da Hiftoria Portu-
gueza. Compoz.
Calendário dos Tempos do anno de 1616.
e outro de 161 1. com huma paragonaçaõ dos va-
roens illujlres antigos com os de Portugal. Lis-
boa por Pedro Craesbeeck. 8.
Prognojlico, Lunario, e Calendário dos Tem-
pos dejie anno de 161 2. que he bife x to ao Mere-
diano de Lisboa. Kelatafe no fim delle huma
relação curiofa dos Arcebifpos, Bijpos, Du-
quez Marqueses, e Condes, que há nos Reynos, e
Senhorios de Portugal. Lisboa por Pedro
Crasbeeck. 8.
lOAÕ FEDERICO MENDES, que
abjurando os erros do Talmud abraçou
as verdades da ley Evangélica promul-
gada pelo Sagrado Redemptor. Compoz
conforme efcreve Wolfio Bib. Heb. pag. 479.
n. 822.
Kefponjio ad duas quaftiones, quarttm prima, efi
cur tam pauci Judai convertantur, nonne mediis
idoneis adhibitis, plures converti pojftnt?
Deíla matéria tinhaõ efcrito Eifenmeger.
Judaifm. dete£f. Part. 2. pag. 1017. Wagcnfei-
lius in Spe liberai. Ifrael. pag. 99. Wulferus
Theriac. Judaic. pag. 535. c Difenbachius in
Jud. Convertendo, pag. 132. & fcqq.
Fr. lOAÕ DA Ff natural da Ilha do-
Pico religiofo Menor da Província de S.
Joaõ Evangelifta das Ilhas dos Aflores onde
pela fua litteratura foy Lente jubilado, c
pela fua prudência Miniílro Provincial. Exer-
citou o miniílerio concionatorio por muitos
annos com aplauzo publicando.
Panegyrico dirigido ao muito alto, e muito
poderofo Kej de Portugal D. loaÕ o V. Nojfo
Senhor pregado na fefta da fua glorio/a Acla-
mação, que celebrou a fidelijfima Ilha do Fayal
aos z^ de Abril de 1707. Lisboa por Antó-
nio Pedrozo Galraõ. 1708. 4.
Fr. lOAÕ FÉLIX chamado no fe-
culo loaõ Freyre de Lima naceo em Lis-
boa onde teve por Pays ao Doutor Ma-
noel Gomes, e Lucrécia Nunes. Inílrui-
do nos preceitos da lingua Latina, c
Poética em que foy iníigne a fua Mu-
fa frequentou a Univeríidade de Coim-
bra onde aplicado a Jurifprudencia Ce-
farea foraõ notáveis os progreílos, que
fez neíla Faculdade pelos quais fe fez
digno dos aplauzos de todos os Cathe-
draticos principalmente quando cm o an-
no de 1607. lhe ouvirão recitar a liçaõ de
ponto para a fua Formatura ad L. in Tejlam.
C. ad Leg. Falcid. em verfo heróico latino
acomodando em o metro todas as Leys, c
lurifconfultos allegados para prova da Con-
clufaõ, empreza, que como elle afirma, nin-
guém até o feu tempo tinha intentado. Dei-
xando os aplauzos académicos abraçou
o fagrado inftituto da Religião Trinitaria
profeíTando folemnemente no Convento .
de Lisboa a 15 Abril de 161 2. Dos
muitos, e elegantes Verfos Latinos, que
tinha comporto, como craõ Epigrammas
Panegyricos, Genethliacos, c Eglogas fez
huma Colleçaõ, que publicou com efte ti-^
tulo. f
I/agoge ad laudes Auguftijftmi Hifpaniarum
Principis in ejus expeãatijftmo, ortu, cb* bap-
tifmate. OlyíTipone apud Pctrum Crasbeeck.
1613. 8. No fim defde pag. 193. até 312.
tem a feguinte obra.
Paraphrafis poética ad L. in Tejlam. C
ad leg. Falcid. He a liçaõ de ponto, que
il
L US ITANA.
657
compoz em Verfo no breve efpaço de 24
horas, a qual recitou fem a menor equivo-
caçaõ refpondendo também em metro aos
argumentos propoftos. Da fua poética veya
fazem illuftre memoria Nicol. Ant. Bib.
Hifp. Tom. I. pag. 524. col. i. Artis poé-
tica facultate potijfimúm celeher; loan. Soar.
de Brit. Theatr. 'Lufit. Utter. lit. I. n. 55.
miro enthufiafmo in carmina propenjus, e D.
Franc. Manoel. Carta dos A A. Vortug. ef-
crita ao Doutor JManoel Themudo da Fon-
ceca.
lOAÕ FERNANDES celebre pro-
feíTor de letras humanas, que com geral aplau-
zo diâou nas Univeríidades de Salamanca,
Alcala, e Coimbra para onde o chamou a
Mageílade delRey D. loaõ o III. queren-
do nobilitalla com taõ iníigne homem pro-
fundamente verfado nas linguas Latina, e
Grega. Efte Príncipe lhe mandou paíTar
huma Provifaõ de outenta mil reis de orde-
nado a 16 de Setembro de 1539. P^'^ ^"^^
Examinador dos Grammaticos, que haviaõ
de cultivar o eíhido da lurifprudencia, e
fe lhe paíTou outra em 4 de Mayo de 1542.
para fer Meílre de Rhetorica em a Univer-
íidade de Coimbra. Foy Meílre do Duque
de Bragança D. loaõ para cujo magiílerio o
difpenfou ElRey D. loaõ o III. por Alvará
paíTado a 25 de Mayo de 1549. para naõ aíTif-
tir em a Univeríidade logrando de todos os
privilégios como fe aóhialmente nella eíli-
veíTe regentando a fua Cadeira, e continuaíTe
a fua leitura todas as vezes, que lhe parecef-
fe. Deíles graciofos indultos lhe paíTou
carta D. lorge de Almeyda Reytor da Uni-
veríidade a 2 de Mayo de 1360. DeUe fa-
zem memoria honorifica o Doutor Fran-
cifco de Monçon E/pejo dei Princip. Chrijiian.
liv. I. cap. 36. pag. 83. Mariz Dial. de Var.
Hijl. Dial. 5. cap. i. Nicol. Ant. Bib. Hifp.
Tom. I. pag. 524. col. 2. e D. Nicol. de
S. Mar. Chron. dos Coneg. Kegrant. liv. 10.
cap. 3. Publicou.
Orationes dua. Altera in celebritate
Academia Conimhricenfis iMdovicum Infan-
tem loannis Regis fratrem excipientis; al-
tera habita ad Conimbricenfes in funere Eduardi
loannis Tertii filii. Conimbricae. 1348. 8.
42
Chronica do Condefiavel D. Nuno Alvares
Pereira traduzida de Portuguez em latim,
como efcreve Vafeo Chronic. Hifp. cap. 4.
foi. 3. Extat praterea Comitis Nonii Alvari
Pereira Brigantia Domits authoris hijloria im-
preffa, quem Comitem laifitania Camillum reãe
dixeris. Eum, ut audio, latine vertit loannes
Ferdinandus, quem lllufirijfimus Brigantia Dux
Theodojius filio fuo único loanni in fucejjionem
amplijftma domús nato praceptorem prudenti con-
filio delegit, cujus eruditio varia Compluti, Sal-
mantica, Conimbrica celebrior ejl, qtiàm ut aliena
pradicationis indigeat.
lOAÕ FERNANDES Capitão, e Pi-
loto mór muito experimentado em os
mares das índias Occidentaes fendo o pri-
meiro, que navegou de Chile contra o
Sul, cuja navegação fe fazia antes de eUe
a praíticar à viíla da terra no efpaço de féis
mezes, o que depois fe executou em trinta
dias. Defcobrio duas Ilhas fituadas ou-
tenta legoas ao Occidente de Valparaizo
chamadas com o nome de loaõ Fernandes
em memoria do feu Defcubridor. Efcre-
veo.
Tratado da Navegação de Chile contra o
Sul. M. S.
lOAÕ FERNANDES FERMOSO na-
tural de Lisboa Capellaõ delRey D. loaõ
o m. e muito fciente em a Faculdade da
Mufica. Por ordem deíle Monarcha com-
poz para uzo da fua Real Capella.
Pajfionario da Semana Santa. Lisboa por
Luiz Alvares. 1343. foi.
lOAÕ FERREYRA DE ALMEYDA
Sacerdote jVIiniítro, e Pregador do Santo
Evangelho, como elle fe intitula, em a Ci-
dade de Amfterdaõ onde aflilHo muitos
annos. Traduzio da Vulgata.
O Novo Tejlamento, ijlo he, todos os Sacro-
Janãos livros, e efcritos Evangélicos, e Apojlo-
licos do Novo Concerto de N. fiel Senhor Sal-
vador, e Kedemptor lESU Chrifio. Amíler-
dam por loaõ Crellius. 171 2. 8.
658
BIB LIO THE CA
Defta obra vimos hum exemplar em a Li-
vraria do Emminentiffimo Cardial da Cunha
Inquizidor Geral neftes Reynos de Portu-
gal.
. lOAÕ FERREIRA DELGADO natu-
ral de Lisboa Presbitero de inculpável vida,
muito perito em a Theologia Efpeculativa,
Moral, e Myftica, Ganfeflbr das Religiofas
de Santa Brígida do exemplariíTimo Con-
vento da Conceição de Marvilla fituado
em o fuburbio de Lisboa. Falleceo na pá-
tria a 27 de lulho de 1736. Compoz.
Solitário, ou retiro da alma à folidaõ dividida
em três Partes. A primeira o modo que fe deve
obfervar no retiro 2. repartição das horas. 3.
Meditaçoens para a OraçaÕ Lisboa na Officina
Ferreiriana. 1729. 8.
lOAÕ FERREIRA, E FARIA natu-
ral do Couto de Capareiros da Diocefe Bra-
charenfe em a Província de Entre Douro,
e Minho Reytor da Igreja de S. Miguel de
Alvarazes termo da Villa de Barcellos. Ef-
tando efcravo em a Cidade de Argel no
anno de 1678. para aliviar as moleílias do
cativeiro como foíTe muito douto na intel-
ligencia da lingua Italiana traduzio delia
cm a Portugueza.
Cleópatra. 6 Tom. em 4. cujo Original
vimos. Efta obra tinha vertido na lingua
Franceza o Conde Maiolino Bifacioni Gen-
tilhomem da Camará delRey ChriílianiíTimo.
lOAÕ FERREIRA DA ROSA profeíTor
de Medecina em cuja Faculdade fe formou
em a Univerfidade de Coimbra onde foy
dos Médicos do partido delRey. AíTiftin-
do em Pernambuco quando governava efte
Eftado o Marquez de Montebello Félix Ma-
chado de Mendoça obfervou com profunda
inveíligaçaõ as cauzas do mal Epidemico que
devaftava aos feus moradores efcrevendo
para feu remédio.
Tratado único da conJHtuiçaÕ pejlilencial de
Pernambuco em que trat^ prefervativos, e remé-
dios para o dito mal. Lisboa por Miguel Ma-
nefcal ImpreíTor do Principe Noflb Senhor.
1694. 4.
lOAÕ FOGAÇA igualmente perito
nos preceitos da Poezia, como na intel-
ligencia da lingua Franceza traduzindo
defta lingua em a materna.
Difcurfo, e relação breve do cerco da
Cidade de Pariv^ e defenfaõ delia pelo Du-
que de Nemttrs contra o Vandoma no anno
de 1590. Lisboa por Balthezar Ribeiro.
1591. 8.
No Cancioneiro de Garcia de Refende
eflaõ Poezias fuás a foi. 88. v.o 89. 91.
122, v.o 148. 161. v.o 171.
Fr. lOAÕ FOGAÇA natural de Lis-
boa filho de Francifco Fogaça Efcrivaõ
da Correição do Gvel, e de Luiza da
Sylva. ProfeíTou o inftituto de S. Paulo
primeiro Ermitão em o Convento da
Serra de OíTa a 31 de Agofto de 1608.
Eftudou a arte da Mufica com o infi-
gne Meftre Duarte Lobo fendo hum dos
mayores difcipulos da fua Efcola mere-
cendo diftintas eftimaçoês delRey D. loaô
o IV. augufto Mecenas, e famofo pro-
feíTor defta armonica Faculdade dando-
Ihe huma tença annual de quarenta, e
outo mil reis. Foy Definidor, e Reytor
de dous Conventos em que moftrou a
fua prudência, e afabilidade, e como naõ
era ambiciofo fe efcuzou de outras Pre-
lazias com o pretexto do ferviço del-
Rey. Falleceo em Lisboa a 2 de Agof-
to de 1658. com 69 annos de idade, e
51 de habito. Por fer excellente em di-
buxar com a penna efcreveo três Livros
para o Coro do Convento da Serra de
OíTa onde foy Meftre, fendo hum das
Feftas dos Santos, e outro das da Se-
nhora. As obras feguintes, que compoz
fe confervaõ na Bibliotheca Real da Mu-
fica cujo Index fe imprimio em Lisboa
por Pedro Crasbeeck. 1649. 4-
Homo na tus de muliere a 8. |
Parce mihi. a 8.
Pelíi mea a 8.
Ref ponde mihi. a 8.
Spiritus meus. a 8. Na Eftant. 53. n. 771.
Yerja eft in hjiâum. a 6.
Lacrymofa dies illa a 6. Eftant. 36.
n. 810.
n
L USITANA,
Qtãs dahit capiti meo. a 4. Eftant. 36.
n. 809.
Beata Dei Genitrix a 4. Eílant. 36.
n. 818.
Alijfa Defmtorum a 8. e a 4. Eftant.
33. n. 770.
lOAÕ DA FONCECA. Sargento mór
do Reyno do Algarve exercitando a
arte militar com igual fciencia, que va-
lor em diverfos Reynos da Europa pe-
lo largo efpaço de trinta, e três annos.
Reftituido a Portugal no anno de 1573.
tempo em que fe faziaõ grandes prepa-
raçoens para a expedição de Africa, ef-
creveo.
Dialogo, e Dijçttrjo militar entre Fonteo
Soldado praãico, e hujitano hijonho Jobre o Officio
de Sargento mor no qual {para que milhor, e co-
mo deve fe entenda, e exercite^ fe conteem todas as
dependências, e circunjiancias ao tal cargo concer-
nentes. Trata-fe aji mefmo da ejjencia de buma
Companhia, Terço, e Campo formado com todos
os Officiaes, que a ejias duas partes, e univerfal
corpo competem declarando as obrigaçoens de cada
hum por f. Procedefe na ordem com que marcha
hum Terço, e pelo confeguinte hum exercito for-
mado; o qual finalmente fe aloja com todos os pof-
tos, e obfervancias ao tal effeito necejf árias; e jun-
tamente hum tratado dos cafos, que na Infanta-
ria Efpagnola faÕ de Cafiigo arbitrário, ou capi-
tal com a ordem, e declaração com que fe procede
nos ditos ca^os ajfi em prefidio, como em Cam-
panha. Derigido ao Serenijfimo, e inviãijfimo
Príncipe, e Senhor nojfo D. SebaJliaÕ primeiro
defie Nome pela Divina Clemência Key de Por-
tugal, e dos Algarves. 4. M. S. Começa He o
def(ejo de faber taÕ natural aos homens &c. JM.
S, Confervafe o Original na Livraria do Ex-
cellentiíTimo Marquez de Valença.
P. lOAÕ DA FONCECA Naceo em
a Villa de Viana do Alentejo do Ar-
cebifpado de Évora devendo à virtuofa
educação de feus Pays Bartholameu Sou-
do, e Angela Coelha, a refoluçaõ de
deixar em a tenra idade de 17 annos o
feculo, e abraçar o inftituto da Compa-
659
nhia de lefus em o Noviciado de Évo-
ra a 19 de laneiro de 1649. profeíTan-
do folemnemente a i 5 de Agofto de
1659. Aprendidas as letras humanas en-
íinou em a Univeríidade Eborenfe pelo ef-
paço de quatro annos Filofofia com grande
emolumento dos feus ouvintes. Impellido
com o zelo da falvaçaõ das almas difcorreo
pelas Villas de Abrantes, Alcácer do Sal, Caf-
tello de Vide, e a Cidade de Beja exercitando
com grande fervor, e copiofo fruto o minif-
terio de MiíTionario Apoftolico. Pela fua pru-
dência acompanhada de fumma afabilidade
foy Meftre do Noviciado de Coimbra, Viíi-
tador do Collegio da Ilha da Madeira, Per-
feito dos Irmaõs do Recolhimento de Évora,
e Reytor do Noviciado de Lisboa. De todas
as virtudes religiofas foy obfervantiíTimo
cultor. Vizitava frequentemente aos infermos
nos Hofpitaes, e aos prezos nas Cadeyas pu-
blicas alliviando as afliçoens de huns com
fantos confelhos, e a neceíTidade dos outros
com repetidas efmolas. Ambiciofo dos mayo-
res defprezos levava muitas vezes pendente
dos hombros a caldeira do comer dos pobres
que fe havia repartir na portaria. Para con-
fervar illefa a flor da Caftidade evitava praéti-
cas com mulheres ainda que foíTem das mais
illuílres da Corte. Nunca murmurou de peíToa
alguma, antes fe ouvia tocar em matéria pre-
judicial ao credito do próximo divertia com
prudente modo a praética. Era muito obfer-
vante do íilencio fugindo quanto podia do
comercio humano, e paíTando a mayor
parte do tempo efcrevendo as obras em
que retratou o feu efpirito. Com tanto
rigor fe difciplinava, que avizado o Su-
perior pelo eílrondo dos golpes lhe poz
preceito para naõ uzar daquella peniten-
cia que degenerava em tyrania. Foy cor-
dial devoto do SantiíTimo Sacramento em
cuja prezença orava horas continuas; fen-
do igual o afeâo com que venerava a
Maria SantiíTima cuja foberana proteção
experimentou repetidas vezes felicitada pe-
los feus rogos. Illuftrado com a luz da
profecia revelou muitos futuros, prévio
vários fuceíTos. Na ultima enfermidade
fe levantou da Cama para receber de
joolhos o Sagrado Viatico confervando até
66o
BIB LIO THE CA
O ultímo inftante o juizo taõ perfeito,
que dizendo hum dos circunílantes Be-
mdiãus Dominus, continuou Deus JJrael quia
vijitavlt nos. Acabadas eftas palavras fic-
tando os olhos em huma Imagem de
Maria SantiíTima, que eftava fronteira aon-
de jazia, expirou com grande ferenida-
de em o Collegio de Santo Antaõ de
Lisboa ao primeiro de Outubro de 1701.
com 69. annos de idade, e 52 de Com-
panhia. As fuás pobres alfayas fe repar-
tirão como relíquias por varias peíToas.
O SereniíTimo Rey D. Pedro II. que o
venerara vivo pedio alguma couza, que
fofle do feu uzo, e para fatisfaçaõ def-
te piedofo dezejo fe lhe deraõ as con-
tas por onde quotidianamente rezava. Def-
canfaõ as fuás veneráveis cinzas em hu-
ma fepultura aberta na parede da Ante
Sancriftia da parte do Evangelho do Col-
legio de Santo Antaõ com eíle elegante
Epitáfio.
■ Hoc conàitur maujoko V. P. loannes de Fon-
ceca Societatis Jefu Vianenjis in Provinda Tranf-
lagana omnium virtutum fingulare exemplum:
cujus doãrinam Ji quaras, illius lihros conjule, hos
cum edidit, fua virtutis fecit haredes: Si Magijle-
rium, ultra Philojophiam in Univerfitate Eborenji,
Novitiorum egit pene per triginta annos iam Co-
nimhricee, quàm Ulyjftpone ea morum integritate,
ac Sanãitaíe, ut Pofteris omnihus norma pojfit
effe, ey archetypus. Pralucet ad Tumulum lucerna
ardens: Jpirant etenim adhuc, et docent hac ex
uma pietatem, et gratiam tanti viri vocales cineres,
eos eodem modo inuitantis ad gloriam, quos olim
informavit ad vitam. Ohiit in hoc Colleffo D.
Antonii Magni primi Oãobris. 1701.
Fazem honorifica memoria defte Va-
rão o Padre António Franco Imag. da
Virt. em o Novic. de Evor. liv. 4. cap.
14. até 28. e pag. 868. VaraÕ todo de
Deos, e muy efclarecido em Santidade, et
Annal. S. J. in Lujtt. pag. 410. §. 4.
omni laude mayor; e no An. glorio/. S.
J, in Ljtjit. pag. 558. Fonceca Evor. glo-
rio/, pag. 432. VaraÕ SantiJ/tmo, e Pay
de toda e/la Provinda por ter criado, e
en/mado quat^i todos os /ogeitos delia nos
mttttos annos em que /oy Mejire dos Novi-
ços. Compoz.
Norte e/piritual da vida Chrijlãa pela
qual /e deve governar o que de:(eia acer-
tar com o caminho da per/eiçaõ fiado na Di-
vina Providencia, e conformando /e em tudo
com a divina vontade. Coimbra por lozé Fer-
reira. 1687. 8. & ibi por lozé Antunes da
Sylva Impreflbr da Univerfidade. 1724. 8.
E/pelho de penitentes. Trata de como hade
/a^er huma confiffaò bem feita o que trata de re-
/ormar a /na vida. Évora na Officina da Uni-
verfidade. 1687. 8.
E/cola da Doutrina Chriflãa em que /e
enfina o que he obrigado a /aber todo o
Chri/laõ. Évora namefma Officina. 1688. 4.
Guia de En/ermos, moribundos, e ago-
niv^antes. Lisboa por Manoel Lopes Fer-
reira. 1689. 8.
InfirucçaÕ e/piritual para antes, e depois da
Sagrada Comunhão. Lisboa por Miguel Ma-
nefcal. 1689. 8.
u4livio de Queixo/os da morte dos que
amáraõ em vida. Lisboa por Manoel Lo-
pes Ferreira. 1689. 8.
Antídoto da alma para mededna de e/-
crupulos, remédio de tentados, e per/ervativo
de enganos, e illu/oens que pode haver em
matérias e/pirituaes. Lisboa por Miguel
Manefcal. 1690. 8.
Sylva Moral, e hiflorica. Di/cur/os mo-
raes de diver/as matérias confirmados com /eis
Centúrias de exemplos e/colhidos, e bi/lorias
/eleãas. Lisboa por Miguel Manefcal.
1696. 4.
Satis/açaÕ de aggravos, ConfiffaÕ de vinga-
tivos. Évora na Officina da Univerfidade.
1700. 4.
Deixou promptos para a imprcííaõ.
Sylva Moral, e hiflorica &c. femelhantc
a que tinha publicado.
Meditaçoens dos Exercidos de Santo Igna-
cio.
Fr. lOAÕ FRADE natural da Vil-
la de Pinhel cm a Província da Bcyra
Monge Ciftercienfe em o Real Conven-
to de Alcobaça muito douto na liçaõ da
Efcritura, e Santos Padres, cfcreveo.
Vita S. Rode/ndi Epi/copi.
Sermones de Sanais ex variis authoribus.
i
L USITANA,
66 1
Homilia varia Sanãorum.
Confervaõ-fe M. S. in foi. eftas obras na
Livraria de Alcobaça.
lOAÕ FRAGOSO irmaõ do Doutor
6ra2 Fragozo Dezembargador da Caza
da SuppUcaçaõ de que tomou poíTe a
17 de laneiro de 1569. onde foy Ouvi-
dor, e Q)rregedor do Crime; e Tio pa-
terno de Fr. Pedro de Mello, ou Fra-
gozo religiofo Carmelita Calçado de quem
em feu lugar faremos memoria; naceo
em Lisboa, e naõ em Toledo como er-
radamente efcreveo Nicolao António Bib.
Hifp. Tom. I. pag. 526. col. 2. Foy
taõ iníigne Medico, como perito Cirur-
gião manipulando os medicamentos, que
aplicava aos enfermos de que fe feguiaõ
admiráveis effeitos. Sendo Cirurgião mòr
da Raynha D. Catherina mulher delRey
D. loaõ o III. acompanhou com eíle
lugar a Emperatriz D. Izabel quando
no anno de 1526. partio a defpozarfe
com Carlos V. Compoz.
Erotemas Chirurgicos em que fe enfena lo
màs principal dela Chirítrgia con Ju gloffa. Madrid
por Pedro Coíio. 1570. 4.
Difcurfos de las cofas aromáticas, arboles,
frutas, y medecinas fimples de la índia, que firuen
ai ujo de la Medecina. Madrid por Francifco
Sanches. 1572. 8. Sahio traduzida efta obra
na lingua Latina por Ifrael Spachio. Argen-
tinae apud Joannem Martinum. 1601. 8.
De Succedaneis medicamentis cum animadver-
fionihus in quamplura medicamenta compofita, quo-
rum efi ujtis in Hifpanis Officinis. Matriti apud
Petrum Coíium. 1575. 8. & ibi apud Gome-
íium. 1583. 8.
Chirurgia Univerjal. Madrid por N. Gomes.
1581. foi. e Alcalá por luan Garcian. 1601.
foi. acrecentada.
Fazem mençaõ defte author António de
Leaõ Bih. Orient. Tit. 14. e Zacuto in Praf.
Prognojl. Hypocrat.
Fr. lOAÕ DE S. FRANQSCO natural
do Porto, e religiofo profeíTo da Seráfica
Provinda de Santo António onde molirou
igual talenfo para a Theologia efpeculativa.
que diftou aos feus domefticos, como para
o governo fendo varias vezes Guardião de
diverfos Conventos. Falleceo em o Convento
de Santo António de Ponte de Lima a 30 de
Setembro de 1664. em cuja Livraria fe con-
ferva M, S. a feguinte obra prompta para a
impreffaõ.
Qííafiiones Morales. foi.
Fr. lOAÕ DE S. FRANQSCO na-
tural de Lisboa filho de Vicente de Fa-
ria, e Francifca Thomè. Na idade juve-
nil deixou o feculo pelo auílero inílitu-
to do Seráfico Patriarcha, que profeíTou
folemnemente no Convento de Setúbal da.
Provinda dos Algarves a 23 de Março
de 1629. Depois de diâar Filofofia em
q teve a gloria de fer feu difdpulo
aquelle infigne Meílre de efpirito o V. P.
Fr. António das Chagas, e jubilar na Sagra-
da Theologia exerdtou com grande credito-
da fua prudência as Guardianias dos Conven-
tos de S. Francifco de Beja, Monte mòr, e de
Santa Maria de Xabregas, e os lugares de
Comiííario da Corte, e Definidor da Provin-
da. Teve natural inclinação para a Poezia
metrificando com tanta facilidade, e elegân-
cia, q mereceo a plaufivel antonomazia de
Poeta. Naõ foy menos celebrado o feu nome
pelo exerddo da Oratória Ecdefiaílica em
que competia a delicadeza do difcurfo com
a valentia da reprezentaçaõ. Sendo cativo
no anno de 1663. e levado a Argel foy ref-
tituido à fua liberdade no efpaço de defa-
fete dias debaixo da palavra de hum Inglez.
Falleceo no Convento de Xabregas em o anno
de 1675. Compoz.
Sermão pregado na f efta do injigne Patriarcha
dos pobres S. Francifco em feu próprio dia, e
própria Cav^a de 'Xabregas anno 1646. Lisboa
por Domingos Lopes Rofa. 1646. 4.
Sermàõ do Santo lubileo da Porciuncula favor
efpecial concedido por Chrifo Senhor Nojfo ã Reli-
gião dos Menores pregado no feu dia 2 de Agoflo no
Convento de S. Francifco de Xabregas. Lisboa
na Officina Crasbeeckiana. 1649. 4.
Sermão nas Exéquias do KeverendiJJtmo
Padre Fr. loaÔ Pereira Comijfario Geral
Apojlolico da Ordem dos frades Menores no-
Ó62
BIBLIO THE C A
Reyno de Portugal no Convento de S. Fran-
■cijco de labregas no anno de 1659. a 15. de
Dev^emhro. Lisboa por Henrique Valente de
Oliveira. 1 660.
Sermão do Mandato pregado na Santa Sè de
Usboa. Lisboa por António Craesbeeck de
Mello. 1666. 4.
Sermão na fejia da Beatificação da glo-
rio/a Virgem Santa Ro:(a pregado no ter-
ceiro dia do feu Outavario Jolemne no Con-
vento Keal de S. Domingos de Usboa. Lis-
boa por loaõ da Coíla. 1669. 4.
Sermão no triumfo do altijfimo Mif-
ierio do Divino Sacramento , e def agravo do
Ímpio, e detejlavel furto, que Je fe:^^ na
Igreja Parochial do lugar de Odivellas pre-
_gado na Igreja Parochial de S. Nicolao
nefia Corte, e Keal Cidade de Usboa. Lis-
boa por Domingos Carneiro. 1671. 4.
Sermão do Sagrado Dejcendimento de Chrifio
Senhor Nojfo. Coimbra por lozé Ferreira Im-
preíTor da Univerfidade 1696. 4.
Fejlas Annuaes nas majores folemnidades
dos Sagrados Mjjlerios de nojfa Fé, de
Chrifio Senhor nofi'o, de fua Santijfima Mãy,
e dos Santos principaes, que a Igreja Jo-
kmniv^a. Primeira Parte. Lisboa por Do-
mingos Carneiro. 1671. foi.
Primavera Sagrada ordenada em flores ef-
pirituaes de doutrina Catholica repartida pe-
los Domingos de Quarejma em menhaãs, tar-
des, e Myfierios da Semana Santa até dia
■de Pafchoa. Lisboa pelo dito ImpreíTor.
1675. foi. No prologo prometia hum To-
mo de Sermoens das Ferias, e a 2. Parte
das Fefias Annuaes.
No 2. Tomo da Laurea Utfitana im-
prefla Madrid por André Garcia de la
Iglefia. 1679. 4. eílaõ traduzidos em Caf-
telhano por D. Eftevan de Aguilar y
Zuniga o Sermão da Purificação. Sermão
Âo Jubileo da Porciuncula. Sermão da i.
Dominga de Quarejma. Sinco Sermoens das
Tardes da Quarejma Jobre finco banquetes
■da Sagrada EJcritura. Dos quais o i.
■eftá nas Fefias Annuaes, e os 6 ultimes
na Primavera Sagrada; c o do lubileo da
Porciuncula fahio avulfo como eftá aíTima
efcrito.
Poema heróico, viãoriojo Jucejjo, e glo-
rioja vitoria do exercito de Portugal Jobre
a hofiilidade da Cidade de Évora no anno
1663. Lisboa por António Craesbeeck
de Mello. 1665. 4. Confta de 116 Ou-
tavas excellentes pelas quais lhe faz efte
métrico encómio o P. António dos Rcys
FnthuJ. Poet. n. 105.
Juja per agros
Agmina cantabat, Catu reticente canoro
U traque loannes vela tus têmpora Jerto
Quod propriis manibus contexuit Ebora dives.
Impojuitque comis.
Memoria, infiituiçaõ, e noticia ejpecial da
antiga, e regular adminifiraçaÕ da Provinda
dos Algarves, e breve Cathalogo dos Keli-
giojos notáveis em letras, e virtudes que nel-
la fioreceraõ, e coua^as memoráveis que mui-
to a illufiraõ. Efta obra foy compofta
o anno de 1647. por ordem do Pro-
vincial Fr. Diogo Cczar como efcreve o
Licenciado lorge Cardofo Agiol. Uifit.
Tom. 2. pag. 751. no Commentario de
28 de Abril letr. H. e Tom. 3. p. 333.
no Commentario de 20 de Mayo letr. A.
Fr. lOAÕ DE S. FRANCISCO na-
tural da Villa de Alhos Vedros do Pa-
triarchado de Lisboa filho de Francifco
Ferreira, e Catherina Pedroza. Profeflbu
no eflado de leygo o Seráfico inftitu-
to em o Seminário de Nofla Senhora
dos Anjos de Brancanes fundado pelo
Ven. P. Fr. António das Chagas.
Publicou.
Kegras para bem viver, e modo Jacil
de orar com breves meditaçoens Jobre os No-
vifiimos difiribuidas por cada hum dos dias
do mev^. IJsboa por Domingos Gonzal-
ves 1744. 24. Sahio feguoda vez acre-
centado com Meditaçoens da PayxaÕ, e
com as reff^as para Jav;er buma confiçaõ bem
Jeita, e comungar devotamente. Lisboa por
Pedro Ferreira 1745. 24.
L USITAN A.
663
Fr. lOAÕ FRANCO natural de Lis-
boa filho de António Francifco, e Ma-
ria Franca. ProfeíTou o fagrado inílitu-
to da Ordem dos Pregadores em o
Gjnvento da Villa de Azeitão a 15 de
lunho de 1704. onde pela liçaõ da Sa-
grada Theologia fubio ao lugar de Pre-
fentado nefta Faculdade, e de Qualifi-
cador do S. Officio. O mayor efpaço
da fua vida religiofa tem ocupado em o
miniílerio do púlpito fendo o total objedo
dos feus difcurfos inflamar os coraçoens,
e naõ adular os ouvidos, os quais por
beneficio da impreíTaõ publicou na forma
feguinte.
Sermoens vários Tom. i. que contem
trinta Jermoens, vinte de vários Santos, cin-
co de Tardes de Qiiarejma de MiffaÕ com
Pajfos no fim, e finco da Semana Santa.
Lisboa por Maurício Vicente de Almey-
da. 1734. 4.
Sermoens vários Tom. 2. que contem 30 fer-
moens vinte de vários Santos, e de^ das Domingas
do Advento, e Quarejma. Lisboa pelo dito
Impreílor 1734. 4.
Sermoens vários Tom. 3. que contem trinta
Jermoens, dei(oito de vários Santos, e do^e de Mif-
faõ de todas as Quartas, e Sextas Feyras de Qua-
rejma. Lisboa na Oííicina da Mufica. 1735. 4.
Sermoens Vários Tom. 4. que contem
trinta Sermoens, quint^e de todos os myfie-
rios, e varias Fefias de Chrifio, finco de vá-
rios Santos, e det^ das Domingas depois das
outavas da Trindade, ou do Penfecofie. Lis-
boa por Maurício Vicente de Almeyda
1736. 4.
Sermoens Vários Tom. 5. em que Je
contem 30 Jermoens, 15 de todos os myfie-
rios, e taõbem de varias Fefiividades de Ala-
ria Santijfima, finco de vários Santos, e 10
de AliJfaÕ nas Domingas injra Oitavas da
Trindade ou inJra Oãavas do Pentecofie. Lis-
boa pelo dito ImpreíTor 1756. 4.
Sermoens Vários Tom. 6. em que Je
contem 30 Sermoens. 20. ^ Kojario, dos
quais os primeiros de^ JaÕ Sermoens Pane-
gyricos do Kojario, e Roja de manhaã, e
de tarde; os Jegundos 10 JaÕ Sermoens de
MiJJaÕ do Kojario; e os terceiros 10 de
Santos Vários Ajjumptos, e Domingas. Lis-
boa pelo dito ImpreíTor 1736. 4.
Sermoens Vários Tom. 7. em que Je
contem 30 Sermoens. 20 de MiJfaÕ do Ko-
jario dos quais os primeiros 10 JaÕ Jobrt
o PJalmo 86 Fundamenta ejus in mon-
tibus fanétis, e os Jegundos 10 Jobre o
Cântico Magnificat; e os últimos 10 de
vários Santos, e varias Domingas. Lisboa
pelo dito ImpreíTor 1738. 4.
Sermoens Vários Tom. 8. que contem
30 Sermoens. 20 de MijJaÕ do Kojario Jo-
bre a matéria de que elle confia, que JaÕ
as oraçoens do Padre Nojfo, Ave Maria,,
a Antijona da Salve Kainha; e os últi-
mos 10 Jermoens de vários Santos, e de
varias Domingas. Lisboa pelos herdeiros
de António Pedrozo Galraõ. 1739. 4-
Sermoens Vários Tom. 9. em que Je^
contem 30. Sermoens. 15. JaÕ de todos os-
Patriarchas das Sagradas Keligioens mais co-
nhecidas em Portugal; e os outros 15 JaÕ
de MijJaÕ de varias Domingas do anno.
Lisboa pelos herdeiros de António Pe-
drozo Galraõ 1740. 4.
Sermoens Vários Tom. 10 que contem-
30 Sermoens. 20 de Vários Santos; e 10-
de varias Domingas. Lisboa pelos ditos
herdeiros 1741. 4.
Sermoens Vários Tomo 11. que con-
tem trinta Sermoens. 20 de todas as Se-
gundas, Terças, Quintas, e Sabbados de Qua-
rejma, e 10 de vários Santos, e varias Do-
mingas. Lisboa pelos ditos herdeiros.
1741. 4.
Sermoens Vários Tom. 12. contem 30.
Sermoens. 10. de todos os Paffos de Chrifio,.
e de tudo o mais que dit^ rejpeito da Jtur
PayxaÕ: 10 Sermoens de tardes da Qua-
rejma, e de outras Domingas de tarde; e
10 Sermoens de Vários Santos, e do San-
tijfimo Sacramento. Lisboa pelos ditos her-
deiros. 1741- 4.
Alodo de meditar o Kojario de NoJJa^
Senhora. Lisboa por Manoel Fernandes da
Cofta ImpreíTor do S. Ofíicio 1730. 12.
Mefire da vida que enjina a viver, e-
morrer Jantamente. Lisboa na Oíficina Au-
guílinianna. 1731. 8. ibi por Maurício-
<SÓ4
BIBLIO THE CA
Vicente de Almeyda. 1732. & ibi pelo
dito ImpreíTor 1755. 8. com varias de-
voçoens acrecentadas ; & ibi pelo dito
ImpreíTor 1736. Com a Novena do Cora-
rão JESUS; com hum exercido admirável
para pòr huma alma defcuidada no Caminho
do Ceo intitulado o Defcuidado comba-
tido; e com a forma de Ja^er Tejlamentos.
8. & ibi pelos herdeiros de António
Pedrozo Galraõ. 1741. & ibi pelos ditos
herdeiros. 1744. e em outras muitas par-
tes fendo tal o confumo defte livro,
<jue em outo ImpreíToens, que fe fize-
raõ delle no breve efpaço de nove an-
nos fe venderão defafeis mil exemplares
•exceptos aquelles, que fe imprimirão fem
faculdade do Author, que fazem grande
numero.
Modo perfeito de ouvir Mijfa, e também de
receber, e venerar ao Divinijftmo Sacramento. Lis-
boa pelos herdeiros de António Pedrozo Gal-
laõ. 1739. ^^ ^°"^ eílampas groflas. No mef-
mo anno fe fez outra impreíTaõ na dita Ofíi-
cina com eílampas finas, e de cada adiçaõ fe
draraõ dous mil exemplares.
Terceiro injiruido na virtude, que profeffa a
Venerável Ordem da Milicia de JESU Chriflo,
£ penitencia de S. Domingos. Lisboa pelos her-
deiros de António Pedrozo Galraõ. 1742. 8.
lOAÕ FRANCO BARRETO Naceo
•cm a Cidade de Lisboa em o anno de
1600. onde teve por Pays a Bernardo
Franco, e a Maria da Coíla Barreto de
igual nobreza à do feu Conforte. Apren-
deo as letras humanas em o CoUegio pá-
trio de Santo Antaõ em que teve por
Meílre ao iníigne Francifco de Macedo de
cujo magiílerio bebeo com tanti afluência
as aguas da Hipocrene, que fahio confu-
mado Poeta latino, e vulgar. Com igual
•comprehenfaõ penetrou as dificuldades da
Filofofia, e como a natureza o ornara de igual
capacidade para governar a penna, que ma-
nejar a efpada navegou na armada ex-
pedida no anno de 1624. para a ref-
tauraçaõ da Bahia, que tyranamcnte do-
minava õ os Olandezes em cuja expedição
obrou açoens diftadas pela aíHvidade de feu
briofo efpirito. Voltando para a pátria deixou
o exercido militar pelo litterario eíludando
Direito Pontifício em a Univerfidadc de
Coimbra, c havendo com enveja dos fcus
condifcipulos frequentado quatro annos efta
Faculdade lhe foy predfo deixar a Uni-
verfídade no anno de 1640. para acompa-
nhar aos filhos de Francifco de Mello Mon-
teiro mòr do Reyno dos quais era Meílrc
de letras humanas quando vieraõ beijar a
maõ a ElRey D. loaõ o IV. exaltado ao trono
de feus auguílos predeceílores. Pela fumma
prudência, e vaíla noticia de fuceíTos bcl-
licos, e políticos de q era dotado, c inftruido
o elegeo por feu Secretario Francifco de
Mello quando no anno de 1641. pardo com
o Carafter de Embaxador a ElRey Chriília-
niíTimo efperando da fua capacidade, e ma-
dureza, confelho, e direção em os negócios
mais árduos, cuja eleição fe vio pela experiên-
cia felifmente dezempenhada. ReíUtuido à
Corte como fe viíTe livre dos vínculos do
Matrimonio, que contrahira cm a ViUa de
Redondo do qual teve hum filho, que pro-
feíTou o iníUtuto de S. Paulo primeiro Er-
mitão, e huma filha, que morreo donzcUa
fe ordenou de Presbítero, e obtendo hum
Beneficio na Igreja Matriz de Noíía Senhora
da Encarnação da Villa de Redondo onde
aíTiílio alguns annos paíTou para a Villa do
Barreiro no anno de 1648. onde foy Vigá-
rio da vara. Nefte tempo em que pelo tu-
multo da guerra agitada entre eíle Reyno,
e o de Caílella fe experimentavaõ em toda
a parte diverfas inquietaçoens, lograva de
hum animo imperturbável dedicando todas
as horas ao eftudo, e compofiçaõ das fuás
obras com que tanto illuftrou o feu nome,
e perpetuou a fua fama, fendo o Cathalogo das
impreíías o feguinte.
Cypariffo. Tabula Mjthologica. Lisboa por
Pedro Crasbeeck. 1631. 4. He em 8. Rima.
Em aplauzo defta obra cantou D. Francifco
Manoel de Mello.
EJle Cypres levantado
Sobre vueflra erudicion
Antes acà admiracion
Que a la fama conf agrado;
Lo que en eljò tengo hallado
No cabe enfolo un papel;
Acâfe lo dire a el;
L USITAN A.
665
Arhol, já nò fera trifie
Defpues que cantafteis dei.
Kelaçaõ da Viagem que a França fi^erão
Francifco de Mello Monteiro mòr do Bjsyno, e
o Doutor António Coelho de Carvalho hindo
por Embaxadores Extraordinários delKey D.
loaõ o IV. de glorio/a memoria a EJRey de França
Ladz ^m cognominado o lufio anno 1641. Lis-
boa por Lourenço de Anueres. 1642. 4.
Nefta obra promete a pag. 56. outra, que
coníla dos Officiaes da Cat(a Keal de França.
Cathalogo dos Chrijlianijfimos ^eys de Fran-
ça, e das Kaynhas fuás Ff potras prov^apia, annos
da ftta vida, de feu Rejnado, e onde ejlaõ en-
terrados. Lisboa por Domingos Lopes Roza.
1642. 4.
Offerecido a D. Manoel da Cunha Bifpo
de Elvas, e Capellaõ mòr.
Eneida Portuguet^a i. Parte. Lisboa por
António Crasbeeck de MeUo. 1664. 12.
2. Parte, ibi pelo dito Impreflbr. 1670. 12.
He o poema de Virgílio vertido com
fumma felicidade em Outavas Portugue-
zas, cuja obra exalta com o feguinte Elogio
o Padre António dos Reys no Enthuf Poetic.
n. 45.
Pari Phabus digtatus honore
Barretum efi, verfa qui tota JFmeide, 'Lufo
Virgilium facit ore loqui (fi fermo Latinus
Difcrepat à Eufo, quod, qui nefcivit utrum-
que
Concejftffe potefl tantum)
Orthographia da lingua Portuguesa. Lisboa
por loaõ da Coíla. 1670. 4.
Fios Sanãorum. Hijloria das vidas, e obras
infignes dos Santos pelo Reverendo Padre Pedro
de Ribadaneira da Companhia de JESUS, e de
outros Authores tradu^da de Caflelhano em Por-
tugue:(_. Lisboa por António Crasbeeck de
Mello. 1674. foi.
Index de todos os Nomes próprios, que
ellaõ no Poema de Luiz de Camoens
impreíTo em Lisboa por António Cras-
beeck de MeUo. 1669, 4. Eíla ediçaõ pre-
parou, emendou, e diítribuio em três vo-
lumes Joaõ Franco Barreto acrecentandolhe
alem do Index, que fe pode chamar Diccio-
nario Hiflorico, Poético, e Geográfico, os Argu-
mentos de cada canto em Outava Rima.
Eleffa, e Soneto à morte de loaÕ Pere;^ de
Montalvão. Sahiraõ impreflbs nas Eagrim.
Panegyr. à mort. defhe grande Poeta a foi.
64. e 65. Madrid. 1639. 4.
Obras M. S.
Bibliotheca Portuguesa. Ella obra da
qual fazem mençaõ Nicol. Ant. Bib. Hifp.
Tom. I. p. 329. col. 2. e o Licenciado
lorge Cardo2o Affol. Eufit. Tom. 3.
pag. 74. no Comment. de 4. Mayo letr. I.
principiou na Villa de Redondo à inilan-
cia do iníigne Antiquário Manoel Seve-
rim de Faria. Confta de hum grande
numero de Authores Portuguezes, que
efcreveraõ em todas as Faculdades cujo
Original, que eílava com todas as licen-
ças prompto para a impreíTaõ fe conferva
na Livraria do ExcellentilTimo Duque de
Lafoens, que foy do EmminentiíTimo Car-
dial de Souza. Huma copia deíla obra,
que eílá na Bibliotheca do Excellentiílimo
Duque do Cadaval Eílribeiro mòr de S. Ma-
geílade me foy comunicada donde extrahi
muitas noticias, que feu Author colhera com
incanfavel difvelo.
Hijloria dos Cardeaes Portugueses, foi.
Deíla obra como da precedente fe lembra
o Padre António de Macedo no Prologo
da Eujitania Inful. e^ Purpur. dizendo Joan-
nes Franco Barreto vir plane eruditus mijfo ad
me in urbem M. S. de Cardinalibus Eufitanis
libello. EJus Bibliothecam Eufitanam prope-
diem typis mandandam videre non licuit.
Hijloria Ecdejiajlica da Cidade de Évora.
foi.
Olhos fuás virtudes, e feus vidos 4.
Odes de Horácio em Verfo Português- 4*
Todas ellas três obras fe confervaõ na
Bibliotheca do Excellentiflimo Duque de
Lafoens.
Relação da Viagem, que a armada de
Portugal fes à Bahia de todos os Santos,
e da rejlauraçaõ da Cidade de S. Salva-
dor ocupada das armas Olandes^s efcrita
666
BIB LIO THE CA
anno de 1642. 4. Narra circunílancias dignas
de eílimaçaõ por fcr teftemunha ocular de
quanto efcreveo.
Difcurfo apologético fobre a vifaõ do Indo,
e Ganges introdu^do com excellente Profopopeya
pelo injígne, e heróico Poeta Lmí^ de Camoens
em o Canto 4. dos J eus iMJiadas.
Batrachomyomachia de Howero ou guerra
de ratos, e rans naõ traduzida, mas imitada
em 112. Outavas Portuguezas oferecidas a
feu Amigo Cofme Ferreira de Brum no anno
de 1637.
Genealogia dos Deufes Gentilicos. Obra muito
erudita, e dilatada donde podem os Poetas
extrahir grandes noticias para copia, e ornato
das fuás compoziçoens.
Rimas Varias. 4. que formaõ hum volume
de jufta grandeza.
Fazem delle honorifica memoria alem
dos Authores allegados loan. Soar. de Brit.
Theatr. Ljijit. 'Liter. lit. I. n. 39. Morery
Dicion. Hijlorique Verb. Franco Barreto. D.
Emman. Caiet. de Souza Exped. Hifpan.
S. lacob. Part. 2. p. 1324. §. 365.
lOAÕ FREYRE Presbítero da Or-
dem militar de S. Tiago cujo habito rece-
beo no Convento real de Palmella cabeça
deíla Ordem em o Reyno de Portugal. Foy
Prior de huma Igreja íituada no Reyno do
Algarve. Efcreveo.
Do modo como fe devem fa^er as vistas nas
Igrejas da Ordem militar de S. Tiago 4. M. S.
Elia obra moftrou o Author ao infigne Bifpo
do Algarve D. leronimo Oforio que a jul-
gou digna da impreflaõ.
P. lOAÕ FREYRE natural de Lisboa
filho de Braz Fernandes, e Margarida Nunes,
e religiofo da Companhia de lefus cuja rou-
peta veílio em o Noviciado de G)imbra a
24 de Abril de 1596. quando contava qua-
torze annos de idade onde naõ fomente didou
letras humanas mas foy Lente da Sagrada Ef-
critura merecendo fer intitulado pelo gran-
de Fr. Francifco de S. Agoílinho Macedo
Dom. Sad. p. 16. divinarum, humanarumqm
iiterarum fcientijftmus, e por loaõ Soar.
de Brito Theatr. Ljtfit. Liter. lit. I. n. 40.
vir judicio, et eruditione pneclara. Como pa-
deceíTe graves, e continuados achaques, e
fe naõ abíliveíTe da aplicação ao eftudo fal-
leceo na florente idade de 54 annos a 25 de
lulho de 1620. Deixou imperfeita a feguinte
obra que fahio poílhuma com efte titulo.
Comentarius in feptem priora Capita libri
ludicum. UlyíTipone apud Georgium Ro-
drigues. 1640. 4. et Matriti. 1642. 4.
Vita P. Francifci Suares Granatenfis. Sahio
ao principio do Tomo de Angelis do mefmo
Suares. Lugduni apud Horatium Cardon.
1621. foi.
Epiff-amma in laudem Francifci de Sá, e
Miranda. Principia
Kujlica, qua fuerat folis vix cognita Sylvis.
&c.
Do qual o faz author o Padre Macedo
aífima allegado, cujo nome celebraõ D
Franc. Manoel Cart. dos AA. Portug. Franco
Imag. da Virtud. em o Nov. de Coimb. Tom. 2
p. 619. col. 2. Halevord. Bib. Coriof. p. 415
col. 2. lacob. Lelong. Bib. Sacr. p. mihi
732. col. 2. Bib. Societ. p. 450. col. 2
Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. p. 529
col. I.
Fr. lOAÕ FREYRE natural da Villa
nova de Gaya fronteira à Cidade do Porto
filho de António Ferreira de Lima, e de
fua mulher Maria Freyre. Profeflbu o iníU-
tuto de Erimita de S. Agoílinho no real
Convento da Graça de Lisboa a 21 de No-
vembro de 1634. Depois de fahir cgregia-
mente inílruido nas Faculdades feveras rc-
cebeo as infignias do Doutor Theologo
em a Univcrfidade de Coimbra a 30 de lu-
lho de 1654. a qual illuftrou com o magifterio
fendo Lente da Cadeira de Gabriel a 27
de laneiro de 1664. e de Efcoto a 17 de
Mayo de 1670. Teve grande intelligencia
das linguas Grega, Hebraica, e latina
compondo nefte agudiífimos epigramas.
Falleceo em Coimbra a 7 de Agoílo de 1670.
com 52 annos de idade e 37 de religião.
Compoz.
A Corte^aã da gloria, ou Vida da Bea-
ta Verónica religiofa do Conuento d» Santa
I
L USITAN A.
Aíarta de MilaÕ da Ordem de S. Agoftinho. Lis-
boa por António Craesbeeck. de Mello
1671. 4.
Hymni in laudem Sanãorum Ordinis Eri-
mttarum D. AuguJUni. M. S. Deíla obra
faz mençaõ Fr. Manoel de Figueiredo Fios
Sana. Augufi. Tom. 4. p. 140. n. 60.
Traãatus Theologici foi. M. S. Confer-
vaõfe na Livraria do G)llegio de Coimbra.
lOAÕ FREYRE CARROLAS natu-
ral da Villa de Torres novas do Patriarchado
de Lisboa Presbítero, e iníigne Poeta Latino
como declara a obra feguinte.
Epiff'ammata in laudem omnium Sanãorum
quorum natalem diem Sacrofanãa celebrai Ec-
clefia fecundum Kalendarium Komanum. Inf-
criptum Serenijfimo Principi Cardinali Alberto
Archiduci Auftria. UlyíTipone apud Anto-
nium Rodericium. 1586. 4.
Do author, e da obra faz mençaõ o Li-
cenciado lorge Cardofo Affol. Ijifit. Tom. 5.
p. 837. letr. A.
P. lOAÕ FROES natural da Gda-
de de Portalegre em a Provinda Tranf-
tagana, e filho de Diogo Froes, e Mar-
garida Velez. Abraçou o inftituto da Com-
panhia de lefus em o Noviciado de Evo-
ca a 7 de lulho de 1608. Impellido do ze-
lo da converfaõ da Gentilidade paíTou ao
lapaõ em o anno de 1624, e na Provinda
de Hancheu reduzio muitas almas ao grémio
da Igreja Romana. Falleceo piamente no
anno de 1638. Compoz.
Do modo com que fe deve ajudar aos mori-
bundos.
hadainhas da Paixão de Chrifto, e das fuás
Sacrojanãas Chagas. M. S.
Delle fe lembraõ Manoel de Faria, e
Souza Afia Portug. Tom. 3. Part. 2. cap. 12.
§. 13. et Cathalog. Patrum S. I. qui pofi. obi-
tum S. Xaverii ab anno 15 81. u/que ad annum
1681. in Império Sinarum lefu Chrifii fidem
propagarmt. §. 31.
P. lOAÕ FURTADO natural de Us-
boa onde teve por progenitores a Am-
ÓÓ7
brofio Gouvea de Mendoça, e Izabel Pereira.
Quando contava 16 annos de idade fe aUftou
na Companhia de lefus em o Novidado da
fua pátria em 20 de Novembro de 1644.
Aprendeo as letras humanas em o Collegio
de Coimbra em que foy admirável o feu
talento, e no de Évora diélou Filofofia, e
Theologia de cujas Faculdades inílruidos
muitos difdpulos paíTaraõ a fer Meílres.
Praéticou exaélamente as virtudes religiofas
fervindo de exemplar aos domeíiicos, e de
exemplo aos eílranhos. Depois de exer-
dtar em Roma o lugar de Revifor dos livros
da Companhia reílituido ao Reyno foy De-
cano de Theologia em o Collegio de Coim-
bra, e Perfeito do Recolhimento do mef-
mo Collegio onde recebidos os últimos
Sacramentos expirou pladdamente a 5 de
Fevereiro de 1700. com 72 annos de idade
e 56 e dous mezes de reUgiaõ. Deixou com-
pofto.
Theoloffa Moralis in Jeptem Tomos difiribuía.
foi. Dos quais fallando o P. António Franco
Imag. da Virtud. em o Nov. de Lisboa liv. 4.
cap. 38 aíTevera eftarem iodos perfeitos ate
na letra, e acabados como para a efiampa com
fuás introduçoens, refumos de parágrafos à mar-
gem, e feus Índices no fim de cada Tomo. Defta
obra, e feu author fe lembra taõbem o P.
Francifco da Fonceca Evor. Gloriof p. 455.
lOAÕ GABRIEL naceo em a Etiópia
de Pay Portuguez, e de Mãy taõ obfervante
dos dogmas da Igreja Romana que fendo
lançada pela confilTaõ delles às feras mais
indómitas fe abíliveraõ de lhe ofender a
menor parte do corpo. Pela aíTiftencia do
vafto Império em que teve o berço alcan-
çou individuaes noticias de tudo quanto
comprehendia aíTim no politico, como em
o natural. Ocupando o pofto de Capitão
mòr de diílinguio em diverfas ocazioens
dos mais famofos foldados prindpalmente
em a batalha em que venddo, e morto o
Emperador da Etiópia Zà Danguil a 13
de Outubro de 1604. Igual à valentia do
feu braço era a madureza do feu juizo fen-
do confultado em todos os negodos gra-
ves pelos Emperadores da Etiópia. DeUe
6ó8
BIB LIO THE CA
fazem honorifica mençaõ o Padre Fernand.
Guerreir. Re/ac. Annual da Etiop. do anno
de 1607. e 1608. liv. I. cap. 15. c na Relac.
do anno de 1606. e 1607. liv. 3. cap. 13. o Pa-
dre Balthez. Telles Uift. da Etiop. Alt. liv. 3.
cap. 20. e 21. Padre Alonfo de Andrad.
Var. lllufi. de la Comp. Tom. 5. na vid. do
Padre Manoel de Almeyda. e o Padre Nicolao
Godinho de Ahajftn. reh. lib. i. cap. 4. unus
ejl. de primartis Eufitanis qui in AbaJJia ver-
fantur, quique jam illic Eufitanorum legio-
nibus cum Jummo império prafecit, exper-
tus bcllo vir, fideque, authoritate, et confilio
domi, ac militia clarus, nec morum tantum,
vitaque exemplo fpeãabilis, ac religioje pius,
fed multarum etiam peritus linguarum &c.
Dignus tandem homo cujus hic laudes hoc
elogio commendemus, quod è transferendis à
Eufitano idiomate in Abajftnum libris fidei, mo-
rumque do£irinam continentibus ajftduam, valde-
que utilem Romana Ecclejia operam navet. Alem
deílas taõ utiliflimas traduçoens da lingua
Abexina em a Portugueza pelas quais me-
recia fer collocado entre os Efcritores Por-
tuguezes. Compoz.
Commentarios do Império da Etiópia. M. S.
Deíla obra, da qual como confeíTa o
mefmo Padre Godinho fe aproveitou pa-
ra a que efcreveo do mefmo aíTumpto,
faz mençaõ António de Leaõ Bib. Orient.
Tit. 12.
Cartas diverjas. M. S. Confervaõ-fe no
Archivo do Collegio de Coimbra dos Padres
lefuitas.
D. lOAÕ GALVAÕ natural da Q-
dade de Évora filho de Ruy Galvaõ Ef-
crivaõ da Fazenda, e Secretario delRey
D. AfFonfo V. e de fua mulher Branca
Gonçalves, e irmaõ de Duarte Galvaõ Chro-
niíla mòr do Reyno, Secretario delRey
D. loaõ o II. c Embaxador cm diver-
fas Cortes do qual fizemos mençaõ cm
feu lugar. Aplicado às letras defcubrio
o profundo talento de que liberal o
ornara a natureza merecendo fuccdcr a
feu Pay no Officio de Secretario, e Ef-
crivaõ da puridade delRcy D. AfFonfo V.
Movido de fuperior impulfo deixou o
palácio pelo clauftro de Santa Cruz de
Coimbra recebendo o Canónico habito de
Santo Agoftinho em o anno de 1448. on-
de pela madureza do feu juizo foy o vigcf-
fimo fegundo Prior defte Real Convento.
Entre as peíToas de mayor diíUnçaõ, que no
anno de 145 1. acompanharão a Emperatriz D.
Leonor para fe defpozar com o Empcrador
Federico III. foy nomeado pela Mageílade de
Aífonfo V. e na Cidade de Sena recebeo af-
fectuofas fignificaçoens de feu Bifpo Encas
Sylvio, que depois fublimado ao trono do
Vaticano fe chamou Pio II. Reílituido a
Portugal em remuneração das açoens, que
obrara nefta jornada o nomeou D. Affonfo
V. Bifpo de Coimbra no anno de 1461. de
cuja dignidade lhe expedio as letras o Papa
Pio II. c como eftiveíle lembrado do afeôo
com que o tratara em a Cidade de Sena o
creou feu Legado a latere nefte Reyno, e
pofto, que os Arcebifpos, e Bifpos Portu-
guezes fe oppuzeííem vigorofamente contra
efta legada a confervou defde o anno de 1462.
até o de 1464. em que o Pontífice paíTou a
melhor vida. Na expedição de Africa inten-
tada no anno de 1471. por D. AfFonfo V.
afliílio peflbalmente onde depofto o bago, e
empunhada a efpada deixou do feu nome
perdurável memoria fendo gloriofas confe-
quencias as Conquiílas de Arzila, e Tangeie.
Atendendo ElRey à fidelidade do feu animo,
e valentia do feu braço lhe concedeo a 25
de Setembro de 1472. para elle, e feus fu-
ceííores o Titulo de Conde de Arganil, que
hoje poíTuem os Bifpos de Coimbra eternizan-
do com efte honorifico monumento os fer-
viços de taõ grande VaíTalo. Vagando o
Arcebifpado Primas de Braga por morte
de loaõ de Mello lhe fucedeo no anno de
1480. de cuja dignidade lhe naõ paíTou Bul-
ia o Pontífice Xiílo IV. por fer ílniftia-
mente informado de que o Arcebifpo
eleyto exercitava as funçoens paíloracs an-
tes da confirmação da Sè Apoftolica,
por cuja caufa logrou fomente o titulo de
Arcebifpo. Cheyo de annos, e mereci-
mentos falleceo a 5 de Agoílo de 148 j.
ou a 27 de lulho, e 11 de Agoílo como
efcrevem alguns authores. DcUe fazem mcn-
l!
L U SI TANA.
çaõ o IlluílriíTinio Cunha H//?. Ecclef. de Brag.
Part. 2. cap. 62. D. Nicol, de S. Maria Chron.
dos Coneg. ^eg. liv. 9. cap. 27. Galvaõ Chron.
de Ajfonjo V. cap. 58. Leytaõ. Cathalog. Chro-
nol. e Crit. dos Bifpos de Coimh. §. 66. Fone.
Fjjor. Glorio f. pag. 223. Soledade H//?. Seraf.
Ât Prov. de Vortug. Part. 5. liv. i. cap. 32.
n. 208. Efcreveo.
Jornada da Emperatriíi D. JLeonor. Defta
obra fa2em memoria o Padre Fonceca Evor.
Glorio/, pag, 412. e o moderno addicionador
da Bib. Geograf. de António de Leaõ Tom. 3.
col. 1723.
P. lOAÕ GOMES natural da Villa de
Caftello de Vide em a Província do Alen-
tejo onde teve por Pays a loaõ Frade,
€ Guiomar Gomes. Recebeo a roupeta da
Companhia em o Collegio de Évora a 30
de Março de 1634. onde aprendeo as
fciencias amenas em que fahio eminente
principalmente em a Poezia latina com-
pondo entre outras obras defte género.
Poema Epicum de Pajfione Chrijli Do~
mini; dica f um lllujlrijftmo Domino Alphonjo
Fíirtado de Mendoça Archiprafuii Ulyjffi-
ponenfi. M. S. Conferva-fe na Livraria do
Excellentiflimo Duque de Lafoens, que
foy do Emminentiflimo Cardial de Souza.
Naõ foy dotado de menor talento
para as fciencias Efcholafticas, que diâou
com grande aplauzo na Univeríidade de
Évora onde recebeo as iníignias douto-
raes de Theologo, e nos Collegios de
Santo Antaõ, e S. Patrício em Lisboa.
Foy Reytor em Braga, e Q)imbra on-
de moílrou a prudência de que era or-
nado, como também a fua grande lit-
teratura pela qual era confultado pelas
principaes peíToas do Reyno. Falleceo no
Collegio de Coimbra a 2 de Novembro
de 1680. Delle faz mençaõ o Padre An-
tónio Franco Ann. Glorio/. S. J. in Lu-
Jit. pag. 636. e Annal. S. J. in Eu/it.
p. 367. §. 5.
lOAÕ GOMES natural da Villa de
Veyros em a Província do Alentejo do
Bifpado de Elvas, Thefoureiro mòr da
Capella Ducal de Villaviçofa, e iníigne
6Ó9
profeíTor da Arte Muíica de que teve por
Meílre ao grande António Ferro natural de
Portalegre. Falleceo em Villaviçofa no anno
de 1653. Compoz.
Diver/as obras ^lu/icas.
Exiílem M. S. na Bib. B^al da Mu/ica.
lOAÕ GOMES DE ABREU muito
verfado na Arte da Poezia em que a
fua Mufa fez varias compofiçoens logran-
do o beneficio da luz publica a que eflá
a foi. 190. do Cancioneiro de Garcia de Rí-
/ende Lisboa por Hermaõ de Campos. 15 16.
foi.
lOAÕ GOMES FERREYRA natural
de Lisboa de profiíTaõ Theologo, e por
inclinação pio, e devoto. Efcreveo.
Fa/ciculus trium florum, (Ò" de triplici nomine
JESU, Maria, <& Jo/ephi. UlyíTipone apud
Petrum Craesbeeck. 1625. 8.
lOAÕ GOMES DE GÓES natural
da Cidade de Évora, e filho de loaõ
Gomes Paes, e Ignez Martins de Góes.
Eíhidou na Univerfidade da fua Pátria
onde recebeo o gráo de Meílre em Ar-
tes, e de Bacharel em Theologia, e paf-
fando a Coimbra fe formou na Faculda-
de dos Sagrados Cânones. Foy dotado
de fingular talento para a Poezia. Fal-
leceo na pátria a 23 de Novembro de
1721. quando contava 54 annos de ida-
de, e jaz fepultado na Capella dos Ter-
ceiros de S. Francifco . Compoz.
Vida de S. JoaÕ de Deos em verfo
que publicou no dia de Feíla da fua
Canonização.
Entrada da Serenijfima Kaynha da Graã
Bretanha a Senhora D. Catherina em a Cidade
de Évora em que /e de/creve poeticamente a me/ma
Cidade. M. S.
Pecúlio de Direito Civil, e Canónico, foi. 6.
Tom. M. S.
lOAÕ GOMES DA ILHA Teve taõ
nobre o nacimento como infigne o ta-
lento para a Poezia, que oiltivou felif-
mente defde a primeira idade deixando
para memoria de taõ nobre cultura ai-
guns verfos impreflbs no Cancioneiro de Gar-
cia de Kejende a foi. 68. w^ e feguintes.
lOAÕ GOMES DE MOURA Ar-
chiteólo famofo das obras reaes em a
Corte de Madrid reynando a mageílade
de Filippe IV. do qual fe lembraõ Ni-
col. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. p. 537.
col. I. e Fr. Fernando Camargo Chrono-
log. Sacr. foi. 340. v^. Efcreveo
Kelacion dei juramento que hi^teron los Reynos
de Cajlilla, y Leon ai Príncipe D. Balthet(ar Car-
los. Madrid por Francifco Martines. 1632. 4.
Aão de la Fè celebrado em Madrid
anno 1632. Madrid pelo dito Impreflbr.
1632. 4.
lOAÕ GOMES DO PEGO natural
de Lisboa, e Poeta excellente aíTi na lingua
materna como em a Caílelhana. Navegando
para índia Oriental em o anno de 1660. fal-
leceo na Viagem. Compoz.
Ulyffea Poema Heróico. Eíla obra comu-
nicou a loaõ Franco Barreto como elle ef-
creve na fua Bib. Portug. M. S.
Soneto ao Ciprejle em que Je transformou
Cypariffo o qual fahio na obra que a efte af-
fumpto compoz, e imprimio o referido loaõ
Franco Barreto. Começa.
E.fte que Verde, e trijle fer podia.
Na relação dos aplaut^os da Canonifaçaõ de
S. IJidro foi. 104. eftá hum Romance feu que
começa.
Yà los montes de The/alia.
Retrato de Amarilis cn 8. Rima. Começa.
Si para retratar a los pen files. &c.
lOAÕ GOMES DE SERPA natural
da celebre Villa de Santarém. Eftudou lurif-
prudencia Cefarea em a Univerfidade de Coim-
bra onde recebido o grão de Bacharel foy
Auditor Geral da Armada real deita Coroa,
e Dezembargador em a Relação do Porto.
Teve engenho agudo, converfaçaõ deleita-
vel, e veya prompta para todo o género
de metrificação. Foy Secretario do Em-
baxador lozé Pinto Pereira que ElRey
D. loaõ o IV. mandou à Rainha de Sué-
cia Chriílina Alexandra a cuja Corte chc-
BIB LIO THE CA
gou a 30 de lulho de 1650. e queren-
do dar hum claro argumento do feu pe-
netrante engenho publicou em obzequio
daquella Princeza a feguinte obra.
Chrijiina Coronata Regina inviãa feliciy
Serenijftma pro ejus felicijfimo, ^ augujlijftmo
Coronationis aãu anagrammata quatuor. Stock-
-holmi. 2 die menfis Novembris 1650. foi.
Coníla de verfos latinos, Portuguezes, Caftc-
Ihanos; e Italianos em cujas linguas era o Au-
thor muito perito. Deíla obra confervo hum
exemplar.
Dous Sonetos Cajlelhanos á morte da Senhora
D. Maria de Ataide. Sahiraõ nas Memor.
Funeb. dedicadas a efta Senhora. Lisboa na
Officina Craesbeeckiana. 1650. 4. a pag. 26.
Hijloria Fabulofa. Efta obra M. S. a co-
municou a loaõ Franco Barreto, como afirma
na Bib. Portug. M. S.
Falleceo em Lisboa a 25 de laneiro. de
1665.
lOAÕ GOMES DA SYLVA. Alcayde
mòr, e Comendador da Villa de Cea
em a Ordem de Aviz filho fegundo de
Braz Tellez de Menezes Alcayde mòr de
Moura, Camareiro mòr, e Guarda mòr
do Infante D. Luiz; e de D. Catherina
de Brito filha de Ruy Mendes de Brito,
e D. Margarida Figueira fua fegunda mu-
lher. Foy ornado de animo valerofo, pru-
dente juizo, e inftruido nas artes dignas
de feu illuftre nacimento. No anno de
1567. paflbu à índia com o pofto de Ca-
pitão mòr de huma Armada compofla de
quatro nàos, onde deixou memorias de
feu natural valor. Reftituido a Portugal
o mandou ElRey D. Sebaftiaõ em o anno
de 1571. por feu Embaxador a Carlos IX.
de França com a incumbência de graves
negócios em que eraõ intereíTadas ambas
as Monarchias, a qual dezempenhou com
tanto credito do feu talento que o mcf-
mo Monarcha o elegeo Embaxador à
Santidade de Gregório XIII. e entre ou-
tras negociaçoens que felifmente concluio
na Cúria foy alcançar no anno de 1577-
de Cofme primeiro Graõ Duque de Tof-
cana que nella aíTiftia, faculdade para le-
vantar nos fcus dominios quatro mil In-
Éi
L USITAN A.
Ó71
fantes para a infaufta expedição de Africa.
Chegando à fua noticia a fatal derrota fu-
cedida em Alcácer a 4 de Agofto de 1578-
em que juntamente com o feu Príncipe ago-
nizou a Monarchia Portugueza, mandou
fazer em Roma Exéquias correfpondentes
à grandeza do Monarcha, que fe lamen-
tava defunto. Voltando ao Reyno o no-
meou em premio dos feus ferviços o Gir-
■dial D. Henrique Vedor da fua Fazenda,
€ Confelheiro de Eílado em cujos lugares
o confervaraõ Filippe 11. e III. que fempre
-venerarão a prudência do feu juizo, e capa-
cidade do feu talento de cujos dotes fazem
particular mençaò Faria Afia Portug. Tom.
3. p. 543. Coneílag. Union, di Portug. a Caftil.
liv. I. foi. 14. Salazar Hift. Gen. de la Ca^.
de Sylva. liv. 9. cap. 15. laz fepultado em hum
maufoleo de excellentes mármores ao lado
do Evangelho do Altar da Sancriília do
Convento do Carmo de Lisboa jazigo da
Excellentinima Caza dos Marquezes de Ale-
grete. Compoz.
Oração ohediencial ao Sumnio Pontífice
Gregório XIII. em nome delKey D. Sebafiiaõ.
Delia como de feu Author faz memoria
Fr. Lud. lacob. à S. Carol. Bib. Pontif.
lib. 2. p. 365.
lOAÕ GOMES DA SYLVA quarto
Conde de Tarouca Senhor de Penalva, Gul-
far, Lalim, e Lazarim, Alcayde mòr, e Com-
mendador de Albufeira na Ordem de S.
. Bento de Aviz, e de Villa Cova em a Or-
dem de Chrifto naceo em Lisboa a 21 de
lunho de 1671. fendo regenerado em o
Bautifmo na Parochia de Santa lufta por
D. Fr. António TeUez Bifpo do Funchal.
Teve por progenitores a Manoel Tellez
da Sylva primeiro Marquez de Alegrete, fe-
gundo Conde de Villarmayor, Vedor da Fa-
zenda, Confelheiro de Eftado, e Gentilho-
- mem da Camará dos Sereniflimos Reys D.
Pedro II. e D. loaõ o V. e a D. Luiza Cou-
tinho filha de Nuno Mafcarenhas Senhor
de Palma, e de D. Brites de Menezes de Caf-
- tellobranco filha de D. Francifco de Caftel-
lobranco fegundo Conde do Sabugal, e
Meirinho mòr do Reyno. A perspicácia
do juizo, e a felicidade da memoria de
que beneficamente o ornou a natureza fo-
raõ certos vaticínios dos prodigiofos pro-
greíTos com q o feu incomparável engenho
havia fer aplaudido nas Academias, nas Cam-
panhas, e nos Gabinetes. Ninguém como
elle voou com mais arrebatado impulfo à
eminência do Parnazo para fe coroar Príncipe
da Poefia heróica fervindolhe de azas os feus
celebrados Sonetos emulos da mageílade de
Camoens, da fuavidade de Petrarcha, da
idea de Marino, e da difcriçaõ de Soliz. No
eíUlo epiiiolar imitou, e ainda excedeo a
Cicero efcre vendo a Atiço, e a Séneca a
Lucillo retratando em cada huma delias
a imagem do feu efpirito. Teve profun-
da inftruçaò da Hiíloria antigua, e moder-
na, das linguas Franceza Italiana, e Cafte-
Ihana, e das Difciplinas Mathematicas. Do
ócio das Mufas paíTou para o tumulto das
Campanhas exercitando em as dos annos
de 1705. 1706. e 1707. os poftos de Sargento
mòr de batalha. General da Artilharia, e
Meílre de Campo General com tanta dif-
ciplina, e aftividade que os Generaes lhe
cometerão as emprezas de mayor perigo,
e por confequencia de mayor gloria, me-
recendo pelas fuás açoens militares todas
aquellas coroas com que a antigua Ronu
premiava aos mais valerozos Soldados. Co-
mo a grandeza do feu efpirito fe naõ po-
dia coarékr aos limites da Pátria, foy pre-
cifo que fe dilataíTe por outros emisferios
fendo o primeiro Inglaterra para onde par-
tio a 12 de Setembro de 1709. quando dei-
xava a feu ExceUentiflTimo Pay deplorado
dos Médicos facrificando em obzequio do
feu Soberano os faudozos afeftos que naquella
ocafiaõ lhe impediaõ efta jornada. Che-
gando a Londres naõ fomente com a fua
prudente induíbria, e natural urbanidade con-
ciliou os ânimos dos Miniílros, que eílavaõ
pouco parciaes dos intereífes da noíla Co-
roa, mas mereceo que a Rainha da Graã
Bretanha afirmaíle que por elle fer o inílru-
mento das negociaçoens de Portugal as
atenderia com animo benévolo. Deíla Cor-
te paíTou à da Haya a 24 de lunho de 1710.
e aífiltindo em Utrech por Plenipotenciá-
rio da Paz Geral com defprezo da faude pró-
pria correo no tempo que durou efte con-
672
greflb, quarenta, e duas vezes a poíla de
Utrech a Olanda até felifmente concluir
a paz entre a nofla Coroa, e a de Caftella,
e depois com a de França em q para fe co-
nhecer a qualidade do feu miniílerio baila
faberfe, que Portugal naõ cedeo nada do feu
direito quando França fez varias ceíToens
em beneficio da Coroa Portugueza, cujo
Tratado foy muito decorofo a efta Monar-
chÍ9. Ao tempo, que chegou a Cambray
com o carafter de Plenipotenciário achando
todos os Palácios ocupados pelos Minif-
tros das outras Coroas rompeo o feu generofo
animo em a nobre idea de edificar hum fump-
tuozo palácio de Madeira para cómoda ha-
bitação da fua peíToa, e familia onde fe viraõ
praticados todos os primores da Archi-
te£hira. Admirada a grandeza do feu ef-
pirito na conílruçaõ deíle Palácio chegou
a mayor exceíTo a ferenidade do feu ani-
mo quando a violência do fogo reduzio em
breves horas a cinzas outro mais fumptuozo
em que morava, e para evidente demonf-
traçaõ da tranquillidade do feu coração à
vifta de taõ horrorozo efpedtaculo compoz
extemporaneamente o feguinte Soneto, que
podia como a lira de Orfeo fufpender a indó-
mita fúria daquelle elemèto.
Vora:i incenato, horrível injlrumento
De eftrago, naÕ me afliges; determino
Tolerando a inclemência do defiino
Difputar-lhe o poder com o fofrimento.
Cruel, ou brando, arrebatado, ou lento
Erras por indulgente, ou por malino:
Se obras como cafligo, es muy benino;
Se offendes como acafo es muy violento.
Nada me altera o golpe exorbitante
Que em mim Jer venturojo, ou defgraçado
'Produv^o fempre effeito femelhante.
Mais me temo a mim me/mo que ao Fado;
Keceyo tanto o excejjo de confiante,
Que degenere o firme em obfiinado.
Por duas vezes hofpcdou em Olanda
ao SercniíTimo Senhor Infante D. Manuel
com a magnificência digna de tal Prínci-
pe confeguindo dos Eílados lhe deíTem o
tratamento do Príncipe de Gales ainda que
o Senhor Infante cftava incógnito. Tal
BIBLIO THE CA
foy o conceito, que efta induftriofa Repu-
blica formou do feu talento, que o conf-
tituhio Mediador no Tratado da Barreira,
com o Emperador para cuja Corte pardo
a 16 de Janeiro de 1726. onde recebco das
Mageftades Cefareas diftintas eftimaçoens fen-l
do a mayor quando fe defpedio do Em-
perador mandarlhe atar no peito o feu Re-j
trato, e meter-lhe no dedo hum anel, que
tirou da fua maõ ennobrecendo com hum
donativo o centro da fedilidadc, c com
outro o inftrumento da profwçaõ. De to-
dos os Monarchas, c Príncipes Soberanos
mereceo femelhantes honras de que era acre-
dora a fua politica capacidade. Luiz o Gran-
de contribuio muito para a gloria do feu
nome com a carta, que efcreveo à Raynha
Anna. O Duque de Orleans foy Panegi-
rifta das fuás virtudes como teftemunhou
o Excellentinimo Conde da Ribeira. ElRey
de Polónia, o Eleytor Palatino, e o Graõ
Duque de Tofcana authorizaraõ a fua me-
moria com repetidas cartas, que lhe efcre-
veraõ. A Santidade de Gemente XI. lhe
canonizou por hum Breve a ardente pie-
dade, com que protegera em Olanda aos
Catholicos. Para premio de tantos fervi-
ços, que pelo efpaço de vinte, c nove an-
nos auzente da pátria fizera a efta Coroa
o nomeou a Mageftade de D. loaõ o ^'.
NoíTo Senhor Embaxador extraordinarío n.i
Corte de Efpanha, e Mordomo mòr da Ray-
nha NoíTa Senhora cujos lugares honorí-
ficos naõ exercitou impedido pela morte,
que intempeftivamentc o arrebatou na
Corte de Viena a 29 de Novembro de 1738.
em hum Sabbado, que fendo dedicado à
Virgem SantiíTima de quem era cordial de-
voto, foy feliz aufpicio da fua predeftinaçaõ»
quando contava feflenta, e féis annos finco
mezes, e outo dias de idade. Recitou o feu
Elogio Fúnebre na Academia Real, de que
foy Académico, e Diredor, o Excellcn-
tiíTimo Conde da Ericeira D. Francifco Xa-
vier de Menezes; e à fua gloríofa memo-
ria levantou dous cloquentiffimos Padrocns
gravados em dous Elogios o Excellcn-
ti/Timo Marquez de Valença D. Fran-
cifco de Portugal feu Cunhado onde
letà a poftcrídadc eternizadas em elegantes
L USITANA
caraâeres as açoens moraes, politicas, e
militares defte iníigne Varaõ. Foy ca2a-
do com D. Joanna Roza de Menezes 4.
Condefla de Tarouca filha herdeira de D.
Eftevaõ de Menezes Senhor da Caza de
Tarouca, e Deputado da Junta dos Três
Eílados, e de D. Helena de Borbon filha
de D. Thomaz de Noronha terceiro Conde
dos Arcos, e D. Magdalena de Borbon
de quem teve D. Eílevaõ de Menezes V.
Conde de Tarouca Deputado da Junta dos
Três Eílados, que cazou com D. Margarida
de Lorena filha de feu Primo com irmaõ,
e Tio Manoel TeUes da Sylva III. Marquez
de Alegrete: Manoel Telles da Sylva, que
paliando a Alemanha em companhia de feu
Pay foy nomeado pelo Emperador feu Con-
felheiro de Eílado, e cazou em Vienna de
Auílria no anno de 1740. com a Princeza
Maria Barbara AmeUa de Holftein: Fer-
não Telles da Sylva Monteiro mór do Rey-
no por cazar com D. Maria lozefa de Mel-
lo herdeira deíla Caza: lozeph Gomes da
Sylva Capitão de Infantaria: D. Luiza lo-
zefa de Menezes, que cazou com D. An-
tónio de Noronha fegundo Marquez de
Angeja: D. Helena de Menezes, que mor-
reo em tenra idade: D. Maria lozefa de Me-
nezes, que fe defpozou com feu fobrinho,
e Primo Fernaõ Telles da Sylva V. Conde
de Villarmayor, e IV. Marquez de Ale-
grete. D. Margarida de Menezes, que fal-
leceo em idade pueril: D. Mariana de Me-
nezes, e D. Thereza de Menezes religio-
fas profeíTas do inftituto de Santa The-
reza em o Convento de Carnide; e D. Iza-
bel de Menezes, que morreo fem eílado.
Compoz.
Soneto em aplati-:^o de Manoel de Soui^a
Moreira author do Theafr. Geneal. da Ca^.
de Sont^a. Sahio ao principio deíle livro.
Pariz por loaõ Anillon. 1694.
Carta ejcrita em Haja aos ExcellentiJJi-
mos Cenjores da Academia Real em lò de
Fevereiro de 1723. em que os congratula
de fer admitido a eíla Sociedade. Sahio
no Tom. 3. da Collec. dos Docum. da Acad.
Real Lisboa por Pafchoal da Svlva. 1723.
foi.
Carta ejcrita de Vienna de Aufiria a
45
673
15 de Outubro de 1720. com hum Soneto em
aplaudo do Duque Eftribeiro mór D. Jaime
de Mello ter ejcrito as ultimas Açoens do Duque
do Cadaval feu Pay. Sahio no principio deíle
livro Lisboa na Officina da Mufica. 1730.
foi.
Obras Poéticas, que comprehendem mais
de 200. Sonetos a vários aíTumptos Acadé-
micos com outras Poezias Lyricas ferias,
e jocofas. 4. M. S.
Negociaçoens das Juas Embaxadas. foi. 4.
Tom. M. S. 'i
lOAÕ GOMES VALENTE Efcrivaõ
da Cozinha do Senhor D. Duarte Duque de
Guimaraens filho dos SereniíTimos Monar-
chas D. Manoel, e D. Maria. Foy muito
eíhidiofo da Genealogia efcrevendo.
Nobiliário das Famílias de Portugal, foi.
M. S.
Deíla obra, como do feu Author fe lem-
braõ loaõ Franco Barreto Bib. Portug. M. S.
e o Padre D. António Caetano de Souza
Apparat. à Hijl. Gen. da Ca^. Real Portug.
pag. 46. §. 20.
lOAÕ GONSALVES natural da G-
dade de Elvas em a Provinda Tranílagana,
e Mufico em a Cathedral de Sevilha cuja
arte exercitou praélica, e efpeculativamente
compondo diverfas obras que fe confervaõ
na Bibliotheca Real da Mufica, como coníla
do feu Index impreíTo em lisboa por Pedro
Craesbeeck. 1649. 4.
lOAÕ GONSALVES DA CAMARÁ
primeiro Conde da Calheta filho de loaõ Gon-
falves da Camará Capitão da Ilha da Madeira,
e de D. Leonor de Vilhena filha de D. loaõ
de Aíenezes Conde de Tarouca. Foy cazado
com D. Izabel de Mendoça Dama da Raynha
D. Catherina filha de Ruy Diaz de Mendoça
Senhor de Moron em Caílella de quem teve
fuceííaõ. Foy naturalmente inclinado à Poe-
zia compondo com igual difcriçaõ, que afluên-
cia na Ungua materna.
Ver/os /agrados, e profanos; qute (como
efcreve loan. Soar. de Brito Theatr. LjíJIí.
Utter. lit. I. n. 42.) magnum viri ingenium, (Ò"
elegantiam facile produnt.
074
BIBLIO THECA
lOAÕ GONSALVES DA LAGARTA
natural da Villa de Vianna, em a Província
do Minho, e inclinado ao eftudo da Poefia
Cómica em que
Compoz.
Cuento, que pafjô a un foldado con un gato
que fe le llevava la comida. Lisboa por Antó-
nio Alvres. 1608. 4.
Fr. lOAÕ DE S. GUALTER feU-
giofo menor da Seráfica Província de Por-
tugal, Pregador, e Q)miflario Vifitador
da Ven. Ordem Terceira da Penitencia
no Convento de S. Francifco da Villa
de Thomar. Efcreveo.
KelaçaÕ da Vida da Irmaa D. Lui^a
de Manfellos Terceira de S. Francifco. Do
Author, e da obra faz mençaõ Fr. Fernan-
do da Soledade Hijl. Seraf. da Proi: de
Portug. Part. 3. addicionada. §. 817. e fe-
guinte
lOAÕ DA GUARDA Presbítero, e Ra-
cioneiro da Cathedral do Porto muito verfado
na Hiíloria Ecclefiaílica, e fecular. Difpoz
em bom methodo.
Cenjual do Cabbido do Porto. M. S. Defta
obra, e de feu author faz mençaõ o Illuf-
triíTimo D. Rodrigo da Cunha no Prolog,
do Cathal. dos Bijpos do Porto dizendo que
era homem para aquelles tempos de boa liçaõ,
e grande difpojiçaõ. e na Part. 2. cap. 3. 4. c 5.
do referido Cathalogo, e loan. Soar. de Brito
Theatr. Lãifit. l^iter. lit. L 43.
lOAÕ GUEDES natural da Villa de
Amarante profeíTor de Theologia efpecula-
tiva, e Capellaõ do IlluílriíTimo Arcebifpo
Primas o V. Fr. Bartholameu dos Marty-
res ao qual acompanhou no anno de 1561.
na jornada que fez à Cidade de Trento para
affiftir ao Concilio Ecuménico que nella fe
celebrou. Foy Abbade da Igreja de S. Eu-
lália da Palmeira onde falleceo com faudade
das fuás ovelhas havendo renunciado gra-
tuitamente em feu fobrinho loaõ Guedes efta
Abbadia. Efcreveo com fumma curiofidade,
e individuação.
Diário da Jornada do lllujlrijftmo Senhor
Arcebifpo D. Fr. Bartholameu dos Martyres
ao Concilio de Trento. M. S.
Fr. lOAÕ DE GUIZENRODEN na-
tural de Lisboa filho de Paulo Guizenrodcn,
c D. Catherina Henriques. ProfeíTou o fa-
grado inftituto da Ordem dos Pregadores
onde fahio taõ eminente no eftudo das fcien-
cias feveras como na liçaõ da Hiftoria fa-
giada, e da fecular defte Reyno como mani-
feftou na obra feguinte que M. S. defapareceo
com a fua morte.
Commentario fobre o quarto livro de Esdras
aplicado às acçoens delKey D. SebafliaÕ com
notáveis noticias pertencentes à Coroa de Por-
tugal foi.
P. lOAÕ HONORATO. Naceo em
a Cidade da Bahia a 12 de Agofto de 1690.
onde teve por Pays a loaõ Honorato Meftre
de Campo do Terço novo da Cidade da
Bahia, e a D. Francifca Soares de Araújo.
Na tenra idade de 14 annos deixou o mun-
do para abraçar o Sagrado Inftituto da Com-
panhia de lefus cuja roupeta veftio no Col-
legio da fua pátria a 14 de Agofto de 1704.
e fez a profiíTaõ do quarto voto a 2 de Fe-
vereiro de 1724. Aprendidas as letras hu-
manas, e fagradas leyo Humanidades nos
CoUegios do Rio de laneiro, Bahia, c Sc- ;
minario de Belém, Filofofia, Theologia
efpeculativa, e Moral no Collegio da Ba-
hia onde pela fua modeftia religiofa, c
profunda fciencia foy eleito Perfeito dos
Eftudos, e Examinador Synodal. Dos ,
Sermoens que com geral aplauzo tem rc- I
citado na fua pátria fe fizeraõ públicos os *
feguintes. ^
Sermão da Immaculada Conceição da Mãy
de Deos no dia do Apofiolo S. Mathias. Lisboa
por António de Souza da Sylva. 1735. 4.
OraçaÕ fúnebre nas exéquias do Illuftrijftmo, e
Reverendijffimo D. Lui^ Alvares de Figueiredo
Arcebifpo Metropolitano da Bahia celebradas
na Cathedral da mefma Cidade ao primeiro de
Outubro de 1735. Lisboa por António Ifidoro
da Fonccca. 1737. 4.
fl
LUSITANA.
Ó75
lOAÕ lACINTO HENRIQUES filho
do Tenente António Marquez, e D. An-
gela Io2efa naceo na Villa de Setúbal, e na
Parochial Igreja da Annunciada recebeo a
graça bautifmal a 5 de Agoílo de 1704. Apren-
deo na pátria os primeiros rudimentos e
na Univerfidade de Évora fe formou Bacha-
rel em Filofofia, e em a de Coimbra recebeo
o mefmo gráo em a Faculdade dos Sagra-
dos Cânones em o anno de 1729. He Advo-
gado de Cauzas Forenfes na fua pátria, e
muito inclinado à Poezia vulgar em que
tem compoílo.
Poema à morte da Senhora Infanta D. Fran-
cijca. Coníla de 8. Cantos.
Difcurfo fobre a me/ma morte para alivio
da faudade do Senhor Infante D. Manoel.
Três Comedias intituladas.
i><7 Omnipotência en las grutas, y la Deidad
de las Brotas.
Los empenos de una Liga.
El Mef quino liberal.
Todas eílas obras M. S. conferva feu
Author.
Fr. lOAÕ DE S. lERONIMO reUgiofo
Menor da Seráfica Provinda dos Algarves,
e neUa Pregador de grande nome publicando
diverfos fermoens como efcreve loan. Soar.
de Brito Theatr. Lufit. lAter. lit. I. n. 44. dos
quais chegou unicamente à minha noticia o
feguinte.
Sermão do divinijfimo Sacramento do Altar
com commenwraçaõ do Evangelijla pregado no
Convento das religiofas de lefus da Villa de Setuval.
Lisboa por António Alvres 1632. 4. Tinha
prompto para a impreflaõ hum Tomo de fer-
moens intitulado Rofal Celefiial.
Fr. lOAÕ DE S. IGNAaO. Naceo
em a Qdade de Tavira do Reyno do Algarve,
e na Matris de S. Tiago recebeo a primeira
graça a 31 de Dezembro de 1675. Foraõ
feus Pays Francifco Gomez Englez, e loan-
na de Brito. Deixando o feculo abraçou
o inftituto de Erimita Auguíliniano Defcal-
fo, no Convento de N. Senhora da Con-
ceição do Monte OUvete íituado fora dos
muros de Lisboa a 8 de Outubro de 1695.
e profeíTou folemnemente a 9 do dito mez
do aimo feguinte. Havendo louvavelmen-
te exercitado por duas vezes a ocupação
de Provedor do Hofpicio de N. Senhora
dos pobres da Villa de Loulé, e de Pro-
curador do Convento de N. Senhora das
Mercês da Cidade de Évora paíTou com a
mefma incumbência em nome das Religio-
fas Agoftinhas Defcalfas da Cidade de Lis-
boa a S. Lucar de Barrameda em o Con-
dado de Niebla de que he Senhor o Duque
de Medina, e Sidónia onde conciliou os
aplauzos das peflbas mais principaes naõ
fomente pela fua erudita converfaçaõ, como
pelas oraçoens evangélicas que recitou nas
mayores Feílividades que imprimio onde as
pregara, como foraõ.
Sermão da Conceição pregado no Outavario
celebrado na Igreja mayor de S. Lucar de Bar-
rameda. Sevilha por loaõ Francifco de Blas.
1717- 4. f
Sermão da Purificação pregado na Igreja
mayor de S. Lucar de Barrameda far^endo a
Fefia o Illuftrijfimo Cabido, e Senado. Cadiz
por Hyeronimo Peralta 171 7. 4.
Sermão da Charidade no Outavario da Ajfump-
çaõ da Senhora celebrado no Santuário do Excel-
lentiffimo, e Illuflrifftmo Senhor Duque de Me-
dina, e Sidónia. SeviUa. Na Oíficina da
Viuva de Francifco Lourenço de Hermofila.
171 8. 4.
SermaÔ no folemnifftmo Triduo em que os
Erimitas Agojlinhos Defcalfos celebrarão no feu
Convento da Boa Hora de Lisboa a invenção do
Sagrado Corpo do Pay dos Padres, Doutor dos
Doutores o feu Santijftmo Patriarcha defcuberto
em o Ceo de ouro na Igreja de S. Pedro em
Pavia. Évora na Officina da Univerfidade
1731. 4.
Tuba Concionatoria Tom. i. M. S. Coníla
de Sermoens diverfos.
Columna Mjftica para Keligiofas. M. S.
Fr. lOAÕ DE S. lOZÉ natural da
ViUa de Tentúgal do Bifpado de Coimbra
em a Provinda da Beyra filho de Pays
de conhedda nobreza quais foraõ Aflfonfo
676
de Aboim, e Brites Pires da Serra. Pro-
feflbu o inftituto de Erimita Aguíliniano
em o Convento de Nofla Senhora da
Graça de Lisboa a 3 de Abril de 1544. on-
de pela obfervancia das virtudes religio-
fas em que fe diílinguio de todos feus
companheiros exercitou no anno de 1569.
o lugar de Meftre dos Noviços, Subprior
no Convento de Lisboa no anno de 1573.
e Prior do Convento de Tavira onde pia-
mente falleceo no anno de 1580. Foy
muito erudito na liçaõ da Hiíloria Eccle-
íiaftica, e fecular, principalmente nas an-
tiguidades da fua Familia Erimitica, que
inveftigou com igual difvelo, que juizo
concorrendo para a compoíiçaõ da Chronica,
que depois publicou Fr. leronimo Roman
por cuja laboriofa aplicação mereceo os
Elogios de Fr. Ant. da Purif. de Vir. ilhif-
trib. Ord. Erím. D. Aug. lib. 3. cap. 8.
Fr. Ant. da Natividad. Mont. e Cor. Co-
roa 8. §. 2. n. 90. Herrera Anajlas. Auguft.
pag. 96. Pofleu. Apparat. Sacer. Tom. i.
pag. 905. loan. Soar. de Brit. Theatr.
Lstjit. Utter. lit. L n. 45. Taxand. Cathalog.
Ciar. Hifp. Script. Pamphil. Chron. Ord. Eri-
mit. ad ann. 1585. e Nicol. Ant. Bib. Hifp.
Tom. I. pag. 546. col. 2. Compoz.
Familia Auguftiniana. Lisboa por Mar-
cos Borges. 1365. 8. Confia da Regra, e
Privilégios da Ordem dos Erimitas de Santo
Agoftinho. Foy aprovada eíla obra pelo
V. Fr. Luiz de Montoya, e dedicada a D.
Helena de Lencaftre Commendadeira do Con-
vento de Santos da Ordem militar de S.
Tiago.
Corografia do Keyno do Algarve dividida
em quatro livros para mòr declaração da obra,
O I. livro contem a difcripçaõ de todo o Keyno
em Geral, e de todas as Cidades, Villas, Lm-
gares, Vortaler^as, e Caftellos delle em particular.
O 2. trata largamente a Conquijla delle, co-
mo foy ganhado aos mouros pelos Chrijlãos,
e reflituido à Fé do Senhor. O 3. relata
a maneira como efle Keyno veyo em poder dos
Reys de Portugal, e da alteração, que por
fua cau:(a fe fe:^ no efcudo, e armas reaes. 4.
dà noticia de muitas particularidades da terra,
e cuflumes da gente dejle Keyno do Algar-
ve, que fô nelle faÕ achados M. S. 4. Foy
BIB LIO THE Ca
efcrita efta obra no anno de 1577. da qual
fe conferva huma copia em a feleótílTima
Livraria dos Padres Theatinos defta Corte
onde a vimos.
Familia dos Aboins hiftoriada. M. S. foi.
Procejfo, e verdadeira relação do que pajfou
acerca das precedências da Ordem dos Herimitas
do gloriofo N. P. e Do£tor da Igreja S. Agof-
tinho, e do gloriofo Padre S. Domingos nefla
Cidade de Usboa, Évora e Santarém do Key-
no de Portugal em cumprimento do Motu, e Conf-
tituiçaÕ do Papa Gregório XIII. pajfou em favor
dos Ordinários contra Kegulares o anno de 1575.
feito por ho Padre loham de SaÕ Jo^é fubprior
do Convento de Lisboa em cujo tempo fe ijlo co-
meçou, e moveo. M. S. foi. Eftas duas obras
fe confervaõ na Livraria do Convento da
Graça de Lisboa.
Fr. lOAÕ lOZÉ DO PRADO natu-
ral de Lisboa, e filho de loaõ do Prado
Ribeiro, e D. Maria Faya. Foy admitido
ao penitente habito da Seráfica Provinda
da Arrábida em o Convento de Alferrara
onde profeíTou folemnemente a 19 de Março
de 1706. Aplicou-fe ao eíhido das Cerimo-
nias Ecclefiaílicas em que fahio taõ perito,
que foy eleyto Meftre delias em o Real Con-
vento de Santo António de Mafra fundado
pela magnifica piedade delRey D. loaõ o V.
Publicou.
hiflrucçaõ Ecclefiajlica, ou modo praãico Ceri-
monias da Mijfa regada, como cantada com refle-
xoens Myflicas, e moraes naõ menos deleitáveis,
que úteis, Lisboa por António de Souza
da Sylva. 1755. 4.
Semana Santa regulada com o u:^o da
Santa Iff^eja Komana, e praãica dos Efcri-
tores modernos, e illuflrada com varias refle-
xoens moraes, e myflicas. Lisboa pelo dito
ImprefTor. 1737. 4.
Fr. lOAÕ lOZÉ DE SANTA THE-
REZA chamado no feculo loaõ de No-
ronha Freyre naceo em Lisboa no an-
no de 1658. fendo filho de Francifco
de Noronha Capitão dos Malthezes, Ef-
crivaõ dos feus priviligiados, e Thezou-
I
L USITANA.
óyj
reiro da mefma Religião, e de D. Anna
Maria de Figueiredo. No GDllegio pátrio
de Santo Antaõ eíhidou letras humanas,
e Filofofia correfpondendo o progreíTo, que
fez em ambas eílas aplicaçoens à viveza
do feu engenho, e felicidade da fua me-
moria. Para alcançar difpenfa de contrahir
matrimonio com huma fua parenta paíTou a
Roma no anno de 1678. onde movido de
fuperior impulfo preferio o eftado religio-
fo ao conjugal recebendo o habito de Car-
melita Defcalfo em o Convento de San-
ta Maria da Efcada a 2 de Fevereiro de
1680. quando contava vinte, e dous annos
de idade. Feita a profiíTaõ folemne fe
aplicou novamente ao eftudo da Filofofia,
e frequentou o da Theologia em cujas fa-
culdades fahio profundamente perito aíTim
como era nas linguas Latina, e Italiana,
que fallou como a materna. Voltando
à pátria no anno de 1698. fe reílituhio
brevemente a Roma onde ainda vivia no
anno de 1735. com o lugar de Theologo
delRey da Graá Bretanha. Fazem delle me-
moria Fr. Martial. à D. loan. Baptiít. Bih.
Script. Carmel. Excalc. p. 256. e lozeph
Catalani ViL Ven. P. Barthol. do Quental.
pag. 129. Compoz.
Fine^Z^ di Giefu Sacramentato verfo Vhuomo,
e ingratitudine dei huomo verfo Giefu Sacramen-
tato. Florenza per Giou: Francefco Bar-
betti. 1690. 8. Milano per Ludovico Sciroli.
1695. 8. e outras vezes reimpreíTo. Sahio
efta obra traduzida em Portuguez pela Ma-
dre Soror Francifca lozepha de Noronha
religiofa Dominica no Convento de NoíTa
Senhora da Roza de Lisboa irmãa do Au-
thor. Lisboa por António Pedrozo Galraõ.
1722. 8. da qual fe faz mençaõ em feu lu-
gar.
Iftoria delle guerre dei Regno dei Brafile
accadute tra la Corona di Portogallo, e la
Republica di Olanda Parte prima. Roma,
nella Stamparia degl' heredi dei Corbelleti.
1698. foi.
Parte feconda. Roma. Na mefma Im-
preflaõ, e anno. foi.
He efcrita com elegante eílilo, excel-
lentemente impreíTa naõ fomente pelo
carafter, como pelas muitas eftampas pri-
morofamente abertas de que eftá toda ornada
para cuja ediçaõ mandou ElRey D. Pedro 11,
finco mil cruzados. Deíla obra fazem men-
çaõ o moderno addicionador da Bib. Occid,
de António de Leaõ Tom. 2. Tit. 12. coL
682. e Gemeli Giro dei Mondo liv. 3. cap. 18.
foi. 518. Traduzio de Portuguez em Ita-
liano.
Meditaçoens da Sacratijfima PajxaÕ, e morte
de Chrijlo Senhor nojfo compojlas pelo V. Padre-
Bartholameu do Quental da Congregação do Ora-
tório. Roma por RoíTati, & Borgiani. 1733. 8.
Chronica da prodigiofa Vida de Maria San-
tijfima Senhora Nojfa i. e z. Parte. M. S. foi.
Conferva-fe huma copia na Bibliotheca Ma-
riana dos Padres da Congregação do Ora-
tório deíla Cidade, e he volume de fumma.
grandeza.
lOAÕ LAMIRANTE natural de Lis-
boa filho de Pedro Lamirante, e D. loanna
do Rego. Sendo de quatorze annos rece-
beo a roupeta da Companhia de lESUS em
o Noviciado da fua pátria a 18 de Dezem-
bro de 1642. donde inílruido com as letras
humanas, e Filofofia fahio paíTando ao eílado
conjugal em Coimbra. Compoz.
O Cavalleiro folitario. Difcurfos Chrono-
logicos, e hifloricos para def engano do jui^o hu-
mano, e defengano da verdade. M. S. 4. Con-
tinha as quatro idades do homem com refle-
xoens eruditas. Ellava prompto com todas
as Ucenças para a impreíTaõ, e fe confervava
em poder do Doutor Belchior do Rego de
Andrade Fidalgo da Caza de S. Mageíla-
de, Cavalleiro da Ordem de Chriílo, Alcayde
mòr de Aldeã Gallega da Merdana, e De-
zembargador do Paço fobrinho pela parte
materna do Author.
D. lOAÕ DE LANCASTRE pri-
meiro Duque de Aveiro, Marquez de
Torres Novas filho primogénito do Se-
nhor D. lorge Duque de Coimbra Mef-
tre das Ordens militares de S. Tiago, e S.
Bento de Aviz, e da Duqueza D. Bea-
triz de Vilhena filha do Senhor D. Álvaro
irmaõ de D. Fernando HL Duque de
Bragança, e de D. Filippa de Mello Con-
678
deíTa de Olivença. De taõ auguílo tronco
fahio efte heróico fruto em o anno de 1501.
para exemplar de virtudes politicas, e mo-
racs com que ornou o feu efpirito, e cano-
nizou a fua memoria. O mayor argumento
que deu da fua generofa profufaõ foy a
magnifica pompa com que no anno de 1552.
conduzio de Caftella a efte Reyno a Prin-
ceza D. loanna de Auftria filha do Cefar
Auftriaco Carlos V. para fer conforte de feu
Primo o Príncipe D. loaõ compondofe a
fua Comitiva de feus dous Irmãos D. Luiz,
e D. Affonfo de Lancaftre, Commenda-
dor o I. da Ordem de Aviz, e o 2. da Or-
dem de Saõ Tiago, vinte Fidalgos feus pa-
rentes, feiscentos, e fincoenta criados mon-
tados em foberbos brutos, e veftidos de
preciofas galas precedidos de armonicos cla-
rins, e atabales que igualmente enchiaõ
os ares, e os coraçoens de exceíTivo jubilo.
Superior à profufaõ do feu animo fe admi-
rou a piedade do feu Coração a qual dei-
xou eternizada em dous Conventos fun-
dado hum na Serra da Arrábida, e outro
no lugar de Liteiros diftante meya legoa
da Villa de Torres Novas para habitação
dos Religiofos Arrabidos de quem foy uni-
verfal Padroeiro. Era naturalmente com-
paflivo naõ permitindo que algum pobre
fe apartaífe da fua prezença fem remédio.
Para os criados foy benéfico, e benigno
experimentando nelle mais a clemência de
Pay, que a foberania de Amo. Com o mais
puro afedo venerou a Maria Santiffima
dedicando-lhe quotidianamente diverfas ora-
çoens fieis interpretes da fua ardente devoção.
Na ultima enfermidade refignado em o divi-
no beneplácito fe preparou com todos os
Sacramentos para a morte que o transferio
para a eterna felicidade a 22 de Agofto de
1571. laz fepultado em a Capella mòr do
Convento de S. Domingos da Cidade de Coim-
bra para cuja fabrica concorreo liberalmente
deixando para eterna recomendação da fua
generofa piedade ao Prior do Convento
por Adminiftrador dos feguintes legados:
cem mil reis de efmola para três MiíTas quo-
tidianas perpetuas, fete partidos de doze
mil reis cada hum para eftudarem fete clé-
rigos pobres, e treze dotes de treze mil
BIBLIO TH E CA
reis cada hum para cazamento de treze Or-
fans. Foy cazado com D. luliana de Lara
filha de D. Pedro de Menezes III. Marquez
de Villa real, e de D. Brites de Lara fua
Prima com Irmaã de quem teve a D. Jor-
ge de Lancaftre II. do nome, e II. Duque
de Aveiro que infelismente facrificou a
vida em os campos de Alcácer; a D. Pe-
dro Diniz de Lancaftre Senhor da Capi-
tania do Porto feguro Mordomo mòr del-
Rey D. Sebaftiaõ, c feu Embaxador a Caf-
tella que cazando com D. Filippa da Sylva
fua fobrinha herdeira da Caza de Portale-
gre filha de D. loaõ da Sylva, c D. Mar-
garida da Sylva fua fegunda mulher, e Tia,
viveo pouco tempo deixando huma filha
chamada D. luliana da Sylva que breve-
mente acompanhou na morte a feu Pay
D. Pedro Diniz de Lancaftre. Fazem ho-
norifica memoria de D. loaõ de Lancaf-
tre Gonzaga de Orig. Seraph. Re/ig. pag.
mihi 1123. intitulandoo inclytum Heroem. Tel-
lez Chron. da Comp. de lefus da Prov. de Por-
tug. Part. I. liv. 1. cap. 26. n. 6. Imhof. Stem.
Reg. iMfit. p. 46. e 50. Souza Hifi. de S. Do-
mingos da Prov. de Portug. Part. i, liv. 3.
cap. 9. Fr. Ant, da Pied. Chron. da Prov.
da Arrah. Part. i. liv. i. cap. 14. Sou-
za Hift. Geneal. da Ca^- Real Portug. Tom.
II. liv. II. cap. 2. Traduzio da lingua
Italiana de TuUio Crifpoldo Realino em
a Latina em cujo idioma foy profundamente
verfado.
Paixão de Chrijlo tirada dos quatro Evan-
gelijlas. Lisboa por Luiz Rodrigues 1542. 4.
Paliando defla tradução Xifto Sencn-
fe Bib. Sana. lib. 4. ad finem diz que o
tradutor Stylum, ^ mentem Authoris Jeliàter
affecutus.
Carta à Rainha D. Catherina no tempo
da Jua Regência a cerca do Duque de Bragança
D. Theodoí(io pedir a S. A. o titulo de Duque
para feu filho.
Começa.
Dir(Je por efia terra que o Duque de
Bragança requere &c. Confta de 15 lau-
das de folha, e nella perfuade à Rainha
que o mefmo titulo fe dé a feu filho primo-
génito o Marquez de Torres Novas.
L USITAN A.
Ó79
lOAÕ DE LEY naceo em Villa do
Conde em a Provinda da Beyra de Pays
Irlandezes que fugitivos da fua pátria por
cau2a da abominável apoíla2Ía de Ingla-
terra bufcaraõ por azilo a eíle Reyno. Ef-
tudou em Salamanca, e outras Univeríi-
dades de Efpanha as fciencias feveras em
que fahio eminente por fer dotado de gran-
de comprehenfaõ, e profundo talento. Naõ
foiaõ menos os progreíTos que fez o feu
eíhido na intelligencia da Sagrada Efcri-
tura, e Liçaõ dos Santos Padres. Foy muito
eftimado do IlluílriíTimo Arcebifpo Primas
D. Fr. Aleixo de Menezes em cuja Caza
afliítio algum tempo. Pela fua grande mo-
deftia, e conhecida fabidoria foy Prior da
Igreja de Santa Maria da Varge em a Vil-
la de Alanquer donde paíTou a Abbade de
S. Pedro de Ruviaens em o Confelho de
Coura da Província de Entre Douro, e Minho.
Compoz.
Alivio de Trabajos, y tbeforo de afli-
ffdos, j frutos de Jus males i. e 2. Parte.
foi. Eíla obra dedicada ao IlluílriíTimo
Arcebifpo de Lisboa Aiíonfo Furtado de
Mendoça he diílribuida em duas Déca-
das, e eílà efcrita com elegância. O ori-
ginal fe conferva na Bib. do Excellen-
tííTimo Duque de Lafoens que foy do Emmi-
nentiíTimo Cardial de Souza.
Camino de bailar a Chrifio glorio/o. EJ
Jugeto S. Maria hiagdalena ai Sepulchro dei
Kedemptor. Dividi/e en foliloquios, e confidera-
ciones ai alma. foi. M. S.
Traduzio de Portuguez em Caílelhano
acrecentando diverfas noticias.
Hijioria Oriental de los Cbrifiianos lla-
mados vulgarmente de Santo Tbome mora-
dores en las grandes Jterras dei Aia lavar;
de fu admirable reducion a la pureza de
la Fé Catholica, y obediência de la Santa
Iglejia Komana de que avia más de mil an-
nos ejlavan apartados que bi:(p mediante Dios
el Arcebifpo de Goa D. Fray Alexo de
Menet^es Primado de las índias Orientales,
y Governador, y Viforey delias, Keligiofo de
la Orden de San Auguflin, y ai premente
Arcebifpo, y Senor de Braga, Primado de
las Ffpanas Virey de Portugal (&c. com-
puefia por Fr. António de Gotwea Obispo de
Cirene. O original com todas as Ucenças
dadas para fe imprimir no armo de 1602.
fe conferva na Livraria do Excellentiífi-
mo Marquez de Valença onde o vimos.
Tratado em que dava meyos conducentes para
augmento da F entenda real. M. S.
Fr. lOAÕ DE LISBOA natural da
Qdade que tomou por apeUido, Mon-
ge Ciftercienfe cujo iníUtuto profeíTou
no Real Convento de Alcobaça. Por
ordem de D. lorge de Mello Commenda-
tario do mefmo Convento traduzio da
Hngua latina em a materna no anno de
15 10.
Ri?grí7 de S. Bento, e Carta da Cbaridade^
Declaraçoens do Papa Clemente IV.
Fundação da Ordem de Chrijlo.
Eflatutos da Ordem de Calatrava.
Fundação do Convento de Odivellas.
Todas eílas obras efcritas em hum To-
mo de folha fe confervaõ M. S. na Bi-
bliotheca do Real Convento de Alcobaça^
lOAÕ LOPES. Vejafe o P. lOAÕ DA
MADRE DE DEOS.
lOAÕ LOPES CORRÊA natural
da Villa de Coruche íituada em a Pro-
vinda do Alentejo Cirurgião do Hofpi-
tal Real de todos os Santos deíla Corte
onde foy Meílre muitos annos com igual
fama do feu nome, que grande emolu-
mento dos feus difcipulos. Querendo inf-
truir na Arte Chirurgica ainda aquelles
que naõ eraõ ouvintes da fua doutrina,,
efcreveo.
Caflello forte contra todas as infirmidades
que perfeguem o corpo humano, e thet(puro univer-
f ai aonde fe acharão os remédios para elles, no qual
fe veraÕ as definiçoens, caudas, finaes, prognofli-
cos, curas, e todos os Symptomas de qualquer
injirmidade Chirurgica. Lisboa na Oííicina.
da Muíica 1723. foi.
Tomo fegtmdo. Lisboa por Pedro Ferreira.
1726. foi.
68o
BIB LIOTHECA
lOAÕ LOPES DE LEAÕ natural de
Lisboa profeflbr da lurifprudencia. Canó-
nica, e Qvil nas quais recebeo o gráo de
Doutor, e celebre Advogado de Caufas Fo-
renfes na Cúria Romana onde aíTiíUa em o
anno de 1721. Para claro argumento da
profunda fciencia, que tinha de hum, e outro
Direito publicou.
De Qtiindenniis traãatus novtds in quo agi-
tur de Quindenniis , qua loco Laudemiorum fin-
gulis quindecim annis dehentur Dominis direãis
à tnanihm mortuis, feu Ecclejiis ex Bonis Em-
phyteutícis in eajdem translatis ad inflar Quin-
denniorum, qua loco Annatorum Jingulis quin-
decim annis dehentur Camera, feu Cancel-
Jaria Apojlolica à manibus mortuis, feu Ec-
u:lejiis ex Beneficiis eisdem unitis. Romãs ex
Typographia Rochi Barnabò. 1721. foi.
lOAÕ LOPES DE OLIVEYRA na-
tural da Cidade de Évora, e muito perito
nos preceitos da Arte Poética, que cultivou
-com felicidade fendo mais plaufivel o feu
talento na Poezia Cómica em que compoz
muitas obras, que fe reprezentaraõ com geral
aceitação dos Expeâadores, das quais foraõ
íis principaes.
Achilles, e Theíis. Reprezentada no anno
<le 1578. em a Noute de Natal.
O Pródigo. Confiava de verfo, e proza,
e comprehendia 75 folhas a qual foy apro-
vada pela Inquiíiçaõ de Évora a 25 de Agofto
■de 1590.
Autto da AJfumpçaÕ de Nojfa Senhora.
Defte faz memoria o Padre Fonceca Bvor.
Glorio/, pag. 412.
lOAÕ LOPEZ RAPOSO DA CASTA-
NHEDA natural da Villa de Torres Novas
filho de Manoel lorge Rapozo, e Domingas
"Rodriguez, e irmaõ de Fr. Manoel da Refur-
reiçaõ Agoftinho Defcalfo, Procurador Ge-
ral da fua Congregação em a Cúria Romana,
■c de Luiz de Caílanheda Rapozo Frcyre
<ia Ordem militar de S. Tiago dos quais
fc fará mençaõ em feus lugares. Depois
de eíhadar a lurifprudencia Cefarea na Uni-
verfidade de Coimbra paflbu a fervir os
lugares, que lhe prometiaõ a fua profun-
da fciencia unida com grande defintereíTe,
como foraõ luiz de fora de Sylves, c da G-
dade de Pinhel donde foy provido em a
Correição de Évora. Fallecco na fua pá-
tria a 9 de Abril de 1703. Foy muito apli-
cado a liçaõ da Hiftoria fecular, e de Ge-
nealogia em que o feu fecundo engenho
produzio os feguintes frutos.
Familia dos Alancajlros de Aveiro, e das
Famílias com que aparentarão, e outras de Torres
Novas. foi. M. S.
Relação do defcubrimento dos Santos da Ci-
dade de Concórdia. Dedicada ao Duque de Aveiro;
da qual faz mençaõ o Licenciado lorge Car-
dozo Agiol. 'Lujit. Tom. 3. pag. 763. no
Commentar. de 20 de lunho letr. A.
Relação da chegada a Lisboa do corpo do
admirável varaÕ invião Cavalleiro de Chrijlo,
Heroe f amo/o, e acérrimo defenfor da Fé, e gene-
rofo Capitão do Oriente o Senhor André Furtado
de Mendoça Governador da índia. 4. M. S.
Vida, y muerte dei Senor Obifpo de Otranto
D. Fr. Diego Lopes de Andrade Lujitano de
la Orden de S. Augujlin. 4. M. S. Confta de
II. Capítulos. Eílas duas obras fe confer-
vaõ na Livraria do Convento da Graça de
Lisboa dos Erimitas de Santo Agoftinho
onde as vimos.
O moderno addicionador da Bib. Occid.
de António de Leaõ Tom. 2. Tit. 25. col.
841. o faz author da vida do V. Gregório
Lopes porem enganou-fe pois (como afirma
Pedro Lobo Corrêa em o Prologo da vida, »
q compoz defte fervo de Dcos impreíTa cm |
Lisboa por Domingos Carneiro 1675. 8.) f
fendo Miniítro tirou quatro teftcmunhas au-
thenticas, que depoferaõ fer o V. Gregório
Lopes natural da Villa de Linhares em a
Província da Beyra, e naõ de Madrid como
efcreveraõ algumas pennas Caftelhanas.
lOAÕ LOURENÇO Secretario do
Illuftriílimo Arccbifpo do Funchal Pri-
maz do Oriente D. Martinho de Portu-
gal Primo, c Embaxador na Cúria Ro-
mana delRey D. loaõ o IIL Pela inno-
L U SITAN A .
68 1
cenda da vida, e capacidade do talento me-
receo particulares eftimaçoens daquelle grande
Prelado. Q)mpo2.
Regimento para os Officiaes de buma
Cas^a poderem bem fervir Jeus cargos, foi.
M. S. He volume grande, e fe conferva
na Livraria do Excellentiflimo Duque de
Lafoens, que foy do EmminentiíTinio Cardial
de Souza.
P. lOAÕ DE LUCENA. Naceo em
a Villa de Trancofo do Bifpado de Vizeu, e
teve por Pays ao Licenciado Manoel de
Lucena Ouvidor de Barcellos criado dos
Sereniflimos Duques de Bragança D. Theo-
dozio primeiro, e D. loaõ o primeiro, e a
Izabel Nogueira Sarayva de igual nobreza
à de feu Conforte, e por irmaõ a Affonfo
de Lucena Commendador de S. Tiago de
Coelhofo, Alcayde mòr de Portel, e Évora
Monte, e Secretario da Seremífima Senhora
D. Catherina Duqueza de Bragança, do
qual fe fez mais larga memoria em feu lu-
gar. Em a tenra idade de quinze annos fe aUf-
tou na Companhia de lESUS em o Novi-
ciado de Coimbra a 14 de Março de 1565.
onde eíludadas as letras humanas, e fcien-
cias feveras em que fe diílinguio pela deli-
cadeza do juízo de todos os feus condif-
cipulos, diâou Filofofia em a Univerfida-
de de Évora com aplauzo, fendo mayor o
que conciliou em o púlpito por fer ornado
de todas as partes conílitutivas de hum con-
fumado Orador EvangeUco cujo minifterio
exercitou pelo largo efpaço de vinte annos
fervindolhe de theatros os mayores Tem-
plos, e de auditório as peíToas mais eruditas,
que fuavemente atrahidas da fua natural
eloquência, e apoílolica eficácia romperão
em vozes pedindo-lhe continuaíTe o Sermaõ
quando lhes parecia o acabava. Obfervou
com fumma exaçaõ todos os preceitos do
feu Inílituto fendo benéfico para os ingratos,
charitativo paia os pobres, confiante nas
adverfidades, continuo na Oraçaõ, prompto
na obediência, panegiriíla das açoens alheas,
e defprezador das próprias. Todos os dias
fe preparava com a confiííaõ íacramental
para celebrar o incruento facrificio da Mif-
fa onde derramava grande copia de lagri-
mas fervorofas teliemimhas do incêndio,
que lhe abrazava o peito. Provada a fua
heróica tolerância com huma dilatada en-
fermidade fe alegrou exceíTivamente com
a noticia de ter chegado o termo da fua
peregrinação, e recebidos os Sacramentos
com efpiritual ternura efpirou pladdamente
em a Caza de S. Roque a 2 de Outubro de
1600. quando contava 52 annos de idade,
e 57 de Religião. He celebrado o feu nome
pelas pennas de graviflimos Efcritores. Ma-
noel de Faria, e Souza Inform. fobre a
Cenf. ãs hufiad. de Camoens. pag. 119.
n. 28. doãijjímo, e elegantijjimo Theologo
Cbriftiano; e pag. 126. n. 40. Gran £/"-
critor. e no Tom. i. da Afia Vortug. nas
Advert. 'Escritor benemérito de toda eftima
por el jtá^o con que trata las cofas, y por la
elegância, j por el difcurfo. Telles Cbron.
da Comp. de Jef. da Prov. de Fortug. Part.
I. liv. 2. cap. I. n. 7. infigne Hifioriador.
D. Franc. Man. Cart. dos AA. Portug.
efcrita ao Doutor Themudo Apofiolico Pre-
gador. Nadafi Annus Dier. Mem. S. J.
Part. 2. pag. 199. col. 2. patientia, piis la-
crymis, <& in omnes charitate Jpeãabilis.
Fonceca "Evor. Glorio/, pag. 433. infigne
Orador do feu tempo. Bib. Societ. pag. 470.
col. 2. vir fuit omnibus omatus virtutibus.
Joan. Soar. de Brito Theatr. Ljifit. JJtter.
lit. I. n. 47. Utterarum humaniorum, ac
Philofophia laudatijfímus Praceptor fuit, fed
lufitana eloquentia, arte que concionatoria longe
clarijfimus. Ant. de Leaõ Bib. Orient. Tit. 8.
Abreu Vida de S. Quitéria cap. 8. grave,
e douto Padre; e 180. grave Ef critor. Ni-
col. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 552.
col. I. Clarus imprimis eloquentia, faculta-
teque Oratória. Franco Imag. da Virtud. em
o Nov. de Coimb. Tom. i. liv. 3. cap. 85.
Ainda que o feu engenho para tudo era ca-
bal com tudo no talento, e prendas para o
minifterio da pregação era raro; e no Ann.
Gloriof. S. J. in Eufit. pag. 567. Fulfit pra-
clarijjimo ingenio ad magifteria, & dotibus
pracellentibus ad Sacra pulpita. Compoz
com eftilo claro, elegante, e puro pelo
qual he numerado entre os mais celebres
Hiftoriadores defte Reyno por António de
Macedo Flor. de Efpan. cap. 22. Excel. 6.
682
BIBLIO THE CA
loaõ Pinto Ribeiro Kelac. i. n. 83. e o grande
antiquário Manoel Severim de Faria Difc.
Var. foi. 81. v.o
Hijloria da Vida do P. Francifco de Xavier,
e do que fit(eraÕ na índia os mais religiojos da
Companhia de lESUS. Lisboa por Pedro
Craesbeeck. 1600. foi. Foy traduzida na
lingua Italiana pelo P. LuÍ2 Manfonio. Ro-
ma por Zanneti 161 3. 4. e em Caílelhano
pelo P. Affonfo do Sandoval ambos da Q)m-
panhia de lESUS. Sevilla por Francifco de
Lyra. 1619. 4. e em Latim como efcreve Ma-
noel Severim de Faria no lugar aíTima citado.
Commentaria in MathauM. M. S. foi. Defta
obra que deixou imperfeita fe lembra Fon-
ccca Evor. GlorioJ. p. 433. e Franco Imag.
da Virfud. do Nov. de Coimb. p. 785.
Fr. lOAÕ DA LUZ naceo para o Mun-
do em a Villa de Aveiro do Bifpado de
Coimbra a 28 de Dezembro de 1662. e re-
naceo para Deos recebendo a cogulla Mo-
nachal do Patriarcha S. Bento no Convento
de Lisboa a 30 de Abril de 1679. onde foy
Abbade do CoUegio da Eílrella, e do Con-
vento de Santarém. PaíTou a Roma por Pro-
curador da Provinda do Brazil, e voltando
ao Reyno falleceo piamente no Convento
de Santarém a 16 de Setembro de 171 7.
Compoz
Exc/amaçoens E/pirifuaes. 4. M. S. Con-
fervafe na Livraria do Convento de San-
tarém.
.: Fr. lOAÕ MADEIRA natural da Q-
dade de Elvas em a Provinda Tranftaga-
na, e alumno da Illuílriflima Ordem dos
Pregadores onde illuftrou o juizo com as
letras, e ornou o efpirito com as virtudes.
Penetrado exceíTivamente com a violenta
intrufaõ de Filippe Prudente neíla Coroa
de que foy fatal confequenda paflar o do-
mínio Portuguez a Prindpe eftranho expli-
cava repetidamente o feu fenumento com
as palavras do Velho Matathias efcritas no i.
livro dos Macabeos cap. 2. Verf. 7. c 13.
Va mibi ut quid natus Jum videre contritio-
nem poptdi mei .... quò ergo nobis adbuc
vivere? Naõ querendo teftemunhar as cala-
midades dos feus naturaes fe embarcou pa-
ra á índia no anno de 1582. em compa-
nhia de Fr. Lopo Cardofo, e Fr. loaõ dos
Santos, e chegando a Goa paliou aos
Reynos de Cambaya, e Sofala onde agre-
gou infinitas almas ao grémio da Igreja, e
deftruio muitos Pagodes em que era ado-
rado o demónio. Voltando a Goa fe exer-
citou já decrépito no minifterio de enfer-
meiro até que chegada a hora de ferem pre-
miadas as fuás virtuofas obras falleceo no
Convento de Goa a 10 de Abril de 1605.
Delle fazem honorifica mençaõ Cardozo Agiol.
hiifit. Tom. 2. p. 499. c 507. no Coment.
de 10 de Abril. letr. F. Santos Etiop. Orient.
Part. 2. liv. 2. cap. 7. e liv. 3. cap. 8. Fer-
nand. Concert. Prad. foi. 291. e na Hijl. Ecdef,
liv. 2. cap. 16. Lopez. Chron. da Ord. de S.
Domingos. Part. 2. cap. 40. e Souza Hift. de
S. Domingos da Prov. de Portug. Part. i. liv. 5.
cap. 32. Compoz.
Compendio da Vida dos Keys de Portugal.
M. S. Eíla obra que o author entregou a
Garda de Mello feu particular amigo, a
deu a Fr. Pedro Caluo Prior que entaõ era
do Convento de S. Domingos de Lisboa
e do poder deíle veyo ao de Fr. Henrique
dos Santos, e ultimamente no anno de 1626.
a feu fobrinho Fr. Agoítinho de Cordcs
Lente de Prima de Theologia Moral no
Collegio de N. Senhora da Efcada, Quali-
ficador do S. Offido que morreo no Con-
vento de Lisboa a 4 de Fevereiro de
1662. Tinha o referido Compendio da Vida
dos R^j de Portugal alguns motes glof-
fados como vaticínios de futuros fuceflbs
prindpalmente no fim da Vida delRey D.
loaõ o I. eílava hum que prognoíticava a
Aclamação delRey D. loaõ o IV. o qual
relataõ Fr. Manoel Homem Kefurreic. de
Portug. cap. 4. p. 54. Almeyda Kejlaur.
de Portug. Part. i. cap. 40. c António
de Souza de Macedo Eujit. Liberat. Apend.
ad cap. I. n. 61. pag. 739. a quem por
equivocaçaõ chama Francifco de Mace-
do Nicol. Ant. Bib. Hi/p. Tom. i. p.
557. col. 2. de cujo engano foraõ fequazes
Echard Script. Ord. Prad. Tom. 2. p. 328.
col. 2. Fr. Pedro Monteiro Clauftr. Domin.
1
L US ITANA.
683
Tom. 3. 53 p. 235. e Franckenau Bib, Hifp.
GeneaL Herald, p. 229.
lOAÕ MADEIRA Cónego da Cathe-
dral de Vifeu, e Presbítero de exemplares
cuftumes. Compoz, e imprimio conforme
efcreve loaõ Franco Barreto na Bib. Portug.
M. S.
Perfeito Sacerdote.
Fr. lOAÕ DA MADRE DE DEOS
natural da Villa de Aldegallega em a Pro-
víncia Tranílagana. Na tenra idade de quin-
ze annos fe refolveo contra a vontade de
feus Pays Duarte Rodrigues Pimentel, e
Francifca Rodrigues igualmente opulentos
que nobres abraçar o auftero inftítuto da
Seráfica Província de Santa Maria da Ar-
rábida ao qual foy admitido em o anno
de 1568. pelo Provincial Fr. Damiaõ da
Torre. Depois de ProfeíTo começou a pra6tí-
car com tal exaçaõ as virtudes religiofas
que fervia de exemplar, e eílímtdo a todos
os feus companheiros. Para debilitar o cor-
po, e fortalecer o efpirito naõ comeo car-
ne, nem peixe por toda a vida, alimentan-
dofe taõ parcamente das ervas, e legumes
que parecia viver independente da natu-
reza, lejuava a paõ, e agua as Quarefmas,
Adventos, Vefperas das Feftividades de Maria
Santíflima, e dos Sagrados Apoftolos. Todas
as horas, que roubava ao defcanfo as confu-
mia pofto de joolhos efcutando no filencio da
noute as fuaves vozes com que lhe fallava
ao coração o feu Amado. Sendo Meftre
dos Noviços os educava mais com as açoens
que palavras diílríbuindo com fevera eley-
çaõ para fi o rigor, e para elles a benevo-
lência. Exercitou varias Guardianias onde
o facrificio da obediência lhe fazia tolerá-
vel a moleftia do governo. Cheyo mais
de virtudes, de que annos depois de tenta-
da a fua paciência com huma dilatada infer-
midade efperou a morte como fe pode con-
jeéhirar da fua juílificada vida fallecendo
no Convento de Santarém a j. de lunho
de 1625. quando contava 72 annos de ida-
de, e 57. de religiofo. Delle fe lembra Nicol.
Ant. Bib. Hifp. Tom. i. p. 566. col. 2. Fr.
loan. a D. Ant. Bib. Francifc. Tom. 2. p.
189. Fr. lozé de lef. Mar. Chron. do Prov.
da Arrabid. Tom. 2. liv. i. cap. i. n. 4. até 9.
Compoz.
Alguns Tratados do Seráfico Doutor S.
Boaventura em que fe contem huma doâri-
na mui proveitosa, e neceffaria a toda a pef-
foa principalmente religiofa que quir^er defar-
raigar de fi os vidos, e plantar as virtudes,
e crecer nellas, e darfe à OraçaÕ. E alem
dejies outro Tratado para os Tementes de Deos
fe faberem confejfar, e com purers^a de con-
ciencia, e ao fim fe põem humas Oraçoens
muy devotas para antes, e depois da Sacada
Comunhão. Lisboa por António Alvares.
1602, 8. O I. Tratado confia da compo-
fiçaõ dos cuftumes. 2. da reforma da Vida. 3.
do aproveitamento do Eftado Efpiritual. 4. Ka-
milhete de exercidos efpirituaes. 5. lembran-
ças para viver Chriftamente 6. Modo de fe confejfar
com pureza de conciencia.
Concórdia Breviarii Romani Pii V. jujfu
editi cum Breviário a D. Papa Clemente VIU.
recognito. UlyíTipone apud Petrum Craes-
beeck. 1604. 4. Nas aprovaçoens eftà o
nome do Author que naõ tem em o frontif-
picio.
Proceffo da PayxaÕ de Chrifto Nojfo Re-
demptor com humas Aíeditaçoens mtg pias,
e huma breve, e devota Expofu^aÕ dos fete
Pfalmos Penitenciaes. Lisboa por António
Alvares. 161 7. 8. Defta obra faz memoria
lacob. le Long. Bib. Sacr. pag. mihí 797.
col. 2.
lOAÕ DA MADRE DE DEOS natu-
ral da Qdade de Braga filho de Pedro Lo-
pes, e Izabel Diniz. Antes de entrar na
Congregação dos Cónegos feculares do Evan-
gelifta Amado era taõ perito na língua la-
tina, como dextro na Mufica, e excellente
no Orgaõ. Recebido o habito Canónico
fe exercitou em virtudes heróicas princi-
palmente na mortificação com que reduzia
a Uberdade dos fentidos às feveras leys do
efpirito dormindo na terra, comendo par-
camente, e difcipUnandofe com rigor ex-
ceflivo. No miniílerio de Meílre dos No-
viços parecia pela humildade fer delles dif-
cipulo. Tolerou com ínfigne conftancia a
malevolencia de alguns emulos que conven-
684
BIB LIO THE CA
eco com a apologia da fua juíliíicada vida.
O exceflb das penitencias lhe abreviarão os
feus annos fallecendo abraçado com a ima-
gem de Chrifto Crucificado a 7 de Março
de 1674. em o Convento de Villar. Publicou
com o nome de loaõ Lopes, que tinha em o
feculo.
Exercido quotidiano para todo ChriJlaÕ colhido
de vários Authores. Lisboa por Domingos
Carneiro. 1669. 12.
Deíla obra, como de feu Author faz men-
ção o Padre Francifco de Santa Maria Chron.
dos Cotieg. Secul. liv. 4. cap. 34.
D. Fr. lOAÕ DA MADRE DE DEOS.
Naceo em Lisboa, e depois de eíhidar a lin-
gua Latina, e o Canto de Orgaõ no Real Con-
vento de S. Francifco da fua pátria afeiçoado
a efte inílituto o profeflbu no Convento de
Santarém. Apredidas as fciencias efcholaf-
ticas de cujos progreíTos, que nelles fez o
feu agudo talento, formou degraos para fubir
ás Cadeiras, e naõ menos aos púlpitos al-
cançando a merecida fama de infigne Le-
trado, e famofo Pregador. Com tanta ener-
gia exercitou eíle evangélico minifterio, que
fendo feu ouvinte ElRey D. loaõ o IV.
cm a Capella Real o nomeou feu Prega-
dor cujo lugar confervou em os Reynados
de D. Affonfo VL e D. Pedro IL difpen-
dendo o ordenado, que percebia em obfe-
quio do divimífimo Sacramento. Haven-
do íido Guardião dos Conventos de Coim-
bra, e Lisboa foy aflumpto a Provincial
a 19 de Novembro de 1675. em o Capitulo
em que prezidio o ComiíTario Geral Fr.
Diogo Fernandes de Angulo. No tempo
do feu governo fe confumou o edifício
do Collegio de S. Boaventura de Coimbra,
e fe tresladaraõ do Convento Velho para o
novo as Religiofas de Santa Qara da mefma
Qdade com o corpo da Raynha Santa Iza-
bel. Elevada a Cathedral da Bahia a Metró-
pole atendendo aos feus merecimentos o
Príncipe Regente D. Pedro o nomeou pri-
meiro Arcebifpo daquella Diocefc a 15 de
Janeiro de 1682. c foy fagrado na Capella
mór do Convento de S. Francifco a 23 de
Setembro do dito anno pelo lUuftriíTimo Nún-
cio Apoftolico Marcello Durazzo Arcebif-
po de Calcedonia. Fez a entrada publica
na Bahia a 20 de Mayo de 1683. onde dczcm-
penhou as obrigaçoens de infigne Paftor
emendando culpas com prudência, refor-
mando abuzos com feveridade, c difpcn-
dendo efmolas com frequência. Sentindo-fc
acometido do mal epidemico, que devafta-
va o Eftado da Bahia fez doaçaõ de tudo
quanto pofluia, e recebidos os Sacramen-
tos com grande compunção efpirou a 13
de Junho de 1686. Foy univerfalmcnte
fentida a fua morte principalmente pelo
Cabbido, que em memoria do feu afeâo
lhe celebrou magnificas exéquias em que
orou o V. Padre Alexandre de Gufmaõ
Provincial da Companhia de lESUS, c Fun-
dador do Seminário de Belém. Jaz fepul-
tado junto dos degraos, que fobem para
a Capella mòr da Cathedral, c na Campa
eílaõ abertas as Amus da Religião Seráfica
com huma Cruz na parte inferior que tem
o feguinte Epitáfio.
Sepultura do lllufirijfimo D. Fr. loaÕ
da Madre de Deos primeiro Arcebifpo, que
vejo a efie miado. Falleceo a 1^ de Junho de
1686.
Compoz.
De Incarnatione. foi. M. S.
De Sacramentis in genere. foi. M. S.
Eftes dous volumes, como efcrevc Fr.
Fernando da Soledade Hift. Seraf. da Prov.
de Portug. Part. 5. liv. 4. cap. 40. naÕ vira»
a luz ^^ Prelo que também faltou aos feus Ser-
moens dos quaes exiftem 89 em hum Tomo.
M. S. que fe conferva na Bibliotheca do
Convento de S. Francifco da Cidade.
Águia de Bfdras. He huma interpre-
tação, e Commento das vifoens, que Bf-
dras refere no cap. 11. 12. e 13. do 4. livro.
Eíle tratado he dividido em 3. Partes, a 1.
trata dos Sonhos, e vifoens, que Bfdras teve,
e da explicarão, que Deos lhe deu. Na 2. tra-
ta do Rejno, Reys, e fucejfos do mefmo R/yxw-
moflrando, que Rejno, e que Reys faõ efles? Na.
5. trata do L^eaÕ em que falia nefles f anhos Ef'
dras moflrando quem feja efie Leaõ, e como nellr
fe verificaõ os Vaticínios de Efdras. 4. M. S,
Confervafe na mefma BibUotheca.
Duas Cenfttras por ordem do Dczem-
L USITAN A.
685
bargo do Paço ao i. e 2. Tomo dos Sermoens
Âo Padre António Vieyra; a i a 29 de Agoíio
de 1678. e a 2 a 26 de Fevereiro de 1682.
Sahiraõ impreíTas no principio deíles dous
Tomos. A I. Lisboa por Joaõ da Colia.
1679. 4. e a 2. ibi por Miguel Deslandes.
1682. 4. Nellas fe admira a elegância, e
difcriçaõ de D. Fr. loaõ da Madre de Deos
J}um dos majores Oráculos do púlpito l^ii^itano
no feculo pajfado como delle efcreve Sebaftiaõ
da Rocha Pitta Hift. da Americ. Vortug. liv. 7.
§•4.
Fr. lOAÕ DA IVÍADRE DE DEOS
natural de Lisboa, e religiofo da Sagra-
•da Ordem da SantiíTima Trindade cujo inf-
tituto profeíTou no GDnvento pátrio a 8
de Agoílo de 1694. Diâ:ou as fciencias
efcholaílicas até jubilar na Sagrada Theo-
logia. Foy Miniftro do Convento de Lis-
boa, Vizitador Geral, e Preíidente da Pro-
vinda, e ConfeíTor das Religiofas Trinas
do Convento da Soledade de Lisboa. En-
tre muitos Sermoens, que com aplau2o
recitou em os mais authorÍ2ados púlpitos
deíla Corte unicamente fe fez publico o fe-
guinte.
Sermão no Keal Convento de Nojfa Senhora
^ Carmo de Lisboa aos 25 do me^ Setembro
de 11 zi. na folemnidade com que o dito Con-
vento celebrou a Canonização de S. loaÕ da Cru^.
Lisboa por ^Miguel Rodrigues 1728. 4. Sahio
nas Memor. Hijlor. Paneg. e Metric. do Sa-
cado culto com que o Convento do Carmo de
Lisboa celebrou a Canonit^açaÕ de S. JoaÔ da
Cruz defde pag. 185. até 221.
P. lOAÕ DE MADUREYRA chamado
no feculo loaõ de Gouvea naceo em a Cida-
de do Porto de Pays igualmente nobres, que
pios quaes foraõ Henrique Nunes de Gou-
vea, e Brites de Madureira. No Collegio
•de Coimbra foy admitido ao inílituto de
Jefuita a 25 de Outubro de 1561. onde pela
fua litteratura, e prudência ocupou os lu-
gares de Reytor do Collegio de Santo An-
tão, e Propozito da Caza profeíTa de S. Ro-
que. Por muitos annos exercitou o mi-
nillerio de explicar pelas praças, e ruas de
Lisboa o Cathecifmo fendo em taõ fagra-
grada incumbência fuceíTor do V. Padre
Ignacio Martins. Eleyto pelo Geral Cláu-
dio Aquaviva, Vizitador do Brazil fe opu-
zeraõ a efta jornada o Cardial Alberto Go-
vernador deíie Reyno, e o Duque de Avei-
ro de quem era ConfeíTor, porem fem de-
clarar a fua refoluçaõ com o pretexto de
fe defpedir do Padre Fernaõ Cardim Pro-
curador do Brazil, que com defafeis com-
panheiros eftavaõ embarcados em huma Náo
Flamenga, partío com elles a 24 de Setem-
bro de 1601. a qual como foíle acometida
quatro legoas diílante de Cafcaes por duas
Náos de Piratas Inglezes depois de hum
porfiado combate foy rendida, e juntamen-
te priíioneiro o Padre Madureira, que bre-
vemente acabou a vida na Colla de Bifcaya
a 5 de Outubro de 1601. Delle fe lembraõ
Telles Chron. da Comp. da Prov. de Portug.
Part. I. liv. 2. cap. 11. n. 5. Franco Imag. da
Virt. em o Nov. de Coimb. Tom. i. liv. 3.
cap. 62. e Ann. Glorio/. S. J. in Lujit. pag. 571.
Compoz.
Poema Heroicum in quo celebratur Mar-
tyrium V. P. Ignatii Azevedo, <& Sociorum.
Deíla obra como de feu Author fazem men-
ção o Padre Álvaro Cienfuegos Vid. de S.
Franc. de Borja liv. 5. cap. 12. §. 8. Al in-
figne Poeta P. Juan de Aíadureira Jefuita Vi-
sitador dei Brasil hombre religiofo, otro tanto
como difcreto, que celebro en verfo elegante efle
martjrio &c. PoíTino de Vit. <& pratiof mort.
V. P. A^eved. <& Socior. lib. 4. cap. 3. n. 66.
e Alcazar Hijl. da Prov. de Toled. Part. 2. ai
ano 1570.
Fr. lOAÕ DA MAGDALENA na-
tural de Lisboa Erimita AuguíHniano
cujo habito recebeo no Real Convento de
NoíTa Senhora da Graça da fua pátria
no anno de 1458. quando contava defa-
nove de idade. Eíhidou no Convento de
Florença, e diâou Theologia por ordem
do Geral lacobo de Aquila no anno de
1472. em o Convento de Perugia. Rece-
bido o gráo de Mellre em Theologia
das maõs do Meftre do Sacro Palácio
com faculdade do Geral lacobo Mana-
rio em o i de laneiro de 1480. fe reftitu-
hio ao Reyno aonde tinha chegado muito
686
BIB LIO THE CA
antes a fama da fua grande literatura
pela qual mereceo diélar em a Univer-
fidade de Lisboa a Sagrada Thcologia def-
de o anno de 1486. até o de 15 15. em
que falleceo com 76 annos de idade em
o G^nvento de Penafirme. Pela afabili-
dade do génio, e prudência do juizo foy
quatro vezes Provincial em cujo governo
uzando menos do rigor, que da brandu-
ra emendou abuzos, e reformou cuílu-
mes. Foy Meílre do Príncipe D. AfFon-
fo filho delRey D, loaõ o 11. por cuja or-
dem foy concluir a Aragaõ o Caza-
mento do Príncipe com a Princeza D.
Izabel filha delRey D. Fernando o Ca-
tholico. Fazem mençaõ honorifica de Fr.
loaõ da Magdalena Nicol. Ant. Bih.
Hijp. Tom. I. p. 557. col. 2. Fr. Ant. à
Purif. de Vir. illuftr. Ord. Erimit. lib. 2.
cap. 12. e na Chron. dos E.rim. de San-
to Agojl. da Prov. de Portug. Part. 2.
liv. 7. Tit. I. §. 2. foi. 214. v.o e na
Chronolog. Monajl. p. 150. Fr. Ant. da Nati-
vid. Mont. e Cor. Mont. 2. Cor. 8. §. 2. n. 51.
p. 443. col. I. Gratian. Anaft. Augufi. ad
an. 1480. Crufen. Monajl. Auguft. Part. 3.
cap. 30. Bzou. Annal. Ecclejiajl. Tom.
18. ad an. 1490. Poflevin. Apparat. Sa-
cer. Tom. i. p. 909. Leitaõ Notic. Chro-
nol. da Univ. de Coimbra p. 372. §. 819. e
feguintes. loan. Soar. de Brito Theatr.
LMjit. Liíer. lit. I. n. 48. Compoz por
infinuaçaõ do Geral Fr. Ambrozio Corío-
lano.
De Sanguine miraculo/o, qui non Jemel
fluxit ex hojlia Santijfima Eucharijlia. M.
S. Efte Tratado em que expende, e
refolve varias duvidas Theologicas fe
conferva na Livraria do Convento de
CaíTia dos Erimitas de S. Agoílinho
lugar de Umbria em Itália onde no
Convento dos Dominicos fucedeo a pro-
digiofa copia de fangue que manou da
hoília confagrada que deu matéria para o
Tratado.
Commentaria Juper Maffjirum Sententiarum.
M. S. Para efta obra lhe mandou o Geral
deputar hum Amanuenfe em 7 de Mayo
de 1505. a qual naõ concluio impedido pda
morte.
Fr. lOAÕ DA MAGDALENA. Na-
ceo na Villa de S. loaõ da Pesqueira em
a Província da Beyra onde recebeo a pri-
meira graça a 2 de Fevereiro de 1644. Co-
mo na adolefcencia defcubrilTe génio para
o eíhido o mandarão feus Pays Manoel de
Carvalho, e loanna Gonzalves de Almey-
da aprender Gramática, e letras humanas
em que fahio taõ eminentemente inftruido
que mereceo recebei o habito da Ordem
Terceira da Penitencia em o Convento da
Villa do Mogadouro onde profeflbu fo-
lemnemente a 25 de lulho de 1665. Com-
pletos féis annos do eftudo das fciencias
fe veras ao leyo com aplauzo no Conven-
to de Viana do Alentejo, e no Collegio
de S. Pedro de Coimbra até jubilar em 17
de laneiro de 1691. havendo fmco annos
que tinha tomado o juramento de Qua-
lificador do S. Officio. Foy Reytor do Col-
legio de Coimbra, ComiíTarío Provincial na
auzencia que fez no Capitulo geral cele-
brado em Roma o Miniftro Provincial Fr.
Francifco do Efpiríto Santo, Cuftodio da
Provinda, e ultimamente duas vezes Pro-
vincial, a primeira a 20 de Março de
1694. e a feguinte por Motu próprio da
Santidade de Clemente XL expedido a 28
de lulho de 1708. que fe executou a 16 de
Novembro de 1714. Ornou a Igreja do
Convento de Lisboa com admiráveis pin-
turas, e a Livraria com grande copia de
livros luridicos que foraõ do grande lurif-
confulto António de Souza de Macedo Sc-
cretarío de Eftado delRey D. Affonfo VI.
Alem de fer profundo Theologo foy mui-
to perito, e verfado em a Hiíloría Ecde-
fiaftica, e Secular, e em ambos os Direitos.
Falleceo no Convento de S. loaõ da Pcf-
queira a 29 de Setembro de 1715. quan-
do contava 71 annos de idade, e 52 de Re-
ligião. Fazem mençaõ dellc Carvalho Co-
rog. Portug. Tom. 3. p. 500. c Fr. loan. à
D. Ant. Bih. Francif.. Tom. 2. p. 182. coL 1.
Publicou.
Sermão em a Canom:(açaÕ do infiglê
Portugue:^ S. loaS de Deos Paíriarcba
da Re/igiaÕ da Ho/pita/idade em 23 de
Iwibo de 1691. ^a f étimo do Jolemne ott-
tavario que a me/ma KeliffaÕ celebrou em
!
ii
L USITAN A,
o Convento de "Lisboa. Lisboa por ívíiguel
Deslandes ImpreíTor delRey. 1692 4.
Sermão da Solemnidade dos Kejs na Ca-
J>ella Keal. Lisboa pelo dito Impreflbr.
1695. 4.
Chronica da Sagrada Ordem Terceira
Aa Penitencia da Provinda de Portugal, e
Algarves. M. S. foi. Eíla obra que lhe
tinha cuílado o difvelo de muitos ân-
uos fe perdeo pela ignorância de hum
Frade Leygo que a reduzio a fragmentos
da qual fe lembra Carvalho Corog. Portug.
no lugar aíTima allegado.
D. Fr. lOAÕ MANOEL natural de Lis-
boa e filho illegitimo do Sereniflimo Rey
D. Duarte, e de D. loanna Manoel filha legi-
tima de D. Henrique Manoel de Vilhena
Conde de Cintra, e irmaõ da Raynha D.
Conílança IVIanoel primeira mulher delRey
D. Pedro L de Portugal. Nos feus primei-
ros annos foy educado pelo V. Nuno de
Santa Maria, que fendo Condeftavel do
Reyno preferio o Clauílro à Campanha para
conquiílar o Ceo depois de ter triumfado
varias vezes dos inimigos da pátria, e com
os documentos de taõ infigne Varaõ fe
deliberou a receber o habito Carmelitano,
que elle profeíTara no Convento de Lis-
boa, onde igualmente creceo nas virtu-
des, e nas fciencias pelas quaes mereceo fer
nomeado no anno de 1441. Provincial da
Provinda Portugueza pelo Geral Fr. loaõ
Facci cujo lugar juntamente com o de Co-
miíTario Geral confervou pelo longo ef-
paço de trinta, e finco annos por Breve
de Eugénio IV. Governando efta Monar-
quia feu Tio o Infante D. Pedro Duque
de Coimbra pela menoridade de feu Ir-
maõ D. Aííonfo V. o mandou por Emba-
xador a Hungria donde paíTou com o mef-
mo caraâer a Roma quando já era Bif-
po Titular de Tiberiades juntamente com
Ruy de Cunha Dom Prior mòr de Gui-
maraens onde alcançou da benignidade Pon-
tifícia de Eugénio IV. a feparaçaõ da Co-
marca de Valença do Minho do Bifpado
de Tuy a que era fogeita, e a izençaõ dos
Meftrados das Ordens militares de S. Tia-
go, e Aviz das Ordens de Velez, e Cala-
Ó87
trava. Atendendo feu irmaõ aos gran-
des merecimentos da fua peíToa o nomeou
Bifpo de Ceuta, que vagara por morte de
Fr. Aymaro religiofo Menor, e Capellaõ
mòr de AíFonfo V. em cuja dignidade foy
confirmado por Eugénio IV. a 20 de lu-
Iho de 1443. com a preeminência de Pri-
maz de Africa. Efte Monarcha o nomeou
feu Capellaõ mòr bautizando na Sé de Lis-
boa a II de Aíayo de 1455. a feu fobrinho
o Príncipe D. loaõ que depois fubio ao
trono de Portugal fendo o fegundo defte
nome. Pela vacatura do Bifpado da Guar-
da por morte de D. Luiz da Guerra foy
a elle transferido, e confirmado por Pio II.
a 15 de laneiro de 1459. em cuja Diocefe
obfervou inviolavelmente a juftiça, e evi-
tou muitos abuzos, que a inércia culpável
de feus anteceíTores deixara infenfivelmen-
te introduzir. Atenuado com os annos,
e achaques renimciou o Bifpado nomean-
do por feu coadjutor a D. loaõ Aifonfo Fer-
raz Bifpo de Ceuta em que foy confirma-
do por Xiílo IV. a 24 de lulho de 1476. e
no fim deíle anno fendo acometido da ul-
tima enfermidade falleceo em Lisboa com
faudade das fuás ovelhas, que pelo efpa-
ço de 18 annos o experimentarão benévolo
Paílor. Foy fepultado na Igreja do Real
Convento do Carmo donde fe tresladaraõ
os feus oílos para o Cimiterio da parte da
Portaria, e na Campa fe lhe abrio efte breve
Epitáfio.
Aqui ját:^ D. Fr. loaõ Manoel Bifpo que
foy da Guarda, Keligiofo do Carmo.
Defte illuftre Prelado fazem honorifi-
ca mençaõ Vafconc. Anaceph. P>.eg. Lu~
Jjt. pag. 166. n. 9. Brito Elog. dos Rejs de
Portug. pag. 92. e na Chron. de Cijler
Part. I. liv. 6. cap. 36. Cardozo Agiol. Lu-
fit. Tom. 3. p. 690. letr. C. Barbuda £/!?-
pre^. Milit. de Lufit. liv. 3. foi. 67. Ni-
col. Ant. Bib. Hifp. Vet. Part. 2. liv. 9
cap. 7. Mariz Dial. de Var. Hifl. Dial
4. cap. 5. Faria Eitrop. Portug. Tom. 2
Part. 3. cap. 3. n. 27. e 58. Lezana Anal,
Carmel. Tom. 4. pag. 856. Fr. Daniel à
Virg. Alar. Specul. Carmel. Part, 2. p
935. Cunha Hijl. Ecclef. de Braga. Part
2. cap. 57. n. 9. Souza Theatr. Geneal.
688
BIBLIO THE C A
da Caz- de So/^a pag. 829. Girvalho Corog.
Portug. Tom. 3. liv. 2. cap. 47. e Tom. 2.
liv. I. Trat. 8. cap. 2. Imhof. Stem. Keg.
hãifit. Tom. I. pag. 127. loan. Soar. de Brito
Theatr. Lup. JJtter. lit. I. n. 37. D. Fr. Tho-
me de Faria Decad. 7. lib. i. cap. 10. Pereira
Leal Cathal. dos Bi/p. da Guard. §. 24. D.
Man. Caet. de Souz. Cathal. dos Bi/p. Titul.
pag. 172. e Fr. Manoel de Sá Mem. Hijí.
dos EJcrit. da Prov. do Carm. de Portug. cap.
50. pag. 213. até 228. Compoz.
EJlatMtos da Collegiada de Ourem. Fo-
raõ efcritos em o anno de 1456. por Bulia
de Eugénio IV. e por elles fe governarão
os Cónegos até o anno de 1543. Fez ou-
tros o IlluílriíTimo Arcebifpo de Lisboa D.
Fernando de Vafconcellos, e Menezes os
quais agora fe obfervaõ.
D. lOAÕ MANOEL Alcayde mòr
de Santarém, e Camareiro mòr delRey
D. Manoel naceo em Lisboa fendo filho
de D. loaõ Manoel de quem fizemos a me-
moria precedente que o teve de lufta Ro-
drigues Pereira filha de Francifco Rodri-
gues Pereira, e fua mulher Cecilia Tava-
res ambos de nobre nacimento. Foy hum
dos mais difcretos Fidalgos do feu tempo,
e taõ verfado em todas as fciencias como
teílemunha Cataldo Siculo em huma Carta
que entre finco, que lhe efcreveo he a pri-
meira em que lhe dá os pezames da morte
de fua Efpoza D. Izabel de Menezes filha
de Affonfo Tellez de Menezes Alcayde mòr
de Campo mayor. Quid profuit iibi tot Au-
thorum volumina à balbutientibus annis fumma
diligentia evohrijfe ? Quid Ciceronem ? Qtàd Arif-
totelem? Qtàd Senecam? Quid Salomonem ex-
cuàjfe? Omitto Maronem, Flacum, Nafonem,
eS>* fimiles. Quid Augujlini, Hyeronimique com-
plura /cripta una cum doHifftmo Rege tuo, €>
Jibimet, e>* ceeteris audientibus quotidie pla-
ne legijfe? Declarajfeque? ac docuijfe? Por
ordem delRey D. Manoel a quem era
muito afeílo, partio a Caílella para ra-
tificar em nome deíle Principc as con-
diçoens do tratado matrimonial celebra-
do com a Rainha D. Izabel filha dos
Reys Catholicos, que fe concluio em
Medina dei Campo a 11 de Agofto de
1497. Delle fe lembraõ loan. Soar. de Brito
Theatr. l^ujit. Li ter. lit. I. n. 36. Pellicer
Comment. do Polif. de D. Lui^ de Gong. c Souza
Hijl. Gen. da Cai^. Real Portug. Tom. 3. liv. 4.
p. 207. e 223. Compoz.
Obras poéticas. Sahiraõ impreífas no Can-
cion. de Garcia de Rejende a foi. 48 até 57.
e foi. 143. até 169. que coníla de huma Ele-
gia à morte do Príncipe D. Affonfo. Diverfas
Gloffas. Trovas fobre os Pecados mortaes. Re-
pofta a Pedro Homem e
Regra para quem quiv^er viver em pav^. Q)-
meça
Ouve, e Calla,
E vivirás vida folgada:
Tua porta cerrarás;
Teu vit^inho louvarás;
Quanto podes naõ farás;
Quanto fabes naÕ dirás;
Quanto ves naò julgarás;
Quanto ouves naÕ crerás,
Se queres viver em pati^;
Deíla obra fez author Nicol. Ant. Bib,
Hifp. Vet. Part. 2. lib. 9. cap. 7. a D. Fr.
loaõ Manoel fendo certamente de feu filho
cuja equivocaçaõ feguio Fr. Manoel de Sá
Mem. Hijl. dos Efcrit. do Carm. p. 224. n. 320.
No Cancioneiro Ejpanhol impreflb An-
veres. 1570. eftaõ obras fuás a foi. 212. c
230.
Falia, ou palavras moraes. Começa
Nunca vi antre privados
Amizade verdadeira &c.
Confervafe M. S. na Livraria do Ex-
celenti/fimo Duque de Lafoens que foy
do Emminentiffimo Cardial de Souza Tio
de fua Excellentiffima Avó D. Mariana de
Souza Marqueza de Arronches.
D. lOAÕ MANOEL. Naceo em Lis-
boa, e teve por progenitores a D. Nu-
no Manoel Senhor das Villas da Ata-
laya, Tancos, Sinzeira, Alcayde mòr de
Marvaõ, e a D. loanna de Atayde filha
de D. António de Atayde primeiro Con-
de da Caílanheira c D. Anna de Tá-
vora. Aplicoufe em a Univerfidade de
Coimbra à fublimc Faculdade da Theo-
logia, e de tal modo penetrou as fuás
dificuldades que recebidas com aplauzo
L USITANA.
689
dos Cathedraticos as iníignias doutoraes foy
admetido a Q)llegial do Collegio de S. Pe-
dro a 2 de Alarço de 1596. A fua litera-
tura unida ao esplendor do feu nacimento
o habilitarão para fer Q)nego da Cathedral
de Lisboa, Efmoler mòr de Filippe III.
donde fubio a fer Bifpo da Cathedral de
Vifeu em cuja dignidade foy fagrado por
D. lorge de Almeyda a 21 de Março de
16 10. Deíla Diocefe que prudentemente
governou foy transferido para a de Coim-
bra de que tomou poíle a 26 de Mayo de
1625. e a poíTuio até o anno de 1632. em
em que foy nomeado Arcebifpo de Lisboa,
Confelheiro de Eílado, e Vicerey do Rey-
no de cujos honoríficos lugares o privou a
morte fendo digno de mais larga vida. laz
fepultado na Capella mòr da Igreja de NoíTa
Senhora de lefus dos Religiofos Terceiros
de S. Francifco que elle fendo Bifpo de
Vizeu mandara edificar para feu jazigo, e
dos Condes da Atalaya com titulo de Pa-
droeiío da Provinda, a qual deixou or-
nada de preciofas peífas, e eílimaveis relí-
quias, e fe acabou a 20 de lunho de 1635.
quatorze dias antes da fua morte fallecendo
a 4 de lunho do referido anno de huma
Hydropelia. Delle fazem illuílre memoria
o UluftriíTimo Cunha Hijl. Ecclef. de Brag.
Part. 2. cap. 106. n. 4. D. Nicol. de Sant
Mar. Chron. dos Coneg. Keg. Part. i. liv. 4
cap. 9. n. 20. Cardofo Agiol. l^ifit. Tom. i
p. 87. Carvalho Corog. Portug. Tom. 3. p. 495
Leytaõ. Cathal. dos Bi/p. de Coimb. §. 74
Leal Cathalog. dos Colleg. de S. Pedro. n. 53
P. Col. Caíhal. dos Bi/p. de Vifeu. §. 59. Fr
Martinho do Amor de Deos Chron. dos Ca-
puch. de Sant. Ant. p. 271. Compoz.
Conjlitmçoens Sjnodaes do Bi/pado de
Vifeu feitas, e ordenadas em fynodo pelo II-
luflrijfimo, e Reverendijfimo Senhor D. loaô Ma-
noel Bifpo de Vifeu. Coimbra por Nicolao
Carvalho 1617. foi.
lOAÕ MANOEL Presbítero do ha-
bito de S. Pedro, Cura da Parochial Igre-
ja de N. Senhora dos Prazeres da Vilia de
Aldeã Gallega da Merciana diftante da
Villa de Alanquer duas legoas para o
Noroeíle do Patriarchado de Lisboa. Foy
44
Varaõ de conhecida virtude, e infigne
direftor de almas para o caminho da per-
feição. A' inílancia do P. Meftre Fr.
Manoel da Efperança como efcreve na
I. P. da fua HiJl. Seraf. liv. i. cap. 35.
efcreveo.
Re/açaÕ da Vida de Francifca de Meyra
Terceira da Ordem da Penitencia, que falJeceo
a z-j de Dezembro de 1636.
Fr. lOAÕ MANOEL natural de Lis-
boa, e filho illegitimo de D. Luiz Manoel
de Távora quarto Conde da Atalaya Te-
nente General da Cava liaria do Minho,
Embaxador à Corte de Saboya, Governa-
dor das Armas da Provinda do Minho,
e Confelheiro do Eílado. Para acrecentar
mayores brazoens ao feu nacimento fe adop-
tou na preclariílima Família Ciílercienfe re-
cebendo a monaílica cogulla em o Real
Convento de Alcobaça a 22 de Dezem-
bro de 1690. Depois de diâar as fdencias
feveras aos feus domeílicos que fahiraõ ca-
pazes do magiílerio foy admitido em a Uni-
verfidade de Coimbra ao numero dos Dou-
tores Theologos onde brilhou o feu ta-
lento ou foíle nas Cadeiras que regentou
fendo eleito Condu£tario a 22 de Feve-
reiro de 1722. ou foífe em os Púlpitos atra-
hindo com a elegância da fraze, e profun-
didade do difcurfo as peflbas mais erudi-
tas que lhe formavaõ o auditório. Falle-
ceo em o Collegio de S. Bernardo de
Coimbra a 20 de Novembro de 1739.
quando contava 63 annos de idade. Pu-
blicou.
Sermaõ na folemne açaõ de graças que cele-
brou a Univerjidade de Coimbra con^egada em
Preftito no dia 4. de laneiro de 1735. pelo feli-
cijftmo nacimento da auguflijfima Princet^a da
Bejra Primogénita do Principe do Bras^il Nojfo
Senhor pregado no Keal Mojleiro de S. Cla-
ra. Coimbra na Offidna do Collegio
Real das Artes da Companhia de lESUS.
1735- 4-
Vaticínio expoflo, confirmado, e defendido.
Expojio à Univerjidade de Coimbra na folemne
Açaõ de Graças que celebrou congregada em Pref-
tito no dia 4. de laneiro de 1735. pelo felicijji-
mo nacimento da SeriniJJima Princesa da Bejra
Ó90
confirmado, e defendido na ocat(iaÕ do Jegundo
parto da Sereniffima Vrince^^a do Braz^l. Gíim-
bra na mefma Officina. 1756. 4.
D. lOAÕ MANOEL DE MELLO
natural de Lisboa filho de Luiz de Mel-
lo decimo terceiro Senhor de Mello, e de
fua fegunda mulher D, Maria de Lima
filha herdeira de loaõ de Barros Car-
dozo Commendador da Ordem de Chrif-
to, c de D. Brites de Lima. Entre as artes,
que cultivou com aplicação, e exerci-
tou com felicidade foy a Poezia Por-
tugueza, e Caftelhana em que a fublimidade
do feu talento merece a primazia entre os
mais Canoros Cifnes do ParnaíTo affim
pela cadencia das vozes, como pela de-
licadeza dos conceitos podendo formar-fe
hum volume das obras Métricas que tem
compofto das quaes fe fizeraõ publicas as
feguintes.
Soneto à morte da Serenijftma Senhora In-
fanta D. Francifca. Sahio na Collec. 4. dos
Sentim. Metric. a efie affumpto. a pag. 4. Lisboa
por Miguel Rodrigues. 1736. 4.
Traducion de la EJeffa Latina dei Sa-
pientijfimo j Keverendijftmo Padre D. Ma-
noel Caetano de Sofá. Romance Hende-
cafyllabo. Lisboa por António Ifidoro da
Fonceca. 1737. 4.
Foy argumento da Elegia recolherfe ao
Convento da Madre de Deos, e nelle profeíTar
o inftituto de Santa Clara a Senhora D. Luiza
Maria do Pilar filha dos Excellentifiimos
Condes do AíTumar.
Romance ao lllufhrijfimo , e Keverendijftmo Se-
nhor D. EflevaÕ de Mene!(es Conde de Tarouca
confolando-o na morte de feu Paj loaÕ Gomev^ da
Sylva Conde de Tarouca. Lisboa. 1739. ^'°^-
Confta de 52 coplas. He muito elegante,
e difcreto.
M* fmgular, e erudita Bibliotheca dos
Authores Portuguet^es, que compo:^^ o Re-
verendo Diogo Barbosa Machado Abbade
de Sever, e Académico da Academia Real.
Romance Hendecafyllabo. Sahio ao prin-
cipio defta obra. Lisboa por António
Ifidoro da Fonceca. 1741. foi. Confta de
15 Coplas.
BIBLIO THE CA
Fr. lOAÕ DE MANSILHA PEREYRA
natural do lugar de Santa Martha em o Con-
felho de Penaguião do Bifpado do Porto
onde teve por Pays a Francifco Pereira
Pinto, c D. Feliciana Manfilha Ozorio das
principaes familias da Província de Trás
os montes. Na idade da adolefcencia re-
cebeo o habito da illuftre Ordem dos Pre-
gadores onde fez taes progreflbs a fua agu-
da comprehenfaõ em o eftudo das fcien-
cias feveras, que mereceo fer laureado Dou-
tor Theologo em a Univerfidadc de Co-
imbra a 26 de Fevereiro de 1739. Sendo
venerado o feu talento pela profundidade
Theologica, naõ he menos aplaudido pela
eloquência Oratória de que deu hum claro
argumento na obra feguinte.
Oratio habita in Ecclefia S. Dominici
Ulyjftponenfis die 4. lanuarii. 1742. Sahio
nos Obfequios; aplau:(os, e triumfos com que
foy recebido em Portugal o Excellentijftmo ,
e ReverendiJJimo Senhor D. Fr. Io!(é Maria
da Fonceca, e Évora dignijftmo Bifpo do
Porto. Lisboa na Regia Officina Sylviana,
e da Academia Real. 1742. 4. a pag. 261.
Fr. lOAÕ DE SANTA MARGARIDA
Naceo em Lisboa, e na Parochia de S. loaõ
da Praça foy bautizado a 8 de Dezembro
de 1691. Deixando a companhia de feus
Pays Jozé Peftana da Sylveira, e Thereza
de Jefus da Sylveira recebeo o habito de
Agoftinho Defcalfo em o Real Convento
de NoíTa Senhora da Conceição do Mon-
te Olivete fituado fora dos muros de Lis-
boa a 3 de Novembro de 1708. Havendo
diâado Filofofia, e Theologia, nos Con-
ventos de Lisboa, e Santarém leyo Theo-
logia Moral aos Clérigos das Villas de '
Almada, c Caparica por provifaõ do Emi- *
nêtiffimo Cardial Patriarcha de Lisboa ex-
pedida a 10 de lulho de 1729. Foy Prior
dos Cõventos de Nofla Senhora da AíTum-
pçaõ da Soureda, e de Nofla Senhora da
Piedade de Santarém. He Qualificador
do Santo Officio, e muito exercitado em
o minifterio do púlpito de que tem publi-
cado.
Sermão Panegírico do Máximo dos Dou-
i
L USITANA.
691
fores, AJfombro dos penitentes, e Norma
dos Monges, primeiro Padre de Valefiina,
Pay, e Fundador de toda a KeligiaÕ Hyero-
nymiana o grande S. Jerónimo pregado no
Keal Convento da Pena. Lisboa por Pe-
dro Ferreira ImpreíTor da SereniíTima Ray-
nha. 1734. 4.
Sermão da Canonir^açaÕ de S. Joaõ Fran-
cijco Regis pregado em o Jegundo dia do folemne
Triduo com que os Keligiofos da Companhia
de JESUS do Collegio de Santarém aplaudi-
rão a nova Canonização do me/mo Santo em 10
de Fevereiro de 1738. Lisboa na Oííicdna
da Muíica, e da Sagrada Religião de Alalta.
1739- 4-
Sermoens vários politicos panegyricos, e mo-
raes pregados em diverjas Jolemnidades. Parte
primeira. Lisboa por Jozé da Natividade
da Sylva. 1744. 4.
Fr. lOAÕ DE SANTA MARIA na-
tural da Qdade de Évora, Erimita de
Santo Agoítínho cujo habito profeíTou
no GDnvento de Villaviçofa no anno de
1520. e no feguinte com faculdade do
Provincial Fr. António de Qiellas foy
eftudar Theologia em a Univeríidade de
Pariz onde naõ fomente floreceo o feu
agudo engenho neíla grande Faculdade,
mas em as letras humanas Rhetorica, e
Poética em cuja Arte foy iníigne com-
pondo no breve efpaço de quinze dias
por infinuaçaõ do Prior do G^nvento de
Pariz.
Aurelii Patris Augujlini Fxclefia Doão-
ris celeberrimi, ac erimitici Ordinis primi-
pillaris ducis, Fcclejia quondam hipponenfis An-
tijlitis Kegula ex foluta, ac pedejlri oratione
a Fratre Joanne AUriano Portugallenji Eri-
mita ad heróica dignitatis fajli^um evocata.
Tem no fim as feguintes palavras. ImpreJJum
fuit hoc opus Parijii expenjis honejli viri Ber-
nardi Aubri apud quem projlrat in via, qua
itur ad Beatum lacobum Juh injigni mortarii
ourei indujlria, arteque probi viri Antonii Bon-
nemere è regione Gjmnajii decretorum fub divo
Martino commorantis. Anno à nato domino JeJ-
quimillejftmo Vicejimo quarto. 4. Deíla obra
vimos hum exemplar, que fe conferva na
BibHotheca Real. Começa.
Dogmata fub numeris animus fert Jlringere
primis
Mellifltá quondam Tu/cus, qua matre Je-
pulta
Congreditur canis qua fluãibus aquora Ti-
bris.
Em aplauzo deíla obra faz huma elegante
Ode Safica Fr. Remigio Moyton Erimita
Auguftiniano a qual acaba.
Prodiit terris et Homerus alter
Myjlicis jungens ^aciles camanas
Senjibus neãitfacra diãa Patris
Carmine grandi
Pedro Fernandes infigne Filólogo feu
patrício, e afliílente em París na Carta La-
tina, que efcreveo a Fr. Francifco de
Évora Erímita Auguftiniano, que fahio
impreíTa ao principio da obra aflima no-
meada faz o feguinte elogio a Fr. loaõ de
Santa Maria. Ctfjus namque doãrina, et hu-
manitas, <& in poeji dexteritas, religionis, ve obfer-
vatio in tantam unumquemque adegtt admira-
tionem, ut eum plerique omnes demirari baud
facile dejinant, pojleaque aut huc fe fe contulif
operam protinus lifteris politioribus poeJi pra-
fertim, et foluta orationi navare decrevit
in queis dies aliquot verfatus, illico, <& poe-
tice, et oratorie declamare, litterafque palam
profiteri auf pica tus efi: qui ita utramque im-
plet mineruam, ut qua illi genuína, qua infiti-
cia Jit minus facile queat difcemi; deinde non
multo pojl fe fe Dialeãices cavillationibus, aut fi
mavis grifos emancipavit, quibus omnibus tan-
tum valet, ut magis quifpiam mortalium valere
haudquamque pojfet M. S.
Delle fazem memoria loan. Soar. de Brit.
Tbeatr. Euft. Litter.lit. I. n. 50. Purif. de Vir.
Illujlrib. Ord. Erimit. D. Aug. lib. 2. cap. 14.
Franco Bib. Portug. M. S. e Nicol. Ant.
Bib. Hifp. Tom. i. pag. 560. col. i.
D. lOAÕ DE SANTA MARIA na-
tural da Villa de Terena em a Provin-
da Tranftagana Cónego Regular de San-
to Agoftinho, e taõ obfervante do feu
inftituto pelo efpaço de quarenta annos,
como perito na Arte da Mufica, fendo
Meftre da Capella do Real Convento de
S. Vicente de fora dos muros de Lisboa.
Falleceo com manifeftos íinaes de pre-
692
BIBLIO THE C A
deílinado cm o Gdh vento de S. Salvador
de Grijò a 12 de Março de 1654. em cujo
dia fa2 delle honorifica mençaõ o Licen-
ciado lorge Cardozo Agiol. 'Lufit. Tom. 2.
p. 149. c no Comment. de 12 de Março letr. L.
Compoz.
Três livros de Contraponto. Oferecidos ao
SereniíTimo Rey D. loaõ o IV. antes da fua
feliz Aclamação que exceíTivamente os efti-
mou aíTim pela eminência da obra, como
pela virtude do Author.
lOAÕ MARINHO natural de Lisboa
igualmente verfado na liçaõ da Hilloria fe-
cular, e fagrada como inftruido em as máxi-
mas da politica. Publicou com o fupoílo
nome de Ijtcindo 'Lujitano.
El Príncipe encuhierto tiianifeftado en quatro
dijcurjos políticos. Lisboa por Domingos Lo-
pes Rofa. 1642. 4.
lOAÕ MARQUES CORRÊA. Naceo
em a Qdade de Beja da Provinda Tranf-
tagana a 20 de lunho de 1671. fendo filho
de Luiz Marques, e Maria lozefa. Na Uni-
verfidade de Coimbra depois de receber o
gráo de Meílre em Artes a 17 de Março de
1692. fe formou na faculdade de Medecina
a 25 de lunho de 1696. onde foy Exami-
nador dos Licenciados, e Bacharéis. Fal-
leceo na pátria a 16 de Iimho de 1745. Para
claro argumento da fciencia que profeíTava.
Publicou.
Tratado Phyjiologico Medico Phyjico, e Ana-
tómico da circulação do Jangue dividido em qua-
tro Capitulos. No I. fe trata da anatomia
do Coração, Veas, artérias que entraõ, e fahem
delle. No 2. fe trata dos maravilhoi^ps movi-
mentos do Coração, e fuás peregrinas cauí^as
em doutrina antiga, e moderna. No 3. da
verdadeira, e perenne circulação do fangue em cujo
movimento confifie precifamente a vida. No 4.
em que fe difolvem totalmente os argumentos que
fe podem pòr contra a circulação do fangue.
Lisboa por António de Lemos Corrêa.
1735. 4.
lOAÕ MARQUES MOREYRA Pro-
thonotario Apoílolico, e Real Capellaõ
na Cidade do Nome de Deos do grande
Império da China. Querendo fazer patente
ao mundo o jubilo com que os moradores
da Cidade de Macáo celebre Colónia dos
Portuguezes fituada cm a Provinda de Can-
tão, celebrarão a feliz Aclamação do Sere-
niíTimo Rey D. loaõ o IV. efcreveo com
eílilo fincero.
Relação da mageflofa, myfleriofa, e notável
Aclamação que fe fe:^ à Mageflade delRey D.
loaÕ o IV. Nojfo Senhor na Cidade do Nome
de Deos do grande Imperío da China, e fejlas
que fe fi:(eraÕ pelos Senhores do governo publico
e outras peffoas particulares no anno de
1642. Lisboa por Domingos Lopes Rofa.
1644. 4.
lOAÕ MARTINS. Sacerdote de exem-
plar procedimento, e muito perito na Arte
do Canto Chaõ de que teve efcola publica
fahindo inílruidos perfeitamente innumera-
veis difcipulos para o Coro, e Altar. Naõ
fatisfeito de enfinar com a voz os preceitos
defta armonica Arte os fez mais claros, e
perceptíveis com a pena publicando.
Arte do Canto ChaÕ pofla, e redu!(ida em
fua enteira perfeição fegundo a praãica delle
muito necejfaria para todo o facerdote, e pef-
foas, que haÕ de faber cantar; e a que mais fe
ui(a em toda a Chriflandade. Vay em cada bu-
ma das regras f eu exemplo apontado com as entoa-
çoens. Coimbra por Manod de Araújo
1603. 8. & ibi por Nicolao Carvalho
Impreflbr da Univerfidade 161 2. 8. Sa-
hio terceira vez emendada, e acrecenta-
da por António Cordeiro Subchantre da
Sé de Coimbra, ibi por Nicolao Carvalho
1625. 8. ,
lOAÕ MARTINS. Vejafc ANTÓNIO
DE VILLAS BOAS, E SAMPAYO.
lOAÕ MARTINS cuja pátria, c cf-
tado de vida fe ignora. Traduzio com
aplicação devota da lingua Caftelhana de D.
Francifco de Borja Príncipe de Efquilache
cm a materna.
Oraçoens, e Meditaçoens da Vida de lefu
Chriflo nojfo Salvador dos benejicios qiu nos
Á
L USITAN A.
693
fe^i divididas em quatro partes i. da En-
carnação de Chrifio ate Jua PayxaÕ. 2. da
Pajxaõ até Jua Kefttrreiçaõ. 3. da Kefur-
reiçaÕ de Chrifto, e fuás apariçoens. 4. da
Afcençaõ, Pentecojles, e outras cout^as. Lis-
boa por Bernardo da Cofta de Carv^alho
ImpreíTor do SereniíTimo Senhor Infante.
1716. 8.
Imitação de Chrifio compofia por Thomas
de Kempis. Lisboa por Domingos Carneiro.
1679. 12. & ibi na Ofíicina loaquiniana
da Muíica. 1739. ^^•
lOAÕ MARTINS DA COSTA natu-
ral de Lisboa profeíTor de lurifprudencia
Cefarea, e Patrono de Caufas Forenfes na
fua pátria, e da Ca2a da Suplicação do qual
fa2em memoria loan. Soar. de Brito Theatr.
iMfit. l^iter. lit. I. n. 52, D. Francifco Ma-
noel Carta dos A A. Portug. ao Doutor The-
mudo. Portugal de Donat. Kegiis. Part. i,
n. 283. e Barbofa Comment. ad Ord. Keg.
Compoz.
Tratado da forma de Ubellos, e das
allegaçoens judiciaes, e do procejfo do fui!(0
fecular, e Ecclefiafiico, e dos contratos com
fuás gloffas; reformado de novo com as addi-
çoens, e annotaçoens copiofas das ordenaçoens
novas do Kejno, Lejs de Caftella, e moder-
nos, e outras formas de Ubellos, petiçoens, e
allegaçoens judiciaes com a conferencia dos
Titulos das Ordenaçoens antigas com as no-
vas, e procejfo do Tribunal da Legada,
€ das Kevifias. Lisboa por Pedro Craes-
beeck. 1608. foi. et ibi pelo dito ImpreíTor
1621. foi. & ibi por Francifco de Souza.
1680. foi. Coimbra por lozé Antunes da
Sylva ImpreíTor da Univeríidade 171 1. foi.
He addiçaõ à Forma de Ubellos com-
pofta pelo Doutor Gregório Martins Ca-
minha de quem fe fez memoria em feu
lugar.
Domus Suplicationis Cúria "Lufitana Sty-
lique Supremi Senatus Confulta. UlyíTipo-
ne apud Gerardum à Vinea 1622. 4.
& ibi apud Emmanuelem Lopes Ferreira
1692. foi. Nefta fegunda ediçaõ fahio
com a Praãica Delegationum Criminalium vulgo.
Alçadas.
D. lOAÕ DE MASCARENHAS. Ter-
ceiro Conde do Sabugal, Senhor de La-
nhofo. Meirinho mòr do Reyno naceo
em Lisboa onde foraõ feus Progenito-
res D. Francifco Mafcarenhas Commenda-
dor de Alpedrinha na Ordem de Chrif-
to, Gentilhomem da Camará do Empe-
rador Mathias, Governador, e Capitaã
General da Praça de Macáo em a China,
e D. Margarida de Vilhena fua fobrinha
filha de feu Irmaõ D. loaõ Mafcarenhas
Senhor de Palma, e de D. Maria da Coíla.
Foy Commendador de S. Chriftina de Afife,
Santa Maria do Efpinhal, e Santa Maria
da Graça de Caftello novo da Ordem de
Chrifto, e Confelheiro de Guerra. Mili-
tou pelo efpaço de outo annos nas Campa-
nhas de Flandes onde deixou de feu heróico
valor gloriofas memorias affim na recupe-
ração da Praça de Aiere, e tomada de la Baf-
fee, como na vitoria do Honcourt, e ba-
talha de Recroy. Para defender a fua pá-
tria invadida pelas armas Caftelhanas paíTou
no anno de 1645. a França donde voltan-
do foy Tenente General, Governador, e
General da CavaUaria da Província do Alen-
tejo. Teve graça natural, e fumma promp-
tidaõ nas repoftas que eraõ eftimadas como
fentenciofos apothegmas. Cazou com D.
Brites de Menezes CondeíTa proprietária
do Sabugal Viuva de feu Tio, e primo com
irmaõ de D. Nuno Mafcarenhas Senhor
de Palma, e filho herdeiro de D. Francifco
de Caftellobranco fegundo Conde do Sa-
bugal, e Meirinho mòr, de quem unica-
mente teve D. Margarida de Vilhena, que
cazou duas vezes, a primeira com Diogo
Lopes de Souza. 4. Conde de Miranda feu
fegtmdo Primo; e a fegunda com D. Luiz
Peregrino de Atayde nono Conde da Atou-
gviia, e de ambos eftes defpozorios houve
efclarecida defcendencia. Foy naturalmente
inclinado à Poezia vulgar, e das Unguas mais
polidas da Europa teve baftante intelligen-
cia. Traduzio do Conde Galeazzo Gualdo.
Manejo da CavaUaria. Cuja obra fe im-
primio com particulares Notas do Tra-
094
BIBLIO THE CA
duftor como afirma o P. Souza Hijl. Gen. da
CaZ' Rea/ Portfíg. Tom. 5. liv. 6. p. 346.
Obras varias em pro:(a, e Ver/o. M. S.
D. lOAÕ MASCARENHAS DE LEN-
CASTRE Terceiro Conde de Santa Cruz
Commendador de Mertola, Alcayde mór
de Monte mór o Novo, e de Alcácer do
Sal, Senhor de Laure, Vedor da Caza
do SerenilTimo Rey D. loaõ o IV. e Mor-
domo mòr das SereniíTimas Raynhas D.
Luiza Francifca de Gufmaõ, e D. Maria
Francifca Izabel de Saboya naceo em Lis-
boa fendo filho de D. Fernaõ Martins
Mafcarenhas quarto do nome Commenda-
dor de Mertola na Ordem de S. Tiago Se-
nhor de Laure, e Eftepa, Alcayde mòr de
Monte mòr o Novo, e de Alcácer do Sal,
c de D. Maria de Lencaílre filha de D. Di-
niz de Lencaílre Commendador mòr da
Ordem de Chriílo, e Alcayde mòr de Óbi-
dos, e Soure, Embaxador a França, Caílella,
^ Roma, e de D, Izabel Henriques filha
de D. Francifco Coutinho III. Conde de
Redondo Vicerey do Eílado da índia. Com-
petirão os dotes do efpirito com os efplen-
dores do nacimento fazendo-fe ainda mais
venerado pelas virtudes adqueridas, que pe-
los brazoens herdados. Entre as artes, que
cultivou com eftudo, e exercitou com feli-
cidade lhe deveo mayor affefto a Poezia
para a qual benéfica a natureza o inílruio
defde os primeiros annos merecendo o fu-
blime enthufiafmo da fua Mufa, que foííe
convidado entre os mais infignes alum-
nos do Parnaflb pelo Author do Templo da
Memor. liv. 4. Eftanc. 177. para celebrar o
augufto Hymineo dos Sereniffimos Du-
ques de Bragança D. loaò com a Senhora
D. Lviiza Francifca de Gufmaõ.
Cantay dejle Hymineo ô generojo
D. loaÔ Mafcarenhas de Alencajlro,
Que por mil Climas paffará famojo
Mais ainda além do bárbaro Coajlro.
Repeti de Bragança o nome invião
Até que fique numa EJlrella ejcrito.
E no hv. 5. Eftanc. 166. e 167.
Ofanffie de Bragança multiplica
Grandezas diffias de caraãer de ouro
Na ca:(a para quem Mertola rica
Abre da Deofa Ceres o the:(ouro.
Na ca^a donde Portugal agora
A hum Quinto Neto de Fernando adora.
Cujo nome o clarim da fama Juave
De clima em clima leva pelo vento;
E naõfópor altivo infigne, e grave
Soa no campo av^ul do Firmamento:
Mas aqui vive em tarjas de Alabajlro
E he Dom loaÕ Mafcarenhas de Alencajlro.
Da fua fecunda, e difcreta vcya dei-
xou multiplicadas produçoens das quais
fe podiaõ formar volumes, e unicamen-
te fahio impreíTa huma Cançaõ em aplau-
zo de Manoel de Galhegos author do
Templo da Memoria affima allegado, Lis-
boa por Lourenço Craesbeeck. 1635. 4.
Começa.
Cantay Cifne do Tejo foberano.
Falleceo em Lisboa a 15 de Fevereiro de
1668. Foy cazado com D. Brites Mafcare-
nhas filha herdeira de D. Martinho Mafca-
renhas II. Conde de Santa Cruz Confelheiro
de Eftado, e Prefidente do Dezembargo do
Paço da qual teve a D. Francifco Mafcare-
nhas, que falleceo na Armada, que foy ao
Brazil; D. Martinho Mafcarenhas 4. Conde
de Santa Cruz; D. Pedro Mafcarenhas; D.
Francifco Mafcarenhas Alcayde mòr de Tran-
cofo, e Commendador de Almourol, que
cazou com D. loanna Coutinho; D. loan-
na de Vilhena, que fe defpozou com D.
Vafco Mafcarenhas primeiro Conde de Óbi-
dos; e D. Maria Magdalena de Lencaftre
mulher de Vafco Fernandes Cefar de Me-
nezes filho herdeiro de Luiz Cefar de Me-
nezes Alferes mòr de Portugal. PaíTou D.
Joaõ Mafcarenhas a fegundas vodas com
D. Maria de Távora Viuva de D. Antó-
nio Mafcarenhas da Cofta primeiro Con-
de de Palma filha de Luiz Alvares de Tá-
vora Conde de S. loaõ da qual naõ teve dcf- .
cendencia. ■
Fr. lOAÕ DE S. MATHIAS natural
de Lisboa alumno da Seráfica Provín-
cia de S. Thomè da índia Oriental onde
pela religiofa obfcrvancia do feu inftitu-
to foy o outavo Provincial dcfta Provin-
L USITAN A.
óqS
cia, e dos mais infatigáveis Operários da-
quellas taõ dilatadas vinhas. Para agregar
as almas de innumeraveis gentios ao reba-
nho do divino Paftor aprendeo a Ungua
dos Bramenes em que foy peritiíTimo com-
pondo, e traduzindo nella para inftruçaõ
dos Neófitos muitos livros como efcrevem
Fr. Miguel da Purif. Kelac. Defenf. dos filhos
da Ind. Trat. i. cap. 2. n. 10. e Fr. Jacint. de
Deos Verg. de plant. e Flor. pag. 10. fendo os
principaes.
Symholo da Fé compojlo pelo Carnal Bel-
larmino cuja proza verteo em dous mil
verfos para com mayor faciUdade fe deco-
rarem.
Vida de Chrijlo. Efcrita na lingua
Bracmana, que intitulou Puritana. Deíla
obra faz mençaõ Fr. loaõ de Deos Theatr.
das Igrej. de Portug.
Fr. lOAÕ DA MATTA natural de
Lisboa, e bautizado na Parochia de Nof-
fa Senhora da Pena a 25 de Fevereiro de
17 16. teve por Pays a loaõ Machado,
e Maria Ferreira. Quando contava a tenra
idade de nove annos foy admitido ao
habito da Terceira Ordem da Peniten-
cia em o Convento de NoíTa Senhora
de Jefus pela fuavidade da voz, e def-
treza da Mufica de que era ornado.
Feita a profiíTaõ folemne a 2 de Feve-
reiro de 1734. como tiveíTe capaz talen-
to para as fciencias feveras eíhidou Fi-
lofofia no Convento de Vianna defen-
dendo com aplauzo Conclufoens publi-
cas, e Theologia em o Collegio de Co-
imbra, que interrompeo por cauza de
hum fluxo de fangue, que brevemente
o privou da vida a 3 de Junho de 1738.
quando tinha 24 annos de idade. Entre
as compofiçoens Muficas, que deixou me-
recerão mayor eftimaçaõ os feguintes Motetes
a 4. vozes.
Ave Kofa fine Spinis.
Çf Beatorum fedes.
O' Patriarcha pauperum.
Mijfa de diverjas vo^es para fe cantar
quando celebraíTe a primeira MiíTa por
ter já recebido as Ordens de Prefbitero.
P. lOAÕ DE MATTOS natural de
Lisboa, e filho de Juliaõ de Góes, e Ap-
pollonia de Mattos. Na idade de 17 annos
fe aliftou na Companhia de lESUS em o
Collegio de Coimbra a 9 de Mayo de 1598.
Depois de enfinar letras humanas, e Filo-
fofia diftou doze annos a Sagrada Theo-
logia nos Collegios de Coimbra, e Évora
onde recebeo o gráo de Doutor a 26 de
Julho de 1627. Querendo FiUppe IV. que
no Collegio Imperial de Madrid fe leíTe
huma Cadeira de Pohtica o mandou cha-
mar, e lhe cometeo eíla incumbência idea-
da pelo Conde Duque de Olivares D. Gaf-
par de Gufmaõ valido daquelle Monar-
cha, e pofto que obedeceo á real infinua-
çaõ compondo huns Aforifmos políticos
extrahidos de Ariíloteles, e dos Eíladiftas
modernos naõ teve eífeito efta idea. Foy
em Roma AíTiílente do Geral de cujo lu-
gar foy fubfkituto do Padre Nuno Mafca-
renhas no anno de 1637. onde efteve até
fe celebrar a outava Congregação. Refti-
tuido ao Reyno, e à pátria com o lugar de
Vifitador da Provinda faUeceo piamente
na Caza profeífa de S. Roque a 7 de De-
zembro de 1648. com 67 annos de idade, e
50 de Rehgiaõ. Delle fe lembraõ Nicol. Ant.
Bib. Hifp. Tom. i. pag. 566. col. 2. loan.
Soar. de Brito Theatr. 'Lufit. 'Litter. lit. I.
n. 54. Bib. Societ. pag. 478. col. 2. Fonceca.
Fj}or. Glorio/, pag. 433. Franco Ipiag. da Virt.
em o Nop. de Coimb. Tom. 2. pag. 619. e
Annal S. J. in l^fit. pag. 295. n. 9. Dei-
xou dous Volumes de Theologia intitulados.
De Judiciis Divinis. foi. Aí. S.
De Judiciis humanis. foi. M. S.
lOAÕ DE MATTOS FRAGOSO
Cavalleiro profeíTo da Oídem de Chriíla
natural da ViUa de Alvito da Provín-
cia Tranílagana, e filho de António Fra-
gozo de Matos, e de D. Anna de Souza.
A natureza o dotou de entendimento
perfpicaz, memoria feliz, e comprehen-
faõ fublime por cujos dotes alcançou
o refpeito dos mayores eruditos do feu
tempo. Eíhidou na Univerfidade de Évo-
ra Filofofia, e como eíUvefle egrégia-
6ç)6
BIBLIO THE CA
mente inílruido nas letras humanas, My-
thologia, Rhetorica, e Poética fe deixou
arrebatar deíla divina Arte para a qual na-
turalmente era inclinado, e á cultivou com
geral aclamação na Garte de Madrid on-
de aíTiílio a mayor parte da fua vida fendo
aplaudido pelos mais celebres profeflbres
da Poe2Ía Cómica admirados do artificio
com que compunha as Comedias que fe
rcprezentaraõ em os mayores theatros da-
quella Corte onde falleceo a i8 de Mayo
de 1692. Delle faz honorifica mençaõ o
P. Ant. dos Reys En/buf. Poet. n. 159.
Compoz.
Comedias Varias primera Parte. Ma-
drid, por lulian de Paredes 1658. 4. Sahi-
Taõ junto com outras, ou feparadas as fe-
guintes.
Caer para llevantar. Madrid por Miguel
Sanches. 1662. 4. com outras.
£/ loh de las Mugeres. ibi por Gregório
Rodrigues. 1657. 4. com outras
De Ju tiempo el de/engano. Madrid, por
Domingos Garcia Morras 1654. 4. com
•outras
£/ Jegundo Moyfes S. Frqylam. ibi por
Paulo do Vai. 1663. 4. com outras
£/ delinquente Jin culpa, y bajlardo de Ara-
gon. — Poço aprovechan avisos quando aj mala
inclinacion. — El galan de Ju Muger. Eftas
três Comedias. Madrid por Domingos Gar-
cia Morras. 1660. 4.
Lm dicha dei Carbonero, y Laurenço me
Mamo. Madrid, por Francifco Nieto. 1666. 4.
JLo/ prodigios de Koma. ibi por lozé Fer-
nandes de Buendia 1665. 4.
EJ Letrado dei Cielo. ibi por Domingos
Garcia Morras. 1666. 4.
Ijos Vandos de Ravena - Injlituicion de
Ja Camaldula. — La oca^ion hat(e el ladron.
Sahiraõ Madrid por André Garcia 1667. 4.
La ra:(on vence el poder. Madrid por lozé
Fernandes Buendia 1668. 4.
El Bruto de Babilónia — No eftà en
jftatar el vencer. Madrid por Domingos
Garcia Morras 1668. 4.
Eljabio enfu retiro.
El Fenis de Alemania Santa Chrifiina.
Ambas Madrid pelo dito Impreííor. 1670. 4.
Poços bajlan fi Jon buenos, y Crijol de la
lealtad.
La Vengança en el dejpeno. Ambas Madrid
por lozé Fernandes de Buendia 1670. 4.
E2 nueuo mundo en Caftilla.
EJ mejor cav^amiento. Ambas Madrid por
Belchior Alegre. 1671. 4.
La def dicha por el defprecio.
Eftados mudan cuflumbres. Sahiraõ com
outras Madrid por Paulo do Vai. 1653. 4.
Amor, Lealtad, y Ventura
Eâamorhav^e valientes. Com outras Madrid.
El amor fino en el Valle.
La Boba, y la Difcreta.
El Negro de Sevilla.
El Príncipe prodigiofo.
Dexar un Reyno por otro.
S. Francifco de Paula.
El picari/lo en E/pana.
S. Ifidoro de Madrid.
S. Caetano.
La muger contra el Confejó.
Opponerje a las Eftrellas.
La mi/ma conciencia acufa.
El negro mas prodigiofo.
EJ Príncipe Tranjiluano.
D. Quixote de la Nlancha.
La vida de Fríslan.
El marido de fu madre.
1 r ave jf uras fon valor.
EJ amante mudo.
La Dama Capitan.
Offender con el fabor.
EJ Hercules de Ocana.
Santa Ollala de Merída.
La Vengança en el defprecio.
Las finesas de It^abella.
Todas eílas Comedias fahiraõ impref-
fas fem anno da ediçaõ, nem o nome do
ImpreíTor, e das feguintes compoz loaõ de
Matos Fragozo alguma jornada.
La defenfa de la Fé, y Príncipe prodiffofo»
a I. Parte he fua, e a 2. de Agoílinho Moreto.
Sahio em o livro intitulado EJ mejor de los
mejores libros que han falido de Comedias Madrid
por Maria de Quinones. 1653. 4.
La Corte en el Valle. Parte fua, e outras
de D. Francifco de Avellaneda, e D. Sa-
baftian de Villaviciofa. Madrid por Andrc
Garcia de la Iglefia. 1655. 4.
11
L USITAN A.
697
El Kedemptor cautivo. G)m Vilkviíiofa.
"La Virgen de Vuenjalida. Com o mefmo,
e D. Iiian de Zavaleta. Madrid por lozé
Fernandes Buendia. 1665. 4.
Solo el piedofo es mi hijo. A i. Tor-
nada fua. 2. de Villaviciofa. 3. de Avella-
neda. Madrid, por Matheos Fernandes de
Efpinofa. 1666. 4.
1m màs heróica finesa, y fortunas de
Najfella. Com D. lozé, e Diego de Cór-
dova. Madrid, por Domingos Garcia Morras.
1670. 4.
El mejor par de los do^e. Parte fua, e de
D. Agoítínho Moreto.
El Barquero Emperador. i. lomada
fua. 2. de loaõ Baptiíla Diamante. 3 de
D. Andres Gil Henriques. Ambas. Ma-
drid, por Io2é Fernandes de Buendia.
1673. 4.
Entremet^ de las Reverencias
dei Galan llevado por mal
dei Trepado
Bajle dei Mellado
Sahiraõ no livro intitulado Tardes apa-
cibles de gujtoi(p entre tenimiento. Madrid por
André Garcia de la Igleíia 1663. 8.
El affaetado. Entremez fahio com outros
no livro Rafgos dei ócio. Madrid por Domingos
Garcia Morras. 1664. 8.
Entremeti^ dei Matachin.
de D. Terêncio.
Sahiraõ no livro Verdores dei Vamaffo. ibi pelo
dito ImpreíTor. 1668. 8.
Canção à morte da Kainha de Cafiella
D. l!(abel de Borbon. Sahio nas Honras
fúnebres dedicadas a efta Senhora Madrid.
1645. 4-
Soneto, e Komance à morte do D. loaõ
Peres de Montalvão. Sahiraõ a foi. 48.
v^. e 68. das Eagrignas Panegjricas a efle
affumpto. Madrid. 1639. 4-
Outavas em louvor de S. Pedro de Al-
cântara. Sahiraõ a pag. 60 da Relação das
Fejlas da Canonif^açaÕ do mefmo Santo. Ma-
drid. 1670. 4.
Fefiejo nupcial en las felices bodas de
la Mageflad de D. Pedro z- jy la muy
alta, y foberana Senora D. Maria Sofia
l^abella Palatina Reys de Portugal. Madrid.
1687. 4- Coníla de Outavas.
Accentos Eyricos ai feli^ nacimiento dei
efclarecido Príncipe hijo prímogenito de los
Senores Reys de Portugal. 4. Sem anno da
ediçaõ, e nome do ImpreíTor.
Míieflra dei Ingenio en la de un Relox.
4. fem anno nem lugar da ImpreíTaõ.
Fr. lOAÕ DE MARVILLA alumno
da illuílre Familia da Santiflima Trindade
taõ perito nas efpeculaçoens Theologicas
como na intelligencia da Sagrada Efcri-
tura, e Santos Padres do qual fazem
memoria Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i.
p. 565. col. I. Altuna Chron. da Relig.
da Sant. Trínd. p. 630. e loaõ Franco
Barreto Bib. Portug. M. S.
Compoz.
Documentos efpirítuaes. 2. Tom. 4. M. S.
lOAÕ DE MEDEYROS CORRÊA na-
tural de Lisboa filho de Bartholameo de
Medeiros Corrêa, e D. Luiza da Sylva
dotada de igual nobreza à de feu con-
forte. Na adolefcencia deu claros argu-
mentos da viveza do engenho, e felici-
dade da memoria com que na idade
adulta conciliou as eíUmaçoens dos mais
famofos eruditos naõ fomente pela vafta
noticia das letras humanas, Mythologia,
Oratória, e Poética em que foy inGgne,
mas pela fdenda pradica, e efpeculativa
da lurifprudencia Canónica, de cuja Fa-
culdade recebeo as iníignias doutoraes em
a Univeríidade de Coimbra. Depois de
ter fervido com igual intereíTe da Repu-
blica, que credito da fua PelToa os lu-
gares de luiz de fora de Trancofo, e
Corregedor da Comarca de Miranda foy
nomeado Auditor Geral do Exercito da
Provinda da Beyra efcrevendo para inf-
truçaõ dos militares poílo naõ fer pro-
feUor das Arnus, a feguinte obra.
Perfeito Soldado, e politica militar. Lis-
boa por Henrique Valente de Oliveira
1659. 4. Dedicado a D. leronimo de
Atayde Conde da Atouguia General do
Exerdto da Beyra. Em aplauzo do Au-
thor efcreveo a difcreta Mufa do in-
íigne Doutor António Barbofa Bacellar o
óçB
BIBLIO THE C A
feguinte Soneto alludindo às palavras do
Emperador luftiniano Imperatoriam niajefta-
tem non Jolúm armis decoratam, fed etiam
legibus oportet effe armatam.
Houve até agora Valias naõ armada,
Havia Palias armada até agora;
Huma fempre das armas proteãora,
Outra fempre nas letras invocada.
Porem depois, que as leys daõ à e/pada,
E difcipulo Marte a Febo adora;
A. que prejide às letras vencedora,
EJfa prejide as lides de/armada.
Tu fó a Impera toria Mageftade,
De quem Jahio Jurijla as leys penetras,
Dextro Joldado de preceitos armas.
Ijogrou em fim o Ce:(ar a vontade
Pois lhe enfinas as armas com as letras
Pois lhe adornas as letras com as armas.
Panegyrico a André de Alboquerque Ribafria
Alcayde mór de Cintra, Meftre de Campo General
da Provinda do Alentejo com os Elogios, que à
Jua morte fe fi^eraõ. Lisboa por Domingos
Carneiro. 1661. 4. Além do Panegyrico com-
p02 a eíle argumento Endechas. 3. Sonetos;
huma Sylva. e 5. Decimas.
Sylva ao V. Padre Fr. António da Conceição
religiofo Trino. Sahio na Fama pojlhuma dejle
V. Padre, a pag. 347. Lisboa por Henrique
Valente de 01i-<^eira. 1658. 4.
Relação da RefiauraçaÕ da Bahia. Lisboa
por Pedro Crasbeeck. 1625. 4.
Relação da Tomada do Recife, Itamaracà,
Paraiba &c. Lisboa na Officina Craesbeckia-
na. 1654. 4. Eílas duas Relaçoens fahiraõ
fem o feu nome.
Nove lias, e Comedias varias com vários géneros
de Poesia. M. S. 4.
Falleceo em Lisboa, a 1 5 de laneiro de 167 1.
D. lOAÕ DE MELLO natural de VU-
laviçofa onde teve por illuílres Progenito-
res a Pedro de Caílro de Azevedo Dona-
tário dos Lugares de Ferreira paflada, Al-
cayde mòr de Melgaço, Commendador de
Santa Maria de Anfime junto à Villa de
Guimaraens, e a D. Brites de Mello filha
de loaõ de Mello Commendador de Caza-
vel na Ordem de S. Tiago. Eftudou as
fciencias feveras cm a Univerfidadc de Sa-
lamanca onde floreceo, e frutificou o feu
fecundo engenho com admiração de todos
os Meílres recebendo o gráo de Doutor
na Faculdade de Direito Pontifício. Vol-
tando à Cidade de Évora o admitio por
feu domeílico o SereniíTimo Infante D. Af-
fonfo Bifpo daquella Cathedral venerando
na fua peflba aquella integridade de cuíhi-
mes, q o habilitarão para os lugares mais
honoríficos aíTim Ecclefiaílicos, como fc-
culares. Entre os primeiros Inquizidores
de que fe formou o Tribunal da Inquizi-
çaõ de Évora foy nomeado em 10 de Ou-
tubro de 1536. pelo IlluftriíTimo D. Diogo
da Sylva primeiro Inquizidor Geral nefte
Reyno donde paíTou com o mefmo lugar
para a Inquiziçaõ de Lisboa a 16 de
lulho de 1339. Deíle Tribunal foy promo-
vido a Deputado da Meza da Conciencia, c
Ordens, e depois a Prezidente do Dezembargo
do Paço fendo o primeiro, que ocupou eíle
honorifico lugar pois até o feu tempo prezi-
diraõ nelle os noíTos Monarchas. Aten-
dendo aos feus merecimentos ElRey D.
loaõ III. o nomeou em o anno de
1549. Bifpo de Sylves em o Reyno do
Algarve onde como vigilante Paftor ce-
lebrou Synodo Diocefano a 14 de lanei-
ro de 1554. No anno feguinte aíTiftio no
Concilio Tridentino congregado fegunda vez
no Pontificado de Júlio 11. e cm taõ ve-
nerável congreíTo foy admirada a fua gran-
de litteratura. Reílituido ao Reyno foy no-
meado Regedor das Juíliças de que tomou
poíTc a 17 de Setembro de 1557. dcvcn-
do-fe à direção das fuás prudentes máxi-
mas, que a juíliça fe obfervafle triumfante
do refpcito dos poderofos, c do foborno
dos delinquentes. Cotiílituido pelo Cardial
Infante D. Henrique Coadjutor, Provifor,
c Vigário Geral do Arcebifpado de Évora
de que era Paftor, lhe renunciou no anno
de 1564. efta grande dignidade fendo o
fegundo Arcebifpo de taõ antigua, como
illuftre Diocefe onde celebrou Synodo cm
1565. a que deu principio com huma ele-
gante Oraçaõ o infigne André de Rezen-
de. Exercitadas todas as virtudes neccíTa-
rias para dczempcnho da obrigação paftoral
L USITAN A.
pelo efpaço de dez annos deixou a vida ca-
duca pela eterna a 6 de Agofto de 1574. laz
Tepultado em huma das Capelas da Cathedral
de Évora da Nave do Lenho, que elle edifi-
cou. Fazem memoria deíle Prelado Fonceca
Ei^or. Glorio/, pag. 501. Fr. Pedro Monteiro
Caíhal. dos Inqtà^id. de Evor. e no Catbal.
dos Inq. de Lisboa, n. i. e o Cathalog. dos Bi/p.
do Algarve pag, 15. n. 36. Souza Agiol. Laifit.
Tom. 4. pag. 458. intitulando o Varaõ fa-
bio, prudente, e de fantos cuftumes. Com-
poz.
Conftitiãçoens do Bi/pado de Sjlves. Lisboa
por Germaõ Galhard. 1554. foi.
Conftituiçoens do Arcebifpado de Évora. Ma-
drid. 1622. foi. Foraõ feitas pelo Infan-
te D. Affonfo fendo Arcebifpo delia Dio-
cefe, innovadas pelo Arcebifpo D. loaõ
de Mello no Synodo celebrado no anno
de 1565,
Princípios, e fundamentos da Chriftanda-
de, ou dialogo com hum breve fummario de
lembranças de que cada hum deve guardar no
ejlado da vida, que tomou. Começa. Porque
J'e achaõ muitas peffoas que variaõ em fa:^er
o final da Cru^. Acaba, e Bemaventurança
que ditra para fempre. Amen. Foy com-
pofto quando era Bifpo do Algarve, e
fe imprimio em Lisboa, e depois fendo
Arcebifpo de Évora o mandou reimpri-
mir nefta Qdade por André de Burgos.
1566. 12.
Declaração dos Mjfierios da Mijfa. Évora
por Martim de Burgos 16. Confta de 8 folhas.
Delle mandou imprimir três mil o Illullriírimo
Arcebifpo de Évora D. Theotonio de Bragan-
<^ para fe repartir pelas fuás ovelhas.
P. lOAÕ DE MELLO natural do Re-
cife em Pernambuco filho de loaõ Fernandes
Sylva, e Izabel Gomez de Figueiredo. Rece-
beo a roupeta de lefuita no Collegio da Bahia
de todos os Santos a 12 de Fevereiro de 1721.
quando contava quinze annos de idade. Ef-
tudou letras humanas em que fahio fuficien-
temente verfado como na Poefia Latina, e
vulgar publicando em aplauzo do Dezembar-
gador Ignacio Dias Madeira Ouvidor Geral
<k Bahia.
Glojfa a Outava de Camoens da Eglo-
699
ga 5 da I Parte das fuás Rimas, que
começa.
Avos fe dem a quem junto fe hà dado.
Quatro Decimas, e hum Komance locoferio
ao mefmo AíTumpto. Lisboa por Miguel
Manefcal da Cofta 1742. 4.
lOAÕ DE MELLO FEYO natural de
Lisboa, e muito inclinado à Poezia jocofa
de cujo argumento publicou diverfos Entre-
mezes com efte titulo
Aíufa entretenida. Coimbra 1658. 8.
lOAÕ DE MELLO, E SOUZA Fidalgo
da Caza Real naceo em a Villa de Torres novas
do Patriarchado de Lisboa onde teve por Pays
a Diogo de Souza, e D. Izabel de Mello igual-
mente illuílres, e virtuofos. A natureza o
ornou de talento profundo, fubtil comprehen-
faõ, e admirável memoria para cultivar as
fciencias amenas, e feveras. Depois de fre-
quentar em a Univerfidade de Coimbra o
eftudo da lurifprudencia Cefarea, e recebido
as infignias doutoraes foy elevado a huma
Cadeira a 20 de Abril de 1547. onde defcubrio
a fubtileza da fua efpeculaçaõ interpretando
os Textos mais dificeis de hum, e outro Di-
reito. Naõ oftentou menor capacidade fendo
Dezembargador dos Aggravos, e Chan-
celler na Caza de Suplicação em cujos
lugares adminiílrou reélamente a juítíça.
Para alivio do continuo, e laboriofo mi-
niílerio de Senador cultivava as Mufas
Latinas com tal enthufiafmo que compe-
tia na fublimidade, e elegância com os
primeiros Corifeos da Poezia heróica. Fal-
leceo em Lisboa a 26 de Março de
1575. Delle fazem memoria loan. Soar.
de Brit. Theat. iMfit. Uter. lit. I. n. 55.
Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. p. 567.
col. 2. Gama Decif. Decif. 262. Lelong.
Bib. Sacr. p. mihi 857. col. 2. Por de-
ligencia de feu filho o Doutor Simaõ de
Souza, e Mello Collegial do Collegio de
S. Pedro, e Cónego da Collegiada de
Ourem publicou a feguinte obra que
compuzera feu Pay.
In librum lob paraphrafis poética. Ac-
cejferunt de reparatione humana libri VIU.
nec non de miferia hominis libri duo. Lu-
700
BIBLIO THE CA
gduni apud Horatíum Girdon 1615. 12.
& Lisbonac Typis Regalibus Sylvianis.
1745. 4. no Tom. 2. do Corpus lllujlr.
Poet. iMJitan. qui latine fcripfermt. A eíla
obra como a feu Author louva com
eftas métricas vo2es Pedro Sanches in
Epifl. ad Ignat. Moralium.
Non ne vides Mel/um raro fed do£ia lo-
quentem
Qui fine lege hqtà erubefcit doãijjimus,
atque
Antiqua virtute fenex, Kegisque Senator
Integer, et nullo pratio corruptus avare?
Hic lamentatur primi deliãa Parentis
Mortiferum rapuit vetità qui ex arbore po-
mum;
jE/ num heu} feri luimus mala furta ne-
potes.
Defcribitque virum, quem fie potentia fir-
mai
Adverfum infidias et technas damonis atri,
Ut nihil in calum fiulta fit você loquutus.
A efte concento correfponde a con-
fonancia da Lira do P. António dos Reyes
Entbuf Poet. n. 22.
... AJfimilis donatur "Laurea Soufa
Qm mala, pauperiem, cruciatus probra la-
bores
Flebilibus cantare modis patientis lobi
Non fuit altifono melius qui carmine pojfet
Sed nec erit, liquidas quantumuis prodigat
undas
Cafialidum facunda cohors; licet alta li-
quefcat
In fontes, fluviofque vagos Pamajfia rupes.
lOAÕ MENDES FERREYRA pro-
feíTor de Direito Qvil, e Patrono de
Caufas Forenfes em a Villa de Eftre-
mòs. Efcrevco
Opus bellicum, et furidicum in praticas, et
furidicas velitationes divifum in quibus multa,
qua per controverfiam in forenfibus fudiciis adducun-
tur, loffco, feracique fitylo pertraãantur. foi. M.
S. Cujo original vimos com todas as licenças
para fe imprimir.
lOAÕ MENDES FRANCO natural de
Villaviçofa, c igualmente perito na Fa-
culdade de Medecina como na intelligen-
cia da lingua latina, e Poezia. Traduíio
do idioma materno em o latino como
efcreve o Doutor Duarte Madeira Arraez
Antiloq. Nova Philofoph. intitulando-o Meài-
cum peritijftmum as feguintes obras compoftas
pelo mefmo Doutor Arraez.
Apologia de loco mit tendi fanguinem &c.
Methodus curandi morbum gallicum.
lOAÕ MENDES MONTEIRO natu-
ral da Gdade de Évora, e difcipulo na
Faculdade da Muíica do infigne Meftre
Manoel Mendes cuja arte exercitou prac-
ticamente fendo hum dos celebres Muíi-
cos da Capella Real de Madrid, e efpe-
culativamente compondo diverfas obras
que lhe conciliarão univerfal aplauzo das
quais fe confervaõ na Bibliotheca Real
da Muíica Eftant. 36. n. 809. confta do
feu Index impreíTo Lisboa por Pedra
Crasbeeck. 1649.
Livro de Magnificas, foi.
Ad Dominum cum tribularer a 4.
Cum turba plurima a 4.
Cum jejunajfet. a 4.
Duãus efi lefus a 5.
Miferere mei quoniam infirmus fum. a 4.
Simile efi Kegnum Calorum. a 4.
Quomodo cantabimus. a 5.
Todos eftes Motetes eraõ para fe cantar no
Tempo da Quarefma.
lOAÕ MENDES DE TÁVORA na-
tural de Lisboa filho fegundo de Luiz
Alvares de Távora I. Conde de S. loaô
da Pefqueira Senhor do Mogadouro, e
de D. Martha de Vilhena filha de loaò
Mendes de Oliveira Morgado deíle apel-
lido. Inílruido nas letras humanas fe gra-
duou Doutor Theologo na Univerfidade
de Coimbra fendo admitido por Colle-
gial do Collegio de S. Pedro a 28 de
Mayo de 161 8. donde paíTando a Cóne-
go Magiílral da Cathedral de Lisboa a
17 de Abril de 1624. foy Deputado da
Inquiziçaõ de Lisboa, c Sumilher da Cor-
L USITANA.
701
tina de Filippe IV. que atendendo ao
efplendor do feu nacimento, e integrida-
de de feus cuíhimes o nomeou Bifpo de
Portalegre em cuja dignidade foy confir-
mado pelo Summo Pontífice Urbano Vlll.
no anno de 1632. Deíle Bifpado foy af-
fumpto no anno de 1638. ao de Coim-
bra onde celebrou Synodo a 8 de Mayo
de 1639. em que propoz o Juramento
do Myfterio da G^nceiçaõ da Senhora.
Ao tempo que exercitava as obrigaçoens
de vigilante Paftor o arrebatou a morte
do grémio das fuás ovelhas em o i de
Julho de 1646. quando contava 48 annos
de idade já Concelheiro do Eítado del-
Rey D. loaõ o IV. e nomeado Arcebif-
po de Lisboa. laz fepultado na Cathe-
dral de G^imbra. Delle faz honorifica
mençaõ D. Nicol. de Santa Maria Cbron.
dos Coneg. 'Keg. hv. 10. cap. 19. n. 12.
I^itaõ Catbal. Chronol. dos Bi/p. de Coimh.
%. 76. D. Fernando de Noronha Cathal.
Aos Bi/p. de Portaleg. §. 9. Pereira Leal
Cathal. Chronol. dos Colleg. de S. Pedro.
n. 57. Fr. Ped. Mont. Cathal. dos Deput.
da Inq. de Lisboa. 82. Compoz.
SermaÕ no Aão da Fé, que fe celebrou
^m Usboa em z de Setembro de 1629. Lis-
boa por António Alvares. 1629. 4.
Epiftola ad Sanãijfimum Ecclejia Komana
Pontificem Innocentium X. Começa. Ip/o die
Beatijfimi Caro li Barro mai. <ò'c. &c, Conim-
bricae 9 Novembris. 1644. Naõ tem nome
do impreíTor. 4.
Memorial a el Rey em nome do T>eà5, e
Cabbido da Sé de Usboa em defenfa da liberdade
Exclejiafiica violada com a lej que promulgara con-
tra o ut(p dos Coches, foi. Naõ tem anno nem
lugar da ImpreíTaõ, mas certamente he Lis-
boa. He muito erudito, e no fim eílá affinado
feu Author. Coník de 8 folhas.
Commentaria in Canticum Magnificat. Efta-
vaõ promptos no anno de 1661. com todís
as Hcenças para a impreíTaõ.
lOAÕ MENDES DE VASCONCEL-
LOS Comendador da Ordem militar de
Chrifto naceo em a Gdade de Évora
fendo feus progenitores Luiz Mendes de
Vafconcellos Capitão mòr das Náos da
índia de quem em feu lugar fe fará
mais larga memoria, e D. Brites Caldei-
ra. A natureza o dotou de perfpicas ta-
lento para comprehender as Artes, e de
heróico coração para empunhar as ar-
mas merecendo igual Coroa na paleftra
de \Iinerva, como em a Campanha de
Marte, em cujo aplauzo cantou a Muía
de Manoel de Faria, e Souza Fuent. de
Aganip. Cent. i. Madrig. 37.
Tomad ora la e/pada, ora la pluma,
Y ai mundo mofirareis em bella Jumma
De altas y nobles partes
Executadas con gentil defire:^a
De joyas de Noble^a grandes Artes:
De Joyas de Artes grandes gran Noblet(a.
O prologo das fuás emprezas militares foy
a Reftaiuraçaõ da Bahia no anno de 1625.
onde* naõ fomente foy gloriofo inílrumento
da expulfaõ dos Olandezes, que perfidamente
a poíTuiaõ, mas fendo Meftre de Campo ani-
mado da fidelidade que fempre confervou
para com a fua Pátria impetlio ao Marquez
de Montalvão Vicerey do Eftado, que acla-
maíTe a ElRey D. loaõ o IV. elevado ao trono
dos feus Mayores. Reítituido a Portugal fuf-
tentou com a efpada a jultiça do feu Soberano
contra a armada potencia dos Caftelhanos,
conquiílando quando era Meftre de Campo
General o lugar de Telena em 1643. o Caftello
da Codiceira em 1646. e focorrendo a Praça
de Chaves em 1649. ^layores foraõ os argu-
mentos da difciplina miUtar quando eleito
Governador das Armas da Província do
Alentejo recuperou o Caftello de Mouraõ
em 30 de Outubro de 1657. que governava
o Meftre de Campo D. Francifco de Ávila
Orejon; e no fitio, que poz à Praça de Badajoz
a 12 de lunho de 1658. o qual durando o ef-
paço de quatro mezes foy obrigado retirar-
-fe a Elvas com admirável difpofiçaõ por naõ
poder reziftir à Epidemia, que tinha ex-
tinto grande numero de foldados de cujo
infaufto fuceíTo fendo criminado por feus
emulos fahio com merecidos aplauzos juf-
tificada a fua innocencia. Vários faõ os
que lhe dedicaõ graves Efcritores como
o Conde da Ericeira D. Luiz de Me-
nezes Portug. Kejlaurad. Tom. i. pag.
374. 376. 564. 694. e Tom. 2. pag. 50.
702
BIB LIO THE CA
59. 90. 124. 218. Monfiur de la Clede Hijl.
Gen. de Vortug. Tom. 2. pag. mihi 529. 541.
549. 626. 630 e 639. D. Ferd. de Men. Hift.
L,ujit. lib. 4. p. 346. lib. 5, p. 382. 394. 397.
lib. 7. p. 528. 582. 588. lib. 8. p. 658. lib. 9.
p. 705. Fr. Gio: Giufep. di S. Teref. Hiji.
delle Guerre dei Brajil Part. 2. liv. i . acquijlojfe
degnamente la fama d' uno d' piu ecellenti Capi-
tam delle Spagne. Foncec. JEror. Glorio/, p.
170. era de illuftrijfimo Jangue de/de menino criado
nas armas. lul. de Mell. Vid. de D. Dinii^ de
Mello e Cajir. liv. i. n. 130. Foy naquelle Je-
culo em Efpanha o primeiro Oráculo da difciplina
da guerra; bufcavaÔ-no para decijaõ das duvidas
militares, abraçando-Je com tanta fé o que dif punha,
que qualquer refoluçaõ fua naõfófe ejiabelecia como
ley, mas paffava a refpeitarfe como infpiraçaõ.
Manoel de Faria, e Souza Fuent. de Aganip.
Part. I. Cent. 3. Sonet. 77 dandolhe os para-
béns de huma Comenda acaba dizendo.
Si dandote Minerva com Belona,
Cofas que juntas fe hallan raramente,
Lo illujre han illuflrado èn tu Perfona:
No fe admire já màs la humana gente
Si en tu virtud juntarfe el Tiempo abona
Con el Valor el Premio eflrechamente.
Compoz.
Doutrina Marítima, ou da guerra do
mar. Dedicado a D. Carlos de Aragaõ
Duque de Villa hermofa Conde de Fica-
Iho do Confelho de Sua Mageftade Ve-
dor da Fazenda, e Prezidente do Con-
felho de Portugal. 8. Sem anno , nem
lugar, nem nome do ImpreíTor.
Uga defhecha por la expulfion de los
Morifcos de los Rejnos de Efpana. Madrid
por Alonfo Martin. 1612. 8. Efte Poe-
ma, que coníla de 17 Cantos, he dedi-
cado pelo author a D. Manoel Alonfo
Perez de Gufmaõ el Bueno. Gentilhome
da Camera delRey, e Capitão General da
Cofta de Andaluzia.
Inflruçoens Militares. M. S. Deíla obra
faz memoria o P. Francifco da Fonceca Evor.
Gloriof. p. 412.
Voto fobre fe havia de fahir o noffo exercito
contra o de Caflella. He muito douto, e fe
conferva na Livraria do ExcellentiíTimo Du-
que de Lafoens que foy do EmminentiíTimo
Cardeal de Souza.
KelaçaÕ do Reyno de Angola. M. S,
Exifte na Livraria do Excellenti/fimo Con-
de de Vimieyro.
lOAÕ MENDES DE VASCONCEL-
LOS, E QUEYROS natural da Villa de
Amarante onde fahio à luz do mund»
a 10 de Setembro de 1686. fendo filho
de Martim Affonfo Moreira, c D. Izabel
de Vafconcellos, e Queirós ambos def-
cendentes de qualificadas famílias. Foy
Fidalgo da Caza de Sua Mageftade, Ca-
valleiro profeflb da Ordem de Chrifto^
Capitão de Infantaria na guerra em que
fe difputava a fuceíTaõ da Coroa de Ef-
panha onde dezcmpenhou as obrigaçoens.
do feu nacimento. Confervou femprc en-
tre os exercícios militares coftumes reli-
giofos fallecendo com opinião de vir-
tuofo a 10 de Dezembro de 1737.
Compoz
DefcripçaÕ da Villa de Amarante. M. S.
Confervafe na Bibliotheca do Convento de
S. Francifco da Cidade, e na Colleçaõ da def-
cripçaõ de todas as Gdades, Villas, e Lugares,
do Reyno de Portugal que fe guarda na Con-
gregação do Oratório defta Corte.
D. lOAÕ DE MENDOÇA naceo em
a Villa de Eftremoz da Provinda Tranf-
tagana a 12 de lunho de 1673. juftamente
vangloriofa com a produção de taõ illuf-
tre alumno. Foy fexto filho de Lourenço
de Mendoça 3. Conde de Valdereis, Depu-
tado da lunta dos Três Eftados, Regedor
das luftiças, e Confelheiro de Eftado, e da
Condefla D. Maria de Mendoça filha de
Manoel de Souza da Sylva Vedor da Rai-
nha D. Maria Francifca Izabel de Sa-
boya, e Meftre Sala do Príncipe D. Theo-
dozio, c D. loanna de Mendoça. Tendo
eftudado as letras humanas no Collegio
de S. Antaõ de Lisboa onde deu a co-
nhecer a viveza do engenho, c prompti-
daõ da memoria cultivou em a Univer-
fidade de Coimbra a lurifprudencia Canó-
nica onde foy admitido por Porcionifta do
Real Collegio de S. Paulo a 30 de Outu-
bro de 1689. Recebido o grão de Doutor
nefta Faculdade a 17 de lulho de 1698.
L USITAN A.
703
paflbu de Arcediago da Sè da Guarda
para Thezoureiro mòr, e Cónego da Ca-
thedral de Évora a 28 de Dezembro de
1694. pela promoção de feu Tio o II-
luílriíTimo Ruy de Moura Tellez ao Bif-
pado da Guarda. Sendo Conduftario com
privilégios de Lente em 27 de Novem-
bro de 1698. oílentou com tanta profun-
didade à Cadeira de Clementinas que ain-
da que cedeo delia em utilidade de ou-
tros Oppozitores mais antigos fe lhe jul-
gou a igualação à dita Cadeira a 23 de
Fevereiro de 1706. da qual teve a proprie-
dade com igualaçoens a do Decreto a 28
de Fevereiro de 1707. e ultimamente igua-
lado à de Vefpera a 2 de Agofto de 1708.
Eleito Deputado do S. Officio da Inquiíi-
çaõ de Coimbra a 3 de laneiro de 1704.
regeitou fer Deputado da Meza da Con-
ciencia, e Ordens antepondo a taõ honori-
fico lugar o laboriofo exercido de Meílre
da Univeríidade. Para premio dos feus
merecimentos o nomeou a mageftade reynante
de D. loaõ o V. Bifpo da Guarda em cuja
dignidade foy confirmado por Clemente XI.
a 30 de laneiro de 171 3. Sem demora partio
para a fua Diocefe, que vizitou peíToal-
mente uzando da reétídaõ de Prelado, e bene-
volência de Paílor. Determinado, a fazer
vizita ad Umina Apofiolorum paflbu a Roma
a 31 de Mayo de 171 7. onde chegando a 15
de Novembro do dito anno experimentou
para com a fua PeíToa taõ benévola a Santi-
dade de Qemente XI. que o nomeou AíTif-
tente do SoUo Pontificio por Breve expe-
dido a I 8 de Mayo de 1 7 1 8 . que lhe
levou a fua Caza Monfenhor Batelli Secre-
tario de Breves a Príncipes. Depois de
ter dado neíla grande Corte vários argu-
mentos das fuás profundas letras, e virtuo-
fos cuíhimes fe reftituhio ao feu Bifpado a
23 de Agofto de 1720. onde exercitando
com ardente zelo as obrigaçoens paftoraes
falleceo piamente em a Villa de Caftello-
branco a 2 de Agofto de 1736. quando con-
tava 63 annos de idade, e 23. de Bifpo.
Do feu nome fazem honorifica memoría Fr.
Pedro Mont. Cathalog. dos Deput. da InquiJ. de
Coimh. n. 148. Sylva Cathal. dos Bifp. da Guard.
n. 45. D. lozé Barbofa Mem. do Keal Col-
leg. de S. Paul. pag. 383. e no Archiath. Ijifit.
pag. 135. n. 67.
Quos cernis veteri Mendoça agnomine claros
Proferet in lucem geminas domus inclyta
{vallis
Regia) primus erit felix Academia cultu
Quem colet atemo tanto jucunda magijlro.
Aíimera defpiciet meritis illuftrihus apta
Pandat ut indoãa latebrofa oracula turba.
Incaptum at gaudens E^tania rumpere coget
Confilium, nam lata novo Pafiore tumej-
cet.
Sedulus at Praful longinqua ad limina
tendet
Principum Apofiolici, Sanãique per omnia
Catits.
Ouo Romana petet, regnabit tempore Cle-
mens
Aíania, qui teneri documenta ut promat
amoris
Augujlo faciet foiioque ajjidere Sacro.
Alem das doutiffimas Poílillas, que di-
âou quando era Meftre na Univerfidade
ao Cap. I. de Secundis Nuptiis. e ao Cap. fin.
de Confejfts. Compoz.
Tratados diverfos acerca da Jurifdiçaõ
Epifcopal contra os Regulares dos quais
fe podem formar hum grande Volu-
me, e os conferva com a divida eJH-
maçaõ o Reverendo António Alvares
Louza Cónego Prebendado da Cathedral
de Évora igualmente douto em o Di-
reito Pontificio do qual recebeo o gráo
de Doutor em a Univerfidade de Coim-
bra, como perito nas Antiguidades, e
privilégios do feu illuftre Cabbido, cujas
memorias Hiíloricas tem compofto com pro-
funda inveítígaçaõ.
D. lOAÕ DE MENEZES primei-
ro Conde de Tarouca, fetimo Gover-
nador, e Capitão General da Praça de
Tangere Mordomo mòr dos Sereniffi-
mos Monarchas D. loaõ o II. e D. Ma-
noel, e Graõ Prior do Crato teve por
berço a Cidade de Lisboa, e por proge-
nitores a D. Duarte de Menezes III. Con-
de de Viana, Alferes mór delRey D.
Duarte, e D. Aifonfo V. Alcayde mòr
de Beja, e a D. Izabel de Caftro fua fe-
704
BIB LIO THE CA
gunda mulher filha de D. Fernando de Caf-
tro. Pelos rafgos da fua penna, e pelos
golpes da fua efpada mereceo eternizar o
feu Nome em o Templo de Apollo, e em
a Paleílra de Marte fendo taõ elevado o
feu enthufiafmo para a Poezia, como in-
trépido o feu coração para a Campanha a
qual foy toda a regiaõ de Africa como tefte-
munhaõ com indeléveis caraâeres o Illuf-
triflimo D. Jerónimo Oforio de reb. Emman.
Keg. lib. 2. 5. 9. Damiaõ de Góes Chroti.
delKey D. Manoel Part. 5. cap. 51. Manoel
de Faria, e Souza Afric. Portng. cap. 7. n.
112. e o ExcellentiíTimo Conde da Ericeira
D. Femand. de Menez. Hijl. de Tang. liv. 2.
§. 14. 16. e 17. Foy cazado com D. Joan-
na de Vilhena filha de Fernaõ Telles de
Menezes 4. Senhor de Unhaõ Geílaço, e
Meynedo, Commendador de Ourique, e Mor-
domo mòr da Raynha D. Leonor 3. mu-
lher delRey D. Manoel, e de D. Maria de
Vilhena filha de Martim Affonfo de Mello
Alcayde mór de Olivença Guarda mòr dos
Reys D. Duarte, e D. Affonfo V. e de D.
Margarida Coutinho de Vilhena Senhora
de Ferreira de Aves de cujo matrimonio
naceraõ D. Duarte de Menezes Senhor
da Caza de Tarouca V. Governador da
índia, e duodécimo Governador da Praça
de Tangere de quem procedem os Con-
des de Tarouca: D. Henrique de Mene-
zes Governador da Caza do Civel proge-
nitor da Caza dos Condes de Aveiras: D.
Luiz de Menezes Senhor de Comba, e Ga-
ravanços, Monteiro mòr delRey D. Ma-
noel, e Alferes mòr delRey D. loaò o IIL
D. Maria de Vilhena que cazou com D.
Lope de Almeyda III. Conde de Abran-
tes de quem defcendem os Senhores do
Sardoal: D. Leonor de Vilhena defpozada
com D. loaõ Gonzalves da Camará IV.
Capitão General da Ilha da Madeira don-
de procedem os Condes de Calheta; c D.
Izabel de Caílro mulher de D. Manoel Pe-
reira III. Conde de Feyra. Morreo eíle
Heroe em a Praça de Azamor a 15 de Mayo
de 15 14. carregado de palmas, e Louros,
que colheo o feu invencível braço nos
campos Africanos, e na Igreja Matriz
onde jáz fepultado fe lhe dedicarão com
religiofa pompa exéquias à fua illuftre me-
moria. Entre os dotes, que ennobreccraõ
o feu efpirito foy hum dos mais excellen-
tes o génio, que teve para a Poezia metri-
ficando com fumma agudeza, e jocofidadc
como delle efcreve o Bifpo leronimo Ofo-
rio de rebns Emman. lib. 9. Quantum autem
ingenio valeret, Verfus quos pátrio fermone com-
ponebat, aperte declarabant. Nec enim i/tis
quidqiuíM vel argutius, vel fejlmus excogitari
poterat. Dos feus metros fe p>odiaò for-
mar hum livro de juíla grandeza dos quais
fomente lograrão a luz publica os que fe lem
no Cancioneiro de Garcia de Ket^ende Lisboa
por Herman de Campos. 15 16. foi. a foi. i.
v.o 3. v.o 4. 6. v.o 7. 15. 16. 17. 18. 44. 66.
67. 72. 143. 144. 145. v.o 151. v.o IJ2. v.o 154.
157. 158. verf. 159. 161. verf. 171. verf.
Delle faz memoria Carvalho Corog. Portug.
Tom. 2. pag. 250.
P. lOAÕ DE MESQUITA natural
da Villa de Anciaens em o Arcebifpado de
Braga onde teve por Pays a Fernaõ de Mef-
quita, e Violante Nunes. Recebeo a rou-
peta da Companhia de lESUS em o Col-
legio de Coimbra a 10 de Junho de 1549.
Inflamado com o zelo de converter a Gen-
tilidade ao grémio da Igreja Ronuna fe
embarcou no anno de 1546. para a índia
com o Patriarcha da Etiópia D. loaõ Nu-
nes Barreto, e na Praça de Dio, como em
o Cabo do Camorim exercitou o miniôe-
rio de Operário Evangélico. Chamado a
Goa para didar Dialedica preferio o ma-
giílerio das almas ao das aulas partindo
para Punicale onde querendo livrar os Neó-
fitos da barbaridade dos Badagás foy
prezo em hum tenebrozo cárcere, e car-
regado de ferros de cuja horroroza pri-
zaõ fendo livre pela induílria de hum
Chriftaõ tolerou confiantemente graviffi-
mas moleílias pelo efpaço de fetc dias ocul-
to em bofques, e fugitivo por diverfos ca-
minhos para naõ cahir nas maõs dos Ba-
dagás, que anciofamente o bufcavaõ para
fatisfaçaõ da fiu natural fevida até que ■
evadindo de tantos perigos chegou a Goa '
onde paíTou a coroarfe na eternidade no
anno de 1586. Efcrevco.
i
L U SITAN A .
705
Car/a do Cabo de Camorim a zf) de Agofio
de 1560. ao P. Henrique Henriques.
Carta do Cabo de Camorim a \(i de Outu-
bro de 1560. ao me/mo Padre.
Carta de Cocbim a 26 de laneiro de
1561. aos Irmãos do Colkgio de Coimbra.
Nella refere largamente as tribulaçoens
padecidas quando eíleve pre2o. Sahiraõ
eílas três drtas traduzidas na lingua Ita-
liana com outras. Venetia por Tramez-
zino 1562. 8. e na latina. Lovanii apud
Rutgenim Velpium 1570. 8. defde pag. 275.
até 289.
Carta ejcrita do Cabo de Camorim aos Por-
tugueses em o I. de Dei(embro de 1558.
Carta ejcrita ao Provincial da índia em
Punicale em i^ de Março de 1^60.
Carta ejcrita em Punicale a i^ de Agojlo
de 1560. ao P. Henrique Henriques.
Carta ejcrita de Punicale a 16 de Out/d^o
de 1 5 60. ao mejmo P. Eílas quatro Cartas fe
confervaõ no Archivo da Caza profeíTa de
S. Roque de Lisboa.
Do author fazem mençaõ Hi^. Societ.
lib. 4. n. 202. até 267 Franco Ann. GlorioJ.
S. I. in Lujt. p. 504. Souza Orient. Conq.
Part. I. Conq. 2. Div. 2. §. 25. e 27.
lOAÕ MONIZ DE CARVALHO
natural da Villa de Viana do Minho, e ir-
mão de António Moniz de Carvalho Fi-
dalgo da Caza Real, Cavalleiro da Ordem
de Chrifto, Commendador de Vimiofo, Con-
felheiro da Fazenda, Secretario das Em-
baxadas a França Inglaterra Dinamarca, e
Sueda, e Enviado neftas Cortes de quem
fizemos larga memoria em feu lugar. Ef-
tudou em a Univerfidade de Coimbra Di-
reito Pontifício em cuja faculdade recebeo
o grão de Licenciado. Depois de fer Ab-
bade da Igreja de Revoredo, Comiflario
do Santo Officio, e da Bulia da Cruzada
obteve hum Canonicato na Igreja Prima-
cial de Braga onde foy Vigário Geral do
Território de Valença, Prezidente, e De-
zembargador da Relação Ecclefiaftica da
meíma Diocefe. Naõ degenerando da
zelofa fidelidade que feu Irmaõ manifef-
tou para com a Pátria, e obzequio do feu
45
Soberano D. loaõ o IV. elevado ao tro-
no de Portugal no anno de 1640. efcre-
veo.
Dejenganos offerecidos ai Catholico Principe
D. Filippe el IV. Rej de Cajlilla en rat^on
dei intento injujlo con que Jus Minijlros procuran
en Roma impedir aplau^s ai recebimiento de
la Embaxada dei Serenijfimo Principe D. lua»
el IV. natural, j le^timo Rey de Portugal.
Lisboa por Lourenço de Anveres 1642. 4.
Faz mençaõ do Author loan. Soar. de
Brit. Tbeatr. I^tjtt. Uter. lit. I. n. 57.
lOAÕ MONIZ PIMENTEL natu-
ral da Gdade de Évora Notário Apoftolico
o qual acompanhando defde Lisboa até
Roma a Mando Ito Miguel, e Cingiva Em-
baxadores dos Reys de Bungo, e Arima
com os Prindpes luliaõ de Nacaura, e Mar-
tinho de Fará fendo recebidos com pater-
nal benevolência pelo Summo Paftor Gre-
gório Xm. a 23 de Março de 1585. efcreveo
com eftilo fincero, e fumma individuação.
Itinerário do Caminho que fi^eraõ os Em-
baxadores dos Reys lapoens a dar obediência
a Sè Apoftolica até voltarem a Usboa. foi.
M. S. Confervavafe na Livraria do cele-
bre Antiquário Manoel Severim de Faria
que hoje poíTue o Excellentifllmo Conde
do Vimieiro. Do author, e da obra fe lem-
braõ Foncec. Effor. GlorioJ. p. 412. e o mo-
derno addidonador da Bib. GeograJ. de An-
tónio de Leaõ Tom. 3. col. 1725.
Fr. lOAÕ DE MONSARAS natural
da Villa do feu appeUido fituada na Pro-
vinda Tranftagana filho de Manoel da Cruz,
e Ignes Caeyra. Na idade da adolefcenda
abraçou o penitente inftituto do Seráfico
Patriarcha em a reformada Provinda da
Piedade a 9 de laneiro de 1705. onde pela
fua literatura diftou dous curfos de Theo-
logia Efcholaftica, e Moral, e foy Quali-
ficador do S. Offido, e Examinador Sy-
nodal do Bifpado de Portugal; e pella fua
prudência Guardião dos Conventos de El-
vas, Lagos, Portalegre, Cuílodio da fua
Provinda, e Vizitador da Provinda de Santo
70Ó
António. Dos Sermoens que tem pregado
com aplau2o fe fez publico o feguintc.
Sermão do Santijftmo Coração de lESUS,
que na primeira Fejlividade das Keligiofas do
Mojleiro de Santa Clara da Cidade de Elvas
lhe tributarão em 20 de lunho de 1753. Lisboa
na Officina loaquiniana 1754. 4.
P. lOAÕ MONTEIRO natural de Me-
2aõ frio do Bifpado do Porto filho de Fran-
cifco de Almeyda, e Qtherina Guedes igual-
mente nobres, e pios. Quando contava
defafeis annos de idade abraçou o Sagrado
IníUtuto da Companhia de lefus em o No-
viciado de Lisboa a 12 de Abril de 1620.
Completo o tempo dos eftudos efcholaf-
ticos navegou para a índia, e depois de
fer Meílre dos Noviços em Goa diâ:ou
Filofofia, e Theologia em Macáo. Com
o zelo da converfaõ da Gentilidade paíTou
ao Império da China em o anno de 1636.
onde para colher mais copiofo fruto das
fuás apoílolicas fadigas aprendeo a lingua
daquelle paiz efcrevendo para inftruçaõ dos
Neófitos.
Thien hi hò iílo he Compendio da Lej Di-
vina.
Pien Kingglo. Trata do verdadeiro, e falfo
culto.
Speculum illuminans tenebras. Coníla de
Dcos, Alma, Verdadeira Religião, e os qua-
tro NoviíTimos.
Deftas obras, e feu Author fazem men-
ção o P. Gabriel de Magalhaens Nouvel.
Relat. de la Chine. p. loi. Martim Mart.
Kelat. Chin. p. 37. §. 7. Cathal. Patrum S. I.
qui poji obitum S. Franc. Xav. ab anno 1581.
u/que ad 1681. in Império Sinarum I. C. fidem
propagarunt pag. 27. §. 46. e Franco Imag.
da Virtud. em o Nov. de Lisboa p. 969.
Falleceo piamente na China no anno
de 1648. quando contava 44 annos de ida-
de e 28 de Religiofo.
Fr. lOAÕ MONTEYRO natural de
Villareal em a Provinda Tranfmontana
filho de loaõ Monteiro, e Luzia Fer-
nandes. Profeflbu o inftituto de Erimita
de Santo Agoftinho no Real Convento
BIBLIO THE CA
de NoíTa Senhora da Graça de Lisboa a
18 de Dezembro de 1695. onde aprendeo
as fciencias conducentes ao eftado regu-
lar. Foy Reytor da Igreja de S. loaõ de
Souza pertencente à fua familia rcligiofa.
Publicou.
Sermão nas Exéquias do llluftrijftmo Senhor
D. Luiz -^lí^^res de Figueiredo Arcebifpo da
Bahia Prima^ da America do Confelho de fua
Magejlade celebradas na Parochial Igreja de
S. Pedro de Villareal aos 19 de Dezembro de
1735. Coimbra no Real Collegio das Artes
da Companhia de lefus. 1756. 4.
lOAÕ DE MORAES MADUREYRA
FEYJOO natural da Freguezia de S.
Gens de Parada termo da Cidade de Bra-
gança em a Provinda de Trás dos Montes
onde teve por Pays a Álvaro Annes de Mo-
raes Madureira Morgado de Parada, e Fi-
dalgo de juro, e herdade, e a D. Theodora
Pinto do Lago de igual nobreza à de feu
Conforte. Ornado de talento agudo apren-
deo com facilidade os preceitos da lingua
Latina, colheu as flores da Rhetorica, e
Poética, e penetrou os arcanos da Filofo-
fia, e Theologia em cuja fublime Facul-
dade recebeo o gráo de Bacharel em a Uni-
verfidade de Coimbra. Exerdtou com ele-
gância, e profundidade o minifterio de Ora-
dor Evangélico. Sendo eleito Prior da Paro-
chial Igreja de Nofla Senhora do O da Villa
de Ançaã do Bifpado de Coimbra dczem-
penhou as obrigaçoens de vigilante Paílor
difpendendo grande parte da copiofa renda
que percebia, em focorro dos pobres que o
lamentarão intempeílivamente morto a
29 de Outubro de 1741. Foy Meftrc do
Excellentiflimo Duque de Lafoens D. Pe-
dro Henrique de Souza Tavares Mafcare-
nhas da Silva para cuja inftruçaõ compoz
as obras feguintes que manifeftaõ a profun-
da fdenda que profeíTava da Gramática
Latina.
Explicationes in omnes partes totius Artis
R. P. Emmanuelis Alvres è Societate JESU
ad u/um Excellentijftmi Ducis Alafonenjis, Ulyf-
fipone apud Michaelem Rodrigues. 1729. 4.
Sahio fegunda vez acrecentada com o titulo
feguinte.
L USITAN A.
707
Arfe explicada i. Varte Princípios. Con-
tem todos os Nominativos Unguagens, Ru-
dimenta, Géneros, Pretéritos, e Declinaçoens
dos Latinos, e Gregos com toda a expli-
cação neceffaria para a perfeita intelligen-
cia dos Principiantes ; os methodos de pre-
guntar em cada principio para fe Jaherem
em breve tempo, e com facilidade. Lisboa
por Miguel Rodrigues. 1735. 4.
Arte explicada 2. Parte. Sjntaxe pa-
ra o tfí^o do 'Excellentijftmo Duque de Lm-
foens. Lisboa pelo dito Impreflbr. 1730.
4. Tem no fim. Kepofia Apolegetica a
bumas Notas ou Cenfuras, que fabiraõ con-
tra a Arte do Keverendo Padre Manoel
AJvres. Ao 'Excellentiffimo Duque de Ala-
foens. Eílas Notas fez, e publicou Manoel
Gjelho de Souza, como em feu lugar
fe dirá. Q)imbra por Luiz Seco Ferreira.
1739- 4.
Arte explicada. Appendix da Syntaxe per-
feita, e fegundo Tomo da fegunda parte. Efcho-
lios de Nomes, e verbos ad ufum Excellentijfimi
Ducis Allafonenjis. Lisboa por Miguel Ro-
drigues. 1732. 4. e Coimbra por Luiz Seco
Ferreira. 1739. 4.
Arte explicada 3. Parte e 4. Tomo.
Syntaxe Figurada, Sjllaba, e Verfos com
a medição ad ufum Excellentijfimi Dttcis
Allafonenjis. Lisboa por Miguel Rodrigues.
1732. 4. e Coimbra por Luiz Seco Ferreira.
1739. 4-
Orthografia, ou arte de efcrever, e pronun-
ciar com acerto a lingua Portuguesa. Dtvi-
de-fe em três Partes. A \. de cada huma das
letras, e da fua prommciaçaõ ; das vogaes, e Di-
thongos; dos Accentos, ou tons da promm-
ciaçaõ. A 2. de como fe dividem as pa-
lavras; da pontuação; algumas abbreviatu-
ras, conta dos Komanos, e Latinos, Ca-
lendas, Nonas, e Idos. A 3. dos erros do
vulgo, emendas da Ortbograjia no efcrever,
e pronunciar toda a lingua Portuguesa. Ver-
bos irregulares, palavras dúbias, e as fuás
fíg^iificaçoens. Huma breve injlruçaõ para os
Mefres das Efcholas. Lisboa, por Miguel
Rodrigues ImpreíTor do Senhor Patriarcha.
1734. 4. e Coimbra por Luiz Seco Ferreira.
1739- 4.
Fr. lOAÕ NATIVIDADE natural
da Villa de Ourem do Bifpado de Leyria,
e religiofo profeflb defcalfo da militar Or-
dem de NoíTa Senhora da Mercê em o Con-
vento de Madrid, e duas vezes Provincial
da Provinda de Sidlia iníigne Letrado,
e famofo Pregador. Deixou compollo, como
efcreve Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag.
573. col. 2.
Curfus Artium 3. Tom. M. S.
Fr. lOAÕ DA NATIVIDADE natu-
ral da Villa de Moncorvo em a Provinda
Tranftagana alumno da Seráfica Provinda
de Santo António onde diftou as Faculda-
des efcholaílicas, e foy Guardião do Collegio
de Coimbra, e Definidor da fua Provinda.
Teve grande talento, para o púlpito onde
alcançou muitos aplauzos. Falleceo no Con-
vento de Lisboa a 23 de Outubro de 1652.
Publicou.
Sermão na Quarta Dominga do Advento
na ocasião, que fua Mageflade ElRej D. loaÕ
o IV. Nojfo Senhor fe jurou por legitimo Rey
defle Reyno de Portugal pregado em o Convento
de Santo António dos Capuchos de Lisboa. Lis-
boa por Paulo Craesbeeck. 1641. 4.
Fr. lOAÕ DA NATIVIDADE re-
ligiofo da Ordem dos Defcalfos da Santif-
fima Trindade cujo fagrado Inílituto pro-
feíTou em o Convento da Granada. Com-
poz.
Coronada Hifloria. Granada 1697. A
efte author numeraõ entre os Portuguezes
Urquiola Sagrad. column. de Efpan. liv. 2.
cap. 8. pag. 27. e o Padre D. Manoel Caet.
de Souz. Exped. Hifp. D. Jacob. Tom. 2.
pag. 1327. §. 366.
Fr. lOAÕ DA NATIVIDADE na-
tural da Villa de Torres Vedras do Pa-
triarchado de Lisboa. Profeílou o Infti-
tuto da Ordem Trinitaria em o Conven-
to de Lisboa no anno de 1675. onde
foy Í^Iiniílro dos Conventos de Lagos,
e Aluito. Soube eminentemente a Arte
da Mufica na qual compoz diverfas obras
taõ gratas aos ouvidos, como confor-
mes aos preceitos deíla Faculdade. Naõ
7o8
teve menor talento para o púlpito onde
conciliou a atenção erudita de muitos ou-
vintes. Falleceo no Convento de Lisboa
a 26 de Junho de 1709. Tendo prompto
para a impreflaõ três Tomos dos feus Ser-
moens dos quais unicamente fe fez publico
o feguinte.
Oração Fúnebre, e panegírica nas Honras
qm à Serenijftma Senhora D. Maria Sofia I^a-
bel Rainha de Portugal fe celebrarão na Igreja
hAatriv^ da Cidade de iMgos. Lisboa por Fi-
lippe de Souza Villela. 1700. 4.
P. lOAÕ DE NAZARETH natural
da Villa da Pederneira do Patriarchado
de Lisboa, e filho de loaõ Fernandes, e
Cecilia Rodrigues taõ dotados dos bene-
fícios da graça, como dos bens da fortuna.
Na primeira idade moftrou génio inquie-
to, e turbulento armando de motivos le-
ves pendências graves que ferviaõ de uni-
verfal efcandalo. Penetrado de hum myf-
teriofo fonho mudou de condição, e eíla-
do de vida recebendo o habito de Cónego
Secular do Evangelifta amado em o Real
Convento de Santo Eloy de Lisboa no fauf-
tiflimo dia da AíTumpçaõ da Senhora, e
debaixo de taõ feliz aufpicio começou a
fogeitar a rebeldia da carne às leys do ef-
pirito jejuando quartas, fextas, e fabba-
dos, e comendo na Quarefma, e Adven-
to manjares groíTeiros, que nem fatisfa-
ziaõ o apetite com a quantidade, nem
o deleitava© com o fabor. Todos os dias
fe açoutava duas vezes com difciplina de ferro
fazendo mais penetrantes os golpes a aétivi-
dade do impulfo, e a dureza do inílrumento.
Eleyto Reytor do Convento de Villar reedi-
ficou a Igreja para cuja obra concorreo o
Cco com maõ invizivel. Armado de zelo
apoftolico fe oppoz à execução de hum
fubfidio Ecclefiaílico, que ou por falta de
confelho, ou por exceíTo de ambição im-
puzera o Arcebifpo de Braga D. Luiz Pi-
rez da Cunha. Depois de ter governado
quatorze annos o Convento de Villar fen-
dolhe revelado o termo da fua peregrinação
fe defpedio dos Padres de Santo Eloy por
hunu carta. Tolerada com grande rcíi-
BIB LIOTH E CA
gnaçaõ a ultima enfermidade pelo cfpaço
de três femanas cm que triunfou de divcr-
fas fugeftoens diabólicas, recebidos os Sa-
cramentos com ternura expirou pladdamen-
te a 27 de Fevereiro de 1478. Fazem dellc
mençaõ o Illuílriflimo Cunha Hijl. Ecclef.
de Brag. Part. 2. cap. 55. Cardofo Apol.
Lujif. Tom. I. pag. 534. e o Padre Fran-
cifco de Santa Maria Cbron. dos Coneg. Se-
cul. liv. 3. cap. 60. 61. 62. e 63.
Compoz.
Tratados efpirituaes.
Officios, e Hymnos a S. Gregório Mag^o,
S. Jerónimo, Santo Ambrofio, S. Clemente Mar-
tyr, S. Nicolao Bifpo, e outros Santos.
Officio de Nojfa Senhora chamado Vi-
giUa que todos os Jabbados fe cantava nas
Ca:(as da Congregação como efcreve o Pa-
dre Francifco de Santa Maria na Chronica
aíTima allegada pag. 821.
Fr. lOAÕ DE NAZARETH natu-
ral da Villa de Caílello de Vide em a Pro-
vincia Tranílagana fendo filho de Simaõ
Vaz Leytaõ, e Maria Fernandes de Siqueira.
Na idade juvenil abraçou o inílituto de
Erimita Auguftiniano o qual profeíTou fo-
lemnemente em o Real Convento de NoíTa
Senhora da Graça de Lisboa a 20 de Julho
de 1646. onde foy Prezentado em Theologia,
Definidor da Provinda, e Prefidente do
Capitulo. Entre muitos Sermoens, que re-
citou com aplauzo fe fizeraõ públicos os
feguintes.
SermaÔ hijlorico, e panegyrico da mila-
gro!(a Virgem da Penha de França pregado no
feu Convento no 3 dia das fuás Feflas. Lisboa
por Miguel Deslandes. 1685. 4.
SermaÕ em acçaõ de Graças, que o II-
lufhijfimo Senado de Lisboa, e fua Corte
vem dar à milagrosa Virgem da Penha
de França todos os annos por voto, que lhe
fe\ qmndo livrou efla Cidade da cruel pefte
com que Deos a cajligava. Lisboa pelo dito
ImpreíTor. 1698. 4.
SermaÕ do injiffie Doutor da Igreja, e Pa-
triarcha dos Erimitas Santo Agofiinho. Lisboa
pelo dito Imprcflòr. 4. Naõ tem anno da
ediçaõ.
L USITAN A.
709
Fr. lOAÕ DE NAZARETH filho de
Miguel da Sylva, e Mariana do Defterro
naceo em a Villa de Óbidos do Patriar-
chado de Lisboa, e na Igreja Matriz de
Santa Maria recebeo a graça bautifmal
a 24 de Mayo de 1705. Quando contava
dez annos foy admitido pela deítreza, e
fuavidade da voz ao habito de rehgiofo
Terceiro da Ordem Seráfica cujo inílituto
profeíTou folemnemente a 9 de lulho de
1722. Pela fua grande fciencia da mu-
fica, e integridade de cuftumes foy nome-
ado em o Capitulo que fe celebrou a 27
de lulho de 1757. Capellaõ das Religiofas
do Convento da Madre de Deos junto da
Villa de Aveiro com a incumbência de re-
duzir à ultima perfeição o Canto de Or-
gaõ que muitas religiofas do dito Mofteiro
pradtícavaõ para mayor culto de feu divino
Efpozo. PaíTados dous annos que aíTiftio
nefte domicilio falleceo com geral fentimento
de todas as peíToas que o tratavaõ a 31 de
lulho de 1739. Tinha particular génio para
a Poezia vulgar deixando por teftemunho
a feguinte obra.
G/oJfa ao Soneto. EJia Senhor que vemos
fepultada Dedicado a ElRey N. Senhor
na intempeftiva morte de fua SereniíTima
Irmãa a Senhora Infanta D. Francifca. Sahio
impreíTo com outras obras a eíle fúnebre
aíTumpto intitulado Acentos Jaudojos das Mu/as
Portuguesas. Lisboa por António Ifidoro
da Fonceca. 1736. 4.
Fr. lOAÕ DAS NEVES natural de
Lisboa onde foraõ feus Pays António Ro-
drigues, e Mariana Nunes. Admetido em
idade muito tenra à reformada Província
de S. Maria da Arrábida profeíTou o fera-
fico inílituto em o Convento de Loures a
mortal Jegundo a mente dos Summos Pontífices,
e de S. Boaventura. Lisboa por Antonio'
de Souza da Sylva 1739. 4-
lOAÕ NOGUEYRA Doutor na Fa-
culdade dos Sagrados Cânones, e muito-
perito nas letras humanas, e preceitos
Rhetoricos. Sendo deílinado para congra-
tular em nome da augufta Cidade de Braga
a entrada do feu Primacial Paftor D. Fr.
Agoílinho de Caílro que fez com plauzivel
magnificência a 8 de Março de 1549. compoz,
e recitou.
OraçaÕ gratulatoria na entrada que fe^ na
Cidade de Braga feu Arcebifpo Primati D..
Fr. Agojiinho de Caftro. 4. M. S.
D. lOAÕ DE NORONHA natural de
Lisboa quinto filho de D. Pedro de Noro-
nha fetimo Senhor de Villaverde, que aca-
bou na infaufta batalha de Alcácer, e de fua
fegunda mulher D. Catherina de Atayde
filha fegunda do fegundo Conde da Vidi-
gueira D. Francifco da Gama. Foy Com-
mendador da Ordem de Chriílo, e militou
em Africa com valor digno do feu claro
nacimento. Cazou três vezes, e de nenhuma
deixou fuceíTaõ. Falleceo em idade muito
provefta ornado de religiofas virtudes como
publicaõ os feus efcritos de que faz mençaõ
loaõ Franco Barreto Bih. Vortug. M. S. e
faõ os feguintes.
Tratado fobre a difcriçaõ dos efpiritos. M. S.
Tratado fobre a OraçaÕ. M. S.
Do author faz breve memoria D. Ant.
Caet. de Souz. Hijl. Gen. da Ca^. Rea/ Portug.
Tom. 10. liv. 10. pag. 645.
Fr. lOAÕ DE NOSSA SENHORA na-
5 de Agoílo de 1704. onde foy Lente de tural de Aldegavinha termo de Aldegalega
Theologia Moral, e Efcritura Sagrada, Guar-
dião de vários Conventos, e Definidor da
Província. Traduzio da lingua Caftelhana
de Fr. Martinho de S. lozé Religiofo da
Província de S. Paulo dos Defcalfos Fran-
de Merciana do Patriarchado de Lisboa
fendo filho de Antonio Luiz Arelho, e Ma-
ria Carvalha. Entre todas as Sagradas Re-
ligioens elegeo para domicilio o Convento
de Villaverde da Seráfica Província dos
cifcanos em CafteUa a Velha em a Portugueza Algarves profeííando eíle auílero inílituto a
feu o feu nome. 2 de Mayo de 171 8. A intelligencia da lin-
Breve expof(içaõ dos Preceitos, que na gua Latina, e noticia das letras humanas
regra dos Frades Menores obrigaõ a pecado em que era muito verfado, naõ fomente o
7ÍO
BIBLIO THE CA
•diftinguio de todos os feus condifcipulos
mas ainda na efpeculaçaõ das fciencias fe-
veras, e no fagrado miniílerio do púlpito
que com indefeflb trabalho tem frequen-
tado por muitos annos. Depois de fer Qua-
lificador do Santo Officio como fofle pro-
fundamente inílruido em as noticias da
fua Província o nomeou Chronifta Fr. An-
tónio dos Archanjos Provincial deíla re-
ligiofa Família, cuja incumbência dezem-
penhará com geral aplauzo. O natural gé-
nio com que defde os primeiros annos cul-
tivou a Poezia metrificando na língua vul-
gar, e Latina com fumma facilidade lhe
adquirio a antonomaftica denominação de
Poefa. Do feu fecundo engenho tem publi-
cados os feguintes partos.
Sermão do retiro que fa^ todos os annos,
tí fempre prodigioja, e admirável Imagem da
V^irgem Alaria Senhora Madre de Deos que
com efte foberano titulo fe venera na Cidade de
JLisboa Oriental. Lisboa por Pedro Ferreira.
1731. 4.
Oração Funeral Panegyrica, e Hijlorica nas
Exéquias do Excellentijftmo, e Keverendijftmo
Senhor D. Fr. lo^é de Santa Maria de lefus
Bifpo de Cabo Verde do Confelho de Sua Ma-
£,eftade dignijftmo filho da Provinda dos Algar-
ves, e Mijfwnario Apojlolico no Mojleiro do
Varatojo da Keligiaõ de S. Francijco celebra-
das no Convento de S. Maria de lefus de Xabre-
^as a zo de lunho de 1736. Lisboa por Antó-
nio líidoro da Fonceca 1739. 4.
OraçaÕ Capitular Gratulatoria, Deprecato-
ria, e Mariana pregada no Real, e Venerável
Alojleiro da Madre de Deos de hisboa em dia
^0 Santijftmo Nome de Maria por acçaõ de gra-
fas do Capitulo, que fet^ a Santa Provinda dos
Algarves no Keal Convento de Santa Maria
Ae lefus de Xabregas em 9 de Setembro de
1741. Lisboa por Pedro Ferreira 1741. 4-
Dies in quo efl Offidum S. Antonii.
UlyíTipone apud Petnim Ferreira Typ. Re-
^inae. 1741. 24.
Hebdomas S. Antonii. ibi per eumdem
Typ. 1741. 24.
Mênfis D. Antonii in quo ejufdem efl
inventum Pfalterium S. Antonii Paduani.
ibi per eumdem Typ. 1741. 24.
Antonianus, hoc efl, Oratorium totius
Anni S. António UlyJJiponenJi, Paduano
que confecratum. ibi per eumdem Typog.
1741. 16.
Oratório de S. António expojlo em iodas
as Parochiaes Iff^ejas defle Patriarchado de Lis-
boa, e em todos os Arcebifpados, e Bifpados do
Keyno de Portugal. Lisboa por Pedro Fer-
reira. 1742. 8.
InfcripçaÔ Latina ao Emminentijftmo Cor-
dial Patriarcha de Lisboa D. Thomas de Al-
meyda. Lisboa pelo dito Impreflbr 1742.
foi. imperial ao alto.
Dia, e noite com todas as horas para as Al-
mas do Purgatório achadas nos fufragios da Santa
Igreja Romana, e expojla nas maõs de todos
os Fieis Chrijlaõs para lembrança das mefmas
Almas. Lisboa por Francifco da Sylva.
1742. 16.
S. Francifco para todos os dias Alanbaã
Aíeyodia, e Tarde. Devoção das Chagas def-
cuberta no Officio defle Seráfico Patriarcha.
Lisboa pelo dito Impreflbr. 1742. 8.
Pfalterium Sanãiftmi lofeph. UlyíTip. apud
Petrum Ferreira. 1741. 16.
Epigramma em aplaun^o do P. D. Rafael
Bluteau Clérigo Regular. Sahio a pag. 59 do
Obfequio fúnebre dedicado à faudofa memoria
do dito Padre. Lisboa por lozé António
da Sylva. 1736. 4.
Do:(e Epigrammas Latinos em aplauzo
da Centúria Fpigrammatum compofta por Fran-
cifco lozé Freyre. Sahiraõ ao principio
deíla obra. Ulyffipone apud Antonium líi-
doro da Fonceca. 1742. 8.
Collar da Virgem Maria Mãy de Deos,
e Mãy dos Homens. Lisboa por Domingos
Gonzalves 1745. 24.
Arte de bem morrer. Lisboa por Pedro
Ferreira 1737. 16. Sahio com o nome de
Conílantino da Coíla.
D. lOAÕ NUNES BARRETO. Te-
ve por pátria a Cidade do Porto, e por
Pays a Fernaõ Nunes Barreto Senhor
dos Morgados de Frciriz, c Penagatc,
e a D. Izabel Ferras de igual nobreza à
de feu Conforte. Inílruido na pátria com
os primeiros rudimentos paíTou á Univer-
L USITANA,
7ir
fidade de Salamanca onde recebeo o gráo
de formatura em os Sagrados Cânones, e
reftituido a Portugal foy nomeado por feu
irmaõ Gafpar Nunes Barreto em a Abba-
dia de Freiris da qual era Padroeiro, dezem-
penhando taõ exaftamente a obrigação paf-
toral, que era conhecido pela antonoma-
2ia de Abbade Santo. Dezejando feu ir-
maõ o Padre Belchior Barreto de quem
já fizemos memoria em feu lugar, atrahillo
ao iníHtuto da Companhia de lefus, que
profeíTava lhe perfuadio com efficacia pre-
ferir a vida religiofa à Ecclefiaílica feguin-
do antes o focego da Magdalena, que a
deligencia de Martha. IlluJirado com as
fombras de hum miíleriofo fonho deixou
o feculo, e veílio a roupeta de Jefuita em
o Collegio de Coimbra a ii de Novem-
bro de 1 544. Ainda naõ contava quatro annos
de religiofo alcançou com inftantes rogos
faculdade dos Superiores para com a voz, e
com a prezença confolar aos Chriílaõs prezos
nas horrorofas mafmorras de Tituaõ, e Berbé-
ria. Neíle bárbaro theatro brilhou a fua ar-
dente charidade em obfequio dos infermos
miniílrando os Sacramentos para confolaçaõ
dos Catholicos, e pregando as verdades Evan-
gélicas para confufaõ dos Mouros. Naõ fo-
mente triumfava a fua eloquente efficacia dos
dilirios de Mafoma, mas das chimeras do
Talmud convencendo a obíUnada perfídia
dos Judeos com a evidencia da divindade
do Meffias. Tendo exercitado eíle labo-
rlofo miniílerio pelo efpaço de féis annos
em que por fua induílria refgatou duzentos
cativos, chegou a Lisboa onde foy eleito
pela Mageftade de D. loaõ o III. Patriar-
cha da Etiópia de cuja dignidade o achou
benemérito o efpirito de Santo Ignacio,
e a prudência deíle Monarcha. Obrigado
do preceito de Paulo IV. fometeo os hom-
bros a taõ formidável pezo fendo Sagra-
do na Igreja da Santiffima Trindade a 24
de Mayo de 1555. pelo Bifpo de Portalegre
D. Juliaõ de Alva Efmoler mòr da Ray-
nha D. Catherina. Partio de Lisboa a 28
de Março de 1556. embarcado em a Náo
Garça de que era Capitão D. loaõ de
Menezes de Siqueira, e logo, que che-
gou a Goa aplicou todo o difvelo para
entrar no feu Patriarchado, e falvar aquellas
ovelhas, que vagavaõ naufragantes em hum
pélago de erros fcifmaticos, porem como
fe lhe dificultaíTe a execução de feus fervo-
rofos dezejos refignado na vontade divina
fe dedicou em Goa a doutrinar a mais Ín-
fima plebe. Na Ilha de Choraõ pouco dif-
tante de Goa edificou humas cazas humildes
junto da Igreja de NoíTa Senhora da Graça
onde retirado ao comercio humano falla-
va mentalmente com Deos único objeôo
da fua meditação. AíTaltado de huma agu-
da febre voltou para o CoUegio de S. Pau-
lo, e recebendo com jubilo a certeza de
fer chegada a ultima hora da fua vida paf-
fou para a eterna a 22 de Dezembro de 1562-
quando contava 45 annos de idade, e 18
de Companhia fupoílo, que efcrevemos nas
Mem. Polit. e Milit. delKey D. Seh. Part. 2.
liv. I. cap. 16. §. 123. fora o feu tranfito
a 20 de Dezembro firmados na authoridade
do Padre Nicolao Godinho de Ahyjjin. reb.
lib. 2. cap. 22. onde defde pag. 228. até
343. efcreve a vida defte zelozo Varaõ-
do qual fazem digna memoria Franco
Ann. Glorio/. S. J. in laifit. pag. 747. e
na Imag. da Virf. em o Nov. de Coimh^
Tom. I. liv. 2. cap. i. até 8. Guerreiro Ad-
dic. à Kelac. da Etiop. cap. 4. Orland. Hifi,
Societ. Part. 2. lib. 6. n. 164. TeUes Chron.
da Companh. de Jef. da Prov. de Portug. Part.
2. liv. 6. cap. I. 2. 35. 36. e 37. e na Hijí^
da Etiop. Alt. liv. 2. cap. 25. e 34. Jar-
ricus Thetiaftr. rer. Indic. lib. i. cap. 15.
Couto Decad. 7 da índia liv. 3. cap. 6. Guer-
reiro Coroa dos Soldad. Esforçad. Uv. 3.
cap. 6. Girardi Diário Part. 4. a 22 de De-
zembro loan. Soar. Brito Theatr. Eufit. Eitter.
Ht. I. n. 58. Nadafi Ann. dier. memor. S. J.
Part. 2. pag. 333. Marangoni Thet^attr. Pá-
roco. Tom. 2. pag. 84. Efcreveo.
Carta efcrita de Tetuaõ aos Padres do
Collegio de Coimbra. Delia fahio alguma
parte impreíTa na Imag. da Virt. Nov. de
Coimb. Tom. i. pag. 247. e traduzida em
Latim pelo Padre Guerreiro de Abjjftnor^
reb. lib. 2. cap. 11. pag. 275.
Cartas efcritas de Tetuaõ a bum Padre
Jefuita, que em Usboa folicitava a liberda-
de dos cativos. Parte delias eftaõ impref-
712
BIBLIO THE CA
fas na Imag. da Virtud. Tom. i. pag. 248.
^49. e 2JO.
Carta efcrita a Santo Ignacio em que
infiantefnente lhe pede naõ confinta, que elle
feja provido na dignidade Patriarchal. Defta
Carta a mayor parte eftá vertida em La-
tim no Padre Guerreiro de Abyjftn. reb.
pag. 287.
Carta ao P. Lui^ Goni(alves da Camará
■em que lhe pede alcance licença delRey para
renunciar o Patriarchado. Sahio imprefla
pelo Padre Franco Imag. da Virt. aíTima
allegada pag. 259. e em latim pelo Padre
Guerreiro de Abyjfm. reb. pag. 339.
Três Cartas efcritas ao Geral da Com-
panhia em Goa no anno de 1559. Sahiraõ
traduzidas em Italiano com outras. Venetia
por Tramezzino. 1562. 8.
Carta efcrita de Goa em o primeiro de
Dezembro de 1556. a 'ElKey D. loaõ o
III. He muito extenfa, e o Original fe
conferva no Archivo da Caza profefla
•de S. Roque de Lisboa como também a
feguinte.
Carta efcrita de Goa ao Padre Ljíí^ Gon-
S(alves da Gamara a d de 'Novembro de 1556.
M. S.
lOAÕ NUNES DA CUNHA primei-
ro Conde de S. Vicente, Deputado da
Junta dos três Eílados, Gentilhomem
da Camará do Príncipe D. Theodozio,
e Governador da fua Caza, Confelheiro
<ie Guerra, e depois do Eftado delRey
D. Affonfo VL e do Príncipe D. Pedro
Regente do Reyno, e Gentilhomem da
fua Camará, Senhor de Geftaço, e Panoyas,
c dos Morgados de Refoyos, e Couta-
dinha, Commendador de Caftelejo, S.
Romaõ do Herdai, e de Santa Maria de
Boufela em a Ordem de Chrillo naceo
em Lisboa fendo filho de Nuno da Cunha,
€ de D. Francifca de Attayde filha de loaõ
Gonfalves de Attayde V. Conde da Atou-
guia, e de D. Maria de Caílro filha herdei-
ra de Martim Affonfo de Miranda. Foy
ornado de juizo perfpicaz, fublime com-
prehcnfaõ, e natural génio para a Poczia,
<juc cultivou com felicidade, e naõ me-
nos de elegante locução aprendida dos
mais infignes Oradores, e Chroniftas por
cujos dotes mereceo diftintos aplauzos
em a famoza Academia dos Generofos na
qual foy Lente, e Collega. Ao exercido
das letras correfpondeo o das armas pois
havendo fido Governador da Gdade de
Évora, e da Praça de Setúbal em que
moftrou a fciencia militar, que profeíTava,
foy nomeado Vicerey da índia para onde
partio no anno de 1666. praticando em
todo o tempo do feu governo as máxi-
mas mais prudentes para confervaçaõ
do Eftado, porem a morte envejoza da
fua fama lhe arrebatou intempeflivamente
a vida em 7 de Novembro de 1668.
quando contava 49 annos de idade, e ao
Eflado da índia (como em feu aplauzo ef-
creve o Excellèti/fimo Conde da Ericeira D.
Luiz de Menez. Portug. Kejl. Tom. 2. pag.
788.) naquelle tempo a efperança de refiaurar
a fua ruina por concorrerem em loaõ Nunes da
Cunha todas as virtudes, que cujlumaõ compor
hum varaõ perfeito fendo dotado de grande va-
lor, de muito entendimento, e fumma acti-
vidade empregando todas eflas partes no amor da
pátria, e no augmento da gloria Portugue:i(a. Jàz
fepultado debaixo do altar de S. Fran-
cifco Xavier da Caza profeíTa de Goa.
Cazou com D. Izabel de Borbon filha
de D. Luiz de Lima de Brito primeiro
Conde dos Arcos, e de D. Vitoria Car-
dailhac Dama da Raynha D. Izabel de
Borbon de quem teve D. Maria Caetana
da Cunha fua herdeira, que fe defpozou
com Miguel Carlos de Távora filho fe-
gundo de Luiz António de Távora fc-
gundo Conde de S. loaõ, e foy fegundo
Conde de S. Vicente, General da Armada
Real, Governador das Armas da Província
do Alentejo, Confelheiro de Eftado, e Pre-
fidente do Confelho Ultramarino de quem
teve numerofa defcendencia. Celcbraõ o
nome de loaõ Nunes da Cunha elegan-
tes pennas aíTim em profa, como em verfo.
D. Francifco Manoel nas Obras Metric.
Tub. de Calliop. lhe dedica o Soneto 5 5* Al
com hum livro de verfos compoftos por
loaõ Nunes da Cunha, que lhe cometera à
fua Cenfura.
L USI
Velho mancebo illuftre em fatigue, e efprito
Tu que queres de mi, que ajji me obrigas?
A. ti que tens as Mu/as por amigas.
Que louvor te bode dar meu fraco grito?
Que direi eu que ellas naõ tenhaò dito!
Direi fó, que as afagues, e que as figas;
Que à fe que mais de bum par por mais que
digas
Ve, quando efcreves outro Apollo efcrito.
Lã te mando os teus Verfos, ^ mandarão
Callar os meos. Que avaro intento efconde
Tal fonte de doçura, e eleganciaX
TEfle lugar onde elles repousarão.
Banho efpero que feja aos tempos, onde
Venha o mundo a lavarfe da iffiorancia.
loan. Soar. de Brit. Tbeatr. Lufit. Li-
ter. lit. I. n. 59. Cataflroph. de Portug. p.
136. Souza Hifl. Gen. da Ca^. Real Por-
tug. Tom. 5. p. 225. Fqy erudito em mui-
tas faculdades; e nas Mem. Hift. e Gen.
dos Grand. de Portug. p. 512. "Foy valerofo,
e erudito. Fr. lacin. de Deos Verg. de
Plant. cap. 8. art. 10. e cap. i. p. 20 onde
efctevc que foraõ bautizados pelo feu ze-
lo quatro mil Gentios. Nicol. Ant. Bib.
Hifp. Tom. I. p. 574. col. I. GDmpoz.
Panegyrico ao Serenijfimo Rey D. loaõ o IV.
Rejlaurador do Reyno Luftano. Lisboa por
António Crasbeeck. de Mello 1666. 4.
Epitome da Vida, e açoens de D. Pedro
entre os Reys de Caflella o primeiro defle
nome. ibi pelo dito Impreflbr 1666. 4.
Defta obra fazendo juizo D. Frandfco
Manoel na Carta dos Authores Portu-
guezes efcrita ao Doutor Themudo diz
que fendo pequena fa^ competência a todos
os gandes livros.
Usboa Conquiflada. Poema heróico que
coníla de 12 Cantos. Começa
A.S armas, e os Varoens cantar intento
Que debellado o bárbaro Africano
Da Cidade Ulyjfea o fundamento
Levantou para o Rejno Lujitano.
Gémeo Plutaõ, e do fulfureo ajfento
O decreto encontrar quit(^ foberano :
Até que o Padre defde o folio eterno
Fechou os clauflros do vorá:^ Avemo.
TANA. 7i3
Acaba
A efpada ef^me, e na piteira forte
Entrou do ferro boflil a mayor parte;
Cabe o forçofo mouro, e defla morte ^
Alcança ainda terror o duro Marte.
O favor logo dà a ifftal forte.
No campo fanguinofo fe reparte.
Affonfo vence, entra a Mef quita armado
E a Deos a confagou crucificado.
Efcreveu mais
Vida de lob. M. S.
Memorias da Vida de Matinas de Albu-
querque. M. S.
Nobiliário das Famílias de Portugal. foL 4.
Tom.
Tratado da Fortificação, foi. M. S.
Eftas obras como taõbem o Poema Lâs'
boa Conquifiada fe confervavaõ em Caza do
Conde de S. Vicente Genro do Author.
Por ordem da Rainha Regente D. Luiza
Frandfca de Gufmaõ começou a efcrever
na lingua Portugueza.
Vida do Principe D. Theodo:(io.
Para eíla obra tinha junto vários documen-
tos dos quais fe aproveitou o Padre Manoel
Luiz da Companhia de lefus para a Vida
do mefmo Prindpe que compoz na lingua
T .atina onde no Prologo n. 18. refere o
motivo porque a naõ acabou loaõ Nunes
da Cunha. IllufiriJJimus Dominus loannes No-
nius à Cunia Principis Theodofu olim CubicuJa-
rius, ipfiufque in Elvenfi expeditione individuus
focius, pofiea S. Vincentii creatus Comes,
Indiaque Prorex. Is eadem SereniJJima Rje-
gina Matre jubente fufcepit idiomate Loifitano
fcribendam vitam Prinãpis Theodofii, cui ob
egre^as dotes fuerat aceptijjimus, illiusque lau-
dabilium aãionum five aã amulandum, Jwe ad
fcribendum eximius explorator: cujus praterea
memorabilium operum, di£íorumque plurimi
carte faciendum ipfe confecit Diarium exquo
Principis obfequio addiãus fuit, ejufque Cubi-
cularius à Serenijfimo Rege defigtatus. Captum
opus, longe que proveãum abrumpere coaãus
efi ad Interamnenfem exercitum, ubi tunc folito
atrocius bellum fcemebat; ibi que primis ineun-
da pacis cum bofie coibais, et ventilandis
aquis conditionibus Caduceator eleãus efi:
ibidem rum tam faventibus oculis, et matu-
ris confiliis, quam auxiliatrice dextra ex Caf-
714
BIBLIO TH E CA
iellanis triumphis Indicos aujpicatus; hic ferra
Europeis, illic mari viãrici haud femel daffe
Afiaticis hoftihus àehellatis. Quem fi fata vi-
rum pace, belloque inclytum do mi, ac foris jux-
ta Jujpiciendum diuHus incolumem nohis Jer-
varent, non duhium quin datam fape á fe
fidem fuo Principi propagandi apud JEthni-
cos orthodoxam fidem, omnigems que infideles
profligandi exaãe liberarei; ac demúm ipfius vi-
tam iriumphali exaratam ftylo atemitati commen-
daret. Verum Ijtfitana expeãatione celerius Goa
decedens; et glorio/e vivendi, et glorio/a Jcrihendi
luguhrem honis omnihus finem fecit.
lOAÕ NUNES DA CUNHA Vigá-
rio da Parochial Igreja de Nofla Senhora
da Viâoria da Cidade da Bahia onde
exercitou o feu talento aíTim no pafto
das ovelhas, como em o minifterio do
púlpito. Publicou
Sermão do grande Patriarcha, e Doutor da
Igreja Santo Agoftinho pregado na Igreja da
Palma, e Hofpicio da Bahia dos Erimitas DeJ-
calfos de Santo Agofiinho. Lisboa por Filippe
de Souza Villela 1703. 4.
lOAÕ NUNES FREYRE natural da
Cidade do Porto Capellaõ mór da Santa
Caza da Mifericordia da mefma Cidade,
e nella Meftre da lingua Latina, e muito ver-
fado nas letras humanas, e liçaõ dos Poetas,
e Oradores antigos de cuja efcola fahiraõ
difcipulos que authorizaraõ com o magiílerio
a muitas Familias Religiofas. Querendo fa-
zer mais perceptíveis aos principiantes os
rudimentos Grammaticaes. Compoz
Annotaçoens aos Géneros, e Pretéritos da
Arte nova. Porto por Manoel Cardozo 1635.
4. e Coimbra por lozé Ferreira 1673. 4. Neíla
ediçaõ fahiraõ emendadas, e acrecentadas
as fignificaçoens dos Nomes, e Verbos poftas
pellas margens pelo A. B. C.
& ibi pela Viuva de Manoel de Carvalho.
1676. 4.
Annotaçoens ad Kudimenta Grammatica nas
Regras mais geraes delia com huma infiru-
çaõ brevijftma para fe começar a compor,
e conftruir vulgo [yntaxinha acrecentada pelos
ca:(ps com recopilaçaÕ para milhor noticia dos
Principiantes, com duas regras Geraes da Ortho-
graphia. Porto por Manoel Cardozo 1645. 4-
Coimbra por Manoel Dias. 1656. 4. & ibi
por lozé Ferreira 1676. 4.
Margens da Syntaxe com a conftrtâçaÕ em
Português^ pofta na Interlinea do Texto das Regras
delia pela Arte do P. Manoel Alvares da Compa-
nhia de lefus. Porto por Manoel Cardozo
1644. 4. e Coimbra por Manoel Diaz.
1653. 4.
Campos Elyfios. Porto por loaõ Ro-
drigues 1624. 4. Confta de Profa, e
Verfo.
Traduzio em Outava Rima Portugueza.
Thebaida de Statio Papinio
De cuja obra entregou D. Francifco Ma-
noel de Mello féis cantos a loaõ Fran-
co Barreto como elle efcreve na Bib.
Portug. M. S. pedindolhe quizefle acabai-
la. Depois appareceraõ os últimos 6 can-
tos que compuzera loaõ Nunes Freyre
que fe naõ imprimirão. Delle fazem men-
ção Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. p.
574. col. I. e loan Soar. de Brit. Theatr.
hufit. Uter. lit. L 60. Ldterarum huma-
niorum Jatis celebris profeffor.
lOAÕ NUNES VARELLA natural da
Freguezia de Santa Anna termo da Villa de
Ourique em a Província Tranílagana onde
recebeo a primeira graça em 23 de lulho
de 1701. fendo filho de Gregório Nunes,
e Margarida Martins. Aplicoufe ao eíhido
da Theologia Moral como taõ neceíTaria
ao eftado Ecdefiaílico que profeíTava, c fez
nella tantos progreíTos a fua aplicação que
pelo efpaço de finco annos teve publica
paleftra deíla fciencia, da qual fahiraõ mui-
tos difcipulos para o ConfeíTionario. He
Notário Apoftolico, e ConfeíTor do refor-
mado Convento das Religiofas de Nofla
Senhora dos Remédios fituado fora dos
muros de Lisboa. Publicou
ColleçaÕ efpiritual de varias obras da Myfíica
Doutora da Igreja a Seráfica Madre Santa The-
re^a de lejus Fundadora da ef clareada Familia
dos Reverendijfimos Padres Carmelitas Defcalfos.
Lisboa por António Pedrozo Galraõ. 1736. 8.
L USITAN A.
7i5
Opujculo Cttríal muy útil, e conveniente
para Parocbos, Confejfores, e mais pejfoas
curiofas em que fe trata praticamente da
intelligencia dos grãos de parentefco, dos im-
pedimentos do matrimonio em que cujiuma
difpenfarfe, e do que bade allegarje, e como,
para fe evitarem inconvenientes. Lisboa pelos
herdeiros de António Pedrozo Galraõ.
1741. 4.
Aíeditafoens da Vida, e Payxaõ de Cbrif-
to, e vários documentos para pejfoas efpiri-
tuaes. ibi pelos herdeiros de António Pe-
drozo Galraõ. 1737. He tradução de Caf-
telhano do Padre Fr. Félix de Alamin.
Tratados Moraes, o i. dos Sacramentos
cm género, z. do Bauti/mo. 3. da Confirma-
rão. M. S.
lOAÕ NUNES VIDAL Presbítero, e
Bacharel em a Faculdade dos Sagrados
Cânones muito perito na intelligencia da
Sagrada Efcritura, e Liçaõ dos Santos
Padres, e Expoíitores. Efcreveo.
fragmentos da Sagrada, e humana Hif-
toria. Obra útil para Pregadores tirada da
expofiçaõ dos Santos Padres, e antigos Orá-
culos da /ciência. He volume grande de
folha, que examinamos, o qual todo eftá
marginado de authoridades dos Santos
Padres, e Expoíitores Sagrados em que
o Author fe moílra muito verfado to-
das poílas por niimeros, que chegaõ a
5039. com Index de varias matérias para
que aplica as authoridades citadas. No
fim tem.
Via-Sacra contemplativa. Q)niia de 57 pa-
ginas, e o volume de que aíTima fe fez mençaò,
tem 701.
lOAÕ DE OLIVEYRA Naceo em a
Cidade de Braga no anno de 1709, fen-
do filho de Domingos de Oliveira, e
Luiza de Oliveira. Inílruido em a pátria
na lingua Latina, e Filofofia paíTou à
Univerfidade de Coimbra onde fe formou
na Faculdade dos Sagrados Cânones. Ref-
tituido à pátria exercitou por alguns an-
nos o Officio de Patrono de Caufas Fo-
renfes, e paífando ao Eftado do Brazil
o nomeou feu Secretario o Illuftriífimo
Bifpo de Janeiro D. Fr. Joaõ da Cruz.
Para naò caducar na memoria dos Vin-
douros os aplauzos, que o CoUegio dos
Padres Jefuitas da fua Pátria dedicarão
a S. Luiz Gonzaga, e Santo Ellanislao
Koska novamente collocados no Catha-
logo dos Santos efcreveo.
P^elaçaS das Feftas, que o Colleffo de S. Paulo
da Companhia de lefus da Cidade de Braga cek'
hrou em hum folemne Triduo à Canonif^a^aõ de
Jeus glorio/os Santos L/dz ^^Z^^^* ^ Eftaniflao
Koska em lulho de 1727. Lisboa na Officina
Patriarchal da Mufica 1728. 4.
lOAÕ DE OLIVEYRA DELGADO
cuja aplicação foy fempre aos livros af-
ceticos de que extrahio documentos pa-
ra o exercido das virtudes; ao tempo
que contava a proveâa idade de 75 an-
nos publicou.
Meditaçoens da vida, PayxaÕ, Morte, Kefur-
reiçad, e Mandamentos divinos do Unigénito filho
de Deos vivo. Lisboa por lozé António da
Sylva. 1727. 8.
lOAÕ FAÇANHA Presbítero de vida
inculpável, e muito exercitado na prac-
tica da Theologia MyíUca. Efcreveo.
Compendio da Payxaõ de Nojfo Senhor
JESU Chrifio tirado das Meditaçoens do
V. Padre Fr. Lui^ de Granada acrecen-
tado com varias devoçoens. Lisboa por An-
tónio Alvres. 1649. & ibi por loaõ Gal-
raõ. 1676. 12. com a Meditação do Padre
Vafco Pires para a Noute de Natal. &
ibi por Francifco VUlela. 1672. 24.
Fr. lOAÕ PACHECO natural da VU-
la de Aldegallega em a Provinda Tranf-
tagana filho de Mathias Pacheco Pi-
mentel Cavalldro profeílo da Ordem de
Chriílo, e Capitão mòr das Villas de
Riba-Tejo, e de D. Francifca Pereira de
Vafconcellos. ProfeíTou o fagrado iníti-
tuto de Erimita Auguffíniano no Real
Convento de Noíía Senhora da Graça
de Lisboa a 2 de Fevereiro de 1694.
quando contava defafete annos de ida-
de onde depois de fer Superior do Con-
vento de NoíTa Senhora da Penha de Fran-
7i6
BIBLIO TH E CA
ça, e Meílre dos Noviços do Conven-
to da Graça de Lisboa foy Prior dos
Conventos de Lamego cm o anno de
1706. de Villaviçofa em 1709. c de Lis-
boa em 1740. moílrando cm todas eílas
Prelazias a prudência do fcu juÍ2o, e o
zelo da difciplina regular. A vaíliíTima
liçaõ, que tem da Hiíloria fecular, c fa-
grada como da natural, c politica lhe faci-
litarão cfcrever, e publicar a feguinte obra.
Divertimento erudito para os curiofos de no-
ticias hijloricas, efcholafiicas, Politicas, e natttraes
/agradas, e profanas defcubertas em todas as ida-
des, e ejlados do mundo até o premente, e extrahidas
de vários authores Tom. i. Lisboa na Officina
Auguftiniana. 1734. foi.
Tomo Jegundo. Lisboa por António de
Souza, e Sylva. 1738. foi.
Tomo terceiro, ibi pelo dito ImpreíTor.
1738. foi.
Traduzio de Caílelhano de Fr. Francifco
Larraga Dominico em Portuguez.
Promptuario de Theologia Moral muito útil,
e neceffario para todos os que Je qui;(erem expor
para Confejfores, e para a divina adminijlraçaõ
do Santo Sacramento da Penitencia. Tom. 2.
em que Je faixem addiçoens aos Tratados do Tom.
\. e Je acrecentaõ alguns appendices de matérias,
que nelle Je trataõ. Lisboa pelo dito ImpreíTor.
1739. 4.
Fr. lOAÕ DE PÁDUA natural da Villa do
Cartaxo termo da Villa de Santarém religiofo
da Seráfica Provinda de Portugal, Meílre do
Coro do Convento de Lisboa onde por mui-
tos annos com a fuavidade da voz, e deílreza
da Arte da Muíica cm que era iníigne, foy
o direftor da perfeição, e regularidade com
que fe cantavaõ as Horas Canónicas, naõ fen-
do menos perito nas Cerimonias Eccleíiaíli-
cas. Morreo no Convento de Lisboa a 29
de lulho de 1631. Delle fazem mençaõ Wa-
dingo Script. Ord. Min. pag. Efperança
Hijlor. SeraJ. da Prov. de Portug. Part. i. liv.
2. cap. 17. n. 4. Soledade Hijl. SeraJ. da Prov.
de Portug. Part. 3. liv. i. cap. 21. Fr. loan. a
D. Ant. Bib. Francijc. Tom. 2. pag. 197. col. i.
c Nicol. Ant. Bib. Hijp. Tom. i. pag. 575.
col. 2. Compoz.
Manuale Chori Jecundum ujum Fratrum
Minorum, et Monialium S. Clara nunc de-
nuò corre£ium, <ir in multis auãum juxta
Miffale, et Breviarium Komanum Pii V.
eJ?* Clementis VIU. authoritaíe recognitum.
UlyíTipone apud Petrum Craesbeeck. 1626.4.
lOAÕ DE PAYVA natural de Coim-
bra, e filho de Manoel de Payva. Ef-
tudou na pátria as fciencias amenas, e
feveras, e recebido o gráo de Doutor
Theologo foy Prior de Santa Maria de
Penacova cm o Bifpado de Coimbra, e
Cónego Magillral da Sé de Lamego em
31 de Setembro de 1632. Com profun-
da inveíligaçaõ examinou os arcanos mais
recônditos de hum, e outro Teílamcn-
to fervindo-lhe de luzes precurforas a
intelligencia das linguas Orientaes, c a
Liçaõ dos Santos Padres. Fallecco na
pátria a 24 de laneiro de 1640. láz fe-
pultado na Capella de Santa Marta fitua-
da no Collegio dos Carmelitas Calçados,
que inílituhio para íi, e feus fuceíTores
com MiíTa quotidiana. Delle fe lembraô
Nicol. Ant. Bib. HiJp. Tom. i. pag.
575. col. 2. loan. Soar. de Brito Theatr.
l^fit. Utter. lit. L n. 61. Hallevordius
Bib. CurioJ. pag. 416. col. i. Marangoni
Tbet(atir. Paroch. Tom. 2. pag. 299. Com-
poz.
Doãrinale Sacra Scriptura omnes illius
Jenjus tum litterales, tum myjlicos, nec non
Cânones, hoc ejl regulas interpretandi, ac in-
telligendi Jacras litteras, phrajes praterea, mo-
dojque, ac verjiones libris XXIII. compleãens.
Conimbricx apud Didacum Gomcz de
Loureiro. 1631. foi. O Author fazendo
juizo deíla obra lib. 1. cap. i. diz. Non
iffioro aliquos Authores de tis rebus agere,
Jed monitum velim neminem eorum opus in-
tegrum exhibuijfe, <à)^ omnia in unum quaji
corpus redigi ff e; enim vero aliquos reperies
in Salmerone, Genebrardo, Oleaftro, Francijco
Rmí:(Ío, Martino Martines Jed ea illi carp-
tim leniter, d»* non ex injlituto operis trac-
tarunt. Author vero id agit, ut Japius bic
illi Jit propojitus ad quem coUimat: et li-
brum integ^um de hac re dedit.
L USITAN A.
7^7
P. lOAÕ DE PAYVA. Naceo em
Lisboa a 14 de Mayo de 1604. fendo
filho de António de Payva, e Domin-
gas da GDÍla. PoíTuindo na Cathedral da
fua Pátria hum Canonicato de Quarta
Prebenda abraçou o inftituto da G^mpa-
nhia de lefus a 20 de Novembro de
1660. quando contava fincoenta, e féis
annos de idade onde obfervou exacta-
mente os preceitos do feu inílituto. Fal-
leceo com fumma piedade na Caza pro-
feíTa de S. Roque a 23 de Março de
1682. Delle faz memoria Franco Imag.
ca Virt. em o Nov. de Usboa. pag. 970.
et in Annal. S. I. in l^ijit. p. 374.
n. 17. Com o fupofto nome de loaõ
H <le Brito publicou.
Compendio das Cerimonias que fe devem ohf er-
rar comforme o MiJJal Komano ultimamente refor-
mado pela Santidade do Papa Urbano VIU.
Oferecido ao lllufirijfimo Senhor D. Lui:(^ de
Sout(a Bifpo de luimego do Confelho de S. Aitev^a.
Lisboa por Domingos Carneiro ImpreíTor das
Três Ordens Militares. 1671. 4.
Fr. lOAÕ DE PAREDES natural da
Villa do feu apellido fituada nos Coutos
de Alcobaça, Monge Ciíltrcienfe, e muito
douto em a Theologia Efcholaílica. Ef-
creveo
Compendium Sacra Theoloffa. foi. M. S.
Confervafe na Livraria do Real Convento de
xA-lcobaça.
D. lOAÕ PECULIAR. Naceo em a Qda-
de de Coimbra onde foraõ feus Progenitores
Chriílovaõ loaõ, e D. Maria Rabaldis Senhora
da Villa de Mortede fendo o fegimdo na or-
dem do nacimento entre finco filhos que tive-
raõ. Aprendeo as fciencias amenas na pátria,
c as feveras em a Univerfidade de Pariz donde
voltando com igiial fama de letrado, que vir-
tuozo edificou na Villa de Lafoens hum Ora-
tório no qual recolhido com alguns facerdotes
pra£Hcava os exercidos da vida religiofa.
Defte lugar foy aíTumpto para Meílre Efchola
da Cathedral de Coimbra, e como nella foíle
Arcediago o V. D. Tello, e dezejaíTe com
ardente zelo reftituir à fua primitiva obfer-
vancia o inílituto dos Cónegos Regulares
de S. Agoílinho partio com elle a Ro-
ma onde experimentarão taõ propicia a
vontade de Innocendo IL para taõ fan-
to intento, que alcançados muitos privi-
légios, e indultos da benignidade Ponti-
ficia para o Real Convento de S. Cruz
de Coimbra voltarão da Cúria no fim
do mez de lunho de 1133. e derigindo
a jornada para o Moíldro de S. Rufo
em o Delfinado onde exaftamente fe ob-
fervava o inítítuto Canónico Auguftiniano,
deUe trouxeraõ o Cerimonial, e Ritual que
fe haviaõ uzar em o Convento de S.
Cruz. ReíHtuido a Portugal foy eleyto Bif-
po do Porto em o anno de 11 36. de cuja
Cathedral paíTou à Primacial de Braga em
o anno de 11 39. e para receber o PalUo
partio fegunda vez a Roma recebendo-o da
maõ de Innocendo II. que certificado da
fua grande literatura lhe ordenou aíTiíliíre
ao Concilio Lateranenfe IL que naquelle
tempo fe celebrava. Neíle venerável Con-
greílo contrahio amizade com o Mellifluo
Doutor S. Bernardo que continuou com
diverfas cartas, que lhe efcreveo. Voltan-
do deíla jornada foy recebido em Braga
com as mayores demonílraçoens de jubilo
experimentando fuás ovelhas com a dou-
trina remédio para as almas, e com as ef-
molas focorro para os corpos. Entre as
acçoens que fez dignas de memoria, foy
coroar ao noíTo primeiro Monarcha D.
AíFonfo Henriques em as Cortes celebradas
em Lamego, aíTiílir à Conquiíla de Lisboa
no anno de 1147. ^ fagrar o primeiro
Bifpo deíla famoza Gdade que logo o re-
conheceo por Primaz de Efpanha. Cumu-
lado de obras virtuofas, e cheyo de annos
que excediaõ o numero de cem paíTou
deíla vida caduca para a eterna a 3 de
Dezembro de 1175. laz fepultado na Ca-
thedral de Braga que governou pelo largo
efpaço de 36 annos. Efcreveo
Epijlola varia ad Bemardum Ahhatem Cla-
ravallenjem. Paliando deílas Cartas o Illuf-
triíTimo Cunha Hj/?. Ecclef. de Braga Part. 2.
cap. 14. n. 4. 'Ejítre as Cartas imprejfas do Santo
fe naõ achaõ as do Arcehifpo D. loaÕ, culpa das
que as ajuntarão para a efiampa porque avia
algumas que vio, e leyo o P. Fr. L///^ dos
7i8
BIBLIO THE CA
Anjos Chronijla dos "Padres 'Erimitas de Santo
Agofiinho como o deixou efcrito em huma memoria
que ejlâ em nojfo poder.
Fa2em honorifica, e larga memoria
defte grande Prelado o lUuílriflimo Cunha
no lugar aíTima allegado, e na Hijl. Ecclef.
de "Lisboa. Part. 2. cap. i. D. Nicol. de
S. Maria Chron. dos Coneg. Keg. liv. 11.
cap. 4. Fr. António da Purif. de Vir. il-
luftrih. Ord. Brimit. D. Aug. lib. i. cap. 17.
c na Chronol. Monaji. p. 113. Cardozo
Affol. "Lufit. Tom. 3. p. 310. col. i.
lOAÕ DE S. PEDRO Cónego Se-
cular da Congregação do Evangelifta amado
onde floreceo o feu talento nas Faculdades
próprias do feu Eílado. Querendo que fe fi-
zeíTem patentes ao mundo os indultos apof-
tolicos concedidos à fua Congregação com-
pilou.
"Livro dos Privilégios concedidos pelos Summos
Pontífices à Congregação de S. loaõ Ejvangelijla
àjftm per concejfaõ, como per comiffaõ como em
Jeus títulos fe declarará. Lisboa por António
Alvres 1594. foi.
Fr. lOAÕ DE S. PEDRO. Naceo
em Lisboa a 24 de Março de 1692. e
teve por Pays a loaõ Pedro, e Mariana
Thomafia. Profeflbu o inílituto do Dou-
tor Máximo no Real Convento de Be-
lém a 23 de Outubro de 1709. onde foy
Prior dos Conventos de S. Marcos, e Pe-
nhalonga, Vifitador Geral da Congregação,
e Geral eleito a 20 de Abril de 1759.
He Qualificador do Santo Officio, Con-
fultor da Bulia da Cruzada, e Examina-
dor das Três Ordens Militares. Teve gé-
nio para a Poezia vulgar em que com-
poz diverfas obras, como taõbem eftu-
diofa aplicação para a Hiftoria, e letras
humanas. Publicou.
Sermão de Nojfa Senhora da Piedade pregado
na Freguesia de S. Paulo de "Lisboa. Lisboa na
Officina da Mufica 1723. 4.
Sermão Panegyrico, e Hifiorico do Doutor
Máximo S. Jerónimo pregado no Convento de NoJfa
Senhora do Ef pinheiro da Cidade de "Évora a 30
de Setembro de 1726. Lisboa na Officina Pa-
triarchal de Muíica. 1727. 4.
Sermão Panegyrico, e Hijlorico do Príncipe
dos Patríarchas, e Doutor Máximo da Iff^eja S.
Jerónimo pregado no Keal Mojleiro de S. Maria
de Belém a ^o de Setembro de 1729. 4. Naõ
tem lugar nem anno da imprcflaõ, mas do
Cara£ter da letra fe conhece fer impreflb
em Caftella no anno de 1731. como fe
colhe da licença do Geral Fr. Martinho
de Amorim.
"Vida de S. Jerónimo Patríarcha, Cardial,
Presbítero, e Doutor Máximo da Jff^eja.
Tom. I. Lisboa na Regia Officina Syl-
viana, e da Academia Real. 1742. foi.
Com o afe£b.do nome de Damiaõ de Froes
Perim anagramma puro de Frey loaõ de
S. Pedro compoz, e publicou.
Theatro Heroino, Abecedarío HiJIoríco, e
Cathalogo das Mulheres Jllufires em Armas,
J^tras, Acçoens heróicas, e Artes Uberaes.
Tom. I. Lisboa Na officina da Mufica
de Theotonio Antimes de Lima. 1736.
foi. Comprehende da letra A até L
Tomo Segundo. Lisboa na Regia Officina
Sylviana, e da Academia Real. 1740. foi.
Comprehende da letra L. até Z.
P. lOAÕ PEDROZA natural de Coim-
brão em o Bifpado de Leiria, e filho
de loaõ Fernandes, e António Pedroza.
Aliíloufe na Companhia de lefus em o
Noviciado de Coimbra a 26 de Feve-
reiro de 1632. quando contava defafeis
annos de idade. Impellido do zelo da
Converfaõ da Gentilidade cultivou mui-
tos annos a vinha de Salfete, e foy
Reytor do Collegio de Rachol. Falleceo
em Goa em 10 de Mayo de 1672.
Tradufio da lingua Caftelhana do P.
Bernardino Villegas lefuita em a lingua
Bramana.
Solilóquios divinos. Goa fem anno da
ediçaõ.
JnJlruçaÕ para a confijfaõ Sacramental.
Naõ publicou eíla obra impedido pela
morte. Delle faz breve noticia Franco
Jmag. da Virt. em o Novic, de Coimb.
Tom. 2. p. 620.
L USI TAN A.
719
lOAÕ PEYXOTO DA SYLVA DE
MACEDO CARVALHO, E ALMEYDA
Senhor do Confelho de Penafiel, e Adail
raòr do Reyno Senhor dos Morgados
de Peixotos, Macedos, Carvalhos do Al-
garve filho de Gonçalo Peixoto da Sylva
Senhor de Penafiel, e Adail mòr do
Reyno, e de D. Paula de Alarcão de
igual nobreza à de feu marido. Foy
muito inílruido nas letras humanas, hif-
toria profana, e na Genealogia efcre-
vendo.
Diverfos Títulos de Familias Poriuguef(as ;
como affirma o Padre Souza Advert. e Addic.
à Hijl. Gen. da Ca^. Keal Portug. Tom. 8.
pag. 26. n. 72.
Falleceo em Lisboa a 15 de Mayo
de 1725.
lOAÕ DE PENA Presbitero, e Li-
cenciado em Artes pela Univerfidade de
f Salamanca, muito perito nas letras hu-
manas, e infigne Poeta Latino. Compoz
em verfo heróico.
Oratio habita Salmàtica 6. Jantuirii. 1598 foi.
Sahio impreíTa nefte ãno. Começa.
Nympba Caballinas qua rume fpatiaris ad
widas.
lOAÕ PEREYRA natural da Qdade
de Elvas filho de Fernaõ Lourenço Pegado,
e Ignez Pereira. Depois de receber o gráo
de Doutor em os Sagrados Cânones foy taõ
profundamente verfado neíla Faculdade, que
fendo Arcebifpo de Évora o Sereniflimo In-
£mte D. Henrique o elegeo por feu Vigário
Geral, e Provifor lugares, que exercitou no
tempo, que governou a mefma Diocefe, o Ar-
cebifpo D. loaõ de Mello em cuja Cathedral
obteve o Arcediagado de Oriola de que tomou
poíTe a 31 de Dezembro de 1565. donde paíTou
para o Arcediagado da fexta a 10 de Agollo de
1566. Foy Deputado da Inquifiçaõ de Évora
provido a 25 de laneiro de 1563. Retirado à
fua pátria inítítuhio hum vinculo, que poííue
a antiga famiUa dos Pegados, onde falleceo
no armo de 15 81. Compoz.
In Difi. I. de Conjecrat. Neíla obra que
conftava de 54 cadernos fe comprehendiaõ
muitas, e feleâas Queíloens de Sacramentis,
de 'Empbyteuji, de Emptione, <ò^ Venditione, de
Mayoratibus. &c.
P. lOAÕ PEREYRA filho de An-
tónio Pereira de Elvas, e Appolonia da
Sylveira naceo em a Qdade de Ponte
Delgada Capital da Ilha de S. Miguel
donde paíTando a Portugal recebeo a rou-
peta da Companhia de lefus em o No-
viciado de Coimbra a 23 de Dezembro de
1661. Tendo hdo féis annos Humanidades
foy Reytor dos Collegios de Braga, Elvas, e
Santarém, e Coimbra; Secretario da Província
de Portugal, e feu Vizitador Geral, e Provin-
cial da Provinda do Brazil. Em tantos lu-
gares fempre experimentarão os fubditos os
efeitos da fua prudente capacidade. Pregou
com aplauzo derigindo os feus difcurfos mais
para reprehender vidos, que lizongear vido-
fos. Sendo obrigado por preceito do Geral a
acdtar a Propofitura da Caza profeíía de S.
Roque naõ chegou a exerdtar eíle lugar mais,
que mez, e meyo fallecendo a 23 de Abril de
171 5. DeUe fe lembraõ Cordeiro HiJl. Inju-
lan. liv. 6. cap. 43. n. 437. Franco Imag. da
Virt. em o Nov. de Coimb. Tom. 2. p. 620. et
in Armai. S. ]. in Ljifit. pag. 452. n. 14. Pu-
blicou.
Exbortaçoer.s domefiicas feitas nos Colle-
gios, e Cat(as da Companhia de Jefus de
Portugal, e Brat^il. Coimbra no Collegio
das Artes. 171 5. 4.
lOAÕ PEREYRA DE CARVALHO Na-
ceo em Lisboa a 7 de laneiro de 1666 fendo
filho de Manoel Pereira, e Angela Maria. Na
Univerfidade de Coimbra recebeo as infignias
doutoraes na faculdade dos Sagrados Câ-
nones merecendo pelas fuás grandes le-
tras fer Dezembargador de Relação Ec-
defiaftica em a Qdade de Évora pelo
efpaço de três annos, e meyo quando
era dignifllmo Arcebifpo deíla Cathedral
o Illuftriírimo D. Fr. LuÍ2 da Sylva, que
o proveo em huma Bachelaria da mefma
Cathedral de que tomou poíTe a 4 Setem-
bro de 1701. donde paíTou a exerdtar
o lugar de Dezembargador com o de
Provifor, e Vigário Geral na Relação Ec-
defiaftica de Lisboa, e fer provido em
720
BIBLIO THECA
Prior da Parochial Igreja de Santo Ef-
tevaõ da mefma Cidade de que tomou
pofle a 18 de Dezembro de 171 6. Foy
eloquente Pregador, e dos Teus Scrmoens
tinha prompto hum Volume para a im-
preflaõ da qual logrou unicamente o fe-
guinte.
Sermão na Canom:(açaÕ dos Santos Lmí^ ^^"~
^aga, e Stanislao Koska da Companhia de lESUS
pregado no Collegio de Santo Antaõ da mefma
Companhia em 28 de Julho de 1727. no Jegundo
dia do Triduo dejla Solemnidude. Lisboa por
Pedro Ferreira. 1728. 4.
Falleceo na pátria a 4 de Setembro de 1738.
quando contava 72 annos de idade. láz fepul-
tado na Parochia de Santo Eftevaõ da qual era
Prior.
lOAÕ PEREYRA CORTEREAL mui-
to experimentado na Arte de navegar,
que aprendeo em multiplicadas vezes, que
paíTou às índias Oriental, e Occidental
inventando o inílrumento da demarcação
fobre o qual fez humas doutas adver-
tências o Cofmografo mòr Valentim de
Sà. Compoz.
Difcurfos fobre la navegacion de las Náos de
la índia de Portugal. Madrid. 1622. 4. Deíla
obra confervo hum exemplai da qual efcreve
loaõ Franco Barreto na Bib. Portug. M. S.
que nunca a vira, e que ignorava fe era im-
prefla.
Transformacion dei Cabo de buena Efperança.
4. M. S. Conferva-fe na Livraria do Excellen-
tilTimo Marquez de Valença.
lOAÕ PEREYRA DA SYLVA natu-
ral de Lisboa, e filho do Capitão mòr Ruy
da Sylva Pereira, e de D. Catherina Duque.
Foy Cavalleiro da Ordem de Chriílo, Familiar
do Santo Officio, e Efcrivaõ do Tribunal da
Legacia Apoftolica. Cultivou defde os pri-
meiros annos as Mufas Portuguezas com
tanta elevação de efpirito, que merecerão
os feus verfos o aplauzo dos mayores pro-
feíTores da Poética fendo hum dos mais
cftimaveis Collegas da Academia dos Sin-
gulares inftituida na fua pátria cm o an-
no de 1663. Cazou com D. Urfula da
Sylva Lobo de quem teve para immor-
tal credito da fua peflba ao Doutor Ber-
nardo Pereira da Sylva Cavalleiro da Or-
dem de Chriílo, Collegial do Collegio
Real de S. Paulo Lente da Cadeira do
Código, e Digefto Velho em a Univcr-
fidade de Coimbra, Dezembargador da
Caza da Supplicaçaõ de quem fc fez
mais diílinta memoria em fcu lugar. Fal-
leceo em Lisboa a 10 de Outubro de
1708. Jaz fepultado na Parochia de N.
Senhora das Mercês. Compoz.
Epinicio hafitano à memorável vitoria de
Montes Claros, que alcançou o exercito del-
Key N. Senhor D. Affonfo VI. o Vião-
riofo fendo Capitão General o Marque:^ de
Marialva. Lisboa por Henrique Valente
de Oliveira. 1665. 4. Coníla de 100.
Outavas
Canção Panegírica ao Naàmento do muito
alto, e muito poderofo Príncipe Nojfo Senhor em
10 de Agoflo de 1688. Offerecida rui menbaã
do mefmo dia. Lisboa por Miguel Deslandes.
1688. 4.
hyfia faudofa confolando-fe com o feu Tejo
atmfero Kej/ dos Rios na dor fobre o encarecimento
grande do intempeflivo Ocav^ da fua mais Soberana
The tis a Serenijftma Senhora D. Isabel Ljài^a Jov^eja
primogénita delRey D. Pedro II. NoJfo Senhor.
Lisboa por Miguel Deslandes Impreflbr del-
Rey. 1690. 4. Coníla de huma GloíTa ao
Soneto Fermofo Tejo meu &c. dous Epigramas
Portuguezes; humas Endechas Caftelhanas, e
huma Decima por Epitáfio.
Dous Sonttos a pag. 93. dos Acroa-
mas Panegyricos com que Coimbra recebeo
a relíquia de Santo Thoma^ de Villano-
va vinda de Valença. Coimbra por lozé
Ferreira 1690. 4. Começa o primeiro.
De aliento noble, ò luftre competência. E o
fegundo.
Immenfo eres Thomas; a tanto Atb-
lante.
Canção Panegyríca em aplaudo de D. Manoel
Pereira Coutinho, e feus filhos D. Francifco Jo^é
Coutinho, e D. Pedro lo^é Coutinho obràraõ no
choque de Monfanto a ix de Junho de 1704. Sahio
nos Prelad. Encom. a cila acçaõ. Londres por
Leach. 1704. 4.
No primeiro tomo da Academia dos Sin-
L USITANA.
721
filares Lisboa por Henrique Valente de Oli-
veiía 1665. 4. eftaõ finco Sonetos, e hum Ro-
mance a diverfos AíTumptos. No 2. Tom. da
Academia. Lisboa por António Craesbeck de
Mello 1668. 4. OraçaÕ recitada a <). de Novembro
de 1664. dous Romances, e hum Soneto.
Poet(ias Varias. 4. M. S.
Apotbegmas de Portugueses ajjim antigos, como
modernos. 4. M. S.
lOAÕ PERES DE ]VL\CEDO. Na-
ceo em a notável Villa de Setuval a
8 de Março de 1709. fendo filho de Efte-
vaõ de Frias da Frota CavaUeiro da Ordem
de Chrifto, e de Iria Gonzalves do Carvalhal
de igual nobre2a à de feu Conforte. Tendo
eíhidado na pátria as letras humanas frequen-
tou a Univerfidade de Coimbra onde em o
anno de 1736. recebeo o gráo de Bacharel
na Faculdade dos Sagrados Cânones. Pro-
vada a fua fciencia legal em o Dezembargo
do Paço foy defpachado com o lugar de luiz
de fora da Villa de S. Tiago de Cacem, e
Sines. Tem natural génio para a Poezia vul-
gar fendo do feu fecundo engenho elegantes
frutos as feguintes obras.
Antoniana Sacra. Nacimento, Vida açoens,
morte, e Canonização do glorio/o Santo António.
Confta elie Poema de 1200. Outavas de que
he a primeira.
António canto o major portento
Que foy de Itália, e Portugal ventura;
Dejle porque lhe deu o nacimento
Daquella pois lhe logra afepultura:
Agora fa^er podem argumento
Em qual de lies a dita mais fe apura;
logrando ambos como maravilhas
Quando as mortalhas bum, outro as manti-
lhas.
Melpomene Sacra. Confta de mil, e
tantos Verfos fabricados em circulo à So-
ledade da May de Deos.
Mufa Sacra Colleçaõ de vários Verfos
heróicos.
Vida, e Acçoens delRey D. loaõ o IV.
Poema heróico, do qual eílaõ completos
dous Cantos.
Lesbio, e Clori. Poema amorofo dividido
em 400. Outavas. M. S.
46
Caliope Augufia dividida em três cantos.
Nobreza. Fermofura. Entendimento em
os annos felices da Serenijftma Princesa do Brar^il.
M. S.
Antiguidade acreditada no felicijjimo dia,
em que fat^ annos a Soberana Magefiade del-
Rey Nojfo Senhor D. loaõ V. dividida em
quarenta círculos. M. S. comprehende varias
obras Poéticas.
Epithalamio para o Cat(amento de Manoel
Jo^é de Saldanha &c.
Todas eílas obras conferva M. S. feu
Author.
Fr. lOAÕ PINHEYRO natural da Villa
de Thomar, e reHgiofo profeíTo da militar
Ordem de Chriílo em o Real Convento da
mefma Villa onde exercitou o feu grande
talento na Arte da Mufica, aífim praâica
como efpeculativa de cuja fciencia deixou
multiplicados argumentos em diverfos livros
que fe confervaõ no dito Mofteiro, e na Bib.
Real da Mufica, cujo Index fahio impreífo
Lisboa por Pedro Crasbeeck. 1649. ^'^ g^^*^~
daõ as feguintes obras.
Ave Re^na calorum a 12. Vozes. Eílant.
36. n. 815.
Domine ne in furore tuo a 6. Eflant.
36. n. 809.
Affliãio una. a 6. Eílant. 56. n. 810.
Fr. lOAÕ PINHEYRO natural da
ViUa de Setuval, e filho de lorge de Ca-
bedo defcendente da illuílre farmlia que
nefta Villa tem o feu folar, e de Thereza
Pinheiro. Sendo de idade muito florente
paíTou a França com feu Irmaõ Miguel
de Cabedo de Vafconcellos no anno de 1538.
por ordem de D. Gonçalo Pinheiro feu
Tio materno, que depois foy Bifpo de Vi-
feu, o qual fora mandado por ElRey D.
loaõ o III. para pacificar as controverfias
que fe tinhaõ altercado entre a nofla Na-
ção, e a Franceza. Atrahido da exemplar
obfervanda que praéticavaõ os religiofos
Dominicos em o Convento de Tolofa re-
cebeo nelle o habito de taõ preclara Or-
dem que jvmtamente iUuflrou com virtu-
des, e letras merecendo por eílas laurearfe
Doutor na Univerfidade de Pariz, e fer
722
BIB LIO THE C A
convidado pela mageftade de D. loaõ o III.
para Meílre da Cadeira de Vefpera em G)im-
bra onde edificava hum novo Atheneo de
todas as Faculdades fcientificas. Obedeceo
prompto à infinuaçaõ do feu Príncipe to-
mando poíTe do magiílerio a 23 de Março
de 1558. onde foy hum dos mais famozos
corifeos da Univeríidade de Coimbra, e feu
Vicereytor. Naõ fomente era profundo nas
efpeculaçoens Theologicas mas muito pe-
rito em a lingua Latina que fallava com
promptidaõ, efcrevia com pureza. Obfer-
vava, rigidamente o feu inílituto acrecen-
tando aos jejuns nelle ordenados, outros
a paõ, e agua cuja abftinencia fe fazia mais
fenfivel ao feu corpo que por fer agigantado
neceíTitava de mais alimento. Na ultima aber-
tura do Concilio Tridentino o mandou por
feu Theologo elRey D. Sebaíliaõ, e antes
que chegaíle a Trento reprezentou em Roma
ao Summo Paftor as urgentes cauzas que
impedirão a feu Tio D. Gonçalo Pinheiro
Bifpo de Vifeu para naõ afliftir em taõ vene-
rável Congreflb. Defta jornada fe lhe origi-
nou a infermidade que brevemente o pri-
vou da vida em Roma a 2 de Março de 1562.
Foy fepultado fora da Igreja do Convento
da Minerva junto da fepultura do Emminen-
tiffimo Cardial Tomaz de Vio Caetano infi-
gne credito da Ordem dos Pregadores.
Delle fe lembraõ feu parente Diogo Mendes
de Vafconcellos na Vida que de fi efcreveo
na lingua Latina pag. 268, e fahio nas obras
de André de Refende da ImpreíTaõ de Roma.
1597. Souza Hiji. de S. Domingos da Prov.
de Portug. Part. 2. iiv. 4. cap. 6. Lopes Cron.
Gen. da Ord. de S. Domingos. Part. 3. Iiv. 2.
cap. 5. Cardofo Affol. Lujit. Tom. 2. p. 18.
e no Comment. de 2 de Março letr. C. Car-
valho Corog. Portug. Tom. 5. pag. 294. Mon-
teiro Clauftr. Dom. Tom. i. p. 172. e Tom. 3.
p. 38. e 237. Compoz
Commentaria in Sacram Scripturam.
M. S. Efta obra que era doutiíTima, ef-
tava prompta para a impreflaõ, a qual
pela morte do Author fe naõ publicou,
e fe confervava em poder de feu irmaõ
Miguel de Cabedo, e depois de fcus fobri-
nhos lorge de Cabedo, e Gonçalo Mendes
de Vafconcellos.
D. lOAÕ PINTO natural de Viana
do Minho Cónego Regular de Santo Agof-
tinho cujo inftituto profeíTou em o Con-
vento de S. Salvador de Grijò, e Doutor
em a Sagrada Theologia taõ verfado na intel-
ligencia da Sagrada Efcritura como em a
Theologia Myftica. Efcreveo na lingua ma-
terna
Commento fobre o cap. 12. do Genejis.
M. S.
Da perfeição religiofa fobre os três votos
effenciaes. M. S.
lOAÕ PINTO DE BARROS natural
de Lisboa, e aífiílente na Cidade de Sala-
manca onde mereceo os mayores aplauzos
pela cadencia, e elegância dos feus verfos
fendo premiados os que compoz à morte
da Sereniflima Raynha de Caftella D. Mar-
garida de Auftria que fahiraõ impreíTos com
outras poefias varias a efte fúnebre aíTumpto.
Salamanca por Francifco de Cea 161 1. 4.
lOAÕ PINTO DELGADO natural
da Cidade de Tavira em o Reyno do Al-
garve, Provedor da pedra que fe mandava
para a Praça de Mazagaõ. Foy dotado de
taõ prodigiofa memoria que ouvindo qual-
quer Sermaõ o recitava, e efcrevia fem lhe
faltar a menor palavra. Aífiílio alguns an-
nos em Roma, e Flandes, onde deixou cele-
brado o feu nome pela viveza do engenho,
e particular génio que teve para a Poeíia
Sagrada, e Profana. Morreo junto do anno
de 1590. quando contava íincoenta de idade.
Publicou
Poema de la Keyna Efther. Lamenta-
ciones dei Profeta Jeremias. Hijloria de Kutb,
y varias Poefias. Ruan por David du Petit.
1627. 8.
Petrarcha tradifí^do em 8. Kima Por-
tuguesa. M. S. Delle fazem memoria loaò
Franco Barreto Bib. Portug. M. S. c o mo-
derno addicionad. da Bib. Orient. de Ant.
de Lcaõ Tom. i. foi. 547. no Apcnd.
lOAÕ PINTO RIBEYRO oriundo
da Villa de Amarante porem natural de
L USITAN A.
7^3
Lisboa como elle confefla na primeira
Relação, que imprimio fendo Juiz de fo-
ra da Villa de Pinhel pag. 94. §. 84.
fe dã nota de mal f aliado, e pouco curial
a bum filho de Ushoa nacido, e criado no
regaço da lingua. &c. Teve por progeni-
tores a Manoel Pinto Ribeiro, e Hele-
na Gomes da Sylva defcendentes ambos
de familias nobres. A perfpicacia do en-
genho, que logo defcubrio nos primeiros
annos deu certas promeíTas do progreíTo,
que havia de fazer nos eíludos pois cul-
tivando as letras humanas com difvelo,
e a lurifprudenda Civil em a Univeríi-
dade de Coimbra fahio confumado na ef-
peculaçaõ das Leys Imperiaes, como na
praétíca das máximas politicas. Pela fua
infatigável induftria animada da mais ze-
lofa fidelidade fe efeituou a glorioía Acla-
mação delRey D. loaõ o IV. perfua-
dindo a efte Príncipe com eficazes re-
zoens naõ duvidaíTe fubir ao trono de
feus Avós violentamente ocupado pela
ambição Caílelhana defendendo taõ juílifica-
da acçaõ com a voz, e com a penna contra
os mayores Antígoniftas da nofla Coroa quan-
do era Agente do mefmo Príncipe D. loaõ
em Roma no Pontificado de Innocendo X.
Depois de ter fido luiz de fora da ViUa de
Pinhel, Ponte de Lima, e outros lugares em
que manifeílou a fua literatura, e defimtereíTe
foy Dezembargador do Paço Fidalgo da Caza
Real, Contador mòr da Fazenda, e Guarda
mòr da Torre do Tombo. Foy cazado com
D. María da Fonceca de quem naõ teve filhos
fuprindo a defcendencia que lhe negou a na-
tureza com outra mais gloríofa immortalizada
nos partos do feu fecundo engenho em que
fe admiraõ a vafta erudição das letras hu-
manas, a profunda notícia da Hiftoría pro-
Êuia, a fubtil interpretação dos textos mais
difíceis, e os documentos folidos da politica.
Falleceo em Lisboa a 11 de Agofto de 1649.
laz fepultado no Clauliro de S. Frandf-
co da Gdade junto à porta do Refeitó-
rio em fepultura própria. Celebraõ o feu
nome com os feguintes elogios loan. Soar.
de Brito Tbeatr. Lufit. Uter. lit. I. n. 63.
Vir fatis eruditus, (òr qui non modicam par-
tem l.ufitana libertatis ajerta fihi meritó potiát
arrogar e. Velafco Perfid. de Alem. liv. 2.
Tit. 5. art. 8. de fu eminente erudicion en las
antiguidades y bifiorias de los Rejs y Reynos
junta con la Jurif prudência. Brandão Prolog,
a 3. parte da Mon. l^ufit. confumado jurijla,
mui perito nas linguas. Maced. l^fit. liher.
Prosem. 2. §. 2. n. 13. doãijfimus ç. no Pa-
negyr. fobre o milagroj. fucef. delKey D. loaÕ
o IV. pag. 15. doãijjimo. Birago Hijl. di
Portug. Hv. 2. foi. 128. huomo de Jpirito, e
fapere. D. Franc. Manoel Cart. dos AA.
Portug. com tanto v^elo, como erudição. Telles
Cbron. da Comp. de lefus da Prov. de Por-
tug. Part. 2. liv. 6. cap. 48. n. 4. com fua
cujlumada erupção, e engenho. Fr. Franc. à
D. Aug. Maced. Domus Sádica pag. 59.
Vir eruditus, et verax. Fr. Gio: Giufep. di
S. Teres. Ifior. dei Brafile. Part. 2. Uv. i.
pag. 6. buomo di finijjima intelligen:(a. la Qe-
de HiJl. de Portug. liv. 26. pag. mihi 405.
Hoit bomme d'un efprit fuperieur, fçavant,
a£Hf, intelligent, fage, e5>* prudent. Menezes
Portug. Rejlaur. Tom. i. liv. 2. pag. 88.
homem de glande talento. Souza Aparat. à
HiJl. Gen. da Cai}^. Keal Portug. pag. 100.
§. loi. injiffie lurifconjulto, VaraÕ gande em
talento, letras, e fidelidade Franckenau Bib.
Hifp. Gen. Herald, pag. 236. Manoel Tho-
maz Fénix da T^ufitatòa. liv. 2. Eftanc. 80.
Ffie que vay pa ff ando com prudência
Cauto, fabio, difcreto vigilante
lueva de Apollo em fi toda a f ciência
De Marte a fúria com valor triumfante,
He loaõ Pinto Ribeiro na advertência
Da nova Aclamação fino diamante:
E por fer de Cbrijlal mais fino efpelbo
lafaõ, Bartolo, Baldo no Confelbo.
Compoz.
Difcurfo fobre os Fidalgos, e foldados Portu-
gueses naõ militarem em Conqmftas alheas Lisboa
por Pedro Craesbeeck. 1632. 4.
Injufias fucceffoens dos Reys de Cafiella,
e de IjeaÕ, e i^ençaõ de Portugal. Lisboa
pelo dito ImpreíTor 1642. 4. Sahio tra-
duzida efta obra na lingua Italiana com
o feguinte Titulo.
Anatomia delli Regni di Spana nella
quale fi dimojlra 1'Origine dei dominio, la
dilatatione delli fiati, la fucceffwne delle linee
7^4
BIBLIO THE CA
de Juoi Ke con la diftintione delia Corona
di Portogallo daquelle di Leone, e di Caf-
tiglia. Lisboa por Saneio Beltrando. 1646. 4.
EJogio do Muy Valerofo, e de raras virtudes
D. loaõ de Cajlro illuftrijftmo Vicerey da índia.
Lisboa por Domingos Lopes Rosa. 1642. 4.
Sahio mais correôo com a Vida do mejmo Heroe
efcrita por Jacinto Freyre de Andrade Lisboa
por António Ifidoro da Fonceca. 1736. 4.
UfurpaçaÕ, RefençaÕ, e ReJlauraçaÕ de Por-
tugal. Lisboa por Lourenço de Anueres.
1642. 4. Sahio vertida em Italiano. Lisbona
por Saneio Beltrandi. 1646. 4.
Três Kelaçoens de alguns pontos de Di-
reito, que fe lhe offerecerao fendo ]mv^ de
Fora de Pinhel. Lisboa por Lourenço de
Anueres. 1643. 4.
A acçaõ de aclamar ElRey D. loaÕ o
IV. foy mais glorio/a, e digna de honra,
fama, e remuneração, que a dos que a fe-
gíàraò aclamado. Lisboa por Paulo Craes-
beeck. 1644. 4.
Def engano ao parecer enganofo, que deu a
EJRey de Cajiella Filippe IV. certo Minif-
tro contra Portugal. Lisboa pelo dito Im-
preíTor. 1645. 4-
Preferencia das letras às Armas. Lisboa
por Paulo Crasbeeck. 1645. 4.
A* Santidade de Innocencio X. expõem Por-
tugal as cau:(as de feu fentimento. Lisboa por
Pedro Crasbeeck. 1646. 4.
Loifire ao Det(embargo do Paço, e as
eleyçoens, e perdoens pertenças da fua Ju-
rifdiçaõ. Lisboa por Paulo Craesbeeck.
1649. 4.
Difcurfo fobre os Titulos da Nobreza de Por-
tugal, e feus Privileffos. 4. Sem lugar, anno,
c nome de ImpreíTor.
Todas eílas obras (excepto o Difcurfo
fobre os Fidalgos, e Soldados Portugueses
naõ militarem em Conquijlas alheas.) fahi-
raõ impreíTas Coimbra por Io2é Antunes
da Sylva. 1730. foi.
Papel em que trata do valor das Moe-
das chamadas Coroas. Sahio no 4. Tomo
da Hifi. Gen. da Ca^. Real Portug. pelo Pa-
dre D. António Caetano de Souza. Lis-
boa por lozé António da Sylva Impref-
for da Academia Real. 1738. 4. defde pag.
256. até 258.
Commento às Rimas de Lmí^ de Camoens. M. S.
Eílava prompto com as licenças para fe im-
primir. Defta obra faz memoria Fr. Antó-
nio Brandão Prolog, da 3. Part. da Mon. Ijtfit.
Guerreiro Coroa de esforçad. Cavall. da Com-
panh. de lefus. Part. 2. cap. 3. Manoel de
Faria, e Souza Vid. de Cam. imprefla ao prin-
cipio do Com. das Rim. de Cam. gran ejludiante
j averiguador de los quilates de ingenio, letras y
efpirito de nueflro Poeta, e com mais elegantes
vozes na Fuent. de Aganip. Cent. 3. Sonet. 92.
De la dei gran Camoens Lirica Urania
Derrama el erudito Contrapunto.
Commentario, e Illujlraçaõ as Ordenaçoens
do Rejno. M. S. Confervavafe em po-
der do infigne lurifconfulto Manoel Al-
vares Pegas, e deíla obra fe aproveitou
muito para as fuás doutas compofiçoens
luridicas.
Scutum armorum Regis. M. S. Efta obra al-
lega o referido Pegas Tom. 7. ad Ord. Reg.
pag. 257. n. 8.
Fr. lOAÕ PINTO DA VITORIA natu-
ral da Cidade do Funchal Capital da Ilha da
Madeira. Deixando com heróica refolu-
çaõ a pátria, e o feculo recebeo o habi-
to Carmelitano em o Convento da Qda-
de de Valença onde pela integridade dos
cuíhimes, e vaílidaõ das feiencias depois
de fer admetido ao numero dos Doutores
Theologos em a Sagrada Theologia, foy
Prior no mefmo Convento, Provincial da
Provinda de Aragaõ, e Vizitador Geral
da Província da Andaluzia. Falleceo no
mefmo Convento onde nacera para Deos
em o anno de 1631. quando ainda naõ
tinha acabado o triénio do Provincialado.
Delle fe lembraõ Nicol. Ant. Bib. Hifp.
Tom. I. p. 584. col. I. Cafanate Parad.
Carmel. Dec. Stat. 5. Mík.. 18. cap. 184.
Fr. Daniel á Virg. Mar. Specul. Carmelit.
Part. 2. Tom. 2. pag. 1080. n. 3792.
Aubert. Mireo de Orig. Carmel. pag. 7.
Sà Memor. Hifi. dos Efcrit. da Prov. do
Carm. de Portug. pag. 229. c Henrique
Henriques de Miranda Mem. Sec. e Ecclef.
da Diocef. do Funchal. Tit. 12. cap. 2. c 3.
Compoz.
L USITAN A.
Vida dei V. Siervo de Dios nuejlro P.
Maejlro Fr. luan San^ dei Orden de N.
Senora dei Carmeti. Valência por luan
Chrifoftimo GarrÍ2. i6ia. 8. Sahio com
efta obra as feguintes.
Vida de las hijas efpirituales dei V. Padre
Fr. luan San;^. Vida dei Príncipe de Macedónia
Pedro Angelo Zornobichio e Fr. Angelo religiofo
dei Cármen.
Gerarchia Carmelitana y gloría de los
Santos dei monte Carmelo con Sermones pa-
ra los dias de Jus fiefias. Valência por
luan ChrifoíHmo Gamz. 1616. 4- Dedi-
cou efte livro à Excellentiffima Senhora
D. LuÍ2a Q)utinho G^ndeíTa do Sabugal
a qual querendo alcançar faculdade para
o Author fe pernlhar nefta Província de
Portugal, o naõ confentio pelo grande
afFeéto, que fempre confervou à de An-
daluzia em que recebeo o habito.
Fr. lOAÕ DE PORTALEGRE cujo
apellido denota a Gdade Epifcopal íitua-
da em a Provinda Tranílagana que lhe
deu o berço aíTim como o inílruhio em
virtuofos cuíhimes, e as fciencias efcho-
laíticas a Uluftre Ordem dos Pregadores
da qual foy meritiflimo alumno. Sendo
contemporâneo de S. Fr. Gil que paíTou
de caduco a eterno no anno de 1265.
e teílemunhalTe os milagres, que obrava,
efcreveo com eftilo íincero.
De Converfione, <ò' Vita B. JEgidii.
M. S.
Defta obra como do Author fe lembraõ
Nicol. Ant. Bib. Hi/p. Vet. Part. 2. p. 46. n.
118. Echard. Scrip. Ord. Prad. Tom. i. p. 902.
col. 2. loan. Soar. de Brito Theatr. Ljíjit.
Liter. lit. I. n. 64. Faria Epit. das Hiji. Portug.
Part. 4. cap. xilt. Monteir. Claufir. Dom. Tom.
3. p. 238.
D. Fr. lOAÕ DE PORTUGAL. Teve
por berço a Cidade de Évora, e por Progeni-
tores a D. Affonfo de Portugal II. Conde de
Vimiofo Senhor das Villas de Aguiar, e Vimio-
fo, Alcayde mòr, e Commendador de Thomar,
Vedor da Fazenda, e D. Luiza de Gufmaõ
Dama da Infanta D. Maria, filha de Francifco
de Gufmaõ Mordomo mòr da mefma Infanta
725
Irmãa do SereniíTimo Rey D. loaõ o m. A
graça, e a natureza fe uniraõ a formar efte
infigne Varaõ competindo o efplendor do
nacimento com a agudeza do juizo, e
a efpeoilaçaõ das fciencias com a pra-
tica das virtudes. Para acrecentar novos
brazoens à fua peíToa fe retirou ao Clauílro
da preclanífima Ordem dos Pregadores pro-
feflando o feu fagrado inítítuto no Convento
da Gdade de Évora a 8 de Setembro de 1 5 70.
Eíkidou as fciencias Efcholaítícas em a Uni-
verfidade de Salamanca onde ainda fendo dif-
cipulo já podia fer Meftre naõ fomente pela
perfpicaz comprehenfaõ com que penetrou
as mayores dificuldades, mas pela rara promp-
tidaõ com que decidia as mais profundas quef-
toens. Subindo a Cadeira didou com uni-
verfal aplauzo em Portugal, e Hefpanha as
matérias mais fublimes da Theologia Efpe-
culativa em que moílrou fer o mais agudo,
e fiel interprete da doutrina de feu Angélico
Meftre. Igual talento teve para o púlpito
pois fendo Pregador de Filippe II. de Por-
tugal animava os feus difcurfos com taõ
vehemente energia que fazia amável a virtude,
aborrecido o pecado. Foy Deputado do Con-
felho Geral do S. Oíficio de cujo honorifica
lugar tomou poífe a 19 de Mayo de 1622.
e o primeiro Vigário do exemplar Moíteiro
do Sacramento de religiofas Dominicas de-
vendo-fe à fua induíbia a augmento material
da Caza, e ao feu efpirito a exaâa obfervan-
cia do inítituto. Elevado à Cathedral de Vifeu
em cuja dignidade foy fagrado a 27 de Abril
de 1626. pradticou pontualmente as obriga-
çoens paftoraes de que S. Paulo formou
o Cathalogo para inílruçaõ de hum per-
feito Prelado. Tudo quanto lhe rendia a
Mitra difpendia prodigamente com os po-
bres chegando a tal exceíTo a fua cha-
ridade que fe defpojava dos próprios vef-
tidos para com elles ferem cubertos. O
feu mayor difvelo era focorrer prompta-
mente a neceíTidade, que para feu focor-
ro, e alivio o pejo prendia os paíTos,
e fechava a boca, mandando ocultamente
alimentar donzellas honeílas, e Viuvas au-
thorizadas. Orava todos os dias duas
horas diílribuidas pela menhãa, e noute,
e como tinha o feu apozento próximo à
72Ó BIB LIOTH E C A
Capella onde fe venerava o SantiíTimo para feu filho fegundo D. Manoel lozé
Sacramento, abrazado com a vizinhança de Portugal.
-daquelle divino fogo deixando o defcan- Sepultura do P. M. Fr. loaõ de Portugal
lo do leito o procurava em taõ amo- Bifpo que fqy de Vi/eu. Falleceo a zG de Feve-
rofo centro. Atenuava o corpo com con- retro de 1629.
tinuos jejuns de paõ, e agua, e para q Celebraõ as Virtudes, e as letras dcf-
a fua familia naõ percebeíTe taõ rigorofa te iníigne Prelado Cardofo Agiolog. Ljifit.
abíUnencia a encobria com o pretexto de Tom. i. p. 527, Fqy dos mais confuma-
eftar indifpoílo. Cingido com hum cilicio dos Theologos Efcholajlicos. Fr. Ignat. Gal-
armado de penetrantes bicos fe difcipli- vaõ na Dedicatória do 2. Tom. das fuás
nava taõ afperamente que o eílrondo dos obras ao Illuílrifllmo D. Miguel de Por-
golpes revelava o exceíTo com que ty- tugal Bifpo de Lamego fobrinho de D.
ranizava os feus membros. Foy acérrimo Fr. loaõ de Portugal. Non Jolum in Or-
propugnador da immunidade Eccleíiaítica dine Pradicatorum quem profeffus erat pita
opondofe com liberdade apoftolica aos in- exemplo, Keligionis ^elo, literijque ficut cla-
fultos dos feus violadores. Com animo rijfima Opera ejus typis excufa tefiantur, tam-
fiel, e zelofo, que herdara de feus Mayo- quam fcientia, eS^ virtutum omnium exemplar
xes feguio as partes do Senhor D. Anto- enituit, fed etiam in Epifcopali dignitate om-
nio quando pertendeo cingir a Coroa de nium vices explevit. Mira enim ejus fuit in
Portugal, por cuja cauza padeceo confiante colendo Deo pie tas, eb* mentis ardor, infiéis
diverfas opreíToens miniílradas pela violen- in augendis rehus, qita ad Divini Numinis
cia Caílelhana. Atenuado com tantas pe- venerationem Jpeãant follicitudo; ajfidua in paf-
nitencias, e alguns achaques conheceo fer cendo ^ege fihi commiffo vigilantia, incredibi-
chegada a hora que o havia fazer partici- lis in pauperes amor, et larfftas. Denique is
pante da eternidade, e recebidos com gran- fuit, qui biennio tantum admirabili vita fanc-
de ternura os Sacramentos refpondendo, e titate in Epifcopatu vixerit, explevit tamen
ajudando ao Miniíbro que lhe conferia o têmpora multa, et cum ingenti non fuarum
da Extrema Unçaõ, voltou os olhos para tanítim ouium, fed etiam totius Regni dejtde-
a fua familia que magoada, e faudofa lhe rio gloriofe obiit, cujus memoria perpetuo in
aíTiUia à qual com voz clara, e intelligivel benediãione erit. Echard. Script. Ord. Prad.
pedio perdaõ do máo exemplo que lhe de- Tom. 2. p. 460. col. 2. non eruditione
ra cuja exhortaçaõ authorizou com textos minus, <Ú>' vita pietate quàm titulis, ac reffi
da Efcritura, e açoens de vários Santos, flemmatis oriffne clarus. Fr. Luc. de S.
Ultimamente abraçado com a imagem de Catherin. Hijloria de S. Domingos da Prov.
Chriílo pendente da Cruz lhe entregou o de Portug. Part. 4. liv. i. cap. 10. Fí^
cfpirito a 26 de Fevereiro de 1629. quan- que o leffem como hum dos Efcholajlicos Lu-
do contava 73 annos de idade, 56 de re- minares da Theologia nos dous ffandes Tomos
ligiofo, e dous, e meyo de Bifpo. Foy que efcreveo de Gratia obra diffta de de^em-
univerfalmente fentida a fua morte pois com penhar hum profundo Theologo no voto dos
ella fe lamentavaõ os pobres fem Pay, as milhores do feu tempo. Nicol. Ant. Bib.
ovelhas fem Paftor, e a Igreja fem Prelado. Flifp. Tom. i. p. 585. col. i. loon.
láz fepultado na Capella mòr da fua Cathe- Soar. de Brit. Theatr. Ljijit. Liter. lit. I.
dral para a parte do Evangelho, e fobre n. 6j. Monteir. Clauflr. Dom. Tom. 5. p.
huma grande pedra fe lè efte breve Epi- 57. Keli^ofo de ^ande obfervancia, ajftm na
tafio que o efconde pouco menos que a fe- Keligiad, como no Bifpado. e no Catbal.
pultura como difcretamente efcreve o Ex- dos Deputad. do Confelho geral do S. Officio.
cellentiffimo Conde do Vimiofo D. lozé n. 34. Reliffofo de grandes letras, e virtudes
loaõ Miguel de Portugal no Elogio defte Fonccca Evor. Gloriof. p. 521. enjinou as
Prelado immortal credito da fua Excellen- fciencias com fama de injiffte Letrado. Souza
tiflima Caza a pag. 41 da Inflruçaõ que compoz Hijl. Gen. da Ca^- R-mI Portug. Tom. 10.
L USITAN A.
jij
liv. IO. pag. 708. Foy exemplarijjimo, dou-
to, virtuofo, e mortificado... compajfivo por
natureza, muy efmoler, grande t^elador da
honra de Deos, e hem das fuás ovelhas,
exercitado em todo o género de virtudes.
Compoz.
De Gratia Increata, et Creata. Tomus primus.
Conimbricas apud Didacum Gomez do Lou-
reiro. 1627. foi. Coníla de 6 livros, que
trataõ do Efpirito Santo terceira Peflba da
BeadíTima Trindade, o 1. de Deitate. 2. de Pro-
cejfwne. 5. de Kelatione Spirittis Sanai. 4.
de Perjonalitate. 5. de U/u divinorum No-
minum. 6. de MiJJione ejujdem Spiritus Sanai.
De Gratia Creata. Tomus Jecundus. Ef-
tava prompto para a impreíTaõ, que naõ
logrou por conter em íi a matéria de
Auxiliis fobre a qual a Sé Apoílolica
tinha impofto íilencio a 19 de Mayo de
1622. pelas fortes controveríias agitadas
em Roma entre as Religioens Domini-
cana, e lefmtica. Efcreveo (aíTim louva ef-
ta obra o Reverendiflimo Padre loaõ
Col da Congregação do Oratório deíla
Corte, que com heróica refoluçaõ naõ
aceitou o Bifpado de Elvas eftando con-
firmado pela Santidade de Qemente XII.
no Cathalogo dos Bifpos de Vi/eu. §. 60.
de cuja Diocefe compunha as Memorias
como Académico da Academia Real) qua-
tro excelJentes Tomos com o titulo de Gra-
tia Creata, et Increata ejiamparaõ-fe os deus
últimos, e por elles conhecemos o que perde-
mos nos primeiros.
Summa da doutrifuz Chriftãa ordenada con-
forme o Cathecifmo Komano. Lisboa por
António Alvres. 1626. 8.
Calçamento Chriftaõ. M. S.
De Laudibus D. Virginis Maria. M. S.
O Original deftas duas obras como
afirmaõ Cardozo Agiol. 'Lufit. Tom. i.
P*g- 5 53- e Monteiro Clauft. Dom. Tom.
3. pag. 238. fe confervaõ no Convento
do Sacramento de Religiofas Dominicas
fundado por feu Irmaõ D. Luiz de
Portugal III. Conde do Vimiofo junta-
mente com fua conforte D. loanna de
Caftro, e Aíendoça filha de D. Fernando
de Caftro primeiro Conde de Bafto onde
profelTou o inftituto da Ordem dos Pre-
gadores, e feu efpozo em o Convento
de S. Paulo de Almada.
Fr. lOAÕ DA POVOA natural do
lugar, que tomou por apellido fituado
no Bifpado de Coimbra. Em a iimocen-
te idade de nove annos recebeo o habi-
to Seráfico em o Convento de Santa
Chriftina a 25 de Dezembro de 1448.
onde como outro Samuel creceo mais no
efpirito, que no corpo. Tanto fe lhe adian-
tou o juizo à idade, que naõ contando mais,
que defafeis annos, e meyo foy mandado pelo
Vigário da Provinda de Portugal Fr. Gil de
Guimaraens tratar com o Vigário Geral em
Caftella negócios graves, que felifmente con-
cluio em beneficio da fua Província. Ainda
naõ tinha completos 25 annos quando por
todos os Vogaes foy eleito Cuftodio para
o Capitulo Geial, e em o que fe celebrou
em Bazilea concorrerão os mais authorizados
votantes para que foíle pedir a confirmação
deUe ao Miniftro Geral. Naõ excedendo de
trinta, e finco annos como já tiveíTe exercitado
varias Guardianias foy Vigário Provincial fete
vezes com huma perpetua alternativa, e
ainda exercitara por mais tempo efte lu-
gar, fe confiantemente refoluto o naõ
renunciara. Certificado ElRey D. loaõ o
II. da madureza do feu juizo, e integri-
dade da fua vida o nomeou feu Con-
feíTor cujo lugar aceitou com declaração
de affiflir no Paço fomente quando foíTe
para exercitar o minifterio para que fora
eleito. Nunca recebeo da real liberalidade
alguma mercê confiderando-fe indigno de
todo o género de premio, e unicamente alcan-
çou delRey o foro de Villa para o lugar em
que nacera, cuja fuplica foy promptamente
difirida. AíTiíHo à morte delRey D. loaõ o li-
em o anno de 1495. e lhe efcreveo o
Teftamento compofto de religiofas clau-
fulas como diftadas pelo feu efpirito.
Querendo ElRey D. Manoel fuceííor da.
Coroa Portugueza, que elle continuaíTe
em o minifterio de Confeííor fe efcuzou
com o pretexto de viver os últimos an-
nos retirado em algum Convento da Or-
dem. Entre todos elegeo o de NoíTa Senhora
da Conceição de Matofinhos em o Bif-
728
BI B LIO THE CA
pado do Porto onde cumulado de obras vir-
tuofas paíTou a lograr o premio prometido
aos Juftos a 29 de lulho de 1506. com 67
annos de idade. PaíTados cento, c dez an-
nos da fua morte foraõ tresladados os feus
oflbs da primeira fepultura, e fe lhe gravou o
feguinte Epitáfio.
OJfa V. P. Fr. Joannis da Povoa Serenif-
Jimi Joannis Secundi Portugallia Kegis Confef-
Jarii Jubter himc depojita Junt lapidem. Septies
in hujus Provinda Provincialem eleãus eft, no-
viejque ad diverfa Generalia Capitula pedes
perrexit. Obiit anno 1 5 06. cum máxima fanc-
titatis fama.
He intitulado por Garcia de Refend.
Chron. delKey. D. loaõ o II. cap. 207. ho-
mem muito virtuofo, e de Janta vida. D. Agof-
tinho Manoel Vid. delRey D. loaÕ o II. liv. 6.
p. 330. Varon de rara virtud, Jantijftmas
cujlumbres, notable exemplo, y humildad.
Fr. Manoel da Efperanc. Hift. Seraf. da
Prov. de Portug. Part. 2. liv. ic. cap. 46.
A mais forte coluna, que fuflentou nefle Key-
no o nofjo afiado da Regular obfervancia.
Souza Hifl. Gen. da Ca^- Real Portug.
Tom. 3. pag. 137. e no Agiolog. L.ufit.
Tom. 4. Pag. 347. VaraÕ Apoflolico em
quem o v^elo da obfervancia da Religião, e o
amor da fanta pobreza fqy herdado do abrandado
efpirito de feu Seráfico Patriarcha Com-
p02.
Cathalogo dos Vigários Provinciaes que lhe
precederão. M. S.
Defta obra faz memoria o Padre Fr. Ma-
noel da Efperança no lugar aíTima allegado
cap. 38. n. 3.
Memorias da Provinda da Obfervancia.
Defta obra, a que feu author dava o
titulo de Inventários, que fazia de cada
Convento, e depofitava nos feus Archivos,
extrahiraõ os Chroniftas Efperança, e Sole-
dade as noticias para formar as 4. Par-
tes da Hijloria Seráfica, que efcreveraõ.
Deftas memorias faz repetida mençaõ Car-
dozo Agiol. Lujit. Tom. i. pag. 113. no
Comment. de 13. de Janeiro letr. B. dili-
gente Efcritor das memoráveis coufas da Obfer-
vancia até feu tempo cujos efcritos fe confer-
vaõ nos archivos da Ordem, e fe lhe deve mui-
to credito por fer chegado ãquelU feculo, e
dos mais celebres Varoens em virtude delle. e
no Tom. 3. pag. 502. no Gjmment. de 17
de Mayo, e pag. 506. no G^mment. de 2 de
lunho letr. D. c Fr. loan. a D. Ant. ^ih.
Francifc. Tom. 2. pag. 206. col. 2.
Fr. lOAÕ DOS PRAZERES Naceo
cm a Gdade do Porto a 31 de Agofto de
1648. fendo filho de Francifco Alvares, e
Anna Barbofa bifavò do Doutor Manoel
Barbofa de Albuquerque Qiantre da Cathe-
dral do Porto. Na florente idade de qua-
torze annos recebeo a cogulla monaftica
do Príncipe dos Patriarchas S. Bento em
o GDnvento de Tibaens a 4 de Mayo de 1662.
onde depois de profeíTo eftudou Filofofia
no Mofteiro de S. Miguel do Bafto, e Theo-
logia em o G)llegio de Coimbra de cujas
fciencias fahio eminentemente inftruido,
como jà o era nas letras humanas, e Hif-
toria Sagrada, e profana. Exercitou o mi-
nifterio de Orador Evangélico na Corte
de Lisboa por muitos annos com univer-
fal aplauzo dos ouvintes competindo a fub-
tileza do difcurfo com a elegância da frafe.
No Capitulo celebrado no anno de 1683.
foy eleito Chronifta Geral da fua Monaf-
tica Congregação fazendo o digno de taõ
alta incumbência a vafta noticia, que tinha
da fua augufta Religião, e a natural elo-
quência com que expreflava os feus pen-
famentos. Oprimido de huma profunda
malencolia fufpendeo a continuação dos
eftudos, e confeíTando-fe geralmente per-
deo o juizo cuja laftimofa falta lhe durou
até que morreo no Convento de Cucu-
jaens a 4 de Março de 1709. quando
tinha 61 annos de idade, e 47. de Monge.
Compoz.
O Príncipe dos Patriarchas S. Bento Pri-
meiro Tomo da fua Vida difcurfada em empre-
:(as politicas, e moraes. Lisboa por loaõ Gal-
raõ. 1685. foi. com eftampas.
Tomo Segundo. Lisboa pelo dito Im-
preflbr. 1690. foi.
Tomo Terceiro. M. S. Eftava completo,
e defapareceo com a fua morte.
Tomo Quarto. Aí. S. Para o feu com-
plemento unicamente lhe faltavaõ trcs Em-
prezas.
L USITAN A.
729
Abecedario Keal, e regia inftruçaõ de Prín-
cipes iMJitanos compofto de Jeffenta, e três dif-
curfos políticos, e moraes. Offerecido ao Prín-
cipe D. loaõ. Lisboa por Miguel Deslandes
Impreflbr delRey 1692. 8.
Epitome da admirável Vida de S. Ge-
trudes a Ma^a Virgem, e Ahhadeffa da
Ordem do Príncipe dos Patríarchas S. Bento,
na qual fe refume o príncipio da fua vir-
tude; o progrejfo da fua Santidade, e o fim da
fua vida com hum compendio de varías Oraçoens.
Lisboa pelo dito Impreflbr 1696. 8. et ibi.
1728. 4.
Vida do Cardial D. VeríJJimo de Alancaflro.
M, S. 4.
Thez^ouro de Gradas. M. S. 4. Conftava
dos favores, e Revekçoens de S. Getrudes.
4. M. S.
Theatro de Virtudes, e Vicios. 4. M. S.
Todas eftas obras fe confervaõ na Li-
vraria do GDnvento de S, Bento defta
Corte.
Fr. lOAÕ DA PRESENTAÇAM CAM-
PELLI naceo em o anno de 1690. em a Villa
de Santo António do Recife em Pernam-
buco onde teve por Pays a loaõ Baptiíla
Gunpelli, e D. Brites Bandeira de Mello.
Eítudados os primeiros rudimentos da La-
tinidade, e letras humanas no Seminário
de Belém diílante quinze legoas da Qdade
da Bahia ouvio dous annos Filofofia em o
Collegio dos Padres lefuitas da dita Qdade.
Refoluto a deixar o feculo recebeo o habito
ferafico no GDnvento de S. António de
Paraguaflu da Provinda do Brazil a 20
de Novembro de 1708. e profeflbu folemne-
mente a 21 do dito mez do anno feguinte.
Aplicado ao eíhido das fciencias feveras
as diâou em os Conventos de N. Senhora
de Olinda, e S. António do Recife com
tanto credito do feu talento que o Illuílrif-
íimo Bifpo de Pernambuco D. Fr. lozé
Fialho Monge Ciílercienfe o elegeo para
feu Confeflbr, Examinador Synodal, e Mi-
íTionario cujos minifterios exercitou pelo
efpaço de outo annos acompanhando a efte
Prelado nas vizitas onde fez com as fuás
declamaçoens evangélicas grandes reformas
nos cuíhimes. Sendo promovido o dito
Prelado ao Arcebifpado da Bahia, e delle
ao Bifpado da Guarda naõ permitio que
deixafle a fua companhia valendofe em am-
bas eílas Diocefes da fua grande literatura
de tal forte que o tinha nomeado Lente
de Theologia moral do Qero da Qdade
da Guarda. Afliílio no Capitulo Geral ce-
lebrado em VaUiadolid no anno de 1740.
donde voltando foy creado Penitenciário
Geral da Ordem Seráfica, e Qualificador de
S. Officio. Tem prompto para a impreflaõ.
Sermoens Vários afceticos, moraes, e Pane-
gyrícos. 4,. 4. Tom.
Vida do ExcellentiJJimo, e Keverendif-
fimo D. Fr. Iot(è Fialho no tempo de Bifpo
de Pernambuco, Arcebifpo da Bahia, e Bifpo da
Guarda.
Prolufiones Sacra ad perfeãam aliquarum
vocularum Sacra Scríptura intelligentiam.
lOAÕ DA PURIFICAÇAM natural de
Lisboa Cónego fecular da Congregação do
Evangelifta, e Meífare da Capella em o Con-
vento de S. Eloy de Lisboa. Foy infigne
na Arte da Mufica que aprendeo com o ce-
lebre Duarte Lobo de quem jà fe fez laxga
mençaõ em feu lugar, deixando para teftemu-
nhas de fua armonica fciencia.
Varías Obras Muficas. M. S.
Das quais fe confervaõ grande parte na
Bib. Real da Mufica, e em diverfos Con-
ventos da fua Congregação. FaUeceo no
Convento pátrio a 19 de laneiro de 165 1.
Fr. lOAÕ DA PURIFICAÇAM natu-
ral de Lisboa, e religiofo da Terceira
Ordem do Seráfico Patriarcha cujo infli-
tuto profeflbu a 2 de Fevereiro de 1646.
Eftudou Filofofia no Convento de S.
Francifco de Mogadouro, e Theologia
em o Collegio de S. Pedro de Coimbra,
e nelle a diâou até jubilar. Foy Reytor do
Collegio de S. Catherina em a Villa de San-
tarém, e Definidor da Provinda cujo lugar
naõ acabou impedido pela morte que o
privou da vida no Convento de Lisboa
a 5 de Abril de 1677. Faz delle mençaõ Fr.
loan. a D. Ant. Bib. Francifc. Tom. 2. p. 207.
Publicou
73o BIBLIOTH E CA
Sermão em a Canonização de S. Luiz ^^- preflbr nefta G>rte que a rcmeteíTe porém
fraÕ da Ordem dos Pregadores em o Outavario a morte que o privou da vida em o Con-
que celebrou o Keal Convento de S. Domingos vento do Bouro a 17 de Mayo de 1693. def-
de Lisboa em o anno de 1671. Lisboa por loaõ vaneceo eíle intento,
da Coíla 1674. 4.
lOAÕ DO QUENTAL LOBO natural
da Cidade de Elvas Fidalgo da Caza Real,
ComiíTario Geral da Cavallaria do Regi-
mento da Praça de Moura, e ultimamente
Brigadeiro filho de Manoel do Quental
Lobo Senhor do Morgado do Lago, e de
fua mulher, e prima D. Catherina Freyre
Godinho. Naõ foy fomente fuceflbr da
Caza de feu Pay mas da aplicação ao
eítudo da Genealogia por cuja cauza o
numera entre os Authores Genealógicos
o P. Souza Apparat a Hijl. Gen. da
Caz- Keal Portug. p. 134. §. 154. efcre-
vendo com grande verdade, e admirável
methodo
ColleçaÕ das Familias do Rejno de Portugal.
foi. 54. Volumes. M. S.
Theatro Hijlorico da Fundação, e antigui-
dade da Cidade de Elvas. foi. M. S.
Eftas obras conferva com a devida efU-
maçaõ Manoel Quental Lobo filho do Au-
thor, e morador em a Qdade de Elvas.
Fr. lOAÕ RAMIRES natural da Villa
do Conde em a Província da Beira Monge
Ciílercienfe cujo habito recebeo no Con-
vento de S. loaõ de Tarouca a 26 de Mar-
ço de 1647. profeflando folemnemente em
o Convento de S, Maria do Douro em o
primeiro de Abril de 1648. Aprendidas
as fciencias EfcholaíHcas em o Collegio
de Coimbra em que fahio eminente naõ
quiz receber as infignias doutoraes de que
era digno pela fua grande literatura, dic-
tando Filofofia no anno de 1676. em o Con-
vento de S. Maria de Ceiça por ordem do
Geral Fr. Scbaítíaõ Sotomayor. Antes de a
diâar tinha compofto.
Philofophia Univerfa feamdum mentem
Arijlotelis. foi. Refoluto a imprimir ef-
ta obra em França tinha ajuftado com
loaõ da Coíla Francez de naçaõ, e im-
P. lOAÕ REBELLO natural do Pra-
do do Bifpado de Lamego filho de loaõ
Rebello, e loanna Rebello, e irmaõ do P.
Fernaõ Rebello da Companhia de lefus
de quem em feu lugar fe fez mençaõ ao
qual feguio no inílituto religiofo veftindo
a roupeta no Collegio de Coimbra a 21 de
lulho de 1558. quando contava quinze an-
nos de idade. Pelo efpaço de quarenta,
e quatro annos exercitou em gráo herói-
co todas as virtudes fendo na Oraçaõ con-
tinuo, na penitencia rigorofo, e na Chari-
dade ardente. Teve cordial afedo á Vir-
gem SantiíTima e fervorofa comiferaçaõ das
Almas do Purgatório inllituindo Confra-
rias em diverfas partes do Reyno para cul-
to de huma, e fufragio das outras. Dif-
correo pelas principaes Villas, e Qdades
da Província do Alentejo como apoftolico
Miflionario de cujas fagradas declamaçoens
colheo copiofo fruto extinguindo vidos, e
plantando virtudes. Falleceo piamente no
Collegio de Évora a 24 de lulho de 1602.
quando contava 60 annos de idade, e 44
de Companhia. Delle faz larga memoria
hih. Societ. p. 494. col. I. & 2. Franco Imag.
da Virtud. em o Nov. de Coimb. Tom. i. liv. 3.
cap. 59. e Tom. 2. p. 620. et in Annal. S. /.
in Lujit, p. 180. n. 12. et Ann. Glorio/.
S. I. in Lujit. p. 421. Fonceca Ejuot. Glorio/.
p. 433. loan. Soar. de Brito Theatr. Lujit.
Liter. lit. L n. 66. Marrado Bib. Marian.
Part. I. p. 783. e no Keligioji Mariani cap. 9.
Nadafi Ann dierum. Mem. S. I. Part. 2. p. 24.
Girardi Diário a 14 de lulho. Souza Agiolog.
Lujit. Tom. 4. pag. 142. injigne religio/o.
Compoz
Ko/ario de la Santijftma Virgen MARIA
Madre de Deos. Évora por Manoel de Lyra.
1600. 4. grande. Confta de trcs libros. 1.
declara como et modo de orar que ír(a el pue-
hlo chri/Hano rezando el Roz^rio, y Corona
de la Santiftma Virgem Maria es un género
de /acrijicio muy agradable a Dios, y obra
L USITAN A,
de virtud de Keli^on. 7. los myjkrios dei Ko-
fario. 5. Kedu^enfe ai modo de re^^ar el Kofa-
rio las prindpales matérias de la Oracion mental,
Hijioria dos milagres do Kofario, e de min-
tas, e diverfas devaçoens, e ferviços, que San-
tos, e pecadores fi:^eraÕ à SantiJJima Virgem
Maria, e a JESU Chrifio noffo Salvador, pe-
los quaes receberão grandes bens temporaes, e
ejpirituaes; provados todos com milanês, e ca-
^os eftranhos, que acontecerão, e facilmente fe
podem fat(er. Évora por Manoel de Lyra.
1602. 4. Efta obra he difpofta em diálogos.
Sahio fegunda vez Évora pelo dito Impref-
for. 1608. 8. Lisboa por lorge Rodrigues
1614. 8. ibi por António Qasbeeck de Mello
1669. 8. ibi por loaõ Galraõ. 1676. 8. et ibi
pelo mefmo ImprelTor. 1691. 8.
Addiçoens à doutrina Chrifiãa do Padre
Aíarcos Jorge compoftas em varia biftoria de
exemplos ejpirituaes aplicados a cada matéria.
Évora por Manoel de Lyra. 1605. 12. &
ibi por Manoel Carvalho. 1625. 12.
Vida de JESU Chrijlo Senhor nojo. Era
volume grande o qual começou a impri-
mir em Évora Manoel de Lyra no an-
no de 1602. e fe naõ acabou. Delle faz men-
^õ Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag.
587. col. 2.
Diálogos em louvor de NoJJa Senhora.
Defta obra o fazem Author Nicol. An-
tónio, Hypolito Marrado, e o Padre Fran-
cifco da Fonceca nos lugares aíTima allega-
dos.
Tratado Jobre a Salve Raynha. Efta-
va prompto com todas as licenças para a
impreíTaõ.
Manual de Oraçoens. Defta obra faz
memoria loaõ Franco Barreto Bib. Portug.
M. S.
Deixou promptos para a impreíTaõ qua-
torze livros de varias matérias cujo Catha-
logo participou o Padre Fernaõ Rebello
irmaõ do Author a Francifco Galvaõ Mal-
donado como efcreve na fua Bib. Portug.
M. S. que vimos.
lOAÕ REBELLO VELOSO taõ pe-
rito em hum, e outro Direito como na
Hilioria, e letras humanas. Para iníla-
7Ò1
mar os ânimos dos Portuguezes na herói-
ca empreza com que aclamarão por feu
Soberano ao Sereniflimo Duque de Bra-
gança D. loaõ efcreveo.
Avir^o exhortatorio aos Jidelijftmos Três EJla-
dos do felicijjimo Rejno de Portugal. Lisboa
por Lourenço de Anveres 1642. 4.
lOAÕ DAS REGRAS Senhor das Vil-
las de Cafcaes, e feu Termo, do Reguengo
de Oeiras, de Caftello Rodrigo, de Tarou-
ca, e Baldigem, Lorinhãa, Pereira, dos Mor-
gados de S. Matheos, e Santo Eutropio.
Naceo em Lisboa fendo filho de loaõ A£-
fonfo das Regras Gdadaõ defta Qdade cuja
afcendencia era igualmente illuftxe, que an-
tiga como fe moftra de huma doaçaõ del-
Rey D. Affonfo n. feita em 3c de Março
de 12 14. em a qual aíTina hum com o apel-
lido de Regras; e de Sentil Efteves neta
de Eftevaõ Perez irmaõ de Lourenço Perez,
e pela materna de Fernando Armes, que
aparentava com os Almadas, Fogaças, Loba-
tos, e Camellos fanúlias de conhecida nobreza.
Ambiciofo de adquirir a intelligenda das
fdencias com que fe illuftxa o entendimento,
e fe enriquece a memoria deixou a pátria,
e na Univerfidade de Bolonha ouvio reve-
lados os myfterios da lurifprudencia Ce-
farea pelo famofo Bartolo de cuja efcola
fahio taõ profundamente erudito, que baf-
tava efte difdpulo para immortal recomenda-
ção do feu Magifterio. Reftdtuido a Portu-
gal em o anno de 1582, mereceo a eftimaçaõ
delRey D. Fernando, que nefte tempo go-
vernava a Monarchia Portugueza, e cre-
cendo com os annos os feus merecimentos
foy Chanceller mòr do Reyno, Cavalldro
da Caza delRey D. loaõ o I. do feu Q)n-
felho e feu Privado devendo efte Prindpe
à eloquente energia, e condudente efficada
dos difcurfos de taõ authorizado varaõ
de que teve por ouvintes os Três Eflados
do Reyno juntos nas Cortes de Coimbra
em o anno de Chrifto de 1385. o cingir a
coroa, e fubir ao trono de Portugal. Ca-
zou com D. Leonor da Cunha filha her-
deira de Marti m Vafquez da Cunha Se-
nhor das terras de Befteiros, Cea, Gou-
73
BIB LIO THE CA
vea, e do Confelho de Santo Antaõ de Gul-
far, Penalva, c Louzada, e de D. Thereza
Telles de Giraõ de cujo matrimonio teve
D. Branca da Cunha que cazou com feu
Tio D. Affonfo chamado de Cafcaes filho
natural do Infante D. loaõ, e neto delRey
D. Pedro I. e D. Ignez de Giftro, nacen-
do defte conforcio huma única filha cha-
mada D. Izabel que fe defpozou com D.
Álvaro de Caílro I. Q)nde de Monfanto
Camareiro mòr de Affonfo V. e Alcayde
mòr de Lisboa tronco da IlluílriíTima , e
Excellentiffima Caza dos Marquezes de
Cafcaes. Falleceo em Lisboa a 5 de Mayo
de 1442. com 80 annos de idade. làz fe-
pultado em Maufoleo de pedra fuílentado
fobre quatro Leoens á entrada da Igreja
do Real Convento de Bemfica de religiofos
Dominicos diílante huma legoa de Lisboa
cuja fundação perfuadio a ElRey D. loaõ
o L como coníla de huma pedra embebi-
da na parede da Portaria do mefmo Con-
vento fronteira à entrada da porta em que
fe lem giavadas eftas palavras. IJíííJ Mo-
nafierium fuit per viãoriofijfimum Dominum Rí-
gem loannem nofiro Ordini conceffum XXII.
Maii anno Domini M. CCCXCIX. ad pre-
ces Keverendorum Patrum Domini fcilicet
loatmis de Kegulis in utroque Jure Doc-
toris, et Fratris Vincentii fcientia, vita,
et honejlaíe Magijlri presclarijftmi, <& fuit
receptum per Fratres Ordinis noftri, ac Deo
dicatum XXIX. die prafati menfis Maii in
Fejlo Corporis Cbrijli eodem anno Ãíra Ca-
Jaris. M.CCCCXXXVII. Sobre o tumu-
lo eílà a fua figura lavrada em pedra, e no
circuito delle o feguinte epitáfio com efta
orthografia, e apontuaçaõ.
Aqui jav^ Joaõ da regas Cavalleiro: Doc-
tor: em leys: privado: delKej: D. Joam o I.
fundador: dejle: Mojleiro: Finou: III. dias:
de: Mayo: Era MIIIIXLII.
As Armas de que uzou, era hum
efcudo quarteado em afpa: nos campos
alto, c baixo huma Cruz de Aviz florea-
da; e nos campos de cada lado huma
ferpe alada ameaçando para a parte de
fora. Cclebraõ o feu nome graviífimos
Efcritorcs como faõ Femaõ Lopes Còron.
delKey D. loaõ o I. Part. i. cap. 176.
homem de perfeita authoridade, e compri-
do de boa fciencia em leys cuja fotilidade,
e clarev^a de bem fallar entre os leterados,
e teudo em conta. Nunes de I..eaõ Ver.
Keg. Portug. Geneal. pag. 25. vcrf. toga
militiaque clarus, et júris fcientijftmus. e na
Chron. delKey D. loaÕ o I. cap. 99. gran-
de Letrado. Faria Europ. Portug. Tom. 2.
Part. 3. cap. i. n. 15. famofo lurijla. loan.
Soar. de Brito Theatr. Lufit. Liter. lit. I.
n. 67. Emminentijftmus fui temporis Jurif-
confultus. Villas boas. Noh. Portug. Cap. 3.
p. 24. foy huma das pejfoas principaes, que
grangearaÕ o fceptro e a Coroa a ElKey
D. loaõ o I. Moreira Theatr. Gen. de la
Ca^. de Sou:^. p. 703. infigne jurifconful-
to. Macedo Eufit. Liberat. Proxm. 2. §.
3. n. 4. infignis cbãor. Barboza Catbal.
das Kaynb. de Portug. p. 314. famofo dif-
cipulo de Bartolo, e Oráculo da Jurijpruden-
cia em Portugal naquella idade. Efle gran-
de homem foy o que com a fuhtilev^a das
fuás letras teve maò na Monarchia Portu-
guesa, que quafi fem remédio caducava. Soa-
res Sylva. Mem. delKey D. loaÕ o I- liv. 2.
cap. 114. §. 676. injígne lurifconfulto como
difcipulo do famofo Bartolo, e digno difcipulo
de hum taÕ grande Mejlre. Souza Apparat.
à Hifl. Gen. da Ca^. Real Portug. p. 25.
§. 5. Hum dos mayores homens que conbe-
ceo o nojjo Reyno em talento, e letras, e no
Tom. 12. da Hifl. Gen. p. 796. o feu
grande talento brilhou de forte no reynado delKey
D. loaõ o I. que aos feus confelhos e diãames
fe deveo huma grande parte da felicidade da^lle
tempo. Compz.
Praãica nas Cortes celebradas em Coim-
bra em o anno de 1585. Sahio impreíTa na
Chron. de D. loaõ o I. por Fernaõ Lo-
pes Part. I. cap. 176. c na Monarch. Lufit.
Part. 8. liv. 23. cap. 29. compoíla por
Fr. Manoel dos Santos Monge de Cif-
ter, cuja narrativa transcreveo lozé Soa-
res da Sylva Académico da Academia Real
Mem. delKey D. loaÕ o I. Tom. i. liv. i. cap. 40.
Começa
Senhores Fidalgos, louvadas pejfoas. &c.
No anno de 1425. ordenou em hum
L USITAN A.
7ÒÒ
volume as Leys deíle Reyno que anda-
vaõ difperfas, e lhes juntou as Leys do
Código do Emperador luítiniano com in-
terpretaçoens de Bartolo, e Acuríio, De
maneira (como efcreve Duarte Nunes de
Leaõ Chron. delKey D. loaõ o I. cap.
99.) que as opinioens de Acttrjio, e Bartolo
aprovadas por elle foffem authenticas, e va-
leffem como leys, e por ellas Je determinaj-
Jem as caut^as. Ifio tudo fqy por a grande
afeição que o Dotor loaÕ das Kegras tinha
a Bartolo cujo dijcipulo fora em Bolonha de
/jue teve origem a ley dejle Reyno que manda
que na decifaõ das caufas fe figa a opinião
de Bartolo quando naõ ouver texto, nem
^lojfa, ou commun opinião em contrario. Com
mais elegantes expreflbens o efcreveo na
Ver. Rjíg. Portug. Geneal. p. 25. verf.
Florebat tunc in Portugallia loannes ab Are-
^ qtà Bartoli auditor fuerat. Hujus opera
infiituit Kex Codicem lufiiniani in patrium
Jermonem verti addens nonnullis Accurfi, et
Bartholi doãrinis: opus utile, et optime con-
cinnatum, quod l^gum Kegiarum vigorem ha-
bere edixit. Defta Colleçaõ das Leys fei-
ta por loaò das Regras fe formou o
Directório pelo qual fe julgavaõ as Cau-
zas Gveis, e Crimes até que chegando
o anno de 15 12. Sahio impreíTo com o
titulo.
Ordenaçoens do Reyno de Portugal Lis-
boa por loaõ de Kempis foi. Sahiraõ
fegunda vez novamente corregidas em le-
tra gothica Lisboa por loaõ Pedro Bo-
nhomini 15 14. foi. Deíla ediçaõ faz me-
moria Maitaire Aimal. Typ. Tom. 2. p.
258. e 259. Terceira vez com additamen-
tos. Évora por lacobo Cromberger Ale-
mão. 15 21. foi. Lisboa por Germaõ Galharde
a 27 de lulho de 1526. foi. Sevilha por loaõ
Cromberger com Alvará de 17 de Iimho de
1533. expedido a favor de Luiz Rodrigues li-
vreiro para o poder imprimir. Lisboa por
Manoel loaõ a 3 de Março de 1565. Lisboa
por Pedro Crasbeeck. 1603. por ordem de
Filippe L foi. Lisboa no Mofteiro de S.
Vicente de fora 1636. foi. e a confirma-
ção do Privilegio no anno de 1643. Lis-
boa por Manoel Lopes Ferreira 1695.
foL 2. Tom. e ultimamente. Lisboa no
Convento de S. Vicente de fora. 1708. 8.
3 . Tom.
Em tantas, e taõ varias impreíToens fem-
pre eíla obra conJftou de finco livros, e cada
hum de diverfos Titulos que fe foraõ augmen-
tando, e diminuindo conforme os direftores
da impreflaõ.
Nobiliário do Conde D. Pedro addicio-
nado.
Delle vio himia copia o P. D. António
Caetano de Souza em a Livraria do Excellen-
tiflimo Marquez de Gouvea Mordomo mòr
da Caza Real como efcreve no Apparat. à
Hifi. Gen. da Ca^. Real Portug. p. 25. §. 5.
Summario dos Reys de Portugal. M. S. Defla.
obra o faz author Manoel de Souza Moreira.
Theatr. Geneal. de la Ca^. de Sou-:^a. p. 171.
lOAÕ DE RESENDE PEREIRA PI-
MENTEL natural de Lisboa Fidalgo da
Caza Real Commendador da Ordem de
Chriílo filho de loaõ de Refende, e de
D. Filippa Godinha de Oliveira filha de
Henrique Lopes de Oliveira moço da
Camará do Cardial Rey D. Henrique, e
de D. Anna Caõ Godinha. Como par-
cial do dominio Caftelhano deixou a pá-
tria quando fe tinha aclamado o Sere-
niífimo Rey D. loaõ o IV. e embarcado
com feu irmaõ Filippe de Refende che-
gou a Génova onde foy remetido a Ro-
ma por D. loaõ de Erafo Embaxador de
Caftella nefta Republica, e depois de ter na
Cúria feito algumas negociaçoens em fer-
viço da Coroa de Hefpanha foy feito Ca-
pitão de Agropoli a 23 de lunho de 1647.
por D. loaõ Affonfo Henriques de Ca-
breira Almirante de Caftella, donde paíTou
a Capitão de Couraças em o Eftado de
Milaõ a 6 de Novembro de 1647. por D.
Luiz de Benavides Marquez de Caiacena,
e Capitão General do Eftado de Milaõ.
Querendo receber da real maõ digno pre-
mio aos feus ferviços os expoz, como a
fua afcendencia na obra feguinte.
Memorial ai Rey Nuefiro Senor. En Ma-
drid 1654. 4.
Defta obra como de feu Author fe
lembra o P. D. António Caetano de
Souza Apparat. à Hifi. Gen. da Ca^. Real
7^^
'Portug. p. 98. §. 95. onde com equivocaçaõ
antepõem em o feu nome o appelido de "Perei-
ra ao de defende.
lOAÕ RIBEIRO. UlyíTiponenfe. Foy
igualmète perito nos preceitos da Poética,
como dextro no jogo das armas, e excel-
lente em a formatura dos carafteres, q pa-
redão pintados. Entre as muitas obras poé-
ticas, que compoz a fua elegante Mufa fe
fizeraõ públicos na Vida, Martyr. e Treslad.
de S. Vicente compoíla por Diogo Pirez Cinza.
Lisboa por Pedro Craesbeeck. 1620. 8 a pag.
153-
Panegyrico à itivençaÕ do Glorio/o Martyr
S. Vicente em fua TresIadaçaÕ. Começa.
Novos altos ejpiritos concebe
Inclyta iMfttania, que o benigno
Ceo outra idade de ouro em ti renova, e pag.
161. verf.
Ao inviãijjimo Martyr S. Vicente de Valença
Padroeiro de Lisboa. Começa.
Quando a cega, e profana idolatria.
lOAÕ RIBEYRO Capitão em a Ilha
de Ceylaõ o qual como teílemunha ocular
efcreveo com eílilo claro, e verdadeiro no
anno de 1685.
Fatalidade hijlorica da Ilha de CeylaÕ dedicada
à Magejlade do Serenijftmo D. Pedro II. Rey de
Portugal Nojfo Senhor M. S. 4. Coníla de 2.
Partes a i. tem 24 Capítulos, e a 2. 10. Con-
fervafe na Livraria do ExcellentiíTimo Con-
de de Caílellomilhor. Sahio traduzida na
lingua Franceza por MonQur le Grand com
efte titulo.
Hijioire dei' Isle de Ceylan ecrite par le Capi-
taine lean Ribeiro, e prefenteè au Kqy de Portugal
en 1685. Pariz por Joan Boudot. 1701. 8.
c Trevoux por Etiene Ganeon. 1701. 8.
P. lOAÕ RIBEYRO natural da Ci-
dade de Tavira em o Reyno do Algar-
ve. Sendo Sacerdote de vida inculpável
preferio o eílado rcligiofo como mais per-
feito ao fecular aliílando-fe na Compa-
nhia de lefus em o Noviciado de Évo-
ra a 7 de Dezembro de 1653. Navegando
para Uha da Madeira padeceo confiante
B IB LIO THE CA
as moleftias cauzadas por huns Pirata:,
que tomáraõ a Náo em que hia embar
cado, e reftituido á liberdade deixou na
Qdade do Funchal illuftres memorias do
feu zelo devendo-fe à fua induílria a
Fundação das Religiofas Francifcanas do
Convento de NoíTa Senhora das Mercês.
Voltando a Portugal navegou para An-
gola onde foy Reytor do CoUegio, c
fe exercitou em contínuos aftos de Cha-
ridade aíTim na inílruçaõ dos Gentios,
como na aíTiílencia dos enfermos. Nos
últimos annos padeceo multiplicados in-
fultos de afma até que pronoílicada a
hora do feu tranfito falleceo piamente cm
o Collegio de Évora a 2 de Fevereiro
de 1705. com 80 annos de idade, e 52
de Religião. Antes de fer Jefuita foy
direftor efpiritual da V. Anna de S.
Tiago Terceira da Ordem de S. Fran-
cifco, que morreo com grande opinião
de virtude em Lisboa a 11 de Agofto
de 1654. efcrevendo.
Vida da V. Anna de S. Tiago da Ordem
Terceira de S. Francifco. M. S. 4. a qual con-
fervava em feu poder o Padre Fr. Fernando
da Soledade como affirma na Hijl. Seraf. da
Prov. de Portug. Part. 5. liv. 4. cap. 9. n. 959.
e fer feu author o Padre loaõ Ribeiro na mefma
Part. 5. liv. 4. cap. 12. n. 987. e cap. 16. n.
1020. Começa. Foy Anna de S. Tiago natural
de hum lugar, que chamaõ Villa fria junto a Viana
Arcebifpado de Braga. &c. Conferva-fe M. S.
na Livraria do Convento de S. Francifco da
Cidade.
Apologia dos Padres Mijfwnarios de Laanda
em 1680. Eíla obra afirma o Padre Francifco
da Fonceca Évora Glorio/, pag. 453. que fe
imprimira. Delle faz mençaõ Franco AnnaJ.
S. J. in Lu/t. pag. 422. n. 24. e no Ann. Glor.
S. ]. in Ljijit. pag. 52.
lOAÕ RIBEYRO CABRAL Cavalleiro
profeíTo da Ordem de Chriílo, e Cavalleiro
Fidalgo da Caza Real, e Deftribuidor proprie-
tário dos Tabelioens de Notas de Lisboa. Na-
ceo na Villa de Belmonte Comarca de Caílello-
branco do Bifpado da Guarda em o anno de
1655. fendo filho de Manoel Jorge Capitão
do Terço da Armada, e de Maria Ribci-
L USITANA.
735
Ta. Foy muito intelligente nas línguas
Latina, Franceza, Italiana, e Caílelhana,
como também na hiíloria fecular. O pru-
Jente juizo, e fumma exaçaõ de que era
jrnado, o habilitarão para exercitar lou-
vavelmente os minifterios de Oííicial da
Secretaria do Eílado pelo efpaço de vin-
te, e íinco annos; de Procurador da Ci-
dade da Bahia em as Cortes celebradas
cm Lisboa no i de Dezembro de 1697.
em que foy jurado por fuceíTor defta
Coroa o SereniíTimo Rey D. loaõ o V.
de Thezoureiro, e Executor dos novos
Direitos, Thezoureiro Geral da Redemp-
çaõ dos Cativos, e dos três Quartos da
Ordem de Chriílo, e Almoxarife dos
Fornos de Valdecebro, moftrando em taõ
diverfos lugares grande zelo, e igual de-
lintereíTe. Falleceo em Lisboa a 3 de
laneiro de 171 3. quando contava 58 an-
nos de idade. laz fepultado na Paro-
chial Igreja de NoíTa Senhora do So-
corro. Foy cazado com D. loanna An-
tónia Bernarda Rebello de quem teve
Francifco Xavier de Souza Cabral Caval-
leiro profelTo da Ordem de Chrifto, que
exercita o Officio de Deílribuidor dos
Tabeliaens como herdado de feu Pay.
Traduzio da lingua Italiana em a ma-
terna.
Epitome da vida, e acçoens do Cardial Aía:(a-
rino Primeiro Mini^ro da Coroa de França. Lis-
boa por Valentim da Coíla Deslandes Impref-
for delRey. 1707. 8.
Kelaçaõ politica das mais particulares acçoens
do Conde Duque de Olivares, e Juceffos da Monar-
chia de Efpanha no tempo do feu governo, que fe^
bum Embaxador de Vene^^a à fua Kepublica ef-
tando em Madrid. Lisboa na Officina Real
Deslandeíiana. 171 1. 4. Foy traduzida do
Original M. S.
lOAÕ RIBEYRO DA FONCECA na-
tural da Torre de Moncorvo em a Provinda
Tranfmontana filho de Francifco de Moraes
Mefquita, e Maria de Caffcro Oforio ambos
defcendentes de famUias nobres. Depois de
eftar inílruido nas letras humanas, e laureado
Meíbre em Artes cultivou a lurifprudencia
Cefarea em a Univeríidade de Coimbra onde
recebidas as infignias doutoraes neíla Fa-
culdade naõ fomente mereceo pela fua
literatura fer admetido a Collegial do
CoUegio Real de S. Paulo em o anno
de 1688. mas iUuílrar com o feu magif-
terio as Cadeiras daquella celebre Aca-
demia fendo Lente de Inítítuta no anno
de 1690. do Código em 1695. dos três
Uvros em 1698. de Vefpera em 1704. e
de Prima em 1706. em que foy re-
conduzido em 17 10. Renunciou hum Ca-
nonicato da Cathedral de Miranda para
tomar o eliado conjugal. Foy Dezem-
bargador da Relação do Porto, e da
Caza da Suplicação de cujo lugar to-
mou poíTe a II de Outubro de 1708.
por feu Procurador o Dezembargador Bel-
chior do Rego de Andrade. Eílando def-
pachado Confelheiro da Fazenda morreo
na Villa de Sernacelhe a 12 de Setem-
bro de 171 5. Didou duas Poílillas a i.
ad Text. l. 4. cod. de conditionibus infer-
tis. A 2 ad Tit. ff. de Jurifdiãione om-
nium Judicum. Teve admirável génio para
a Poezia vulgar de que he claro argu-
mento a obra, que fahio a pag. 142.
dos Acroam. Vaneg. com que a Santa Ca-
thedral l^eja de Coimbra recebeo a /agrada
reliquia de Santo Thomar(^ de Villanova.
Coimbra por lozé Ferreira. 1690. 4.
Eji la trãslacion de la fiempre venerable
reliquia de Santo Thoma^ de Villanueua a
la injigne Cathedral de Coimbra. Sylva. Co-
meça.
Del claro Turia Semidios Sagrado.
Delle faz mençaõ D. lozé Barboza Mem.
do Colleg. de S. Paulo pag. 230. n. 150. e no
Archiath. iMJit. pag. 61.
Adveniet Ribeiro vetus Fonceca coronat
Agnomen vigilis fulgebit honore Magijlri;
Presmia ut accipiat tanto colleãa labore.
Dum Patriam invifet, patriis tumulabitur arvis.
D. lOAÕ RIBEYRO GAYO natural
da Villa do Conde em a Província da
Beyra onde teve por Pays a loaõ A£-
fonfo de Leíla, e Beatriz de Couros.
Eíbidou na Academia Conimbricenfe lu-
rifprudencia Canónica em que fahio taõ
eminente, que fendo Dezembargador da
736
Caza do Civil foy aíTumpto a Bifpo de
Malaca, e Prefidente da luftiça em Goa
no anno de 1581. em cujo lugar mof-
trou a prudência, e literatura de que era
ornado o feu talento. Com vigilante zelo
exercitou o Offido paftoral pelo largo
efpaço de trinta annos até que falleceo
cm o de 1601. Compoz à imitação de
loaõ Rodriguez de Sá, e Menezes.
Coplas às armas da Nobre;(a de Por-
tugal. M. S. Defta obra conferva huma
copia o P. D. António Caetano de Sou-
za como efcreve no Apparat. a Hijl.
Gen. da Ca^. Real Portug. p. 55. §. 31.
e delia faz mençaõ Tofcano Parolei, de
Var. llluftr. cap. 131.
Kelacion de Ijichen ejcrita a ElRey. Confta
de 16 capitulos. M. S. 4. Confervafe na Li-
vraria do Marquez de Villena.
Roteiro das Cofias do Achem. M. S. foi.
Confervafe na Bibliotheca delRey Catholico.
Deílas duas obras faz memoria o moderno
addicionador da Bib. Orient. de António de
Leaõ Tom. 2. col. 635. e col. 1095. e do
Author a fazem Faria Afia Portug. Tom. 2.
Part. 3. cap. 20. n. i. e o P. Souza Cathalogo
dos Bi/p. de Malaca.
Fr. lOAÕ DE RIO MAYOR cujo
apelido denota a fua pátria fituada no ter-
mo da notável Villa de Santarém do Pa-
triarchado de Lisboa. Foy Monge Ciíler-
cienfe, c muito douto na intelligencia da
Sagrada Efcritura, e verfado em a liçaõ
dos Santos Padres. Compoz.
Expofitio in Evangelium Mathai. foi. M.
S. Confervafe na Bibliotheca do Real
Convento de Santa Maria de Alcobaça.
BIBLIO THE CA
dades fahindo fuficientemente inftruido par-
tio para o Império da China, c na Q-
dade de Kiatim da Provinda de Nam-
kin fe ocupou na cultura de taõ di-
latada como agrefte vinha arrazando Pa-
godes, erigindo Templos, e convertendo
innumeraveis almas ao fuave jugo do
Evangelho entre as quais fe diftinguio o
Doutor Paulo taõ nobre por nacimento
como venerado pela fabidoria. O mefmo
fruto colheo em a Cidade de Hancheu
metrópole da Provinda de Chekiam onde
completos vinte, e ílnco annos de con-
tinuado trabalho cm obzequio da Chrif-
tandade falleceo piamente a 21 de lu-
nho de 1623. Fazem memoria deíle in-
figne Mi/Tionario Cardofo Affol. Ljdfit.
Tom. 3. p. 769. e 776. no Comment.
de 21 de lunho letra H. Gouvea Afia
Extrema Part. i. lib. 3. cap. 2. et lib.
5. cap. 17. Trigaultius de Chrifi. Exped.
apud Chin. lib. 3. cap. 14. loan. Soar.
de Brito Theatr. Ljdfit. Liter. lit. I. n. 68.
Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. p. 589.
col. c Franco Ann. Glorio/. S. I. in Lu-
fit. p. 352. Traduzio em a lingua Chi-
nenfe para inílruçaõ dos Neófitos.
Cartilha do P. Marcos Jorge da Companhia
de lESUS. Defta obra como de feu author fe
lembraõ Martin. Relat. China pag. 30. §. 7. o
P. Franco Imag. da Virt. em o Nov. de Coimb.
Tom. 2. pag. 620. e Cathalog. PP. Societ. le/
qui pofi obitum S. Franci/ci Xaverii ab anno 1 581.
u/que ad 1681. in Império Sinarum I. C. fidem
propagarunt. p. 8. §. 10. onde fe diz que com-
puzera alem da obra precedente.
Praãica de re^ar o Ro/ario em que explica
os finco Myfierios doloro/os com as Imagens da Pai-
xão do Senhor.
P. lOAÕ DA ROCHA natural da
Villa do Prado em o Bifpado de La-
mego filho de Sebaftiaõ da Rocha, e
Maria da Cofia. Recebeo a roupeta da
Companhia em o Novidado de Coimbra a
22 de Fevereiro de 1583. Sendo ainda
Noviço pedio com repetidas inftandas a
miíTaõ do Oriente para onde partio no
anno de 1586. Efludou Filofofia em Goa,
c Theologia em Macáo em cujas Facul-
D. lOAÕ DA ROCHA natural de Lis-
boa onde teve por Pays a Gafpar da Rocha, e
Izabel Fernandes Rocha. Aliftoufe na Compa-
nhia de lefus em o Noviciado da fua pátria
a 25 de laneiro de 1603. cm cuja fagrada palef-
tra floreceo em letras, e virtudes. Foy emi-
nente nas Humanidades que diftou com aplau-
20 cm os Collegios de Lisboa Évora, c Coim-
bra onde compoz.
Tragicomedia de Nabuco de No/or. Que
L USITAN A,
7^
mereceo a aclamação de todos os expec-
tadores. Partio para índia com o titulo
de Bifpo de Herapolis a 12 de Março
de 1623. com o Patriarcha da Etiópia
D. Affonfo Mendes juntamente com o
Bifpo de Nicea D. Diogo Seco, e tan-
to que chegou a Goa foy fagrado em
a dignidade Epifcopal, e exercitou o lu-
gar de Deputado da InquiQçaõ da mef-
ma Cidade de que tomou poíTe a 20 de
Agoílo de 1635. e nella falleceo com
grande faudade dos feus Companheiros.
Delle fe lembraõ Franco Imag. da Virt.
do Nov. de Coimh. Part. i. liv. 2. cap.
25. n. 2. Annal. S. I. in 'Lufit. p. 257.
n. II. e Am. Glor. S. l. in 'Lufit. p. 500.
e o P. D. Manoel Caetano de Souza
Cathal. dos Bi/p. que tiveraõ Diocefe fora
do Keyno de Portug. pag. 174.
lOAÕ RODRIGUES natural da G-
dade de Tavira em o Reyno do Al-
garve Pay do iníigne Poeta Gregório
Sylvellre do qual fe fez a merecida lem-
brança em feu lugar, e Medico da Em-
peratris D. Izabel que o levou em fua
companhia no anno de 1526. quando fe
foy defpozar com o Cezar Auíhiaco Car-
los V. e lhe deu em remuneração o
foro de Fidalgo da fua Caza para elle,
e feus filhos. Foy peritiíTimo na Arte
Medica como manifella a feguinte obra
que publicou antes de partir para CafteUa.
Keprehenforium editum contra pravos errores
de fecanda vena in Pleurifi in hafilica ejujdem
lateris. In Qvitate Paceníi in Officina Frandfci
Rodrigues per Hyeronimum Eraudum Nor-
mandum 1550. 4. He dedicado ao Serenif-
íimo Duque de Bragança.
Fr. lOAÕ RODRIGUES cujo inítituto
que profeUou fe ignora, quando fe fabe cla-
ramente a profimda fciencia que tinha da Mu-
fica efcrevendo no anno de 1560.
Arte do Canto CbaÕ. M. S. foi.
Para reduzir efta obra à ultima perfeição
afirma que gaftara quarenta annos. Foy apro-
vada em Roma por António Bocapadula Mef-
tre da CapeUa Pontificia, e Secretario da San-
tidade de Gregório XIH. e loaõ Pedro Luiz
47
Peneífaina Oráculos da Faculdade Mufica.
O original confervava na fua Livraria Fran-
cifco de Valhadolid Meílre do Seminário
Archiepifcopal de Lisboa de quem fe fez
mençaõ em feu lugar. No cap. 14. tra-
tando do Género Enharmonico diz. Aora
nuevamente aliado en Portugal ano de 1560.
por Fr. luan Rodrigue^ en la Villa de Mar-
van Obifpado de Portale^e.
lOAÕ RODRIGUES natural de Lis-
boa peritiíTimo artífice de efpingardas on-
de tinha a fua Officina com feu irmaõ
lozé Francifco igualmente como elle in-
figne no mefmo artificio. Querendo dei-
xar na poíleridade difcipulos da perfei-
ção com que fe podiaõ fabricar eftes
inílrumentos publicou com nomes fupof-
tos.
Ef pingar da perfeita, e regras para a fua ope-
ração com circunfiancias nece ff árias para o feu arti-
ficio, e doutrinas úteis para o melhor acerto. Lis-
boa por António Pedrozo Galraõ. 171 8. 4.
com eftampas.
lOAÕ RODRIGUES DE CAMPOS na-
tural da Qdade de Leyria Presbitero de vida
inculpável, e infigne direéèor das almas que
inílruia no Confeífionario com íaudaveis con-
felhos, e doutrinas afcetícas. De algumas
fuás confeíTadas que fe diflinguiaõ no caminho
da perfeição efcreveo as vidas, fendo as prin-
dpaes.
Vidas de Sehafiiana de lefus, Ií(abel da Ea-
camaçaõ, e loanna de lESUS Terceiras profeffas
da Ordem Terceira de S. Francifco que floreceraÕ
nos annos de 1636. e 1640. Delias extrahio
as noticias para a Fiifi. Seraf. o P. M. Fr. Ma-
noel da Efperança. Confervaõ-fe M. S. no
Archivo do Convento de S. Francifco da G-
dade.
lOAÕ RODRIGUES DE CASTEL-
LOBRANCO Contador da Gdade da Guar-
da taõ nobre pelo nacimento como in-
figne pela Poezia que cultivou com feli-
cidade da qual fe lem algumas produ-
çoens a foi. 106 do Cancioneiro de Garcia
de Kefende. Lisboa por Herman de Cam-
pos 15 16. foi.
738
BIBLIO THE CA
lOAÕ RODRIGUES CHAVES filho
de Francifco Rodrigues Chaves, c de
Arma Maria nacco em Lisboa a 6 de
Novembro de 1704. Eíludou a lingua
Latina, e Filofofia no CoUegio pátrio de
Santo Antaõ fendo feu Meftre defta Fa-
culdade o R. P. lozé Moreira da Com-
panhia de lefus, que prezentemente ocupa
o lugar de Confeflbr do SereniíTimo Prín-
cipe do Brazil. Aplicou-fe com difvelo
à liçaõ da Hiíloria Ecclefiaftica, dos San-
tos Padres, e Sagrados Expofitores de
cuja aplicação colheo profundas noticias,
que manifeftou na feguinte obra.
Hijloria 'Exckfiaftica, e Chrono lógica da primeira
Idade do Mundo. Flores hiftoricas moraes, e
criticas produv^das entre os vicio/os ef pinhos, que
hrotáraõ os primeiros Jeculos. Tom. i . Lisboa.
Na Officina Sylviana, e da Academia Real.
1744. 4. O 2. e 3. Tomo eílaõ promptos para
a impreíTaõ.
lOAÕ RODRIGUES CORDEIRO na-
tural da Villa de Fonte Arcada da Co-
marca de Pinhel em a Província da Beyra
filho de loaõ Rodrigues Cordeiro, e Ca-
therina Martins. Depois de receber em
a Univerfidade de Coimbra o gráo de
Bacharel em a Faculdade de Direito Pon-
tifício exercitou com grande credito da
fua literatura o Officio de Advogado de
Cauzas Forenfes principalmente das per-
tencentes à Mitra de Lamego. Falleceo
em a Villa de Moymenta da Beyra a
29 de Agoílo de 1731. quando contava
80 annos de idade. Para demonftraçaõ
do profundo eíludo, que tinha feito nas
matérias jurídicas publicou a feguinte obra
em que fe admiraõ fubtilmente interpre-
tadas muitas das noíTas leys Municipaes,
como também vários textos de hum, e
outro Direito.
Dubitationes in foro frequentes more juri-
dico difputata, d?* fecundam Jus nojlrum refoluta
ex vera, €^ in multis fortajfe nova illius intelligen-
tia. Opus in quatuor partes divifum. i . de Tejla-
mentis. 1. de Naturalium fuceffione. 3. de Jure
Emphyteutico. 4. de InterdiSHs. Conimbricac ex
Typographia. Reg. Colleg. Artium. 1713. foi.
P. lOAÕ RODRIGUES GIRAÕ na-
tural da Villa de Alcouchete em a Pro-
vinda do Alentejo, e filho de Francifco
Giraõ, e Beatriz Lourenço. Recebeo a
roupeta de Jefuita em o Noviciado de
Coimbra a 16 de Dezembro de 1576.
quando contava 17 annos de idade. Na-
vegou para a índia em o anno de
1583. e com fervorozo zelo cultivou a
Vinha do Japaõ cuja lingua aprendeo
para fe fazer intelligivel aos Gentios, que
atrahio ao grémio da Igreja. Partio a
lograr o premio dos feus trabalhos apof-
tolicos em o anno de 1633. Efcreveo.
Cartas Annuas de Nanga^achi dos an-
nos de 1604. e 1605. Sahiraõ vertidas em
latim. Antuérpia: per loachimum Torque-
cium 161 1. 12. e em Italiano com ou-
tras. Roma por Bartholomeu Zannetti
1608. e 1610. 12. Bologna por Gio:
Baptiíla BoUagamba. 1609. 8. No fim
deíla ediçaõ traz efcrito pelo Padre Giraõ.
Kelatione delia morte che hanno patita per la
Fede de Chriflo Melchior Cieco, e Melchior Bugen-
dono Giapponefi fotto Morindono Tiranno de
Amangucci. &c.
Annuas de 1609. e 161 o. Roma por Bar-
tholameo Zannetti. 161 5. 12.
Annuas do anno 161 1. efcritas em Nagan-
t^achi a 11 de Janeiro de 161 3. Ambas fahiraõ
Roma por Bartholameo Zannetti. 161 5. 8.
Annua do anno de 1624. Roma pelos her-
deiros de Bartholameu Zannetti. 1628. 12.
Annua do anno de 1626. efcrita a i de Março
de 1627. Roma por Francifco Corbclleti.
1632. 12.
Dellc fazem mençaõ B/^. Societ. pag.
498. col. 2. Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom.
I. pag. 390. col. 2. e Franco Imag.
da Virt. em o Nov. de Coimb. Tom. 2.
pag. 620.
lOAÕ RODRIGUES DE LEAÕ ir-
mão de António de Leaõ Pinello de
quem fe fez larga memoria cm feu lu-
gar, teve o berço no Reyno do Pcrú c
por Pay a Diogo Lopez de Leaõ natural
de Lisboa por cuja cauza he admitido á Bi-
bliotheca Luíitana. Foy Cónego da Igre-
L USITANA
7^9
ja Cathedral de Tascai íituada en la Pue-
bla de los Angeles das índias Occiden-
taes onde mereceo geral eílimaçaõ por
fer grande Theologo, inligne Pregador,
e muito verfado na liçaõ da Hiftoria, e
letras humanas, a cujo talento celebrou
o famofo Lope da Vega Carpio Laurel
de Apollo Sylv. 2. com eíle Elogio mé-
trico.
Si a luan Kodrigues de Leo/í nò huviera
Dado con larga mano
£/ Cielo otro Leon, que fuè Ju hermano
Quien con L^on tan bravo competiera?
EJie en la f acra esfera
Del foi dei Evangelio refplandece
Con heróica acion, que el mundo admira,
Y a quel con vivo efpirito engrandece
Quanto en el polo de Califlo mira
Febo, que de oro, y plata le enriquece,
Y mas, que foi los dòs con tantas leyes
Del Cielo, y dei confejo de los Reyes.
Compoz.
La Perla. Vida de Santa Margarita
V. e Aí. Madrid en la Imprenta Real.
1629. 4.
£/ Predicador de las gentes S. Pablo,
fciencia, preceptos, avi!(ps y obligaciones de los
Predicadores Evangélicos con doãrina dei Apof-
tol. Madrid en la Imprenta Real. 1638. 4.
Juit(io militar de la batalla de D. Car-
los de Ibarra General de Galeones con 17
l>láos de Olanda em 31 de Agojlo de
638. México por Bernardo Calderon. 1638. 4.
Panegyrico auguflo Cafielhano, e Latino
a D. Fernando Infante Cardenal; Llanto
en las muertes de D. Filippe III. e D.
Margarida de Auflria repetida en la dei
Infante D. Carlos: alegria en los caí^amien-
tos de Filippe IV. con D. Isabel de Bor-
bon, de Lui^ XIII. de Francia con D.
Anna de Auflria: celebridad dei nacimiento
de D. Carlos Principe de Efpana. Epitome
de las guerras, de Alemania^ y Flandes.
México pelo dito ImpreíTor. 1639. 4.
Parecer, que diò en defenfa de la Pin-
tura. Madrid por Francifco Martines. 1633.
4. He o ultimo, que eiiá nos Diálogos
da Pintura compoílos por Vicente Car-
ducci.
Martyrologio de los que an padecido por
la Fee. Deíla obra o fazem author Gil Gon-
zalves de Avilla Theatr. dela Iglef delos Angeles
de la nueva Ffpanà, e o moderno addicionador
da Bib. Occid. de Ant. de Leaõ. Tom. 2. Tit.
23, col. 843.
Kelacion dei Viage de los Galeones de la Real
Armada de las índias el ano de 1627. defde, que
falieron de Cadii^ hafla, que bolvieron a el con dif-
cripcion de los puertos en que entraron. M. S.
Defta obra faz mençaõ António Pinello irmaõ
do Author Bib. Occid. Tit. 16.
Memorial ai Key fobre la Ereccion, Divijion
de la Iglefia de Guaçacoalco y Tabafco en el Ter-
ritório de la Puebla de los Angeles, foi. Imper.
Deíla obra faz memoria o moderno addicio-
nador da Bib. Occid. de António de Leaõ
Tom. 2. Tit. 21. col. 803.
Quarefma meditada en Epigramas. M. S.
Confervava-fe eíla obra na Livraria de D.
Lourenço Ramires dei Prado como efcreve
Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 650.
col. 2.
lOAÕ RODRIGUES DE LUCENA
filho de Chriftovaõ de Lucena, e neto
de Vafco Fernandes de Lucena, que acom-
panhou em o anno de 1435. ao Marquez
de Valença D. AíFonfo Embaxador ao
ODncilio de Bafilea onde recitou a Ora-
ção Obediencial com geral eílimaçaõ. Foy
cazado com D. Maria Tavares filha de
Sancho Tavares de quem naõ deixou def-
cendencia. Teve génio feliz para a Poezia
de que faõ teílemunhas os Verfos, que fe
lem em o Cancioneiro de Garcia de Kefende.
Lisboa por Hermaõ de Campos. 15 16. foi.
defde foi. 139. até 142. Entre eílas Poe-
zias eílaõ duas Cartas traduzidas de La-
tim em Portuguez, huma de Sabino, e ou-
tra de Ovidio com eíles titulos.
Carta de Ulyffes a Penélope.
Carta de Enone a Pari;^^.
lOAÕ RODRIGUES DE SA', E ME-
NEZES. Senhor de Sever, Matozinhos,
Payva, Baltar, Alcayde mòr da Cida-
de do Porto, e do Confelho delRey
teve por Progenitores a Henrique de
Sá, e Menezes Senhor de Sever, e Al-
cayde mór do Porto, e a D. Brites
740
BIBLIO THE C A
de Menezes filha de D. loaõ de Menezes
Senhor de Cantanhede, e de D. Leonor
da Sylva. Dotado de fublime engenho apren-
deo com facilidade as Artes liberaes, e fallou
com expedição as línguas fahindo taõ emi-
nente em a Latina que illuftrou com varias
obfervaçoens a Virgílio, e traduzio na lín-
gua materna muitas Elegias de Ovídio.
Naõ foy menos verfado na intelligencia da
Grega fazendo doutiíTimos commentos a
Homero, Pindaro, e Anacreonte Princepes
defte Idioma. G^m a continua liçaõ de taõ
famozos Corifeos da Poefia fe lhe infundio
a inclinação para prafticar os preceitos def-
ta divina Arte fendo os feus verfos mais
eftimaveis pela profundidade dos concei-
tos, que pela elegância das vozes. Naõ lhe
deveo menor difvelo a Hiíloria Secular, e a
Filofofia penetrando com huma os fegredos
da natureza, e inílruindo-fe com a outra
nos myfterios da Politica. As fciencias que
com o eftrondo das armas fe viaõ fugitivas
deíle Reyno as introduzio fuavemente fa-
zendo com o feu exemplo, que as PeíToas
da primeira lerarchia fe aplicaíTem aos ef-
tudos de que eftavaõ divorciados, como
em feu aplauzo cantou o infigne Francifco
de Sà, e Miranda.
As leiras, que naÕ achajles
Vòs as metejles na terra
A' nobreza as ajuntaftes
Com quem dantes tinhaõ guerra.
Eíbis expreflbens métricas as verteo em
mais elegante lingua o famozo Macedo
Dom. Sádica, p. 54.
Hoc irrepertas tempore litteras
Tu luce donas, puluere fuf citas
Armifque florentum virorum,
Qua fuerant inimica jungis.
Naõ foy menos claro na Paleílra de Marte
do que fora na Aula de Minerva pois feguin-
do, e excedendo os progreflbs de feu Tio
D. loaõ de Menezes Senhor de Cantanhede,
deu illuftres argumentos de feu valor nas
campanhas de Azamor, e Arzilla onde im-
mortalizou o nome na poíleridade. Com
igual fidelidade que definterefle fervio a quatro
Monarchas fuceíTivos confiando da fua pru-
dente direção os mais graves negócios da
Monarchia. Por duas vezes reprezentou a
auguíla peíToa delRey D. Manoel com o
honorifico Carafter de feu Embaxador; a
primeira mandando no anno de 15 16. vizi-
tar a Fernando Catholico feu fogro que
eílava doente de cuja infermidade morreo;
e a fegunda acompanhando a Senhora D.
Beatris quando fe foy defpozar no anno
de 15 21. com Carlos III. de Saboya em cuja
fimçaõ fe admirou a generofa profufaõ
do feu animo. Com femelhante Caraôer
o nomeou a Mageftade de D. loaõ o III.
a Carlos V. fendo a repetição deftas no-
meaçoens o mais evidente argumento da
fua madura capacidade, e prudente juizo.
Cazou com D. Camilla de Noronha filha
de D. Martinho de Caftellobranco I. Con-
de de Villanova, e Camareiro mòr delRey
D. loaõ o III. Governador das luftiças,
e Vedor da Fazenda dos Reys D. Af-
fonfo V. D. loaõ o II. e D. Manoel, e de
D. Mecia de Noronha filha de loaõ Gon-
zalves da Camará Capitão da Ilha da Ma-
deira, e D. Maria de Noronha de quem
teve a Francifco de Sà, e Menezes primeiro
Conde de Matozinhos do qual fe fez larga
memoria em feu lugar. Chegou a contar
cento, e quinze annos de idade com igual
vigor no juizo, que no corpo de tal forte
que fendo já de cem annos montava com
fumma agilidade os cavallos, e os mandava
com a mefma deílreza que tinha na idade
juvenil. Falleceo piamente na Cidade do
Porto no anno de 1576. e jaz fepultado em
a Capella do Capitulo do Convento de N.
Senhora da Conceição de Matozinhos, e
na campa de bronze fe lè gravado eíle breve
epitáfio.
Aqui jã!(^ loaõ Rodrigues de Sá.
A eíle grande Cavalhero dedicarão vá-
rios elogios em verfo, e profa infignes Ef-
critores como faõ Damiaõ de Góes Cbron.
delRey D. Manoel Part. 4. cap. 58. A quem
fe pode dar inteira fé pela muita, e varia
liçaõ, e doãrina, que nelle há nas Artes Li-
beraes, e Filofofia, e experiência das cousas
que de feu tempo acontecerão nejles régios,
e outros. lUuftriíTimo Cunha Cathal. dos
Bifp. do Port. Part. 2. cap. 36. Grande
Poeta, e Orador, e dos que com fua Poetam
authoriv^araJÔ a Nafaõ Portuguesa. loan. Soar.
L USITAN A,
741
de Brit. Theatr. Ijdjit. Lifer. lit. I. n. 71.
Vir omnis literatura peritia clarus. Fr. Ma-
noel da Efper. Hijl. Seraf. da Prov. de
Portug. Part. 2. liv. 10. cap. 53. VaraÕ
grave por armas, e por prudência. Macedo
Dom. Sádica, p. 49. Pueritiam in littera-
ria palejira magijlris erudiendam dedit, &
ingenium, quod acre ohtigerat. difciplinis ex-
collíút. Cum rudi illo Jaculo latine balbuti-
rent homines ille in Gracum fermonem lin-
guam Jolvere voluit (& in barbaras Jcholas
Atiçam elegantiam intulit. Bonuci Iftor.
di D. Affonf. Henr. lib. 3. cap. 10. de
Índole generofa, e di acutijjimo ingegno che
feppe fino de gli anni piu teneri appieno col-
tivare fra le arte piu belle dei Lat^io, e delia
Grécia; verfatijfimo nella Filofofia umana,
e divina; abile con igual laude a manegiar la
Jpada, e la penna, prudente ne configli, in-
trépido ne pericoli, inalterabile nelle vicende
di profpera ó rea fortuna, e fopratuto di
antica probitã, e de vita veramente Chrifiiana.
Catald. Sicul. Epifiol. lib. 2. Epifi. ad Co-
mitem Alcoutinii D. Petrum Menefium, en-
tre outras couzas de que coníla eíla
carta diz fallando de loaõ Rodriguez de
Sà, e Menezes. loannem Kodericum, qui
pulchra ne corporis dijpofitione, an ingenio,
modefiia, optimis que moribus, an loquendi
fuavitate, (& rerum peritia excellat, magto-
pere dubito: qui adolefcens ad buc natura
duce, et fuo ftudio adeò enituit, ut quoscum-
que habuit praceptores, facile, <& brevi fu-
peraverit. Nec contentus opibus patemis, et
avitis, ut omnium fere generoforum hac nof-
tra tempefiate natura efi, fed literas ita vi^-
lanter profequitur tum legendo, tum peritio-
res fifcitando, ac fi per illas foret fibi viãus
queerendus Carvalho Corog. Portug. Tom. i.
p. 413. ¥oj grande Poeta, e Orador. Souza
Apparat. a Hifi. Gen. da Ca;^. Real Portug.
p. 40. §. 19. Teve grande erudição, foube as Artes
liberaes, e a Filofofia admiravelmente. Fran-
cifco de Sá, e Ivliranda Carta 4.
Dos noffos Sãs Colonefes
GraÕ tronco, nobre coluna,
Grojfo ramo dos Menev^s
Em fangue, bens da fortuna
Que be todo entre os Portugueses.
Aias vós que fempre vos rifies
Do povo que naÕ vè mais
Ricamente alma vefiifies
O mais tendes por de mais.
Diogo Bernardes Uma. Cart. 7. a Pedro-
de Lemos.
luà tens o grande Sá, naÕ Sà Miranda
O de Meneses digo, o qual bonrou
Configo as nove Irmãos, tens f eu filho
Que na brandura mais fe levantou.
E na Carta 32 efcrita ao mefmo loaõ Ro-
drigues de Sà.
E pois a vojfo ef pirita naõ fe ef conde
O lume da doutrina pura e rara
Day lu^ ao meu Poema porque fefa
Seguro da nociva, e cega enveja.
O Doutor António Ferreira Põem. Ljffit.^
Sonet. liv. I. Sonet. 52.
Alegrame, e entrifiece a real Cidade
Qu'o Douro rega, e meus Sãs ennobrecem
Com as armas, e trofeos que refplandecerff
E refplandeceraõ em toda a idade.
Ifio me alegra, e fafme faudade
Ver a dito:(a terra em que aparecem
As raives de buma planta em que florecem^
Fermofura, faber, e alta bondade.
Aqui o tronco naceo que em toda a parte
Deu gloriofos ramos de bonra e gloria
Nas armas, e efquadroens do fero Marte^
&c.
E no liv. I. das Cartas. Carta 6. efcrita ao
mefmo loaõ Rodrigues de Sà, e Menezes
afliítindo na Gdade do Porto.
Antigo Paj das Mufas defia terra
Illufire geração forte, e prudente
Igual fempre na pa^ igual na guerra.
Vifiete ja louvar da tua gente
Vifiete dos eftranbos envejado
E vefie bora viver tan longamente...
Enriquecefies o peito, e a memoria
D' altos exemplos de antigos feitos
Que no mundo deixarão clara bifioria.
Encbendo a alma fam de faõs conceitos
A ra^aÕ fegues, que te leve, e guie
Pelos caminhos que ao Ceo vaõ direitos.
Quando mais ociofo, entaõ abrindo
Os bons livros regendo efiás tua terra
Em ti as próprias leys tuas cumprindo
&c.
O P. Luiz de Aguilar da Companhia
742
BIB LIO THE CA
de Jefus Paneg. ad D. loan. Kodericttm Sã
Menefium loan. IV. cubículo Prapofitum.
Qui proavos virtute, (Ò* Avum qui nomine
prafert:
Cui Parca non parca manus dat Neftora,
datque
Explere Ejóoící numerojum pulveris avum.
Hinc Mu/a in pretio, <& dileíta Palladis
artes:
Cumque Deo mens taHa, ulli non largtus
ujquam
<Zaftalíos latices, et amicam vatibus undã
Effluxijfe putes: nullius peãora tantus
Intravit calor, aut tanti data copia pleãri.
Sed nihil ingenium, nihil heu tam grande mo-
rata eft
Averjum ftudiis depafta incúria Jeclum.
Invidia, credo, PamaJJum agitante Camana
Ne foret hic pátria alter, <& alter Apollo
Qua tamen a tanto rejlant vejligia damno
Arguti doãos commendant peãinis iãus
Ac dignum Calo, <ò' pralo oftentat opus:
omnes
Defcendijfe putes modulata ad carmina Mu-
fas.
Henrique da Motta no Cancioneiro de
Kefende 2. foi. 204. verf. o louva com eftas
vozes.
Senhor a quem Febo deu
Ungua Virgiliana
De que corre, de que mana
Quanta fama ouço eu.
E alem dejle primor
O muy alto Deos de amor
Triumfante
Vos fe:^ hum gentil galante
De Damas graõ fervidor.
De nobrei^a, e fidalguia
Efcufo eu de f aliar,
Pois vojfo claro folar
Como Sol refplandecia ;
E das Artes liberaes.
E Virtudes Cardeaes
Naõ vos gabo.
Porque niflo naô tem cabo
A ff^am fama, que là daes.
Compoz.
Quarenta, e nove Quintilhas aos Bra^oens das
Armas das Familias de Portugal. Começaõ.
Por fe levantar a gloria
Das Linhagens muy honradas
Que por obras mtty louvadas
Defi leixaraõ memoria
A quem lhes figuas pilhadas.
Sahiraõ impreíTas no Cancioneiro de Gar-
cia de Kefende Lisboa por Hermaõ dei Cam-
po 1516. foi. defde foi. 114. até 127. O Ori-
ginal fe conferva na feleílifTima Livraria
do ExcellentiíTimo Marquez de Abrantes
fexto Neto do Author. Defta obra fazem
particular memoria os Padres Bonucci, e
Souza nos lugares aíTima allegados; D. An-
tónio Soares de Alarcão Kelac. Genealog.
cap. 9. pag. 58. e pag. 18. cap. 5. Gonçalo
Argote de Molina em a Noble^. de Andalus^.
onde fe equivocou com o nome do Author
chamando-lhe Francifco cujo erro feguio o
Padre Cláudio Meneftrier Art. du Bla(pn.
pag. 74.
Nobili, ac doãijftmo viro Damiano á Góes
fuo S. P. D. Epiflola data Portu Gallia Idi-
bus lanuarii. 1541. Começa. Ut terás tuas,
(& Carmanici belli, feu mavis Aracofici Com-
mentaria libens accepi. Sahio impreíTa nas
obras de Damiaõ de Gocs. Lovanii apud
Rutgerum ReíTium. 1544. 4.
Carta efcrita do Porto em Novembro
de 1558. a Damiaõ de Góes. Delia tranf-
creveo grande parte o mefmo Góes na
Chronica delRey D. Manoel Part. 4. cap. 38.
Efta Carta traduzio na lingua Latina o
infigne Fr. Francifco de Santo Agoftinho
Macedo, e a imprimio no livro intitulado
Domus Sádica a pag. 5 7.
Cadabali Gravio Calydonio S. D. Epif-
tola data Portugallia quarto Calend. Septemb.
an. 1568.
Cármen in Keliffofijfími DoHoris Koderià
Pinarii Dei gratia Portugallenfts Epifcopi Eft-
comium. Confta de 26 Dyftichos. Huma,
e outra obra fahiraõ impreíTas na Pityo^aphia
Cadabalis Gravii OlyíTipone apud Antonium
Gonzalves. 1568. 4.
Annotaçoens ao Nobiliário do Conde D.
Pedro. M. S. Defta obra fazem memoria
Argote de ^íolina Noblev^a de Andai. liv. i.
cap. 48. e D. António Caet. de Souz.
Appar. a Hifi. Gen. da Ca^- Keal Portug.
pag. 6i. §. 19.
I
I
L USITAN A.
De vera Plátano apud nos reperta Com-
mentatio. Ad amicum loidovicum Teixei-
ram Regis Palatii expeditorem. Aí. S. Pal-
iando defta obra loaõ de Barros Geograf.
de Enír. Dour. e Alinh. foi. 29. verf. A.
Igreja do lugar de Zurara he muy boa;
iunto delia efiã huma arvore Juave, e grande
a modo de Amoreira porque tem a ma-
deira torta, mas as folhas faÕ como de vide
fmá frefcas; naõ fahem bem o nome delia;
e loaõ Kodriguei^ de Sá fidalgo, e VaraÕ
mui doão afirma fer ejla arvore Plátano, e
fet^ em luitim Jobre iffo hum Tratado mui
elegante provando a Jua tenção por muitas
re^oens, e authoridades. Sendo impugnada
efta obra por loaõ Fernandes Meílre de le-
tras humanas em Coimbra lhe refpondeo o
Author com fundamentos novos em que
eftabelecia mais foUdamente a fua opinião,
e a dedicou ao Cardial Infante D. Henrique
no anno de 1537.
Tratado da Cidade de Coimbra M. S. He
allegada eíla obra por Pedro de Mariz Dial.
de Var. Hijl. Dial. i. cap. 4.
lOAÕ RODRIGUES DE SÁ, E ME-
NESES Terceiro Conde de Penaguião,
e bifneto do precedente, Senhor de Se-
ver, Matozinhos, Payva, Baltar, Alcay-
de mór do Porto Commendador de S.
Pedro de Faro e S. Tiago de Cacem da Or-
dem de S. Tiago Commendador e Alcay-
de mór de S. Tiago de Proença na Ordem
de Chriílo, naceo em Lisboa a 4 de No-
vembro de 161 9. e teve por Progenito-
res a D. Francifco de Sá, e Menezes 11. Con-
de de Penaguião, e Camareiro mór de
Filippe IV. e D. loanna de Caftro filha
de loaõ Gonzalves de Attayde V. Con-
de da Attouguia. Na idade juvenil deu
evidentes provas do engenho com que na
adulta foy venerado dos mayores erudi-
tos cultivando com tanto difvelo as fcien-
cias amenas, e feveras, como fe as hou-
vera de enfinar. Penetrou com igual agu-
deza as dificuldades da Filofofia como as
máximas da PoUdca, que fempre regulou
pelos diâames do Evangelho. Foy Cama-
reiro mór dos Reys D. loaõ o IV. e D. Af-
fonfo VI. Confelheiro do Eílado, e Guerra,
743
Embaxador Extraordinário a Inglaterra, e
neíles authorizados lugares praâicou fum-
ma fidelidade para com o feu Soberano, e
incanfavel zelo para os augmentos da Monar-
chia. Havendo no anno de 1657. efmal-
tado a Campanha de Badajos com o própria
fangue no aíTalto, que deu a efta Praça o
noíTo exercito governado pelo Conde de S.
Lourenço fucedeo, que no anno feguinte
aífiftindo ao mefmo fitio fe retirou infermo
ao Mofteiro de S. Francifco fituado fora
dos muros da Qdade de Elvas onde fendo
prizioneiro pelo exercito Caftelhano, que
mandava D. Luiz Mendes de Haro, e le-
vado para o Campo acabou a vida merece-
dora de mais larga duração a 21 de Outu-
bro de 1658. quando contava trinta, e nove
annos de idade. Foy fepultado em a Qda-
de de Elvas. Cazou com D. Luiza Maria
de Faro fua Prima filha de D. Luiz de At-
tayde V. Conde da Attouguia, e de D. Fi-
lippa de Vilhena Camareira mór da Ray-
nha D. Luiza Francifca de Gufmaõ de quem
teve D. Francifco de Sá que morreo me-
nino: D. Francifco de Sá de Menezes L
Marquez de Fontes IV. Conde de Pena-
guião, e Camareiro mór delRey D. Affon-
fo VI. D. Miguel de Almeyda Senhor do
Sardoal, e Alcayde mór de Abrantes, que
morreo a 18 de Novembro de 1674. fem
fuceíTaõ: D. Fihppa de Vilhena, que ca-
zou com D. lozé de Lancaftro III. Con-
de de Figueiró Commendador de Aviz em
51 de lulho de 1664. e faUeceo no anno
de 1689. fem deixar geração: D. loanna
de Caftro, e D. Maria, que morrerão fem
tomar eftado Com vários Elogios he
celebrado o feu nome. D. Luiz de Me-
nezes Conde da Ericeira Portug. Kejl.
Part. 2. Uv. 3. pag. 133. era fummamente^
valerofo, e entendido, e amantijfimo da conjer-
vaçaÕ do Rejno. Efperança Hifi. Seraf. da Prov.
de Portug. Part. 2. liv. 10. cap. 53. n. 3. flo-
receo em todas as boas partes de que confia hum
Cavalheiro perfeito: esforço, letras humanas,,
e grande amor da pátria. Carvalho Co-
rog. Portug. Tom. 3. pag. 413. Peffoa de
grande fupofiçaõ. P. Emman. Lud. in Pra~
loq. Vit. Princip. Theodos. n. 19. de ajferta
L^fitania optime meritus. lantillet EJvia ab
744
BIB LIO THE CA
€hfidione liberai, pag. ly Macedo Dom. Sa-
Jica. pag. 99. e feguintes. Souza Hiji. Gen.
■da Caz. Real Portug. Tom. 9. liv. 8. pag.
47. e nas Mem. HiJi. e Gen. dos Grand. de Por-
Jííg. p. 43. Padre Lourenço de Aguilar Pa-
negyr. ad Joan. Roder. Sá MeneJ.
Quid prius admirer? maffta num mentis
acumen,
Et quas ingenio felici ampleãitur artes?
Quis luitio Procerum Jermone potentior? ec
quis
Ad Jophiam incubuit tantus? dum no/cere
rerum
Fejlinat caufas, naturaque ahdita quarit.
llle fovet Mu/as, docios colit: ille poetas
Profequitur donis, illi mea carmina cura.
Efcreveo, e publicou com o nome de Vi-
cente Soares de Gufmaõ feu particular
amigo.
Ultimas Acçoens delRey D. loaõ IV. Nojfo
Senhor Lisboa Na Officina Crasbeckiana.
1657. 4.
EJogio Funeral do Príncipe D. Theo-
dofio , relação das exéquias, e lutos com que
Jentio fua morte loaÕ Rodrigues de Sã Con-
de de Penaguião Camareiro mór <á'c. dos
Confelhos de EJlado, e Guerra, Embaxa-
Jor Extraordinário a Inglaterra. Londres
1653. 4. Sahio em nome de hum feu
■Criado. Defta obra compofta pelo Conde
de Penaguião extrahio o P. Manoel Luiz
•da Companhia de lefus noticias para a
Vida que efcreveo do Príncipe D. Theo-
-dozio como elle confeíTa no Prologo delia,
n. 16.
Duas Cartas ejcrita a primeira a El-
Rrf D. loaÕ o 4. e a fegunda ao Príncipe
D. Theodo!(io em zS de lulho de 1650. Sahi-
raõ impreíTas em a obra intitulada Domus
.Sádica compofta pelo grande P. Fr. Fran-
cifco de Santo Agoftinho Macedo, e por
cUe mefmo traduzidas em Latim defde pag.
123. até 125.
Conjíderaçoens fobre o Pfalmo Miferere mei
Deus. M. S.
Ócio do Conde Camareiro môr deàica-
Jo ao SereniJJimo D. Affonfo VI. Rey de
Portugal. Efla obra em que formava
a idea de hum Príncipe perfeito con-
firmada com exemplos dos Reys de Por-
tugal foy efcrita em o lugar de Que-
lús diftante huma legoa de Lisboa eftan-
do convalecendo o author de huma fe-
rida.
Votos do Concelho de EJlado defde i-/ de Se-
tembro de 1654. até 2. de Março de 1656. M. S.
Todas eftas obras fe confervaõ na Livraria do
Excellentilfimo Marquez de Abrantes bifneto
do Author.
Arte Francesa ejcrita para feus filhos.
8. Delia confervava grande parte fua fi-
lha D. Filippa de Vilhena Condefla de
Figueiró.
lOAÕ RODRIGUES DE SA», E ME-
NEZES Commendador de S. Pedro de
Folgofinho em a Ordem de Chrifto na-
tural de Lisboa filho de Conftantino de
Sá, e Noronha de quem fe fez merecida
lembrança em feu lugar, e de D. Luiza
da Sylva filha de Duarte de Mello da
Sylva fexto Senhor de Povolide, e Caf-
tro verde, e de D. Margarida de Men-
donça filha de D. Duarte da Cofta Ar-
meiro mòr do Reyno, e Governador do
Brazil. Foy difcreto, urbano, valerofo, e
taõ infigne alumno da efcola de Palias,
como de Minerva. Teve os poftos de
Capitão mòr das Náos da índia, c de
Governador do Caftello de S. Filippc em
Setúbal. Falleceo a 27 de Dezembro de
1682. laz fepultado em o Real Convento
de Santa Maria de Belém. Efcreveo.
Rebelion de Ceylan, y los pro^effos de
Ju conquijia en el goviemo de D. Conftan-
tino de Sã, y Norona fu padre. Lisboa
por António Crasbeeck de Mello. 1681. 4.
Delle fazem mençaõ D. Luiz Salaz.
y Caftr. Hift. Gen. da Cav^. de Sylv. Part.
2. liv. 12. cap. 23. e o moderno addi-
cionador da Bib. Oríent. de António de
Leaõ Tom. i. Tit. 3. col. 72.
Fr. lOAÕ DO SACRAMENTO cha-
mado no feculo loaõ Ribeiro naceo em
Lisboa onde fendo virtuofamente edu-
cado por feus Pays António Ribeiro, c
Maria Ribeira abraçou o auftero inftitu-
to de Carmelita Defcalfo cm o Conven-
to pátrio de Noífa Senhora dos Reme-
L USITAN A,
745
dios a 5 de Novembro de 1684. com o
nome de Fr. loaõ dos Santos que mu-
dou em o do Sacramento quando folem-
nemente profeíTou a 11 de Novembro de
1685. Eftudou Artes em o Collegio de
Figueiró, e Theologia em o de Coim-
bra em cujas Faculdades excedeo aos con-
difcipulos, competio com os Meftres prin-
cipalmente quando as diâou pelo efpaço
de doze annos em o Collegio de Coim-
bra com igual fubtileza que profundida-
de. O aplauzo, que conciliou nas Ca-
deiras, fe augmentou em os Púlpitos fen-
do hum dos celebres Pregadores que ou-
vio a Univeríidade de Coimbra, e a Cor-
te de Lisboa com admiração. Como o
feu engenho era de fuperior esfera o ele-
geo a Provinda para feu Chroniíla cuja
incumbência dezempenhou com exceíTo de
toda a expeétaçaõ publicando
Chronica de Carmelitas Defcalfos particular
da Provinda de S. Filippe do Keyno de Portugal,
e fuás Conquifias. Tomo 2. Lisboa na Offidna
Ferreiriana. 1721. foi.
Obrigado de graviíTimas cauzas paíTou
no anno de 1728. com faculdade Pontifí-
cia para o Carmo Calçado onde leyo Theo-
logia Moral. Eftando hofpede no Conven-
to dos Religiofos de S. loaõ de Deos def-
ta Corte fe fentio acometido de huma taõ
grave infermidade, que entendendo fer a
ultima mandou chamar ao Prior do Con-
vento dos Remédios Fr. André do Sacra-
mento onde nacera para Deos, e lhe re-
comendou pediífe da fua parte perdaõ a
fua reformada Província do efcandalo que
lhe cauzara quando deixou a fua primeira
vocação. Recebidos os Sacramentos com
fumma piedade falleceo a 28 de Março de
1737. O feu Cadáver foy conduzido pelos
feus Religiofos ao Convento do Carmo.
Delle faz diíUnta memoria Fr. Martial a
S. loan. Baptiíla. Biblioth. Script. Carm.
Excalc. p. 251. Compoz.
Carta efcrita a 10 de Fevereiro de 1729.
ao P. Fr. SimaÕ António de Santa Catherina
em aplaudo da Relação Métrica que compoa^ das
Jokmnijfimas Fefias que o Convento do Carmo
de Lisboa dedicou na Canonização de SaÕ loaõ da
Cru:^, Sahio no principio defta obra Lis-
boa na Patriarchal Officina da Muíica
1729. 4.
Tinha promptos para a impreflaõ no
tempo que afliftio entre os Carmelitas Def-
calços.
Sermoens Vários. 3. Tom.
Os quais naõ fahiraõ à luz publica por
naõ querer emendar hum reparo que lhe
fez hum Revifor da Ordem.
Fr. lOAÕ DO SACRAMENTO MON-
TE ALVERNE. Naceo em a Qdade do
Porto a 20 de Agoílo de 1673. e fendo
educado virtuofamente por feus Pays loaõ
Rodrigues Porto, e Izabel da Cunha, e
ter aprendido a Hngvia Latina, e huma-
nidades recebeo o habito de Menor no
recoleto Convento de Noíía Senhora da
Conceição de Matozinhos da Provinda
de Portugal a 24 de Abril de 1692.
e profeíTou a 25 do dito mez do anno
feguinte. Eftudou as fdendas feveras com
aplicação de que refultou padecer grande
diminuição na faude por cuja cauza naõ
feguio as Cadeiras, e fe dedicou ao mi-
nifterio de Pregador em que tem alcan-
çado fama, de cujo argumento publicou
quando era ComiíTario da Ordem Ter-
ceira em a VUla de Penacova.
Sermão nas Exéquias do ExcellentiJJimo
Duque D. Nuno Alvares Pereira de Mello
celebradas em 24 de Fevereiro de 1727. na
Igreja Matri^ da Villa de Penacova. Lis-
boa na Officina da Muíica. 1730. foi.
Sahio nas Ultimas Açoens do Duque def-
de pag. 93. até 106. onde eítaõ duas
Cartas do mefmo Fr. loaõ do Sacramen-
to efcritas de Penacova; a primeira a 17
de Março, e a fegimda a 5 de Mayo
de 1727 ao Duque D. layme. O Ser-
mão fahio fegunda vez impreíTo. Coim-
bra por Manoel Carvalho 1727. 4.
Vida de D. Maria de Nápoles Terceira
de S. Francijco. 4. M. S. Confervafe na
maõ do Author.
Relaçoens das Congregaçoens da Ven. Or-
dem Terceira da Penitencia de S. Francijco
fundadas na Provinda da Beyra. M. S.
74Ó BIBLIO
lOAÕ DE SALDANHA DE ALBU-
QUERQUE DE MATTOS COUTINHO,
E NORONHA Alcayde mòr de Soure
Commendador das GDmmendas de NoíTa
Senhora da GDnceiçaõ da Savacheira, S.
Thomé de Alencarcas, e S. Martinho de
Lagares da Ordem de Chriílo naceo em
Lisboa onde teve por Progenitores a Ay-
res de Saldanha de Albuquerque Aclama-
dor da Mageftade de D. loaõ o IV. e
Meftre de Campo na batalha do Montijo
onde a 26 de Mayo de 1644. perdeo
valerofamente a vida em obfequio da pá-
tria, e a D. Izabel da Sylva irmãa de
feu cunhado loaõ Saldanha da Gama, e
filha de LuÍ2 de Saldanha Commendador
de Alcains, e Salvaterra, Vedor da Caza
da Raynha D. Luiza Francifca de Guf-
maõ. Aplicou-fe na primeira idade ao ef-
tudo das fciencias em a Univerfidade de
Coimbra, mas querendo feguir os veíligios
dos feus Mayores preferio a Aula de Mar-
te à paleílra de Minerva onde fendo Ca-
pitão de Cavallos na Provincia do Alentejo
moftrou em repetidos combates o bellicofo
íangue, que lhe animava as veas fendo
em hum priíioneiro pelos Caílelhanos no
anno de 1667. Por fer dotado de fumma
madureza exercitou os lugares de Deputado
da lunta dos Três Eílados, Governador,
e Capitão General da Ilha Terceira, e da
Praça de Mazagaõ, Vedor da Caza da Se-
reni/Tima Raynha D. Mariana de Auíbda,
Confelheiro de Guerra, Tenente General da
Artilharia, e Prezidente do Senado de
Lisboa. Foy cazado com D. Catharina
de Noronha Dama da Raynha D. Ma-
ria Francifca Izabel de Saboya filha de
D. Pedro Coutinho Commendador de Al-
mourol, e de D. Mariana de Noronha
de quem teve a Ayres de Saldanha de
Albuquerque Coronel, e Brigadeiro de In-
fantaria, Governador, e Capitão General
do Rio de Janeiro, e Gentilhomem da
Camará do Senhor Infante D. António:
D. Mariana de Noronha Dama da Ray-
nha D. Maria Sofia, que cazando com
loaõ Pedro de Saldanha Morgado de
Oliveira naõ deixou fuceíTaõ; e D. Iza-
bel da Sylva Dama da mefma Raynha,
THE CA
que morteo fem eftado. Falleceo em ida-
de proveda em a Villa de Santarém a
10 de Setembro de de 1752. laz enter-
rado na fua Capella do Menino Icfus
dos Milagres fituada em o Convento de
S. Domingos da mefma Villa. Foy mui-
to verfado na liçaõ da Hiftoria, e foube
com perfeição a lingua Franceza da qual
por infinuaçaõ delRey D. Pedro II. tra-
duzio em a materna fem declarar o feu
nome.
Kecopilaçaõ de remédios e/colhidos de Ma-
dama Fouquet fáceis, domefticos, experimen-
tados, e aprovados para toda a forte de
males internos, e externos, e difíceis de curar
para alivio dos pobres. Qiànta imprejfaõ au-
gmentada de quantidade de fegredos, emenda-
da, e pofta em melhor ordem, que as im-
prejfoens precedentes muito útil para toda a
forte de familias, que podem fa:(er efles re-
médios com pouco cufio. i. e 2. ^arte. Lis-
boa por Miguel Manefcal ImpreíTor do
Santo Ofíicio, e da SerenifiTima Caza de
Bragança. 171 2. 8. Poílo que diga 5.
ImpreíTaõ, he a i. em Portuguez, e as
quatro que lhe precederão, em Franccz.
Terceira Parte da Kecopilaçaõ dos Remédios
ef colhidos, e recolhidos por ordem da caritativa, il-
lufire, e piedofa Madama Fouquet para confolaçaõ
dos pobres enfermos com bum regimento de vida
para cada compreiçaô e para cada achaque, e
hum Tratado do Lejte. Lisboa por António
Manefcal Livreiro de S. Mageílade, e de fuás
Altezas. 17 14. 8.
k
lOAÕ SALGADO DE ARAÚJO natu- *
ral da Villa de Monçaõ em o Arcebifpado
de Braga Doutor em Direito Pontifício pela
Univerfidade de Coimbra, Prothonotario Apof-
tolico, Confervador da Religião de Malta,
Abbade da Igreja de S. Lourenço de
Souro Pirez donde paíTou para a de S.
Martinho de Pêra em o Bifpado de Vi-
feu no anno de 1644. e ultimamente de
Villanova de Fofcoa deixando em todas
eílas Parochias faudofas memorias di fua
vigilância paíloral. Cultivou com indefef-
fa aplicação o eíludo da Hiftoria, c Ge-
nealogia fendo o feu mayor empenho
narrar os gloriofos fuccflòs, que as Armas
L USITAN A.
747
Portuguezas alcançarão no feliz tempo em
que foy exaltado ao trono de Portugal
o SereniíTimo Rey D. loaõ o IV. e de-
fender a juftiça deíla cauza contra a am-
bição Caftelhana. Vir varia leãionis o in-
titula loan. Soar. de Brit. Theatr. Lnjit.
Utter. lit. I. n. 72. Perfona de muchas le-
tras por Manoel de Faria, e Souza Vid.
de Camoens no princip. do Coment. das
Lufiad. §. 4. y doão, y t^elofo efcritor. no
Coment. das "Lufiad. Eftanc. 29. de engenho
agudo, e animo atrevido por D, Francifco
Manoel Epanaph. de Var. Hifi. p. 102.
dofffís por António de Souza de Maced
Lufit. Liber. Proaem i. §. i. n. 6. e
ertiditus Prosem. 2. cap. 7 erudito por D.
António Caetano de Souza Apparat. á
Hifi. Gen. da Ca^. Real Portug. p. 87. §.
80. Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. p.
594. col. I. Franckenau Bib. Hifp. Gen.
Herald, p. 240. Compoz
Ley Regia de Portugal i. Part. Ma-
drid por luan Delgado 1627. 4. He hu-
ma Idea de hum Príncipe Perfeito con-
firmada com exemplos dos Reys de Por-
tugal.
Summario de la Família lllufirijfima de Vaf-
conceilos hifioriada, y con eloffos. Madrid por
luan Sanches. 1638. 4.
Marte Portuguev^ contra emulanones Caf-
tellanas, o lufiificaciones de las Armas delRey
de Portugal contra Cafiilla. Lisboa por Lou-
rèço de Anveres. 1642. 4.
Carta que un Cavallero Bifcaiiio ejcrevio en dif-
curfos políticos, y militares a otro delReyno de Na-
varra en repuefia de averle conjultado fobre la
jufiificacion de las Armas auxiliares Aragonesas
Navarras,y Bijcainas por Cafiilla contra el Prin-
cipado de Cataluna : y le dà cuenta dei efiado que
tienen las Portuguesas, y abonando con graves do-
cumentos fu Jufiificacion eng-adece Ju Valor. Lis-
boa por Paulo Craesbeeck. ImpreíTor de las
Três Ordenes ívlilitares. 1643. 4.
Suceffos Viãoriofos dei exercito de Alentejo <&c.
Relacion Summaria de lo que por mar, y tierra
obraron las armas Portuguesas contra Cafiilla el
ano 1643. Lisboa por Lourenço de Anveres.
1643. 4-
Suceffos militares das Armas Portuguesas
em fuás fronteiras depois da Real Aclamação con-
tra Cafiella com a Geografia das Provindas, e
nobres^ delias. Lisboa por Paulo Crasbeeck.
1644. 4.
Memorial, informacion, y defenfion Apologé-
tico dei Patronato de Ff pana por el Apofiol. S.
Tiago. Salamanca. 1629. foi. A efta obra,
de que faz mençaõ o Padre D. Manoel Cae-
tano de Souza Exped. Hifp. D. Jacob. Tom. 2.
p. 1325. §. 368. aplaude Manoel Faria, e Souza
em o Soneto 99. da Centur. 4. da Fuente de
Aganip. o qual finaliza.
Quando en punto, que a nuefira Ffpana im-
porta
Una pluma esgrimis tambien cortada
Que el Patron la corto, gran lus me ex
horta.
Pues fi efcriviendo hiris, nò dtido nada.
Que el con fu efpada vuefira pluma corta,
Y que vos vays cortando con fu efpada.
Que los efiatutos de Portugal Jurados por
fu Magefiad nò impiden las Juntas, que fe
hasen en efia Corte de Miniftros Cafielhanos
fobre pretenciones , pleitos, y causas de aquel
Reyno. foi. fem lugar nem nome do im-
preíTor. Saõ duas folhas que vimos.
Nobiliário das Casas nobres de Galiso-
M. S. Deíla obra fazem memoria Faria,
e Souza. Vid. de Cam. §. 4. Marquez
de Montebello Memoria da fua Famil. p.
37. à margem Fr. Filippe de Gandara
Triumf. de Galis- foi. 221. e 308. e na
foi. 489. afíirma que a lera, e nella
tratava feu Author da Familia dos Sal-
gados.
De Primatu EccleJia Bracharenfis. M. S.
Deíla obra o faz author o Licenciado lorge
Cardozo Agiol. L,ufit. Tom. 2. p. 727 no Com-
ment. de 26 de Abril letr. A.
Do Sacrificio da Mi ff a. M. S. Deíla obra
faz mençaõ loaõ Franco Barreto Bib. Portug.
M. S.
Fr. lOAÕ DE SAHAGUM natural
da Villa de Cea da Comarca da Guar-
da, e do Bifpado de Coimbra em a Pro-
vinda da Beira onde teve por Pays a
Pedro Gomes de Abreu, e D. Maria de
Caibro defcendentes de famílias nobres.
748
BIBLIO THE CA
Profcflbu o fagrado inílituto de Erimita de
Santo Agoftinho em o Real Q)nvento da Gra-
ça de Lisboa a 23 de lunho de 161 5. A fua
literatura o fez jubilar na Sagrada Theologia,
c a fua prudenda o elevou ao lugar de Pro-
vincial em o anno de 1670. Falleceo no Con-
vento de Lisboa a 51 de lunho de 1682. Ef-
creveo
Conceitos Efcriturarios. 3. Tom. 4. M. S.
Confervaõ-fe na Livraria do Convento da
Graça defta Corte.
Fr. lOAÕ DOS SANTOS natural da
Gdade de Évora, e filho de Barthola-
meu Fernandes Cidadão da mefma Gda-
de, e de Beatriz Ferreira. Na idade da
adolefcencia entrou na Ordem dos Pre-
gadores profeflando folemnemente em o
Convento pátrio a 5 de Novembro de
1584. onde depois de frequentar as efcolas
com grande fruto da fua eftudiofa aplica-
ção inflamado com o zelo de diffipar as
fombras da Gentilidade Oriental com as
luzes do Evangelho partio para a índia
com beneplácito dos Superiores, e chegan-
do a Moçambique foy chamado por Fr.
loaõ Madeira para feu companheiro em a
cultura daquella vaíla vinha onde em o
efpaço de onze annos difcorrendo pelos
rios de Cuama, Tete, e Sena bautizou in-
numeraveis gentios, extinguio efcandalozos
abuzos, edificou Seminários para Neófitos,
c Conventos para Miniílros Evangélicos.
Reílituido ao Reyno no anno de 1607.
foy mandado pelo Confelho de Portugal
partir fegunda vez àquella Regiaõ para
continuar os progreíTos da Chriftandade,
que com fervorofo zelo tinha promovido,
e como naõ havia inílante, que perdefle
de tempo ocupava aquelle, que reílava
da iníbruçaõ dos Gentios em fazer patentes
com a penna as noticias das terras, que
foraõ theatro dos feus apoftolicos minif-
terios. Ultimamente em o Convento de
Goa, para onde tinha paliado no anno de
1622. falleceo com faudade dos feus com-
panheiros dos quais fervio de exemplar na
obfervancia do inílituto, e auíleridade de
vida. Fazem delle honorifica memoria Fa-
ria Ai(ia Portug. Tom. 3. Part. 3. cap. 10. n. 8.
Echard. Script. Ord. Prad. Tom. 2. pag. 427.
col. 2. Fernandes H(/?. Ecc/ef. de nuejir. Tiemp.
liv. 2. cap. 16. Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom.
I. pag. 595. col. 2. Monteiro Clauftr. Domin.
Tom. 3. pag. 239. loan. Soar. de Brit. Theatr.
"Lufit. Utter. lit. L n. 74. Guerreiro Addic.
às Kelac. da Etiop. do anno de 1606. e 1607.
cap. I. foi. 268. verf. Ant. de Leaõ Bib. Orimt.
Tit. 12. Fonceca jEfor. Glorio/, pag. 412. Com-
poz.
Etbiopia Oriental, e varia bijloria de coufas
notáveis do Oriente, em que Je dà relação dos princi-
paes Keynos defia larga ReffaÕ, dos cujlumes,
ritos, e abut(ps de feus habitadores, dos animaes,
bichos, e feras, que nellas fe criaÕ, de fuás
minas, e cout^as notáveis, que tem ajftm no mar
como na terra, de varias guerras, e vitorias injigrus,
que ouve em nojfos tempos nejlas partes entre Cbrif-
tãos. Mouros, e Gentios, i. e z. Parte. Évo-
ra por Manoel de Lyra. 1609. foi. Sa-
hio traduzida abreviadamente na lingua
Franceza pelo Padre D. Caetano Charpy
Clérigo Regular Theatino com o titulo
feguinte.
Hijloire dei' Etiopie Oriental traduite de
Portugais de K. P. lean dos Santos reli-
gieux dei' Ordre de S. Dominique. Pariz.
1684. 12. e 1688. 12.
Commentarios da RegiaÕ dos Rios de Cua-
ma. M. S. Efta obra deu o Author a
António Bocarro Chroniíla mòr da ín-
dia como elle confeíTa nas fuás Décadas.
Relação do Defcubrimento das Minas da
prata da Chicova efcrita em o anno de
161 8. M. S. Dedicada a D. Duarte Mar-
quez de Flexilla a quem dedicara a fua
Etiópia.
lOAÕ SARDINHA MIMOSO natural da
Villa de Setuval, e Abbade da Igreja de Santa
Maria de Meixedo em o Arcebifpado de Braga,
muito erudito nas letras humanas, e nas lín-
guas Latina, e Caílelhana. Falleceo cm
Lisboa a 14 de Novembro de 1644 e
jaz fepultado na Caza profeíía de S. Ro-
que. Delle fe lembraõ loan. Soar. de Bri-
to Theatr. Lufit. Utter. lit. I. n. 76. Ni-
col. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 596. col. 2.
e o moderno addicionador de António de
L USITAN A,
749
l^aò na Bib. Orienf. Tom. i. Tit. 3. col.
54. Compoz.
Kelacion de la real Tragicomedia con que los
Padres de la Compania de Jefus en fu Collegio
de S. Anton de 'Lisboa recebieron la Magejlad Ca-
tholica de Filipe 11. de Portugal, y de Ju entrada
en ejle Rejno con lo que fe hi^o en las Villas, y
Ciudaàes en que entro. Lisboa por lorge Ro-
driguez 1620. 4.
Eíla Tragicomedia compoíla pelo Padre
/\ntonio de Souza da Companhia de lefus
em verfo latino, do qual fe fez mençaõ
em feu lugar foy a mais magnifica, que
admirou aquella idade por conftar de finco
Aétos em que reprezentáraõ trezentas, e
íincoenta figuras preciofamente ornadas além
de quarenta figuras de animaes. Aves, e
Monftros marinhos, que appareceraõ no
Theatro. O Argumento foy o defcubrimento
da índia pelo incomparável Rey D. Ma-
noel.
lOAÕ SARRAM natural da Cidade de
Tavira em o Reyno do Algarve infigne
profeíTor de Medecina por cuja arte o ele-
geo para feu Medico o Duque de Aveiro
D. loaõ de Lencaílre a quem dedicou a
feguinte obra, que acabou quando contava
70 annos de idade, e nella confumio fm-
coenta de eíludo intitulando-a.
Mofaica Filojofia.
Nella fegue com graves fundamentos
naõ haver mais, que dous elementos on-
de interpreta com erudição, e engenho
muitos textos do livro do Genefis. Ef-
tava prompta para a impreíTaõ no anno
de 1602.
lOAÕ SARRAM natural de Lisboa onde
aprendidos os preceitos Gramaticaes paíTou
à Univerfidade de Coimbra, e nella fe graduou
em os Sagrados Cânones dos quais teve taõ
vafta, e profunda intelligencia, que fendo
Prothonotario Apoftolico, e Prior da Paro-
chial Igreja de S. Thome de Lisboa exerci-
tou o lugar de Vigário Geral do Arcibif-
pado UlyíTiponêfe com igual credito da fua
integridade, como fama da fua litteratura.
Falleceo na pátria em idade muito provec-
ta a 13 de Fevereiro de 1697. laz fepul-
tado na Caza profeíTa de S. Roque dos
Padres Jezuitas deixando toda a fua fa-
zenda, que era copiofa para a fabrica
de hum Collegio de ^'liírionarios para a
índia, que fe edificou no lugar de Ar-
royos fuburbio da Cidade de Lisboa. Com-
poz.
DefenfaÕ do Kalendario da Ket^a do anno de
1661. Lisboa por Henrique Valente de Oli-
veira. 1662. 4.
Kepertorio das Conjlituiçoens novas do Arce-
bijpado de Lisboa. Lisboa na Officina Craes-
beeckiana. 1664. foi.
Fr. lOAÕ DE SEYXAS natural da
Gdade de Vifeu Monge Ciílercienfe cujo
habito fendo de quinze annos recebeo
no Convento de Santa Maria de Salce-
das em o anno de 1627. onde aprendeo,
e diâou as fciencias Efcholaílicas até fer
admetido ao numero dos Doutores Theo-
logos merecendo univerfal refpeito pela
gravidade de fua peíToa, e obfervancia do
feu religiofo inftituto. Depois de fer Ab-
bade do Collegio de S. Bernardo de Coim-
bra em o anno de 165 1, e de Santa Ma-
ria de Salcedas em 1657. foy Secretario do
Geral Fr. Gabriel de Almeyda donde fu-
bio á Mitra do Funchal. Ao tempo, que
fegunda vez governava o Convento de Sal-
cedas foy mandado no anno de 1663. pela
Mageílade delRey D. AíFonfo VI. a pro-
curar a confirmação dos Bifpos defte Rey-
no da Santidade de Alexandre VIL de
quem recebeo particulares eftimaçoens dan-
do-lhe duas medalhas, huma de ouro, e
outra de prata com grandes indulgências.
Reílitmdo a Portugal foy eleito Vizitador
Geral da fua Congregação em o anno
de 1666. e depois Abbade de Nofla Se-
nhora do Defterro em Lisboa onde aca-
bou a vida caduca para começar a eter-
na a 20 de Agofto confagrado ao feu
Mellifluo Patriarcha de 1674. Tinha com-
pofto, e preparado para a impreíTaõ hum
grande volume de folha.
In Primam Partem D. Thoma o qual levou
com a mayor parte da fua Livraria para Goa
o Arcebifpo defta Cidade D. Fr. António
Brandão Monge Ciítercienfe.
jSo
BIBLIO THECA
D. Fr. lOAÕ SEYXAS DA FON-
CECA. Naceo em a Cidade de S. Sebaf-
tiaõ Capital do Rio de Janeiro a 6. de
Mayo de 1681. fendo filho de Francifco
de Seixas da Fonceca, c de Maria da Ro-
cha Fiufa. No Convento da Bahia recebeo
a cogulla monaílica do Príncipe dos Pa-
triarchas S. Bento onde eíludou as fcien-
cias feveras com tanto difvelo, que fendo
difcipulo parecia Meílre. Paflando à Corte
de Roma conciliou com a urbanidade do
feu génio, e madureza do feu talento o
affefto do Summo Pontífice Clemente XII.
que querendo premiar os feus merecimen-
tos o creou Bifpo de Areopoli no Confif-
torio de 28 de Setembro de 1735. em cuja
dignidade foy fagrado em a Igreja de San-
to António dos Portuguezes pelo Cardial
loaõ António Guadanhi fobrinho do dito
Pontífice. AfiíUndo em Florença eftampou
hum livro de Sonatas de Cravo, que de-
dicou ao Sereniífimo Senhor Infante D.
António em a língua Italiana da qual tra-
duzio em a materna.
Giro do Mundo compojlo por Gimelii. Tomo
primeiro. M. S. 4. Continua na tradução dos
feguintes.
D. lOAÕ DA SYLVA IV. Conde de
Portalegre naceo em a Gdade de Toledo no
anno de 1528. fendo filho de D. Manrique
da Sylva Commendador de Guadalerça na
Ordem de Calatrava, Regedor de Toledo,
Meílre Sala da Emperatriz D. Izabel, e de
Filippe II. e de D. Brites da Sylveira, que de
Portugal paíTou por Dama da Emperatriz
D. Izabel quando fe foy defpozar com Car-
los V. filha de Martim da Sylveira Se-
nhor de Terena, e de D. Caterina de
Azambuja, que teve por Pays a Diogo
de Azambuja Commendador de Cabeço de
Vide, primeiro Capitão, e Conquiílador
de Safim, do Confelho dos SereniíTimos
Reys D. loaõ o II. e D. Manoel, e a
D. Leonor Botelho. Da fecunda arvore dos
Sylvas foy efte Heroe pompofo ramo,
que ferve de ornato a Bibliotheca Lu-
íitana por nacer de Mãy Portugueza. No
primeiro crepufculo da idade deu claros
argumentos de talento perfpicas para com-
prehender as fciencias natural inclinação
para cultivar as Muías, c prudente juizo
para exercitar os mayores lugares aflim
militares, como políticos. Depois de fer
Gentilhomem da boca de Filippe Pru-
dente, e de feu filho o Príncipe D. Car-
los, e militar algum tempo em a Praça de
Oraõ foy mandado por aquelle Monarcha
com o caraéler de Embaxador Ordinário à
Mageílade delRey D. Sebaíliaõ de quem
recebeo eílimaçoens dignas da reprezenta-
çaõ da fua peflba. A efte Príncipe acom-
panhou na jornada, que fez ao Santuário
de Guadalupe onde fe aviftou com feu
Tio FeUppe fegundo, e aíTiílio na infeliz
batalha de Alcafer com D. Theodozio Du-
que de Barcellos da qual fahio ferido de
huma bala em o braço efquerdo, que lhe
ficou para fempre lezo. ReíUtuido à li-
berdade como tivefle formado huma Junta
Filippe Prudente para fe tratar da fuceffaò
de Portugal, a qual fe compunha do Car-
dial D. Gafpar de Quiroga Arcebifpo de
Toledo, D. Luiz Fernandes Manrique IV.
Marquez de Aguilar, e D. António de
Menezes, e Padilha Prefidente de Ordens,
foy D. loaõ da Sylva nomeado entre taõ
graves Miniíbros onde moílrou as prudentes
máximas do feu juizo. Refoluto Filippe a
paíTar armado a Portugal em o anno de
1580. o acompanhou já com o titulo de
Conde de Portalegre, que herdara por mor-
te de D. Álvaro da Sylva avò de fua mu-
lher, e juntamente o honorifico lugar de
Mordomo mòr dos Reys de Portugal com
o qual aífiílio em as Cortes celebradas cm
a Villa de Thomar no anno de 1581.
Querendo aquelle Monarcha, que fucedeíTe
ao Duque de Medina, e Sidónia em o go-
verno do Eftado de Milaõ, c naõ fc efFei-
tuando, o nomeou Prefidente do Confelho
de Ordens de Caftella de cujo emprego fc
efcuzou ao Secretario Matheos Vafqucz
com o pretexto de fer aquella incumbência
totalmente contraria ao feu génio. Sendo
Commendatario da Obraria em a Ordem
de Calatrava, e Capitão General de Por-
tugal com jurifdiçaõ em as Ilhas nos
AíTores, como o Archiduque Cardeal Al-
berto paflaííc do governo de Portugal
LUSITANA.
para o dos Paizes Baixos, refoluto Fi-
lippe Prudente à imitação de que tinhaõ
feito D. Sebaíliaõ, e D. Henrique no-
mear íinco Governadores para tratar de
todos os negócios pertencentes a Portu-
gal, e entre os quatro, que eraõ D. Mi-
guel de Caftro Arcebifpo de Lisboa, D.
Francifco Mafcarenhas Conde de Santa
Cruz, D. Duarte de Caftello-branco Con-
de do Sabugal Meirinho mòr do Reyno,
e Miguel de Moura Efcrivaõ da Puri-
dade foy eleito o Conde de Portalegre,
que entre Varoens taõ illuftres por Tan-
gue, e prudência fe diftinguio pela fua
grande capacidade. Dezejando acabar tran-
quillamente a vida, e preparar-fe para a
eternidade deixou todos os lugares, e re-
tirado a Toledo lhe fervio de tumulo o
feu mefmo berço fallecendo nefta Cidade
no anno de 1601. Foy cazado com D. Fi-
lippa da Sylva Condefla proprietária de
Portalegre, Senhora das Villas de Gouvea, S.
Romaõ Moymenta, Valerim, e das Ilhas de
S. Nicoláo, e S. Vicente filha única de D. loaõ
da Sylva, e Neta de D. Álvaro da Sylva III.
Conde de Portalegre Mordomo mòr da Caza
Real de Portugal, e do Confelho de Eftado, de
cujo conforcio naceraõ D. Diogo da Sylva
V. Conde de Portalegre: D. Manrique da
Sylva 6. Conde de Portalegre, primeiro
Marquez de Gouvea Mordomo mòr da
Caza Real; e Confelheiro de Eftado: D.
Álvaro da Sylva Commendador de Tor-
ro va da Ordem de Calatrava: D. loaõ
da Sylva Capellaõ mòr delRey Filippe
III. e do Confelho Geral do Santo Of-
ficio; e D. Filippe da Sylva Commenda-
dor de Terrova Gentilhomem da Camará
de Filippe IV. Vicerey, e Capitão Gene-
ral de Catalunha. Foy inftruido em todo
o género de erudição, e muito elegante,
e difcreto na Poeíia vulgar fendo hum
dos principaes collegas da Academia de
que era Preíidente o Duque de Alva D.
Fernando de Toledo. Moftrou igual ani-
mo na profpera, e adverfa fortuna confer-
vando no coração, e no afpefto inalterável
ferenidade ainda com aquelles que lhe eraõ
pouco afeâos. Regulou as máximas politicas
pelos diéíames Evangélicos. Foy igualmente
75 1
religiofo para com Deos, como fiel pa-
ra o feu Príncipe. Das virtudes de que
fe ornou o feu efpirito, faõ illuftres pre-
goeiros Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i.
p. 597. col. I. fnagni ingenii, perfeãijftma
eloquentics , folertis Judicii, miraque in expo-
nendis coram, aut per litteras animi fenfibus,
prudentia, <& urhanitatis fama clarus. Maíleo
Vit. dei P. Soar. cap. 22. Nulla meno
tnjigne per V ampiev^a de Juoi ftati, che per
la Juhlimità de Juoi talenti lufto Lypfius
Bpift. Cent. ad Ítalos et Hifpan. Epift. 8.
ad Antonium Covarruvias efcrita em Lo-
vaina a 13 de Outubro de 1592. lllud
in litteris tuis et novum, et jucundijftmum
de Viro Príncipe loanne Sylva Comité Por-
talegrenfi: quem non amicum foliim litterís,
fed etiam nobis Jignificas, rarum in illuftri-
hus illis hodie bonum. Atque is, quod meãs
etiam ad te miferit, quàm me devinxit} Si
ocafio eft, fignifica: et non morís dicis que
caufa, fed ex pedtore, peEtus hoc illi dona.
Salazar, y Caftr. Hifl. Gen. de la Ca^.
de Sylva liv. 4. cap. 16. Tuvo gran cono-
cimiento de las Cofas de la antiguidad, y
trato la lengua Cajlellana con mayor dulçura,
y propriedad, que otro de los fabios de fu
tiempo, como fe reconoce por diferentes pape-
ies fuyos que tienen fu nombre, por otros
que Jin el le reconocen por fu author. Mendo-
ça Virídar. Sacr. et prophan. erudit. Ub. 6.
Orat. 20. Surculus mihi videtur hujus fylva fe-
licijfimus IlluJiríJJimus Comes qui à 'L.ufitania
in Hifpaniam propagatus, iterumque ab Hifpa-
nia in L^fitaniam traducíus utrumque folum, et
Hifpanum, et L.ujitanum decoravit: et ficut in-
ter Hifpanos Próceres unus inventus efl, qui
L^gatione apud augujlijfimum Kegem hMfita-
nicB Sebaflianum fungeretur; ita plane di-
gnijfimus inter L.uJitanos Summates extitit,
qui non folum tergeminis, fed quatergeminis
in l^ufitania honoríbus clareret. Nam et Co-
mes fuit Portalegrenfis, et fupremus I^ujitana
militia Prafeãus, <& maximus in domo re-
gia Oeconomus, <& aquijfimus totius Kegni
Gubernator: cujus faãa fingularia libens in
aures darem, nifi adhuc viva, ut recentia om-
nium ob óculos verfarentur. Cabrera Hift. de Fi-
Up. 2. Uv. 13. cap. 5. p. 1125. e cap. 6. p.
II 38. Herrera Conq. de los Ajfor. liv. 3. pag.
B IB LIOTH E CA
752
140. e 141. e na Hijl. Gen. dei mundo. Part. 5.
liv. 10. cap. 23. D. Agoftin. Man. Su-
cef. dei Reyfj. de Portug. foi. 19. Addicio-
nou.
Terceiro livro da Guerra de Granada
efcrita por D. Diogo de Mendoça do
Confelho do Emperador Carlos V. feu
Embaxador em Roma, e Veneza, Gover-
nador, e Capitão General de Tofcana.
Foy publicada eíla addiçaõ por Luiz
Tribaldos de Toledo Chroniíla mór de
índias o qual a foi. 100 da Impreflaõ de Lis-
boa por Giraldo da Vinha 1627. 4. diz. JE/
Conde de Portalegre D. luan da Sylva con Ju
gran jui^o fue quien primero, y aun quien Joio
reparo en que faltava ai fin dejle libro tercero
un huen pedaço de la hiftoria: reparo, y repa-
rola, hav^endo una Epitome de la falta con tanta
gallardia, y modeftia como pudiera el próprio
D. Diego de Mendoça porque en ejie género de
eloquência y en fuma gentilet^a, y cortet^a fue-
ron entre Ji tan parejos quanto fuperiores en
de aquella edad. En poços exemplares fe halla
efia addicion, fi bien dignijfima de que la lean todos.
Nefta Hiftoria acrecentada por D. loaõ da
Sylva eftá impreíTa no principio huma Intro-
dução fua à mefma Hiftoria
Inflruçaõ que fez^ a feu filho D. Diogo
da Sylva quando o mandou para ajfiflir na
Corte. M. S. Paliando defta obra o dif-
creto Lourenço Gracian Criticon Part. i.
Crife II. Aqui ejlá la juii(iofa y grave
inflrucion dei prudente luan de Vega a fu
hijo quando le embiava a la Corte. Realço
ejia mifma inflrucion que nó la comento muy
a lo Senor y Portuguet(j que es quanto de-
:(trfe puede el Conde de Portalegre en feme-
Jante oca:(ion de embiar otro hijo a la Corte.
Es grande obra, dixo el Corte^ano, y fo-
brado grande, pues es folo para grandes Per-
fonages. e Part. 3. Crife 12. Y las hojas
de la Inflrucion, que dió luan da Vega a fu
hijo commentada, 6 realçada por el Conde de
Portalegre.
Cartas efcritas a elKey, Archiduque,
e outros Minijlros fobre matérias politi-
cas. Efcritas em lingua Caftelhana que
chegaõ ao numero de Quarenta. Con-
fervaõfe na Livraria do ExcellentiíTi-
mo Duque de Lafoens que foy do Em-
minentiflimo Cardial de Souza como taõ-
bcm.
Varias Poefias. M. S. Começaõ por cfte
Soneto.
Qtàen eres bombre di ? foy tu bechura.
Para que te he criado^ para amar te &c.
Cartas diverfas efcritas a varias Pef-
foas. M. S. Efte volume confervava com
grande eftimaçaõ D. leronimo Mafca-
renhas Bifpo de Segóvia, como efcreve
Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 597.
col. 1.
Deir Unione dei Regno di Portugallo
a la Corona di Cajiiglia Ifloria. Géno-
va por Girolamo Bartoli 1589. 4. tradu-
zida em Caftelhano pelo Doutor Luiz
de Bavia Capellaõ delRey Catholico em
a Real Capella de Granada. Barcelona
por Sebaftian de Cormellas 1610. 4. Efta
obra que fahio com o nome de leroni-
mo Franchi Coneftagio Cavalleiro Geno-
vez he atribuída por muitos authores a
D. loaõ da Sylva Conde de Portalegre
fendo o mais empenhado nefta opinião
Lourenço Gracian Criticon Part. 2. Crife 4.
fallando das pennas dos Efcritores diz. Las
que parecian de unas aves eran de otras, como
la que pajjó planta dei Coneflagio en la Union
de Portugal con Caflilla, que bien mirada fe halló
no fer fuya, fi nó dei Conde de Portalegre para
deslumbrar la mas atenta prudência.
P. lOAÕ DA SYLVA natural de
Lisboa Coadjutor efpiritual da Compa-
nhia de lESUS onde fe diftinguio aífim
na agudeza do talento, como na obfer-
vancia do Inftituto, fendo prompto em
obedecer, continuo em orar. Ao tempo
que fe ocupava em beneficio dos próximos
faleceo piamente em o Collegio de S. Paulo
de Goa a 31 de Mayo de 1624. Fez colleçaõ
das
Cartas da Provinda de Goa do anno
de 1623. em 11 de Dezembro defte anno.
Sahiraõ traduzidas em Italiano com ou-
tras. Roma por Francifco Corbelleti 1627.
8. defde pag. 243. até 282. Delias £az
mençaõ o moderno addicionador da Bib.
Orient. de Ant. de Lcaõ Tom. i. Tit.
6. col. loi.
I
L V SITAN A,
D. lOAÕ DA SYLVA naceo em a
Qdade de Elvas, e na Parochial Igreja do
Salvador lhe conferio o bautifmo o Li-
cenciado António Gonzalves Vilia Prior
da dita Igreja a 7 de Abril de 1630. A' vir-
tuofa educação de feus illuílres Pays D.
Miguel da Sylva, e D. Maria de Caílro de-
veo o exercício daquellas heróicas açoens,
que foraõ exemplares da Fidalguia Portu-
gueza. Dezejando feu Pay, que feguiíTe
a vida Ecclefiaftica recebeo as primeiras
Ordens de D. Manoel da Cunha Bifpo de
Elvas, porem ou levado dos impulfos do
feu belliciofo génio, ou do fiel aflefto para
a fua Pátria invadida pelas Armas Cafte-
Ihanas preferio a paleftra de Marte à de
IVIinerva Tentando praça de foldado em
o Regimento de que era Meílre de Cam-
po feu Tio Gonçalo Vaz Coutinho onde
paliou a fer Alferes do Meílre. Com eíle
pofto embarcou na Armada, que ElRey
D. loaõ o IV. expedio a favor dos Prínci-
pes Palatinos contra os Parlamentarios, e
voltando ao porto de Lisboa foy feito Ca-
pitão de CavaUos donde paíTou a Comif-
fario Geral de Cavallaria, e depois a Te-
nente General devendo-fe á direção da
fua difciplina militar grande parte das
famofas vitorias das linhas de Elvas, e
Montes claros onde foraõ totalmente def-
baratados os Caftelhanos. Retirado à Vil-
ia de Thomar naõ aceitou os lugares de
Sargento mòr de batalha, e de General da
Cavallaria da Beyra juílificando a repulfa
com a injuítíça da preferencia de quem lhe
era muito inferior em o merecimento. Naõ
foy menos gloriofo o triumfo, que alcan-
çou dos inimigos domeíHcos do que tinha
alcançado dos eílranhos pois armada a ma-
levolencia dos feus emulos o delatou de
inconfidente à Coroa, e violador da honef-
tidade, e da juítiça. No rigorofo exame de
outenta teílemunhas fahio a fua innocencia
taõ juftificada, que foy declarado pelo Procura-
dor da Coroa o mais fiel VaíIaUo de todo
o Reyno, e que foíTe o author daqueUas
acufaçoens caíligado como inimigo da pá-
tria, porem nem o acuzador foy punido,
nem a fidelidade premiada. Entre os do-
tes, de que abundantemente o ornou a na-
48
tureza foy o fublime génio, que teve para
a Poezia Heróica, e Lyrica onde a delica-
defa dos penfamentos competia com a afluên-
cia das vozes. No tempo, que tinha aca-
bado hum Romance profano ouvio huma
muda voz, que intelleftualmente o arguia
de que fendo o feu talento igualmente ca-
paz, para as armas, e para as letras fomente
era inútil para o ferviço de Deos, de cuja
advertência fe fentio taõ penetrado, que
deramou copiofas lagrimas pelo efpaço de
três dias explicando pelos olhos a ingra-
ta correfpondencia dos benefícios, que rece-
bera de feu Criador. Para exercitar a pa-
ciência com os feus emulos aiTiílentes na
Corte deixou o retiro da Villa de Thomar
por confelho dos veneráveis Padres Fr.
António das Chagas, e Bartholameo do
Quental. No Hvro do Officio de NoíTa Se-
nhora, que todos os dias devotamente reci-
tava tinha metido hum papel efcrito da fua
maõ o qual continha elias judiciofas clau-
fulas. Quem di^er hem de mim obra pelos moti-
vos da Charidade, pagarlho-há Deos. Quem
di^er mal de mim obra pelos diãames da jujiiça
agradecerlho hey eu. Por direção do feu Con-
feflbr comungava todas as fegundas, quin-
tas, e fabbados, e fe na femana concorria
algum Santo, ou Myfterio da fua devoção,
repetia taõ religiofo aélo. Todos os dias
fe levantava da cama as três horas da ma-
drugada, e períiília orando mentalmente
até as finco. Cumulado de tantas virtu-
des tolerou com heróica paciência as afli-
çoens da ultima infermidade, e recebidos
os Sacramentos entregou o efpirito ao feu
Criador a 11 de Fevereiro de 171 2. às dez
horas da menhãa quando contava 82 an-
nos de idade. A alegria do afpeâo, e a fle-
xibilidade de todos os membros, que fe
experimentou quando fe lhe veílio o manto
da Ordem militar de Chriílo de que fora
Cavalleiro profeíío, teftemunháraõ com af-
fombro o Arcebifpo Primaz Ruy de Moura
Telles, os Excellentiflimos Condes de Via-
na, e Sarcedas feus Teílamenteiros, e o
feu ConfeíTor declarando, que pelo efpa-
ço de dez annos lhe naõ achara matéria
fuficiente para o abfolver. laz fepultado
na Igreja do Convento da Madre de Deos
754
BIBLIO THE CA
fituado em o fuburbio de Lisboa como dif-
poz no feu Teftamento, e que fofle levado
na tumba dos pobres pelos feus Irmãos Ter-
ceiros de S. Francifco. Fazem da fua pef-
foa honorifica mençaõ D. Luiz de Mene-
zes Conde da Ericeira Portttg. Ke/laur. Tom. 2.
liv. 3. pag. 159. liv. 6. pag. 590. liv. 8. pag.
522. liv. 10. pag. 703. D. Luiz de Salaz.
c Caftr. Hift. Gen. da Car(. de Sylv. Part. 2.
liv. 6. cap. 12. n. 19. e o Doutor Ignacio Bar-
boza Machado meu Irmaõ Fajlos da antig. e
nov. 'L.ufit. Tom. i. pag. 498. Com o affedlado
nome de loaõ Ignacio, e de loaõ Alvares Bo-
telho feu Efcudeiro publicou as feguintes
obras claros Índices da fua religiofa vida.
Officio da Conceição de NoJJa Senhora
fempre Virgem concebida em graça Jem ma-
cula de pecado Original. Lisboa por Mi-
guel Manefcal. 1675. 24. He em Verfo
Portuguez.
Oração para qualquer peffoa de qualquer
ejlado com outro pequeno exercido da Via-Sa-
cra, q fe pode correr cada dia com a conjideraçaõ
em todo o lugar, e ocupação honejla. Lisboa por
Joaõ da Cofta. 1680. 16.
Notas ás Cartas do V. P. Fr. António
das Chagas com ellas impreffas. Lisboa por
Miguel Deslandes 1684. 4.
Aão de Amor de Deos, e conjideraçoens fobre
as Claufulas do Padre Nojfo, Ave Maria, e
Salve Rajnha com humas coplas devotas, e hum
difcurfo breve intitulado Brado interior. Lis-
boa por Miguel Deslandes 1685. 16. Efta
obra foy compofta à inftancia da Madre He-
lena da Cruz religiofa do Convento da Ef-
perança de Lisboa.
Def engano da Conciencia em repofta a N. que
vivia pouco lembrado da eternidade, e de\ Me-
ditaçoens da PayxaÕ de Chrifto Senhor Noffo
ordenadas à Virgem Senhora Nojfa para os
dez f<ibbados def de a Septuagejftma até a Kefur-
reiçaô do Senhor, e hum exercido intitulado.
Doutrina de Chrifto. Lisboa por Domin-
gos Carneiro. 1687. 12. Eflas Meditaçoens
foraõ comportas por petição das religiofas
do Convento da Madre de Deos.
Guerras de Portugal contra Caftela nas quais
ajfiftio. M. S.
De todas as fuás Poezias, que foraõ
excellentes, fe podem formar dous Volu-
mes confervando grande parte delias feu
fobrinho D. Jozé da Sylva Paçanha Ca-
valleiro profeíTo da Ordem de Chrifto das
quais fomente fe publicarão dous Sonetos;
hum no 2. Tom. da Acad. dos Singular, a
pag. 269. e outro na Collec. polit. dos Apo-
them. memor. que fez Pedro Jozé Supico de
Moraes, liv. 2. p. 161.
D. lOAÕ DA SYLVA FERREYRA
natural da Freguezia de Santa Lucrécia
da Ponte do Louro lulgado de Vermoim
termo da Villa de Barcellos em a Provín-
cia do Minho, onde foy regenerado com a
graça bautifmal a 14 de Mayo de i68j. fen-
do filho de loaõ da Sylva, c Maria Ferreira
moradores na fua Quinta de Linhares. Apren-
de© os primeiros rudimentos no CoUegio
dos Meninos Orfaõs da Qdade do Porto,
que fundou o apoftolico Varaõ Balthezar
Guedes. Chegando à idade adulta fe reco-
Iheo à Congregação de Nofla Senhora da
Conceição de Oliveira diftante do Porto huma
pequena legoa onde diftou Artes aos Con-
gregados porem obrigado de urgentes cau-
fas os deixou, e paíTando a Univerfidade
de Coimbra recebeo o gráo de Bacharel
em os Sagrados Cânones merecendo pelo
progreíTo, que nelles fez o feu talento, exer-
citar na Cidade de Braga os lugares de
Dezembargador dos aggravos, luiz Supe-
rintendente da Caza do defpacho. Vigário
Geral do mefmo Arcebifpado, e Cónego
Prebendado em a fua Cathedral em cujos
minifterios unio a profundidade da littera-
tura com a reâa adminiftraçaõ da juftiça.
Atendendo a eftes dotes com que fe ornava
o feu efpirito a Mageftade delRey D. loaõ
o V. o nomeou Deaõ da Capella Real de Villa-
viçofa, e Bifpo Tutelar de Tangere fendo
fagrado pelo EmminentifTimo Cardial Pa-
triarcha D. Thomaz de Almeyda na Santa
Igreja Patriarchal a 9 de Junho de 1745.
em que cahio a Dominga da Santiírima
Trindade. Publicou.
Allegaçoens Juridicas porque fe mofhra
o indubitável Direito, que tem o Reveren-
do Cabbido da Sé Prima^ para obrigar aos
moradores das terras de Guimaraens, e Mon-
te Longo a lhe pagarem os votos de S. Tia-
L USITAN A.
755
go pertencentes à Jua Me^a Capitular. Coim-
bra no Collegio das Artes da Companhia
de lefus. 1722. foi.
Sermão primeiro da Canonização dos glo-
rio/os Santos Lui^ Gonzaga, e Eftanislao
Kofika pregado no folemnijjimo Triduo, que
com ajfijlencia do divino Sacramento celebrou
o Collegio de S. Paulo da Companhia de
lefus da Cidade de Braga em z-j de Julho
de i-jz^. Lisboa na Oííicina Patriarchal da
Muíica. 1728. 4.
lOAÕ DA SYLVA MORAES Na-
ceo em Lisboa, e na Parochial de Santa
Maria Magdalena recebeo a primeira graça
a 27 de Dezembro de 1689, fendo filho de
António da Sylva Moraes, e Domingas Ro-
drigues. Na idade da puericia foy admitido
ao Collegio Real dos Meninos Orfaõs da fua
pátria onde com a difciplina de Fr. Braz
Soares da Sylva Freyre da Ordem mili-
tar de Chriílo, e Reytor do mefmo Colle-
gio fahio profundamente inílruido na Arte
de Mufica aífim praética, como efpecula-
tiva bailando fomente eíle difcipulo para
immortal credito do feu magiiierio. Como
a fciencia de taõ fonora Faculdade fe au-
gmentaíle com mayores progreíTos pelas con-
tinuas produçoens da fua penna mereceo
fer preferido entre muitos Oppofitores ao
Meftrado da Santa Caza da Mifericordia de
Lisboa de que tomou poíTe em o primeiro
de lulho de 171 3. e depois de o exercitar
pelo efpaço de quatorze annos paíTou com
o mefmo miniílerio para a Cathedral de
Lisboa a 27 de Mayo de 1727. onde co-
mo em mayor Theatro fez mais plaufivel
o feu nome pela copia de compofiçoens
Aíuficas em que fe admiraõ venturofamen-
te unidas a novidade das ideas com a
confonancia das vozes fempre reguladas pe-
los preceitos da Arte. Entre elles faõ di-
gnas de diílinta memoria as feguintes.
Kefponforios da Vefta do Natal, a 8. vozes.
Os mefmos a 4 vozes. Outros a 4. vozes.
Kefponforios da Fejia da Epifania a 4 com
Rabecas.
Kefponforios da Fefia do Baptifla z 4 com
Rabecas.
Kefponforios da Fefla do Evangelifla. a 4.
Kefponforios da Fefla de S. Vicente dos
quais he o 3. do i. Nodumo Tanta
grajfabatur crudelitas a 8. de 6. tom. com
Rabecas, o i. do 2. Nofturno Ecce jam
in fublime agor. a 8. de 5. Tom. alto
com Rabecas; o 3. do 2. No£himo Cuf-
todivit illum Dominus a 8. de 6. Tom.
fem Rabecas, e o 2. do 3. Nodhirno
Cognito fanão ejus abfcejfu a 4. de 8. Tom
fem Rabecas.
Kefponforios da Fefla da Conceição da
re^a dos Francif canos a 4. fem Rabecas.
Kefponforios 3. da Fefla da Purificação a 4.
com Rabecas.
Outo Kefponforios da Fefla de Santa Mónica
a 8. com Rabecas.
Outo Kefponforios da Fefla de S. Jerónimo
a 4.
Diverfos Kefponforios da Fefla da Senhora do
Carmo a 4. com Rabecas.
Kefponforio de Santa Cecilia. O beata Cecilia
a 4. de 6. Tom com Rabecas.
Kefponforio de Santa Cecilia, que co-
meça Cecilia me mifit ad vos a 8. de
5. Tom alto com Rabecas, e Trombe-
tas.
Todos os Kefponforios da /^. 5.^6. feyra da
Semana Santa a 8. vozes. Os mefmos a 4.
vozes.
luimentaçoens do i. Noãumo da 5. fej-
ra a 4. vozes com Rabecas, a i. de
6. Tom. a 2. de i. Tom baixo, e a 3.
por 2. Tom.
lamentação primeira da 4. feyra a 6. vozes
por 3. Tom.
luimentaçoens dos Três dias da Sema-
na Santa do Kito Dominicano a 4. Duo
e Solo.
Miferere mei Deus de 3. coros por
2. Tom por bmol. Outro de 3. coros
por 6. Tom. Outro de 3. coros por 5.
Tom. Outro de 3. coros por 2. Tom
por bmol. Outro de 4. vozes por 6.
Tom com Rabecas. Outro por 6. Tom
fem Rabecas. Outro de 4. de 5. Tom.
Outro a 4. de 3. Tom. Outro de 8. vo-
zes por 2. Tom por bmol. com Rabe-
cas. Vinte para trinta de três vozes até
o Tibi Soli peccavi.
75ó
BIB LIO THE CA
Pfahios da Prima com o feu Hymno por i.
Tom a 4. com Rabecas.
PJalmos de Noa com o feu Hymno a 4. de 8.
Tom com Rabecas. Outros a 4. de 6. Tom
com Rabecas.
Pfalmo Domine probajli me 2^ %. com Ra-
becas.
Pfalmo In convertendo a 4. com Rabecas.
Pfalmo Beati omnes a 4. 5. Tom com Ra-
becas.
Maffíificat de 8. vozes. Outra a 4 de 5.
Tom.
Invitatorio da Fefla do Natal a 8. de 4. Tõm.
Invitatorio da Fefla da Santijftma Trindade a
8. de 6. Tom.
Invitatorio da Fefla de S. Vicente a 8. de 3.
Tom.
Venite exultemus Domino, a 8. fem Ra-
becas.
Te Deum L^udamus a 4 de 6. Tom com
Rabecas, e Trombetas. Outro a 4. de 5. Tom
ponto alto com Rabecas. Outro a 4. de 5.
Tom ponto alto com Rabecas. Outro a 3. de
3. Tom.
Miffa de 5. vo:(es de 8. Tom.
Graduaes, e Offertorios para todas as Feflivida-
des da Igreja a 4. vozes; alguns com Rabecas.
Ladainha de Noffa Senhora a 4. de 6. Tom.
com Rabecas.
Pange lingua a duo de i. Tom com Rabe-
cas. Outro a 4. por 5 . Tom ponto alto. Outro
a 4. de 5. Tom.
Sequentia da Miffa do Corpo de Deos
l^uda Sion Salvatorem &c. a 8. de 5.
Tom ponto alto.
Sequentia da Fefla da Pafchoa. Viãima
Pafchalis a 8. por 2. Tom por bquadro.
Motetes do Sacramento. Caro cibus a 4.
por 5. Tom alto. Quod non capis. a 4.
5. Tom. Outro a 4. O falutaris hofiia a
4. 6. Tom. Outro a 4. 6. Tom. Caro
f?jea. a 4. 5. Tom. O' Sacrnm Convivium
a 4. 5. Tom. Fraão demum Sacramento a
4. 5. Tom natural.
' Stahat Mater dolorofa z 4.
''"*"'' Veni Sponfa Chrifli. a 4.
Gloriofa Virginis Maria a 4. de i.
Tom pór bmol com Rabecas.
Hymnos. Exultet orbis gaudiis a 4. de
$. Tom ponto alto com Rabecas. Deus
tuorum militum 2. 4. de 8. Tom com
Rabecas. Jefu Corona gloria a 4. de 6.
Tom com Rabecas. Caleflis Urbs Jerufa-
lem a 4. por 5. Tom ponto alto com
Rabecas. Ifie Confejfor a 4. de 2. Tom.
Ave Maris Stella a 4. de i. Tom. Veni
Creator Spiritus a 4. 5. Tom. alto com Ra-
becas. Outro a 4. de 2. Tom por bmol. Je-
fus dulcis memoria a 4. de i. Tom com Rabe-
cas Summe parens clementia a 4. de 6. Tom
com Rabecas.
Refponforios Gaudent in calis a 8. de 5.
Tom. Viri Sanai 2. 8. 3. Tom. Outro a 4.
8. Tom alto com Rabecas. Abfterget Deus
a 4. de 5. Tom. alto com Rabecas. Tra-
diderunt corpora fua a 4. de 5. Tom com
Rabecas.
Seis Vilhancicos de 8. vozes para a
Feíla de Santa Cecília.
Vilhancicos de Natal de 4. e Hnco vo-
zes, e de outras Feílividades, que exce-
dem o numero de íincoenta.
lOAÕ DE SIQUEYRA DA COSTA
natural da Cidade de Mazagaõ íituada na
Regiaõ Africana muito verfado na liçaõ
dos livros afceticos como publica a obra
feguinte, que compoz.
Exercido de Predejiinados, e cutello de vidos.
Tratado da OraçaÕ, e fácil modo de orar deregido
aos cuidadofos da fua falvaçaò. Lisboa por Jozé
António da Sylva. 1732. 8.
lOAÕ DA SYLVEYRA natural de"
Évora, e filho de Fernaõ da Sylveira Efcri-
vaõ da Puridade delRey D. loaõ o II. ej
Affonfo V. e de D. Brites de Souza filha]
de loaõ de Mello Alcayde mór de Serpa.
Teve por theatro de feus belicofos efpiritosi
a Praça de Safim cm Africa, e de Coulaõ
na Afia quando no anno de 15 16 foy por
Capitão mòr de huma Armada compofta
de finco Navios. Acompanhou no anno dei
15 21. a Infanta D. Brites filha do Serenif-
fimo Rey D. Manoel futura efpoza de Car-j
los III. Duque de Saboya. Foy Commenda-
dor de Montalvão, c Qavciro da Ordem
de Chriílo, Trinchante delRey D. loaõ
o III. e feu Embaxador a Francifco
primeiro de França onde pelo efpaço de
L USITAN A.
757
nove annos, tratou negócios muito im-
portantes a eíla Coroa. Foy cazado duas
vezes, a primeira com D, Leonor de Me-
nezes filha de D. Fernando Pereira, e a
fegunda com D. Izabel de Távora filha de
Diogo da Sylveira, e de ambas eílas duas
confortes teve fuceíTaõ. Falleceo na fua
pátria, e delle faz memoria Pacheco Vid.
da Infant. D. Alar. liv. i. cap. 4. e Fon-
ceca Evor. Glorio/, pag. 105. Entre os Poe-
tas grandes mereceu lugar diílinto de cuja
Mufa fahiraõ alguns Verfos no Cancioneiro
de Garcia de Ke/ende. Lisboa por Herman
de Campos. 15 16. foi, a foi. 147. 148.
150. v.o 152. 154. 176. 188, \^ e 189.
Fr. lOAÕ DA SYLVEYRA illuílre cre-
dito da Gdade de Lisboa onde naceo a 30
de Agofto de 1592. fendo filho de Fernaõ
Lopes de Lisboa, e Catherina Fernandes, co-
mo da Religião Carmelitana cujo habito rece-
beo no Convento da Villa de Setúbal a 15
de Agofto de 1611. quando contava defa-
nove annos de idade. Eftudou em o Colle-
gio de Coimbra as fciencias efcholafticas,
que diâou com aplauzo nos Conventos
de Évora, e Lisboa cuja fciencia fe fazia
mais eftimavel pela modeftia do femblan-
te, e humildade do génio. Depois de
ter profundamente examinado as dificul-
dades da Theologia Efpecvilativa, Moral, e
Afcetica fe dedicou com indefeíTa aplica-
ção a penetrar os arcanos da Sagrada
Efcritura valendo-fe das luzes dos Santos
Padres, e dos mais infignes Interpretes
para defcubrir o verdadeiro fentido da
Palavra divina oculta em as myfteriofas
fombras dos vaticínios dos Profetas. Def-
ta continua liçaò fe illuftrou o entendi-
mento, e inflamou a vontade para reve-
lar com a penna a vafta, e profunda in-
telligencia, que alcançara das letras fagra-
das emprendendo formar hum Comento ao
Texto Evangélico cuja árdua empreza glo-
riofamente dezempenhou em féis grandes
volumes eternos padroens da fua fecunda
erudição, e penetrante agudeza com que
extrahio do fentido litteral a multiplici-
dade de conceitos moraes, e políticos
para ornato dos Difcurfos concionatorios.
A fama do feu nome fe divulgou com tal
excesso por toda a Europa, que naõ havia
homem grande, que vieíTe a Portugal, que
logo quizeíTe teftemunhar com os olhos o
que tinha percebido pelos ouvidos, diftin-
guindo-fe entre todos o ReverendiíTimo Fr.
Jozè Ximenes Samaniego Aliniftro Geral
da Religião Seráfica, e Grande de Efpa-
nha, que falleceo Bifpo de Segóvia o qual
chegando no anno de 1678. ao Real Con-
vento de S. Francifco defta Corte antes
de fer conduzido para o apozento defti-
nado por taõ grave Communidade quiz,.
que o conduziíTem ao Convento do Car-
mo para ver ao Meftre Sylveira com quem
efteve algumas horas adnJrando a íince-
ridade, e modeftia virtuofa de taõ infigne
Varaõ, levando alguns dos feus compa-
nheiros como relíquias da erudição fagra-
da as pennas, e tinteiro, que lhe ferviaõ
para a compofiçaõ das fuás obras. Mere-
cendo tantas eftimaçoens pela fua Sabidoria
ainda era credor de outras mayores pela
fevera obfervancia da vida regular. Era
taõ rígido cultor da pobreza, que cobrando
annualmente mil ducados, que lhe deixara
por legado fua Irmãa a Baroneza D. Bri-
tes da Sylveira como confta do feu Tefta-
mento impreíTo foi. 14. verf. n. 49. e ren-
dendo-lhe copiofo dinheiro as fuás obras
tudo difpendia em o culto de Deos, e bene-
ficio da fua Religião mandando fabricar
o Retabolo da Capella mòr do Convento de
Lisboa em q compete a preciofidade com o
artificio; o cofre de prata guarnecido de pe-
dras de grande valor, que ferve de depozito
ao auguftiíTimo Sacramento do Altar, e a
Caza da Livraria ornada de elegantes pintu-
ras, e livros exquifitos. Todas as alfayas da
fua Cella fe reduziaõ a huma pobre cama
fobre cuja cabeceira pendia huma Cruz de
pinho, duas cadeiras, e huma banca em
que efcrevia. Confervou por todo o ef-
paço da vida, como no fim delia declarou
illeza a flor da Caftidade. Mais amante de
obedecer, que de mandar nunca quiz
aceitar Prelazia, e obrigado pelo Geral
Fr. leronimo Ari foy Prefidente do Ca-
pitulo celebrado em Lisboa a 13 de Mayo
de 1664. cujo lugar teve mais duas vezes,.
7^8
•^ue foraõ a 8. de Abril de 1674. e a 8 de Mayo
•de 1677. conílrangido dos preceitos dos Gc-
raes Fr. Matheos Orlando, e Fr. Emílio laco-
melli. Unicamente foy Definidor perpetuo
<ia Religião eleito em o Gipitulo Geral cele-
brado em Roma a 16 de Mayo de 1660. Naõ
fe altercou controverfia grave em feu tempo,
•que delia naõ foíTe confultado pelas peíToas da
primeira lerarchia, cuja refoluçaõ como efta-
belecida em fundamentos folidos, e mais
conformes a re6tidaõ da cõciencia era pre-
ferida aos votos de outros grandes Letrados.
Para defender a Immunidade Ecclefiaftica
infultada pela authoridade dos Miniftros Ré-
gios foy eleito Procurador em o anno de
1633. pelo IlluftriíTimo CoUeitor Alexandre
Caílracani, e na Corte de Madrid fuftentou
naõ fomente com a voz, mas com a penna
a juíliça de taõ importante cauza. Cumulado
<de religiofas virtudes paíTou de caduco a
■eterno em o Convento de Lisboa a 1 7 de lulho
<ie 1687. quando contava a provefta idade
àc 94. annos 10 mezes, e 13 dias; de religiofo
75 annos 11 mezes, e 4 dias. O fentimento
<la fua morte correfpondeo à eílimaçaõ da
lua vida. laz fepultado no Cemitério novo,
e fobre a pedra fepulchral fe lhe gravou o
Seguinte Epitáfio.
Sifie leãor.
Híc jacet
Carmeli doãijftmus Do£ior
Sapiens, et humilis,
Pauper, Jed magnanimus,
Pater sylveyra
Uhris incumhens, Deo impenfius
Studuit, Jcripfit, compofuit:
Ni/ habens litteris pretiofius
Prater virttitem.
Nobis exempla, Lyfia decorem,
Famam aternitati relinquens ,
Sicut vixerat morttms ejl
In ofculo Domini.
Ne decedas qtiin dicas
Requiefcat in pace.
Obiit die 17 //////' anno 1687.
He celebrado o feu nome por diverfos
Authores como faõ António de Souza
Macedo Eva, e Ave. Part. 2. cap. 15. n. 12.
BIBLIO THE CA
Efcri/or mais infigne do noffo Jeculo, e Ljif-
tre grande defta fua pátria, e cap. 20. n. 5.
doutiffimo Padre, e luftre de Portugal em
Jeus excellentes efcritos. D. Franc. Man.
de Mello Cart. dos A A. Portug. ao Dou-
tor Themudo Por quem pode fallar a eftima-
çaô dos Jeus Efcritos. Fr. Ant. à Matr. Dei.
Apis Libani. in 10. Cap. Proverb. Flor. i.
Delibat. i. n. 5. indefejfus, et perdoãus
Evangeliorum illujlrator. Illuílriffimo Bar-
zia Defpert. Chriji. Tom. i. Serm. 10.
n. II. grande Expojitor dei Evangelio, e
Tom. 2. Serm. 24. n. 21. do£io\ e no Tom.
2. do Querefmal Serm. 25. n. 20. erudito
Hozes n^elo Paftoral. Explic. dela Propof.
64, n. 32. eruditijftmo Maeftro D. Emman.
Caiet. de Souz. Exped. Hifp. S. Jacob. Tom.
2. pag. 1325. §. 369. Carmelitarum decus.
Sá Mem. Hijl. dos Efcrit. Portug. do Carmo.
cap. 52. pag. 230. Honra defta Provinda,
luftre da Carmelitana Família, e credito
da NaçaÕ Portugue:(a cujo infigne nome bafta
para milhor Elogio da fua vida, e acçoens,
que o fit^eraÕ conhecido naõ fó nefte Keyno, w,
em os eftranhos pois de todos foy venera,
por hum fogeito eminente; e nas Mem. Hift.
da Prov. do Carm. de Portug. pag. 18
Heroe, que pela fciencia, e virtudes illuftn
a Keligiaõ, e o Keyno como fe vè da venen
çaô, que tem em todo o mundo os feus ej
critos tantos, e taÕ multiplicadamente i.
pregos. Cofta Corog. Portug. Tom. i. pagi
630. VaraÕ doutijftmo nas Divinas, e Hi
manas letras, cuja memoria fera eterna ei
todos os feculos pelos muitos, e eruditos
vros, que compôs^ fobre a Sagrada EfcritUTi
fogeito, que naÕ fó acreditou a Keligiaõ, m^
também illuftrou a NaçaÕ Portuguev^a. Im
nati Hib. Eat. Heb. pag. 421. n. 1240
long. Bib. Sacr. pag. mihi 979. col. 2. Ni
col. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 59
col. I. Fr. Daniel à Virg. Mar. Spea
Carmel. Part. 2. Tom. 2. foi. 1078. n. 577
Compoz.
Commentaria in Textum Evangelicum
mus Tomus. Ulyflipone apud Antoniu:
Alvres. 1640. foi. Lugduni apud
brielem BoiíTac. et Laurent. AniíTo;
1645. foi. Matriti apud Gabrielem de Leo
1648. foi. Lugduni apud Laurentium
L USITAN A.
759
fon. 1662. foi. et ibi 1667. foi. Antuerpise
apud Viduam Henrici Aertfens 1665. foi.
et ibi apud Lucam de Poter 1665. foi. Lug-
duni apud AniíTonianos et PoíTuel 1697. foi.
Tomus fecundus. Lugduni apud Gabrie-
lem Boiílat, et Laurent. AniíTon. 1645.
Matriti apud Gabrielem de Leon. 1648.
foi. Lugduni apud BoiíTat, et AniíTon. 1662.
e 1667. foi. Antuerpiae apud Viduam Hen-
rici Aertfens 1665. foi. et ibi apud Lucam
de Poter 1665. & Lugduni apud AniíTonia-
nos 1697. foi.
Tomus Tertius Lugd. apud. BoiíTat et
AniíTon. 1645. foi. & ibi apud eofdem 1652.
1662. e 1667. Antuerpiae apud Viduam
Henrici Aertfens 1665. foi. e Lugd. apud
AniíTonianos. 1697. foi.
Tomus Quartus Lugduni apud Lauren-
tium AniíTon 1649. foi. ibi per eumdem
1656. 1657. 1662. 1668. Antuerpiae apud
Viduam Henrici Aertfens 1665. foi. et Lug-
duni apud AniíTonianos 1697. foi.
Tomus Qiúntus. Lugduni apud Lauren-
tium AniíTon 1659. foi. et ibi apud eumdem
1662. e 1668. foi. et ibi apud. AniíTonianos.
1697. foi.
Tomus fextus. Lugduni apud Laurentium
AniíTon 1672. foi. Antuerpiae apud Hyero-
nimum VerduíTen 1676. foi. et Lugduni apud
AniíTonianos 1701. foi.
Commentaria in Apocalypfin D. loannis Apof-
toli Tomus primus. Lugduni apud Laurent.
AniíTon 1665. foi. et Antuerpiae apud Viduam
Henrici Aertfens 1667. foi. et ibi apud Lucam
de Poter 1666. foi.
Tomus fecundus. Lugd. apud AniíTon 1669.
foi. et Antuerpiae apud Viduam Henrici
Aertfens 1668. foi.
Commentaria in Aãa Apofiolorum cum
qmdam Apologia Carmelitana. Lugd. apud
Aniflbn et PoíTuel 1681. col. et ibi apud eof-
dem 1687. foi.
Opufcula Varia Lugd. ex Oííicina AniíTo-
niana 1675. foi.
Todos eftes dez volumes fahiraõ ulti-
mamente Venetiis apud Ludovicum Lovifa
1728. foi.
Sermão nas primeiras Exéquias do Se-
nniffimo Vrincipe o Senhor D. Tòeodo^io
filho delKej Nojfo Senhor D. loaô o IV.
as quais a z-f de May o dejle pret^ente anno cele-
brou a KeligiaÕ de Nojfa Senhora do Carmo
no Keal Convento de S. leronimo de Belém. Lis-
boa por António Alvares ImpreíTor delRey
1653. 4.
Sermão pregado no Convento de S. Filippe dor
Carmelitas Defcalfos em o fexto dia do folemne
Outavario da Canonit^açaõ de Santa Maria Mag-
dalena de Paf^^i. Sahio na Part. 2. do Fora/-
tetro Admirado a pag. 79. Lisboa por Antónia
Rodrigues de Abreu. 1672. foi.
Traãatus in quo deciditur an religiofa domus^
teneatur Jervare interdiãum qui Juppofita ejl'
Parada vicina non Ecclejia Cathedralis. Confer-
vafe M. S. na Livraria do Convento do Car-
mo de Lisboa, e he citado por Fr. António
do Efpirito Santo Direã. Morale Traâ. 12.
de Interdiã. difp. 5. Saâ. i. n. 736.
Traãatus de Tertiariis quos poffunt hahere-
Carmelita. Confervafe M. S. na mefma.
Livraria, e he citado por Lezana Sum. Quají^
Regul. Tom. 2. cap. 14. n. 7. Barbofa. Col-
leã. Apojl. Decif. Decif. DCC. e Fr. lozé
de Santa Maria Traã. de Tertiariis n. 28^
e 32.
Traãatus de Incamatione.
Traãatus de Legibus.
Traãatus de Immunitatc, ac libertate Ec-
clejiajlica. Todos eíles Tratados fe confer-
vaõ M. S. na Livraria do Convento do-
Carmo.
Compendium in doãrinam Arijlotelis. foL
M. S. Confervafe no Collegio do Carmo de
Coimbra.
D. Fr. lOAÕ SOARES chamado no fe-
culo loaõ Soares de Urro teve por Pays a
Diogo Diaz de Urro, e a Luciana de Alcân-
tara de igual nobreza à de feu conforte, e
por pátria a fregueíia de S. Miguel de Urro-
lituada em o Confelho de Penafiel de Sou-
za do Bifpado do Porto annexa ao Mofteiro
de S. Pedro de Cete dos Erimitas de San-
to Agoftinho cujo fagrado inílituto abra-
çou em Salamanca a 11 de Abril de 1523.
quando contava 16 annos de idade para
onde o levara o dezejo de aprender as
fciencias efcholaílicas na fua celebre Uni-
verfidade fendo tal o progreíTo que fez^
neíle género de eíhidos que com ada-
yóo
BI B LIO THE C A
maçaõ de todos os Cathedraticos foy laureado
com as infignias doutoraes em o anno de
1J29. Incorporado em a Provinda de Por-
tugal com faculdade do Geral da Família
Erimitica paflada a 17 de laneiro de 1536.
conciliou de tal modo o afefto delRey D.
loaõ o III. que em atenção aos feus
grandes merecimentos o nomeou feu Q)n-
feflbr. Pregador Efmoler, e Meftre de feus
filhos os Príncipes D. Filippe, e D. loaõ.
Depois de exercitar eíles honoríficos lugares
com geral aprovação, e ter fido Deputado
do Confelho Geral do Santo Oííício de que
tomou poíTe a 16 de lunho de 1539. foy
aíTumpto à Cathedral de Coimbra a 22 de
Mayo de 1545. onde dezempenhou as obri-
gaçoens de Paílor vigilante aífim na continua
repartição de efmolas, como na magnifi-
cência de fabricas fagradas quais foraõ a
<]a2a da Mizericordia fundada fobre as abo-
badas da Igreja de S. Tiago à qual deixou
trezentos mil reis de juro; e ao Tribunal
<lo Santo Officio hum conto de reis para
fempre. A' Capella do Santiífimo Sacramento
•em a Cathedral lhe fez o donativo de hum
Cálix de ouro; e os PaíTos da Paixaõ de
•Chriílo em o Palácio de Coja. Conduzio
com grande apparato da Cidade de Bada-
jos até Lisboa com D. loaõ de Lancaftre
primeiro Duque de Aveiro a SereniíTima
Princeza D loanna de Auílria filha de Car-
los V. que vinha defpozarfe com o Prín-
cipe D. loaõ. Entre os Prelados que a ^la-
geílade delRey D. Sebaíliaõ mandou ao
Concilio Tridentino foy nomeado, e em
laõ authorizado Congreflb deixou im-
mortaes memorias da facúndia com que
orava. Concluído o Concilio em o anno
■de 1563. partio a vizitar os lugares de leru-
falem fantificados com o fangue do divi-
no Redemptor deixando para eterno tefte-
munho da fua gcnerofa piedade hum pre-
ciofo ornamento ao Templo do Santo Se-
pulchro. Reftituido à fua Diocefe con-
tinuou com vigilância o Officio paftoral
até que avizado pela ultima infermidade
<le eftar propinqua a morte recebeo o
Viatico fora do leyto em que jazia, e
<ntre fervorozos coUoquios com Chrifto
•Crucificado efpirou placidamente a 26 de
Novembro de 1572. laz fepultado na Ca-
pella do Santiflimo Sacramento da fua Ca-
thedral que tinha edificado. Fazem me-
moria deíle illuftre Prelado Andrade Chron.
delKey D. loaõ o III. Part. 4. cap. 95.
lUuílriíTimo Cunha Cathal. dos Bifp. do
Porto Part. 2. cap. 34. Souza Vid. de Fr.
Barthol. dos Martyr. liv. 2. cap. 17. Foy
eminentijfimo no minifterio do púlpito, tanto
que os mayores Pregadores do Jeu tempo lhe
reconheciaõ a ventagem, e como a fegundo
Demojlhenes o veneravaõ. Brandão Mon. Lu-
fit. Part. 5. liv. 17. cap. 12. VaraÕ de gran-
des letras, e virtude. Marrado Bib. Marian.
Part. I. p. 795. Floruit in Concilio Triden-
tino celebris. Orland. Hijl. Societ. lef. lib. 5.
n. 56. Vir de Societate inde u/que ab ejus
in iMJitaniam accejju, perpetuis, <& maximis
officiis optime meritus. Pacheco Vida da Inf.
D. Mar. liv. 2. cap. 4. Varon en virtud, y le-
tras eminente. Tellez Chron. da Companhia
de lef. da Prov. de Portug. Part. i. lib. i.
cap. 26. n. 4. dignijfimo da mitra de Coim-
bra ajft no que Je^ no fadado Concilio Tri-
dentino como no muito que aproveitou fuás
ovelhas que tudo he notório a todo Portu-
gal. Fr. Ant. Purif. de Vir. illuflrib. Ord.
Erimit. D. Aug. lib. i. cap. 22. Fjvajit
in Theologia, et Sacris Scripturis apprime
doãus, et ad concionandum profundijfima qua-
dam eloquentia omatiffimus. D. Nicol. de
S. Mar. Chron. dos Coneg. Keg. lib. 10.
cap. 16. n. 6. Foy grande Letrado, e Pre-
gador, e liv. II. cap. ult. Grande Prelado.
Poflevin. Apparat. Sacer. Tom. i. pag.
940. Guerreiro Coroa de esforçad. Relig.
da Comp. de lef. cap. 13. religiofo de mm
perfeitos talentos Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. 1 .
p. 600. col. 2. Certe bis, Ó^ aliis argu-
mentis quaftta pietatis fama, nec vulgaris
doíírina laus dignitatem hominis ad popu-
lum declamantis e^egie tuebantur. Camar-
go Chron. Sacr, pag. 322. Tan eminente
en lo Pofitivo que hafla oy no hã podido la
muchedumbre de Predicadores que hà teni-
do la Keligion en aqttel Reyno olvidar fus
memorias. loan. Soar. de Brito Theatr.
Lujit. Liter. lit. I. n. 77. Sixto Scnenf.
Bib. Sana. lib. 4. Crufenius Monajl. Auguflin.
Part. 3. cap. 40. vir fupra modum pius
L USITAN A
ac eruditus ui ex operibus confcripHs coUi-
fftur. Fr. Luiz dos Anjos lard. de Portug.
cap. 134. diffio de eterna memoria. Herrera
Anafias. Augufiian. pag. 126. Vir fingulari
beneficentia omatus, et apprime eruditus. Ley-
taõ Cathal. dos Bifp. de Q)imbra. §. 68.
Compoz.
In EvangeJium D. N. Jefu Cbrijii fecundam
Matòaum Commentaria. Conimbricae apud loan-
nem Barreira. 1562. foi. Venetiis apud Zile-
tum. 1565. et PariGis apud Sebafidanum Ni-
vellum. 1578. foi.
In Evangelium Morei Homilia. GDnim-
bricae apud loannem Barrerium. 1566. foi.
& Pariíiis apud Sebaftianum Nivellum. 1578.
foi.
In Evangelium L^ca Commentaria. G>-
nimbricae apud Antonium Maris. 1574. foi.
et Pariíiis apud viduam Sebaftiani Nivelli.
1604. foi. addicionado.
De la Verdad de la Fé. Lisboa por Luiz
Rodrigues livreiro de S. Alteza. Tem no
fim as feguintes palavras. Acabo/e a los XX.
dias dei men^ de Enero de mil, e quinientos, e
quarenta, e três foi. Foy mandado impri-
mir por ordem delRey D. loaõ o IIL Delie
livro, que he impreíTo em letra Gothica vi-
mos hum exemplar na feleéta Livraria de
meu Irmaõ D. loze Barboza Clérigo Regular,
e Chroniíla da SereniíTima Caza de Bra-
gança, como também o feguinte.
Cartinha para enfinar a ler, e efcrever
com os Myfierios de Nojfa Santa Fé. Prin-
cipia pelo titulo feguinte. Começa o tra-
tado dos remédios contra os fete pecados mor-
tas. Depois fegue. Começa a Oraçaõ
do /alimento de graças pelas obras do fe-
nbor, e petiçoens pelos me/mos myfierios. No
fim acaba com eftas palavras. Foy imprejfa
a premente Cartinha com ho tratado dos re-
médios contra os fete pecados mortaes, e a
Oraçaõ do fa^imento de ^aças em a muy
nobre Cidade de Coimbra em ca^a de loam
Alvares impreffor polo Keverendijfimo Se-
nor D. Joam Soares Bifpo de Coimbra.
Imprejfa com alvará de fua Senoria em
que manda que nenhua pejfoa infine por ou-
tra algUa Cartinha em todo o feu Bifpa-
do, fe naÕ por efia sob pena de trinta aba-
dos para as obras da Sé, e meyrinho^ e a
761
terça para quem os acufar. 1554. 12. e 1383.
24. fem lugar da impreflaõ, e Lisboa por
Domingos Carneiro. 1672. 12.
Confejfwnario, ou interrogatório breve
para os Confeffores prestarem aos peni-
tentes. Coimbra por loaõ de Barreira.
1557. 8. e Évora por André de Burgos.
1573. 8.
Sermão de Exéquias do SereniJJimo Key D.
Affonfo Henriques pregado no Mofieiro de Santa
Cru^ de Coimbra em 6. de Dei^embro de
1560. O qual Sermão (como efcreve D. Ni-
coláo de Santa alaria Cbron. dos Coneg. Keg.
liv. II. cap. ult. n. I. por fer em grande
louvor do Santo Key fe imprimio no mef-
mo Mofieiro de Santa Cru^ no anno feguinte
de 15 61. por mandado do KeverendiJJimo Pa-
dre Prior Geral da nojja Con^egaçaÕ, e Can-
cellario da Univerfidade de Coimbra D. Lou-
renço Leyte.
Exbortaçaõ aos Soldados. Sem o feu
nome.
Carta efcrita em o atmo de 1534. a E/Rey
D. JoaÕ o IIL confolando-o na morte de feu fi-
lho o Príncipe D. Manoel. He muito larga,
e judiciofa. Começa. Bem fey que V. A.
be CbrifiianiJJimo. Acaba; fa^er ao que deve
ao ferviço de Nojfo Senhor ao qual fejàò graças,
e gloria para tudo, que fe:^ Amen.
Fr. lOAÕ SOARES natural de Lisboa
donde paíTando a Caftella recebeo o habito
dos Minimos de S. Frandfco de Paula em o
Convento de Sevilha fendo em taõ douta
paleftra Lente da Sagrada Efcritura, e Theo-
logia moral. Alcançou grandes aplauzos
o feu talento pelo miniílerio do púlpito em
que foy infigne. Morreo em o anno de
1680, em o mefmo Convento em que naceo
para Deos. Publicou.
EJo^os fúnebres de la Serenijftma Alagefiad
de nuefiro muy Catholico muy alto, y muy po-
derofo Senor D. Manuel único defie nombre de
gloriofa memoria Rey de Portugal en fit Keal
Ca^a de la Santa Mifericordia de Lisboa. Lis-
boa por Diogo Soares de Bulhoens.
1670. 4.
De Conceptione B. Maria Virffnis. foi. 2.
Tom. Confervaõ-fe no Convento de Se-
vilha da Ordem dos Minimos.
7Ó2
BIB LIO THE CA
D. lOAÕ SOARES DE ALARGAM
natural de Villa de Torres Vedras do
Patriarchado de Lisboa Sétimo Alcay-
dc mòr deíla Villa, e Meftre Sala da
Gaza Real Portugueza, Q)mmendador de
S. Pedro de Torres Vedras em a Or-
dem de Chriílo, e filho de D. Marti-
nho Soares de Alarcão fexto Alcayde
mòr de Torres Vedras, e de D. Ce-
cilia de Mendoça filha herdeira de Fi-
lippe de Aguilar Meftre Sala da Giza
Real, e de D. Anna de Lugo, e Mofco-
fo. Defde os primeiros annos fe apli-
cou aos eftudos próprios do feu naci-
mento de cuja aplicação fahio verfado
nas letras humanas, Hiftoria profana, e
Arte da Poezia, que cultivou com felici-
dade. Ao tempo, que fe efperavaõ copio-
fos frutos do feu engenho o arrebatou a
morte na florente idade de trinta, e outo
annos em o mez de Dezembro de 1618.
Foy cazado com D. Izabel de Caftro,
e Vilhena irmãa de D. lorge Mafcare-
nhas Marquez de Montalvão de quem
teve a D. Martinho Soares de Alarcão 7.
Senhor da Caza de Torres Vedras, e Vil-
la de Rey, que morreo na Praça de Tan-
gere em o anno de 1625. fem tomar
eftado. D. Francifco Soares de Alarcão,
que renunciando a Caza em feu Irmaõ
abraçou o Inftituto da Companhia de lefus
de quem fe fez mençaõ em feu lugar:
D. loaõ Soares de Alarcão de quem logo
fe tratará: D. Felippe de Alarcão, e Ruy
Gomes Soares de Alarcão, que morrerão
de tenra idade. D. leronima de Caftxo,
que cazou com D. loaõ de Almeida Se-
nhor de Avintes; D. Cicilia de Menezes
defpozada com Ambrozio de Aguiar Cou-
tinho Senhor da Capitania do Efpirito
Santo, e Caza de Aguiar, e D. Izabel de
Caftro mulher de Álvaro Pirez de Távo-
ra de cujo matrimonio foy filha única D.
Gcilia de Távora, que cazou com Francifco
Botelho primeiro Conde de S. Miguel. Com-
poz.
ha Iffanta Coronada por EJRey D. Pe-
^0, D. Ine!^ de Cafiro. Lisboa por Pedro
Cracsbccck. 1606. 4. Poema em 8. rima,
que confta de 6. Cantos.
Archimufa. Madrid. 4. Confta de varias
Poezias.
Arcádia Pajloril. He femelhante à de
Sanazaro. Conferva-fc M. S. em poder de
muitos eruditos.
Perdição das Nãos, e das que fe falvá-
raô na barra de Lisboa em o anno de 1606.
M. S.
Fazem delle memoria loan. Soar. de
Brito Theatr. Lujit. LiUer. Lit. L n. 78.
Nicol. Ant. Bib. Hi/p. Tom. i. pag. 601.
col. I. Alarcão Re/ac. Genealog. de la Caz.
de los Marqusf^es de Trucifal. lib. 4. cap. 6.
D. lOAÕ SOARES DE ALARCAM,
E MELLO nono Senhor, e Alcayde
mór de Torres Vedras onde teve o feu ber-
ço. Senhor da Villa de Rey, c dos mor-
gados de Aguilar, e Lugo, que herdou
por fua Avò, Commendador de S. Pedro
de Torres Vedras, e Santa Maria de Ma-
ção em a Ordem de Chrifto, Meftre Sala
da Caza Real Portugueza. Foy filho ter-
ceiro de D. loaõ Soares de Alarcão de quem
fe fez a precedente memoria, c de D. Iza-
bel de Caftro, e Vilhena irmãa do primei-
ro Marquez de Montalvão D. lorge Maf-
carenhas. Havendo moftrado a fciencia mi-
litar igualmente nas expediçoens mari-
timas, que terreftres cometidas á fua pru-
dente direção fucedeo a feliz aclamação
delRey D. loaõ o IV. em o primeiro de
Dezembro de 1640. e como foíTe mais af-
fefto ao dominio Caftelhano, que ao feu
legitimo Soberano fahio de Portugal pa-
ra Madrid com outros fidalgos abominá-
veis fequazes da fua refoluçaõ, e cahin-
do em mais injuriofo abfurdo entrou
pela Beyra a 17 de Outubro de 1642. com
o pofto de General da Cavallaria onde
em varias hoflilidades eternizou a memo-
ria da fua infidelidade premiada por Ei-
Rey de Caftella com os titulos de primeiro
Marquez do Trocifal, e Conde de Torres
Vedras, e os lugares de Mordomo das Sc-
rcniflimas Raynhas D. Izabel de Borbon,
e D. Mariana de Auftria, Confelheiro do
Confelho Supremo de guerra, c Governa-
dor, c Capitão General da Praça de Tan-
L USITAN A
í^ere em o anno de 1643. e da Praça de
Ceuta em 1646. Falleceo a 6 de Outu-
bro de 1669. Foy cazado com D. Ma-
ria de Noronha, e Eça filha de loaò Fo-
gaça de Eça, e D. Leonor da Camará fua
fobrinha de quem teve a D. Martinho Soa-
res de Alarcão que no fitio de Barcelona
aflaltando o Forte de S. loaõ dos Reys a
17 de lunho de 1652. acabou gloriofamente
matando ao Governador Francez a cuja
valeroza acçaõ dedicarão as Mufas Cafte-
Ihanas hum grande volume de Poezias:
D. António Soares de Alarcão de quem
fe fez diftinta memoria em feu lugar, e D.
Francifco de Alarcão ambos Cavalleiros da
Ordem de Calatrava: D. Leonor de Noro-
nha que morreo menina: D. Mariana de
Alarcão, e Noronha que cazou com D. Luiz
Mofen Rubi Bracamonte, e Ávila primo-
génito de D. loaõ Bracamonte, e Ávila
iVIarquez de Fuente do Sol, e Mordomo
da Raynha de Caílella. Compoz
yirte militar, e do que deve obrar qualquer
Soldado, e Cabo em governar, e menear aí armas.
M. S.
Defte author fazem mençaõ Menez. Por-
tug. Keft. Tom. i. liv. 3. p. 125. e liv. 6.
p. 351. Alarcão Kelac. Geneal. liv. 4. cap. 7.
Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. p. 601. col. i.
e Franckenau Bib. Hifp. Gen. Herald, p.
241. atribuindo-lhe eftes dous últimos Ef-
critores a obra das Kelac. Genealog. de la Ca-:(a
Âe los Marquet^es de Trocifal quando certa-
mente he de feu filho D. António Soares
de Alarcão como em feu lugar deixamos ef-
crito.
lOAÕ SOARES DE BRITO. Na-
ceo em o lugar de Matozinhos fituado em
a Comarca da Maya do Bifpado do Porto
a 21 de Fevereiro de 161 1. fendo filho de
loaõ Monteiro Leaõ, e Beatriz de Brito Soa-
res, Aprendeo os rudimentos gramaticaes
em a Cidade do Porto de que teve por Meftre
a loaõ Nunes Freyre infigne profeíTor de
letras humanas de quem fe fez memoria
em feu lugar, e Rhetorica em o CoUegio
de S. Paulo de Braga dos Padres lefuitas em
cujos eftudos fez grandes progreílos a vi-
763
veza do feu engenho, naõ fendo meno-
res quando ouvio revelados os myfterios
da Theologia Efcholaílica por D. André
de Almada em a Univerfidade de Coim-
bra, e na de Salamanca por Fr. Francif-
co de Araújo da Ordem dos Pregadores,
Fr. Angelo Manrique Mercenário, Fr.
Pedro Hurtado de Mendoça, Agofti-
nho, e o Padre loaõ Martins Ripalda fa-
mofos oráculos daquella fublime Faculda-
de fahindo taõ profundamente inftrui-
do nas fuás mayores dificuldades que
depois de ter diâado Filofofia natural
na Univerfidade de Salamanca recebeo o
grão de Doutor Theologo em a de Évora,
e Coimbra. Querendo moftrarfe agrade-
cido loaõ Rodrigues de Sá Camareiro mòr
delRey D. loaõ o IV. á doutrina que delle
recebera afiim nas letras humanas, como
nas especulaçoens Filofoficas o nomeou Ab-
bade da Igreja de S. Miguel de Rebordofa
em o Confelho de Aguiar de Souza do Bif-
pado do Porto donde paíTou para a de S.
Tiago Dantas, que eftá em o lulgado de
Vermoim termo de Guimaraens do Ar-
cebifpado de Braga ambas do feu Pa-
droado, e dotadas de copiofa renda que dif-
pendia compaífivo com os pobres. Fal-
leceo com eterna faudade das fuás ove-
lhas em o anno de 1664. Foy muito pe-
rito na lingua Latina que efcreveo com
pureza, e f aliou com promptidaõ. Da lu-
rifprudencia Canónica teve profunda intel-
ligencia como moftrou quando era Dezem-
bargador da Relação Ecclefiaílica de Braga.
Na Poefia vulgar fe diftinguio dos feus
mayores alumnos, como na liçaõ da Hifto-
ria Sagrada, e profana por cujos dotes
mereceo os elogios de infignes pennas.
leronimo Genuin. Neapolitano Acadé-
mico Ociofo lib. 4. Metamorph. Sagro dotor
tu fei, e fen^a pare, e huomo ben infigne Bar-
thol. Portolletus ^pift. ad Melchior, da Graça
Suare^anum Jcriptum leff: papa quãm acre!
vividuml quãm Comelianum calamum fapitX
Mihi in vi/cera penetravit, fi fie omnia
nihil fias Latium debet. D. Franc. Ma-
noel Cart. dos A A. Portug. Vicente de
Gufmaõ Soares LMfit. E^fiaurad. Cant. 5.
Eílanc. 3.
764
BIB LIO THE CA
Em quanto aos annaes vojfos chama o
Fado
Da vojfa immortal gloria cuidado/o
A erudição de Brito que na Hijloria
Divulgue em alto eftilo voffa gloria.
Fr. leronimo Vahia Monge Benedi£lino
na obra intitulada Armas de Theodov^o.
Teftemunha Jerá o graõ talento
Do mundo admiração do I^JJa gloria
Do L^Jfa rio já do efquecimento
Ho/e por elle rio da memoria.
O excel/o Brito fingular portento
Que de calumnias mil lhe deu Vitoria
Ornando para aff ombro do Univerfo
Com a profa milhor, o milhor Verjo.
Gjmpoz
Apologia em que defende a Poe:(ia do Principe
dos Poetas de E/panha Luiz ^ Camoens. No
Canto 4. da EJianc. 67 e 75. e Cant. 2. Eftanc.
zi e ref ponde às Cenfuras de hum Critico deftes
tempos. Lisboa por Lourenço de Anvers.
1641. 4. Dedicada a loaõ Rodrigues de
Sà, e Menezes Camareiro mòr delRey, e
Conde de Penaguião.
lus, €^ jufium de Kegni Eujitani fucejfwne.
UlyíTipone apud Paulum Craesbeeck. 1641.
foi. & Lugduni Batavorum 1641. em a Re-
publica Portugallia a pag. 380. He hum Ma-
nifeílo fobre o Direito da Aclamação del-
Rey D. loaõ o IV. Sahio fem o feu nome.
Nemejis, five recriminatio in lutcejfen-
tem. Cofmopoli. 1644. 4. fem o feu no-
me. He huma rigida inveftiva contra o
livro Eufitania Captivitas &c. compoílo por
Gafpar Pinto Corrêa do qual fe fez memoria
em feu lugar.
Theatrum Eufitania Utteratum, five Bi-
bliotheca Scriptorum omnium Eufitanorum
foi. Eíla obra comporta em o anno de
1645. a mandou feu Author em o anno fe-
guinte para fe imprimir em Pariz, e naõ
tendo efeito eíla determinação fe conferva
o Original na Bibliotheca delRey Chriília-
lúífimo donde mandou extrahir huma Co-
pia o ExcellentiíTimo Vifconde de Villa
Nova de Cerveira Thomaz Tellez da Sylva
quando aíTiílio naquella Corte, a qual bene-
volamente me comunicou, c delia extrahi
algumas noticias, que vaõ infertas ncíla
Bibliotheca. Coníla de 876. Efcritores
feguindo feu Author, como afirma, o ef-
tilo do Cardial Bellarmino de Scriptoribus
Ecckfiafiicis. He allegada muitas vezes por
Fr. lacobo Echard. Script. Ord. Pradicat.
Pariíiis 1719. e 1721. foi. 2. Tom. No pro-
logo efcreve, que meditava publicar hu-
ma obra intitulada Portugal dividido em
finco Theatros; Coro^afico, Politico, Eit-
terario, Militar, e Keliffofo; e fallando
particularmente do Eitterario diz Omnes
ifftur Eufitania Scriptores, Operaque ipjo-
rum, et quidquid de viris clarijjimis cognoj-
cere fas efi, huc u/que nec indeligenter , nec
incuriofe quafivimus, at multa nos fugtffe inge-
nue fatemur, nam tamet fi plures, qtá Eufita-
niam fcriptis eruditijfimis illuftrarunt omnino
cognofcamus, multorum tamen atas. Pátria,
vita infiitutum, fcriptorumque numerus, ac feries
i^oratur, (& id genus alia ad exaãam, perfec-
tamque notitiam neceffaria.
DiJJertatio apologética de vifione Dei per
potentiam materialem. 4. M. S. Eftava revifta,
e aprovada por grandes Theologos, e prompta
para a impreíTaõ.
Allegaçaõ hifiorico -Jurídica em huma
cau^a de frutos da fua Igreja de S. Tiago
Dantas efcrita em 1664. foi. Conferva-fe
huma Copia na Livraria do Excellen-
tiffimo Duque de Lafoens, que foy do
EmminentiíTimo Cardial de Souza, c outra
em a Livraria do Conde de Redondo.
El Poliphemo enano. Examen politico dei
Poliphemo de D. Ef/i^ de Gongoni, M. S. com
o aíFeâado nome de Thoraaz TribiíTano de
Urrea.
lOAÕ SOARES DE BRITO natu-
ral da Villa de Setúbal onde na Paro-
chial Igreja de Santa Maria da Graça
foy bautizado a 24 de Novembro de 168 1.
Teve por Pays a Gafpar Agoftinho Soa-
res, e D. Brites Mexia Pereira. A natu-
reza o ornou de taõ monftruofo talento
que foy difcipulo de fi mefmo, naõ fen-
do neceíTario frequentar aulas nem ouvir
Meílres para fahir perfeito Latino com-
pondo em profa, e Verfo com elegância,
e pureza; difcorrendo, c argumentando
nas mais dificcis queftoens da Filofofia,
L USITANA.
765
Theologia, lurifprudencia, e Mathematica
com tanta profundidade, que admirava,
e confundia aos mais celebres profeíTo-
res daquellas Faculdades. Foy o princi-
pal inítrumento da iníUtuiçaõ da Academia
Problemática em a fua pátria a 30 de lunho
de 1721. onde recitou a primeira Oraçaõ,
que nella fe ouvio. Falleceo intempeíli-
vamente na varonil idade de 41 annos
a 26 de lunho de 1722. e ja2 fepultado
na Parochial de Santa Maria da Graça.
A Academia Problemática em final de
fentimento pela falta de taõ eílimavel
Collega lhe dedicou hum Elogio, que
compoz o Doutor Qemente Rodrigues
Montanha Prior da Parochial Igreja de
S. Juliaõ de Setúbal com varias obras poéticas.
■Compoz.
U^o da Re^aÕ do EJlado. Dedicado ao
SereniíTimo Príncipe do Brazil o Senhor
D. lozé. M. S. Conferva-fe em poder dos
feus herdeiros.
lOAÕ SOARES DA GAMA natu-
ral da Villa de Setúbal onde rccebeo a pri-
meira graça na Parochial de Santa Maria
a 24 de laneiro de 1620. fendo filho do Doutor
Gafpar Soares da Gama, e D. Arma Lopez
■da Sylva. Frequentou a Univerfidade de
Évora, e nella recebeo o gráo de Meftre
■em Artes no anno de 1639. e em a de Coim-
bra fe formou Bacharel na Faculdade de
Direito Qvil. Foy Juiz dos Direitos reaes
da Portagem em Setuval, Procurador da
Coroa, e Fazenda, e Sindico do Senado.
Falleceo na pátria a 3 de Julho de 1697.
com 77. annos de idade. Foy infigne Poeta
vulgar deixando entre as multiplicadas obras
•da fua elevada Mula.
Duas Comedias à Aclamação delRey
D. loaõ o IV. Foraò reprezenladas no
anno de 1641. M. S.
Batalha do Montijo celebrada em Guiavas.
M. S.
Kelaçaõ das Batalhas do Canal, e Montes
Claro i. Romance M. S.
Cançaõ à morte do Serenijfimo Infante
D. Duarte. M. S.
Cançaõ à morte do Sereniffimo Prit.cipe D.
Tbeodov^o. M. S.
lOAÕ SOARES REBELLO, ou loaõ
Lourenço Rebello pois de ambos eítes
nomes uzava, naceo em a Villa de Ca-
minha fituada na Provinda de Entre Douro,
e Minho onde teve por Pays a loaõ Soa-
res Pereira, e D. Domingas Lourença
Rebello filha de Gonçalo Rebello da Ro-
cha, e D. Mariana do Valle. No anno
de 1624. em que contava 15 de idade foy
admetido ao ferviço da Sereniífima Ca-
za de Bragança onde começou a brilhar
o feu agudo engenho, e vaíla comprehen-
faõ exercitando pratica, e efpeculativa-
mente os preceitos da Arte da Mufica
em que fe coníHtuhio o mais infigne Co-
rifeo deita armonica faculdade. Como dif-
cipulo de fi mefmo nunca feguio os veítí-
gios de algum Meftre ainda que famofo,
baftando para apologia das fuás compo-
fiçoens a authoridade do feu nome. Nellas
competia a novidade da idea com a regu-
laridade do artificio em que fe admiravaõ
claufulas fonoras animadas por efpirito
ardente, e bellicofo por cuja caufa diíTe
Carlos Patinho Meftre de Capella Real de
Madrid vendo algumas das fuás obras la
fiere:(a eí para la guerra. A mayor parte
das fuás compofiçoens dedicou para o obfe-
quio dos Templos fendo o theatro das
principaes a Capella Real onde era Meftre
feu irmaõ Marcos Soares Pereira. Sem-
pre compoz violentado alguma Poezia hu-
mana julgando fe naõ devia manchar Arte
taõ divina com aíTumpto profano. Delia
mereceo ter por difcipulo ao Sereniífimo
Duqiie de Bragança D. loaõ de cujo ma-
gifterio fahio eminente profeííor, o qual
depois de fubir ao trono querendo remu-
nerar a doutrina, que delle recebera lhe
deu o foro de Fidalgo Cavalleiro da fua
Caza por Alvará de 1646. e as Commen-
das de S. Bartholameu do Rabal, e de San-
ta Maria de Monçaõ, e Donatário das Ju-
gadas de Penalva, e Colheitas de Gulfar.
A mayor exceíTo chegou o afefto defte
Monarcha para com Varaõ taõ grande
dedicando-lhe, antes de fer Rey a De-
fenfa da Mufica moderna contra la errada
opinion dtl Obifpo Cyrillo Franco, que com-
poz, e fe imprimio em Lisboa no anno
766
BIB LIO TH E CA
de 1649. 4. Quando contava a idade
de 51 annos falleceo intempeíUvamen-
tc a 16 de Novembro de 1661. em a
fua Quinta de Santo Amaro do lugar
da Appellaçaõ íituado no fuburbio de
Lisboa, e jáz fepultado na Igreja Pa-
rochial de Nofla Senhora da Encarnação
do mefmo lugar. Cazou no anno de 1657..
com D. Maria de Macedo filha de Do-
mingos Rodrigues de Macedo Dezem-
bargador da Caza da Suplicação, e Pro-
vedor das Lizirias de Santarém, e de Gi-
therina de Macedo fua Prima de quem
teve Pedro Vaz Soares que nacendo a
10 de Fevereiro de 1654. falleceo a 11
de Outubro de 1721. fendo cazado com
D. Mariana de Caílellobranco, e Rego:
D. Catherina Maria de S. lozé religiofa
em o Convento Seráfico da Efp>erança
de Villaviçofa que morreo a 15 de No-
vembro de 1722. e a Francifco Soares
de Macedo que frequentando a Univer-
fidade de Coimbra falleceo a 18 de lunho
de 1682. Do matrimonio contrahido entre
Pedro Vaz Soares, e D. Mariana de Caílel-
lobranco, e Rego naceo entre outros fi-
lhos Francifco Soares de Macedo que re-
cebendo as infignias Doutoraes na Facul-
dade de Direito Cefareo em a Academia
Conimbricenfe foy admetido a CoUegial do
Real CoUegio de S. Paulo a 25 de lulho de
1723, e Conduólario em 1726. donde fubio a
fer Prelado da Santa Igreja Patriarchal de Lis-
boa em 1739. podendo virtuofamente jaâarfe
de fer Neto do grande loaõ Soares Rebello a
quem chama D. Francifco Manoel Obras Me-
tric. Avena de Terjicore Tono 1 5 . infigne Maejlro
Real. loaõ Soares de Brito Theatr. L.ujit. U-
ter. lit. ]. n. 46 in arte Mujica peritijftmus.
D. António Caetano de Souza Hift. Gen. da
Cai(^. Rea/ Portug. Tom. 7. pag. 241.
Compoz
Pfalmi tum Vejperarum, tum Com-
pletorii. Item Magnificat, Lamenta tiones,
€>* Miferere. Romae Typis Mauritii, &
Amadsei Balmontiarum 1657. 17 Tom. 4.
grande.
Mijfas a 4. 5 e 6 Vozes de Eílante.
PJalmos das Vejperas a 4 de Eftantc.
Hymnos das Vê/peras a 4. de Eíbinte.
Mijfa de 59 vozes que offereceo a ElRey
D. loaõ o IV. quando cumpria femclhante
numero de annos.
Mijfas de Coros a 8. vozes 2. a 10 vozes,
e huma a 17 vozes.
Te Deum "Laudamus a 9 vozes.
Re ff na Cali La tare a 8. vozes.
Viãima Pajchalis. a 8 duas. a i. de Com-
paílnho, ca 2. de Prolação mayor.
Invitatorio dos Dejimtos a 3 e 8 vozes.
Parce miki a 12 vozes para as exéquias
do Duque D. Theodozio Pay delRey D.
loaõ o IV.
S piri tus meus attenuabitur. z 8 para
as exéquias de Luiz XIII. chamado o
luílo celebradas na Igreia de S. Luiz de
Lisboa.
Miffa de Defuntos com a Sequencia, e
Refponfo a 12 vozes.
Credidi propter quod locutus Jnm a 12 vo-
zes.
lofeph Fili David noli iimere. Motete
a 3 vozes.
Vilhanciccs a 4 6 8 e 12 vozes da
Conceição, Natal, e Reys, como taõbcm
diverfos Tonos a 4. A mayor parte def-
tas obras fe confcrvaõ com merecida efti-
maçaõ na Bibliotheca Real da Mufica onde
eílà primorofamente retratado feu Author
de figura inteira.
Fr. lOAÕ SOBRINHO defcendentc da
Familia defte apellido por feu Pay, e da
dos Coelhos por fua Mãy naceo em Lis-
boa para fer hum dos iníignes Varoens que
floreceraõ na Provinda Carmelitana defte
Reyno cujo inítituto profeífou no Convento
pátrio donde com faculdade dos SuperiorciJ
paíTou a eíhidar as fciencias feveras na Uni-j
veríidade de Oxonia, e depois de fer nellaj
laureado com a borla de Doutor Theo-
logo ocupou o lugar de Lente de Primai
em a de Athem fendo muitas vezes feai
Regente. ReíUtuido a Portugal como foíTej
ornado de religiofas virtudes, e profun-j
damente inftruido em a Theologia Efpc-
culativa, e Polemica, e em hum, c outra
Direito conciliou de tal modo a vcnc-l
L USITAN A
xaçaõ dos Monarchas Portuguezes que foy
eleito Meílre delRey D. Duarte, e Prega-
dor de feu filho D. Affonfo V. o qual pof-
to que quÍ2 remunerar os feus grandes me-
recimentos nunca aceitou lugar que o pri-
vaíTe do amável retiro da fua cella. Era
taõ numerofo o concurfo que concorria
aos feus fermoens que fendo para elle pe-
quena esfera o magnifico Templo do Car-
mo de Lisboa fe collocava o púlpito à porta
para a mayor parte dos ouvintes que ocu-
pava o átrio do Convento podeiTe perce-
ber as vozes defte apoftolico Varaõ. Cheyo
mais de virtudes de que annos eílando para
entregar o efpirito ao feu Criador fez a Pro-
teftaçaõ da Fé em que fe admirou unida
a ternura do Coração com a profundidade
da fciencia, a qual fahindo depois da fua
morte impreíTa em algumas claufulas efta-
va adulterada. Falleceo a ii de laneiro
de 1475 com fofpeitas de veneno dado pe-
los fequazes da Sinagoga dos quaes fem-
pre foy acérrimo Antigonifta. laz fepul-
tado no Cruzeiro do Convento de Lisboa
de baixo do púlpito em que fe canta o Evan-
gelho. Delle fazem ílluftre memoria mui-
tos Efcritores. Hypolit. Marrac. Bib. Alarian.
Part. I. p. 795. Vir in divinis Híteris erudi-
iijjimus, et fua afatis clarijftmm conàona-
íor. Cardofo Agiol. Ljdjit. Tom. i. p.
112. Foy Varaõ douto nas letras humanas,
e divinas, de felice memoria, vivo engenho,
maduro jui!(0, e indefeffo eftudo. loan. Soar.
de Brito. Theatr. l^ufit. Liter. lit. I. n.
32. Vir in omni litterarum genere eruditus,
et celeberrimus fui temporis concionator. Coe-
lho Chron. da Ord. de Nojfa Senhor, do
Carm. p. 91. Teve engenho, e memoria admi-
rável fobre todos os do feu tempo. D. Fr.
Thom. de Faria Decad. i. lib. 10. cap. i.
diãtis illa atate ter maximus Magijler. Vaf-
concel. Defcript. Kegn. Ljijit. p. 492.
Apud Anglos fuam miro Jludio facundiam
impendit falfa aliquarum doãrina objijlens
ubi infgnem qua praflitit eloquentiam, et
facram fcientiam indicavit. Fr. Franc. da
Nativid. L^enit. da dor ^. 508. Famofo. Pinto
da Vidoria lerarch. Carmelit. Tom. i.
Trat. 5. cap. 10, e Trat. 2. cap. 8. do^tif-
fimo, y Venerable. D. Nicul. de S. Maria
767
Cbron. dos Coneg. Keg. Part. i. liv. 4. cap.
12. n. II. Famofo Pregador, e confumado
Theologo Lezana Annal. Carmel. Tom. 4.
foi. 937. n. 4. Munos Propugn. EJia. lib. 2.
Tit. 3. cap. I. art. 3. foi. 116. Nicol.
Ant. Bib. Vet. Hifp. Part. 2. lib. 10.
cap. 16. §. 896. e 897. Franc. de Santa
Maria Diar. Portug. p. 58. Fr. Daniel
á Virg. Mar. Specul. Carmelit. Part. 2.
Tom. 2. lib. 4. foi. 981. n. 3439. e Fr.
Manoel de Sà Mem. Hiji. dos Efcrit. do Carm.
da Prov. de Portugal, cap. 53. Compoz.
De luftitia Commutativa, et arte Campfo-
ria, ac alearum ludo. Ex Oíficina Parifienfi
Guidonis alias Gedeonis Merentoris in Campo
Guilhardi. 1496. 8.
Traãatus de Conceptione Deipara. M. S.
Deíla obra faz mençaõ Marrado Bib. Marian.
Part. I. p. 793.
Compendium operis Conflatile Magiftri Fran-
cifci Mayronis Ord. Min. M. S.
Reffmento de ouvir com perfeição o Santo
Sacrifião da Mijfa. Compofto para feu dlf-
cipulo elRey D. Duarte.
Tratados Theologicos.
Sermoens diverfos.
Tratados Filofoficos fobre Arifloteks. Con-
fervaõ-fe M. S. na Livraria do Carmo de
Lisboa como afirma Fr. Simaõ Coelho Chron.
do Carm. pag. 91.
Genealogia, e Origem dos Bragançoens.
M. S. Defta obra o faz author loan.
Soar. de Brito Theatr. Loifit. Uter. lit. I.
n. 32.
lOAÕ SOBRINHO filho de Antó-
nio Sobrinho natural da Qdade de Bragança,
e da celebre matrona Cecilia de Morillas
ou Henriques, irmaõ de Fr. António So-
brinho de quem fe fez memoria em feu
lugar. Naõ degenerou da capacidade he-
riditaria da fua familia fendo taõ verfado
em Theologia como na Mufica, e Mede-
cina diílinguindofe neíla Faculdade com tal
exceíTo dos feus mais celebres profeíTores,
que foy Medico do Arcebifpo de Sevilha
D. Rodrigo de Caibro. Igual engenho teve
para as artes mecânicas, que para as liberaes
entalhando com taõ delicado artificio em
madeira que era predfa grande perfpica-
708
cia para diftinguir qualquer obra fua. Por
fer muito perito em a lingua Grega exa-
minou pelo largo efpaço de trinta annos
tudo quanto efcrevera Hipócrates famofo
Q)rifeo da Medecina notando tudo quanto
faltara para a fua perfeita intelligencia
aos interpretes Latinos. Efta grande obra
digna da luz publica como delia efcreve Ni-
col. Ant. Bib. Hijp. Tom. 2. p. 243. fe ignora
onde exifte.
P. lOAÕ SOEYRO natural da ViUa
de Monte mòr o Velho do Bifpado de Coim-
bra, e filho de Francifco Soeyro, e Ignez
Affonfo. Quando contava 18 annos de ida-
de fe aliftou na Companhia de lefus em o
Noviciado de Coimbra a 8 de laneiro de
1584. Inflamado com o dezejo da Con-
verfaõ da Gentilidade impetrou faculdade
dos Superiores para navegar à índia on-
de logo que chegou foy deílinado para a
MiíTaõ do Império da China cuja dilatada,
e agrefte vinha cultivou pelo efpaço de
dez annos fendo companheiro do P. Ma-
theos Riccio. Naõ perdoou a género algum
de trabalho o feu apoftolico efpirito para
agregar almas ao conhecimento do ver-
dadeiro Deos em cuja laboriofa empreza
tolerou confiantemente multiplicadas afron-
tas, e innumeraveis tribulaçoens que lhe
faziaõ os bárbaros fequazes da idolatria.
Atenuadas as forças pela violência de huma
febie lenta contrahida pelo incanfavel dif-
velo com que promovia o augmento da
Chriílandade paíTou de mortal a eterno em
a Metrópole de Namcham em Agofto de
1607. quando contava 41 annos de idade
e 25 de Companhia. Foy univerfalmente
lamentada a fua morte, e com mayores
expreíToens de fentimento pelos Neófi-
tos que gerara para Chriílo. Para naõ paíTar
ociofamente o tempo efcreveo na lingua
Chinenfe já quando pela falta de faude jazia
na cama.
Compendio da ley Santa, ou injlrtiçaõ para
quem despeja ohjervar a ley de Chrijlo. M. S.
Tratado dos Mandamentos da ley de Deos.
M. S.
Deftas obras como de feu Author fa-
zem diíHnfta memoria Trigaultius de
B IB LIO THE CA
Chrijl. Exped. apud Cbin. lib. 3. cap. 13. e
liv. 4. cap. 18. lib. 5. cap. 4. Gouvca Afia
Extrema Part. i. lib. 3. cap. 2. n. 8. et lib. 4.
cap. 9. Guerreiro Relaç. da China do anno
de 1607. e 1608. liv. 3. cap. 22. Nicol. Ant.
Bib. Hi/p. Tom. i. pag. 598. col. 1. Bib.
Societ. pag. 503. col. 2. loan. Soar. de Brito
Theatr. Ijufit. IJtter. lit. I. n. 81. Franco
Imag. da Virtud. do Nov. de Coimb. Tom. 2.
p. 620. Cathal. PP. S. J. qui pofi obitum S. ,
Franc. Xav. ab anno 15 81. u/que ad 1681. ;/; /zv-j
perio Sinarum ]. C. fidem propagarunt. §. 8.
Fr. lOAÕ DA SOLEDADE Naocol
em Lisboa a 9 de Mayo de 1641. e chegandc
a idade de defanove annos em que conhe-
ceo os enganos do mundo bufcou para transi
quillo porto da Salvação o clauftro da Rc-Í
ligiaõ Beneditina recebendo a cogulla Mo-:
nachal em o Convento de Santo André dei
Rendufe a 10 de Setembro de 1660. ond<
foy exemplar de virtudes, que cultivonj
por toda a vida fendo ornado de fu
finceridade com que fe fazia amável a todoi
o género de peflbas. Falleceo piamente]
no Convento de Lisboa a 26 de Setembrc
de 1720. quando contava 79 annos de idade,]
e 60 de Monge. Publicou.
Keg-a de S. Bento Abbade, e PatriarcbaX
de todos os Monges. Príncipe de todos os Pa-X
triarchas; uefta quarta impreffàõ acrccentadatX
as Cartas, e praãicas do me/mo Santo. Lisboa
por António Pedrozo Galraõ 171 3. 16.^
Na Dedicatória tem muitas noticias da au-
gufta Religião de S. Bento.
Traduzio do livro intitulado Paradifus anima
Chriftiana, e acrecentou.
Exercido de grande merecimento, e efi-
cácia, ou atio heróico, e paão que com Deos
Je hade jav^er compofio por Filippe Kovenio
Arcebijpo Philip. Lisboa pelo dito Imprcflbr
1718. 16.
lOAÕ DE SOUZA Presbítero do ha-
bito de S. Pedro c muito inftruido nos
preceitos da Poética. Compoz.
Quental poético, ou brevijftmo compeM'
dio das principaes circunftancias do naà-
mento, vida, morte, e obras pofihttmas
do V. P. Bartbolameu do Quental Emtàaàor
LUSITANA,
769
da Congregação do Oratório em Portugal. 4.
M. S. Conferva-fe na Livraria do Excel-
lentilTimo Conde de Redondo.
lOAÕ DE SOUZA CARIA natural
de Lisboa filho de loaõ de Souza Qrurgiaõ
do Hofpital Real de todos os Santos, e nelle
Meíbre infigne deíla Arte. Frequentou a
Univerfidade de Coimbra eftudando Direi-
to Pontifício em que recebeo o gráo de
Bacharel. Provada a fua fciencia legal em
o Dezembargo do Paço fervio com igual
definterefle, que benevolência os Lugares
de Juiz dos Orfaõs de Lisboa, Juiz de fora
da Villa de Santarém, e ultimamente de
Corregedor de Évora. He muito fciente
da lingvia Latina, e da Arte Poética de que
fão teílemunhas as fuás métricas produçoens
em que fe admiraõ unidas a afluência das
vozes, à elevação dos conceitos. Publicou.
Imagens conceituo/as dos Epi^amas do
Reverendo Padre Meftre António dos Reys
redut^idas do metro latino ao metro iMJitano
reflexoens fobre algumas das argiicias. Tomo
primeiro. Lisboa na Officina da Mufica.
1731. 4.
Tomo 2. Lisboa por Maurido Vicente
de Almeyda. 1735. 4.
Excellentijftmi Domini D. Nonii Alvarez
Pereira de Mello Duris do Cadaval Tumuli
Jnfcriptio. Começa.
Abfoluta tandem vita meta.
He de obra Lapidaria. Sahio nas Ul-
timas Acçoens do Duque. Lisboa na Offi-
cina da Muíica. 1730. foi. defde pag. 335.
até 338.
A S. loaÕ da Cru^, que fendo ainda menino
pela Virgem Santijftma fqy extraindo ^ hum
poço em que havia cabido Romance fahio a
pag. 156. das Memor. Hijl. Paneg. e Metric.
do Sacado culto com que o Convento do Carmo
de Usboa celebrou a Canonização dejle Santo.
Lisboa por Miguel Rodrigues. 1728. 4.
Romance a fer reeleita Abbadeffa de Santa
Clara de Usboa a hladre D. Margarida
Bautijia. Lisboa por Jozé António da Sylva.
1736. 4.
Soneto à morte da SereniJJima Senhora
Infanta D. Franrifca. Sahio nos Sentimentos
49
Métricos Collec. i. a pag. 23. Lisboa por
^Miguel Rodrigues 1736. 4.
Dous Sonetos. Sahiraõ a pag. 164.
e 186. dos Pro^eJ. Academ. dos AnofVfm.
de Usboa ibi por Jozé Lopez Ferreira.
1718. 4.
Na primeira Parte das Obras de Fr.
Simaõ António de Santa Catherina. Lisboa
na Officina da Muíica. 1723. 8. eftaõ quatro
Sonetos a pag. 132. 205. 326. 425. Dous
Romances Lyricos a pag. 174. e 215. Hum
Endecajyllabo a pag. 288. e outro de Paro-
nomafias a pag, 368. Huma Derima. pag. 211.
Canção Caftelhana a pag. 234. Sylva a pag. 311.
e Ode Sajica 2. pag. 393. do Doutor Joaõ de
Souza Caria.
Carta e/crita em ^o de Agofto de 1728.
ao Reverendo Padre Fr. SimaÕ António
de Santa Catherina em aplaudo da Relação
Métrica^ que compoz em as folemnijjimas FeJ-
tas com que o Convento do Carmo de Us-
boa Jolemnizpu a Canonit^açaõ de S. loaõ da
Cruz,. Lisboa na Patriarchal Officina da
Mufica. 1729. 4.
D. lOAÕ DE SOUZA DE CARVA-
LHO Naceo em a Qdade de Évora em
cuja Cathedral foy bautizado a 23 de la-
neiro de 1658. fendo filho do Dezembar-
gador Pedro Ferreira de Andrade, e D.
Serafina de Souza de Carvalho. Aprendi-
das na pátria as primeiras letras paiíou a
Univerfidade de Coimbra onde fez taõ gran-
des progreíTos a viveza penetrante do feu en-
genho em a fublime Faculdade de Theolo-
gia, que laureado nella Doutor foy admitido
a Collegial do Real Collegio de S. Paulo
a 30 de Dezembro de 1689. fubindo pelos
degraos do feu merecimento a illuftrar as
Cadeiras de Gabriel no anno de 1696. e
de Durando em o de 1700. De Cónego
Magiítral das Cathedraes de Vifeu, Coim-
bra, e Évora, e de Deputado da Inquifi-
çaõ de Coimbra foy eleito Inquifidor em
Évora a 4. de Março de 171 o. Havendo
dado repetidos argumentos da fua profun-
da litteratura, e inculpável procedimento
em lugares taõ diferentes foy aílumpto à
Cathedral de Miranda fendo confirmado nefta
770
BIB LIO TH E CA
dignidade pela Santidade de Clemente XI.
a 8. de Junho de 1716. e Sagrado pelo Em-
minentiíTimo Cardial da Cunha Inquizidor
Geral em o Convento da SantiíTimia Trin-
dade deíla Corte. Governou as fuás ove-
lhas com benevolência de Paílor, e vigi-
lância de Prelado até paíTar defta vida mor-
tal para a eterna a 15 de Agofto de 1757.
Entre os dotes de que foy ornado o feu
efpirito mereceo a primazia o talento, que
teve para o miniílerio do púlpito do qual
fc publicarão as feguintes produçoens.
Sermão do Evangelijia S. Marcos. Coim-
bra por Jozé Ferreira ImpreíTor da Univer-
lidade. 1689. 4.
Sermão de S. Lourenço na Igreja de NoJJa
Senhora do Monte Agudo. Lisboa por Miguel
Manefcal. 1696. 4.
Sermaõ do Aão da Fé, que fe celebrou
na Cidade de Coimbra em Domingo 25 de
Novembro de 1696. Coimbra por lozé
Ferreira ImpreíTor do Santo Ofíicio. 1697. 4.
Sermaõ das Exéquias do Illujlrijftmo,
e KeverendiJfiMO Senhor D. Fr. Jo!(ê de Alen-
caftre Bifpo Inquit^idor Geral na Igreja do
Convento de S. Domingos da Cidade de Évora
a 25 de Outubro de 1705. Lisboa por
Miguel Manefcal. 1706. 4.
Con/en/us Conjlitutioni Unigenitus praf-
titus Ulyífipone apud Pafchalem da Sylva
Ser. Reg. Typ. 1720. 4.
Fazem particular memoria defte illuf-
tre Prelado o Padre Francifco da Fonce-
ca Evor. Glorio/, pag. 330. n. 598. Fa-
mofo Lente da Univerjidade de Coimbra Fr.
Pedro Monteiro Cathalog. dos Deput. de
Coimb. §. 139. e dos Inqui^id. de Évora
§. 69. Fr. Martinho do Amor Div. Chron.
da Prop. de Santo António pag. 259. D.
Jozé Barbofa Mem. do Colleg. Real de
S. Paulo. pag. 231. E^xcellente Theologo,
e difcretijftmo Pregador, e no Archiath. Lufit.
pag. 61.
Pontificem Miranda colet Carvalho beni-
ffium
Canada quem mérito juvenem dodrina co-
ronat.
Jnfirtiet hic populos facundus praco, di-
fertá
Mente trahet cum vera facra det dogmata
legis.
Priftina Pontificum quà vita, €> more re-
ducet
Sacula foliciti Paftons múnus adimpltns.
D. lOAÒ DE SOUZA DE CASTEL-
LOBRANCO natural de Lisboa onde te-
ve por progenitores a lozé de Souza de Caf-
tellobranco Senhor de Guardaõ CoUegial
do Collegio Real de S. Paulo Dezembar-
gador dos Aggravos, Confelheiro da Fa-
zenda, Chanceller das Três Ordens Mili-
tares, e D. Izabel Soares da Albergaria.
Eíhidou em a Academia Conimbricenfe Di-
reito Pontifício em que fahio profunda-
mente vcrfado. Depois de fer Deputado,
e Promotor na Inquifiçaõ de Coimbra, e
Inquizidor em a de Lisboa de que tomou
poíTe a 17 de Janeiro de 1704. Cónego
da Collegiada de Santarém, e Chantre da
Collegiada da Capella Real, fo)' eleito Bifpo
de Elvas, e confírmado pela Santidade de
Clemente XI. a 23 de Janeiro de 171 6. e
fagrado na Capella Real pelo Emmincn-
tilfimo Cardial da Cunha a 15 de Março do
mefmo anno. Entre as obrigaçoens do feu
Officio paíloral fe diílinguio na comifera-
çaõ para os pobres, e na reformação dos
cuftumes celebrando a 24 de Agofto de
1720. Synodo, que foy o 3 que fe fez na-
quella Diocefe. Mais cheyo de virtudes,
que de annos faleceo piamente a 17 de Mar-
ço de 1728. entre o feu rebanho, que com
lagrimas explicou a falta de taõ benévolo
Paftor. Delle fe lembraô Monteiro Cathal,
dos Deput. da Inq. de Coimb. §. 138. e dos
Inqui:^^. de Lisboa. §. 71. e Carvalho, e Sou-
za Cathal. dos Bifpos de Elvas. ^. 15. Publi-
cou.
Decretos Synodaes feitos, e ordenados pelo
Illujlrijftmo, e Keverendijfimo Senhor D. loaõ
de Sout^a de Cajlellobranco hifpo de Elvas do
Confelho de S. Magejlade que Deos guarde, os
quais fe celebrarão na Sh da me/ma Cidade em
24 de Agojlo de 1720. Lisboa na Oííicina da
Mufíca. 1722. foi.
Conftnfus Conjlitutioni Unigenitus pral-
titus. 4. Naõ tem anno, nem lugar da
impreíTaõ.
L USITAN A,
771
lOAÕ DE SOUZA FERREYRA
Provedor da Fazenda dos auzentes do
Graõ Pará. Pela aíTiIlenda que fez muitos
annos neíla opulenta parte da America Por-
tugueza efcreveo, e dedicou em 2 de la-
neiro de 1685. a D. Fr. António de Santa
Maria BLÍpo Cortezaõ, e Deaõ da Capella
Real Bifpo eleito do Maranhão o qual fal-
leceo Bifpo de Miranda em o anno de 1689.
Noticiário Maranhenfe. DefcripçaÕ do
EJlado do AíaranbaÕ,, Juas contendas, e pere-
grinas circunjlancias. 4. O original con-
ferva na fua Livraria o eruditiíTimo lozé
Freyre de Montarroyo Mafcarenhas. Def-
ta obra como de feu author faz men-
ção o addicionador da hib. Ocid. de An-
tónio de Leaõ Tom. 3. col. 1725. onde
por erro da imprelTaõ fe lè que fora ef-
crita em o anno de 1585. quando certamente
o foy no anno de 1688. como nella vimos,
e florecer neíle anno o Prelado a quem
foy dedicada.
D. lOAÕ SOTELLO DE FIGUY-
ROA filho de Nuno Sotello de Araújo
Alcayde mòr do Caftello, e Fortaleza de
Sande dos Coutos de Campello, e Vai de
poldros, Cavalleiro profeíTo da Ordem de
Qirifto, e Capitão de Infantaria. Foy na-
turalmente inclinado à Poezia compondo
muitos Verfos na lingua Caftelhana dos quais
unicamente fe publicou.
Canção real em aplaufo de feu Tio o
I Doutor loaõ Salgado de Araújo Sahio na
B obra que elle compoz intitulada Memo-
rial, informacion, y dejenjion Apologética dei
'Patronato de E/pana por el Apoftol. S. Tiago
Salamanca 1692. foi.
lOAÕ SUCARELLO CLARAJVÍONTE
natural do Porto Cavalleiro profeíTo da
Ordem de Chrifto, Medico infigne, e Ex-
cellente Poeta principalmente no eíUlo jo-
coferio em que levou a palma a todos os
mais celebres profeílores delia divina arte.
Das fuás Poeíias fe podiaõ formar diverfos
volumes, e fomente fe fizeraõ públicos nas
Mem. Funeb. da Senhora D. Maria de Afayde.
Lisboa na Offic. Crasbeeckian. 165 1. 4.
a pag. 66 v.o e 75. v.\
Soneto, e huma Decima.
EJludante Fantaftico. Entremez M. S.
D. lOAÕ TASSIS, E PERALTA U.
Conde de Villamediana Cavalleiro da Or-
dem de S. Tiago, Correyo mòr de Caftella
ainda que por origem Caftelhano admiti-
do á Bibliotheca Lufitana por haver na-
cido em Lisboa no anno de 1580. (como
afirma Alonfo Lopes de Haro Nob. Ge-
neal. de EJpan. Part. 2. liv. 6. pag. 29) na
ocafiaõ que feus Pays D. loaõ de Taflis pri-
meiro Conde de Villamediana, e D. Maria
de Peralta Munátones filha de D. Antó-
nio de Peralta Munátones Cavalleiro da Ordem
de S. Tiago, Commendador de Carricofa, e
de D. Cafilda de Munátones acompanharão a
Mageftade de Filipe II. a Portugal para fe
coroar Soberano deíla Monarchia. Foy orna-
do o feu efpirito de todos aqueUes dotes, que
fervem de ornato ás peíloas da primeira le-
rarchia fendo generofo, afável, difcreto, ga-
lhardo, e valente. logava as armas com def-
treza, mandava os cavallos com arte, per-
feguia as feras no corro, e na Caíía com
valor, e agilidade. Bebeo com tanta afluên-
cia das correntes da Caballina que foy reco-
nhecido por Príncipe da Poezia Lyrica en-
tre os mayores Corifeos do PamaíTo Cafte-
lhano merecendo pela difcreta elevação da
fua Mufa os aplauzos dos eruditos de Ná-
poles quando aíTiIlio nefte Reyno empe-
nhados em celebrar a perfpicacia do feu
talento, que fe fazia mais eftimavel pela afa-
bilidade do feu génio. Sendo digno de vida
prolongada a perdeu infauftamente quando
contava 44 annos de idade ferido por im-
pulfo foberano de huma bala em o peito
a 10 de Setembro de 1622. Logo que rece-
beo o golpe fahio intrepidamente do coche,
e tirando pela efpada diíTe ejlo es becho, e cahio
morto. laz fepultado na Capela mòr do
Convento de Santo Agoflinho de Valha-
dolid do qual he padroeira a fua Caza. Pa-
ra epitáfio defte Cavalhero efcreveo a fe-
guinte Decima o Conde de Salinas.
Fatigado peregrino;
Nido breve, uma Junefta
Es la que contemplas ejla
Decretada dei Defiino.
772
BIBLIO THE CA
Ya^e aqui un Cijne divino;
1-lega, y lafiitnofo advierte
En tan dejejlrada Juerte,
Que con la violenta herida
Como canto tanto en vida,
Nó pudo cantar en mueríe.
Foy cazado com D. Anna de Mendo-
ça, e Lacerda filha de D. Henrique de Men-
doça, e Aragaõ irmaõ legitimo do quinto
Duque do Infantado, e de D. Anna de La-
cerda Marque2a que fora de Canhete, e de-
pois de Ateia filha de D. Fernando de La-
cerda irmaõ legitimo do Duque de Me-
dina Celi. Celebraõ a fua memoria erudi-
tas pennas como faõ Lourenço Gracian
Art. de Ingen. chamandolhe Ingeniojo, e Difc.
i6. luntò el fentenciofo con lo critico de Villa-
mediana què fuè el único de nucfiros tiempos
en lo picante. D. Luiz de Gongora Sonet. 4.
Começa.
£« veií^ de las Heliades agora
Acaba alludindo a fer o Conde Correyo
mòr de Caftella.
O' Mercúrio dei Júpiter de IBJpam.
Em outro Soneto o louva acabando
O' Efplendor generofo de Seiiores. Ni-
cul. Ant. Bib. Hi/p. Tom. 2. p. 602. c. 2.
ingenio, animi magnitudine, omnihujque aliis
dotibus, qua aulicum, ac nobilem virum de-
cent, clarijftmus, Poeta non vulgaris vena. o
Doutor Francifco de Caldas Pereira Kef-
ponf. pro D. D. loanna de Tajfts. UlyfTip.
1588. refolve que ainda que he filho de
Pays Caftelhanos por fer concebido, e na-
cido em Lisboa he natural dcfte Reyno,
c capaz das mercês que fe fazem aos na-
turaes. Spener. Opus Heraldic. Part. i. lib. 5.
cap. 37. Faria Fuente de Aganip. Part. i. no
Prologo. §. II. Sahiraõ pofthumas.
Obras dei Conde de Villamediana. Alcala
1629. 4. & ibi 1634. Madrid. 1635. 4. Bar-
celona 1648. 8.
Obras poéticas 2. Tomo. M. S. Confervafe
na Livraria de ExcellentiíTimo Duque de La-
foens que foy do EmminentiíTimo Cardial de
Souza.
Fr. lOAÕ TAVARES natural da
Gdade do Porto filho de Manoel Fran-
cifco Corrêa, e Francifca Corrêa. Pro-
feíTou o iníUtuto da illuílre Religião da San-
tiíTima Trindade em o Convento de San-
tarém a 8 de Dezembro de 1689. onde foy
Lente lubilado na Sagrada Theologia, Qua-
lificador do Santo Ofíicio, Reytor do Col-
legio de Coimbra, e Provincial eleito a 14
de Março de 1729. Teve iníigne talento
para o púlpito. Falleceo no Convento onde
nacera para a Religião a 30 de laneiro de
1736. Publicou
Sermoens Vários Tom. i. Lisboa na Of-
íícina da Mufica 1725. 4.
Sermoens Vários Tom. 2. ibi na Oífidna
Auguíliniana 1733. 4.
Sermoens Vários Tom. 3. Prompto para a
impreíTaõ o qual continha os Sermoens das
Domingas, e Ferias de Quarefma. M. S.
lOAÕ TAVARES MASCARENHAS
natural de Lisboa onde teve por Pays ao
Doutor Manoel Martins de Oliveira Fci-
joo, e D. Anna Maria Tavares Mafcarenhas.
Foy muito inílruido nas letras humanas,
e preceitos poéticos merecendo pela fua
erudição fer Académico de varias Acade-
mias onde era ouvido com atenção, e aplau-
zo. Cazou com D. Luiza lozefa de Távora
de quem teve ao Doutor leronimo Tava-
res Mafcarenhas de Távora que naõ dege-
nerou de feu Pay na inclinação à Poezia do
qual fez merecida memoria em feu lugar.
Compoz.
Vo:(es da Fama articuladas pelo intimo
de hum afeito verdadeiro exageradas, e nacidas
de amorofos dev^ejos de huma lealdade Portu-
guev^a na felicijfima coroação do muito alto, t
muito poderojo, Rey, e Senhor nojfo D. loaÕ
o V. em o dia de Sabbado primeiro de laneiro
do anno de 1707. Lisboa por António Pedrozo
Galraõ 1707. 4. Confia de 5 Sonetos, e hum
Romance largo.
Cithara Imperial, Lyra Poética em que fo-l
lemniza a Fama os jejlivos aplau!(ps e Jingulares^
júbilos do felicijfimo ingrejfo, e ceUbradiJftma en-
trada {em efte mais que todos felivi Reyno de Por-I
tugal) da Soberana Magejiade da augujlifma\
Raynha Nojfa Senhora D. Mariana de Au/-]
fria em o ditoi(p anno de 1708. Lisboa pori
L USITANA,
Manoel, e Jozé Lopes Ferreira. 1708. 4. Confta
de diverfo género de Metros.
Dous Sonetos, e hum Komance Hendeca-
fyllabo à morte do Bailio de l^JJa D. Fr. Filippe
de Távora, e Noronha. Sahiraõ com outras
Poezias a efte Cavalhero. Lisboa por Paf-
choal da Sylva Impreflbr de S. Mageftade.
1716. 4. a pag. 8. 39. e 53.
lOAÕ TAVARES DE VELES GUER-
REYRO Capitão de mar, e guerra em
a índia Oriental, o qual acompanhan-
do no anno de 171 8. ao Governador, e
Capitão General da Cidade do Nome de
Deos de Macao em a China António de
Albuquerque Coelho efcreveo a Relação
deíla jornada com eíUlo claro, e curiofa
obfervaçaõ, e a publicou com o feguinte
titulo.
Jornada, que o Senhor António de Albu-
querque Coelho Governador, e Capitão Geral
da Cidade do Nome de Deos de Alacão na
China je^ de Goa até chegar à dita Cidade
dividida em duas partes. ImpreíTa em Ma-
cáo fem nome do Impreflbr, nem anno
da ediçaõ, mas confta da mefma Jornada,
que o Governador chegara a Macào a
29 de Mayo de 171 8. e nelle foy imprefla.
Sahio depois Lisboa na Officina da Mu-
íica. 1721. 8. Defla obra faz mençaõ o
moderno Addicionador da Bib. Orient. de
António de Leaõ Tom. i. foi. 541. verf. no
Appendix.
lOAÕ TEYXEIRA iníigne profeflbr
de Jurifprudencia em cuja Faculdade rece-
beo o gráo de Doutor, do Confelho del-
Rey D. loaõ o II. e feu Chanceller mòr
muito intelligente em os preceitos da lin-
gua Latina, e verfado em toda a erudição
fagrada, e profana. A madureza do talento
unida com a fagacidade politica o fizeraõ
digno de acompanhar duas celebres Em-
baxadas, fendo a primeira quando D. M-
fonfo V. mandou dar obediência pelo feu
Embaxador D. Lopo de Almeyda à San-
tidade de Xifto IV. e a fegunda quando
D. Joaõ o n. nomeou no anno de 1490.
feu Embaxador Femaõ da Sylveira Coudel
mòr do Reyno, e Regedor da Caza da Su-
77^
plicaçaõ para ajuftar os defpozorios de feu
filho o Príncipe D. Affonfo com a Prin-
ceza D. Izabel filha delRey D. Fernando
o Catholico, e em ambas eftas funçoens
moftrou o vigUante zelo com que fervia
aos feus Soberanos. No dia em que a Ma-
geftade delRey D. loaõ o II. creou com.
apparato magnifico Marquez de Villa Real
a D. Pedro de Menezes cazado com a Se-
nhora D. Brites filha fegunda dos Sere-
niflimos Duques de Bragança D. Fernando,,
e D. Joanna de Caftro para fer mais plau-
fivel efte afto orou o Doutor Joaõ Teixeira,
com tanta elegância, que fufpendeo as aten-
çoens de taõ authorizado congreflb, lou-
vando a liberalidade dos Soberanos quan-
do rectamente fe dedica a premiar Vafla-
los beneméritos, e referindo os heróicos
ferviços, que em obfequio da pátria tinha,
feito o Marquez de ViUa Real pelos quais,,
e pela coroada afcendencia da fua Caza
era acredor de femelhantes honras. Efla
Oraçaõ, que foy recitada no anno de
1489. logrou do beneficio da luz publi-
ca fetenta, e três annos depois de fer ouvi-
da, e fahio traduzida na lingua Latina por
feu filho o Doutor Luiz Teixeira com efte
titulo.
Oratio habita ab infi^i viro Joanne Teixeira
Serenijfimi Joannis fecundi JLufitania Reps, et
Algarbiorum, Cifmarinorum pariter, <á>^ qu(t
Junt in Africa tranfmarinorum, Mtiopia-
que Domini, Cancellario máximo, Conjilia-
rioque cum Marchionatus ignitas ã fua Cel-
fitttdine collata attributaque fuit illufiri ac
magiifico Domino Petro Menejio Villa Rega-
lis Marchioni, comitique Urania &c. Men-
fe Martio armo à falute Chrifiiana. 1489.
Be^ae. Começa. Marci Tullii latina, vel
eloquentia, vel doctrina Frincipis (ò'c. Conim-
bricae per Joannem Alvarum Idibus Decemb.
M.D.LXn. 4. Depois a traduzio na lingua
Portugueza o Meflie Miguel Soares como
confefla na Dedicatória da tradução a D.
Miguel de Menezes 4. Marquez de Villa
Real, e bifneto de D. Pedro de Menezes I.
Marquez de Villa Real em cujo aplauzo
foy recitada. Efta tradução Portugueza fa-
hio imprefla como a Latina no mefmo
anno, e forma, e de ambas confervo hum
774
BIB LIO THECA
exemplar. Deíla obra como do feu Autor
o Doutor loaõ Teixeira faz mençaõ D. An-
tónio Caetano de Souza HiJ. Gen. da Ca:(^.
Keal PortNg. Tom. 5. liv. 6. p. 190. e 191.
Epijiola Joannis Teixeira Angelo Poliiiano
data 16 Kalend. Septemb. 1489.
lOAÕ TEYXEIRA Cofmografo mór
de S. Mageftade, e muito perito nas difci-
plinas Mathematicas. Compoz em o anno
de 1640.
DefcripçaÕ de todo o tnaritimo da Terra
de Santa Crtc^ chamado vulgarmente o Bra-
Zi/. M. S. foi. Conferva-fe com vários
Mappas illuminados, e com diverfas decla-
raçoens em a Livraria do Excellentinimo
Marquez do Louriçal.
lOAÕ TEYXEIRA DE SAMPAYO,
E SEYXAS COELHO Naceo a 27 de
Junho de 1680. em a Quinta de Tei-
xeira fituada na Freguezia de S. Salva-
dor de Villa Cova entre as Villas de
Guimaraens, e Amarante. Foy filho de
loaõ Teixeira Vieira de Sampayo, e D.
Anna Teixeira de Seyxas das principaes
famílias da Província de Entre Douro,
e Minho. He Senhor do Morgado da
Teixeira, e de Santo Ildefonfo de Villa
Verde no Confelho de Unhaõ inílituido
por Francifco Teixeira Coelho dos Senho-
res de Sergude. Cultivou com aplicação
defde os primeiros annos as fciencias ame-
nas em que fez grandes progreflbs a fua
comprehenfaõ, fendo frutos do feu eftudo
as feguintes obras.
Compendio hijforico de novidades do Reyno
do Ceo. Contem Novo Caminho da Salvação.
Diário de Ijouvores da Senhora. Forma de orar
confejfar, Comungar, ouvir MiJJa, correr a Via-
-Sacra e ganhar as indulgências. 4. M. S. Com
todas as licenças para fe imprimir.
PraíHca de Cavallaria onde fe contem Arte
de enfinar, conhecer, e criar os Cavallos. Arte
de enfrear os Cavallos à brida com eflampas de
todos os freyos, e arte de ferrar os Cavallos. foi.
M. S. Eílá nas Approvaçocns.
Arvores Genealógicas de algumas Famílias
âo Reyno. foi. M. S.
lOAÕ TEYXEYRA DA SYLVA na-
tural da Cidade do Porto filho de Domin-
gos Teixeira, e D. Maria Pereira da Sylva,
e irmaõ de Fr. Fernando da Soledade Pro-
vincial da Província Seráfica de Portugal
feu Chronifta, e Académico da Academia
Real de quem em feu lugar fe fez diílin-
ta memoria. Na Univerfidadc de Coim-
bra eíhidou Direito Pontificio cm que mof-
trou a fubtileza do juizo, e comprehen-
faõ do talento principalmente quando era
oppozitor às Cadeiras. Das letras huma-
nas, Oratória, Poezia, Hiíloria Sagrada, c
profana teve vaftas noticias merecendo por
ellas fer confultado pelo Confelho de Ef-
tado para Enviado da Republica de Olan-
da, e conciliar os afFeélos das primeiras
Peflbas de huma, e outra lerarchia como
foraõ o IlluílriíTimo Arcebifpo de Lisboa
Luiz de Souza depois Cardeal da Igreja
Romana, e feu irmaõ o Marquez de Arron-
ches, o Duque do Cadaval D. Nuno Al-
vres Pereira de Mello, e o Príncipe de Lignc.
Falleceo intempeílivamente no anno de 1686.
Compoz.
Poema Heróico á Raynha Santa It(abel.
Lendo efta obra o lUuílriffimo Bifpo do
Porto Fernando Corrêa de Lacerda afirma
que fe o tivera viílo antes de imprimir a vida^
da mefma Santa Raynha a naõ publicara
pelo exceíTo, que reconhecia no Poema
aíTim na elegância como em a difcriçaõ á
obra, que compuzera.
Exemplar politico da vida, e acçoens delKey
D. Pedro I. M. S.
Dous Nobiliários das Familias do Reyno.
foi. Aí. S.
Fjicyclopedia de todas as Artes, e Sciencias.
foi. Aí. S.
Rimas Varias. Aí. S. 4.
D. lOAÒ THEOTONIO DE AL-
MEYDA Naceo em Lisboa onde teve
por Progenitores a D. Luiz de Almey-
da Capitão de Cavallos irmaõ de D. Pe-
dro de Almeyda primeiro Conde do Af-
fumar, e Viccrcy da índia, e D. Maria
lozefa de Mello Cortcreal filha de Di-|
niz de Mello de Caftro primeiro Con-
de das Galveas, e D. Angela Maria dai
L USITAN A.
7/5
Sylveira. Por morte de fua Conforte D.
There2a Antónia de Caílro filha herdeira
de António LuÍ2 de Beja Capitão de Cavai-
los, e de D. Izabel de Caftro filha de Egas
Coelho Senhor da Ilha de Maya (da qual
teve a D. LuÍ2 lozé de Almeyda, D. An-
tónio lozé de Almeida, e D. Violante de
Portugal cazada em 26 de Setembro de
1730. com Luiz António de Bailo Baha-
rem Donatário da Villa da Praya Alcayde
mór de Linhares, e Cavalleiro da Ordem
de Chriílo) fe ordenou de Presbítero exer-
citando as virtudes próprias de taõ fublime
eílado. Efcreveo.
Re/açaõ das Fejlas que fe fi^eraõ em Villa
nova de Gaja em 3 de Mayo de 1759. ^
Sagrada Imagem de lejus Crucificado. Coim-
bra por Francifco de Oliveira ImpreíTor
da Univerfidade, e do Santo Ofíicio 1740. 4.
Fr. lOAÕ DE SANTA THEREZA.
Naceo na Villa de Pedrógão o grande
útuada na Província da Estremadura de
Pays de conhecida nobreza quaes eraõ Luiz
de Sá de Miranda, e D. Mariana de Sou-
za. ProfeíTou o fagrado inílituto da Ordem
militar de lefu Chriiio no Real Convento
de Thomar a 10 de Mayo de 1692. onde
igualmente fe fez eftimavel pela obfervan-
cia religiofa como pela fciencia efpecula-
tiva da fagrada Theologia em que recebeo
as infignias doutoraes em a Univerfidade
de Coimbra onde foy Conduâario com
privilégios de Lente provido a 4 de Mayo
de 1728. Foy o primeiro, que diftou aos
feus religiofos a doutrina da Efcola Tho-
miftica como dirivada das luzes do Sol de
Aquino que mereceo a aprovação da eterna
fabidoria. Falleceo em Coimbra a 25 de
Mayo de 1729. Jaz enterrado no feu Col-
legio ao fahir da Sancriília para a parte di-
reita. Querendo feguir o methodo da obra
Theologica de que deixou impreííos 2 To-
mos o Meílre Fr. Martinho Pereira Len-
te de Prima da Univerfidade de Coim-
bra, e grande credito da fua Ordem.
Compoz
Commentaria in Primum librum Sen-
tentiarum. 2. Tom. foi. M. S. os quaes
fervem de continuação à obra do Mef-
tre Fr. Martinho Pereira, e fe confervaõ-
promptos para a impreílaõ no feu CoUe-
gio de Coimbra.
Fr. lOAÕ DE SANTA THEREZA na
tural da Villa da Amieyra do Priorado do-
Crato em cuja Matriz recebeo a graça bau-
tifmal a 2 de Agofto de 1671. fendo filha
de Domingos de Araújo, e Catherina Ma-
deira. Dezejofo da vida mais perfeita pre-
ferio o eílado de facerdote fecular ao de
Rehgiofo recebendo o habito CarmeUtano
em o Convento da Villa de Collares a 15
de Agoílo de 1710. e profeíTou com difpenfa
de quatro mezes a 16 de Abril de 171 1. Por
alguns tempos exercitou o lugar de Por-
teiro mòr do Convento de Lisboa. Publi-
cou
Devoção ao Santiffimo Nome de lESUS-
Lisboa por Bernardo da Coíla de Carvalho.
1716. 24.
Devoção ao nome do Patriarcha o Se-
nhor S. lot(é. Lisboa pelo dito ImpreíTor..
1717. 24.
Fr. lOAÕ DE SANTO THOMAZ Na-
ceo em a Cidade de Lisboa a 9 de lulho de
1589. para credito da pátria que lhe deu ç>
berço, como efplendor da Ordem dos Prega-
dores que illuílrou com a doutrina, edificou
com o exemplo. Teve por Pays a Pedro
Poinfot natural de Viena de AuUria Secretario-
do Archiduque Alberto Governador deíle
Reyno de Portugal, e D. Maria Garcez;
de igual nobreza à de feu Conforte. O pri-
meiro theatro em que deu manifeílos ar-
gumentos do profundo talento, e aguda perf-
picacia de que profufamente o ornara a na-
tureza, foy a Univerfidade de Coimbra on-
de inílruido nas letras humanas, e efpecula-
çoens íilofoficas recebeo o grão de Meílre
em Artes. Obedecendo ao preceito de feu
Pay aíTiílente em Flandes (por ter acompa-
nhado no anno de 1596. ao Archiduque
Alberto quando foy defpozarfe com a In-
fanta D. Izabel filha de Filippe Prudente)
partio no anno de 1608. e como toda a fua.
inclinação era para a cultura das letras fre-
quentou a celebre Univerfidade de Lovai-
na onde ouvio explicados os myfterios da.
B IB LIO TH E C A
776
Theologia Efcholaílica pelo iníigne Lente
<lc Prima Fr. Thomaz de Torres natural
Ác Madrid da Ordem dos Pregadores, cujo
inílituto profeíTara no Real Convento da
Tocha, e taes foraõ os progreflbs que fez
o feu penetrante engenho, que mereceo
■com aplauzo de todos os Cathedraticos
receber o gráo de Bacharel em taõ fubli-
me Faculdade. Penetrado de heróico de-
fengano fe refolveo deixar as efperanças
caducas do mundo, e dedicarfe em algu-
ma familia religiofa ao obfequio de Deos
para fegurar a falvaçaõ eterna. Deíle pio
intento fez participante a feu Meílre Fr.
Thomaz de Torres o qual como terniffima-
mente o amaíTe menos pela agudeza do ta-
lento que pela innocencia da vida lhe acon-
felhou que deixando Flandes partiíTe a Ma-
<lrid onde no celebre Convento da Tocha
acharia tranquillo porto ao feu efpirito. Com
fumma brevidade chegou ao lugar defti-
nado para a vida religiofa, e fuplicando ao
Prior o habito foy admitido com aprova-
•çaõ geral daquella graviflima Comunidade
■em o anno de 161 2. ou 161 3. como vatici-
nando a gloriofa fama que havia refultar
à Ordem dos Pregadores com eíle infigne
alumno. Feita a profiíTaõ folemne foy man-
dado para Alcala em cuja Univerfidade
depois de haver didado pelo efpaço de
<[uinze annos Filofofia, e Theologia tal
opinião conciliou da fua profunda litera-
tura que fendo elevado à Cadeira de Prima
<la mefma Univerfidade em 11 de Setem-
bro de 1630. o Meílre Fr. Pedro de Tapia
lhe fubftituhio na Cadeira de Vefpora, que
regentou por dez annos até fubir à de Prima
por fer transferido a Cathedral de Segó-
via o grande Tapia que em fua peíToa co-
piou as virtudes dos Prelados da primitiva
Igreja. Em todo o tempo do feu magiíle-
rio eraõ innumeraveis os ouvintes que que-
riaõ participar da fua doutrina eftabelicida
fobre os folidos fundamentos das opiniocns
■de feu Angélico Meílre de quem foy fideliíTi-
mo interprete nunca apartando os olhos das
luzes dcílc Sol das Efcolas pelo qual regu-
lava os movimentos da fua penna. Eleyto
Inquizidor dos Reynos de Caílella, e Aragaõ
promoveo com incanfavel difvelo os aug-
mentos da Religião, e cometendolhe o fu-
premo Tribunal da Inquiíiçaõ de Efpanha
a reforma do Expurgatorio dos Livros prohi-
bidos dezempenhou taõ laborioza empreza
como da fua grande fabidoria, e apoílolico
zelo fe efperava. Ao tempo que paíTava
a mayor parte da fua vida na continua liçaõ
dos livros, e douta compoíiçaõ das fuás
obras recebeo huma carta efcrita no an-
no de 1643. em que" a Mageílade de Filip-
pe IV. o nomeava feu ConfeíTor. Tanto
que a leu coníiderando que aquelle lugar
ainda que honorifico o privava do amável
defcanfo da fua Cella para aíTiílir no Paço, a
cujas paredes fempre tivera horror, rompeo
neílas fentidas vozes. Aãum ejl Patres de vi ta
mea; mortuus Jum: orate pro me. Obrigado da
obediência aceitou eíle miniílerio totalmente
opoílo à humildade do feu génio que exer-
citou com taõ virtuofa independência, c
prudente moderação que podia fer exem-
plar de ConfeíTor de Principes do qual bre-
vemente (como tinha vaticinado) o privou
a morte pois acompanhando a Filippe IV.
no anno de 1644. na jornada de Catalu-
nha foy acometido no lugar de Fraga fitua-
do nos fins do Reyno de Aragaõ, de huma
ardente febre que degenerou em maligna,
e conhecendo fer anuncio certo da ultima
hora recebidos os Sacramentos com fum-
ma piedade entregou placidamente o efpi-
rito cumulado de fantificadas obras ao feu
Creador em 17 de lunho de 1644. quan-j
do ainda naõ contava completos 55 annos
de idade. Vir fane longiori vi ta dignas, fei\
immortalitate jám maturus efcreve delle Fr.
lacobo Echard Script. Ord. Prad. Tom.]
2. p. 538. col. 2. Fr. Franc. à D. Aug. Ma-
cedo Collat, in 3. Partem. Collat. 6. Dif-J
fer. 2. feél. 8. p. 409. Princeps inter ali^
Thomijias ob eximiam doãrinam, et eru
tionem. et DifFer. 3. fedi. 2. p. 427. in}
gnis Thomifla, et fcft. 5. p. 458. IHuJí
fiio nomine Author et pag. 440. eximia
hujíis Jactai S. Tboma mentis interpres. Di
na Part. 11. Tra£l. 8. Refol. 67. virum Já
pientijftmum c Traft. 5. Refol. 38 doâiJftmA
Magifter. Fr. loan. à Crucc Direã. Conj
cient. §. 4. n. 8. fapientijjimtds Magifier in 01
Jcientiarum, et difciplinarum genere vere
LUSITANA. jjj
gnus, et profundus. Nicol. Ant. Bih. Hifp. Philip. Borde, Laurent. Amaud. Petxum
Tom. I. pag. 603. col. i. doãrina ingeniique Borde et Guillielm. Barbier. 1663. foi.
efus clariffima extant monumenta. loan. Soa- Curjus Tbeolo^ci in 'Primam Partem D.
res de Brito Tbeatr. Lnjit. Utter. lit. I. Tboma Tom. \. fcilicet à quafl. 1. ujque ad quaft.
n. 82. Vir ingenio acuto, judinoque Jelec- XV. G^mpluti apud Antonium Vafques.
tijftmo. TouroQ Vie de S. Thom. d* Aquin 1637. foi. & Lugduni apud Benediéhim
iiv. 5. cap. 14. Theoloffen fort judicieuXf e GuaTchum. 1663. foi.
ires efiime des Jcavans. Cardofo Affol. Ljijit. Curfus Theologici in Primam Partem à
Tom. 3. p. 724. famofo Letrado. Gra- quaft. XV. uJque ad XXVII. Tom. 11. Lug-
veflbn Hiíl. Ecclef. Tom. 8. pag. mihi duni apud Petrum Proft. 1643. & ibi apud
130. Subtilitate, Jiudio, & eruditione Jupre- Benediâum Gviafchimi.
mum Jubtilitatis fcbolajiica attigijfe videtur. Curfus Tbeoloffci Tom. III. à quaft.
Monteiro Claujir. Dom. Tom. 3. pag. 89. XXVII. u/que ad finem prima Partis. Lug-
e 239. Fr. Luc. de Santa Cather. Hiji. de S. duni apud Petrum Proft. 1643. foi. &
Doming. da Prov. de Portug. Tom. 4. pag. 936. ibi apud Benediâum Guafchum. 1663.
Gampoz. foi.
Artis I^ffca prima Pars de Dialeãiàs Curfus Tbeoloffà in Prim. fecund. D.
inftitutionibus, quas Summulas vocant. Q)m- Tboma à quafl. I. ufque ad XXI. inclufive
pluti. 1631. e 1634. 4. Roma: apud Manei- Tomus primus. Matriri apud Mariam de
phium. 1636. Duaci 1638. Quinònes. 1645. foi. Obra pofthuma
Artis Lj)gica fecunda Pars in Ifagogen que publicou feu difcipulo Fr. Diogo
Porpbirii, Ariflotelis Categorias, ó" Periber- Ramires. Lugduni apud Benedidum Gua-
minias ac Pofteriorum libros. Compluti. fchum. 1663. foi.
1632. 4. Romae apud Manelphium. 1638. 8. Curfus Tbeoloffci Tomus II. ufque aã
Matriti. 1640. 4. Quaflion. CXIV. ibi eodem anno & Lug-
Naturalis Pbilofopbia prima pars, qua de dimi apud Guafchum. 1661. foi.
natura in communi, ejufque affeãionibus ãjjerit. Curfus Tbeolo^ in fecund. fecund. D. Tbo-
Matriti. 1633. 4. Romse apud Manelphium. ma Tomus unicus, boc eji de Fide, Spe, dr Cba-
1637. et Caefarauguftae. 1644. 4. ritate; de Homicidio, Keligione, Oratione, Voto
EJufdem 2. Pars in VIII. libros Phyficorum. cum quibufdam expofitivis quaflionibus. Ma-
Mãtriti 1633. 4. Romae apud Manelphiimi. triti. apud Mariam de Qxiinònes. 1649. foi.
1637. et Caefarauguftae. 1644. 4- & Lugdimi apud Benediftum Guafchum.
Ejufdem 3. Pars qua de Ente mobili 1663. foi.
£orruptibili apt ad libros Ariflotelis de ortu, Curfus Tbeologici Tomus VII. five de
<àr interitu cum decem traãatibus de Meteoris. Incamatione Verbi. Divini Traãatus. Ma-
Compluti. 1634; 4. Monachii. 1637. 8. Gefa- triti Typis regiis. 1656. & Lugduni apud
rauguftac. 1644. 4. Guafchum. 1663. foi.
Ejufdem 4. Pars, qua de Ente mobili Curfus Tbeologici Tomus VIII. De Sa~
animato ad libros Ariflotelis de Anima. Compluti. cramentis in genere, de que Venerabili Eu-
1655. 4. cbarifia Sacramento, eb* de Panitentia difpu-
Sahiraõ todas eftas obras Filofoficas Ma- tationes. Parifiis apud Antonium Bertier.
triti. 1648. 4. Coloniae. 1638. 4, 3. Tom. 1667. foi. Sahio efte Volume por deligencia
correâas por Fr. Thomas de Sarria et ibi de Frãcifco Combeíis, e lacobo Quetif Do-
165 3- 4- 3- Tom. Romae apud Manelphium. minicanos.
1636. e 1637. 8. 9. Tom. Ultimamente com Os fete Volumes da Theologia fahi-
o titulo. raõ impreíTos Lugduni apud Philippum
Curfus Pbilofophicus Tbomijlicus fecun- Borde, Laurentium Amaud, Petrum Bor-
dum exaãam, veram, et genuinam Arijio- de, Guillielmiim Barbier. 1663. foi. acre-
telis, et Doãoris Angelici mentem et in di- centado no i. Tom. em o fim Traãa-
verfas partes diflributus. Lugduni apud tus de Opere fex dierum, e no Tom. 11. .
778
ad Prm. fecund. as Matérias Theologi-
cas, que diftou na Cadeira da queftaõ
deíla Parte 109. até 114. que conílaõ de
Grafia, <ò' Mérito. Os 8 Tomos Sahi-
raõ impreíTos CxAomx. Agripinac. 171 1.
foi.
Speculum Jine macula, id ejl, Traãatus
de approbatione, authoritate, €>* puritate
doãrina D. Thoma Aquinatis. Auguftac
Ubiorum apud loannem Bufxum. 1658.
8. Eíla obra já fe tinha publicado no i.
Tomo do Curfo Theologico.
Explicaccion de la do£frina Chrifiiana.
Valença. 1644. 16. Alcala. 1645. 16. Sa-
ragoça por Pedro de Lanaja. 1644. 4.
Anveres en la Imprenta Plantiniana. 165 1.
24. Roma 1663. 12. Madrid por Diego
Martines Abad. 1692. 8. Traduzida em
Latim por Fr. Henrique Hechtermans
Dominico. Bruxellis apud Francifcum Vi-
vien. 1658. 16. e na lingua Portugue-
2a Lisboa na Oíficina Craesbeckiana.
1654. 8.
Pra£Hca y confideracion para ajudar a bien
morir. Saragoça por Pedro de Lanaja. 1645. 8.
Traduzida em Italiano por Francifco Onofri.
Florencia. 1674. 12.
Breve Tratado y muy importante que
por mandado de fu Magefiad ejcrevió el Rí-
verendijftmo Padre Fr. Juan de Santo Tho-
ma:;^ para faber har^er una confejfwn Gene-
ral. Começa. Sefior Solo la obediência ai
mandato de V. Mageftad puede efcufar el
embiar efios papeies, en los quales he ceiii-
do lo mas, que he podido las matérias que
parece fon dijcurjables en una conjejjion Ge-
neral. Si en algo fe ha acertado fera premio
de mi defeo: fi he errado habré verificado
con la obra lo que dife de mi infuficiencia, y
quedará campo a V. Magefiad de perdonar
mis defaciertos. Dios nuefiro Senor nos gttar-
de a V. Magefiad como toda la Chrifiiandad
a menefier. Madrid aiio de 1644. Fr. luan de
S. Thoma^. Coníla de 20 paginas, c a tradu-
zi© em Latim lacobo Quetif Dominicano
como affirma no 2. Tom. Scrip. Ord. Prad.
P^g- 339' col. 2. de cuja tradução Latina
efte he o titulo.
Brevis, ó' expecta methodus facra Ge-
neralis difponenda peccatorum exhomolegis
BIB LIO THE CA
Philippi IV. Hifpaniarum Regis Catho-
lici juffa à Keverendifiimo P. Fr. Joanne à S.
Thoma edita.
Fr. lOAÒ DE SANTO THOMAZ Na-
ceo em a Cidade de Coimbra, c no Colle-
gio Carmelitano da mefma Cidade rece-
beo o habito a 7 de Março de 1587. na flo-
rente idade de 17 annos onde aprendeo as
fciencias fe veras, Diftando Theologia cm
a Cidade de Évora foy aplaudido o feu talento
pelo infigne Efcriturario o P. Braz Viegas
da Companhia de lefus de quem fe fez me-
moria em feu lugar. Movendo-fe algu-
mas duvidas neíle Reyno em o anno de 1609.
acerca dos privilégios da Bulia Sabbatina
foy mandado a Roma para defender huma
cauza em que era intereíTada a gloria da
fua Religião, e depois de vencidas varias
dificuldades de que triumfou com funda-
mentos folidos allegados cm doutiíTimos
Tratados, que para efte fim compoz, fahio
confirmada a Bulia por Decreto Pontifí-
cio a II de Fevereiro de 161 3. Reftituido
a Portugal foy eleito Prior do Convento
de Lisboa donde fubio a Provincial a 9
de Abril de 161 7. fendo huma das açocns
mayores do feu governo deftinar o Con-
vento de CoUares para Recolleta da Pro-
víncia efcrevendo os Eftatutos, que haviaõ
obfervar os feus moradores. De todas as
virtudes religiofas foy exaótiffimo cultor dif-
tinguindo-fe com tal cxceíTo na humilda-
de que naõ aceitou o lugar de Meftre, que
merecera pela leitura das Cadeiras, fe naõ
obrigado do preceito do Geral conferindo-
-Ihe o gráo de Doutor em o Convento do
Carmo de Lisboa D. Fr. Thome de Faria
Bifpo de Targa, feu particular amigo. Pela
madureza do juizo, e profundidade da fua
litteratura era eftimado das primeiras pef-
foas da Corte fendo eleito por D. António
de Attayde Conde da Caftanheira Prefidentc
da Meza da Conciencia para reformador
dos Examinadores defte Tribunal, c come-
tendo á fua decifaõ graves negócios o Illuf-
triíTimo Arcebifpo de Lisboa D. Miguel
de Caftro. Falleceo no Convento do Car-
mo de Lisboa com fumma piedade a 15
de Julho de 1645. quando contava 7J an-
L USITAN A,
779
nos e IO mezes de idade e 58 de Religião.
Fazem delle memoria Munos Vropiign. Elia
lib. 2. Tit. 3. cap. I. Art. 3. p. 952. Cafa-
nate Paradis. Carmel. Decor. Stat. 5. ^ftas
18. cap. 159. p. 487. Cathal. Script. Ord.
Carmel. p. 83. Compoz.
Allegationes pro Scapularis Vtrginei
jingulari concejftone. Hv-polito Marrado as
intitula eruditas na Bib. Alariana Part. i.
p. 791. onde fallando de feu author lhe
faz o feguinte elogio vir omni Utterarum,
ac virtutum nitore prafulgidus, <& Sacri Car-
melitarum Scapularis a S. Virffne Matre
Simoni Stoch largiti fingularis Aíacenas. G^n-
íervaõ-fe M, S. na Livraria do Convento
Romano da Tranfpontina.
Tratados Apologéticos do Profeta, e Pa-
triarcha Elias até loaÕ 44. Eílaõ na Livra-
ria do Convento do Carmo de Lisboa.
Ejlatutos do Convento de Santa Anna
de Collares jM. S. Parte delles fe lem
impreíTos nas Mem. Hijl. dos Efcrit. do
Carm. da Prov. de Portug. efcritas por Fr.
Manoel de Sá a pag. 249.
Fr. lOAÒ DE S. TIAGO. Naceo
em Lisboa a 12 de Mayo de 1686. fendo
filho de Sebaftiaõ Francifco Roufado, e Ma-
ria lozefa. Inílruido nos preceitos da lín-
gua latina recebeo o habito Carmelitano
no Convento pátrio a 15 de Agofto de 1702.
e profeííou folemnemente a 20 do dito mez
do anno feguinte. Moílrando naõ vul-
gar capacidade em as fciencias Efcholaf-
ticas, que aprendera no Convento de Lis-
boa, e Collegio de Coimbra as diftou pelo
efpaço de doze annos em o Convento de
Moura com grande credito do feu talento
merecendo o gráo de Meílre da Ordem
por patente paílada a 4 de Agofto de 1725.
Governando a Provinda defde 7 de la-
neiro até 12 de lulho de 1728. viíitou com
igual prudência, que vigilância os Con-
ventos de Lisboa, Collares, Camarate, S.
Romaõ, Torres novas, Collegio de Coim-
bra, e as Religiofas dos Mofteiros de
Tentúgal, e Guimaraens. A Venerável
Ordem Terceira defta Corte o propoz
para feu Corniílario em cujo lugar fendo
confirmado pelo Provindal a 12 de Abril
de 1731. fatisfez a taõ laboriofa ocupação
com fummo zelo, e incanfavel difvelo. A' fua
a6Hva deligenda fe devem as Infíituiçoens
da Ven. Ordem Tercdra em as Villas de
Alcobaça, Eftremos, e Qdade de Vizeu.
Para o minifterio do púlpito o dotou a natu-
reza com particular génio alcançando re-
pitidos aplaufos pelos Sermoens que tem
recitado a auditórios numerofos dos quaes
fe fizeraõ públicos pela impreíTaõ os feguin-
tes.
Sermão nas fumptuofas Eeftas da Canoni-
zação de S. Luiz ^o^Z^^^f ^ ^ Santo Eftanif-
lao Koska pregado na Ca^a profeffa de S. Ro-
que a d de Agofto de \~iz~i. no 4. <&/ do feu Jolem-
nijjimo Outavario. Lisboa por António Pe-
drozo Galraõ 1728. 4.
OraçaÕ Fúnebre nas exéquias que a Ven.
Ordem Terceira de Nojfa Senhora do Monte
do Carmo fez no Real Convento de Lisboa
aos 17 de Abril de 1733. ao Excellentif-
fimo D. Pedro de Caftello branco Conde de
Pombeiro, Senhor da Caza de Bellas, Al-
cayde mor de Villa Franca de Xira, do Con-
felho de Sua Alageftade, e Capitão de huma
das fuás Companhias da Guarda. Lisboa
por Miguel Rodrigues ImpreUor do Se-
nhor Patriarcha. 1733. 4.
OraçaÕ Fúnebre Panegyrica, e Hiftorica
nas fumptuofas exéquias que em 10 de Fe-
vereiro de 1734. fe celebrarão na Igreja do
Real Convento de NoJfa Senhora do Carmo
da Cidade de Usboa pelo llluftrifftmo D. Fr.
Bartholameo do Pilar primeiro Bifpo do GraÕ
Pará do Confelho de Sua Alageftade, e religiofo
que fqy da Ordem do Carmo da Provinda
de Portugal. Lisboa pelo dito ImpreíTor.
1734. 4.
Fr. lOAÕ DA TRINDADE natu-
ral de Lisboa donde partio no anno de
1645. com o pofto de Soldado para a índia
Oriental porém illuftrado da divina Gra-
ça fe aliftou em outra mais nobre mili-
da qual foy a Religião Seráfica em a
Provinda de S. Thomè. Nella mereceo
pelo feu talento cultivado com o eftudo
fer Meftre de Theologia, Pregador Ge-
780
BIB LIOTHE C A
ral, Guardião do Collegio de S. Boaven-
tura de Goa, Cuftodio, e Definidor da Pro-
víncia, c luiz delegado pelo Summo Pon-
tifice para decifaõ de graviíTimas cauzas.
Quatro vezes paflbu por terra da índia
a Portugal com negócios cometidos pelos
Vicereys do Eftado, os quais concluio com
fumma induftria, e igual fidelidade. Ef-
tando para partir quarta vez para a índia
no anno de 1678. quando contava 57 de
idade com o lugar de Guardião do Mof-
teiro de Salfete afirmou em Roma ao Pa-
dre Francifco da Cruz da Companhia de
lefus como efcreve nas Aíem. M. S. para a
Biblioth. Portug. que deixava em Lisboa
prompta para fe imprimir.
Re/açaõ Verdadeira das Jornadas que tinha
Jeito da Índia a "Portugal, e de Portugal á ín-
dia. 4.
Fr. lOAÕ DO VALLE natural de Lis-
boa onde teve por Pays a Manoel Rodri-
gues do Valle, e Mariana lorge. Deixan-
do o feculo profeíTou o inílituto do Dou-
tor Máximo S. leronimo em o Convento
de Penhalonga a 19 de Agoílo de 1674.
e fe perfilhou em o Real Convento de Be-
lém a 16 de Outubro de 171 8. Aprendeo
as fciencias feveras em o Collegio de Coim-
bra em que fahio taõ egregiamente inftrui-
do que recebeo o gráo de Doutor Theo-
logo na Academia Conimbricenfe que il-
luílrou com o feu magiílerio fendo Lente
da Cadeira de Gabriel a 24 de lunho de 171 8.
donde paíTou à de Prima em 15 de Feve-
reiro de 1726. diâando as Matérias de Vo-
luntate Dei, e de Fruitione Dei. Falleceo no
Collegio de Coimbra a 8 de lulho de 1734.
com 80 annos de idade e 60 de reli-
giofo. Publicou fem o feu nome em obze-
quio de Carlos VI. Emperador de Ale-
manha no tempo que pertendia fer Rey de
Efpanha.
Enganos en los def enganos, vicias en los re-
médios dejcuhiertos a mayor luv^ y expuefios a
la dei mundo para fociego de inquietos, direcion
de efcrupulofos, aliento de los Efpaiioles verda-
deros, y confujion de infieles Hifpano Gallos.
Lisboa por Miguel Deslandcs ImprcíTor do
S. Officio. 1704. 4.
lOAÕ DO VALLE PEYXOTO na-
tural da Villa de Guimaraens em a Pro-
vinda de Entre Douro, c Minho. Eíhidou
Direito Cefareo em a Univerfidade da Sa-
piência cm Roma onde foy o primeiro Por-
tuguez que neíla Academia recebeo as in-
fignias Doutoraes na Faculdade da lurif-
prudencia Civil. Foy Arcediago de Oli-
veira em a Primacial Igreja de Braga, e
celebre lurifconfulto como o intitula loan.
Soar. de Brito Theatr. iMJit. LJíer. lit. I.
n. 83. Emendou, e ampliou com novos
fuplementos.
Celebris Repetifio Signoroli de Homodeis.
I. V. Conjulti fuper L. i . C. qui admitti ad
bonorum pojfejftonem pojfunt. Romãs in Cam-
po Florae per Valerium Doricum, & Ludo-
vicum Fratres Arifcianos 1541. foi. De-
dicada a Cai los da Guarda Deaõ da Cathe-
dral de Braga, e Lamego aíTiílente na Cúria
Romana como era o Author. Neíla Dedi-
catória afirma ter compofto.
Kepertorium magnum, et utile fuper omnia
diverforum Doãorum volumina repetitionum .
Defta obra como de feu author faz memoria
o Doutor Manoel Barbofa no 4. e 5. livro
das Kemijfoens a Orden. do Reyno.
lOAÕ VALVERDE natural de Lis-
boa como efcrevem Zacuto lib. i. Hi^.
84 & lib. 6. Hijl. 6. e o Licenciado
lorge Cardofo Mem. M. S. para a Bib.
Portug. Foy celebre profeíTor da Me-
decina que exercitou com grande fa-
ma do feu nome em Roma fendo Me-
dico do Cardial D. Fr. loaõ de Tolc-j
do Arcebifpo de Compoftella da OrdemJ
dos Pregadores. Igual fciencia teve da.
Anatomia, que aprendeo do Meftre Mi-
guel Columbo cm Itália deixando pa-
ra irrefragavel argumento defta Facul-
dade a obra feguinte com que illufixouj
a André Vcfalio, que nclla efcrevera douta-
mente.
Hijloria de Compoficion dei cuerpo buA
mano. Roma por António de Salaman-j
ca, e António Lanfrerio. 1556. foi. Conf-j
ta de 7 livros, o i. trata dos fundamen-
tos do corpo humano, que faõ oíTos,
LUSITANA
781
cartilagens, z. dos ligamentos dos oíTos,
e fuás cuberturas, que faõ carne, e pelle.
3. dos membros necelTarios para a con-
fervaçaõ do corpo aíTim em individuo,
como em efpecie. 4. dos membros ne-
ceflarios à vida, como coração, e outros,
que compõem o peito. 5. dos membros,
que fervem para o fentir, e mover. 6. das
primeiras veyas, e artérias. 7. dos iníbrumen-
tos médios pelos quais fentimos, e nos mo-
vemos. As eílampas defta obra foraõ di-
buxadas, e abertas por Gafpar Bezerra fa-
mofo Pintor, e abridor de eftampas. Sahio
traduzida eíla obra em Italiano por feu
Author. Venetia apreíío Jimti. 1586. foi.
Depois a traduzio na lingua Latina Miguel
Columbo, e fahio com efte titulo.
Anatome Corporis bumani à Michaele
Columbo latine reddita, &" additis Latims ali-
quot tabuJís exomata. Venetiis apud Jun-
tas. 1589. foi.
De animi, et Corporis Sanitate tuenda liber.
Pariíiis apud Robertum Stephanum. 1552. 8.
et Venetiis apud Ludovicum lilium. 1553. 8.
Dua E-piJlola ad Michaelem Keynofum
J. C. data Kalend. Atig. 1625. Sahiraõ
impreflas ao principio das Obfervaçoens
Praticas do mefmo Reynofo onde coníla,
que ainda neíle anno vivia. Na mef-
ma obra eftá impreíTa huma fua EJeffa,
Latina em aplaufo das mefmas Obfervaçoens
na qual moílra a natural afluência, que tinha
para a Poezia.
P. lOAÕ DE VASCONCELLOS na-
tural da Gdade de Leiria, e filho de Fran-
dfco Mendes de Vafconcellos, e D. An-
tónia de Sá defcendentes de familias quali-
ficadas. Ao tempo, que contava 15 an-
nos de idade com refoluçaõ heróica fugio
do feculo para o Qauíbro da Companhia
de Jefus recebendo a roupeta em o GdI-
legio de Coimbra a 30 de Janeiro de 1607.
onde depois de eftudar as letras humanas,
e fagradas enfinou pelo efpaço de outo
annos Theologia Moral. A madureza do
juizo unida com a afabilidade do génio
o fizeraõ merecedor de fer Reytor dos Col-
legios de Braga, Santarém, Porto, e Coim-
bra em cujo governo deixou a vida caduca
pela eterna a 21 de Setembro de 1661. com
68 annos de idade, e 53. de Companhia.
Foy perfeito exemplar de virtudes religio-
fas. Delle fazem memoria Bib. Societ. pag.
510. col. I. Franco Imag. da Virtud. em o
Nov. de Coimb. Tom. 2. p. 1620. Compoz
com o fupofto nome de Gregório de Al-
meyda.
Rejiauraçaõ de Portugal prodi^ofa. Lis-
boa por António Alvares. 1643. 4. A efta
obra de que o fazem author o Padre Fer-
nando de Queirós Vida do Irm. Ped. do Bajlo.
liv. 4. cap. 8. Joan. Soar. de Brit. Tbeatr.
Ljifit. Utter. lit. I. n. 84. louva elegante-
mente Nicol. Mont. Vox Turturis in Prosem.
Art. 3. pag. 70.
Sermaõ nas Exéquias do muy ejclarecido
Senhor Fr. Luiz ^^vare^ de Távora Balia de
hejfa, e Luingo Fundador do Collegio de S. Lou-
renço da Cidade do Porto as quais fe celebrarão
no mefmo Collegio em 1% de Novembro de 1645.
Lisboa por Paulo Crasbeeck. 1646. 4.
Tratado, em q evidentemente fe prova fer vindo
o Mejftas prometido pelos Profetas. M. S. foi.
Conferva-fe no Collegio de Évora.
Fr. lOAÕ DE VASCONCELLOS cha-
mado no feculo Álvaro Mendes de Vaf-
concellos, que lhe foy impofto em memo-
ria de feu Vifavo paterno Álvaro Mendes de
Vafconcellos do Confelho delRey D. loaõ
o III. Embaxador Extraordinário a Carlos V.
e à Sanridade de Paulo III. Naceo em a
famofa Gdade de Lisboa no anno de 1590.
fendo filho fegundo de Manoel de Vafcon-
cellos Regedor das luíliças, Confelheiro de
Eftado, Commendador de Izeda na Ordem
de Chrifto, Senhor do Morgado de Efpo-
raõ, e Prefidente do Senado de Lisboa, e
de D. Luiza de Vilhena filha de loaõ Nunes
da Cunha, e de D. Filippa de Mendoça,
e irmaõ de D. Frandfco de Vafconcellos
primeiro Conde de Figueiró. Igual ao ef-
plendor do nacimento lhe concedeo a na-
tureza perfpicada de juizo, que fendo cul-
tivado com a virtuofa direção do V. P.
António da Conceição fingular ornato da
Canónica Congregação do Evangeliíla fa-
hio inflxuido nas letras humanas, e do-
cumentos moraes. Para fe aplicar ao ef-
782
tudo das fciencias mayores paíTou à Uni-
vcrfidade de Coimbra onde admitido a Por-
cionifta do Collegio de S. Pedro a 10 de
Mayo de 1605. fe diílinguio dos feus colle-
gas em os progreflbs litterarios, porem con-
fiderando com madura reflexão as caducas
efperanças com que o mundo lhe lizon-
geava a fantezia, refolveo a preferir as morti-
ficaçoens do clauftro aos aplauzos da Uni-
verfidade pedindo humildemente o habito
da efclarecida Ordem dos Pregadores ao Mef-
tre Fr. Martinho Efcay Vizitador da Pro-
víncia de Portugal, que admirado da modef-
tia do femblante lhe difirio promptamente
a taõ piedofa fuplica ordenando, que folTe
recebido em o Real Convento da Batalha
donde vencidas fortiíTimas contradiçoens
de feu Pay, e Parentes contra o eftado que
emprendera, paíTou a continuar o Novi-
ciado em o Convento de S. Paulo de Al-
mada, e nelle profeíTou folemnemente a 11
de Mayo de 1608. e para naõ confervar a
menor memoria do feculo mudou o nome
de Álvaro em Joaõ. Neíla fagrada, e douta
paleílra renovou os eíludos efcholafticos com
tanto credito do feu talento, que fubindo
à Cadeira diftou Filofofia, e Theologia
em os Conventos de Lisboa, e Évora até
receber o gráo de Meftre. Ainda naõ con-
tava completos trinta, e íinco annos de
idade quando foy eleito Prior do refor-
mado Convento de Bemfica edificando aos
feus moradores com o exemplo, e reedi-
ficando a Igreja com taõ primorofa archi-
teéhira, que he huma das mais excellen-
tes, que tem o noíTo Reyno. A liberdade
apoílolica com que do púlpito reprehendia
os vicios, e o ardente zelo com que pro-
movia os augmentos da Fe pelos quais foy
obrigado paíTar diverfas vezes à Corte de
Madiid, o habilitarão para fer eleito Prega-
dor delRey, e Deputado do Confelho Ge-
ral do Santo Officio de que tomou poíTe a
23 de Novembro de 1632. Sendo Provincial
temperou de tal modo a feveridade com
a brandura, que naõ faltando às obrigaçoens
de Prelado, uzou da benevolência de Pay.
Com animo heroicamente refoluto regei-
tou as Mitras das Cathedraes de Miranda,
e Braga julgando, que taõ altas dignidades
BIB LI O THE CA
perdiaõ a cftimaçaõ conferidas à fua Pef-
foa. Nomeado pelo Pontífice Innocencio'
X. Vifitador, e Reformador da Congrega-
ção dos Cónegos Seculares do Evangeliíla
fe efcuzou deíla incumbência como repu-
gnante à quietação do feu cfpírito. Obri-
gado pelo Inquizidor Geral D. Francifco de
Caílro vizitou o Tribunal da Inquiziçaõ de
Coimbra com aquella prudência de que era
fummamente ornado. Sendo eleito por or-
dem do SereniíTimo Rey D. loaõ o IV. Re-
formador da Univerfidade de Coimbra emen-
dou muitos abuzos, que a inércia tinha,
introduzido, e eílabeleceo prudentes Efta-
tutos para beneficio comum dos difci-
pulos, e Meftres daquella Athenas Portu-
gueza. Ultimamente para complemento da&
virtuofas acçoens emprendeo quando era
Vigário do exemplariíTimo Mofteiro do Sa-
cramento de Religiofas Dominicas, erigir
pelas medidas do feu generofo coração-
novo Templo para culto daquelle amo-
rofo Myílerio, o qual fahio taõ elegante na
fabrica como a de Bemfica devendo ao-
primor da fua idea, e piedade de feu animo-
a fumptuofa magnificência com que fe or-
naõ. Neíle fagrado domicilio em que exer-
citou fervorofamente as virtudes praétíca-
das por toda a vida foy acometido da ulti-
ma infermidade, e confortado com os Sa-
cramentos expirou placidamente em o primeiro ,
de Fevereiro de 1652. quando cotava 62 an-
nos de idade, e 44 de religiofo. Collocado Qj
Cadáver na Igreja do Mofteiro do Sacramen-
to fe lhe fez o Officio em que cantou a Miíía
o Bifpo Inquizidor Geral D. Francifco
Caftro aíTiftindo ao Funeral os Bifpos d<
Coimbra, Leiria, e Elvas. Sendo condu-
zido para fe fepultar em o Convento de S,
Domingos de Lisboa foraõ os primeiros
que tomarão fobre os hombros o feret
em que jazia, D. loaõ Mafcarenhas Condi
de Santa Cruz, D. Pedro de Lancaftre, D.
Viriífimo de Lancaftre fobrinho do V. Pa^^
dre, o Provincial, os Priores de Lisboa
e Bemfica, e o Meftre Fr. Fernando d<
Menezes. A 5 de Fevereiro fe lhe d<
caraõ fumptuofas exéquias em o Conven-
to de S. Domingos afliftindo o Inquizidol
Geral com o Tribunal do Santo Officio^
L US ITAN A.
7^3
■e a mayor parte da nobreza, e das Famí-
lias Religiofas. Recitou o Panegyrico Fú-
nebre o Prezentado Fr. Álvaro Leytaõ re-
fumindo a breve Mappa as virtudes de taõ
iníigne Varaõ. Da Sepultura raza em que
jazia no Antecoro, lhe mandou levantar
hum magnifico Maufoleo feu fobrinho o
£mminentinimo Cardial D. VeriíTimo de
Lencaftre Inquizidor Geral deftes Reynos
onde defcanfaõ as veneráveis cinzas defte
graviíTimo Regular, e fe lhe gravou a feguinte
infcripçaõ.
Magnus Theologus Frater loannes de Vaf-
concellos ex Vradicatorum família clarijftmus
Janguine, morihus nitidior, Regis, ac fupre-
mi Inquifitionis Senatus à Conjiliis, Prioris
Provincialis mimere, Kegii Concionatoris lau-
rea, Pontifícia recufata dignitate, virtutibus
cumulatus, ac meritis, in Crncifixi ample-
xu magna Chrifliana piefatis opinione, pati-
perum dolore, omniumque defiderio Uljjfipone
moritur Kalend. Feh. ann. falut. 1652. atatis
Jua. 62.
Efcreveraõ a fua vida com elegantes pen-
nas o Meílre Fr. André Ferrer de Valde-
cebro em a Ungua Caftelhana, e na Por-
tugueza Fr. Lucas de Santa Catherina Chro-
niíla da Provinda de S. Domingos de Por-
tugal, e Académico Real na 4. Part. da Hifl.
áe S. Doming. defla Prov. liv. i. cap. 15.
até 23. onde difufamente fe podem ler
as fuás fanétíficadas obras. Delle fe lem-
I braõ drdozo Agiol. Lâifit. Tom. 3. p. 336.
no Coment. de 20 de Mayo letr. F. VaraÕ ver-
dadeiramente Apoflolico, infigne Pregador do feu
tempo, benemérito Inquifidor do Confelho
Geral, eximio amador da obfervancia, e po-
bret(a religiofa, efpelho claro de virtudes di-
vinas, e letras humanas. Echard Script. Ord.
Prcsã. p. 570. col. 2. Vir avita nobilitate
clarus, fed innocentia, et morum fanâitate
longe clarior fuit. Sylva Leal Cathal. dos
Porcion. do CoUeg. de S. Pedro n. 7. Va-
raÕ dotado ae muitas virtudes. Fr. Pedro
Monteiro Claujlr. Domin. Tom. i. p.
94. Grande Theologo, e Pregador Régio.
€ no Cathalog. dos Deput. do Conf. Ge-
ral. §. 40. Venerável fervo de Deos. D.
Nicol. de S. Mar. Chron. dos Goneg. Regr.
liv. 4. cap. 8. §. 23. illuflre por fangue, e
muito mais por fuás grandes virtudes, e o mais
reformado, e obfervante Reli^ofo entre todos os
da fua Familia, e que foube defprei^ar Bif pados,
e outras dignidades, e morrer Frade muj pobre,
e com fama de Santo. Compoz.
Gurfus Artium, feu in Philofophiam Uni-
verfam Gommentaria. Defta obra fe fizeraõ
vários treflados para fe diâar em toda a
Provinda pois f/u (como efcreve na fua
Vida Valdecebro cap. 8. pag. 27) y es oj el
más celebrado y admetido en aquella Provinda
de quantos bafla fu tiempo fe avian leydo y le ante-
cedieron bombres eminentes y de nó vulgar aplatc^p
en todas Facultates.
Garta efcrita de Aveyro a zz de Setembro
de 1640. ao Conde Duque em que fe efcufa do
Bifpado de Aíiranda. Sahio impreíTa na fua
vida efcrita por Valdecebro liv. i. cap. 35.
p. 105.
Repojla ao Alvitre que deu Paulo Goelho
de Abreu contra o fifco da Santa Inquififaõ de
Lisboa. M. S.
Gapitulaciones entre la Inquificion de Gaflilla
y Portugal fobre la remijfton de los culpados de
Reyno, a Reyno. M. S. Eftas duas obras fe
confervaõ na Livraria do ExceUentiíTmio
Marquez de Abrantes.
Fr. lOAÕ DE VASCONCELLOS na-
tural de Lisboa, e religiofo da Ordem da
Santiffima Trindade cujo fagrado inftituto
profeílou no Convento de Santarém a 29 de
Setembro de 1725. Publicou com o fupofto
nome do P. Nicolao Carlos Vejefe Sacerdote
Ulisbonenfe.
Efcudo Santiffimo, e armas da Igreja contra a
malicia diabólica, com que os efpiritos immundos
juntandofe torpemente com as Bruxas, ou Feiti-
ceiras as tomaÕ por injlrumentos para infeflar
os caminhos, inquietar as ca;(as, atterrar os mora-
dores com fantafmas noãumos, e matar os meninos
inocentes antes do Baptifmo tiradas da Efcritura
Sagrada, e das Oraçoens da Igreja. Lisboa
1737. 24. fem nome do ImpreíTor.
lOAÕ VAZ Bacharel formado na Uni-
veríidade de Coimbra, e muito inteUi-
gente nos precdtos da Gramática Latina
784
BIB LIO THE CA
emendou, e reformou com grande difvelo
a Gramática de loaõ Paílrana intitulada
Thefaurns pauperum, et Speculum puerorum,
a. qual diílou António Martins em a Uni-
verfidade de Lisboa como em feu lugar
fe fez mençaõ, com os additamentos que lhe
fizera de outro livro chamado Bacu/us cacorum.
No fim da ultima folha tem as feguintes pala-
vras impreflas com efta orthografia.
Magijiri lohãnis de paftrana compendium cum
conjugationihus tempor. noviter inventis (ó^c.
f&ma cii deligentia à hachalario lohaiie Va-
lajci correíium et per Venerabilem lohanem
petri de honis hõibiis de Cremona in Jplen-
didijftma Ulixbone civitate quarto Kalendas
Decembris impreffum ano dni millefimo qgen-
tejftmo primo Jelici fydere explicit. Do au-
thor, e da obra faz memoria o eruditiíTimo
Académico Real Francifco Leytaõ Ferreira
'b^otic. Chronol. da Univerf. de Coimb. p. 549.
§. 1175. e 1176.
lOAÕ VAZ natural de Évora donde
paíTou a morar no lugar do Botaõ junto
da Cidade de Coimbra, como efcreve o
P. Fonceca Evor. Glor. p. 412. Na Univer-
fidade da fua pátria eftudou letras huma-
nas, e Filofofia fendo dotado de grande
génio para a Poezia Cómica. Compoz em
Outava rima.
Breve recopilaçaÕ, e tratado novamente ti-
rado das antiguidades de Hefpanha, que trata
como e/Reji Almançor morreo em Portugal
junto à Cidade do Porto onde agora cha-
maÕ Gaja às maõs de/Rey Ramiro, e fua
gente donde taõbem cobrou, e matou fua mu-
lher chamada Gaja que efiava com ejle mouro
da qual ficou ejie lugar chamado do feu nome.
Lisboa por António Alvres 1601. foi. et
ibi por Domingos Carneiro 1661. foi.
Hijloria de Abel, e Caim reprezen-
tada em huma ProciíTaõ do Santiflimo
Sacramento da Freguefia de S. Mamede de
Évora.
Hifloria da Samaritana reprezentada
junto do poço que eílá à porta da Freguefia
de S. Mamede de Évora.
Tratado da SuceJfaÕ de Fiíippe nefie Keyno
de Portugal com muitos louvores dejle Principe.
M. S.
lOAÕ VAZ BARRADAS MUITO-
PAM, E MORATO. Naceo cm a Qda-
de de Portalegre da Província Tranftagana
a 30 de Abril de 1689. fendo filho primeiro
de Manoel Barradas Soria, e Izabel Lopes.
Aplicoufe ao eíludo da Mufica praóHca, c
efpeculativa em o Collegio dos Rcys da
SereniíTima Caza de Bragança fituado em
Villaviçofa onde foy Collegial, c fahio taõ
infigne neíla armonica Faculdade que paf-
fando a Lisboa depois de fer Meftre do
Coro da Parochial Igreja de S. Nicoláo
exercitou eíle miniílerio na clauílra da Ba- ^
filica de Santa Maria defta Corte. Publi-
cou
Preceitos Ecclefiajlicos do Canto firme para
beneficio, e u:(o commum de todos. Lisboa na
Officina loaquiniana 1753. 4.
Flores muficaes colhidas no jardim da mi-
Ihor liçaÕ de vários authores. Arte praãica
de Canto de Orgaõ. índice de Cantoria para
principiantes com hum breve refumo das regras \
mais principaes do Canto ChaÕ, e reffmen d(t
Coro, e o u:(p Romano para os fubchantres, e
Organifias. Lisboa na Officina da Mufica.
1735- 4-
Flores muficaes colhidas no jardim da
milhor liçaÕ de vários authores. Arte prac-
tica de Canto de OrgaÔ. índice de Cerimo-
nia para principiantes com hum breve refu-^
mo das regias mais principaes de acompa*
nhar com infirumentos as vo^es, e o conheci^
mento dos tons ajfim naturaes, como accic
taes. Lisboa na Officina da Mufica. 1738.
Breve Refumo de Canto-chaõ com as
gras mais principaes, e a forma, que
guardar o Direãor do Coro para o fufien
tar firme na corda chamada Coral, e o
ganifia quando o acompanha. Lisboa na
cina da Mufica. 1738. 4.
Domingas da Madre de Deos, e exet
cicio quotidiano revelado pela mefma Sen
Lisboa na Officina da Mufica. 1733.
hio com o nome de loaõ Gonzalves
Sylvcira.
Breve Rejumo do Canto-cbaò. Dedi^
cado á Mageftade de D. loaõ V. 4. M.
Confervafe na Bibliotheca Real, c foj
compofto no anno de 1729.
L USITAN A
785
lOAÕ VAZ DA MOTA natural de
Lisboa, e filho de António Vaz da Mo-
ta Cónego na Cathedral da mefma Q-
dade. Foy peritiíTimo nas letras huma-
nas, e nas linguas Grega, e Latina que
fallou com expedição, e efcreveo com
pureza; Doutor em hum, e outro Di-
reito, e dos mais celebres Oradores do
feu tempo. O theatro em que brilhou a
perfpicacia do feu talento foy a Corte
de Roma onde fendo na Univeríidade
da Sapiência fubftituto da Cadeira de Rhe-
torica, que regentavaõ o inQgne Antó-
nio Mureto, e o noíTo AchiUes Eílaço
explicou os Tópicos, e Paradoxos de
Cicero com igual elegância á defte Prín-
cipe da Oratória conciliando a eílima-
çaõ do Pontífice Gregório XIIL e o
aplauzo dos mais famofos eruditos de
Itália. Como fiel Portuguez feguio ao
Senhor D. António, quando fe opoz á
Coroa de Portugal por cuja cauza mor-
reo prezo pelos Caftelhanos na Qdade
de Caeta em o anno de 1590. Delle faz
o feguinte Elogio o Senhor D. António
na Carta, que efcreveo a Gregório XIIL
em o anno de 1583. que traduzio em
Latim Odavio Sylvio Cavalheiro Ro-
mano. Joannes Va^ Motta nobilis vir Jú-
ris utriujque praclarus Doãor Conimhricen-
fis in bello, in quo acriter pugnaverat non-
ntúlis vulnerihtis acceptis propter commime
tandem incendium, atqm ajfliãionem patriam
relinquere, et opes fuás deferere coaãus fuit, (ô"
in alienis regionihus commorari: ibi tamen
et fua probitatis documenta non vulgaria dat,
€>• eruditionis fruãus ubérrimos profert. Pu-
blicou.
Oratio habita in Gymnajio Komano ini-
tio profejftonis fua 5 Novembris. 1 5 84. Dicata
'Eftenfi Cardinali Aloyjio. Romãs per Joannem
Martinellum. 1584. 4.
Oratio habita in Gymnajio Komano pridie
Non. Novemb. 1585. cum inciperet explicara
lib. Paradox. Aíarci Tullii. Romãs apud
Alexandrum Guardanum et Francifcum Coat-
tinum. 1585. 4.
Oratio habita die 7. Martii cum inci-
peret explicare lib. Topic. Marc. Tullii. Ro-
mae apud loannem Martinellum. 1585.
50
Funebris Oratio in lllujlrijftmum, et Rí-
verendijjimum Cardinalem Guillielmum Strle-
tum habita in ade S. luiurentii in Pane,
et Perna. Romx per Joannem Ofmari-
num GaUiottum. 1585. 4. No prologo
ao leytor adverte Vicente da Motta irmaõ
do Author, que a compuzera no efpaço
de finco dias, e que fazia tençaõ de efcre-
ver mais largamente a Vida defte Cardial.
Encomium S. Joannis Evangelina coram San-
tijftmo Gregório XIIL ad llluftrijfimum <&
KeverendiJJimum Cardinalem Vajlavillanum
S. R. E. Camerarium. Romae apud eumdem
Typog. 1585. 4.
Annotationes in Eaãancium Firmianum.
M. S. D. Jerónimo de Menezes, que foy
Bifpo de Miranda, e do Porto fendo Rey-
tor da Univerfidade de Coimbra lhe pedio
huma memoria das obras, que tinha com-
pofto a qual dedicou a efte Prelado, e entre
ellas numerava hum Tratado de Najutis,
e outro de Meretricibus.
Fr. lOAÕ DA VEYGA filho da Se-
ráfica Provinda da Piedade fendo Pro-
vincial delia Fr. loaõ de Albuquerque
partio para inftxuir com os fagrados do-
cumentos do Evangelho as índias Oc-
cidentaes cuja piedofa empreza promo-
vera a Emperatriz D. Izabel filha do Se-
reniíTimo Rey D. Manoel efcrevendo no
anno de 1532. ao Capitulo Geral de To-
lofa em que foy eleito Geral da Ordem
Francifcana Fr. Nicolao Herbonio pe-
dindo novos agricultores para taõ dila-
tada vinha. Portentofo foy o fruto, que
efte apoftoUco Operário fez naquelle novo
Mundo atrahindo com a eficácia das fuás
vozes innumeraveis almas ao fuave jugo
do Evangelho, e plantando virtudes ao tem-
po, que arrancava vicios. Sendo Confef-
for do Marquez de Canhete Vicerey da-
quelle Eftado foy o primeiro Provincial
da Cuftodia de Chile donde pafíou para a
Provinda dos doze Apoftolos em que ef-
tava incorporado, e nella foy duas vezes Guar-
dião, e huma Vigário Provindal. Pela fuavida-
de do feu governo foy nomeado Provincial da
Provinda de Charcas até que voltando a Lima
786
BIBLIO THE CA
obrigado pela obediência aceitou a Guardiania
deíle Convento, que he cabeça da Provincia
dos doze Apoftolos onde cumulado de virtuo-
ías obras paíTou a lograr, o premio por ellas
merecido a 4 de Junho de 1596. em idade
muito decrépita. Delle fe lembraõ honorifica-
mête Cardofo Agiol. 'Lufit. Tom. 3. pag. 522.
e no Comment. de 4 de Junho letr. C. Córdova
Chron. da Prov. dos do^e ApoJI. liv. 2. cap. 11.
Gonzaga de Orig. Seraph. Kelig. Part. 4. foi.
1347. Monforte Chron. da Prov. da Pied. liv. 3.
cap. 12. Compoz, e fc imprimio em Lima.
Arte de Grammatica da lingua Occidental.
Deíla obra fazem memoria Fr. Diogo de Cór-
dova Chron. da Prov. dos 12. Apojlol. liv. 6.
cap. 7. Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 607.
col. 2. e Fr. loan. a D. Ant. Bib. Francifc.
Tom. 2. pag. 229. col. i. efcrevendo fer natural
da America quando elle fendo Portuguez, e
profeíTo na Provincia da Piedade partio defte
Reyno a pregar onde erradamente o faz nacido.
Fr. lOAÕ DA VEYGA natural de
Lisboa, e filho de Manoel Diaz da Vey-
ga Secretario do L Marquez das Minas
D. Francifco de Souza quando com o
Caradier de Embaxador Extraordinário
foy mandado em o anno de 1669. pelo
Príncipe Regente D. Pedro, á Santidade
de Clemente X. e de D. Maria Ferreira da
Sylva. Na idade juvenil profeíTou o infti-
tuto da illuílre Ordem da SantiíTima Trin-
dade no Convento pátrio a 16 de Abril de
1699. onde floreceo o feu perfpicaz engenho
aíTim nas efpeculaçoens Theologicas, que
diftou aos feus domefticos, como nas de-
clamaçoens Evangélicas que proferio pelo
efpaço de vinte annos em os mais authori-
zados púlpitos da Corte em que foy ouvi-
do com aplauzo pela agudeza do difcurfo,
e valentia da reprezentaçaõ. Foy Quali-
ficador do Santo Officio, e Definidor da
Ordem. Falleceo de hum accidente apo-
pletico no Convento de Lisboa a 6 de Ju-
nho de 1726. com 46 annos de idade, e 27
de religiofo. Tinha promptos para a im-
preíTaõ fetenta Sermoens, que a morte im-
pedio a fua publicação dos quais unica-
mente fahio à luz publica o feguinte.
Sermão do De/agravo de Chrifto Sacra-
mentado pregado no Triduo, que celebrou a
Mea^a dos Irmãos do Santijfimo Sacramento
da Igreja Parochial de S. luliaÕ defta Corte
de Usboa por oca^aò de hum roubo facri-
lego a que fe atreveo hum bárbaro homem
no Collegio da Companhia de Jefus da Villa
de Setúbal abrindo o Sacrário, e levando o
cofre em que eftavaõ as Formas facadas dei-
xando-as com afeãada demência cubertas fobre
o altar no anno de 171 5. Lisboa por António
Pedrozo Galraõ. 171 5. 4.
V. D. lOAÕ VICENTE Fundador da
florentiífima Congregação dos Cónegos Se-
culares do Evangeliíla S. loaõ nefte Rey-
no naceo em a Cidade de Lisboa a 2 de Mar-
ço de 1380. Teve por Pays a Eílevaõ Ro-
drigues Maceira defcendente da Caza defte
appellido illuflie naquella idade, e a D.
Mecia Ponce Senhora Caftelhana parenta
muito propinqua de D. Maria Ponce
mulher de D. Álvaro de Caftro Conde
de Arrayolos, e primeiro Condeftavel de
Portugal. Na primeira idade defcubrio Ín-
dole dócil para feguir a virtude fendo efcuza-
do o difvelo da doutrina quando fobejava
a propenfaõ da natureza. Ao mefmo tempo,
que conheceo o mundo o defprezou, e que-
rendo fugir dos feus enganos determinou
veftir o habito da Ordem dos Pregadores
em o exemplariíTimo Convento de Bem-
fica de cuja virtuofa refoluçaõ foy impe-
dido pelo império do Pay, e ternura da
Mãy. Para evitar as fataes confequencias
da ociofidade fe aplicou na Univerfidadc
de Lisboa ao Eftudo da Filofofia, e como
era ornado de engenho perfpicaz pene-
trou com tanta brevidade as fuás mayores
dificuldades, que recebeo gráo defta fcien-
cia com aplaufo de todos os Académicos.
Defta fciencia paíTou a frequentar a de Mc-
decina, que naquelles tempos era cultiva-
da por peflbas de nobre qualidade, e taes
foraõ os progreííos, que nella fez a fua pro-
funda efpeculaçaõ, que laureado com as
infignias doutoraes a diâou fete annos com
grande emolumento dos feus difcipulos
c naõ menor alivio dos infermos de que
L USITAN A.
787
fe feguio o nomeallo ElRey D. Duarte
feu Medico, e Fiíico mòr do Reyno. Am-
bidofo de vida mais perfeita fe ordenou
de Presbitero celebrando a primeira TvIiíTa
no Oratório íituado junto da Villa de Se-
tuval onde habitava fazendo aulleras peni-
tencias Mendo de Gabra Erimita da Serra
de OíTa homem de iUuílre nacimento, e va-
lido delRey D. loaõ o I. Ganíiderando o
laíHmozo eílado a que eílava reduzido o
Qero cujos licenciofos cuíhimes ferviaõ de
abominável efcandalo aos feculares inten-
tou illuílrado da divina graça procurar a
fua Reforma para cujo efeito elegeo para com-
panheiros de taõ árdua empreza a Martim
Lourenço Doutor Theologo; D. Affonfo
Nogueira graduado em hum, e outro Direito
pela Univeríidade de Bolonha que depois foy
Bifpo de Coimbra, e Arcebifpo de Lisboa,
e agregandofe-lhe outros Sacerdotes de incul-
pável vida, como foíTe provido pelo Arce-
bifpo de Braga D. Fernando da Guerra na
Igreja de S. Salvador de Villar de Frades
que tinha íido de Monges de S. Bento, nella
lançou os primeiros fundamentos da Con-
gregação dos Cónegos Seculares em o an-
no de 1425. da qual teve confirmação de
Martinho V. a 20 de laneiro de 1431. quan-
do paíTou de Flandes a Roma por oca-
ziaõ de ter acompanhado a Infanta D. Iza-
bel filha do noflb SereniíTimo Rey D. loaõ
o L hindo defpozarfe no anno de 1429.
com Filipe o Bom Duque de Borgonha.
Sublimado ao foUo do Vaticano Eugé-
nio IV. naõ fomente confirmou a concef-
faõ do feu Anteceílor, mas conhecendo
as virtudes que praâicava o V. loaõ Vi-
cente o nomeou Bifpo de Lamego onde
exercitadas com vigilância as virtudes paf-
toraes foy promovido pelo mefmo Pontí-
fice no anno de 1444. à Cathedral de Vi-
feu, e fupoílo que com humildes expreíToens
reprezentou ao Summo Paftor a repugnân-
cia que tinha de fe defpozar com fegun-
da Efpoza obedeceo ao preceito fendo a
primeira açaõ que obrou nefte Bifpado o
transferir o Palácio Epifcopal para junto da
Cathedral. Ao tempo que apafcentava as
fuás ovelhas com benevolência de Paftor, e
feveridade de Prelado foy chamado pelo
Infante D. Pedro para acompanhar com o
exercido de ConfeíTor, Efmoler, e Capd-
laõ mòr à Rainha D. Izabel que partia a re-
ceberfe com D. loaõ 11. de CafteUa donde
voltou a Portugal por fuplica que à San-
tidade de Eugénio IV. fez o Infante D.
Henrique Governador da Ordem militar
de Chrifto para a reduzir á fua primitiva
obfervanda. Com prudência fumma intentou
o Bifpo de Vifeu dezempenhar efta incum-
bência porem naõ refponderaõ os efeitos
ao feu difvelo. Voltando a CafteUa prac-
ticou as máximas do feu maduro juizo até
que reftituido à fua Diocefe no armo de
1456. todo o feu cuidado confiftia no pre-
mio dos beneméritos, caftigo dos diílolu-
tos, e remédio dos neceíTitados. No mayor
exerddo de taõ illuftres açoens cahio en-
fermo a 29 de Agofto de 1463. e ainda que
pelo juizo dos médicos naõ era perigoía
a infermidade aíleverou que ao dia feguinte
havia de morrer. Recebidos os Sacramentos
com terniíTima devoção proferindo as pa-
lavras In manus tuas Domine commendo fpi-
ritum meum paíTou da vida caduca para a
eterna a 30 de Agofto do referido anno
com 83. annos de idade. O Ceo fe em-
penhou a dedarar com prodigiofos finaes
a fantidade defte Varaõ. Foy fepultado
em hum maufoleo que mandara edificar no
anno de 1455. fituado em huma Capella
do Clauftro da Cathedral de Vifeu fobre
o qual fe vé aberta de relevo a fua efigie
em forma Pontifical. As açoens da fua vida
relata com penna difufa, e elegante o P. Fran-
dfco de Santa Maria Chron. dos Coneg. Sec.
liv. 3. cap. I. até 14. fendo vigorofamen-
te criticado em alguns faâos defte Bifpo
por Fr. Manoel dos Santos Monge Cifter-
cienfe Chronifta do Reyno e Académico
Real na Alcobaça llluftrada, e na Alcobaça
Vindicada. Vafconcell. Defcript. Rfgn. Im-
fit. p. 522. o intitula virum SantiJJimum.
O illuftrimmo Cunha Catbal. dos Bi/p. do
Port. Part. 2. cap. 27. e na Hijl. Ecclef.
da Igrej. de Usboa Part. 2. cap. 69. §.
9. Purificat. Cbronolog. Monajlic. p. 63.
Cbaritatis (ò" innocentia fama celebris. et
de Vir, llluftr. Ord. Erímit. S. Aug. lib.
I. cap. 17. ThomaíTino Annal. Can. Sec.
788
BIB LIO THE CA
p. 148. politioris litteratura profeffor exi-
mius, corporis forma, animique dotihus praj-
tantijfimus. Brandão Mon. hjdfit. Part. 6.
liv. 10. cap. 7. Veffoa capat^^ de mayores ocupa-
foens ajji por Jua exemplar vida, como taÕ-
bem por Jer de grandes letras, e governo.
Soveral Hijl. do Apparecim. de NoJJa Se-
nhora da Lu^ liv. I. cap. 9. D. Nicol.
de Santa Maria Chron. dos Coneg. Keg. liv. 4.
cap. 6. n. 5. Famofo Medico delKey D.
loaõ o I. Fr. Leaõ de S. Thomas Bened.
Ljijií. Tom. 2. Trat. 2. p. 350. VaraÕ
Santo Fr. Manoel Rodrig. Queftion. Regu-
lar. DevotiJJimo VaraÕ, e Medico eruditijfi-
mo, e Souza Hijl. de S. Domingos da Prov.
de Portug. Part. 2. liv. 2. cap. 7. e/piri to taõ
perfeito, e que Deos tinha efcolhido para Fun-
dador de taõ Santa KeligiaÕ.
Compoz
Livro de Medecina. Delle fallando o Pa-
dre Santa Maria Chron. dos Coneg. Sec. liv. i.
cap. 4. Fqy efie livro taõ efiimado e bem rece-
bido de todos os homens doutos daquelle tempo
que os nojfos Cónegos antigos guardarão ou o
Oriffnal, ou huma copia delle no Carthorio da
noffa Ca:(a de Vi liar de Frades.
Eflatutos da Congregação dos Cónegos Seculares.
Foraõ impreíTos no anno de 1540. fendo
Reytor Geral o Padre Francifco de Santa
Maria como efcreve o Licenciado lorge
Cardofo Agiolog. Lufit. Tom. 3. p. 701. no
Comment. de 15 de lunho Letr. F.
Reff^a, e Definiçoens da Ordem militar
de Chriflo. De fer author defta obra o
aíTeveraõ as Confiituiçoens da Ordem de Chriflo.
Tit. 2. p. 56. Com eftas definiçoens
feitas pelo Bifpo de Vifeu D. loaõ fe
governou efta militar Ordem até o tempo
delRey D. Manoel, que as confirmou
pela Sé Apoftolica como diz Brandão
Mon. Lujit. P. 6. liv. 19. cap. 8.
lOAÕ VIEYRA natural da Qdade
de Elvas filho de Pedro Mendes, c Iza-
bel Fernandes. Havendo recebido a rou-
peta de lezuita em 8 de Novembro de
1561. e diébdo Humanidades na fegun-
da ClaíTe do CoUcgio de Lisboa fahio
da Religião, e foy Parocho de huma
Igreja do Campo de Ourique. Teve gran-
de génio para a Poezia heróica latina efcre-
vendo nella com eílilo de Lucano a ba-
talha de Alcântara junto a Lisboa onde
foy desbaratado o Senhor D. António fi-
lho do SereniíTimo Infante D. Luiz pelo
exercito Caftelhano capiteneado no anno
de 1580. pelo Duque de Alva, e juntamente
a Entrada de Filippe Prudente em Lisboa.
Começava
Bella per Alcantaros plufquam civilia
canto.
Fr. lOAÕ VIL DE SANTA THERE-
ZA natural de Lisboa filho de Roque Gon-
zalves, e Sebaíliana Ferreira, religiofo da
Ordem dos Erimitas Defcalços de Santo
Agoílinho onde pela madureza do feu ta-
lento tem exercitado os lugares de Prior dos
Conventos de Monte mòr, de Nofla Se-
nhora da Conceição de Monte Olivete fi-
tuado fora dos muros de Lisboa, de San-
tarém, e de NoíTa Senhora da Boa Hora
em o anno de 1753. Definidor Geral, e Con-
feflbr das Religiofas AgoíHnhas Defcalças
do Convento do Grillo. Entre muitos Ser-
moens que com aplauzo tem pregado fe fez
publico pela impreflaõ o feguinte.
SermaÕ de Santo Agoflinho pregado no Con-
vento de Noffa Senhora da Boa Hora. Lisboa
por loaõ Antunes Pedrozo 1722.
Fr. lOAÕ DE VILLA DO CON-
DE natural do Termo defta Villa que
tomou por appellido Monge Ciftercienfc
em o Convento de Santa Maria do Bou-
ro, infigne Efcriturario, como manifcf-
ta a obra feguinte que fe conferva na
Bibliotheca do Real Convento de Alco-
baça.
Commentaria in "Lucam. foi. M. S.
lOAÕ DA VISITAÇAM. Naceo cm|
a Gdade de Braga a 6 de lulho de 1681.;
onde teve por Pays, e Francifco Vaz Frcy-
re, e Maria de Araújo. Na idade da adolcf-
cencia recebeo a murça de Cónego Secular
do Evangelifta a 2 de lulho de 1700. ondej
foy Meftre, e Pregador. Afliftindo na Bahlai
de todos os Santos Capital da America Por-|
tugueza pregou
L USITAN A.
789
Sermão do de/agravo do Santijfimo Sa-
cramento pelo execrando roubo da fua amhula
de ouro furtada na noute de 21 para zz de
Fevereiro de 1729. do Sacrário da Sé da
Cidade da Bahia. Lisboa por Manoel
Fernandes da Cofta. 1734. 4-
Fr. lOAÕ XIRA natural da Cidade
do Porto a quem como a feu patrício con-
correo o Senado com huma efmola para
que foíTe eíhidar fora do Reyno para o qual
voltando inílruido profundamente na Sa-
grada Theologia recebeo as inJQgnias douto-
raes nefta Faculdade em a Univeríidade de
Lisboa em o anno de 1596. ProfeíTou o
inílituto Seráfico em os Clauílraes, e co-
mo fempre pradticaíTe os primitivos rigo-
res da Obfervancia, logo, que eíla fe intro-
duzio a abraçou no Convento de Alanquer
no anno de 1399, e tal foy o conceito, que
fizeraõ os moradores deíla Venerável Ca-
za da fua religiofa modeftia, que o elege-
rão no anno de 1400. Reformador, e Pre-
lado do Convento de Leyria. Atrahido
do feu maduro juizo, e profunda fciencia
o invencível Monarcha D. loaõ o L o no-
meou feu Confeííor, Pregador, e Confe-
Iheiro fendo hum dos mayores eílimulos
para que efte Príncipe fogeitaíle ao feu do-
mínio a importante Praça de Ceuta, e de
publicar a Cruzada com que incitou os âni-
mos dos Soldados para taõ iUuíbre, e herói-
ca emprefa. Falleceo piamente entre os
annos de 1425. e 1427. de cujo nome fazem
honorífica lembrança Zurara Chron. da To-
mad. de Ceut. Part. 3. cap. 51. e 95. Cunha
Cathal. dos Bi/p. do Port. Part. 2. cap. 26.
Efperança Hiji. Seraf. da Prov. de Portug.
Part, 2. Uv. 3. cap. 36. Fr, Fem. da Soled.
Hiji. Seraf. Part, 3. Uv, i, cap. 24, n. 151.
Sylva Memor. delKeji D. loaÔ o I. Tom. 3.
Uv. 3. cap. 301. n, 1636, e cap. 307. n. 1687.
Compoz.
Sermão da publicação das Indulgências da
Crtt^ada, e da expedição da Armada de Ceuta,
pregado na Cidade de luigos a z<y de Julho de
141 5. na pret^ença delRej Príncipe, Infantes
&c, Deíle Sermaõ fez hum refumo Gomes
Eannes de Zurara, e fe imprimio no cap, 51.
da fua Chron. da Tomada de Ceuta.
Sermaõ de AcçaÕ de graças pela Con~
qmfta de Ceuta. Tomou por Thema as
palavras de JuUo Cezar. Veni Vidi, Vici.
as quais chriílianizou na forma feguinte.
Veni, Vidi, Vicit Deus. Recopilou efte Ser-
maõ o aUegado Zurara no cap. 95. onde fe
pode ler,
V. Fr. lORDAÕ natural da Cidade de
Évora, e digno alumno da illuftriflima Or-
dem dos Pregadores o qual com animo
heróico, e apoftoUco zelo deixando a patría
partio ao Oríente em o anno de 1320. cento,
e outenta annos prímeiro, que os noíTos
Portuguezes intentalTem taõ famofa Con-
quifta para lucrar almas a Chrifto junta-
mente com Fr. Francifco de Pifis Domi-
nico, e quatro fortiíTimos Athletas da Re-
Ugiaõ Seráfica, que com o proprío fangue
fobfcreveraõ as verdades da ReUgiaõ Ca-
thoUca. Nefta fagrada empreza obrou açoens
confirmadas com milagres até que em
obzequio da ley, que promulgava fe offe-
receo viítima nas aras do Martyrio em
a Villa de Tanà da lUia de Salfete, Os
Gentios, agradecidos aos beneficios, que
deUe receberão formarão huma Eftatua da
fxia figura veftida do habito Dominicano, e a
collocáraõ em hum Pagode a qual foy def-
cuberta no anno de 1564, entre huns aUcef-
fes, que fe abriaõ para hum edificio deven-
do-fe a noticia certa de quem reprezentava
aqueUa Eftatua à diUgencia de Fr. António
de Setuval Dominico morador no Convento
de Baçaim, e a António de Souza Coutinho
celebre defenfor da Praça de Dio, que lha
participarão os Gentios mais velhos da mef-
ma terra. Fazem memoría defte ApoftoUco
Varaõ Souza Hifl. de S. Doming. da Prov.
de Portug. Part. 3. Uv. 4. cap. 2. Cardofo
Agiol. Ljifit. Tom, 2. pag. 307, no Cõment.
de 24 de Março letra A. Nicol. Ant. Bib.
Vet. Hifp. Tom. 2, pag. 268. Monteiro
Claufir. Domin. Tom, 3. pag. 246. e o moderno
addicionador da Bib. Orient. de António
de Leaõ Tom. i. Tit. 6. col. 97. Sendo Fr.
lordaõ companheiro dos gloríofos Marty-
res da Ordem Seráfica na fagrada empreza
da Converfaõ da GentiUdade como eftivef-
fem expoftos no lugar do fupUcio por efpaço-
790
BIBLIO TH E CA
de defafete dias lhes deu fepultura, e para
naõ caducar na pofteridade a admirável
conílancia com que padecerão a morte em
obzequio de Chriílo, efcreveo.
Carta em que fe relata o glorio/o Mar-
Jyrio de Fr. Tòoma^ de Tolentino, Jacobo
Ae Pádua, Demétrio de Tifolio, e Pedro de
Senna religiofos Francifcanos ejcrita em Taná
a iz de Outubro de 1521. Foy vertida
na lingua Latina por Fr. Lucas Wadingo
Annal. Ord. Min. ad an. 13 21. n. 13.
Fr. lacobo Quetif. Script. Ord. Prad.
Tom. I. pag. 549. col. 1. fallando de Fr.
lordaõ, e deíla fua Carta a tranfcreve em
Latim diferente em algumas partes da tra-
dução de Wadingo, a qual copiou de hum
Códice em pergaminho aíTinado com o nu-
mero de 1596. entre os M. S. da famofa Li-
vraria de loaõ Baptifta Colbert Secretario do
Lftado delRey ChriílianiíTimo Luiz o Grande,
« fe pode ler no lugar citado de Quetif.
Deíla Carta extrahiraõ as noticias do mar-
tyrio dos quatro Varoens Francifcanos S.
Antonin. Hijl. 3. Part. Tit. 24. cap. 9. §.
15. Fr. Marc. de Lisboa Chron. de S. Franc.
liv. 7. cap. 36. Caílilho Chron. de S. Domin-
jips Part. 2. liv. I. cap. 45. Santos Etiop.
Orient. Part. 2. liv. i. cap. 16. Bzovio An-
nal. Ecclef. ad an. 13 19. n. 12. et ad an. 1321.
n. 23. e outros Authores.
Fr. lORDAÕ DE SANTARÉM cujo
apellido denota a illuíbre Villa, que lhe deu
o berço fendo hum dos doutos religiofos
da Seráfica Provincia de Portugal onde pela
capacidade do feu talento foy o primeiro
Provincial deíla Provincia quando delia fe
feparou no anno de 1533. a dos Algarves.
Falleceo no anno de 1553. deixando para
teílemunhas da fua erudição.
Provérbios, ou flores de Séneca. M. S. Eíla
obra fe conferva no Convento de Santa-
rém, e no frontifpicio eílá a faculdade para
fe poder imprimir dada no mefmo Convento
em 14 de Dezembro de 1540. por Fr. loaõ
Calvo ComiíTario Geral dos Frades Menores
na Cúria Romana, e neíle Reyno. Da obra,
como do Author fazem mençaõ Soled.
Hiji. Seraf. da Prov. de Portug. Part. 4. liv. 3.
cap. 12. §. 545. e liv. 4. cap. 18. §. 914. e
Fr. loan. a D. Anton. Bib. Francijc. Tom.
2. pag. 237. col. I.
lORGE DE AGUIAR natural de Lis-
boa Alcayde mòr de Monforte, c Caval-
leiro da Ordem militar de S. Tiago filho
de Pedro de Aguiar, e de Mecia de Siqueira
ama da SereniíTima Princeza D. loaima
filha delRey D. AfFonfo V. que fugindo
das adoraçoens do Paço mereceo receber
fagrados cultos em os Altares. Foy ca-
zado com D. Violante de Vafconcellos
filha de loaõ Rodrigues Ribeiro de Vaf-
concellos de quem naõ deixou fuceíTaõ.
Navegando no anno de 1508. com o poílo
de Capitão mòr de huma Armada para a
índia falleceo na viagem. Teve natural
inclinação para a Poezia Lyrica como moílraõ
alguns feus Verfos impreíTos no Cancioneiro
de Garcia de Kefende Lisboa por Herman
de Campos. 15 16. foi. a foi. 3. e v.o 54. 65.
131. v.o 142. v.o 149. 151. v.o 157. 162. v.o
168. v.o.
JORGE DE ALBUQUERQUE COE-
LHO Naceo em a Cidade de Olinda Ca-
pital do Eílado de Pernambuco na America
a 23 de Abril de 1539. Foraõ feus Proge-
nitores Duarte Coelho Pereira, c D. Bri-
tes de Albuquerque filha de D. Lopo de Albu-
querque e D. loanna Bulhaõ, e da Cunha.
Defde os primeiros annos exercitou os feus
marciaes efpiritos em obzequio deíla Monar-
chia confumindo a mayor parte da fua fazen-
da, e derramando o próprio fangue em va-
rias expediçoens, q fez contra os Tamoyos, c
Francezes, que infeílavaõ os portos da Ameri-
ca, de cuja aílucia, e valor alcançou repetidas
Vitorias. Igual, ou mayor valentia oílentou
em Africa á com que tinha admirado a Ame-
rica pois fendo nomeado por ElRey D. Se-
baíliaõ Enfermeiro mòr do exercito com
que paífou no anno de 1578. ao Campo de
Alcácer depois de ter recebido fete penetran-
tes feridas nas partes mais nobres do cor-
po fe encontrou com ElRey a tempo, que
eílava reduzido á ultima mina o noíTo
exercito, e pedindo-lhe o feu Cavallo
promptamente lho deu para nelle falvar
a vida de taõ fatal calamidade. Atropel-
L USITAN A.
791
lado o Albuquerque pela Cavallaria foy
conduzido do campo quaíi agonizante em
hum carro até a Gdade de Fez onde pa-
ra fer curado das feridas lhe tirarão vinte
oíTos de cuja violenta operação que durou
o largo efpaço de fete mezes tolerou com
heróica paciência horríveis dores de que
fe feguio andar quatro mezes fobre duas
moletas, e no fim delles deixar huma em
23 de Abril de 1582. pendente do Altar
de NoíTa Senhora da Luz para memoría
do beneficio que da fua maternal clemên-
cia recebera. Cazou duas vezes; a primei-
ra em 18 de Dezembro de 1585. com D.
Maria de Menezes fua fegunda Prima, fi-
lha de D. Pedro da Cunha, e D. Anna de
Menezes de quem teve huma única filha.
Por morte de fua mulher fucedida a 12 de
Mayo de 1585. paílou a fegundas vodas
a 25 de Novembro de 1587. com D. Anna
de Menezes filha de D. Álvaro Coutinho
filho de D. Francifco Coutinho Conde de
Redondo, e Vicerey da índia, e de D.
Brites da Sylva de quem teve a D. Bri-
tes de Albuquerque: Duarte Coelho de
Albuquerque Marquez de Bafto Conde,
e Senhor de Albuquerque Gentilhomem
da Camará de Filippe IV. e do feu Con-
felho de quem fe fez particular memoria
em feu lugar; e Paulo de Albuquerque
Coelho. Compoz
Fa//a que fe^ aos Governadores, e defen-
Jores defies Rejnos de Por fuga/ aos 1^ de lunho
de 1580. e ajfi aos Procuradores dos Povos que
efiavaÕ juntos em Setuval para começarem a
Ja\er Cortes. Dita em o dia que vejo a nova que
o Campo, e exercito de/Rey Filippe de Cafiella
entrava por ejle Rejno de Portugal /em que-
rer efperar que fe julgaffe quem era herdeiro
dejles Rejnos. Começa. Senhores. Venho faber
fe he verdade. Acaba. Da peffoa que nomear-
des por Rcj, e verdadeiro Juceffor deftes Rejno .
foi. M. S.
Conjelho, e parecer que deu a alguns pa-
rentes, e amigos feus, e aos Criados da fiui Caf(a.
foi. M. S.
Reconciliação, proteftaçaÕ, e fupplicaçaÕ
feita a NoJJo Senhor lefu Chrifto, e à
Virgem Maria Nojfa Senhora em dia dos
Três Rjjs Magos era de 1558. annos na
Sè dejia Cidade de Lisboa na Capella do San-
tijfimo Sacramento o dia que o recebeo. foi. M. S.
Todas eftas obras com as Petiçoens que
fez a Filippe Prudente fobre o defpacho-
dos feus ferviços que faõ muito exten-
fas, fe confervaõ em hum volume de
folha na Livraria do ExcellentiíTimo Mar-
quez de Valença. Fazem memoria de lor-
ge de Albuquerque Coelho Miguel Ley-
taõ de Andrade Mifcel. de var. Hiji. cap. 7.
e o P. lozé Pereira Bayaõ Chron. delRej D.
Sehaji. Uv. 5. cap. 55.
D. lORGE DE ALMEYDA. Naceo-
em Lisboa fendo filho III. de D. Lopo
de Almeyda Vedor da Caza da Princeza.
D. loanna de Auílria Mãy delRey D. Se-
baíliaõ. Capitão mòr de Sofala, e de D.
Antónia Henriquez filha de D. loaõ Pe-
reira Comendador do Pinheiro na Or-
dem de Chrifto, Vedor da Fazenda do In-
fante D. Luiz, e de D. Fihppa Henriquez.
de Aliranda fua primeira mulher. Na ida-
de juvenil deu claros argumentos dos do-
tes que omavaõ o feu efpirito aíTim para.
comprehender as fciencias, como cultivar
as virtudes. Recebida a borla doutoral
dos Sagrados Cânones em a Univerfidade
de Coimbra com aplauzo de todos os Aca-
démicos fubio pelos degraos do feu mere-
cimento iUuftrado com o efplendor do na-
cimento, e integridade de cuftumes a ocupar
os mayores lugares da lerarchia Ecclefiafti-
ca quais foraõ Capellaõ mòr, Arcebifpo
de Lisboa, Inquizidor Geral, Commenda-
tario do Real Convento de Alcobaça, e luiz
dos Três nomeados pelo Cardial Rey para
decidir a fucefíaõ defta Coroa por cuja morte
foy dos finco Governadores que a regeraã
até que violentamente a cingio Filippe Pru-
dente. Teve afpeâo grave, juizo prudente,,
animo compafiivo. Nos defpachos era prom-
pto, nas audiências continuo, nos caftigos
parco, e nos prémios profufo. Falleceo em
Lisboa a 20 de Mayo de 1585. quando con-
tava 54 annos de idade. laz fepultado na
Capella mòr da fua Cathedral em fepultura
raza com efte breve epitáfio.
Aqui nefta fepultura ejlá o corpo de D^
lorge de Almeyda Arcebifpo que foy defla
792
BIB LIO THE C A
Cidade, Inquijidor Geral dejies Rejnos, Com-
mendatario do Mqfteiro de Alcobaça falleceo de
idade de 54. annos a zo de Março de 1385.
Delle fazem memoria Draudius Bib.
Clajftc. Carvalho Corogr. Porttíg. Tom.
3. p. 548. Santos Alcobaça lllufirad. Part.
1. Tit. 16. p. 475. Compo2
Index librorum prohibitorum cum regulis con-
feris per Paires á Tridentina Synodo delec-
tos authoritate Santijfimi Domni nojlri Pii
IV. Pont. Max. comprobatus. Addito etiam
altero Índice eorum librorum, qui in bis Por-
tugallia Regnis prohibentur. UlyíTipone apud
Antonium Riberium 1581. 4.
Nobiliário das Familias de Portugal, foi.
M. S. He allegado por D. Luiz de Salazar,
e Caftro Hifl. Gen. da Caa^. de Silva liv. 6.
cap. 6. e liv. 9. cap. 15. O P. D. António
Caet. de Souza Appar. à Hiji. Gen. da Ca^.
Real Portug. p. 153. §, 181. o numera entre
os celebres Genealógicos.
em cuja paleftra laureado com as infignias
doutoraes em a Faculdade de Direito Ce-
fareo o exercitou com fumma integrida-
de nos lugares de Dezembargador da Ga-
za da Suplicação de que tomou pofle a 27
de Março de 1629. Dezembargador dos
Aggravos a 24 de Setembro de 1635. luiz
da Coroa, Confelheiro da Fazenda, c luiz
das luíliíicaçoens. Falleceo na pátria a 17
de Agoílo de 1657. laz fepultado no Con-
vento de S. Francifco. Sendo Fidalgo da
Caza Real, c Procurador da Cidade de Lis-
boa nas Cortes celebradas em o anno de
1653. recitou por parte do Eílado Secular.
Repojla à propojla do Juramento do Se-
renijfimo Príncipe D. Affonfo Nojfo Senhor
feita pelo Bifpo CapellaÕ mor em o a£to das
Cortes, de zz de Outubro de 1653. Lisboa
na Officina Crasbeeckiana 1653. 4.
Segunda repojla ao mefmo no Aão das me/mas
Cortes em z^ do dito me^. Lisboa na Officina
Crasbeeckiana 1653. 4.
P. lORGE DE ALMEYDA natural da
Villa de Águeda do Bifpado de Coimbra
filho de Pedro lorge, e Britez de Almeyda.
Recebeo a roupeta de lefuita em o Noviciado
•de Coimbra a 30 de laneiro de 1582. onde
praéUcou com exemplar exaçaõ os pre-
ceitos religiofos, e por muitos annos fe
exercitou no minifterio do púlpito para
o qual fe preparava com rigorofa difci-
plina. Falleceo na Caza profeíTa de S. Ro-
■que a 21 de Abril de 1643. com 51 annos de
Religião. Delle faz breve memoria Franco
Annal. S. I. in Luft. p. 285. n. 10. Compoz
Sermaõ na Beatificação de S. Francifco Xa-
vier pregado na Ca!(a profejja de S. Roque em
2 de Dezembro de 1620. primeiro dia do Ou-
tavario dejla fotemnidade Lisboa por loaõ
Rodrigues 1620. 8. Sahio na Relação das
Fejlas que a Religião da Companhia de lefus
fev(^ em Ldsboa na Beatificação de S. Francifco
Xavier de foi. 8. até 94.
lORGE DE ARAÚJO ESTACO
natural de Lisboa onde inftruido nas le-
tras humanas fe aplicou em a Univerfi-
•dadc de Coimbra ao eíhido das feveras
D. lORGE DE ATTAYDE. Naceo
em a Cidade de Lisboa, e teve por pro-
genitores a D. António de Atayde pri-
meiro Conde da Caílanheira Valido del-
Rey D. loaõ o 3. e a D. Anna de Tá-
vora filha de Álvaro Pires de Távora Se-
nhor do Mogadouro, e D. loanna da Sylva.
A natureza lhe concedeo talento igual à
nobreza do fangue comprehendendo na ida-
de juvenil aquellas artes com que fe acredi-
taõ os annos mais provedos. Ordenado
de Presbítero antes do tempo precifo para
o Sacerdócio acompanhou aos infignes Pre-
lados, e famofos Theologos que a Magef-
tade delRey D. Sebaíliaõ mandou no an-
no de IJ62. ao Concilio Tridentino, e nef-
te venerável CongreíTo com exemplo nunca
pradUcado teve lugar, e voto mais pela
madureza do Talento que ainda pela quali-
dade da PeíToa. Concluído o Concilio paf-
fou a Roma com a incumbência de re-
formar o MiíTal, e Breviário Romano
que lhe cometera Pio IV. donde por
morte de feu Pay partio para Portugal,
c fendo eleito Bifpo de Vifeu no anno de
1568. foy fagrado na Igreja do Convento
L U SI TAN A.
de Nofla Senhora da Graça cuja funçaõ
fe fez mais plauzivel com a aíTiftencia del-
Rey D. Sebaftiaõ, a Raynha D. Catheri-
na, a Infanta D. Maria, e toda a Nobreza
da Corte. Feita a entrada publica no feu
Bifpado a 14 de Março de 1569. aplicou
todo o difvelo para, que fe praétícaíTem
os Decretos do ConciUo naõ faltando à
menor obrigação de Prelado vigilante até
que querendo alliviar-fe de hum pezo in-
tolerável ainda aos hombros angélicos re-
nunciou a Mitra no anno de 1578. Nomea-
do Capellaõ mòr pelo Cardial Rey promo-
veo com fervorozo zelo o culto divino,
e as Cerimonias Eccleíiaílicas. Filippe Pru-
dente o elegeo feu Efmoler mòr, Preíidente
da Meza da Conciencia, e Inquizidor Ge-
rai deíles Reynos cuja dignidade renun-
ciou, e fe conferio ao Senhor D. Alexan-
dre filho dos SereniíTimos Duques de Bra-
gança D. Joaõ, e D. Catherina em que foy
confirmado pelo Pontífice Qemente VIII.
a 23 de Agofto de 1602. Sendo Confelhei-
ro de Eftado de Portugal em Madrid fem-
pre fe oftentou igualmente amante da juf-
tiça, e inimigo do intereíTe como fe vio
com grande gloria do feu nome na repulfa
de cem mil cruzados offerecidos pelos Chrif-
tãos novos para votar indiferentemente na
fuplica do feu perdaõ. Com animo fupe-
rior ás paxoens humanas retribuio benefi-
cies por offenfas confundindo com efta nobre
vingança a cegueira de feus emulos, que
iiniftramente lhe interpretava© as fuás ir-
reprehenfiveis açoens. Foy Abbade Com-
mendatario de Alcobaça de cuja dignidade
teve por fuceUor ao Infante D. Fernando
filho de Filippe III. de Caftella. Lembra-
do de q o celebre efcritor loaõ de Barros
fora feu Padrinho de bautifmo o mandou
transferir da fepultura em que jazia no ter-
mo da Qdade de Leiria para a Parochial
Igreja de Alcobaça onde fe a morte o naõ
impidira determinava fabricar-lhe hum fump-
tuofo Maufoleo. Eíle generofo intento effei-
tuou com as cinzas de feus illuílriíTimos Pays
mandando levantar à fua cufta duas magni-
ficas fepulturas em o Convento de Santo
António da Caílanheira, que elles tinhaõ
fundado, onde efperaõ a refurreiçaõ uni-
79-3
verfal, e nellas lhe gravou elegantes Epi-
táfios diâados pela fua penna. Teve a glo-
ria de fagrar Bifpo de Vifeu a 21 de Março
de 1610 a feu fobrinho D. loaõ Manoel
fendo o quinto fuceíTor defta Jvlitra depois,
que a renunciou. Nos últimos annos pa-
deceo o achaque de gotta até que enfermou
gravemente, e recebendo com alegre fem-
blante a notícia de fer chegado o termo
da fua peregrinação aífiítido do feu Con-
feíTor o Padre Bartholameo Guerreiro da
Companhia de Jefus fe preparou com as
armas dos Sacramentos para taõ formidá-
vel confliâo confervando o juizo até ef-
pirar às 10 horas, e três quartos da noute
de 17 de Janeiro de 161 1. quando contava
76 annos de idade. Paílados dous dias foy
tranfferido o feu Cadáver para huma fe-
pultiira raza, que mandou fazer junto dos
Maufoleos em que defcanfaõ as cinzas de
feus illuílres Pays em o Convento de Caf-
tanheira. Efcreveo a vida defte infigne
Prelado Thomaz Alvres Thezoureiro mòr
da Capella Real, e no fim delia juntou mui-
tas Cartas efcritas a diverfos Príncipes fo-
bre graviíTimos negócios com as repoftas.
Fazem memoria da fua peíToa Souza Vi-
da de Fr. Bartbolam. dos Martyr. liv. 2. cap.
17. D. Nicol. de S. Maria Chron. dos Coneg.
Keg. Uv. 10. cap. 28. n. 3. Efperança Hift.
Seraf. da Prop. de Porfug. Part. 2. liv. 11.
cap. 2. n. 2. e Soledade Hifi. Seraf. Part. 4.
liv. 2. cap. 6. n. 247. O Padre Joaõ Col
Cathalog. dos Bi/p. de Vifeu. §. 54. Ma-
gna Biblioth. Ecclef. Tom. i. pag. 696. col. i.
Efcreveo.
Aãas do Conàlio Tridentino até a 7. Sejfaõ
em que ajfifiio. foi. 2. Tomos grandes. M. S.
Confervaõ-fe na Livraria dos Monges Car-
tuxos do Convento de Laveiras diftante
finco legoas de Lisboa aos quais deixou
a fua Livraria, e duas Capellanias pela fua
alma. Huma copia deíla obra eftá na Bibliothe-
ca do ExceUentiífimo Conde do Redondo.
Nobiliário das Familias do Keyno. foi.
M. S. Delia obra o faz author loaõ
Franco Barreto Bib. Portug. M. S. e o
Padre Souza Apparat. à Hifi. Gen. da Ca^-
Reai Portug. pag. 57. n. 35.
Regu/a Ccmcellaria SantiJJimi Domini
794
BIBLIO THE CA
noftri Píi divina Providentia Papa Qtànti,
ejufque Motús proprii Bulia, eb* alia Decreta
nec non felicis recordationis Pauli Quarti pojl
promulgatiomm Sacrofanãi Tridentini Concilii
edita per 'Keverendijftmum Patrem, e^* llluf-
trijfimum Patrem, <& lllujtriffimum Dominum
D. Georgium D'attayde Epifcopum Vijenfem
approbata. ExcuíTa per Emmanuelem loannis
Typographum Rever. Domini Epifcopi Vifei
in eadem urbe anno Incarnationis Dominicse.
1570. 4. GDníla de 176. folhas.
Mandou copiar dos Originaes, que fe
confervaõ no Archivo Real, e imprimir.
Privilegia facidtates, jurijdiãiones, <& aliquot
gratia, quas Summi Pontifices Regibus Portugallia,
<Ò^ ad eorum infiantiam Capellano Mayori concej-
ferunt. UlyíTipone apud Petrum Crasbeeck.
1609. 4.
lORGE DE CABBEDO natural da
Villa de Setuval folar defta illuílre famí-
lia filho de Miguel de Cabbedo Dezem-
bargador dos Aggravos, Chanceller, e Pre-
fidente da Alçada da Beyra, Minho, Trás
os montes, e de D. Leonor Pinheiro de
Vafconcellos fua prima com irmãa filha
de Gonçalo Mendes de Vafconcellos, e
de D. Brites Pereira. Depois de eftar
inílruido na intelligencia da lingua La-
tina, e letras humanas frequentou a Uni-
verfidade de Coimbra eftudando Direito
Canónico, e de tal modo penetrou as
fuás mayores dificuldades, que laureado
com as infignias doutoraes foy admetido
a Collegial do Real Collegio de S. Pau-
lo a 8 de Mayo de 1575. e na mefma
Univerfidade diftou a poílilla ad Tit. de
exharedat. Uberorum. Tanta era a profun-
didade do feu talento, que na floren-
te idade de 28 annos começou a admi-
niftrar os lugares da Republica chegando
a poíTuir os mayores quaes foraõ De-
2embargador dos Aggravos na Caza da
Supplicaçaõ de que tomou pofle a 21
de Fevereiro de 1583. Procurador da Coroa
a 2 de Janeiro de 1590. Chanceller da Ca-
2a da Suplicação a 27 de Novembro de
1597. Dezembargador do Paço, Chancel-
ler mòr do Reyno, e Confelheiro de Efta-
do de Portugal na Corte de Madnd. Foy
Cavalleiro da Ordem de Chriílo, e Com-
mendador das Commendas de Santa Ma-
ria de Frechas, e S. Pedro de Rio Torto,
e Guarda mòr da Torre do Tombo. Fallc-
ceo em Lisboa a 2 de Março de 1602. Jaz
fepultado na Parochial Igreja de S. Tiago.
Foy cazado com fua fobrinha D. Ignes da
Attouguia filha de Jorge de Cabbedo da
Attouguia, e Violante Tavares de Souza
de quem teve a Miguel de Cabbedo de Vaf-
concellos moço fidalgo, e Commendador
de Santa Maria de Frechas o qual cazando
duas vezes deixou do fegundo matrimonio
contrahido com D. Angela de Caftello-
branco filha de Lançarote Leytaõ Pereftrel-
lo a D. Catherina de Caílello-branco, e a Jorge
de Cabbedo, que herdou a Caza. Fazem hono-
rifica memoria de Jorge de Cabbedo Nicol.
Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 411. col. 1.
colleãam in adolefcentia non mediocris doãrina
famam. loan. Soar. de Brit. Theatr. Ijufii.
Utter. lit. G. n. 35. Vir genere nobili doãrina
etiam, €>* eruditione fingulari. Thom. Vaz
Alleg. Tom. i. AUeg. 46. n. i. doctiffimus.
D. Franc. Man. Cart. dos A A. Portug. ao
Doutor Themudo Famofo. Franc. de S.
Mar. Diar. Portug. Tom. i. pag. 288. illuftre
em fangue, e illujlrijjimo em letras. Didac. Mend.
de Vafconc. Vit. Mich. Cabbed. p. 395. pa-
terna vejliffa ingreffus in Senatoris munere obetm-
do, atque aliis arduis negotiis ipjius fidei commijfts
cum fumma integritatis , eb* doãrina laude ver-
Jatur. Souza de Maced. ¥lor. de Efpan.
cap. 8. Excel. 9. D. Nicol. de Santa Maria
Chron. dos Coneg. Keg. liv. 10. cap. 15. Car-
valho Corog. Portug. Tom. 3. pag. 296. Drau-
dius Bib. Clajica. Barbofa Memor. do Colleg.
Real de S. Paul. pag. 90. e Archiath. Luftf.
pag. 19. Compoz.
De Patronatibus Ecclejiarum Regia Co-
rona Regni hafitania OlyíTipone apud Geor-
gium Rodrigues. 1603. 4.
Praãicarum obfervationum five Decifio-
num Jupremi Ijufitania Senatus Pars prima.
OlyíTipone apud Georgium Rodrigues 1602.
foi.
Secunda Pars, in qua de Donatioràbns
regiis circa jurifdiccionalia, <& jura Regalia
traífantur. ibi apud Petrum Craesbecck.
1604. foi.
L USITAN A.
Sahiraõ eftas duas Partes em hum volume.
OíFenbachii apud Conradum Nabenium. 1610.
foi. Antuerpiae apud loannem Kaember-
gium 1620. foi. Francofurti apud haere-
des BaíTaei 1646. foi. et Antuerpias apud
loannem Baptiftam VerduíTen 1684. foi. jun-
tamente com o tratado de Patronatibus. &
ibi apud Viduam et íilium loannis Baptiíbe
VerduíTen 1719. foi. & ibi per eumdem
1734. foi.
Tertia Pars Decijtonum. foi. M. S. Q>n-
fervafe em poder de lozé de Cabbedo, e
Vafconcellos moço fidalgo Commendador
da Ordem de Chriílo, bifneto do Author,
e herdeiro de fua Caza.
P. lORGE CABRAL. Naceo na Villa de
Tomos do Bifpado de Vifeu em a Provin-
da da Beyra fendo filho de Salvador de
Figueiredo, e Izabel de Souza, Eftudan-
do letras humanas no G^llegio de Coim-
bra dos Padres lefuitas fe afeiçoou com tanto
exceflb a eíle fagrado inílituto que a elle foy
admetido a 20 de Outubro de 1587. quando
contava dezafeis annos de idade. Soube
eminentemente as Faculdades de Filofofia,
c Theologia que didou com aplauzo em Coim-
bra, e Évora onde recebeo a borla de Doutor
Theologo. AíTiílio como ConfeíTor às mor-
tes dos Duques de Aveiro D. Álvaro, e D.
Jorge, e a Duqueza D. luliana ordenando
pelas direçoens de taõ prudente Varaõ as
declaraçoens de fuás ultimas vontades. Eleito
Bifpo de Vifeu D. Diniz de Mello o nomeou
feu ConfeíTor, e partindo com elle para o
Bifpado como quizeíTe pacificar duas famí-
lias principaes de cuja difcordia fe tinhaõ
originado graves efcãdalos foy mandado
para concluir eíle negocio que felifmente
confeguio. Voltando para Vifeu adoeceo
gravemente na fua pátria onde antes de
receber o Viatico fez a proteftaçaõ da Fé
proferida com aífeílo taõ cordial, que moveo
a compunção a todos os aíTiílentes. Ulti-
mamente pedindo a Extrema Unçaõ falle-
■ceo com íinaes evidentes de lhe ter fido
revelada a ultima hora, a 3 de Mayo de 1637.
c[uando contava 66 annos de idade, e 50
-de Companhia. Delle fe lembra Franco
Imag. da Vht, em o Nov. de Coimb. Tom. i.
795
liv. 2. cap. 94. et Anml. S. J. in "Lufit. pag.
27c. n. I.
Entre muitas, e doutas Confultas, que
compoz em diverfas matérias em que era
confultado pelas primeiras PeíToas da Cor-
te por fempre regular o feu voto pelos diâa-
mes da conciencia timorata, fe fez publica a
feguinte.
Conjultum in Allegatione Francifci Valafci
pro mayoratu domiis Averienfis. à n. 356.
Sem o feu nome.
KelaçaÕ Geral das Fejias, que fe^ a Re/t-
giaõ da Companhia de JESUS na Provinda
de Portugal na Canoni:(açaõ dos glorio/os Santos
Ignacio de Loyola feu fundador, e S. Francifco
Xavier Apojiolo da índia Oriental no anno de
1622. Lisboa por Pedro Crasbeeck. Im-
preíTor delRey. 1623, 4.
P. lORGE CALDEYRA reUgiofo da
Companhia de Jefus cuja roupeta veítío
em o Noviciado de Goa a 4 de Novembro
de 1559. Efcreveo.
Carta annua efcrita de Goa a w de De-
zembro de 1564. Coníla de 9 paginas. M. S.
Carta annua efcrita de Goa a G de Dezem-
bro de 1565. Coníla de 14 paginas.
lORGE CALHANDRO natural de
Lisboa infigne profeíTor de Direito Pon-
tifício de que teve por Meílre em Salamanca,
e Coimbra ao grande Martim de Afplicue-
ta Navarro como elle affirma, e louva no
Trat. de Spoliis Clericorum. §. 15. n, 5. cha-
mando-lhe auditor meus ferventijjimus. Paf-
fando a Roma no Pontificado de Gregório
XIIL adquerio tal opinião de Letrado na
Faculdade dos Sagrados Cânones, que de-
pois de fer na Cúria Advogado de grande
nome fubio a fer Lente de Prima em a Sa-
piência onde era conhecido pela nobre an-
tonomaíia de Canonum parens. Foy muito
erudito na lingua Latina, e letras huma-
nas como fe vè na Carta, que efcreveo a
Jerónimo Cardofo cuja repoíla imprimio
entre as que publicou com o titulo Epif-
tolarum Familiarium libellus. OlyíTipone
apud loan. Barrerium. 1556. 8. onde a
P^g- 57' ^ eftc Elogio elegantiíTimo a
796
Jorge Calhandro. Is enim mea quidem fen-
tentia, et omnium confenfu es. Nec amore
cacutio: qui cum aqualium tuorum, aut etiam
multo te natu grandiorum tam morum praf-
tantia quam Jludiorum laude principem lo-
cum ohtineas, et tamquam exemplar quod-
dam omnihus propofitus ejfe debeas, quod
finguli imitentur. Quod Jequantur miverji,
qui fajligium litterarum cupiunt prehendere.
Nam cum ante pilos, ingenium eruditio, pru-
dentia {ut Perjius itiquit) tibi uni obtigerint.
Qtád aliud Jujpicandum ejl, nifi te cum
laãe fimul litteras ipfas fuxijfe, mufafque
ipfas parturienti matri objletricum, tibi ve-
ro nutricum vice juiffe. Quod vero ad litte-
ras tuas attinet, feito me earum leãione ames-
nijjima fie effe affeãum, ut non Georgium
ipjum loquentem, fed plane Veneres, Cha-
ritefque omnes, quas tibi jugiter ajfidere
exijlimo, loqui putarem. Deus boné qui flof-
culi quam redolentes, quãm variis dijlinãi
coloribus illic pajfim renidebant: qui fales; qua
venufias, qua denique Verborum ubertas, quafi
ex purifimo quodam fonticulo fcatebant. Com-
po2 varias obras cujos titulos fe igno-
raõ como efcreve Joaõ Franco Barreto
Bib. Portug. M. S.
lORGE DA CAMARÁ natural da
Qdade do Porto filho de Martim Gon-
zalves da Camará Commendador de S. Chrif-
tovaõ da Nogueira da Ordem de Chriílo,
e de fua fegunda mulher D. Brites Manoel.
ProfeíTando a vida Ecclefiaftica nunca ocupou
lugar devido ao feu nacimento. Foy
muito perito na arte da Pintura dibu-
xando com fingular primor, e muito ver-
fado na intelligencia das linguas Italiana,
e Efpanhola, que fallava com pureza, e
expedição. Defde os primeiros annos fe
criou no grémio das Mufas alcançando
pelos termos joviaes, e faty ricos com que
metrificava, a antonomafia de Marcial Por-
tuguez. Teve agradável afpeélo, natural
graça na converfaçaõ, c fumma prom-
ptidaõ nas repoftas que foraõ refpeitadas
como apothemas. Ao tempo que prepa-
rava as fuás obras poéticas para a impreíTaõ
o arrebatou improvifamente a morte a
31 de lulho de 1649. Na Carta que Francifco
BIB LIO THE CA
LuÍ2 de Vafconccllos bifneto de D. An-
tónio de Ataydc I. Conde da Caftanhcira
efcreveo a D. António Alvares da Cunha
lhe dedica eíle métrico elogio.
Nojfo Amigo fiel Camará illuftre
Kibeiras Ja do Tejo caminhando
O Douro vay bujcando
O Douro que bramando crefpo, e ronco
Por ver do feu alumno mais querido
O Tejo enrequicido
Para feu cttrfo quando mais furiofo;
Entra o mar temerário.
Emulo mais do mar, que tributário
E fem poder dijfimularfe amante
O feu Camará chama
NaÕ da corrente a vo^t do peito a chama.
loan. Soares de Brito Theatr. LMfit. Liter.
lit. G. n. 36. Ingenio acuto, mufa facili, fed
poética. D. Franc. Man. Cart. dos A. A.
Portug. Marcial Portugue^^.
Compoz
Poefias Varias. 1640. 4. M. S.
Fabulas de Ovidio tradwi^das em Outa-
vas, e Sylvas Caflelhanas em eftilo jocofo. 4.
M. S. Ambos eftes tomos fe confervaò
na Livraria do ExcellentiíTimo Marquez de
Abrantes.
Sylva em aplaufo do Doutor Domingos
Pereira Bracamonte Sahio no Banquete de
Apollo defte author a pag. 42. Começa
Huy Senhor Bracamonte
Vos quereis por comigo a barca em montei
E na pag. 122. Romance que principia.
Nò dexeis los libros nó
Senor Licenciado Ortiv^.
lORGE CARDOSO natural de La-
mego profeííor de Direito Gvil, c Advo-
gado na fua pátria de Caufas Forenfes. Foy
naturalmente inclinado a Hiftoria do noíTo
Reyno concorrendo nelle (como efcreve feu
patrício António de Almeyda de Gouvca
em carta de 22 de Setembro de 1659. ao
Licenciado lorge Cardofo de quem logo
fe fará a merecida mençaõ) notável talento,
nunca vijla curiofidade, inexhaufia liç<w, e
fuave difpofi^aô de quem fe pode di:(er com
Quintiliano de Inftit. Orat. Hb, 10. cap. i.
L USITANA.
797
I/k quidem omnibus ejufàem operis auãori-
bus abjiulit nomen, &" fulgore qmdam Jtia cla-
ritatís tenebras obduxit.
Compoz
Chronica univerjal de todas as cou-:^as que
em Portugal acontecerão de/de a criação do mundo,
e de todos Jeus Rejs, e habitadores, povoaçoens,
guerras, e conquiftas. M. S.
A eíla obra com o titulo de ^Anacepha-
leojes das Antiguidades 'Lujitanas em diverfas
partes allega o Licenciado lorge Cardozo
principalmente no Agiol. L.ujit. Tom. 2.
p. 602. col. 2. no Coment. de 16 de Abril
letra B. e pag, 727. col. i. no Comment.
de 26 de Abril letr. A. e no Tom. 3. p. 19.
no Comment. do i. de Mayo letr. E. e
pag. 102. col. 2. no Comment. de 6 de Mayo
letr. A.
lORGE CARDOSO naceo em a Q-
■dade de Lisboa a 31 de Dezembro de 1606.
fendo filho primogénito entre dez que tive-
laõ feus Pays Manoel Fernandes Henri-
quez, e Mariana Cardofa. Foy purificado
•da mancha Original na real Parochia de S.
luliaõ a 6 de laneiro de 1607. e logo nos
primeiros annos moílrou génio dócil para
a cultura das virtudes, como prompta com-
prehenfaõ para a comprehenfaõ das fcien-
cias. Em o CoUegio pátrio de Santo Antaõ
ouvio as letras humanas explicadas por aquelle
oráculo de erudição fagrada, e profana o
Padre Francifco de Macedo, e fahio nellas
taõ eminentemente verfado como fe efpe-
Tava da exceUencia do Meftre, e da apli-
cação do difcipulo. Aprendeo os arcanos
<k Filofofia Peripatetica no Real Convento
<le S. Domingos, e os myfterios da Theo-
logia efcholaftica em os Collegios de Santo
Antaõ, e Santo Agoftinho revelados em o
primeiro pelo Padre Nuno da Cunha igual-
mente illuftre por fangue, e virtudes, e em
o fegundo por Fr. Manoel do Efpirito San-
to Examinador das Três Ordens Milita-
res, podendo gloriarfe taõ famofas Reli-
gioens de fer alumno das fuás Efcholas
quem depois com a fua penna havia eterni-
zar a memoria de feus virtuofos filhos. Or-
denado de Presbítero a 4 de lulho de 1632.
por Fr. Paulo da EílreUa Bifpo de Meliapor,
e Religiofo da Ordem Terceira de S. Fran-
cifco celebrou a primeira Miffa a 2 5 de Agofto
do referido anno em a CapeUa de Noíla
Senhora das Candeas Collateral da parte
da Epiílola do Altar mòr da Parochia on-
de recebera a primeira graça fendo feus
Padrinhos o Prelado, que lhe conferira as
Ordens, e o Doutor Eugénio Cabreira Có-
nego da Cathedral de Lisboa, e Vigário
Geral do feu Arcebifpado. Obteve hum
Beneficio fimples em a Igreja Parochial
de S. loaõ Baptiíla da Villa de Abrantes
merecendo pela vaílidaõ da fciencia Hif-
torica, e integridade da fua vida poíTuir as
mayores dignidades Ecclefiaíricas. Queren-
do deixar hum perpetuo padraõ de obze-
quio para com a Pátria emprendeo com
infatigável difvelo, e continuo eiludo efcre-
ver as virtuofas açoens de feus infignes filhos
que em cada dia do anno floreceraõ, e fru-
tificarão em heróicos aâos de Santidade para
cuja árdua empreza o animava a vaítiíTima
noticia, e profunda erudição da Hiftoria
Ecclefiaítica, e Secular que cultivara def-
de a primeira idade dezempenhando taõ
laboriofo aflumpto com exceíTo ao que pro-
metia o argumento da obra pois alem de
narrar as vidas dos Santos, e Varoens il-
luílres de Portugal, e fuás Conquiftas que
pelo circulo do anno deixarão a vida cadu-
ca pela eterna, lhe correfponde hum lar-
go, e erudito Commentario cheyo de noti-
cias Topographicas, em que fe defcrevem
as pátrias das PeíToas efcritas no Texto;
as Fundaçoens de diverfos Conventos,
e Mofteiros; a dedicação de muitos Tem-
plos, a introdução das fagradas Famílias
copiofas minas de que fempre eflaõ fahindo
pedras para a fabrica dos muros da lerufa-
lem Celefte; e elegantes elogios de Varoens
infignes que ornarão o Sacerdócio, e o Impé-
rio. Para ultimo complemento de taõ gran-
de obra lhe foy precifo difcorrer por grande
parte do Reyno querendo teftemunhar com
os olhos as noticias que aprendera dos li-
vros merecendo a gloria de fer o primei-
ro que intentou taõ árduo aíTumpto co-
mo em feu aplauzo efcreveo a feverida-
de de Nicolao António Bib. Hifp. Tom. i.
798
BIBLIO THE CA
pag. 411. col. I. inta£ium aliis pro digni-
tate argumentum , commemorationem inquam
iMJitania Jua San^orum, atque Venerabi-
Hum uiriujque fexus homimtm his annis curiofe,
ac diligenter projeqtntttr. Sendo natural-
mente modeílo, e inimigo declarado da
vaõgloria naõ podia evitar a diftinçaõ com
que era tratado pelas primeiras PeíToas
da lerarchia Ecclefiaílica quais foraõ o
lUuílriíTimo Arcebifpo Primaz D. Rodrigo
da Cunha; D. Pedro de Alencaftro Inqui-
íidor Geral, e depois Duque de Aveiro,
c o IlluílriíTimo Capellaõ mòr Luiz de Sou-
za depois Arcebifpo de Lisboa, e Cardial
da Igreja Romana que muitas vezes o tra-
zia em o feu coche onde igualmente trium-
fava a benignidade defte Prelado como
o merecimento de taõ grave Eccleíiaf-
tico cuja fama fahindo dos limites da pátria
retumbou com taõ gloriofo eco em os
Reynos eílranhos que os mais celebres eru-
ditos procuravaõ com oficiofas cartas a
fua amizade entre os quais fe diílinguiraõ
Fr. Aifonfo Ramon, e Fr. Pedro de S.
Cecilio Chroniílas Mercenários; D. Fr. An-
gelo Manrique Chroniíla Geral da Ordem
de Qíler, depois Bifpo de Badajos; o Li-
cenciado Gregório de Louvarinhas Feijó
author da Topografia Sacra de Galit^a. An-
tónio de Leaõ Pinello Chroniíla de índias,
Gil Gonzalves de Ávila Chroniíla de
Caílella, Luiz Munòs, e D. Jerónimo Maf-
carenhas Bifpo de Segóvia. Eftes obfequios,
que lhe dedicarão Varoens taõ infignes
quando aíTiília em Portugal fubiraõ a mayor
exceíTo quando lograrão da fua eílimavel
prezença no anno de 1669. em que paflbu
a Madrid por ordem do IlluílriíTimo Ca-
pellaõ mór Luiz de Souza com a comiíTaõ
de augmentar a magnifica Livraria deíle
grande Prelado. Admirada aquella Corte
do profundo talento, vaíla erudição, e fumma
modeília com que fe ornava o feu efpirito
lhe offereceo o lugar de Chroniíla com qui-
nhentas patacas de Ordenado, e huma Co-
nezia da Cathedral de Toledo. Agradecido
à ofFerta de lugares taõ honoríficos como aten-
deíTe mais ao amor da pátria, que á propría
conveniência os naõ aceitou até comunicar
ao Marquez de Arronches Embaxador de
Portugal naquella Corte fe feria agradá-
vel ao noíTo Príncipe aquella nomeaçaf>
de que fe feguio ordenar-lhe, que fc ref-
tituiíTe a Portugal. Obedeceu com tanta
promptidaõ, que ainda que veyo em hu-
ma Liteira, como a eílaçaõ era ardente^
e naõ lograva de faude perfeita fe Iht
originou da jornada a doença de quc
morreo. Eílando próximo á morte depois
de ter recebido com fumma piedade
os Sacramentos foy vizitado pelo Capel-
laõ mòr Luiz de Souza o qual lhe pre-
guntou com grande aíTedlo fe queria al-
guma couza em que pudeíTe fatisfazer o
feu dezejo ! A eíla pregunta refpondeo,
que unicamente pedia a S. Senhoria a lem-|
branca da fua alma cuja fuplica foy pia^j
e generofamente defirida. Falleceo placi-
damente em Lisboa a 5 de Outubro de 1669.
quando contava 63 annos de idade. Foy
levado na tumba dos Clerígos da Irman-
dade de S. Pedro, e S. Paulo de que fora.!
Irmaõ, e Juiz a fepultar na Parochialí
Igreja de Santa Juíla onde defcança noj
jazigo de feus AntepaíTados junto da
porta principal. Para Epitáfio da fua fepul-
tura lhe efcreveo a elegante Mufa do Padre
D. Manoel Caetano de Souza ProcomiíTa-l
rio da Bulia da Cruzada, e Cenfor da Acadc
mia Real da Hiíloria Portugueza eílas me
tricas expreíToens.
Hic jaceí infignis Cardo/o Georgitu, Aãa
Qui Divum exprejfit moribus, atque Styl
Haujli pro Jujlts reqtàem dat JUSTA
boris
Cui pátria ut nieruit Jolvere jufta neqdi^
Foy de mediana eílatura, olhos
quenos, e graciofos, nariz aquilino cuu
extremidade lhe cahia fobre os bci^
que eraõ delgados; a barba pequena
proporcionada a todo o roílo, que
muito alvo; o cabello branco, o aff
£lo grave, a voz branda igualmente par-
co em fallar, como em rir; taõ modcf-
to nas açoens, como limpo nos veílidos,
c verdadeiro exemplar do Eílado, qt
profeíTava. Juntou huma Livraria
eílimavel pela qualidade, que pelo ni
L USITAN A,
799
ie livros entre os quais confervava a Ar-
te Latina por onde efhidou os rudimen-
tos deíla lingua com tal aceyo como fe ti-
vera fahido da impreíTaõ. Delia deixou
cem Volumes M. S. ao IlluílriíTimo Capel-
laõ mòr LuÍ2 de Souza, e os livros, que
tratavaõ das excellencias de Maria Santif-
ílma ao Meílre Fr. líidoro da Luz Provin-
cial da Ordem da SantiíTima Trindade Lente
de Controverfia em a Univeríidade de Coim-
l^ra, que com grande difvelo havia feito
hum-a Colleçaõ de livros defte aíTumpto,
que fe confervava na Livraria do Convento
da Trindade de Lisboa. O feu nome, como
os feus efcritos faõ celebrados com ele-
antes expreíToens por graviflimos Autho-
res. Padre loaõ Bollando Praf. Aã. Sana.
Menf. Feb. cap. 5. lhe chama Virum do-
■ijjimum. Nicol. Ant. Bih. Vet. Hifp.
lib. 3. cap. 4. §. 78. Vir diligens. et lib. 3.
cap. 5. §. 125. viro qtúdem probo, ac di-
Hgenti. Gafpar Ibanés de Segóvia Marquez
de Agropoli Dijfert. Ecclef. foi. 284. n. 21.
infatigable inveftigador de la Hijloria IBxcle-
fiafiica de Portugal. Fr. Manoel da Efperan-
ça Hift. Seraf. da Prov. de Portug. Part. i.
liv. I. cap. 19. n. 2. obra grande, e digna
de perpetuo louvor, e cap. 36. n. 7. efplen-
dor das L.ujttanas virtudes, e liv. 2. cap. 27.
n. 2. merecedor da noffa ejiimaçaõ. e Part. 2.
liv. 7. cap. 26. n. 4. benemérito dos Santos
Portugue^^es. Emman. Ludov. Vit. Princip.
Theodof. Proloq. n. 17. LMJitanis ipfe Jcrip-
íoribus virifque optimis jure óptimo injeren-
dus, quorum illufiria opera faãaque nec un~
quam interirent tribus luculentis tomis effe-
cit três alios expeãaãijfimos quibus totius an-
ui circulus clauderetur nobis immatura ejus
tnorte invidente. et lib. i. cap. 31. §. 405. author
fnmma fide digius. Purif. Chron. de S. Agof-
tinho da Prov. de Portug. Part. i. liv. i.
Tit. 5. §. 4. muy verfado em todo o género de
hijloria dejle Rejno principalmente Ecclejiaf-
tica. e Part. 2. liv. 7. Tit. 4. §. 6. Peffoa
bem conhecida por verjada nas Antiguidades
defte Rejno. P. António de Macedo JLuftt.
Inf. et Purp. pag. 65. qui multa fitu obfita,
& oblivione fepulta ajfidua leãione, ftudio-
que deterjit, (& magno rei litteraria bono
publici júris fecit. et pag. 61, nobilis feri-
ptor. & in Prsefat. ad Leâorem Hifpani-
carum, pracipue in 'L.ufitania Antiquitatum
diligentijfimus indagator. Maced. T)ivi Tu-
telares, pag. 255. D. Nicol. de Santa Ma-
ria Chron. dos Coneg. Keg. liv. 7. cap. 25.
n. 13. Curiojo antiquário, e deligente in-
veftigador de memorias. Valdeceb. Templ.
de la Fama art. 25. De los que han ef-
crito con acierto hiftorias lo más celebre de
los tiempos es el Agioloffo hjifitano de Jor-
ge Cardot(o. Marinho Prolog, da Fund.
e Antiguid. de luisboa. Que com feus eftu-
dos trabalhos, e inveftigaçoens tem dado grande
realce a muitas obras infignes, e PeJJoas defte
Reyno, e fora delle, que o confultaõ como
em outros tempos a André de Refende, D.
Fr. Amador Arraes, o Bifpo D. António Pi-
nheiro, e Gafpar Alvres lj)u^ada. e liv. 3.
cap. 17. Efcritor de grande authoridade. Fr.
Filippe Columbo Chroniíla Geral da Or-
dem da Mercê. Vid. de Fr. Gonçal. Diai^
liv. I. cap. I. El cuidadofo defvelo dei erudito
Jorge Cardofo en fu Agiologio iMfitano com
que illuftrò la Hiftoria Fccleftaftica de fu
Pátria, y huviera concluído tan defeado tra-
bajo en mucha gloria de los Santos Portu-
gueses, fi la muerte no huviera embaraçado
fu elevada pluma en el médio de fu buelo
a cqfta de juftijftmos fentimientos delos que
en Madrid experimentamos fu exemplar vida,
y la f agrada erudicion de fus contínuos eftu-
dios. Mas deveríamos di^ir por merecer màs
tan digno fugeto, venerador de todas las fa-
gradas Religiones, ftendo fu pluma, y fu len-
gua honor de todos Eftados y fu modefto traje,
y exemplar vida efpejo de un Ecclejiaftico
perfeão. Leal Crifol Purificat. pag. 187. col.
I. Baronio Portugue^- Fr. Franc. da Nati-
vid. Lenit. da dor. pag. 308. indefejjo invefti-
gador das cousas de Portugal. Franco Ann.
Glor. S. J. in 'L.ufit. pag. 277. Vir de noftra
Natione infinitum, (ò" immortaliter meritus.
Fr. Belchior de S. Anna Chron. dos Carm.
Defcal. da Prov. de Portug. Tom. i. liv. i.
cap. 12. n. 77. Com incanfavel eftudo,
grande engenho, e curiojidade nunca bem lou-
vada defcubrio a quem o Reyno deve immor-
taes graças pelo t^elo de verdadeiro Portugue^
com que tratou de honrar a pátria publicando
ao Mimdo no feu douto A^oloffo a multi-
8oo
BI B LIO THE CA
daõ de Santos, que tem gerado. loan. Soar.
de Brito Theaír. "Lufit. Utter. lit. G. n.
36. Vir perdiligens, e5>* curiofus. D. Franc.
Manoel Cart. dos A A. Portug. ao Doutor
Themudo Pio, e intelligente efcritor dos
Santos defie Keyno como fe vè no Jeu louvá-
vel Agiologio. Franckenau hib. Hifp. Ge-
neaL Herald, pag. 162. Hijloricus clarijftmus.
Telles Hijl. da Etiop. Alt. liv. 2. cap. 18.
muito douto, e erudito VaraÕ, e no cap. 20.
doutijfiMO no Jeu admirauel, e eruditijfimo
Agiologio, e liv. 3. cap. 8. muito erudito,
e liv. 6. cap. 34. muy erudito no Jeu admirá-
vel Agiologio Franc. de Sant. Mar. Chron.
dos Coneg. Secul. liv. i. cap. 41. emprendeo
huma matéria vajlijfima, e quaji immenja.
Valdeceb. Vid. do V. Fr. JoaÕ de Vajcon-
cel. liv. 2. cap. 26. de los EJcritores màs injignes
que Portugal hà tenido, de ingénua verdad, y
noticioja comprehenjion. Fr. lofeph de Santo
António. ¥los Sana. Augujl. Tom. i.
pag, 39. col. 2. e pag. 685. col. i. Jamojo.
Huerta Vid. de S. Ped. de Alcant. liv. 3.
cap. 21. muy devoto y diligente hijloriador. Bar-
bofa Cathal. das Kaynh. de Portug. p. 145.
digno de toda a ejlimaçaõ pela immenja varie-
dade de Jeus efiudos Cordeiro H//?. Injulan.
liv. 6. cap. 41. §. 413 eruditijfimo. Fr. Daniel
a Virg. Mar. Specul. Carmelit. Tom. 2. part. 4.
p. 407. n. 1458. e cap. 3. p. 411. n. 1475.
diligentijftmus. Mariz, e Faria Vid. de S.
loaõ Marcos p. 120. cuja eruditijjtma obra
com a devida veneração corre em toda a Eu-
ropa. Fr. loaõ do Sacramento Chron. dos
Carm. Dejc. da Prov. de Portug. Tom.
2. liv. 4. cap. 34. §. 264. diligente. Souza
Cathal. dos Bijp. do Funchal, fallando de
D. Fr. Fernando de Távora lhe chama
injigne. Leytaõ Ferreira. Not. Chronol. da
Univ. de Coimb. p. 531, n. 1141. EJcritor dili-
gentijftmo. Pedro Lobo Corrêa Prolog, da Vid.
do V. Greg. Lope^- Para vôjos Portuguev^es
de Jelit^ recordação pois Joy verdadeiramente aman-
te da pátria, e Jingular invejligador dos Santos,
e Varoens illujkes que nejle nojjo Reyno Jlorece-
raõ com virtudes, e JrtiãiJicaraÕ com exemplos.
Compoz
Agiologio Ijifitano dos Santos, e Va-
roens illujlres em virtude do Keyno de Por-
tugal, e Juas ConquiJlas. Tomo i. que com-
prehende os dous primeiros me!(es Janeiro, e Fe-
vereiro com Jeus Commentarios. Lisboa na
Officina Craesbeeckiana. 1652. foi.
Tomo 2. qfíe comprehende os dous me-
:ies de Março, e Abril com Jeus Commen-
tarios. Lisboa por Henrique Valente de
Oliveira. 1657. foi.
Tomo 3, que comprehende os dous me-
rcês de Mayo, e lunho, com Jeus Commentarios.
Lisboa por António Crasbeeck de Mello,
1666. foi.
Officio menor dos Santos de Portugal" \
tirado de Breviários, e memorias dejle Keyno.
Lisboa por Pedro Crasbeeck. 1629. 24.
KelaçaÕ da Fundação do Convento
Madre de Deos de religiojas Francijcanas JiA
tuado Jora dos muros de Lisboa e das gra-^
ças, e privilégios que lhe concederão os Sum-,
mos Pontijices. Lisboa 1629. 4. De
obra faz memoria no i. Tom. do Affol\
Ijijit. no Comment. de 7 de Fevereiro
pag. 375. col. 2.
Officium parvum de Corona Spinea Do
mini in ujum privatorum. Deíla obra faz prc
mefla no 3. Tom. do Agiol. lai/it. no Com-
ment. de 4 de Mayo p. 71.
Santuários de Portugal, e das milag
Jas Imagens de NoJJa Senhora apparec
neJle Keyno. M. S. Deíla obra faz men-
ção em diverfas partes do Agiologio
Jitano como faõ em o Comment. do pri-i
meiro de laneiro letr. F. pag. 9. e Com-
ment. de 6. de laneiro letra D. p. 62J
e no Comment. de 7 de laneiro letr. L."
p. 75. e no Tomo 2. Comment. de Março,
letr. L. pag. 296. col. 2. e no Comment.
de 26 de Março letr. D. p. 319. col. 2. e no
Tomo 3. Comment. de 30 de Mayo letra B.
pag. 466. col. 2.
Tiaras Ijijitanas. M. S. Defta obra faz
repetida memoria no Tom. i. do Agiol. Ltijit.
Comment. de 2 de laneiro letra. D. p. 17.
col. I. no Tom. 2. Comment. de 2 de Mar-
ço letr. A. p. 24. col. i. e no Comment. de 9
e 12 de Março p. iij. e 151. no Comment.
de 29 de Abril letr. D. p. 761. col. 2. e no
Tomo 3. Comment. de 5 de Mayo letr. A.
p. 84. col. 2. no Comment. de 10 de Mayo
letr. H. p. 160. col. 2. c no Comment. do
1. de lunho letr. B. p. 496. col. 2. DcíU
L USITAN A,
8oi
obra fe lembra o P. António de Macedo
Lufif. Inful. et Purpurai, p. 6i. 94. e 115.
Bibliotheca iMpana. M. S. a qual vio
Nicolao António como efcreve na Wih. Vet.
Hifp. lib. 9. cap. 4. §. 201. e delia faz men-
ção repetidamente como fe pode ver no
Tom. I. do Agiol. l^ufit. Comment. de 5
de laneiro letr. A. p. 24. col. i. e no Q)m-
ment. de 21 de laneiro letr. I. p. 214. col. i.
e no Tom. 3. Comment. de 4 de Mayo letr. I.
p. 74. col. 2. onde efcreve que loaõ Soa-
res de Brito, e o Licenciado loaõ Franco
Barreto tinhaõ emprendido o mefmo argu-
mento.
Fr. lORGE DE CARVALHO natu-
ral de Lisboa filho de Sebaíliaõ de Carva-
lho Dezembargador do Paço inftituidor do
Morgado de Sernacelhe, e de D. Maria de
Braga, e Figueiredo filha herdeira de lorge
Alvares de Figueiredo, e de D. Izabel de
Braga. Ainda contava poucos annos quan-
do com madura refoluçaõ deixou o feculo,
e abraçou o inílituto monaftico do Prínci-
pe dos Patriarchas S. Bento em o Conven-
to de Tibaens cabeça da Congregação Be-
nediâina neíle Reyno a 13 de Fevereiro
de 1623. merecendo pela fua literatura rece-
ber o gráo de Doutor Theologo em a Uni-
verfidade de Coimbra, e fer Qualificador
do Santo Officio, e pela fua prudência admi-
niílrar as Abbadias dos Conventos do Porto,
Santarém, S. Miguel de Refoyos, e do Col-
legio de N. Senhora da Eftrella em a Corte
de Lisboa. Foy dos celebres Oradores
Evangélicos do feu tempo pregando em os
púlpitos mais authorizados onde a fua graça
natural que nunca degenerou em pueril
conciliava a atenção dos ouvintes. Falleceo
no Collegio da Eftrella a 22 de Outubro
de 1677. Publicou
Sermão da publicação da Bulia da Santa
Cruzada. Lisboa por Manoel da Sylva.
1639. 4.
Sermão no dia, em que Sua Magejla-
de mandou expor o Santijftmo no Convento
de S. Bento de Lisboa pela jornada do Alen-
tejo. Lisboa por Domingos Lopes Roza.
1643. 4.
51
Sermão de Santa Anna em o feu Mof-
teiro de Lisboa profejfando Sor Anna Afaria.
Lisboa por Lourenço de Anvers. 1646. 4.
Sermão de S. Paulo primeiro Ermitão pre-
gado no feu Convento de Lisboa. Ibi na Offi-
cina Crasbeeckian. 1653. 4.
Três Sermoens das Almas do Purgatório.
Lisboa por loaõ da Cofta. 1662. 4.
Vida do Conde Duque efcrila pelo Mar-
quei::^ Virgilio Maluef(t(i. Dedicada ao Prín-
cipe D. Theodo^io, Lisboa por Manoel
Gomez de CatA^alho. 1650. 8. He tra-
dução da lingua Italiana em a materna
da qual faz memoria D. luan Yanes
Prolog, às Memor. para a Hiftoria de Filippe.
in. pag. 18.
Solliloquios em que hum pecador arre-
pendido falia com Deos; difpofçoens para
bem fe confejfar, indujlrias para bem mor-
rer. Acharaõfe em o Efcritorio do Se-
nhor D. António Príncipe Portugm^ efcri-
tos da fua própria letra na lingua latina
com tradição que era obra de feu grande
juiv^o , e confiffoens feitas pelo seu grande
arrependimento agora tradut^idas, e pouco
acrecentadas para milhor cadencia da lin-
gua PortugNet^a. Lisboa por Paulo Craes-
beeck. 16^3. 12. Dedicados a D. Ma-
riana Tozefa da Sylva filha de Francifco
de Sà, e Menezes, e de fua mulher D. Marga-
rida da Sylva.
Kelaçaõ verdadeira dos fucejfos do Conde
de Cajlelmelhor loaÕ Rodrip/ez de Sou^a
pre^o em Carthagena de Índias. Lisboa por
Domingos Lopes Rofa. 1642. Sahio fem o
feu nome.
Commento fobre as palavras que he tra-
dição, dijfe Chrijlo Senhor noffo ao pri-
meiro Rey de Portugal D. Affonfo Hen-
rique^, Svidido em finco Capitulos para
proveito dos Pregadores, divertimento dos
Cortet^aem, comodidade do Reyno, e re-
formação dos cufiumes. Dedicado ao Aíef-
tre Fr. Pedro de Souza Doutor pela
Univerfidade de Coimbra, e aéhial Ge-
ral da Ordem de S. Bento. Eftava com
todas as licenças prompto para a Impref-
faõ.
Sermoens de Santos. M. S. 4.
Sermoens de Quarefma. 2. Tom. M. S. 4.
802
BIBLIO THE C A
Delle faz memoria loan. Soar. de Brit. Theatr.
L.ujit. Utter. lit. G. n. 37.
Fr. lORGE DE CASTRO natural
do lugar de Penedono do Bifpado de La-
mego filho de nobres progenitores quais fo-
raõ loaõ Ribeiro de Afonceca morgado
da Salgoza, e Izabel de Mefquita. Para
augmentar mayor brazaõ à fua caza fe adop-
tou por alumno da clariíTima Ordem dos
Pregadores em o Convento de Azeitão a
5 de Mayo de 1634. Com tanta fubtileza
penetrou as dificuldades Theologicas que
competio com feu Meílre o grande Fr. Do-
mingos de Santo Thomaz de quem fe fez
em feu lugar merecida lembrança, bailan-
do eíle difcipulo para immortal aplauzo
do feu magifterio. Admetido a CoUegial
do CoUegio de Santo Thomaz em Coim-
bra a 16 de Fevereiro de 1642. diftou as fcien-
cias feveras com admiração dos Cathedraticos
da Academia Conimbricenfe até que jubi-
lou em a Sagrada Theologia. A prudên-
cia do juizo o elevou a governar o Convento
de Aveiro, e o Collegio de Coimbra, e a
Provincial eleito no anno de 1675. A reâii-
daõ do animo o habilitou para Deputado
da Inquifiçaõ de Évora provido a 24 de Se-
tembro de 1674. donde brevemente paíTou
com o mefmo minifterio para Lisboa. Reti-
rado à fua pátria para experimentar clima
mais benigno aos achaques que padecia o
nomeou o lUuftriíTimo Inquifidor Geral D.
VeriíTimo de Lancaftro, Deputado do Con-
felho Geral que vagara pela promoção do
Meftre Fr. Valério de S. Raymundo ao
Bifpado de Elvas, de cujo honorifico lu-
gar naõ tomou poíle impedido pela morte
que o privou da vida a 21 de Setembro
de 1685. Delle faz memoria Fr. Pedro Mon-
teiro Clauft. Dom. Tom. 3. p. 225. onde
com erro manifefto efcreve que recebera
o habito em o Convento de Almada a 16
de Abril de 1679. quando elle em 1675.
era Provincial, e certamente o recebeo em
Azeitão no dia, e anno aíTima efcritos como
confta do aíTento que fc me remeteo defte
Convento. Publicou
Sermão nas exéquias do Excellentijftmo,
e Kevereadijftmo Senhor D, Pedro de Lan-
caftro Duque de Aveyro Inquifidor Geral pre-
gado no Convento da Arrábida cabeça da-
quella Provinda de que faò Padrotiros, e tem
ja^jgo os Senhores Duques de Aveiro em 25
de Mayo de 1673. Lisboa por loaõ da Cofta
1673. 4.
lORGE COELHO (a quem duvido-
famente faz natural de Lisboa loaõ Soa-
res de Brito Theatr. L.ufit. Utter. lit. G.
n. 38. foy filho do Capitão Nicolao Coe-
lho companheiro em o defcubrimento da
índia Oriental do clariíTimo Argonauta D.
Vafco da Gama, e irmaõ de Francifco Coe-
lho Eftribeiro mór da Raynha D. Cathe-
rina conforte delRey D. loaõ o IIL En-
tre os profeíTores das letras humanas mereceo
no feu tempo a primazia aífim na elegân-
cia da Poética, e eloquência da Oratória,
como na intelligencia das linguas Grega,
e Latina fendo difcipulo da primeira de
Nicoláo Clenardo, e Meftre da fegunda do
Conde do Vimiofo D. Aífonfo de Portugal,
que fahio taõ confumado nefte mageftozo
idioma que recebeo muitas cartas de Jeró-
nimo Oforio Cicero Portuguez às quais
refpondia com igual pureza, e gravidade.
Venerado por Oráculo das fciencias ame-
nas paíTou à Univerfidade de Salamanca
eftudar as feveras, e foraõ taõ gloriofos os
progreíTos da fua aplicação que em premio
delia recebeo o gráo de Doutor em Di-
reito Pontificio. Voltando a Portugal co-
mo o Cardial Infante ocupaíTe nefte tempo
a Cadeira Primacial de Braga atendendo
á qualidade da fua peíToa que fe fazia mais
recomendável pela integridade dos cuftu-
mes, e vaftidaõ de Letras o nomeou feu Se-
cretario cujo lugar confervou quando aquellc
Príncipe paíTou para Metropolitano de Évora
conftituindo - o feu Procurador no anno
de 1546. para approvar pelo Núncio Apof-
tolico loaõ Bifpo Sipontino os Eftatutos
que reformara, e acrecentara para o feu Cab-
bido Eborenfe. Crecendo com o tempo
o afeóVo que lhe tinha efte Príncipe lhe deu
o Priorado do Convento de S. lorge de
Cónegos Regrantes fituado junto da Cidade
de Coimbra do qual era Commendatario.
Nefta dignidade moftrou o talento de que
L USITAN A,
8o3
a natureza o dotara augmentando com
vários edifícios ao Convento, que deze-
jou fe uniiTe à Congregação de Santa
Cruz de Coimbra por carta efcrita ao
Capitulo celebrado a 4 de Mayo de 1557.
cujos dezejos naõ tiveraõ effeito por fal-
ta do confentimento do Cardial D. Henri-
que. Falleceo a 28 de Agofto de 1563. e
jaz fepultado em fepultura raza no meyo
da Capella mòr do Moíleiro de que fora
digno Prior. Delle fazem honorifica me-
moria os mais celebres Humaniftas, e graves
Efcritores do feu tempo como faõ André de
Refende in Anmtat. lib. 2. S. Vicent. n. 48.
iMJitania nofira ornamento, jive poeticam fa-
cultatem, Jive Ciceroniana Orationis eemuhtio-
nem fpeães. Hyeron. Cardof. Epiji. epift. 6.
Ljifitania nofircB decus. loan. Vafaeus Chron.
Hifpan. cap. 6. non carmine tantum Kefen-
dio rivalis, fed et oratoriis laudibus adeò bene
percultus, ut paucos credam tam prope ad
puritatem accedere Ciceronis; certe Ifocr ati-
çam jucunditatem , lenifatemque fie refert ut
parem non viderim. e cap. i. Vir omtn-
biis bonarum artium fiudiis omatijftmus. Gaf-
par Barreiros na Dedicatória, que lhe
fez em Évora a 28 de Abril de 1553.
à Oraçaõ, que recitou em prezença de Xif-
to IV. o Bifpo de Évora D. Garcia de Me-
nezes efcreve o feguinte Elogio, que fez
a Jorge Coelho o Cardeal Sadoleto. In
quibiís tu primítm Coeli doãifftme occurrifii,
díxit enim legijje fe nonnulla ingenii tui mo-
mimenta qtia Htteris mandaveras in utraque,
& Oratória, e>* Poética facultate, praclara
illa quidem, <& qua acumen ingenii, fum-
mum judicium, optimam verborutn elecHonem,
gravem, (ò" Jplendidam diãionis formam, deni-
que eruditionis, (& doãrina, caterarumque
rerum praftantiam pra fe ferrent. Nicol.
Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 411. col. 2.
propter eximiam Latina lingua, (ò" humani-
tatis eruditionem gratus Henrico Portugal/ia
In/anti, Patrique Ecc/efia purpurato. Joan.
Soar. de Brito. Theatr. l^fit. Utter. lit.
G. n. 38. in humanioribus Htteris exíul-
tus. Nicol. de S. Mar. Chron. dos Coneg. Reg.
liv. 8. cap. 15. n. 14. de gentil engenho,
grande Humanifia, e Poeta Latino Cardofo
Agiol. Ijifit. Tom. 2. pag. 667. no Comment.
de 21 de Abril. letr. D. e Leytaõ No/. Chro-
nol. da Univ. de Coimb. pag. 546. §. 11 69.
infigte Poeta. Achil. Stat. Sylv.
Coeli nofier amor, Coeli doãiffime vatum
Coeli, (ò" eloquio multum laudande forenfi.
Hyeron. Cardof. Elevar, lib. z. Eleg. ad
ipfum.
Nam vel ingenium mibi, vel mens ejfet
Homeri
Non pojfem numeris par retulijfe tiíis.
Quis tibi credo nove pariter diãaffe puellas
Incolere Aonium, quis Helicona ferunt:
£/ Vénus ipfa fuo tepejecit peãore pofi-
quàm
Traãavit nati dextra proterua fui.
Quin etiam tanto Charites fparfere lepore
Quantum Nafo tuis cemimus ejfe jocis.
Eleg. 13.
De tuis tandem numeris, quod ipfe
Senferim dicam: mihi nempe vifus
Dum tuos legi números Horati
Volvere doai.
Alter Alcaus fore mi videris
Si dm lufús genus hoc fequére
Et ttás cedet numeris, <Ò' arti
Lésbia Sapho.
Dives es certe tibi vena puros
Qui tot effundit latices, nec unquàm
Aret, (ò* multúm licet ufque demas
Plenior exit.
Petrus Sanches Epifi. ad Ignat. Moralium.
Calius infurgit qui carmine fchemate multo
Micans verborum tentat candore referre
Illum, qui duri per tot dif crimina Martis
Traxit in Emathiam foceri, generique furo-
res.
Compoz.
Serenijfmi Principis D. Alphonfi Portu-
gallia Infantis Confecratio. Elegia ad Virgi-
nem Deiparam de Chrifio moriente Conimbricas
in Caenobio Sanftae Cruds. 1536. 4.
De Patientia Chriftiana liber mus. De-
dicado ao SereniíTimo D. Henrique In-
fante de Portugal, e Arcebifpo de Bra-
ga. Coníla eíle livro além do tratado af-
íima efcrito das feguintes obras poéti-
cas. Lamentatio D. Maria Magdalena aã
Domini nofiri JESU Chrifii fepulchrum.
Cármen Heroicum ad Ludovicum Infantem
8o4
BIBLIO THE CA
Vortugallia de fimulachro Virginis Deipara
ab ipfo in direptione Urbis Tmetis reperto.
Nonnulla Epigrammafa. VWoria 'Lãifitano-
rum adverfus Turcas carmine heróico. Hle-
ffa in obitum Alphonfi Cardinalis Infantis
Portugallia. Conqueftio Virginis Deipara cum
Domini nojlri JESU Chrijli Corpus de Cruce
depofituni eft. carmine heróico. L.uciani de
Dea Syria liber unus eodem authore inter-
prete cum prafatione ejujdem carmine he-
róico ad Henricum Infantem Vortugallia Ar-
chiepijcopum Bracharenfem. No fim tem eftas
palavras. Excufum ejl hoc opus nunc primam
editum, <i>' emendatum compojititm a Georgio
Coelho h.ufitano nobili viro, ac Keverendijfimi
Domini, Excellentijftmique Principis Henrici In-
fantis Portugallia Archiepifcopi Bracharenfis, €>*
Hifpaniarum Primatis à Secretis. Apud Lu-
doiicum Khotorigum Typographum, Bibliopolamque
Kegium. Anno ã Virgíneo pariu AI.D.XL.
Lamentatio in Pajpone Domini Noflri J. C.
heróico carmine. Epigrammata in mortem
Joannis III. (ò* Epiflola heróica ad Nicolaum
Clenardum. OlyíTipone apud Joannem Bla-
vium. 1557. 4.
In laudem D. Georgii Martyris, Poema.
Começa.
hjifiadum Patrone potens, qui fanguine
fufo.
G)nferva-fe efcrito em o Coro do Mof-
teiro de S. Jorge do qual fora Prior, como
affirma D. Nicol. de Santa Maria Chron.
dos Coneg. Keg. liv. 8. cap. 15. n. 15.
Epigramma in Laudem Ferdinandi Soares.
Começa.
Plurima, qua paucis qiuerit comprehendere
chartis.
Sahio impreíTo no principio de Gra-
mática latina defte Author. Eborae apud
Andracam Burgenfem. 1572. 8.
Epiflola Latina in Laudem Antimoria
Arii Barbofa.
Sahio impreíTa no principio dcíla obra
Conimbricx apud Cacnobium San£fcc Cru-
cis. 1536. 8.
Clarijftmo Viro Damiano a Góes S. P.
D. Epiflola data Olyftpone 7. Calend. Sept.
1540.
Clariffimo Viro Damiano á Góes S. P.
D. Epiflola data Olyftpone Idibus Decembris.
1541.
Eftas duas Cartas Latinas fe imprimi-
rão com as obras de Damiaõ de Gocs. Lo-
vanii ex Officina Rutgeri Refcii. 1J44. 4.
onde as vimos.
Vida do Senhor D. Duarte filho natural
delRey D. Joaõ o III. foi. M. S. Começa.
Poflo que nefla vida. Acaba, e a nhs deixou
nefle valle de lagrimas. Conferva-fe na Bibliothc-
ca do ExcellentiíTimo Marquez de Gouvea,
e delia vimos hum exemplar.
Fr. lORGE DA CONCEIÇÃO na-
tural da Cidade de Goa onde recebeo o
habito de Erimita Auguftiniano. Foy taõ
verfado na Oratória Eccleíiaftica como
nas efpeculaçoens Theologicas merecendo
aplauzos de bom pregador, e grande
Letrado. Falleceo na pátria a 29 de Junho
de 1726. Compoz.
Sermão das Sacratijfimas Chagas de Chrifio
Senhor Nojfo com a circunflancia de ferem as armas
de Portugal; pregado na fua Igreja da Kibeyra
em Goa na fefla annual, que em dia da Exalta-
ção da Cru:^ lhe fets^ o Vedor Geral da Fazett'
da daquelle Eflado fendo o anualmente JoaÕ Rth
drigue^ da Cofia. Lisboa por António Pe-
drozo Galraõ. 1719. 4.
Orthodoxa veritatis libella, Auguflin
na Doãrina Vindicia. Eftava no annl
de 1724. com todas as licenças para a Ii
preíTaõ.
P. lORGE DA COSTA natural
Villa de Azeitão do Patriarchado de Lií
boa filho de António Coelho, e Izabel
Carvalhal. Na juvenil idade de quinze annc
recebeo a roupeta da Companhia de Ief«
em o Noviciado de Lisboa a 4 de Ma]
de 1626. e tal foy o progreflb que o fc
agudo engenho fez em as fciencias ai
nas, e fevcras que diélou Rhctorica ei
Coimbra, e Filofofia, e Sagrada Efcritura
em a Univerfidade de Évora até receber
o gráo de Doutor em Theologia a 25 de
Novembro de 1653. em a mefma Univer-
fidade. Depois de fer Reytor do Collegi(Hi
de Setuval, e Propozito da Caza profeíli^
de Villaviçofa foy mandado com o lugar de
L US ITAN A.
8o5
Procurador a Roma donde voltando a Por-
tugal todo o feu difvelo empregou no fo-
corro dos pobres, e converfaõ dos here-
ges. Teve grande talento para o púlpito
cujo miniílerio exercitou para beneficio das
almas. Falleceo na Caza profeíTa de S. Ro-
que a 25 de Abril de 1688. com 67 annos
de idade, e 52 de Companhia. Delle fazem
memoria Bih. Societ. p. 286. col. i. loan.
Soar. de Brito Theaír. 'Lufit. 'Litter. lit. G.
n. 39. Franco Imag. da Virt. do Noviciado
de I^ishoa. p. 970. et in Annalib. S. I. in Ijifit.
p. 383. n. 8, Fonceca EAfora Glor. p. 433.
Publicou
Sermão da CircumcifaÕ do Senhor myjle-
riofa alkgoria a Portugal refgatado. Lisboa
por Lourenço de Anvers 1643. 4. & ibi por
António Rodrigues de Abreu. 1675. 4.
Sermão do lubileo geral concedido pelo muito
Santo Padre Innocencio X na Sé de Évora. Tra-
ta/e engenhofamente como ejles favores da mife-
ricordia de Roma faõ para Portugal empenhos
da declaração da Jua jujiiça. Lisboa por Lou-
renço de Anvers. 1645. 4.
Eloffum Ludovico XIII. cogtomento lujlo Gal-
lia, <ò° Navarra Regi augujlo, invião, immortali
conjecratum. Conimbriae apud Emmanuelem
Girvalho Academiae Typ. 1647. 4.
Fr. lORGE COTRIM natural de Lis-
boa onde teve por Pays a Manoel Cotrim,
e Sebaíliana Pinheira. No Convento pa-
tiio de NoíTa Senhora do Monte do Car-
mo recebeo o habito a 6 de laneiro de 1620.
e a 10 do dito mez do anno feguinte pro-
feflbu folemnemente. Completos os eítu-
dos efcholaíHcos com aplauzo do feu
talento ocupou os mais honorificos luga-
res devidos à madureza do feu juizo, como
foraõ fer Prior dos Conventos de S. Ro-
mão, Setuval, e Lisboa, terceiro Definidor,
Cuílodio da Provinda, e ultimamente
Provincial por motu próprio de Alexandre
Vil. que começou a exercitar em o pri-
meiro de Mayo de 1667. Sendo Prior do
Convento de Lisboa celebrou com magni-
fica pompa pelo efpaço de 8 dias a cano-
nização da extática Virgem Santa Maria
Magdalena de Pazzi prodigiofa flor que
brotando em Florença fe trefplantou ao»
Monte Carmelo para o coroar de fazona-
dos frutos de fantidade a cujo fagrado aplau-
zo deu principio a 29 de Setembro de 1669..
e fe terminou com hum foberbo triumfo'
que em vários carros reprezentavaõ as açoens.
da vida defta Seráfica Virgem. Com in-
canfavel difvelo dedicou a mayor parte do
tempo na inveftigaçaõ das antiguidades, e
exceUencias da fua Ordem até que cheya
de merecimentos paíTou de caduco a eterno-
no Convento de Lisboa em o anno de 1678.
Delle faz mençaõ Fr. Manoel de Sá Me-
mor. Hiji. dos Efcrit. do Carm. da Prov. de^
Portug. cap. 65. pag. 253. Compoz.
Carmelo Lufitano. foi. M. S.
Relação Hijlorial Ecclejiajlica que con-
tem as Provindas, que no Rejno de Portugal,,
e Jeus Domínios tem as Sagradas Ordens, e
Congregaçoens, e fe declara os Conventos de
cada huma em particular, ajjim de Frades,,
como de Frejras, e as Armas de que cada
huma das ditas Provindas us^a. 2. Tom. foL
M. S. Começou eíla obra no anno de 1677..
No fim de 2. Tomo trata da Origem dos
Collegios, e Ermidas, que havia até aquelle
tempK) em a Qdade de Lisboa. Eíla obra
como a precedente fe confervaõ na Livraria
do Convento de Lisboa.
Das Armas da Nobreza defle Reyno. M. S.^
Efte livro fe deu a peíloa da primeira con-
dição como efcreve Fr. Manoel de Sá no
lugar aíTima referido.
Cathalogo dos Reli^ofos que falleceraõ na
Provinda de Portugal. M. S. Efta obra que
eftava efcrita em Taboas a mandou reduzir
a hum livro o Provincial Fr. António da
Cimha no anno de 1693. que foy o primeiro
do feu Provincialado.
lORGE FERREYRA DE VASCON-
CELLOS natural de Coimbra, ou de
Monte mòr o Velho Cavalleiro profeíTo
da Ordem de Chriílo, e hum dos mais
diftintos criados da Excellentinima Ca-
za de Aveyro donde paíTou a Efcrivaã
do Thezouro Real, e da Caza da índia.
Foy ornado de juizo agudo, erudição
vaíla, e graça natural cujos dotes fiel-
ío6
BIB LIO THE CA
mente exprimio em todas as fuás compo-
íiçoens que merecerão a admiração dos con-
temporâneos, e aplaufo dos vindouros. Foy
cazado com D. Anna de Souto matrona de
igual nobreza a que elle herdara dos fcus
mayores de quem teve a Paulo Ferreira
que na idade juvenil facrificou a vida na
infeliz batalha de Alcafer, e a D. Briolanja
de Vafconcellos que fe defpozou com D.
António de Noronha. Falleceo no anno de
1585. e jáz fepultado com fua Conforte em o
Cruzeiro do Convento da SantiíTima Trindade
defta Corte. Nicolao António Bib. Hifp. Tom.
I. pag. 412. col. I. urbanitate vir ac dijertis
Jalibus fuo tempore in pretio habitus. loan. Soar.
de Brit. Theatr. LmJíí. Uter. Ut. G. n. 40.
vir ingenio promptijftmo, et lepedijftmo. Diogo de
Teyve celebre profeíTor de letras humanas
lhe dedicou o feguinte epigramma em que
com elegância fumma o aplaude de nunca ef-
crever o feu nome nas obras que compunha.
Injcribmt alii morituris nomina Chartis
Cumque illis cemunt nomina obire fiia:
Fmeribus que Juis inter Jmt vefteqm operti
Hac fua lugubri fata Juprema vident.
Tu boné Ferreri viãuris nomina Chartis
Non tua Jubjcribis, fed latitare cupis.
Fft tibi Jat faclis prodejfe aliquando futuris,
Quamvis nulla tui nominis aura fonet.
Ni/ agis infequitur fugientem fama, fequentem
Aufugit; ad fuperos <& volat alta poios.
Compoz
Comedia Fuphrofina. Lisboa por An-
tónio Alvres. 161 6. 8. Sahio traduzida
em Caftelhano por D. Fernando de Bal-
leftcros, y Saavedra Madrid em la Imprenta
Real. 1651. 12.
Comedia Olyjftpo. Lisboa por Pedro Cras-
beeck. 161 8. 8.
Comedia Aulegrafica. Confta de 4 Aftos
fahio por deligencia de feu Genro D. Antó-
nio de Noronha. Lisboa por Pedro Cras-
bceck. 16 19. 4. No fim eftá o epigrama
de Diogo de Teyve affima cfcrito.
Triumfos de Sagramor, em que fe tra-
taõ os feitos dos Cavalleiros da fegunda Ta-
vola Kedonda. Deregido ao Príncipe D.
loaõ. Coimbra por loaõ Alvres Impreflbr
delRey 1J54. foi.
Memorial das proezas dos Cavalleiros da fe-
gunda Tavola redonda. Derigido a ElRey D.
Sebaftiaõ. Lisboa por loaò Barreira. 1567.
foi.
Dialogo das grandei^as de Salamaõ interlo-
cutores Bernardo, e Lmíí^. Dedicado a El-
Rey D. Sebaíliaõ para a fua inílruçaõ.
Peregrino. Livro curíofo, efcrito no eíHlo
da Ejiphrojina. M. S.
Colloquio fobre parvos, interlocutores An-
tónio, e L///:ç. Compoílo no anno de
1556. em repofta de huma pregunta que
lhe fez fua Prima religiofa que couza
era parvoiíTe ?
lORGE FREYRE DE ANDRADE Ca-
valleiro profeíTo da Ordem militar de
Chriílo naceo a 25 de Novembro de
1650. em a Vilia da Arruda fituada na
diftancia de féis legoas para o Norte da
Cidade de Lisboa. Foy filho do Doutor
António Freyre de Andrade Encerrabo
des Dezembargador na Relação do Porto,
e D. Izabel de Noronha. Imitando a feu
Pay no eftudo da lurifprudencia a fre-
quentou na Univerfidade de Coimbra com
tanto difvelo que foy promovido a exer-
citar os lugares de luiz de fora de Cam-
po mayor, e Coimbra, Ouvidor do Cam-
po de Ourique, Provedor de Elvas don-
de paíTou a 28 de lunho de 1706. para
Dezembargador da Caza da Suplicação, c
depois a Vereador do Senado de Lisboa
e luiz Confervador da Caza da Moeda
Foy cazado com D. Antónia de Caftro
fua príma com irmaã filha de Vicente
Pereira de Caibro que militou na índia
com diílinto valor, e D. Leonor de So-
tomayor, de quem teve ao Doutor An-
tónio Freyre de Andrade Encerrabodcs
que prezentemente he o Decano da Meza
dos Aggravos da Caza da Supplicaçaõ, Con-
fervador da Naçaõ Franccza, e Académico do
numero da Academia Real taõ profundo na
profiíTaõ do Direito Cefareo, como verfado na
intelligencia das linguas mais polidas da Euro-
pa, e na liçaõ da Hiíloria Ecdefiaftica, e y^
fana. Falleceo em Lisboa a 15 de M.
de 1741. quando contava a provcda idade
LUSITANA
807
de 90 annos 3 mezes, e 18 dias. No fauf-
to dia em q os SereniíTimos Príncipes do
Brazil entrarão publicamente nefta Corte os
congratulou em nome da Qdade de Lis-
boa com a feguinte Oraçaõ, que fez publi-
ca com eíle titulo.
Oraçaõ na entrada, que fi^eraÕ os Serenijfimos
Príncipes do Brat(il os Senhores D. Jo^é, e D. Ma-
ria Anna Vitoria em \z de Fevereiro de 1729.
Lisboa na Officina da Muíica. 1729. 4.
lORGE GOMES PEREYRA celebre
Doutor de Medecina diftinguindo-fe em
diverfas opinioens eílabelecidas fobre a pe-
netrante agudeza do feu juizo dos mais
famofos profeíTores daquella arte fendo
acérrimo propugnador de naõ ferem os
aoimaes dotados de difcurfo, opinião que
depois feguio, e illuílrou o infigne Filo-
fofo, e excellente Mathematico Renato
Defcartes como efcreve Borrichio entre
as Cartas de Thomas Bartholino Cent. 3.
n. 85. Compoz as feguintes obras, que
intitulou com o nome de feus Pays An-
tónio, e Margarida.
J^ntoniana Margarita. Opus Phyjicis, Me-
dias ac Theologis utile, <& neceffaríum. Medinas
Campi apud Antonium Craesbeckium. 1554.
foi. & ibi apud Francifcum do Canto. 1558.
foi. et Francofurti apud Joanam Rodium.
1610.
Nova, veraque medecincB Chríjliana ratione
comprohata V ar s fecunda. Medinas Campi apud
Francifcum do Canto. 1558. foi. Efta he Me-
dica, como a I Filofofica.
Antoniana Margarita de Immortalitate anima.
Medinae Campi apud eumdem Typog. 1554.
Delle fazem memoria Nicol. Ant. JB/^.
tíifp. Tom. I. p. 414. col. I. Joan. Soar. de
Brit. Theatr. 'Uifit. l^itter. lit. G. n. 41. Mer-
cklinus Linden. Renov. Draudius Bih. Clajftc.
I Wander-Linden Script. Med. Hallevord. Bib.
Curiofa. p. 103. col. i.
P. lORGE DE GOUVEA natural de
Lisboa donde paíTou ao Oriente, e de-
pois de ter pelo efpaço de trinta annos
com o poílo de Soldado feito celebre o
leu nome com açoens valerofas fe alif-
tou em outra mais nobre miliria rece-
bendo a roupeta na Companhia de Jefus
em o anno de 1592. onde fez os pri-
meiros votos a 22 de Junho de 1594.
Foy Superior da Reíidencia de Bendorá,
e partindo para Portugal no anno de
16 10. como Procurador das Províncias da
índia molirou o zelo do feu animo. Ref-
tituido à índia havendo exercitado as
obrigaçoens de Operário EvangeUco paf-
fou a lograr o premio dos feus conti-
nuos trabalhos em a Caza profeíTa de
Goa no anno de 1647. Delle faz memoria
Cardofo A^ol. Ijíjit. Tom. i. p. 254. no
Comment. de 25 de laneiro letra I. Com-
poz.
Re/açaô da ditot^a morte de 45 Chrifiãos,
que em Japaõ morrerão pela confijfaõ da Fé Catho-
lica em Novembro de 16 14. tirada de hum procejfo
authentico pelo P. Jorge de Gouvea S. J. Pro-
curador das Provindas Oríentaes da me/ma Com-
panhia. Lisboa por Pedro Crasbeeck. 161 7. 8^
lORGE HENRIQUES natural de Vi-
feu, e Cónego da Cathedral deíla Cidade,
Inflamado com o exemplo de Saõ Theo-
tonio I. Prior de Santa Cruz de Coimbra
de ter lido na fua vida, que três vezes
vizitara os lugares, que o divino Redemp)-
tor fantificou com a fua prezença fe re-
folveo intentar efta fagrada peregrinação,
e partindo da fua pátria a 3 de Março de
1561. chegou a Veneza a 4 de Julho do
dito anno, e paíTando a Jofe em 4 de
Agofto celebrou a primeira MiíTa no altar
do Santo Sepulchro ; a fegunda no altar do
Santo Nacimento; e a terceira no celebre
Sanéhiario do Loureto; e depois de ter
vifto a Gdade de Roma fe reflituhio à fua
pátria a 8 de Janeiro de 1562. Efcreveu.
Itinerarío da Jornada, que fef^ de Vi/eu a
J eruf alem até J'e rejlituir ã fua patría. M. S. He
dividido em 68 Capítulos. Começa. Fojr
a minha partida da Cidade de Vifeu er/r
huma fegunda fejra 3 de Aíarço de 1561. às-
finco horas da menhãa. Parte defta obra ef-
tava efcrita pela maõ do author, e a ou-
tea mandou elle copiar em boa letra a
qual fe confervava em poder de feus pa-
rentes como affirma Joaõ Franco Barreto Bib,
Portug. M. S. Huma Copia defte Itinerário fe
^o8
BIB LIO THE CA
•conferva M. S. na Livraria do Convento de
5. Francifco de Lisboa.
lORGE HENRIQUES natural da Q-
<lade da Guarda Profeflbr de Medecina
<lc quem fa2 memoria Abrah. Mercklin.
Und. Ketiov. Compoz.
De cibo, (ò" potu. Matriti ex Officina
Regia 1615. 8.
De perfeão Medico, Deíla obra o faz
author Zacuto Lufit. lib. i. de Med. Prin-
^ip. Hijl. hift. 6. de dolore Capitis.
lORGE HENRIQUES MORAÕ natu-
ral da Villa de Covilhãa da Comarca da
•Cidade da Guarda em a Provinda da
Beyra, iníigne Medico, e muito perito
nas letras humanas, e divinas. Compoz.
Kegimento politico dei homhre en edad florecien-
te; reprev^entalo la ociojidad afliãa a la juventud
ociofa. Lisboa por Joaõ Galraõ. 1697. 4.
Fr. lORGE DE S. JOZE' chamado
no feculo Jozè Serraõ filho de Francifco
Serraõ naceo em a Cidade de Lisboa, e
foy Pagem do Archiduque Cardeal Al-
berto quando governava eíle Reyno. Mo-
vido de fuperior impulfo deixando as ef-
peranças, que lhe prometiaõ os feus me-
recimentos, e a Corte, que lhe dera o
berço, recebeo o militar, e religiofo ha-
bito dos Mercenários em o Convento de
Sevilha donde anhelando a mayor aufte-
ridade fe paflbu para os Defcalfos da
mefma fagrada Familia onde exercitou o
feu efpirito em todo o género de virtu-
•des. Penetrou profundamente os myfterios
<la Theologia Myílica derigindo muitas al-
mas ao caminho da perfeição. Teve par-
ticular efficacia para expellir os demónios
<los corpos dos energúmenos. Taõ dextra-
mente tocava Orgaõ, que foy convidado
com hum largo eílipendio pelo Cabbido da
•Cathedral de Sevilha para nella exercitar
cfte miniílerio de que fe efcuzou com o
pretexto de nunca fahir do Convento. Foy
Commendador do Convento dei Vifo junto
■de Sevilha, e em o de OíTuna habitou pe-
lo efpaço de vinte annos onde tolerando
•com heróica conílancia acerbas dores na
ultima infermidade havendo muito tempo,
que eftava tolhido de hum lado paíTou
à pátria do defcanfo a 26 de Outubro
de 1636. Delle fe lembraõ Nicol. Ant.
Bib. Hifp. Tom. i. pag. 412. col. 2. e
Fr. Pedro Cecilio Annal. de la Ord. DeJ-
calf. de la Merced. Part. 2. liv. 3. cap.
29. §. 29. e liv. 4. cap. 7. §. I. Com-
poz.
Buelo dei efpirito, y e/cala de perjecion. Sevilha
por Andres Grande. 1632.
£/ Solitário contemplativo j Guia efpiri-
tual colegido de dichos de los Santos. Lis-
boa por Jorge Rodrigues. 1616. 8. Sahio
traduzido em Portuguez pelo Padre An-
tónio de Araújo. Lisboa por Joaõ Gal-
raõ. 1678. 8.
Vida do V. António de S. Pedro
quem foy muitos annos ConfeíTor. J2*
nó Jalio a lu:^ (faõ palavras de Fr. AnJ
dre de Santo AgoíUnho na Vid. do VJ
Fr. António de S. Pedro liv. 4. cap. 15^
n. 98.) por falta de médios, pêro fe confet
va Aí. S. en el archivo de la Provinda
Andaluv^a, j enquanto a lo fubflancial
obra digna dei mucho efpirito de fu authorl
Relação do que obrou em commum
ficio no tempo da pefie. M. S. Grane
parte delia eftá impreíla nos Annal.
la Ord. Defc. de la Merced. Part. 2. lii
3, cap. 29. §. 2. compoftos por Fr.
dro de S. Cecilio.
lORGE DE LEMOS natural da Qc
de de Goa onde pelo talento de que et
ornado fervio de Secretario de muitos Vi-
ccreys do Eílado. PalTou a Portugal donde fe
reftituhio à fua pátria com o Vicerey Mathias
de Albuquerque no anno de 1590. defpachado
com o Officio de EfcrivaÕ da Matricula, Dellc
fe lembraõ Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag.
412. António de Leaõ Bib. Ind. Tit. 3. pag. 18.
Tofcano Paralel. de Varoens infignes cap. 39.
e loaõ Soar. de Brito Theatr. "Lufit. Utter. lit.
G. n. 42. Efcreveo.
Hiforia dos Cercos, que em tempo de António
Moniz ^f^f^o Governador, que foy dos Eflados da
índia os Achens, e Jaós ptn^eraò à Tortalev^a dt
Malaca fendo Triflaô Vaí(^ da Veyga Capitão delia.
Lisboa por Manoel da Sylva. 1385. 4.
L U SITAN A
809
lORGE LUIZ natural de Lisboa Li-
cenciado em a Faculdade dos Sagrados
Cânones, e muito perito em Poezia a
cuja arte o inclinava o génio. Sendo condu-
zida com folemne apparato para o Gan-
vento do Carmo de Lisboa em 18 de
lulho de 1638. a imagem de Chriílo
morto que fora cativa pelos mouros, e
refgatada de Argel, celebrou eíle fuceíTo
com hum elegante Romance que impri-
mio com efte titulo.
Re/açaõ da Santa Imagem de Cbrifio que v^o
de Argel ao Comento do Carmo de Lisboa. Lisboa
por Pedro Craesbeeck. 1638. 4.
Fr. lORGE MAGRISSO Erimita Au-
guftiniano cujo inftituto profeíTou no Con-
vento de Lisboa onde nacera. Paflbu á
Provinda de Flandes fendo incanfavel in-
veíligador das antiguidades da fua Or-
dem, e elegante Panegyrifta dos frutos
que tem produzido taõ frondofa arvore
efcrevendo.
Sttrculi facri pulltdantes é palma primorum
Ordinis Erimitarum S. Augufiini Martyrum.
LeodiiapudChriílophorumOulewerx. 1628. 8.
Vida de S. loaõ de Sahagum ejcrita em lingua
belgica. Tornay. 16 10.
lORGE DE MENDOÇA DA FRAN-
CA fidalgo da Caza Real, Cavalleiro da
Ordem de Chrifto, Capitão de Cavallos
em as Praças de Ceuta, e Tangere, e da
Infantaria nas Galés de Efpanha dando
em mar, e terra gloriofos argumentos do
feu natural valor, e difciplina militar.
Sendo preguntado pelo Marquez de Ve-
lada qual era a qualidade de Muley Ha-
meth, e quanto era conveniente a fua
amizade a ElRey de Efpanha, refpondeo
a eílas duas preguntas com huma douta
repofta efcrita em Madrid a 16 de Outu-
bro de 1648. Sahio imprefla em folha da
qual vimos hum exemplar fem lugar da ediçaõ.
Começa
Rejnaron en Berbéria dos bermanos. No fim
tem
Tabla Genealógica de los R^j" de Aíar-
ruecos y F^^ y de toda la Berbéria.
D. lORGE DE MENEZES Senhor
de Alconchel, e Fermozelhe filho de D. Pe-
dro de Menezes Senhor de Alconchel, e
Fermozelhe, e de D. Maria ^Manoel filha
de D. Bernardo Manoel Camareiro mòr
delRey D. Manoel. Entre as Artes que
cultivou com eíhido foy a Poezia dei-
xando entre muitos, e elegantes Verfosos
Sete Pfalmos Penitenciaes redu^dos a me-
tro Portuguet^. Compoz efta obra para eter-
namente teiiemimhar o feu arrependimen-
to de ter privado injuílamente da vida a
hum Clérigo na Villa de Palmella.
Tragedia a la muerte delRiy D. Sebajlian. De-
dicada a Filippe Prudente.
Foy cazado com D. Guiomar de Fa-
ria filha de Antaõ de Faria Alcayde mór
de Palmella, e de D. Leonor de Vilhe-
na filha de Sancho de Tovar de quem
teve a D. António de Menezes fuceflbr
da Caza que fe defpozou com D, Ce-
dUa de Mendoça filha de D. Fernando
de Menezes Commendador de Caftello-
branco Embaxador a Roma, e de D.
Filippa de Mendoça.
lORGE DE MONTE MAYOR na-
ceo em a Villa do feu appellido dif-
tante quatro legoas de Coimbra fituada
nas margens do faudofo Mondego menos
iUuftre pela antiguidade da fua Fundação
que por fer berço de Varaõ taõ infigne
como o congratula Francifco de Sà, e Mi-
randa Cart. 8.
Vicino à quel tu monte dò bas nacido
Co^ el ayre de vida, y dei Mondego
1m clara y tan fabro/a agua bè bevido.
Nos feus primeiros annos foy dos ce-
lebres Cantores da CappeUa Real de Caf-
tella naõ fomente pela melodia da voz,
mas pela fingularidade do eíHlo. Do Co-
ro paUou para a Campanha em que
militou por algum tempo com credito
do feu valor atè que preferindo o odo
de Apollo ao rumor de Marte buf-
cou para habitação o PamaíTo, já que
outro monte lhe dera o berço, beben-
do com taõ larga aâuenda os influxos
8io
BIBLIO THE C A
do furor poético que fahio hum dos
mais famofos alumnos deíla divina Arte
fendo a fermofura de huma honefta Da-
ma, que venerou com o nome de Diana
aíTim como Petrarcha a Laura, e Ca-
moens a Natércia o argumento das fuás
elegantes, e amorofas expreíToens. Com
igual facilidade efcrevia em proza, como
em verfo por fer ornado de penetrante, c
fecunda difcriçaõ. Os mayores eruditos de
Itália, e Efpanha contemplando em as fuás
obras a feliz uniaõ de agudos conceitos,
e terniíTimos afeâos, com louvável emula-
ção as traduzirão em os feus idiomas adop-
tandoo por eíle modo feu Patrício. Me-
recendo pelos íingulares dotes de que o
ornou a natureza mais larga vida a perdeo
violentamente no Piemonte a 26 de Fevereiro
de 1561. Para honorifico epitáfio da fua fe-
pultura fe lhe grave o feguinte Soneto com-
pofto por Manoel de Faria, e Souza Fuent.
de Aganip. Part. i. Cent. 6. Sonet. 76.
Nacejie Jorge no Venufto monte,
Que o mouro qui:(^ fat(er fua Colónia,
Adonde te entregou Mufa Meonia
O numerofo Pay de Faetonte.
Na Ibéria vivefte da alta Fonte
Que outro Monte mais pre^a em Trácia Aonia;
E noutro monte da foberba Aujonia,
Pajfajle irrevocável Acheronte.
Pequeno em major Monte em fim nacefte
Mayor vivejle em Monte mais ufano
E em Piemonte naô pio fenecefie:
De Monte em Monte andou teu paço humano;
O' feli^ tu fe o efpirito pu^efie
Lã no Monte do Olympo Soberano.
Com femelhantes elogios correfpondem
Lourenço Gracian Art. de Ingen. difc.
67. ingenuofamente afeííuofo. Difc. 40. fubti-
lijjimo. Difc. 42. tan ingeniofo como afec-
tuofo Maced. Flor. de Efpan. cap. 8. ex-
ccl. 9. Ingeniofo e na Eva, e Ave Part.
I. cap. 26. n. 7. foy dos primeyros, que
cultivarão a lingua Caflelhana. Faria Fuente.
de Aganip. Part. 2. Advert. n. 10. natu-
ralmente en la expoficion de los afeãos amo-
rofos ninguno le excede, y poços le iffmlan
Jccn. Soar. de Brit. Tbeatr. Ljéfit. Liter.
lit. G. n. 43. Vir ingenii celebratijjimi, (àr
ameenifftmi. Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom.
I. pag. 413. col. I. Exteris nemo alius
quidem notior, aut propter flylum perfpicuum,
fuave que laudatior. Sà, e Miranda Cart. 8.
Monte mayor que ai alto dei Pamafo
Subifle porque ai nueflro Eufitano
Truxieffes dulces aguas dei Pegafo.
Diogo Ramires Pagan Poeta celebre no tempo
de Carlos V. R//w. Var.
Nueflro Monte mayor dó fue nacido?
En la Ciudad dei hijo de Eaerte.
Y que parte en la humana injiable fuerte^
Corte^ano, difcreto, y entendido.
Su trato como fue? como há vivido.
Serviendo; y no acerto ni ay quien acierte.
Quien tan preflo le dió taõ cruda muerte?
Imbidia,y Marte, y Vénus lo hà movido.
Sus hueffos onde eflan} en Piemonte.
Porque} por nó los dar a pátria ingrata.
Que le deve fu pátria"? Im mortal nombre.
De que} de larga vena dulce,y grata.
Y en pago que le dan? Talar el monte.
Y haura quien le cultive? no ay tal hombre.
leronimo Sampere o aplaude com a fe-
guinte Profopopeya do Parnafo expreíTada
nefte Soneto.
Pamafo monte f acro, y celebrado,
Mufeo de Poetas deleytofo,
Venido ai paragon con el famofo
Pareceme que ejlàs defconfolado.
Efioylo con rav^n, pues fe han pajfado
Eas Mufas y fu coro gloriofo
A ejfe que es mayor Monte dichofo,
En quien mi fama y gloria fe há mudado.
Dichofa fue en eflremo fu Diana,
Pues para fer dei orbe más mirada
Mofhró en el Monte excelfo fu ff-andev^a
Alli vive con gloria foberana.
Por todo el Univerfo celebrada
Gov^ando celfitud, que es mas que alteia.
Lopo da Vega Carpio Eaurel de Apollo
Sylva 3.
Quando Montemayor con fu Diana
Ennoblecio la lengua Caflelhana
L USITANA.
8ii
Líígar noble tmnera
Mas ja pafó la edad en que pudiera
Uamarfe el mayor Monte de Parthenio. Com-
poz
Lm Diana primera, y fegunda Parte. Coníla
de Verfo. e Proza. Pamplona 1578. 8. Antuér-
pia por la Viuda de luan Helíio 1580. 8.
Valença 1602. Madrid por luan Flamengo
1602. 12. Barcelona 1614. 8. Lisboa por
Pedro Crasbeeck. 1624. 8. Madrid por Alonfo
Martin 1622. 8. Aífonfo Perez natural de
Salamanca, e profeíTor de Medecina com-
poz a 2, parte da Diana muito inferior
no artificio, e eíUlo á de Montemayor,
porem Gafpar Gil Polo efcreveo a 3
Parte que mereceo geral eftimaçaõ a qual
verteo na lingua Latina Gafpar Barthio
celebre Filólogo, e fahio Valentias apud
loannem Mey 1574. 8. onde promete
traduzir a primeira, e fegunda Parte de
lorge de Montemayor cuja primeira par-
te fahio traduzida na lingua Franceza por
Nicolao CoUn. Rhemis na Ofíicina de
loaõ Toigny 1578. 8. A 2 e 3 Parte
na mefma lingua por Gabriel Chapuiz.
Lyon apres Lovis Cloquemin 1582. 12.
e na lingiia Alemáa por Harsdorfer. No-
rimberga. 1646.
Cancionero. Dedicado pelo Author a
lorge Fernandes de Q)rdova Duque de
SeíTa. Saragoça por la Viuda de Bar-
tholameo de Naxara 15 61. 12. Salaman-
ca por Domingo de Portonariis 1571. &
ibi por luan Perier 1572. 12. Coníla de
4 Partes a i de Cartas; a 2. de Sone-
tos, Cançoens &c. a 3 de Eglogas. a
4 de Obras jocofas. Madrid por la Viu-
da de Alonfo Gomez 1588. 8.
Traduzio na lingua Caílelhana.
Ltfj- ohras do Excelíentijftmo Poeta Aujias
Man/j Cavallèro Valenciano de la lengua l^mo-
Jina. Saragoça por Pedro de Naxara 1562. 8.
Madrid por Francifco Sanches 1579. 8. et
ibi por la Viuda de Alonfo Gomes. 1588. 8.
Três Sonetos, duas Regias, e quatro Cançoens
de Monte mayor eiiaõ no Cancioneiro do Padre
Pedro Ribeiro efcrito no anno de 1577. que
fe conferva na Livraria do ExcellentiíTimo Du-
■que de Lafoens.
V abula de Piramo y Tisbe a qual cha-
ma Manoel de Faria, e Souza Comment.
das 'Lufiad. de Cam. Cant. 7. Eftanc. 52.
dulcijfimo Poema. Efta obra opinou com
erro crafiíTimo Lope da Vega Carpio luiu-
rel de Apollo Sylv. 3. que fora traduzida,
ou furtada pelo noíTo Montemayor de loaõ
Baptifta Marino celebre Poeta do Parnafo
Italiano quando efte tresladou no Poema
que compoz do mefmo aíTumpto quanto
delle tinha efcrito Montemayor como afir-
ma o referido Souza Comment. das Lu-
^d. Cant. 5. Eftanc. 15. e também o
deixou confirmado lacinto Cordeiro EJog.
dos Poet. Lujit. Eíl. 5.
Honrar la pátria en mi nò es def atino
Que es leyy obligacion y efia lo es mia:
Mucko antes ejcrivtò y nò el Marino
Monte Aíayor, y ajfi como podia
Hurtarle a Tisbe ingenio tan divino \
Mucbos produ^e nueftro Tojo y cria
Cuyas armas y letras las hi florias
Son clarin de la fama de Jus glorias.
Corroborafe com evidencia Chronologica,
que naõ podia o noíTo Montemayor apro-
veitar-fe do Poema de Piramo, compofto por
Marino quando efte naceo 8 annos depois
da morte de Montemayor; pois fallecendo
Marino a 26 de Março de 1625. quando con-
tava 56 atmos de idade como confta do feu
Epitáfio, que eftá na Igreja de Nápoles dos
PP. Theatinos, e Montemayor a 26 de Fe-
vereiro de 1561. claramente fe colhe, que eraõ
paíTados 8 annos de morto quando fahio
à luz do mundo Marino, e que efte foy o
que extrahio do noíTo Monte mayor os me-
lhores conceitos com que ornou ao feu Pi-
ramo, contra a aíTeveraçaõ de Lope da Vega,
que miferavelmente fe enganou quando ef-
creveo no ÍMurel de Apollo Sylv. 3.
Con que efcriviò fu Piramo divino
Hurtado, ó tradifí(ido de Marino.
lORGE DE MORAES infigne pro-
feíTor de Medecina cuja Faculdade diftou
com grande credito do feu nome, e naõ
menor fruto dos feus difdpulos em a
Univerfidade de Pifa para onde foy chama-
do com largo eflipendio. Naõ logrou me-
8l2
BIBLIO THECA
nor aplau20 cm a Univeríidade de Vene-
za onde fe diílinguio em o Theatro da
Anatomia de todos os profeíTores deíla
Arte exercitando com tal fciencia pelo
efpaço de vinte annos o methodo cura-
tivo em beneficio dos enfermos, que cau-
zou naõ pequeno aíTombro a Miguel An-
gelo Rota celebre Medico Venefiano, e cre-
cendo mais a fua fama mereceo conciliar
eftreita amizade com Carlos Contareno no-
nageíTimo nono Duque da Republica de
Veneza eleito no anno de 1655. Compoz.
Commentaria in Magni Hippocratis Coi Apho-
rijmorum lihros duos priores. Venetiis apud Pau-
lum Balleonium. 1648. 4. & ibi por eumdem
Typ. 1671. 4.
Manuduãio ad Vniverjam Hippocratis Apho-
rijmorum do^rinam: opus cunãis medicis necejfa-
rium, Philofophis apprime utile. Venetiis apud
Guerilios. 1653. 8.
Enchiridion Medicum, Ethicum, & Theologi-
cum. ibi 1655. 12.
In Hippocratem ars parva. Venetiis. 1653.
16. Lugduni apud loannem Antonium Hu-
guetan. 1670. 16.
lORGE DA MOTA, E SYLVA Na-
ceo em a Villa de Aveiro a 9 Fevereiro
de 1670. fendo filho terceiro do Dezembar-
gador Vicente Coelho Serraõ, e D. Maria
Matoza da Sylva. Foy muito aplicado a
arte da Poezia, que cultivou com fumma
felicidade. Cazou com D. Magdalena Clara
da Sylva Corte Real filha de Francifco Ri-
beiro da Sylva fidalgo da Caza Real, e
Commendador de S. Pedro de Trinta, e
de D. Francifca Maria Marecos de Bu-
Ihoens. Falleceo no lugar das Lapas ter-
mo da Villa de Torres Novas em Domin-
go 18 de Outubro de 1739. Compoz mui-
tas Comedias, que com fevera refoluçaõ
condenou ao fogo por ferem partos da
fua adolefcencia merecendo entre ellas dif-
tinto lugar a que intitulou.
Cada uno como quiere. M. S.
Fr. lORGE DA NATIVIDADE na-
tural da Gdade de Coimbra religiofo da
Seráfica Provinda dos Capuchos de Santo
António onde exercitou o miniílerio de
Pregador com fatisfaçaõ dos ouvintes por
fer muito verfado na liçaõ da Sagrada
Efcritura, e Santos Padres. Ocupou por
muitos annos o lugar de Porteiro do
Collegio de Santo António da Pedreira
fituado na fua Pátria onde falleceo pia-
mente em idade muito proveâa.
Compoz
Centúrias Predicáveis dos Evangelhos das Do-
mingas, Segundas, Terças, Quartas, Quintas, Sex-
tas, e Sabbados da Quarejma. Tomo i . Coimbra
por Jozé Ferreira ImpreíTor da Univerfidade,
e do Santo Officio. 1698. foi.
lORGE DE S. PAULO natural de
Lisboa chamado no feculo Jorge de Car-
valho filho de Filicio Rodriguez, e Cathe-
rina de Carvalho. Recebeo a murça de
Cónego Secular da Congregação do Evan-
geUíla em o Convento de Villar a 20 de
Julho de 1609. onde pelas fuás letras foy
Meílre em Theologia, e pela fua prudência
duas vezes Secretario da Congregação, Rey-
tor dos Conventos do Porto, e da Feyra,
Provedor das Caldas da Rainha. Com in-
canfavel difvelo difcorreo por todas as Ca-
zas da fua Congregação para inveíligar nos
Carthorios os privilégios, e antiguidades
delia de cujo laboriofo exame extrahio no-
ticias que reduzio a fete volumes onde fe
comprehendem as Fundaçoens dos Conven-
tos de Villar de Frades, de Santo Eloy
de Lisboa, de Santo Eloy do Porto, do
Convento da Feyra, e Hofpital das Caldas.
Todos eíles volumes efcritos da fua pró-
pria maõ contribuhiraõ para a Chronica
que depois publicou o Padre Francifco de
Santa Maria como elle ingenuamente con-
fefla no Prologo dizendo o qual me foy de
tanta utilidade quanto naõ pojfo encarecer. Com-
poz mais
Chronica da Congregação dos Cónegos Seculares.
Deíla obra o faz author o Licenciado lorgc
Cardofo Agiol. Ei4jit. Tom. 3. p. 279. no Com-
ment. de 1 5 de Mayo letr. E. fe naõ he a mef-
ma de que fe fez afllma mençaõ.
Vida da Serenijftma Raynha D. Leo-
nor Fundadora do Hofpital das Caldas. Ef-
crita no anno de 1656. quando o author
L USITAN A.
8i3
era Procurador do dito Hofpital, como aííirma
o Doutor Francifco da Fonceca Henriques
Aquileg. Medic. pag. lo.
Falleceo na Villa das Caldas a 21 de Mayo
■de 1664. Delle faz memoria loan. Soai. de
Brito Theafr. iMJit. Utter. lit. G. n. 44, e Ja-
cob. Filip. Thomaíino Annal. Can. Secul. foi.
174. exercitatijjimo ingenio, et memoria pracellenti.
Fr. lORGE PINHEYRO natural do
lugar de Águeda termo da Villa de Avey-
ro do Bifpado de Coimbra onde teve
por Pays a Pedro Jorge, e Maria Pi-
nheira. A penetração do juÍ20, que lo-
^o moílrou na primeira idade, o habili-
tou para fer alumno da preclarilTima Or-
dem dos Pregadores, que profeflbu no
Convento de Lisboa a 15 de Fevereiro
de 1589. Aprendidas as fciencias Efcho-
lafticas com admirável progreflb naõ fo-
mente as diftou aos feus dcT^eílicos mas
fahindo do clauftro a fua vafta Utteratura
illuílrou a Academia Conimbricenfe, onde
recebera o gráo de Doutor, em a Ca-
deira de Prima de Sagrada Efcritura em
<jue jubilou a 7 de Fevereiro de 1647.
Foy Prior do Real Convento da Batalha,
Provincial eleito no anno de 1634. e De-
putado da Inquiíiçaõ de Coimbra de que
tomou poíTe a 2 de Abril de 1635. Fal-
leceo com fumma piedade no Collegio
de Coimbra. Delle faz memoria Mon-
teiro Cathalog. dos Deput. da Inquif. de
Coimb. §. 88. e Clauftr. Domin. Tom. 3.
p. 40. e 225. Compoz.
Sermão no Auto da Fé, que Je celebrou em
Coimbra a 29 de Março de 1620. quarta Dominga
da Quarefma. Lisboa por Pedro Crasbeeck
ImpreíTor delRey. 1620. 4.
Sermão nas Vejias, que o lllufirijfimo, e
'Reverendijfimo Senhor D. loaõ Manoel Bif-
po de Coimbra fe:^ na Canonis^açaÕ de Santa
Iv^abel Raynha de Portugal no me^ de Ou-
tubro de 1625. Sahio no Certame Poético,
que fe fez a eíle aflumpto. Coimbra por
Diogo Gomes de Loureiro 1626. 4.
SermaÕ pregado na Igreja da Kaynha San-
ta If(abel em o Prefiito, que a injigne Uni-
verjidade de Coimbra fe:^ dando a Deos as
ffoças pelo nacimento do Príncipe Baltbev^ar
Carlos Domingos. Coimbra pelo dito Im-
preíTor. 1630. 4.
Traãatus de Ahrahamo. 4. M. S.
Traãatus de laudibus Evangelijfa, et Bap-
ti/ta. 4. M. S. Confervaõ-fe ambos em
a Livraria do Convento de S. Francifco
de Lisboa.
lORGE PINTO Poeta Cómico de cuja
fecunda veya, que hc celebrada por Pedro
Sanches Epi^. ad Ignat. Moral. Sahiraõ di-
verfas obras, que reprefentadas merecerão
os aplauzos dos ExpeÃadores. Delias fe
fez publico.
Auto de Kodrigo, e Aíendo. Sahiraõ a foi.
44. v^ da Primeira Parte dos Aut. e Comed.
Portuguesas. Lisboa por André Lobato.
1587. 4.
lORGE PINTO DE MORAES igual-
mente difciplinado na efcola de Marte fendo
Capitão em o Principado de Catalunha, como
perito na palelira de ApoUo a cujo influxo de-
veo a elegante facilidade com que poetizava,
publicando.
Aíaravillas dei PamaJfo,j flor delas mejores Ko-
mances graves, burle/cos, y Jatiricos. Barcelona
por Jayme Mateaud. 1640. 8. Efta obra foy
aprovada pela Inquiíiçaõ de Lisboa a 4 de
Abril de 1637.
Fr. lORGE DO POMBAL natural da Vil-
la do feu apelUdo íituada em o Bifpado de
Coimbra, reUgiofo da illuftre Ordem da Santif-
íima Trindade onde pela fua exemplar vida, e
madura prudência foy Miniílro de Santarém, e
Provincial. Com generofa idea edificou com as
rendas do Convento da Villa de Alvito a Igreja
Matriz da mefma Villa por fer muito pequena,
e eftar quafi arruinada. Falleceo em Alvito
cujo dia, e anno fe ignora. Compoz.
Documentos efpirituaes. 4. M. S. A eíla
obra allega Fr. António da Trindade. Annal.
Sacr. pag. 175.
D. Fr. lORGE QUEIMADO natu-
ral de Aldeã Gallega em a Provinda do
Alentejo fendo íilho de Manoel Cazado,
e Branca Queimada. Pela capacidade de
que era ornado na idade da adolefcen-
8i4
BIB LIO THE CA
cia foy admitido ao inílituto dos Erimi-
tas de Santo Agoílinho que profeflbu no
anno de 1563. Com animo de lucrar al-
mas para Chriílo que vagavaõ fugitivas
do feu rebanho paflbu no anno de 1575.
á índia Oriental acompanhado de outros
Varoens Apoftolicos, e depois de colher
abundante fruto da fua evangélica cultu-
ra fe reftituhio ao Reyno, onde fendo
patentes ao Illuílriffimo Arcebifpo de Bra-
ga D. Fr. Agoftinho de Caílro as virtu-
des, e letras de que era ornado o no-
meou feu Q)nfeíror em o anno de 1589.
c crecendo com o tempo o feu mere-
cimento o elegeo feu Bifpo Coadjutor
confirmado com o titulo de Fez pela
Santidade de Clemente VIII. em o pri-
meiro de Fevereiro de 1599. ^^Y VÍ2Í-
tador das Ordens Militares de S. Ben-
to de Aviz, e de Saõ Tiago onde com
fumma prudência reformou vários abu-
zos. Falleceo na fua pátria, e jaz fepul-
tado na Capella mòr da Igreja Matriz ao
lado do Evangelho com o feguinte epitáfio.
Aqui jat;^ D. Fr. Geor^e Queimado Bifpo de
Fez y^iz^^^^or Geral, e Keformador dos Conventos
de Palmella, e Avi^- Faleceo aos 29 de Abril de
1618.
Dclle fazem honorifica lembrança Fr. Ant.
á Punf. de Vir. illujlrib. Ord. Erim. D. Aug.
lib. I. cap. 3. Herrera Alphah. Auguft. lit. G.
p. 305. e o P. D. Manoel Caet. de Souz. Cathal.
dos Bi/p. Vortug. p. 176. Compoz
Vida do Illujlrijfimo Arcebifpo de Braga
D. Agojlinho de Cajlro. M. S. a qual confervava
em feu poder o Licenciado lorge Cardofo
como afirmou em huma Carta efcrita em 6 de
Outubro de 1633. ao Illuftriffimo D. Rodrigo
da Cunha Arcebifpo de Braga onde nefte tempo
aíTiília.
Fr. lORGE DA REDINHA cujo apel-
lido denota a pátria onde naceo, fituada entre
Pombal, e Condeixa do Bifpado de Coimbra.
Foy dos primitivos Monges Ciílercienfes que
habitarão o Real Convento de Santa Maria
de Alcobaça onde fe confctva M. S. in foi.
a feguinte obra que compoz
De inflitutione Canobiorum, €>• Statu Mona-
íborum.
lORGE DE RESENDE Poeta infi-
gne do feculo decimo quinto como ma-
nifeílaõ as fuás obras, que de foi. 184.
verf. até 188. fahiraõ impreflas no Can-
cioneiro de Garcia de defende. Lisboa por
Hermaõ de Campos. 1516. foi.
Fr. lORGE DE SANTA ROSA DE
VITERBO Naceo em a Villa de Tro-
voens do Bifpado de Lamego, e na Igreja
Matriz recebeo a graça bautifmal a 9 de
lulho de 1684. Chegando á juvenil ida-
de de defafete annos deixou heroicamen-
te a amável companhia de feus nobres
Pays Manoel de Almeyda Camello, e D,
Paula de Figueiredo, e Távora para abra-
çar o Seráfico inílituto da Ordem Ter-
ceira em o Convento de S. loaõ da
Pefqueira onde profeíTou folemnemente a 16
de lulho de 1702. Eftudou as fciencias
efcholaílicas no Convento de Caria, e Col-
legio de Coimbra, e pofto que com a
mefma capacidade, com que as aprendeo,
as podia di£lar, prefetio o púlpito á Ca-
deira exercitando nas Províncias da Beyra,.
e Trás os montes o miniílerio de Ora-
dor Evangélico pelo qual mereceo fer
feito Pregador Geral por Fr. loaõ de
Soto ComiíTario Geral da Familia Traf-
montana cuja patente foy aceita pelo Ca-|
pitulo celebrado no Convento de NoíTa.]
Senhora de lefus a 6 de Outubro dcí
1631. Publicou
Oração Panegyrica, Problemática, GratulaA
torta, e Genealógica pregada em acçaõ dei
grafas em o dia outavo dos Santos, na FeJIa\
que fe fe^ no Convento de S. Francifco íh\
Mogadouro a Nojfa Senhora das Mercês por\
haver nacido no feu dia a Senhora D. Aía-j
ria Anna Bernarda Primogénita dos ExcelA
lentiffimos Senhores Marqueses de Távora ConA
des de S. loaÕ da Pefqueira. Salamanca
na Officina de Maria Efteves ImpreíTora]
da Univerfidade. 4. Naõ tem anno
ediçaõ mas foy certamente em 1722.
Zodiaco Soberano que entre dous Come-\
tas da Vida humana contem brilhantes af-i
tros em difcurfos tropoloffcos, encomiaflicos, e\
exege ticos para os do^e me^es do anno, QuaA
refma, e Advento ideados nas divinas letras.
L USITAN A.
8i5
íxomados de varias Allegorias, exquifitos Pro-
blemas, myfteriojos lerogliphicos, Filofoficas Jen-
íen^as, e Humanidades feleãas. Com hum Aftro-
labio Sacro-Khetorico omnimoda injiríiçaõ de Pre-
dadores na qual como em Planisferio mathematico
eftaõ recopilados todos os preceitos de Khetorica
Jagrada, breve extraão de quanto o Evangélico
Orador deve faber compendiado dos mayores Ora-
dores Gregos, e Latinos, /agrados, e profanos.
Tom. I. Salamanca por Sebaftiaõ Eftrada,
1726. 4.
Zodiaco Soberano (ò'c. Tom. 2. Sala-
manca por lozé Villagordo y Alcaraz.
1734. 4. Nefte tomo fahio reimpreíTa a
Oração Panegírica, Problemática &c. que af-
Tima eftá efcrita.
Kepojla Apologética: Cri^^ol de Verdades
Orthodoxas calculadas nos fignos do Zodiaco
Soberano em o Jeu primeiro Tomo contra a
Hypercritica Cenfura de hum Antigonijia an-
típoda da Verdade. Madrid en la impren-
ta de los Gufmanes 4. Sem anno da
«diçaõ, e nome do author.
Nomenclatttra Soberana, Ethjmologica, Tri-
pologica, e Ejicomiajiica de S. loaÕ Baptiza
em huma Oração literal, Moral, e Panegí-
rica. Lisboa por António Ifidoro da Fon-
cfcca. 1742. 4.
lORGE DE SA' SOTOMAYOR Com-
mendador da Ordem de S. Tiago naceo
cm Coimbra fendo taò nobre por naci-
mento como filho de Duarte de Sá, e
irmaõ de António Corrêa de Sá Cathe-
dratico de Cânones em a Univerfidade
de Coimbra, e depois Corregedor do Cri-
me da Corte, como pela fciencia Me-
dica em que recebeo o grão de Licen-
ciado a 29 de Novembro de 13 51. em
a Univerfidade da fua pátria que illuf-
trou com o magifterio quando foy fubf-
tituto da Cadeira de Prima auzente o
Lente Proprietário em 19 de Janeiro de
1560. Congratulou em nome da Cidade
de Coimbra com huma elegante Oraçaõ
90 Serenifiimo Príncipe D. Sebaítiaõ quan-
do em 13 de Outubro de 1570. vizitou
aquella Gdade acompanhado de toda a
0)rte. Falleceo na pátria a 7 de laneiro
de 1577. com 85. annos de idade. Defen-
dendo humas Concluzoens anteriores ao
feu exame privado fuftentou algumas opi-
nioens que foraõ criticadas pelos Médicos
da Camará delRey D. loaõ o III. e para
as corroborar com fundamentos mais foli-
dos, publicou
Breves difceptatio medica in qua quadam objeãa
diluuntur, (Ò" Oratio in luiudem SereniJJimi Prin-
cipis loãnis III. Regis filii. 8. Naõ tem anno
nem lugar da ediçaõ, e nome de ImpreíTor.
Falia que /^^ ao muito alto, e poderov^o
Rey Dom Sebafiiam na entrada de Coimbra
aos trev^e de Outubro de 1570. Dedicada ao
me/mo Príncipe. Coimbra por loaõ Alva-
res ImpreíTor delRey aos nove de De-
zembro de 1570. 4.
Conclujiones Medica. Conimbricas. 1582. 12.
Delle fazem memoria Zacuto Hiji. Hb. 2.
Quaeft. II. Abrah. Merckiin. Und. Renovat.
Vander. Linden de Scríp. Med. lib. i. e loan.
Soar. de Brito Theatr. Lujit. Liter. lit. G. n. 46.
D. Fr. lORGE DE S. TIAGO in-
figne alumno da Ordem dos Pregadores,
cujo fagrado inílituto profeíTou no exem-
plariíTimo Convento de Santo Eftevaõ de
Salamanca donde paíTando ao de Pariz
com Fr. Gafpar dos Reys que depois foy
Bifpo Coadjutor com o titulo de Tripoli,
do Cardial Infante Arcebifpo de Évora, tal
foy a aplicação com que cultivou as letras
fagradas que mereceo receber as infignias
doutoraes na Faculdade de Theologia con-
feridas pela Univerfidade Parifienfe. A fa-
ma da fua grande literatura, e o ardente
zelo, com que promovia os augmentos da
Religião no Tribunal do Santo Officio
de Coimbra onde em 10 de Novembro
de 1540. tomara poíTe do lugar de In-
quizidor, moverão a ElRey D. Sebaftiaõ
para o mandar por feu Theologo junta-
mente com Fr. leronimo da Azambuja, e
Fr. Gafpar dos Reys todos filhos da ef-
clarecida Religião dos Pregadores, ao Con-
cilio Tridentino convocado por Paulo III.
a quem por carta efcrita de Évora em
29 de lulho de 1545. fignifica o conceito
que fazia de Fr. lorge de S. Tiago, e
feus companheiros neftas palavras Cate-
rum cum legatos meos, et quos illis participes,
8ió
BIB LIOTH E CA
Jociosque deftinavi, minore celeritate quám vellem,
viderem fe ad iter componere, ne ulla ejfe
in me mora videretur ad id, qmd Sanãitas
tua tantopere vidt efficere: delegi ex eo nu-
mero viros bonos, et eruditos Fr. Georgium
a Sanão Jacobo, Fr. Hjeronimum ab Oleaf-
tro, et Fr. Ga/parem à Regibus Sacrarum
litterarum profejjores, qui ad Sanãitatem tuam
celerius mandata mea perferrent, et quid de
Sacro Concilio peragendo Jeniirem, accurate ex-
ponerem. Chegando a Trento no anno de
1547. defempenhou com gloria da Naçaõ
Portugueza a eleição, que fe fizera da fua
peíToa para Congreflb taõ venerável onde
foy admirado pela fciencia Theologica,
como pela Oratória Ecclefiaftica. Reftitui-
do ao Reyno o nomeou para premio dos
feus merecimentos ElRey D. loaõ o III.
Bifpo da Cidade de Angra Capital da
Ilha Terceira de cuja dignidade lhe paíTou
Bulia a Santidade de Júlio III. a 13 de
Agoílo de 1552. Tanto que entrou na fua
Diocefe ocupou todo o difvelo em extirpar
os vicios, que tinhaõ contaminado grande
parte do feu rebanho cuja árdua empreza
vendo armada a rebeldia de muitos cora-
çoens, que pareciaõ de feras, e naõ de ho-
mens, com ardor verdadeiramente apoílolico
triumfou de todos os obftaculos ainda, que
por ocafioens eíleve facrificada a fua vida
nas facrilegas aras da impiedade. Para re-
forma dos cuftumes, e exafta obfervancia
dos Decretos do Concilio Tridentino ce-
lebrou em a folemne Fefta do Efpirito
Santo do anno de 1539. Synodo Dioce-
fano em a Cathedral, cujas Conílituiçoens
cfcreveo para diredorio das fuás ovelhas
entre as quais piamente falleceo a 26 de
Outubro de 1561. Jaz fepultado na Ca-
pclla mòr da Cathedral com efte Epitá-
fio.
Fiic jacet Dominus Georgius à Sanão Ja-
cobo Pajlor Angrenjis inter oves fuás primus
Jepultus.
Vários faõ os Elogios com que eternizarão
a fua memoria infignes Efcritores como faõ
Fr. Luiz de Souza Hift. de S. Doming. da Prov.
de Portug. Part. i. liv. 3. cap. 36. Echard. Script.
Ord. Prad. Tom. 2. pag. 139. lUuftriflimo
Cunha Hijior. Ecclef. de Brag. Part. z. cap.
80. n. 7. Gil Gonzalvcs de Ávila Hiji.
e Antig. de Saiam. liv. 3. cap. 3. Fontana
Monum. Domin. ad an. 1579. Fernandes Con-
cert. Pradicat. foi. 457. loaõ Miguel Gal-
laria Tom. i. pag. 391. n. 140. Cordeira
Hift. Injulan. liv. 6. cap. 11. Fr. Ant. de
Souza Aphor. Inquijit. De Orig. Inquif. §.
4. n. 2. Monteiro Cathal. dos Inq. de Coimb,
§. 2. e no Claujl. Domin. Tom. i. pag. 29.
e Tom. 3. pag. 226. Nicol. Ant. Bib, Hifp,
Tom. I. pag. 412. col. 2. e D. Ant. Cact.
de Souza Cathalog. dos Bi/p. de Angra. %.^
3 . Compoz.
Oratio habita Tridenti ad Patres Concilii
Dominica prima Ouadragejftma 27 Februariií^
1547. Sahio com outras Lovanii. 1567. foi.
pag. 36. e no Concil. Gener. Tom. XIV. pag^
1024. Começa. Tanta ejl altitudo, (Ò' fublimita
Myfteriorum Dei (&c.
Conftifuiçoens do Bi/pado de Angra.
P. lORGE SERRAÕ natural de Lis
boa, e filho de Duarte Serraõ, e Brite
Gomes ambos de conhecida nobreza. Quan-^
do contava quatorze annos de idade abra-í
çou o inílituto da Companhia de Jefu
em o Collegio de Coimbra a 23
Março de 1544. onde viveo pelo efpaço
quarenta, e féis annos para exemplar de de
mefticos, e eftranhos. Nos Magilterios fcmpi
teve a primazia aíTim pelo talento, como
pelo tempo pois foy o primeiro, que enfi-
nou Filofofia em Coimbra quando ElRey
D. Joaõ o III. entregou aos Padres Jefui-
tas as Efcolas Menores, e o primeiro, que
diftou Theologia em a Univerfidade de
Évora, que erigira o Cardial D. Henrique
onde foy Cancellario, e Reytor, e depois
Reytor de Coimbra, Prepofito da Caza
profeíTa de Lisboa, e Provincial. Aflif-
tindo cm Roma na Congregação Gc«l,
que fe fez pela morte de Santo Igna-
cio recebeo o gráo de Doutor na Sa-
piência. Foy Deputado do Confelho ge-
ral do Santo Officio em cujo lugar deu
manifeftos argumentos de ardente zelo para
fe confervar pura a Religião. Era taõ rcf-
peitada a fua peíToa, que o elegeo o Sena-
do de Lisboa para dar a noticia ao Car-
L USl TAN A.
deal D. Henrique de fer fuceíTor da Co-
roa de Portugal pela falta de feu fobri-
nho ElRey D. Sebaíliaõ. Provada a fua
paciência com acerbas dores na ultima
idade paflbu em a Caza profefla de S.
Roque de mortal a eterno a 8 de Agof-
to de 1590. O Tribunal do Santo Ofíi-
do lhe dedicou hum folemne Funeral a
que aíTiftio a mayor parte da Nobreza da
Corte. Delle fe lembraõ Telles Chron. da
Comp. de Jef. da Prov. de Portiig. Part. i.
liv. I cap. 32. n. 8. e Part. 2. liv. 5. cap.
43. n. 2. e liv. 6. cap. 20. n. 4. Franco
Imag. da Virt. em o Novic. de Coimbra Tom.
I. liv. 2. cap. 60. e nos AnnaL S. J. in iMJit.
pag. 152. n. 2. Efcreveo.
In Prim. Secund. D. Thoma. foi.
Traãatus de Detraãione. foi.
Elias obras fe confervaõ M. S. no Collegio
de Évora.
lORGE SERRAÕ cuja pátria, e efta-
do de vida fe ignora, e fomente fe fa-
be, que efcrevera na lingua latina em que
era profundamente perito.
De contemptu rerum humanarum.
Do author, e da obra, que a intitula áurea,
faz memoria Joan. Soar. de Biito Theatr.
iMJit. Utter. lit. G. n. 47.
lORGE DA SYLVA filho de Joaõ da Syl-
va fexto Senhor de Vagos, Alcayde mòr de
Monte mòr o Velho, e de Lagos, Regedor das
Juíliças, e Commendador de Mefegana da Or-
dem de S. Tiago, e de D. Joanna de Caílro filha
de D. Diogo Pereira fegundo Conde da Feyra,
e de D. Brites de Caílro irmãa de D. Pedro de
Caibro terceiro Conde de Monfanto. Ao ef-
plendor herdado de taõ claros afcendentes au-
gmentou novas luzes com as virtudes moraes,
e açoens politicas de que foy perfeitiíTimo
exemplar. Habilitado pela madureza do feu
juizo para aíTiílir na Camará do Príncipe D.
loaõ filho delRey D. loaõ o III. renunciou
quando fe lhe poz Caza no anno de 1 549. exer-
cício de mais honorifica ocupação, fendo
todo o feu difvelo focorrer com largos dona-
tivos, e continuas efmolas a todo o género de
peUoas oprimidas da ultima neceífidade as
quais diílribuia por fuás mãos, ou pelas alheas
52
817
por cuja charitativa benificencia alcançou
a antonomafia de Pay da pátria, e dos
Pobres como em feu aplauzo efcreveraõ
o infigne Jurifconfulto o Doutor Antó-
nio da Gama T)ecif. i. n. 30. ob itiji-
gnem clementiam, atque magnificentiam erga
pauperes, <& pietatem erga omnes bonis for-
tuna dijiitutos, religione erga Deum Pater
pátria meritijjime appellatur. e Fr. Luiz de
Souza Hift. de S. Dom. da Prov. de Por-
tug. Part. I. liv. 3. cap. 30. Fidalgo rico,
Pay de pobres para difpender com elles cada
dia huma boa quantia. Para alimento das
Alampadas, que ardem na Capella do San-
to Sepulchro de Jerufalem deixou hum le-
gado perpetuo de cem cruzados. Sendo
Confelheiro de Eftado delRey D. Sebaíliaõ
o acompanhou na fatal jornada de Africa
onde obrando açoens merecedoras de fim
mais gloriofo facrificou a vida ao lado do
feu Príncipe em o infauílo dia de 4 de
Agoílo de 1578. Foy cazado duas vezes
naõ deixando outra poíleridade mais, que
as fuás virtuofas obras de que fazem il-
luílre memoria Andrad. Chron. deíKej D.
Joaõ o III. Part. 4. cap. 38. Cabrera Hijl.
de Filip. 11. liv. 12. cap. 8. Cardofo
Agiol. 'Lufit. Tom. 3. no Comment. de
8 de Mayo letr. E. Fr. Pantaleaõ de
Aveiro. Itiner. da Terra Sant. cap. 34.
Salazar Hifi. Genealog. de la Ca^a de Sylv.
liv. 8. cap. 7. pag. 274. e loaõ Soar.
de Brit. Theatr. 'Lufit. Utter. lit. G. n. 48.
Compoz.
Tratado da Criação do Mundo, e dos Myfierios
da Nojfa KedempçaÕ. Lisboa por Germaõ Ga-
Ihard. 1552. e Coimbra por loaõ Barreira
1554. Lisboa por Balthezar Ribeiro. 1590. 8.
Lisboa por António Craesb. de Mello 1667. 8.
& ibi 1672. 8. Coimbra pela Viuva de Manoel
Carvalho. 1677. 24. Lisboa por loaõ Galraõ.
1680. et ibi 1685. & ibi por António Pedrozo
Galraõ. 1697. 8. & ibi por Filippe de Souza
Vniela. 1700. 8, Coníla de Meditaçoens da
Criação do Mundo, e Vida de Chriílo Se-
nhor NoíTo repartidas pelos dias da Sema-
na: doutrina de S. Bernardo de interiori domo
importante á vida efpiritual. O Pfalmo
Quemadmodum defiderat em rima. Huma
Elegia efpiritual em rima folta. Dous
8i8
BIB LIO THE CA
Sonetos aos Bemaventurados. Endechas dos
Pfalmos, e Cantares, e humas Trovas á Af-
cençaõ de Chrifto.
Homilia ao Santijftmo Sacramento. Carta
a huma alma devota perfuadindoa a receber
o Santijftmo Sacramento. Elegia da alma de-
vota a feu efpo^o em Tercetos. Aparelho
para a Sagrada Comunhão. Todas eftas
obras fahiraõ. Évora por André de Bur-
gos a 4 de laneiro de 1J54. 8. e Lis-
boa por Manoel de Lyra. 1586. 8.
Tratado da PayxaÕ de lESU Chrijlo
Senhor noffo conforme a efcrevem os Ejfange-
lijlas, e declaraõ os doutores; no cabo ejlaõ
duas EJegias á Magdalena em Tercetos.
Tratadinho dos proveitos que vem aos ho-
mens de ferem membros de Chrijio, e da
contemplação da fua Sacratiffima Humanidade.
Q)meça. Conjiderando o homem em quanto
criatura racional &c.
Vida de Noffa Senhora. M. S. Defta
obra o faz author o iníigne antiquário
Manoel Severim de Faria Chantre de
Évora por carta efcrita em 27 de Se-
tembro de 1645. ao Licenciado lorge
Cardozo.
Difcurfo fobre as coufas da índia, e da Mina
offerecido a EJRej D. SebaJliaÕ. foi. M. S. Con-
fervafe na Bibliotheca delRey Catholico co-
mo efcreve o moderno addicionador da
Bib. Orient. de António de Leaõ Tom.
1. Tit. 3. col. 78. Naõ poflb afirmar fe
o author deftc Difcurfo he o mefmo
Jorge da Sylva de quem temos tratado,
ou outro diferente porem o tempo em que
foy efcrito perfuade fer o mefmo fendo
Confelheiro de Eftado delRey D. Sebaftiaõ.
lORGE DA SYLVEYRA filho de
Fernando da Sylveira Senhor de Sarze-
das, e Regedor da Caza da Suplicação
de que fe fez memoria em feu lugar,
c de D. Izabel Henriques filha de Fer-
nando Henriques Senhor das Alcáçovas,
e D. Branca de Souza, e irmaõ de
Francifco da Sylveira Coudei mòr. PaíTou
à índia no anno de 1512. com o pofto de
Capitão de huma Náo da Armada que ca-
piteneava lorge de Albuquerque, e naquel-
le Theatro do valor Portuguez moftrou que
naõ degenerara de feus Mayores. Foy
muito inclinado á Poczia Vulgar deixan-
do para teftemunho da fua metrificação
os Verfos que fe imprimirão no Cancio-
neiro de Garcia de Refende. Lisboa por
Hermaõ de Campos 15 16. foi. a foi. i.
2. 10 vo 143. 146. 149. vo 151, 152.
158. vo 163. 164. 265. et v<» 166. 168.
180. v<>.
D. Fr. lORGE THEMUDO filho pe-
la natureza da Cidade de Lisboa, e pela
graça da illuftre familia dos Pregadores
cujo habito recebeo em o Convento pátrio on-
de igualmente fe inftruio nas virtudes, como
em as letras. Ornado de humas, e outras foy
nomeado no anno de 1559. primeiro Bifpo
da Cathedral de Cochim a qual governou
pelo efpaço de nove annos com tanto zelo,
e vigilância que foy transferido a Metropo-
litano de Goa em cuja dignidade primacial
foy confirmado por S. Pio V. em 1 3 de laneiro
de 1 568. fendo a primeira açaõ do feu governo
convocar o Concilio Provincial que feu ante-
ceíTor D. Gafpar de Leaõ principiara no anno
de 1567. de que refultou fazer Conftituiçoens
para obfervancia dos Cânones Ecclefiaílicos,
e reforma de vários abuzos. Havendo exer-
citado com difvelo as obrigaçoens paftoraes
acometido da ultima infermidade fe recolheo
ao Collegio de S. Paulo dos Padres lefuitas
onde depois de receber piamente os Sacramen-
tos efpirou a 29 de Abril de 15 71. Foy con-
duzido o feu Cadáver à Cathedral com
grande pompa a cujas exéquias aíTiftiraõ
os Bifpos de Cochim, c Malaca com
outras Dignidades que eftiveraõ no Con-
cilio Provincial. Delle fe lembra honori-
ficamente Fr. loaõ Lopes Chron. de S.
Domingos. Part. 4. cap. 37. Sena Chron.
Ord. Prad. ad an. 1550. Fr. loaõ dos
Santos Etiópia Orient. liv. 2. cap. 11.
Sachin. Hi^. Societ. Part. 3. lib. 7. n. 154.
Souza Hijl. de S. Domingos da Prov. d»
Portug. Part. i. liv. 3. cap. 36. Cardozo Agiol.
LMfit. Tom. 2. p. 756. c 762. no Com. de 19 de
Abril letr. F. Mont. Claufl. Dom. Tom. i. p.
32. e Tom. 3. p. 226. Souza Cathal. dos Bifp.
de Cochim, e no Cathal. dos Arceh. de Goa n. 4.
Compoz
J
L USITAN A.
819
Confiituiçoens do Arcebifpado de Goa.
M. S. De cuja obra faz repetida memoria
Fr. Pedro Monteiro Claufir. Dom. Tom. i.
p. 32. e Tom. 3. p. 226.
Fr. lORGE DE SANTO THOMAZ
Religiofo Menor da Província de Portu-
gal muito erudito nos ritos, e Cerimonias
Eccleíiaíticas, como taõbem nas Rubri-
cas do MilTal Romano. Floreceo pelos
annos de 1628. em que deu principio á obra
feguinte.
Kalendario perpetuo para it^o dos Frades
Menores Jegundo o breviário Romano refiituido
por decreto do Sacro Concilio Tridentino feito
de mandado de Pio V. Pontifice Máximo,
e por authoridade do Papa Clemente VIU.
reconhecido, com os Offiáos dos Santos orde-
nados por os Pontifices Komanos Jeus JuceJ-
Jores Paulo V. Gregório XV. e Urbano
VIII. 8. muito alto. Confervafe M. S.
na Bibliotheca de S. Francifco da Gdade.
Precedem a eíle Calendário doutiíTimas adver-
tências para com toda a perfeição fe reci-
tar o Ofíicio Divino, e celebrar o Santo
Sacrifício da Mifla; regras utilifTimas para
a intelligencia, e u2o das Letras Dominicaes,
Epafta, Áureo Numero, e letras do Mar-
tyrologio &c.
Fr. lORGE VOGADO nobre por na-
cimento, e muito mais illuílre pela heróica
refoluçaõ com que fendo Moço da Camará
delRey D. loaõ II. recebeo o habito Do-
minicano em o Convento de Azeitão. Em
taõ fagrada paleftra fahio confumado Theo-
logo, e infígne Pregador. Por dous qua-
driénios foy Provincial, e depois Prior do
Convento de Lisboa fobejando para eter-
no brazaõ do feu governo admitir ao ha-
bito aquelles dous infígnes Varoens que
illuftráraõ a Cathedral de Braga, e a do Fun-
chal; hum o Ven. D. Fr. Bartholameo dos
Martyres; e o outro D. Fr. lorge de S. Tiago
Atendendo a Mageftade delRey D. Ma-
noel á fua prudente capacidade, o elegeo
ConfeíTor devendofe ao feu confelho a ex-
pulfaõ que eíle Monarcha fez dos Mou-
ros, e Judeos que com efcandalo da pie-
dade habitavaõ nelle Reyno. Era taõ
venerado o feu talento que o nomeou El-
Rey D. loaõ o III. para vizitar a fua Irmãa
a SereniíTima Duqueza de Saboya D. Bri-
tes, que eílava exceíTivamente fentida pela
morte de hum filho, e partindo no anno
de 1536. com Fr. Pedro Lobato Subprior
do Convento de Lisboa de tal modo de-
zempenhou eíla incumbência que mereceo
diíHntas eítimaçoens daquella Princeza. DeUe
fe lembra Damiaõ de Góes Cbron. delKey
D. Manoel Part. 4. cap. 83. Souza Hiji. de
S. Doming. da Prov. de Portug. Part. 2. liv. 4.
cap. 5. e 6. Monteiro Clauftr. Domin. Tom. 3.
p. 226. e D. António Caet. de Souza HiJl.
Gen. da Cat^^a Real Portug. Tom. 3. p. 199.
Efcreveo
Aíemorias da Provinda de Portugal. M. S.
Do author, como da obra fe lembra Car-
dofo Agiol. l^Jit. Tom. 3. p. 326. no Com-
ment. de 19 de Mayo. letr. B.
lOSIAS PINTO filho de lozé Pinto
do qual como de feu Pay fazem memoria
lacobo Lelong. Bih. Sacr. pag. mihi 802.
col. I. e Bartoloc. Bib. Rabbin. Tom. 3. pag. 3.
col. I. e 2. Foy Portuguez, e famofo Rab-
bino em a Sinagoga de Amílerdaõ. Efcreveo
na lingua hebraica.
Sèpher Chejeph Niuchar, id eft, liber
argenti ekãi ex Proverb. 8. n. 19. Ve-
netiis apud Petrum et Laurentium Braga-
dinum. 1621. foi. Saõ Homilias fobre o
Pentateucho.
Sepher Chefeph Me^ukak. id eít, liber
argenti purgati ex i. Paralip. 29. n. 4. Ve-
netiis apud loannem Caleonem. 1628. foi.
Saõ Homilias fobre o Pentateucho.
Sepher Meor enaim, id eít liber luminis
oculorum ex Proverb. 15. n. 30. He Com-
mento ao livro En Ifraei Venetiis apud
Francifcum Viecerum 1643. foi. Ao prin-
cipio tem dous Dyítichos em louvor do
Author o primeiro he do Rab. ludas de
Modena; e o 2. do Rab. lacob Bar Moyfes
Levita
Fr. lOZÉ DE AGUIAR natural de
Lisboa filho de Luiz Vieyra, e Maria
de Aguiar. Na idade juvenil abraçou
o inítituto Carmelitano em o Convento
820
BIB LIO THE C A
pátrio a 28 de laneiro de 1689. e profeflbu
folemnemente a 29 do dito mez do anno
feguinte. Foy Meftre jubilado na Sagra-
da Theologia fendo muito perito em a Myf-
tica, e Moral. Ao tempo que exercitava
o lugar de Vigário ConfeíTor no Convento
das Religiofas Carmilitas da Cidade de Beja
onde afnftio, féis annos o arrebatou intem-
pefti vãmente a morte a 2 de lunho de 1733.
Teve natural inclinação para a Poezia la-
tina, e vulgar de que deixou varias com-
pofiçoens, e delias unicamente fe fizeraõ
publicas nas Memorias Hijl. Panegyr. e Metric.
do fadado culto com que o Convento do Carmo
de Usboa celebrou a CanonÍ!;^açaÕ de S. loaÕ
da Cruz- Lisboa por Miguel Rodrigues.
1728. 4. a pag. 374.
Soneto glojfado à tolerância com que S. íoaõ
da Cru^. acabou a vida cheyo de molejiias. e a
pag. 369.
Epigramma Latino. Sobre aquellas pa-
lavras do Santo. Domine pati, et contemni
pro te.
P. lOZE' AYRES natural de Lisboa
filho do Capitão António Fernandes Ay-
res, e Mariana Francifca. Quando con-
tava 16 annos de idade recebeo a rou-
peta de lefuita em o CoUegio da Bahia
a 12 de Fevereiro de 1689. Depois de
Ter Reytor do Collegio do Reciffe em
Pernambuco paííou a Lisboa eleito Pro-
curador da Provincia Brazilica cuja in-
cumbência exercitou com fumma vigilân-
cia defde o anno de 171 2. até 1718.
merecendo pela fua natural afabilidade os
afeftos de todos que o comunicavaõ. Foy
ouvido com aplauzo geral em os mais
authorizados púlpitos da Bahia, Pernambuco,
e Lisboa. Reílituhido ao Brazil acabou a
carreira da vida mortal onde principiara a
religiofa. Compoz.
Breve direção para o Santo exercido da boa mor-
te, que fe praíHra nos Domingos do anno na Igreja
dos Padres da Companhia de Jefuf do Collegio da
Bahia. Lisboa na Ofíicina da Muíica. 1726. 8.
lOZE* DE ALMEYDA, E MOURA
Cavalleiro profeíTo da Ordem Militar de
Chrifto. Naceo em a Freguczia de S. Cofme
de Gondomar termo da Cidade do Por-
to onde recebeo a primeira graça a 28
de Setembro de 1681. Foraõ feus Pays
Belchior Nunes, e Izabel de Moura. Ao
tempo que eíhidava Gramática feguio a
vida militar aíTentando praça em 10 de
Setembro de 1703, na Infantaria da Q-
dade do Porto donde paíTou para a Ca-
vallaria da Provincia da Beyra. Depois
de fer Furriel, Alferez, e Ajudante no
Regimento da Praça de Almeyda foy
feito Capitão no anno de 1735. donde
paflbu a Sargento mòr do Regimento da
Cavai laria de Beja com exercido em Oli-
vença. Para inftruir os feus fubalternos.
Efcreveo
Movimentos da Cavai laria com addiçaô para
Dragoens, e Infantaria. Lisboa na Oííicina da
Mufica 1741. 4. Com eílampas.
lOZE* DE ANDRADE BARRETO
natural de Lisboa filho de Manoel de An-
drade Barreto Cantor da Capclla Real, Cj
Pafchoa de Meza, e irmaõ de Fr. Lucas]
de Santa Catherina Chronifta da Ordem
de S. Domingos, e Académico da Acade-
mia Real de quem em feu lugar fe í»xk\
mais diftinta memoria. Foy muito inftrui-
do nas letras humanas, e na Liçaõ da
Hiftoiia profana, como em a Poezia pofj
cujos dotes mereceo fer hum dos celebres
alumnos da Academia dos Anonymos inítí-l
tuida nefta Corte onde entre outras obras 1
com que acreditou o feu nome fe fez pu-
blica nos Progrejfos Académicos da mefma
Academia Anonyma a pag. 306. a Oraçaõ
que recitou fendo o argumento.
O Arcebifpo de Braga D. lj)urenço que rece-
bendo na batalha de Aljubarrota hum a cutilada
no roflo, vendo depois hiima eflatua fua fem ella,
elle lha fe:^ com huma efpada distendo que fô com
aquelle final ficava bem retratado.
lOZE' DE ANDRADA DE MORAES.
Naceo em a Cidade de Miranda da Pro-
vincia Tranftagana a 17 de Abril de
1701. fendo filho de Francifco Fernan-
des de Andrade, c Anna Fernandes. For-J
mado na Faculdade dos Sagrados Ca-'
nones em a Univerfidade de Coimbi»
L USITAN A
82r
paíTou a America, e na Villa do Ribei-
rão do Carmo exercita com geral aceita-
ção os Officios de Patrono de Caufas
Forenfes, e de Pregador Evangélico de
cujo miniílerio tem publicado como pri-
mícias do feu engenho.
OraçaÕ Hijlorico-S agrada da Sacrojanãa Paj-
xaÕ de Jefu Chrijio pregada na Matri:(^ das
Msfías de ouro no anno de 1738. Lisboa
na Officina Joaquiniana da Muíica. 1741. 4.
OraçaÕ fimebre em as Exéquias do Ex-
ceilentiJfiMO, e Keverendijfimo Senhor D. Fr.
António de Guadalupe quarto Bifpo do Rio
de Janeiro celebradas na Igreja Aíatri^ da
Villa do Carmo em as Minas. Lisboa em
a dita Officina. 1743. 4.
Sermão AJcetico Apologético, e Panegí-
rico pregado na Fejla de N. Senhora do
Carmo Padroeira da Villa do RiheiraÕ do
Carmo das Minas do ouro. ibi Na Offi-
diia dos Herdeiros de António Pedrozo
Galraõ. 1 744. 4,
Sermão Gratulatorio pela felicijjima, e de-
spejada faude, que por benefício da Senhora
das NeceJJídades alcançou EJKey D. JoaÕ V.
Nojfo Senhor recitado na Igreja Matri^ da
Villa do Carmo das Minas do ouro. Lis-
boa na mefma Officina. 1744. 4.
Sermão de AcçaÕ de Graças pela conti-
nuação das Milhoras da faude delRey D.
JoaÕ V. NoJfo Senhor, e pela exaltação da
Villa do Carmo das Minas em Cidade
Mariana na Fejla do Anjo Cujlodio do Rey-
no a \% de Julho de 1745. Lisboa por
Miguel Rodrigues ImpreíTor do Emminen-
díTimo Senhor Patriarcha. 1746. 4.
lOZE' DOS ANJOS chamado no fe-
culo Jozè Góes naceo em a augufta Ci-
dade de Braga a 21 de Novembro de
1664. aonde teve por Pays a Miguel Ro-
drigues, e Urfula Francifca. Ainda naõ
excedia os annos da adolefcencia quando
recebeo a Murça de Cónego Secular do
Evangelifta em o Convento de Villar de
Frades a 16 de Fevereiro de 1682. on-
de fez taes progreíTos nas fciencias Ef-
cholaílicas, que laureado com a borla
doutoral foy Cathedratico da Cadeira de
Efcoto em a celebre Univeríidade de
Coimbra de que tomou poíTe a 15 de
Fevereiro de 1726. Foy inimigo da vaõ
gloria, e amante da moderação. Conhe-
cendo fer chegada a ultima hora pedio
o Rofario, que todos os dias devota-
mente recitava, o qual acabado de re-
zar com grande pauza, placidamente ef-
pirou no Collegio de Coimbra a 25 de
Mayo de 1731. com 68 annos de idade.
Dos muitos Sermoens, que com aplauzo
tinha pregado fe fez publico o feguinte.
Sermão no Aâo publico da Fé, que Je celebrou
na Praça de S. Miguel da Cidade de Coimbra
em z^ de Aíayo de ijzj. Coimbra na Officina
do Real Collegio das Artes. 1727. 4.
Sermão das Exéquias do IlluJlriJfímo, e Ke-
verendijpmo Senhor Arcebijpo Primat^ Ruy de
Moura Telles. 4. M. S. Sendo digno da im-
preíTaõ por conter hum Epitome das açoens
defte iníigne Prelado, naõ quiz, que fe publi-
caíTe pelo aplauzo, que lhe podia refultar.
Fr. lOZE' DE SANTA ANNA na-
tural do Porto donde paíTando á Bahia
Capital da America Portugueza profeíTou
o habito Carmelitano em o Convento
deíla Cidade a 31. de Outubro de 1700.
Sendo Prior do Convento da Cachoeira íi-
tuado no Recôncavo da Bahia pregou com
geral aceitação o feguinte Sermaõ.
Thei(puro Eucharijlico Sermão doutrinal in-
timado ao popular da notável Villa da Ca-
choeira nas demonjiraçoens publicas de fentimen-
to, que fet!^ o Convento do Carmo da mefma
Villa pelo facrilego roubo, e execrando defa-
cato feito ao reverente culto do venerado Sa-
crário da Cathedral da Bahia no infaujlo dia
de zz de Fevereiro próximo pajjado. Lisboa
por Manoel Fernandes da Cofta ImpreíTor
do Santo Officio. 173 1. 4.
Fr. lOZE' DE SANTO ANTÓNIO
natural da Gdade de Évora filho de Ma-
noel Xará, e Maria Peftana. Deixando
o feculo profeíTou o inítituto de S. Pau-
lo primeiro Ermitão em o Convento da
Serra de OíTa Cabeça deíla Erimitica Con-
gregação a 20 de Junho de 1668. fen-
do Geral Fr. António Tellez. Igual ta-
lento teve para o púlpito, como pa-
B22
BIBLIO THE CA
ta. a Cadeira pois recebendo o gráo de
Doutor Theologo cm a Univerfidade de
Évora exercitou o miniílerio de Orador
Evangélico nas Cidades mais populofas
defte Reyno, e ultimamente na Corte de
Lisboa, e Capella Real onde era ouvido
com plauíivel aceitação. Foy Reytor do
Convento de Setuval, e do CoUegio de
Évora; Secretario, e Vizitador da fua
Congregação, e Examinador das Três Or-
dens Militares. Querendo eternizar com
a penna a memoria dos feus Religiofos
principiou a efcrever a Chronica da Or-
dem porem a morte interrompeo taõ he-
róico intento fallecendo no Convento de
Lisboa a 28 de Fevereiro de 1710. Dos
muitos Sermoens de que tinha promptos
vários Volumes, fomente fe publicarão.
SermaÕ dos PaJJos. Lisboa por Miguel Des-
iandes. 1687. 4. Sahio na haurea Poríugue:(a
defde pag. 382. até 406.
Oração fúnebre nas Jattdov^as lembranças, e
devidas honras da Serenijftma Raynòa de Por-
tugal D. Maria It^abel de Neoburg na Santa
Ca^a da Mifericordia da muy notável Villa de
Setuval em i\ de Setembro de 1699. Lisboa
por Manoel Lopes Ferreira. 1700. 4.
Retiro Manifejlo da Vida Erimitica M. S.
Com efte titulo efcreveo no efpaço de três
annos 18 Séculos dos Annaes Erimiticos, que
naõ lograrão da luz publica. Deíla obra como
de feu Author faz memoria o P. M. Fr. Hen-
rique de S. António no Prologo da Chron.
dos Erimit. da Serra de OJfa, que modernamente
publicou. Delle também fe lembra o P. Fon-
ceca Evor. Glorio/, p. 412.
Fr. lOZE' DE SANTO ANTÓNIO
natural de Lisboa onde educado com os
virtuofos documentos de feus Pays loaõ
Rodriguez da Cofta, e Antónia Thoma-
2Ía recebeo o habito de Erimita Au-
guftiniano no Convento pátrio de N. Se-
nhora da Graça profeíTando folemnemen-
te a 21 de Agoílo de 1688. As fcien-
cias feveras, que aprendeo com felicida-
de as diftou com aplauzo aos feus do-
meíUcos fendo o primeiro, que feguio a
doutrina do B. Egidio Colona mais emi-
nente pela fabidoria do que ainda pela
purpura. No anno de 1721. que o Pro-
vincial deíla Provinda foy votar ao Ca-
pitulo Geral exercitou o lugar de Vi-
gário Provincial com tanta madureza, que
moílrou fer digno de mayores dignida-
des. Foy taõ obfervante das máximas
do feu inftituto como verfado em as
Antiguidades da fua Ordem. Falleceocom
fumma piedade no Convento de Lisboa
a 29 de lunho de 1727. Compoz
Incentivos de devoção com o glorio/o S.
Nicoláo de Tolentino expojlos no epitome da
portento/a vida do me/mo Santo. Lisboa
por António Pedrozo Galraõ. 171 6. 16.
Vitorias dos impojfweis confeguidas em três
Campanhas da vida, morte, e bemaventu-
rança da B. Rita de CaJJia. Viuva Reli-
gioja da Ordem dos Erimitas de noffo ff'an-
de Padre Santo Agojlinho aclamada commum
mente pela devoção dos povos, advogada dos
impojfweis. Lisboa pelo dito ImpreíTor.
1718. 4.
Epitome da Vida, e martyrio de Santa
Apollonia admirável Virgem, e portento/a
Martyr juntamente com a novena da mef-
ma Santa. Lisboa pelo dito ImpreíTor.
1719. 24.
Fios Sanãorum Auguftiniano dividido em
6 partes; as 4. primeiras trataô dos San-
tos, e Beatos que tem dia determinado nos
12 me:(es do anno; a 5. dos Santos, e
Beatos de que naõ fe fabe o dia do feM\
ditot^o tranfito; a 6 dos Servos de Deot
que morrerão com opiniaõ de Santidade. Pri-
meira Parte. Lisboa na Officina da Mu-
íica. 1721. foi.
Segunda Parte. Lisboa na dita Offi-
cina 1725. foi.
Terceira Parte que contem os Santos di\
lulho, e Agojlo, Lisboa na mefma Offi-
cina. 1726. foi.
Iman efpiritual atraãivo dos Coraçoens ao
amor, veneração, e feqtáto da Terceira Or-
dem Augujiiniana dividido em duas partes;
a primeira contem a origem, progreffos, e
felicidade da mefma ordem; a fegunda a
Re^a, conjlituiçoens, exercidos, e cerimonias,
que os Terceiros devem obfervar. Lisboa na
mefma Officina. 1726. 4.
1
L USITANA.
825
lOZE' ANTÓNIO DE ABREU BA-
CELLAR natural de Coimbra filho de
Manoel de Abreu Bacellar CavaUeiro da
Ordem de Chriílo, e de D. Maria Frey-
re, compoz juntamente com feu irmaõ
Francifco lozè de Abreu que fe reco-
lhe© ao Clauílro dos Carmelitas Defcal-
fos.
Diário efpiritual de Oração Vocal, e
Mental dividido em dtms partes; a pri-
meira contem a Oração Vocal a fegtmda
inclue a Oração Mental. Coimbra por Ben-
to Seco Ferreira ImpreíTor do Santo Of-
ficio. 1726. 12.
P. lOZE' ANTUNES alumno da Sa-
grada Companhia de lefus cujo inítítuto pro-
feflbu em o Noviciado de Goa merecendo
pelas fuás letras fer Deputado da Inquifiçaô
da mefma Gdade de cujo lugar tomou poíTe
a 26 de Abril de 1713. Teve infigne talento
para o púlpito de que íaõ irrefragaveis tefte-
munhas.
Sermão do ff-ande Patriarcha S. Iot(é pregada
em Goa no anno de 171 1.
Sermão Jegundo de S. ]ois^é pregado no anno
de 1712.
Sermão Terceiro de S. Jot^é pregado no anno
171 5. Sahiraõ todos juntos. Lisboa na Ofíi-
cina Real Deslandefiana. 171 5. 4.
lOZE' ANTÓNIO MONTEYRO BRA-
VO. Naceo em a Cidade de Lisboa a
19 de Fevereiro de 171 o. fendo filho
do De2embargador Miguel Monteiro Bra-
vo, e D. Thomazia ^lichaela da Sylva.
Profeííou na idade da adolefcencia o inf-
tituto da Ordem militar de Saõ Tiago
no Real Convento de Palmella a 16 de
Abril de 1735. onde pela fua prudente
capacidade, e literatura obteve o Priorado
da Igreja de S. luliaõ da Villa de Se-
tuval que adminiftra com zelo de vi-
gilante Paftor. De igual talento o ornou
a natureza para o exercido da Poefia
T atina que da Oratória Ecclefiaftica de
que faõ fazonados frutos as feguintes
produçoens.
Epigrammatum Centúria infcripta Duci Ca-
davallenfi laymio de Mello. UlyíTipone apud
Emmanuelem Fernandes da Coíla 1733. 8.
Sermão do inviãijftmo Martyr. S. Inf-
tíno pregado na Igreja de Nojfa Senhora do
Laureio da naçaÕ Italiana onde fe achaÕ
depofitaãos os ojfos do me/mo Santo. Lis-
boa por Miguel Rodrigues 1737. 4.
SermaÕ do Santijfimo Sacramento em o
ultimo dia do folemne, e aniverjario Tridtw
que a fua Irmandade da Parocbial I^eja
de Santa Maria da Graça Matri^ de Se-
ttéal lhe dedicou pregado em 1^ de lulho
de 1739. ^^ do Anjo Cujlodio do Rejno.
Lisboa por António Ifidoro da Fonceca.
1740. 4.
Fr. lOZE' DO APOCALIPSE LINHA-
RES. Naceo na Villa que tomou por
apelUdo fituada nas faldas da Serra da
Eílrella em a Província da Beyra alta a
25 de Novembro de 1674. fendo feus pro-
genitores António Botelho de Carvalho, e
D. Barbara da Coíla Pacheco peíToas qua-
lificadas pela fua afcendencia. Inftruido na
pátria com as letras humanas recebeo o
habito ferafico no Convento de S. Fran-
cifco de Lisboa da Província de Portugal
a 3 de Mayo de 1689. quando contava
quinze annos, e profeífou a 6 do dito
mez do anno feguinte. Nos eftudos efcho-
lafticos moílrou tal talento que logo foy
deíHnado para Meílre que exercitou em vá-
rios Conventos da fua Ordem, principal-
mente em o Collegio de Coimbra onde
foy admirada a fua agudeza no argumentar,,
e promptidaõ no refponder. Foy Guardião
do Convento de Leyria, e Examinador Syno-
dal da fua Diocefe, Definidor, Guardião do
Convento de Lisboa e Confeífor das religio-
fas do Convento da Efperança deíla Corte.
Entre muitos Sermoens que com aplauzo
tem recitado fe publicou o feguinte.
SermaÕ da Canonização de S. loaõ da
Cru^ primeiro Carmelita Defcalfo, e Theo-
logo Mjflico, no Collegio de S. lo^è dos
ditos Carmelitas Defcalfos da Univerfdade de
Coimbra no fegundo dia do Triduo que os
mefmos reliffofos lhe conf agrarão. Lisboa por
António Pedrozo Galraõ. 1728. 4.
«24
BIBLIO TH E CA
P. lOZE' DE ARAÚJO natural do
Porto filho de Pedro Moreira Porto, e
Maria de S. loaõ Benavides. Na flo-
rente idade de defafeis annos trez mezes,
e vinte c finco dias abraçou o inftituto
fagrado da Companhia de lefus cm o
Noviciado de Lisboa a lo de Outubro
de 1696. Diftou Rhetorica em G^imbra,
Filofofia no Porto, e Theologia em o
G3llegio de Santo Antaõ de Lisboa. He
Examinador das três Ordens Militares,
Qualificador do Santo Officio, e Confef-
for do Sereniífimo Senhor Infante D.
Manoel. Publicou
Curfíis Theologicus in decem dijputattones
divifus. Tomus primus. Ulyffipone apud Mi-
chaelem Rodrigues D. Patriarchaí Ty^pog.
1734. foi.
Curjus Theologicus in novem dijputationes
divifus Tomus Jecundus. ibi apud eumdem
Typ. 1737. foi.
Fr. lOZE' DE ARGANIL natural da
Villa do feu apelido Cabeça de Condado
:anexo aos Bifpos de Coimbra. Profef-
fou o inftituto Seráfico em a reformada
Provinda da Soledade onde aprendeo as
fciencias capazes de o formar Theologo,
e Pregador de cujo fagrado minifterio
fez patente por beneficio da ImpreíTaõ.
Orat^aÕ fúnebre nas exéquias de Bento de Moura
Barata Mendoça, e Frejre Fidalgo da Cav^a de S.
Magejlade, e Cavalleiro profejfo da Ordem de
Chrijlo recitada no Convento de Nojfa Senhora da
Charidade de religiofos da Provinda da Soledade
de que a fua Cav^a tem o Padroado, e la^igo na
Villa do Sardoal. Lisboa por Miguel Ma-
nefcal da Cofta. Impreflbr do Santo Officio
1741. 4.
Fr. lOZE' DA ASSUMPÇÃO natu-
ral da Qdade de Angra Capital da Ilha
Terceira filho de Pays nobres chamados
Matheos de Lima Pacheco, e Catheri-
na Vaz. Profeflbu o fagrado inftituto da
Ordem da SantiíTima Trindade em o Con-
vento de Lisboa a 6 de Agofto de
1640. onde brilhou o feu talento diftan-
•da Theologia no Collegio de Coimbra,
e no Convento de Lisboa, e a fua pru-
dência fendo Secretario do Vizitador Ge-
ral, Difinidor aífiftente em Roma, e ulti-
mamente Miniftro do Convento de Lis-
boa onde falleceo a 11 de Novembro
de 1 667. Compoz.
SermaÕ prigado na folemnidade que os Ke-
ligiofos Theatinos da Divina Providencia fii(eraÕ
a feu Santo Fundador o B. Caetano no Convento
da Santijfima Trindade a -j de Agojio de 1652.
Naõ tem lugar, nem nome do Impreflbr. 4.
SermaÕ em a folemnidade, que os Cléri-
gos Regulares da Divina Providencia fi^eraò
à nova fundação da Ordem em Usboa dia
de S. Miguel Padroeiro das fuás MiJJoens
anno. 1653. Naõ tem lugar, nem anno,
e nome do Impreflbr. 4.
Fr. lOZE* DA ASSUMPÇÃO natu-
ral de Lisboa fendo filho de António
da Sylva, e loanna Baptifta. Querendo
contrahir mais nobre confaguinidade com
feu irmaõ o Meftre Fr. Frandfco de
Santa Maria Provincial, que foy dos Eri-
mitas de Santo Agoftinho de quem fc
fez merecida lembrança em feu lugar,
profeflbu o mefmo inftituto no Convento
de Nofla Senhora da Graça de Lisboa a
15 de Março de 1695. onde didou Theo-
logia até jubilar no anno de 1725. Foy
Prior do Convento de Torres Vedras, c
Definidor da Provincia. He muito fadl
na metrificação Latina, verfado na liçaõ
dos Poetas, e Oradores antigos, e naõ
menos intelligente nas Antigviidades, c
privilégios da fua Ordem Erimitica de
cujos eflxidos refultou a fecunda produ-
ção de varias obras, que fe dedaraõ no
Cathalogo feguinte.
Epigrammata Sacra Vitam B. Andrea de
Comitihus Seraphici Ordinis S. Francifci alth
mni praclarijfimi explanantia. Ulyffipone cx
Typog. Auguftiniana. 1731. 4-
Hymnologia Sacra em 6 Partes iffmlmenU
dividida. Parte primeira, na qual com grane»
variedade de Textos da Sacada Efcritura, aih
tboridade dos Santos Padres, e muitas noticiai
das Hiflorias humanas fe explanaõ todos os Hjmnos
do tempo do Breviário Romano, e algttt
mais de alguns Santos, que por devoçaÕ f*
L USITANA.
825
acrecentáràõ a efia primeira Parte. Lisboa
na Officina da Congregação do Oratório.
1738. 4.
Hymnoloffa Sacra em 6 Varies total-
mente dividida. Parte 2 na qual fe expla-
nou todos os Hymnos dos Santos, que nos
primeiros féis messes fe contem no Breviário
Romano, Auffiftiniano, e dos KK. PP. Car-
melitanos, e Francifcanos. Lisboa por Mi-
guel Manefcal da Coíla 1744. 4.
Funiculus Triplex fcilicet Kegula Aíagni
Parentis Augujlini Erimitarum Ordinis Pa-
triarcba a tribus Augufliniana Familia Coe-
rimitis pátria Ulyjfiponenfbus Fr. Joanne Ma-
riano, Fr. Francifco a Sanãa Alaria, Fr. Jo-
fepbo ab Ajfumptione carmine heróico concin-
nata. Accedunt Três Fpigrammatum libri, et
Centones ad Aljfteria Cbrijii. UlyíTipone 1739.
4 Naõ tem nome do impreflbr.
Martyroloòum Ajiguflinianum in três par-
tes aqualiter SJlributum in quo fumma lati-
tudine, Ó" amplitudine innumerabiles, €>* quaji
fuper arenam multipUcati Sanai, Beati, (ò* Ve-
nerabiles, qtá in Augufliniana Keliffone clarue-
runt per fngulos totius anni dies referuntur,
additis ad illorum eloffa meliús intelligenda
mflijjimis Commentariis. Pars prima in qua
Sanai, Beati, (ò" Venerabiles prima partis
explanantur. UlyíTipone ex Typographia Pi-
nheirieníi Muíices, ac Sacri Ordinis Me-
liteníis. 1743. foi.
EJeffa in obitum Fratis ftá amabilijfi-
mi Fr. Francifci a S. Maria Ord. Eri-
mrít. D. Augufi. moderatoris di^ijjimi. Co-
meça.
Tolleris è médio Francifcel O' fata fi-
mflra\ Confta de 18 Dyftichos. Dous Epi-
táfios ao mefmo AíTumpto, que faõ dous
Epi^ammas de 7 Dyílichos cada hum.
Sahiraõ eílas obras no fim do Elogio
Fúnebre, que à memoria de Fr. Fran-
cifco de Santa Maria dedicou Manoel
Ferreira Leonardo. Lisboa na Officina Pi-
nheirienfe da Mufica, e da Sagrada Re-
ligião de Malta. 1745. 4.
Ejicomiaflicum Appollineum ex pracipuis pra-
toniis Joannis V. "Lufitama Regis. UlyíTipone
cx Officina Muficae. 1732. foi, Sahio com
o fupofto nome do Doutor D. Domingos
Novi Chavarria.
Obras M. S.
Vita S. Patris Augujlini heróico carmine 12
libros.
Vida do Santo compofla em emblemas, e autho-
ridades do Santo Doutor.
Translationes, e^ inventio S. P. Auguffini.
8. em Verfo elegíaco.
Miraculum S. Augufiini ad 40 Tranfalpinos
compofto de centoens de Virgílio em três
livros.
Regula D. Augujlini oratione pedeflri.
Vita S. Nicolai Tolentini libri duoderim.
He compoíla de Centoens de VirgiUo.
De Creatione Mundi. De Centoens de Vir-
gílio.
Vita BB. JEffdii Romani, Bonaventura Pa-
tavini, ac Alexandri Oliva libri 12. Carmine
heróico.
Chorus Pieridum. ConAa de nove livros de
Epigramas.
Mafrenfe opus feptem columtns. em Verfo ele-
gíaco.
Paradifus voluptatis. Coníla das prindpaes
excellendas da Ordem Erimitica de Santo
Agoítinho.
Nania Sacra. Coníla dos Santos, e Ve-
neráveis da Ordem devotos das Almas do
Purgatório.
Eremus infulata. Trata dos Bifpos AugulH-
nianos Portugue2es.
Polyanthea EuchariJHca. Confta de féis mil
Epiâetos ao SantiíTimo Sacramento.
Anna^amatum líber.
Vida de Fr. Effdio Eujitano.
Computo de todas as Pafchoas.
Livros incompletos.
Aimo Virgíneo de favores de Maria San-
tijjima aos Reli^ofos de Santo Agoflinbo.
Anno Angélico. Trata dos favores, que
os Efpiritos Angélicos fizeraõ a Religio-
fos Agoítínhos.
Armo Sacramental.
Anno de Vi^oens.
Profodia Poética.
Tratado de Etymolo^as.
D. lOZE* BARBOSA filho do Capi-
tão loaõ Barbofa Machado, e D. Catherina
Barboía meu Irmaõ naceo em Lisboa a 25
826
BIB LIO THE CA
de Novembro de 1674. e a 2 de De-
2embro recebeo a graça baptifmal na
Real Parochia de Nofla Senhora da G)n-
ceiçaõ. Aprendeo a Gramática Latina, e
os preceitos da Poezia, e Rhetorica em
o Collegio de Santo Antaõ dos PP. Je-
íuitas donde quando ainda naõ contava
completos quatorze annos, e meyo abra-
çou o fagrado inílituto de Qerigo Regu-
lar Theatino em a Giza de NoíTa Se-
nhora da Divina Providencia defta G)rte
profeflando folemnemente no fauíliíTimo
dia de 8 de Dezembro de 1690. dedica-
do a Conceição immaculada da Raynha
dos Anjos. Confumada a carreira dos Ef-
tudos EfcholaíUcos fe dedicou ao minif-
terio de Orador Evangélico, que tem
exercitado pelo largo efpaço de quarenta,
e quatro annos nas mayores funçoens af-
íim feítívas, como fúnebres. Pregando em
o feu Convento a 10 de Novembro de
171 5. de Santo André Avellino brilhante
aftro da Congregação Theatina, collocado
nefte anno pela Santidade de Clemente
XI. em o Cathalogo dos Santos, teve a
fublime honra de fer feu Ouvinte o noíTo
SereniíTimo Monarcha D. loaõ V. que pa-
ra demonílraçaõ do conceito, que formara
do Orador o nomeou Chroniíla da Sere-
niíTima Caza de Bragança. Entre os pri-
meiros íincoenta Académicos da Academia
Real foy eleito para efcrever as Memorias
Hiíloricas do Conde D. Henrique tronco
dos Monarchas Portuguezes, e de feu au-
gufto filho D. AfFonfo Henriques cuja pri-
meira incumbência tem fatisfeito com apro-
vação da mefma Academia. He Examina-
dor das Três Ordens Militares, e do Pa-
triarchado de Lisboa. As obras Concio-
natorias, Hiíloricas, e Poéticas, que tem
publicado, faõ as feguintes.
Sermaõ Hijlorico Panegvrico da Conceição de
Nojfa Senhora Padroeira do Reyno de Portugal
pregado na Capella Keal a % de De^enthro de
1709. Lisboa na Ofíicina Real de Valentim
da Coíla Deslandes. 1710. 4.
Sermaõ dos Bons Annos pregado na Capella
Keal ao primeiro de Janeiro de 1 7 1 1 . Lisboa por
Miguel Manefcal ImpreíTor do Santo Ofíicio, e
da SercniíTima Caza de Bragança. 171 1. 4.
OraçaÔ fúnebre nas Exéquias do Excellentif-
fimo Senhor Luiz ^ Vafconcellos, e Sou^a Conde
de Caftelmelhor EfcrivaÕ da Puridade deíRey D.
Affonfo VI. e Confelheiro de EJlado delKey
D. loaõ V. Nojfo Senhor celebradas na
Collegiada de NoJfa Senhora da Conceição
a zf de Setembro de 1720. Lisboa por
Mathias Pereira da Sylva, e loaõ An-
tunes Pedrozo 1720. 4. & ibi por An-
tónio líidoro da Fonceca. 4.
Panegyrico fúnebre nas Exéquias do Ex-
cellentifftmo Senhor D. António L/dz de Sou-
Za 11. Marquez das Minas IV. Conde do
Prado do Confelho de EJlado, e guerra,
Governador das Armas da Provinda do Alen-
tejo, Eflribeiro mòr da Rainha Noffa Se-
nhora, celebradas pela Meza do Santijfimo
Sacramento da Freguejia de Santos a zf) de
Janeiro de 1722. Lisboa na Officina da
Mufica. 1722. 4.
Panegyrico fúnebre nas Exéquias do Du-
que D. Nuno Alvares Pereira de Mello
celebradas pela Irmandade do Santijftmo Sa-
cramento da Freguejia de Santa lujla em
10 de Março de 1727. Lisboa por António
Manefcal ImpreíTor do Santo Officio. 1727.
4. e nas Ultim. Açoens do mefmo Duque.
Lisboa na Ofíicina da Muíica. 1730. fo!.
grande defde pag. 287. até 307.
Sermaõ da Canonização de S. Euiz Gon-
Z^g^y c de Santo Stanislao Koztka pregado
na Igreja de S. Roque a 10 de Agojlo
de 1727. ultimo dia do feu folemnijfimo Ou-
tavario. Lisboa na Patriarchal Officina da
Muíica. 1727. 4.
Sermaõ da Canonização de S. loaÕ da
Cruz pregado na Igreja das Religiofas de
Santa Thereza de Camide em 12 de Se-
tembro de 17 zj. Lisboa por Miguel Ro-
drigues. 1727. 4.
Sermaõ da Canonização de S. loaÕ da Cruz
pregado no Convento de NoJfa Senhora das
Remédios dos Carmilifas Defcalfos da Cidade
de Évora fazendo a Fejla no primeiro dia d»
Triduo o Illufiriffimo Senhor Cabido em i^ de
Outubro de i^z-j. Lisboa na Patriarchal Ofíi-
cina da Mufica. 1727. 4.
Sermaõ nas Exéquias de D. Izahel Ma-
ria de Gamboa no Hofpital ReaJ em 27
L USITAN A.
de Junho de 1732. Lisboa por ^íauricio Vi-
cente de Almeyda. 1732. 4.
Oraçaõ fúnebre nas exéquias da SereniJJi-
ma Senhora D. LuÍ!(a filha do muito alto,
e muito poderofo Kej D. Pedro II. celebra-
das pela Irmandade do Santijfimo Sacramento
da Freguef(ia de Santa lufia em 30 de
janeiro de 1733. Lisboa por Jo2è An-
tónio da Sylva Impreflor da Academia
Real. 1733. 4-
SermaÕ da AJfumpçaõ da Virgem Ma-
ria com o titulo de Nojfa Senhora de To-
do o Bem na profijfaõ do Irmaõ Aíanoel
Caetano de Azevedo Coutinho Clérigo Ke-
gidar pregado na I^eja de Nojfa Senhora
da Divina Providencia em 15 de Agofto
de 1732. Lisboa pelo dito Impreflor.
1733- 4.
SermaÕ de Santo André Avellino pregado na
I^eja de NoJfa Senhora da Divina Providencia
a 10 Novembro de 1732. Lisboa pelo dito
Impreflor. 1733.
SermaÕ da purijfima Conceição da Virgem Se-
nhora NoJfa pregado na Vefta, que como a fua
Protectora lhe fa:(^ a Academia Real na Capella
do Paço do Duque a 1^ de De!(embro de 1735.
Lisboa pelo dito Impreflor. 1735.
Panegyrico Fúnebre nas Exéquias do
ExceltentiJJimo, e R£verendiJfimo Senhor Cae-
tano Cavalieri Núncio Apofiolico nos Reynos,
t Senhorios de Portugal celebradas pela NaçaÕ
Italiana na I^eja de Noffa Senhora do Lo-
reto a i^ de Novembro de 1738. Lisboa
por António líidoro da Fonceca 1738. 4.
Traduzido na lingua Italiana por Domingos
Maria Vaccari. Lisboa pelo mefmo Impreflor.
1739- 4-
SermaÕ da Canonif^açaõ de S. Vicente de
Paulo Fundador da Con^egaçaõ da MiffaÕ pre-
gado na fua Ca^a a zi de lulho de 1738. Lisboa
pelo dito Impreflor 1739. 4-
SermaÕ de S. Bento Príncipe dos Patríar-
íbas pregado no Mofleiro de S. Bento de Lisboa
41 zi de Março de 1739. Lisboa pelo dito
Impreflor 1739. 4.
SermaÕ de S. Paulo primeiro ErmitaÕ pré-
.^ido no Convento defla Corte em Domingo 10
de laneiro de 1740. Lisboa por Miguel Ro-
•drigues Impreflor do Emminentiflimo Se-
nhor Cardial Patriarcha 1740. 4.
827
Oraçaõ fúnebre nas exéquias do IlliflriJJi-
mo, e 'Excellentifftmo Senhor Conde de Alva
D. loaÕ Diogo de Atayde do Confelho de
S. Mageflade, e de Guerra, Capitão General
da Armada Real celebradas no Recolhimento
de Menino Deos em z% de Aíajo de 1740.
Lisboa por António líidoro da Fonceca
1740. 4.
SermaÕ da Soledade de Maria SantiJJima
em dia da Encarnação 25 de Aíarço de 1712.
pregado na Capela Real. Lisboa por António
líidoro da Fonceca 1740. 4.
SermaÕ da Exaltação da Cru^ em que
no anno de 1524. infHtubio S. Caetano,
loaÕ Pedro Carafa, Bonifácio a Colle, e Paião
Confiliario a Congregação dos Clérigos Regulares
pregado na Ca^a de N. Senhora da Providencia
a \^ de Setembro de ij4z. Lisboa pelo dito
ImpreíTor. 1742. 4.
SermaÕ de Acçaõ de graças pela melhoria
de S. Mageflade na F regue t(ia de Santos a 30
de Setembro de 1742. Lisboa pelo dito Im-
preflor 1742. 4.
Obras Hiftoricas.
EJoffo de lulio de Mello de Caftro Acadé-
mico da Academia Real da Hifloria Portu-
guesa em âf de Aíarço de 1721. Lisboa por
Pafchoal da Sylva ImpreíTor de S. Magef-
tade, e da Academia Real. 1721. foi. Sahio
no 1. Tom. da Collec. dos Documentos da Aca-
demia Real. et ibi por lozé Manefcal 1721.
foi. no principio da Vida de D. Dini^ de
Mello de Cafiro I. Conde das Galveas. & ibi
por lozè António da Sylva ImpreíTor da
Academia Real. 1727. 4. na Hiflor. da Acad.
Real. que efcreveo o Excellentiírmio Mar-
quez de Alegrete Manoel Tellez da Sylva
Secretario da mefma Academia defde pag.
167. até 174.
Elo^os dos Serenijftmos Aíonarchas Portu-
gueses D. loaõ IV. D. Affonfo VI. D. Pedro II.
e D. loaÕ V. Sahiraõ na fegvmda ediçaò
dos Elogios dos Rejs de Portugal compof-
tos por Fr. Bernardo de Brito Qironiíla
Geral, e Monge da Ordem de S. Bernardo.
Lisboa na Officina Ferreiriana 1726. 4. defde
pag. 177. até 223.
Cathalogo Chronolo^co^ Hijlorico, Genea-
828
BIBLIO THE CA
lo ff CO, e Critico das Kaynhas de Portugal,
e feus filhos. Lisboa por Jozé António da
Sylva Impreflbr da Academia Real. 1727. 4.
grande com os efcudos das Armas das Se-
reniflimas Raynhas.
Memorias do Colkgio Real de S. Paulo
da Univerjidade de Coimbra, e dos feus Colle-
ffaes, e Porcioniftas. Lisboa pelo dito Impreflbr.
1727. foi.
Conta dos feus Efludos Académicos dada
no Paço a zz de Outubro de Jjzy Sahio no
Tom. 3. da Collec. dos Documentos da Aca-
demia Real. Lisboa por Pafchoal da Sylva.
1723. foi.
Conta dos feus ejiudos Académicos dada
no Paço a -j de Setembro de 1726. Sahio no
Tom. 6. da Collec. dos Documentos da Aca-
demia Real. Lisboa por Jo2è António da
Sylva. 1726. foi.
Conta dos feus Efludos Académicos em 7
de Setembro 1733. recitada no Paço. Sahio
no Tom. 12 da Collec. dos Documentos da
Academia Real. Lisboa pelo dito Impreflor.
1753. foi.
Eloffo do Excellentijfímo Senhor D. loaõ
de Almeyda Portugal Conde, e Senhor de Affu-
mar Gentilhomem da Camará de S. Magejiade
do Confelho de Eflado, e Guerra. Lisboa por
lozè António da Sylva Impreflor da Aca-
demia Real. 1735. 4.
Elogio Fúnebre na fentidijfima morte da
Sereniftma Senhora D. Francifca Infanta de
Portugal. Sahio com o fupoílo nome de
Ambroíio Machado de Abreu em a fegunda
Parte dos Accentos faudot^os das Mufas Lu-
fitanas. Lisboa por António líidoro da Fon-
ceca. 1736. 4.
EJogio Fúnebre de Diogo de Mendoça Cor-
tereal do Confelho de S. Mageflade, e feu
Secretario de Eflado. Lisboa pelo dito Im-
preflbr. 1737. 4.
Elogio Fúnebre do Desembargador Bel-
chior do Rego de Andrade. Lisboa pelo
dito Impreflbr. 1738. 4.
Elogio do Reveren^jfimo Padre Antó-
nio dos Reys da Congregação do Oratório
recitado no Paço a i de lunho de 1738. Lis-
boa pelo dito Impreflor. 1738. 4.
Breve narração da admirável vida e pro-
digiofa morte do B. Pedro de Negles Erimita
natural de Lisboa. Lisboa por Manoel
Fernandes da Oííla. 1738. 8. Tradução àc
latim em Portuguez.
Vida de S. Vicente de Paulo Fundador,
e primeiro Superior Geral da Congregação
da Mijfaõ tradu!(ida em a lingua materna
da Caflelhana do P. M. Fr. loaõ do San-
tijftmo Sacramento da Ordem de Santo Agof-
tinho da Provinda de Caflella Provincial,
que fqy de Cerdenha Theologo, e Confeffor de
D. Bemabè de Cajlro Bifpo de Brindiji. Lisboa
por lozè António da Silva Impreflor da
Academia Real. 1738. foi.
Panegyrico ao Excellentijfimo, e Reveren-
dijftmo Senhor D. Thomav^ de Almeyda Prin-
cipal da Santa Igreja Occidental do Confelho
de S. Magejiade. Lisboa pelo dito Impreflbr.
1739- 4.
Elogios dos Emminentijftmos Cardiaes Por-
tugue^es D. Viriffimo de Lancajlro; Lm^
de Sou^a; Nuno da Cunha de Attayde; D.
lo^é Pereira de Lacerda; D. loaõ da MottaJ
e Sylva, e D. Thoma:^ de Almeyda. Sahi«i
raõ na fegunda ediçaõ das Noticias
Portugal compoílas por Manoel Severim
Faria Chãtre, e Cónego da Sè de Evoi
Lisboa por António líidoro da Fon<
1740. foi. defde pag. 267. até 286.
Elogio de D. Pedro Balthev^ar de Aá
meyda de Lancajlro Commendador da Ordem
Chrijio. Lisboa pelo dito Impreflbr. 1741.
Elogio do M. R. P. Pedro Alvares
Congregação do Oratório. Sahio no fim
Sermão nas Exéquias da Excellentijfima Se-
nhora Condejja de Redondo pregado pelo dito
Padre. Lisboa por António Ifidoro da Fon-
ceca. 1742. 4.
Epitome da Vida do Illujlrijfimo, e Excel-
lentijfimo Senhor D. Lm:(^ Carlos Ignacio
Xavier de Meneses primeiro Marque:(^ do
Louriçal Qiúnto Conde da Ericeira do Con-
felho de S. Magefiade duas ve:(es Viferey,
e Capitão Gerai do Eftado da índia. Lisboa
pelo dito Impreflbr. 1743. 4.
EJoffo do Illujh-iftmo, e Excellentii
D. Francifco Xavier Jo!(è de Menr^es
Conde da Ericeira f^c. Lisboa por Ignada
Rodrigues. 174J. 4.
isboa
nada
J
L USITAN A.
829
E/ogio do Keverendijfimo P. Me/ire Fr.
Vrancifco de Santa Maria religiofo Erimita
de Santo Agojlinho, e Provincial defta nohilif-
fima Provinda ds Portugal. Lisboa na Offi-
cina Pinheirienfe da Muíica, e da Sagrada
Religião de Malta. 1746. 4.
Carta efcrita da Peninha a iS de Setembro
'k 1720. em que fe dá noticia das Fejlas, que a
\offa Senhora da Piedade fit^eraõ os Duques
na fua Quinta de Cintra a 10 11 e iz de Se-
tembro de 1720. 4. Naõ tem lugar da im-
preíTaõ. Sahio com o nome fupofto do
Irmaõ Pedro da Conceição Ermitão de NoíTa
Senhora da Peninha.
Retiro Efpiritual de hum Ordinando para
Bifpo. Lisboa na Regia Officina Sylviana,
e da Academia Real. 1740. 16. Tradução
de Italiano em Portuguez. Sahio fem o feu
nome.
Obras Poéticas.
Ebora planãus in morte optimi, <ò^ defide-
ratiffimi Civis Excellentijftmi. D. D. Nonii
ílvares Pereira de Mello Ducis do Cadaval.
Elegia. Confia de 154. Dyftichos. Sahio
nas ultimas acçoens do mefmo Duque ef-
critas por feu ExcellentiíTimo filho o Du-
que D. Jayme Eílribeiro mór. Lisboa na
Officina da Mufica. 1730. foi. defde pag.
326. até 334. No fim deíle livro eftaõ pri-
morofamente abertas as eftampas de doze
Infcripçoens, 4 Emblemas, e doze Empre-
zas cada huma animada com feu Dyfticho
latino que ferviraõ de ornar o magnifico
Maufoleo que fe levantou nas Exéquias do
Duque de Cadaval D. Nuno, cujas ideas, e
poezias faõ de quem compoz a precedente
Elegia fupoílo que no mefmo livro fe naõ
declara feu author.
Archiathenaum Eufitanum, five Regale
Collegium Collimbrienfe. Ulyflipone apud
Tozephum Antonium da Sylva Regiae
Academiae. Typog. 1733. 4. grande Confta
Je 4036. Verfos heróicos.
Hippodromus Pedroucianus ab Excellentijftmo
Domino Duce Cadavallenji Régio Stabulo
Prafe^o conjlruãus, poetice defcriptus. Ulvf-
fipone apud Antonium Ifidorum da Fon-
ceca 1735. 4. Sahio com o fupoílo nome de
lorge Gracez. Coníla de 542. Verfos he-
róicos.
Eijia gemitus in obitu Serenijfima D. Fran-
ciJccB Poriugallia Principis. Elegia. Começa
Ejjia cur pioras? Eacrymas cur anxia
fundis? Com a tradução Portugueza em
Endechas EndecafiUabas do mefmo Author.
Sahio na i . Part. dos Acentos Métricos
das Mnfas. Lisboa por António Ifidoro
da Fonceca 1736. 4.
Serenijfimo, ac Clementijfimo Domino D.
António Infanti Portugallia pro reparata falute
Hecatombe Eucharijlica Matriti. 1739. 4.
Sem o nome do author.
In Nuptiis lamii, (& Henriqueta Ducum
Cadavallenfium Epithalamium. Ulyflipone
apud Antonium Ifidorum da Fonceca
1739. foi. Sahio com o fupoílo nome de
Fernando Monteiro de Souza. Coníla de
436. Verfos heróicos.
Parafrafe Eatina em Verfos heróicos a
hum Romance Endecafillabo Portuguez com-
poílo por Luiz CaUxto da Coíla, e Faria
Abbade de Rubiaens ao Excellentiflimo, e
ReverendiíTimo Senhor D. Francifco de
Almeyda fendo elevado a Cónego da Igreja
Patriarchal. foi. Naõ tem lugar da ImpreíTaõ
nem anno.
Verjio Eatina de hum Romance En-
decafillabo Portuguez compoílo por Ma-
noel Pereira da Coíla em louvor do Author
da Bibíiotheca Eufitana que ao principio
delia eílà impreíío. Lisboa por António
Ifidoro da Fonceca. 1741. foi. A cada
verfo Portuguez correfponde felifmente outro
Latino.
lOZE' BARRETO DE VALDEVI-
NOS, E VASCONCELLOS. Naceo em
a Cidade de Évora fendo bautizado na Ca-
thedral a 26 de Março de 1654. Foraõ feus
Progenitores o Doutor Nicolao Coelho Lan-
dim de quem fe fará memoria mais larga
em feu lugar, e D. Mariana Vafconcel-
los de Valdevinos da qual herdou o mor-
gado, que poíTuia. Defde os primeiros an-
nos até os últimos fe aplicou ao eíludo das
letras humanas, e fagradas em que o feu
claro entendimento, e feUz memoria íize-
raõ admiráveis progreflbs. Foy infigne Poeta
aifim na lingua materna, como na CaíleUia-
na. Da Genealogia teve profunda inUru-
830
BIB LIO THE CA
çaõ, e também da Hiíloria Ecclefiaftica,
e Secular. Decifrava os Caraétercâ das Ef-
crituras mais antigas confervadas em os
Archivos, e Cartórios donde colheo im-
portantes noticias que participou à Aca-
demia Real de que foy digniffimo CoUega.
Sempre fe confervou no Celibato exerci-
tando aftos de fumma Religião para com
Deos, e fua SantiíTima Mãy, e de ardente
charidade para com os pobres. Foy no
femblante modefto, no veftido moderado,
no comer abftinente, e no dormir parco.
Recebidos os Sacramentos na ultima in-
fermidade com fumma ternura pronunciando
os fuaviffimos Nomes de lefus, Maria, lozé
efpirou placidamente a 21 de Fevereiro
de 1737. quando contava 83 annos de idade.
laz fepultado no Convento do Salvador
de Religiofas Francifcanas em huma Capella
dotada por feu Tio lozé de Valdevinos.
Compoz
Noticias de Évora, e de todo o Keyno de
Portugal, foi. M. S. Efte livro remeteo o
Author à Academia Real, e fe conferva
na Livraria do ExcellentiíTimo Conde da
Ericeira D. Francifco Xavier de Menezes
Cenfor da Academia Real a quem eftavaõ
cometidas as Memorias Ecclejiajlicas do yirce-
bijpado de Évora.
lOZE' BENTO DOS SANTOS fi-
lho de loaõ Francifco, e Antónia dos San-
tos naceo em a Freguezia dos Santos Reys
do Campo grande fuburbio da Cidade de
Lisboa a 19 de Março de 1718. Tendo
cíhidado Gramática, e Rhetorica no Col-
Icgio de Santo Antaõ impellido do dezejo
de ver paizes eílranhos partio fugitivo da
Cafa de feus Pays a 18 de laneiro de 1735.
e depois de haver difcorrido por toda
a Itália, e vizitado os mais celebres San-
duarios de Roma vindo pelo Reyno de
França foy roubado em a Cidade de Ar-
ies por quatro dezertores Efpanhoes.
Reduzido ao ultimo dezemparo continuou
a jornada até Pamplona antiga Corte do
Reyno de Navarra, c por falta de paíTa-
porte fendo julgado dezertor o obrigarão
a fervir nos exércitos delRey de Efpanha com
cominação de fer lançado a Galés, fe naõ
obedeceíTe. Para evitar mayor calamidade
abraçou a vida militar, c nella pelo efpa-
ço de dous annos, e quatro mezes ocupou
os lugares de Furriel, Caravineiro, Sar-
gento, e tendo patente de Alferes da Com-
panhia do Coronel D. Fernando Caxigal
illuílre morgado do Principado das Af-
turias, a naõ aceitou procurando com
todo o empenho faculdade para fe refti-
tuhir à fua pátria, porem para que nunca
voltaíTe a ella foy mandado para o Pre-
fidio de Fuente Rabia na Provinda de
Bifcaya. Confiderando que fe lhe fazia
impoíTivel a liberdade efcreveo a fua Mã',
para que logo lhe mandafle huma declara
çaõ pela qual conftaíTe fer elle adiélo á fua
Parochia, e juntamente excomunhão ful-
minada pelo coadjutor do EmminentiíTimo
Patriarcha de Lisboa D. Valério da Cofta
de Gouvea Arcebifpo de Lacedemonia. In-
timada a excomunhão ao Coronel por hum
Cónego da Cathedral de Pamplona promp-
tamente lhe concedeo licença para fe reftituir
á fua pátria, e vindo embarcado em navio
Inglez foy prizioneiro por hum Coflario
Caílelhano no Cabo da Roca de Cintra, e jul-
gando os Efpanhoes que era lingua dos
Inglezes foy levado a Curunha donde ampa-
rado da noute fe ocultou até chegar a Lis-
boa no mez de Março de 1740. No ann'
feguinte recebeo as Ordens Sacras, e no de
1743. as de Presbítero. Teve natural incli-
nação para a Poezia Latina da qual pro
duzio diverfas obras fendo a feguinte a que
mereceo a luz publica.
Prajlantijfimo Herói praconiis Jatis num-
quam commendando, praclarijftmo Ecclejia
Principi ubique gentium veneratione magia
colendijfimo Excelentijftmo ac Rjeverendijfmo
D. D. Valério Cojlio Gouvea irt Lacedemo-
nenfem Archiepijcopum máximo totius huji-
tania plaufu Jeliciter inaugurato. UlyíTipone
ex Typog. Pinheirienfi Muíices. 1741. 4-
Confia de dous Epigrammas latinos, c hum
Poema EncomiaíUco.
P. lOZE' BERNARDINO. Naceo
em Lisboa fendo filho de Domingo^
Soares Caftelmoço, e Mariana Pereir.i
de Souza. PaíTando com feu Pay á Bahia
L USITANA.
83 1
Capital da America Portugue2a aprendeo os
primeiros rudimentos no Collegio dos Padres
lefuitas da dita Cidade onde atrahido do
exemplo, e doutrina de feus Meftres abra-
çou o fagrado Inílituto da Companhia de
lESUS no mefmo Collegio a 3 de Dezem-
bro de 1681. quando contava 18 annos
de idade. Pela fua afabilidade, e prudên-
cia conciliou os afeftos de domefticos,
c eftranhos. Tanta era a obfervancia do
íeu inílituto que lhe cometeo o V. P.
Alexandre de Gufmaõ a educação dos Se-
minariílas do Seminário de Belém onde
íoy Reytor alguns annos, e depois o foy
do Collegio do Recife em Pernambuco,
<lo CoUegio da Bahia, Meftre dos Noviços,
Provincial. Nos ultímos annos fegun-
i vez exercitou os lugares de Reytor, e
Meftre dos Noviços do novo Noviciado da
Bahia até que cegou. Recolhido no CoUe-
Mo onde nacera para Deos, falleceo com
oiniaõ de homem jufto. Compoz.
Direííorio dos exercidos da Congregação
^'? Virgem Senhora com as regras, que devem
'.ràar feus Congregados. Lisboa por lozé
António da Sylva. 1725. 12.
Direãorio dos Exercidos do Gtoriofo S.
Jo:(é. ibi na mefma Officina, e anno.
Jlríe por onde devem efiudar os SeminariJIas
Jo Seminário de Belém para poderem proceder
Chrifiã, e cortejmente, e fahirem aproveitados
:: letras, e virtude. Lisboa por Pedro Fer-
reira. 1740. 8.
Fr. lOZÉ DE S. BOAVENTURA
Aaceo em Lisboa a 10 de Novembro
c 1701. fendo filho de António Do-
mingues, e loanna Cordeira. Recebeo
o ferafico habito em o Convento de San-
tarém a 14 de lulho de 171 3. onde apren-
I <íeo as fciencias Efcholaíticas. Como ti-
\eíre talento para o púlpito foy inftitui-
, do Pregador no Capitulo celebrado em
' Lisboa a 23 de laneiro de 1723. Ambi-
ciofo de obedecer, e naõ mandar regei-
I tou todos os lugares da Religião, que
' diverfas vezes fe lhe ofFereceraõ. Publi-
cou.
Via reli§oJa para feguirem os fieis Ec-
clefiaflicos, e Seculares efpedalmente todos os
filhos de meu Padre S. Francifco em que
fe contem a preparação, e graças, que fe de-
vem u:(ar antes, e depois do Santo Sacrifi-
cio da Miffa, e outras muitas devoçoens para
fegurarem milhor a falvaçaõ de fuás almas.
Lisboa por Miguel Rodrigues ImpreíTor do
Emminentiflimo Senhor Cardial Patriarcha.
1741. 16.
lOZÉ BOREAS DE ARAÚJO Naceo
em Lisboa a 2 de Mayo de 1667. onde teve
por Pays a Pedro de Araújo e D. Magda-
lena Boreas ambos de conhecida nobreza.
Desde a idade de dezanove annos em que
herdou do feu Pay a propriedade do Ofíicio
de Efcrivaõ da Caza de Ceuta fe ocupou
até os últimos em diverfos lugares políticos
de cuja adminiíbraçaõ fundada em fummo
defintereíTe, e grande inteUigencia fe feguio
manifefto augmento para a Fazenda Real.
Naquellas horas vagas, que lhe permitiaõ
as fuás obrigaçoens difcorria fobre os arca-
nos da Filofofia natural defcubrindo a pene-
tração do feu juizo fem direção de Meftre
hum novo Syftema do Fogo Elemental, e
Natural contra os didames do Principe
da Efcola Peripatetica, cuja obra ornada de
erudição fagrada, e profana collocou o feu
nome entre os Corifeos da Filofofia mo-
derna. Teve profunda inteUigencia da Pin-
tura, a qual praôicou taõ felifmente com o
pincel, e com a penna, que os feus defenhos
podiaõ competir com os mayores profef-
fores de taõ admirável Arte. Com animo
heróico regeitou o Officio de Vedor da
Fazenda do Eftado da índia, e de outros lu-
gares ultramarinos igualmente honorificos,
que rendozos querendo antes a gloria de
os merecer, que a conveniência de os acei-
tar. Cultivou com efcrupuloza exaçaõ as
virtudes moraes obfervando com mayor ex-
ceflb a da Charidade por difpender com pa-
rentes, e outras peflbas, neceíTitadas a co-
piofa quantia de cem mil cruzados, quan-
do para fi refervava menos do que lhe era
precifo. Sempre fe confervou no Eftado
do Celibato, e pela obfervaçaõ dos domefti-
cos, e de peíToas, que familiarmente o trata-
832
BIBLIO THE CA
raõ falleceo virgem a 28 de Dezembro
de 1743. quando contava 75 annos 7 me-
zes, e 26 dias de idade. laz fepultado
no Convento de Santo Eloy de Lisboa,
Efcreveo.
Difcurfos da ignorância, em que fe duvida
do fogo Elemental, e fe difine o material, e em
confequencia fe dificulta a mayor parte da Filo-
fofa Peripatetica. Tom. i. Lisboa por Mi-
guel Rodriguez ImpreíTor do Emminentif-
fimo Senhor Cardial Patriarcha. 1740.
Tom. 2. ibi pelo dito ImpreíTor. 1740. 4.
Lipro de Contas, onde por modo brevijft-
mo, e nunca praãicado enfina as mayores dificul-
dades da Arithmetica. 4. Aí. S.
Fr. lOZÉ DE BERIGEL natural da
Villa do feu apellido íltuada em a Pro-
vinda do Alentejo onde teve por Pays
a António Fernandes, e Margarida Mar-
tins. Recebeo o ferafico habito na re-
formada Provinda da Piedade a 26 de
lunho de 1726. onde pelos progreflbs,
que fez nos eftudos mereceo fer Lente
de Theologia, Qualificador do Santo
Officio, Examinador das Três Ordens
Militares, e Confultor da Bulia da Cruzada.
Foy Secretario duas vezes da fua Provin-
da, c Cuftodio. Afliftio no Capitulo Geral
celebrado em Valhadolid no anno de 1740.
Publicou.
Via Sacra elucidada, e defendida. Pro-
poemfe nella as advertências, que na fua ere-
çaõ devem obfervarfe fegundo a declaração,
que o Santiffimo Padre Papa Clemente XII.
mandou fa^er pelo Emminentijftmo Senhor
Cardial Pico de la Mirandola Perfeito da
Sagrada Congregação das Indulgências. Lis-
boa por António Corrêa de Lemos. 1740. 8.
Sermão da Sereniffima, e Auguftiffima
Rajnha de Portugal Santa Isabel pregado no
Capitulo Geral, que celebrou a Religião Será-
fica na Corte, e Cidade de Valhadolid a 4 de
lulho de 1740. Lisboa na Officina Sylviana,
c da Academia Real. 1741. 4.
Theofobia Ecclefiaflica. e religiofa. foi.
M. S. Trata de Cerimonias. Eílava
prompto, como vimos, para as licen-
ças.
D. lOZÉ DE BRITIANDOS appel
lido, que tomou defta Villa onde nacco
a qual cílá fituada huma legoa da Cidaci?
de Lamego, Cónego Regular de Santo Agoí
tinho onde foy Prior do Convento de Lar
dim no anno de 1636. c Procurador d<
Convento de S. Vicente de fora em 1644
e Vigário Geral da fua illuftre Congrcgi
çaõ da qual fendo nomeado Chronifta cxa
minou com infatigável difvelo os archi
vos dos Conventos pelo efpaço de trinta
annos de cuja laboriofa inveíligaçaõ fe fc-
guio compor como efcreveo de Coimbr
em 7 de Outubro de 1657. ao Licenciad<
Jorge Cardofo.
Omnimoda Hifioria Canónica EcclefiaJ
tica, e Secular em outo Tomos difpofia com
Eras, e annos. M. S. Por efta grr.-r!-
obra de que fe aproveitou muito o 1 :
D. Nicolao de Santa Maria como confcílk
no Prologo da Chronica dos Cónegos Keffh
lares da Congregação de Santa Crtfí^ de Coim-
bra, o intitula o mefmo Cardofo Agol. hii
Jit. Tom. I. pag. 348. Comment. de 4 de
Fevereiro letr. C. diligentijftmo antiquaria deftã
Congregação; e pag. 4J9. no Comment. de
17 de Fevereiro letr. B. infigne Cbroràfta
da Ordem; e Fr. António Brandão Prolog
da 4. Part. da Mon. l^fit. ao qiml eflá encomei
dada a Chronica da fua Keliffaõ por concorri
rem nelle as partes, que fe requerem para tts
grande empre:(a.
De Primatu Ecclefia Bracharenfis. M. S
Defta obra o faz author Cardofo Ago.
Eufit. Tom. 3. pag. 727. no Comment. de
27 de Abril letr. A.
Falleceo a 11 de Fevereiro de 1665.
Fr. lOZÉ DE BRITO natural de Us-
boa filho de Matheos Machado, c Mar
garida Nunes. Profeflbu o miiit.ir habit
de Chrifto em o Real Convento de Thoma
no anno de 1661. onde foy Reytor do St
minario. Lente de Theologia Moral, e Car
tor mòr. Culdvou com igual aplicação
c engenho as letras amenas, c fevcras foi
do muito vcrfado em todo o género d^
erudição. Morrco no Convento de Thomar
a 4 de Julho de 1700. Tinha prompto pan a
impreíTaõ.
L USITANA
833
Commento de Perjio, e Juvenal em vulgar
com as explicaçoens de todos os lugares ejcuros,
fabulas, e antiguidades que encerraõ. 4.
Tratado das principaes pedras preciofas
moralii^adas com lugares da Efcritura, e todo
o género de humanidades. 4.
Obras de Proba Falconia addicionadas
com os paffos principaes do Tefiamento Velho,
e Novo tirado tudo do Poema de Virgílio,
em que ella foy diminuta.
lOZÉ CABBEDO DE VASCON-
CELLOS filho de Jorge Cabbedo de Vaf-
concellos, e D. Anna Maria de Caílel-
lobranco naceo na Villa da Fronteira da
Provinda Tranílagana a 25 de Junho de
1658. e naõ em Setúbal Solar da fua
iUuftre Familia como efcreveo o Padre D.
António Caetano de Souza Apparat. á Hift.
Gen. da Caz- Real Portug. pag. 130. §.
151. Foy Juiz da Tabula de Setúbal,
e moço Fidalgo de que fe lhe paíTou Al-
vará a 17 de Março de 1645. Foy muito
eftudiofo da Genealogia, e pela particular
comunicação, que teve com o Dezembar-
gador lozè de Faria, e Diogo Gomes de
Figueiredo infignes Genealógicos alcançou
perfeita intelligencia deíla taõ importante
parte da Hiíloria, efcrevendo com verdade,
e individuação.
1 Nobiliário das Famílias de Portugal.
' foi. 5. Tom. os quais vio o Padre Souza
aíTima allegado, e os julga por muito
I eftimaveis, e fe confervaõ em poder de
' feu Neto Jozè Bruno de Cabbedo. Falle-
ceo a 18 de Novembro de 1691.
lOZÉ CABREYRA Capitão mòr de
I huma Náo, que no anno de 163 1. par-
tio para a índia Oriental jimtamente
com outra de que era Capitão mòr An-
tónio de Saldanha. Depois de ter nave-
gado finco mezes voltou arribado ao Por-
to de Lisboa a 14 de Setembro do refe-
rido anno com grande diminuição de gen-
te cxtinéta por diverfas infermidades.
Segunda vez íahio da barra de Lisboa no
anno de 1633. com huma efquadra de três
Navios da qual era Almirante em cuja
navegação experimentou mais fatal ca-
55
lamidade, que na primeira, naufragando na
Cofta do Natal junto do Cabo da boa Ef-
perança. Defie laílimofo fuceíío como tef-
temunha ocular efcreveo com individuação.
Naufrágio da Não NoJJa Senhora de
Belém feito na Terra do Natal Cabo da
Boa Efperança. Lisboa por Lourenço
Crasbeeck. 1636. 4.
Do Author faz memoria Faria Afia
Portug. Tom. 3. Part. 4. cap. 8. n. 23. e
no fim. Memor. das Armad. n. 230. e da
obra o moderno Addicionador da Bib. Orient.
de António de Leaõ Tom. i. Tit. 12. col. 439.
lOZÉ DE CÁCERES nacido em Por-
tugal, e affiílente em Amílerdam muito
verfado na intelligencia da lingua Franceza
da qual traduzio em a Caílelhana.
Eos fiete dias de la femana de la crea-
cion dei mundo. Amlierdam afio de la Crea-
cion 5373. que he de ChriUo Senhor
Noflo 1575. 8. Dedicado a lacob Firado
Portuguez.
P. lOZÉ CAEYRO natural dos Re-
guengos de baixo termo da Villa de Monfa-
rás em a Provinda do Alentejo, filho de
Gonçalo Corrêa, e Domingas Fernandes.
Recebeo a roupeta de Jefuita em o Colle-
gio de Évora a 23 de Mayo de 1726. on-
de foy Lente de Humanidades por fer muito
perito na lingua Latina, e preceitos da Ora-
tória como manifeílou redtando na prefença
do ExceUentiflimo, e Reverendiflimo Bif-
po do Porto D. Fr. Jozè Maria da Fonceca,
e Évora quando no anno de 1741. vizitou
eíla Qdade fua pátria o feguinte Pane-
gyrico, que fe publicou com o titulo fe-
guinte.
Excellentiffimo ac Keverendifftmo Do-
mino D. Fr. lo^epho Afaria da Fonceca,
e Évora Epifcopo Portucallenfi digniffimo
Regia Majeflatis a Conjiliis EJbora orna-
mento ter máximo Paneg^ricus. Ulyflipone
apud Officinam Sylvianam, et Regias Aca-
demias. 1741. 4.
Fr. lOZÉ CAETANO natural de
Lisboa, e filho de Francifco Viegas de
Lima, e de D. Maria dos Santos. Pro-
8.34
BIBLIO THE C A
feflbu o inílituto do Doutor Máximo S.
leronimo no Real Convento de Santa Ma-
ria de Belém a 5 de lunho de 1691. para
fer immortal credito deíla illuílre G^ngre-
gaçaõ. A natureza o ornou de talento taõ
perfpicas para a comprehenfaõ das le-
tras amenas, e feveras, que fe podia con-
troverter com gloria do feu nome em
qual delias fofle mais infigne. A pureza
do idioma latino, a elegância da Poefia,
a eloquência da Oratória, e a intelligen-
cia da Mythologia foraõ as delicias dos
feus primeiros annos donde paflbu a
penetrar os arcanos da Filofofia, os myf-
terios da Theologia, e as antinomias da
Sagrada Efcritura. Laureado com as infi-
gnias doutoraes na Faculdade Theolo-
gica pela Univerfidade de Coimbra a illuftrou
com o magiílerio nas Cadeiras de Duran-
do, Gabriel, e Efcoto na qual no anno de
1734. alcançou igualaçoens com a Cadeira
de Prima da Efcritura. Em todos os aítos
litterarios foy admirada a gravidade com
que defendia; a vehemencia com que ar-
gumentava. No púlpito encheo as partes
de Orador Evangélico afTim na fubtileza
do difcurfo, como na mageílade da reprefen-
taçaõ. Foy Reytor do feu Collegio de Coim-
bra, Vifitador Geral da Congregação, QuaU-
íícador do Santo Officio, Examinador Sy-
nodal do Bifpado de Coimbra, e Acadé-
mico Supranumerário da Academia Real
da Hiíloria Portugueza eleito em o anno
de 1731. Falleceo no Collegio de Coimbra
a 20 de Março de 1746. quando contava
76 annos de idade, e 65 de Religião. Com-
poz.
Sermão Gratuhtorio, e Panegyrico offe-
recido, e confagrado a Nojfa Senhora de Be-
lém, e a feu gloriojijfimo Efpo!(p o Senhor
S. lo^è em acçaõ de graças pelo feiiv^ naci-
mento do Rxcelientijftmo Senhor D. Io:(è Ma-
ria Leonardo de Cajlro duodécimo Conde
de Monfanto Primogénito dos ExcellentiJJimos
Senhores D. Manoel, e D. Lui^a Marqma^es
de Cafcaes. Lisboa na Officina Real Des-
landefiana. 171 5. 4.
Theo-Khetoris jimulachrum, feu vera effi-
gies Concionatoris Evangelici opufculum pra-
vium ad Divini Verhi Hierologiam, five Ar-
fem Theorico-Praãicam ponderandi facram Scrip-
turam per Conceptus, ut vocant, pradica-
biles. Pars prima. Conimbricx ex Typog.
Regali Artium CoUegii S. J. 1750. 4.
grande.
Divini Verhi Hieroloffa. Pars fecunda, ibi
apud eamdem Typog. 1730. 4.
Pars Tertia. ibi apud eamdem Typog.
1731. 4.
Pars Quarta, ibi apud eamdem Typ.
1734. 4.
Pars Quinta, ibi apud eamdem Typog.
1734.
Pars Sexta, ibi apud eamdem Typog.
1735- 4.
Remetendo a Univerfidade de ParÍ2
huma Carta à de Coimbra fobre a Conf-
tituiçaõ Unigenitus em que tinha con-
demnado a Santidade de Gemente XI.
a 8 de Setembro de 171 3. cento, e huma
Propoíiçoens do Padre Pafchoal Quenel cujo
titulo era: Decanus, et Facultas Theologo-
rum Parijienjium, celeberrima fludii Conim-
bricenjis Univerfitati falutem plurimam in eo
qui convertit lu£tum nojlrum in gaudium.
Principiava. Si juxta monitum Sapientis
curam hahere debeamus de bono nomine &c.
Acabava. Datum Parifiis in Comitiis ge-
neralibus Kalend. Septemb. anno reparata
falutis humana fupra millejfimum Septin-
genteffimo trigejfimo. A efta carta refpon-
deo por ordem da Universidade o Mef-
tre Fr. lozé Caetano com igual pureza
de eílilo, e elegância de locução. Co-
meçava. Reãor, Reformator, Univerji Or-
dines, et Facultates Academia Conimbricen-
fis Sacra Theoloffa Factdtati celeberrima Pa-
rifienjis Univerjitatis falutem plurimam in
eo qui repleat vos omni gáudio, et pace in
credendo. Principiava. Quantum Nobir
voluptatis, ^ gaudii littera veflra religione,
benevolentia, Ò^ fuavitate plena, attulerint &c
Acabava. Datum Conimbrica in pleno Aca-
demia Confejfu Idibus Novemhris anno re-
parata falutis fupra millejftmum feptingentejftmo
trigejftmo.
Em nome da mefma Univerfidade de
Coimbra efcreveo em o anno de 172$-
outra elegantiflima carta latina ao Sum-
mo Pontificc cm que lhe fupplicava a
L USITAN A.
835
Beatificação dos Infantes D. AfFonfo San-
ches, e D. Thereza Martins Fundadores
do G^nvento de Santa Clara da Villa do
Conde onde jazem fepultados.
Obras M. S.
De Sapientia, <ò' infipientia Salomonts.
Commentaria in Aíagijirum Sententiarum foi.
1. Tom.
Traãatus de Conctentia.
Traãatus de Pradejlinatione.
Traãatus de necejfitate ^atia.
Traãatus de Jujlificatione.
Rationale aureum, Jive Curfus Philofo-
pbicus.
Todas eftas obras fe confervaõ no Real
Collegio de S. Jerónimo de Coimbra.
Fr. lOZÉ CAETANO naceo em Lis-
boa a 27 de Abril de 1717. fendo filho
de Manoel dos Santos Pinheiro, e Maria
de Jefus. Recebeo o habito Carmelitano
no Convento pátrio a 30 de Abril de 1732.
Efludou as fciencias Efcholaíticas com tan-
ta aplicação, que depois de as didar aos
feus domeílicos mereceo fer graduado Dou-
tor Theologo pela Univerfidade de Coim-
bra em o anno de 1740. He profundamente
inftruido na Rhetorica Ecclefiaftica de que
faõ manifeílos argumentos as feguintes pro-
duçoens.
Sermão em acçaÕ de graças pelas melho-
ras do Serenijfimo Key D. JoaÕ o V. Nojfo
Senhor, que por de/empenho do voto do Mof-
Uiro de Nojfa Senhora dos Poderes em Via-
-Umga renderão a Deos pelas mãos da mef-
ma Senhora a Ahhadeffa, e mais religiofas
4o dito Mojleiro em o dia 1^ de Agofio de 1742.
Lisboa por Miguel Rodrigues Impref-
for do EminentiíTimo Senhor Patriarcha.
1742. 4.
Sermão Panegyrico, Deprecativo â Ray-
nha Santa ln^ahel na Fejia, que lhe dedica-
rão as Religiofas de S. Francifco do Real
Kjmvento de Santa Clara de Coimbra pela
tontinuaçaõ das milhoras do Serenijfimo Rey,
e Senhor Nojfo D. JoaÕ o V. em iz de
Julho, e primeiro depois do folemne Outavario da
Raynha Santa em agradecimento de repetidos
favores do mefmo Monarcba recebidos. Coim-
bra no Real Collegio das Artes. 1745. 4.
Sermão de S. Luiz ^CX ^ França pregado
no dia do mefmo Santo em 1746. na fua Igreja
fita na Cidade de Usboa. Lisboa na Officina
Sylviana. 1746. 4.
lOZÉ CAETANO Naceo a 9 de
Abril de 1690. em a Quinta das Macha-
das junto da Villa de Setuval no Termo
de Palmella, e na Igreja de Santa Maria
do Caílello deíla ViUa recebeo a graça bau-
tifmal a 16 do dito mez, e anno. Foy fi-
lho natural do Doutor António Luiz de
Távora, que no anno de 1702. morreo fen-
do Juiz de fora de OUvença. Eíhidou
os princípios Gramaticaes em a Villa de
Arronches, que lhe explicava Fr. Jozé
de Milaõ religiofo Erimita de Santo
Agoílinho, e depois fe aperfeiçoou nefte
idioma em a Villa de Setuval cm que
fahio eminentemente veifado, como tefte-
munhaõ as obras que publicou, e os
difcipulos, que íahiraõ da fua Paleftra
aberta nefta Coite. Naõ fomente he erudito
na lingua Latina, mas em a Theologia,
e Direito Gvil de cujas faculdades tem baf-
tante inlbruçaõ, como de todos os Poe-
tas, e Hiíloriadores Latinos. Do feu en-
genho fecundo fe tem publicado os feguin-
tes partos.
Modo fácil para enjinar a conflrtár, e verter
em bom romance, e lingua Portuguet(a quaef-
quer períodos efcritos na latina, e primeiras
definiçoens da Gramática Hijlorica. Lisboa por
Pedro Ferreira. 1731. 8.
Syntaxinha Ericeyriana para u^p dos Se-
nhores D. Fernando, e D. Henrique de Mene-
ses filhos do Illujlrijfimo e ExcellentiJJimo Se-
nhor D. JLuiz Carlos de Meneses Conde da
Ericeira. &c. Lisboa por Miguel Rodri-
gues. 1740. 8. et ibi na Officina Joaquiniana
de Bernardo Fernandes Gayo. 1742. 8.
Regras dos Géneros dos Nomes, e defini-
çoens dos Accidentes deftes com os fuccintos exem-
plares das finco Declinaçoens, e algumas adver-
836
BIB LIO THECA
fendas fobre ellas. Lisboa na Ofíicina loaqui-
niana. 1743. 8.
"Praxe Syntaxiftica com algumas ohjerva-
çoens fobre o promptuario do Padre António
Franco, e huma Syntaxe iMtino-lMJitamca,
e huma Allegaçaõ a favor do Relativo Qui,
qua, quod &c. Lisboa por António de
Souza da Sylva 1735. 8. Sahio com o
aftèâado nome de Bento Ver jus.
Sagttta Medicata, five de Nuptiis Excellen-
tijfimorum Dominorum Domini Francifci Xaverii
Kaphaelis Aíenejii VI. Comitis de Ericeira cum
ExcellentiJJima Domina Maria Joi(epha Gra-
fia ef Norognia, et Domina Confiantia "Ka-
veria Dominica Aureliana cum praclarijjimo
Domino Jo^^epho Felice Cugnio Menejio &c.
UlyíTipone ex Typog. Joaquiniana Mufi-
c£e. 1741. foi.
Cenfura Politica, e Catholica fobre o pa-
pel intitulado Repoíla a huma carta que
certo Cavalheiro efcreveo a hum feu af-
feiçoado Auftriaco querendo faber fe o
Príncipe Carlos havia repaíTado o Rhe-
no. Lisboa por Miguel Rodrigues. 1745. 4.
Nemejis fuperata á virtute, five de die-
bus Natali fcilicef, <ò^ Confecratione "Excel,
et Ríf. Domini D. Jo^ephi Maria da
Forneça, e Évora. Poema. Coníla de 669.
Vcrfos Heróicos Latinos compoftos de
Centoens de diverfos Poetas.
Excellentijfimo Domino D. ]o^epho Ma-
ria da Fonceca d' Ebora Epifcopo Portu-
callenji á Pátria fua ad Ulyjfiponem rever-
tentt Epibaterium. Coníla de 91 Verfos
heróicos.
Centum Anagrammata diverfa ex Epi-
graphe S, Malachia (à^c. qua proxime fu-
furum S. R. E. Pontificem adumbrat, vi-
delicet Rofa Umbriac deprompta, Epigram-
matifque inferta. Coníla de 100. Epigram-
mas, e Vaticínio Poético em aplauzo do
mefmo Prelado. Todas eílas obras fa-
hiraõ. UlyíTipone apud Officinam Sylvia-
nam, et Academiac Regiac. 1742. 4.
Elia SantiJJimi Patriarcha Patres elo-
ffantur. Sylva. Coníla de Vtrfos heróicos
Latinos.
De progrejfu Ordinis Carmelitarum in Le-
ge Grafia Elegia. Eílas duas obras fahi-
raõ no 1. Tomo do Jardim Carmelitano
&c. Lisboa na Officina Sylviana, e da
Academia Real. 1741. foi. A i. a pag.
14. c a 2. a pag. 13?.
Profopopeya do livro intitulado Modo fá-
cil para enfinar a conflrtàr é>'c. onde fe
trataõ varias queíloens, e entre ellas fe
moílra evidentemente, que a pronunda-
çaõ, que uzaõ os Portuguezcs nos Vo-
cábulos Latinos he a própria, e genuí-
na provada com as authoridadcs dos
Authores Latinos da primeira ClaíTe. M. S.
Ecoo Latina ad Hexamefra, Pentamen-
traque Carmina componenda Echús você finita.
Eílá dividida em 2 Partes. A i. para
os Verfos Heróicos, e a 2. para os
Pentametros. As diçoens faõ efcolhidas,
e cabem na medição dos Verfos. Os
Eccos vaõ por ordem Alphabetica. Eíla
obra, que conferva feu Author M. S.
he de igual trabalho, que engenho.
lOZE' CALDEYRA Prothonotario Apof-
tolico. Beneficiado na Igreja de NoíTa
Senhora da Purificação do lugar de Sa-
cavém, Freyre profeHb da Ordem mili-
tar de Chriílo, e Ouvidor da Real Igre-
ja da Conceição da mefma Ordem fita
neíla Corte de Lisboa, e Juiz Confer-
vador dos Religiofos Arrabidos do Con-
vento da Serra de Gntra naceo em Lis-
boa a 2j de Outubro de 1701. fendo
filho de António Caldeira, c Clara Luiza
de Figueiredo. Do talento, de que o
ornou a natureza, faõ teílcmunhas as fe-
guintes produçoens.
Oração fúnebre nas folemnes exéquias, que
fe fi:(eraÕ na Igreja Aíatriz da Villa de
Bellas á Sereniffima Senhora Infanta D.Fran-
cifca no dia 30 de lulho de 1736. Lisboa
por Miguel Rodrigues ImpreíTor do Emi-
nentiffimo Patriarcha. 1736. 4.
Sermão do inviãijftmo Martyr S. Jufino
pregado na folemnidade, que fe lhe confagra
na Igreja de Nojfa Senhora do Loreto da
NofaÕ Italiana na primeira Dominga de Se-
fembro nejle prefente anno de 1736. Lisbot
pelo dito ImpreíTor. 1737. 4.
L U SITAN A.
83/
Exercício devoto para celebrar os ont^e
dias em que a injigne Virgem, Jingular Mar-
tyr, e prodigiofa Doutora Santa Catherina
"tfieve no fen Cárcere por ordem do impe-
rador híaximino. Lisboa por Pedro Fer-
reira. 1732. 8.
Fr. lOZE' DA CAMARÁ natural de
Lisboa filho de loaõ Gonzalves da Ca-
mará Coutinho Almotacè mór do Reyno,
e de D. LuÍ2a de Menezes Dama da
Raynha D. Maria Sofia Izabel de Neo-
burg filha de D. Lourenço de Almada
Meftre Sala delRey D. Pedro II. Gover-
nador da Ilha da Madeira, e Senhor dos
Lagares delRey, e de D. Catherina Hen-
riques. Augmentou o efplendor do nad-
mento adoptando-fe por filho do Patriar-
cha S. Domingos igualmente illuftre por
virtude, que por fangue, cujo fagrado
inílituto profeflbu no Real Convento de
Lisboa a 6 de Agofto de 1724. Para
inflamar os coraçoens dos fieis em a de-
voção do SantiíTimo Rofario produzio em
annos verdes efta madura produção do
feu engenho, que publicou com o titulo.
Arte da perfeição Chriftãa, que enjina fe-
gíiir as virtudes, e deteftar os vicios por meyo do
Santijftmo Kojario meditando os Jeus Myjie-
rios com huma recopilaçàõ das Indulgências
concedidas aos que o rer^aõ, e aos Jeus Con-
frades das Confrarias de toda a Chriflan-
dade explicadas no fentido mais conforme ás
Conftituiçoens Apoftolicas, e doutrina mais fo-
lida dos Theologos. Lisboa na Officina Syl-
viana da Academia Real. 1739. 8.
lOZE' CARDOSO BORGES natural
da Cidade de Bragança, em a Provinda
Tranfmontana, e Sargento mór da mefma
Qdade filho de Francifco Borges Band-
ros Cidadão da Cidade de Miranda, e de
fua mulher Anna Rodrigues. IniJituhio em
5 de Novembro de 1706, hum Morgado
na Cidade de Bragança, e feu diítrito com
fua mulher D. Clara Maria de Figudredo
Sarmento filha de António de Figueiredo
Sarmento Governador da Qdade de Bra-
gança de quem teve larga defcendencia.
Foy muito aplicado ao eftudo da Hilio-
ria Secular, e EcdefiaíHca, como à da
Genealogia, efcrevendo com eíHlo cor-
rente, e fumma indagação.
Noticias da Cidade de Bragança, foi. M. S.
cujo Original conferva o eruditiífimo Jozè
Freyre de Montarroyo Mafcarenhos, que ma
partidpou.
Fr. lOZE' DE CARVALHO Naceo
em Lisboa a 19 de Março de 1631.
fendo virtuofamente educado por feus Pays
Miguel Alvares, e Maria Carvalha. Dei-
xando em tenra idade o feculo abraçou o
inftituto CarmeHtano, que profeíTou no Real
Convento da fua pátria a 15 de Junho de
1648. A perfpicacia do talento lhe facili-
tou brevemente comprehender as dificul-
dades das fdendas Efcholaílicas, que de-
pois explicou aos feus domefticos com
grande gloria da fua litteratura. Recebido
o gráo de Doutor em a Univerfidade de
Coimbra foy hum dos mais celebres Ca-
thedraticos deíla Athenas Lufitana illuftran-
do com o magiílerio as Cadeiras de Ga-
briel, e Efcoto até chegar a de Prima em
6 de Outubro de 1695. onde jubilou no
anno de 1699. Igual à profundidade Theo-
logica era a eloquenda latina pra£Hcada nas
Oraçoens, que recitava quando conferia os
gráos onde fe admiravaõ felifmente unidas
a fuavidade da voz com a viveza da reprezen-
taçaõ, confervando eftes dotes na ultima idade,
que por caduca naõ cuftuma lograr feme-
Ihantes privilégios. Como os feus votos
fempre eraõ regulados pelos didames da
condenda timorata meredaõ fer feguidos
pelos Deputados da Meza da Condenda
em os negodos pertencentes à Univerfi-
dade de Coimbra da qual foy muitas ve-
zes Vicereytor, e duas por Decreto del-
Rey D. Pedro 11. FaUeceo piamente no
Collegio de Coimbra a 28 de Março de
1708. quando contava 77 annos, e nove
dias de idade. Foy exceíTivamente lamenta-
da a fua morte aíTim pela Religião, coma
pela Univerfidade vendo-fe huma defpojada
de hum taõ infigne filho, e a outra de hum
taõ famofo Cathedratico. DeUe fazem me-
moria Carvalho Corog. Portug. Tom. 5.
liv. 2. Part. 8. cap. 47. e Fr. Manoel de Sá
838
BIB LIO THE C A
Jiíemor. Hift. dos Efcrit. do Carm. da
Prov. de Porttig. cap. 57. As memorias
que deixou do feu feliz talento fc con-
fervaõ eternÍ2adas em 4. Tomos de fo-
lha. Coníla o I.
Oraçoens Latinas recitadas nos Doutoramentos
da Faculdade da Theologta.
Diverjos Tratados Theologicos, e Efcritu-
rarios distados na Univerjidade de Coimbra. 3.
Tom.
Eftas obras fe confervaõ no Collegio
de Coimbra M. S. as quais queria mandar im-
primir o IlluílriíTimo D. Nuno Alvares Pe-
reira de Mello fendo Reytor da Univerfidade
ao tempo, que morreo feu Author, e por
inércia dos CoUegiaes Carmelitas fe naõ cfFei-
tuou o intento daquelle Prelado.
lOZE* DE CARVALHO Veja-fe o Pa-
<lre lOZE' PIMENTA.
D. lOZE' DE CHRISTO Veja-fe D.
lOZE' DE BRITIANDOS.
lOZE' DE COIMBRA DE ANDRADE
Fidalgo da Caza de S. Mageftade Senhor do
Morgado de NoíTa Senhora da Conceição
chamado vulgarmente dos Coimbrãs iníU-
tuido pelo Doutor loaõ de Coimbra no anno
de 1630. Naceo em a Cidade de Braga a 20
de Agofto de 1684^ fendo filho de Lourenço
Jozè de Coimbra, e Andrade Fidalgo da
Caza de S. Mageftade, e de D. Clara da
Sylva. Inílruido na lingua Latina fre-
quentou a Unlveríidade de Coimbra apli-
cado às fciencias feveras porem como
era herdeiro de huma Caza opulenta fe
dedicou à cultura das amenas principal-
mente à liçaõ da Hiftoria profana, e
Poetas vulgares em que fahio muito f)e-
rito. Cazou com D. Bernarda Ignacia Pe-
reira Pimentel filha de loaõ Pereira de
Miranda, e de D. Ignes Maria Pimentel
ambos das principaes Famílias Bracharen-
fes de quem naõ teve fuceíTaõ. Sendo
Vereador mais velho do Senado de Bra-
ga quando nefla augufta Gdade fez a
fua publica entrada a 23 de Julho de
1742. o Sereninimo Senhor D. lozè de
Bragança Arcebifpo, e Senhor da mefma
Cidade recitou a feguinte Oraçaõ, que fe fez
publica com o feguinte titulo.
Oraçaõ na glorio/a Entrada, e feli:^ PoJJe
do fempre augujlo Príncipe, e Serenijfimo Senhor
D. Joi^è na Cidade de Braga. Coimbra no Real
Collegio das Artes da Companhia de lESUS.
1742. foi.
Fallecco na fua pátria a 27 de Novem-
bro de 1743. fendo o ultimo adminiftra-
dor do Morgado, que defde a fua inf-
tituiçaõ fe confervara em linha mafculina.
laz fepultado na Capella de NoíTa Senhora
da Conceição da Igreja de S. loaõ de
Souto jazigo da fua Caza.
Fr. lOZE' DA CONCEYÇAÕ Naceo
em a Villa de Santarém, e na Parochial
Igreja de S. Nicoláo recebeo a primeira
graça a 20 de laneiro de 1667. fendo fi-
lho de António de Mattos, e Catherina
da Cofta. Tanto fe lhe adiantou a viveza
do engenho ao progreíTo da idade, que
naõ excedendo defafeis annos já eftava
inftruido nos preceitos da Mufica, regras
da Gramática, e fubtilezas da Filofofia.
Querendo abraçar inflituto religiofo efteve in-
decifo entre a eleição da Ordem dos Pregado-
res, ou da Terceira de S. Francifco por ter
em ambas eftas illuftres Famílias parentes,
que lhe conciliavaõ o affefto até que refoluto
fe aliftou em a religião Seráfica recebendo o
habito no Convento de Nofla Senhora de
lESUS de Lisboa a 10 de Abril de 1684. No
Collegio de Santa Catherina de Santarém, c
no de S. Pedro de Coimbra aprendeo as fcien-
cias Efcholafticas em que fahio Meftre con-
fummado. No Capitulo Geral celebrado na
Cidade de Viftoria a 30 de Mayo de
1694. defendendo Conclufoens de toda a
Theologia Efpeculativa, c Moral manifcf-
tou com tanta promptidaõ, e fubtileza a
fua grande litteratura, que admirado hum
celebre Thcologo aíTiftente a taõ douto
Congreflb exclamou em aplauzo do Dc-
fendente Miror in juvene Scotum rediviuum
de cujo Elogio fe feguio o fer co-
nhecido pela antonomazia de Efcotinho. Rcf-
tituido ao Reyno diétou duas vezes Fi-
lofofia, e Theologia em Coimbra, e Lis-
boa de cujo magifterio fahiiaõ difci-
L US l TAN A.
pulos que illuftraraõ os púlpitos, e as
Cadeiras. Da laboriofa incumbência das
Aulas foy chamado para o minifterio das
Pfelaturas fendo eleito Reytor do Col-
legio de S. Pedro de Coimbra no anno
de 1706. Cuftodio da Província em 1707.
e Miniílro Provincial em 171 8. cujo lu-
gar adminiílrou com tal vigilância, e reéti-
daõ que podia fer norma dos feus fucef-
fores reformando com o exemplo os edifi-
cios efpirituaes, e reedificando com profu-
faõ aos materiaes. Mandou fabricar o cor-
po da Igreja da Villa de Santarém com
outo Capellas ornadas de primorofos reta-
bolos, e de hum nobre frontifpicio co-
roado com duas fumptuofas Torres de pe-
dra. Nos Conventos de Sylves, e de V«l-
lares levantou dous dormitórios, e conti-
nuou o que eftava começado em o Con-
vento de Arrayolos, e outras muitas obras
ftflim para a perfeição do culto Divino,
como para cómoda habitação dos Religio-
fos. Retirado ao Convento de Santarém fe
preparou com aôos de piedade, e mortificação
para a morte fallecendo em o i de Mayo de
1741. com 74 annos de idade. Ao dia feguinte
foy fepultado a cujas exéquias aíTiíliraõ as Com-
munidades Religiofas. Efcreveo
Cttrjiis Philofophicus. 3. Tom. 4.
Traãatus de Contraãihus. 4.
Theoloffa Moral 2. Tom. 4.
Conceitos Predicáveis. 4.
Fajlos da Provinda da Sacada Ordem da
Penitencia da Kegular Obfervancia nejfe Reyno
de Portuga/ dividido em três Partes, Bullario,
Memorial, e Formulário Seráfico. Confta a i.
Parte dos Breves, Decretos Apoílolicos, e
Sentenças fobre matérias pertencentes ao go-
verno defta Província expedidos atè o anno
de 1724. 2 Part. dos Princípios da Terceira
Ordem de Portugal, Fundaçoens dos Con-
ventos, PeiToas que floreceraõ com opinião
de Virtude, Efcritores, e religiofos conílitui-
dos em dignidades, e outras couzas memorá-
veis na Religião defde o feu principio até
o anno de 1724. A 3 parte confta de
Patentes, e formas de ProfiíToens, e lan-
çar do habito da Terceira Ordem, e ou-
tras couzas que cuftumaõ os Prelados paf-
far firmadas com o fello mayor, ou menor
839
da Província. Efla obra deixou imper-
feita feu author, a qual por informação
menos verdadeira efcreve Fr. loaõ de S.
António Bib. Francifc. Tom. 2. pag. 244.
col. I. fahira imprefla em Lisboa no
anno de 171 5.
Fr. lOZE' DA CONCEIÇAM natural
de Lisboa, e filho de loaõ Vieyra Mato-
20, e D. Magdalena de Almeida ambos
de nobreza conhecida. Com judiciofa re-
foluçaõ preferio as mortificaçoens do Clauf-
tro ás delicias do Século profeíTando o
Sagrado Inftituto de S. Jerónimo no Real
Convento de Belém a 12 de Outubro
de 1672 onde inftiuido com as fcien-
cias fe veias as enfinou com credito da
fua literatura. Sendo Qualificador do San-
to Officio fubio a Geral da fua illuftre
Congregação no anno de 1710 onde deu
manifeftos argumentos da fua prudente ca-
pacidade. De muitas, e graviíTimas maté-
rias em que era confultado, unicamente fe
fez publico o parecer que eílá impreíTo no
Tom. I. QiuBJl. Seleã. Buli. Crtic. compoftas
por Lourenço Pires de Carvalho de pag.
534 até 544. com efte titulo.
Judicium Juper Ouafitum. An approhatm in
una Diacefi pojfit in alia confejftones excipere per
Buliam Criíciata? Deixou M. S.
Traãatus de Panifentia.
Traãatíis de I^gibus.
Traãatus de Contraãibus.
Fr. lOZE' DA CONCEYÇAM naceo em
Lisboa a 8 de laneiro de 1690. onde teve por
Pays a Bartholameu da Fonceca, e Francifca
de Souza. Na idade juvenil profeííou o inf-
tituto de S. Jerónimo no Convento de Be-
lém a 14 de Dezembro de 1706. onde exerci-
tou os lugares de Vizitador Geral da fua
Congregação, e de Prior do Convento de
Penha Longa. Pelo talento que teve pa-
ra o Púlpito foy Pregador do Sereniffi-
mo Senhor Infante D. Francifco de cujo
minifterio fagrado tem publicado as feguin-
tes produçoens.
Sermão da Canonis^açaÕ do glorio/o Saõ
loaõ da Cru^ da ef clareada Ordem de Nof-
fa Senhora do Vencimento do Monte da
840
BIB LIO TH E C A
Carmo no primeiro dia do folemne Triduo
que celebrarão os Keligiofos Kejormados da
me/ma Ordem no feu Convento de Santa
Tòere^a na Villa de Cafcaes. Lisboa por
Maurício Vicente de Almeyda 1733.
Sermão da Vijitaçaõ de Nojfa Senhora
a Santa Isabel pregado a z de lulho de
ijii. na Santa Ca:(a da Mit^ericordia de
Lisboa. Lisboa por Mauricio Vicente de
Almeyda 1734. 4.
Sermão Panegírico de S. Jerónimo pre-
gado no Real Aíojleiro de Santa Maria de
Belém aos 30 de Setembro de 1736. Lis-
boa na Officina de Theotonio Antunes
IJma. 1737. 4.
Sermoens de varias Fejlividades Primeira Parte.
Lisboa na Officina da Mufica, e da Sagrada
Religião de Malta 1739. 4-
Parte Jegunda. ibi na Regia Officina Syl-
viana 1744. 4.
lOZE* CORRÊA naceo em Lisboa a
12 de Abril de 1703. devendo à vir-
tuofa educação de feus Pays Manoel Cor-
rêa, e Maria Magdalena do Valle o fe-
guir o eftado Eccleíiaílico, e ocupar o
tempo em piedofos exercícios. PubUcou
fem o feu nome.
Diário para os novos tret(e dias de Santo
António principiados em dia de S. Bra:;^
Bi/po, Martyr, e finaliv^aÕ tf 15 de Feve-
reiro dia de Jua glorio/a Tresladaçaõ. Lis-
boa por Domingos Gonçalves ImprefTor
dos Monges das covas de Monte furado.
1736. 8.
De:(^ horas do dia no Relógio da PaixaÔ Sa-
grada de Nojfo Senhor Jefu Chrijlo, e Dores de
Alaria Santijfima. 8. Sem lugar nem anno da
ImpreíTaõ.
lOZE' CORRÊA BARRETO. Naceo em
Lisboa a 4 de Abril de 1673. fendo filho de
António Rodrigues de Elvas Cavalleiro
profeíTo da Ordem de Chrifto, e D. Maria
Michaela. Eíludadas na pátria as letras hu-
manas frequentou a Unlverfidade de Coim-
bra aplicado à lurifprudencia Ccfarea em
cuja Faculdade fe formou a 22 de lulho de
1695. moílrando tal viveza de engenho, e
felicidade de comprehenfaõ que parecia Mcf-
tre quando era difcipulo. Reítituldo a
pátria exercitou o Officlo de Patrono de
Cauzas Forenfcs correfpondendo o aplau-
zo dos mayores profeíTores da Jurifpru-
dencia á profunda vaíHdaõ da fua lite-
ratura que unida á candura do génio,
e á uibanidade do trato fe fez digno de
grande eílimaçaõ. He Advogado da Q-
za da Suplicação, e Promotor da Ca-
pella, e Padroado Real. Das muitas, c
doutiífimas Allegaçoens Jurídicas que tem
efcrito patrocinando as cauzas controver-
tidas entre os Litigantes da primeira es-
fera fe fizeraõ publicas as feguintes.
AllegaçaÕ de Direito a favor do ExcellentiJ-
fimo Senhor Marquei^ Mordomo mór Jobre a Ju-
ceçaõ do EJlado, e Ca:(a de Aveiro. Lisboa
por Pafchoal da Sylva ImprefTor de Sua Ma-
geílade. 171 9. foi.
AllegaçaÕ pratica, e jurídica Jobre a pojje
e fucejfaõ do Titulo, e Ca^a da Feira contra os
Senhores Procuradores da Coroa, e Infantado a
favor de D. Álvaro Pereira Forjas Coutinho.
Lisboa por Mathlas Pereira da Sylva, e loaõ
Antunes Pedrozo. 1720. foL
lOZE' CORRÊA DE BRITO Ulyf-
fiponenfe. Defde os primeiros annos cul-
tivou as letras humanas, e os preceitos
da Poezia para cuja divina Arte era na-
turalmente inclinado de que foraõ fc-
lices confequencias metrificar na língua
materna, e Caftelhana com afluência, fua-
vldade, e dlf eriça õ podendo gloriarfe de
fer hum dos mais fonoros Qfnes do
ParnaíTo I^ufitano como publicaõ as obras
feguintes.
Epithalamio em os defpo^orios do Senhor
Conde da Ribeira D. lov^é Rodrigo da Camará
do Confelho de Sua Altet^a Governador, e Capi-
tão General da Ilha de S. Miguel, Senhor Do-
natário da dita Ilha, e AUayde mòr da Cidade
da Ponte Delgada com a Excellentijfima Senhora
D. Confiança Emilia de Ruaõ. Lisboa por
António Crasbeeck, de Mello ImprefTor da
Caza Real 1683. 4. Confta de diverfo género
de Verfos.
Tumulo Apollineo ás faudofas memorias de
D. Francifco Mafcarenhas Conde de Coculim. Lis-
boa por Miguel Deslandes 1685. 4. ^^
L USITANA,
841
Epitalamio em os felicijjimos deJpo:(prios
do Senhor D. Francifco Xavier los^é de
Mmer^es Conde da "Ericeira com a Excel-
JentíJJima Senhora D. loanna de Noronha fi-
lha, dos Senhores Condes de S arredas. Lis-
boa por Miguel Manefcal ImpreíTor do
Santo Officio 1688. foi. Coníla de 100
Outavas.
A.' Sagrada Imagem de Nojfa Senhora do
Valle dos Keligiofos de Santo Eloy dejla Cidade
de Lisboa. Lisboa por Domingos Carneiro
.1677. He a Salve Rainha gloíTada em fexti-
Ihas.
Tragicomedia. El Capitam Eujitano Viriato.
IJsboa por loaõ da Coíla 1677. 4.
El Mercúrio Divino. AMto Sacramental, e
Alkgorico. Lisboa por António Craesbeeck
de Mello. 1678. 4.
Epitome Hijlorico de todos os progreffos, que
íiveraõ as Armas Cefareas contra a Joherba das
Imos Ottomanas de/de o cerco de Viena com todos
os Jucejfos das Armadas de Venen^a, e mais Au-
xiliares. Lisboa por Joaõ Galraõ. 1686. 4.
Epitome Hijlorico fegunda Parte de todos os
progrejfos, que tiveraô as Armas Cefareas contra
a Joherba das Euas Ottomanas até a memorável
tomada de Buda com todos os Jucejjos das Ar-
mas de Veneza, e mais Auxiliares. Lisboa
pelo dito ImpreíTor, e no mefmo anno. 4.
lOZE' DA COSTA COIMBRA natu-
ral da Qdade do feu appellido, e muito
perito em as noticias da Hiíloria do nof-
fo Reyno publicou.
Manijejlo fingular em que a Jelicidade
de Portugal fe admira, e pela qual a to-
dos conjla a prodigioja aparição de Chrijlo
Crucificado ao Injante D. AJfonJo Henri-
ques em o fempre celebre, e Jecundijfimo
Campo de Ourique. Lisboa por Manoel
Fernandes da Coíla. 1736. 4.
lOZE' DA COSTA PROENÇA na-
tural da Qdade da Guarda Beneficiado
lia Parochial Igreja de S. Vicente da
dita Cidade igualmente douto na Facul-
dade da Theologia como em a Rheto-
lica Ecclefiaftica da qual deixou hum
claro teftemunho na obra feguinte.
Sermão do glorio/o, e invi^o Martyr Saõ Vi-
cente pregado na Parochial do mejmo Santo da
Cidade da Guarda. Coimbra por Joaõ Antunes.
1695. 4. , .
lOZE' DO COUTO PESTANA Ca-
valleiro profeíTo da Ordem de Chriílo, e
Contador da Contadoria Geral de guerra,
e Reyno naceo em Lisboa a 19 de Mayo
de 1678. fendo feus Progenitores o Capi-
tão loaõ Pereira Peftana, e D. Antónia
Coutinho de Andrade ambos de conhecida
nobreza. As primeiras açoens da fua vida
eraõ taõ reguladas pela prudência, que cla-
ramente moílraraõ, que a madureza do
juizo por privilegio particular da natureza
fe anticipara ao verdor da idade. Sendo
iníigne na intilligencia da lingua Latina,
Rhetorica, e Filofofia bebeo com tanta
afluência das aguas da Hypocrene, que pe-
lo feu fecundo enthufiafmo fublime, e fuave
aífim na metrificação heróica como lyrica
fubio a collocarfe entre os primeiros habita-
dores do Parnaflb. Naõ foy menos eftimavel
o feu talento pela Oratória atrahindo os ânimos
com a armonica elegância dos feus períodos.
Ornado deíles fingulares dotes fe habili-
tou para fer Collega das mais celebres
Academias fendo repetidas vezes Prefiden-
te em a dos Anonjmos, Meftre em a Por-
tuguen^a inllituida no Palácio do Excel-
lentiíTimo Conde da Ericeira D. Francifco
Xavier de Menezes onde illuílrou com
agudas reflexoens os Apothegmas dos Mo-
narchas Portuguezes, e ultimamente em a
P^eal da Hifioria Portuguet^a para efcrever
as Memorias Hiíloricas delRey D. Diniz,
e fua conforte Santa Izabel, que da ve-
neração do folio paflbu a fer adorada nos
altares. Como inimigo jurado da vaõglo-
ria fempre regulou todas as açoens com
fumma modeília. Praâicou as virtudes de
religiofo fendo fecular para cujo fim fe
confervou no eílado do celibato. Acome-
tido de hum accidente deixou a vida ca-
duca pela eterna a 7 de Agoílo de 1755.
quando contava 63 annos de idade. Jaz
na Igreja do Convento dos religiofos Ter-
ceiros de Noíía Senhora de lESUS de
cuja Ordem foy irmaõ profeíTo onde exer-
842 BIB LIOTHE C A
citou vários lugares com igual aíTiílen- De Amor Divino ardente pura chama.
cia, que piedade, e delle faz memoria Ao repentino, e ^ande incêndio que redtC(io a
entre os Authores da 'Bih. Franc. Tom. Cinv^as em a noute de z^ de Novembro de 1726.
2. pag. 244. col. I. Fr. Joaõ de Santo o Jumptuo:(o, e magnifico Palácio dos Excellen-
Antonio. Por ordem da Real Academia tijftmos Marqueses de Valença. Soneto. G>
redtou o feu Elogio Fúnebre o Acade- meça
mico Jerónimo Godinho de Niza Cavai- Arde o Valado excelfo nas violências. Sahio
leiro profeflb da Ordem de Chrifto, e a pag, 362. do Tom. 5. da Fw/;^ rí«tf«/Í7. Lis-
Official mayor da Secretaria de Eftado boa por António Pedrozo Galraõ. 1728. 8.
onde immortalizou com eloquentes ex- Conta dos Jeus eftudos Académicos re-
preflbens a memoria de taõ infigne Aca- citada no Paço a zz de Outubro de 1725.
demico, cujas obras faõ as feguintes. Sahio no Tom. 5. da Collec. dos Documentos
Epithalamio real nos Jelicijfimos Dejpov^o- da Academia Keal. Lisboa por Pafchoal da
rios dos Augujlijftmos Rejs D. loaõ o V. Sylva 1723. foi.
e D. Maria Anna Regina Io:(efa Antónia Conta dos Jeus eftudos Académicos recitada
de Auftria Nojfos Senhores. Lisboa por no Paço a j de Setembro de 1726. No Tom.
Valentim da Coíla Deslandes 1709. 4. 6. da ColleçaÕ dos Documentos &c. Lisboa
Gíníla de 181. Outavas. por lozé António da Sylva 1726. foi.
Quitéria Santa Poema Sacro. Lisboa por Conta dos f eus eftudos Académicos no Paço a 7
lozè Lopes Ferreira Impreflbr da Sere- de Setembro de 1730. No Tom. 10. da Colleçaõ
niflima Rainha 171 5. 8. Coníla de 7 dos Documentos, ibi pelo dito ImpreíTor. 1750.
Gmtos. foi.
Outavas Epithalamicas em que fe pede Conta dos Jeus eftudos Académicos a 17
ás Njmfas do Tejo celebrem os Jelicijfimos de Fevereiro de 1731. No Tom. 11. da Col-
dejpoi^orios do E.xcellentiJfimo Senhor D. Iov(é lec. dos Documentos ibi pelo dito Imprcf-
Miguel loaÕ de Portugal IX. Conde do for 1731. foi.
Vimiojo com a Excellentijfima Senhora D. Conta dos Jeus eftudos Académicos em
ladroa de lorena. Lisboa na Officina da 2 de Mayo de nj^z. No Tom. 11. da
Mufica 1729. foi. Collec. dos Documentos, ibi pelo dito Im-
Sinco Oraçoens Académicas, vinte e três preíTor 1732. foi.
Sonetos, defanove Romances, outo Silvas, Conta dos Jeus eftudos Académicos em t
três Decimas; quatro Epigramas Portugue- de Outubro de 1732. No Tom. 11. da Collec.
í^es; huma CançaÕ, humas "Liras, e hu- dos Documentos &c.
mas Seguidilhas defte author eftaõ impref- Conta dos Jeus eftudos Académicos no Paço a
fos nos Progrejfos Académicos dos Anony- 24 de Outubro de 1733. No Tom. 12. da Col-
mos de Lisboa Primeira Parte. Lisboa por lec. dos Documentos, ibi pelo dito Impreflbr.
lozé Lopes Ferreira 1718. 4. i753- foi.
Dous Sonetos, dous Romances, huma Sjlva, Obras M S
e humas Lyras. Nas Oraçoens Académicas de
Fr. SimaÕ António de S. Catherina. Lisboa Onde ay rav^on, ay dejculpa. Comedia
na Officina da Mufica 1725. 8. El Sueno es vida. Comedia
A S. loaÕ da Cru^ quando apagou Todo es riejgo lo fingido. Comedia
hum grande incêndio ateado em hum boj- Campos Elyfios de amor, y conjujion de los
que vivinho do Convento. Sylva. Sahio nas nombres. Comedia.
Mem. Hift. Paneg., e Metric. do Jagrado Hechi:(p de amor los Zelos. Comedia
culto com que o Convento do Carmo de Explicação do Soneto de Camoens. Alma
Lisboa celebrou a Canonii^açaÕ do Doutor minha gentil que te partiftc.
Myftico S. loaÕ da Cru^' Lisboa por Mi- Quatro Oraçoens Académicas recitadas na Aca-
gucl Rodrigues 1728. 4. Eftá a pag. 148. demia Portu^e^a, e Latina do Conde da Hrr-
Comcça. ceira.
L USITANA.
843
Sinco Oraçoens Académicas recitadas na Aca-
demia dos EJitidio^os.
Sinco liçoens Académicas Jobre a Hijioria
recitadas na Academia Portuguesa, e Latina.
Três Oraçoens recitadas na Academia dos
, Inonymos alem das que Sahiraõ em os Pro-
greffos Académicos, da mefma Academia.
Os Originaes deitas obras conferva em feu
poder Francifco Luiz Ameno.
lOZE' DA CUNHA Cavalleiro pro-
feíTo da Ordem de Chrifto querendo eter-
nizar com a penna os triumfos alcança-
dos pelos Portuguezes com a efpada nas
Regioens Africanas publicou.
Treslado de una Carta embiada a la Villa
de Setúbal a un amigo fuyo dandolhe cuenta de
una ^an batalla y feli:(^ Vitoria que han tenido
los Cavalleros Portugueses en Melilla, Ceuta
Ma^agan j Tanger, Cofta de Africa a los -f de
Oãubro de 1638. Madrid por Diego Dias
■S8. 4.
lOZE' DA CUNHA BROCHADO Ca-
valleiro da Ordem militar de Chrifto, Fi-
dalgo da Caza de fua Mageílade do feu
Confelho, Confelheiro da fua real Fazenda,
Chanceller das Ordens Militares, Deputado
da lunta da Fazenda, e Eftado da Rainha
NoíTa Senhora Cenfor, e Direótor da Aca-
demia Real da Hiftoria Portugueza naceo
em a marítima Villa de Cafcaes a 2 de Abril
de 165 1. para credito da educação que lhe
deraõ feus Pays António da Cunha da Fonceca
Tenente Governador do Caftelo de S. lor-
ge defta Qdade, e D. loanna do Quen-
tal igualmente nobres, e virtuofos. Inf-
truido nos primeiros rudimentos apren-
deo as letras humanas em o Collegio de
5anto Antaõ, e nefte prologo dos feus eftu-
dos deu claros indícios da comprehenfaõ
para mayores Faculdades. Aplicado á pe-
netração das dificuldades do Direito Ce-
fareo em a Univerfidade de Coimbra fahio
taõ eminente que aprovada pelos Cathe-
draticos a fua fdencia legal a praâicou em
os Iviagiftrados da Republica com taõ reéta
4idminiftraçaõ que foy venerado como o mais
-leligiofo cultor do Sanóhiario da luftiça
Sendo nomeado em o anno de 1695. Em-
baxador Extraordinário á Corte de Pariz
o Marquez de Cafcaes D. Luiz Alvares de
Caftro o acompanhou com o lugar de Se-
cretario da Embaxada, e em taõ famofa
Gdade conciliou pela fuavidade do génio,
e luzimento da peíToa as atençoens de gran-
des, e pequenos. Sahindo de Pariz no an-
no de 1699. o Marquez Embaxador, refi-
dio nefta Corte com o Carader de Envia-
do Extraordinário até o anno de 1704. e
neftes finco annos fe valeo da fua politica
dexteridade para naõ fer ofendido o de-
coro do feu Príncipe a tempo que os in-
tereífes daquella Coroa fe naõ conformavaõ
com os da noífa. Reftituido a Lisboa onde
no lugar de Confelheiro da Fazenda Real fer-
vio com zelo, e independência foy mandado no
anno de 17 10. á Corte de Londres com or-
dem que naõ podendo por algum incidente
aíTiftir no congreílo de Utrech D. Luiz da
Cunha, palTafe logo fem novo avizo a Olan-
da como fegundo Plenipotenciário defta Co-
roa. Por naõ ter efeito efta fubflitviiçaõ re-
zidio em Londres com o carader de En-
viado Extraordinário atè o anno de 171 5.
onde concorreo com as fuás máximas pa-
ra a conclufaõ da Paz em que tanto fe in-
tereíTou a noíTa Monarchia. Terceira vez
o obrigou o ferviço do feu Príncipe fahir
da pátria fendo nomeado em o anno de
1725. primeiro Plenipotenciário para a con-
clufaõ dos Tratados Matrimoniaes entre os
SereniíTimos Príncipes do Brazil, e Aftu-
rias em cuja negociação moftrou que o
vigor do juizo fe naõ diminuirá com a exten-
faõ da idade. Entre os primeiros fincoenta
Académicos de que fe formou a Academia
Real da Hiftoria Portugueza foy eleyto Aca-
démico, e depois Cenfor merecendo repe-
tidos aplauzos dos feus CoUegas quando
recitava alguma das fuás compoziçoens em
que a novidade da idea competia com a ele-
gância, e difcreçaõ das palavras, e dos pen-
famentos. PraéHcou com felicidade a Poe-
fia vulgar, e naõ menos a Oratória fendo
os feus verfos eloquentes, os feus Difcurfos
elegantes. Alcançou o principado no eftilo
epiftolar excedendo em o numero, e ainda
na difcriçaõ as cartas de Plinio, e Séneca
(}
844 BIBLIOTHEC A
taõ aplaudidas pela venerável antiguidade. Conta dos feus eftttdos Académicos dada
Da Hiíloria Eccleíiaftica teve baílante inf- na Academia a i^ de Mayo de 1723. Sahio
truçaõ; o principio, c augmento das Ar- no Tom. 5. da Collec.
tes, e fciencias lhe naõ foraõ ocultos; dif- Conta dos feus ejludos Académicos dada
tinguio com judiciofa politica os interef- na Academia a ^ de Agofto de 1723. Sahio
fes dos Príncipes, e os myíleríos dos Ga- no Tom. 3. da Collec.
binetes; fallou com expedição, c efcreveo Conta dos feus eftudos Académicos em 22 àt
com pureza as linguas mais polidas da Eu- Outubro de 1723. No Tom. 3. da Collec,
ropa. Foy ornado de gentil prefença, gc- Conta dos feus eftudos no Paço a zz dt
nio fuave, eloquência natural, e fcm cx- Outubro de 1727. No Tom. 7. da Collec,
ceder os limites da modeftia fe diílinguio Lisboa por Jozé António da Sylva. 1727
no ornato da fua PeíToa. Perfuadido pe- foi.
lo numero dos annos, que naõ eílava muito E/ogio de D. Fernando Mafcarenbas Mar-
diJftante a ultima hora fe preparou para quev^ de Fronteira dos Confelbos de Eflado, e
a Eternidade com aftos fervorofos de Guerra, Mordomo mór da Rajnba Nojfa Se-
reíignaçaõ Chriílãa até que lentamente nòora, Preftdente do Dev^embargo do Paço,
confumido da infermidade efpirou a Cenfor da Academia Real da Hiftoria Por-
27 de Setembro de 1733. quando con- tugue:(a em ^ de Março de 1729. No Tom. 9.
tava 82 armos 5 mezes, e 25 dias de idade, da Collec. Lisboa pelo dito Impreflbr. 1729.
Jaz fepultado em a Igreja do Convento foi.
de Santo Eloy de Lisboa em fepultura pro- Introdução ao lugar de Cenfor da Acadt-
pria. As fuás acçoens politicas, e catho- mia Real. No Tom. 9. da ColleçaÕ.
liças reduzio a hum elegante Panegyrico Conta dos feus eftudos Académicos o
recitado na Academia Real Gonçalo Ma- 6 de Dezembro de 1729. No Tom. 9
noel Galvaõ de Lacerda Confelheiío do da Collec.
Ultramar, e CoUega da mefma Academia Conta dos feus eftudos no Paço a 7
onde primorofamente dibuxou a imagem de Setembro de 1730. No Tom. 10. da
deíle infigne Varaõ. Collec. Lisboa pelo dito ImpreíTor. 173c
foi.
Cathalogo das fuás obras Académicas. Difcurfo fendo DireSfor na Conferemia
Parecer fobre a propofta, que o Acade- de 1^ de Fevereiro de 1730. No Tom. ic
mico o Padre Doutor Fr. Bernardo de Caf- da Colleçaõ.
tellobranco Chronifta mór do Reyno, que tem Conta dos feus eftudos em iz de Se tem
o emprego de cfcrever as Memorias dei- bro de 1730. No Tom. 10. da ColleçaÕ.
Rey D. Pedro o I. fei(^ fobre fe efte Prin- OraçaÕ fendo Direãor recitada no Pao
cipe merecia o epitheto de cruel, ou jufti- a \G de Novembro de 1730. No Tom. ic
çofo. Sahio no Tom. 2. da Collec. dos da ColleçaÕ.
Docum. da Academia Real. Lisboa por Declaração fendo Direãor da Academi
Pafchoal da Sylva ImpreíTor de S. Magef- Real da Hiftoria Portugtter^^a na C '
tade. 1722. foi. rencia de % de Fevereiro de 1731. de ^
Conta dos feus eftudos Académicos dada tar eleito Académico com aprovação de S.
no Paço a zz de Outubro de 1722. Sahio no Mageftade o Conde do Vimiofo. No T
Tom. 2. da ColleçaÕ dos Documentos. 11. da ColleçaÕ. Lisboa pelo dito Impr-:
Elogio de D. Fernando de Noronha Con- for. 1731. foi.
de de Monfanto do Confelbo de S. Mageftade, Conta dos feus efttiãos em 17 de /v-
e Académico real da Hiftoria Portuguet(a reci- vereiro de 1731. No Tom. 11. da CoHc-
tado na Academia a z^ de Dev^embro de 1722. çaõ.
Sahio no Tom. 5. da Collec. dos Docum. Difcurfo fobre o defcubrimento do mar In-
da Academia Real. Lisboa pelo dito Im- dico por EJRey D. Manoel em z de Agf>fto dt
prcíTor. 1723. 1731- No Tom. 11. da Collec.
L USITAN A
845
OraçaÕ fendo Diretor da Academia Keal
da Hijioria Portuguet^a na uitima Conferencia,
que fe fe^i em 10 de Det(emhro de 173 1. No
Tom. II. da Collec.
Dijcurfo na Conferencia de ^i de Janeiro
de 1112.. em que congratula aos Académicos
de o elegerem novamente Cenfor da Academia.
No Tom. II. da CollcçaÕ.
Difcurfo acerca de quem be mais útil a
hum Keyno, fe o luivraãor, fe o Soldado?
Recitado a z de Aíayo de ij^z. No Tom. 11.
da Col/eçaÕ.
OraçaÕ recitada no Paço a z^ de Outu-
bro de 1732. em que celebrou os annos del-
Rey Nojfo Senhor. No Tom. 11. da Col-
leçaõ.
Auto da vida de Adaõ Pay do Género
Humano Primeiro Monarcha do Univerfo.
Lisboa por Jozé António da Sylva 1727. 8.
Sahio com o fupoílo nome de Fdix Jozé
da Soledade.
Obras M. S.
Cartas das Negociaçoens do tempo que re-
Jidio em a Corte de França fendo Enviado Ex-
traordinário foi. 2. Tom.
Memorias Annedoãas da Corte de França,
que contem vários ca^ts, e duvidas, que houve
naquella Corte.
Cartas, e Negociaçoens no tempo, que re-
fidio em Inglaterra fendo Enviado na mefma
Corte. foi. 2. Tom. O primeiro he para a
Secretaria de Eflado O fegundo para os noffos
Plenipotenciários em Utrech o Conde de Tarouca,
e D. Luiz ^ Cunha.
Cartas, e Negociaçoens do tempo que refi-
dio na Corte de Madrid com o Caraãer de Ple-
nipotenciário, foi.
Todos eftes M. S. conferva com a me-
recida eíUmaçaõ em feu poder o UluftriíTimo
Bartholameo da Cunha Brochado Prelado
da Santa Igreja Patriarchal de Lisboa So-
brinho do Authof.
lOZÉ CUSTODIO DA COSTA natu-
ral de Viana do Minho, e Cirurgião aprovado.
Para iníbuçaõ dos profeflores da Arte Chi-
rurgica publicou.
Epilogo de varias Obfervaçoens atireas.
Lisboa por António Pcdrozo Galraõ.
1731. 8.
D. Fr. lOZÉ DELGARTE natural
de Coimbra filho do Doutor loaõ Del-
garte da Cofta, e D. Anna Moreira. Na
idade juvenil profeflbu o íagrado infli-
tuto da illuíbre Ordem da SantiíTima Trin-
dade em o Convento de Santarém a 19 de
Agofto de 1681. onde inílruido nas fden-
das feveras para as quais teve admirável
comprehenfaõ, diôou Theologia Moral, e
foy Pregador Geral do numero da fua Pro-
víncia, e Reytor do Collegio de Coimbra.
Por muitos annos exercitou o minifterio
de Orador Evangélico com grande fruto
dos ouvintes fendo os feus difcurfos deri-
gidos à reforma dos cuíhimes, e naõ lizon-
ja dos ouvidos. Mereceo pela fua exem-
plar vida as eíUmaçoens dos Reys D.
Pedro II. e D. Joaõ o V. que o nomeou
a 29 de Fevereiro de 171 6. Bifpo do
Maranhão em cuja dignidade foy fagrado
a 27 de Dezembro do dito anno pelo II-
luítriflimo Arcebifpo de Laodicea Vi-
cente Bichi Núncio Apoílolico neíle Rey-
no, e agora Cardial da Igreja Romana-
No anno de 171 7. deu a entrada publica
na fua Diocefe a qual vizitou com gran-
de zelo caminhando mais de mil, e quinhen-
tas legoas, e conferindo o Sacramento da
Confirmação a quatro mil PeíToas. Falle-
ceo com fumma piedade em o feu Bifpa-
do a 14 de Dezembro de 1724. Jaz fepul-
tado na Sancriftia do Convento de Noíla
Senhora das Mercês da Gdade de S. Luiz
do Maranhão. Delle faz memoria Maran-
goni Thefaur. Parocb. Tom. 2. pag. 88.
Compoz.
Sermaõ na ocafiaõ, que fe queimou o Con-
vento da Trindade de Usboa pregado na
Igreja do mejmo Convento a ^o de Setembro
de 1708. Coimbra por Bento Seco Fer-
leira. 1709. 4.
Sermaõ pregado ao recolher da Procijfaõ
na Tresladaçaõ da Mila^oja Imagem do Santo
Chrijlo de Santa Jujla para a Igreja de S.
Tiago por caufa da ^ande chea com que o
rio Mondego allagou a Igreja, em que ejlava
collocada a dita Imagem. Coimbra. por
António Simoens ImpreíTor da Univerfidade.
1709. 4.
846
BIB no THE CA
SermaÕ pregado no Triduo, que na Ca-
thedral da Corte de 'Lisboa celebrou o II-
lufirijfimo, e Keverendijfimo Cabbido Sè Va-
cante a d de Mayo na ocajiaô, que na Villa
de Setuval Juceàeo hum roubo Sacrílego anno
1715. Lisboa por António Pedrozo Galraõ.
1715. 4.
Novena conjiderada em alguns prodígios
da milaff'o:(a vida de Santo Onofre. Lisboa
por António Pedrozo Galraõ. 171 5. 12.
e Coimbra no Collegio das Artes. 1727. 12.
Sermoens vários 3. Tom. foi. M. S. Eíla-
vaõ promptos para a impreflaõ, que naõ
teve efFeito por fe auzentar o Author para
o feu Bifpado.
Fr. lOZÉ DO EGYPTO natural de
Lisboa, e religiofo profeíTo da Seráfica
Província de Portugal onde ocupou com
louvável opinião do feu talento os lugares
de Prefidente do Real Convento de S. Fran-
cifco de Lisboa, de Guardião do Convento
do Efpirito Santo da Villa de Gouvea, e
de CorniíTario da Ordem Terceira do Con-
vento de S. Francifco da Ponte de Coim-
bra a cujo ardente zelo fe deve o feu aug-
mento. Foy fuficientemente inílruido na
liçaõ da Sagrada Efcritura, e Santos Pa-
dres, e muito verfado em as noticias da
fua penitente Ordem. Falleceo no anno
de 1722. Publicou.
Ramalhete ferafico compojlo de varias flo-
res efpirituaes para falvaçaõ, e aproveitamento
dos Irmãos Terceiros Seculares da Venerável
Ordem Terceira da Penitencia. Coimbra por
Bento Seco Ferreira. 171 6. 8.
Infante Peregrino, Efcravo Príncipe fi-
lho de Jacob em eflilo politico, moral, e
Hiflorico. Lisboa na Oííicina da Mufica.
1721. 4.
Thefouro efpirítual ferafico, guia de Ca-
tholicos para o Rejno da Bemaventurança
pelo caminho da ferafica. Santa, e Sacada
Ordem Terceira da Penitencia infiituida por
S. Francifco. &c. Primeira Parte. Lisboa
por Mathias Pereira da Sylva, e Joaõ Antu-
nes Pedrozo. 1721. 4.
Traduzio do Caílelhano cm Portu-
guez.
Relógio da alma, e defpertador da vida h
mana em que fe contem vários exercidos utc
e proveitofos â falvaçaõ de hum pecador &
Lisboa por Pafchoal da Sylva. 1723. 8.
Fios Sanãorum da Venerável Ordt
Terceira da Penitencia de Nojfo Padre
Francifco. 4. M. S.
InflruçaÕ efpirítual ferafica para os filL
da Venerável Ordem Terceira da Peniter.i
de S. Francifco em que trata do amor de Der
e do próximo. 4. M. S.
Eílas duas obras eílavaõ promptas pa-
ra a impreflaõ, c as conferva em feu po-
der o Padre Meftre Fr. António Caetai
de S. Boaventura de quem já fizemos me
çaõ em feu lugar, e perecerão no fatal in
cendio, que confumio o Convento de Lb-
boa na madrugada de 30 de Novembro de
1741.
Fr. lOZÉ DO ESPIRITO SANT(
Naceo em a augufta Cidade de Braga a :
de Dezembro de 1609. para credito de feu
honrados Progenitores Paulo Barrofo, e Oh
therina Francifca, e para ornato da aufte-
Familia do Carmo Defcalfo cujo habi;
veílio no folemniflimo dia do Pentecoft.
30 de Mayo de 1632. quando contava vime,
e três annos de idade. Aplicoufe com di^
velo aos eíhidos Efcholafticos porem co
mayor fervor aos exercícios religiofos fc
vindo de venerado exemplar aos feus di
meílicos. Por fer eminente nos myílerio.
da Theologia Myílica alcançou o dom <k'
difcriçaõ dos efpiritos, que regulados pe!
feu diâame chegarão ao cume da perfei-
ção Evangélica. Inimigo da ambição, e
amante do retiro aborrccco os lugares ho-
noríficos aceitando obrigado da obediên-
cia os Priorados dos Conventos da Bahia.
e de Cafcaes. Fundou na fua Pátria o Coi
vento de Nofla Senhora do Carmo em qi
lançou a primeira pedra a 21 de Novembíw
de 1654. onde depois de fer Vigário foy o
feu primeiro Prior. À fua incanfavel dei
gencia fe deve a Fundação do Con\cr;
da Cidade da Bahia. Ocupou grande ti
da vida cm o miniílcrio de Orador Evangc
lico do qual colheo igual aplauzo ao fruto,
reduzindo muitos coraçoens obftinados «o
LUSITANA. 847
caminho da penitencia. Cumulado mais Sermão Fúnebre nas exéquias da Du-
de merecimentos, que cheyo de annos quet^a de Caminha Condejfa de UnhaÕ D.
falleceo piamente em a Corte de Ma- Joanna Juliana Maria Alaxima no Cõvento
drid a 27 de Janeiro de 1674. O feu Re- de Santarém Carmelitano de que he Fun-
trato com confentimento dos Reiigiofos dadora. Coimbra por Manoel Dias. 1653. 4.
Carmelitas Deícalfos fe collocou no Con- Oração Fúnebre nas exéquias do Senhor
vento onde morrera com a feguinte inf- D. JoaÕ filho dos Duques de Aveyro D. Jorge,
capçaõ, que brevemente declara as fuás e D. Anna Maria <&€. Lisboa por Henrique
virtudes. Ven. Pater Fr. Jo^ephus ab Spi- Valente de Oliveira. 1659. 4.
ritu Sanão quo plenus, honorum temporalium Três Sermoens i. da Santijftma Trin-
?xtitit /pretor; bonorum calejlium amator: dade pregado no Convento da Santa Anna
'n fcientiis doãijfimus, virtutibus perfeãijfi- de Coimbra 2. da Conceição da Senhora pre-
mus; fine dolo in vi ta: propriis amabilis, gado na Capella Keal anno de 1657. 3. de
ilienis defiderabilis ; cunãis Jolamen; & in Santa There:(a pregado no feu Convento de
Kegulari obfervantia Excalceatorum verus Car- Carmelitas Defcalfos de Lisboa. Lisboa pelo
mlita. Brachara cum nobilitate ortus felici- dito Impreflbr. 1659. 4-
Vr obiit in Carpentania die z-j Januarii an- Três Sermoens. i. do Nacimento de Chrifto.
10 Domini. 1674. atatis fua 65. Fr. Jozé 2. da AJfumpçaÕ da Senhora. 3. da Degol-
ic Santa Thereza Parte 4. da Chron. de los laçaõ de S. JoaÕ Baptifia. Lisboa pelo dito
Carm. De/c. liv. 18. cap. 40. n. 39. Fji Impreflbr. 1664. 4.
Cathedra, y púlpito de los majores, que ha tenido Três Sermoens. i . no Auto da Fé cele-
Portugal, y no menos virtuojo pues ofreciendo le brado em Évora a 11 de Mayo de 1664.
H Príncipe un Obif pado nó fue poftble admitillo. 2. de NoJJa Senhora do Carmo pregado no
i^r. Martial. à D. loan. Baptiíl. Bib. Script. Mofieiro do Salvador de Évora ejiando ali a
Zarm. Excalc. pag. 268. Verbi Divini prceco Imagem da Senhora por lhe haver defiruido
'xcellentijfimus. Compoz. os Cafielhanos o feu Convento anno de 1663.
Cadena myftica Carme litana de los Au- 3. da Vitoria do Canal com o Sacramento
■hores Carmelitanos Defcalfos por quien fe expofio, e RefiauraçaÕ de Évora, acçaõ de
)á renovado en nuefiro figlo la doãrina de la graças na Sé de Ej^ora. Lisboa pelo dito Im-
Theologia Mjfiica de que há fido difcipulo preflbr. 1664. 4.
in primero S. Dyonifio Areopagita Obifpo, Três Sermoens. i. do Menino lESU
' Martjr adornada con la doãrina dei Doãor no feu Nacimento pregado em Madrid no
Angélico, que fe el no hà fido Carmelita en Convento das Defcalfas Carmelitas anno
'a profejfion, y habito religiofo fon los Def- 1671. 2. da Exaltação da Crui^ em o mef~
alfos en los Theologicos muy profejjos fuyos, mo Convento. 3. do Anjo Cujlodio em o
ormada en methodo de las Colaciones efpi- mefmo Convento. Lisboa por Domingos Car-
ituales dei Carmelo Erímitico. Madrid neiro. 1673. 4-
)or António Gonzalves de Reys. 1678. Sermão na CanonÍ!(açaÕ de Santa Maria
ol- Magdalena de Pa^:(is pregado no Convento
No Prologo defte livro faz mençaõ de dos Remédios de Carmelitas Defcalfos. Lis-
mblicar outro intitulado. boa por António Rodrigues de Aureu.
Algunas Colaciones efpirituales en la for- 1672. foi. Sahio a p. 91. da Parte 2. do
nãy que fe publican en los Defiertos de fu Forafieiro Admirado,
^ligion. Theologia Myftica. foi. Efta obra ef-
Promete outro com o titulo. crita na lingua Latina remeteo ao Padre
Queftiones Myfticas, que intentava acre- Fr. Paulo de todos os Santos Carmelita
,entar no fim da Cadena Myftica como Defcalfo aíTiílente em Alemanha para que
fcreve na Propofiçaõ 32. Repoft. 4. Duas a imprimifle como efcreve Fr. Jozè de
leftas Queíloens fahiraõ no fim da Cadena Santa Thereza Chron. de los Carm. Defcalf
Myftica. Part. 4. liv. 18. cap. 40. n. 59.
848
BIBLIO THE C A
Poesias varias 4. M. S. Q)iifervafe
cíle volume com outras obras, que com-
poz quando era fecular cm poder de fcu
parente Miguel Carvalho da Sylva mora-
dor na Cidade de Braga.
lOZÉ DE FARIA Cavalleiro profeflb
da Ordem de Chriílo Fidalgo da Caza Real
naceo em Lisboa onde aprendidos os pri-
meiros rudimentos deu claros argumentos
da viveza do engenho de que liberal o or-
nara a natureza. Na Univerfidade de Coim-
bra aplicado ao eftudo da Jurifprudencia
Cefarea pareceo fer Meftre quando era dif-
cipulo merecendo pela fua litteratura, e
deíintereíTe ocupar os lugares de Dezem-
bargador da Caza da Suplicação, Confelheiro
do Confelho Ultramarino, e do Confelho
da Fazenda. Pelas prudentes máximas do
fcu juízo foy eleito Enviado Extraordi-
nário a Inglaterra, donde paíTou com o
mefmo Carafter a Madrid, e refidindo mui-
to annos em hunu, e outra Corte dezem-
penhou as obrigaçoens do feu miniílerio.
Nomeado para que o cxercitaíTe na Cor-
te de Roma fe naõ cfFeituou efta nomeação
por fci eleito por ElRcy D. Pedro II. feu
Secretario da AlTinatura, e foy depois de
Eílado por morte de Mendo de Foyos Pereira.
A vafta noticia, que teve da Hiftoria Eccle-
Caftica, e fecular lhe adquirio os lugares
de Chroniíla mór do Reyno, e Guarda mór
da Torre do Tombo em que foy pro-
vido no anno de 1695. Mereceo o prin-
cipado entre os Genealógicos por fer emi-
nente neíla principal parte da Hiftoria para
a qual além da profunda vaftidaõ do fcu
eftudo concorria a felicidade da memoria
com que repetia fielmente os Chefes, e
íamos das Famílias defte Reyno, como
também de Efpanha, França, e Alemanha.
Juntou com igual difpendio, que eleição
huma numerofa Livraria em as Cortes on-
de fora Miniftro da qual comprou grande
parte o ExccUentinimo Conde da Ericeira
D. Francifco Xavier de Menezes com que
augmentou mais na qualidade, que em o
numero a fua admirável Bibliothcca. Fal-
Iccco em idade provcâa cm Lisboa a
15 de Setembro de 1705. laz fepultado
em o Convento do Carmo. Celebraõ a fua
memoria Manoel de Souza Moreira Tbeaír.
Gen. de la gran Cai(a de Sotc^ei. pag. 483.
Genealogifia primero entre los mayores de
Efpaiia, y uno de los más conjummados Jh-
getos, que en todo género de humana erudicion
qy reconoce la Europa. Franckcnau /
Hífp. Gen. Herald, pag. 248. Vir ut a;*.,
eis in artibus, fie et in fiudiis Hiftorico im-
primis Genealogicoque verfatijftmus. Grei
rio Lcti. Cerem. Polit. Trat. 6. liv. u
p. 605. Souza Apparat. á Hifi. Gen. /ir
Ca^. Real Portug. pag. 142. §. 167. i
muito erudito com grande vafiidaÕ na i.
toria, muy aplicado á Genealogjia em ^.
trabalhou com génio, e em que foy eminmtt.
Compoz.
Nobiliário das Familias Portugue!(as 6. Tc
foi. M. S. Por morte do Author poíTu
efta obra o IlluftriíTimo Bifpo do Algarve
D. António Pereira da Sylva curiofo dai
Genealogia.
Defcendencia da Serenijfima Ca^a de L
gança de/de o Duque D. Affonfo hiftoria
em que Je comprehendem três mil dus^ntos, e j.
tenta, e outo defcendentes. foi. M. S. O ori
ginal confervava Belchior de Andr..
Leytaõ Fidalgo da Caza de S. Mageftaac
e Efcrivaõ dos Filhamentos de quem ff
fez memoria em fcu lugar. Huma Co
eftá na Livraria do Excellentiífimo M
quez do Louriçal e outra conferva o Pai
D. António Caetano de Souza como
creve no lugar aíTima allegado aíHrmaoòt
fer obra de trabalho em que fe vé a fua grande S('
e conhecimento da Hiftoria Genealógica de todo
Europa. O mefmo Padre poíTuc algwl
Titulos de Familias efcritos da própria maõ '
Author de quem faz repetida memoria
Hift. Gen. da Ca^- Real Portug. Tom. 2. p
47. c Tom. 7. pag. 720.
lOZÉ DE FARIA ARRAES na
ral da Villa de Setúbal, e bautizado
Parochia de Santa Maria da Graça
24 de Novembro de 1672. fendo filh
de Luiz Sucyro Salvado, c Maria d
Faria. Foy infignc profcflbr de Mafic
como da Poética produzindo cm hum;
e outra Arte fazonados frutos cm anr
L USl TANA.
849
verdes. Falleceo na fua pátria a 11 de Ja-
neiro de 1734. Jaz fepultado na Igreja
onde foy regenerado pelo bautifmo. Ef-
creveo.
Ao Soberano Monarca, e inviãijfimo Key
D. loaõ o V. Nojfo Senhor em aplaujivel
obfeqmo da fua real magnijicencia, e porten-
to/a obra de Mafra, e da fagra^aõ do feu
celefiial, e régio Templo única maravilha do
mundo, e Jingular portento do Orbe. M. S.
foi. He compoílo em Outava rima.
El Vafior de las Brottas. G^media.
Bien fucede aquien bien vive. Q)media.
Sete Loas com Jeus Bayles em obfeqmo da
Senhora das Brottas. 4. M. S.
Eílas obras fe confervaõ em poder de
feus herdeiros.
lOZÉ DE FARIA CAZADO Frey-
re da Ordem militar de Chriílo filho de
ODfme de Faria, e Catherina Alvares
Cazada naceo na Villa de Freixo de efpa-
da acinta íituada na Provinda Tranfmon-
tana a 22 de Agoílo de 1699. Aprendeo
com tanta aplicação Gramática, e fahio
nella taõ eminente, que naõ contando mais,
que treze annos teve carta paíTada pelo
UluílriíTimo Arcebifpo Primaz Ruy de Moura
Telles, de Meftre aprovado para a poder
eníinar. Eíhidadas as Faculdades da Fi-
lofofia, e Theologia em a Congregação
do Oratório da fua Pátria paíTou à Uni-
verfidade de Coimbra a cultivar o eíhido
da Jurifprudencia Canónica, e recebendo
o gráo de Bacharel exercitou o Offido
de Advogado em a Qdade de Miranda,
e na Corte de Lisboa onde fendo pro-
vido em hum Benefido da Ordem militar
de Chriílo fe ordenou de Presbítero, e no
anno de 1738. obteve o Priorado da Col-
legiada de Saõ Mamede da Villa de Moga-
douro onde prezentemente aífiíle com zelo
de vigilante Paftor. Compoz.
AllegaçaÕ Jttridica fobre o poderem-fe
remover os Vigários ad nutum vulgo confir-
mados por acçaÕ de força nova em a Cau^a,
que corre por apellaçaõ em a Relação do
Porto entre Partes o Prior da Colleffada de
S. Mamede da Villa de Mogadouro. Salamanca
54
por la viuda de Gregório Ortiz. foi. fem
anno da ImpreíTaõ.
TotiUs legitima Scientia prima elementa fe-
cundam Ordinem Academicum Forenfem, Fo-
rumque intemum expojita. foi. M. S.
lOZÉ DE FARIA MANOEL Na-
ceo em Lisboa onde inftruido em as letras
amenas paíTou a eíhidar as feveras em a
Univerfidade de Évora, que lhe confe-
rio o gráo de Doutor na Faculdade da
Theologia. Reítítuido à pátria foy Ca-
pellaõ, e ConfeíTor da Capella Real dos Se-
reniflimos Monarchas D. Affonfo VI. e D.
Pedro 11. Poetizou com deganda, e orou
com eloquenda por cujos dotes mereceo
fer alumno das celebres Academias dos
Generofos, e Singulares onde conciliou as aten-
çoens, e aplauzos dos feus mais famofos
Collegas. No exerddo da Oratória Ec-
defiaftica naõ adquirio menor fama pre-
gando com fubtileza, e profundidade em
os mais authorizados púlpitos da Corte.
Falleceo em Lisboa a 15 de Novembro
de 1689. Jaz fepultado no Carneiro da
Congregação da Doutrina em a Caza pro-
feíTa de S. Roque. Publicou.
Sermão do Triumfo da Cru^ na Dominga
de Ramos ã tarde pregado na Igreja de San-
tos o Velho. Lisboa por loaõ da Coíla.
1671. 4. e Coimbra por Joaõ Antunes.
1692. 4.
Sermão no Oficio dos Defuntos da Ir-
mandade dos Clérigos ricos da Caridade na
Igreja da Magdalena. Lisboa pdo dito
ImpreíTor. 1671. 4. e Coimbra por loaõ Antu-
nes. 1692. 4.
Sermão da Sexta Feira do Paralítico. Lis-
boa por loaõ da Coíla. 1672. 4.
Officio particular da V. e M. Santa Bar-
bara fua vida, e milagres. Lisboa por Do-
mingos Carneiro. 1683. 12. & ibi por Miguel
Deslandes. 1701. 8. nas Flor. de Devoção
de Ignado Lopes de Moura.
O Thefouro do Ceo defcuberto no Cam-
po huma breve, e devotijfima OraçaÕ para
buma alma fe por bem com Deos, e adque-
rir grandes merecimentos a pouco cuflo;
acertar em tudo o que pedir a Deos, e fa-
85o
BIBLIO THE CA
tisfa^^er com hum modo fácil com as ohri-
gaçoens principaes, que tem. Lisboa por
Domingos Carneiro. 1680. 8. He tradu-
ção de Caílelhano do Padre Bernardino de
Vilhegas Jefuita.
Efpelho da alma tradu:(ido de Latim do
V. Luiz ^lojfto, e acrecentado com varias
devoçoens efpirituaes. Lisboa por António
Crasbccck de Mello. 1678. 8.
Philothea Portuguesa, ou Caminho Real
da Cruz- Lisboa por Domingos Car-
neiro. 1682. 8. He tradução de Caílelha-
no do V. D. loaõ de Palafox.
Injlruçaõ para examinar a conciencia antes
da confiffaõ Geral, ou particular. He tradu-
ção de Caílelhano do Padre Francifco do
Soto Jefuita.
Avisos contra os enganos da vida, e mo-
tivos da Contrição para nova vida da alma.
Lisboa por Domingos Carneiro. 1685. 4.
Saõ diverfos Romances.
Modo de Orar no Laufperene das Qua-
renta Horas concedido a Lisboa por Inno-
cencio XI. Lisboa pelo dito ImpreíTor.
1682. 12.
Fejlas Reaes na Corte de Lisboa ao feliz
cazamento dos Reys de GraÕ Bretanha Carlos,
e Catherina com os Touros, que fe correrão no
Terreiro do Paço em Outubro de 1661. Lis-
boa por Domingos Carneiro. 1661. 4. Coníla
de três Sylvas muito largas em que fe relata
os três dias da Feíla dos Touros, fem o nome
do Author.
Terjicore Mufa Académica, diverfos ajfump-
tos na Aula dos Académicos de Lisboa Lisboa
por loaõ da Coíla. 1666. 12.
Solliloquios ao Santijftmo Sacramento. Lisboa
por Domingos Carneiro. 1662. 12. Sahio no
livro do Rofario de Fr. Francifco Falconi
Dominico.
Soneto, Romance, e 4 Decimas. Nos Avizos
para la muerte. Lisboa por Domingos Car-
neiro. 1659. 24.
Três Sonetos Portuguezes, e huma Decima á mor-
te do Marquez de Távora Luiz -alvares de Távora.
Sahio no Comp. Paneg. da Vid. dejle Fidalgo. Lis-
boa por António Rodriguez de Aureu. 1674. 4.
OraçaÔ recitada a i^ de Janeiro de 1664.
na Academia dos Singulares. Sahio na
I. Parte deíhi Academia com dous Sone-
tos a diverfos aíTumptos do mefmo Au-
thor. Lisboa por Henrique Valente de Oli-
veira. 1665. 4.
lOZÉ FERREYRA natural da Gdade
do Porto, e fuficientemente inílruido cm
noticias hiíloricas principalmente do noíío
Reyno. Efcreveo.
Breve relação das Grandezas de Lisboa de
Bifpos, e Senhores de Titulo deJle Reyno, e fuás
Conquiflas. Lisboa por Pedro Craesbeeck.
1606. 8. Sahio no fim do Lunario compoílo
por Domingos Martins da Veyga Bracha-
renfe.
RecopilaçaÕ muy certa, e verdadeira de muitas
coufas, que fucederaÕ no mundo em diverfos tem-
pos recopilada de graves Authores. Lisboa
por Vicente Alvares 1608. 8. Sahio no
Prognoílico deíle anno de 1608. compoílo
pelo Licenciado Paulo da Motta.
Fr. lOZÉ FERREYRA natural de Lis-
boa filho de Domingos Diaz, e Maria Ferreira.
Recebeo o habito de Erimita Auguíliniano
no Real Convento de NoíTa Senhora da Graça
de Lisboa a 4 de Abril de 1673. onde exer-
citou com aceitação o miniílerio de Orador
Evangélico. Falleceo na pátria a 9 de Agoílo
de 1727. Publicou.
Sermoens vários primeira Parte. Lis-
boa por Manoel, e Jozé Lopes Ferreira.
1708. 4.
P. lOZÉ FERREYRA naceo cm a
marítima Villa de Peniche do Patriarchado
de Lisboa a 30 de Março de 1693. fendo
filho fegundo entre dez Irmãos de Jozè
Ferreira Souto, e Maria Quarefma Franca
defcendente de familia nobre. Aprendeo
os prímeiros rudimentos na patría com Pe-
dro Martins Pereira taõ perito na lingua
Latina como verfado no exercício de vir-
tudes heróicas. Paífando com fcus Pays
a Lisboa continuou o eíhido das Humani-
dades em o Collegio de Santo Antaõ on-
de atrahido do inílituto da Companhia de
lESUS fe aliílou nclla a 17 de Mayo de
1708. Acabado o curfo da Filofofia em
a Univerfidadc de Évora onde recebeo o
gráo de Meílre cm Artes diólou Humanida-
L USITAN A.
85 1
dcs em Lisboa pelo efpaço de finco an-
nos onde deu a conhecer a fuavidade da
fua MuTa em diverfos Poemas Latinos.
Da amenidade das letras humanas paíTou
a penetrar os myiierios da Theologia que
depois enfinou no Collegio de Q)imbra
havendo lido Moral no Collegio da Ri-
beira grande. Para o miniiierio do púl-
pito teve particular génio como teílemu-
nharaõ as Gdades de Lisboa, Coimbra,
Évora, e a Ilha de S. Miguel que foraõ
os Theatros das fuás Declamaçoens Evan-
gélicas. Infpirado fuperiormente com o
ardente zelo de paflar ao lapaõ para con-
duzir almas ao grémio da Igreja Catho-
lica fuplicou com repetidas inílancias ao
Padre Geral lhe concedeíTe faculdade para
executar taõ fagrada refoluçaõ; difirio al-
gum tempo o Geral à fupUca até que inf-
tado condefcendeo. Prrtio de Lisboa a
31 de May o de 1741. com finco Náos
de que era Commandante António de Sal-
danha, e havendo navegado com feliz jor-
nada naõ permitio a divina Providencia
que chegaíTe à dezejada baliza dos feus vo-
tos pois acometido de grave doença que
fe fez rebelde a todos os remédios, rece-
bidos os Sacramentos efpirou a 29 de Agofto
do dito anno no efparcel do Cabo da Boa
Efperança com geral fentimento dos feus
companheiros quando contava 48 annos de
idade, e 23 de Religião. Dos muitos Ser-
moens que pregou unicamente fe fez publico
o feguinte.
Sermão da Profijfaõ da Reverenda Madre
Franàfca Quitéria de lESUS, a qual tendo
vivido alguns annos em ejlado de pupilla no
Convento da Efperança da Cidade de Pon-
tedelgada na Ilha de S. Aíiguel paffou para
o de S. loaÕ Evangelifta da mejma Cidade.
Lisboa por Pedro Ferreira. 1728. 4.
Entre as Obras Latinas que compoz em
j Vetfo, e proza fe diftinguiraõ.
Oratio Sapientia habita in Collegio Ulyf-
Jyponenji Magni Antonii cum effet primarius
litterarum huf/janiorum magifier. 4. M. S.
Vota D. Pauli Juxta illud. Cupio dif-
i folui Ad Philip. I. em Verfo elegíaco.
Começa.
Qualis in umhrojo nemorii Philomela receffa
Aut canit, aut virides lata pererrat agros.
Ubera nunc campis, ripis modo gavdet, et illi
Affurgunt placidi flabra canora Noii
Bellum Tartareum. He huma defcrip-
çaõ que comprehende 500 Verfos herói-
cos da confpiraçaõ do inferno contra Santo
Antaõ.
Começa.
Infernas acies, Erebi que eduãa caminis
Audaãer vos monfira Jequar, médium ire per
iffiem
Per que tuos Cocyte luuus, atque ofiia
Ditis
Irruere, <& cacos Baratbri penetrar e receffus
Pierius mentem calor imperat &c.
Depois do preludio começa a narração da
batalha.
Viderat obfcuris Síygiis moderator ah um-
hris
Thebaidas inter late clarefcere fylvas
Kuricolam, qui /ponte damos, patriofque Pe-
nates
Abjiciens, nemus ignotum, ac fpelaa ferarum
Inço ler e ejl aufus: totum bine ad pralia
vulgus.
Tanarii occlufum adytis, Ó^ quidqiHH Avemi
Igne calety Juperis que infeftum provocai
Orcum &c.
lOZÉ FERREYRA natural da Vil-
la da Batalha do Patriarchado de Lisboa
filho de lozé Fernandes, e Margarida
Ferreira, Aprendeo a arte da Cirurgia em
o Hofpital Real de todos os Santos def-
ta Corte onde teve por meílre ao Licen-
ciado loaõ de Souza infigne neíla Facul-
dade da qual penetrou os fegredos com
tanta comprehenfaõ que contando vinte,
e nove annos de idade publicou.
Cirurgia Stachliana medico-T armaceuti-
ca, e Chirurffco-Manual. Primeiro Tomo. Lis-
boa na Oíficina da Congregação do Ora-
tório 1740. 4.
Tratado das Chagas efcrito no anno de
1720. quando era Praticante. M. S.
Ramilbete de Minerva. 4. M. S. Conlla
de varias matérias Chirurgicas.
852
BIBLIO THE CA
lOZE' FERREYRA DE MATTOS na-
tural de Lisboa, e Thefourfiiro mór da
Cathedral da Bahia de todos os Santos.
Para que naõ caducafle na poftcridade a
pompa com que os fieis VaíTalos da
America Portugueza celebrarão os mútuos
defpo2orios dos Príncipes do Brazil, e
Aftunas, efcreveo.
Diário Hijiorico das celebridades, que na Cidade
da Bahia fe fin^eraÕ em acçaÔ de graças pelos felicif-
Jimos Calçamentos dos Serenijftmos Senhores Prín-
cipes de Portugal, e Cajlella. Lisboa por Manoel
Fernandes da Coíb. 1729. 4.
lOZE' FERREYRA DE MOURA fi-
lho de Manoel Ferreira, e Iria Simoa
naceo no lugar de PralTeiros termo da
Villa de Torres Novas do Patriarchado
de Lisboa a 10 de Fevereiro de 1671.
Aprendeo a Arte de Cirurgia com An-
tónio de Figueiredo celebre Cirurgião do
Hofpital Real de todos os Santos defta
Corte fahindo taõ dextramente verfado
nas fuás operaçoens, que as exercitou
com grande opinião do feu nome naõ
fomente em Lisboa, e Cidade de S.
Sebaítiaõ do Rio de Janeiro mas nos
exércitos defta Coroa, que do Alentejo
atraveíTaraõ o Principado de Catalunha
nos annos de 1706. e 1709. Efcreveo.
Syntagma Chirurgico Theorico-praãico de JoaÕ
V^igo traduv^do do Latim em Portugue:^ e acre-
centado com hum Tratado de ferídas, e hum Ca-
thalogo de remédios para muitas, e varias infermi-
dades do corpo humano. Primeira Parte. Lis-
boa na Oííicina Deslandefiana. 1713. foi.
lOZE* DE S. FRANQSCO CASTEL-
LOBRANCO GALVAM natural de Us-
boa filho de Francifco Galvaõ Efcrivaõ
da Camera de S. Magcftade da reparti-
ção da Juftiça, e de D. Mariana Igna-
cia de Caftellobranco. Recebeo o habito
de Cónego Regular de Santo Agoftinho
cm o Real Convento de S. Vicente
de fora a 4 de Abril de 1712. onde
depois de profeíTo, e inftruido nas fcien-
cias Efcholafticas fahio fcr Parocho das
Igrejas de Fontello, e S. Martinho de
Ranhados, e ultimamente da Abbadia de
Sevadim entre cujas ovelhas falleceo a
20 de Novembro de 1732. Compoz.
OraçaÕ Fúnebre nas exéquias do Excel-
lentijjimo D. Nuno Alvares Pereira de Mel-
lo Duque do Cadaval, Marquev^ de Ferreira
Conde de Tentúgal dita na Igreja de S.
Martinho de Ranhados. Coimbra por Ma-
noel Carvalho. 1727. 4.
lOZE* FRANCISCO FREYRE DE SA*
filho de Domingos Ferreira natural de
Lisboa, e Cirugiaõ mór do Hofpital
Real do Caftello defta Cidade, c Meftre da
mefma Arte em o Hofpital de todos os San-
tos. Para inftruçaõ dos feus profeíTores com-
poz, e imprimio.
Epitome Cirúrgico medicinal Prímeira Parte.
Lisboa na Officina Ferreiriana. 1723. foi.
lOZE' FRANCO SERRAM filho de
Pays Portuguezes ainda, que nacido na
Qdade de Amfterdaõ onde era Meftre
da lingua Santa em que foy infignc.
Falleceo em idade muito florente na fua
pátria. Efcreveo.
Loj- Jinco libros de la Sacra Ley interpretados
en lengua efpaiiola. Amfterdam por Miguel
Dias ano de la Creacion 5455. que he de Chrifto
Senhor NoíTo. 1695. 4. Do Author como
da obra que he tradução do Pentateucho
faz memoria Jacob le Long. Bib. Sacr. pag.
mihi 368. col. I.
lOZE* FREYRE DE ANDRADE natu-
ral de Lisboa Clérigo de Ordens menores taõ
pio como douto publicou.
Tratado do Santijfimo Sacramento do Al-
tar com hum exercido para antes, e depois
da Sagrada Comunhão, e modo de examinar
a conciencia para os que fe confejfaõ amiú-
do; aão de ContríçaÕ, e Oraçoens Jaculató-
rias para pedir o amor de Deos tirado
do livro de exercidos Santos de D. Francif-
co Bermudes de Caftro Meftre em Sagrada
Theologia. Lisboa por Manoel da Sylv».
1632. 8. & ibi por António Alvrcs.
1652. 8.
Oj^cio particular em louvor do Príndpe
L USITAN A.
853
dos Anjos S. Miguel Arcbanjo. Lisboa por
Manoel da Sylva 1638. 24. & ibi por
António Alvres. 1652. 24. Eíte Offido,
como vimos he compofto em latim fu-
pollo tem o titulo Portuguez.
lOZE' FREYRE DE MONTARROYO
MASCARENHAS naceo em Lisboa a 22
de Março de 1670. onde foraõ feus pro-
genitores Manoel Alvres Freyre Mafcare-
nhas, e D. Urfula Maria de Montarroyo
ambos de conhecida nobreza. Na adolef-
cencia manifeftou a perfpicas compreheníaõ
do feu talento nos eíhidos da Gramática,
Filofofia, e Mathematica em que fez admi-
ráveis progreíTos. Iguais, ou mayores fez
a fua apUcaçaõ em as fciencias amenas
exercitando com elegância os Tropos da
Rhetorica, e bebendo com a fluenda as
aguas da Hipocrene. Ornado com taõ
fdentificos dotes naõ houve celebre Aca-
demia do feu tempo, que o naõ admitifle
para feu Collega fendo Secretario em a
dos Únicos, Meílre, e Expozitor do Canto
terceiro da Luíiada do divino Camoens
cm a dos Canoros, e Orador repetidas ve-
zes em a dos Generofos inítítiiida em Caza
de D. Luiz da Cimha, que fe interrompeo
por fer nomeado Miniílro à Corte de In-
glaterra. Ambidofo de teftemimhar com
os olhos do que eftava informado pelos li-
vros fahio da pátria no anno de 1693. e
difcorrendo por Hefpanha, França, Paiz
Baixo, Olanda, Alemanha parte de ItaUa,
e Hungria, como taõbem Inglaterra naõ
fomente fe fez perito nas linguas de todas
eftas Naçoens, que as traduz fielmente em
a materna, mas aprendeo as máximas da
Politica, noticias da Hiíloria Ecdeíiaílica, e
Secular, os chefes das prindpaes Farmlias
da Europa por cuja apUcaçaõ mereceo fer
venerado por hum dos mayores Genealó-
gicos deíla idade. Reílituido a Portugal af-
fiítío em todas as Campanhas defde o anno
de 1704, atè 1710. em que fe difputava a
fuceíTaõ da Monarchia de Efpanha, em
que teve patente de Capitão de Cavallos
dos Regimentos que em ferviço defta Co-
roa mandou levantar a Raynha de Ingla-
terra. Deixado o tumulto de Marte pelo
odo de Apollo frequentou as Academias
fendo duas vezes Preíidente em a dos
Anonymos, e Secretario, Cenfor, e Meftre
da Ortografia Portugueza em a dos Apli-
cados. Para inftruir com noticias politi-
cas, e militares da Europa, e outras
partes do mundo aos feus naturaes foy
o primeiro que introduzio em Portugal
as Gazetas ptindpiadas no anno de 171 5.
e profeguidas atè o anno prezente imi-
tando neíla laboriofa empreza ao erudi-
tiílimo Abbade Eufebio Renaudot hum
dos 40 Académicos da Academia Fran-
ceza que a eílabeleceo em Pariz no an-
no de 1638. Em todas as produçoens
da fua penna fe admiraõ fehfmente uni-
dos eflilo elegante, locução caíla, erudi-
ção vafldílima das quais fe tem publicado
as feguintes taõ multiplicadas em o nu-
mero como diverfas no aíTumpto.
Obras impreílas por Ordem Chronologica
Kela^aÕ de rEntrh publique de M. le
Prittce Senefcbal de Ugie Amhaffadeur Ex-
traordinaire du Roj» de Portugal à la Cour
de Vienne, e de l' Audience publique qu*il
eut de r Empereur. Sahio nas lo-
ires Hijloriques Tom. 10. a pag. 47 atè
56. Haye ches Adrian Moetiens 1696. 24.
Negociation de la Paix de ^jfwik ou
r on examine les droits, e Pretenrions du
Roy de France fur chacun des Serenijfimes
Princes Allie^; et les Droits, e Preten-
tions des Princes Allies fur le Kqy de
France. Haye 1697. 8. 2. Tom. Sahi-
raõ eftas duas obras fem o nome do
Author.
Kepofia de bum Gentilbomem Hefpanbol
retirado da Corte a bum Minifiro do Con-
feibo de EJlado de Madrid fobre a Juceffaõ
de Hefpanba por morte delKey Carlos II.
Amfterdam 1693. 12. Sahio com o nome
fupofto de António Homem Perez Fer-
reira.
Memorias das Negociaçoens da Pa^ de Re/v-
vycb. Haya por Adriaõ Moetiens 1698. 12.
Fpifiola doãijfimo, nobilijjimo, clarijjimo que
viro António Soario Farienfi Pbilojopbo, cu Medico
experientijfimo, nec non Avifienfis Senatus De-
curioni digtiffimo in applaufu libri ab eo com-
pojiti CM ejl titulus Fafdculus Medico-Pra-
«54
BIB LIO THE CA
■âicus. UlyíTipone apud Micheelem Des-
landes 1700. 4.
Aureola dos índios, e Nobiliarquia Brac-
mana. Tratado Hijlorico Genealoffco, Pane-
^yrico Politico, e Moral. Lisboa por Mi-
guel Deslandes Impreflbr delRey 1702.
foi. Supofto que efte livro foy compoílo
pelo Licenciado António loaõ de Frias,
« dedicado ao ExcellentiíTjmo Marquez
de Marialva D. Pedro Luiz de Menezes,
4 inílancia defte Cavalhero o reformou to-
talmente lozè Freyrt aíTim na Ordem,
como na frafe que era indigna de fe
dedicar a taõ grande Mecenas.
Relação da famoja Vitoria de Aude-
narde alcançada em Flandes pelas Armas
dos Aliados mandadas pelo Duque de Mal-
horough contra o exercito de França manda-
do pelo Senhor Duque de Borgonha Neto
delKej Chrijlianijftmo em 11. de Julho de
1708. Lisboa fem o nome do Author.
Relação dos progrejfos das Armas Por-
tugue^as no EJlado da índia no anno de
171 3. fendo Vicerey, e Capitão General do
mejmo EJiado Vafco Fernandes Ce^ar de
Mene!(es Lisboa na Officina Real Deslan-
defiana. 171 5. 4.
Relação dos Progrejfos ^c. Parte 2. Lisboa
na mefma Ofíicina 1 7 1 5 . 4.
Parte 3. ibi por Pafchoal da Sylva
171 6. 4. Parte. 4. ibi pelo dito Impref-
for no mefmo anno.
Relação Hijlorica da enfermidade, morte,
e enterro do Chrijlianijftmo Monarcha Lui^
XIV. Rey de França, e Navarra chama-
do o Grande com a copia do feu Tef-
tamento, e outras circunflancias dignas de me-
moria. Lisboa na Officina Real Deslan-
defiana 1715. 4.
Hijloria Annual Chronologica, e politica
do Mundo, e efpecialmente da Fjtropa onde
fe fav^ memoria dos nacimentos, defpor^orios, e
morte de todos os Emperadores, Reys, Prín-
cipes, e pejfoas conjideraveis pela fua quali-
dade, ou empregos; encontros, fitios de Pra-
ças, e Batalhas terrejlres, e navaes; vijlas,
e jornadas de Príncipes, Tratados de Alian-
ça, Tregoa, e pat^^. Parte i. Lisboa por
Pafchoal da Sylva ImpreíTor delRey 171 5.
4. Defte anno atè o prezentc de 1747.
tem o author profeguido eíla Hiíloriaque
chega a 32 Partes, e cada huma fahc
em feu anno, a qual confta das Gazetas
de Lisboa.
Os Orí^es conquijlados, ou noticia da
converjaõ dos indómitos Ori:(es Proca^es po-
vos bárbaros, e guerreiros do CertaÕ do Bra-
!(il novamente redta^idos á Santa Fé Cathc-
lica, e obediência da Coroa Portugue:(a &c.
Lisboa por António Pedrozo Galraõ. 171 6. 4,
Relação da Fejiividade, com que joy ce-
lebrada nejla Corte a noticia do nacimento
do Serenijfimo Príncipe Leopoldo Archiduqm
de Aujlría filho primogénito de juas Magejla-
des Imperiaes. Lisboa por Pafchoal da
Sylva. 171 6. 4.
Eclypje da L^ua Ottomana, ou Relaçai
individual da jamoja batalha de Peter-vara-
dim, em que as Armas Imperíaes em bene-
ficio univerjal da Chríjlandade vencerão, 9
desbaratarão as jorças do Império Ottomam,
Lisboa pelo dito Impreflbr. 1716. 4.
Relação diaría do fitio de Corjú com
a dejcripçaô dejia importante Praça, e dâ
Ilha em que ejiá fituada; operaçoens dos jt-
tiados, e dos Turcos com todos os jucejfot,
que neila ouve até ejles je recolherem deftnà-
dos á jua armada. Lisboa pelo dito Im-
preflbr. 171 6. 4.
Relação da gloríoja Vitoria alcançada do
exercito Ottomano pelas Armas Imperiais
mandadas pelo Príncipe Eugénio de Saboya
entre Salankemen, e Cariowit^ no dia ^ de
Agojto de 171 6. Lisboa pelo dito Imprcf-
for. 171 6. 4.
Prodiffojas apparíçoens, e jucejfos ejpanto-
:(ps viftos no anno de 171 6. e nos fins do
pajfado em varías partes do mundo. Lisboa
pelo dito Impreflbr. 171 6. 4.
Noticia Summaría da gloríoja Vitoria al-
cançada pelo Serenijfimo Príncipe Eugénio Fran-
cijco de Saboya lugar Tenente de jua Ma-
gejlade Cejarea no dia 16 de Agf>^ à
ifi-j. contra o jormidavel exercito dos Tur-
cos nos Campos de Belgrado. Lisboa pelo
dito Impreflbr. 1717. 4.
A Águia Imperíal remontada ao Orbe
da Lmú Ottomana, ou jucejjos da Campa
nha da Servia nefte anno de 171 7* ^^
a Relação diária do fitio da jortijffima Praça
L USITANA
855
ile Be/grado, e inSvidml noticia da glorio/a
Vitoria alcançada no dia i6 de Agofio do
me/mo anno do exercito dos Turcos pelas
Armas Imperiaes (ó'c. ibi pelo dito Im-
preíTor. 171 7. 4.
O novo Nabuco, oufonho do Sultão dos Turcos
Acbmet III. interpretado &c. ibi pelo dito Im-
preíTor. 171 7. 4.
Brados do Ceo à injenjibilidade dos ho-
mens, ou cativos formidáveis, e horrorofos fu-
cedidos em diferentes partes do mundo no
anno de 171 7. Lisboa pelo dito Impref-
for. 1718. 4.
Noticia da Tresladaçaõ dos OJfos do glo-
riofo S. JoaÕ Marcos Bifpo de Atina, Apof-
tolo de Celtiberia, Martyr da primitiva Igre-
ia, bum dos 72 Difcipulos de JESU Chrif-
to Senhor Nojfo com buma relação diária
dos milagres novamente obrados no feu fa-
^ado tumulo, e por fua intercejfaõ. Lisboa
pelo dito ImpreíTor. 171 8. 4.
Novo triumfo da KeligiaÕ Seráfica, ou
noticia fummaria do martyrio, e morte, que
padecerão em ódio da nojfa fanta Fé o
V. P. Fr. Liberato Weis com dous com-
panheiros feus religiofos da Ordem de S.
Francifco Mijftonarios, e Pregadores Apoflo-
licos no Império da Abajfia no dia ^ de
Março de 171 6. Lisboa pelo dito Impref-
for 171 8. 4.
Breve noticia da magnifica Tresladaçaõ do
Sagrado Corpo de S. Fernando Key de Caf-
tella, e reflauraçaÕ da Ínclita Cidade de Se-
vilha celebrada no dia i^ de Mayo de 1720.
Lisboa 1720. 4.
I Tresladaçaõ fole mne das gloriofas Raynhas San-
ta Tbere:(a, e Santa Sancha Infantes de Portugal
beatificadas pela Santidade de Clemente XI. com
a noticia da magnificência, e cerimonias com que
fe celebrou efe aão no real Mofteiro de L/)rvaõ.
Lisboa por Pafchoal da Sylva ImpreíTor del-
Rey 1720. 4.
O encuberto Mabometano, ou Mobardin redi-
vivo. Lisboa 1720, 4.
Noticia da Academia, ou Curfo da Filofo-
fía Experimental, feu fiftema, e apparato Técnico
Filofofico. Lisboa 1723. 4.
Noticia da dejiruiçaõ de Palermo cabeça
do Reyno de Sicilia causado pelo horrível
terremoto que padeceo na noute do primeiro
de Setembro de 1726. Lisboa por Pedro
Ferreira 1726. 4.
Kelaçaõ de hum formidável, e horrenda
monfiro Sylvefire vifto, e morto nas vizinhan-
ças de lerufalem. Lisboa 1726. 4.
Emblema vivente, ou noticia de hum por-
tentofo monfiro que da Provinda de Ana-
tólia foy mandado ao Sultão dos Turcos^
Lisboa 1727. 4.
Tejiamento em que difpo^ da fua ul-
tima vontade achandofe vi;(inho à morte Mii-
ley Ifmael Emperador de Marrocos. Lisboa
1727. 4.
Triumfo Carmelitano na Canonização de-
S. loaÕ da Cru^, ou disposição da Ordem-
da prorijfaõ folemnijfima do Mofleiro do Car-
mo de Usboa com a explicação das fuás figu-
ras. Lisboa por Miguel Rodrigues 1727, 4.
Guimaraens fefiiva, ou relação de feftefa
publico com que na nobilijftma Villa de-
Guimaraens fe aplaudirão os reaes Defpo^o-
rios do Serenijftmo Príncipe do Brasil Nof-
fo Senhor, e da Serenijfima Senhora In-
fanta D. Maria Barbara Princesa das Af-
turias. Lisboa por Pedro Ferreira 1728. 4.
Innocenria infultada, ou noticia da barbara
atrocidade com que os negros Mabometanos-
infulíaraõ o Convento da Conceição que os-
Miffionarios de S. Francifco tem na Cida-
de de Mequine-^. Lisboa pelo dito Impref-
for 1728. 4.
Publicação de hum novo pródigo do mila-
groso Santo António o ^ande Santo An-
tónio de Usboa. Lisboa por Pedro Fer-
reira 1 729. 4.
Topografia admirável, ou impreffaÕ pro-
digiofa no Coração da V . Madre V^ cró-
nica Giulani. Lisboa pelo dito ImpreíTor.
1729. 4.
Kepofia ao Padre Fr. Simaõ António-
de Santa Catherina Monge da Ordem de
S. Jerónimo pedindo-lhe a fua aprovação fo-
bre o livro que compor^ intitulado Relaçaã
métrica das folemniíTimas Feftas com que
os religiofos Carmelitas de Lisboa cele-
brarão a Canonifaçaõ de S. Joaõ da
Cruz &c. Lisboa na Patriarchal Officina
da Muíica. 1729. 4.
Crueldade fem exemplo executada em Af-
fonfo Koberto menino de três annos, e nove-
856
BIBLIO THE C A
mev^es natural da Villa de D. Gonçalo no
Keyno de Córdova em zS de De:(embro de
1731. Lisboa por Pedro Ferreira. 1731. 4.
Carta efcrita ao Padre Roberto Juftinia-
no de Macedo Cónego Secular de S. Joaõ
Evangelijla Mejlre de Theologia fobre o Ser-
mão pregado na CanonifaçaÕ de S. JoaÕ da
Cruz ^c. Lisboa na Officina Auguílinia-
na. 1731. 4.
Catajlrophe da Corte Ottomana, ou no-
ticia da depojiçaô de Achmet III. do no-
me XVII. Emperador de Confiantinopla, e
XXVI. SultaÕ dos Turcos j e exaltação do
Príncipe Mahamud filho do SultaÕ Mujla-
pba II. f medida em zz de Outubro de 1730.
Lisboa por Pedro Ferreira. 1731. 4.
Breve noticia da glorio/a Vitoria alcan-
çada no dia 17 de Outubro de 1732. pe-
jas Armas do Serenijfimo Kej Catholico D.
Filippe V. nos Campos de Ceuta contra as
Tropas delKey de Mequines que cercavaÕ a
me/ma Praça. Lisboa por Pedro Ferreira.
1732. 4.
Oran Conquijlado, ou Relação Hijlorica,
em que fe dá noticia dejla Praça, da fua
Conquijla, e da fua perda, e rejlauraçaõ co-
lhida de vários avisos. Lisboa pelo dito
ImpreíTor. 1732. 4.
Noticia do fatal terremoto fucedido no
Reyno de Nápoles em 29 de Novembro de
1732. Lisboa pelo dito ImpreíTor. 1732. 4.
Oran Conquijlado, e defendido. Relação
Hijlorica em que fe referem diariamente os
fuceffos militares, que tem havido depois da
Conquijla deJla Praça no feu território. Lis-
boa pelo dito ImpreíTor. 1733. 4.
Noticia da dejhuiçaõ da Armada Arge-
lina, que fqy a Turquia bufcar f ocorro para
Jitiar Oran por mar, e terra, ibi pelo dito
ImpreíTor. 1733. 4.
Noticia de hum cafo raro, e extraordi-
nário fucedido no anno de 1733. em Villa-
-Franca de Xira. ibi pelo dito ImpreíTor.
1753- 4.
Oração recitada no obfequio fúnebre, que
dedicou a Academia dos Aplicados á me-
moria do Reverendijfimo Padre D. Rafael
Bluteau Clérigo Regular da Divina Provi-
dencia, fendo Direãor da dita Academia em
28 de Fevereiro de 1734. Sahio no livro
intitulado Obfequio fúnebre dedicado á fau-
dofa memoria do Reverendijfimo Padre D.
Rafael Bluteau pela Academia dos Aplica-
dos. Lisboa por Jozé António da Sylva.
1734. 4.
Carta notável efcrita de Gallipoli Bà^
ro em que habitaô os Chrijlãos na Cidade
de Conjlantinopla em que fe refere hum Jo-
nho do SultaÕ Mahamud, e fua interpreta-
ção. Lisboa na Officina AuguíUniana. 1734. 4.
Epanaphora bellica em que fe referem os
gloriofos progreffos das Armas Imperiaes em
Itália por noticias mais importantes, e mab
feguras. Lisboa por António Corrêa de
Lemos. 1735. 4.
Relação de hum prodiffo fucedido em hu-
ma das Provindas do Paraguay no anno de
1735. Lisboa 1736. 4.
Appendix ao Báculo Pajloral. Relofof
de hum prodigiofo cafo fucedido tia Cidah
do Porto de Santa lalaria no anno de 1736.
Lisboa por António Corrêa de Lemos.
1736. 4.
Rujfui ofendida, e fatisfeita, ou noticie
dos gloriofos progrejfos dos RuJJianos conim
Turcos, e Tártaros. Lisboa pelo dito Im-
preíTor. 1736. 4.
ExpugnaçaÕ de Ocv^akow noticia individual,
e verdadeira do modo com que ejla Praça foj ganbaàí
pelos Rujfianos aos Turcos. Lisboa pelo dito
ImpreíTor. 1737. 4.
Noticia dos gloriofos progrejfos das Ar-
mas Rujftanas na Peninfula ae Crimia co-
mandadas pelo Feld-Marichal Lafci nos dias
■j e 10 de Julho de 1738. Lisboa pelo
dito ImpreíTor. 1738. 4.
Relação da gloriofa batalha, que as Ar
mas Rujfianas alcançarão dos Turcos na Pé-
dolia em 11 de Julho de 1738. ibi peto
dito Impreflbr. 1738. 8.
Novos progrejfos das Armas RjíJJianas
Relação da fegunda Vitoria alcançada pcl^
Feld-Marichal Conde de Munich contra es
Turcos, e Tártaros. Lisboa pelo dito Im
preíTor. 1738. 4.
Continuação dos fauflijftmos progreffos ^
Exercito Ruffiano comandado pelo Feíd-Ma
ríchal Conde de Munich nos Campos c
Podolia com a noticia da Vitoria alcançada
L USITAN A.
j na Ribeira de Molokifcbe em -^ de Agofio de ij^S.
ibi pelo dito Impreflbr. 1738. 4.
Quarta Vitoria ganhada pelo Conde de
Municb em d de Agofio de 1758. ibi pelo
dito Impreflbr. 1738. 4.
Qiánta Vitoria, que o Conde de Mu-
nicb alcançou dos Tártaros, ]ani^aros, Spabis
ò^c. na Ribeira de Bieloãca em 10 de
Agofio de 1738. ibi pelo dito Impreflor.
1738. 4.
Noticia do Cerco, que os Turcos pus^e-
j raõ á Cidade de Oct(akow, opera^oens de
', feus ataques, maravilho/a defenfa dos RMjJia-
r.os, efirago dos me/mos Infiéis, e injurio/a
j precipitação da fua retirada, ibi pelo dito
loopreflòr. 1738. 4.
Noticia dos primeiros fucejfos do exer-
I àto Imperial na Servia, e na Hungria nefia
Campanha de 1739. ^^^ P^<^ '^^^ Impref-
lbr. 1739. 4-
Primeiros pro^effos das Armas RuJJia-
tias. Relação da notável batalha de VilmãJ-
tradia fucedida a i de Setembro de 1741.
ibi por LuÍ2 Jo2è G^rrea de Lemos.
1741.
Noticia da Viagem que /q; fegunda ve:(^
ao Efiado da índia o Illufirijfimo, e Excel-
lentijfimo Senhor Marquev^ do Ijouriçal, e
primeiros progrejfos do feu governo. Lisboa
pelo dito Impreflbr. 1742. 4.
Epanaphora Indica na qual fe dá noticia
da Viagem, que o Illufirijftmo, e Excellentijfimo
Senhor Marque^ de Cafiello novo fe^ com o
cargo de Vice-Rey do Efiado da índia, e dos
primeiros progrejfos do feu governo, em que fe
referem também a viagem, entrada, e primei-
ras fmçoens Epifcopaes do ExcellentiJJimo, e
Reverendijfimo D. Fr. Lourenço de Santa Ala-
ria Arcebifpo Metropolitano de Goa. Lisboa
por Pedro Ferreira Impreflbr da Raynha.
1743. 4.
OraçaÕ Panegyrica recitada no obfeqmo fúnebre
do Illufirijftmo, e Excellentiffimo Senhor Conde
da Ericeira D. Francifco Xavier lo^é de Meneses
em huma Academia defie Reyno. ibi pelo dito
Impreflor. 1746. 4. fem o feu nome.
Traduzio das linguas Franceza, Ingleza,
e Alemãa vários Manifefios dos Soberanos da
Europa; Tratados de Pavões; Cartas, que relataõ
fucejfos militares, que excedem o numero de
857
quarenta papeis, que lÂhiraõ impreflbs em Lis-
boa defde o anno de 171 5. até 1746. 4.
Obras M. S.
Genealo^as das Famílias de Portugal com-
provadas com muitos documentos redur^idas a
Ordem Alfabética, foi. 24. Vol. Neíla Gjlleçaõ
eflaõ muitas fanúlias ordenadas novamente, e
illuflxadas pelo Author.
Memorias Genealógicas redus^idas a ordem Al-
fabética foi. 3. Tom.
Tratado da antigua Familia de Couto fua
origem antiguidade. Armas, Genealo^a, e pro-
S^effos por vários Ramos efiabelicidos em di-
ferentes partes de Portugal, e fuás Conqtàfias.
foi.
Bofque Genealoffco em que fe contem huma
Arvore de Cofiados, duas de Varonia por Bu-
Ihoens, e Ferrares, e 89. de parentefcos. Dedi-
cado a foaõ Pereira da Cunha Ferra^ do Con-
felho ae S. Magefiade, e feu Secretario de Guerra.
foi.
Veridario illufire, e Genealo^o em que fe
comprehendem as Arvores de Vafconcellos, e Caf-
faros produãores de André Jo!(è de Vafconcellos,
e Azevedo, foi.
Hifioria da antiquijftma, e iliufire Cav^a de
As^evedo continuada por nove feculos com os pro-
greffos de muitos Heroes defia familia com a fua
Genealoffa dedui(ida defde a fua origem até o pre-
ssente. Dedicada a Pedro Eopes de Azevedo Se-
nhor defia Cas^a foi.
Familia de Altám fua Origem, antigtádade
do feu apellido, fuás Armas, e Solar com a fua
Genealo^a continuada por vários ramos até o pre-
s^ente comprovada com muitos documentos impreffos,
e M. S. Dedicada ao D. Prior de Barcelos André
de Sou^a da Cunha. 4. grande.
Compilatio Stirpium de quibus non a^tur
Rheufnerus: ut funt.
Stirps Teimurlanica, qua ex vetufHffimis Tar-
taria, feu Sarmatia Principibus S tem ma produxit
illufire. Rjegum Perfarum, ImperatorU Rujfo-
rum, feu Genealoffa C^ariana familia ntmc im-
perãtis. Stirps Xerijica, feu Africa Occiden-
talis Imperatorum. Stirps Mtiopica Abaccia Rje-
gum.
Viagem militar em que fe referem to-
dos os fucejfos da ultima guerra entre Por-
tugal, e Cafiella defde o anno de 1704.
até o de 1710. em que o Author fe achou
858
BIBLIO THE CA
Com a defcripçaõ de todas as Cidades, e Vil-
ias por onde paffou em Portugal, e Hefpa-
nha até o Rejino de Valença, formas de bata-
lhas, Plantas de Sitias, Confelhos dos Gene-
raes, e muitas cartas deftes, e outros Minif-
tros 4. 5. Tom.
Quinta EJfencia da Hijioria da Europa
no feu Eftado pref^ente por hum methodo novo.
4. 8. Tom.
Campo mayor defendido. Noticia individual
do Valor com que os Caflelhanos fitiaraõ
efla Praça no anno de 171 2. e admirável es-
forço com que foy defendida pelos Portugue-
v^es com a defcripçaõ, hijioria abreviada da
mefma Povoação. 4.
Triumfo da Ma^animidade. Defcrevefe
a Entrada publica, e folemne que fev^ na Ci-
dade de Usboa Occidental Metrópole da fua
Diocefe o Senhor D. Thomat^ de Almeyda
por Mifericordia divina feu Proto Patriar-
cha do Confelho de Sua Mageflade, e feu Ca-
pelão mór em Sabbado 13 de Fevereiro de
1717. 4. O original fe conferva na Biblio-
theca Real.
Triumfo triplicado, ou noticia da magni-
fica, e folemne procifaõ que na fefla do Santijft-
mo Sacramento da Euchariflia chamada vul-
garmente do Corpo de Deos fe!(^ a Ínclita Cidade
de Usboa no anno de 1719. 4. Foy compoíla
por Ordem de Sua Mageftade, e fe confer-
va na fua Bibliotheca Real.
Carta Apologética pelo Ca:(amento da
Kaynha D. Mecia Lopes de Haro contra
Fr. António Brandão em ^ de Novembro de
1719. efcrita ao Brigadeiro loaò de Quintal Lobo.
Carta Apologética em que fe fuflenta
fer a Infanta D. Berengela filha de D.
Sancho I. de Portugal mulher de Waldemaro
II. 4.
A Tiara depofla no Qtúrinal, e exaltada
no Vaticano. Relação hijlorica, e Panegírica
do falecimento do Papa Clemente XI. e exal-
tação de Innocencio XIII. 4.
O Caja gloriofo, ou relação da mafftifi-
cencia com que fe celebrou o rio, Caya o a£ío
das entregas das Serenijftmas Senhoras Prin-
cev^as do Barril, e Aflurias em 20 de laneiro
de 1729. 4.
Nova Arte de Orthografia di£tada na
Academia dos Aplicados, e dividida em va-
rias liçoens nas quaes fe expõem a Origem de
efcrever, fua antiguidade em diferentes Provin-
das, feus inventores w(ps, e formas de caraãe-
res entre varias linguas, e Naçoens. Obra
hiftorica, critica, e dogmática. 4.
Difcurfo Problemático. Qual feja mais
útil á Republica fe o efiudo das letras, fe
o exercido das Armas ^ Recitado na Aca-
demia dos Anonymos. 4. Rcfoluto pela
2. Parte.
Oração Académica fobre a acçaò de partir
logo ElRey D. Manoel para o Algarve quan-
do recebeu a noticia do fitio de Ar(illa. 4. Reci-
tada na dita Academia.
Difcurfo Problemático. Se para o adian-
tamento dos lugares convém mais fer fa-
bio, ou a reputação de o fer? Recita-
do na Academia dos Aplicados a 5 de
Novembro de 1724. Refolvefe pela pri-
meira parte.
Difcurfo Panegyrico em que fe aplau-
dia a exaltação de Benedião XIII. ao tro-
no Pontifício. Recitado na mefma Acade-
mia 4.
Difcurfo Problemático. Se os Portugui-
:(es na batalha contra os Turcos fendo auxi-
liares de Veneza fe fit(eraõ mais ref peitados,
e temidos pelo feu lu:(imento, e valor, ou pelo
Rejf de que eraõ Vaffalos? Recitado na
mefma Academia no anno de 1724. Rc-
foluto pela fegunda parte.
Oração Panegyrica em aplasc^o do naci-
mento da Serenijfima Senhora Princesa da Beyra
mandada à Academia de Guimaraens em Feve-
reiro de 1755. 4.
lOZÉ GAGO DA SYLVA. Naceo cm
a Cidade de Beja recebendo a graça bau-
tifmal a 21 de Novembro de 1684. Teve
por Pays a António Rodrigues Manfos,
e Anna Maria. Aplicoufe ao eíhido das
letras humanas, Poeíia, e Hiíloria Secular,
e Eccleíiaílica, e fahio taõ inílruido, que
compoz as feguintes obras irrefragavcis tcf-
temunhas do feu grande talento.
Explicação da Gramática. 4. M. S.
Apologia Critica contra os Padres lefmtas.
M. S.
Noticias das Antiguidades de Beja M. S.
L USITANA.
859
Poejias Varias Vortu^ie^as, e Cafielha-
fíos. M. S.
lOZÉ GOMES AMADO DE AZAM-
BUJA natural da Villa de Aljubarrota do
Patriarchado de Lisboa, e morador em
a Gdade de Coimbra filho de Manoel
Gomez Vogado de Azambuja, e de D.
Maria Amada. Aplicoufe com particular
difvelo ao eíhido da Genealogia com-
pondo.
Famílias do Reyno de Vortugal lo Tom.
foi. M. S.
Arvores de Cofiados divididas pelas Pro-
vindas do Reyno. M. S.
Do Author, como de fuás obras faz me-
moria o Padre Souza no fim do Tom. 8.
da Hifi. Gen. da Ca^. Real Portug. p. 19.
lOZÉ GOMES DA CRUZ Caval-
leiro profeíTo da Ordem militar de Chrifto
naceo em Lisboa, e na Parochia dos
Santos Martyres VeriíTimo Máxima, e lulia
recebeo a graça baptiímal a 10 de Dezem-
bro de 1685. Foraõ feus Pays Manoel Go-
mez da Cruz, e Catherina Rodrigues Pa-
laura. Quando contava nove annos de
idade aprendeo a lingua Latina na ClaíTe
de loaõ da Cofta infigne profeíTor de le-
tras humanas, e ouvio hum armo Filofofia
diétada pelo Padre lozè Saraiva da Compa-
nhia de lefus em o Collegio pátrio de Santo
Antaõ, e foy tal o progreíTo que a fua na-
tural viveza fez neíle prologo dos feus eftu-
dos, que naõ tendo completos 1 3 annos paflbu
à Univerfidade de Coimbra onde aplicado
à lurifprudencia Canónica fe formou neíla
Faculdade com aplauzo dos Meftres, e enveja
dos Condifcipulos. Provada a fua fcienda
legal em o Dezembargo do Paço foy def-
pachado na florente idade de 19 annos para
luiz de fora de Cezimbra, Barreiro, e Azey-
taõ donde paíTou para luiz dos Orfaõs do
bairro alto de Lisboa, Superintendente das
Decimas, e depois do quarto, e meyo por
cento cujos lugares exercitou com geral
fatisfaçaõ pelo efpaço de 18 annos. Dei-
xado o minifterio de luiz fe dedicou ao patro-
cinio de Cauzas Forenfes fendo hum dos mais
famofos Advogados defta Corte naõ fo-
mente pela vaíla noticia de hum, e outro
Direito, mas pela eloquente energia com
que orna as fuás Allegaçoens emulas das
que recitou Gcero em o Senado Romano.
A inftruçaõ que tem da Hiíloria Ecclefiaf-
rica, e fecular o habilitou para fer eleito
no anno de 1745. Académico do numero da
Academia Real, de cuja penna efperaõ as
Memorias Ecclefiafticas do Bifpado da Guar-
da a fua continuação principiadas por íeu
Anteceííor o Doutor Manoel Pereira da
Sylva Leal. Para teílemunhas da fua pro-
fundidade jurídica, e elegante facúndia pu-
blicou.
AllegaçaÕ de Preito pelo ExcelleníiJJi-
mo Senhor D. Iof(é Miguel loaõ de Portugal
Conde de Vimiojo fohre a fuceffaõ das Ca-
^as, e Morgados de Cortes Reaes, e Mou-
ras na Cau^a que he Oppoente contra os
Excellentijpmos Senhores Marque:(es de Va-
lença, e a Excellentijftma Senhora D. loan-
na Efpinola, e Lacerda Princet^a Pio como
Tutora de feu filho Primogénito o Excellen-
tijjimo D. Gisberto Pio Moura Corte Real Prín-
cipe Pio. Lisboa pelos herdeiros de Paf-
choal da Sylva 1725. foi.
AllegaçaÕ de Direito em defenfa do Excel-
lentijftmo Senhor D. Francifco de Portugal Mar-
que^ de Valença para a cau^a em que o Ex-
cellentijffimo Príncipe Pio D. Gisberto Pio Moura
Cortereal pertende pela pejfoa de fua Mãy, e
Tutora a ExcellentiJJima Senhora Princesa
Pio D. loanna Efpinola, e Eacerda reinuidicar
as Ca:iias, e Morgados dos Cortes Reaes, e Mou-
ras. Lisboa por lozé António da Sylva.
1725. foi.
Segunda AllegaçaÕ de Direito pelo Ex-
cellentijfimo Senhor D. Jot(è Miguel JoaÕ
de Portugal Conde de Vimiofo fufientan-
do os Embargos contra a fentença, que fe
proferio a favor do Excellentijftmo D. Gis-
berto Pio Moura Corte-Real Príncipe Pio fobre
a fucejfaõ dos Morgados, e Cat^as dos Cortes-
-Reaes, e Mouras, ibi pelo dito Impreflbr
1726. foi.
Petição de Revifia a favor dos Excel-
lentijftmos Senhores Marquets^ de Valença,
e Conde de Vimiofo D. Iof(è Miguel loaõ
de Portugal na caut^a em que faõ partes
com o ExcellentiJJimo D. Gifberto Pio
86o
BIB LIO THE CA
Moura Corte-Keal fobre a fucejfaõ da Cav^a
dos Cortes Reaes, e Mouras, ibi pelo dito Im-
prcflbr. 1737. foi.
Df/cur/o Apologético, Crítico, e Chro-
nologico fobre as Excomunhoens Interdictos,
e CeJfaçaÕ à Divinis com que procedco o
Reverendo Doutor Jo^é Gomes Dias com
o pretexto de Jui:(^ Apojlolico de S. San-
tidade contra o Illujirijftmo Cabbido da
Santa Sé Metropolitana de Lisboa Occi-
dental. Lisboa pelo dito ImpreíTor. 1735. 4.
grande.
AllegaçaÕ de Direito a favor do Doutor
Joaõ Machado de Brito, ibi pelo dito Im-
preíTor. 1729. foi.
Memorial Apologético, ou fegunda Alle-
gaçaÕ a favor do Doutor Joaõ Machado de
Brito para fervir na fegunda inflancia na
demanda, que fe lhe move fobre a filiação
natural, que conta de Pedro Machado de
Brito excluida a do Doutor Francifco Nu-
nes de Miranda, ibi pelo dito ImpreíTor. 1731.
foi.
AllegaçaÕ de Direito pelo Excellentijfimo
Senhor D. Joaõ Diogo de Attayde do Confe-
Iho de Guerra, e Governador das Armas do
"Exercito, e Provinda do Alentejo fobre o Paul,
e Sefmarias da Atella. ibi pelo dito ImpreíTor.
1727. foi.
AllegaçaÕ de Direito na demanda, que
move Manoel de Bajlos Viana ao Senhor
De!(embargador Procurador da Fazenda da
Repartição do Ultramar fobre o Contrato
do Sal para o Provimento da America, Ma-
drid por los herdeiros de Juan Garcia In-
fançon. 1743. foi.
Manifeflo Apologético Jurídico pelo Padre
Francifco Xavier Barbosa fobre o procedimento
requerido pelo Excellentijfimo Duque de Avejro.
foi. Naõ tem lugar da impreíTaõ.
Apendix Jurídico nas partilhas de Pedro
Vicente da Sjlva com Jov^ Laurenço Botelho.
foi. fem lugar da impreíTaõ.
AllegaçaÕ de Direito por Feliciano No-
gueira de Lara. Lisboa por António líidoro
da Fonceca. foi.
Difcurfo Theol^igico Jurídico, e Ano-
nymo fobre a propofla, que fe fev^ para
cabal conhecimento da validade, ou nulli-
dade do Capitulo Provincial dos Padres
Trínos da Provinda de Portugal, que fe cele-
brou nefle feu Convento de Lisboa Occidental
em 1 de Mayo de 1735. Veneza na Offidna
Bableoniana. 1735. 4. grande.
Carta Apologética, Moral, Critica, e Ano-
nyma contra a Pafloral do Excellentijfimo Ar-
cebifpo de Évora. Scvilla en la Imprcnta
Real Caza dei Garreo Viejo. 4.
lOZÉ GOMES DE FREYTAS Caval-
leiro da Ordem militar de Chriílo Bacharel
formado cm Jurifprudencia Canónica, e Q-
vil pela Univeríidade de G)imbra, e Sin-
dico do Hofpital Real de todos os Santos
deíla Corte pelo efpaço de vinte, e quatro
annos. Compoz.
AllegaçaÕ de Direito feita a favor da fa-
r^enda dos pobres do Hofpital Real na Cau^ã
em que fqy parte o Deí^embargo do Paço Gr$-
gorío Pereira Fidalgo como Procurador de Fer-
não de Bríto de Malta eflante na índia, em qm
fe fev^ evidente a nullidade da fentença, que ejk
houve a feu favor, e manifefla injuftiça dei-
la. 4. grande. Naõ tem lugar, nem an
no, ou nome do ImpreíTor, mas do Ca
ra£ter fe conhece fer impreíTa em Amílerda»"
lOZÉ GOUVEA DE ALMEYDA na
tural da Qdade de Angola Presbítero,
Prefidente da Caza da Mifericordia da mel
ma Cidade. Publicou.
Doutrina Chríflãa acrecentada com alíf/ns
documentos. Lisboa por Miguel Manefcd
ImpreíTor do Santo Officio, c da ScreniíTima
Caza de Bragança. 171 5. 24.
Fr. lOZÉ DE S. GUALTER LAMA
TIDE cujo apellido tomou de hunu Quinu
em que teve o berço a 14 de Março de lí'"
íituada na Freguezia de S. Fauílino dii
dos limites da deliciofa Ribeira de Vizcli
Foraõ feus Pays Francifco Gomes de OV
veira, e Maria Marquez Vieyra Senhorc
da Quinta de Lamatide. Aprcndco os pri-
meiros rudimentos na Villa de Guimar
diílante huma pequena legoa da fua Paui-
c logo moílrou a viveza do talento para
L USITAN A.
8ÓI
facilmente comprehender as fciencias mais
profundas. Recebeo o axiílero habito de
Saõ Francifco no recolledo Convento de
I Mat02Ínhos da Província de Portugal a
i6 de Novembro de 1708. e profeíTou a 17
do dito mez do anno feguinte. Aplicado
ao eíhido das faculdades efcholaílicas fe dif-
tinguio na felicidade da memoiia, e fubtileza
de juizo de todos os feus condifcipulos por
cuja cauza foy elevado ao magiílerio que prin-
cipiou por huma Cadeira da Theologia Mo-
ral em o Real Convento de Alenquer à inf-
tancia do Emminentinimo Senhor Patriar-
ca de Lisboa D. Thomas de Almeyda. No
fim defta leitura que durou três annos diftou
Filofofia em os Conventos do Porto, e de
Coimbra, e ultimamente Theologia efpe-
culativa no Collegio de S. Boaventura def-
de o anno de 1732. atè 1744. em que jubilou.
He Qualificador do Santo Officio, Exami-
nador das três Ordens Militares, e Conful-
tor da Bulia da Cruzada. Da fua profunda,
; e vafta literatura faõ pregoeiros os feguintes
partos que eílaõ promptos para ver a luz
publica.
I Analyjis Philofophica in quatuor partes
\ hoffcam nempe, Phyjuam, Methaphyficam ,
et Animafiicam dijiributa, ac juxta veridi-
cam, (ò' irrejragahilem Ven. ac Juhtilis Doc-
toris loannis Dtms Scoti mentem principiis
que Philofophia Jenjum in lucem edita. foi. 2.
Tom. M. S.
Viridarium Theologicum in quo pulchrio-
res totius Theologia flores magia cum Jim-
vitate inveniuntur injerti; in quorum foliis
exarantur certamina, Tentativas Conimbricenfes
continentia, in agro Seraphico plantatum. foi.
4. Tom. M. S.
Compendium abbreviatum :ontinens rejolu-
tiones difficultatum, qtta ab aliquibus celeber-
rima Conimbricenfis Univerjitatis Doãoribusob-
jiciebãtur pro impedienda graduatione Fratrum
Minorum de Objervantia ab alumnis alma Pro-
víncia Portugallia praintenta. M. S.
Conjultationes Theologico-morales, et Kegula-
res. foi. M. S.
Manifefio Theologico, Moral, Canónico, e
Dogmático em que fe perfuade que pertence
privamente ao Santo Tribunal da InquiJiçaÕ
nos Reynos de E/panAa inquirir dos ConfeJ-
Jores que praticarem a doutrina de que lhes he licito
perfuadirem aos penitentes a que lhes revelem
os compleces, e companheiros dos feus pecados, os
nomes, e lugares das fuás habitaçoens, e lhes dem
licença para os denunciarem aos fuperiores para o
fim de ferem corregidos, e cajligados denegando o
beneficio da abfolviçaõ aos que repugnaÕ revelar,
e affirmando que efie meyo, e modo de os emendar,
e cajiigar he do ferviço, e agrado de Deos. Madrid
na Officina dos herdeiros de Francifco dei
Hierro 1746. 4. Sahio fem o nome do Au-
thor.
lOZE' GUTERRES DE LIMA Almo-
xarife da Praça de Mazagaõ fituada na Regiaõ
Africana, celebre Colónia dos Portuguezes.
Efcreveo.
Manifefio do miferavel efiado em que fe
acha a Praça de Ma:(agaÕ no anno de 171 5. e
dos cufiumes, açoens e procedimentos dos naturaes
delia chamados comummente. Fidalgos, e Ca-
valleiros. 4. M. S. Confervafe na Livraria
do Convento de S. Bento de Santarém.
lOZE' HENRIQUES DE ALMEYDA
aíTiftente na Qdade de Amílerdaõ, e inf-
truido em todo o género de erudição.
Compoz
Panegyrico encomiafiico ao ExcellentiJJimo Se-
nhor D. loaõ Gome^ da Sylva Embaxador Ex-
traordinário de Sua Magefiade Kej de Portugal
por primeiro Plenipotenciário da Pa^ a efias Pro-
vindas de Holanda, Conde de Tarouca, Mefire
de Campo General das Armas Utrech 171 2. 4.
fem nome do ImpreíTor.
lOZE' HOMEM DE ANDRADE fi-
lho de lorge Gonzalves, e Margarida de
Andrade naceo em Lisboa a 24 de No-
vembro de 1658. Nos eíhidos da Gra-
mática Latina, Filofofia, e Theologia fez
grandes progreíTos a fua curiofa aplica-
ção naõ fendo menores no exame das
mayores dificuldades da Arte da Mede-
dna inveftigando diverfos Authores La-
tinos, Italianos, e Francezes, que me-
recerão eílimaçaõ neíla faculdade. Exer-
citou na fua pátria a Arte de Boticário
manipulando todo o género de medica-
8Ó2
BIB LIO TH E CA
mentos pelo methodo dos mais infignes pro-
feíTores da Pharmaceutica. Falleceo a 17 de
May o de 1716. quando contava 68 annos de
idade.
Compoz
Apologia Pharmaceutica pela verdadeira tri-
turação da lallapa, e dos Aromáticos difcutientes
que entraõ na compoi^içaõ da Benediãa; e pela
operação do unguento Apojlolorum de Avicena
em ordem a Je lhe naõ acrecentar mais verdete,
do que feu Author pede na dita compotQçaõ. Lis-
boa por Bernardo da Coíla de Carvalho
1691. 4.
Segunda Parte Apologética pela trituração
da lallapa, e todos os mais medicamentos fegundo
a ordem dos Cânones Univerfaes de Mejfue, e fua
verdadeira expojiçaõ. Lisboa pelo dito Impref-
for 1692. 4.
Encjclopedia Pharmaceutica. foi. M. S.
Manipulus Medecinarum. 4. M. S.
Officina Medica morhorum. 4. M. S.
Theorica Pharmaceutica in qua continen-
tur regula, Ó^ pracepta ut melius Jimplicia
cognofcantur, et compojita conferventur. 4. M. S.
Controverfias Medecinaes. 4. M. S.
Ramillete de Plantas. 4. M. S. efcrito
na lingua Caílelhana.
lOZE' HOMEM DE MENESES na-
tural de Lisboa filho de Diogo da Q)f-
ta de Barbuda Almoxarife dos Fornos
delRey. Foy dotado de infigne talento,
muito erudito na Hiftoria, e naõ menos
verfado na lingua Italiana da qual ver-
teo na materna.
Vida de Santa Isabel de Ungria e/crita
por Pedro Matheo Chronijla de Henrique IV.
Rej de França. Lisboa por Francifco Vil-
lela. 1671. 16.
Diálogos de Varia Hijioria de Pedro de
Mariz addicionados com as vidas de Filip-
pe II. e III. e ElRej D. loaõ o IV.
Lisboa na Officina Craesbeckiana. 1676. 4.
Sendo Almoxarife das Armas tradu-
2Ío de Italiano de Lazaro da Islã Ge-
novês.
Breve retrato da Arte da Artilharia, e
Geometria, e artifícios de fogo. Lisboa por
Domingos Carneiro. 1676. 8.
JOZE* lACHIA filho de David Ja
chia de quem já fe fez memoria em fcu
lugar, e neto de Jozè Jachia naceo em
Lisboa como feu Pay do qual foy 0|^
ccíTor no magiílerio em a Sinagoga d&
Cidade de Imola da Provinda de Ro-
mandiola, explicando os ritos do Talnnid
em que era profundamente inílruido. Fal-
leceo no anno de 1539. quando contavi
45 annos de idade. Paliados dez anoot
foraõ tresladados os feus oíTos pata ft
Cidade de Saphèth da Galilea Superior
e collocados junto da fepultura de Jozè
Karo como ordenara em feu Teftamentf
Deixou três filhos; o primeiro chii
mado David morreo de fmcoenta an-
nos; o fegundo foy Ghadalia Aben Ja-
chia author de muitos livros; o teroeilD
Rab. Judas que no anno de 1JJ7. fe
doutorou em Filofofia, e Medecina ot
Univerfidade de Pádua, e cazando em
Bolonha no anno de 1560. morreo fem
fuceflaõ quando contava 51 annos de
idade.
Compoz.
Sepher derech chafim id eft, Uher via, et riUt
ex Jerem. 21. verf. 8. Nelle explica mui
tos lugares allegoricos extrahidos do Ghepnr
Mer Mitt^uã Ljicerna Pracepti ex Pro\cr.
6. V. 25. onde explicava as cauzas de todo
os preceitos. Eíla obra, como a precedem
foraõ confumidas pelo fogo no anno de 155^:
em Pádua das quais fe falváraõ poucos quader
nos.
Thora or Lex Lux. ex Prov. 6. v. 25. Bonc
niae. 1538. 4. & Venetiis. 1606. 4. & Lubliiu.
& Ferrariae. Coníla da Bemaventurança <k
alma, Paraizo, Inferno, e fcculo futur.
Pen}/e col Chetuvin. Commentarium in ommt
Hagiographa. Bononise. 1538. foi. e naõ ViA-^
in Tufcia. 1528. como cfcreve Bartolocci &'
Rabbin. Part. 3. pag. 802. col. i. pois o mcfrr
Jachia finaliza eíla obra com eílas palavras i
nis impofitíis fuit operi feflo Pafcbatis anno zSiv
Maffa in Tufcia cum fugerem procellas plagarum
qua erant in Komandiola regione peregrinatums
mea. Donde fe manifeíla claramente, que cm
MaíTa acabara, c naõ imprimira a obra.
Parapbrafis in Danielem cum animaâ»tr
L USITAN A.
863
fumibtís Conftantini V Empereur ah Oppyck.
lAmftelodami apud Joannem JaníTonium.
i Clavis Thalmuàica compleãens formulas, loca
\iialeãica, eí^ rhetorica prijcorum Hebraorum cum
'.nterpretatione latina. Leidas. 1654. 4.
1 De ILegibus Hebraorum forenjibus. Leidae.
1687. 4.
Thalmudis Babilon. Codex Meddoth, five de
mmjuris Templi cum verjione Latina, ibi 1637. 4.
1 Fruãus Jujlitia, arbor vita, Commentarius
•n Ecclejiajiicum. M. S.
In Pfalmos. Acabou eíia expoíiçaõ no
inno de 1527. como elle affirma no fim la-
■nentando as hoftelidades, que padecera a Si-
lagoga de Roma executadas pelo furor dos
jSoldados.
I Delle fe lembraõ Jacob. Le Long. Bib.
\Sacr. pag. mihi 800. col. 2. Wolf. Bib. Heb.
3ag. 526. §. 878. Bartolocci. Bib. Rab. Part.
V pag. 802. col. I. Plantivit Bib. Rabb. e Ghe-
laJia Schalfeèleth hakkabala pag. 66.
I Fr. lOZE' DE lESUS MARIA filho
|lo Capitão Salvador Martins, e de fua
jnulher Francifca do GDuto naceo em
Jsboa, e na Freguezia de Santa Cathe-
{ina foy baptizado a 30 de Outubro
|le 1660. No Convento pátrio de N.
!)enhora do Carmo recebeo o habito a
' de Dezembro de 1679. quando con-
lava 19 de idade, e profeíTou no Con-
,'^ento da Villa da Goyana da reforma
le Pernambuco a 8 de Dezembro de
j68o. Obrigado de algumas dependências,
'm que era intereíTada fua Mãy paíTou a
'ortugal, e voltando à Bahia o Arcebifpo
lefta Cidade D. Fr. Manoel da Refurrei-
!aõ o elegeo MiíTionario Apoílolico por
{*rovifaõ de 29 de Março de 1690. Com
Isrvorofo zelo exercitou eíle fagrado mi-
ifterio principiando na Villa da Cachoei-
a até chegar ao rio de S. Francifco
m que difcorreo por mais de trezentas
•igoas colhendo copiofo fruto aíTim na
eforma dos Catholicos, como na redu-
!aõ dos Gentios. ReíUtuido a efte Rey-
[o para que naõ eftiveíTe ociofo em be-
neficio dos próximos foy ComiíTario da
)rdem Terceira em Villa Franca donde
paíTou a exercitar a mefma incumbência
em a Corte de Lisboa devendofe à fua
grande actividade lançar o habito a mais
de vinte mil peíToas, e de fe erigir o
fumptuofo Hofpital fituado junto do Con-
vento do Carmo, onde fe curaõ com igual
difpendio, que charidade os Irmaõs Ter-
ceiros de hum, e outro fexo. Das efmolas
dos feus Sermoens mandou fabricar no an-
no de 1722, o Orgaõ grande no Convento
do Carmo deíla Corte em que gaílou fete
mil cruzados. Foy Prezentado por concef-
faõ do Geral Fr. Pedro Thomas Sanches,
e Definidor eleito no anno de 1714. Fal-
leceo com fumma piedade no Convento
pátrio a 8 de laneiro de 1727. com 67
annos de idade, e 48 de Religião. Delle
faz memoria Fr. Manoel de Sá nos Efcrit.
do Carm. da Prov. de Portug. Cap. 58. p.
258. Compoz
Thet(ouro Carmelitano manifejlo, e offerecido
aos Irmaõs, e Irmaãs da Venerável Ordem Terceira
da Rainha dos Anjos, Mãy de Deos, Senhora do
Carmo. Lisboa por Miguel Manefcal. 1705. 8.
D. Fr. lOZE' DE lESUS MARLA.
natural de Lisboa onde fendo virtuofa-
mente educado por feus Pays lozé da Fon-
ceca, e loarma de Oliveira elegeo a iUuílre
Ordem dos Pregadores à qual foy adme-
tido em o Real Convento de Bemfica a 10
de Novembro de 1683. Nefta doutiíTima
paleílra frequentou os eíhidos efcholafticos
com diítinç?õ de todos os feus condifcipu-
los, e com enveja dos Meílres principal-
mente quando diftou Filofofia, e Theologia
em cuja Faculdade foy Prezentado. De-
pois de fer Secretario da Província, e
Prior do Convento de Lisboa foy no-
meado no primeiro de Dezembro de 171 3.
Bifpo Coadjutor do Arcebifpo de Évora
D. Simaõ da Gama fendo confirmado pela
Santidade de Clemente XI. com o titu-
lo de Patára Cidade, e Cabeça da Li-
da a 5 de Mayo de 1714. Foy Depu-
tado da Inquiziçaõ de Évora creado a
24 de Dezembro de 171 6. Provifor, Prefi-
dente da Relação Ecclefiaftica, e Chanceller
do Arcebifpado de Évora onde fe admirou
fumma integridade unida a natural be-
8ó4
B IB LIO THE CA
nevolencia. Foy dos grandes Oradores Evan-
gélicos do feu tempo de cujos difcur-
fos folidos foraõ theatros os mais au-
thorizados púlpitos. A exaâa obfervan-
cia do feu inftituto prafticada no eftado
de religiofo confervou em a dignidade
de Bifpo fendo a modeília do femblante
tacita cenfura dos vicios, mudo defperta-
dor das virtudes. Falleceo piamente em
Évora a 15 de Agoílo de 1738. làz fe-
pultado no Capitulo do Convento de S.
Domingos como humildemente pedio cujo
cadáver foy levado por féis Prelados de
diverfas Religioens. Sobre a campa fe
lhe gravou o feguinte epitáfio.
Excellentíjftmus, €>* Keverendijftmus D. D.
Io!(ephus de lefu Alaria Epifcopus Patarenjis Ke-
gis a Conciliis, S. Officii Deputatus, Senatus Ec-
clejiaftici Prafes, Eboretijis Archiepifcopatus auxi-
liaris, d^ Cancellarius , Ord. Prad. decor, et fplen-
dor, plenus meritis, <& virtutihus ohiit 1 3 Augujli
1738.
H/V fepultus efi.
Fazem honorifica mençaõ defte Prelado
o P. D. Manoel Caetano de Souza Cathal.
dos Bi/p. Portug. p. 176. Fonceca Evor. Glor.
p. 317. Monteiro Claujlr. Domin. Tom. i.
p. 75. e Tom. 3. p. 244. e no Cathalog. dos
Deput. da Inquif. de Evor. n. III. Compoz
Sermoens primeira Parte. Évora 1736. 4.
fem nome de ImpreíTor.
Sermoens fegunda Parte ibi no dito anno 4.
Sermoens Terceira Parte, ibi no dito anno 4.
Sermoens Quarta Parte, ibi 1737. 4.
Sermoens Quinta Parte ibi 1737. 4.
Oração Funeral nas folemnes exéquias do
Beatijftmo Padre Clemente XI. celebradas na
Ifffeja Metropolitana de Évora em 27 de May o
de 1721. Évora na Officina da Univerfidade.
1721. 4.
Sermão de S. Euiz Gon;(aga no pri-
meiro dia do folemnijftmo Outavario, que a
Sagrada Companhia de JESUS celebrou no
/eu Real Col/egio, e Univerjidade de Évora
na Canoni:(açaÕ dos Santos Em:;^ Gon!(aga,
t EJianislao Kofcha em d de Novembro de
1727. Évora na Officina da Univerfidade
1727. 4.
Breve Kefumo para injlruçaõ, e direção de
Ordinandos ajfim para fe fa^^erem capat^es para os
exames, como para faberem as grandes obrigofotnr
a que ficaÔ fogeitos por re^aõ do feu EJlado. Evobl
1738. 8. Naõ tem lugar da ImpreíTaõ.
Promptuarium Qualificatorum in quo r
perientur explicata, e^ exemplificata omm
cenfura quibus Propofitiones inuri, çir notari
folent. Cui accedit Traãatus de libris prth
hibitis cum notitia harefum, €>• h^eticenm
quibus Ecclejia Dei exagitata fuit, €>• Pn-
pojitionum, qua a Summis Pontifi^ibus fm-
runt damnata. In calce operis. Quajlio Ap-
pendix de Confejforibus follicitantibus. fiÕL
M. S.
Triumfo da Fé contra a perfídia Judaica,
objlinaçaõ herética dividido em dous Tratados. 4.
M. S.
Eílas duas obras digniíTtmas da luz pulJki
fe confervaõ na Livraria do Convento de S.
Domingos de Évora.
Fr. lOZE' DE lESUS MARIA natu-
ral da Villa dos Arcos de Valdevez em
a Provinda do Minho filho de Manoel
de Cerqueira, e Catherina Cerqueira. Na
idade da adolefcencia profeííou o auAefo
inílituto da Seráfica reforma de Santi
Maria da Arrábida em o Convento ck
Loures a 26 de Julho de 1690. onde
enfinou por féis annos Theologia mo-
ral com grande fruto dos feus ouvintr*
A fua litteratura, e prudência lhe a^-ii^^
riraõ os lugares de Guardião, Definidor, j
Cuílodio, e Chronifta da fua Provinda,]
Vizitador, e reformador da Provinda da
Immaculada Conceição do Rio de }tr
neiro. Qualificador do Santo Offido, e
Examinador das Três Ordens Militaies.
Compoz.
InJlruçaÔ de Noviços da Provinda de Santa Ma-
ria da Arrábida com que o V. Padre Fr. Martàlè»
de Santa Maria feu primeiro Fundador os
no caminho da perfeição, e perfeita ObftrvMáê m
regra de Noffo Padre S. Francifco. Lisboa por
Jozè Lopes Ferreira. 171 6. 8.
Efpelho de perfeitas religiofas, expofiçaò ia fe-
gunda regra de Santa Clara muy útil naÕ f6 fãn^
as reliffofas, que a profeffaô, efeus Confeffores,
para todos os Frades, e Freyras de todas as
liffoens pois além dos votos efftmims,
MMfj
L USITA NA.
865
ne//a fe explicaõ, que a todos faõ communs
fe refolvem muitas duvidas principaes do Ef-
tado religiojo. Lisboa pelo dito ImpreíTor.
1718. 8.
Chronica da Provinda de Santa alaria
da Arrábida da regular, e mais efireita Ob-
Jervancia da Ordem do Seráfico Patriarcba
S. Francifco. Tom. 2. Lisboa por Jozé
António da Sylva ImpreíTor da Acade-
mia Real. 1737. foi.
Efpelho de dijciplina para criação de Noviços,
e novos profeffos compofio pelo Seráfico Doutor S.
^aventura tradifí^do do idioma Portugue^ em ef-
tilo antigo para o moderno que de pre:(ente fe praãi-
ca para que mais facilmente feja entendido daquelles
para quem o Seráfico Doutor o ordenou. Lisboa
por Miguel Rodrigues ImpreíTor do Emminen-
tiírimo Senhor Patriarcba. 1740. 4.
Sermão Panegyrico, e Moral na profif-
faõ de D. Catherina Telle:^^ de Meneses
mulher que foy de Pedro Vieyra da Syl-
va pregado no Mofieiro de N. Senhora de
Nas^areth de Bernardas Defcalfas na Cidade
de Lisboa. Lisboa na Ofíicina Almeydia-
na. 1740. 4,
Fr. lOZE' DE lESUS MARIA na-
tural de Lisboa onde teve por Pays a
Gafpar Rebello de Azevedo, e Izabel
Maria da Sylva. Abraçou o iníUtuto Se-
ráfico em o Convento de N. Senhora
dos Anjos íituado em a Villa de Torres
Vedras da Provinda da Arrábida onde
profeíTou folemnemente a 26 de Março
de 1704. Aplicoufe a todo o género de
erudição em que fahio egregiamente ver-
fado. Foy Pregador do SereniíTimo In-
fante D. Francifco, e três vezes Guar-
dião do G^nvento de Santa Catherina
de Riba mar, e huma Cuílodio da Pro-
vinda. Publicou
Academia fingular, e univerfal, hiflorica, mo-
ral, e politica, Ecclefiajlica f cientifica, e Crono-
loffca, conflitutivo de hum VaraÕ perfeito defde
o infante primeiro que fe gera no ventre mater-
no até o infante ultimo que no Claufro da fe-
pídtura fe refolve. Comprehende todos os Ef-
tados, operaçoens, e modos da vida huma-
na. Artes fcientificas, liberaes, politicas, me-
55
chanicas, e fervis, autborif(ada com vaflijfimas
noticias, primeiros princípios, e antiguidades
celebres extrahldas naõ fó da Efcrltura Sa-
cada, Santos Padres, e Doutores da Igreja,
mas de outros quafi infinitos lEfcritores que
do Orbe todo umverf alistado, e fngularlf^ado
blforlaraõ. Lisboa por Pedro Ferreira Im-
preíTor da Rainha NoíTa Senhora. 1737. foi.
Brognolo recopilado, e fubf anelado com ad-
diãamentos de gravljfimos authores. Metbodo
mais breve, muy fuave, e utllljfimo de exor-
cl!(ar expelllndo demónios, e desfaf(endo feiti-
ços fegundo os diãames do Sacado Evange-
lho. Lisboa na Offidna Ferreiriana. 1725.
8. e Coimbra por lozè Antunes da Sylva
1727. 8. He tradução de Latim de Fr.
Cândido Brognolo Frandfcano.
Fr. lOZE' DE lESUS IViARIA DO
ROSÁRIO natural de Lisboa religiofo
profeíTo em a reformada Provinda de
Santo António donde paíTou para o Se-
minário de NoíTa Senhora dos Anjos de
Brancanes exerdtando por muitos annos
o miniílerio de Aliílionaiio Apoílolico.
Falleceo no dito Seminário a 7 de Ou-
tubro de 1733. Compoz
Modo mui devoto para vl^tar a Via Sacra
exercitada em as Mijfoens pelos reli^ofos Mijfio-
narlos do Seminário de Nojffa Senhora dos Anjos
de Brancanes na Villa de Setúbal. Lisboa por
lozè Lopes Ferreira. ImpreíTor da Sere-
niíTima Rainha. 1718. 24.
lOZE' lOACHIM SOARES. Naceo
em a Villa de Setuval a 19 de Março
de 1721. filho de loaõ Soares de Brito,
e D. Izabel Apollonia. Seguindo a vida
militar fempre lhe mereceo particular in-
clinação o eíhido da hiftoria profana, e
a intelligencia da lingua Franceza da qual
tem traduzido os feguintes Kvros.
Conjuração de Portugal. Amílerdaõ 1689. 12.
Vida de Augufto Rey de Polónia. Lon-
dres 1739. 8.
Vida de Henrique IV. de França. 8.
Todas eílas Traduçoens conferva o Au-
thor em feu poder.
866
BIB LIOTH E C A
lOZE' DE S. lOACHIM XAVIER
natural de Lisboa filho de Manoel An-
tunes, e Filippa Moreira. Recebeo a mur-
ça de Cónego Secular do Evangelifta em
o Convento pátrio de Santo Eloy a 15
de Setembro de 1714. donde tendo exer-
citado o minifterio de Pregador com
aplaufo, fahio para Prior da Igreja de
AíTumar. Publicou
OraçaÕ fúnebre nas exéquias do Excelleníif-
fimo Senhor D. Filippe Mafcarenhas II. Conde
de Coculim celebradas na Parochial Igreja de S.
loaÕ da Praça de Lisboa em i^ de lunho de 1735.
Lisboa por lozè António da Silva 1735.
4. Sahio com duas Oraçoens ao mefmo
AíTumpto.
Fr. lOZE* DO LORETO filho natu-
ral de Luiz de Mello Freyre decimo ter-
ceiro Senhor da Villa de Mello fituada na
Beyra alta, o qual obfervando a agudeza
do talento de que benéfica o dotara a na-
tureza o aplicou à cultura das letras onde
fe diítinguio com exceíTo dos mayores en-
genhos ou fofle na intelligencia da lingua
latina, elegância Poética, e noticia da Hif-
toria. Com heróico defengano deixou o
feculo pelo clauftro profeíTando o peniten-
te inftituto de S. Francifco da Provinda
de Portugal em o Convento de Lisboa a
16 de laneiro de 1700. e nefta virtuofa pa-
leftra foy venerado o feu talento na Ca-
deira, e no púlpito. Pela fuavidade do
génio, e prudência do juizo ocupou os lu-
gares de Guardião do Convento de Santa-
rém, Definidor, e de ConfeíTor das Reli-
giofas de Santa Clara de Lisboa no anno
de 1730. c do Convento de Santa An-
na da mefma Cidade em 1758. Como
era muito perito nos myfterios da Poe-
zia foy hum dos Cenfores do Certame
Académico celebrado no Convento de Nof-
fa Senhora da Graça defta Corte. Ao
tempo que eftava limando os feus Ser-
moens que formariaõ doze volumes o
arrebatou a morte intempeftivamente no
anno de 1740. dos quais fe fizeraõ pú-
blicos os feguintes.
Sermão no Jolemnijftmo Outavario em que
celebrarão os Keverendijftmos Padres da Com-
panhia de lESUS da Ca^a profejfa de S.
Roque a Canonização de Santo Eftanislao
Kofka, e S. L/d^ Gonzaga egreffos filhos
da mefma Companhia. Lisboa por Manoel
Fernandes da Cofta ImpreíTor do Santo
Officio. 1728. 4.
Sermão da Senhora Santa Anna glorio-
fa Mãy da Mày de Deos Alaria Santif-
fima pregado no feu Mofleiro de Lisboa na
tarde do dia da fua fefla do anno de 1738.
Lisboa por António Ifidoro da Fonceca.
1739. 4.
Fr. lOZE' LEYTAM TELLES filho
de Cuílodio Vaz Tellez naceo no lugar
de Manteygas do Bifpado de Coimbra.
Tendo cultivado as letras amenas com
viveza de engenho, e felicidade de me-
moria fe aplicou às feveras em a Aca-
demia Conimbricenfe, e fendo admitido
a CoUegial do real Collegio das Orden
militares a 10 de Março de 1675. e lau-
reado com as infignias doutoraes na Fa-
culdade dos fagrados Cânones a 12 de
Outubro de 1681. fubio a Cathedratic*
da Cadeira de Clementinas de que to
mou poíTe a ij de Abril de 1707. e dt
Vefpera a 23 de Agofto de 1708 em
cujo magiílerio fe admirou a grande li-
teratura de que era depofito a fua me-
moria diftando a celebre Poftilla de Con-
cefftone Prabenda. Foy Deputado da Inqui-
fiçaõ de Coimbra provido a 25 de Agof-
to de 1707. e Cónego da Guarda. I al-
leceo em Coimbra a 13 de lulho de
1712. Addicionou com doutiíTimas No-
tas.
Summa, feu Praxis Judicum, ^ Advocatorum
á facris Canonibus dedtiâa (&c. Compoíla por
António Cardozo do Amaral ProfeíTor dos
Sagrados Cânones, e Reytor da Igreja de S.
Lourenço da Villa de Santarém. Sahio o 1.
Tomo. Conimbricx apud Viduam Antonii
Simoens Univ. Typ. 1729. foi.
Tom. 2. ibi apud Francifcum de Oliveira
Univ. Typ. 1732. foi.
Diverfos Textos das Decretaes, Clementinas.
Sexto, e Extravagantes explicados, com m:-:
leys de Direito Cefareo. 8. Tom. 4. efcritos pci;i
maõ do Author.
H
L U SITAN A.
8Ó7
lOZE' LEYTE DA COSTA Bracha-
fcnfe fendo bautÍ2ado na Parochia de
Saõ-Tiago de Cividade a 19 de Julho de
1700. Teve por Pays a Jo2è Leyte, e
Maiia Leyte. Inílruido em a pátria com
as primeiras letras frequentou a Univeríi-
dade de Coimbra onde recebeo o gráo
de Bacharel em a Faculdade dos Sagra-
dos Cânones com que fe habilitou para
fer Abbade de S. Miguel de SouteUo do
Confelho de Larim do Arcebifpado de
Braga. Compoz.
De/empenho feftivo, ou triíimpbal apparato
com que os illuftres Bracharenfes pelas ruas da
augufia Braga tiráraõ a publico o EMchariJlico
Maná da lej da Gra^a, Epilogo de mara-
vilhas, faborofo Jujlento de Angélicos E.fpiritos,
t Soberano Corpo de Cbrifto Sacramentado
tm o anno de 1729. Lisboa por António
Pedrozo Galraõ. 1729. 4. Coníla de proza,
' e Verfo.
Fr. lOZE' DE LIMA Naceo em Us-
boa a 3 de Dezembro de 1668. filho
de Francifco Gomes Corrêa, e Filippa
da Afcençaõ de Lima. No Collegio pá-
trio de Santo Antaõ dos Padres Jefuitas
eftudou letras humanas, e na Congrega-
ção do Oratório ouvio Filofofia diftada
pelo Padre Diogo Curado, e Theolo-
gia pelo Padre Francifco Pedrozo vene-
rados ambos nefta Corte por fuás gran-
des letras. Refoluto a abraçar o eílado
religiofo foy admitido à Ordem Carmeli-
tana cujo habito lhe lançou feu Irmaõ
Fr. Manoel de Santa Catherina, que de-
pois foy Bifpo de Angola, em o Con-
vento da Villa da Horta na Ilha do
Fayal a 31 de Outubro de 1686. No-
vamente eíhidou Filofofia, que lhe diâiou
feu Irmaõ, como também Theologia, que
acabou em o Convento de Évora, cujas
Faculdades leyo com aplauzo em o Con-
vento do Maranhão para onde partio a
25 de Março de 1693. fendo Provizor
defte Bifpado por Provizaõ de 29 de
Aíayo de 1697. paíTada por D. Fr. Thi-
moteo do Sacramento Bifpo deíla Dio-
cefe, exercitando ao mefmo tempo a Vi-
gairaria da fua Religião, e em hum, e
outro lugar deu claros argumentos do
zelo, e vafta fciencia da Theologia Mo-
ral, e Direito Pontifício. Reítítuido ao
Reyno no anno de 1701. por condefcen-
der ás inílancias do Provincial Fr. Fran-
cifco Ribeiro Cathedratico da Univerfida-
de de Coimbra paííou fendo já jubilado
a ler Filofofía no feu Collegio deíla Ci-
dade. Foy ConfeíTor das ReUgiofas dos
Conventos de Lagos, e Tentúgal, Vifíta-
dor do Collegio de Coimbra, Prothono-
tario Apoílolico, Chroniíla da Provinda
por patente do Geral Fr. Carlos Comac-
cioh palfada a 9 de Julho de 1721. e
Confultor da Bulia da Cruzada. Falleceo
no Convento de Lisboa a 26 de Março
de 1745. quando contava 77 annos de
idade, e 39 de Religião. Publicou.
Peregrinação Evangélica expreffa em vários
Sermoens Moraes, e Panegyricos. Tom. i . Lisboa
por Jozè António da Sylva. 1720. 4.
Tom. 2. Lisboa por Miguel Rodrigues.
1732. 4.
Sermão do glorio/o Pafriarcha S. Jeró-
nimo. Lisboa por Pafcoal da Sylva. 1723. 4.
Tratado fobre as Propojiçoens condemnadas
pelos Summos Pontífices Alexandre Vil. e Inno-
cencio XI foi. M. S.
Conjulta varia Tbeologica, Jurídica, et Regu-
laria, foi. M. S.
Delle faz larga mençaõ Fr. Manoel de Sá
Mem. Hijl. dos EJcrit. do Carm. da Prov. de
Portug. cap. 60. pag. 277.
lOZE' LOPES DE MIRANDA na-
ceo em Lisboa a 15 de Março de 1688.
fendo filho de Domingos Lopes, e D.
Mariana de Miranda igualmente inítruido
nas letras humanas, liçaõ de Poetas, e
Hiíloriadores. Publicou em nome de feu
filho Thomaz Jozé de Macedo, e ^li-
randa Cavalleiro Profeflb da Ordem de
Saõ-Tiago Fidalgo da Caza Real, e Con-
tador dos Contos do Reyno, e Caza.
Kamilhete do Jardim da erudição, e de-
leitavel Compendio das fentenças dos milhares
Authores expojlas pelas letras do A, B,
C. Lisboa por António Manefcal. 1754.
8. Tem os feguintes tomos promptos
para a impreíTaõ.
8ó8
BIB LIO TH E CA
lOZE' LOPES POMBEYRO natural
da Cidade de Beja em a Província Tranf-
tagana filho de Domingos Vaz, e Maria
Pombeira. Eíhidou Medecina em a Uni-
vcrfidade de Q)imbra em que fahio emi-
nente, aflim como o era na Poefia. Fal-
leceo a 9 de Novembro de 1732. Ti-
nha prompto para a impreíTaõ.
Prophyjia antiqua, (& nova Medicina in qua
Veterum, ó^ Juniorum Medicorum Sententia in
tinitm coharent. foi. M. S.
Poejias varias divididas em três livros dos
quais o I. tinha por titulo Flores eminentes.
O 2. Flores venturor^as; o 5. Flores ale^es.
lOZE' DE MACEDO natural de Lis-
boa filho de António de Macedo, e D.
Violante de Caítílho, e irmaõ do Padre
Jerónimo de Caftilho da Companhia de
JESUS de quem fe fez particular memo-
ria em feu lugar. Foy profundamente
inftruido nas fciencias amenas, e feveras,
e naõ menos intelligente nas linguas Gre-
ga, Latina, Italiana, e Franceza. Falle-
ceo na pátria a 28 de lulho de 171 7.
Ia2 fepultado no Convento do Carmo.
Com o afeitado nome de António de
Mello da Fonceca publicou
Antídoto da língua Portuguev^a. Amfterdam
por Miguel Dias. 4. grande naõ tem anno
da Impreflaõ.
Fr. lOZE' MANOEL DA CONCEY-
ÇAM. Naceo em Lisboa a 10 de Ja-
neiro de 171 5. onde teve por Pays a
Pafchoal Diaz, e Maria de lefus. Apren-
dco a lingua Latina com o P. Gafpar
Simoens infigne profeflbr de letras hu-
manas de quem fe fez memoria em feu
lugar, e moftrou taõ grande engenho que
foy admitido a religiofo da Terceira Or-
dem Seráfica no Convento de Nofla Se-
nhora de lefus defta Corte a 8 de Fe-
vereiro de 1731. c profeflbu a 9 do
dito mez do anno feguinte. Eftudadas
com difvelo as fciencias Efcholafticas as
enfinou com aplauzo no Convento de S.
Francifco de Viana, e no Collegio de S.
Pedro de Coimbra. Do feu talento con-
cionatorio he teftemunha a obra feguinte
Sermão Gratulatorio Panegyrico pregado em
AçaÕ de graças pela glorio/a Aclamação do Sere-
nijfimo Senhor D. loaõ IV. XXI. Rey de Por-
tugal na Cathedral de Coimbra em o primeiro
de De:(embro de 1745. Coimbra por Luiz Seco
Ferreira 1746. 4.
Fr. lOZE* de SANTA MARIA cha-
mado no feculo Pafchoal de Andrade
naceo em Lisboa, c na Parochial Igrqt 1
da Magdalena recebeo a graça bautifmal
a 15. de Abril de 161 8. em que cahio
o feftivo dia da Pafchoa da Refurreiçaõ.
Sendo Sacerdote como anhelaííe a eftado
mais auílero veílio a cogulla Ciftercienfe
no Mofteiro de Santa Maria de Macey-
radaõ a 25 de Março de 1658. quando
contava a madura idade de quarenta an- 1
nos, e profeíTou o eftatuto monachal t |
13 de Abril do anno feguinte. Exercitou
com fumma vigilância, e ardente chari-
dade em o Convento Real de Alcobaça
os Officios de Celereiro no Generalato
de Fr. loaõ Oforio, e de Enfermeiro no
tempo que fegunda vez foy Geral Fr.
Sebaftiaõ Sotomayor. Foy igualmente par-
co em comer, como cm fallar. Recebi- j
dos os Sacramentos na ultima infermida-
de pedio que lhe rezaíTem o officio da
agonia que elle com clara voz juntamen-
te recitava, e abraçado com hum Cruci-
fixo efpirou piamente a 23 de Outubro
de 1697. quando contava 79 annos de
idade, e 29 de Monge. Acabou, e reduzio
a melhor forma a obra, que principiara Fr.
Vivardo de Vafconcellos, intitulada.
Fundação do Mofteiro de Nojfa Senhora de Na-
v^areth de religiofas de S. Bernardo fituado em Lis-
boa. Confervafe M. S. no Carthorio do Real
Convento de Alcobaça onde o author fallccco.
D. Fr. lOZE* MARIA DA FON-
CECA, E ÉVORA chamado no feculo
lozè Ribeiro da Fonceca Figueiredo, c
Souza naceo neíla illuílrc Qdade a 3 de
Dezembro de 1690. que para eílima-
çaõ de lhe ter dado o berço a con-
fervou f>or apellido. Foraõ feus proge-
nitores Manoel Ribeiro da Fonceca 1 i-
gueiredo que fervio de Tenente de Ca
S
L USITANA.
869
vallos à auguítííTima Caza de Auílria em
Milaõ, e Flandes; e D. Anna Maria Bar-
rofo da Gama ^lichaõ parenta de feu
Conforte. Na primeira idade deu manifef-
tos indicios da admirável comprehenfaõ, e
feliz memoria de que o dotara a nature-
za para penetrar as fciencias amenas, e
feveras diftinguindo-fe entre todos os feus
condifcipulos aíTim na Univerfidade de Évo-
ra onde recebeo o gráo de Meíire em Ar-
tes, como em a de GDÍmbra eíhidando Di-
reito Pontificio. Afortuna, que lhe deílina-
va os mayores augmentos augurados no feu fe-
liz nome lhe preparou naõ menor theatro, que
a cabeça do Mundo para a qual partindo no
anno de 171 2. com o ExceUentiíTimo Marquez,
de Fontes, depois de Abrantes Embaxador
Extraordinário á Santidade de Clemente XI.
depois de receber as iníignias doutoraes em
hum, e outro Direito para fatisfaçaõ do voto,
que em huma infermidade fizera de fer religiofo
de S. Francifco o cumprio veítindo o penitente
habito do Serafim dos Patriarchas no Conven-
to de Ara CasU a 8 de Dezembro de 1 71 2. Nef-
ta fagrada paleftra diâou Filofofia, e Theologia
com tanta agudeza que podia difputar com a
de feu fubtil Meíire Efcoto. PoíTuio os mais
honorificos lugares da Religião Seráfica,
fendo Perfeito do Capitulo Geral Roma-
no a que prefidio Innocencio XIII. Se-
cretario Procurador da Ordem devendo-
-fe á fua incanfavel aétívidade a Cano-
nização, e Beatificação de outo Santos
Franàfcanos celebrados com magnifica pom-
pa; Superior, e Prelado Geral de toda
a Familia Seráfica a cuja eleição aíTif-
tio a Santidade de Clemente XII. Vi-
fitador, e Reformador ApoftoHco de to-
da a Religião, Difcreto perpetuo, e pri-
meiro Padre delia, fendo gloriofo inf-
trumento de fe collocar no Templo Va-
ticano a eftatua de S, Francifco em ha-
bito de Obfervante contra os obílaculos
dos Clauílraes, e Capuchinhos afliliidos da
authoridade dos Cardeaes feus Protedo-
res, merecendo, que em gratificação de
confeguir taõ árdua empreza lhe gra-
vaíTem os religiofos da reformada Pro-
víncia de Nápoles a feguinte infcrip-
çaõ.
Rep. admodum Patri
Fr. Jofepho Mana ah Ebora
S. Tbeolog. Leãori prímarío AracelitanOr
(ò^ totius Ord. Min. Secret. GeneraU
Ob Statuam Serapbici Pafriarcba
in Vaticano Templo
maxtmis fuperatis difficultatibus
Collocatam ;
Juraque Bjliffonis Jumma conjtantia
Vindicata;
Fratr. Franc. tot beneficiorum memores
boc atemum pojtâre monumentum
Anno 1725.
Para fe moftrar benéfico à ReUgiaõ, que
com tantos titulos, e minifterios tinha nobi-
litado o feu nome, erigio com generofa pro-
fufaõ novas aulas de Filofofia, e Theologia
efpeculativa, e Moral no Convento de Ara-
cxli, e para que efte beneficio fe etemizaífe na
pofteridade lhe gravou taõ douta Comunidade
a feguinte infcripçaõ.
Pdív. admodum Patri
Fr. Jofepho Maria FJborenfi ,
Sacr. Tbeolog. Leãori
Plurium Con^egationum Judiei
integerrimo,
Scientiarum Patrono, €>• Mecenati
ter máximo;
quod
Has Studiorum Aulas
â fundamentis extruxerit
Fr. Fr. in amoris, e>* gratitudinis
pignus
H. M. P.
Naõ fatisfeito o feu generofo animo com ef-
ta magnifica obra ideou outra mais nobre em a
mefmo Convento qual foy a caza da Livraria
ornada de primorofas Eílantes, e elegantes pin-
turas onde collocou immenfa copia de livros
aíTim impreíTos, como M. S. de que refultou fer
huma das mais magnificas, e numerofas, que
fe admiraõ em Roma. Em remuneração defte
litterario difpendio lhe concedeo Qemente
Xn. por Breve expedido a 20 de Setembro
de 1727. que começa Seraphica Ríliffonir
decus, tÍT incrementum <&c. a adminiílraçaõ
delia Bibliotheca dentro, e fora da Or-
dem por todo o tempo da fua vida con»
faculdade de nomear Bibliothecarios, e ou-
tros miniftros neceílarios para aíTiítir na dita
«70
Bibliotheca. Tendo adminiftrado com geral
aplauzo os mayores Lugares da fua Religião
exercitou com igual aclamaÇaõ fer Prefidente
das Salinas em Roma, Theologo nomeado
pelo Pontifice Benedifto XIII. para o Conci-
lio Lateranenfe, Confultor das Sagradas Con-
gregaçoens do índice, Indulgências, Relí-
quias, e Ritos, Votante Confiílorial, e da Vi-
fita Apoftolica, Confultor, e Qualificador
da Suprema, e Univerfal Inquifiçaõ, Exa-
minador Synodal Romano, e depois de
Bifpos, e Arcebifpos, Juiz arbitro em di-
verfas controverfias, e ComiíTario Apoílo-
lico cm varias partes. A eftes miniílerios
Ecclefiafticos correfponderaõ os Polilicos
em que manifeílou a fua judiciofa madu-
reza, e prompta aétividade fendo Confe-
Iheiro aulico do Emperador Carlos VI.
Intendente dos negócios delRey de Sarde-
nha na Cúria, e Plenipotenciário deíla Co-
roa nos Pontificados de Benedifto XIII.
Clemente XII. e Benedifto XIV. As mais
florentes Academias admirando os frutos
das fuás produçoens oratórias, e poéticas
fe illuftráraõ com a fua fociedade de que
foraõ participantes a 'E.trujca fucedendo
ao Cardlal Albani; a dos Árcades com o
nome de Garafto; a Infecunda, e ultimamente
a ^eal da Hijloria Portugue:(a. Contribui-
rão para o efplendor da fua peíToa a Re-
publica de Veneza declarando-o feu Patrí-
cio; o Senado Romano elegendo-o Optimate,
e da Ordem Senatoria; e a Mageftade reynan-
te delRey D. Joaõ o V. nomeando-o Bifpo
da Cidade do Porto a lo de Fevereiro de 1759.
cuja dignidade havendo regeitado as Mitras
de Ofimo, Tivoli, e AíTis, aceitou obríga-
do do preceito real. Partio da Cúria, e
chegando a Lisboa a 18 de Dezembro
de 1740. foy fagrado pelo Emminentif-
íimo Cardial Patriarcha na Bafilica Pa-
triarchal a 12 de Março de 1741. De-
pois de vifitar a fua pátria, que com
plaufiveis cultos celebrou a gloria de taõ
illuftre filho partio para o feu Bifpado
onde com paternal vigilância governa as
fuás ovelhas. Com merecidos encómios
aplaudem o feu nome, como as fuás
obras diverfos Efcritores, que faõ Fr.
Deodat. à Cuneo Orat. Acodem. Jofeph
BIBLIO THE C A
Maria de Vedano Memoria/e virt. eS^ me-
ritor. P. Fr. Jofephi ah Ebora Fonceca
Difcnrf. deWOrigin. e difcend. delia Famí-
lia Fonceca. Theophilus Mefomilhert Hift.
fui Temporis. Jofephus Catalanus in Epift.
D. Hyeron. Moretus de ritu variandi Cho-
rale tndumentum in folemnitate Pafchali. Fer-
nandes delRio Supplex libei. Suprem. In-
quif. Koman. fuper. Lib. V. Matr. Maria
ab Agreda. Rolland. Moyen facile de con-
cilier les Efprit. Padre Cafimiro Mem.
Hifloriche de la Chiev^a, e Convento d' Ara-
calli. Hallier de facris leãionib. <& Ordin.
Fr. Fortunatus à Brixia Differt. Phyjico-
Theolog. Souza Hijl. Gen. da Cav^a Real
Portug. Tom. 9. pag. 256. Fr. Joan. a
D. Ant. Bib. Franc. Tom. 2. pag. 230.
col. I. Para eterna memoria dos Benc-
ficios, que generofamente fizera ao Con-
vento de Araceli lhe levantarão em a
Livraria huma Eftatua de mármore os
religiofos depois que fe auzentou da
Cúria, e na baze fe lhe gravou a fc-
guinte Infcripçaõ.
ReligiofJJimo, ac prope fingulari viro, Excel-
lentijfimo, <& Reverendijftmo D. D. Fr. Jo-
fepho Maria da Fonceca ab Ebora Ord. Koman.
Prov. Obferv. Leãori jubilato, ejufdem Ordinis
fcriptori, (Ò" Generali Miniflro, Sanãa, <& Uni-
verfalis Inquijitionis Confult. Epifcoporum Exa-
minai; Congregationi Confiflorial. Votanti Su-
premo in Ordine Senatorio inter Romanos Pró-
ceres adfcripto, Aug. Imperatoris, diverforum-
que Regum Confiliario, ac Theologo, Pote/h
tijftmi L,ujitania Regis Joannis jQuinti aptii
S. Sedem Minijiro Plenipotenciário, Eleão
Epifcopo Portuens. Ob doãrina preeflantiam,
morum integritatem, dexteritatem ingenii, rt-
rum agendaram peritiam, Summis Pontifià-
bus, Regibus, ac Principibus fià temporis
acepto, de boc Aracelitano Conventu, quem
pluribus in partibus aut exomatum, aut ref-
titutum in meliorem formam redegit. De
Romana Provinda, quam monajleriis, vel adi-
ficatis, vel reparatis injlauravit; de Cifmon-
tana Familia cui fumma pruãentia, vigilan-
tia ac fortitudine prafuit; de Univerfo Or-
dine quem in fupremis obeundis magiftrati-
bus, SS. ac BB. cultu promovendo, domef-
ticis fludiis ordinandis, juribus defendendis,tgrt-
à
LUSITANA. 871
ffe omavit, de CatboHca Exclefia, cujus utilitati Giacomo de la Aíarcifa, e Francifco Solan&
in arduis negotiis non Jemel conjuluit, optime meri- con ie efiampe dei apparato de la Cbie^a^
to. Quod inter tot excelfi animi monumen- faciata, e fuocbi artifiàali. Roma per Giu-
1 ta Bibliotbecam bane difiàllimo loco á funda- feppe Borgiani. 1727. 8.
■ mentis excitatam, ingentique librorum, ac co- Dijfertatio Cbronoloffca, hiftorica, €^ ju-
dicum Jupelleãili infiruãam, elaboratijfimis plu- ridica qua demonftratítr Soaram Portitmcula
teis, ac piãuris omatam in publicum rei Bafilicam prope AJftfium effe Caput, <& ma~
literária commodum erexerit, Romana Provin- trem totius Ordinis Minorum. Lucse apud
cia in perpetuum grati animi argumentum P. Marefcandolum 1727. 4.
anno R. S. 1740. Breve epilogo de la vita, e miracoli di
S. Níargarita di Cor tona dei 3. Ordine di
Naõ obílante a continua aplicação a S. Francefco. Roma per Girolamo Mai-
I tantas incumbências religiofas, e politi- nardi. 1728. 8.
cas era taõ fecundo o feu engenho, e Applaufi Fejlivi nel Solenijftmo Otavario de
veloz a fua pena que chegavaõ ao nu- la Canoni^acione di S. Margarita di Cortona
mero de íincoenta as fuás obras impref- celebrato nella Cbieja d' Araceli con la dijcrejione
t lãs, e M. S. como fe lè expreífado em delia Capella Papale, Medaglione, e Gieroglifici
himi Breve de Clemente XII. expedido &c. Roma per Girolamo Mainardi. 1728. 8.
a 8 de Outubro de 1737. que começa Primatus Ordinis Serapbici pro Obfer-
j Tuo nomine Nobis nuper expojitum &c. on- vantibus vindicatus, <Òr quoad titulum, en
de o exhorta a concluir as addiçoens do quoad fi^llum Minijlri Generalis totius Or-
Bullario, Annaes, e Bibliotheca da Or- dinis unà cum impofitione perpetui Jilentit
dem Seráfica que com taõ laboriofo dif- pp. Conventualibus adverfariis ab Apof-
velo tem ideado. toUca fede <&c. Romse Typis Rev. Cam.
Apoft. 1728. foi.
Cathalogo das Obras ImpreíTas Arcádia fefiiva nell inal^amento ai Tro~
Jura Romana Provinda, et Ordinis fu- no Pontificio dei Emminentijfimo, e Revê-
per Ecclejiam Aracelitanam , Scbalam, Con- rendijftmo Signore Cardinale Corfini dig^iif-
ventum, et Claujuram contra Excellentijfi- fimo Proteãore dei Ordine Seráfico col nome^
mum S. P. Q. R. difcujfa, (& vindicata. di Clemente XII. Roma per il Ferri
RomíE Typis Rev. Cam. Apoíl. 171 9. 1730- 4-
foi. Rjgefium de Confiitutionibus, Brevibus, De~
Privilegia Terra Sanâa, (& facultas uten- cretis, Refcriptis, aliifque recentioribus Ro-
di Pontificalibus, atque Sacrum Cbrifma in mana Cúria monumentis ad Serapbicum Or-
Sacramento Confirmationis adminijlrandi ordini dinem pertinentibus ab anno 1723. ufque ad
conceffa apertijftme demonflrantur. Romae Ty- an. 1729. Romae Typis Petri Rofati, &
pis Rev. Gim. Apoíl. 1721. foi. lozephi Borgiani 173 1. foi.
Ubellus contra Fraticellorum Seãam falfô Annales Minorum Ljdca Wadingi cor-
atribuitur B. lacobo de Marcbia. Difcurfus reãi, illufirati, e^ profecuti ufque ad 18
bifloricus, e^ juridicus. Romae in eadem Volumina. Romac Typis Rochi Barnabo
Typog. 1724. foi. ab anno 173 1. ad annum. 1740. foi. 18^
P. Fr. Clauãii Fraffen Pbilofopbia, e^ Tom.
I Tbeolo^a correãa, €>* emendata. Romae Ty- Studiorum metbodus pro Cifmontana
pis Rochi Bernabò 1726, 4. 16. Tom. Familia, ubi elencbus qtuefiionum legendarum
Bxcellencias, Virtudes, y milagres dei Apof- prafinitur, Quaflionum Traãatus per annos
tol. de las índias S. Francifco Solano. Ro- diflinguntur, concurfus, feu oppofitio ad Cathe-
ma en la Imprenta Salviana. 1727. 8. dras difponitur, & inflruitur. Romae Typis
Relatione de la Procejfione, & Otava- Maynardi 1733. 8.
rio folene fato nella Cbiefa di S. Mana Tabula Chronoloffca in qtàbus fculpta funf
de Araceli por la Canonit(acione de Santi effigies, & gefla San^orum, €>• Beatorum
8/2
BIBLIO THECA
Ordinis de quibus Officium aliquo modo
^ekbratur: Pontificum, Ó^ Cardinalium, Mi-
niftrorum Generalium, €>• infifftium Viro-
rum Ordinis prafati, qui legationihus ad
Sanãam fedem, alio/que Reges, et Prínci-
pes funãi Jitnt; ficuti etiam Doãorum, (&
Scríptorum magni nominis, Kegum, €>• Prín-
cipum, qui Seraphica militia Junt adjcrípti.
Romíc per Andream de RoíTi 1737. Tom.
I. foi.
Cathalogo das Obras M. S.
Opera Philojophica Critica Scholis Seraphicis
/ucomodata. 2. Tom.
Theologia Speculativo - dogmática juxta
mentem Doãoris Mariano fubtilis 3. Tom.
Confervaõfe na Bibliotheca do G^nvento
de Araccli
Bullarium Komano-Seraphicum Notis hijlo-
ricis Criticis, <& Chronologicis illuftratum,
•€^ in \z. Tomos diftributum.
Aãa Ordinis Minorum ubi Conjlitutio-
nes, Statuta, et Decreta Capitulorum, et Con-
ff-egationum Generalium utriufque Familia
colle£ia reperiuntur.
Syllabus Jive Bibliotheca máxima omnium
Scríptorum, qui tribus S. Francifci Ordinibus
ftomen dederunt.
Eftas três grandes Obras pertencentes
^ gloria da Religião Seráfica tinha mui-
to adiantado eíle Prelado principalmen-
te o Bullario de que tinha compoílo 5.
Volumes, porém como as fuás varias in-
cumbências lhe impediaõ pòr o ultimo com-
plemento as entregou a religiofos eruditos
•aífiílindolhe com os gaílos neceíTarios para
que fe publiquem.
InJlruçaÕ hijloríco politica dos Intereffes dos
Príncipes na Corte de Koma.
Mifcellanea de matérias Juridicas, Po-
liticas, e Theologicas fobre negócios, e depen-
dências de Portugal na Cúria foi. 2. Tom.
L^ Nego^iai(ioni dei P. Évora nella
<2uria Romana non Joio in ferviggio di S. Aí.
Portuguev^a ma d'altre Soverani, e Corti de
Europa, foi. 3. Tom.
Injlruçoens para diverfos Conclaves, foi.
Eílas quatro obras fe confervaõ na Li-
vraria que efte ExcellentiíTimo Prelado
tem no Porto.
Direãoríum chori ad u/um Ecclejiarum
Ordinis Minorum et cantu Gregoríano illuf-
tratum. 4.
ChrífiaÕ inflruido ru>s Myfleríos da Fi, 9
da obrígaçaÕ propría.
O Parocho pra£Hco, e advertido.
Confins do Sacerdócio, e do Imperío, e
Concórdia do lus da Regalia com a liberdade
da Igreja.
Sendo ComilTario Geral lhe foy come-
tido pelo Capitulo geral celebrado cm Milaò
no anno de 1729. a reforma do Breviário,
e MiíTal Seráfico, e fatisfez a efta incumbência
compondo as liçoens do 2. Noôurno de
Santa Margarida de Cortona, S. Jacome de
Marca, S. Francifco Solano, S. loaõ de Ca-
piílrano, B. lacinta Marefcotí, B. loaõ do
Prado, e B. André Contí.
Fr. lOZE' DE SANTA MARIA alum-
no da preclariíTima Ordem dos Pregado-
res cujo inílituto profeflbu em o G^nvcoto
de Lisboa a 17 de Abril de 157J. onde pela
profunda intelligencia da Sagrada Theo-
logia foy promovido a Meíbre da Ordem
no anno de 1608. de cuja Faculdade foy
Lente de Prima em o Collegio de Santo
Thomaz de Q)imbra, e depois em o Col-
legio de Lisboa fundado pela SereniíTima
Raynha D. Catherina conforte delRey D
loaõ o IIL Compoz
Traãatus Thomiflicus de libero arbítrio
in communi circa ea, qua funt Ordinis natu-
ralis. OlyíTipone typis Gerardi á Vinca
1652. foi. O 2. Tomo defta obra naõ logrou
da luz publica.
Do author, e da obra fazem memoria
Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. p. 620. col. i
Fr. Pedro Monteiro Claufir. Dom. Tom. 5
p. 24 j. loan. Soar. de Brito Tbeatr. Luf:
Liter. lit. L n. 88. c Echard Scrípt. Orà.
Prad. Tom. 2. p. 441. col. 2. onde o intitula
vir eruditione clarus.
Fr. lOZE' DE SANTA MARIA na
tural de Lisboa filho de Pays nobre»
António Gomez Delvas, c D. Brites
Angela. Quando contava poucos annos
de idade, c muitos de prudência deixou
o feculo pela illuítóíTima Religião dt
L USITAN A.
873
Santiffima Trindade profeíTando o feu inf-
tituto no GDnvento pátrio a 24 de Julho de
1657. Didou as fdendas Efcholafticas aos
feus domeílicos, e no fim de taõ laboriofa
incumbência recebeo na Univerfidade de
Coimbra a borla de Doutor Theologo. Pelo
efpaço de quatorze annos aíTiítio na Cúria
Romana com o lugar de Procurador Geral
da fua Província onde conciliou as eftima-
çoens das primeiras Peflbas. Foy Vifitador
da Provinda, e Viíitador Geral, e nelles
lugares fez patentes o zelo do feu animo,
c a obfervanda do feu inftituto. Falleceo
no Convento de Lisboa a 16 de Mayo de
1676. Publicou.
SermaS na Jolemne prociffaÒ do Kefgate
Geral, que Je celebrou em z^ de Dev^embro
de 1655. Lisboa por António Craesbeeck
de Mello. 1656. 4.
Fr. lOZÉ DE SANTA MAIOA cha-
mado no feculo Pafchoal de Andrade naceo
em Lisboa no anno de 161 8. Ordenado
de Presbítero como anhelaíTe a vida mais
perfeita recebeo a cogulla Cifterdenfe no
Convento de Santa Maria de Maceyradaõ
íituado no Bifpado de Vifeu a 29 de Março
de 1658. quando contava a madura idade de
quarenta annos, e profeflbu a 13 de Abril do
anno feguinte. Ainda, que tinha talento para
ocupar todos os lugares fempre repugnou acd-
tar Prelafias, e imicamente fe fatisfez com fer
ConfeíTor das religiofas do reformado Con-
vento de Nazareth em Lisboa. No anno de
1687, era Emfermeiro em o Real Convento
de Alcobaça. Reduzio a milhor eílilo, e
ordem a feguinte obra, que prindpiara Fr.
Vivardo de Vafconcellos Monge Cifterdenfe.
Fundação do Mqfteiro de Na:(areth fituado
na Cidade de Lisboa. M. S. Confervafe no
Convento de Alcobaça.
Fr. lOZÉ DE SANTA MARL\ fi-
lho de Manoel de Oliveira, e Frandf-
ca Gomes naceo em Lisboa no anno de
1683. ProfeíTou o inítítuto da Terceira
Ordem da Penitencia do Seráfico Patri-
archa em o primeiro de Janeiro de 1700.
Eftudou Filofofia no Convento de Via-
na, e Theologia em o Collegio de S. Pe-
dro de Coimbra cujas Faculdades diâou
em os Conventos de Viana, e Lisboa. Foy
Cuftodio da Provinda, e ComiíTario da Or-
dem Terceira do Convento de Noíla Se-
nhora de Jefus de Lisboa defde o anno
de 1722. até 29 de Dezembro de 1637. em
que deixou a vida caduca pela eterna. Teve
natural inclinação para a Poefia, que fem-
pre praâicou em aíTumptos fagrados, dos
quais por deligencia de Jacinto Manhoías
Irmaõ Terceiro fe imprimio.
A.ão de Contrição. Lisboa por Manoel
Fernandes da Cofta 1738. 4. Conlia de 42.
Coplas fendo a primeira.
Meu Deos, antes, que da morte
Sinta os rigores precifos,
Ouvi de bum trifie os lamentos
De bum penitente os gemidos
Fr. lOZÉ DE SANTA MARIA na-
tural da Villa de Amarante filho de Ma-
noel Carvalho Medina, e Domingas Fer-
nandes, alumno da Seráfica Provinda de
Portugal cujo habito recebeo a 25 de Mayo
de 1726. Tantos foraõ os progreíTos, que a
fua aplicação fez nos eftudos Efcholaítícos,
que foy hum dos fete Meftres eldtos para
fundar a nova Academia Utteraria em o Real
Convento de NoíTa Senhora, e Santo Antó-
nio junto da Villa de Mafra hoje cabeça
da Província da Arrábida onde diâou Fi-
lofofia, e Efcritura Sagrada pelo efpaço de
fete annos. Reítítuido à fua Província em
o anno de 1744. diôou outra vez Filofofia
em o Convento de Guimaraens. Tem com-
pofto as feguintes obras.
Claves áurea quibus aperiuntur Sacra Pa-
^na Candidatis abfirufiora ejus loca ex capite
9 ujque ad 14 libri Genefeos. foi. M. S.
Hypomnemata Sacra Tbeolo^o-Dogmatica,
€^ Polemica, foi. M. S.
De Poteftate Clavium in 'Ecclefiafiico Tbe-
fauro largiendo deduãa ex Textu Math. 26.
Tibi dabo Claves Reffii Calorum, & Joannis
21. Pafce oves meãs.
D. Fr. lOZÉ DE SANTA MARLA.
DE lESU. Naceo em a Qdade de Évo-
ra a 8 de Novembro de 1670. onde te-
ve por progenitores a Manoel de Aze-
8/4
BIB LIO THE CA
vedo Leal, e D. Antónia Ribeira de Mo-
raes de igual nobreza à de feu ODoforte.
ProfeíTou o Seráfico iníUtuto no Convento
de Santa Maria de Xabregas Cabeça da
Provinda dos Algarves em 15 de Agofto
de 1695. Eftudou as fciencias neceflarias
para a vida regular em que fahio egregia-
mente inftruido. Defejozo de atrahir aos
peccadores ao eílado da penitencia com a
cfficacia das fuás vozes alcançou faculdade
para paíTar ao Seminário de Santo Antó-
nio do Varatojo, onde com o miniílerio
da fua apoílolica pregação colheo admirá-
veis frutos. Atendendo à fua exemplar obfer-
vancia a Mageílade delRey D. loaõ o V.
Noflb Senhor o nomeou Bifpo de Cabo
Verde a 12 de Dezembro de 1720. em cuja
dignidade foy fagrado pelo EmminentiíTi-
mo Patriarcha D. Thomaz de Almeyda a
8 de Junho de 1721. Logo, que entrou no
Bifpado doutrinou com incanfavel difvelo as
fuás ovelhas, que eftavaõ famintas do pafto
efpiritual padecendo neíla empreza gravif-
fimas contradiçoens aíTim do povo, que era
inculto, como dos Parochos efquecidos da
fua obrigação. Naõ fe coarâiou o feu ar-
dente zelo à Ilha de Cabo Verde, paíTou a
Guiné onde fizeraõ prodigiofas conver-
foens a vehemencia das fuás vozes, e a effi-
cacia dos feus exemplos. Voltando pa-
ra Cabo Verde padeceo huma horrível tor-
menta em que fe vio quafi engolido das
ondas, e falvando-fe em hum Navio, que
navegava para a índia defembarcou na Bahia
de todos os Santos em taõ laíHmofo eíla-
do, que perdeo a viíla, mas naõ a efperança
de voltar para as fuás ovelhas. Sendo ge-
nerofamente hofpedado pelo Arcebifpo
da Bahia fe embarcou na Frota, que
defte porto partia para Lisboa, e logo,
que defembarcou foy bufcar o hofpicio do
Varatojo donde pelas inftancias de Fr.
António da Purificação Provincial da
Provinda dos Algarves veyo habitar
no Convento de Xabregas, c em onze
mezes menos quatro dias, que nelle ef-
teve frequentava o Coro na milhor for-
ma, que podia, celebrava quotidianamente
MiíTa com tanta perfeição como fe naõ
cílivera privado da viíla, e vifitava os
religiofos enfermos focorrendo com efmo-
las a neceífidade de cada hum. Acometi-
do da ultima enfermidade fe preparou com
todos os Sacramentos, e entre repetidos
aélos de contrição, e comformidade com a
vontade divina efpirou a 7 de Junho de
1756. quando contava 66 annos de idade,
e 42 de religião. Jaz fepultado no Cruzeiro
da Igreja de Xabregas, e na Campa fe lhe
gravou o feguinte Epitáfio compoílo por
Fr. loaõ de NoíTa Senhora Chroniíla da Pro-
vinda.
Aqui Ja:^ D. Fr. Jo^é Bifpo de Cabo
Verde filho da Provinda dos Algarves, Pre-
gador Apojlolico, e Guardião, que foy do
Seminário do Varatojo. Tomou o habito,
e profejfou nefle Convento em i^ de Agofto de
1695. Teve virtuofa vida, e falleceo com morte
preciofa em 7 de Junho de 1736.
Sponfi habuit nomen, Sponfa, na tique duorum;
Hac tria laus ejus nomina femper erut.
P.
Fr. J. A. D. N.
C. P.
Compoz.
Brados do Paftor ás fuás ovelhas. Obra
efpiritual dividida em duas partes. Na pri-
meira fe contem quarenta pra£fícas doutrinacs
por fácil, e breve eftilo explicadas para mayor
utilidade do Bifpado de Cabo Verde. Na feguKu.i
bum efpelho de defengano para peccadores con-
fiados. Lisboa por Manoel Fernandes da
Coíla Impreflbr do Santo Offido. 1731.
4. Como toda eíb impreífaõ fc confumiífc
no Bifpado de Cabo Verde preparou fegunda
mais acrecentada, e difpoíla em milhor for-
ma, que fahio na Ofíidna do dito ImpreíTor.
1735. 4. fuprindo o feu grande zelo a mo-
ral impoífibilidade, que tinha na falta d.i
viíla para cuidar do aprovdtameto efpiritual
das fuás ovelhas.
lOZÉ DE S. MARTHA HENRI-
QUES naceo em Lisboa a 2 de Fevc-
rdro de 1705. fendo filho de Pafchoal
da Sylva, e Azevedo, e Catherina Hen-
riques. Quando contava 14 annos de ida-
de como eíbveíTe inílruido nas letras hu-
manas ouvio Filofofia na Congregação do
Oratório diâada pelo Padre Júlio Fran-
L USITAN A.
cifco que hoje dignamente ocupa a Cadei-
ra Epifcopal de Vizeu, e afeiçoado ao inf-
tituto de Congregado veftio a roupeta de
j S. FUippe Neri no anno de 1719. em a Con-
I gregaçaõ do Porto onde leyo Filofofia de
cuja Faculdade defendeo outo concluzoens
' publicas com grande credito do feu no-
me. Da Gongregaçaõ do Oratório paflbu
para a dos Cónegos Seculares do Evan-
geliíla recebendo a murça no Convento
de S. loaõ de Xabregas em o i de Dezem-
bro de 1757. onde pela fua literatura me-
! leceo depois de jubilar na leytura de Theo-
1 logia graduarfe Doutor em a Univeríidade
' de Évora, e fer Qualificador do Santo Officio.
Compoz
Trurína Tbeoloffco-Polemica, feu Dog-
mática, et Mora/is ad quam revocantur juxta
' tondus Sanãuarii quinque Propojitiones Mu-
torum Vulgo dos Pedreiros livres. Ebo-
ex Typographia Academiae 1744. 4.
Fr. lOZÉ DE SANTA MARIA MAG-
I DALENA. Vejafe Fr. lOZÉ DE SOUZA.
lOZÉ MARTINS FERREYRA na-
i tural do Couto de S. Pedro de Roriz
j junto da Gdade do Porto, ou da Fre-
guezia de S. Martinho do Campo pró-
ximo á Villa de Guimaraens muito intel-
ligente na lingua latina, e Caílelhana,
e naõ menos perito na Hiftoria do Rey-
no, e feus mais celebres fuceflbs. Com-
poz
^reve relação das ^andet^as de Usboa
e dos Bifpos, e Senhores de Titulo defte R^-
no, e fuás Conqmflas. Sahio no fim do
Prognoftico do anno de 1606. compofto
por Diogo Martins da Veyga. Lisboa por
Pedro Crasbeeck. 1606. 8.
Breve Compendio, ou Summario das ^an-
de:(as, e cou^s notáveis da Comarca de En-
tre Douro, e Minho com a lifla dos Condef-
iaveis de Portugal, e Vicereys da índia. Lis-
boa por Pedro Crasbeeck. 1608. 8. Sahio
no fim do Prognoftico de 1608. compofto
por Paulo da Motta.
Summario das Comarcas, que há nefte
Kíyno de Portugal com as correiçoens, Ci-
875
dades, e outras cousas notáveis, e curiofas,
que nellas há. Lisboa por Vicente Alvares.
1609. 8. Sahio no fim do Prognoftico de
1609. compofto por Paulo da Mota.
Relação da laftimofa Tragedia de Carlos
Gotaulti Duque de Biron Marichal de França
degolado por mandado de Henrique IV. Lis-
boa por Pedro Crasbeeck. 1604. 4.
Relação da grande traiçaÔ de hum Ef-
co!(es junto com feu irmaÕ maqtànada contra
Jacobo VI. Rey de Efcocia, e Inglaterra
a ^ de Agojlo de 1600. ibi pelo dito
Impreflbr. 1605. 4. Traduzida da lingua
Latina.
Relação que contem os venturofos, e prodi-
ffofos fuceffos de loaõ Baptifla Gallinato, e como
veyo a fer Rey das Provindas, e Reynos de Cam-
baya que eflã junto com o grande, e potentijjimo
Reyno da China. Lisboa pelo dito Impreflbr
1607. 4.
Relação fummaria dos Authores que ef-
creveraõ cousas tocantes a Portugal, e fuás
conquijias defde o anno de 1580. até 1629.
Dedicada ao Chantre de Évora Manoel
Severim de Faria 4. M. S.
Relação Summaria dos Vicereys, e Gover-
nadores que houve na índia defde o anno de 1497.
em que fe defcubrio até o de 1629. OfFeredda
ao mefmo Chantre. 4. M. S.
lOZÉ DA MATA FREYRE natu-
ral de Lisboa Doutor na Faculdade dos
Sagrados Cânones pela Univerfidade de
Coimbra, Prothonotario Apoftolico Capel-
laõ do SereniíTimo Senhor Infante D. An-
tónio, Dezembargador da Cúria Patriarchal,
e luiz do Tribunal da Legada Apofto-
lica. Foy ornado de talento para a Poe-
zia, como para o púlpito, e digno de mayo-
res lugares fe a morte o naõ arrebatara in-
tempeftivamente a 20 de Fevereiro de 1739.
laz fepultado no Convento de S. Frandfco.
Compoz
Sermaõ da Canonização de S. Luiz Gon-
zaga pregado em 50 de Julho de 1727. na
I^eja do Colleffo de Santo Antaõ dos Pa-
dres da Companhia de lESUS 4. dia dejla
folemnidade celebrandofe a Canoni^fiçaÕ de
Santo EJlanifláo Kofcka. Lisboa na Offidna
da Muíica 1728. 4.
876
lurijdiçaõ defendida, e de/agravo patronnado
a favor dos Curas do Hof pitai real de todos os
Santos defta Corte de Lisboa. Lisboa por
Maurício Vicente de Almeyda 1738. foi.
Sahio fem o feu nome.
Soneto na morte da Sereniffima Senhora
Infanta D. Francifca, onde a morte refponde
aos queixov^os da fua tyrania. Sahio nos Sentim.
Metric. a eíle aflumpto Collec. 2. a pag. 22.
Lisboa por Miguel Rodrigues 1736. 4.
lOZÉ DE MATOS DA ROCHA
natural da Villa de Alanquer do Patriar-
chado de Lisboa onde na Parochial Igre-
ja de S. Pedro da dita Villa foy purificado
da culpa original a 22 de Março de 1673.
Orfaõ de feus Pays Francifco de Araújo,
e Ignez de Matos paíTou impellido da na-
tural incUnaçaõ de fe inílruir nas fciencias,
à Univerfidade de Coimbra, e nella culti-
vou o eftudo da Medicina em cuja Facul-
dade recebeo o gráo de Bacharel a 17 de
Março de 1706. e fubílituhio algumas ve-
zes as Cadeiras na auzencia dos Lentes Pro-
prietários com grande credito da fua ca-
pacidade. Da efpeculaçaõ paílou a pradtica
exercitando-a com igual fama, que lucro
na Corte de Lisboa, e nas Villas de Azeitão,
e Cezimbra. Foy dotado de influxo poé-
tico metrificando elegantemente no idioma
latino de cuja pureza foy obfervante cul-
tor, como em a lingua materna fendo os
fcus Verfos cadentes, armoniofos, e dif-
cretos dos quais fe podiaõ formar diverfos
Volumes. Teve erudita comunicação com
os profeíTores das Artes mais infignes dif-
tinguindofe entre todos o R. P. D. Manoel
Caetano de Souza ProcomiíTario da Bulia
da Cruzada, e Cenfor da Academia Real
da Hiíloria Portugueza que o eíUmava ex-
ceíTivamente pela felicidade da fua vcya
poética. Falleceo na Villa de Cezimbra
a 16 de laneiro de 1742. quando contava
69 annos de idade. laz fepultado na Igreja
de S. Tiago Matris da dita Villa.
Compoz.
Sylva E.pitbalamica em que o Tejo celebra
a feliàjftma vinda da Serenijftma Rajnòa Nojfa
BIBLIO TH E CA
Senhora D. Mariana de Auflria. Lisboa por
Miguel Manefcal. 1708. 4.
Epithalamio nas augufias vodas do Se-
renijftmo Principe do Brat^il o Senhor D.
Io:(é com a Serenijftma Infanta de Hfpanba
a Senhora D. Mariana Viãoria. Lisboa
na Officina da Mufica 1729. 4.
In obitu Excellentijftmi Domini Ntmi
yílvres Pereira de Mello Ducis do Cadaval
Elegia. Começa
Quid lúgubre monent tormenta explofa per arces
Ingemit horrífica cur tuba rauca fonoi
Sahio a pag. 315. das Ultim. Acçoens
do mefmo Duque. Lisboa na Officina da Mu-
fica 1730. foi.
Defcriptio poética Villa Calarifiana nr
libros duos opus dividitur. Primus Calarifi
fitu, fertilitate, amanitate, prima que Palatii
domo defcripta, Tabeliãs omnes ex orSm
enumerai. Secundus nobili Calarifii SacelU,
Kegumque adventu enarrato Soufarum Gema-
logiam exponit. Ulyffiponc apud Antonium
Ifidorum da Fonccca. Duc. Cadaval. Typb
1739- 4- grande. Confta de 2933. Verfo»
heróicos.
No primeiro Tomo do Jardim CarmeU-
tano novamente cultivado por Fr. Eftcvaõ
de Santo Angelo. Lisboa na Officina Syl-
viana 1741. foi. Eílaõ huma Sylva fua ao
principio. Epigrama Latino a pag. 72. 2
Decimas Portuguesas a pag. 73. Poema Latino
a pag. 177. em aplauzo da Rehgiaõ Carmc-
litana, e feus Santos.
No Tomo 2 do Jardim Carmelitano a
P^g' 537' Poema Latino a Santo Elesbaõ
Emperador da Etiópia.
Oraçaõ em aplaudo do R. P. D. Caetano
de Santo António Cónego Kegular imprcíla
ao principio da fua PharmacoJ>ea Lufitasia
reformada. Lisboa no Real Convento de
S. Vicente de fora 1711. foi.
Puericias do Pamajfo nas Ribeiras do
Mondego. M. S. 4. Coníla de Sylvas Can-
çoens, Sonetos, Outavas, Motes com
gloflas. Romances heróicos, c Ly ricos, Gc-
ncthliacos, Vilhancicos, Entremezes, Loas
na lingua materna.
Pfdericias do Pama;(0 nas Ribeiras do Tejo.
M. S. 4. Coníla de fcmclhantes obras ^^
precedentes.
L USITAN A.
^77
Poemas heróicos. Odes faficas, EJogios Fú-
nebres, 'Panegíricos Gratulatorios efcritos na
lingua Latina a diverfos aíTumptos de que
fe podem formar dous volumes grandes
de 4. Todas eílas obras fe confervaõ em
poder de Alexandre Jozè de Mattos filho
do Author. Entre as produçoens metri-
<a.s merece diílinto lugar a fua vida defcrita
em huma elegantiffima Elegia, que coníla
de 51 Dyítíchos. Começa.
]am mihi longavo tredecim funt Itifira pe-
raãa
Et fitmt annis próxima hufia méis.
D. lOZÉ DE MELLO filho illegi-
timo de D. Francifco de Mello IL Mar-
quez de Ferreira, e Qjnde de Tentúgal na-
ceo em a Qdade de Évora, que depois il-
|luíb:ou com virtudes heróicas, e açoens
infignes fentado na fua Cadeira Archie-
pifcopal. Foy criado incognitamente na Villa
ide Moura donde com o affeâado nome
de Jo2è Pimenta paíTou à Univerfidade
de Coimbra, e entre a farmlia de feu Irmaõ
, D. Joaõ de Bragança Bifpo, que foy de Vi-
Í2eu aplicado ao eftudo dos Sagrados Câno-
nes mereceo pela capacidade do feu talento
laurear-fe Doutor em taõ fagrada Facul-
dade. Tanto, que foy conhecido por filho
do Marquez de Ferreira paíTou à Corte de
Madrid para que o Monarcha, que domi-
nava eíla Coroa atendeíle ao feu mereci-
mento, que fe augmentava com a alta af-
cendencia dos feus Mayores. PaíTados qua-
tro annos de aíTiílencia em Madrid o nomeou
Filippe in. Agente de Portugal na Cúria
Romana, e poílo, que elia incumbência
era indecorofa á fua peííoa a aceitou por
naõ incorrer no defagrado daquelle Prin-
dpe, que efperava propicio à fua fortuna.
Partio a 28 de Junho de 1604. e logo, que
chegou à Cúria foy benevolamente hof-
pedado por D. Joaõ Fernandes Pacheco
V. Marquez de Vilhena, e Duque de Ef-
calona Embaxador delRey Catholico caza-
tdo com a Senhora D. Serafina filha do Du-
que de Bragança D. Joaõ o I. com quem
;D. Jozè de Mello tinha parentefco, e o le-
Ivou à prefença de Gemente Vni. do
qual foy recebido com grandes diítínçoens
ainda mais pela authoridade da peiToa, que
pelo caraâier do miniJlerio. No efpaço
de quatro annos, que aíTiIUo na Cúria con-
cluio graves negociaçoens em obfequio da
Coroa Portugueza valendo-fe do feu pro-
fundo talento, e natural actividade para
vencer todos os obílaculos maquinados pela
fagacidade Romana. Reítituido ao Rey-
no em o primeiro de Outubro de 1608. com
a gloria de deixar celebrado o feu nome
na primeira Corte do Mundo fe recolheo a
Évora donde foy promovido a Bifpo de
Miranda. Nefta Diocefe fe enfayou para
brilhar em mayor theatro a fua vigilância paf-
toral qual foy o Arcebifpado de Évora onde
fez a primeira entrada a 4 de Novembro
de 161 1. De todas as virtudes Epifcopaes
foy animado compendio zelando a honef-
tidade das donzellas, focorrendo a miferia
das viuvas, e amparando a Orfandade dos
pupillos. Para miniílros do Altar elegia
aquelles que tinhaõ a integridade dos cuftu-
mes com a praétíca das fciencias. Difpen-
deo grande copia de dinheiro na fundação,
e reedificaçaõ de muitos Templos para cvdto
da Divina Mageftade fendo o principal
o Convento dos Remédios da Reformada
fanúlia do Carmelo onde defcanfaõ as fuás
iUuílriífimas cinzas. Reduzio a elegante fy-
metria o Palácio Archiepifcopal para di-
gna habitação de feus fuceílores, como
também a Caza de Campo no fitio de Val-
verde, que de inculto bofque o converteo
em deUciofo Jardim. Augmentou com ge-
nerofa maõ os dotes das Donzellas, que ha-
bitavaõ no Collegio de S. Mancos, que
principiara feu Tio o Venerável D. Theo-
tonio de Bragança, e feu anteceíTor na Mi-
tra, e lhes deu Eílatutos para feu governo
a 20 de Setembro de 1625. Enfermando
gravemente como conheceíTe fer chegado
o termo da fua perigrinaçaõ fe preparou
com todos os Sacramentos para a ultima
hora em que piamente efpirou a 2 de Feve-
reiro 1633. com geral fentimento das fuás
ovelhas. Jaz fepultado na Igreja do Convento
dos Religiofos da Qdade de Évora com o
feguinte Epitáfio.
Sepultura de D. Jo:(è de Mello filho do
878
BIB LIO THE CA
Aíarquez de Ferreira D. Francifco I. dejle
nome, Bijpo, que foy de Miranda, Arcehif-
po de Évora, Fundador do Padroado deJle
Convento com féis Mijfas Quotidianas, e três
Ofícios cada anno por fna alma, de Jeus
Pays, Irmãos, Padroeiros, Juceffores, e parentes.
Falleceo a z de Fevereiro de 1635.
Fazem delle honorifica mençaõ Fr. Joaõ
do Sacramento Chron. dos Carm. Dejcalf.
da Prov. de Portug. Tom. 2. liv. 5. cap. 19.
até 24. Souza Hiji. Gen. da Car(^ Real Por-
tug. Tom. 10. liv. 9. cap. 8. Fonceca Evor.
Glorio/, p. 306. Publicou.
Conjiituiçoens do Arcebifpado de Évora.
Madrid. 1622. foi. Eílas ConíUtuiçoens,
que fizera o Infante Cardial D. Affonfo
reformou no Synodo celebrado em 1565.
D. Joaõ de Mello, as quais innovou,
e reformou D. Jozè de Mello como efcreve
Fr. Joaõ do Sacramento no lugar aíTima
allegado liv. 5. cap. 22. §. 526.
Fr. lOZÉ DE MENDOÇA Naceo
em Lisboa a 22 de lulho de 1661. fendo
filho de Manoel da Cofta Pereira, e D.
Maria lozefa de Mendoça. Profeflbu
o inílituto monachal Ciílercienfe no Real
Convento de Alcobaça a 8 de Março de
1677. Pelo feu talento, e obfervancia re-
ligiofa foy Provifor do Excellentiffimo Bif-
po de Elvas D. Fr. Pedro de Alencaílre
Geral, que fora da Ordem de S. Bernardo;
Secretario dos Geraes D. Fr. António
do Quental no anno de 17 14. e Fr. Paulo
de Brito no anno de 1717. e D. Abbade
do Real Mofteiro de Santa Maria de Cei-
ça em 1720. Falleceo a 13 de Junho de
1728. com 67 annos de idade, c 5 1 de religião.
Compoz.
Septenario de Nojfa Senhora do Dejlerro, que
começa em o fegundo Domingo depois dos Reys.
Lisboa por António Pedrozo Galraõ. 171 2. 24.
Breve noticia da Fundação do Real MoJ-
teiro de Santa Maria de Ceiça da Ordem de
Cifier, e Conff-egaçaõ de S. Bernardo dejie Rey-
no. foi. M. S. Q)meça. O Real Mofteiro
de Santa Maria de Ceiça. da Ordem de S. Bernardo
ç^c. Defta obra vimos huma copia cfcrita
em 15 paginas.
Fr. lOZÉ DE MESQUITA nat-;- '
de Lisboa filho do Dezembargador Mi:
Nunes de Mefquita, e D. Jozefa Maria Re-
bello de igual nobreza à de feu Conforte.
Profeflbu o militar habito de NoíTo Senhor
lESUS Chriílo no Real Convento de Tho^
mar a 18 de Dezembro de 17 14. onde apreo-
deo com promptidaõ as fciencias Efcho-
lafticas, que lhe facilitarão o caminho para
fer Orador Evangélico de cujo fagrado
minifterio publicou.
Oração das Exéquias do Serenijftmo Senhor
Infante D. Carlos pregado no Real Conventú
de Thomar da Ordem de Chrifto em 20 de ^í'"'*
de 1736. Lisboa por António Ifidoro \x
Fonceca. 1736. 4.
Ohjervaçoens Chimicas, e varias receitas tf"
pecificas para diverjos achaques. M. S. 4. Confta
de 233. folhas.
Flores Doãorum. M. S. 4.
D. lOZÉ MIGUEL lOAM DE POR-
TUGAL nono Conde do Vimiofo, c Dir
putado da lunta dos Três Eftados filha
dos Excellentiflimos Marquezes de Valença
D. Francifco de Portugal, c D. Francifai
Roza de Menezes filha de Manoel Telles
da Sylva I. Marquez de Alegrete, e D. Lui-
za Coutinho, naceo em a famofa Cidade
de Lisboa a 27 de Dezembro de 1706. pa-
ra immortal brazaõ da fua coroada alccn-
dencia. Nos primeiros crepufculos da ida-
de brilharão com tal intenção as luzes do
feu talento, que para comprehendcr as fcien-
cias teve a natureza por Meftra. Inftruitio
nos preceitos da Gramática Latina, Tro-
pos da Rhetorica, e primores da Poética,
afllm como na liçaò da Hiíloria Ecclelmi-
tica, e Secular produzio frutos fazonados
na Primavera dos annos ou foíTc mctr» fi-
cando na lingua Latina, ou materna cm
que a agudeza dos Epigramas competia com
a elegância dos Sonetos, ou foflc efcrevendo
Elogios, e recitando Oraçoens cm que fc
conftituhio Príncipe da eloquência Portu-
gueza pela pureza da fraze, fublimidadc
do eftilo, e novidade da idea. Com uô
fmgulares dotes illuílrou a Real Academia
da Hiíloria confirmando de juftificada a
L USITAN A
elevçaõ que fe fizera da fua peflba com a
Oraçaõ gratulatoria que recitou aos Col-
legas de taõ erudita fociedade. Mayores
virtudes enobrecem o feu efpirito, que as
fdencias com que fe orna o feu entendi-
mento fendo amante da verdade, inimigo
da lizonja, modeílo nas açoens, urbano
no trato, erudito na converfaçaõ, e na con-
ciencia timorato. Cazou a 24 de Outubro
de 1728. com D. Luiza de Lorena filha
do feu Primo com irmaõ Manoel Tellez
da Sylva III. Marquez de Alegrete, e da
Marqueza D. Eugenia de Lorena filha de
'Nuno Alvres Pereira de Mello I. Duque
do Cadaval, e da Duqueza Margarida Ar-
manda de Lorena fua terceira mulher, de
{cujo conforcio tem havido copiofa def-
' cendencia. G^mpoz.
' B.pigrammatum líber unus. Ulyflipone apud
(Michaelem Rodriguez 1752. 8.
Vida do Infante D. L/d^- Lisboa por
^ ntonio Ifidoro da Fonceca. 1735. 4.
Praâica com que con^atulou a Academia
\Real por efiar eleito feu Collega. Lisboa
por lozé António da Sylva. 1731. foi.
Sahio no Tom. 11. da Collec. dos Docum.
.Ja Acad. Real.
Quatro 'Epigrammas luitinos em aplatfí^o
tiu Rxcellentijftmo Duque de Cadaval D.
lajme de Mello efcrevendo as ultimas Acçoens
\de feu ExcellentiJJimo Pay. Lisboa na Offi-
cina da Mufica. 1730. foi. Sahiraõ ao prin-
cipio deíle livro.
Dous Sonetos Portuguef^es, e bum Epi-
^ama luitino à morte da SereniJJima Se-
nhora Infanta D. Francifca. Lisboa por
António Ifidoro da Fonceca. 1736. 4. Sahi-
iiaõ nos Acent. Saudof. das Abfas a efte
* "^umpto
Dous Epi^amas Latinos em aplati^ dos
Epi^amas do Padre D. Lui^ Caetano de Uma.
UlyíTipone apud lozephum Antonium da
Sylva 1730. 8.
Soneto a Santa Tbere^a fabindo dos Car-
melitas ohferv antes para fa!(er a Reforma. Sahio
no 2. Tomo do Jardim Carmelitano nova-
mente cultivado por Fr. Eílevaõ de Santo
I Angelo a pag. 419. Lisboa por lozè António
ida Sylva 1741. foi.
Parabém ao llluflrifftmo, e Excellentif-
879
fimo Senhor Duque do Cadaval pela ocafiaõ
do feu Casamento. 4. Naõ tem lugar da
ImpreíTaõ.
Carta, Epigramma Latino, e Soneto Portu-
guês em aplau:(p do Author da Bihliotheca Eufi-
tana. Sahiraõ ao principio defta obra. Lis-
boa por António Ifidoro da Fonceca. 1741.
foi.
Inflruçaõ dada a feu filho D. Francifco lo^é
Miguel de Portugal fundada nas açoens moraes,
politicas, e militares dos Condes do Vimiofo feus
afcendentes. Lisboa por Miguel Rodrigues
ImpreíTor do Emminentinimo Senhor Cardial
Patriarcha 1741. 8.
Inflruçaõ dada a feu filho fegundo D. AíanoeJ
lo^é de Portugal fundada nas acçoens Chriflaàs,
moraes, e politicas dos Ecclefiafiicos, que teve a
fua Familia. ibi pelo dito ImpreíTor 1744. 8.
Oraçaõ ao Príncipe Nojfo Senhor pelo fe-
liZ nacimento da Sereniffima Senhora Infanta
quarta filha de Sua Alteia. 4. Naõ tem
lugar nem anno da Impreflaõ fendo em
o de 1746.
lOZE* I>A MOTTA SYLVA Caval-
leiro profeíTo da Ordem Militar de Qirif-
to naceo no lugar das Lapas Termo de
Torres novas a 16 de Dezembro de
1663. fendo filho do Dezembargador Vi-
cente G)elho Serraõ, e D. Maria Matoza
da Sylva. Ainda que frequentou as Uni-
verfidades de Évora, e Coimbra com
grande aplicação nunca recebeo Gráo em
Faculdade alguma por naõ querer ocupar
os lugares da Republica. Toda a fua
inclinação era para a Poezia Cómica dei-
xando em diverfas produçoens eternizada
a felicidade da fua Mufa, como a vafta
erudição de que era ornado. Foy ca-
zado com D. Catherina Coelho filha de
Francifco Dias, e Guiomar Coelho de
quem naõ teve fuceífaõ. Falleceo na pá-
tria a 25 de Agofto de 1741. Compoz
as feguintes Comedias.
Ea nueva lin^ dei Carmel.
Ea defdicha dei nacer no quita la buena ef-
trella.
EJ Galan dijfimulado.
El Bayle dei Sacrílego.
Las Glorias de S. Iot(é. 1. e z. Parte.
88o
BIB LIO THE CA
EJ Patron de Salamanca.
EJ De/po!(orio entre muertos.
En el agita muerte, y vida.
"Los Verdugos de Ju Jangre. Sahio impref-
fa em Caílella com o nome de hum Caf-
telhano.
Al defdichado la dicha.
EJ Tjmbre de Portugal
Ea Aurora de "Nav^areth, Eflrella de Por-
tugal Part. I. 2. 3. Contem a Hiíloria da
perda de Efpanha, penitencia delRey D. Ro-
drigo, e da invenção da Imagem de N. Se-
nhora de Nazareth em o íitio da Pederneira.
La Ro/a de los Mar ty rios. i. e 2. Parte
coníla da Vida de Santa Genoveva.
Amor conftancia, y ventura con el favor de
la Virgen.
Amar o que Je dejprev^a.
Amor inconjlante, e vario.
Quem troca amor por amor cada vei^ eftá
peyor.
Troya de amor.
El monjlro en la penitencia
Nó ejlá la dicha fegura en agrados de hermo-
fura. Eílas duas ultimas Comedias eílavaõ
imperfeitas.
Problema Cómico em que fe ventila: qual
he mais eftimavel, Je o Ouro das Minas,
Je as Flores do Prado? Dedicado ao Mar-
quez das Minas, e Conde do Prado.
Problema cómico em que Je dijputa. Qual Joy
mais excellente em S. Pedro, Je a Fé, ou Je o
Amor}
Epithalamio aos Augujlos Calçamentos dos
Serenijfimos Príncipes do Brasil, e AJlurias.
Todas eftas obras fe confervaõ M. S. em
poder do feu Author.
P. lOZE' DE MURCIA filho de loaõ
de Murcia, e Izabel da Sylva nacco cm
Lisboa, e veílio a roupeta de lefuita
em o CoUegio de Évora a 9 de De-
zembro de 1657. onde foy taõ infigne
nas fciencias amenas, e feveras como nas
virtudes religiofas. Foy Lente primário
de Rhetorica em o Collegio de Lisboa,
c de Theologia em Coimbra, Qualifi-
cador do Santo Officio. Teve cordial
afefto a S. Francifco Xavier, c a feu
patrício Santo António venerando em am-
bos eíles dous Athlantes da Santidade
o ardente zelo da Converfaõ das Almas.
Sempre eílava prompto para confeflar qual
quer penitente que o bufcava atrahinc]«
com a brandura das palavras os cora
çoens mais duros ao caminho da peni
tencia. Falleceo no Collegio de Coimbr
a 51 de Outubro de 1697. Delle ft
zem memoria Foncec. Évora glorioj. p.
433. e Franco Annales S. I. in ImJí:
p. 402. §. 6. Compoz
Sermão do Pay dos Pobres Santo Tho
mav^ de Villanova Arcebijpo de Valença n.
collocaçaò da Jtia reliquia mandada para a
Santa Sé de Coimbra pello lllujlrijftmo, t
Keverendijftmo Cabbido de Valença, e mh
dua^ida pelo Doutor Euiz àe Loureiro, e
Albuquerque Cónego da mejma Sè de Coim-
bra. Coimbra por lozé Ferreira Impreflor
da Univerfidade 1690. 4. Sahio no livro
intitulado Acroamas Panegyrícos. &c.
Laureato Cbrijli militi K. P. loanni ie
Bríto Malabarica Mijfionis Anteji^ano pr
Catholica Fide mortem Jlrenue oppetenti Ep:
nicium. He hum largo elogio de obr
lapidaria em que fe relataõ as açoens deft
heróico Varaõ, e fahio impreíTo na Vid
do mefmo Padre efcrita por feu Irmn
Fernando Pereira de Brito. Coimbra n
Real Collegio das Artes. 1722. foi.
Fr. lOZE' DO NAQMENTO natural
de Lisboa filho de Mathias lorge, e Izabel
de Amorim. Na idade da adolefcencia profef
fou o fagrado inílituto do Doutor Maxim
S. leronimo no Convento de Penhalonga
25 de Dezembro de 1683. e depois fe perfi-
lhou no Real Convento de Belém em i-
de Agoílo de 1721. Taõ profundamcn
te penetrou as fciencias Efcholaílicas, qu
naõ fomente as diftou aos feus domei
ticos com grande fama do feu nomi
mas jà laureado Doutor na Univerfidad
de Coimbra as cnfinou com igual aplai:
zo em a Cadeira de Durando de que to
mou polTe a 24 de laneiro de 1726. Foy
taõ infigne Pregador, como famofo Theo-
logo fendo os feus difcurfos folidos, c
ornados da profunda intelligencia de hum, ^
L USITANA.
88 1
outro Teftamento. Obfervou com exaçaõ
as obrigaçoens de religiofo por onde me-
receo acabar a vida temporal com fum-
ma piedade em o Collegio de Coimbra
a i6 de ^'larço de 173 1. Compoz.
Sermão do Glorio/o Pontífice S. Nicolao pre-
gado na Freguet^ia do me/mo Santo de Usboa.
Lisboa por Pafchoal da Sylva ImpreíTor de
S. Mageftade. 1722. 4.
SermaÕ do Aão publico da Fé que fe
celebrou no Terreiro de S. hUguel da Ci-
dade de Coimbra em 30 de Junho de 1726.
G)imbra por Io2é Antunes da Sylva Im-
preíTor da Univeríidade. 1726. 4.
Sermoens Tomo i. Gaimbra por António
Simoens Ferreira. 1732. 4.
Sermoens Tomo 2. ibi pelo dito ImpreíTor,
e anno 4.
Sermoens Tomo 3. ibi pelo dito ImpreíTor.
1733- 4-
Sermoens Tomo 4. ibi pelo dito ImpreíTor.
1736. 4.
De Arbore fcientia boni, €>" ma/i. EAe Tra-
tado deixou imperfeito.
Fr. lOZE' DA NATIVIDADE naceo em
a Gdade de S. Sebaíliaõ do Rio de Janeiro a
19 de Março de 1649. onde foy admetido à co-
gula Monachal do Príncipe dos Patriarchas S.
Bento em o Moíleiro de Santa Maria de Mon-
íarrate. Admiráveis progreíTos fez a fua apli-
cação nos eíhidos EfcholaíHcos, fahindo taõ
iníigne nas efpeculaçoens da Filofofia, e Theo-
logia, que naõ fomente adquirio a antonoma-
íia de fubtil, ou foíTe didando nas cadeiras, ou
argumentando nas Aulas, mas mereceo rece-
ber a borla doutoral em a Univeríidade de
Coimbra. Sendo confultado em matérias per-
tencentes ao Foro interno fempre fundou o
íeu voto fobre as folidas bazes das opinioens
mais prováveis. Foy Abbade do Moíleiro de
S. Sebaíliaõ da Bahia, Preíidente da Provin-
da, e ultimamente Provincial eleito, cujo lu-
gar naõ permitio a morte que o exerdtaíTe.
Confortado com os Sacramentos efpirou pia-
mente no Convento da Bahia a 9 de Abril
de 1714. quando contava 65 annos de idade.
Os feus Monges dedicarão excquias fole-
mnes á fua memoria redtando no fim o
Panegyrico Fúnebre o Padre Meftre Fr. Ma-
56
theos da Encarnação Pina de quem fe
fará diftinta mençaõ em feu lugar. Pu-
blicou.
SermaÕ do Gloriofijftmo Vatriarcba, e Dou-
tor Santo Agofiinbo na Cidade da Bahia
na I^eja de Nojfa Senhora da Palma. Lis-
boa por Bernardo da Coíla de Carvalho.
1658. 4.
OraçaÕ Fúnebre da tresladaçaõ dos Offos
do lilufirijfimo Senhor D. Jo^è de Barros,
e Alarcão primeiro Bifpo do Rio de Janeiro
na Igreja de S. Bento da mejma Cidade
aos 31 de Agojlo de 1702. Lisboa por
Miguel Manefcal. 1703. 4.
SermaÕ do Patriarcba S. Francijco. Lisboa
pelo dito ImpreíTor. 171 5. 4.
Confultas Canónicas, Kegulares, e Moraes, foi.
M. S.
Fr. lOZE' DA NATIVIDADE naceo
em Lisboa, e na Parochial Igreja de S.
Nicolao recebeo a primeira graça a 29
de Abril de 1709. Deixando a caza de
feus Pays Manoel Ribeiro da Fonceca, e
Eugenia da Natividade, e Mello elegeo
entre todas as Religioens Sagradas a do
illuíbre Patriarcha S. Domingos fendo admi-
tido ao habito no Convento de Azeytaõ
a 30 de Novembro de 1727. Depois de
eíhidar as fdencias Efcholaíticas fe apli-
cou com grande difvelo inveftigar as no-
ticias da fua preclariífmia Ordem, de cujo
trabalho colheo augmentar a grande obra
do A^ologio Dominico, que tinha fido glo-
riofo argumento dos eíludos dos Padres
Fr. Manoel Guilherme, e Fr. Manoel de
Lima, publicando.
Additamento ao Affoloffo Dominica, que confia
das vidas dos Santos, Beatos, Martyres, e outras
PeJJoas veneráveis da Ordem dos Pregadores por
todos os dias do anno. Tomo 5 . Lisboa na Offi-
cina Alvarenfe. 1743. foi.
E/cada Myfiica de Jacob compofia pelo Padre
Pre^entado Fr. hianoel Guilherme addicionada
com outo refiexoens moraes. Lisboa na Offidna
Alvarenfe. 1744. 4.
lOZE' DA NATIVIDADE SEYXAS
Naceo em Lisboa a 16 de Abril de
1661. onde teve por Pays a Máximo
882
BIB LIO THE CA
da Arruda, e Seixas, e a Maria de Santo
António de Oliveira. Recebeo a murça
de Cónego Secular do Evangelifta em o
Convento de S. Salvador de Villar de Fra-
des a 5 de Setembro de 1679. quando con-
tava defoito annos de idade. Aprèdidas
as faculdades de Filofofia, e Theologia com
admirável comprehenfaõ as diélou com mayor
aplauzo aos feus domefticos coroando toda
a carreira do feu magifterio com a borla
doutoral, que lhe foy conferida em a Uni-
verfidade de Évora a 25 de Novembro
de 1696. confagrado à memoria da vale-
rofa Martyr, e Ínclita Doutora Santa Ca-
therina de quem foy cordial devoto. Pre-
gou com fatisfaçaõ dos ouvintes em di-
verfas partes convertendo as efmolas, que
recebeo de taõ laboriofo minifterio em pre-
ciofos donativos para culto dos Altares.
Foy Examinador Synodal do Arcebifpado de
Lisboa, e das Três Ordens Militares, e
Reytor do Convento de Santo Eloy de
Lisboa onde paíTou da vida caduca para
a eterna a 29 de Novembro de 1740. quando
contava 79 annos de idade, e 61 de Cónego
da fua florentiíTima Congregação. Compoz
alludindo aos fete fellos, que daquelle livro
vio pendentes o Evangeliíla Águia.
Medalha Evangélica illuftrada com quin^^e
Sermoens. Primeiro Tomo. Lisboa por António
Pcdrozo Galraõ. 1706. 4.
Segundo Tomo. ibi pelo dito Impreflbr.
1708. 4.
Terceiro Tomo. ibi pelo dito ImpreíTor.
1712. 4.
Medalha Evangélica gravada no centro com o
Soberano Nome de Maria, e na circumferencia
com todas as letras do A. B. C. que def atadas
em Symholos publicaõ em devotos epithetos as
Excellencias da Rajnha dos Anjos. Quarto To-
mo. Lisboa pelo dito ImpreíTor. 171 5. 4.
Quinto Tomo. ibi pelo dito ImpreíTor.
1718. 4.
Sexto Tomo. ibi pelo dito ImpreíTor.
1722. 4.
Sétimo Tomo. ibi pelo dito ImpreíTor.
1724. 4.
O Reformador Prodigiofo S. JoaÕ da
Cru^ aplaudido no Sermão ultimo com que
foy celebrada a fua CanonÍ!(afaõ por bum
folemne Outavario, que lhe dedicarão feus
filhos os Carmelitas Delcalfos no Convento
de Nojfa Senhora dos Remédios da Corte de
Lisboa que finali;(ou em zi de Setembro de 1727.
Lisboa pelo dito ImpreíTor. 1728. 4.
Opufculum Theologico-furidicum de Sacula-
ritate Canonicorum Congrega tionis Eufitana San&
Joannis Evangelifta. UlyíTipone cx Typ. Au-
guíliniana. 1735. 4.
Rofa Peruana, vita mirabilis, eJ»* mors
pratiofa S. Rofa à S. Maria Umenfis ex ter-
tio Ordine S. Dominici per Eeonardum Han-
fen Ord. Prad. UlyíTipone apud Petrum
Ferreira. 1728. 8.
Mandou reimprimir eíla obra por fcr
aíTeíhiofo devoto de Santa Roza de San-
ta Maria, e lhe acrecentou hum Elogio
de eílilo lapidario em aplauzo da mefma
Santa compofto por ele, cuja impreíTaô
foy feita com o difpendio do próprio di-
nheiro.
Evangelifla ih Pathmos relega tus; Joannes
terrefiri pátria exterminatus, (Ò* ad caleflem
eueãus fuper illa verba Apocalypfis cap. i. K.
9. ufque ad 11. Ego Joannes frater veíler
&c. liber unicus. Septem referantur fifflla,
feu feptem demonflrantur myfleria in relegatiom
D. loannis inventa. 4. M. S.
Procejfus Criminalis Offenfivus, et De-
fenfivus pro Conflitutionibus. S. loannis Evan-
gelifla ordinatus anno. 171 5. 4. M. S. Coníla
de 17 Capitulos.
Fr. lOZÉ DE NOSSA SENHORA Na-
ceo em Lisboa a 11 de Abril de 1682. Sen-
do filho de Gonçalo Villcla Cavalleiro da
Ordem de Chriílo, e D. loanna Paula de
Alvellos. Inílruido nas primeiras letras
feguio a vida militar em que moílrou va-
lor, e difciplina porem anhelando alcan-
çar vitoria dos feus apetites fe aliftou em
outra mais nobre milicia qual foy a rehgiaõ
Seráfica profeíTando o feu penitente iníb-
tuto em o Convento da Gdade do Porto
a 17 de Abril de 171 7. quando contava
35 annos de idade. Depois de curfar os
eíhidos efcholaíHcos fe aplicou á liçaõ da
Sagrada Efcritura, e dos Santos Padres da
qual colheo abundante noticia para exor-
L USITANA.
883
nar os feus Difcurfos concionatorios com
que alcançou aplauzo dos ouvintes, e o
titulo de Pregador Geral da fua ReUgiaõ.
PubUcou.
Sermão Panegyrico no Jolemne aplaudo
com que o bendito Convento de noffo Se-
ráfico P. S. Franctfco da Real Villa de
Alanquer celebrou a Canoni;(açaÕ do glo-
riofo Saõ Tiago de Marca Minorita da regular
obfervancia. Lisboa por Bernardo da Q)fta
1727. 4.
Sermão Panegírico no dia 11 de Outu-
bro, e fegundo do Jolemne Triduo com que
o reliffofijjimo Convento de Carmelitas Def-
calfos da notável, e fempre leal Villa de
Santarém fejlejou a Canonizarão do glorio/o
\ S. loaõ da Cru^ primogénito da fua Re-
forma Sagrada Lisboa na Patriarchal Offi-
dna da Muíica 1728. 4.
j Sermão Panegyrico na Jefta dos Nobres
que todos os annos pela Outava da Pafchoa
confagraõ à fempre Virgem Mãy de Deos
em a fua maravilhofa imagem venerada no
Clauflro do Santo Convento de Alenquer,
e chamada vulgarmente Nojfa Senhora do
Capitulo. Lisboa na Officina da Mufica.
i 1730. 4-
Sermão Panegyrico da milagrofa Imagem do
Santo Chrifio dos Perdoens pregado na Paro-
chial Igreja da Magdalena de Usboa em ^ de
\ Novembro de 1724, Lisboa por lozé António
da Sylva 1731. 4.
Sermão Panegyrico do Corarão de lESUS
no feu dia Outavo pregado no Mofleiro da Ef-
perança de Usboa. Lisboa na Officina da
Congregação do Oratório 1736. 4.
Sermão Panegyrico no folemniffimo culto da
gloriofa Santa Barbara, que todos os annos lhe
confagra a Fidalguia da Corte de Usboa na Igreja
do Hof pitai Real. Lisboa. 1739. 4- ^^^^ nome
do ImpreíTor.
Sermão Panegyrico na Fefla do Seráfico
Patriarcha S. Francifco que todos os annos lhe con-
fagra a fua venerável Ordem Terceira do Real
Convento de Usboa aj/ifiindo a Terceira Ordem
Dominicana no i. Domingo de Outubro em
que univerfalmente fe Jejleja o Rojario San-
tijftmo. Coimbra por LuÍ2 Seco Ferreira.
|I739- 4-
Seis Anagrammas Reais, e Chronoloff-
cos aplicados ã glorioja Dedicação do Jumptuo^p,
e admirável Templo de Mafra. Lisboa por
lozè António da Sylva 1731. foi.
P. lOZE' NOGUEYRA natural da
Villa do Recife do Eílado de Pernam-
buco filho de António Nogueira lorge,
e Maria da Coíla. Quando contava de-
fafete annos de idade recebeo a roupeta
da Companhia de lefus no Collegio da
Bahia a 9 de Novembro de 1727. on-
de fendo Meílre da primeira Clafle de
Humanidades. Compoz
Júris confultijjimo Domino Ignatio Dia^ Ma-
deira olim Indiarum Quajlori integerrimo, nunc
Brajilienjis Status Criminalium Caujarum Cen-
Jori abjolutijfimo Fpigrammata Varia. Uly-
flipone apud Michaelem Manefcal da Coíhi
Typ. S. Officii. 1742. 4.
lOZE' NUNES DE FARIA naceo em
a Villa de Eliremoz da Provinda Tranfta-
gana a 13 de Março de 1702. onde teve
por Pays a lozé Gonzalves, e Antónia de
Faria. Eftudou Gramática com tanta apli-
cação como quem a havia publicamente
eníinar. Na juvenil idade de quinze annos
aflentou praça de Soldado infante no Re-
gimento da fua pátria, e nelle fervio dous
annos em a Praça de Elvas. Preferindo
o ócio literário ao tumulto militar eftudou
Filofofia em Évora, e jurifprudenda Pon-
tifícia em Coimbra fahindo em huma, e
outra faculdade fuficientemente inftruido, naõ
fendo menos verfado nos preceitos da Poe-
fía que cultiva com grande felicidade. Mo-
vido de devoto afefto traduzio da lingua
Latina do P. Fr. Pedro Sanches em a materna.
Gemidos do Coração. Dedicado ao Reve-
rendo Padre Fr. Manoel de Santa lalaria Vi-
gário Geral da Congregação dos Agojlinhos DeJ-
caljos. Lisboa por Pedro Ferreira Impreflbr
da Rainha NoíTa Senhora. 1743. 8.
Rejugio de Fadigas. He huma colleçaõ
dos feus Verfos que fe eftá imprimindo
com o nome afeéb.do de D. Mariana The-
reza dos Martyres religiofa em o Convento
de Santa Cruz de Villa Viçoía.
884 BIB LIOTH E C A
D. Fr. lOZE* DE OLIVEYRA. Naceo i. pag. 92. por fuás muitas letras, authoridade,
na celebre Villa de Guimaraens do Ar- e virtude Bifpo de Angola, c Fr. Manoel de
cebifpado de Braga a 4 de Fevereiro de Figueiredo Fios Saníi. Augujl. Part. 4. p.
1638. Foy virtuofamente educado por 140. §. 64. Voy dotado de rara aguder^a nos
feus Pays António Alvares, e Izabel An- argumentos, e fingular facúndia nos Sermoens.
tunes de que foy felÍ2 confequencia dei- Compoz.
xar o feculo na idade de defafeis annos Sermoens Vários Tomo i. Gíimbra por
e abraçar o fagrado inílituto dos Eri- lozè Ferreira. 1688. 4.
mitas de Santo Agoílinho que profef- Sermoens Varias Tom. z. Lisboa por
fou no Real Convento da Graça a 5 Bernardo da Gjfta 1700. 4.
de laneiro de 1654. Em toda a carreira Sermoens Vários Tom. 3. ibi por Miguel
dos eftudos efcholaílicos foy envejado Manefcal. 1710. 4.
dos condifcipulos, e admirado dos Mef- Sermoens Vários Tom. 4. ibi na Officina
três o feu talento pela fubtil comprehen- Deslandefiana. 171 5. 4.
faõ com que penetrava as mayores difi- Sermoens Vários Tom. 5. ibi por Pafchoal
culdades. Laureado com a borla douto- da Sylva 1716. 4.
ral pela Univerfidade de Coimbra a 28 de Sermão ao recolher da ProciJfaÕ dos Paffm
lunho de 1671. foy nella Conduélario com pri- do feu Collegio de Coimbra. Coimbra pof
vilegios de Lente a 19 de Outubro de 1684. Rodrigo de Carvalho Coutinho Imprcflbr
c hum dos mais doutos Qualificadores do da Univerfidade. 1673. 4.
Santo Officio. No minifterio do púlpito Sermaõ das Lagrimas da Magdalena pr^
levou a palma aos mayores Oradores Evan- gado na Ca:^a da Mifericordia de Coimbrã,
gelicos do feu tempo como teftemunha- Coimbra por lozè Ferreira 1676. 4.
raõ os mais eruditos auditórios que efta- SermaÕ em o Prejlito que a infixe LW»
vaõ pendentes da fubtileza dos feus difcur- verfidade de Coimbra /í:^ á Igreja da Raj-
fos illuftrados com os textos de hum, e nba Santa Isabel em acçaõ de grafas pele
outro Teílamento, e Sentenças dos Santos nacimento do Príncipe Noffo Senhor. Coim-
Padres, e Sagrados Expozitores. Ornava- bra por lozè Ferreira Impreflbr da Uni-
fe efta profunda literatura com modeftia verfidade 1690. 4.
reUgiofa, vida irreprehenfivel, génio humilde, Sermaõ no Auto da Fè que fe celebrou
e afabilidade fumma cujos dotes lhe feiviraõ em a Cidade de Coimbra em o Átrio dt
de memoriaes para que a Mageílade delRey S. Miguel na primeira Dominga de lulbo
D. Pedro IL o nomeaíTe Bifpo de Angola, de 1691. Coimbra pelo dito Impreflbr.
e fendo fagrado nefta dignidade naõ pode 1691. 4.
apacentar as fuás ovelhas impedido de gra- Sermaõ das Exéquias do Illuftrijfmo
ves achaques que tolerou com grande refi- Senhor D. Fr. loi^è de Alencajire Bifpo
gnaçaõ vivendo entre os feus Religiofos Inquifidor Geral no Convento dos Remédios
exemplarmente atè paflar à immortalidade dos Padres Carmelitas Descalfos de Lisboa
gloriofa em o Convento de NoíTa Senhora em 23. de Outubro de 1705. Lisboa por
da Graça de Lisboa a 22 de Março de 1719. Miguel Manefcal 1706. 4.
quando contava 81 armos de idade. Fa- Sermaõ nas Exéquias do Serenijftmo St-
zem honorifica mençaõ do feu nome nhor D. Pedro 2. Key de Portugal que fe cele-
o P. D. Manoel Caetano de Souza nas braraõ na Santa, e Real Ca^a da Aíi^ericordia
Quefloens Sele£í. Buli. Cruciat. compoftas da Cidade de Lisboa em 6 de Fevereiro de 1707.
por Lourenço Pires de Carvalho p. 76. Lisboa por Miguel Manefcal Impreflbr do
Conimbricenjis Academia perpetuum defi- Santo Officio 1707. 4.
derium, c>* immortale decus Província Lu- Sermaõ do Auto da Fè que fe celebrou m
fitana Erimitarum S. AuguJHni e lu Ex- Rocio da Cidade de Lisboa em Domingo 6 it
ped. Hifp. S. lacobi Tom. 2. pag. 1326. Novembro do anno de 1707. Coimbra por
§. 373. Carvalho Corograf. Portug. Tom. lozè Ferreira 1707. 4.
L USITAN A.
885
' Utrum Chrifli fideles pojfmt intra annum
pro multis defunãis tot Bulias defunãorum
fumere quot voluerint: an folum duas; unam
Jcilicet tn principio anni, <& poft fex men-
fes alteram? Sahio defde pag, 37. até
52. do Tom. I. Qtupft. Jeleã. Bui. Cru-
ciai per Luiurentium Pires de Carvalho.
Fr. lOZE' DE OLIVEYRA naceo
em Lisboa fendo filho do Doutor Ma-
noel Lopes de Oliveira De2embargador
do Paço, e Chanceller mór do Reyno,
e de D. Helena Ramires Efquivel. Pro-
feíTou o fagrado inílituto da Ordem Tri-
nitaria em o Convento pátrio a 2 de Fe-
vereiro de 1694. onde he Meflxe jubilado
em Theologia pela liçaõ de taõ fublime
Faculdade, Definidor, e Secretario duas ve-
zes, Regente dos Eíhidos do Convento
de Lisboa ornado de igual talento para o
púlpito, como para o voto nas matérias
da Theologia Moral em que he infigne.
j Publicou.
j Sermão da Canonização de S. JoaÕ da
\ Cru^ pregado no Convento de Nojfa Senhora
\ da Piedade dos Keligiofos Carmelitas Defcal-
fos da Vi lia de Cafcaes no ultimo dia do Tri-
duo, que minijlráraõ os Keligiofos da SantiJJima
Trindade. Lisboa na Officiíu Ferreiriana.
1728. 4.
Sermão ao recolher da Procijjaõ do Kefgate,
. que no anno de 1731. fi^eraõ os Keligiofos da
I SantiJJima Trindade, e Kedempçaõ de Cativos
da Provinda de Portugal. Lisboa na Officina
da Mufica. 1732. 4.
Com o nome fupollo de Fr. Viâoriano
Clemente.
Kepojia Theologico- Jurídica a hum papel ano-
«ymo, que fe divulgou na Corte de Lisboa con-
tra a validade do Capitulo, que em 7 de Mayo
^ 1735-7^ cdehrou no Convento da SantiJJima
Trindade da mefma Corte em que fahio eleito
Provincial o muito Keverendo Padre Meflre
Fr. JoaÕ da Cru^. Madrid por Francifco dei
Hierro. 1735. foi.
lOZE' DE OLIVEYRA SERPA
Naceo na Qdade da Bahia Capital da
America Portugueza a 13 de Janeiro de
1696. fendo filho de Francifco Alvares
Carneiro, e D. Archangela Guedes de Bri-
to. Eíhidou letras humanas no Collegio
dos Padres Jefuitas da fua pátria, e Filofo-
fia em que recebeo o gráo de Meftre em Ar-
tes. Frequentou com igual difvelo a Theo-
logia, como também a intelligencia da Sa-
grada Efcritura. Ordenado de Presbítero
começou a exercitar o minifterio de Ora-
dor Evangélico com aplauzo dos ouvin-
tes como publicaõ as feguintes obras.
Sermão da Soledade da Santijfima Vir-
gem Aíaría NoJfa Senhora na Aíatri^ de
S. Pedro da Cidade da Bahia em 27 de^
Março de 1739. Lisboa por Miguel Ma-
nefcal da Coíla. 1740. 4.
SermaÕ de NoJfa Senhora da Porta do Ceo,
e todo bem pregado na l^eja de S. Pedro dos
Clérigos da Bahia em o anno de 1743. Lisboa
pelo dito Impreííor. 1744. 4.
SermaÕ da Conceição da Virgem Maria
pregado na ultima menhãa do Triduo, que fe
/í:ç na Igreja da Lapa quando no feu Convento
entrarão as novas reli^ofas da Conceição no
anno de 1744. Lisboa pelo dito ImprelTor.
1746. 4.
Novo obfequio ao ^ande Patriarcha S. Jof^è.
Coníla de Novena, e varias Poefias. M. S.
Tríndade da terra exaltada, effeitos do
Temor de Deos por cau^a de buma horrível
trovoada fucedida em a noute do dia de S^
Jo^e do anno de 1721. M. S.
lOZE' DE OLIVEYRA DE SOU-
ZA Naceo em Lisboa no anno de 1680.
fendo filho de Manoel Luiz de Souza^
e Barbara de Oliveira. Foy Contador dos
Contos do Reyno, e Caza, Efcrivaõ do
Thezoureiro da Embaxada, que a Ale-
manha fez o ExcellentiíTimo Marquez de
Alegrete Fernaõ TeUes da Sylva no an-
no de 1708. e depois Secretario do Con-
de de Tarouca Plenipotenciário na Paz de
Utrech. Falleceo em Viena de Auftria
a 6 de laneiro de 1734. Formou huma nu-
merofa Uvraria cujo principal argumento
era Hiíloria fecular. Publicou.
£« ios felicijftmos Defpov^orios dei SereniJJi-
mo Kejf de Portugal D. Juan V. con la Sere-
nijfima Kejna D. Maríana de Auflria Epitha-
lamio. Viena por luan Diego Kúmer. 1708, 4*
mô
BIBLIO THE CA
lOZE' ORTIZ DE AYALA por ori-
gem Caílelhano, e por nacimento Portu-
guez Cura da Parochial Igreja de S. Mi-
guel da Viila de Torres Vedras do Patriar-
•chado de Lisboa. Traduzio da lingua Caf-
tclhana do Padre Eufebio Nieremberg da
-GDmpanhia de lESUS em a Portugueza.
Cathecijmo Romano, e PraíHcas da Dou-
Jrina Chrifiãa para os principaes Myjleríos de
Noffo Senhor, Fejlas dos Santos, e Domingos
Jo anno. Lisboa por Domingos Carneiro.
1678. 4.
Fr. lOZE' DE S. PATRÍCIO filho de
AfFonfo Camacho, e Domingas Corrêa na-
ceo no lugar de Alcantanilla termo da Cidade
de Sylves em o Reyno do Algarve. Pro-
feflbu o inftituto de Erimita Auguíliniano
<;m o Convento de Nofla Senhora da Graça
-de Lisboa a 16 de laneiro de 1679. ^^^'^ foy
Prior do Conuento de Tavira em o qual
falleceo no anno de 171 2. tendo fido Lente
jubilado em Theologia, e Examinador Sino-
dal do Arcebifpado de Braga. Publicou.
Sermão do "Príncipe dos Apojlolos S. Pedro
na Dominga fetima depois do Pentecoftes na Igreja
Parochial de S. Tiago de Tavira. Lisboa por
António Pedrozo Galraõ. 1705. 4.
Fr. lOZE' PEREYRA DE SANTA
ANNA. chamado no feculo lozé Pe-
reira de Sà Bocan naceo em a Cidade
de S. Sebaftiaõ do Rio de laneiro do
Eftado do Brazil a 4 de Fevereiro de
1696. onde teve por Pays a Simaõ Pe-
reira de Sà, e Salinas, e Anna Bocan
<}ue da Qdade de Antibes em o Reyno
•de França trouxe o appelido, e a afcen-
dencia. Ornado de perfpicas talento pe-
netrou nos primeiros annos com fumma
brevidade os preceitos da Gramática, e
<la Poética metrificando elegantemente
na lingua latina, e materna, naõ fendo
menos perito na arte da Mufica cujas
compofiçoens armonicas ainda fe cantaõ
em todo o Brazil com igual credito do
Meílre, como fuave deleitação dos Ou-
vintes. Contando defanove annos de ida-
de deixou por vocação própria o mundo,
e fe recolheo ao Clauílro da Ordem de Nof-
fa Senhora do Carmo cujo habito recebeo
no Convento pátrio a 15 de Julho de
171 5. e profeflbu folemnemente a 16 do
dito mez do anno feguinte. Vendo feu
Pay o progreíTo que fizera a fua aplicação
em as fciencias amenas determinou que
cultivafle as fe veras para cujo fim alcan-
çada faculdade do Provincial Fr. Ma-
noel da Nóbrega o mandou eftudar cm
a Univerfidade de Coimbra. Neíla palcf-
tra literária dezempenhou as bem fun-
dadas efperanças dos feus eíhidos efcho-
laílicos fahindo nelles taõ infigne que me-
receo fer laureado com a borla doutoral
na faculdade de Theologia em 17 de Mayo
de 1725. Reftituido á fua pátria didou
Filofofia, e Theologia efpcculativa, c Mo-
ral fendo o primeiro que naquella Provinda
prafticou a doutrina do feu Fundatiffimo
Meílre loaõ Bacon até jubilar. Voltando
fegunda vez a Portugal foy incorporado nefta
Província por ordem de Sua Mageftade,
e para naõ fer acuzado de inútil o feu talento
em obfequio da Religião fubíHtuhio hu-
ma Cadeira de Filofofia em o Collegio de
Coimbra, e fe ocupou em diverfas obras
Hiíloricas derigidas á gloria da Familia Car-
melitana. Sendo Qualificador do Santo Offi-
cio, e fegundo Definidor foy nomeado Chro-
niíla deíla Provinda no anno de 1740. cuja
laboriofa incumbenda intentada por Va-
roens infignes da mefma Provinda, e nun-
ca confeguida, emprendeo com difvelo, c
executou com promptidaõ. Foy Preziden-
te do Capitulo celebrado em Lisboa a 11
de landro de 1744. em que moftrou a ma-
dureza do juizo, candura de animo, e refti-
daõ de juíliça com que fe orna o feu cfpi-
rito. alcançando em premio das fuás virtu-
des religiofas, e trabalhos literários conce-
derlhe o Vigário Geral Fr. Luiz Lag-
hio por patente paffada a 28 de Março de
1744. os privilégios de Provincial deíla Pro-
vinda. Compoz
Noticia myftica, repre:^entacion métrica, y
Verdadera Hijioria de los Abuelos de Maria,
y Bifabuelos de Chrifto. Lisboa na Officina da
Mufica 1730. 4.
L USITAN A,
887
Triumfo Panegyrico expofto na Fejia, que
ao glorio/o Tranjtto do Senhor S. Jof(é cujiu-
ma fa^er com o Santijftmo Sacramento expofio
na Igreja do Keal Convento do Carmo de Lis-
boa hum ejpecialijfimo devoto dejle grande Santo.
Lisboa por Miguel Rodrigues. 1732. 4.
Novo ornato de virtudes, que como de
nove pedras preciojas fe offerecem ao pre-
clarijfimo Príncipe dos Patríarchas o Sol
do Occidente S. Bento. Lisboa por António
Pedrozo Galraõ. 1734. 8.
Os dous Athlantes da Etiópia Santo
Elesbaõ Emperador 47 da Abejftna advo-
gado dos perígos do mar, e Santa Ifigenia
Prínce^a da Núbia advogada dos incêndios
dos edifuios ambos Carmelitas Tom. i. com
varias annotaçoens, e hum Sermão do mef-
mo Author pregado na CollocaçaÕ das /agra-
das Imagens de ambos os Santos. Lisboa
por António Pedrozo Galraõ. 1735. foi.
Segundo Athlante da Etiópia Santa Ifi-
\ genia Princesa do Keyno da Núbia religiofa
Carmelita advogada contra os incêndios Tomo
feffmdo, que trata da Hijtoría do Athlante fe-
gundo com varias annotaçoens. Lisboa pelo
dito ImpreíTor. 1738. foi.
Vida da infigne Meftra de Efpiríto a
virtuofa Madre Maria Perpetua da Lj^
religiofa Carmelita Calçada do exemplaríf-
fimo Convento da EJperança da Cidade de
Beja onde acabou a vida temporal no dia
6 de Agoflo de 1756. Lisboa pelo dito
ImpreíTor. 1742. foi.
Chronica dos Carmelitas da antigua,
e regular Objervancia nejles Reynos de Por-
tugal, Algarves, e /eus Domínios. Tom. i . na
Ofíicina dos Herdeiros de António Pedrozo
Galraõ. 1745. foi.
lOZE PEREYRA BAYAM Hlho
de António Jorge Bayaõ, e de Maria
Simoens Pereira naceo no lugar de Gon-
delim termo da Villa de Penacova da
Q)marca de Coimbra a 23 de Mayo de
1690. Nos primeiros annos agricultava
a terra com feu Pay, que era lavrador
rico, e depois por fer muito perito na
Arithmetica aíTiftio em caza de feu Tio
materno Manoel Pereira de Carvalho,
que recebia opulentos lucros do feu ne-
gocio, em cujo tempo levado de natural-
indinaçaõ fe ocupava na continua liçaã
de livros Hiíloricos de que fe feguio adqui-
rir noticia vafta da Hiíloria Univerfal do
Mundo. Eíludada a lingua Latina fe
ordenou de Presbítero quando contava trin-
ta, e dous annos de idade, e fe aplicou à
Mathematica, e Theologia Moral em que
fez grandes progreíTos podendo fer mayo-
res em outras Faculdades fe a fortuna lhe
naõ fora taõ avara, como liberal a natu-
reza. Taõ profundamente fe inífaruio na
Hiíloria Portugueza, que referia todos os
fuceíTos de que ella fe compõem fem abrir
livro podendo reftituilla de memoria fe
fe perdeíTe diílinguindo com judiciofa cri-
tica o falfo do verdadeiro, e o certo do du-
vidofo. Deíla vaíla fciencia da noíTa Hif-
toria foraõ teílemunhas iníignes Académi-
cos da Academia Real como foraõ o Be-
neficiado Francifco Leytaõ Ferreira, e os
ReverendiíTmios Padres D. António Cae-
tano de Souza Deputado da Bulia da Cru-
zada, e Fr. Manoel dos Santos Monge Cif-
tercienfe Chronifta deíle Reyno advertindo-
-Ihe algtms Faôos Hiíloricos, cuja verda-
deira indagação eftava oculta aos feus eítu-
dos. Foy ornado de fumma modeftia, in-
corrupto procedimento, e folida piedade.^
Falleceo em Lisboa a 8 de Março de 1743.
com 53 annos de idade deixando o pouco,
que poíTuia à Ordem Terceira de S. Fran-
cifco do Convento de Xabregas com obri-
gação de fe collocarem em huma Capella
da Igreja do Menino Deos, que he do Hof-
pital da mefma Ordem, as Imagens das San-
tas Raynhas Sancha, e Mafalda Freiras Cifter-
cienfes das quais era cordial devoto, e lhe
efcreveo as vidas.
Cathalogo dos livros impreíTos por Ordem
Chronologica.
Hijloria das prodiffofas vidas dos glorío-
fos Santos António, e Benedião, Aíayor honra,,
e lujlre da gente preta, Lisboa na Ofíicina.
de Pedro Ferreira 1726. 4.
Portugal gloriofo, e illuftrado com a vi-
da, e virtudes das Bemaventuradas Raynhar
888
BIB LIO THE C A
Santas Sancha, Tòere:(a, Mafalda, I^abe/,
e loanna, breve noticia dos feus milagres,
de feus cultos, e Trafladaçoens, com hum
difcurfo no fim fohre as paridades das Sagra-
das Keligioens Dominica, e Francifcana, ditas
de Coimbra, e felicidades do Me^ de Outubro.
Lisboa na Officina de Pedro Ferreira
1727. 4.
Vida do gloriofo S. loaÕ da Cru^ Dou-
tor Myflico primeiro Carmelita Defcalfo
da Keforma de S. Theret^a. Lisboa por Pedro
Ferreira 1727. 12.
Hifloria da Vida, acçoens heróicas, e vir-
tudes infignes do gloriofo S. Fernando, Rej
de Caflella, e LeaÕ, efpelho de Príncipes
perfeitos meriti£imo filho da venerável Or-
dem Terceira do Seráfico Padre S. Francifco
traduv(ida, e acrefcentada na lingua Portuguev^a.
Lisboa na Officina de Pedro Ferreira. 1728. 4.
Chronica do muito alto, e muito efclare-
cido Príncipe D. SebafliaÕ Decimo Sexto
Key de Portugal primeira parte que contem
os fuceffos defle Rejno, e Conquiflas em fua
menor idade. Lisboa na Officina Ferreiriana
1730. Sahio com o nome de D. Manoel
de Menezes foi.
Hifloría verdadeira do famofiffimo Heroe,
4 invencível Cavalheiro Hefpanhol Rodrígo
Dias de Bivar, chamado por excellencia o
Cid Camptador, de fuás grandes Cavallarías,
Conquiflas, Vitorias, e outras acçoens, e vir-
tudes infignes, em que fe dá também muitas
noticias dos Reys, e Rejnos de Hefpanha de
/eu tempo. Lisboa por António de Souza
da Sylva anno 1734. 8.
Epitome Chrono-genealogico, e Critico, da
Vida, virtudes, e milanês do Prodigiofo
Portugue:^ S. António de Lisboa illuflra-
do com ponderaçoens, e elogios em lingua
Caflelhana pelo Padre M. Fr. Miguel
Pacheco, Religiofo da Ordem de Chriflo
de novo Reformado, e acrefcentada com mui-
tas noticias, e circunflancias maravilhofas
da fua vida, e vários pródigos novos.
Lisboa por António de Souza da Sylva
1735. 8.
Chronica delRey D. Pedro I. defle
nome, e dos Reys de Portugal o oytavo,
coffiominado o lufliceiro, na forma, em
^pte a efcreveo FemaÔ Lopes, prímeiro Chro-
nifla mor defle Reyno copiada fielmente do
feu Oriffnal antigo, dada à lu:^, e acref-
centada de novo defde o feu naf cimento até
fer Rr/, e outras acçoens, e noticias de que o
Author naõ trata. Lisboa por Francifco
da Coíla. 1735. 8.
Hifloria da prodiffofa vida, morte, e mi-
lagres do gloriofo S. Franco de Sena da Or-
dem de Nojfa Senhora do Carmo, maravilhofo
exemplar de pecadores arrependidos, e dos pe-
nitentes mais mortificados. Lisboa na Officina
Rita Caíiana 1737. 12.
Portugal Cuidadov^o, e laftimado com a
vida, e perda do Senhor Rey D. SebaJliaÕ,
o det(efado de faudo:(a memoria Hifloria Chro-
nologica de fuás acçoens, e fuceffos defla Mo-
narquia em feu tempo; fuás fornadas a Afríca,
batalha, perda, circunflancias, e Confequencias
notáveis delia, dividido em finco livros. Lis-
boa por António de Souza da Sylva
1737. foi.
Fios Sanãorum, ou Hifloría das vi-
das de Chrífto noffo Senhor, de fua San-
tiffima Mãy, e dos Santos, e fuás Fefias
repartido pelos dov^ mev^es do anno, com
Sermoens, e praííicas para as fefias, qm
nelles fe celebraÕ, compoflo pelo Padre Fr.
Diogo do Rofario, da Ordem dos Pregado-
res; novamente Reformado, e addicionado com
Praticas, Fefias, e cento, e tantas vidas
de Santos novos nefla ultima ediçaÕ. Lis-
boa na Officina de Miguel Rodrigues j
anno de 1741. foi. 2. Tom. fem o nome i
do Addicionador cuja obra lhe deveo grande
trabalho.
Retrato do Purgatorío, e fuás penas,
defpertador do peccador adormecido no abij
mo da culpa, exortação á emenda, e de-
voção das almas, que nelle padecem, ã 1
que fe ajunta a maravilhofa Hifloria ê»
Purgatorío de S. Patrício com circumflan-
cias novas. Lisboa na nova Officina
Almeidiana de Maurício Vicente de Al-
meyda. 1742. 8.
dthalogo das Obras M. S.
Relação da milagrofa Imagtm da Se-
nhora da Mouta do lugar de Gondolim ter-
mo da Villa de Penacova. Sahio no Tom. 7.
L USITANA,
889
de Santuário Mariano, liv. 4. cap. 29. on-
de a intitula curiofa difcreta, e larga o Pa-
dre Fr. Agoftinho de Santa Maria, e louva
muito a feu author
Addicionou o cap. 11. do livro 15. do
Tom. 4. da Monarchia iMJitana da impreíTaõ
de Lisboa na Officina Ferreiriana 1723. foi.
Como também tudo quanto pertence
às Santas Raynhas Tere2a, e Mafalda na
Cbronica de Cijier compoíla por Fr. Bernar-
do de Brito da impreíTaõ de Lisboa por
Pafchoal da Sylva. 1720. foi.
Chronica do muito alto, e muito ejclarecido
Principe D. SebaJliaÕ, Decimo Sexto R^ de
Portugal 2. tf 3. parte que conthem as fuás acçoens,
e Juceffos de Jua vida, jornada, e perda em Africa,
com as mais conjequencias folha.
Supplemento , e illujlraçaõ critica das
Cbronicas antigas dejle Reyno té ElRey D. Fer-
nando, folha.
Cathalogo Keal Portuguev^ dos Rejs, e
Raynòas de Portugal, e feus filhos com buma
breve, e apurada noticia de fuás vidas, e EJoffos
do todos 4.
Portugal exclarecido, e illuflrado pelo
feu gloriofo Fundador, Hijloria do Venerá-
vel Rej D. Affonfo Henriques. 4.
Theatro abreviado das grandev^as de Lisboa
reduzidas a breve fumma. 4.
Planta da Verdadeira Fé, e Fonte da
Divina Graça. 4.
Vida, Prerogativas, e excellencias da in-
cliãa Matrona S. Anna, em que fe prova
com efficacia naÕ cardar mais, que buma fô
ve:(^, traduzida, e acrefcentada com muitos
milagres, delia, e do Senbor S. Joaquim feu
único efpofo. 8.
Nojfa Senbora das Mercês, ou Mercês
de Nojfa Senbora traduzida de Caflelbano. 8.
I Lisboa Gloriofa, e enriquecida pelo feu por-
I ^tofo Padroeiro S. Vicente, Hijioria defle
inviãijfimo Martyr. 8.
lOZE' PEREYRA DA COSTA na-
tural da nobre ViUa de Setuval onde
foy bautÍ2ado na Freguezia de S. Juliaõ
a 24 de Março de 1703. fendo filho de
Manoel dos Santos, e Luiza lozepha.
Sahio taõ perito na lingua Latina, que
abrio claíTe publica delia em a Villa de Azey-
taõ, e depois em Lisboa onde por morte
de fua mulher recebeo as Ordens de Pres-
bítero. Compoz.
Convite efpiritual, e preparação para a
Sacada ComunbaÕ, e Santo Sacrijido da Mijfa
traduzido de muitos lugares da Sacada Ffcritura
nejle breve volume. Dedicado à Excellentif-
fima Senbora D. Francifca lMÍ!(a de Noro-
nba filba primeira do Excellentijftmo Senbor
Conde de Aveiras. Lisboa por Pedro Fer-
reira Impreflbr da Auguítiflima Raynha Nofla
Senhora. 1733. 12.
Jardim doutrinal.
D. lOZE' PEREYRA DE LACER-
DA naceo em a Villa de Moura da Pro-
vinda Tranftagana a 7 de lunho de 1661.
fendo feus Progenitores Francifco Pereira
de Lacerda, e D. Antónia de Brito Fidalgos
de conhecida nobreza, que fe augmentou
com a produção defte filho a quem a na-
tureza dotou de engenho perfpicaz, enten-
dimento agudo, e feliz memoria para com-
prehender, e enfinar as fciencias amenas,
e feveras de que teve por theatro a Uni-
verfidade de Coimbra onde recebidas as
infignias doutoraes na Faculdade dos Sagra-
dos Cânones foy Oppofitor às Cadeiras,
e fubílituhio a liçaõ de muitas com aplauzo
geral daquella famoza Athenas. A inte-
gridade da vida com a profundidade da li-
teratura o habilitarão para ocupar os lu-
gares da Jerarchia Ecclefiaítíca fendo Pro-
motor, Deputado, e Inquifidor da Inqui-
fiçaõ de Évora provido em 2 de Setem-
bro de 1692. donde paíTou a Prior da Igreja
de S. Lourenço de Lisboa da qtial fora feu
anteceflbr o Emminentiflimo Patriarcha D.
Thomaz de Almeyda. Crecendo com os
annos os feus merecimentos foy nomeado
Prior mòr da Ordem militar de San Tia-
go de cuja dignidade tomou pofle no Real
Convento de Palmella a 4 de Novembro
de 1709. Subio à Cathedral do Algarve
fendo fagrado em o Convento da Santif-
fima Trindade de Lisboa a 30 de Agofto
de 171 6. Foy Executor da Bulia Áurea para
a ereçaõ do Patriarchado de Lisboa con-
cedida pela Santidade de Qemente XL que
890
BIBLIO THE C A
o creou Presbítero drdial da Igreja Ro-
mana no Gjníiílorio de 19 de Novembro
de 1719. e o noflb Monarcha reynante o
nomeou cm 1721. Confelheiro de Eftado.
Em 9 de Mayo deíle anno fahio juntamente
com o Cardial da Cunha da Barra de Lis-
boa para votar no Conclave pela morte
de Clemente XI. e tanto, que chegou à Cúria
foy conduzido pelo Cardial Piazza ao
Coníiílorio onde lhe deu Innocencio XIII.
que já achou eleito, o chapeo, e anel
Cardinalício, e o titulo de S. Suzana, e
o nomeou para as Congregaçoens do Con-
cilio Tridentino, Immunidade Eccleíiaf-
tica, índice, e Indulgências, em que mof-
trou a profunda noticia de huma, e ou-
tra Jurifprudencia, como também a ma-
dura ponderação com que obfervava, e
a prompta facilidade com que refolvia os
negócios mais graves. Em obfequio da fua
natural eloquência, e vafta erudição o clc-
geo a Academia dos Árcades feu Collega
com o nome de Ketinio, e denominação
de Sidiato dos Ompos vizinhos à Cidade
de Sida na Laconia. Os Porcioniilas do
Collegio Clementino, que faõ todos Fi-
dalgos da primeira Nobreza de Itália lhe
dedicarão huma Fefta Académica aíTiíUda
de vinte, e duas Purpuras Romanas retribuin-
do efte obfequiofo aplauzo com hum conto
de reis, que fe entregou aos Direílores
do Collegio precedendo huma magnifica
meza de iguarias, e licores. Por morte de
Innocencio XIII. entrou no Conclave fen-
do elle hum dos primeiros votos para a
prudentiíTima eleyçaõ de Benediélo XIII. a
29 de Mayo de 1724. No anno feguinte que
era Santo fez no feu Palácio hum Hofpi-
cio para doze Clérigos pobres, que de Hefpanha
partiíTem a ganhar as indulgências de taõ
grande Jubileo. Inflado das fuás ovelhas
para que declarafle de guarda na Gdade de
Faro, e feu termo o dia 4 de Dezembro
dedicado à Virgem, e Martyr Santa Bar-
bara a qual tinhaõ eleito por Protedora
contra os Terramotos, c tempeílades, difi-
rio benevolamente a fuplica taõ juílifica-
da. Voltando para Portugal no anno de
1728. depois de aíTiílir algum tempo na
Corte partio para o feu Bifpado a fatisfazer
às obrigaçoens do Officio paíloral. Na
Vizita, que começou a 26 de Abril de 1738.
fe fentio taõ gravemente moleílado, que
fe recolheo ao Palácio de Faro a 24 de Ju-
nho onde continuando a gravidade da doen-
ça recebeo o Santiflimo por Viatico, que
acompanhou o Cabbido de quem com gran-
de ternura fe defpedio, e chegando 29 de
Setembro efpirou às 10 horas da noutc
quando contava 77 annos três mezes, c
vinte, c dous dias de idade. Jaz fepultado
na Cathedral onde a 20 de Outubro fc
lhe fizeraõ fumptuozas Exéquias recitan-
do a Oraçaõ fúnebre o Meftre Fr. Joaé
Lobo Mercenário Defcalfo natural do
Algarve. Fazem illuftre memoria da fua
Emminentinima peflba o Padre D. Manoel
Caetano de Souza Cathalog. Hijl. dos CanL
Vortug. pag. 41. Sá Me mor. Hiji. dos E/"-
crit. do Carm. da Prov. de Portug. pajç.
307. §. 451. e pag. 317. §. 464. e 465. D.
Ant. Caet. de Souza HiJl. Gen. da Ca:^. Re^
Portug. Tom. 10. pag. 901. D. Jozè Bar-
bofa Addiçoens às Not. de Portug. coni>
poftas por Manoel Severim de Faria pag.
275. e Marangoni Thefaur. Paroch. Tom. 1.
pag. 187. Compoz.
Memoriale Santijftmo Domino Nojiro D.
Papa Benedião XIII. ohlatum circa vifitatio-
ncm omnium Ecciejiarum etiam Cardinalium Ti-
tulorum bujus alma urbis Sanãitatis Jtue jujju
per Delegatos fuos facienda. Romae Typis
Reverendae Camarse Apoftolicae. 1725. 4.
Difcurfus circa Proteãoriam, quam geril,
Ven. Monajlerii S. Sufana hujus alma Urbis.
ibi per eamdem Officinam. 1726. 4.
Det^empenho Civil da Verdade Canom-
ca, e Moral contra os que a pertendem ef-
curecer. Feita em Faro <í 15 de De;^:r
bro de 1732. Coníb. de 92 §. foi. N-
tem lugar, nem anno da ImprcíTaõ m.i^
do carafter fe conhece fer cftampada cm
Caílella. O argumento deíle papel he con-
tra os Monges Bernardos naõ quererem,
que as Patentes dadas pelos fcus Prelados
para confeífarem as Freyras da fua Ordem
foíTem approvadas pelo Bifpo da Dioaic
cm que ellas affiílcm.
Carta para o Keverendijftmo Padre Hen-
rique de Carvalho Provincial, que foy da
L USITAN A.
891
Sagrada Companhia de lESUS, e Confeffor
do Príncipe Nojfo Senhor efcríta de Faro a 6
ie Janeiro de 1734. foi.
Verdadeira copia de huma Carta para o
Keverendijfimo Padre Henríque de Carvalho da
Sagrada Companhia de lESUS. Faro 28.
de Fevereiro de 1734. foi. Huma, e outra
be fobre a controveríia precedente fem anno
nem lugar da impreíTaõ.
Sermoens Vários pregados por todo o dif-
■urfo da fua vida achando/e em varias luga-
res, e empregos de que o fe^ digto o feu jujlo
merecimento. Na Officina de lozé de Ai-
neyda 1738. 4. No fim eílá Carta ef-
rita a hum amigo feo quando tomou o Eftado
Bcclejiaftico.
Controverfia movida na Corte de Lisboa
'm lu/ho de 1729. Defende naõ poderem
'er citados os Cardiaes para nenhum género
de letigio. Naõ tem lugar nem anno da
mpreíTaõ. foi.
lOZE' PEREYRA VELOSO natural
le Lisboa Livreiro, e fuficientemente
/erfado na liçaõ de livros afceticos, e
3redicativos. Falleceo na patiia a 7
ide lulho de 171 1. em idade proveâa.
;ía2 fepultado na Parochia da Magdalena.
!?ublicou
Dei(eJos piedofos de huma alma faudofa de
'eu divino EJpot^o lefu Chrifio divididos em
'arios emblemas para antes da confiJJaÕ, e para
intes, e depois da CommunhaÕ com humas adver-
tências para o me/mo intento. Lisboa por Mi-
guel Deflandes 1688. 8.
Sermão do gloríofo Archanjo S. Miguel
om commemoraçaõ do Ofício que fe fav^ pelas
•Imas do Purgatório pregado na Igreja Matri^
io Arrecife de Pernambuco, ibi pelo dito
mpreíTor 1691. 4. Sahio com o fupofto
lome de lozè Velo2o natural da Bahia Vi-
cário da Igreja do Arecife.
II
Lp. IOZE' pimenta filho de lor-
WL Pimenta, e Catherina Rodrigues na-
MBal de Lisboa onde recebeo a roupeta
la Congregação do Oratório de S. Fi-
ippe Neri a 14 de Fevereiro de 1682.
em taõ devota palefbra encheo as obri-
gaçoens do feu eftado fendo modefto, cha-
ritativo, e mortificado. Faleceo na pátria
a 19 de Novembro de 1738. Com o fupofto
nome do Padre lozè Carvalho publicou.
Devotas conjideraçoens fobre os principaes
motivos da pena, e dor, que Maria Santi£ima
Senhora nojfa teve ao pe da Cru^. Lisboa na
Officina da Congregação 1737. 12.
IOZE' PINHEIRO natural de Lis-
boa infigne ProfeíTor de lurifprudencia Ce-
farea por cuja fciencia mereceo fer Dezem-
bargador da Suplicação, e dos Aggravos
a 27 de Novembro de 1676. Procurador
da Coroa a 7 de Dezembro de 1678. Con-
felheiro da Fazenda, e luiz das luftificaçoens
do Reyno. FaUeceo em Lisboa a 8 de lu-
nho de 1694. laz no Convento de Nofla
Senhora da Graça dos Enmitas de Santo
Agoftinho. Foy cazado com D. Izabel Ma-
ria de Camide. Sendo Procurador da Q-
dade de Lisboa nas Cortes celebradas em
o anno de 1674. em que fe jurou por her-
deira defta Coroa a Sereniffima Senhora
Infanta D. Izabel filha delRey D. Pedro II.
recitou.
Praãica no primeiro Aão em que foy ju-
rada a Sereniffima Infanta D. If(abel Lui^^
lofepha NoJfa Senhora. Lisboa António Cias-
beeck de Mello 1674. 4.
Praãica no fegundo Aão de Propofi-
çaõ às Cortes, ibi pelo dito Impreflbr, e
anno 4.
IOZE' PINTO PEREYRA fidalgo
da Caza de Sua Mageftade, Cavalleiro pro-
feíTo da militar Ordem de Chrifto naceo em
a illuftre Villa de Guimaraens da Provinda
do Minho a 31 de Março de 1659. Foraõ
feus Progenitores leronimo Vaz de Sà, e
D. leronima da Cunha filha de Frandfco
Pinto da Ctmha Alcayde mòr de Bafto,
Senhor de Filgueiras, e Vieyra, Commen-
dador do Salvador de Forjes em a Ordem
de Chrifto. O talento, de que o ornou a
natureza, foy igualmente capaz para com-
prehender as fciencias feveras fendo Dou-
tor em Theologia, e verfado em hum
892
BIB LIO THE CA
c outro Direito, como as letras humanas,
inveftigaçoens Genealógicas, c máximas po-
liticas que praéticou na Gírte de Roma
onde pelo efpaço de vinte, e nove annos
foy Expedicioneiro deíla Coroa. Voltan-
do para Portugal por Ordem de Sua Ma-
geílade de quem recebeo efpeciaes favo-
res, paíTaraõ poucos annos que naõ pagafle
o tributo do mortal a 17 de Fevereiro de
1733. quando contava 74 annos de ida-
de. Delle faz honorifica memoria o Pa-
dre Souza Apparat. à Hijl. Gen. da Ca^-
Real Porfug. p. 164. §. 201. Compoz
Obelifcus Nuptialis Jovis l^ufitani trium-
phantis elegantem imaginem indicans. foi. fem
anno, e lugar da impreflaõ. He hum
elogio de eftilo lapidado aos auguílos
Defpozorios do Sereniffimo Monarcha D.
loaõ o V. com a SereniíTima Senhora D.
Mariana de Auílria.
Noticia Genealógica di linea reale fepa-
rata dirivata dallo invito Re Don Alfonfo
Enriques primo Re di Portugallo fino ai
Illuftrijftmo, e Excellentijftmo Signore D. Ora^io
Albani. Roma per Giovani Francifco Chracas
172c. 4. grande
Benediãus XIIL Summus Ecclejia Ponti-
fex grafia benediãus, <& nomine glorificatus
à Deo in confpe£iu Regum terra cum qtúhus
ducit originem a D. Dyonijio, et S. Elifabeth
Portugallia olim Regibus, ut in lineis Genealo-
ffcis hic exhibitis ojlenditur. Romae apud Ro-
chum Barnabó 1724. 4. grande
Apparatus hijloricus decem continens ar^t-
menta, five non obfcura fanãitatis indicia reli-
ffofijjimi Principis D. Alfonji Henrici primi
Portugallia Regis. Romae ex Typis Rochi
Barnabó 1728. 4.
Clavis áurea in excelfa fphera officina for-
mata EJifabetha Ghriftina de Brunfuvick, et
Wolfembutel Hifpaniarum, d^ Indiarum Re-
gina Catholica, myjlica Corona Aujlrina Jifflla,
<& emphaticum Afirologia Genealoffca fenfum
feliciter, facile que aperiens. Barcinone foi.
fem anno da ediçaõ.
Antiloquio a la S. C. R. M. de D. Car-
los III. Rej de E/pana y de las índias. Bar-
celona, foi.
Vaticínio de la Corona Auftrina prefentado
en Barcelona a S. Aí. C ibi foi.
Rejponjio Equitis Pinti ad curiofam inter-
rogationem cujufdam amici quarentis; Quare no-
vus Summus Pontijex Innocentius XIII. qt:
vivet annos Nejlorios, ab omnibus nuncupatur
de bona Reliffone cum non fuerit à Claujiro Jed
de Jaculo eveãus ad Cathedram S. Petri:
4. Naõ tem anno nem lugar da impref-
faõ, mas do Caraéler fe conhece fer em
Roma.
Protoloffa ad Santif. Dom. Nofir. Ck-
mentem XI. cum Anacrijim de fuprema Jortt
Ecclefiaflicorum ad ofcula pedum provolutus offer-
ret. Barcinone 171 1. foi.
Genealogia dos Senhores de Filgueira
e Vieira dedua^ida de/de o grande Cavai
leiro D. Egaz Moniz até António Lui:^
Pinto Coelho da Sylva Senhor dos ditos
Conjelhos. foi. M. S. Confervafe em po-
der de loaõ Pinto da Cunha Deça Sc
brinho do Author.
lOZE' PINTO DA VEYGA nacido
em Amfterdaõ de Pays Portuguezes.
Foy muito difcreto, e elegante aíTim em
proza, como em verfo brilhando o fcu
talento nas Academias dos Sitibundos, 1
Floridos em que era ouvido com aplauzo
Publicou
Rumbos peligrofos
Confujion de confufiones
Triunfos dei Aguila.
Ideas pojftbles
Todos eftes livros fahiraõ Amfterdaõ
1684. 4.
Difcurfos Académicos, Morales, Rhetoricos.
j /agrados. Amberes i68j. 8.
Retrato de la Prudência y fimulachro àtl
Valor. Amfterdaõ 1690. 4.
lOZE' DA PURinCAÇAM chama
do no Século lozè Gomez Ferraz na
ceo em a celebre Villa de Setúbal a 1;
de Mayo de 1635. fendo regenerado na^
aguas do bautifmo cm a Parochia de
S. luliaõ a 20 do dito mez. Foy filho
de Domingos Gomez de Campos, e Ma
ria Ferreira da Cofta. Na idade de ado
lefcencia já moftrava madureza da velhice
L USITAN A.
aíGm na compoíhira do femblante, como
na profundidade do talento com que pe-
netrou as letras fagradas, e profanas das
quais teve por paleílra o Collegio da Pu-
rificação de Évora onde deu manifeítos
argumentos dos progreíTos literários que
havia teftemunhar admirada a Univerfida-
de de Coimbra. Ambiciofa a florentifli-
ma Congregação do Evangeliíla amado de
que recebeíTe a fvia murça hum homem
dotado de tanta litteratura o rogou já qvian-
do era Presbitero para que fofle feu Có-
nego, e dificultando a execução com o pre-
texto de eftar aíTiítíndo a fua Mãy, e Irmaãs
diílituidas dos bens da fortuna, fe obri-
gou a Congregação a fuílentallas por fe
naõ defraudar de hum Vaiaõ taõ infigne.
Admetido a Cónego Secular do EvangeUf-
ta a 29 de De2embro de 1661. continuou
com mayor difvelo os eftudos Theologicos,
e Efcriturarios, e recebendo a borla dou-
toral em a Athenas Conimbricenfe a illuf-
trou com o magifterio da Catedrilha de
Efcritura em 8 de lunho de 1684, e na Ca-
deira grande em 3 de Abril de 1694. Nas
Aulas, e nos Púlpitos foy igualmente ve-
nerado fendo taõ folido em os difcurfos,
como fubtil em os argumentos. Naõ fe
coarâou a fua litteratura a Theologia Ef-
cholaílica, e Expofitiva mas chegou a pe-
netrar as dificuldades da Jurifprudenda, e
Medecina efcrevendo as Liçoens de ponto
oeftas Faculdades para dous Irmãos profef-
fores delias. Mayor, que a fua fdenda era
a integridade da vida obfervando com tal
exaçaõ o feu inítituto, que podia fer exem-
plar dos domefticos, e exemplo dos eiira-
nhos. Falleceo intempeítívamente no Col-
legio de Coimbra quando era delle Reytor
a 6 de Setembro de 1694. quando conta-
va 59 annos de idade. Delle fe lembra o
Padre Santa Maria Chron. dos Coneg. Secul.
liv. 2. cap. 50. Deixou condes obras fobre a
Theologia, Efcritura, e Cânones em que era
verfadijftmo. e D. Leonard. de S. Jozè.
luutreola da Cort. Sant. Trat. i. cap. 4. n. 8.
BJoquentijfimo, fubtil, e em fuperlativo gráo
bem delicado Pregador pela graça pela f ciência,
e pela enerva. Compoz.
Sermão da Beatificação do grande Summo
893
Pontifice Pio V. em S. Domingos de Usboa
em 14 de Outubro de 1672. Lisboa por Fran-
cifco ViUela. 1673. 4.
Sermão em o Outavario, que celebrarão em
a Igreja de S. Roque os reliffofos da Compa-
nhia de JESUS na Fefla da Canonização de
S. Francifco de Borja reli^fo da mefma Ordem ,
e Geral delia, e Duque, que foy antes de Gandia.
Coimbra pela Viuva de Manoel Carvalho
ImpreíTor da Univerfidade. 1673. 4.
Sermão na Beatificação de S. Pedro de Ar-
bues Cónego Kegrante de Santo Agoflinho pri-
meiro Inquijidor em o Reyno de AragaÕ no Real
Convento de S. Vicente de fora. Lisboa por
loaõ da Cofta 1674. 4.
Seleãa Quafliones in Univerfam Theologiam.
M. S. "^
Commentaria in Apocalypfim. M. S.
Antinomia Sacra. M. S.
A* inílanda de Marcello Durazzo Nún-
cio ApoftoUco nefte Reyno, e depois Car-
dial da Igreja Romana efcreveo contra as
Propofiçoens de Clero Gallicano cuja obra levou
para a imprimir quando parrio para Hef-
panha.
Fr. JOZE' DA PURIHCAÇAM na-
tural de Lisboa filho de Paulo da Fonce-
ca, e Izabel da Cofta. Aprendidas as Fa-
culdades de Filofofia, e Theologia deixou
o feculo pelo rigorofo clauftro da Provinda
da Arrábida profeíTando o Seráfico infti-
tuto em o Convento da Magdalena fitua-
do na Villa de Alcobaça, a 6 de Fevereiro
de 1688. onde diftou naõ tendo mais, que
quatro annos de habito as fdencias Efcho-
lafticas até a Cadeira primaria de Theologia.
Foy Guardião do Convento da Arrábida,
e outros Conventos Prefidente de Capitvdo.
De muitos Sermoens, que pregou fe pubM-
cáraõ os fegiiintes.
Sermão do Efpot^p da Raynha dos An-
jos S. Jo^é na Cathedral da Cidade de Us-
boa. Lisboa por António Pedrozo Galraõ.
1698. 4.
Sermão da Calenda do Nacimento do Menino
Deos no Convento de S. Jot^é de Ribamar da
Provinda da Arrábida, ibi pdo dito ImpreíTor.
1699. 4.
Sermaõ do Efpirito Santo pregado no
894
Jeu me/mo dia tia Catheãral da Cidade de Lis-
boa, ibi pelo dito ImpreíTor. 1700. 4.
SermaÔ da Jegtmda Dominga da Quarejma
pregado no Hofpital Real de iodos os Santos
da Cidade de Lisboa. Lisboa por Filippe
de Souza Villela. 1707. 4.
Sermão da ejclarecida Virgem, e Mar-
tyr Santa Barbara protectora dos rayos, e
trovoens pregado na Parochial Igreja de Nojfa
Senhora dos Anjos defta C dade de Lisboa.
Lisboa por António Pedrozo Galraõ.
1707. 4.
Sermão da alegre, e glorio/a KefurreiçaÕ
de Chrijio Nojfo Salvador na Parochial Igreja
de S. Jo^é de Lisboa. Lisboa pelo dito Im-
preíTor. 1707. 4.
SermaÕ do admirável Alyjlerio da Afcen-
çaÕ de Chrijio pregado no Convento da Ef-
perança de Lisboa, ibi pelo dito ImpreíTor.
1705. 4.
Remédio admirável para as dores de dentes
dejcuberto na prodigiofa virtude da Virgem,
e Martyr Santa Apollonia Jua particular
Advogada. Lisboa pelo dito ImpreíTor.
1708. 12.
Fr. lOZE' DA PURIFICAÇAM na-
ceo em a Villa de Setúbal, e foy bautiza-
do na Parochia de S. Sebaíliaõ a 21 de Mar-
ço de 1673. fendo filho de Francifco loaõ,
e Brites Netta. Quando contava defoito
annos de idade profeíTou o fagrado iníli-
tuto da illuílre Ordem dos Pregadores em
o Convento de Azeytaõ a 19 de Março de
1691. onde floreceo o feu engenho em pro-
duçoens poéticas, a inveíligaçoens Theo-
logicas fendo Meftre do numero em a Sa-
grada Theologia. Foy muito perito na
lingua Latina, e Italiana, como em os pre-
ceitos da Oratória. Tendo íido Acadé-
mico da Academia Portugueza inílituida em
Caza do ExcellentiíTimo Conde da Eri-
ceira D. Francifco Xavier de Menezes
onde recitou vários difcurfos com univer-
fal aplauzo, foy eleito Académico do nu-
mero da Academia Real da Hiíloria Por-
tugueza para efcrever as Memorias Hiílori-
cas das Três Ordens militares deíle Reyno.
Falleceo em o Convento de Lisboa a 30 de
Março de 1746. com 73 annos de idade
BIBLIO THE C A
e 55 de religiofo. Delle faz mençaõ Fr
Pedro Monteiro Claujlr. Dom. Tom. 3. pa^'
245. Compoz.
SermaÕ nas Exéquias Solemnes ao San
tijfimo Padre Benediâo XIII. da Sagrada
Ordem dos Pregadores celebradas no Rtaf
Convento de S. Domingos de Lisboa em y.
de Março de 1730. Lisboa por Miguel Rodri-
guez. 1730. 4.
SermaÔ de Nojfa Senhora das Dores Rajnba
dos Martyres pregado na Santa Se Patriarcbal
no ultimo dia do Septenario. Lisboa na Offi-
cina Auguíliniana. 1730. 4.
Cathalogo dos Mejlres, e Adminijlrado
res da illujlre, e antiquijfima Ordem militar
de Avi^- Lisboa por Pafchoal da Syl-
va ImpreíTor de S. Mageílade. 1722. foi
Sahio no Tom. 2. da Colleç. dos Docum. d.
Academia Real.
Conta dos Jeus ejludos Académicos reci
tada no Paço a zz de Outubro de 1723
No Tom. 2. da Colleç. dos Docum. Lisboa
pelo dito ImpreíTor. 1725. foi.
Conta dos Jeus ejludos Académicos dad
no Paço a f de Setembro de 1724. Sahio n
Tom. 4. da Colleç. (à^c. ibi pelo dito ImpreíTor.
1724. foi.
Conta dos Jeus ejludos Académicos em
Paço a 1 de Setembro 1726. Sahio no Tom. 6
da Colleç. &c. ibi por Jozè António da Sylva
ImpreíTor da Academia. 1726. foi.
Fr. lOZE' DA QUIETAÇAM natu
ral de Lisboa, e íílho de loaõ Tavares Pc
reira, e Francifca Maria da Luz. ProfeíTou
o ferafico inílituto da Provincia dos Algar-
ves em o Real Convento de Xabregas cm
o primeiro de Março de 1717. onde fo>
Guardião dos Conventos de Santo Ante
nio de Alcacere, e de S. Francifco de Mon
temor, Comifario dos Terceiros do Convento
de Setúbal, e Pregador Geral para cujo
minifterio o dotou a natureza de efpecinl
génio, e prompta facilidade fendo fen ; :
ouvido com geral aceitação. Tem publi-
cado.
Sermão em aplaus^o do Máximo Doutor
S. Jerónimo pregado no Convento do Maito.
Lisboa na Patriarchal Officina da Muíica.
1728. 4.
L USl TANA.
895
Sermaõ na enternecida prociffaõ que faa^
devota, e venerável Congregação de Nojfa Se-
nhora da Soledade, ereãa unicamente em a no-
tável Villa de Setúbal. Lisboa na Ofíicina
da Muíica. 1735. 4.
Sermaõ do Capitulo Provincial. Lisboa na
mefma Officina 1757. 4.
Sermaõ de S. lo^e pregado na Jua Igreja.
ibi na dita Officina. 1738. 4.
Vida, e Novena do glorio/o S. Marçal
Difcipulo de Jefu Chrifto Ínclito Bifpo, e
efpecial Advogado contra os incêndios. Lis-
boa por Maiiricio Vicente de Almeyda
,1736. 8.
i Semana devota em louvor de Aíaria Santif-
fima, e do glorio/o S. Marçal. Lisboa na Offi-
cina da Muíica. 1737. 8.
Novena da Senhora dos Anjos, e modo de
rer^ar a Seráfica Coroa. Lisboa na Officina
de Theotonio Antunes de Lima. 1737. 12.
Novena de S. Sebajliaõ. ibi pelo dito Im-
preíTor 1737. 12.
Novas Horas Seráficas Latinas, e Portu-
,^f(as. Lisboa pelo dito ImpreíTor 174c. 12.
Defpertador Catholico expojlo em os qua-
tro Novijfimos do homem, e em os Pajjos
da PayxaÕ de lefu Chrijlo. Lisboa por Pedro
Ferreira. 1741. 12.
Remédio contra o terrível mal da pejle
aplicado em nove dias dijlríbuido em nove
fetas do nome do foberano, glorio/o, e invião
Martjr S. Sebajliaõ. Lisboa por Fran-
cifco da Sylva 1743. 4.
Tríbuto de objequios a Senhora Santa Anna.
Lisboa por Pedro Ferreira 1744. 12.
Sujpiros a Deos menino antes de nacido.
ibi pelo dito ImpreíTor 1744. 12.
Fr. lOZE' DO REDONDO natural da
Villa do feu appellido em a Provinda do
lAlentejo, titulo de Condado, onde naceo
li 13 de Fevereiro de 1683. fendo íilho de
[ozè Pereira, e Maria Collaça. Recebeo
3 habito ferafíco em a reformada Província
ia Piedade a 25 de Abril de 1699. merecendo
5ela leitura das Artes, e Theologia fer Qua-
ificador do Santo Officio, Guardião dos
Conventos de Beja, Lagos, e Elvas, e af-
!iftir quando era Cuítodio da fua Pro-
vinda ao Capitulo Geral celebrado em Mi-
lão a 4 de Junho de 1729. e depois fer Vi-
zitador da Provinda de Santo António.
Compoz
Noviciado Minorítico novamente infirui-
do. Évora na Officina da Univeríldade
1742. 8.
Memoríal Religiofo ibi na dita Officina
1742. 8.
Efpelho regular, e apurado demojlrador.
M. S. 4.
P. lOZE' DOS REYS filho do U-
cenciado Manoel Carneiro de Aguilar, e
de Mariana Pacheco Carndro igualmente
nobres, e virtuozos naceo em a Gdade do
Porto donde paíTando a Lisboa quando
contava quatorze annos de idade fe aliílou
na Companhia de lefus a 17 de Outubro
de 1708. Liftruido nas letras humanas, e
divinas em que fahio eminente diftou Fi-
lofofia no Collegio de Santarém, e a Cadeira
de prima de Theologia Moral em o de Braga
onde he Examinador Synodal. Para argu-
mento do génio que tem para o púlpito pu-
blicou.
OraçaÕ junebre nas reaes Exéquias, e Jolem-
nijfimas Honras que na Sé Primacial de Braga
mandou celebrar ao Serenijfimo Infante o Senhor
D. Francifco feu IrmaÕ o Serenijfimo Senhor
D. Io!(é Arcebifpo, e Senhor de Braga Prima^
das Efpanhas no dia 20 de Setembro de 1742.
Coimbra no Real Collegio das Artes da Com-
panhia de lefus 1742. 4.
lOZE' RIBEYRO naceo em a Villa
de Setúbal a 4 de Mayo de 1720. fendo filho
de Pedro Ribeiro, e Luiza Maria de Santo
António. Aprendeo a arte de manipular
os remédios medicinaes que exerdta peri-
tamente illuftrando com reílexoens doutas.
Pharmacopea CbinAco Galenica obra T ri-
par titã. foi. M. S.
lOZE' RODRIGUES DE ABREU
naceo em a Cidade de Évora a 31 de
Agoílo de 1682. onde foy virtuofamen-
te educado por feus Pays Manoel Ro-
drigues de Abreu, e Maria Antunes.
Aprendeo na Univerfidade da fua pátria
896
BIBLIO THE CA
as letras humanas, e Filofoíia recebendo
o gráo de Meílre ncíla Faculdade a
18 de Agoílo de 1699. No anno feguinte
paíTou à Athenas G^nimbricenfe onde apli-
cado ao eftudo de Medecina fez diftintos
progreíTos entre todos os feus condifd-
pulos cuja Faculdade prafticou com aplauzo
em Lisboa atè que embarcandofe a 30 de
Novembro de 1705. com António de Al-
buquerque Coelho Governador do Rio de
laneiro, Capitania de S. Paulo, e das Mi-
nas difcorreo por todas eftas terras com
obfervaçaõ de fabio colhendo varias no-
ticias das virtudes medicinaes das ervas,
e plantas que produzem aquellas vaftiíTimas
terras. Reftituido a Portugal a 26 de Ou-
tubro de 1714. fendo eleito Fiíico mòr das
Armadas por provifaõ de 15 de Mayo de
171 6. foy nomeado para acompanhar ao
Conde do Rio grande General da Ar-
mada expedida contra os Turcos que íi-
tiavaõ a Ilha de Corfú o que executou
promptamente como na jornada que no
anno de 1729. fizeraõ as Mageftades Por-
tuguezas ao rio Caya para concluir os au-
guílos defpozorios dos Príncipes do Bra-
zil, e Aíhirias. Em remuneração deíles
ferviços recebeo o habito da Ordem mi-
litar de Chriílo a 14 de Mayo de 1724.
com o foro de Fidalgo por alvará de 18
de Outubro do dito anno, e ultimamente
fer nomeado Medico da Camará de Sua
Mageftade. Compoz
Lu!(^ de Cirurgioens emharcadiffos que tra-
ta das doenças epidemicas de que cujlumàõ enfer-
mar ordinariamente todos os que Je embarcaõ
para as partes Ultramarinas. Lisboa por
António Pedrozo Galraõ. 1711. 4.
Hijloriologia Medica fundada, e ejlabelecida
nos principios de George Emejlo Stabl fami-
geradiffimo Efcritor do pre:^ente feculo, e ajuf-
tada ao u:(p praãico defle Pai:^. Tom. i. em
que fe contem as fuás inflituiçoens incluidas na
Phyjiologfa, Patboloffa, e Semiologia primeiras
partes da Medecina. Lisboa na Officina da
MuUca 1725. foi.
Hifloriologia Medica Tomo 2. dividido
em duas partes em que fe contem a pratH-
ca geral, e effencial curatoria das queixas
a que eflã fogeito o corpo humano incluídas
na praxe Medica. Lisboa por António de
Souza, e Sylva 1739. ^o^*
Hiflorioloffa Medica Tom. 2. Part. 2.
Lisboa por Francifco da Sylva 1745. foi.
Hifloria das Minas Brafilicas. M. S. 4.
Hifloria das perturbaçoens dos Pay:^es
Baixos no tempo do Emperador Carlos V.
Filippe II. Margarida de Parma, e Duque
de Alva, e dos mais Governadores que fe
feguiraõ até a conclufaÕ da Tregpa com os
Eflados confederados das Provindas unidts. foi.
M. S.
lOZE' RODRIGUES PENELLA fi-
lho de Manoel Rodrigues Botaõ, c Lau-
rencia Gomez nacco em a Gdade de
Faro do Reyno do Algarve a 15 de Abril
de 1704. Aprendeo as primeiras letras
com Rodrigo Corrêa Prior da Pato-
chial Igreja de S. Tiago da Gdade de
Tavira, e no Convento dos Erimitas de
Santo Agoílinho da mefma Gdade cíhi- j
dou Theologia Moral cm que defendeo j
Conclufoens publicas. Ordenado de Or- j
dens menores que lhe conferio em Evo- '
ra D. Fr. lozè de lefus Maria Bifpo de
Patára a 7 de Março de 1721. paíToa |
a Lisboa a frequentar Filofoíia na Cor.
gregaçaõ do Oratório pelo efpaço c
três annos no fim dos quais fe aplicou
íinco em a Univeríidade de Coimbra r.
eftudo da lurifprudencia Cefarea. ToK
rados com grande conftancia vários i:
fortunios cauzados por feus parentes cor
tinuou na Congregação do Oratório dot
annos a Theologia Moral de que era Lei
te o P. lulio Francifco hoje digniíTim
Bifpo de Vifeu. Pela grande fci
que tinha adquerido nefta fagrada 1 .^>-
dade fez varias oppoíiçoens as Igrejas d.
Ordens Militares com grande credito c!
feu talento até que foy provido em a Igri
ja de S. Tiago de CaíTem para cuja co
laçaõ recebeo o habito da militar Or
dem de S. Tiago em o Convento dcj
Palmella a 29 de Setembro de 1756. c'
fe ordenou de Presbítero cuja ordem lhe
conferio D. Fr. loaõ de Seixas da '
ceca Bifpo de Areopoli a 30 de No^c:.
bro de 1736. Como foíTc Prcíidentc r
L USITAN A.
897
Academia Latina, e Portugueza recitou a
18 de Julho de 1734. a Oraçaõ feguinte.
Glorias de Portugal, fendo affumpto trinta
Portuguet^es defendendo-fe em CoulaÕ de trinta
Gentios, de que triumfáraõ fendo Capitão D.
Jorge de Cajlellobranco. Lisboa na Offidna
da Muíica. 1736. 4.
lOZE' RODRIGUES PEREYRA Na-
ceo em Lisboa no anno de 1687. onde
aprendidos os primeiros rudimentos da La-
tinidade, e letras humanas paíTou à Univer-
fidade de Q)imbra a eíhidar os Sagrados
Cânones em cuja Faculdade recebeo o gráo
de Bacharel. Sendo Prothonotario Apof-
tolico, e Beneficiado na Parochial de San-
ta Marinha de Lisboa pela fua litteratura,
e innocencia de cuíhimes paíTou a Vigário
da Igreja do Salvador da Villa de Santarém,
Prior das Igrejas de Triana, e Santa Maria
da Várzea da Villa de Alanquer, e de San-
ta Maria Magdalena de Lisboa, e ultima-
mente em o anno de 1740. da Igreja da
Ventoza em a Villa de Alanquer, que
he do Padroado da SereniíTima Raynha,
onde exercita as obrigaçoens de folicito
Paftor. Teve natural génio para a Ora-
tória EccleíiaíHca de que foraõ theatros
diverfos púlpitos em que mereceo o aplau-
20 dos ouvintes publicando por primi-
das deíle evangeUco minifterio as feguin-
tes produçoens.
Sermoens da Canonit^a^àÕ de S. Joaõ Nepo-
muceno pregado no Real Hofpicio dos Car-
melitas Defcalfos Alemaens. Lisboa na Officina
Auguftiniana. 1730. 4.
Sermão de Preces por agua pregado na Pa-
rochial Igreja de Santo EJlevaõ da Villa de Alen-
quer ao recolher de huma procijfaÕ levando-fe nella
a milag-ofijfima Imagem da Mãj de Deos da Re-
donda. Lisboa por António líidoro da Fon-
ceca. 1737. 4.
Sermão Gratulatorio, e Panegírico na exal-
tação á Purpura do EmminentiJJimo, e Reve-
rendijftmo Senhor D. Thomat^ de Almeyda Pa-
triarcha I. de Lisboa pregado no dia do Apof-
tolo S. Mathias. Lisboa por Manoel Fer-
nandes da Colla. 1738. 4.
57
Ff. JOZE* DE SÁ natural do lugar
de Cabellas GDnfelho de Ferreiros, e
Tendaes no Bifpado de Lamego filho de
Francifco de Sá, e Azevedo, e Antónia
Lopes Cordeira de igual nobreza à de feu
Conforte. ProfeíTou o fagrado inftituto dos
Erimitas de Santo Agoílinho em o Con-
vento de NoíTa Senhora da Graça de Goa
em o anno de 1604. DiTcorreo com facul-
dade dos Superiores grande parte da índia
Oriental, e Occidental, até que reíHtuido
a efte Reyno efcreveo o feu Itinerário com
eíle titulo.
Vida, y trahajos dei Padre Fr. Jo^è
de Sá Portuguez- M- S. 4. Confervafe na
Livraria do Convento de NoíTa Senhora
da Graça de Lisboa.
lOZE' SANCHES DA SYLVA Sar-
gento mór da Infantaria com exercido
de Engenheiro nefta Corte de Lisboa,
muito perito nas difdplinas mathemati-
cas prindpalmente em artifidos de fogo
efcrevendo.
Obra Pirotenica dividida em três Trata-
dos. Comprehende Arithmetica por números,
e parte de Geometria efpeculativa, e praãica,
e o u:(p dos fogos artificiaes militares por mar,
e terra, e fuás partes de que fe compõem, e
o u^o dos fogos feflivos, e recreativos, fuás
partes, e medidas de que fe compõem, e no
fim o appendix dos fogos antigos dos Egípcios.
Tom. I. com fig. 4. M. S.
Tom. 2. da Arte de deitar Bombas, que com-
prehende as Bombas, e feu movimento fegundo a
figura, que defcrevem, como das Granadas, e Mor-
teiros, e mais w(o das mefmas Bombas, e no fim
hum appendix do Petardo. 4. M. S.
Fr. lOZE' DOS SANTOS natural de
Lisboa filho de Pedro Gonzalves, e Joan-
na BaptiUa, reUgiofo da iUuílre Ordem
da SantiíTima Trindade cujo inftituto pro-
feíTou no Convento pátrio a 13 de Ou-
bro de 171 8. Aprendeo com admirável
comprehenfaõ as fdencias Efcholafticas,
e com mayor aplauzo as diâou aos feus
domeíticos merecendo fer admitido ao
numero dos Doutores Theologos em a
898
BIB LIO THE CA
Univerfidade de Q)imbra, que muitas vezes,
como também a Cotit de Lisboa admira-
rão a nervofa efficacia dos feus argumentos
em diverfos ados litterarios. Publicou.
Sermão no fejlivijjimo Outavario da Ca-
nonização de S. Joaõ Francifco Reffs da
Companhia de JESUS pregado na Ca^a
profejfa da me/ma Companhia no 2. dia do
me/mo Outavario. Lisboa na Ofíicina da
Mufica. 1739. 4-
lOZE' DOS SANTOS DE ANDRA-
DE natural da Cidade do Porto, e Ba-
charel formado em a Faculdade dos Sagra-
dos Cânones em a Univerfidade de Coim-
bra. Foy muito verfado na liçaõ da Hif-
toria Eccleíiaftica, e Secular defte Reyno,
como em a Genealogia de que faõ paten-
tes teftemunhas as feguintes produçoens,
que efcritas pela fua nuõ fe confervaõ na
Livraria do Convento de S. Domingos do
Porto onde as vimos.
KecopilaçaÕ Hijlorial do principio, e Ori-
gem do ejlado religiofo, e das Sagradas Keligioens,
que nefie Reyno de Portugal propagarão feu Santo,
e religiofo inftituto. 4.
Compendio Hijlorial de Efpanha, na-
çoens, que a habitarão, e fua KeJlauraçaÕ
do tempo dos Godos até Filippe III. de Por-
tugal. 4.
Nobiliário Ljijitano, Epitome da Nobre:(a,
e Alfabeto das famílias Portuguer^as i. e z.
Parte dedicado ao Illufirijftmo Senhor D. loaÔ
de Sous^a Arcebifpo Prima^- 4.
Efpelho puro, e clarifftmo de exempla-
res virtudes no qual fe podem ver expref-
fadas as Ideas mais primorofas da perfeição
Evangélica. 4.
lOZE* DOS SANTOS PALMA fi-
lho de Manoel loaõ, e Igncz de Jefus
nacco em Lisboa em o i. de Novembro
de 1680. fendo bautizado na Real Igreja
da Conceição a 17 do dito mez. Eftu-
dadas as letras humanas em o Colle-
gio de Santo Antaõ dos Padres Jefuitas
cm que fahio eminente, como na intd-
ligencia da lingua Latina frequentou a
Univerfidade de Coimbra aplicado à Ju-
tifprudencia Cefarea em cuja Faculdade
fez tantos progreíTos a fua grande comprehen-
faõ, que formado nefta fciencia lhe rogarão
os Meftres continuaíTe a aíTiftencia da Univer-
fidade para ocupar as mayores Cadeiras delia.
Como inimigo de aplauzos deixou a Aca-
demia Conimbricenfe, e na pátria exerci-
tou pelo efpaço de dez annos o Officio de
Advogado em que adquirio grande opi-
nião fundada em fumma litteratura, e naõ
menor defintereíTe. Deíle exercido paflbu
a fer Juiz do Civel fendo igualmente reâo
no juizo das Cauzas, como no feu patro-
cínio. Defte lugar fubio ao de luiz do Fif-
co de Évora, e depois de Coimbra donde
foy promovido a Dezembargador da Caza
da Suplicação a 7 de Agofto 1734. Foy
Deputado da Junta do Tabaco, Juiz do
Tombo dos Armazéns do Reyno, Juiz da
moeda falfa, e Ouvidor das Terras da Ray-
nha. Teve natural génio para a Poefia La-
tina, e vulgar; vafla liçaõ da íiiftoria Ecde-
fiafidca, e Secular. Falleceo a 28 de Abril
de 1739. quando contava 59 annos de idade.
Jaz fepultado no Convento de Santo Eloy
defta Corte. Compoz.
Additiones in Decifiones Melchioris Phebi
J. C. UlylTipone apud Jofephum Lopes
Ferreira Typ. SereniíTimas. Reginx. 171 3.
foi. z. Tom. Sahiraõ fem o feu nome.
Oraçaò fendo affumpto mandar ElRey
D. Fernando fortificar Lisboa de muros.
Sahio nos Progrejjos Académicos dos Ano-
nymos de Lisboa. Lisboa pelo dito ImpreíTor.
1718. 4. a pag. 58.
Addiçoens ao Re^mento do Fifco Real.
foi. M. S.
Additiones ad Decifiones Gabrielis Pereira
de Caftro J. C. foi. M. S. Eftas duas ultimas
obras ddxou imperfeitas.
Fr. lOZE' DOS SERAHNS natu-
ral da Villa de Palmella cabeça da Or-
dem militar de Saõ-Tiago do Patriarcha-
do de Lisboa filho de Joaõ Gomes, c
Joanna Baptifta, e religiofo Menor da
Seráfica Provinda dos Algarves, cujo
inftituto profeíTou no Convento da Vil-
la de Setuval a 9 de Janeiro de 1702.
Pelas fuás letras, e virtudes religiofas he
Qualificador do Santo Oífido, Confultor
L USITANA.
da Bulia da Cruzada, e Examinador das
Três Ordens Militares. Ocupou os luga-
res de Guardião do Collegio de Coimbra,
e do Convento de Santa Maria de Enxo-
bregas, e Vizitador duas vezes da Provinda.
Publicou.
SermaÕ da Beatifkaçaõ do B. André Conti
da Sagrada Ordem dos Frades Menores de noffo
Seráfico Padre S. Francifco pregado na folemnif-
fima Fejla que fe lhe fet^ com o Santijftmo Sacra-
mento manifefto no Mofteiro de Santa Clara
de Évora. Lisboa por Manoel Fernandes
da Coíla ImpreíTor do Santo Ofíicio 1739. 4-
P. lOZE' DE SEPÚLVEDA natural
da Bahia de todos os Santos Capital da
America Portugueza filho de Manoel de
Sepúlveda de Carvalho, e Maria de Abreu.
Abraçou na pátria o iníUtuto da Companhia
de lefus a 21 de Abril de 1727. quando
contava 15 annos de idade onde fahio egre-
giamente inftruido nas fciencias amenas, e
feveras. Compoz
Jurifperitijfimo Domino Ignatio Dias
Madeira Bahienfis Cúria luiticlavio conful-
tijjimo EJogium. Ao mefmo hum Epi^ama
Latino. Sahiraõ eílas duas obras com outras
ao mefmo aíTumpto. Lisboa por Miguel
Manefcal da Coíla. 1742. 4.
P. lOZE' DE SEYXAS naceo em
Lisboa fendo filho de Belchior Gomez, e
Izabel de Seixas. Na juvenil idade de quatorze
annos veftio a roupeta de lefuita em o No-
viciado da fua pátria a 9 de Abril de 1627.
Enfinou com aplauzo Rhetorica, e Filo-
fofia em Coimbra, e Theologia em Évora
onde recebeo o gráo de Doutor a 4 de lu-
Iho de i66c. Das Cadeiras paíTou às Pre-
lazias em que moílrou a fua grande pru-
dência fendo Reytor do Collegio de Braga,
e Coimbra, e Provincial do Brazil. Refti-
tuido ao Reyno foy por quatro vezes Pro-
vincial em cujo tempo paliou a Roma ao
Capitulo em que fahio eleito Geral o
Padre Carlos de Noyelle. Foy muito ob-
fervante do feu inílituto, e entre as vir-
tudes, que cultivou fe diftinguio aíTim
na abíUnencia, como na tolerância das dores
899
cauzadas pela pedra que por diverfas ve-
vez acerbamente o atormentarão. Fal-
leceo no Collegio de Coimbra a 9 de Feve-
reiro de 1691. com 77 annos de idade. Delle
faz larga memoria Franco Imag. da Virtud.
em o Nov. de Coimb. Tom. 2. p. 707. Ann.
Glor. S. I. in Eufitan. p. 713. e Annal. S. I.
in iMfit. p. 387. n. 5. 6. e 7. Compoz.
Vida do V. Irmaõ Domingos da Cunha
da Companhia de lESUS. M. S. Defta
obra o fazem author lorge Cardozo A^o/.
Eufit. Tom. 3. p. 198. letr. M. Nadafi
Ann. dier. memorab. S. I. Part. i. p. 262.
col. I. Franco Imag. da Virt. em o Novic.
de Lisi'oa. liv. 3. cap. 32. pag. 550. onde
affirma, que tudo quanto efcrevera do Ir-
maõ Domingos da Cvmha o extrahira da Vida
compofta pelo Padre lozè de Seixas.
lOZE' DA SYLVA DE AZEVEDO
naceo em Lisboa no Anno de 1680. fen-
do filho de leronimo da Sylva de Azevedo,
e Maria Ribeyra da Conceição. Apren-
deo a lingua Latina, Humanidades, e FUo-
fofia no Collegio pátrio de Santo Antaõ,
em que fahindo muito intelligente paf-
fou à Univerfidade de Coimbra eíhidar
Medecina, e tanto que fe formou neíla
Faculdade voltou para a Corte onde fen-
do provido em Medico da Santa Caza
da Alizericordia navegou à índia com o
lugar de Fifico mòr do Eíbdo, e nelle
exercitou pra6tíca, e efpeculativamente
Medecina, lendo huma Cadeira, e curando
no Hofpital dos Militares. Reftituido ao
Reyno foy remunerado com o habito
de Chrifto, e huma Tença de fincoenta
mil reis. He muito verfado nas letras
humanas, e divinas como publica a feguinte
obra.
Expofiçaõ Delphica Apologetico-Critica
em que fe convence huma falfidade com a ver-
dade declarada em que fe propõem varias dou-
trinas pertencentes á /ciência da Medecina,
e tocaõfe outras noticias úteis para o exer-
cido de hum Medico Politico-Catholico: nem
menos jucundas, e proveitofas para todos os
amantes das doutrinas Etbicas. Lisboa por
António Pedrozo Galraõ 1736. 4.
çoo
BIBLIO THE C A
lOZE' DA SYLVA FERNANDES na-
tural de Lisboa Qrurgiaõ approvado, e
muito inílruido em todo o género de eru-
dição. Efcreveo.
Difcurfo Apologético Cirúrgico Medico
efcrito em ejlilo Epijlolar. Lisboa por Miguel
Rodrigues 1729. 4.
Novena para fejiejar o Tranfito do glorio-
Jijfimo faõ Jo:(è. Lisboa 1731. 12.
P. lOZE' SOARES natural da Villa
de Setúbal filho de António Soares, e D,
Violante de Almeyda. Na idade de quinze
annos recebeo a roupeta de lefuita cm o
Noviciado de Lisboa a 3 de Outubro de
1644. onde diftou muitos annos Humani-
dades com aplauzo do feu nome. Sendo
Meftre da primeira ClaíTe no Collegio de Santo
Antaõ pubUcou
Expiicationes in pracipuam partem to-
tius Artis P. Emmanuelis Alvares S. I.
qua Syntaxim compleãitur. Ulyflipone apud
Michaelem Deslandes 1689. 4. 3 ediçaõ
& ibi apud eundem 1699. 4. & ibi apud
Michaelem Rodrigues 1739. 4- ^ outras
muitas vezes reimpreíTo.
Falleceo no Collegio de Évora a 15
de Setembro de 1658. Delle fe lembraõ
Franco Imag. da Virtud. em o Nov. de Lis-
boa, p. 970. e Fonceca Eí^or. Glorio/, p.
433.
P. lOZE' SOARES religiofo da Com-
panhia de lESUS, e iníigne Operário
Evangélico na vaíliíTima vinha do lapaõ.
Efcreveo, e mandou ao Padre Sebaíliaõ
de Magalhaens lefuita Confeílor delRey D.
Pedro IL
Annua do Colleffo de Pekim de/de o fim
do anno de 1694. atl o fim de Aíajo de 1697.
e de algumas outras Kefidencias, e Chrijlandades
da MiffaÕ da China ejcrita em Pekim a ^o de
lulho de 1697. foi. Sahio traduzida em Cafte-
Ihano por D. luan de Efpinula com efte
titulo.
La libertad de la Ley de Dios en el Império
de la Coina (concedida por el Emperador Khamhi
a zz de Março de 1692.) compuefia por el P.
Io:(è Soares de la Companhia de lefus Reãor
dei Colle^o de Pekim Corte dei Império Ó^c.
Valença por el Heredero de Bonito Mace.
1696. 8.
lOZE* SOARES DA SYLVA Caval-
leiro profeflb da Ordem Militar de Chrifto
naceo em Lisboa a 9 de laneiro de 1672.
Foraõ feus Pays António Soares de Ma-
dureira Cavalleiro Fidalgo, c ProfeíTo da
Ordem de Chrifto Efcrivaõ das Guardas
rcaes, c Thezoureiro da Caza real, e D. Ma-
ria lozefa da Sylva filha de loaõ Pereira
da Sylva, e D. Violante da Sylva. Rece-
beo o Sacramento do Baptifmo a 2 de Fe-
vereiro que lhe conferio cm a Igreja de
N. Senhora do Loreto o Doutor Eftevaõ
Briofo de Figueiredo Vigário Geral do
Arcebifpado de Lisboa que depois foy Bif-
po do Funchal, e Pernambuco. Defdc os
primeiros annos cultivou as letras ame-
nas diftinguindo com judiciofa critica o
caraâer, e eftilo dos Poetas, e Hiftoriado-
res. Teve grande intelligencia das linguas
Latina, Caftelhana, e Franceza. Foy natu-
ralmente inclinado à Poefia principalmente
Hefpanhola em que a fua Mufa fe coroou
em diverfos Certames com o primeiro pre-
mio. Na Academia Portugueza inftituida
no Palácio do Excellentiffimo Conde da
Ericeira D. Francifco Xavier de Menezes
foy Meftre da Politica enfinando as máxi-
mas defta arte mais pelos didames do Evan-
gelho, que pelos Aforifmos de Tácito. Entre
os primeiros fincoenta Académicos de que
fe formou a Academia Real da Hiftoria
Portugueza foy eleito para efcrever as
Memorias Hiftoricas delRey D. loaõ o
L as quais deflxibuidas cm quatro volumes
cm que confumio outo annos lhe concilia-
rão ao feu nome naõ pequena gloria. Teve
correfpondencia com os mais eruditos Ef-
panhoes, fendo a mais familiar com os ce-
lebres Monges Fr. Bento leronimo Feijoo,
e Fr. Martim Sarmento. Padeceo com he-
róica conftancia, e refignaçaõ catholica hu-
ma penofa infermidade pelo cfpaço de qua-
tro annos até paíTar ao eterno defcanfo
a 26 de Agofto de 1759. quando contava
67 annos, 7 mezes, c 17 dias de idade.
Foy cazado com D. Antónia Maria lo-
zefa de quem teve António Soares da
L USITANA.
901
Sylva, e D. Mariana Ignacia da Sylva.
Compoz.
Diário Métrico em aplaudo de la Im-
maculada Concepcion de Maria Santijfima
dijiribuido por todo el ano. Lisboa por Paf-
choal da Sylva ImpreíTor de S. Mageftade.
1717. 4.
Memorias para a Hijloria de Portu-
gal, que comprehende o governo delKey D.
JoaÕ o I. do anno de 1583. até o anno de
1433. Tom. I. Lisboa por Jozè da Syl-
va ImpreíTor da Academia Real. 173c. 4.
grande.
Memorias para a Hijloria de Portugal,
que comprehende o governo delRey D. loaõ o I.
do anno de 1383, até o de 1433. Tom. 2. ibi
pelo dito ImpreíTor. 1731. 4.
Memorias para a Hijloria de Portugal
díyc. Tom. 3. Lisboa pelo dito ImpreíTor.
1732. 4.
Colleçaõ dos Documentos com que fe au~
thorif^aõ as Memorias para a vida delRey
D. JoaÕ o I. ejcrita nos primeiros Três To-
mos Tom. 4. Lisboa pelo dito ImpreíTor.
1734. 4.
Conta dos feus ejludos Académicos reci-
tada no Paço a zz de Outubro de 1722.
Sahio no Tom. 2. da Colleç. dos Docum.
da Academia Keal. Lisboa por Pafchoal
da Sylva ImpreíTor de S. Mageílade, e da
Academia Real. 1722. foi.
Conta dos feus ejludos Académicos reci-
tada no Paço a -j de Setembro de 1724.
No Tom. 4. da Colleç. dos Docum. da
Academia Real. ibi pelo dito ImpreíTor.
1724. foi.
Conta dos feus ejludos Académicos no Paço
a -j de Setembro de 1726. No Tom. 6. da Col-
leç. dos Docum. da Acad. Keal. ibi por lozé
António da Sylva. 1726. foi.
Komance Endecafjllabo a la muerte dei Se-
renijfimo Senor Infante D. Alexandro hijo de
los Senores Rejes de Portugal D. Juan el
V. y D. Mariana de Aujlria. Lisboa por
Jozè António da Sylva. 1728. 4.
A S. Juan de la Crus^ que contem-
plando el alto Myjlerio de la Trindad en
fu mifmo dia y conferiendole con Santa
Theret^a ambos quedaron extáticos pêro el
Santo con mas efpecialidad. Endechas, e
Soneto. Sahiraõ nas Mem. Hiji. Paneg. e
Metric. do fadado culto com que o Convento
do Carmo de Usboa celebrou a Canonização
do Doutor Myflico S. JoaÕ da Cru^. Lisboa
por ^liguei Rodrigues. 1728. 4. de pag.
160. té 168. e no 2. Tomo do Jardim Car-
melitano novamente cultivado por Fr. EJíevaÕ
de Santo Angelo. Lisboa na Officina Sylviana.
1741. foi. a pag. 529.
DiJJertaçaõ fobre o numero Era. Sahio
na HiJl. da Acad. Real. Lisboa por Jozè
António da Sylva. 1727. 4. defde pag. 132.
até 145.
Carta efcrita a j de Março de 1720. a Júlio
de Mello de Cajlro em aplaus^o da Vida, que
compov^ de feu Tio Dini^ de Mello de Caflro I.
Conde das Galveas. Sahio ao principio deíla
Obra. Lisboa por Jozé Manefcal ImpreíTor
da SereniíTima Caza de Bragança. 1721. foi.
Carta efcrita a ^i de Julho de 1728.
em aplau:(0 do Padre Fr. SimaÕ de Santa
Catherina compondo a Relação Métrica nas
Solemnijfimas Fejlas, que os Religiofos Car-
melitas do Carmo de Usboa Jit^eraÕ à Ca-
nonização de S. JoaÕ da Cru^ Lisboa na Offi-
cina da Muíica. 1729. 4.
Cloris, e Ardenio. Poema Trágico. Ganíla
de 3 Cantos. Dedicado ao G^nde da
Ericeira D. Francifco Xavier de Menezes.
M. S.
Diverfas obras em Pro^a, e Verfo re-
citadas em diverfas Academias de que
fe pode formar hum volume de juHa gran-
deza. M. S. Eílas obras conferva em feu
poder Francifco António Soares da Sylva
filho do Author.
lOZE' SOARES DA SYLVA Veja-fe
o P. MANOEL TAVARES da Congrega-
ção do Oratório.
Fr. lOZE' DE SOUZA filho de Manoel de
Souza Machado, e de fua mulher Maria da
Conceição naceo em a Qdade do Porto, e
na fua Cathedral foy bautizado a 19 de Março
de 1664. Inífaruido na pátria com os precei-
tos gramaticaes recebeo o habito Carmeli-
tano em o Real Convento de Lisboa a 31
de Março de 1679. ^ profeíTou em o primei-
ro de Junho de 1680. Eíhidou as fciencias-
902
BIBLIO THE CA
Efcholaílicas em o Gjllegio de Q)imbra as
ijuais diftou em o Convento de Lisboa
pelo efpaço de doze annos em que jubilou
conferindo-lhe o gráo de Doutor Theo-
logo em o anno de 1694. o Geral Fr. Joaõ
Fcijoo de Villaiobos. Foy Secretario do
Capitulo celebrado em 12 de Setembro
de 1700. em que preíidio o Cardial Conti
Núncio Apoftolico nefte Reyno, que de-
pois foy elevado ao Sólio do Vaticano com
o nome de Innocencio XIII. Tendo íi-
■do Prior do Convento de Lisboa foy Vi-
gário Geral três annos, e ultimamente Pro-
vincial eleito em 3 de May o de 1721. e Qua-
lificador do Santo Officio. Falleceo no
Convento de Lisboa a 20 de Março de 1730.
com 66 annos de idade, e 51. de Religião.
Delle faz larga memoria Fr. Manoel de
Sá Mem. dos Efcrit. do Carm. da Prov. de Por-
tug. cap. 61. Publicou.
Sermoens Panegíricos da Immaculada
■Conceição de Nojfa Senhora pregados no Con-
vento do Carmo de Ushoa. Lisboa por Paf-
choal da Sylva ImpreíTor delRey. 1721. 4.
Sermoens Panegjricos pregados em varias Fef-
tividades de Chrijfo, e de Jua Mãy Santijftma.
Lisboa pelo mefmo ImpreíTor. 1722. 4.
Sermoens Panegjricos de vários Santos. Lis-
boa pelo mefmo ImpreíTor. 1723. 4.
Sermoens Qmrejmaes. Lisboa por António
Pedrozo Galraõ. 1724. 4. Todos eíles To-
mos comprehendem 20 Sermoens.
lOZE' DE SOUZA naceo em Lis-
boa a 19 de Agoílo de 1680. fendo fi-
lho de Sylveftre de Araújo, e Catherina
de Souza. Ainda naõ contava hum an-
no de nacido quando pelo contagiofo mal
de bexigas foy privado do mais nobre
fentido, qual era o da vifta, mas rou-
bando-lhe a luz dos olhos lhe augmentou
a do entendimento com que penetrou as
fciencias. No Collegio pátrio de Santo
Antaõ cultivou as letras humanas de que
teve por Meftre ao Padre Jerónimo de
Caftilho infigne profeíTor da lingua La-
tina, que tanto eílimava a habilidade def-
te difcipulo, que para decifaõ de algu-
ma duvida mandava ao Jeu Cego, que a re-
folveíTe. Sendo femelhante a Homero na
cegueira o excedeo na metrificação com-
pondo com admirável enthufiafmo, e na-
tural cadencia nas linguas Latina, materna,
e Caílelhana quando aquelle celebre Gre-
go unicamente no pátrio idioma compoz
os feus Verfos. Mayores progreflbs fez a
fua aplicação na Filofofia, e Theologia de-
fendendo publicamente Conclufoens de hu-
ma, e outra Faculdade com tal comprehen-
faõ das duvidas, e promptidaõ de refpof-
tas, que era efcufado o Meílre para patroci-
nar eíles aftos litterarios de que eraõ plau-
fiveis teílemunhas innumeraveis aíTiftentes.
Para naõ haver Aula no Collegio de San-
to Antaõ que fe naõ jaéíaíTe de taõ grande
difcipulo frequentou a da Mathematica me-
recendo-lhe tanto difvelo as demonílraçoens
defta infigne Faculdade, que delia fuftcn-
tou Conclufoens publicas donde todo o
auditório fahio admirado confiderando,
que pudeíTe profundamente inílruir-fc em
huma fciencia em que para fe explicar por
figuras lhe eraõ precifos os olhos. Foy ver-
fado na Theologia Polemica, que ouvio
no Collegio de S. Patrício; como na Hif-
toria Ecclefiaílica, e Secular, Chronologia,
Mufica, Oratória, e Poética de que teve
por theatro a Academia dos Anonymos da
qual foy Prefidente, e Collega fendo igualmente
eílimaveis as fuás compofiçoens ferias,
e jocofas animadas de efpirito fublime, lo-
cução caíla, e eítílo eloquente. Para fe
inílruir em taõ diverfas fciencias ainda que
falto dos bens da fortuna fempre adverfa
aos eíhidiofos, comprava muitos livros de
que formou huma feleâa livraria, valen-
do-fe dos olhos de algumas peíToas para
aprender pelos ouvidos o que liaõ, para
cujo fim naõ receando a inclemência do
inverno, e muito menos o tempo da noutc
fautora de vários defaílres, bufcava a al-
guns amigos ainda, que habitaíTem muito
remotos da fua Caza. Todo eíle infada-
vel defejo de faber fe illuíbrava com a
pradtica de virtudes Catholicas frequentac-
do os Sacramentos na Caza profeíTa de S.
Roque, e aífiíUndo quotidianamente ao
Sacrificio da MiíTa com atenção devota.
L U SITAN A.
9o3
Foy cordial devoto de Maria SantiíTima,
e de feu caílo Efpozo S. Jozè aos quais
ckgeo por Proteftores da ultima hora.
Tendo paíTado a vida com inalterável
animo entre as opreíToens da pobreza foy
aíTaltado de hum difluxo, que fazendo-fe
rebelde aos medicamentos lhe annunciou
ter chegado o termo da fua peregrinação,
e recebidos devotamente os Sacramentos
efpirou a 9 de Dezembro de 1744. quan-
do contava 64 annos de idade, 5 mezes,
e 20 dias de idade. Jaz fepultado na Pa-
rochial Igreja da Encarnação devendo gra-
varfe na fepultura para eterna recomen-
dação do feu nome o eloquente elogio,
que à fua memoria dedicou o erudito Fran-
cifco lozè Freyre. Das fuás obras em profa,
e verfo efcritas na lingua Latina, e materna
fe podia formar hum volume de juíla gran-
deza, e fomente fe fizeraõ publicas nos Pro-
grejfos Academ. dos Anonym. de Usboa (ú^c.
Lisboa por Jozè Lopes Ferreira. 171 8. 4.
as feguintes.
Difcurfo Académico fobre o que diffe Vafco
da Gama aos Portugueses, que o acompanhavaõ
em hum tremor do mar. a pag. 330.
Soneto a pag. 16. Soneto, pag. 37. De-
cimas, pag. 52. Soneto, pag. 57. Soneto f>ag
107. Komance. pag. 122. Sextilhas. 149
Soneto pag. 154. Soneto p. 162. Komance
pag. 188. Komance. pag. 214. Soneto, pag
216. Soneto pag. 254. Komance. pag. 299
Soneto, pag. 311. Soneto, pag. 333. Soneto
pag- 337-
Colleçaõ de algumas obras pofihumas em Profa,
e Verfo. Lisboa. Na Regia Officina Syl-
viana, e da Academia Real. 1746. 8.
Fr. lOZE' DE SOUZA natural de
Lisboa, e filho de Matheos Corrêa Tha-
gano, e de Thereza de Araújo. Profef-
fou o Sagrado iníHtuto da iUuílre Ordem
dos Pregadores em o Real Convento de
Bemfica a 13 de Fevereiro de 1691. on-
de eíhidadas as fciencias Efcholaílicas fe
dedicou ao minifterio do púlpito. Foy
ComiíTario da Venerável Ordem Tercei-
ra da Milicia de JESU Chriílo, e peni-
tencia do Patriarcha S. Domingos. Publi-
cou.
Sermão nas 'Exéquias de D. Pedro Ma-
noel de Távora V. Conde da Atalaya Gran-
de de Efpanha da primeira Claffe, Akayde
mór de Marvão, Governador da Torre dt
Belém, General Comandante das Tropas Por-
tugue^as no Principado de Catalunha, Con-
felheiro de Eflado da Cefarea Mageflade de
Carlos VI. Vicerey de Sardenha, General
da Cavallaria de Nápoles, e Governador do
Caflello novo do mefmo Keyno. Lisboa por Ber-
nardo da Cofta de Carvalho. 1724. 4.
Com o nome de Fr. Jozé de Santa Maria
Magdalena, que tomou pelo apellido de
Souza, imprimio.
Sermão nas honras funeraes, que a Ve-
nerável Ordem Terceira de S. Domingos de-
dicou ao Santiftmo Padre Benedião XIIL
no Collsffo de Nojfa Senhora do Kofario^
dos Padres Irlandet^es no primeiro de Abril
de 1730. Lisboa na Officina da Muíica»
1731. 4.
Sermão do grande Patriarcha S. Domingor
pregado na Fejla, que lhe fe^ a Venerável Or-
dem Terceira da Milicia de JESU Chriflo, ^
Penitencia do mefmo Santo em o feu dia 4 de^
Agoflo de 1734. Lisboa na Officina da Mu-
fica. 1735. 4.
Delle faz mençaõ Fr. Pedro Monteiro
Claufl. Dom. Tom. 3. pag. 246.
D. lOZE* DE SOUZA DE CASTEL-
LOBRANCO naceo em a Qdade de Ley-
ria a 2 de Novembro de 1654. fendo feus
nobres progenitores Heytor Vaz de Caftel-
lobranco, e D. Luiza Maria da Sylva, e
Attayde. A fciencia dos Sagrados Câno-
nes, e a integridade dos cuíhimes o habili-
tarão para fer Cónego da Cathedral da fua
Pátria, Deputado, e Inquifidor da Inqui-
fiçaõ de Évora, e Promotor em a de Lis-
boa donde fubio à Cadeira Epifcopal do
Funchal em cuja dignidade foy fagrado
pelo Illuílriffimo Inquizidor Geral D. Fr..
Jozè de Lancaftro na Igreja da Congrega-
ção do Oratório de S. Filippe Neri de Lis-
boa a 29 de Junho de 1698. Partindo pa-
ra o Bifpado lhe recomendou a Magefta-
de de D. Pedro 11. folfe à Praça de Maza-
gaõ para conferir o Sacramento da Confir-
mação aos feus moradores, o que fez a mais
•904
BIBLIOTHE C A
de mil, e quatrocentas pefloas. Entrou na
fua Diocefe a 29 de Agofto cujas ovelhas
apacentou pelo efpaço de vinte, e dous
annos com zelo, prudência, e charidade.
Obrigado da violência de achaques que
fc faziaõ intoleráveis pelo Clima renun-
ciou por confelho dos Médicos o Bifpa-
do no anno de 1721. Reftituido a Portugal
praéticou as virtudes próprias do feu Ef-
tado atè que falleceo em Lisboa a 29 de
lulho de 1746. com 86 annos de idade. laz
fepultado em huma Capella, que mandara
edificar em o Convento dos Cartuxos de
Laveiras diílante finco legoas de Lisboa.
Foy ornado de entendimento agudo, talento
fublime, converfaçaõ deleitavel, fciencia pro-
fimda, e erudição vafta principalmente em a
Genealogia efcrevendo.
Defcendencia da Ca:(a Real Portuguet^a. foi.
M. S.
Famílias do Keyno de Portugal, foi. M. S.
Deftas obras, como de feu Illuíbiíri-
mo Author faz louvável memoria o P.
D. António Caetano de Souza Apparat.
á Hijl. Gen. da Ca^. Real Portug. pag.
167. §. 208. afirmando que faõ efcritas com
grande exaçaõ.
Fr. lOZE' SUPICO natural de Lisboa
filho do Doutor Luiz Supico de Moraes, e
de D. Mariana da Cruz Mexia, alumno da
preclariíTima familia Dominicana cujo fa-
grado inílituto profeíTou no real Convento
de Bemfica a 17 de Novembro de 1669.
do qual fendo Prior o augmentou com
fumptuofas obras diftadas pela grandeza
do feu efpirito como taõbem em o Convento
das religiofas de S. loaõ de Setuval fendo
feu Vigário. Foy dos iníignes Pregadores
do feu tempo concorrendo a natural graça
da expreííaõ com a prompta facilidade do
difcurfo para merecer o comum aplaufo.
Deixou promptos para a impreflaõ.
Sermoens Vários 10 Tomos. 4. dos
quais defaparecendo finco que faziaõ co-
herencia com os que fe acharão, naõ
lograrão do beneficio publico da impref-
faõ. De muitos conceitos que nelles fe
incluiaõ fez repetida mençaõ Pedro lozè
■Supico de Moraes Moço da Camará do
SereniíTimo Senhor Infante D. Francifco
Sobrinho do Author na Collec. Moral,
e Polit. de Apothem. Memor. que íahio
Lisboa por António Pedrozo Galraõ
1720. 8.
Fr. lOZE* TEYXEIRA. Naceo em Lis-
boa no anno de 1543. onde educado com
documentos virtuofos, e inílruido nas le-
tras humanas deixou o feculo quando con-
tava vinte, e dous annos de idade, e fe re-
colheo ao Clauílro da illuílriíTima Ordem
dos Pregadores no anno de ij6j. em o
Convento de Azeytaõ. Nefta douti/fima pa-
leílra fe diílinguio o feu talento dos ou-
tros domefticos aífim nas inveftigaçoens Theo-
logicas, como nas Oraçoens Evangélicas.
Era Prior do Convento de Santarém quan-
do executou ElRey D. Sebaftiaõ a infauíla
jornada de Africa cm que fepultou a glo-
ria da Naçaõ Portugueza, e fucedendo na
Coroa o Cardial D. Henrique foy taõ bre-
ve a duração do feu Reynado, como da
fua Vida. Extinfta com a morte deíle Prín-
cipe a linha dos Monarchas Portuguezes
entre os Pretendentes da nofla Monarchia
era o mais acérrimo o Senhor D. Antó-
nio Prior do Crato, e filho do SereniíTimo
Infante D. Luiz, cujas partes feguia Fr.
lozé Teixeira feu Confeflbr com taõ cx-
tremofa fidelidade que naõ fomente o acom-
panhou a França para pedir focorro à Ray-
nha Catherina de Medicis, mas eílando na
armada que efta Princeza expedio cm au-
xilio do Senhor D. António de que era
General Filippe Strozi, como foflc derro-
tada a 26 de lulho de 1382. por D. Álvaro
de Bafan Marquez de Santa Cruz, foy man-
dado prefo a Lisboa, e reclufo em hum
cárcere, em que padeceo graviíTimas mo-
leílias, c como fc lhe offereceíTe ocafuõ
oportuna fugio furtivamente para França
onde aíTiftia o Senhor D. António, e de tal
modo conciliou o afedto de Henrique IH.
e de fua mãy Catherina de Medicis que o
elegerão feu Pregador, e Confelheiro. Ha-
vendo acompanhado ao Senhor D. An-
tónio no anno de 1585. quando foy implorar
outro focorro a Izabel de Inglaterra,
que foflc favorável aos fcus intentos
LUSITANA. 9o5
voltou para Pariz no anno de 1588, onde tal exceíTo que pregando na Parochia da.
recebeo da Raynha Mãy diílintas eítíma- Magdalena de Lisboa do amor dos ini-
çoens. No fatal tempo da Liga formada migos fe animou a proferir que eílava-
em França contra o feu Monarcha Henri- mos obrigados a amar aos Gentios, Mou-
que III. fe vio reduzido ao ultimo peri- ros, Judeos, Hereges, e atè aos Cafte-
go, pois conhecendo os authores da Liga lhanos. Viveo atè o anno de 1620. e
que delia era declarado inimigo fjelas obri- naõ de 1601. como efcreveo Bayle Di-
gaçoens que devia a ElRey QiriítianifTimo, çion. Hijíoriq. e Critiq. Tom. 4. pag. mihi
foy julgado por herege, e defpojandolhe 338. Celebraõ o feu nome diverfos Ef-
a cella de todos os livros, e obras que tinha critores como faõ Petr. Vitorio Palma
efcrito onde fe efperava achar cauza pa- Append. aã Cbronol. Genebrardi ab an.
ra fer condenado, os entregarão ao fogo. 1590. llle Teixeira hufitanus erga fuam pa-
Receando prudentemente que de feme- triam iMJitanani, ac illius lihertatem pro-
Ihante violência fe uzaííe com a fua pef- penfione efi increáibili ; optime in biftoria ver-
foa fe auzentou ocultamente no principio Jatus; Genealoffas omnes Principum ommum
do anno de 1589. Serenada eíla tem- ad unguem tenet; Regis ChriftianiJJimi, €>*
peftade voltou ao feu Patrono Henri- Prinàpis Jllufirijfimi Condai optime, (& or-
que III. de quem recebeo novas hon- natijftme contextát. Hifpanis valde exofus,
ras, como taõbem particular afefto de feu vir ex nobilijfima familia orimdus, (& apud
fuceíTor Henrique IV. AíTiftio em Pariz V^ges Juos femper educatus; quali fit inge-
à morte do Senhor D. António exhortan- nio illius opera id abunde teftantur. O author
doo naquella tremenda hora a alcançar hu- da Uberte de Portugal pag. 88. Perfonage
ma Coroa mais gloriofa, que aquella que fort renommè en /' Europe, e co^u de tous
lhe negou a fortima. Nefta grande G)rte les Primes de icelk tant lEjciefiajtiques que
exercitou os honorificos lugares de Prega- Jeculiers: e jingulierement en ¥ rance ou les
dor, e Efmoler dos Reys Qiriftianiflimos. plus Grandes du Royaume, e tous bommes
Entre o numerofo concurfo, que eíleve de honneur l* eàment, e voyent volentiers à
no Templo de S. Miguel da Gdade de Ruaõ, caufe de fon bonefie converjation, bormes meurs,
quando a 26 de Dezembro de 1596. abju- e finguliere doãrine, comme V un dej plus acom-
rou os erros do Calvenifmo Carlota Cathe- plis en la conoiffance de l' biftoire, e proja-
rina de la Tremoille Viuva de Henrique pie des Granas qtà fe puijfe trouver felon, que
Príncipe de Conde em as maõs do Cardial fes aures, e devis communs en donnent Juffi-
Alexandre de Medices Legado a Latere Jant tefmoignage. Echard Script. Or. Prad.
de Clemente VTIL foy Fr. lozè Teixeira Tom. 2. p. 418. pir fuif et dijâplina reffila-
huma das prindpaes pelToas que afliftiraõ ris ftudio, et eruditionis laude, <& avita Ca-
a eíle religiofo aôo por fer o author da tholica fidei vrelo commendatijftmus. O Se-
converfaõ daqueUa Princeza para a Igre- nhor D. António in Epijlcl. ad Gre^nium
]a. Romana, da qual foy ConfelTor, e Ef- XIII. Virum de pátria optime meritum.
moler. Todo o tempo que tinha vago das Souza Apparat. à Hijl. Gen. da Ca^. Real
ocupaçoens politicas o dedicava aos feus Portug. pag. 44. §. 23. Franckenau Bib. Hifp.
eíhidos hiíloricos, e Genealógicos em que Gen. Herald, pag. 271. Niceron Mem. des
foy profundamente verfado. Teve gran- Hom. Illujl. Tom. 5. pag. 401. Faria Europ.
de intelligencia da lingua Latina, ItaUa- Portug. Tom. 3. Part. i. cap. 4. n. 5.
na, e Franceza que fallou com expedição, onde com manifeíla equivocaçaõ o faz reli-
e efcreveo com pureza. Defendeo vigoro- giofo Trino. Draud. Bib. ClaJJic. Konig.
famente o direito, que à Coroa Portugueza Bib. Vet. vÍT Nova pag. 796. col. i. Nic. Ant.
tinha o Senhor D. António dando com Bib. Hifpan. Tom. 2. pag. 626. col. i. Fr.
a voz, e com a penna manifeftos argumen- Pedro Monteiro Claufir. Dom. Tom. i. pag.
tos da fidelidade para com a pátria, como 205. e Tom. 3. p. 246. Altamura Bib. Dominic.
de averíaõ a Caftella a qual chegou a pag. 400. Compoz.
çoó
BIBLIOTHE CA
De Portugallia ortu, Regni initits, (ò'
denique de rehus â Kegibus, univerfoque Ke-
ffio praclare gejlis compendium ; ex fidelibus
fpeBatiJJimorum Hijioricorum monumentis ex-
cerptum. Pariíiis apud Joannem Mettayer.
1582. 4.
Sahio eíla obra, fe naõ hc diverfa, com
o titulo feguinte.
Arhor Genealógica Kegum Portugallia.
Pariíiis apud loannem Lc Qerc. 1582.
Cum privilegio Sereniflimi, ac Chriftia-
niíTimi Henrici III. Galliac, & Poloniac
Regis.
Contra efta obra efcreveo o Dezem-
bargador Duarte Nunes de Leaõ huma
fevera Critica, que publicou em Lisboa no
anno de 1585. 4. à qual refpondeo ner-
vofamente Fr. lozè Teixeira com o livro
feguinte.
Confutatio nugarum Duardi Nonii Leo-
nis Jurifconfulti hMJitani, (Ò" aliorum, qui
Portugallia Kegnum Philippo Caftella Kegi
iure hariditario obvenijfe contendunt, <& An-
tonii veri Portugallia Kegis jus vellicare, ex-
cerpta ex Anticriji Jofeph Texera. Ticini.
1594. 8.
De eleãionis Jure quod competit viris Por-
tugallenfihus in augurandis fuis Kegibus, ac Prin-
cipibus. Lugduni. 1589. & ibi com o afeâado
nome de Pedro Olim 1590. e terceira vez
com o feguinte titulo.
Speculum Tyranidis Philippi Regis Cajiel-
la in ujurpanda Portugallia, verique Portugal-
lenfium júris in eligendis fuis Re ff bus, ac Princi-
pibus cum annotationibus. J. J. F. a V. I. C.
Pariíiis. 1395. 8.
Em todas eílas obras fuílenta vigoro-
famente contra Duarte Nunes de Leaõ
naõ pertencer a Coroa de Portugal a Fi-
lippe Prudente, mas ao Senhor D. An-
tónio.
Exege/s Genealógica, Jtve explicatio Ar-
boris Gentilitia Inviãijftmi, ac potentijfimi Gal-
liarum Regis Henrici ejus nominis IV. Regum
LXV. Navarra III. Regum XXXIX. ex
probatijftmis hijioricis latinis, Gallicis, Italicis,
Cajlellanis, ac Portugallenjibus delineata,
atque defumpta. Turonibus 1590. Nova-
mente addicionada pelo Author. Lug-
duni Batavorum ex Officina Plantiniana
1592. 4. Foy traduzida em a lingua Fran-
ceza por C. de Heris, e fahio com efie
titulo.
E^plication de la Genealogie du três invin-
cible, et três Puijfant Monarque Henry IIII.
de ce nom, 65 Roy de France, ou (Jelon aucuns)
dl e III. de ce nom, 39 Roy de Navarre e^r.
Paris ches Gilles Beys. 1595. 4.
Stemmata Francia. Item Navarra Rtffim
á prima utriufque gentis oriffne u/que ad Regem
Henricum IV. Lugd. Bat. apud loannem
le Mayre. 161 9. 4. Efta obra he a mefma,
que a precedente.
Explicatio Genealoffa Henrici II. Con
dea Principis a D. Ludovico, et ab Imbaláo
Trimulio ad utrumque diãi Henrici parentem
repetita. Pariíiis Plantin. 1596. 8. Tra-
duzida em Francês por loaõ Montbelliard.
Pariz. 1596. 8.
Rerum ah Henrici Borbonii Francia proto-
principis mayoribus gejlarum epitome: ejufdemqm
Henrici Genealogia explicatio a D. iMdovUô
per Borbonios, atque ab Imbaldo Trimollio ad
utrumque diãi Henrici parentem repetita Pari-
íiis per Leodegarium Delaz. 1598. 12. No
fim defta obra fe intitula o Author Con-
felheiro, Efmoler, e Pregador de Henri-
que IV. ConfeíTor de Carlota Viuva do
Principe de Conde, e primeiro Efmoler
do Principe de Conde a quem dedica a
obra.
Reffa Borboniorum familia, cÍT Trimol-
liorum Principum Genealogia. Deíla obra,
que eílava brevemente para fahir a pu-
blico fe lembra o author a pag. 74. da
precedente.
Narra tio, in qua tra£iatur de appari
tione, abjuratione, converjione, Ó^ fy^axi ii
lujlrijfima Principis Carlotta Catherina Tn
mollia Principijfa Condea, Henrici Borbonii prin. .
in Francia Principis fanguinis, primique Paris
matris. M. S. Conferva-fe no Convc*
de Santo Honorato de Pariz de religiv
Dominicos como cfcreve Echard Script. Ord.
Prad. Tom. 2. pag. 419. duvidando fcr
Fr. lozè Teixeira Author defta obra por
nella fe comprehcnderem muitas notidi
da fua peíToa, c fendo dellc, também fao
as três obras feguintes, que defejava foíTcm
impreíTas por Rafael Parnipal.
L USITAN A,
907
De régio Henrici IV. in Kothomagenfem
Civitatem ingreffu anno. 1596.
De Gilberti Talbot Comitis Salopia adventu,
qui Garterium Jucb Aíajejlati Chrijiianijftma
obtulit, ac de ejujdem Garterii, jive perifce-
iiàis origine.
De numero equitum auratortim quos fua
diãa majefias in Juum Ordinem Sanai Spi-
ritus cooptavit Kotomagi, atque de ipfius Ordinis
injlituíione.
Adventure admirahk par dejfus toutes
autres des Jiecles paffes, e prejent, qui contient
un dijcours touchant les Juccev^ du Koy de Por-
tuga/ Dom Sebaftien depuis fon vqyage d' Afrique
auquel il fe perdit en la bataille qu' il eut
contre les infideles V an. 1578. jufques au 6
I de Janier au prejent. 1601. Au quel dijcours
^ il y a plujiurs hijioires cuerieujes, quelques an-
denes propheties, e autres chojes par les quel-
ks appert evidemment celuique la Seigneurie
de Venije a detenu prijioner lejpace de deux ans,
e vingt deux jours ejire le propre, e urai rqy de
Portugal D. Sebajlien. Plus une letre qui declare
par que lie maniere il Jut mis en liberte /<? 1 5
Decemb. dernier pajje. En outre come il Jortit
de Venije, e Jen vint a Florence. lu tout
traduit de Cajiillan en Francois. 1601. 8.
Coníla de 126. pag.
De Flammula, Jeu vexillo S. Dionijii,
vel de Orimphla, aut Auri flamma Trafaãus.
Pariíiis. 1598. 12.
Defta obra o faz author Niceron Aíem.
des Hom. Illujl. Tom. 5. pag. 408.
Fr. lOZE' DE SANTA THERESA
natural de Coimbra religiofo Agoftinho
Defcalfo em cuja Ordem nunca quiz
aceitar ocupação alguma offerecendo-
-Ihe as mais honorificas, e fendo obri-
gado da obediência exercitou em a G^r-
te de Madrid o lugar de Procurador Ge-
lai onde morreo a 4 de Novembro de
1671. Compoz.
Jornada a Koma, que por ordem da Ma-
gejiade delRey D. Affonjo VI. Je^ o Padre Fr.
Manoel da Conceição primeiro Fundador dos AgoJ-
tinhos Dejcaljos nejle Rejno para propagar nelle
eje Injlituto. O author efcreveo efta Rela-
ção acompanhando à Cúria ao Padre Fr.
Manoel da Conceição, e fe entregou no anno
1668. M. S. ao Doutor Belchior do Rego
de Andrade Secretario da SereniíTima Prin-
ceza D. Izabel, e Chanceller da Caza da
Supplicaçaõ.
Fr. lOZE' DE S. THERESA chama-
do no feculo Jozè dos Reys filho de Manoel
dos Reys, e Júlia Nunes naceo em Lisboa,
e no Convento pátrio de NoíTa Senhora dos
Remédios recebeo o habito de Carmelita
Defcalfo a 9 de Junho de 1684. e profeílou
a 16 de Julho de 1685. Eíhidou Artes em o
Collegio de Figueiró, Theologia em Coimbra,
e Moral em Viana fahindo neftas Faculdades
eminente. Sendo Lente de Efcritura em o feu
Collegio de Coimbra o elegerão Prior do
Collegio de Figueiró, que humildemente
recufou. Foy dos bons Pregadores do feu
tempo. Falleceo no Convento de Corpus
Chriíli a 14 de Novembro de 1724. Publi-
cou.
SermàÕ na Fejia do SantiJJimo Sacramento com
a profijfaõ da Aladre Apollinaria Alaria Jos^eja
de Jejus pregado no Real Convento das Reliffojas
Carmelitas Dejcaljas de Camide. Lisboa por
António Pedrozo Galraõ. 171 1. 4.
V. P. lOZE' VAZ. Naceo na Aldeya
de Sacoàle na Provinda de Salcete da ín-
dia Oriental a 21 de Abril de 165 1. onde
teve por Progenitores a Chriftovaõ Vaz,
e Maria de Miranda de geração Bracma-
nes, taõ morigerados nos cuíhimes, como
abundantes dos bens da fortuna. Nos pri-
meiros annos deu claros finaes de Deos
o ter deltínado para Varaõ Apoftolico exer-
citando açoens na idade pueril, que cau-
zavaõ admiração a todo o género de pef-
foas. Eftudadas as letras amenas no Col-
legio de Goa dos Padres Jefuitas apren-
deo as feveras no Collegio de Santo Tho-
maz de Aquino onde por informação dos
Meílres fahio confumado Philofofo, e Theo-
logo. Conferio-lhe as Ordens de Presbí-
tero em o anno de 1676. o Illuíbdírimo Ar-
cebifpo Primas D. Fr. António Brandão
dandolhe faculdade para confeíTar, e pre-
gar em cujos miniílerios moftrou o fublime
talento de que o ornara a natureza, fendo
9o8
ouvido com aplau2o no púlpito, e ouvin-
do com frequência os penitentes em o Con-
fefionario entre os quais fe quÍ2 numerar
o Governador do Eílado D. Rodrigo da
G)fta, que o venerava com fummo refpei-
to. O primeiro Theatro das fuás fadigas
apoftolicas foy o Reyno de Canará que tem
de extenfaõ trinta legoas e quaíi noventa
de circuito onde inílruindo com fauda-
veis documentos a infinitas almas erigio huma
Igreja em Barcelor, e outra em Gongalym
dedicadas a Maria SantiíTima, e fabricou
varias Ermidas para nellas fomentar a pie-
dade dos Fieis. Reftituido a Goa fe delibe-
rou a preferir o Clauílro ao feculo elegendo
a Congregação do Oratório onde recebeo
a roupeta a 25 de Setembro de 1685, e nella
introduzio os Inílitutos compoílos para
a Congregação de Lisboa pelo V. Padre
Bartholameo do Quental de quem humil-
demente alcançou que lhos remetefle, os
quais confirmados pela Santidade de Cle-
mente XI. a 26 de Novembro de 1706.
obferva exadlamente a Congregação de Goa.
Naõ podia defcanfar por algum tempo o
feu efpirito para beneficio do próximo,
e fahindo fegunda vez de Goa derigio a
jornada ao Reyno do Canará para confo-
lar aquellas almas que foraõ primícias do
feu zelo, e em 3 de laneiro de 1687. partio
para o Malabar bufcando a Ilha de Ceylaõ
anciofa baliza de feus apoílolicos difvelos.
Depois de padecer com fumma paciência
neíle caminho graviíTimas moleítías chegou
a Jafana Peninfula ao Norte de Ceylaõ on-
de pela groíTaria do fuílento que como era
mendigado o comia frio, e duro fe lhe def-
compoz de tal forte o eftomago que quafi
fe fentio reduzido a exahalar o efpirito,
de cujo perigo efcapou milagrofa mente fem
embargo da oppofiçaõ de Henrique Wan-
rey Comiflario Geral da Ilha de Ceylaõ
que como acérrimo fequaz da feita Lu-
therana perfeguia ferofmente aos profeíTo-
res da Fè Catholica Romana, fazendo, que
entre os efpinhos da herética pravidade fru-
tificafle a femente evangélica. Semelhante
fruto colheo na Ilha de Potulaõ em que
confirmou na Fè a mil Chriílaõs que o eraõ
em o nome pela perverfa, e abominável
BIBLIO THE Ca
communicaçaõ dos Hereges, donde paf-
fou à Corte delRey de Candea, e fen-
do acuzado por efpia o prenderão cm
hum tenebrozo cárcere atè que juftifica-
da a fua innocencia edificou huma Igreja
com o titulo de NoíTa Senhora da Con
verfaõ dos Fieis pelos que tinha o feu
zelo agregado ao rebanho do divino Paf-
tor. Na Gdade de Columbo reduzio mui-
tos hereges, compoz ânimos difcordes, cele-
brou vários matrimónios, e em Candea
affiílio com ardente charidade a huma epi-
demia gerada do mal de bexigas de que livrou
a innumeraveis infermos. Havendo como
fiel Operário cultivado taõ agreftes vinhas
contra a infernal confederação de hereges,
e Gentios chegou o tempo de alcançar o
premio merecido. Provada a fua tolerân-
cia com huma larga doença em que naõ
tinha membro izento de moleília recebeo os
Sacramentos com grande ternura, cantou
o Terço, orou meya hora, e pedio a Un-
ção cujas preces ajudou a recitar com voz
intelligivel, e abraçado com hum Cruci-
fixo a que tinha aplicado indulgência pie
naria o Cardial de Toumon Nimcio, e Vi
zitador Geral Apoílolico da índia, e Chi
na, placidamente efpirou a 16 de laneiro
de 171 1. quando contava 60 annos de ida-
de, e 26 de Congregado. Tanto que na
Corte de Cândia fe divulgou a morte do V
Padre concorreo innumeravel povo a ve
nerar o feu Cadáver, naõ havendo peflba
alguma que pelos olhos naõ declarafle o fen-
timento da falta deíle univeifal Bemfeitor
Três dias eíleve expofto para fatisfazer aos
dezejos dos Chriíbiõs, que de diverfas Al-
deyas, e outros lugares djftantes três, e qua
tro dias de caminho concorrerão. No ter
ceiro dia antes de fe entregar à terra Iht
recitou huma Oraçaõ fúnebre, e Panegyrica
o P. Jacome Gonzalves da mefma Congre-
gação de quem fe fez larga memoria cm
feu lugar, em que elegantemente narrou as
virtudes defte infigne Varaõ as quais fi
podem ler, e admirar na fua Vida efcrita
pelo Padre Sebaíliaõ do Rego que publicou
no anno de 1744. Efcreveo
Carta efcrita em Cândia a if de Agofio
de 1708. a feu fobrinbo Io:(é Ks^; Diácono
L USITAN A.
909
da Congregação do Oratório de Goa. Sahio
ImpreíTa na fua Vida defde p. 124. até 156.
Cartas ef cri tas de Cândia a 1^ de Ja-
\ neiro de 171 1. ao Padre Jo^è de Meneses da
■ Congregação do Oratório. Na mefma Vida
defde pag. 262. até 265.
Vocabulário da lingtm Chingala. M. S.
Obras Efpirituaes para infiruçaS dos MiJJio-
narios na lingua Tamtd. M. S.
Deílas duas obras faz mençaõ o Padre
Rego na Vida do Servo de Deos a primeira
a pag. 69. e a 2. a pag. 193.
lOZE' VAZ FREYRE natural da
augufta Qdade de Braga recebendo a
primeira graça na Parochial Igreja de S.
Joaõ de Souto a 21 de Fevereiro de 1652,
Foraõ feus Pays António Vaz Peyxoto,
e Izabel da Coíla. Formado em a Facul-
dade dos Sagrados Cânones em a Univer-
Hdade de Coimbra fe reíUtuhio á pátria
onde exercitou com credito da fua litte-
ratura o Ofíicio de Advogado de Cau-
zas Forenfcs. Falleceo a 24 de Junho de
1705. quando contava 55 annos de ida-
de. Jaz fepultado na Capella de NoíTa
Senhora da Conceição do monte de Pe-
nas em a fua pátria. Compoz.
Praãica Delegationum Criminaliiim vtdgo A.I-
fodas. Conimbricx apud Joannem Antunes.
1700. foi.
Praãica Civil. Dedicada ao Doutor
Jerónimo Vaz Vieyra Dezembargador do
Paço. foi. M. S. Eíla obra andava nas li-
cenças quando feu author falleceo.
Poefias Varias. 4. M. S. Confervaõ-
fe em poder de feu filho António Vaz Freyre
de Lucena.
lOZE' VAZ PINTO DE SOUZA
natural do lugar do Garajal do Bifpado
de Lamego filho do Doutor Gafpar Vaz
de Souza, e D. Maria Corrêa; irmaõ naõ
fomente pela natureza de Gafpar Pin-
to Corrêa de quem em feu lugar fe fez
memoria, mas pelo efpirito com que
traduzirão na lingua materna a VirgUio
fendo hum, e outro infigne Illuilrador
defte Príncipe da Poefia Latina, com-
pondo.
Thefaitrus Mufa Virgiliana in quo germa-
nas verborum Ordo luujitano primum idiomate
uberiores deinde rerum nota inveniuntttr. Bra-
charas apud Fruâuofum Laurentium de Bailo.
1624. 4. 2. Tom.
Fazem mençaõ honorifica deíle author
Nic. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. pag. 626.
col. I. D. Franc. Man. Carta dos AA.
Portug. efcrita ao Doutor Themudo Joan.
Soar. de Brito Theatr. L,ujit. Uter. lit. I.
n. 91.
lOZE* VELOSO. Veja-fe lOZE* PE-
REYRA VELOSO.
P. lOZE' VELOSO naceo em Lisboa
onde teve por Pays a loaõ da Sylva, e An-
tónia Velofa. Quando contava quatorze
annos de idade foy admetido ao Novicia-
do dos Padres lefuitas da fua pátria a 10
de lulho de 1694. Por fer muito verfado
nas letras humanas, e lingua Latina a en-
finou no anno de 1704. em a notável Villa
de Setúbal. Para inftruçaõ dos eíhidiofos
da Rhetorica compoz, e fahio á luz publica
fem o feu nome.
Geniale Khetorices Topiarium in elegantes
Areolas tripartitum, et omnigenis EJoquentia
flofculis concinnatum. Ulyflipone apud haere-
des Antonii Pedrozo Galraõ. 1744. 8.
Fr. lOZE' DE S. VICTORINO na-
tural de Lisboa filho de Thome Domin-
guez, e Antónia Barbara. ProfeíTou o
Seráfico inítituto da Província dos Al-
garves em o Convento de S. Francifco
de Eílremós a 2 de Fevereiro de 1710.
Depois de frequentar os eftudos Efcho-
lafticos fe dedicou ao minifterio do púl-
pito do qual deu por primícias do feu ta-
lento quando era Comillario dos Terceiros
do Convento de Olivença.
SermàÕ da Indulgência da Porciuncula
pregado no Keal Convento de Santa Maria
de Jefus de Xabregas da Cidade de Lisboa
com a circunflancia de que nefie dia fe fefieja
o Corpo de Deos anno de 1734. Lisboa
por Pedro Ferreira ImpreíTor da Raynha
Noíla Senhora. 1740. 4.
9IO
BIBLIO THECA
lOZE' VILLAREAL filho do Ca-
pitão Manoel Fernandes Villa-Real de
quem em feu lugar fe fará mençaõ mo-
rador na Cidade de Marfelha, e infigne
profeflbr da lingua Grega da qual como
elle efcreve, foy Meftre do SereniíTimo
Delfim de França. Tinha compofto no
anno de 1682. na lingua Caílelhana.
E/cada de Jacob. M. S.
Fr. JOZE' VILLASBOAS DA CON-
CEYÇAM natural de Lisboa onde teve
por Progenitores a Francifco Lopes Villas-
boas Cavalleiro ProfeíTo da Ordem de Chrifto,
e Meílre de Campo da Artilharia em a Ci-
dade da Bahia; e a D. Francifca da Sylva.
Recebeo o habito de Carmelita calçado
em o Convento da Bahia a 2 de Agofto
de 171 3. e profeíTou a 5 de Agoílo do an-
no feguinte. Paflbu à Univerfidade de Coim-
bra onde depois de eíludar as fciencias fe-
veras foy laureado Doutor Theologo a
23 de Janeiro de 1722. Falleceo no Con-
vento da Bahia a 14 de Outubro de 1738.
Publicou.
Sermão Panegyrico no terceiro dia do fo-
lemne Triduo da Fejlividade de Nojfa Senhora
do Carmo, e em acçaô de graças ao Pa/riarcba
Santo Jgnacio, que no me/mo dia foy em folemne
procijfaõ para o feu Collegio por troca, que fe
fev^ com o Patriarcha Santo EJias pela grande
falta, que ouve de chuva. Lisboa por Maurício
Vicente de Almeyda. 1736. 4.
lOZE' XAVIER DE VALLADA-
RES, E SOUZA natural da ViUa de
Alanquer do Patriarchado de Lisboa
e filho do Doutor Francifco Le5rtaõ de
Carvalho, e D. Izabel de Lima. Inftrui-
do nas letras humanas frequentou a Uni-
verfidade de Coimbra onde aplicado à
Jurifprudencia Canónica fe formou nefta
Faculdade com aplauzo dos Meílres, e
enveja dos condifcipulos. Defde os pri-
meiros annos cultivou o Parnaflb com
tanta felicidade, que merecerão os feus
Verfos os Elogios dos mayores Corifeos
da Poética julgando ferem mais produ-
çoens da natureza, que da arte. He pro-
fimdamente verfado na lingua Italiana,
e Franceza, e na liçaõ dos principacs
Poetas deftas duas illuftres Naçoens. Pu-
blicou.
Em louvor do Illufirijftmo, e Reverendif-
fimo Senhor D. António Monfenhor de Ná-
poles na ocafiaÕ em que foy elevado â dignidade
de Minijlro da Santa Sè Patriarchal. Ode. 1739.
fem lugar, e nome do Impreflbr. Conft
de 16 ramos.
Exame critico de buma Sylva Poeti,
feita à morte da Serenijfima Senhora In
fanta de Portugal a Senhora D. Francifco
Coimbra no Collegio das Artes da Con.
panhia de JESUS. 1739. 4- Sahio com
o fupofto nome de Diogo Novaes Pa
checo.
Sor lOZEFA IZABEL DA VISITA
ÇAM religiofa da Sagrada Ordem dos Eri-
mitas de Santo Agoftinho em o Convento
de Santa Cruz de Villaviçofa Corte dos
SereniíTimos Duques de Bragança. Para tc{
temunhar o affefto com que venerava a-
exemplar da Penitencia, e Prototypo íi<
amor mais fagrado, efcreveo.
Novena de Santa Maria Magdalena. Lis
boa na Officina da Mufica. 1723. 24.
Sor lOZEFA MARIA DA MADK!
DE DEOS natural da Villa de A; :.
rante em a Provincia de Entre Douro
e Minho filha de Lucas Teixeira de Vai
concellos peflba principal da dita Vil
la (que depois de eftudar Direito Pon-
tifício na Univerfidade de Coimbra, t
de ler em o Dezembargo do Paço, t
fervir os lugares de luiz de fora, e Ou-
vidor da Cidade de Braga fe ordenou de
Presbitero levando por opofiçaõ a Tr*
ja de S. loaõ de Gataõ) e de And-.
da Rocha Barbofa. No Seráfico M
teiro da fua pátria recebeo o habito quan-
do contava poucos annos de idade onde
mereceo geral eftimaçaõ de todas as rc
ligiofas pela obfervancia do feu Inílitu-
to. A prudência do juizo unida à affabi-
lidade do génio concorrerão para que di
gnamente exercitaíTe os mayores lugares
da Comunidade, como foraõ Vigaria do
Coro, Efcrivãa duas vezes, huma San-
L USITAN A,
1 1
<rriílaã, e ultimamente AbbadeíTa eleita a
II de Novembro de 1734. Nas horas va-
^s deftas ocupaçoens efcreveo com eftilo
fincero as vidas de algumas Religiofas, que
<leixaraõ naquelle Convento perdurável me-
moria, fendo as principaes.
Vida da Madre Soror ]ov^eja da Cru^.
4. M. S.
Vida da Madre Soror Catberina da Cru^.
4. M. S.
Vida da Aíadre Soror Joanna da Conceição.
4. M. S.
Confervaõ-fe com a devida eftimaçaõ
no Archivo do Real Convento de S. Fran-
cifco da Cidade de Lisboa.
D. lOZEFA MICHAELA DE CRASTO
natural de Lisboa filha de António de
Crafto Guimaraens Efcrivaõ do Dezem-
bargo do Paço, e de D. Izabel Vieyra Mon-
terroyo. A natureza a ornou de fermo-
fura, difcriçaõ, e taõ raro engenho, que exe-
cutava primorofamente tudo quanto obra-
vaõ os milhores profeíTores das artes li-
beraes. Teve grande inílruçaò dos livros
para que lhe fervia a intelligencia das lín-
guas Latina, e Franceza. Foy cazada
com lozè Maria Caftro de quem teve
fete filhos. Falleceo na pátria a 10 de Se-
tembro de 171 8. quando contava 49 annos
de idade. Deixou efcritas na lingua materna,
e latina.
Varias Obras M. S. que fe confer-
vaõ em poder de feus filhos. Delias, como
•de fua Authora faz memoria o Theatr. Heroin.
Tom. I. pag. 545.
lOZEFA THEREZA DO MONTE
CARMELO natural da Villa Alcácer do
Sal antiga Colónia dos Romanos em a Pro-
víncia Tranílagana, filha de Nicoláo Coelho
da Cofta Capitão de Cavallos, e de D. Inez
JMaria de Mattos. Na tenra idade de três
para quatro annos entrou no Convento
de Santa Clara de Évora onde profeíTando
a 8 de Setembro de 1721. exercitou o lugar
de Vigaria do Coro, e de Meftra das Ceri-
monias em que he taõ perita, como publica
a feguinte obra, que compoz.
Norma direStiva de Cerimonias para as
Senhoras Abbadejfas da ejclarecida Ordem
Seráfica em que fe trata dos ritos particula-
res, que devem objervar nos aãos Jolemnes
da KeligiaÔ com o ifí(p do Bago, e taõbem
fe moflra o poder, e jurifdiçaõ que tem nos
feus Mofieiros fegundo o fentir de vários Au-
thores com outras muitas fingularidades, e
preeminências pertencentes ao fupremo lugar
da Prelajia. Madrid. 4. Sem anno da
Impreííaõ, e nome do ImpreíTor. Hum
exemplar deíla obra vimos na feleâa Li-
vraria de meu Irmaõ D. lozè Barbofa
Clérigo Regular.
ISAC ABARBANEL filho de Ju-
das Abarbanel, e neto de Samuel Abarba-
nel familia igualmente illuílre, que opu-
lenta, naceo em Lisboa no aimo de 1437.
jaâandofe fabulofamente de fer oriundo da
Real Caza de David. Educado na obfer-
vancia dos ritos Judaicos fahio acérrimo
propugnador dos dilirios do Talmud.
Taõ anticipada lhe amanheceo a luz da
comprehenfaõ que quando contava vinte
annos de idade explicou aos fequazes da
Sinagoga na fua pátria o livro do Deuto-
ronomio. A penetrante agudeza do en-
genho unida com a prudente madureza do
juizo o habilitarão para que muitas vezes
foííe confultado em graviffimos negócios pelo
noíTo Monarcha Aifonfo V. porem como
pela morte deíle Príncipe receaíTe a feveri-
dade de feu fuceíTor D. Joaõ o II. contra
as perniciofas machinas que armara a fa-
gaz perfídia de feu animo, fe auzentou clan-
deftinamente de Portugal para Caílella onde
exercitando a mercancia creceo em taõ co-
piofos cabedaes adqueridos por uzuras, que
naõ fomente teve entrada livre no Palácio
dos Reys Catholicos Fernando, e Izabel
fervindofe da fua grande capacidade pelo
efpaço de outo annos, mas com tyrana am-
bição arrogava para fi os Titulos, e pree-
minências dos primeiros Fidalgos de Ef-
panha. Efta infolente arrogância, e o de-
clarado ódio que tinha à Religião Chriílaã fo-
raõ as cauzas motoras da fua ruina, fendo ex-
pulfo de Caftella no anno de 1492. pelo ar-
dente zelo dos Reys Catholicos com todos
os profeíTores do Talmud que chegarão ao
912
BIB LIO TH E CA
numero de trezentas mil pcflbas de hum, e
outro fexo. Embarcado com fua mulher,
e filhos atraveíTou o Mediterrâneo, e che-
gando a Nápoles começou a pradtícar os
fcus politicos artifícios que tinha exerci-
tado em Portugal, e Caftella, pelos quais fe
introduzio na graça delRey Fernando que
fazia do feu talento eílimavel conceito. Por
morte defte Príncipe fucedeo na C0T02. de
Nápoles feu irmaõ AfFonfo II. no anno
de 1494. da qual fendo defpojado pelas
armas de Carlos VIII. de França fe retirou
conílernado para SiciUa a quem feguio Abar-
banel atè que morto AfFonfo II. no anno
de 1495. navegou para a Ilha de Corfú.
No anno feguinte voltou a Nápoles, e na Ci-
dade de Monopoli fituada na Provinda
de Bari na Apulha habitou pelo efpaço de
fete annos donde paífando a Veneza para
ajuftar as diferenças que haviaõ entre efta
Republica, e a Coroa de Portugal acerca
da navegação das efpeciarias, finalizou a
carreira da vida em o anno de 1508. quan-
do contava 71 annos de idade. Teve de
fua mulher três filhos Judas, Jozè, e Sa-
muel, fendo o primogénito infigne Filo-
fofo, grande Medico, e elegante Poeta; o
ultimo foy mayor que feu Pay, e irmaõs
pois abjurando em Ferrara os erros da Si-
nagoga abraçou as verdades do Evangelho
fendo bautizado com o nome de Affonfo
em obfequio de feu Padrinho o Duque
de Ferrara. O Cadáver de Abarbanel foy
transferido de Veneza para Pádua, e no
Cemeterio antigo dos Hebreos fe lhe deu fe-
pultura que no anno de 1509. feguinte ao
da fua morte, por cauza da guerra foy arrui-
nado ignorandofe atè o tempo prezente
onde feja a fua fepultura. Foy dotado de
engenho perfpicaz, e de taõ infatigável
eíhido que paíTava vigilante dias, e noutes
inteiras fobre os livros. Na expoziçaõ das
Efcrituras era taõ fácil que em breve tem-
po publicava qualquer livro da Efcritura
fubtilmente interpretado, e certamente mere-
ceriaõ mayor eftimaçaõ as fuás obras fe as
naõ adulterafle com muitas falfidades. Adu-
lava com obzequiofas expreíToens aos Prín-
cipes Catholicos ao mefmo tempo que vo-
mitava atrozes injurías contra os profef-
fores da Religião Chríílaã, e para diíTimu
lar o veneno que diíUllava pela pcnna bui
cava a fua converfaçaõ na qual com ca vil -
lofa familiaridade introduzido pertendia fc^
reputado por fequaz do Evangelho, e na»
da Sinagoga. Saõ innumeraveis as blas
femias, que proferío contra Chriílo Senho
NoíTo, o feu Vigário na terra, Cardiaes
Bifpos, e EcclefiaíHcos que eftaõ difper
fas pelas fuás obras principalmente no
Commentarios aos últimos Profetas fendo
rara a pagina que naõ eíleja manchada com 1
taõ peftifero veneno. De tudo quanto com-
poz antes, e depois de fer expulfo de Efpanha 1
formou elle o Cathalogo que relata o Author '
do Scialfcèlech Kakkabala pag. 64. que hc
o feguinte.
Perufch ai hattorà id eft, Commentarti '
in heges. He himia expoziçaõ fobre o Pen-
tateucho de Moyfes, onde explica o fen
tido litteral com methodo efcholaftico. Pro-
põem ao principio diverfas queíloens que
pertencem à Hiftoria Sagrada, e ao fentid
litteral compiladas de Authores Catholicos»
e depois de examinar cada huma declan
a fua opinião, e refponde às duvidas con
trarias. Sahio impreflb Venetiis. 1579. por 1
deligencia do R. Samuel Archivolti aputf
loannem Bragadinum foi. et ibi 1584
de cuja ediçaõ uzaraõ André Eifenmc
gero in Juá. deteão, e loaõ Bento Car
pfovio; & ibi 1604. A prímeira impreí
faõ illuílrou com allegaçoens marginaes, ^
índices Latinos Henrique Jacobo Bashux
fen, e fahio Hanoviae 1710. foi. Foy cor
reâa em muitos lugares por ordem do
Inquizidores como moílra Joaõ Wulgef
AnimcducrJ. ad Theriac. Judaic. p. 206
Acabou Abarbanel efta obra em Monopo/
no anno de 1496. quatro annos depois cii
expulfo de Efpanha a qual príncipiara cn
Lisboa. O Proemio in Uviticum fahio cor
o livro de Sacrifício compofto por Moifc
Maimonidas com outras obras que de hebraic'
verteo em Latim Luiz de Campeigne dt
Vcil 1683. 4.
Mircòèvet hammifni, id eft Currus ft-
cmdaríus Tit ex Gen. 41. 4j. Sabionetz
apud Tobiam Puam 15 51. foi. Depois
fahio juntamente com os Commentarios
L USITAN A.
fobre os qiiatro livros do Pentateucho.
1579. foi. Efta obra principiou em Lis-
boa, e perdendo-a quando fugio defta G-
dade como a recuperaíTe a acabou cm Veneza
no anno de 1496.
Commentarii in Prophetas Anteriores. Covci-
poílos em 16 dias como elle afíirma na Pre-
fação ao Profeta Daniel. Neapoli. 1593.
e mais correftos Lipíiae apud Weidamannum.
1686. foi. Hamburgi. 1687.
Commentarii in Libros Judicum. Q)mpof-
tos em 25 dias Venetiis 1625. 4. Nefta obra
em que no Cap. 9. de Abimalech o traduzio
em Latim loaõ Francifco Budeo com o titulo
Prudentia Civilis Kabbinica Specimen. Jenx.
1693. 12.
Commentarii in Ubros Samitelis. Princi-
piados em o primeiro de Dezembro, e aca-
bados a 13 de Fevereiro em que fe celebrava
o jejum de Efther.
Commentarii in Ubros Kegum. Foraõ
efcritos no anno de 1493. afliftindo em
Nápoles. Todos eíles Q)mmentarios fahi-
raõ impreíTos em Itália apud Haeredes
Soncinates. 1493. foi.
Commentarii in Prophetas Pojleriores.
Pifauri. 1311. & apud Soncinates. 1520.
foi. Amftelodami. 1641. foi. com huma
Prefação Latina de Joaõ Cocceo. Na
blasfema interpretação, que Abarbanel faz
de verf. 13. do cap. 52. até 54. de Ifaias
contra a Paixaõ, e morte do noíTo Redemp-
tor o impugna vigorofamente Conftan-
tino L'Empereur cuja impugnação íahio
impreíTa Lugd. Batav. 1631. 8. e Fran-
cof. 1687. 8. O Com mento ao Cap. 34.
Ifaia verteo em Latim Sebaftiaõ Schnel-
lio, e o confutou das blasfémias profe-
ridas contra os Chriílãos. Altorphii. 1647.
4. Joaõ Buítorfio filho compoz huma
DiíTertaçaõ fobre o G^mmento de Abar-
banel onde difputa fe fe deve entender
por Edom os Romanos, e os Chriftãos.
Sahio in Mantiffa ad librum Q)ín p. 389.
loaõ Bento Carpzovio in Dijfertationib.
Academ. pag. 93. traduzio em Latim o
G3mmento ao cap. 3. de Jeremias verf.
16. e 17. O Commento a Sofonias fahio defen-
dido por Brandano Henrique Gabbardi da
falfa interpretação, que lhe dera Abarbanel.
58
Gryphis Wald. 1702. O Commento fobre
Ofeas illuftrou com Notas muito doutas
Francifco de Hufen. Lugd. Batav. 1687. 4.
O Commento de Abdias verteo em Latim,
e confutou em diverfas partes Auguílo Pfei-
fero Traã. Philologico Anti Rabbinic. Witem-
berg. 1664. 4. e 1670. 4. O Commento fo-
bre Jonas traduzio em Latim, e illuífarou
com eruditas notas Joaõ Palmeroot. Upfa-
lias. 1692, 8. 2. Tom. Sahio fem a veríaõ,
mas com algumas notas. Francofurti ad
Maenum. 1697. 4. Os Com mentos fobre Nahum,
e Habacuc fahiraõ por diligencia de Joaõ
Diedécico Sprechero vertidos em Latim.
Hemíladii. 1703. 4. O Commento de Habacuc
com a verfaõ de Sprechero. Trajeâi ad
Rhenum apud Thomam Apples. 1710. 8.
Commento fobre Aggeo vertido em Latim
por Scherzero. Lypíias. 1663. e 1672. com
o titulo Opera pretii, e ultimamente por
Joaõ George Abichtio. 1705. 8.
Nlaatenè haijefcivah, id eíl. Fontes Sa-
lutis ex Ifai. 12. 3. He hum Commento
a Daniel dividido em 12 Fontes, e 70 Pal-
mas. 15 51. 4. fem lugar da impreíTaõ. Buf-
torfio efcreve, que fora impreíTo em G^nf-
tantinopla, pofto que Bartoloccio ^ib. Rab.
Tom. 3. pag. 878. col. 2. quer que pelo
caraâer da letra, papel, e ornato do fron-
tifpicio feja impreíTo pelos Soncinos em
Itália. Sahio Ferrariae. 1550. Amftelodami
apud Immanuelem Bembavafti. 1644. 4. &
ibi apud David Bar Abrahami de Caftro.
1647. e Francof. 171 1. Sahio recopilado, e
traduzido em Latim por António Hulíio.
Bredas apud Abrahamum Subingiam. 1653. 4.
G)mpoz Abarbanel efta obra em Monopoli
em o anno de 1497.
Mafcmiãh Jefcivàb, id eft, Pradicator Sa-
lutis ex Uai. 52. n. 7. G)nfta de algumas
Profecias de Ifaias, Jeremias, Ezechiel, Ofeas,
Amoz, Abdias, Micheas, Sofonias, Ageo,
e Zacharias, e dos Pfalmos onde intenta
provar naõ fe deverem entender da vinda
do MeíTias no tempo da fegunda reftaura-
çaõ do Templo. Gjmpofto em Monopoli
anno de 1498. Sahio impreíTo. 1526. apud
R. Judam de domo Ghedaliàh. foi. Naõ
tem lugar da ediçaõ. Amftelodami apud Im-
manuelem Benbavafti. 1644. 4.
9M
BIB LIO THE CA
Atheth Zekenin, id eft, Corona Senum
ex Proverb. 17. 6. He huma cxpofiçaõ
da Vifaõ dos 70 Velhos defcrita no Êxodo
cap. 23. V. 20. Sabionetae apud Tobiam.
Puam 1557. 4.
Kojc amanáy 'd eft, Capnt Fidei ex Cant.
Cant. 4. V. 8. Nelle fe explicaõ os artigos
da Religião Judaica. Dividido em 12. Ca-
pitulos, em que principalmente fe impu-
gna a opinião do R. Moyfcs Egypcio, que
admetia 15 Artigos da Fé. Conftantinopoli.
1506. 4. apud R. David. Venetiis apud
Marcum Antonium Juftinianum. 1545. 4.
Cremonae 1547. vertido em Latim por Gui-
lherme Vorftio com eruditas notas. Amfte-
lodami apud Guillielmum, et loannem Blaeu.
1638. 4.
Zevach Pèfach, id eft, Sacrtficium Paf-
chafis. Efcreveo efta obra em Monopoli em
o anno de 1496. a qual confia, de huma
douta explicação dos Ritos com que fe de-
ve principar a Fefta da Pafchoa. Conftan-
tinopoli. 1496. Venetiis apud Marcum An-
tonium Juftinianum. 1545. 4. Sahio com
admirável carafter, e Commentos Rabbi-
nicos. Cremonae apud Vincentium Conti.
1557. 4. et Rivae Tridenti por deligencia
do R. lacobo Markaria. 1561. foi. Biftro-
vitíii. 1593. & Lublini. 1604. Sahio com-
pendiada Venetiis. 1664.
Nachalàth Avòth, id eft, Hareditas Pa-
trum ex i. Reg. 21. v. 3. compofto em Mono-
poli em 1496. e acabado no fim de Junho.
Efcreveo efta obra em obfequio de feu fi-
lho mais moço Samuel. He hum Compen-
dio de Antiguidades Hebraicas onde Abar-
banel defcreve elegantemente os dotes do
corpo, e do efpirito dos primeiros Meftres
da Sinagoga. Conftantinopoli. 1506. jun-
tamente com a obra Ro/o amanà de que
aíTima fe fez mençaõ. Venetiis apud
Marcum Antonium Jufiinianum. 1545.
4. & ibi apud Viílorem Elianum. 1567.
foi.
Mipaalòth Elohim, id eft, Opera Dei
ex Pfalm. 66. v. 5. Trata do Mundo,
Anjos, Ley de Moyfes. Difputa contra
os Filofofos Pcripateticos acerca da Cria-
ção do Mundo, e lhes refuta os argumen-
tos fobre a fua duração. Venetiis apud
Joannem de Gara. 1592. 4. Confia de
dez Tratados.
Kefponfiones ad dmdecim quafita R. Cham
Sacerdotis. Venetiis. 1574. 4.
Obras M. S. que fe perderão.
Jefcivòth Mefchichò, id eft. Saltites Meffta
ex Pfalm. 28. 8. Nefia obra explica todos
os Textos dos Rabbinos, que do MelTias fe
achaõ no Talmud.
l^ahakàth Neveim, id eft, Congregatio
Prophttarum ex i. Sam. 19. 20. onde trata
da profecia de Moyfes, c dos outros Pro-
fetas.
Aíachaa^è Sciaddai, id eft, Vijio Omni-
potentis. Perdeo efia obra quando fe auzentou
de Lisboa.
Sepher iemòth haolàm, id eft, liber diertm
JacuH. He huma Chronologia, em que pro-
mete relatar as perfeguiçoens, que tem pade-
cido o povo Judaico á die in qm natus eft Adam
homo primtis u/que ad diem hanc. Defta obra
faz elle mençaõ no Fontes Salvatoris Font. 2.
Palm. 3. pag. 21. no fim.
Tfedeck Olam, id eft, Juftitia Saculortim
ex Dan. 9. 25. dividido em três Tratados,
o I. do Mundo, que hade acabar, e dos
ritos, e expiaçoens na Fefta do Anno novo.
2. do outro Mundo, ou do Paraizo, e Inferno
das almas III. da Refurreiçaõ dos mortos,
e das penas, e caftigos.
Sèpher Jciamin chadafcim, id eft, liber Ca-
lorum novorum ex Jef. 65. 27. onde trata da
Creaçaõ do Mundo.
Eftas faõ as obras, que compoz Ifac
Abarbanel das quais muitas foraõ tradu-
zidas em Latim por Varoens eruditos diflin-
guindo-fe entre todos Buftorfio que verteo
as feguintes DiíTertaçoens.
Dijfertatio de Eo, quod, et qua de caufa
apud Prophetas por Edom Romani, et Chriftiani
inielligantur I
Dijfertatio de lepra Veftimentorum. Ad I>e-
vit. 15. V. 47.
Dijfertatio de lepra adium. Ad Liv. 14.
V. 33.
De Poefi Veteri Hebraica. Ex eodera. 15.
De principio anni, e^ con/ecratione, Jen
determinatione Novilmii; utrum ea facienda
1
L USITAN A.
jit jtixta Phajiti, an juxta calculum Aftrono-
micum}
Com differentes epitedos fallaõ os Au-
thores Catholicos, e Judeos de Abarba-
nel, louvando huns a profundidade do
feu talento, e vaftidaõ da fua fciencia,
e condenando outros a impia mordaci-
dade com que fe dezenfreou contra os
profeíTores do Chriftianifmo. Buftoríio de
Ahhreu. Heb. p. loo. Infenjiffimus fuit
Chrijliani nominis hojlis, infignis tamen, et
accuratus Scriptura interpres, qià pree cateris
Rabinis Prophetas dillgenter explicíàt. Joan.
Pkntavic. Bib. Rabbiri. Cod. 439. librorum,
et doãrina varietate apud fuos celeberrimus
c Cod 169. perfpicuo ingenio vir, et qui
Scripturam diligenter expofuit. Hoting. Bib.
Orient. lib. i. Cap. 6. Chrijlianorum ajibtis
cum ob methodi perjpicuitatem, tum etiam
matéria Jeleãum accomodatijfimus eft. Salom.
Filias Virgas Hijl. Jitdaic. §. 51. Clarijft-
mum, (& incomparabilem virum. Nicol. Ant.
Vraf. ad Bib. Hi/p. fi a natura eum ex-
pendas ingeniojijjimus, fi a Judais doãijftmus,
fi ab induftria totus labor, idem tam Cbrif-
tiani nominis fiquis alius infenfijfimus hofiis,
ac pervifijfimus veri calumniator. Joan. Meye-
rus in Not. ad Seder 0/am. Inter cateros
Hebraorum interpretes Jubtilitate, et ertiditio-
ne excellit. David Ganz Chronol. Millenar
6 ad an. 269. author prafians, et celeber.
Halleu. Bib. Curiof. p. 216. Doãor cele-
bris. Imman. Aboab. Nomolog. part. 2.
cap. 27. p. 302. fobre todos fue famofo
el muy illufire, j muy fabio Senor D. IJac
Aharbanel. Bartoloci Bib. Rab. Tom. 3.
P^g* 875. col. I. Fuit vir perfpicm, fed
pejjimi iíigenii, in labore fiudiorum infatigabi-
lis... Scripturarum diligens, fed plerumque men-
dax explanator. Bayle Diccion. Hifiorique
Critiq. Tom. i. pag. mihi 31. Abarbanel
avoit de grands dons il ua de pair avec
le fameux Maimonides e il ya meme des
gens qui le mettent au deffus de lui. Si-
mon Hift. Critiq. du Vieux Tefiam. liv. 3.
cap. 6. Don Ifaac Abrabanel tn a paru
ètre celui de toiís les Rabbins dont l'on
ptáffe le plus profiter poitr V intelligence de
V Ecriture. Magna Bib. Ecclef. Tom. i.
pag. 18. col. 2. Rabbinus percelebris. Mo-
rery Dicion. Hifioriq. Tom. i. pag. mihi
45. col. 2. ci regarde comme un des plus
Jcavans Rabbins Lelong. Bib. Sacr. pag.
mihi 802. e 803. Wolfio Bib. Heb. pag.
627. §. 1142. Reland. Analeã. Rab. p.
iio. e 141. Joan. Reytorph. in Canta-
leãis. 356.
ISAC ABUHAB DA FONCECA na-
tural de Lisboa donde quando contava
a tenra idade de féis annos paíTou com
feus Pays para Amílerdaõ e aplicandofe
com grande difvelo ao eftudo da Sagrada
Efcritura fahio taõ profundamente inílruido
nos feus myfterios que chegou a ocupar
em annos muito verdes a Cadeira de Rab-
bino em a Sinagoga dos Efpanhoes em
Amílerdaõ onde foy Prezidente. Falleceo
na proveâa idade de 90 annos em a dita
Qdade. Efcreveo.
Paraphrafis fobre el Pentateucho. Amíleled.
1 68 1 . foi. Na prefação prometia Filofofia 'Legal.
Traduzio de Caftelhano de Abrahaõ
Coen Irira, ou Ferreira de quem fe fez
mençaõ em feu lugar, na lingua he-
braica
Ca\a de Dios ex Genef. 27. V. 18. Amíler-
daõ 1655. 4.
Tratados Cabalifiicos, e Theologicos.
Sermoens Panegíricos dos quais alguns
fe imprimirão. Delle fazem memoria Baf-
nage Hift. des Juifs Tom. 5. p. 2105.
Wolíio Bib. Heb. p. 627. n. 1140. que
erradamente o faz natural de Breccia,
como taõbem Lelong. Bib. Sacr. pag.
mihi 802. col. 2.
ISAC ATHIAS cujo appellido tomou pelo
de Diaz que em Lisboa fua pátria confervava
donde paíTou a Caílella, e ultimamente a Ve-
neza onde exercitou o miniílerio de Rabbino.
Foy muito douto na lingua Hebraica, e efcre-
veo na Caflelhana.
Theforo de preceptos. Veneza 1627. e Amíler-
daõ por Samuel Sueiro 4. & ibi em lingua
hebraica 1660. 4. Neíla obra declara, e explica
os 6 1 3 . preceitos da Ley Mofaica. Delle fe lem-
braõ Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. i. p. 630.
Lelong. Bib. Sacr. pag. mihi 803. col. 2. e
9IÓ
BIB LIO THE CA
Jacob. Bafnage Hi^. des Jui/s. Tom. 5. pag.
2104. que com manifefta equivocaçaõ o faz
author da ediçaõ da Biblia Hebraica que fahio
em Amílerdaõ 1667. fendo de Jozé Athias.
ISAC CARDOSO Vejafe FERNANDO
CARDOSO.
ISIDORO DE ALMEYDA natural do
Reyno do Algarve donde paflbu à Uni-
verfidade de Coimbra, e nella fe inf-
truio nas letras amenas para as quais
teve iníigne génio. Do ócio das Mufas
fe transferio para o tumulto das Cam-
panhas militando com diílinçaõ nos exér-
citos Septentrionaes. Mereceo a primaíia
na promptidaõ, como no effeito com
que difpunha os feus artifícios fendo del-
les famofo theatro a noíTa Praça de Ma-
zagaõ quando no anno de 1562. foy fi-
tiada pelo formidável exercito de Mou-
ros em cujo cerco concorreo com repe-
tidas maquinas para total ruina dos ini-
migos, e immortal gloria do feu nome.
Compoz
Inftruçoens militares. Évora por André de
Burgos 1575. 8. Na Dedicatória a Martim
Gonzalves da Camará lhe diz que por obede-
cer publicava o quarto livro defta obra em
quanto fe naõ imprimiaõ os outros. Coníla
dos Officiaes da Infantaria, que faõ Soldado,
Caporal, Sargento, Alferes, Capitão, Sargento
mòr. Coronel, e Meftre de Campo.
Hifioria, e Suceffos do Cerco de Ma^a-
gaõ. M. S. Confervafe no Collegio de
Coimbra dos Padres Jefuitas, e nella a
vio, e leyo António Viegas em 19 de
Janeiro de 1604. como aflirma Francifco
Galvaõ Maldonado na Bib. Portug. M. S.
que vimos.
Faz mençaõ defte author Manoel de Faria,
e Souza Afric. Portug. cap. 12. n. 5. e eu
nas Mem. Polit. e Mi/it. delKey D. Se-
bajliaõ Part. 2. liv. i. cap. 7. n. 52.
53. 56. cap. 9 n. (>(>. e 70. cap. 10.
n. 72.
Fr. ISIDORO BARREYRA natural de
Lisboa ou como alguns querem do lugar do
feu apellido diílantc três legoas da Villa de
Thomar em o Bifpado de Leyri?. Pro-
feflbu o militar habito da Ordem de
Chrifto em o real Convento de Thomar
a 7 de Março de 1606. onde pela agu-
deza do engenho, c comprehenfaõ do jui-
20 fahio infignc Meftre, c famofo Prega-
dor. Naõ poíTuio dignidade alguma em a
Ordem, fatisfeito de fempre obedecer, c
nunca mandar. Foy muito obfervante do
feu Inftituto, e continuamente aplicado à
liçaõ dos livros. Falleceo no Convento de
Thomar em o anno de 1634. Delle fe
lembraõ com louvor Nicol. Ant. B/i». Hifp.
Tom. I. p. 630. col. I. Cardozo Affol.
L^ujit. Tom. 2. p. 68. no Comment. de 6
de Março letr. C. Jacob. Lc long. Bib.
Sacr. pag. mihi 626. col. i. Joan. Soar. de
Brit. Theatr. iMJit. Uter. lit. I. n. 92.
Faria Comment. às Rim. de Cam. Tom. 4.
p. 51. col. 2. e o moderno addicionador
da Bib. Orient. de António de Leaõ Tom.
I. Tit. 16. col. 497. Compoz.
Hijloria da vida, e martyrio da glorio/a
Virgem Santa Eria freira da Ordem do
Patriarcha S. Bento natural de Nabancia,
que hoje he a notável Villa de Thomar,
e relação da fua milagrofa Jepultura feita
por maõ de Anjos dentro das aguas do Rio
Tejo onde eflà feu corpo. Lisboa por An-
tónio Alvres 1618. 4.
Tratado das fgnificaçoens das Plantas, e
flores referidas na Sagrada Efcritura. Lis-
boa por Paulo Crasbeeck. 1622. 4. O
2 Tomo defta obra confervava em feu
poder Fr. Miguel Pacheco Religiofo da
Ordem militar de Chrifto, e Procurador
Geral da fua Ordem em Madrid de
quem fe faiá larga memoria cm feu
lugar.
Regra do nojjo gloriofo Padre S. Bento Ah-
bade, Confejfor, e Patriarcha de todas as Re-
ligioens dada aos Freyres da Ordem de Nojfo
Senhor Jefu Chrifto, e tradtr^ida de 'Latim
em Portugtie:^ na forma, que primeiro foj
approvada. e confirmada pelos Summos Pontífi-
ces quando a mefma Ordem fe reformou. Lis-
boa por Pedro Crasbeeck. ImpreíTor delRcy
1623 4.
Comedia famofa de Santa Maria Egypciaca
M. S.
L USITAN A,
917
Fr. ISIDORO DA CASTANHEYRA
natural da Villa do feu apellido íituada
no Patriarchado de Lisboa, Monge Cif-
tercienfe, e morador no Real Convento
de Alcobaça onde efcreveo, e neUe fe
conferva.
Commentaría in univerfam Arifiotelis Phi-
lojophiam foi. M. S.
Fr. ISIDORO DA LUZ natural da ce-
lebre Villa de Santarém, que lhe augmen-
íou a fua fama com a produção de taõ
grande homem, e illuftrou a Religião Tri-
nitaria com o brazaõ das fuás obras litte-
tadas. Inftruido na pátria com as letras
humanas eftudou as divinas na Univeríi-
dade de Coimbra onde jubilado em a Sa-
grada Theologia recebeo o gráo de Dou-
tor nefta Faculdade com aplauzo de todos
os Cathedraticos augurando fer feu compa-
nheiro no magifterio, porque fendo nova-
mente creada a Cadeira de Theologia Pole-
mica foy nella provido com igualaçoens à
de Efcoto da qual tomou poíTe a 25 de Feve-
reiro de 1665. merecendo alcançar os privilé-
gios de Vefpera no anno de 1666. e de Prima
em 1667. Negandolhe avara a natiireza a
promptidaõ da pronuncia lhe concedeo liberal
a agudeza do juizo com que fe fazia refpeitado
o feu talento aíTim na Theologia Efcholaiiica,
Polemica, e Expozitiva, como em a noticia
da Hiftoria Eccleíiaílica, e Secular. Ocupou
na Religião os lugares mais honoríficos como
foraõ Vizitador da Provinda, Miniílro do
Convento de Santarém, Comiílarío Geral,
e ultimamente Provincial eleito no an-
no de 1664. e em taõ diverfos minif-
terios fempre preferio a benevolência à
feveridade querendo antes fer dos fubdi-
tos amado como Pay, de que temido
como Prelado. Foy cordialiíTimo devoto
de Maria SantiíTima em cujo obzequio
naõ fomente compoz diverfos tratados,
mas juntou com igual defpeza, que eley-
çaõ huma numerofa colleçaõ de Autho-
res que efcreveraõ elogios de taõ divina
Princeza, que ainda fe conferva na Li-
vraria do Convento da Trindade delia
Corte. Cumulado mais de merecimentos,
que annos faUeceo no Collegio de Coim-
bra a 22 de lulho de 1670. e naõ a
12 de Dezembro como efcreve Fr. Igna-
cio de S. António Microlog. Trinit. foi.
305. Jaz fepultado no Cemeterio comum
do Collegio, e fobre a fepultura fe lhe
gravou o feguinte epitáfio.
Hic tenebrefcit lux, ohmtitefcit fcientia,
dum jacet hic Keveren^jfimus Pater Magifter
Fr. IJidorífs à Luce ijlius Provinda Minifier
Provincialis, Vicarius, cb* Commiffarius Ge-
neralis; In ifia Conimhricenji Academia pri-
mtís, (ò" primarius Controverfiarum Magifter.
Quatuor volumina reliqmt edita, Jex edenda.
Ohiit die zz Julii 1670.
O feu retrato ao natural fe vè pri-
morofamente pintado em hum quadro
grande em hum dos Dormitórios do
Convento da Trindade de Lisboa e na
parte inferior fe lé eíle epigramma ef-
crito em letras de ouro.
Ljix tua praclarum fecit coffiomen, (ò^
nomen;
Sic certe ingenium clartàt orbe tuum.
Qtds neget bu Jolem nefctt nã Jolis adinftar
Vifitur in fcriptis Lux Ifidore tua.
Elegantes faõ os elogios com que celebraõ
o feu nome diverfos Efcritores. Fr. Ant.
ab Spir. Sanft. Confult. 49. n. 5. iMcidif-
fimum juhar Ktliffonis Santijftma Trinitatis.
P. Emman. Lud. Vit. Princip. Theod. lib.
2. cap. 2. §. 38. vir fumma autboritatis.
Joan. Soar. de Biit. Theatr. Ljifit. Utter.
lit. I. n. 93. vir doãus, et eruditus; doctor
egre^us. Marracio Bih. Alarian. Part. i.
p. 831. vir mu/tis ingenii dotihus preecellens,
atque inter infixes laifitanica Nationis vi-
ros mérito reponendus. Cardofo Affol. Lm-
fit. Tom. 3. p. 761. no Comment. de
20 de Junho col. 2. Bem conhecido nefte
Rejno por Jtias muitas letras, e honrados
procedimentos. Vafconcel. Hift. de Sant. Part.
2. cap. 36. Êw todas as /ciências foy Va-
rão conjumado. Compoz.
Difputationes de Aãibus humanis. Parifils
apud Stephanum Maucroy 1659. foi. et ibi
apud Ludovicum Billaine 1669. foi.
Opujculum de Sacris Traditionibus Parifils
apud Joannem Boullard. 1666. 4.
Opujculum de Ecclefia Dei in três par-
tes divijum; qtiamm prima de ^ cie fia abfo-
9i8
BIB LIO THE CA
Jtite; 2 de Ecclejia Romana; 3. de loco ubi inve-
menda ejl Ecclejia. UlyíTipone apud Joannem
■da Q)fta 1667. 4.
Officium parvum, grande voluntatis mu-
,nus dile^i Ejtangelijla dileãtonis Chrijli ha-
redis, divina charitatis Sacrarii, novi Filii
Maria, Jingularis jratris JESU. UlyíTipone
apud Antonium Alvres 1658. 24. & ibi
^pud Ant. Rodrigues de Abreu 1675. 24.
Examen Veritatis pro immaculata Vir-
ginis Conceptione in duas partes divijum,
.quarum una pugnax ejl, altera pacifica. Co-
meça.. Uher primus proamialis, five appa-
ratus ad celebrem controverjiam de Immaculata
Virginis Conceptione. Confta de 8 livros.
Confervafe M. S. na Bibliotheca do Con-
vento Trinitario de S. Maturino em Ro-
ma como efcreve Nicol. Ant. Bib. Hifp.
Tom. I. p. 650. col. I. Deíla obra faz
mençaõ Marrac. Bib. Mar. Part. i. p.
831.
Janjenius appenfus in Statera Auguftini.
M. S. Efta obra como a antecedente
mandou o author (que aíTim o efcreve
no Prologo do Opufculo de Ecclefia Dei)
.ao ReverendiíTimo Fr. Pedro Mercier tri-
^effimo Miniftro Geral da Ordem da
SantifTima Trindade aíTiílente em Pariz pa-
ra fe imprimirem, cujo intento fe fruf-
'trou.
Di/cordia Concors in Sacrum Textum in
quo loca Scriptura Sacra prima facie inter fe
■dijcordia ad concordiam rediguntur triplici con-
córdia litterali, morali, eS^ myftica de B. V. Ma-
ria. Tom. I. in Genejim 2. in Exodum. Confer-
vaõfe na Livraria do Convento de Lisboa.
Commentarii Encomiajiici de laudibus Virgi-
ms Maria in Canticum Magpificat. M. S.
Confervafe o Original na Bibliotheca dos
PP. Theatinos defta Corte. Nelle eftá a fa-
culdade de Fr. Filipe da Rocha da Ordem
da Santinima Trindade Qualificador do Santo
Officio dada em 16 de Outubro de 1664.
para fe poder encadernar. Defta obra fe
Jembra Marracio no lugar aíTima allegado.
Dijputatio de permanente vijione intui-
Jiva Dei, quam habuit Virgo Mater a
primo fua immaculata Conceptionis inftanti
ufque ad ultimum fua dormitionis et per
Jotam aternitatem continuata. 4. M. S. Hu-
ma copia efcrita com grande perfeição
que tem Index dos lugares da Efcritura,
e couzas notáveis conferva meu Irmaõ
D. lozè Barbofa Cler. Reg. Chronifta da
SereniíTjma Caza de Bragança cm a fua
Livraria.
Oratio pro Creatione Cathedra Controverfia-
rum recitanda a Fr. Doãore Ifidoro à Euce.
Começava
Tremente hofte, grajfante Marte, Jonante tuba
dato belli Jigno aucíam quis non miratur Acade-
miam\ &c. M. S. Conftava de duas folhas.
Fr. ISIDORO DE MELLO. Naceo na
Villa de Mello da Província da Beyra fi-
lho de Eftevaõ Soares de Mello, decimo
Senhor de Mello, e de D. Maria da Syl-
va herdeira de Eftevaõ Soares de Mcllcj
feu Primo com Irmaõ que taõbem foy
Senhor de Mello. Deixando as delicias da
Caza paterna recebeo o habito de Carmeli-
ta da antiga obfervancia no Real Convento
de Lisboa a 15. de Abril de 1587. e pro-
feíTou a 17 do dito mez do anno feguin-
te. Aplicado no CoUegio de Coimbra às
fciencias feveras, fahio nellas taõ egregia-
mente inftruido que ainda naõ tendo Or-
dens Sacras foy nomeado Lente, cuja in-
cumbência dezempenhou com tanto credito
da fua litteratura que em premio rece-
beo as infignias doutoraes de Theologo
em a Univerfidade de Coimbra, fendo
nella oppozitor às Cadeiras. Depois de
ter fido Reytor, e Regente do CoUegio
foy eleito Provincial a 26 de Julho de
16 14. Illuftrou a nobreza do nacimento
com a obfervancia do Inftituto fervindo
com as fuás acçoens de exemplar aos domefti-
cos, e de exemplo aos eftranhos. Os aplauzos
que mereceo na Cadeira correfponderaõ aos
que alcançou no púlpito, fendo hum dos mais
celebres Oradores Evangélicos do feu tempo.
Acometido da ultima enfermidade no fegundo^
anno do Provincialado fe difpoz com rezif
çaõ Catholica para a morte que o privoi
da vida em o Convento de Lisboa a 16
Dezembro de 161 5. Fr. Manoel Ror
EJucid. 27. foi. 330. diz que dexó
morias de Ju emdicion, e pofto que ignc
remos quais ellas foflera, como hc ni
L USITANA,
919
meiado entre os Efcritores por Nic. Ant.
Bib. Hi/p. Tom. i. p. 630. col. e Fr.
Manoel de Sà Mem. Hift. dos Efcrit. da
Prov. de Portug. cap. 63. o collocamos
nefta Bibliotheca. Delle fazem mençaõ Fr.
Jorge GDtrim Flores do Carmelo. cap. 23
Fr. Joaõ Pinto de Vitoria Hierarch. Car-
mel. Tom. i. Trad. 2. cap. 8. e Car-
valho Corog. Portug. Tom. 3. Uv. 2.
Trat. 8. cap. 47. p. 634.
Fr. ISIDORO DE OVREM natural
da Celebre Villa que tomou por appel-
lido íituada duas legoas ao Sudueíle da
Gdade de Coimbra, quatro de Leyria para
o Sul, e três da Villa de Thomar para o
Poente. ProfeíTou o monachal Inílituto do
Doutor Melifluo Saõ Bernardo no Convento
de Santa Maria de Tamaraes íituado em o
Bifpado de Leyria. Foy muito erudito,
como moftra a obra feguinte que fe con-
ferva M. S. no Real Convento de Alco-
baça.
Ars demonflrativa, <& inventiva Kaymundi
Lulii. foi. M. S.
Fr. ISIDORO PAEZ natural da Villa
de S. Pedro do Sul da Comarca de Vifeu
Monge Ciílercienfe, cujo fagrado inílituto pro-
feflbu no Convento de S. Chriftovaõ do Con-
felho de Lafoens em a Provinda da Beyra.
Foy muito verfado na intelligencia da Sa-
grada Efcritura, e liçaõ dos Santos Padres.
Efcreveo.
Ijeviticum cum Gloífa. foi. M. S. Confer-
vafe na Bibliotheca do Real Convento de
Alcobaça.
Fr. ISIDORO DE PINA natural de Lis-
boa, e filho de Femaõ Lopez de Pina, e Izabel
Mendes igualmente nobres, que opulentos. Na
idade juvenil profeíTou o fagrado inílituto da
Ordem da SantiíTima Trindade em o Convento
de Lisboa a 7 de Junho de 1590. onde fez
taes progreflbs na Theologia, e Oratória Ec-
clefiaftica que recebendo o gráo de Doutor
em a Univerfidade de Coimbra foy aplaudido
por infigne Pregador. Exercitou com imi-
verfal aceitação dos feus fubditos os lugares de
Reytor do Collegio de Coimbra, e Miniftro do
Convento de Lisboa. Falleceo em Coimbra,
a 5 de Agoílo de 1620. Compoz
Sermoens Vários, foi.
Otiejloens Theologicas, e Moraes foi. M. S^
Deílas obras fe confervaõ algims fragmentos,
na Uvraria do Convento de Lisboa, e do Col-
legio de Coimbra.
lUDAS ABARBANEL, ou LEAM por
fer para os Hebreos o mefmo Judas,,
que Leaõ. Foy o filho mais velho do
celebre Rabbino Ifaac Abarbanel de que proxi-
mamente fizemos mençaõ, e herdeiro da-
quelles dotes que faõ fuperiores ao domi-
nio da fortima. Naceo em Lisboa, e naõ~
em Caftella como efcreve Nicol. Ant. Bib.
Hi/p. Tom. 2. p. 678. col. 2. por conftar
que elle com feus Pays, e Irmaõs fe em-
barcarão fugitivos de Lisboa para Caftella
naõ querendo experimentar o caftigo que
lhes prometia a feveridade de D. loaõ o
II. Sendo expulfo de Caftella no anno de
1492. com feu Pay, e todos os fequazes-
da Sinagoga chegou a Nápoles, e fendo^
conquiftado efte Reyno pelas armas de
Carlos VIII. Rey de França como feit
Pay feguiíTe a Aífonfo 11. defpojado def-
ta Coroa, até Siciha, Judas Abarbanel fe
retirou para Génova como Republica
livre onde exercitou com igual felicida-
de, que fciencia a Arte da Mufica. Foy^
profundo Filofofo, e elegante Poeta pro-
duzindo em ambas eflas Faculdades fazo-
nados frudos. Entre elles merece o pri-
meiro lugar.
De amore dialogi ires. Foraõ publica-
dos com o nome de Leaõ Hebreo. Conf-
ta o I. de Filofofia moral; o 2 de Filofo-
fia natural, e Mathematicas ; e o 3 de
Theologia. Saõ interlocutores Philo, e So-
phia. Imita exaftamente a Plataõ, e fem-
pre quanto pode o concorda com feu difcipulo-
Ariftoteles. Sahiraõ traduzidos em lingua.
Italiana. Venetia. 1558. 8. e 1564. por Nico-
láo Bevilaque. 8. loaõ Carlos Saraceno os tra-
duzio em latim com fumma elegância, cuja
tradução collocou loaõ Piftorio entre os.
Authores da Arte Cabbaliftica. Tom. i..
p. 331. Na lingua Franceza os traduzia
Dionifio Sauvage. Leaõ. 15 51. 8. e na.
920
BIBLIO THE CA
Caftelhana Micer Carlos Monteia Gdadaõ de
Saragoça com efte titulo.
Philographia Univerjal de todo el Mundo
de los Diálogos de Leon Hebreo. &c. Sa-
ragoça por los hermanos Lxjrenço, e
Diego de Robles 1584. 4. & ibi 1554.
4. Outra Caílelhana fahio feita por Ghe-
dalia Jachia. Veneza 1568. 4. como conf-
ta do Cathalogo de Thuano Tom. 2,
pag. 405.
Carmina in Laudem fui Parentis. Fo-
raõ impreíTos ao principio da obra inti-
tulada Zevãch Pèfach. id eíl Sacrificium
Pajchatis. efcrita por feu Pay. Conílan-
tinopoLi 1496. 4. et Venetiis apud Mar-
cum Antonium Juílinianum 1545. 4- e
no principio da obra intitulada Nachaláih
Avoth, id eíl, Hareditas Patrum. Conílanti-
nopoli 1566, & Venetiis apud Marcum
Antonium Juílinianum 1545. 4.
Fazem memoria honorifica de Judas
Abarbanel Bartoloc. P>ib. Rab. Tom. 3.
p. 56. col. 2. Philofophus, et Medicus non
Dulgaris fui temporis. Bib. Magn. Ecclef. Tom.
1. p. 21. col. I. Medicus, et Philofophus
£ximius. Nicol. Ant. Bib. Hifp. Tom. 2.
p. 678. col. 1. Immanuel Abuab Nomolog.
part. 2. cap. 27. fallando da obra dos Diá-
logos em que moflró fu extremada fabidoria.
Wolfio Bib. Heb. pag. 434. n. 731. Medi-
cus, et Philofophus eximius. Bayle Diccion.
Hijioriq. Tom. i. pag. mihi 30 col, 2.
ManaíTech Ben Ifrael livr. de Fragilidad hu-
man. Part. i. §. 4. n. 6.
lUDAS lACHIA filho primogénito de
David Jachia de quem fe fez mençaõ
■cm feu lugar, naceo em Lisboa onde
feu Pay aíTiília em o anno de 1390.
Foy infigne Jurifconfulto fendo muitas
vezes confultado, e aíTinando os feus pa-
receres com a fubfcripçaõ deíla palavra
iV/w que fymbolicamente fignificava o feu
nome, e appelUdo qual era Dicit Judas
Ben Jachia. Compoz
Kina letis cáh beáu, id eíl, lutmentatio reci-
tanda in jejunio á Judais XI. Julii. G)meça.
Judas, €>• Ifrael. Eílá no Machfore Hifpanic.
Part. 2. p. 174. da ediçaõ de Veneza 1656. 8.
Delle fazem memoria Scialfcel Kakkabal p.
65. Bartol. Bib. Rab. Tom. 3. p. 56. col. i.
e Wolf. Bib. Heb. p. 435. n. 729. Júris aque
ac poefeos, aliarumque doãrinarum coffiitione cla-
rus.
Sor lULIANA DE lESUS Nacco cm
Lisboa de Pays nobiliífimos, como ramo das
preclariffimas Cazas dos Duques de Aveyro,
e dos Marquezes de Villareal. Na primavera
dos annos facrificou a fua liberdade ao Di-
vino Efpozo no Q)nvento de Chellas em que
profeíTou o inllituto de Conega Regrante de
Santo Agoílinho para fer exemplar da Vida
religiofa medindo a humildade com que fe
abatia aos mais vis miniílerios pela altura
da fua clara origem. Jejuava quotidianamente
a paõ, e agua, e com abílinencia mais fevera
em a Semana Santa afliílindo a todos os Offi-
cios delia em pè fem admitir a menor inter-
rupção em taõ mortificada poílura da qual
paíTava a outra mais rigorofa qual era eílar
de joolhos três dias na prezença do fa-
grado monumento atè dia de Pafchoa.
Foy três vezes Prioreza, Vigaria, Presi-
dente, e Meílra das Noviças, e em taò
diferentes miniílerios experimentarão as re-
ligiofas amor maternal, e vigilância fum-
ma para que naõ experimentaflem a me-
nor falta concorrendo em diverfas occa-
zioens o Ceo para eíla providencia com
manifeílos, e prodigiofos focorros. Em o
dilatado efpaço de quatro mezes fe puri-
ficou o feu efpiíito na fragoa de huma
prolongada enfermidade tolerando acerbif-
fimas dores com alegre femblante, e agra-
decendo pelas vozes do Pfalterio que reci-
tava de còr à divina Mageílade a comuta-
ção dos tormentos da outra vida, pelos
que eílava padecendo. Chegado o termo de
ferem premiados os feus merecimentos acom-
panhou com o movimento da boca o Credo
que eílava cantando a Comunidade, e cooti^^
nuando o Pfalmo In te Domine fperavi de qo^^
a moribunda era muito devota, como
fe erraíTe hum verfo fez final com
Cabeça do erro, que promptamente
emendou. Com eíla ferenidade efpcro^
conílante a morte que a transferi© ao
canfo eterno a 18 de May o de 1639. quanc
fechava o circulo de cem annos. Foy cx-
omo
defl
L USITAN A.
921
ceíTivamente lamentada a fiia falta aíTim
pelas peíToas domeíUcas, como eílranhas
pois nella fe perdera a norma mais per-
feita da Religião, e a compaíTiva bemfei-
tora de todos os neceflitados. Do feu
nome faz memoria o Licenciado Jorge
Cardozo Agiol. loifit. Tom. 3. p. 308.
cuja vida afirma ter efcrito o feu Con-
feíTor Fr. Luiz Gracez da Ordem dos
Pregadores. Efcreveo
Kelaçoens de algumas Keli^ofas do Convento
de Chellas. M. S. Delias fe aproveitou o alle-
gado Jorge Cardozo como diz no 3. Tom.
do Agiol. híijit. p. 63. no G^mment. de 3 de
Mayo letr. H.
Fr. lULIAM DA ASCENÇAM natu-
ral de Lisboa, e filho de loaõ Lopez, e
Maria do Loureiro. Nos primeiros aimos
mollrou o iníigne talento, e grande capaci-
dade, para as fciencias de que abundante-
mente o dotara a natureza. Recebeo o ha-
bito de Carmelita Defcalfo em o Convento
pátrio de NoíTa Senhora dos Remédios a 11
de Mayo de 1673. para fer immortal credito
deíla reformada, e douta família. Didou Fi-
iofofia em o Collegio de Figueiró, e Theo-
logia em o de Coimbra fem poílilla confer-
vando na fua monílruofa memoria as citaçoens,
e folhas dos Authores allegados para confir-
mação das matérias efpeculativas, e moraes
que lhe ouviaõ os feus domefticos. Parecendo
incrível efte modo de didar as Faculdades
Efcholafticas concorrerão alguns infignes Ca-
thedraticos da Univerfidade à porta da aula
do feu Collegio, e certificados pelos olhos
do que tinhaõ ouvido o aclamarão por ho-
mem imico na felicidade da memoria. Foy
dos grandes Pregadores do feu tempo fendo
muitas vezes o theatro das fuás Oraçoens
Evangélicas a Capella Real onde alcançou
univerfal aplauzo de taõ authorizado auditó-
rio. Acometido de huma doença aguda fe
preparou com aâos fervorofos, cantando an-
tes de efpirar com voz alta, fuave, e devota
o Hymno Jefus dulcis memoria, no fim
do qual entregou o efpirito ao feu Crea-
dor em o Convento de Cafcaes em o
primeiro de Abril de 1699. Dos muitos,
e doutiflimos pareceres que compoz em
Theologia Moral, e Sagrados Cânones em
que era muito verfado, fe fizeraõ imi-
camente públicos pelo beneficio da Im-
preílaõ os feguintes.
Cenjura in qua refoluttur Kegularem in
una Diaceji tantummodó approbatum poffe in
quacumque et Ji in ea ab E.pifcopo approba-
tus non fuerit, virtute Cruciata in Conjeffo-
rem eliff. Sahio no Tom. i. Quaft. Se-
kã. Bulia Cruciat. à D. Laurentio Pires
de Carvalho á pag. 548. ufque ad 558.
Cenfura fuper Ouaftionem. An pojftnt Re^
lares omnes utriujque fexus virtute Bulia Cruciata
eligere Confejforem exterum Regularem, vel fa-
cularem ã fuo Ordinário approbatum, qui eos ab
omnibus peccatis, tam fuis Pralatis, quám Summo
Pontifici refervatis toties quoties abfoluat} Sahio
no Tom. 2. Quaft. Seleã. Bui. Cruciat. a pag.
910. ufque ad 928.
Ordo Judicialis Kelij^oforum. foi. M. S.
Confervafe entre os feus Religiofos.
lULL^VM MACIEL. Naceo em Lis-
boa fendo filho de loaõ Maciel, e An-
gela Mendes. Depois de fahir eminente
nas letras humanas que eíhidara na pá-
tria fe formou na Univerfidade de Coim-
bra em a Faculdade dos Sagrados Câ-
nones. Foy Cónego na Cathedral da fua
pátria, e como era falto da viíla para
fatisfazer á obrigação do Coro fabia de
còr todo o Pfalterio. Entre os fonoros
Cifnes do ParnaíTo Caftelhano alcançou no
feu tempo o principado, afiim na pu-
reza da Ungua, como na cadencia do
metro fendo incomparável em os Ver-
fos Lyricos que fe cantavaõ, onde a con-
fonancia métrica era igual com a mufica.
Foy na Converfaçaõ jovial fem fer pue-
ril arguindo com difcreta feveridade os
vicios, e louvando com elegantes expref-
foens as virtudes. Falleceo na pátria a
18 de Junho de 171 8. e jaz fepultado
na Cathedral. Dos feus Verfos ferios,
jocofos, e fatyricos fe podiaõ formar
dous, ou três volumes de juíia grande-
za os quais fe confervaõ com merecida
eftimaçaõ em poder dos eruditos. Publi-
cou fem o feu nome.
Fabula de Acis, y Galatea. Fefta armo-
922
BIB LIO THE CA
nica com violones, violines, Flautas, e Ubues a la
celebridad de los felices anos dei auguftijftmo Senor
D. Juan V. Rey de Portugal. Lisboa cn la
Officina Deslandefiana. 171 1. 4. Coníla de
vario género de verfos.
Oratório, que fe canto com vários injlrumentos
en zz de Enero: Fiejla dei Glorio/o, tnvião Mar-
tyr S. Vicente Patron de ambas Lisboas en la
Metropolitana Cathedral dei Oriente. Lisboa na
Officina da Mufica 1719. 8. & ibi 1721. 8.
& ibi 1722. 8. & ibi 1725. 4.
Oratório que fe canto en la Iglejia dei Real
Convento de NoJJa Senhora de la Efperança en
los May tines, y Fiejia dei prodigiofo S. Gonçalo
de Amarante. Lisboa na Officina da Mufica.
1722. 8.
Fr. lULIAM DE REZENDE natural
do lugar do feu apelido diftante três le-
goas da Cidade de Lamego na Provin-
da da Beyra Monge Ciílercienfe, e infi-
gne Efcriturario como publicaõ as obras
feguintes que fe confervaõ M. S. no
Real Convento de Alcobaça.
Ethimologia nominum S. Scriptura. foi.
Glojfa in Evangelium Matthai. foi.
D. lULIO FRANCISCO DE OLI-
VEYRA. Naceo em a Cidade de Lisboa
a 12 de Abril de 1693. onde foy vir-
tuofamente educado por feus Pays An-
tónio Francifco de OUveira, e Lourença
Vieyra. Na tenra idade de quatorze an-
nos entrou a 16 de Julho de 1707. na
Congregação do Oratório de Lisboa pa-
leílra igualmente de fciencias que virtu-
des onde aprendidas as faculdades efcho-
laílicas as diftou com tanto credito do
feu nome, que mereceo fer venerado por
hum dos famozos Theologos do feu tem-
po. Foy admetido á Academia Real em
o anno de 1756. para efcrever as Me-
morias Hiíloricas delRey D. Joaõ o Ter-
ceiro. Attcndendo a Mageftade delRey
D. Joaõ o V. NoíTo Senhor às fuás
letras, que fe faziaõ mais eíHmaveis pela
exaéla obfervancia do feu Inílituto o no-
meou Bifpo do Funchal Capital da Ilha
da Madeira a 11 de Fevereiro de 1739.
fendo fagrado pelo Emminentiffimo Car-
dial Patriarcha de Lisboa D. Thomaz
de Almeyda em a Bafilica Patriarchal a
5 de Março de 1741. Antes que partif-
fe para efte Bifpado foy nomeado em
o de Vifeu onde exercita as obrigaçocns
paftoracs com igual 2clo do culto divi-
no, como compaffivo focorro da pobre-
za. Compoz
AllegaçaÕ Jurídica a favor da Congregação do
Oratório da Cidade de Usboa Occidental em re-
pojla a que mandarão fav^er, e imprimir os Reve-
rendos Prior, e Beneficiados da Igreja Parochiai
de faõ Nicolao fobre a controverfia, que movem à
mefma Congregação periendendo impedirlhe o com-
plemento da fua Cav^a, dividida em três partes
I. em que fe dá huma fincera noticia de todo o
faão que fe involve nefla controverfia. 1. em qu:
fe moflra a Jufiiça da Congregação. 3. em que fe
ref ponde á AllegaçaÕ feita a favor dos Reverendos
Prior, e Beneficiados. Lisboa por Bernardo da
Cofta ImpreíTor da Religião de Malta 1750.
foi.
Oração recitada no Paço a ^o de Abril de
1736. com que congratulou aos Académicos da
Academia Real pela eleição que fi^eraõ da fua
Pejfoa para feu Collega. Sahio na Collec. dos
Docum. da Academia Real do anno de 1736.
Lisboa por lozé António da Sylva ImpreíTor
da Acad. Real. 1736 4.
Confultas Moraes M. S. foi. Confer-
vaõ-fe na Congregação do Oratório de
Lisboa.
lULIO DE MELLO DE CASTRO.
Naceo em a Cidade de Goa Cabeça do
Império Oriental Portuguez em Setem-
bro de 1658. fendo filho de Antoni
de Mello de Caftro que pela qualidade
do nacimento, e valor de animo mere-
ceo o governo daquelle cftado, e D.
Anna Moniz filha de Júlio Moniz da
Sylva cujo nome fe lhe impoz em obzc-
quio de feu Avó materno. Dezejando
nos primeiros annos feguir os militares
veftigios de feus Mayores voltou para
o Reyno em companhia de feu Pa\,
e paíTando a Villaviçofa foy Tenente à\
Tropa do General feu Tio Diniz de
Mello de Caftro primeiro Conde das Gal-
vcas Confelheiro de Eftado, e Guerra, c
i
L USITAN A.
Governador das Armas da Provinda do
Alentejo o qual pelo efpaço de 28 an-
nos foy heróica teftemunha dos mais ce-
lebres fuceíTos em que no Tribunal da
Campanha fe difputava a liberdade defta
Monarchia. Reílituido à Corte fe embar-
cou com grande parte da nobreza na
famoza Armada que fe expedio no anno
de 1682. a Villa Franca de Niza para
conduzir ao Duque de Saboya cujo efeito
fe fruftrou por difpoíiçaõ de mais alta pro-
videncia. A delicadeza do juizo, e a afa-
bilidade do génio de que prodigamente o
ornou a natureza lhe conciliarão as eítima-
çoens das primeiras PeíToas aíTim na quali-
dade como na erudição. Naõ houve Aca-
demia do feu tempo que com ambidofa
emulação o naõ pertendefle para feu Col-
lega. Na Injiantanea inítítuida em Caza do
Bifpo do Porto Femaõ Corrêa de Lacerda
onde fe propunhaõ matérias fem eftudo an-
tecedente, difcorria taõ folidamente como
fe fora por muito tempo meditado o feu
difcurfo. Em a dos Generofos renadda no
anno de 1684. em Caza de D. António
Alvares da Cunha, e renovada por feus
filhos, D. Pedro, e D. Luiz da Cunha em
1695. foy ouvido com geral aplauzo prin-
dpalmente quando ocupou o lugar de Pre-
fidente. Naõ adquirio menor aclamação
fendo Meftre, e Lente na Academia Portu-
^\a renovada em o anno de 171 7. em
o Palácio do Excellentiflimo Conde da Eri-
ceira D. Francifco Xavier de Menezes onde
com elegante fraze, e agudos penfamen-
tos efcrevia os Elogios dos Varoens Por-
tuguezes. Em a dos Anonymos, e Illujirados
collocou o feu nome entre os Principes da
Oratória, e Poética até fer numerado entre
os íincoenta Académicos da Academia Real
Porfuguet(a. no anno de 1720. para efcrever
as Memorias Hiftoricas dos Monarchas San-
cho I. e Aífonfo 2. dos quais era ded-
mo fexto neto. Na poezia Caftelhana, e
Portugueza excedeo aos mais celebres cul-
tores do Parnazo; com prodigiofa fecun-
didade produzia a fua Mufa conceitos agu-
dos, penfamentos difcretos, ideas novas em
cuja metrificação eraõ taõ cadentes as vo-
zes que moftrava ter por Meftra a na-
tureza, e naõ a Arte. Igual foy o feu
talento para a Hiíloria efcrevendo a de
feu grande Tio o primeiro Conde das
Galveas com tanta eleganda que igxialou
a valentia da fua penna à da efpada da-
quelle Heroe. Como Varaõ confiante to-
lerou por todo o efpaço da fua vida
a falta dos bens da fortuna fendo taõ
abundante dos dotes da graça até que
provada a fua paciência com huma di-
latada, e penofa infermidade falleceo a
19 de Feverdro de 1721. quando con-
tava 63 annos de idade. A' fua faudofa
memoria fe dedicarão dous Elogios fen-
do o primeiro recitado a 20 de Feverei-
ro na Academia Portugueza pelo Excd-
lentiflimo Conde da Ericeira D. Francifco
Xavier de Menezes; e o fegimdo a 4
de Março na Academia Real por meu
Irmaõ D. lozè Barboza Qerigo Regular
Académico do numero, e Chroniíla da Se-
reniíTima Caza de Bragança. Compoz
Romance à imagem de Santo Thomat^^ de
vulto que veyo de Valença com a Santa Re/iquia.
Começa
Tan vivo ejiàsj que parece
Sahio nos Acroamas Panegyricos com que
a Santa Cathedral l^eja de Coimbra receheo, vene-
rou, e aplaudio a Sagrada Re/iquia de Santo Tho-
ma^ de Villanova. Coimbra por lozè Ferreira
ImpreíTor da Univeríidade 1690. 4. a pag. 134.
Romance 'Ejtdecajyllaho em aplaudo de Níanoel
de Sou^a Moreira author do Theatro Geneal. da
Cat(a de Sott^a. Sahio ao principio defta obra.
Vida de Lj/it^ do Couto Félix Guarda mór
da Torre do Tombo. Sahio ao principio do
Tácito Portugue^ do mefmo Luiz de Couto.
Lisboa na Officina Deslandeíiana 171 5. 4.
Romance Endecafjllabo fendo AíTumpto
Martim de Freytas fallando com o Ca-
dáver delRey D. Sancho IL de Portu-
gal. Sahio a pag. 231. dos Progrejfos
Académicos dos Anonymos de Usboa. Lisboa
por lozè Lopes Ferrdra 171 8. 4.
Hijloria Panegyrica da Vida de Dini^
de Mello primeiro Conde das Galveas do
Confelho de EJlado, e guerra dos Serenif-
Jimos Reys D. Pedro II. e D. Joaõ V.
Lisboa por lozè Manefcal ImpreíTor da
Sereniírmia Caza de Bragança 1721. foi.
924
BIB LIO THE CA
& ibi por António Duarte Pimenta.
1745. 4.
Romance Heróico em que fe defcreve em dous
mil Verfos a vida de Maria Santifllma. M. S.
EJogíos, e Difcurfos Vários recitados cm
diverfas Academias, como grande copia de
Verfos Ijjfricos, e heróicos. M. S.
D. IZABEL Infanta de Portugal fi-
lha de D. Jayme único do nome IV.
Duque de Bragança, e de fua primeira
conforte D. Leonor de Mendoça foy or-
nada de todos aquelles excellentes dotes,
que fem o coroado efplendor da origem
fe conílituem Heroinas no Templo da
immortalidade. A fermofura do corpo
correfpondeo à Santidade do efpirito fendo
compaíTiva para os pobres, religiofa para
Deos, nas açoens prudente, no juizo dif-
creta, e na converfaçaõ afável. Foy def-
pozada com o Infante D. Duarte filho dos
SereniíTimos Monarchas D. Manoel, e
D. Maria cujo auguílo conforcio fe
celebrou em Villaviçofa a 23 de Abril
de 1537. de que foraõ gloriofos frutos
a Senhora D. Maria nacida a 8 de De-
zembro de 1538. que cazando em o
anno de 1365. com o famofo Alexandre
Farnefi terceiro Duque de Parma, e Pla-
cencia. Governador de Flandes, e Caval-
leiro do Tuzaõ de quem teve larga def-
cendencia paíTou piamente a coroarfe no
Impirio a 8 de Julho de 1577. A Se-
nhora D. Catherina que nacendo a 18
de Janeiro de 1540. cazou com feu Pri-
mo com irmaõ D. Joaõ I, do nome, e
VI. Duque de Bragança a qual foy Opo-
fitora à G)roa deíla Monarchia contra a
ambição de Filipe Prudente. O Senhor
D. Duarte Duque de Guimaraens, e Con-
deílavel de Portugal, que morreo em Évo-
ra a 28 de Novembro de 1576. Cumu-
lada de virtuofas obras falleceo a Infanta
D. Izabel em Villaviçofa a 16 de Setem-
bro de 1576. Jaz fepultada no Seráfico
Convento das Chagas defta Villa com o
feguinte epitáfio gravado na fepultura.
Aqtd já:(^ a Senhora Infanta D. Ii^abel mtdher
do Infante D. Duarte filha do Duque D. Jayme,
que pela muita devoçaõ que teve a efla Ca!(a fe
mandou aqui lançar Anno M. D. L.XXVI.
Foy muito aplicada à liçaõ dos livros princi-
palmente Afceticos, e Efcriturarios de cuja
aplicação fe feguio efcrever com madura
reflexão.
Nottas aos Evangelhos que fe lem nas Domin-
gas Feflas, e outros dias do Anno. foi. 2. Tom.
Eíla obra efcrita da própria maõ da Infanta
fe conferva na Bibliotheca real cm cujo fim
eílà o feguinte teftemunho que canoniza a fua
legalidade. Certifico eu o Doutor Manoel do
Valle de Moura Deputado do Santo Officio que
entre os livros ef cri tos de maÕ, e papeis que S. A.
a Senhora D. Catherina que Santa gloria haja
dos feus efcritorios me entregou para rever por
comiffao do Senhor Alexandre feu filho, fen-
do Inquifidor môr deftes Reynos, e eu feu
Meflre, e Criado, me entregou efte livro, e
outro da mefma letra, e me diffe que am-
bos foraõ da Senhora Infanta D. lí^abel fua
Mãy, e eraõ de fua letra, e maÕ própria.
Os quais livros eu revi entaõ, e agora, e naõ
acho nelles com^a que ofenda a fé, ou bons
cufiumes, antes os tenho por diffios de naÕ
ficarem fepultados no efquecimento, e fahirem
ao publico por qualquer meyo, que julgar
quem milhor voto tiver, porque no meu re-
fulta delles prova clara de erudição, efpi-
rito, e grande Santidade defia Senhora, e
hum exemplo heróico da fua piedade para
das outras Senhoras da fua eminência, e in-
feriores humas o imitarem, outras o admira-
rem, e todos darem por elle gloria a Deos
que he Pater luminum de quem decem efies
dons perfeitos. Évora 24 de Agofto de 1635.
Manoel de Valle de Moura
D. IZABEL DE CASTRO, E AN-
DRADE filha herdeira de Álvaro Perez
de Andrade defcendente legitimo dos Con-
des de Andrade, e Vilhalua em Galiza,
Commendador de Torres Vedras, e Se-
nhor do morgado da Annunciada de
Lisboa, e Padroeiro da Capella mòi dcf-
te Convento; e de D. Guiomar Hcn-
riquez filha de D. Manoel Pereira III.
Conde da Feira, e de fua fegunda mu-
lher D. Francifca Henriques. A graça
L USITAN A.
925
cm competência da natureza a ornou de
cfpiíito fublime, entendimento perfpicàz,
memoria feliz, natural benevolência, e dif-
criçaõ fumma. Das fciendas feveras teve
taõ profunda inftruçaõ que defendeo G^n-
duzoens de Filofofia, e Theologia em o
Convento de Santo António do Varatojo.
Na Poeíia mereceo lugar deftinto entre o
Coro das Mufas fendo os feus verfos
conceituofos, cadentes, e elegantes. Foy
cazada com D. Fernando de Menezes 4.
Senhor do Louriçal Capitão General de
Tias os montes do Confelho delRey, e
Commendador de Santa Chriftina de Sar-
zedello na Ordem de Chrifto, de quem
teve quando já contava 54 annos de idade
a D. Henrique de Menezes V. Senhor do
Louriçal que alcançou naõ pequena gloria
na Reftauraçaõ da Bahia; e a D. Maria de
Caibro que cazou com D. Joaõ de Menezes
Alferez mòr do Reyno. Falleceo em Lis-
lx>a no anno de 1595. e eílá fepultada na
Capella mòr do Convento da Annunciada
jazigo da fua illuílre Caza. Das fuás obras
poéticas fe podia formar hum volume,
dos quais fe fizeraõ unicamente públicos
dous Sonetos, hum em aplauzo de Alonfo
de Erzila author do Poema Aratuana dedi-
cado ao Conde de Lemos, e Andrada
parente de D. Izabel de Caífaro, e naquelle
tempo Embaxador em Portugal, cujo So-
neto tranfcreveo Manoel de Faria, e Souza
no Comment. do Sonet. 95 . de Camoens.
Tom. I. p. 181. e tanto o louva que
diz parecerlhe produção da penna defte
divino Poeta. O outro Soneto fahio im-
preíío na Part. 5. Uv. 3. cap. 14. da Hijl.
Seraf. da Prov. de Portug. efcrita por Fr.
Fernando da Soledade o qual para fe co-
nhecer o efpirito poético delia Heroina fe
tranfcreve nefte lugar. O argumento do
Soneto era eílar convertido o forno de
cal que fervio para as obras do Convento
de Varatojo em himia Capella dedicada a
Chrifto Crucificado, e ainda no anno de
1590. fe lia fobre o frontifpicio gravado.
Cheyo de furiofa fiam ma ardente,
A. dura pedra fendo aqui lanhada.
Em pó miúdo, e brando transformada
Nejle forno jã fqy antigamente.
Outra transformação mais excelknte
Por mais fuave flamma hejá aqui dada.
Antes a duras pedras cujlumada
Agora a Coraçoens de dura gente.
Edificios na terra entaô fa:(ia
Edifícios no Ceo levanta agora.
Vede a transformação daquelle efeitoX
Pajfou de noyte efcura a claro dia.
Com taõ ff-ande ventagem fe melhora
Que entaõ abrandou pedras, boje o peito.
O Padre António dos Reys Enthufiafm. Poet.
n. 277. a aplaude com eftas expreíToens mé-
tricas.
Elifabeth ctgus, vel dum Camonius Orbem
Adfe vertebat ftupefaãum, pleãra fuere
Affcultata: dolet Pbabus, I^íufaque Sorores
Pauca, quod è tantis fuperejfent Carmina, tem-
pus
Accufantque vorax, nec non oblivia noflra,
Qua rodenda feris tineis totfcripta dederunt.
D. IZABEL CORRÊA igualmente inf-
truida na intelligencia das linguas mais
polidas da Europa, como verfada em to-
das as Artes liberaes. Na Gdade de
Amfterdaõ onde afliítío a mayor parte da
fua vida inílituyo em Caza huma Aca-
demia, que era frequentada dos mais eru-
ditos engenhos de hum, e outro fexo
onde fe altercavaõ queftoens deleitáveis,
e judidoías. Publicou o infigne Poema
de Baptiíla Guarino com eíle titulo.
El Pafior Eido tradut(ido de Italiano
en Metro Efpanbol y illuflrado com refle-
xiones. Amílerdam por Juan Raveniiein
1694. 8.
Ao feu fublime talento, do qual bre-
vemente fe lembra o author do Tbeatr.
Heroin. Tom. i. p. 337. lhe fez eíle elo-
gio métrico o Padre António dos Reys
Entbuf. Poet. n. 282.
ítala Paflorem Fidum Corrêa vetabat
Dulcia verba loqui, tradens mjfleria lingua
Hifpana, duplicem fanâiflima jura per orbem
Dantis: odora comas neãebat laurea; plectro
Dextera Tbreiciam citbaram pulfabat ebumo:
Quà tamen in Sacri ft Montis fede lo-
canda.
926
Non bene cum Im/is Ho l landis convém t: ijli
Conviãum objichmt per têmpora longa, fui/que
Proin jungendam contendunt Vatibus: illi
Deberi L^yjia jam grandia verba crepantem,
QuíB Lm/os inter balbas dedit ore loqudlas,
Difficilesque Jonos meliori jttre reponunt.
Sor IZABEL DA MADRE DE DEOS
Abbadefa do Seráfico Mofteiro de Santa
Qara da Qdade do Funchal na Ilha da
Madeira taõ obfervante do feu Inílituto,
como deligente obfervadora das açoens
memoráveis das fuás companheiras, ef-
crevendo
KelaçaÕ Summaria de varias Keligiojas
que floreceraÕ em virtudes no Convento de
Santa Clara da Cidade do Funchal. Deíla
obra, como da Authora faz mençaõ Fr.
Fernando da Soled. Hijl. Seraf. da Prov.
de Portug. Part. 3. addicionad. n. 952.
IZABEL MARIA DE S. lOZE' na-
ceo na Villa de Olivença Praça de Ar-
mas da Província do Alentejo a 8 de
Abril de 1647. e na Parochia de Nofla
Senhora do Caftello recebeo a primeira
graça a 15 do dito mez. Teve por Pays
a Manoel Gomez Sardinha Capitão de
Cavallos, e Maria Nunes. Defde os pri-
meiros annos cultivou as virtudes fazen-
do nelles mayores progreflbs quando vef-
tio o habito de Terceira na Ordem de
S. Domingos. Falleceo piamente a 31 de
Mayo de 1701. Compoz.
Memorias dafua Vida. M. S.
Das quais efcritas da fua própria maõ
conferva huma parte o Padre Prezenta-
do Fr. Agoftinho de S. Boaventura da
Ordem dos Pregadores. No Tom. VI.
do Agiolog. Domin. fahirá largamente def-
crita a fua Vida pela penna do P. Fr.
lozé da Natividade Dominico continua-
dor daquella grande Obra.
BIBLIO THE CA
D. IZABEL SENHORINHA DA SYL-
VA irmaã de Soror Maria do Ceo Religiofa
cm o Seráfico convento da Efperança defta
Corte da qual fe fará illuftre memoria em feu
lugar, naceo em Lisboa fendo filha de António
Deça de Caftro, e naõ António de Sà como
modernamente efcreveo o author do Theatr.
Heroin. Tom. 2. pag. 499. e de D. Cathcrina
de Távora filha terceira de D. Antaõ de
Almada Senhor do Pombalinho, c dos la-
gares delRey, Embaxador extraordinário á
Corte de Inglaterra, e de D. Izabel da
Sylva. Foy muito inclinada à liçaõ dos
livros donde o feu penetrante juizo, c
natural difcriçaõ colheo as flores com
que ornou as fuás compoziçocns aíTim
Poéticas, como Hiíloricas meiecendo entre
ellas a primazia.
Comedia de Santa Iria.
JEJlrella errante
Noutes do Sol.
Obras de Mifericordia.
Foy cazada com Diogo Luiz Ribeiro
Soares Tenente General da Cavallaria da Corte»
General de batalha, e Tenente General da
Artilharia do Reyno, Confelheiro de Guerra
Commendador das Commendas de Santa.
Maria de Azave, e de Santa Maria de Monte
Alegre da Ordem de Chriílo de quem teve a
Joachim Manoel Ribeiro Soares que cazou
com D. Thereza Barbara de Menezes Dama
da SereniíTima Rainha D. Mariana de Auífaia
filha de D. Luiz Balthezar da Sylveira feu
Vedor, c de D. Luiza Bernarda de Menezes
irmaã do II. Marquez das Minas: e a
D. Maria Catherina de Távora cazada com
feu Primo com irmaõ Manoel Lobo da
Sylv^a Commendador de Santa Maria de
Moncorvo, e de S. Tiago de Adeganha
da Ordem de Chrifto, Coronel da Caval-
laria, Brigadeiro na Provinda do Alentejo,
e General de Batalha de quem teve fu-
ceííaò.
F I M.
ERRATAS EMENDADAS
P Ag. 8. col.
I. reg. 27.
profeíTo
profeffou
1 pag. i6. <
;ol. 2. reg. 22.
Defralfos
Dejcaljas
pag. 58. col.
I. reg.
33-
Qtiidem
Quidam
pag. 75. col.
2
reg.
40.
MONTALVO
MONTALTO
pag. 88. col.
reg.
45-
Sonorum
Sororum
pag. 155. col.
reg.
9-
Officico
Officio
pag. 138. col.
2
reg.
48.
Louvalmente
Ijouvavelmente
pag. 147. col.
reg.
44.
1620.
1720.
pag. 155. col.
reg.
9-
Horeem
Heroiim
pag. 182. col.
I
reg.
26.
Reliofa
Keligiofa
pag. 205. col.
reg.
29-
feverofo
fervorofo
pag. 209. col.
reg.
53.
pela materna
pela parte materna
pag. 232. col.
2
. reg.
25-
Carmana
Carmina
pag. 262. col.
reg.
13-
acompaheíTe
acompanhaffe
pag. 314. col.
reg.
31-
Vilhancios
Vilbancicos
pag. 337. col.
2
reg.
26.
efpedo
a/peão
pag. 343. col.
reg.
18.
piedade
piedade os Sacramentos
pag. 360. col.
reg.
16.
caTiamtos
ca/amentos
pag. 365. col.
2
reg.
17.
Petrum
Patrum
pag. 389. col.
2
reg.
24.
publicou
jíihilou
pag. 389. col.
2
reg.
37-
conrmaticne
confirmatione
pag. 392. col.
I
reg.
28.
Idalcal
Idalcaò
pag. 421. col.
I
• reg.
21.
exçaõ
exaçaõ
pag. 491. col.
I
• rcg.
29.
três
terceira
pag. 524. col.
I
reg.
28.
Inftituta
Inftituta
pag. 541. col.
2
reg.
II.
Baltheza
Baltheí(ar
pag. 541. col.
2
reg.
48.
>•
fua
pag. 543. col.
I
reg.
26.
fupendia
fufpendia
pag. 607. col.
I
reg.
3-
Torre
Terre.
pag. 636. col.
2
reg.
8.
idode
idade
pag. 656. col.
I
reg.
10.
parculari
particulari.
pag. 657. col.
2
reg.
12.
Tbeofitis
Theodofeus
pag. 674. col.
2
reg.
17.
natoveis
notáveis
pag. 675. col.
I
reg.
41.
Celeftia
Cekftial
pag. 728. col.
2
reg.
38.
cujo
cuja
pag. 751. col.
2
reg.
38.
Hipanos
Hifpanos
pag. 760. col.
I
reg.
5-
Erimitaa
Erimitica
pag. 773. col.
I
reg.
49-
Lobo
Lopo
pag. 784. col.
2
reg.
27-
Komona
Romano
pag. 805. col.
I
reg.
53-
Magdalela
Aíagda/ena
pag. 816. col.
I
reg.
26.
tirpinar
tirpar
pag, 821. col.
I
reg.
52-
adeira
Cadeira
pag. 824. col.
I
reg.
20.
1743,
1734-
pag. 830. col.
2
reg.
22.
Corocel
Coronel
pag. 837. col.
I
reg.
16.
Lugares
luigares
pag. 860. col.
2
reg.
7-
Emminentijpmo
Excellentijftmo
pag. 869. col.
I
reg.
51-
Providencia
Provinda
pag. 874. col.
I
reg.
49-
eftava
efteve
pag. 897. col.
I
reg.
36.
Sermoens
Sermão
pag. 902. col.
I
reg.
46.
agmentou
augmentou
pag. 906. col.
2
reg.
31.
Cartola
Carlota
ESTA NOVA EDIÇÃO DA BIBUOTOECA LUSITANA, CORRECTA
REPRODUÇÃO DA EDIÇAO ePRINCEPS». FOI REVISTA POR
M. LOPES DE ALMEIDA, DIRECTOR DA BIBUOTECA GERAL
DA U>aVERSIDADE DE COIMBRA. FIZERAM-SE TODAS AS
EMENDAS PROPOSTAS PELO AUTOR, E AQUELAS QUE NO
DECORRER DA REVISAO SURGIRAM COMO ERROS TIPOGRA-
nCOS. FOI COMPOSTA E IMPRESSA NAS OFICINAS GRAFICAS
DA «ATLÂNTIDA EDITORA», EM COIMBRA. NA RUA
COMBATENTES DA GRANDE GUERRA, 67, SOB A DIREC-
ÇÃO DO MESTRE-TIPÓGRAFO JOSÉ ABRANTES MACHADO
E ACABOU DE SE IMPRIMIR FJrf 18 DE FEVEREIRO DE 1966,
DIA DE S. TEOTÓNIO, l.» PRIOR DO MOSTEIRO DE SANTA
CRUZ DE COIMBRA-
o
f
BNDING SECT. SÈPZIWB
z
2722
B233
17^1
t.2
Barbosa Machado, Diogo
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