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Full text of "Bibliotheca lusitana historica, critica, e cronologica. Na qual se comprehende a noticia dos authores portuguezes, e das obras, que compuseraõ desde o tempo da promulgação da Ley da Graça até o tempo prezente"

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BIBLIOTHECA 

LUSITANA 


^it 


Desta  edição  fe^-se  uma  tiragem  especial  de  loo  exem- 
plares, em  papel  Registo  120,  numerados  e  rubricados 
por  Manuel  Lopes  de  Almeida. 


BIBLIOTHECA 

LUSITANA 

Hiítorica ,  Critica ,  e  Cronológica. 

NA  QUAL  SE  COMPREHENDE  A  NOTICIA  DOS  AU 

tKoresí*ortuguc2cs ,  e  das  Obras ,  que  compuzcraõ  defdc  o  tempo 
da  promulgação  da  Ley  da  Graça  acé  o  tempo  prczcnic 
OFFERECIDA 
AO  EXCELLENTISSIMO,  E  REVERENDÍSSIMO  SENHOR, 

D.  Fr.  J  O  Z  E 

MARIA  DA  FONCECAj  E  E^ORA 

Bifpo  do  Pcrfo  dú  Confclho  de  Sha  Ma^ejlâdc. 

DIOGO  BARBOSA 

MACHADO 

Vtylpponenfe  jíbbade  RefervatArio   da  Pdrochial  Igreja  de  Sar.to  Jdrhodit 
Sever ,  e  Académico  do  Numero  da  Academia  KeaL 


TOMOU. 


LISBOA: 

Na  Ofíidna  deIGNACIO   RODRIGUES. 


Asno  de  M.  D.  CC..XLVII. 

Com  todâs  as  licenças  ntcejfarias.» 


f  I 


aXlntim  tíiiitUh ttnnl^mr t^iu *m tt^J^  ^^ 


EXCELLENTISSIMO,   E   REVERENDÍSSIMO 
SENHOR. 


EBJ^ITAME  V.  Excel/ema  que  com  o  mais  reverente  culto 
conjagre  ao  Jeu  grande  Nome  o  Jegundo  Tomo  da  Bibliotheca  'Lufttana  jelij mente  elevada 
ao  Apogeo  da  major  gloria  quando  o  venera  collocado  entre  a  litteraria  clajje  dos  Jeus 


EJcritores  diftinguindo  Je  entre  elles  com  aquella  preeminência  com  que  o  Sol  excede  na 
copia  das  lui^es  a  todos  os  Aftros,  e  a  todas  as  Aves  a  Águia  na  fuhlimidade  dos  voos.  Como 
poderá  V.  Excellencia  negar  a  Jua  benévola  proteção  a  Bibliotheca  Ljijitana  amplijfima 
Jcena  dos  ProfeJJores  de  todas  as  Faculdades  Je  V,  'Excellencia  por  indulto  da  Graça, 
e  da  Naturei^a  he  animada  Bibliotheca  de  todas  as  J ciências  amenas,  e  Jevéras,  divinas,  e 
humanas,  das  quais  elegeo  para  digno  theatro  aquella  Cidade  Sacerdotal,  Empório  do 
Chrijlianijmo,  que  como  Cabeça  do  Mundo  judiciojamente  penetrou  as  injignes  qualidades, 
e  Jcientificos  dotes  com  que  Je  ornava  o  Jublime  ejpirito  de  V,  Excellencia,  Perdeu  a  cele- 
brada antonomajia  de  Jubtil  o  Principe  da  EJcola  Seráfica  quando  na  Cadeira  primaria 
de  Theologia  Joy  interpretado  pela  penetrante  agude^^a  de  V.  Excellencia  conciliandolhe  o 
magijlerio  dejla  Sagrada  Vacuidade  tanto  aplaudo  que  ajfijlio  como  Theologo  no  Concilio 
Eateranenje  convocado  pela  Santidade  de  Benedião  XIIL  em  o  anno  de  1725.,  e  Jer 
eleito  para  Conjultor  das  mais  doutas  Purpuras  do  Collegio  Apojlolico  quais  eraô  os  Car- 
diaes  Co:(j(a,  Pipia,  e  Tolomei  Oráculos  das  Familias  Francijcana,  Dominica,  e  lejuitica. 
Kenaceo  a  nova  vida  multiplicada  em  iS  corpos  o  doutijjimo  Hijloriador  Fr.  Lucas  Vvadingo 
pela  magnifica  idea,  e  generojo  dijpendio  de  V.  Excellencia  mandando  naõjomente  reimpri- 
mir em  Jorma  mais  elegante  os  Annaes  daquelle  grande  EJcritor  com  eloquentijfimas  Dedi- 
catórias aos  Oráculos  do  Vaticano  Clemente  XII .  e  Benedião  XIV.  em  que  Je  admiraõ 
unidas  a  pure:(a,  e  magejlade  da  lingua  Eatina  da  qual  he  V.  Excellencia  objervantijfimo 
cultor,  mas  para  complemento  de  taõ  vajla  obra  lhe  Jev(^  V.  Excellencia  novos  Suplementos 
imitando  com  tanta  exaçaõ  o  ejlilo  daquelle  erudito  Annalijla,  que  Je  Jora  verdadeira  a 
Metempjycofts  Pythagorica  poderia  crerje  que  a  penna  de  V.  Excellencia  Je  animava  com 
ojeu  ejpirito.  Admirou  Koma  Solar  dos  mais  Jagaces  EJladiJlas  a  Politica  de  V.  Excel- 
lencia regulada  pelos  diãames  do  Evangelho,  e  naõ  pelos  AJoriJmos  de  Tácito  com  que 
tratou  os  mais  graves  negócios  das  Coroas  de  França,  Hejpanha,  Sardenha,  e  Polónia 
merecendo  em  remuneração  de  taõ  altas  incumbências  Jer  eleito  Conjelheiro  Ecclejiajlico  da 
Magejlade  Cejarea  de  Carlos  VI.  e  delRey  de  Sardenha,  e  Plenipotenciário  de  Portugal 
em  a  Cúria  Romana.  Entre  a  Jeveridade  dos  ejludos  majores  nunca  deixou  o  Jeujecundo 
engenho  de  cultivar  os  bojques  do  ParnaJJo,  e  colher  as  flores  do  Pindo  exercitando  com 
taõ  mageJlo:(a  elegância  os  preceitos  da  Oratória  que  ao  mejmo  tempo  que  rejucitou  a  memo- 
ria de  Tullio  lhe  diminuio  a  mayor  parte  da  Jua  Jama.  Naõ  houve  Academia  celebre  que 
com  judicioja  emulação  naõ  pertendejje  a  V.  Excellencia  por  Jeu  Collega  Jendo  Principe 
da  Etrujca,  ejucejjor  do  Cardial  Albani,  e  de  V.  Excellencia  o  Principe  real  de  Polónia; 
Cenjor  da  Ecclefiajlica  da  Sapiência  de  Koma,  alumno  da  dos  Árcades  com  o  nome  de 
Garafto,  da  Injecunda,  e  ultimamente  da  Real  da  Hijloria  Portuguesa  em  cujas  litera- 


rias  Ajjembleas  foy  ouvido  como  Oráculo,  e  rejpeitado  por  Erário  de  toda  a  Filologia, 
Os  augmentos  mifieriojamente  augurados  em  o  nome  de  V.  Rxcellencia  naõ fomente  Je  admi- 
rarão cumpridos  em  tantos  lugares  honor ificos  literários,  politicos,  e  religiojos  a  que  Jubio 
pelo  ] eu  incomparável  merecimento,  e  naÕ  pela  cega  liberalidade  da  fortuna,  mas  os  parti- 
cipou com  generoja  profujaõ  ao  jeli^  berço  onde  naceo  para  a  vida  regular  primeiro  Movei 
do  Orbe  Seráfico,  J agrado  centro  da  immenja  circumferencia  da  Familia  Francijcana  o 
Convento  de  Ara  Cali  taõ  venerável  por  Jua  antiguidade  como  porjeus  habitadores  ornando 
&  a  Jua  Bibliotheca  com  fincoenta  mil  volumes  que  como  tantos  Afiros  collocados  nos  Epicyclos 
das  EJlantes  primorojamente  fabricadas  efiaô  perpetuamente  comunicando  eruditos  influ- 
xos a  todos  que  conte mplaõ  os  Jeus  A] peão s,  Naõ  ignoro  que  dejle  profujo  donativo  teve 
V.  Excellencia  por  exemplares  os  Principes  da  lerarchia  Ecclejiajlica  profejjores  do 
Inftituto  Seráfico  como  foraõ  os  S um  mos  Pontifices  Xifto  IV.  e  V,  ampliando  a  Biblio- 
theca Vaticana;  o  Emminentiflimo  Cardial  Cijneros,  e  os  IlluJlriJJimos  D.  Fr.  Pedro 
Gonçalves  Arcebijpo  de  Granada,  e  D.  Fr.  Francijco  Gonzaga  Bijpo  de  Mantua,  que 
com  louvável  gratidão  aos  Conventos  onde  Je  adoptarão  por  filhos  do  Serafim  humano  con- 
tribuirão com  copiojos  legados  para  augmento  das  Juas  livrarias,  porem  V.  Excellencia 
devendolhe  a  idea  os  excedeo  em  o  numero  capa^  deformar  muitas  Bibliothecas.  Do  vigilante 
cuidado  que  Y.  Excellencia  aplicou  para  augmento  da  Bibliotheca  Seráfica  ejpera  firme- 
mente a  Eufitana  protegida  com  os  Jeus  benéficos  aujpicios  Je  dilate  ajama  de  tantos  EJcri- 
tores  invulnerável  aos  golpes  da  critica  menos  Judicioja,  e  innacejfivel  aos  tiros  da  morda- 
cidade mais  petulante.  Go^  V.  Excellencia  a  dignidade  Epijcopal  dejja  grande  Dioceje 
Jantificada  com  as  heróicas  virtudes  dos  Bafileos,  e  Sylveftres,  e  ennobrecida  com  as  pro- 
fundas letras  dos  Sylvas,  Cunhas,  e  Almeydas  Jeus  gloriojos  predecefjores  pela  arithme- 
tica  dos  meus  votos,  que  ardentemente  Juplicaõ  ao  Author  da  vida  numere  os  annos  por  Jeculos 
de  Jelicidades,  e  Je  immortali^^em  as  Juas  virtudes  pafioraes  nos  Sagrados  Fajlos  da  Igreja. 


Diogo  Barboza  Machado. 


vc^. 


BIBLIOTHECA 

U   S   I   T  A  N  A 


ABIAM  DA  MOTA 
Natural  do  lugar  do  Bom- 
barral, termo  da  Villa  de 
Óbidos  do  Patriarchado 
de  Lisboa,  taõ  nobre  por 
nacimento,  como  pelas 
acçoens  militares,  que 
obrou  em  o  Oriente,  para 
onde  partio  com  o  Vice- 
Rey  daqueUe  Eílado  D.  Garcia  de  Noronha, 
em  o  anno  de  1538.  Pela  larga  aíTiftencia,  que 
fez  na  índia  já  exercitando  o  lugar  de  Juiz 
da  Alfandega  de  Goa;  já  achando-fe  em  di- 
verfas  emprezas  militares,  em  que  adqiiirio 
immortal  gloria  ao  feu  nome,  efcreveo 

Hijloria  da  Índia  em  que  fe  relataõ  as  acçoens 
do  VíceRey  D.  Garcia  de  Noronha,  ate  o  go- 
verno de  Francijco  Barreto  4.  M.  S.  cujo  ori- 


ginal confervava  Pedro  Rodrigues  Pereira, 
morador  na  Villa  da  Lourinhãa.  Do  Author, 
e  da  obra  fazem  mençaõ  o  Licenciado  Jorge 
Cardozo  nas  Memorias  para  a  Bib.  Portug. 
Francifco  Galvaõ  Maldonado  na  Bib.  L/ifit. 
AI.  S.eo  moderno  addicionador  da  Bib.  Orient. 
de  Ant.   de  L£aÕ.   Tom.    i.   Tit.   3.   col.   60. 

FABIAM  PACHECO,  iníigne  Medico, 
e  igualmente  perito  Anatómico,  compoz  com 
fumma  inveftigaçaõ 

Traãatus  de  Anatome  M.  S. 
O  qual  fe  confervava  na  Livraria  do  Dou- 
tor Manoel  Alvares  Brandão,  celebre  profef- 
for  da  Arte  Medica. 

Fr.  FAUSTINO  DA  GRAÇA.  Na- 
ceo   na   Gdade   de   Goa,    Capital   do   Impe- 


BIB  LIO  THE  CA 


rio  Afiatico  Portuguez,  aonde  recebeo  o 
habito  da  Sagrada  Ordem  dos  Eremitas 
de  Santo  Agoftinho,  e  de  tal  modo  fe  dif- 
tinguio  dos  feus  domeílicos  em  a  cul- 
tura das  letras,  e  obfervancia  dos  preceitos 
do  feu  Inílituto,  que  exercitou  louvavel- 
mente os  lugares  de  Secretario,  e  Diffinidor 
da  fua  Congregação,  e  ultimamente  foy 
Confeflbr  das  Religiofas  do  exemplar  Con- 
vento   de    Santa    Mónica    de    Goa.     Efcre- 


veo 


Manual  de  devoçoens  para  a  menhãa  atl  a 
noite;  para  antes,  e  depois  da  Oração,  e  di:(er 
Miffa.  Lisboa  por  António  Pedrofo  Galraõ 
1728.  24. 

Efpelbo  devoto  de  Oraçoens  para  todo  o  dia  : 
no  fim  fe  bufcarà  o  áureo  numero,  a  Epa£{a,  letra 
Dominical,  e  as  Feflas  moveis  de  cada  anno.  Lis- 
í)oa  pelo  dito  ImpreíTor.  1734.  52. 

Ceremonial  Alphabetico  do  culto  Divino,  Mif- 

fas,  e  Prociffoens,  Bençoens;  taõbem  dos  de  ff  eitos, 

que  occorrem  na  celebração  do  Santo  Sacrifício  da 

Miffa.      Lisboa     na     Oííicina     Rita-CaíTiana. 

1736.  16. 

Brevilogio  das  noticias  das  cout(as,  e  dos  fojei- 
tos  da  Congregação  da  índia  dos  Eremitas  de  Santo 
Agoflinho.  Aí.  S.  8.  coníla  de  180.  folhas, 
conferva-fe  na  Livraria  do  Convento  de  NoíTa 
Senhora  da  Graça  defta  Corte. 

Officio  próprio  com  Outavario  de  N.  S.  com 
o  titulo  da  Graça.  Aí.  S. 

Calendário  perpetuo,  que  fe  rege  por  cinco 
números  difpoflos  com  grande  arte,  e  fumma  cttrio- 
fidade  para  u/o  dos  Keligiofos  de  Santo  Agofli- 
nho. Aí.  S. 


Fr.  FAUSTINO  DA  MADRE  DE  DEOS 
natural  da  Villa  de  Ovar  do  Bifpado  do 
Porto,  chamado  no  Século  Fauftino  da 
Sylva,  filho  de  André  AiFonfo,  c  Guiomar 
Gonçalves.  Recebeo  o  habito  Seráfico  em 
o  Convento  de  S.  Francifco  de  Bragança 
a  8.  de  Fevereiro  de  161 3.  Foy  muito  eru- 
dito nas  letras  Sagradas,  e  profanas,  e  dos 
grandes  Oradores  Evangélicos  do  feu  tempo. 
Na  Religião  occupou  em  o  anno  de  1624. 
o  lugar  de  Guardião  do  Convento  de 
Santa  Cruz  da  Ilha  da  Madeira  quando 
fua    Cuftodia    era    fogeita    à    Provinda    de 


Portugal;  depois  foy  ConfeíTor  das  Religio- 
fas do  Mofteiro  de  Vai  de  Pereiras,  junto  de 
Ponte  de  Lima  no  anno  de  1630.  do  Mof- 
teiro de  Monchique  nos  fuburbios  da  Cidade 
do  Porto  em  1645.  e  de  Santa  Clara  de  Coim- 
bra em  1654.  e  em  todos  eftes  minifterios 
Religiofos  moftrou  a  fua  grande  prudência, 
e  virtude.  Delle  fazem  memoria  Fr.  Fer- 
nando da  Soled.  Hifl.  Seraf.  da  Prov.  de  Portug. 
Part.  3.  liv.  I.  cap.  21.  e  Fr.  Joan.  à  D.  Anton. 
Bib.  Francifc.  Tom.  i.  pag.  342.  col.  i.  Nicol. 
Anton.  Bib.  Hifpan.  pag.  277.  col.  i.  Com- 
poz. 

Primeira  parte  do  Florilégio  Efpiritual,  co- 
lhido da  doutrina  dos  Santos  Padres,  e  de  vários 
Doutores,  e  Mefires  de  ef piri  to  applicado  á  per- 
feição da  Vida  religiofa  fobre  o  Pfalmo  Beati 
immaculati  in  via  &c.  fegundo  a  expofiçaõ  do 
Doutor  Seráfico  Boaventura  fobre  o  mefmo  Pfalmo. 
Coimbra  por  Manoel  Dias  ImpreíTor  da  Uni- 
verfidade  1656.  4. 

Fr.  FAUSTINO  DO  REGO  natural 
da  Villa  de  Santa  Catherina,  fituada  nos 
Coutos  de  Alcobaça  em  o  PatriarchaHo 
de  Lisboa,  Monge  Ciftercienfe,  e  muito 
verfado  em  os  privilégios  da  fua  obfer- 
vantiffima  Congregação.  Efcreveo  cm  o 
anno  de  1525.  em  hum  grande  volume, 
que  fe  guarda  na  BibUotheca  do  Real  Con- 
vento de  Alcobaça,  as  obras  feguintes. 
M.  S. 

Comeffo  da  Ordem  Ciftercienfe. 

Fundação  de  Odivellas,  e  Ordem  de  Chriflo, 

Eflatutos  de  D.  Jorge  de  Mello  Funda- 
dor do  Mofleiro  de  Portale^e  para  o  bom  go- 
verno   das    Keligiofos   do    dito    Mofleiro. 

Regimento  de  como  fe  hade  ler  á  Mez^a 
nos  Domingos,  e  Feflas  do  Anuo. 

Fr.  FAUSTINO  DE  SANTA  ROSA 
naceo  a  24.  de  Fevereiro  de  1694.  em  o 
lugar  de  Loures  diftante  duas  legoas  de 
Lisboa,  onde  teve  por  pays  a  Joaõ  LuÍ2 
Bernardes,  c  Maria  da  Luz.  Eftudou  os 
rudimentos  Grãmaticacs,  c  as  letras  hu- 
manas no  Collegio  de  Santo  Antaõ  dos 
Padres  Jefuitas,  e  quando  contava  quin- 
ze   annos    recebeo    o    penitente    habito    de 


L  USITAN A, 


S.  Francifco  em  o  Real  Convento  de  Lif- 
boa  a  27.  de  Outubro  de  1709.  Aprendeo 
com  difvelo,  e  eníinou  com  applaufo  as 
fciencias  de  Filofoôa,  e  Theologia  em  que 
jubilou.  No  Capitulo  Geral  celebrado  em 
ValhadoUd  em  o  anno  de  1740.  preíidio 
a  humas  Conclufoens,  que  conftavaõ  de 
1223.  pontos  em  que  fe  ventila  vaõ  as 
mayores  diííiculdades  da  Theologia  Efpe- 
culativa,  e  Dogmática,  onde  brilhou  com 
exceíTo  a  fua  grande  Htteratura,  pela  qual 
mereceo  fer  Qualificador  do  Santo  Officio, 
Confultor  da  BuUa  da  Cruzada,  Commif- 
fario  Vifitador  Apoiiolico  da  Cuftodia  da 
Immaculada  Conceição  da  Ilha  de  S.  Mi- 
guel, ConfeíTor  do  Real  Convento  de  Santa 
Clara,  e  do  Convento  de  Santa  ANNA  am- 
bos   de    Lifboa.    Compoz 

Orbis  Philofophicus  in  quattuor  partes  di~ 
vifus.  M.  S.  foi.  He  hum  Curfo  de  Filo- 
fofia  completo. 

Hierufakm  Militantis  murus  inexpugna- 
bilis  dítodecim  ftmdamentis  Jlabilitus,  (&  Apof- 
tolicis  charaâeribus  firmatus  habens  fundamenta 
duodecim,  (ò"  in  ipjis  nomina  dmdecim  Apof- 
tolorum.  Apocalyp.  21.  v.  14.  Sive  Sjm- 
bolum  Apoflolicum  duodecim  Videi  arttculis 
Apofiolorum  artificio  fabricatnm,  d^c.  Eíle 
he  o  titulo  das  Conclufoens  defendidas  em 
ValhadoUd  no  Capitulo  Geral. 

Fr.  FAUSTINO  DE  TRANCOSO  na- 
tural da  Villa  de  feu  appellido  íituada  na 
Provinda  da  Beira.  Profeííou  o  inílituto 
Monachal  de  S.  Bernardo  no  Real  Con- 
vento de  Alcobaça,  onde  exercitou  por 
muitos  annos  o  miniiierio  de  Orador  Evan- 
gélico deixando  para  teílimunho  da  applica- 
çaõ  a  eíle  género  de  eítudo. 

Sermoens  em  as  Fejlividades  de  Chriflo,  Koffa 
I  Senhora,  e  Vários  Santos,  cujo  M.  S.  fe  con- 
'      ferva  na  Bibliotheca  de  Alcobaça. 

D.  FELICIANA  DE  MILAM  naceo 
na  Cidade  de  Lisboa  a  8.  de  Outubro  de 
1632.,  e  profeíTou  o  Sagrado  Inílituto  do 
i  Mellifluo  Doutor  S.  Bernardo  em  o  Real 
'  Convento  de  S.  Diniz  de  Odivellas.  Foy 
ornada  de  juizo  penetrante,  graça  natural, 
e   difcriçaõ   fublime.     Eternamente   fera   ce- 


lebrado o  feu  nome  pela  fentenciofa  agu- 
deza de  feus  apothemas,  que  fendo  repenti- 
nos pareciaõ  meditados  por  muito  tempo, 
ou  foílem  fobre  matérias  ferias,  ou  jocofas, 
dos  quaes  publicarão  grande  parte  Pedro  Jozè 
Supico  de  Moraes  Colkç.  Polit.  de  Apotb. 
Hv.  3.  pag.  215.  e  Damiaõ  de  Froes  Perim, 
aHás  Frey  Joaõ  de  Saõ  Pedro  no  Theatr.  He- 
roin.  Tom.  i.  pag.  376.  atè  382.  Naõ  foy 
menos  eítimavel  o  feu  talento  em  as  Cartas 
onde  retratou  a  mais  viva  imagem  do  feu 
efpirito  que  bem  merecido  (como  efcreve  o 
Author  do  Theatr.  Heroin.  pag.  375.)  o  bene- 
ficio da  eflampa  para  fe  confervar  com  a  memoria 
das  fuás  difcriçoens  os  partos  do  feu  fecundijjimo 
Jtà!(o.  Compoz  muitos  verfos  em  que  a  ele- 
gância competia  com  a  agudeza  merecendo 
a  fua  Mufa  fer  coroada  pelas  nove  do  Par- 
nafo.  Com  profunda  madureza  efcreveo 
hum  largo  Difcurfo  fobre  a  Exiflencia  da 
Pedra  Filofofal,  do  qual  fallando  Diogo  Ma- 
noel Ayres  de  Azevedo  no  Portug.  llluflr. 
pelo  fex.  Femin.  pag.  104.  n.  51.  affirma  que 
fó  elle  podia  qualificar  o  feu  elevado  juit^o.  Conhe- 
cendo que  era  chegada  a  ultima  hora  da  fua 
vida  fe  difpoz  catholicamente  com  fervorofos 
ados,  que  edificarão  a  toda  a  Communidade, 
que  lhe  aíTiília,  a  quem  recomendou  que  fobre 
a  fua  fepultura  fe  lhe  efcreveíTe  o  feguinte 
epitáfio,  que  tinha  compoílo  em  toda  a  fua 
vida. 

Aqui  faz  a  peccadora. 
Falleceo  no  anno  de   1705.  quando  contava 
fetenta  e  três  de  idade. 

FELICIANO  DE  ALMEIDA  natural  de 
Lisboa,  e  filho  de  Luiz  de  Almeida,  e  Maria  da 
Sylva.  Inftruido  nos  preceitos  da  lingua  La- 
tina fe  aplicou  ao  eftudo  da  Cirurgia,  em  que 
fahio  infigne  alcançando  mais  profunda  intelli- 
gencia  deíla  Arte  aíTim  na  Theorica,  como  na 
Pradtica,  quando  aíTiítio  no  Reyno  de  Ingla- 
terra, e  RepubUca  de  Olanda.  Reílituido  à 
Pátria  foy  Cirurgião  dos  Exércitos  das  Pro- 
vindas da  Beira,  e  Alentejo,  e  ultinumente 
depois  de  fer  Meílre  em  o  Hofpital  Real  de 
todos  os  Santos  deíla  Corte  foy  Cirurgião  da 
Cafa  da  Auguíla  Mageftade  d'EIRey  D.  Joaõ 
o  V.  noíTo  Senhor.  Morreo  em  Lisboa  a 
9.  de  Outubro  de  1726.    Publicou 


BIB  LIO THECA 


Cirurgia  reformada  dividida  em  dous  Tomos. 
O  primeiro  fe  divide  em  três  partes  fegundo  a 
ordem  das  três  regioens  do  corpo  humano.  O  fe- 
gundo vay  dividido  em  três  livros  em  os  qtiaes  fe 
trata  em  geral  de  todas  as  feridas,  apoflemas, 
chagas,  Ó^c.  Lisboa  na  Officina  Deslande- 
fiana  171 5.  foi.  &  ibi  por  António  Pedrozo 
Galraõ.  1758.  foi. 

Fr.  FELIQANO  DOS  ANJOS  natu- 
ral de  Lisboa,  filho  de  Joaõ  da  Cofta  Vi- 
digal, e  Jofefa  da  Encarnação.  ProfeíTou 
o  penitente  Inftituto  de  S.  Francifco  no 
G)nvento  de  Setuval  da  Provinda  dos  Al- 
garves  a  20.  de  Setembro  de  171 8.  Foy 
Guardião  dos  Q)nventos  do  Torraõ,  e 
de  Beja,  e  Secretario  da  Província.  Pu- 
blicou 

Sermão  do  Banquete  com  o  Santijftmo  Sa- 
cramento manifeflo  pregado  de  tarde  na  Quarta 
Dominga  da  Quarefma  no  Keal  Convento  de  Santa 
Clara  de  Beja  anno  1740.  Lisboa  na  Real  Offi- 
cina Sylviana,  e  da  Academia  Real.  1740.  4. 

Fr.  FELICIANO  COELHO  natural 
do  lugar  de  S.  Martinho  termo  da  Villa 
de  Cea  em  a  Província  da  Beira.  Ainda 
contava  poucos  annos  de  idade,  e  muitos 
de  prudência  quando  deixada  a  cafa  de 
fcus  illuílres  pays  António  Coelho  de  Al- 
buquerque de  Carvalho,  Commendador  de 
Santa  Maria  de  Cea  na  Ordem  de  Chrifto, 
Governador  do  Maranhão,  e  Angola,  e 
D.  Ignez  Maria  Coelho  fua  fegunda  mu- 
lher, e  Prima,  fe  adoptou  por  filho  do 
Princepe  Ciftercicnfe  S.  Bernardo  rece- 
bendo a  coguUa  Monachal  em  o  Convento 
de  Santa  Maria  de  Salzedas.  Nos  cíhi- 
dos  Efcolaílicos  fahio  taõ  eminente,  que 
depois  de  as  enfinar  aos  feus  domefticos 
foy  laureado  com  as  infignias  doutoraes 
de  Thcologo  cm  a  Univerfidade  de  Coim- 
bra. Foy  Reitor  do  CoUegio  deíla  Cidade 
no  anno  de  161 8.  Abbade  do  Convento 
de  NoíTa  Senhora  do  Defterro  dcfta  Corte 
em  1624.  donde  fubio  em  o  de  1627.  a 
Geral  da  fua  Congregação,  cm  cujo  go- 
verno fe  fez  taõ  amável  aos  fubditos,  que 
ao  tempo  que  lhe  celebrarão  o  Funeral 
em  o  anno  de  1642.  nenhum  podia  entoar 


os  Pfalmos,  c  Antífonas  impedidos  das  la- 
grymas,  e  fufpiros  com  que  lamentavaõ  a 
fua  falta.  Emprendeo  a  famofa  obra  do  No- 
viciado de  Alcobaça,  em  cuja  fabrica  deixou 
hum  eterno  padraõ  da  grandeza  do  feu  cfpi- 
rito,  naõ  fendo  menor  a  prudência  com  que 
pacificou  as  controverfias  que  havia  entre  os 
moradores  da  Villa  de  Alcobaça,  c  os  Rcli- 
giofos  do  Mofteiro  fobre  o  campo  da  Roda 
levantando  nelle  os  moradores  em  memoria 
da  convenção  paâada  com  os  Monges  huma 
Capella  dedicada  a  NoíTa  Senhora  da  Paz. 
Compoz 

Traãatus  Orandi,  <&  Meditandi  ad  Novi- 
tiorum  exercitium  editus.  Ulyífipone  apud  Pe- 
trum  Craesbeeck.  1624.  8. 

FELICIANO  DE  OLIVA  E  SOUSA 
natural  do  lugar  do  Tojal  fituado  em  o  Con- 
felho  de  Satam  diftante  trcs  legoas  para  o 
Nacente  da  Epifcopal  Cidade  de  Vizeu  onde 
teve  por  pays  a  Feliciano  de  Oliva,  e  Cathe- 
rina  de  Souza  igualmente  virtuofos,  e  opu- 
lentos. Tendo  aprendido  as  letras  humanas 
fe  applicou  ao  eíhido  do  Direito  Pontificio 
em  a  Univerfidade  de  Coimbra,  em  que  re- 
cebeo  o  gráo  de  Doutor  com  grande  applauzo 
dos  Cathedraticos.  A  integridade  dos  coftu- 
mes  acompanhada  da  profundidade  das  letras 
o  fizeraõ  digno  de  fer  Vifitador,  e  Vigário 
Geral  do  Bifpado  de  Elvas,  donde  paíTou 
a  fer  Auditor,  e  Vigário  Geral  da  Cúria  Bra- 
charenfe  no  tempo  que  governava  eíla  Auguíla 
Metrópole  o  lUuílriíllmo  D.  Aleixo  de  Me- 
nezes. O  mefmo  minifterio  exercitou  no 
Bifpado  de  Vizeu,  quando  pofsuia  efta  Mitra 
D.  Fr.  Joaõ  de  Portugal,  e  ultimamente  foy 
Governador  do  mefmo  Bifpado  por  morte 
de  feu  Prelado  D.  Fr.  Bernardino  de  Sena 
tendo  a  mefma  occupaçaõ  em  o  Bifpado  de 
Lamego.  Querendo  confagrar  a  Dcos  a 
fazenda,  que  pofsuia,  fe  refolveo  fundar  hum 
Convento  na  fua  pátria  para  Religiofas  Do- 
minicas,  c  vencidas  diverfas  difficuldadcs 
que  fe  levantarão  contra  taõ  fanto  intento 
alcançada  faculdade  Real  em  15.  de  Mayo 
de  1638.  e  a  Pontificia  a  27.  de  Mayo 
de  1640.  fe  começou  a  habitar  o  Con- 
vento dedicado  à  N.  Senhora  de  Oliva, 
em    cuja    Capella    mór   defcanfaõ   as   fuás 


L  USITANA, 


cinzas.  Deixou  para  ornato  do  Templo  grande 
copia  de  peças  de  prata,  e  de  preciofos 
ornamentos  fatisfazendo-fe  unicamente  em 
memoria  de  fer  feu  Fundador  com  os  Suf- 
fragios  annuaes  da  primeira  Mifsa  do  Na- 
tal, a  da  Feíla  do  Efpirito  Santo,  e  da 
Annunciaçaõ  da  Virgem  Maria,  pela  fua 
alma.  Joaõ  Soar.  de  Brito  Theatr.  l^ufit. 
Utter.  lit.  F.  n.  5.  o  intitula  Praãica  jurif- 
prudentia  nominatifimus ;  vir  doãus,  é)'  pius.  Nicol. 
Ant.  hih.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  278.  col.  2. 
doãe  quidem  pojl  innumeros  Mfputavit  de  Eccle- 
fiaflica,  (ò'  facularis  potefiatum  viribus,  concur- 
fuque.  D.  Franc.  Manoel  na  Carta  dos  A  A. 
Portug.  efcrita  ao  Doutor  Manoel  Themudo 
da  Fonfeca.  Struvio  Bib.  Jur.  Jeleã.  pag,  336. 
Carvalho  Corog.  Portug.  Tom.  2.  Trat.  5. 
cap.  21.  Fr.  Lucas  de  Santa  Catherina  Hijl. 
de  S.  Doming.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  4.  liv.  2. 
cap.  35.    Compoz 

Traãatus  de  Foro  'Exclejia  materiam  utriuj- 
que  potefiatis  Jpiritualis  fàlicet,  <ii>^  tempo- 
ralis  priruipaliter  refpiciens,  in  quo  utriujque 
fori  Ecckfiafiici,  (àr  facularis  plures  quafiio- 
nes,  qua  quotidie  incidunt  in  praxim,  difpu- 
tantur,  ac  refolutionem  accipiunt  in  três  par- 
tes divifus.  Prima  pars.  Qjnimbricse  apud 
Emmanuelem    drvalho.    1649.    foi. 

Pars  fecunda,  ibi  per  eundem  Tjrpog. 
1650.  foi.  No  fim  deíla  Parte  promete  a 
Terceira,  a  qual  fahio  com  as  duas  prece- 
dentes. Coloniae  Allobrogum  apud  Leonar- 
dum  de  Chovet.  1678.  foi. 

FÉLIX  DE  AZEVEDO  DA  CUNHA 
Capitão  do  Terço  da  Armada  Real  naõ  me- 
nos verfado  nos  preceitos  da  Milida,  que  da 
Poética,  publicou 

Patrocinio  empenhado  pelos  clamores  de 
bum  pre^o  diriffdo  ao  Senhor  Luiz  Ce^ar 
de  Aíene^es  Governador,  e  Capitão  General 
do  miado  do  Brafil.  Lisboa  por  Valen- 
tim da  Coíla  Deslandes  Imprefsor  d'El 
Rey  1706.  4.  Coníla  de  defefeis  Outa- 
vas. 

Fr.  FÉLIX  DO  ESPIRITO  SANTO 
chamado  no  feculo  Manoel  Pitta  Calhei- 
tos  naceo  na  Qdade  do  Porto  fendo  fi- 
lho   de    Joaõ    de    Almeida    Pitta,    e    Izabel 


Soares.  Applicou-fe  na  Univerfidade  de 
Coimbra  à  faculdade  do  Direito  Qvil,  em 
que  tomou  o  gráo  de  Bacharel,  e  podendo 
pela  viveza  do  engenho,  e  feUcidade  da 
memoria  feguir  as  Cadeiras,  preferio  ao 
applaufo,  que  lhe  podia  refultar  das  fuás 
letras,  abraçar  o  auftero  inítítuto  de  Agof- 
tinho  Defcalço  recebendo  o  Habito  no 
Convento  de  N.  Senhora  da  Conceição 
do  Monte  Olivete  fituado  fora  dos  muros 
de  Lisboa  a  14.  de  Julho  de  1680.  e  pro- 
fefsou  a  28.  de  Agoílo  do  anno  feguinte. 
Foy  Religiofo  muito  obfervante,  e  natu- 
ralmente inclinado  à  Poefia,  que  fempre 
dedicou  a  Afsumptos  Sagrados,  como  o 
publicaõ  as  obras  fegxiintes,  que  em  feu 
poder  conferva  o  Reverendo  Padre  Meílre 
Fr.  Eílacio  da  Trindade  de  quem  jà  fe  fez 
mençaõ  em  feu  lugar,  com  intento  de  as 
fazer   publicas    pela   impreflaõ. 

Auto  ao  Nacimento  de  Chriflo.  Interlo- 
cutores os  quatro  Elementos. 

Auto  da  CircumcifaÕ.  Interlocutores  o 
Padre    Eterno,    Homem,    Anjo,    Demónio. 

Auto  dos  Três  Keys  Magos.  Interlocuto- 
res eftes  Três  Príncipes,  e  Herodes. 

Auto  da  Fugida  do  Egypto.  Interlocutores 
N.  Senhora,  S.  Jozè,  duas  Siganas,  e  dous 
Soldados. 

Auto  das  Lagrymas  do  Menino  Deos. 

Fr.  FEUX  DE  JESUS.  Naceo  em  -^ 
Lisboa,  e  no  Convento  de  N.  Senhora 
da  Graça  recebeo  o  Habito  de  Eremita 
Auguítíniano,  com  o  qual  partio  para  a 
índia  com  a  MiíTaõ  que  a  Província  man- 
dava em  o  anno  de  1605.  Depois  de  pro- 
feíTar  no  Convento  de  Goa,  e  eíhidar  as 
Letras  Sagradas,  e  Profanas  fe  dedicou 
com  grande  difvello  a  inveítdgar  as  noti- 
cias da  f\ia  Ordem,  em  cuja  laboriofa  occupa- 
çaõ  depois  de  confumir  muitos  annos  mor- 
reo  no  Convento  de  Goa  no  anno  de  1640. 
Efcreveo 

Chronica  da  Origem,  e  progrejfos  da  Con- 
gregação da  índia  dos  Eremitas  de  Santo  Agof- 
tinho  defde  o  anno  de  1572.  atè  o  de  1637.  em 
que  comprehende  os  fuccejfos  do  mefmo  FJlado. 
foi.  M.  S.  Conferva-fe  na  Livraria  do  Con- 
vento da  Graça  defta  Corte. 


BIB  LIOTHE  C  A 


Dellc  faz  mençaõ  Joan.  Soar.  de  Brito 
Theatr.  Loífit.  Utíer.  lit.  F.  n.  i.  affirmando 
<juc  ignorava  o  que  tinha  compofto,  e  Fr. 
Ant.  à  Purificat.  de  Vir.  Illtijirib.  Ord.  D.  Aug. 
Jib.  3.  cap.  6. 

FÉLIX  JOZE'  DA  COSTA  nacco  cm 
Lisboa  a  20  de  Novembro  de  1701.  fendo 
filho  de  Joaõ  da  Cofta  de  Brito,  e  Catherina 
Luzia  Freire  de  Andrade.  A  natureza  o  do- 
tou de  engenho  penetrante  para  brevemente 
comprehender  os  preceitos  da  Gramma- 
tica.  Tropos  da  Rhetorica,  primores  da 
Poefia,  argucias  da  Filofofia,  e  myfterios 
■da  Theologia.  Naõ  teve  menor  talento 
para  examinar  as  diHiculdades  do  Direito 
Cefareo,  a  que  fe  applicou  na  Univerfi- 
dade  de  G^imbra,  onde  com  admiração 
de  todos  os  Cathedraticos  defendeo  Con- 
dufoens  aos  Titulos  De  Jure  Codicilhru, 
et  Cod.  de  Crimine  expilata  hareditatis,  cujos 
pontos  eílavaõ  fabricados  com  engenhofo 
artificio  de  figuras  Muficas,  e  Mathema- 
ticas,  e  diverfos  Acrofticos,  que  claramente 
indicavaõ  a  noticia  que  tinha  deftas  Fa- 
culdades. Depois  de  fazer  Formatura  em 
Jurifprudencia  Civil  no  anno  de  1727.  paf- 
fados  dez  annos  foy  approvado  pelo  De- 
zembargo  do  Paço  para  adminiftrar  os  lu- 
gares merecidos  à  fua  fciencia  legal.  Publicou 
as  feguintes  obras 

Crije  à  Carta  Critica  que  fes^  certo  Ano- 
nymo  Cafielhano  Johre  o  Soneto  Ramos  cortou 
reaes  com  a  foluçaô  aos  reparos  criticos,  e  com 
a  expofiçaõ  do  Soneto.  Lifboa  por  Pedro  Fer- 
reira ImpreíTor  da  Sereniflima  Rainha  N.  Se- 
nhora. 1737.  4. 

O  Imineo  dos  Menet^es,  e  Caftros  novo  "Poema 
da  Voda  do  VI.  Conde  da  Ericeira  o  llluftrijftmo, 
e  Excellentijfimo  Senhor  D.  Francifco  Rafael 
Xavier  de  Meneses,  com  a  lllufiriffima,  e  Excel- 
lentiffima  Senhora  D.  Maria  Jo/efa  da  Graça 
e  Noronha,  filho  dos  lllujlrijfimos,  e  Excellen- 
tijjimos  Marqueses  do  Louriçal,  e  filha  dos  Illuf- 
trijftmos,  e  Excellentijftmos  Marque:(es  de  Cafcaes. 
ibi  pelo  dito  ImpreíTor.  1740.  4.  Coníla  de 
cento  c  trinta  Outavas. 

Nova  S tatua  ex  'Epigrammatum  falibus  li- 
bellus  I.  UlyíTip.  Typis  Petri  Fcrrerij  Auguft. 
Reg.  Typog.  1741.  4. 


OftentaçaÕ  pelo  ^ande  talento  das  Damas  con- 
tra feus  emulos.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor. 
1741.  4. 

Outeiro  de  Apollo,  e  das  Mu/as  em  aplaufo 
do  Keverendijftmo  Padre  Mefire  Doutor  Fr.  Sal- 
vador Corrêa  de  Sá,  Leitor  jubilado  em  Theo- 
logia, Confultor  do  Santo  Officio,  e  da  Bulia  da 
Santa  Cruzada,  e  Examinador  das  Três  Or- 
dens Militares.  Sendo  eleito  Geral  dos  Precla- 
rijjimos  Monges  de  S.  Jeronymo  em  16.  de  Abril 
de  1742.  Lisboa  por  Jozè  da  Sylva  da 
Natividade.  1742.  4.  Coníla  de  diverfas 
Glofas. 

Obras  M.S. 

Elogios  Latinos  em  competência  dos  que  com- 
pov^  o  P.  Luiz  Giuglaris  da  Companhia  de 
JESUS. 

Epigrammata  Sacra.  Tem  por  Titulo  Di- 
vino fub  Sole  novum  injolitumque  Poema. 

O  Verbo  Divino,  ou  KedempÇM  do  homem. 
Poema  Heróico. 

Nova  S tatua  Epigrammatum  libellus  2. 

De/afio  Poético  com  todos  os  mayores  Poetas. 
A  primeira  parte  tem  já  as  licenças  para  a 
impreíTaõ. 

Biblia  Sacra  interpretada  de/de  o  primeiro 
Capitulo  em  obfequio  da  Conceição  de  Noffa 
Senhora.    Coníla  de  muitos  volumes. 

Mufica    revelei    do    Contraponto    à    compo- 
JiçaÕ,  que  comprehende  varias  Sonatas  de  Cravo, 
Viola,    Rebeca,    e    vários    Aíinuetes,    e    Canta- 
tas. 

FÉLIX  JOZE'  DA  SOLEDADE.  Vc- 
ja-fe    JOZE'    DA    CUNHA   BROCHADO. 

FÉLIX  LEAL  DE  CASTRO,  Dou- 
tor em  Direito  Cefareo,  c  affiílente  mui- 
tos annos  na  Cidade  de  Macao  celebre  Co- 
lónia dos  Portuguezes  nos  confins  da  China. 
Efcrcveo  neíla  Cidade  a  4.  de  Fevereiro 
de  1712. 

Rjlacion  fincera,  y  verdadera  de  la  Jujla  de- 
fenfion  de  las  regalias,  y  privilégios  de  la  Co- 
rona de  Portugal  en  la  Ciudad  de  Macao.  Im- 
preíT.  en  Hiang.  Xan. 

FÉLIX  MACHADO  DA  SYLVA, 
CASTRO,  E  VASCONCELLOS,  I.  Mar- 
quez de  Montebello  em  Milaõ,  cujo  titulo 


L  U  SITANA, 


lhe  deu  Filippe  IV.  em  o  anno  de  1630. 
Foy  filho  de  Manoel  de  Araújo  de  Souza 
e  Caftro,  e  de  Dona  Margarida  Machado 
da  Sylva,  e  Vafconcellos  filha  herdeira 
de  Francifco  Machado  da  Sylva  Senhor 
de  Entre  Homem,  e  Cavado,  e  Com- 
mendador  de  Souzel  em  a  Ordem  de 
AvÍ2.  Pofluio  a  Commenda  de  Saõ  Joaõ 
de  Q)ncieiro  da  Ordem  de  Chriílo,  e  o 
Senhorio  das  GiTas  de  Giftro,  Vafconcel- 
los, e  Barrofo,  e  os  Solares  delias  fitua- 
dos  na  Provinda  da  Beira  entre  os  rios 
Homem,  e  Cavado.  ProfeíTou  o  eftudo  das 
Artes  liberaes,  e  mecânicas,  fendo  grande 
politico,  infigne  Genealógico,  e  profunda- 
mente verfado  na  hçaõ  da  Hiftoria  pro- 
fana, e  na  Geografia  aíTim  andgua,  como 
moderna  deíle  Reino  como  o  publicaõ  as 
fuás  obras,  e  o  teílemunhaõ  os  elogios 
que  lhe  dedicarão  à  fua  memoria  Joan. 
Soar.  de  Brito  Theatr.  "Lufit.  Utter.  ht.  F. 
n.  2.  K/r  ad  omnem  elegantiam,  atque  poli- 
tiam  natusy  €>"  jaãus;  non  enim  Jolum  equeftri 
laude,  €>•  tis,  qtia  viros  illufires  artibus  decent, 
fed  piãura  etiam,  ^  aliis  bufusmodi  ipjum 
valere.  Carvalho  Corog.  Portug.  Tom.  i.  Trat. 
3.  cap.  14.  Foy  Cavalheiro  de  muito  valor, 
e  entendimento,  como  confia  de  feus  efcritos. 
Cordeir.  Hiji.  Infulan.  liv.  5.  cap.  19.  o 
illufire  Aíarquei(^  de  Montebello,  e  fidelijftmo 
fempre  Vortugue^.  Gandara  Nobil.  de  Ga/iz- 
liv.  2.  cap.  18.  p.  222.  Franckenau  Bib. 
Hift.  Geneal.  pag.  109.  Salazar  HiJl.  Gen. 
de  la  Cai(^.  de  Sylv.  Tom.  2.  Uv.  12.  cap.  14. 
D.  Franc.  Aíanoel  na  Cart.  dos  A  A.  Portug. 
Souza  Aparat.  à  HiJl.  Gen.  da  Cat^.  Real  Por- 
ia^, p.  103.  §.  107.  Teve  grande  liçaÕ  dos  Autho- 
res  Genealógicos  defte  Reino,  e  dos  de  Cafiella,  e 
buma  boa  noticia  Geográfica  dos  antigos  fitios,  e 
lugares  defie  Reino.  Manoel  de  Faria  e  Souza 
lhe  dedicou  a  Egloga  IV.  da  Quarta  Parte 
da  Fuente  de  Aganipe  onde  fe  lem  eftas  obfe- 
quiofas  expreíToens  métricas. 

Generofo  Aíarquez  em  qttem  derrama 
Com  efplendida  maõ  mil  partes  varias, 
Porque  a  ti  tanto  como  a  muitos  ama 
O  trono  das  eternas  latminarias; 
A  artes  mil  exercendo  com  mil  partes 
Saõ  em  Ti  liberaes  todas  as  Artes. 
Cazou  com  D.   Violante   de   Orofco  iimãa 


de  D.  Francifco  de  Orofco  11.  Marquez: 
de  Mortara,  e  I.  de  OUas,  ViceRey,  e  Ca- 
pitão General  de  Catalunha,  e  Governador 
de  ^íilaõ,  de  quem  teve  a  António  FeUx  Ma- 
chado da  Sylva  e  Caibro  11.  Marquez  de  Mon- 
tebello.   Compoz 

Memorial  dei  hiarquev^  de  Montebelo.  1642.  4. 
Naõ  tem  lugar  da  impreíTaõ.  Nelle  trata 
largamente  dos  Afcendentes  da  fua  Familia, 
e  confta  de  298  paginas. 

Vida  de  Alanoel  Macbado  de  Azevedo  Senhor 
de  las  Ca^as  de  Cajlro,  Vafconcellos,  y  Barrof^o, 
y  de  los  Solares  delias,  y  de  las  Tierras  de  Entre 
Homem,  e  Cavado,  Villa  de  Amares,  Commen- 
dador  de  Sou:(el  en  la  Ordem  de  Avi^.  Madrid 
por  Pedro  Garcia  de  Paredes  1660.  4. 

Notas  ai  Nobiliário  de  D.  Pedro  Conde  de 
Barcelos  bijo  d'ElRey  D.  Dionit^  de  Portugal. 
Madrid  por  Alonfo  de  Paredes.  1646.  foi.  e 
Lisboa  por  Joaõ  da  Coíla.  1667.  foi. 

Tercera  Parte  de  Gufman  de  Alfaracbe 
dividida  em  três  livros,  foi.  M.  S.  a  qual  per- 
tendia  publicar  com  o  fuppofto  nome  de 
FeHx  Marques.  O  original  fe  conferva  na 
Livraria  do  Convento  da  Graça  deíla  Corte, 
onde  o  vimos. 

Conqtáfta  de  Catalunha.  foL  M.  S.  fem  o 
feu  nome. 

FÉLIX  AL\CHADO  DE  MENDO- 
ÇA  EÇA  CASTRO,  E  VASCONCEL- 
LOS  Neto  do  precedente  naceo  em  Lis- 
boa a  22.  de  Março  de  1677.  Teve  por 
Pays  a  António  Machado  da  Sylva  fegundo 
Marquez  de  MontebeUo,  Alcayde  mór  de 
Mouraõ,  Comendador  do  Cazal,  e  Seixo 
da  Ordem  de  Aviz,  Senhor  de  Entre  Ho- 
mem, e  Cavado,  Vedor  da  Caza  da  Rainha 
D.  Maria  Francifca  Ifabel  de  Saboya,  e  a 
D.  Luiza  Maria  de  Mendoça,  filha  her- 
deira de  Manoel  de  Souza  dia  Sylva, 
Comendador  de  varias  Comendas,  e  de  D. 
Joanna  de  Mendoça.  Naõ  degenerou  do 
génio  dos  feus  Mayores,  aílim  no  exer- 
cido das  armas,  como  na  liçaõ  dos  livros, 
fendo  Meíbre  de  Campo,  e  Governador 
de  Pernambuco,  em  cujo  lugar  pacifi- 
cou as  diUençoens  fomentadas  por  dif- 
cordias  particulares.  Foy  muito  perito 
no    eftudo    da    Genealogia,    como    aííirma 


8 


B  IB  LIO  THE  CA 


O  Padre  D.  António  Gietano  de  Souza,  no 
Aparat.  á  Hijl.  Gen.  da  Cat^a  Real  Portug. 
pag.  i6o.  §.  194.  Faleceo  cm  Lisboa  a  15. 
•de  Julho  de  173 1.  tendo  no  anno  antece- 
•dente  mandado  reimprimir  o 

Memorial 
<|ue  feu  Avó  tinha  compofto,  de  que  af- 
íima  fe  fez  mençaõ,  o  qual  fahio  acrecen- 
tado  por  elle  com  hum  Index  muito  co- 
piofo,  e  outro  Memorial,  em  que  trata  de 
Famílias  Eftrangeiras,  de  que  defcendia 
a  fua  Caza  pelo  cazamento  de  feu  Avò, 
a  quem  dedica  hum  largo,  e  elegante  Elo- 
gio. Foy  cazado  com  D.  Eufrazia  de  Me- 
nezes, Dama  da  Rainha  D.  Maria  Sofia, 
filha  de  D.  Luiz  Balthezar  da  Sylveira, 
Vedor  da  Caza  da  Rainha  D.  Maria  Anna 
■de  Auftria,  e  de  D.  Luiza  Bernarda  de 
Menezes,  filha  do  primeiro  Marquez  das 
Minas,  de  quem  teve  dous  filhos,  e  huma 
filha. 

Fr.  FÉLIX  DE  SANTA  ROSA.  Na- 
t/  eco  cm  Lisboa  a  20.  de  Novembro  de 
1708.  fendo  filho  de  Domingos  Rodrigues 
Joaõ,  e  Dorothea  Maria.  ProfeíTou  o  fa- 
grado  Inílituto  dos  Agoílinhos  Defcalços, 
•em  o  Real  Convento  de  N.  S.  da  Concei- 
•çaõ  do  Monte  Olivete  extra  muros  da  Ci- 
<lade  de  Lisboa,  a  19.  de  Março  de  1727. 
onde  depois  de  fahir  inílruido  nas  Scien- 
<das  dignas  de  hum  Religiofo,  foy  fubfti- 
tuto  três  annos  da  Cadeira  de  Artes  em 
o  Convento  de  Santarém,  e  em  o  de  N. 
S.  da  Boa-Hora  defta  Corte  Lente  de  Theo- 
logia,  em  cuja  Faculdade  moftrou  o  talento, 
■que  tinha,  como  taõbem  em  o  minifterio  do 
Púlpito,  do  qual  publicou 

Sermão  em  AcçaÕ  de  Graças  a  Maria  San- 
íijjima  Senhora  da  Confolaçaõ,  e  ao  ^ande 
Patriarcha  Santo  Agofiinho,  pela  feli^  milhora, 
e  perfeita  saúde,  que  por  fua  intercejfaõ  con- 
Jegtdo  de  huma  maliffia  infermidade  o  Sere- 
mjjimo  Senhor  D.  António  Infante  de  Por- 
tugal, Pregado  em  a  Igreja  do  Convento  dos 
Keligiofos  Agojlinhos  Defcalços  de  N.  S.  da 
Boa-Hora  defla  Cidade  de  Usboa  a  ^o.  de 
Agoflo  de  1739.  Lisboa  por  António  Ifi- 
doro  da  Fonfeca.  1739.  4- 


FÉLIX  DA  SYLVA  FREYRE.  Na- 
ceo  na  Villa  de  Santarém  a  22.  de  Novem- 
bro de  1690.  fendo  filho  de  Manoel  da 
Sylva  Freyre,  e  Luiza  Maria.  Ainda  que 
naõ  profeíTou  os  eíhidos,  em  que  fe  cul- 
tivaõ  os  engenhos,  o  feu  naturalmètc  in- 
clinado para  a  Poefia  tem  produfido  mui- 
tas obras  métricas  a  vários  aíTumptos  dos 
quaes  fomente  lograrão  da  luz  publica  as 
feguintes 

'Narração  poética  em  que  fe  defcreve  o  apa- 
rato do  Real  EJlado  com  que  as  Mageflades 
dos  Sereniffimos  Reys  de  Portugal  D.  JoaÕ  o  V. 
e  D.  Mariana  de  Auftria,  entrarão  na  muito 
nobre,  e  fempre  leal  Villa  de  Santarém.  Lis- 
boa por  Bernardo  da  Cofta  171 3.  4.  confta 
de  68.  Outavas. 

Echo  Sonoro,  que  de  métricas  vor^es  expref- 
fado  retumba  nos  públicos  feflejos  com  que  a 
muito  nobre,  e  fempre  leal  Villa  de  Santarém 
fe  defempenhou  no  triunfo  do  AugufliJJimo  Sa- 
cramento, em  o  dia  gloriofo  da  fua  taõ  devota, 
como  magnifica  celebridade  em  o  anno  de  1723. 
Coimbra,  na  Officina  do  CoUegio  Real  das 
Artes  da  Companhia  de  Jefus,  1723.  4.  Confta 
de  66.  Outavas. 

FÉLIX  TEYXEIRA  natural  de  Coim- 
bra, em  cuja  famofa  Univerfidade  depois 
de  receber  as  infignias  Doutoraes  na  Fa- 
culdade de  Direito  Cefareo  foy  Lètc  de 
Inftituta,  por  oppofiçaõ  em  13.  de  Janeiro 
de  1560.  e  fegunda  vez  reconduzido  na 
mefma  Cadeira  a  25.  de  Janeiro  de  1563. 
Mereceo  particulares  eftimaçoens  da  Sere- 
niflima  Senhora  D.  Catherina  Duqueza  de 
Bragança,  de  quem  foy  Procurador,  de- 
fendendo com  a  profundidade  das  fuás  le- 
tras o  irrefragavel  Direito,  que  efta  Heroina 
tinha  à  Coroa  Portugueza,  no  tempo,  que 
lho  difputava  a  injufta  ambição  de  Filippc 
Prudente.  Foy  Dezembargador  da  Caza 
da  Supplicaçaõ,  e  Comendador  da  Ordem 
de  Chrifto.  Falleceo  em  Villa  Viçoza,  e 
jaz  fepultado  na  Capella  mór  do  Seráfico 
Convento  das  Religiofas  da  Efperança.  Com- 
poz  juntamente  com  o  Doutor  Affonfo  de 
Lucena,  de  quem  cm  feu  lugar  fizemos 
memoria. 

AllegaçaÕ   de   Direito    offerecida   ao    muito 


L  USITAN A. 


alto,  e  muito  poderofo  Rey  D.  Henriqfte  Nojffb 
Senhor  na  cauja  da  SucceffaÕ  deftes  Keynos  por 
parte  da  Senhora  Dona  Catherina  Jua  Johrinha 
filha  do  Infante  D.  Duarte  Jeu  IrmaÕ  a  zz.  de 
Outubro  de  1579.  Almeirim  por  António  Ri- 
beiro, e  Francifco  Corrêa  aos  27.  de  Feve- 
reiro de  1580.  foi.  Efta  obra  foy  txaduílda 
na  lingua  Latina  pelo  grande  Varaõ  Fr. 
Francifco  de  Santo  Agoftinho  Macedo,  e 
fahio  Parifiis  apud  Sebaftianum  Cramoyli  1641. 
foi. 

FÉLIX  THOMAZ  CORRÊA  natu- 
ral de  Lisboa,  e  muito  verfado  na  liçaõ 
dos  Authores  Afceticos  traduíio  na  Lin- 
gua Caílelhana  de  Luiz  de  Vera  em  a  Por- 
tugueza 

Declaração  da  Doutrina  Chriftãa  do  Cordial 
Bellarmino  com  addiçoens  de  exemplos  aos  fins 
dos  Capitulas  tirados  de  graves  Authores,  e  com 
a  luta  efpiritual  d' alma,  e  meditaçoens  das  do- 
res mentaes  de  Chrijio.  Lisboa  por  Joaõ  Gal- 
raõ  1685.  4. 

D.  FERNANDO  ultima  producçaõ,  e 
gloriofo  complemento  das  felicidades  do 
fecundo  thalamo  dos  SereniíTimos  Monar- 
chas  Portuguezes  D.  Joaõ  o  I.  e  D.  Fi- 
lippa  de  Lancaítro,  naceo  em  a  celebre 
Villa  de  Santarém  a  29.  de  Setembro  de 
1402.  para  exemplar  de  virtudes  heróicas, 
€  Chriílãas  começando  a  cultivallas  defde 
a  infância  com  tal  exceíTo  que  mais  pare- 
dão herdadas  por  beneficio  da  graça,  que 
adquiridas  por  induílria  da  natureza.  Como 
era  dotado  de  entendimento  agudo,  e  perf- 
picaz,  e  de  memoria  feliz  comprehendeo 
com  fumma  brevidade  as  fciencias  divinas, 
e  humanas  fahindo  igualmente  confum- 
mado  na  intelligencia  da  lingua  Latina, 
como  na  penetração  dos  mais  difficultofos 
Textos  da  Sagrada  Efcritura.  Depois  de 
poíTuir  as  ViUas  de  Salvaterra  de  Magos, 
e  de  Attouguia  que  lhe  dera  feu  grande 
Pay,  foy  eleito  por  nomeação  de  feu  Irmão 
ElRey  D.  Duarte  Adminiílrador,  e  Gover- 
nador perpetuo  da  Ordem  ^lilitar  de  Aviz 
cujo  Meílrado  vagara  por  morte  de  D.  Fer- 
nando Rodrigues  de  Siqueira  cuja  digni- 
dade como  Eccleíiaítíca  recufou  aceitar  por 


fer  incompatível  com  o  Eftado  Secular  que 
profeíTava,  atè  que  difpenfado  pela  authori- 
dade  de  Eugénio  IV.  em  o  anno  de  1434. 
a  exercitou.  O  mefmo  Pontífice  attendendo 
mais  às  virtudes  com  que  fe  ornava  o  feu 
efpirito  que  ao  foberano  efplendor  do  feu 
nadmento  lhe  mandou  ofFerecer  para  mayor 
ornato  do  Collegio  Apoílolico  a  Purpura 
Romana  por  D.  Gomes  Ferreira  Geral  da 
Ordem  Camaldulenfe  Abbade  de  S.  Juf- 
tina  de  Pádua,  e  feu  Nundo  nefte  Reino, 
cuja  offerta  benevolamente  agradeceo,  e  hu- 
mildemente rejdtou  como  indigno  de  fer 
numerado  entre  os  Princepes  da  Jerar- 
chia  Ecdefiaítíca.  Querendo  dar  hum  claro 
argumento  do  heróico  valor  que  herdara 
de  feus  Mayores  fe  embarcou  a  6.  de  Agoílo 
de  1437.  em  huma  Armada  guamedda  de 
quatorze  mil  homens  de  que  era  General 
feu  IrmaÕ  o  In£uite  D.  Henrique  para 
conquiílar  a  Praça  de  Tangere  do  domi- 
nio  dos  Mouros,  e  poílo  que  o  Exerdto 
Portuguez  deu  vários  aífaltos  aos  feus  mu- 
ros pelo  largo  efpaço  de  trinta  e  dous  dias, 
como  a  fortuna  fe  moílraífe  mais  parcial 
das  armas  inimigas,  fe  aceitarão  as  Capitu- 
lações eítípuladas  pelos  bárbaros  fendo  a 
prindpal  de  que  fe  lhes  havia  reítítuir  a 
Qdade  de  Ceuta  ficando  em  feu  poder  para 
fegurança  deíla  eítípulaçaõ  hum  dos  dous 
Infantes.  Ofereceu-fe  Dom  Fernando  em 
reféns  a  Salabenfala  Governador  de  Tangere 
facrificando  com  animo  fuperior  aos  mayores 
infortúnios  a  liberdade  da  fua  PeíToa,  e  fendo 
levado  a  Arzilla  violadas  pelo  bárbaro  as  leys 
da  hofpitalidade  naõ  fomente  o  tratou  com 
graves  aflEcontas  indignas  do  decoro  de  hum 
Prindpe,  mas  certificado  de  que  nunca  lhe 
feria  entregue  Ceuta  o  remeteo  a  ElRey  de 
Fez  para  fer  viâima  do  feu  furor.  Redufo 
em  hum  tenebrofo  cárcere  donde  fomente 
fahia  para  cavar  a  terra,  e  varrer  a  cavalha- 
riíTa  tolerou  elle  Heroe  da  padenda  Chriftãa 
todo  o  género  de  ludíbrios,  e  affirontas  que 
podia  idear  a  barbaridade  mais  tyranna; 
naõ  permittindo  o  menor  intervallo  entre 
taõ  acerbas  tribulaçõens  a  vigilância  do 
Alcaide  Lazarac,  atè  que  confortado  in- 
telleâualmente  com  huma  celeftial  viíaõ 
que    transformou    o     cárcere    em    Paraizo 


IO 


BIBLIO THE  CA 


voou  o  fcu  heroic»  efpirito  a  coroar-fe  na 
eternidade  a  5.  de  Junho  de  1445.  quando 
contava  quarenta  e  hum  annos  de  idade. 
Paflados  vinte  e  nove  annos  foy  condu- 
íido  o  feu  Cadáver  em  17.  de  Junho  de 
1471.  por  induílria  de  hum  fobrinho  de 
ElRey  de  Fez  à  Cidade  de  Lisboa  onde 
fendo  recebido  por  ElRey  D.  Affonfo  V. 
com  pompa  merecida  a  taõ  veneráveis  Cin- 
zas fe  trasladarão  para  o  Real  Convento 
da  Batalha  como  cm  feu  Teílamento  or- 
denara. Todas  as  virtudes,  que  divididas 
conílituem  hum  Varaõ  perfeito  fe  admira- 
rão unidas  em  o  coração  defte  religiofo 
Infante.  Foy  taõ  efcrupulofo  cultor  da 
Caílidade,  que  naõ  permittia  fe  proferiíTe 
palavra  alguma,  que  levemente  manchaíle  o 
candor  de  taõ  Angélica  Virtude.  Como  fe 
fora  Anacoreta  da  Thebaida  macerava  o 
corpo  com  rígidas  abílinencias,  jejuando 
cm  cada  femana  três  dias,  e  ao  Sabbado 
a  paõ,  e  agua.  Semelhante  rigor  praâicava 
nas  Vigílias  das  FeíUvidades  de  Chriílo,  e 
fua  Mãy  SantiíTima;  e  no  Triduo  da  Se- 
mana Santa  em  que  affiíUa  proftrado  na 
prefença  da  Divina  Mageftade  occulta  de- 
baixo das  efpecies  Sacramentaes  fendo  claro 
indicio  do  fagrado  ardor  que  lhe  inflam- 
mava  o  peito  as  copiofas  lagrymas  que  cor- 
riaõ  dos  feus  olhos.  Venerava  com  grande 
rcfpeito  aos  Ecclefiafticos  como  Miniftros 
da  Cafa  do  Mayor  Monarcha,  e  com  fumma 
aí!abilidade  fe  communicava  aos  Religiofos 
principalmente  àquelles  que  fe  diílinguiaõ 
na  obfervancia  dos  feus  Inílitutos.  Era  na- 
turalmente compaíTivo  para  os  pobres  naõ 
permittindo  que  algum  fe  apartaííe  da  fua 
prefença  defconfolado,  extendendo-fe  com  tal 
exceíTo  a  fua  ardente  charidade  que  man- 
dava dizer  muitas  MiíTas  pelos  Cativos,  Na- 
vegantes, e  Moribundos  em  cujo  difpen- 
dio  gaílava  a  decima  parte  das  fuás  ren- 
das. Rezava  quotidianamente  o  Officio  Di- 
vino, e  ouvia  huma  Mifla  folemne  na  fua 
Cappella  onde  fe  cantavaõ  com  fumma 
perfeição  as  Horas  Canónicas,  c  fe  cele- 
bravaõ  com  igual  pompa  os  Officios  Divi- 
nos conforme  o  Rito  da  Igreja  de  Salis- 
burgo.  Eílas  fantiiicadas  obras  lhe  canoni- 
zarão o  nome  na  pofteridade  fendo  conhe- 


cido com  a  antonomafia  de  Infante  Santo 
como  fe  vè  gravado  o  feu  retrato  com 
diadema  na  grande  Obra  do  Aãa  Sanâo- 
rum  a  5.  de  Junho  com  eíla  infcripçaõ  na 
parte  inferior. 

Sanãtis  Princeps  Ferdinandus  Infans 
iMJitania.  Ohiit  FeJJa  apud  Mattros  <^ 
fes  A.  D.  Aí.  CCCCXLUL  V.  Jmij.  Ef- 
creveraõ  as  acções  da  fua  vida  Fr.  Joaõ 
Alvares  Abbade  do  Paço  de  Souza  feu 
Secretario,  e  companheiro  infeparavel  das 
penalidades  do  feu  cativeiro,  e  como  defta 
obra  apareceífe  raramente  algum  exemplar 
por  ferem  paíTados  cincoenta  annos  que 
fora  impreíTa,  a  reimprimio  Fr.  Jeronymo 
Ramos  da  Ordem  dos  Pregadores  no  anno 
de  1577.  reformada  em  muitas  palavras  an- 
tiquadas, e  accrefcentada  com  algumas  no- 
ricias,  a  qual  fahio  vertida  em  Larim  no 
Tomo  I.  do  mez  de  Junho  da  grande 
Obra  do  Aãa  Sanãorum  defde  pag.  563. 
até  591.  com  doutiíTimas  Notas.  Também 
efcreveo  a  Vida  defte  religiofo  Infante  Fr. 
Jeronymo  Roman  da  Ordem  de  Santo 
AgoíHnho,  o  Licenciado  Jorge  Cardozo 
Agiol.  Ijufit.  Tom.  3.  p.  543.  O  Padre 
Anton.  de  Vafconcellos.  Anacephal.  "Rjeg. 
iMJit,  pag.  173.  atè  194.  e  innumeraveis 
Efcritores  que  celebrarão  a  fua  memoria.  Fr. 
Joan.  Caram,  Phil.  Prud.  p.  57.  Cufus  vita 
intentas,  eJ?*  tokrantia  plujquam  humana  non 
Ejiropais  Jolúm ,  Jed  etiam  harbarisfuit  admirabilisy 
<&  utrobique  httcujque  colitur  memoria  Jludiofijftma. 
Menezes  Hiji.  de  Tanger  pag.  24.  Acabou  taõ 
cheyo  de  miferias,  e  trabalhos,  como  de  mere- 
cimentos, e  virtudes  acreditadas  com  tantos  pro- 
digios,  e  milagres,  que  juftamente  fe  lhe  deve  o 
nome  de  Santo  pois  fofreo  com  paciência  hum 
dilatado  martyrio.  D.  Nicol.  de  S.  Mar. 
Chron.  dos  Coneg.  Kegran.  liv.  9.  cap.  26. 
n.  10.  O  Cativeiro  lhe  ^angeou  o  nome  de 
Infante  Santo,  e  a  laureola  de  Martyr.  Vaf- 
conf.  Anaceph.  Keg.  hujit.  pag.  173.  In 
vi£ia  laborum  patientia  inter  homines  non  fo- 
lum  pios,  fed  eb*  bárbaros  fama  claritate  fortu- 
natijftmus.  e  pag.  409.  Diuturna  inter  Maurita-  ■! 
nos  laborum  tokrantia  Aíartyrem  reddidit.  Ca-  ^ 
margo  Epitom.  Hiflor.  pag.  280.  Padecia  todafu 
vida  meneias,  prifiones,  opróbrios y  maios  tratamien- 
tos   en   los  quales  diò   exemplo   de  paciência, 


iju      , 
ien-       I 

-   f 


L  USITAN A 


1 1 


mtiriò  fantamente.  Mariz  Dialog.  de  var.  Hiji. 
Dialog.  4.  cap.  4.  VaraÕ  de  jingular  virtude, 
inteireza  de  vida,  e  fantidade.  Fr.  Luiz  de 
Souza  HiJl.  de  S.  Doming.  do  Reyn.  de  Portug. 
Part.  I.  liv.  6.  cap.  27.  Fçj'  bom  Latino, 
e  na  Sacada  Efcritttra  taõ  verfado,  que  pa- 
recia mais  graça  do  Ceo,  que  força  do  eftudo. 
Cardozo  Agiol.  Lufit.  Tom.  3.  pag.  117. 
Deixou  no  mundo  raros  exemplos  de  paciência, 
e  fofrimento  morrendo  cativo  em  Barberia  opri- 
mido de  mi/erias  toleradas  com  generofidade  fin- 
yular.  Souza  Cathal.  Hiji.  dos  Sum.  Pontif. 
e  Cardiaes  Portug.  pag.  45.  Entre  todos  os 
Infantes  de  Portugal  fe  fe^  fin^armente  ef cla- 
reado porque  unindo  ao  valor  a  virtude  foube 
tirar  gloria  do  infortúnio.  Hypolit.  Marrac. 
Príncipes  Marian.  pag.  138.  P.  Joan.  Baptift. 
RoíTi  Clypeus  caflitat.  pag.  389.  Dixijfes  laãe 
innocentia  nutritum,  eb*  pane  Dei  timoris  ali- 
tum,  fie  ille  cor,  fie  linguam,  fie  óculos  in  offi- 
cio  continebat.  Clede  Hifl.  Gen.  de  Portug. 
Tom.  I.  pag.  mihi  418.  //  fupporta  fa  capti- 
vite  avec  tant  de  douceur  e  de  patience  que  les 
Aíaures  en  ètoient  ravis  de  admiration.  Ca- 
mõens  Lí/Jtad.  Cant.  4.  Eftanc.  52. 
Só  por  amor  da  pátria  eflà  pajfando 
A.  vida  de  fenhora  feita  ef crava, 
Por  naõ  fe  dar  por  elle  a  forte  Ceita 
Mais  o  publico  bem  que  o  feu  ref peita. 
Efcreveo 

Carta  efcrita  em  Fe^  a  12.  de  funho  de 
1441.  em  que  narra  difufamente  os  trabalhos, 
que  padecia  no  cativeiro.  Conferva-fe  no  Real 
Convento  da  Batalha  como  teftifica  Fr.  Luiz 
de  Souza  Hifl.  de  S.  Doming.  Part.  i.  liv.  6. 
cap.  31. 

Na  Chronica  defte  virtuofo  Infante  ef- 
crita por  Fr.  Jeronymo  Ramos  da  Ordem  dos 
Pregadores  eílà  no  cap.  15. 

Ka;(oamento   do   Infante  ao   Mouro   Calaben- 
fala   em   que  prova  naÕ  fer  juflo   a   entrega   de 
Ceuta. 
No  cap.  19. 

Falia  do  Infante  aos  feus  companheiros  en- 
trando em  Fez  ^^  1^^^  ^^  anima  a  fofrer  confiante- 
mente as  afliçoens  do  cativeiro. 
No  cap.  22. 

Falia  do  Infante  intercedendo  por  feus  com- 
panheiros a  Lahecencalcal  privado  do  Alcajde 
La!(erae. 


No  cap.   23. 

Pranto  do  Infante  pela  morte  de  E/Rey  D. 
Duarte  feu  IrmaÕ. 
No  cap.  27. 

Oração  a  Deos  na  morte  de  JoaÕ  Gomes 
de  Avellar  que  morreo  de  pefle  em  Ar(illa. 
No  cap.  29. 

Falia  do  Infante  aos  feus  companheiros,  quando 
foraõ  mandados  que  fe  apartajfem  da  fua  com- 
panhia. 
No  cap.  37. 

Relação  que  fe^  o  feu  Confejfor  Fr.  Gil 
Mendes  da  Ordem  dos  Pregadores  acerca  da 
celeflial  vi^aõ   que    teve   antes   de    morrer. 


D.  FERNANDO  quarto  filho  dos  Se- 
reniflimos  Reys  D.  Manoel,  e  D.  Maria 
fua  fegunda  mulher,  fahio  à  luz  do  mun- 
do em  a  Villa  de  Abrantes  a  5.  de  Ju- 
nho de  1507.  Foy  ornado  daqueUes  do- 
tes, que  fazem  aos  Príncipes  venerados 
na  pofterídade,  pois  além  de  ter  o  afpefto 
gentil,  e  a  fimetria  do  corpo  bem  organi- 
zada, era  muito  applicado  ao  eftudo,  prin- 
cipalmente da  Hiíloria,  em  que  achava 
eíUmulos,  e  documentos  para  emprender, 
e  confeguir  acçoens  heróicas.  Do  amor, 
que  profeíTava  às  fciencias,  fe  originou 
ordenar  a  Damiaõ  de  Góes,  que  naquelle 
tempo  aífillia  em  Flandes,  com  graves  in- 
cumbências defta  G)roa,  que  lhe  fizeífe 
huma  feleda  colleçaõ  de  livros,  aífim  im- 
preíTos,  como  Aí.  S.  na  qual  difpendeo 
copiofo  dinheiro.  Em  todos  os  negócios 
em  que  fe  intereíTava  a  gloria  do  Rey- 
no,  era  confultado  por  feu  Irmaõ  Dom 
JoaÕ  o  III.  de  cujo  Concelho  como  dic- 
tado  pela  prudência  do  feu  juizo,  e  li- 
berdade do  feu  animo  fe  feguiaõ  utilif- 
íimas  confequencias.  Foy  Duque  da  Guar- 
da, e  Trancofo,  e  Senhor  da  Villa  de 
Abrantes.  A  fua  Caza  competia  com  a 
Real,  aífim  em  o  numero,  como  na  qua- 
lidade dos  criados,  fendo  feu  Mordomo 
mór,  Chriílovaõ  de  Távora,  Senhor  de  Ranha- 
dos, e  do  Morgado  de  Caparica,  Comendador 
da  Conceição  de  Leyria,  e  feu  Camareiro 
mór  Vafco  da  Sylveira,  Alcaide  mór  de  Caf- 
tellobranco.     Cazou   em   o    anno    de    1530. 


12 


BIBLIO THE  C  A 


com  D.  Guiomar  Coutinho,  filha  herdeira  de 
D.  Francifco  Coutinho  quarto  Conde  de  Ma- 
rialva, c  Meirinho  mór  do  Reyno,  Senhor  de 
Caftello  Rodrigo,  dos  Morgados  de  Leomil, 
e  Medello,  Alcaide  mór  de  Lamego,  Guarda, 
e  Villa  de  Trancofo,  e  de  D.  Brites  de  Mene- 
zes, CondeíTa  de  Loulé,  filha  herdeira  de  D. 
Henrique  de  Menezes  primeiro  Conde  de 
Loulé,  e  de  Valença,  Alferes  mór  de  A£- 
fonfo  o  V.  Senhor  de  Caminha,  Capitão 
Donatário  de  Alcácer  Seguer,  e  Arzilla,  e 
da  CondeíTa  D.  Guiomar,  terceira  filha  de 
D.  Fernãdo  L  do  nome  Duque  de  Bra- 
gança, e  da  Duqueza  D.  Joanna  de  Caílro. 
Defte  auguílo  matrimonio  naceraõ  dous  fi- 
lhos, que  no  breve  efpaço  de  cinco  mezes 
paflaraõ  a  melhor  vida  acabando  em  o 
mefmo  tempo  a  de  feus  Pays,  pois  o  In- 
fante D.  Fernando  morreo  na  Villa  de 
Abrantes  a  7.  de  Novembro,  quando  con- 
tava a  florente  idade  de  27.  annos,  e  fua 
Conforte  a  9.  de  Dezembro  de  1534.  e  jaz 
fepultada  na  Capella  mór  do  Convento  dos 
Religiofos  Dominicos  deíla  Villa  donde  foy 
trãsferido  o  Infante  D.  Fernando,  em  o 
anno  de  IJ82.  para  o  Real  Convento  de 
Belém,  e  fobre  a  fepultura  fe  lhe  gravou 
o  feguinte   epitáfio 

H/V  mcis  império  Fernandus  Jubjacet  Infans 

Mecanas  doais,  prafidium  qua  viris. 

D.  Jeronymo  Ozorio  de  reb.  E.mman. 
Keg.  lib.  5.  pag.  mihi  778.  lhe  faz  o  fe- 
guinte elogio.  Fuit  in  antiquitate  pervef- 
tiganda  valde  curiojus;  maximarum  rerum  Jludio 
flagrabat,  multijqiie  virtutibus  illo  loco  dignis 
praditus  erat.  Caram.  Philip.  Prnd.  pag.  165. 
Fmt  litterarum  Mecanas  Optimus.  Faria  Fm- 
rop.  Portug.  Tom.  2.  part.  4.  cap.  i.  §. 
113.  Príncipe  de  rojlro  hermofo,  y  animo  fin- 
cero.  Mariz  Dial.  de  var.  Hijl.  Dial.  4.  cap. 
21.  Fqy  muito  inclinado  ás  letras,  e  dado  ao 
ejiudo  das  Hijlorías  verdadeiras,  e  inimigo  das 
fabulo/as,  e  príncipalmente  nas  de  feus  proge- 
nitores trabalhou  muito  por  Jaber  fua  origem. 
Compoz 

Arvore  Genealógica  dedtc^da  do  tempo 
de  Noè,  atè  ElRey  Jeu  Pqy.  A  qual  man- 
dou a  Damiaõ  de  Góes  (como  efcreve  na 
Cbronica  de  ElRey  D.  Manoel  part.  2.  cap.  191. 
que    entaõ    aíTiítia    em    Flandes,    para    lha 


mandar  illuminar  por  artífice  infignc,  cuja 
ordem  promptamête  executou.  Deíla  obra 
do  Infante  fazem  mençaõ  Faria  E^rop.  Por- 
tug. Tom.  2.  pag.  512.  Caram.  Philip.  Prud. 
folhas  165.  e  Souza  no  Apparat.  à  Hiftor. 
Gen.  da  Cav^a  Real  Portug.  pag.  30.  §.  10. 
onde  o  numera  entre  os  Authores  Genea- 
lógicos, efcrevendo  mais  difuzamente  deíle 
Príncipe  no  Tom.  3.  da  dita  Hiíloria  livro  4. 
cap.  9. 

D.  FERNANDO  primeiro  do  nome 
11.  Duque  de  Bragança,  Marquez  de  Vil- 
laviçofa,  e  Conde  de  Barcellos,  Ourem,  e 
Arrayolos,  filho  fegundo  de  Dom  AíFonfo  I. 
Duque  de  Bragança,  e  de  Dona  Brites  Pe- 
reira filha  herdeira  do  infigne  Heroe  Nuno  Al- 
vares Pereira  Condeílavel  de  Portugal,  Conde 
de  Ourem,  e  de  Barcellos,  e  de  D.  Leonor 
de  Alvim  naceo  no  anno  de  1403.  Taõ 
illuíbre  foy  o  berço  que  lhe  deu  a  fortuna, 
como  perfpicaz  o  juizo,  e  maduro  talento 
de  que  o  ornou  a  natureza  confiando  da 
fua  prudente  direcção  os  Monarchas  D. 
Duarte,  e  D.  Aífonfo  V.  as  mayores  em- 
prezas  affim  politicas,  como  militares.  Na 
Armada  expedida  contra  Tangere  no  anno 
de  1457.  de  que  era  General  o  Infante 
D.  Henrique,  exercitou  o  poílo  de  Condef- 
tavel,  em  cuja  expedição  deu  claros  argu- 
mentos do  valor  do  feu  peito  chegando 
a  rubricar  com  o  próprio  fangue  aquellas 
aduílas  campanhas.  Deíle  bclicozo  génio  foy 
celebre  theatro  a  Praça  de  Ceuta,  quando 
em  o  anno  de  1445.  foy  eleito  Capitão 
General  por  Affonfo  V.  em  cujo  gover- 
no fe  fez  igualmente  amado  dos  naturaes, 
e  temido  dos  inimigos.  Sendo  chamado 
à  Corte  onde  infruftuofamente  intentou 
conciliar  o  animo  de  Affonfo  V.  com  feu 
Tio  o  Infante  D.  Pedro,  fe  reílituhio  a 
Ceuta  em  o  anno  de  1449.  para  conti- 
nuar as  prudentes  direcçoens  do  feu  go- 
verno. Voltando  ao  Reino  lhe  expreíTou 
ElRey  com  fingulares  fignificaçoens  de 
agradecimento  a  zelofa  aítívidadc,  e  vigi- 
lante providencia,  que  applicara  para  que 
as  noíTas  armas  triunfaíTem  tantas  vezes 
dos  Sequazes  de  Mafoma.  Acompanhou 
a   Affonfo   V.    nas   expediçoens   que   fez   a 


L  USITANA. 


i3 


Africa,  fendo  a  primeira  no  anno  de  1457. 
■e  a  fegunda  quando  a  7.  de  Março  de 
1463.  fe  embarcou  para  a  infeliz  empreza 
de  Tangere  levando  o  Duque  D.  Fernando 
aUíladas  fetecentas  lanças,  e  dous  mil  In- 
fantes à  fua  cuíla.  Conhecendo  o  mefmo 
Monarcha  a  madureza  do  feu  talento  o  dei- 
xou por  Governador  do  Reyno  com  poder 
difpotico  aíTim  em  o  politico,  como  em 
o  militar  qiiando  terceira  vez  paíTou  a 
Africa  no  anno  de  1471.  Depois  de  ter 
illuíbrado  o  feu  nome  com  acçoens  dignas 
da  poíleridade,  falleceo  em  Villa  Viçofa  em 
o  I.  de  Abril  de  1478.  quando  contava 
fetenta  e  dnco  annos  de  idade.  Jaz  em 
o  Convento  dos  Eremitas  de  Santo  Agof- 
tinho  de  que  he  padroeira  a  SereniíTima 
Cafa   de   Bragança   com   efte   breve   epitáfio 

Aqui  Ja^  D.  Fernando  o  II.  Duque  de 
Bragança. 

Cazou  em  28.  de  Dezembro  de  1429.  com 
Dona  Joanna  de  Caílro  filha  herdeira  de 
D.  Joaõ  de  Caibro  Senhor  do  Cadaval,  Pe- 
ral, e  do  Reguengo  de  Campores,  e  de 
Dona  Leonor  da  Cunha  Giraõ  filha  de  Mar- 
tim  Vafques  da  Cunha  I.  Conde  de  Va- 
lença, e  Dona  Thereza  Telles  Giraõ,  de 
cujo  matrimonio  teve  a  D.  Fernando  fe- 
gimdo  do  nome,  e  III.  Duque  de  Bra- 
gança, D.  Joaõ  Marquez  de  Monte  mòr 
o  novo,  D.  Affonfo  Conde  de  Faro,  D.  Ál- 
varo de  Portugal;  D.  António,  D.  Izabel, 
D.  Brites  Marqueza  de  Villa  Real,  Dona 
Guiomar,  que  cazou  com  D.  Henrique  de 
Menezes  Conde  de  Loulé,  e  Dona  Cathe- 
rina  que  efteve  ajuftada  para  cazar  com 
D.  Joaõ  Coutinho  III.  Conde  de  Marialva, 
o  qual  por  morrer  na  Conquiíla  de  ArziUa 
em  o  anno  de  147 1.  fenaõ  effeituou.  Fa- 
zem memoria  do  Duque  D.  Fernando  Ruy 
de  Pin.  Chron.  de  D.  Duart.  cap.  16.  Nunes 
de  Leaõ  Chron.  de  D.  Duart.  c.  7.  8.  e  25. 
Góes  Chron.  do  Príncipe  D.  Joaõ  cap.  21. 
Faria  Afric.  Vortug.  cap.  6.  num.  5.  Mene- 
zes Hift.  de  Tangere  Uv.  i.  num.  26.  pag.  19. 
Souza  Hifi.  Gen.  da  Ca^.  Real  Por/ug.  Tom. 
5.  liv.  6.  c.   3.    Compoz 

Vo/o  que  deu  a  EJKey  D.  Duarte  acerca 
de  naÕ  dilatar  as  Cortes,  que  tinha  convocado 
k^   que  Juhio   ao    trono.     Começa.     £»   ouvi 


di!(er,  e  íahio  impreíTo  na  Hift.  Geneal.  af- 
fima    allegada    pag.    109. 

Voto  acerca  de  que  fe  era  licito  entregar 
Ceuta  pelo  refgate  do  Infante  D.  Fernando 
M.  S.  Conferva-fe  na  Livraria  do  Mar- 
quez de  Gouvea  Mordomo  mòr  de  que 
fazem  mençaõ  Joaõ  Franco  Barreto  na 
Bib.  Luft.  M.  S.  e  Souza  na  Hiflor.  Geneal. 
aíTima  allegada  pag.  114. 

Carta  efcrita  de  Villa  Viçofa  a  zz.  de  Ju- 
lho de  1468.  a  D.  Affonfo  V.  fendo  confultado 
por  efie  Príncipe  fohre  quem  havia  preceder,  fe 
D.  Joaõ  filho  do  Conde  de  Villa  Rjeal,fe  D.  Af- 
fonfo de  Vafconcellos  filho  de  D.  Fernando  de 
Cafcaes.  M.  S.  Por  efte  ultimo  refolveo  o 
Duque. 

Carta  efcrita  de  Villa  Viçofa  em  1^.  de  Outu- 
bro de  1468.  a  EJRey  D.  Affonfo  V.  fobre  o  feu 
Caf amento  com  a  Infanta  Dona  Isabel  filha  de 
Henrique  IV.  de  Cafiella.  ImpreíTa  na  Hifi.  Ge- 
neal. da  Ca^.  Real  aíTima  allegada  pag.   i;o. 

Carta  efcrita  de  Villa  Viçofa  a  z.  de  Aíarço  de 
1469.  a  D.  Affonfo  V.  fobre  a  negociação  prece- 
dente.  ImpreíTa  na  dita  Hifi.  Genealog.  pag.  156. 

Voto  acerca  de  caf  ar  D.  Affonfo  V.  com  a  Prin- 
ce:(a  Dona  Joanna  filha  de  Henrique  IV.  de  Caf- 
tella.    Impreíla  na  dita  Hifi.  Gen.  pag.   166. 

FERNANDO,  cujo  appelido  fe  ignora, 
natural  da  Villa  de  Tentúgal  do  Bifpado 
de  Coimbra,  Medico  de  ProfiíTaõ,  e  muito 
verfado  na  liçaõ  da  Hiftoria  Sagrada,  e  Pro- 
fana. Floreceo  no  Reinado  d'ElRey  D.  Ma- 
noel.   Compoz 

Tratado  curiofo  de  todas  as  coufas  mais  ce- 
lebres, que  fuccederaò  no  feu  tempo.  M.  S. 
Da  obra,  e  do  Author  faz  mençaõ  Joaõ  Franco 
Barreto  na  Bib.  Lufit.  Aí.  S. 

Fr.  FERNANDO  DE  ABREU  natu- 
ral do  Porto  filho  de  Joaõ  de  Efpino- 
fa  Ribeiro,  e  Mariana  de  Abreu.  Na  idade 
juvenil  profeflbu  o  inftituto  da  iUuftre  Or- 
dem dos  Pregadores  no  Real  Convento 
de  Bemfica  a  25.  de  Julho  de  1677.  em 
cuja  fagrada  paleftra  depois  de  fahir  con- 
fummado  nas  Sdendas  Efcholafticas  as 
diâou  aos  feus  domefticos  com  grande 
applaufo  do  feu  nome,  de  que  refultou  fer 
Qualificador    do     Santo    Offido,    Examina- 


14 


BIB  LIO  TH  E  CA 


dor  das  Três  Ordens  Militares,  Deputa- 
do da  Junta  das  Miflbens,  Dezembarga- 
dor  da  Cúria  Patriarchal,  e  dos  primeiros 
cincoenta  Académicos  de  que  fe  compoz 
a  Academia  Real  para  efcrever  as  Memo- 
rias Ecclefiafticas  do  Bifpado  de  Miran- 
da. Falleceo  no  Convento  de  Lisboa  a 
8.  de  Março  de  1727.  Delle  fe  lembraõ 
Fr.  Pedro  Monteiro  Clauji.  Domin.  Tom. 
3.  pag.  203.  e  Fr.  Lucas  de  Santa  Catha- 
rina  na  Hiji.  de  S.  Doming.  da  Provinda 
de  Portug.  Part.  4.  pag.  932.  col.  2.  e  no 
EJogio  Fúnebre  que  por  ordem  da  Academia 
Real  dedicou  à  fua  memoria. 
Compoz 

Cathalogo  dos  Bifpos  de  Miranda.  Lifboa 
por  Pafchoal  da  Sylva  ImpreíTor  de  Sua  Ma- 
geftade,  e  da  Academia  Real.  1721.  foi.  Sahio 
no    Tomo    das    Collefoens  da   mejma   Acade- 


mia. 


Conta  dos  feus  ejludos  Académicos  dada  no 
Paço  a  7.  de  Setembro  de  1722.  Sahio  no  2.  Tom. 
da  Colleç.  da  Acad.  Keal.  Lisboa  pelo  dito 
ImpreíTor  1724.  foi. 

Conta  dos  feus  ejludos  Académicos  no  Paço  a 
iz.  de  Outubro  de  1726.  Sahio  no  Tom.  6.  da 
Colleç.  da  Academia  Keal.  Lisboa  por  Jozè 
António  da  Sylva  1726.  foi. 

FERNANDO  DE  ABREU,  E  FARIA 
naceo  na  Villa  do  Cadaval  do  Patriarchado 
de  Lisboa,  e  na  Igreja  Matriz  de  N.  Senhora 
da  Conceição  da  mefma  Villa  recebeo  a  graça 
bautifmal  a  22.  de  Março  de  1660.  Teve  por 
Pays  a  Joaõ  Soares  de  Faria,  e  Mariana  de 
Abreu  igualmente  nobres,  e  opulentos.  De- 
pois de  fe  inftruir  nas  Letras  humanas  paíTou 
à  Univeríidade  de  Coimbra,  onde  recebeo  o 
gráo  de  Bacharel  na  Faculdade  do  Direito 
Pontifício.  Foy  Prothonotario  Apoftolico,  e 
Dezembargador  da  Relação  Ecclefiaílica  de 
Lisboa  em  cujo  lugar  moftrou  a  fua  grande 
fciencia  jurídica  naõ  alcançando  menor  fama 
cm  os  Púlpitos  onde  foy  ouvido  com  ap- 
plaufo.  Foy  naturalmente  difcreto,  e  ele- 
gante; verfado  em  todo  o  género  de  eru- 
dição, como  publicaõ  as  fuás  obras.  Fal- 
leceo na  pátria  a  20.  de  Dezembro  de  1737. 
quando  contava  fetenta  e  três  annos  de 
idade,  e  jaz  fepultado  em  fcpultura  própria 


no  meyo  da  Igreja  Matriz  do  Cadaval.  Ef- 
creveo 

O  Servo  prudente  conjlituido  fobre  a  Fa- 
mília de  feu  Senhor.  Vida,  e  morte  de  S.  Jo^^ 
E/po/o  da  Jempre  Virgem  MARIA,  e  Pay 
putativo  de  Cbrifto  com  reflexoens  moraes  de 
varia  doutrina.  Lisboa  por  Miguel  Rodri- 
gues. 1726.  8. 

Sermão  nas  Exéquias  que  celebrou  a  Villa 
do  Cadaval  em  quinta  feira  27.  de  Março  de  1727. 
pelo  Excellentijftmo  Senhor  D.  Nuno  Alvares 
Pereira  de  Mello  I.  Duque  delia.  Sahio  impreíTo 
nas  Ultimas  AcçÕens  do  me/mo  Duque.  Lisboa 
na  Officina  da  Mufica.  1730.  foi.  defde  pag. 
135.  atè  148.  e  Coimbra  por  Bento  Ferreira 
Seco.  1727.  4. 

Commentario  à  Ordenação  do  Reyno.  foi.  2. 
Tom.  M.  S.  Eíla  obra  andava  nas  licenças 
para  fe  imprimir. 

^  Fr.  FERNANDO  DE  SANTO  AGOS- 
TINHO natural  de  Lisboa,  onde  depois  de  ter 
frequentado  o  eftudo  da  Latinidade,  e  letras 
humanas  profeflbu  o  Sagrado  Inftituto  do 
Doutor  Máximo  S.  Jeronymo  no  Real  Con- 
vento de  Santa  MARIA  de  Belém  a  5.  de 
Agofto  de  1647.  A  natural  affabilidade  de  que 
era  dotado  junta  com  fumma  prudência  o  fi- 
zeraõ  digno  de  occupar  os  mayores  lugares  na 
fua  Religião.  Duas  vezes  partio  a  Roma  como 
Procurador  Geral  da  fua  Congregação  onde 
mereceo  particulares  eílimaçoens  dos  Pontifí- 
ces  Clemente  IX.  e  X.  e  de  muitos  Cardiaes. 
Reílituido  ao  Reyno  foy  eleito  Geral,  cuja 
dignidade  dimittio  em  o  meyo  do  triénio  por 
fer  mais  ambiciofo  de  obedecer,  que  de  man- 
dar. Eftando  a  2.  de  Novembro  de  1709. 
aíTiíHndo  no  Coro  ás  Matinas  da  Comemo- 
ração dos  Defuntos  que  fe  cantavaõ  de  noite 
tendo  acabado  de  entoar  a  Antifona  que  lhe 
coube  por  diftribuiçaõ  Dirige  Domine  Deus 
in  confpeãu  tuo  vitam  meam  foy  accõmetido  de 
hum  accidente  apopletico  que  o  privou  da 
vida.  Foy  Examinador  das  Três  Ordens  Mi- 
litares, e  dos  grandes  Pregadores  do  feu  tempo 
de  que  faõ  claros  argumentos  os  Sermoens 
feguintes 

OraçaÕ  Fúnebre  nas  Exéquias  annuaes 
do  Serenijfimo  Rey  de  Portugal  D.  Manoel 
de    glorio/a    memoria    na    Cat(a    da    Mijeri- 


L  USITAN A. 


i5 


íordia  de  Lisboa  em  15.  de  Def(embro  de  1685. 
Lisboa   por    Joaõ    Gakaõ.    1686.    4. 

Sermão  da  Vififaçaõ  de  N.  Senhora  a 
Santa  Isabel  na  Santa  Cafa  da  Mifericordia 
de  Usboa  em  2.  de  Julho  1686.  Lifboa  pelo 
dito  ImpreíTor.  1686.  4. 

Sermoens  das  quatro  Domingas  do  Advento. 
Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor.  1687.  4. 

Sermão  do  Bom  LadraÕ  em  Saõ  Julião  em 
9.  de  Abril  de  1686.  Lisboa  por  Miguel  Des- 
landes.  1687.  4.  He  o  primeiro  Sermaõ  da 
Laurea  Evangélica. 

Sermaõ  de  Santa  Cecilia  no  Keal  Convento 
de  Odivellas  no  anno  de  1684.  Lifboa  por  Joaõ 
Galraõ.  1689.  4. 

Sermaõ  do  Máximo  Doutor  da  Igreja  S.  Jero- 
rr^mo  Paj  dos  Monges  de  Belém  pregado  no  Con- 
vento de  Saõ  Jeronymo  do  Aíato  no  anno  de  1687. 
Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor.  1689.  4. 

Sermoens  da  Primeira,  Segunda,  e  Terceira 
Dominga  da  Qtmrejma.  Lisboa  por  António 
Pedrozo  Galraõ.  1701.  4. 

Fr.  FERNANDO  DE  AGLIAR  na- 
tural da  Villa  do  Teu  appellido  íituada  na 
Provinda  da  Beyra  do  Bifpado  de  Vizeu, 
Abbade  do  Real  Q)nvento  de  Alcobaça, 
c  muito  appUcado  á  Liçaõ  da  Hiftoria 
Eccleíiaítíca,  e  naõ  menos  perito  nas  An- 
tiguidades de  que  he  depoíito  o  grande 
Archivo  de  Alcobaça.    Efcreveo 

¥los  Sanãorum  do  Mojleiro  de  Alcobaça  tres- 
Jadado  de  antiquijfimos  originaes  em  o  anno  de  145 1. 
M.  S.  cuja  obra  aUegaõ  Fr.  LuÍ2  dos  Anjos 
Jardim  de  Portug.  pag.  8.  D.  Mauro  Caftellà 
Hijior.  de  S.  Tiago  liv.  2.  cap.  2.  e  Joaõ  Tamayo 
Salazar  }ilartyrolog.  Hifpan.  Tom.  i.  pag.  213. 
a  22.  de  Fevereiro. 

D.  FERNANDO  DE  ALMEYDA. 
Naceo  em  Lisboa  pelos  annos  de  1459. 
fendo  5.  íilho  de  D.  Lopo  de  Almeyda 
primeiro  Conde  de  Abrantes,  e  de  fua 
molher  a  CondeíTa  D.  Brites  da  Sylva, 
filha  de  Pedro  Gonfalves  Makfaya,  Ve- 
dor da  fazenda  DelRey  D.  AfTonfo  o  V. 
Seguindo  os  veftigios  de  feu  Irmaõ  D. 
Jorge  de  Almeyda,  Bifpo  de  Coimbra, 
abraçou  o  eftado  Eccleíiaítíco,  do  qual 
fe   fazia    digno    pela    integridade    dos    cof- 


tvmies,  e  proíiílaõ  das  fdencias.  Ao  tem- 
po que  era  Prior  do  Convento  de  Saõ 
Jorge,  junto  de  Coimbra,  eleito  pelos  Có- 
negos Regulares,  em  o  anno  de  1488.  va- 
gando a  Cadeira  Epifcopal  de  Ceuta,  por 
morte  de  D.  Juílo  Baldino  o  nomeou  neíb. 
dignidade  ElRey  D.  Joaõ  o  11.  que  conhe- 
cendo experimentalmente  a  grande  capad- 
dade  de  que  era  ornado  o  elegeo  no  anno 
de  1492.  feu  Embaxador  á  Cúria  Romana, 
juntamente  com  D.  Diogo  de  Souza,  que 
depois  foy  Bifpo  do  Porto,  e  Arcebifpo  de 
Braga.  Naõ  fe  efeituando  a  Embaxada 
pela  intempeftiva  morte  de  Innocencio  Vlll. 
como  Uie  fuccedefle  no  Sólio  do  Vaticano 
Alexandre  VI.  nomeou  o  mefmo  Monarcha 
por  feu  Embaxador  ao  Pontífice  reynante, 
D.  Pedro  da  Sylva  Comendador  mór  de  Aviz, 
e  Iimaõ  do  Bifpo  de  Ceuta  D.  Fernando,  or- 
denando que  efte,  e  D.  Diogo  de  Souza  lo- 
graíTem  o  mefmo  carader.  Reílituido  a  Portu- 
gal D.  Pedro  da  Sylva,  e  D.  Diogo  de 
Souza,  continuou  na  Cúria  D.  Fernando 
atè  o  fetimo  anno  do  Pontificado  de  Ale- 
xandre VI.  que  atrahido  do  feu  profundo 
talento  o  fez  Bifpo  AíTiftente  do  Sólio 
Pontificio,  e  o  nomeou  Núncio  Apoftolico 
a  ElRey  ChriítianiíTimo  Carlos  VIII.  e  pofto 
que  por  morte  deíle  Principe,  acontecida 
em  6.  de  Abril  de  1498.  lhe  fuccedeíTe 
no  Trono  Luiz  XII.  continuou  a  Nun- 
ciatura  com  grande  credito  da  fua  pru- 
dência, fendo  hum  dos  Juizes  deputados 
pelo  Pontífice,  juntamente  com  o  Cardial 
FiHppe  de  Luxemburg,  e  Lxiiz  de  Amboefa 
Bifpo  de  Alby,  que  na  Cidade  de  Tours 
anuUaraõ  o  matrimonio  que  efte  Monar- 
cha contratura  com  D.  Joanna  de  Valois, 
filha  de  Luiz  XI.  e  Irmãa  de  Carlos  Vlll. 
Reys  de  França,  deixandolhe  Uberdade  para 
cazar  com  Madama  Anna  Duqueza  de 
Bretanha,  e  Viuva  de  Carlos  VTII.  feu 
anteceíTor.  Para  celebrar  eíle  defpozorio 
como  foíTe  neceíTario  difpenfaçaõ  Pon- 
tificia  em  o  parentefco  a  occultou  ma- 
lidofamente  Cezar  Borja,  que  defpida  a 
Purpura  Cardinalícia  eílava  feito  Duque 
de  Valentinois,  querendo  com  eíle  arti- 
fido  adiantar  as  fuás  ambiciofas  perten- 
çoens,     porém     fendo     defcuberto     o     feu 


ló 


BIB  LIO  THE  CA 


fingimento  pela  fagacidade  de  D.  Fernando 
de  Almeida,  o  mandou  matar  com  veneno 
de  que  frequentemente  ufava  para  fatif- 
façaõ  da  fua  vingança,  e  augmento  da  fua 
ambição  privando  a  hum  taõ  grande  Pre- 
lado do  Capelo  de  Cardeal,  e  da  Mitra 
de  Nevers  que  lhe  eftavaõ  promettidos. 
Com  eíle  trágico  fim  acabou  a  vida  D.  Fer- 
nando de  Almeida  femelhante  ao  de  feu 
irmaõ  D.  Francifco  de  Almeida  L  Vice- 
Rey  da  índia,  e  dos  mais  famofos  Heroes 
que  celebrou  o  mundo,  morto  hum,  e 
outro  como  vidtímas  da  barbaridade  em 
paizes  eílranhos.  Fazem  delle  mençaõ  Gui- 
chiard.  Hijí.  de  Ital.  liv.  4.  foi.  109.  ao 
anno  de  1498.  Ciacon.  Vit.  Pontif.  Roman. 
Tom.  3.  col.  184.  na  Vid.  do  Cardial  Fi- 
lippe  Luxemburg.  Mazaray  HíJI.  de  Franç. 
no  anno  de  1498.  D.  Nicol.  de  Santa  Ma- 
ria Chron.  dos  Coneg.  Keg.  liv.  8.  cap.  15. 
n.  10.  D.  Manoel  Caetano  de  Souza  Cathal. 
Hiji.  dos  Pontif.  e  Card.  Portug.  p.  49.  En- 
tre as  Sciencias  feveras  cultivou  as  amenas 
fendo  infigne  Latino,  e  mayor  Orador, 
como  fe  vio  na  Oraçaõ  obediencial  que 
em  nome  de  feu  Soberano  D.  Joaõ  o  II. 
recitou  na  prefença  de  Alexandre  VI,,  que 
tem  efte  titulo  com  a  orthografia  com  que 
fahio  impreíTa  da  qual  vimos  hum  exemplar 
eílampado  em  pergaminho  em  quarto  fem 
anno,  e  lugar  da  impreíTaõ  que  conferva  o 
Doutor  Nicolao  Francifco  Xavier  da  Sylva 
Académico  Real. 

Ad  Alexandrum  VI.  Pontif.  Max.  Ferd. 
de  Almeida  ele£ti  Ecc/ie.  Septin:  Jo.  II.  Regis 
Portugallie  Oratoris  Oratio.  Começa  Socratem 
Sapientijftmum  illum  hominem  (ò'c.  He  dedicada 
a  ElRey  D.  Joaõ  o  II.  e  tem  o  titulo  feguinte 
a  Dedicatória  Joanni  Secundo  Portuga/lie  Reff 
inviíHJftmo,  ac  pientijftmo  Ferd:  de  Almeyda  ele^us 
Septin :  dicatiffima  fue  maieflatis  creatura  perpet. 
Foelicitatem.  Principia.  Magnum,  eb*  mea  omni- 
no  profejfioni  inufitatum  múnus  ví^c. 

Fr.  FERNANDO  DE  ALMEIDA  da 
Ordem  dos  Pregadores  igualmente  douto 
na  Sagrada  Theologia,  que  nos  Cânones  Pon- 
tifícios. Efcreveo  por  ordem  do  Inquiíidor 
Geral  D.  Jorge  de  Almeida  a  quem  o  dedicou 

Tratado    dos    erros,    que    contém    as    do- 


idas dos  Sagrados  Cânones,  foi.  M.  S.  Con- 
ferva-fe  na  grande  Bibliotheca  do  Cardeal 
de  Souza  que  hoje  he  do  Excellentiffimo 
Duque  de  Lafoens.  Do  Author,  e  da  obra 
fe  lembra  Fr.  Pedro  Monteiro  Claufl.  Do- 
minic.  Tom.  3.  pag.  203. 

Fr.  FERNANDO  DE  ALMEIDA  na- 
tural da  Villa  de  Alverca  do  Patriarchado 
de  Lisboa,  filho  de  Luiz  de  Almeida,  e 
fobrinho  de  Manoel  de  Almeida  Corre- 
gedor da  Corte.  ProfeíTou  o  Inftituto  Se- 
ráfico em  a  Provinda  de  Portugal  onde 
foy  ComiíTario  geral  nefte  Reyno.  Cultivou 
com  igual  applicaçaõ  as  Mufas  Sagradas, 
como  as  Sciencias  feveras,  fendo  hum  dos 
grandes  Letrados  do  feu  tempo  como  ma- 
nifeílamente    fe    vio    na    obra    feguinte 

Apologia  por  algumas  opinioens;  que  fe 
impugnarão  na  fumma  de  Ca:(ps  de  Concien- 
cia  compofla  por  Fr.  fov^é  Angles  Confeffor 
das  Freiras  Defcalças  de  Madrid.  M.  S. 

Fr.  FERNANDO  DE  ALMEIDA  na- 
tural de  Lisboa,  e  religiofo  da  militar  Or- 
dem de  Chriílo,  que  profeflbu  no  Real  Con- 
vento de  Thomar  no  anno  de  1638.  fendo 
pela  fua  virtuofa  vida  eleito  Vifitador  da 
Ordem  em  o  anno  de  1656.  Foy  hum 
dos  mayores  difcipulos  que  fahiraõ  da 
efcola  do  infigne  Meftre  Duarte  Lobo  de 
quem  fe  fez  mençaõ  em  feu  lugar,  ou  foíTe 
na  Theorica,  ou  na  Praética  da  armonica 
Sciencia  da  Mufica  pela  qual  foy  muito 
eftimado  do  SereniíTimo  Rey  Dom  Joaõ 
o  IV.  foberano  Mecenas  de  taõ  fonora 
Arte.  Faleceo  no  Convento  de  Thomar 
a  21.  de  Março  de  1660.  Entre  muitas 
obras  que  compoz  fe  diftingue  com  grande 
exceíTo    hum    livro    que    comprehende 

luimentaçoens,  Refponforios,  e  Mifereres  do.^ 
Três  Officios  da  Quarta,  Quinta,  e  Sefla  feira  da 
Semana  Santa.  foi.  M.  S.  o  qual  mandou  copiar 
a  Mageftade  d'ElRey  D.  Joaõ  o  V.  NoíTo 
Senhor  quando  afliítío  no  Convento  de  Tho- 
mar para  que  fe  cantaíTe  na  fua  Capella  Real. 

Miffa  a  dor(e  Vo^es.  Conferva-fe  na  Bi- 
bliotheca Real  da  Mufica  como  coníla  do 
feu  Index  Impreflb.  Lisboa  por  Pedra 
Craesbeck.  1649.  4. 


L  US  ITAN  A. 


n 


FERNANDO  ALVARES  natural  da 
Villa  de  Santarém,  e  filho  de  Henrique 
Nunes,  e  Izabel  Alvares.  Foy  grande  Me- 
dico, iníigne  Aftrologo,  e  famofo  Poeta, 
de  cuja  Arte  deixou  para  eterno  monu- 
mento do  feu  nome  aquelle  celebre  Soneto 
que  compoz  paíTando  o  Tejo  que  começa 
Fermofo  Tejo  meu  quaõ  differenfe  que  alguns 
quizeraõ  attribuir  a  Francifco  Rodrigues 
Lobo,  e  elegantemente  glozou  António 
Barboza  BaceUar.  Efcreveo  varias  obras 
Medicas  cheyas  de  profunda  efpeculaçaõ, 
que  ficarão  a  feu  filho  Henrique  Nunes 
também  grande  Medico,  fendo  a  mais  eíH- 
mavel  de  todas 

De  Pátrio  refugo,  five  qiád  praftat  in  morbis 
lottffs  terram  mutare.  M.  S. 

FERNANDO  ALVARES  BRANDAM 
douto  Medico,  e  muito  perito  nas  Letras  hu- 
manas a  quem  o  Capitão  Manoel  Fernandes 
Villa  Real  no  Difcurfo  dei  color  verde  intitula: 
Infiffte,  y  illuftre  ingenio.  Q)mpoz  em  compe- 
tência do  Doutor  Fernando  Cardozo  que  efcre- 
veo as  excellendas  da  cor  verde 

Tratado  em  defenja  da  cor  az^l.  M.  S.  em 
cuja  obra  moftra  muita  difcriçaõ,  fciencia,  e 
galantaria. 

FERNANDO  ALVARES  CABRAL  na- 
tural da  ViUa  de  Santarém,  e  Avò  de  Hen- 
tique  do  Quental  Vieyra  de  quem  fe  fará 
memoria  em  feu  lugar.  Foy  hum  dos  mayo- 
res  profeíTores  da  Arte  Medica,  que  ve- 
nerou o  feu  tempo,  de  cuja  fcienda  dei- 
xou por  manifeftos  documentos  as  obras 
feguintes 

De  morbis  intemis  à  capite  u/que  ad  pedes, 
Ò^  de  mulierum  affeãibus.  foi.  3.  vol.  difbibuidos 
em  14.  livros.  M.  S. 

De  differentiis  febríum,  &  earum  curatione. 
M.S. 

De  Alimenforum  facultatibus.  foi.  M.  S. 

De  Venenis  commwtibus,  ó^  domeJHcis.  M.  S. 

De  Arthritidis  Jpeciebus.  M.  S. 

De  affeãibus  cutaneis.  M.  S. 

De  Morbo  Gallico.  M.  S. 

De  Hamorrhoidibus,  (&  iMmbricis.  M.  S. 

Commentaria  in  Mechanicam  Arifiotelis, 
M.  S. 


Ubellus  de  Perfpecíiva.  M.  S. 

De  Afirologia.  M.  S. 

Commentaria  in  Quattuor  libros  Avicener 
Jcilicet,  Yen.  Primum  primi;  Sectmdum  primi^ 
Primum  Quarti.  Quartum  qnarti. 
Todas  eílas  obras  confervava  com  fimima 
eftimaçaõ  na  fua  livraria  o  Doutor  Manoel 
Alvares  Sereno  Phyfico  mór  defte  Reino. 
Falleceo  na  fua  Pátria  a  17.  de  Março  de  1636. 
e  jaz  fepultado  na  Igreja  de  Santa  Maria  de 
Marvilla. 

FERNANDO  ALVARES  DO  ORIEN- 
TE, cujo  appellido  tomou  da  pátria  que 
lhe  deu  o  berço  qual  foy  a  Qdade  de  Goa 
Cabeça  do  Império  Oriental  Portuguez, 
onde  no  tempo  que  governava  o  Eftado 
António  Moniz  Barreto  foy  Capitão  de 
huma  Fufta  na  expedição  que  fez  ao  Norte 
o  Capitão  mòr  Femaõ  Tellez.  Foy  infigne 
Poeta,  e  ornado  de  engenho  agudo,  como 
moftrou  na  obra  p>aftoril  que  com  fubtil 
artificio,  copia  de  Sentenças,  e  pureza  de 
fraze  imitando  a  Diana  de  Jorge  de  Monte 
mayor   compoz   com  o   titulo 

hufitania  Transformada.  Lisboa  por  Luiz 
Eíhipinan.  1607.  8.  Dedicada  a  D.  Mi- 
guel de  Menezes  Marquez  de  Villa  Real, 
Conde  de  Alcoutim,  e  de  Valença,  Capi- 
tão mòr,  e  Governador  de  Ceuta.  Deíla 
obra,  e  feu  author  fazem  diverfos  elogios 
Manoel  de  Fada,  e  Souza  Cõment.  às  Ri- 
mas de  Cam.  Tom.  2.  pag.  Z89.  Nicol. 
Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  280.  col.  2. 
D.  Franc.  Manoel  na  Cart.  dos  AA.  Por- 
tug.  efcrita  ao  Doutor  Manoel  Themudo 
da  Fonfeca  dizendo  por  quem  navegarão  as 
Mu/as  mais  longe,  e  lhe  levarão  mais  riquezas, 
que  lã  fe  produzem,  e  o  Padre  Ant.  dos  Reys 
Entbuf.    Poet.    n.    76. 

Tu  que  colens  Femande  plagas,  quas  rofcida 
primum 

Tithoni  conjux  madidis  cum  fitr^t  ab  undis 

Adfpicit. 
No    Cancioneiro    do    Padre    Pedro    Ribeiro 
feito  no  anno  de  1577.  eflà  huma  fua  Ele- 
gia que  começa 

SajaS  defta  alma  trifte,  e  magoada. 
Compoz    mais,     conforme    affirmaõ     Jorge 
Cardozo    nas    Memorias   para    a    Bib.    Por- 


i8 


BIBLIO  TH E  CA 


tug.    e    Joaõ    Soar.    de    Brit.    Tbeatr.    Ljijit. 
Utter.    lit.    F.    n.    4. 

Quinta,  e  Sexta  Parte  do  Palmeirim  de 
Inglaterra. 

FERNANDO  ALVARES  DE  PAYVA 
natural  de  Lisboa,  e  Prior  da  Parochial 
Igreja  de  Santo  Ifidoro  da  Villa  de  Mello 
fituada  em  a  Provinda  da  Beira  do  Bif- 
pado  da  Guarda.  O  continuo  difvelo  que 
defde  a  primeira  idade  dedicou  à  liçaõ  dos 
Livros  lhe  adquirio  huma  vaíla  intelli- 
gencia  das  letras  amenas,  e  feveras,  em 
que  deixou  compoílos  doze  Volumes  de 
quarto  a  vários  AíTumptos  em  Proza,  e 
Verfo  na  lingua  Materna,  e  Caílelhana,  os 
quaes  eílavaõ  promptos  para  a  impreíTaõ, 
e  alguns  confervava  em  feu  poder  Francifco 
de  Brito  Freire,  de  quem  fe  fará  memoria 
em  feu  lugar,  e  Joaõ  Freire  de  Mello 
Senhor   de   Mello. 

FERNANDO  ALVARES  SECO  Ma- 
thematico  infigne,  e  famofo  Geógrafo,  de 
cuja  fciencia  deu  hum  manifefto  argumento 
em  o  Mapa  que  fez  do  Reyno  de  Portu- 
gal,   e   fahio    com   efte    titulo 

Tabula  Geográfica  Portugallia;  o  qual  de- 
dicou Achilles  Eílaço,  quando  aíTiília  em  Roma, 
ao  Cardial  Guido  Sforcia  em  o  anno  de  1560. 
em  cujo  anno  foy  impreíTo  por  Miguel  Tra- 
mezzino.  Sahio  mais  correfto  por  Baptiíla 
Detecomio.  Amílelodami  apud  Joannem  Bla- 
vium,  &  Joannem  Janfonium.  1600.  foi.  & 
ibi  apud  Ferdinandum  Witt,  &  Juftum  Dan- 
kherf.  Do  Author,  c  da  obra  fe  lembraõ 
Draudius  in  Bib.  Clajftc.  Tit.  Mappa,  five  Tab. 
Geograph.  Taxand.  Cathal.  Ciar.  Hifp.  Script. 
Joan.  Soar.  de  Brit.  Theatr.  hjdfit.  Utterat. 
lit.  F.  n.  5.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i. 
pag.  280.  col.  2.  e  o  moderno  addicionador 
da  Bib.  Geograf.  de  Ant.  de  Leaõ.  Tom.  3. 
Tit.  xmic.  col.  1440. 

Fr.  FERNANDO  ANNES  Religiofo 
da  Monachal  Ordem  de  S.  Bento,  c  muito 
zelofo  das  glorias  de  taõ  efclarecida  Familia. 
Efcreveo 

Vida  de  S.  Bento,  e  Santo  Amaro  com 
varias  noticias  da  Ordem  Monachal.    ImprcíTa 


no  anno  de  1577.  como  aíTirma  Joaõ  Franco 
Barreto  na  Bib.  hjtfit.  M.  S. 

Fr.  FERNANDO  DE  SANTO  ANTÓ- 
NIO natural  da  Villa  de  Aveiro  do  Bif- 
pado  de  Coimbra  onde  recebeo  a  primeira 
graça  a  18.  de  Julho  de  1623.  Foy  filho 
de  Francifco  Marquez,  e  Leonor  André 
Matoza  que  o  educarão  com  tantos  do- 
cumentos virtuofos  que  fe  refolveo  lar- 
gar o  mundo  na  tenra  idade  de  defefeis 
annos,  e  receber  o  penitente  Habito  da 
Terceira  Ordem  Seráfica  no  Convento  de 
NoíTa  Senhora  de  JESUS  defta  Gdade 
de  Lisboa  a  7.  de  Novembro  de  1639. 
O  talento  que  teve  para  as  Cadeiras  lendo 
Artes  no  Convento  de  S.  Francifco  do 
Mogadouro,  e  Theologia  em  o  CoUegio 
de  Coimbra,  e  no  Convento  de  Lisboa  o 
habilitou  para  que  tendo  fido  Definidor,  ' 
e  Vigário  Provincial  fofle  eleito  Miniílro 
Provincial  a  28,  de  Julho  de  1663.  e  Ca- 
pellaõ  mór  das  Armadas  Reaes  por  no- 
meação d'ElRey  Dom  Pedro  II.  o  qual 
querendo  dar  mayor  premio  ao  feu  mere- 
cimento o  elegeu  Bifpo  Ultramarino,  de  I 
cuja  dignidade  fe  efcuzou.  Falleceo  em  o 
Convento  de  Lisboa  a  11.  de  Julho  de 
1690.  quando  contava  feíTenta  e  fete  annos 
de  idade,  e  quarenta  e  nove  de  Religião. 
Compoz 

Sylva  Conceptuum  Sacra  Scriptura,  vÍT  ali- 
quorum  SS.    PP.  ad  u/um  proprium  I.  Pars. 

Expojifiones  Evangélica  ad  ¥efia,  eb*  etiam 
Dominicas  II.  Pars. 

Eftas  duas  obras  conferva  com  grande  cíli- 
maçaõ  o  Padre  Luiz  Montez  Matozo  fobrinho 
do  Author,  do  qual  faz  breve  mençaõ  Antó- 
nio Carvalho  da  Coíla  Corog.  Por  tug.  Tom.  2. 
Trat.  2.  cap.  4.  pag.  122. 

FERNANDO  ANTÓNIO  DA  ROZA. 
Naceo  na  Villa  de  Santarém  a  15.  de  De- 
zembro de  1700.  onde  teve  por  Pays  a 
Joaõ  da  Sylva  de  Carvalho,  e  Maria  Jofefa 
da  Rofa.    Publicou 

RelafaÕ  das  infifftes  Fejlas,  que  aos  felices,  e 
Reaes  annos  da  Princesa  do  Brafil  N.  Senhora  Jefi- 
:(eraÕ  no  fitio  da  Junqueira  extra  muros  de  Lisboa 
Occidental,   por    direcção    do    Du^    do    Cada- 


L  USITANA. 


vai,  felizmente  executadas  pela  prinàpal  No- 
breza da  Corte,  em  os  dias  5.  8.  e  12.  de 
\  Julho  do  prev^ente  armo  de  1738.  Lisboa  por 
António  líidoro  da  Fonfeca.  1758.  4.  He 
efcrita  em  proza,  e  dedicada  ao  Duque 
do     Cadaval,     cuja     Dedicatória    confta    de 

14.  outavas    com   o    titulo    de    elogio    Poé- 
tico. 

Soneto  glosado  no  ejhrago  laftimojo,  que 
na  Praça  de  Campomayor,  fe!^  o  rayo  que  nella 
cahio,  na  madrugada  de  \6.  de  Setembro  de 
1732,  e  a  lamentável  tempefiade  de  vento,  que 
arruinou,  e  deftruhio  parte  dejle  Reyno,  no  dia 

15.  ík  Outubro  do  me/mo  anno.     Lisboa  por 
António    Pedrozo    Galraõ.    1732.    4. 


FERNANDO   AYRES   DE   MEZA  na- 
total  da  Villa  de  Eílremós  íituada  na  Pro- 
vinda   do    Alentejo,    e    fobrinho    do    iníi- 
!    gne    Theologo    Fr.    Manoel    Rodrigues    da 
Ordem    Seráfica,    de    quem    fe    fará    larga 
I    memoria    em    feu    lugar.     Inílruido    na    pá- 
tria   com    os    rudimentos    da    língua    Lati- 
na,   e    noticia    das    letras    humanas,    eíhi- 
dou    Jurifprudenda,    aíTim    Gvil,    como  Ca- 
nónica   em    a    Univerfidade    de    Coimbra, 
em     cujas     Faculdades     mereceo     xmiverfal 
applaufo   alcançando   o   mayor   quando   paf- 
;    fou   a    Salamanca,    e   nella   explicou   os   Câ- 
nones   Pontifícios    em    a    Cadeira    de    Vef- 
pera    donde    fobio    á    de    Prima    admirando 
todos    os    Cathedratícos    daqueUa    florentif- 
I    lima  Academia,   a  mageílade  com  que  dic- 
tava,    a    fubtileza    com    que    arguia,    a    pro- 
fundidade,  e  promptidaõ   com   que   refpon- 
dia.    Em  atenção   da  fua  grande  litteratura 
o   nomeou   Filippe   IV.    no   anno   de    1638. 
Senador    do     Supremo     Senado     de     Santa 
Clara    de    Nápoles    em    cuja    Univerfidade, 
foy  Lente  primário   de  Direito   Gvil,   onde 
fez   mais   patentes   os   thefouros   da  fcienda 
legal  de  que  era  feliz  depofito  a  fua  vafta 
!    memoria.     Ao    tempo    que    o    mefmo    Mo- 
;    narcha  o  tinha  eleito  Regente  do  Supremo 
j    Confelho    de   Itália,    em   Madrid,    o   arreba- 
j    tou  a   morte   em   Nápoles   a    15.    de   Mayo 
'    de  1646.  e  jaz  fepultado  na  Igreja  dos  San- 
tos   Apoftolos    dos    Padres    Theatinos.     Pe- 
dro   Valcarcel   no    Elogio    que    fez    à    obra 


que  imprimio  o  louva  com  eftas  elegan- 
tes expreíToens.  Jure  facras  interpretaris  le- 
ges,  qui  prifcorum  Júris  conditorum  in  fcri- 
bendo  imitaris  eloquentiam.  Illi  quas  fub  nebri- 
cofo  subtilitatis  tegmento  conte  xerunt  leges,  Tu  tuo 
claritatis  lumine  exponis  júris  amantium  oculis. 
Tam  clare  Imperatorum  referas  oracula,  ut  ea  fub 
óculos  ponas,  in  qua  nec  mens  humana  quidem  obtu- 
tum  fingere  potefl.  Auri,  argentique  fodinas  tuum 
occulit  ingenium,  unde  auream  fcribendi  fegetem 
femper  hauris,  numquãm  exhauris.  Qtia  duo  in 
rebus  humanis  difficillime  conjunguntur,  ea  in  Te 
mirabiliter  coharent,  Juflitia  fcilicet,  ^  Pietas. 
ília  fontibus  fuplicium  foluis,  innocentemque  in  in- 
tegrum  reflitms.  Hác  vero  Parentis  inflar  omnes 
fub  tua  Toga  admitis,  neminemque  excludis. 
O'  Hifpania  Heroem  linguas  centum,  centum 
ora  fama  referat,  nomenque  tuum  extollit  ad 
Afira.  Carolus  Cala  J.  C.  no  Prologo  ao 
leitor  das  obras  de  Fernando  Ayres  de 
Meza  lhe  chama  famigerata  eruditionis  virum, 
qui  ut  alter  Cujàcius  apud  omnes  infiéis  doc- 
trina  magifler  appariàt  cum  ingenti  Ljtfitana 
pátria  Jaãantia,  Salmantina  Univerfitatis  glo- 
ria, <ò^  communi  gentium  beneficio.  Nicol.  Ant. 
Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  281.  col.  2.  Júris 
Utriufque  fcientiam  fe  ejfe  haud  mediocriter  af- 
fequutum  ijs,  qui,  tempeflate  fua  Lyceum  Sal- 
mantica  ttrbis  frequentaverunt ,  è  catbedra  of- 
tendit  Ulhoa  de  Legatis  DiíTert.  18.  num. 
35.  e  DiíTert.  19.  num.  63.  fe  lembra  delle 
com    grandes    louvores.     Publicou. 

Variarum  Refolutionum,  <&  Interpretatio- 
num  Júris  libri  III.  Neapoli  apud  Jacobum 
GaíFarum  1641.  foi.  Genevse  apud  Samue- 
lem  Chovet  1658.  foi.  &  Lugdimi  apud 
Jacobum  Canier,  &  Antonium  Beaujollin. 
1672.    foi. 


FERNANDO  BOCARRO  taõ  verfado 
na  arte  da  Politica,  como  zelofo  do  augmento 
da  pátria.    Efcreveo. 

Memorial  de  mata  importância  para  ver 
S.  Magefl.  o  Senhor  Rey  D.  Filippe  III.  de 
Portugal  em  como  fe  haõde  remediar  as  necef- 
f idades  de  Portugal,  e  o  como  fe  hade  haver 
contra  feus  inimigos,  que  moleflaõ  aquella  Coroa, 
e  os  mais  feus  Reynos.  foi.  Naõ  tem  anno, 
nem  lugar  da  Impreflaõ... 


20 


BIB  LIO  THE  C  A 


Fr.  FERNANDO  CALDEIRA  ReU- 
giofo  da  Ordem  dos  Mínimos  de  S.  Frã- 
cifco  de  Paula,  famofo  Thaumaturgo,  cujo 
habito  veftio  em  Caftella,  onde  fahio  pro- 
fundamente inftruido  nas  fciencias  Efco- 
laílicas  de  quem  fazem  memoria  Nicol.  Ant. 
Bíh.  Hifpan.  Tom.  i.  pag.  282.  col.  2.  e 
Fr.  Pedro  Alva,  y  Aftorga  Aí/7//.  Concept. 
Compoz 

Miflica  Theologia,  y  dijcricion  de  efpiriíos. 
Valência   por   Bernardo   Nogues.    1656.    16. 

FERNANDO  CARDOSO  filho  de  Ál- 
varo Cardofo  natural  da  Villa  de  Santa- 
rém, e  Pagem  da  toalha  DelRey  D.  Joaõ 
o  III.  a  quem  foy  muito  aceito  por  fua 
natural  difcriçaõ,  e  fentenciofos  apothe- 
mas.  Foy  Governador  do  Caftello  da  Mina, 
onde  moftrou  igualmente  o  zelo  da  fa- 
zenda Real,  que  o  defprezo  da  própria 
conveniência.  Poetizou  com  fumma  joco- 
fidade  como  fe  vè  nas  fuás  Cartas,  e  Sá- 
tiras, que  faõ  muito  louvadas  por  Manoel 
Severim  de  Faria  Difcurf.  Var.  Polit.  foi.  82. 
e  122.  Macedo  Flores  de  Efpan.  cap.  22. 
Exceli.  6.  Mariz  Dialog.  de  Var.  Hiji.  Dial. 
5.  cap.  3.  Delle  parece  que  faõ  as  Trovas 
que  eílaõ  no  Cancioneiro  de  Garcia  de  Re- 
zende foi.  157. 

Cartas  ejcritas  ao  Duque  de  Bragança, 
e  D.  Rodrigo  Loho,  quando  era  Governa- 
dor do  Caftello  da  Mina,  com  outras  obras 
que  fe  confervavaõ  Aí.  S.  na  Bib.  Seve- 
riana. 

FERNANDO  CARDOSO  Prefbitero, 
profeíTor  de  Direito  Canónico,  em  cuja 
Faculdade  foy  muito  douto.  Efcreveo  con- 
forme affirma  o  Lecenciado  Jorge  Cardozo 
nas  Mem.  Aí.  S.  á  Bih.  Por/ug.  e  Joaõ  Soa- 
res de  Brito  Tòeafr.  'Luftt.  Utterat.  let.  F. 
num.  6. 

Praxis  Judicum.   foi.   Aí.   S. 

FERNANDO  CARDOSO  natural  da 
Villa  de  Celorico,  na  Província  da  Beira. 
Inftruido  com  as  letras  hunnanas  fe  appli- 
cou  aos  eftudos  feveros  de  Filofofia,  Theo- 
logia,  e   Medicina,   cm  que  fahio  taõ  emi- 


nente, que  depois  de  exercitar  efta  Arte 
em  Valhadolid  com  grande  credito  do  fcu 
nome,  mereceo  fer  provido  em  Madrid 
em  o  lugar  de  Phiíico  mór  no  anno  de 
1640.  naõ  havendo  enfermidade  por  mais 
rebelde  que  foíTe,  que  naõ  cedefle  à  effi- 
cacia  dos  feus  medicamentos.  Deixando  Ef- 
panha  paíTou  a  Veneza  onde  apoftatando 
da  verdadeira  Religião  em  que  fora  edu- 
cado fe  fez  fequaz  acérrimo  do  Judaifmo 
mudando  o  nome  de  Francifco  em  Ifac. 
De  Veneza  fe  transferio  á  Qdade  de  Ve- 
rona, e  nella  exercitou  com  felicidade  o 
methodo  curativo  que  obfervava.  Naõ  foy 
menos  eftimado  o  feu  talento  pela  Poeíia 
metrificando  com  elegante  fuavidade,  como 
o  moftra  o  Soneto  que  fez  á  morte  de 
Lopo  da  Vega  Carpio,  e  fahio  impreíTo 
na  Fama  pojlhuma  confagrada  a  efte  grande 
Varaõ  a  foi.  55.  Como  a  infigne  Poeta 
o  louva  Jacinto  Cordeiro  Elog.  dos  Poet. 
Ljdjít.    Eftanc.    47. 

L.uego  el  Doãor  Cardofo  en  el  de/garro 
Con  prevenida  accion  ai  premio  ajftfie 
Que  a  darle  Febo  el  luminojo  carro 
Nò  lloraras  hampafia  el  cafo  trijle 
Del  hermano  Faeton  quando  bizarro 
Muerto  a  tus  ojos  con  un  rayo  vifte: 
Que  el  Doâor  con  Ju  ingenio  le  domara 
Y  el  alta  petis  Jin  vigor  quedara. 
Compoz 

Si  el  parto  de  15,  e  14.  me!(es  es  natural,  y 
legitimo.  Efcrito  em  7.  de  Enero  de  1640.  Ma-' 
drid.  foi.  Naõ  tem  anno  da  impreílaõ,  po- 
rém confta  de  treze  laudas  o  qual  vimos,  c 
he  muito  douto. 

Di/cur/o  /obre  el  monte  Vejuvio  infigne  por 
Jus  ruinas,  famofo  por  la  muerte  de  Plinio;  dei 
prodigiofo  incêndio  dei  aiio  id^i.  y  fus  caufas  na- 
turales,  y  el  origen  verdadero  de  los  terremotos,  y 
tempefiades.  Madrid  por  Francifco  Martins. 
1632.  4. 

De  febri  fyncopali  noviter  difcuffa,  utiliter  dif- 
putata  controverfiis,  obfervationibus,  bifioriis  referta. 
Mattid.  1634.  4. 

Panegyrico,  y  excellencias  dei  color  verde,  fym- 
bolo  de  efperanfa,  byeroglifico  de  vi£ioria.  Madrid 
por  Francifco  Martins.  1635.  8.  Florida,  y  doei  a 
chama  a  efta  obra  o  Capitão  Manoel  Fernandes 
de  Villa  Real  no  feu  livro  Color  verde. 


L  USITAN  4. 


21 


Oracion  fúnebre  en  la  muerte  de  Lape  de  Vega 
Carpio  laureado  de  las  Mu/as  dedicado  ai  Du- 
que de  Sefsa.  Madrid  por  la  viuda  de  Juan 
Gon2ales.  1635.  8. 

Utilidades  dei  agua,  y  de  la  nieve,  dei  bever, 
frio,  y  caliente.  Madrid  por  la  viuda  de 
Alonfo  Martins.  1637.  8.  Defta  obra  faz 
mençaõ  o  moderno  addicionador  da  Bib. 
Nautic.  de  Anton.  de  Leaõ.  Tom.  2.  Tit.  3. 
col.    1191. 

Philofophia  libera  in  feptem  libros  Mflri- 
buta  in  quibus  omnia,  qua  ad  Pbilofophiam 
naturalem  fpeãant  methodice  colliguntur,  ó*  accurate 
difputantur.  Venetiis  fumptibus  Bertanorum 
1673.  foi-  Defta  obra  fe  lembra  Gregório 
Leti  Ital.  Re^umíe.  pag.  535. 

Excellencias,  y    Calumnias    de  los  Hebreos. 

Amílerdaõ  por  David  de  Caftro  Tartas.  1679.  4. 

Neíla  obra  expõem  dez  excellencias  do  povo 

j    Hebraico,  e  refponde  a  dez  calumnias,  que 

contra  os  Judeos  efcrevem  os  Qiriílãos. 

Fazem  memoria  das  fuás  obras  Bartoloc. 
Bib.  Rabin.  Part.  3.  pag.  921.  num.  1008. 
Wolfio  Bib.  Hebraic.  pag.  689.  n.  1265.  Baf- 
nage  Hifl.  des  Juifs  Tom.  3.  pag.  1907.  Nicol. 
Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  282.  col.  i. 
D.  Frandfc.  Manoel  Carf.  dos  AA.  Portug. 
e  Joan.  Soar.  de  Brito  Theatr.  l^ufit.  Utterat. 
lit.  F.  n.  7. 

Fr.  FERNANDO  DE  CASTRO  natural 
de  Lisboa,  e  filho  natural  de  D.  Álvaro  de 
Caftro  do  Concelho  de  Eftado,  Vedor  da  Fa- 
zenda d'ElRey  D.  Sebafliaõ,  e  feu  Embaxador 
nas  mayores  Cortes  da  Europa.  A  nobreza 
do  nacimento  que  o  pudera  lizongear  com 
authorizados  lugares  no  feculo,  os  defprezou 
heroicamente  fazendo-fe  por  beneficio  da 
graça  filho  de  outra  mais  efclarecida  Famí- 
lia qual  era  a  Dominicana.  A  fua  litteratura 
exercitada  nas  Efcolas  o  conflituhio  Mef- 
tre  em  Theologia,  e  a  prudência  de  que 
era  fummamente  ornado  lhe  deu  os  luga- 
res de  Prior  dos  Conventos  de  Amarante, 
Coimbra,  e  Batalha.  Teve  grande  faga- 
ddade  para  tratar  negócios  graves  de  que 
foy  teftemunha  a  Cúria  Romana  aonde  af- 
fiftindo  alguns  annos  mereceo  as  eftimaçoens 
das  primeiras  Peíloas.  Reftituido  ao  Reino  no 
anno  de  1604.  compoz 


Vida  de  Dom  JoaÕ  de  Caflro  IV.  Vice- 
Key  da  índia  feu  Avo  paterno,  a  qual  entregou 
a  hum  Religiofo  da  fua  Ordem  chamado  por 
antono  máfia  o  Cathegorico  para  que  a  redu- 
fiííe  a  melhor  eflilo. 

Tinha  prompto  para  a  ImpreíTaõ  por  fer 
obra  do  dito  feu  Avo. 

Roteiro  da  viagem  que  defle  Reyno  fe^  para  a 
índia  com  o  ViceRey  D.  Garcia  de  Noronha  no 
anno  de  1538.  e  outro,  que  fe^  de  Goa  ate  Dio  com 
o  mefmo  ViceRey.  M.  S.  Confervaõ-fe  no  Col- 
legio  dos  Padres  Jefuitas  de  Évora  cuja  obra 
lhes  deu  o  Cardial  D.  Henrique. 

D.  FERNANDO  DE  CASTRO  na- 
tural da  Cidade  de  Évora,  e  filho  de  Gaf- 
par  de  Caftro.  Havendo  frequentado  com 
admirável  progreíTo  as  Sciencias  de  Filo- 
fofia,  e  Theologia  por  fer  dotado  de  vivo 
engenho,  e  grande  comprehenfaõ  preferio 
a  Paleftra  de  Marte,  à  de  Minerva,  e  paf- 
fando  ao  Oriente  foy  Capitão  de  Chaúi 
onde  naõ  fomente  mofljrou  a  valentia  do 
feu  coração,  mas  a  generofidade  do  feu 
animo  edificando  em  Baçaim  hum  Collegio 
para  os  Padres  Jefuitas.  Voltando  à  Pá- 
tria para  evitar  o  odo  fe  aplicou  a  com- 
por varias  obras  as  quaes  por  ficarem  im- 
perfeitas ao  tempo  da  fua  morte,  que  fuc- 
cedeo  no  anno  de  1596.  encomendou  a 
feu  Irmaõ  D.  Joaõ  de  Caftro,  que  as  re- 
dufiííe  a  cinzas,  cuja  ordem  executou  promp- 
tamente  efcapando  unicamente  as  duas 
feguintes  que  fe  confervaõ  no  CoUegio  de 
Évora  dos  Padres  Jefuitas  como  afíirma  o 
Padre  Francifco  da  Fonfeca.  Eror.  Gloriof.  41 1. 

Expofitio  litteralis  ad  illa  verba  Genef.  cap. 
2.  Nondum  enim  pluerat  Dominus  Deus  fuper 
terram.    M.    S. 

Traãatus  Philofophicus.  Nelle  funda- 
do no  Axioma  de  Ariftoteles  Humidum 
difficile  terminatur  feguia  fer  o  fogo  húmi- 
do.   M.  S. 

FERNANDO  DE  CASTRO,  E  MEL- 
LO natural  de  Lisboa  filho  de  Pedro 
de  Caftro  Provedor  da  Alfandega  de  Lis- 
boa, e  Dona  Lourença  da  Cofla.  Pela 
nobreza  do  feu  nacimento,  integridade 
de  cofloimes,   e  fdenda   da   Sagrada   Theo- 


22 


B IB  LIO  THE  CA 


iogia  foy  eleito  Deaõ  da  Capella  Real  de 
Villa  Viçofa.  Teve  talento  capaz  para  o 
Púlpito,  onde  era  ouvido  com  aplauzo. 
Publicou 

Sermão  das  Almas  pregado  no  Mojleiro  da 
Efperança  de  Villa  Viçofa  em  7.  de  Setembro 
de  1648,  Lisboa  por  António  Craesbeck  de 
Mello  Impreflbr  de  S.  Alteza.  1672.  4. 

FERNANDO  CERVEIRA  natural  da 
Cidade  de  Beja.  Pela  fua  grande  fciencia  Ju- 
rídica foy  Collegial  do  CoUegio  de  S.  Bartho- 
lomeu  da  Univeríidade  de  Salamanca,  e  Juiz 
dos  Feitos  da  Coroa  nefte  Reino.  Ainda  que 
morreo  em  idade  florente  deixou  como  fazo- 
nado  fruto  da  fua  profiflaõ  a  feguinte  Obra 

Traãatus  in  Cap.  Fin.  Ne  Pralativices  fuás. 
O  qual  affirma  Francifco  Galvaõ  Maldonado 
nas  Memorias  M.  S.  para  a  Bib.  L.ujit.  que 
fahira  impreflb  in  4. 

FERNANDO  CORRÊA  DE  LACER- 
DA naceo  no  lugar  do  Tojal  diílante 
três  legoas  para  o  Nacente  da  Cidade  de 
Vifeu  onde  teve  por  Pays  a  António  Cor- 
rêa de  Lacerda,  e  Maria  Cabral  filha  de 
Simaõ  Cardozo  Feitor  de  Malaca,  e  de 
Florencia  Cabral.  A  Univerfidade  de  Coim- 
bra foy  o  theatro  em  que  brilhou  o  feu 
penetrante  engenho  no  eftudo  da  Jurif- 
prudencia  Civil  fendo  taõ  agigantados  os 
progreíTos  que  contando  poucos  annos  de 
idade  foy  Condu£lario  por  Provifaõ  de 
24.  de  Dezembro  de  1603.  Tendo  alcan- 
çado illuílre  nome  pelas  letras  o  adqui- 
rio  mayor  pelas  armas  fendo  as  Cam- 
panhas de  Africa  teftemunhas  dos  herói- 
cos impulfos  do  feu  braço.  Foy  hum  dos 
mais  celebres  Poetas  do  feu  tempo  cujas 
obras  métricas  pofto  que  naõ  lograrão  o 
beneficio  da  luz  publica  fempre  merece- 
rão univerfal  aplaufo,  ou  foffem  repetidas 
nas  Camarás  dos  Príncipes,  ou  recitadas  nos 
Theatros  de  Efpanha.  Delias  confervava 
três  Tomos  na  fua  Bibliotheca  o  Illuftrif- 
fimo  Arcebifpo  de  Lifboa  D.  Rodrigo  da 
Cunha  como  confta  do  feu  Index  im- 
preflb no  Porto  em  o  anno  de  1627.  Deixou 
compoftos  dous  Poemas  hum  Heróico  in- 
titulado 


Império  Ijifitano.  Era  o  Hcroc  D.  Af- 
fonfo  Henriques,  e  neUe  defcrevia  toda  a 
Hifl:oria  do  Reino  de  Portugal  atè  o  feu 
tempo.  foi.  M.  S.  Conferva-fe  na  Livraria 
do   Marquez   de   Abrantes. 

O  fegundo  Poema  era  Lyrico  com  efte 
titulo 

Pajlor  de  Guadalupe.  NeUe  dava  noticia 
daqueUe  celebre  Santuário  com  taÕ  devota  me- 
lodia, que  podia  fervir  de  Texto  efpiritual  aos  con- 
templativos como  em  feu  aplaufo  efcreveo 
D.  António  Alvres  da  Cunha  em  huma  carta 
a  feu  filho  D.  Fernando  Corrêa  de  Lacerda 
de  quem  logo  fe  fará  memoria,  imprefla  no 
principio  da  Vida  da  Rainha  Santa  Izabcl 
compofl:a  por  efte  Prelado. 

Vinte  Romances  Cajlelhanos  dos  quaes  co- 
meça o  primeiro  Sentado  junto  de  un  olmo  com 
doze  Cartas  jocofas  fe  confervavaõ  na  Biblio- 
theca do  Cardeal  de  Souza. 

Romance  a  Ardenio  enfermo  de  amores.  Sahio 
impreflb  no  Tom.  5.  da  Fénix  renacida.  Lisboa 
por  António  Pedrozo  Galraõ.  1728.  8.  a 
pag.  261.  Manoel  de  Faria  e  Souza  o  louva  J 
no  Comment.  às  Rim.  de  Cam.  Tom.  i.  pag.  140. 
e  Jacinto  Cordeiro  no  Eloffo  dos  Poet.  Luftan. 
Eílanc.  41. 

Bien  pueden  los  efcritos  defafios 
A  Itália  publicar  Efpana,  y  Fr  anciã 
Si  doão  entre  los  fuyos  lo  recuerda 
Grave  Feman  Corrêa  de  Lacerda 

D.  FERNANDO  CORRÊA  DE  LACER- 
DA natural  do  Tojal,  lugar  fituado  em  o  Bif- 
pado  de  Vifeu,  na  Província  da  Beira,  foy 
filho  de  Fernando  Corrêa  de  Lacerda,  de  quem 
fe  fez  a  precedente  memoria,  e  de  D.  Maria 
de  Sottomayor,  Irmãa  de  D.  Francifco  de 
Sottomayor  Bifpo  de  Targa,  Capellaõ  mór 
DelRey  D.  Aflbnfo  VI.  c  nomeado  Ar- 
cebifpo de  Braga.  Educoufe  na  Univer- 
fidade de  Coimbra,  onde  applicado  aos 
Sagrados  Cânones  fe  graduou  neíla  Fa- 
culdade, com  applaufo  dos  Mcftrcs,  c  cn- 
veja  dos  condifcipulos.  Depois  de  ob- 
ter os  Beneficios  das  Igrejas  da  Arruda, 
Arrayolos,  Torres  Vedras,  c  huma  Cone- 
zia  na  Collegiada  de  Ourem,  exercitou  j 
os  lugares  de  Inquifidor  nas  Inquifiçoens 
de    Évora,    ç.    Lisboa,    onde    foy    promo- 


L  USITANA. 


23 


vido  em   17.   de  Agoílo   de   1671.   e  Depu- 
tado   do    Confelho    Geral,    e    CommiíTario 
da  Bulia  da  Cruzada.    Atendendo  a  Magef- 
tade    de    D.    Pedro    o    11.    de    quem    tinha 
íido   Meftre,   aos   feus   merecimentos   o   no- 
meou   Bifpo    do    Porto    a    26.  de   Abril   de 
1673.    em    cuja    dignidade    encheo    as    obri- 
gaçoens  do  Officio  Paftoral.    Defpendeo  doze 
mil  cruzados  no  edifício  da  Parochia  de  S. 
Nicolao,  que  feu  anteceíTor  D.  Nicolao  Mon- 
teiro tinha  principiado,  e  a  fagrou  folemne- 
mente  no  anno  de  1676.   Reformou  o  Palácio 
Epifcopal,  e  ornou  a  Cathedral  com  preciofos 
donativos,  onde  em  todas  as  Feftas  folemnes 
reveftido    dos    paramentos    Pontifícios    fubia 
ao    Pxilpito    para    alimentar    com    o    pafto 
da  Divina  palavra  as  fuás   ovelhas.     A   to- 
das   as    Religioens    de    hum,    e    outro    fexo 
fe  extendeo  a  benificencia  do  feu  generofo 
coração.     Com   a   continua   corrente   de   ef- 
moks,   libertava  os  prezos   das   cadeyas;   os 
cativos    das    mafmorras,    e    as    donzellas,    e 
viuvas  das  miferias.     Por  ordem  de  ElRey 
D.  Pedro  o  II.  aífiílio  em  o  anno  de  1677. 
em    Coimbra    a    Tresladaçaõ    do    Corpo    da 
Rainha  Santa  Izabel,  em  cuja  religiofa  fun- 
ção   recitou    hum    elegante    Panegyrico    na 
prezença    de    toda    a    Univerfídade,    que    o 
aclamou  por  Príncipe  da  Oratória  Eccleílaf- 
tica.    Naõ  menor  aplauzo  confeguio  o  feu 
nome    quando    no    anno    de    1670.    foy    ju- 
rada  em   Lisboa   por   fuceíTora   defta   Coroa 
a   Infanta   D.    Izabel,    orando    com   difcreta 
elegância   em   taõ    folemne    afto.     Voltando 
para  o  feu  BLfpado,  levou  por  companhei- 
ros   os    exemplariíTimos    Padres    da   Congre- 
gação do  Oratório  para  que  fundaíTem  Caza 
no  Porto,  e  em  quanto  fe  naõ  determinou 
o  fitio,   os   hofpedou   pelo   efpaço   de   hum 
anno  em  o  feu  Palácio.    Moleftado  de  gra- 
ves    achaques     fupplicou     à     Santidade     de 
Innocencio    XI.    que    o   abfolveíTe    da   obri- 
gação   paftoral    querendo    aproveitar    os    úl- 
timos annos  da  vida  na  preparação  de  huma 
feliz  morte.    Difirio  benevolamente  o  Pon- 
tífice a  taõ  juítíficada  fuplica  de  que  fe  fe- 
guio   largar   logo   a   dignidade   em   o   anno 
de    1683.    e    partindo    para    Lisboa,    fendo 
mais  fortemente  combatido  da  violência  dos 
achaques,    a    que    naõ    pode    reliftir   a   na- 


tureza, recebidos  com  fumma  piedade  os 
Sacramentos,  efpirou  em  o  i.  de  Setembro 
de  1685.  quando  contava  57.  annos  de  idade» 
Foy  fepultado  no  Convento  de  Santo  An- 
tónio dos  Capuchos  defta  Corte,  e  fobre 
a  campa  tem  por  epitáfio  eftas  breves  pa- 
lavras. 

Aqui  Jaz  D.  Fernando  Corrêa  de  luicerda,. 
Bifpo  que  foy  do  Porto,  do  Confelho  de  Sua 
Magejiade.    Faleceo  ao  1.  de  Setembro  de  1683. 

Foy  profundamente  verfado  nas  letras 
Sagradas,  e  profanas,  naturalmente  dif- 
creto,  e  elegante;  infigne  cultor  da  pureza 
da  lingua  materna,  e  taõ  perito  nos  pre- 
ceitos da  Oratória,  como  da  Poética,  em 
cuja  arte  podia  difputar  com  feu  Pay,  e 
levarlhe    a    primazia.      Compoz 

CançaÕ  á  morte  de  André  de  Albuquerque. 
Sahio  na  CoUeçaõ  de  verfos,  que  a  eíle  Heròe 
fez  Joaõ  Medeiros  Corrêa.  Lisboa  por  Domin- 
gos Carneiro.  1661.  4. 

Panegyrico  ao  ExcellentiJJimo  Senhor  D.  An- 
tónio LmÍ!^  de  Meneses  Aíarque^  de  Marialva. 
Lisboa  por  Joaõ  da  Coíla.  1674.  4.  Efta  obra 
aplaude  Gerardo  Emefto  de  Franckenau  Bib. 
Hifp.  Hijl.  Geneal.  pag.  112. 

Virtuofa  Vida,  e  Santa  Morte  da  Prin- 
cet^a  D.  Joanna,  reflexoens  moraes,  e  politi- 
cas fobre  fua  vida,  e  morte.  Lisboa  por  An- 
tónio   Craesb.    de   Mello.    1674.   4. 

Hijloria  da  vida  do  Bemaventurado  Pa- 
dre S.  Joaõ  da  Cru:(^  primeiro  Carmelita  Def- 
calço,  reflexões  fobre  algumas  acções  da  fua 
vida.    Lisboa  por  Miguel  Manefcal.  1680.  4. 

Hijloria  da  Vida,  Morte,  Milanês,  Ca- 
nonif^açaÕ,  e  Trasladação  de  Santa  Isabel  VI. 
Rainha  de  Portugal.  Lisboa  por  JoaÕ  Gal- 
raõ.     1680.     4. 

Carta  Paftoral  aos  do  feu  Bifpado.  Lifboa 
por  Joaõ  da  Coíla.  1673.  8. 

Carta  Paftoral  fobre  a  Fabrica,  Dedica- 
ção, e  Confagraçàõ  do  Templo  aos  Fieis  do  Bif- 
pado do  Porto.  Lisboa  pelo  dito  Impreífor. 
1676.  8. 

Oraçaõ  Panegyrica  nos  applau^s  da  fempre 
memorável  viãoria  do  Canal.  Amílerdaõ  por 
Jacobo  Vanvelfen.  1673.  4.  grande.  Quan- 
do recitou  efta  Oraçaõ  era  Académico 
da  Academia  dos  Generofos  inítituida  em 
Lisboa. 


24 


BIB  LIO  THE  CA 


I 


Com  o  nome  affcdado  de  Leandro  Dória 
Cáceres  e  Faria. 

Catajlrophe  de  Portugal  na  Depojiçaõ  d'EJ- 
Key  D.  Affonjo  VI.  e  fubrogaçaÕ  do  Princepe 
D.  Pedro  o  único  jujiificada  nas  calamidades 
publicas,  ejcrita  para  JuJlificaçaÕ  dos  Portu- 
gueses. Lisboa  por  Miguel  Manefcal.  1679.  4. 
Efta  obra  traduíio  em  Caílelhano  D.  Juan 
Yanes  como  affírma  no  Prologo  das  Memor. 
para  la  Hijlor.  de  D.  Filippe  III.  Key  de  Efpan. 
pag.  28.  da  qual  faz  erradamente  Author  ao 
grande  Padre  António  Vieira  da  Companhia 
de  JESUS. 

Diário  da  Embaxada  do  Conde  de  Vil- 
Jar-mayor  Embaixador  Extraordinário  à  Corte 
de  Hidelberga  por  ElRej  Dom  Pedro  II.  Nojfo 
Senhor.  M.  S.  foi.  cujo  original  fe  conferva  na 
Livraria  do  Excellentiffimo  Conde  do  Redondo. 

D.  FERNANDO  COUTINHO  filho 
terceiro  de  Joaõ  da  Sylva  IV.  Senhor  de 
Vagos,  Alcaide  mór  de  Monte  mór,  Ge- 
neral em  Ampurdaõ,  e  Camareiro  mór 
<i'ElRey  Dom  Joaõ  o  II.  e  de  Dona  Branca 
Coutinho  fua  prima,  fegunda  filha  de  Fer- 
não Coutinho  Senhor  de  Penaguião,  Ar- 
mamar,  e  Fontes,  e  de  Dona  Maria  da 
Cunha  Senhora  proprietária  de  Celorico 
de  Bailo,  illuílrou  com  acçoens  heróicas 
a  qualificada  origem  da  fua  Peflba.  Anhe- 
lando  a  fazer  celebre  o  feu  nome  pelas 
Sciencias,  que  lhe  faciUtavaõ  a  perfpicacia 
do  engenho,  e  promptidaõ  de  memoria,  e 
vendo  que  o  militar  tumulto  de  Marte 
tinha  defterrado  de  Efpanha  o  pacifico  co- 
mercio de  Minerva  paíTou  a  Florença  onde 
cultivando  huma,  e  outra  Jurifprudencia 
mereceo  com  applaufo  dos  mayores  Mef- 
tres  receber  as  infignias  Doutoraes  em 
ambas  as  Faculdades.  Reílituido  ao  Reyno 
como  conheceíTe  o  prudente  juizo  d'ElRey 
D.  Joaõ  o  II.  a  fua  grande  capacidade  o 
nomeou  Bifpo  de  Lamego,  e  Embaixa- 
dor extraordinário  à  Santidade  de  Ale- 
xandre VI.  cujo  miniílerio  defempcnhou 
com  geral  admiração  da  Cúria  Romana. 
Da  Cathedral  de  Lamego  foy  transferido 
em  o  anno  de  1502.  por  ElRey  D.  Ma- 
noel para  o  Bifpado  de  Sylves  Capital 
<io   Reino   do   Algarve,   e   como   o   feu   ta- 


lento fe  extendia  para  o  governo  Ecde- 
fiaíUco,  e  Secular  foy  Regedor  da  Cafa 
da  Supplicaçaõ  cujo  lugar  depois  adminif- 
trou  feu  irmaõ  mais  velho  Ayres  da  Sylva. 
Com  piedofa  generofidade  precedendo  con- 
firmação Real  doou  aos  Religiofos  da  Se- 
ráfica, e  auílera  Provinda  da  Piedade  os 
Conventos  do  Cabo  de  Saõ  Vicente;  Santa 
MARIA  do  Loreto  cm  a  Gdade  de  La- 
gos, e  de  Nofla  Senhora  do  Paraizo  em 
Sylves,  e  fundou  o  Convento  das  Reli- 
giofas  Ciílercienfes  da  Cidade  de  Tavira. 
Inílituhio  o  Morgado  de  Santo  António 
da  Serra  de  Monchique  para  fua  filha  Dona 
Izabel  da  Sylva,  que  nos  annos  da  ado- 
lefcencia  tivera  de  Izabel  Villarinho  filha 
de  Fernando  Caldeira  de  nobre  geração, 
a  qual  fe  defpozou  com  Ruy  Pereira  da 
Sylva  Alcaide  mór  de  Sylves,  e  Guarda 
mór  do  Príncipe  Dom  Joaõ,  cujo  Mor- 
gado pofsuem  hoje  os  Condes  de  S.  Lou- 
renço. Cumulado  de  obras  virtuofas  que 
lhe  adquirirão  faudofa  memoria  na  pofte- 
ridade,  falleceo  na  Cidade  de  Sylves,  e  jaz 
fepultado  junto  dos  degráos  da  Capella 
mór  da  parte  do  Evangelho  igual  com  a 
fepultura  em  que  eíleve  o  Real  Cadáver 
de  D.  Joaõ  o  II.  fobre  a  campa  tem  as 
fuás  Armas,  e  por  epitáfio  eílas  únicas  pa- 
lavras   eílando    as    feguintes    confumidas 

Aqui  jàs  D.  Fernando  Coutinho. 

De  taõ  illuílre  Prelado  fazem  hono- 
rifica memoria  Fr.  Francifco  Brandão 
Monarch.  Ljijit.  Part.  5.  liv.  17.  cap.  12.  Pre- 
lado de  grande  exemplo,  e  authoridade.  Salazar 
Hijlor.  de  la  Ca^.  de  Sylv.  liv.  8.  cap.  5.  Ftã 
tan  fenalado  Cavallero,  y  tan  illujlre  Prelado 
como  correfpondia  a  fu  nacimiento.  Mon- 
forte Cbron.  da  Prov.  da  Pied.  liv.  2.  cap.  12. 
e  26.  e  o  Cathalogo  dos  Bifpos  do  Algarve  im- 
prefso  no  fim  das  fuás  Conjliíuiçoens.  A  Ora- 
ção obediencial  que  recitou  na  prefença  do 
Pontífice  Alexandre  VI.  e  do  Sagrado  Collegio 
dos  Cardeaes,  fahio  com  efte  titulo 

Oratio  de  obedientia  in  Confiftorio  publico 
Roma  per  me  Ferdinandum  Coutigno  prajulem 
luimajenfem  Júris  utriujque  D.  bahenda  in  Pon- 
tijicatu  Alex.  VI.  Pont.  Max.  pro  CbriJiianiJ- 
Jimo,  <&  inviãijftmo  Domino  nojho  Joanne  Kegt 
Portugallia.     Começa.     Ma^    excellenti    mu- 


L USITANA 


25 


nere  ab  immortali  Deo  hodierna  die  me  affeãum 
effe  video.  Romje  1493.  4.  He  imprefsa  em 
elegante  caraâer,  e  hum  exemplar  em  perga- 
minho conferva  o  Doutor  Nicolao  Francifco 
Xavier  da  Sylva  Académico  da  Academia 
Real,    que    benevolamente    me    comunicou. 

D.  FERNANDO  DA  CRUZ  naceo  em 
Lisboa  no  anno  de  1629.  de  Pays  de  co- 
nhecida nobreza.  Defde  a  infância  mof- 
trou  natural  inclinação  para  o  exercido 
das  virtudes,  de  tal  forte  que  fugindo  do 
tximulto  do  feculo  em  idade  de  dezoito 
annos  bufcou  a  tranquilidade  a  que  afpi- 
rava  o  feu  efpirito  em  o  Qauífaro  dos  Có- 
negos Regulares  de  Santo  Agoftinho  re- 
cebendo o  Habito  no  Real  Convento  de 
Santa  Cruz  de  Coimbra  em  3.  de  JVIayo 
de  1647.  Conhecendo  que  na  carreira  dos 
eliudos  Efcholafticos  era  infruâuofo  o  dif- 
vello  que  a  elle  dedicava,  os  deixou  pre- 
ferindolhe  a  continua  contemplação  dos 
bens  celeftiaes,  que  interrompia  com  a 
liçaõ  dos  Livros  Afceticos,  que  lhe  fer- 
viraõ  de  Meílres  para  efcrever  os  muitos 
que  para  beneficio  das  almas  publicou. 
Cheyo  de  annos  que  chegavaõ  a  outenta 
e  hum,  e  muito  mais  de  obras  meritórias 
efpirou  placidamente  no  Convento  de  Santa 
Cruz  a  29.  de  Outubro  de  1710.  Com- 
poz 

Amores  de  MARIA  SantiJJima  May  de 
Deos,  e  Senhora  noffa  em  amorojos  Colloquios  à 
me/ma  Senhora.  Lisboa  por  Domingos  Car- 
neiro. 1682.  8.  &  ibi  na  Oííicina  Rita-Cafliana. 
1737.  8. 

Efcola  do  amor  de  MARIA  SantiJJima  di- 
vidida em  tre^  ClaJJes;  da  imitação  das  fuás  virtu- 
des; dos  exemplos,  e  feus  favores,  e  no  exercido  de 
feu  louvor.  Lifboa  por  Domingos  Carneiro. 
1685.  8. 

Coroa  de  Excellencias,  e  Louvores  da  Rainha 
dos  Anjos.  Juntamente  com  eíla  obra  Corona 
áurea  purijfimi  amoris  Genitricis  Dei  MARIM 
igiitis  jaculis  inferta,  <&  canticis  fuavibus  illuflrata. 
UlyíTipone  apud  Dominicum  Carneiro.  1689. 
12. 

The^ouro  efcondido  D.  Brites  Catherina  de 
Abreu,  feus  Colloquios  amorot^os  com  Deos;  breve 
noticia  de  fuás  virtudes.    Lisboa  pelo  dito  Im- 


prefsor.  1689.  4.  Ainda  que  efte  Livro  íiahio 
em  nome  do  Padre  António  Lopes,  he  certa- 
mente de  D.  Fernando  da  Cruz  Tio  de  Dona 
Brites  Catherina  de  Abreu,  e  feu  ConfeíTor, 
e  fe  verifica  pela  firma  da  Carta  14.  pag.  108. 
do  mefmo  Livro  que  he  Tio  F.  letra  iniaal 
de  Fernando. 

Divina  Filomena  de  amorofos  afjeãos  a  Cbriflo 
Crucificado,    Lisboa  por  Domingos  Carneiro. 

1690.  12. 

Paraif(p  das  Efpofas  de  Cbriflo  em  huma 
Novena  á  Virgem  MARIA  Senhora  NoJJa  para 
as  Freiras  da  Madre  de  Deos.  Lisboa  por  Ma- 
noel Lopes  Ferreira.  1690.  12. 

Alivio  das  doenças,  e  difpofiçaÕ  para  huma 
preciofa  morte,  Oraçoens,  AMos  de  Fè,  e  amor 
de    Deos.     Lisboa   por   Domingos   Carneiro. 

1691.  8. 

Joja  riquijftma  dos  Coraçoens  Umpos  JESUS 
Sacramentado.     Lisboa    pelo    dito    ImpreíTor. 

1692.  12. 

Novena  antes  da  Fefla  do  Natal  para  as  Ríli- 
ffofas  da  Conceição  de  Marvilla.  Lisboa  por 
Manoel  Lopes  Ferreira.   1693.  12. 

Defpertador  do  Amor  Divino  em  huma  Ir- 
mandade  entre  Religiofas  confa^ada  ao  dulcijjimo 
incêndio  das  almas,  á  deliciof  a  prenda  dos  Coraçoens, 
á  Divina  Peffoa  do  Efpirito  Santo,  Vida  dos 
Jufios,  e  premio  dos  Bemaventurados.  Lisboa  por 
Miguel  Deslandes.  1695.  8.  e  Coimbra  por 
Joaõ  Antunes.  1698.  8. 

FERNANDO  DUARTE  DE  MON- 
TARROYO  natural  da  Villa  de  Proença  a 
nova  do  Bifpado  da  Guarda  filho  de  Chrif- 
tovaõ  Lopes  de  Montarroyo,  e  de  Maria 
Lopes  Themuda.  Foy  muito  applicado  à 
liçaõ  da  Hiiioria  profana,  e  grande  inveíH- 
gador  dos  fucceflbs  mais  memoráveis  que 
acontecerão  nefte  Reyno  efcrevendo 

Memorias  Hijloricas  do  tempo  d'ElRey  D. 
Joaõ  o  III.  ate  ElRey  D.  Sebafliaõ.  foL 
M.    S. 

Fr.  FERNANDO  DA  ENCARNA- 
ÇAM.  Naceo  em  a  Qdade  do  Porto 
fendo  feus  illuílres  progenitores  D.  Fra- 
dique  de  Menezes,  e  Dona  Izabel  Hen- 
riques  filha   de  Fernaõ   Nunes   Barreto   Sc- 


2Ó 


BIB  LIO  THE  C  A 


nhor  dos  Coutos  de  Freiris,  e  Penagate, 
e  Dona  Maria  Henriques;  e  irmaõ  de 
D.  AfFonfo  de  Menezes  MeJftre  Sala  d'El- 
Rey  D.  Joaõ  o  IV.  Defprezando  as  vai- 
dades caducas  com  que  o  mundo  o  li- 
2onjeava  abraçou  o  Inílituto  da  efclare- 
cida  Ordem  dos  Pregadores  no  Real  Con- 
vento de  Bemfica  onde  profeíTou  a  25.  de 
Dezembro  de  1621.  quando  contava  vinte 
e  dous  annos  de  idade.  Neíla  infigne  pa- 
leílra  aprendeo  os  documentos  mais  altos 
da  perfeição  religiofa,  e  juntamente  as 
Sciencias  Efcolafticas  em  que  fahio  emi- 
nente. Querendo  coroar  os  feus  mereci- 
mentos a  Mageílade  d'ElRey  D.  Joaõ 
o  IV.  o  nomeou  Bifpo  do  Algarve,  cuja 
dignidade  naõ  chegou  a  pofluir.  Falle- 
ceo  no  Convento  de  Bemfica  onde  nacera 
para  Deos,  a  27.  de  Agofto  de  1662.  cuja 
fepultura  cobre  huma  grande  campa,  e 
nella  fe  lè  efcrito  o  feguinte  epitáfio  que 
exprime  em  breves  claufulas  o  carafter  da 
fua    PeíToa. 

Magifier  Theologus  Fr.  Ferdinandus  ah  In- 
camatione,  Epifcopus  Algarhiorum  nominattis, 
hujus  Camba  filius,  Janguinis  origine  clarus,  doc- 
trina,  litteris,  ac  virtutihus  illuftris,  regularis 
obfervantia  cupidijftmus,  mundi  lenociniis  ahjec- 
tis,  adamata  paupertate,  humilitate  aucupata, 
modeftia  fele£ta,  moribus  tranquillis,  atatis,  63. 
vix  expletis,  pojlrema  in  a^itudine  inte^o 
ajpeãu,  atque  auditu,  Chrijli  Jervatoris  Cruci 
affixi  Jacram  Imaginem  complexatus  inter  illius 
dulcia  colloqma,  &  foliloquia  vitam  exbalavit. 
"Exânime  corpus  Bemficani  Cetnobita  ibi  lamen- 
tis  fleverunt,    hic   dejideriis   tumularunt. 

Obiit  die  i-j.  Augujli  an.  Domini.  1662. 
Efcreveo  na  lingua  materna 

Theologia  Sagrada,  foi.  M.  S.  de  cuja  obra 
fazem  mençaõ  o  Licenciado  Jorge  Cardozo 
Mem.  para  a  Bib.  Ljijit.  M.  S.  e  Fr.  Pedro 
Monteiro  Clatijl.  Dominic.  Tom.  3.  pag.  204. 
intitulando  o  injigne  Theologo,  Pregador  :(clo- 
Jijfmo,  e  mtiy  objervante  da  vida  regular  em  o 
Tom.  I.  pag.  59. 

Fr.  FERNANDO  DE  ESGUEIRA  cujo 
appellido  denota  a  fua  pátria  fituada  em 
a  Provinda  da  Beira  do  Bifpado  de  Coim- 
bra.    Foy    Monge    Ciílercienfe    em    o    Real 


Convento   de    Santa   MARIA   de   Alcobaça, 
a    quem    o    Geral    defta    Monaílica    Congre- 
gação   mandou    efcrever    em    o    anno    de    1 
ijio.    a    obra    feguinte,    que    fe    conferva 
M.   S.  no  Archivo  do  dito  Convento 

Fxcerpta  â  diverjis  Patribus  in  Laudem 
D.  Laurentii:  Sermones  varij,  dÍT  vita  Sanc- 
torum  uná  cum  vita  D.  Roberti  Cijiercii  Ab- 
batis.  foi. 

FERNANDO  DA  FONSECA  CHA- 
CON.  Naceo  na  Villa  de  Pinhel  em  a 
Provincia  da  Beira  a  30.  de  Settembro  de 
1680.  e  foy  filho  de  António  da  Fonfeca 
da  Cofta,  e  Leonor  Gomes.  Applicou-fe 
em  a  Univerfidade  de  Coimbra  ao  eftudo 
da  Medicina,  e  formado  nella  naõ  fomente 
foy  infigne  na  Theorica  mas  muito  mais 
na  Pratica  fendo  hum  dos  mais  famofos 
Médicos,  que  prefentemente  exercitaõ  efta 
Arte  em  a  noíía  Corte  tendo  igual  fcien- 
cia  da  Chirurgica.  Com  o  fuppofto  nome 
do  Doutor  Ambrofio  de  Miranda  efcre- 
veo 

DiJfertaçaÕ  Medica,  e  novo  methodo  de  curar 
febres  ardentes,  malignas,  petichiaes,  e  outras  doen- 
ças applicando-lhe  Jô  o  facillijjimo  remédio  de 
agua  pura,  q  fe  expõem  á  ohfervaçaÕ  dos  Profef- 
sores,  e  utilidade  publica.  Lisboa  por  António 
Ifidoro  da  Fonfeca.  1737.  4. 

FERNANDO  DE  GÓES   LOUREIRO 

natural  de  Lisboa  onde  teve  por  Pays  a 
André  de  Góes  Loureiro,  e  Barbara  do 
Cazal  igualmente  nobres,  e  opulentos,  ao 
qual  educarão  com  documentos  condu- 
centes á  vida  Chriílãa,  e  politica.  Como 
era  moço  da  Camará  de  ElRey  Dom  Se- 
baíliaõ  o  acompanhou  na  infeliz  jornada  de 
Africa,  de  cuja  morte  foy  teílemunha  ocular, 
como  affirma  em  hum  Tratado  que  com- 
poz  defta  infaufta  expedição.  Reftituido  à 
Pátria  fe  ordenou  de  Presbítero,  c  obteve 
a  Abbadia  de  S.  Martinho  de  Soalhaens 
em  o  Bifpado  do  Porto.  PaíTou  a  Roma 
aonde  afliftio  muitos  annos,  c  por  fer  muito 
verfado  na  Hiftoria  politica,  c  militar  deftc 
Reino  efcreveo,  c  dedicou  a  D.  Vicente  Gon- 
zaga de  Aufíria  Duque  de  Mantua,  c  Mon- 
ferrato 


L  USITAN A. 


27 


Breve  Summa,y  Kelacion  de  las  vidas ^y  bechos 
de  los  Rfyj"  de  Portugal,  y  cojas  Jucedidas  en  aquel 
Reyfio  de/de  Ju  principio  bajia  el  ano  de  1595. 
Mantua  por  Francifco  Ofana  ImpreíTor 
Duqual  1596.  4.  Coniia  de  131.  pagi- 
nas. 

Tratado  de  la  Jornada  de  Africa  M.  S. 
Deíla  obra  faz  mençaõ  a  foi.  8.  da  prece- 
dente. 

Cathalogo  dos  Portuguet^es  Chrijlaos  Novos 
que  fe  hiaÕ  declarar  Judeos  a  Itália,  com  a 
Relação  das  copio/as  Jommas  de  dinheiro  que 
levavaõ.   M.    S. 

Fxí  memoria  deíle  Author  o  Padre  Soufa 
no  Apparato  á  Hijl.  Gen.  da  Caf.  Real  Portug. 
pag.  54.  §.  28.  a  quem  por  erro  chama  Fran- 
dfco  Loureiro,  Joaõ  Franco  Barreto  na  Bib. 
Portug.  M.  S. 

FERNANDO  GOMES  DE  CABREIRA 
natural  da  Villa  de  Olivença,  Praça  de 
rmas  em  a  Provinda  do  Alentejo,  onte 
teve  por  Pays  a  Fernando  Gomes  de  Ca- 
breira, e  a  D.  Catherina  Pegada  do  Rio. 
loy  Cavalleiro  da  Ordem  de  Chriílo,  e  Ca- 
pitão de  Cavallos  na  guerra,  que  efta  Coroa 
teve  com  a  de  CaíleUa,  no  anno  de  1640. 
e  os  feguintes  onde  fez  açoens  merecedo- 
ras da  enveja  de  feus  companheiros.  Teve 
grande  inclinação  ao  eíhido  da  Hiíloria 
profana,  e  principalmente  à  Genealogia, 
em  que  deixou  eternizada  a  fua  erudição. 
Cazou  com  D.  Catherina  Pimenta,  filha 
de  António  Mendes  Coelho,  e  Mecia  Lo- 
pes Pimenta  de  quem  naõ  teve  geração. 
Compoz 

Nobiliário  das  principaes  Yamilias  da  Villa 
de  Olivença  jua  pátria.  O  motivo,  que  o 
impellio  a  fazer  efta  obra  foy,  que  fendo 
tomada  pelos  Caftelhanos  a  Praça  de  Oli- 
vença fua  Pátria  no  anno  de  1657.  onde 
fe  achou,  como  relata  o  Conde  da  Eri- 
ceira Portugal.  Kejlaur.  Tom.  2.  p.  42.  fe 
paíTou  com  grande  parte  dos  feus  mora- 
dores para  Beja,  e  prevendo  o  eftrago,  que 
fe  executaria  nos  Cartórios  com  a  perda 
daqueUa  Praça  para  que  naõ  fe  extinguiíTe 
na  pofteridade  a  memoria  dos  illuftres  fi- 
lhos que  produzira,  efcreveo  aquellas  me- 
morias   Genealógicas,    cujo    original    confer- 


vava  em  feu  poder  Joaõ  de  Brito  Bo- 
telho de  Lobos,  morador  na  rua  de  Al- 
conchel  da  Cidade   de   Évora. 

Noticia  das  coui^as  da  Ejiropa  M.  S.  Dedi- 
cado a  D.  Joaõ  da  Cofta  Commendador,  e 
Alcaide  mór  da  ViUa  de  Caflxo  Marim  ao 
tempo  que  governava  as  Armas  da  Província 
do  Alentejo.  Começa.  He  França  bum  dos 
mayores  Rjeynos  da  Europa.  Acaba  com  a  Co- 
roação de  Luiz  XIV.  O  2.  Tom.  he  Hijloria 
de  Cafiella,  e  acaba  com  o  levantamento  de 
Catalunha.  Em  aplaufo  defta  obra  fez  o  fe- 
guinte  foneto  Joaõ  Franco  Barreto,  o  qual 
traz  na  Bib.  Portug.  M.  S.  fallando  defte  Author. 

Debaixo  de  outro  Ceo,  de  outras  EJIrellas 
Gama  atrevido  Julca  o  mar  profundo, 
E  def cobre  primeiro  bum  mundo  ao  mundo 
Por  collocar  feu  nome  ao  longo  delias. 

Gomes  f em  que  desfralde  as  brancas  vellas 
Nem  ouça  os  roncos  do  Aufiro  furibundo 
Fa^  que  o  feu  no  Orbe  fique  fem  fegundo 
Moflrandonos  de  Europa  as  coufas  bellas. 

Ambos  faÕ  dignos  de  immortal  memoria 
Hum  mais  que  Tifeo,  e  Jafon  experto. 
Mais  que  Uvio,  e  Salujiio  outro  erudito : 

Ambos  pois  viviraõ  com  igual  gloria 
Gama,  pelo  emisferio  defcuberto. 
Gomes  pelo  Europeo  Volume  efcrito. 

V.  FERNANDO  GUERREIRO  natu- 
ral de  Almodovar  em  o  campo  de  Ouri- 
que da  Provinda  Tranftagana  filho  de  An- 
tónio Fernandes  Corrêa,  e  Maria  Guerreira 
de  Gufmaõ,  e  irmaõ  do  Padre  Bartholo- 
meu  Guerreiro,  de  quem  fizemos  mençaõ 
em  feu  lugar,  com  o  qual  contrahio  novo 
vinculo  por  beneficio  da  graça  abraçando 
o  Inftituto  da  Companhia  de  JESUS,  que 
elle  profeífara,  em  o  Noviciado  de  Évora 
a  22.  de  Janeiro  de  1622.  quando  contava 
defefete  annos  de  idade.  Completos  os  eftu- 
dos  das  letras  amenas,  e  feveras  fe  dedi- 
cou todo  aos  minifterios  do  Púlpito,  e  Con- 
feíTionario  atrahindo  muitas  almas  ao  cami- 
nho da  penitencia,  difcorrendo  para  taõ 
fagrado  fim  por  grande  parte  do  Reyno. 
Governou  com  fumma  prudenda  os  Col- 
legios  da  Cidade  de  Bragança,  e  da  Ilha 
da  Madeira,  onde  foy  Vifitador  dos  Col- 
legios   das   outras   Ilhas,   Vice  Prepofito    da 


28 


BIBLIO THE  C  A 


Giza  Profefla  de  S.  Roque,  e  companheiro 
do  Provincial  o  Padre  Aijtonio  Mafca- 
renhas.  Acommettido  de  hum  pleuriz  que 
fe  fez  rebelde  a  todos  os  medicamentos 
fc  preparou  com  fervorofos  ados  de  pie- 
dade para  a  morte  que  o  privou  da  vida 
na  Caza  ProfeíTa  de  S.  Roque  a  28.  de 
Settembro  de  1617.  com  67  annos  de  idade, 
e  cincoenta  de  Companhia.  O  Padre  Nicol. 
Godin.  de  Abyjfm.  reb.  liv.  i.  cap.  i.  o 
intitula  vir  prohitatis  <&  modejlice  Jingularis. 
Almeida  Kejlaur.  de  Portug.  pag.  i.  cap.  18. 
Author  digno  de  todo  o  credito  Fonfec.  "Evor.  Glor. 
pag.  429.  Pregador  famojo.  Bih.  Societ.  pag. 
204.  col.  I.  D.  Franc.  Man.  Cart.  dos  A  A. 
Portug.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i. 
pag.  287.  col.  2.  Joaõ  Soares  de  Brit.  Theat. 
hujít.  Litter.  lit.  F.  n.  9.  Franc.  Imag.  da 
Virt.  do  Nop.  de  Evor.  pag.  861.  e  no  Am. 
Glor.  S.  J.  in  Ijdfit.  pag.  552.  Ant.  de  Leon 
Bib.  Orient.  Tit.  3.  e  o  feu  moderno  addi- 
cionador.  Tom.  i.  col.  53.  loi.  e  398.  Com- 
poz. 

Re/açaÕ  annual  das  cousas,  que  fi^eràÕ  os 
Padres  da  Companhia  de  Jefus  na  índia,  e 
JapaÕ  nos  annos  de  600.  e  601.  e  do  proceffo 
da  ConverfaÕ,  e  Chriftandade  daquellas  partes 
tirada  das  Cartas  Geraes,  que  de  lã  vieraõ. 
Lisboa  por  Manoel  de  Lyra  1603.  4.  Sahio 
traduzida  em  Caílelhano  pelo  Padre  Antó- 
nio CollaíTo  da  Companhia  de  Jefus,  Pro- 
curador da  Província  de  Portugal  em  a 
Corte  de  Madrid,  e  imprefsa  Valladolid  por 
Luiz    Sanches    1604.  4. 

Relação  annal  das  coufas  que  fi:(eraõ  os 
Padres  da  Companhia  de  Jefus,  nas  partes  da 
índia  Oriental,  e  no  Brajil,  Angola,  Cabo 
Verde,  Guiné,  nos  annos  de  602.  e  603.  e  do 
proceffo  da  converfaõ,  e  Chrijlandade  daquellas 
partes  tirada  das  Cartas  dos  me/mos  Padres, 
que  de  lá  vieraÕ.  Lisboa  por  Jorge  Rodri- 
gues   1605.    4. 

Relação  annual  das  comias  que  fi^eraõ  os 
Padres  da  Companhia  de  Jefus,  nas  partes  da 
índia  Oriental,  e  em  algumas  outras  da  con- 
quifla  defie  Reyno,  nos  annos  de  604.  e  605. 
e  do  proceffo  da  converfaõ,  e  Chriflandade  da- 
quellas partes.  Lisboa  por  Pedro  Craesbeck. 
1607.  4. 

Relação  Annal  das  cous^as,   que  fi:(eràõ  os 


Padres  da  Companhia  de  Jefus  nas  partes  da 
índia  Oriental,  e  em  alfftmas  outras  da  con- 
quifla  dejle  Reyno  no  anno  de  606.  e  607. 
do  proceffo  da  converfaõ,  e  Chriflandade  da- 
quellas partes.  Lisboa  pelo  dito  Impreífor 
1609.  4. 

Relação  Annal  das  cou!^as  que  fi^eraõ  os 
Padres  da  Companhia  de  Jefus  nas  partes  da 
índia  Oriental,  e  em  algumas  outras  da  Con- 
quifla  defle  Reyno,  nos  annos  de  607.  e  608. 
e  do  proceffo  da  converfaõ,  e  Chrijlandade  da- 
quellas partes  com  mais  huma  addiçaõ  à  Re- 
lação da  Etiópia.  Lisboa  pelo  dito  Impref- 
for  161 1.  4.  Sahio  traduzida  em  Caíle- 
lhano pelo  Doutor  Chriílovaõ  Soares  de 
Figueiroa,  e  naõ  pelo  Padre  António  Col- 
laíTo da  Companhia  de  Jefus,  como  ef- 
creve  o  Author  da  Bib.  Societ.  pag.  69. 
col.  I.  e  o  deixamos  já  notado  em  feu 
lugar.  Foy  impreíTa  em  Madrid  en  la  Im- 
prenta    Real    16 14.    4.    com    eíle    titulo. 

Hifloria  y  anal  Relacion  de  las  cofas  q 
hiv^eron  los  Padres  de  la  Compania  de  Jefus 
por  las  partes  dei  Oriente,  y  otras  en  la  pro- 
pagacion  dei  Santo  Euangelio  los  anos  paffados 
de  607.  j  608. 

FERNANDO  HOMEM  DE  FIGVEI- 
REDO.     Vejafe   Fr.    MANOEL   HOMEM. 

FERNANDO  LOPES,  Cavalleiro  da 
Caza  do  Infante  D.  Henrique,  e  Secretario 
se  feu  Irmaõ  o  Infante  Santo  D.  Fernando, 
foy  hum  dos  varoens  mais  celebres  do  feu 
tempo,  aífim  na  authoridade  da  peíToa,  como 
na  fciencia  da  Hiíloria  profana,  pela  qual 
o  fez  ElRey  D.  Duarte,  de  quem  fora  Se- 
cretario, quando  era  Infante,  Chronilla  mór 
do  Reyno.  Para  dezempenhar  a  obrigação 
de  taõ  nobre  empreza,  naõ  perdoou  a 
fua  deligencia  a  inveíligar  o  Archivo  Real, 
de  que  foy  Guarda  mór,  c  todos  os  Car- 
tórios das  Cathedraes,  e  Conventos  def- 
te  Reyno,  examinando  com  ciirioía  in- 
dagação as  Infcripçoens  abertas  em  már- 
more, e  gravadas  em  bronze,  para  com 
eftes  mudos  documentos  authorizar  as 
noticias,  e  fucceíTos  pertencentes  à  com- 
poíiçaõ  das  Chronicas  dos  Príncipes,  que 
governarão     cda     Monarchia,     dos     quaes 


L  USITAN A. 


29 


•defcreveo  as  acçoens,  e  o  carafter  com 
eíl)'lo  ainda  que  íincero  eloquente  como 
pennitia  aquella  idade.  Querendo  ElRey 
D.  AíFonfo  V.  confirmar  a  acertada  elei- 
■çaõ  que  feu  Pay  fizera  de  o  nomear  Chro- 
iiifta  lhe  concedeo  por  carta  paflada  em 
Lisboa  a  11,  de  Janeiro  de  1449.  quinhen- 
tos reis  cada  mez  em  remuneração  do  la- 
boriofo  difvelo  que  tinha  applicado,  e  ha- 
via applicar  na  compofiçaõ  das  Chronicas 
de  Portugal,  que  foraõ  as  feguintes. 
Chronica  do  Conde  D.  Henrique. 

de  D.  Affonfo  Henriques. 

de  D.  Sancho  o  I. 

de  D.  Affonfo  o  II. 

de  D.  Sancho  o  II. 

de  D.  Affonfo  o  III. 

de  D.  Dini^. 

de  D.  Affonfo  IV. 

de  D.  Pedro  o  I. 

de  D.  Fernando. 

de  D.  Joaõ  I. 

de  D.  Duarte. 
Todas  eílas  Chronicas  atribue  com  gra- 
ves fundamentos  Damiaõ  de  Góes,  Chron. 
DelKej  D.  Aían.  part.  4.  cap.  38.  a  Fer- 
nando Lopes,  a  quem  feguem  Gafpar  Ef- 
taço  Anfig.  de  Poríug.  cap.  21.  pag.  69.  e 
Manoel  de  Faria,  e  Soufa  no  Prolog,  da 
I.  Part.  da  Afia  Portug.  o  qual  lhe  acre- 
centa  a  De/Rej  D.  Affonfo  V.  que  certa- 
mente he  de  Ruy  de  Pina,  e  ainda  que 
algumas  das  Chronicas  referidas  fe  achaõ 
recopiladas  humas,  e  addicionadas  outras, 
como  faõ  a  De/Rey  D.  Affonfo  Henriques 
por  Duarte  Galvaõ,  a  quem  Joaõ  de  Bar- 
ros Dec.  3.  da  índia  liv.  i.  cap.  4.  chama 
feu  apurador;  a  DelRey  D.  Duarte  por  Go- 
mes Annes  de  Zurara,  ou  Ruy  de  Pina, 
e  as  dos  nove  Reys  por  Duarte  Nunes  de 
Leaõ,  fempre  a  parte  fubftancial  delias  he 
parto  da  pena  de  Fernãdo  Lopes,  e  a  elle 
fe  lhe  devem  atribuir  como  feu  primeiro 
Author.  Unicamente  mereceo  o  beneficio 
da   luz    publica   a   feguinte. 

Chronica  De/Rej  D.  JoaÕ  o  I.  de  boa  memoria, 

e  dos  Keys  de  Portugal  decimo  i .  Parte  em  que  fe 

contem  a  defenfaÕ  do  Keyno,  até  fer  eleito  Kej. 

Lisboa,  por  António  Alvares  1644.  foi. 

Chronica  de  ElRej  D.  JoaÕ  I.  (&c.  2.  Parte 


em  que  fe  continuaÕ  as  guerras  com  Caftella, 
defde  o  principio  do  feu  Rejnado  ate  ás  pa^es. 
Lisboa   pelo   dito   ImpreíTor    1644.   foi. 

Com  merecidos  elogios  louvaõ  o  feu 
nome  graves  Efcritores,  como  Gomes  An- 
nes de  Zurara  Chronica  de  D.  JoaÕ  o  I. 
cap.  193.  Homem  de  comunal  f ciência,  e  grande 
authoridade.  Eduard.  Non.  in  Cenf.  Fr.  Jofep. 
Teix.  libei.  pag.  25.  vir  exaãifftma  diligentia, 
(ò"  magna  authoritatis.  Brandão  Mon.  Ijufit. 
part.  5.  liv.  16.  cap.  8.  o  qual  em  tudo  que 
anda  efcrito  antigo  dejie  Rejno  he  o  de  mais 
Jídfo.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Vet.  lib.  10. 
cap.  6.  §.  306.  et  feq.  Joan.  Soar.  de  Brit. 
Teat.  Luft.  Utter.  lit.  F.  num.  10.  Fr.  Ra- 
fael de  Jefus  Mon.  iMfit.  Tom.  7.  Uv.  i. 
cap.  4.  nimi.  6.  fojeito  de  qualidade,  de  ca- 
pacidade, e  prendas.  Leitaõ.  Notic.  Chronol. 
da  Univerjid.  de  Coimbra  p.  293.  §.  659.  naõ 
aparou  a  penna  para  adidaçaõ,  notou  o  repre- 
henfivel  com  modeflia,  e  fem  affeãaçaõ  no  lou- 
vável fe!(^  jufiiça;  mas  antes  para  que  a  ver- 
dade naõ  degeneraffe  em  ódio  acerca  dos  risi- 
nhos fe  defpio  totalmente  do  próprio  amor  da 
pátria.  Jofeph  Soar.  da  Sylv.  Prolog,  às 
Mem.  Hifl.  DelRej  D.  JoaÕ  o  I.  lhe  chama 
Famofo  Efcritor.  o  Padre  D.  António  Cae- 
tano de  Soufa  Apparato  à  Hi^.  Gen.  da 
Cat^a  Keal  Portug.  pag.  26.  §.  6.  Fqy  muy 
intelligente,  e  todos  os  feus  efcritos  de  muita 
ejlimaçaõ;  a  elle  atribuem  a  transformação  do 
original  do  Conde  D.  Pedro,  que  po:^  na  forma, 
que  boje  vemos  conforme  lhe  ditou  a  fua  idea, 
ou  afeição.  Huma  larga  inve£Hva  faz  elle 
Padre  contra  Fernando  Lopes,  no  Tom. 
2.  pag.  276.  da  Hijl.  Gen.  da  Ca^^a  Keat 
quando  trata  do  Nobiliário  do  Conde  D. 
Pedro. 


FERNANDO  LOPES  DA  CASTA- 
NHEDA naceo  na  celebre  Villa  de  San- 
tarém, e  foy  filho  natural  do  Licencia- 
do Lopo  Fernandes  da  Caftanheda,  o  pri- 
meiro Ouvidor  da  Cidade  de  Goa.  Na 
idade  da  adolecencia  entrou  em  a  Reli- 
gião Dominicana,  da  qual  fahindo  paílou 
ao  Oriente  com  feu  Pay,  na  Armada 
em  que  foy  por  Governador  da  índia  o 
infigne    Heróe    Nuno    da    Cunha,    e    par- 


3o 


BIBLIO  THE  CA 


tio  de  Lisboa  a  i8.  de  Abril  de  1528, 
Tanto  que  chegou  a  Goa,  impellido  da 
gloria  da  Naçaõ  Portugueza,  de  que  fora 
famofo  theatro  todo  o  Oriente,  começou 
a  idear  huma  Hiíloria  em  que  deixaííe  na 
poíleridade  eternizada  a  memoria  de  taõ 
illuílres  façanhas.  Para  alcançar  o  fim  de- 
zejado  naõ  fomente  inveftigou  as  noticias 
que  eftavaõ  depofitadas  nos  Carthorios,  e 
Archivos,  mas  confultou  aos  mefmos  Ca- 
pitaens,  e  Generaes,  que  tinhaõ  fido  glo- 
riofos  inílrumentos  de  tantas  Vitorias  alcan- 
çadas em  mar,  e  terra,  contra  os  Antego- 
niílas  do  nome  Portuguez.  Naõ  fatisfeita 
a  fua  incanfavel  deligencia  com  eílas  infor- 
maçoens  difcorreo  por  diverfas  terras  exa- 
minando com  os  olhos  as  fuás  fituaçoens 
donde  fe  feguio  efcrever  huma  Hiíloria, 
defde  o  defcobrimento  da  índia  atè  o  go- 
verno de  D.  Joaõ  de  Caílro,  com  fumma 
individuação,  e  verdade,  fuprindo  a  ele- 
gância do  eftilo  a  finceridade  da  narração, 
em  cujo  laboriofo  difvelo  confumio  o 
largo  efpaço  de  vinte  annos.  Voltando  ao 
Reyno  igualmente  falto  de  fazenda,  que 
faude,  fe  fatisfez  para  paíTar  a  vida  com 
os  emolumentos,  que  lhe  rendiaõ  os  luga- 
res de  Bedel  da  Faculdade  de  Artes  da 
Univerfidade  de  Coimbra,  e  Guarda  do 
feu  Archivo,  atè  que  na  mefma  Cidade 
falleceo  a  23.  de  Março  de  1559.  e  jaz 
fepultado  na  Parochial  Igreja  de  S.  Pedro 
em  cuja  fepultura  tem  gravado  o  feguinte 
epitáfio. 

Aqui  Jaz  FemaÕ  Lopes  da  Caftanheda, 
efcritor  primeiro  da  Hijloria  do  defcobrimento 
da  Índia,  o  qual  falleceo  aos  23.  dias  do  me^ 
de   Março   de  1559.     Compoz 

Hijloria  do  defcobrimento,  e  conquifla  da 
índia  pelos  "Portugueses.  No  fim  tem  as 
feguintes  palavras.  ¥oy  Imprejfo  efle  pri- 
meiro livro  da  Hijloria  da  índia  em  a  muito 
nobre,  e  leal  Cidade  de  Coimbra,  por  Johaò 
de  Barreyra,  e  Johaò  Alvares  Imprejfores  Del- 
Rey,  na  mejma  Univerjidade.  Acabouje  aos  féis 
dias  do  me^  de  Março  de  M.  D.  LI.  4.  Conf- 
ta  de  267.  paginas,  e  he  dedicado  a  ElRey 
D.  Joaõ  o  III. 

Paliados  três  annos  fe  reimprimi©  cfte 
livro    em    folha    com    differente    dedicatória 


ao  mefmo  Monarcha,  e  com  diverfidade 
no  principio  do  primeiro  capitulo  como 
em  o  numero  delles,  e  fahio  com  o  titulo 
feguinte. 

Ho  livro  primeiro  dos  de:;^  da  Hijloria  da 
dejcubrimento,  e  conquijla  da  índia  pelos  Por- 
tuguev^es.  Agora  emendado,  e  acrecentado.  E 
nejles  de:^  livros  Je  contém  todas  as  milagrofas 
façanhas,  que  os  Portuguer^es  Jii(erad  em  Etió- 
pia, Arábia,  Perfia,  e  nas  índias,  dentro  do 
Ganges,  e  fora  delle,  e  na  China,  e  nas  Ilhas 
de  Maluco  do  tempo  que  Dom  Vafco  da  Gama 
Conde  da  Vidigueira,  e  Almirante  do  mar  In- 
dico defcubrio  as  índias  atè  a  morte  de  Dom 
Joaõ  de  Cajlro,  que  lá  fqy  Governador,  e  Vice- 
-Rçy.  Em  que  fe  contem  efpaço  de  cincoenta 
annos.  No  fim  tem  as  feguintes  palavras. 
Eoy  imprejfo  efle  primeiro  livro  da  Hijloria  da 
índia  em  a  muito  nobre,  e  leal  Cidade  de  Coim- 
bra por  Joaõ  de  Barreira  Impreffor  d'ElRey 
na  mefma  Univerfidade.  Acabou-fe  aos  vinte 
dias  do  mev^  de  Julho  de  M.D.LIIII.  foi.  No 
principio  defte  livro  eílá  o  Privilegio  d'El- 
Rey  D.  Joaõ  o  III.  paíTado  em  Almeirim 
a  14.  de  Junho  de  1552.  para  que  ninguém 
poíTa  imprimir  efta  obra  por  ter  feu  Au- 
thor  gaitado  nella  muita  fazenda,  e  mais 
de   vinte   annos. 

Hijloria  do  livro  Jegundo  do  dejcubrimento, 
e  conquijla  da  índia  pelos  Portuguev^es.  Coim- 
bra por  Joaõ  de  Barreira,  e  Joaõ  Alva- 
res ImpreíTores  d'ElRey  arino  M.D.LIl. 
foi. 

Ho  Terceiro  livro  da  Hijloria  do  defcubri- 
mento,  e  conquifla  da  índia  pelos  Portuguer^es. 
Coimbra  pelos  ditos  ImpreíTores  M.D.LIL 
foi. 

Os  livros  Ouarto,  e  Quinto  da  Hifloria 
do  defcubrimento,  e  conquifla  da  índia  pelos 
Portuguet^es.  Coimbra  pelos  ditos  Imprcf- 
fores  M.D.LIII.  foi. 

Ho  Sexto  livro  da  Hifloria  do  defcubrimento, 
e  conquifla  da  índia  pelos  Portugue!(es.  Coimbra 
por  Joaõ  de  Barreira  Imprimidor  da  Univer- 
fidade M.D.LIV.  foi. 

Ho  Sétimo  livro  da  Hifloria  do  defcubri- 
mento, e  conqtàfla  da  índia  pelos  Portuguev^es 
1554.  foi. 

Ho  Oãavo  livro  da  hifloria  do  defcobri- 
mento,  e   conquifla  da   índia  pelos   Portuff4e:(es. 


L  USITANA. 


3i 


Coimbra  por  Joaõ  de  Barreira  ImpreíTor 
d'ELRey  na  mefma  Univeríidade  1561.  foi. 
Efte  livro  fahio  pofthumo,  e  os  filhos  do 
Author  o  dedicarão  a  ElRey  D.  Sebaftiaõ, 
dizendo-lhe.  Pedimos  a  V.  A.,  queira  tomar 
Job  feu  amparo  ejle  livro  oãavo,  e  com  ejle  o 
Nono,  e  Decimo  Jeguintes,  que  muy  cedo  fe 
imprimirão.  Donde  fe  collige  que  os  dei- 
xou efcritos  Femaõ  Lopes  da  Caftanheda, 
os  quaes  comprehendiaõ  o  Governo  de 
D.  Joaõ  de  Caibro,  e  os  mandou  recolher 
ElRey  D.  Joaõ  o  III.  a  requerimento  de  al- 
guns Fidalgos  (como  efcreve  Diogo  de  Couto 
Decad.  4.  da  índia  liv.  5.  cap.  i.)  que  fe 
acharão  naquelle  raro,  e  efpantofo  cerco,  por- 
que fallava  nelks  verdades,  e  ainda  que  os 
filhos  do  Author  podiaõ  cumprir  a  pro- 
meíTa  que  fizeraõ  a  ElRey  D.  Sebaftiaõ 
por  fer  jà  fallecido  feu  Avô  D.  Joaõ  o  III. 
nunca  fe  imprimirão,  cujos  originaes  con- 
fervava  em  feu  poder  Francifco  Gomes 
como  affirmou  em  15.  de  Janeiro  de  1620. 
a  Francifco  Galvaõ  Aíaldonado  que  aíTim 
o   efcreve   na   fua   Bib.    Vortug.    M.    S. 

Sahiraõ  traduzidos  os  7.  livros  da  Hifto- 
ria  da  índia  em  a  lingua  Italiana  por  Affonfo 
de  Ulhoa  com  efte  titulo. 

Hijloria  deli'  Indie  Orientali  fcoperte,  e 
<onquiJiate  da  Portoghe:(i  di  commijftone  deli' 
invitijfimo  Re  Dom  Alanuello  di  glorio/a  me- 
moria, &c.  Part.  I.  Venetia  apreíTo  Gior- 
dano  Ziletti  1578.  4. 

Part.  2.  pelo  dito  ImpreíTor,  e  no  mefmo 
anno.  4. 

O  original  defta  tradução  fe  guarda  na 
Bib.  Vatican.  n.  316.  como  efcreve  Mont- 
faucon.  Bib.  Bib.  Aí.  S.  Tom.  i.  pag.  27. 
col.    I. 

/  O  primeiro  Tomo  foy  traduzido  em 
Francez  por  Nicolao  de  Grouchy  com  efte 
titulo. 

UHiJloire  des  Indes  de  Portugal  contenant 
comment  Vinde  a  efte  decouverte  par  le  comman- 
dament  du  Kqy  Emanuel,  <&  la  guerre  que  les 
Capitaines  Portugalois  on  menee  pour  la  conquefte 
di  celles,  &c.  Anveres  per  Jean  Steelfio  1553.8. 
&  ibi  1554.  por  Alichel  Vafcofan.  4.  &  por 
S.  G.  S.  juntamente  com  o  livro  de  rebus 
Emmanuelis  de  D.  Jeronymo  Oforio.  Pariz 
por    Robert.    Magier    15  81.    8.    &    ibi    por 


François  Eftienne  15  81.  foi.  O  mefmo  pri- 
meiro Tomo  fahio  vertido  em  Caftelhano 
com    efte    titulo. 

Hiftoria    dei   dejcubrimiento,  y    conqmfta  de 
la  índia  por  los  Portugueses.    Anveres  por  Mar- 
tin Núncio  1554.  8. 
Compoz  mais 

Uvro  de  Cavallarias.  M.  S. 

Cuja  obra  communicou  feu  filho  Cyri- 
cio  da  Caftanheda  a  muitas  peíToas,  e  que 
huma  aventura  delia  fe  achava  tranfcripta 
na  3.  Part.  do  Palmeirim  de  Inglaterra. 

Fazem  illuftre  memoria  defte  Author  Couto 
Decad.  4.  da  Ind.  Uv.  5.  cap.  i.  Faria  Epit. 
da  Hijior.  Portug.  Part.  4.  cap.  18.  Souza  de 
Maced.  Flor.  de  Efpan.  cap.  8.  excel.  9.  Halle- 
vord.  Bib.  Curiof.  pag.  75.  col.  i.  Nicol.  Ant. 
Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  289.  col.  i.  Ant.  de 
Leaõ  Bib.  Orient.  Tit.  3.  e  o  feu  moderno 
addicionador  Tom.  i.  Tit.  3.  col.  74.  Ta- 
xand.  in  Cathalog.  Ciar.  Hifp.  fcript. 

FERNANDO  LOPES  DE  OLIVEIRA 
natural  de  Villaviçofa,  e  Licenciado  na  Fa- 
culdade dos  Sagrados  Cânones,  infigne  Cultor 
da  Poezia,  de  cuja  arte  deixou  celebres  monu- 
mentos, como  fe  lem  no  liv.  3.  do  Pamaffo 
de  Villaviçofa,  efcrito  por  Francifco  de  Moraes 
Sardinha,  onde  eftaõ  8.  Sonetos,  e  glozado 
efte  mote. 

Deixafte  Tejo  dourado 
Por  Gtiadiana  efcabrofa; 
Ou  a  vens  fa^er  fer  mofa. 
Ou  te  tra^  algum  cmdado. 

FERNANDO  DE  MAGALHAENS  Ca- 
valleiro  da  Ordem  militar  de  S.  Tiago,  e  hum 
dos  mais  famofos  Argonautas,  que  vio  o  mun- 
do, iiluflxou  a  nobreza  de  feu  nacimento  com 
o  heróico  valor  do  feu  coração  intrépido,  de 
que  foraõ  theatros  as  vaftas  campinas  de  Afia, 
e  Africa,  aíTiftindo  na  conquifta  de  Malaca  no 
anno  de  15 10.  com  o  Marte  Portuguez  o 
grande  Albuquerque,  de  cuja  efcola  fahio  o 
mais  bem  difciplinado  difcipulo ;  naõ  fendo  me- 
nos perito  em  a  Náutica  conhecendo  praíHca- 
mente  todas  as  altiiras,  e  demarcaçoens  dos  por- 
tos das  terras  Orientaes.    Cumulado  de  tantos 


3z 


BIB  LIO  THE  CA 


fcrviços  feitos  em  obfequio  da  Pátria  com 
immortal  gloria  do  feu  nome  voltou  ao 
Reyno,  onde  pertendeo  da  Mageílade  d'El- 
Rey  D.  Manoel  lhos  remuneraíTe  cõ  acre- 
centamento  da  moradia,  mercê  taõ  porpor- 
cionada  à  qualidade  da  fua  peflba,  como 
inferior  ao  feu  merecimento.  Naõ  diferio 
ElRey  com  injuria  da  foberania  a  taõ  jufti- 
ficada  fuplica,  de  cuja  repulfa  fe  penetrou 
taõ  altamente  o  Magalhaens,  que  auzentan- 
do-fe  da  Pátria  como  indigna  de  hum  filho 
taõ  benemérito  paíTou  a  Caílella,  onde  para 
que  em  nenhum  tempo  fofle  acuzada  a  fua 
fidelidade  de  menos  pura  para  a  Coroa 
de  Portugal  fe  defnaturalizou  com  publicas, 
e  folemnes  demonílraçoens,  e  bufcando  a 
Mageílade  Cefarea  de  Carlos  V.  lhe  prometteo 
defcobrir  hum  novo  caminho  para  as  Ilhas 
Malucas,  de  cuja  navegação,  e  conquiíla  re- 
ceberiaõ  os  Efpanhoes  opulentas  conveniên- 
cias. Aceitou  promptamente  a  offerta  o  Em- 
perador  confiando  do  heróico  efpirito  do 
Magalhaens,  que  certamente  a  defempenharia, 
para  cujo  eífeito  mandou  apreílar  cinco  náos 
guarnecidas  de  duzentos  e  cincoenta  homens. 
Navegava  na  Capitania  como  Capitão  mór 
deíle  defcobrimento  Fernando  de  Maga- 
lhaens, e  em  as  outras  Luiz  de  Mendo- 
ça,  Gafpar  de  Quexada,  Joaõ  de  Cartha- 
gena,  e  Joaõ  Serraõ  todos  Caílelhanos, 
e  alguns  Portuguezes,  como  eraõ  Duarte 
Barboza  cunhado  do  Magalhães,  Álvaro  de 
Mefquita,  Eílevaõ  Gomes,  e  Joaõ  Rodri- 
gues de  Carvalho.  Sahio  eíla  armada  de 
S.  Lucar  de  Barrameda  a  21.  de  Setembro 
de  15 19.  e  tanto  que  chegou  à  altura  do 
Rio  de  Janeiro,  começarão  os  navegantes 
a  experimentar  com  o  novo  clima  tantas 
calamidades  procedidas  humas  de  falta  de 
mantimentos,  outras  do  exceíTo  das  enfir- 
midades,  que  julgando  por  impoíTivel  a  em- 
preza  degenerarão  os  ânimos  de  impa- 
cientes em  tumultuofos  confpirando-fe  con- 
tra a  vida  do  Magalhaens,  que  para  caf- 
tigar  taõ  enorme  infulto  fe  valeo  da  ul- 
tima feveridade,  mandando  juftiçar  os  prin- 
cipaes  inílrumentos  da  rebelião,  quaes  eraõ 
Luiz  de  Mendoça,  e  Gafpar  de  Quexada. 
Pacificado  o  tumulto  com  taõ  fevero  caf- 
tígo  invernou  em  hum  Cabo,   no  qual  fe 


defcubriraõ  homens  de  agigantada  eftatura» 
donde  depois  de  vencidos  vários  infortú- 
nios fe  aviftou  o  Cabo  intitulado  das  Vir- 
gens por  fer  defcuberto  a  21.  de  Outubro 
em  que  a  Igreja  celebra  o  triunfal  marty- 
rio  de  Santa  Urfula,  e  fuás  companheiras, 
o  qual  eftá  fituado  em  cincoenta  e  dous 
gráos,  e  paíTadas  doze  legoas  fe  defcubrio 
hum  Eílreito,  que  tinha  de  boca  hunia  Ic- 
goa,  retalhado  de  angras,  rios,  e  efteiros, 
a  quem  faziaõ  lados  varias  montanhas  cuber- 
tas  humas  de  afpera  penedia,  c  outras  de 
frondofos  arvoredos.  Depois  de  ter  nave- 
gado cincoenta  legoas  por  efte  Eftreito  en- 
controu outro  mayor,  que  defembocava 
nos  mares  do  Poente,  o  qual  ficou  anto- 
nomafticamente  intitulado  com  o  nome  defte 
Jafaõ  Portuguez.  AtraveíTadas  mil  e  qui- 
nhentas legoas  defde  a  boca  defte  Eftreito 
fe  foraõ  defcubrindo  diverfas  Ilhas  habita- 
das por  Gentios,  atè  que  chegando  Maga- 
lhaens à  Ilha  de  Zabú  foy  recebido  com 
generofa  hofpitalidade  pelo  feu  Príncipe 
Hamabar,  a  quem  inftruio  com  os  dogmas 
da  nofsa  religião,  e  o  bautizou  com  o 
nome  de  Fernando,  que  tomara  em  feu 
obfequio.  Querendo  efte  Príncipe  que  Ma- 
galhaens foífe  feu  auxiliar  na  guerra  que 
tinha  declarado  a  Calpulupo  fenhor  da  Ilha 
de  Matan  feu  confinante  depois  de  ter  al- 
cançado duas  vitorias,  de  que  fora  inftru- 
mento  o  braço  do  Magalhaens,  receofo 
Hamabar  de  que  o  defpojaíTe  do  trono 
quem  lhe  tinha  fegurado  a  Coroa  lhe  ar- 
mou huma  cilada,  de  que  refultou  privar 
da  vida  em  27.  de  Abril  de  15  21.  a  hum 
Heroe  digno  de  fim  mais  gloríofo.  Foy 
cazado  com  huma  filha  de  Diogo  Barbofa 
Alcaide  mór  do  Caftello  de  Sevilha.  O  feu 
nome  celebrarão  graviíTimos  Efcrítores 
como  foraõ  Joaõ  de  Barros  Decad.  da  Jnd. 
3.  liv.  5.  cap.  8.  Era  homem  de  nobre  fatigue,  e 
fervido,  e  cap.  9.  e  10.  Damiaõ  de  Góes  Chron. 
d'ElKey  D.  Man.  Part.  4.  c.  36.  Garíbay  Comp. 
Hijior.  de  Efpan.  liv.  3  5 .  cap.  3  2.  e  3  3 .  Argenfol. 
Conquift.  de  las  Mal.  liv.  i.  pag.  17.  c  18.  Fer- 
rer.  Hiftor.  de  Efpan.  Part.  12.  pag.  293.  Nico). 
Ant.  Bih.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  289.  col.  i. 
totó  orbe  notus  ob  maritimam  expeditionem. 
Ofor.    de   reb.    Emman.    lib.    11.   pag.   mihi 


L  USITANA. 


3Ò 


421.  K/r  nobilis,  (&  magno  animo  praditus. 
Maffeo  Hift.  Ind.  lib.  8.  pag.  mibi  144. 
ingenti  animo  vir,  (&  rei  navalis  apprime  cal- 
kns.  Marian.  de  reb.  Hifp.  lib.  26.  cap.  3. 
Andrad.  Cbron.  d'ElKey  D.  JoaÕ  o  III.  Part. 
I.  cap.  10.  Homem  de  ff-ande  ef piri  to,  e  de 
mtàta  pratica,  e  experiência  na  Arte  da  na- 
vegarão. Illefc.  Hijl.  Pontif.  liv.  6.  cap.  26. 
§.  14.  durará  Ju  nomhre,  j  fama  para  Jiem- 
pre.  Paul.  Jovio.  Hijloriar.  lib.  34.  pag.  307. 
portento/a  navigatione  inclytus.  Solorzan.  de 
Jur.  Ind.  Tom.  i.  lib.  i.  cap.  5.  à  n.  35. 
Aubert.  Mirasus  Cbron.  ad  an.  15 19.  Bul- 
lart  Acad.  des  Scienc.  €>"  des  Arts.  Tom.  2. 
pag.  275.  l^s  Etoilles  Jous  riont  a  Jes  ef- 
perances,  e  les  andes  n'  avoient  que  k  mouve- 
ment  qn'  il  jalloit  pour  bafier  la  courje,  e  Ia 
conquefie  de  ce  noiweau  Jafon.  Tevet  viés  des 
bom.  Illuftr.  liv.  6.  cap.  102.  vaillant  Capi- 
tcáne.  Faria  Afia  Portug.  Tom.  i.  Part.  3. 
cap.  5.  n.  8.  Cavallero  en  qualidad,  y  valor. 
Fonfec.  Ejtora  Glorio/,  pag.  10  j.  Efcre- 
veo. 

Roteiro  da  fua  Navegação.  M.  S.  o  qual 
confervava  António  Moreno  Cofmografo  mór 
da  Ca2a  da  Gantrataçaõ  de  Sevilha  como  af- 
firmaõ  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag. 
289  col.  2.  e  o  moderno  addicionador  da  Bib. 
Occident.  de  António  de  Leaõ  Tom.  2.  Tit.  10. 
col.  667. 

Mandado  efcrito  em  o  Canal  de  todos  os 
Santos  a  21.  de  Novembro  de  1320.  em  o 
qual  ordena  a  todos  os  Capitaens  o  advir- 
taõ  em  tudo  que  for  conveniente  ao  bom  fuc- 
cejfo  da  Jornada  que  bia  profeguindo.  Sahio 
imprefso  na  Decad.  3.  da  Ind.  de  Joaõ  de  Bar- 
ros liv.   5.  cap,  9. 

Fr.  FERNANDO  DB  SANTA  MA- 
RIA natural  de  ViUa-Viçofa,  e  irmaõ  de 
Fr.  Francifco  de  Chrifto  Eremita  Auguf- 
tiniano,  Cathedratico  de  Vefpera  em  a  Uni- 
veriidade  de  Coimbra  de  quem  fe  fará 
mençaõ  em  feu  lugar.  Profeflbu  o  Sagrado 
Inílituto  da  Ordem  dos  Pregadores,  onde 
depois  de  ler  Artes,  e  receber  o  gráo  de 
Bacharel  em  Theologia,  paflbu  por  Pre- 
lado de  huma  Miflaõ  à  índia,  e  tanto  fe 
i  inflamou  na  converfaõ  da  Gentilidade,  de 
j    q  foraõ   theatros   o   Reyno   de   Camboya,   e 


as  Ilhas  de  Solor,  e  Enden,  que  mere- 
ceo  a  antonomazia  de  Varaõ  Apoftolico. 
Foy  Prior  do  Convento  de  Goa,  e  Vigá- 
rio Geral  da  Congregação  da  índia,  em 
cujos  lugares  exercitou  a  gravidade,  e  pru- 
dência, de  que  era  ornado.  Na  ultima  en- 
fermidade, que  fe  prolongou  pelo  efpaço 
de  féis  mezes,  poílo  que  eítíveííe  defen- 
ganado  pelos  Médicos,  affirmou  que  naõ 
havia  morrer  atè  que  naõ  chegaííe  do  Reyno 
fubílituto  do  lugar,  que  occupava,  e  tanto 
que  aportou  a  Goa  Fr.  Jeronymo  de  Santo 
Thomás  provido  na  Vigairaria  geral  pedio 
a  Unçaõ  fallecendo  pladdamente  em  o  me2 
de  Setembro  de  1586.  com  70.  annos  de 
idade.  Quetif.  Script.  Ord.  Prad.  Tom.  2. 
pag.  258.  col.  2.  o  intitula  Vir  Apoftolicus, 
firenuufque  in  vinea  Domini  operarius.  Anton. 
de  Sen.  Bib.  Fratr.  Prad.  pag.  189.  vir 
tum  aliis  nominibus  cõmendandus,  tum  etiam, 
quod  amore  Cbrifii  in  Indiis  Orientalibus  pro- 
feãus  concionando,  ac  legendo  muitos  tulit,  fe- 
citque  indies  labores.  Femand.  Notit.  fcript. 
Ord.  Prad.  vir  magna  Dei  cbaritate,  anima- 
rum  :(elo,  fortitudine,  et  patientia  praditus. 
Fr.  Pedro  Mont.  Claufir.  Dom.  Tom.  j, 
pag.  204.  equivocando-o  com  Fr.  Fernando 
de  Caibro,  de  quem  aíTima  fe  fez  memoria, 
fendo  totalmente  diverfo  hum  do  outro 
aíTim  pelo  tempo,  como  pelos  lugares  em 
que    aíTifliraõ.     Compoz 

Relação  da  vida,  e  martyrio  gloriofo  do 
Padre  Fr.  Jeronymo  da  Cru^  nacido  em  Lis- 
boa, morto,  e  atravejjado  com  buma  lança  pe- 
los Gentios,  em  o  grande  Reyno  de  SiaÕ  anno 
1566.  Eíla  Relação  de  que  faz  memoria 
F.  Luiz  de  Soufa  Hifi.  de  S.  Dom.  da  Prov. 
de  Portug.  Part.  3.  liv.  5.  cap.  5.  remeteo 
feu  Author  de  Goa,  em  9.  de  Dezembro 
de  1569.  ao  Meílre  Geral  da  Ordem  Fr. 
Vicente  JuíHniano,  que  aíTiftia  em  Roma, 
onde  fahio  vertida  em  a  lingua  Latina, 
apud  Haeredes  Antonij  Blavij  ImpreíTores 
Camerales    1571.   4.   com  eíle  titulo 

ReverendiJ/imo  Patri  totius  Familia  Pra- 
dicatorum  I^íagifiro  Generali  dileãus  filius  F. 
Ferdinandus  de  S.  Maria  multam  in  Chrifto 
falutem  exoptat.  Começa.  Nuper  dum  apud 
promontorium  de  Malaca  annum  67.  agerem, 
&c. 


■34 


B IB  LIO  THE  CA 


Híjloria  do  Cerco  de  Goa,  governando  a 
índia  D.  L/d^  de  Atayde  .M.  S.  Defta  obra, 
e  da  precedente  fazem  mençaõ  Nicolao 
Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  289.  col.  2. 
e  o  moderno  addicionador  da  Bib.  Orient. 
de  Ant.  de  Leaõ.  Tom.  i.  Tit.  3.    col.  67. 


Fr.  FERNANDO  MARTINS  natu- 
ral da  Villa  da  Azambuja  do  Patriarcha- 
do  de  Lisboa,  Monge  Ciftercienfe  mui- 
to verfado  na  Hiíloria  Eccleíiaílica.  Efcre- 
veo. 

Hijloria  Kegum  Jfrael  ab  Abraham  uí- 
que  ad  Machabaos.  Cujo  original  fe  guarda 
na  Bibliotheca  do  Real  Convento  de  Al- 
cobaça. 


D.  FERNANDO  MARTINS  MASCA- 
RENHAS naceo  em  a  Villa  de  Monte 
mór  o  novo  íituada  em  a  Provinda  do 
Alentejo,  e  foy  filho  fegundo  de  D.  Vafco 
Mafcarenhas  Repofteiro  mór  do  Princepe 
D.  Joaõ  filho  d'ElRey  D.  Joaõ  o  III.  e 
de  Dona  Maria  de  Mendoça  filha  de  An- 
tónio de  Mendoça.  Em  a  Univerfidade 
de  Évora  em  cuja  Cathedral  obteve  hum 
Canonicato,  lançou  os  primeiros  fundamen- 
tos dos  feus  eftudos  ouvindo  Filofofia,  em 
que  recebeo  o  gráo  de  Meftre  em  Artes, 
e  parte  da  Theologia,  laureando-fe  Doutor 
em  taõ  fublime  Faculdade  em  a  Academia 
Conimbricenfe,  sendo  admitido  por  Porcio- 
nifta  do  CoUegio  Real  de  S.  Paulo  a  20. 
de  Novembro  de  1575.  Por  Provifaõ  de 
Felipe  II.  paíTada  em  15.  de  Mayo  de 
1586.  foy  nomeado  Reitor  da  Univerfi- 
dade de  Coimbra,  cujo  lugar  adminiftrou 
com  tanta  prudência,  e  affabilidade  pelo 
efpaço  de  oito  annos,  que  delle  fubio  à 
Cadeira  Epifcopal  do  Algarve  a  3.  de  Ja- 
neiro de  1594.  e  fe  Sagrou  na  Cathedral 
de  Lisboa  a  5.  de  Fevereiro  de  1595.  En- 
tre todas  as  virtudes  Epifcopaes,  de  que 
foy  obfervantifiimo  cultor,  fe  diílinguio 
em  a  charidade  para  com  as  fuás  ovelhas, 
pois  no  tempo  que  fe  vio  fulminado  o 
Algarve  com  o  horrível  flagelo  da  pefte, 
aíTiítio  com  fummo  difvelo  aos  feridos  do 


contagio ;  naõ  fendo  menos  ardente  o 
feu  zelo  quando  Villa-nova  de  Portimão 
padeceo  os  laftimofos  effeitos  de  huma 
terrível  fome,  focorrendo-a  promptamente 
com  todo  o  trigo  que  eftava  no  feu  ce- 
leiro. Defta  charítativa  beneficência  naõ 
fomente  participavaõ  os  domcfticos,  mas 
os  eftranhos,  como  experimentarão  três 
Galés  Caftelhanas,  que  de  Mamora  apor- 
tarão em  Faro  taõ  deftruidas  pelas  tem- 
peftades,  como  cheyas  de  enfermos,  man- 
dando dar  fuftento  aos  vivos,  e  fepul- 
tura  aos  mortos,  cuja  compaífiva  acçaõ  lhe 
agradeceo  com  honorificas  expreíToens  a 
Mageftade  de  Felipe  II.  Para  impedir  os 
infultos,  que  cõmetiaõ  os  Mouros  nas  Cof- 
tas  do  Algarve,  mandou  fabricar  huma  Ga- 
leota  guarnecida  de  valerofa  Soldadefca,  de 
que  fe  feguio  refpirarem  aquelles  morado- 
res dos  eftragos  com  que  infeftavaõ  os 
Bárbaros  aquelles  mares,  pagando  com  as 
vidas  os  roubos  cometidos.  Com  generofa 
ufura  retribuia  beneficios  por  aggravos, 
principalmente  àquellas  peíToas,  que  lhe  eraõ 
mais  devedoras  aos  feus  favores.  Aten- 
dendo pela  utilidade  do  feu  rebanho  fundou 
em  Villa-nova  de  Portimão  o  CoUegio  dos 
Padres  Jefuitas  para  enfinarem  as  letras 
humanas,  e  concorreo  com  largos  dona- 
tivos para  a  nova  fabrica  do  Convento  de 
Santo  António  dos  Capuchos  da  Província 
da  Piedade  fituado  na  Cidade  de  Tavira.  To- 
das eftas  acçoens  cheyas  de  Catholica  piedade 
o  habilitarão,  para  que  fofle  nomeado  In- 
quifidor  Geral  deftes  Reynos,  de  cujo  lugar  lhe 
paíTou  Bulia  Paulo  V.  a  4.  de  Julho  de  161 6. 
onde  moftrou  o  fervorofo  zelo  que  lhe  anima- 
va o  peito  contra  os  Sequazes  da  Sinagoga. 
Foy  Confelheiro  de  Eftado,  D.  Prior  mór  de 
Guimaraens,  a  cujas  dignidades  pudera  jun- 
tar a  de  Bifpo  de  Coimbra,  e  Arcebifpo  de 
Lisboa,  quando  vagou  em  o  anno  de  1585. 
por  morte  de  D.  Jorge  de  Almeyda,  fe  as 
naõ  regeitára  com  o  mefmo  empenho,  como 
outros  as  pertendiaõ.  Foy  hum  dos  mayores 
Theologos  do  feu  tempo,  de  que  foraõ  tefte- 
munhas  os  Cathedraticos  de  Coimbra,  quando 
argumentava  em  os  aôos  Académicos 
em  que  fe  admiravaõ  felizmente  unidas  a 
agudeza  com  a  profundidade.     Cheyo  mais 


L  U SITAN A. 


35 


de  virtudes,  que  de  annos  que  chega- 
vaõ  ao  numero  de  8o.  efpirou  piiflima- 
mente  em  Lisboa  a  20.  de  Janeiro  de 
1628.  Ja2  fepultado  no  Cruzeiro  da  Igreja 
da  Caza  ProfeíTa  de  S.  Roque  em  fepul- 
tura  raza,  e  nella  eftá  gravado  o  feguinte 
epitáfio,  que  à  fua  memoria  dedicarão  os 
Religiofos    daquella    Caza. 

H.     S.    E. 

IlluJlriJfimuSf  (&  Reverendijfmus  D.  D.  Fer- 
Snandus  Martins  hlafcaregias  Quafitor  Fidei 
maximus,  à  ConjUiis  Kegia  híaiefiatis;  olim 
Kiâor  Academia  Conimhricenfis,  me  non  Fpif- 
copus  Algarhienfis.  Nihilo  tamen  bifce  hono- 
ribus  acceptis,  quam  reliãis  Epifcopatus  Co- 
nimbricenfis,  <ò'  Arcbiepijcopattis  Ulyjfiponenfis 
tbiaris  clarior.  Sacris  litteris  apprime  eruditiis: 
m  Deum,  Supero/que  egregie  pius:  ingenio  mi- 
tijftmo,  animo  celjijjimo,  donis  munificentijft- 
mus,  (ò"  in  pauperes  largijfimus.  'Lufitani  po- 
puli  delicia  quondam,  mine  defideritim. 
Ohiit  20.     Januarii      1628, 

Qui  qmniam  non  Maufolao,  fed  bumili 
fepuJcbro,  ut  unus  ex  nofiris  ob  eximium  in 
Soeietatem  JESU,  €>*  fingularem  in  quatuor 
fraíres  germanos  quos  in  ea  babet,  amorem, 
condi  volmt,  eadem  Societas  JESU  gratia,  <& 
amoris  ergo. 

H.    ei   M.    P. 

Graves  Efcritores  celebrarão  o  feu  no- 
me como  foraõ  AgoíUnho  Barbof.  Trat. 
de  Poiejl.  Fpifcop.  Part.  2.  Allegat.  40. 
n.  30.  vir,  (óf  gentilitia  nobilitate,  (ò*  lit- 
teris infiéis.  Telles  Cbron.  da  Comp.  de 
Jef.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  2.  liv.  4. 
cap.  47.  n.  7.  taõ  conbecido  no  mundo  por 
fuás  letras  de  Tbeologo  exeellentijjimo,  e  taÕ 
amado  por  fua  condição  de  Príncipe  magnifico, 
e  de  Prelado  benignifftmo.  P.  Sebaíliaõ  Bar- 
radas na  Dedicat.  do  Tom.  2.  Concord. 
Evangélica.  Armata  illi  efl  prudentia,  Juflitia, 
temperantia,  vigilantia  cbaritate,  beneficentia,  ca- 
terifque  virtutibus,  ut  omnibus  bonoríbus,  om- 
nibufque  titulis  par  effe  videarís.  Poflevin. 
Appar.  Sacer.  Tom.  i.  pag.  568.  vir  no- 
bilitate maiorum,  fua  ipfius  illuflríjfimus,  vir- 
tutibus autem,   ac   interioribus    Tbeologia  Jludiis 


pracellens.  Nicol.  Anton.  Bib.  Hifp.  Tom.  i. 
pag.  289.  col.  2.  floruit  integritatis,  <á^  doc- 
trína  nomine.  Franc.  de  Sant.  Mar.  Diar. 
Portug.  Tom.  i.  pag.  99.  vifflante  Prelado, 
amorofo  Pay  dos  pobres,  e  liberaliffimo  Prín- 
cipe. Sachin.  Hifl.  Societ.  Part.  4.  lib.  7. 
n.  223.  vir  moribus,  <Ò^  virtute  praclarus,  <& 
cum  difciplinarum  omnium,  tum  Theoloffa  pra- 
fertim  excellenti  feientia  totó  regno  laudatif- 
fimus.  Paul.  Scherlog.  Kefponf.  pro  Seient. 
Med.  Part.  3.  Sed.  10.  n.  48.  llluflríffi- 
mus  eb*  antiqua,  eb*  honorifica  antiquitatis. 
Nicol.  Godinho  de  rebus  AbyJJin.  na  De> 
dicat.  In  quo  fumma  funt  omnia  generis  am- 
plitudo,  rerum  feientia,  animi  magnitudo,  comi- 
tas  in  officiis,  ad  benefaciendum  propenfio.  Fr. 
Seraph.  de  Freitas  Addit.  ad  Traã.  Illuflrif. 
Rod.  da  Cunba  de  follicitantib.  Quaeft.  22. 
n.  37.  multis  mibi  nominibus  fufpiciendus  in 
quo  an  nobilitas  an  ingenium  príneipem  fibi 
locum  vendicet  in  dubium  revocarí  potefl;  vere 
Ínterim  in  eo  Pralati  ideam  omnibus  numeris 
abfolutam,  fideique  facem  fufpicias,  e^*  admireris. 
O  Doutor  Belchior  de  Abreu  Ciftercienfe 
na  cenfura  à  Oraçaõ  Fimebre,  que  fez  a 
eíle  Prelado  o  Padre  Diogo  de  Areda  da 
Companhia  de  JESUS.  Cuja  efelareeida  me- 
moria, :(elo  Cbriflianiffimo,  rara  Santidade,  e  to- 
das as  mais  excellencias  durar aõ  por  muy  largos 
atmos,  naÕ  fe  perdendo  nunca  feu  nome  de  Pre- 
lado integerrimo,  e  defenfor  vigilantiffimo  da 
da  Fé  Catbolica.  Joan.  Soares  de  Brit.  Tbeatr. 
Eufit.  Eitterat.  lit.  F.  num.  13.  Soares  de 
Gratia  Prolog.  2.  cap.  i.  n.  7.  Ifambert. 
Comment.  Theolog.  Tom.  2.  quacft.  iii.  difp. 
9,  art.  4.  n.  8.  Draud.  Bib.  Claffic.  Hal- 
levard.  Bib.  Curiof.  pag.  75.  col.  2.  Fon- 
fec.  Evor.  Gloriof.  pag.  333.  Sábio  por  emi- 
nenria  em  todas  as  Seiencias-.  Franco  Annal. 
S.  J.  in  Eufit.  pag.  250.  n.  i.  Heros  dignus 
monumentis  are  perennioribus.  D.  Jofeph  Bar- 
bof. Alem.  do  Colleg.  de  S.  Paul.  pag.  259. 
fqy  benemérito  da  fama  que  ainda  boje  tem, 
e  no  Arcbiat.  Eufit.  pag.  75. 
Vértice  mitrato,  qui  regna  Algarbica  rexit, 
Judieis  eximio  fulgebit  bonore  fupremi, 
Ut  facrata  fides  tuto  potiatur  afylo. 
InconcuJJa  dabit  fervanda  dogmata  le^s, 
Atque  cavenda  pia  quamplura  volumina  menti 
índice  fignabit,  ne  mens  errore   vacillet. 


36 


BIBLIO THE  CA 


Non    illum  fajlus,    non   gloria   punget    inanis; 
Cerne  recujantem   Collimhrica  jura   Sacrata, 
Urbis    C^    antiqua    cui    mania    valia t    Ulyjfes; 
Dijplicet    amhitio    terrejlria    calce    terenti. 
Corporis    eximas  ponet    Yerrandus,    ahibit 
Ad  fuperos    felix    meritorum    pondere    clarus. 

O)mpo2 

Traãatus  de  auxiliis  divina  gratia  ad  a£tus 
fupematurales  in  três  partes  divifus.  Prima 
agit  de  variis  divina  ^atia  divifwnihus.  Secunda 
de  gratia  efficaci,  (&  ejus  difiinãione  à  non 
efficaci.  Tertia  de  efficacia  gratia.  UlyíTi- 
pone  apud  Petrum  Craesbeck  1604.  foi. 
&    Lugduni   apud  Horatium  Cardon.    161 5. 

4. 

Pro  defenjione  Immaculata  Conceptionis  Epif- 
tola.  Sahio  impreíTa  com  outras  deíle  af- 
fumpto  Hifpali  1616.  foi.  como  efcreve 
Fr.  Pedro  de  Alva,  y  Aftorga  in  Aí/7//. 
Concept, 

Officium  S.  Antonii  Ulyjftponenjis,  qui 
vulgo  dicitur  de  Pádua,  quod  edendum  cura- 
vit  llluftrifftmus  Dominus  D.  Ferdinandus  Mar- 
fins Majcarenhas  D.  António  addiãijftmus  ad 
ufum  privatum  devotorum  ipjius.  UlyíTipone 
typis  Gerardi  à  Vinea  1623.  12.  Deíla 
obra  faz  mençaõ  Cardofo  Agiol,  Ijufit. 
Tom.  3.  a  30.  de  Mayo  no  Comment. 
letr.    A. 

Tratado  fobre  vários  meyos,  que  fe  offere- 
ceraS  a  S.  Mag.  Catholica  para  remédio  do 
Judaifmo  nejle  Reyno  de  Portugal  no  anno  de 
1625.  4.  Naõ  tem  lugar  da  impreíTaõ,  nem 
o   nome    do    Author. 

Por  fua  ordem  fahio  compofto  pelo 
P.  Balthezar  Alvares  da  Companhia  de 
JESUS. 

Imiex  Auãorum  damnata  memoria.  Tum 
efiam  librorum,  qui  vel  fimpliciter,  vel  ad  ex- 
purgationem  u/que  prohibentur,  vel  denique  ex- 
purgati  permittuntur.  UlyíTipone  apud  Petrum 
Craesbeck  1624.  foi. 

In  I.  2.  D.  Thoma  Commentarii  M.  S. 
aos  quaes  intitula  praclaros  o  P.  Sebaf- 
tiaõ  Barradas  na  Dedicatória,  que  a  feu 
lUuftrilTtmo  Author  lhe  faz  no  Tom.  2. 
Concord.  EvangeL  laftimando-fc  da  perda 
de  taõ  grande  obra,  quando  foy  levada 
com    a   numerofa    livraria    deite    Prelado 


pelos  Piratas,  que  invadirão  a  Qdade  de 
Faro. 

Commentaria  in  Provérbio  Salomonis.  M.  S. 
Efta  obra  louvaõ  Dom  Francifco  Manoel 
Cart.  dos  A  A.  Portug.  efcrita  ao  Doutor 
Themudo,  e  Jacob,  le  Long.  'Rib.  Sacr. 
pag.  mihi  850.  col.  i.  a  qual  affirma  Li- 
penio  Bib.  Real.  Theol.  Tom.  2.  p.  569. 
fahira    imprefla    Lugduni    161 5. 

Traãatus  de  Legibus.  M.  S.  Eftava  em 
o  anno  de  1606.  prompto  para  fe  impri- 
mir. 

D.  FERNANDO  MASCARENHAS  fc- 
gundo  Marquez  de  Fronteira,  terceiro  Conde 
da  Torre  Senhor  do  Morgado  da  Gocharia, 
Comendador  donatário  da  Mordomia  mór  da 
Cidade  de  Faro,  e  das  Comendas  de  S.  Tiago 
de  Torres  Vedras,  S.  Nicolao  de  Carrezedo, 
e  S.  Miguel  de  Linhares,  Alcaide  mór, 
e  Comendador  do  Rofmaninhal  naceo  em 
Lisboa  a  4.  de  Dezembro  de  1655.  e  foraõ 
feus  Progenitores  D.  Joaõ  Mafcarenhas  pri- 
meiro Marquez  de  Fronteira,  Confelheiro  de 
Eftado,  Vedor  da  Fazenda,  Gentil-homem  da 
Camará  do  Princepe  Regente  Dom  Pedro,  e 
Meftre  de  Campo  General  da  Província  da 
Beira,  e  General  da  Cavallaria  em  a  do  Alen- 
tejo; e  Dona  Magdalena  de  Caílro  filha  de 
D.  Francifco  de  Sà  e  Menezes,  terceiro 
Conde  de  Penaguião  Camareiro  mór,  e 
de  Dona  Joanna  de  Caibro  filha  de  Joaõ 
Gonçalves  de  Attayde  fexto  Conde  de  At-  ^ 
touguia.  Defde  os  primeiros  annos  cul- 
tivou com  tal  génio  as  Artes  liberaes,  que 
mais  pareciaõ  herdadas  por  beneficio  da 
graça,  que  adquiridas  pela  diligencia  do 
cftudo.  A  Campanha,  c  o  Gabinete  focaõ 
os  theatros  em  que  igualmente  brilharão  o 
feu  valor,  e  politica,  valendo-fe  de  hum 
para  deftruiçaõ  dos  inimigos  da  Pátria, 
c  de  outra  para  augmento,  e  gloria  dos 
interefles  da  Coroa.  Foy  Governador,  c 
Capitão  General  do  Reyno  do  Algarve, 
Meftre  de  Campo  General,  c  Governador 
das  Armas  na  Província  da  Beira  no  anno 
de  1706.  e  Governador  das  Armas  da  Pro- 
víncia de  Alentejo,  Confelheiro  de  Efla- 
do,  c  Guerra,  Vedor  da  Fazenda  da  ee- 
partíçaõ     dos     Armazéns,     c     IndiA,     Ptcíi- 


L  USITAN  A 


dente  do  Dezembargo  do  Paço,  e  Mor- 
domo mór  da  Rainha  Dona  Marianna  de 
Aiiíbia,  e  entre  poílos,  e  lugares  taõ  au- 
thorizados  fempre  confervou  o  animo  Í2ento 
da  ambição,  e  fuperior  à  vaidade.  Na 
iníHtuiçaõ  da  Academia  Real  da  Hiftoria 
foy  perpetuo  Cenfor,  a  cuja  penna  fe  cõ- 
meteo  o  argximento  das  Memorias  Hifto- 
ricas  das  acçoens,  que  obráraõ  os  Romanos 
na  antiga  Luíitania,  e  nas  contas,  que  re- 
ferio  do  feu  eftudo,  como  nas  Oraçoens 
que  recitou  como  Prefidente,  fe  admirou 
a  elegância  do  feu  eítilo  fempre  concifo, 
e  fublime,  fazendo  que  a  concifaõ  naõ  dege- 
neraíTe  em  efcuridade,  nem  a  fublimidade 
em  precipício.  Foy  muito  moderado  em 
o  ornato  da  fua  peíToa,  confervando  huma 
prudente  mediocridade  entre  a  pompa,  e  a 
honeíHdade.  Sentindo-fe  próximo  à  morte 
fe  preparou  com  Catholica  reíignaçaõ  para 
a.  eternidade,  de  que  foy  tomar  poíTe  a 
25.  de  Fevereiro  de  1729,  quando  con- 
tava 74.  annos  de  idade.  Jaz  fepultado  à 
entrada  da  porta  travefsa  da  parte  de  fora 
da  Igreja  das  Qiagas,  Fregueíia  dos  homens 
da  carreira  da  índia  com  efte  humilde  epi- 
táfio. 

Aqtà  ja:(^  o  fegundo  T^iarquev^  de  Fronteira 
D.  Fernando  Aíafcarenhas,  que  faleceo  a  z^.  de 
Fevereiro   de    1 729. 

Foy  cazado  com  Dona  Joanna  Leonor 
de  Toledo  e  Menezes  filha  de  D.  Jero- 
nymo  de  Attayde  fexto  Conde  de  Attou- 
guia,  e  de  Dona  Leonor  de  ]Menezes  filha 
de  D.  Fernando  de  Menezes,  Comendador 
da  Comenda  de  Santa  alaria  de  Caílello- 
-Branco,  de  quem  teve  féis  filhos,  e  féis 
filhas.  Abatas  acções  obrou  na  fua  vida  ejle 
Heróe  no  militar,  no  politico,  e  em  todos  os 
empregos  ^andes,  em  q  fe  fea^  necejfario  pelos 
feus  muitos  ejludos,  valor,  peffoa,  e  grande  ta- 
lento, efcreve  em  feu  applaufo  o  P.  Fr. 
Martinho  do  Amor  de  Deos  Chron.  da 
Prov.  de  Santo  António  liv.  2.  cap.  i.  §.  385. 
Compoz 

Conta  dos  feus  efludos  Académicos  em  7.  de 
Setembro  de  1722.  fahio  no  2.  Tom.  da  ColleçaÕ 
dos  Documentos  da  Acad.  Keal.  Lisboa  por  Paf- 
choal  da  Sylva  ImpreíTor  de  S.  Mag.  e  da 
Academia  Real  1722.  foi. 


^7 

Declaração,  q  fendo  Direãor  da  Acade- 
mia da  Hijloria  Portugue^^a  na  conferencia  de 
5.  de  Agofo  de  1723.  /^^  de  ejlar  eleito  Aca- 
démico com  approvaçaõ  de  S.  Mag.  o  Doutor 
Filippe  Maciel.  Sahio  no  3.  Tom.  da  Colleç, 
dos  Docum.  da  Academia  Keal.  Lisboa  pelo- 
dito   Impreílor.    1723.    foi. 

OraçaÕ,  fendo  Direãor  da  Academia  Keal 
da  Hijloria  Portug.  na  presença  de  Suas  Aía- 
gejlades,  e  Alteias,  celebrando-fe  os  annos  d'EJ- 
Key  N.  Senhor  no  dia  zz.  de  Outubro  de  1723. 
Sahio  no  3.  Tom.  da  Colleç.  da  Academia 
Keal. 

OraçaÕ  no  Paço  celebrando-fe  os  annos  d'El- 
Key  N.  Senhor  no  dia  zz.  de  Outubro  de  1724. 
Sahio  no  4.  Tom.  da  Colleçaõ  da  Academia 
Keal.    Lisboa  pelo  dito  ImpreUor  1724.  foi. 

OraçaÕ  na  primeira  Confereticia  do  quinto 
anno  da  Academia  Keal  em  zz.  de  Det^embro 
de  1JZ4.  Sahio  no  Tom.  5.  da  Colleç.  &c. 
Lisboa   pelo   dito   ImpreíTor.    1725.   foi. 

OraçaÕ  na  pret^ença  de  Suas  MageJiadeSf, 
e  AItet(as,  celebrando-fe  os  annos  d'EJKeL 
N.  Senhor  no  dia  zz.  de  Outubro  de  1725. 
Sahio   no    5.    Tom.   da   Colleçaõ,    &c. 

Declaração  na  Conferencia  de  27.  de  Março^ 
de  11  z-^.  de  que  eflava  eleito  Académico  com 
approvaçaõ  de  S.  Aíag.  D.  Diogo  Fernandes 
de  Almeyda  no  lugar,  que  vagou  por  morte 
do  P.  Fr.  Fernando  de  Abreu.  Sahio  no 
Tom.  7.  da  Colleçaõ,  &c.  Lisboa  por  Jozè 
António    da    Sylva.    1727.  foi. 

OraçaÕ  Académica  no  principio  do  8.  anno 
da  Academia  Keal  da  Hijloria  Portug.  em 
8.  de  Janeiro  de  1728.  Sahio  no  Tom.  8. 
da  Colleçaõ,  &c.  Lisboa  pelo  dito  Impref- 
for    1728.    foi. 

Declaração  na  Conferencia  de  28.  de  Aíajo 
de  1728.  de  eflar  eleito  Académico  com  ap- 
provaçaõ de  S.  Aíag.  D.  Francifco  de  Almeyda. 
Sahio  no  Tom.  8.  de  que  aíTima  fe  fez 
mençaõ. 

FERNANDO  DA  MATA  natural  de 
Lisboa,  e  morador  em  a  Qdade  de  Sevi- 
lha, muito  douto,  e  verfado  na  Theologia 
MylHca.    Compoz 

Breve    Compendio    de    la  perfecion.    M.    S. 

Tratado  de  la  difcricion  de  los  Ffpiritos^ 
M.  S. 


38 


BIB  LIO  TH  E  CA 


Eíks  obras  fe  confervaõ  no  Ganvento 
Romano  de  S.  Joanino  de  Mercenários  Def- 
calços. 

FERNANDO  DE  MENA  infigne  pro- 
feflbr  da  Medicina,  e  Lente  de  Prima  deíla 
Faculdade  na  Univerfidade  de  Alcalá,  donde 
fubio  a  fer  Medico  da  Camará  de  Filippe 
Prudente.  He  intitulado  Do£iiJftmm  por  Za- 
cuto  de  Med.  Princip.  hijl.  lib.  2.  quaeíl.  4. 
&  Hiíl.  44.  dub.  30.  Delle  fa2em  memoria 
HaUevord.  Bib.  Curiof.  pag.  75.  col.  2.  Ta- 
xand.  Cathalog.  Ciar.  Hifp.  Script.  e  André 
Scoto  Bih.  Hifp.  Tom.  2.  claíT.  8.  pag.  333. 
affirmando  todos  fer  Portuguez,  fuppofto 
que  Nicol.  Anton.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag. 
290.  col.  I.  fundado  na  authoridade  do  P. 
Jeronymo  Roman  de  la  Higuera,  que  elle 
muitas  vezes  defpreza,  o  queira  fazer  Caf- 
telhano.     Compoz 

Methodus  fehrium  omnium,  <&  earum  Sympto- 
jnatum  curatoria.  Item  de  Septimefiri  partu,  <& 
pítrgantibtts  medicamentis.  Antuerpix  apud 
Plantinum    1368.    4. 

Claudii  Gakni  de  Puljibus  liber  e  Graco 
converfus,  <Ò'  doãijfimis  commentariis  illuflratus. 
Compluti  apud  Joannem  Brocatium  1553.  4. 

Qtàdam  Jiber  de  urinis  cum  commentariis 
loatpletijftmis.  Ibi  per  eumdem  Typog.  eo- 
dem    anno.    4. 

Commentaria  in  libros  Gakni  de  fan- 
juinis  mijftone,  (ò"  ptirgatione.  Auguft.  Tau- 
rin.    apud    Joannem    Bevilaquam.    1589.    8. 

L.ibellus  utilijftmus  de  ratione  permifcendi 
medicamenta,  qtia  pajfim  in  ufus  veniunt.  Com- 
pluti apud  Joannem  Brocatium.  1555.  8. 
&  Auguft.  Taurin.  apud  Joannem  Bevila- 
quam.   1589.    8. 

FERNANDO  DE  MENDANHA  ME- 
TELLA  naceo  cm  Lisboa  no  anno  de 
1617.  onde  eftudou  as  letras  humanas,  em 
que  fahio  muito  perito.  Deixada  a  efcola 
de  Minerva  pela  de  Marte,  fervio  com 
grande  credito  do  feu  valor  nas  Armadas, 
que  navegava©  defte  Reyno  para  o  Braíil, 
atè  que  com  o  pofto  de  Alferes  pafsou  duas 
vezes  à  índia,  fendo  a  fegunda  em  com- 
panhia   do    Vicc-Rey   do    Eftado    o    Conde 


de  Villa-Pouca  no  anno  de  1657.  com  o 
defpacho  do  habito  militar  da  Ordem  de 
Chrifto.    Compoz 

Rimas  Varias,  cujo  original  confervava 
feu  cunhado  Diogo  de  Vafconcellos,  como 
affirma  Joaõ  Franco  Barreto  na  Bib.  Por- 
tug.    M.    S. 


FERNANDO  MENDES  natural  da  Pro- 
víncia da  Beira,  Cathedratico  de  Medicina 
em  a  Univerfidade  de  Mompilher,  e  depois 
Medico  da  SereniíTima  Rainha  da  Grã  Bre- 
tanha a  Senhora  Dona  Catherina.  Pela 
grande  profundidade  com  que  penetrou  as 
mayores  difficuldades  da  Arte  Medica,  e 
pelo  novo  methodo  com  que  triunfou  das 
mais  perigofas,  e  rebeldes  enfermidades  me- 
receo  diftintas  eftimaçoens  das  primeiras  pef- 
foas  dos  Reynos  de  França,  e  Inglaterra, 
devendo-fe  à  efpeculaçaõ  do  feu  eftudo  o 
invento  da  agua  contra  as  febres  intermi- 
tentes tam  efficaz  nos  feus  eífeitos,  como 
conhecida  com  o  nome  de  agua  de  Ingla- 
terra por  fer  compofta,  quando  aíTiftio  neftc 
Reyno.  Falleceo  em  a  Cidade  de  Londres 
cheyo  de  annos,  e  muito  mais  de  cabedaes 
opulentos  a  26.  de  Novembro  de  1724. 
Publicou 


Studium  ApolUnare,  five  progymnafmata  me- 
dica ad  Monfpellienfis  ApolHnis  laurum  confe- 
quendam  habita,  propugnataque  à  Ferdinando 
Mendes  'Lufitano  ejufdem  Univerfitatis  confilia- 
rio.    Lugduni  apud  Danielem  Gayet.  1668.  4. 

FERNANDO  MENDES  PINTO  naceo 
em  a  Villa  de  Monte-mór  o  velho  do  Bif- 
pado  de  Coimbra  em  a  Província  da  Beira 
de  Pays  honrados,  mas  muito  pobres.  Quando 
contava  a  tenra  idade  de  doze  annos  partio 
da  fua  Pátria  acompanhado  de  hum  tio, 
e  chegando  a  Li  f boa  a  21.  de  Dezembro 
de  1521.  como  defejafle  fortuna  mais  prof- 
pera  para  o  fobrinho  o  acomodou  em  a  caza 
de  hunu  Senhora  illuftre,  onde  depois  de 
affiftir  nella  pelo  efpaço  de  anno,  e  meyo 
com  louvável  procedimento,  foy  obrigado 
para    falvar    a    vida,    retirarfe    clandeftina- 


L  USITANA. 


mente  da  dita  caza.  Embarcado  em  huma 
caravella,  que  de  Lisboa  partia  para  Se- 
túbal, foy  prizioneiro  por  hum  CoíTario 
Francez,  que  depois  de  meter  a  fundo  a 
embarcação,  o  tratou,  e  aos  feus  companhei- 
ros com  grande  incivihdade,  fendo  efte  fuc- 
ceflb  o  fatal  prologo  das  varias  infelicidades 
que  padeceo  pelo  efpaço  de  fua  vida.  Ref- 
tituido  à  liberdade  voltou  a  Setúbal,  e  de- 
pois de  fervir  quaíi  dous  annos  o  lugar  de 
Moço  da  Camará  do  Duque  de  Aveiro  o 
Senhor  D.  Jorge  filho  natural  d'ElRey  D. 
Joaõ  o  n.  coníiderando  que  aquella  occupa- 
çaõ  lhe  naõ  promettia  os  mayores  augmen- 
tos  fe  refolveo  a  bufcar  fortuna  mais  pro- 

j  pida  em  parte  muito  remota  da  fua  Pátria, 
qual  era  a  índia  Oriental,  para  onde  fe 
embarcou  a  ii.  de  Março  de  1557.  em 
huma  Armada  de  cinco  náos,  de  que  era 
Capitão  mór  D.  Pedro  da  Sylva  filho  do 
Conde  Almirante  D.  Vafco  da  Gama.  Ha- 
vendo difcorrido  pela  Ethiopia,  Arábia  Fe- 
liz, China,  Tartaria,  Siaõ,  Pegu,  MacaíTar, 
Samatra,  Martavaõ,  e  todo  o  Archipelago 
Oriental,  em  cuja  dilatada  peregrinação  que 
elle  defcreveo  com  igual  juizo,  que  verdade, 
confumio  a  larga  diuturnidade  de  vinte  e 
hum  annos,  em  que  padeceo  laftimofos,  e 
incríveis  infortúnios,  fendo  cativo  treze  ve- 
zes, vendido  dezefete,  e  quafi  tragado  das 
ondas  por  diverfas  ocafioens  naõ  fendo  taõ 
fataes  tribulaçoens,  e  horrorofos  perigos, 
baílantes  obílaculos  para  que  naõ  obfer- 
valfe  com  judiciofo  exame  por  fer  dotado 
de  agudo  engenho,  e  feUciíTima  memoria,  os 
coftumes,  e  cerimonias  de  Naçoens  taõ  va- 
rias; a  potencia  dos  feus  Princepes,  e  a 
fituaçaõ  de  tantos  Reynos,  e  Provindas. 
Como  tíveíTe  adquirido  algum  cabedal,  deter- 
minou em  o  anno  de  1554.  reftituir-fe  à  fua 
pátria,  e  antes  de  executar  efte  intento  fe  con- 
feflbu  geralmente  com  o  P.  Belchior  Nunes 
da  Companhia   de   JESUS   em  a   Igreja   de 

;  N.  Senhora  da  Graça  na  Ilha  de  Choraõ 
diftante  huma  legoa  de  Goa,  e  vendo-fe 
aliviado  do  pezo  das  fuás  culpas,  come- 
çou a  perfuadir  com  grande  efficacia  ao 
mefmo  Padre  o  copiofo  fruto,  que  fe  po- 
dia colher  com  a  evangélica  cultura  do 
Japaõ    por   ferem    os    feus    naturaes,    como 


39 

elle  teftemunhára,  os  mais  promptos,  e  dó- 
ceis em  obedecer  à  razão,  e  os  mais  conf- 
tantes  em  confervar  a  Fé,  para  cuja  fa- 
grada  empreza  prometia  doze  mil  pardaos 
em  dinheiro  alem  de  quatro  mil  para  o- 
principio  da  erecção  de  hum  Collegio  da 
Companhia  em  a  Cidade  de  Amanguchi^ 
donde  pudeílem  fahir  os  Miffionarios  para  dou- 
trinar a  gentilidade  daqueUe  vafto  Império. 
Mereceo  efte  CathoHco  intento  a  geral  ap- 
provaçaõ  de  todos  os  Ecclefiafticos  de  Goa,, 
e  juntamente  do  Vice-Rey  D.  AíFonfo  de 
Noronha,  nomeando  a  Fernando  Mendes 
Embaixador  a  El-Rey  de  Bimgo.  Antes  de 
partir  para  o  Japaõ  diftribuio  dous  mil  cru- 
zados para  alguns  parentes  pobres,  que  ti- 
nha em  Portugal;  appHcou  quatro  para 
varias  efmolas,  e  libertou  grande  numero 
de  efcravos,  e  embarcado  com  o  P.  Bel- 
chior Nunes,  e  outros  companheiros  defti- 
nados  para  a  MiíTaõ,  de  que  elle  fora  o 
Author,  commovido  do  fervor  com  que 
eftes  Religiofos  renovarão  os  votos  folem- 
nes  fe  inflamou  com  tal  exceíTo  que  levan- 
tando a  voz  com  o  rofto  banhado  em  la- 
grimas, fez  voto  de  viver,  e  morrer  na 
Companhia  de  JESUS,  e  de  empregar  todo 
o  feu  cabedal  em  obfequio  da  Chriftandade 
Japoneza.  Para  fatisfaçaõ  de  taõ  ardentes 
dezejos  foy  admitido  à  Companhia  em  o 
anno  de  1554.  pelo  P.  Belchior  Nunes, 
onde  a  perfeverança  naõ  correfpondeo  a 
taõ  heróica  refoluçaõ.  Ultimamente  depois 
de  ter  concluído  o  largo  circulo  das  fuás 
Peregrinaçoens  por  todo  o  Oriente  fe  refli- 
tuhio  a  efte  Reyno,  e  chegando  a  Lif- 
boa  a  22.  de  Setembro  de  1558.  quando 
governava  efta.  Monarchia  a  Rainha  Dona 
Catherina  pela  menoridade  de  feu  neto 
D.  Sebaftiaõ  lhe  aprezentou  os  feus  fervi- 
ços  authorizados  com  honorificas  Certidões 
do  Governador  da  índia  Francifco  Barreto, 
e  depois  de  confumir  quafi  cinco  annos  na  ef- 
perança  do  defpacho,  vendo-fe  fruftrado  da 
merecida  remuneração,  fe  retirou  para  a  Villa 
de  Almada  onde  cazou,  e  teve  filhos,  para  os 
quaes  efcreveo  o  Uvro  das  fuás  Peregrinaçoens, 
atè  que  mais  cheyo  de  annos,  que  ca- 
bedaes  falleceo  entre  os  annos  de  1580. 
e    15  81.    e    jaz    fepultado    na    Igreja    Paro- 


40 


BIB  LIO  THE  CA 


chiai  de  S.  Tiago  da  Villa  de  Almada. 
He  celebrado  o  feu  nome  por  diverfos 
Authores  como  faõ  Joan.  Soar.  de  Brit. 
Theatr.  iMjit.  Utíerat.  lit.  F.  n.  5.  vir  longa, 
■Jiutina,  admirabilique  peregrinatione  non  Jolum 
apud  Nojlrates,  fed  etiam  apud  exteros  celebra- 
tíjftmus.  Faria  AJia  Portug.  Tom.  2.  Part.  i. 
cap.  3.  n.  6.  notório  por  las  memorias  de  Jus 
ptregrinaciones,  e  no  Coment.  às  L.ujiad.  de 
Cam.  Cant.  8.  Eftanc.  37.  Je  duda  de  mitcho 
de  lo  que  refiere:  y  per  Jonas  que  anduvieron 
por  aquellas  partes  afirman  que  nò  Joio  es  todo 
verdad,  Ji  nò  que  pudiera  con  ella  di:(ir  màs, 
j  que  de  miedo  lo  dexò.  O  Padre  Charlevoix 
Hijl.  de  l'EtabliJJem.  des  Prog.  et  de  la  de- 
cadenc.  de  Chrijl.  dans  lih.  Empir.  du  Japon. 
Tom.  2.  liv.  5.  pag.  155.  o  inúinh.  Jameux 
MVanturier,  e  na  HiJl.  du  Jap.  Tom.  i.  liv.  2. 
§•  3-  P^g-  "^"^  M5-  col.  I.  O  Licenciado 
Francifco  Herrera  Maldonado  na  Tradução 
Caftelhana,  que  fez  da  fua  Peregrinação  no 
principio  da  Apologia  da  verdade  defta  Hif- 
toria:  diz  do  feu  Author.  Hombre  de  agudo 
ingenio,  de  Jingular  memoria,  y  de  experiências 
notables,  que  alcançadas  por  tantos  trabajos,  y 
peregrinaciones  le  adquirieron  Jama  eterna,  y 
ejlimacion  entre  los  mayores  Príncipes  dei  Afia, 
y  Europa,  Jiendo  generalmiente  oydo  de  los  Keys, 
e  ejlimado  de  los  nobles.  CralTet.  Hijl.  de  1'EgUJ. 
Au  Jap.  Tom.  i.  liv.  3.  §.  36.  &  feq. 
pag.  mihi  188.  Reys  ElyJ.  Jucund.  Quajl. 
■Camp.  quaeíl.  47.  n.  31.  O  moderno  ad- 
dicion.  da  Bib.  Orient.  de  Ant.  de  Lcaõ 
Tom.  I.  Tit.  2.  col.  32.  refiere  JucceJJos 
tan  notables,  y  tantos  que  algunos  le  tienen 
por  Jabulojo,  però  la  ejperiencia  de  otros  los 
hà  dejenganado.  No  tempo  que  aíTiílio  na 
Companhia  de   JESUS   efcreveo 

Carta  de  Malaca  em  5.  de  Abril  de  1554. 
que  começa  Determinado  tenia  chariJJimos  her- 
manos,  &c.  he  muito  extenfa,  c  fahio  im- 
preíTa.  Lisboa  por  António  Alvares  1355.  4. 
cm  hum  livro  que  tem  eíle  titulo  Copia 
de  algunas  cartas  de  algunos  Padres,  y  ber- 
manos  de  la  Compania  de  JESUS,  que  ejcri- 
vieron  de  la  índia,  Japon,  y  Brasil  a  los  Pa- 
dres, y  hermanos  de  la  mijma  Compania  en 
Portugal,  &c. 

Carta  ejcrita  de  Malaca  a  y  de  Dei(em- 
bro  de  i$54.  aos  Padres  do  Collegio  de  Coim- 


bra. Foy  feita  por  ordem  do  P.  Belchior 
Nunes,  em  que  relata  as  coufas  mais  par- 
ticulares, que  vio  em  todo  o  Oriente,  antes 
de  entrar  na  Companhia.  Sahio  na  lingua 
Caílelhana.  Saragoça  por  AgoíUno  Mil- 
lan.  1560.  foi.  com  outras  cartas  das  ín- 
dias Orientaes,  de  que  temos  hum  exem- 
plar. Sahio  traduzida  em  Italiano,  c  fahio. 
Roma  por  António  Bladio  1556.  8.  c  Ve- 
neza por  Miguel  Tramezzino  1559.  8.  com 
eíle    titulo. 

Di  diverji  cojlumi,  e  varie  coje  eh'  hà  vifio 
en  diverJi  regni  deli'  índia  nelle  qualli  andb 
avanti     che     entrajfe     nella     Compagnia. 

Peregrinação  em  que  dá  conta  de  mui- 
tas, e  muito  ejlranhas  coujas,  que  vio,  e  ouvio 
no  Reyno  da  China,  no  da  Tartaria,  no 
do  Somau,  que  vulgarmente  Je  chama  Siaõ, 
no  do  Caliminhan,  no  do  Pegu,  no  de 
MartavaÕ,  e  em  outros  muitos  Reynos, 
e  Senhorios  das  partes  Orientaes,  de  ^ 
nejlas  nojjas  do  Occideníe  há  muito  pouca, 
ou  nenhuma  noticia.  Lisboa  por  Pedro 
Craesbeck.  1614.  foi.  Eíla  ediçaõ  que 
he  a  primeira,  foy  feita  por  ordem  do  Pro- 
vedor, e  Irmãos  do  Recolhimento  das  Con- 
vertidas de  Lisboa,  e  dedicada  a  Filippe  II. 
Sahio  fegunda  vez  impreíTa.  Lisboa  por  An- 
tónio Craesbeck  de  Mello,  1678.  foi.  Terceira 
vez  juntamente  com  a  Conquijla  do  Reyno 
do  Pega  Jeita  pelos  Portuguet^es,  Jenào 
Vice-Rey  da  índia  Ayres  de  Saldanha 
no  an.  de  1600.  Lisboa  por  Jozè  Lopes 
Ferreira.  171 1.  foi.  e  quarta  vez  com 
o  Itenerario  de  António  Tenreiro.  Lis- 
boa Oriental  na  Officina  Ferreiriana. 
1725.  foi.  Foy  vertido  eíle  livro  na 
lingua  Caílelhana  pelo  Licenciado  Fran- 
cifco de  Herrera  Maldonado,  Cónego 
da  Santa  Igreja  Real  de  Arbas,  Capel- 
laõ,  que  foy  em  Évora  do  Marquez 
de  Flexilla,  y  Malagon,  c  fahio  com 
eíle  titulo.  Hijloria  Oriental  de  las  Pere- 
grinaçoens  de  Feman  Mendes  Pinto,  &c. 
Madrid  por  Thomaz  Junti.  1620.  foi. 
e  Valência  por  Bernardo  Nogues.  1645. 
foi.  Bernardo  Figueira,  de  quem  já 
fizemos  mençaõ  em  feu  lugar,  o  tra- 
duzio  na  lingua  Franceza  com  eíle  ti- 
tulo. 


L  USITAN A, 


41 


L,es  Voyages  advantureux  de  Femand 
Mendes  Pinto.  Pariz  per  Maturin  Heoault 
1628.  4.  &  ibi  ches  Amauld  Cotinet, 
&  Jean  Roger.  1645.  4-  ^  ultimamente 
em  Alemaõ  com  eftampas.  Argentorati 
ex  Ofíicina  Poor  et  R.  Waechteer.  1674.  4. 
A  eftas  Peregrinaçoens  louvaõ  com  gran- 
des elogios  graviíTimos  Authores,  fendo 
os  principaes  o  P.  Daniel  Bartoli.  Afia 
pag.  282.  L£  cui  curiofe  peregrinationi  per 
ma  gran  parte  deli'  Oriente  da  lui  medej- 
Jimo  dejcritte  fi  legono  in  piu  lingue.  Souía. 
Orient.  Conquijl.  Tom.  i.  Conq.  i.  Div. 
2.  n.  7.  taõ  verdadeiras  na  boca  dos  noti- 
cio/os, como  duvido/as  na  opinião  do  vulgo. 
Manoel  de  Faria  e  Soufa.  Advert.  á  Afia 
Portug.  De  la  verdad  delia  ( Hiíloria 
da  fua  Peregrinação )  dudan  muchos;  y 
otros  tantos,  que  anduvieron  por  aquellas  pip- 
ies, di^en  que  aun  pudiera  con  ella  dif(er 
cofas  más  dificiles  ai  credito.  Yo  le  tengo 
por  mtçy  verdadero  por  muchas  ra^ones,  que 
a  ello  me  Jugetan.  Macedo  £ftf,  e  Ave 
Part.  2.  cap.  55.  n.  4.  em  cujas  pere- 
grinaçoens, e  fuccejfos,  que  delias  efcreveo, 
mofirou  o  tempo  com  a  experiência  a  ver- 
dade, que  Je  lhe  dijputava  antes  que  houvejfe 
tantas  noticias  daquellas  partes.  Malvenda 
de  Antichrifi.  lib.  4.  cap.  15.  pag.  259. 
col.  I.  Qui  Sinarum  regionis  maiorem,  <& 
meliorem  partem  perlufiravit,  atque  qua  oculis 
vidit,  fideliter  memoria  confignavit,  innumera, 
€>•  propemodum,  fupra  fidem  de  Sinarum 
terris  narrai  in  fua  peregrinatione.  Memor. 
pour  V  Hifi.  des  Scienc.  e  des  beaux  Arts 
de  Trevoux  do  me^  de  janeiro  de  \~iz(>. 
pag.  182.  chama  às  fuás  Peregrinaçoens 
infiruãifs,    e    amujans. 


D.  FERNANDO  DE  MENEZES 
chamado  o  ISariv^es,  foy  filho  5.  de  D. 
Duarte  de  Menezes  Conde  de  Viana, 
Alferes  mór  d'ElRey  D.  Duarte,  e  D. 
Aiíonfo  V.  Capitão  de  Alcacere,  e  Al- 
caide mòr  de  Beja,  e  de  Dona  Izabel  de 
Caftro  fua  2.  mulher  filha  de  D.  Fer- 
nando de  Caílro  Governador  da  Caza  do 
Infante  D.  Fernando.  Herdou  com  o  naci- 
mento  o  valor  heróico   dos  feus  Mayores, 


de  que  deu  claros  argumentos  na  Regiaõ 
de  Africa.  Foy  cazado  com  D.  Izabel  de 
Caftro  filha  de  D.  Diogo  de  CaUro  Capitão 
de  Évora,  e  de  Dona  Brites  Pereira  filha  de 
Joanne  Mendes  Pereira.  Eftando  cativo  em 
Fez,  onde  morreo,  aíTiftio  ao  martyrio  do 
Venerável  P.  Fr.  André  da  Rofa,  ou  de 
Efpoleto,  por  fer  natural  defta  Qdade,  que 
fuccedeo  a  9.  de  Janeiro  de  1532.  cujas  cir- 
amftancias  relatou  em  huma  larga  carta 
efcrita  a  feu  Pay,  a  qual  começa. 

Li  lhe  tenho  efcrito  como  a  efia  Cidade 
era  vindo  hum  Frade  da  Obfervancia.  Acaba. 
Pra^a  ao  Senhor  Deos,  que  lhe  dé  o  paraii(p, 
e  a  nòs  dé  a  fua  Fé.    Amen. 

Efta  carta  levou  para  França  o  Senhor 
D.  António  filho  do  Infante  D.  Luiz, 
donde  a  trouxe  a  efte  Reyno  o  Doutor 
Chriftovaõ  Soares  de  Abreu  Secretario 
da  Embaixada  naquella  Corte,  e  depois  Re- 
zidente,  a  qual  communicou  ao  Licenciado 
Jorge  Cardofo,  como  efcreve  no  Agiol.  Lu- 
fit.  Tom.  I.  pag.  94.  no  Comment.  de  9.  de 
Janeiro,  letr.  C. 


D.  FERNANDO  DE  MENEZES  na- 
tural de  Lisboa,  Alcaide  mòr,  e  Commen- 
dador  de  Caftello-Branco,  filho  de  D.  Diogo 
de  Menezes  Claveiro  da  Ordem  de  Chrifto, 
de  quem  fe  fez  memoria  em  feu  lugar, 
e  de  Dona  Cecilia  de  Siqueira,  e  naõ  de 
Menezes,  como  efcreve  o  P.  Balthezar  Tel- 
les Chron.  da  Comp.  de  Jef  da  Prov.  de  Por- 
tug. Part.  2.  liv.  6.  cap.  18.  n.  4.  filha  de 
Joaõ  Lopes  de  Siqueira  Trinchante  d'El- 
-Rey  D.  Manoel.  Foy  ornado  de  profundo 
juizo,  fumma  prudência,  natural  difcriçaõ, 
e  naõ  menos  verfado  nas  máximas  da  po- 
litica, e  noticias  da  Hiftoria  aíTim  Sagrada, 
como  profana,  por  cujos  dotes  mereceo 
fer  eleito  Embaixador  pela  Mageftade  d'El- 
Rey  D.  Sebaftiaõ  à  Cúria  Romana  em  o 
anno  de  1563.  fuccedendo  em  taõ  au- 
thorizado  minifterio  a  D.  Álvaro  de  Caf- 
tro, onde  defempenhou  as  obrigaçoens 
de  hum  perfeito  Miniftro.  Foy  cazado 
com  Dona  Filippa  de  Mendoça  filha  de 
D.  Francifco  de  Soufa,  fenhor  da  Quin- 
ta   de    Calhariz,    e    Dona    Brites    de    Men- 


42 


BIBLIO THE  CA 


doca  filha  herdeira  de  Francifco  de  Men- 
doça,  de  quem  teve  entre  outros  filhos  a 
D.  Diogo  de  Menezes,  do  qual  fizemos 
memoria  em  feu  lugar,  e  a  D,  Manoel 
de  Menezes,  Q)llegial  Theologo  em  o  Col- 
legio  de  S.  Pedro  da  Univeríidade  de  Coim- 
bra.  Compoz 

Oração  obediência/  em  nome  d'E/Rej  Dom 
Sebajliaõ  recitada  na  prev^ença  do  Summo  Pon- 
tífice S.  Pio  V.  e  do  Collegio  Apoftolico.  Delia 
faz  mençaõ  Fr.  Luiz  Jacob,  de  S.  Carlos 
in   Bih.    Pontif.   pag.    306. 

Carta  efcrita  de  Koma  em  26.  de  Setem- 
bro de  1566.  a  E/Rej  D.  SebaJliaÕ,  em  que 
o  perfuade  a  que  cav^e  com  a  Archiduque:^a  de 
Auftria,  e  naÕ  a  Infanta  de  França.  O  ori- 
ginal fe  conferva  na  Torre  do  Tombo  Ga- 
vet.  15.  maíTo  5.  e  fahio  impreíTa  nas  Me- 
mor.  Hift.  d'ElKey  D.  Sebafiiaõ  Part.  2.  liv.  2. 
cap.    26.    §.    194. 


D.  FERNANDO  DE  MENEZES  fe- 
gundo  Conde  da  Ericeira,  Commendador 
das  Commendas  de  S.  Pedro  de  Elvas,  e 
de  Santa  Chriílina  de  Serzedello  em  a  Or- 
dem de  Chriílo,  naceo  em  Lisboa  a  27. 
de  Novembro  de  16 14.  fendo  filho  de  D. 
Henrique  de  Menezes  quarto  Senhor  do 
Louriçal,  e  de  Dona  Margarida  de  Lima 
filha  de  Joaõ  Gonçalves  de  Attaide  fexto 
Conde  de  Attouguia,  e  de  Dona  Maria  de 
Caílro.  Nos  primeiros  annos  deu  manifef- 
tos  argumentos,  que  tanto  génio  tinha  para 
as  letras,  como  inclinação  para  as  virtudes. 
Aprendeo  os  preceitos  da  lingua  Latina 
com  o  iníigne  Varaõ  Fr.  Francifco  de  San- 
to Agoílinho  Macedo,  de  quem  breve- 
mente fe  fará  larga  memoria,  e  com  a  dif- 
ciplina  de  tal  direftor,  fahio  ainda  quan- 
do fe  naõ  efperava  obfervantiíTimo  cul- 
tor daquelle  Idioma,  e  naõ  menos  ele- 
gante Poeta,  aífim  na  lingua  Latina,  como 
cm  a  Materna,  deixando  em  varias  pro- 
duçoens  do  feu  fecundo  engenho,  eterni- 
zada igualmente  a  afluência  poética,  como 
a  elegância  hiftorica.  Das  Muzas  amenas 
paííou  a  cultivar  as  feveras,  ouvindo  Filo- 
fofia  ao  mefmo  grande  Macedo,  e  de  tal 
modo    penetrou    as    fubtilezas    da    Lógica, 


que  tinhaõ  difícil  repoíla  os  feus  argu 
mentos.  Naõ  fez  menores  progreííos  nas 
difciplinas  Mathematicas,  em  que  foy  inf- 
truido  por  feus  iníignes  ProfeíTores  os  Pa- 
dres Ignacio  Staford,  e  Chriílovaõ  Borro 
ambos  Jefuitas,  fahindo  da  fua  efcola  pro- 
fundamente inftruido  em  as  fuás  mais  no- 
bres partes,  quaes  eraõ  a  Geometria,  Geo- 
grafia, e  Architeftura  militar.  Dos  Sagra- 
dos Myílerios  da  Efcritura,  que  continua- 
mente revolvia,  teve  baftante  inftruçaõ,  be- 
bendo as  luzes  dos  mais  famofos  interpretes 
com  que  diíTipaíTe  as  fombras  de  alguns 
textos  difíicultofos.  Ornado  com  tantas 
fciencias  afpirou  a  fazer  mais  conhecido  o 
feu  nome  pelo  exercício  das  Armas,  e  ven- 
do que  a  pátria  lograva  o  ócio  da  paz, 
paíTou  a  Madrid,  onde  alcançada  faculdade 
d'ElRey  Catholico  para  militar  em  Itália 
naquelle  tempo  horrorofo  theatro  de  Marte, 
partio  com  Francifco  de  Mello  Conde  do 
AHiimar,  e  Governador  de  Milaõ,  e  tanto 
que  chegou  a  efta  Cidade  conciliou  pela 
fua  natural  benevolência  a  amizade,  e  eíli- 
maçaõ  de  Paulo  Efpinola,  Joaõ  de  Ga- 
ray  Oforio,  Carlos  Colona,  e  Lélio  Bran- 
cacio  celebres  alumnos  da  paleílra  de  Bel- 
lona,  e  Minerva.  As  primícias  do  feu  mi- 
htar  valor  fe  admirarão  nos  íitios  das  Pra- 
ças de  Alexandria  de  la  Palha,  e  Valença 
íituadas  junto  do  Rio  Pó,  como  também 
em  diverfos  combates  contra  os  France- 
zes,  de  que  fahio  fummamente  gloriofo. 
Reílituido  à  Pátria  fe  retirou  para  o  Lou- 
riçal, donde  foy  chamado  pelo  Conde  da 
Atouguia,  e  Joaõ  Rodrigues  de  Sà  Ca- 
mareiro mòr  a  venerar  por  feu  Soberano 
ao  Sereniffimo  Duque  de  Bragança,  nova- 
mente exaltado  ao  trono  de  Portugal,  o 
qual  conhecendo  a  prudência,  e  fidelida- 
de de  taõ  grande  VaíTallo,  lhe  encomen- 
dou o  fortificar  os  Portos  marítimos  con- 
tra a  invazaõ  dos  Caftelhanos,  cuja  or- 
dem promptamente  executou,  augmen- 
tando  com  mayor  numero  de  artelharia 
o  Caftello  de  Outaõ  em  Setúbal,  e  le- 
vantando alguns  Fortes  em  Aveiro,  c  ou- 
tros lugares  marítimos,  de  que  ainda 
hoje  fe  confervaõ  os  veíligios.  Na  ba- 
talha    do  '  Montijo,     onde     alentadamcntc 


L  USITANA. 


43 


morreo  feu  irmaõ  D.  Diogo  de  Mene- 
2es,  moítrou  a  heróica  valentia  do  feu 
braço,  fendo  ainda  mais  aétíva,  e  fulmi- 
nante, naõ  fomente  na  expugnaçaõ  das 
Praças  de  Valverde,  e  Barcarrota,  mas 
quando  livrou  do  aífedio  a  Cidade  de  Évora, 
que  lhe  tinha  poíto  o  Marquez  de  Lega- 
nes.  Com  igual  valor,  e  difciplina,  fendo 
Governador  da  Praça  de  Peniche  impedio 
o  defembarque  da  Armada  Ingleza  naquelle 
Porto.  Para  rebater  os  infultos,  que  cõ- 
metiaõ  os  Mouros  em  Africa  com  grave 
detrimento  dos  Portuguezes,  foy  nomeado 
Governador,  e  Capitão  General  da  Praça 
de  Tangere,  para  onde  partio  a  17.  de  Fe- 
vereiro de  1656.  onde  foy  recebido  com 
multiplicadas  defcargas  de  artelharia  por 
feu  anteceílor  D.  Rodrigo  de  Lencaílre. 
Nefte  Governo  defempenhou  o  juíHficado 
conceito,  que  fe  tinha  da  fua  vigilante  pro- 
videncia obrando  acçoens,  que  igualmente 
cediaõ  em  gloria  da  Naçaõ  Portugueza, 
como  fatal  ruina  de  feus  bárbaros  anti- 
goniílas.  Foy  Confelheiro  de  Guerra,  Gen- 
til-homem  da  Camará  do  Infante  D.  Pe- 
dro, Deputado  da  Junta  dos  Três  Efta- 
dos.  Vereador  do  Senado  de  Lisboa,  Rege- 
dor da  Caza  da  Supplicaçaõ,  e  ultimamente 
Confelheiro  de  Eftado,  regeitando  o  go- 
verno do  Reyno  do  Algarve,  e  a  Védoria 
da  Fazenda.  Em  taõ  authorizados  lugares 
obfervou  religiofamente  as  virtudes  de  hum 
Varaõ  perfeito,  votando  nas  matérias  mais 
graves  com  liberdade,  zelando  os  inte- 
leííes  de  Republica  com  prudência,  pu- 
nindo os  criminofos  com  reéHdaõ,  favo- 
recendo os  beneméritos  com  empenho. 
Venerou  com  profundo  refpeito  aos  Va- 
roens,  que  em  feu  tempo  floreceraõ  na 
pratica  de  virtudes  heróicas,  como  foraõ  os 
Veneráveis  Fr.  António  das  Chagas  celebre 
Miflionario,  Fr.  Domingos  da  Cruz  CõmiíTa- 
rio  da  Ord.  Terceir.  de  S.  Francifco,  e 
o  P.  Bartholomeu  do  Quental  Pregador 
d'ElRey,  e  Fundador  do  Inílituto  de  S.  Fi- 
Uppe  Neri  nefte  Reyno.  Acometido  da 
ultima  enfermidade,  fe  preparou  para  taõ 
perigofa  jornada  com  as  armas  dos  Sacra- 
mentos, os  quaes  recebeo  com  fumma  pie- 
dade, e  invocando  os  fuaviífimos  Nomes  de 


JESU,  e  MARIA,  efpirou  a  22.  de  Ju- 
nho de  1699.  quando  contava  84.  annos 
de  idade.  Jaz  fepultado  no  Templo  do 
Convento  da  Annundada  de  Religiofas  Do- 
minicas  padroado  da  fua  Excellentiífmia 
Caza,  junto  do  Altar  mór.  Cazou  com 
D.  Leonor  Filippa  de  Noronha  Dama  da 
Rainha  Dona  Luiza  Francifca  de  Gufmaõ 
filha  de  Fernaõ  de  Saldanha,  Capitão  Gene- 
ral da  Ilha  da  Madeira,  e  Commendador 
de  S.  Martinho  de  Santarém,  e  de  Dona 
Joanna  de  Noronha,  de  cujo  conforcio  teve 
a  Dona  Joanna  Jozefa  de  Menezes  ornada 
de  igual  fermofura,  que  difcriçaõ,  de  quem 
fe  fará  illuftxe  memoria  em  feu  lugar,  a 
qual  cazou  com  feu  Tio  irmaõ  de  feu 
Pay  D.  Luiz  de  Menezes  terceiro  Conde 
da  Ericeira.  Eraf  (com  eftas  elegantes  ex- 
preíToens  lhe  defcreve  a  íimetria  do  corpo, 
e  caraâier  da  peíToa  o  P.  António  dos  Reys 
na  vida  que  defte  Heroe  compoz,  a  qual 
efti  impreíTa  ao  principio  da  obra  Hijloriar. 
1-Mjit.  de  que  abaixo  fe  fará  mençaõ)  Fer- 
dinandus  ftatura  mediocri,  corpore  tamen  intra 
ipfam  mediocritatem  pulcbro,  ac  concintié  for- 
mato;  nec  ohejo,  nec  gracili;  agiliqm  potius 
quãm  rohufio;  vultu  non  injucundo  quidem^  fed 
ad  feveritatem  campo  fito;  capillis  fubflavis,  ex- 
porreãa  fronte,  facieque  liherali;  aquilino  nafo; 
oculis  cafiis,  ac  in  ipfa  jtwentute  ccBcutientihus ; 
fuperciliis  raris;  parumqm  prominentibus ;  você 
aliquanto  quidem  acuta,  fed  minime  infuavi,  to- 
taque  oris  fymetria  ita  difpofita,  ut  animi  tran- 
quilUtatem,  atque  ipfam  morum  probitatem  in- 
dicaret.  Joan.  Soar.  de  Brit.  Theatr.  Ljifit. 
Utter.  lit.  F.  n.  15.  ertiditione,  judicio,  au- 
licaque  urbanitate  refertijfimus.  P.  Emmanuel. 
Lud.  vit.  Princip.  Tbeod.  Ub.  3.  cap.  16. 
n.  202.  viro  inclyto,  <&  de  univerfa  re  litte- 
raria  optime  mérito,  &  lib,  i.  cap.  20.  n.  246. 
Duo  Meneia  Germani  Fratres  D.  Ferdinan- 
dus,  (ò"  D.  Ljddovicus  Comités  Ericeria  non 
minus  LMfitana  eruditionis,  quam  gloria  In- 
cida Sydera.  D.  Manoel  Caet.  de  Souf. 
Cathalog.  dos  Pontific.  Card.  e  Bifpos  Portug. 
p.  26.  infixe  nàõfó  na  língua  Latina,  em  que  efcre- 
veo  a  Hiftoria  de  Portugal,  mas  em  todo  o  género  de 
erudição.  Fr.  Joan.  à  D.  Ant.  Bib.  Fran- 
cifcan.  Tom.  i.  pag.  348.  col.  2.  vir  Mar- 
te clarus,  ingenio  nobilis,  (&  humanis  pracipue 


44 


BIBLIO  TH E  CA 


litterís  probe  excultus.  P.  D.  Anton.  Cact. 
de  SouT.  Hijlor.  Gen.  da  Ca^a  Keal  Portug. 
Tom.  7.  pag.  478.  taõ  excelknte  Efcritor, 
como  politico.  D.  Francifc.  Manoel  de  Mello. 
Obras  Metric.  na  Viol.  de  Talia  pag.  mihi 
152. 

Conheces  ò  felice 

(Já  que  entendes,  q  em  tudo  nos  penetras") 
Nos  primores  nas  Armas,  e  nas  "Letras 
Dos  Menev^es  o  Conde  D.  Femandol 
Bem  conheço  lhe  digo.   Pois  di^  quando 
Intentes,  que  nos  ver/os  te  ajftnales, 
Apollo  manda,  que  com  elle  f alies. 

Ccwnpoz 

Vida,  e  acçoens  d^ElRey  Dom  JoaÕ  o  I.  Lis- 
boa por  JoaÕ  Galraõ.  1677.  4.  Opus  plane 
unicum,  ad  Cleantis  lucemam  enucleatum  a  inti- 
tula o  Padre  Manoel  Luiz  vit.  Princip.  Theod. 
líb.  1.  cap.  17.  n.  191.  D.  Franc.  Manoel  na 
Carta  dos  A  A.  Portug.  efcrita  ao  Doutor  The- 
mudo,  donde  a  politica,  a  narração,  a  brevidade, 
e  elegância  refplandecem.  Leitaõ.  Not.  Chronolog. 
da  Univ.  de  Coimb.  pag.  289.  §.  652.  com  bem 
temperada pemta  em  elegantijftmo  eftilo,  e  pag.  325. 
§.  711.  cultamente  efcrita.  Soufa  Hijlor.  Gen.  da 
Cav^a  Real  Portug.  Tom.  5.  liv.  6.  §.  3.  pag.  371. 
com  excelknte  ejiilo. 

Hijioria  de  Tangere,  que  comprehende  as  noticias, 
dejde  a  Jua  primeira  Conquijia  ate  a  Jua  ruina. 
Lisboa  na  Officina  Ferreiriana.  1732.  foi.  Cele- 
bre lhe  chama  o  Licenciado  Jorge  Cardofo 
A^ol.  "Ltijit.  Tom.  3.  no  Cõment.  de  5.  de 
Junho  letr.  A.  pag.  561.  col.  i. 

Hijloriarum  Ljtjitanarum  ab  anno  MDCXL. 
ad MDCLVII.  libri  decem.  Tommprimus.  Ulyf- 
íipone  apud  Jozephum  Antonium  da  Sylva 
Reg.  Acad.  Typog.  1734.  4.  grande.  No  prin- 
cipio eftà  efcrito  a  vida  do  Author  em  a  lín- 
gua Latina  pelo  P.  António  dos  Reys 
da  Gíngregaçaõ  do  Oratório  Académico 
da  Acad.  Real,  e  Chronifta  latino  defte 
Rcyno. 

Tomus  Secundus.  Ibi  per  eumdem  Typog. 
eodem  anno  &  forma. 

Elegia  Caftelhana  em  Tercetos  à  mor- 
te de  Dona  Maria  de  Attayde.  Sahio  im- 
prefla  nas  Memor.  Funeb.  dejla  Senhora.  Lisboa 
na  Officina  Craesbeckiana.  1650.  4.  a  foi.  44. 


E»  la  muerte  dei  Excelentijfimo  Senor 
Marquez  ^  Távora  D.  António  Lui^  de 
Távora.  Sahio  no  Compendio  Paneg.  da 
vida,  e  acçoens  defte  Heroe.  Lisboa  por 
António  Rodrigues  de  Avreu.  1674.  4. 
a  pag.  112.  Decima,  por  epitáfio,  a  pag. 
124.  Epitáfio  Latino  em  eftilo  lapidario 
a  pag.  125.  c  no  fim  hum  epigrama. 
Soneto  em  Italiano  ao  mefmo  aíTumpto 
a  pag.  167. 

No  livro  intitulado  Dejejos  piedojos 
de  huma  alma  Jaudoja.  Lisboa  por  Mi- 
guel Deslandes.  1688.  8.  os  verfos  que 
eflaõ  a  cada  Emblema  faõ  compoftos 
pelo    Conde    D.    Fernando. 

ExcellentiJJtmo  Domino  Emmanmli  Tellio 
Sylva  Marchioni  Alegreti.  He  huma  carta 
extenfa  em  applaufo  do  livro  compofto 
pelo  dito  Marquez,  intitulado  De  Rebus 
Geftis  Joannis  II.  Lufitanorum  Re^s.  Sahio 
cõ  hum  Epigramma  latino  ao  principio 
defta  obra.  UlyíTipone  apud  Michaelem 
Manefc.   S.  Officii  Typog.   1689.  4. 

Novena  da  Encarnação,  e  exercidos  expi- 
rituaes  para  os  devotos,  que  a  tomarem.  Lis- 
boa por  JoaÕ  Galraõ  1682.  12.  Sem  o 
feu  nome. 

Obras  M.  S. 

Summa  Vitce  Maria  Sabaudia  Regi- 
na Lufitanorum,  a  qual  também  cfcre- 
veo    na    lingua    materna    com    efte   titulo. 

Monumento  perenne  levantado  á  Jaudoja 
memoria  da  Serenijfima  Rainha  de  Por- 
tugal Dona  Maria  Francifca  Isabel  de 
Sabqya,  &c.  offerecida  à  Serenijfima  In- 
fanta Dona  Isabel  Lui!(a  ]o^fa  em  o  anno 
de  1684.  A  efta  obra  chama  excellente, 
e  diffia  do  feu  Author  o  P.  Soufa  Hift. 
Gen.  da  Cav^a  Real  Portug.  Tom.  7.  lib.  7. 
p.    740. 

Difcurfos  Políticos,  foi. 

Difcurfos,  e  Oraçoens  Académicas  recitadas 
nas  Academias  dos  Generofos  em  Lisboa,  e  dos 
Solitários  em  Santarém. 

Relaçoens  de  alguns  fucceffos  políticos,  e  mili- 
tares. 4.  2.  Tom. 

Votos  do  Confelho  de  Eftado,  e  de  Gmrra 
4.  3.  Tom.. 

Epitome  da  Filofofia. 


L  USITANA. 


45 


Tratados      Mathematicos. 

Cartas    eruditas,    e    familiares.     4. 

Poesias  Latinas,  e  Italianas  de  vários 
j     metros.     4. 

Po€t(ias  Portuguesas,  e  Cajlelhanas,  onde 
cQtre  algumas  Comedias,  he  a  principal. 
A'ò  es  de/engano  el  dejprecio  com  Loa,  e 
bailes. 

Usboa  Conquijlada.  Poema  Heróico,  de 
que   deixou   compofto   4.    Cantos. 

Poema  á  Batalha  do  Ameixial.  Coníla  de 
no.  oitavas  Portuguezas. 

Novella  bijlorica,  na  qual  com  o  nome  de 
Felifardo,  defcreve  a  fua  vida.  Todas  eftas 
obras  fe  confervaõ  na  magnifica  Livraria  do 
ExcellentiíTimo  Marquez  do  Louriçal  D.  Fran- 
cifco  Rafael  de  Menezes  3.  neto  do  Author 
delias. 


FERNANDO  MERGULHAM  natural  da 
Villa  de  Moimenta,  diílante  quatro  legoas  da 
Cidade  de  Lamego  em  a  Provinda  da  Beira, 
filho  de  Vafco  Mergulhão,  e  Leonor  de  Lu- 
cena. Na  Univerfidade  de  Coimbra  fez  taes 
progreíTos  o  feu  talento  no  eftudo  da  Jurif- 
prudencia,  que  recebido  o  gráo  de  Doutor 
nefta  Faculdade  foy  Dezembargador  na  Rela- 
to de  Braga,  e  Abbade  da  Igreja  de  S.  Ge- 
mente de  Bailo  em  a  mefma  Diocefe.  No 
anno  de  1594.  alcançou  faculdade  Pontifícia 
para  fundar  nas  cazas,  em  que  nacera,  hum 
Convento  de  Religiofas  do  grande  Patriarcha 
S.  Bento,  cujo  difignio  fe  efiFeituou  no  anno 
de  1596.  edificando  hiima  fumptuofa  Igreja, 
■c  Convento  capaz  para  habitação  de  40.  Reli- 
.^oías,  fendo  as  primeiras  fuás  Irmãas  Izabel 
Mergulhoa,  Guiomar  Nunes,  e  Alargarida  de 
Lucena,  que  do  Alofteiro  de  Semide  em  o  Bif- 
pado  de  Coimbra,  onde  eraõ  profeíTas,  vieraõ 
habitar  o  novo  edificio.  Havendo  dotado  efte 
Convento  com  renda  abundante,  e  ornado  a 
Igreja  com  preciofos  paramentos,  e  grande 
copia  de  peças  de  prata  para  obfequio  do  Culto 
j  Divino,  morreo  em  Braga,  donde  foy  trans- 
'  ferido  para  hum  foberbo  Maufoleo  compofto 
de  jafpe,  e  bronze,  de  altura  de  cinco  pal- 
mos, debaixo  do  arco  da  Capella  mór,  que 
lhe  mandou  levantar  fua  Irmãa  Izabel  Mer- 
gulhoa,   AbbadeíTa    perpetua    do    Convento, 


que  edificara  feu  irmaõ,  onde  efpera  a  re- 
furreiçaõ  univerfal.  Delle  fez  memoria 
larga  Fr.  Leaõ  de  Santo  Thomaz.  Bened. 
Ljífit.  Tom.  I.  Trat.  2.  Part.  6.  cap.  7. 
Compoz 

Allega^aõ  de  Direito,  a  qual  cita  o  in- 
figne  Júris  Confulto  Francifco  de  Caldas  Pe- 
reira. ConJU.  3.  n.  67. 


FERNANDO  DE  MESQUITA  PI- 
MENTEL BARBA  natural  de  Santarém,  e 
bautizado  na  Freguefia  de  N.  Senhora  do 
lugar  de  Azoya  termo  da  dita  Villa  a  28. 
de  Junho  de  1678.  Foy  filho  natural  de 
Ruy  Barba  Corrêa  Alardo,  fenhor  do  Mor- 
gado da  Romeira,  o  qual  depois  de  fer 
legitimado  por  feu  Pay  a  24.  de  Outubro 
de  1698.  o  foy  por  ElRey  em  5.  de  Fevereiro 
de  1699.  Seguio  a  vida  militar,  onde  occupou 
o  polio  de  Capitão  de  Infantaria  no  anno  de 
1708.  no  prezidio  da  Praça  de  Almeida,  e 
depois  Sargento  mòr  no  anno  de  1714.  em 
Campo-Mayor.  Foy  cazado  com  Dona  He- 
lena Maria  Vicencia  Pereira  de  Attayde  filha 
herdeira  de  Femaõ  Pereira  de  Moraes,  e  de 
fua  mulher  Dona  Antónia  Maria  Froes  de 
Gomide.  Falleceo  na  Gdade  de  Portalegre 
no  anno  de  1725.  para  onde  fora  convaleccr 
de  huma  larga  doença.  Inclinou-fe  com  génio 
ao  eftudo  da  Genealogia,  no  qual  fora  feu 
Pay  muito  perito,  efcrevendo 

Arvores  Genealógicas  de  varias  familias  da 
fua  pátria,  como  das  Provindas,  onde  militou. 
M.  S.  foi.  Delle  faz  mençaõ  o  Padre  D.  Anton. 
Caet.  de  Soufa.  Apparat.  â  Hifior.  Gen.  da 
Cat^a  Real  Portug.  pag.  140.  §.  167.  onde  o 
nomeou  herdeiro  da  caza  de  feu  Pay,  fendo 
feu  filho  legitimo  Luiz  Barba  Corrêa  Alardo, 
que  ainda  vive  com  hum  filho  único  chamado 
Gonçalo  Corrêa  Barba. 


D.  FERNANDO  DE  NORONHA 
nono  Conde  de  Monfanto,  Senhor  da  Villa 
de  Caftro  Dayre,  Alcayde  mór  de  Gui- 
maraens,  e  Comendador  de  S.  Marti- 
nho de  Baldreu  na  Ordem  de  Chrifto, 
fexto  filho  de  D.  Luiz  Alvares  de  Caf- 
tro   Attayde,     Noronha,    e    Souía,    fegua- 


46 


BIB  LIO  THE  CA 


do  Marquez  de  dfcacs,  fetimo  Conde 
de  Monfanto,  Confelheiro  de  Eftado,  e 
de  Dona  Maria  Joanna  Coutinho,  filha 
de  D.  António  Luiz  de  Menezes,  pri- 
meiro Marquez  de  Marialva,  e  de  Dona 
Maria  Coutinho.  Nafceo  em  Lisboa  a  7. 
de  Outubro  de  1677.  onde  inílruido  com 
as  letras  humanas  paíTou  a  Coimbra,  e  no 
Collegio  de  S.  Pedro  foy  admitido  por 
Porcioniíla  a  31.  de  Julho  de  1694.  Acom- 
panhou a  feu  Pay,  quando  partio  para 
França  com  o  Carafter  de  Embaixador  ex- 
traordinário à  Mageílade  Chriílianiflima  de 
Luiz  XIV.  e  na  grande  Corte  de  Pariz  de- 
pois de  fallar  com  perfeição  a  lingua  Fran- 
ceza  fe  inftruio  com  as  máximas  de  huma 
Naçaõ  taõ  polida,  como  bellicofa  para  fer- 
viço  do  feu  Príncipe,  e  honra  da  fua  Pá- 
tria. Reílituido  a  ella  aíTentou  praça  de  Sol- 
dado, e  no  poílo  de  Capitão  de  Infantaria 
fez  algumas  Campanhas,  em  q  moílrou  igual 
difciplina,  que  valor.  Atendendo  o  Mar- 
quez feu  Pay  à  falta  de  fucceíTaõ  da  fua  caza  o 
retirou  da  Campanha,  para  que  na  fua  peíloa 
fc  eftabeleceíTe,  e  ainda  que  conftrangido 
cedeo  ao  preceito,  em  que  fez  mais  bene- 
mérita a  fua  obediência.  Foy  creado  Conde 
de  Monfanto  pela  Mageílade  d'ElRey  D. 
Joaõ  o  V.  a  20.  de  Outubro  de  1714.  tem- 
po em  que  o  Marquez  feu  irmaõ  fe  achava 
fem  efperanças  de  fucceíTaõ.  Para  naõ  paf- 
far  o  tempo  em  torpe  ócio  fe  applicou  ao 
eíludo  das  Mathematicas,  em  que  teve  por 
Meílre  ao  iníigne  Manoel  Pimentel,  Cof- 
mografo  mòr  do  Reyno,  e  de  tal  modo 
comprehendeo  as  fuás  mayores  dificuldades, 
que  era  fuperfluo  o  aprendellas,  debuxando 
com  delicadeza,  e  perfeição  varias  plantas 
de  Architeftura  militar,  e  civil.  Foy  or- 
nado de  fumma  modeília,  natural  affabili- 
dade,  gentil  prezença,  e  cortezã  urbanidade, 
cujos  dotes  o  faziaõ  a  todo  o  género  de 
peíToas  fummamente  amável.  Entre  os  pri- 
meiros cincoenta  Académicos,  de  que  fe 
formou  o  corpo  litterario  da  Academia 
Real  foy  eleito  para  efcrever  as  Memorias 
Ecclefiaítícas  do  Bifpado  de  Portalegre, 
cujo  argumento  principiou  a  defempenhar 
como  do  feu  talento  fc  efperava.  Falle- 
ceo  infauílamente  pela  equivocaçaõ  de  huma 


bebida,  que  imaginando  fer  remédio,  nella 
tragou  a  morte.  Certificado  do  perigo,  a 
que  naõ  podia  refiílir  a  natureza  fe  refignou 
em  a  divina  vontade  com  aftos  religiofos, 
atè  que  réndeo  o  efpirito  a  13.  de  De-  t 
zembro  de  1722.  quando  contava  45.  annos 
de  idade.  Eftava  contratado  a  cazar  com 
fua  fobrinha  Dona  Maria  Jozeja  da  Gama, 
oitava  CondeíTa  da  Vidigueira.  O  feu  elo- 
gio fúnebre  recitou  com  igual  elegância, 
e  difcriçaõ  na  Academia  Real  Jozè  da  Cunha 
Brochado  do  Confelho  de  S.  Mag.  e  He 
fua  Fazenda,  Chanceller  mòr  das  Ordens 
MiUtares,  Enviado  extraordinário  às  Cortes 
de  França,  e  Inglaterra,  e  Plenipotenciário 
à  Corte  de  Madrid. 
Compoz 

Cathalogo  dos  Bifpos  da  Igreja  de  Por- 
talegre. Lisboa  por  Pafchoal  da  Sylva  Im- 
preíTor  de  S.  Mageílade,  e  da  Academia 
Real.  1721.  foi.  Sahio  no  i.  Tom.  da  Col- 
leçaÕ  dos   Documentos  da   Academia   Keal. 

Conta  dos  Jeus  ejittdos  Académicos  em  7. 
de  Setembro  de  ijzz.  recitada  no  Paço.  Sahio 
no  2.  Tom.  dos  Documentos  da  Acad. 
Keal.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor.  1722. 
foi. 

Delle  faz  larga  memoria  o  P.  D.  Ant. 
Caet.  de  Souf.  Hijl.  Gen.  da  Ca:(a  Keal  Por- 
tug.  Tom.  2.  liv.  5.  pag.  545.  e  no  Apparat. 
a  ejla  HiJl.  pag.  159.  §.  194. 


FERNANDO  DE  NOVAES  natu- 
ral do  Porto,  e  dos  principaes  Qdadoens 
deíla  Cidade,  muito  verfado  no  eíludo 
da  Hiíloria,  e  principalmente  em  a  do 
noífo  Reyno,  por  cuja  caufa  lhe  cõmet- 
teo  ElRey  D.  Joaõ  o  II.  efcrever  as  Chro- 
nicas  dos  Monarchas  feus  AnteceíTores, 
cuja  empreza  executou   com  eíle  titulo 

Chronica  dos  Kejs  de  Portugal  atè  o  reynado 
de  D.  Affonfo  V.  M.  S. 

Deíla  obra,  como  de  feu  Author  faz 
diílinta  memoria  Joaõ  Rodrigues  de  Sà 
e  Menezes,  Alcaide  mòr  do  Porto,  e  Se- 
nhor de  Sever  na  carta,  que  efcreveo  no 
anno  de  1558.  a  Damiaõ  de  Góes,  como 
elle  refere  na  Chron.  d'ElKey  Dom  Man.  Part.  4. 
cap.  58. 


L  USITANA. 


47 


FERNANDO    NUNES    iníigne    profef- 
for  de  Medicina  aíTim  pratica,   como  efpe- 
I  culativa.   Compoz 

I         Das   Condiçoens,    que   bà   de   ter   bum    hom 
!  Medico.    M.    S. 

Do  Author,  e  da  obra  dà  noticia  Joaõ 
Franco   Barreto   Bib.    Portug.    M.    S. 

FERNANDO     DE     OLIVEIRA     Pres- 
bítero   muito    douto    aíTim    em    a    liçaõ    da 
Hiftoria    Sagrada,    e    profana,    como    na   in- 
teUigenda    dos    Poetas,    e    Oradores,    expli- 
cando   o    mais    celebre   de   todos,    qual   foy 
Quintiliano    em    a    Univeríidade    de    Coim- 
bra,   em    cujo    applaufo    lhe    dedicou   o   fe- 
guinte    elogio    Jeronj^mo    Girdofo,    famofo 
Meftre    de    letras    humanas,    na    carta,    que 
lhe  efcreveo,   que  he  a   trigeíTima  das  fuás 
i  impreíTas:    Unde  tibi  plurimitm  debere  Fabium 
ipfum   óptimo  Jure  affeverarem,   qui  illum  ante 
:  bac  latitantem,  <&  á  fitu,  eb*  á  tineis  afferueris, 
!  ut  poftbac    in    omnium    tam    eruditorum,    quám 
,  etiam    imperitorum    mentes    infinuetur.      Itaque 
Rhetorices  pracepta,   qua  antebac  immerfa  fue- 
rant,     Te    peritijfimo,     atque    abfolutijftmo     in- 
I  ierprete    nunc    demúm    nobis    reftituuntur.     Naõ 
(  foy    menos    perito    na    Orthografia    da    lín- 
gua   materna,    como    na    Sciencia    Náutica, 
de   que   faõ   argumento   claro   as    obras   fe- 
1  guintes. 

!         Grammatica    da    lingua    Portuguei^a    dirigida 
!  ao    mtiy    magnifico  fenhor,    e    nobre    Fidalgo    o 
Jenbor    D.     Fernando    Da/mada    filho    berdeiro 
do  muy  prudente,   e  animo/o  fenhor  D.   Antaõ, 
Capitão    General    de     Portugal.      Lisboa    por 
German  Galhard.   1536.  dia  28.  Januarij.  4. 
Arte    de   guerra    do    mar    erigida    a    min- 
to   magnifico  Senhor  D.    Nuno  da   Cunha   Ca- 
pitão   das    Galés    do    muito    poderojo    P>jey    de 
!   Portugal  D.  Joaõ  o  III.    Coimbra  por  Joaõ 
Alvres    1555.    4.     No   Prologo   afíirma,   que 
nenhum    Author,    que    eUe    vira,    efcrevera 
daquella    matéria    até    o    feu    tempo,    por- 
que  Vegecio    o   fez   muito   fucintamente,    e 
Eliano,    que    prometera    efcrever    das    Or- 
denanças   da    guerra,    e    o    naõ    executara. 
Defta    obra   faz    mençaõ    o    moderno    addi- 
donador    da    Bib.    Naut.    de    António    de 
i   Leaõ.  Tom.   2.  Tit.   3.   col.   1176. 

Hijloria    de    Portugal.    M.    S.     Conferva- 


va-fe  na  Biblioteca  do  ExcellentiíTimo  Mar- 
quez de  Valença,  e  delia  exille  huma  copia 
em  a  Bib.  Real  de  Pariz  num.  10022.  como 
refere  Mont.  Faucon  in  Bib.  Bibliotbec. 
nova.    Tom.    2.    pag.    891.    col.    i. 

FERNANÍDO  OSÓRIO  Coadjutor  tem- 
poral da  Companhia  de  JESUS,  e  grande 
Operário  Evangélico  em  as  Ilhas  Molucas, 
a  cujo  ardente  zelo  fe  deve  a  converfaõ, 
e  bautifmo  d'ELRey  de  Bachaõ,  que  he 
a  mais  Auílral,  e  mayor  de  todas  eUas, 
chamando-fe  Joaõ  em  obfequio  do  Sagrado 
Precurfor  por  receber  em  o  i.  de  Julho 
de  1557.  dia  outavo  do  feu  nadmento  a 
Graça  bautifmal.  Por  confelho  deite  Apof- 
tolico  Varaõ,  mandou  efte  Prindpe  levan- 
tar três  Cruzes  na  fua  Corte  em  dia  da 
Epifania,  em  memoria  das  três  Myfterio- 
fas  ofFertas,  que  a  Chriílo  naddo  fizeraõ 
os  Magos  em  Belém.  Foy  companheiro 
infeparavel  do  P.  Frandfco  Vieira  em  o 
Cabo  de  Comorim,  e  havendo  obrado  he- 
róicas acçoens  em  obfequio  da  Religião 
Catholica,  acabou  a  vida  em  a  Qdade  de 
Tolo  no  armo  de  1566.  DeUe  faz  mençaõ 
o  P.  Frandfco  de  Soufa  Orient.  Conquifi. 
Pairt.  I.  Conq.  3.  Div.  2.  §.  20.  21.  e  29. 
Efcreveo 

Carta  ao  IrmaÕ  Lmíz  Proes  ajjijlente  em 
Goa,  efcrita  das  Molucas  a  ^.  de  Alayo  de 
1561. 

Carta  aos  PP.  do  Collegio  de  Lisboa,  efcrita 
das  Molucas  a  10.  de  Fevereiro  de  1563.  Confia 
de  8.  paffnas. 

Carta  ao  P.  Frandfco  Vieira  efcrita  de  Tolo 
em  o  primeiro  de  Janeiro  de  1557. 

Carta  efcrita  ao  mefmo  P.  em  8.  de  Janeiro 
de  1557. 

Todas  ellas  cartas  fe  confervaõ  no  Ar- 
chivo  da  Caza  ProfeíTa  de  S.  Roque  defta 
Corte. 

FERNANDO  PACHECO  filho  de 
Duarte  Pacheco  muito  douto  em  o  Di- 
reito Cefario,  de  cuja  faculdade  recebeo 
as  iníignias  doutoraes  em  Itália,  e  naõ 
menos  verfado  em  o  eftudo  da  Genea- 
logia,   fendo   hum    dos   mais    celebres    Ge- 


48 


BIBLIO THE  C  A 


nealogicos,  que  florecco  no  Rcynado  d'El- 
Rcy  D.  Joaõ  o  III.  como  cfcrevc  cm 
o  feu  Nobiliário  D.  António  de  Lima  no 
titulo  de  Pachecos  neíla  forma.  Fqy  homem, 
que  por  memoria  mais  Jouhe  das  linhagens  do 
RejnOf  e  de  fora  delle,  que  a  teve  mtfy  fingular, 
e  fqy  o  que  melhor  inflou  as  linhagens  ate  o 
tempo  da  guerra,  e  o  mais  pratico,  que  nifio 
ouve  em  noffos  tempos,  de  que  todos  toma- 
mos, e  aprendemos  alguma  coufa,  principalmente 
eu,  que  o  tive  por  Meflre,  e  a  elle  devo  o  mais 
que  diflo  fey,  e  a  maneira  de  tirar  as  linhagens 
antigas  do  livro  do  Conde  D.  Pedro  fobre  por- 
fias, que  tivemos,  dijfe  muitas  coufas  em  meu 
louvor;  naÕ  foy  ca!(ado,  nem  teve  filhos,  e  mor- 
reo  pobre.     Compoz 

Nobiliário  das  Famílias  de  Portugal  M.  S. 
cuja  obra  como  afíirmava  D.  António  de 
Noronha  primeiro  Q)nde  de  Viilaverde, 
tinha  em  feu  poder  no  anno  de  1630.  o 
Licenciado  Domingos  Corrêa  aíTiftente  em 
Braga,  filho  do  Licenciado  Simaõ  de  Abreu 
Arcediago,   que  foy   de   Neyva. 


FERNANDO  PAES  natural  de  Lis- 
boa, donde  paíTou  a  Coimbra,  e  na  Uni- 
verfidade  ouvio  por  Meílre  a  Martinho 
de  Afpilcueta  Navarro  Oráculo  da  Ju- 
rifprudencia  Canónica,  em  que  fez  taes 
progreflbs  com  a  doutrina  de  taõ  grande 
homem,  que  recebeo  o  gráo  de  Doutor 
na  mefma  Faculdade,  e  foy  Lente  nas 
Vacaçoens  no  aimo  de  1556.  e  depois 
Dezembargador  dos  Aggravos  da  Caza  da 
Suplicação.  Ao  tempo  que  era  Reytor  da 
Igreja  de  Santa  Maria  da  Villa  de  Mon- 
te-mòr  o  novo,  onde  recebeo  a  primeira 
graça  o  infigne  Portuguez  S.  Joaõ  de 
Deos  Fundador  da  Hofpitalidade,  falleceo 
piamente  entre  os  annos  de   1574.  c   1578. 

Compoz 

Kepititio  ad  cap.  Mijfas  64.  de  Confe- 
cratione  Dijl.  i.  circa  praceptum  de  audienda 
Miffa.  Illujlrijftmo,  <ò^  Excellentijftmo  Domino 
António  D.  Ljulovici  Portugallia  Infantis  filio. 
Hum  dos  Cenfores  deíla  obra,  dÍ2  as  fe- 
guintes  palavras  em  feu  applaufo.  B/i  ejl 
in   ipfo    opere   verborum  ^avitas,    ea  fententia- 


rum  profunditas,  ea  Sermonis  perfpicuitas,  qua 
magis  mirari  debeamus  hominem,  qui  cum  fe 
ab  ineunte  atate  ]ttri  Pontificio  tradidijfet,  tanta 
venuftate  rem  Theoloffcam  dijferuit,  ut  ipfum 
non  minus  in  Sacra  Theologia,  quàm  in  júris 
Facultate  verfatum  credas.  Depois  defte  Tra- 
tado  fe   fegue   outro   com   efte   titulo. 

Utrum  numerus  liberorum  excufet  â  mune- 
ribus  publicis  Pa  trem,  vel  Tutorem,  €>*  qualiter\ 
OlyíTipone  ex  Officina  Joannis  Blavii  Typ. 
Reg.  Nonis  Julii  anno  Domini  1J59.  4. 
A  efta  obra  intitula  Elegante  Manoel  Bar- 
bofa  ad  Ord.  lib.  4.  Tit.  104.  in  principio 
n.  I.  e  eílá  inferta  in  Traã.  DD.  Tom.  12. 
Do  Author  fe  lembraõ  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  pag.  293.  col.  2.  &  Joan.  Soar.  de 
Brito.  Theatr.  Ijtfit.  Utter.  let.  F. 


Fr.    FERNANDO    DE    PASSOS   ReU- 

giofo  profeíTo  da  Sagrada,  e  militar  Ordem 
dos  Mercenários,  o  qual  floreceo  no  anno 
de  1424.  Foy  muito  douto  na  Hiíloria 
Ecclefiaílica,  e  Jurifprudencia  Canónica  ef- 
crevendo. 

De  Primatu  Komana  Ecclefia.  De  cuja 
obra,  como  de  feu  Author,  fazem  men- 
ção D.  Nic.  Ant.  Bib.  Vet.  Hifp.  lib.  10. 
cap.  2.  §.  96.  P.  Alfonf.  de  Roxas  Cathal. 
vir.  lllufl.  Ord.  Mercen.  e  Fr.  Pedr.  à  D.  Ce- 
cilio.     De  fcript.    Ord.    Mercen. 


FERNANDO   DE   PEDROSA   E   ME        , 

NEZES,  filho  do  infigne  Medico  Luiz  | 
Rodrigues  de  Pedrofa,  Lente  de  Prima 
da  Univerfidade  de  Salamanca,  de  quem 
fe  fará  memoria  em  feu  lugar.  Nefta  fa- 
mofa  Academia  fe  applicou  ao  eíhido  dos 
Cânones  Pontificios,  em  que  recebeo  o 
gráo  de  Doutor,  donde  paíTou  a  fer  Pre- 
bendado na  Igreja  de  Santa  Fé  nas  In-' 
dias  Occidentaes,  e  Cónego  Doutoral  em 
a    Cathedral    de    Gudad    Rodrigo. 

Publicou. 

Académica  expofitio  ad  egreffos,  celeberri- 
mofque  Titulos  de  diverfis  Júris  antiqtd  ex 
cor  por e  Digeftorum,  eJ^  de  regulis  Júris  in  6. 
Salmanticac  apud  Melchiorem  Eftcves.  1666.  4. 


i 


L  USITANA. 


49 


FERNANDO  PEREIRA  DE  BRITO 
Fidalgo  da  Caza  Real,  Alcayde  mòr  de 
Alter  do  Chaõ,  e  Commendador  de  Santa 
Maria  de  ^Monforte  em  a  Ordem  de  Chriílo, 
naceo  em  Villa-Viçofa,  fituada  em  a  Pro- 
vinda Tranftagana  em  o  anno  de  1640. 
onde  teve  por  Pays  a  Salvador  de  Brito 
Pereira  Alcayde  mòr  de  Ourem,  e  de  Al- 
ter do  Oiaõ,  Commendador  de  Caílellãos, 
e  de  Monforte,  Vedor  da  SereniíTima  Caza 
de  Bragança,  e  Dona  Brites  Pereira  filha 
de  Fernaõ  Tavares  Falcaõ,  e  de  Dona 
Maria  da  Fonfeca.  Cultivou  com  génio, 
e  comprehendeo  com  viveza  as  Artes,  a 
que  fe  applicou,  fahindo  muito  verfado 
na  Hiíloria  Sagrada,  e  profana,  e  em  todo 
o  género  de  erudição  Oratória,  e  Poerica, 
como  também  nas  máximas  da  Ethica,  e 
da  Politica.  Foy  cazado  com  Dona  Maria 
de  Brito  filha  de  Joaõ  de  Pinho,  e  Paf- 
choa  de  Figueiredo,  de  quem  teve  três 
filhos,  e  duas  filhas.  Efcreveo  em  o  anno 
de  1702.  e  illuíbrou  com  81.  reflexoens 
moraes,  e  politicas  a  vida  de  feu  Vener. 
Irmaõ,  a  qual  publicou  D.  Fernando  de 
la  Cueva,  e  Mendoça  Fidalgo  da  Caza 
Real,  Commendador  de  Santa  Maria  do 
Pinheiro  grande,  fobrinho  do  Author,  e 
fahio    com    o    titulo    feguinte. 

Hijioria  do  nacimento,  vida,  e  martyrio  do 
Ven.  P.  Joaõ  de  Brito  da  Companhia  de  JE- 
SUS Martyr  da  Ajia,  e  Protormrtyr  da  Mif- 
faõ  de  Madure.  Coimbra  no  Real  Collegio 
das  Artes  1722.  foi.  Delle  faz  mençaõ  Ant. 
Carvalho  da  Coíla  Corog.  Vortug.  Tom.  2. 
pag.    520. 

FERNANDO  PERES,  ou  PIRES  na- 
tural de  Lisboa,  taõ  illuftre  por  nacimento, 
como  venerado  pela  fua  judiciofa  prudên- 
cia, que  o  elevou  ao  authorizado  lugar  de 
primeiro  Regedor  das  Juíliças.  AíTiftio  com 
o  funofo  Monarcha  D.  AflFonfo  Henriques 
à  conquiíla  da  Qdade  de  Lisboa  faufta- 
xnente  fuccedida  no  anno  de  1147.  Efcre- 
veo   com    eíHlo    fincero,    e    verdadeiro. 

Cbronica  da  Fundação  do  Convento  de  S. 
Vicente.  Foy  impreíTa  por  ordem  d'ElRey 
D.  Joaõ  o  3.  em  o  Mofteiro  de  Santa 
Cruz.    1538.   4.    Defta  obra  traz  tranfcripto 


o  cap.  15.  D.  Nicol.  de  Sant.  Maria  Cbron. 
dos  Coneg.  Keg.  liv.  8.  cap.  3.  n.  8.  e  aflim 
delia,  como  do  Author  fe  lembraõ  o  Illuf- 
trilTimo  Cunha-  Hiji.  Ecclef.  de  Lisb.  Part.  2. 
cap.  75.  §.  9.  e  Fr.  António  da  Purifi- 
cação. Cbron.  da  Prov.  de  Portug.  da  Ord. 
dos  Erem.  de  Santo  Agoji.  Part.  2.  Tit.  3. 
§.  9. 

P.  FERNANDO  PERES  Religiofo  pro- 
feíTo  da  Companhia  de  JESUS,  e  hum  dos 
grandes  Theologos,  que  floreceraõ  no  feu 
tempo,  de  que  deixou  por  indubitáveis  ar- 
gumentos as  obras  feguintes. 

De   Sacramentis.    M.    S. 

De  Kejiitutione  foi.  2.  Tom.  M.  S.  Eftaõ 
no    Collegio    de    Évora. 

De  Matrimonio,  foi.  M.  S.  cujo  original  fe 
conferva  na  Bib.  Ambrojiana  de  AíilaÕ,  como 
efcreve  Montfaucon  Bib.  Bibliothec.  nov.  Tom.  i . 
pag.  514.  col.  I. 

FERNANDO  PERES  DE  SOUSA  mui- 
to verfado  na  intelligencia  da  lingua  Caf- 
telhana  pela  larga  aíTiftencia  que  fez  na 
Corte  de  Madrid,  em  cujo  idioma  traduzio 
perfeitamente  do  Italiano,  em  que  naõ  era 
menos   perito. 

Avisos  dei  Pamaffo  de  Trajano  Bocalini, 
Cavallero  Komano.  Primera  Parte.  Madrid  por 
Maria  de  Quinones  1634.  4. 

Segunda  Parte.  Ozea  por  Joaõ  Francifco 
Laruumbe    1640.  4. 

FERNANDO  DE  PINA  CavaUeiro  da 
Caza  d'ElRey  D.  Manoel,  filho  de  Ruy  de  Pina 
ChroniTta  mòr  do  Reyno,  e  Guarda  mór  do  Ar- 
chivo  Real,  e  de  Catherina  Vaz  de  Gouvea, 
naceo  em  a  Qdade  da  Guarda,  folar  de  fua 
illufixe  famiUa,  onde  depois  de  aprender  com 
fumma  brevidade  os  rudimentos  por  fer  do- 
tado de  vivo  engenho,  paíTou  a  eíhidar  as 
lingjiias  Latina,  e  Grega  fora  da  pátria,  em 
que  fahio  eminentemente  inftruido.  Voltando 
ao  Reyno,  como  conheceíle  a  Mageftade  de 
Dom  Joaõ  o  II.  a  capacidade  do  feu  talento 
o  nomeou  no  anno  de  1482.  Secretario 
da  Embaixada,  que  mandou  a  Duarte 
VI.  de  Inglaterra,  em  a  qual  fignifica- 
va    a    efte    Príncipe    por    feu    Embaixador 


5o 


BIB  LIO  THE  CA 


Ruy  de  Soufa  o  novo  titulo  de  Senhor  de 
Guiné,  que  acrecentára  à  fua  Real  PeíToa, 
pedindo-lhe  que  prohibifle  aos  feus  Vaf- 
fallos  a  navegação  para  aquella  Conquifta. 
Naõ  foy  inferior  o  conceito,  que  fez  da 
fua  grande  comprehenfaõ  ElRey  D.  Ma- 
noel, quando  lhe  cõmetteo  a  reformação 
de  todos  os  Foraes  antigos  do  Reyno,  para 
cujo  fim  difcorreo  por  todas  as  Cidades, 
Villas,  e  Confelhos,  e  depois  de  vencer  di- 
verfos  obftaculos,  que  fe  oppuzeraõ  a  taõ 
difícil  empreza,  a  concluio  com  tanta  fatis- 
façaõ  daquelle  Monarcha,  que  lhe  mandou 
dar  quatro  mil  cruzados  alem  do  largo  fa- 
lario, que  lhe  aíTinára,  em  quanto  durou 
efta  incumbência.  Como  era  muito  verfado 
na  hiíloria  do  Reyno  o  nomeou  no  anno 
de  1523.  ElRey  Dom  Joaõ  o  III.  Chro- 
nifta  mòr,  e  Guarda  mòr  da  Torre  do 
Tombo,  querendo  que  aíTim  como  era  her- 
deiro dos  eftudos  de  feu  Pay  o  fofle  tam- 
bém dos  lugares  honoríficos,  que  poíTuira, 
dos  quaes  foy  privado  por  algumas  cul- 
pas maquinadas  pela  malicia  de  feus  emu- 
los.  Fazem  delle  particular  mençaõ  Góes. 
Chron.  d'ElKey  D.  Manoel  Part.  i.  cap.  25, 
e  Part.  4.  cap.  37.  Joan.  Soar.  de  Brit. 
Theatr.  Ltiftt.  Litter.  lit.  F.  n.  18.  Refend. 
Chron.  de  D.  JoaÕ  o  II.  cap.  33.  Faria  £//- 
rop.  Portug.  Tom.  2.  Part.  3.  cap.  4.  §.  22. 
de  capactdad  conocida.  Brandão  Po/,  da  Senh. 
D.  Filíp.  pag.  9.  fogeito  na  minha  opinião 
de  mais  porte  que  feu  Pay  Ruy  de  Pina.  Ef- 
creveo 

Reformação  dos  Foraes  do  Reyno  diftri- 
buida  em  cinco  livros,  que  comprehendem  as 
cinco  Provindas  da  Eftremadura,  Alentejo,  En- 
tre Douro,  e  Minho,  Beira,  e  Trás  os  Montes. 
Conferva-fe  efta  obra  na  Torre  do  Tombo 
como  diz  Damiaõ  de  Góes  Chron.  d'ElRey 
Dom   Man.   Part.    i.    cap.    25. 

Memorias  dos  Rejs  de  Portugal.  M.  S. 
Defta  obra  fazem  memoria  Jorge  Cardofo 
Affolog.  Lujit.  Tom.  3.  pag.  732.  no  Com- 
ment.  de  18.  de  Junho  letr.  F.  e  no  Tom. 
I.  pag.  412.  no  Comment.  de  12.  de  Fe- 
vereiro letr.  A.  e  Franc.  de  Santa  Maria 
Ceo  aberto  na  Terra  liv.  i.  cap.  42.  equivo- 
cando-fe  ambos  eftes  dous  Authores,  quando 
cfcrevem   fer   Fernando   de   Pina   irmaõ   de 


Ruy  de  Pina,  fendo  feu  filho.  Fr.  Luiz  de 
Soufa  no  Prolog,  da  i.  Parte  da  Hijior. 
de  S.  Domingos,  e  Joaõ  Soar.  de  Brit.  Theatr. 
hi4fit.  I-.it fer.  letr.  F.  n.  18.  feguem  que  ellc 
continuara  .a  Chron.  d'ElRey  D.  Manoel, 
que  feu  Pay  Ruy  de  Pina  cfcrevcra  atè  o 
anno  de  15 14.  o  que  nega  Damiaõ  de 
Góes  na  Chron.  dejle  Monarcha  Part.  4. 
cap.    37. 

FERNANDO  DE  PINA  MARECOS 
Doutor  na  Faculdade  do  Direito  Cefareo, 
e  hum  dos  celebres  Letrados  do  feu  tempo. 
Efcreveo  douta,  e  profundamente,  quando 
pretendia  a  Coroa  defla  Monarchia  o  Se- 
nhor D.  António  filho  do  Infante  D.  Luiz, 
a   obra   feguinte. 

Tratado  em  que  fe  prova  poder  o  povo 
eleger  Príncipe,  que  govemajfe  o  Reyno  de  Por- 
tugal. M.  S.  Da  obra,  e  do  Author  fe 
lembraõ  Caram.  Philip.  Prud.  pag.  177.  c 
Spener.  Opus  Herald  Part.  2.  lib.  i.  cap.  22. 
pag.    287. 

FERNANDO  PIRES  MOURAM  na- 
tural da  Villa  de  Lordello  diflante  meya 
legoa  de  Villa-Real  para  o  Poente  em  a 
Provinda  Tranfmontana,  fendo  filho  de 
Pedro  Mouraõ,  e  Maria  de  Figueira.  Inf- 
truido  nas  letras  humanas  paflbu  à  Univer- 
fidade  de  Coimbra  para  fer  theatro  dos  agi- 
gantados progreííos,  que  o  feu  penetrante 
juízo  unido  com  feliz  memoria  fez  no  eftu- 
do  da  Jurifprudencia  Cefarea,  pelos  quaes 
mereceo  fer  laureado  com  as  infignias  dou- 
toraes,  e  que  o  Collegio  Real  de  S.  Paulo 
o  admittiíTe  por  feu  Collega  a  24.  de  Outu- 
bro de  171 2.  Depois  de  fer  Lente  da  Infti- 
tuta,  provido  em  30.  de  Mayo  de  1718.  c 
da  Cadeira  do  Código  a  19.  de  Dezembro  de 
1726.  onde  diâou  a  Poftilla  ao  Text.  in  L. 
unic.  Cod.  Ne  Tutor,  vel  curator  veãigalia;  c  outra 
ao  Text.  L.  i.  Cod.  de  Sacrof anais  EccleJUs.  Subio 
a  fer  Lente  de  Prima,  que  a£hialmente  re- 
genta  com  igual  credito  do  feu  nome, 
que  gloriofo  brazaõ  da  Academia  Conim- 
bricenfe.  Sendo  Dezembargador  da  Re- 
lação do  Porto,  c  Deputado  da  Relação 
do   Fifto   de   Coimbra,    foy   nomeado   De- 


L  USITAN A. 


5r 


putado  da  Inquiíiçaõ  da  meíma  Cidade. 
Delle  fa2  honorifica  memoria  meu  Irmaõ 
D.  Jo2è  Barbofa  Mem.  do  Colleg.  Keal  de 
S.  Paulo  p.  242.  e  no  Archiacb.  'Lufit.  p.  64. 
n.    171. 

Tempore,    quo    Pires  Jurget  Mouranus,    amanos 
Doãrina  latices   Collimbria  ceifa  videbit 
Cefarea    effluere    infiituentis    ah    ore    IStiagfiri. 
Argumenta  volet  nodofa  rejolvere  júris  . 
Judicium    non  ferre    volet,    vel  promere    cbar- 

tis. 

Na  celebre  controveríia  altercada  en- 
txe  os  Doutores  de  Leys,  e  Cânones  fo- 
bre  o  provimento  das  Conefias  Douto- 
raes  em  as  Cathedraes  do  Reyno,  impu- 
gnando acerrimamente  os  Canoniftas  naõ 
poderem  fer  providos  neílas  dignidades  os 
Legiílas,  defendeo  douta,  e  nervofamente 
a  parte,  que  lhe  pertencia  como  profeíTor 
do  Direito  Qvil  publicando  com  o  modeílo 
nome  de  hum  Doutor  t^elofo  da  juftiça  da  Fa- 
culdade. 

Manifeflo,  e  AllegaçaÕ  Jurídica,  Critica, 
$  Apologética  a  favor  dos  Profejfores  da  Fa- 
culdade de  JLeys  fobre  o  direito  que  lhes  com- 
pete para  ferem  providos  em  os  Canonicatos 
Douforaes  das  Sés  defle  Reyno  de  Portugal,  e 
Algarve  em  repojla,  do  que  fe  efcreveo  em  bum 
Memorial  Canonifla,  e  do  que  contra  os  l^e- 
fffias  refponderaõ  os  'Lentes  das  Cadeiras 
majores  de  Cânones,  fendo  mandados  ouvir  por 
Provit^aÕ  de  Sua  Aíagejlade.  Madrid,  por  Ber- 
nardo  Peralta    1735.    foi. 


P.  FERNANDO  PIRES  ReUgiofo  da 
Companhia  de  JESUS,  e  infignemente  ver- 
fado  na  intelligenda  da  Hngua  Latina,  como 
em  a  Materna.  Addicionou  com  inde- 
feflb  trabalho  a  Arte  do  Padre  Manoel  Al- 
vares com  mais  de  mil  vocábulos  extrahi- 
dos  das  Leys  dos  Jurifconfultos  por  fe- 
rem efcritas  com  a  mais  pura  Latinidade. 
Compoz    mais 

Tratado   da    Ortografia    Portuguet^a.    M.    S. 


P.  FERNANDO  DE  QUEYROS  na- 
tural da  Villa  de  Canavezes  em  o  Bif- 
pado   do   Porto,   filho   de   Domingos   Mei- 


reUes,  e  Paula  Ribeira.  Quando  contava 
a  florente  idade  de  quatorze  annos  entrou 
em  a  Companhia  de  JESUS  a  26.  de  De- 
zembro de  1631.  com  refoluçaõ  taõ  heróica, 
que  querendo  violentamente  impedilla  feu 
irmaõ,  o  naõ  pode  confeguir.  Depois  de 
eítudar  as  letras  humanas,  que  foube  com 
perfeição,  alcançada  faculdade  dos  Supe- 
riores, partio  com  vinte,  e  dous  Religio- 
fos  Jefuitas  em  a  náo  Almirante,  em  que 
hia  embarcado  o  Vice-Rey  Pedro  da  Sylva, 
e  aportou  felizmente  a  Cochim  a  22.  de 
Novembro  de  1635.  Aprendidas  as  Scien- 
cias  feveras  as  diâou  aos  feus  domeíHcos 
com  grande  applaufo  do  feu  nome.  Foy 
Reytor  do  Collegio  de  Tanà,  e  de  Baçaim, 
Prepofito  da  Caza  ProfeíTa  de  Goa,  e  ulti- 
mamente Provincial,  em  cujo  governo  de- 
fendeo a  izençaõ  das  Igrejas  de  Salfete, 
para  naõ  ferem  vizitadas  pelo  Ordinário  no 
tempK)  que  poíTuia  a  Mitra  Primacial  do 
Oriente  D.  Fr.  António  Brandão,  que  fora 
Monge  Ciftercienfe.  Foy  Deputado  do 
Santo  Officio  da  Inquifiçaõ  de  Goa,  de 
que  tomou  poíTe  a  29.  de  Outubro  de 
1659.  e  eleito  Patriarcha  de  Etiópia  pelo 
Prindpe  Regente  D.  Pedro.  Morreo  no  Col- 
legio de  S.  Paulo  de  Goa  a  12.  de  Abril 
de  1688.  com  71.  annos  de  idade,  e  57. 
de  Companhia.  Jaz  fepultado  na  Caza  Pro- 
feíTa de  Goa.  Fazem  delle  breve  mençaõ 
Franco  Imag.  da  Virt.  do  Nov.  de  Coimb. 
Tom.  2.  pag.  616.  e  D.  Ant.  Caetano  de 
Soufa.  Cathal.  dos  Patriarcbas  da  Etiop. 
Compoz. 

Hifioria  da  vida  do  Venerável  IrmaÕ  Pe^o 
do  Bafio  Coadjutor  temporal  da  Companhia  de 
JESUS,  e  da  variedade  de  fuccejfos,  que  Deos 
lhe  manifeftou.  Lisboa  por  Miguel  Deslan- 
des    1689.    foi. 

Conquifla  temporal,  e  efpiritual  do  Oriente. 
Deíla  obra  faz  mençaõ  no  Uv.  3.  cap.  2.  pag. 
262.  da  obra  precedente. 

Controverfiarum   Tomi  duo.  M.   S. 

Perfeito  Milionário.  Neiia  obra  confiitava 
os  erros  de  todas  as  Seitas  Orientaes,  à  qual 
tendo  applicado  fummo  defveUo  a  naõ  pode 
concluir  impedido  pela  morte.  Outras  muitas 
obras,  que  pertendia  publicar,  fe  perderão  fatal- 
mente no  incêndio,  que  de  4.  para  5 .  de  Dezem- 


52 


BIB  LIO THECA 


bro  do  anno  de  1664.  devorou  grande  parte 
do  CoUegio  de  Goa,  como  elle  efcreveo 
no  Prologo  da  vida  do  Irmaõ  Pedro  do 
Bafto. 

P.  FERNANDO  REBELO  natural  da 
Villa  de  Caria  em  o  Bifpado  de  Lamego, 
onde  teve  por  Pays  a  Fernando  Rebello, 
e  Joanna  Rebello,  a  cujos  documentos  de- 
veo  a  judiciofa  refoluçaõ,  com  que  abraçou 
o  Inftituto  da  Companhia  de  JESUS  em 
a  Caza  ProfeíTa  de  Lisboa  a  20.  de  May  o 
de  1562.  Inftruido  nas  Sciencias  Efcholaf- 
ticas  cníinou  féis  annos  Filofofia  em  a 
Univerfidade  de  Évora,  na  qual  recebendo 
o  gráo  de  Doutor  em  Theologia  a  6.  de 
Abril  de  1589.  a  leo  pelo  efpaço  de  doze 
annos  atè  chegar  à  Cadeira  de  Prima,  c  fer 
Confelheiro  da  mefma  Univerfidade.  Em  to- 
dos os  aftos  litterarios  ainda  provocado 
pela  indifcreta  cólera  de  alguns  argumen- 
tantes,  nunca  fe  lhe  defcobrio  alterado  o 
femblante  refpondendo  com  igual  modeília, 
que  fciencia.  Foy  Reytor  do  CoUegio  do 
Porto,  onde  os  fubditos  o  experimentarão 
benigno  pay,  e  naõ  Prelado  fevero.  Tendo 
vivido  com  fingular  exemplo  de  virtudes, 
de  que  foy  exaftiífimo  cultor,  fechou  o 
circulo  da  vida  em  o  CoUegio  de  Évora 
a  20.  de  Novembro  de  1608.  e  foy  fe- 
pultado  na  Capella  de  S.  Vicente,  que  hoje 
tem  a  invocação  do  Santo  Chrifto.  Vir 
et  omnium  virtutum  genere,  Ó^  doHrina  laude 
prajlans  o  intitula  a  Bih.  Societ.  pag.  206. 
col.  I.  Maced.  'Philip.  Vortug.  pag.  iio. 
gjran  Theologo.  Joan.  Soar.  de  Brit.  Theatr. 
L.ujit.  LiUerar.  lit.  F.  n.  19.  vir  valde  pius, 
nec  minoris  doãrina.  Nicol.  Ant.  jB/Z».  H//]&. 
Tom.  I.  p.  296.  col.  I.  'Non  doãrina  tan- 
tum,  fed  et  omnium  virtutum  laude  conjpicuus. 
Franco  Imag.  da  Virtud.  do  Nov.  de  Evor. 
pag.  861.  e  na  Imag.  do  Nov.  de  Lisboa. 
liv.  2.  cap.  13.  §.  7.  e  no  Ann.  glorio/. 
S.  J.  in  Ijtfit.  pag.  692.  Multum  claruit 
Jcientiarum  doãrinis,  fed  multo  magis  virtu- 
tum radiis.  &  Annal.  S.  J.  in  Ijujit.  pag. 
196.  §.  15.  Clarijftmi  viri  fuis  fcriptis  plu- 
rimum  noti.  Fonfec.  Evor.  Glorio/,  pag.  429. 
Sebaft.  Cacf.  de  Menef.  Hyerarch.  Ecclef. 
ad   cap.    Epifcop.    dift.    35.    n.    10.    Barbof. 


Commenf.  ad  Ord.  Reg.  lib.  4.  &  ad  Tit. 
I.  n.  7.  &  Tit.  24.  n.  5.  &  6.  &  Tit. 
38.  n.  30.  &  38.  &  ad  Tit.  44.  n.  2.  & 
ad  Tit.  65.  n.  i.  Draudius  Bib.  Clajftca, 
e  D.  Fraríc.  Manoel  Carta  dos  AA.  Por- 
tug.  efcrita  ao  Doutor  Manoel  Themudo 
da   Fonfeca.   Compoz 

T>e  Obligationibus  Jujlitia,  Keligionis,  €^ 
Charitatis.  Lugduni  apud  Horatium  Car- 
don.  1608.  foi.  &  Venetiis  apud  Joancm 
Antonium,  &  Jacobum  de  Francifcis.  1610. 
foi.  Defta  infigne  obra,  que  era  dividida 
em  três  partes,  fomente  fe  imprimio  a 
primeira. 

Fr.  FERNANDO  RODRIGUES  natu- 
ral da  Villa  da  Caílanheira  do  Patriarchado 
de  Lisboa,  e  Monge  Ciílercienfe  no  Real 
Convento  de  Santa  Maria  de  Alcobaça, 
onde    fe   confervaõ    as    obras    feguintes. 

Hi/loria  librorum  Kegum,  €>*  omnium  qm 
illis  temporibus  acciderunt  in  orbe.    foi.  M.  S. 

Hi/ioria  Ejvangeli/larum,  (Ò'  Aãuum  Apo/- 
tolorum  foi.  M.  S. 

FERNANDO  RODRIGUES  CAR- 
DOSO natural  da  Cidade  de  Vizeu  filho 
do  Doutor  Pedro  Fernandes,  e  Barbara 
Fernandes,  e  irmaõ  do  Doutor  António 
Dias  Cardofo  Deputado  do  Confelho  Ge- 
ral do  Santo  Officio,  de  quem  jà  fe  fez 
memoria  em  feu  lugar.  Applicou-fe  ao 
eíhido  da  Medicina,  em  que  fahio  taõ  in- 
figne, que  depois  de  fer  admitido  a  Col- 
legial  do  Real  CoUegio  de  S.  Paulo  de 
Coimbra  a  6.  de  Julho  de  1568.  regcn- 
tou  na  Univerfidade  huma  Cathedrilha  no- 
vamente creada  por  ElRey  D.  Sebaíliaõ, 
de  que  tomou  poíle  a  22.  de  Dezembro  de 
1572.  donde  fubio  à  Cadeira  de  Aviccna 
cm  8.  de  Janeiro  de  1577.  e  ultimamente  à 
da  Vefpera  em  o  primeiro  de  Fevereiro 
de  1578.  em  que  aíTiílio  até  o  anno  de 
1585.  donde  foy  defpachado  para  Lis- 
boa com  o  lugar  de  Fyfico  mòr.  Morrco 
a  20.  de  Junho  de  1608.  Zacuto  lib.  *. 
Hift.  44.  Dub.  51.  lhe  chama  eximium 
Medicina  pro/ejforem.  Ramires  Commcnt. 
in  lib.   Galen.  de  ration.  curandi.   cap.    5.   foi. 


I 


L  U SI  TA  NA. 


53 


37.   vir  rara  eruditionis.   D.   Nicol.   de   Santa 
Mar.   Chron.  dos  Coneg.  ^eg.  liv.   10.  cap.  7. 
n.    13.    Joan.    Soar.    de   Brit.    Theatr.    LjíJíL 
JJtter.    Ut.    F.    n.    20.    Draud.    Bib.    Clajftc. 
Mercklin.    in    Unden.    renovai.     Nicol.     Ant. 
Bib.   Hifp.    Tom.    i.   pag.    296.    col.    2.    D. 
Francifco  Man.  Carta  dos     A  A.  Vortug.     ao 
Dout.    Themud.    Barboza.    Memor.    do    Colleg. 
Real  de   S.    Paulo.    pag.    85.    e   no   Archiat. 
Ijtfit.    pag.    17.    n.    15. 
Doãus   ApolUnea  Jurget   Roteridus    arte 
Cardofus,   quem  ceifa  fui  reverentia  reddet 
Nomnis     egregittm,     confcripta     volumina     no- 

tum, 
£/    celebrem    titulus    Medicorum    Principis    al- 

tus. 

Compoz 

De  fex  rebus  non  naturalibus.  UlyíTipon. 
apud  Georgium  Rodrigues.  1606.  4.  & 
Francofurti  apud  Paulum  Jacobum  de  Zet- 
ter.  1620.  8. 

Methodus  medendi  fumma  facilitate,  ac 
diligentia  in  três  libros  dijlributa,  quorum  pri- 
mus  de  indicationibus  in  genere.  Secundus  fpe- 
cialiter  de  curativis;  tertius  de  prafervativis, 
atque  vitalibus  agit.  Venetiis  apud  Vicen- 
tium   Tomaíium.    1616.    4. 

Difcurfos  dei  Vefuvio.   M.   S. 

Vida    de    l^pe    da    Vega    Carpio.    M.    S. 


FERNANDO  RODRIGUES  LOBO 
SOROPITA,  cujo  carafter  efcreve  elegan- 
temente Manoel  de  Faria  e  Soufa  no  ]ui^ 
às  "Rimas  de  Camoens.  §.  5.  Fuè  hombre 
famofo  en  la  Jurif prudência,  injigne  advogado 
em  l^isboa,  nò  de  los  que  Joio  manejan  lo  fe- 
vero  de  las  L^s,  y  Forenfe  de  la  aboga:(ia; 
mas  de  aquellos  que  con  luzido  ingenio  Jaben 
falir  de  ejfa  cat^i  mecânica  a  los  cultos  jar- 
dines, j  reguladas  fuentes  dei  Parnafo  con  el 
apacible  caudal  de  las  buenas  letras,  como  lo 
fupo  ejie  Varon  no  menos  dodto  en  ellas,  y 
en  la  urbanidad,  y  en  la  politica.  El  efcrivio 
excelentes  verfos,  otras  cofas  de  entretenimiento 
para  entendidos,  y  nò  para  ociofos  con  ^an 
felicidad.  Al  tiempo  defia  primera  impref- 
fion  dejias  Rimas  tomo  a  fu  cuenta  ordenar- 
ias, y  ai  principio  delias  pu^o  un   Prologo   en 


que  hit(p  jiáíQO  delias.  Semelhantes  elogios 
lhe  faz  na  Fuent.  de  Aganip.  Part.  i.  no 
Difc.  fobre  os  Sonet.  §.  16.  e  na  Vid.  de 
Cam.  impreíTa  no  principio  do  Comment. 
das  fuás  Ljijiad.  §.  15.  Letrado  nò  de  los  que 
aun  fon  barbaras  en  las  mifmas  letras,  fi  nò 
ingeniofo,  y  gran  Poeta,  y  Cortefano,  e  no  §. 
29.  gran  Poeta,  y  deão  en  ejlos  ejludios.  Joan. 
Soar.  de  Brit.  Theatr.  l^ft.  Utter.  lit.  F. 
n.  21.  homo  ingenio  promptus,  facetus  que.  Ja- 
cinto Cordeir.  Flog.  dos  Poetas  "Lufit.  Ef- 
tanc.  48. 

Muchos  laureies,  muchos  folicita 
Poço  mi  pluma  indigna  le  encarece 
Fernan  Rodrigues  Lobo  Soropita 
Con  ingenio  divino  los  merece. 
Que  a  muchos  el  laurel  por  doão  quita 
FJlo  en  tan  graves  verfos  me  parece,  &c. 
Compoz  alem  de  muitos  verfos  de  differente 
metro,  em  que  fez  patente  a  elegante  afluên- 
cia da  fua  Mufa. 

Prologo  às  Rimas  de  Lm:(^  de  Camoens.  Nelle 
fez  hum  judiciofo  difcurfo  fobre  o  mere- 
cimento delia  obra,  do  qual  tranfcrevea 
grande  parte  Manoel  de  Faria  e  Soufa  no 
juizo,  que  fez  das  mefmas  Rimas,  e  ferve 
de  prefação  ao  Commento,  que  delias  pu- 
blicou. 

Informação  de  direito  offerecida  por  parte 
de  Francifco  Corrêa  no  feito,  que  trás  com 
D.  hlanoel  de  Attayde  fobre  a  fucceffaõ  da 
Villa  de  Bellas,  e  frutos  do  morgado,  de  que- 
a  dita  Villa  he  cabeça.  Lisboa  por  Manoel 
de    Lyra.    1597.  4. 

Jornada  que  fe^  de  Coimbra  para  Ufboa.  Ef- 
crita  em  huma  carta  com  termos  methaforicos, 
fendo  das  fuás  mais  eílimaveis  obras. 

O  Namorado  de  Lisboa,  ou  defajlres  de  Na- 
morados. M.  S. 

Primavera  de  Francifco  Rodrigues  Lobo,  eftila 
jocoferio.  M.  S. 

Difcurfo  Jocofo  fobre  os  cojumes  do  feu  tempo y 
e  outro  acerca  das  barbas. 


Fr.     FERNANDO     DE     SANTARÉM 

natural  da  celebre  Villa,  que  lhe  deu 
o  apellido.  Monge  Ciílercienfe  em  o  Real 
G3nvento  de  Santa  Maria  de  Alcobaça, 
Varaõ  igualmente  douto,  que  afcetíco.   G>m- 


54 


BIBLIO  THE  CA 


po2,  e  traduzio  na  lingua  materna  os  Tra- 
tados   feguintes. 

Maneira   de   como  fe   haõ  de   ler   os  livros. 

CollaçaÕ,  e  hiiwildade  do  Abbade  Severo. 

Maldades  do  Demónio. 

CollaçaÕ  fobre  as  qualidades  da  Oração. 

CollaçaÕ  do  Abbade  Sereno  fobre  a  per- 
feição,   e  graça    de    Deos,    e    do    livre   alvedrio. 

CollaçaÕ  da   Sciencia   ejpiritual. 

CollaçaÕ  fobre  a  amizade,  e  naõ  lançar 
jui:(ps    temerários. 

Todos  eftes  Tratados,  que  eftavaõ  dif- 
perfos  mandou  copiar  em  hum  grande  vo- 
lume no  anno  de  1440,  por  Fr,  Nicolao 
de  Eyras,  Monge  de  S.  Bernardo,  D.  Efte- 
vaõ  de  Aguiar,  Abbade  perpetuo  de  Al- 
cobaça, do  Confelho  d'ElRey,  e  feu  Ef- 
moler  mór,  e  fe  conferva  na  Bibliotheca 
dos    M.    S. 


FERNANDO     DA      SYLVEIRA     na- 
ceo   na   Cidade    de    Évora,    onde    teve   por 
Pays   a   Francifco   da   Sylveira   Coudel   mór, 
e    Claveiro    da    Ordem    de    Chrifto,    Senhor 
•de    Sarzedas,    Sovereira  fermofa,   e   Anciaõ, 
Regedor  da  Caza  da  Supplicaçaõ,  e  a  Dona 
Margarida    de    Noronha,    filha    de    D.    Joaõ 
de    Noronha,    e    Dona    Joanna    de    Caftro, 
Senhora    do    Cõdado    de    Monfanto.     Igual- 
mente   em    Africa,    como    na    Afia   oftentou 
os    alentados    efpiritos    de    feu    coração    af- 
fiftindo     em     Zafim,     quando     era     Capitão 
defta    Praça    feu    primo    D.    Nuno    Mafca- 
renhas,    e    na    conquiíla   de    Brava,    e    Zeila 
com    o    Governador    da    índia    Lopo    Soa- 
res   de    Albergaria.     Reftituido    ao    Reyno 
no    anno    de     1527.    mereceo    as    mayores 
eftimaçoens   d'ElRey   D.    Joaõ   o   III.   e   de 
fua  mulher  a  Rainha  Dona  Catherina,  com- 
municando-lhe   a    refoluçaõ,    em   que   eftava 
de  largar  a  regência  da  Monarchia  na  me- 
noridade   de    feu    neto    o    Príncipe    D.    Se- 
baíliaõ.     Os    últimos    annos    da    fua    idade 
paíTou    na    pátria,    onde    piamente    fallcceo 
no  anno   de   1569.    Foy  fepultado  na  Fre- 
guefia    de    S.    Tiago,    e    depois    tranfferido 
para    o    Convento    de    N.    Senhora   do    Ef- 
pinheiro    de    Religiofos    de    S.    Jeronymo. 


Cazou  duas  vezes,  e  do  fegundo  matri- 
monio contrahido  com  Dona  Grimaneza 
Mafcarenhas  filha  de  Pedro  DoíTem  de  Al- 
meyda,  e  Dona  Izabel  Mafcarenhas  teve 
a  Dona  Marianna  de  Noronha,  que  fuc- 
cedeo  na  caza  de  Sarzedas.  Foy  muito 
applicado  ao  eíhido  da  Poezia,  fahindo  taõ 
infigne  em  a  pratica  defta  divina  Arte,  que 
era  conhecido  pela  antonomazia  de  'Poeta 
Heróico;  e  de  tal  modo  eraõ  eftimados  os 
feus  verfos,  que  o  Príncipe  D.  Joaõ  filho 
d'ElRey  D.  Joaõ  o  III.  lhos  mandou  pe- 
dir por  efta  carta.  Femaõ  da  Sylveira.  Eh 
o  Príncipe  vos  envio  muito  Jaudar.  Porque 
receberey  ^ande  contentamento  com  ver  todas 
as  obras,  que  tendes  feitas,  vos  encomendo  muito 
que  me  queiraes  enviar  o  treslado  delias,  e  naÕ 
deixeis  algumas,  de  que  mo  naõ  envieis;  e  quanto 
mais  em  breve  o  fi'{eres  tanto  major  pra^^er 
receberey,  e  tanto  mais  volo  agraãecerey.  E/"- 
crita  em  Almeirim  4.  de  Março  de  1551. 
Príncipe.  Como  famofo  alumno  do  Par- 
naíTo  o  louva  com  eftas  vozes  metrícas 
Jeronymo  Cardofo.    EJeg.  Hb.   i.  Eleg.  2. 

O'  decus,  ò  nojlri  fax  fulgentijfima  regni 
Enitet  in  cujus  vértice  gemma    dives. 

Una  eft  nobilitas  generofa  eflfiirpis  origo 
Qua  fupra  Fabiii  fiem  mata  clara  micat. 

Altera  doãrina  efi,  <&  mira  perítia  rerum 
Qua  fimilem  magis  tefacit  effe  Diis. 

E  na  Eleg.  4. 

Sed  tamen  illa  tui  facúndia  peãorís  ingens 

Quem  non  leniret,  pelliceretque  Jibi"? 
Illic  (&  Veneres,  illic  Charitefque  puella 

Illic  dr  Eatium,  Cacropiumque  meios. 
Illic    quotquot    habet    vernácula    lingua    lepores: 

Illic  feflivi  cum  gravitate  fales. 
Hac   te   credibile   ejl,    Phabo   diãante,   locutum, 

Aut  te  Calliopes  hac  peraraífe  manu. 

No  Cancioneiro  de  Garcia  de  Kefende. 
Lisboa  por  Herman  de  Campos  15 16. 
foi.  eftaõ  as  Poefias  de  Fernando  da  Syl- 
veira a  foi.  2.  verf.  3.  4.  verf.  6.  atè  10. 
18.  verf.  19.  verf.  21.  22.  verf.  23.  24.  62. 
verf.  65.  verf.  66.  atè  68.  142.  143.  155. 
156.    159.    195. 

Poemas  de  Femaõ  da  Sylveira  fenhor 
de  Sarzedas  dedicadas  ao  Príncipe  D.  Joaõ 
foi.    M.    S.     Confervaõ-fc    na    Livraria    do 


I 


L  USITANA. 


55 


ExcellentiíTimo     Duque     de     Alafoens,     que      D.  Ant.  Caet,  de  Souf.  H//?.  Gen.  da  Ca:(^  Rea/" 
foy  do  Eminentiflimo  Cardeal  de  Soufa.  Portug.  Tom,  6.  liv.  6.  cap.  i8.  pag.  306. 


FERNANDO  SOARES  HOMEM  natu- 
ral de  Villa-Viçofa,  como  manifeílamente  o 
declara  feu  fobrinho,  e  difcipulo  Nuno  Lobo 
neftas  vozes  métricas  impreíTas  no  principio 
da  fua  Arte  da  Grammatica. 

Hoc  quoque  cum  noverint  alii,  teftatttrq  ipfa 

Afferat  et  laudes  culta  Viçofa  tuas. 
At  fortunatum  tanto  fe  jaãet  alumno 

Kejlituit  pátria,  qui  decus  omne  fua. 

Foy  muito  douto,  e  verfado  na  liçaõ 
dos  Authores  mais  claíTicos  da  lingua  La- 
tina, e  Grega,  e  fahio  inUgne  Grammatico 
neíles  principaes  idiomas,  fendo  o  mais 
eftimavel  difcipulo,  que  fahio  da  efcola  do 
grande  Joaõ  Vafeo.  A  profunda  fciencia, 
fumma  piedade,  conhecida  nobreza,  de  que 
era  ornado,  o  fizeraõ  digno  de  fer  Meftre  do 
Seremífimo  Duque  de  Bragança  D.  Theodo- 
zio  U.  devendo  à  difciplina  de  taõ  douto 
Varaõ  o  progreíTo,  que  fez  em  todas  as  Ar- 
tes Liberaes.    Pubhcou 

Grammatices  dm  compendia  eo  modo  in 
methodtim  contraãa,  ut  nihil  redunde  t,  aut 
defit.  Ebone  apud  Andream  Burgenfem 
1572.  8.  Foy  dedicada  a  Aifonfo  Vaz  Ca- 
minha, Alcayde  mòr  de  Villa-Viçofa,  Ca- 
mareiro do  Duque  de  Bragança  D.  Theo- 
dozio  IL  onde  lhe  diz:  Tihi  certe,  nam 
Illujlrijfimum  Ducem  de  rebus  tam  partas  ap- 
pellare  neque  debeo,  neque  aujus  fum,  Jperans 
fore  ut  amplijjimo  Principi  maiora  per  atatem 
certe  magis  digna  confecrem.  Sahio  fegunda 
vez  impreíla  eíla  obra.  Conimbriae  apud 
Joannem  Alvarum  1577.  4.  e  na  cenfura, 
que  lhe  fez  Diogo  Mendes  de  Vafconcel- 
los,  diz  Solam  hanc  in  u/um  communem  legen- 
dam effe,  praterea  nullam.  E  o  leu  Meftre 
Joaõ  Vafeo  lhe  faz  o  feguinte  elogio.  Tu 
vero  efi  verum  ajfecutus,  (Ò'  quod  dicitur  rem 
ipjam  acutetigíjii.  A  primeira  ediçaõ  tinha 
notas  marginaes  Gregas,  e  Latinas,  que 
na   fegunda    fe    naõ    imprimirão. 

Khetorica    'Exckfiaftica  para    Pregadores.   M. 

S.     Confervava    em    feu    poder    efta    obra 

i  Jeronymo    Soares,    Prior    de    Ourem,    filho 

do  Author,   do   qual  faz  memoria  o  Padre 


Fr.  FERNANDO  SOEYRO  nafceo  em 
Lisboa,  fendo  filho  de  Paulo  António  de 
Mattos,  e  Maria  Dionizia  de  Padilha,  or- 
nados de  igual  nobreza,  que  piedade,  a 
cuja  amável  companhia  preferio  com  he- 
róica refoluçaõ  o  fagrado  domicilio  do 
Convento  de  S.  Paulo  de  Almada,  onde 
profeíTou  o  Inftituto  da  Ordem  dos  Pre- 
gadores a  13.  de  Julho  de  161 7.  Havendo 
com  grande  applaufo  da  fua  litterarura  en- 
finado  as  fciencias  efcholafticas  aos  feus  do- 
mefticos,  mereceo  pela  profundidade,  com 
que  penetrou  as  mayores  dificuldades  da 
Theologia,  e  Efcritura  Sagrada  fer  hum  dos 
mayores  Letrados  do  feu  tempo,  e  taõ  ce- 
lebre Orador  Evangélico,  que  o  foy  de 
três  Reys  fucceífivos,  quaes  foraõ  os  Sere- 
niflimos  D.  Joaõ  o  IV.  D.  AíFonfo  VI. 
e  D.  Pedro  II.  Em  todos  os  Sermoens, 
aífmi  Moraes,  como  Panegyricos  fazia  huma 
digreíTaõ,  em  que  perfuadia  ao  auditório 
com  affeéhiofa  efficacia  a  devoção  do  Ro- 
fario  da  Senhora,  como  infallivel  conduc- 
tora  da  Bemaventurança.  Foy  Prior  do 
Convento  de  Santarém,  e  de  Bemfica,  onde 
deu  claros  argumentos  da  fua  madura  pru- 
dência, e  fumma  afíabilidade.  Das  efmo- 
las  que  recebera  dos  feus  Sermoens  mandou 
fabricar  hum  mageftofo  Sepulchro  cuberta 
de  prata  lavrada  para  depozito  do  Sacra- 
mento em  o  dia  de  Quinta  feira  mayor, 
e  para  feu  augmento  deixou  hum  juro  de 
trinta  mil  reis.  Cheyo  mais  de  merecimen- 
tos, do  que  annos,  falleceo  no  Convento 
de    Lisboa    a    14.    de    Dezembro    de    1674 

Compoz. 

SermaÕ  na  Procijfaõ,  que  o  Tribunal  do 
Santo  Officio  de  Évora  fe:^  ao  Convento  dt 
SaÕ  Domingos,  de  ff^aças  a  Deos  pela  liber- 
dade do  Senhor  Bifpo  Inquit^idor  Geral  a  9.  de 
Março  de  1643.  Lisboa  por  Paulo  Craes- 
beck.  1643.  4. 

SermaÕ  pregado  no  Convento  da  Roja,  que  fe 
fev^  da  Ratificação  do  grande  Summo  Pontífice 
Pio  V.  em  \^.  de  Outubro  de  1672.  Lisboa  por 
Frandfco  Villela  1673.  4. 


56 


BIBLIO  THE  CA 


Commentaría  in  Vrimam  Partem  D.  Thoma. 
Foi.  M.  S.  Conferva-fe  na  Livraria  do  Ex- 
cellentiíTimo  Conde  da  Ericeira.  Fazem  delie 
memoria  Menezes  Portug.  Kejiam:  Tom.  2. 
pag.  917.  Cataftroph.  de  Portug.  pag.  136. 
Fr.  Pedro  Monteir.  Clauftr.  Dom.  Tom.  3. 
pag.  206.  e  Fr.  Lucas  de  Santa  Catherin. 
Hift.  de  S,  Doming.  da  Prov.  de  Portug. 
Part.  4.  liv.  I.  cap.  36. 

FERNANDO  SOLIS  DA  FONSECA, 
natural  de  Lisboa,  Meftre  em  Artes,  e  Pro- 
feflbr  de  Medicina  em  a  Univerfidade  de 
Coimbra,  cuja  faculdade  diftou  pelos  annos 
de  1584.  e  1585.  Delle  fe  lembraõ  D. 
Franc.  Man.  Carta  dos  AA.  Portug.  e  Joaõ 
Soares  de  Brit.  Theat.  L^fit.  Litter.  let.  F. 
n.    23.     Compoz 

Keff mento  para  conjervar  a  faude,  e  vida 
dividido  em  dous  Dialogas.  O  i.  trata  de  fex 
rebus  non  naturalihus :  o  2.  das  qualidades  do 
ar,  Jitios,  e  mantimentos  do  termo  de  Lis- 
hoa.    Lisboa  por  Giraldo  da  Vinha  1626.  16. 

Fr.  FERNANDO  DA  SOLEDADE 
nafceo  em  a  Cidade  do  Porto  a  17.  de 
Agofto  de  1663.  onde  teve  por  Pays  a 
Domingos  Teixeira,  e  Dona  Maria  Pe- 
reira iníUtuidores  do  Morgado  de  Tei- 
xieiro,  que  hoje  adminiílra  Carlos  Cabral 
de  Távora  Teixeira,  fenhor  da  antiga  caza 
•da  Lumieira,  por  fer  cazado  com  Dona  Su- 
fana  de  Mello,  e  Sylva,  fobrinha  do  dito 
Padre  Fr.  Fernando.  Nos  primeiros  annos 
moftrou  tal  modeília  no  femblante,  e  gra- 
vidade nas  acçoens,  que  parece  o  deílinou 
a  natureza  para  exemplar  do  Eílado  Re- 
ligiofo,  o  qual  abraçou  no  Seráfico  Con- 
vento de  Santo  António  da  Figueira  da 
Prov.  de  Portugal  em  o  anno  de  1682. 
quando  contava  dezefete  annos  de  idade. 
Depois  de  ter  confumado  a  carreira  dos 
eíhidos  efcholafticos,  fe  applicou  com  mayor 
•difvelo  à  liçaõ  da  Sagrada  Efcritura,  que 
recitava  de  còr,  e  dos  Sagrados  interpre- 
tes, de  cuja  applicaçaõ  confegxiio  fer  hum 
dos  mais  celebres  Oradores  Evangélicos, 
que  venerou  a  fua  idade.  Conhecendo 
os    Prelados   o   talento   que    tinha   para   ef- 


i 


crever  Hiftoria,  e  a  vafta  noticia,  que  tinha 
alcançado  dos  fucceíTos  memoráveis  da  Pro- 
vinda, de  que  era  benemérito  filho,  foy 
eleito  Chroniíla  fubftituindo  cm  taõ  labo- 
riofa  incuinbencia  ao  Padre  Fr.  Manoel 
da  Efperança  feu  patrício,  aíTim  na  inves- 
tigação das  memorias,  como  na  elegância 
do  eílilo,  em  que  competio,  e  excedeo  a 
muitos  Efcritores.  Provada  a  fua  pru- 
dente capacidade  nos  lugares  de  Guar- 
dião do  Convento  de  Guimaraens,  e  de 
Confeííor  das  Religiofas  do  Real  Con- 
vento de  Santa  Anna  de  Lisboa,  duas  ve- 
zes votou  no  Capitulo  geral,  a  primeira 
em  Roma  no  anno  de  1723.  e  a  fegunda 
em  Milaõ  a  4.  de  Junho  de  1729.  e  como 
os  feus  merecimentos  fe  fizeíTem  dignos 
de  mayor  premio,  fubio  à  dignidade  de 
Provincial  a  24.  de  Julho  de  1734.  com 
uniforme  concurfo  dos  votantes,  em  cujo 
miniílerio  ufou  da  fumma  affabilidade,  va- 
lendo-fe  mais  da  comiferaçaõ,  que  da  feve- 
ridade  para  emendar  defeitos,  e  caíHgar 
culpas.  Ao  tempo  que  eílava  concluindo  o 
Triénio  do  Provincialado,  fe  fentio  acom- 
mettido  da  ultima  enfermidade,  que  jul- 
gando fer  infallivel  annuncio  da  morte  fe 
preparou  com  aquelles  Catholicos  aftos,  que 
prafticara  por  toda  a  vida,  a  qual  acabou 
no  Convento  de  Lisboa  a  29.  de  Dezem- 
bro   de    1737.    quando    contava    74.    annos, 

4.  mezes,  e  15.  dias  de  idade,  deixan- 
do por  evidentes  finaes  da  fua  predefti- 
naçaõ  a  extraordinária  flexibilidade  do  feu 
cadáver,  e  agradável  fermofura  do  rofto. 
Foy  exceíTivamente  lamentada  a  fua  morte 
naõ  fomente  pelos  feus  fubditos,  mas  tam- 
bém pelos  CoUegas  da  Academia  Real  da 
Hiíloria  Portugueza,  da  qual  fora  Acade-  i 
mico  Supranumerário.  Fr.  Joan.  a  D.  Ant  I 
Bib.  Franc.  Tom.  i.  pag.  349.  col.  i.  o  • 
intitulaõ  Utteris  probe  excultus.  D.  Emman.  j 
Caiet.    de    Soufa    Expedit.    Hifpan.    Apofid. 

5.  Jacob.  Maior.  pag.   1008.  n.   2385.  eleg/m-    1 
tij/imus    Chronoff^apbus ;    vir    à    morum   probi- 
tate,  Keligionis  v^elo,  ó^  pluribus  editis  volumi' 
nibus    laudatijftmus. 
Compoz  ■' 

Hiftoria  Seráfica  Cbronologica  de  S.   Fran- 
cifco   na    Provinda  de   Portugal.    Tom.    3.   R/- 


L  USITAN A. 


5/ 


fere  os  /eus  pro^ejfos  no  tempo  de  52.  annos 
do  de  1448.  ate  o  de  1500.  Conta  as  Mif- 
foens,  que  fií^eraõ  os  Keli^ofos  delia  a  varias 
partes  do  Mundo,  e  em  particular  á  índia  Orien- 
tal, onde  arvorarão  o  EJlandarte  da  Fé,  bau- 
ti-:^araõ  muitos  milhoens  de  creaturas,  agrega- 
raõ  â  Coroa  de  Portugal  muitas  Coroas  com 
o  r^elo  da  virtude,  affeão  da  Pátria,  defpe^a 
do  fangue,  e  facrificio  das  vidas  com  bum  Dif- 
curfo  Apologético  em  defenfaõ  do  5.  liv.  defia 
5.  Parte.  Lisboa  por  Manoel,  e  Jozè  Lopes 
Ferreira  1705.  foi.  Sahio  novamente  efcrita 
emendada,  e  acrecentada  em  diverfos  luga- 
res. Lisboa  por  Domingos  Gonçalves.  1735. 
foi. 

Hijloria  Seráfica  Cbronoloffca  de  S.  Fran- 
cifco  na  Provinda  de  Portugal  Tom.  4. 
Refere  os  /eus  progrejfos  em  tempo  de  68. 
annos  do  de  1501.  ate  o  de  1568.  Conta 
as  ultimas  controverjias,  que  /e  moverão  en- 
tre o  E/tado  da  Claujlra,  e  /amilia  da 
Oh/ervancia;  a  divi/aÕ  entre  ambas,  os  au- 
gmentos  da  /egunda,  e  diminuiçoens  da  pri- 
mara atè  a  /ua  ultima  extinção  nefte  Rey- 
no.  Relata  os  nacimentos  de  duas  Provindas 
procedidas  da  de  Portugal,  a  dos  Algarves, 
t  a  de  Santo  António.  De/creve  numero/as 
/undaçoens  de  Conventos,  e  Moftdros,  e  as 
virtudes  de  buma  ^ande  copia  de  /ervos  de 
Deos,  e  E/po^as  de  C br  i/t  o.  Lisboa  por 
^lanoel,  e  Jozè  Lopes  Ferreira  1709. 
foi. 

Hifioria  Seraphica  Chronobffca  da  Or- 
dem de  S.  Frand/co  da  Provinda  de  Por- 
tugal Tom.  5.  Ke/ere  os  /eus  pro^effos  em 
tempo  de  146.  annos  do  anno  de  1569.  ati 
o  de  171 5.  aos  quaes  juntou  memorias  dos  três 
/eguintes.  Lisboa  por  António  Pedrofo  Gal- 
raõ.     1721.    foi. 

Sermoens  vários  Primeira  Parte.  Lifboa  por 
Jozè  Lopes  Ferreira  ImpreíTor  da  SereniíTima 
Rainha  1715.  4. 

SermaÕ  das  Almas  pregado  no  Mojld- 
ro  da  I^íadre  de  Deos  de  Moncbique.  Lif- 
boa por  Bernardo  da  Cofta  de  Carvalho 
1694.    4. 

Sentimentos  da  'Ley  da  Natureza,  Ley 
E/crita,  e  Ley  da  Graça,  na  figura,  na  pro- 
/ecia,  e  na  experienáa  articulados  na  morte, 
enterro,    e  /epultura    de    Cbri/lo    Senbor    No/- 


/o.  Lisboa  por  Manoel  Lopes  Ferreira, 
1697.  4. 

SermaÕ  nas  Exéquias  da  Serenijftma  Rai- 
nba  N.  S.  Dona  Maria  Sofia  Isabel  de  Neo- 
burg  celebradas  em  19.  de  Agojlo  de  1699. 
em  o  Real  Convento  de  S.  Frand/co,  pela 
Ordem  Tercdra.  Lisboa  por  Miguel  Des- 
landes  ImpreíTor  d'El-Rey  1699.  4. 

SermaÕ  do  Patriarcba  S.  Frand/co  pre- 
gado na  /olemnidade  que  lhe  dedicou  a  /ua 
Ven.  Ordem  Terceira  de  S.  Frand/co  de  Lis- 
boa Ocddental  com  hum  Cathalogo  das  Pe/- 
/oas  Veneráveis,  que  em  toda  a  Ordem  Ter- 
cdra floreceraõ  com  /ama  de  Santidade.  Lis- 
boa na   Officána   da   Muíica.    1727.   4. 

Novena  para  os  15.  dias  do  preclari/- 
/imo,  e  /empre  piedo/o  Santo  António  de  Lis- 
boa compofta  em  ob/eqtáo  da  /ua  caridade, 
agradedmento  do  /eu  patrodnio,  e  mayor  /er- 
vor  do  /eu  culto.  Lisboa  por  Jozè  Lopes 
Ferreira    171 1.    8. 

Novena  de  Santa  Clara  e/crita  ã  in/- 
tancia  das  Rjliffo/as  do  Mo/leiro  da  Ma- 
dre de  Deos  de  Moruhique  da  Cidade  do  Por- 
to. Lisboa  por  Mathias  Pereira  da  Syl« 
va,  e  Joaõ  Antunes  Pedrofo.  1720. 
12. 

Memoria  dos  In/antes  D.  Affon/o  San- 
ches e  D.  Tereja  Martins,  Fundadores  do 
Rjeal  Mofieiro  de  Santa  Clara  da  Villa  do 
Conde.  Lisboa  por  António  Manefcal  Im- 
preíTor   do    Santo    Offido    1726.    4. 


FERNANDO  DE  SOUSA  natural  de 
Villa- Viçofa,  filho  de  Martim  Affonfo  de 
Soufa,  Alcayde  mòr  de  Monte-Alegie, 
e  de  Dona  Joanna  de  Távora,  filha  de 
Vafco  Fernandes  Caminha,  Alcayde  mòr 
de  Villa- Viçofa.  Foy  fenhor  de  Gouvea, 
Alcayde  mór  de  Monte-Alegre,  Commen- 
dador  de  Santa  Maria  de  Biade  na  Ordem 
de  Chrillo,  e  Vedor  da  Caza  do  Sereni- 
íTimo  Duque  de  Bragança  D.  Theodozio  II. 
donde  foy  eleito  no  anno  de  1627.  Gover- 
nador, e  Capitão  General  do  Reyno  de 
Angola.  Cazou  com  Dona  Maria  de  Caf- 
tro,  filha  de  Dom  Simaõ  de  Caítro,  fenhor 
de  Roris,  e  Dona  Margarida  de  Menezes, 
de   quem   teve   entre   outros   filhos   a  Tho- 


58 


B IB  LIO  THE  C  A 


mè  de  Soufa,  Trinchante,  e  Vedor  da  Caza 
Real,  e  a  Diogo  de  Soufa,  que  de  Depu- 
tado do  Confelho  Geral  do  Santo  Offi- 
cio,  foy  aíTumpto  ao  Arcebifpado  de  Évora. 
Entre  os  eftudos,  que  cultivou  lhe  mere- 
cco  mayor  applicaçaõ  a  Genealogia,  efcre- 
vendo 

Nobiliário  das  Familias  de  Portugal,  foi.  4. 
Tom.  Confervaõ-fe  na  Livraria  do  Excellentif- 
íimo  Conde  do  Redondo  Fernando  de  Soufa 
3.  neto  do  Author. 

D.  Fr.  FERNANDO  DE  TÁVORA 
natural  da  Villa  de  Santarém,  e  filho  de 
Fernando  Cardofo,  de  fangue  taõ  illuftre, 
como  judiciofo  talento,  pelo  qual  mereceo 
diftintas  eftimaçoens  d'ElRey  D.  Joaõ  o  III. 
e  de  Filippa  de  Brito  de  igual  nobreza  à 
de  feu  conforte.  Defprezando  heroicamente 
as  efperanças  do  mundo,  abraçou  o  fa- 
grado  Inílituto  da  Ordem  dos  Pregadores 
(cujo  exemplo  feguio  feu  irmaõ  mais  ve- 
lho Fr.  Henrique  de  Távora,  de  quem  fe 
fará  mençaõ  em  feu  lugar)  profeflando  em 
o  Real  Convento  de  Bemfica  a  6.  de  Abril 
de  1555.  nas  mãos  daquelle  infigne  Va- 
rão Fr.  Bartholameu  dos  Martyres,  que  de- 
pois illuílrou  a  Mitra  primacial  de  Braga, 
e  com  a  difciplina  de  taõ  venerável  Mef- 
tre  fe  fez  exemplar  da  vida  religiofa,  que 
praticou  aufteramente,  quando  inílruio  com 
os  feus  documentos  aos  Noviços  do  Con- 
vento de  Lisboa,  e  fendo  Prior  do  Con- 
vento de  Bemfica.  Foy  dotado  de  huma 
natural  graça,  e  eloquência,  com  que  no 
púlpito,  e  na  converfaçaõ  attrahia  fuave- 
mente  a  todos  os  ouvintes.  Na  Arte  da 
pintura  foy  infigne,  deixando  para  memoria 
do  feu  pincel  féis  grandes  quadros  pinta- 
dos a  frefco  no  Convento  de  Bemfica,  obra 
certamente  que  podia  competir  com  os 
mayores  profeíTores,  que  venerou  a  antí- 
guidade.  Em  attençaõ  às  fuás  letras  illuf- 
tradas  com  grandes  virtudes  o  nomeou  El- 
Rcy  D.  Sebaíliaõ  Bifpo  da  Qdade  do  Fun- 
chal, Capital  da  Ilha  da  Madeira,  em  que 
foy  confirmado  pelo  Pontífice  S.  Pio  V.  a 
14.  de  Novembro  de  1569.  para  onde  naõ  par- 
do receando  os  perigos  do  mar.  Retirado  ao 
Convento  de  Azeitão,  e  renunciando  o  Bifpado 


fe  preparou  para  a  eternidade,  de  que  foy 
tomar  poíTe  no  anno  de  1577.  a  tempo 
que  ElRey  D.  Sebaíliaõ  o  tinha  eleito  feu 
Efmoler  mòr.  Delle  fazem  illuftre  lem- 
brança Fr.  ■  Luiz  de  Soufa.  Hiji.  da  Ord. 
de  S.  Domingos  da  Prov.  de  Port.  Part.  2. 
liv.  2.  cap.  12.  Em  matéria  fubita,  e  naõ 
cuidada  encantava  a  agude:(a  dos  conceitos,  que 
lhe  acudiaÕ  .  .  .  onde  elle  faltava  era  mujica, 
que  levava  trás  fi  tudo.  Nicol.  Ant.  bib. 
Hifp.  Tom.  I.  pag.  298.  col.  2.  eruditione, 
ac  morum  probitate  excellens.  Quetif.  Script. 
Ord.  Prad.  Tom.  2.  p.  248.  col.  i.  Virum 
fortem,  nec  litteris  tantum,  fed  pietate  maximum 
evajit.  Vafconcel.  Hijlor.  de  Sant.  Edificad. 
liv.  2.  cap.  35.  muito  eftimado  d'E/Rey  D. 
SebaJliaÕ  pela  fua  grave  eloquência,  e  parti- 
cular graça  no  modo  de  fallar,  e  Souf.  Ca- 
thal.  dos  Bijpos  do  Funchal.  §.  5.  era  dotado 
de  eloquência,  e  graça  natural  no  modo  de  fallar, 
Cardof.  Agiolog.  Ijifit.  Tom.  3.  pag.  302. 
no  Comment.  de  17.  de  Mayo  letr.  E. 
Faria  Europ.  Portug.  Tom.  3.  Part.  4.  cap. 
6.  Joan.  Soar.  de  Brit.  Theatr.  Eufit.  Utter. 
lit.  F.  n.  24.  Monteir.  Claufl.  Domin.  Tom. 
5.   pag.   207.    Compoz 

Commentaria  in  Evangelium  D.  Joannis.  Co- 
meça Joannis  Evangelium  poflerius  fcriptum.  Naõ 
fahio  à  luz  publica  por  caufa  da  morte  de  feu 
Author. 

D.  FERNANDO  TELLES  DE 
FARO  naceo  em  Lisboa  de  illuftres  pro- 
genitores, quaes  foraõ  D.  Braz  Telles  de 
Menezes,  fenhor  da  Villa  de  Lamerofa, 
Commendador  de  N.  Senhora  de  Companha, 
e  S.  Romaõ  de  Mouris  da  Ordem  de  Chrifto, 
Capitão  General  de  Mazagaõ  e  Ceuta,  e 
Dona  Catharina  Maria  de  Faro  fua  terceira 
mulher,  filha  herdeira  de  D,  Fernando  de 
Faro  Henriques,  fenhor  de  Barbacena, 
Commendador  de  Santa  Maria  de  Almen- 
dra, e  de  Dona  Joanna  de  Gufmaõ.  O 
preludio  das  fuás  acçoens  militares  fe  admi- 
rou na  Praça  de  Mazagaõ,  para  onde  par- 
do com  feu  Pay  no  anno  de  1614.  da 
qual  fendo  transferido  para  a  de  Ceuta, 
nella  exercitou  o  lugar  de  Governador 
atè  ,  lhe  fucccdcr  D.  Francifco  de  Almei- 
da.     Naõ    permidndo    que    cftiveflc    ócio- 


L  U  SITAN  A. 


59 


Ib  o  feu  valor,  paíTou  a  Flandes  em  cujas 
campanhas  deixou  perpetuada  a  fua  me- 
moria. Reílituido  a  Portugal  ao  tempo 
que  tinha  aclamado  por  feu  Soberano  ao 
SereniíTimo  Duque  de  Bragança  D.  Joaõ, 
continuou  o  exercício  da  guerra  fendo  Ca- 
pitão de  cavallos  na  Província  do  Alen- 
tejo, e  depois  Governador  de  Campo-Mayor 
em  o  anno  de  1647.  e  Meftre  de  Campo 
do  Terço  da  Armada,  que  navegou  ao 
Brazil  para  expulfar  os  Olandezes  dos  feus 
domínios.  A  Rainha  Regente  Dona  Luiza 
Francifca  de  Gufmaõ  o  nomeou  em  o  anno 
de  1659.  Embaixador  aos  Eftados  Geraes 
para  ajuftar  as  pazes  com  efta  Coroa,  em 
cuja  negociação  efquecido  das  obrigaçoens 
do  fangue,  que  lhe  animava  as  veyas,  e 
da  fidelidade  jurada  ao  feu  verdadeiro  Prín- 
cipe, entregou  com  eterna  injuria  do  feu 
nome  a  Embaixada  ao  Minlílro  de  Caf- 
tella,  por  cuja  infame  perfídia  foy  degol- 
lado  em  eílatua,  que  reduzio  a  cinzas  o 
fogo,  confifcados  os  feus  bens,  e  arraza- 
das  as  cazas  de  fua  habitação,  onde  fe 
collocou  hum  padraõ  para  eterna  memo- 
ria de  taò  feyo  deliâo.  Tanto  que  conhe- 
ceo  que  em  Portugal  fe  tinha  penetrado  o 
feu  deíignio  fe  retirou  para  Flandes  com 
o  titulo  de  Conde  de  Arada,  que  em  pre- 
mio da  fua  perfídia  lhe  dera  Filippe  IV. 
e  continuando  a  fervir  nos  exércitos  de 
Flandes,  falleceo  no  anno  de  1670.  Foy 
cazado  com  Dona  Marianna  de  Noronha, 
filha  herdeira  de  Chriílovaõ  Soares,  Com- 
mendador  de  S.  Cofme,  e  Damiaõ  de  Azere, 
e  S.  Pedro  de  Merlim  da  Ordem  de  Chriíto, 
do  Confelho  de  Filippe  III,  e  IV.  e  feu 
Secretario  de  Eftado  de  Portugal,  e  de 
Dona  Catherina  de  Noronha,  filha  de  Dom 
Francifco  Pereira,  Comendador  do  Pinheiro, 
de  quem  teve  fomente  a  Braz  Telles  de 
Menezes,  que  cazando  com  Dona  Antó- 
nia Margarida  de  Caílello-Branco,  de  quem 
teve  a  Manoel  Telles  de  Menezes,  fe  reco- 
Iheo  em  a  Religião  da  Terceira  Ordem  de 
S.  Francifco,  onde  piamente  morreo.  Fa- 
zem mençaõ  de  Fernando  Telles  de  Faro 
o  Conde  da  Ericeira  Dom  Luiz  de  Menezes 
Porí»g.  Kejlaurad.  Part.  2.  Uv.  4.  pag.  269. 
D.   Luiz   Salazar.   Hiji.   Gmealog.   de  la  Ca^. 


de  Sylv.  liv.  9.  cap.  24.  Franckenau  Bib. 
Hifp.  Genealog.  Herald,  pag.  117.  Clede 
Hiftor.  de  Porfug.  Tom.  2.  pag.  mihi  187. 
e  Soufa  Hijlor.  da  Caf^a  Real  Porfug.  Tom. 
9.  liv.   8.  pag.   634.    Publicou 

Manifejlo  em  que  pertende  jufiificar  as  cau- 
fas  de  fua  perfídia.  Sahio  impreífo  como 
afíirma  Menezes  Porfug.  Kejlaurad.  Part.  2. 
pag.    272. 

Arbol  Genealógico,  j  rejumen  breve  de  la 
varonia  de  Feman  Teles  de  Faro.  Madrid  por 
Diogo    Dias    de   la   Carrera    1661.    4. 

FERNANDO  TELLES  DE  MENE- 
ZES natural  da  Villa  de  Santarém,  e  quarto 
filho  de  Braz  Telles  de  Menezes,  Alcaide 
mòr  de  Moura,  Camareiro  mòr,  e  Guarda 
mòr  do  Infante  D.  Luiz,  e  de  Dona  Ca- 
therina de  Brito,  filha  de  Ruy  Mendes  de 
Brito,  e  Dona  Margarida  Figueira  fua  fe- 
gunda  mulher.  Para  exercitar  os  feus  mar- 
ciaes  efpiritos,  e  alcançar  immortal  gloria,  a 
que  o  eftimulava  a  memoria  de  feus  claros 
afcendentes,  palTou  à  índia  no  anno  de 
1566.  e  a  primeira  occafiaõ,  em  que  deu 
famofos  argumentos  do  feu  valor,  foy  fendo 
Capitão  de  huma  Fuíla  da  Armada,  com 
que  no  anno  de  1568.  abateo  o  Vice-Rey 
D.  Antaõ  de  Noronha  o  orgulho  da  Rai- 
nha de  Olaia,  que  fe  tinha  levantado  con- 
tra o  Eftado.  Naõ  moftrou  inferior  esforço 
na  expedição  ordenada  no  anno  1570.  pelo 
Conde  da  Atouguia  D.  Luiz  de  Attayde 
para  livrar  do  fitio  a  Fortaleza  de  Chaúl, 
deixando  fepultados  debaixo  dos  feus  mxiros 
innumeraveis  inimigos.  Sendo  eleito  pelos 
Governadores  deíle  Reyno,  Governador  do 
Eftado  da  índia,  praâicou  todas  aquel- 
las  máximas  politicas,  que  eraõ  conducen- 
tes para  a  confervaçaõ,  e  credito  das  Ar- 
mas Portuguezas.  Chegando  á  índia  com 
o  lugar  de  Vice-Rey  D.  Francifco  Maf- 
carenhas  Conde  de  Santa  Cruz,  lhe  en- 
tregou o  governo,  e  chegando  a  Lisboa 
naõ  foy  dignamente  remunerado  como 
pediaõ  os  feus  grandes  merecimentos,  ain- 
da que  exercitou  os  lugares  de  Gover- 
nador, e  Capitão  General  do  Reyno  do 
Algarve,  General  da  Armada  do  Con- 
fulado,      Confelheiro      de      Eftado,      Rege- 


6o 


BIB  LIOTHE CA 


dor  da  Caza  da  Supplicaçaõ,  e  Preziden- 
te  do  Confelho  da  índia,  Commendador 
de  Santa  Maria  de  Louzãa  da  Ordem  de 
Qirifto,  e  de  Moura  em  a  Ordem  de 
AvÍ2.  Foy  cazado  com  Dona  Maria  de 
Noronha,  Dama  da  Rainha  D.  Catherina 
filha  mais  velha  de  D.  Francifco  de  Faro 
4.  Senhor  de  Vimieiro,  Vedor  da  Fazenda 
d*ElRey  D.  SebaíHaõ,  do  Confelho  de  Ef- 
tado,  e  de  Dona  Mecia  de  Albuquerque 
Henriques,  Senhora  de  Barbacena,  de  quem 
naõ  teve  fucceíTaõ.  Para  eternizar  o  ar- 
dente afFefto  que  tinha  á  Companhia  de 
JESUS,  fundou  no  anno  de  1597.  em  Lis- 
boa o  Noviciado  com  o  titulo  de  N.  Se- 
nhora da  AíTumpçaõ  íltuado  em  huma  fua 
Quinta  em  Campo-Lide,  o  qual  fe  mudou 
para  o  fitio  da  Cotovia,  onde  agora  exiíle. 
Falleceo  em  Lisboa  a  26.  de  Novembro 
de  1605.  fendo  tresladado  da  Sancriília  da 
Caza  ProfeíTa  de  S.  Roque  para  o  Novi- 
ciado da  Cotovia,  onde  na  Capella  mòr  ao 
lado  do  Evangelho  defcançaõ  as  fuás  cinzas 
fobre  hum  magnifico  Maufoleo  aífentado 
fobre  dous  Elefantes,  no  qual  juntamente 
eftaõ  os  oíTos  de  fua  illuílre  conforte,  com 
eíle    epitáfio. 

yiqui  Jaz  FemaÕ  Te//e:(^  de  Menef^es  fi- 
lho de  Bra:^  Telles  de  Menet(es  Camareiro 
mòr,  e  Guarda  mòr,  e  Capitão  dos  Ginetes, 
que  foy  do  Infante  D.  Lí/iZf  e  de  Dona  Ca- 
therina de  Brito  fua  mulher,  o  qual  foy  do 
Confelho  do  Eflado  d'El-Rej  Nojfo  Senhor, 
e  governou  os  EJiados  da  índia,  e  o  Reyno  do 
Algarve,  e  foy  Regedor  da  Jujliça  da  Cai(a 
da  Supplicaçaõ,  e  Prefidente  do  Confelho  da 
índia,  e  partes  Ultramarinas.  E  fua  mu- 
lher Dona  Maria  de  Noronha  filha  de  D.  Fran- 
cifco de  Faro  Vedor  da  Fa:(enda  dos  Reys  D. 
SebafliaÕ,  e  D.  Henrique,  e  de  Dona  Mecia 
de  Albuquerque  fua  primeira  mulher,  os  quaes 
fundaras,  e  dotáraÒ  efla  Can^a  da  Provação 
da  Cõpanhia  de  JESU,  e  tomarão  efla  Capella 
mòr  para  feu  Jas^igo.  Falleceo  Fernão  Tel- 
les de  Menet^es  a  XXVI.  de  Novehro  de 
MDCV.  e  Dona  Maria  de  Noronha  a  VIL 
de  Março   de   MDCXXIII. 

Fazem  delle  particular  memoria  D. 
Luiz  Salaz.  e  Caílr.  Hifl.  Gen.  de  la  Caf 
àe  Sylv.   liv.    9.    cap.    14.   Faria   Afia    Por- 


tug.  Tom.  2.  Part.  3.  cap.  3.  §.  2.  e  cap. 
9.  §.  2.  e  9.  cap.  10.  §.  8.  cap.  20.  per 
totum.  Tom.  3.  Part.  i.  cap.  i.  §.  2.  Her- 
rera  Conquifl.  de  los  Affor.  liv.  3.  foi.  139. 
e  liv.  4.  foi.  181.  Cardof.  Agiolog.  Lu- 
fit.  Tom.  3.  pag.  196.  no  Comment.  de 
15.  de  Mayo.  letr.  M.  Franco  Imag.  da 
virtud.  em  o  Noviciad.  de  Usboa.  liv.  i.  cap. 
2.  §.   I.  e  cap.  3.  §.  4.    Compoz. 

Uvro  de  Cavallarias,  que  confia  de  dous 
Cavalleiros  chamados  Nanferlefie,  e  Biãapor, 
que  era  elle  Fernaõ  Telles,  e  o  Bifpo  do 
Porto   feu   grande   amigo. 

Arte  de  Cavallaria  foi.  M.  S.  Efta  obra 
confervava  em  feu  poder  Ruy  Telles  pa- 
rente   do    Author. 

FERNANDO  TELLES  DA  SYLVA 
fegundo  Marquez  de  Alegrete  terceiro  Con- 
de de  Villar-Mayor,  Commendador  de  Rio 
mayor  na  Ordem  de  Aviz,  naceo  em  Lis- 
boa a  15.  de  Outubro  de  1662.  Foraõ 
feus  Pays  Manoel  Telles  da  Sylva  primeiro 
Marquez  de  Alegrete,  fegundo  Conde  de 
Villar-Mayor,  Vedor  da  Fazenda,  Regedor 
da  Caza  da  Supplicaçaõ,  Gentil-homem  da 
Camará,  e  do  Confelho  de  Ellado  dos  Sere- 
niíTimos  Monarchas  D.  Pedro  II.  e  D. 
Joaõ  V.  Embaixador  Extraordinário  à  Corte 
do  Eleitor  Palatino,  e  Dona  Luiza  Couti- 
nho filha  de  D.  Nuno  Mafcarenhas  Senhor 
de  Palma,  e  Alcayde  mór,  e  Comenda- 
dor de  CafteUo  de  Vide,  e  de  Dona  Britei 
de  Menezes  de  Caílello-Branco,  filha  de 
D.  Francifco  de  Caílello-Branco  fegundo 
Conde  do  Sabugal,  e  Meirinho  mòr  do 
Reyno.  Com  os  gloriofos  exemplares  de 
taõ  efclarecidos  afcendentes  fe  formou  o 
feu  efpirito  para  fer  exemplar  da  Fidal- 
guia Portugueza,  ou  foíTe  no  exercício  das 
Artes  liberaes,  ou  na  pratica  de  acçoens  reli- 
giofas.  Na  primeira  idade  cultivou  com 
tanto  difvelo  as  letras  humanas,  e  a  Poefia, 
aflim  vulgar,  como  latina,  que  para  ter  con- 
tinuo comercio  com  as  Mufas  lhe  deu  por 
habitação  o  feu  Palácio.  Entre  as  linguas 
mais  polidas,  que  fallou  com  elegância,  e  pro- 
priedade alcançou  o  principado  da  Latina, 
obfervando  exaâamente  por  direftor  da  pu- 
reza defte  idioma  ao   Príncipe   da  eloquen- 


I 


L  USITAN A. 


õi 


cia    Romana,    cujo    mageftofo    eítílo    feguio 
com  efcnipulofa  imitação.    Ainda  naõ  con- 
tava  vinte   annos,   quando   em  as   florentif- 
fimas   Academias   dos   Infiantaneos ,   e   Genero- 
Jos  fe  ouviaõ  com  igual  applaufo,  que  en- 
veja    as     elegantes     producçoens     dos    feus 
Difcurfos   Oratórios.    Depois   de  fer  Depu- 
tado  da   Jimta   dos   Três   Eftados,   acompa- 
nhou no  anno  de  1704.  a  ElRey  D.  Pedro, 
quando    paíTou    à    Campanha    da    Beira,    e 
nella   foy   hum   dos    feus    Ajudantes    Reaes. 
Para    conduzir   a    Sereniflima    Rainha    Dona 
Marianna  de  Auílria  deftinada  Ganforte  do 
noflb  Monarca  reynante,  foy  nomeado  Em- 
baixador à  Corte  de  Vianna,  onde  fez  com 
magnifico   apparato   a   fua   entrada   a   7.    de 
Junho    de    1708.    recebendo    do    Emperador 
Jozè  fingulares  fignificaçoens  de  affeôo.  Ref- 
tituido    a    Portugal    foy    Gentil-homem    da 
Camará  d'ElRey  D.  Joaõ  o  V.  Confelheiro 
de  Eílado,  e  Vedor  da  Fazenda  da  reparti- 
ção dos  Contos  do  Reyno,  e  Caza,  em  cujo 
minifterio    deu    claros    argimientos    do    feu 
selo,    e    deíinterefle.     Na    erecção    da    Real 
Academia    da    Hiíloria    Portugueza    em    o 
anno    de    1721.    foy   hum    dos    feus    Cenfo- 
les,    a    quem    fe    deu    por   incumbência   ef- 
crever    a    Hiftoria    EcclefiaíUca    do    Biff)ado 
de  Elvas   na   lingua   Latina   defempenhando 
cfte  argumento   com   grande   gloria   do   feu 
nome.     Entre    o    tumulto    da    Corte    obfer- 
vou    taõ    rigidamente    a    pratica    das    virtu- 
des   moraes,    que    fempre    regulou    as    leys 
de    Cavalhero    pelos    diólames    do    Evange- 
lho.    Foy    naturalmente    afíavel,    e    urbano, 
merecendo  mayor  eílimaçaõ  em  o  feu  con- 
ceito os  homens  eruditos  como  mais  feme- 
Ihantes    ao    feu    génio    eftudiofo.     Quando 
era  confultado,  fempre  o  feu  voto  era  livre 
lem   que   a   lifonja   lhe   preocupaííe   a   reda 
intenfaõ   do  animo,   e  naõ  faltando  ao   de- 
coro    expreíTava     claramente     a     verdade. 
Cumulado    de    tantas    virtudes    ao    tempo, 
que    contava    72.    annos    de    idade,    paíTou 
a  lograr  o  prémio  delias  a  7.  de  Julho  de 
1734.     Foy    cazado    com    Dona    Helena    de 
Noronha   viuva    de    D.    Eftevaõ    de    Mene- 
zes   Senhor   da   Caza   de   Tarouca,    filha   de 
D.    Thomàs    de    Noronha,    terceiro    Conde 
dos  Arcos,  e  de  Dona  Magdalena  de  Bor- 


bon,  de  quem  teve  a  Manoel  Telles  da 
Sylva,  quarto  Marquez  de  Alegrete,  de 
quem  faremos  merecida  memoria  em  feu 
lugar;  Thomàs  Telles  da  Sylva,  Coronel 
de  Infantaria,  e  General  de  Batalha,  no- 
meado Embaixador  à  Corte  de  Madrid, 
e  do  Confelho  de  Guerra,  que  cazou  com 
fua  fobrinha  Dona  Maria  Xavier  de  Lima, 
filha  herdeira  de  Dom  Thomàs  de  Lima 
imdecimo  Vifconde  de  Villa-Nova  de  Cer- 
veira: Nuno  da  Sylva  Telles,  Thefoureiro 
mòr  do  Collegiado  de  Guimaraens,  Rey- 
tor  da  Univerfidade  de  Coimbra,  Depu- 
tado do  Confelho  Geral  do  Santo  Offi- 
do,  e  da  Meza  da  Confdencia,  e  Ordens: 
António  TeUes  da  Sylva,  General  de  Ba- 
talha, Meftre  de  Campo  General  com  o 
governo  da  Artilharia  da  Provinda  do 
Alentejo,  do  Confelho  de  Guerra,  que  ca- 
zou com  Dona  Thereza  Jozefa  de  Mello, 
filha  herdeira  de  Frandfco  de  Mello,  Se- 
nhor de  Ficalho:  Dona  Marianna  de  Caf- 
tello-Branco,  que  cazou  com  Dom  Mi- 
guel Luiz  de  Menezes,  terceiro  Conde  de 
Valladares:  Dona  Izabel  Coutinho,  Reli- 
giofa  no  Convento  da  Madre  de  Deos, 
fituado  fora  dos  muros  de  Lisboa,  e  duas 
filhas     que    morrerão     na    infanda. 

Compoz. 

Emmamieli  Telkjio  Sylvio  Aíarcbioni  AJe- 
gretenfi  Parenti  fuo  maxime  colendo,  (Ò'  carij- 
fimo.  He  huma  carta  muito  extenfa  em 
applaufo  do  livro,  que  compoz  feu  Pay 
o  Marquez  de  Alegrete  intitulado  de  Relms 
Geftis  Joannis  11.  l^fitanomm  Keffs  Optimi 
Principis  nuncupati.  Sahio  imprelTa  ao  prin- 
dpio  da  obra.  Ulyffipone  apud  Michaelem 
Manefcalem  Sanai  Offidi  Typog.  1689.  4. 
&  Hagas  Comitum  apud  Adrianum  Moet- 
fens.    171 2.    4. 

Soneto  CafteUiano  em  applaufo  do  Tbea- 
tro  Hijtorico  Genealo^co,  j  Panegyrico  eri^do 
a  la  immortaliãad  de  la  ExcelentiJJima  Ca^a 
de  Sou/a.  Sahio  impreíTo  ao  prindpio  defta 
obra.  Pariz  por  Juan  Anifon.  1694. 
foi. 

Keprefentaçaõ  feita  a  Sua  Magefiade  em  nome 
da  Academia,  na  qual  lhe  a^adece  o  Decreto, 
porque  ordenou  que  fe  confervaffem  os  Monumentos 


02 


BIBLIO THE  C  A 


antigos.  No  i.  Tom.  das  CoUeçoens  da  Acad. 
Keal.  Lisboa  por  Pafchoal  da  Sylva  Im- 
preíTor  d'ElRey,  e  da  Acad.  Real.  1721. 
foi. 

António  Rodericio  Cojlio  Juo.  He  huma 
carta  muito  extenfa.  Sahio  imprefla  no 
Tomo    aíTima    efcrito. 

Oração  fendo  Diretor  da  Academia  Real 
da  Hijioria  ^ortuguev^a  na  primeira  Conferen- 
cia do  feu  fegundo  anno  em  18.  de  Det^em- 
bro  de  1721.  Lisboa  por  Pafchoal  da  Sylva. 
1722.  foi.  no  Tom.  2.  dos  Documentos  da 
Acad.    Real. 

Conta  dos  feus  efludos  Académicos ,  recitada 
no  Paço  a  7.  de  Setembro  de  1722.  No  Tomo 
aíTima   efcrito. 

Oraçaõ  na  ultima  Conferencia,  que  a  Aca- 
demia Real  fev^  no  fegundo  anno  em  9.  de  De- 
:(embro  de  1722.  foi.    No  mefmo  Tomo. 

Oraçaõ  fendo  Direííor  da  Academia  Real 
da  Hijioria  Portuguesa  na  primeira  Confe- 
rencia do  feu  terceiro  anno  em  23.  de  De;(em- 
bro  de  1722.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor. 
1725.  foi.  No  Tom.  3.  dos  Documentos  da 
Academia. 

Oraçaõ  na  presença  de  Suas  Magejlades, 
e  Alte^aSf  celebrando-fe  os  annos  da  Rainha 
nojfa  Senhora  no  dia  7.  de  Setembro  de  1723. 
Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor.  1723.  No 
Tom.    3.    dos   Documentos   da   Academia. 

Declaração  na  Conferencia  de  13.  de  Ja- 
neiro de  1724.  de  eflar  eleito  Académico  com 
approvaçaõ  de  Sua  Magefade  Lui:^  Francifco 
Pimentel  no  lugar,  que  vagou  por  morte  do 
Padre  António  Simoens.  Lisboa  pelo  dito 
ImpreíTor  1724.  No  Tom.  4.  da  Colleçaõ 
dos  Documentos  da  Academia  Real. 

Oraçaõ  na  prev^ença  de  Suas  Magejlade, 
e  Altet(as,  celebrando-fe  os  annos  da  Rainha 
noffa  Senhora  no  dia  7.  de  Setembro  de  1724. 
Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor,  e  anno  foi. 
No   Tom.   4. 

Conta  dos  feus  efludos  Académicos  no  Paço 
a  -j.  de  Setembro  de  1725.  Lisboa  pelo  dito 
ImpreíTor.    1725.   foi.    No   Tom.    5. 

Oraçaõ  na  ultima  Conferencia,  que  fei^  a 
Academia  Real  da  Hijioria  Portuguesa  no 
dia,  em  que  acabou  o  feu  quinto  anno  a  10. 
de  Dezembro  de  1725.  Lisboa  pelo  dito  Im- 
preíTor.    No    Tom.    5. 


Oraçaõ  que  fe^  fta  primeira  Conferen- 
cia do  fetimo  anno  da  injlituiçaõ  da  Acade- 
mia Real  em  2.  de  Janeiro  de  iiz-j.  Lis- 
boa por  Jozè  António  da  Sylva  1727. 
foi.  No  Tom.  7.  dos  Documentos  da  Aca- 
demia. 

Conta  dos  feus  efludos  Académicos  no  Paço 
a  -f.  de  Setembro  de  1727.  Lisboa  pelo  dito 
ImpreíTor.  No  Tom.  7.  dos  Documentos  da 
Academia  Real. 

Conta  dos  feus  ejludos  Académicos  no  Paço 
a  7.  de  Setembro  de  1728.  Lisboa  pelo  dito 
ImpreíTor.    1728.   foi.    No   Tom.    8. 

Oraçaõ  Panegyrica  na  felicijftma  chegada 
a  ejla  Corte  da  Serenijftma  Senhora  Dona  Ma- 
rianna  Viãoria,  Princesa  do  Brasil  na  pre- 
fença  de  Suas  íiíagejlades,  e  Alteias  em  22. 
de  Março  de  1729.  Lisboa  pelo  dito  Im- 
preíTor. 1729.  No  Tom.  9.  dos  Documentos 
da    Academia. 

Declaração  na  Conferencia  de  24.  de  Março 
de  1729.  de  eflar  eleito  Académico  com  appro- 
vaçaõ de  Sua  Magejlade  Diogo  de  Mendoça 
Corte-Real,  no  lugar  que  vagou  por  morte  do 
Marques  ^^  Fronteira.  Lisboa  pelo  dito 
ImpreíTor.    1729.    foi.     No   Tom.    9. 

Conta  dos  feus  ejludos  Académicos  em  7. 
de  Julho  de  1729.  No  Tom.  9.  dos  Documen- 
tos  da    Academia. 

Oraçaõ  na  primeira  Conferencia  da  Aca- 
demia Real  do  feu  decimo  anno  a  11.  de  Ja- 
neiro de  1730.  Lisboa  pelo  dito  Impref- 
for.  1730.  foi.  No  Tom.  10.  dos  Documen- 
tos  da    Acad. 

Oraçaõ  na  ultima  Conjerencia  do  decimo 
anno  da  injlituiçaõ  da  Acad.  Real  em  9.  de 
Dezembro  de    1730.     No   Tom.    10. 

Conta  dos  feus  ejludos  Académicos  no  Paço 
a  29.  de  Outubro  de  1731.  Lisboa  pelo  dito 
ImpreíTor.  1731.  foi.  No  Tom.  11.  dos 
Docum.   da  Acad.   Real. 

Helvia  Sacra.  foi.  M.  S.  Deíla  obra 
faz  mençaõ  o  Padre  Soufa  na  Hijl.  Gen. 
da  Casa  Real  Portug.  Tom.  9.  liv.  8.  pag. 
613.  dizendo  fer  feu  ExcellentiíTimo  Au- 
thor  ornado  de  erudição,  modejlia,  inteiresa> 
eloquente  na  compojiçaõ  da  lingua  Latina,  em 
que  efcreveo  a  Hijioria  do  Bifpado  de  Elvas, 
muy  verfado  nas  boas  letras,  excellente  Poe- 
ta   ajfim   na   lingua   Latina,    como   na  própria. 


I 


! 


L  USITAN A. 


63 


FERNANDO  TUDELA  DE  CASTI- 
LHO Cavalleiro  da  Ordem  militar  de  Qirif- 
i  to  Fidalgo  da  Caza  Real,  naceo  na  Villa  de 
I  Caftello-Branco  do  Bifpado  da  Guarda  em 
o  anno  de  1631.  fendo  filho  de  Manoel  de 
Caftilho,  e  de  alaria  Tudella.  Ainda  que 
era  JuÍ2  proprietário  da  Alfandega,  queren- 
do manifeílar  o  feu  talento  em  mayores 
lugares,  depois  de  receber  o  grào  de  Ba- 
charel em  a  Faculdade  de  Direito  Cefareo 
conferido  pela  Univerfidade  de  GDimbra, 
foy  Juiz  das  Villas  de  Arronches,  e  Cea; 
Corregedor  da  Comarca  de  Miranda,  e  do 
Crime  do  bairro  do  Rocio  deíla  Corte, 
Auditor  Geral  da  Cavallaria,  e  ultimamente 
Dezembargador  em  a  Relação  do  Porto, 
donde  partindo  á  Provinda  da  Beira  com 
a  incumbência  de  varias  diligencias,  humas 
pertencentes  ao  Fifco,  outras  para  pacificar 
as  difcordias  que  haviaõ  entre  o  povo, 
e  a  Nobreza,  defempenhou  o  conceito,  que 
fe  tinha  da  fua  Litteratura,  e  prudência. 
Por  Decreto  d'ElRey  D.  Pedro  II.  foy 
Conduftor  do  Príncipe  Graõ  Meílre  da 
Ordem  Teutonica,  irmaõ  da  SereniíTima 
Rainha  Dona  Maria  Sofia  Izabel  de  Neo- 
burg,  cuja  funçaõ  fez  com  igual  credito 
da  fua  peflba,  como  defpeza  da  fua  fa- 
zenda, havendo  aíTiílido  por  Procurador  da 
Villa  de  Caftello-Branco  fua  pátria  em  as 
Cortes,  que  fe  celebrarão  em  Lisboa  no 
anno  de  1674.  Falleceo  a  20.  de  Janeiro 
de  1692.  Entre  varias  obras,  que  compoz, 
merece  diftinéta  memoria  a  feguinte  que 
confervava  em  Caftello-Branco  feu  neto 
Fernando  Tudella  de  Caftilho. 

Dijcurjo,    em   que  perfuade   a    CoroacaÕ  de 

Key  deftes   Reynos  ao   Senhor   D.    Pedro,   mof- 

trando   com    ra^oens  fundamentaes   lhe  pertencia 

a  Coroa,  logo  que  fe  julgou  com  impedimento  na- 

ral,    e  perpetuo,    incapaf(^    do   governo,    e  fuc- 

-ffaõ  o   Senhor  Kej   D.    Affonfo    VI.   M.    S. 


D.  FERNANDO  DE  VASCONCEL- 
LOS,  E  MENEZES  nafceo  em  a  Cidade 
de  Lisboa,  fendo  filho  2.  de  D.  Affonfo 
de  Vafconcellos,  e  Menezes,  primeiro  Conde 
de  Penella,  e  de  Dona  Izabel  da  Sylva, 
filha    de    D.    Lopo    de    Almeida    primeiro 


Conde  de  Abrantes.  Teve  por  paleftra  dos 
feus  eíludos  o  real  Convento  de  S.  Vi- 
cente de  Fora,  onde  foy  feu  Meftre  D.  Diogo 
Ortis  de  Vilhegas  Prior  do  mefmo  Con- 
vento, e  como  era  ornado  de  grande  ca- 
pacidade, e  agudo  engenho,  fahio  taõ  con- 
fumado  na  lingua  Latina,  Sagrada  Theolo- 
gia,  e  Cânones  Pontificios,  que  mereceo 
occupar  os  lugares  mais  honoríficos  da 
Jerarchia  Ecclefiaftica.  Nomeado  por  El- 
Rey  D.  Manoel  Prior  do  real  Convento 
de  S.  Vicente,  onde  profeffou  o  Canónico 
Inftituto  de  Santo  Agoftinho,  fubio  a  fer 
Bifpo  da  Cathedral  de  Lamego  em  o  an- 
no de  15 15.  a  qual  ornou  com  precio- 
fos  ornamentos,  e  edificou  hum  fumptuo- 
fo  Palácio  para  rezidencia  dos  feus  fuccef- 
fores.  O  mefmo  Monarcha  attendendo  aos 
feus  merecimentos  illuftrados  com  efplen- 
dor  do  nadmento,  e  profundidade  da  litte- 
ratura o  elegeo  feu  CapeUaõ  mór  por  carta 
paiíada  em  o  primeiro  de  Setembro  de 
15 16.  bautizando  em  Évora  a  28.  de  Fe- 
vereiro ao  Infante  D.  Carlos,  filho  dos  Se- 
reniflimos  Monarchas  D.  Manoel,  e  Dona 
Leonor.  Naõ  foy  defigual  a  eftimaçaõ,  que 
fez  do  feu  talento  a  mageftade  de  D.  Joaõ  III. 
confultando  fempre  o  feu  voto  em  todas  as 
matérias  cõcernentes  à  confervaçaõ  da  Mo- 
narchia.  Depois  de  aíTiftir  ao  Juramento 
do  Príncipe  D.  Manoel  a  13.  de  Junho 
de  1535.  foy  eleito  Inquizidor  Geral,  cuja 
dignidade  lhe  confirmou  Paulo  III,  a  23. 
de  Mayo  de  1536.  Foy  huma  das  prin- 
dpaes  peffoas,  que  acompanharão  a  El- 
Rey  Dom  Joaõ  o  III.  quando  partio  de 
Évora  a  23.  de  Abril  de  1537.  afliftir  em 
Villa- Viçofa  aos  auguftos  defpozorios  de 
feu  irmaõ  o  Infante  D.  Duarte  com  a 
Senhora  Infanta  Dona  Izabel,  filha  do  Du- 
que de  Bragança  D.  Jayme,  como  elegan- 
temente o  exprimio  neftas  vozes  métricas 
o  infigne  Juris-Confulto,  e  celebre  Poeta  o 
Doutor  IManoel  da  Cofla  in  Epithalam.  Eduard. 
Infanf.  Portug.  atque  Ifabella. 
Sed    non    indi£tus    L.amacenjis    Praful    abi- 

bit 
Femandus  cujus  niveo  diftinãa  colore 
Brachia,    candoremque    animi,     baculumque    no- 

tabant, 


64 


BIBLIO THE  C  A 


Secura/que  pajcit  oves:  ut  mandere  t erram 
Cogantiir  rábido  ore  lupi,  longeque  recedant. 
Vagando  o  Arcebifpado  de  Lisboa  por 
morte  do  SereniíTimo  Infante  Cardial  D. 
Aífonfo  lhe  fuccedeo  em  taõ  fublime  dig- 
nidade, em  que  foy  confirmado  pela  San- 
tidade de  Paulo  III.  a  26.  de  Setembro 
de  1540.  Conduzio  com  grande  pompa 
em  o  anno  de  1545.  a  Caílella  a  Princeza 
Dona  Maria,  quando  fe  foy  defpozar  com 
o  Príncipe  D.  Filippe  filho  dos  Empera- 
dores  Carlos  V.  e  Dona  Izabel.  Em  7. 
de  Dezembro  de  1552.  lançou  as  bençoens 
nupciaes  aos  dous  auguílos  Confortes  o 
Príncipe  D.  Joaõ,  e  a  Sereniffima  Dona 
Joanna  de  Auftria  Pays  d'ElRey  D.  Sebaf- 
tiaõ,  a  cujo  Príncipe  conferio  o  Sacra- 
mento da  confirmação  a  16.  de  Junho  de 
1557.  Como  experímentaíTe  em  diverfas 
occafioens  declarado  o  animo  do  Cardial 
D.  Henrique  contra  a  fua  PeíToa,  querendo 
como  prudente  evitar  perniciofas  confe- 
quencias  o  averbou  de  fofpeito  na  pre- 
zença  do  Summo  Pontífice  Paulo  IV.  naõ 
fomente  dos  negócios  pertencentes  a  elle, 
mas  ainda  aos  feus  parentes.  Nos  últi- 
mos annos  fe  retirou  para  o  lugar  de  San- 
to António  do  Tojal  diílante  três  legoas 
de  Lisboa,  onde  edificou  Igreja,  e  cazas 
capazes  para  habitação  dos  feus  fuceíTo- 
res.  Deixou  a  vida  caduca  pela  eterna 
a  7.  de  Janeiro  de  1564.  quando  contava 
83.  annos  de  idade.  Jaz  fepultado  na  Ca- 
pella  mòr  da  fua  Cathedral  com  efte  epi- 
táfio, em  que  eftà  diminuto  o  numero  dos 
annos   que  viveo. 

Aqui  jàs  enterrado  D.  Fernando  filho  de 
D.  Affonjo  primeiro  Conde  de  Penella  Arce- 
bifpo  de  Usboa  Capellaô  mòr  d'E/Rey  D. 
Manoel,  e  de  feu  filho  D.  JoaÕ  o  III.  e  d'EJ- 
Rey  D.  Sebafiiaô  nojfo  Senhor;  viveo  77.  an- 
nos e  mejo,  faleceo  a  "j.  de  Janeiro  de 
M.D.LXIIII. 

Fazem  memoría  defte  illuílre  Prelado 
Andrada.  Chron.  d'ElRey  D.  Joaõ  o  III. 
Part.  I.  cap.  9.  e  93.  D.  Fr.  Thom.  de 
Faría  Decad.  1.  lib.  9.  cap.  5.  D.  Nicol. 
de  Sant.  Mar.  Chron.  dos  Coneg.  Kegjrant. 
liv.  II.  cap.  9.  Leitaõ  Mem.  Chronol.  da 
Univ.  de  Coimb.  pag.  474.  §.  1018.    Carvalho 


Corog.  Poríug.  Tom.  3.  pag.  347.  Bar- 
bofa.  Mem.  Polit.  e  Militar.  d'ElRey  D. 
Sebafiiaô.  Part.  i.  liv.  i.  cap.  i.  c  cap.  4. 
Compoz. 

Nobiliário  das  Famílias  de  Portugal  foi. 
M.  S. 

Efiatutos  da  Sè  de  Lamego. 

Voto  politico  muito  douto,  e  extenfo  a  EJ- 
Rey  D,  Joaõ  o  III.  Jobre  a  perda  do  Cabo 
de    Guè. 

Carta  efcrita  ao  me/mo  Príncipe  Jobre  a 
prohibiçaõ   das    mulas. 

Carta  ejcríta  ao  Summo  Pontífice  à  cerca 
das  decimas,  que  haviaõ  pagar  os  Ecclejiafticos 
de  Portugal  para  a  guerra  contra  o  Turco. 
M.  S. 

Relação  da  jornada  que  fe:^,  quando  condttfio  a 
Princesa  Dona  Maria  à  Cafiella.  M.  S. 

Kepofia  aos  Capítulos,  que  por  ordem  d'El- 
Rej  D.  Joaõ  o  III.  deu  o  Cardial  D.  Henrique 
aos  Prelados  do  Rejno. 

Capítulos  de  fuspeição  contra  o  Cardial 
D.  Henrique  aprefentados  ã  Santidade  de  Pau- 
lo IV.  onde  fa^  hum  a  publica  confiffaÕ  dos 
feus  defeitos.  M.  S. 


' 


FERNANDO  VAZ  DOURADO  igual- 
mente perito  no  exercido  das  Armas,  fendo 
Fronteiro  nas  terras  de  Goa,  como  ver- 
fado    na    Geografia,    efcrevendo 

Mapamundo,  que  trata  de  todos  os  Rey" 
nos,  terras.  Ilhas,  que  há  na  redondev^a  da  terra 
com  Juas  derrotas,  e  alturas  por  efquadria.  Em 
Goa  1571.  foi.  O  original  fe  conferva  na 
Livraria  dos  Monges  Cartuxos  do  Convento 
de  Scala  Cíeli  de  Évora.  Confta  de  re- 
gras, e  princípios  da  Hydrographia  com  ma- 
pas de  todo  o  mundo  prímorofamente  11- 
luminados  de  cores,  e  ouro.  Huma  copia  ti- 
nha na  fua  feleóta  Livraria  o  cruditiffimo 
Jozé  de  Faría,  Secretarío  das  Mercês  d'El-  ij 
Rey  D.  Pedro  II. 

FERNANDO  XIMENES  DE  ARA- 
GAM  naceo  em  Lisboa  de  Pays  taõ 
pios,  como  illuftres,  quaes  craõ  D.  Tho- 
más  Ximenes  de  Aragaõ,  e  Dona  The*  \ 
reza  Vafques  de  Elvas,  filha  de  Anto» 
nio  Fernandes  de  Elvas,  Fidalgo  da 
Caza     Real,     c    Thefourciro    da     Infanta 


L  U SI  TANA. 


65 


Dona  Maria,  filha  do  SereniíTimo  Rey  D. 
Manoel,  de  cuja  virtuofa  efcola  fahio  edu- 
cado para  exemplar  da  vida  Eccleíiaftica. 
Depois  de  receber  o  gráo  de  Licenciado 
na  Faculdade  dos  Sagrados  Cânones  em 
a  Academia  G^nimbricenfe  obteve  o  Ar- 
cediagado  de  Santa  Qiriftina  em  a  Sé  Pri- 
macial de  Braga,  que  poíTuio  pelo  largo 
efpaço  de  40.  annos,  atè  que  o  renunciou 
em  feu  fobrinho  Jeronymo  Ximenes  de 
Aragaõ.  A  mayor  parte  de  taõ  rendofo 
Beneficio  difpendia  pelos  pobres;  e  para 
que  fe  continuaíTe  depois  de  morto  eíta 
charitativa  beneficência,  deixou  à  Caza  da 
Mifericordia  de  Lisboa  hum  legado  per- 
petuo. Foy  muito  verfado  na  lição  dos 
Santos  Padres,  e  no  eíludo  de  Poetas  vul- 
gares, como  teftemunhaõ  as  fuás  obras, 
igualmente  cheyas  de  folida  doutrina,  e 
afluência  poética.  Morreo  na  fua  pátria  a 
29.  de  Abril  de  1630.  Vir  fatis  pius,  ac 
doãus  o  intitula  Joan.  Soar.  de  Brit.  Theatr. 
iMJit.   Utter.   lit.   F.    n.    25.     GDmpoz. 

Kejlauracion  dei  hombre.  Lisboa  por  Pe- 
dro Craesbeeck.  1608.  8.  &  ibi  por  Ma- 
noel da  Sylva,  1628.  8.  He  efcrita  em  verfo 
folto  em  forma  de  Dialogo,  de  que  faõ 
interlocutores  Theofilo,  Theofophia,  e  Eccle- 
feologia. 

Doutrina  Catholica  para  injlruçaõ,  confir- 
mação dos  fieis,  extinção  das  feitas  Juperfii- 
ciofas,  e  em  particular  do  Judaifmo.  Lisboa 
por  Pedro  Craesbeeck  1625.  4.  Dedicada 
a  D.  Fernando  Martins  Mafcarenhas  Bifpo 
do  Algarve,  e  Inquizidor  Geral.  Eíla  obra 
iãhio  fegunda  vez  com  addiçoens,  e  o  tí- 
tulo   feguinte. 

Extinção  do  Judaifmo,  e  mais  feitas  fu- 
perfiiciofas,  e  exaltação  da  fó  verdadeira  Keli- 
^aÔ  Cbrifiãa  dada  por  Deos  aos  homens  para 
por  ella  ferem  falvos.  Lisboa  pelo  dito  Im- 
preflbr.  1628.  4. 

Incendium  anima,  five  abbreviatum  Ver- 
bum  ^íifericordiarum  Dei.  UlyíTipone  apud 
Petrum  Craesbeeck  1630.  16.  Dedicado 
a  D.  Francifco  de  Caftro  Liquizidor  Ge- 
ral. 

Praxis  da  Oraçaõ  Mental,  ou  exercido  efpi- 
\ritual,  e  trato  da  alma  com  Deos.    Lisboa  por 

furenço  Craesbeck.  1633.  4. 


D.  HLIPA  BORGES  BARRETO  na- 
tural da  Villa  de  Torres  Novas,  onde  na 
Parochial  Igreja  de  S.  Tiago  recebeo  a  pri- 
meira graça  a  6.  de  Janeiro  de  1661.  fendo 
filha  do  Doutor  Manoel  Borges,  e  Dona 
Izabel  de  Aguiar.  Defde  os  primeiros  an- 
nos cultivou  as  letras  humanas  com  parti- 
cular indinaçaõ  à  Poefia,  de  cuja  arte  pu- 
blicou varias  obras  dignas  de  eftimaçaõ, 
fendo  a  mayor. 

Poema  ao  cafo  fuccedido  em  Itália  na  Ci- 
dade de  Aíalafeta  a  bum  Clérigo,  que  mafca- 
rado  naõ  qui^  adorar  o  Santijfimo  Sacramento, 
M.  S.  4. 


D.    FILIPA    DE    LENCASTRE,    cujo 

nome  lhe  foy  impofto  no  bautifmo  em 
obfequio  de  fua  Avò  paterna  a  Rainha 
D.  Filipa,  mulher  do  SereniíTimo  Rey  D. 
Joaõ  o  I.  Naceo  na  Qdade  de  Coimbra 
no  anno  de  1435.  fendo  a  fexta  produção 
do  augufto  thalamo  do  Infante  D.  Pedro, 
Duque  de  Coimbra,  Governador  do  Reyno 
na  menoridade  d'ElRey  D.  AfiFonfo  V.  e 
de  D.  Izabel  de  Aragaõ  filha  de  D.  Jay- 
me,  fegundo  Conde  de  Urgel,  e  de  D. 
Izabel,  filha  de  D.  Pedro  IV.  Rey  de  Ara- 
gaõ. O  penetrante  engenho,  de  que  li- 
beral a  ornou  a  natureza,  lhe  facilitou  bre- 
vemente a  intelligenda  das  linguas  mais 
polidas,  com  as  quaes  adquirio  a  noticia 
das  mayores  fciendas,  fendo  a  fua  con- 
tinua liçaõ  a  Sagrada  Efcritura,  e  as  obras 
dos  Santos  Padres.  Illuilrada  com  as  luzes 
de  taõ  altos  documentos  defprezando  a  glo- 
ria caduca  do  mxindo,  bufcou  para  domi- 
cilio o  ReHgiofo  Convento  de  Odivellas  da 
Ordem  Ciílerdenfe,  onde  fem  profeíTar  taõ 
fagrado  Inítítuto,  fe  conftituio  perfeito  exem- 
plar da  obfervancia  mais  auílera,  bailando 
para  immortal  brazaõ  do  feu  magiílerio  efpi- 
ritual  a  Princeza  D.  Joanna  fua  fobrinha,  a 
quem  inTtruio  com  aquellas  virtudes,  que  lhe 
merecerão  o  culto  de  Beata,  com  que  he 
venerada  nos  Altares.  Animada  de  fervo- 
rofo  efpirito,  fem  lhe  caufar  impedimento 
a  foberania  da  peííoa,  e  menos  a  delica- 
deza do  fexo,  emprendeo  a  peregrina- 
ção   ao    Sepulchro    de    S.    Tiago,    para    lu- 


66 


BIB  LIO  THE  CA 


crar  as  indulgências  do  anno  Santo,  cuja 
jornada  executou  a  pè,  difpendendo  pela 
fua  maõ  copiofas  efmolas  para  remédio 
da  pobreza.  Com  heróico  animo  tolerou 
os  fataes  golpes  das  infauílas  mortes  de 
feu  valerofo  Pay  em  a  batalha  da  Alfar- 
robeira, e  do  Princepe  D.  Affonfo  feu 
fobrinho,  fazendo  do  horror  deftas  fatali- 
dades agradável  facrificio  aos  decretos  da 
Divina  Providencia.  Cumulada  de  obras 
meritórias,  quando  contava  56.  annos  de 
idade,  efpirou  placidamente  no  Convento 
de  Odivellas  a  25.  de  Julho  de  1497.  como 
efcrevem  Fr.  Chryfoftomo  Henriques  Me- 
nolog.  Cijlerc.  pag.  240.  e  o  Padre  Soufa. 
Hiji.  Gen.  da  Ca^.  Keal  Portug.  Tom.  2. 
liv.  3.  pag.  82.  e  naõ  a  11.  de  Fevereiro 
de  1493.  como  diz  o  Licenciado  Jorge 
Cardofo  Agiol.  hnfit.  Tom.  i.  pag.  404. 
no  Comment.  de  11.  de  Fevereiro,  letr.  A. 
Jaz  fepultada  na  Sancriília  do  Convento  de 
Odivellas   com  eíle  epitáfio. 

Aqui  ja^  a  Serenijfima  Senhora  D.  Fi- 
lipa, filha  do  Infant^  D.  Pedro,  e  de  fua  mu- 
lher Dona  lí^abel,  neta  d'ElRej  D.  JoaÕ 
o  I.  Viveo,  e  morreo  recolhida  nejle  Con- 
vento. 

Louvaõ  a  fua  memoria  com  vários  elo- 
gios os  Authores  feguintes  Carol.  Vifch. 
Bib.  Cijierc.  In  lingua  latina  apprime  ver- 
fata  fuit.  Henriques  Menol.  Cijlerc.  pag. 
240.  multipUci  fcientia,  <&  admiranda  San^i- 
tate,  e  na  Coron.  Sacr.  Cijlerc.  pag.  286. 
Tenia  un  génio  agndijftmo,  y  anji  fe  diò  ai  ef- 
ttidio  de  las  letras.  Joan.  Soar.  de  Brit. 
Theatr.  luufit.  Utter.  lit.  P.  n.  53.  non 
minus  virtutibus,  quàm  eruditione  pradita.  Bu- 
celin.  Menol.  Benediã.  ad  25.  Julii.  Quin 
€^  raro  exemplo  multipUci  fcientia  effulgens 
ut  Uíterarum  Jludiis  addiãijftma  fuit,  (ò"  in 
latina  lingua  non  vulgariter  edoíía  varia  opera 
edidit,  iifque  praclaris  ingenii  Regii  monumentis 
atemam  pojieris  memoriam,  Juique  nominis  admi- 
rationem  reliquit.  Fr.  Franc.  da  Nat.  l^nit. 
da  Dor.  pag.  309.  foy  verfada  em  diferentes 
linguas.  Soufa.  Hifl.  Gen.  da  Ca^.  Real  Por- 
tug. Tom.  2.  liv.  3.  pag.  80.  Princesa,  em 
quem  a  naturev^a  ajudada  da  Divina  ^aça  en- 
cheo  de  perfeiçoens,  de  fciencia,  e  virtude,  por- 
que  em   huma,   e   outra   exercitou  a  fua   vida. 


Damiaõ  de  Froes  Theatr.  Her.  Tom.  i. 
pag.  361.  Na  liçaÕ  da  Efcritura,  e  Santos 
Padres  fe  divertia  com  gojlofa,  e  continua  ap- 
plicaçaô,  e  efpirituaes  documentos  ,  de  que  fe 
achavaõ  enriquecidas  algumas  obras,  que  fe 
acharão  por  fua  morte  de  grande  piedade,  e 
fagrada  erudição.  Cardofo  Agiolog.  iMfit. 
Tom.  I.  pag.  404.  Senhora  de  altos  mereci- 
mentos por  fms  raras  perfeiçoens,  e  fingulares 
virtudes.  Maris  Dialog.  de  var.  HiJi.  Dialog. 
4.  cap.  23.  Nun.  de  Leaõ.  Elog.  dos  Reys 
de  Portug.  foi.  43.  Franc.  de  Santa  Ma- 
ria Chron.  dos  Coneg.  Secul.  liv.  2.  cap. 
19.  Foj  fenhora  de  ef clareadas  virtudes,  mwf 
verfada  em  diferentes  linguas. 

Compoz 

Nove  EJlaçoens,  ou  Meditaçoens  da  Pai- 
xão, muy  devotas  para  os  que  vit^^itaõ  as  Igre- 
jas Quinta  Jeira  de  Endoenças.  Sahiraõ  im- 
preíTas  no  Reynado  da  Rainha  D.  Ca- 
tharina,  mulher  d'ElRey  D.  Joaõ  o  III. 
Concelho,  e  voto  da  Senhora  Dona  Filippa, 
filha  do  Injante  D.  Pedro  fobre  as  Terçarias,  e 
guerras  de  Cajiella.  Lisboa  por  Lourenço  de 
Anvers.  1643.  4- 

Praãica   feita    ao    Senado    de    Lisboa    em 
tempo  que  receava  algum   tumulto.    M.    S. 

Traduzio   da  lingua  Latina  em  a  Portu- 
gueza. 

Tratado   da   vida  folitaria,   compofto  por  S. 
Loiírenço  Jujiiniano. 

Traduzio  da  lingua  Franceza  em  a  materna. 
Evangelhos,  e  Homilias  de  todo  o  anno. 
Efte  livro  efcrito  pela  própria  maÕ  da 
Infanta  com  varias  imagens,  e  figuras  de- 
buxadas, em  cuja  arte  era  infigne,  deixou 
como  ultimo  penhor  do  feu  affefto  ao  Con- 
vento de  Odivellas,  onde  fc  confcrva  com 
grande  veneração.  No  fim  eftaõ  efcritos 
eftes  verfos  da  Authora,  que  teftemu- 
nhaõ  os  feus  ardentes  aíleâos  para  com 
Deos. 

Non  vos  firvo,  non  vos  amo,  ' 

Mas  de:^ejovos  amar  * 

De  fempre  vojfa  me  chamo 

Sem  quem  non  há  repout^ar. 

O'  vida,  lume,  e  Lu^i 

Infinito  Bem,  e  inteiro 

Meu  JESU  Deos  verdadeiro 


L  USITANA. 


67 


Por  mim  morto  em  a  Crut^. 
Se  mim  mejma  naÕ  de/amo, 
Non  vos  pojfo  bem  amar 
A.  me  ajudar  vos  chamo 
Para  faber  repoufar. 

nUPPA  NUNES  naceo  na  Cidade  de 
Évora,  onde  teve  por  Pays  a  Manoel  Gre- 
lho Sotto,  e  Dona  Antónia  de  Aboim. 
Foy  igualmente  perita  no  idioma  latino, 
como  déftra  em  tocar  todos  os  inílrumen- 
tos  regulados  pelos  preceitos  da  muíica. 
Efcreveo  conforme  dÍ2em  o  Author  do 
í  Tbeatr.  Heroin.  Tom.  i.  pag.  288.  e  Diogo 
Manoel  Ayres  de  Azevedo  Portug.  llluftrad. 
pelo  fexo  feminino,    pag.    93. 

Vita  Trium  Kegnm.  M.  S. 

Epitom.  dd  las  Hijlorias  Portug.  M.  S. 

Sor.  FILIPPA  DE  S.  TIAGO  natural 
\  do  lugar  de  Alcongoíla,  termo  da  Villa 
da  Q)vilhãa,  e  Religiofa  do  Seráfico  Con- 
vento de  S.  Francifco,  fituado  na  Villa  de 
S.  Vicente  da  Beira,  onde  foy  AbadeíTa. 
A'  fua  diligente  applicaçaõ  deve  a  Ordem 
Seráfica  a  noticia   da 

Fundarão  do  Convento  de  S.  Vicente  da 
Beira,  authenticada  com  tefiemunhas  no  anno  de 
161 8.  jEVtf  propriedade  das  allegaçoens  (diz  o 
I  Author  do  Theatr.  Heroin.  Tom.  i.  pag. 
287.)  fe  admira  quanto  era  noticio/a,  e  no  ejiilo 
ã/creta.  Defta  obra,  como  de  fua  Authora 
fe  lembra  Fr.  Fernando  da  Soledad.  Hijl. 
Seraf.  da  Provinc.  de  Portug.  Part.  5.  liv.  i.  cap. 
53-  n.  232. 

Fr.  FILIPPE  DE  ABREU  filho  de  Gre- 
gório  da  Fonfeca,   e   Beatriz  de  Negreiros, 
nafceo    em    a    Villa    de    Torres    Vedras    do 
Patriarchado     de    Lisboa;    e    na    idade    da 
adolefcencia    recebeo    o    habito    de    Eremita 
AuguíHniano   no   Convento   de   N.    Senhora 
•   da   Graça    defta    Corte    a    14.    de    Julho    de 
i    161 6.     O    génio    que    tinha    para    as    letras 
o  elevou  depois   de  as   didkr  aos   feus   do- 
meíHcos  ao  gráo  de  Doutor  Theologo  em 
j  a  Univerfidade  de  Coimbra  a  25.  de  Julho 
de  1635.  à  qual  fervio  de  grande  efplendor, 
quando   foy   Lente   da   Cadeira   primaria   da 
Efcritura,    de    que    tomou   poíTc    a    16.    de 


Abril  de  1647.  e  logrou  os  privilégios  de 
Lente  de  Vefpera  de  Theologia  concedi- 
dos a  24.  de  Abril  de  1659.  Falleceo  em 
Coimbra  a  11.  de  Mayo  de  1659.  ^  ^^ 
Collegio  da  fua  Ordem  tem  gravado  o  fe- 
guinte  epitáfio. 

Fr.  Philippum  de  Abreu,  Doãorem  Theo- 
logum  in  hac  Academia  Sacra  Biblia  Prima- 
rium,  imo  Oraculum,  fpeculativa  Vefperarium, 
fed  Principem,  Concionatoria  columen,  hijloria 
arcbivum,  Oratória  exemplar,  Keligionis  exem- 
plum  invidã  forte  prareptum  {tanto  enim  in- 
dulgeret  fatum)  excepit  undécima  Alaii  ann.  1659. 
atatis  prope  59. 

Fr.  Ant.  à  Purif.  de  Vir.  Illufir.  Ere- 
mit.  Div.  Augufl.  lib.  2.  cap.  21.  lhe  chama 
praclarus  Magifler,  e  na  Chron.  da  Prov. 
de  Portug.  Part.  2.  liv.  7.  Tit.  i.  §.  4.  Fr. 
Ant.  da  Nativid.  Mont.  de  Coroas.  Mont- 
2.  Coroa  8.  §.  2.  n.  46.  VaraÔ  de  naõ  me- 
nor prudência,  que  letras.  Fr.  Man.  de  Fi. 
gueired.  Fios.  Sanct.  Augufl.  Tom.  4.  pag. 
138.  Foy  claro  na  poflilla,  levantado  nos  pen- 
famentos,   e  agudo  no  púlpito.    Compoz 

Commentariíim  de  Scala  Jacob.  M.  S. 
Defta  obra  faz  mençaõ  a  Aía^m  Bib.  Ec- 
clef.  Tom.  i.  pag.  35.  onde  fe  equivocou 
feu  Author,  efcrevendo  que  fora  Fr.  Fi- 
lippe,  Agoílinho  Defcalço,  e  Lente  em  a 
Univerfidade    de    Évora. 

De  Adoratione,  cb*  dotibus  gloriofis.  M.   S. 

David    Princeps   perfe£tus.    M.     S. 

Eílas  três  obras  fe  confervaõ  na  Li- 
vraria do  Convento  de  N.  Senhora  da 
Graça    defta    Corte. 

Fr.  HLIPPE  AFFONSO  natural  da 
Villa  de  Coz  do  Patriarchado  de  Lif- 
boa,  e  Monge  Ciftercienfe  em  o  Real  Con- 
vento de  Alcobaça,  muito  douto  na  li- 
ção da  Sagrada  Efcritura,  e  dos  feus  mayo- 
res  interpretes,  efcrevendo  a  feguinte  obra, 
que  fe  conferva  no  Real  Convento  de  Al- 
cobaça. 

Commentaria  in   Pfalmos.   M.    S.   foL 

Fr.  FILIPPE  DE  ALGUIM  natural 
de  Évora,  e  Religiofo  da  Ordem  de  S. 
Jeronymo,  cujo  habito  profeíTou  em  o 
Convento     do     Efpinheiro     pouco     diílan- 


68 


BIB  LIO  THE  CA 


te  da  fua  pátria.  Efcreveo  conforme  af- 
firma  o  Padre  Francifco  da  Fonfeca  Évora 
Glorio/,  pag.  411. 

Memorias  do  Convento  do  EJpinheiro.  M.  S. 
foi. 

HLIPPE  BOTELHO  Presbítero,  e 
natural  da  Ilha  Ceylaõ,  filho  de  Pays  Por- 
tuguezes,  compoz  com  fumma  individua- 
ção, e  curiofidade. 

Kelação  das  guerras  de  Uva;  a  qual  con- 
fervou  na  fua  feleéía  Livraria  o  Excellen- 
tiífimo  Marquez  de  Abrantes  D.  Rodrigo 
Annes  de  Sà,  e  Almeyda,  e  a  communi- 
cou  a  Monfiur  Legrand,  que  a  traduzio 
em  Francez,  e  fahio  impreíTa  juntamente 
com  a  Hijioria  de  Ceilaõ.  compofta  por 
Joaõ  Ribeiro,  também  traduzida  na  lin- 
gua  Franceza.  Trevoux  ches  Eíliene  Ga- 
neau.    1701.    12. 

HLIPPE  DE  BRITO  NICOTE  celebre 
Capitão  em  o  Reyno  de  Pegú,  teve  por 
berço  a  Gdade  de  Lisboa,  e  por  Pays  a  Jú- 
lio Nicote  de  naçaõ  Francez,  e  a  Marqueza 
de  Brito,  filha  de  Filippe  de  Brito,  Porteiro 
da  Camará  do  Infante  D,  Duarte,  e  da  Prin- 
ceza  Dona  Maria,  que  depois  fe  defpozou  com 
Filippe  Prudente.  Em  a  tenra  idade  de 
dez  annos  paflbu  à  índia,  onde  ajudado 
da  capacidade  do  talento,  e  da  affabilidade 
do  génio,  naõ  fomente  juntou  grande  co- 
pia de  dinheiro,  que  liberalmente  difpen- 
deo  em  beneficio  do  Eílado,  mas  conciliou 
a  amizade  d'ElRey  de  Arracaõ,  o  qual 
nada  emprendia,  fem  primeiro  o  conful- 
tar,  devendo  ao  valor  da  fua  efpada  fer 
duas  vezes  efte  Príncipe  livre  das  mãos 
de  feus  inimigos.  Em  agradecida  remu- 
neração de  quanto  lhe  era  devedor,  o  no- 
meou Capitão  mòr  de  Pegú,  lugar  que  exer- 
citou pelo  largo  efpaço  de  doze  annos,  em 
os  quaes  alcançou  o  feu  heróico  braço  aíTi- 
naladas  viftorias  de  diverfos  Príncipes, 
igualmente  inimigos  da  Religião,  que  da 
Coroa  Portugueza,  obrigando  a  huns  a 
abraçar  a  Fè  do  Crucificado,  c  a  outros 
a  ferem  feudatarios  da  noíTa  Monarchia. 
Quando  parecia,  que  jà  naõ  podia  coroarfc 
com  mayores  triunfos,  lhe  deílinou  o  Ceo  para 


complemento  das  fuás  felicidades  a  palma 
mais  gloriofa.  Acommetida  a  Fortaleza 
de  Pegú  por  ElRey  de  Brama  com  cento, 
e  cincoenta  mil  combatentes  de  pè,  e  quinze 
mil  cavallos  por  terra,  e  com  três  mil  cm- 
barcaçoens  por  mar;  havendo  fuftentado  com 
incrível  refiftencia  o  impulfo  de  tantos  bár- 
baros pelo  efpaço  de  quarenta  c  oito  dias, 
em  que  morrerão  feíTenta  mil,  foy  entrada, 
e  entre  os  feus  prizioneiros  fe  aprezentou 
Filippe  de  Brito  a  ElRey,  que  com  abo- 
minável cegueira,  mandou  que  lançado 
por  terra  o  adoraíTe,  cujo  preceito  defpre- 
zando  o  heróico  Capitão  como  injuríofo 
à  Fè  que  profeííava,  o  mandou  o  bárbaro 
atraveflar  com  hum  páo  pela  parte  inferíor 
do  corpo,  atè  a  cabeça,  em  cujo  tormento 
durou  vivo  hum  dia,  atè  que  rendeo  o  ef- 
pirito  em  obfequio  de  Chriílo  a  30.  de 
Março  de  161 3.  Foy  cazado  com  Dona 
Luiza  de  Saldanha,  filha  natural  do  Vice- 
-Rey  Ayres  de  Saldanha,  de  quem  teve  a 
Marcos  de  Brito,  que  eílando  por  ordem 
de  feu  Pay  reformando  a  Chríftandade  de 
Bengala,  morreo  em  Pegú  pela  violenta 
atrocidade  d'ElRey  de  Arracaõ.  Fazem  il- 
luftre  memoria  de  Filippe  de  Brito  o  Li- 
cenciado Cardofo  Agiol.  Ijufit.  Tom.  2. 
pag.  369.  e  no  Comment.  de  30.  de  Março 
letr.  G.  Fr.  Marcos  de  Guadalax.  Hifi. 
Pontif.  Part.  5.  liv.  3.  cap.  8.  Barbud.  Empref. 
Milif.  de  Eujit.  liv.  17.  c  Manoel  de  Abreu 
Conquift.  de  Pegú  cap.  ultim. 
Efcreveo 

Re/açaÕ  do  Jitio,  que  os  Keys  de  Arracaõ, 
e  Tangu  pu:(eraÕ  por  mar,  e  terra  á  Forta- 
le:(a  de  Seriaõ  na  índia  no  anno  de  1607.  Jendo 
Filippe  de  Brito  Governador  delia.  M.  S.  foi. 
Conferva-fe  na  Bibliotheca  d'ElRey  Catho- 
lico,  como  affirma  o  moderno  addicionador  da 
Bib.  Orient.  de  António  de  Leaõ.  Tom.  1. 
Tit.  3.  col.  75. 

Fr.  HLIPPE  DAS  CHAGAS  chamado  no 
fcculo  Filippe  Nunes,  filho  de  Belchior  Mar- 
tins, e  Guiomar  Nunes,  naceo  cm  Villa-Real  da 
Província  Tranfmontana.  Foy  muito  períto 
nas  Artes  da  Pintura,  e  Poética,  c  naõ  me- 
nos vcrfado  nas  letras  humanas,  c  liçaõ  dos 
Santos    Padres.     Movido    de    fupcrior    im- 


L USITANA 


69 


pulfo  profeíTou  em  idade  muito  adulta  o 
InJftituto  da  Ordem  dos  Pregadores,  o  qual 
profeíTou  folemnemente  no  Convento  de 
Lisboa  a  4.  de  Novembro  de  1591.  Com- 
poz. 

ArU  Poética,  e  de  Pintura,  e  Sjmetria 
com  alguns  principias  da  Perfpeãiva.  Lisboa 
por  Pedro  Craesbeeck  161 5.  4.  Sahio  com 
o  nome  de  Filippe  Nunes,  que  tinha  em 
o   feculo. 

Memorial  da  confijjfaõ  muy  proveito/o  para 
todas  as  peffoas,  particularmente  para  as  que 
frequentaÔ  os  Divinos  Sacramentos,  contem  o 
exame  de  conciencia,  e  preparação  para  antes, 
t  depois  de  os  receber,  e  Oraçoens  da  Paixão 
de  Chrifto.  Lisboa  por  Gerardo  da  Vinha 
1625.  12. 

Exercido  da  Paixão  de  Chrifto  N.  Se- 
nhor, repartido  por  horas,  que  a  alma  devota 
deve  trat^er  entre  dia.    Lisboa    1626.    12. 

Paraphrafis.  do  Pfalmo  118.  Beati  imma- 
colati  com  hum  modo  breve  de  ter  Oraçaõ  men- 
tal, e  meditaçoens  da  Paixaõ  repartidas  pelos 
dias  da  femana.  Lisboa  por  Jorge  Rodrigues 
1633.  12. 

Rofario  de  Nojfa  Senhora.  Foy  impreflb 
muitas  vezes,  e  ultimamente.  Lisboa  por 
Henrique  Valente  de  Oliveira  1654.  12. 
&  ibi  por  Bernardo  da  Cofta  1694.   12. 

Fazem  mençaõ  delie  Author  Joaõ  Franco 
Barreto  Bib.  Portug.  M,  S.  Fr.  Pedro  Mon- 
teiro Clauftr.  Domin.  Tom.  3.  pag.  202. 
Barbof.  Comment.  ad  Ord.  Keg.  Portug.  lib.  4. 
Tit.    91.    §.    14. 


Fr.  FILIPPE  DA  CONCEIÇAM  na- 
tural de  Lisboa,  donde  paíTou  a  Caftel- 
la,  e  nella  profeíTou  a  fagrada,  e  mi- 
litar Ordem  de  N.  Senhora  da  Mercê. 
Teve  igual  talento  para  o  púlpito,  como 
para  a  compoíiçaõ  da  folfa,  de  que  dei- 
xou diverfas  obras  dignas  de  fumma  efti- 
maçaõ.  Na  Biblioteca  Real  da  Muíica 
fe  confervaõ  alguns  Vilhancicos  do  Sacra- 
mento,   e    Natal,    principalmente    na    ERant. 

27.  n.    686.    Eílant.     29.    n.    720.    Eílant. 

28.  n.  70.  como  coníla  do  feu  Index 
impreíTo  em  Lisboa  por  Pedro  Craesbeck. 
1649.  4- 


Fr.  HLIPPE  DA  CONCEIÇAM  na- 
tural da  ViUa  de  Aveiro,  defcendente  da 
nobre  familia  dos  Marizes,  Pinheiros,  como 
efcreve  António  Carvalho  da  Coíla  Corog, 
Portug.  Tom.  2,  pag.  122.  Recebeo  o  ha- 
bito de  Carmelita  Defcalço  em  o  Convento 
de  N.  Senhora  dos  Remédios  de  Lisboa 
a  26.  de  Novembro  de  165 1.  e  profeíTou 
folemnemente  a  30.  do  dito  mez  do  anno 
feguinte,  quando  contava  18.  annos  de 
idade.  No  Collegio  de  Coimbra  foy  Leitor 
da  Sagrada  Efcritura,  de  cuja  liçaõ  fe  inf- 
truio  profundamente  para  fer  inUgne  Pre- 
gador. Pela  fua  grande  prudência  exer- 
citou os  lugares  de  Prior  dos  Conventos 
de  Aveiro,  Évora,  e  Lisboa,  e  Diííinidor 
Geral.  Falleceo  no  Convento  de  Lisboa 
a  3.  de  Julho  de  1708.  com  75.  annos 
de  idade,  e  57.  de  Religião.  Dos  muitos 
Sermoens,  que  com  applaufo  pregou  fe  fez 
unicamente    publico    o    feguinte. 

SermaÕ  no  Convento  de  S.  Domingos  de 
Lisboa  na  fefta,  que  celebrou  na  Beatificação  do 
grande  Summo  Pontífice  Pio  K.  em  10.  de 
Outubro  de  i6jz.  Lisboa  por  Francifco  Vil- 
leia.    1673.    4. 


FILIPPE  DA  CRUZ  natural  de  Lisboa, 
e  Freire  profeíTo  da  militar  Ordem  de  S. 
Tiago  em  o  Real  Convento  de  Palmella. 
Foy  hum  dos  mais  celebres  profeíTores  da 
Arte  muíica,  que  venerou  o  feu  tempo, 
intitulando-o  infigne  Pedro  Thalezio  Arte  do 
Canto  ChaÕ,  cap.  36.  foi.  68.  Depois  de 
fer  Meftre  de  muíica  em  a  Caza  da  Mife- 
ricordia  de  Lisboa,  paíTou  a  Madrid,  onde 
foy  CapeUaõ  da  CapeUa  Real  no  tempo  de 
Filippe  IV.  Aclamado  por  Príncipe  deíla 
Monarchia  o  Sereniífimo  D.  Joaõ  IV.  como 
fofse  fummamente  intelUgente  na  Arte 
do  contraponto,  e  conheceíTe  pelas  fuás 
compoíiçoens  o  profundo  talento  de  Fi- 
lippe da  Cruz  o  chamou  para  Meílre  da 
fua  Real  Capella,  lugar  que  exercitou  atè 
o  tempo  d'ElRey  D.  AiTonfo  VI.  com 
grande  credito  do  feu  nome.     Compoz 

Mifsas  a  10.  vo^es  fobre  o  thema  (2ue  ra^on 
podeis  vos  tener  para  no  me  querer. 

Mifsa    fobre     o     thema    Solo    rejnas    ta 


yo 


BIBLIO THE  C  A 


.en  mi.  Offerecida,  quando  ainda  aíTiftia 
<;m  Caílella  a  Filippe  IV.  em  cujas  pala- 
vras fe  incluem  as  vogaes  de  Joannes  Quar- 
tíis  Kex  mi.  O  modo,  e  artificio,  de  que 
■confiava  efta  MiíTa  era  ordenar  hora  em 
huma  voz,  hora  em  outra  as  fyllabas  do 
thema,  e  as  vozes  da  Mufica,  que  corref- 
pondiaõ   deíla  forte  Jo  la  re  fa  ut  rex  mi. 

Pfalmos  de  Vefperas,  e  Completas  a  co- 
ros. 

Motete  de  Defuntos  Dimitte  me  a  12. 
Na  Bib.  Keal  de  Mufica.  Eílant.   33.  n.   771. 

Motete  Vivo  ego  a  5.  Na  Eílant.  36. 
n.    809. 

Vilhancicos  a  diverfas  vozes.  Todas  eílas 
obras  Muficas  fe  confervaõ  na  Bib.  Keal 
■como  coníla  do  Index  impreíTo  em  IJs- 
boa.   1649.  4. 


Fr.  FILIPPE  DIAS  naceo  na  Cidade 
■de  Bragança  da  Província  Tran  fmontana, 
podendo-fe  virtuofamente  jaélar  da  pro- 
dução de  taõ  illuílre  filho.  Deixada  a  pá- 
tria, e  o  mundo  recebeo  o  habito  Será- 
fico na  Provinda  de  S.  Tiago,  donde  paf- 
fou  a  Salamanca  eíludar  as  fciencias  feve- 
ras,  em  que  fahio  profundamente  verfado, 
fendo  immortal  credito  deíla  Univerfidade 
o  crear  em  feu  grémio  hum  taõ  grande 
alumno,  de  que  lhe  dá  os  parabéns  com 
cilas  métricas  vozes  Fr.  Joaõ  Lopes  Fran- 
■cifcano. 
Lata  Brigantinos  Salmantica  Jujcipe  fructus 

Quos  hac  terra  tuo  laãe  rigata  tulit. 
Hinc    modo    furrexit    do£ii£im»s     Author     in 
omni 

Scripturâ,  éf  legis  Doãor  Apoftolicet. 
O)mo  foíTe  ornado  de  todos  aquelles  do- 
tes, que  conflituem  hum  Pregador  Apof- 
tolico,  fe  applicou  com  indefeíTo  traba- 
lho ao  miniílerio  do  púlpito,  onde  arma- 
do da  vehemencia  dos  affeélos,  e  effica- 
cia  das  palavras,  reduzia  como  rayo  ful- 
minante ao  caminho  da  penitencia  os  co- 
raçoens  mais  duros,  e  obílinados,  fendo  taõ 
admiráveis,  e  repentinas  as  tranfformaçoens 
dos  coíhimes  de  todo  o  género  de  peíToas, 
que  claramente  fe  conhecia  fer  o  feu  ef- 
pirito  illuílrado  com  luzes  fuperiores.    Para 


reformar  os  licenciofos  exceíTos  da  mo- 
cidade, que  eíludiofa  frequentava  a  Univer- 
fidade de  Salamanca,  foy  chamado  de  G^m- 
poílella  pelo  feu  Bifpo  D.  Jeronymo  Man- 
rique  de  Lara,  e  logo,  que  foou  a  fua 
evangélica  voz,  poílrou  por  terra  todas 
as  maquinas,  de  que  era  Author  o  demó- 
nio convertendo  inílantaneamente  aquella 
Babilónia  confufa  em  Ninive  arrependi- 
da. Depois  de  exercitar  eíle  apoílolico 
miniílerio  pelo  largo  efpaço  de  quazi  cin- 
coenta  annos,  em  que  com  igual  jubilo 
do  Ceo,  que  confufaõ  do  inferno,  lucrou 
tantas  almas  para  o  caminho  da  perfei- 
ção, anhelando  como  incanfavel  operário 
da  vinha  do  Senhor,  a  falvaçaõ  dos  pró- 
ximos, e  conhecendo,  que  jà  pela  idade  a 
naõ  podia  promover  pregando,  fe  dedi- 
cou todo  a  efcrever  vários  difcurfos  af- 
ceticos,  para  que  eílas  mudas  vozes  naõ 
fomente  inílruiíTem  aos  prezentes,  mas  ain- 
da aos  ftituros.  Na  liçaõ  da  Sagrada  Ef- 
critura,  e  Santos  Padres  foy  continuo  de 
tal  forte,  que  todo  o  tempo  que  lhe  ref- 
tava  das  obrigaçoens  de  Religiofo  o  oc- 
cupava  naquelle  eíludo,  do  qual  extrahia 
os  folidos  documentos,  com  que  authori- 
zava  os  feus  difcurfos.  Cumulado  de  obras 
virtuofas,  falleceo  no  Convento  de  Sala- 
manca a  9.  de  Abril  de  1601,  cuja  memo- 
ria he  celebrada  pelas  pennas  de  infignes 
Authores,  bailando  para  fua  eterna  reco- 
mendação o  elogio,  que  lhe  fez  S.  Fran- 
cifco  de  Sales  nos  feus  Divertimient.  foi. 
239.  Dias  me  agrada,  el  difcurre  llanamente, 
tiene  ejpiritu  de  predicado»,  inculca  bien,  explica 
bien  los  lugares,  ha^e  hermofas  allegorias,  j 
Jemejanças,  hipotipofes  nervo/as,  nò  pierde  la 
ocafion  de  di^ir  admirablemente,  y  es  mtty 
do£io,  y  claro.  Wandigo  de  Script.  Ord.  Min. 
pag.  292.  vir  vere  pius,  vero  doãus  falu- 
tis  animarum  conftanter  fitibundus,  indefeffus 
verbi  Dei  minifter.  Nicol.  Ant.  ^b.  Hifp. 
Tom.  2.  pag.  202.  col.  2.  Egregius  fmt 
Sacrarum  concionum  declamator  annis  fere  quin- 
quaginta,  fíy  eo  quidem  fruãu  juventutis  Aca- 
démica, ut  minime  dttbitaretur  pendere  eam 
ab  ardentijfimo  fui  concionatoris  ore,  fumma- 
que  ejus  dicendi  vi  tamquam  fortijfimis  vin- 
culis     intra    pudoris,     &     honeflatis     clauflra 


L  USITAN A. 


7' 


contineri.  Cardof.  Affol.  Lujit.  Tom.  2. 
pag.  485.  Sahio  das  ef colas  taõ  conjumado 
letrado,  que  foy  avaliado  pelo  mais  celebre 
Ecclejiafles  do  Jeu  tempo.  Fr.  Man.  da  Efper. 
Hijl.  Seraf.  da  Prov.  de  Portug.  Part.   i.  liv. 

1.  cap.  5.  n.  7.  Pregador  ApofioUco,  e  Mef- 
tre  dos  Pregadores  do  Jeu  tempo.  Gracian  Art. 
de  Ingen.  Difc.  14.  Aquel  ff-an.  Menor.  Fr. 
Filipe  Dias  ingeniojo  Francifcano,  ai  fin  Por- 
tuguês. Illuílr.  D.  Jo2è  de  Barzia  Defper- 
tad.  Cbrifiian.  Tom.  i.  Serm.  9.  n.  10.  e 
Tom.  2.  Serm.  27.  n.  2.  e  Tom.  3.  Serm. 
27.    n.    52.    o    intitula    Apofiolico.    e    Tom. 

4.  Serm.  54.  n.  23.  Gran  Filipo.  Marrac. 
Bib.  Mariart.  Part.  2.  pag.  290.  vir  pra- 
Ur  ingenium  infra  vulgus  <&  praclaras,  infig- 
nefque  animi  dotes  Caftillo  Defenf.  de  S.  Tia- 
go, cap.  15.  foi.  77.  FamoJiJJimo  Pregador. 
Ávila  Hift.  de  las  Antig.  de  Saiam.  liv.  3. 
cap.  3.  Gran  Predicador  dei  Fjvangelio.  Bri- 
to Theatr.  l^nfit.  Utter.  lit.  P.  n.  54.  ce- 
lebris    concionator.     Scoto    Bib.    Hifp.    Tom. 

2.  pag.  255.  operibus  multis  Ecclejiam,  Or- 
dinemque    fuum     decoravit.     Daça     Chron.     de 

5.  Franc.  Part.  4.  liv.  4.  cap.  22.  Predi- 
cador Apoftolico,  y  Padre,  y  hlaefiro  de  Pre- 
dicadores. Drexel.  Aurifod.  fcient.  omnium. 
Part.  3.  cap.  12.  e  concionatorihus  legendis 
inveniuntur  ijli:  primo  Philipus  Dias.  Fr. 
Joan.  à  D.  Ant.  Bib.  Francifc.  Tom.  2. 
pag.  482.  col.  2.  Vir  vere  piuSy  ac  vere 
doãus  indefejjfus  verbi  Divini  Alinifier.  Sou- 
fa.  Expedit.  Hifpan.  S.  Jacob.  Tom.  2. 
P^g-  1351-  §•  389.  PoíTeiiin.  Appar.  Sa- 
cer.  Tom.  i.  pag.  80.  Hallevord.  Bib. 
CurioJ.  Draud.  Bib.  Glaffic.  MoriUo  Hifi. 
do  Pilar.  Trat.  2.  cap.  36.  foi.  516.  Pu- 
blicou. 

Oiiadruplicium  concionum  qua  quotidie  à  Do- 
minica in  Septuagejfima  u/que  ad  gloriofam  Do- 
mini  Refurreãionem  in  Saneia  Fxclejia  habentur 
Forni  primi  prima,  <&  fecunda  pars.  Salman- 
ticíe  apud  Joanem  Fernandum  1583.  4.  Ve- 
netiis  per  Joan.  Baptillam  Seflam,  &  Fra- 
tres.  1586.  &  Lugduni  1586.  Venetiis  apud 
Dominicum  de  Farris  1589.  4.  Salmanticae 
apud  Artus  Tabemiel.  1602.  4.  &  Q)loniae 
Agripinae  apud  Antonium   Hierat.    1604.   4. 

Conciones  Quadruplices  Dominicanarum ,  <Ò^ 
Fejlorum    omnium    á    Dominica  prima    Adven- 


tus  ufque  ad  Septuagejftmam,  five  Tomus  fe- 
cundus.  Salmanticae  apud  Joannem  Fer- 
dinandum  1588.  4.  Venetiis  apud  Domi- 
nicum de  Farris  1591.  4.  &  ibi  apud  hae- 
redes  Melchioris  SeíTíe  1600.  4.  &  Q>- 
loniae  Agripinae  apud  Antonium  Hierat 
1604.  4. 

Conciones  quadruplices  fuper  Fj)angelia  Jeftr 
Cbrifti,  Sanãa  Maria,  €^  Sanãorum  omnium. 
Tom.  tertius.  Salmanticae  apud  Joannem 
Ferdinandum  1590.  4.  &  Venetiis  apud 
Dominicum    de    Farris.    1591.    4. 

Dominicales  aflivales  conciones  à  Domi- 
nica in  Albis  ufque  ad  Pentecoflen,  e5^  in  R<k 
gationibus,  e^  á  Pentecofle  ufque  ad  Adven- 
tum.  Tom.  quartus.  Salmanticae  apud  Joan- 
nem Ferdinandum.    1586.   4. 

Sahiraõ  todos  eftes  Sermoens  em  61 
Tomos  Lugduni  expenJQs  Sabiniani  Pef- 
not.  1586.  4.  &  Venetiis  per  haeredes  Mel- 
chioris Seílâe  1587.  4.  Coloniíe  Agripinae^ 
apud  Anton.  Hierat.  1604.  4.  &  Lug- 
dxmi  ex  Officin.  Aniflbniana  1676.  4.  Fo- 
raõ  traduzidos  na  lingua  Mexicana  como 
efcreve  António  de  Leaõ  Bib.  Occid. 
Tit.  18. 

Summa  Pradicantium  ex  omnibus  locis^ 
communibus  locupletijjima.  2.  Tom.  Vene- 
tiis apud  Sabinianum  Peíhot.  1586.  4.^ 
Salmanticae  apud  Joan.  Fernandes  1589. 
4.  Venetiis  apud  Joannem  Florianum. 
1591.  4.  &  Lugduni  apud  Petrum  Lan- 
dry  1592.  Venetiis  apud  Bartholamaeum 
Carampellum  1595.  &  ibi  acrecentada 
com  os  Sermoens  de  S.  Diogo,  Exéquias 
de  defuntos,  e  Auto  da  Fè,  e  Bulia, 
da  Cruzada.  Venetiis  apud  Dominicum 
de  Farris  1596.  4.  Ultimamente  íahio  eíla 
obra  correâa,  e  addicionada  pelo  Pa- 
dre Richardo  Gibbon  Jefuita  com  o  ti- 
tulo Concionatorum  inflruãio.  Antuerpiac 
apud  haeredes  Alartini  Nutii  1600.  4. 
&  Venetiis  apud  Antonium  Bertanum 
1600.    4. 

Maria  Ide  la  SacratiJJima  Virgen  nueflra  Senora,. 
en  que  fe  contienen  mucbas  confderaciones  de  grande 
fpiritu,  y  puntos  delicadijjimos  de  la  Divina 
Efcritura  de  mucha  erudicion,  y  provecho  ajjí 
para    Predicadores,   como   era  para  los  de  mâs^ 


72 


BIB  LIO  THE  CA 


■eftudios  de  perjonas  Bxckfiafiicas,  y  feglares. 
Con  un  Tratado  ai  cabo  de  la  Pajfwn  de  Chrif- 
to  nueftro  Kedemptor,  y  de  la  Soledad  de  la 
Santijfima  Virgem  Maria  Santijftma,  Barce- 
lona por  los  herederos  de  Pablo  Maio, 
y  Scbaftian  de  G^rmellas  1597.  4.  &  ibi 
por  Gabriel  Lloveras  1597.  4.  Sahio  tra- 
■du2Ído  em  Italiano  por  Fr.  Mathias  Fa- 
fano  Dominico.  Venetia  apreflb  Junti. 
1607.  4.  e  em  Latim,  como  efcreve  Mar- 
rado hib.  Aíarian.  Part,  2.  pag.  290.  e  fahio 
Venetiis  apud  Dominicum  Zenarium. 
1601.  8. 

Quin:(e  Tratados  en  los  quales  fe  contie- 
nen  muchas,  y  muy  excelentes  conjideraçoens 
para  los  aãos  generales,  que  fe  celehran  en  la 
Santa  Iglejia  de  Dios,  muy  provechot^os  para 
todos  los  Fieles  Chrijiianos.  Salamanca  por 
Juan  Fernandes  1597.  4.  &  ibi  por  Ar- 
tus  Taberniel  1602.  4.  Traduzido  em  La- 
tim Venetiis  apud  Dominicum  de  Far- 
ris  1599. 

De  todos  os  Sermoens  de  Fr.  Filipe 
Dias  compoz  Fr.  Francifco  de  Campos 
Religiofo  Menor  da  Província  de  S.  Tia- 
go por  iníinuaçaõ  de  feu  Author.  Index 
moralium  conceptuum.  Sahio  Salmanticae  apud 
Joannem  Fernandes  1588.  &  Venetiis  apud 
Minimam  Societatem  1597.  4.  &  per  So- 
mafchum  1610.  &  Genuse  apud  heredes 
Hyeronimi  Bartoli.  1596.  foi.  Os  fimiles, 
de  que  ufa  nos  feus  Sermoens  compilou 
o  grande  Theologo  Parifienfe  Luiz  Bail  princi- 
palmente na  Part.  3.  da  fua  Bibliotheca  Concio- 
natoria  cap.  107. 


HLIPE  JOZE'  DA  GAMA  naceo  em 
a  Gdade  de  Lisboa  a  13.  de  Agofto  de 
171 3.  onde  foy  virtuofamente  educado  por 
feus  Pays  Jozè  da  Sylva  França,  e  Bernarda 
Maria  Leonor.  Inftruido  com  os  precei- 
tos Grãmaticaes,  fe  applicou  à  cultura 
dos  eíhidos  feveros,  ouvindo  Filofofia,  e 
Theologia  Efpeculativa,  e  Moral  em  a  GDn- 
gregaçaõ  do  Oratório  defta  Corte,  em  que 
fez  naõ  vulgares  progreíTos  a  fua  grande 
comprehenfaõ,  c  excellente  capacidade.  Nas 
Academias  foy  fempre  venerado  o  feu  ta- 
lento,  ou  foíTe   metrificando  na  língua   La- 


tina, em  que  he  feliz  a  fua  Mufa,  ou  re- 
citando Oraçoens  Panegyricas,  c  Fúne- 
bres, em  que  praticou  com  fumma  ele- 
gância os  preceitos  da  Eloquência.  Foy 
admittido  a  Académico  Supranumerário  da 
Academia  Real  da  Hiftoria  Portugueza  a 
3.  de  Setembro  de  1738.  Os  frutos  fcien- 
tificos,  que  produzio  em  idade  verde  o 
feu    maduro    juizo,    faõ    os    feguintes. 

Conjugio  Excellentijftmi  Domini  D.  Jo- 
feph  de  Portugal  amplijftmi,  atque  illujlrif- 
fimi  femper  Comitis  Vimiofii  cum  praclarif- 
jima,  nobilijftmaque  Domina  D.  Ljddovica  de 
Ijorena  inclyti  Alegretenfis  Marchionis  filia 
Hymenaus  iMr^itanus.  UlyíTipone  apud  Jo- 
feph   Antonium   da   Sylva    1728.    4. 

In  mortem  Thoma  de  Barros,  e  Almeida. 
Epycedion.  Ulyflipone  apud  Jofephum  Anto- 
nium da  Sylva  1730.  4. 

Epi^ammatum  Decades  undscim.  UlyíTi- 
pone apud  Petrum  Ferreira  SereniíTimae  Rc- 
ginae    Typog.    1733.    12. 

OraçaÕ  recitada  na  Academia  Portuguesa, 
e  Latina,  fendo  Presidente  em  29.  de  Setem- 
bro de  1733.  Lisboa  por  Jozè  António  da 
Sylva.    1733.  4. 

Elogio  do  IllufiriJJimo  Senhor  D.  Fr.  Bar- 
tholameu  do  Pilar,  primeiro  Bifpo  do  ff^aõ 
Para,  do  Confelho  de  Sua  Mag.  e  Keligiofo, 
que  foy  da  Ordem  de  N.  Senhora  do  Monte 
do  Carmo,  recitado  em  24.  de  Fevereiro  de 
1734.  na  Academia  Portuguesa,  e  Latina.  Lis- 
boa por  Miguel  Rodrigues  1734.  4.  Defta 
obra  faz  mençaõ  o  moderno  addicionador 
da  Bib.  Occid.  de  António  de  Leaõ  Apend. 
2.    Tit.    23. 

Epigrammatum  liber  unus.  UlyíTipone  apud 
Jozephum  Antonium  da  Sylva  Rcgiac  Acad. 
Typ.    1735.    12. 

OraçaÕ  Fúnebre  na  morte  do  Illuflrif- 
fimo  Senhor  D.  Manoel  Caetano  de  Sou- 
fa,  Clérigo  Regular,  do  Confelho  de  Sua 
Mageflade,  Procomijfario  Geral  Apoflolico  da 
Bulia  da  Santa  Crusada,  e  Cenfor  da  Aca- 
demia Keal.  Lisboa  por  Jozè  António 
da  Sylva  ImpreíTor  da  Academia  Real. 
1736.  4. 

Mars  Lufitanus ,  five  cantus  heroicus  panegyricus 
in  Laudem  Serenijftmi  Domini  D.  F.mmanuelis 
Lufitania  Infantis  olim   Lufiíanis  verfihus  á  R.  P. 


LUSITANA.  y3 

Ant.  dos  Reys  Con^egationis  Oraforii,  rume  latiras  glaris    da    Compatíbia    de   JESUS    em    Porttf- 

verfihus  redditus.     Ulyflipone  1736.  8.  guer(^   M.    S. 

Maria    Santijftma    na   Jua    Conceição    Im-  Oraçaõ     Problemática     de    Santo     Antorao. 

maculada,     Aurora     Myftica:     Oração     V roble-  M.  S. 

matica.     Lisboa   1737.  4.  fem  nome  do  Im-  OraçaÕ  Académica,  quando  fe  abrio  a  Aca- 

preíTor.  demia  dos  Applicados.   M.    S. 

FJogium     de     D.     Gondijfalvo     Amarantho 

Ord.      Prad.      cum     Epijiola     ad     Antonium  Fr.    FILIPE    DA    LUZ    natural    da   Q- 

Mendejium      Grammatica      Magijlrum.      Ulyf-  dade  de   Lisboa,   e  filho   de   Francdfco  Fer- 

fipone     apud     Antonium     Pedrofo     Galraõ.  nandes,    e    Catherina    Nunes.     ProfeíTou    o 

1737.  4.  fagrado     Inftituto     de     Eremita     de     Santo 

Menalcas.    Écloga    in    obitu    Clarijjimi  Viri  Agoftinho    no    Convento    da    Graça    a    24. 

Francifci    Xaverii    EeytaÔ    Mediei    Cubicularii  de    Fevereiro    de    1574.     Inftruido    com   as 

Kegii    Keffíi    Chirurgi   Maximi,    Regalis   Aca-  Letras    Sagradas,    que    diâou   aos    feus    do- 

demia    Eufitana     alumni.     UlyíTipone    ex    re-  mefticos,    mereceo    pela    rara    prudência,    e 

giis,     atque     Academicis     Typis     Sylvianis  literatura,   de   que   era   ornado,   fcr   Confef- 

1740.  4.  for    do     SereniíTimo    Duque    de    Bragança 

Joannes:  Egloga  in  Na  fali  SuaviJJimi  Pueri  D.    Joaõ,    que    depois    fubio    ao    trono    de 

Joannis     Petri    filii    clarijftmorum     Dominorum  Portugal.    Foy  Prior  do  Convento   de   Lis- 

Tboma  Joachim    da    Cofta    CorteKeal,    (àr    D.  boa,  e  Vifitador  da  Provinda,  em  que  dei- 

Therejia    Hieronyma    Kofa    Mello,    e    Alvim,  xou    eternas    faudades    da    fua    natural    afia- 

UlyíTipone  ex  Regiis,  atque  Academicis  Ty-  bilidade.     Entre   os   Pregadores   grandes   do 

pis  Sylvianis  1741.  4.  feu    tempo    alcançou    o    principado,    fendo 

Oração    Académica,    com    que  fe    deu    fim  toda  a  fua  applicaçaõ  aos  livros  Afceticos, 

em    19.    de   Outubro   de    1742.    ao  fegundo   dia  como   diredores   da  vida  religiofa.    Morreo 

<<&    Certame,    que   a    Academia    dos    E/colhidos  piamente   no   Convento   de   Villa-Viçofa   no 

celebrou    na    Aula    da    Mathematica    do    Real  anno    de    1633.     Delle    fazem    mençaõ    Fr. 

Collegio    de    Santo    AntaÕ    da    Companhia    de  Ant.    à   Purif.    de    Vir.   llluftr.    Ord.    Eremit. 

JESUS    pela    melhoria    do    AuguJliJJimo     Key  D.    Aug.    lib.    2.    cap.    9.    morum    innocentia, 

D.  Joaõ  V.  nojfo  Senhor.    Lisboa:    Na  Offi-  eb*    beni^itate    confpieuus,    e    na     Chron.    da 

cina    dos    herdeiros    de    António    Pedrofo  Prov.   de   Portug.   da  Ord.   de  S.   Agoft.  Part. 

Galraõ.    1743.    4.  2.   liv.    6.   Tit.   6.   §.    11.    Keliffofo  de  grande 

PropoJiçaÕ     do      quinto      Império      Univer-  virtude.    Nicol.    Ant.    Bib.    PH/p.    Tom.     2. 

fal.    Mojira-fe    a    verdadeira    antecedência,    em  pag.     203.    col.     2.    Joan.     Soar.    de    Brit. 

que    fe    funda     a    fua     matéria.     Propoem-fe,  Theatr.    Eujit.    Utter.    lit.    P.    n.    55.    Com- 

e    declara-fe     a     PeJJoa     dejie    primeiro     Em-  poz 

perador.      Prologo,     e     obra     do     quinto     Im-  Sermoens  Primeira  parte,  que  começa  de  Quarta 

perto.      Dedicado     ao     Serenijftmo,     e    felicijji-  feira  de  Cintra,  ate  a  primeira  outava  da  Paf- 

mo     Senhor     D.     Jot(è     Principe     do     Braf^il.  choa.     Lisboa    por    Vicente    Alvares     161 7. 

foi.     M.     S.     Confta     de     7.     capítulos,     e  foi. 

no     principio     de     cada     hum     tem     huma  Sermoens  Segunda  parte,  que  contem  todas  as 

eftampa      debuxada      primorofamente      com  Fejlas,  que  pelo  difcurfo  de  todo  o  armo  fe  fejlejaõ. 

a  penna,    que   allude   ao    difcurfo    do   capi-  Lisboa  por  Pedro  Craesbeeck  1628.  foi. 

tulo,  em  que  eílà  pofta.    O  Author  o  deu  Sermoens  Terceira  parte,  que  começa  da  prí- 

ao    SereniíTimo    Senhor    D.    Jozè,    a    quem  meira  Dominga  do  Advento  ate  a  ultima,  depois 

o   dedicara.  do  Pentecofle.     A  fefla  do  Nacimento  de  Chriflo 

Oração   Académica   á  Soledade   da   Senhora.  Kedemptor  nojjo.    A  fefla  da  Afjençaõ.    A  fefla 

M.  S.  do   Santijftmo   Sacramento:   buma   matéria  para 

Tradução     dos     Elogios     Latinos     da     vida  os    Domingos    do    Advento    ã    tarde.     Lisboa 

de    Chriflo    compojlos  pelo    Padre    Lui^    Giu-  por    Gerardo    da    Vinha  1625.    foi.      No 


74 


BIBLIO THE  CA 


Prologo  deftc  Tomo,  que  foy  impreíTo 
antes  do  fegundo,  como  coníla  do  anno 
da  ediçaõ,  promette  o  Author  publicar 
alguns  livros  efpirituaes,  dos  quaes  fahi- 
raõ   os   feguintes. 

Tratado  da  vida  contemplativa,  mw/  útil 
a  todas  as  pejfoas  devotas,  fundado  nas  Jauda- 
des,  e  fufpiros  de  huma  alma  de  Amor  Di- 
vino ferida.  Lisboa  por  Gerardo  da  Vinha 
1627.  8. 

Tratado  do  det^ejo,  que  huma  alma  teve  de 
ff  ir  viver  ao  decerto  para  fervir  a  Deos  com 
ff^ande  pontualidade.  Lisboa  por  Pedro  Craes- 
beeck.    1631.    8. 

FILIPPE  MAQEL  naceo  em  Lisboa, 
onde  teve  por  Pays  a  Domingos  Maciel,  e  a 
Maria  da  Cruz.  O  perfpicaz  engenho,  de 
que  beneficamente  o  dotou  a  natureza,  lhe 
facilitou  a  intelligencia  da  Mythologia,  Poé- 
tica, e  Oratória,  como  também  das  lín- 
guas mais  polidas  da  Europa,  em  que  fahio 
eminente,  efcrevendo  nos  idiomas  Lati- 
no, Francez,  e  Italiano  com  pureza,  e  ele- 
gância, e  metrificando  com  igual  afluência, 
que  fuavidade.  Mayores  progreíTos  fez  o 
feu  talento  nos  eíhidos  feveros,  de  que  ele- 
geo  para  theatro,  e  paleílra  a  Univerfi- 
dade  de  Coimbra,  onde  appUcado  à  Ju- 
rifprudencia  Cefarea,  depois  de  receber  o 
gráo  de  Doutor,  e  fer  admittido  a  CoUe- 
gial  do  Collegio  de  S.  Pedro  a  6.  de  No- 
vembro de  171 2.  foy  provido  cm  huma 
cadeira  de  Inftituta  a  23.  de  Julho  de  171 8. 
na  qual  manifeftou  a  delicadeza  do  feu 
juizo  na  interpretação  dos  textos  mais  difíi- 
cultofos.  Attendendo  a  Mageflade  d'ElRey 
D.  Joaõ  o  V.  Noflb  Senhor  aos  feus  mere- 
cimentos o  nomeou  Conclavlfta  do  Emi- 
nentiíTimo  Cardeal  da  Cunha  Inquizidor 
Geral  dcfte  Reyno,  quando  no  anno  de 
1721.  partio  para  a  Cúria  Romana  a  votar 
em  Summo  Pontífice  vago  pela  morte  de 
Clemente  XI.  Neíla  celebre  Metrópole  da 
Chriílandade  conciliou  os  affedos,  e  eíli- 
maçoens  das  peflbas  mais  eruditas,  prin- 
cipalmente pela  elegante  pureza,  com  que 
fallava  a  lingua  Latina,  parecendo-lhcs,  que 
tivera  o  berço  junto  das  ribeiras  do  Ti- 
bre,   e   naõ   do    Tejo.     Reílituido   à   pátria. 


illuftrou  com  as  fuás  doutas  deliberaçoens 
os  Tribunaes  Ecclefiaílicos,  e  Seculares, 
fendo  Promotor,  Deputado,  e  Inquizidor 
da  fegunda  Cadeira  da  Inquiziçaõ  de  Lis- 
boa, Dezembargador  dos  Aggravos  da  Caza 
da  Supplicaçaõ,  Deputado  da  Meza  da 
Confciencia,  e  Ordens,  e  Académico  do 
numero  dos  cincoenta,  que  fórmaõ  a  Aca- 
demia Real  da  Hiíloria  Portugueza,  oode 
produzio  os  feguintes  frutos  a  fua  vaíbi 
erudição. 

Praâica  com  que  congratulou  a  Acade- 
mia Keal,  quando  foy  eleito  feu  Collega.  Sahio 
no  3.  Tom.  da  Colleç.  dos  Docum.  da  dita 
Academia.  Lisboa  por  Pafchoal  da  Sylva 
Impreífor  de   Sua  Mageílade   1723.   foi. 

Elogio  Fúnebre  do  Padre  António  Simoens 
da  Companhia  de  JESUS  em  23.  de  De- 
zembro de  1723.  Sahio  no  4.  Tom.  da  Col- 
leçaõ,  &c.  Lisboa  pelo  dito  Impreífor  1724. 
foi. 

Conta  dos  feus  ejludos  Académicos  reci- 
tada na  Academia  Keal  a  %.  de  Junho  de  1725. 
Sahio  no  5.  Tom,  da  Colleçaõ,  &c.  Lis- 
boa   pelo    dito    Impreífor    1725.    foi. 

Conta  dos  feus  efludos  Académicos  em  o 
Paço  a  f.  de  Setembro  de  1725.  foi.  Sahio 
no   Tom.    5.    da    Colleçaõ,    &c. 

Conta  dos  feus  efludos  Académicos  na 
Academia  a  20.  de  Fevereiro  de  171 7.  Sahio 
no  Tom.  7.  da  Colleçaõ,  &c.  Lisboa 
por   Jozè   António   da    Sylva    1722.   foi. 

Conta  dos  feus  efludos  no  Paço  a  f.  de  Setem- 
bro de  1727.    Sahio  no  Tom.  7. 

Conta  dos  feus  efludos  Académicos  no 
Paço  a  -j.  de  Setembro  de  1728.  Sahio 
no  Tom.  8.  da  Colleçaõ,  &c.  Lisboa  por 
Jozè  António  da  Sylva  1728.  foi. 

Conta  dos  feus  ejludos  Académicos  no  Paço  a 
zz.  de  Outubro  de  1726. 

Sahio  no  Tom.  9.  da  Colleçaõ.  Lisboa  pelo 
dito  Impreífor.  1725.  foi. 

Conta  dos  feus  efludos  Académicos  no 
Paço  a  29.  de  Outubro  de  1731.  Sahio 
no  Tom.  11.  da  Colleçaõ.  Lisboa  pelo  dito 
Impreífor  1731.  foi. 

Conta  dos  feus  efludos  em  9.  de  Abril 
de  1733.  Sahio  no  Tom.  12.  da  Colle- 
çaõ, &c.  Lisboa  pelo  dito  Impreífor. 
1735.  foi. 


LUSITANA,  75 

In  Excellentiftmi  Comitis  Vimiofenjis  Chrif-  em    hum,    e    outro    Ginto,    como    publicaõ 

tiani     Martialis     memoriam  fempitemam.     He  as    obras    feguintes. 

hum   elogio    de   eftilo   lapidario,    que    fahio  Cantica     Beatijftma     Vir^nis.      UlyíTipone 

impreíTo    ao    principio    dos    Epigramas    do  apud     Laurentium     Craesbeeck     1636.     foi. 

EsceUentdíTimo   Conde  do  Vimiofo  D.  Jozè  grande. 

Miguel  Joaõ  de  Portugal.    UlyíTipone  apud  Mijfa   4.    5.    <ò'    6.    voàbus   confiantes,    ibi 

Michaelem  Rodrigues  1732.  8.  per  eundem  Typog.    1636.   foi.   grande. 

Cantus     Exclejiajlicus    commendanS    animas 

Fr.  FILIPE  DA  MADRE  DE  DEOS  corporaque  fepeliendi  defunãorum;  Miffa,  co- 
natural de  Lisboa,  e  Religiofo  da  fagrada,  Stationes  juxta  Kitum  Sacrofanãa  Romana 
e  militar  Ordem  de  N.  Senhora  da  Mercê,  Erclejia  Breviarii,  Miffalijque  Komani  Clemen- 
cujo  habito  recebeo  em  Caftella,  donde  tis  VIU.  &  Urbani  VIII.  recognitionem  or- 
voltando  à  pátria  no  tempo  que  gover-  dinata.  UlyíTipone  apud  Petrum  Craesbeeck 
nava  eíla  Monarchia  o  SereniíTimo  Rey  16 14.  4.  &  ibi  apud  Antonium  Alvares 
Dom  Joaõ  o  IV.  como  foíTe  iníigne  na  1642.  4.  &  Antuerpiae  apud  Henricum 
Arte  do  Contraponto  o  eílimou  muito  eíte  AertíTens   1691.  4. 

Príncipe  por  fer  iníigne  profeíTor  dos  feus  Na  Bibliotheca  Real  da  Muíica  fe  confer- 

atmonicos    preceitos.     A   Mageflade    de   D.  vaõ  as  feguintes  obras. 

Affonfo    VI.    o    nomeou    Meílre    da    mu-  MiJfa   do   2.   Tom.   a   8.   Eílant.    36.   n. 

fica    do    feu    Gabinete,    em    cujo    theatro  807. 

fez   patente   a   fua   profunda   fciencia,   aíTim  Cofftavit  Dominus  Lamentação  de  Quinta 

em   a   novidade   das   idéas,    como  na  regu-  feira    mayor   a    6.    Eílant.    33.    n.    776. 
laridade    das    vozes,    de   que   deixou   muitas  Villancico    de    Navidad   a    7.    Eflant.    28. 

obras    principalmente    de    Tonos    a   4.    dos  n.     702. 

quaes    a    mayor    parte    fe    conferva    na    Bi-  Motete    Circundederunt    me    2.    5.    para    a 

bliotec.    Keal  da    Mujica,    e    de    algumas    faz  SeptuageíTima. 

mençaõ    D.    Francifco    Manoel    Obras   Me~  Motete    Exwge   <ò'    ne  repelias  a  6.  para 

tric.  Avena  de  Terjicore  como  faõ  o  Tono  3.  a    SexageíTima. 

De^enganáte   Morena.    Tono   4.    Madama  vuef-  Motete   lB.fto   mihi  in   Deum  proteãorem  a 

tros  o  juelos.    Tono    9.    JE«   los  floridos  albo-  5.    para   a    QuinquageíTima. 
res.  Tono  9.  Ala  ai  palanque  Galanes.  Tono  Motete  luBtare  Jerufalem  a   6.   para  a  4. 

15.   Quatro,    o  féis   torres,    que  fueron.   Tono  Dominga  da  Quarefma. 

14.    Ah    Senores.    Tono    17.    Rayava    el   Sol  Motete    Miferunt  Judai   a    6.    para    a    3. 

por  las  cumbres.    Tono    19.  Qtàen   es  aquella  Dominica    do    Advento. 
Diana'^    Tono    23.    Yo  Joy    viejo,  y    no    veo  Todos    eftes    Motetes    eílaõ    na    Eflant. 

nada.  36.    n.    809. 

HLIPE  DE  MAGALÍIAENS  naceo  FILIPE  MONTALTO,  ou  FILOTHEO 
no  lugar  de  Azeitão  do  Patriarchado  de  ELIAS  MONTALTO,  pois  com  hum,  e 
Lisboa,  e  foy  difcipulo  na  Faculdade  da  outro  nome  fe  acha  efcrito,  naceo  na  Villa 
Muíica  do  grande  Meílre  Manoel  Men-  de  Caftello-Branco  da  Diocefe  da  Guarda, 
des,  de  cuja  efcola  fahio  taõ  perito  nos  irmaò  de  Amato  Lulitano,  a  quem  imi- 
preceitos  defta  fuaviíTima  Arte,  que  depois  tou  na  profundidade  da  fciencia  Medica, 
de  fer  Meílre  na  Caza  da  Mifericordia  de  como  na  obfervancia  dos  ritos  Judaicos. 
Lisboa  paílou  a  exercitar  o  mefmo  minif-  Foy  Cathedratico  de  Medicina  nas  Uni- 
terio  na  Capella  Real  com  grande  credito  veríidades  de  Lovanha,  e  Pifa,  onde  de- 
do feu  talento,  pois  era  infigne,  como  o  pois  de  explicar  os  feus  Aforifmos  a  di- 
intitula  Pedro  Thalezio  Art.  da  Mujica.  verfos  difcipulos,  que  fahiraõ  Meílres,  paf- 
cap.  34.  pag.  70.  e  peritijftmo  Joan.  Soar.  fou  a  França  por  ordem  da  Rainha  ChriUia- 
A  Brit.   Theatr.  Ljijit.  Litter.  lit.  P.  n.   56.  niíTima    Maria    de    Medices,    de    quem    re- 


76 


BIBLIO THE  CA 


cebeo  particulares  eíUmaçoens,  fendo  Fy- 
íico  mòr,  e  Gjnfelheiro  da  Mageftade  Chrif- 
tianiflima  de  LuÍ2  XIII.  Morreo  na  Q- 
dade  de  Tours  em  o  anno  de  1615.  Gran- 
des faõ  os  elogios,  que  lhe  dedicaõ  di- 
vcrfos  Authores  como  faõ  Zacut.  de  Med. 
Princip.  Hijl.  lib.  5.  hift.  16.  chamando- 
-Ihe  clarijfimus,  €>•  fubtilijftmus,  &c  lib.  2. 
hift.  43.  Dub.  30.  omnium  voto  do^ijfimus, 
&  ibi  hiílor.  57.  eruditijfimus ,  &  obfervat. 
43.  inter  Neotericos  Jcientijfimus.  Wolfio  jB/- 
hliot.  Hebraa  pag.  163.  §.  252.  Bartolocc 
Bibliot.  Rabbin.  Part.  i.  pag.  830.  Joan 
Soar.  de  Brit.  Theatr.  Lujit.  Litter.  lit.  P 
n.  59.  Abrah.  Mercklin.  Lind.  Kenov.  pag 
920.  Joan  Hallevord.  Bib.  Curiof.  pag.  339 
col.  I.  D.  Franc.  Man.  Cart.  dos  A  A 
Portug.  Bafnage  Hijloir.  des  Juifs  Tom.  5 
pag.  1829.  Nicol.  Ant.  Bibliot.  Hifp.  Tom 
2.    pag.    204.    Compoz 

Óptica  intra  Philofophia,  (&  Medicina 
aream  de  vifu,  de  vifús  organo,  (ò"  objeão  Theo- 
ricam  compleãens.  Florentiae  apud  Cofmam 
Juntam.  1606.  4.  &  Coloniae  AUobrogum 
161 3.  4.  grande.  Eíla  obra,  que  dedicou 
ao  Graõ  Duque  de  Tofcana,  promette  no 
Prologo  hum  Tratado  De  omnibus  anima 
facultatibus  com  outros,  que  conílaõ  de  In- 
temorum  morborum  praxi,  e  Cofmopaia  Theo- 
rica. 

Archipatologia,  in  qua  internarum  capitis 
ajfeãionum,  effentia,  cauja,  figna,  prafagia,  (Ò" 
curatio  acttratijftmâ  indagine  differuntur.  Lu- 
tetiíe  apud  Francifcum  Juequin  16 14.  4. 
&    Gervaúi.    1628.   4. 

T>e  homine  Sano.  Francofurti  1591.  8. 

Fr.  FILIPE  MOREIRA  naceo  em  Lis- 
boa, onde  com  beneplácito  de  feus  Pays 
Domingos  Fernandes,  e  Izabel  Efteves, 
profeíTou  o  IníUtuto  de  Eremita  Auguíli- 
niano  no  Convento  da  Graça  a  29.  de 
Março  de  1606.  O  natural  génio,  que  teve 
para  as  fciencias  o  conílituhio  merecedor 
dos  applaufos,  que  alcançou  nas  Cadeiras,  c 
nos  púlpitos.  Depois  de  receber  o  gráo 
de  Doutor  Theologo  em  a  Univerfidade 
de  Coimbra  a  28.  de  Outubro  de  161 8. 
foy  nella  Lente  da  Efcritura,  de  cujo  lugar 
tomou   poíTe   a    12.    de    Outubro   de    1633. 


fendo  Ccnfor  do  Santo  Officio  o  nomeou 
ElRey  D.  Joaõ  o  IV.  feu  Pregador  no 
anno  de  1641.  por  Jer  conjumado  no  minif- 
terio  da  Predica,  e  outras  qualidades,  que  fav^ 
mais  recomendáveis  a  modejlia,  e  gravidade,  de 
que  era  dotado,  efcreve  em  feu  applaufo  o 
Meftre  Fr.  Manoel  de  Figueiredo  Fios  Sana, 
Augujl.  Tom.  4.  pag.  137.  Falleceo  no 
Convento  de  Lisboa  com  opinião  de  San- 
tidade a  10.  de  Setembro  de  1645.  Na 
Via-Sacra  do  Collegio  dos  Eremitas  de 
Santo  Agoftinho  de  Coimbra  eftá  gravada 
em  feu  obfequio  a  feguinte  infcripçaõ. 

Fr.  Philippus  Moreira,  Doítor  Theologus 
Cathedra  Vefpertina  Sacra  Pagina  profeffor 
eximius,  Regius  Concionator  e^egius,  Sanãa 
Inquijitionis  Cenfor  gravijftmus,  gravitate  mo- 
rum  Jpeãandus,  Keligionis  Objervantia  clarus 
obiit  fexagenarius  anno  Domini  1645.  ^*  ^o. 
Septembris.  Delle  fe  lembraõ  Fr.  Ant.  á 
Purif.  de  Vir.  llluftr.  Ord.  Eremit.  D.  Aug, 
lib.  2.  cap.  9.  e  na  Chron.  da  Prov.  de  Por- 
tug. da  Ord.  de  Santo  Agofi.  Part.  2.  liv. 
7.  tit.  I.  §.  4.  Fr.  Ant.  da  Nativid.  Mont. 
de  Coroas.  Mont.  2.  Cor.  8.  n.  45.  Joan. 
Soar.  de  Brito  Theatr.  Ijifit.  Litter.  lit.  P. 
n.    58.    Publicou 

SermaÔ  na  Aclamação  d'EJRej  Dom  Joaõ 
o  IV.  pregado  em  a  Univerjidade  de  Coim- 
bra no  anno  de  1640.  Sahio  nos  Applau- 
fos da  Univerjid.  a  ElRey  D.  JoaÕ  o  IV. 
Coimbra  por  Diogo  Gomes  de  Loureiro. 
1641.  4. 

Sermão  no  Auto  da  Fé,  que  fe  celebrou 
em  Évora  a  30.  de  Junho  de  1630.  Évora 
por    Manoel    Carvalho.    1630.    4. 

Sermão  do  Auto  da  Fé,  que  fe  celebrou 
no  Terreiro  do  Paço  dejla  Cidade  de  Lifboa 
em  25.  de  Junho  de  164J.  Lisboa  por  Do- 
mingos   Lopes    Rofa.    1646.    4. 

Conceitos  Predicativos  4.  Tomos.  foi.  M.  S. 
Confervaõ-fc  na  Livraria  do  Convento  da. 
Graça    deíla    Corte. 

P.  FILIPE  NERI  natural  de  Ufboa,  filho 
de  Manoel  Ribeiro,  e  Jozefa  Maria.  Eíhidadas 
na  pátria  as  letras  humanas,  em  que  deu  claros 
argumentos  da  felicidade  do  feu  engenho, 
entrou  na  Congregação  do  Oratório  de  S.  Fi- 
lipe Neri  a   15.   de  Agoílo  de   1700.  onde 


L  USITANA. 


77 


aprendeo,  e  diâou  as  fciencias  efcolafti- 
cas  com  igual  emolumento  dos  feus  dif- 
cipulos,  que  applaufo  do  feu  nome.  Naõ 
teve  menor  talento  para  o  minifterio  con- 
cionatorio,  praticando  com  efcnipulofa  ob- 
fervancia  os  preceitos  da  Rhetorica  Eccle- 
fiaítica,  de  que  he  fiel  teftemunha  a  feguinte 
obra. 

Sermão  na  Fejia  de  acçaÕ  de  graças  pela 
rejlauraçaõ  da  Jaude  d'EjRey  N.  Senhor  D. 
JoaÕ  V.  na  Igreja  dos  Padrss  da  Con^egaçaÕ 
do  Oratório  da  Cidade  de  Lisboa  em  21.  de 
Agojlo  de  1742.  Lisboa  por  Francifco  da 
Sylva  Livreiro  da  Academia  Real,  e  do 
Senado    1742.    4. 


FILIPE  DE  OLIVEIRA  naceo  em  Lis- 
boa no  primeiro  de  Mayo  de  1708.  fendo 
filho  de  Manoel  Francifco,  e  Anna  Maria. 
Tendo  na  pátria  cultivado  as  letras  hu- 
manas, e  a  lingua  Latina,  paíTou  à  Univer- 
fidade  de  Coimbra  eftudar  a  Faculdade 
dos  Sagrados  Cânones,  em  que  recebeo  o 
gráo  de  Bacharel  a  21.  de  Mayo  de  1732. 
Ordenado  de  Presbitero  fe  applicou  à  li- 
ção da  Sagrada  Efcritura,  e  Santos  Padres, 
e  como  tiveíTe  particular  génio  para  o  púl- 
pito, começou  a  exercitar  o  miniílerio  de 
Orador  Evangélico,  no  qual  tem  alcançado 
naõ  pequeno  applaufo,  aíTim  em  aíTumptos 
moraes,  como  Panegyricos,  de  que  tem  publi- 
cado os  feguintes. 

Difciirfo  Problemático  ,  em  que  fe  fujlenta, 
que  pôde  jaãar-fe  mais  Inglaterra  de  haver  dado 
o  nacimento  ao  Reverendijfimo  P.  D.  Rafael 
Bluteau,  que  Portugal  de  o  haver  pojfuido  ate 
a  fua  morte,  recitado  na  Academia  dos  Appli- 
cados  a  zS.  de  Det^embro  de  1754.  Sahio  im- 
preíTo  no  Ofequio  Fúnebre  dedicado  ã  faudofa 
memoria  do  Keverendijftmo  Padre  D.  Ra- 
fael Bluieau,  Clérigo  Regul.  pela  Academia 
dos  Applicados.  Lisboa  por  Jozè  Antó- 
nio da  Sylva  1734.  Defendeo  a  i.  Parte 
do  Problema. 

Sermão  de  Preces  na  enternecida,  e  pe- 
nitente Procijfad,  com  que  implorou  a  Mi- 
firicordia  de  Deos  a  devota,  e  nobilif[ima  Ir- 
mandade da  Senhora  da  Piedade  de  S.  Paulo 
»o  fegundo   dia   de    Preces,    que  por   ordem   do 


IlluflriJJimo,  e  ReverendiJJimo  Senhor  Patriarcha 
fe  fií^eraõ  nefia  Cidade  de  Lisboa  por  occafiaõ 
dos  temores,  que  padeceo  Portugal  originados  das 
continuas  innundaçoens,  que  fe  experimentaras, 
e  fentiràõ  efe  anno  de  1736.  pregado  na  mefma 
Parochial  Igreja  aos  7.  de  Abril  do  dito 
anno.  Lisboa  por  Manoel  Fernandes  da. 
Cofta  ImpreíTor  do   Santo   Officio.    1736.  4. 

SermaÕ  do  grande  Pay  dos  pobres,  Infi- 
tuidor  da  hofpitalidade  o  gloriofo  Patriarcha 
S.  JoaÕ  de  Deos  pregado  no  feu  dia,  e  Con- 
vento defta  Cidade.  Lisboa  na  Officina  Al- 
meidiana.    1739.    4- 

SermaÕ  Panegyrico,  e  Gratulatorio  em  acçaÕ 
de  graças  pelas  felices  melhoras  de  Sua  Mag. 
na  fokmnijftma  fefia,  que  no  dia  7.  de  Julho 
de  1742.  /^:ç  aos  gloriofos  principaes  do  Col- 
leffo  Apofiolico  S.  Pedro,  e  S.  Paulo  a  fua 
venerável  Congregação  de  Sacerdotes  da  real 
Igreja  de  S.  Juliaõ.  Lisboa  pelos  herdei- 
ros    de     António     Manoel     de     Almeyda. 

1742.  4. 

Oraçaõ  Fúnebre  Panegyrica,  e  Fliftorica 
nas  fumptuofas  exéquias,  celebradas  pela  Ir- 
mandade do  SantiJfimo  Sacramento  da  Fre- 
gue;(ia  de  S.  ChriJiovaÕ  em  o  1.  de  Se- 
tembro de  1742,  pela  Illuflrijfima,  e  Ex- 
cellentijjima  Senhora  D.  Igie^  Joaquina  da 
Sylva  Menef(es,  e  Corte-Real,  CondeJJa  de 
Aveiras.  Lisboa  na  Officina  Alvarenfe. 
1642.  4. 

Panegyrico  Hijiorico,  e  Funeral  nas  fump- 
tuofas Exéquias,  celebradas  pela  Irmandade  de 
N.  Senhora  do  Loreto,  e  Caridade  na  Capella 
do  Couto  de  S.  Matheos  aos  3.  de  Outubro 
de  1742.  pelo  Illufrijftmo,  e  F^cellentijfimo  Se- 
nhor D.  Manoel  Jo!(è  de  Cafiro  Noronha  At- 
tayde,  e  Soufa,  outavo  Conde  de  Monfanto,  ter- 
ceiro Aíarque^  de  Cafcaes,  Gentil-homem  da 
Camará  d'ElRey  N.  Senhor,  feu  Confelheiro 
de  guerra  &c.  Lisboa  por  Pedro  Ferreira 
ImpreíTor  da  AuguftiíTima  Rainha  N.  Se- 
nhora   1742.    4. 

Elogios  facros  da  vida  do  gloriofo  Thau- 
maturgo  de  Paula  Plenipotenciário  de  Deos, 
Chanceller  da  charidade.  Sagrado  Patriar- 
cha da  efclarecida  ordem  dos  Mínimos  S. 
Francifco  de  Paula.  Lisboa  por  Pedro 
Ferreira    ImpreíTor    da    SereniíTima    Rainha 

1743.  8.    Sahio  fem  o  feu  nome. 


7» 

Fr.  HLIPE  DA  PURIFICAÇAM  teve 
por  Pátria  Villa-Real  em  a  Província  Tranf- 
montana,  e  por  Pays  a  Luiz  Rodrigues  da 
Vcyga,  c  D.  Ignez  de  Guimaraens  de  Car- 
valho, femelhantes  em  qualidade  do  na- 
cimento,  como  em  a  innocencia  dos  cof- 
tumes.  Inllruido  em  as  letras  profanas, 
paíTou  a  eftudar  Direito  Pontifício  em  a 
Academia  Conimbricenfe,  onde  recebeo  o 
grào  de  Licenciado  com  geral  applaufo 
dos  Cathedraticos.  Podendo  afpirar  aos  lu- 
gares mais  honoríficos  com  as  efperanças 
bem  fundadas  da  fua  litteratura,  de  que 
tinha  por  exemplar  a  feu  irmaõ  Ruy  Lo- 
pes da  Veyga,  que  de  Deputado  do  Con- 
felho  Geral  do  Santo  Officio,  e  Dezem- 
bargador  do  Paço,  fora  aíTumpto  á  Cathe- 
dral  de  Elvas,  preferio  com  heróica  refolu- 
çaõ  abraçar  o  penitente  Inílituto  da  Reli- 
gião Seráfica  na  reformada  Província  da  Ar- 
rábida. A  grave  prudência,  e  fumma  afíabili- 
dade  de  que  era  ornado,  o  habilitarão  para  oc- 
cupar  todos  os  lugares  da  Religião,  pelo  largo 
efpaço  de  trinta  annos,  fendo  varias  ve- 
zes Guardião,  duas  Diffinídor,  huma  Vi- 
gário Provincial,  e  duas  Miniílro  Provin- 
cial. Foy  Vífitador  das  Seráficas  Províncias 
de  Portugal,  Santo  António,  e  de  Saõ 
Paulo  em  Caílella,  deixando  em  taõ  nume- 
rofas  Communidades  os  mais  folídos  do- 
cumentos para  confervaçaõ  da  obfervancia 
regular,  valendo-fe  mais  da  ternura  de  Pay, 
que  da  fevcrídade  de  Prelado  para  reformar 
abuzos,  e  caíligar  delidos.  Ao  tempo,  que 
aíTiília  no  Convento  de  Alferrara,  fentín- 
do-fe  avizado  da  morte  pelas  moleílias  de 
huma  doença,  fe  preparou  com  as  armas 
dos  Sacramentos  para  o  ultimo  conflifto, 
e  entre  amorofos  colloquios  com  Chrífto 
Crucificado,  lhe  entregou  o  efpírito  a  6. 
de  Outubro  de  1615.  O  feu  corpo  foy 
fepultado  na  Capella  mòr  do  mefmo  Con- 
vento.    Compoz. 

Tratado  da  vida  do  Padre  Fr.  Luiz  ^ 
EJna  Keligiojo  Arrábida.  M.  S.  Defta  obra 
faz  mençaõ  Cardofo  Agiolog.  Lufit.  Tom.  5. 
pag.  14  j.  no  Comment.  de  9.  de  Mayo 
letr.  E. 

Memorial  dos  princípios,  e  progreffos  da 
Provinda   da   Arrábida,   atè   o   anno   de    1585. 


BIBLIO  THE  CA 


M.  S.  Efta  obra  allega  repetidas  vezes  o 
mefmo  Cardofo  Ágio/.  Ltíjit.  Tom.  i.  pag. 
94.  no  Cõment.  de  9.  de  Janeiro  letr.  F. 
e  pag.  275.  no  Cõment.  de  27.  de  Jan, 
letr.  E.  e'  no  Tom.  2.  pag.  533.  no  Cõ- 
ment. de  12.  de  Abril  letr.  E.  c  pag.  695. 
no  Cõment.  de  23.  de  Abril  letr.  G.  e 
H.  Fr.  António  ■  da  Piedade  Chron.  da  Prop. 
da  Arrab.  Tom.  i.  liv.  5.  cap.  11.  §.  11 17. 
Occupava-Je  em  efcreper  as  vidas  dos  Keli- 
ffofos,  que  floreciaõ  em  virtudes,  e  o  feu 
Memorial  citaÕ  muitas  ve^es  o  Agiolog 
Ljdjitano,  do  qual  fe  aproveitarão  também 
os  nojfos  Irmãos  Fr.  L/d^  da  Afcençaô, 
e  Fr.  André  de  S.  Paulo  para  nos  par- 
ticiparem   noticias,     que    deixarão     ejcritas. 

Fr.  FILIPE  DOS  REMÉDIOS  naceo 
em  a  Cidade  de  Lisboa,  e  na  Parochial 
Igreja  de  N.  Senhora  das  Mercês,  recebeo 
a  primeira  graça  a  24.  de  Janeiro  de  1699, 
Com  animo  mayor,  que  a  idade,  deixou  a 
amável  companhia  de  feus  nobres  Pays 
António  de  Oliveira,  e  D.  Antónia  Bau- 
tiíla  da  Rocha,  e  Azevedo,  para  abraçar  o 
fagrado,  e  penitente  Inílituto  de  S.  Fran- 
cifco  em  o  Convento  de  Santa  Maria  de 
Xabregas,  Cabeça  da  Seráfica  Província  dos 
Algarves,  onde  folemnemente  profeflbu  a 
19.  de  Março  de  171 8.  Depois  de  iníbruido 
com  os  eíludos  efcolaílícos  fe  applicou 
com  igual  dífvelo,  que  fruto  à  líçaõ  da 
Sagrada  Efcritura,  Híftoría  Sagrada,  e  pro- 
fana. Santos  Padres,  Poetas  infignes,  e  eru- 
ditos Filólogos,  bebendo  deitas  taõ  caudc- 
lofas  fontes  a  copiofa  afluência  de  noticias» 
com  que  tem  ornado  as  feguíntes  compo- 
fiçoens,  que  muitas  delias  eftaõ  correntes 
para    a    ímpreflaõ. 

Chronica  Sa^-ada  tresladada,  da  que  ej- 
creveraõ  os  quatro  Evangelijlas,  authori^ada  com 
as  fentenças  dos  Santos  Padres,  e  Expojitores, 
e  parafraseada  com  muitas  fingulares  noticias, 
e  erudiçoens  das  divinas,  e  humanas  letras.  Di- 
vidida em  4.  Tomos.  Trata  cfte  i.  da  ge- 
ração eterna  do  Filho  de  Deos,  da  creaçaõ 
dos  Ceos,  c  da  terra,  do  homem,  e  tudo 
o  mais  que  conduz  para  a  Hííloria,  atè  o 
Nacimento  temporal  do  mefmo  Senhor. 
M.  S.  foi. 


L  USITAN  A. 


79 


Dijcurjo  Theologico  Moral  Efpojiíivo  Ju- 
rídico Hijiorico  Afcetico,  e  'Politico,  fohre  o 
iknro  intitulado  Vozes  do  defengano  contra  a 
profanidade  do  luxo.  M.  S.  4. 

Hijioria  do  homem  mais  infeli^  ou  vida 
de  Judas  Ifcariotes,  ornada  de  erudiçoens,  e 
notícias  naÕ  vulgares.   Aí.    S.    8. 

Imagens    do    melhor    Prototjpo.     Vidas    dos 

\:ntiJfimos    Patriarchas    Domingos,    e    Francifco 

Jtmelhantes     na     major    parte     das    fuás     ac- 

çoens,    e  Juccejjos   à   de    Chrijlo    Senhor    Nojfo. 

M.  S.  8. 

Defen/a  de  JoaÕ,  fegundo  Patriarcha  de  Jeru- 
Jalem,  em  que  he  notado  por  alguns  Authores  de 
herege.  M.  S. 

Methodo  compendio/o  para  confinar  com  cer- 
te:(a,  e  facilidade  os  livros,  que  os  Hfiudantes 
fbamaõ  clajfwos.  M,  S.  8, 

Opus    Ejicharifiicum,    feu    Ejicharifiica   Po- 

Ifanthaa    per    Dyfiichos    difiinãa    diais  Sanão- 

\  rum    Patrum,      &      aliquorum      Doãorum     il- 

j  lufirata.    Q)mpo2    efta    obra    para    o    Cer- 

1  tame    Euchariílico,    que    fe    fez    a    29.    de 

Junho,    e    4.    de    Julho    de    1724.    em    o 

Convento    dos    Eremitas    de    Santo    Agof- 

tinho    de    Lisboa. 

D.  Fr.  FILIPE  DA  ROCHA  naceo 
em  Lisboa,   e   teve   por   Pays    a   Gafpar   de 

I  Medeiros,  e  Maria  Pimentel  da  Rocha. 
Quando  contava  a  florente  idade  de  vinte 
annos,  abraçou  o  InlHtuto  da  fagrada  Or- 
dem da  SantiíTmia  Trindade,  profeíTando 
folemn»;mente  em  o  Convento  da  fua  pá- 
tria a  13.  de  Setembro  de  1629.  Sahio  taõ 
iníigne  nas  letras  Sagradas,  que  as  diâou 
aos  feus  domefticos  atè  jubilar  na  Cadeira 
primaria  da  Theologia,  naõ  merecendo  o 
feu  talento   menor  applaufo   em   o   púlpito. 

I  Attendendo  o  IlluíbdíTimo  Arcebifpo  de 
Évora  D.  Diogo  de  Soufa  aos  dotes,  de 
que  era  ornado  o  nomeou  feu  Coadjutor 
a  6.  de  Janeiro  de   1669.   com  o  titulo  de 

'  Bifpo  de  Madauro,  Cidade  Epifcopal  de 
Africa,  fuf&aganeo  do  Arcebifpado  de  Car- 
thago.  FaUeceo  no  Convento  de  Lisboa 
a   24.   de   Outubro   de    1669.  Fazem  memo- 

;   ria    da   fua   peíloa    Nicol.    Ant.    Bih.    Hifp. 

'  Tom.  2.  pag.  204.  col.  2.  Fonfec.  Évora 
Gloriofa    pag.    515.    D.    Manoel    Caet.    de 


Souf.  Cathalog.  dos  Bifp.  Portug.  p.  143. 
Compoz 

Conciones  Dominicanarum  Adventus  D  o  mini, 
<&  OuadrageJJima.  UlyíTipone  apud  Joannem 
da    Cofta    1667.    4. 

Conciones  de  Sanãorum  Fefiivitatibus.  ibi 
apud  eumdem  Typog.  1669.    4. 

Fr.  HLIPE  DE  SANTA  THEREZA 
naceo  em  Lisboa  a  20.  de  Mayo  de  1681. 
fendo  filho  de  António  Dias  Corrêa,  e 
Antónia  da  Sylva.  No  real  Convento  pátrio 
de  N.  Senhora  do  Carmo,  profeífou  o  Inf- 
tituto  da  primitiva  Obfervancia  de  Carme- 
lita Calçado  a  15.  de  Mayo  de  1701.  fendo 
admittido  a  CoUegial  do  Collegio  de  Coim- 
bra a  3.  de  Novembro  de  1703.  eíhidou 
as  fciendas  feveras,  que  depois  diôou  aos 
feus  domefticos  nos  Conventos  da  Moura, 
Lisboa,  e  CoUegio  de  Coimbra.  Recebeo 
o  gráo  de  Doutor  Theologo  em  o  Con- 
vento do  Carmo  de  Lisboa  a  10.  de  Ju- 
nho de  1726.  fendo  feu  Padrinho  o  lUuf- 
triíTimo,  e  ReverendiíTimo  D.  Thomàs  de 
Almeyda,  primeiro  Patriarcha  de  Lisboa, 
onde  foy  Regente  dos  Eftudos,  e  depois 
Prior  eleito  em  o  anno  de  1735.  em  cujo 
governo,  que  durou  cinco  annos,  augmen- 
tou  o  Convento  com  edifícios,  e  rendas, 
donde  fubio  ao  lugar  de  Provincial  com 
univerfal  jubilo  dos  votantes  a  11.  de  Ja- 
neiro de  1744.  Sendo  ornado  de  grande 
talento  para  a  Cadeira,  o  naõ  tem  menos 
feliz  para  o  púlpito,  de  cujo  minifterio 
Sagrado    unicamente    publicou. 

Sermão  de  S.  L/«^  Gonzaga,  pregado  no 
quinto  dia  do  O ut avario  10.  de  Novembro  de 
1727.  que  à  fua  Canonização,  e  de  S.  Sta- 
nislao  Kofcka,  confa^àraÕ  os  Keligiofos  da 
Companhia  de  JESUS  do  Colle^o,  e  Univer- 
Jidade  de  Évora.  Évora  na  Officina  da  Uni- 
veríidade.  1730.  4.  Sahio  na  Kelaç.  das 
Fefias  da      Canonif^.    a   pag.    192. 

FLÁVIO    JACOBO  naceo  em  a  Cidade 
de  Évora  em  o  anno  de  15 17.  de  que  eUe  fe 
jafta  em  o  primeiro  livro  dos  feus  verfos. 
MufcB  Pierides  Ebora  latialis  alumnus 

Flavius  hac  urbis  qualiacumque  dicat. 
e  pag.  77. 


8o 


BIB  LIO  THE  CA 


I 


Hac  Ebora  efi  Vates  omat,  quam  Flavius  ur- 

hem 

JE/  quam  plus  oculis  diligit  illefuis. 
Ao  tempo  que  contava  a  idade  de  dezoito 
annos    deixou   a   pátria   por   ordem   de   feu 
Pay  em  o  anno  de  1535.  cuja  auzencia  ex- 
prime   com    eftas    fentidas    vozes 

Me  defiderium   AíatriSy  <&  afpera 

Prejfus  forte  parens  in   lacrymis  dies 

Noães  in   lacrymis  ducere  perpetes 

Crudeli  ferie  juhet. 
Depois    de    fer    difcipulo    na   Dialeótíca    do 
infigne    Letrado    Fr.    Domingos    Sotto,    ce- 
lebre efplendor  da  Ordem  dos  Pregadores, 
que    de    ConfeíTor    de    Carlos    V.    fubio    á 
Cadeira    Epif copal  de    Segóvia;    aíTiftio    al- 
guns annos  em  Anveres,  e  Lovanha,  donde 
paflbu   à   Cidade    de   Ragufa,   e   nella   fez  o 
feu  domicilio  até  a  ultima  idade  como  ef- 
creve    lib.     2.     Dyftich. 
Si  tranquilla   mea  fedes   optanda  feneãa 
Ante  alias  urbes  fola   Khagufa  placet. 

Foy  iníigne   Poeta   Latino   como   o   pu- 
blicaõ    os   feus   verfos    pelos    quais    naõ    al- 
cançou premio  algum,  experimentando  fem- 
pre    a   fortuna   infauíla   aos    feus    defignios. 
Celebraõ  a  fua  memoria  Brandão  Mon.  1m- 
fit.  Part.    5.  liv.   16.  cap.   5.  Auguft.  CaíTio- 
dor.  Reinio  in  Prolog.   Trad.  Latifi.  Defcript. 
Regfi.     Congi    Odoardi    Lapes.    Brito    Theatr. 
iMjit.    JLitter.    lit.    F.    n.    26.    Fonfec.    Evor. 
Gloriof    pag.    411.    Achilles    Eftaço    lhe   fez 
em  feu  applaufo  o  feguinte  epigramma. 
Dyflicha  compofuit  Galla  de  gente  Secundus 
Non  mala,  c>*   Eufebio  tejie  latina  fatis. 
Scripjit  €>•   ille   meus  civis  quoque   Flavius,   ut 

qua 
Vere  novo  cajias,  (&  thyma  libat  apis. 
Par  do£irina  viris,  ut  quidquid  Gallia  jaHat 

Candoris  certo  plus  habet  ille    meus. 
Compoz 

Cato  mayor,  Jive  dyfticha  moralia.  Acceffere 
nova  epigrammata  :t  alia  nonnulla.  Opus  pium 
€^  erudienãs  pueris  aprimè  necefsarium.  Vene- 
tiis.  Sub  figno  Leonis.  1592.  8. 

Cato  minor,  Jive  dyjlicha  moralia  ad  Lu- 
dimagi/lros  Ulyjftponenfes  partim  mcralium,  e>* 
partim  non  moralium  Epi^ammatum  libri 
quatiuor.  Xenia  ad  Janum  Claudium  RJba- 
cufanum.    Nomina   Portugallia  Kegum,  €>  ali' 


quot  injignium  Urbium  Hifpania.  jQui  Poeta, 
<&  Oratores  imitaíione  digni.  Qtánque  magno- 
rum  Kegum  infignia.  Dialogifmus  inter  honef- 
tum  adolefcentem,  dr*  pudicam  Virginem.  Eyrica. 
Tumuli  illí0res  familia  Khacufana.  Venetiis 
apud    Felicem    Valgriíium.    1596.    8. 

FORTUNATO  LOPES  DE  OLIVEYRA 

publicou  em  obfequio  da  iníigne  Matrona 
Santa  Anna. 

Excel  lendas  da  Mulher  Forte;  a  defpo- 
v^ada  mais  cafia;  a  ejleril  mais  fecunda,  a  Mãj 
da  mefma  Graça  Aíaria  Santi£ima,  e  Avò, 
fegundo  a  naturei^a  humana  de  JESU  Chrijlo 
a  Senhora  Santa  Anna  expendida  em  nove 
meditaçoens,  e  meditadn  em  vinte  e  fete  pontos 
pelos  dias  da  fua  Novena.  Lisboa  na  Oífic. 
Joaquiniana  de  Bernardo  Fernandes  Gayo. 
1735.     8. 

D.  FRADIQUE  DA  CAMARÁ ,  E  TO- 
LEDO, filho  de  D.  Manoel  da  Canura, 
fegundo  Conde  de  Villa-Franca,  e  de  fua 
mulher  D.  Leonor  de  Vilhena,  filha  de 
D.  Fradique  Henriques  Mordomo  mòr  de 
Filipe  fegundo,  e  de  D.  Guiomar  de  Vi- 
lhena filha  de  André  Telles  de  Menezes 
Alcayde  mòr  da  Covilhãa.  Entre  as  artes, 
que  cultivou  dignas  de  feu  illuftrc  naci- 
mento,  logrou  a  primazia  a  Poética,  fendo 
os  feus  verfos  ouvidos  com  geral  applaufo 
em  a  Academia  dos  Generofos,  de  que  era 
Secretario  D.  António  Alvares  da  Cunha, 
ou  foíTem  ferios,  ou  jocofos,  defcubrindo-fe 
em  todos  elles  fumma  elegância,  aguda 
difcriçaõ,  e  natural  afluência,  por  cujas 
partes  confritutivas  de  hum  Poeta  infigne 
o  louvaõ  D.  Francifco  Manoel.  Obras  Metr. 
Viol.  de  Thal.  pag.  152. 

Da  Camará  das  Mufas  naÕ  confias 

Naquelle  cuja  Ja ma  multiplique 

A  fama  f em  contar  dia  a  feus  dias 

Hum  grande  Capitão,  bum  D.  Pratique, 

Que  as  cofias  do  Pamaffo  defendendo 

Jã  de  agora  efiou  vendo,  . 

Qut  na  guerra  das  Mufas  preparada  ■  ] 

Hà  de  fer  General  da  fua  Armada. 
E   na   Ofientaç.   Encomiafi. 
O    Senhor  D.   Fradique  foy   o  primeiro   Gen- 


L  U  SITAN  A 


8i 


tiJ-bomem  da  Camará  de  Apollo,  cuja  pena 
de  ouro  tantas  ve^es  lhe  tem  fervido  de  chaue 
dourada.  Jacinto  G^rdeiro  £/o^.  dos  Poet. 
hnfit.   Efianc.    51. 

Pedirle  a  Daphne,  que  naciò  Toledo 
EJ  /agrado  Laurel  para  fu  frente 
D.  Fradiqtde  podrá  podrã  fin  miedo 
Con  tanto  ingenio,  efiilo  tan  valiente: 
Eft  tiemos  ahosfu  opulência  excedo 
A  muchos  que  han  efcrito  docilmente 
Y  pide  con  rav^n  dei  luutrel  parte 
Que  las  Níufas  alienta  el  fon  de  Marte. 
Traduzio    em    outava    Rima   Portugueza    os 
féis    primeiros    livros    da    Eneida    de    Vir- 
gílio,   cuja    obra    vio    Joaõ    Franco    Barre- 
to,   e   a    louva    de    perfeita  na  Bih.    Portug. 
M.  S. 

Komance  Cajklbano  à  morte  de  D.  Ala- 
ria de  Attayde.  Sahio  impreíTo  nas  Msmor. 
Funeh.  dedicadas  a  efta  Senhora.  Lisboa  na 
OíTic.   Crasb.    1650.   4.   a  foi.    57.   verf. 

Soneto  em  applaufo  do  Casamento  per- 
feito compofto  por  Diogo  de  Payva  de  An- 
drade. Sahio  impreíTo  no  principio  deíla 
obra.  Lisboa  por  Jorge  Rodrigues  1630.  4. 
Babilónia  de  Amor  GDmedia  imprefla  em 
Madrid,    e    outras    muitas. 


Fr.  FRADIQUE  ESPÍNOLA  naceo  em 
Lisboa,  e  logo  nos  primeiros  annos  mof- 
trou  tal  inclinação  à  virtude,  que  refoluta- 
mente  deixou  o  feculo  p>ara  abraçar  o  Inf- 
tituto  Monachal  da  Ordem  de  S.  Bernardo 
em  o  Real  Convento  de  Alcobaça  a  22.  de 
Novembro  de  1649.  onde  profeíTou  folemne- 
menie  a  17.  de  Abril  de  165 1.  Foy  ornado 
de  animo  íincero,  génio  aflEavel,  prudência 
fumma,  e  de  todos  aquelles  dotes,  que  conf- 
tituem  hum  perfeito  Religiofo  pelos  quaes 
fe  fez  digno  de  occupar  os  lugares  mais 
honoríficos  da  fua  Congregação,  como  fo- 
raõ  Meíbre  dos  Noviços,  Secretario  do 
Geral  Fr.  Luiz  de  Faria,  duas  vezes  Dif- 
finidor,  a  primeira  no  anno  de  1693.  e  a 
fegunda  no  anno  de  1699.  Abbade  do 
Mofteiro  de  Nofla  Senhora  do  Defterro, 
Prior  do  Mofteiro  de  Odivellas,  onde  fez 
obras  magnificas,  e  GDnfeííor  do  reformado 
Convento    da   Nazareth    defta   Corte,    em    o 


qual  paíTou  de  caduco  a  eterno  a  9.  de 
Dezembro  de  1708.  em  idade  muito  pro- 
vefta.  Compoz  varias  obras  cheyas  de  eru- 
dição fagrada,  e  profana,  em  que  era  muito 
douto,  principalmente  em  a  Theologia  Myf- 
tica,  em  cujo  eftudo  gaftou  grande  parte 
da  fua  vida,  como  fe  vè  do  Cathalogo  fe- 
guinte. 

Direãorio  de  Keli^ofas  para  feu  aprovei- 
tamento efpiritual  conforme  a  doutrina  de  S. 
Francifco  de  Sales,  Bifpo  de  Genebra.  Lis- 
boa  por   Domingos   Carneiro.    1676.    8. 

Det(eJos  do  Ceo,  vov^es  de  Varoens  illuflres 
para  todo  o  eflado  de  pejfoas  poderem  viver 
Cbriflãa,  e  religiofamente.  Lisboa  por  António 
Pedrofo    Galraõ  1694.  12. 

Aljava  do  Amor  Divino.  Lisboa  por  Ma- 
noel Lopes  Ferreira.  1695.  8. 

Chave  do  Parayfo,  com  que  na  hora  da  morte 
fe  abrem  as  fuás  portas.  Lisboa  por  António 
Pedrofo  Galraõ.  1697.  8. 

Efcada  da  Bemaventurança  compofla  de  íre- 
v^entos  e  cincoenta  Aforifmos  afceticos,  por 
onde  o  fervo  de  Deos  pôde  fubir  ao  mais  alto 
cume  da  perfeição  Evangélica.  Lisboa  por  Ma- 
noel   Lopes    Ferreira.    1699.    16. 

Efcola  Decurial  de  varias  liçoens.  i. 
Parte.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor.  1696. 
8.  2.  Part.  1697.  8.  3.  Part.  1698.  8. 
4.  Part.  1698.  8.  5.  Part.  1699.  8.  6. 
Part.  1699.  8.  7.  Part.  1699.  8.  8. 
Part.  1700,  8.  9.  Part.  1701.  8.  10. 
Part.  1702.  8.  II.  Part.  pelo  dito  Im- 
preíTor.     1707.      8. 

Ke^a  de  S.  Bento  traduzida  de  Latim 
em  Portugue^.  Lisboa  por  Domingos  Car- 
neiro. 1689.  12. 

Tinha    prompto    em    o    anno    de    1700. 

Sermoens  vários.  2.  Tomos.  M.  S. 


Sor.  FRANQSCA  DA  COLUMNA  na- 
tural da  Villa  de  Torres  Novas  do  Pa- 
triarchado  de  Lisboa  no  Seráfico  Convento 
da  fua  Pátria,  dedicado  ao  Efpirito  Santo, 
reUgiofa  profeíTa,  onde  foy  Abbadeíla,  me- 
recendo univeríal  eítímaçaõ,  aíTmi  pela  rigida 
obfervancia  do  feu  Inftituto,  como  pelo  fu- 
blime  talento,  que  teve  para  a  Poefia,  com- 
pondo  muitos   verfos,   em   que   competia   a 


82  BIBLIO 

fuavidade  com  a  devoção.  No  Poema  da 
vida  de  Santo  António  compofto  por  Fran- 
cifco  Lopes.  Lisboa  por  Pedro  Craes- 
beeck  1618.  8.  eílaõ  alguns  Sonetos  feus 
em  applauzo  do  Author.  Faz  breve  men- 
ção das  fuás  obras  o  Theatr.  Heroin.  Tom. 
I.  pag.  386.  e  Diogo  Manoel  Portug.  illuft. 
pelo  Sexo  Femin.  p.  74.  onde  efcreve,  que 
imprimira  Comedias  ao  divino,  fendo  a 
mais  difcreta  a  do  Nacimento  de  Chrifto  Se- 
nhor Nojfo,  como  elegantemente  a  defcreve 
o  Padre  António  dos  Reys  no  Enthuf.  Poef. 
n.  278. 
Doíía    manu  feriens   refonantia  pleãra 

Columna 
Narrai   ut   /Eterno  foboles  aqueva    Parenti 
Ad  cava   vicina   hethlemo   vi/cera   rupis 
Iverit  è  Matris  ^emio  ventura  Juh  auras 
Cum  vagajam  médios  torquehant  fydera  curjus 
Et   madefaãa   novus    Titan   revehebat   in   orbem 
Ijimina  de  médio  pelagi. 

Sor.  FRANCISCA  DA  CONCEYÇAM 
natural  de  Lisboa,  e  filha  dos  Excellentif- 
fimos  Condes  de  Villa-Nova  D.  Manoel 
de  Callello-Branco,  Confelheiro  de  Eftado 
de  Filipe  IL  e  IH.  e  de  D.  Branca  de  Vi- 
lhena, fenhora  do  Morgado  da  Povoa,  fi- 
lha de  D.  Diogo  de  Caílello-Branco,  e 
D.  Leonor  de  Milà,  augmentou  as  luzes 
do  feu  claro  nacimento,  quando  as  cubrio 
com  as  fombras  do  fayal  de  S.  Francifco, 
celebrando  os  feus  caftos  defpozorios  com 
o  Divino  Cordeiro  no  Seráfico  Convento 
da  Efperança  de  Lisboa,  onde  pela  fua 
exemplar  vida,  e  prudente  juizo  foy  dig- 
niíTima  AbbadeíTa.  AíTiílindo  nefte  Con- 
vento a  Ven.  Brizida  de  S.  António  pelo 
efpaço  de  fete  mezes,  por  cauza  do  in- 
cêndio, que  devaftou  a  17.  de  Agoílo 
de  165 1.  o  Moíleiro  das  Religiofas  In- 
glezas  de  Santa  Brizida,  onde  era  pro- 
feíTa,  obfervou  com  fumma  reflexão  as 
virtuofas  acçoens  deíla  grande  ferva  de 
Deos,  e  as  reduzio  a  hum  breve  epito- 
mc,  que  dedicou  à  Sereniflima  Rainha  de 
Portugal  D.  Luiza  Francifca  de  Gufmaõ 
com   efte   titulo. 

Kela^aÕ  da  vida,  e  morte  da  V.  Ma- 
dre   Sor.    Brígida    de    Santo    António,    Freira 


THE  CA 

de  Santa  Brizida.  M.  S.  4.  Defta  obra  como 
de  fua  Authora  fazem  memoria  o  Licen- 
ciado Jorge  Cardofo  Ágio/.  Lujit.  Tom.  5. 
no  Comment.  de  26.  de  Junho  letr.  L  c 
Fr.  Agoftiriho  de  Santa  Maria  na  Vida  da 
me/ma  ferva  de  Deos.  liv.  i.  cap.  i.  e  liv.  4. 
cap.    I.    e    7. 

Sor.  FRANCISCA  JOZEFA  DE  NO- 
RONHA natural  de  Lisboa  filha  de  Fran- 
cifco de  Noronha  Capitão  dos  Maltczes,  c 
Efcrivaõ  dos  feus  Priviligiados,  e  Thezou- 
reiro  da  mefma  Religião,  e  de  D.  Anna 
Maria  de  Figueiredo.  Na  primavera  dos 
annos  fe  defpozou  com  o  Divino  Cordeiro 
no  Convento  Pátrio  de  N.  Senhora  da  Rofa 
de  Religiofas  Dominicas,  onde  com  as  fuás 
virtuofas  acçoens  fe  fez  exemplar  das  fuás 
companheiras.  Era  muito  applicada  à  li- 
ção dos  livros  afceticos,  e  para  que  in- 
fundiíle  nos  peitos  Catholicos  os  afFeftos 
mais  ardentes  em  obfequio  de  Chrifto  Sa- 
cramentado, traduzio  da  lingua  Italiana,  que 
foube  com  perfeição,  em  a  materna,  o 
feguinte  livro  compofto  por  feu  irmaõ  Fr. 
Joaõ  Jozè  de  Santa  Thereza  Carmelita 
Defcalfo,  de  quem  fe  fará  memoria  em 
feu  lugar.  Falleceo  em  idade  proveâa  no 
anno  de  171 9.  e  delia  faz  mençaõ  Fr.  Pe- 
dro Monteiro  Claujlr.  Domin.  Tom.  3.  pag. 
220. 

Fine:(as  de  JESUS  Sacramentado  para  com 
os  homens,  e  ingratidoens  dos  homens  para  JE- 
SUS Sacramentado.  Coimbra  por  Joaõ  An- 
tunes 1705.  8.  e  Lisboa  por  António  Pc- 
drofo    Galraõ.    1722.    8. 

FRANCISCO    DE   ABREU    natural   de 
Lisboa,  compoz  conforme  efcreve  Joaõ  de    | 
Brito  de  Lemos  no  Abedeced.  mi/it.  foi.  77. 
Verf. 

Tratado  da  perdição  da  Armada  de  PortMg^ 
na  boca  do  Canal  de  Inglaterra,  de  que  era  Capitão 
General  D.  Manoel  de  Meneses.  M.  S. 

FRANCISCO  DE  ABREU.  Veja-fc 
MANOEL   SEVERIM   DE   FARIA. 

FRANCISCO      DE      ABREU      GO-   ' 
DINHO    natural    da    Villa    de    Montalvão 


LUSITANA. 


83 


na  Comarca  da  Gdade  de  Portalegre,  fi- 
lho de  Alanoel  Nunes  de  Abreu,  e  de 
Joanna  do  Rio.  Formado  em  a  Faculdade 
de  Direito  Cefareo,  pela  Univerfidade  de 
Coimbra,  fervio  com  igual  prudência,  que 
defintereíTe  os  lugares  de  JuÍ2  de  fora  de 
Niza,  Ouvidor  da  Gdade  de  Bragança,  e 
ultimamente  Provedor  da  Comarca  de  Mi- 
randa. Compoz  hum  Difcurfo  muito  douto 
intitulado. 

Declamação  ao  Príncipe  N.  Senhor  no  fa- 
crílego  de/acato,  que  fuccedeo  na  Igreja  de  Odi- 
vellas   em  a  noite    lo.    de   Aíayo   de    1671.    4. 

FRANCISCO  DE  ABREU  HOMEM 
Doutor  em  Direito  Cefareo,  e  muito  ver- 
fado  na  liçaõ  da  Hiftoria,  e  nos  preceitos 
da  Oratória.  Efcreveo  conforme  afíirma 
Fr.  Pedro  de  Poyares  no  Prolog,  do  Paneg. 
da   Villa  de  Barcellos. 

Panegyrico  em  louvor  dos  Templários. 

Panegyríco  ao  Duque  de  Bragança  D.  Fer- 
nando. 

FRANCISCO  AFFONSO  DE  CHA- 
VES, E  MELLO  natural  da  Gdade  de 
Ponte  Delgada,  Capital  da  Dha  de  S. 
Miguel,  e  filho  de  Pays  nobres.  Todo 
o  feu  eíhido  applicou  á  liçaõ  da  Hiftoria 
Sagrada,  e  profana,  publicando  em  eílilo 
claro,  e  corrente  a  obra  feguinte,  na  qual 
defcreveo  as  virtuoías  acçoens  da  Ven.  Mar- 
garida de  Chaves  fua  parenta,  como  o  fi- 
tio,  e  grandezas  da  fua  pátria  com  efte  ti- 
tulo. 

A  Aíargaríta  animada,  idea  moral,  po- 
litica, e  biftoríca  de  três  miados,  difcurfada 
na  vida  da  Venerável  Aíargarída  de  Cha- 
ves, natural  da  Cidade  de  Ponte  Delgada  da 
Ilha  de  S.  Miguel  com  a  defcripçaõ  da 
mejma  Ilha.  Lisboa  por  António  Pedrofo 
Galraõ.    1723.    8. 

Fr.  FRANQSCO  DE  SANTO  AGOS- 
TINHO ^L\CEDO  Varaõ  verdadeiramente 
Encyclopedico,    infigne     ornato     da    Repu- 
blica    Litteraria,     e     immortal     credito     de 
|ties   Familias   Religiofas,    que   illuíbrou   com 
!0    feu    talento    por     fer    huma    pequeno 


theatro    para    a  immenfa    vaftidaõ    da    fua 
Litteratura,  naceo  no  anno  de   1596.  em  a 
Gdade   de   Coimbra  baftando   para  gloriofo 
brazaõ   defta    Athenas   Lufitana   a   produção 
deíle   alumno,   que   lhe   havia   dilatar   a  fua 
fama  em  as  mais  celebres  Univerfidades  da 
Europa.     Foy    vigilantemente    educado    por 
feus    Pays    Joaõ    Rodrigues    Cidadão    hon- 
rado,   que    tinha   fervido    todos    os    officios 
da  Republica,  e  Maria  de  Macedo,  de  cuja 
virtuofa    difdplina    fahio    perfeitamente    inf- 
truido    nos    exercidos    da    piedade    Catho- 
lica.    Nos  primeiros   crefpufculos   da  idade, 
fe  admirou  com  tanta  antedpaçaõ  illuftrada 
a  agudeza  do  juizo,  e  a  feUddade  da  me- 
moria,   que    quando    contava    onze    annos, 
já   repetia   fielmente   o   Poema   de   Virgilio, 
e    metrificava    com    tal    elegância,    e    valen- 
tia, que  naõ  fomente  imitava,  mas  excedia 
a    eíle    Princepe    da    Poezia    heróica,    cau- 
fando    mayor    aííombro,    que    antes    de    fa- 
ber  a  quantidade  das  fyUabas,  e  os  precdtos 
da  Poética,  compunha  primorofamente  todo 
o  género  de   verfos,   aílim  na  lingua   Lati- 
na, como  materna.    Eftes  admiráveis  prelú- 
dios   do   feu   incomparável   engenho,    como 
foflem  infallivds  vaticinios  dos  agigantados 
progreflbs,    que    havia    de    fazer    na    idade 
adulta,  eítimularaõ  aos  Padres  Jefuitas,  para 
que    com    grande    gofto    o    admitiíTem    ao 
feu  Inftituto,  que  abraçou  na  idade  de   14. 
annos    em    o    Collegio    de    Coimbra   a    22. 
de   Mayo   de    161  o.     Neíla    Sagrada  paleftra 
fe  applicou  à   cultura  das  letras  amenas,   e 
feveras,    fruétificando    o    feu    raro    talento, 
ainda  ao  temp>o  de  florecer,  aíTim  na  prac- 
tica    de    humas,    como    na    efpeculaçaõ    de 
outras,  de  que  refultava  admiração  aos  Mef- 
tres,    e    enveja    aos    Condifdpulos.     Depois 
de    explicar    os    Tropos    da    Rhetorica,    as 
difficuldades    da    Filofofia,    e    as    regras    da 
Chronologia  em  os  Collegios  de  Lisboa,  e 
Coimbra,    como   retumbaífe   o   ecco   do  feu 
nome    em    a    Corte    de    Madrid,    foy    cha- 
mado   pela    Aíageílade    de    Filipe    IV."   para 
Mefixe    das    letras    humanas    em    o    Colle- 
gio   Imperial,    onde    entre    outros    grandes 
difdpulos    teve    a    Thomàs    Pinheiro,    que 
verteo     de     Grego     em     Latim     Stepbanus 
de     Urhibus,     como     elle     com     agradedda 


84 


BIBLIOTH  EC  A 


memoria  confefla  pag.  561.  n.  55.  Igual 
foy  ao  feu  merecimento  a  fama  que  ad- 
quirio  neíle  magiftcrio,  aíTim  pela  afluên- 
cia poética,  como  pela  profundidade  Theo- 
logica,  e  eloquência  Sagrada,  com  que  fe 
diílinguia  dos  mais  famofos  profeíTores  def- 
tas  Faculdades,  conciliando  por  taõ  íingu- 
lares  dotes  o  refpeito,  e  aclamação  das 
primeiras  peíToas  da  Corte  Caftelhana,  a 
que  finceramente  correfpondiaõ  as  vozes  do 
vulgo.  Para  fe  juílificar  de  huma  culpa  ma- 
quinada pela  malevolencia  dos  feus  emulos, 
em  que  teve  mayor  parte  a  credulidade, 
que  a  malicia,  foy  obrigado  a  deixar  a  Re- 
ligião da  Companhia,  havendo  fete  annos, 
que  fizera  a  profiíTaõ  do  quarto  voto,  e 
qucrêdo  manifeftar  ao  mundo  naõ  fer  o 
feu  intento  preferir  a  liberdade  do  feculo 
ao  rigor  do  Clauílro,  abraçou  o  auílero 
inílituto  da  reformada  Província  de  Santo 
António,  recebendo  o  habito  das  mãos  do 
Provincial  Fr.  Berardo  dos  Martyres  a  27. 
de  Junho  de  1642.  e  com  Breve  de  Ur- 
bano Vni.  profeflbu  paíTados  féis  mezes  a 
28.  de  Dezembro  do  mefmo  anno,  quando 
contava  46.  annos  de  idade.  Foy  mandado 
pelos  Superiores  ler  Filofofia,  e  Theologia 
no  CoUegio  da  Pedreira  em  a  Univerfidade 
de  Coimbra,  e  ao  tempo,  que  eílava  dezem- 
penhando  taõ  laboriofa  incumbência,  o 
chamou  El-Rey  D.  Joaõ  o  IV.  para  fe 
fervir  da  fua  grande  capacidade.  Obede- 
ceo  à  ordem  do  feu  Soberano,  e  para  que 
mais  prontamente  fe  dedicaífe  ao  feu  fer- 
viço,  paíTou  no  anno  de  1645.  da  Pro- 
vinda de  Santo  António  para  a  Obfer- 
vante  de  Portugal,  onde  permaneceo  atè 
o  fim  da  vida.  Em  obfequio  daquelle  Prín- 
cipe acompanhou  a  quatro  Embaxadores, 
que  mandou  às  principaes  Cortes  de  Euro- 
pa, que  foraõ  Francifco  de  Mello  Monteiro 
mòr  a  França;  o  IlluílrilTimo  Bifpo  de  La- 
mego D.  Miguel  de  Portugal  a  Roma; 
D.  Vafco  Luiz  da  Gama  Marquez  de  Niza 
a  França,  c  Joaõ  Rodrigues  de  Sà  Conde 
de  Penaguião,  e  Camareiro  mòr  a  Ingla- 
terra. Neftes  grandes  Theatros  luzio  com 
igual  credito  da  fua  Peflba,  que  da  Naçaõ 
Portugueza,  o  monftruofo  engenho,  a  fu- 
blime    elegância,    e    a    judiciofa    profundi- 


dade defte  infignc  Varaõ,  arrebatando  em 
merecidas  fufpenfoens  aos  mayores  Cori- 
feos  de  todas  as  Faculdades,  de  que  eta 
preciofo  erário  a  fua  feliz  memoria.  Na 
cabeça  do .  mundo,  como  ellimadora  dos 
mayores  juizos,  conciliou  a  veneração  das 
principaes  peíToas,  que  compõem  taõ  illuflxe 
Corte,  diílinguindo-fe  entre  todas  a  Santi- 
dade de  Alexandre  VII.  que  por  fer  infignc 
cultor  do  PamaíTo,  lhe  era  muito  incli- 
nado, admirando  o  natural  génio,  que  ti- 
nha para  a  Poefia.  Deíla  inclinação  foy 
confequencia  o  nomeallo  Meftre  da  Con- 
troverfia  em  o  CoUegio  de  Propaganda  Fide, 
Lente  de  Hiíloria  EcclefiaíUca  na  Sapiên- 
cia de  Roma,  e  Confultor  da  Inquifiçaõ 
Univerfal.  Ao  tempo  que  eftes  lugares 
com  acelerados  voos  o  hiaõ  elevando  à 
mayor  eminência,  principalmente  vendo-fe 
favorecido  dos  Duques  de  Saboya,  Flo- 
rença, e  Mantua,  e  o  que  era  mais  do  decla- 
rado affefto  do  Pontifice,  o  perdeu  infeliz- 
mente por  naõ  condefcender  na  emenda  de 
huma  palavra,  que  lhe  mandava  rifcar  o 
mefmo  Pontifice  no  epitáfio,  que  por  fua 
ordem  fizera  para  o  Maufoleo  de  Mon- 
fenhor  Favorito  feu  Prelado  domeílico.  Def- 
ta  infelicidade,  que  pudera  evitar  a  prudên- 
cia fe  fenaõ  deixara  arraílar  do  feu  génio 
inflexível,  fe  armou  a  emulação  para  lhe  dar 
graviíTima  matéria  à  fua  tolerância,  de  que 
depois  triunfou  a  própria  innocencia.  Dei- 
xada Roma  paíTou  a  Veneza,  e  para  que  em 
taõ  nobre  Cidade  fizeííe  conhecido  o  feu 
nome,  havendo  defendido  na  Cúria  por  três 
dias  fucceífivos  no  anno  de  1638.  humas 
Conclufoens  de  Omni  Scibili  em  obfequio  dos 
Cardeaes  Pedro  Ottoboni,  c  Francifco  Aibi- 
zio,  ambos  douti/Timos  na  Jurifprudenda 
Civil,  e  Canónica,  e  feus  affeóhiofos  Patro- 
nos, de  que  lhe  refultou  immortal  credito 
à  fua  litteratura,  fe  refolveo  a  entrar  em  fc- 
gundo  combate,  de  que  foy  thcatro  o  Con- 
vento de  Saõ  Francifco  da  Vinha  da  Gdade 
de  Veneza  eílando  prefentes  o  Doge  Do- 
mingos Contareno,  e  a  Nobreza  daquclla 
celebre  Republica,  fuílentando  pelo  ef- 
paço  de  outo  dias  mayor  que  Athlantc 
fem  o  foccorro  de  Alcides  aquellas  £a- 
mofas    Conclufoês    intituladas     Leonis    San- 


L  USITANA. 


85 


ãi  Morei  ru§tus  litterarii,  que  principiarão 
a  26.  de  Setembro  de  1667.  e  comprehen- 
diaõ  em  outo  pontos  as  matérias  feguintes. 
I.  Os  fentídos,  verfoens,  e  interpretaçoens 
do  Teílamento  velho,  e  novo.  2.  A  ferie, 
fucceíTaõ,  e  authoridade  dos  Summos  Pon- 
tiíices,  e  Concilios  Ecuménicos.  5.  A  Hif- 
toria  Eccleílaílica,  desde  Adaõ  atè  Chrifto,  e 
de   Chriílo   atè   o   tempo   em  que   defendeo. 

4.  A  doutrina,  e  tèpo,  em  que  floreceraõ 
os  Santos  Padres  aíTim  Gregos,  como  La- 
tinos,   principalmente    de    Santo    Agoftinho. 

5.  A  Filofofia,  e  Theologia  Efpeculatíva, 
e  Moral  conforme  as  três  Efcholas  de  Santo 
Thomàs,  Scoto,  e  Suares  Granatenfe.  6.  A 
Jurifprudencia  Ginonica,  e  Civil;  a  Hiíloria 
Grega,  e  Latina,  e  principalmente  a  de  Itá- 
lia, e  Veneza.  7.  A  Rhetorica,  e  feu  me- 
thodo;  e  ultimamente  a  Poética  conforme 
a  mente  de  Ariíloteles,  e  da  forma  de  todo 
o  género  de  verfos  praticados  pelos  Gregos, 
Latinos,  Italianos,  Efpanhoes,  e  France- 
ses. Concorrerão  a  eíle  litterario  com- 
bate os  mayores  fabios,  que  aquella  ida- 
de refpeitava  na  Europa  atrahidos  huns 
da  admiração,  e  eftimulados  outros  de 
inveja,  de  que  hum  homem  fe  animaíTe, 
pofto  que  ornado  de  fublime  talento  a 
huma  empreza,  que  ainda  era  árdua  para 
todos  os  Cathedraticos  da  mais  douta,  e 
florente  Univerfidade.  Porém  a  experiên- 
cia os  defenganou,  reconhecendo  que  era 
Macedo  animada  Encyclopedia,  e  vivo  erá- 
rio de  todas  as  fciencias,  as  quaes  poíTuia 
com  tanta  eminência,  que  a  tudo  quanto 
fe  lhe  perguntou,  e  arguio  fe  naõ  equivo- 
cou em  huma  fó  palavra,  e  muito  menos 
fe  fufpendeo  pelo  mais  breve  espaço  a  to- 
das as  repoílas  que  dava;  antes  para  eviden- 
te prova  de  como  a  cõprehençaõ  do  juifo, 
e  felicidade  da  memoria  fe  naõ  tinhaõ  per- 
turbado com  taõ  diverfos  argumentos,  e 
logravaõ  de  huma  perfeita  ferenidade,  emen- 
dou a  hum  dos  arguentes  hum  Texto  da 
Efcritura  erradamente  citado;  e  a  outro 
lembrou  hum  verfo  de  Virgilio,  que  lhe 
efquecera,  e  a  outro  que  allegava  authori- 
dades  falfas  para  prova  do  feu  argumento 
naõ  fomente  defcobrio  a  falGdade  das  fuás 
aUegaçoens,    mas    lhe   repetio    diverfos   Au- 


thores  com  que  verdadeiramente  podia 
eílabelecer  a  fua  opinião.  Coroou  eíle  fa- 
mofo  Aélo  recitando  extemporaneamente  mil 
verfos  Latinos  com  hum  Epigrama  em  lou- 
vor da  Republica  de  Veneza  o  qual  man- 
dou efcrever  debaxo  do  feu  retrato  a  mef- 
ma  Repubhca,  e  o  collocou  na  BibUo- 
theca  de  Saõ  Marcos  para  eterno  padraõ 
do  feu  agradecimento  declarando-o  feu  G- 
dadaõ,  e  elegendo-o  Cathedratico  de  Filo- 
fofia Moral  em  a  Univerfidade  de  Padua^ 
de  que  tomou  poíTe  a  18.  de  Dezembro 
de  1667.  Foy  hum  dos  acérrimos  propug- 
nadores  da  doutrina  de  Santo  Agoítínho^ 
de  cujas  obras  tinha  tanta  liçaõ,  que  as 
repetia  de  memoria  fem  interrupção  da 
menor  palavra,  caufando  mayor  efpanto,  que 
querendo  alguns  emulos  examinar  a  verdade 
de  taõ  portentofa  erudição  lhe  allegavaõ 
alguns  textos  do  Santo  Doutor  fabricados 
com  tal  arte,  que  pelo  eftilo,  e  doutrina 
pareciaõ  fer  verdadeiros,  cuia  falfidade 
promptamente  defcobria,  moftrando  naõ  fe- 
rem genuinos  partos  da  penna  da  Aguia^ 
dos  Doutores.  Fallou  as  Unguas  mais  po- 
lidas da  Europa  com  perfeição,  efcrevendo, 
e  pregando  na  Italiana,  e  Efpanhola  como 
fe  fora  nacido  em  Roma,  e  criado  em  Ma- 
drid. Entendeo  a  Franceza,  e  em  a  Grega 
naõ  foy  hofpede,  alcançando  o  principado 
em  a  Latina,  da  qual  foy  eloquentiíTimo  cul- 
tor, e  nomeado  Chroniíla  defta  Monarchia. 
em  taõ  elegante  idioma  pela  Mageftade  de 
Dom  Joaõ  o  IV.  por  Alvará  paífado  a  8. 
de  Abril  de  1650.  Defde  a  infância  bebeo 
com  tanta  abundância  as  aguas  da  Hipo- 
crene,  que  foy  numerado  entre  os  Prin- 
cipes  do  ParnaíTo,  aíTim  na  elevação  do 
enthufiafmo,  como  na  cadencia  do  metro. 
Antepoz  a  mageftade  de  Virgilio  ao  fiiror 
de  Efiacio,  e  o  Eftro  de  Lucano,  à  eloquên- 
cia de  Claudiano,  fendo  o  feu  eftilo  fempre 
fublime,  claro,  e  numerofo.  Naõ  foy  menos 
copiofa  a  fua  veya  na  compofiçaõ  das  Odes, 
e  Elegias,  de  que  feguio  como  exemplares 
os  Ovidios,  Horacios,  Propercios,  e  Ca- 
tullos.  O  primor  da  Oratória  brilhou  nas 
fuás  Orações,  Apologias,  e  Inveâivas,  pra- 
ticando com  artificiofa  energia  os  feus  me- 
lhores   preceitos.     Sendo    profundo    Theo- 


Só 


BIB  LIO  THE  CA 


logo  Efcolaftico  como  manifeílou  na  la- 
boriofa  conciliação  do  Doutor  Angélico 
com  o  Subtil,  em  que  pcrtendeo  inimigo 
da  parcialidade  unir  eftas  duas  grandes 
Efcolas,  naõ  foy  menos  em  a  Pofitiva,  e 
Polemica,  em  que  fe  moílrou  fempre  fe- 
quaz  das  opinioens  mais  folidas,  e  fortif- 
fimo  propugnador  dos  dogmas  Catholi- 
cos  contra  a  cegueira  do  Atheifmo,  e  pe- 
tulância da  Heregia.  Da  Filofofia  moral, 
que  eníina  regular  as  próprias  paixoens, 
aprendeo  a  moderação,  com  que  tolerou 
a  injuíliça  da  fortuna  nunca  mais  cega, 
do  que  quando  lhe  negou  os  prémios  me- 
recidos ao  feu  grande  talento,  e  os  con- 
cedeo  a  outros,  que  lhe  eraõ  inferiores  em 
tantos  dotes,  de  que  liberal  o  ornara  a 
natureza.  Defta  fem-razaõ,  ainda  que  mo- 
deftiíTimo  fe  queixou  na  Prefação  ao  Lei- 
tor das  Collaçoens  de  Santo  Thomàs,  e 
Scoto,  explicando  o  feu  fentimento  com 
eftas  elegantes  vozes:  Scribo  procnl  á  fuco, 
longe  ah  amhitione:  omni  fpe  honoris  non  modo 
ahjeêia,  fed  etiam  amijfa:  viãima  veritatis  non 
nia^a,  fed  maãata.  Contigit  mihi  jaciari  in 
fchola,  quòd  tile  alter  in  acie- 
Difce  legens  doãrinam  ex  me,  verumque  labo- 
rem 
For  tuna  m  ex  aliis:  nam  te  mea  penna  Minerva 
Addi£tum  dabit,  <&  nulla  inter  pramin  ducet. 
Para  defender  as  opinioens  fobre  a  ma- 
téria da  Graça,  e  da  verdadeira  doutrina, 
que  fobre  taõ  importante  queftaõ  fegui- 
ra  Santo  Agoftinho,  fe  armou  por  diver- 
fas  vezes  a  fua  penna  contra  o  Cardeal 
Henrique  de  Noris  igualmente  eminente 
em  a  dignidade  como  litteratura,  chegando 
a  tal  exceíTo  o  ardor  da  contenda,  que 
o  defaíiou  por  hum  publico  edital,  af- 
fmada  para  theatro  defta  controverfia  a 
Cidade  de  Bolonha,  o  qual  naõ  aceitou 
o  Eminenti/Timo  Noris  como  receando  o 
vigor  da  eloquência,  e  afluência  da  I.a- 
tinidade  do  feu  contendor.  Entre  a  la- 
boriofa  occupaçaõ  de  tantos  eflxidos  fem- 
pre confervou  faude  robufta  atè  poucos 
dias  antes  da  morte,  para  a  qual  prepa- 
rado com  todos  os  Sacramentos,  entregou 
o  efpiríto  nas  mãos  do  feu  Creador  em  o 
Convento  de  Pádua  no  primeiro  de  Mayo 


de  1681.  quando  contava  85.  annos  de 
idade,  e  naõ  de  88.  e  de  90.  como  errada- 
mente fe  lè  nas  duas  Infcripçoens  abaixo 
tresladadas.  Foy  honorificamente  fepultado 
pelos  feuá  Religiofos,  e  para  eterna  recor- 
dação de  taõ  grande  homem  mandarão  ef- 
culpir  de  bronze  hum  Bufto,  que  reprezen- 
tafle  a  fua  figura  natural,  ao  qual  collo- 
cado  fobre  a  porta  da  Sancriftia  fe  lhe  gra- 
vou na  parte  inferior  em  huma  tarja  de  pe- 
dra  a   feguinte   Infcripçaõ. 

D.    O.    M. 
Vatri  Francifco  Macedo   hafitano 
Hujus    Domiis    Patres    eximio    centuhemali  Jm 
Iftam 
Ex  are  Imaginem  »- 

Pro  áurea  illâ  quam  in  Patavino  Gymnafio 
Moralis    Philofophia   Doâíor,    <Ò^   undique 
Ungua,  eS^  calamo  vir  doãijftmus  protulit 

Unanimiter  decrevêre. 
Obiit    anno    Do  mini    1681.     die    prima    MaH 

JEtat.  90. 
Semelhante  obfequio  confagrou  à  fua  im- 
mortal  memoria  em  o  Convento  de  Ara- 
Casli  em  Roma  feu  amante  difcipulo  Fr. 
Miguel  Angelo  Farolfo  de  Cândia,  Pre- 
gador do  Palácio  Apoftolico,  coUocando 
o  feu  Bufto  aberto  de  relevo  em  hum 
mármore  vermelho,  defronte  da  efcada, 
que  fóbe  para  o  dormitório,  para  fervir 
aos  que  paíTaõ  de  defpertador  dos  mereci- 
mentos defte  infigne  Varaõ,  cujo  retrato  fe 
anima  com  eftas  elegantes  claufulas. 

P.  M.  S. 
Viro  omnifcio 
P.    Fr.    Francifco  á  Sanão   Augufiino   hiaceêú   || 

Pátria  Ljijitano,    Veneta   Ciui 
Min.    Obferu.     Prov.    Portugal.    Leãori   Jubi- 
lato 
In  Patauina  Academia  Mtbica  Profeffori 
Galliarum  Regina  Anna  Conãonatori,  €>•  Con- 

Jiliario 
Regis   Lujitania  Joannis   IV.    Chronologp   La- 
tino 
S.  Officii  Roman.  Omlijicatori 
In    Collegio   de    Prop.    Fid.    Controverfuxrum 

luctori 
In   Romana  Sapientia   Hifl.  Ecclef.   Magiftn 


L  USITANA. 


87 


Poeía  extemporâneo  celeherrimo 

Pltmbíis  in  Catholica,  ac  Uteraria  Reipu- 

blica 
Obfequium   lahorihus  claro 
Eficyclopedicis  non  paucis  Jpeciminihus,  ac  certa- 

minihus   illuftri: 

Adverfa  fortuna  i£íibus  intrépido 

Ingenio  acri,   memoria  infallibili 
L.XX.  voluminum  Patri 
Die   I.   Maii  ann.  M.  DCLXXXI.  atatis  fua 

ann.   LXXXVIII. 

PadiUB   ad  fuperos  profeão 
Fr.    Michael   Angelus    Farrolfus   de    Cãdia 
Sacri  Palatii  Apoftolici  Pradicator 
Cifm.  Fam.  Min.  Obferv.  (Ò"  Reform.  Difcre- 

tus  perpetuus, 
Et  in   Romana   Cúria   Commiffar.    Genera- 

lis 
Grati   Difcipulatús  caufa   Aí.  P.  C. 

Anno  Domini  M.  DC.  XCI. 
A  eftes  elogios,  que  a  arte  gravou  na  pe- 
dra para  mayor  perpetuidade  da  memoria 
do  Padre  Macedo  correfpondem  as  vozes 
de  iníignes  Authores,  que  uniformemente 
o  aclamaõ  por  Feniz  dos  engenhos.  Nicol. 
Ant.  Bib.  Vet  Hijpan.  liv.  4.  cap.  4.  §.  77. 
multorum  omnis  generis  librorum  confeãor  injignis, 
vir  multifcius,  <&  eloquens,  e  na  P>ib.  Hifp. 
nov.  Tom.  i.  pag.  336.  col.  2.  Acumine 
ingenii,  memoria  prafentia,  multarumque  difci- 
plinarum  prafianii  eruditione  clarijfimum.  Da- 
niel Papebroch.  Aã.  SS.  Maii  in  vita  B. 
Mafa/d.  Reg.  no  principio  Ita/ia  toti,  quin 
&  univerfa  Europa  notijftmus.  Carol.  Patin. 
Eyc.  Patavin.  pag.  129.  celeberrimum  P.  Franc. 
de  Francifcis.  Dijfert.  Philolog.  de  Franc. 
Utter.  feft.  3.  de  Rhethor.  atque  Poeji.  n. 
13.  noftri  faculi  author  probatijfimus,  &  n.  21. 
Poetam,  (Ò'  Oratorem  prajtantiftmum.  Vir  pla- 
ne eruditus,  inque  carminibus  pangendis  felicif- 
fimus,  ac  vena  ubérrima.  Morhof.  Polyhijl.  Ut- 
terat.  lib,  4.  cap.  6.  incomparabilis  omni  doc- 
trinarum  genere,  maximoque  judicio  praditi,  & 
cap.  12.  virum  omnibus  doãrinis,  fíy  Jcientiis 
conjummatum.  Gregor.  Leti  Itália  Regnante 
liv.  3.  part.  3.  ingegno  trafcendentijftmo,  e  mof- 
t^ofo,  e  Jen^a  di  alcun  dubbio  uno  di  maggiori 
litterati  che  Jien  viventi.  Papadopoli  Hifi. 
GymnaJ.  Patav.  Tom.  i.  lib.  2.  cap.  34. 
vir    miri   prorjus,    (&  facundijftmi    in    re    lit- 


ieraria  ingenii,  e  lib.  3.  feâ.  2.  cap.  33. 
vir  plane  eruditus,  <ò^  in  pangendis  carmini- 
bus felicijjimus.  Sou  Ca  de  Macedo  Eufit.  U- 
berat.  lib.  i.  cap.  14.  n.  20.  eruditijftmus,  <& 
elegantijfimus,  e  no  Prolog,  de  Caramuel  con- 
vencid.  Cuya  elegância  rara,  y  erudicion  grande 
le  ba!(e  bien  conorido,  e  na  Eva,  e  Ave.  Part. 
I.  cap.  26.  n.  10.  bem  conhecido  em  Europa 
toda  por  Poeta  injigie.  P.  Garau  Maxim. 
Moral.  Maxim.  \.  fu  tan  ^ande,  como  breve 
Panegjrifta  Macedo  falia  do  Panegyrico,. 
que  compoz  em  applaufo  do  Principe  de 
GDndè.  D.  Franc.  Manoel  no  Prolog,  das 
Obras  Metric.  En  la  opulência  de  las  bue- 
nas,  y  de  las  mejores  letras  humanas,  y  divi- 
nas nuefiro  infigie,  y  nueftro  Preceptor  el  P. 
Maejlro  Fr.  Francifco  de  Macedo,  ctfyos  copiojor 
raudales  go^an  admirable mente  dos  Cathedras,. 
muchos  púlpitos  no  poços  tribunales,  y  innume- 
rables  typos.  P.  Emman.  Ludov.  Vii.  Prin- 
cip.  Theod.  lib.  i.  §.  249.  Eujitanus  Tullius,. 
&  lib.  3.  §.  198.  injigtis,  (&  celeberrimuT 
in  Academia  Conimbricenji  Ma^fter.  Joan. 
Soar.  de  Brit.  Theatr.  Eufit.  Eitter.  lit.  F. 
n.  52.  jingularem  illum  bominem  Eujitania,  feu 
potiOs  Hifpjnia  Phanicem,  fummifque  omnium 
nationum  viris  conferre,  vel  etiam  praferre  non 
dubitarem.  Sabino  Eux  Moral.  Traft.  44. 
de  Eucharift.  n.  49.  vir  omnifcius,  e^  famo- 
Jus.  Fr.  Femand.  da  Soled.  Hift.  Seraf. 
Part.  3.  liv.  I.  cap.  21.  bem  conhecido  no- 
mundo  pela  glande  Eatinidade,  Poética,  t 
Rhetorica,  e  Part.  5.  liv.  5.  cap.  i.  gran- 
de homem  conhecido  por  fua  remontada  eru- 
dição em  toda  a  Europa.  Ped.  Bayle  Dic- 
cion.  Hijlorique  e  Critique.  Tom.  3.  pag. 
mihi  238.  une  des  plus  fer tiles  plumes  dw 
XVn.  fiecle.  Niceron  Memoir.  des  Hom. 
lllufir.  Tom.  31.  pag.  314.  onde  com 
atrevida  critica,  e  mayor  petulância  faz 
juizo  das  obras,  e  do  talento  do  Pa- 
dre Macedo,  fendo  incapaz  de  fe  confti- 
tuir  Cenfor  de  hum  Varaõ,  que  foy  emi- 
nente em  todas  as  fciencias,  de  cuja  vida. 
narrou  vários  faélos  com  ignorância  craf- 
ía,  devendo  aprender  da  fua  erudição  para. 
ter  algum  nome  com  as  Memorias  Hif- 
toricas,  que  fielmente  tranfcrevia,  de 
quem  lhas  mandava.  GraveíTon.  Hijlor^ 
EccleJ.    Tom.    8.    pag.    mihi    132.    col.     i. 


ss 


BIB  LIO  THE  CA 


^rNditíoms  laude  celebris ,  onde  erradamente 
o  faz  Italiano.  Bib.  Societ.  p.  255.  col. 
2.  vir  plane  erudittis,  aÍT  in  pangenàis  car- 
minihus  felkijfimus.  Franco  Imag.  da  vir- 
tude em  o  Nov.  de  Coimb.  Tom.  2.  pag. 
^617.  col.  I.  Fqy  homem  eruditijftmo,  e  na  Poe- 
s^ia  latina  excellentijfimo.  Franc.  de  Santa 
Maria  Chron.  dos  Coneg.  Sectã.  liv.  i,  cap. 
2.  taõ  conhecido  no  mundo  por  fuás  grandes 
letras,  e  erudição.  Soufa  Appar.  à  Hijl.  Gen. 
da  Cat(a  Real  Portug.  pag .  130.  § .  152. 
de  quem  temos  em  muitas,  e  diverjas  obras  tan- 
tos abonos  da  erudição,  como  do  grande  engenho 
taõ  univerfal,  que  fervio  de  admiração  em  muitas 
fortes,  e  Univerjidades  da  Ejtropa,  onde  rea^idio. 
Fr.  Martinho  do  Amor  de  Deos.  Chron.  da 
Prov.  de  Santo  António  pag.  748.  preclaro 
Heròe.  Lopo  da  Vega  Laurel  de  Apollo. 
;Sylv.    2. 

Francifco  de  Macedo 

Tu  Khetorica  dulce,y  amorofa 

O'  tu  Lyra  latina  culta,  y  grave 

Perdiera  a  tanta  empre^^a  el  jujlo  miedo: 

Però  fi  como  fue  dificulto/a 

Fuera  impojftble.  Amor  imaginara 

Dédalo  que  comigo  ai  Sol  bolara. 
P.  Ant.  dos  Reys    Enthujiafm.  Poet.  n.  78. 

, ab  altis 

Arboribus  certat  ramos  decerpere  pulcher 
Cynthius    ipfe    fuum    cinãurus  fronde    Poe- 
tam, 
lllum    ter    mafftum,    quo    non    praflantior    al- 
ter. 
Seu  canat  in   campo  fquallentem  pulvere   Mar- 

tem, 
Trijlia  feu  querulâ  moduletur  carmina  você, 
Seu    Cytharam    pulfans   fefliva    poemata    pan- 

gat: 
lllum,   qui  natus  placidi  prope  flumina   Mõda, 
Reptavit    per    pleâra    puer,    teneroque     liquen- 

tes 
LarffOs    ore    bibit    latices,    quàm    turba,  foro- 

rum 
Qua  fubit   in    Pindum,  folita   efl  haurir e:   ca- 

nentem 
J^uem     Tagus     ut    poffet    properans     audire, 

fluenta 
Sape  fua  in   médio  fecit  conjijlere   curfu; 
^Ibula    quem  gelidus,    Tamefifque,  fÍT  Sequana, 
parvus 


Quem   Mançanares,   Amus,  fimul  atque   citatus 
Ticinus   quondam    mulcentem    carmine    Nympbas 
Audivere  fuás:    illum    qui   nomine  geflat 
In  próprio    merita    laudis    monumento, 
Macedum. 


Cathalogo    das    obras   impreflas   por   ordem 
Chronologica. 

De  primis  folemnibus,  €>•  pompa  triumphali 
habita  in  Apotheofi  Divi  Francifci  Xaverii  épico 
carmine  libri  três.  Ulyflipone  apud  Joannem 
Rodrigues.  1621.  8. 

Apotheofis  Sanãa  EJifabetha  Regina  Lu- 
fitana  épico  carmine  liber  unicus.  Gjnimbrioc 
apud    Didacum    Gomes    Loureiro  .1625.    4. 

Lacryma  Província  Lodjitana  ob  ereptum 
fibi  Ljigduni  acerba  morte  P.  Francifcum  de  Men- 
doça.  Confta  de  quatro  Elegias,  e  dous  Epi- 
grammas  latinos.  Sahiraõ  impreíTos  no  prin- 
cipio do  Viridarium  Sacra,  d»*  prophana  eru- 
ditionis  do  mefmo  Padre  Mendoça,  que  mor- 
reo  na  Cidade  de  Leaõ  a  3.  de  Junho 
de   1626.   Lugduni  apud  Horatium  Cardon. 

1632.  foi.   &  ibi  apud  Laurentium  AniíTon. 
1649.    foi. 

Thefes  Rhetorica  omni  eruditione  referia 
Matriti.  1628.  Conílavaõ  deíles  Titulos 
Thefaurus  eruditionis  pro  fole  s^odiacum  pro- 
currente.  Parnajft  Nemus  poeticis  arboribus 
confttum.  Viridarium  eloquentia  Rhetoricis  flo- 
ribus  dijiinãum. 

Hijloria  de  los  Martjres  dei  Japon.  Ma- 
drid. 1632.  4.  Faz  mençaõ  defta  obra  o 
moderno  addicionador  da  Bib.  Orient.  de 
Ant.  de  Leaõ.  Tom.  i.  foi.  547.  no  Ap- 
pendix. 

Vida  dei  gran  D.  Lui^  de  Attayde,  ter- 
cero  Conde  de  Attougtáa.  Madrid  en  la  Im- 
prenta  Real.  1635.  4.  Sahio  com  o  fup- 
pofto  nome  de  Jozè  Pereira  de  Macedo. 
A  efta  obra  louvaõ  Franckenau  Bib.  Hifp. 
Genealog.  Herald,  pag.  268.  c  o  moderno  j 
addicionador  da  Bib.  Orient.  de  Ant.  de  ; 
Leaõ   Tom.    i.    Tit.    3.    col.    56.  1 

Epitome  Chronoloffco  defde  el  principio  id  1 
mundo    hafla    la    venida    de    Cbriflo.     Madrid. 

1633.  4. 

SermaÕ    dt    S.     Tbomè    Padroeiro    da    In- 


L  USITAN A. 


89 


dia,  na  Capella  KeaJ.  Lisboa  por  Lourenço 
Craesbeeck.    1637.    4. 

Panegyris  A^pologetica  pro  Ljtjttania  vin- 
dicata  á  fervitute  injufta,  ah  jugo  iniquo,  á  ty- 
rannide  immani  Caftella,  jure,  virtute,  (ò^  opera 
Joannis  IV.  Jujti  Keps,  L^gitimi  Domini,  opti- 
mi  Pareníis  armo  captivitatis  fexagejjimo.  Pa- 
riíiis.  1641.  4.  &  Ulyflipone  apud  Lau- 
rentium  de  Anvers.  1641.  8.  &  ibi 
apud  Georgium  Rodrigues  eodem  an- 
no.  4.  Barcelona  por  Jayme  Romeu 
1641,   4. 

Jíts  fuccedendi  in  l^ujitania  Kegnum  Do- 
mina Catharina  Kegis  Em/nanuelis  ex  EJuardo 
filio  nepfis  Doãorum  Juh  Henrico  latjitania  Ke- 
ffii  ultimo  Conimhricenjium  Jententiis  confirma- 
tum.  Pariíiis  apud  Sebaílianum  Cramoify. 
1641.  foi.  He  huma  tradução  da  Allega- 
foÕ  de  Direito,  que  na  caufa  da  fucceçaõ  dejle 
Keyno  fe  fev^  por  parte  da  Serenijfima  Senhora 
D.  Catherina,  e  fahio  imprefla  em  Lisboa 
1580.  foi.  a  qual  tradu2Ío  o  P.  Macedo 
em  o  breve  cfpaço  de  quinze  dias,  e  a 
dedicou  ao  Cardeal  de  Richilieu,  que  de- 
zejava  ver  os  fundamentos  por  onde  efta 
Gjroa  naõ  pertencia  à  de  Caftella.  No  fim 
defta  tradução  acrecentou  o  Tradutor.  Kpen- 
Sx  libri  de  aãu,  (ò"  jure  pojftdendi  Serenijfimi 
Kegis   J o  anis    IV. 

Laifitania  Vindicata.  He  huma  tradução 
latina,  em  a  qual  diz  ao  Leitor.  Ciim  ejfem 
Parifiis  oão  laifitania  vindicata  exemplaria  bre- 
pi  tempore  ex  diverjis  Europa  partibus  ad  ma- 
tms  pervenere  meãs.  Ea  vero  fihi  fingula  difcre- 
pantia,  e^  uno  excepto  omnia  mendofa:  ifftur 
Lj4fitanam  ipfam  ex  Archetipo  quem  pra  ma- 
fiibus  habeo  Jine  crimine  tranfcriptam  edere  vi- 
Jum  efi.  Sahio  fem  lugar,  nem  anno  da 
impreíTaõ,  mas  do  caraâer  fe  conhece  fer 
em  Lisboa,   e  no   anno   de    1641.    16. 

Elogia  Gallorum.  Aquis  Sextiis  apud  Ste- 
phanum  David.    1641.   4. 

Sacra  D.  Magdalena  Spelunca  vulgo  fainãe 
Baume  prope  Majfiliam  poética  citra  fiâionem 
defcriptio.  ibi  apud  eumdem  Typ.  1641.  8. 
UlyíTip.  apud  Michaelem  Desland.  1683.  no 
Hv.    Carm.   Seleãa   Macedi  à   pag.    319. 

Statua  equeftris  Eudovici  XIII.  PariGis. 
1641.  4.  &  UlyíTip.  apud  Laurentium  de 
Anvers.     1641.    4.    &    ibi   apud  Michael. 


Desl.     1683.     8.     no     Carmin.    Seleã.    à    p. 
155- 

Cardinali  Júlio  Aía^;(arino  pro  recens  do- 
nata  Purpura  Eloffum.  Eidem  Komam  è  Ca- 
thalonia  redeunti.  Pariíiis  1641.  4.  &  Ulyf- 
íip.  apud  Michaelem  Desland.  1683.  8.  no 
liv.  Carmina  Seleãa  à  pag.  285. 

Excellentijftmi  D.  D.  Aíarchionis  de  Fon- 
tene  Chrifiiani  Regis  Galliarum  apud  Sanãam 
Urbem  Oratoris  folemni  popa  inveãi  carmen,  (& 
acroama  triumphale.  Romac  per  Dominicum 
Mardanum.  1641.  4.  &  Ulyflipone  apud 
Michaelem  Deslandes.  1683.  8.  no  Uv.  Car- 
min. Seleã.  à  pag.  225.  Efta  obra  íahio  com 
a    feguinte. 

Acroamata  Gallia  á  novem  Mujis  reddita  fo- 
lemni die  pompa  pedefiri  oratione. 

IlluJhriJJimo,  f&  Keverendijfimo  Domino  Bre- 
talio  Archiepifcopo  Aquenfi  rufiicana  Jua 
domús  poética  defcriptio.  Parifiis  1641.  4. 
&  Ulyffipone  apud  Michaelem  Deslan- 
des. 1683.  8.  no  liv.  Carmin.  Seleã.  à  pag. 
187. 

Poema  epicum  pro  viãoria  Anglorum  ah 
Hollandis  mari  comparata.    Londini.    1641. 

Panegyricus  Urbano  VIII.  épico  carmine. 
Lyra  Barberina  Urbano  VIII.  Sylva.  Verfo 
alcaico.  Eidem  Urbano  fuper  creatione  Car- 
dinalium  recens  faãa  elo  ff  um.  Romae  apud  Do- 
minicum Martianum.  1642.  4.  A  Eyra 
Barberina.  Sahio  fegunda  vez  imprefla  Ulyf- 
fipone apud  Michaelem  Deslandes  1683.  8. 
no  livro  Carm.  Seleã.  a  pag.   17. 

Honor    Vindicatus.    Rupellae.    1642.    8. 

Ko*/ia  in  Tabula  Eufitana.  Romíe  apud 
Dominicum  Martianum.  1642.  4.  &  Ulyf- 
fipone apud  Michaelem  Deslandes  1683.  8. 
no    livro    Carmina    Seleã. 

Sermão  nas  honras,  qtíe  a  Naçaõ  Fran- 
cet(a  celebrou  á  memoria  do  ChriJUanijfimo  Lui^ 
XIII.  o  Jufto  na  fua  Capella  Real  defta  Ci- 
dade de  Lisboa.  IJsboa  por  António  Al- 
vares   Impreflbr   d'ElRey.    1643.    4. 

Montigienjis  de  Caftellano  hofte  viãoria.  Ulyf- 
fipone apud  Antonium  Alvares  Typ.  Reg. 
1644.   4. 

Officium  breve  S.  Joannis  Evangelijla  ad 
ufum  Principis  TheodoJU.  Ulyflipone  apud 
Paulum   Craesbeeck.    1644.    24. 


90 


BIBLIO THE  CA 


Sermaõ  da  Soledade  de  Nojfa  Senhora  na 
Capella  Keal.  Lisboa  por  Paulo  Craef- 
beeck.  1645.  4.  Coimbra  pela  Viuva  de 
Manoel  Carvalho  Impreflbr  da  Univeríidadc. 
1654.  4. 

Philipica  'Portugue^^a  contra  la  im>eãica  Caf- 
tellana.  Lisboa  por  António  Alvares  Im- 
preíTor  d'ElRey  .  1645.  foi-  Como  efcreveo 
efte  livro  contra  Filipe  IV.  Rey  de  Caftella, 
imitou  a  Demoftenes,  que  chamou  Filipicas 
às  eloquentes  inveéHvas  contra  Filipe  Rey 
de    Macedónia. 

'Propugnaculum  iMfitano  Gallicum  contra  ca- 
lumnias  Hifpano-Belgicas  in  quo  ferme  omnia 
utriujque  Regnt  tum  domi  tum  foris  praclare 
gefia  continentur.   Parifiis.    1647.   foi. 

Principi  Condão  D.  D.  Ludovico  Borbonio 
Epinicium,  <ò'  EJogium.  Pariíiis  apud  Dyo- 
niíium  Langlxum.  1647.  4.  &  UlyíTipone 
apud  Michaelem  Deslandes.  1683.  8.  no 
livro    Carmín.   Seleãa.   pag.    63. 

Orpheus  Tragicomedia  in  Atila  Regia  Pa- 
latii  Parijienjis  coram  Rege  Chrijiianijfimo  Lu- 
dovico XIV.  aãa.  Pariíiis  apud  Dyonifium 
Langlaeum.  1647.  4.  &  UlyíTipone  apud 
Michaelem  Deslandes  Typog.  Reg.  à  pag. 
288.  He  dedicada  ao  Cardeal  Mazarino, 
a  quem  fez  hum  largo  elogio  de  obra 
Lapidaria,  impreíTo  no  fim  deíla  Tragicome- 
dia. 

Manifejlum  pro  Regno  Lttfitnnia.  1647. 
foi.  Naõ  tem  lugar,  nem  anno  da  im- 
preíTaõ. 

SereniJJimi  Principis  Petri  Infantis  Por- 
tugália Genethliacon  heroice  dicatum  Principi 
Tbeodofio  cum  ejujdem  elogio.  Pariíiis  apud 
Dionyfium  Langlaeum .  1648.  4.  &  Ulyf- 
íipone  apud  Michaelem  Deslandes.  1683. 
8.     no     livro     Carmin.     Seleã.     à     pag. 

97. 

Panegyrís  Soterica  ob  propuljatum  Sacra 
Eucbarijiia  ope  imminens  ah  immijfo  Jicarío 
perírulítm  Serenijftmo  Regi  Lufitania  Joanne 
IV.  divinitiis  Jervato  diãa.  Pariíiis  apud 
Scbaílianum     Cmmoify.     1648.     4. 

Lawrus  Harcurtlca  trilaurea  Excellenfijftmo 
Principi  Ludovico  Lotbaringio  Comiti  Ar- 
meniaco.  Pariíiis  apud  Dionyfium  Lang- 
Ixum.     1648.    4.     &    UlyíTipone    apud    Mi- 


chaelem Deslandes.  1683.  8.  no  livro  Carm. 
Seleã.  à  pag.  135. 

Mraum  trium  imaginum  Regiarum  Ludo- 
vici  XIII.  Jujii,  Anna  Aujhiaca,  Ludoviã 
XIV.  Adeodati  <&  Angeli  Juper  volantis  Jpec- 
taculum  ad  atemitatem  exprejfum  in  bivio  pon- 
tis  commutatis  collocatum.  Pariíiis  apud  Dio- 
nyíium  Langlaeum.  1648.  4.  &  UlyíTipone 
apud  Michaelem  Deslandes.  1683.  8.  à  pag, 
III. 

Sermon ,  que  predico  a  fu  Mageflad  la 
Rejna  Chrijlianijfima  de  Francia  D.  Amta 
de  Aufiria  Regente  en  fu  Real  Palácio  en 
10.  de  Março  el  Martes  Jegundo  de  la  Qua- 
rejma  dei  ano  1648.  Pariz  per  Dionis  Lang- 
leo.  4. 

Cortina  Auguftini  de  Pradejlinatione,  i& 
Gratia  adytis  in  centum  Oracula  recltifis  Gre- 
gorii  Magni,  <i>'  D.  Bemardi  refponfis  confir- 
mata.  Monaílerii  per  Chriílophorum  Ken- 
goolt.    1649.  4. 

IJagoge  ad  doãrinam  D.  Augujlini.  ibi  per 
eumdem    Typog.    1649.    4- 

Elogia  nonnulla,  (ò"  dejcriptio  Coronationis 
Serenijfima  Chrijlina  Suecorum  Re^na  oratione 
foluta,    <&   ligata.    Holniia:.    1650.    foi. 

Inftituta  ab  Excellentijftmo  Comité  Cubi- 
liarcho  Extraordinário  in  Anglia  Lufitania  Ré- 
gio Legato  navigationis,  eb*  incepta  Legationis 
narratio.  Londini  apud  Stephanum  Bov- 
vtell.  1632.  4.  com  hum  elogio  a  Ingla- 
terra. 

Teffera  Romana  Autoritatis  Pontificia  adver- 
Jus  Buccinam  Thoma  Angli,  ó^  Clajfuum  He- 
terodoxorum.   Londini.    1653.   4. 

Controverfia  Ecclefiaftica  inter  Trates  Mi- 
nores.  Londini.    1653.   4. 

Domus  Sádica  regiis  lineis  firmata,  Roma- 
nis  columnis  nixa,  Saàicis  Heroibus  illufirata. 
londini  apud  Guillielmum  Dugard.  1633. 
foi.    grande. 

Lituus  iMfitanus  buccina  Anglicana  Tboma 
Angli  canenti  occinens.  Londini  per  R.  Nor- 
tonum.    1654.   4. 

Mens  divinitiís  infpirata  Santiffimo  Patri 
Domino  Innocentio  X.  Juper  qtànque  propo- 
fitiones  Comelii  Janfenii,  <&  mens  Divi  Augu/Hni 
illufirata  de  di4plici  adjutorio.  ibi  per  eundem 
Typog.    1654.    4- 


L  USITANA. 


91 


Rofa  Alexandrina  Alexandra  Papa  VIL 
recens  creato.  Romae  Typis  haeredum  Cor- 
belletti.  1655.  4.  Confta  de  hum  Panegyrico 
em  proza.  Elogio  de  obra  Lapidaria.  A 
exaltação  ao  trono.  Poema  em  eílilo  de 
Virgilio;  a  Coroação  no  eílilo  de  Eílado, 
e  a  Cavalcata  em  o   de   Claudiano. 

Chrifiina  Valias  togata  Alexandrí  VIL  auj- 
piciis  trimphatrix,  five  Elogium  Chrifiina  Sué- 
cia Regina.  Romãs  ex  Typog.  Rev.  Gim. 
Apoftol.    1656.    4. 

Statua  equeftris  Capitolina  M.  Aurelii  cum 
oráculo  ad  Alexandrum  VIL  Romae  per  Vi- 
talem  Mafcardum.  1656.  4.  &  UlyíTipone 
apud  Michaelem  Deslandes.  1683.  8.  à  pag. 
123. 

Trophaum  epicum  pro  viãoria  de  claffe 
Turcica  celeberrima  ad  fauces  Hellefponti  parta, 
Vetutiis  ereãum.  Romx  apud  Vitalem  Maf- 
cardum. 1656.  4.  Acrecentado  fahio  pelo 
Author.  Patavii  apud  Cadorinum.  1680. 
foi.  &  Ulyífipone  apud  Michaelem  Des- 
landes Typog.  Reg.  1683.  8.  no  livro  Car- 
min.    Seleã.    Macedi   à    pag.    341. 

De  Alexandri  VIL  Pontif.  Max.  inau- 
gwratione,  Coronatione,  Pompa  triumpbali  Cár- 
men. Item  duo  Epigrammata,  (ò*  única  Elegia. 
Romae  apud  Vitalem  Mafcardum.  1656.  4. 
&  UlyíTipone  apud  Michael.  Desland.  Typog. 
Reg.    1683.   8.   à  pag.   29.  e   33. 

Panegyricus  Alexandro  VIL  ob  depulfam 
pefiem.  Romae  apud  Vitalem  Mafcardum. 
1657.  foi. 

Ejícyclopedia  in  agonem  Utteratorum  pro- 
duãa  aufpiciis  Alexandri  Alaximi  Papa  VIL 
Romae  Typis  S.  Congregat.  de  Propa- 
ganda Fide.  1657.  foi.  No  principio  pro- 
põem. Agonis  L^ges.  Titulus  primus.  Ra- 
tionale,  €>  doãrina  veritatis  Philofophica,  <ò^ 
Theologica  duodecim  gemmis  litteraru  difiinãum 
ad  ideam.  Exodi  cap.  28.  conformatum.  Di- 
ca/um EminentiJ/imo  Cardinali  Flávio  Chifio. 
Secundus.  Tabemaculum  F aderis  dijciplinarum 
Júris  Canonici,  <&  Civilis,  <&  Theologia  Po- 
fitiva,  (&  Sacra  Scriptura  duodecim  Tentoriis 
more  Cafirorum  IJraeliticorum .  Num.  cap.  2. 
per  gyrum  ereãis  circumdatum.  Dicatum  Excel- 
lentiftmo  Domino  Mário  Chifio.  Tertius.  Co- 
rona   Gnojfta   novem  Jyderibus    illufiris  pro  lit- 


teris  antiquioribus.  Dicata  ExcellentiJJimo  Prin- 
cipi    Augufiino    Chifio. 

Famefii  Purpura  ad  D.  Marium  Alberi- 
cum.  Ode  Alcaica.  Romae  Typis  Mafcardi. 
1658.    foi. 

In  navim  Barberinam.  Ode  Alcaica.  ibi 
per  eumdem  Typog.    1658. 

Vita  Sanãorum  Joannis  de  Matha,  (ò"  Fe- 
licis  de  Valois  Fundatorum  Ordinis  Sanãif- 
fima  Trinitatis  Redemptionis  Captivorum,  & 
ipfius  familia  pia  fiudia,  <ò^  eximii  fruãus. 
Romae  apud   Angelum  Bamabò    à    Verme. 

1660.  8. 

Theatrum  Methereologicum,  in  quo  iffiea, 
aquea,  terrefiria,  Jubterranea,  €>•  tis  mixta  me- 
tbeora  fpeãantur.  Romae  typis  Jacobi  Dra- 
gondelli.  1660.  8.  No  prologo  deíle  livro 
diz  o  Author.  cap.  1^.  de  ignibus  Jubterr anéis. 
No/que  fuperioribus  annis  fimile  exemplum  atu- 
limus  maris  ad  Infulas  Tertias  ardentis  mira- 
bili  fane  incêndio;  cujus  caufam  (&  invefiigavi- 
mus,  &  compertam  in  lucem  decUmus  Traãatu 
ea  de  re  accurate  fcripto. 

De  Clavibus  D.  Petri.  Tom.  i.  in  quaf- 
tuor  libros  divifus.  i.  de  Clavi  Pontificia  di- 
gnitatis.  z.  de  Clavi  Sacra  Scriptura.  ^.  de 
Clavi  fidei  dogmática,  eb*  praãica.  4.  de  Clavi 
Sacramentorum  adduãis  tribus  de  harefi,  e>* 
fchifmate;  de  Sacerdotio  Chrifii,  de  peccato 
originali  controverfiis.  Romae  apud  Philip- 
pum  Mariam  Mancinum.    1660.   foi. 

In  obitum  Eminentijfimi  Prinripis  Car- 
dinalis  Bernardim  Spada  Nania  Eyrica  cum 
ejufdem  epitaphio.  Romae  per  eumdem  Ty- 
pog. 1661.  4.  &  UlyíTipone  apud  Mi- 
chaelem Deslandes  Typ.  Reg.  1683.  8. 
no  livro  Carmina  Seleã.  Macedi  a  pag. 
375- 

Archigymnafij  Romana  Sapientia  ab  Ale- 
xandro VIL  Pont.  Max.  perfeãi,  lufirati, 
confecrati  pofiridie  Idus  Novembris  defcrip- 
tio.     Romae    apud     Jacobum    Dragonellum. 

1661.  8.  No  fim  tem  eílas  palavras. 
Scribebat  uno  pofi  menfe  quãm  dedicata  efi 
ab  Alexandro  Sapientia  ejufdem  anni.  1660. 
Franc.  Aíacedo. 

Diatriba  de  adventu  D.  Jacobi  in  Hif- 
paniam.  Romae  apud  Philippum  Mariam 
Mancini.     1662.    4. 


92 


BIBLIO THE  CA 


I 


Cofitroverfia    Sekãa    adverfus   hareticos,    <& 
/cismáticos.     Romac     per     eumdem     Typog. 
1665.    24. 

Keverendijftmi  P.  Abbatis  D.  Hilarionis 
Kancati  in  ejus  exequiis  prajente  corpore  ad 
Sanãa  Crucis  in  Hyerufalem  habita  laudatio. 
ibi  per  eumdem  Typog.  1663.   4. 

Fmebris  in  Cardinalem  Julium  Sachetum 
Orafio.    ibi    per   eumdem    Typog.    1663.    8. 

Schola  Theologica  ad  doãrinam  Catholicorum^ 
<Ò^  confutationem  hareticorutn  apta.  ibi  per 
eumdem   Typog.    1664.   foi. 

Oratio  funebris  in  Keverendi£imi  P.  Pau/i 
LMchini  Exgeneralis  Augufiiniani  JtiJUs  in  Tem- 
plo D.  Augujiini  habita,  ibi  per  eumdem 
Typog,    1664.   4. 

Ajfertor  Komanus,  five  vindicice  Romani 
Pontificis,  <&  Pontificatús.  ibi  per  eumdem 
Typog.  1666.  foi.  Efta  obra  fahio  cinco 
annos  depois  com  huma  epiílola  dedicatória 
em  Pádua  com  efte  titulo  Medulla  Hijloria 
Hcclejiajlica  emaculata,  emedulata,  vindicata.  foi. 

Vita  Terejia  Regina  Legionis,  <&  Saneia 
Domina  Jerabrica  Sororum  iMJitanarum  Sanc- 
timonialium  Cijtercienjium  Sanai  Bemardi  injii- 
tuti,  qua  vulgo  San£ía  Regina  appellantur.  ibi 
per  eumdem   Tj^og.    1667.    8. 

Uttera  officioja  reciproca  Marci  ad  Pe- 
trum,  (&  Petri  ad  Marcum  fuper  acceptis  à 
S.  D.  N.  Clemente  IX.  Papa  in  Cretenfi 
objidione  auxiliis.  Venetiis.  1668.  4.  Obra 
Poética,   &   confta  de  huma  foi. 

Concentus  EMcholoffcus  Sanãa  Matris  Ec- 
clejia  in  Breviário,  €>*  S.  Augujiini  in  libris; 
adjunãa  armonia  Exercitiorum  S.  Ignatii  S. 
I.  Fundatoris,  €>•  operum  Sanai  Auguftini 
Ecclejia  Doãoris.  Venetiis  apud  Geras.  1668. 
foi. 

iMcema  Macedi  ad  iMcernam  Cleantis.  Pa- 
tavii    Typis    Frambotianis.    1669.    16. 

Epithalamium  Serenijftmorum  Principum  Joan- 
nis  Federici  Brmfuici,  &  iMneburpci  Ducis, 
<ò'  Benediãina  Palatina.  Patavii  apud  hae- 
redes  Pauli  Frambotti.  1668.  4.  Verfo  he- 
róico. Sahio  Ulyffipon.  apud  Michael.  Des- 
land.  Typ.  Reg.  1683.  8.  no  Carm.  Se- 
lea. 

Phanix  Creticus  Catharinus  Comelius,  Ve- 
rte tus   heros   incendiarii  pulvtris   opera   extinãus 


tribtis  Francifci  Macedo  operibus  Epigrammate, 
Elogio,  Eaudatione  redivivus.  Venetiis  apud  hx- 
redes  Pauli  Frambotti.  1669.   4. 

Panegyricus  S.  D.  N.  Cie  menti  Papa 
IX.  Patavii  diâus.  ibi  per  eofdem  Tjrpog. 
1669.  4. 

Vita  Venerabilis  Toribii  Alfonji  Mogrovegii 
Archiepifcopi  Umenjis  ex  aâis  legitimis  de 
mandato  Sacr.  Kit.  Congregationis  opera  Or- 
dinarii  confeãis,  deprompta.  Patavii  Typis  Pe- 
tri Mariae  Frambotti.    1670.   4. 

Piãura  Veneta  Urbis  ejufque  partium  in 
tabulis  latinis,  coloribus  oratoriis,  e^  pigmen- 
lis   colorata.    Venetiis   apud  Cieras.   1670.  4. 

Votttm  Poeticum  in  triumphali  pompa  Ex- 
cellentijfími  Domini  D.  Francifci  à  Sou/a  Co- 
mitis  Prati,  Marchionis  Minarum  Legati  Ex- 
traordinarii  á  SereniJJimo  Príncipe  Petro  ad 
dementem  X.  Patavii  apud  Petrum  Mariam 
Frambotti.  1670.  4.  Confta  de  hum  largo 
Poema  heróico  latino.  Sahio  UlyíTipone 
apud  Michael.  Desland.  1683.  8.  no  Carm. 
Seleã.    à    pag.    201. 

Collationes  doãrína  D.  Thoma,  <^  Scoti 
cum  diferentiis  inter  utrumque;  textibus  utríuj- 
que  fideliter  produãis,  Jententiis  fubtiliter  exa- 
minatis,  commentariis  interpretum  Caietani  im- 
primis, (ò"  Licheti  diligenter  excujfts,  <&  aliarum 
pene  Scholarum  pracipue  Jefuitica  Suaria,  cÍT 
Vajquio  Authoríbus  controverjiis  apte  prola- 
tis.  Tomus  primus.  Patavii  apud  Petrum  Ma- 
riam Frambotti.    1671.   foi. 

Tom.  Jecund.  ibi  per  eumdem  Tjpog. 
1673.   foi, 

Eminentijfimo  D.  Everardo  Nithardo  elo- 
gium  cum  Anagramate.  Patavii  apud  Jaco- 
bum  de  Candorinis,    1672. 

Serenijftmi  Cofmi  III.  Magfii  Ducis  Etrti- 
ria  Sacellum.  Florentiac,  1673.  4.  Obra  Poé- 
tica. 

Kev.  P.  Fr.  Joannis  Bona  Abbatis  Gr- 
neralis  Cijlercienjis  ex  Congregatione  Fulienfium 
doãrína  de  U/u  Fermentati  in  Sacrifício  Mijja 
per  mille,  ^  amplius  annos  à  hatina  Ecckfia 
obfervato,  dum  effet  Abbas,  antequam  K.  E. 
Cardinalis  {qualis  nunc  ejl)  crearetur,  examinata, 
expenfa,  refutata.  Ingolftadii.  1673.  8.  Efta 
obra,  que  certamente  foy  imprefla  em  Ve- 
neza,   ainda    que    dizia  fer   em  Ingolftadio, 


L  USITAN A. 


93 


fendo  prohibida  em  Roma  pela  exceíTiva 
acrimonia,  com  que  o  Author  tratava  ao 
Cardeal  Bona,  fegunda  vez  a  publicou  com 
efte   titulo. 

EminentiJJimi,  ac  BjeverendiJJimi  D.  Cardi- 
nafís  Bona  doãrina  de  U/u  Fermentati  in  Sa- 
crifiào  Mijfa  per  mille,  (&  amplius  annos  â 
Latina  Exckfia  obfervato  in  fuo  libro  Kerum 
Uturgicarum  cap.  23.  examinata,  ^  expenfa. 
Veronae    1673.    8. 

Dijqtáfitio  Theoloffca  de  ritu  A.\ymi,  (Ò" 
Fermentati  Sanãijfimo  D.  N.  Clementi  Papa 
X.  dicata.  Veronas  Typis  Rubeis,  &  Gambic. 
1673.  4. 

Commentationes  dua  Exclefiafiica  Polemica. 
Altera  pro  S.  Vincentio  Urinenfi,  &  S.  Hi- 
lário Arelatenji,  €>*  Monajlerio  Urinenfi.  Al- 
tera pro  Sanão  Auguftino,  eí?*  Aurélio,  ó^  Pa- 
iribus  Africanis.  Venetiis  ex  Typog.  nova 
Rubeana.  1674.  4.  O  primeiro  deíles  dous 
Tratados  he  contra  Fr.  Henrique  de 
Noris;  e  o  fegundo  contra  Fr.  Chrif- 
tiano  Lupo,  ambos  Eremitas  Auguftinianos 
igualmente  doutiflimos  na  Sagrada  Theo- 
logia,  e  Hiftoria  Eccleíiaílica.  Para  ref- 
ponder  a  Macedo,  fahio  Noris  com  hu- 
ma  pequena  obra  impreffa  em  Florença 
no  anno  de  1674.  com  eíle  titulo.  Ad- 
ventoria  Ven.  P.  Aíacedo  in  Patavina  Aca- 
demia Rthices  Interpreti  in  qua  de  infcrip- 
tione  libri  S.  Augufiini  de  Gratia  Chrifti, 
Albine,  Piniane,  (&  Alelania  dijferitur.  Tanto 
que  Macedo  leo  a  impugnação  de  Noris, 
compoz  em  hum  dia,  e  fe  imprimio  em 
três  huma  carta,  na  qual  acremente  im- 
pugnava ao  feu  Contendor,  e  a  publicou 
em  nome  de  hum  feu  difcipulo  com  efte 
titulo. 

Fratris  Archangeli  de  Parma  Socii  Patris 
!  Macedo  Epifiola  obvia  Adventoria  Fr.  Noris 
fttper  Quafiione   Grammatica.  Romse.   1674.  4. 

Para  que  naõ  paílaífe  a  mayores  ex- 
ceíTos  efta  Litteraria  contenda,  prohibio 
com  judiciofa  cautela  a  Sagrada  Congre- 
gação a  ambos  os  Contendores  naõ  ef- 
crever  fobre  aquella  matéria,  de  cuja  pro- 
hibiçaõ  eftimulado  Macedo,  como  naõ  pu- 
deíle  refrear  o  Ímpeto  de  feu  ardente  gé- 
nio, publicou  hum  Cartel,  em  que  deza- 
I  fiava  ao   P.   Noris   para  vocalmente   defen- 


der a  fua  opinião,  e  arguir  com  toda  a 
vehemencia  a  efte  Antegonifta,  o  qual  naõ 
aceitou  o  duello.  O  Cartel  impreíTo  em 
huma  folha  conftava  das  feguintes  Claufulas, 
e  o  traz  Gregório  Leti  no  4.  Tom.  da 
Ital.    Ke^ante.   p.    502. 

Ubellus  provocationis  ad  Certamen  litte- 
rarium  in  cauja  Gratia,  é^"  Augufiini  miffus, 
á  P.  Fr.  Francifco  S.  Augufiini  Macedo  Ob- 
fervante  ad  P.  Fratrem  Henricum  Noris  Eremi- 
tam    Augufiinianum. 

Caufa  Duelli 
Studium   defendenda   doãrina    Gratia    Cbrif- 
tiana,    ó'    Augufiiniana    ab    erroribus,    (Ò'    ca- 
lumniis:   quod  efi  antiquijjimum   Macedo. 

Occafio 
Diãum  Noris  de  Aíacedo  in  Vindic.  Au- 
fffi.  cap.  3.  verf.  2.  pag.  26.  Pater  Macedo 
mihi  autor  fuit,  ut  ttun  Hiftoriam  Pela- 
gianam,  tum  hafce  vindicias  evulgarem. 
Non  pottàt  Macedo  fuafor  effe  operis  in  quo 
cúm  plurima  funt  à  veritate  aliena,  tum  non- 
nulla  adverfa  Gratia,  €^  Augufiino. 

> 
Quando   non   licet  per   Superiores   qtàdquam 

mandare  typis,  reliquum  efi,  ut  certamine  decer- 

natur. 

Matéria 

Tredecim  propofitiones  Noris  pugtantes  cum 
doãrina  Gratia,  <&  Augufiini.  Errores  três 
inde  pullulantes.  Decem  injuria  illata  Auguf- 
tino. 

Modus 

Propofitiones  fuis  uti  funt  in  libro  Noris 
concepta  verbis  perfpicue  afferentur.  Errores 
fideliter  adducentur;  Augufiini  injuria  manifefie 
exponentur;  ob  fi^uitis  libellis,  produãis  tefiimo- 
niis,   ut  negari  nequeant. 

Finis 
Veritas,  <&  honor  Aufftfiini. 

Eventus 
Noris  pravaricator,  <&  defertor  Gratia,  ^  Au- 
gufiini. 
Macedo  utriufque  defenfor,   ^  vindex  appa- 
rebit. 


94 


BIBLIO  THE  CA 


Ux 


Norís  quibus  cumqm  ar  mis,  ó*  fociis  velit  uti 

licitum  ejio. 
Macedo,  vel  cum  mínimo  provocai,  in  uno  Au- 

gujlino  omnia  Junto. 

Ero  Bononia. 

Kefponjio  ad  Notas  nobilis  Critici  ano- 
nymi  in  Apologiam  Rev.  P.  Fr.  Thoma  Ma:(p^a 
Inquijitoris  Genuenjis  pro  Joanne  Annio  Viter- 
hienfi.  Veronae  per  Joan.  Baptiílam  Merlò 
1674.    4. 

Myrothecium  morale  documentorum  tredecim, 
qua  Junt  totidem  leãiones  fuper  textum  Arif- 
iotelis  lib.  8.  Ethicorum  de  Amicitia.  Patavii 
apud  Jacobum  de  Cadorinis.  1675.  4.  No 
fim  eílaõ  as  feguintes  obras.  Lamentationes 
Hyeremia  elegis  reddita.  Feria  Quinta,  in  Cana 
Domini.  Feria  Sexta,  in  Para/ceve,  eb*  Sab- 
bato  Sanão,  ^  PJalm.  Miferere  mei  Deus  ad 
Flegiam  redaãus.  Sahiraõ  reimpreflas  eílas 
obras  Poéticas  Ulyínp.  apud.  Mich.  Des- 
land.  1683.  8.  no  livro  Carm.  Sele£í.  defde 
pag.    345.    atè    373. 

Panegyrico  Sacro  dei  Seráfico  P.  S.  Fran- 
cejco  per  recitar fi  nel  giomo  fejlivo  de  fuoi  Na- 
talitii,  nel  Convento  deli'  llluftr.  Madri  di  S. 
Loren^o  di  Venetia.  Padova  por  Jacobo  de 
Cadorinis    1675.    foi. 

Schema  illuftre,  ò^  Genuinum  Sanai  Offi- 
cii  Romani  cum  elegiis  Fminentijftmorum  Prin- 
lipum  Cardinalium  cum  corollario  de  infallibili 
authoritate  Summi  Pontificis  in  myjleriis  Fidei 
proponendis,  de  ejujdem  controverfiis  decidendis. 
Patavii    apud    Cadorinum.    1676.    4. 

Difcorfo  Académico :  qual  goda  con  piu  dilet- 
to  la  Reprejentatione  Cómica  o  Trágica,  o 
mifia  di  un  Palco;  fi  un  Cieco  che  fenta,  o 
un  fordo  che  veda.  Padova  apreflb  Cadorino. 
1676.  4. 

Refponfiones  P.  Macedo  adverfus  propofitiones 
parallelas  Fr.  Joannis  à  Guidicciolo  colleãa 
ab  Annibale  Ricio    Veneto.  Venetiis.  1676.  4. 

Propofitiones  parallela  Michaelis  Baii,  cb* 
Henrici  de  Noris  á  P.  Fr.  Joanne  á  Guidic- 
ciolo Minorita  obfervante  Mantuano.  Franco- 
fiirti  apud  Joannem  Petrum  Zubrod. 
1676.    12. 


Direita  rejponfio  P.  Joannis  á  Guidic- 
ciolo ad  refponfiones  P.  Henrici  de  Noris  fidas 
fub  nomine  Rev.  P.  Francifci  á  S.  Augufiino 
Macedo  fuper  Propofitionibus  parallelis  ejufdem 
Noris,  €>;  Baii  foi.  fem  lugar  da  impref- 
faõ. 

Prodomus  velitaris  pro  Au^ftino  contra  Hen- 
ricum  de  Noris.  Moguntiae  1676.  foi.  com 
o  nome  de  Fr.   Bruno  NeuíTad. 

Henricus  de  Noris  Dogmatifies  AuffiJHno 
injurius,  Summis  Pontificibus,  Cardinalibus,  Sanc- 
tis  Patribus,  Doãoribus  Scholafticis  infefius,  de- 
monfiratus.  Auguftae  apud  Joannem  David 
Jannor.  1676.  8.  Sahio  efta  obra  com  o 
fuppoílo  nome  D.  Fulgentii  Risbrochii  Po- 
loni  Can.  LMter.  Doãoris  Theologi,  eb*  Abbatis 
privilegiati. 

Refponfa  P.  Francifci  Macedo  adverfus  Cer- 
ras Germânicas  Germanitatum  Comelii  Jan- 
fenii,  €>•  Henrici  Noris  colleEta  ab  Annibale 
Riccio  Veneto  S.  Theoloffa  Baccalauro.  Ve- 
netiis   Typis    Alexandri    Pezzanse    1677.   ^o^- 

Manifefiatio  veritatis,  e>*  refponjio  ad  Pro- 
pofitiones Henrici  de  Noris  Authore  Fr.  Hilário 
á  Ragufa  Minorita  obfervante  Generali  Tbeo- 
logo.  foi.    Naõ  tem  lugar  da  impreíTaõ. 

Confutatio  Palidonia  fub  nomine  P.  Hen- 
rici de  Noris  publicata.  foi.  Sem  lugar  da 
ediçaõ. 

Panegyricus  Innocentio  XI.  Patavii  apud  Q- 
dorinum  1677.  foi.  He  muito  extenfo,  c 
elegante. 

Trifavus  compofitus  ex  Panegírico,  EJogio, 
Poemate  conditus  llluftrijfimo  Reverendijfimo,  Ex- 
cellentijftmo  Domino  D.  Alqyfio  Sou:(a  Archie- 
pifcopo  Bracharenfi  Primati  Hifpaniarum  ad 
Papam  Innocentium  XI.  hxgato  Extraordi- 
nário oblatus.  Patavii  apud  Cadorinum  1677. 
4.  &  UlyíTip.  apud  Michael  Desland.  1683. 
8.   no  livro   Carm.   Seleã.   pag.    167. 

Genethliacon  Augufii  Principis  Jov^ephi  Ca- 
faris  Augufii  Leopoldi  Imperatoris  filii  tri- 
lingue Latinum,  Italicum,  Hifpanum.  Confta 
de  hum  Poema  Latino  muito  largo,  e  duas 
Cançoens,  huma  Italiana,  e  outra  Caíle- 
Ihana.  Venetiis  apud  Antonium  Tivani. 
1679.  foi.  No  fim  Corollarium  pro  Crepun- 
diis  mijfts  á  Summo  Pontífice  Innocentio  XI. 
Princlpl  Jozepbo  Augufio.  Coníla  de  hum 
epigramma,    e    huma   elegia. 


L  US  ITAN  A. 


Panegpicus  pro  "Laurea  doãorali  lllufirif- 
fimcB  Domina  Helena  Cornélia  Pi/copia  in 
Academia  Patavina.    Patavii   1679.   4. 

Auguftinus  Bucharijiicus,  feu  liber  confla- 
fus  ex  triginta  tefiimoniis  Sanai  Augufiini  pro 
duthoritate  Corporis  Chrifti,  (&  aliis  quajlio- 
nibus  ad  Eucharijliam  pertinentihus  Jecundum 
Auguftini  doãrinam.    Patavii  apud  Cadorinum. 

1679.  foi. 

Elogia  Poética  in  Serenijfimam  R£mpubli- 
cam  Venetam,  ejujque  augujliim  Senatum,  Tri- 
hunalia,  Pontifices,  Duces,  five  Príncipes  à 
trimo  Paulutio  Anafejlo  u/que  ad  prajentem 
Aloyfium  Contarenum  Serenijfimum,  (&  feli- 
djftmum    Principem   ibi    apud    eumdem    Typ. 

1680.  foi.  confta  de  150.  Epigrammas 
cada  hum  ao  Retrato  dos  Doges  deíla 
Republica. 

De  ineffabili,  et  altijjimo  Incamationis  Myf- 
iferio,  et  aliis  continentibus  cum  apparatu  ad 
idem  mjjleríum  cum  Traãattt  de  Immaculata 
B.  V.  Conceptione,  et  injlitutione  Vita  Apof- 
tolica.  Ibi  apud  eumdem  Typ.  1680.  foi. 
iNo  fim  defta  obra  imprimio  Itineraríum  S.  Au- 
guftini poft  baptifmum  Jujceptum  onde  confef- 
fa,  que  era  tal  o  afefto  com  que  amava 
a  eíle  Santo  Doutor,  que  muitas  vezes  fe 
lhe  reprezètava  na  fantezia  eftando  dor- 
mindo. Querendo  impugnar  efte  Tratado 
Teu  emulo  Fr.  Henrique  de  Noris,  pu- 
blicou com  o  afeitado  nome  de  Fr.  Ful- 
gencio  FoíTeo,  a  feguinte  refutação,  que 
alludindo  aos  fonhos  em  que  fe  lhe  re- 
prezentava  Santo  Agoítinho  lhe  poz  o 
ieguinte  titulo.  Somnia  quinquaginta  Fr.  Ma- 
cedo in  Itinerário  S.  Auguftini  poft  Baptifmum 
Mediolano  Komam:  excutiebat  levi  brachio  P. 
Fulgentius  FoJJeus  Auguftinianus.  Lugd.  Ba- 
tav.    168 1.    4. 

In  Nuptiis  Serenijfima  Principis  Viãoris 
Amadei  Ducis  Sabaudia,  et  EJifabetha  Ala- 
ria Francifca  Infantis  Lufttana  Epithala- 
mium.  Poema  Heróico.  Naõ  tem  lugar 
nem  anno  da  ImpreíTaõ,  mas  do  ca- 
raâer  fe  conhece  fer  impreílo  em  Itália, 
e  íahio  no  anno  de  1682.  em  que  fe  ajuf- 
;tou  eíle  auguílo  Conforcio,  que  naõ  teve 
;efeito. 

Carmina  Seleãa.  UlyíTipone  apud  Mi- 
chaelem  Deslandes  Typ.  Reg.   1683.   8.    He 


95 

huma  coUeçaõ  das  fuás  Poefias  Latinas  da 
qual  a  mayor  parte  tinha  fahido  feparada, 
que  fez,  e  publicou  o  P.  António  de  Ma- 
cedo da  G>mpanhia  de  Jefus,  Irmaõ  do 
Author,  de  quem  em  feu  lugar  fizemos  lar- 
ga memoria.  QneUi  Bib.  Volant.  e  o  P.  Ni- 
ceron  Mem.  des  Hom.  Iluft.  Tom.  31.  pag. 
338. 

Difcri^one  delia  Veneria  dei  Ducu  di  Sa- 
voia  8.  Sem  lugar,  nem  anno  da  ediçaõ.  He 
em  verfo. 

Clauis  Auguftiniana  liberí  arbitríj  à  fer- 
vitute  necejfttatis  concupifcentia  vindicati.  Impref- 
fo  em  meya  folha.  He  contra  Noris,  con- 
forme efcreve  Cinelli  na  fua  Bib.  Vo- 
lant. 

Cathalogo   das    obras   Aí.   S. 

Ljifiada  de  Luiz  ^  Camoens,  traãu^da  rui  lín- 
gua Latina  M.  S.  4.  2.  Tom. 

Eíla  tradução,  que  confia  de  quafi  dez 
mil  verfos  correfpondendo  hum  Latino  a 
hum  Portuguez,  com  igual  fidelidade,  que 
elegância,  compoz  em  Pariz  no  efpaço  de 
nove  mezes  para  fer  parto  perfeito,  cuja 
laborioza  empreza  intentou  por  infinuaçaõ 
do  Excellentiflimo  Marquez  de  Niza  D. 
Vafco  Luiz  da  Gama  Embaixador  àquella 
grande  Corte,  quinto  Neto  do  infigne  He- 
róe  Vafco  da  Gama  gloriofo  argumento 
deíle  Poema.  Naõ  deixou  perfeitamente  li- 
mada eíla  obra  como  fe  vè  do  feu  origi- 
nal em  que  alguns  verfos  eílaõ  por  aca- 
bar, certamente  digniílima  de  fahir  à  luz 
publica  para  mayor  credito  do  divino  Ca- 
moens, por  fe  lhe  naõ  diminuir  em  a  me- 
nor parte  o  feu  elevado  efpirito  como  fe 
pode  colher  da  primeira  oitava  do  Poema. 
Arma    cano,    celebrefque    viros    qui    á    littore 

ponti 
Occidui   Lyfij  furgtmt  ubi   mania   ^gni 
Per  maria  ante  aliis  nunquã  tentata  carínis 
Ire    vel   extremos    ultra  potuere    receffus 
Taprobanes:  bello  egregii,  fortefque  periclis, 
Plufquãm   humana  ferat  virtus,   quam  fpondeat 

aufus, 
Et    nova     regna     inter    gentes    ftatuere     remo- 
tas, 
Qua  tantitm  faãis  fublimia  in  afira  tulere. 


96 


BIBLIO THECA 


Hijloria  de  la  expedicion  dei  Brasil  para 
recuperar  la  Bahia  efcrita  no  anno  de  1624. 
4.  Deíla  obra  faz  mençaõ  o  moderno  ad- 
dicionador  da  Bib.  Occident.  de  António  de 
Leaõ.  Tom.   2.  Tit.   12.  col.   676. 

Uher  de  generibus,  <&  differentiis  ftili  tum 
Khetorici,  tum  Poetici,  tum  Hijlorici,  tum  Epif- 
tolaris.    8. 

Vida  do  Irmaõ  Domingos  Joaõ  Jefuita.  8. 
c   também   em   Latim. 

Scientia  Khetorica;  efcrita  em  Madrid. 
foi. 

Scientia  Poética.  Opus  accuratijftmum.  foi. 
Ella  obra  foy  dolofamente  furtada  em  Ma- 
drid por  diligencia  dos  feus  emulos. 

Guerras  de  los  Efpanoles  con  los  France- 
v^s.  Madrid.  4.  G^nferva-fe  na  Livraria  do 
Duque  de  Villa-hermofa. 

Defcriptio  Poética  Palatii  Madritenjis  Kuf- 
ticani  heróico  carmine.  Confta  de  três  mil  Ver- 
fos,  e  fe  guardava  na  Livraria  do  Conde 
Duque    de    Olivares. 

Adverjaria  colleãa  ex  omnibus  operibus  S. 
Augujlini.  Eíla  obra,  em  que  tinha  confu- 
mido  muito  tempo,  e  applicado  fummo  dif- 
vello,  como  eftiveíTe  efcrita  em  folhas  dif- 
perfas,  e  com  muitas  interlinhas  a  queimou 
o  Guardião  do  G^nvento,  em  que  aíTiília  o 
Author,  imaginando  que  eraõ  inúteis  aquel- 
les  fragmentos,  cujo  fucceíTo  fentio  exceíTi- 
vamente  por  coníiderar  fruftrada  a  appli- 
caçaõ  de  tanto  eíludo,  e  o  que  era  mais, 
diminuída  a  gloria,  que  delle  podia  reful- 
tar    à    doutrina    de    Santo    Agoftinho. 

Vita  D.  Rofa  Umenfis  Dominicana.  Foy 
a  primeira  que  fe  efcreveo,  e  fe  conferva 
na  Bibliotheca  do  Convento  da  Minerva  em 
Roma. 

Hijloria  do  bello  iMJitano  libri  duo.  He 
compoíla  no  eílilo  de  Tito  Livio,  a  qual 
interrompeo,  quando  partio  para  Ingla- 
terra com  o  Embaixador  Joaõ  Rodrigues 
de  Sà,  Conde  de  Penaguião,  e  Camareiro 
mòr. 

De  Conciliis  univerfalibus,  eS»*  particularibus. 
foi. 

Uber  apologeticus  contra  Caronem,  €^  Valjium 
Komana  Bcclejia  adverfarios.  4. 

Calamitas  erudita.  4. 

Diatriba  de  opinione  probabili.  4. 


Differtatio  de  Validitate  Matrimonii  Eíhni- 
corum  prafertim  Ttmchinenfium  barbarorum.  4. 
Defta  obra  faz  mençaõ  o  moderno  addi- 
cionador  da  Bib.  Orient.  de  Ant.  de  Leaõ. 
Tom.   I.  Tit.    14.  col.  455. 

Collationes  D.  Thoma,  <&  Scoti.  Tom.  5. 
Eftava  prompto  para  a  impreíTaõ. 

Profper  rediviuus  contra  Narratorem. 

Accipiter,  Jive  Sparaverius  Kafrerii  plumis 
vejlitus,  deplumatus,  (Ò"  viginti  quinque  errorum 
conviãus. 

Conciones  viginti  concionales  in  Ubrum  Nu- 
meri. 

Panegyrico  di  Santa  Chiara. 

Qiiafiiones  três  pojitiva  pro  difftitate,  au- 
thoritate,  e^  infallibilitate  Sedis  Apojlolica  Ro- 
mana. 

Augujlinus  Pontificius  Komanus  pro  defen- 
Jione  Primatas  Sedis  Apojlolica  Komana  ex 
locis  ab   Augujtino   decerptis. 

Heroes  iMjitani  Gubematores  Índia  Orieih 
talis  cum  Juis  eloffis  Poeticis  in  quibus  eorum 
gejla  continentur. 

Kaynaldo  Cardinali  EJlenJi  elogium.  foi. 

Francifco    Cardinali   Albit^^i  elogium. 

Urbano  VIII.  eloffum.  Principia.  Urbano 
VIII.    Urbanijfimo   amaniorum   liíterarum  Javo. 

Keges  iMjitania  dijlichis  expojiti. 

Elogium  Illujlrijftma  Familia  D.  Horten- 
fia    Pranejlrina. 

Egloga  in  qua  Jortunam  queritur  Juam. 

Decimas  de  un  peccador,  que  ai  punto,  (p» 
pecava  era  cajligado  por  Dios.    Saõ  6. 

Além  das  Obras  impreflas,  e  M.  S.  re- 
citou publicamente  53.  Panegyricos,  60.  Oia- 
çoens  Latinas,  52.  Fúnebres,  e  48.  Poemas 
Épicos.  Efcreveo  123.  Elegias,  115.  Epi- 
taphios,  212.  Epiílolas  Dedicatórias,  700. 
Familiares,  2600.  Poemas  heróicos,  110. 
Odes,  3000.  Epigramas.  4.  Comedias  La- 
tinas,  e   huma   Satyra   cm   Caftelhano. 

FRANCISCO  ALCAFORADO  Efcudeiro 
do  Infante  D.  Henrique  filho  do  Screnif- 
fimo  Rey  D.  Joaõ  o  I.  c  fcu  companheiro 
no  celebre  defcubrimento  da  Ilha  da  Ma- 
deira, efcreveo  com  igual  fingelcza,  que  in- 
dividuação. 

KelofaÕ  do  Dejcubrimento  da  Ilha  da 
Madeira,   cujo   original   eu   guardo  (faõ   pa- 


L  USI  TAN  A. 


97 


k-vras    de    D.    Francifco    Manoel    de    Mello 
Epanaf.    de   var.    Hijl.    pag.    mihi    278.)    como 
jcya  preciofa,  vindo  ã  minha  maõ  por  extraor- 
dinário   caminho. 

Fr.  FRANCISCO  DE  ALCOBAÇA,  cujo 
apellido  denota  o  lugar,  que  lhe  deu  o  na- 
cimento,  e  Monge  da  famofa  Abbadia,  Ca- 
beça da  Ordem  Ciílercienfe  nefte  Reyno,  íi- 
tuada  na  mefma  ViUa  de  Alcobaça.  Foy 
ornado  de  íingular  prudência,  natural  dif- 
criçaõ,  e  religiofa  obfervancia.  Floreceo  pe- 
los annos   de    1597.    Compoz 

Contra  Judaicam  perfidiam  maxime  con- 
tra hujus  temporis  Judaos.  Da  obra,  e  do 
Author  fe  lembraõ  Carol.  de  Vich.  Bib.  CiJ- 
terc.  Carol.  Jofeph  Imbonat.  Bib.  Latin. 
Heb.  pag.  40.  §.  162.  e  Fr.  Auguíl.  Sartor. 
Cifierc.  Bijlert.  pag.  565.  in  quo  (faUa  da  obra) 
in  objiinatijjimam  gentem  doãijftma  fulmina  de- 
tonuit. 

D.  FRANCISCO  DE  ALMEYDA  Co- 
mendador do  Sardoal  da  militar  Ordem  de 
S.  Tiago,  fetimo  filho  de  D.  Lopo  de  Al- 
meyda,  primeiro  Conde  de  Abrantes,  e  de 
D.  Brites  da  Sylva,  filha  de  Pedro  Gon- 
çalves Malafaya  Vedor  da  Fazenda  d'ElRey 
D.  Aífonfo  V.  foy  hum  dos  mayores  He- 
roes,  que  produzio  Portugal,  dilatando  o 
immortal  ecco  da  fua  fama,  defde  Lisboa, 
que  lhe  deu  o  berço,  atè  onde  o  Sol  tem 
o  feu  Oriente.  A  primeira  efcola,  em  que 
pradicou  os  marciaes  efpiritos,  que  lhe  ani- 
mavaõ  o  peito,  foy  o  Reyno  de  Granada, 
onde  em  obfequio  dos  Reys  Catholicos 
triunfou  muitas  vezes  dos  Sequazes  de  Ma- 
foma,  merecendo  pela  heroicidade  das  fuás 
acçoens  particular  eíUmaçaõ  daquelles  Prín- 
cipes, principalmente  em  a  Cidade  de  To- 
ledo, quando  o  noílo  SereniíTimo  Rey  D. 
Manoel  fe  foy  coroar  herdeiro  da  Coroa 
de  Caftella.  Era  taõ  refpeitada  a  fua  pef- 
j  foo,  que  ElRey  D.  Joaõ  o  n.  que  zelava 
com  efcrupulofa  obfervancia  a  veneração  de- 
vida à  Mageítade,  o  fez  fentar  coníigo  à 
Mcaa  com  igual  enveja,  que  admiração  de 
i  todos  os  Palacianos.  Certificado  ElRey  D. 
'  Manoel  das   grandes  virtudes,   que   ornavaõ 


a  hum  taõ  infigne  VaíTallo,  quaes  eraõ  a 
difciplina  militar  nos  confliâos,  fumma  conf- 
tancia  nas  adverfidades,  heróica  refoluçaõ 
nas  emprezas  árduas,  e  ardente  zelo  da  glo- 
ria da  Naçaõ,  e  do  ferviço  do  feu  Príncipe, 
o  nomeou  primeiro  Vice-Rey  do  Eftado  da 
índia,  para  que  debaixo  da  fua  prudente 
direcção,  e  fulminante  efpada  fe  dilataíTe 
aquelle  Empório  contra  a  violência  armada 
dos  Potentados  da  Afia.  Partio  a  25.  de 
Março  de  1506.  em  huma  poderofa  armada, 
que  conílava  de  22.  náos  guarnecida  de 
mil,  e  quinhentos  foldados,  entre  os  quaes 
fe  diftinguia  feu  filho  D.  Lourenço  de  Al- 
meyda,  e  para  que  foíTe  patente  a  todos  a 
honra,  com  que  ElRey  D.  Manoel  o  tra- 
tava, o  acompanhou  atè  o  lugar  do  embar- 
que com  toda  a  Nobreza,  e  irmumeravel 
multidão  de  povo.  Logo  que  tomou  as  ré- 
deas do  governo,  defempenhou  o  alto  con- 
ceito, que  fe  tinha  formado  do  feu  valor 
heróico,  obrando  acçoens  dignas  da  immor- 
talidade  da  fama.  Para  eftabelecer  folida- 
mente  o  Empório  Portuguez  Afiatíco,  lhe 
abrio  os  aUceíTes  com  a  fundação  das  For- 
talezas de  Sofala,  Quiloa,  Anchediva,  e 
Cranganor  inexpugnáveis  propugnaculos  con- 
tra a  invafaõ  dos  Principes  Orientaes.  Der- 
rotou aos  Reys  de  Quiloa,  e  Mombaça,  e 
fez  tributários  os  de  Ceylaõ,  e  Batecala,  en- 
tregando à  voracidade  do  fogo  tudo  o  que 
efcapara  da  violenda  do  ferro.  Alcançou 
gloriofas  viâorias  em  Dabul,  Onor,  e  Pa- 
nane,  fendo  a  mais  celebre  de  todas  a 
em  que  deílruio  a  3.  de  Fevereiro  de  1509* 
a  formidável  Armada  do  Soldaõ  do  Egyp- 
to,  de  que  era  General  Mirílocem.  Foy 
inimigo  jurado  do  intereíle  como  paixaõ 
indigna  de  ânimos  generofos,  de  tal  forte, 
que  concedendo-lhe  ElRey,  que  nos  def- 
pojos,  aífim  terreílres,  como  maritimos 
refervalTe  para  fi  huma  peça  de  valor 
de  quinhentos  cruzados,  nunca  efcolheo 
entre  tantas  conquiílas,  e  viâiorias  al- 
cançadas pelo  feu  braço  mais  que  al- 
gum inJlrumento  militar,  em  que  fe  adu- 
lava o  feu  génio  guerreiro.  Coroado  de 
tantos  triunfos,  partio  da  índia  para  Por- 
tugal a  receber  o  premio  merecido  às  fuás 
gloriofas    emprezas,    quando    ao    dobrar    o 


98 


BIBLIO  THE  CA 


Cabo  da  Boa  Efperança,  querendo  pro- 
ver-fe  a  Armada  de  agua  na  Aguada  de 
Saldanha,  fe  travou  no  primeiro  de  Mar- 
ço de  15  IO.  hum  confllâo  dos  noflbs  Tol- 
dados com  os  bárbaros,  que  habitavaõ 
aquella  terra,  de  que  fe  feguio  empenhar-fe 
o  Vice-Rey  no  defaggravo  daquella  ofFenfa, 
e  fahindo  a  terra  com  os  principaes  Ca- 
valheiros, depois  de  hum  porfiado  combate, 
em  que  morrerão  Lourenço  de  Brito,  Co- 
peiro d'ElRey  D.  Manoel,  que  defendera 
alentadamente  a  Praça  de  Cananor,  Manoel 
Telles,  Pedro  Barreto  de  Magalhaens,  e  ou- 
tros Fidalgos,  cahio  D.  Francifco  de  Al- 
meida atraveíTado  pela  garganta,  cujo  trá- 
gico fucceflb  fera  eternamente  lamentável 
na  pofteridade,  acabando  com  fim  taõ  in- 
fauílo  hum  Varaõ  digno  de  mais  larga  vida, 
e  honorifica  fepultura.  Foy  cazado  com 
D.  Joanna  Pereira,  filha  de  Vafco  Mar- 
tins Moniz,  Commendador  de  Panoyas,  e 
Garvaõ  em  a  Ordem  de  S.  Tiago,  e  de 
D.  Aldonça  Cabral,  filha  de  Eftevaõ  Soares 
de  Mello,  fexto  Senhor  de  Mello,  e  D, 
Thereza  de  Novaes  de  Andrade,  de  quem 
teve  a  D.  Lourenço  de  Almeyda,  morto  na 
batalha  de  Chaul,  e  a  D.  Leonor  de  Al- 
meyda, que  cazou  com  Francifco  de  Men- 
doça,  filho  herdeiro  de  Pedro  de  Mendoça 
Alcayde  mór  de  Mouraõ,  Capitão  que  fora 
de  Ormuz,  e  irmaõ  da  Duqueza  de  Bar- 
gança  D.  Joanna  de  Mendoça,  por  cuja 
morte  paíTou  a  fegundas  vodas  com  D.  Ro- 
drigo de  Mello,  Conde  de  Tentúgal,  pri- 
meiro Marquez  de  Ferreira,  de  quem  teve 
dous  filhos,  e  três  filhas.  A  fua  memoria 
celebraõ  graviíTimos  Efcritores,  como  faõ 
Garcia   de    Rezende   Mifcellan. 

Vi  o  Vice-Key  primeiro, 

Que  á  índia  fqy  mandado, 

Mity  vallente  Cavalleiro, 

Sem  cobiça  verdadeiro, 

Muy  fe!(udo,  muy  avÍ!(ado. 
Hos  Rumes  desbaratou, 

Com  que  a  índia  fegurou 

Tomou  Quiloa,  e  Mombaça. 

Carece  coufa  de  graça 

Ver  de  que  morte  acabou. 
Maffeo  Hifi.  Ind.  lib.  4.  p.   mihi  78.  clarif- 
Jimus  Imperator,  ò^  vir  integerrimus  cu  Europam, 


<ò^  Afiam  vi£íoriis  pera^ajfet  in  Africa  demiim 
ignoto  littore  ad  ludibriíl  rerum  humanarum  ab 
nudis,  (òr  teterrimis  yEtiopibus  interfeâus.  Caf- 
tanhed.  Hifi.  do  defcobrimento  da  Ind.  liv.  2. 
cap.  124.  Foy  homem  de  corpo  meaõ,  e  mem- 
brudo, e  de  rofio  grave,  e  de  grande  magefiade, 
foy  muito  devoto,  e  amador  de  N.  Senhor,  e 
guardava  feus  Mandamentos  fegundo  parecia. 
Foy  taõ  piedofo,  que  nunca  cafiigou  ninguém, 
que  primeiro  ho  naÕ  reprendeffe  três  vev^es. 
Foy  de  condição  muito  magnifica,  e  liberal,  fe- 
gundo fe  vio  nos  muitos  bens,  que  fev^  aos  ho- 
mens, em  quanto  governou  ajft  à  fua  cufia  como 
a  d'ElRey,  no  que  fe  extendia  feu  poder.  Fqy 
muito  ii^ento  para  fav^er  o  que  lhe  parecia 
bem,  porem  com  confelho,  e  foy  muito  pru- 
dente, e  difcreto,  e  foy  de  taS  altos  pen- 
famentos,  que  muitos  lho  atribuiaÕ  a  vaidade, 
principalmente  feus  amigos,  ç^c.  Faria  A^ia 
Portug.  Tom.  2.  Part.  2.  cap.  3.  Ha- 
Zia-fe  venerar  por  lo  ff^ave  de  la  prefencia,  por 
lo  acertado  dei  confejo,  y  por  lo  pontual  de  la 
cortev^a.  Defcobrio  en  el  el  tiempo  una  efiremada 
continência,  una  capital  enimifiad  con  la  co- 
dicia,  y  una  concordância  fixa  con  la  li- 
beralidad,  y  gratitud.  Ofor.  de  rebus  Em- 
man.  lib.  4.  virum  infigni  virtute  pradi- 
tum,  &  lib.  6.  vir  probitate,  <Ò>'  libera- 
litate,  (ò'  rebus  geftis  admirandus.  Barros 
Decad.  2.  da  Ind.  liv.  3.  cap.  10.  Era  ho- 
mem de  honrada  prer(ença,  Cavalleiro  de  Con- 
felho, e  de  Corte,  e  por  efta,  e  por  ou- 
tras qualidades  de  fua  pejfoa  muito  efti- 
mado.  Fr.  Ant.  de  S.  Rom.  Hift.  de  la  Ind. 
Orient.  liv.  i.  cap.  27.  aviendo  confeguido 
infignes  vitorias  em  A;(ia,  y  Europa  ai  fin 
vino  a  rematar  fu  vida  en  una  infame  playa 
de  Africa.  Maris  Dial.  de  var.  Hift.  Dial. 
4.  cap.  15.  Pejfoa  de  altos  merecimentos,  t 
nobres  qualidades  para  grandes,  e  difficultofas 
empre:^as.  Franc.  de  Santa  Maria  Diar.  Por- 
tug. pag.  28.  Obrou  acçoens  dignas  de  im mor- 
tal memoria.  Fonfec.  Evor.  Gloriof.  p.  130. 
Sogeito  de  ef clareadas  prendas,  que  com  a  toga, 
e  com  a  efpada  foy  o  primeiro  Cev^ar  da  ín- 
dia. Barbud.  Emprer(.  Milit.  de  Lufit.  foi. 
144.  verf.  Fue  ajf ombro  de  varias,  y  helico- 
fas  naciones,  y  pufo  debaxo  dei  yugo  Partiam 
algtnas  delias.    Efcrevco 

Carta    a    ElRey    D.     Manoel.     Principia 


L  USITANA. 


99 


graník  paixaõ  he  para  mi  efcrever  efta  carta 
a  V.  A.  He  muito  larga,  e  judiciofa,  on- 
de fe  juftifica  de  quanto  tinha  obrado  na 
índia. 

Ordem  expedida  em  Cochim  a  26.  de  Mayo 
de  1508.  para  Jindicar  de  Affonfo  de  Albuquer- 
que. 

Carta  efcrita  a   Cogeatar. 

Eílas  duas  obras  fe  achaõ  impreíTas  nos 
Coment.  do  grande  Affonfo  de  Albuquerque.  A 
primeira  na  i.  part.  cap.  58.  e  a  fegunda  cap. 
62.  e  delias  faz  mençaõ  o  moderno  addicio- 
nador  da  Bib.  Orient.  de  Ant.  de  Leaõ  Tom. 
I.  Tit.  3.  col.  69. 

FRANCISCO  DE  ALMEYDA  natural 
de  Coimbra,  em  cuja  Univeríidade  fe  apli- 
cou ao  eíhido  da  Medicina,  e  nella  fahio 
taõ  perito,  que  a  exercitou  com  feliz  me- 
thodo  em  beneficio  de  diverfos  enfermos 
fendo  Medico  do  Collegio  dos  Padres  Je- 
fuitas  da  fua  pátria,  e  vendo  que  muitos 
dos  que  nella  eíhidavaõ,  morriaõ  confumi- 
dos  de  febre  Tyfica,  depois  de  obfervar 
com  judiciofa  inveíligaçaõ  as  cauzas  donde 
procedia  aquella  enfermidade,  compoz  como 
aííirmou  feu  filho  em  Roma  a  31.  de  De- 
zembro de  1677.  ao  Padre  Francifco  da 
Cruz  Jefuita,  que  aífim  o  deixou  notado 
nas  Mem.  Aí.  S.  para  a  Bib.  Portug.  o  fe- 
guinte  Tratado. 

De  Caufis  cur  Jcholajtici  Conimbricenfes.  S.  J. 
tàm  crebro  interirent,  M.  S. 

D.  FRANCISCO  DE  ALMEYDA  na- 
ceo  em  Lisboa  a  31.  de  Julho  de  1701. 
fendo  filho  de  D.  Joaõ  de  Almeyda  Conde 
de  AlTumar,  Embaxador  Extraordinário  à 
Mageílade  de  Carlos  III.  em  Barcelona,  Con- 
felheiro  do  Eílado,  e  Gentil-homem  da  Ca- 
mera  de  ElRey  D.  Joaõ  V.  e  de  D.  Ifabel  de 
Caftro  Dama  da  Raynha  D.  Maria  Francifca 
Ifabel  de  Saboya,  filha  de  D.  Joaõ  Mafcare- 
nhas  fegundo  Conde  da  Torre,  primeiro  Mar- 
quez de  Fronteira,  Confelheiro  de  Eílado,  e 
D.  Magdalena  de  Caílro  filha  de  Francifco 
de  Sà,  e  Menezes  terceiro  Cõde  de  Penaguião. 
Depois  de  inílruido  nas  linguas  Latina,  Ita- 
liana, e  Franceza,  e  nos  preceitos  da  Mufica, 
eíhidou  quando  contava  14.  annos    de  idade 


Filofofia  em  a  Congregação  do  Oratório 
defta  Corte,  e  paíTando  à  Univerfidade  de 
Coimbra  foy  admitido  em  o  Real  CoUegio 
de  S.  Paulo  por  Porcioniíla  a  21.  de  Ou- 
tubro de  171 7.  AppUcoufe  à  Scienda  do 
Direito  Pontificio  em  que  recebeo  o  gráo 
de  Licenciado  a  5.  de  Junho  de  1723.  Sen- 
do Arcediago  de  Saõ  Pedro  de  França  em 
a  Cathedral  de  Vizeu,  foy  promovido  a 
Deputado  da  Inquiziçaõ  de  Lisboa,  e  a 
Promotor  da  de  Coimbra  de  que  tomou 
poíle  a  13.  de  Março  de  1730.  donde  fo- 
bio  a  Principal  da  Santa  Igreja  Patriarcal 
de  Lisboa  a  13.  de  Janeiro  de  1738.  A 
profunda,  e  vafta  noticia  que  com  incan- 
favel  difvelo  tinha  adquirido  da  Hiftoria 
Ecclefiaílica  o  fez  merecedor  de  fer  ad- 
mitido ao  numero  dos  CoUegas  da  Aca- 
demia Real  a  13.  de  Mayo  de  1728.  on- 
de exercitou  o  lugar  de  Cenfor  fendo  as 
obras  que  tem  publicado  os  mais  iUuHres 
e  patentes  argumentos  da  fua  grande  ca- 
pacidade, e  fublime  talento,  que  faõ  as  fe- 
guintes. 

Pratica  com  que  congratu/ou  a  Academia 
Keal  de  eftar  eleito  feu  Collega.  Sahio  no 
Tom.  8.  da  ColleçaÕ  dos  documentos  da  Acad. 
Real.  Lisboa  por  Jofeph  António  da  Sylva. 
1728.  foi. 

Conta  dos  feus  Eftudos  Académicos  recitada 
no  Paço  a  -j.  de  Setembro  de  1728.  Sahio  no  dito 
Tom.  8. 

Conta  dos  feus  Eftudos  Académicos  reci- 
tada no  Paço  a  zz.  de  Outubro  de  1729.  Sahio 
no  Tom.  9.  da  Colleç.  dos  Documentos  da 
Acad.  Real.  ibi  por  eumdem  Typcg.  1729 
foi. 

Conta  dos  feus  efludos  Académicos  recitada  na 
Academia  em  21.  de  Junho  de  1731.  Sahio  no 
Tom.  II.  da  Colleç.  dos  Docum.  da  Acad.  Real. 
Ibi  per  eumdem  Typ.  173 1.  foi. 

Cenfura  de  huma  opinião  do  P.  Pafchafio  Quef- 
nel  do  Oratório  de  Jefus  Chriflo  de  Parii^  que  no 
livro  intitulado  Difcipline  de  TEglife  tiree  du 
nouveau  Teftamet,  et  quelques  anciens  Con- 
ciles  pertende  provar  que  a  Difciplina  Ecclejiajiica 
das  Igrejas  de  Efpanha,  foy  dependente  das 
de  França.  Lisboa  por  Jofeph  António 
da  Sylva  Impreflbr  da  Academia  1731.  4. 
grande,    e    no    Tom.     11.    dos    Documentos 


lOO 


BIB  LIO  THE  CA 


da  Academia  Keal  ibi  pelo  dito  Impref- 
for,    e    anno.    foi. 

Primeira  Dijfertaçaõ  Critica  contra  as  Me- 
morias para  a  Hijloria  do  Bi/pado  da  Guarda 
fobre  alguns  pontos  da  difciplina  Ecclejiajlica  de 
Efpanha.  Lisboa  por  Jofeph  António  da 
Sylva  1733.  8.  grande,  c  no  Tom.  12,  da 
Colleç.  dos  Documentos  da  Academia  Keal  ibi 
pelo  dito  ImpreíTor,  e  no  mefmo  anno 
foi. 

Aparato  para  a  Difciplina,  e  Ritos  Eccle- 
Jiajlicos  de  Portugal.  Parte  primeira  na  qual 
fe  trata  da  origem,  e  Fundação  dos  Patriar- 
chados  de  Koma,  e  Alexandria,  e  Antiochia, 
e  fe  defcreve  com  efpecialidade  o  Paíriarchado 
do  Occidente,  moflrando  que  as  I^ejas  de  Ef- 
panha lhe  pertenciaõ  por  direito  particular,  e 
por  ocajiaõ  defia  matéria  fe  difputaõ  haflantes 
quefloens  pertencentes  ã  difciplina  Ecclejiaftica 
cimofas,  e  naõ  vulgares  Tom.  i.  Lisboa  por 
Jofeph  António  da  Sylva  ImpreíTor  da  Aca- 
demia.   1735.   4.   grande. 

Tom.  2.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor,  e 
no   mefmo   anno. 

Tom.  3.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor 
1736.   4.   grande. 

Tom.  4.  Lisboa  Na  Real  Ofíicina  Syl- 
viana,  e  da  Academia  Real  1737.  4.  grande. 

Carta  efcrita  ao  Padre  Fr.  Marcelliano  da 
AfcençaÕ  Monge  Benediãino  em  repofta  de  outra 
qtie  fe  aprev^enta,  em  que  o  confultava  fobre  vá- 
rios pontos  hijloricos  da  Religião  Benediãina. 
Lisboa  por  Jofeph  António  da  Sylva  Im- 
preíTor da  Academia  1738.  4.  grande. 

Fazem  delle  mençaõ  Soufa  no  Appa- 
rato  á  Hifloria  Gen.  da  Cai^.  Real  Port. 
pag.  172.  §.  215.  e  meu  Irmaõ  D.  Jo- 
zè  Barboza  Mem.  do  Colleg.  de  S.  Pau- 
lo pag.  395.  e  no  Archiath.  Liíftan.  p. 
142. 

P.  FRANCISCO  DE  ALMEYDA  na- 
tural dos  Campos  da  Cachoeira,  em  o  Re- 
côncavo da  Cidade  da  Bahia  Capital  da 
America  Portugucza,  filho  do  Capitão  mór 
Amaro  Ferreira  de  Almeyda,  e  Barbara 
de  Soufa  de  Almeyda.  Recebeo  a  Rou- 
peta de  Jcfuita  cm  o  Collegio  da  Bahia 
a  7.  de  Dezembro  de  1721.  quando  con- 
tava   15.    de   idade.    Aprendeo,   e   didou  as 


Sciencias  amenas,  e  feveras  com  igual  aplau- 
fo  do  feu  nome,  que  emulomento  dos  feus 
ouvintes.  Publicou  por  primicias  do  feu  ta- 
lento Poético,  e  concionatorio  as  feguintcs 
obras. 

Orpheus  Brajilicus,  five  eximius  FJementaris 
mundi  Harmofles:  nempe  V.  P.  Jofephus  de 
Anchieta  novi  Orbis  Thaumaturgus,  e^  BraJUia 
Apofiolus.  UlyíTipone  apud  Antonium  de 
Souza  da  Sylva.  1737.  4.  He  Poema  em  verfo 
heróico. 

Sermão  de  SaÕ  Francifco  "Xavier  Proteãor 
da  Cidade  da  Bahia,  na  Solemnidade  anniver- 
faria  com  que  o  fefleja  o  nobilijfimo  Senado  da 
Camera  pelo  beneficio  que  fer;^  a  todo  o  Eflado 
do  Brafil  livrando-o  da  pefle  chamada  vulgar- 
mente a  bicha.  Lisboa  na  Ofíicina  dos  her- 
deiros de  António  Pedrozo  Galraõ.  1745.  4. 

Oração  Ethica,  e  Politica  da  Terceira 
Quarta  Feira  da  Quarefma  na  Mifericordia  da 
Bahia,  em  o  anno  de  1742.  Lisboa  na  mefma 
Ofíicina.    1743.    4. 

FRANCISCO  DE  ALMEYDA  CABRAL 

natural  da  Cidade  de  Lamego,  onde  teve 
por  Pays  a  António  de  Almeyda,  e  D.  Ma- 
ria Cabral  ornados  de  igual  nobreza,  que 
Chriílandade.  Aprendidas  as  letras  humanas 
em  que  logo  deu  manifeílos  íinaes  da  vi- 
veza do  feu  engenho,  paíTou  á  Univeríi- 
dade  de  Coimbra,  e  applicandofe  á  Facul- 
dade do  Direito  Cefareo  penetrou  com 
fubtileza,  e  praticou  com  integridade  09 
feus  mais  dificultofos  Textos.  Depois  de 
exercitar  os  lugares  de  Corregedor  do  Cri- 
me da  Corte,  e  de  Dezembargador  dos 
Aggravos  na  Caza  da  Supplicaçaõ,  de  que 
tomou  poíTe  a  3.  de  Abril  de  1642.  fof 
Senador  Palatino,  merecendo  pela  natuiai 
aíTabilidade  do  feu  génio  a  eílimaçaò  do» 
Grandes,  e  a  veneração  dos  pequenos.  Mo#* 
reo  em  Lisboa  a  14.  de  Mayo  de  i6j4. 
e  foy  depofitado  em  o  Convento  de  N. 
Senhora  da  Graça,  para  fer  transferido  á 
Capclla  mór  de  N.  Senhora  da  Piedade 
do  Convento  dos  Eremitas  de  Santo  Agof- 
tinho  da  Qdade  de  Lamego,  de  que  era 
Padroeiro.  Delle  fe  lembra  António  Car- 
valho da  Coíla  Corog.  Port.  Tom.  2.  Trat. 
6.   cap.    I.   Publicou. 


L  USITANA. 


lor 


y4Jlegaçaõ  de  Direito  na  Caufa  do  Morgado 
de  Medello,  que  moveo  a  D.  Catherina  Cou- 
tinho boje  cacada  com  D.  António  Luiz  ^ 
Meneses.  Lisboa  por  António  Alvares  Im- 
preflbr  DelRey.  1645.  fo^-  He  muito  difiifa, 
e   douta. 

FRANaSCO  DE  ALMEYDA  JOR- 
DAM  Cavalleiro  profeíTo  da  Ordem  de 
Chriílo,  filho  de  Ignacio  de  Almeyda  Jor- 
dão Cavalleiro  da  Ordem  de  Qirifto,  e  de 
D.  There2a  Ignada  de  Azevedo,  naceo  em 
Lisboa  a  31.  de  Dezembro  de  171 2.  Sendo 
formado  pella  Univeríidade  de  Coimbra  em 
a  faculdade  dos  Sagrados  Cânones,  traduzio 
da  lingoa  Caftelhana  em  a  materna,  acre- 
centando  varias  addiçoens  utiUíTimas,  e 
hum  novo  apendix  das  Leys  de  Portu- 
gal. 

Arte  Legal  para  ejludar  a  Jurif prudência, 
com  a  expojiçaô  aos  Titulos  da  Jurif prudência 
do  Lmperador  Juftiniano  do  Licenciado  Fran- 
cifco  Bermudes  de  Pedraça  Advogado  nos  Tri- 
bunaes  de  Sua  Magefiade  Catbolica.  Lisboa 
por   António   líidoro   da   Fonfeca    1737.   4. 

FRANQSCO  ALVARES  natural  de 
Coimbra,  e  Capellaõ  do  Sereniflimo  Rey 
D.  Manoel,  de  cujo  talento  certificado 
efte  Príncipe  o  mandou  por  companheiro 
de  Duarte  Galvaõ,  de  quem  fizemos 
memoria  em  feu  lugar,  quando  partio 
de  Lisboa  a  7.  de  Abril  de  15 15.  com 
o  carafter  de  Embaixador  ao  Empera- 
dor  da  Ethiopia  em  gratificação  da  Em- 
baixada, que  no  anno  de  15 14.  rece- 
bera da  Emperatríz  Helena  em  nome 
de  feu  filho  o  Emperador  David  por 
feu  Embaixador  Matheos,  de  naçaõ  Ar- 
ménio. Tanto  que  morreo  Duarte  Gal- 
vaõ a  9.  de  Julho  de  15 17.  em  a  Ilha  de 
Camoraõ  foy  fubftituido  por  ordem  de  Dio- 
go Lopes  de  Siqueira,  Governador  do 
Eílado  da  índia  em  o  lugar  de  Embai- 
xador D.  Rodrigo  de  Lima,  a  quem  acom- 
panhou Francifco  Alvares,  e  chegando  à 
Dha  de  Maçua  a  7.  de  Abril  de  1520.  en- 
trarão na  Corte  da  Ethiopia,  onde  foraõ 
recebidos  com  particulares  fignificaçoens  de 


jubilo,  e  affeélo,  e  para  evidente  final  da 
grande  eítimaçaõ,  que  fizera  daquella  Em- 
baixada, expedio  a  ElRey  D.  Joaõ  o  Hl. 
por  feu  Embaixador  a  Zagazabo,  venerável 
Monge,  com  huma  predofa  Coroa,  orde- 
nando-lhe  que  praticaíTe  femelhante  obfe- 
quio  com  o  Summo  Pontífice,  a  quem  re- 
conhecia por  Cabeça  vizivel  da  Igreja  Ca- 
thoUca.  Chegou  Francifco  Alvares  com  » 
Embaixador  a  Lisboa  a  24.  de  Julho  de 
1527.  a  quem  em  remuneração  do  que  ti- 
nha obrado  na  Ethiopia  lhe  deu  ELRey  hum 
Beneficio  na  Diocefe  de  Braga,  em  que 
foy  collado  pelo  Arcebifpo  Primaz  D. 
Diogo  de  Souza  a  30.  de  Julho  de  1529^ 
Depois  paíTou  a  Roma  em  companhia  de 
Zagazabo  para  dar  obediência  da  parte 
do  Emperador  da  Ethiopia  à  Santidade  de 
Qemente  VII.  que  os  recebeo  com  pa- 
ternal benevolência  a  29.  de  Janeiro  de 
1553.  fazendo-fe  mais  plaufivel  efte  aâo  por 
nelle  afliftir  D.  Martinho  de  Portugal,  Em- 
baixador d'ElRey  D.  Joaõ  o  III.  na  Cúria,, 
donde  fe  reftituhio  a  Lisboa.  Efcreveo  com 
eftílo  fincero,  e  judidofa  obfervaçaõ  a  hif- 
toria  de  Ethiopia,  em  que  relatou  os  ritos, 
e  coftumes  de  feus  habitadores,  e  tudo- 
quanto  era  digno  de  memoria,  devendo-fe 
à  fua  indefeíTa  appUcaçaõ  naõ  fomente  a. 
noticia  de  taõ  vafto  Império,  em  que  re- 
fidio  o  largo  efpaço  de  fds  annos,  mas  a. 
perfeição,  com  que  fahiíTe  impreíTa  efta. 
obra,  para  cujo  fim  foy  a  Pariz  como  con- 
feíTa  na  Dedicatória  a  ElRey  D.  Joaõ- 
o  m.  hufcar  efiampas  caratules  de  letras,  offi- 
ciaes,  e  outras  coufas  convenientes  ã  impref- 
faõ  bas  quaes  nom  fam  de  menos  primor,  e 
calidade,  que  bas  de  Itália,  França,  e  Alema- 
nba,  onde  mais  efta  Arte  florece,  a  qual  iâhia 
com  efte  titulo. 

Verdadeira  informarão  das  terras  do  Prefte 
Joaõ,  fegundo  vio,  e  efcreveo  bo  Padre  Fran- 
cifco Alvares,  Capellaõ  d'ElRey  nojfo  Senbor^ 
No  fim  eftaõ  as  feguintes  palavras.  A* 
bonra  de  Deos,  e  da  Gloriofa  Virgem  N.  Se- 
nbora  fe  acabou  bo  livro  do  Prefte  JoaÕ  das  índias, 
em  que  fe  conta  todos  bos  fttios  das  terras,  e  dos 
tratos,  e  comércios  delias,  e  do  que  pajfâra  na 
viage  de  D.  Rodrigo  de  Lima,  que  foy 
por     mandado    de    Diogo    Lopes    de    Sequeira, 


102 


B IB  LIO  THE  CA 


^ue  entaõ  era  Governador  na  índia:  e  ajfi  das 
cartas,  e  prefentes  que  ho  Prejle  JoaÔ  mandou 
a  E/Rey  nojfo  Senhor  com  outras  coujas  notáveis, 
/jue  ha  na  terra.  Ho  qual  via,  e  ejcreveo  ho  Padre 
Francifco  Alvares,  CapellaÕ  d'E/Reji  noJfo  Se- 
nhor com  muita  diligencia,  e  verdade.  Acahou-Je 
no  anno  da  EjtcamaçaÕ  de  N.  Senhor  JESU 
dhrijlo  a  hos  vinte  dous  dias  de  Outubro  de 
mil  e   quinhentos  e   quarenta   annos. 

Sahio  eíla  Hiftoria  traduzida  em  Caíle- 
Ihano  por  Fr.  Thomás  de  Padilha  com 
•eíte   titulo. 

Hijloria  de  las  cofas  de  Etyopia  en  la 
qual  fe  cuenta  muy  copiofamente  el  eftado, 
j  potencia  dei  Emperador  delia  {que  es  el 
que  muchos  an  penfado  fer  el  Prejle  Juan) 
£on  otras  infinitas  particularidades  ajji  de 
la  religion  de  aquella  gente,  como  de  Jus 
cerimonias,  Jegun  que  de  todo  ello  fue  tef- 
iigo  de  vijla  Francifco  Alvares,  Capellan 
J'ElRej  D.  Manoel.  Anveres  por  Juan 
Steelíio.  1557.  8.  e  naõ  em  folha  como 
efcreve  o  moderno  addicionador  da  Bib. 
Orient.  de  Ant.  de  Leaõ.  Tom.  i.  Tit.  12. 
col.  394.  Foy  fegunda  vez  publicada  na 
mefma  lingua  por  Miguel  de  Suelves  In- 
façon,  e  dedicada  a  D.  Artal  de  Alagon, 
Conde  de  Saftago.  Çaragoça  por  Agof- 
tin  Millan.  1561.  foi.  e  Toledo  por  Pe- 
<lro  Rodrigues.  1588.  8.  Também  foy 
vertida  na  lingua  Franceza,  e  fahio  com 
^fte  titulo. 

Hijloriale  defcription  de  l'Etiopie  conte- 
nant  uraye  relation  des  terres,  e  pais  du 
^rand  Koj,  e  Empereur  Prete-Jan,  &c. 
Anvers  par  Chriílofle  Plantin.  1558.  8. 
Na  lingua  Italiana  fahio  traduzida  no 
I.  Tomo  de  Navigationi,  et  viagi  di  Gio: 
Batijla  Kamufio.  Venetia  apreíTo  Giunti. 
1563.  foi.  defde  foi.  189.  atè  260.  Da- 
mião de  Gocs  no  livro  que  intitulou  Fi- 
des,  reliffo,  more/que  JEthiopum  pag.  50.  diz 
Jovius  volumen  quod  Francifcus  Alvares  de 
Jitu,  morihus,  cultuque  JBthiopum  compoftàt,  in 
quo  etiam  totum  fuum  iter  explicai,  pollicitus 
ejl  Eatinum  f acere,  cujus  voluminis  unum  exem- 
plar penes  me  habeo:  quod  fi  Jovius  àver- 
tendo  Juper  fedeat,  non  abhorrerem  ab  ejus  rei 
traâatione.  Defte  intento  de  Paulo  Jovio, 
■e   Damiaõ   de   Gocs   de  verter  cm  latim  a 


obra  de  Francifco  Alvares,  faz  mençaõ 
Ilhefcas  Hijloria  PontiJ.  Part.  2.  liv.  6. 
cap.  22.  e  aíTim  delia  como  do  feu  Author 
fe  lembraõ  com  vários  elogios  diverfos 
Authores,  como  faõ  o  Padre  Balthezar  Tel- 
les Hijl.  da  Ethiop.  Alt.  liv.  2.  cap.  5. 
homem  de  cofiumes  antigos,  de  muita  vir- 
tude, de  glande  capacidade,  e  prudência;  e 
cap.  6.  compo:^  hum  livro  muito  curiofo  com 
ejlilo  chaõ,  e  Jincero.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  pag.  305.  col.  i.  vir  indujlrius,  e>* 
inculpatis  moribus.  Bodin  in  Method.  Hiji. 
Francifcus  Alvarefius  multo  maiore  fide,  ac  df- 
ligentia  res  JEtiopum  primus  fcripfit,  qua  nune 
á  pere^nis,  eb*  optimis  quibufque  fcriptoribus 
probantur,  nec  fine  maffia  voluptate  leguntur. 
Guerreiro  Rela^.  Annal.  das  coufas  do  Orient. 
do  anno  de  1607.  e  1608.  pag.  278.  homem 
prudente,  e  bem  entendido.  Ilhefcas  Hift.  Pon- 
tif.  Part.  2.  liv.  6.  cap.  22.  foi.  129.  vcff. 
Perfona  de  gran  vida,  y  reputacion.  Marian. 
de  reb.  Hifp.  lib.  30.  cap.  25.  Francifcus 
Alvares  prasbiter  de  tota  ratione  itineris,  (& 
regionis  natura,  gentifque  inftitutis  Comenta- 
ria pátria  lingua  accurate  defcripta  in  Iticem 
edidit,  Barboza  Mem.  d'EJRey  D.  Sebaftiaò 
Tom.  I.  liv.  I.  cap.  12.  homem  de  fumma 
finceridade.  Job.  Ludolph.  Hifi.  JEtyop.  pag. 
4.  Barros  Decad.  3.  da  Ind.  liv.  4.  cap.  3. 
Andrad.  Chron.  DelRej  D.  JoaÕ  o  3.  Part. 
2.  cap.  4.  e  Part.  4.  cap.  72.  Jarric.  Tbe- 
Z^ur.  rer.  Ind.  Tom.  2.  cap.  14.  Caílanhed. 
Hifi.  do  Defcub.  da  Ind.  liv.  7.  cap.  5.  Bar- 
toloc.  Bib.  Rabbin.  Tom.  i.  pag.  45.  Hifp. 
Illufirat.  Tom.  2.  pag.  1285.  Godinho  de 
Abyjftn.  reb.  lib.   i.  cap.   25.  e  34. 

FRANCISCO  ALVARES  MOREYRA 
natural  de  Coimbra,  filho  de  António 
Alvares  Moreira,  e  D.  Jozefa  de  Vaf- 
concellos  defcendentes  de  famílias  no- 
bres. Depois  de  receber  o  gráo  de  Ba- 
charel em  a  Faculdade  dos  Sagrados  Câ- 
nones em  a  Univerfidadc  da  fua  pátria, 
paíTou  a  Pernambuco  com  o  lugar  de  Ou- 
vidor, c  Auditor  Geral  do  noíTo  exerci- 
to, onde  com  igual  zelo,  que  valor  afllf- 
tio  a  todos  os  fucccíTos  militares,  cm  que 
as  armas  Portuguezas  triunfarão  das  Olan- 
dezas    efcrevendo 


L  USITAN  A, 


io5 


Glorio/a  reftauraçaõ  da  Praça  do  Arre- 
cife, e  das  mais  Capitanias,  que  os  Olande:(es 
occupavaõ  naquelle  Eftado.  M.  S.  Do  Author, 
e  da  obra  fe  lembra  Joaõ  Franco  Barreto 
na  Bib.    'Lujit. 

P.  FRANCISCO  DO  AMARAL.  Teve 
por  pátria  a  Cidade  de  Lisboa,  e  por  Pays 
a  Jorge  do  Amaral  de  Vafconcellos,  e  D. 
Brites  de  Medeiros  ambos  decendentes  de 
familias  nobres.  Aliíloufe  na  Companhia  de 
Jefus  em  o  Collegio  de  Coimbra  a  14.  de 
Abril  de  1608.  quando  contava  15.  annos 
de  idade.  Teve  igual  talento  para  Meílre, 
que  para  Prelado  eníinando  Filofofia  em 
o  Collegio  de  Évora,  e  Theologia  nove 
annos  em  Lisboa,  e  governando  o  Semi- 
nário dos  Irlandezes,  e  os  Collegios  de 
Braga,  e  de  Lisboa.  Tudo  quanto  herdou 
de  feus  Pays,  que  eraõ  muito  opulentos, 
difpendeo  em  o  culto  de  Deos,  e  benefi- 
cio da  Religião.  Edificou  a  Capella  de 
Santo  Ignacio  em  o  Collegio  de  Coimbra 
o  qual  ornou  com  preciofos  ornamentos, 
e  deixou  vinte  mil  reis  de  Juro  para  a 
cera,  que  ardelTe  no  Triduo  das  quarenta 
horas  com  huma  excellente  peanha  de  prata 
onde  fe  colloca  o  Sacramento.  Morreo 
com  fumma  piedade  em  Lisboa  ao  tempo, 
que  era  Reytor  do  Collegio  de  Santo  An- 
tão em  4.  de  Dezembro,  e  naõ  de  Setem- 
bro como  diz  a  Bih.  Societ.  pag.  210.  col. 
2.  de  1647.  DeUe  fazem  memoria  Marrac. 
Bih.  Marian.  Part.  i.  pag.  397.  vir  injigni 
litteraturá,  ac  prohatis  morihus  conjpicuus.  Joan. 
Soar,  Brit.  Teat.  iMJit.  'Litter.  lit.  F.  num. 
28.  Franco  Imag.  da  Virtud.  do  Colleg.  de 
Coimb.  Tom.  2.  pag.  616.  e  no  Ann.  glo- 
rio/. S.  J.  in  'Lujit.  pag.  725.  Magna  Bib. 
Ecclejiaji.  Tom.  i.  pag.  370.  col.  2.  Nicol. 
Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  307.  col.  i. 
Cordeiro  Hijl.  In  fui.  liv.  5.  Tit.  4.  pag.  169. 
na  KeligiaÕ  morreo  Sábio,  Santo.    Publicou. 

Sermoens  Tom.  i.  Braga  por  Gonçalo  do 
IBafto.  1641.  foi.  Tinha  prompto  o  Tom.  2. 
Ipara  a  impreíTaõ. 

Fr.  FRANCISCO  DE  SANTO  AMBRÓ- 
SIO natural  de   Lisboa,   filho   de   Francifco 


Dias,  e  Antónia  de  Barros,  e  Religiofo  da. 
Seráfica  Província  dos  Algarves,  cujo  fa- 
grado  Inftituto  profeíTou  no  Convento  de 
Santo  António  do  Varatojo  a  21.  de  Março 
de  1656.  onde  exercitou  cõ  prudência  os 
lugares  de  Guardião  dos  Conventos  de 
Odemira,  Évora,  Faro,  e  Santa  Maria  de 
Enxobregas,  Cabeça  deita  religiofa  Provín- 
cia. Foy  QuaUficador  do  Santo  Ofíicio,^ 
Examinador  Synodal  em  o  Reyno  do  Al- 
garve, e  ultimamente  ConfeíTor  das  Reli- 
giofas  Flamengas  do  Convento  de  N.  Se- 
nhora da  Quietação  defta  Corte.  Alcançou 
fama  pelo  púlpito,  fendo  hum  dos  celebres- 
Prégadores  do  feu  tempo.  PaíTou  para  a. 
Província  de  Portugal  no  anno  de  1692. 
donde  fe  reftituhio  à  fua  Provinda  dos 
Algarves.  Morreo  no  Convento  de  Setú- 
bal em   o   anno   de    1700.     Compoz 

Sermão  do  Príncipe  da  Igreja  S.  Pedro,  e  pre- 
gado na  Se  de  Faro.  Lisboa  por  António  Craes- 
beeck  de  Mello.  1681.  4. 

Sermão  da  glorio/a  Madre  Santa  Clara^ 
pregado  no  Convento  das  Keligiofas  da  mefma 
Santa  Cidade  de  Varo.  Lisboa  pelo  dito  Im- 
preíTor.    1681.   4. 

Sermoens  vários,  primeira  Parte.  Lisboa, 
por  Bernardo  da  Coíla.  1696.  4.  No  Pro- 
logo  affirma  ter   corrente   a  fegunda  Parte. 

Ultimo  fim  da  vida  em  difcurfos  predicá- 
veis, pregados  em  o  Convento  do  Seráfico  Pa- 
triarcha  S.  Francifco  de  Xabregas.  Lisboa, 
pelo  dito  Impreflbr.  1698.  4.  Saõ  Tardes 
de    Quarefma. 

FRANCISCO  DE  ANDRADE  Naceo- 
em  Lisboa,  fendo  filho  de  Fernando  Al- 
vares de  Andrade  Fidalgo  da  Caza  Del- 
Rey  D.  Joaõ  o  III.  Thezoureiro  mór 
do  Reyno,  Cavaleiro  da  Ordem  de  Chrif- 
to.  Padroeiro  do  Padroado  de  Santa. 
Maria  de  Aguiar,  e  da  Capella  mòr  da 
Convento  da  Annunciada  de  Religiofas  Do- 
minicas  deíla  Corte,  e  de  Izabel  de  Pajrva. 
filha  de  Nuno  Fernandes  Moreira  Efcri- 
vaõ  da  Camera  de  Lisboa,  e  de  Violante 
de  Magalhaens;  Irmaõ  de  Diogo  de  Payva  de 
Andrade,  e  do  Ven.  Fr.  Thomè  de  JESUS,, 
ambos  infignes,  o  primeiro  na  efpeculaçaõ  das 
Sciencias,    e    o    fegundo    na    praéiica    das 


I04 


B  IB  LIO  THE  CA 


virtudes.  Foy  inftruido  em  todas  aquellas 
artes  dignas  do  feu  illuftre  nacimento  con- 
<;orrendo  para  a  brevidade  com  que  as 
comprehendeo  natural  génio,  juizo  pene- 
trante, e  memoria  feliz.  Applicoufe  com 
particular  difvelo  à  liçaõ  da  Hiftoria,  prin- 
<:ipalmente  defta  Monarchia  em  que  fahio 
taõ  doutamente  verfado,  que  fubftituhio  no 
lugar  de  Chronifta  mór  do  Reyno,  e  Guarda 
mór  da  Torre  do  Tombo  a  António  de 
Caftilho.  Nefta  occupaçaõ  dezempenhou  as 
obrigaçoens  de  hum  excellente  Hijloriador 
<:omo  o  intitula  António  de  Souza  de  Ma- 
cedo Flor.  de  Efpan.  cap.  8.  Excel.  9.  efcre- 
vendo  a  Chronica  DelRey  D.  Joaõ  III. 
na  qual  relatou  com  pena  mais  difufa  as 
acçoens  Militares,  que  as  politicas  deíle  Prín- 
cipe. Naõ  foy  menos  perito  na  Poética, 
que  na  Hiíloria,  fendo  os  muitos  verfos 
aflim  Lyricos  como  heróicos,  que  compoz 
claras  teftemunhas  de  fácil  veya,  e  natural 
afluência,  que  teve  para  taõ  divina  Arte. 
Foy  Commendador  de  S.  Payo  de  Fragoens 
•da  Ordem  de  Chriílo,  e  do  Gjnfelho  del- 
Rey.  Cazou  com  D.  Helena  da  Cofta,  filha 
de  Salvador  Corrêa  de  Menezes,  e  D.  Vio- 
lante da  Coíla,  de  quem  teve  Diogo  de 
Payva  de  Andrade  igualmente  douto  na 
liçaõ  da  íliíloria,  como  nos  preceitos  da 
Poefia  Latina.  Falleceo  em  Lisboa  no  anno 
■de  1614.  Fazem  delle  memoria  Nicol.  Ant. 
Bib.  Hífp.  Tom.  1.  pag.  307.  col.  i.  Joan. 
-Soar.  Brit.  Theat.  Lup.  Litter.  lit.  F. 
num.  29.  Ant.  de  Leon.  Bib.  Orient.  Tit.  3. 
Manoel  Telles  da  Sylva  Marquez  de  Ale- 
grete no  Prolog,  da  Hift.  da  Acad.  Keal. 
Publicou   fem   o   feu   nome. 

Filomena  de  S.  Boa  Ventura.    Lisboa  por 
•Germaõ   Galharde    1566.    12.     Começa. 
Filomena  fuave  ,  que  cantando 
O  fim  do  bravo  inverno  denuncias 
E  a  vinda  do    VeraÔ  alegre,  e  brandol 
Chronica   do    valerojo    Cafirioto   Scandebergo. 
Lisboa    por    Marcos    Borges    1567.    folha. 
Traduzio    eíla    obra    da    lingua    Latina    ef- 
crita    por    Martinho    Barlefio,    que    depois 
foy    vertida    em    Caílelhano    por    Joaõ    de 
Uchoa.     Sahio   com   o   feu   nome. 

O  primeiro   cerco,    que   os    Turcos  pu:(eraÕ 
.ã  Fortalev^a  de   Dio,   nas  partes  da  índia  de- 


fendida pelos  Portugue:(es.  Coimbra  1589.  4. 
Naõ  tem  nome  do  ImpreíTor.  Confta  cftc 
Poema  de  vinte  Cantos  do  qual  faz  men- 
ção o  moderno  addicionador  de  Ant.  de 
Leaõ  Bib.  Orient.  Tom.  i.  Tit.  5.  col.  61. 
e  o  Padre  António  dos  Reys  no  Entbuf. 
Poético  num.   44. 

Certamina  celfum 

Qua  cecinit   ^Lufos  inter  Turcafque  furentes 
Andradio   meruère  locum. 

Chronica  do  muito  alto,  e  muito  poderofo 
Key  defles  Reynos  de  Portugal  D.  Joaõ  o  III. 
dejle  nome.  Lisboa  por  Jorge  Rodrigues 
161 3.  folha.  Foy  dedicado  pelo  Author  a 
Filippe    II. 

Injlituiçaõ  DelRey  Nojfo  Senhor.  He  tra- 
dução da  Latina,  que  fez  Diogo  de  Teyvc, 
infigne  Meftre  de  Humanidades  quando 
ElRey  D.  Sebaftiaõ  cumpria  fete  annos  de 
idade.  Sahio  impreíTa  no  livro  do  mefmo 
Teyve  intitulado  Epodon,  five  Jambicorum  Cár- 
men libri  três.  OlyíTipone  apud  Francifcum 
Corrêa    1565.    12,    foi.    67.     Começa. 

Doutas  habitadoras  do  Pamafo 

Manifejlay  agora  aos  Poetas 

O  f agrado  licor  das  vojfas  fontes 

Com  que  os  feus  coraçoens,   e  engenhos  ba- 
nhem. 

Vida,  e  feitos  de  D.  Vafco  da  Gama,  def- 
cobridor  da  índia,  e  dos  mais  Fidalgos  daquella 
Familia,  que  militarão  na  índia.  M.  S.  Efta 
obra  que  eílava  prompta  para  a  impreflaò, 
compoz  à  inílancia  de  D.  Francifco  da 
Gama  Conde  da  Vidigueira,  extrahindo  as 
noticias  mais  particulares  da  Hiíloria  da 
índia,   efcrita  por  Gafpar  Corrêa. 

Dialogo  entre  o  Anjo  da  Guarda,  e  o 
corpo  humano.  M.  S.  Eílas  duas  obras  fc 
confervaõ  na  Bibliotheca  do  Excellentiflímo 
Conde    da    Ericeira. 

Hijioria  de  Felicio,  e  Delia.  Obra  paftoril. 
M.  S. 

Elegia  á  morte  de  D.  Catherina  de  Attaide  em 
quefaõ  Interlocutores  Felicio,  e  Sylvano.  M.  S. 

FRANCISCO  DE  ANDRADE  LEY- 
TAM  natural  da  Villa  de  Condeixa, 
duas  legoas  diílante  da  Qdade  de  Coim- 
bra, c  na  Provinda  da  Beyra.  Foraõ 
feus     Pays    Manoel    Fernandes     de    Alma- 


i 


L  USITANA. 


io5 


da,  e  Antónia  de  Andrade  filha  de  Bel- 
chior de  Andrade,  e  Catherina  Leytaõ, 
que  o  educarão  com  vigilância  como  pre- 
vendo o  grande  credito  que  lhes  havia 
de  refultar  de  tal  filho.  Applicoufe  em  a 
Univerfidade  de  G^imbra,  ao  eftudo  do 
Direito  Cefareo,  cujas  dificuldades  pene- 
trou com  tanta  fubtileza  que  recebido  o 
gráo  de  Doutor  nefta  Faculdade  naõ  fo- 
mente mereceo  fer  admitido  por  Collegial 
do  Collegio  de  S.  Pedro  a  30.  de  Outubro 
de  161 7.  mas  fubir  a  Lente  de  Inílituta 
de  que  tomou  pofle  a  27.  de  Novembro 
do  dito  anno.  Como  era  igualmente  douto 
na  fciencia  Legal  aíTim  efpeculativa,  como 
praâica  paíTou  da  Univerfidade  para  a 
Cafa  da  Supplicaçaõ  com  o  lugar  de  Dezem- 
bargador  de  que  tomou  pofle  a  14.  de  Se- 
tembro de  1626.  e  de  Aggravos  a  17.  de 
Junho  de  1628.  Nas  Cortes  celebradas  em 
Lisboa  a  15.  de  Dezembro  de  1640.  em 
que  foy  aclamado,  e  jurado  Soberano  deíla 
Coroa  o  Sereniflkno  D.  Joaõ  o  IV.  reci- 
tou a  Oraçaõ  cm  nome  do  Eftado  Secular 
com  tanta  elegância,  que  lhe  deraõ  o  epi- 
tcâo  de  muífo  eloquente  D.  Luiz  de  Me- 
nezes Portug.  Kejl.  Tom.  i.  Uv.  3.  pag. 
113.  Souza  de  Macedo  iMfit.  Uber.  lib.  3. 
cap.  3.  n.  35.  e  Birago  Hift.  de  Portogal. 
lib.  2.  Por  fer  ornado  de  Juizo  profundo, 
fumma  politica,  e  ardente  zelo  da  Pátria 
o  nomeou  em  o  anno  de  1641.  ELRey 
D.  Joaõ  o  IV.  feu  Embaxador  juntamente 
com  D.  Antaõ  de  Almada  ao  Reyno  de 
Inglaterra  donde  paflbu  no  anno  feguinte 
com  o  mefmo  Carafter  a  Olanda,  para  repre- 
fcntar  aos  Eílados  Geraes  a  injuíla  violência 
com  que  dominavaõ  Angola,  Saõ  Thomè,  e 
Maranhão,  e  poílo  que  naõ  atenderão  à  efi- 
cácia das  rezoens  do  Embaixador  naõ  paflbu 
muito  tempo  que  a  noffa  juíHça  triumfafle  da 
fua  pérfida  cavillaçaõ.  Provada  a  fua  grande 
capacidade,  e  fiel  zelo  em  obfequio  defta 
Coroa  fendo  eleito  Dezembargador  do  Paço 
o  mandou  o  mefmo  Princepe  com  o  titu- 
lo de  Plenipotenciário  em  companhia  do 
Doutor  Luiz  Pereira  de  Cafl:ro  ao  Con- 
^reffo  da  Paz  que  fe  celebrou  em  Mimf- 
ter,  e  Ofnaburg  Cidade  da  Veítfallia  onde 
chegarão  a  11.  de  Julho  de  1648.   ReíUtuido 


á  Pátria  com  grande  aplauzo  do  feu  nome 
fempre  confervou  igual  reétídaõ  como  li- 
berdade em  tudo  quanto  era  confultado, 
até  que  falleceo  em  Lisboa  a  17.  de  Mar- 
ço de  1655.  Jaz  fepultado  no  Convento 
de  Saõ  Domingos.  Foy  cazado  com  D. 
Anna  Leytoa  Godinho  de  quem  teve  unica- 
mente a  Antónia  de  Andrade,  que  cazou 
com  Frandfco  Machado  de  Brito  The- 
zoureiro  da  Caza  da  índia,  dos  quaes  na- 
ceo  Pedro  Machado  de  Brito,  Commenda- 
dor  de  S.  Verifllmo  de  Lagares  da  Ordem 
de  Chriílo  Tenente  General  da  CavaUa- 
ria.  Brigadeiro,  e  General  de  Batalha.  O 
infigne  Fr.  Francifco  Macedo  in  Propu^. 
'Lujit.  Gallic.  pag.  216.  lhe  faz  o  feguin- 
te elogio  Franàfcus  Andradius  l^tam  jHr- 
pis  nobilijfimcB  omnes  virtutes  quibus  ad  lega- 
tionem  obeundam  opus  eft,  compleãitur.  A.cumen 
ad  inveftigandum,  judiàum  ad  expendendum, 
prudentiam  ad  providendum,  facilitatem  in  agen- 
do, confiantiam  in  urgendo,  feliàtatem  in  con- 
ficiendo.  Qui  ab  afferto  Kegno  ftrenuijftme  tri- 
bus  obitis  legationibus  pro  Pátria  ac  ^ege  la- 
bor at:  quin  nulli  umquam  labori,  Jumpttã  ve 
pepercit,  et  noftram  ubique  Kempublicam  ma- 
xime  promovit.  Delle  fazem  memoria  Joan. 
Soar.  de  Brit.  Tbeatr.  LuJit.  Litter.  lit.  F. 
n.  31.  D.  Nicol.  de  S.  Maria  Cron.  dos 
Coneg.  Ksg.  liv.  10.  cap.  19.  n.  10.  Manoel 
Pereir.  da  Sylv.  Leal  Cathalog.  Chronol. 
dos  Colleg.  de  S.  Pedro.  §.  55.  Qede  Hift. 
de  Portug.  Tom.  2.  p.  mihi  519.  No  livro 
intitulado  Pacificatores  Orbis  Chrifiiani,  Jive 
ícones  Principum,  Ducum,  et  'Legatorum  qui 
Monajlerij  atque  Ofnabruga  Pacem  Europa 
reconciliarunt  eftà  o  feu  Retrato  aberto  em 
huma  grande  Lamina,  e  no  circuito  deUe 
tem  efta  fentença  Melior  ejl  tuta  pax,  quám 
Jperata  viãoria,  e  na  parte  inferior.  Francifcus 
de  Andraãa  L^ytaÕ  Regis  Portugallia  Jacri 
Confifiorii  Confiliarius,  Senator  Aulicus,  Equef- 
tris  Ordinis  D.  N.  Jefu  Chrijli  Miles  Cru- 
ciferus  ad  P^gem  Anglia,  nec  non  unitos  fa- 
derati  Belgij  Ordines  Generales  L^gatus  nuper 
Extraordinarius,  nunc  ad  Generales  Pacis  Trac- 
tatus  itidem  Plenipotentiarius  Extraordinarius. 
Compoz 

Oraçaõ    recitada    a    15.    de    De:(embro    de 
1641.  no  Auto  do  Juramento   DelRey  D.  Joaõ 


io6 


BIB  LIO  THE  CA 


o  IV.  Lisboa  por  António  Alvares.  1641 
foi. 

Difcurfo  politico  fobre  o  fe  aver  de  largar 
â  Coroa  de  "Portugal,  Angola,  S.  Thomé,  e 
Maranhão,  exclamado  aos  Altos,  e  poderofos 
EJiados  de  Olanda.  Lisboa  pelo  dito  Impref- 
for    1642.    4. 

Copia  das  propojiçoens ,  e  fegunda  Alle- 
gaçaõ  aos  Altos  Senhores,  Ordens  Geraes,  e 
Potentes  EJiados  das  Provindas  unidas  (^c. 
acerca  da  rejlituiçaõ  da  Cidade  de  S.  Paulo 
de  luoanda  em  Angola.  Lisboa  por  Lou- 
renço de  Anvers  1642.  4.  Eílas  duas  obras 
fahiraõ  vertidas  em  Latim  com  o  titulo 
fcguinte. 

Copia  primes  allegationis  pro  rejlitutio  Civi- 
tatis  S.  Pauli  de  "Loanda  in  Angola,  Infula- 
rumque  Sanai  Thoma,  nec  non  etiam  do  Ma- 
ranhão.   Hagae  Comitum   1642.  4. 

Copia  Propojitionum  et  fecunda  Allega- 
tionis pro  rejlitutione  S.  Pauli  de  'Loanda  in 
Angola;  pro  Infula,  (&  Civitate  S.  Thoma; 
pro  Infula,  et  dijlriãu  Maranonij,  et  aliis  locis, 
ac  Civitatihus  (&c.  captis  poji  traãatum  Pacis 
cum  Ordinibus  Faderati  Belgij  renovata  die  14. 
JuniJ    1642.    Hagae    Comitum    1642.    4. 

Pro  Chrijli  Kefurgentis  Solemnitate  Ora- 
tio  habita  in  fuo  humaniorum  litterarum  ty- 
rocinio.  UlyíTipone  apud  Antonium  Alva- 
res Typ.   Reg.    165 1.  4. 


Fr.  FRANCISCO  DOS  ANJOS  alum- 
no  da  Ordem  dos  Pregadores  a  quem  Fr. 
Luiz  de  Souza  Irlijl.  de  S.  Dom.  do  Rçy- 
no  de  Portug.  Tom.  i.  liv.  5.  cap.  42.  cha- 
ma religiofo  exemplar,  e  letrado;  fendo  Con- 
feííor  de  D.  Jeronyma  de  Carvalho,  que 
por  morte  de  feu  Efpofo  D.  Francifco 
Coutinho  herdeiro  da  Caza  de  Marialva, 
profeíTou  a  Ordem  Terceira  de  S.  Do- 
mingos, efcreveo  com  grande  individua- 
ção. 

Vida  da  Ven.  Serva  de  Deos  D.  Jero- 
nyma de  Carvalho.  Deíla  obra  (de  que  fez 
memoria,  e  de  feu  Author  Fr.  Pedro 
Monteiro  Claufi.  Dom.  Tom.  5.  pag. 
209.);  extrahio  as  noticias  que  efcreveo 
Fr.  Luiz  de  Soufa  no  lugar  aíTima  alle- 
gado. 


P.  FRANQSCO  ANTÓNIO  natural  de 
Lisboa   donde   paflando   à   Univerfidade   de 
Coimbra  eíhidou  com  tanta  applicaçaõ  Di- 
reito  Civil,   que   o   diftou   dous   annos   cm 
a    Univerfidade    com    grande    applaufo    do 
feu  nome  quando  contava  a  florente  idade 
de   vinte   c   três   annos   em   a   qual   logrou 
a    eílimaçaõ    que    lhe    conciliavaõ    as    fuás 
letras  abraçando  o  fagrado  inílituto  da  Com- 
panhia  de   Jefus,    no    Collegio    de   Coimbra 
no  anno  de  1558.  Por  fer  ornado  de  fumma 
prudência    foy    mandado    pelos    Superiores 
com    o    Padre    Balthezar    de    Pina    para    a 
Fundação  do  Collegio  de  Faííaõ  em  o  Rcy- 
no  de  Sardenha.    Depois  de  fer  Meftre  dos 
Noviços    em    Roma,    onde    formou    o    feu 
efpirito  varoens,   que   dilatarão  a  gloria  da 
Companhia,    teve    por    confeíTados    ao    P. 
Edmundo    Campiano,    que    com    o    fangue 
derramado   pela   herética   pravidade   dos   In- 
glezes    rubricou    as    verdades    da    Religião 
Catholica,  e  a  Santo  Eftanislao  Kofcka,  que 
pela   eficácia    dos    feus    confelhos    fe    aliílou 
na   Companhia   de   Jefus.    Foy  Confelheiro, 
e   Pregador  pelo   largo   efpaço   de   trinta  e 
féis    annos    da    Magellade    Cezarea    de    D. 
Maria   de   Auftria,   a   qual  eílimava  tanto  a 
fua  grande  capacidade,  que  o  mandou  tratar 
negócios   de   graves   confequencias   com  feu 
Irmaõ   Filippe   Prudente,   e  vindo   a   mefma 
Princeza    a    Madrid    fe    fervio    fempre    dos 
feus   confelhos   atè  que  piamente   clauzulou 
o  fim  da  fua  vida  em  o  Noviciado  daquella 
Imperial  Villa  a   15.   de  Fevereiro  de   1610. 
com  75.   annos   de  idade,    55.   de   Religião. 
Fazem  delle  memoria  Bib.  Societ.  pag.   212. 
col.    2.   Joan.    Soar.   de   Brito    Theat.   Ljijit. 
Utter.  lit.   F.   num.   32.  Nadazi  Ann.   Dier. 
S.    J.    pag.    91.    col.    I.    Nicol.    Ant.    Bib. 
Hifp.    Tom.    I.    pag.    307.    col.    2.    Franco 
Imag.  do  Nov.  do  Colleg.  de  Coimb.  Tom.   2. 
pag.  616.  et  Ann.  Glor.  S.  J.  in  Ljifit.  pag. 
88.   Petr.   de  Alva  y  Aftorg.   Aí/7//.   Imma:. 
Concept.    Maffui   Bib.    Ecclef.    Tom.    i.    pag. 
499.    col.    2.    Compoz 

Avisos  para  los  Soldados,  y  gente  de  guerra. 
Madrid,  por  Pedro  Madrigal.  1590.  12. 
Bruxellas  por  Rogério  Vclpio  1597.  12.  c 
Antuérpia.    1605.    12. 

Cathecifmus,      hoc      eft.      Catholica    Juven- 


L  USITAN A, 


107 


ííitis  infiitutio  ã  M.   imundo  de  Augerio  S. 
J.    Theologo   primum    editas,    nunc    vero    Sacra 

j  Scriptura,  Sacrorumque  Conciliorum,  ac  SS. 
PP.  authoritatibus  illuftratus  per  P.  Francif- 
cum  Antonium  ejufdem  Societatis  Jefu  Matriti 
apud  Petrum  Madrigal  1592.  Foy  dedi- 
cado ao  Archiduque  Alberto  de  Auf- 
tria. 

Conjideraciones  fobre  el  altijjimo  Sacrifício 
de  la  Mijfa;  dei  Santijfimo  Sacramento  dei 
agua  bendita;  de  las  Imagines,  j  relíquias;  de 
la  fenal  de  la  Cru^;  dei  Agnus  Dei.  Madrid, 
por  Pedro  de  Madrigal.  1598.  4.  Tiaha 
fahido  com  o  titulo  de  Myfierios  de  la  Mija. 
Madrid.    1596.   4. 

Tratados  efpirituales  de  algunos  Santos  an- 
tigos. Madrid,  por  Luiz  Sanches.  1603.  8. 
He  tradução  das  obras   Latinas   dos   Santos 

I  Abbades,    Dorotheo,    Nilo,    e    Ifaias,    e    das 

I  Sentenças    do    Papa    Xiílo. 

,  Fr.  FRANaSCO  DE  SANTO  AN- 
TÓNIO,    Religiofo     da    Ordem    dos    Me- 

I  nores  da  Provinda  de  S.  Thomè  da 
índia  Oriental,  e  hum  dos  zelofos  ope- 
rários, e  infatigáveis  cultores  da  Vinha 
de  Jafanapataõ  aonde  com  a  eficácia  das 
fuás  vozes  converteo  muitos  Gentios  ao 
grémio  da  Igreja  Católica,  deixando  com- 
poftos,  como  efcreveo  Fr.  Jacinto  da 
Madre  de  Deos  Vergel  de  Plant.  e  Flor. 
cap.  I.  pag.  17.  muitos  livros  para  confu- 
são dos  erros  da  gentilidade,  doutrina  dos 
mijierios  da  Fè,  e  augmento  da  Chrifian- 
dade. 

P.  FRANCISCO  AYRES  Naceo  na  Villa 
da    Amieyra    do    Priorado    do    Crato    em 
a    Provinda    Tranílagana    fendo     filho     de 
'  Manoel  Martins,   e   Izabel   Ayres.    Ao   tem- 
po   que    na    Univerfidade    de    Coimbra    era 
Filofofo   do   quarto   anno   fe  refolveo   abra- 
çar   o    Inítituto    da    Companhia    de    Jefus 
entrando   em  o   Noviciado   de   Lisboa  a   9. 
de   Junho   de    1621.    quando   contava   vinte 
e   quatro    annos    de   idade.     Depois    de   fer 
Reytor  do  Collegio  de  Faro  aíTiflio  na  Caza 
{  do  Novidado   de   Lisboa  por  todo   o   dif- 
I  curfo  da  fua  vida  onde  fe  conílituhio  hum 
!  perfeito  exemplar  do  eftado  religiofo.    Ora- 


va cada  dia  muitas  horas  a  que  precedia 
a  rigorofa  difdplina  de  duzentos  golpes. 
Como  cegaíTe  cuja  moleília  qual  outro  To- 
bias tolerava  com  inalterável  conílancia,  e 
naõ  pudeíTe  offerecer  no  Altar  o  Divino 
Cordeiro,  o  recebia  todos  os  dias  com 
fumma  ternura  recitando  a  efte  tempo  pa- 
nem nojlrum  quotidianum  da  nobis  hodie.  Foy 
exceíTivamente  mortificado  fervindo-lhe  de 
cama  o  pavimento  do  cubículo,  e  abílen- 
dofe  de  vinho,  e  de  todo  o  género  de 
fruta.  No  mez  que  fe  recolhia  a  tomar 
os  exercidos  de  feu  Patriarcha  Santo  Igna- 
do,  fe  fuílentava  cada  dia  huma  fó  vez  da 
pequena  porçaõ  de  bifcouto,  que  lhe  trazia 
hum  feu  filho  efpiritual.  No  Confeífionario 
dirigia  as  almas  ao  caminho  da  perfeição 
com  termos  taõ  fuaves,  que  eraõ  innume- 
raveis  os  penitentes  que  concorriaõ  a  ou- 
vir os  feus  documentos.  Na  Theologia 
Myílica  era  muito  verfado,  de  tal  forte,  que 
o  confultava  o  Ven.  Padre  Bartholomeu  do 
Quental  Fundador  da  Congregação  do 
Oratório  neiie  Reyno.  Ainda  que  eíla- 
va  privado  do  mais  nobre  fentido  rezava 
todos  os  dias  o  Offido  Divino,  cuja  mayor 
parte  fabia  de  memoria,  e  didava  a  hum 
Noviço,  que  lhe  aniftia,  as  obras  que  pu- 
blicou para  benefido  das  almas  Catholicas. 
Nellas  fe  defcobre  o  cordial  afefto  com 
que  fempre  venerou  a  Maria  SantiíTima, 
cujas  Vigílias  jejuava  a  paõ,  e  agua.  Che- 
gado o  termo  da  fua  vida  recebeo  com 
fervorofa  piedade  todos  os  Sacramentos,  e 
entre  fuaves  colloquios  a  Chriílo  Cru- 
cificado, efpirou  placidamente  em  o  No- 
viciado de  Lisboa  a  11.  de  Novembro 
de  1664.  com  67.  annos  de  idade,  e 
43.  de  Religião.  Divulgada  a  fua  morte, 
muitas  peííoas  concorrerão  a  venerar  o 
feu  cadáver,  que  cobrirão  de  flores  em 
memoria  das  fuás  virtudes  que  celebra- 
rão a  Bib.  Societ.  pag.  214.  col.  i.  Fraf 
virtutum  omnium  Jpeculum.  Franco  Annal.  S. 
J.  in  iMJit.  pag.  336.  num.  2.  vir  exquijita 
virtutis,  e  na  Imag.  da  Virt.  do  Nov.  de  Us- 
boa  Uv.  4.  cap.  7.  religiofo  de  grande  perfei- 
ção. P.  Francifco  de  Francifc.  Philolog.  Dif- 
fert.  de  Francifc.  Utter.  deficiente  vifu,  ut 
vix    lucem    ã    tenehris    difcemeret  ...     tranfí- 


io8 


BIBLIO  THE  CA 


vit  ad  videnda  bona  Domini  in  terra  vwentium, 
Compoz 

Kegimento  efpiritual  para  o  caminho  do 
Ceo.  Lisboa  na  Officina  Craesbeeckiana. 
1654.    8. 

Retrato  dos  triunfos  divinos  contra  os  dij- 
primores  humanos.  Lisboa  por  Paulo  Cracs- 
beeck.    1658.    4. 

Methaforicos  exemplares  da  efclarecida  ori- 
gem, e  illufire  defcendencia  das  virtudes  por  Evan- 
gélicas parábolas,  e  allegorias  figuradas  com  hum 
tratado  elogiaco  fobre  as  excellencias,  e  grande:(as 
da  Virgem  May  de  Deos.  Lisboa  por  Antó- 
nio  Craesbeeck.    1661.    4. 

Parallelos  Académicos  entre  duas  univer- 
Jidades  divina,  e  profana,  dedu^dos  ã  reforma- 
ção dos  cojlumes,  e  melhoramento  de  vidas.  Lis- 
boa por  Ant.  Craesbeeck  de  Mello.  1662.  8. 

Retrato  de  prudentes,  e  efpelho  de  igno- 
rantes; aos  primeiros  alimento  efpiritual  de 
bons  acertos;  aos  fegundos  avi^o  de  feus  enga- 
nos.   Lisboa  pelo  dito  Impreflbr.     1664.    8. 

Epitome  efpiritual  fobre  o  que  deve  faber, 
crer,  guardar,  e  obrar  todo  o  Chrijlaõ.  Ibi  pelo 
dito   Impreflbr.    1664.    8. 

InJlruçaÕ  breve,  do  que  deve  faber,  e  confef- 
far   o    ChriflaÕ.    M.    S. 

Regra  de  bem  viver  conforme  a  Lej  Evan- 
gélica, e  diãames  da  prudência.  M.  S.  Deftas 
duas  obras  faz  mençaõ  o  P.  Ant.  Franco 
na  Imag.  da  virt.  do  Nov.  de  Ufboa.  liv.  4. 
cap.   7.   pag.    171. 

Fr.  FRANCISCO  DA  ANNUNCIA- 
ÇAM  filho  de  Simaõ  Pinto,  e  Águeda 
Rodrigues  naceo  em  a  Villa  de  Portel 
da  Província  do  Alentejo,  onde  inftruido 
com  as  primeiras  letras  paflbu  a  Lisboa, 
e  no  Convento  de  N.  Senhora  da  Graça, 
quando  tinha  16.  annos  de  idade  recebeo 
o  habito  de  Santo  Agoftinho  profeflando 
a  16.  de  Outubro  de  1685.  Com  fumma 
brevidade,  e  naõ  menor  fubtileza  penetrou 
os  fegredos  da  Filofofia,  e  os  myílerios  da 
Theologia,  que  pelo  efpaço  de  nove  annos 
diftou  aos  feus  domefticos  em  o  CoUe- 
gio  de  Coimbra,  em  cuja  Univeríidade  foy 
admittido  ao  numero  dos  Doutores  Theo- 
logos,  recebendo  taõ  honorifico  gráo  em 
8.  de  Junho  de  1698.    Todo  o  feu  difvelo 


era  a  reforma  das  vidas,  e  converfaõ  das 
almas,  entre  as  quaes  foraõ  muitas  da  pri- 
meira nobreza,  c  fublimes  dignidades,  que 
movidas  da  efficacia  dos  feus  documentos 
preferirão  o  filencio  do  Clauftro  ao  tu- 
multo do  feculo.  Ainda  que  era  Meftre  con- 
fumado  na  Theologia  Myftica,  fempre  fo- 
geitou  o  feu  entendimento  ao  diftame  alhco, 
receando  prudentemente  de  naõ  cahir  cm 
algum  erro  patrocinado  pelo  amor  próprio. 
Foy  infigne  Orador  Académico,  concor- 
rendo para  eíle  fim  a  elegância  da  lingua 
Latina,  em  que  era  muito  perito,  e  a  va- 
lentia das  acçoens  que  animava,  quanto 
dizia.  A*  fua  efpeculaçaõ  deve  a  doutrina 
do  B.  Egidio  Columna  fer  explicada  em 
o  CoUegio  de  Coimbra,  fendo  elle  o  pri- 
meiro que  abrio  o  caminho  para  fer  fe- 
guida  pelos  Meílres,  que  lhe  fuccederaõ. 
Tendo  chegado  a  Lisboa  com  a  incumbên- 
cia de  expedir  huma  Miflaõ  para  a  Congre- 
gação da  índia,  que  ordenava  o  Geral  da 
Ordem  Fr.  Francifco  Maria  Querni,  na 
qual  queria  fer  hum  deftes  Miflionarios  fc 
naõ  fofle  impedido  por  ordem  dos  feus 
Superiores,  revelou  a  hum  difcipulo  do  feu 
efpirito,  q  eílava  próxima  a  fua  morte, 
que  fuccedeo  no  Convento  da  Graça  a 
13.  de  Agoílo  de  1720.  quando  contava 
52.  annos  de  idade,  e  35.  de  Religião.  Foy 
VaraÕ  verdadeiramente  Apoflolico  (como  ef- 
creve  Fr.  Manoel  de  Figueiredo  Fios  Sana. 
Augufl.  Tom.  4.  pag.  143.)  de  oração  fer- 
vorofa,  e  extenfa;  de  :(elo  ardentijftmo  na  re- 
forma dos  Religiofos,  que  procurava,  criando-os 
no  fanto  temor  de  Deos,  e  exercido  da  Oraçaõ. 
Era  confultado  de  tantas  peffoas  dejle  Reyno, 
que  fó  fendo  a  fua  penna  movida  por  fuperior 
impulfo  poderia  dar  repofias  como  dava  a  taÕ 
frequentes  confultas  com  tanta  lus^  e  com  tanto 
acerto.   Compoz 

Confulta  Myfiico-Moral  fobre  o  habito  de  certas 
Religiofas  da  Ordem  de  Santa  Clara  Urbanas. 
Coimbra  no  Real  Collegio  das  Artes  da  Com- 
panhia de  JESUS.   1717.  4. 

Vindicias  da  virtude,  e  efcarmento  de  vi- 
ciofos  nos  públicos  cafligos  de  Hypocritas  da- 
dos pelo  Tribunal  do  Santo  Officio.  Pri- 
meira Parte.  Lisboa  na  Officina  Ferrei- 
riana.     1725.    8. 


L  USITANA. 


109 


Parfe     2.     Lisboa    na    mefma    Officina. 

1726.  8. 

Parf.     3.     Lisboa    na     mefma     Officina. 

1727.  8. 

Difputationes  Theologica  de  Jiatu  reliffofo, 
obligationibufque  eidem  annexis  atento  peculiari 
'ure  nojlra   Sacra   Keligionis.    4.    M.    S. 

Philofophia  ad  mentem  Doãoris  Funda- 
HJJimi  B.  jEgidií  Columna,  4.  3.  Tom. 
Vi.  S. 

Aproveitamento  efpiritual  dirigido  às  Re/i- 
liofas  do  Convento  de  Santa  Mónica  de  Us- 
loa.  foi.   M.    S. 

Cartas   efpirituaes.    foi.    M.    S. 

QueJíaÕ  curioja.  Que  tempo  deva,  e  poffa 
lafiar  hum  Sacerdote  em  dit^er  Mijfa  para  a 
ii^er  fem  peccado,   e  com  decência?   4.   M.    S. 

Todas  eílas  obras  M.  S.  fe  confervaõ 
ia  Livraria  do  Convento  de  N.  Senhora 
IJa  Graça  defta  Corte,  como  nella  as  vi- 
■nos. 

Fr.  FRANCISCO  DA  ANNUNCL\- 
ÇAM  natural  da  Villa  de  Setuval,  filho 
ie  António  Barbofa  Lobo,  e  Brites  da 
Zofta,  profeflbu  o  Inílituto  do  Doutor  Ma- 
timo  no  Real  Convento  de  Belém  a  5. 
le  Dezembro  de  1706.  Completos  os  eftu- 
los  efcolaílicos  fe  dedicou  ao  miniíterio 
lo  púlpito,  em  que  tem  confeguido  ap- 
5laufo.  Foy  Prior  do  Convento  do  Efpi- 
iheiro,  e  Vizitador  Geral  da  Religião, 
^ublicou 

Sermàõ  de  S.  Lui^  Gonzaga  pregado  no  fe- 
imo  dia  do  out avario,  que  a  fua  Canonizarão,  e  à 
ie  Santo  EJianislao  Koska  confagráraõ  os  Keligio- 
"os  da  Companhia  de  JESUS  no  CoUegio,  e  Uni- 
'erjidade  de  Évora.  Évora  na  Officina  da  Uni- 
jiTerfidade.  1730.  4. 

I  Fr.  FRANQSCO  DE  ARA  CCELI  na- 
ytn.  a  Cidade  do  Porto  no  anno  de  165 1.  ceo- 
endo  filho  de  António  Pereira  Roriz,  e  Clara 
la  Cofta  Pereira.  Recebeo  o  habito  Seráfico 
|la.  Província  de  Portugal  em  o  Convento  de 
p.  Frandfco  defta  Corte  a  22.  de  Outubro  de 
'(qo.  e  profeflbu  a  24.  do  dito  mez  do  anno 
"eguinte.  Applicou-fe  ao  eftudo  da  Theo- 
ogia    Poíitiva,    Moral,    e    Myílica,    e    à    li- 


ção da  Hiftoria  Sagrada,  e  profana,  de  que 
colheo  vaítiffimas  noticias,  adquirindo  gran- 
de credito  o  feu  nome,  affim  pelas  fuás 
Oraçoens  Evangélicas,  como  pelos  feus 
doutos  efcritos,  de  que  a  mayor  parte  lhe 
impedio  a  morte,  fe  fi2eflem  públicos.  Fal- 
leceo  no  Convento  da  fua  pátria  em  o 
anno  de  1720.  com  69.  annos  de  idade, 
e  50.  de  Religião.  Delle  fazem  memoria 
Fr.  Fernando  da  Soled.  Hijlor.  Seraf.  da 
Prov.  de  Portug.  Part.  3.  hv.  i.  cap.  21.  e 
Fr.  Joan.  à  D.  Ant.  Bib.  Francifc.  Tom.  i. 
pag.    361.    col.    I.     Compoz 

SermaÕ  de  S.  Jo^è  no  Mojleiro  da  Madre 
de  Deos  de  Monchique  na  profiffaõ  de  fua  Ir- 
mãa  a  Madre  Soror  Maria  Clara  de  Ara 
Cali.  Coimbra  por  António  Dias  da  Cofla. 
1692.   4. 

Sermàõ  no  Triduo  da  Canonit^açaÕ  de  S. 
Pajchoal  Bc^lon.  Ibi  pelo  dito  Lnpreílor. 
1692.  4. 

Ljfí(es  do  Ceo  defcubertas  nas  fombras  da 
PaixaÕ  do  Redemptor  do  mundo,  para  os  que 
de^ejaõ  acertar  o  caminho  da  perfeição.  Coim- 
bra por  Jozè  Ferreira  Impreflbr  da  Univer- 
fidade.    1697.    8. 

Norma  viva  de  Keligiofas.  Tratado  Hiflorico, 
e  Panegyrico,  em  que  fe  defcreve  a  vida,  e  acçoens 
da  ferva  de  Deos  Eeocadia  da  Conceição,  Re/i- 
giofa  no  Recoleto  Mofleiro  da  Madre  de  Deos  de 
Mõchique.  Lisboa  por  Miguel  Manefcal  Im- 
preflbr do  Santo  Officio.  1708.  4. 

Orador  Evangélico.  Confta  de  Sermoens  de 
diverfos  aflumptos.  Tom.  i.  Coimbra  na  Offi- 
cina do  real  Collegio  das  Artes.  1730.  4. 

P.  FRANQSCO  ARANHA  filho  de 
Rodrigo  Aranha,  e  Catherina  Lourenço,  na- 
tural da  Villa  de  Arronches,  titulo  de  Mar- 
quezado  neflie  Reyno,  fituado  em  a  Provín- 
cia Tranítagana.  Sendo  de  quinze  annos 
recebeo  a  Roupeta  da  Companhia  de  JE- 
SUS em  o  Collegio  de  Évora  a  24.  de  De- 
zembro de  161 8.  onde  depois  de  aprender 
com  fumma  habilidade  as  Sciencias  amenas, 
e  feveras,  enfinou  féis  annos  Humanidades, 
e  Rhetorica;  nove  Filofofía,  e  Theologia 
Moral.  Foy  Perfeito  dos  Efliidos  do  Col- 
legio de  Coimbra,  e  Reytor  de  Elvas,  em  o  qual 
poí  fua  induftxia  fe  introduzio  a  agua,  que  lhe 


I  IO 


BIB  LIO  THE  CA 


concedeo  o  Senado  daquella  Cidade.  Era 
naturalmente  jocofo,  porém  com  tal  mo- 
deração, que  nunca  pode  fer  arguido  de 
pueril.  Padeceo  vários  infultos  de  afma 
atè  que  por  hum  foy  privado  da  vida  em 
o  CoUegio  de  Évora  a  i6.  de  Mayo  de 
1677.  com  74.  annos  de  idade,  e  59.  de 
Religião.   GDmpo2. 

Commentario  a  Virgílio  no  qual  fe  expli- 
cou os  lugares  mais  difficultojos  do  Poeta.  Évora 
na  Offícina  da  Univerfidade.  1657.  8.  e  Lis- 
boa.   1668.    8. 

Sermão  pregado  em  S.  Giàõ  de  L.ishoa  eftan- 
do  o  Santijftmo  expojio  pelo  feliv^  Juccejfo  do 
exercito,  que  tinha  fahido  à  campanha  em  20. 
de  Outubro  de  1657.  Lisboa  por  António 
Craesbeeck.    1658.    4. 

Serie  dos  Keys  de  Portugal  com  fuás  pá- 
trias, idades,  e  mortes.  He  huma  folha  ao 
largo.    Sem  lugar,  nem  anno  da  ImpreíTaõ. 

Sitio,  e  rejiauraçaõ  da  Cidade  de  "Évora. 
M.  S. 

G^nferva-fe  no  cubiculo  do  P.  Miniílro 
do  Collegio  de  Évora,  como  efcreve  Fran- 
co Imag.  da  virt.  do  Nov.  de  Evor.  pag.  862. 
Do  Author,  e  fuás  obras  fe  lembraõ  Bib. 
Societ.  pag.  213.  col.  i.  e  o  P.  Franc.  da 
Fonfec.  Évora  Glorio/,  pag.  429. 

P.  FRANCISCO  DE  ARAÚJO  natu- 
ral de  Lisboa,  filho  de  Sebaíliaõ  Fernandes, 
e  Beatriz  Domingues,  foy  admittido  à 
Companhia  de  JESUS  em  o  Collegio  de 
Coimbra  a  6.  de  Setembro  de  1555.  Pela 
muita  prudência,  de  que  era  ornado  foy 
Meílre  de  Noviços  em  o  Collegio  de  Évora, 
e  Lisboa,  Reytor  de  Santo  Antaõ,  Bragança, 
e  Ilha  Terceira.  Teve  animo  fincero,  génio 
humilde,  e  cordial  afFefto  ao  Patriarcha 
S.  Jo2è,  naõ  confentindo  ouvir  que  no 
Cco  eíHvcíTe  outro  Santo  mayor  que  elle. 
No  mefmo  dia,  que  tinha  celebrado  MiíTa, 
conhecendo  fer  chegada  a  ultima  hora  da 
fua  vida  pedio  a  Extrema-Unçaõ,  e  tanto 
que  lhe  foy  conferida,  efpirou  piamente 
na  Caza  ProfeíTa  de  S.  Roque  a  18.  de 
Dezembro  de  1623.  com  mais  de  83.  an- 
nos de  idade,  c  66.  de  Companhia.  Ef- 
creveo. 

Fundação     do     Collegio     de     Santo     AntaÕ 


de  Lisboa,  onde  relata  a  entrada,  e  prin- 
cipies da  Companhia  em  Portugal,  e  do» 
primeiros  Padres,  que  habitarão  o  dito 
Collegio.  Dividido  em  dous  livros,  do» 
quaes  o  primeiro  ficou  acabado;  e  do  fe- 
gundo  fomente  féis  capitules.  Deíla  obra 
faz  mençaõ  o  P.  Telles  Hijl.  de  Etiópia 
Alt.  liv.  2.  cap.  3.  onde  intitula  a  feu  Au- 
thor Pejfoa  de  muita  verdade,  e  a  quem  faz 
hum  elogio  o  P.  Franco  Ann.  Glor.  S. 
J.  in  Lujit.  pag.  742.  &  in  Annalib.  S.  ]. 
in  Ljíjit.   pag.   237.   n.    15. 

FRANCISCO  DE  ARAÚJO  Capellaô 
do  lUuílriíTimo  Bifpo  de  Otranto  D.  Fr. 
Diogo  Lopes  de  Andrade,  de  quem  fize- 
mos memoria  em  feu  lugar.  Foy  Protho- 
notario  Apoílolico,  e  Capellaô  mòr  do  Terço 
de  D.  Vefpafiano  Suardo  no  Reyno  de  Nápo- 
les.   Efcreveo 

Hijloria  de  los  Martyres  de  la  Ciudad  de 
Otranto  Rejno  de  Nápoles  por  la  previa,  que 
delia  hii(p  el  Baxá  Acomat  en  nombre  de  Aía- 
hamet  Ottomano  Emperador  de  Conftantinopla 
el  ano  1480.  y  fu  recuperacion  Ferdinando  1. 
Rej  dei  dicho  Rejno.  Nápoles  por  Egidio 
Longo.  1631.  4. 

Va/o  de  tribulacion,  e  tejlamento  dei  alma, 
Ibi  pelo  dito  ImpreíTor.  1646.  4. 

D.  Fr.  FRANCISCO  DE  ARAÚJO  teve 
por  Pays  a  D.  Joaõ  Hidalgo  Caftelhano,  e  a 
Francifca  de  Araújo  Portugueza,  natural  da  | 
Villa  de  Chaves,  Praça  de  Armas  na  Provinda 
Tranfmontana,  de  quem  tomou  o  apellido,  c 
por  pátria  ao  lugar  de  Verim,  junto  a  Monte 
Rey  em  o  Reyno  de  Galiza,  poílo  que  Joaõ  Soa- 
res de  Brito  Theatr.  hujit.  Utter.  efcreva  que 
tivera  o  feu  berço  na  Villa  de  Chaves.  Na  idade 
de  vinte  e  hum  annos,  em  que  o  mundo  o  lizon- 
geava  com  as  fuás  enganofas  delicias  o  deixou 
heroicamente  profeflando  o  fagrado  Inílituto 
da  Ordem  dos  Pregadores  no  Convento  de  San- 
to Eílevaõ  de  Salamanca  a  5.  de  Março  de  1601. 
onde  depois  de  fe  inílruir  nas  Sciencias  Efcho- 
lafticas  com  geral  admiração  dos  feus  Meílrcs, 
as  didou  em  vários  Conventos,  principalmente 
em  o  de  S.  Paulo  de  Burgos,  donde  partin- 
do para  exercitar  o  mefmo  miniílerio  em 
o  de  Alcalá,  fendo  jà  Doutor  na  Faculda- 


L  USITAN A. 


1 1 1 


ie  da  Theologia,  foy  chamado  no  aiino 
ie  1617.  por  Fr.  Pedro  de  Herrera,  Lente 
ie  Prima  na  Univeríidade  de  Salamanca 
Dará  fer  feu  fubítítuto,  cujo  lugar  depois  de 
exercitar  por  féis  annos  o  regentou  de  pro- 
priedade pelo  largo  efpaço  de  vinte  com 
mmortal  fama  da  fua  litteratura,  e  naõ  me- 
lor  credito  da  ReHgiaõ  Dominicana.  Igual 
i  profundidade  das  fuás  letras  era  a  inno- 
;encia  dos  feus  coíhimes,  merecendo  dif- 
intas  eílimaçoens  das  peíToas  da  primeira 
ferarchia,  aíTim  Eccleíiaftica,  como  Secular, 
Drincipalmente  da  Mageftade  de  Filipe  IV. 
:onformando-fe  fempre  no  voto,  que  lhe 
lava  nas  matérias  mais  graves,  em  que 
ira  confultado,  ainda  que  contra  elle  eíli- 
/eíTem  unanimes  todos  os  Theologos  de 
H[efpanha.  Como  era  taõ  amante  da  ver- 
dade, como  inimigo  da  adulação  repre- 
lendia  intrepidamente  os  vicios,  de  que 
iraõ  reos  os  Palacianos,  e  pofto  que  con- 
:iliaíre  o  ódio  de  muitos,  naõ  foy  baftan- 
;e,  para  que  cedeíle  do  feu  zelo  Apofto- 
ico.  Em  premio  das  fuás  letras  illuftra- 
ias  com  tantas  virtudes  foy  promovido  à 
ladeira  Epif copal  de  Segóvia  a  3.  de  Ja- 
leiro  de  1648.  em  cuja  dignidade  deixou 
^ara  os  feus  fucceílores  hum  perfeito  mo- 
ielio  da  obrigação  paíloral,  aflim  na  vigi- 
ancia  das  ovelhas,  como  no  foccorro  dos 
Dobres,  e  ornato  dos  Altares.  G^nílran- 
^ido  da  idade  proveâa,  em  que  fe  achava, 
laõ  fomente  regeitou  a  Mitra  de  Cartagena, 
1  que  eílava  deílinado,  mas  renunciou  a 
ie  Segóvia  no  anno  de  1658.  com  imi- 
^erfal  fentimento  do  feu  rebanho,  donde 
e  retirou  para  o  Convento  de  Madrid 
:om  huma  moderada  côngrua  concedida  por 
[nnocencio  X.  Neíle  domicilio  viveo  féis 
innos,  preparando-fe  com  aâios  reUgiofos 
3ara  a  eternidade,  atè  que  chegada  a  hora 
ie  ferem  premiados  os  feus  merecimentos, 
recebidos  todos  os  Sacramentos  entregou 
3  efpirito  ao  feu  Creador  a  19.  de  Março 
ie  1664.  e  naõ  de  1665.  como  efcreve  D. 
Nicolao  António  Bib.  Hijp.  Tom.  i.  pag. 
.508.  col.  2.  quando  contava  84.  annos  de 
^dade.  Celebráraõ-fe  fumptuofas  exéquias 
!i  fua  memoria,  a  que  aíTiíliraõ  as  principaes 
oeíloas  da  Corte  de  ívladrid.    Paliados  cinco 


annos  determinou  Fr,  Manoel  de  Ibar- 
ça,  y  Roxas  irmaõ  do  Conde  de  Moras 
tresladar  para  o  Convento  de  Salamanca, 
do  qual  era  Prior,  o  cadáver  deíle  illuf- 
tre  Prelado,  e  naõ  tendo  fido  embalfa- 
mado  fe  achou  com  admiração  dos  circunf- 
tantes,  naõ  fomente  incorrupto,  mas  flexí- 
vel, e  exhalando  fuave  cheiro,  fendo  ef- 
tes  finaes  evidentes  provas  da  gloria  Ce- 
leítial,  que  lograva  o  feu  efpirito.  O  feu 
nome  he  celebrado  pelas  vozes  de  gran- 
des Efcritores,  como  faõ  Nicol.  Anton. 
Bib.  Hifp.  Tom.  i.  p.  308.  col.  2.  Tbeo- 
logiam  omnem  doãijjimis  commentariis  perluf- 
travit,  e>*  illufiravit  maxime  quibus  famam 
Jmm  hattd  objcuram  pervenire  ad  pojleros  fecit. 
Graveflbn  Hift.  Bxclefiajl.  Tom.  8.  pag. 
mihi  129.  col.  2.  eximius  Theologus.  Echard. 
Script.  Ord.  Pra.  Tom.  2.  pag.  609.  col.  2. 
[//  eruditione  apud  omnes,  fie  e^*  morum  inno- 
centia,  <&  facilitate  claruit...  in  adverfis  pa- 
tientijftmus,  in  projperis  modeftijftmus,  (ò'  hu- 
milis,  in  difciplina  regulari  conftantijftmus.  He- 
nao  Scient.  Med.  hifior.  propugn.  Eventil.  6. 
n.  162.  Quem  nobiliorem  Thomijlam,  nec  ante 
noftrum  faculum,  nec  retroaãa  viderunt,  &  ibi 
n.  163.  Oh  celeber  familia  Dominicana  magifier 
<&  princeps  Salmãticenfis.  Fr.  Joan.  à  Cruc.  Vra- 
fat.  Direã.  Concient.  §.  4.  n.  8.  Sapientijftmus, 
&  §.  12.  n.  36.  in  quibus  (falia  das  fuás  obras) 
mifcellaneas  quaftiones  fumma  claritate  <&  pro- 
funditate,  qua  huic  authori  fimiliter  fuerunt  inna- 
tcB,  rejolvit.  Torrecilla  CenJ.  Moral.  Trat. 
2.  de  Penit.  Confult.  5.  n.  8.  doãijjimo.  Dian. 
Tom.  II.  Part.  7.  Refol.  28.  Sapientijftmus 
Magifier.  Vincent.  Baron.  Difput.  i.  Seâ. 
I.  foi.  27.  affertorem  D.  Thoma,  €>*  fide- 
lijfimum  difcipulum.  Hozes  Zelo  Pafioral  Ex- 
pUc.  de  la  prop.  i.  apend.  15.  Doãijjimo. 
Jacob.  Hyacinth.  Serry  Hifior.  Congreg.  de 
Auxil.  lib.  4.  cap.  27.  Bj-at  enim  Theologi 
nomine  vere  dignus.  Fr.  Pedro  Mont.  Claujtr. 
Domin.  Tom.  3.  pag.  48.  e  210.  Voj  naõ 
Jó  na  Univerjidade  de  Salamanca,  mas  em  todo  o 
Rejno  havido  por  Oráculo.  Lorea  Vid.  de  D.  Fr. 
Ped.  de  Tap.  Arceb.  de  Sevilha  cap.  11.  §.  3. 
pag.  79.  Aíagna  Bib.  'Exclejiafi.  Tom.  i.  pag. 
531.    col.    2.   Compoz 

Commentariorum  in  univerfam  Arifiotelis  Me- 
thaphjficam   Tomus  primus  quinque   libros  com- 


112 


BIB  LIO  THE  C  A 


pleãens.  Burgis  apud  Joan.  Baptiílam  Vare- 
íium.  1617.  foi.  &  Salmanticae  apud  Anto- 
niam  Ramires  Viduam  161 7.  foi.  Nefta  obra 
fc  intitula  jà  Lente  de  Prima  em  a  Univerfi- 
dade  de  Salmanca,  c  que  a  acabara  a  24.  de 
Junho  de  161 5.  quando  contava  55.  annos  de 
idade. 

Tomus  Jecunàus.     Salmanticae.     1631.    foi. 

Opujcula  tripartita,  hoc  eft  in  três  con- 
troverjias  triplicis  Theologia  divifa.  In  quarum 
prima  varia  difputationes  de  puro  Jcholajiica, 
in  fecunda  de  morali,  et  in  tertia  de  expojttiva 
Theologia  utiliter  expenduntur.  Duaci  apud 
Bartholomacum  Bardon.  1633.  8.  Eíla  obra 
naõ  chegou  à  noticia  de  Nicolao  António. 

Tomus  primus  fuper  primam  partem  An- 
gelici  Doãoris.  Matriti  apud  Melchiorem 
Sanches    1 647.    foi. 

Tomus  Jecundus  in  primam  Partem  D. 
Tboma  á  quajl.  z-j.  ad  64.  ibi  per  eumdem 
Typog.    1647.  foi. 

Tomus  primus  in  primam  fecunda  D.  Tbo- 
ma á  quafl.  I.  ad  99.  Salmanticae  ex  Con- 
ventu  Dominicanorum  Saníti  Stephani  1638. 
foi. 

Tomus  fecundus  in  primam  fecunda  ad  Trac- 
tatum  de  Divina  Gratia  fupematuralihus  donis 
fuper  quafliones  ultimas.  Matriti  apud  Mel- 
chiorem  Sanches    1646.   foi. 

In  fecundam  fecunda  D.  Thoma  Commen- 
tarius  â  quafl.  i.  ad  46.  Salmanticae  Typis 
Conventus   S.    Stephani.    1655.   foi. 

Tomus  primus  in  Tertiam  partem  D.  Tbo- 
ma á  quafl.  I.  ad.  27.  Salmanticae  Typis  Con- 
vent.    S.    Stephani.    1636.   foi. 

Tomus  fecundus  in  eamdem  Tertiam  par- 
tem à  quafl.  60.  ad  90.  cum  Tradatu  de 
Indulgentijs  Ibidem.    1636.   foi. 

Varia,  (òf  feleãa  decijiones  morales  ad  fta- 
tum  Ecclejiajlicum,  <Ò'  Civilem  pertinentes.  Lu- 
gduni  apud  Philippum  Borde,  Laurent. 
Arnaud.  Petr.  Borde,  &  Guilielm.  Barbier. 
1664.    foi. 

FRANCISCO  AREZ  LOBO  DE  LA- 
CERDA Moço  da  Camará  d'El-Rey,  e 
muito  perito  em  todo  o  género  de  eru- 
dição principalmente  em  a  Poefia  a  que  na- 
turalmente o  inclinava  o  génio.  Queren- 
do  aliviai   o   animo   atribulado   com   o   ca- 


tiveiro, que  havia  doze  annos  tolerava  em 
Tetuaõ,  compoz  em  Outava  Rima,  e  de- 
dicou ao  SereniíTimo  Principc  D.  Theo- 
dofio  a  20.  de  Junho  de  1649.  o  feguintc 
Poema,    que   intitulou 

Jufticia  fin   Pajfton 

Nelle  prova  evidentemente  o  direito, 
que  aíTiftia  á  Mageftade  de  ElRey  D.  Joaô 
IV.  para  fe  coroar  Rey  defta  Monarchia, 
e  refponde  aos  Manifeftos,  que  contra  cfta 
famofa  acçaõ  fe  publicarão  por  parte  de  Caf- 
tella.  Confta  de  quatro  Cantos,  e  começa  o 
primeiro. 

Pleãro  fonoro,   que   con   dulce   canto 
Acaba. 

Que  pues   con    bien   le  go:(as   nó  fué  tarde 

Confervafe  M.  S.  cm  4.  na  Bibliotheca 
Real. 

Fr.  FRANCISCO  DE  ASSIZ  Nacco 
na  Cidade  do  Porto,  e  na  Cathedral  foy  bau- 
tizado  em  o  anno  de  1674.  Educado  por 
feus  Pays  Manoel  Alvares,  e  Luiza  Pe- 
reira, com  virtuosos  documentos  foy  admi- 
tido à  Religião  do  Carmo,  cujo  habito  rc- 
cebeo  em  o  Convento  de  Santa  Anna  da 
Villa  de  Collares  a  4.  de  Setembro  de  1690. 
Feita  a  profiíTaõ  Solemne  no  anno  feguintc 
eftudou  as  Sciencias  Efcolafticas  em  o  Col- 
legio  de  Coimbra,  com  grande  aplaufo  da 
fua  capacidade,  e  concluída  a  carreira  dos 
eftudos  fe  embarcou  para  a  Bahia,  e  no 
Convento,  que  a  fua  Ordem  tem  nefta  gran- 
de Gdade,  inftjuio  aos  feus  domefticos  aíTun 
nas  dificuldades  da  Filofofia,  como  mif- 
terios  da  Theologia  atè  jubilar.  Reftituido 
ao  Reyno  foy  eleyto  fegundo  Difinidor,  e  de- 
pois Confeflbr  das  Religiofas  do  Convento  de 
Guimaraens.  Pregava  com  grande  aceitação 
dos  ouvintes,  e  era  geralmente  eftimado  pda 
fua  litteratura.  Fallcceo  no  Convento  de  Lis- 
boa a  29.  de  Janeiro  de  1735.   Compoz 

Opufculo  da  Ordem  Terceira  de  N.  SmèúHÊ 
do  Carmo,  em  que  fe  mofira  fer  a  Primaz  de  toiãt 
as  Ordens  Terceiras,  em  quanto  à  origem,  e  injlittá' 
çaÕ.  M.  S.  4.  Conferva-fe  em  poder  do  Dczcm- 
bargador  Amador  António  de  Soufa,  e  de  i 
Torres,  Auditor  Geral  do  Exercito  d» 
Provinda  do  Alentejo,  cuja  noticia 
volamentc    me    comunicou,    c    outras 


L  U  SITAN  A. 


ii3 


tas,  com  que  fe  tem  augmentado  a  Biblio- 
theca  Luíitana,  devidas  á  fua  infatigável  in- 
veíligaçaõ,  e  generofa  liberalidade.  Da 
tal  obra  faz  eUe  mençaõ  no  Traã.  de  Ter- 
tiarijs  Refol.  i.  poft.  n.  i8.  que  jà  fe  eftà 
imprimindo  na  i.  Part.  Rationalium  Kefo- 
lut.    Praãicab. 


FRANaSCO  DE  ATAYDE  SOTO- 
IVLA.YOR  natural  da  Cidade  de  Faro,  no 
Reyno  do  Algarve,  Cavalleiro  profeíTo  da 
Ordem  Militar  de  Saõ  Tiago,  e  taõ  illuílre 
por  nacimento,  como  plauíivel  pela  Poe- 
íia  Cómica  compondo  diverfas  Comedias, 
que  merecerão  geral  eílimaçaõ  de  todos 
os  expeâadores,  fendo  a  mais   difcreta. 

Defvios  no  Jon  dejprecios. 

D.  FRANaSCO  DO  AVELLAR  na- 
tural da  Villa  do  Torraõ,  em  a  Provinda 
do  Alentejo,  taõ  douto  na  Sagrada  Theo- 
logia  como  em  Direito  Canónico,  mere- 
cendo a  veneração  das  mayores  peííoas  pelo 
feu  grande  talento,  fumma  gravidade,  e  in- 
íigne  Literatura.  Sendo  Deaõ  da  Cathedral 
de  Portalegre,  foy  creado  pelo  Cardial  Rey 
D.  Henrique,  Prior  mòr  da  Ordem  Militar 
de  S.  Bento  de  Aviz,  cuja  Prelazia  adminiftrou 
com  zelo  pelo  largo  efpaço  de  vinte  annos. 
Vindo  a  Portalegre  adoeceo  taõ  gravemente, 
que  logo  difpoz  o  feu  teftamento,  em  que 
ordenou  foíTe  depoíitado  o  feu  corpo  no 
Convento  das  Religiofas  Bernardas  daquella 
Qdade,  donde  feria  tresladado  para  o  Con- 
vento de  Aviz.  Morreo  junto  do  anno  de 
1599.  Compoz. 

Traãatus  de  antiquitate,  et  primordiis  Or- 
dms  Militaris  Avijienfis.  Eila  obra  reme- 
te© com  huma  carta  efcrita  no  anno 
de  1595.  ao  injQgne  Theologo  Fr.  Ma- 
noel Rodrigues  o  qual  a  imprimio  em 
o  fim  do  Tom.  i.  Quceft.  Regular  im- 
preíTo  Salmanticae.  1600.  intitulando  a  feu 
jAuthor  Keverendijfimum,  <&  de  litteris  ma- 
xime  meritum.  O  Illuílriflimo  D.  Rodri- 
go da  Cunha  cita  a  efte  Tratado  in 
Comment.  ad  Decret.  C.  general,  dift.  54. 
!«.  90.  e  a  Magn.  Bib.  Ecclejiaji.  Tom.  i. 
'pag.    217. 


Fr.  FRANQSCO  DO  AVELLAR  Re- 
ligiofo,  profeíTo  da  Ordem  de  S.  Domin- 
gos onde  depois  de  fer  Pregador  paliou 
á  índia  por  Miflionario,  aíTiílindo  alguns 
annos  no  Convento  de  Goa,  foy  mandado 
por  Parocho  de  huma  Igreja  em  os  Rios 
de  Sena  em  Moçambique,  cujo  lugar  admi- 
niJftrou  com  ardente  zelo  fendo  Viíitador,  e 
Comiílario  Geral  daquellas  terras  por  no- 
meação do  Tribunal  do  Santo  Offido.  En- 
tre as  muitas  converfoens  que  fez  naqueUa 
gentilidade  foy  a  mayor  a  do  Príncipe  D. 
Diogo  filho  do  Emperador  de  Monomo- 
tapa,  o  qual  querendo  conduziUo  a  Por- 
tugal em  fua  companhia  fe  naõ  efeituou 
efta   jornada.    Compoz. 

KelaçaÕ  das  Minas  de  prata  da  Ethio- 
pia  Oriental  do  Império  de  Monomotapa,  e  das 
coujas  necejjarias  pertencentes  para  fuftentaçaÕ, 
e  conjervaçaõ  delias,  e  dos  Rios  de  Cuama. 
M.S. 

O  original  fe  conferva  na  Livraria  do 
Convento  dos  Dominicos  defta  Corte,  fir- 
mado com  o  final  do  Author.  Nelle  refere 
o  grande  fruto  efpiritual,  que  fe  pôde  co- 
lher daquellas  terras,  prindpal  intento  dos 
Reys  de  Portugal,  em  a  conquiíla  do  Orien- 
te, e  a  neceíTidade  que  hà  neUas  de  Bifpo 
por  eftarem  muito  remotas  do  Arcebifpado 
de  Goa.  Ultimamente  condue  com  a 
grande  conveniência  que  eíle  Reyno  podia 
tirar  das  predofas  minas,  que  tem  aquelle 
Império.  Da  obra,  e  do  Author  faz  larga 
mençaõ  Fr.  Pedro  Monteiro  Claufi.  Dom. 
Tom.   3.  pag.   214.  e  215. 

Fr.  FRANQSCO  AUGUSTO  natural  de 
Lisboa,  e  filho  de  Manoel  Rodrigues  Efteves,  e 
Francifca  Maria  Sanches,  profeílou  o  Inítituto 
CarmeUtano  em  o  Convento  de  Lisboa  a  19. 
de  Setembro  de  1728.  Eíludou  Artes,  e  Theo- 
logia  em  o  Collegio  de  Coimbra,  onde  as 
diftou  aos  feus  domeílicos,  como  aos  Con- 
gregados da  Tomina  em  o  feu  Collegio  de 
Noíla  Senhora  do  Alcance,  fora  dos  muros 
da  Villa  de  Mouraõ,  e  depois  Filofofia  em 
o  Convento  de  Lisboa.  He  Examinador  das 
Três  Ordens  Militares,  e  Confultor  da  Bulia 
da  Cruzada.  Do  talento  que  tem  para  o 
Púlpito  deo  por  primícias  a  obra  feguinte. 


114 


BIB  LIOTHE  CA 


Oração  exhortatoria  aos  Irmãos  Congre- 
gados do  Senhor  Jefus  chamado  dos  Agoní!(ados, 
recitada  na  Capella  dedicada  ao  me/mo  Senhor 
fita  no  Clauftro  do  Keal  Convento  do  Carmo 
de  Lisboa  em  14.  de  Setembro  de  1736.  Lis- 
boa por  Miguel  Rodrigues  Impreflbr  do 
Senhor   Patriarcha.    1737.    4. 

Fr.  FRANCISCO  DE  AZEVEDO  na- 
ceo  em  Lisboa,  e  teve  por  Pays  a  Diogo 
Fernandes,  e  kabel  Alvares.  Na  idade  ju- 
venil fe  deliberou  com  judicioza  madureza 
abraçar  o  Inílituto  dos  Eremitas  de  Santo 
Agoftinho,  profeflando  folemnemente  em  o 
Convento  da  Graça  delia  Corte  a  25.  de 
Julho  de  1649.  Aprendeo  as  Sciencias  ef- 
colaíUcas  com  tal  applicaçaõ,  que  naõ  fo- 
mente mereceo  por  ellas  receber  as  iníignias 
Doutoraes  na  Faculdade  da  Theologia  a  19. 
de  Julho  de  1664.  em  a  Univeríidade  de 
Coimbra,  mas  nella  fer  Lente  de  huma  Ca- 
deira de  Efcritura  de  que  tomou  poíTe  a  27. 
de  Julho  de  1677.  Foy  bom  Poeta  Latino 
deixando    compofto. 

Epigrammatum    liber   mus 

O  qual  efcrito  da  própria  maõ  fe  con- 
ferva  na  Livraria  do  Convento  de  N.  Se- 
nhora da  Graça  donde  paíTou  á  eternidade 
a  4.  de  Abril  de  1680.  Da  obra,  e  do  Au- 
thor  fe  lembra  Fr.  Manoel  de  Figueiredo 
Fios  SS.   Auguft.   Tom.   4.   pag.    140. 

Fr.  FRANCISCO  DE  AZEVEDO 
Sahio  á  luz  do  mundo  em  Lisboa,  e  logo 
que  conheceo  a  vaidade  do  feculo  dei- 
xando a  companhia  de  feus  Pays  Antó- 
nio de  Azevedo,  e  Maria  da  Cruz  fe  re- 
tirou para  o  Convento  de  Collares  da  Or- 
dem do  Carmo,  onde  fez  a  profiíTaõ  fo- 
lemne  a  9.  de  Julho  de  165 1.  Tendo  fido 
Prior  do  Convento  do  lugar  da  Lagoa, 
Definidor  da  Província,  e  ComiíTario  dos 
Terceiros  em  a  Villa  de  Setuval,  paflbu 
a  exercitar  efte  minifterio  neíla  Corte  onde 
com  a  eficácia  das  fuás  vozes  defpcrtou 
em  multiplicados  Sermoens  a  muitos  pec- 
cadores  do  lethargo  da  culpa,  e  derigio 
a  muitos  efpiritos  ao  caminho  da  per- 
feição.    Cheyo    mais    de    merecimentos    de 


que  annos  falleceo  no  Convento  pátrio  a 
15.  de  Outubro  de  1696.  dedicado  á  me- 
moria da  infigne  Matriarcha  S.  Thereza 
da  qual  foy  taõ  cordial  devoto  que  por 
fua  induílria  lhe  ordenou  o  feu  Altar  com 
hum  copiofo  numero  de  peças  de  prata. 
Compoz   para   quando   pregava 

Aão  de  Contrição.  He  muito  cxtenfo. 
Sahio  varias  vezes  impreíTo,  e  ultimamente 
junto  com  o  Báculo  Pafioral,  como  efcrevc 
Fr.  Manoel  de  Sà  Mem.  Hifi.  dos  E/crit.  do 
Carm.  da  Prov.  de  Portug.  cap.  28.  pag.  148. 

Fr.  FRANCISCO  BAPTISTA  natural 
de  Coimbra,  e  hú  dos  mais  aufteros  pe- 
nitentes, que  admirarão  três  Provindas 
Seráficas,  recebendo  o  habito  em  a  da 
Obfervancia,  donde  paíTou  para  a  Cufto- 
dia  de  Santo  António,  que  depois  foy 
ere£la  em  Provinda,  e  ultimamente  para 
a  da  Arrábida,  procurando  com  andofo 
difvelo  o  feu  efpirito  onde  fe  exerdtaíTc 
em  mayores  penitencias.  Na  abftinencia  foy 
inimitável  jejuando  quafi  todo  o  anno 
a  paõ,  e  agoa,  e  comendo  em  muitas 
femanas  de  dous  a  dous  dias,  e  em  ou- 
tras de  três  a  três,  fem  que  a  idade  de- 
crépita o  priveligiaíTe  de  taõ  rigida  af- 
pereza.  Caíligava  o  corpo  como  fe  fora 
infenfivel  com  huma  continuada  tempeftadc 
de  golpes  para  que  os  fentidos  triunfaflcm 
dos  apetites.  Nunca  aceitou  governo  na 
Religião  ainda  fendo  obrigado  pelos  Pre- 
lados, querendo  com  judiciofa  eleição  an- 
tes obedecer,  do  que  mandar.  Foy  fum- 
mamente  obfervante  da  pobreza  de  tal  forte, 
que  confervou  o  manto  que  lhe  deraõ 
quando  entrou  Religiofo  pelo  efpaço  de 
quarenta  e  nove  annos,  que  aíTiíHo  ncíba 
Provinda.  Atenuado  com  a  debilidade  da 
velhice,  e  muito  mais  com  os  achaques, 
c  penitendas  chegou  ao  termo  da  vida, 
e  quando  eftava  agonizando  diíTe  que  mor- 
ria confolado  por  lhe  parecer  obfervara 
inviolável  Fè  à  Santa  pobreza.  Falleceo 
com  evidentes  finaes  de  Predeftinado  cm 
o  Convento  de  Santarém  a  8.  de  Setembro 
de  1609.  quando  rinha  90.  annos  de  idade. 
Efcrevco 

Documentos  para   os   homens    ordenarem  as 


L  USITAN A. 


ii5 


vidas  em  ferviço  de  Deos  autbori^ados  com  exem- 
plos, e  doutrinas  de  varias  Santos.  M.  S. 

Documentos  para  os  Sacerdotes,  em  que  lhes 
moftrava  a  obrigação  do  feu  EJlado.  M.  S. 

Eílas  obras  comunicava  a  diverfas  pef- 
foas  com  faculdade  do  Tribunal  do  San- 
to Officio,  das  quaes  como  do  Author 
faz  mais  larga  memoria  Fr.  António  da 
Piedade  Chron.  da  Prov.  da  Arrabid.  Tom. 
I.  liv.   5.  cap.   10.  §.   1108.  e  feguintes. 

Fr.  FEANQSCO  BAPTISTA  natural 
da  ViUa  de  Campomayor  na  Provin- 
da do  Alentejo  Religiofo  profeflb  dos  Ere- 
mitas de  Santo  AgoíHnho,  e  difcipulo  na 
Faculdade  da  Muiica  do  grande  Meftre 
António  Pinheiro  de  cuja  efcola  fahio  taõ 
perito,  que  exercitou  o  lugar  de  Meftre 
no  feu  Convento  de  G>rdova.  Compoz 
diverfas  obras  Muíicas,  em  que  moítrou  a 
profundidade  da  fua  fciencia,  as  quaes  fe 
confervaõ  na  BibUotheca  Real  da  MuGca, 
como  conJfta  do  feu  Index  impreflb  em 
Lisboa  por  Pedro  Craesbeeck.  1649.  4. 
grande. 

FRANaSCO  BARCA  natural  da  Q- 
dade  de  Évora,  e  Freyre  da  Militar  Ordem 
de  SaõTiago,  que  profeílou  em  as  mãos 
do  Prior  mór  D.  Jorge  de  Mello,  no  Real 
Convento  de  Palmella  a  26.  de  Dezembro 
de  1625.  Foy  iníigne  profeUor  de  MuG- 
ca,  fendo  Meílre  da  CapeUa  do  feu  Con- 
vento, e  depois  do  Hofpital  Real  de  to- 
dos os  Santos  deíla  Corte  onde  morreo. 
As  fuás  obras  Muíicas  fe  guardaõ  na  Bib. 
^al   da    Mufica. 

Fr.  FRANCISCO  DE  BARCELLOS 
natural  da  VUla  do  feu  apellido,  ou 
da  Villa  de  Rates  íituadas  na  Provín- 
cia de  Entre  Douro,  e  alinho.  Foy  filho 
de  Joaõ  de  Souza  Prior  de  Rates,  e  de 
Meda  Rodrigues  de  Faria;  Irmãa  de  Tho- 
mè  de  Souza,  primeiro  Governador  do 
Brafil,  Vedor  d'ElRey  D.  SebaíHaõ,  e  Com- 
mendador  de  Rates  da  Ordem  de  Chrifto. 
A  nobreza  do  feu  nadmento,  que  lhe  po- 
dia mfinuar  em  o  animo  efperanças  certas 
de  poííuir  lugares  honoríficos  em  o  mundo. 


as    defprezou    refolutamente    elegendo    para 
centro    da    fua    tranquilidade    o    ReUgiofo 
Clauílro    do    Convento    da   Pena   onde   pro- 
feíTou   o   Inflituto   de   Saõ   Jeronymo   a   25. 
de  Outubro  de   1525.    Neíle  fagrado  domi- 
cilio fe  fez  exemplar  daquellas  virtudes  pró- 
prias   de    hum    perfeito   Regular,   fendo   na 
abftinenda    rigorofo,    na    Oraçaõ    continuo, 
no    zelo    inflamado,    na    obediência    prom- 
pto,    e    no    filendo    obfervante.     Pela    fua 
grande    prudência    acompanhada    de    natu- 
ral   afabilidade,    e    alegre    femblante    exerd- 
tou  varias  Prelafias  na  Ordem  como  foraõ 
Prior  do  Mofteiro  da  Coíla  em  o  anno  de 
1559.    Prior    do    Convento    de    S.    Marcos 
junto    a    Coimbra   em    1566.    ao    qual   aug- 
mentou     com     fumptuofos     edifidos     deli- 
neados pela  fua  maõ,   por  fer  infigne  Ar- 
chiteâo;    Reytor    do    Collegio    de    Coimbra 
em    1572.    e    ultimamente    Provincial.     Foy 
celebre    Poeta    Latino    com   tanta   afluência, 
que   deUe  efcreve  D.   Fr.   Thomè  de  Faria 
Bifpo   de   Targa  feu  parente  Decad.    i.   liv. 
10.    cap.    3.    Nam  ita  Mufis  erat  deditus  ut 
quod  Ovidiíts  de  fe  commendavit  qtádqmd  cona- 
bar   dicere   verjus   erat,    de   illo   etiam  potuerit 
publicari.     Paflbu   da   vida   temporal   para   a 
eterna  em  o  Convento  da  Pena  junto  à  Villa 
de   Cintra  a   29.   de   Junho   de    1570.   como 
diz    Jorge    Cardofo    A^ol.    hujit.    Tom.    3. 
pag.    874.   o   que   certamente   naõ   pôde  fer 
porque  ainda  no  anno  de  1572.  fendo  Rey- 
tor do  CoUegio  de  Coimbra  celebrou  hum 
contrato    pertencente    ao    mefmo    Collegio. 
Delle  fazem  memoria  Joan.   Soar.  de  Brito 
Tbeatr.    Ijijit.    Utter.    Ut.    F.    nirni.    33.    vir 
valde  pius,  <&  in  pangèdis  carminibus  promptus. 
O  IlluífadíTimo  Cunha  Hifi.   Exclef.  de  Braga 
Part.    2.   cap.    78.    §.    8.   em  quem  concorrerão 
^andes    dotes    de  Jangue,    e    letras;    os    majo- 
res   porem    foraÕ    de    humildade,     e    pobreza 
em    que   foy    perfeitijjimo.    Fr.    Ant.    á    Pu- 
rif.     Cbronol.    Monajl.    liv.    2.  cap.    9.    Ut~ 
teris,     (ô*     virtutibus    infiéis.      Nicol.      Ant. 
Bib.    Hifp.    Tom.    2.    pag.     323.    Ferebatur 
ardentijftma    devotione    erga    Dominicam    Cru- 
cem.    Cardof.    Affol.     "Lufit.    Tom.    3.    pag. 
858.     Na     Voefia    naÕ   foy    menos    ajjinalado 
ajfim     na     lingua     materna,     como     na     Lati- 
na.   Villasboas    Nob.    Port.    pag.    109.    Foy 


IIÓ 


BIB  LIO THECA 


afeiçoado  à  Poejia,  e  fe!(^  na  lingua  materna 
algumas  obras,  e  na  Latina  hum  livro  dos  triun- 
fos da  Cru:(^.  Siguença  Hijlor.  de  la  Ord. 
de  S.  Jeron.  Part.  5.  liv.  2.  cap.  42.  Varon 
iluflre  en  fan^e,  y  mas  en  Keligion.  Poyares 
Trat.  Paneg.  da  Villa  de  Barcellos  cap.  16. 
Compoz 

Salutifera  Crucis  triumphus  in  Chrifli  Dei 
Optimi  Maximi  gloriam,  et  ad  Chrifliana  men- 
tis folatium.  Conimbricae  apud  Joannem 
Barrerium,  et  Joannem  Alvarum  Typ.  Reg. 
anno  falutis  noftrae  milleíTimo  quinquageíTimo 
tertio    XXV.    Kalendas    Julias, 

He  compofto  em  verfo  elegíaco,  e  conlla 
de  quatro  livros.  Dedicado  a  D.  Fr.  Braz 
de  Barros,  primeiro  Bifpo  de  Leyria  feu 
grande  amigo,  e  condifcipulo.  Pofto  que 
no  frontifpicio  fe  naõ  declara  o  nome  do 
Author,  o  manifeíla  Fr.  Jeronymo  Oleaf- 
tro  infígne  efplendor  da  Ordem  dos  Pre- 
gadores na  approvaçaõ  que  faz  a  efta  obra 
a  qual  louva  com  eílas  métricas  vozes  o 
Padre  António  dos  Reys  Enthuf  Poet. 
n.  25. 

Occupat  excelfam  Cathedram  Barcellius  ille, 
Qm  Crucis  eloffum  fie  nobile  panxit,  ut  ore 
A  Patris  eloquium  penitus  rapuiffe  putares 
Grandifonum. 

P.  FRANCISCO  BARRETO  natural  da 
Villa  de  Montemor  o  Novo  em  a  Provin- 
da Tranílagana  recebeo  a  Roupeta  da  Com- 
panhia de  JESUS  no  Collegio  de  Évora 
a  22.  de  Abril  de  1622.  quando  contava 
quatorze  annos  de  idade,  e  naõ  vinte  e 
três  como  refere  a  Bih.  Societ.  pag.  214. 
col.  2.  Acabados  os  feus  eíhidos,  e  alcan- 
çada faculdade  dos  Superiores  para  partir 
ao  Oriente  diftou  em  Goa  as  fciencias  ef- 
cholaíUcas.  Depois  de  fer  Reytor  dos  Col- 
legios  de  Coulaõ,  e  Cochim,  como  foíTe 
ornado  de  fumma  capacidade,  foy  eleito 
Procurador  da  Provinda  do  Malabar  á 
Cúria  Romana,  onde  aíTiíUo  à  outava,  e  no- 
na Congregação  Geral  que  fez  a  Com- 
panhia. Reftituido  à  índia,  foy  Provin- 
cial do  Malabar,  e  depois  Vizitador  da 
Provinda  de  Goa.  Foy  taõ  obfervante 
do  feu  inftituto  como  prudente  em  fuás 
acçoês    conciliando    o    amor,    e    veneração 


de  todos.  Atendendo  a  Mageílade  de  D. 
Aifonfo  VI.  aos  feus  mericimentos  o  no- 
meou Bifpo  de  Cochim,  e  depois  Arcc- 
bifpo  de  Cranganor,  porém  a  morte,  que 
intempeftivamente  o  arrebatou  em  Goa,  a 
26.  de  Outubro  de  1663.  impedio  que  pof- 
fuiíTe  aquellas  dignidades.  Paliando  delle 
o  Padre  Queirós  Vid.  do  Irm.  Bafl.  liv.  2. 
cap.  21.  diz  Tendolhe  Deos  dado  muitos  bons 
talentos  de  virtude,  prudência,  e  letras  com  bum 
coração  muito  honrado,  fofrido,  e  amigo  de  fa- 
v^er  bem,  foy  geralmente,  aceito  de  ânimos  defa- 
paixonados  nos  lugares,  que  occupou,  e  avaliado 
por  merecedor  de  outros  mayores.  Bib.  Societ. 
pag.  214.  col.  2.  vir  fuit  fpeãata  prudentia, 
placidis  moribus,  fedatis  animi  affeãibus,  Ke- 
ligiofa  difciplina  in  fe  obfervator,  et  promo- 
tor in  aliis.  Fonfeca  Evor.  Gloriof  pag.  429. 
Famofo  Alijftonario  do  Malabar.  Franco. 
Imag.  da  Virtud.  em  o  Nov.  de  Evor.  pag. 
862.  fempre  mofirou  gjrande  prudência,  e  a  ti- 
nha efpecial  para  os  governos.  Soufa  Cathalog. 
dos  Bifp.  de  Coch.  e  Arceb.  de  Crangan.  e 
o  moderno  addidonador  da  Bib.  Orient. 
de  Ant.  de  Leaõ  Tom.  i.  Tit.  4.  col.  81. 
o  qual  com  erro  manifefto  affirma  que  na 
Colleçaõ  das  Cartas  das  MiíToens  do  Orien- 
te, que  mandou  fazer  o  lUuftriíTimo  Arce- 
bifpo  de  Évora  D.  Theotonio  de  Bragãça, 
eílavaõ  algumas  do  Padre  Francifco  Bar- 
reto, quando  eílas  chegaõ  atè  o  anno  de 
1588.  e  o  dito  Padre  naceo  vinte  annos 
depois  defta  era.  Quando  aíTiíHo  em  Roma 
publicou   na   lingua   Italiana. 

Kelatione  delia  Provinda  di  Malavare.  Ro- 
ma por  Francifco  Corbelletti  1645.  8.  Sahio 
traduzida  em  Francês.  Pariz  ches  Henault. 
1646.  8. 

D.  FRANCISCO  BARRETO  Naceo  na 
Villa  de  Serpa  da  Provinda  do  Alen- 
tejo devendo  à  vigilante  educação  de 
feus  illuftres  Pays  Nuno  Alvares  da  Cof- 
ta  Barreto,  e  D.  Francifca  Barreto  filha 
de  Álvaro  Pereyra,  c  D.  Brites  Barreto, 
como  à  capacidade  do  feu  talento  o  feliz 
progreíTo  que  fez  em  os  cíhidos,  c  nos 
lugares  honoríficos  que  dignamente  oc- 
cupou. Depois  de  receber  na  Acade- 
mia Conimbrícenfe   o  gráo   de   Doutor  cm 


L  USITANA.    ' 


"7 


OS  Sagrados  Cânones,  exercitou  reétiíTima- 
mente  os  lugares  de  Deputado,  e  Inqui- 
iidor  nas  Inquiíiçoens  de  Évora,  e  Lisboa, 
donde  fendo  Q)nigo  da  Cathedral  de  Lis- 
boa, paíTou  a  Deputado  do  Confelho  Ge- 
ral em  14.  de  Mayo  de  1668.  A  judiciofa 
prudência  que  manifeftou  neíles  lugares  o 
habilitou  para  fubir  á  Cadeira  Epifcopal  do 
Algarve  de  que  tomou  pofle  a  28.  de  Agof- 
to  de  1671.  fuccedendo  a  feu  Tio  que  teve 
o  mefmo  nome,  onde  encheo  as  obrigaçoens 
de  Paftor  foUcito  aflim  na  reforma  dos  cof- 
tumes,  como  na  profiifaõ  das  efmolas. 
Celebrou  Synodo  na  Qdade  de  Faro  a 
22.  de  Janeiro  de  1673.  Com  generoza  ma- 
gnificência levantou  desde  os  fundamentos 
a  Capella  mór  da  fua  Cathedral  a  qual  or- 
nou de  predofos  mármores,  e  elegantes 
pinturas,  e  próximo  a  elle  edificou  o  palá- 
cio para  digna  habitação  dos  feus  fuceíTores, 
como  também  hum  Recolhimento  junto  da 
Caza  da  Mizericordia  para  Donzellas.  A  to- 
dos os  Templos  da  fua  Diocefe  deo  com 
liberal  maõ  muitas  peças  de  prata,  e  Para- 
mentos para  ornato  dos  Altares.  Falleceo 
entre  as  fuás  ovelhas  que  exceíTivamente  fen- 
tiraõ  a  falta  de  taõ  benéfico  Paftor  a  7. 
de  Agofto  de  1679.  e  jaz  fepultado  na  fua 
Cathedral.    Compoz 

Conjiituiçoens  Sjnodaes  do  Bi/pado  do  Al- 
garve, novamente  feitas,  e  ordenadas  pelo  II- 
lufirijfimo  Senhor  D.  Francifco  Barreto  fegundo 
defie  nome.  Évora  na  ImpreíTaõ  da  Univer- 
iidade.    1676.    foi. 

Advertências  aos  Parochos,  e  Sacerdotes  do 
Bi/pado  do  Algarve.  Lisboa  por  Joaõ  Gal- 
raõ    1676.    4. 

Controverjiarum  Epifcopalium  Tomus  unus. 
\M.  S.  Eftava  em  poder  do  Cardial  de  Len- 
caftre,   Inquizidor   Geral. 

FRANaSCO  BARRETO  FROES  na- 
tural de  Coimbra,  filho  do  Doutor  Sebaftiaõ 
Jorge  Froes,  Lente  de  Vefpera  na  Faculdade 
de  Medicina  em  a  Univerfidade  Conimbri- 
cenfe,  e  D.  Maria  Barreto.  Naõ  foy  necef- 
fario  fahir  da  Pátria  para  fe  applicar  às 
■fdencias,  elegendo  entre  todas  a  Jurifpru- 
|dencia  Cefarea,  em  que  fez  taõ  pafmofos 
iprogreíTos   a   fubtileza    do   feu   engenho,    e 


elevação  do  feu  juizo,  que  mereceo  a  anto- 
nomafia  de  Agida.  Depois  de  receber  as 
infignias  Doutoraes,  e  fer  admitido  ao  Col- 
legio  de  S.  Pedro  a  12.  de  Fevereiro  de 
1666.  regentou  para  immortal  credito  da- 
quella  celebre  Univerfidade  as  Cadeiras 
mayores  como  foraõ  a  do  Código  de  que 
tomou  poíTe  a  16.  de  Janeiro  de  1672.  a 
de  Vefpera  a  28.  de  Julho  de  1678.  e  ul- 
timamente a  de  Prima  a  3.  de  Outubro  de 
1686.  Todas  as  poftillas  que  diâou  nefte 
largo  magifterio  alcançarão  o  mayor  ap- 
plaufo  de  todos  os  Cathedraticos,  pois  nel- 
las  competia  a  delicadeza  com  a  profun- 
didade interpretando  fubtilmete  a  mui- 
tos Textos  dificultofos,  e  conciliando  ou- 
tros totalmente  antinomicos,  fendo  as  prin- 
dpaes. 

Ad  Tit,   De  novi  Operis  nuntiatione. 

Ad    Tit.    De   hareditariis   aãionibus. 

Ad  Tit.   De  damno  infeão. 

FRANQSCO  BARRETO  LANDIM  na~ 
tural  da  Villa  de  Arrayolos  fituada  na  Pro- 
vinda do  Alentejo,  profeUor  naõ  menos 
da  Jurifprudencia  fendo  Juiz  de  fora  da 
Villa  da  Certãa,  como  da  Poefia  publicando 
o  Poema  feguinte. 

Panegyrico  da  Santa  vida,  e  glorio/a  morte 
do  ^ande  Patriarcha  S.  JoaÕ  de  Deos.  Lisboa 
por  Manoel  da  Sylva.  1648.  8.  Ao  Au- 
thor  como  a  obra  louva  o  P.  António 
dos    Reys    Enthuf.    Poet.    n.    83. 

...  pracipites  refonabat  carmine  rupes 
Grandifono  referens  Landinus  gejla  Joanis 
Cui  dedit  Omnipotens  Lybia  flagrantis  in  agro- 
Ipfe    Juum     nomen     dulci    cum    pondere    JE- 
SUS 
Urgere  lajfas,  non  cognita  farcina  vires. 
Deixou  M.  S. 

Poefia  à  Feli:^  Aclamarão  de  ElRey  D. 
Joaõ  o  IV.  e  Centúrias  Jobre  todo  o  Direito 
Civil  promptos   para  a  impreílaõ. 

FRANQSCO  DE  S.  BERNARDO  Na- 
ceo  em  Lisboa  fendo  filho  de  Lucas 
Vieyra  de  Mefquita,  e  D.  Izabel  de 
Almeida  defcendentes  de  familias  no- 
bres.    Na    idade    da    adolefcencia     recebeo 


ii8 


BIBLIO  THE  CA 


a  murça  de  Cónego  Secular  do  Evange- 
liíla  Amado  em  o  Convento  de  S.  Bento 
de  Xabregas,  en  eíla  douta  paleftra  fez 
o  feu  agudo  engenho,  e  fublime  comprehen- 
çaõ  agigantados  progreflbs  nas  fciencias 
feveras,  que  diftou  com  applaufo  aos  do- 
meítícos,  e  cauzou  admiração  aos  eílranhos, 
principalmente  quãdo  nos  aftos  litterarios 
argumentava  fempre  plauzivel  pela  fubtileza, 
e  profundidade  das  fuás  propoíiçoens,  ou 
foíTe  em  Theologia  Efcolaftica,  ou  Polemica, 
ou  Expofitiva  à  qual  fe  tinha  applicado 
com  mayor  defvelo  confervando  no  mayor 
ardor  da  difputa  a  modeltia  do  femblãte, 
.e  o  uzo  da  urbanidade.  Foy  Doutor  Theo- 
ilogo  pela  Univerfidade  de  Coimbra,  e  por 
jfeis  annos  continuos  Geral  da  fua  florentif- 
fima  Congregação,  em  cujo  governo  expe- 
rimentarão os  fubditos  a  benevolência  de 
Pay  depoíla  a  feveridade  de  Prelado.  Au- 
gmentou  o  Convento  de  S.  Bento  de  Xa- 
bregas, Cabeça  de  toda  a  Congregação  com 
magnificas  obras,  que  eternamente  publicarão 
a  grandeza  do  feu  efpirito.  Igual  talento 
teve  para  o  Púlpito,  que  para  a  Cadeira, 
fendo  ouvido  com  geral  aclamação  em  os 
mais  authorizados  Púlpitos  da  Corte.  Aco- 
metido de  hum  acidente  apopletico  falleceo 
no  Convento  de  Santo  Eloy  de  Lisboa  a 
8.   de   Março   de   1726.    Publicou 

OraçaÕ  Fúnebre  nas  Exéquias  Reaes  da 
Serenijftma  Magejlade  do  muito  alto,  e  muito 
poderojo  Rej  de  Portugal  D.  Pedro  II.  cele- 
bradas na  Real  I^eja  da  Conceição  da  Cidade 
de  Usboa,  pelos  Cavalleiros  da  Ordem  de  Chrif- 
to,  da  qual  foy  S.  Magejlade  GraÕ  Mejlre. 
Lisboa  por  Manoel,  e  Jozè  Lopes  Ferreira 
1707.  4. 

OraçaÕ  Fúnebre  nas   Exéquias  do   IlluftriJ- 

Jimo   Senhor   D.  JoaÕ  de   Souí^a   Arcebifpo   de 

Usboa,  celebradas  na  Sè  da  me/ma  Cidade  em 

30.   de   Outubro   de    171  o.     Lisboa   por   Jozè 

Lopes  Ferreira   1710.   4. 

D.  FRANCISCO  DE  BORJA  Prín- 
cipe de  Efquilache,  em  o  Reyno  de  Ná- 
poles, Conde  de  Mayalde,  Camariíla  de 
Filippe  IV.  e  VifoRey  do  Perii,  teve  por 
Pay  a  D.  Joaõ  de  Borja  Conde  de  Fica- 
Iho  em  Portugal,  Commendador  de  Azuaga, 


Embaixador  a  efte  Reyno,  c  a  Alemanha, 
Mordomo  mór  da  Emperatriz  D.  Maria,  e  da 
Rainha  de  Efpanha  D.  Margarida  de  Auftria, 
Confelheiro  de  Eftado  de  Filippe  III.  e  por 
Mãy  a  D.  Francifca  de  Aragaõ  Barreto  Dama 
da  Rainha  de  Portugal  D.  Catherina,  filha  de 
Nuno  Rodrigues  Barreto,  Alcayde  mór  de 
Loulé;  e  por  Avo  paterna  a  D.  Leonor  de  Caf- 
tro,  e  Menezes,  filha  de  D.  Álvaro  de  Caftro 
Senhor  do  Morgado  do  Torraõ,  e  D.  Izabel  de 
Mello  Barreto  ambas  Portuguezas,  por  cuja 
cauza  he  admitido  D.  Francifco  de  Borja  ao 
numero  dos  noíTos  Efcritores.  Foy  ornado 
daquelles  dotes  dignos  do  feu  alto  nacimento  | 
fendo  taõ  inílruido  nas  máximas  politicas, 
como  virtudes  moraes.  Cultivou  com  fumma 
felicidade  as  Mufas  Caílelhanas,  merecendo 
pela  elegância  do  metro,  e  fineza  dos  penía-r 
mentos,  gravar  o  feu  nome  em  a  eminência 
do  Parnafo.  Exercitou  o  ViceReynato  do  Peru, 
pelo  efpaço  de  doze  annos  em  que  deo  illuílres 
argumentos  do  feu  defintereíTe.  Falleceo 
em  Madrid  a  26.  de  Setembro  de  1658.  em 
idade  decrépita.  Os  mais  canoros  cifnes  da 
Hipocrene  o  celebraõ  por  feu  infigne  alumno, 
como  faõ  Lope  da  Vega  Carpio  Laurel  de 
Apollo  Sylv.  6. 

Si  pena  Prometeo  en  alto  rifco 

Porque  intrépido  hurtò  dei  Sol  la  llama 

Que  deve  quien  a  Homero  nombre  y  fama 

O'  claro  D.  Francifco 

Príncipe  de  Efquilache,  y  dei  Parnajfo 

Nuevo  en  Efpana  Tajfo 

Illuflrijfimo  Borja 

Para  quien  yá  laureies  de  oro  forja, 

Que  los  verdes  admiten  def  enganos 

De  que  los  pueden  marchitar  los  anos. 
Francifco  de  França  da  Coíla  Jard.  de  ApolL 
Sonet.  16. 
Que  bien  de  la  noblev^a  ef malta  el  oro 

Tu  ingenio,  cuyo  eflilo  pere^Hno 

Imagen  dei  arroyo  chriflalino 

Corriente  claro  es  dulce  fonoro. 
Eres  de  nueflro  idioma  alto  the:(pro 

Prodígio  humano,  que  en  obrar  divino 

Rindes  el  Griego,  vences  ai  Latino 

{AJft  te  infpira  Apollineo  Coro) 
De  Príncipe  tambien  dela  Poefia  < 

(No  folo  de  Efquilache)  immenfa  fumma  m/Ê 

De  edades  gomarás  el  apellido. 


\ 


L  USITAN A, 


1 19 


Mirandote  el  olvido  de/confia 
Que  hafia  el  menor  rajgo  de  tu  pluma 
A  poner  a  tus  plantas  el  olvido. 
A  eílas  vozes  métricas  correfpondem  fe- 
melhãtes  elogios  de  Gracian.  Art.  de  In- 
genio  Difc.  3.  -E/  'Príncipe  de  Efquilache,y  Prín- 
cipe de  la  Poefia.  Nicol.  Ant.  Bih.  Hifp.  Tom.  i. 
pag.  314.  col.  \.  Juavis  urbanus,  facilijque  in pau- 
cis  Poeta  ut  à  Lyrícorum  príncipatu  non  longe 
conjliterít.  D.  Franc,  Man.  Epanaf.  de  var. 
Hijl.  pag.  17.  filho,  e  neto  de  Portugueses 
herdado  no  Kejno,  e  Fidalgo  delle  o  P.  Gen- 
fuegos  Vid.  de  S.  Franc.  de  Borja  liv.  i. 
cap.  10.  §.  4.  cujas  buenas  letras,  j  grandes  expe- 
riências en  todas  las  máximas  politicas  le  hi- 
:(ieron  muy  favorecido  de  los  Príncipes,  y  no 
menos   de   las  Mu/as  como  acreditan  Jus  obras. 

Compoz 

'La  Pajfton  de  Chrífio  en  Tercetos.  Madrid 
por  Francifco  Martines.  1638.  8.  Em  louvor 
defta  obra  lhe  fez  Manoel  de  Faria,  e  Souza 
na  Fuent.  de  Aganip.  Part.  i.  Sonet.  35.  do 
Canto  4.  que  acaba. 
O'  cuerdas  que  já  más  más  cuerdamente 

Con  foberano  pulfo  os  arguijks\ 

Puente  es  yá  para  el  Cie  lo  vuefira  puente: 
O'  alegres  trajles  fobre  affuntos  tríftesX 

De/de  oy  de  excelfa  Mnja  ay  nueva  fuète 

Pues  fonajles  mejor  quando  gemiftes. 
Nápoles  recuperada  por  EJRey  D.   Alonfo. 
Poema  Heróico.   Saragoça  en  el  Hofpital  Real. 
165 1.   4.   Antuérpia  na  Officina  Plantiniana. 
1658.  4.  grande. 

Obras  varias  em  ver/o.   Antuérpia  na  Officina 
Plantiniana.  1654.  4.  grande. 

Oraciones,  y  Meditaciones  de  la  vida  de  Jefu 
Chrífio  por  el  D.  Thomás  de  Kempis  con  otros  dós 
Tratados  de  los  três  Tabernáculos,  y  foliloquios  dei 
alma.  Bruxellas  por  Francifco  Foppens.  1661. 
4.  Obra  pofthuma.  Sahio  traduzida  eíla  obra 
em  Portuguez  por  Joaõ  Martins.  Lisboa  por 
Bernardo  da  Coíla  de  Carvalho.  1716.  8. 

FRANCISCO  BOTELHO  DE  MORAES 

natural  da  Villa  da  Torre  de  Moncorvo,  e 
delia  Capitão  mór,  e  Coudel  mór  da  fua 
1  Comarca  filho  de  Paulo  Botelho  de  Moraes 
Cavalleiro  da  Ordem  de  Chriílo,  que  mili- 
tou por  mar,   e   terra  em  obfequio   da  pá- 


tria, e  de  Izabel  Coelho,  filha  de  Bar- 
tholomeu  Moreira,  e  de  fua  mulher  Ma- 
ria Camello  Pereira.  Applicoufe  ao  ef- 
tudo  da  Genealogia,  em  que  fez  tantos 
progreíTos,  que  foy  eítimado  pela  vafta  no- 
ticia que  alcançou  naõ  fomente  das  Fa- 
mílias do  Reyno,  mas  ainda  dos  eftranhos 
efcrevendo  com  fumma  verdade,  e  naõ  me- 
nos indagação  muitas  Famílias  de  Portugal, 
e   com   penna    mais    difuía. 

Orígem,  e  pro^ejfos  da  glande,  e  antiga 
Ca;(a  de  Villafior,  e  noticia  das  linhas  Genea- 
lo^cas  da  fua  afcendencia,  e  defcendencia,  ramor 
collateraes,  e  de  fuás  excellencias,  e  perroga- 
tivas,  dividido  em  cinco  partes,  e  offerecido  a 
Francifco  Jot^e  de  Sampayo  de  Mello,  e  Cafiro- 
terceiro  do  nome,  e  Senhor  das  Villas,  e  Hon- 
ras de  Villafior,  Sampayo,  Mós,  Chacim,  Fre- 
chas, Villasboas,  Parada  de  PinhaÕ,  e  Bem- 
pojia,  Alcayde  mór  da  Torre  de  Moncorvo, 
Senhor  dos  Direitos  Keaes  delia,  e  dos  da  Villa 
de  Freixo  de  Efpada  na  cinta.  Efcríto  na 
anno   de    1689. 

Deíla  obra,  como  do  Autor  faz  men- 
ção o  P.  Souza  Apparat.  à  Hifl.  GeneaL 
da  Can^.  Keal.  Portug.  pag.  165.  §.  203. 
IníUtuio  hum  Morgado  com  obrigação  de 
uzarem  os  feus  adminiftradores  do  apel- 
lido  de  Botelho.  Cazou  com  D.  Bri- 
tes de  Vafconcellos  Saraiva,  filha  de  An- 
tónio do  Amaral,  Capitão  mòr  da  Villa 
de  Freixo  de  Nemaõ,  e  de  fua  mulher 
D.  Brites  de  VafconceUos  Sarayva,  de 
quem  teve  ao  Doutor  Alexandre  Bote- 
lho de  Moraes,  Dezembargador  dos  Ag- 
gravos  na  Caza  da  SuppUcaçaõ,  Paulo  Bo- 
telho de  Moraes,  que  o  imitou  no  eíhido 
Genealógico,  e  a 

FRANCISCO  BOTELHO  DE  MORAES, 
E  VASCONCELLOS.  Naceo  na  Villa  da 
Torre  de  Moncorvo  e  na  Igreja  Matriz 
dedicada  a  N.  Senhora  da  Aílumpçaõ  re- 
cebeo  a  graça  bautifmal  a  6.  de  Agofto 
de  1670.  Ainda  contava  poucos  annos 
quando  paíTou  a  Madrid  para  aíTiílir  com 
feu  Tio,  que  refidia  naquella  Corte  onde 
inítruido  em  diverfas  artes,  e  fciencias  em  que 
fahio  eminente  pela  grande  viveza  de  engenho, 
e  admirável  comprehençaõ   de  juizo,  conci- 


I20 


BIBLIO THE  C  A 


iiou  a  eíUmaçaõ  das  primeiras  peflbas  Tendo 
feus  declarados  Patronos,  e  benéficos  Fau- 
tores o  Almirante  D.  Joaõ  Thomàs  Henri- 
quez  de  Cabrera,  o  Duque  de  Alva  D.  An- 
tónio de  Toledo,  e  o  Duque  de  Arcos  D. 
Joaquim  Ponce  de  Leaõ,  e  Lancaílre.  O 
tumulto  da  guerra  que  fe  rompeo  pela  fu- 
ceflaõ  de  Efpanha,  o  obrigou  a  reíUtuirfe 
a  Portugal,  onde  atendendo  a  Mageftade  de 
D.  Joaõ  o  V.  ao  fcu  merecimento  lhe  fez 
mercê  do  Habito  de  Chriílo  com  huma 
larga  penfaõ  na  Commenda  de  S.  Pedro 
•de  Folgozinhos  da  mefma  Ordem  cujo  def- 
pacho  fe  fez  mais  eftimavel  com  eftas  au- 
thorizadas  palavras.  j2«*  Sua  Magejlade  fais^ 
a  dita  mercê  atendendo  a  ter  Francifco  Bo- 
Jelho  compofto  o  Poema  dei  Alffonjo,  e  fer  das 
primeiras  Fami/ias  da  Provinda  de  Trás  os 
Montes.  Nomeado  em  o  anno  de  171 1. 
Embaxador  à  Cúria  Romana  o  Excellentif- 
fimo  Marquez  de  Abrantes  D.  Rodrigo 
Annes  de  Sá,  e  Almeyda,  o  elegeo  por  feu 
companheiro,  e  em  taõ  grande  Corte,  al- 
cançou applauzos,  e  eftimaçoens  dos  mayo- 
res  eruditos.  Querendo  a  Academia  dos 
Árcades  que  foíTe  feu  Sócio  lhe  mandarão 
pelo  Secretario  a  nomeação  de  Académico, 
que  naõ  aceitou  por  eílar  neíle  tempo  di- 
vidida taõ  douta  Sociedade  em  parciali- 
dades dizendo  ao  Secretario  os  verfos  de 
Lucano  com  que  os  Gregos  de  Marretha 
refponderaõ  a  Cezar.  Accipe  devotas  externa 
itt  pralia  dextras  <irc.  A  morte  de  feu  Pay 
o  impellio  a  voltar  à  pátria  para  cobrar 
a  herãça  dos  bens  livres,  que  lhe  tocarão, 
c  depois  paíTou  a  Lisboa  onde  fe  applicou 
a  por  a  ultima  lima  ao  feu  Poema  Herói- 
co do  Alffonfo,  e  feparallo  do  outro  inti- 
tulado Nuevo  Mundo  pela  confufaõ  que  de 
ambos  fizeraõ  alguns  ImpreíTores  pois 
atè  a  fraze  lhe  adulterarão.  Eílas  duas  obras 
lhe  deverão  o  difvelo  de  muitos  annos 
principalmente  o  Alffonfo  em  que  fe  admiraõ 
exaâamente  praétícados  os  preceitos  da  Epo- 
pcya,  naõ  fomente  pela  elevação  do  metro, 
como  pela  delicadeza  de  conceitos,  e  afluên- 
cia de  vozes  merecendo  entre  o  geral  ap- 
plauzo  que  tem  alcãçado  em  toda  a  Europa 
o  métrico  elogio  que  lhe  fez  o  Excellentif- 
fimo  Conde  da  Ericeira  na  Henriqueida  Can- 


to 12.  Outava  185.  que  modernamente  fahio 
à   luz   para  illuftrar  todo   o   Parnafo. 
Usboa  lhe  mofirou  que  coroada 
Uje  abre  as  portas  do  Templo  de  Minerva, 
Que  à  verdadeira  Palias  conjagrada 
Com  veftigios  do  Itaco  conjerva; 
Mas  a  coroa,  que  cingio  dourada 
Para  feu  filho  Alffonfo,  entaõ  referva. 
Que  afftm  o  hade  cantar  com  pleãro  de  ouro 
Épico  Cifne  a  que  he  Caiflro  o  Douro 
Naõ   lhe   deveo   menor  eíhido   a   Pocíia 
Latina,    que    a    vulgar,    pois    naõ    fomente 
depofitou    na    fua    feliz    memoria    as    obras 
de     Claudiano,     Lucano,     Perfio,     Juvenal, 
e   outros   Poetas   deíla  claíTe,   que  prompta- 
mente  repete   quando    fe   lhe   ofFerece   occa- 
íiaõ,    mas   fer   fielmente   imitador   dos   feus 
eftylos,  parecendo  que  nacera  no  feculo  em 
que    elles    floreceraõ.     Ao    tempo    prezentc 
aíTiíle  em  Salamanca  augmentando  o  brado 
do   feu   nome   com   novas   produçoens   fem 
que  a  provefta  idade  de  74.  annos  comple- 
tos   lhe    retarde    os    progreílos    do    feu    fe- 
cundo   engenho.    Publicou 

£/  nuevo  mundo  Poema  heróico  Barce- 
lona por  Juan  Pablo  Alarti.  1701.  4.  He 
dedicado  à  Mageílade  Catholica  de  Fi- 
lippe  V.  Coníla  de  10.  Cantos,  cujo  argu- 
mento he  o  Defcubrimento  das  índias 
Occidentaes  por  Chriílovaõ  Cólon.  Quã- 
do  o  compoz  tinha  26.  annos  de  idade,  c 
o  publicou  imperfeito  prometendo  fahir 
completo.  O  moderno  addicionador  da 
Bih.  Occid.  de  António  de  Leaõ  Tom.  2. 
Tit.  I.  col.  576.  afíirma  que  fahira  im- 
preíTo  em  Madrid,  no  anno  de  171 6.  4. 
fem  o  ultimo  complemento,  e  deíla  edi- 
ção confervava  hum  exemplar  na  fua  Li- 
vraria. 

£/  Alffonfo  Poema  Heróico.  Pariz  por  Ef- 
tevaõ  Michallict.  171 2.  12.  Efla  impreíTaõ, 
poílo  que  diga  fer  de  Pariz,  he  de  Itália. 
Cõíla  de  12.  Cantos  fendo  o  feu  argumento 
a  Fundação  da  Monarchia  Portugueza  por 
feu  primeiro  Rey  D.  Affonfo  Henriqucz. 
Foy  dedicado  ao  Excellentiffimo  Marquez  de 
Fontes,  depois  de  Abrantes  Embaxador  na- 
quelle  tempo  em  a  Cúria  Romana  à  Santidade 
de  Clemente  XI.  e  o  traduzio  feu  Autor 
em    Outavas    Portuguezas    que    naõ    publi- 


L  USITAN A. 


121 


cou.  Sahio  fegunda  vez.  Luca  por  Maref- 
condoli.  171 6.  4.  grande  com  duas  columnas 
de  Outavas  em  cada  pagina.  Deíla  im- 
preíTaõ  tenho  hum  exemplar  que  tem  fo- 
mente impreíTos  16.  Cantos,  e  o  princi- 
pio do  decimo  fetimo,  o  qual  fe  luõ  aca- 
bou. Terceira  vez  fe  publicou  com  eíle 
titulo. 

El  Alffonjo,  o  la  fundacion  dei  Reyno  de 
Portugal  affegttrada,  j  perfeãa  en  la  Conqwfta 
de  EJyfea.  Salamanca  por  António  Jofeph 
Villagordo  1731.  4.  Neíla  ediçaõ  declara 
no  frondfpicio  fer  a  primeira  que  fahio 
com  beneplácito  de  feu  Author.  Ultima- 
mente quarta  vez  fahio  à  luz  publica  Sala- 
manca por  António  Villagordo,  y  Alçaras 
1737.  8.  No  fim  deíla  impreflaõ  tem.  Avi- 
:^os  Hijioricos  dei  affumpto,  e  huma  Sátira 
hatina  que  reimprimio  na  obra  feguinte. 

Satyra  cum  notis,  et  argumentis  Doãoris  Do- 
mini  Joannis  Goni(ales  de  Dios  in  Salmanticenfi 
Academia  Primarij  Humaniarum  litterarum  hía- 
ffjiri.  Salmanticae  apud  Nicolaum  Antonium 
Villagordo  1739.  4-  Coníla  de  quatro  Sáti- 
ras do  eílilo  de  Perfio  em  que  reprehende 
vários  abufos. 

lj)a  para  la  Comedia  com  que  S.  Magejlad 
que  Dios  guarde  fejleja  el  dia  dei  nomhre  de 
la  Reina  nuejlra  Senora.  Lisboa  por  António 
Pedrozo    Galraõ    1709.    4. 

Três  Hymni  in  laudem  B.  Joannis  â 
Crtice  mmcHpati  Sanãijfimo  Domino  Clemen- 
ti  XI.  Pontifici  Óptimo  Aíaximo.  Romx 
per  Joannem  Francifcum  Chracas  171 5. 
4.  grande.  Saõ  compoftos  em  verfos  fa- 
phicos. 

Gratas  exprejfiones  dei  Cavallero  D.  Fran- 
cifco  Botello  de  Moraes,  y  Vafconcellos  ai  óp- 
timo Máximo  Pontífice  Clemente  XI.  en  la 
occafion  de  los  triumfos  que  por  influencia  de 
Ju  Santidad  ttwo  la  Iglefia  el  prefente  ano 
de  171 6.  4.  Luca  por  Marefcandoli  1716.  4. 

Hijloria  de  las  Cuevas  de  Salamanca.  Sa- 
lamanca 1734.  8.  fem  nome  do  Impref- 
for. 

Panegyrico  Hijlorial  Genealo^co  de  la  Fa- 
mlia  de  Soufa.  Gjrdova  por  Diogo  de 
Valverde  Acifclo  Cortes  de  Ribera.  Naõ 
tem  anno  da  ediçaõ,  e  coník  de  88.  Ou- 
tavas   fendo    o    principio    da    primeira. 


Canto  de  Soufa  la  Familia  augufia 

Aquella  en  quien    celebra  las  facadas 

Quinas  el  Betis  hajla  la  adujia 

Fthyopia  Tetis  veneranda  &c. 
Deíla  obra  como  de  feu  Author  fe  lem- 
bra o  P.  D.  António  Caetano  de  Soufa 
Apparat.  à  Hiji.  Gen.  da  CaJ.  Keal.  Por- 
tug.  pag.  166.  §.  205.  dizendo  y^r  bem  conhe- 
cido pello  feu  admirável  engenho,  e  muita  eru- 
dição. 

D.  FRANaSCO  DE  BRAGANÇA  na- 
ceo  na  Gdade  do  Porto,  como  coníla  de 
huma  fua  carta  efcrita  a  15.  de  Novembro 
de  161 8.  ao  Senado  da  mefma  Gdade,  e  foy 
filho  de  D.  Fulgencio  de  Bragança  D.  Prior 
mòr  da  Real  CoUegiada  de  Guimaraens, 
e  neto  de  D.  Jayme  IV.  Duque  de  Bra- 
gança. Correfpondeo  à  nobreza  do  nad- 
mento  a  vigilância  da  educação,  que  lhe 
deu  feu  tio  D.  Theotonio  de  Bragança  Ar- 
cebifpo  de  Évora,  e  perfeito  exemplar  de 
Prelados.  Depois  de  inílruido  na  lingua 
latina,  e  letras  humanas  paíTou  à  Univer- 
fidade  de  Coimbra  onde  foy  admitido  a 
Porcioniíla  do  Real  Collegio  de  S.  Paulo 
a  21.  de  Fevereiro  de  1585.  e  fe  graduou 
na  Faculdade  de  Direito  Pontifício.  Foy 
Cónego  da  Cathedral  de  Évora,  Deputado 
da  Inquifíçaõ  de  Lisboa,  e  da  Meza  da 
Conciencia,  e  Ordens,  Sumilher  da  cortina, 
Dezembargador  do  Paço,  Reformador  da  Uni- 
verfidade  de  Coimbra,  ComiUario  da  Bulia 
da  Cruzada,  Deputado  do  Confelho  geral 
do  Santo  Oiíicio,  Confelheiro  do  Confelho 
de  Portugal  em  Madrid,  e  do  Confelho 
de  Eílado  delRey  Catholico,  Procurador  da 
Nobreza  nas  Cortes  celebradas  em  Lisboa 
no  anno  de  16 19.  e  ultimamente  nomeado 
Patriarcha  de  Portugal,  e  índia,  que  naõ 
chegou  a  efeituarfe.  Em  todos  eHes  lugares 
aífim  Eccleíiaílicos,  como  políticos  fe  admi- 
rou a  fua  reéla  intenção,  fumma  prudência, 
apoílolica  Uberdade,  e  judiciofa  refoluçaõ.  A 
fua  cafa  que  fe  compunha  de  grande  numero  de 
criados  era  efcola  de  virtudes,  e  Academia  de 
fciencias  mandando  eníinar  por  Meílres  peritos, 
a  quem  aíTiília  com  largos  eílipendios,  aos  feus 
domeílicos  as  artes  para  que  mais  os  inclinava 
o    génio    aprendendo   huns    letras   humanas. 


122 


BIB  LIO  THE  CA 


e  outros  as  regras  da  pintura,  e  atè  aos 
efcravos  fe  eníinavaõ  inftrumentos  de  que 
era  capaz  a  fua  comprehenfaõ.  Para  in- 
nocente  occupaçaõ  dos  olhos  mandou  vir 
de  diverfas  partes  da  Europa  grande  nu- 
mero de  aves,  e  animaes  quadrúpedes, 
que  reduíidos  a  hum  theatro  formavaõ  taõ 
agradável  efpeftaculo  que  concorriaõ  a 
deleitarfe  com  a  fua  variedade  innumeraveis 
naturaes,  e  eílrangeiros.  Foy  dotado  de 
ardente  piedade  para  Deos,  e  feu  culto 
mandando  fazer  huma  Capella  ornada  de 
íingulares  peças  de  prata,  e  preciofos  para- 
mentos. Cultivou  com  taõ  efcrupulofa  ob- 
fervancia  a  virtude  da  caftidade,  que  reflec- 
tindo proceder  grande  parte  da  ruina  efpi- 
ritual  de  muitas  almas  das  pinturas  laf- 
civas  publicamente  expoílas  mandou  im- 
primir hum  douto  Tratado  para  fe  evitar 
taõ  fatal  damno,  e  condenar  femelhante 
abuzo.  Reílituido  ao  Reyno  bufcou  para 
os  últimos  annos  por  domicilio  a  Cidade 
de  Coimbra  como  centro  dos  melhores  mé- 
dicos aíTim  da  alma,  como  do  corpo,  onde 
acõmettido  de  huma  grave  enfermidade  de- 
pois de  receber  os  Sacramentos  com  grande 
ternura  paíTou  ao  defcanfo  eterno  em  o 
primeiro  de  Fevereiro  de  1634.  e  foy  fe- 
pultado  junto  dos  degràos  da  Capella  mòr 
do  CoUegio  de  Coimbra  onde  fe  lhe  cele- 
brarão fumptuofas  exéquias  em  que  reci- 
tou a  Oraçaõ  fúnebre  o  P.  SebaíHaõ  do 
Couto  que  com  afedhiofo  difvelo  lhe  aíTiílio 
nas  ultimas  horas  da  fua  vida.  PaíTados 
féis  annos  foy  transferido  o  feu  cadáver 
a  20.  de  Janeiro  de  1641.  pelo  P.  Fernaõ 
Carvalho  da  Companhia  de  JESUS  do  Col- 
legio  de  Coimbra  para  a  Cafa  Profefla  de 
S.  Roque  deíla  Corte  onde  jaz  em  a  Ca- 
pella do  Nacimento  junto  da  Sancriftia, 
c  fobre  a  campa  tem  o  epitáfio  fe- 
guinte. 

Aqui  Ja^i  D.  Francifco  de  Bragança  in- 
digno Sacerdote  do  Confelho  de  EJlado  dos  Keys 
dejle  Reyno  que  em  fua  vida  efcolheo,  e  fabricou 
efe  lugar,  e  Capella,  e  Altar,  que  eftá  defronte 
pella  muita  devoção  que  tinha  à  Companhia, 
particularmente  a  efla  Cafa.  Valeceo  aos  31. 
de  Julho  de  1634.  Dcve-fc  emendar  cm  o 
primeiro    de    Fevereiro. 


Fazem  memoria  deftc  grande  vaiaò 
Nicol.  Agoft.  Kelac.  da  vid.  do  Are.  D. 
Theoton.  p.  9.  vctf.  pejfoa  de  cuja  vida,  e 
obfervancia  delia  fe  pudera  di^er  muito  Souza 
de  Orig.  Inquif  Luft.  §.  2.  n.  32.  Cunha 
Hif.  'Exclef.  de  Brag.  Part.  2.  cap.  106.  §.  7. 
D.  Nicol.  de  Santa  Mar.  Chron.  dos  Coneg. 
Reg.  liv.  10.  cap.  15.  §.  16.  Franco  Imag. 
da  virtude  em  o  Nov.  de  Evor.  liv.  i.  c.  4. 
§  8.  &  in  Annal.  S.  J.  in  hafit.  pag.  264. 
§.  9.  vir  erat  modeflijftmus  ah  omni  alienus 
arrogantia,  profufus  in  pauperes.  Franc.  de 
Santa  Maria  Diar.  Portug.  p.  142.  procedeo  • 
com  grande  prudência,  difvelo,  e  generojidade. 
Souza  Hif.  Geneal.  da  Caf  Real  Portug. 
Tom.  5.  liv.  6.  cap.  10.  pag.  646.  era  de 
vida  irreprehenfivel,  de  animo  pio,  e  heróico. 
Barbofa  Mem.  do  Colleg.  Real  de  S.  Paul. 
p.  263.  Foy  dotado  de  huma  puret(a  mais  an- 
gélica   que    humana    e     no     Archiath.     Ijifit. 

pag.  75- 

Afpice  Francifcum  auguflo  de  fanguine   Regum, 
Quem    domus  alta  vago  Brigantia  proferet  orbi 
Munera  multa  viro  cupient  decorarier,  illum 
Romana  qui  fceptra  Dei  moderatur  in  Arce 
Illujlrem  faciet   Patriarchce  nomine  maffto 
Ut   Lyfis  populis,  pariterque   ut  prajit   Eoir, 
Attamen    effeãum   fortiri  fata    negabunt,    &c. 

Compoz 

Tratado  das  Ceremonias  da  Miffa.  Ma- 
drid.   8. 

Por  fua  induftria  fahio  à  luz  pu- 
blica. 

Copia  de  los  pareceres,  y  cenfuras  de  los 
Reverendijfimos  Padres  Maefhros,  y  Senores  Ca- 
thedraticos  de  las  infignes  Ciudades  de  Sala- 
manca, y  Alcalá  y  de  otras  perfonas  doãas  fo- 
bre el  abufo  de  las  figuras,  y  pinturas  lafcipos, 
y  deshoneflas  en  que  fe  muefhra  que  es  pecado 
mortal  pintallas,  y  efculpillas,  y  tenellas  po- 
tentes a  donde  fean  viftas.  Madrid,  por  la 
viuda  de  Alonfo  Martin    1632.  4. 


Fr.  FRANCISCO  BRANDAM  nacco 
na  Villa  de  Alcobaça  a  11.  de  Novem- 
bro de  1601.  onde  depois  de  cftudar  o» 
preceitos  da  Gramática  paíTou  á  Villa  de 
Santarém    por    nella    aíTiílir    hum    feu    Tio 


L  USITANA. 


123 


Cónego,  que  o  educou  com  exemplares 
documentos.  Completos  dez  annos  em 
que  pella  viveza  do  engenho  fuperior  à 
verdura  da  idade  fabia  perfeitamente  a 
lingua  Latina,  e  as  Humanidades,  partio 
em  companhia  de  outro  feu  Tio  Fr.  An- 
tónio Brandão  Monge  Cifterdenfe  (de  quem 
em  feu  lugar  fe  fez  digna  memoria)  para 
o  Real  Convento  de  Alcobaça  onde  havia 
de  diâar  Filofofia,  e  entre  os  feus  Clauf- 
tros  como  fe  fora  Religiofo  aíTiTtio  algxms 
annos  admirando  os  moradores  daquelle 
Venerável  Mofteiro  a  modeítia  do  femblante, 
a  profundidade  do  talento,  e  fubtileza  do 
juizo  que  mollrava  em  annos  taõ  tenros. 
O  familiar  comercio  dos  Monges  lhe  foy 
fuavemente  inclinando  o  animo  para  que 
fem  revelar  ao  Tio  a  fua  refoluçaõ  pedille 
a  Cogulla  Ciílercienfe  que  benevolamente 
lhe  concedeo  o  Geral  como  prevendo  o 
grande  credito  que  havia  de  refultar  à  Re- 
ligião com  hum  taõ  iníigne  filho.  Rece- 
bido o  habito  monachal  em  o  Real  Con- 
vento de  Alcobaça  a  25.  de  Agoiio  de 
1618.  e  feita  a  profiflaõ  folemne  a  29.  do 
dito  mez  do  anno  feguinte  ouvio  a  Filo- 
fofia do  Doutor  Fr.  Eftevaõ  de  Siqueira, 
e  em  Coimbra  eíhidou  Theologia  fahindo 
taõ  profimdamente  verfado  neftas  Faculda- 
des que  naõ  fomente  as  di6lou  pello  ef- 
paço  de  6.  annos  aos  feus  domeliicos,  mas 
foy  laureado  Doutor  Theologo  pella  Uni- 
verfidade  de  Coimbra.  Para  naõ  degene- 
rar do  génio  de  feu  Tio  Fr.  António  Bran- 
dão o  imitou  igualmente  nas  fciencias  fe- 
veras,  como  amenas  applicando-fe  defde  os 
primeiros  annos  ao  eíhido  da  Hiíloria  prin- 
cipalmente do  noíTo  Reyno  em  que  foy  taõ 
verfado  que  mereceo  fubftituir  a  feu  Tio  no 
lugar  de  Chroniíla  mór  em  que  foy  pro- 
vido a  19.  de  Janeiro  de  1649.  cuja  dificul- 
:to2a  incumbência  dezempenhou  com  igual 
fama  do  feu  nome,  que  immortal  brazaõ 
defta  Monarchia  aíTim  na  indefella  inveítíga- 
çaõ  como  no  prudente  juizo  com  que  difcernio 
o  falfo  do  verdadeiro  fervindo-lhe  de  bafes  fú- 
idamêtaes  para  o  edificio,  que  levantava,  os 
j  monumentos  irrefragaveis  que  extrahia  dos 
jArchivos,  e  Cartórios  das  Cathedraes,  e  Con- 
ventos delle  Reyno.  Foy  Qualificador  do  Santo 


Offido,  Examinador  das  Três  Ordens  Mili- 
tares, Efmoler  mòr,  e  Geral  duas  vezes  da 
fua  authorizada  Congregação;  a  primeira 
no  anno  de  1667.  e  a  fegunda  em  o  anno 
de  1674.  Falleceo  no  Convento  de  N.  Se- 
nhora do  Deílerro  defta  Corte  a  28.  de 
Abril  de  1680.  quando  contava  79.  annos  de 
idade,  e  62.  de  Religião.  Joaõ  Soar.  de 
Brito  Tbeaír.  l^ifit.  Utter.  Lit.  F.  n.  34. 
o  intitula  vir  modeftus,  diligens,  &  eruáitus 
Fr.  Manoel  da  Efperanc.  Hift.  Seraf.  da 
Prov.  de  Portug.  Part.  i.  liv.  4.  cap.  36.  n.  5. 
gravijfimo  Autbor.  Maced.  l^ujit.  Uberat.  in 
Append.  cap.  2.  n.  21.  eruditus  Doãor,  & 
Prosem,  i.  §.  i.  n.  13.  D.  Franc.  Man. 
Epanaf.  pag.  265.  que  tantos  eruMtos  tefiemu- 
nbos  como  livros  tem  dado  do  feu  talento.  Ro- 
drig.  Mend.  Sylv.  Catbal.  real  de  Efpan. 
p.  84.  V.  Uno  de  los  eminentes  Jugetos  de  nuef- 
tro  Reyno  en  Jus  bijlorias.  Nicol.  Ant.  hih. 
Hifp.  Tom.  I.  pag.  214.  col.  i.  non  minus 
indujirie,  ac  diligenter  continuavit  Monarcbiam 
Ljdjitanam.  Souza  Apparat.  à  Hift.  Genealog. 
da  Caf.  Real  Portug.  pag.  128.  §.  148.  Trata 
de  muitas  Familias  na  fua  origem,  e  pro^ef- 
Jos  com  ff-ande  exacçaõ,  e  verdade  por  fer  ex- 
cellente  indagador,  e  com  muita  erudição  da  Hif- 
toria.  Leytaõ  Mem.  Chron.  da  Univ.  de 
Coimb.  p.  132.  §.  310.  infixe,  e  perfpicacif- 
fimo  Chronifta.  Franckenau  P>ih.  Hifp.  Gen. 
Herald,  pag.  61.  cujus  ftudio,  ac  labore  lucem 
videre  quintum  fextumque  Monarcbia  hufttana 
volumina.  Faria  Fuent.  de  Aganip.  Part.  i. 
Cent.  5.  Sonet.  52.  alludindo  a  ter  compofto 
a   Chronica   delRey   D.   Diniz. 

Aim  tiempo  ama  la  pluma  pere^na 

Con  que  oy  busla  el  g-an  Lm/o  que  efcurece 

Im    liberalidad   Alexandrina. 

Compoz 

Difcurfo  grafulatorio  fobre  o  dia  da  felice 
reftituiçaÕ,  e  aclamação  da  l^lageftade  delRey  D. 
Joaõ  o  IV.  N.  S.  dedicado  á  me/ma  hlageftade. 
Lisboa  por  Lourenço  de  Anvers.  Sem  anno 
da  impreífaõ.  4. 

Confelbo,  e  voto  da  Senhora  D.  Filippa 
filha  do  Infante  D.  Pedro  fobre  as  Ter- 
çarias, e  guerras  de  Caftella  com  buma  breve 
noticia  defta  Princesa.  Lisboa  por  Lourenço 
de    Anvers.    1643.    4- 


124 


BIB  LIO  THE  CA 


Quinta  parte  da  Monarchia  Ijufitana,  que 
contem  a  hijloria  dos  primeiros  23.  annos  del- 
Key  D.  Dini^.  Lisboa  por  Paulo  Craesb. 
1650.  foi. 

Sexta  parte  da  Monarchia  htíjitana,  que 
contem  a  hijloria  dos  últimos  23.  annos  del- 
"Rjey  D.  Dini^-  Lisboa  por  Joaõ  da  Cofta 
1672.   foi. 

Re/açaÕ  do  AJJaJftno  intentado  por  Caftella 
contra  a  Magejiade  delKey  D.  JoaÕ  o  IV.  im- 
pedido miraculofamente.  Lisboa  por  Paulo 
Craesbeeck  1641.  4.  Sahio  fem  o  nome 
do  Author  por  querer  relatar  com  eftilo 
claro  ao  povo  tudo  quanto  fuccedera. 

Sermão  nas  exéquias  que  o  Mojleiro  de  Al- 
cobaça Jev^  ao  Infante  D.  Duarte  no  Real  Con- 
vento de  Santa  Maria  de  Alcobaça  em  19. 
de  Dei^embro  de  1649.  Lisboa  na  Officina 
Craesbeeckiana    1650.    4. 

Fundação  do  Real  Convento  de  Alcobaça. 
Defta  obra  fe  lembra  na  6.  parte  da  Mo- 
narch.  Ijufit.  liv.  18.  cap.  18.  e  Cardofo 
Affol.  iMJit.  Tom.  I.  pag.  124.  no  Cõment. 
de  22.  de  Janeiro.  Letr.  D.  e  Tom.  3. 
pag.  115.  no  Cõment.  de  7.  de  Mayo  letr. 
D.  dizendo.  Jer  obra  de  grande  eftudo,  e  cre- 
dito da  Ordem,  e  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp. 
Tom.   2.  pag.   291.  col.   i. 

Difcurfo  em  comprovação  do  juramento  de 
D.  Affonfo  Henriques.  Defta  obra  faz  men- 
ção na  6.  parte,  da  Mon.  ImJ.  liv.  19. 
cap.  13. 

Fr.  FRANCISCO  BRANDAM  natural 
da  Villa  de  Barcellos  filho  de  António  de 
Faria,  e  Maria  Brandão.  ProfeíTou  o  fagrado 
Inftituto  dos  Eremitas  Auguftinianos  no 
Convento  de  Nofla  Senhora  da  Graça  de 
Lisboa  a  4.  de  Outubro  de  1703.  Rece- 
beo  as  infignias  Doutoraes  de  Theologo  em 
a  Univerfidade  de  Coimbra  a  14.  de  Ou- 
tubro de  17 19.  He  dotado  de  tenacijfima  me- 
moria, agudo  engenho,  infigne  Latino,  vafto  na 
liçaÕ  dos  Santos  Padres,  e  desde  tenros  annos 
continua  em  frequentes  Mijfoens  com  grande  fruto 
das  almas,  aíTim  lhe  defcreve  o  caraéter  o  P. 
Fr.  Manoel  de  Figueiredo  Fios  Sana.  Au- 
guft.  Tom.  4.  pag.  148.  §  87.  Publicou  fem 
o   feu   nome 

Devoçí^  do    Santijftmo    Coração   de  JESUS 


injlituida,  e  propagada  em  vários  Reynos  da  Chrij- 
tandade  excitada  novamente  com  huma  Novena,  e 
mais  algumas  devoçoens  para  mayor  culto  do  mejmo 
Coração  Santijftmo.  Coimbra  por  António  Si- 
moens  Ferreira.  1734.  8. 

FRANCISCO  DE  BRITO  celebre  pro- 
feflbr  de  letras  humanas,  c  infigne  cultor 
da  lingua  latina,  como  teftemunharaõ  as 
Univerfidades  de  Pádua,  e  Veneza,  onde  deo 
repetidos  argumentos  da  fua  fciencia.  Com- 
poz 

De  Grammatica  libri  três.  Primo  libro  con- 
tinentur  Orationis  partes,  Nominum  genus,  ver- 
borum  praterita,  <&  fupina  cum  appendice.  2. 
Univerfa  partium  orationis  conjlruãio.  3.  Syl- 
labarum  quantitas,  pedum  ratio,  Carminum  ge- 
nera,  accentus,  <ò'  orthographia.  Praponuntur 
vero  de  formula  declinandi  nomina,  <Ò'  verba 
communia,  atque  ujitata  puerorum  rtidimenta. 
Patavii  apud  Laurentium  Pafquatum  1369. 
ID.  DEC.  8.  He  dedicado  a  Joaõ  Delphino, 
e  Francifco  Veniero  Patrícios  Venecianos. 
Depois  da  Dedicatoría  tem  huma  Ode  la- 
tina no  eftilo  de  Horácio  com  efte  titulo 
Ejufdem  Francifci  Briti  Ijif.  ad  Patritios 
Venetos  Djonium  <ò^  Joannem  Delphinos,  An- 
dream  Durdum,  Marcum  Antornum  Fofcare- 
num  ut  ineunte  hyeme  fe  dedant  litteris.  Co- 
meça. 

Jam  nunc  Aeoliis  pater 

Cauris  ventipotens  imperat  hórrido 

Perfient   tttrbine    Narea 

Audacefque    vetent  fcindere    Tethyos. 

Confta  de  38.  verfos.  Certamente  efta 
Arte  de  gramática  eftá  efcrita  com  mc- 
thodo  muito  fácil  de  perceber  os  feu$ 
preceitos,  como  feu  author  diz  no  Pro- 
logo Iccirco  cuique  patere  volumus  adeo  im^ 
pudentem  ejje  neminem,  ut  de  re  ea  Jibi  inf- 
tituat  referendum,  de  qua  tam  multi  jam 
ante  precaperint  ni  ft  in  re  qmqièBf  aut  par- 
te  putet  ejJe  commodius  pracepturum.  Ejl 
enim  aliquid  rem  alioqui  difufam  in  path 
cas  chartas  contrabere:  mitto  fermonis  pu- 
ritatem,  mitto  catera  qua  nos  tibi  candide 
leíior,   legendis  his  nofhis  judicanda  relinquemus. 

Fr.     FRANCISCO     DE     BRITO     da 
Ordem    dos    Menores,    cujo    penitente    Inf- 


LUS  l  TANA. 


125 


ituto  profeíTou  na  Província  de  S.  Mi- 
Tuel  em  Caliella,  onde  foy  Difinidor,  de 
|uem  faz  memoria  na  Bth.  Francifc.  Fr. 
Joaõ  de  Santo  António  Tom.  i.  pag.  375. 
;ol.  I.  affirmando  fer  Portuguez.  Efcreveo 
Excellencias  grandezas,  privilégios,  y  pre- 
'ogativas  de  S.  Juan.  Baptijla  Vrecurjor  de 
Chrifto  nueftro  Redemptor.  Salamanca  por 
^rancifco  de  Roales.    1644.  4. 


Fr.  FRANaSCO  DE  BRITO  natural 
ia  Cidade  de  Évora,  onde  teve  por  Pays 
i  António  Amado  de  Brito,  e  Anna  Re- 
xdlo.  Entre  os  Inítitutos  Religiofos  elegeo 
3  dos  Eremitas  de  Santo  Agoftinho  cujo 
oabito  profeíTou  no  Real  G^nvento  de 
NJofla  Senhora  da  Graça  de  Lisboa  a  15. 
ie  Alayo  de  1689.  Ao  eíhido  efcolaftico 
Dreferio  o  concionatorio  com  o  qual  adqui- 
rio  naõ  pequeno  applaufo.  Foy  Vizitador 
da  Provinda,  Pregador  Geral,  e  Prior  do 
Convento  de  Lisboa  onde  falleceo  a  6.  de 
Mayo  de  1726.  quando  exercitava  efte  lugar 
merecendo  outros  mayores  pela  fua  natural 
ifabilidade,  e  grande  prudência. 

Compoz 

Oração  fúnebre    nas    exéquias    annuaes,    que 

Ca^a  da  Santa  Mi^^ericordia  defia  Corte 
confagra  ao  Serenijfimo  Rey  de  Portugal  D. 
Manoel  de  glorio/a  memoria  Jeu  glorio/o  Fun- 
dador.   Lisboa  por  Miguel  Ivianefcal.  1708.  4. 

O  Key  Johre  grande,  e  máximo  Jem  feme- 
Ihante.  Fúnebre  Oração  nas  exéquias  annuaes 
que  a  Caí^a  da  Santa  Mifericordia  defia  Corte 
confagra  ao  Serenijftmo  Key  de  Portugal  D. 
Manoel  de  glorio/a  memoria  Jeu  Fundador. 
Lisboa  por  Filippe  de  Souza  Villela.  1710.4. 

A  Advogada  dos  impojfiveis  a  Bemaven- 
títrada  Rita  de  CaJJia,  dont^ela,  cacada.  Viu- 
va, Religiofa,  e  defunta,  Freira  profejja  no 
Convento  de  Santa  Maria  Magdalena  de  Caf- 
fia  da  Ordem  Fremitica  de  Santo  Agofiinho. 
Ibi  pelo  mefmo  ImpreíTor  1710.  12. 
I  Sermão  do  Bom  Pafior  na  Parochial  da 
\Magdalena  da  Cidade  de  Lisboa.  Lisboa  por 
;Miguel  Manefcal  ImpreíTor  do  Santo  Of- 
'fido,  e  da  SereniíTima  Caza  de  Bragança. 
1711.    4- 


Sermão  de  Acçaõ  de  Graças  à  Virgem 
Senhora  Nojfa  do  Ijoreto  pelo  bom  fucceffo  da 
jornada,  que  com  o  Jeu  favor  confeguio  o  Em- 
minentijimo  Senhor  Cardial  Conti,  hindo  defta 
Corte  de  Portugal  para  a  Cúria  de  Roma.  Lis- 
boa  pelo    mefmo    ImpreíTor    171 1.    4. 

Direção  para  correr  os  Pajfos  de  Crifto. 
Lisboa  por  Filippe  de  Soufa  Villela.  171 3.  12. 

Novena  da  Santijftma  Trindade.  Lisboa 
por  Jozè  Lopes  Ferreira  ImpreíTor  da  Se- 
reniíTima  Rainha    171 6.    24. 


FRANaSCO  DE  BRITO  CAÇAM  na- 
tural do  lugar  de  Mathoíinhos  fuburbio 
da  Cidade  do  Porto,  iníigne  Poeta  Latino, 
e  muito  verfado  em  todo  o  género  de 
erudição,  de  que  deu  admiráveis  provas 
em  Itália  onde  aíTiTtio  muitos  annos.  Im- 
peUido  da  fideUdade  que  profeíTava  ao  feu 
Soberano  D.  Joaõ  o  IV.  novamente  ele- 
vado ao  trono  de  Portugal,  efcreveo  varias 
Poeíias  Latinas  em  que  com  igual  agudeza, 
que  mordaddade  arguia  aos  Caltelhanos 
dos  pérfidos  artifidos  que  uzaraõ  para  fe 
opporem  àquella  heróica  acçaõ:  fahiraõ 
impreflbs  em  huma  grande  folha  ao  alto. 
Genuae  VI.  Kalend.  Januarij  anno  Chriíliano 
CI^I^CXLn.  Coníla  de  fete  Epigrammas, 
e   duas   Poeíias   de   verfos   Phaledos. 


FRANCISCO  DE  BRITO  FREIRE 
naceo  na  Villa  de  Coruche  fituada  na 
Provinda  do  Alentejo  fendo  quarto  fi- 
lho de  António  Froes  de  Andrade  Fron- 
teiro em  Tangere,  e  D.  Catherina  Freire 
filha  de  Manoel  de  Andrade  Comenda- 
dor da  Ordem  de  Chriílo,  e  fua  mulher 
D.  Beatriz  Freire.  Na  primeira  idade  mof- 
trou  igual  génio  para  as  letras,  que  para 
as  armas  aprendendo  humas  com  admirá- 
vel viveza,  e  exerdtando  outras  com  in- 
trépido valor.  O  primeiro  poílo  militar 
que  teve  foy  o  de  Capitão  de  Cavallos  na 
Provinda  da  Beira  onde  crecendo  com  a 
idade  o  feu  merecimento,  paflfou  duas 
vezes  ao  Brazil  com  o  honorifico  lugar  de 
Almirante  da  Armada  de  Portugal  obri- 
gando   em    a    primeira    que    os    Olandezes 


120 


BIBLIO THE  CA 


largaíTcm    o    Eílado    de    Pernambuco,    que 
injuílamente  dominavaõ;  cujas  capitulaçoens 
fc    aíTinaraõ    a    26.    de    Janeiro    de    1654. 
c   na   fegunda   conduzindo   a    28.    de   Julho 
de   1656.  para  o  porto  de  Lisboa  cento  e 
fctc    nàos    carregadas    com   nove    milhoens. 
Sendo    Governador    da    Praça    de    Jurume- 
nha   obrou   acçoens   heróicas   aíTim   em   ob- 
fequio   da   Pátria   como   em   ruina   de   feus 
inimigos.     Entre    as    virtudes,    que    confer- 
vou    com    efcrupulofa    obfervancia    foy    a 
fidelidade    para    com    o    feu    Soberano    de 
que  deo  o  mayor  teílemunho  quando  fendo 
mandado  em  24.  de  Mayo  de  1669.  condu- 
zir à  Ilha  Terceira  a  ElRey  D.  Affonfo  VI. 
o    naõ    executou    ainda    com    a    mercê    do 
titulo   de  Vif-Conde,   e    Governador  perpe- 
tuo da  mefma  Villa,  cuja  acçaõ  foy  origem 
de  graves  calamidades  que  tolerou  confiante, 
diíTimulou    prudente.     Foy   Comendador    da 
Ordem   de   Chriílo,    Confelheiro   de   guerra. 
Almirante    da    Armada    Real.     Teve    juizo 
agudo,  difcriçaõ  natural,  e  afFabilidade  fum- 
ma.    Soube  os  preceitos   da  Hiíloria,   e   da 
Poética     produzindo     em    huma,     e     outra 
Arte   fazonados   frutos,    que   lhe   immortali- 
zaraõ    o    nome.     Morreo    em    Lisboa   a    8. 
de   Novembro   de    1692.    quando   excedia   a 
idade  de  70.  annos.    Jaz  fepultado  em  Co- 
ruche  que   he   o   jazigo   dos   feus   Maiores. 
Foy  cazado  com  D.  Maria  de  Menezes  filha 
de   Pedro   Alvares   Cabral   Senhor   de  Azu- 
rara,   e    Alcaide    mór    de    Belmonte,    e   de 
fua    mulher   D.    Leonor   de   Menezes   filha 
de  D.  Joaõ  de  Menezes  Alcaide  mòr  de  Pe- 
namacor, de  quem  teve  a  António  de  Brito 
de  Menezes,  que  morreo  governando  o  Rio 
de  Janeiro,  e  a  D.  Jozefa  Gabriela  de  Brito 
herdeira   da   Caza,   que   cazou   a   7.    de   Fe- 
vereiro   de    1720.    com    Jozè    Bernardo    de 
Távora    Comendador    de    Santa    Maria    do 
Efcalhaõ,  e  de  Santa  Maria  de  Midoens  no 
Bifpado   de   Vifeu,   filho   de   Miguel   Carlos 
de  Távora  Conde  de   S.   Vicente,  e  de  D. 
Maria  Caetana  da  Cunha  herdeira  de  Joaõ 
Nunes  da  Cunha  primeiro  Conde  de  S.  Vi- 
cente.   O  P.  Manoel  Luiz  in    K/V.   Princip. 
Theodof.  lib.  i.  §.  450.  fallando  de  Francifco 
de  Brito  Freire  de  quo  vere  dttbites  aitreone  pra- 
etlkntis  calami,  an  férreo  Julminantis  gladij fiylo  fit 


habendus  commendahilior.  Carvalho.  Corog.  Por- 
tug.  Tom.  2.  Trat.  8.  cap.  4.  Fidalgo  muy 
difcreto,  e  erudito.  Fr.  Joan.  Giufep.  di  S. 
Teres.  HiJI.  dei  Brafile  part.  2.  liv.  7.  pag. 
189.  'Non  meno  Jpiccava  ml  Britto  il  coraggo, 
la  vive:(V^a,  eV  ardore  accompagnato  da  tau 
Jomma  aviditá  di  acquiftarfi  gloria  militare,  e 
grido  plaujihile  ai  Juo  nome,  huomo  incallito  nell* 
arme,  gran  conjiglio,  gran  ijperienv^a,  e  gran  va- 
lore, e  pag.  204.  nella  fcieni^a  delia  mili:(ia 
navale  ebbe  pochi  che  lo  pareggiajfero  nella  fm 
età.  Franc.  de  S.  Mar.  Diar.  Portug.  pag. 
121.  infixe  em  acçoens  militares.  Souza  Hifi. 
Gen.  da  Caf.  Pjeal  Portug.  Tom.  5.  liv.  6. 
pag.  226.  D.  Franc.  Manoel  Epanaf.  it 
var.    Hijl.   pag.    mihi    505.     Compoz 

Relação  da  viagem  que  fet(^  ao  Brasil  a 
Armada  da  Companhia  anno  de  1655.  Lis- 
boa por  Henrique  Valente  de  Oliveira 
1657.  12. 

Nova  iMJitania,  hijloria  da  guerra  Bra- 
filica.  Dedicada  à  alma  do  Príncipe  D.  Theo- 
doi^io.  Década  i.  que  comprehende  dei(^  livros 
que  acabaõ  no  anno  de  1638.  16.  annos  anttt 
da  KeJlauraçaÕ  de  Pernambuco.  Lisboa  por 
Joaõ  Galraõ  1675.  foi.  Deíla  Hiíloria,  c 
feu  Author  faz  mençaõ  o  moderno  addi- 
cionador  da  Bib.  Occid.  de  António  de 
Leaõ  Tom.   2.   Tit.   12.  col.   676. 

Década  fegunda  que  comprehendia  a  Kef- 
tauraçaô  de  Pernambuco.  Deixou  a  imper- 
feita. 

"í 

FRANCISCO  DE  BRITO  FREIRE  na- 
tural de  Lisboa,  Senhor  do  Morgado  de 
Santo  Eílevaõ  cuja  Capella  eílà  fituada  no 
Seráfico  Convento  de  N.  Senhora  de  Jefus 
dos  Religiofos  Terceiros  deíla  Corte.  Foy 
filho  de  Gafpar  de  Brito  Freire,  Senhor 
do  mefmo  Morgado,  que  feu  Pay  Eílevaõ 
de  Brito  Freire  inílituira,  c  de  D.  Francifca 
da  Sylveira  filha  de  D.  Álvaro  da  Sylveira 
Comendador  de  Sortelha,  c  Alcaide  mór 
de  Alanquer,  e  D.  Brites  de  Mexia.  Ca- 
zou com  D.  Maria  Thcrcza  de  Távora  fi- 
lha de  Luiz  de  Miranda  Henriques  Comen- 
dador da  Alcáçova  de  Elvas,  c  Alcaide 
mòr  da  Fronteira,  c  de  D.  Francifca  de 
Távora  filha  de  Joaõ  Furtado  de  Mcn- 
doça.      Comendador     de      Borba,     Govcr- 


L  USITAN  A  . 


127 


;^emador  do  Algarve,  e  Angola,  Prezi- 
lente  da  Camera,  e  D.  Magdalena  de  Ta- 
rara de  quem  teve  Gafpar  de  Brito  Freire 
Capitão  de  Infantaria  do  Terço  da  guami- 
3iõ  da  Fortaleza  de  S.  Juliaõ  da  Barra  de 
Lisboa.  Foy  ornado  de  prudência,  gravi- 
jade,  e  applicaçaõ  à  Hiftoria  principalmente 
i  Genealogia  em  que  foy  dos  feus  mais 
venerados  profeíTores,  e  entre  elles  o  nume- 
ra com  louvor  o  P.  D.  António  Caetano 
de  Souza.  Aparat.  a  Hift.  Gen.  da  Cat^a  Keal 
Portug.  p.  145.  §.  170.  de  cujo  eíhido  dei- 
íou  compofto  vários  Tomos  das 

Familias  de  Portugal,  foi.  M.  S. 
Dos  quaes  conferva  hum  original  da 
não  do  Author  Joaõ  de  Souza  Q)utinho 
[rmaõ  do  Qjrreyo  mòr  do  Reyno  como 
vimos  entre  huma  grande  collecçaõ  que 
:em   feito    deíla    importante    parte    da    Hif- 


ona. 

Falleceo  em  Lisboa  a  5.  de  Fevereiro 
de  1706.  Jaz  fepultado  em  o  Convento  do 
Jàimo. 

P.  FRANQSCO  CABRAL  natural  da 
Villa  da  Covilhãa  do  Bifpado  da  Guarda 
recebeo  a  Roupeta  da  Companhia  de  JE- 
SUS quando  contava  26.  annos  de  idade 
ixD.  a  Cidade  de  Goa  no  anno  de  1554. 
3nde  depois  de  eníinar  as  fciencias  efco- 
afldcas,  foy  Mellre  dos  Noviços,  e  Reytor 
dos  Collegios  de  Goa,  Baçaim,  e  Cochim. 
Impellido  do  feu  apoftolico  efpirito  nave- 
gou para  o  Japaõ  em  cuja  dilatada  vinha 
lendo  único  Provincial  derramou  copiofos 
uiores  para  agregar  ao  rebanho  de  Chriílo 
innumeraveis  almas.  Com  as  falutiferas  aguas 
jdo  bautifmo  purificou  as  manchas  da  Mãy, 
mulher,  e  filhos  delRey  de  Omura  D.  Bar- 
cholomeo,  e  ao  Rey  de  Bungo  a  quem  S. 
Fcandfco  Xavier  tinha  catequizado,  e  em 
abfequio  defte  infatigável  Apoftolo  lhe 
impoz  o  nome  de  Frandfco.  Iguais  fru- 
tos colheo  na  China  convertendo  em  Chao- 
quin  dous  authorizados  Mandarins,  que  efti- 
tnulados  com  o  feu  exemplo  muitos  infiéis 
fe  fogeitaraõ  ao  fuave  jugo  do  Evangelho. 
lAo  brado  das  fuás  vozes  fe  deve  grande 
parte  da  eftupenda  vitoria  naval  que  al- 
cançou Mem  Lopes  Carrafco  com  huma  náo 


de  cento  e  feíTenta  do  Achem  de  que  foraõ 
derrotadas  quarenta.  Voltando  para  Goa 
foy  Prepofito  da  Caza  ProfeíTa,  Vizitador, 
e  Provincial  de  toda  a  índia  cujos  luga- 
res exercitou  magna  laude  prudentia,  cbari- 
tatís,  <&  ohfervantia,  como  diz  a  Bih.  Sa- 
cie f.  pag.  219.  col.  I.  Airiftio  como  legado 
do  Bifpo  do  Japaõ  em  o  anno  de  1606. 
ao  Synodo  Provincial  da  índia  a  que  fo- 
raõ convocados  todos  os  Bifpos  Catholi- 
cos  do  Oriente.  Cheyo  de  annos,  e  mere- 
cimentos falleceo  em  Goa  a  16.  de  Abril 
de  1609.  com  81.  annos  de  idade,  e  55. 
de  Companhia.  Fazem  memoria  defte  va- 
rão Cardozo  A^olog.  Ijufit.  Tom.  2.  pag. 
598.  e  no  Cõment.  de  16.  de  Abril  letr.  G. 
Nicol.  Trigault.  de  Cbrifi.  Exped.  apud  Cbin. 
lib.  2.  cap.  7.  Hífi.  Societ.  Part.  4.  lib.  4. 
n.  240.  e  lib.  5.  à  n.  190.  Guerreiro  Coroa 
de  'Esforc.  Sold.  Part.  4.  cap.  6.  pag.  422. 
Gufman  Hift.  de  las  MiJJion.  de  la  Comp.  de 
Jef.  Tom.  2.  liv.  7.  cap.  25.  Gennaro  Xaver. 
Orient.  Part.  2.  Ub.  8.  cap.  42.  Ant.  de 
Leon  Bib.  Orient.  Tit.  3.  Gouvea  Afta 
Extrema  Part.  i.  lib.  2.  cap.  7.  n.  68. 
Joan.  Soar.  de  Brito  Theatr.  Euftt.  litter. 
lit.  F.  n.  36.  Faria  Afta  Portug.  Tom.  2. 
Part.  3.  cap.  5.  n.  9.  e  Tom.  3.  Part.  i. 
cap.  9.  n.  12.  e  13.  Souza  Orient.  Con- 
quift.  Part.  2.  Conquiíl.  4.  Divif.  i.  §.  59. 
e   68.   e  Divif.   2.   §.    103.    Efcreveo 

Carta  efcrita  de  Cocbinuçu  a  bum  Padre  do 
Col le ff  o  de  Malaca  a  zi.  de  Setembro  de  1571. 
Começa  Por  que  o  anno  paffado  traduzida 
na  ColleçaÕ  das  cartas  efcritas  do  JapaÕ,  e 
China  impreffas  por  ordem  de  D.  Theotonio 
de  Bragança  Arcebifpo  de  Évora.  Por  Manoel 
de  Lyra  1598.  foi.  no  Tom.  i.  a  foi.  309. 
verf.  Traduzida  em  T^tim  pelo  Padre  Maf- 
feo  Epiftol.  lib.  4.  Epift.  7. 

Carta  efcrita  de  Cocbinuçu  a  <).  de  Setem- 
bro de  1572.  Começa.  As  novas  de  mim  faõ 
chegar.  Évora  por  Manoel  de  Lyra  1598. 
foi.  Tom.  I.  foi.  538.  vertida  em  Italiano. 
Roma  por  Francifco   Zannetti   1578.    8. 

Carta  efcrita  de  Macao  a  31.  de  Aíayo 
de  1574.  ao  P.  Provincial.  Traduzida  em 
Italiano  com  outras.  Roma  pello  dito  Im- 
preíTor.  1578.  8. 

Carta    efcrita    de    Nanga^aqui    a    12.    de 


128 


BIBLIO THE  CA 


Setembro  de  1575.  ao  P.  Provinda/  de  Por- 
tugal. GDmeça.  O  atino  pajfado  de  74  efcrevi 
a  V.  R.  Évora  por  Manoel  de  Lira  1589. 
foi.  Tom.  I.  a  foi.  550.  Traduzida  em  Ita- 
liano com  outras.  Roma  por  Francifco  Zan- 
nctti.   1578.   8. 

Carta  efcrita  de  Cochinuçu  a  ^.  de  Setem- 
bro de  1576.  aos  Irmãos  da  Companhia  de  Por- 
tugal. Q)meça.  Nas  do  anno  pajfado  ejcrivi. 
He  muito  extença.  Évora  por  Manoel  de 
Lyra  1598.  foi.  no  Tom.  i.  a  foi  355.  verf. 

Carta  efcrita  do  JapaÕ  i.  de  Setembro  de 
1577.  ao  Padre  Geral.  Vertida  em  Italiano. 
Roma  por  Francifco  Zannetti.   1579.   8. 

Carta  efcrita  ao  Padre  Geral  a  i^.  de  Se- 
tembro de  1581.  Começa.  Por  que  o  Padre 
Visitador.  Évora  por  Manoel  de  Lyra  1589. 
foi.  No  Tom.  2.  a  foi.  5.  verf.  Traduzida 
em   Italiano   Roma   por   Zannetti.    1584.    8. 

Duas  cartas  efcritas  ao  Padre  Geral  em 
Macao  a  20.  de  Novembro  de  1585.  e  outra 
em  8.  de  Dezembro  de  1584.  Na  primeira 
narra  a  entrada  na  China  dos  Padres  Ma- 
theos  Riccio,  e  Miguel  Rogério.  Na  fe- 
gunda  conta  a  entrada  que  fez  no  mefmo 
Império,  e  como  voltou  para  Macao.  Tra- 
duzidas em  Italiano.  Roma  por  Francifco 
Zannetti.    1586.    8. 

Carta  efcrita  ao  Padre  Geral  em  Goa  a 
16.  de  Dezembro  de  1596.  a  qual  fahio  com 
outras  por  deUgencia  do  Padre  Amador  Re- 
bello.  Lisboa  por  Alexandre  de  Siqueira. 
i6o8.    8. 


Roma  falleceo  piamente  a  11.  de  Feve- 
reiro de  1721.  Delle  fe  lembraõ  Fonfcca. 
Etfor.  Gloriof.  pag.  429.  c  o  P.  Franco  Ati-^ 
nal.  S.  J.  in  Ljtjit.  pag.   465.    Compoz 

Opufculum  morale  de  Bulia  Cruciata  Lu- 
fitana,  eb*  de  Monitoriis.  Eborse  ex  Typo- 
graphia  Academia.   1718.  8.  &  ibi  1723.  8. 

Fr.  FRANCISCO  CALDEIRA  natural 
de  Lisboa  filho  de  Bernardino  Caldeira» 
e  Maria  Caldeira  recebeo  o  habito  Car- 
mehtano  no  Convento  pátrio  a  16.  de 
Dezembro  de  1605.  Eíhidou  em  o  Cd- 
legio  de  Coimbra  com  applicaçaõ  as 
fciencias  efcolafticas,  que  depois  didou 
aos  feus  domeílicos  de  cuja  laboriofa  in- 
cumbência alcançou  fama  de  grande  Le- 
trado. Falleceo  na  pátria  em  o  anno  de 
1655.    Deixou   M.    S. 

Compendio  de  varias  matérias  Tbeoloffcas 
o  qual  fe  conferva  no  CoUegio  de  Coim- 
bra. 

FRANCISCO  CARDOSO  cuja  appli- 
caçaõ foy  para  a  Poefia  vulgar  a  que 
o  inclinava  o  génio  cultivado  com  todo 
o  género  de  erudição.  Compoz  em  o  anno 
de    1591. 

Hijloria  dos  Amores  do  Capitão  Sertório 
com  a  fermofa  Rorea  filha  do  nobre  Spano  Se- 
nhor de  Eboo.  Coníla  de  quatro  Cantos  em 
8.  Rima  com  algumas  Quintilhas,  e  Lyns. 
4.  M.  S. 


P.  FRANCISCO  CAEYRO  natural  da 
Freguezia  de  S.  Pedro  do  Corval  termo  da 
Villa  de  Monfarás  em  a  Província  do  Alen- 
tejo onde  teve  por  Pays  a  Joaõ  Pinto, 
e  Maria  Caeyra.  Quando  contava  a  ida- 
de de  defefeis  annos,  e  nove  mezes  re- 
cebeo a  Roupeta  de  Jefuita  em  o  No- 
viciado de  Lisboa  a  4.  de  Mayo  de 
1686.  Aprendeo,  e  enfinou  Humanidades, 
c  Filofofia  na  Univerfidade  de  Évora, 
cuja  Faculdade  também  diftou  no  Col- 
legio  de  Santo  Antaõ.  Foy  taõ  infigne 
na  fciencia  das  letras  fagradas  como  na 
obfervancia  dos  preceitos  religiofos.  Af- 
fiílindo  com  a  incumbência  de  Revifor 
dos   livros   da   Companhia   em   a   Corte   de 


P.  FRANCISCO  CARDOSO  naceo  cm 
a  Villa  de  Fomos  do  Bifpado  de  Vifeu,  e 
foraõ  feus  Pays  Francifco  Cardofo,  e  Izabel 
Dias.  Sendo  de  18.  annos  de  idade  aba- 
çou  o  Inftituto  da  Companhia  em  o  Col- 
legio  de  Coimbra  a  15.  de  Março  de  ijói. 
A  natural  habilidade,  e  talento,  que  pofluta 
lhe  fez  brevemente  patentes  todos  os  fe- 
gredos  da  Filofofia,  e  myfterios  da  Theo- 
logia  que  depois  enfinou  com  muito  buMf 
feu,  e  naõ  menor  efplendor  da  Companhia  covoo 
delle  efcreve  o  P.  António  Franco  Imt^. 
da  Virt.  em  o  Nov.  de  Coimb.  Tom.  i.  liv.  j. 
cap.  60.  No  miniUeno  do  púlpito  foy  ior 
figne  alcançando  a  opinião  do  mayor  Prégadof 
do   feu   tempo   para   cuja   arte    tinha   tanti 


L  USITANA. 


129 


facilidade  que  os  Sermoens  pregados  de 
repente  pareciaõ  fer  por  muito  tempo  me- 
ditados. Notável  foy  o  fruto  que  collieo 
com  o  exercicio  de  Doutrineiro  explicando 
três  vezes  em  a  Semana  o  Cathecifmo  pellas 
praças  de  Lisboa.  Todas  as  fuás  acçoens 
íe  dirigiaõ  para  beneficio  dos  próximos,  e 
obfervancia  do  feu  Inftituto  fendo  fumma- 
mente  mortificado,  e  exceíTivamente  chari- 
tativo.  Chegado  o  dia  20.  de  Setembro  de 
1604.  depois  de  ter  recitado  as  horas  Ca- 
nónicas fe  recolheo  ao  Cubículo  onde  como 
lhe  faltafle  dizer  a  ultima  MiíTa  o  foy  cha- 
mar o  Sancriílaõ,  que  o  achou  fentado,  e 
inclinado  fobre  a  parte  efquerda  com  o 
femblante  aprafivel,  e  imaginando  que  dor- 
mia o  chamou,  e  reparando  com  mayor 
atenção  conheceo,  que  eílava  morto  tendo 
poíto  o  dedo  index  da  mão  fobre  a  Biblia, 
e  concorrendo  a  Comunidade  achou  que 
eílava  apontando  para  as  palavras  do  Apo- 
calypfe,  Bea/i  mortui,  qtà  in  Domino  moriun- 
tur.  Divulgada  a  fua  morte  concorreo  innu- 
meravel  concurfo  à  Caza  ProfeíTa  de  S. 
Roque  para  venerar  o  feu  Cadáver,  prin- 
cipalmente os  meninos  da  doutrina,  que 
clamavaõ  com  innocentes  vozes  por  feu 
Pay,  e  Meftre.  A  confraria  dos  Cantores 
de  Lisboa  inftituida  pelo  mefmo  Padre  lhe 
cantou  hum  Officio  folemne  havendo  antes 
feito  efte  fúnebre  obfequio  os  Religiofos 
Agoítinhos,  e  Dominicanos.  Compoz  os 
Tratados  feguintes  de  que  he  depozito  o 
Collegio  de  Évora. 

De    Opere  fex   dierum.    foi.    M.    S. 

De  Correãione  fraterna,  <&  judiciali.  foi. 
M.  S. 

De  Benefkiis    'Exclefiafiicis.   foi.    M.    S. 

FRANCISCO  CARDOSO  MADUREI- 
RA cuja  pátria,  e  nome  de  feus  Pay  fe 
ignoraõ.  Foy  muito  inclinado  à  Uçaõ  da 
Hiftoria  profana,  e  muito  inteUigente  em  a 
do  noíTo  Reyno,  efcrevendo  no  anno  de 
161 1.  a  feguinte  obra  em  cujo  frontifpicio 
.eftà  hum  Efcudo  de  Armas,  que  coníta  de 
jhuma  Alcachofra  entre  dous  Leoens.  Contem 
além  do  Prologo  232.  foi.  com  eíle  titvilo. 
I  Univerfal  Jummario  de  varia  Hijloria  re- 
\partido    em    quatro   partes.     Na    primeira  fe 


trata  da  fmdaçaÕ  de  Roma,  e  dos  Rejs  delia, 
e  de  todos  os  Romanos  infixes,  que  houve.  No 
2.  dos  Rejs,  e  Rainhas,  que  no  mundo  fit^eraõ, 
ou  dijferaõ  coufas  notáveis,  e  outras  curiofidaães 
dignas  de  memoria.  Na  terceira  as  Chronicas 
dos  Reys  de  Portugal  abreviadas  conforme  a  or- 
dem que  nefle  livro  levo.  Na  quarta,  muitas 
cartas  de  peffoas  particulares  de  que  o  leitor 
pode  tirar  muito  fruão.  Dirigido  a  CorreçaÕ  da 
Santa  Madre  l^eja  Catholica  Romana,  foi.  M.  S. 

FRANCISCO  DE  CARVALHAL,  E 
VASCONCELLOS  criado  da  SereniíTima 
Caza  de  Bragança,  como  feu  Pay  António 
de  Carvalhal,  e  Vafconcellos.  Foy  muito 
verfado  na  Hiíloria,  e  Poefia,  difcreto,  af- 
favel,  e    cortezaõ.     Compoz 

Primeira,  e  fegunda  parte  de  los  Trabajos, 
y  perigrinaciones  de  Fenicio.  Dedicado  a  EI~ 
Rey  D.  Joaõ  o  IV.  quando  era  Duque  de 
BarceUos.  Coníla  de  verfo,  e  proza  onde 
o  Author  defcreve  os  feus  trabalhos,  e  di- 
latadas prizoens.  Começa.  Bien  fé  que  en 
efle  pequeno   trabajo. 

FRANCISCO  CARVALHO  natural  de 
Coimbra,  e  Prior  da  Parochial  Igreja  de 
Santa  Comba  do  Bifpado  deíla  Cidade. 
Sendo  criado  do  lUuftriíTimo  Bifpo  Con- 
de D.  Fr.  Joaõ  Soares  o  acompanhou 
no  anno  de  1561.  quando  por  ordem 
delRey  D.  Sebaíliaõ  partio  a  aiTLftir  em 
o  Concilio  Tridentino.  Era  muito  gra- 
dofo,  e  prompto  nas  refpoílas  fempre  ju- 
diciofas,  e  nunca  pueris.  Efcreveo  com 
fumma   individuação. 

Itenerario  da  fornada,  que  o  Bifpo  de  Coim- 
bra fe^  a  Trento,  e  a  Palefiina,  onde  relata  tudo 
quanto  vio,  e  lhe  aconteceo  M.  S. 

Fr.  FRANQSCO  DE  CARVALHO  na- 
tural do  ConfeUio  de  Lanhofo  diílante  duas 
legoas  para  o  Norte  da  auguíla  Qdade  de 
Braga  em  a  Provinda  de  Entre  Douro,  e 
Minho,  e  filho  de  António  Antunes,  e  An- 
tónia de  Carvalho.  Deixando  a  Pátria  pro- 
feíTou  o  Inftituto  de  Eremita  de  Santo  Agofti- 
nho  no  Convento  defta  Corte  a  17.  de  Abril  de 
1658.  onde  por  muitos  annos  didou  as  prin- 
dpaes  matérias    da    Theologia    Efcholaftica 


i3o 


BIBLIO THE  CA 


dignas  da  luz  publica  affim  pclla  profundi- 
dade da  efpeculaçaõ  como  pellos  folidos 
fundamentos  extrahidos  das  Efcrituras,  e 
Santos  Padres  em  que  eftabelecia  as  fuás 
opinioens   fendo   as   principaes 

De  Deo  uno,  (ò"   Trino. 

De  VreBcleftinatione. 

De  Incamatione. 

De   Panitentia. 

De  Sponfalihus. 
Todas  fe  confervaõ  M.  S.  na  Livraria  do  G^n- 
vento  da  Graça  deíla  Corte,  onde  morreo  a  2  5 . 
de  May  o  de  1703. 

FRANaSCO  CARNEIRO  DE  mCUEI- 
ROA  naceo  em  a  Cidade  do  Porto,  e  teve 
por  Pays  a  Joaõ  de  Figueiroa  Pinto,  Con- 
tador da  Fazenda  Real,  e  a  D.  Maria  Car- 
neiro de  Barros.  Aprendidas  as  primeiras 
letras  na  pátria  paíTou  à  Univerfidade  de 
Coimbra  onde  fez  taes  progreflbs  a  fua 
profunda  comprehenfaõ  nas  leys  Imperiaes, 
que  recebido  o  grào  de  Doutor,  entrou  no  Col- 
legio  de  S.  Pedro  a  27.  de  Julho  de  1691.  onde 
fubio  a  fer  Lente  de  Inílituta  a  23.  de  Novem- 
bro de  1695.  Depois  de  fer  Cónego  Doutoral 
nas  Cathedraes  de  Vifeu,  Guarda,  Porto,  e  Lis- 
boa, Inquifidor  da  Inquifiçaõ  de  Lisboa,  Depu- 
tado do  Confelho  Geral,  foy  nomeado  Reytor 
da  Univerfidade  de  Coimbra  de  que  tomou 
pofle  em  17.  de  Dezembro  de  1722.  cujo  ho- 
norifico lugar  exercitou  com  fumma  pru- 
dência, e  integridade  pello  largo  efpaço  de 
vinte  e  dous  annos.  Ao  indefeíTo  trabalho 
com  que  examinou  o  Carthorio  da  Univer- 
fidade deve  ella  as  Memorias  Chronologi- 
cas  que  efcreveo,  e  publicou  o  Beneficiado 
Frandfco  Leitaõ  Ferreira  infigne  CoUega  da 
Academia  Real  fendo  por  taõ  laboriofa  in- 
dagação digno  de  fer  numerado  entre  os  Au- 
tores Portuguezes,  quando  o  naõ  fora  por 
outras  obras,  que  a  fua  modeília  naõ  permi- 
tio  fe  fizeíTem  publicas  pella  Impreflaõ  entre 
as  quaes  mereceo  a  primazia  a  feguinte. 

Kegimento  do  Santo  Officio  illuftrado  com 
varias  reflexoens.  foi.    3.   Tom.   M.   S. 

Fallcceo  na  Cidade  do  Porto  a  8.  de 
Agofto  de  1744.  em  idade  muito  proveéla. 
Jaz  fepultado  no  Clauílro  do  Mofteiro  de  S. 
Bento  da  mefma  Cidade. 


Fr.  FRANaSCO  CARREIRA  do  qual 
unicamente  fe  fabe  fer  alumno  da  Seráfica 
Provinda  de  Portugal,  e  Doutor  pella  Uni- 
verfidade de  Coimbra  pellos  annos  de  1533. 
em  a  qual  diílou  as  matérias  feguintes  di- 
vididas em  quatro  livros,  e  cada  livro  coníla 
dos  feguintes  Tratados  cm  que  fe  admira 
a  vaílidaõ  da  fua  fciencia  unida  com  a  pro- 
fundidade do  feu  difcurfo.  No  livro  1.  fe 
comprehendem  eíles  Tratados. 

1 .  De  immortalitate  anima. 

2.  De  operationihus ,  (&  locutionihus  anima 
feparata. 

3.  De  bono  mor  tis. 

4.  De  Judicio  particulari  illius. 

5 .  De  receptaculis  mortuorum. 
No  2.  livro. 

1 .  De  mundo,  <&  fine  illius. 

2.  De  Antichrifto,  (Ò"  eventu  EJia. 

3 .  De  fignis  precedentibus  Judicium. 

4.  De  Igne  conflagrationis. 

5.  De    Ceffatione  mo  tus  Cali. 

6.  De  Kefurreãione  mortuorum. 

7.  De  cognitione    meritorum,    Ó"    demérito- 
rum. 

No  livro  3. 

De  Judicio  Finali. 
No  livro  4. 

1 .  De  gloria  cali,  <Ò^  pana  infemi. 

2.  De  dotibus  corporis  glorio fi. 
Traãatus  de  correãione  fraterna. 

Todas  eftas  obras  fe  confervaõ  M.  S.  no  Colle- 
gio  de  S.  Boaventura  da  Qdade  de  Coim- 
bra. 

Fr.  FRANCISCO  CARREIRO  a  quem  Ni- 
colao  António  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  314. 
col.  2.  appellida  erradamente  Cabreiro.  Naceo 
na  quinta  de  MofuUo  diftante  huma  legoa  da 
Cidade  de  Lamego  em  a  Província  da  Beira,  c 
recebeo  a  Cogulla  Monachal  de  S.  Bernardo 
no  Convento  de  Santa  Maria  de  Salzedas  onde 
fe  applicou  com  tanta  vigilância  ao  eftudo  da 
fagrada  Theologia,  que  recebendo  em  a  Uni- 
verfidade de  Coimbra  as  infignias  Doutoraes, 
a  illuílrou  com  a  fua  profunda  litteratura 
competindo  com  a  do  Doutor  Eximio  Fran- 
dfco Soares  eterno  cfplendor  da  Compa- 
nhia de  JESUS,  que  no  mefmo  tempo 
era    Lente    na    Univerfidade.     Regentou    a 


L  USITANA. 


i3i 


Cadeira  de  Gabriel  de  que  tomou  pofle  a 
IO.  de  Março  de  1587.  donde  fubio  à  de 
Durando  em  17.  de  Janeiro  de  1597.  e 
ultimamente  à  de  Efcoto  a  28.  de  Mayo  de 
1505.  Foy  duas  vezes  Reytor  do  Collegio 
de  Coimbra,  a  primeira  no  aimo  de  1384. 
e  a  fegunda  em  1594.  atè  que  claufulou  a 
vida  no  anno  de  1620.  em  o  mefmo  Col- 
legio, cuja  livraria  augmentou  de  livros,  e 
ornou  de  quadros,  que  reprefentaõ  vários 
Santos  Doutores  da  Ordem  Ciílercienfe . 
Compoz 

Commentaria  in  Univerfam  D.  Tboma 
Summam.  Efta  obra  M.  S.  fe  conferva  na 
Livraria  do  Real  Convento  de  Alcobaça. 
Fazem  memoria  deíle  Author  Uifch.  in 
Bib.  Cift.  Fr.  Angel.  Manriq.  Annal.  Cifterc. 
in  Ser.  Ahhat.  Alcoh.  p.  14.  Qui  vel  docente 
ibidem  Francifco  Suario  nofiri  JacuH  oráculo 
inter  primários  meruit  numerari.  Fr.  Auguft. 
Sartor.  Cift.  Biftert.  pag.  566.  Intelligo 
ex  tuis  laudibus  ( falia  do  elogio  prece- 
dente que  fez  Fr.  Angelo  Manrique)  Car- 
reirum  Suare^io  conjunãum  fuiffe  fjdus  focium, 
amulumque  cujus  utriujque  lumina  felix  Co- 
nimbrica  plenius  introjpiceret  in  veritates  Theolo- 
gicas. 

D.  FRANCISCO  DE  CASTELLO- 
-BRANCO  Senhor  de  Villa-Nova,  e  Cama- 
reiro mòr  delRey  D.  Joaõ  o  III.  filho  de 
D.  Martinho  de  Caftello-Branco,  Conde  de 
Villa-Nova,  Governador  da  Juíliça,  e  Vedor 
da  Fazenda  dos  Reys  D.  Aífonfo  V.  e  D. 
Joaõ  o  II.  e  D.  Manoel,  e  de  D.  Mecia  de 
Noronha  filha  de  Joaõ  Gonçalves  da  Ca- 
mará, Capitão  da  Ilha  da  Madeira,  e  D.  Maria 
de  Noronha.  Foy  cazado  com  D.  Maria 
de  Caibro,  filha  de  Diogo  Lopes  de  Lima 
Alcaide  mór  de  Guimaraens,  e  D.  Izabel 
de  Caibro  herdeira  do  Senhorio  de  Caftro 
Dairo,  de  quem  deixou  defcendencia.  Teve 
as  partes  de  hum  confummado  Politico  adqui- 
ridas pella  prudência  de  feu  juizo,  e  continua 
Hçaõ  dos  livros,    Efcreveo 

Carta  a  E/Rej  D.  JoaÕ  o  III.  em  que 
lhe  perfuade  a  conquifta  de  Féz,  e  que 
paíTe  em  peíToa  a  eík  Conquifta.  Come- 
ça. Deos  me  fez  Chriftaõ,  e  Vortugue^^ 
e    Vaffallo    de    V.    A. 


Carta  ao  Infante  D.  Lmí^  em  repofta 
de  outra  efcrita  por  efte  Príncipe,  de  Barcel- 
lona  a  13.  de  Março  de  1538.  Começa. 
Senhor  huma  carta  me  deraõ  de  V.  A. 

Fr.  FRANCISCO  DE  CASTELLO 
DE  VIDE  natural  da  Villa  do  feu  apel- 
lido  fituada  na  Provinda  Traflagana  onde 
teve  por  Pays  a  Braz  Antunes,  e  Cathe- 
rina  Dias.  ProfeUou  o  Inftituto  Seráfico 
em  a  reformada  Provinda  da  Piedade  a 
29.  de  Fevereiro  de  1689.  Com  a  fua 
doutrina  inftruio  aos  domefticos  fendo 
Lente  de  Filofofia,  e  Theologia,  e  com  a 
fua  prudência  os  governou  em  diveríâs 
Guardianias.  Foy  Qualificador  do  Santo  Offi- 
do,  e  Vifitador  da  Provinda  da  Soledade, 
e  do  Seminário  de  Brancanes.  Falleceo  a 
26.  de  Junho  de  1732.  Compoz 
Eftatíitos  da  Provinda  da  Piedade 
Sermão  de  Santa  Isabel  Rainha  de  Portugal, 
Lisboa 

D.  FRANQSCO  DE  CASTRO  teve 
por  berço  a  Cidade  de  Lisboa,  e  por 
Progenitores  a  D.  Álvaro  de  Caftro  Senhor 
de  Penedono  Comendador  da  Redinha  da 
Ordem  de  Chrifto,  do  Confelho  de  Eftado 
d'elRey  D.  Sebaftiaõ,  feu  Vedor  da  Fa- 
zenda, e  Embaxador  a  Roma,  e  Saboya, 
e  a  D.  Anna  de  Attayde  filha  de  D. 
Luiz  de  Caftro  Senhor  da  Caza  de  Mon- 
fanto.  Depois  de  fe  iníbruir  na  Caza  paterna 
com  as  primeiras  letras  em  que  mofliou 
igual  viveza  de  engenho  à  feliddade  da 
memoria  fe  aplicou  ao  eíhido  da  Sagrada 
Theologia  em  a  Univerfidade  de  Coim- 
bra em  cuja  faculdade  fendo  laureado 
com  as  infignias  Doutoraes  foy  admitido 
ao  Collegio  de  S.  Pedro  a  11.  de  Mayo  de 
1597.  Nefta  Cidade  que  foy  o  theatro  da 
fua  Utteratura  o  foy  também  da  fua  capa- 
cidade no  lugar  de  Deaõ  da  Cathedral,  e 
de  Reytor  da  Univerfidade  donde  paíTou 
a  Prefidente  da  Meza  da  Confdenda. 
A  integridade  dos  cofíumes  unida  com  a 
reétidaõ  da  juftiça  o  elevarão  aos  hono- 
ríficos lugares  de  Bifpo  da  Guarda,  Inquifi- 
dor  Geral,  e  Confelheiro  de  Eftado  onde  deu 
claros    argumentos    da    Charidade    paftoral. 


l32 


BIB  LIO  THE  CA 


ardente  zelo  da  Religião,  e  vigilante  pro- 
videncia da  Monarchia.  A  fidelidade  que 
fempre  obfervou  incorrupta  para  com  o  feu 
Principe  foy  rigorofamente  examinada  pela 
malevolencia  de  feus  emulos  dos  quaes 
fahio  triunfante  a  5.  de  Fevereyro  de  1643. 
Cheyo  de  annos,  e  cumulado  de  mereci- 
mentos deixou  de  fer  caduco  em  o  primeiro 
de  Janeiro  de  1653.  quando  contava  79.  de 
idade.  Ja2  na  Sumptuofa  Capella  que  man- 
dou edificar  no  Clauílro  do  Real  Convento 
de  S.  Domingos  de  Bemfica  para  depozito 
das  heróicas  cinzas  de  feu  grande  Avó  D. 
Joaõ  de  Caftro  IV.  Vicerey  da  índia,  cuja 
vida  efcrita  pela  elegante  penna  de  Jacinto 
Freyre  de  Andrade  fe  deve  à  fua  eleição  fendo 
o  mayor  credito  do  talento  defte  Prelado 
efcolher  efte  Curcio  para  narrar  as  façanhas 
daquelle  Alexandre.  Foy  muito  incli- 
nado ao  eftudo  da  Genealogia  efcrevendo 
com  re£la  intenção,  e  prudente  exame 
muitas  Familias  deíle  Reyno  fendo  a  prin- 
cipal obra  defte  género  hum  volume  que 
principia  pela  explicação  das  Regras  da 
Armaria,  e  depois  550.  efcudos  das  Fami- 
lias Portuguezas  primorofamente  illumina- 
dos  cada  hum  em  fua  folha,  e  com  a  explica- 
ção de  cada  brazaõ  na  parte  inferior.  Deixou 
efte  volume  a  fua  Sobrinha  D.  Mariana  de 
Noronha,  e  Caftro,  e  eftà  encadernado  em 
veludo  carmefim  com  chapas  de  prata  dou- 
rada, e  no  meyo  as  Armas  dos  Caftros.  Foy 
compofto  em  o  anno  de  1649.  e  fe  conferva 
em  Morgado  na  Caza  dos  Marquezes  de  Ma- 
rialva, o  qual  vimos  como  também  affirma 
ter  vifto  o  Padre  D.  António  Caetano  de 
Soufa  Aparat.  à  Hijl.  Gen.  da  Can^.  Real  Por- 
tug.  p.  III.  §.  119.    Publicou 

ConJlitMtçoens  Synodaes  do  Bi/pado  da  Guar- 
da impreffas  por  ordem  do  Keverendijftmo  Se- 
nhor D.  Francifco  de  Caftro.  Lisboa  por  Pe- 
dro  Craesbeeck   1621.   foi. 

FRANCISCO  DE  CASTRO  natural  de 
Lisboa  filho  naõ  fomente  pela  natureza 
do  Doutor  Eftevaõ  Rodrigues  de  Caftro  de 
quem  fe  fez  larga  mençaõ  em  feu  lugar, 
mas  pela  fciencia  Medica  em  que  foy  emulo 
de   feu   Pay.     Compoz 

Sintaxis  pradiãionum  medicarum  cum  triplici 


elticuhratione  i.  De  Chirurgicis  adminiftraHo- 
nibus.  2.  De  potu  refrigera  to.  3.  De  animalibus 
Microcojmi.  Lugduni  1661.  4.  Por  fua  in- 
duftria  publicou  a  obra  feguinte  compofta 
por  feu  Pay  affirmando  no  Prologo  ter 
extrahido  efte  Poema  de  huma  copia  já  em 
muitas  partes  confumida,  e  por  efta  cauza 
fahia  defeituofa. 

De  Simulato  Rtge  Sehaftiano  Poemation  Flo- 
rentiae  1638.  4. 

FRANCISCO  DE  CASTRO  natural  da 
Cidade  do  Funchal  Capital  da  Ilha  da  Ma- 
deira, Presbitero  de  vida  inculpável,  Meftrc 
em  Artes,  Doutor  em  Theologia  pela  Uni- 
verfidade  de  Évora  onde  foy  Collegial  do 
CoUegio  da  Purificação.  Foy  Vigário  da 
Collegiada  de  S.  Pedro  da  Qdade  do  Fun- 
chal donde  paflando  a  Cabo- Verde  bufcar 
remédio  para  o  mal  da  lepra  paíTou  a 
melhor  vida  em  o  anno  de  1665.  De  mui- 
tos Sermões  que  pregou  fomente  fe  fizeraõ 
públicos. 

Sermão  da  Conceição  de  Nojfa  Senhora.  Re- 
cheia.   1656.   4. 

Sermão  da  VifttaçaÕ  da  Mãy  de  Deos  ibi 
no  dito  anno.  4.  Faz  memoria  delle  Hen- 
rique Henriques  de  Noronha  Mem.  Jecul.  e 
'Bcclef.  da  Cidade  do  Funchal.  Tit.   12  cap.  3. 

FRANCISCO  DE  CASTRO  natural  de 
Lisboa,  e  Prior  da  Parochial  Igreja  de  S. 
Lourenço  defta  Corte  Doutor  cm  Direito 
Pontifício,  e  hum  dos  celebres  alumnos  da 
Academia  dos  Singulares  inftituida  no  anno 
de  1663.  onde  floreceo  o  feu  feomdo  enge- 
nho em  varias  produçoens  métricas,  que 
merecerão  os  applauzos,  e  envejas  dos  feus 
collegas,  das  quaes  fe  publicarão  as  feguintes 
no  Tom.  i.  da  Academia  dos  Singulares.  Lis- 
boa por  Henrique  Valente  de  Oliveira  i66j. 
4.  et  ibi  por  Manoel  Lopes  Ferreira.  1692.  4. 
hum  Soneto  a  pag.  93.  Duas  Decimas  psig.  114. 
Soneto  a  pag.  133.  Decima  pag.  151.  Romance 
pag.  231.  Soneto  pag.  276.  OrafaÕ  recitada 
a  10.  de  Fevereiro  de  1664.  a  pag.  296. 
He  huma  Sjlva.  Soneto  a  pag.  322.  No 
Tom.  2.  Lisboa  por  António  Craesb.  de 
Mello  1668.  4.  &  ibi  por  Manoel  Lo- 
pes   Ferreira    1698.    4.    OrafaÕ    recitada    em 


LUSITANA.  i35 

i8.  de  Janeiro  de  1664.  a  pag.  268.    He  huma  ro   de    1565.    e   de   Vefpeta   a   6.    de  Maya 

Sylva.  Outra  Syha.  a  pag.   341.    Faleceo  em  de    1566.   onde   jubilou  a    21.   de   Fevereiro 

Lisboa  a   7.   de   Janeyro   de    1696.     Jaz  fe-  de    15  81.     Foy    o    primeiro    que    introdulia 

pultado    na    Igreja   de    S.    Lourenço,  em   a   Univeríidade   o    methodo   de  apoítil- 

lar,    pois   atè   o   feu   tempo    coftumavaõ   os 

P.    FRANCISCO    DAS    CHAGAS    na-  Meftres   explicar   os   Authores,    cujas   Cadei- 

tural    do    Porto    onde    recebeo    o    Canónico  ras    regiaõ.     Nas     exéquias    que    a    Univer- 

Habito  da  Congregação  do  Evangelifta.    Foy  íidade  dedicou  à  faudofa  memoria  da  Rai- 

Reytor    dos    Conventos    de    Villar    de    Fra-  nha   D.    Catherina   mulher   delRey   D.    Joaõ 

des,    e    Vice-Reitor    de    S.     Joaõ    de    Xa-  o    IIL    feu    auguílo    Fundador,    recitou    a 

bregas.    Pregou   com   geral    aceitação   como  Oraçaõ    fúnebre    com    a    qual    conciliou    a 

delle     efcreve     Francifco     de     Santa     Maria  atenção    de    taõ    iUuítre,    como    fabio   audi- 

Chron.    dos    Coneg.    Secul.    liv.    2.    cap.    40.  tório.    Mereceo  particulares  eítimaçoens  del- 

Falleceo    no    Convento    de    Santo    Eloy   de  Rey    D.    Sebaftiaõ,    e    D.    Henrique   atè    a 

Lisboa   a    19.    de   Fevereiro   de   1659.    ^^^  ^^^   ^   ^^^   vida,    que   foy   em   o   Collegia 

teftemunhar    o    devoto    afefto   com   que   re-  de  Coimbra  a   10.  de  Fevereiro  de   1387.  e 

zava  o  Rofario  de  Maria  Santifíima  publicou  fobre  a  fepultura  fe  lhe  efcreveo  o  feguinte 

luiudes     perennes    de    Nojfa     Senhora,     ou  epitáfio. 

devoto     modo    de    re^ar    o    Kofario    da    Purif-  Fr.    Francijcus  à   Chrifio   Doãor   Theologm, 

fima    Virgem   Alaria   Senhora    Nojfa   na   hora,  Metbodum  in  hanc  Academiam  primus  invexit, 

(pte   couber   a   qualquer   Confrade   defia   devofaõ.  e>*  in  ea    Vefperarius  Profejfor  emeritus.   Obiit 

Lisboa  por  António  Alvares    1647.    i^-  <^^o   Domini    1587.    10.    FebruariJ. 

Celebraõ  o  feu  nome  Pamphil.  in  Cbron. 

Fr.    FRANCISCO    DE    CHRISTO    na-  Ord.    D.    Augujl.    ad    ann.    1568.    Unguarum 

tural     de     Villa-Viçofa,     ou     de     Villa     de  peritus,    ingenio  prafians,    ac   difertus   eloqtáo... 

Veyros     fituada     na     Província     do     Alen-  de    cujus    viri    doãrina,   prohitate,    ac    reliffone 

tejo.     Defde    a    primeira    idade     fe    admi-  numquam  tot  dici  poffunt,  quot  re  vera  dici  non 

raraõ    imidas    na    fua    peflba    em    perfeito  deberent.     Novi    enim    bominem    doãum,    inte- 

equilibrio   a    piedade    do    coração,    e   a    fu-  ^m,  benignum,  fÍT  omni  virtutum  genere  exor- 

btile2a     do     juizo     de     que     procedeo     cul-  natum.    Gratian.     AnaftaJ.    Augujl.    pag.    68. 

tivar    igualmente    as  virtudes    com    exaçaõ,  Unguarum    variarum   peritus    ingenio    prajlans. 

e   as   letras    com   difvello.     Deixada   a    cafa  Camargo    Chronol.    Sacra   foi.    309.    Agudijfi- 

de    feus    Pays    fe    adoptou    por    beneficio  mo    Maejlro,   y    las    obras    que    hà    imprejjo 

da    graça    em    a    iUuftre    famiHa    dos    Ere-  dan    tejlimonio   de  Jus   letras.    D.    Fr.    Thom. 

mitas   de    Santo   Agoftinho,   profeíTando  taõ  de    Faria    Decad.     i.    lib.    9.    cap.     8.     Vir 

fagrado    Inftituto    no    Convento    de    Évora  pius   ac   doãus.    Cardof.    Agiol.    Uíjit.    Tom. 

no    anno    de    1548.    onde    depois    de    fazer  i.    pag.   308.    Doutijfimo  Mejlre.  Franc.  Mo- 

infigne    progreíTo    nas    letras    humanas,     e  raes    Sardinh.    PamaJ.    de    Villaviç.    liv.    2. 

nas    linguas    Latina,    e    Grega    fe    aplicou  cap.   53.    Era  o  mayor  humanijla  do  Jeu  tempo,. 

aos    eftudos    Theologicos    em    que    recebeo  e   taõ  conhecido  de  todos  nejla  virtude  ajora  as 

o  grào  de  Doutor  na  Univerfidade  de  Coim-  muitas,   que  havia  nelle,   que    de   muito  longe  o 

bra    no    anno   de    1562.   onde  naõ  fomente  vinhaõ  bujcar  os  curiojos  para  cenfurarem  com 

os    diftou    aos    feus    domefldcos    fendo    en-  elle    as   obras   de   humanidade    em   que  fe    em- 

tre   elles    o    mayor   credito    do    feu    Magif-  pregavaõ,    naÕ   as    havendo  por    boas,    atè    elle 

terio    o    Grande    Fr.     Egidio    da    Prezen-  as    naÕ    aprovar   por    taes.     Joan.     Soar.    de 

taçaõ    de    quem   fe   fez   larga   memoria   em  Brito    Theatr.    Lufit.    Utter.    lit.    F.    n.    37. 

,  feu  lugar,  mas  illuftrou  aquella  celebre  Athe-  Vir    exoticis    linguis    valde   peritus.    Fr.    Ant. 

I  nas  Conimbricenfe  regentando  a  Cadeira  de  à    Purif.    de    vir.    lllujirib.     Ord.     D.     Aug. 

I  Gabriel   de   que   tomou  poííe   a   9.    de   Ju-  lib.    2.    cap.    15.  Doãor  eximius.  Nicol.   Ant. 

lho  de  1563.  a  de  Efcoto  a  7.  de  Feverei-  Bib.   Flijp.   Tom.    i.   pag.    318.   col.    i.    Vir 


i34 


BIBLIO THE  C  A 


Juit  lingmrum  calkns,  <&  Sermone  prafians. 
PoíTevin.  Apparat.  Sacer.  Tom.  i.  pag. 
579.  onde  por  erro  o  faz  natural  de  G)im- 
bra.  Fr.  Ant.  da  Nativid.  Mont.  de  Coroas. 
Mont.  2.  cor.  8.  §.  2.  n.  37.  Andr.  Scot. 
Bib.  Hi/p.  p.  270.  Taxand.  Cathalog.  Hifp. 
Script.  Figueiredo.  ¥los  San£i.  Auguft.  Tom. 

4.  pag.  130.  Foy  Vice-Keytor  da  Univerfiãade 
entregando   aquella   celebre   Athenas   a   chave   do 

Jeu  governo  a  quem  tinha  a  das  /ciências.  Com- 
poz 

Praleãionum,  Jive  ennarrationum  admirabilis 
Divini  Verbi  Incarnationis  libri  VI.  Conim- 
bricae  apud  Joannem  Alvares   1564.  foi. 

Fjinarrationes  in  Colleãanea  i.  libri  Ma- 
giftri  Jententiarum.  ibi  Typis  Antonij  Mariz 
Typographi,  et  Bibliopolac  Univerfitatis  1579. 
foi. 

In  Tertium  librum  Jententiarum,  Jive  de  Vide, 
Jpe,  (&  Charitate.  ibi  apud  eumdem  Typog. 
1586.  fem  o  feu  nome. 

Incitamentum  amoris  erga  Deum.  Conim- 
bricae  apud  Francifcum  Corrêa  1550.  8.  He 
obra  pia,  e  devota.  No  fim  tem  explanação 
paraphraftica  do  Padre  noflb,  e  huma  prac- 
tica  recitada  aos  feus  Religiofos  em  Quinta 
feira   mayor. 

In  Jymbolum  Apojlolorum  foi.  2.  Tom. 
Deíla  obra  faz  mençaõ  Nicol.  Ant.  Bib.  Hijp. 
Tom.  I.  pag.  318.  col.  i. 

Fr.  FRANCISCO  DE  SANTA  CLARA 
natural  do  lugar  do  Cartaxo  Termo  da  Villa 
de  Santarém,  Religiofo  profeíTo  da  Ordem 
Seráfica  da  Provinda  de  Portugal,  e  Vigário 
do  Coro  do  Convento  de  Lisboa,  cuja  oc- 
cupaçaõ  exercitou  pello  largo  efpaço  de  29. 
annos  fem  interrupção,  fendo  igualmente  pe- 
rito no  Canto  Gregoriano  como  nas  Cerimo- 
nias Ecclefiafticas.    Falleceo  no  Convento  de 

5.  Francifco  da  Cidade  a  10.  de  Fevereiro 
de  1702.  deixando  memoria  de  Religiofo 
muito   exemplar.    Compoz 

Leviticus  Seraphicus  Carimoniarum  Religio- 
Jtis  Francijcana  tam  Fratribus,  quám  Moniali- 
bus  Ordinis  Sanãa  Clara  Choro  injervientibus 
pracije  necejfarius.  4.  M.  S.  Dedicado  no 
anno  de  1678.  ao  Reverendo  P.  M.  Fr. 
Joaõ  da  Madre  de  Deos  a£hial  Provincial  da 
Provinda,  e  depois  L   Arcebifpo  da  Bahia. 


Ceremonial  da  Provinda  com  expojiçaõ  das 
Rubricas  do  Breviário,  e  Mijfal  Romano,  e 
Seráfico.  M.  S.  Ambas  eílas  obras  fc  con- 
fervaõ  na  Bibliotheca  de  S.  Francifco  da 
Cidade.  Do  Author  faz  mençaõ  Fr.  Fer- 
nando da  Soledade.  Hijl.  SeraJ.  da  Provinc. 
de  Portug.  Part.   3.  liv.   i.  cap.  21. 

FRANCISCO  COELHO  natural  da  G- 
dade  de  Vifeu,  filho  de  Joaõ  Coelho,  c 
Catherina  Lourenço  de  Andrade,  Licen- 
ciado na  faculdade  de  Direito  Canónico,  e 
famofo  Letrado,  o  qual  fendo  Dezembar- 
gador  dos  Aggravos  o  mandou  ler  a  Ca- 
deira de  Prima  de  Cânones  ElRey  D.  Joaõ 
o  III.  em  quanto  naõ  chegava  de  Ef- 
panha  o  Doutor  Marti  m  Afpilcueta  Na- 
varro, a  cuja  leitura  deu  prindpio  em 
2.  de  Mayo  de  1537.  e  por  ordem  do 
mefmo  Príncipe  exercitou  o  lugar  de  Vice- 
-Reytor  da  Univerfidade  a  29.  de  Mayo  de 
1538.  Acabado  efte  magifterio,  paíTou  a  Lis- 
boa continuar  no  miniílerio  de  Dezembar- 
gador,  e  de  Promotor  do  Santo  Oíficio, 
de  que  tomou  poíTe  a  18.  de  Agoílo  de 
1540.  Foy  Comendador  da  Ordem  de  S. 
Tiago,  e  percebia  metade  dos  frutos,  que 
rendia  a  Igreja  de  Caibro  Dayro,  Chancel- 
ler  do  Meftrado  da  mefma  Ordem,  e  De- 
zembargador  do  Paço.  Em  todos  os  lu- 
gares, que  fervio  fempre  foy  muito  ob- 
fervante  da  juftiça  com  tanta  inteireza,  c 
liberdade,  que  reparando  D.  Joaõ  o  III. 
faltar  em  huma  Confulta  o  voto  de  hum 
Miniílro  de  quem  fe  fiava,  e  mandando  que 
votaíTe  elle,  refpondeo.  Senhor  os  Minijlros, 
que  Jervimos  a  V.  A.  no  cargo  que  eu  ocupo 
o  Ja:(emos  com  toda  a  verdade,  amor,  e  :^elo 
do  Jerviço  de  V.  A.  parece  o  naÕ  entende  ajftm 
V.  A.  pois  Je  naõ  Je  Jatisjav^  Je  naõ  com  o 
voto  de  N.  elle  pode  bajiar  a  V,  A.  que  eu 
me  vou  para  huma  quinta  que  tenho.  Aten- 
dendo a  Rainha  D.  Catherina  aos  feus  mere- 
cimentos o  nomeou  Chanceller  mòr  por 
morte  de  Gafpar  de  Carvalho  cm  o  anno 
de  1558.  cuja  nomeação  naõ  teve  effeito 
por  nelle  fallecer.  Foy  cazado  com  D.  Anna 
do  Olival  de  quem  procedem  os  Nápoles, 
e  Lourdros  de  Vifeu.  Por  ordem  delRey 
D.   Joaõ  o  III.   Compoz 


L  USITANA. 


i35 


Annotaçoens  ás  Ordenaçoens  do  Keyno  con- 
trarias á  jttrijdíçàõ,  e  liberdade  Ecclejiafiica. 
Obra  igualmente  douta  que  laboriofa  divi- 
dida em  3.  partes,  que  fe  conferva  no  Ar- 
chivo  Real.  A  3.  parte  verteu  em  Latim 
Idibus  Januarii  1600.  Luiz  da  Sylva  de 
Brito  por  iníinuaçaõ  do  Arcebifpo  de  Évora 
D.   Theotonio   de   Bragança. 

FRANCISCO   COELHO   MENDES   na- 

ceo  em  Lisboa  a  4.  de  Outubro  de  1621. 
onde  teve  por  Pays  a  António  Coelho  Rey 
de  Armas  Portugal,  e  Maria  Mendes.  Foy 
Rey  de  Armas  índia,  e  iníigne  na  Arte  da 
Armaria  efcrevendo 

Origem  dos  Bra^oens  das  Armas,  e  feus 
Apellidos.    M.    S. 

Nobreza  dos  Brat(oens  de  Armas  de  todos 
os  Fidalgos  de  Portugal  com  todos  os  feus  ef- 
cudos.  M.  S.  O  Author  deixou  eíles  livros 
ao  Real  Convento  de  Alcobaça,  e  parece 
que  os  acabou  no  anno   de   1678. 

Genealogias  de  diverfas  Famílias.  M.  S. 
Conferva-fe  na  Livraria  do  Excellentiffimo 
Conde  da  Ericeira  D.  Francifco  Xavier  de 
Menezes.  Do  Author,  e  das  obras  faz  men- 
ção o  P.  Souza  Apparat.  à  Hijl.  Gen.  da 
Caf.  Real.  pag.  63.  §.  45. 

D.  Fr.  FRANCISCO  DA  CONCEIÇAM 

natural  da  Villa  de  Serpa  da  Província  do 
Alentejo,  e  Religiofo  da  Ordem  Seráfica  da 
Provinda  dos  Algarves.  Os  feus  mereci- 
mentos que  fe  faziaõ  recomendáveis  pella 
litteratura,  e  obfervancia  religiofa  lhe  alcan- 
çarão naõ  fomente  o  Provincialado  em  que 
foy  eleito  no  anno  de  1549.  mas  a  digni- 
dade Epif copal  fendo  Coadjutor  com  o  ti- 
tulo de  Bifpo  Maffilitano  do  Arcebifpo  de 
Braga  D.  Fr.  Balthezar  Limpo  com  o  qual 
partio  ao  Concilio  Tridentino,  e  na  pre- 
zença  de  taõ  venerável  CongreíTo,  pregou 
na  lingua  Latina  em  que  era  perito,  o 
Sermaõ  de  fegunda  Dominga  da  Qua- 
refma.  Reftituido  a  Braga  conferio  Ordens 
Sacras  ao  anno  de  1553.  ^o  Ven.  P.  Igna- 
cio  de  Azevedo  Capitão  daquella  ef- 
quadra  de  trinta  e  nove  Soldados  que  pella 
Fé  Catholica  foraõ  viftimas  da  crueldade 
herética.    Falleceo  em  Braga,  e  jaz  fepultado 


na  Capella  môr  da  Igreja  da  Mifericordia. 
Delle  fe  lembraõ  Daza  Ghron.  de  S.  Franc. 
Part.  4.  foi.  230.  Franc.  Jmag.  da  Virt.  em 
o  Nov.  de  Coimb.  Tom.  2.  liv.  i.  cap.  19. 
n.  10.  e  o  P.  D.  Manoel  Caet.  de  Souz. 
Cathal.  dos  Bi/p.   Portug.  p.    146.  Compoz 

Homilias  extrahidas  do  SermaÕ,  que  pre- 
gou no  Concilio,  as  quaes  efcreve  Joaõ  Franco- 
Barret.  Bib.  Portug.  M.  S.  que  foraõ  im- 
preíTas  com  outros  livros  aprovados  pellos 
Padres  do  ConciUo. 

Fr.  FRANQSCO  DA  CONCEIÇAM  na- 
ceo  na  Freguezia  de  Santa  Maria  de  Par- 
daes  termo  de  Villa- Viçofa  onde  recebeo- 
a  primeira  graça  a  13.  de  Mayo  de  1627. 
fendo  filho  de  Francifco  Gomes  Freixo,  e 
Ignez  do  Sayal  Lavradores  honrados,  e 
opulentos.  Aos  defefeis  annos  de  idade 
recebeo  o  Habito  da  Terceira  Ordem  da 
Penitencia  em  o  Seráfico  Convento  de 
Viana  do  Alentejo  profeíTando  a  6.  de  Ja- 
neiro de  1644.  Jubilou  em  Theologia  pella 
leytura  que  fez  com  applaufo,  e  fruto  dos 
feus  ouvintes,  e  foy  Cuftodio  da  Provinda. 
Informado  o  Geral  da  fua  grande  prudência 
o  nomeou  Vizitador  da  Provinda  da  Ter- 
ceira Ordem  dos  Reynos  de  Leaõ,  e  Caf- 
tella,  cuja  incumbência  executou  com  tanta 
fuavidade  que  deixou  a  todos  os  Reli- 
giofos  fatisfeitos.  Morreo  no  Convento  de 
Lisboa  a  11.  de  Outubro  de  1683.  com. 
56.  annos  de  idade,  e  40.  de  Religião. 
Compoz 

Sermaõ  na  Fejla  da  Milag-ofa  Imagem  de 
Chrijio  Crucificado,  que  efià  no  Convento  de  N. 
Senhora  de  Jefus  de  Lisboa  no  terceiro  Domingo 
de  Setembro  de  1674.  ejlando  o  Santijfimo  Ex- 
pojlo.  Lisboa  por  Joaõ  da  Cofta  1675.  4. 
Delle  fe  lembra  Fr.  Joan.  à  D.  Ant.  Bib, 
Francijc.   Tom.    i.   pag.    376.   col.   2. 

FRANCISCO  CORRÊA  DO  AMARAL 
CASTELLO-BRANCO  naceo  na  Villa  de 
Alanquer  do  Patriarchado  de  Lisboa  a  6.  de 
Janeiro  de  1683.  fendo  filho  de  Nicolào  Corrêa 
Lopes,  e  Azambuja,  e  de  Antónia  de  Almeida 
de  Caftello- Branco.  Eftudou  Gramática,  e 
Filofofia,   e   depois   a   Arte   de    Cirurgia  em 


i36 


BIBLIO THE  CA 


■que  fahio  taõ  perito,  que  naõ  fomente  a 
exercitou  com  grande  opinião  do  feu  nome 
em  Portugal,  mas  em  Caftella  quando 
marchou  com  o  noflb  exercito  na  guerra 
da  fuceflaõ  de  Efpanha  onde  fez  curas 
<iue  admirarão  os  Cirurgiaens  Eíbrangeiros, 
que  affiíliaõ  com  as  noíTas  Tropas  extcn- 
■dendo-fe  a  fua  fciencia  atè  a  Arte  da  Me- 
decina,  que  prafticou  com  fumma  felici- 
dade. Parecendo-lhe,  que  era  limitado  o 
ferviço  que  fazia  em  obfequio  da  Pátria 
com  as  operaçoens  da  Arte  Chirurgica  fe 
ofFereceo  aos  Generaes  para  que  naquellas 
horas  que  tiveíTe  vagas  do  exercicio  de  Ci- 
rurgião as  empregafle  em  ruina  dos  inimi- 
gos o  que  felizmente  executou  aflim  na 
Praça  de  Segura  fronteira  à  Província  da 
Beira,  como  em  Tortoza  no  Principado  de 
Catalunha. 

Compoz 

Apologia,  e  decemida  explicação  do  verda- 
deiro methodo  em  que  fe  deve  ujar  da  agua  ar- 
dente em  toda  a  Cirurgia,  fogeitos,  partes,  e 
tempo  em  que  fe  deve  aplicar  dividida  em  quef- 
toens  problemáticas  fundadas  em  os  Cânones  da 
mefma  Arte.  Lisboa  por  Filippe  de  Souza 
Villela.    171 8.    4. 

Noticia  de  hum  cafo  raro,  e  extraordi- 
nário Juc cedido  nejle  pre!(ente  anno  de  1733. 
em  Villa-Franca  de  Xira  dada  com  a  copia 
de  huma  Carta  do  I^icenciado  Francifco  Cor- 
rêa do  Amaral  Cajlello-Branco  Cirurgião  da 
mefma  Villa.   Lisboa  por  Pedro  Ferreira.  4. 

ObfervaçaÕ  Apollinea  Chirurgica  de  hum 
4;afo  raro,  e  extraordinário  efcrita  em  ef- 
tilo  confultivo.  Lisboa  por  Manoel  Fer- 
nandes da  Coíla  Impreflbr  do  Santo  Of- 
ficio   1738.   8. 

Triãraíía  Chirurgico-Galenica  com  aufpi- 
■cios  Efpagiricos,  ou  Herméticos  dividida  em  três 
Tratados.  M.  S. 

Obfervaçoens  Chirurgicas  com  hum  Tra- 
tado  da  combinação  dá  Quatemiaõ  dos  hu- 
mores do  corpo  humano  pella  efcola  Gale- 
nica  com  os  fucos  da  efcola  Efpagirica.  4. 
M.  S. 

Epitome  da  combinação  das  opinioens  de 
Galenicos,  e  Efpagiricos  em  as  caufas  da 
Jebre.  4.  M.  S. 


FRANCISCO  CORRÊA  DE  ARAÚJO 
Presbítero,  iníigne  profeíTor  da  Mufica,  c 
naõ  menos  grande  tangedor  de  Orgaõ,  cujo 
minifterio  exercitou  na  Igreja  CoUegiada  de 
S.  Salvador  da  Gdade  de  Sevilha,  onde  foy 
Reytor  da  Irmandade  dos  Sacerdotes.  Com- 
poz 

Facultad  Orgânica.  Alcala  por  António 
Arnao  1626.  foi.  Nas  advertências  deíle  li- 
vro Part.  I.  foi.  2.  promete  dous  livros, 
hum  de  Cafos  morales  de  la  Mufica,  outro 
de  Verfos.  Algumas  das  fuás  obras  Muíi- 
cas  fe  guardaõ  na  Bib.  Real  da  Mufica  co- 
mo coníla  do  feu  Index  impreflb  Lisboa 
por  Pedro  Craesbeeck,  1649.  4-  Delle  fe  lem- 
bra Nicol.  Ant.  Ktb.  Hifp.  Append.  Tom.  2. 
pag.    322. 

D.  FRANCISCO  DA  COSTA  Comenda- 
dor de  S.  Vicente  da  Beira  da  Ordem  de  Aviz 
filho  de  D.  Duarte  da  Cofta  Armeiro  mòr  dcl- 
Rey  D.  Sebaíliaõ,  e  do  feu  Confelho,  Gover- 
nador do  Braíil,  e  Prefidente  da  Camera,  c  de 
D.  Maria  da  Sylva  filha  de  Francifco  de  Men- 
doça.  Alcaide  mór  de  Mouraõ  mereceo  geral 
eftimaçaõ,  ou  foíTe  como  politico,  ou  como 
Militar.  Sendo  Capitão  da  Fortaleza  de  Man- 
galor  por  diverfas  vezes  triunfou  dos  ini- 
migos do  Eftado.  Ao  tempo  que  era  Go- 
vernador do  Reyno  do  Algarve,  foy  cha- 
mado pello  Cardeal  Rey  D.  Henrique,  c  o 
mandou  com  o  Carafter  de  Embaxador  ao 
Xarife  de  Marrocos  a  tratar  o  refgate  do 
Duque  de  Barcellos,  e  outenta  Cavalheros 
que  ficarão  cativos  na  infeliz  batalha  de  Al- 
cácer Seguer,  os  quaes  eílavaõ  cortados  oa 
fomma  de  quatro  centos  mil  cruzados.  En- 
trou na  Cidade  de  Marrocos  a  25.  de  Ju- 
lho de  1579.  com  o  Secretario  da  Embaxada 
Luiz  Duarte,  e  foy  recebido  magnificamente 
pello  Xarife  a  29.  do  dito  mcz,  c  ajuftada 
a  negociação  para  que  fora  eleito,  fe  refti- 
tuiraõ  à  fua  liberdade  os  outenta  Fidalgos, 
c  por  faltarem  cento,  e  cincoenta  mil  cru- 
zados para  complemento  dos  quatrocentos, 
fe  deixou  ficar  em  cauçaõ  deíla  quantia, 
que  fe  pagou  quando  já  Filippe  Prudente 
dominava  eíla  Monarchia,  e  nefte  intervallo 
morreo  D.  Francifco  da  Coíla  em  Níar- 
tocos.    Foy   cazado   com  D.  Joanna  Hcnn- 


L  USITAN A, 


quês  filha  de  Gonçalo  Vaz  Pinto  Senhor 
de  Ferreiros,  e  Tendaes,  e  D.  Violante 
Henriques  de  quem  teve  D.  Maria  Henri- 
ques, que  ca20u  com  feu  Primo  D.  Mar- 
cos de  Noronha.  Entre  os  eftudos,  que 
cultivou  lhe  merecerão  mayor  applicaçaõ  a 
Hiftoria  profana,  e  a  Poética  para  a  qual 
naturalmente  o  inclinava  o  génio.  Efcre- 
veo 

Re/açaÕ  do  Reyno  do  Algarve  efcrita  no 
anno  de  1378.  por  ordem  do  Girdeal  D. 
Henrique  cujo  original  fe  confervava  na 
Bib.    Severiana. 

Poejias  varias.  Dedicadas  a  fua  mulher 
D.  Joanna  Henriques.  M.  S. 

Fazem  memoria  do  feu  nome  Mendoça 
Jomad.  de  Afric.  foi.  84.  verf.  e  o  P.  Souza 
Hijl.  Geneal.  da  CaJ.  Rtal  Portug.  liv.  4. 
pag.    634.    atè    639. 

P.  FRANCISCO  DA  COSTA  naceo  em 
Lisboa  fendo  feus  Pays  D.  Joaõ  da  Coíla 
Comendador  em  a  Ordem  de  Aviz,  e  D.  Antó- 
nia de  Menezes  fua  fegunda  mulher  filha 
de  António  Corrêa,  Senhor  de  Bellas,  e  Al- 
caide mòr  de  Villa-Franca  de  Xira,  e  D. 
Maria  de  Menezes.  Ainda  naõ  contava  de- 
foito  annos  quando  com  refoluçaõ  mayor 
que  a  idade  defprezou  a  fortuna,  que  lhe 
prometia  o  feu  illuílre  nacimento  recebendo 
a  Roupeta  da  Companhia  de  JESUS  em  o 
Collegio  de  Coimbra  a  15.  de  May  o  de  1596. 
onde  com  a  doutrina  de  taõ  infigne  Mãy  cre- 
ceo  igualmente  na  comprehenfaõ  das  fciencias, 
como  na  obfervancia  das  virtudes.  Pella  uni- 
verfal  aclamação  dos  Académicos  de  Évora 
foy  laureado  com  as  infignias  Doutoraes 
na  Faculdade  Theologica  a  qual  naõ  fo- 
mente diâou  neíla  Univerfidade  mas  foy 
chamado  a  Roma  para  a  mefma  incumbên- 
cia, que  abundantemente  dezempenhou,  como 
da  fua  profunda  litteratura  fe  efperava.  Ao 
tempo  que  fe  reftituhia  a  Portugal  vifitou 
em  Marfelha  a  fepultura  da  Magdalena  onde 
foy  fuperiormente  avizado  de  que  paíTados 
cinco  annos  havia  de  morrer.  Todo  efte 
grande  efpaço  de  tempo  fe  preparou  com 
frequentes  aâos  de  obras  virtuofas  para  al- 
cançar o  premio  prometido  aos  Juftos  de 
que  fe   fez    participante   em    o    Collegio    de 


137 

Coimbra  a  15.  de  Janeiro  de  1624.  Vir 
doãijfimus  he  intitulado  por  Joaõ  Soar.  de 
Brit.  Tbeatr.  Lufit.  Utter.  lit.  F.  n.  38.  Vir 
ingenio,  dodirina,  virtuteque  inter  alios  ejujdem 
Societatis  non  pofiremus  por  Hipólito  Marrado 
Bih.  Marin.  Tom.  i.  p.  396.  Ingenio  ma^us 
facultates  edocuit  mérito  Magifiri  praclari  no- 
mine.  por  Franco  Ann.  Glorio/.  S.  J.  in  Lu- 
fit.    pag.    25.     Publicou 

Sermão  do  Auto  da  Fé  que  fe  celebrou  na 
Praça  de  Évora  em  28.  de  Novembro  primeiro 
Domingo  do  Advento  de  1621.  Lisboa  por 
Pedro   Craesbeeck.    1622.   4. 

De  Conceptione  B.  Virginis.  Eiia  obra 
M.  S.  exiília  em  poder  de  Bernardo  do 
Toro  Sevilhano  como  afirma  Marracio  Bib. 
Marian.  pag.  396.  e  delia  faz  mençaõ  Fr. 
Pedro  de  Alva,  y  Aílorg.  in  Aíilit.  Concept. 

FRANCISCO  DA  COSTA  mercador  de 
livros    publicou 

Entendimento  litteral,  e  conjlruiçaõ  Portu- 
gue!(a  de  todas  as  obras  de  Horácio  Princepe 
dos  Poetas  Latinos  Lyricos  com  Index  copio/o 
das  hijiorias,  e  fabulas  contheudas  nellas  a  Jorge 
Gomes  do  Álamo  Cavalleiro  do  Habito  de 
Cbrijlo.  Lisboa  por  Manoel  da  Sylva  1639. 
4.  No  Prologo  afirma,  que  trabalhara  muito 
nefta   obra. 

FRANCISCO  DA  COSTA  PEREIRA 
natural  de  Lisboa,  e  hum  dos  infignes  Poe- 
tas do  feu  tempo  como  deixou  manifefto 
na    obra   feguinte 

Poema  em  que  fe  defcreve  todos  os  aparelhos 
militares,  que  fe  fi^eraõ  em  Usboa  no  anno 
de  1586.  contra  a  Armada  Inglet(a.  OíFerecido 
aos    Governadores    do    Reyno.    M.    S. 

FRANCISCO  DA  COSTA,  E  SYLVA 
naceo  em  Lisboa,  e  logo  defde  a  puerícia 
fe  aplicou  à  Arte  da  Mufica  em  a  qual 
fe  admirou  de  tal  forte  o  feu  enge- 
nho, que  foy  refpeitado  por  hum  dos 
grandes  Profeflbres  defta  faculdade  armo- 
nica  aíTim  praâica,  como  efpeculativa- 
mente  merecendo  fer  Meftre  da  Cathe- 
dral  da  fua  Pátria,  e  nella  obter  hum  Ca- 
nonicato  de  quarta  Prebenda.  Teve  af- 
pedo    grave,    juizo    prudente,    e    procedi- 


i38 


BIBLIO THE  CA 


mento  inculpável.  Falleceo  intempeíUva- 
mente  em  Lisboa  a  ii.  de  Mayo  de  1727. 
03mpo2 

Mijfa  a  4.  vo^es  com  todo  o  género  de  inf- 

trumentos, 
Miferere   a    11.    vo:(es   com    inílrumentos. 
Motetes  para   fe   cantarem   às   MiíTas   das 

Domingas  da  Quarefma. 
Lamentação  primeira  de  Quarta  feira  de  Tre- 
vas a  8. 
O    Texto  da    "Paixão   de  S.   Marcos,   e  S. 

Ljdcas  a   4. 
Vilhancicos  a  S.    Vicente,    e  a  Santa    Ce- 

cilia  com  inílrumentos. 
Kefponforios  do  Officio  dos  Defuntos  a  8. 
vozes  com  todo  o  género  de  inílru- 
mentos, que  compoz  para  as  exéquias  que 
a  Naçaõ  Franceza  dedicou  em  a  Capella 
Real  de  S.  Luiz  defta  Corte  à  memoria  do 
feu   invencível   Monarcha    Luiz    o    Grande. 

D.  FRANCISCO  COUTINHO  fexto 
Conde  de  Redondo  filho  de  D.  Joaõ 
Coutinho,  Conde  de  Redondo,  e  de  D. 
Prancifca  da  Sylveira  naceo  em  Lisboa 
onde  fe  inftruio  na  lingua  Latina,  e  ou- 
tras artes  próprias  do  feu  nacimento  em 
que  fahio  eminentemente  verfado.  Sendo 
Alferes  mór  lhe  entregou  ElRey  D.  Joaõ 
o  IV.  o  Eftendarte  benzido  na  Cathedral  de 
Lisboa  quando  em  19.  de  Julho  de  1645. 
partio  para  o  Alentejo  a  animar  com  a  fua 
real  prezença  o  Exercito  Portuguez.  Depois 
foy  Eftribeiro  mòr  da  Rainha  D.  Luiza 
Francifca  de  Gufmaõ.  Cazou  duas  vezes, 
a  primeira  com  D.  Helena  de  Caftro  filha 
de  D.  Nuno  Mafcarenhas,  e  D.  Izabel  de 
Caílro,  a  fegunda  com  D.  Violante  de 
Alencaílro  filha  de  D.  Diniz  de  Alen- 
caftro,  Comendador  mór  da  Ordem  de 
Chrifto,  e  de  ambos  eftes  matrimónios  naõ 
teve  filhos.  Na  idade  proveéb  querendo 
emendar  os  verdores  da  juvenil  fe  appli- 
cou  com  fummo  dirvello  à  liçaõ  da  Sa- 
grada Efcritura,  e  Santos  Padres  donde 
igualmente  pio,  que  douto  extrahio  a  obra 
feguinte. 

Olfaílorium  Panitentia  ex  Sacra  Paffna 
fententiis,  e^  Sanãomm  Patrum  doíírina  col- 
leãum,   five  feptem   gemitus    dolentis  peccatoris 


de  peccatis  fuis.  Ulyffipone  apud  Dominicum 
Lopes  Roza.  165 1.  8.  Com  efta  obra  fahi- 
raõ  as  feguintcs  do  mefmo  Author 

Exercitium  quotidianum  per  quod  derigendi 
funt  aâus.  nofiri  unaquaque  die  in  laudem, 
eS^  gloriam  Dei  nominis,  cÍT  proventum  anima 
noflra. 

Compendiofum,  five  breve  Officium  in  Lau- 
dem Conceptionis  Immaculata  Dei  Genitricis, 
ac   femper     Virgmis    Maria. 

Officium  B.  Barbara  V.  €>  Aí.  ex  ejus 
vita,  <&  variis  Scriptura  locis  defumptum 
quotidie  recitandum.  UlyíTip.  apud  Paulum 
Craesbeeck.  1646.  Dedicado  à  Rainha 
D.  Luiza  Francifca  de  Gufmaõ.  &  ibi 
apud  Dominicum  Carneiro  1677.  &  ibi 
apud  Michaelem  Deslandes  1701.  8.  Sahio 
no  livro  intitulado  ¥lores  de  devoção  co- 
lhidas no  campo  de  Santa  Barbara  pello 
Dezembargador    Ignacio    Lopes    de    Moura. 

Fr.  FRANCISCO  DA  CRUZ  natural 
de  Lisboa,  Religiofo  profeíTo  da  peni- 
tente Reforma  da  Seráfica  Província  da 
Arrábida,  e  hum  dos  feus  mais  eftima- 
veis  alumnos  aíTim  pella  obfervancia  do 
inílituto,  como  pella  fciencia  da  Theolo- 
gia,  e  Direito  Pontificio  fendo  conful- 
tado  pellas  principaes  peíToas  defte  Reyno 
em  matérias  graviffimas  merecendo  as  fuás 
decifoens  o  mayor  refpeito  por  procederem 
de  intenção  re£la,  e  timorata.  Depois  de 
ter  exercitado  na  Religião  varias  Guardia- 
nias,  foy  eleyto  Vifitador  da  Provinda  dos 
Algarves  onde  naõ  fomente  prefidio  ao  Ca- 
pitulo, mas  fe  annexou  a  ella  para  fugir 
aos  diíhirbios,  que  naquelle  tempo  haviaõ 
na  fua  Provinda.  Chegando  à  noticia  de 
D.  Maria  de  Gufmaõ  Abbadefa  perpetua 
do  Convento  das  Religiofas  Flamengas  de 
Alcântara  fituado  nefta  Corte,  que  hum  va- 
rão taõ  infigne  fe  tinha  agregado  à  Provin- 
da dos  Algarves  pertendeo  com  grandes 
inílandas  que  foíTe  ConfeíTor  daquelle  Con- 
vento, cujo  lugar  exercitou  louvavelmente 
pello  efpaço  de  outo  annos,  no  fim  dos 
quaes  dezejofo  de  acabar  a  vida  natural 
onde  começara  a  religiofa,  voltou  para  a 
Provinda  da  Arrábida,  e  como  já  con- 
taííe    a    proveda    idade    de    85.    annos    lo- 


L  USITANA, 


grou  pouco  tempo  da  fua  companhia  fal- 
lecendo  piamente  no  Convento  de  Alferrara 
1  II.   de  Janeiro  de   1681.    GDmpoz 

EJlatutos  da  Provinda  de  Santa  Maria 
ia  Arrábida.  Os  quaes  ordenou  (faõ  pa- 
lavras de  Fr,  Jozè  de  Jefus  Maria  Chron. 
iefia  Prov.  Part.  2.  liv.  3.  cap.  22.  §. 
645.)  com  taõ  boa  direção,  e  taõ  bem  fun- 
dados em  direito  Canónico,  e  Kegular,  e  taõ 
'onformes  à  rai(aÕ,  que  em  toda  a  Ordem 
íe  fi^eraÕ  plaufiveis,  efpecialmente  nas  Pro- 
víncias   Reformadas. 

P.  FRANCISCO  DA  CRUZ  naceo  no 
lugar  do  Louriçal  titulo  de  Marquezado  em 
i  Provincia  da  Beyra,  e  foy  filho  de  Antó- 
nio do  Rego,  e  Maria  Soares.  Na  tenra 
idade  de  quatorze  annos  fe  aliJftou  na  Com- 
panhia de  JESUS  em  o  Collegio  de  Coim- 
ara a  9.  de  Dezembro  de  1643.  onde  appli- 
:ado  aos  eíhidos  das  fciencias  amenas,  e 
feveras  alcançou  a  primafia  entre  todos  os 
íeus  Condifcipulos.  Depois  de  explicar  Re- 
thorica,  e  letras  humanas  por  quatro  annos 
sm  o  Collegio  de  Braga  navegou  para  as 
[lhas  a  exercitar  o  mefmo  miniílerio  donde 
reftituido  a  Coimbra  diftou  Filofofia,  e  no 
Collegio  de  Santo  Antaõ  de  Lisboa,  Theo- 
logia  fendo  as  fuás  PoíHllas  muito  eftimadas 
pelo  excellente  methodo,  que  nellas  obfer- 
jvou  em  que  fe  via  unida  a  fubtileza  com 
a  profundidade,  A  opinião  da  fua  littera- 
tura  moveo  ao  Geral  da  Companhia  para 
ler  chamado  a  Roma  com  a  incumbência  de 
Revedor  dos  livros  da  mefma  Companhia 
jnde  aíTilHo  pelo  efpaço  de  fete  annos.  Vol- 
tando a  Portugal  como  foíTe  ornado  de  pru- 
dência, e  afabilidade  conciliou  a  eftimaçaõ  das 
primeiras  PeíToas  deíla  Corte  diftinguindo-fe 
mtre  todas  o  EmminentiíTimo  Cardeal  de 
Souza,  que  para  fe  aproveitar  dos  feus  do- 
cumentos alcançou  do  Provincial  que  lhe 
iffignaíTe  para  habitação  o  Collegio  de  S, 
Patricio  por  eftar  mais  próximo  ao  feu  Pa- 
jlado.  Do  Seminário  paílou  para  a  Cafa  Pro- 
íefla  de  S.  Roque  onde  era  continuo  no 
;Confeflionario,  fendo  o  feu  mayor  difvello 
tdingir  para  o  caminho  da  eternidade  as  pef- 
íbas  de  mais  Ínfimo  nacimento.  Querendo 
'a   Mageílade    delRey   D.    Pedro   II.    nomear 


Meftre  a  feu  filho  o  Prindpe  D.  Joaõ  que 
agora  felifmente  reyna  o  elegeo  para  taõ 
honorifico  miniílerio  do  qual  paílou  para 
o  de  feu  ConfeíTor.  Foy  Reytor  do  Colle- 
gio de  Santo  Antaõ  cujo  lugar  aceitou  com 
repugnância  a  qual  moíbrou  declaradamente 
quãdo  regeitou  a  Propofitura  da  Cafa  Pro- 
feíTa  de  S.  Roque.  A  memoria  mais  LUuf- 
tre,  que  deixou  foy  o  Convento  do  Lou- 
riçal da  primeira  Regra  de  Santa  Clara  a 
que  deu  principio  o  heróico  efpirito  da  VeiL 
Madre  Maria  do  Lado  fua  irmãa,  cujas  vir- 
tudes refere  o  Licenciado  Jorge  Cardozo 
Affolog.  'Lufit.  Tom.  2.  pag.  744.  e  Fr.  Fer- 
nando da  Soled.  Hifi.  Seraf.  da  Provinc.  de 
Portug.  Part.  5.  liv.  3.  cap.  36.  e  feguintes, 
fendo  iníbrumento  de  que  foíTe  feu  Funda- 
dor o  SereniíTmio  Rey  D.  Joaõ  o  V.  e  fe 
começou  a  habitar  em  Mayo  de  1709.  e  a 
24.  de  Abril  de  171 1.  profeíTaraõ  as  primei- 
ras Noviças.  Acometido  de  hum  acddente 
de  Afma  a  15.  de  Dezembro  de  1705.  fe 
naõ  rendeo  à  fua  violência,  antes  fem  medi- 
camento algum  foy  paíTando  atè  que  repe- 
tindo fegunda  vez  o  aíTalto  havendo  cele- 
brado MiíTa  dous  dias  antes  em  que  comim- 
gou  por  Viatico,  como  revelou  a  hum  feu 
companheiro,  o  privou  da  vida  a  29.  de 
Janeiro  de  1706.  quando  cotava  77.  annos 
de  idade,  e  63.  de  Companhia.  Sua  Magef- 
tade  o  mandou  retratar  quando  eftava  no 
féretro  a  cujo  funeral  aíTiUio  grande  parte 
da  Nobreza  da  Corte.  Com  indefeíTo  tra- 
balho juntou  as  Memorias  que  tinhaõ  efcrito 
Jorge  Cardofo,  Joaõ  Franco  Barreto,  e  Joaõ 
Soares  de  Brito  para  a  Bibliotheca  Ljíjitana  acre- 
centando  a  taõ  laboriofas  vigiHas  muitas  noti- 
cias alcançadas  em  Roma  quando  aíliftio  por 
Revedor  dos  Livros  da  Companhia,  de  que 
deixou  vários  volumes  efcritos  por  fua 
maõ  onde  eftaõ  os  Authores  fem  ordem,  e 
como  apontamentos  para  a  obra  que  medi- 
tava, e  fomente  em  hum  delles  eftaõ  qui- 
nhentos Authores,  que  naõ  comprehendem 
totalmente  a  letra  A.  cujos  elogios  faõ  com- 
poftos  elegantemente  na  lingua  Latina.  Parte 
deftes  livros  fe  conferva  na  magnifica  Livraria 
do  ExcellentiíTimo  Conde  da  Ericeira  D.  Fran- 
cifco  Xavier  de  Menezes  (como  efcrevem 
os     Padres    António    Franco,    e    Francifco 


140 


B IB  LIO  THE  CA 


da  Fonfcca,  o  primeiro  na  Imag.  da  Vir- 
tud.  do  Nov.  de  Coimb.  Tom.  2.  pag.  681. 
c  o  fegundo  na  Ejfor.  Glorio/,  pag.  408. 
§.  719.)  e  me  foraõ  comunicados  por  eíle 
iníigne  Mecenas  dos  Eíhidiofos,  e  outros 
do  mefmo  Padre  que  eftaõ  na  Livraria  do 
ExcellentiíTimo  Conde  de  Redondo,  e  aíTim 
de  huns,  como  de  outros  colhi  muitas  no- 
ticias que  formaõ  efta  Bibliotheca  cuja  con- 
fiíTaõ  faço  taõ  clara  para  naõ  fer  acufado  de 
ingrato  a  taõ  grande  beneficio.  Compo2 
mais 

Conftituiçoens  das  Keligiofas  da  primeira  Ke- 
gra  de  Santa  Clara  do  Convento  do  lj)ttriçal. 
Defta  obra  faz  mençaõ  o  P.  Franco  Imag. 
da  Virt.  do  Nov.  de  Coimb.  Tom.  2.  pag. 
681. 

Tinha  compofto  diverfas  obras,  que  a 
morte    impedio    fe    naõ    publicaíTem. 

DiJfertaçaÕ  em  que  fe  prova  fer  a  antiga 
Numancia  Freixo  de  NemaÕ.   M.   S. 

Diário  Portuguet(^  e  Monologio  L.uJitano. 
M.  S. 

Fazem  delle  memoria  Franco  no  lugar 
aíTima  allegado,  e  no  Ann.  Gloriof  S.  J.  in 
Ljifit.  pag.  47.  e  Annal.  S.  J.  in  Ijíjit.  pag. 
425.  §.  7.  A'  multis  annis  impenderat  curas 
componenda  Bibliotheca  de  Scriptoribus  iMfitanis 
quod  opus  luboris  immenji  mors  29.  JanuariJ  in- 
terrupit.  Fonfec.  Evor.  Glor.  p.  408.  P.  Souza 
Hijl.  Gen.  da  Cafa  Real  Portug.  Tom.  8. 
cap.  6.  VaraÕ  Douto  de  muita  modeflia,  e  pru- 
dência. 

FRANCISCO  DA  CUNHA  natural  de 
Lisboa,  filho  de  António  Figueira  De- 
zembargador  da  Cafa  do  Civel,  e  Iza- 
bel  da  Cunha.  Foy  muito  eftudiofo  dos  pre- 
ceitos da  Arte  Militar  a  qual  exercitou  pra£ti- 
ca,  e  efpeculativamente  efcrevendo  douta- 
mente 

Preceitos  da  Arte  Militar.  Dedicado  a  El- 
Rey  D.  Joaõ  o  IIL  Começa.  "Ejttre  todos  os  exer- 
cidos. M.  S.  4.   Conferva-fe  na  Bib.  Real. 

Fr.  FRANCISCO  DA  CUNHA  naceo 
em  Lisboa  onde  teve  por  Pays  a  Domingos 
de  Araújo  Efcrivaõ  dos  Feitos  da  Coroa,  e  Bar- 
bara da  Cunha.    Inílruido  nas  humanidades. 


e  lingua  Latina  profeflbu  o  fagrado  inftituto 
dos  Eremitas  de  Santo  Agoftinho  no  Con- 
vento da  fua  Pátria  a  6.  de  Março  de  1714. 
onde  applicado  às  fciencias  efcholafticas 
fahio  nellas  taõ  verfado,  que  diâou  Theo- 
logia  aos  feus  domefticos,  e  no  Convento 
de  Leiria  do  qual  depois  foy  Prior,  e  do 
Convento  da  Penha  de  França  tendo  fido 
pela  fua  prudência,  e  capacidade  Prefiden- 
tc  no  Capitulo  geral  celebrado  na  Cidade 
de  Perugia,  Procurador  da  fua  Provinda 
na  Corte  de  Roma,  Vigário  Provincial  cm 
o  Reyno  do  Algarve,  e  Examinador  Sy- 
nodal  do  mefmo  Bifpado.  O  grande  ta- 
lento, que  exercita  no  púlpito  o  manifeílou 
nas    obras    feguintes. 

Oração  fúnebre,  Laudatoria  Hijlorica,  e  Pa- 
negyrica  nas  Exéquias  do  Summo  Pontífice  Bí- 
nedião  XIII.  de  gloriof  a  memoria,  que  na  Sè  da 
Cidade  de  Faro  Reyno  do  Algarve  mandou  ce- 
lebrar o  Eminentijfimo  Senhor  Cardeal  Pereira 
do  Titulo  de  Santa  Sufana,  do  Confelho  de  S. 
Magejiade,  dignijftmo  Bifpo  do  dito  Bifpado  fa- 
v^endo  nellas  Pontifical.  Lisboa  na  Officina 
Auguíliniana.    1730.    4. 

Sermàõ  Panegyrico  do  Gloriofo  ^ande,  ou 
major  Santo  S.  JOZE'  fundado  no  Decreto  da 
Sacada  Con^egaçaÕ  dos  Emminentijftmos  Cor- 
deães  em  19.  de  Dezembro  de  1726.  pelo  qtial 
fe  manda  por  S.  Jo^e  na  Eadainha  dos  Santos 
depois  de  S.  JoaÕ  Bautifia  pregado  na  Sè  it 
Faro.     Lisboa   na   mefma   Officina.    173 1.  4. 

Oração  Académica  Panegírica  Hijlorica  Em- 
comiafiica  Profano-Sacra  pelos  felicijftmos  ftif- 
ceffos,  e  vitoriofos  Armas  da  Serenijftma  Rai- 
nha de  Bohemia  com  a  defcripfaõ  do  mefmo 
Reyno,  e  Corte  de  Praga,  e  das  dyas  vitorias 
do  Panàro,  e  Meno  adornada  de  varias  Poejias, 
e  muitos  verfos  dos  melhores  engenhos  Oortu- 
guet^es.    Lisboa  na  Officina  Alvatenfe  1733.4- 

Fr.  FRANCISCO  DE  S.  DIOGO  na- 
tural da  Villa  de  Serpa  em  a  Provin- 
da do  Alentejo,  filho  de  Manoel  Quarcf- 
ma  de  Almada,  e  de  Brites  Vaz,  Religiofo 
profeflb  da  Ordem  Seráfica  da  Provinda 
dos  Algarves  onde  foy  taõ  infigne  na  Ca- 
deira fendo  Lente  Jubilado,  c  Qualifi- 
cador do  Santo  Offido,  como  celebre 
em     o    púlpito     merecendo     fer     Pregador 


L  USITANA. 


141 


elRey  D.  Pedro  11.  que  nomeandoo  Bifpo 
e  Cabo- Verde  no  armo  de  1668.  humilde- 
lente  recuTou  a  dignidade,  fatisfeito  com 
pobre2a  evangélica,  que  profeíTava.  Mor- 
20  no  Convento  de  Évora.  Dos  muitos 
ermoens,  que  com  applaufo  univerfal  prè- 
ou  nos  mais  authorÍ2ados  púlpitos  do 
Leyno    fomente    fe   fez   publico    o    feguinte 

SermaÕ  na  Canonifi^açaÕ  de  Santa  Maria 
.iagdakna  de  Pa:(^í  pregado  no  Terceiro  dia 
o  Outavario,  que  lhe  celebrou  o  Convento  do 
".armo  de  Usboa.  Lisboa  por  António  Ro- 
rigues    de    Abreu.    1672.    foi. 

Sahio  no  Livro  intitulado  Forajleiro  admi- 
ado.    Part.    2.    pag.    36. 

FRANCISCO  DIONÍSIO  DE  ALMEI- 
)A  DA  SYLVA,  E  OLIVEIRA  Fi- 
algo  da  Cafa  de  Sua  Mageílade  naceo  em 
Jsboa  a  9.  de  Outubro  de  1696.  fendo 
•autizado  na  Parochia  de  S.  Thomè  por 
2U  Tio  D.  Joaõ  da  Sylva,  e  Soxiza  Prelado 
le  Thomar,  Prior  mór  da  Ordem  Militar 
le  S.  Tiago,  que  regeitou  a  JMitra  prima- 
ial  de  Goa.  Teve  por  Pays  a  Luiz  Qd 
la  Sylva,  e  Oliveira,  e  a  D.  Mariana  Eu- 
;enia  da  Sylva,  e  Soufa  dos  quaes  recebeo 
angue  igualmente  nobre,  e  puro.  A  natu- 
eza  o  dotou  de  taõ  feliz  engenho,  que 
3go  na  puerícia  fe  diílinguio  pela  compre- 
enfaõ  com  que  penetrou  os  myílerios  das 
'trtes,  e  Sdencias,  a  pureza  com  que  fallou 
s  linguas  Italiana,  Franceza,  e  Efpanhola 
endo  inQgne  em  a  materna  compondo  com 
ftilo  alto,  e  claro  os  feus  difcurfos  que  fe 
)uviraõ  na  Academia  Portugueza  reftau- 
ada  em  a  Cafa  do  ExcellentiíTmio  Conde 
la  Ericeira  D.  Francifco  Xavier  de  Me- 
lezes  quando  teve  por  aílumpto  os  Elo- 
;ios  das  Matronas  de  Portugal  augmen- 
ando    o    efplendor    deftas    Heroinas    com 

elegância  das  fuás  difcretas  expreííoens, 
gual  génio  teve  para  a  Poeíia,  ou  foíTe 
atina,  ou  vulgar  praéticando  com  afluen- 
jáa  os  preceitos  de  taõ  divina  Arte.  En- 
|ic  os  primeiros  dncoenta  Académicos  de 
lue  fe  formou  a  Academia  Real  foy  eleyto 
>ara  efcrever  as  Memorias  Hiftorícas  del- 
í^y  D.  Manoel  cujo  foberano  aííump- 
o    que   fora   laboriofo    difvello    dos    Góes, 


Barros,  Oforios,  e  Mafeos,  dezempenharia 
a  fua  penna  elevada  à  esfera,  que  o  mefmo 
Monarcha  tomou  por  empreza.  Acometido 
de  huma  maligna  doença  comua  aos  pri- 
meiros annos,  e  fatal  nos  adultos  fe  preve- 
nio  para  a  morte,  que  efperou  conliante, 
e  reíignado,  e  entre  cathoUcos  aâos  falleceo 
intempeílivamente  a  16.  de  Janeiro  de  1622. 
quando  contava  a  florente  idade  de  26. 
annos.  Foy  fepultado  no  Convento  da  Ma- 
dre de  Deos  íituado  extra-muros  deíla  Cida- 
de cuja  Imagem  frequentava  com  religiofa 
veneração.  Tinha  compofto  para  as  Me^ 
morias  Hiíloricas  delRey  D.  Manoel  com 
critica  judiciofa  os  dous  primeiros  livros, 
que  comprehendiaõ  as  vidas  de  todas  as  Rai- 
nhas, e  Príncipes  da  real,  e  numerofa  familia 
daqueUe  Monarcha;  ordenados  os  Cathalo- 
gos  dos  Embaxadores,  que  mandou  a  diver- 
fos  Principes,  examinadas  as  fuás  inftruçoens, 
e  tudo  quanto  podia  fer  conducente  para 
formar  o  corpo  de  huma  perfeita  Hiíloria. 
De  todas  as  fuás  litterarias  produçoens  uni- 
camente fe  fez  publica  a  feguinte. 

'Liçaõ  Académica  em  que  compara  a 
Serenijftma  Princesa  Santa  Joanna  com  a 
Senhora  Sor  Ijú^a  Maria  de  S.  Jot(è  filha 
dos  ExcellentiJJimos  Condes  de  Affumar  Keli- 
ffofa  no  Convento  da  Madre  de  Deos  extra- 
-muros.  Lisboa  por  António  líidoro  da 
Fonfeca.   1737.  4. 

A  eíle  aHumpto  eftá  hum  Soneto  do  mefmo 
Author. 

Fr.  FRANCISCO  DA  ENCARNA- 
ÇAM  naceo  na  Gdade  do  Porto  a  29.  de 
Setembro  de  1673.  onde  feus  Pays  Miguel 
Vieira,  e  Maria  de  Abreu,  o  educarão  com  taõ 
virtuofos  documentos  que  fuavemente  fe 
inclinou  a  bufcar  a  Religião  de  S.  Bento 
recebendo  a  monaftica  Cogulla  no  Con- 
vento Pátrio  a  25.  de  Março  de  1694.  quando 
contava  vinte  hum  de  idade.  Exercitou 
com  applaufo  o  minifterio  condonatorio, 
fendo  Pregador  Geral,  e  Jubilado  na  Sagrada 
Theologia.  Foy  muito  verfado  no  eftu- 
do  da  Hiftoria  Sagrada,  e  Profana,  e  naõ 
menos  em  o  da  Genealogia  como  taõ 
conducente  para  o  conhedmento  da  mef- 
ma     Hiíloria.      Morreo  no     Convento     de 


142  BIB  LIOTH  ECA  \ 

Rcfoyos  de  Bafto  em  o  anno  de  1729.    Com-  Sei     de     Coimbra.      Coimbra     por     Thomè 
p02  Carvalho    Impreflbr    da    Univerfidade    1655. 

Proff^ejfos  admiráveis  da  Santa  vida,  e  feli-  4.    &    ibi   pela   Viuva   de   Manoel   de   Car- 

cijfima   morte   da    Efpov^a   dos    Cantares   Santa  valho.  1672.  4. 
Getrudes     a     Magna.      Dedicado     ao     Geral 

Fr.    Paulo    da    Afumpçaõ.     Confervafle    na  FRANCISCO     DE     ESPINOSA     natu- 

Livraria  do  Convento  de  Saõ  Miguel  de  Re-  ral    da    Cidade    de    Leyria,    e    profeíTor   de 

foyos    de    Bailo    onde    o    Author    faleceo.  Mathematica.      Publicou. 

Novena     de     Santa      Getrudes     com     hum  PrognoJHco    Diário   das   Mares   de   hum   dia 

Sermão     da     Santa    pregado    no     Convento    de  fucejfwamente   em   outro   dia   com   o    Kaiendario, 

Saõ  Bento  da    Vitoria   do    Porto.     Cujo   Ori-  mudanças    do    tempo,    e    afpeãos    da    Lj4a   com 

ginal    prompto    para    a    ImpreíTaõ    conferva  o  Sol,   e  feus  Eclypfes  para  o  anno  de   1661. 

em    feu    poder    o    Padre    Fr.    Marcelliano  Lisboa    por    Henrique    Valente    de    Oliveira 

da    Afumpçaõ    Monge    de    Saõ    Bento,    e  1660.      He    impreflb    em    huma    folha    ao 

D.     Abbade    do    Convento     de     Santarém,  alto,    e    dividido    pelos    mezes    do    anno. 

Genealoffas  de  varias  Fami/ias   Portuguesas. 
Defta  obra  faz  mençaõ  o  Padre   Souza  nas  Fr.  FRANCISCO  DO  ESPIRITO  SAN- 

Advert.  e  Addições  no  Tom.  8.  da  Hiji.  Gen.  TO    Naceo    em   a   Villa   de   Amarante  em 

da  Ca^a  Keal  Portug.  pag.  26.  §.  69.  o  anno  de   1588.  fendo  filho  de  Diogo  Ca- 

Mijcellanea    de    varias    noticias    do    Mundo  bral    Barbofa,    e    D.    Filippa    Pinheiro    de 

Aí.    S.     Eílas    duas    ultimas    obras    fe    con-  igual  nobreza  à  de  feu  conforte,  e  Tio  de 

fervaõ    no    Moíleiro    de    Bafto.  Fr.   Joaõ   de  Deos  iníigne  Genealógico  de 

quem  em  feu  lugar  fe  fará  mençaõ.    Eftu- 

Fr.  FRANCISCO  DE  ESCOBAR  dou  a  lingua  Latina  na  pátria,  e  Humani- 
Naceo  em  Coimbra  a  17.  de  Janeiro  de  161 7.  dades  no  Collegio  dos  Padres  Jefuitas  de 
onde  depois  de  aprender  as  primeiras  letras  Braga,  onde  teve  entre  os  difcipulos  de 
deixando  a  companhia  de  feus  Pays  Ma-  mayor  diftinçaõ  a  D.  Fr.  Agoftinho  de 
noel  de  Efcobar,  e  Margarida  Rouboa  Caftro,  que  depois  foy  Arcebifpo  da  Igreja 
de  Anhaya,  recebeo  a  Cogulla  Ciftercienfe  Primacial  Bracharenfe.  Profeflbu  o  Inftituto 
em  o  Convento  de  Santa  Maria  de  Bouro  Seráfico  em  o  Convento  do  Porto  a  6.  de 
do  Arcebifpado  de  Braga  a  20.  de  Mayo  Julho  de  1610.  fendo  Provincial  Fr.  An- 
de 1635.  onde  profeíTou  folemnemente  tonio  de  Soufa  filho  natural  de  Martim  Af- 
a  7.  de  Outubro  do  anno  feguinte.  A  fonfo  de  Soufa  feu  Padrinho  em  o  bau- 
fciencia  Theologica  em  que  foy  infigne  tifmo.  Ouvio  Filofofia  de  Fr.  Francifco 
lhe  mereceo  a  borla  doutoral  que  lhe  dos  Martyres,  que  depois  de  Provincial  foy 
deu  a  Univerfidade  de  Coimbra,  e  a  grave  aílumpto  à  Mitra  Primacial  de  Goa.  Ain- 
prudencia,  e  afável  afpefto  de  que  o  da  que  era  ornado  de  talento  para  fcguir 
ornou  a  natureza  lhe  conciliarão  o  afeólo  as  Efcholas  fe  applicou  com  particular  dif- 
dos  feus  fubditos  quando  foy  Abbade  do  velo  ao  efliido  da  Theologia  Pofitiva,  de 
Mofteiro  de  Aguiar  em  1657,  e  Prior  de  Odi-  cuja  applicaçaõ  fahio  infigne  Efcriturario,  e 
vellas.  Falleceo  no  Collegio  de  Coimbra  a  celebre  Pregador.  Teve  fingular  capacidade 
31.  de  Julho  de  1679.  quando  contava  62.  an-  para  o  governo  Económico  de  que  deu  rc- 
nos  de  idade  e  44.  de  Religião.   Imprimio.  petidos    argumentos    nos    lugares    de   Guar- 

SermaÕ  fúnebre    nas    Exéquias    do    Infante  diaõ  dos  Conventos  de  Saõ  Payo  do  Monte, 

D.    Duarte    celebradas    no    Keal    Convento    de  Guarda,    Alenquer,    Porto,  e  Lisboa,  atè  fer 

Alcobaça.      Lisboa    na    Officina    Craesbeec-  Provincial   por   motu   próprio    de   Innoccn- 

kian.    1650.   4.  cio   X.    Foy   Vifitador   da   Província   da   3. 

Oração      Gratulatoria     pela    faude     mila-  Ordem   Seráfica   da   Penitencia,   e   Priziden- 

S^ofa,   que   Deos  foy  fervido  conceder  a  ElRey  te    do    Capitulo    celebrado    a    16.    de    No- 

Nojfo    Senhor    D.    JoaÕ    o    IV.    recitada    na  vembro   de   1641.  em  que  fahio  eleito  Pro- 


L USITAN  A 


143 


incial  Fr.  Manoel  Botelho.  Faleceo  em 
isboa  a  29.  de  Outubro  de  1666.  Jaz 
2pultado  no  Cemeterio  dos  Religiofos  com 
te  Epitáfio  compofto  por  feu  Sobrinho  o 
[eílre  Fr.  Joaõ  de  Deos. 
D.     O.    M. 

Admodum  R.  P.  ¥r.  Francifcus  à  Spi- 
tu  Sanão  htfjíis  Conventus  quondam  Guardia- 
u,  <&  Provincialis  Mini/ler  dignijfimus  ohiit 
j.  Oãobris  amo  1666.  atatis  LXXVIII.  Fr. 
tannes  de  Deo  etiam  quondam  Minifier  P.  Pa- 
•m  charijfimo.    Compoz 

Arvores  Genealoffcas  M.  S.  que  merece- 
iò  a  eílimaçaõ  dos  profeíTores  deíle  eftudo 
)mo  faõ  Fr.  Bernardo  de  Caftro  Tit.  de  Bar- 
:)fas  n.  201.  Fr.  Joaõ  de  Deos  Memor.  da 
rov.  de  Portug.  pag.  loi.  e  o  Padre  D. 
jitonio  Caetano  de  Souza  Apparat.  à  Hijl. 
'en.  da  Ca^.  Real.  Portug.  pag.  155.  §.  186. 
iititulando-o    todos  ^ande    Genealoffco. 

FRANCISCO  FALEIRO  igualmente  ver- 
\ào  na  Aílronomia  como,  em  a  Náutica 
e  cujas  Artes  deo  hum  claro  argumento 
ja  fua  fciencia  na  obra  feguinte. 
I  Tratado  de  la  Esfera,  y  dei  Arte  de 
íariar  con  el  re^mento  de  las  alturas.  Se- 
ilha  por  Juan  Cromberger.  1535.  4.  Do 
-uthor,  e  da  obra  fazem  mençaõ  António 
e  Leaõ  Bih.  Ind.  Tit.  3.  Nicol.  Ant.  Bih. 
Ufpa.   Tom.    i.   p.    323.   col.    2. 

,  FRANCISCO  DE  FARIA  CORRÊA  na- 
iral  da  ViUa  de  Canavezes  diílante  oito 
ígoas  para  o  Nacente  da  Cidade  do 
orto  em  a  Provinda  do  Minho,  Prior 
■a  Parochial  Igreja  de  S.  Miguel  das 
.auradas,  e  hum  dos  mais  famofos  Poe- 
I»  do  feu  tempo,  como  o  celebraõ  Ma- 
noel de  Gallegos,  António  Figueira  Duraõ, 
Jacinto  Cordeiro,  canoros  Cifnes  do  Par- 
:afo.  O  primeiro  no  Templo  da  Memor.  Liv. 
i  Eftanc.   188. 

A   numero/a,   e  ^ave   melodia 

Com  que   vibrando   rayos  de   brandura 

Doce  rendeo  Francifco  de  Faria 

A  toda  rebelada  formo/ura 

Honre  de  Nuno  o  nome  efclarecido, 

E  Jeja  Marte  o  que  dantes  foj  Cupido. 


O  fegundo  Laur.   Pamaf.  Ram.  2.  pag.   56. 

Francifcus  de  Faria  alter  Martialis 

Cum  Juno  contra  Jovem  Jlomachatur 

Eam  bilari  Júpiter  lepòre 

Mulcet,  <&  utfaàlius  mukiatur 

Videns  blanditiarum  fat'  fore 

Kepetit  quos  fert  jocos  plenos  falis 

Francifcus  de  Faria  alter  Martialis. 
E  mais  abaixo. 

Qíum  tamen  ille  Heros,  quem  circunjlare  le- 
pòres 

Argutos  que  fales,    Plautina  que  verba,  jo- 
cofque 

Afpicio,  ludos  quo  pertraãante  facetos 

Impletur    Cbaritum    numerus?    Ntmc    ajpice 
carmen 

Impojitum  titulo,  quod  carminis  ampliat  au- 
thor. 
O  terceiro  EJog.  dos  Poet.  hujit.  Eftanc,  67. 

António  Soares  entre  canto  vario 

La  Lyra  toca  con  que  ajji  Je  loa 

Que  le  animo  Francifco  de  Faria 

Uno  Sol  defu  Pátria,  el  otro  dia. 
Compoz  varias  Comedias  que  fe  reprefen- 
taraõ  com  grande  applaufo,  e  outras  mui- 
tas obras  poéticas,  aíTim  heróicas  como  ly- 
ricas,  que  ficarão  a  feus  herdeiros,  e  fo- 
mente fe  imprimirão  na  Fama  PoJlhuma  do 
Ven.  P.  Fr.  António  da  Conceição  Trino  huma 
Canção,  e  hum  Soneto.  Lisboa  por  Henrique 
Valente  de  Oliveira.  1658.  4.  a  pag.  320. 
e  336.  Dous  Sonetos  que  faõ  48.  e  50.  em 
o    Certame  do   Conde  de   Linhares. 

Canção  à  morte  de  D.  Maria  de  Ataide 
a  foi.  44.  Sahio  nas  Mem.  Funeb.  dejla 
Senhora.  Lisboa  na  Officina  Craesb.  1650.  4. 

FRANCISCO  FERNANDES  FIALHO 
natural  da  Villa  de  Viana  do  Alentejo 
profeíTor  de  Jurifprudencia  Cefarea  a  qual 
naõ  fomente  exercitou  fendo  Juiz  de 
fora  da  Cidade  de  Coimbra,  mas  para 
que  fe  conheceíTe  o  profundo  conheci- 
mento que  alcançara  defta  grande  Fa- 
culdade pubUcou  na  idade  da  Adolefcen- 
da 

Titulorum  omnium  Júris  Civilis  decla- 
ratio,  ac  maxime  fociefas  Jimillimorum  ti- 
tulorum ex  diverfo  corpore  Júris  ad  Jin~ 
ffilos,     <ò'    Jimiles     Digejiorum      títulos     redu. 


144 


BIBLIO THE  CA 


ãorum.     Eborse  apud  Martinum  Burgcnfem 
1587.  foi. 

Fazem  delle  memoria  Joan.  Soar.  de 
Brito  Theatr.  LmJíí.  Litterat.  lit.  F.  n.  41. 
e  Joaõ  Pinto  Ribeiro  Lj4jire  ao  Det^emb.  do 
Pofo   cap.    3.    n.    3. 

FRANCISCO  FERNANDES  GALVAM 
naceo  em  Lisboa  no  anno  de  1554.  de  Pays 
illuftres,  e  logo  na  primeira  idade  fahio  or- 
nado de  taes  dotes,  que  mereceo  fer  admi- 
tido aos  domefticos  da  Cafa  da  SereniíTima 
Infanta  D.  Izabel  mulher  do  Infante  D. 
Duarte  onde  paflados  com  louvável  proce- 
dimento os  annos  da  puerícia  fe  lhe  anti- 
cipou  com  tal  exceíTo  a  comprehenfaõ,  que 
eftudadas  as  letras  humanas,  Rethorica,  e 
Filofoíia  no  Collegio  da  Purificação  de 
Évora  fe  graduou  Meftre  em  Artes  na  Uni- 
verfidade  de  Coimbra  quando  contava  de- 
fefete  annos  de  idade,  e  naõ  tendo  comple- 
tos vinte  e  cinco  recebeo  as  iníignias  Dou- 
toraes  na  Sagrada  Theologia  de  cuja  Facul- 
dade como  da  Efcritura  fubílituhio  muitas 
Cadeiras  com  tanta  atenção  dos  ouvintes, 
que  naõ  havia  a  menor  inquietação  na  hora, 
que  explicava.  Inílruido  profundamente  em 
as  fciencias  amenas,  e  feveras  fe  dedicou 
ao  minifterio  do  púlpito  para  o  qual  o  in- 
clinava o  génio  concorrendo  na  fua  peflba 
todas  as  partes  conílitutivas  de  hum  Orador 
Evangélico  cujo  minifterio  depois  de  exer- 
citar com  grande  applaufo  na  Corte  de  Lis- 
boa pelo  efpaço  de  doze  annos  apetecendo 
mayor  theatro  para  as  fuás  fagradas  declama- 
ções paílou  a  Roma  no  anno  de  1585.  pa- 
trocinado pelo  Cardeal  Alberto  de  Auftria 
Governador  defte  Reyno,  que  lhe  era  muito 
afe£to,  e  tanto  que  chegou  à  Cúria  pregou  na 
Capella  Paulina  tendo  por  ouvintes  a  Santi- 
dade de  Xifto  V.  e  todo  o  Collegio  Apofto- 
lico,  que  admirados  da  vehemencia  dos  afec- 
tos, viveza  das  acçoens,  e  elegância  da  fraze 
com  que  animava  aos  feus  difcurfos  naõ 
duvidarão  affirmar,  que  podia  competir 
com  Fr.  Francifco  Panigarola  Bifpo  de  Afti, 
que  naquelle  tempo  era  venerado  como 
Oráculo  da  Eloquência  Concionatoria.  Em 
premio  do  feu  grande  talento,  que  fe  fa- 
zia mais  eftimavel  pela  innocencia  dos  cuftu- 


tumes  lhe  deu  o  Papa  cm  o  anno  de 
1586.  huma  Conefia  na  Cathedral  de  Coim- 
bra, que  ellc  renunciou  em  feu  Irmaõ  Duar- 
te Galvaõ.  Correndo  a  noticia  de  eftar  vago 
o  Priorado  da  Igreja  Collegiada  de  Cedo- 
feita em  o  Bifpado  do  Porto  fe  oppoz  ao 
concurfo  de  onze  Oppofitores  entre  os  quaes 
eraõ  quatro  doutorados,  e  feito  o  exame  nt 
prefença  do  Cardial  Vigário  do  Papa,  e  qua- 
tro Prelados  argumentando-lhe  hum  douto 
Jefuita  fobre  o  Mifterio  da  Trindade  lhe 
refpondeo  com  tal  energia,  e  profundidade, 
que  voltando  para  o  Cardial  diíTe  non  ref- 
pondet,  fed  docet.  Sahindo  vitoriofo  de  taõ 
celebres  Oppofitores  lhe  fez  graça  o  Pon- 
tífice da  Igreja,  que  naõ  teve  efFeito  por 
chegar  noticia  de  fer  ainda  vivo  o  Prior. 
Para  naõ  eftar  ociofa  a  fua  litteratura  foy 
nomeado  Revifor  dos  livros  prohibidos  af- 
fiftindo  na  Congregação  deputada  para  eftc 
minifterio.  Vagando  o  Arcediagado  de  Villa 
Nova  de  Cerveira  em  o  Arcebifpado  de 
Braga  lho  deu  o  Pontífice  no  anno  de 
1590.  em  o  qual  voltou  para  o  Reyno. 
Quando  vifitava  as  fetenta  Igrejas  do  feu 
Arcediagado  emendava  as  culpas  mais 
com  brandura,  que  com  a  feveridade.  A 
mayor  parte  da  fua  renda  difpendia  com 
os  pobres  confervando  fempre  a  fua  Caza 
com  decente  eftado.  Podendo  afpirar  a 
grandes  dignidades  como  era  inimigo  da 
ambição  nunca  alterou  a  ferenidade  do  feu 
animo  a  injufta  exaltação  de  muitos,  que 
lhe  eraõ  inferiores  em  tantos  dotes  de  que 
o  ornara  a  natureza.  Ouvindo,  que  alguns 
maledicos  com  critica  menos  judiciofa  ar- 
guiaõ  os  feus  Sermoens  refpondia  placida- 
mente  com  as  palavras  de  Saõ  Paulo.  Duah 
modo  Chriftus  annuntietur  in  boc  gaudeo,  €^  gfUh 
debo.  Pregando  continuamente  na  Capella 
Real  de  Madrid,  e  no  Convento  Real  das 
Defcalças  onde  eftava  recolhida  a  Empcra- 
triz  fempre  conciliou  a  atenção  das  primeiras 
PeíToas  fendo  o  feu  mayor  difvelo  acender  os 
coraçoens,  e  naõ  lizongear  os  ouvidos.  Ao 
tempo,  que  contava  56.  annos  de  idade  foy 
tentada  a  fua  tolerância  com  huma  grave  in- 
fermidade  pelo  efpaço  de  quatro  mezes  na 
qual  combatido  de  acerbas  dores  fe  refig- 
gnou  cm  a  Divina  vontade  atè  que  abra- 


L  USITANA. 


140 


gnou  em  a  Divina  vontade  atè  que  abra- 
çado com  hum  Crucifixo  pronunciando  as 
palavras  do  Apoílolo  cupío  dijfolui,  et  effe 
cum  Chrifto  efpirou  placidamente  em  o  armo 
de  1610.  Joaõ  Soar.  de  Brit.  Theatr.  iMJit. 
Utterat.  lit.  F.  num.  42.  lhe  chama  celeber- 
rimus  fuo  tempore  concionator,  e  Marrado  Bib. 
Marian.  Part.  i.  pag.  413.  vir  pietate,  & 
doãrina  infignis.  Os  feus  Sermoens,  que  elle 
dezejava  pulir,  e  preparar  para  a  impreíTaõ 
recolhido  em  o  filencio  de  algum  Clauílro 
Religiofo  os  reduzio  a  ordem,  e  emendou 
o  Licenciado  Amador  Vieyra  Prior  de  Saõ- 
-Thiago  de  Travanca  publicando-os  com  es- 
tes   titulos. 

Sermoens  Primeira  Parte,  que  começa  da 
quarta  feira  de  Cintra  atè  a  primeira  Outava 
de  Pafchoa.  Lisboa  por  Pedro  Craesbeeck 
161 1.  4.  Sahio  traduzida  em  Caílelhano  por 
António  de  Azevedo,  e  Sà.  Sevilha  por 
Alonfo  Rodrigues  Gamarra.  161 5.  4.  e  Ma- 
drid  por   Luiz    Sanches.    161 5.    4. 

Sermoens  das  Yefias  de  Chrifio  Nojfo  Se- 
nhor.   Lisboa  por  Pedro  Craesbeeck.  161 6.  4. 

Sermoens  das  Fejias  dos  Santos.  Lisboa  pelo 
dito  ImpreíTor  161 5.  4.  Madrid  por  la  Viuda 
ie  Alonfo  Martines.     161 5.  4. 

Sermão  das  Exéquias,  que  fe  fi:(eraÕ 
ta  Igreja  de  Santa  Crut(^  de  Usboa  na 
norte    do     Catholico     Rey    D.     Fi/ippe    Nof- 

0  Senhor  em  prefença  do  Senhor  Conde 
ie  Portalegre  Capitão  General,  e  hum  dos 
'Remadores  do  Rejno.  Lisboa  por  Pe- 
Iro  Craesbeeck  1600.  4.  Sahio  com  a 
\elaçaÕ    das    Exéquias    daquelle    Princepe. 

Traduzio  da  Lingua  Latina  em  a  Portu- 
^ueza. 

Celebris  Concio  in  publico  Sanãa  Inquifi- 
ionis  Aãu  ConimbriccB  habita  ab  lllufirijftmo 
'domino  D.  Alphonfo  de  Cafielobranco  ejujdem 
Zivitatis  Epijcopo  Reverendijfimo  Arganili  Co- 
lite. Romãs  apud  Titum,  et  Paulum  de 
)ianis  1589.  4.  He  dedicado  ao  Summo 
*ontifice  Xiíio  V.  onde  promete  publicar 
>revemente. 

Explanationes  in   vaticinium   Malachia 

Expojitio  in  Jeremiam   Prophetam. 

1  FRANCISCO  FERNANDES  PRATA 
iatural  da  Villa  de  CaíleUo  Mendo  do  Bif- 


pado  de  Vifeu  em  a  Provinda  da  Beyra, 
Bacharel  em  a  Sagrada  Theologia,  muito 
verfado  no  eítudo  da  Efcritura,  e  Santos 
Padres,  de  que  faõ  claras  teiiemunhas  as 
obras   feguintes. 

Tratado  da  Declaração  do  Credo  dos  ApoJ- 
tolos  em  que  fe  explicaÕ  os  artigos  delia,  e  fe 
põem  o  modo  como  os  mijlerios,  e  cousas  da  Fè 
fe  devem  crer  com  algumas  cous;as  mais,  que 
fervem  para  o  bom  conhecimento  das  cou:(as  da 
Fe.    Lisboa  por  António  Alvares.  1648.  16. 

Tratado  dos  Sacramentos  em  comum,  e  em 
particular;  declarafe  o  que  delles  fe  deve  crer, 
e  a  preparação,  que  para  receber  a  graça,  que 
daÕ  fe  requer,  apontaò-fe  as  obrigaçoens  dos  fieis; 
poem-fe  algumas  advertências  importantes.  Lisboa 
por  Manoel  da  Silva.  165 1.  8. 

Carta,  que  hum  Kabbino  chamado  Sa- 
muel efcreveo  a  outro  Rabbino  chamado  Ifac 
confultando-o  fobre  o  ter  alcançado  pelas  Pro- 
fecias do  Tejlamento  velho,  que  o  MeJJias  tinha 
vindo;  a  ley  Judaica  era  acabada,  e  os  Judeos 
efiavaõ  em  ódio,  e  de^emparados  de  Deos.  Def- 
troefe  totalmente  por  efla  carta  a  JLey  Judaica, 
e  confirma-fe  a  Fè  Catholica.  Lisboa  por  Ma- 
noel da  Silva.  165 1.  8.  &  ibi  por  Joaõ  da 
Coíla.  1673.  4. 


FRANCISCO  FERRAM  DE  CASTEL- 
LOBRANCO  natural  de  Lisboa,  filho  de 
Chriílovaõ  Ferraõ  de  Caftellobranco  Fi- 
dalgo da  Caza  de  Sua  Mageílade,  Co- 
miflario  Geral  da  Cavallaria,  Capitão  mór 
das  Nãos  da  índia.  Governador  da  Caza 
d'ElRey  D.  Affonfo  VI.  quando  aíTiíHo 
em  a  Villa  de  Cintra,  e  de  fua  mu- 
lher D.  Aima  Maria  de  Azevedo  Cou- 
tinho de  igual  nobreza  à  de  feu  con- 
forte. Foy  Fidalgo  da  Caza  de  Sua  Ma- 
geftade,  Cavalleiro  profeíTo  da  Ordem  de 
Chriílo,  Coronel  do  Regimento  de  Pe- 
niche, cujo  lugar  occupava  quando  foy 
prizioneyro  pelos  Caftelhanos  em  Qudad 
Rodrigo  em  o  anno  de  1707.  Pela  aílif- 
tencia  que  teve  de  15.  mezes  em  a  G- 
dade  de  Bayona,  atè  que  voltaíTe  para  a 
fua  Pátria  fe  fez  taõ  perito  na  lingua  Fran- 
ceza  que  delia  traduzio  na  materna  as  obras 
feguintes. 


146 


BIB  LIO  THE  CA 


Vida  de  S.  Félix  de  Cantalicio.  Lisboa  por 
Miguel  Manefcal  171 6.  8. 

Methodo  para  comprehender  a  Hijloria  dos 
Papas  que  contem  o  que  fe  pajfou  de  mais  par- 
ticular em  Jeus  Pontificados.  Lisboa  por  Mi- 
guel  Manefcal.    1719.    8. 

Devoção  para  cada  hum  dos  dias  da  Se- 
mana Conjagrada  à  Gloria  de  Portugal,  mimo 
de  Itália,  e  Affomhro  de  todo  o  mundo  o  Se- 
nhor Santo  António.  Lisboa  por  Pedro  Fer- 
reira.   1727.    24. 

Modello  de  converfaçoens  para  pejfoas  poli- 
das, e  curiofas  fobre  os  pontos  da  Politica.  Pri- 
meira Parte.  Lisboa  por  Pedro  Ferreira  Im- 
preflbr   da   Rainha   NoíTa   Senhora    1734.   4. 

Segunda  Parte.  Lisboa  pelo  dito  Impref- 
for,   e   no   mefmo   anno. 

Terceira  Parte.  Lisboa  pelo  dito  Impref- 
for  1735.  4. 

Quarta  Parte.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor 
1736.    4. 

Kamilhete  Catholico  compojlo,  e  matit(ado 
de  flores  efpirituaes  colhidas  em  os  Jardins 
Orthodoxos  dos  que  Chriftàmente  as  culti- 
varão para  delias  fe  tirar  o  mais  Jaho- 
ros^o,  e  Ja^onado  para  a  Salvação  das  Al- 
mas. Lisboa  por  Pedro  Ferreira  Impref- 
for  da  Rainha  NoíTa  Senhora  1739.  ^-  ^^^ 
tradução  fahio  muito  augmentada  pelo  tra- 
duâx)r. 

Morreo  em  Lisboa  a  15.  de  Novem- 
bro de  1740.  ao  tempo,  que  lhe  eílava 
cometido  o  governo  da  Torre  de  Saõ 
Giaõ. 

P.  FRANCISCO  FERREIRA  Naceo 
na  Cidade  de  Chile  fituada  na  America 
Meridional  fendo  filho  do  Capitão  Gonçalo 
Ferreira  Portuguez,  onde  militou  por  mui- 
tos annos  com  grande  credito  do  feu  valor. 
Abraçou  o  Inltituto  da  Companhia  de 
Jefus  em  cuja  Sagrada  paleílra  foy  Lente 
de  Theologia,  Reytor  do  Collegio  da 
fua  Pátria,  e  celebre  Orador  Evangélico. 
Publicou 

Sermão  de  Santo  Agojiinho  pregado  ás 
Kiligiofas  Agojlinhas  da  Cidade  de  Chile. 
Lima.    1654.    4. 

Sermão  de  Santa  Anna  na  fua  Igreja  Paro- 
chial  de   Chile.   Lima.    1654.   4. 


Fr.  FRANQSCO  DA  FONSECA  natu- 
ral de  Villa  Franca  de  Xira  do  Patriarchado 
de  Lisboa  filho  de  Joaõ  de  Barros,  e  Ef- 
tacia  de  Abreu,  profeíTou  o  Inílituto  de 
Eremita  Auguftiniano  no  Cõvento  de  Lis- 
boa a  2.  de  Fevereiro  de  1577.  onde  fc 
anticipou  com  tal  exceíTo  aos  feus  domefti- 
cos,  aíTim  na  comprehenfaõ  das  mais  dificul- 
tozas  opinioens  como  na  fubtileza  e  promp- 
tidaõ  das  repoftas  aos  argumentos  mais  ner- 
uofos,  que  brevemente  paíTou  a  fer  Meftrc 
em  os  Clauftros  da  fua  Religião,  e  depois 
de  recebidas  as  infignias  doutoraes  na  Fa- 
culdade de  Theologia  em  a  Academia  Co- 
nimbricenfe  a  31.  de  Julho  de  1607.  a  il- 
luílrou  com  os  feus  documentos,  fendo 
Lente  de  Efcritura,  de  que  tomou  poflc 
a  25.  de  Julho  de  1609.  da  Cadeira  de 
Durando  a  9.  de  Março  de  161 3.  de  Ef- 
coto  a  27.  de  Novembro  de  161 7.  onde 
jubilou  com  igualacçoens  à  de  Vefpera. 
Todo  o  emolumento,  que  percebia  das  Ca- 
deiras o  difpendia  liberal,  e  devoto  cm 
ornato  da  Igreja  do  feu  Collegio,  onde 
pela  fua  exemplar  Vida  paíTou  a  lograr  o 
premio  prometido  aos  Juftos  a  14.  de  Se- 
tembro de  1643.  Na  Via-Sacra  do  mefmo 
Collegio   fe   lé   gravado  efte   Elogio. 

Fr.  Francifcus  de  Affonceca  Doãor  Theo- 
logus  fundantijftmus  omnium  virtutum  genere  cUh 
rus  Theoloffam  in  Conimhricenfi  Lycao  ultra 
tringinta  annos  feliciter  pralefft,  demum  vefpe- 
rarius  emeritus,  (&  Decanus  obiit  14.  die  Sep- 
temhris  anno   Domini   1643. 

Celebraõ  o  feu  nome  Franc.  Vaz  de 
Gouvea  Alleg.  pelo  Duque  de  Aveir.  n. 
253.  Theologo  injigne,  e  eminente  entre  todos 
os  que  hoje  há  nas  Univerjidades  de  Efpa- 
nha.  Fr.  Joan.  Silveir.  Opufcul.  Var.  Opufc 
2.  Refol.  28.  Quaeft.  8.  n.  27.  Vir  me^ 
virtutis,  religionis,  ac  Sapientia.  Fr.  Ant.  à 
Purif.  de  vir  lllujhrih.  Ord.  Erem.  D.  Aug. 
lib.  2.  cap.  18.  Fundantijpmus  Magijler,  e  na 
Chron.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  2.  Tit.  i. 
§.  3.  Fr.  Manoel  de  Figueiredo.  Fios  SaiA 
Augujl.  Tom.  4.  pag.  130.  §.  40.  Vem- 
rado  por  hum  dos  majores  Theologos  do  ftM 
tempo.    Compoz 

In    Univerfam     Theologiam     8.     Tonr     ^'^' 
M,S. 


L  USITANA. 


M7 


Traãatus  de   Grafia   Cbrijti.   M.   S. 
Todas   eílas    obras   fe   confervaõ   na   Li- 
vraria  do    Ganvento    de    Lisboa. 

P.    FRANCISCO    DA    FONSECA    cha- 
mado no   Seoilo  Francifco  Duarte  filho  de 
Joaõ  Duarte,  e  Luiza  da  Fonfeca,  e  Irmaõ 
do   P.    Chriílovaõ   da   Fonfeca   de   quem   fe 
fez  memoria  em  feu  lugar  naceo  na  Qdade 
de  Évora  a  12.  de  Outubro  de  1668.  onde 
depois    de   eíhidar   na    Univerfidade    da   fua 
pátria    as    letras    humanas,    e    Filofofia,    em 
que  recebeo   o   grào   de   Meftre,   foy  admi- 
tido à  Companhia  de  Jefus  em  o  Noviciado 
de  Lisboa  a  11.  de  Julho  de  1686.    Por  fer 
muito  verfado  nas  Humanidades  as  foy  en- 
íinar  ao  Collegio  da  Ilha  da  Madeira  donde 
voltando  a  27.  de  Janeiro  de  1696.  padeceo 
hum  horrível   naufrágio   de   que   milagrofa- 
mente   efcapou.     A   fua   prudência   acompa- 
nhada   de    natural    afabiUdade    o    fez    digno 
de  acompanhar   no   anno   de    1708.    com   o 
lugar    de    ConfeíTor    a    Fernando    Telles    da 
Sylva   terceiro    Conde   de   Villarmayor   Em- 
baxador  Extraordinário  à  Corte  de  Vianna, 
para    concluir    os    defpozorios    da    Serenif- 
íima  Archiduqueza   D.    Mariana   de   Auftria 
com  o  noíTo  Monarcha,  e  reítituindo-fe  ao 
Reyno  com  o  Embaixador  fegunda  vez  vol- 
tou àqueUa   Corte  no   anno   de   171 5.   com 
o    Padre    Álvaro    Cienfuegos    Miniftro    em 
Lisboa  do  Emperador  Carlos  VI.  para  tra- 
tar  o   graviíTimo   negocio    da   Teílamentaria 
do  Almirante  de  CafteUa  D.   Joaõ  Thomàz 
Henriques    de    Cabrera,    e    tendo    felizmente 
concluído  efte  negocio,  como  outros  de  naõ 
menor  importância  pertencentes  às  ^^liíToens 
do   Oriente   de   que   era   Procurador   Geral, 
quando  eílava  prompto  para  voltar  ao  Rey- 
tQO  o  impedio  o  EminentííTimo  Genfuegos, 
que  fora  eleito   Cardial  a   30.   de   Setembro 
de  1720.  o  qual  lhe  era  fúmamente  afeâo, 
para  que  partiíle  a  Roma  a  preparar  Fala- 
do para  fua  morada,   e   depois  por  ordem 
:do  mefmo  Cardial  foy  duas  vezes  a  Sicilia 
ia  tomar  poíTe  em  feu  nome  do  Bifpado  de 
Catania,    e   Arcebifpado    de   Monreal.     Vol- 
tando à  Cúria  paíTou  a  Portugal  donde  foy 
obrigado  por  cauza  de  graves  dependências 
^  aíliftir  em  Roma,  e  na  Caza  profeíla  deíla 


grande  Corte  faleceo  a  3.  de  Mayo  de  1738. 
com  69.  annos,  6.  mezes  e  21.  dias 
de  idade,  e  de  Religião  52.  Delle  faz 
breve  memoria  Franco  Imag.  da  virt.  em 
o  Noviciad.  de  Usboa  pag.  967.  Compoz 
Embaixada  do  Conde  de  Villarmayor  Fer- 
nando Telles  da  Sylva,  de  Lisboa  à  Corte 
de  Vienna,  e  viagem  da  Kainha  Nojfa  Se- 
nhora D.  Maria  Anna  de  Auftria  de  Vienna 
à  Corte  de  Usboa  com  huma  fummaria  noticia 
das  Provindas,  e  Cidades  por  onde  fe  fev^  a 
Jornada.  Vienna  per  Joãnem  Didacum  Kur- 
ner.    1717.  8. 

Évora  Glorio/a.  Epilogo  dos  quatro  To- 
mos da  Évora  llhiftrada,  que  compo^  o  Pa- 
dre Manoel  Fialho  da  Companhia  de  JE- 
SUS acrecentada ,  e  amplificada.  Roma  na 
Officina  Komarekiana.    1728.  foi. 

Compendio  da  Vida  de  Saõ  JoaÕ  Ne- 
pommeno  Padroeiro  do  Reyno  de  Bohemia 
com  o  Oficio,  e  Ladainhas  do  mefmo  Santo. 
Vienna.  1708.  Sahio  com  o  fupoílo  nome 
de  AíFonfo  Franco,  reimpreílo  em  Lis- 
boa. 

Maria  Sanfijftma  Myflica  Cidade  de  Deos, 
Breve  Compendio  da  Vida,  e  Myfterios  de 
Maria  que  nas  obras  da  Ven.  Madre  Soror 
Aíaria  de  Jefus  de  Agreda  fe  contem.  Lis- 
boa por  Domingos  Gonfalves.  1738.  4. 
Sahio  fem  o  feu  nome  4. 

Breve  Refumo  da  Vida  do  Ven.  Pa- 
dre António  Vieira  da  Companhia  de  Je- 
fus. Sahio  vertida  em  Caftelhano  no  prin- 
cipio das  obras  do  mefmo  Padre  Vieyra. 
Barcelona  por  Maria  Marti  1734.  foi.  4. 
Tom.  e  Pamplona  por  Alonfo  Bonguete. 
1735.    8. 

Noticia  dos  Santos  de  Alemanha  por  to- 
dos os  Met^es  do  Anno.  Deíla  obra,  que 
prometeo  no  livro  da  Embaixada  do  Con- 
de de  Villarmayor  foi.  218.  num.  186.  con- 
ferva  hum  volume  de  4.  que  comprehende 
os  mezes  de  Janeiro,  e  Fevereiro  o  Re- 
verendo António  Alvares  Louza  Cónego 
da  Cathedral  de  Évora  muito  erudito,  a 
cuja  diligencia  devemos  varias  noticias  para 
eJfta    Bibliotheca. 

Tratado  das  Canonif^açoens  pelas  duvi-  das 
que  fe  opu^ieraõ.  à  Beatificação  do  V.  Padre 
Jo^eph  Anchieta  da  Companhia  de  JESUS  M.  S. 


148 


BIBLIO  THE  CA 


Eíla  obra  conferva  em  Roma,  onde  foy  com- 
pofta,  e  com  applauzo  recebida,  o  Illuftrif- 
fimo  Arcebifpo  de  Perga  D.  Chriftovaõ  de 
Almeyda. 

FRANCISCO  DA  FONSECA  HENRI- 
QUES naceo  em  a  Villa  de  Mirandella 
da  Provinda  Tranfmontana  a  6.  de  Ou- 
tubro de  1665.  onde  teve  por  Pays  a 
Gabriel  Pereira,  e  Gracia  Mendes.  Apren- 
didas as  primeiras  letras  na  Pátria  paf- 
fou  à  Univerfidade  de  Coimbra  onde  fe 
applicou  ao  eíludo  da  Arte  Medica  em 
que  fez  grandes  progreíTos  o  feu  vivo 
engenho,  a  qual  exercitou  com  admi- 
vel  methodo  neíla  Corte  em  que  foy  ve- 
nerada a  fua  Sciencia  praétíca,  e  Theo- 
rica  valendo-fe  da  eficácia  dos  medica- 
mentos, que  elle  mefmo  manipulava  por 
fer  peritiíTimo  na  Arte  da  Alchimia  para 
triumfar  das  enfermidades  mais  perigofas. 
Naõ  lhe  deverão  menor  eftudo  as  fcien- 
cias  amenas  do  que  as  feveras  fabendo  com 
perfeição  a  lingua  Latina,  Rhetorica,  e  My- 
thologia  as  quaes  lhe  facilitarão  a  intro- 
dução no  Pamaflb  fendo  a  fua  Mufa  aíTim 
heróica,  como  Lyrica  muito  aplaudida  pelos 
melhores  profeíTores  da  Poética.  Falleceo 
em  Lisboa  a  17.  de  Abril  de  1731.  quando 
contava  66.  annos  de  idade.  Jaz  fepul- 
tado  na  Parochial  de  NoíTa  Senhora  da 
Pena.  Eruditijfimus  vir  o  intitula  Camillo 
Eucherio  de  Quintiis  De  Balneis  Pythecufar. 
pag.    251.     Compoz 

Pleuricologia,  Jtve  Syntagma  Univerjale  de 
Pleítritide,  ^  ipfius  curatione  in  quo  dúbia 
multa  árdua  difficilia,  qua  circa  majora  auxilia 
in  acutorum  morhorum  medella  pajfim  occurrunt 
fub  Pleuritidis  nomine  loculenter  diloricantur ,  <& 
rationabili  calamo  diffolvuntur ;  deinceps  que  omnia 
remedia  efficacijftma  expertijftma  pro  comperta 
Pleuritidis  medicatione  ad  amujftm  enucleantur. 
UlyíTipone  apud  Antonium  Pedrozo  Galraõ. 
1701.   4. 

Tratado  Único  do  u^o,  e  adminijlraçaõ 
do  Av^ougue  nus  cav^os  que  he  prohibido.  Lisboa 
por  Valentim  da  Cofta  Deflandes  Impreflbr 
delRey.    1708.   4. 

Medicina  iMJitana,  Socorro  Delphico  aos 
clamores  da  naturev^a  humana  para   total  pro- 


fligaçaS  de  feus  males  dividido  em  três  Partes. 
Na  primeira  trata  da  vida  do  homem  antes 
de  nacer.  Na  Segunda  da  arte  de  criar,  e  curar 
meninos.  Na  terceira  trata  das  febres.  Amftcr- 
dam  por-  Miguel  Dias.  1710.  foi.  No 
fim  eftá  o  Tratado  do  Azougue  de  que 
aíTima  fe  fez  mençaõ.  Sahio  fegunda  vez 
impreíTo  Amfterdam  pelo  dito  Impreflbr 
1731.  foi. 

Apiarium  Medico-Chymicum  Chyrurgicum, 
et  Pharmaceuticum.  Amílelodami  apud  Mi- 
chaelem  Dias.    171 1.   8. 

Methodo  de  curar  o  morbo  gallico  compofio 
pelo  Doutor  Duarte  Madeira  Arraes  ¥iv^co  mór 
delKey  D.  JoaÕ  o  IV.  illujlrado  com  annota- 
çoens,  e  no  fim  DiJfertaçaÕ  dos  humores  na- 
turaes  do  corpo  humano.  Lisboa  por  António 
Pedrozo  Galraõ.  171 5.  foi.  Sahio  eíla  Dif- 
fertaçaõ  reimprefla  na  fegunda  ediçaõ  da  Medi- 
cina l^ujitana,  e  Socorro  Delphico  &c.  Amfter- 
dam por  Miguel  Dias.  1731.  foi. 

Illujlrijfimo  Principi,  Magnificentijftmo  Herói 
D.  D.  Thoma  de  Almeyda  olim  Lamecenci, 
inde  Portugallenji  Epifcopo,  (&  Gubernatori, 
nunc  Ulyjfíponis  Occidua  celjjijjimo  Patriarcba 
Panegyris  in  qua  de  Sedis  Patriarchalis  ertc- 
tione  Juccinte  notitia  datur.  Ulyfipone  aptid 
Antonium   Pedrozo   Galram.    1717.    8. 

Anchora  Medicinal  para  conjervar  a  vida 
com  faude.  Lisboa  na  Officina  da  Muíica 
1721.  8.  &  ibi  na  Officina  Auguftiniana. 
1731.   4. 

Aquilegio  Medicinal  em  que  fe  dá  noticia 
das  aguas  de  Caldas,  de  Fontes,  Rios,  Poços, 
Lagoas,  e  Ciflemas  do  Reino  de  Portugal,  e  dos 
Algarves,  que  ou  pelas  virtudes  medicinaes  qm 
tem,  ou  por  outra  alguma  fingularidade  faõ  S- 
ffuis  de  particular  memoria.  Lisboa  na  Offi- 
cina da   Mufica.    1726.   8. 

FRANCISCO  DE  FONTES  natural  de 
Lisboa  infigne  Gramático,  fuaviíTimo  Poe- 
ta, e  naõ  menos  valerofo  Soldado  o  qual 
com  igual  impulfo  defembainhou  a  cf- 
pada  para  defenfa  da  Pátria,  do  que 
aparou  a  penna  cm  obfequio  de  fcus 
grandes  amigos  Jufto  Lipfio,  c  Erido 
Puteano  famofos  cultores  das  letras  hu- 
manas defendendo-os  nervofamente  da  in- 
juíla      critica      com     que     a     maledicência 


L  USITANA. 


149 


dos  feus  emulos  fe  oppoz  aos  efcritos  de 
taõ  celebres  varoens  gloriando-fe  de  alcan- 
çar tal  Apologifta  como  em  feu  applaufo 
efcreveo  D.  António  de  Attaide  primeiro 
Qjnde  de  Caílro  Dayro  na  carta  impreíTa 
no  principio  da  obra  feguinte  que  lhe  de- 
dicou Francifco  de  Fontes.  Fe/ices  illi,  qua- 
muis  peccajfent,  qui  talem  naãi  Junt  propugta- 
torem. 

Uhellus  apologetícus  por  ]ufto  Upfio,  (& 
Ericio  Vuteano  viris  clarijftmis.  Ulyflipone  apud 
Petrum   Craesbeeck.    161 8.    4. 

Comentaria  in  Statium  Papinium.  Deíla 
obra  que  he  difufa,  faz  o  Author  mençaõ 
a   foi.    27.    da    precedente 

Comelio  Tácito  traduzido  em  Vortuguev^. 
M.  S. 

Infcripçoens  dos  Arcos  triumfaes  com  que 
Lisboa  recebeo  a  Filippe  11.  no  anno  de  1619. 
e  fahiraõ  impreíTas  com  a  Viagem  ai  Reyno 
de  Portugal,  (&c.  Madrid  por  Thomaz  Junti. 
1622.  foi.  Fazem  memoria  delle  Francifco 
Manoel  Cart.  dos  A  A.  Portug.  acérrimo  de- 
fenjor,  e  fuave  amigo  de  Jujio  L.ipfio,  e  Pu- 
teano,  e  Joan.  Soar.  de  Brit.  Theatr.  Lufit. 
Litter.  lit.  F.  n.  43.  in  humanioribus  litteris 
infiruãijftmus. 

Fr.  FRANCISCO  FOREIRO  naceo  em 
Lisboa  de  Pays  igualmente  nobres,  e  pios 
para  fer  hum  dos  brilhantes  Aílros,  que  il- 
luftraraõ  a  nobiliíTima  Religião  dos  Prega- 
dores, cujo  fagrado  Inftituto  profeíTou  no 
Convento  Pátrio  a  2.  de  Fevereiro  de  1539. 
A  primeira  applicaçaò,  que  teve  o  feu  pe- 
netrante engenho  foy  inílruir-fe  com  a  no- 
ticia das  três  mais  famofas  lingoas  quaes 
eraõ  a  Latina,  Grega,  e  Hebraica,  e  fahio 
nellas  taõ  peritamente  verfado,  que  refolveo 
ElRey  D.  Joaõ  o  III.  partiííe  para  a  Uni- 
veríidade  de  Pariz  a  eíhidar  Theologia  pre- 
vendo que  igual,  ou  mayor  progreílo  havia 
de  fazer  nas  fdencias  feveras,  como  era  in- 
íigne  nas  amenas.  NaqueUa  fapientiírima  pa- 
leftra  penetrou  com  tal  agudeza  os  myílerios 
Theologicos,  que  mereceo  as  acclamaçoens  de 
todos  os  Cathedraticos  aíTim  na  comprehen- 
faõ  das  mais  dificultofas  queíloens  como  na 
argúcia  com  que  argumentava,  e  prompti- 
daõ  com  que   refpondia   dilatando-fe  a  fua 


litteratura  naõ  fomente  pela  Theologia  Ef- 
colaílica,  mas  pela  Moral,  e  Poíitiva.  Cumu- 
lado de  tantos  dotes  fdentificos  voltou  para 
o  Reyno  onde  foy  igualmente  admirada  a 
fua  vafta  erudição  nas  Cadeiras,  como  nos 
Púlpitos  conciliando  as  eíHmaçoens  delRey 
D.  Joaõ  o  III.  e  feus  Irmãos  os  Infantes 
D.  Henrique,  e  D.  Luiz,  que  tal  conceito 
formou  da  fua  fciencia,  e  integridade  de 
coíhimes,  que  o  elegeo  para  Meílre  de  feu 
filho  D.  António,  que  depois  foy  Prior  do 
Crato.  A  imiverfal  fama,  que  juílamente 
mereceo  pela  fua  facimdia  concionatoria  mo- 
veo  àquelle  Monarcha  a  nomeallo  feu  Pre- 
gador com  cincoenta  mil  reis  de  ordenado 
por  Alvará  expedido  a  23.  de  Dezembro  de 
1555.  Entre  os  famofos  Theologos,  que  no 
anno  de  1561.  mandou  a  Mageftade  de  D. 
Sebaíliaõ  ao  Conciho  Tridentino  foy  eUe 
eleito,  e  em  taõ  venerável,  e  authorizado 
congreíTo  manifeílou  com  eterna  gloria  do 
feu  nome,  e  immortal  credito  deíle  Reyno 
o  thefouro  de  que  era  depolito  a  fua  pro- 
funda capacidade.  Varias  vezes  eíleve  pen- 
dente da  fua  boca  aqueUa  doutiflima  AíTem- 
blea  pregando  todas  as  Quintas  feiras  de 
Quarefma,  e  como  era  verfado  na  locução 
de  varias  lingoas,  mandou  em  huma  occa- 
íiaõ  que  fubia  ao  Púlpito  preguntar  pelo 
Meílre  das  Cerimonias  aos  Cardeaes  feus  ou- 
vintes em  que  idioma  lhe  ordenavaõ  prègaf- 
fe,  do  que  naceo  tmiverfal  efpanto  em  taõ 
nobiliíTmio  Auditório.  Conhecendo  os  Le- 
gados do  ConciUo  o  feu  grande  talento  de- 
terminarão na  SeíTaõ  18.  celebrada  a  26.  de 
Fevereiro  de  1562.  que  foíTe  Secretario  da 
Junta  deputada  para  condenar  os  livros 
mais  dignos  de  fogo,  que  da  luz  publica, 
cujo  lugar  exercitou  com  tanta  madureza 
que  fendo  elle  o  primeiro  que  o  teve  âcou 
perpetuado  na  Ordem  dos  Pregadores  affim 
como  o  de  Meftre  do  Sacro  Palácio,  a  que 
deu  principio  o  Patriarcha  S.  Domingos.  A* 
fua  indefeíTa  applicaçaõ  fe  deve  a  reforma- 
ção do  Breviário,  e  MiíTal  Romano  fen- 
do neíla  laboriofa  empreza  feus  Compa- 
nheiros D.  Fr.  Leonardo  Marino  Arce- 
bifpo  Lancianenfe,  e  D.  Fr.  Francifco 
Fufcarario  Bifpo  de  Modena  ambos  da 
Religião  Dominicana.  Com  eíles  dous  gran- 


i5o 


BIBLIO THE  CA 


<les  Prelados  compoz  o  Cathecifmo  Ro- 
mano por  cuja  caufa  naõ  voltou  para  Por- 
tugal com  os  outros  Theologos  Portugue- 
zes  que  aíTiíUraõ  no  Concilio  como  aífirma 
S.  Carlos  Borromeo  em  huma  carta  efcrita 
a  ElRey  D.  Sebaíliaõ  em  o  primeiro  de 
Novembro  de  1564.  Tanta  era  a  opinião 
<jue  havia  das  fuás  letras,  que  naõ  bailando 
para  elogio  delias  taõ  honorificas  occupa- 
•çoens  o  mandarão  os  Padres  do  Concilio 
a  Roma  para  tratar  vocalmente  com  Pio  IV. 
negócios  em  que  era  intereíTada  a  Igreja 
Catholica.  Foy  recebido  com  paternal  bene- 
volência pelo  Summo  Paílor,  que  conhe- 
cendo os  religiofos  coftumes,  e  profundas 
letras  de  que  era  ornado,  ordenou  que  foíTe 
■direftor  da  conciencia  de  feu  Sobrinho  o 
•Cardeal  Borromeo,  que  depois  pelas  fuás 
heróicas  virtudes  foy  adorado  nos  Altares. 
Reílituido  ao  Reyno  foy  Prior  do  Convento 
de  Lisboa,  donde  paíTou  a  fer  Provincial 
no  anno  de  1568.  Foy  Confeflbr  delRey 
D.  Joaõ  o  III.  e  da  SereniíTima  Infanta  D. 
Maria  filha  delRey  D.  Manoel,  a  cuja  morte 
aíTiílio,  Qualificador  do  Santo  Officio,  e 
Deputado  da  Mefa  da  Conciencia,  e  Or- 
dens. Fundou  o  Convento  de  S.  Paulo 
íituado  na  Villa  de  Almada  fronteira  a 
Lisboa  elegendo  efte  íitio  como  mais  aco- 
modado para  a  cultura  do  eíhido,  e 
tranquilidade  do  efpirito  confignando-lhe 
para  feu  rendimento  hum  juro  de  du- 
zentos mil  reis  na  Cafa  da  índia  cõpra- 
do  com  os  ordenados  que  vencera  de 
Pregador  d'ElRey  e  da  impreíTaõ  dos  feus 
livros.  ElRey  D.  Sebaíliaõ  lhe  converteo 
o  Ordenado  de  cincoenta  mil  reis,  que  per- 
cebia de  feu  Pregador  em  juro  para  fuf- 
tentaçaõ  do  mefmo  Convento,  onde  mais 
chcyo  de  merecimentos  do  que  annos  paf- 
fou  de  caduco  a  eterno  em  10.  de  Feve- 
reiro de  1381.  com  58.  annos  de  idade, 
c  42.  de  Religião.  Naõ  faltou  quem  ef- 
creveíTe,  que  morrera  eíle  grande  Varaõ  de 
repente  penetrado  de  ver  do  Convento 
de  Almada  as  prayas  de  Lisboa  occupa- 
das  pelo  exercito  do  Duque  de  Alva  con- 
tra o  Senhor  D.  António,  que  fora  feu 
difcipulo,  cujo  fuceíTo  facilmente  fe  conven- 
ce de  fabulozo  por  fucceder  a  fua  morte  féis 


mezes  depois,  que  as  Tropas  Caílelhanas  fc 
alojarão  em  Lisboa.  O  feu  nome  he  cele- 
brado por  graviffimas  pennas  merecendo  o 
primeiro  lugar  o  elogio,  que  lhe  fez  Saõ 
Filippe  Neri  em  huma  Carta  efcrita  de  Ro- 
ma a  5.  de  Março  de  1564.  à  Senhora  D. 
Catherina  Duqueza  de  Bragança  cujo  Ori- 
ginal vimos,  e  fe  conferva  no  Cartório 
deíla  SereniíTima  Caza.  Por  via  dei  Emba- 
lador de  Portugal  recebi  tm  pliego  de  V.  A. 
y  otro  abia  tenido  embiado  antes  de  la  Stf- 
fion  ultima  que  fue  en  24.  de  Dev(iembre  àt\ 
Concilio  por  el  Obifpo  D.  Ga/par  Obifpo 
de  Leiria  a  tiempo,  que  fe  hallaba  yà  en 
ejla  Cúria  de  venida  Fr.  Francifco  Foreiro 
perfona  que  en  extremo  defeava  ver,  y  llegò 
a  tiempo  bien  oportuno  ai  mio  defidero.  Six- 
tus  Sen.  in  Ptib.  Sana.  lib.  4.  pag.  566. 
Theologus,  (&  Philofophus  fumma  eruditione  in- 
fignis,  Latina,  Graça  <&  Hebraica  lingua  pe- 
ritijftmus.  Fr.  Lud.  a  D.  Franc.  Prafat.  Glob. 
Ling.  Sana.  Doãijftmus,  f&  Keliffojijfimus.  Fr, 
Ant.  de  Sena  Bib.  Script.  Dom.  pag.  8j. 
vir  in  bonis  litteris  fundatus,  Philofophus,  & 
Theologus  in  divinarum  litterarum  leãione  val- 
de  tritus,  <ò'  inter  pracipuos  Dei  pracones 
excellens  Jimiliter  habitus  Imbonati  Ptib.  Ka- 
bina.  p.  42.  n.  167.  Summa  eloquentia,  et 
eruditionis  vir.  Joan.  Soar.  de  Brito  Tbeatr. 
Lufit.  Utter.  lit.  F.  num.  44.  vir  facra- 
rum  litterarum,  €>*  exoticarum  linguarum  pe- 
ritia  clarijftmus.  Fr.  Joan.  à  Cruce  in 
Prsefat.  Direã.  Confcient.  §.  6.  num.  16. 
Touron  Vie  de  S.  Thom.  d'Aquin.  liv.  j. 
cap.  8.  três  habile  dans  les  langues  Hebraique, 
Grecque,  e  Latine.  Fr.  Roque  do  Sovcr.  Hifi. 
de  N.  Senhora  da  Lu^  liv.  2.  cap.  11.  Vara9 
de  grandes  letras,  e  Chrijlandade.  Padre  Fran- 
cifco de  Francifcis.  Dijfert.  Philolog.  i» 
Francijc.  Litter.  Seél.  9.  num.  7.  Alium 
authorem  hic  jam  nomino  Univerfa  BibUo- 
theca  Chrijliana  Cenforem,  ^  in  Bibliotbe- 
carum  Sanãorum  Patrum  honorem  omnibus 
hijc  Patribus  fcilicet  Concionatorum,  atqm 
Bibliothecarum  titulis  jure  mérito  praMcanium: 
Francijc  um  Forerium;  ille  enim,  cb*  in  conckh 
nando  dicendique  facultate  potentijjimus  cumqm 
Ulyffe  ipjo  Gracorum  facundijftmo  à  qM 
conditore  nempe  fua  pátria  ejus  Ulyftp^ 
nomen     traxijfe     creditur,     conferendus,    regun 


LUSITANA.  i5r 

plane     vijus    eft    tn    eloqiierifia   facra.     Ec-  famofo    Foreiro    que    ajfifiio    no    Concilio    Tri- 

ckfiafies    ipfe    reffus,    atqtie    celeherrimus,    Rí-  de n tino,    onde    campearão    grandemente    fuar 

gum    iMJitanorum  concionator,   idemque   in   Con-  letras    Hyer.     Magio.     Var.     Laã.     liv.     2. 

cilio    Tridentino,    in    hoc    amplijfimo,    leãijfimo  cap.     8.     Theologo    praclarijjimo.    Comei.    A*' 

que    Orbis    Catholici    Senatu   inter    cateros   Sa-  Lapide    in    IJaiam    pag.    10.    Illufiris    Kegum^ 

crofanãa    btgus    Sjnodi    Patres    Sententiam    di-  'Lufitania    Encomiaftes.    Paul.    Colomef.    Ital. 

xit.    Neque    vero    hic    ad  purgandas    videlicet,  eb*    Hifp,    Orient.    p.    238.    vir    in    Hebraica 

atque     omandas     Orbis     Chrifiiani     Bibliothecas  Hngua     verjatijftmus.     Paul.     Fraher.      Theatr. 

bano    publico    natus    maios    folummodo     libros  vir.     Illujlr.     pag.      245.     litterarum    peritia,. 

Oecumenicus    ipfe     Cenfor    projcripfit,    Jed    et  ac    linguarum    inclaruit.    Thuan.    HiHor.    lib. 

optimis    idem,    ac    de   facris   pracipue    Bibliis  70.    magna    eruditionis    Theologus,    ^    non  Jo- 

henemeritus    trium    Sacrarum    Unguarum    lui-  lum    fcriptis     editis,    Jed     Synodi     Tridentimr 

tina,    Graça,    Hebraica    que   peritijftmus    Au-  ctgus    pars     magta    fuit,     aãione     clarus    Fr. 

thor    confcripjit,    qui    ut    vulgata    editionis    au-  Pedro     Mont.     Clauftr.     Domin.     Tom.      i. 

thoritatem     confirmaret,     ejufque     authorem     of-  pag.     87.     Filofofo     celeberrimo,     Theologo   in- 

íenderet  fenfum    de   fenfu    aptijftme    expreftjfe  figte,  peritifimo    nas   linguas    Grega,    Hebraica,. 

eo    nimirum    ipfe    confilio    per    muitos    Sacra  e  verfadiftmo   nas  letras  divinas,   e   pag.    118.. 

Scriptura     libros     iterum     de     verbo     ad    ver-  122.     e     171.     e    no    Tom.     3.     pag.     217. 
bum     vertit     ex     veritate     Hebraica     eofque 

t)oftea    libros    lucidijfimis    explicavit   commenta-  ^°^p02. 

riis.    &c.    Pacheco     Vid.    da    Inf.    D.    Ma-  I/aia  Propheta  vetus,  &  nova  ex  Hebraico^ 

ria  liv.    2.   cap.   4.    Varon  en   letras,    e    vir-  verfio  cum  Commentario,  in  quo  utriufque  ratia 

tudes   evidentes,    de    que  fon    teftigos    las    obras  redditttr,  vulgatus  interpres  à  plurimorum  catum- 

que    dio    a     lu^     en    que    fe    vé    igual    eru-  niis  vindicatur,  <ir  hei  omnes,    quibus  fana  Doc- 

dicion,    y     piedad.     Jacob,     le     Long.     Bib.  trina  aàverfus  hareticos,  atque  Judaos  confirmari 

Sacr.    pag.    mihi    556.    col.    2.     Trium.    lin-  poteji  fummo  Jludio,    ac    diligentia    explicantur. 

pmrum    peritijftmus    et     pag.     285.     col.     2.  Venetiis  apud  Jordanem  Zileti  1563.  foi.  & 

Dag.    302.    col.    2.    et.    pag.    728.    col.     2.  Antuerpix  apud  Philippum  Nutium.  1565.  8. 

Soufa    Hijl.    de    S.    Domingos    da    Prov.    de  Sc   in   Criticis  Sac.    Vet.    Tefl.    Amílelodami 

Portug.     Part.     3.     liv.     6.     cap.     8.     Pelas  1660.  foi.  Na  prefação  faz  efta  confiíTaõ  in- 

ktras    chegou    a  fer    naõ  fó    nobre,    e    conhe-  genua  aos  feus  amigos,  que  ferve  de  grande 

ido,    mas  famofo    no    mundo    Echard    Script.  elogio   a   eíla   obra.    Coram   Cbriflo  loquor,  à 

Ord.     Prad.     Tom.     2.     pag.     261.     col.     2.  quo  eadem  accepi;  me  quicquid  efi,  quod  vel  ipft 

natalibus,     clarus,    fed    litteris,     (ò"     eruditione  laudant,    vel   laudari    intellexerunt,    quicquid   in 

^onge  clarior  in  orbe  totó  fuljit  Nat.  Alex.  Hifi.  méis   concionibus  populam    tenet   at   que    afficit, 

cj:clef.    Sascul.    XV.    &    XVI.    cap.    5.    art.  quicquid  efl  eloquentia  fuavitatis,  g-avitatis,  om- 

k.    Vir  pietate,    (Ò"    eruditione    praftantijftmus.  nemque  facultatem  quam  mihi  in  dicendo  tribuunt 

^raveíTon   Hifi.   Ecclef   Tom.    7.    pag.    mihi  hac  ratione  ejfe  ajfecutum,  quam  in  interpretando 

113.    col.    I.    vir  pietate,    (Ò'   eruditione   praf-  Jefaia  fequor.  Xifto  Senenf.  Bib.  Sana.  lib.  4. 

'antijfimus.    Francifc.    de    Santa    Maria    Diar.  louva  eíle  Commento  com  as  feguintes  pa- 

Vortug.    pag.    55.    VaraÕ   doutijfimo   na    Theo-  lavras    nullum    umquam   opus  in   hoc  fcribendi 

ogia    Efcholaftica,     e    Moral,     e    na    Sagrada  genere  prodiit  in  lucem,   quod  aquius  pofit  cor- 

^fcritura.    Nicol.    Ant.    Bib.    Hifp.    Tom.    i.  nucopia  appellari.   Naõ  he  inferior  o  elogio, 

^.    326.    col.    I.    Philofophus,    ac    Theologus  que  lhe  faz  Richardo   Simon  Hiflor.   Critiq. 

'S^egius    quem    prajiantijjima     eruditionis    laus,  deVancien    Teflam.   pag.    50.    Forerius  fait  uoir 

"numque    linguarum    Eatina,    Graça,    (Ò^    Ha-  dans   tout  fon   ouurage,   qu'il  etoit   exerce   dans 

hraica    peritia    fngularis     domi    forifque     cia-  le  Jlile  deVEcriture  II  fetend  ala  verite  quelqm 

"ijjimum,    ac     Venerabilem    reddidere.    Cardofo  fois   fur    le   fens    moral,    mais    comme    il   nt 

^^ol.    Eufit.    Tom.     I.    Comment.    de    13.  feloigie  gueres  de  fon  fuget,  cela  fert  a  eclaircir 

,le    Fevereiro     letr.     E.     pag.     429.     aquelle  da  vantage  le  fens  literal. 


l52 


B I B  LIO  THE  CA 


ComtNentaria  in  omnes  libros  Propheíarum, 
<ic  Job,  Davidis,  ac  Salomonis.  Eftavaõ  promp- 
tos  para  a  ImprcíTaõ  como  afirma  na  Epif- 
tola  Dedicatória  aos  Padres  do  Concilio 
imprelTa  no  principio  da  obra  precedente. 
In  quibus  gernianam,  cathoUcamque  Jententiam 
Jumma  diligentia,  ac  Jliidio  fingulis  dicíionibus 
examinatis,  dkeiidique  formulis  Hebraorum  ob- 
fervatis  eliaii,  ut  promulgarem.  Opus  fane  fpif- 
Jum  ejl,  ai  que  opero/um :  qiiod  eiiam  haud  feio, 
an  umquam  tmus  homo  praflare  pojftí.  In  Co- 
mentário in  reliqiios  propheías  tantummodo  loci 
difficiles  explicantur.  Tanta  era  a  eftimaçaõ 
que  fazia  do  Commentario  fobre  o  livro 
de  Job  que  abrazando-lhe  todo  o  feu  apo- 
zento  hum  repentino  incêndio  preguntou  fe 
cfcapara  da  voracidade  das  chamas  o  feu 
Job,  e  certificado  de  que  ficara  illefo  naõ 
fez  cafo  de  tudo  quanto  perdeo.  Confer- 
vava-fe  efta  obra  no  tempo  que  Fr.  Luiz 
de  Souza  publicou  a  3.  part.  da  Hifl.  de 
S.  Domingos  da  Prov.  de  Porlug.  como  ef- 
creve    no    liv.    6.    cap.    8. 

Oraíio  habita  ad  PP.  Tridenti  Congrega  tos 
Dominica  prima   Adventiis  anni    1562.    Brixiae. 

1563.  4. 

Lexicon  Hebraicum.  Deíla  obra  faz  elle 
particular  mençaõ  na  Hpiflola  ad  amicos 
impreíTa  no  principio  do  Comento  de 
Ifaias  dizendo  maximis  vigiliis  non  foltim  ex 
aliis  lexicis,  fed  examinatis  locis,  quos  citant 
ad  Verborum  fignificationes  comprobandas  quod 
incredibile  diãu  efl  quantum  negotii  mihi  facef- 
ferit. 

Index  libroriim  prohibitornm  ctim  regtilis  con- 
feris per  Patres  à  Tridentina  Synodo  deletios 
atiíloritate  Pii  IV.  primum  editus.  Romae  ex 
Typog.  Camerx  Apoftolica:  1564.  &  Ulyf- 
nponc  de  mandato  Sercniffimi  Cardinalis 
Hcnrici  Infantis  Archicpifcopi  Ulyfl^iponen- 
fis   Legati  à   Latcre  apud  Francifcum  Corrêa 

1564.  4. 

Cathccifmus  ex  Decreto  Concilij  Triden- 
ti ni  ad  Parochos  Pii  V.  Pontif.  Max. 
jujju  editus.  Romx  cx  Typog.  Camerx  Apof- 
tolicx.  1 566.  4. 

hUfJale,  ÒT  Breiiarinm  Komanum.  Romx 
ex  Typ.  Cam.  Apoíl.  Eftas  trcs  ultimas 
obras  do  Index  dos  livros  prohibidos,  Ca- 
thccifmo,   MiíTal,  e  Breviário   Romano  com- 


poz  Fr.  Francifco  Foreiro  por  ordem  dos 
PP.  do  Concilio  juntamente  com  os  dous 
Prelados  Dominicanos  D.  Fr.  Leonardo  Ma- 
rino, e  D.  F.  Francifco  Fufcarario  de  que 
aíTima   fizemos   memoria. 

TraÚatiis  pro  Immaculata  Conceptione.  M. 
S.  Defta  obra  fazem  mençaõ  Fr.  Pedro  de 
Alva  y  Aftorga  Aí/7;/.  Concept.  e  Andrc  de 
Peruzzinis  in  Analyfi  Immactd.  Concept. 
foi.  63. 

Fr.  FRy\NCISCO  DE  FOYOS  natural 
de  Lisboa  Monge  Ciílercienfe  cujo  habito 
veftio  no  Real  Convento  de  Alcobaça  a  16. 
de  Novembro  de  1648.  Em  a  Univerfidadc 
de  Coimbra  recebeo  o  grào  de  Doutor 
Theologo,  c  foy  Conduélario  com  privilé- 
gios de  Lente  de  que  tomou  poíTe  a  19. 
de  Abril  de  1684.  Como  tiveíTe  igual  ta- 
lento para  a  Cadeira,  como  para  o  Púlpito 
logrou  as  eílimaçoens  de  grande  Letrado, 
e  infigne  Pregador.  Ao  tempo  que  eílava 
compondo  hum  novo  curfo  de  Theologia 
fundada  em  authoridades  de  feu  Mellifluo 
Patriarcha,  e  para  tomar  poflc  da  Cadeira 
de  Durando  paíTou  defta  vida  mortal  paia 
a  eterna  a  30.  de  Outubro  de  1693.  em 
cafa  de  feu  parente  Mendo  de  Foyos  Pe- 
reira Secretario  de  Eftado  delRey  D.  Pe- 
dro II.  Jaz  fepultado  no  Convento  de  N. 
Senhora    do  Defterro  deíla  Corte.     Compoz 

Sermão  Panegyrico  do  L^ufperenne  que  ft 
principiou  no  Keal  Mofieiro  de  Alcobaça  $M 
dia  da  Apresentação  de  N.  Senhora  i» 
anno  de  \G-jz.  Lisboa  por  Joaõ  da  Cofia 
1675.  4. 

Tratado  juridico  cm  que  moflra  o  Preito  ifB 
os  Abbades  do  Mofleiro  de  S a /cedas  tem  ptTê 
exercitarem  toda  a  JurifdiçaÕ  ordinária,  e  E^J- 
copal  em  feu  Couto,  e  Território,  que  confia  dl 
fete  Prcgue^ias.  Foy  comporto  no  anno  de 
1680.  e  eílava  aprovado  pelos  Mcílrcs  dl 
Univcrfidade  de  Coimbra.   M.   S. 

Sermoens  vários.  M.  S.  promptos  para  a 
ImprcíTaõ. 

FRANCISCO  DE  FRANÇA  DA  COS- 
TA natural  da  Cidade  do  Porto,  c  hum 
dos    mais    fuavcs    Cifncs    do    ParnaíTo,    af- 


L  USITANA. 


i53 


'fim  pela  afluência  das  vozes,  como  pela 
profundidade  dos  conceitos,  e  naõ  menos 
verfado  na  Mithologia,  e  liçaõ  dos  melho- 
res Poetas.  Soube  com  perfeição  a  lingua 
Caftelhana  na  qual  metrificava  com  admi- 
ração dos  mefmos  nacionaes  parecendo- 
-Ihes  pela  aíTiiiencia  que  fizera  em  Madrid 
fer  nacido  neíla  imperial  Villa  donde  paf- 
fando  a  Nápoles  em  ferviço  de  hum  Vice- 
Rey  terminou  a  carreira  da  fua  vida.  Vir 
ingenio  fingulari,  mufaque  Jtuwitate  cõmendatif- 
(imus  o  intitula  Joan.  Soar.  de  Brito  Theaír. 
Lufit.  Utterat.  lit,  F.  n.  45.  D.  Franc. 
Man.  Carta  dos  AA.  Portug.  concertadijfimo 
Poeta.  Manoel  de  Faria,  e  Souz.  2.  part. 
da  Fuent.  de  Aganip.  ExpUcac.  da  Fab.  de 
Gelia,  e  Flaminia  n.  3.  P.  Ant.  dos  Reys. 
Fjituf.    Poet.    n.    60. 

ínvia  hlandijono  refonat  modulamine  montis 
Culmina  França  leves  calamos  inflante  Thalia 
QiuB  caput  intextá  Peneide  virgine  cingit 
hata  fui  vatis. 

iCompoz 

Penafco  de  las  lagrimas.  Madrid  por  la 
iViuda  de  Alfonfo  Martin  1623.  8.  He  o 
ifliimpto  defta  Poefia  em  8.  Rima  a  Fonte 
das  lagrimas  que  corre  junto  da  Ribeira 
,do  Douro  pátria  do  Author. 
j  Jardim  de  Apolo.  Madrid  por  Juan  Gon- 
falves.  1624.  8.  e  Coimbra  por  Manoel 
Dias  1658.  8.  Coníla  de  vario  género  de 
Poefia  cuja  obra  louva  com  os  feguintes 
epitetos  o  infigne  Lope  da  Vega  Carpio 
na  cenfura  impreíTa  no  principio  delia.  Son 
tan  grandes  en  ejiilo,  como  pequenos  en  numero, 
fus  cornetos  raros,  Jus  ver/os  graves. 
j  Na  Relação  dos  Applaufos  da  Camniii^a- 
■^tâ  de  Sãto  IJtdoro  Laurador  eftaõ  humas 
luas  Decimas  a  foi.  78.  que  começaõ  L.ige- 
ras  para  anegar,  e  hum  Soneto  a  foi.  91. 
:que  principia  Sedientos  de  celeftes  Hjerarchias 
3  qxial  levou  o  premio  no  Certame  exal- 
[tando  ao  Poeta  a  Mufa  do  grande  Lope 
da  Vega  Carpio  no  ultimo  Poema  intitulado 
Prémios  de  la  Fiejla  com  eilas  métricas  vo- 
Izes 

Yá  de    Francifco   de    Francia 
I      £/  lúcido  entendimiento 
I      Viene  con  Ju  pompa  y  lujire 


Caufar  tan  dulces  efeitos. 
Honrando  el  Reyno  de    Ulyjfes 

De   vivos   ingenios   Reino 

Como  de  gloriofas  armas 

Y  de  Orientales  Trofeos. 
Na  Relação  das  Fejias  que  o  Collegio  Im- 
perial de  Madrid  da  Companhia  de  JESUS 
dedicou  no  anno  de  1622.  á  Canonização 
de  Santo  Ignacio,  e  S.  Francifco  Xavier 
eftaõ  a  foi.  10.  verf.  humas  fuás  Redondi- 
Ibas. 


FRANQSCO  FRANCO  natural  de  Vil- 
la-Viçofa  como  affirma  o  Licenciado  Jorge 
Cardozo  nas  Mem.  M.  S.  para  a  Bib.  Por- 
tuguet(a  a  quem  faz  Valenciano  Nicol.  An- 
tónio na  Bib.  Hifpan.  Tom.  i.  pag.  326. 
col.  21.  Aprendeo  Medicina  pelos  annos 
de  1543.  em  a  Univerfidade  de  Alcalà,  em 
cuja  faculdade  fahio  taõ  eminente  que  paf- 
fando  a  Portugal  o  fez  Medico  da  fua  Ca- 
mará ElRey  D.  Joaõ  o  III.  Depois  de  pe- 
regrinar por  diverfas  terras  foy  Lente  de 
Prima  na  Univerfidade  de  Sevilha  onde  pu- 
blicou 

Ubro  de  enfermedades  contagiofas,  y  de  la 
prefervacion  delias  com  o  Tratado. 

De  la  nieve,  y  dei  u^o  delia.  Sevilha  por 
Alonfo  de  la  Barrera.   1569.  4. 

FRANQSCO  FRAZAM  natural  de  Lis- 
boa, muito  douto  na  Hiftoria  profana. 
No  anno  de  1569.  que  o  terrivel  fla- 
gello  da  pefte  inficionou  a  fua  pátria 
cauzando  fataes  calamidades  aos  feus  mo- 
radores querendo  narrar  fucceíTos  taõ  laf- 
timofos  efcreveo  na  metáfora  de  huma  Nào 
chamada   Boa-Liz. 

Tratado  da  pefle  que  inficionou  a  Cidade 
de  Usboa.  M.  S.  do  qual  vimos  huma 
copia. 

Fr.  FRANQSCO  FREIRE  Religiofo  pro- 
feflb  da  Ordem  dos  Mínimos  de  S.  Francifco  de 
Paula,  e  muito  perito  na  intelligencia  da  Sagra- 
da Efcritura  de  que  foy  Meftre  em  a  Univerfi- 
dade de  Sevilha,  Qualificador  do  Santo  Officio, 
e  Vifitador  da  Província  de  CafteUa  em  cuja  pef- 


i54 


BIBLIO THE  CA 


foa  fe  uniraõ  profundidade  de  Sciencia,  c  in- 
nocencia  de  coíhimes.    Efcreveo 

Praludium  de  Sacrorum  Interpretum  digni- 
tate,  (Ó>'  divina  Scriptwra  excellentia,  puhlice 
hahitum  in  Academia  Hifpalenji  IV.  Non.  Ja- 
nuar.  1658.  Deíla  obra  faz  mençaõ  Jacob 
Lclong.    ^ih.    Sacr.    pag.    mihi    732.    col.    i. 

Sermon  en  la  Canoniv^acion  de  S.  Fran- 
cifco  Xavier  en  el  Colégio  de  S.  Herme- 
negildo. Sevilha  por  Mathias  Clavejo.   1622.  4. 

Sermon  Jexto  en  el  Convento  de  Nuef- 
tra  Senora  dei  Cármen  en  el  Oãavario  que 
hii(p  a  la  Canoni^acion  de  S.  Andres  Cor- 
fino  en  23.  de  Setiemhre.  Sevilha  por  la 
Viuda   de   Juan   Cabrera.    1631.   4. 

P.  FRANCISCO  FREIRE  naceo  na 
Villa  de  Eílremos  íltuada  em  a  Provin- 
da do  Alentejo  no  anno  de  1597.  fendo 
filho  de  Manoel  Alvares,  e  Anna  Ro- 
drigues. No  CoUegio  da  Companhia  de 
JESUS  da  Cidade  de  Évora  quando  con- 
tava quatorze  annos  de  idade  recebeo  a 
Roupeta  a  25.  de  Janeiro  de  161 1.  Nas 
letras  humanas,  e  lingua  Latina  fez  taes 
progreíTos  o  feu  engenho,  que  as  eníi- 
nou  com  applaufo  no  Collegio  de  Coim- 
bra alcançando  o  mayor  quando  foy  man- 
dado eftudar  Theologia  a  Roma  em  cuja 
fciencia  tanto  fe  diílinguio  de  feus  Con- 
difcipulos,  que  mereceo  preíidir  aos  aftos 
litterarios  em  o  Collegio  Germânico,  e 
expUcar  aos  Seminariftas  as  controveríias 
mais  dificultofas  da  Theologia  Polemica. 
Reílituido  à  pátria  leo  hum  curfo  de  Ar- 
tes na  Univerfidade  de  Évora,  e  muitos 
annos  Theologia  Moral  com  grande  opi- 
nião da  fua  fabedoria,  que  era  igual  ao 
talento  que  tinha  para  o  Púlpito.  Naõ 
foy  menos  verfado  em  hum,  e  outro 
Direito  de  que  deu  claros  argumentos 
quando  era  confultado  em  matérias  perten- 
centes a  eftas  Faculdades  admirando  os  feus 
profeíTores  a  promptidaõ  com  que  ref- 
pondia  havendo-fe  applicado  por  toda  a 
vida  ao  eftudo  da  Theologia.  Fallecco  de 
hum  accidente  apopletico  em  o  Collegio 
de  Santo  Antaõ  a  16.  de  Setembro  como 
efcreve  o  P.  Fraco  An.  Glorio/.  S.  J.  in 
LMfit.  pag.  329.  e  naõ  de  Agoílo  como  diz 


a  Bib.  Societ.  pag.  228.  col.  2.  do  anno  de 
1644.  quando  contava  47.  annos  de  idade, 
e  33.  de  Religião.  Delle  fe  lembraõ  Nicol. 
Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  327.  col.  1. 
Fonfec.  Evor.  Glorio/,  p.  430.  Franco  Imag. 
da  Virt.  do  Nov.  de  Evor.  pag.  863.  &  in 
Annal.  S.  J.  in  Eu/it.  p.  288.  n.  13.  magwm 
luminare  /cholarum.  P.  Emman.  Lud.  Vit, 
Princip.  Theod.  lib.  i.  cap.  5.  n.  31.  Eximis 
vir  ingenii,  <&  eruditionis  cômendatione  in  pau- 
eis  clarus.  Joan.  Soar.  de  Brit.  Theatr.  hufit. 
Utter.  lit.  F.  n.  46.  eraí  ingenio  magno.  P. 
Franc.  de  Francifc.  Philolog.  Dijfert.  de  Franc. 
Eitterat.  Seft.  3.  n.  20.  Tuas  imprimis  Fran- 
ci/ce  Freire  mu/as  Chri/lianas  deveneror...  Si /uo 
Mu/a  gaudet  Apolline  tuus  e/l.  D.  Franc.  Man. 
Cart.  dos  AA.  Portug.  Girard.  Diário  de  //' 
co/e  memorab.  Part.  i.  a  25.  de  Janeiro. 
Franckenau  Bib.  Hi/p.  Gen.  Herald,  pag.  129. 
Compoz 

Apologia  Veriíatis,  (ò"  Ju/litia  pra/ertim 
in  /oro  concientia  vindicatrix.  1642.  4.  He 
imprefla  em  Amfterdaõ  pofto  que  fe  naõ 
declare.  Nella  fe  defende  a  juftiça  com 
que  foy  acclamado  Rey  de  Portugal  o 
SereniíTimo  D.  Joaõ  o  IV.  e  dedicada 
a  D.  Francifco  de  Mello  Marquez  de 
Ferreira  onde  afirma  o  Author  as  di- 
verfas  moleílias,  e  calamidades,  que  pa- 
decera fendo  entre  todas  a  mayor  o  cf- 
tar  prezo  baftante  tempo  em  Évora  por 
defender  publica,  e  particularmente  o  Di- 
reito, que  aíTiftia  à  SereniíTima  Cafa  de  Bra- 
gança para  fubir  ao  trono  de  Portugal  con- 
tra as  injuílas  oppofições  de  Caílella.  Mar- 
tinho Jozè  Portuguez  aíTiftentc  cm  Amfter- 
daõ por  cuja  induílria  fe  imprimio  efla 
Apologia  efcreve  huma  carta  a  feu  amigo 
Nicolao  Carvalho  morador  na  Gdadc  do 
Porto,  e  nella  fazendo  juizo  da  obra  lhe 
diz;  Dignijftmus  quidam  /apientijftmis  hominibus 
hujus  in/erioris  Germânia  vi/us,  qui  ante  altos 
omnes  typis  mandaretur  propterea  quoà  cateri 
/rigide  ad  modum,  exiliter,  <Ò^  ob/cttre  de  ju/-  \ 
titia  inviãijtmi  Regis  noftri  Joannis  IV.  dijft- 
rere,  €>•  ã  punão  qua/lionis  aberrare  videantur»*-  \ 
/ed  Franci/cus  ad  /copum  collimavit  /olu/que  mé- 
dium percujftt,  acutijfime  di/linxit,  infinita  pro- 
pemodum  utriu/que  Júris,  Theologica  Facultatu,  | 
cb*  annalium  eruditione  illu/iravit,  multipHci  ff^ã- 


L  USITANA. 


i55 


vijfimorum  doEtorum  authoritate  Jlahilivit,  mira 
ingenii  acritate  irrupit  oppofitos  óbices,  objeãa 
repagula  infregit,  Jolidijftme  refoluit,  <Ò'  mereãana 
luce  clarim  cum  Jumma  hrevitate  conclufit. 

Com  o  fupoílo  nome  de  feu  Irmaõ  Braz 
Freire  de  Pina. 

De  rebus  Sanãa  Elifabetba  iMJitanorum 'Rjb- 
gina.  Lugduni  apud  Jacobum  Cardon,  & 
Petxum  Cavillat.    1627.   12. 

De  Symbolis  Heroum  libri  V.  os  quais 
multiplici  eruditione  illuftres  intitula  a  'Bib.  So- 
ciet.  pag.  228.  col.  I.  e  fe  confervaõ  M.  S. 
na  Cafa   ProfeíTa    de   Roma,   como  também 

Conciliorum  libri  V.  M.  S.  Deftas  con- 
lultas  allega  a  oâogeíTima  do  livro  5.  o 
Doutor  Manoel  Themudo  da  Fonfeca  nas 
luas  Decijoens  Decif.   ziy  à  num.  9. 

Arte  de  bem  morrer.   M.    S. 

Philofophia  Univerfa  M.  S.  prompta  para 
a  ImpreíTaõ. 

Catena  in  IV.  libros  Kegum.  M.  S.  Defta 
obra  faz  mençaõ  Jacob.  Le-Long.  Bib.  Sacr. 
pag.  mihi  752.  col.  2. 

De  excellenti  magnitudine  Imperii  Auftriaci. 
I  M.  S.  Defta  obra  fe  lembra  Franckenau 
Wf.   Hifp.    Herald.    Geneal.    pag.    129. 

In  fmere  Excellentijftmi  Theodofii  Duas  Bri- 
gantini  D.  Eduardo  ejus  filio  dicatus.  M.  S.  4. 
Conferva-fe  na  Bib.  Regia.  He  huma  Eglo- 
ga  intitulada  Theodofius  em  que  faõ  inter- 
locutores  Grafus,   Titus,  eb»   Pellaus.   Começa 

Morfuus  eft  noftri  Theodofius  gloria  ruris. 
Acaba. 

\jnus    erit    quondam   grande    Maronis    opus. 


FRANaSCO  FREYRE  DE  FARIA 
natural  da  Villa  da  Caflanheira  do  Pa- 
triarchado  de  Lisboa  taõ  douto  na  Sa- 
grada Theologia,  e  Direito  Pontifício,  co- 
mo excellente  Pregador  por  cujas  par- 
tes mereceo  fer  Prior  da  Igreja  de  Nof- 
fa  Senhora  da  Purificação  do  lugar  de 
Bucellas  diftante  de  Lisboa  quatro  legoas 
para  o  Norte,  cujas  ovelhas  apafcentou 
com  fummo   difvello  atè  que  paíTou  a  me- 

I  Ihor  vida  em  3.  de  Janeiro  de  1680.  e  nella 

ijaz  fepultado.   Compoz. 

^reve  declararão  dos  fundamentos  da  Fé,  e 
'■•MS  coufas  importantes,  e  necejfarias  á  falvaçaõ. 


Lisboa   por   António    Craesbeeck   de  MeUo. 
1664.  4. 

Primavera  efpiritual,  e  confideraçoens  necej- 
farias  para  bem  viver.  Lisboa  por  Joaõ  da 
Cofta.    1673.    8. 

FRANCISCO  FREYRE  SERRAM  natu- 
ral da  Gdade  de  Évora,  e  muito  perito 
no  eftudo  da  Hiftoria,  e  Poefia  em  que  fez 
muitas  obras  dignas  de  geral  efhimaçaõ  fen- 
do a  principal. 

Dialogo  em  que  faõ  interlocutores  hum  Reli- 
giofo,  e  hum  Cortev^aÕ.  Começa.  Entre  Douro, 
e  Minho  nejle  Rejno  de  Portugal  efiava  reco- 
lhida em  huma  quinta,  (ò'c.  M.  S.  Delle  faz 
memoria  o  P.  Francifco  da  Fonfeca  Ej;or. 
Gloriof  pag.  411.  com  o  titulo  de  Dialogo 
das  miferias  humanas,  que  ignoro  fe  he  o 
mefmo  que  o  precedente,  ou  totalmente  di- 
verfo. 

P.  FRANQSCO  FURTADO  Naceo  na 
Ilha  do  Fayal  huma  das  Ilhas  dos  Açores 
no  anno  de  1588.  onde  teve  por  Pays  a 
Gafpar  de  Lemos,  e  Maria  de  Aboim  da 
Sylveira  de  igual  nobreza  que  piedade.  Na 
idade  de  vinte  e  hum  annos  elegeo  para  feu 
domicilio  o  Collegio  dos  Padres  Jefuitas  de 
Coimbra  onde  recebeo  a  Roupeta  a  16.  de 
Abril  de  1609.  Ao  tempo  que  eftudava  Theo- 
logia impellido  do  fagrado  dezejo  da  converfaõ 
da  gentilidade  paíTou  ao  Oriente  donde  fe 
introdufio  no  Japaõ  em  o  aimo  de  1621.  em 
cuja  agrefte,  e  dilatada  vinha  derramou  co- 
piofos  fuores  pelo  efpaço  de  trinta  e  dous 
annos  atè  que  em  Macao  onde  fez  a  profííTaõ 
do  quarto  voto  fendo  Vifítador  foy  lograr  o 
premio  de  feus  apoftolicos  trabalhos  a  21.  de 
Novembro  de  1653.  com  71.  annos  de  idade,  e 
50.  de  Religião.  Delle  fe  lembra  com  louvor 
Bib.  Societ.  pag.  228.  col.  2.  Faria  Afia  Portug. 
Tom.  3.  Part.  2.  cap.  12.  n.  18.  Joan.  Soar. 
de  Brit.  Theatr.  Lufit.  litter.  lit.  F.  n.  47.  Franco 
Imag.  da  Virt.  do  Nov.  de  Coimb.  Tom.  2.  pag. 
616.    Compoz  na  lingua  Sinica 

Hoan  yú  civen,  id  eft  De  mundo,  (& 
Calo.  Confta  de  6.  livros  em  que  prova 
com  rezoens  Filofoficas  haver  hum  pri- 
meiro    Motor,     e     Senhor     do     Univerfo, 


i5ó 


BIB  LIO  THE  C  A 


que  era  Deos,  cuja  obra  fe  imprimio,  e 
delia  fa2em  memoria  o  P.  Martin  Martinio 
Hijl.  Sinica  pag.  34.  §.  7,  e  Cathalog.  PP. 
Soe.  Jefu  qui  pojl  ohitum  S.  Franc.  Xaver.  ah 
armo  15  81.  ujque  ad  1681.  Império  Sinarum 
Jefu   Chrijii  fidem  propagarunt.    §.    28. 

Ijogica,  e>*  Methaphyfica.   M.   S. 

Carta  ejcrita  em  10.  de  Novembro  de  1636. 
ao  Geral  Mmcío  Vitelefchi  ã  cerca  dos  Ritos  da 
China. 

Kepuejla  a  las  12.  quefiiones  de  Fr.  Jtian 
Bautijia  de  Morales  Jobre  los  Ritos  Chtnefes 
em  8.  de  Febrero  de  1640.  Foraõ  traduzidas 
eftas  duas  obras  em  Latim,  e  fahiraõ  im- 
preflas  em  a  Injormacion  de  la  antiquijjima 
Praãica  de  los  PP.  de  la  Compartia  de  JESUS 
en  la  China.  1700.  8.  Como  efcreve  o  mo- 
derno addicionador  da  Bib.  Orient.  de  An- 
tónio  de   Leaõ   Tom.    i.   Tit.    7.    col.    123. 

FRANCISCO  FURTADO  DE  MEN- 
DOÇA  naceo  na  Cidade  de  Bragança 
a  22.  de  Outubro  de  1707.  fendo  fi- 
lho de  Chriftovaõ  da  Paz  Furtado,  e  de 
fua  mulher  Mecia  de  Caftro.  Applicou- 
fe  na  Univerfidade  de  Coimbra  ao  eíhi- 
do  da  Medicina  em  que  recebeo  o  grào 
de  Licenciado  .  Naturalmente  he  inclina- 
do à  Poefia  fendo  o  feu  génio  para  a 
Cómica  em  que  tem  compoílo  as  feguintes 
obras. 

Oriente  dei  Sol  màs  claro  Auto  Sacramental 
para  o   Nacimento   de   Chriílo. 

Suf pirado  y  divino  Oriente  dei  más  hermot^o 
Prodigio  Comedia  para  o  Nacimento  de  Nof- 
fa  Senhora. 

El  De^^emperio  Njmphatico.  Comedia 

Triunfo  dei  fiero  amor.  Bayle,  e  os  feguintes 

Ea  viãoria  de  Vénus 

Ea  difgracia  de  la  Eyra 

Zelos  aun  dei  ayre  abra!(an 

El  Robô  dei  Vellocino. 

FRANCISCO  GALVAM  DE  MENDA- 
NHA filho  de  Joaõ  Galvaõ  Bedel  da  Uni- 
verfidade de  Évora,  e  Moço  da  Guarda- 
-roupa  do  Cardeal  D.  Henrique  naceo  na 
Gdade  de  Évora  onde  foy  Beneficiado  da 
Igreja  Parochial  de  S.  Pedro,  e  Licenciado 


na  Sagrada  Theologia.  Teve  o  engenho 
agudo,  fumma  intelligencia  da  lingoa  La- 
tina, e  de  todo  o  género  de  humanidades  a 
que  fe  applicou  defde  os  primeiros  annos. 
Intentou  efcrever  as  vidas  dos  Bifpos  de 
todas  as  Cathedraes  defte  Reyno,  e  fuás 
Conquiílas,  Cardeais,  Santos,  e  Varoens  in- 
fignes  aífim  em  fantidade  como  em  valor 
de  cujas  noticias  fez  participantes  ao  infi- 
gne  antiquário  Manoel  Severim  de  Faria 
como  elle  confeíTa  nos  feus  Difcur.  Var. 
foi.  47.  verf.  Nenhuma  deftas  obras  che- 
gou a  lograr  o  dezejado  fim,  e  unicamente 
deixou  Memorias  M.   S.  para  a 

Bibliotheca  Portuguev^a  cujo  original  vimos, 
e  examinamos  em  o  anno  de  1722.  o  qual 
fe  conferva  na  Livraria  do  Excellentiffimo 
Conde  do  Vimieiro.  Confia  de  336.  folhas 
que  comprehendem  677.  Authores.  Defla 
obra  faz  mençaõ  Fr.  Fernando  da  Soledade 
HiJl.  Seraf.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  4.  liv.  3. 
cap.  9.  §.  529.  Morreo  em  Évora  a  5.  de 
Novembro  de  1627.  e  jaz  fepultado  em  a 
Nave  do  meyo  do  Convento  de  S.  Domin- 
gos  da  mefma  Qdade. 

D.  FRANCISCO  DA  GAMA  quarto  Con- 
de da  Vidigueira  Almirante  da  índia,  Confe- 
Iheiro  de  Eflado  de  Filippe  II.  e  III.  e  da  Chave 
dourada  defl:e  Príncipe  filho  de  D.  Vafco  da 
Gama  terceiro  Conde  da  Vidigueira,  Almirante 
da  índia,  Eílribeiro  mòr  delRey  D.  Joaõ  III.  e 
Confelheiro  de  Efl:ado,  e  D.  Maria  de  Attaide 
filha  de  D.  António  de  Attaide  primeiro  Conde 
da  Cafianheira,  Confelheiro  de  Eftado  delRey 
D.  Joaõ  o  III.  e  Vedor  da  fua  Fazenda,  e  de  D. 
Anna  de  Távora  filha  de  Álvaro  Pires  de  Tá- 
vora Senhor  de  Mogadouro,  e  D.  Joanna 
da  Sylva.  Podendo  gloriarfe  de  imitar  aos 
feus  Mayores  no  exercido  das  armas  os  cx- 
cedeo  em  a  idade  em  que  as  empunhou  pois 
quando  contava  quatorze  annos  jà  militava 
em  obfequio  da  Pátria  com  enveja  dos  Solda- 
dos veteranos,  aífinalando  o  feu  nome  na  in- 
fauíla  batalha  de  Alcácer  Seguer  onde  falvando 
a  vida  perdeo  a  liberdade.  Com  taõ  glo- 
riofos  prelúdios  fe  habilitou  para  fcr  eleito 
Vice-Rey  do  Eflado  da  índia  para  onde 
partio  a  10.  de  Abril  de  1596.  com  cinco 
nàos    contando    entre    os    fucceíTos    memo- 


L USITANA 


xaveis  do  feu  governo  a  deílruiçaõ  do 
Cunhale  pelas  valerofas  mãos  do  famofo  Ge- 
neral André  Furtado.  Segunda  vez  foy 
mandado  reger  o  Império  Aíiatico  Portu- 
gue2,  e  partindo  de  Lisboa  a  i8.  de  Março 
de  1622.  acompanhado  de  quatro  navios  fe 
encontrou  na  altura  de  Moçambique  com 
cinco  nàos  Olandezas,  que  depois  de  hum 
furiofo  combate  em  que  fe  perdeo  a  Almi- 
rante experimentarão  femelhante  infortúnio 
as  outras  nàos  encalhadas  na  areya  donde 
extrahidas  as  muniçoens,  enxárcias,  e  arti- 
lharia fe  entregarão  ao  fogo  para  que  naõ 
ferviíTem  à  cubica  dos  piratas.  Salvo  o 
Vice-Rey  deíle  trágico  fucceífo  aportou  em 
■Goa  alcançando  no  tempo  do  feu  governo, 
<iue  adminiílrou  pelo  efpaço  de  quaíi  féis 
annos  multiplicadas  viâiorias  dos  Olan- 
dczes,  e  Inglezes  de  que  foraõ  gloriofos 
inílrumentos  aquelles  dous  animados  rayos 
Nuno  Alvares  Botelho,  e  Ruy  Freire  de 
Andrade.  Foy  cazado  duas  vezes  a  i.  com 
D.  Maria  de  Vilhena  filha  de  D.  Duarte 
de  Menezes  Senhor  de  Tarouca,  e  Penalva, 
Capitão  de  Tangere,  e  Governador  do  Al- 
garve, e  de  D.  Leonor  da  Sylva  filha  de 
Diogo  da  Sylva  Alcaide  mór  de  Lagos,  e 
Embaxador  ao  Concilio  Tridentino  de  quem 
teve  dous  filhos.  A  2.  com  D.  Leonor 
Coutinho  filha  de  Ruy  Lourenço  de  Tá- 
vora, Governador  do  Algarve,  Vice-Rey  da 
índia,  Confelheiro  de  Eftado  de  Filippe  II. 
e  D.  Maria  Coutinho  filha  de  D.  Diogo 
de  Almeida  Capitão  de  Dio,  Provedor  dos 
Armazéns,  e  Armador  mòr,  de  cujo  con- 
forcio  teve  entre  muitos  filhos,  e  filhas  a 
D,  Vafco  Luiz  da  Gama  I.  Marquez  de 
Niza,  V.  Conde  da  Vidigueira  Embaxador 
extraordinário  a  França,  Confelheiro  de  Ef- 
tado, e  Vedor  da  Fazenda  dos  Reys  D. 
Joaõ  o  IV.  e  AíFonfo  VI.  Falleceo  na  Villa 
de  Oropeza  titulo  de  Condado  em  o  Reyno 
de  Toledo  em  o  mez  de  Julho  de  1632. 
donde  foy  transferido  a  50.  de  Mayo  de 
1640.  para  o  Convento  dos  Religiofos  Car- 
melitas Calçados  da  ViUa  da  Vidigueira,  que 
he  jazigo  da  ExcellentiíTima  Cafa  dos  Mar- 
quezes  de  Niza,  e  na  Capella.  mòr  da  parte 
da  Epiiiola  jaz  fepultado  com  eíle  epi- 
táfio. 


157 

Aqui  jat(^  D.  Francifco  da  Gama  quarto 
Conde  da  Vidigueira,  Almirante  da  índia,  Vi- 
ce-Kfy  delia  duas  ve^es,  Prejidenfe  do  feu  Con- 
felho,  e  Gentil-Homem  da  Camará  de  Sua  Ma- 
gefiade,  e  do  feu  Confelho  de  afiado  o  qual 
tendo  fervido  àncoenta,  e  féis  annos  começando 
de  quatorf^,  foy  cativo  na  batalha  de  Alcácer, 
e  veyo  a  acabar  em  Oropeza  mal  fatisfeito  do 
feu  R^  donde  foy  trasjdo  para  efle  Convento 
a  10.  de  Mayo  de  1640.  Delle  faz  larga 
memoria  Manoel  de  Faria,  e  Souza  Afia 
Portug.  Tom.  3.  Part.  2.  cap.  i.  atè 
5.  e  Part.  4.  cap.  i.  e  2.  e  D.  Ant. 
Caet.  de  Souz.  Hijl.  Gen.  da  Caf  Real 
Portug.  Tom.  10.  lib.  10.  cap.  4.  p.  563. 
Efcreveo 

Relação  do  fuccejfo  da  viagem  da  China 
até  Moçambique,  combate  que  houve  com  os  ini- 
migos, e  da  perda  das  nàos  em  aquella  barra. 
O  original  fe  conferva  na  Bibliotheca  del- 
Rey  CathoUco  como  afirma  o  moderno 
addicionador  da  Bib.  Orient.  de  António  de 
Leaò  Tom.   i.  Tit.  2.  col.   139. 

FRANCISCO  GARQA  celebre  profef- 
for  da  Arte  Mufica,  aílini  pra£tica,  como 
efpeculativa  deixando  para  teftemunho  da 
fua  fcienda. 

Mijfas  de  vários  Tons.  Lisboa  por  Pe- 
dro Craesbeeck.  1609.  foi.  Da  obra,  e  do 
Author  faz  mençaõ  Joaõ  Franco  Barreto 
Bib.    Portug.   M.   S. 

D.  FRANCISCO  GARCIA  natural  da 
ViUa  de  Alter  do  Chaõ  do  Bifpado  de 
Elvas  em  a  Provinda  Tranílagana  onde  teve 
por  Pays  a  Joaõ  Garcia,  e  Catherina  Gomes. 
Na  idade  de  18.  annos  fe  dedicou  a  Deos 
em  o  Noviciado  de  Évora  da  Companhia 
de  JESUS  em  12.  de  Jxmho  de  1598.  onde 
depois  de  aprender  as  letras  humanas,  e 
divinas  inflamado  com  o  dezejo  de  agregar 
filhos  ao  grémio  da  Igreja  Romana,  fe  em- 
barcou para  a  índia  com  cincoenta,  e  oito 
companheiros  de  que  era  Superior  o  Pa- 
dre Alberto  Laércio.  Chegado  a  Goa  foy 
diébr  Filofofia  em  Cochim  donde  com  fei- 
culdade  dos  Prelados  partio  para  a  Cof- 
ta  da  Pefcaria,  e  nella  exercitou  com 
incanfavel    applicaçaõ    os    minifterios    apof- 


i58 


BIBLIO THE  CA 


tolicos.  Reftituido  a  Goa  leo  hum  curfo 
de  Theologia,  e  como  o  feu  talento  era 
taõ  capaz  para  o  magifterio  como  para  o 
governo  foy  Reytor  dos  Collegios  de  Ba- 
çaim,  e  Saõ  Paulo  de  Goa,  e  ultimamente 
Provincial.  Provada  a  gravidade  da  fua 
prudência  com  tantos  lugares  fubio  a  outro 
mayor  qual  foy  fer  futuro  fuceííor,  e  Coadjutor 
do  Arcebifpo  da  Serra  D.  Eftevaõ  de  Brito 
fendo  fagrado  com  o  titulo  de  Afcalona 
em  a  Caza  profeíTa  de  Goa  pelo  Arcebifpo 
Primaz  D.  Fr.  Francifco  dos  Martyres  em 
o  primeiro  de  Novembro  de  1637.  Partio 
logo  para  Cranganor,  e  por  eftar  o  Arce- 
bifpo pela  fua  provefta  idade  incapaz  de 
vifitar  aquella  Chriílandade  fe  ofFereceo  para 
efte  miniílerio,  que  defempenhou  com  igual 
zelo,  que  actividade.  Morto  de  hum  acci- 
dente  apopletico  o  Arcebifpo  D.  Eílevaõ 
de  Brito  a  2.  de  Dezembro  de  1641.  entrou 
a  governar  a  Chriílandade  de  Cranganor 
fendo  obedecido  do  Arcediago  dos  Chriílãos 
da  Serra  o  qual  como  fequaz  dos  erros 
fcismaticos  da  Igreja  de  Alexandria  foy 
cauza  de  padecer  o  Arcebifpo  grandes  tri- 
bulaçoens,  e  ainda,  que  applicou  vários  re- 
médios para  a  redução  de  tantas  ovelhas 
erradas,  naõ  correfpondeu  o  eíFeito  a  taõ 
fagrados  intentos.  Naõ  fomente  foy  douto 
na  Theologia  efpeculativa,  e  Moral,  Direito 
Canónico,  e  Civil,  mas  verfado  nas  linguas 
Grega,  Hebraica,  Caldaica,  Siriaca,  Canarina, 
e  Indoílana.  Depois  de  praéticar  exadta- 
mente  as  virtudes  próprias  de  hum  vigilante 
Paílor  paíTou  a  lograr  o  premio  delias  em  Cran- 
ganor a  3.  de  Setembro  de  1659.  quando  con- 
tava 70.  annos  de  idade  e  61.  de  Companhia  dos 
quaes  foy  18.  Arcebifpo.  Fazem  memoria  das 
fuás  acçoens  Franco  Imag.  de  Virt.  em  o  Nov. 
de  Evor.  liv.  3.  cap.  8.  atè  cap.  14.  e  Ann,  Glor. 
S.  I.  in  híijit.  pag.  514.  Souza  Cathalog.  dos 
Bifpos,  que  tiveraõ  Diocev^es fora  do  Reyno  pag.  149. 
Compoz 

Re/açaÕ  dos  Gentios  Seãarios  da  índia  Orien- 
tal. M.  S. 

Diálogos  efpirituaes.  Defta  obra  efcreve  o 
Padre  Franco  aíTima  allegado  pag.  435.  fora 
compoílo  para  que  com  as  reprefentaçoens  de 
cous^as  Santas  fe  inflamajfem  mais  os  ânimos  na 
virtude,  e  fe  augmentaffe  a  piedade. 


Carta  efcrita  ao  Arcediago  dos  Chrif- 
tãos  da  Serra  em  que  lhe  perfuade  com  afec- 
tuov^a  eficácia  a  fua  redução  a  Igreja  Romana. 
Delia  faz  mençaõ  o  referido  Padre  Franco 
pag.    439. 

FRANCISCO  GIL  natural  do  Lugar 
de  S.  Pedro  de  Moimenta  termo  da  Q- 
dade  de  Bragança  em  a  Provinda  de 
Trás  os  Motes.  Foy  Presbítero  taõ  orna- 
do de  innocencia  de  cuíhimes  como  de 
fciencia  profunda  da  Theologia  Moral  da 
qual  abrio  paleftra  na  Cidade  de  Lisboa, 
que  frequentarão  muitos  Sacerdotes  pelo 
efpaço  de  vinte  annos  com  grande  fruto 
do  feu  magifterio  pelo  qual  mereceo  fer 
provido  no  anno  de  1730.  na  Abbadia 
de  Santo  André  de  Meixedo  em  o  Bif- 
pado  de  Miranda  cuja  apprezentaçaõ  he 
da  SereniíTima  Caza  de  Bragança.  Publi- 
cou. 

EJludo  cíiriofo,  livro  de  Theologia  Moral. 
Lisboa  na  Officina  da  Muíica.  1734.  4. 

FRANCISCO  GIRALDES  natural  de 
Lisboa  onde  depois  de  fahir  profunda- 
mente perito  na  intelligencia  da  lingua 
Latina,  e  preceitos  da  Poética  para  que 
tinha  particular  génio  preferindo  a  efco- 
la  de  Marte  à  de  Minerv^a  aflentou  pra- 
ça de  Soldado  para  dar  claros  teftemu- 
nhos  do  feu  valor  no  Oriente,  que  foy 
o  theatro  das  fuás  heróicas  façanhas  pelo 
largo  efpaço  de  vinte  e  cinco  annos  dif- 
tinguindo-fe  o  feu  militar  esforço  em  o 
combate  naval,  que  a  nofla  Armada  capi- 
taneada por  António  de  Figueiredo  Utra, 
teve  a  25.  de  Agofto  de  1719.  em  o  Eftrcito 
da  Perfia  com  a  dos  Arábios  onde  foraò 
inteiramente  derrotados.  Naõ  fatisfeito  de 
que  a  fua  efpada  foíTe  gloriofo  inílrumento 
de  taõ  celebrada  vitoria  aparou  a  penna 
para  a  defcrever  em  928.  Verfos  heróicos 
Latinos,  cujo  Poema  dedicou  a  D.  Luiz  de 
Menezes  V.  Conde  da  Ericeira,  que  ncíle 
tempo  era  Vicerey  do  Eftado,  e  fegunda 
vez  o  governou  augmentado  com  o  título 
de  Marquez  do  Louriçal.  Sahio  imprcífo  o 
Poema  em  Pariz  fcm  anno  da  cdiçaõ  com 
cíle  título. 


L  USl  TANA. 


i59 


Evenfus  Laijitana  clajfts  qua  è  Goa  ad  "Per fiam 
projecta  eft  8.   G^meça 
Inclyta  Lafiadum  clajjis  mitenda  paratttr 
Ormuci  in  portum  in  Per/a  admirahik  regnum. 

Falleceo  na  Gdade  de  Baçaim  no  anno 
de  1729.  quando  exercitava  o  pofto  de  Al- 
feres. Delle,  e  da  obra  faz  mençaõ  o  Pa- 
dre D.  António  Caetano  de  Souza  Hifi.  Ge- 
neal.  da  Ga^.  Real  Por/ug.  Tom.  5.  liv.  6. 
pag.    379- 

P.  FRANCISCO  GOMES  natural  de 
Lisboa  filho  de  Bento  Cardozo,  e  Antónia 
Gomes  fendo  de  quinze  annos  entrou  na 
Companhia  de  JESUS  em  o  Noviciado  de 
fua  pátria  a  25.  de  Março  de  1676.  Depois 
de  inílruido  nas  letras  amenas  didou  as  fe- 
veras,  como  foraõ  Filofofia,  e  Efcritura  no 
CoUegio  de  Coimbra,  e  Theologia  Polemica 
no  Collegio  de  S.  Patrício  delia  Corte.  A 
fua  prudência,  e  afabilidade  o  fizeraõ  digno 
naõ  fomente  de  fer  Procurador  Geral  da 
Provinda,  Superior  do  Collegio  de  S.  Fran- 
cifco  Xavier  em  o  fitio  do  Paraizo,  Rey- 
tor  dos  Collegios  de  Braga,  e  Évora,  mas 
de  occupar  o  lugar  de  AíTiftente  pela  Pro- 
vinda de  Portugal  em  Roma  defde  o  anno 
úc  1726.  atè  o  de  1741.  em  o  qual  paíTou 
deíla  vida  caduca  à  eterna  em  a  Caza  Pro- 
feíTa  de  Roma  com  80.  annos  de  idade  e 
65.  de  Religião.  Foy  infigne  Orador  Evan- 
gélico, e  dos  muytos  Sermoens,  que  pre- 
gou nos  mayores  Púlpitos  fomente  fe  pu- 
blicou. 

Sermão  do  Jubileo  das  quarenta  horas,  pre- 
gado na  Santa  Igreja  Patriarchal.  Lisboa  por 
Pedro  Ferreira  1723.  4.  Do  Author  faz 
mençaõ  o  Padre  Francifco  da  Fonfeca  Evor. 
Glorio/,    pag.    450. 

FRANCISCO  GOMES  BARBOZA  na- 
tural de  Lisboa,  e  aíTiílente  em  o  anno  de 
1641.  em  a  Cidade  de  Amílerdaõ,  o  qual 
querendo  como  fiel  Portuguez  celebrar  a 
exaltação  delRey  D.  Joaõ  o  IV.  ao  Trono 
de    feus    Avós    Compoz 

Panegyrico  em  a  Goroaçaõ  de  S.  Aíagefiade 
o  Serenijftmo  Senhor  D.  JoaÕ  o  IV.  Rsy  de 
Portugal.  Amílerdam  por  Niculao  de  Ra- 
veílim.    1641.    4.    e    Lisboa    por    Lourenço 


de  Anvers.  1641.  4.  Confta  de  huma  Can- 
ção larga,  e  elegante,  dedicada  a  Triftaõ  de 
Mendoça  Furtado  Embaxador  aos  Eftados 
de  Olanda,  cuja  Dedicatória  he  compofta 
em  huma  Sylva  com  outra  Dedicatória  em 
Tercetos  a  António  de  Souza  Tavares. 

FRANQSCO  GOMES  DA  COSTA  na- 
tural da  Villa  de  Montemor  o  Velho  do 
Bifpado  de  Coimbra,  e  Vigário  da  Paro- 
chial  Igreja  de  Santa  Maria  da  Alcáçova 
igualmente   pio,   e   douto   Efcreveo. 

Enchiridion  de  advertências  para  os  Peniten- 
tes, e  Gonfejfores,  e  de  ajudar  a  bem  morrer. 
Coimbra   por   Joaõ   Antunes    171 2.    8. 

FRANCISCO  GOMES  DE  SEQUEI- 
RA Naceo  na  Freguezia  de  Santa  Ma- 
ria de  Achete  termo,  e  Arcediagado  de 
Santarém  a  15.  de  Setembro  de  1687. 
filho  de  Domingos  Alvares,  e  Catherina 
Francifca,  Presbítero  do  Habito  de  S.  Pe- 
dro, e  muyto  perito  na  intelligenda  das 
Unguas  Grega,  Hebraica,  Franceza,  e  Italiana. 
Compoz 

Vida  do  Padre  António  de  Almeyda 
Villanova  chamado  vulgarmente  o  Padre  dos 
Terços,  rejormador,  que  jqy  do  methodo  de 
ret^ar  em  vos  alta  o  Terço  de  Nojfa  Se- 
nhora em  as  Igrejas,  Oratórios,  cascas  par- 
ticulares &c.  Lisboa  por  Miguel  Rodrigues. 
1735.  8. 

Tradufio  da  Ungua  Latina  de  Fr.  Sabino 
de  Bolonha  Religiofo  Francifcano  em  a  ma- 
terna. 

L^  Moral  repartida  em  duas  partes  onde 
je  declara  jumariamente  quat^i  toda  a  Theolo- 
gia Moral  muito  acommodada  para  os  Ordinan- 
dos,  e  infiruçaõ  de  Gonfejfores  em  o  jeu  exame, 
e  exercido  para  que  evitem  erros,  e  naÕ  igio- 
rem  as  Propofiçoens  atè  aqui  condenadas  pelos 
Summos  Pontífices.  Primeira  Parte.  Lisboa 
por  António  Ifidoro  da  Fonfeca  1737. 
foi. 

Segunda  Parte  onde  je  acrecenta  hum  Tra- 
tado da  Bulia  da  Grulhada  Portuguesa,  e 
as  differenças,  que  hã  entre  os  Privilégios 
defia,  e  da  de  Ejpanha,  e  no  fim  a  Bulia  Im- 
tina.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor,  e  no  mefmo 
anno.  foi. 


i6o 


BIBLIO THE  CA 


Fr.  FRANCISCO  GONÇALVES  natu- 
ral do  Confelho  de  Refende  do  Bifpado 
de  Lamego  na  Provinda  da  Beyra  Monge 
Ciílercienfe  em  o  Real  Convento  de  Alco- 
baça onde  fe  conferva  a  feguinte  obra  que 
moílra  como  feu  Autor  era  verfado  na  Sa- 
grada Efcritura,  e  liçaõ  dos  Santos  Pa- 
dres. 

Sermones  de   Tempore.  foi.   M.   S. 

P.  FRANCISCO  DE  GOUVEA  natu- 
ral de  Lisboa  filho  de  Miguel  da  Mouta, 
e  Anna  Filippe  de  igual  nobreza,  e  piedade, 
e  irmão  de  D.  Jeronymo  de  Gouvea  Bifpo 
de  Ceuta.  Na  idade  da  adolefcencia  foy 
Moço  da  Camera  delRey  D.  Joaõ  o  III. 
c  nefta  politica  efcola  aprendeo  defprezar  a 
gloria  caduca,  e  apetecer  a  eterna,  para  cujo 
fim  fem  participar  o  feu  intento  a  peíToa 
alguma  fe  recolheo  no  CoUegio  de  Coimbra 
dos  PP.  Jefuitas  onde  recebeo  a  Roupeta  a 
15.  de  Fevereiro  de  1556.  Inílruido  nas 
letras  humanas,  e  fciencias  fagradas  fubio 
no  anno  de  1567.  a  diâar  Theologia  Mo- 
ral em  cujo  magiílerio  exercitado  pelo  ef- 
paço  de  dez  annos  adquirio  fama  de  grande 
Letrado  fendo  o  primeiro,  que  eílabeleceo 
as  opinioens  moraes  fobre  princípios  Theo- 
logicos  concorrendo  innumeravel  multidão 
de  ouvintes  para  receber  a  fua  doutrina. 
Notável  foy  o  fruto,  que  colheo  com  as 
fuás  MiíToens  na  Villa  de  S.  Tiago  de  Ca- 
cem, e  outros  lugares  circumviíinhos,  de- 
vendo-fe  à  eficácia  das  fuás  vozes  a  reforma 
dos  coíhimes.  Foy  Reytor  do  Collegio  de 
Évora,  duas  vezes  Prepofito  da  Cafa  Pro- 
feíTa  de  Lisboa,  duas  vezes  eleito  para  Pro- 
curador Geral  da  Provinda  da  Cúria  Ro- 
mana, e  ultimamente  Provincial  moftrando 
cm  taõ  diferentes  lugares  o  maduro  juizo 
de  que  era  dotado.  Foy  ConfeíTor  de  D. 
Chriílovaõ  de  Moura  Marquez  de  Caftello 
Rodrigo  quando  era  Governador  defte  Rey- 
no  valendo-fe  fomente  da  authoridade  do  lu- 
gar para  beneficio  efpiritual  dos  próximos. 
No  anno  de  1598.  fendo  Prepofito  da  Cafa 
ProfeíTa  de  Lisboa  em  o  qual  fe  fentio  ful- 
minada com  o  medonho  flagello  da  pefte 
deu  claros  teílemunhos  da  fua  abrazada  cha- 
ridade  para  os  feridos  do  contagio.    Provada 


a  fua  tolerância  com  as  moleftias  de  huma 
enfermidade,  que  o  teve  tolhido  o  largo 
tempo  de  quatro  annos,  como  conheceflc 
fer  chegado  o  feu  termo,  recebeo  os  Sacra- 
mentos com  fumma  piedade,  e  naõ  menor 
compunção  dos  circunílantes  fallecendo  na 
Cafa  ProfeíTa  de  S.  Roque  a  17.  de  No- 
vembro de  1638.  quando  contava  a  pro- 
veâa  idade  de  98.  annos,  e  84.  de  Compa- 
nhia. Fazem  delle  illuílre  memoria  o  P. 
Balthezar  Telles  Chron.  da  Comp.  da  Prov. 
de  Portug.  Part.  2.  liv.  5.  cap.  48.  §.  11. 
Franco  Imag.  da  Virtud.  em  o  Nov.  de  Evor. 
liv.  I.  cap.  25.  e  no  Ann.  glorio/.  Societ.  ]ej. 
in  'Lufit.  pag.  688.  e  in  Annal.  S.  ].  in  iMJit.  pag. 
274.  n.  4.  Fonfec.  Bvor.  Glor.  pag.  450.  Compoz 
Anti-Navarro.  Ou  obfervaçoens  fobre  a 
doutrina  do  infigne  Doutor  Martim  Afpilcueta 
Navarro  obrigando-o  a  retratar  algumas  das 
fuás  opinioens. 

De  violatione  Fejlorum 

De  contraãu  Sacie tatis 

De  voto,  Juramento,  é^  Horis  Canonicis 

De  Panitentia,  (&  Excomunicatione. 

Todos  eftes  Tratados  M.  S.  fe  confervaõ  no 
Collegio  de  Évora. 

FRANCISCO  GUERREIRO  natural  da 
Cidade  de  Beja  em  a  Provinda  Tranftagana 
donde  com  feus  Pays  paíTou  a  viver  na 
Villa  de  Zafra  fituada  em  a  Extremadura  de 
CafteUa  onde  fe  applicou  à  Arte  da  Mufica 
fendo  difcipulo  de  feu  irmaõ  Pedro  Guerreiro 
infigne  nefta  Faculdade,  e  taes  foraõ  os  progref- 
fos,  que  nella  fez  o  feu  penetrante  engenho 
naõ  fomente  praótica,  mas  efpeculativamente 
em  o  contraponto  de  que  teve  por  Meílre  a 
Chriftovaõ  de  Morales,  que  contando  a  flo- 
rente idade  de  dezoito  annos  foy  Meftre 
da  Cathedral  de  Jaen  pelo  efpaço  de  treze, 
donde  paflbu  a  Sevilha  para  ver  a  feus  Pays 
moradores  nefta  Cidade,  e  lhe  deu  o  Cabido 
de  taõ  infigne  Cathedral  hum  partido  de 
Cantor  que  preferio  ao  magifterio  de  Se- 
vilha por  naõ  deixar  a  amável  companhia 
de  feus  Pays.  Vagando  o  lugar  de  Meftre 
da  Cathedral  de  Málaga  foy  provido  ncllc, 
triunfando  de  féis  peritos  oppofitores,  c  man- 
dandolhe  o  provimento  D.  Bernardo  Manriquc 


L  U SI  TANA. 


lói 


Bifpo  defta  Igreja,  naõ  confentío  o  Cab- 
bido  de  Sevilha,  que  outra  Cathedral  fe  fer- 
vifle  do  feu  talento  ordenando  a  Pedro  Fer- 
nandes noíTo  Portuguez,  Meílre  da  Cathedral 
de  Sevilha  jubilaíTe  com  meyo  ordenado,  e 
que  a  outra  fe  deíTe  a  Francifco  Guerreiro 
confervando  o  partido  de  Cantor  atè  que 
por  morte  de  Pedro  Fernandes  exercitou  o 
Magifterio  deíla  Cathedral.  Sendo  chamado 
a  Roma  pela  Santidade  de  Xiílo  V.  o  Car- 
deal D.  Rodrigo  de  Caílro  Arcebifpo  de 
Sevilha  o  acompanhou,  onde  alcançada  fa- 
culdade defte  Prelado  para  hir  a  Veneza 
imprimir  as  fuás  Obras  Muíicas,  depois  de 
recomendar  a  correçaõ  delias  a  Jozè  Zer- 
tino  Meílre  da  Capella  de  S.  Marcos  da 
Senhoria  de  Veneza  paflbu  juntamente  com 
Francifco  Sanches  feu  difcipulo  a  14.  de 
Agofto  de  1588.  quando  contava  60,  de 
idade  a  Jerufalem  para  viQtar  os  Santos 
Lugares,  que  venerou  com  fumma  piedade 
no  efpaço  de  cinco  mezes,  e  cinco  dias,  che- 
gando a  Veneza  a  19.  de  Janeiro  de  1589, 
donde  fahira,  de  cuja  jornada  efcreveo  huma 
diílinta  relação,  que  modernamente  fe  pu- 
blicou com  eíle  titulo 

Itinerário  da  viagem,  que  fe:^  a  Jerufalem.  Lis- 
boa por  Domingos  Gonçalves  1734.  4. 

FRANCISCO  GUILHERME  CASMAK 
naceo  em  Lisboa  a  4.  de  Outubro  de  1569.  e 
teve  por  Pays  a  Nicolao  Guilherme  de  naçaõ 
Normando  Capitão  que  militou  na  índia,  Ca- 
valleiro,  e  Guarda-Repoíla  da  Cafa  Real,  e  a 
Catherina  Manrique  Cafmak  lingua  da  Rai- 
nha D.  Catherina  mulher  delRey  D.  Joaõ 
o  III.  No  CoUegio  pátrio  dos  Padres  Jefui- 
tas  eftudou  as  letras  amenas,  e  as  feveras 
nas  Univeríidades  de  Pariz,  e  Salamanca, 
onde  recebeo  o  grào  de  Doutor  na  Facul- 
dade de  Medicina.  Foy  muito  douto  naõ 
fomente  nas  experiências  phyíicas,  mas  nas 
obfervaçoens  Aftrologicas,  fendo  Cirurgião 
da  Cafa  Real,  e  do  Hofpital.  Foy  duas 
vezes  cazado,  a  primeira  com  Marta  Nunes 
de  quem  naõ  teve  fuceíTaõ,  e  a  fegunda 
com  Seraíina  de  Abreu,  e  Gouvea,  filha  de 
Álvaro  da  Cofta  Moço  da  Camera  delRey 
D.  Sebaíliaõ,  e  de  fua  mulher  Francifca  de 
Abreu,     de    quem    teve    D.    Catherina    de 


Abreu,  que  cazou  com  D.  Álvaro  Perei- 
ra, de  cujo  conforcio  naceo  D.  Maria  Pe- 
reira fua  fobrinha,  que  cazou  com  D.  Mi- 
guel Pereira  Coutinho.  Chirurgus  reffus  no- 
minatijfímus  lhe  chama  Joaõ  Soar.  de  Brito 
Theatr.  Lujtt.  Utter.  lit.  F.  n.  48.  D.  Fran- 
cifco Manoel  Carta  dos  AA..  Poríug.  Jutil 
como  douto.  Fr.  Man.  de  Azeved.  Correc.  de 
Abut^os.  p.  456.  O  feu  Retrato  fe  abrio  em 
Flandes  por  Pedro  de  Jode  quando  tinha 
51.  annos  de  idade,  e  na  parte  inferior  tem 
o  feguinte  epigramma 

Gallia  dat  Pairem,   Matrem  Germânia,  format 
Cafiella  ingenium,  dat  mibi  Ijyfia  opes. 
Compoz 

KelaçaÕ  Cbirurgica  de  bum  cajo  grave  em 
que  Juccedeo  mortificar-fe  bum  braço,  e  cortar/e 
com  bom  Jucceffo.  Lisboa  por  Gerardo  da 
Vinha  1628.  4, 

Almanacb  prototypo,  e  exemplar  com  par- 
ticulares epbemerides  das  conjunçoens,  e  afpeãos 
dos  Planetas,  Eclypfes  do  Sol,  e  l^ua,  e  pro- 
nojlicaçaõ  de  feus  e ff  eitos  para  o  anno  de  1645. 
Lisboa  por  Pedro  Craesbeeck   1644.  4. 

Bracbilogia  Aftrologica,  e  apocataftajis  apo- 
grapbica  do  Sol,  e  Ljm,  e  mais  Planetas  com 
todos  feus  afpeãos,  eclypfes,  e  pronojlicaçaõ  de 
feus  e ff  eitos  para  o  anno  1646.  Lisboa  por  Paulo 
Craesbeeck  1646.  4. 

Confultum  Medicum.  Sahio  impreUo  no 
Tom.  3.  Decif.  Doâ:.  EmmanueUs  Themu- 
do  da  Fonfeca.  Decif.  287.  UlyíTipone  apud 
Dominicum  Lopes  Rofa   1650.  foi. 

Exercitationes,  fve  ennarrationes  Cbirurffca, 
ó*  examen  Obfletricum  M.  S.  Deíla  obra  faz 
mençaõ   na    Relação    Cbirurgica. 

Tre;(entas  e  vinte  narraçoens  Cbirurgicas  de 
ca^os,  que  primeiro  Ibe  paffaraõ  pelas  maõs  que 
pela  penna.  M.  S. 

Experiências  acompanbadas  de  muitos  fege- 
dos  di^os  de  eflimaçaõ.  M.  S. 

P.  FRANCISCO  HENRIQUES  alum- 
no  da  Illuílre  Companhia  de  JESUS  cujo 
fagrado  InHituto  abraçou  no  Collegio  de 
Coimbra  a  10.  de  Fevereiro  de  1546. 
e  no  mefmo  anno  partio  para  a  ín- 
dia, onde  examinado  o  feu  efpirito  pelo 
infigne  Thaumaturgo  do  Oriente  S.  Fran- 
cifco   Xavier    o    mandou    em    o    anno    de 


102 


BIBLIO  THE  C  A 


1552.  cultivar,  quando  era  Superior  da  Re- 
fidencia  de  Cochim,  c  Tanà,  a  Ilha  de  Sal- 
fete,  em  que  converte©  muitos  idolatras,  ao 
conhecimento  da  verdadeira  Divindade.  Le- 
vantou em  Travancor  defenove  Igrejas,  e 
regenerou  em  hum  anno  nas  aguas  do  Bau- 
tifmo  a  quinhentos  meninos,  que  brevemen- 
te foraõ  transferidos  à  gloria  celeftial.  Con- 
verte© hum  Bramene  chamado  Sancaxi,  a 
quem  impoz  o  nome  de  Ignacio  em  obfe- 
quio  do  feu  grande  Patriarcha.  Como  ti- 
vefle  afliílido  oito  mezes  na  Cofta  do  Tra- 
vancor, e  naõ  colhefle  o  fruto  correfpon- 
dente  ao  feu  zelo,  efcreveo  a  S.  Francifco 
Xavier,  que  o  mandaíTe  para  terra  em  que 
mais  abundantemente  fruftificaíTe  a  divina 
palavra,  a  cuja  fupplica  refpondeo  o  Santo, 
que  continuaíTe  na  cultura  a  que  fora  def- 
tinado  pois  nella  fazia  grande  ferviço  a 
Deos.  Nella  perfeverou  com  indefeíTo  tra- 
Imlho  atè  acabar  piamente  a  vida  em  o 
anno  de  1556.  Delle  fe  lembraõ  Souza 
Orient.  Conquijl.  Part.  i.  conq.  2.  Divif.  2. 
§.  13.  e  14.  e  Franco  Ann.  Glorio/.  S.  J. 
in  Lm/íí.   p.    159.     Efcreveo 

Carta  ejcrita  de  Tanà  em  30.  de  Dezem- 
bro de  1555.  a  Santo  Ignacio  em  que  lhe  relata 
os  cojlumes  de  Jeus  habitadores,  e  os  bautijmos, 
que  fe  tinhaõ  feito.  Sahio  com  outras  ver- 
tida em  Italiano  Venetin  por  Tramezzino 
1559.  8. 

P.  FRANCISCO  HENRIQUES  natural 
de  Lisboa  femelhante  ao  precedente,  aflim 
em  o  nome,  como  na  Religião,  e  Noviciado, 
em  que  recebeo  a  Roupeta  a  26.  de  Mayo 
de  1545.  quando  contava  defenove  annos 
de  idade.  Ainda  que  naõ  profeíTou  o  ef- 
tudo  das  letras  feveras  foy  ornado  de  tanta 
capacidade,  e  talento  que  chegou  a  exercitar 
os  lugares  mais  honoríficos  da  Religião  fen- 
do Reytor  do  CoUegio  de  Santo  Antaõ  def- 
ta  Corte,  Procurador  Geral  da  índia,  e  Bra- 
fil,  e  Prepofito  da  Cafa  ProfeíTa  de  S.  Ro- 
que, cm  cujo  tempo  manifeftou  a  fua  ar- 
dente charidade  na  Epidemia  que  fatalmente 
devorou  grande  parte  dos  moradores  de 
Lisboa  em  o  anno  de  1569.  naõ  lhe  fervin- 
do  de  obftaculos  três  Carbúnculos  caufados 
pela   pefte   para   deixar   o   exercício    do    feu 


charitativo  zelo  em  o  remédio  dos  feridos 
do  contagio.  Foy  muito  aíTiftente  no  Con- 
feíTionario  ainda  quando  jà  a  idade  proveâa 
o  difpenfava  de  taõ  laboriofo  minifterio. 
Cheyo  de  annos,  e  muito  mais  de  mereci- 
mentos, foy  transferido  à  pátria  celefte  em 
a  Cafa  de  S.  Roque  a  16.  de  Março  de 
1590.  Delle  fe  lembraõ  com  louvor  Bib. 
Societ.  pag.  231.  col.  i.  Franco  Imag.  da 
Virt.  em  o  Noi/.  de  Coimb.  Tom.  2.  liv.  4. 
cap.  29.  e  pag.  616.  e  no  Ann.  Glor.  S. 
J.  in  Ijifit.  p.  158.  &  in  Afinal.  S.  J.  in 
Lu/t.  p.  152.  §.  2.  Telles  Chron.  da  Comp. 
de  JESUS  da  Prov.  de  Portug.  Part.  i.  liv.  i. 
§.   8.    Efcreveo 

Carta  efcrita  5.  de  Der(embro  de  i^-ji.  aos 
Padres  AJfiJlentes  em  Koma  em  que  relata  larga- 
mente o  gloriofo  martyrio  do  Padre  Pedro  Dias, 
e  feus  companheiros  em  os  mares  do  Brajil  a  13. 
de  Setembro  de  1571.  Neapoli  por  Jofeph 
Cochia  1572.  Sahio  vertida  em  Latim  pelo 
Padre  Manoel  da  Cofta  Kerum  à  Societate 
in  Índia  gejlar.  Colonise  apud  Gervinum  Ca- 
lenium  1574.  8.  a  pag.  462.  e  por  MafFeo 
Epifi.  Indica  no  fim  Epifl.  2.  Defta  Carta 
faz  memoria  o  P.  Mathias  Tanner  Societas 
JESUS  ufque  ad  fang.  cb*  vit.  profuf  militans 
pag.    175. 

Conjlituiçoens  das  Keligiofas  do  Seráfico  Con- 
vento de  Santa  Marta  de  Lisboa.  Efta  obra 
compoz  por  infinuaçaõ  do  Arcebifpo  de 
Lisboa  D.  Jorge  de  Almeyda,  e  delia, 
como  do  feu  Author  faz  mençaõ  o  Padre 
Telles  Chron.  da  Companhia  de  JESUS.  Part. 
2.  liv.  4.  cap.  40.  §.   8. 

FRANCISCO  HENRIQUES  cuja  pátria, 
e  género  de  vida,  e  eftudos  fe  ignoraõ.  Efcre- 
veo conforme  diz  António  de  Lcaõ  Bib.  Orien- 
tal, e  feu  moderno  addicionador  Tom.  i .  Tit. 
7.  col.  117.  dizendo  que  Nicolao  António  tra- 
zia a  efte  Author  nas  Addiçoens,  que  prepa- 
rava para  a  Bibliotheca  Hifpan.  quando  já  faz 
delle    mençaõ  no  Tom.  1.  pag.  330.  col.  i. 

Relação  da  China. 

Fr.  FRANCISCO  HENRIQUES  na- 
tural de  Lisboa,  cm  o  Rcyno  de  Caftella 
recebeo  o  Habito  militar  de  Nofla  Se- 
nhora  da   Mercê   diftinguindo   tanto    o   feu 


LUSITANA. 


IÓ3 


talento  nas  efcolas,  que  chegou  a  fer  Lente 
de  Prima  de  Theologia  em  a  Univeriidade 
de  Valladolid.  Foy  hum  dos  iníignes  Ora- 
dores Evangélicos  do  feu  tempo,  e  muito 
douto  na  liçaõ  da  Sagrada  Efcritura,  e 
Santos  Padres,  como  publicaõ  as  obras  fe- 
guintes. 

Oraciones  Panegyricas  j  excellencias  de  los 
Santos.  I.  Tom.  Madrid  en  la  Typografia 
Real.    1634.    2.    Tom.    1636.    4. 

Difcurfos  morales  a  los  Evangelios  de  la  Qíia- 
refma  i.  Tom.  Madrid.  1638.  2.  Tom.  1639. 

Difcurfos  morales  a  los  Evangelios  dei  A.dviento. 
Madrid.  1644.  4. 

Sucejfos  militares  Valência.  1637. 

In  Canticum  Canticorum  2.  Tom.  M.  S. 

De  metu  Judaortim.  M.  S. 


boa  na  Oííidna  Sylviana,  e  da  Acad.  Real 
1744.  He  huma  douta,  e  forte  inveíHva 
contra  a  precipitada  refoluçaõ,  com  que 
ElRey  D.  loaõ  o  II.  mandou  degollar  ao 
Duque  de  Bragança  D.  Fernando.  Efta 
obra,  de  que  fazem  mençaõ,  como  de  feu 
Author  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag. 
331.  col.  I.  Fonfec.  Évora  Gloriof  pag.  411. 
e  o  Padre  Souza  Hifi.  Genealog.  da  Caf!^.  Real 
Port/íg.  Tom.  5.  liv.  6.  pag.  451.  he  ornada 
de  todo  o  género  de  erudição  em  que  era 
o  Autor  fummamente  verfado,  e  fahio  em 
CaíleUiano    com   efte   titulo. 

Defacierto  de  Príncipes.  Salamanca  por  Ja- 
cinto Taberniel.  1628.  8.  Começa.  Difponen 
nueflros  eflatutos.  Acaba.  Rey  de  tan  colmados 
aciertos. 


FRANCISCO  HOMEM  filho  de  Pedro 
Homem  Eílribeiro  mòr  delRey  D.  Manoel, 
cujo  honorifico  cargo  exercitou  no  tempo 
deíle  Monarcha,  de  que  faz  memoria  o  Pa- 
dre Souza  Hifl.  Gen.  da  Cat^a  Real  Portug. 
Tom.  3.  pag.  208.  Foy  muito  appHcado  à 
Poefia,  de  cuja  Arte  deixou  muitas  produ- 
çoens,  lendo-fe  algumas  impreflas  no  Can- 
cioneiro geral  de  Garcia  de  Resende.  Lisboa  por 
Hermaõ   de   Campos    15 16.   foi.   a   foi.    196. 

FRANCISCO    HOMEM    DE    ABREU 

natural  de  Évora,  igualmente  famofo  nas 
letras  feveras,  fendo  grande  Jurifconfulto, 
agudo  FUofofo,  e  profundo  Theologo, 
como  em  as  amenas,  lendo  os  preceitos  da 
Gramática,  e  Rhetorica  em  Ledefma,  e 
Medina  dei  Campo,  com  o  eíUpendio  an- 
nual  de  quinhentos  cruzados,  e  ultimamente 
Cathedratico  de  Prima  de  Humanidades  por 
nomeação  de  Filippe  IV.  em  a  celebre  Uni- 
verfidade  de  Salamanca,  onde  elegendo  em 
o  anno  de  1628.  por  argumento  das  liçoens 
Académicas  as  Epiílolas  de  Horácio  fobre 
aquelle  verfo.  Ouidquid  delirant  Reges  pleãun- 
tur  Achivi  compoz  a  feguinte  obra. 

Cholobulemanaãion,  id  ejl  Prceceps  judi- 
cium  Principum.  Salmanticae  apud  Hyacin- 
tum  Taberniel  1628.  8.  e  no  Tom.  3. 
das  Provas  da  Hifl.  Genealog.  da  Ca^a 
Real    Portug.    a    pag.    655.    até    771.    Lis- 


FRANQSCO  JACOME  valerofo  Solda- 
do, que  no  anno  de  1541.  acompanhou  ao 
infigne  Capitão  D.  Chriílovaõ  da  Gama, 
mais  illuílre  pelo  fangue  derramado  em 
obzequio  de  Chrifto,  do  que  por  aquelle, 
que  herdou  de  feus  famofos  Afcendentes, 
quando  entrou  no  Império  da  Ethiopia. 
Sucedendo  no  poílo  de  Capitão  ao  celebre 
lorge  Nogueira,  foy  gloriofo  inílrumento  de 
que  Malafeguet  Emperador  da  Etiópia  trium- 
fafle  no  anno  de  1577.  de  Robus  Mamed 
Rey  de  Adel,  que  com  hum  formidável 
exercito  entrou  devaílando  as  principaes  ter- 
ras daqueUe  vaílo  Império,  ao  qual  fe  op- 
poz  Francifco  lacome  com  tanto  esforço, 
que  obrigou  a  huma  parte  de  taõ  grande 
corpo  fe  entregalTe  a  huma  vergonhofa  fu- 
gida, e  outra  ficaíTe  prifioneira,  entrando 
neíle  numero  três  filhos  do  Capitão  Noor, 
que  tinhaõ  morto  ao  Emperador  Qaudios, 
aos  quaes  mandou  degollar  feu  filho,  que 
lhe  fucedeo  no  trono  Imperial.  Neíla  Ba- 
talha fe  recolherão  por  defpofos  de  mayor 
eítímaçaõ  o  capacete,  e  faya  de  malha  do 
infigne  D.  Chriílovaõ  da  Gama.  Para  naõ 
caducar  em  a  poíleridade  acçaõ  taõ  gloriofa, 
efcreveo  Francifco  lacome. 

Relação  da  vitoria  alcançada  na  Etió- 
pia no  me^  de  Det^embro  de  i^jj.  contra 
ElRej  de  Adel.  M.  S.  De  cuja  obra  faz 
mençaõ    o    Padre    Fernando    Guerreiro    nas 


IÓ4 


BIBLIO  THECA 


Addiçoens  da  Re/açaõ  da  Etiópia  dos  annos 
1607.  e  1608.  cap.   13.  pag.   343.  v.° 

Carta  a  E/Rey  D.  SebaJliaÕ  efcrita  a  ii.  de  Ju- 
lho de  1567.  confervafe  no  Archivo  da  Ca2a 
profefla  de  S.  Roque. 

Cartas  varias  efcritas  em  pergaminho  fe 
confervaõ  no  Archivo  do  Collegio  dos  Pa- 
dres lefuitas  de  Coimbra,  como  affirma  o 
Padre  Telles  Hiji.  da  Etiop.  Alt.  liv.  2. 
cap.  25.  havendo  já  feito  memoria  do  Au- 
tor  no   cap.    19.    do   mefmo   livro.    2. 

FRANCISCO  lANAREA  DA  MATHA 
vcjafc  Fr.  ATHANASIO  DA  ENCARNA- 
ÇAM. 

Fr.  FRANCISCO  DE  lESUS  Eremita 
de  Santo  Agoftinho,  e  Capellaõ  do  Santuá- 
rio de  N.  Senhora  do  Monte  junto  do  Con- 
vento da  Graça  deíla  Corte,  cujo  miniílerio 
exercitou  defde  o  anno  de  1602.  até  161 3. 
Efcreveo. 

Milagres,  que  fev^  a  Senhora  do  Monte  até 
o  Jeu  tempo,  e  os  de  S.  Gens.  Conferva-fe 
M.  S.  na  Livraria  do  Convento  da  Graça 
de  Lisboa. 

FRANCISCO  DE  lESUS  MARIA  lO- 
SEPH  Terceiro  Secular  da  Ordem  de  S. 
Francifco,  e  muito  inclinado  aos  exercidos 
de  piedade,   e  devoção,   publicou. 

Breve  compendio,  e  direcção  para  o  Santo 
exercido  da  OraçaÕ  Mental.  Lisboa  por  Pedro 
Ferreira.    1729.    8. 

Fr.  FRANCISCO  DE  lESUS  MARIA 
SARMENTO  chamado  no  feculo  Fran- 
cifco Sarmento  de  Moraes  filho  de  Fran- 
cifco Xavier  de  MarÍ2  Sarmento,  e  The- 
reza  Nunes  de  Moraes  nafceo  na  Villa 
do  Seixo  do  Bifpado  de  Coimbra  Pro- 
vedoria da  Guarda,  e  na  Parochial  Igre- 
ja de  S.  Pedro  recebeo  a  graça  bau- 
tifmal  a  12.  de  Setembro  de  171 3.  Quan- 
do contava  nove  annos  de  idade  eftando 
jà  fuficientemente  inílruido  em  os  precei- 
tos da  lingua  Latina  paíTou  à  Univerfida- 
de  de  Coimbra,  e  tal  foy  o  progreíTo  que 
fez  a  fua  applicaçaõ  aos  eftudos  feveros  de 
Filofofia,    e    Jurifprudencia,    que    naõ    exce- 


dendo dezafete  annos  recebeo  o  gráo  de 
Meftre  em  Artes,  e  de  Bacharel  em  Direito 
Qvil.  Penetrado  das  apoftolicas  vozes  de 
Fr.  Manoel  de  Deos  infigne  MiíTionario  do 
Seminário  de  Varatojo  fe  refolveo  a  deixar 
o  mundOj  e  feguir  o  eftado  Religiofo,  como 
mais  feguro  para  alcançar  a  falvaçaõ,  e 
entre  todos  elegeo  o  Seráfico  Inftituto  da 
Ordem  Terceira  da  Penitencia,  recebendo  o 
Habito  no  Convento  de  N.  Senhora  de  JE- 
SUS de  Lisboa  a  16.  de  Julho  de  173 1. 
Depois  de  eíludar  Theologia  conhecendo 
os  Superiores  o  grande  talento,  que  tinha 
para  o  Púlpito,  fe  lhe  paíTou  Patente  de 
Pregador  no  Capitulo  celebrado  em  Lis- 
boa a  27.  de  Julho  de  1737.  de  cujo  Sa- 
grado Minifterio  tem  publicado  as  feguin- 
tes    produçoens. 

Sermão  de  S.  JoaÕ  Francifco  Kegis  da  Sa- 
grada Companhia  de  JESUS  Pregado  no  dia 
fexto  do  Ouãavario  com  que  celebrou  a  Canoni- 
:(açaÕ  do  mefmo  Santo  a  Keligiojijftma  Ca:(a  Pro- 
fejfa  de  S.  Roque.  Lisboa  na  Officina  da  Mu- 
fica  1739.  4-  ^  ^^^  po'  Domingos  Gonfalvcs 
1739.  4- 

Sermaõ  Panegirico  Gratulatorio  prlgado  na 
Fejla  de  Nojfa  Senhora  da  Atalaya,  e  R*- 
medios,  que  na  Real  Igre/a  de  N.  Senhora 
da  Conceição  dos  Frejres  da  Ordem  de  Chrif- 
to  em  dia  da  ExpeííaçaÕ  lhe  confagra  todos 
os  annos  o  Tribunal  da  Alfandega.  Lis- 
boa por  António  Corrêa  de  Lemos.  1 640.  4. 

Sermão  do  Defagravo  do  Santijftmo  Sa- 
cramento em  o  terceiro  dia  do  Solemnijftr- 
mo  Triduo,  que  a  Regia  Irmandade  dos  Ef- 
cravos  do  mefmo  Senhor  celebra  annualmente 
em  o  magnifico  Templo  de  S.  Vicente  de 
Fora.  Lisboa  por  António  Corrêa  de  Le- 
mos   1741.   4. 

Sermaõ  do  Serafim  de  AJfts  o  Patriarcba 
S.  Francifco,  pregado  em  ofeu  Convento  de  NoJJa 
Senhora  de  JESUS  dos  Cardaes  de  Lisboa  fÍTc. 
Lisboa  por  Domingos  Gonfalves.  1741. 

Sermaõ  Panegyrico  da  milag^ofa  Imagem 
do  Santo  Chriflo  Crucificado  Proteãor  da  Ir- 
mandade das  Almas,  Morte,  e  OraçaÕ  em  dia 
da  Invenção  da  Crus^  concorrendo  a  Afc9i$faõ 
do  Senhor  no  mefmo  dia  na  Parochial  Igreja 
de  S.  Miguel.  Lisboa  por  Jozè  da  Sylva 
da    Natividade.  1742.  4. 


L  U  SITAN  A, 


i65 


I 


Fr.    FRANaSCO   DE    S.    JERÓNIMO 

Naceo  em  a  Cidade  de  Évora  a  4.  de  Mar- 
ço de  1692.  onde  teve  por  Pays  a  Pafchoal 
da  Sylva  Garcia,  e  a  Maria  Rodrigues  da 
Sylva.  Applicoufe  à  Arte  da  Muílca  em  a 
Qauílra  da  Cathedral  da  fua  Pátria,  onde 
teve  por  Meftre  a  Pedro  Vaz  Rego  iníigne 
profeíTor  deíla  faculdade  armonica,  de  quem 
fe  fará  mençaõ  em  feu  lugar.  Recebeo  o 
Habito  de  S.  Jeronymo  no  Convento  do 
Efpinheiro  em  o  anno  de  171 5.  e  renovou 
a  profiflaõ  no  Real  Moíleiro  de  Belém  a 
25.  de  Novembro  de  1728,  onde  exercita 
o  lugar  de  Meílre  da  Capella,  fendo  as 
fuás  obras  muíicas  muito  eftimadas,  aíTim 
pela  novidade  da  idea,  como  pela  fuavidade 
da  confonancia,  das  quaes  muitas  fe  con- 
fervaõ  na  Bibliotheca  Real  da  Mufica,  ou- 
tras correm  pelas  mãos  dos  curiofos  com 
grande  eílimaçaõ.  As  principaes,  que  tem 
compofto   faõ   as   feguintes. 

Kefponforios  das  Matinas  de  S.  Jeronymo 
a  quatro  Coros  com  todo  o  género  de 
Inílrumentos. 

Kefponforios  das  mefmas  Matinas  a  4.  de  Ef- 
tante  fobre  o  Cantochaõ. 

Kefponforios  da  Semana  Santa. 

Kefponforios  das  Matinas  do  Ej;angelijia  S. 
JoaÕ,  que  fe  cantarão  no  Convento  de  Évo- 
ra   dos    Cónegos    Seculares    do    Evangeliíla. 

Mijfa  de  %-Vof(es  obrigadas.  Obra  de  grande 
artificio. 

Te  Deum  Landamtis  fundado  fobre  o  Can- 
tochaõ. 

Hymnos  do  Efpirito  Santo,  S.  Jeronymo, 
Santos  Martjres,  e  Confejfores.  a  4.  fobre  o 
Cantochaõ. 

Pfalmos  de  Vefperas,  e  Completas  a  8. 
Vozes. 

Motetes,  e  Vilhancicos  a  diverfos  aíTumptos. 


FRANCISCO  JOZE'  DA  CAMARÁ  DE 
VASCONCELLOS  Naceo  em  Lisboa  no 
anno  de  1689.  fendo  filho  de  Braz  de 
Ornellas  da  Camera  Fidalgo  da  Caza  Real, 
e  das  principaes,  e  mais  qualificadas  famí- 
lias da  Ilha  Terceira,  como  efcreve  o  Pa- 
dre António  Cordeiro  Hifl.  Inful.  liv.  6. 
cap.   21.    Nos  feus  primeiros  annos  fe  ap- 


plicou  às  letras  humanas  em  o  Collegio  de 
Santo  Antaõ  atè  o  anno  de  1703.  em  que 
paíTou  à  Univerfidade  de  Coimbra,  onde  de- 
pois de  frequentar  as  Aulas  de  Filofofía,. 
e  Jurifprudencia  Canónica,  fe  refolveo  no 
anno  de  1707.  a  antepor  a  vida  militar  à 
litteraria,  fentando  praça  no  Regimento  da 
Armada  chamado  hoje  da  Marinha  com  o 
qual  fez  varias  Campanhas  na  Província  do 
Alentejo  em  1708.  e  1709.  Defte  ultimo 
anno  por  diante  começou  a  embarcar  nas 
Fragatas  de  Guarda  Cofta,  e  Comboyos  das 
Frotas  Portuguezas  occupando  os  poílos 
fubaltemos,  que  Uie  foraõ  conferidos  em 
attençaõ  ao  brio,  e  valor,  que  fempre  of- 
tentou,  atè  que  foy  provido  em  Capitaã 
de  mar,  e  guerra,  em  cujo  exercido  fempre 
dezempenhou  por  diverfas  occafioens  a  obri- 
gação do  feu  nafcimento.  Nunca  o  eílron- 
do  das  armas  lhe  impedio  o  comercio  das 
fdencias,  cultivando  com  mayor  aplicação- 
as  difciplinas  Mathematicas,  como  mais  con- 
ducentes para  as  direçoens  da  fua  profilfaõ- 
militar.  Falleceo  em  Lisboa  a  17.  de  Agof- 
to  de   1742.    Compoz. 

DiJfertaçaÕ  contra  as  Memorias  Militares  de- 
António  do  Couto  na  qual  em  nome  dos 
Difcipulos  da  Aula  da  Navegação  fe  con- 
futaõ  os  erros  das  ditas  ívíemorias.  Lis- 
boa por  Miguel  Rodrigues  1733.  4.  Sahio 
fem  o  feu  nome  em  o  livro  Intitulado  Vi- 
dência Apolegetica,  e  Critica  fobre  o  1.  e  z.  To- 
mo das  Memorias  militares  de  António  do 
Couto  &c.  e  a  diíTertaçaõ  prindpia  da  pagina 
168.  por  diante. 

Tratado  da  Náutica,  e  exercidos  militares^ 
que  deve  faber  todo  o  Oficial  da  Marinha. 
M.    S.    4. 


FRANQSCO  JOZEPH  FREYRE  Naceo 
em  Lisboa  a  3.  de  Setembro  de  1 719.  onde  teve 
por  Pays  a  Joachim  Freyre  Bellas,  e  Joanna 
Maria  Joaquina  Corfíni.  No  Collegio  Pá- 
trio de  Santo  Antaõ  eftudou  as  letras  ame- 
nas, em  que  fahio  egregiamente  verfado, 
aífim  nos  preceitos  da  Oratória,  como  na 
Arte  da  Poefia  Latina,  para  cuja  compre- 
hençaõ  concorre©  a  fua  natural  viveza  acom- 
panhada   de    continuo    eftudo.     Igual    pro- 


i66 


BIB  LIOTHE  CA 


greflb  fez  o  feu  difvelo  em  as  dificulda- 
des da  Filofoíia,  que  ouvio  em  o  Conven- 
to dos  Padres  Theatinos  defta  Corte,  co- 
mo também  na  intelligencia  das  linguas 
Italiana,  e  Franceza,  e  em  todo  o  género 
de  erudição  fagrada,  e  profana,  como  tefte- 
munhaõ  as  obras  feguintes,  primícias  do  feu 
florente  engenho. 

Plaufíis  Tagi  qiio  Excellentijftmorum,  <&  Rí- 
verendijfimorum  D.  D.  Didaci  de  Almeyda 
Portugal,  <&  D.  Francifci  de  Almeyda  Majca- 
renhas  San£ta  Ecclejia  Occidentalis  Vrincipum 
triumphu,  <&  pojjejfwnem  loci  in  ipfa  Santa 
Ecclejia  celebravit,  poeticè  defcriptus.  UlyíTipone 
apud  Antonium  líidorum  da  Fonfeca  1739. 
4.  Confia  de  712.  verfos  heróicos. 

Vida  do  Venerável  Padre  Bartholomeu  do 
J^uental  Fundador  da  Congregação  do  Oratório 
nos  Rejnos  de  Portugal,  ejcrita  na  lingua  La- 
tina pelo  P.  ]ov(eph  Catalano,  e  expofta  no 
idioma  Portugue:^.  Lisboa  por  António  líi- 
doro   da  Fonfeca.    1741.    8. 

Epigranimatum  Centúria.  UlyíTipone  apud 
Antonium    Ifidorum    da    Fonfeca.    1742.    8. 

Elogio  de  D.  Francifco  Xavier  Mafca- 
renhas  Cavalheiro  Profejfo  da  Ordem  de 
Chrijlo,  Coronel,  que  foy  de  hum  dos  Rí- 
gjimentos  de  Marinha,  e  Commandante  da 
Ef quadra  que  em  o  anno  de  1740.  foy 
para  o  EJlado  da  índia.  Lisboa  pelo  dito  Im- 
preíTor.  1742.  4. 

Relação  verdadeira  do  formidável  Terremoto 
que  padeceo  a  Cidade  de  L,iorne  em  16.  de  Ja- 
neiro de  1742.  Lisboa  por  António  líidoro 
da  Fonfeca  1742.  4.  fahio  com  o  nome  de 
Fernando   Jozè   Freyre. 

AuguJliJfimcB  Domina  D.  D.  Maria  The- 
rejia  Wolburg,  Hungaria,  e>*  Bohemia  Re- 
gina, Pia,  Felicis,  Inviãa,  vera  effigies  ce- 
lebratur  Confta  de  trinta  Epigrammas.  Ulyf- 
fipone  Typis  Antonii  Ifidori  à  Fonfeca. 
1743.  4. 

Carta  Apologética  em  que  fe  mojlra,  que 
naõ  he  Author  do  livro  intitulado  Arte  de  Fur- 
tar o  injigne  Padre  António  Vieyra  da  Com- 
panhia de  JESUS.  Lisboa  na  Regia  Oííicina 
Sylviana,  e  da  Academia  Real.  1744.  4.  Sa- 
hio  fem  o  feu  nome. 

EJoffo  Latino  de  eftylo  Lapidario  com 
dous   Epigrammas   em    aplauzo    do    P.    Mef- 


tre  Fr.  Joaõ  de  N.  Senhora  Religiozo  Me- 
nor da  Província  dos  Algarves,  e  feu  Cho- 
ronilla.  foi.    Naõ  tem  anno  da  edicçaõ. 

In  Laudem  Domini  Joannis  Rodrigues  Cha- 
ves Sacrorum  Annalium  Chronologicorum  polu- 
men  primum  in  Incem  edentis  Elegia.  Confta 
de    60.    Dyftichos. 

Excellentijfimus,  ac  Reverendijftmus  D.  D. 
Jofephus  Dantas  Barbo/a  Archiepifcopus  Lace- 
damonienjis  Emminètijfimi  D.  D.  Thoma  Car- 
dinalis  Patriarcha  Coadjutor  in  Sacrofanêía  Ba- 
Jilica  Patriarchali  cõfecratur.  Epigramma.  Cõfta 
de  6.  Dyftichos. 

Emminentijftmo,  ac  Reverendijftmo  Principi 
D.  D.  Jacobo  ex  Comitibus  Oddi,  ^  Luji- 
tania  Regnis,  ac  Dominiis  Legato  ApoJlo- 
lico  nunc  Sacro  Purpuratorum  Patrum  Nu- 
mero ad/cripto.  Epigramma.  Confta  de  5. 
Dyftichos. 

Tradução  Latina,  que  conjla  de  7.  DiJ- 
tichos  do  Soneto  compojlo  pelo  Desembarga- 
dor Lui::^  Borges  de  Carvalho,  à  morte  do 
ExcellentiJftmo  Conde  da  Ericeira  D.  Fran- 
cifco  Xavier  de  Mene:(es,  que  principia.  O' 
dura  pedra,  ò  Conde  da  Ericeira.  Sahio 
efta  tradução  no  Ob/equio  Fúnebre,  e  par- 
ticular á  faudofa  memoria  do  dito  Conde. 
Lisboa  por  Jozè  da  Sylva  da  Natividade. 
1744.  4. 

O  Secretario  Portuguet(^  compendiofamente  inf- 
truido  no  modo  de  ejcrever  Cartas  por  meyo  de 
huma  injlruçaõ  Preliminar,  re^as  de  Secreta- 
ria, Formulário  de  Tratamentos,  e  hum  grande 
numero  de  Cartas  com  todas  as  efpecies,  que 
tem  mais  u!(p.  Lisboa  por  António  líidoro 
da  Fonfeca.    1745.  4. 

Elogio  de  Jo^è  de  Sou!(a  Académico  Ano- 
nymo  de  Lisboa.  Lisboa  pelo  dito  impref- 
for   1745.  4. 

EJoffo  do  M.  R.  P.  Mejire  Fr.  Caetano 
de  S.  Jo^è  Carmelita  Defcaljo.  Lisboa  na  Re- 
gia Officina  Sylviana   174 j.   4. 

Eloffo  do  ExcellentiJftmo,  e  Reverendijftmo 
Senhor  D.  Francifco  de  Almeyda  Mafcarenbas 
Principal  da  Santa  Igreja  de  Lisboa.  Lisboa 
por  Ignacio   Rodrigues    1745.   4. 

Segundo  Elogio  na  morte  do  ExcellentiJft- 
mo, e  Reverendijftmo  Senhor.  D.  Francifco  de 
Almeyda  &c.  Lisboa  na  Officina  Sylviana, 
e   da  Academia   Real    1745.   4. 


L  US  1  TAN  A. 


ÍÒJ 


OBRAS    M.  S. 


Panegyrico  das  Glorio/as  acçoens  da  Vida 
do  'Eminentiffimo,  e  Keverendijfimo  Senhor  Car- 
dial  Patriarcba  primeiro  de  Lisboa.  4.  Con- 
fervafe  na  fua  Livraria. 

ExcellentiJJimo,  ac  KeverenSJftmo  D.  D.  Cae- 
tano Urjino  de  Cavalleriis  Archiepijcopo  Tarfenfi, 
<&  in  Ijijitanicis  Regnis  Nuntio  Apoftolico, 
Poema  Panegyricum.  Coníla  de  700.  verfos 
heróicos.     Principia 

Ille  ego,   qui   Pindi  numquam  penetrare  recejjus 
Aufus; 
Acaba. 
Semper  honore  meo,  femper  celehrabere  cantu 

Homilias  do  Papa  Clemente  XI.  fradtn^idas 
de  Latim  em  Portugue^.  4.  Promptas  para  a 
impreíTaõ. 

Keflexoens  ao  Pfalmo  Miferere  mei  Deus 
tradufidas  de  Italiano  em  Portuguez.  8. 

Memorias  Hijloricas  de  Lisboa  nas  quaes 
fe  ejcrevem  os  Llogios  dos  Reys,  Príncipes, 
e  Cardiaes,  Arcebifpos,  Bifpos,  Varoens  Dou- 
tos, Capitaens  llluftres,  que  naceraõ  nefia  Ci- 
dade. 

Theatro  Genealógico  da  llluftrijfima  Cat^a 
de  Almeyda.  He  huma  Arvore  Genea- 
lógica de  Nonos  Avós  do  Conde  do  La- 
vradio D.  António  de  Almeyda.  foi. 
Grande. 

Lucubrationes  Poética,  five  Poemata,  <&  Ele^a 
Sacra,  <& prophana,  4.  M.  S. 

Lyra  Pafioritia  Lcloga  fex.  8.  M.  S. 

Scanderbech.  Opera,  que  fe  reprezentou  em 
o  arino  de  1737. 

De  Bem  para  melhor.  Comedia  traduíida 
de  Italiano  em  Portuguez.  Reprezentada  no 
dito    anno. 

Lúcio  Papirio.  Opera  traduzida  de  Ita- 
liano.    Reprezentada  no   anno   de    1737. 

FRANCISCO  JOZEPH  SARMENTO 
Fidalgo  da  Caza  Real  Cavalleiro  Profef- 
fo  da  Ordem  de  Chriílo  Sargento  mòr 
do  Regimento  de  Dragoens  da  Provín- 
cia Tranfmõtana  naceo  na  Cidade  de  Bra- 
gança onde  teve  por  Pays  a  Pedro  Fer- 
reira de  Sá  Sarmento  Coronel  de  Dra- 
goens, e  a  D.  Jeronyma  de  Macedo.  Da 
efcola  militar  de  feu  Pay  naõ  fomente  fahio 


inílruido  nas  máximas  de  taõ  grande  Arte„ 
mas  herdeiro  do  feu  valor,  que  mamfeílou 
em  varias  occaíioens,  que  lhe  adquirirão  in- 
íigne  fama  ao  feu  nome.  Parecendo-lhe  pe- 
queno facrificio  para  a  Pátria  o  que  tinha 
obrado  com  a  efpada  a  illuílrou  cõ  a  penna 
efcrevendo. 

InfiruçaÕ  militar  para  o  fervilho  da  Cavalla- 
ria,  e  Dragoens.  Lisboa  na  Officina  Ferrei- 
riana   1723.   4. 

FRANCISCO  JOZE'  IGNACIO  DE  VAS- 
CONCELLOS  veja-fe  P.  MANOEL  TA- 
VARES. 

FRANCISCO  JOZE'  MONTEIRO  NA- 
YO  naceo  em  a  Villa  de  Setúbal  a  17.  de 
Abril  de  171 1.  fendo  filho  de  Thomè  Fran- 
co Monteiro,  e  Margarida  Paula  de  Oli- 
veira. Havendo  aprendido  os  primeiros  ru- 
dimentos na  pátria  frequentou  as  Univer- 
íidades  de  Évora,  e  Coimbra  eítudando  em 
a  primeira  FUofofia,  e  em  a  fegunda  Di- 
reito Pontifício  em  cuja  Faculdade  recebeo 
o  grào  de  Bacharel  no  anno  de  1738.  com 
applaufo  dos  feus  Meftres.  Ordenado  de 
Presbítero  exercita  o  miniílerio  de  Advo- 
gado de  Caufas  Forenfes  na  fua  pátria,  fen- 
do igualmente  applaudido  pela  fcienda  ju- 
ridica,  como  pela  veya  poerica,  principal- 
mente em  o  eílilo  cómico  de  que  tem 
compoílo   as   feguintes    obras 

Todo  es  engano  Amor.  Comedia 

Defdicha,  y  amor  es  una  cofa,  y  parecen 
dos.    Comedia 

£/  amante  de  fu  hermana.   Comedia 

Do!(e  Loas  em  applaufo  de  diverfos  Santos, 
que  fe  reprefentaraõ  em  diverfos  Conventos 
de  Religiofas. 

D.  Quixote  renacido.   Farça  jocoferia. 

Oração  Académica  Problemática,  recitada  em 
a  Cidade  de  Évora  no  anno  de  1730. 

Poema  amorofo  de  Lijoardo,  e  Arminda,  divi- 
dido em  6.  cantos.  M.  S.  4. 

D.  FRANCISCO  LA\TSIES  chamado 
no  Século  Franclfco  Troyano  filho  de 
Pedro  Troyano,  e  Anna  Maria  Neto  na- 
ceo   em    Lisboa,    e    quando    contava    defa- 


i68 


BIBLIO THE  CA 


féis   annos   de   idade   fe   aliílou   na   Compa- 
nhia   de    JESUS    em   o    Noviciado    da   fua 
Pátria  a   i6.   de  Outubro  de   1672.    Depois 
<lc  eíludar  as  fciencias  mayores  no  Collegio 
<le  Coimbra  em  que  fez  patente  o  ílngular 
engenho  de  que  era  dotado  fe  acendeo  em 
fervorofos   dezejos   de   pregar   o  Evangelho 
no  Reyno  do  Malabar,  e  alcançando  facul- 
dade   dos    Superiores    partio    para    a    índia 
no  anno  de  1681.  com  o  P.  Francifco  Sar- 
mento.    Tanto    que    chegou   a   Goa   pouco 
foy  o  intervallo  de  tempo  que  correo  para 
fe    introduzir    no    lugar    deílinado    aos    feus 
apoftolicos  miniílerios  fendo  a  Reíldencia  de 
Catur   em   Madure    o    primeiro    theatro    em 
que  padeceo  com  animo  imperturbável  ter- 
ríveis moleftias  em  beneficio  daquella  Chrif- 
tandade.     Naõ   foraõ   menores   as   perfegui- 
çoens  que  experimentou  no  Reyno  do  Ma- 
ravà   onde   tinha   derramado   o    fangue   por 
Chrifto  o  V.  P.  Joaõ  de  Brito  pois  aíTiíHndo 
a  eíla   Chriílandade   dous   annos,   nos   quaes 
bautizou   treze    mil,    e   feifcentas   almas,    he 
incrível  quantas  injurias  ouvio  dos  Brâma- 
nes, e  de  quantos  perigos  o  falvou  a  pro- 
tecção divina.    Tendo  exercitado  com  tantos 
trabalhos    o    minifterio    de   MiíTionario   pelo 
dilatado  efpaço  de  vinte  e  dous  annos  foy 
deito  Procurador  à  Cúria  Romana  para  tra- 
tar negócios  de  graves  confequencias.    Che- 
gou a  Portugal  no  anno  de  1704.  e  partin- 
do para  Roma  foy  recebido  com  afefto  pa- 
ternal pelo  Geral  Miguel  Angelo  Tamburi- 
no    onde    concluídas    as    dependências,    que 
o  conduzirão  de  partes  taõ  remotas,  voltan- 
do  a   Portugal   fe   vio   naufragante   junto   a 
Málaga.    Chegado  a  Lisboa  como  fofle  eleito 
Bifpo  de  Meliapor  para  fucceder  ao  P.  Gaf- 
par  Affonfo  o  fagrou  no  Collegio  de   San- 
to Antaõ  a  18.  de  Março  de  1708.  o  Emi- 
nentinimo   Cardeal   Nuno   da   Cunha,   c  At- 
taide  Capellaõ  mòr,  e  Inquifidor  Geral.    Par- 
tio para  a  índia  com  alguns  companheiros, 
c  depois  de  experimentar  vários  perigos  na 
jornada   aportou   a   Moçambique    a    23.    de 
Março  de   1709.  e  a  Goa  a  25.  de  Setem- 
bro havendo  defefete  mezes,  que  fahira  de 
Lisboa.     O   zelo    em   que   fe   abrazava   em 
beneficio  das  almas  lhe  naõ  permitio  a  me- 
nor demora  para  entrar  em  Meliapor  onde 


perfeguido  pela  malevolenda  de  hum  Go- 
vernador Gentio  foy  obrigado  a  peregrinar 
fora  do  feu  Bifpado  atè  que  vencidos  di- 
verfos  obílaculos  exercitou  as  obrigaçoens 
paftoraes  com  inexplicável  jubilo  do  feu  co- 
ração bautizando  a  cincoenta  mil  Gentios, 
ungindo  com  o  fagrado  crifma  a  innumc- 
raveis  Neófitos,  e  extendendo-fe  a  activi- 
dade do  feu  apoftolico  ardor  defde  o  Cabo 
de  Comorim  atè  os  confins  da  China.  Ten- 
do acabado  a  vifita  das  Igrejas  do  Reyno 
de  Bengala  fe  recolheo  à  Cafa  de  Chan- 
dernagor  para  tomar  os  exercícios  de  Santo 
Ignacio  quando  ao  terceiro  dia  eílando  ce- 
lebrando MiíTa  foy  acometido  de  taõ  violen- 
ta enfermidade  que  lhe  naõ  permitio  acabar 
o  Sacrifício,  e  com  tanta  intenção  fe  agra- 
vou, que  brevemente  o  privou  da  vida  a 
II.  de  Junho  de  1715.  Foy  univerfalmente 
lamentada  a  fua  morte  fervindo-lhe  as  la- 
grimas, e  fufpiros  de  eloquentes  Panegy- 
riílas  das  fuás  virtuofas  acçoens  de  que  faz 
larga  memoria  o  P.  António  Franco  Imag. 
da  Virtud.  em  o  Colleg.  de  Coimh.  Tom.  2. 
pag.  713.  atè  743.  e  na  Imag.  da  Virt.  em 
o  Nov.  de  Lisboa  pag.  968.  e  no  A/tn.  Glor. 
S.  J.  in  Luftt.  pag.  369.  &  778.  O  P. 
Joaõ  Bautifta  Duhalde  na  Epiftola  Dedicató- 
ria do  Tom.  12.  des  Loires  edifiantes,  e  Curieu- 
fes  lhe  faz  o  feguinte  elogio  Cejtoit  un 
Prelat  qtà  remiffoit  en  Ja  perfone  toutes  les 
virtus  religieujes,  e  epifcopales.  Marangoni  The- 
^atir.  Paroch.  Tom.  2.  pag.  54.  Vir  in  ec- 
clejiajlicis  funãionibus  diu  verfatus,  e>*  frequens, 
gravis,  <ò'  prudens  uju  reriim  prajlans.  Com- 
poz 

Def  enfio  Indicarum  Mijftonum  Madurenfis  nem- 
pe  Mayfurenfis,  (&  Camatenfis  edita  ocafione  De- 
creti  ab  llliifirijftmo  Domino  Patriarcha  Antio- 
cheno  D.  Carolo  Maylard  de  Toumon  Vifitatore 
Apofiolico  in  Indiis  Orientalibus.  Ronuc  Ty- 
pis  Reverendae  Camerx  Apoftolicse.  1707.  4. 
e  naõ  em  17 10.  como  efcreve  o  moderno  ad- 
dicionador  da  Bib.  Orient.  de  António  de  Leaõ. 
Tom.  I.  Tit.  3.  col.  85. 

Carta  efcrita  de  Madftre  aos  Padres  da  Com- 
panhia Mijfionarios  á  cerca  da  morte  do  Ven.  P. 
Joaõ  de  Brito.  He  muito  larga.  Sahio  tradu- 
fida  em  Francez  nas  Letres  Edifiantes,  e  Curim- 
fes.  Tom.  2.  defde  pag.  i.  atè  56. 


L  USITAN  A. 


FRANCISCO  LEITAjVI  natural  do  lugar 
de  Manteigas  da  Diocefe  de  Coimbra  Doutor 
na  Faculdade  de  Direito  Cefareo,  da  qual  mof- 
trou  a  vafta  noticia  na  obra  feguinte 

Allegaçoens  que  fet^  para  informação  da  fua 
jujiiça  na  caufa  em  que  o  acuja  o  Doutor  Fran- 
cífco  Vaz  de  Gouvea.  Lisboa  por  António 
Alvares  1618.  foi. 


P.  FRANCISCO  LEITAM  natural  de 
Caftello  de  Vide  do  Bifpado  de  Portalegre 
em  a  Província  Tranílagana,  e  filho  de  Pe- 
dro Gonçalves,  e  Margarida  Fernandes. 
Quando  contava  defefeis  annos  de  idade  re- 
cebeo  a  Roupeta  de  Jefuita  em  o  Collegio 
de  Évora  a  20.  de  Novembro  de  1647.  e 
profeflbu  folemnemente  a  15.  de  Agofto  de 
1667.  Na  Academia  Eborenfe  naõ  fomente 
aprendeo  as  letras  amenas,  e  feveras,  mas 
as  diétou  com  grande  applaufo  fendo  nellas 
laureado  com  as  iníignias  doutoraes  de 
Theologo.  Foy  mandado  a  Roma  para  Re- 
vifor  dos  livros  da  Companhia  cuja  incum- 
bência exercitou  vinte  annos  approvando  os 
alheyos,  e  compondo  os  que  deixou  efcritos 
para  eterno  teftemunho  da  fua  profunda 
litteratura,  ou  foíTe  na  Theologia  Efpecula- 
tiva,  e  Polemica,  ou  na  Hiíloria  Eccleíiaftica, 
e  Secular.  Foy  ornado  de  natural  bondade, 
e  de  coftumes  innocentes  por  cujos  dotes 
conciliava  o  affefto  de  todos  os  que  o  tra- 
tavaõ.  PaíTou  da  vida  caduca  para  a  eterna 
em  Roma  a  11.  de  Setembro  de  1705.  Delle 
fazem  illuftre  memoria  Franco  Imag.  da  Vir- 
tud.  do  Nov.  de  Evor.  pag.  864.  e  Ann. 
Glor.  S.  J.  in  'Lujit.  pag.  524.  &  in  Annal. 
S,  J.  in  Ljijit.  pag.  419.  §.  3.  e  Fonfec. 
Iijvor.  Glor.  pag.  450.    Compoz 

Kemedio  de  peccadores,  exercido  de  Jujlos. 
Contem  duas  partes  a  i.  trata  do  exercido  da 
ConfiffaÕ.  A.  z.  do  exercido  da  Comunhão.  Évora 
na  Oííicina  da  Univeríidade.  1678.  8. 

Opufculum  de  Hebrao  convião  in  quatuor  lihros 
divijum.  Primus  liher  de  Mejfta  credendo  ut  Deo, 
'Ò'  homine.  Secundus  de  fignis  veri  Mejfia,  qui  efi 
Salvator  nofter  B.  Virginis  filius.  Tertius  de  dubiis 
qua  Judai  opponunt  Chrijiianis.  Quartus  de  He- 
hrao  convicto.  Roma;  per  Joannem  Jacobum 
Komarek  1693.  4. 


169 

Impenetrabilis  Pontifícia  dignitatis  Clypeus 
in  quo  vera  doãrina  de  potejlate  Summi  Pon~ 
tificis  Komani  indubitate  fupra  omnia  Con- 
cilia, <&  generalia,  <&  legitime  con^egata,  ó* 
de  ejujdem  infallibilitate  in  rebus  ad  fídem, 
more/que  fpeãantibus  tam  intra,  quam  extra  Con- 
cilium  definiendis  demonftratur  per  argumenta 
defumpta  ex  facra  Scriptura,  dT  Concilijs  Uni- 
verfalibus,  &  particularibus,  ex  facris  Canoni- 
bus,  ex  SS.  PP.  tam  Grads,  quam  Luitinis, 
(Óf  ex  rationibus  Theologids.  Item  de  potejlate 
Concilij  Univerfalis  legitime  fupra  Papam  du- 
bium,  feu  Antipapam,  (ò^  in  cafu  Scbifmatis 
juxta  veram  Condlij  Conflantienfis  explicationem. 
Romse  apud  eúdem  T}^ographum  1695.  foi. 

Synopfis  de  Ecclejia  militante  compleãens 
partes  duas.  Prima  efl  de  vera  Ecclejia, 
<ò'  ejus  notis,  ac  infigiibus  in  qua  folum 
regula  Fidei  prafens,  ac  viva  reperiri  po- 
tefl.  Secunda  omnia  fchifmata,  qua  per  de- 
feãum  conformitatis  ad  illam  Rfgulam  ab 
exórdio  nafcentis  Ecclefia  ad  noflrum  ufque 
tempus  nata,  (ò"  per  eamdem  regulam  penitus 
extinãa  narrantur.  Romac  apud  Antonium  de 
Rubeis.    1699.   foi. 

De  Conceptione  Deipara. 

De  Opinione  probabili. 

Vida  de  S.   Francifco  Xavier. 
Eílas    obras    M.    S.    eftavaõ    promptas    para 
a     ImpreíTaõ,     e     delias     faz     memoria     o 
P.     Francifco     da     Fonfeca     Fvor.     Gloriof. 
pag.   430. 


FRANQSCO  LEITAM  FERREIRA  na- 
ceo  em  a  Qdade  de  Lisboa  a  16.  de 
Mayo  de  1667.  fendo  feus  progenitores 
Manoel  Leitaõ  Ferreira  defcendente  da 
Familia  dos  Leitoens  da  Villa  da  Cer- 
tãa  de  quem  efcreve  JMiguel  Leitaõ  de 
Andrade  na  fua  Mifcellanea  Dialog.  20. 
e  Mariana  da  Fonfeca.  Sahio  à  luz  do 
mundo  com  tal  debilidade  que  foy  pre- 
dfo  que  fe  lhe  conferiíTe  o  Bautifmo 
em  caza  a  19.  de  Mayo  dia  confagrado  à 
Afcençaõ  de  Chrifto,  e  no  Domingo  da 
Pafchoa  do  Efpirito  Santo  29.  do  dito 
mez  recebeo  folemnemente  na  Parochia  de 
S.  Paulo  os  Santos  Óleos,  e  depois  o 
Sacramento     da     Confirmação     do    Arcebif- 


170 


BIBLIO THE  C  A 


po  de  Lisboa  D.  LuÍ2  de  Souza.  Chega- 
do à  idade  capaz  de  fe  inílruir  com  as  le- 
tras humanas,  e  fagradas  aprendeo  os  ru- 
dimentos da  latinidade,  em  que  fahio  in- 
figne  com  o  P.  Domingos  Ribeiro  Pref- 
bytero  de  inculpável  vida,  e  conhecida  fciè- 
cia,  e  ouvio  explicadas  as  fubtilezas  da 
Filofofia  Peripatetica  por  Fr.  Simaõ  da  Af- 
fumpçaõ  em  o  Convento  do  Carmo  em  que 
fez  taes  progreíTos  a  fua  viva  penetração,  que 
defendeo  Conclufoens  publicas  de  Phyfica 
a  21.  de  Janeiro  de  1691.  Continuou  a 
carreira  dos  feus  eftudos  efcholafticos  em 
o  mefmo  Convento  aprendendo  Theologia 
pelo  efpaço  de  dous  annos  com  os  Meílres 
Fr.  Manoel  de  Santa  Catherina,  que  depois 
foy  Bifpo  de  Angola,  e  Fr.  Manoel  Caldei- 
ra, o  primeiro  Lente  de  Prima,  e  o  fegundo 
de  Vefpera.  Refoluto  a  feguir  a  vida  Ec- 
cleíiaílica  fe  ordenou  de  Presbjrtero  cele- 
brando a  primeira  MiíTa  no  fumptuofo  Tem- 
plo de  N.  Senhora  do  Loureto  fendo  feu 
Padrinho  o  IlluftriíTimo  D.  Jorge  Cornaro 
Arcebifpo  de  Rhodes  Núncio  ApoftoUco 
neftes  Reynos  donde  foy  aíTumpto  à  Pur- 
pura Romana.  Efte  Prelado  atendendo  à 
integridade  dos  feus  coíhimes  o  admitio  ao 
numero  dos  feus  familiares  o  que  jà  tinha 
feito  feu  anteceíTor  em  a  Nunciatura  Apof- 
tolica  Marcello  Durazzo,  e  de  ambos  rece- 
bco  taõ  diílintas  honras,  que  parecia  fer 
chamado  aos  feus  Palácios  mais  para  ve- 
nerar a  fua  virtude,  do  que  fervirfe  da  fua 
capacidade.  Eíla  o  fez  digno  de  poííuir  os 
Benefícios  das  Parochiaes  Igrejas  de  S.  Tia- 
go na  Cidade  de  Tavira,  e  de  Santa  Maria 
da  Villa  de  Porto  de  Moz,  e  de  exercitar 
por  efpaço  de  trinta  annos  o  miniílerio  de 
Parocho  da  Igreja  de  N.  Senhora  do  Lou- 
reto da  Naçaõ  Italiana  com  fumma  vigi- 
lância, e  naõ  menor  charidade.  Teve  tanta 
inclinação  para  a  Poefia  affim  vulgar,  como 
Latina,  Efpanhola,  e  Italiana,  que  parecia 
a  fua  metrificação  mais  filha  da  natureza 
que  da  arte,  e  o  que  he  mais  digno  de 
admiração,  que  confervando  por  toda  a 
vida  familiar  comercio  com  as  Mufas  nunca 
fe  contaminarão  as  fuás  compofiçoens  com 
algum  termo  licenciofo.  Arrebatado  dcíle 
divino    furor    naõ    houve    aíTumpto    Gcnc- 


thliaco,  Epithalamico,  ou  Funeral,  em  que 
naõ  difcorrefle  o  feu  fecundo  talento  al- 
cançando pela  fonora  afluência  das  vozes, 
e  profunda  delicadeza  dos  conceitos  o  pri- 
meiro premio  em  muitos  Certames  Acadé- 
micos baJJando  fomente  o  eco  do  feu  nome 
para  lhe  cederem  a  palma  os  contendores. 
Igualmente  foy  verfado  na  intelligencia  das 
linguas  Latina,  e  Italiana,  que  efcreveo  com 
pureza,  fallou  com  facilidade  naõ  fendo  hof- 
pede  nos  dialeftos  da  Grega,  e  Franccza. 
PoíTuio  com  incanfavel  difvelo  o  conheci- 
mento da  Mythologia,  Iconologia,  Epigra- 
fia, Hiftoria  Ecclefiaílica,  e  Secular  confer- 
vando na  memoria  os  fucceflbs  mais  memo- 
ráveis affim  profperos,  como  infauílos  de 
que  foy  theatro  o  mundo  pela  larga  diu- 
turnidade de  muitos  feculos.  Ornado  o  feu 
efpirito  com  todo  o  género  de  noticias  Filo- 
lógicas o  procurarão  as  mais  celebres  Aca- 
demias com  judiciofa  competência  para  feu 
alumno  fendo  a  primeira  a  dos  Árcades^ 
que  tem  por  Corte  a  cabeça  do  mundo, 
que  o  admitio  com  o  nome  de  Tagldeo  cm 
memoria  do  preciofo  Tejo,  que  lhe  deu  o 
berço.  Em  a  PoriugNet(a  inílituida  no  Palá- 
cio do  ExcellentilTimo  Conde  da  Ericeira 
D.  Francifco  Xavier  de  Menezes  foy  Mcflxc 
dos  Symbolos,  em  a  dos  Anonymos  explicou 
a  Arte  dos  conceitos,  e  ultimamète  em  a  ^al 
da  Hiftoria  Porti4gue:(a  fendo  hum  dos  pri- 
meiros cincoenta  Académicos  de  que  fe  for- 
mou efte  litterario  corpo  lhe  foy  diftribuida 
a  laboriofa  incumbência  das  Memorias  Eccie- 
fiafticas  do  Bi/pado  de  Coimbra  fendo  os  feus 
hombros  capazes  de  fuftentar  taõ  fublime 
machina  efcrevendo  o  Cathalogo  Critico,  e 
Chronologico  dos  Prelados  daquella  antigua  Dio- 
cefe,  e  as  Memorias  Chrofiologkas  da  Vniver- 
fidade,  que  tanto  illuftra  aquella  Qdade,  em 
cujas  compofiçoens  para  emendar  anacronif- 
mos,  computar  tempos,  fixar  Épocas  foy 
gloriofo  inftrumento  a  fua  penna  diflipando 
como  luz  as  fombras,  que  occultavaõ  as 
noticias,  refutando  opiniocns  fabulofas,  que 
manchavaõ  a  pureza  da  verdade,  e  obfer- 
vando  exaftamente  huma  critica  fevera  com 
a  qual  naõ  permitio,  que  preoccupado  o 
juizo  do  amor  da  Pátria  lhe  arrogaíTc  al- 
guma    gloria    que    fe    naõ   eílabcleccííc    fo- 


L  USITAN A. 


171 


bre  folidos  fundamentos.  Todo  o  tempo 
da  fua  vida  occupou  em  exercidos  litte- 
rarios,  e  devotos,  receando  que  de  qual- 
quer inílante  inutilmente  paíTado  havia  de 
fer  reo  em  o  Tribunal  Divino.  Juntou  com 
igual  eleição,  que  difpendio  huma  feleâa 
livraria,  onde  retirado  do  comercio  dos  vi- 
vos fe  deleitava  da  converfaçaõ  dos  mor- 
tos, da  qual  os  melhores  M.  S.  deixou  por 
legado  a  fumptuofa  Livraria  de  S.  Domin- 
gos deíla  GDrte  onde  fe  confervaõ.  A  con- 
tinua applicaçaõ  ao  eíhido  lhe  attenuou  de 
tal  forte  as  forças,  que  fe  renderão  à  vio- 
lência de  muitos  achaques,  que  contra  elle 
fe  confpiraraõ.  No  efpaço  de  três  mezes, 
que  precederão  à  fua  morte,  fuílentou  a 
vida  entre  acerbas  dores,  e  multiplicadas 
recahidas,  que  tolerou  com  animo  taõ  im- 
perturbável, que  parecia  jà  fe  habilitava 
para  o  eftado  de  impaíTivel.  Recebidos  os 
Sacramentos  com  fumma  piedade  efpirou 
placidamente  a  12.  de  Março  de  1735.  às 
8.  horas  da  manhãa  quando  contava  67. 
annos,  onze  mezes,  e  vinte  e  outo  dias  de 
idade.  Por  ordem  da  Academia  Real  de 
que  foy  celebrado  Collega,  fiiy  eleito  para 
Panegyriíla  das  fuás  acçoens,  e  como  por 
informaçoens  menos  certas  efcrevi  que  na- 
cera  a  8.  de  Mayo,  e  que  eíhidara  as  le- 
tras humanas  no  Gjllegio  de  Santo  Antaõ, 
agora  fe  emendaõ  havendo  recebido  as  noti- 
cias, que  nefte  Elogio  fe  relataõ,  efcritas 
pela  própria  maõ  do  mefmo  Beneficiado 
Frandfco  Leitaõ  Ferreira,  que  lemos  com 
faudofa  memoria,  cujo  nome  exaltaõ  o  P. 
D.  Manoel  Caetano  de  Soufa  Cathal.  Hi/ior. 
dos  Pontif.  Card.  e  Bi/p.  Portug.  p.  14.  Pejfoa 
bem  conhecida  pelos  eruditos  livros,  e  elegantes 
obras,  que  tem  impreffo,  e  na  Exped.  Hifp.  D. 
Jacob.  Maioris.  Tom.  i.  pag.  254.  §.  520. 
eruditijfimus,  &  pag.  598.  §.  1368.  ã  fcriptis 
voluminibus  orbi  litterario  notijftmus,  &  pag. 
660.  §.  15 10.  Vir  acerrimi  judicij.  Fr.  Man. 
de  Sà  Mem.  Hijl.  dos  E/crit.  da  Prov.  do 
Carm.  de  Portug.  pag.  290.  cuja  erudição  he 
mi(y  notória.  Marangoni  The^aur.  Paroch. 
Tom.  2.  pag.  238.  coi.  2.  Academicus  K£- 
gius,  ipfique  comiffum  efi  comentários  confignare 
pro  texenda  Hijloria  ad  perantiquam  Conimbri- 
xenfem  Diacejim  attinentem.  Barboía.  h/Um.  do 


Colleg.  Real  de  S.  Paulo.  p.  160.  Académico 
Generofo,  Anonymo,  Portugueti^,  e  Real  verfadif- 
fimo  em  todo  o  gsnero  de  erudição  efpscialmente 
na    Poética,    e    Critica    Ecclejtajlica.     Gímpoz 

Affeãos  iMJitanos,  que  na  intempefiiva 
morte  da  SereniJJima  Senhora  D.  Isabel  Lmí- 
Za  Jo!(efa  Infanta  de  Portugal  o  mefmo  Rey- 
no  offerece  á  immortal  fama,  perene  duração, 
e  perpetua  memoria  de  feu  foberano,  real, 
e  augujio  nome.  Lisboa  por  Domingos  Car- 
neiro ImpreíTor  das  Três  Ordens  Mili- 
tares  1690,  4.  He  Glofa  ao  Soneto  de 
Camoens  Alma  minha  gentil,  que  te  par- 
tifle.    No    fim    Eloffum  fepulchrale. 

Aufpicios  Ejicomiaflicos  em  a  felicijftma 
promoção  ao  Cardinalato  do  EminentiJJimo 
Senhor  D.  Jorge  Comaro  Gram  Commenda- 
dor  de  Chypre,  e  Núncio  Apoflolico  com  po- 
deres de  Legado  d  Eatere  nefies  Rejnos  de 
Portugal,  e  Algarves,  e  feus  domínios,  ema- 
nada em  22.  de  Julho  de  1697.  pelo  Oráculo 
Santijftmo  de  Innocencio  XII.  Pontífice  Óptimo 
Máximo.  Lisboa  por  Manoel  Lopes  Fer- 
reira.   1697.   foi. 

Memoria  Sepulchral,  Epitáfio  faudofo  ef- 
culpido  pelo  fentimento  fobre  a  fepultura  da 
fempre  Augufta,  e  Serenijfima  Senhora  D. 
Maria  Sofia  Isabel  de  Neuburg  Rainha  de 
Portugal.  Glofa  ao  86.  Soneto  do  grande 
Luiz  de  Camoens,  que  anda  na  fegunda  Cen- 
túria das  fuás  Rimas  comentadas  por  feu 
llluflrador  Manoel  de  Faria,  e  Sou^a.  Lis- 
boa pelos  herdeiros  de  Domingos  Carneiro. 
1699.  4.  O  Soneto  começa.  Os  olhos  onde 
o   cafto   amor  vivia. 

Canção  Panegyrica  em  applaufo  de  D. 
Aíanoel  Pereira  Coutinho,  e  feus  filhos  D. 
Francifco  Jo^è  Coutinho,  e  D.  Pedro  da 
Sjlva  Coutinho  com  três  Sonetos  a  efte  af- 
fumpto,  e  outro  jocoferio.  Londini  por  Leach. 
1704.  4. 

Mufa  Tjpographica :  feu  argumento  he  que 
fendo  fervido  ElRey  NoJJo  Senhor  D.  JoaÕ  V. 
de  ver  o  ufo  de  huma  imprenfa  fe  lhe  eflampou 
efie  Soneto  extemporâneo,  o  qual  glofou.  Lisboa 
por  Valentim  da  Cofta  Deslandes  Impreííor 
de  Sua  Mageftade  1707.  4.  O  Soneto  foy 
compofto  pelo  Conde  de  Tarouca  Joaõ  Go- 
mes da  Sylva  Embaxador  à  Paz  de 
Utrech. 


172 


BIB  LIO  THE  CA 


Idea  .  Poética  Epithalamka  Panegírica  que 
Jervio  no  Arco  Triumphal,  que  a  NaçaÕ  Ita- 
liana mandou  levantar  na  occafiaZ,  que  as  Ma- 
geftades  dos  Serenijfimos  Keys  de  Portugal  D. 
JoaÕ  o  V.  e  D.  Mariana  de  Aujlria  foraõ  â 
Cathedral  de  Lisboa  no  dia  de  Sabbado  iz.  de 
De!(embro  de  1708.  Lisboa  por  Valentim  da 
GDÍla  Deslandes    1709.   4. 

Nova  Arte  de  Conceitos,  que  com  o  titulo 
de  Uçoens  Académicas  na  publica  Academia  dos 
Anonymos  de  Lisboa  di£íava,  e  explicava.  Pri- 
meira parte.  Lisboa  por  António  Pedrozo 
Galraõ   171 8.   8. 

Arte  de  Conceitos  Jegunda  Parte.  Lisboa 
pelo  dito  ImpreíTor.   1721.   8. 

DiJfertaçaÕ  Apologética  em  que  fe  defen- 
de a  verdade  do  primeiro  Concilio  Bracha- 
renfe  defcuberto,  e  dado  á  lu^  por  Fr.  Ber- 
nardo de  Brito  Monge  da  Ordem  de  S. 
Bernardo,  e  Chronijla  Geral.  Lisboa  por 
Pafcoal  da  Sylva  ImpreíTor  de  Sua  Magef- 
tade  1723.  foi.  No  3.  Tomo  da  ColleçaÕ 
dos   Docum.    da   Acad.    real. 

Cathalogo  Chronologico-Critico  dos  Bifpos 
de  Coimbra.  Lisboa  por  Pafcoal  da  Sylva 
ImpreíTor  delRey.  1724.  foi.  Sahio  no 
Tom.  4.  da  Collec.  dos  Docum.  da  Acad. 
Real. 

Elogio  Fúnebre  do  Reverendiffimo  P,  Fr. 
Miguel  de  Santa  Maria  Académico  da  Acade- 
mia Real  da  Hijloria  Portuguev^a  em  13.  de 
Mayo  de  1728.  Lisboa  por  Jozè  António  da 
Sylva  ImpreíTor  da  Academia  Real.  No 
Tom.  8.  da  Collec.  dos  Docum.  da  Acad.  Real. 

Noticias  Chronologicas  da  Univerjidade  de 
Coimbra.  Primeira  parte,  que  comprehende  os 
annos,  que  dif correm  de/de  o  de  1288.  ate  prin- 
cípios de  1557.  foi.  Lisboa  por  Jozè  Antó- 
nio da  Sylva  ImpreíTor  da  Acad.  Real. 
1729.  foi.  No  Tomo  9.  da  Collec.  dos  Do- 
cument.  da  Acad.  Real. 

Conta  dos  feus  eftudos  Académicos  no  Paço 
a  -j.  de  Setembro  de  1725.  No  Tom.  5.  da 
Collec.  dos  Docum.  da  Acad.  Real.  Lisboa 
por  Pafcoal  da  Sylva.    1725.  foi. 

Conta  dos  feus  efiudos  em  ^.  de  Julho  de 
1727.  No  Tom.  7.  da  Collec.  Lisboa  por 
Jozè  António  da   Sylva   1727.   foi. 

Conta  dos  feus  efiudos  no  Paço  a  7.  de  Se- 
tembro de  T-iif.    No  Tom.  7.  da  Collec, 


Conta  dos  feus  efiudos  em  20.  de  Novembro 
de  iiz-j.    No  Tom.  7.  da  Collec. 

Conta  dos  feus  efiudos  no  Paço  a  -j.  de 
Setembro  de  1728.  No  Tom.  8.  da  Collec. 
Lisboa  por  Jozè  António  da  Sylva  1728. 
foi. 

Conta  dos  feus  efiudos  em  zz.  de  Outubro 
de  1729.  no  Paço.  No  Tom.  9.  da  Collec. 
Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor  1729.  foi. 

Conta  dos  feus ■  eftudos  Académicos  em  13. 
de  Março  ij^z.  No  Tom.  11.  da  Collec. 
Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor. 

Conta  dos  feus  eftudos  no  Paço  a  j.  de 
Setembro  de  ij^z.  No  Tom.  11.  da  Collec. 
Lisboa   pelo    dito   ImpreíTor    1732.    foi. 

No  Certame  Poético  celebrado  em  applaus^o 
da  Canonit^açaõ  de  S.  JoaÕ  de  Deos  impreíTo 
em  Madrid  1692.  eílá  huma  fua  Glofa  ao 
AíTumpto   8.   pag.   217. 

Ao  infixe  triumpho  com  que  o  Real  Con- 
vento de  N.  Senhora  do  Carmo  de  Lisboa  cele- 
brou a  Canonização  do  Sagrado  Heroe  S.  JoaÕ 
da  Cruz  Fpinicio  Sacro.  He  huma  larga  Can- 
ção. Lisboa  por  Miguel  Rodrigues  1728.  4. 
Sahio  nas  Memor.  Hift.  Paneg.  e  Métricas  do 
fagrado  culto  com  que  o  Convento  do  Carmo 
celebrou  a  Canonização  do  mefmo  Santo  defde 
pag.  380.  atè  396.  Mais  três  Sonetos  pa- 
rafrafticos,  hum  a  hum  Epigramma  Latino 
do  Marquez  de  Alegrete  Manoel  Telles  da 
Sylva,  e  dous  a  dous  Epigrammas  do  P. 
António  dos  Reys  da  G^ngregaçaõ  do  Ora- 
tório a  pag.   134. 

Elogio  Portuguez  em  eítilo  lapidario  com 
hum  Soneto  á  Memoria  do  Doutor  António 
de  Souza  de  Macedo.  Sahio  na  Eva,  e  Ave 
deíle  Author.  Lisboa  na  Officina  Deslan- 
deíiana    171 1.   foi. 

Com  o  nome  de  Floriano  Freyre  Cita 
Cezar  anagrama  puro  do  feu  nome  publi- 
cou. 

Berço  Natalício  dedicado  ao  felice  Naà- 
mento  do  Augufto  Primogénito  das  Mageftades 
Liifitanas  D.  Pedro  II.  e  D.  Maria  Softa  Izabel 
de  Neuburg  Reys,  e  Senhores  Noffos.  Lisboa  por 
Domingos  Carneiro  ImpreíTor  das  Três  Or- 
dens Militares.    He  huma  Sylva  muito  larga. 

Romance  em  occafiaõ  de  boas  Fejlas  a 
hum  Compadre  Mercador  de  livros,  e  The- 
foureiro    da    Bulia.    Sahio    no    Tom.    5.    da. 


L  USITANA. 


Feniz  renacida.    Lisboa  por  António  Pedro2o 
Galraõ   1728.   8.   a  pag.    363. 

Ephemeride  Hijlorial,  Chronologica  'Lufitana 
na  qual  por  dias,  e  annos  fe  referem  vários 
fucceffos  bifioricos,  e  memoráveis  acontecidos  em 
Portugal,  e  nas  fuás  Conquifias  com  outras  me- 
morias notáveis  a  efle  gloriofo  dominio  perten- 
£entes.  1.  e  1.  Tom.  4.  M.  S.  Cujo  original 
vimos,  e  delle  extrahimos  as  noticias  da 
fua  vida, 

FRANCISCO  LEITAM  DA  SYLVA 
Cavalleiro  profeíTo  da  Ordem  Militar  de 
Chriílo  naceo  em  Lisboa  de  Pays  Nobres, 
e  opulentos,  e  taõ  verfado  na  liçaõ  dos 
Poetas   como   Hiftoriadores,   efcreveo 

Relafaõ  da  morte,  e  enterro  da  Aíageflade 
Serentjfima  delRey  D.  JoaÕ  o  IV.  de  gloriofa 
memoria.  Lisboa  por  Domingos  Lopes  Roza. 
1656.  4. 

FRANQSCO  DE  LEMOS  Capitão,  e 
morador  na  Gdade  de  S.  Tiago  Capital  da  Ilha 
de  Cabo  Verde  compo2  no  anno  de  1684. 

DefcripçaÕ  da  Cofia  de  Guiné,  e  Situação 
de  todos  os  "Portos,  e  rios  delia,  e  Koteiro  para 
fe  poderem  navegar  todos  feus  Rios.  M.  S.  foi. 
Conferva-fe  na  Livraria  dos  PP.  Theatinos  def- 
ta  Corte. 

D.  Fr.  FRANCISCO  DE  LIMA  filho 
de  JoaÕ  de  Lima,  e  Maria  das  Neves  na- 
ceo em  Lisboa,  e  no  Convento  Carmelitano 
de  taõ  illuílre  Cidade  recebeo  o  Habito  a 
19.  de  Setembro  de  1649.  e  fez  a  profiJTaõ 
lolemne  a  25.  do  dito  mez  do  anno  fe- 
guinte.  Admitido  por  Collegial  em  o  Col- 
legio  de  Coimbra  em  31.  de  Outubro  de 
1652.  eftudou  as  fciencias  feveras  em  que 
fahio  taõ  perito,  que  logo  foy  deítinado 
para  diâar  Filofofia  no  Convento  de  Évora, 
porém  como  a  fua  prudência  competiflie 
com  a  fua  fabedoria  foy  eleyto  Reformador, 
e  Vifitador  do  Convento  da  Villa  da  Horta 
na  Ilha  do  Fayal,  onde  fe  applicou  igual- 
mente à  reforma  efpiritual,  que  material 
daqueUe  edifício.  Neiie  tempo  fuccedeo  huma 
grande  confternaçaõ  a  todos  os  moradores 
deíla  Ilha  cauzada  pela  horrorofa  impreílaõ 


173 

dos  terremotos,  e  para  applacar  a  Divina 
indignação  difcorreo  pelas  Praças  como  outro 
Jonas  anunciando  a  fubverfaõ  da  Qdade,  fe 
naõ  emendaffem  as  vidas,  e  reformaíTem  as 
conf ciências  de  cujas  vozes  evangélicas  fe 
feguiraõ  prodigiofas  transformaçoens.  Refli- 
tuido  a  Lisboa  foy  nomeado  Vigário  Geral 
do  Brafil  onde  cumprio  com  todas  as  obri- 
gaçoens  de  vigilante  Prelado,  que  igual- 
mente obfervou  quando  exercitou  o  lugar 
de  Prior  do  Convento  de  Lisboa  no  an- 
no de  1686.  Foy  dos  iníignes  Pregado- 
res do  feu  tempo  conciliando  a  attençaõ 
de  toda  a  Nobreza,  e  principalmente  del- 
Rey D.  Pedro  11.  quando  pregava  na 
fua  Real  Capella  no  tempo  da  Quaref- 
ma  cujos  difcurfos  fe  animavaõ  de  liber- 
dade apoftoUca.  Atendendo  eile  Príncipe 
aos  feus  merecimentos  o  nomeou  Bif- 
po  dos  Eílados  do  Maranhão,  e  Pará  a  9. 
de  Outubro  de  1691.  fendo  fagrado  em 
20.  de  Abril  do  anno  feguinte,  em  o  Con- 
vento do  Carmo  pelo  EminentiíTmio  Cor- 
dial de  Lancaíbre  InquiQdor  Geral.  An- 
tes que  partiíle  para  o  Maranhão,  foy 
provido  no  Bifpado  de  Pernambuco  no 
anno  de  1694.  Tanto,  que  chegou  a 
Olinda  começou  a  praétícar  as  virtudes 
paftoraes  fendo  o  feu  mayor  difvello  o 
focorro  dos  pobres,  e  amparo  das  don- 
zellas,  em  que  difpendeo  mais  do  que  lhe 
rendia  o  Bifpado.  Acometido  da  ultima 
emfírmidade,  e  conhecendo  ter  chegado 
o  ultimo  termo  da  vida  fe  refignou  em 
o  divino  benaplacito  efpirando  a  29.  de 
Abril  de  1704.  Delle  fazem  mençaõ  Car- 
valho Corog.  Portug.  Tom.  3.  liv.  2.  Trat. 
8.  cap.  47.  Fr.  Manoel  de  Sà  Mem.  dos 
Efcrit.  da  Prov.  do  Carm.  de  Portug.  p.  148. 
e  Fr.  Agoft.  de  Sant.  Alar.  Sana.  Ma- 
rian.  Tom.  9.  pag.  262.  Publicou  fem  o 
feu  nome. 

Sermão  funeral  do  Ejninentifftmo  Cardial  D. 
Veriffimo  de  lumcaflre  Cardial  da  Santa  Igreja 
Romana,  e  Inquifidor  Geral,  que  celebrou  o  Con- 
feito Geral  do  Santo  Officio  em  S.  Pedro  de 
Alcântara  Convento  da  Prov.  da  Arrábida  em 
Usboa  onde  eflâ  fepultado  o  feu  Corpo.  Lisboa 
por  Miguel  Deslandes  ImpreíTor  de  Sua  Ma- 
geílade.  1693.   4. 


^74 


BIBLIO THE  CA 


Fr.  FRANCISCO  DE  LISBOA  cujo  ap- 
pellido  denota  a  pátria  em  que  fahio  à  lu2 
do  mundo.  Foy  o  vigeíTimo  fetimo  Vigá- 
rio Provincial  dos  Clauftraes,  e  primeiro 
Miniílro  da  Obfervancia  nefte  Reyno  de 
Portugal  eleito  no  anno  de  15 17.  donde 
paflbu  a  Guardião  do  Convento  de  S.  Fran- 
cifco  de  Lisboa  em  cujo  governo  efemino» 
feu  nome  pela  ^ande  reforma,  que  introdí4^io, 
e  fe:(^  praticar  na  Jua  Comunidade,  como  delle 
efcreve  Fr.  Fernando  da  Soledade  Hift.  Se- 
raf.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  4.  liv.  i.  cap. 
29.  §.  189.  Segunda  vez  foy  eleyto  Minif- 
tro  Provincial  no  anno  de  15  21.  em  que 
aíTiílio  à  morte  delRey  D.  Manoel  recitan- 
do-lhe  os  Pfalmos  deputados  para  aquella 
tremenda  hora,  como  relata  Damiaõ  de 
Góes  Chron.  do  dito  Key  Part.  4.  cap.  85. 
Terceira  vez  foy  aflumpto  ao  lugar  de  Pro- 
vincial no  anno  de  1526.  e  paíTando  a  AíTiz 
para  aíTiílir  no  Capitulo  Geral  foy  crcado 
Definidor  Geral  da  Ordem,  e  ComiíTario 
Geral  defte  Reyno.  De  todos  eíles  lugares 
era  merecedor  o  feu  talento,  que  fe  illuf- 
trava  com  profunda  fciencia,  e  fingular  vir- 
tude, por  cujos  dotes  alcançou  diílintas  eíH- 
maçoens  da  Mageftade  delRey  D.  Joaõ 
o  III.  Foy  muito  applicado  ao  eftudo  da 
Genealogia  efcrevendo 

Familias  do  Rejno  de  Portuga/  fendo  al- 
legado  em  a  dos  Manoeis  por  Pedro  de  Ma- 
riz  Dialog.  de  Var.  Hijl.  Dialog.  4.  cap.  5. 
e  numerado  entre  os  Autores  Genealógicos 
pelo  Padre  D.  António  Caet.  de  Souz.  Ap- 
parat.  à  Hiji.  Geneal.  da  Ca^-  Real  Portug. 
pag.   36.  §.13. 

Computationes  nominum  antiquorum.  M.  S. 
Tratava  dos  nomes  antigos,  que  tiveraõ  as 
Cidades,  e  Villas  defte  Reyno  confrontados 
com  os  modernos,  que  agora  tinhaõ.  Efte 
livro  da  maõ  do  Autor  confervava  em  feu 
poder  Fr.  Bernardo  de  Brito  Chronifia  mòr 
do  Reyno  como  affirma  na  i.  Part.  da  Mo- 
narch.  Ljtjit.  liv.  2.  cap.   10. 

P.  FRANQSCO  LOPES  cuja  pátria 
fc  ignora,  e  naõ  o  Inftituto  Religio- 
fo  qual  foy  o  da  Companhia  de  JESUS 
que  recebeo  em  Goa.  Sendo  bom  Theo- 
logo    era    melhor    Pregador    comovendo    a 


copiofas  lagrimas  o  auditório  todas  as  ve- 
zes, que  exercitava  efte  Minifterio  evangé- 
lico. Quando  contava  trinta,  e  nove  annos 
de  idade  e  vinte  de  Companhia  tendo  fido 
Superior  da  Rcfidencia  de  Coulaõ  vindo  em- 
barcado a  28.  de  Outubro  de  1568.  de  Co- 
chim  para  Goa  lhe  fahiraõ  ao  encontro  de- 
fronte da  noíTa  Fortaleza  de  Chalé  quinze 
Paraos  de  Mouros,  e  dividindofe  em  duas 
alas  invefliraõ  a  noíTa  Nào  com  difdplina 
de  Soldados,  e  orgulho  de  piratas,  porém 
como  vinha  igualmente  guarnecida  de  gente, 
que  artilharia  de  tal  forte  rebateo  o  im- 
pulfo  dos  inimigos  que  lhe  meteo  a  pique 
três  Paraos,  e  fem  duvida  padeceriaõ  mayor 
eftrago  fe  no  ardor  do  conflido,  ou  por 
inadvertência  culpável,  ou  por  difgraça  ac- 
cidental  naõ  cahiíTe  huma  faifca  no  payol 
da  pólvora,  que  repentinamente  arrebatou 
pelos  ares  a  proa,  e  com  as  chamas  efpa- 
Ihadas  pelo  reftante  da  nào  foy  o  incêndio 
lavrando  em  mais  partes.  Para  evitar  o 
ultimo  perigo  fe  arrojou  o  Padre  Fran- 
cifco  Lopes  à  Galeota  dos  Mouros,  que 
lhe  ficava  mais  próxima,  e  tanto  que  pela. 
coroa  foy  conhecido  fer  Sacerdote  o  reco- 
lherão com  hofpitalidade  propondolhe  o  rcf- 
gate,  e  a  vida,  fe  abjuraíTe  a  Fé  do  Cruci- 
ficado. A  taõ  blaffema  propofta  refpondeo 
com  animo  refoluto  naõ  haver  premio  nem 
caftigo  que  foííem  poderofos  para  negar  a 
Religião  promerida  no  Bautifmo.  Naõ  ti- 
nha bem  pronunciadas  eftas  palavras  o  va- 
lorofo  ConfeíTor  de  Chrifto,  quando  foy 
atraveíTado  com  huma  lança  pelos  peitos, 
e  aberta  a  cabeça  com  hum  disforme  golpe, 
e  ultimamente  arrojado  ao  mar  confumou 
gloriofamente  o  martyrio.  Defte  infignc 
varaõ  fe  lembraõ  Guerreiro  Glorio/.  Coroa 
de  esforçad.  Sold.  Part.  2.  cap.  13.  pag.  260. 
Alegamb.  Mort.  Illujl.  pag.  47.  Tanncr  So- 
cietas  JESUS  u/que  ad  fang.  et  vit.  profus. 
milit.  pag.  229.  e  Souz.  Orient.  conq^ftad. 
Part.  2.  Conquift.  i.  Divif.  i.  §.  25.  Ef- 
crevco 

Carta  aos  PP.  da  Companhia  de  Portugal  ef- 
crita  de  Cochim  a  16.  de  Janeiro  de  1561.  M.  S. 

Carta  e/cri  ta  de  Cochim  aos  Padres  da 
Companhia  de  Portugal  a  d.  de  Janeiro  d» 
1563. 


L  USITANA. 


175 


Eílas  duas  Cartas  fe  confervaõ  no  Ar- 
chivo  da  Ca2a  ProfeíTa  de  S.  Roque  def- 
ta   Corte. 


FRANCISCO  LOPES  iníigne  profeflbr 
de  Medicina  merecendo  pelo  íingular  me- 
thodo  com  que  triunfava  das  mais  rebel- 
des, e  perigofas  enfermidades  fer  Medico 
da  Camará  da  Sereni/Tlma  Rainha  D.  Ca- 
therina  mulher  delRey  D.  Joaõ  o  m.  Teve 
grande  génio  para  a  Poelia  Latina,  Por- 
tugueza,  e  Caftelhana,  de  que  deixou  por 
teftemunhas    as    obras    feguintes, 

Loi/vor  de  Nojfa  Senhora.  Coníla  de  metros 
diverfos.     Lisboa    por    António    Gonfalves 

1573- 8- 

Na  Re/açaÕ  do  folemne  recebimento  das  Ke- 

liquias  na  Cav^a  Projejfa  de  S.  Koque  Lisboa 
por  António  Ribeiro  1588.  8.  a  foi.  191. 
eftaõ  dous  epigrammas  feus  cujos  aíTumptos 
faõ.  O  1.  De  Spina  Corona  Domini.  O  2. 
áe  Velo,  <&  Túnica  Virginis  Aía^us  Ala/ris, 
e  dous  ad  D.  Magdalenam,  e  a  foi.  192.  verf. 
hum  de  D.  Nico/ao  Antijlite.  Do  Autor  fa- 
zem mençaõ  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i. 
pag.  334.  e  o  Padre  António  dos  Reys 
Enthuf.  Poet.  n.   149. 

Vario  recinebat  carmine  Matris 

Virginis  elogium  Lapes  cui  doãus  Apollo 
Fronde   comas   cinxit   duplici;    nam     clarus     in 

arte 
Paonià  fuerat   Catharina  traditus  olim 
EJfet  ut  adverfus  morborum  vulnera  cujios. 


FRANCISCO  LOPES  natural  de  Lis- 
boa Livreiro,  e  naturalmente  inclinado  à 
Poeíia  lyrica  em  que  deixou  varias  obras 
com  eftylo  mais  devoto,  que  elegante,  dos 
quaes   os  aíTumptos  faõ   os  fegiiintes 

Santo  António  de  Usboa  i.  e  2.  Parte 
do  feu  nacimento,  criação,  vida,  morte,  e  mila- 
gres. Lisboa  por  Pedro  Craesbeeck.  1610. 
4.  &  ibi  por  Francifco  ViUela.  1680.  8. 
&   ibi  por  Joaõ   Galraõ    1683.    8. 

Segunda  Parte  da  Vida  de  Santo  António, 
e  verdadeira  Hijioria  dos  cinco  Martyres  de  Mar- 
rocos. Lisboa  por  Francifco  Villela.  1671.  8. 
&  ibi  por  Joaõ  Galraõ  1682.  4.  &  ibi  por  Fi- 


lippe  de  Souza  Villela  1701.  8.  &  ibi  por  An- 
tónio Pedrozo  Galraõ  1701,  8. 

O  Soldado  da  gloria,  e  Capitão  da  Com- 
panhia de  JESUS  Santo  Ignacio  de  Ljtyola  na 
Jua  Canonizarão.  Lisboa  por  Giraldo  da 
Vinha  1622.  foi.  Saõ  18.  Decimas  impreíTas 
ao  alto. 

Feitos  heróicos,  e  milagres,  que  SaÕ  Fran- 
cifco Xavier  je^  nas  partes  do  Oriente  pela  Fè 
Catholica.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor  1622. 
foi.     Saõ    18.   Decimas   foi. 

Redondilòas  à  Canoni:(a{aÕ  de  Santa  Isabel 
Rainha  de  Portugal.  Lisboa  1624.  foi.  Im- 
preíTas  em   colunas. 

S.  Gonçalo  de  Amarante  nacimento  criação, 
morte,  e  milagres.  Lisboa  por  Gerardo  da 
Vinha  1627.  4.  &  ibi  por  Pedro  Craesbeeck. 
1645.  4-  Coníla  de  6.  cantos  em  quinti- 
lhas. 

SaS  Bom  homem.  Redondilhas  Lisboa 
1628.  8. 

Gloria  de  Portugal  Lisboa  por  Manoel  da 
Sylva.  1641.  foi.  confta  de  20.  Decinus  em 
huma   folha   ao   largo. 

Honra  da  Pátria.  Sextilhas.  Lisboa  por 
Manoel  da  Sylva  1641.  4. 

Sylva  Oriental  na  AcclamaçaÕ  delRey  D. 
Joaõ  o  IV.  Primeira  parte.  Lisboa  por  Do- 
mingos   Lopes    Roza.    1642.    4. 

Segunda  Parte.  Lisboa  por  Manoel  da 
Sylva    1642.   4. 

Favores  do  Ceo  do  braço  de  Chrifio,  que 
fe  defpregou  da  Crtn^  e  de  outras  maravilhas 
dignas  de  fe  notar.  Lisboa  por  António  Al- 
vares.   1642.  4. 

Valentia  Chrijlãa,  e  refpeito  dos  Portugue- 
ses ao  culto  Divino.  Lisboa  por  Manoel  da 
Sylva.    1642.  4. 

Milagrofo  fuccejjo  do  Conde  de  Caflello-Mi- 
Ihor    Lisboa   pelo    dito    ImpreíTor.    1643.    4. 

PaJJatempo  boneco  de  adivinbaçoens  em  ver- 
fo,  declaraçoens  delle  em  proíba.  Primeira  Parte. 
Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck.  1603.  8.  & 
ibi  por  Henrique  Valente  de  OUveira. 
1658.    24. 

Segunda  Parte.  Lisboa  pelo  dito  Im- 
preíTor. 1659.  &  ibi  por  Joaõ  Galraõ 
1677. 

Auto,  e  colloqtáo  do  Nacimento  de  Chrif- 
to.   Lisboa  por  Manoel  da   Sylva.    1646.   4. 


176 


BIBLIO THE  CA 


P.  FRANCISCO  LOPES  natural  de 
Lisboa  onde  teve  por  Pays  a  Pedro  Lo- 
pes de  Villa-Nova,  e  Ambrozia  de  Figuei- 
redo ao  qual  educarão  com  taõ  fantos  do- 
cumentos, que  delles  aprendeo  a  fiigir  do 
mundo  para  a  Companhia  de  JESUS  re- 
cebendo a  Roupeta  no  Collegio  de  Coimbra 
a  25.  de  Janeiro  de  1591.  Nefta  douta  pa- 
leftra  fahio  egregiamente  verfado  nas  le- 
tras humanas,  e  divinas  que  aprendeo  com 
brevidade,  enfinou  com  applaufo.  Na  Ora- 
tória Ecclefiaílica  foy  incomparável  fendo 
os  feus  difcurfos  igualmente  fubtis,  e  ele- 
gantes atrahindo  com  a  eloquência  de  que 
fummamente  era  ornado  a  geral  atenção  dos 
feus  ouvintes.  Quando  exercitava  a  Rei- 
toria do  Collegio  de  Elvas  foy  nomeado 
Procurador  a  Roma  onde  fubftituhio  o  lugar 
de  AíTiílente,  que  occupava  o  P.  Antaõ 
Gonfalves.  O  infigne  Joaõ  Paulo  Oliva 
Geral  da  Companhia  nefte  tempo  o  applau- 
dio  muitas  vezes  pela  fagrada  eloquência 
de  que  uzava  nos  Púlpitos.  Falleceo  em 
Roma  a  29.  de  Julho  de  1680.  Egreffus 
Concionator  he  intitulado  pelo  P.  António 
Franco  Annal.  S.  J.  in  iMJit.  pag.  368.  §.  9. 
Dos  muitos  Sermoens,  que  recitou  nos 
mais  authorizados  Púlpitos  defta  Corte  de 
Lisboa   fomente   fe   fez   publico    o   feguinte 

Sermão  da  Canonização  de  Santa  Maria 
Magdakna  de  Pat(p^i  pregado  no  quarto  dia  do 
Outavario,  que  lhe  dedicou  o  Keal  Convento  do 
Carmo  de  Lisboa.  Sahio  na  fegunda  Parte 
do  Forajleiro  admirado.  Lisboa  por  António 
Rodrigues  de  Abreu   1672.   foi.   a  pag.   48. 

FRANCISCO  LOPES  HENRIQUES  na- 
tural de  Lisboa,  e  hum  dos  mais  ce- 
lebres Advogados  do  feu  tempo  em  cujo 
miniílerio  manifeftou  os  fcientificos  the- 
zouros  de  huma,  e  outra  Jurifpruden- 
cia,  que  eftavaõ  depofitados  na  fua  fe- 
liz memoria,  e  alta  comprehenfaõ.  Nunca 
patrocinou  caufa  em  que  a  juftiça  naõ 
foíTe  clara,  e  patente  atendendo  com  par- 
ticular circunfpecçaÕ  aos  fundamentos  fo- 
lidos  da  controveríia,  que  fe  agitava,  e 
naõ  às  razoens  apparentes  procedidas  mais 
da  fubtileza  do  difcurfo,  que  do  dida- 
me    da    verdade.    Foy    no    afpcfto    grave, 


no  trato  affevel,  e  nas  palavras  parco.  Mor- 
reo  na  Pátria  a  6.  de  Abril  de  1676.  Jaz 
fepultado  na  Parochia  de  S.  Mamede.  Im- 
primio 

AllegaçaÕ  de  Direito  a  favor  do  Senhor  Conde 
de  Figueiró  D.  Jo^è  de  Lancajlro  fobre  a  fucceffaõ 
do  EJlado,  e  Cafa  de  Aveiro.  Lisboa  por  Joaõ 
da  Cofta  1667.  foi. 

FRANCISCO  LOPES  PEREIRA  foy 
dos  infignes  Poetas  que  floreceraõ  em  Por- 
tugal no  Século  decimo  fexto,  de  cujas  mé- 
tricas producçoens  fe  lèm  algumas  impref- 
fas  a  foi.  191.  verf.  em  o  Cancioneiro  geral 
de  Garcia  de  Kefende.  Lisboa  por  Hermaõ 
de   Campos.    15 16.   foi. 

FRANCISCO  LOPES  PESTANA  Freyre 
profeíTo  da  Militar  Ordem  de  Aviz  filho  de 
Francifco  Lopes,  e  Joanna  Netta  naceo  na 
Villa  de  Santarém  onde  inftruido  com  as 
Humanidades,  e  Poefias  para  cuja  arte  o 
inclinava  o  génio,  paííou  a  cultivar  os  eftu- 
dos  mayores  fendo  Collegial  do  Collegio  da 
Purificação  de  Évora,  fahindo  defta  paleftra 
taõ  douto  em  Theologia  Efcholaflica,  que 
a  di£lou  por  muitos  annos  em  o  feu  Con- 
vento de  Aviz.  Depois  de  fer  Prior  enco- 
mendado no  anno  de  1635.  da  Parochial 
Igreja  de  S.  Lourenço  da  fua  Pátria,  foy 
Prior  da  Igreja  do  Salvador  de  Veyros  do 
Bifpado  de  Elvas.  Falleceo  em  Santarém 
a  20.  de  Agofto  de  1672.  e  jaz  em  fepultura 
própria  na  Freguezia  de  Santa  Iria.    Compoz 

De  Conceptione  B.  Virginis  libri  12.  Efta 
obra,  que  tinha  prompta  para  a  ImpreíTaõ 
quando  era  Prior  de  Veyros  fe  queimou 
laftimofamente  no  faço,  que  os  Caftelhanos 
deraõ  a  efta  Villa  no  anno   de   1662. 

Hijloria  de  Noffa  Senhora  da  Gloria.  Co- 
media Portugueza.  A  Ermida  em  que  fe 
venera  a  Senhora  com  efte  titulo  eftà  fituada 
junto   a   Muge. 

Dous  Diálogos  em  que  faõ  interlocutores 
Portuguezes,  e  Caftelhanos  onde  fe  reprc- 
hendem  com  graciofidade  algumas  acçoens 
executadas  por  aquelle  tempo  em  a  Pro- 
víncia   do    Alentejo. 

Loas    para     varias     FeJHvidades,     c     ou- 


L  USITANA. 


177 


tras  obras  poéticas,  que  correm  pelas  mãos  P/a/mos,    e     Vilhancicos    a    diverfas    vo!(es. 

dos  curiofos.  M.  S. 


It 


FRANCISCO  LOPES  RIBEIRO  natu- 
ral de  Lisboa,  e  famofo  alumno  do  Par- 
nafo,  cujas  métricas  expreflbens  fe  eterni- 
zarão fomente  em  dous  Sonetos,  que  he 
o  primeiro,  e  quarto  no  Certame  Poético 
em  louvor  de  D.  Migue/  de  Noronha  Conde 
de  Unhares  Capitão  General  de  Tangere.  Lis- 
boa por  Gerardo  da  Vinha.  4.  naõ  tem 
anno  da  ImpreíTaõ 

FRANCISCO  LOPES  SUEIRO  natural 
de  Lisboa  igualmente  verfado  na  Mytholo- 
gia,  que  na  Poética,  e  hum  dos  Académicos 
da  Academia  dos  Singulares  inílituida  na  fua 
Pátria  em  o  anno  de  1663.  onde  foy  ou- 
vido com  geral  acclamaçaõ,  ou  fofle  em 
oraçaõ  folta,  ou  ligada  pela  copia  de  con- 
ceitos, e  afluência  de  palavras  com  que  or- 
nava as  fuás  compoíiçoens,  das  quaes  uni- 
camente fahiraõ  impreíTas  na  fegimda  parte 
da  Acad.  dos  Sinalares.  Lisboa  por  António 
Craesb.  de  Mello  1668.  4.  &  ibi  por  Ma- 
noel  Lopes   Ferreira.    1698.   4. 

Oraçaõ  recitada  em  7.  de  Dezembro  de  1667. 
a   pag.    205. 

Cinco  Sonetos  a  diverfos  Affumptos  a  pag. 
26.   51.  362.  363.  e  374. 

Briga  entre  duas  Kegateiras.  Confta  de  12. 
Outavas  a  pag.   397. 

FRANCISCO  LUIZ  Poeta  Cómico  como 
teftemunha  a   obra  feguinte. 

Aiito  de  Gil  Papado,  ou  de  D.  Bernardim. 
Lisboa  por  António  Alvares    163 1.   4. 

FRANCISCO  LUIZ  natural  de  Lisboa 
Presbytero  de  vida  inculpável,  e  de  pro- 
funda fciencia  da  Arte  Muíica  aíTim  praâica 
como  efpeculativa.  Foy  Meílre  da  Cathe- 
dral  da  fua  Pátria,  onde  morreo  a  27.  de 
Setembro  de  1693.  e  jaz  fepultado  na  Pa- 
rochia  de  N.  Senhora  dos  Martyres.  Deixou 
varias  obras  da  fua  profiíTaõ  armonica,  que 
Jíaõ  muito  eílimadas  fendo  as  principaes 

Texto  da  PaixaÕ  de  Domingo  de  Ra- 
mos, e  de  Sejla  feira  Mayor,  a  4.  vozes. 
M.  S. 


Fr.  FRANQSCO  DE  S.  LUIZ  natural 
de  Lisboa  filho  de  Joaõ  RebeUo,  e  Maria 
das  Candeas.  Na  idade  da  adolefcenda  re- 
cebeo  o  habito  de  S.  Paulo  primeiro  Ere- 
mita em  o  Convento  de  Serra  de  OíTa  a  8. 
de  Agofto  de  1722.  e  profeíTou  a  9.  do 
dito  mez  do  anno  feguinte.  Sahio  taõ  emi- 
nente nas  fciendas  efcholafticas,  que  foy 
digno  de  laurear-fe  Doutor  Theologo  em 
a  Univeríidade  de  Évora  a  5.  de  Mayo  de 
1738.  e  de  fer  admitido  aos  Qualificadores 
do  Santo  Officio  a  8.  de  Outubro  de  1639. 
Tendo  com  grande  credito  da  fua  fciencia 
diâado  I^ilofofia,  e  Theologia  aos  feus  do- 
mellicos  fe  exercitou  no  miniílerio  de  Ora- 
dor Evangélico  alcançando  igual  fama  pelo 
Púlpito,  que  pela  Cadeira.  Publicou  por 
primícias  do  feu  talento  concionatorio 

SermaÕ  no  Solemnijftmo  Outavario  com  que 
a  Caja  Projeffa  de  S.  Roque  da  Companhia  de 
JESUS  celebrou  a  Canonização  de  S.  Joaõ 
Franàfco  Re^s  da  me/ma  Companhia.  Lisboa 
na  Offidna  da  Mufica,  e  da  Sagrada  Reli- 
gião de  Malta.  1739.  4-  Sahio  no  livro  in- 
titulado Vo:(^  em  Rjoma,  e  Echo  em  Lisboa 
na  Canonização  de  S.  JoaÕ  Franci/co  Regis  a 
pag.    119.  atè   139. 

FRANQSCO  LUIZ  DA  COSTA  na- 
tural de  Lisboa,  e  filho  de  António  Fernan- 
des da  Sylva  Capitão  de  hum  Regimento 
defta  Corte,  e  D.  Brigida  da  Cofta,  Freyre 
Conventual  da  Ordem  Militar  de  S.  Tiago, 
cujo  habito  recebeo  no  Real  Convento  de 
Palmella  a  19.  de  Novembro  de  1729.  onde 
foy  Meflxe  da  lingua  Latina,  e  hoje  Bene- 
ficiado da  Igreja  Matriz  da  ViUa  do  Tor- 
rão em  a  Provinda  do  Alentejo.  He  ornado 
de  talento  capaz  para  a  Poefia,  Hiftoria,  e 
miniílerio    do    Púlpito    publicando 

SermaÕ  da  Fejiividade  do  Senhor  JESUS 
dos  Perdoens  em  a  Igreja  Parochial  de  San- 
ta Alaria  Magdalena.  Lisboa  por  Pedro 
Ferreira  ImpreíTor  da  SereniíTima  Rainha 
N.    Senhora.    1732.    4. 

Com  indefeíTo  trabalho,  e  continua  ap- 
plicaçaõ    revolveo    pelo    efpaço    de    cinco 


178 


BIBLIO  THE  CA 


annos  o  Cartório  do  Q)nvento  de  Palmella, 
onde  he  G)nventual,  de  cuja  laboriofa  em- 
preza  colheo  o  fruto  feguinte 

ColleçaÕ  de  todos  os  Breves  Pontifícios  con- 
cedidos à  Ordem  Militar  de  S.  Tiago  dejle 
Rejno,  por  ordem  Chronologica.  foi.  2.  Tom. 
M.    S. 

FRANaSCO  LUIZ  DE  VASCONCEL- 
LOS  natural  de  Lisboa,  filho  de  LuÍ2  Men- 
des de  Vafconcellos,  e  irmaõ  de  Joanne 
Mendes  de  Vafconcellos  Governador  das 
Armas  em  a  Provincia  de  Trás  os  Montes. 
A  natureza  com  o  nafcimento  illuílre  lhe 
comunicou  engenho  claro  para  compre - 
hender  a  lingua  Latina,  letras  humanas, 
noticia  da  Hiíloria  Sagrada,  e  profana,  e 
natural  affabilidade  para  conciliar  os  âni- 
mos de  grandes,  e  pequenos.  Foy  Caval- 
leiro  da  Ordem  de  Chriílo,  Governador  de 
Angola,  e  da  Ilha  de  S.  Miguel.  Vir  non 
folum  militaris,  Jed  etiam,  eb*  eruditus,  ó^  au- 
licis  artihus  prajlans,  efcreveo  Joaõ  Soar. 
de  Brit.  Theatr.  Ijifit.  Utter.  Ut.  F.  n.  51. 
Deixou  muitas  obras  efcritas  certamente  di- 
gnas da  luz  publica  logrando  unicamente 
delia 

Epitome  da  vida  de  D.  Francifco  de  Por- 
tugal. Sahio  ao  principio  da  Arte  de  Galan- 
taria compoíla  por  efte  Fidalgo.  Lisboa  na 
Officina  Craesbeeckiana.    1652.   4. 

CançaÕ  a  Soror  Violante  do  Ceo  Keliffofa 
Dominica  em  o  Convento  da  Kofa  de  Lisboa. 
G^meça  Portento  Milagrofo.  Acaba  Suene  la 
vòs  Violante,  el  echo  Cielo. 

Carta  a  D.  António  Alvares  da  Cunha 
He  em  Verfo. 

Eílas  duas  obras  fe  confervaõ  M.  S. 
na   grande    Livraria   do   Cardial  de   Souza. 

FRANaSCO  DE  MACEDO  natural 
de  Lisboa  filho  de  Gregório  Gomes,  e 
Guiomar  de  Macedo.  Havendo  entrado  na 
Companhia  de  JESUS  a  10.  de  Julho  de 
1623.  onde  enfinou  Filofofia,  e  fahindo  por 
juílificadas  cauzas  da  Religião  continuou 
os  feus  eftudos  na  Univerfidade  de  Coim- 
bra com  tanto  progreflb  da  fua  applica- 
çaõ,  que  mereceo  fer  numerado  entre  os 
Doutores   Theologos   daquella   grande   Aca- 


demia. Foy  Cónego  da  Collegiada  de  Bar- 
cellos,  e  hum  dos  bons  Pregadores  do  fcu 
tempo    de    cujo    argumento    publicou 

SermaÕ  da  Soledade  da  Mãy  de   Deos  pre- 
gado   na    Collegiada    de    Barcellos    em    o    anno 
de    1675.-   Coimbra    por    Manoel    de    Car-       i 
valho  1675.  4.  I 

SermaÕ  da  Invenção  da  Santa  Cru^  com  a 
circunjlancia  das  Milagrofas  Crin^es,  que  appa- 
recem  no  dito  dia  em  Barcellos  pregado  na  fua 
Collegiada  anno  1673.  Coimbra  pelo  dito  Im- 
preflbr   1675.  4. 

Fr.  FRANCISCO  DE  MACEDO  Na- 
ceo  na  Villa  de  Torres  Vedras  do  Patriar- 
chado  de  Lisboa,  onde  teve  por  Pays  a 
Joaõ  de  Macedo  da  Veyga,  e  a  Maria  de 
Pina.  Recebeo  o  Habito  Carmelitano  no 
Collegio  de  Coimbra  a  22.  de  Março  de 
1661.  e  fez  a  Profiflaõ  folemne  em  o  Real 
Convento  do  Carmo  de  Lisboa  a  13.  de 
Abril  do  anno  feguinte.  Depois  de  eftudar 
as  fciencias  efcholaílicas,  que  pela  fua  gran- 
de comprehenfaõ  as  podia  diétar  aos  feus 
domefticos,  preferio  o  minifterio  conciona- 
torio  ao  Cathedratico  concorrendo  nelle  a 
valentia  com  que  reprefentava,  e  a  elegân- 
cia com  que  ornava  os  feus  difcurfos.  Foy 
Vicereytor  do  Collegio  de  Coimbra,  Prior 
do  Convento  de  Setúbal,  e  Confeífor  das 
Religiofas  do  Convento  da  Efperança  de 
Beja,  Cuílodio  da  Provincia,  Definidor 
duas  vezes.  Sócio,  e  Secretario  do  Pro- 
vincial Fr.  Francifco  Ribeiro  Cathedratico 
da  Univerfidade  de  Coimbra,  e  em  todos 
eftes  lugares  moftrou  a  prudência  do  feu 
juizo.  Falleceo  no  Convento  de  Lisboa. 
Publicou 

SermaÕ  da  Glorio/a  Santa  Ce!(ilia  Vir- 
gem, e  Martyr  na  Vefta,  que  lhe  fi:^aõ 
os  Cantores  Profeffores  da  Mujica  na  Pa- 
rodiai Igreja  de  Santa  ]ufta  no  anno  d» 
171 5.  Lisboa  por  Miguel  Manefcal  Imprcf- 
for  do  Santo  Officio,  e  da  ScreniíTima  Caza 
de  Bragança  1716.  4. 

Fr.  FRANCISCO  MACHADO  natural 
da  Villa  de  Soure  em  o  Bifpado  de 
Coimbra  Monge  Ciílercienfe,  cujo  Ha- 
bito   recebeo    no    Convento    de    NoíTa    Sc- 


L  USITAN  A. 


179 


nhora   de   Thamaraes    do   Bifpado    de    Lei- 
ria,   que    hoje    eftá    anexo    ao    GDllegio    de 
Coimbra,    do    qual    depois    foy   Abbade   atè 
o   fim  da  fua  vida.    A  fubtileza   do   talen- 
to de  que  benevolamente  o  dotou  a  natu- 
reza, moveo  a  elRey  D.   Joaõ  o  IH.  para 
o   mandar  aprender  as  fciencias   feveras  na 
Univerfidade    de    ParÍ2    onde    floreceo    com 
tanta  admiração  dos  feus  Cathedraticos,  que 
o    admitirão    por    Doutor    daqueUa    iníigne 
Academia  fendo  igualmente  perito  na  intel- 
ligenda  da  Theologia  Efcholaílica,  como  da 
Polemica.    Reftituido  à  Pátria  foy  univerfal- 
mente    venerado  por  grande  Theologo  naõ 
havendo  controveríia  grave,  que  fe  naõ  co- 
meteíTe  à  fua  decifaõ,  que  fempre  era  fun- 
dada fobre  as  opinioens  mais  folidas.    Que- 
rendo o  Cardial  D.  Henrique  certificarfe  dos 
milagres,    que    obravaõ    as    Santas    Rainhas 
Thereza,  e  Sancha  filhas  do  noíTo  Rey  D. 
Sancho    I.    e    brilhantes    eftrellas    do    firma- 
mento   de    Giler   Uie    efcreveo    huma    Carta 
de    Évora    a     15.     de    Agofto,     onde    lhe 
mandava  foíTe  ao  Convento  de  Lorvaõ  in- 
formarfe    ocularmente    dos    prodígios,    com 
que    Deos,    acreditava    a    virtude    daquellas 
duas  Princezas.    Obedeceo  promptamente,  e 
em   huma   Carta   efcrita   a    17.    de    Outubro 
do   Convento   de   Thamaraes   onde  era  Ab- 
bade lhe  relatou  com  fumma  individuação, 
o    que    vira.     Começa    a    Carta.     Senhor  fuy 
a  'Lorvaõ,  como  V.  A.  me  mandou  &c.    Sahio 
imprefla   na    Chron.    de    Cifter   compofta   por 
Fr.  Bernardo  de  Brito.  liv.   6.  cap.   34. 

Veritaíis  repertorium  in  Hebraos.  Conim- 
bricas.  1567.  4.  Deíla  obra  como  do  Autor 
faz  memoria  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i. 
pag.  364.  col.  2.  &  Carol.  Jozeph.  Jmbo- 
nati  Bib.   Laíin.  Heb.  pag.   46.  n.    186. 

E/pe/bo  de  Chriftaos  novos  convertidos. 
M.  S. 

Varaphra^s  in  Jeptem  Pfalmos  Paniten- 
tíales.  M.  S.  O  original  fe  conferva  no  Con- 
vento de  Alcobaça  no  caxaõ  das  três  cha- 
ves. Delle  fe  lembra  Fr.  Chrifoftomo  Hen- 
riques Phanix  revivi/cens  pag.   38. 

P.  FRANCISCO  MACHADO  Naceo 
em  Villa  Real  em  a  Provinda  Tranfmõ- 
tana   de    Pays    taõ    qualificados   no   íangue. 


como   na   virtude,   quaes   eraõ   Joaõ   Rodri- 
gues   Machado,    e    Catherina    Botelha    dedi- 
cando   a   Deos    quatro   filhos,    e   três   filhas 
nas  Religioens  mais  authorizadas.    Ao  tem- 
po,  que   cumpria  defefete  annos   entrou  na 
Companhia  de  JESUS  no  Collegio  de  Coim- 
bra a  6.  de  Fevereiro  de  1605.  onde  depois 
de  eíhidar  as  letras  humanas,  e  divinas  in- 
flamado   com   o   fagrado   ardor   de   conver- 
ter  almas   a   Chriílo   alcançou   faculdade   de 
partir    para    a    índia,    o    que    executou    no 
anno    de    161 1.    acompanhado    de    vinte,    e 
dous    Rehgiofos    Jezuitas.      Eílando    lendo 
Theologia    em    Goa    fe    offereceo    occafiaõ 
oportuna  de  paliar  à  Ethiopia  para  cujo  ef- 
fdto  navegou  em  o  anno  de  1625.  a  Zeila 
Porto  do  Reyno  de  Adel  em  o  mar  roxo, 
e    chegando    a    Caxem   de    que    era    Regulo 
hum  amigo   dos   Portuguezes   fe   deteve  al- 
guns dias  atè  haver  embarcação  para  ZeUa, 
aonde  chegando  em  treze  dias  para  naõ  fer 
conheddo  fe  veílio  de  traje  Arménio,  e  com 
efte  disfarce  penetrou  atè  Auça  Gurrelè  Cor- 
te do  Rey  de  Adel,  o  qual  fofpdtando,  que 
era  efpia   o   mandou  lançar  em  hum  tene- 
brozo    cárcere    com  hum   pezado  grilhão,  e 
ainda,  que  o  Emperador  da  Ethiopia  efcre- 
veo  ao   bárbaro,   que   naõ   uzaíTe   de   feme- 
Ihante  crueldade  com  hum  innocente,  fe  en- 
fiireceo  com  tal  exceíTo,  que  o  mandou  tira- 
namente matar  com  feu  companheiro  o  Pa- 
dre Bernardo  Pereira  a  25.  de  Setembro  de 
1625.  depois  de  lhe  tentar  com  vários  exa- 
mes a  Fè  que  profeíTara  no  bautifmo.    Con- 
tra o  executor  de  taõ  deshumana  acçaõ  fe 
armou  o  Ceo  pois  conjurandofe  feu  Irmaõ 
contra  elle  o  privou  da  vida,  e  do  Reyno. 
A  Cidade  de  Zeila  foy  totalmente  derrotada 
pelas  noíTas  Armas,  e  confumida  pelo   fogo, 
que    choveo    do    Ceo    a    Corte,    que   foy    o 
lugar  onde  padeceo  confiantemente  o  mar- 
tyrio  o  Padre  Frandfco  Machado  de  quem 
fazem  illuílre  memoria  Telles  Hiji.  da  Etiop. 
Alt.  liv.  6.  cap.  4.  Tanner  Societ.  Jef.  u/que 
ad  fang.  <&  vit.  prof.  milit.  pag.   190.  Guer- 
reiro Glor.  Coroa  de  Rsforçad.  Re/ig.  da  Comp. 
de  JESU.  Part.  2.  cap.  5.  Nadas.  Ann.  dier. 
Mem.  S.  J.  Part.   2.  pag.   190.  Franc.  Imag. 
da   Virtud.   em  o  Novic.  de  Coimb.   Tom.    i» 
liv.   I.  cap.   64.    Efcreveo 


i8o 


BIB  LIO  THE  CA 


Carta  efcríta  de  Caxem  no  anm  de  1624. 
Sahio  com  outras  vertida  em  Italiano.  Roma 
por  Francifco  Corbelletti  1627.  8 

P.  FRANaSCO  MACHADO  natural 
de  Villa  Pouca  em  o  Arcebifpado  de 
Braga  onde  teve  por  Pays  a  António 
Martins,  e  Catherina  de  Souza.  Na  ida- 
de de  quinze  annos  fe  aliftou  na  Com- 
panhia de  JESUS  em  o  CoUegio  de 
Coimbra  a  15.  de  Março  de  161 2.  onde 
applicado  às  letras  humanas  fahio  nellas 
taõ  perito,  que  depois  de  as  diítar  féis 
annos  mereceo  a  primafia  entre  os  mayo- 
res  profeflbres  da  Oratória,  como  da 
Poética.  Naõ  alcançou  menor  applau2o  nos 
Púlpitos  fendo  igualmente  verfado  na  intel- 
ligencia  das  Efcrituras,  como  na  liçaõ  dos 
Santos  Padres.  Morreo  na  Villa  de  Ef- 
tremos  a  29.  de  Janeiro  de  1659.  e  jaz 
fepultado  na  Caza  Profefla  de  Villa- Viçoza. 
Eximius  tum  Khetor,  tum  "Elogiajles  he  in- 
titulado pelo  Padre  Manoel  Luiz  Vit.  Vrin- 
cip.  Theod.  lib.  i.  cap.  26.  n.  339.  &  liv. 
3.  cap.  16.  n.  197.  vir  nojlra  Societatis  cru- 
ditijfimus,  (ò"  in  hijioricis  monumentis  apprime 
verfatus.  Bib.  Societ.  pag.  235.  col.  2.  Fran- 
co AnnaL  S.  J.  in  hnjitan.  pag.  524.  §. 
12.  Eminuit  in  litteris  hatinis  facra  (ò'  pro- 
fana eloquentia.  e  na  Imag.  da  virtud  em  o 
Colkg.  de  Coimb.  Tom.  2.  pag.  617.  D. 
Francifco  Manoel  Cart.  dos  A  A.  Portugue- 
i(es.   Compoz. 

SermaÕ  feito  no  CoUegio  de  Santo  An- 
tão com  o  Santijftmo  Expoflo  pelo  bom  fu- 
cejfo  das  Armas,  e  jornada  delKey  ao  Alen- 
tejo. Lisboa  por  Domingos  Lopes  Roza. 
1643.  4- 

Oratio  in  Exequiis  Sanãiffimi  Urbani  VIII. 
Pontificis  Maximi  quas  Illuflriffimus ,  Ó"  Ke- 
verendijftmus  Dominus  Hieronimus  Bataglinus 
Ijujitania  Vicecolleãor  celebravit  in  Auguf- 
tiffimo  Lauretana  Virginis  Templo  Olyjfipone 
27.  die  Septembris  anni  1644.  UlyíTipone 
apud   Dominicum    Lopes    Roza.    1644.    foi. 

Oratio  aniverfaria  in  folemni  Juramento  pro 
immaculata  Ma^a  Matris  Conceptione  a  Ke- 
ffo.  eb*  Académico  CoUegio  Ulyjftponenji  S. 
J.  rite  inflaurato  eodem  die  25.  Martii  quo 
anno   fuperiore    1646.    fuit    infHtutum    à    tri- 


plici  Kegii  Ordine  in  Comitiis  regalibus. 
UlyíTipone  apud  Laurentium  de  Anvers. 
1647.  foi* 

Maufoleum  Maiefiatis  Joannis  IV.  Au^flif- 
Jimi  Regis  Ijufitanorum,  C^  vitee,  (&  obitus  com- 
pendium.  UlyíTipone  ex  Oííicina  Craesbcc- 
kiana  1657.  4.  Confta  de  vários  elogios  de 
eítílo  Lapidado. 

Collegium  Conimbricenfe  iMgdunenfi  pro  acer- 
bo fmere  P.  Francifci  de  Mendoça.  He  huma 
larga  Elegia,  e  no  fim  hum  Epitáfio,  que 
fahio  impreíTo  com  outros  Verfos  a  eftc 
aíTumpto  de  que  foy  Colleâor  o  Padre  Fran- 
cifco Machado,  no  principio  do  Viridarium 
Sacra,  €>•  profana  eruditionis  P.  Francifci  de 
Mendoça  Lugduni  apud  Jacobum  Cardon. 
1632.  foi.  cuja  obra  fendo  entregue  ao  feu 
cuidado  a  reduzio  à  forma  com  que  foy 
impreíTa  como  efcrevem  Joaõ  Soares  de 
Brito  Theatr.  Ijifit.  Utter.  lit.  F.  n.  53.  e 
Franco  Annal.  S.  J.  in  hufit.  pag.  324. 
§.    12. 

Elegia  in  Laudem  Michaelis  de  Keynofo, 
€>•  Ludopici  ejus  filii.  Sahio  impreíTa  ao 
principio  das  Obfervaçoens  Prafticas  do 
mefmo  Reynofo.  UlyíTipone  apud  Petrum 
Craesbeeck.    1625.   foi. 

Phanix  Eufitanus  videlicet  Alphonfus  Lm- 
fitania  Infans  Serenijftmus  redivivus,  cum  In- 
fans  vita  periclitaretur :  in  quo  Ó"  preces 
publica,  ^  Princeps  inflruitur  quinquaffnta 
duobus  Elogiis  optimis.  M.  S.  4.  Confervafe 
na  Livraria  do  Cardeal  de  Souza,  que 
hoje  he  do  ExcellentiíTimo  Duque  de  La- 
foens. 

FRANCISCO  DA  MADRE  DE  DEOS 
naceo  no  lugar  de  Condeixa  que  diíla  duas 
legoas  de  Coimbra,  e  na  Univerfidade  deíla 
Cidade  fe  applicou  às  letras  humanas  em 
que  fahio  infigne  Latino,  e  excellente  Poe- 
ta. Foy  admitido  à  Congregação  dos  Cóne- 
gos Seculares  do  Evangelifta  onde  acabado 
o  Noviciado  eíhidou  no  Collegio  Conim- 
bricenfe as  fciencias  mayores  em  que  fez 
tantos  progreíTos,  que  recebendo  as  iníignias 
doutoraes  na  Faculdade  da  Theologia  a  dic- 
tou  por  muitos  annos  aos  feus  domeítí- 
cos.  Por  varias  vezes  fe  oppoz  às  Cadei- 
ras   da    Univerfidade    com    mayor    mcrc- 


L  USITAN A. 


i8i 


cimento,  que  fortuna,  e  conhecendo  naõ 
fer  vontade  de  Deos  feguir  aquelle  género 
de  vida  fe  retirou  para  o  Ganvento  de 
S.  Joaõ  de  Xabregas  íituado  nos  fu- 
burbios  de  Lisboa  a  tratar  da  Salvação 
das  Almas.  Nefte  retiro  era  fummamen- 
te  procurado  da  Nobreza  do  Reyno  buf- 
cando  nas  fuás  refoluçoens,  e  confelhos 
tranquilidade  para  as  fuás  conciencias.  Em 
atenção  aos  feus  merecimentos  o  nomeou 
ElRey  D.  Joaõ  o  IV.  Bifpo  de  Macào,  de 
cuja  dignidade  fe  efcuzou  pelo  numero  dos 
annos,  que  contava,  e  muito  mais  das  en- 
fermidades que  padecia,  atè  que  confumido 
de  huma  febre  partio  a  ver  ocularmente 
o  divino  objeék),  que  nefta  vida  tinha  pela 
fua  efpeculaçaõ  comtemplado  acabando  piif- 
íimamente  a  25.  de  Fevereiro  de  1658.  Com- 
po2 

In  Primam  Partem  D.  Tboma.  foi.  3. 
Tom.  Efta  obra  fe  conferva  no  Con- 
vento de  Santo  Eloy  de  Lisboa  da  qual 
fallando  o  Padre  Francifco  de  Santa  Ma- 
ria Chron.  dos  Coneg.  Secul.  liv.  4.  cap. 
33.  diz  que  na  purev^a  da  doutrina,  no  fe- 
leão,  e  bem  fundado  das  opinioens,  na  pro- 
funda intelligencia  das  dificuldades,  na  fubti- 
le^a  dos  argumentos,  na  madura  folu^aõ  das 
duvidas,  na  coherencia  das  fentenças,  na  eru- 
dição univerfal  dos  Padres,  e  Autores,  na 
claret(a,  e  feliàdade  do  efiilo,  na  agudet^a  do 
engenho,  na  profundidade  do  jui;^o  naõ  cedem 
a  outra  alguma  obra  defle  género,  e  faõ  ver- 
dadeiramente difftas  da  lu^  e  immortali- 
dade. 

Fr.  FRANaSCO  DA  MADRE  DE  DEOS 

natural  da  Villa  de  Caftello  de  Vide  do  Bif- 
pado  de  Portalegre  na  Provinda  do  Alen- 
tejo onde  naceo  a  18.  de  Agoílo  de  1675. 
fendo  filho  de  André  da  Fonfeca  Ferreira, 
e  Anna  Gil.  Inílruido  nos  preceitos  da 
Gramática  latina  profeííou  o  Seráfico  ííabito 
da  Terceira  Ordem  da  Penitencia  no  Con- 
vento de  N.  Senhora  do  Deílerro  do  lugar 
de  Monchique  no  Reyno  do  Algarve  a  5. 
de  Agofto  de  1693.  Depois  de  eíhidar  as 
fdencias  efcholaíticas  foy  Miniílro  de  vários 
C)nventos,  e  Confeílor  das  Religiofas  do 
Convento  de   Sà  jimto  da  Villa  de  Aveiro 


cujos  lugares  adminiíbrou  com  prudência,  e 
vigilanda.  Traduzio  da  lingua  Latina  em 
a  materna. 

Erotemata  Ecclefiaflica  que  compoz  Joaò 
Qericato  Vigário  Geral  de  Pádua,  e  lhe 
acrecentou  as  79.  propofiçoens  de  IVIiguel 
Bayo  condenadas  por  S.  Pio  V.  no  primei- 
ro de  Outubro  de  1567.  as  68.  de  Miguel 
de  Molinos  condenadas  por  Innocendo  XI. 
a  28.  de  Agofto  de  1687.  as  23.  extrahidas 
do  livro  intitulado  Explication  des  Maximes 
des  Saints,  <&c.  condenadas  por  Innocendo 
Xn.  a  12.  de  Março  de  1699.  e  ultimamen- 
te as  loi.  de  Quefnel  condenadas  por  Ge- 
mente XI.  a  8.  de  Setembro  de  171 3.  Tra- 
duzio  de  ItaUano  em  Portuguez  a  obra  fe- 
guinte  que  he  do  mefmo  Qericato  que  tem 
por    titulo 

Li  Spighe  raccolte;  doe:  Annotafioni  eru- 
dite,  (Ò'  eruditione  notate  nella  lettura  delle 
facre,  e  profane  Hifiorie  delle  vite  de  Santi, 
e  Sante,  e  de  molti  altri  libri  di  doti£imi  Ho- 
mini. 

Fr.  FRANQSCO  DA  MAYA  natural 
da  augufta  Cidade  de  Braga  onde  educado 
com  os  virtuofos  documentos  de  feus  Pays 
António  da  Maya,  e  Maria  de  Medeiros 
deixou  o  Mundo,  e  abraçou  o  Inftituto  de 
Eremita  de  Sãto  Agoftinho  o  qual  profef- 
fou  no  Real  Convento  de  N.  Senhora  da 
Graça  de  Lisboa  a  27.  de  Mayo  de  1607. 
DÍ6I0U  as  fdendas  feveras  aos  feus  domefti- 
cos,  atè  que  jubilou  na  Sagrada  Theologia. 
Mereceo  grandes  applaufos  pelo  talento  que 
tinha  para  o  Púlpito  de  que  deixou  por 
irrefragavel  teftemunha  a  obra  feguinte,  que 
muito  louva  Joan.  Soar.  de  Brito  Tbeatr, 
ÍJífit.  Utter.  lit.  F.  n.  55. 

Sermão  nas  Exéquias  do  llluflrijfimo,  e 
Rjeverendijfimo  Senhor  D.  Affonfo  Furtado  de 
Mendoça  Deaõ,  que  fqy  da  Sè  Metropolitana 
de  Lisboa,  Reytor  da  Univerfidade  de  Coim- 
bra, Confeiteiro  Ecclejiajlico  do  Supremo  Con- 
feito defla  Coroa  em  Caflella,  Prejidente  da 
Mefa  da  Conciencia,  e  Ordens,  Bifpo  da  Guar- 
da, Bifpo  Conde,  Arcebifpo,  e  Senhor  de  Bra- 
ga, Primaz  ^  Efpanba,  e  ultimamente 
Arcebifpo  de  Lisboa,  e  Governador  def- 
te     Reyno    pregado    na    Sè    de    Lisboa    a    6. 


1^2 


BIB  LIO  THE  CA 


^e  Julho  de   1631.    Lisboa  por  Pedro  Craes- 
beeck.    1631.   4. 

FRANCISCO  MANOEL  DE  BRITO 
MASCARENHAS  natural  da  ViUa  de  Se- 
túbal onde  recebeo  a  graça  bautifmal  na 
Parochial  Igreja  de  S.  Juliaõ  a  11.  de  No- 
vembro de  1706.  fendo  filho  do  Alferes 
Jozè  Teixeira  de  Carvalho,  e  D.  Catherina 
Jozefa  Mafcarenhas.  Inílruido  nos  preceitos 
da  Gramática  Latina  cultivou  a  Poefia  para 
que  o  inclinava  o  génio  fendo  produçoens 
da  fua  Mufa  naõ  fomente  humas  Decimas 
•em  applaufo  do  livro  intitulado  Brados 
Âo  De/engano  contra  o  Jono  do  ejquecimento 
■compoílo  pela  Madre  Magdalena  da  Gloria 
Religiofa  no  Convento  da  Efperança  de 
Lisboa  ,  e  hum  Romance  Heróico  em  louvor 
•da  Academia  Singular,  e  Univerfal  compoíla 
por  Fr.  Jozè  de  Jefus  Maria  da  Provinda 
da  Arrábida,  que  fahio  impreíTa  .  Lisboa 
por  Pedro  Ferreira  1737.  foi.  porém  três 
Loas  compoíla  a  i.  em  obfequio  do  Naci- 
jnento  de  Chrijlo.  A  2.  em  applaufo  da  Pro- 
Jijfaõ  de  huma  Keligiofa  Dominica  do  Convento 
de  S.  Joaõ  de  Setúbal,  e  a  3.  z  S.  Gonçalo, 
que    fe    reprefentou    no    mefmo    Convento. 

D.  FRANCISCO  MANOEL  DE  MEL- 
LO Cavalleiro  da  Ordem  Militar  de  Chriílo, 
«  Comendador  de  Santa  Maria  da  Aífump- 
çaõ  do  lugar  de  Efpichel,  e  Oyam,  e  de 
Santa  Maria  do  Hofpital,  e  S.  Simaõ  de 
Vianna  teve  por  berço  a  Cidade  de  Lisboa 
do  que  elle  repetidamente  fe  jaâa  em  mui- 
tas partes  das  fuás  obras,  onde  naceo  a 
23.  de  Novembro  confagrado  à  memoria 
do  Summo  Pontífice  S.  Clemente  do  anno 
de  161 1.  e  por  Pays  a  D.  Luiz  de  Mello, 
«  D.  Maria  de  Toledo  de  Maçuellos  filha 
de  Bernardo  Carrilho  de  Maçuellos  Gentil- 
-Homem  de  boca  do  Cardeal  Alberto,  e 
Alcaide  mòr  de  Alcala  de  Henares,  e  de 
fua  mulher  D.  Izabel  Corrêa  de  Leaõ.  A 
natureza  o  dotou  de  taõ  anticipada  compre- 
henfaõ  para  as  fciencias,  que  na  idade  de 
dez  annos  fe  diílinguio  entre  todos  os  feus 
Condifcipulos  em  o  Collegio  de  Santo  An- 
tão, quando  ouvio  Rhetorica,  e  letras  hu- 
manas   diâadas    pelo    P.    Balthezar    Telles 


igualmente  perito  nas  cfpeculaçoens  da 
Filofofia,  e  Theologia,  como  em  todo  o 
género  de  erudição  fagrada,  e  profana.  No 
tempo,  que  contava  defefete  annos  de  idade 
fuccedeo  a  intempeíliva  morte  de  feu  Pay, 
e  preferindo  a  paleílra  de  Bellona  à  de  Mi- 
nerva aflentou  praça  de  Soldado,  em  cujo 
nobre  exercício  foraõ  o  mar,  e  a  terra  os 
theatros  em  que  deu  claros  argumentos  de 
valor  heróico,  e  animo  deílemido.  Foy  hum 
dos  celebres  Aventureiros,  que  efcapou  do 
fatal  naufrágio  que  padeceo  a  Armada  Real 
em  a  Corunha  no  anno  de  1627.  de  que 
era  General  D.  Manoel  de  Menezes,  para 
a  qual  tinha  aliftado  grande  numero  de  Sol- 
dados das  Comarcas  de  Elvas,  Porto,  Pi- 
nhel, Miranda,  e  Moncorvo.  No  confliéto 
da  Armada  Caftelhana  de  que  era  General 
D.  António  de  Oquendo  no  anno  de  1639. 
contra  a  de  Inglaterra  governada  pelo  Ge- 
neral Tromp  occupou  o  lugar  de  Meftre 
de  Campo  de  hum  Terço  compofto  de  mU 
cento  e  fetenta  Praças.  As  Campanhas  de 
Flandes,  e  Catalunha  foraõ  teílemunhas  da 
fua  difciplina  militar,  ou  foíTe  obedecendo 
como  Soldado,  ou  mandando  como  Official. 
Igual  era  o  valor  do  animo  à  prudência  do 
juizo  competindo  no  feu  talento  com  glo- 
riofa  emulação  as  máximas  politicas  com 
as  inílrucções  militares.  Para  ferenar  a  per- 
turbação, que  em  Madrid  tinhaõ  caufado 
os  tumultos  da  Qdade  de  Évora  no  anno 
de  1638.  o  mandou  por  feu  Agente  àquella 
Corte  o  SereniíTimo  Duque  de  Bragança  D. 
Joaõ  cuja  incumbência  exercitou  com  tanta. 
fagacidade,  que  o  elegeo  o  Conde  Duque 
por  companheiro  do  Conde  de  Linhares  D. 
Miguel  de  Noronha  para  que  fofle  a  Évora 
informarfe  dos  authores  do  tumulto  prome- 
tendo-lhes  da  parte  do  feu  Soberano  perdaõ 
de  taõ  enorme  delido  muito  mais  injuriofo 
a  huma  Naçaõ  qual  era  a  Portugueza,  que 
nunca  faltara  à  fé  prometida,  porém  como 
deíla  negociação  fe  naõ  concluifle  o  fim 
pertendido,  voltou  a  Madrid  onde  padeceo 
com  inalterável  conílancia  a  prizaõ  de  qua- 
tro mezes  a  que  injuílamente  o  condenou 
o  minifterio  de  Caftella.  Ao  tempo  que 
militava  cm  Flandes  com  o  poílo  de  Mef- 
tre de  Campo  como  foíTe  de  génio  muito 


L  USl  TANA. 


i83 


briofo,  naõ  diíTimulou  huma  acçaõ  que  lhe 
fez  peíToa  de  grande  authoridade,  de  que 
refultariaõ  pemidofas  cooTequendas  fe  as 
naõ  atalhara  prudentemente  o  Cardeal  In- 
fante D.  Fernando  Governador  daquelles 
Eílados  mandando-o  a  Alemanha  a  negodo 
de  grave  importanda  o  que  naõ  executou 
impedido  de  huma  enfermidade.  Eílando 
deílinado  para  Governador  de  Bayona  fe 
acendeo  com  tal  furor  a  guerra  de  Catalu- 
nha, que  paíTou  a  Bifcaya  para  aíTiílir  ao 
Marquez  de  los  Veles  que  mandava  o  exer- 
dto  Caílelhano  onde  continuou  atè  que  foy 
acclamado  Príncipe  deíla  Monarchia  o  Se- 
reniflimo  D.  Joaõ  o  IV.  e  depois  de  dif- 
correr  por  Inglaterra,  e  Olanda  fe  reílitu- 
hio  à  Pátria,  na  qual  experímentou  fataes 
calamidades  maquinadas  pela  malevolencia 
dos  feus  emulos,  fendo  a  mayor  a  falfidade 
com  que  foy  culpado  no  aíraíTino  de  Fran- 
cifco  Cardofo  de  que  refultou  eílar  prezo 
na  Torre  Velha  pelo  largo  efpaço  de  nove 
annos.  Para  juílificar  a  fua  innocenda  ef- 
creveo  hum  Memorial  à  Mageílade  delRey 
D.  Joaõ  o  IV.  com  razoens  taõ  condu- 
dentes  que  evidentemente  moftravaõ  naõ 
ter  fido  reo  do  crime  que  lhe  imputavaõ 
merecendo  em  atenção  do  que  relatava  fer 
abfoluto  da  menor  condenação,  e  reítitu- 
hido  à  fua  liberdade.  Patrocinou  taõ  juíla 
caufa  a  foberana  authorídade  delRey  Chrif- 
tianiíTimo  Luiz  XIII.  lignificando  a  ElRey 
D.  Joaõ  o  IV.  por  huma  carta  efcrita  em 
Pariz  a  6.  de  Novembro  de  1648.  o  feu 
empenho  com  eílas  palavras.  D.  Francifco 
de  Mello  Vaffallo  de  V.  Mageftade,  e  que  de 
pret(ente  ejlà  pre^o  na  Torre  Velha  de  Usboa 
por  caufa  de  huma  falfa  acufaçaõ,  que  lhe  joy 
levantada  por  feus  inimigos,  os  quaes  aprovei- 
tando-fe  da  fua  retenção  com  efcurecer  manifefla- 
mente  a  verdade  acertarão  de  maneira,  que  por  ejie 
ref peito  elle  foy  condenado  a  fervir  a  V.  Ma- 
geftade  na  índia.  Mas  por  quanto  he  Fidalgo 
de  merecimento,  e  que  os  ferviços,  que  nos  fe^ 
em  nojfos  exércitos  nos  convidaõ  a  compade- 
cermo-nos  da  def graça,  que  lhe  ha  fuccedido  ef- 
crevemos  ejla  Carta  a  V.  Mageflade  para  lhe 
rogar  com  toda  a  affeiçaõ  que  nos  he  pojfivel 
lhe  queira  conceder  a  graça  que  lhe  he  neceffaria 
para  que   elle  naÕ  fatisfaça  tal  condenação  ^  (&c. 


Depois  de  tolerar  com  padenda  Chriftãa> 
e  conftancia  heróica  tantas  adverfidades  fe 
embarcou  para  o  Brazil  onde  aíliftio  al- 
gum tempo,  e  voltando  a  Portugal  depoftas 
as  armas  com  que  venceo  os  inimigos  ef- 
tranhos,  e  nunca  tríunfou  dos  domeílicos^ 
fe  appUcou  com  mayor  difvelo  a  continuar, 
e  imprimir  as  fuás  obras,  que  no  efpaça 
de  trinta  e  fds  annos  tinha  compoílo  taã 
diverfas  nos  aílumptos,  como  copiofas  eoi 
o  numero  pois  excediaõ  o  de  cem  vo- 
lumes. Defde  o  anno  de  1628.  atè  o  de 
1664.  gemerão  as  ImpreíToens  com  os  par- 
tos de  feu  fecundo  engenho  podendo  glo- 
riar-fe  que  ao  mefmo  tempo  trabalhavaò^ 
inceíTantemente  as  de  Vareíi,  Falco,  Man- 
dni  em  Roma;  a  de  BoeíTat,  e  Remeus  em 
Leaõ  de  França;  a  de  Joaõ  Stenop  em 
Londres,  e  a  de  Craesbeeck,  e  Oliveira  en> 
Lisboa  admirando  os  Leitores  em  as  fuas- 
compoíiçoens  felizmente  praâdcados  os  do- 
cumentos de  Filofofo  Moral,  as  noaximas  de 
confumado  Eftadilla,  os  preceitos  de  Hiílo- 
riador  elegante,  e  as  agudezas  de  Poeta, 
fublime.  Foy  inimitável  no  eílilo  jocoferio,. 
em  que  nunca  degenerando  em  pueril  cri- 
ticou fem  paixaõ,  e  reprehendeo  fem  ofenfa. 
os  coftumes  do  feu  tempo  temperando  com 
tal  artiíido  o  rigor  da  inveâiva,  que  fez 
appetedda  a  reprehenfaõ,  e  deldtofa  a  cen- 
fura.  Sendo  acredor  dos  mayores  defpa- 
chos  merecidos  pelas  acçoens  feitas  em  fer- 
viço  da  Pátria  nunca  alcançou  delias  a  me- 
nor remuneração  fatisfazendo-fe  com  a  glo- 
ria de  a  merecer,  fem  a  ambição  de  a  pro- 
curar. Nas  mayores  Cortes  do  mimdo  con- 
ciliou com  a  fua  diícreta  converfaçaõ  a 
affeâo  das  prindpaes  peíToas  aífim  na  quali- 
dade, como  na  fciencia  que  nellas  floreciaõ,. 
particularmente  em  a  Cabeça  do  mundo,, 
onde  como  Empório  de  todas  as  Faculda- 
des foy  fummamente  venerado  do  P.  Atha- 
nafio  Kircher  Oráculo  das  difdplinas  Ma- 
thematicas,  Fr.  Lourenço  Brancati  de  Lauria. 
Corifeo  da  Theologia  Efcholaftica,  que  fo- 
bre  o  Sayal  Francifcano  veítio  a  Purpura^ 
Romana,  e  o  noíTo  iníigne  Fr.  Francifco  de 
Santo  Agoítínho  Macedo,  que  naquelle 
tempo  illuíbrava  as  Cadeiras  com  a  doutrina,, 
os  Púlpitos  com  a  elegância,  e  os  Tribimaes 


i84 


BIBLIO THE  CA 


com  o  confelho.  O  influxo  que  teve  para 
a  Poefia  foy  taõ  cadente,  e  copiofo,  que 
bem  moftrou  recebera  os  feus  preceitos  me- 
nos da  arte,  que  da  natureza  compondo  na 
idade  de  14.  annos  hum  Canto  de  outavas 
Portuguezas  em  que  celebrou  a  reftauraçaõ 
da  Bahia  em  o  anno  de  1625.  imitando  o 
eftilo  do  incomparável  Luiz  de  Camoens. 
Foy  taõ  excellente  Hiíloriador,  que  na  imi- 
tação que  obfervou  dos  Curdos,  Livios,  e 
Thucidides  fez  que  a  copia  excedefle  muitas 
vezes  a  taõ  venerados  Originaes  aíTim  na 
elegância  da  frafe,  profundidade  do  con- 
ceito, como  agudeza  da  difcriçaõ.  FaUou 
com  igual  pureza  que  expedição  as  lin- 
guas  mais  polidas  da  Europa  explicando  a 
fineza  dos  feus  conceitos  em  qualquer  delias 
com  tanta  propriedade  que  parecia  nacera 
«m  Madrid,  Pariz,  ou  Roma.  Da  Oratória 
teve  taõ  vaíla  noticia  como  da  Poefia,  de 
<iuc  foraõ  theatros  as  mais  celebres  Aca- 
demias que  competiaõ  qual  o  havia  de  ter 
por  Collega  fendo  em  a  famofa  dos  Gene- 
rojos  por  varias  occafioens  Prefidente,  e  al- 
cançando em  os  mayores  certames  littera- 
rios  os  primeiros  prémios.  Falleceo  em 
Lisboa  a  15.  de  Outubro  de  1666.  e  naõ 
de  1667.  como  modernamente  efcreve  o  P. 
Souza  no  Tom.  9.  liv.  6.  da  Hift.  Gemai, 
da  Caf.  Rea/  Portug.  ]âz  fepultado  no  Con- 
vento de  S.  Jozè  de  Riba-mar  deReligio- 
fos  Arrabidos.  Nunca  cafou  deixando  hum 
filho  natural  chamado  D.  Jorge  Manoel  de 
Mello  fiel  imitador  das  fuás  proezas  mili- 
tares de  que  deu  heróicos  argumentos  na 
Batalha  de  Senef  em  o  anno  de  1674.  onde 
morreo  valerofamente  fendo  Capitão  de  Ca- 
vallos.  O  fcu  nome  exaltaõ  com  elogios 
poéticos,  e  hiftoricos  diverfos  Efcritores, 
como  faõ  Nicolào  António  Bib.  Hifp.  Tom. 
1.  pag.  322.  col.  2.  Virum  longiore  vita  <ii- 
ffium.  Joan.  Soar.  de  Brito  Theaír.  Ijifit. 
Utter.  Li  ter.  F.  n.  39.  Vir  Jlyli  elegantia, 
Jive  ligatam,  five  folutam  orationem  dejideres,  ex- 
cellens,  facilis,  €>*  factmdus.  Fr.  André  de 
Chriílo  /»/^.  Hijlor.  ao  Põem.  Virffnid.  de 
Manoel  Barbuda  de  Vafconcellos  Grande 
Jogeito  de  noffos  tempos,  bem  conhecido,  como 
applaudido  pela  multidão,  e  excellencia  de  feus 
efcritos  ajfim  em  pro:(a,  como  em  ver/o.    Cordei- 


ro. Hiji.  Injul.  liv.  5.  cap.  6.  n.  38.  celeberri- 
mo  compojitor.  D.  António  Caetano  de  Souza 
Apparato  à  HiJl.  Gen.  de  Portug.  pag.  114. 
§.  123.  bem  conhecido  pelas  fuás  obras  que  im- 
primio,  e  outras  que  deixou,  e  na  Hifi.  Geneal. 
da  Caf.  Keal  Portug.  Tom.  5.  liv.  6.  pag. 
453.  cujas  obras  correm  com  univerfal  applaufo 
dos  doutos,  e  faõ  huma  irrefregavel  teflemunha  da 
fua  erudição,  e  no  Tom.  9.  liv.  8.  pag.  220. 
de  grande  entendimento  cultivado  na  applicaçaõ 
das  boas  letras  como  o  tejlificaõ  as  fuás  obras 
que  correm  impreffas,  e  Aí.  S.  com  geral  efti- 
maçaõ  dos  eruditos.  Jacinto  Cordeiro  EJog.  dos 
Poet.   Lujit.   Eftanc.    16. 

D.  Francifco  Manoel  pompa  gloriofa 
De  las  Mufas  amparo  en  fu  ajjijlencia 
Puede  folo  con  mano  poderofa 
Keflituirnos  faltas  de  fu  aur(encia: 
Que  es  fu  pluma  feli!(^  tan  deleitosa 
Que  mereciendo  applaufos  fu  excellencia 
En  fu  termino  iluflre,y  modo  urbano 
"Le  condu^^e  el  Laurel  por  foberano. 

Manoel   de   Galhegos  Templo  da  Memor.   liv. 
4.  Eftanc.  201. 

As  lagrimas  de  Dido  bem  choradas 
O'  D.  Francifco  Manoel  de  Mello 
Vivem  por  voffo  canto  etemii^adas 
Com   as   que   a   Aurora   efparr^e   en  parel- 

lelo. 
Ah  quam  felice  efle  fogeito  fora 
Se  como  lá  chorais,  cantais  agora. 
P.   António  dos  Reys  Enthuf  Poet.  n.  65. 

Cinãus 

Subni^a  foliis  buxi  Manuelius  Orbe 
Nominis  in  totó  ma^ti,  feu  verba  refolvat, 
Seu  liget,   enarrat  queribunda  você  labores, 
Quos  tulit,  expertus  fuperá  dum  vefcitur  aura 
Perpetuo  fortis   ludibria. 

Cathalogo  das  obras  impreíTas  por  ordem 
Chronologica. 

Do:(e  Sonetos  por  varias  acciones  en  la 
muerte  de  la  Senora  D.  Ifftes  de  Cajlro 
muger  dei  Princepe  D.  Pedro  de  Portu- 
gal.   Lisboa  por  Matheus  Pinheiro.   1628.  4. 

Politica  miltiar  em  avisos  de  Generales 
efcrita  ai  Conde  de  Linares  Marque:^  de 
Vifeo  Capitan  General  dei  mar  Oceano  dei 
Concejo     de     Eflado     de     Su     Magejlade,    j 


LUSITANA. 


i85 


/u  Gentil-Hombre  de  la  Camará.  Madrid  por 
Francifco  Martines  1638.  4.  e  Lisboa  por 
Mathias  Pereira  da  Sylva,  e  Joaõ  Antunes 
Pedrozo.    1720.  4. 

Declaracion  que  por  d  Reyno  de  Portugal 
ofrece  el  Doãor  Geronimo  de  Santa  Cnfí^  a 
todos  los  Keynos  ,jf  Províncias  de  Europa  con- 
tra las  calumnias  publicadas  por  Jus  emulos. 
Lisboa    por   António  Craesbeeck  de  Mello. 

1643.  4- 

Demonjlracion  que  por  el  Reyno  de  Portu- 
gal agora  ofrece  el  Doãor  Geronimo  de  Santa 
Crus^  a  todos  los  Reynos,  e  Provindas  de  Eu- 
ropa, y  ofrecida  contra  las  calumnias  publicadas 
de  Jus  emulos,  y  en  Javor  de  las  verdades  por 
el  tiempo  manijejladas.  Lisboa  pelo  dito  Im- 
preíTor.    1644.   4. 

Eco  politico  rejponde  en  Portugal  a  la  vo^ 
de  Cajiilla,  y  Jatisjat^e  a  un  papel  anonymo 
ojrecido  ai  Rey  D.  Felippe  IV.  Jobre  los  in- 
terejjes  de  la  Corona  Lujitana.  Lisboa  por  Pau- 
lo Qaesbeeck.   1645.   4. 

Hiftoria  de  los  movimientos,  y  Jeparacion  de 
Cataltma.  Lisboa  por  Pedro  Craesbeeck. 
1645.  4.  Sahio  com  o  fupofto  nome  de 
Clemente  Libertino.  Creo  (efcreve  elle  na 
Carta  8.  da  primeira  Centúria  delias  ao 
Doutor  Joaõ  Bautifta  Morelli)  nò  hà  perdido 
nada  el  libro  Jaltandole  mi  nombre,  ni  mi  nombre 
Jaltandole   el  libro. 

Manijejio  de  Portugal.  Lisboa  por  Paulo 
Craesbeeck.  1647.  4.  Nelle  declara  a  detef- 
tavel  acçaõ  de  Caílella  quando  intentou  pri- 
var da  vida  perfidamente  ao  Sereniflimo  Rey 
D.  Joaõ  o  IV.  acompanhando  a  Solemne 
ProciíTaõ  de  Corpus  CbriJH  a  17.  de  Junho 
de    1647. 

El  mayor  pequeno,  vida,  y  muerte  dei  Se- 
rafin  humano  Francijco  de  AJJis.  Lisboa  por 
Manoel   da   Sylva.    1647.    12. 

El  Fénix  de  Africa  AuguJHno  Obijpo 
Hyponenje  primera  parte.  Augujlino  Filojojo. 
Lisboa  por  Paulo  Craesbeeck.  1648.  12. 
El  Fénix  de  Africa  Augujlino  Obijpo 
Hyponenje.  Segunda  parte  Augujlino  Santo. 
Lisboa  pelo  dito  Impreflor  1649.  12.  Elias 
três  obras  fahiraõ  reimpreíTas  Roma  por 
Falco,  e  Varefi.  1664.  4.  com  o  titulo  de 
Segunda   parte    do    i.     Tomo    das    obras    Mo- 


raes. 


Las  ires  Mujas  de  Melodino.  Lisboa  na 
Offidna  Craesbeeckiana,  1649.  4.  Sahiraõ 
em  Leaõ  de  França  por  Horado  BoeíTat, 
e  Jorge  Remeus.  1665.  4.  com  efte  ti- 
tulo 

Obras  Métricas,  y  Jegundo  Tomo  de  Jus  obras. 
Contienen  las  três  MuJas,  el  Pantbeon,  las  Mu- 
jas Portuguev^as,  el  tercero  Coro  de  las  Mu- 
Jas. 

Pantbeon  a  la  immortalidad  dei  nombre  Itade. 
Poema  Traffco  dividido  en  dos  Joledades.  Lisboa 
por  Paulo  Craesb.  1650.  16. 

Melpomene  Junto  ao  tumulo  da  Senhora  D. 
Maria  de  Ataide  lamenta  Juas  magoadas  Jau- 
dades  nejla  Ode.  Sahio  nas  Memor.  Funeb.  da 
dita  Senhora.  Lisboa  na  Offidna  Craesbeec- 
kiana 1650.  4.  a  foi.  31.  verf. 

RelafaÕ  dos  Juccejfos  da  Armada,  que  a 
Companhia  geral  do  comercio  expedio  ao  EJlaão 
do  Brafil  o  anno  pajjado  de  1649.  de  que  Jqy 
Capitão  Geral  o  Conde  de  Cajlello-Melbor.  Lis- 
boa na  Offidna  Craesbeeckiana,  1650.  4.  fem 
o  feu  nome 

Carta  ao  Doutor  Manoel  Themudo  da  Fon- 
Jeca  Vigário  Geral  do  Arcebijpado  de  Lisboa. 
ImpreíTa  ao  prindpio  das  Decijoens  do  mef- 
mo  Doutor  Themudo.  Lisboa  por  Domin- 
gos Lopes  Roza.  1650.  foi.  e  reimpreíTa 
na  I.  parte  das  Cartas  Familiares  a  qual  he 
a  I.  da  4.  Centúria.  Roma  por  Filippe  Ma- 
ria  Mandni.    1664.    4. 

Carta  de  ffáa  de  Cav^ados  para  que  pelo 
caminho  da  Prudência  Je  acerte  com  a  Ca:(a  do 
dejcanjo.  Lisboa  na  Offidna  Craesbeeckiana. 
165 1.  16.  &  ibi  por  Diogo  Soares  de  Bu- 
Ihoens.  1670.  16. 

Epanaphoras  de  varia  hijloria  Portu^iev^a 
em  cinco  Kelaçoens  de  Juccejfos  pertencentes  ae  Jle 
Reyno,  que  contem  negócios  públicos,  politicas, 
traffcos,  amorojos,  bellicos,  triumphantes.  Lisboa 
por  Henrique  Valente  de  Oliveira.  1660.  4. 
&  ibi  por  António  Craesbeeck  de  Mello. 
1676.  4. 

Antidoron,  ou  remuneraâon  ao  Ltytor 
dejla  Hijloria  (qual  he  a  da  Etiópia  Al- 
ta) pelo  ajeão,  pelo  reconhecimento  da  dou- 
trina, que  ao  M.  R.  P.  Aí.  Balthr(ar  Tel- 
les da  Companhia  de  JESUS  Provincial  da 
Provinda  Lujitana  deve  Jeu  mayor  amigo,  e  me- 


i8ó 


BIBLIO THE  CA 


nor  dijcipulo  D.  Francifco  Manoel.  Sahio  im- 
preflb  no  principio  daquella  Hiftoria.  G)im- 
bra  por  Manoel  Dias.    1660.   foi. 

Obras  Mor  ales  Tomo  primero.  Contiene. 
Vitoria  dei  homhre  fobre  el  combate  de 
virtudes,  y  vicios,  triunfo  de  la  Filofofia 
Chrijliana  contra  la  Doutrina  EJloica.  Roma 
por   el  Falco    1664.    4.    Confta   de   nove   li- 


vros. 


Segunda  Parte  dei  primer  tomo  de  las  obras 
Morales.  Roma  por  Falco,  y  Vareíi  1664.  4. 
Comprehende  as  vidas  de  S.  Francifco,  e 
Santo  Agoílinho,  de  que  aíTima  fe  fez  men- 
ção. 

Primeira  Parte  das  Cartas  familiares  efcri- 
tas  a  varias  Pejfoas  fobre  ajfumptos  diverfos. 
Roma  por  Filippe  Maria  Mancini  1664.  4. 
O  carafter  defta  obra  defcreve  com  elegan- 
tes expreíToens  o  P.  Fr.  Francifco  de  San- 
to Agoílinho  Macedo  na  cenfura,  que  lhe 
fez  dizendo.  DaÔ-fe  aqui  as  mãos,  o  honeflo, 
útil,  e  deleitov^o:  correm  parelha  a  elegância,  e 
a  propriedade ;  a  facilidade,  e  o  decoro:  a  com- 
pofiçaõ,  e  o  defpejo:  a  gravidade,  e  a  galan- 
taria: a  variedade,  e  a  semelhança.  EncontraÕ- 
-fe  lendo  equivocas  graciofos,  provérbios  agradá- 
veis, defcripçoens  apra^iveis,  anexins  galantes,  di- 
greffoens  alegres,  documentos  proveitosas.  As  pa- 
lavras faõ  próprias,  a  fra^e  lidima,  o  eflilo  cor- 
rente. Pica  com  agudeza,  remoquea  com  graça, 
conta  fem  proluxidade,  pede  fem  importunação, 
repreq^enta  fem  biocos,  queixafe  fem  melindres. 
Se  olho  para  a  facilidade  parece  nature:(a,  fe 
para  a  elegância  parece  arte,  fe  para  o  def(en- 
gano  parece  confiança. 

Auto  do  Fidalgo  Aprendi::^,  farça  que  fe 
reprefentou  a  fuás  Alte:(as  tirada  das  obras  de 
D.  Francifco  Manoel.  Lisboa  por  Domingos 
drneiro.   1676.  4. 

Aula  Politica,  Cúria  militar,  Epiflola  De- 
clamatória ao  Serenijftmo  Príncipe  D.  Theodot^io. 
Lisboa  por  Mathias  Pereira  da  Sylva,  ejoaõ 
Antunes  Pedrozo   1720.   4. 

Apologos  Dialogaes.  Obra  pofthuma  a  mais 
politica,  civil,  e  galante,  que  /<?^  feu  Autor. 
Lisboa  pelos  ditos  Impreflbres.  1721.  4.  Q>nf- 
taõ  de  quatro  Apologos,  o  primeiro  inti- 
tulado Kelogios  Fallantes.  Interlocutores  hum 
Keloffo  da  Cidade,  e  outro  da  Aldeya.    O  fe- 


gundo  Efcritorio  Avarento,  Interlocutores  hum 
Portugueti  fino,  hum  DobraÕ  Caflelhano,  hum 
enfado  moderno,  e  hum  vintém  Navarro.  3. 
Vifita  das  Fontes.  Interlocutores  Fonte  Ve- 
lha do  rocio.  Apollo.  Fonte  nova  do  Terreiro 
do  Paço,  Soldado  4.  Hofpital  das  letras.  Inter- 
locutores os  livros  de  Juflo  Lypfio,  Trajam 
Bocalini.  D.  Francifco  de  Quevedo  e  o  Author 
defla   obra. 

Tratado  da  Sciencia  da  Cabala,  ou  noticia 
da  Arte  Cabaliflica.  Lisboa  por  Bernardo 
da  Cofta  de  Carvalho  Impreflbr  do  Serenif- 
íimo  Senhor  Infante  1724.  4.  Obra  pof- 
thuma. 

Cathalogo  das  obras  M.  S. 
Theodoi^io  dei  nombre  II.  Princepe  de  Bra- 
gança Duque  f étimo  de  fu  Eflado,  natural  feitor 
de  los  Portugue:^es.  Hifloria  própria,  y  univerfal 
dei  Rejno  de  Portugal,  y  fus  Conquifias  en  Eu- 
ropa, Africa,  Afta,  y  America  con  fuficiente 
noticia  de  los  fuceffos  dcl  mundo  ai  tiempo  de 
la  Vida  defle  Princepe.  Efcrita  dei  Orden  dei 
muy  alto,  y  muy  poderofo  Key  nuejiro  Senor 
D.  Juan  el  quarto  fu  hijo,  y  Padre  de  la 
Pátria.  Offerecida  a  Su  Mageflad  por  D. 
Francifco  Manoel  Parte  primer  a  dividida. 
Quare?  Amo  Chrifliano  1648.  O  original, 
que  meu  Irmaõ  D.  Jozè  Barboza  con- 
ferva  na  fua  SeleétiíTima  Livraria,  eftava 
prompto  com  as  licenças  da  Inquiíiçaõ  paf- 
fadas  a  28.  de  Março  de  1678.  para  a  im- 
preíTaõ.  Defta  obra  faz  mençaõ  o  P.  D. 
António  Caetano  de  Souza.  Hifl.  Geneal. 
da  Ca^.  Real  Portug.  Tom.  6.  liv.  6.  pag. 
562. 

JuflificaçaÕ  das  fuás  acçoens  ante  Deos,  ante 
Sua  Mageflade,  e  ante  o  mundo  contra  as 
falfas  calumnias  impoflas  dos  feus  inimigos. 
He  hum  Memorial  à  Mageílade  delRey  D. 
Joaõ  o  IV.  que  coníla  de  quatro  folhas 
de  papel,  que  lemos.  Começa.  Senhor. 
Os  Romanos  cuflumavaõ  ouvir  em  feu  Senado 
aos  Reos;  entendiaô,  que  a  JuflificaçaÕ  própria 
de  ordinário  periga  na  pena,  e  na  ro:ç  alheya. 
Acaba.  Ifto  conheço,  ifio  promulgo,  ifio  proteflo 
fat(er. 

Vidas  dos  Serenijftmos  Reys  de  Portugal  il- 
lufiradas  com  medalhas.  Delia  obra  como  já 
quaíi  concluída  faz  mençaõ  em  o  Memo- 
rial precedente. 


L  USITANA, 


Apparato  Genealo^co  de  los  R^/  de  Por- 
tugal. Defta  obra  compofta  no  anno  de  1648. 
faz  memoria  na  vida  de  D.  Theodozio  Du- 
que de  Bragança,  a  qual  íahio  com  os  Re- 
tratos dos  Reys  abertos  em  Lisboa  por  Lu- 
cas Vooílerman,  e  fe  eítavaõ  imprimindo 
em  Anveres.  Paliando  o  Autor  deíla  obra 
em  huma  Carta  fua  efcrita  a  hum  Cavalhero 
em  8.  de  Dezembro  de  1649.  cujo  original 
vimos,  diz.  Tenho  dejla  obra  feito  de^  vidas 
de  Príncipes  com  fuás  memorias  por  efiilo  novo, 
e  elegante. 

Tratado  da  Paciência.  Dedicado  ao  Se- 
reniflimo  Eleytor  do  Império  Filippe  Qhrif- 
tovaõ  Arcebifpo  de  Treveris.  Coníla  da  fe- 
gunda  Carta  da  Centúria  3.  das  fuás  Cartas 
Familiares  efcrita  a  efte  Prindpe. 

Nobiliário  de  Damiaõ  de  Góes  addicionado 
com  varias  noticias.  Cujo  original  conferva 
o  eruditiífimo  Jozé  Freyre  Monterroyo 
Mafcarenhas  na  fua  Livraria,  e  delle  faz 
mençaõ  o  Padre  Souza  Apparat.  à  Hijl. 
Gen.     da    Cai^a    Real    Portug.    pag.    114.    §. 

Defcrípçaõ  do  Brasil  intitulada.  Parai^o  de 
Mulatos,  Pwrgatorío  de  Brancos,  e  Inferno  de 
Ne^os. 

Fejra  dos  Annexins. 

Segunda  Parte  das  Epanapboras  de  Varia 
Hifioria. 

Relaciones  dei  Oriente.  Confiava  dos  fuccef- 
fos  do  primeiro  anno  do  governo  do  Conde 
de  Linhares  em  a  índia.  Dedicado  ao  Du- 
que de  Maqueda,  e  Naxera,  a  cuja  inftancia 
compoz  eíla  obra. 

Concordâncias  Mathematicas.  Compoz  efta 
obra  quando  tinha  17.  annos  de  idade,  e 
eftava  prompta  para  a  impreíTaõ,  como  af- 
firma  na  Carta  aílima  allegada  de  8.  de  De- 
zembro de   1649. 

L^as  finet^as  mal  locadas.  Novella  dedi- 
cada a  huma  Dama  chamada  Margarita  Lu- 
zinda,  efcrita  na  idade  de  18.  annos  Anno 
critico,  e  climatérico  fe  naõ  da  vida,  da  qtáe- 
iaçaõ  dos  homens,  e  taõbem  por  ijfo  muitas  ve- 
^es  da  vida.  como  elle  efcreve  na  referida 
Carta. 

Def culpas  dei  ócio  i.  e  2.  Parte.  Poe- 
iias. 

Loj    Caprichos   de    Amarilis.     Difcurfo    a 


187 

huma  Dama  defmayada  em  fua  prezença, 
dedicado  a  D.  Manoel  de  Caibro  feu  grande 
amigo,  o  qual  depois  recitou  na  Academia, 
que  fe  fazia  em  caza  de  feu  Tio  D.  Agof- 
tinho  ^lanoel  de  Mello,  fogeito  (como  elle 
diz)  conhecido  igualmente  por  fuás  partes,  e  Tra- 
gedia, que  ellas  pode  fer  lhe  ^angeaffem. 

luibyrintho   de   Amor.     Comedia 
h/is  fecretos  bien  guardados.    Comedia 
De  Burlas  hat^e  amor  veras.    Comedia 
£/  Domine  Lucas.    Comedia  buriefca 
EJ  Verano  en  Sintra.    Novela 
Tas  noches  ef curas.    Novela 
Ltf  Dama  Negra.    Novela 

Hifioria  General  de  Portugal,  que  compre- 
bende  el  goviemo  de  la  Princev^a  Margarita. 

Juis^io  de  las  maravillas  de  la  naturale^a. 
Deu  motivo  a  efle  Difcurfo  o  diluvio  de 
fogo,  que  cahio  na  Ilha  de  S.  Miguel  no 
anno  de  1638. 

Satisfaciones  a  Sylvio. 

El  Hombre.  Defcrevefe  o  caraâer  de  hum 
Princepe  perfeito. 

Lagrimas  de  Dido.  Poema  heróico  dedi- 
cado a  D.  Frandfco  de  Borja  Prindpe  de 
Efquilache,  que  o  queria  imprimir,  fe  o  Au- 
tor lho  naõ  ímpedifTe. 

Eloffo  ao  Senhor  Infante  D.  Duarte  Ir- 
mão do  Sereniffimo  Rey  D.  JoaÕ  o  IV.  quando 
fegunda  ve^  fe  preparava  para  a  jornada  de 
Alemanha.  Imitou  o  elogio  do  grande  Joaõ 
de  Barros  feito  à  Serenifllma  Infanta  D. 
Maria. 

De  la  Aflicion,  y  confortarion.  Obra  muito 
erudita  ornada  de  Sentenças  dos  Santos  Pa- 
dres,  e  Filofofos  antigos. 

Triunjo  da  Verdade.  Apologia  por  certo 
Miniílro  falfamente  calumniado. 

Memorial  de  la  honra.  Dirigido  a  Filippe 
rV.  Nelle  reprezenta  à  Nobreza  a  violenda 
de  hxim  tributo,  que  fe  lhe  queria  impor 
no   anno   de    1632. 

Memorial  ao  Conde  Duque  por  parte  de 
Diogo  Soares  Secretario  de  Eflado. 

Memorias  da  fua  vida  efcritas  no  anno 
de  1641.  quando  eHava  prezo  em  Madrid. 

Verdades  pintadas,  e  efcritas.  Confia- 
va de  cem  Emprezas  moraes  dibuxa- 
das    pela   fua    maõ,    e   iUuAradas    com   dif- 


i88 


BIB  LIO  THE  CA 


cuifos.  Ao  tempo  que  eftava  compondo 
cfta  obra  lhe  chegou  às  mãos  jo  livro  das 
Emprezas  Politicas,  e  moraes  de  D.  Dio- 
go de  Saavedra,  e  nellas  achou  quatorze 
com  o  mefmo  corpo,  e  letra,  e  allegoria 
fem  nunca  fe  ter  comunicado  com  aquelle 
Politico. 

Punfo  en  boca.  Invedtiva  jocofa  contra  Caf- 
tella 

Luz  Impojfthk  Tragedia  Caílelhana  imitando 
o  eítilo  de  Joaõ   Bautiíla  Guarino. 

Officio  de  S.  Joaõ  Bautijla.  Com  hym- 
nos,  refponforios,  e  Oralçoens  publicado 
com  o  fupoílo  nome  de  Innocencio  da  Pai- 
xão. 

Canto  de  Babilónia.  Parafraze  do  Pfalm.  Super 
Vlumina  Babilonis.     Em   coplas   Portuguezas. 

Difcurfo  acerca  dos  inimigos,  que  o  vexa- 
vaõ  tomando  por  argumento  as  palavras  de 
David  oderunt  me  grátis.  Dedicado  a  D.  Ro- 
drigo da  Cunha. 

O    invifivel   Concelheiro.    Difcurfo  politico. 

Maré  de  Kofas.  Inveétiva  contra  hum  li- 
vro poético. 

Kelaçaõ  Hijlorica  das  Alteraçoens  de  Évora. 

Cartas  de  la  Ka::^on.  Idea  politica.  Pal- 
iando deíla  obra  na  Carta  referida,  diz.  fe 
Deos  for  fervido  de  mo  deixar  acabar  felice- 
mente  efpero  feja  a  honra,  e  meta  de  todos  os 
meos  efcritos. 

Commentarios  ao  livro  da  Providencia  de  Sé- 
neca. 

EJ  Chrijliano  Alexandro.  Hiftoria  Politica 
de  Jorge  Caílrioto  Principe,  e  Reílavurador 
de  Albânia. 

Efpiritos  moraes.  Difcurfos  fobre  as  Do- 
mingas de  Quarefma.  Dedicado  a  D.  Fer- 
nando de  Andrade,  e  Sotto-mayor  Ar- 
ccbifpo  de  Burgos,  e  depois  de  Saõ- 
Tiago. 

Difcurfo  moral,  e  politico  fobre  o  verfo  9. 
do   Pfalmo   18. 

Homilia  fobre  as  palavras.  Mijit  Herodes 
Kix. 

Defenfa  univerfal  dejie  Reyno  em  que  fe  pro- 
põem todos  os  meyos  praãicos  para  evitar  todos 
os  perigos,  que  nelle  pôde  haver  caus^ados  por 
mar,  e  terra. 

Do  modo  de  empregar  na  guerra  a  Fidal- 
guia. 


Difcurfo  fobre  a  interprefa  de  Badajòs. 

Da   Fortificação  das   Praças. 

Das  Precedências  das  Naçoens.  Deu  ma- 
téria a  efte  difcurfo  quererem  as  nàos  da 
Coroa  de  Inglaterra  preceder  às  mercantes 
de   Olanda   em   o   Porto   de   Lisboa. 

Do  modo  de  fervir  dos  Reformados. 

Difcurfo  fobre  o  Officio  de  Marichal  do 
Rejno. 

Difcurfo  fobre  as  competências  dos  Officios  da 
Ca:(a  Real. 

Memorial  dos  Moradores  da  Capitania  de  Per- 
nambuco. 

Relação  do   Nacimento  do  Infante  D.  Pedro. 

Relação  do  Sitio  de  Olivença. 

Relação  da  Vitoria,  que  alcançarão  os  Por- 
tugueses  dos   Olande^es  em   os   Gararapes. 

Annotaçoens  às  Sentenças  do  Conde  de  Vi- 
miofo. 

Anciãs  de  Dalifo.  Poema,  que  coníla  de 
verfo  e   proza. 

Annotaciones  a  las  Epijlolas  de  Francifco 
de  Sà. 

Hijioria  de  los  Infantes. 

El  Ce^ar  de  ambos  mundos. 

El  Daniel  perfeguido. 

Modo  de  emplear  la  Noble^a. 

Politica  Familiar. 

Cúria  Politica. 

Manifiejlo  de  los  Palatinos. 

Segunda  Parte  das  Cartas  Familiares. 

Tratado  das  infignias  militares. 

Diário  dei  Brasil. 

Itinerário  da  Europa  i.  e  z.  Parte. 

De  outras  muitas  obras  aífim  Politicas, 
hiftoricas,  como  Métricas  fe  pôde  ver  o 
cathalogo  impreíTo  ao  principio  da  i.  Par- 
te das  obras  Moraes  o  qual  cftà  dividido 
por  fuás  claíTes,  das  quaes  algumas  jà  eftaõ 
impreíTas. 


D.  FRANaSCO  MANOEL  DE  MEL- 
LO. Naceo  na  Villa  de  Tanà  útuada 
na  Ilha  de  Salfete  diílante  quatro  legoas 
da  Cidade  de  Baçaim  em  a  índia  Orien- 
tal fendo  filho  natural  de  D.  Jerony- 
mo  Manoel  de  Mello  General  da  Ar- 
mada de  alto  bordo  daquelle  Eílado,  c 
de    Maiia    de    Sequeira.    Para    herdar    os 


L  USITAN A. 


Morgados  de  feus  Tios  D.  Frandlco  de 
Mello,  Embaxador,  que  fora  aos  Eílados 
de  Olanda,  e  D.  Maria  de  Portugal  fua 
Irmãa  G^ndefla  de  Penalva  paíTou  da  ín- 
dia a  efte  Reyno,  onde  foy  Alcayde  mòr 
de  Lamego,  Commendador  de  S.  Martinho 
de  Ranhados  na  Ordem  de  Chrifto,  Dona- 
tário dos  Reguengos  de  Folhadal,  e  Pu- 
rames  na  Q)marca  de  Vifeu,  e  Senhor  do 
Morgado  da  Ribeirinha  na  Ilha  de  S.  Mi- 
guel. Ocupou  os  honorificos  poílos  de 
Capitão  de  mar,  e  guerra  das  Nàos  defta 
Coroa,  e  de  Meftre  de  Campo  de  Infantaria, 
e  General  de  Batalha  na  guerra,  que  Por- 
tugal moveo  fobre  a  fuceflaõ  de  Efpanha. 
Foy  dotado  de  juÍ20  agudo,  difcriçaõ  na- 
tural, firaze  elegante,  e  converfaçaõ  agra- 
<kvel,  que  fendo  muitas  vezes  jovial  fem- 
pre  era  judiciofa.  Praticou  com  felicida- 
de os  preceitos  da  Poefia  aíTim  heróica  co- 
mo Lyrica  alcançando  merecidos  applauzos 
nas  mais  celebres  Academias  de  que  foy 
eftimavel  alumno,  ou  foíTe  pela  fublime  afluên- 
cia dos  verfos,  ou  pela  eloquente  copia  dos 
feus  difcurfos.  Falleceo  em  Lisboa  a  13. 
de  Março  de  171 9.  Naõ  foy  cazado  dei- 
xando de  D.  Apollonia  de  Miranda  filha 
de  Pafchoal  Gomez  de  Faro,  e  Catherina 
de  Miranda  a  D.  Pedro  Manoel  de  Mel- 
lo, que  fendo  legitimado  herdou  a  fua  caza, 
e  fe  defpozou  com  D.  Anna  Viftoria  de 
Caftro  filha  de  Júlio  de  Mello  de  Caftro, 
e  D.  Barbara  Jozefa  de  Bragança  Corte- 
real;  e  a  D.  Leonor  Thomazia  de  Portu- 
gal Religiofa  no  Moíleiro  de  Odivellas  ha- 
vida em  outra  May.  Das  Poezias,  que  dei- 
xou compoílas  fe  podia  formar  hum  vo- 
J  lume  de  juíla  grandeza  que  fe  confervaõ 
1  em  poder  dos  eruditos,  e  fomente  fe  fez 
publico  o  difcurfo  feguinte  recitado  na  Aca- 

Idemia  Portugueza  inítituida  em  Caza  do  Ex- 
cellentiflimo  Conde  da  Ericeira  D.  Fran- 
,  cifco  Xavier  de  Menezes  onde  era  Meílre, 
e  lia  os  Elogios  das  Matronas  Portugue- 
zas. 

UçaÕ  A.cademica  em  que  compara  as  virtudes 
da  Serenijfima  Princet^a  Santa  Joanna  com  as  da 
Senhora  Soror  D.  Lui^a  Maria  de  S.  Jo^è  Re/igio/a 
no  Convento  da  Madre  de  Deos  extramuros  de 
Lisboa  filha  dos  Excellentijfimos  Condes  do  AJ- 


189 

fumar.    Lisboa  por  António  Ifidoro  da  Fon- 
feca.  1737.  4. 

P.  FRANQSCO  DE  SANTA  MARIA 
naceo  em  Lisboa  a  11.  de  Dezembro  de 
1653.  onde  foy  vigilantemente  educado  por 
feus  Pays  o  Capitão  Manoel  Corrêa  Caval- 
leiro  Fidalgo  da  Caza  delRey,  e  profeíTo 
em  a  Militar  Ordem  de  Chriílo,  e  de  D. 
Maria  da  Sylva  de  Azevedo.  No  Collegio 
pátrio  de  Santo  Antaõ  fe  applicou  ao  ef- 
tudo  da  lingua  Latina,  e  Humanidades,  e 
como  era  dotado  de  comprehençaõ  gran- 
de, e  rara  habilidade  fe  adiantou  taõ  breve- 
mente a  todos  os  feus  condifcipulos,  que 
intentarão  os  Meftres,  que  paíTaíTe  da  Au- 
la para  o  Noviciado,  e  de  difcipulo  para 
companheiro  cujo  defignio  fe  executou  re- 
cebendo a  Roupeta  de  Jefuita  em  Lisboa. 
Eíla  acçaõ  pofto  que  virtuofa  como  foy  exe- 
cutada fem  a  faculdade  de  feus  Pays,  que 
o  amavaõ  temiflimamente,  applicaraõ  todas 
as  diligencias  para  que  fe  reítituifle  a  fua 
Caza,  e  tantas  foraõ  as  lagrimas,  que  con- 
tinuamente derramava  fua  Mãy  na  Igreja 
do  Noviciado,  que  compadecidos  os  Reli- 
giofos  lhe  permitirão,  que  fahiífe  da  fua 
companhia  em  que  aíTiítío  poucos  mezes. 
Confiderando,  que  naõ  era  decorofo  ao  feu 
nome  apparecer  publicamente  fem  habito  re- 
gular fuppUcou  a  feus  Pays,  que  lhe  per- 
mitiíTem  voltar  para  onde  fahira,  ou  abra- 
çar o  Inftituto  de  outra  Sagrada  Religião. 
A  taõ  juítificada  propoíla  condefcenderaõ  os 
Pays  deixando  livre  ao  filho  a  eleição  do 
IníHtuto,  que  havia  obfervar.  Perplexo  na 
refoluçaõ  lhe  fuccedeo,  que  metendo  a  maõ 
debaixo  do  traviíleiro  da  cama  em  que  dor- 
mia achou  huma  eílampa  em  que  eftava 
retratado  o  Venerável  P.  António  da  Con- 
ceição immortal  credito  da  Congregação  de 
S.  Joaõ  Evangeliíla  aflim  por  fuás  heróicas 
virtudes,  como  eíhipendos  milagres,  e  en- 
tendeo,  que  aquelle  acafo  era  myfteriofo, 
e  como  tal  deíHnado  por  mais  alta  Provi- 
dencia para  receber  a  murça  de  taõ  floren- 
tifllma  Congregação  o  que  executou  no  fa- 
mofo  Convento  de  S.  Bento  de  Xabregas.  De- 
pois de  cumprir  as  obrigaçoens  de  perfeito 
Noviço    paUou    a    eftudar    as    fciencias    fe- 


IÇO  BIB  LIOTHE  CA 

veras    no   CoUcgio   de   Coimbra,    nas   quaes  recebidos   os   Sacramentos  entre   os   Suavif- 

foy  admirado  o  feu  talento  aprendendo-as,  fimos  nomes  de  JESUS,  c  Maria,  que  pro- 

ou  eníinando-as,  podendo  virtuofamente  glo-  nunciou  atè  o  ultimo  alento,  paíTou  de  mor- 

riarfe,  que  fendo  doze  os  difcipulos  do  feu  tal  a  eterno  em  fabbado   3.   de  Novembro 

magifterio,  outo  foraõ  Mcftres,  e  quatro  fe  de   171 3.  no  Convento  de  S.  Eloy  de  Lis- 

laurearaõ  com  as  iníignias  doutoraes  na  Uni-  boa,  quando  contava   59.   annos  dez  messes 

verfidade  de  Coimbra,  dos  quaes  hum  que  e    8.    dias    de   idade,    e   42.    annos    6.    mc- 

foy   o   P.   Manoel   de    Saõ-Tiago   fubio   na  zes  e  7.  dias  de  Cónego  Secular  do  Evan- 

mefma   Univerfidade   a   fer   Cathedratico   da  geliíla.    A*  fua  memoria  dedicou  hum  Elo- 

Cadeira  de  Efcoto,   de   que  tomou  pofle  a  gio  efcrito  com  elegante  penna  Manoel  da 

4.  de  Julho  de   171 8.    Eleito  Chroniíla  Ge-  Cunha    de    Andrade    Cavalleiro    Profeflb    da 

ral  da  fua  Congregação  dezempenhou  abun-  Ordem  de  Chriílo,  e  Bacharel  na  Faculdade 

dantemente  as  leys  de  Hiíloriador  aíTim  na  de    Leys    que    fahio    impreíTo    no    anno    de 

elegância    do    eílilo,    como    na    verdade    da  1739.    Compoz 

narração.    Foy  hum  dos  celebres  Pregadores  Sermão   de   Nojfa  Senhora  do    Valle  em   » 

do  feu  tempo  merecendo  por  vezes  repeti-  B^jeal  Convento  de  Santo  Eloy  a  %.  de  Setembro 

das  os  applauzos  das  Mageílades  de  D.  Pe-  de  1679.   Lisboa  por  Francifco  Villela  1680.  4. 
dro  II.   e  da  Senhora  D.   Catherina  Rainha  Serniaõ  da  quinta  quarta  feira  de  Ouarejma  na 

de  Graà  Bretanha  quãdo  o  ouviaõ  nas  fuás  Capella  Real  da  Univerfidade  de  Coimbra.   Coim- 

Reaes  Capellas.    Nefte  Evangélico  minifterio  bra  por  Jozè  Ferreira  ImpreíTor  da  Univcr- 

moílrou  a  fua  grande  promptidaõ  pregando  íidade.  1685.  4. 

em    muitas    occazioens    repentinamente    com  Sermão  da  Primeira  Outava  de  Pafchoa.  Coim- 

tanto  acerto  como  fe  fora  por  muito  tem-  bra    por    Manoel    Rodrigues    de    Almeyda 

po  meditado  o  que  dizia.    Naõ  foy  menos  1685.  4. 

feliz  na  Poeíia  que  praéHcou  nos  feus  pri-  Sermão  da    Vifitaçaõ  de  NoJfa  Senhora  na 

meiros  annos  com  génio  taõ  jovial,  que  po-  Dominga  6.  pofi  Pentecofien  em  a  Santa  Ca!(a  da 

dia   competir   com   os   Vahias   de   Portugal,  Mifericordia  de  Usboa  a  i.  de  Julho  de  1684. 

e   os   Canceres   de   Caílella   porém   julgando  Coimbra  por  Manoel  Rodrigues  de  Almeyda 

prudentemente,  que  eíle  género  de  compo-  1685. 

íiçaõ  era  alheyo  da  modeília  religiofa  nimca  Sermoens  Vários  i.  Tomo  Lisboa  por  Ma- 

confentio,  que  fe  divulgaíle  com  o  feu  no-  noel  Lopes  Ferreira  1689.  4. 

me   o   menor  parto   da   fua   fecunda   Mufa 2.    Tomo  ibi  pelo  dito  Impreflbr 

Da  fua  fciencia  Theologica  faõ  illuftres  Pa-  1694.  4. 

negyriílas  o  Tribunal  do  Santo  Officio,  de  3.     Tomo  ibi  pelo  dito  ImpreíTor 

que  foy  pelo  efpaço  de  trinta  annos   Qua-  1698.  4. 

lificador,    e    a    Meza    da    Conciencia    fendo  4.     Tomo  ibi  na  Oííicina  da  Con- 

Examinador  das  Três  Ordens  Militares.    Da  gregaçaõ  do  Oratório  1738.  4. 

fua   charidade   para   os   pobres   foy   theatro  5.    Tomo    ibi    na    dita    Offidna 

o  Hofpital  Real  das  Caldas  quando  foy  feu  1738.    4.     Eftes   dous   últimos   fahiraõ   pof- 

Provedor,  e  ultimamente  da  fua  prudência,  tumos. 

c    benignidade    fera    eterna    aclamadora    a  Sermão    Gratulatorio,    e    Panegírico  prègaÂo 

fua    Congregação,    quando    foy    Reytor    do  na  Capella  Real  em  que  na  me/ma  Capella  fe 

Convento  de  Santo  Eloy  de  Lisboa,  e  Ge-  celebra  a  Fefia  dos  Reys  .  Lisboa  por  Manoel, 

ral   de   toda  a   Congregação.     Humildemen-  e  Jozè  Lopes  Ferreira  1709.  4. 

te  agradeceo,  e  heroicamente  regeitou  o  Bif-  Sermão    do    Auto    da    Fè,    que    fe    cele- 

pado    de    Macào    em    o    qual   no   anno    de  brou    na    Praça    do    Rocio    defia    Cidade    de 

1692.  foy  nomeado  por  ElRey  D.  Pedro  II.  Usboa  Junto    dos    Paços    da    InquifiçaÒ    anno 

Avizado    pela    gravidade    de    huma    doença  de    1706.    Lisboa    pelos    ditos    Impreflbres. 

de  que  era  chegada  a  ultima  hora  fe  pre-  1706.  4. 

parou  com  ados  de  fervorofa  contrição,  e  Sapbira     Veneziana     Vida    de    S.    IjOu- 


L  USITANA. 


191 


renço  Jujiiniano.  Lisboa  por  Filippe  Villela. 
1677.  4- 

Jacinto  Portuguef^  Vida  do  Ven.  P.  Antó- 
nio da  Conceição  ibi  pelo  dito  ImpreíTor. 
1677.  4. 

Agida  do  Impireo.  Excellencias  do  Difcipulo 
amado  em  compendio/o  panegyrico.  Lisboa  por 
Miguel  Manefcal  1687.  4.  Sahio  traduíida 
em  Caílelhano  por  Fr.  Joaõ  Talamanco  da 
Ordem  Militar  da  Mercê.    Madrid.   1735.  8. 

O  Ceo  aberto  na  terra.  Hijioria  das  Sacadas 
Con^egaçoens  dos  Cónegos  Seculares  de  S.  Jorge 
em  Alga  de  Venef^a,  e  de  S.  Joaõ  Evangelijla 
em  Portugal.  Lisboa  por  Manoel  Lopes  Fer- 
reira  1697.  foi. 

Jujla  defenfa  em  três  fatisfaçoens  Apologé- 
ticas a  outras  tantas  inveãivas  com  que  o  muito 
Reverendo  P.  Mefire  Fr.  Manoel  dos  Santos 
Monge  ProfeJJo  no  Real  Alojleiro  de  Alcobaça, 
Mejlre  em  Theolo^a,  e  Chronifia  Geral  da 
Ordem  de  S.  Bernardo  fahio  ã  lu^  no  Jeu 
livro  intitulado  Alcobaça  Illujlrada  contra  a 
Chronica  da  Congregação  do  'Evangelijla.  Lisboa 
por  Jo2è  Lopes  Ferreira  171 1.  4. 

Anno  HiJlorico  Diário  Portuguev^  noticia 
abreviada  das  PeJJoas  grandes,  e  cousas  notá- 
veis de  Portugal.  &c.  Tom.  i.  Lisboa  pelo 
mefmo  ImpreíTor  1714.  foi.  Comprehende 
os    mezes    de    Janeiro    Fevereiro,    e    Março. 

InJirucçaÕ,  e  Direãorio  para  os  Examinado- 
res, e  Examinados  de  todos  os  grãos  de  Or- 
dens, Officios,  e  AliniJlerios  da  Igreja  com  o  pre- 
cifo,  e  ejjencial,  que  deviaõ  faber,  e  fer  pregun- 
tados  em  feus  exames,  foi.  Af.  S.  Naõ  ficou 
completo. 


Fr.  FRANCISCO  DE  SANTA  ^L\RIA 
UlyíTiponenfe  filho  de  António  da  Sylva, 
e  Joanna  Baptiíla.  ProfeíTou  o  Inftituto  dos 
Eremitas  Auguftinianos  no  Real  Convento 
de  Nofla  Senhora  da  Graça  da  fua  Pátria 
a  9.  de  Dezembro  de  1696.  A  fumma  agu- 
deza com  que  aprendeo  as  fdencias  efcho- 
lafticas  deo  certas  efperanças,  de  que  as  ha- 
via diâar  com  igual  applauzo  aos  feus  do- 
mefticos  até  jubilar  em  a  Sagrada  Theolo- 
gia.  Depois  de  ter  fido  Reytor  do  Colle- 
gio  de  Coimbra  no  anno  de  1728,  e  Defi- 
nidor  em    1737.    foy   elevado   ao   lugar   de 


Provincial  a  7.  de  Mayo  de  1740.  em  cujo 
governo  manifeftou  a  prudência  do  talento 
unida  com  afebiHdade  do  génio.  Entre  os 
eíhidos  amenos  da  Poefia  Latina,  e  letras 
humanas,  como  entre  os  feveros  da  Filo- 
fofia,  e  Theologia  fempre  cviltivou  a  Uçaõ 
da  Hiftoria  Ecclefiaftica  em  que  he  muito 
verfado,  principalmente  em  as  antiguidades, 
e  privilégios  da  fua  Ordê  Eremitica.  Em 
feu  applauzo  dedicou  o  P.  D.  Manoel  Cae- 
tano de  Souza  o  feguinte  elogio  na  Exped. 
Hifp.  S.  Jacob.  Part.  3.  Seft.  i.  Aífert.  48. 
§.  159.  Vir  doãijfimus,  ut  pote  qtá  ejl  totius 
antiqtátatis  Ecclejiajiica  peritijjimus,  ut  prate- 
ream  Romani  Sermonis,  Eatina  que  Poefeos  ele- 
gantiam,  Ó"  ubertatem,  qua  mirifice  prajlat.  Com- 
po2 

Sermão  do  Defa^avo  do  Santijfimo  Sacra- 
mento, que  no  Jolemne  Triduo  celebra  todos  os 
annos  no  mev^  de  Janeiro  a  Real  Magejiade  def- 
tes  Reynos  com  a  Nobreza  mais  qualificada  em 
fatisfaçaÕ  do  def acato,  que  fe  fe^  ao  mefmo  Sa- 
cramento na  Iffeja  de  Santa  Engracia  pregado 
no  Terceiro  dia  do  Triduo  do  anno  de  171 1. 
Lisboa  por  Miguel  Manefcal   171 1.   4. 

Epigrammas,  e  outros  Ver/os  Eatinos  em 
louvor  do  SermaÕ  da  Conceição  pregado  por 
Fr.  Manoel  de  S.  Carlos.  Lisboa  por  jVIa- 
noel  Lopes  Ferreira  1699.  e  no  Paneg^ 
rico  Funeral  de  Fr.  Filippe  de  Távora  Balio 
de  EeJJa.  Lisboa  por  Pafchoal  da  Sylva. 
1711.    4. 

Novas  Notas  da  Analyjis  Benediãina.  Ma- 
drid por  Bernardo  Peralta  1734.  foL 

Memorial  das  Moedas  de  ouro,  prata,  e 
cobre,  que  fe  tem  lavrado  nsjie  noJJo  Reyno  de 
Portugal  de/de  o  feu  principio  ate  o  premente. 
Sahio  no  Tom.  4.  da  Hifl.  Gen.  da  Cav^a 
Real  Portug.  compofta  pelo  P.  D.  Antó- 
nio Caetano  de  Souza.  Lisboa  por  Jozè 
António  da  Sylva  ImpreíTor  da  Acade- 
mia Real  1738.  4.  defde  pag.  259.  atè 
282. 

Apologia  HiJlorica,  e  critica  f obre  os  milagro- 
fos  oJJos  de  S.  Joaõ  Marcos,  que  fe  veneraõ  no  feu 
Hofpital  de  Braga  M.  S. 

DiJJertaçaõ  Apologética,  Hifiorica,  Crítica, 
e  Genealógica  da  afcendencia  fobremillenaria  dos 
Religiofos  Eremitas  Auguftinianos  Portuguet^es 
antecedente  ao  Mino  de   1400.  foi.   M.    S. 


192 


BIB  LIO  THE  CA 


Promontório  Sacro  Auguftiniano,  ou  Sylva  il- 
luftre  dos  Eremitas  de  Santo  Agojiinho  da  Provinda 
de  Portugal  adornado  com  Crije,  e  Chronoloffa. 
M.  S. 

Annaes  Eremiticos  Auguftinianos  Portugue- 
sas de/de  o  anno  de  1147.  M.  S. 

Annotaçoens  ao   Crifol  Purificativo.    M.    S. 

Reparos  ao  livro  de  Viris  illuftrihus  Ord. 
Eremit.  D.  Augujlini.  compofto  por  Fr.  An- 
tónio da  Purificação.  Aí.  S, 

Apoftolicarum  Conftitutionum  ad  Augujlinia- 
nos  Breviaria  á  Eeone  Papa  III.  anno  Do  mini  802. 
M.  S. 

Additiones,  &  illujlrationes  Bullarii  Augujli- 
niani.  M.  S. 

Defenforium  Ordinis  Maffjlri  Coriolani.  M.  S. 

Augujliniana  Kegula  Augujlini  tantum  verhis 
explanata.  M.  S. 

Alphahetum  Eucharijticum  eruditione  omnigena 
inftruãum.  foi.  M.  S. 


Fr.  FRANCISCO  DE  SANTA  MARIA 
natural  da  Villa  de  Barcellos  do  Arcebif- 
pado  de  Braga  onde  teve  por  Pays  a  Mi- 
guel da  Coíla  Corrêa,  e  Francifca  Vaz. 
Quando  cumpria  vinte  e  quatro  annos  de 
idade  fugio  do  Século  para  a  Religião  re- 
cebendo o  Seráfico  Habito  da  Terceira  Or- 
dem da  Penitencia  em  o  Convento  de  N. 
Senhora  de  JESUS  de  Lisboa  a  31.  de 
Outubro  de  1685.  onde  fez  a  profiíTaõ  fo- 
lemne  no  primeiro  de  Novembro  do  anno 
feguinte.  Poílo  que  nas  fciencias  efcholaíli- 
cas,  que  aprendeo  no  Collegio  de  S.  Pe- 
dro de  Coimbra  onde  aífiíHo  a  mayor  parte 
da  fua  vida,  fizefle  grandes  progreíTos  o 
feu  penetrante  engenho,  mayores  foraõ  na 
Arte  da  Mufica  compondo  varias  obras,  que 
ferviraõ  de  admiração  aos  mayores  profef- 
fores  deíla  Faculdade  armonica,  e  muitas 
delias  fe  confervavaõ  em  feu  poder.  Fal- 
leceo  no  Collegio  de  S.  Pedro  de  Coim- 
bra a   13.   de   Agoílo   de    1721. 


FRANCISCO  MARIA  BONANTI  veja- 
fc  P.  MANOEL  TAVARES  da  Congrega- 
ção  do   Oratório. 


FRANQSCO  MARTINS  nacco  na  Pro- 
vinda da  Beira,  e  foy  hum  dos  mais  cele- 
bres profeíTores  de  letras  humanas,  que  ve- 
nerou a  fua  idade,  por  cuja  fciencia  mc- 
receo  as  mayores  eftimações  em  a  Univer- 
fidade  de  Salamanca,  onde  enfinou  pelo  cf- 
paço  de  dezoito  annos  Gramática,  fahinda 
da  fua  efcola  homens  peritiflimos  aíTim  nos 
preceitos  da  Lingua  Romana,  como  em  a 
noticia  da  Oratória,  e  Poética.  Para  faci- 
litar aos  feus  difcipulos  o  methodo  de 
aprender  a  lingua  Latina  compoz  huma  Arte 
na  qual  com  fummo  difvelo  recopilou  as 
regras  mais  eííenciaes  dos  melhores  Gramá- 
ticos deixando  tudo  quanto  era  inútil,  e 
confufo  aos  principiantes,  e  a  publicou  com 
efte  titulo 

Grammatica  Injlitutio.  Salmanticíc  apud 
Cornelium  Bonardum.  1587.  8.  &  ibi  apud 
Petrum  LaíTum  1588.  8.  com  eíle  titulo. 

Grammatica  Artis  integra  Injlitutio.  a  qual 
depois  iUuftrou  com  annotaçoens  Caftelha- 
nas,  e  fahio  em  Salamanca  por  Juan  Her- 
nandes.  1593.  8. 

De  Gramática  profejfwne  declamatio.  Sal- 
manticae  apud  Alphonfum  de  Terra  nova. 
1579.  8.  &  ibi  apud  Petrum  LaíTum  1588.  8. 
Coníla  de  duas  Declamaçoens.  A  primeira 
In  Gramáticos.  Começa.  Tamen  Ji  compertum 
habeo  Judex  incorruptijfime.  A  fegunda.  Pro 
Grammaticis.  Começa.  EJl  ea  nojlrorum  tem- 
porum,  atque  hominum  Philofopbia.  No  fim 
tem  hum  Poema  Latino  a  S.  Francifco, 
hum  Epigramma  a  S.  Martinho,  e  outro 
Poema  intitulado  Tormis  Vaticinium.  Co- 
meça 

Aonios  Jontes,  Heliconifque  arua  vetuJH.  &c. 

Oratio  pro  António  Nebrijfenji.  Salman- 
ticac  apud  Michaelem  Serrano  de  Vargas 
1588.  8.  Deíla  obra  fe  lembra  Nic  Ant. 
Bilí.  Hifp.  Tom.  I.  pag.  107.  col.  i.  & 
pag.    339.   col.    I. 

Poejia  Latina  em  louvor  da  Summa 
Moral  do  P.  Henrique  Henriques  da 
Companhia  de  JESUS.  Salamanca  1591. 
foi. 

Na  Dedicatória  da  Arfe  de  Gramma- 
tica a  D.  Diogo  Lopes  de  Zuniga  Sot- 
to-mayor  promete  Poéticas  quoque  Loicubratio- 


L  U  SITANA. 


193 


fies,  Tragedias,  é>'  Comaàias  in  quihus  fcrihendis 
per  duo  de  viginti  annos  cum  aliqua  Jua  laude  ver- 
fafus,  tuo  nomini  dedicabo. 

Morreo  em  Salamanca  no  anno  1596. 
com  univerfal  fentimento  de  todos  os  Ca- 
thedraticos  daquella  florentiíTima  Academia 
com  mais  de  cincoenta  annos  de  idade. 

FRANCISCO  MARTINS  COUTINHO, 
e  naõ  MOUTINHO  como  efcreve  Nicol. 
Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  359.  col.  2. 
Foy  Cozinheiro  mòr  de  FeUppe  11.  de  Caf- 
teUa  donde  paíTou  a  Portugal  na  compa- 
nhia da  SereniíTima  Princeza  D.  Joanna  de 
Aullria  Mãy  delRey  D.  Sebaftiaõ,  em  cuja 
Real  Cafa  exercitou  o  feu  Ofíicio  em  que 
foy  iníigne  pelo  qual  foy  remunerado  com 
huma  tença  de  fetenta  cruzados  para  feu 
filho   no   anno   de    1608.     Compoz 

Arte  de  Cocina,  pajieleria,  bifcocheria,  y 
conjervaria.  Madrid  por  Luiz  Sanches.  161 1.  8. 

FRANCISCO  MARTINS  DE  SIQUEI- 
RA Cavalleiro  profeíTo  da  Ordem  de  Chrif- 
to  filho  do  Dezembargador  Luiz  Mar- 
tins de  Siqueira,  e  D.  Maria  Franca,  Foy 
Feitor  da  Alfandega  de  Lisboa,  e  hum 
dos  celebres  Poetas  do  feu  tempo  af- 
íim  pela  cadencia  das  vozes  como  pela 
copia  dos  conceitos,  merecendo  o  elo- 
gio que  lhe  fez  Joaõ  Soares  de  Brito 
Theatr.  LmJíí.  'Litter.  lit.  F.  n.  54.  ex- 
cellentis  vence  Poeta.  Morreo  na  fua  Pá- 
tria no  anno  de  1654.  e  jaz  fepultado 
no  Convento  de  S,  Francifco  da  Cidade. 
Publicou 

Na  felice  aclamação  do  Inviãijfimo  Key  D. 
Joaõ  o  IV.  de  Portugal  Senhor  Nojfo.  Lisboa 
por  Jorge  Rodrigues.  1641.  Romance,  que 
coníla  de  161.  coplas 

Inveãiva  a  Cajiilla,  y  ai  Rey  Filippe 
IV.  Lisboa  por  Paulo  Crasbeeck.  1647.  4. 
Neíla  obra  que  he  em  proza,  traz  huma  Ou- 
tava  do  Poema  Heróico,  que  tinha  com- 
poílo  intitulado  KeftauraçaÕ  de  Portugal,  do 
qual  affirma  Joaõ  Soares  de  Brito  no 
lugar  aíTima  allegado  diu  ab  eruditis  de- 
jideratum,  cujus  ego  jam  fragmenta  vtdi  non 
nulla. 

Ele^a     a     la    muerte  de    D.     Maria     de 


Attaide.  Sahio  nas  Memor.  Funeb.  de/ta  Se- 
nhora. Lisboa  na  Ofíicina  Craesbeeckiana 
1650.  4.  onde  eílaõ  ao  meímo  aíTumptohum 
Komance  Caftelhano,  e  huma  Decima  por  epi- 
táfio. 

Dous  Sonetos.  Hum  na  Fama  pojthuma 
de  Lape  da  Vega  Carpio  Madrid  1636.  4.  a 
foi.  152.  verf.  Outro  em  applauzo  do  Tem- 
plo   da    Memoria    de    Manoel    de    Galhegos. 

Burlas,  y  Veras  a  las  fie/tas,  que  celebro 
la  Ciudad  de  Lisboa  en  la  ocafion  dei  parto 
de  la  Serenijima  Reyna  de  E/pana  D.  I^abet 
de  Borbon,  y  a  la  viãoria  que  alcançaron  los 
FJpaholes  contra  los  Franceses  en  Fuente  Ka- 
bia.  Saõ  três  Sylvas  muito  largas.  M.  S. 
Confervaõ-fe  na  Livraria  do  Cardeal  de 
Souza. 

N<7  morte  do  SereniJJimo  Infante  D.  Duarte 
prer(o  na  Cidade  de  Ratisbona,  cabeça  do  Im- 
pério de  Auflria,  e  morto  na  de  MilaÒ  em 
hum  Caflello.  Dialogo  entre  Portugal,  e  Caflella 
ditado  na  dor,  e  efcrito  no  fentimento.  M.  S.  4. 
Coníla  de  Outavas  Portuguezas,  e  Redon- 
dilhas    Caftelhanas. 

D.  FRANCISCO  DOS  MARTYRES  na- 

ceo  em  a  Cidade  de  Lisboa,  e  na  Freguezia 
de  N.  Senhora  dos  Martyres,  em  cujo  obfe- 
quio  tomou  o  apellido,  recebeo  a  graça  bau- 
tifmal.  Foy  filho  de  Pedro  da  Fonfeca  a 
cuja  educação  deveo  o  aUftarfe  na  fagrada 
Familia  dos  Menores  em  o  Real  Convento 
de  S.  Francifco  da  Gdade.  Ao  mefmo  tem- 
po que  cultivou  as  letras  obfervou  as  vir- 
tudes fahindo  taõ  eminente  na  Theologia 
Myílica,  e  Efcolaílica,  e  intelligencia  dos  Sa- 
grados Cânones  como  na  pradica  dos  pre- 
ceitos do  feu  penitente  Inílituto.  A  natu- 
reza o  ornou  de  todos  os  dotes,  fendo  de 
afpefto  agradável,  e  eftatura  alta,  e  corpu- 
lenta, voz  fonora  para  o  Coro,  fubtileza 
fumma  para  a  Cadeira,  e  eloquência  grave 
para  o  Púlpito.  Pela  prudência  do  feu  ta- 
lento occupou  os  mayores  lugares  da  Re- 
ligião pois  havendo  vifitado  as  Provindas 
de  Caílella,  e  prefidido  nos  Capítulos  de 
S.  Miguel,  e  Burgos,  foy  Secretario  Ge^ 
ral  da  Ordem,  Guardião  de  S.  Francifco  de 
Lisboa,  e  Miniílro  Provincial  eleyto  em 
o  primeiro   de   Janeiro   de    1633.    Inftituin- 


13 


194 


BIB  LIO THECA 


do  Filippe  III.  de  Portugal  huma  junta  para 
reformação  dos  cuftumes  de  que  era  Prefi- 
dente  D.  Diogo  de  Caftro  Conde  de  Bafto, 
e  Vice-Rey  de  Portugal,  foy  nomeado  De- 
putado delia  onde  obrou  com  tanta  fatis- 
façaõ  daquelle  Príncipe,  que  o  elegeo  Bifpo 
de  Malaca  cuja  dignidade  naõ  aceitou  com 
virtuofa  politica.  Conhecendo  aquelle  Mo- 
narcha  as  virtudes  deíle  grande  Varaõ  para 


Quafiiones  Mtfcellama  de  Bxcellenfiis  B.  Vir- 

ginis.  foi.  M.  S. 
Traãatus  de  Incamatione  Divini   Verbi.  M. 

S.  foi. 
Confervaõ-fe  na  Bibliotheca  do  CoUegio  de 

S.  Boaventura  de  Coimbra. 
Traãatus  de  vifione  Beata.  foi.  M.  S.  Na  Bib. 
de  S.  Francifco  da  Cidade. 

Faz  larga  mençaõ  defte  Prelado  Fr.  Fcr- 


o  governo  Ecclefiaílico  o  nomeou  Arcebifpo  nando  da  Soled.  Hift.  Seraf.  da  Prov.  de  Por- 

de   Goa,   e   para   naõ   fer  acufado   com  fe-  tugal.    Part.   5.  liv.  3.  cap.  40.  c  D.  Anton. 

gimda    repulfa    de    defobediente    à    vontade  Caet.  de  Souza  Cathal.  dos  Arcehijpos  de  Goa. 

real    condefcendeo    em    a    nomeação   fendo  n.  12. 
fagrado    em    o    Convento    de    S.    Francifco 

da  Cidade  a  19.  de  Março  de  1636.  e  a  4.  D.  FRANCISCO  MASCARENHAS  pri- 

de    Abril    embarcado    em    a    Nào    S.    Joaõ  meiro  Conde  de  Coculim,  e  Verodà  no  Ef- 

de  Deos,  de  que  era  Capitão  mòr  Gonçalo  tado  da  índia,  Comendador  de  S.  Joaõ  de 

de  Barros   da   Sylva,   chegou  a  Goa  a   21.  Caftelhaos,  e  de  S.  Martinho  de  Cambres  no 

de  Outubro  do  mefmo  anno  de  1656.  onde  Bifpado  de  Lamego,  e  de  S.   Martinho  de 

exercitou  as  obrigaçoens  de  vigilante  Paftor  Pina  em  o   de  Vifeu  da  Ordem  Militar  de 

defendendo    intrepidamente    a    immunidade  Chriílo  illuílrou  com  o  feu  nacimento  a  Q- 

Ecclefiaílica,  e  reformando  os  cuftumes  com  dade    de    Lisboa    a    22.    de    Novembro    de 

zelo  catholico.    Duas  vezes  governou  o  Ef-  1662.  e  a  feus  claros  progenitores  D.  Joaõ 

tado  com  prudente  aótividade  onde  moftrou  Mafcarenhas    primeiro    Marquez    de    Fron- 

que  tinha  igual  talento  para  o   Sacerdócio,  teira  fegundo  Conde  da  Torre,  Confelheiro 

como  para  o  Império.   Perfuadido  por  caufa  de  Eftado,  e  a  D.  Magdalena  de  Mendoça 

de    huma    moleftia    de    que    era    chegado    o  filha    de    Francifco    de    Sà    de    Menezes    fe- 

termo   da   fua  peregrinação   fe   armou   para  gundo  Conde  de  Penaguião  Camareiro  mór, 

cfta  luta  com  todos  os  Sacramentos,  e  entre  Confelheiro  de  Eftado,  c  D.  Joaiina  de  Li- 

amorofos  colloquios  com  Chrifto  Crucificado  ma.     Aquelles    dotes,    que    a    natureza    con- 

efpirou  a  25.   de  Novembro  dia  da  V.   M.  cedeo  na  idade  adulta  os  poíTuio  com  ex- 

e    Doutora    Santa    Catherina    de    quem    era  ceíTo   em  a  juvenil  metrificando  com  tanta 

cordial  devoto,  e  Tutelar  da  fua  Cathedral  fuavidade,    e   afluência   logo    que   teve   uzo 

do  anno  de  1652.  quando  contava  69.  annos  de  razaõ,  que  parece  que  as  Mufas  o  cria- 

de   idade,  e  de  Arcebifpo   16.    Foy  uni  ver-  raõ  no  feu  grémio,  e  que  do  berço  voou 

falmente   lamentada   a   fua   morte   principal-  ao  cume  do  ParnaíTo  para  fer  coroado  Prin- 

raente   dos   pobres   faltando-lhe   o   feu   Pay.  cipe  da  Poefia  Latina.    Naõ  teve  menor  ge- 

Celebraraõ-fe  fumptuofas  Exéquias  a  28.  de  nio   para   o   eftudo   da   Hiftoria   Sagrada,   e 

Janeiro   do   anno   feguinte   em   a   Cathedral  Profana    cujos    fucceíTos    mais    memoráveis 

onde  orou  o  P.   Manoel  Ferreira  da  Com-  relatava  com  tanta  diftinçaõ  como  fe  os  ef- 

panhia  de  JESUS.    Jaz  fepultado  na  Capella  tivera  lendo.    Efcreveo  Cartas  Latinas  com 

mòr  com  efte  Epitáfio  a  pureza  da  fraze  de  Qcero,  c  com  a  deli- 

Aqui  ja:^  D.  Francifco  dos  Martyres  Reli-  cadeza  dos  conceitos   de  Plinio.    Toda  cfta 

gio/o  Menor  da  Obfervancia  de  Portugal  naturat  erudição  fe  efmaltava  com  hum  génio  afa- 

de  Lisboa  XI.  Arcebifpo  Metropolitano  de  Goa  vel,   c  benigno   com  que  conciliava  os  af- 

Primaz   da   índia,    e    Governador   dejle    Eflado  feélos  de  todo  o  género  de  peííoas.      Na  fa- 

duas  ve:^es.     Falleceo   no   dia   de   Santa    Cathe-  mofa  Armada,  que  do  porto  de  Lisboa  par- 

rina  no  anno  de   1652.   depois  de  governar  ejle  tio  em  o   anno   de    1682.   para  conduzir  o 

Bifpado  16.  annos,  hum  mev^  e  4.  dJwj  tendo  de  Duque  de  Saboya  futuro  Efpozo  da  Serenif- 

idade  69.  annos.    Compoz  íima  Senhora  D.  Izabel,  foy  hum  dos  Cava- 


L  USITANA. 


içS 


Iheros  que  fizeraõ  mais  plauzivel  efta  jor- 
nada a  tempo  que  exercitava  o  poíto  de 
Capitão  de  Cavallos  na  Corte.  Envejoía  a 
morte  de  tantos  dotes,  que  omavaõ  o  feu 
efpirito,  e  fe  faziaõ  mais  recomendáveis  no 
caraéter  da  fua  Peflba  o  arrebatou  intem- 
peíUvamente  na  florente  idade  de  22,  annos 
féis  mezes  e  dous  dias  a  20.  de  Mayo  de 
1685.  com  geral  fentimento  de  toda  a  No- 
breza a  cuja  faudoza  memoria  levantou  hum 
Tumulo  Apollineo  compoílo  de  diverfos  me- 
tros Jozè  Corrêa  de  Brito.  Foy  cazado  com 
D.  Maria  Jozefa  de  Noronha  fua  Prima 
filha  de  D.  Luiz  Francifco  Balthezar  da 
Gama  quarto  Conde  da  Vidigueira,  e  fe- 
gimdo  Marquez  de  Niza,  e  de  fua  primeira 
mulher  D.  Helena  de  Noronha  filha  de  D. 
Fernando  Mafcarenhas  primeiro  Conde  da 
Torre  de  quem  teve  D.  Filippe  Mafcare- 
nhas, que  lhe  fuccedeo  na  Cafa,  D.  Joaõ 
Mafcarenhas  Porcionifta  do  Collegio  de  S. 
Paulo  de  Coimbra  Dezembargador  do  Porto, 
e  de  Lisboa,  Deputado  da  Mefa  da  Con- 
ciencia,  e  Ordens,  que  no  anno  de  1717. 
cazou  na  Bahia  com  D.  Joanna  Guedes 
de  Brito  filha  do  Coronel  António  da  Sylva 
Pimentel,  e  D.  Izabel  de  Souza  Guedes  de 
Brito  de  quem  naõ  teve  fucceíTaõ,  e  duas 
filhas.    Efcreveo,  e  dedicou 

iMdovico  Ma^o  Galliarum,  &  Navarra  Ke- 
gj  Chrijlianijftmo  Pafíegyrís.  Parifiis  apudjoan- 
nem  de  la  Caille  1684.  foi.  Confta  de  1200. 
Verfos  heróicos  elegantiífimos  de  cuja  obra, 
como  do  feu  ExcellentiíTimo  Author  fe  lem- 
bra o  P.  António  dos  Reys.  Entbuf.  Poef. 
n.   62. 

Frons  tua,  fed  doãas  pariter  Cocnline      viren- 
tes 
Induit  in  luiurus,  quas  pulchra  paravit  Opella 
Ília    liquente    quidem    calamo    de/cripta    Aíaro- 

nem 
Sedjapiens  ^avitate  metri. 


P.  FRANQSCO  DE  AL\TTOS  naceo 
na  Cidade  de  Lisboa  em  o  anno  de  1636. 
e  logo  na  infanda  defcubrio  natural  incli- 
nação para  a  virtude.  Na  tenra  idade  de 
defefeis  annos  deixando  a  amável  compa- 
nhia  de   feus   Pays   Joaõ   Pereira,   e   Maria 


de  Alattos  paíTou  à  Bahia  onde  em  o  Col- 
legio dos  Padres  Jefuitas  recebeo  a  Roupeta 
a  6.  de  Março  de  1652.  com  geral  fatisfa- 
çaõ  de  taõ  grave  Cõmtmidade  como  pre- 
vendo a  gloria,  que  havia  de  refultar  àquella 
Provinda  com  efte  novo  alumno.  Aprendi- 
das as  fdencias  amenas,  e  feveras  com  a 
applicaçaõ  que  depois  diâou  com  applaufo, 
fe  reftituhio  a  Portugal  com  o  lugar  de  Pro- 
curador Geral  onde  afliíHndo  pelo  efpaço 
de  dezoito  annos  mereceo  as  eítímações  das 
primeiras  Peflbas,  particularmente  da  Magef- 
tade  de  D.  Pedro  11.  que  lhe  coíhimava  cha- 
mar o  feu  Noviço  pela  modeíla  compof- 
tura,  que  fempre  confervava  no  femblante. 
Conduidos  os  negodos  do  feu  religiofo  mi- 
niílerio  navegou  para  o  Rio  de  Janeiro  com 
o  lugar  de  Reytor  daquelle  Collegio  dando 
no  tempo  deíle  governo  claros  argumentos 
de  feu  ardente  zelo,  e  extremofa  charidade 
para  com  os  feridos  do  contagio  chamado 
da  Bicha  aíTiítíndo  igualmente  aos  morado- 
res da  terra  como  aos  Soldados  da  Frota, 
que  eílava  ancorada  naquelle  Porto  com  to- 
do o  género  de  remédios  aíTim  efpirituaes, 
como  corporaes,  cuja  acçaõ  foy  gratificada 
por  ElRey  D.  Pedro  11.  em  huma  carta 
cheya  de  real  benevolência.  Do  Reytorado 
do  Rio  de  Janeiro  paíTou  a  fer  Provinda  1, 
cujo  governo  exerdtou  quatro  annos  com 
igual  prudência,  e  benignidade  donde  foy 
trãsferido  a  Reytor  do  CoUegio  da  Bahia, 
e  depois  Meíbre  dos  Noviços  por  cinco 
annos.  Nunca  aífiília  fora  do  Cubículo,  ex- 
cepto quando  na  Capella  interior  orava,  ou 
no  Confeífionario  dirigia  os  penitentes  para 
o  caminho  da  Bemaventurança.  Foy  or- 
nado de  fingular  modeftia,  fumma  pobreza, 
e  de  condencia  taõ  timorata,  que  afirmava 
muitas  vezes  eftar  prompto  para  padecer  os 
mais  acerbos  tormentos  do  que  ofender  a 
Deos  levemente.  A  fua  mais  afeduofa  de- 
voção era  à  Paixaõ  de  Chrifto,  fendo  igual 
o  culto,  que  dedicava  à  Macia  Santiílima, 
cujo  Rozario  redtava  todos  os  dias  duas 
vezes  de  joelhos.  Cheyo  mais  de  virtudes 
religiofas,  que  de  annos  poílo  que  con- 
tava 84.  de  idade,  e  68.  de  Religião, 
efpirou  pladdamente  no  Collegio  da  Bahia 
a    19.    de    Janeiro    de      1720.    havendo  va- 


içó  BIBLIO  THE  CA 

ticinado    a    hora    do    feu    tranfito.     Com- 


po2 

SermaÕ  de  S.  Gregório  Ma^o  pregado  em 
N.  Senhora  da  Ajuda  da  Cidade  da  Baòia. 
Évora  na  Ofíicina  da  Univeríidade.  1675.  4. 

SermaÕ  do  grande  Patriarcha  S.  Bento  pre- 
gado no  Convento  do  Rio  de  Janeiro  no  anno  de 
1696.  Lisboa  por  Miguel  Manefcal.  1697.    4. 

SermaÕ  das  Quarentas  Horas  pregado  no 
Collegio  do  Rio  de  Janeiro  em  o  primeiro  dia 
do  anno  de  1696.  Lisboa  por  António  Pe- 
drozo   Galraõ.    1698.    4. 

SermaÕ  do  grande  Patriarcha  Santo  Elias. 
Lisboa   pelo   dito   ImpreíTor.    1699.   4. 

SermaÕ  do  grande  Patriarcha  dos  Pobres  S. 
Franci/co  pregado  no  Convento  de  Santo  António 
dos  Capuchos  da  Cidade  do  Rio  de  Janeiro  no 
anno  de  1697.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor. 
1699.  4. 

SermaÕ  do  grande  Patriarcha  Santo  Igna- 
cio  na  Igreja  do  Collego  da  Companhia  do  Rio 
de  Janeiro  no  anno  de  1697.  Lisboa  pelo  dito 
ImpreíTor.   1699.  4. 

Todos  eíles  6.  Sermoens  fahiraõ  reim- 
preíTos  em  hum  Tomo  em  Lisboa  por  An- 
tónio Pedro20  Galraõ.  1701.  4. 

Vida  do  Serenijftmo  Principe  EJeytor  D. 
Fi/ippe  Wilhelmo  Conde  Palatino  do  Rheno 
Archithev^oureiro  do  Império  Romano,  Duque 
de  Baviera,  de  Júlia,  de  Clivia,  e  dos  Mon- 
tes, Conde  de  Veldencia,  de  Spanhemio,  de 
Marchia,  de  Ravenfpurgo,  e  de  Mercia,  <Ò^c. 
Pay  da  Rainha  N.  Senhora  D.  Maria  So- 
fia It(abel.  Lisboa  por  Miguel  Deslandes. 
1692.  4. 

Guia  para  tirar  as  Almas  do  caminho 
efpaçofo  da  perdição,  e  dirigllas  pelo  ej- 
treito  da  falvaçaõ.  Tradução  da  lingua 
Franccza  do  P.  Juliaõ  Hayneufe  em  a 
materna.  Lisboa  por  Domingos  Carneiro. 
1695.    8. 

Dor  fem  Unitivos  dividida  em  féis  dif- 
curfos  concionatorios,  que  por  exéquias  pa- 
ra honras  fúnebres  da  Auguflijfima  Raynha 
Senhora  Nojfa  D.  Maria  Sofia  Isabel.  Lisboa 
por  Valentim  da  Coita  Deslandes.  1703.  4. 

Palavra  de  Deos  def atada  em  difcurfos  con- 
cionatorios de  doutrinas  Evangélicas  Moraes, 
e  Politicas.  Primeira  parte.  Lisboa  pelo  dito 
ImpreíTor.   1709.  4. 


Palavra  de  Deos  defataàa.  Segunda  parte. 
Lisboa  na  OíHcina  Real  Deslandeílana. 
1712.  4. 

Det(eJos  de  Job  dif corridos  em  de!(^  livros 
por  ferem  outros  tantos  os  feus  de:(eJos.  Lis- 
boa por  Pafchoal  da  Sylva  ImpreíTor  dcl- 
Rey.   i7i(S.  4. 

Manual  de  Meditaçoens  para  todos  os  dias 
do  anno.  Évora  na  Ofíicina  da  Univeríidade. 
1717.   24. 

Vida  Chronologca  de  Santo  Jgnacio  de 
Eoyola  Fundador  da  Companhia  de  JESUS. 
Lisboa  por  Pafchoal  da  Sylva  ImpreíTor 
delRey.   171 8.  foi.  com  eílampas. 

Coro  Myjlico  de  Sagrados  Cânticos  en- 
toados na  armonia  de  affumptos  moraes,  po- 
líticos, e  concionatorios,  e  afceticos.  Lisboa 
pelo  dito  ImpreíTor.  1724.  foi.. 


FRANCISCO  DE  MATTOS  DE  SA*  na- 
tural da  Villa  de  Frexo  de  efpada  à 
cinta  em  a  Província  da  Beira  taõ  nobre 
por  nacimento  como  infigne  na  Poeíia  af- 
íim  heróica,  como  Lyrica  de  que  faõ  tcíte- 
munlias  as  obras  feguintes 

Eivro  de  NoJJa  Senhora  do  Dejlerro.  Lis- 
boa por  Joaõ  Rodrigues  1620.  8.  Dedi- 
cado a  António  Gomes  da  Matta  Correyo 
mòr  do  Reyno. 

Tratado  da  pura  Conceição  da  Virgem  Ma- 
ria Nojffa  Senhora.  Lisboa  pelo  dito  Im- 
preíTor. 1620.  8.  Dedicado  a  Luiz  Al- 
vares de  Távora  Conde  de  S.  Joaõ.  He 
em   verfo. 

Entrada,  y  triumfo,  que  la  Ciudad  de 
Lisboa  hi^o  a  la  C.  R.  M.  delRey  D. 
Filippe  III.  de  las  Ef panas,  y  II.  de  Por- 
tugal con  la  explicacion  de  los  Arcos  triwí- 
fales  que  fe  levantaron  a  fu  Jelicijftma  en- 
trada. Lisboa  por  Jorge  Rodrigues.  1620. 
4.  Coníla  de  168.  Outavas,  e  huma  Ele- 
gia Portugueza  à  partida  de  S.  Magcf- 
tade  comentando  a  Lamentação  de  Je- 
remias Quomodo  fedet  fola  Civitas.  Antes 
das  Outavas  Caílelhanas  tem  huma  Can- 
ção excellente.  Deíla  obra  como  do  feu 
Author  faz  elegante  memoria  o  P.  António 
dos  Reys  Ejitbnf.   Poet.  n.   85. 


L  USITAN A. 


197 


Soda  triumphaks  arcus  qtàbus  inclyta  Kegem 
Urbs  fenis  JEolida  veniente  excepit,  <&  udos 
A'  lacrymis  vultus  ipfo  redemte,  liquenti 
Você  canehat  adbiic  velatus  têmpora  juncis 
Quos   Tagus  è  bibulo   convuljos  marine  fertum 
Nexuit  in  viriáans  arguta  pramia  frontis. 


Fr.  FRANCISCO  DE  MELGAÇO  cujo 
appelido  denota  a  fua  pátria  que  eftá  íi- 
tuada  no  Termo  da  Villa  de  Barcellos  em 
o  Arcebifpado  de  Braga  Religiofo  Ciíler- 
denfe  profeffando  o  Inftituto  monachal  no 
Convento  de  Santa  JVIaria  de  Bouro.  Como 
era  igualmente  pio  que  douto  efcreveo  as 
feguintes  obras  que  fe  guardaõ  M.  S. 
em  hum  Tomo  de  folha  no  Real  Con- 
vento de  Alcobaça,  e  confia  das  matérias  fe- 
guintes 

Efpelho  de  Monjes 

Vida  de  S.  Bernardo 

Qitaes  devem  fer  os  Abbades,  e  Pregadores. 

Penf amentos,  que  o  homem  deve  ter  para  je 
conhecer  a  fi  mefmo. 

Difciplina  dos  Monjes  para  bem  governar  as 
vidas  compojla  por  S.  Bernardo 

Caufas  porque  Deos  permite  peccar  os  ho- 
mens. 

Explicação  das  obras  da  Mifericordia. 

Bens  que  refultaõ  a  quem  comunga  muitas 
vev^es,  e  modo  com  que  Je  deve  receber  a 
Chrijlo. 

Kegras  para  Je  conhecer,  e  Jugir  o  peccado 
mortal. 

Decijoens  de  vários  ca^^ps. 


D.  FRANQSCO  DE  MELLO  naceo 
em  Lisboa  onde  teve  por  Progenitores 
a  Manoel  de  Mello  Alcaide  mòr  de  Oli- 
vença Repofteiro  mòr  delRey  D.  Joaõ 
o  n.  e  terceiro  Governador  de  Tan- 
gere,  e  a  D.  Brites  da  Sylva  filha  de 
D.  Joaõ  da  Sylva  quarto  Senhor  de  Va- 
gos Alcaide  mòr  de  Monte  mór  o  Ve- 
lho, e  Camareiro  mòr  delRey  D.  Joaõ 
o  n.  e  de  D.  Branca  Coutinho  fua  fe- 
gunda  Prima.  Nos  annos  da  adolefcencia 
moílrou  taõ  profunda  capacidade  para  as 
letras,     que     fe     refolveo     ElRey    D.     Ma- 


noel, que  foííe  eftudar  à  Univerfidade  der 
Pariz  onde  fatisfez  com  tal  exceíTo  ao  con- 
ceito defte  Princepe,  que  alcançou  naquella. 
famofa  paleftra  eftimaçoens  de  infigne  Le- 
trado affim  nas  especulaçoens  Theologicas^ 
como  em  as  obfervaçoens  Mathematicas. 
Reftituido  ao  Reyno  foy  Meílre  dos  Serenif- 
fimos  Infantes  filhos  delRey  D.  Manoel  inf- 
truindo-os  em  as  DifcipUnas  Mathematicas 
em  que  foy  profundamente  perito,  como 
teílemunha  feu  grande  amigo  André  de  Re- 
zende na  Oraçaõ,  que  recitou  na  Univer- 
fidade de  Coimbra  em  o  i.  de  Outubro  de 
1534.  ISlon  Francijcum  Mel  Hum  tranjibo  Jum- 
ma  elegantia,  Jumma  in  Jcribendo  Jacilitate,  sum- 
ma  Japientia  virum,  qtà  Chrijliana  Philojophia- 
non  contentus,  lingua  nitorem  addere  Mathema- 
ticis  Scriptis  jam  clarus  nomen  Juum  ab  obli- 
vionis  injuria  vindicavit.  Defla  faculdade  fov 
taõ  efhidiofo,  que  jimtamente  com  Filippe 
Guilhen  Caflelhano  hum  dos  mayores  Ma- 
thematicos  daquelle  tempo  praéHcou  o  ar- 
tificio do  Afbrolabio,  e  a  navegação  de  Lef- 
te  a  Ocíle  por  cuja  cauza  lhe  dedicou  eftes 
Verfos  Gil  Vicente  no  liv.  5.  das  fuás  obrar. 
Poéticas. 

O  graô  Francijco  de  Mello 

Que  tem  Jciencia  a  vondo 

Diz  ^  ^  ^^^  ^  redondo 

E  o  Sol Jobre  amarelo: 

Diz  verdade  naô  o  ejcondo. 

Que  Je  o  Ceo  fora  quadrado 

O  Sol  naÕ  Jora  redondo. 

Sendo  muito  douto  nas  fciencias  feve- 
ras  o  foy  igualmente  em  as  amenas.  Fal- 
lou  com  pureza  a  lingua  materna,  e  cul- 
tivou com  particular  applicaçaõ  os  preceitos 
da  Rhetorica,  que  fe  admirarão  felizmente 
praâicados  nas  Oraçoens,  que  recitou  nas 
Cortes  celebradas  por  ElRey  D.  Joaõ  o  III. 
nos  annos  de  1525.  e  de  1533.  e  no  fo- 
lemne  aôo  em  que  foy  jurado  fucceflbr  defla. 
Coroa  o  Principe  D.  Manoel  a  15.  de  Junho 
de  1535.  Tendo  alcançado  aquelle  Monarcha 
da  Santidade  de  Paulo  IH.  a  erecção  da  Cathe- 
dral  da  Cidade  de  Goa  por  Bulia  expedida  a 
3.  de  Novembro  de  1534.  o  nomeou  primeiro 
Bifpo  defla  Diocefe,  de  cuja  dignidade  naõ 
tomou  pofTe  impedido  pela  morte,  que 
o   privou   da  vida   em   Évora   no   anno  de 


198 


BIBLIO THE  CA 


1535.  Foy  eleito  feu  fuceíTor  D.  Fr.  Joaõ 
■de  Albuquerque  da  Provinda  da  Piedade 
por  Bulia  paflada  a  11.  de  Abril  de  1537. 
Fazem  memoria  de  D.  Francifco  de  Mello 
alem  dos  Authores  citados  Nicolao  Clenardo 
Epijlol.  ad  Chriftianos  pag.  191.  da  ediçaõ 
de  Hanovia  Typis  Wechelianis  1606.  8. 
onde  naõ  fomente  confeíTa  a  fua  grande  li- 
teratura, mas  a  benevolência  com  que  lhe 
oífereceo  hofpedagem  em  a  Cidade  de  Évora 
•quando  vinha  a  fer  meftre  do  Infante  D. 
Henrique  ^rat  etiam  non  pojlremce  nota  D. 
Francifcus  Mellonms  genere,  ac  litteris  adeo  pra- 
àitus  et  inter  Aiilkos  próceres  dignitatem,  (ò'inter 
eruditos  ciaram  jamam  teneret;  qui  advenienti 
tnihi  Choram  primus  hofpitis  nomine  fe  fe  cõ- 
mendavit,  (ò"  omnihus  in  rebus  Jummum  fauto- 
rem  prahuit.  Sed  non  licuit  multo  tempere  hoc 
bano  gaudere,  nec  perpetua  necejfitudinis  vincula 
£onjlringere  quod  fublatus  è  vita  marorem  acer- 
bum  amicis,  cladem  flebilem  intulit  Aula  L,u- 
Jitanica,  tantum  vir  ille  conjiliis,  prudentiaque 
Kempublicam  juvare  conjuevit  magis  natus  juvan- 
Âa  pátria,  quam  Jpeãandis  privatis  commodis 
Salazar  Hift.  Geneal.  da  Cafa  de  Sjlva  liv,  8 
cap.  4.  n.  15.  Monforte  Chron.  da  Prov 
da  Pied.  liv.  3.  cap.  35.  §.  7.  e  cap.  36.  § 
2.  Souza  Cathal.  dos  Arceb.  de  Goa.  §.  i 
onde  com  manifefta  equivocaçaõ  efcreve 
<jue  fora  D.  Francifco  de  Mello  eleito  pri- 
meiro Bifpo  de  Goa  no  anno  de  1532. 
quando  ainda  naõ  eftava  erefto  eíle  Bifpado, 
o  qual  foy  em  o  anno  de  1534.  como  elle 
mefmo  diz  no  principio  do  referido  Ca- 
thalogo,  e  no  Tom.  3.  da  Hijl.  Gen.  da 
CaJ.  Keal  Portug.  Tom.  3.  liv.  4.  cap.  14. 
p.  485.    Compoz 

Falia  que  fe^  nas  Cortes  que  celebrou  £/- 
P^ey  D.  Joaõ  o  III.  na  Villa  de  Torres  No- 
vas a  29.  de  Setembro  anno  de  M.  D.  XXV. 
dia  de  S.  Miguel  na  Igreja  de  S.  Pedro.  Lis- 
boa por  Joaõ  Alvares  ImpreíTor  delRey. 
1563.  4. 

OraçaÕ  recitada  nas  Cortes  que  celebrou 
EJKey  D.  Joaõ  o  III.   em  Évora  no  anno  de 

1533- 

OraçaÕ  recitada  em  Évora  no  Juramento  do 
Príncipe  D.  Manoel  filho  primogénito  delKey 
D.  Joaõ  o  III.  em  13.  de  Junho  de  1535. 
Deíla  OraçaÕ  faz  memoria  o  P.  Souza  Hj/?. 


Gen.  da  Caf.  Keal  Portug.  Tom.  3.  liv.  4. 
cap.  14.  pag.  536.  onde  o  intitula  Varaõ 
douto. 

Tratado  fobre  as  Malucas  cahirem  na  de- 
marcação de  Portugal.  M.  S.  Conferva-fe  no 
Collegio .  dos  Padres  Jefuitas  de  Coimbra. 
Deíla  obra  fe  lembra  o  moderno  addicio- 
nador  da  Bib.  Geografic.  de  António  de  Leaõ 
Tom.  3.  col.  1710. 

Commentario  fobre  a  Perjpeãiva  ejpeculativa 
de  Euclides.  Dedicado  a  ElRey  D.  Manoel. 
M.  S. 

Comento  a  Archimedes.  Efte  livro  efcrito 
em  pergaminho,  e  illuminado  excellentemen- 
te  o  confervava  com  grande  eftimaçaõ  Luiz 
Serraõ  Pimentel  Cofmografo  mòr  do  Reyno, 
e  Lente  da  Mathematica,  da  qual  fez  dona- 
tivo ao  Marquez  de  Liche  na  occaíiaõ,  que 
efte  Cavalhero,  que  era  muito  applicado  à 
Mathematica,   foy  ver  à  fua  Livraria. 

D.  FRANCISCO  DE  MELLO  fegundo 
Marquez  de  Ferreira,  e  fegundo  Conde  de 
Tentúgal  teve  por  claros  Progenitores  a  D. 
Rodrigo  de  Mello  i.  Marquez  de  Ferreira, 
e  D.  Leonor  de  Almeyda  filha  do  infigne 
Varaõ  D.  Francifco  de  Almeyda  primeiro 
Vicerey  da  índia.  Foy  ornado  de  maduro 
juizo,  fumma  prudência,  e  de  zelofa  fide- 
lidade para  os  intereíTes  da  Sereniífima  Caza 
de  Bragança,  da  qual  com  o  fangue  her- 
dara o  amor  da  fua  confervaçaõ.  Por  or- 
dem delRey  D.  Joaõ  o  III.  acompanhou 
no  anno  de  1554.  a  Princeza  D.  Joanna 
de  Auftria  quando  fe  reftituhio  a  Caftella, 
em  cuja  funçaõ  fe  admirarão  os  exceííos 
da  fua  generofa  profufaõ.  Animado  do  fin- 
cero  zelo  com  que  fervia  aos  feus  Prínci- 
pes difuadio  com  eficazes  rezoens  a  ElRey 
D.  Sebaftiaõ  do  temerário  intento,  que  me- 
ditava da  jornada  da  Africa,  e  como  co- 
nheceííe  a  inflexibilidade  do  feu  animo,  não 
podendo  acompanhallo  pelo  numero  de  feus 
annos,  e  achaques,  facrificou  em  obfequio 
do  Reyno  em  taõ  deplorável  tragedia  a 
vida  de  feu  primogénito  D.  Rodrigo  de 
Mello,  e  a  liberdade  de  D.  Nuno  Alvares 
Pereira  de  Mello,  e  D.  Conftantino  de  Bra- 
gança feus  filhos,  que  foraõ  refgatados 
por   fumma    copia    de    dinheiro.     Na    larga 


L  USITAN  A. 


199 


diuturnidade  da  fua  vida  conheceo  a  qua- 
tro Monarchas  em  o  Trono  de  Portugal 
dos  quaes  naõ  recebeo  o  premio  devido 
aos  feus  grandes  merecimentos.  Obfequiofo 
para  com  Deos  acabou  em  a  Villa  de  Buar- 
cos o  Convento  de  S.  Francifco,  que  feu 
Pay  principiara,  e  concorreo  liberalmente  pa- 
ra a  nova  Fundação  do  Mofteiro  das  Re- 
ligiofas  Carmelitas  em  a  Villa  de  Tentúgal. 
Falleceo  em  a  Qdade  de  Évora  em  o  mez 
de  Dezembro  de  1588.  e  jaz  fepultado  no 
Convento  dos  Cónegos   Seculares  do  Evan- 

.      geliíla.    Jazigo   da   fua   ExceUentiíTima   Caza. 

M  Cazou  em  o  anno  de  1549.  com  a  Senhora 
D.  Eugenia  filha  dos  SereniíTimos  Duques 
de  Bragança  D.  Jayme,  e  D.  Joanna  de 
Mendoça  de  quem  teve  D.  Rodrigo  de 
Mello,  que  infauílamente  morreo  na  Bata- 
lha de  Alcácer:  D.  Nuno  Alvres  Pereira 
de  Mello  3.  Conde  de  Tentúgal,  que  ca- 
zou com  D.  Marianna  de  Caílro  filha  de 
D.  Rodrigo  Oforio  de  Mofcofo  Conde  de 
Altamira:  D.  Joaõ  de  Bragança  Bifpo  de 
Vifeu;  D.  Conftantino  de  Bragança  Com- 
mendador  de  Moreiras  na  Ordem  de  Chrif- 
to,  e  Confelhero  de  Eftado:  D.  Joanna  de 
Mendoça,  que  heroicamente  defenganada 
pela  intempeftiva  morte  do  Senhor  D.  Duar- 
te Duque  de  Guimaraens,  e  Condeftavel  de 
Portugal  com  quem  eílava  para  fe  receber 
contrahio  mais  fubUme  defpozorio  com  o 
divino  Cordeiro  em  o  Seráfico  Convento 
das  Chagas  de  Villa-viçofa  onde  profeíTou 
folemnemente  com  o  nome  de  Joanna  da 
Trindade.  Teve  fora  do  matrimonio  de  Ma- 
ria Nunes  mulher  nobre  a  D.  Jozè  de  Mello 
Arcebifpo  de  Évora:  D.  Francifco  de  Al- 
meyda  Thefoureiro  mòr  da  Sè  de  Lisboa, 
e  Cónego  em  a  Metropolitana  de  Évora, 
e  a  D.  Maria  de  Mello  Religiofa  Ciftercienfe 
em  o  Mofteiro  de  Cellas.  Entre  muitas,  e 
judiciofas  cartas,  que  efcreveo  das  quaes  fe 
podia  formar  hum  volume,  he  muito  digna 
de  memoria  a  feguinte,  que  trás  impreíTa 
o  P.  D.  António  Caetano  de  Souza  Hiji. 
Gen.  da  Ca^.  Real  Portug.  Tom.  10.  liv.  9. 
pag.   189. 

Carta  efcrita  da  Villa  de  Agua  de  Peixes  a 
24-  ik  Março  de  1575.  ao  Serenijftmo  Duqm  de 
Bragança. 


D.  FRANQSCO  DE  MELLO  naceo 
em  a  Villa  de  Eftremos  da  Provinda  da 
Alentejo  em  o  anno  de  1597.  fendo  filha 
primogénito,  e  herdeiro  da  Caza,  e  Eílados 
de  D.  Conílantino  de  Bragança,  e  Mello 
Commendador  de  Moreiras  Confelheiro  de 
Eftado,  e  Prefidente  da  Junta  inflituida  por 
Filippe  IIL  para  cobrança  do  tributo,  que 
fe  lançou  aos  Chriflãos  Novos,  e  de  fua 
fegunda  mulher  D.  Brites  de  Caflro  filha 
de  D.  Fernando  de  Caftro  Capitão  de  Chàul,. 
e  D.  Izabel  Pereira,  e  netto  de  D.  Fran- 
cifco de  Mello  3.  Conde  de  Tentúgal,  e 
fegundo  Marquez  de  Ferreira.  Inftxuido  com. 
aquelles  documentos  próprios  do  feu  clara 
nacimento  paíTou  a  Madrid  onde  pela  fua 
natural  afabilidade,  profundo  talento,  e  dif- 
creta  converfaçaõ  atrahio  os  affeftos  de  toda 
a  Naçaõ  Caftelhana  partícvilarmente  de  Fi- 
lippe IV.  que  atendendo  ao  Caraâier  da  fua 
PeíToa  ornada  de  tantos  dotes  o  creou  Gen- 
tilhomem  da  fua  Camará,  primeiro  Conde 
do  AíTumar  por  carta  paflada  a  3.  de  Maya 
de  1630.  e  depois  Marquez  de  lUiefcas 
e  Torre  Laguna,  Confelheiro  de  Eftado, 
e  Mordomo  mòr  da  Rainha  D.  Izabel  de 
Borbon.  Naõ  mereceo  menor  applauzo  a 
feu  nome  pela  prudência  com  que  exerci- 
tou as  Embaxadas  de  Génova,  Roma,  e 
Alemanha;  os  Vicereynatos  de  Sezilia,  Ara- 
gão, Catalunha,  e  o  honorifico  pofto  de  Go- 
vernador, e  Capitão  General  dos  Paizes  Ba- 
xos,  em  que  fucedeo  ao  Cardial  Infante  D. 
Fernando,  como  pelo  valor,  e  difciplina  mi- 
litar com  que  fendo  Generaliflimo  das  Ar- 
mas Hefpanholas  triunfou  a  26.*  de  Maya 
de  1642.  em  Honnecourt  lugar  fituada 
na  Picardia  do  exercito  Francez,  que  man- 
dava o  Conde  de  Guiché,  depois  Mari- 
chal  de  Grammont,  fupofto,  que  em  17. 
de  Mayo  do  anno  feguinte  experimen- 
tou diverfa  fortuna  perdendo  a  Batalha 
de  Recroy,  que  felifmente  ganhou  o  Du- 
que de  Anguien.  Sendo  Plenipotenciário 
delRey  Cathohco  na  Corte  de  Viena  ef- 
quecido  do  parentefco,  que  tinha  com  a 
SereniíTima  Caza  de  Bragança  cõcorreo  in- 
dignamente para  a  prizaõ  do  Senhor  In- 
fante D.  Duarte  em  cuja  negociação  fem- 
pre  injuriofa  ao  feu  nacimento  deixou  eterna- 


200 


BIBLIO  THE  CA 


mente  manchada  na  pofteridadc  a  fama  das 
Jfuas  heróicas  acçoens.  Tendo  governado 
Flãdes  pelo  efpaço  de  dous  annos  voltou 
para  Madrid  no  anno  de  1644.  atè  que  em 
o  de  165 1.  paíTou  de  mortal  a  eterno,  quan- 
do contava  54.  annos  de  idade.  Foy  ca- 
sado com  D.  Antónia  de  Vilhena  filha  de 
Henrique  de  Souza  primeiro  Conde  de  Mi- 
randa, e  de  D.  Mecia  de  Vilhena  filha  her- 
<leira  de  Fernaõ  da  Sylva  G^mmendador  de 
Alpalhaõ,  e  Capitão  da  Torre  de  Belém,  e 
de  D.  Brites  de  Vilhena  de  cujo  conforcio 
teve  a  D.  Gafpar  Conftantino  de  Mello 
Marquez  de  Ilhefcas,  e  Conde  do  AíTu- 
mar;  D.  Brites  Apollonia  de  Vilhena,  que 
-cazou  com  D.  Joaõ  Miguel  Fernandes  de 
Heredia  i.  Marquez  de  Mora;  filho  her- 
•deiro  do  Conde  de  Fuentes  em  Aragaõ: 
D.  Mecia  de  Mello  primeira  mulher  de  D. 
Pedro  de  la  Cueva  Ramires  de  Zuniga  3. 
Marquez  de  Flores  de  Ávila  Senhor  de  Caf- 
telejo,  de  quem  naõ  teve  fuceíTaõ,  e  a  D. 
Maria  Thereza  de  Vilhena,  que  fe  defpo- 
:20u  com  D.  Diogo  de  Ávila  i.  Marquez 
de  Navalmorquende  Senhor  de  Montalvo 
Cardiel,  e  Villatoro,  a  qual  morreo  fem 
deixar  filhos.  Fazem  mençaõ  de  D.  Fran- 
cifco  de  Mello  vários  Efcritores,  como  Im- 
hof.  Stem.  Reg.  l^ujit.  pag.  40.  clarijfimum 
Jibi  virtute  fua  Sagi,  (ò"  Toga  artibus  injlruãa 
nomen  amplijfimofque  honores  peperit.  Caramuel 
na  dedicatória  que  lhe  fez  da  Kepuejl.  ai 
Manif.  de  Portugal  impreíTo  em  Amberes 
por  Balthezar  Moreto  1642.  Grandes  tiene 
E/pana,  y  entre  ellos  V.  Excelência  es  el 
Sábio.  Tiene  fabios  tambien,  y  entre  ellos 
K.  Excelência  es  el  grande;  pites  uniendo 
por  union  hypojlatica  el  ejlruendo  militar  de 
Marte  con  el  fociego  de  Minerva  guerrea  con 
Jabidoria,  y  dà  mucho,  que  efcribir  con  la 
e/pada.  Mencz.  Portug.  Keftattrad.  Tom.  i. 
liv.  3.  pag.  186.  Souza  Theatr.  Geneal. 
Âe  la  Cav^a  de  Souv^a.  pag.  795.  Galeazzo 
Gualdo  Hift.  Part.  3.  liv.  3.  Birago.  Hiji.  de 
Portug.  liv.  j.  pag.  379.  Girardi  Diário  a 
29.  de  Abril,  e  26.  de  May  o.  Salazar  Hifi. 
Geneal.  de  la  Caf.  de  Sylva  liv.  12.  cap.  3. 
pag.  746.  la  Qedc  HiJl.  Gen.  de  Portug.  Tom. 
2.  pag.  mihi  444.  448.  e  449.  Anfelme  HiJi. 
Geneal.    e    Cbronol.    de    la    Mayjon    Koyale    de 


Franc.  Tom.  i.  pag.  mihi  644.  Banos  HiJl. 
Pontif.  Part.  6.  liv.  10.  cap.  11.  e  liv.  11. 
cap.  5.  Souza  HiJl.  Gen.  da  Caf  a  Real  Por- 
tug. Tom.   10.  liv.  9.  cap.   19.    Efcreveo 

Carta  relatoria  a  Su  Mageftad  de  la  injigru 
vitoria  que  Dios  nuejlro  Senor  fe  hà  fervido 
dar  a  fu  real  exercito  en  la  frõtera  de  Francia 
junto  a  Xetelet  a  26.  de  Mayo  dejle  ano  de 
1642.  Madrid  por  Diego  Dias  de  la  Car- 
rera.  1642.  4.  e  Sevilha  por  Juan  Gomes 
Blas.  1642.  4.  He  huma  extenfa  Relação 
deíle  fucceflb. 


D.  FRANCISCO  DE  MELLO  Alcayde 
mòr  da  Cidade  de  Lamego  Commendador 
de  S.  Pedro  da  Veyga  de  Lila,  c  de  S. 
Martinho  de  Ranhados,  S.  Miguel  de  Li- 
nhares, e  Santa  Maria  da  Torre,  e  de  Eita 
na  Ordem  de  Chrifto,  Trinchante  mòr  do 
SereniíTimo  Príncipe  Regente  D.  Pedro,  teve 
por  Pátria  a  Cidade  de  Lisboa,  e  por  Pays 
a  D.  Gomes  de  Mello  Comendador  de  S. 
Pedro  da  Veyga  de  Lila,  e  S.  Mamede  de 
Mogadouro,  e  D.  Marinha  de  Portugal  filha 
herdeira  de  Nuno  Cardozo  Homem  de  Vaf- 
concellos  Senhor  do  Morgado  da  Taipa,  e 
dos  Reguengos  de  Folhadal,  e  Paramos,  Ca- 
pitão mór  de  Lamego.  Foy  egregiamente 
inílruido  na  Poefia,  liçaõ  da  Hiíloria  Sagra- 
da, e  profana,  e  muito  verfado  na  intelli- 
gencia  das  linguas  mais  polidas.  Pelo  pru- 
dente juizo  de  que  era  ornado,  acompanhou 
a  Raynha  D.  Catherina  a  Inglaterra  quando 
fe  foy  defpozar  com  Carlos  II.  fervindo  a 
efta  Princeza  de  feu  Camareiro  mòr  donde 
paíTou  com  o  titulo  de  Embaixador  aos  Ef- 
tados  geraes  de  Olanda  em  o  anno  de  1668. 
e  com  o  mefmo  carafter  afnftio  em  Inglater- 
ra, e  França  defempenhando  em  taò  famo- 
fas  Cortes  as  obrigaçocns  do  fcu  miniftcrio 
principalmente  em  Olanda.  Falleceo  na  Corte 
de  Londres  a  9.  de  Agofto  de  1678.  Foy  infi- 
gne  Poeta  cujas  obras  métricas  admirarão  as 
Academias  do  feu  tempo,  das  quaes  fe  podiaõ 
formar  hum  volume  de  juíla  grandeza,  e  fo- 
mente fahio  no  Tomo  5.  da  Feniv^  renacida,  ou 
obras  Poéticas  dos  melhores  engenhos  Portuguesas. 
Lisboa  por  António  Pedrozo  Galraõ  1728.  8. 
defde  pag.  348.  atè  385.  os  verfos  feguintes 


L  USITANA. 


201 


Introdução  Académica  quando  foy  Prejidente. 
He  Romance 

A.0S  annos  de  Ri/y  Fernandes  de  Almada.  Ro- 
mance 

A  certo  Conde,  que  naõ  acabava  de  dar 
huma   volta,    que   Ibe  prometera.     Redondilhas 

A  una  fuente  en  que  fe  via  una  Dama.  De- 
cimas 

1m  Segadora.  Decimas 

Affeãos  de  Amor.  Lyras 

Introdução  Académica  prefidindo  em  dia  de 
Ejttrudo.   Romance 

Como  a  taõ  grande  profeíTor  da  Poé- 
tica lhe  dedicou  o  Capitão  D.  Miguel  de 
Barrios  o  feu  Coro  de  las  Nbifas  impreflb 
em  Burfellas  1672,  12.  onde  fe  vè  primo- 
rofamente  aberto  o  feu  Retrato,  e  na  parte 
inferior  com  eílas  duas  engenhofas  empre- 
zas.  Coníla  a  primeira  de  huma  vcnò  que 
fuftenta  o  Caduceo  de  Mercúrio  em  que 
allude  às  fuás  Embaxadas  com  a  letra  Quò 
juffa  Tonantis.  Na  fegunda  eftà  a  Lyra  de 
Apollo  enlaçada  com  huma  trombeta  com 
a  letra  Ex  utraque  Meios  em  que  allude  ao 
feu  appeUido  fer  igualmente  perito  na  ef- 
cola  de  Marte  como  em  a  de  Apollo.  D. 
Francifco  Manoel  de  Mello  nas  Obras  Mé- 
tricas Samfonha  de  Euterpe  lhe  efcreve  a  Carta 
II.  e  na  Viola  de  Talia  na  Oraçaõ  Acadé- 
mica em  que  foy  Prefidente  fallando  delle 
o  elogia  com  eíles  termos 

Pois  que  direy  de  hum  Mello 
Que  trás  a  melodia  em  paralello 
Porque  fegundo  a  grega  Analogia 
Dijfe,  quam  dico  Meios,  Melodia. 

Fr.  FRANCISCO  DE  MELLO  natural 
de  Lisboa  filho  de  Luiz  de  Mello,  e 
Izabel  de  Andrade  profeíTou  o  fagrado  inf- 
rituto  da  Ordem  dos  Pregadores  no  Real 
Convento  de  Bemfica  a  30.  de  Mayo  de 
1699.  onde  fe  applicou  com  tal  difvelo  às 
fciencias  dignas  de  hum  perfeito  Regular, 
que  depois  de  as  eníinar  aos  feus  domef- 
ticos  mereceo  alcançar  o  grào  de  Bacharel 
em  a  Sagrada  Theologia  em  a  Univerfidade 
Conimbricenfe.  Naõ  fomente  he  verfado  na 
Theologia  Efcolaílica  como  em  a  Moral  de 
cuja    Faculdade    leo    huma    Cadeira    em    a 


Cathedral  do  Porto  donde  paíTou  a  fer 
Confultor  da  Bulia  da  Cnizada.  Os  applau- 
fos  que  confeguio  como  Meífare  faõ  iguais 
aos  que  pelo  feu  talento  tem  alcançado 
como  Pregador  de  que  faõ  fieis  teftemunhas 
as   feguintes   obras 

Sermão  hijlorico,  e  Panegyrico  do  Doutor  An- 
gélico Santo  Tòomaz  de  Aquino  pregado  no 
Convento  do  Porto  a  f.  de  Março  de  1725. 
Lisboa  por  António  Pedrozo  Galraõ.  1725.  4. 

Sermão  Genealógico  Hijlorico,  e  Panegyrico 
de  S.  Domingos  de  GufmaÕ  Fundador  da  Or- 
dem dos  Pregadores  pregado  em  o  Convento  do 
Porto  a  4.  de  Agojlo  de  1728.  Lisboa  pelo 
dito  Impreílor.    1729.  4. 

FRANCISCO  DE  MELLO,  E  CAS- 
TRO Comendador  da  Alcaydaria  Ruyva 
da  Ordem  de  S.  Tiago.  Naceo  na  Villa 
de  Collares  diílante  dnco  legoas  de  Lis- 
boa, Solar  da  fua  Caza  onde  teve  por 
Pays  a  António  de  Mello  e  Caftro,  Ca- 
pitão mòr  das  Nàos  da  índia,  e  Com- 
mendador  de  Fornellos,  e  D.  Mecia  da 
Sylveira  filha  de  Belchior  Serraõ,  e  Ca- 
therina  Pereira.  Foy  ornado  de  agudo 
talento  para  as  letras,  e  de  valor  in- 
trépido para  as  armas  de  que  foraõ  thea- 
tros  Afia,  e  America  triunfando  dos  inimi- 
gos do  Eiiado  com  prudente  aíhicia  quando 
era  Almirante  da  Armada  Real,  e  deftniin- 
do  aos  Olandezes  na  occafiaõ  em  que  como 
hum  dos  mais  celebres  Aventureiros  paf- 
fou  a  libertar  a  Bahia  no  anno  de  1624. 
em  cujas  heróicas  emprezas  alcançou  eterna 
fama  o  feu  nome.  Foy  excellente  Poeta 
cujos  verfos,  ou  foíTem  ferios,  ou  jocozos 
eraõ  univerfalmente  applaudidos  pela  na- 
tural cadencia,  e  fumma  elegância  da  fua 
Mufa.  Cazou  com  D.  Angela  de  Men- 
doça  filha  de  Fernaõ  de  Mendoça,  e  D. 
Mariana  de  Noronha  de  quem  teve  a  An- 
tónio de  Mello  de  Caftro  ViceRey  do  Ef- 
tado  da  índia.    Compoz 

Novella  intitulada  Bri:(ida  Nogueira.  Co- 
meça. D.  Francifco  filho  de  D.  Isabel.  Acaba. 
E  depois  morreo  na  China.  M.  S. 

Fabula  do  BJo  das  Maçans.  Confta  de  6y. 
Outavas.   Começa 

Uvre  de  tanto  trafego,  e  negocio.    Acaba, 


202 


BIBLIO THE  CA 


Mas  sempre  teve  tudo  por  mentira. 
Faz  mençaõ  defte  Fidalgo  o  P.  António  Car- 
valho da  Q)fl:a  Corog.  Portng.  Tom.  3.  Trat.  i. 
cap.  15. 


FRANCISCO  DE  MELLO,  E  TORRES 
naceo  em  Lisboa  fendo  feus  Progenitores 
Garcia  de  Mello,  e  Torres  Cavalleiro  da 
Ordem  de  Chriílo,  Capitão  de  Sofala  do 
Confelho  delRey,  Vedor  da  Fazenda  da  ín- 
dia, e  a  D.  Margarida  de  Caftro  fua  fegun- 
da  mulher  filha  de  Henrique  Corrêa  da  Syl- 
va  Alcayde  mór  de  Terena.  A  natureza  o 
dotou  na  adolefcencia  de  tantos  dotes,  que 
podiaõ  fervir  de  gloriofo  ornato  aos  annos 
mais  provemos  diílinguindo-fe  pela  viveza  do 
engenho,  e  comprehenfaõ  do  juizo,  dos 
mayores  talentos,  que  floreciaõ  no  feu  tem- 
po. Depois  de  eílar  inftruido  em  a  lingua 
Latina,  e  letras  humanas  aprendeo  no  Col- 
legio  dos  Padres  Jefuitas  a  faculdade  da 
Mathematica  em  que  fahio  profundamente 
perito.  O  amor  da  Pátria  o  obrigou  a  an- 
tepor o  eftrondo  das  armas  ao  odo  dos  ef- 
tudos  obrando  heróicas  proezas,  quando 
occupou  os  poílos  de  Meílre  de  Campo, 
Governador  da  Praça  de  Olivença,  e  Ge- 
neral da  Artilharia.  Naõ  foy  menos  a£Hvo 
o  feu  talento  no  Gabinete,  que  na  Campa- 
nha refultando  a  efta  Coroa  os  mayores  in- 
tereíTes  alcançados  pela  prudente  direção  da 
fua  grande  Politica.  Com  o  Carafter  de  Em- 
baxador  entrou  a  10.  de  Setembro  de  1657. 
em  a  Corte  de  Londres  onde  confirmou 
com  Richardo  Cromuel  venerado  Proteftor 
daquelle  Reyno  os  Capítulos  da  Paz  eíli- 
pulada  com  o  Camareiro  mòr  Joaõ  Rodri- 
gues de  Sà,  e  confeguio  outras  negociaçoens 
de  que  dependia  a  confervaçaõ  defta  Mo- 
narchia.  Segunda  vez  paíTou  a  Inglaterra 
no  anno  de  1661.  com  o  titulo  de  Conde 
da  Ponte  para  ajuftar  o  cazamento  da  Se- 
rcni/fima  Infanta  D.  Catherina  filha  delRey 
D.  Joaõ  o  rV.  com  Carlos  II.  c  ainda  que 
contra  eíle  auguílo  conforcio  fe  armou  a 
politica  dos  Miniílros  Caftelhanos,  glorio- 
famentc  triunfou  de  todos  os  obftaculos 
conduzindo  cm  o  anno  de  1662,  com  o 
titulo  de  Marquez  de  Sande  a  efta  Princeza 


de  Lisboa  atè  à  Corte  de  Londres  onde  me- 
receo  os  applaufos  de  confumado  Politico. 
Naõ  foraõ  menores  as  acclamaçoens,  que 
confegxiio  o  feu  nome  quando  fendo  Em- 
baixador à  Mageftade  Chriftianiffima  de  Luiz 
o  Grande  concluio  no  anno  de  1666.  os 
defpoforios  delRey  D.  AfFonfo  VI.  com 
a  Princeza  de  Nemurs  D.  Maria  Francif- 
ca  Izabel  de  Saboya.  Foy  Alcayde  mòr 
de  Terena,  Comendador  das  Comendas  de 
Santa  Maria  de  Monte  mòr  o  novo,  S. 
Martinho  de  Frexedas,  S.  Tiago  de  Grilho, 
S.  Salvador  de  Fornellos,  e  S.  Miguel  de 
Fornos  da  Ordem  de  Chrifto,  c  Confelheiro 
de  Eftado,  e  Guerra.  Cazou  com  D.  Leo- 
nor Manrique  fua  Sobrinha  filha  herdeira 
de  Aifonfo  de  Torres  Comendador  de  Mon- 
te mòr  o  novo,  e  de  D.  Violante  de  Men- 
doça  filha  de  Ayres  de  Souza  de  Caftro  Co- 
mendador de  Alcáçova  de  Santarém  de 
quem  teve  a  Garcia  de  Mello  fegundo  Con- 
de da  Ponte,  e  a  D.  Magdalena  de  Mendoça 
que  cazou  com  Luiz  de  Saldanha  Senhor 
da  Villa  de  Aflequins  Comendador  de  Sal- 
vaterra, Governador,  e  Capitão  General  de 
Mazagaõ  de  quem  teve  numerofa  defcen- 
dencia.  Em  a  noute  de  7.  de  Dezembro 
de  1667.  recolhendo-fe  da  Capella  Real  para 
fua  caza  foy  morto  por  engano,  digno  cer- 
tamente pela  fua  prudência  erudição,  e 
Chriftandade  de  fim  mais  gloriofo.  O  feu 
nome  celebraõ  vários  Efcritores,  como  faõ 
D.  Luiz  de  Menezes  Portug.  Kejl.  Tom.  2. 
liv.  2.  p.  76.  liv.  4.  pag.  269.  liv.  5.  pag. 
302.  liv.  6.  pag.  362.  e  liv.  7.  pag.  464. 
P.  Emman.  Lud.  Vit.  Princip.  Theod.  liv.  3. 
§.  92.  Viro  acerrimi  judicii,  mui  tis  que  aliis  no- 
minibus  commendahilis  ex  privata  eruditione 
puhlicijque  legationihus  rite  obitis  longum  ma^a- 
rum  rerum  u/um,  ^  illujlrium  perjonarum  ma- 
ximam  notitiam  adepto.  Catafirophe  de  Portvg. 
p.  217.  O  Marquei^  de  Sande  obrigado  do  bem 
comum  do  amor  da  Pátria,  da  authoridade  dos 
Príncipes  a  quem  havia  fervido  na  pan^  e  na 
guerra,  no  mar,  e  na  terra  dentro,  e  fora  do 
Reyno  com  a  efpada,  com  o  fan^,  com  a  pen- 
na,  com  o  jui^o.  Salazar  Hifl.  Geneal.  de  la  Caf. 
de  Sylv.  liv.  9.  cap.  26.  Souza  Hifl.  Geneal.  da 
Caf.  Real  Portug.  Tom.  7.  liv.  7.  cap.  4.  c 
Tom.  10.  livr.  10.  cap.  4.  pag.  580.    Hum  dos 


L  USITANA. 


2o3 


mayores  Miniftros  que  vio  no  feu  tempo.  Ef- 
creveo 

Introdução  Geo^afica  3.  Tom.  O  i.  con- 
tem  a  effencia  da  Esfera.  O  z.  os  princípios 
Geo^aficos.  O  3.  Quejloens  Geográficas  com  hum 
compendio  'Síathematico.  Dedicado  a  D.  Fran- 
djco  "Barreto  Bifpo  do  Algarve  em  o  anno  de 
1638.  4.  M.   S. 

Aftronomia  moderna  efcrita  em  o  anno  de 
1637.   M.    S.   foi. 

Summa  Politica  tirada  de  vários  Authores, 
e  dedicada  ao   Príncipe  D.  Filippe.   8. 

Negociaçoens  das  fuás  Embaxadas.  foi.  8. 
Tom.  Efta  colleçaõ  he  digna  de  grande  ef- 
timaçaõ  pelia  ordem  com  que  eílá  difpofta, 
fendo  julgada  pela  melhor  que  fe  tem  feito 
neíle  género.  Todas  eílas  obras  fe  confer- 
vaõ  na  Livraria  de  feu  Neto  António  Jozè 
de  Mello,  e  Torres  3.  Conde  da  Ponte. 

Das  Cartas  que  efcreveo  de  Inglaterra  à 
cerca  do  Cazamento  da  Raynha  D.  Cathe- 
rina  fe  comp02. 

Re/açaÕ  da  forma  com  que  a  Magejiade  dei- 
Key  de  Gram-Bertanha  manifejlou  a  feus  Rjey- 
nos  tinha  ajuflado  o  feu  casamento  com  a  Sere- 
nijfima  Infanta  de  Portugal  a  Senhora  D.  Ca- 
íherina.  Lisboa  na  Officina  Craesbeeckiana. 
1661.  4. 

D.  FRANCISCO  DE  MENDANHA  na- 

ceo  no  lugar  de  Taverede  junto  da  foz  do 
rio  Mondego  em  a  Provinda  da  Beyra 
fendo  filho  de  Joaõ  de  Mendanha,  e  Izabel 
de  Azambuja  ambos  da  mais  qualificada  no- 
breza de  Coimbra,  os  quaes  o  mandarão 
«ducar  em  caza  de  feu  Avò  paterno  Fran- 
cifco  de  Mendanha  aíTiftente  naquella  Cidade 
«m  cujo  obfequio  lhe  foy  impoílo  o  nome 
de  Francifco  em  o  bautifmo,  que  conhe- 
cendo a  boa  Índole  que  o  Neto  tinha  para 
as  letras,  refolveo  foíTe  eftudar  à  Univerfi- 
dade  de  Pariz  onde  fahio  eminente  em  Fi- 
lofofia,  Theologia,  e  Direito  Pontificio  em 
cuja  Faculdade  fe  graduou  alem  da  noticia 
das  línguas  Franceza,  e  Italiana,  que  fal- 
lava,  e  efcrevia  como  a  materna.  Refti- 
tuido  à  pátria  como  tiveííe  feu  Avó  paíTado  a 
melhor  vida  defenganado  dos  applaufos,  que 
lhe  podiaõ  adquirir  as  fuás  grandes  letras  rece- 
beo  o  Canónico  Habito  de  Santo  Agoftinho  no 


Real  Convento  de  Santa  Cruz  a  18.  de  Ja- 
neiro de  1528.  e  tanto  fe  diftinguio  na  exac- 
ta obfervancia  do  feu  inftituto,  que  o  achou 
digno  Fr.  Braz  de  Barros  Reformador  da 
Congregação  dos  Cónegos  Regulares  para 
que  foíTe  introdufir  a  Reforma  em  o  Con- 
vento Real  de  S.  Vicente  de  fora  de  Lisboa 
no  anno  de  1537.  onde  foy  eleyto  Prior 
trienal  defta  magnifica  Caza  com  beneplácito 
do  Prior  mòr  D.  Fernando  de  Vafconcellos, 
e  Menezes  Bifpo  de  Lamego,  que  nelle  lar- 
gou o  governo.  No  Capitulo  Geral  celebra- 
do em  o  anno  de  15  51.  fahio  eleyto  Prior 
Geral,  e  nefte  anno  aíTiílio  como  Cancellario 
da  Univerfidade  de  Coimbra  a  o  plauzivel 
aâo  de  Meftre  em  Artes,  que  recebeo  o 
Senhor  D.  António  filho  do  SereniíTimo  In- 
fante D.  Luiz.  Segunda  vez  fubio  ao  lugar 
de  Prior  Geral  fendo  eleyto  a  7.  de  No- 
vembro de  1555.  em  cujo  governo  alcan- 
çou infignes  privilégios  da  Sè  Apoílolica 
para  a  fua  Congregação.  Querendo  fatisfa- 
zer  aos  dezejos  do  Summo  Pontífice  Pau- 
lo III.  compoz  na  língua  Italiana,  e  a  de- 
dicou ao  EminendíTimo  António  Puccio  Cár- 
dia! Presbytero  do  Título  dos  Santos  Qua- 
tro coroados  Proteélor  da  Congregação  de 
Santa  Cruz 

Defcripçao  do  Convento  de  Santa  Cru^. 
Efta  obra  foy  tradufida  por  ordem  delRey 
D.  Joaõ  o  III.  na  língua  Portugueza  por  D. 
VeriíTimo  Cónego  da  mefma  Congregação,  e 
a  mandou  imprimir  o  mefmo  Príncipe  em 
Coimbra  no  anno  de  1540.  D.  Nicoláo  de 
Santa  Maria  Chron.  dos  Coneg.  Reg.  Uv.  7. 
cap.  22.  §.  I.  lhe  chama  ao  Author  Varaõ 
de  grandes  letras,  e  muy  verfado  na  lingua  Ita- 
liana, e  Romana,  e  liv.  10.  cap.  i.  §.  2.  Varaõ 
muy  douto,  e  de  vida  muito  exemplar. 

FRANCISCO  MENDES  DE  VASCON- 
CELLOS  ínfigne  Poeta,  que  floreceo  no  Rey- 
nado  delRey  D.  Manoel  de  cujas  obras  fe  lè 
alguma  parte  no  Cãcioneiro  Geral  de  Garcia  de 
Refende.  Lisboa  por  Hernando  de  Campos. 
15 16.  foi.  a  foi.  197. 

P.  FRANCISCO  DE  MENDOÇA  cha- 
mado no  Século  D.  Francifco  da  Cof- 
ta     naceo     em     Lisboa     onde     foraõ     feus 


204 


BIB  LIO  THE  CA 


Progenitores  D.  Álvaro  da  G^fta  Amieiro 
mòr  delRey  D.  Sebaíliaõ,  e  D.  Leonor  de 
Sou2a  filha  de  Fernaõ  Alvares  de  Souza 
Senhor  da  Labruja,  e  D.  Brites  de  Souza. 
Applicou-fe  ao  eíhido  das  letras  humanas 
em  o  CoUegio  pátrio  de  Santo  Antaõ,  e 
tal  foy  o  afeélo  que  concebeo  ao  Inítítuto 
dos  Padres  Jefuitas  de  quem  recebia  a  dou- 
trina, que  para  confeguir  o  intento  de  fer 
feu  companheiro  ao  qual  fortemente  fe 
oppunha  feu  irmão  D.  Duarte  da  Q)fta,  fe 
lançou  de  huma  janella  da  caza  em  que 
eftava  reduzo,  e  fugio  furtivamente  para  o 
Q)llegio  de  Santo  Antaõ  donde  foy  receber 
a  Roupeta  em  o  de  Coimbra  a  28.  de  Ju- 
lho de  1587.  quando  contava  quatorze  an- 
nos  de  idade.  Como  era  dotado  de  agudo 
engenho,  penetrante  comprehenfaõ,  e  feliz 
memoria  fahio  elegante  Poeta,  eloquente 
Orador,  profundo  Theologo,  infigne  Efcri- 
turario,  e  hum  dos  mais  celebres  Declama- 
dores Evangélicos  do  feu  tempo.  Enfinou 
com  applaufo  pelo  efpaço  de  fete  annos 
letras  humanas  nos  Collegios  de  Lisboa,  e 
Coimbra  onde  também  diílou  Filofofia.  Em 
a  Univerfidade  de  Évora  recebeo  as  iníi- 
gnias  doutoraes  da  Theologia  a  10.  de 
Mayo  de  1607.  fendo  feu  padrinho  D.  An- 
tónio de  Menezes  Senhor  de  Alconchel  ma- 
rido de  D.  Cecilia  de  Mendoça,  fua  parenta, 
em  cujo  obfequio  mudou  o  apellido  de  Cof- 
ta,  em  Mendoça.  Neíla  famofa  Academia 
foy  Lente  da  Sagrada  Efcritura  em  cujo  ma- 
giílerio  defcubrio  as  vaílas  noticias,  que  com 
indefeíTo  eíhido  tinha  alcançado  das  letras 
Sagradas.  Governou  os  Collegios  de  Coim- 
bra, e  Évora  com  fumma  prudência  pela 
qual  foy  eleyto  no  anno  de  1625.  Procura- 
dor Geral  defta  Província  à  Corte  de  Roma, 
onde  deixou  immortal  memoria  do  feu  no- 
me affim  pela  eloquente  energia  com  que 
pregava,  como  pela  obfervancia  religiofa  com 
que  fe  fazia  exemplar  dos  feus  companhei- 
ros afirmando  o  Geral  Mucio  Vitelefchi  que 
era  igualmente  infigne  na  efpeculaçaõ  das 
fciencias,  como  na  praéUca  das  virtudes. 
Acompanhado  do  P.  Francifco  Freyre  par- 
tio  de  Roma,  e  depois  de  vifitar  com  ter- 
niíTima  piedade  o  San£hiario  da  Caza  do 
Loreto,    atraveíTados    os    Alpes    entrou    em 


Leaõ  de  França,  onde  recolhido  ao  CoIIe- 
gio  da  SantiíTima  Trindade  dos  Padres  Je- 
fuitas enfermou  taõ  gravemete,  que  fendo 
inúteis  todos  os  remédios  applicados  pela 
medicina  pedio  o  Sagrado  Viatico  que  re- 
cebeo com  exceíTiva  ternura  fora  da  cama 
em  que  jazia  fuftentado  em  os  braços  de 
feus  Irmãos.  Pouco  antes  de  efpirar  pedio 
que  lhe  leíTem  a  Paixão  efcrita  por  S.  Joaò 
mandando  fufpender  a  liçaõ  em  alguns  paf- 
fos  que  attento  contemplava,  e  compungido 
refle£tía  atè  que  o  feu  innocente  efpirito  fe 
dezatou  da  prizaõ  do  corpo  para  gozar  da 
pátria  celefte  a  3.  de  Junho  de  1626.  Foy 
univerfalmente  fentida  a  fua  morte  a  cujo 
fimeral  concorreo  obfequiofa  a  Cidade,  e 
Univerfidade  de  Leaõ  beijando-lhe  a  mão, 
e  levando  parte  das  fuás  alfayas  em  final 
do  refpeito  devido  à  fua  memoria.  O  Ca- 
dáver eílava  cuberto  de  flores  como  fym- 
bolos  das  religiofas  virtudes,  que  vigilan- 
temente cultivara.  Para  fe  gravar  fobre  a 
fua  fepultura  efcreveo  a  elevada  Mufa  do 
P.  Francifco  de  Macedo  o  feguinte  Epi- 
táfio. 

Sijle  hofpes.    Jacet  bic  Mendoça.    Quis  ilW^ 

requiris 
Accipe.     Erit  mercês  hac  fatís  ampla  mora. 
Hic  pátria  Lm/us.     Genus  alta  è  jiirpe.  La- 
tino 
TnIHms  eloqtáo.    Carmine  Virgtlius. 
Vifus  Arijloíeles  Sophia.     Documenta   falu- 

tis 
Dum   dedit   Os  aureum   diãus,    ^   Amhro- 

fius. 
Scriptura  Hieronymus.     Pajlor  bónus  arte  re- 

gendi 
Doãrina  quantus  haurea  parta  docet. 
EJ  pius  in  fuperos,  cS?*  morihus  integer.    Idem- 

que 
His  titulis  tantus,  Jpe  quoque  maior  erat. 
Ex  illo  Regum  monumenta,  <&  Eama  Juper- 

funt. 
Praterea  Cinis  eft,  €>*  dolor  beu\  Pátria. 

Foy  taõ  illuftre  em  a  nobreza  do  fan- 
gue  como  infigne  no  abatimento  da  pef- 
foa  aborrecendo  com  exceíTo  toda  a  prac- 
tica  em  que  fe  fallava  do  explcndor  da 
fua     origem,     e     unicamente     eílimando     o 


L  US  ITANA. 


2o5 


exercido  dos  Officios  mais  humildes  da 
Comunidade.  Obfervava  taõ  exaâamente 
as  regras  do  feu  Inllituto,  que  nunca 
violou  a  menor  circunílancia  dos  feus  pre- 
ceitos. Tinha  por  delicia  o  obedecer,  e 
por  tormento  o  mandar.  Igualmente  era 
parco  em  o  comer,  como  em  o  dor- 
mir fervindo-lhe  de  defcanfo  a  continua 
applicaçaõ  ao  eíhido  que  fomente  inter- 
rompia com  os  aftos  de  Religiofo.  To- 
das as  fuás  acçoens  eraõ  reguladas  pela 
modeíHa  com  a  qual  mudamente  emen- 
dava defeitos,  reprehendia  exceíTos.  Ora- 
va com  tanto  fervor,  que  as  lagrimas  que 
derramava©  os  olhos  eraõ  claras  teftemu- 
nhas  do  aétivo  incêndio,  que  lhe  abra- 
sava o  coração.  Quotidianamente  fe  açou- 
tava com  grande  rigor,  e  nunca  pregava, 
<iue  naõ  eítiveíTe  cingido  com  hum  afpero 
cilicio.  Com  eílas  armas  confervou  illefa  a 
flor  da  caílidade,  que  entre  todas  as  vir- 
tudes cultivou  com  mayor  difvelo.  Foy 
-devotiíTimo  da  Virgem  Maria  a  cujo  obfe- 
quio  dedicava  todos  os  dias  vários  gé- 
neros de  afectuofas  devoçoens.  Teve  ani- 
mo heróico  para  intentar  emprezas  árduas, 
génio  afável,  e  urbano  para  atrahir  os  âni- 
mos mais  difcordes.  Ardia  em  taõ  fer- 
vorofo  zelo  da  falvaçaõ  das  almas,  que 
repetidas  vezes  fupplicou  aos  Prelados  o 
mandaíTem  à  índia  para  inftruir  a  gentilidade 
que  eílava  taõ  remota  da  fua  vifta.  Final- 
mente foy  huma  perfeita  imagem  do  ef- 
tado  religiofo,  e  hum  animado  compen- 
dio das  f ciências  fagradas,  e  profanas, 
como  publicarão  diverfas  penas  de  gravif- 
íimos  Efcritores.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  pag.  340.  col.  2.  religiofa  vita, 
multiplicifque  eruditionis,  atque  facúndia  exem- 
plar. Macedo  Propug.  iMJit.  Gallic.  pag. 
III.  clarijfimus  fcripturarum  interpres.  &  pag. 
179.  Vivum  Sacrarum  Utterarum  Oraculum, 
€  na  Philip.  Portug.  cap.  21.  pag.  210, 
^an  Maejtro  de  Efcrituras.  Zuleta  ad  Com- 
mmt.  'Epift.  D.  Jacob,  ad  cap.  2.  vir  ma- 
ximus.  Cardozo  Agiol.  L.ujit.  Tom.  i.  pag. 
-273.  no  Comment.  de  27.  de  Janeir.  Letr. 
I.  infiffie  Padre.  Uluíbiffimo  Barzia  Def- 
pertad.  Chrifiian.  Tom.  i.  Introd.  Exhortat. 
cap .    6.    §.    8.    n.    182.    Aquel  admirable 


expositor  dei  libro  i.  de  los  Ktys.  Gafpar 
dos  Reys  Franco  Camp.  Elys.  Quafi.  58. 
n.  12.  doãrina,  ó"  virtute  praclarus,  <&  eru- 
ditione  injignis,  e  quasíl.  38.  n.  48.  dotijft- 
mus.  Souza  Hifi.  de  S.  Domingos  da  Prov. 
de  Portug.  Part.  i.  liv.  6.  cap.  19.  dou- 
tijfimo  Fr.  Joaõ  Lahaye  na  impreíTaõ  das 
obras  de  Santo  António  imprimio  huma 
Oraçaõ  do  P.  Mendoça  em  louvor  defte 
Thaumaturgo  Portuguez,  o  intitula  Doão- 
rem  Theologum  infixem.  Joaõ  Pinto  Ribeiro 
iMJlr.  ao  Det^emb.  do  Paço  cap.  5.  n.  62. 
lllufire  filho  de  Santo  lotado.  D.  Fr.  Thom. 
de  Faria.  Decad.  i.  lib.  9.  cap.  9.  tum 
oh  virtutum  ornamenta^  tum  ob  Utterarum 
eximiam  cognitionem,  tum  denique  ob  illufirem 
fcribendi  methodum.  Macedo  Eua,  e  Aue. 
Part.  I.  cap.  39.  n.  4.  doutijjimo.  D. 
Lourenço  Gracian  Arte  de  Ingen.  Difc. 
49.  el  Commentador  de  los  P^s  y  el  P>jBy 
de  los  Commentadores,  e  Difc.  45.  el  grave, 
el  doão,  y  fubtil  en  Jus  eruditos  Commen- 
tarios  de  los  Reyes.  Pinto  Ramires  Com- 
ment. in  Cant.  Cantic.  Tropolog.  lib.  3. 
cap.  I.  V.  14.  Societatis  nofira  columen,  e 
no  Specileg.  Sacr.  Traét  i.  cap.  7.  in  omni 
litteratura  Summum  Virum.  Francifco  de  Sant. 
Mar.  Chron.  dos  Coneg.  Secul.  liv.  liv.  i.  cap. 
37.  chamado  o  Chrijofiomo  da  Companhia,  e 
ainda  com  mais  ret^aõ  o  Expot(itor  dos  Reys, 
e  o  Rey  dos  Expositores.  Joan.  Soar.  de  Brito 
Theat.  Eufitan.  Lâtter.  lit.  F.  n.  56.  Sa- 
crarum Utterarum  Conimbrica,  <&  Ehora 
muitos  annos  cum  celebritate  profejjor  fuit, 
fed  vita  Sanãimonia,  animi  finceritate,  morum- 
que  candore  multo  celebrior  Franc.  de  Fran- 
cisc.  Dijfert.  Philolog.  de  Franc.  Utterat. 
Seft.  3.  n.  20.  Poética  (&  Rhetorica  cul- 
tura florentijftmum  doãa  ejus  manu  conditum, 
confitumque  viridarium  facra,  (ò"  prophana  eru- 
ditionis. Bib.  Societ.  pag.  237.  col.  i.  no- 
bilitate  generis,  omnigena  litteratura,  morum, 
vitaque  innocentia  fummis  viris  par.  D.  Franc. 
Manoel  Carta  dos  Auth.  Portug.  illufires  em 
Jangue,  letras,  e  virtudes.  Marrac.  Bib.  Ma- 
riana. Part.  I.  pag.  423.  divina,  buma- 
naque  fapienfia  fupra  hominem  peritus.  Fran- 
co Imag.  da  Virtude  em  o  Nov.  de 
Coimbra.  Tom.  i.  Uv.  2.  cap.  83.  fa- 
pientijjimo   Doutor,   e    no    Tom.    2.  pag.  617. 


20Ó 


BIB  LIOTHE  CA 


Homem  em  tudo  grande,  e  no  Ann.  Glor. 
S.  J.  in  ImJíí.  pag.  305.  in  jludendo  vir 
fuit  omnino  indejeffus.  &  in  Annal.  S.  J. 
in  l^ijít.  pag.  245.  Jpkndidijfwmm  non  Jo- 
lum  hujus  Provinda,  fed  etiam  totius  So- 
cntatís  lúmen.  Fonfeca  Ejvor.  Glorio/,  pag. 
430.  Jlluftrijfimo  no  fangue,  e  mais  nas  vir- 
tudes, e  letras.  Jacob.  Lelong.  Bib.  Sacra 
pag.  mihi  858.  col.  i.  P.  António  dos 
Reys    Enthus.    Poet.    n.    225. 

Stat  Juper  elatus  folio  Mendocius  ille 

Quem    Lyjia    Matri  raptum  dedit  Ímproba 

Ceitis 
Mors:  focii  lacrymis  irrorant  grandibus  ora 
Ijugdtmumque    vocant    defunãi    corpore  felix 
Ter  quater,  (&  Nymphas  Khodani  de  gurgite 

quifque 
A-dmonet  excitas,  ut  curvo  in  littore  magnis 
Pro    meritis    tumulum    confpergant  floribus. 

Compoz 

Cõmentariorum,  ac  dijcurfuum  moralium  in 
Kegum  libros  Tomi  três  varia,  ac  jucunda 
eruditione,  nec  non  difcurjibus  moralibus  ad  om- 
nem  concionum  materiam  utilijfimis  luculenter 
injiruãi.  Tom.  i.  Conimbriae  apud  Dida- 
cum  Gomez  de  Loureiro  Acad.  Tjrp.  1621. 
foi.  Lugduni  apud  Jacobum  Cardon  1622. 
foi.  Colónias  apud  Petrum  Henningium  1634. 
foi.  Lugduni  Sumptibus  Gabriel  BoiíTat,  & 
Sociorum  1636.  foi. 

Commentarior .  (ò^c.  Tom.  2.  UlyíTipone 
apud  Petrum  Craesbeeck.  1624.  foi.  Lug- 
duni apud  Jacobum  Cardon.  1625.  foi.  Colo- 
niac  apud  Petrum  Henningium  1634.  foi. 
&  Lugd.  apud  Gabrielem  BoiíTat,  et  foc. 
1637.  foi. 

Commentariorum,  (ó^c.  Tom.  3.  Lugduni 
apud  Jacobum  Cardon  1631.  foi.  Colo- 
niac  apud  Petrum  Henningium  1633.  foi, 
&  Lugduni  Sumptibus  Gabrielis  Boiffat 
&  Socior.   1637.  foi. 

Viridarium  Sacra  ^  prophana  eruditio- 
nis.  Lugduni  apud  Jacobum  Cardon  1632. 
foi.  Colónia:  apud  Petrum  Henningium  1633. 
foL  &  ibi  1650.  8.  Lugduni  apud  Lau- 
rcntium  Aniflbn  1645.  &  ibi  per  eum- 
dcm  Typog.  1649.  Coloniac  Agrippinae  apud 
viduam  Joannis   Schlcbufch.      1733.   8. 


Primeira  Parte  dos  Sermoens.  Nella  fe  con- 
tem os  Sermoens  dos  Santos,  Tempos  do  Adven- 
to, Qítarejma,  e  outras  Domingas  do  anno,  e  da 
Santa  Cruzada.  Lisboa  por  Mathias  Rodri- 
gues   1632.    foi. 

Segunda  Parte  dos  Sermoens.  Contem  os  Ser- 
moens da  Eucharijlia,  da  Virgem  Mây  de  Deos, 
dos  Patriarchas  das  Keligioens,  e  outros  muito 
Santos,  e  Santas,  dos  Defuntos  e  outros  vários. 
Lisboa  por  Lourenço  de  Anvers.  1649.  foi, 

Eftes  dous  Volumes  fahiraõ  traduzidos 
em  Caílelhano  por  Fr.  Francifco  Palau  da 
Ordem  dos  Pregadores.  Barcelona  por  Pedro 
de  la  Cavalleria  1636.  4, 

Sermão  em  huma  ff^ande  Seca  em  Évo- 
ra no  Collegio  da  Companhia,  e  patente  o 
Sanãuario  das  Sacadas  Keliquias  na  Domin- 
ga da  Pajchoela  em  29.  de  Abril  de  161 2. 
Évora  por  Francifco   Simoens   161 2.   4. 

Sermão  na  Solemne  ProciffaÕ,  que  ordenou 
a  Univerfidade  de  Évora  pelo  Jacrilego  roubo  do 
Santijfimo  Sacramento  na  Cidade  do  Porto  em  9. 
de  May  o  de  1614.  Évora  pelo  dito  Imprcflbr 
1614.  4. 

Sermão  no  Auto  publico  da  Fè  que  Je 
celebrou  na  Praça  da  Cidade  de  Évora  em 
8.  de  Junho  de  1616.  Évora  pelo  dito  Im- 
preíTor.    161 6.  4. 

Sermão  do  Aão  da  Fè  em  Coimbra  a 
25.  de  Novembro  de  161 8.  Coimbra  por 
Diogo  Gomez  de  Loureiro  161 9.  4.  e  Lis- 
boa por  Pedro  Crasbeeck.   1619. 

Sermoens  de  S.  SebaftiaÕ,  e  do  B.  Ltd^ 
Gonzaga,  que  fahiraõ  impreflbs  na  primei- 
ra Parte  dos  feus  Sermoens  os  traduzio 
em  Caftelhano  o  Doutor  Eftevaõ  de  Agui- 
lar,  e  Zuniga,  e  fe  publicarão  no  2.  To- 
mo da  Laurea  Portugue:(a.  Madrid  por  An- 
tónio Garcia  de  la  Jglcíia.   1679.  4. 

Praãicas  domejlicas.  Efte  tomo  Aí.  S. 
fe  conferva  na  Caza  Profefla  de  S.  Ro- 
que onde  o  vio  o  Padre  António  Fran- 
co como  efcreve  no  2.  Tom.  da  Imag. 
da  Virtud.  em  o  Nov.  de  Coimb.  pag. 
617. 

Commentaria  in  Genefim.   3.   Tom.  foi. 

De  Keffilis  Sacra  Scriptura.  foi. 

Eftas  obras  fe  guardaõ  Aí.  S.  com  gran- 
de eíUmaçaõ  em  o  Collegio  de  Évora  dos 
PP.  Jcfuitas. 


L  USITAN A. 


207 


Fr.  FRANaSCO  DE  AÍENESES  ReU- 
giofo  ProfeíTo  da  Seráfica  Ordem  dos  Me- 
nores onde  fe  diftinguio  entre  os  feus  do- 
mefticos  em  a  profunda  noticia  das  letras 
humanas,  principalmente  dos  preceitos  da 
Gramática  Latina  efcrevendo  com  grande  eru- 
dição, e  naõ  menor  clareza. 

Difficilium  accenttmm  compendium.  Parifiis 
apud  Stephanum  Robertum.  1527.  8. 

Defta  obra  como  do  feu  Author  fa- 
zem memoria  o  Padre  Filippe  Labe  Je- 
fuita  in  Leãore  erudito  ad  Menfam,  Wa- 
dingo  do  Script.  Ord.  Min.  pag.  125.  col. 
I.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag. 
342.  col.  2.  e  Martin.  Lipen.  Bib.  Rea- 
Jis  Philofoph.   Tom.    i.   pàg.   7.   col.    2. 

D.  FRANCISCO  DE  MENESES  natu- 
ral da  Cidade  do  Porto,  e  filho  de  D. 
Fradique  de  Menezes,  e  D.  Izabel  Hen- 
riques filha  de  Femaõ  Nunes  Barreto  Se- 
nhor dos  Coutos  de  Freiris,  e  Penagate, 
e  D.  Maria  Henriques,  e  irmaõ  de  D. 
Affonfo  de  Menezes,  Senhor  da  Ponte  da 
barca,  e  Meílre  Sala  delRey  D.  Joaõ  o 
IV.  Aplicou-fe  na  Univerfidade  de  Coim- 
bra ao  eíhido  da  Sagrada  Theologia  em 
que  tanto  fe  adiantou  o  feu  vivo  enge- 
nho que  recebida  a  borla  Doutoral  em 
taõ  fublime  Faculdade  foy  Conduâario  com 
privilégios  de  Lente  a  21.  de  Outubro 
de  1635.  Depois  de  fer  Cónego  Magiíbral 
da  Sè  de  Évora  de  que  tomou  poíTe  a 
21.  de  Novembro  de  1636.  paíTou  a  fer 
Deputado  da  Junta  dos  Três  Eftados.  Teve 
grande  noticia  das  Famílias  prindpaes  deíle 
Reyno  merecendo  pela  verdade,  e  exa- 
çaõ  com  que  efcreveo  fer  venerado  por 
hum  dos  miUiores  Genealogiílas,  e  como 
tal  o  numera  o  P.  D.  António  Caetano 
de  Souza  Aparat.  ã  Hijl.  Gen.  da  Caf. 
Real  Portug.  pag.  120.  §.  150.  Naõ  teve 
menor  génio  para  o  Púlpito  onde  foy  ouvido 
com  geral  acclamaçaõ  dos  Académicos  de 
Coimbra,  que  igualmente  o  admiravaõ  na 
Cadeira.    Falleceo  no  anno  de  1680.  Publicou 

Sermão  pregado  na  Sè  de  Coimbra  a  },.  de 
Deí^embro  na  felice  acclamaçaõ,  que  o  Cabbido,  e 
Cidade  fi-:(eraõ  a  Sua  Magejiade.  Lisboa  por 
Paulo  Craesbeeck.    1641.  4. 


Nobiliário  das  Familias  de  Portugal  5, 
Tom.  foi.  que  deixou  a  feu  Sobrinho  D. 
Jozè  de  Menezes  Arcebifpo  de  Braga  taõ 
infigne  em  letras,  como  em  virtudes  paf- 
toraes 

Dialogo  entre  D.  André  de  Almada,  e 
D.  Diogo  de  Uma  feu  Sobrinho  à  cerca  do 
modo,  com  que  fe  deve  haver  em  Coimbra 
com  Freiras.  M.  S.  Conferva-fe  na  Bibliothe- 
ca  do  Cardeal  de  Souza. 

FRANQSCO  DE  MESQUITA  Secreta- 
rio do  Senhor  D.  Alexandre  Irmão  do  Se- 
reniflimo  Rey  D.  Joaõ  o  IV.  efcreveo  com 
eftilo   corrente 

Relação  do  cat^amento  do  Serenijftmo  Du- 
que de  Bragança  D.  Joaõ  com  a  Senhora 
D.  Lui^a  Francifca  de  GufmaÕ.  M.  S.  Da 
obra,  e  do  Author  faz  memoria  Joaõ  Fran- 
co Barreto  Bib.  Portug.  M.  S. 

Fr.  FRANQSCO  MEXIA  natural  da  Ci- 
dade de  Elvas  da  Provinda  do  Alentejo,  Re- 
ligiofo  profeíTo  da  Illuftre  Ordem  dos  Pre- 
gadores, e  hum  dos  celebres  Letrados  da 
Efcola  Thomiítica  como  efcreve  Fr.  Pedro 
Monteiro  Claujlr.  Domin.  Tom.  3.  pag.  220. 
Compoz 

Ordo,  (ò"  methodus  partium  Sanai  Tho- 
ma,  €>•  omnium  partium  re/olutio.  UlyíTipone 
apud  Petrum  Craesbeeck.   161 8.  4. 

FRANQSCO  MILLIS  DE  MACEDO 
naceo  em  Lisboa  a  20.  de  Outubro  de 
1650.  onde  teve  por  Pays  a  Luiz  de 
Pina  Caldas,  e  D.  Anna  Maria  Millis  ir- 
mãa  do  Doutor  Joaõ  Millis  de  Macedo 
Dezembargador  da  Cafa  da  Supphcaçaõ, 
e  Enviado  à  Corte  de  Inglaterra.  Haven- 
do aprendido  os  primeiros  rudimentos  na 
Pátria  paíTou  á  Univerfidade  de  Coimbra 
onde  appUcado  ao  eftudo  de  Jurifpruden- 
da  Cefarea  fez  taes  progreUos  o  feu  agu- 
do engenho  que  recebendo  o  grào  de  Ba- 
charel na  melma  Faculdade  fe  reítituhio  à 
Corte,  e  nella  exerdtou  o  offido  de  Pa- 
trono de  Caufas  Forenfes  com  tanto  cre- 
dito, e  applaufo  das  fuás  profundas  letras 
que    ainda    permanece    entre    os    mayores 


208 


BIBL 10  THE  C  A 


Profeflbres  de  hum,  e  outro  Direito  a  me- 
moria do  feu  nome.  Nunca  allegou  Au- 
thor,  que  naõ  fofle  primeiramente  examina- 
do pela  fua  incanfavel  diligencia  verificando 
com  efte  exame  a  re£tidaõ  com  que  uzava 
das  fuás  doutrinas  para  confirmar  as  opi- 
nioens  que  feguia.  Qjmo  era  amante  da 
verdade,  e  inimigo  do  interefle  fempre  pa- 
trocinou os  letigios  em  que  era  manifefta  a 
juftiça.  Foy  ornado  de  natural  brandura,  e 
afabilidade  aíTim  para  as  peíToas  da  primeira 
Jerarchia,  como  da  ínfima  claíTe.  Todos  os 
Domingos  frequentava  o  Sacramento  da  Pe- 
nitencia em  a  Congregação  do  Oratório  fen- 
do direftor  da  fua  conciencia  aquelle  grande 
Meílre  de  efpirito  o  P.  Manoel  Bernardes 
de  quem  fe  fará  larga  memoria  em  feu  lu- 
gar. Cheyo  igualmente  de  virtudes  como  de 
annos  morreo  em  Lisboa  a  24.  de  Dezem- 
bro de  1721.  fendo  fepultado  na  Parochial 
Igreja  de  N.  Senhora  dos  Anjos  a  cujo  Fu- 
neral aíTiftio  a  Nobreza  da  Corte.  Foy 
cazado  com  D.  Jozefa  Maria  de  Maga- 
Ihaens  de  quem  deixou  fucceíTaõ.  Das  mui- 
tas, e  doutas  Allegaçoens,  que  compoz  fo- 
mente fe  fez  publica  a  feguinte 

Allegaçaõ  de  direito  fobre  a  JucceffaÕ  do  Ti- 
tulo, e  EJlado  da  Cat^a  de  Aveiro,  que  vagou 
por  falecimento  da  Rxcellentijfima  Senhora  D. 
Maria  Guadalupe  de  Lancajlro  a  favor  de  D. 
Pedro  de  luincaftro  Conde  de  Villa-Nova,  Co- 
mendador mor  de  Avi^  contra  a  Excellentifftma 
Senhora  Camareira  mor,  e  contra  os  Excellen- 
tijftmos  Senhores  o  Marquez  Mordomo  mòr,  o 
Duque  de  Banhos,  e  D.  Lourenço  de  Lancajro, 
e  bem  ajftm  contra  os  Senhores  Procuradores  da 
Coroa,  e  Fazenda.  Lisboa  por  Jozè  Lopes 
Ferreira  Impreffor  da  SereniíTima  Raynha  1719. 
foi. 

FRANQSCO  DE  MIRANDA  HENRI- 
QUES filho  de  Francifco  de  Miranda  Hen- 
riques Senhor  de  Ferreiros,  e  Tendaes,  e 
de  D.  Violante  Henriques  naceo  em  a  Ci- 
dade de  Lisboa,  e  frequentou  a  Univer- 
fidade  de  Coimbra  onde  graduado  na  Fa- 
culdade de  Direito  Pontificio  occupou  pela 
fua  grande  fciencia,  e  fumma  integridade 
os  lugares  de  Inquifidor  de  Évora,  Depu- 
tado da  Inquifiçaõ  de  Lisboa,  Prior  da  Igre- 


ja de  S.  Martinho  da  mefma  Cidade,  Có- 
nego da  CoUegiada  de  Santarém,  Dezembar- 
gador  do  Paço,  e  Chanceller  mòr  do  Reyno. 
Sendo  eleyto  no  anno  de  1662.  Bifpo  da 
Cidade  de  Vifeu  regeitou  efta  dignidade  co- 
mo fuperior  aos  feus  merecimentos.  Falle- 
ceo  em  Lisboa  a  16.  de  Outubro  de  1678. 
e  jaz  enterrado  na  Igreja  de  S.  Francifco 
da  Cidade.  Deixou  no  feu  Teftamento  de 
que  foy  Teftamenteiro  Garcia  de  Mello  Mon- 
teiro mòr  do  Reyno  hum  grande  legado  à 
Santa  Cafa  da  Mifericordia  em  que  eterni- 
zou a  fua  religiofa  magnificência.  Dellc  fa- 
zem memoria  Fr.  Pedro  Monteiro  Cathal. 
dos  Deput.  de  Lisboa.  §.  87.  e  no  Cathalog. 
dos  Inquifídores  de  Évora.  §.  42.  e  o  P.  Joaõ 
Col.  Cathalog.  dos  Bifp.  de  Vifeu.  Efcreveo 
Vida,  e  morte  da  Madre  Soror  Vio- 
lante de  JESU  Maria  compojla  em  Lisboa 
no  anno  de  1658.  4.  M.  S.  Foy  efta  Reli- 
giofa fobrinha  do  Author,  e  Dama  da 
SereniíTima  Rainha  D.  Luiza  Francifca  de 
Gufmaõ  a  qual  deixando  o  Paço  fe  re- 
colhe© no  Convento  da  Madre  de  Deos 
fituado  fora  dos  muros  de  Lisboa.  Tinha 
nacido  a  19.  de  Dezembro  de  1636.  e  fal- 
leceo  piamente  a  6.  de  Julho  de  1657.  Foy 
ornada  de  grande  juizo,  e  muito  obfervante 
do  feu  Inftituto  Seráfico.  Confta  a  vida  de 
dous  livros,  que  comprehendem  vinte  c  fete 
Capitulos  largos;  eftà  efcrita  com  bom  eftilo, 
e  delia  fe  conferva  huma  copia  na  Livraria 
dos  Padres  Theatinos  defta  Corte,  e  huma 
em  a  do  ExcellentiíTimo  Conde  de  Vi- 
mieiro. 

Fr.  FRANCISCO  DE  MONTE  AL- 
VERNE  chamado  no  feculo  Francifco  Cor- 
rêa Baharem,  naceo  em  Lisboa  fendo  fi- 
lho fegundo  de  Simaõ  Corrêa  Baharem, 
que  duas  vezes  paíTou  a  Africa  com  El- 
Rey  D.  Sebaftiaõ,  e  na  ultima  perdeo  a 
liberdade,  Commendador  de  S.  Barthola- 
meu  de  Alfange  em  Santarém  da  Ordem 
de  Chrifto,  e  de  fua  fegunda  mulher 
D.  Paula  Rebello.  Eftudou  em  a  Uni- 
verfidade  de  Coimbra  Direito  Pontifício 
com  tanta  applicaçaõ,  que  depois  de  re- 
ceber o  gráo  de  Licenciado  nefta  Fa- 
culdade  foy   provido   em   o    lugar   de    De- 


L  USITANA. 


209 


putado  da  Inquiíiçaõ  de  Évora  de  que  to- 
mou poíTe  a  16.  de  Mayo  de  1620,  Pene- 
trado de  heróico  defengano  deixou  todas  as 
efperanças,  que  lhe  prometiaõ  a  nobreza  do 
nacimento,  e  a  vaftidaõ  da  litteratura  rece- 
beo  o  auftero  habito  de  S.  Francifco  em 
o  Convento  de  Santo  António  dos  Capu- 
chos de  Lisboa  a  16.  de  Janeiro  de  1622. 
diétando  Theologia  em  o  Collegio  da  Pe- 
dreira em  Coimbra  de  cuja  Faculdade  foy 
feu  fuceíTor  o  iníigne  Fr.  Francifco  de  San- 
to AgoJftinho  Macedo.  Como  era  ornado  de 
fumma  prudência  exercitou  com  geral  acei- 
tação os  lugares  de  Guardião  do  Collegio 
de  Coimbra,  Cuftodio  da  fua  Província,  e 
Vizitador  do  Convento  de  Santa  Maria  de 
Enxobregas  Cabeça  da  Provinda  Seráfica 
dos  Algarves.  Teve  confumada  noticia  do 
Direito  Pontifício,  Sagrada  Theologia,  Hif- 
toria  Secular,  e  da  Genealogia.  Cheyo  mais 
de  virtuofas  açoens,  que  de  annos  falleceo 
piamente  em  o  Convento  de  Santo  Antó- 
nio da  Merciana  em  5.  de  Março  de  165 1. 
O  feu  corpo  fe  conferva  incorrupto.  Delle 
fe  lembraõ  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i. 
pag.  343.  col.  2.  Franckenau  Bib.  Hifp.  Hiji. 
Gen.  pag.  136.  Fr.  Pedro  Mont.  Cathal.  dos 
Deput.  de  Evor.  §.  36.  Pereira  Leal.  Difc. 
Apolog.  Crit.  do  Coll.  de  S.  Ped.  cap.  5. 
§.  I.  pag.  334.  e  Fr.  Mart.  do  Amor  Div. 
Chron.  da  Prov.  de  Sant.  Ant.  Tom.  i.  liv. 
I.  cap.   19.  n.  234.  e  235.    Compoz. 

Da  Monarchia  de  Roma  em  Três  Ef- 
tados  Rejno,  Império,   e   Republica,   foi.  M.  S. 

Da  Nobreza  de  Portugal.  M.  S.  Def- 
ta  obra  faz  memoria  D.  António  Caet. 
de  Souza  Advert.  e  Addic.  aos  Auth. 
Geneal.  fahiraõ  no  fim  do  Tom.  8.  da 
Hiji.  Gen.  da  Ca^a  Real  Portug.  pag.  15. 
n.  16. 

Comentaria  Philofophica  juxta  mentem  Scoti. 
M.  S. 

Obra  efpiritual.  Confervavafe  em  poder  de 
D.  António  de  Alcáçova. 


FRANCISCO  DE  MORAES  naceo  em 
a  Cidade  de  Bragança  em  a  Provinda 
Tranfmontana  fendo  filho  do  Doutor  Ál- 
varo  de  Moraes,   e   Tio  pela  parte  materna 


do  P.  Balthezar  Telles  celebre  Filofofo,  e 
Chroniíla  da  Companhia  de  JESUS.  A  na- 
tureza lhe  concedeo  nadmento  nobre  co- 
mo engenho  perfpicaz  com  o  qual  fe  fez 
pela  continua  appUcaçaõ  aos  livros  eíli- 
mado  dos  mais  infignes  profeííores  de 
letras,  que  venerava  aquella  idade.  Foy 
Poeta  elegante,  e  Hiíloriador  difcreto.  Af- 
fíílio  em  Pariz  com  o  Embaxador  deíla 
Coroa  D.  Francifco  de  Noronha  fegun- 
do  Conde  de  Linhares,  e  Mordomo  mòr 
da  Rainha  D.  Catherina  mulher  delRey 
D.  Joaõ  o  IIL  quando  governava  a  Mo- 
narchia Franceza  Francifco  I.  fendo  di- 
gno de  vida  mais  prolongada  foy  vio- 
lentamente privado  delia  à  porta  do  ro- 
do da  Qdade  de  Évora  em  o  anno  de 
1572.  onde  a  Corte  eftava.    Compoz. 

Primeira,  e  Jegunda  parte  do  Palmeirim 
de  Inglaterra.  Dedicada  à  Infanta  D.  Ma- 
ria. Évora  por  André  de  Burgos  1567. 
foi.  Sahio  vertido  em  a  lingua  Franceza. 
Pariz.  1574.  8.  Manoel  de  Faria,  e  Sou- 
za. Coment.  ás  Rim.  de  Cam.  Tom.  4. 
pag.  102.  fallando  defta  obra:  puede  fer- 
vir  de  magifierio  a  los  que  quif^eren  e/cri- 
vir  una  hijloria  verdadera.  O  P.  Balthezar 
Telles  HiJl.  da  Etiop.  Alt.  liv.  i.  cap. 
I.  No  feu  muy  celebrado,  e  fabulo/o  Pal- 
meirim de  Inglaterra  porque  efte  Autbor  com 
a  amenidade  do  feu  florido  engenho,  e  com 
a  Juavidade  do  feu  elegante  efiilo  fó  perten- 
deo  recrear  os  leitores  com  fabulas  doutas,  e 
com  fiçoens  engenhofas.  Miguel  de  Cervan- 
tes Hifloria  de  D.  Quixote  liv.  i.  cap.  6. 
ejfa  Palma  de  Inglaterra  fe  guarde,  j  fe 
conferve  como  a  cofa  única,  y  fe  baga  para 
ello  otra  coxa,  como  la  que  hallò  Alexan- 
dra en  los  defpojos  de  Dário,  que  la  dif- 
pu^o  para  guardar  en  ella  las  obras  dei  Poeta 
Homero. 

De  los  valerofos,  y  esforçados  hechos  en  ar- 
mas de  Primaleon  hijo  dei  Emperador  Palme- 
rim,  y  de  fu  hermano  Polendos,  y  de  D.  Duarte 
Princepe  de  Inglaterra.  Lisboa  por  Simaõ  Lo- 
pes   1598.   foi. 

Diálogos  em  bum  defengano  de  amor 
fobre  certos  amores,  que  teve  em  Fran- 
ça com  buma  Dama  da  Rainba  D.  Leo- 
nor.    Évora   por   Manoel    Coelho    1624.    8. 


14 


2  IO 


BIBLIO THE  CA 


Três  Diálogos  em  que  faõ  Interlocutores  do 
I.  hum  Fidalgo,  e  hum  Efcudeiro:  do  z.  hum 
Cavalheiro,  e  hum  Doutor;  e  do  i.  hum  a  re- 
gateira,  e  hum  moço  da  Efiriheira.  O  eíHlo 
defta  obra  he  imitado  de  Francifco  de  Sà, 
e  Miranda,  e  Bernardim  Ribeyro,  o  qual 
muito  louva  o  infigne  antiquário  Manoel 
Seveiim  de  Faria  Dijc.   Var.  pag.  8i.  vcrf. 

Relação  das  Fejlas,  que  ElRey  de  França 
Francifco  i.  fet^  nas  vodas  do  Duque  de  Cle- 
ves,  e  a  Princesa  de  Navarra  no  anno  de  1541. 

Relação  das  Exéquias,  e  enterramento  del- 
Rey  D.  Francifco  i.  no  anno  de  1546. 

Relação  dos  Tornejes  do  Príncipe  em  Xa- 
bregas a   ^.  de  Agojlo  de   1550. 


FRANCISCO  MORAES  DURANTE  ce- 
lebre Poeta  aíTim  lyrico,  como  heróico  de 
que   he   claro   teftemunho. 

Elegia  à  morte  de  Jorge  de  Monte  mayor. 
Sahio  imprefla  com  outras  Poeíias  na  Diana 
daquelle  Author.  Elegante  intitula  a  eíla  Ele- 
gia Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  413. 
col.  2. 


FRANCISCO  DE  MORAES  SARDI- 
NHA filho  do  Doutor  Álvaro  de  Mo- 
raes, e  neto  de  Manoel  Sardinha  naceo 
em  Villa-viçofa  onde  floreceo  em  todo  o 
género  de  erudição  fendo  infigne  Poeta, 
e  muito  verfado  na  Mythologia,  e  li- 
ção da  Hiíloria.  Foy  Cavalleiro  Profef- 
fo  da  Ordem  de  Chriílo,  e  Commenda- 
dor  de  huma  Comenda,  que  lhe  deo  o 
Sereniflimo  Duque  de  Bragança  D.  Theo- 
dofio  2.  Para  eternizar  as  glorias  da  fua 
pátria    efcrcveo    no    anno    de    161 8. 

Famofo,  e  antiquijfimo  Pamaffo  novamen- 
te achado,  e  defcuberto  em  Villa-Viçofa  de 
que  he  Apollo  o  Excellentijftmo  Príncepe  D. 
Theodot(io  2.  defle  nome  Condejlabre  dejies 
Reynos  de  Portugal,  Duque  de  Bragança,  e 
de  Barcellos;  e  dos  Varoens  illujlres,  que 
nella  naceraô,  e  floreceraõ  em  armas,  em  le- 
tras, e  Poejias  com  outras  muitas  cou^^as  a 
propojito  no  difcurfo  defle  livro. 

Neíla  obra  cujo  Original  conferva  meu 
Irmaõ    D.    Jozè    Barboza    Clérigo    Regular, 


e  Chroniíla  da  Sercnifiima  Caza  de  Bragança, 
eftaõ  no  liv.  3.  foi.  5.  féis  Sonetos,  hum  Mote 
gloíTado,  hum  Romance,  e  duas  Cançoens  do 
Author  que  acaba  com  o  feguinte  Soneto 
Depois  de  tantos  annos  de  cançado 

De  fujíentar  de  Amor  a  dura  guerra 

Eflou  colhendo  as  flores  dejla  Serra, 

Que  o  falfo  amor,  e  o  tempo  tem  criado. 
Afligemme  as  memorias  do  pajjado, 

E  num  profundo  Jilencio  me  encerra 

Ter  á  vijla  o  mal,  que  me  dejlerra 

Do  bem  do  poder  fer  recuperado. 
Vayfe  a  vida  por  tempos,  e  por  annos 

Confumindo  fegundo  lhe  acontece 

Hora  bem  ajji,  hora  mal  paffando: 
Paffafe  a  trífle  vida  com  enganos, 

E  quanto  mais  de  efpaçofe  adormece 

He  para  fe  acordar  feja  chorando. 

Neíla  obra  confeíla  ter  compofto  outra  in- 
titulada 

Do  efpantofo  Cavalleiro  da  Lut^. 


FRANCISCO  MORATO  ROMA  Caval- 
leiro Profeflb  da  Ordem  de  Chriílo,  Familiar 
do  Santo  Oíficio  naceo  em  a  Villa  de  Caftello 
de  Vide  da  Provinda  Tranílagana  a  4.  de  Ou- 
tubro de  1588.  onde  teve  por  Pays  a  Joaõ  Mo- 
rato,  e  Maria  Callada  Roma.  Eíhidou  Filofofia 
em  a  Cidade  de  Évora,  e  Medicina  em  a  de 
Coimbra  fendo  eftas  duas  famofas  Academias 
expeétadoras  do  feu  vivo  engenho,  e  admirável 
talento,  com  que  comprehendeo  as  dificul- 
dades, e  penetrou  os  arcanos  de  huma,  c 
outra  Faculdade.  Acabada  a  carreira  dos 
feus  eíhidos  o  chamou  no  anno  de  1619.  paia 
feu  Medico  o  SereniíTimo  Duque  de  Bra- 
gança D.  Theodofio  2.  e  com  a  mefma  oc- 
cupaçaõ  paflbu  para  Lisboa  no  anno  de 
1640.  acompanhando  a  ElRey  D.  Joaõ  o 
IV.  A  difcreta  converfaçaõ,  c  natural  graça 
de  que  era  dotado  divertia  muito  aos  emfer- 
mos  que  vifitava  concorrendo  igualmente  as 
fuás  palavras,  e  os  feus  medicamentos  para  ali- 
vio das  moleílias,  que  padeciaõ.  Morreo  cm 
Lisboa  na  proveâa  idade  de  80.  annos.  O 
P.  Manoel  Luiz  Vit.  Princip.  Theod.  lib.  i. 
cap.  5.  n.  14.  o  intitula  medica  artis  peritijjimus 
e  lib.  2.  cap.  2.  n.  11.  Injiffiis  artis  medica profef- 
for.   Compoz 


L  USITAN A. 


21  I 


Obfervaçad  do  achaque,  que  Sua  Magefiade 
teve  em  Salvaterra  de  que  livrou  mtlagrojamente , 
Lisboa  1655.  4. 

1j{^  da  Medicina  praãica,   racional,   e  me- 
thodica,  guia  de  enfermeiros  dividida  em  3.  par- 
tes.   Na  I.  fe  moftra  a  ordem,  e  modo,  que  fe 
deve  guardar  na  cura  dos  enfermos.    Na  fegunda 
fummatim  attinguntur  os  remédios  particulares  com 
que  fe  deve  acodir  a  cada  hum  dos  achaques  do 
corpo  humano.   3.  agit  dos  achaques  particulares 
das    mulheres.     Additur    Traãatus   de  febribus 
fimplicibus,  putridis,    mali^is,    (ò"  peflilentibus. 
Lisboa  por  Henrique  Valente  de  Oliveira  1664 
4.  &  ibi  por  António  Craesbeeck.  de  Mello 
1672.  4.  e  Coimbra  por  Joaõ  Antunes  1700.  4 
&  ibi  no  Real  G^llegio  das  Artes   1726.  4 
acrecentado  com  vários  remédios  de  Grurgia, 
e  recopilado  do  thezouro  dos  pobres  com  o 
titulo  feguinte 

L«:^  de  Medicina  pratica,  racional,  e  me- 
thodica;  guia  de  enfermeiros,  direãorio  de  prin- 
cipiantes, e  fummario  de  remédios  para  poder 
acudir,  e  remediar  os  achaques  do  corpo  humano 
começando  do  mais  alto  da  cabeça  ate  o  mais 
baixo  das  plantas  dos  pis. 

Sentimentos  de  D.  Pedro,  e  D.  Ignes  de 
Caflro  I.  e  z.  Parte.  Conílaõ  de  140.  Ou- 
tavas.  Deíla  obra  que  fahio  no  primeiro 
Tom.  da  Fénix  Renacid.  defde  pag.  92.  atè 
139.  Lisboa  por  Jozè  Lopes  Ferreira  171 6. 
8.  faz  Author  a  Francifco  Morato  Roma  o 
P.  António  dos  Reys  Enthus.   Poet.  n.   125. 

Roma  cadentem 

Qualiter    Agnetem    Petrus    defleverit    augens 

Flumineos    Latices    Lacrimarum     rore,    ca- 
nebat. 


D.  FRANCISCO  DE  MOURA  illuf- 
tre  por  nacimento,  infigne  por  talento,  e 
venerado  pela  Poética,  e  Oratória,  de 
cujas  artes  foy  eíhidiofo  cxiltor  em  o  Col- 
legio  Romano  dos  Padres  Jefuitas  onde  re- 
citou a  feguinte  Oraçaõ  com  applauzo  de 
toda  a   Cúria. 

Íris  "Lufitana,  five  de  Sanãa  EJif abelha  Re- 
gina Laudibus.  Oratio  habita  in  aula  máxima 
CoUegii  Romani  S.  J.  Romãs  Typis  Francifci 
Corbelleti.  1626.  4. 

Poefia  em  applatc^p  do  Doutor  António  Fer- 


reira. Sahio  impreíTa  no  principio  dos  feus 
Poemas  JLuftanos.  Lisboa  por  Pedro  Craes- 
beeck.  1598.  4. 

Fr.  FRANCISCO  DA  NATIVIDADE  Re- 
ligiofo  Menor  da  Seráfica  Provinda  de  Por- 
tugal, donde  eíhidadas  as  fciencias  feveras 
em  que  fez  naõ  pequenos  progreflbs  o  feu 
engenho  como  moílrou  fendo  Lente  de  Theo- 
logia,  partio  para  a  índia,  e  no  Convento 
de  Goa  da  Cuílodia  de  S.  Thomè  diétou 
aos  feus  domeítícos  Filofofia,  que  dividida 
em  2.  Tomos  fe  conferva  na  Livraria  do 
Convento  de  S.  Francifco  juntamente  como 

Itinerário  da  índia  Oriental  dividido  em 
quatro  partes  das  quaes  unicamente  exifte  na 
dita  Livraria  a  2.  Parte  e  nella  fe  lem  ao 
principio  as  feguintes  palavras.  Tenho  feito 
a  I.  e  2.  Parte  do  no  ff  o  Itinerário,  e  cheguei 
com  a  fegunda  até  Barcelona:  refia  fa's^er  a  3. 
que  fera  com  o  divino  favor  de  Barcelona  atè 
Madrid,  e  Lisboa,  e  de  como  me  embarquei  para 
a  índia,  e  arribei  outra  vez  ^  Portugal,  e  a  4. 
fera  depois  da  arribada  a  Usboa  tè  a  índia 
por  terra  querendo  Deos.  Vivia  pellos  annos 
de  161 1,  como  coníla  do  Capitul.  i.  da  2. 
P.  do  feu  Itinerário  afíirmando  aíTiílir  em 
Marfelha  em  a  noute  de  Natal  do  referido 
anno. 

Fr.  FRANQSCO  DA  NATIVIDADE 
Naceo  em  a  Villa  do  Torraõ  da  Provinda 
Trãílagana,  e  recebeo  o  Habito  de  Eremita 
de  S.  Paulo  no  Convento  de  Montes  Cla- 
ros, onde  pela  applicaçaõ,  que  fez  nos  ef- 
tudos  fahio  iníigne  Pregador,  e  pela  obfer- 
vancia  dos  Eftatutos  exemplar  Religiofo  fen- 
do no  habito  pobre,  nas  acçoens  moderado, 
e  na  converfaçaõ  afável.  A  mayor  parte 
da  vida  paíTou  exerdtando  os  lugares  a  que 
o  elevara  o  feu  merecimento,  e  naõ  per- 
tendera  a  fua  modeftia  fendo  na  fua  Con- 
gregação Reytor  dos  Conventos  de  Elvas, 
Serra  de  Oíla,  e  Collegio  de  Évora,  De- 
finidor quatro  vezes,  três  Vifitador,  huma 
Vigário  Geral,  três  Provincial,  e  em  tan- 
tas Prelafias  unio  a  feveridade  com  a 
brandura,  e  a  prudência  com  a  benig- 
nidade.   O  feu  mayor  difvdo  confiítia  em  o 


2  I  2 


B  I  B  LI  O  THE  CA 


cultf)  divino  naõ  diflimulanclo  o  menor  dcf- 
cuido  na  prac^ica  das  cercmonias  Ixlefiafti- 
cas,  c  para  que  eftas  fe  cxecutaflem  com  a 
perfeição    neceílaria    cfcrevxo 

Ordinário,  e  Ceremonial  da  Ordem  Jcqiindo 
o  !i-:^n  KoMcino  das  Mijjas,  e  Of/icios  Divinos, 
í  de  outras  coiifas  neccjjarias  da  Ordem  de  Nof- 
fo  Padre  S.  Paulo  primeiro  ILrmitaÕ,  e  anti- 
yuidadcs  da  mejma  Ordem.  Lisboa  por  Pedro 
Craesbecck.    1615.   4. 

Falleceo  no  Convento  da  Serra  de  OíTa 
com  evidentes  linaes  de  Predeftinado  quan- 
do contava  64.  annos  de  idade,  e  46.  de 
Religião  a  10.  de  Junho  de  1626.  como  re- 
lata o  livro  dos  Óbitos  daquelle  Convento 
fuppofto,  que  o  Licenciado  Jorge  Cardozo 
^■\yiol.  Ijijií.  Tom.  3.  pag.  776.  tratando 
delle  a  21.  de  Junho  cfcrcve  que  morrera 
neíle  dia. 


Fr.    FRANCISCO    Dy\    NATIVIDADE 

Naceo  em  Lisboa  onde  recebeo  a  graça  bau- 
tifmal  na  Parochia  de  S.  Juliaõ  a  10.  de 
Outubro  de  1635.  fendo  lilho  de  Matheos 
de  Caftro,  e  Maria  Luiz.  Quando  eftava  na 
Horente  idade  de  18.  annos  profefTou  o  Sa- 
grado Inftituto  da  Terceira  Ordem  da  Pe- 
nitencia do  Seráfico  Patriarcha  em  o  Con- 
vento de  Noffa  Senhora  de  JIÍSUS  da  fua 
pátria  a  8.  de  Setembro  de  1653.  Ouvio 
í-ilofoíia  no  Convento  do  Mogadouro,  c  Theo- 
logia  cm  o  CoUegio  de  S.  Pedro  de  Coimbra, 
cujas  Faculdades  diílou  em  o  mefmo  Collegio 
c  no  Convento  de  Lisboa  com  grande  credito 
da  fua  litteratura,  c|ue  fc  fez  mais  conhecida 
c|uando  era  confuitatlo  nas  duvidas  pertencen- 
tes à  Theologia  Moral  que  promptamente  re- 
lolvia  apontando  os  Authorcs,  que  as  tratavaõ, 
caufando  mayor  efpanto  citar  os  Capítulos,  os 
números,  c  as  paginas  dos  livros  em  que  efiava 
p  decifaõ  da  matéria  cm  que  era  pregun- 
tado.  Foy  F.xaminador  das  Três  (~)rdens  Mi- 
litares, Minifi^ro  tios  Conventos  do  Moga- 
douro, c  de  Lisboa,  Definidor,  e  Cuftodio 
lia  Província,  e  em  todas  eftas  ocupaçoens 
rcligiofas  fe  moftrou  zclofo,  c  benévolo. 
Todo  o  tempo  que  lhe  reílava  do  oflicio 
tle  Prelado,  o  confumia  no  cRudo,  c  na 
Oraçaõ  chegando  a  fcr  intitulado  pela   mo- 


deftia  do  femblante  o  heciío.  Morreo  no 
Convento  pátrio  a  6.  de  Dezembro  de  1691. 
do  qual  faz  honorifica  mençaõ  o  P.  António 
Carvalho  da  Cof^a  Coroq^.  Portiig.  Tom.  5. 
pag.    500.    Compoz. 

Nilo  Moral.  foi.  .\/.  .S".  Confiava  de  to- 
das   as    Matérias    de    Theologia    Moral. 

Doutrina  Cbrijlaã,  e  avií^o  de  Parochos.  4.  M.  S. 

Perfeito  Confejjor  dividido  em  três  partes  a 
1.  Perfeito  Confejjor  de  brades,  a  2.  Perfeito 
Confejjor  de  Seculares,  a  5.  Perfeito  Confejjor 
da   hora   da   morte.    foi.    M.    S. 


Fr.  FRANCISCO  DA  NATIVIDADE 
chamado  antonomafticamente  o  Latino  pela 
perfeição,  com  que  foube  cfte  idioma,  nacco 
em  Lisboa  no  anno  de  1648.  fendo  filho  de 
Duarte  Ferreira,  e  Izal>el  da  Coíla.  Eftudou 
as  letras  humanas  na  claíTe  do  famofo  Mef- 
tre  António  Fernandes  de  Barros,  de  quem 
fizemos  mençaõ  em  feu  lugar,  e  tanto  o 
diftinguia  dos  outros  difcipulos,  que  quã- 
do  fe  altercava  alguma  duvida  fobre  hum 
ponto  gramatical  mandava  ao  feu  Gigan- 
te (aíTim  o  intitulava  ironicamente  por  fer 
de  cftatura  muito  pequena)  o  qual  fubido 
a  hum  banco  a  decidia  com  fumma  viveza, 
e  geral  admiração  dos  circunílantes.  Eftes 
dotes  com  que  a  natureza  taõ  antecipada- 
mente o  dotou  moverão  a  varias  Religioens 
para  o  pcrtender  para  feu  alumno,  porém 
mereceo  efta  fortuna  a  Ordem  Carmelitana 
fendo  admitido  em  o  Convento  pátrio  a  2. 
de  Julho  de  1661.  cujo  Inftituto  profeífou 
folemnemente  a  22.  de  Fevereiro  de  1664. 
Applicoufe  as  fciencias  feveras  no  Collegio 
de  Coimbra,  e  tal  foy  o  progrcfTo,  que 
nellas  fez  a  fua  penetrante  comprehenfaõ, 
e  profundo  talento,  que  fe  refolveo  An- 
dré Furtado  de  Mcndoça  Reytor  da  Uni- 
verfidade  a  que  rcccbcfrc  as  infignias  dou- 
toraes  como  prevcntlo  o  grande  credito, 
que  havia  refultar  a  taõ  celebre  Acade- 
mia com  cRe  infigne  Candidato,  cujo  in- 
tento fe  naõ  cfcituou  por  fer  mandado 
ler  Filofofia  no  Convento  de  Moura,  c 
depois  a  mefma  Faculdade,  c  a  de  Theo- 
logia cm  o  Convento  de  Lisboa,  do 
qual     foy     Prior     por     nomeação     do     Re- 


L  USITAN A. 


2  i3 


verendiíTimo  Geral  Fr.  Angelo  Monfignani 
a  8.  de  May  o  de  1683,  ordenandolhe  foíTe 
defender  Conclufoens  no  Capitulo  geral,  que 
fe  celebrava  em  Roma.  Obedeceo  prompta- 
mente  a  eíla  ordem,  e  partindo  de  Lisboa 
no  anno  de  1686.  chegou  à  Cúria  onde 
compoz,  e  imprimio  humas  Conclufoens, 
que  comprehendiaõ  todas  as  fciencias,  que 
fe  enOnaõ  em  as  Univeríidades  confiando 
de  72.  paginas  de  folha  divididas  em  onze 
Ceos  efmaltados  com  graviffimas  quelioens 
de  que  trata  a  Theologia  Efcholaftica,  Ex- 
poíitiva.  Dogmática,  Moral,  Regular,  e  Myf- 
tica.  Jurisprudência  Canónica,  e  Gvil,  Me- 
decina,  Filofofia,  Mathematica,  e  Muíica.  Cor- 
refpondeo  ao  profundo  engenho  com  que  fo- 
raõ  ideadas  a  prompta  aftiv  idade  com  que  fo- 
raõ  defendidas  aclamando-o  todo  o  numerofo 
concurfo,  que  foy  efpedador  defte  littera- 
lio  combate  por  homem  Encyclopedico. 
Nefte  Capitulo  foy  eleito  Provincial  da  Pro- 
vinda Portugueza  cuja  eleição  foy  confir- 
mada pela  Santidade  de  Innocencio  XI.  no 
primeiro  de  Julho  de  1686,  e  no  fim  deíle 
lugar  foy  ComiíTario,  e  Viíitador  Geral  da 
mefma  Província,  Tanta  prudência  piaâi- 
cou  neftes  lugares,  que  fegunda  vez  foy 
eleito  Provincial  a  20.  de  Mayo  de  1703. 
e  como  no  anno  feguinte  fe  celebraíTe  Ca- 
pitulo Geral  em  Roma  partio  para  efta  Cor- 
te onde  recitou  varias  Oraçoens  latinas  em 
applauzo  da  Santidade  de  Clemente  XI. 
de  quem  recebeo  efpeciaes  íignificaçoens 
de  eílimaçaõ  fendo  a  principal  o  motu 
próprio  paíTado  a  5.  de  Abril  de  1705. 
para  governar  quarto  anno  a  Província. 
Foy  eloquente  Orador,  excellente  Poeta 
em  todo  o  género  de  Verfos,  agudo  Fi- 
lofofo,    e    profundo    Theologo,    iniigne    nas 

;  letras  humanas,  e  verfado  nos  Sagrados 
Cânones.  Pello  efpaço  de  quarenta  annos 
pregou    na    Capella    Real,     de    cujos     Ser- 

\  moens  tanto  fe  agradava  a  Mageílade  de 
D.  Pedro  2.  que  lhe  ordenou  em  al- 
gximas  Quarefmas  prègaile  três  vezes.  Te- 
ve íingular  urbanidade,  grave  prezença, 
deleitofa  converfaçaõ.  Era  fiel  para  feus 
amigos,  e  compaíTivo  para  os  ingratos  por 
fer  dotado  de  coração  cândido,  e  gé- 
nio   afável.    Venerou    com    afedlo    cordial 


a  Maria  SantiíTima,  e  com  igual  afedo  a 
Imagem  de  Chriilo  morto,  que  eftá  em  hu- 
ma  Capella  da  Igreja  do  Convento  do  Car- 
mo de  Lisboa  folemnizando-a  com  grande 
pompa  no  3.  Domingo  de  Julho.  Depois 
de  tolerar  huma  larga  enfermidade  perpa- 
rado  com  aftos  de  bom  religiofo  paíTou  delia 
vida  mortal  para  a  eterna  a  16.  de  Outubro 
de  1714.  quando  contava  66.  annos  de  ida- 
de, e  53.  de  Religião.  Ao  feu  Funeral  af- 
fiftio  a  mayor  parte  da  Nobreza  da  Corte^ 
e  das  Comunidades  Regulares.  Jaz  Sepul- 
tado no  Cemitério  novo  com  efta  infcrip- 
çaõ. 

Aqui  jas^  o  muito  Reverendo  P.  Mejlre  Fr, 
Francifco  da  Natividade  por  anthonomafia  o  La- 
tino, VaraÕ  de  perfpicat^  engenho,  infigne  nas 
humanas,  e  divinas  letras  tanto  nos  Vulpi- 
pitos  como  nas  Cadeiras;  Prior,  que  foy  def- 
te  Convento,  e  duas  ve-:(es  dignijfimo  Provin- 
cial, Comiffario,  e  Vifitador  Geral,  e  Re- 
formador Apojiolico  defla  Provinda,  Pregador 
de  Sua  Mageflade,  e  por  Decreto  feu  De- 
putado da  Junta  das  Miffoens.  Falleceo  de 
66.  annos  aos  16.  de  Outubro  de  1714. 
Compoz. 

Sermão  da  Soledade  da  Senhora  pregado 
na  Capella  Real.  Lisboa  por  Miguel  Des- 
landes.  1687.  4.  Sahio  na  Laurea  Portu- 
guet^a. 

OraçaÕ  Panegyrica,  e  funeral  em  as  Exéquias 
do  Beatijfimo  Padre  Innocencio  XI.  celebradas  em 
o  Templo  do  Loreto  defla  Cidade.  Lisboa  pelo 
dito  ImpreíTór   1689.   4. 

OraçaÕ  fúnebre  em  as  Exéquias,  que  a  Ir- 
mandade do  Santijfimo  Sacramento  da  Paro- 
chial  Igreja  de  Santa  Jujla  celebrou  como  a 
feu  Jui:^  perpetuo  o  Duque  D.  Eui^  Am- 
brofio  de  Mello  filho  primogénito  do  Excel- 
lentijfimo  Duque  do  Cadaval  D.  Nuno  Al- 
vares Pereira  de  Mello.  Lisboa  pelo  dito 
ImpreíTor   1701.   4. 

Lenitivos  da  dor  propojlos  ao  auguflijfimo, 
e  poderofo  Monarcha  EÍRey  D.  Pedro  II.  e 
applicados  aos  leaes  Portuguet(es  no  jujli ficado  fen- 
timento  da  intempeftiva  morte  da  Serenijftma  Rai- 
nha D.  Maria  Sofia  Ii^abella.  Lisboa  pelo  di- 
to ImpreíTor   1700.   foi. 

Novena  da  Senhora  Santa  Anna  com  o 
feu    Oficio.     Lisboa    por    Manoel,    e    Jozè 


214 


BIBLIO THE  CA 


L,opcs  Ferreira   1708.   12.    Sahio  fem   o  feu 
nome. 

Tòe^aurus  Evangelicus.  Defta  obra  de  que 
■deixou  efcritos  45.  cadernos,  e  lhe  fez  os 
Índices  neceflarios  Fr.  Jayme  de  Sampayo 
Lente  de  Prima  do  ODllegio  do  Carmo  de 
•Coimbra,  fallando  Fr.  Manoel  de  Sà  Mem. 
Hiji.  dos  Efcrit.  do  Carm.  da  Prov.  de  Por- 
Jug.  pag.  162.  fera  de  grande  utilidade  para  as 
Cadeiras,  e  para  os  Púlpitos  pelo  admirável  das 
refoluçoens,  pela  Jingularidade  dos  conceitos,  e  pelo 
Juhido  do  EJlilo. 

Fr.  FRANCISCO  NEGRAM  Naceo  na 
índia  Oriental  onde  recebeo  o  Habito  de 
Religiofo  Menor  na  Seráfica  Cuílodia  de 
5.  Thomè  fojeita  à  Província  de  Portugal. 
Aprendidas  as  fciencias  capazes  de  o  fa- 
zer bom  Letrado  o  feu  ardente  zelo  o 
conllituhio  hum  dos  mais  famofos  culto- 
res da  vinha  de  Columbo  agregando  ao 
rebanho  do  divino  Paftor  fete  mil,  e  qui- 
nhentas almas,  a  quem  conferio  a  pri- 
meira graça  em  trinta,  e  hum  bautifmos 
no  efpaço  de  cinco  mezes.  Foy  Guardião, 
e  ComiíTario  de  Ceylaõ,  em  cujos  lugares 
moftrou  a  prudência  do  feu  juizo.  Os 
negócios  da  fua  Província  o  obrigarão  a 
paflar  à  Cúria  Romana,  donde  depois  de 
concluídos  fe  reftituhio  ao  Oriente.  Delle 
fazem  honorifica  mençaõ  Fr.  Jacinto  de 
Deos  Prol.  do  Verg.  de  Plant.  e  Flor.  e 
no  Caminh.  dos  Frad.  Men.  para  a  Vid. 
Etem.  pag.  76.  virtutibus,  <&  litteris  pra- 
Jitus  aliquos  libras  edidit,  efcreve  delle  Fr. 
Miguel  da  Purif.  Kelac.  Defenf.  dos  filh.  da 
Ind.  Orient.  foi.  51.  verf.  e  no  Memorial 
aprezentado  em  Roma  à  Santidade  de  Ur- 
bano VIII.  a  3.  de  Julho  de  1638.  Compoz 
com  eftudiofa  applicaçaõ. 

Primeira  Parte  das  Chronicas  dos  Frades 
Menores  da  Cuftodia  de  S.  Thomè  da  índia 
Oriental,  que  trata  do  muito  que  os  ditos  Fra- 
des trabalharão  na  promulgação,  e  pregação  da 
Fè  Catholica  entre  os  infiéis,  e  do  ^ande  fruto, 
que  fi^eràÔ  na  diocefe  das  Serras  do  Malabar 
doutrinando  os  Chrijlãos  de  S.  Thomh,  e  refor- 
mando feus  livros  Surianos.  foi.  M.  S.  Con- 
fervafe  na  Bibliotheca  do  Real  Convento  de 
5.  Francifco  de  Lisboa. 


FRANQSCO  NOGUEIRA  LIMA,  E 
SAMPAYO  filho  de  Joaõ  Nogueira  Lima 
naceo  a  11.  de  Janeiro  de  1684.  em  huma 
Quinta  Solar  da  fua  Caza  fituada  na  Trofa 
Freguefia  de  S.  Miguel  de  Barreo  Termo 
da  Villa  de  Ponte  de  Lima  em  o  Arccbif- 
pado  de  Braga,  Tanto,  que  eíleve  inftruido 
nas  letras  humanas,  paflbu  à  Univerfidade 
de  Coimbra  onde  fe  applicou  às  fciencias 
feveras  merecendo  pelo  progreíTo,  que  nel- 
las  fez  naõ  fomente  receber  o  gráo  de  Mef- 
tre  em  Artes,  e  a  borla  doutoral  na  Facul- 
dade de  Theologia,  mas  paíTar  a  fer  Cone- 
nego  MagiílraJ  da  Sè  de  Vifeu  provido  a 
9  de  Julho  de  1721.  donde  paíTou  com  o 
mefmo  lugar  para  a  Primacial  de  Braga  a 
22.  de  Junho  de  1724.  Nefte  vaíHíTimo  Ar- 
cebifpado  foy  Examinador  Synodal,  Vifita- 
dor  por  diverfas  vezes,  Abbade  Refcrvata- 
rio,  ConfeíTor,  e  Pregador  elegante  de  cujo 
Sagrado   Miniílerio   publicou 

Sermão  do  Santijfimo  Sacramento  pregado  no 
Triduo  das  Fejlas  de  Braga  em  z.  de  Junho  de 
1725.  Lisboa  por  António  Pedrozo  Galiaõ. 
1730.  4. 

Fr.  FRANCISCO  DE  NOSSA  SENHO- 
RA natural  da  Villa  da  Azambuja  do  Pa- 
triarchado  de  Lisboa,  e  filho  de  Thomaz 
Lourenço,  e  Catherina  Marques,  recebeo  o 
Habito  de  Agoílinho  Defcalfo  no  principio 
da  Fundação  defta  Reforma  em  Portugal 
em  o  anno  de  1669.  ratificando  a  profiíTaõ 
ao  primeiro  de  Dezembro  de  1680.  em  o 
Convento  do  Monte  Olivete.  Foy  excel- 
lente  Poeta  Latino,  e  muito  obfervante  dos 
preceitos  do  feu  IníUtuto,  de  tal  forte, 
que  padecendo  a  falta  do  juizo  nunca 
deixou  de  continuar  o  Coro,  e  muitas 
vezes  no  mayor  furor  da  fua  demência 
obedecia  promptamente  às  ordens  do  Pre- 
lado. Falleceo  no  Convento  de  N.  Se- 
nhora da  Conceição  do  Monte  Olivete  fi- 
tuado  fora  dos  muros  defla  Corte  a  2. 
de  Julho  de  1696.  Entre  as  Obras  mé- 
tricas Latinas,  que  compoz,  foy  a  mais  ce- 
lebre. 

In  Eaudem  Virginis  Maria  Poema  heroicum.  M. 
S.  o  qual  por  incúria  dos  feus  domefticos 
defappareceo. 


L  USITAN  A. 


2l5 


Fr.  FRANCISCO  NUNES  cuja  pátria,  e 
Inítituto  Religiofo  fe  ignoraõ,  e  fomente  fe 
fabe  como  efcreve  Joaõ  Soar.  de  Brit. 
Tbeatr.  'Lujit.  Utter.  lit.  F.  n.  58.  compu- 
zera 

Traãatiís  de  Filio  Pródigo.  M.  S. 

FRANCISCO  NUNES  DE  ÁVILA  na- 
tural da  Cidade  de  Lisboa,  formado  na  Fa- 
culdade dos  Sagrados  Cânones,  e  hum  dos 
celebres  Poetas  do  feu  tempo  aíTim  na  Hn- 
gua  Latina,  como  em  a  materna  por  cuja 
fonora  Arte  o  louva  Jacinto  Cordeiro  EJog. 
dos  Poet.   LjtJiL   Eílanc.    18. 

Dadme  la  pluma  uuejlra,  que  Ji  falta 
Cleobroío  de   Platon  Jer  imagino 
Tanto  por  lo  imortal  Ju  ingenio  ef malta 
Francifco  Nunes  de  Avila,  que  es  digno 
De   que   en  grave   atencion  pluma   mas  alta 
De/criva   con   ingenio  peregrino 
Dejle   Platon  el  nombre  dilatado, 
Si  en  Jus    Ver/os   me   veo   dejpenado.     Pu- 
blicou 

Panegyrico  à  invenção  do  corpo  do  Martjr 
S.  Vicente  em  as  celebres  fejlas,  que-  lhe  fe^  a 
Cidade  de  Lisboa  em  fua  TreJladaçaÕ.  Lisboa 
por  Pedro  Craesbeeck.  4.  Naõ  tem  anno 
da  impreílaõ.  He  huma  Sylva  elegante,  que 
começa 

Novos  altos  efpiritos  concebe 
Inclyta  Ijijitania,  que  o  benigno 
Ceo    outra    idade    de    ouro    em    ti    renova. 
&c. 

No  Certame  do  Conde  de  Linhares  he 
feu  o  Soneto  14.  que  fahio  impreíTo  Lisboa 
por  Giraldo  da  Vinha.  4.  e  hum  Epigramma 
Latino  em  applauzo  do  Licenciado  Francif- 
co Fernandes  Galvaõ  em  o  i.  Tomo  dos 
Sermoens. 

FRANCISCO  DE  OLANDA  natural  de 
Lisboa,  e  taõ  eílimado  pela  Arte  da  Pin- 
tura em  que  foy  iníigne  de  cujo  pincel 
fe  confervaõ  muitos  quadros  neíle  Reyno, 
como  pela  delicada  perfeifaõ  com  que 
illuminava  com  ouro,  e  diverfas  cores  de 
que  faõ  eternos  teftemunhos  os  Uvros  do 
Coro  do  Real  Convento  de  Thomar.  Af- 
fiílio  em  Roma  quando  preíidia  no  Sólio 
do    Vaticano  a     Santidade    de    Paulo     III. 


onde  mereceo  as  eílimaçoens  das  primeiras 
peíToas  daquella  grande  Corte.  Compoz  em 
diverfo  género  de  metro 

louvores  eternos.  Dedicou  efta  obra  aa 
feu  Anjo  Cuílodio,  e  a  acabou  a  22.  de  No- 
vembro de   1569. 

Amor  da  Aurora. 

Idades  do  Homem. 

Eftes  dous  tratados  ornados  de  coníide- 
raçoens  devotas  deixou  primorofamente  illu- 
minados. 

FRANCISCO  DE  OLIVEYRA  natural 
da  Qdade  de  Braga,  e  filho  de  Domingos 
Barrofo,  e  Maria  de  Oliveira.  Applicoufe 
com  difvelo  à  arte  da  Arithmetica  em  que 
fahio  taõ  eminente,  que  naõ  fomente  abrio 
efcola  para  a  enfinar,  mas  dezejozo  de  que 
todos  fe  aproveita/Tem  de  femelhante  eíhido, 
naõ  lhe  fervindo  de  impedimento  a  provefta 
idade  de  fetenta  annos,  que  contava  no 
anno  de  1739.  publicou  nella  o  feguinte 
Tratado 

Arithmetica  verdadeira,  ou  arte  facilijfima  de 
contar  para  todos  os  curiofos,  que  com  funda- 
mento, clarefa,  e  dijlinçaõ  quiserem  fai^er  qual- 
quer género  de  conta,  principalmente  para  todas 
as  Peffoas,  que  tem  a  ocupação  de  comprar,  e 
vender,  faberem  com  facilidade,  o  que  impor- 
taõ  as  fazendas,  que  compraõ,  ou  vendem,  e  a 
lucro,  ou  perda,  que  nellas  alcançaõ  ajftm  por 
annos,  como  por  meií^es,  e  dias.  Porto  1739.  4- 
fem  nome  de  ImpreíTor. 

Fr.  FRANQSCO  DE  ORTA  natural 
de  Lisboa,  onde  profeíTou  o  IníHtuto  da. 
Ordem  dos  Pregadores  a  22.  de  Abril 
de  1543.  fazendo  taes  progrelTos  nos  ef- 
tudos,  que  foy  hum  dos  grandes  Mef- 
tres,  que  di£laraõ  Theologia  Moral  na 
Real  Collegio  de  NoíTa  Senhora  da  Ef- 
cada  deíla  Corte.  Jaz  fepultado  no  Con- 
vento   de    Évora.  Compoz 

Commentaria  in  Summam  D.  Tbomce  Aqui- 
natis.  M.  S.  Os  quaes  (como  aííirma  Fr.  Pe- 
dro Moat.  Clauft.  Dom.  Tom.  3.  pag.  218.) 
fe  efpalháraõ  pela  Provinda  com  ^aude  efiima- 
çaõ.  He  numerado  entre  os  Efcritores  Do- 
minicanos por  Altamura  Bib.  Domin.  foi.  345  ► 


2l6 


BIB  LIO  THE  CA 


FRANaSCO  OSÓRIO  natural  de  Lis- 
boa Presbytero  Theologo  Meílre  de  letras 
humanas,  e  Prior  da  Parochial  Igreja  de 
S.  Vicente  de  Villa  Franca  de  Xira  do  Pa- 
triarchado  de  Lisboa.  Para  inílruir  as  fuás 
ovelhas  traduzio  da  lingua  Latina  em  a  ma- 
terna 

Compendio  de  ejpiritual  doutrina  colhido  pela 
mayor  parte  de  varias  Sentenças  dos  Santos  Pa- 
/ires  Author  o  lllujlrijfimo,  e  Keverendijfimo  Se- 
jihor  D.  Fr.  Bartholameo  dos  Martyres  Arce- 
bijpo  de  Braga  Vrima^.  Lisboa  por  António 
Alvares   ImpreíTor   delRey    1653.    8. 

FRANCISCO  PAEZ  FERREIRA,  E 
FRANÇA  natural  da  Cidade  de  Évora, 
Meílre  em  Artes,  e  Licenciado  em  Theo- 
logia.  AíTiílio  grande  parte  da  fua  vida 
•em  Madrid  onde  foy  Capellaõ  delRey. 
Falleceo  neíla  Imperial  Villa  depois  do  anno 
•de   1668.    Compoz 

]ui:^o  Catholico,  y  pio  fobre  la  ejlrella  dei 
nacimiento  dei  Príncipe  D.  Filippe  Projpere  hijo 
Je  los  Reyes  D.  Filippe  IV.  y  D.  Anna  de 
Aujlria.  Madrid,  por  Domingos  Garcia  Mor- 
ras 1658.  4. 

Fr.  FRANCISCO  DA  PAYXAM  natu- 
ral de  Lisboa  donde  paíTando  a  Madrid 
recebeo  o  Habito  de  Mercenário  Defcal- 
■ço,  e  depois  de  ler  Filofofia,  e  Theo- 
logia  aos  feus  domefticos  fe  applicou  com 
particular  eftudo  às  Cerimonias  Ecclefiaf- 
ticas  augmentando  com  varias  noticias  o 
livro  que  neíla  matéria  efcrevera  Frey 
Domingos  dos  Santos  feu  patrício,  e  Re- 
ligiofo  da  mefma  Ordem  de  quem  fi- 
;2emos  memoria  em  feu  lugar,  e  o  pu- 
blicou fem  o  feu  nome  com  efte  ti- 
tulo 

Ceremonial,  y  injlnucion  de  Officios  de  los 
Keligiojos  Defcalfos  de  Noffa  Senhora  de  la 
Merced,  Kedempcion  de  Cautivos  en  que  fe  con- 
tiene  lo  tocante  ai  rejado,  y  celehracion  de  los 
Officios  Divinos  en  el  Altar,  y  Coro  Jegun  el 
Breviário,  y  Miffal  Komano  reformado  por  Cle- 
mente VIU.  y  Rit/Ml  de  Pablo  V.  y  aft  mif- 
mo  lo  que  pertenece  a  cada  uno  de  los  Keli- 
^ofos  fegun  fus  Officios,  y  minijierios.  Madrid 
por  Francifco  Nieto   1668. 


Manual  de  Procejftones ,  Officios  particulares 
dela  Semana  Santa,  Benediciones,  Sacramentos  con 
el  Officio  de  la  fepultura  delos  Keltgiofos  Def- 
calfos dela  Orden  de  N.  Senora  dela  Merced 
Kedempcion  de  Cautivos.  Barcelona  por  Dio- 
nÍ2Ío  Hydalgo   1669.  4. 

FRANQSCO  PEDRO  VIDAL  DE  CAR- 
VALHO natural  da  Villa  de  Cezimbra  do 
Patriarchado  de  Lisboa  Theologo  Mo- 
raliíla.  Querendo  teílemunhar  o  devoto 
afeélo  para  o  infigne  Pay  dos  pobres, 
c  verdadeiro  exemplar  de  Prelados  publi- 
cou 

Novena  do  gloriofo  Santo  Thomàs  de  Vil- 
lanova  Arcebifpo  de  Valença  da  Ínclita  familia 
Augufliniana.  Lisboa  por  Pedro  Ferreira  Im- 
preíTor da  Corte,  1731.  4. 

P.  FRANQSCO  PEDROSO  naceo  em 
Lisboa,  e  logo  nos  primeiros  annos  deu 
claros  indícios  da  innocencia  dos  coílu- 
mes,  que  havia  obfervar  por  toda  a  vida 
fendo  a  vigilante  educação  de  feus  Pays 
Manoel  de  Alpoem  de  Souza,  e  Marian- 
na  Cardofa  da  Sylva  o  fuave  eftimulo 
para  que  deixando  o  feculo  bufcaífe  co- 
mo efcola  de  virtudes  a  Congregação  do 
Oratório  fundada  neíla  Corte  pelo  apof- 
tolico  efpirito  do  V.  P.  Bartholameu  do 
Quental,  onde  recebeo  a  Roupeta  a  21. 
de  Novembro  de  1669.  Como  era  do- 
tado de  grande  comprehenfaõ,  e  naõ  me- 
nor capacidade  de  tal  forte  fe  dillinguio 
no  eíhido  das  fciencias  fevcras,  que  bre- 
vemente fubio  à  Cadeira  onde  com  igxial 
clareza,  que  profundidade  didlou  as  ma- 
térias mais  dificultofas  da  Theologia  Ef- 
peculativa,  e  Moral  merecendo,  que  ncíbis 
Faculdades  foíTe  refpeitado  como  Oráculo  de 
cuja  decifaõ  pendiaõ  as  controveríias  perten- 
centes ao  foro  interno  por  fer  femprc  o  feu 
voto  eílabelecido  fobre  as  folidas  bafes 
das  opinioens  mais  prováveis.  A*  efpe- 
culaçaõ  das  fciencias  correfpondia  a  prac- 
tica  das  virtudes  fendo  fummamente  mo- 
deílo,  mortificado,  compaíTivo,  amante  da 
pobreza,  e  inimigo  da  vaõ-gloria.  Copiofo 
foy  o  fruto,  que  colheo  quando  pregava 
principalmente     nas     MiíToens     apoílolicas. 


i 


L  USITAN A. 


21J 


que  fa2Ía  por  varias  partes  em  o  tempo  da 
Quarefma  concorrendo  o  afpeâo  penitente, 
e  a  VÒ2  formidável  para  reduzir  ao  cami- 
nho da  bemaventurança  os  coraçoens  mais 
obftinados.  Eftas  partes  conftitutivas  de 
hum  Varaõ  perfeito  lhe  conciliarão  a  efti- 
maçaõ  da  Nobreza,  e  particularmente  dos 
Cardiaes  Jorge  Comaro  Núncio  Apoftolico 
neftes  Reynos,  e  Nuno  da  Cunha  de  At- 
tayde  Inquiíidor  Geral,  que  o  creou  Qua- 
lificador do  Santo  Ofíicio.  A  Mageílade  rey- 
nante  delRey  D.  Joaõ  o  V.  o  elegeu  por  feu 
ConfeíTor  confiando  naõ  fomente  da  fua 
prudente  capacidade  os  negócios  de  gra- 
ves confequencias,  mas  venerando  a  fua 
Peíloa  como  ornado  de  infignes  virtudes. 
Naõ  eraõ  eficazes  taõ  diftintas  eílimaçoens 
para  alterar  ainda  levemente  o  feu  co- 
ração por  fer  fuperior  a  todas  as  hon- 
ras mundanas  confervando  fempre  a  fin- 
ceridade  de  animo  com  que  fervia  aos 
intereíTes  alheos,  e  nunca  aos  próprios. 
Mais  cheyo  de  virtudes,  que  de  annos 
paíTou  com  fumma  piedade  defta  vida 
mortal  para  a  eterna  a  8.  de  Janeiro 
de  171 9.  A  Congregação  em  obfequio  de 
filho  taõ  benemérito  lhe  dedicou  folem- 
nes  exéquias  a  que  aíTiílio  a  Nobreza,  e 
a  mayor  parte  das  Comunidades  Religiofas. 

Publicou 

ExborfaçaÕ  dogmática  contra  a  perfiàia  Ju- 
daica feita  aos  Reos  penitenciados  no  Auto 
publico  da  Fè,  que  fe  celebrou  na  Praça 
do  Rocio  junto  aos  Paços  da  Inquijiçaõ  defta 
Cidade  de  Ushoa  em  9.  de  Julho  de  171 3. 
Lisboa  por  Miguel  Manefcal  Impreílor  do 
Santo  Ofíicio   171 3.  4. 

Cenjura,  in  qua  refolvitur  Jufficere  approha- 
tionem  à  quocumque  Ordinário,  ut  Confeffarius 
ifirtute  Bullce  Cruciata  pojftt  ubique  eligi.  Sahio 
no  Tom.  i.  Queft.  Seleã.  Bui.  Cruc.  Authore 
Laurentio  Pires  de  Carvalho  à  pag.  380. 
athe    386. 

De    Incarnatione    Divi    Verbi.    foi.  M.   S. 

Efta  obra,  que  era  doutiíTima,  levou  o 
Cardial  Comaro  Núncio  ApoíloHco  nefte 
Reyno  quando  delle  partio  para  Roma  com 
o  intento  de  a  imprimir,  cuja  idea  fe  naõ 
efeituou. 


FRANQSCO  PEREIRA  cuja  pátria,  e 
eftado  de  vida  fe  ignoraõ.  Efcreveo  hum 
Difcurfo  muito  largo,  e  douto  com  elle  ti- 
tulo 

Parecer  fobre  os  lugares,  e  pajfagem  de  Africa. 
M.  S.  Conferva-fe  na  Livraria  do  ExceUentif- 
fimo  Marquez  de  Abrantes.  Começa  Haverá 
por  ventura  alguém. 

P.  FRANCISCO  PEREIRA  natural  do 
lugar  de  Cachugaes  do  Bifpado  do  Porto 
filho  de  António  Pereira,  e  D.  Filippa  da 
Sylva  ambos  de  conhecida  nobreza.  Profef- 
fou  o  Inllituto  da  Companhia  de  JESUS 
em  o  CoUegio  de  Coimbra  a  9.  de  Janeiro 
de  1577.  e  depois  de  eíhidar  as  letras  hu- 
manas, e  fciencias  divinas  diâou  muitos  an- 
nos Theologia  em  o  Collegio  de  Évora  on- 
de fe  confervaõ  os  Tratados  feguintes  di- 
gniíTimos  da  luz  publica 

De  Gratia  foi.  M.  S. 

De  Juftitia,  &  Reftitutione.  foi.  M.  S. 

D.  Fr.  FRANCISCO  PEREIRA  naceo 
em  a  ViUa  de  Lampazes  do  Bifpado  de 
Miranda  fendo  filho  natural  de  Nuno  Al- 
vares Pereira  Pimentel  do  Confelho  de  Por- 
tugal em  Madrid,  Padroeiro  do  Capitulo  de 
S.  Francifco  do  Convento  de  Bragança  def- 
cendente  da  illuftre  familia  dos  Pimenteis  da 
Caza  dos  Condes  de  Benavente  em  Caftella, 
e  irmaõ  de  Pedro  Alvares  Pereira  Senhor 
de  Serra  Leoa,  e  do  Paul  de  Muge  Com- 
mendador  de  Santa  Maria  de  Marmeleiro  da 
Ordem  de  Chriílo  do  Confelho  de  Eftado 
de  Filippe  IV.  e  feu  Secretario,  e  de  D. 
Maria  Pereira  mulher  de  D.  Diogo  Botelho 
Governador  do  Brazil  progenitores  do  Con- 
de de  S.  Miguel.  Nos  annos  da  adolefcen- 
cia  deixando  a  Caza  paterna  entrou  na  Re- 
ligião dos  Erimitas  de  Santo  Agoftinho  cujo 
Inftituto  profeíTou  no  Convento  de  Noíía 
Senhora  da  Graça  de  Lisboa  a  27.  de  Se- 
tembro de  1585.  donde  fahio  eminente  aflim 
nos  eftudos  Efcholafticos,  como  na  Arte 
da  Oratória  Ecclefiaftica.  Quando  contava 
3  5 .  annos  de  idade  partio  a  Roma  pa- 
ra aíTiftir  no  Capitulo  Geral,  que  fe  ce- 
lebrou em  o  anno  de  1602.  onde  foy 
eleito    AíTiftente     do     Geral    pelas     Provin- 


2l8 


BIBLIO  THE  CA 


cias  Ultramontanas  fendo  o  primeiro  Por- 
tuguez,  que  exercitou  eíle  miniílerio.  Ref- 
tituido  ao  Reyno  fubio  ao  lugar  de  Pro- 
vincial em  o  anno  de  1609,  que  adminif- 
trou  prudente,  e  afável.  Atendendo  a  Ma- 
geílade  de  Filippe  III.  aos  feus  merecimen- 
tos ornados  da  nobreza  do  nacimento,  e 
profundidade  da  fciencia  o  nomeou  no  an- 
no de  1618.  Bifpo  de  Miranda  em  cuja  di- 
gnidade foy  confirmado  por  Paulo  V.  em 
o  primeiro  de  Outubro  do  dito  anno  ha- 
vendo recebido  defte  Pontífice  particulares 
fignificaçoens  de  afedo  em  o  tempo,  que 
aífiílio  na  Cúria.  Em  os  dous  Aélos  folem- 
nes  das  Cortes  celebradas  em  Lisboa  o  pri- 
meiro a  14.  de  Julho  de  1619.  e  o  2.  a  18. 
do  dito  mez,  e  anno  em  que  Filippe  III. 
fez  juramento  aos  Três  Eftados  do  Reyno, 
e  foy  jurado  feu  filho  o  Príncipe  D.  Filippe 
fuceíTor  defta  Coroa,  orou  pela  parte  do  Ef- 
tado  Ecclefiaftico  com  applauzo  de  taõ  au- 
thorizado  congreíTo.  Tendo  governado  a  fua 
Diocefe  com  vigilância  de  Paftor,  e  ternura 
de  Pay  faUeceo  piamente  a  7.  de  Janeiro 
de  1621.  quando  eílava  nomeado  Bifpo  de 
Lamego.  Fr.  Ant.  à  Purifi.  de  vir  llluft.  Ord. 
Erim.  D.  Aug.  lib.  1.  cap.  17.  o  intitula 
immortali  laude  àignus.  Miranda  Difc.  Hijl. 
da  vid.  de  D.  Ant.  de  Zunig.  Difc.  ult. 
foi.  62.  Ctgas  letras,  fangre,  y  virtud.  es 
hien  conocida  por  el  mundo.  Haro  Noh.  Ge- 
neal.  Tom.  i.  foi.  136.  verf.  varon  de 
Jingular  vida,  y  exemplo,  y  de  una  fuave, 
y  muy  rara  prudência  en  la  predicacion  de 
la  doãrina  evangélica  en  que  poços  Je  le  igua- 
laron  en  fu  tiempo.  Faria  Decad.  i.  hb. 
9.    cap.    8.    Nicol.    Ant.    Bib.    Hijp.    Tom. 

1.  p.  350.  col.  2.  Herrer.  Alphab.  Au- 
guft.  Fr.  Ant.  da  Purif.  Cbron.  da  Prov. 
de   Portug.   dos  Erimit.   de  Sant.    Aguft.  Part. 

2.  liv.  5.  Tit.  3.  §.  16.  e  21.  Abreu  Cathal. 
dos  Bi/p.  de  Mirand.  §.  11.  Faria,  e  Sou- 
za Fuent.  de  Aganip.  Eleg.  12.  cujo  af- 
fumpto  hc  Pedro  Alvares  Pereira  irmaõ 
de  D.  Fr.  Francifco  Pereira,  a  o  qual 
aíTim  o  louva 

En  ti  llevò  la  muerte  de  una  herida 
De  Varon  fabio  Original  Valiente 
Y  gjran  modelo  de  virtud  Ungida. 


Compoz 

Oração  no  Auto  do  Juramento,  que  elKey 
D.  Filippe  N.  Senhor  fegundo  dejle  nome  Jev^ 
aos  três  Eftados  do  Reyno,  e  do  que  elles  fiz'~ 
raõ  a  S.  Magejlade  do  recebimento,  e  aceitação 
do  Príncipe  D.  Filippe  N.  Senhor  Jeu  filho 
Primogénito  em  Lisboa  a  14.  de  Julho  de  1619. 

OraçaÕ  do  Auto  do  Juramento  de  Filippe 
III.  nas  Cortes  celebradas  em  Lisboa  a  1%.  de 
Julho  de   161 9. 

Huma,  e  outra  fahiraõ  impreíTas  Lisboa 
por  Pedro  Craesbeeck.  1619.  foi.  e  na  Viage 
de  la  Cafholica  Real  Magejlade  delRey  D.  Fi- 
lippe III.  ai  Reyno  de  Portugal.  Madrid  por 
Thomas  Junti  ImpreíTor  delRey  1622.  foi. 
a  pag.  63.  e  65. 

Tratado  da  Religião  Erimitica  de  Santo 
AgoJlinho  M.  S.  o  qual  confeíTa  ter  em  feu 
poder  Fr.  António  da  Purificação  Antid. 
AuguJl.  Trat.   2.  cap.  9.  foi.   54. 

FRANCISCO  PEREIRA  PESTANA  fi- 
lho de  Joaõ  Peílana  fidalgo  de  conhecida 
nobreza.  Defde  a  primeira  idade  atè  a  ul- 
tima frequentou  a  paleftra  de  Bellona  cor- 
refpondendo  felifmente  a  fortuna  ao  valor 
de  feu  heróico  coração.  No  tempo,  que  go- 
vernava o  Reyno  de  Nápoles  ElRey  D.  Fra- 
dique  foy  o  primeiro  theatro  dos  feus  mar- 
ciaes  efpiritos  donde  reílituido  a  Portugal 
paíTou  por  ordem  delRey  D.  Manoel  à  re- 
gião de  Africa  onde  pelo  efpaço  de  fcte 
annos  alcançou  immortal  gloria  ao  feu  no- 
me, e  cauzou  fatal  rui  na  aos  fequazes  de 
Mafoma.  De  Africa  navegou  para  Afia 
com  o  pofto  de  Capitão,  e  depois  de  fuílcn- 
tar  a  Fortaleza  de  Quiloa  na  obediência  do 
feu  Soberano  affiílio  na  celebre  conquiíla  de 
Goa  no  anno  de  15 10.  em  que  deu  mani- 
feílos  argumentos  de  feu  natural  valor.  Se- 
gunda vez  navegou  deíle  Reyno  para  Goa  cm 
tempo  do  Governador  do  Eftado  D.  Duarte 
de  Menezes  provido  em  huma  Capitania  de 
que  o  privou  no  anno  de  1 5  24.  o  Vicerey  D. 
Vafco  da  Gama  finiílramente  informado  pela 
malevolencia  dos  feus  emulos,  e  ainda  que  no 
anno  de  1525.  governando  D.  Henrique  de 
Menezes  focorreíTe  com  o  pofto  de  Capitão  de 
hum  galeaõ  a  Fortaleza  de  Calicut,  prevalecerão 
de  tal  forte  contra  o  feu  claro  procedimento 


L  USITANA. 


219 


as  machinas  de  feus  inimigos,  que  chegando 
a  Lisboa  eíleve  prefo  dous  annos  no  Caflello 
atè  que  juíUficada  a  fua  innocencia  das  falfas 
acufaçoens,  que  lhe  tinhaõ  impoílo,  foy  li- 
vre, e  abfoluto.  Acompanhou  ao  Infante 
D.  LuÍ2  na  famofa  expedição  de  Tunes  al- 
cançando fempre  fama  de  valerofo  foldado, 
e  prudente  Capitão.  Foy  Camareiro  do  In- 
fante D.  Affonfo  filho  do  SereniíTimo  Rey 
D.  Manoel  fendo  inftrumento  de  pacificar 
as  difcordias,  que  o  indifcreto  zelo  de  al- 
guns Criados  fomentara  entre  efte  Príncipe, 
e  feu  Irmão  D.  Joaõ  o  III.  Teve  juizo 
agudo,  e  difcreto,  condição  afável,  e  benigna, 
profufaõ  generofa,  e  continua.  DeUe  faz  a 
feguinte  memoria  Ofor.  íie  reb.  Emman.  Hb. 
4.  Vir  nobilis,  (&  acer,  qui  multa  in  re  militari 
facínora  elegia  virtutis  ediderat.   Compoz 

OraçaÔ  na  presença  delKey  D.  Manoel, 
e  feus  Def(embargadores  em  que  fe  jujiifica 
dos  crimes  que  lhe  impu^eraÔ  fendo  Capitão 
da  índia  M.  S.  Começa.  Segundas  culpas 
por  ferviços  merecem  perdão.  He  muito  judi- 
ciofa. 

Praãica  em  que  perfuadia  a  D.  JoaÕ  o  III. 
iUM  fer  conveniente  paffar  elle,  e  feu  IrmaÕ  o 
Infante  D.  L^/i-:^  a  Africa;  e  o  modo  como  os 
Exclefiaflicos  podiaõ  concorrer  para  efla  empret^a. 
M.  S. 

Difcurfo  fobre  o  governo  da  índia  onde  moflra 
os  meyos  por  onde  fe  pode  dilatar  a  fua  Con- 
quifla.    M.    S. 

Eftas  duas  obras  fe  confervavaõ  na  Li- 
vraria do  Chantre  de  Évora  Manoel  Seve- 
tim  de  Faria. 


FRANCISCO  PEREIRA  DA  SYLVA 
natural  da  ViUa  de  Viana  em  a  Pro- 
víncia do  Minho  muito  verfado  na  H- 
•çaõ  da  Hiíloria,  e  principalmente  em  a 
noticia  da  Origem,  e  progreíTos  da  Or- 
dem Terceira  do  Seráfico  Patriarcha,  da 
qual    era    Irmão    profeíTo,    efcrevendo 

Caminho  dos  Terceiros  Seráficos  para  a 
Celeftial  Pátria  defcuberto  pelo  Serafim  dos 
Patriarchas  na  inflituiçaõ  da  fua  Terceira  Or- 
dem manifefio  no  largo  campo  da  Efcla- 
recida  Religião  dos  Menores  por  muitos,  e 
craves   Efcritores.    Lisboa    por    Maurício    Vi- 


cente de  Almeyda  173 1.  8.  &  ibi  por 
Theotonio  Antunes  de  Lima.  1736.  8. 
Chronica  da  Terceira  Ordem  do  Rejno  de 
Portugal,  e  fuás  Conqtâflas.  foi.  Deíla  obra 
faz  o  Author  memoria  no  Prologo  da  obra 
precedente,  e  delia  examinou  a  primeira  par- 
te em  o  anno  de  1740.  por  ordem  do  De- 
zembargo  do  Paço  para  fe  impremir  o  Re- 
verendo Padre  Fr.  Manoel  de  S.  Damafo 
Bibliothecario  do  Real  Convento  de  S. 
Francifco  de  Lisboa,  Chroniíla  da  Provinda 
de  Portugal,  e  Académico  da  Academia  Real. 


Fr.  FRANCISCO  DA  PIEDADE  MA- 
CIEL naceo  em  Lisboa,  e  profeíTou  o 
Inílituto  da  illuftre  Ordem  dos  Prega- 
dores em  o  Convento  de  Goa,  onde  fe 
applicou  ao  eíludo  da  Sagrada  Efcritura, 
e  dos  Santos  Padres  em  que  fahio  emi- 
nente. Informado  o  Meítre  Geral  da  Or- 
dem Fr.  Nicolào  Ridolphi  da  profunda 
fciencia  que  tinha  da  BibUa,  e  dos  feus 
mayores  interpretes  lhe  ordenou  efcre- 
veíTe  a  obra  feguinte  a  qual  afirma  que 
ainda  que  contaíTe  a  proveâa  idade  de 
cento,  e  quinze  annos  que  viveo  feu  Avó 
materno  Pedro  Corfi  natural  da  Ilha  de 
Corfega  a  naõ  poderia  completar  pela 
fua  immenfa  vaíUdaõ  a  qual  publicou 
com   efte   ritulo 

Expofitiones  feleãa  Sanãorum  Patrum,  Doc- 
torumque  clarijfimorum  in  totum  hifiorialem  utriuf- 
que  Sacra  Pagina  textum  colleãa,  ac  concepti- 
bus  pradicabilibus  applicata.  Interponuntur  etiam 
expofitiones  fententiarum,  qua  inveniuntur  in  Ca- 
pitibus  parabolicis  Job,  Pfalmis,  libris  Salomonis, 
Prophetis,  Epijiolis  Apojlolorum,  Apocalypfi, 
in  quibus  ejl  aliquod  verbum  ejufdem  hijiorialis 
textus.  Tomus  primus  compleãens  opera  fex 
dierum  divifus  in  três  partes.  Prima  pars 
continet  opera  unius  diei,  ac  tria  millia  fe- 
leãarum  expofitionum  cum  duobus  indicibus  lo- 
cupletijfimis,  eaque  fubdivifa  in  Três  partes. 
NeapoU  apud  Secundinum  RoncagUoU.  1656. 
foi.  Defta  obra,  como  de  feu  Author, 
fazem  memoria  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  p.  351.  col.  I.  Fr.  Petr.  de 
Alva  y  Aftorg.  Milit.  Concept.  Echard. 
Script.    Ord.    Prad.    Tom.    2.    p.    478.    col. 


220 


BIBLIO THE  CA 


a.  Lclong.  Bih.  Sacra.  p.  mihi  906.    col.   i. 
c  Monteiro    Clauftr.  Domin.  Tom.  i.  p.  218. 

FRANCISCO  PIMENTEL  naceo  em  Lis- 
boa, c  na  Parochial  Igreja  de  Santa  Jufta 
recebeo  a  primeira  graça  a  23.  de  Se- 
tembro de  1652.  Foy  filho  terceiro  de 
LuÍ2  Serram  Pimentel  Cofmographo  mór. 
Tenente  General  da  Artilharia,  e  Enge- 
nheiro mòr  do  Reyno,  de  quem  fe  fará 
diílinta  memoria  em  feu  lugar,  e  de  fua 
fegunda  mulher  D.  Izabel  Godins.  De- 
pois de  frequentar  o  eftudo  das  letras  hu- 
manas no  CoUegio  de  Santo  Antaõ  dos  Pa- 
dres Jefuitas,  paíTou  à  Univerfidade  de 
Coimbra  onde  applicado  à  Faculdade  de  Di- 
reito Cefareo  recebeo  o  grào  de  Bacharel 
em  o  anno  de  1677.  Como  foíTe  muito  pe- 
rito nas  difciplinas  Mathematicas  principal- 
mente em  a  Geometria,  e  fortificação  o  no- 
meou ElRey  D.  Pedro  II.  a  7.  de  Agofto 
de  1677.  por  Capitão  Ajudante  do  Enge- 
nheiro mòr  feu  Pay  ao  qual  fubftituhio  em 
o  anno  de  1679.  no  exercicio  de  Lente  de 
Fortificação,  que  continuou  todo  o  tempo 
que  lhe  permitiaõ  afliítir  em  Lisboa  as  fre- 
quentes jornadas  que  fazia  para  obfervar  a 
fegurança  das  Praças  do  Reyno,  e  difpor  as 
defenfas  de  que  neceíTitavaõ.  Entendendo 
ElRcy  D.  Pe<Jro  que  no  tempo  da  paz  era 
conveniente  pi-evenirfe  para  a  guerra,  e  inf- 
truir  na  difciplina  militar  aos  feus  VaíTa- 
los  valendo-fe  da  occafiaõ  dos  apreílos,  que 
em  Polónia,  e  Alemanha  fe  faziaõ  contra  o 
inimigo  commum  da  Chriftandade  mandou 
a  Francifco  Pimentel,  e  D.  António  Sal- 
gado com  o  pofto  de  Capitaens  acompanha- 
dos de  quatro  Ajudantes  para  que  aíTiílindo 
naquellas  Campanhas  aprendeflem  praétíca- 
mente  os  diftames  da  Arte  militar.  Partio 
de  Lisboa  Francifco  Pimentel  a  17.  deMayo 
de  1684.  e  chegando  à  Corte  de  Polónia 
foy  benevolamente  recebido  pelo  feu  Sobe- 
rano Joaõ  Sobieski  chegando  a  tal  exceíTo 
a  diílinçaõ  que  fez  da  fua  peflba  que  o 
fez  fentar  à  fua  mefa  algumas  vezes.  Por 
ordem  dcfta  Corte  paííou  de  Polónia  em 
o  anno  de  1685.  a  Hungria  achando-fe  na 
cxpugnaçaõ  da  Praça  de  Newhaufel  que 
os  Imperiaes  por  aíTalto  recuperarão  do  po- 


der do  Turco  donde  marchou  com  o  exer- 
cito Imperial  a  aviílar  a  Praça  de  Buda  ha- 
vendo-fe  em  todas  as  operaçoens  defta  Cam- 
panha com  grande  aítividade,  e  naõ  menor 
difciplina.  Reítituido  ao  Reyno  paiTou  no 
anno  de  1690.  a  difpor  a  forma  da  defenfa 
da  Praça  de  Mazagaõ  por  fe  recear  a  inva- 
faõ  dos  Mouros,  a  cujos  rebates  fahio  mui- 
tas vezes  ao  campo  em  que  deu  manifeftos 
argumentos  de  feu  valor  natural.  Declarada 
a  guerra  por  efta  Coroa  contra  a  Caftelhana 
no  anno  de  1704.  entrou  a  fervir  na  Beira 
com  o  pofto  de  Quartel  Mcftre  General  or- 
denando tudo  quanto  pertencia  a  efte  lugar 
com  fumma  providencia,  e  acreditando  o 
feu  esforço  no  choque  que  o  noflb  exer- 
cito teve  com  o  inimigo  em  Monfanto  de- 
vendo-fe  a  recuperação  do  feu  Caftello,  e 
grande  parte  da  felicidade  defte  dia  às  fuás 
difpofiçoens  donde  fahio  gravemente  ferido 
de  huma  bala.  Ainda  mal  convalecido  fahio 
da  Praça  de  Penamacor  governando  o  Trem 
da  Artilharia  do  noíTo  exercito  que  marcha- 
va para  a  Praça  de  Almeyda.  Nomeado  no 
anno  de  1705.  Meftre  de  Campo  General 
difpoz  com  grande  acordo  todos  os  campa- 
mentos  do  noíTo  exercito,  e  fe  aíTinalou  na 
recuperação  da  Praça  de  Salvaterra.  O  mef- 
mo  ardor  manifeftou  na  Província  do  Alen- 
tejo aíTiftindo  ao  fitío  de  Badajos,  atè  que 
a  17.  de  Setembro  de  1706.  lhe  ordenou 
o  Marquez  das  Minas  Governador  das  Ar- 
mas que  ficafle  na  Cidade  de  Cuenca  com 
trezentos  Infantes  para  prefidio  da  Praça 
que  governaria  com  patente  de  Meftre  de 
Campo  porém  fentindo-fe  gravemente  enfer- 
mo fez  o  feu  Teftamento  fendo  a  principal 
difpofiçaõ  que  fe  annexaíTem  os  feus  bens 
ao  Morgado  de  feus  Avós,  e  recebidos  os 
Sacramentos  com  catholica  piedade  falleceo 
a  6.  de  Outubro  de  1706.  quando  contava 
54.  annos  de  idade  a  tempo  que  os  Cafte- 
Ihanos  tinhaõ  aííediado  a  Cuenca.  Foy  fe- 
pultado  com  todas  as  honras  militares  na 
Parochial  Igreja  de  Santa  Cruz  da  mefma 
Cidade.  Faz  do  feu  nome  repetida  memoria 
o  P.  Souza  Hift.  Gen.  da  CaJ.  Keal  Portug.  Tom. 
7.  p.  J56.  e  619.  e  Tom.  8.  p.  339.  Com- 
poz 

EJementos  de  Geometria. 


I 


L  U SI  TANA 


221 


Geometria  Praãica  que  contem  a  doutrina 
4Íos  Triângulos,  a  confiruçaõ  das  Taboas  dos  Se- 
nos Tangentes,  e  Secantes,  e  dos  L^garithmos. 
A  dimenfaõ  das  linhas,  Juperficies,  e  corpos.  A 
perfpeãiva,  e  a  divifaÕ  das  Juperficies. 

Tratado  da  offenfa,  e  dejenja  das  Pra- 
ças. 

Fortificação  moderna  que  trata  da  Côjlrucçaõ,  e 
Fabrica  das  Fortalezas. 

Todas  eílas  obras  M.  S.  fe  confervaõ 
com  eftimaçaõ  em  poder  dos  ProfeíTores  da 
Arte  militar. 

P.  FRANCISCO  DE  PINA  natural  da 
Villa  de  AvÍ2  em  a  Provincia  Tranílagana  filho 
de  António  de  Pina,  e  Francifca  Vaz  recebeo 
a  Roupeta  de  Jefuita  no  CoUegio  de  Coimbra 
a  22.  de  Julho  de  1555.  Alcançada  faculdade 
dos  Superiores  partio  de  Lisboa  a  9.  de 
Março  de  15  61.  para  a  índia,  e  chegando 
a  Goa  a  7.  de  Setembro  do  referido  anno 
fe  empregou  na  cultura  da  Chriílandade  da 
Cofta  de  Coromandel.  Foy  Reytor  do  Col- 
legio  de  S.  Thomé  no  anno  de  1575.  Delle 
fe  lembra  Hijl.  Societ.  lib.  2.  §.  iio.  Ef- 
creveo 

Carta  de  Goa  de  â,.  de  Novembro  de  15  61. 
£m  que  relata  a  fua  jornada.  Sahio  com  ou- 
tras em  Italiano.  Venetia  por  Tramezino. 
1565.    8. 

Carta  de  Goa  do  i.  de  Novembro  de  i^6z. 
M.  S. 

Carta  ejcrita  de  S.  Thomè  ao  P.  Manoel  da 
Cofia  a  20.  de  Setembro  <í?  1 5  63 .  M,  S. 

P.  FRANCISCO  DE  PINA  natural  da 
Cidade  da  Guarda  em  a  Provincia  da  Beira. 
Aliílou-fe  na  Companhia  de  JESUS  em  o 
Collegio  de  Coimbra  a  28.  de  Janeiro  de 
1605.  onde  confumados  os  eíbidos  dasfcien- 
cias  efcholaílicas  inflamado  com  o  zelo  de 
aggregar  filhos  à  Igreja  Romana  navegou 
ao  Oriente,  e  logo  que  chegou  a  Goa  foy 
■deílinado  pelos  Superiores  para  Miffionario 
da  Cochinchina  fendo  companheiro  do  P. 
Alexandre  de  Rhodes,  e  o  primeiro,  que 
pregou  na  lingua  Aimamitica  que  aprendeo 
com  grande  difvelo  para  fe  fazer  intelligivel 
aos  feus  naturaes.  Compoz  juntamente  com 
o  P.   Alexandre   de   Rhodes 


Diãionarium  Annamiticum.  Romae  Typis, 
&  fumptibus  facras  Congregationis  de  Pro- 
paganda fide.  165 1.  4. 

FRANCISCO  DE  PINA,  E  DE  MEL- 
LO Moço  Fidalgo  da  Cafa  de  Sua  Magef- 
tade,  e  Chefe  da  Familia  dos  Pinas  de  Ara- 
gão, que  vieraõ  a  efte  Reyno  com  a  Rainha 
Santa  Izabel,  filho  de  Joaõ  de  Mello  de 
Pina,  e  de  D.  Maria  Francifca  Xavier  de 
Sà,  e  de  Miranda  filha  de  Luiz  de  Sà,  e  de 
Miranda,  e  de  D.  Mariana  de  So\iza  Tava- 
res, teve  o  feu  berço  na  Villa  de  Montemor 
o  Velho  em  a  Provincia  da  Beira  a  7.  de 
Agofto  de  1695.  Nos  primeiros  annos  o 
applicou  feu  Pay  ao  exercício  da  Cavallaria 
em  que  era  perito,  porem  o  génio  em  idade 
taõ  tenra  o  inclinava  para  a  liçaõ  dos  li- 
vros, e  cultura  das  fciencias.  O  engenho, 
de  que  liberal  o  ornou  a  natureza,  lhe  fez 
fácil  o  progreíTo  nas  Artes  Liberaes  deven- 
do-lhe  mayor  afedto  a  Poefia  com  a  qual 
ao  mefmo  tempo  fe  purificava  o  entendi- 
mento, e  fe  deleitava  a  vontade  Depois 
de  eíhidar  em  a  Univerfidade  de  Coimbra 
a  FUofofia  Peripatetica  leu  com  particular 
reflexão  os  Syftemas  de  Renato  Defcartes, 
Pedro  Gaflendo,  e  outros  Filofofos  moder- 
nos, e  da  fua  mefma  liçaõ  colheo  que  uni- 
camente a  Filofofia  Moral  era  digna  de  toda 
a  appHcaçaõ  como  direâiora  das  acções  vir- 
tuofas.  Por  morte  de  feu  Pay  fegunda  vez 
frequentou  a  Univerfidade  de  Coimbra  onde 
defendeo  Conclufoens  de  Direito  Pontificio 
com  geral  applaufo  dos  Cathedraticos  cujo 
eíhido  interrompeo  por  caufas  urgentes  que 
o  obrigarão  a  refl:ituir-fe  à  fua  pátria  onde 
conferva  innocente  commercio  com  as  Mu- 
fas  fendo  hum  dos  mais  canoros  Cifnes  do 
Parnafo  Portuguez,  que  hoje  venera  efte 
Reyno,  ou  feja  pela  copiofa  afluência  das 
vozes,  ou  pela  profunda  difcriçaõ  dos  pen- 
famentos  com  que  orna  os  diverfos  géneros 
de  metros  que  tem  produzido  a  fua  fecunda 
Mufa,  fendo  os  que  lograrão  do  beneficio 
da  luz  publica  os  feguintes 

Kimas.  Primeira,  e  fegunda  parte.  Coim- 
bra por  Jozè  Antunes  da  Sylva  ImpreíTor 
da  Univerfidade.    1727.    8. 

Epithalamio     Hendecafillabo    nas    felicijftmas 


222 


BIB  LIO  THE  C  A 


'Núpcias  do  Excellentijftmo  Senhor  D.  Jor(è  Mi- 
guel  Joaõ  de  Portugal  Conde  de  Vimiojoy  e  da 
Excellentíjfima  Senhora  D.  Lui^a  Xavier  de 
lorena  celebradas  em  24.  de  Outubro  de  1728, 
Lisboa  por  Jozè  António  da  Sylva  Im- 
preflbr  da  Academia  Real   1729.   tbl. 

Egloga  na  morte  do  Excellentijftmo  Senhor 
D.  Nuno  Alvares  Pereira  de  Mello  primeiro 
Duque  do  Cadaval.  Interlocutores  Sylvio,  e  Si- 
leno.    Começa 

Ora  venhas  com  bem  Sileno  amigo. 

Ketrato  pathetico  na  morte  do  Excellentijft- 
mo Senhor  D.  Nuno  Alvares  Pereira  de  Mello 
primeiro  Duque  do  Cadaval,  quarto  Marquev^  de 
Ferreira,  fexto  Conde  de  Tentúgal.  Huma,  e 
outra  obra  fahio  nas  ultimas  Acçoens  do  mef- 
mo  Duque.  Lisboa  na  Officina  da  Muíica. 
1730.   foi.   de  pag.    347.   atè   363. 

Admiraçoens  fentidas  pela  irremediável  perda 
da  Serenifftma  Senhora  Infanta  D.  Francifca. 
Lisboa  por  Miguel  Rodrigues.  1736.  4. 
Coníla  de  hum  Romance  heróico,  e  hum 
Soneto. 

Efpelho  Nupcial  Epithalamio  no  felicijjtmo 
casamento  do  Illujlrijftmo,  e  Excellentijftmo  Se- 
nhor D.  Jayme  de  Mello  Duque  do  Cadaval 
com  a  Senhora  Prince:(a  Henriqueta  Júlia  Ga- 
briela de  Lorena.  Lisboa  por  António  líi- 
doro  da  Fonfeca.  1739.  foi.  Confta  de  100. 
Outavas 

Apologo  métrico  na  jornada  que  fet^  de  Ten- 
túgal para  a  Corte  o  Illujlrijjtmo,  e  Excellentif- 
Jimo  Senhor  D.  Jayme  de  Mello  com  a  Illujlrif- 
fima,  e  Excellentijftma  Senhora  Henriqueta  Júlia 
Gabriela  de  Eorena  Duques  do  Cadaval,  Aíar- 
que:(es  de  Ferreira,  Condes  de  Tentúgal.  Lisboa 
por  António  Ifidoro  da  Fonfeca.  1739. 
foi. 

Gruta  das  Parcas.  Epithalamio  nos  felicif- 
Jimos  dejpojorios  do  Illujlrijftmo,  e  ExcellentiJ- 
Jimo  Senhor  D.  Jo^è  Majcarenhas,  Conde  Mor- 
domo mòr  com  a  Illujlrijftma,  e  Excellentijftma 
Senhora  D.  Leonor  Thoma^ia  de  Lorena  ji- 
Iha  dos  Illujlrijftmos,  e  Excellentijftmos  Senho- 
res Condes  de  Alvor.  Lisboa  na  Regia  Of- 
ficina Sylviana,  c  da  Academia  Real. 
1740.  4. 

Para  o  tumulo  do  KeverendiJJimo  Padre 
D.  Kajael  Bluteau  Epitajio.  He  hum  Soneto. 
Sahio    a    pag.    ij8.    do    Objequio    Fúnebre 


que  a  Academia  dos  Applicados  dedicou  aa 
mejmo  Padre.  Lisboa  por  Jozè  António  da 
Sylva.   1734.  4. 

Obras  M.  S.  completas 

Rimas.  4.  5.  í  6.  Parte.  Eílaõ  com  as 
licenças  para  a  Impreflaõ. 

VerJaÕ,  AnnotaçaÕ,  e  addiçaõ  à  Centúria  dos 
Epigrammas  do  Excellentijftmo  Conde  do  Vi- 
miojo  imprejjos  no  amto  1732.  He  cm  Profa, 
e   Verfo. 

Epithalamio  nas  Keaes  Vodas  dos  Serenijji- 
mos  Senhores  Príncipes  do  Brai(il,  e  dos  Sere- 
nijfimos  Senhores  Príncipes  das  AJlurías.    Verfo. 

Epithalamio  em  as  Vodas  do  Excellentijjtma 
D.  Francijco  Xavier  de  Meneses  Jegundo  Mar- 
qttet^  do  Louriçal  com  a  Excellentijftma  Senhora 
D.  Maria  da  Graça  de  Noronha  filha  dos  Ex- 
cellentijftmos Marque!(es  de  Cajcaes.    Verfo. 

Genethliaco  em  o  Nacimento  do  Prímogenilo 
do  Excellentijftmo  Marquev^  de  Gotwea  D.  Joi(è 
Majcarenhas.    Profa. 

Theatro  da  eloquência  Jundada  nos  preceitos 
Rhetoricos  dos  Oradores  antigos,  e  modernos;  il- 
lujlrado,  e  acrecentado  com  novas  ponderaçoens,  e 
exemplos,  e  outras  regras  de  elegância  ajftm  vo- 
cal, como  ejcríta  pertencentes  à  Pros^a,  e  ao 
Verjo. 

Combate  Crítico,  e  apologético  contra  la  pre- 
ferencia que  diò  a  Lucano  Jobre  Virglio  en  el 
4.  Tomo  de  Ju  Theatro  Critico  Univerfal  DiJ- 
curjo  14.  §.  15.  n.  40.  el  P.  M.  Fr.  Benito 
Feijó   Montene^o. 

DijfertaçaÕ  hijloríca  da  Vida,  e  martyrío  de 
Santa  Comba. 

Obras  M.  S.  imperfeitas 

O  Peregrino,  ou  a  jornada  do  Heroe  para  o 
Templo  da  Fama.  Poema  Épico,  MyíUco,  e 
Allegorico. 

Eneida  de  Virgílio  tradu^^ida  em  8.  PJma 
Portuguev^a. 

Vida,  e  acçoens  do  grande  Affonjo  de  Albu- 
querque Governador  da  índia. 

Canoculo  intelleãual  J>ara  objervar  a  perfpec- 
tiva  do  Theatro  do  mudo  viíivcl  do  P.  Aí. 
Fr.  Bernardino  de  Santa  Koja. 


L  USITANA. 


223 


Epitome  da  Hiftoria  Komana  de/de  Komulo  até 
o  Emperador  Carlos  VJ. 

Kevoluçoens,  e  Jucceffos  das  Armas  das  Po- 
iencias  da  Europa  fobre  a  fuccejfaõ  Aufiriaca  de- 
pois da  morte  do   Emperador   Carlos    VJ. 

P.  FRANaSCO  PINHEIRO  natural  da 
Villa   de    Gouvea   do   Bifpado    de   Coimbra 
onde   teve   por   Pays   a   Francifco   Pinheiro, 
e   Maria  Ribeyra.     Quando   cumpria   quinze 
annos  de  idade  fe  aliftou  na  Companhia  de 
JESUS   em   o   CoUegio   de   Coimbra   a    14. 
de  Março  de  161 1.    A  mayor  parte  da  fua 
vida  paíTou  occupado  no  magillerio  das  le- 
tras amenas,   e  feveras  fendo   o  theatro   da 
fua  doutrina  a  Univeríidade  de  Évora  onde 
recebeo  o  grào  de  Doutor  na  Faculdade  da 
Theologia  a  21.  de  Julho  de   1633.  e  nella 
foy  Cancellario.    Ainda  que   diftou  defafeis 
annos  Theologia  Efcholaftica,  e  três   Moral 
com  fama   de   excellentijjimo    Meftre,    e    Doutor 
SapientiJJimo,  como  delle  efcreve  o  P.   Ant. 
Franco.   Imag.   da    Virt.   do   Colleg.    do    Nov. 
de    Coimb.    Tom.    2.    p.    618.    col.     i.     naõ 
lhe    impedio    a    continua    aplicação    a    efte 
género   de  fciencia  para    que   naõ  foíTe    in- 
iígne    Jurifconfulto    como    o    publicaõ    as 
obras    que    imprimio    em    que    fe    admira 
a    vafta    noticia    que    tinha    de    ambos    os 
Direitos.    Naõ    foy    menos    eílimavel    pela 
\  Lrtude    por    fer    exemplar    da    obfervanda 
rehgiofa.    Governou    os    Collegios    de    Évo- 
ra,   e    Coimbra    com    prudência,    e    afabi- 
lidade,   e    no    tempo    que    exercitava    efte 
finalizou   a  vida  a  27.   de   Julho    de     1661. 
com    66.    annos    de    idade,    e    51.    de    Re- 
ligião.   Delle    fazem    memoria    Joan.    Soar. 
de    Brito    Theatrum    Eufit.    Utter.    Lit.    F. 
n.     60.     Vir    pietate,    prudentia,    (&    doãrina 
Jpeãantijftmus,     <&     nominatijfimus.     Ulhoa     de 
Legatis,  e^   Fidei  comif.   DifTert.    4.    n.    138. 
Bib.    Societ.    p.    244.    col.    2.    Floruit    in    eo 
vita  intentas,   éf    morum  Janãitudo.    Fonfec. 
Evor.    Glor.    p.    431.    dotado    de  fingular    en- 
genho   para    as   fcienàas.     Nicol.     Ant.    Bib. 
Hifpan.    Tom.    i.    pag.    351.    col.    i.  Franc. 
Annal.  S.  J.  in  Eufit.  pag.   330.  n.  4.     Vir 
exquefitcB  fapientia,  e  no  Ann.  Glor.  S.  J.  Lu- 
Jit.  p.  431.  col.  2.    Fuljit  admirabili  fapientia. 
Compoz 


De  Cenfu,  (ò^  Emphyteufi.  Conimbricse  apud 
Emmanuelem  Dias.  1655.  foi. 

Traãatus  de  Tefiamentis.  Conflat  fex  parti- 
bus,  prinàpalibuSy  feu  difputationibus.  i.  de  iisy 
qui  Teflamentum  f acere  pojfunt,  aut  non  pojfunt. 
2.  de  modo,  <&  folemnitatibus  in  conficiendo  Tef- 
tamento  neceffario  adbibendis,  ubi  de  Codicillis, 
(&  Claufula  codicillari.  3.  de  inflitutione  baredis. 
4.  de  fubfHtutionibus.  5 .  de  iis,  qui  pojfunt,  aut 
debent  infiittá  baredes  alia  ve  ratione  bonorari  tef- 
tamento.  6.  de  revocatione,  aÍT  infirmatione  Tef- 
tamenti.  Tomus  primus.  Conimbricse  apud  Jo- 
fephum  Ferreira.    1681.   foi. 

Tomus  Secundus.  ibi  apud  eumdem  Typog. 
1684.  foi.  &  ibi  apud  BenediâQ  Secco  Fer- 
reira 17 10.  foi. 

Fr.  FRANCISCO  DE  PINHEL  cujo  apel- 
lido  indica  a  pátria  que  lhe  deo  o  berço. 
Monge  Cifterdenfe  profeíTando  efte  Sagrado 
Inftituto  em  o  Convento  de  Santa  Maria  da 
Eftrella  íituado  em  o  Bifpado  da  Guarda. 
Foy  grande  Theologo,  e  iníigne  Efcritura- 
rio.    Compoz 

De  Incarrujtione  Divini   Verbi.   foi.   M.   S. 

O  original  fe  conferva  na  Bibliotheca  do 
Real  Convento  de  Alcobaça  cabeça  da  Mona- 
chal   Congregação   Cifterdenfe  nefte  Reyno. 

FRANQSCO  PINTO  PACHECO  natu- 
ral da .  Cidade  de  Tangere  íituada  na  Re- 
gião de  Africa  onde  foy  Capitão  mòr, 
Cavalleiro  da  Ordem  de  Chrifto,  Comif- 
fario  do  Tribimal  da  Condencia,  e  Or- 
dens, e  Fidalgo  da  Cafa  de  Sua  Magef- 
tade.  Teve  por  progenitores  a  António 
Pinto  Pacheco,  e  a  D.  Brazia  Antunes. 
Foy  cazado  três  vezes,  a  primeira  com 
D.  Izabel  Figueira;  a  fegunda  com  D. 
Maria  de  Vafconcellos,  e  Souza,  e  a  ter- 
ceira com  D.  Izabel  Zarca  Rebello  filha 
de  Thomaz  Rodriguez,  e  de  D.  Marga- 
rida Thomazia  Rebello  de  Moura,  e  de 
todos  eftes  três  matrimónios  deixou  co- 
piofa  defcendencia.  Sendo  inflxuido  nas  ar- 
tes dignas  do  feu  nobre  nacimento  fe 
diflinguio  em  a  da  Cavallaria  alcançando 
por  ella  as  mayores  eftimaçoens  dos  feus 
mais    peritos    profeffores,    e    para    que    for- 


224 


BIB  LIO  THE  CA 


mafle  difcipulos  de  taõ  nobre  exercido,  ef- 
creveo 

Tratado  da  Cavallaria  da  Gineta  com  a  dou- 
trina dos  melhores  Authores,  Lisboa  por  Joaõ 
da   Cofta.    1670.   4. 

FRANaSCO  PINTO  DA  VEIGA  So- 
brinho do  IlluílriíTimo  Bifpo  do  Porto  D. 
Fr.  Marcos  de  Lisboa,  e  Abbade  da  Pa- 
rochial  Igreja  de  S.  Mamede  de  Canel- 
las  em  o  mefmo  Bifpado.  Foy  muito  pe- 
rito nas  letras  humanas,  e  principalmente 
na  cultura  da  lingua  Latina  em  que  imi- 
tou os  primeiros  Meftres  que  venerou  o 
Século  de  Augufto.  Sempre  viveo  retirado 
do  comercio  humano,  de  tal  forte,  que 
naõ  tendo  mais  que  hum  criado  lhe  fal- 
lava  a  horas  determinadas,  paíTando  todo 
o  mais  tempo  fechado  em  huma  cafa  onde 
cozinhava  o  que  comia.  Sendo  dignas  da 
lu2  publica  as  fuás  obras  poéticas  fomente 
fe  imprimirão  as  feguintes  das  quaes  fe  ar- 
gumenta o  furor  da  fua  Mufa. 

Três  Poejias  luitinas  em  applaufo  do  Ca- 
thalogo  dos  Bifpos  do  Porto  compofto  pelo  llluj- 
trijftmo  Bifpo  defta  Diocefe  D.  Rodrigo  da  Cunha. 
Sahiraõ  no  principio  defta  obra.  Porto  por 
Joaõ  Rodrigues  1623.  foi. 

Poema  Latino  em  applau:(p  do  mefmo  11- 
lujlrijftmo  Preiade  efcrevendo  a  Hijloria  B/;cle- 
fiajlica  de  Braga.  Sahio  ao  principio  da  pri- 
meira parte  defta  obra.  Braga  por  Manoel 
Cardofo.  1634.  foi.  Q>meça 
Qui  Jludio,  ingenioque  fuo  tibi  Brachara  nuper 
Hefperia  afferuit  jura  fuprema  mitra. 

Delle  fe  lembra  Joan.  Soar.  de  Brit.  Theatr. 
Lufit.  Litter.   Lit.   F.   n.   61. 

P.  FRANCISCO  PIRES  natural  da  ViUa 
de  Celorico  em  o  Bifpado  da  Guarda, 
e  Religiofo  da  Companhia  de  JESUS  cuja 
Roupeta  recebco  em  o  Collegio  de  Coim- 
bra a  24.  de  Fevereiro  de  1J48.  Infla- 
mado no  zelo  da  falvaçaõ  das  Almas  foy 
hum  dos  celebres  Operários  que  no  anno 
de  1550.  partirão  de  Lisboa  para  o  Bra- 
íil  a  cultivar  taõ  dilatada  vinha.  A's  fuás 
ardentes  oraçoens  fe  deve  a  fonte  de  agua, 
que    rebentou   debaixo    do   Altar   de   NoíTa 


Senhora  da  Ajuda  íituado  na  Capitania  do 
Porto  Seguro  hum  dos  mais  devotos  Sane- 
tuarios  que  fe  veneraõ  na  America  o  qual 
foy  edificado  por  fua  incanfavel  diligen- 
cia. Foy  Reytor  do  Collegio  da  Bahia 
onde  depois  de  exercitar  as  obrigaçoens 
de  Varaõ  Apoftolico  das  quaes  para  a 
fua  immortal  gloria  faz  huma  larga  nar- 
ração o  V.  P.  Jozè  de  Anchieta  Thau- 
maturgo  daquella  Regiaõ,  efpirou  placida- 
mente  a  12.  de  Janeiro  de  1586.  Mere- 
cidos encómios  lhe  tributaõ  Cardo/.  AgioL 
iMJit.  Tom.  1.  p.  120.  e  no  Cõment.  de 
12.  de  Jan.  letr.  H.  Telles  Cbron.  da  Com- 
panh.  de  JESUS  da  Prov.  de  Portug.  Part.  i. 
liv.  3.  cap.  13.  §.  5.  Orland.  Hijl.  Societ. 
lib.  II.  n.  76.  Vafconcel.  Chron.  da  Comp. 
de  JESUS  no  EJlad.  do  Brajil.  liv.  2.  §.  70. 
e  71.  Franco  Imag.  da  Virtud.  em  o  Nov.  de 
Coimb.  Tom.  2.  liv.  2.  cap.  17.  §.  4.  e  no 
Ann.  Glorio/.  S.  J.  in  LMfit.  p.  21.    Efcreveo 

Cartas  Annuas  aos  Padres  da  Provinda  de 
Portugal  efcritas  na  Bahia  a  17.  de  Setem- 
bro de  1552.  Sahiraõ  com  outras  vertidas 
em  Italiano.   Venetia  por  Tramezino.  1559.  8. 

Cartas  e/critas  da  Capitania  do  E/pirito 
Santo  ao  P.  Manoel  da  Nóbrega  em  o  anno 
de  1558.  Sahiraõ  em  Italiano  Venetia  por 
Tramezino.    1562.    8. 

Carta  em  que  relata  a  Vitoria  que  alcan- 
çarão as  noffas  Armas  dos  índios  de  Paragoacíi  a 
2.  de  Outubro  de  1559.  M.  S. 

Carta  e/crita  da  Capitania  de  S.  Vicente 
a  22.  de  Outubro  de  1559.  M.  S.  Eftas  duas 
ultimas  Cartas  fe  confervaõ  no  Archivo 
da  Cafa   ProfeíTa   de   S.   Roque   defta  Corte. 

Fr.  FRANCISCO  DA  PORTA  DO 
CEO  naceo  em  o  lugar  de  Tuyfreo  Fre- 
guezia  de  S.  Pedro  de  Farinha  podre 
do  Bifpado  de  Coimbra  onde  recebco  a 
graça  bautifmal  a  ij.  de  Fevereiro  de 
1683.  fendo  filho  de  António  Joaõ,  e 
Thereza  Ribeira.  Inftruido  nos  preceitos 
da  lingua  Latina  recebco  o  penitente  Ha- 
bito do  Seráfico  Patriarcha  em  o  Con- 
vento do  Porto  a  5.  de  Julho  de  171 5. 
Depois  de  frequentar  os  eftudos  efcholaf- 
ticos  nos  Conventos  de  S.  Frandfco  de 
Guimaraens,    e    da    Ponte    de    Coimbra    fe 


i 


L  USITANA. 


225 


lhe  paflbu  Patente  de  Pregador  em  o  an- 
no  de  1725.  Pela  fua  religiofa  modeftia  exer- 
cita aéhialmente  o  lugar  de  CõmiíTario  dos 
[  Treceiros  do  Convento  de  Alanquer.  Efcre- 
veo 

Novena  de  Nojfa  Senhora  do  Capitulo  Ima- 
gem milagrofa,  e  venerada  no  Santo,  e  Keal  Con- 
vento de  S.  Francijco  da  Villa  de  Alanquer 
ordenada  por  nove  claujulas  do  jeu  Hymno  que 
principia  O*  gloria  das  Virgens,  que  efta  Se- 
nhora revelou  a  hum  Noviço  do  dito  Convento 
lhe  era  muito  agradável.  Lisboa  por  Pedro 
Ferreira   1731.   24. 

Fr.  FRANCISCO  DO  PORTO  cujoapel- 
lido  denota  a  pátria  em  que  naceo,  Reli- 
giofo  ProfeíTo  da  Seráfica  Provinda  dos  Ca- 
puchos de  Santo  António  onde  fe  applicou 
à  Hçaõ  da  Sagrada  Efcritura  em  que  fahio 
inligne,   efcrevendo 

Comentaria  in  librum  Judicum.  foi.  M.  S. 
Conferva-fe  o  Original  na  BibUotheca  dos 
Capuchos  de  Santo  António  defta  Corte  on- 
de o  vimos. 

D.  FRANCISCO  DE  PORTUGAL  pri- 
meiro Conde  do  Vimiofo  Senhor  de  Aguiar, 
Comendador  de  Calvedo  na  Ordem  de  Chriílo 
illuftrou  com  o  feu  feliz  nacimento  a  Q- 
dade  de  Évora.  Foy  filho  natural  de  D.  Af- 
fonfo  de  Portugal  Bifpo  de  Évora,  e  Neto 
do  primeiro  Marquez  de  Valença  primogé- 
nito do  primeiro  Duque  de  Bragança,  me- 
recendo em  todo  o  Reyno  a  mayor  vene- 
ração aíTim  pelo  claro  efplendor  da  fua  af- 
cendencia,  como  pelas  virtudes  moraes,  e  he- 
róicas com  que  fe  ornou  o  feu  grande  ef- 
pirito.  Atendendo  ElRey  D.  Manoel  aos 
feus  merecimentos,  que  fe  faziaõ  mais  efti- 
maveis  pelos  vínculos  do  parentefco  o  creou 
Conde  a  2.  de  Fevereiro  de  1515.  com  ou- 
tros generofos  indultos,  que  lhe  formarão  à 
fua  Cafa.  Acompanhou  a  elle  Monarcha 
quando  paíTou  a  Caftella  a  fer  jurado  Prin- 
cepe  daquella  Coroa,  e  o  mefmo  obfequio 
praâicou  na  occafiaõ  que  a  Emperatriz  D. 
Izabel  fe  defpozou  com  o  Cezar  Auftriaco 
ao  qual  vifitou  por  ordem  delRey  D.  Joaõ 
o  III.  Do  intrépido  valor  que  lhe  animava 
o  peito  deo  repetidos  argumentos  em  Africa 


militando  em  Arzila  com  outenta  Infantes,  e 
cincoenta  Cavallos  onde  em  vários  combates 
experimentarão  os  bárbaros  os  fulminantes 
golpes  da  fua  efpada.  ReíHtuido  ao  Reyno 
acompanhou  ao  Duque  de  Bragança  D.  Jay- 
me  na  celebre  expedição  de  Azamor  cõme- 
tendo-lhe  o  Duque  depois  de  conquiílada 
efta  Praça  o  cuidado  da  fua  Cafa,  e  familia 
que  nella  deixava  por  fer  obrigado  de  huma 
infermidade  a  retirar-fe  com  grande  pref- 
teza.  Igual  ao  valor  que  oftentou  como 
Soldado  na  Campanha,  era  a  prudência  que 
praéHcou  como  politico  na  Corte.  A  grave 
madureza,  e  fumma  penetração  do  feu  jxiizo 
fe  admiravaõ  na  prompta  expedição  dos 
mayores  negócios,  que  pertenciaõ  ao  Offi- 
cio  de  Vedor  da  Fazenda  que  exercitou  em 
os  Reynados  dos  Reys  D.  Manoel,  e  D. 
Joaõ  III.  Obfervante  dos  diâames  do  Evan- 
gelho, e  opofto  aos  Aforifmos  de  Tácito 
eraõ  fempre  os  feus  votos  mais  religiofos, 
que  poUticos  de  tal  modo  que  pelo  fobe- 
rano  teftemunho  delRey  D.  Joaõ  o  III.  afir- 
mava delle  que  quando  votava  na  prezença 
do  Rey  da  terra  tinha  no  feu  penfamento  a 
veneração  a  outro  mayor  Rey  qual  era  o  do 
Ceo.  Foy  naturalmente  generofo  cuja  vir- 
tude deixou  hereditária  na  fua  grande  Cafa 
fendo  a  prof\ifaõ  que  ufava  para  remédio  da 
pobreza,  e  naõ  para  argumento  da  vaidade. 
Varias  vezes  lhe  fuccedeo  voltar  para  cafa 
com  a  bolfa  vaíia  em  beneficio  dos  pobres, 
que  levava  cheya  de  ouro,  e  prata.  A  mef- 
ma  piedofa  liberalidade  ufou  lançando  ocul- 
tamente de  noute  três  mil  cruzados  no  cofre 
da  Mifericordia  por  lhe  conftar  que  eftava 
exhaufto.  Naõ  foy  menor  o  difpendio  que 
fez  no  Convento  de  Santa  Catherina  de  Sena 
de  ReUgiofas  Dominicas  em  a  Cidade  de 
Évora  para  o  qual  lhe  deo  o  fitio  com  tanto 
defintereíTe,  que  unicamente  fe  contentou 
com  o  Padroado  da  Capella  mòr.  Foy  mui- 
to devoto  da  Oraçaõ,  e  obfervante  do  jejum. 
Frequentemente  fe  confeílava,  e  comungava. 
Fez  hum  voto  a  Deos  de  nunca  negar  o  que 
fe  lhe  pediííe  por  feu  amor.  Ao  criado  mais 
grave  da  fua  cafa  encomendava  a  pia  oc- 
cupaçaõ  de  enfermeiro  aíTim  da  fua  Fa- 
milia, como  Parochia  para  aíTiftir  aos  in- 
fermos  com  o   duplicado  focorro  de  reme- 


15 


220 


BIB  LIO  THE  CA 


dios,  c  alimentos.  Cultivou  defde  os  pri- 
meiros annos  a  Poeíla  em  que  fe2  admirá- 
veis progreíTos  na  mayor  idade.  Pelas  fo- 
lidas,  e  agudas  fentenças,  que  proferio,  e 
efcreveo  alcançou  a  nobre  antonomafia  de 
CafaÕ  Porfugwz  as  quaes  fem  declarar  o  au- 
thor,  repetia  a  peíToas  illuftres  para  lhes  in- 
crepar  modeílamente  os  defeitos.  Naõ  hou- 
ve Vaflallo  em  feu  tempo  que  lograííe  mais 
diftintas  eftimaçoens  de  feus  Príncipes  como 
elle,  de  que  faõ  irrefragaveis  teftemunhos  as 
cartas  de  D.  Joaõ  o  III.  da  Emperatriz  D. 
Izabel,  dos  Infantes  D.  Luiz,  e  D.  Duarte 
efcritas  do  próprio  punho  onde  o  tratavaõ 
com  o  ineftimavel  titulo  de  Primo.  Mayor 
honra  recebeo  quando  no  letigio  que  teve 
com  o  Conde  de  Penella  D.  AíFonfo  de  Vaf- 
concellos  fobre  qual  era  mais  propinquo  no 
parentefco  à  Caza  Real  para  preceder  nos 
Aftos  públicos,  firmaíTe  a  fentença  a  feu  fa- 
vor a  Mageílade  delRey  D.  Joaõ  o  III. 
com  os  Infantes  D.  Luiz,  e  D.  Henrique, 
e  cinco  Miniílros  de  conhecida  fciencia,  e 
integridade  a  tempo  que  efta  formalidade 
havia  muitos  annos  eftava  extinéla  entre  os 
Reys  de  Hefpanha.  Foy  Camareiro  mór  dos 
Príncipes  D.  Manoel,  e  D.  Joaõ  filhos  do 
SereniíTimo  Rey  D.  Joaõ  o  III.  fendo  igual 
a  taõ  honorifico  lugar  a  carta  que  lhe  paíTou. 
Defta  taõ  authorizada  occupaçaõ  fe  defpedio 
com  exemplo  pouco  pradticado  entre  os  Pa- 
lacianos, e  parecendo-lhe  que  era  mayor  ac- 
ção naõ  fomente  deixar  o  ferviço  do  Paço 
mas  também  a  aíTiílencia  da  Corte  fe  reti- 
rou para  o  fitio  de  Belém  onde  prevenido 
com  ados  religiofos  para  o  ultimo  inílante 
da  vida  a  finalizou  piamente  em  a  Gdade 
de  Évora  a  8.  de  Dezembro  de  1549.  bajlan- 
do  (como  difcreta,  e  elegantemente  efcreve 
o  Illuftriflimo,  e  Excellentiflimo  Conde  do 
Vimiofo  herdeiro  do  Titulo,  e  virtudes  def- 
te  infigne  Heroe  na  InJlruçaÕ  para  feu  filho 
primogénito  D.  Francifco  Jo^è  Miguel  de  Por- 
tugal pag.  15.)  para  inferir-fe  a  felicidade  da 
hora  confiderar-fe  a  fantidade  do  dia  em  que 
efpirou.  Foy  com  exceíTo  fentida  a  fua  mor- 
te principalmente  pelos  pobres  cujos  cla- 
mores eraõ  laftimofos  pregoeiros  da  fua 
compafliva  liberalidade.  Jaz  em  Sepultura 
raza  no  meyo  da  Capella  mòr  do  Convento 


de  Nofla  Senhora  da  Graça  da  Cidade  dè 
Évora  cujo  Padroado  lhe  deo  a  Mageíla- 
de de  D.  Joaõ  o  III.  com  eftc  breve  Epi- 
táfio 

Aqui  ja^  D.  Francifco  de  Portugal  Conde 
do  Vimiofo  por  amor  de  Deos  hum  Pater  Nof- 
ter,  e  hum  a  Ave  Maria  por  fua  alma.  Falleceo  a 
VIU.  do  me^  de  Det^embro  de  M.D.XLIX. 

Foy  duas  vezes  cazado,  a  primeira  cõ 
D.  Brites  de  Vilhena  filha  de  Ruy  Telles 
de  Menezes  quinto  Senhor  de  Unhaõ,  Mor- 
domo mòr  da  Rainha  D.  Maria,  e  da  Em- 
peratriz D.  Izabel,  Governador  da  Caía  do 
Infante  D.  Luiz  feu  Camareiro  mòr,  e  Guar- 
da mòr,  e  de  D.  Guiomar  de  Noronha  filha 
de  D.  Pedro  de  Noronha  Senhor  do  Cada- 
val, e  Mordomo  mòr  delRey  D.  Joaõ  o  II. 
e  feu  Embaxador  a  Roma  da  qual  teve  D. 
Guiomar  de  Vilhena,  que  cazou  com  D. 
Francifco  da  Gama  fegundo  Conde  da  Vi- 
digueira Almirante  da  índia  Oriental,  e  Ef- 
tribeiro  mòr  delRey  D.  Joaõ  o  III.  filho 
do  famofo  Heroe  D.  Vafco  da  Gama,  e 
de  D.  Catherina  de  Attaide  de  que  ha  nu- 
merofa  defcendencia.  PaíTou  a  fegundas  vo- 
das  com  D.  Joanna  de  Vilhena  fua  Prima 
fegunda  filha  do  Senhor  D.  Álvaro  filho 
de  D.  Fernando  primeiro  do  nome  Duque 
de  Bragança  do  qual  era  bifneto,  e  de  D. 
Filippa  de  Mello  CondeíTa  de  Olivença,  e 
de  taõ  auguílo  matrimonio  fahiraõ  D.  Af- 
fonfo  de  Portugal  que  lhe  fuccedeo  na  cafa, 
D.  Joaõ  que  foy  Bifpo  da  Guarda,  e  D. 
Manoel  Embaxador  a  Caílella,  que  cazou  a 
primeira  vez  com  D.  Maria  de  Menezes  fi- 
lha de  D.  Henrique  de  Menezes,  Comenda- 
dor da  Idanha  a  Velha,  Governador  da  Cafa 
do  Gvil,  e  Embaxador  a  Roma  de  quem 
teve  quatro  filhos.  PaíTou  a  fegundas  vo- 
das  com  D.  Margarida  de  Mendoça  Corte 
Real,  Senhora  do  Morgado  de  Vai  de  Pal- 
ma na  Ilha  Treceira  filha  de  Manoel  Corte 
Real  Senhor  da  Capitania  de  Angra  na  dita 
Ilha,  e  de  D.  Brites  de  Mendoça  Dama 
da  Rainha  D.  Catherina  da  qual  teve  úni- 
ca a  D.  Joanna  de  Mendoça  Corte  Real 
a  qual  cazou  com  D.  Nuno  Alvrcs  de 
Portugal,  Governador  do  Reyno  feu  pri- 
mo com  irmaõ  de  cujo  conforcio  hou- 
ve   defcendencia.    Fazem    illuíbre    memoria 


L  USITAN A, 


227 


do  G^nde  D.  Francifco  os  noíTos  Chro- 
niiias,  e  outros  graves  Efcritores.  Garcia 
de  Refende  Corou,  de  D.  JoaÕ  o  II.  cap. 
55.  Homem  de  muito  preço,  e  grande  ejli- 
ma,  de  muito  credito,  e  authoridade  mtty  fe- 
t^udo,  e  prudente,  e  de  muito  bom  confe- 
Iho.  Damiaõ  de  Góes  Chron.  do  Princip. 
D.  JoaÕ  cap.  17.  a  quem  com  ra^aõ  po- 
demos chamar  bum  CataÕ  Cenforino  porque 
tal  ho  fqy  elle  vivendo  em  faber,  e  pru- 
dência, ajft  nas  coufas  da  pat^  quomo  nas 
da  guerra,  quomo  nos  Confelhos  dos  Keys  que 
Jervio,  e  na  Chron.  delKej  D.  Manoel  Part. 
4.  cap.  85.  Andrada  Chron.  delRey  D. 
JoaÕ  o  III.  Part.  4.  cap.  58.  Ofor.  de 
reb.  Bjamanuel.  lib.  9.  cujus  injignis  nobi- 
litas erat  cum  non  mediocri  laude  pruden- 
tia  conjunãa.  Maris  Dialog.  de  var.  Hiji. 
Dialog.  5.  cap.  3.  Imhof.  Stem.  Keg.  Lu- 
Jit.  pag.  32.  e  43.  Coelho  Chron.  da  Ord. 
do  Carm.  liv.  i.  cap.  20.  Foy  muy  ef- 
clarecido  em  prudência,  Cavallaria,  e  todo  o 
ffnero  de  virtudes,  pejjoa  de  muita  verdade 
com  feu  Key  do  qual  com  ^ande  ra^aõ  foy 
mw/  ejlimado,  e  juntamente  com  ijlo  era  mtey 
iufto  com  todos,  e  piedofo  com  os  pobres  em 
tanto  que  era  delles  chamado  Procurador  feu. 
Fr.  Ant.  da  Purif.  Chron.  da  Prov.  dos 
Erimit.  de  Sant.  Agofl.  liv.  7.  Tit.  6.  §. 
3.  deixando  geral  fama  de  Principe  Chriflia- 
nijftmo.  Tofcano  Paralel.  de  Var.  Ilhift. 
cap.  125.  ¥oy  VaraÕ  de  muito  grande  go- 
verno, confiança,  authoridade,  verdade,  e  cor- 
te:(ia  por  o  qual  alcançou  grandes  cargos,  e 
officios  nas  Cat^as  Reaes  ...  era  naturalmente 
eloquente,  e  cheyo  de  excellentes  fentenças.  Sa- 
laz.  HiJl.  Geneal.  de  la  Cafa  de  Sylva  Part. 
2.  liv.  9.  cap.  2.  Faria  Coment.  ás  L.u- 
fiad.  de  Cam.  Part.  i.  pag.  54.  £/  Conde 
de  Vimiofo  D.  Francifco  de  Portugal  gran 
voto  en  ejlos  efiudios  (falia  da  Poeíia)  Joan. 
Soar.  de  Brito  Theatr.  Lufit.  I^itter.  lit. 
F.  n.  62.  Fonfec.  Ej;or.  Gloriof  pag.  346. 
As  fuás  palavras  eraÕ  apothemas,  os  feus 
confelhos  oráculos.  Souza  Hifl.  Gen.  da  Ca^. 
Real  Portug.  Tom.  3.  Uv.  4.  cap.  5.  e 
15.  e  no  Tom.  10.  liv.  10.  cap.  3.  pag. 
551.  Varàõ  grande.  Sábio,  prudente  ornado 
de  tantas  virtudes  que  naÕ  he  fácil  dijlinguir 
na  que   mais  fe   excedeo.    Por   ordem,    e    di- 


ligencia    de    feu    Neto     D.     Henrique     de 
Portugal    fahio    à    luz    publica 

Sentenças  de  D.  Francifco  de  Portugal  pri- 
meiro Conde  do  Vimiofo  derigidas  à  No- 
bre!(a  dejle  Reyno.  Lisboa  por  Jorge  Ro- 
drigues   1605.    12. 

Em  huma  Carta  de  D.  António  de 
Attaide  Neto  do  grande  D.  António  de 
Attaide  Conde  da  Caílanheira,  e  valido 
delRey  D.  Joaõ  o  III.  efcrita  de  Alco- 
baça a  10.  de  Janeiro  de  1601.  impreíTa 
ao  principio  deíla  obra  em  que  perfua- 
de  a  D.  Henrique  de  Portugal  pubUque 
as  fentenças  de  feu  Avó  D.  Francifco 
de  Portugal,  faz  o  feguinte  Elogio  a  eíle 
Heroe.  Rendeo  na  guerra  os  inimigos  com 
esforço,  na  pa^  os  competidores  com  enten- 
dimento, na  Corte  os  galantes  com  eflilo,  em^ 
fim  naceo  com  pouca  fat^enda  fendo  por  li- 
nha mafculina  Trefneto  delRey  D.  Joaõ  o  I. 
e  pela  feminina  do  Condeflabre  D.  Nuno  Al- 
vres  por  cujo  valor  o  mefmo  Rey  alcançou  o 
Reyno,  e  o  titulo  de  gloriof  a  memoria,  mas  de 
modo  fervio  os  Reys,  D.  Manoel,  e  D.  Joaõ  o 
III.  feus  Reys,  e  feus  Tios  que  mereceo  iguala- 
remlhe  o  EJlado  com  o  Sangue  injlituindo  ejja 
Cafa  do  Conde  do  Vimiofo,  que  durará  ajfi 
grande  para  fempre  pois  a  deixou  cheya  de 
VaJJallos  com  muitos  contos  de  renda,  e  afás 
rodeada  de  fuccejjores,  e  fundada  fobre  mereci- 
mentos pejjoaes,  que  faõ  mais  feguros  alicejjes, 
que  os  da  valia.  NaÕ  temos  coufa  fua  que  mais 
no  lo  reprei(ente,  que  as  fuás  fentenças  pelas 
quaes  no  mundo  que  pode  fer,  alcança  a  im mortali- 
dade. 

Obras  Poéticas  ajfim  Portuguesas,  como  Caf- 
telhanas.  Sahiraõ  impreíTas  no  Cancioneiro  de 
Garcia  de  Ret^ende.  Lisboa  por  Hermaõ  de 
Campos.  15 16.  foi.  a  foi.  79.  atè  86.  144. 
145.  150.  verf.  153.  175.  e  182.  Gloíía  ao 
Mote 

Jà  naõ  pojjo  fer  contente. 
Glofla  às  Redondilhas  compoílas  por  Fran- 
cifco de  Sà,  e  Menezes  primeiro  Conde  de 
Matozinhos  de  quem  adiante  fe  fará  a  me- 
recida   memoria.     Começaõ 

A  tudo  quanto  desejo 

Acho  atalhadas  as  vias 

Intentos,  e  Fantet^ias 

Muy  mal  caminho  vos  vejo. 


228 


BIB  LIOTH  E CA 


D.  FRANCISCO  DE  PORTUGAL  filho 
primogénito  de  D.  Aiíonfo  de  Portugal  fe- 
gundo  Conde  do  Vimiofo,  Vedor  da  Fa- 
zenda delRey  D.  Joaõ  o  III.  Confelheiro  de 
Eftado  delRey  D.  Sebaftiaõ,  e  de  D.  Luiza 
de  Gufmaõ  filha  de  Francifco  de  Gufmaõ 
Mordomo  mòr  da  SereniíTima  Infanta  D. 
Maria,  e  de  D.  Joanna  Blasfet  Camareira 
mór  da  mefma  Infanta,  naceo  em  a  Cidade 
de  Évora  onde  recebeo  as  inílruçoens  dignas 
de  feu  alto  nacimento  as  quaes  comprehen- 
deo  com  brevidade,  pradtícou  com  excellen- 
cia,  fendo  igualmente  deftro  no  exercício 
da  Cavallaria,  e  no  jogo  da  efpada,  como 
infigne  na  arte  da  Pintura.  Naturalmente 
foy  inclinado  à  Poefia  fcrvindo-lhe  muitas 
vezes  a  fua  cultura  de  lenitivo  às  moleílias, 
que  tolerou  nas  fuás  peregrinaçoens.  Soube 
com  perfeição  a  lingua  Hebraica,  e  naõ  fó 
fiallou,  mas  efcreveo  com  elegância  a  Grega, 
Latina,  Franceza,  Caftelhana,  Italiana,  e  Ma- 
terna compondo  de  todas  ellas  hum  So- 
neto, que  na  Portugueza  traduzio  Fernando 
Alvares  do  Oriente,  e  o  imprimio  na  fua 
hufitania  Transformada.  Como  o  feu  heróico 
coração  fe  animaíTe  com  os  beliciofos  ef- 
piritos  de  feus  dous  Auguftos  Avós  D. 
Joaõ  o  I.  e  o  Condeftavel  D.  Nuno  Al- 
vres  Pereira,  que  na  Conquiíla  de  Ceuta 
fecharão  as  portas  à  nova  irrupção  dos  Mou- 
ros contra  Efpanha,  querendo  coroar-fe  nef- 
ta  Regiaõ  com  as  palmas  de  novos  triun- 
fos acompanhou  a  ElRey  D.  Sebaftiaõ  na 
infeliz  jornada  de  Africa  onde  facrificando 
as  vidas  em  obfequio  da  fidelidade  feu  Pay, 
feu  Irmaõ  D.  Manoel  de  Portugal,  e  feu 
Sobrinho  D.  Joaõ,  fe  falvou  daquelle  fatal 
diluvio  em  que  naufragou  a  Nobreza  defte 
Reyno  para  fe  expor  a  novos  infortúnios. 
No  tempo  que  efteve  cativo  moftrou,  que 
a  piedade  do  feu  coração  era  igual  à  gene- 
rofidade  de  feu  animo  concorrendo  com  de- 
vota profufaõ  para  todos  os  exercícios 
da  Religião  Chriftãa,  repartindo  copiofas 
cfmolas,  dando  meza  publica  a  todos  os 
Cativos  dos  quaes  refgatou  mais  de  cem 
à  fua  cufta.  Eftas  virtudes  lhe  conciliarão 
o  refpeito  dos  mefmos  bárbaros,  c  atè  o 
amor  menos  fincero  da  Sobrinha  do  Em- 
perador    de    Marrocos    o    qual   oâereccndo- 


Ihe  a  liberdade  em  obfequio  de  Filippe  II. 
a  regeitou  dizendo  com  animo  refoluto,  que 
fomente  por  intervenção  delRey  D.  Hen- 
rique, que  reynava  em  Portugal  aceitaria 
aquella  oferta,  e  nunca  pela  mediação  de 
Caftella  pois  antes  queria  paíTar  toda  a  vida 
no  infeliz  eftado  de  Cativo  do  que  reftituir- 
fe  à  Pátria  com  condição  taõ  injuriofa.  Sa- 
tisfeito o  bárbaro  com  vinte  mil  cruzados, 
que  lhe  deo  pela  fua  liberdade  paííou  a  Tc- 
tuaõ  onde  fe  obrigou  ao  refgate  de  muitas 
peíToas  Nobres  difpendendo  cm  anno  e 
meyo,  que  aíTiftio  em  Africa  mais  de  cem 
mil  cruzados,  naõ  fendo  ainda  Senhor  da 
Cafa  de  que  era  herdeiro.  Acompanhado 
das  peíloas  que  libertara  chegou  a  Ceuta 
donde  entrando  em  S.  Lucar  o  eftava  cf- 
perando  o  Duque  de  Medina,  e  Sidónia  pa- 
ra lhe  perfuadir  a  juftiça  de  Filippe  Pruden- 
te a  efta  Coroa,  fendo  tantas  as  mercês  que 
lhe  prometia,  como  fe  na  fua  PeíToa  quizef- 
fe  conquiftar  todo  o  Reyno  a  quem  refpon- 
deo  com  igual  liberdade,  que  prudência  fcr 
aquella  propofta  injuriofa  ao  feu  nome  naõ 
fomente  porque  em  Portugal  reynava  hum 
Monarcha  legitimo,  mas  porque  o  mefmo 
Filippe  Prudente  lhe  havia  de  condenar  a 
imprudência  de  dar  fucceflbr  a  hum  Rcy 
vivo,  e  como  fempre  atendera  mais  para  a 
gloria  da  Pátria,  do  que  para  o  augmento 
da  fua  Cafa  cuidaria  no  modo  com  que  fe 
eftabeleceíTe  a  paz  publica  do  Reyno.  Efta 
repofta  naõ  caufou  pequeno  fufto  em  o  ani- 
mo do  Duque  o  qual  uzando  com  o  Conde 
D.  Francifco  da  diftinçaõ  de  o  mandar  acom- 
panhar por  duas  Companhias  da  guarnição  da 
Cidade  a  meya  legoa  as  defpedio  dando  mil 
cruzados  aos  Capitaens,  e  femelhante  quantia 
aos  Soldados.  Reftituido  a  Portugal,  e  animado 
de  novos  efpiritos  que  fempre  dedicara  em 
obfequio  dos  feus  Príncipes  naõ  lhe  fazen- 
do a  mais  leve  impreíTaõ  no  feu  heróico 
peito  a  confifcaçaõ  da  fua  Cafa  por  Filip- 
pe II.  nem  a  indecencia  com  que  fua  Mày, 
e  fete  filhas  foraõ  levadas  para  a  prizaò 
do  Caftello  de  S.  Torças  fe  declarou  acér- 
rimo parcial  do  Senhor  D.  António  filho 
do  SereniíTimo  Infante  D.  Luiz  quando 
fe  oppoz  à  fucceíTaõ  defta  Coroa  fendo  in- 
fcparavel    companheiro     dos    trágicos    fuc- 


L  USITAN A. 


229 


ceflbs   deíle   Príncipe  imitando   neíle  fidelif- 
íimo  afeéto  ainda  que  com  defigual  fortima 
a  conftancia  de  feu  preclariíTimo  Afcendente 
o  Condeílavel  D.  Nuno  Alvres  Pereira.  Com 
elle  fe  achou  na  batalha  de  Alcântara  junto 
a  Lisboa,  que  contra  quatro  mil  homens  de 
gente  Colledicia  fe  oppo2  o  Duque  de  Alva 
com  vinte   mil   Soldados   de   Tropas   Italia- 
nas,  e   Flandrinas   onde   por  falta  de   difd- 
plina,   e   naõ   de  valor,   vencidos   os   Portu- 
guezes   fahio   o   Conde  D.   Francifco  ferido 
na  teíla,  e  feguindo  a  D.  António  atè  a  Q- 
dade  do  Porto  fe  apartou  delle  atè  que  paf- 
fados    féis    mezes    fabendo,    que    aíTiília    em 
França  o  foy  bufcar  disfarçado  com  o  nome 
de    Trivulcio    veílido    à    Italiana.     Acompa- 
nhado   de    féis    criados    entrou    em    Madrid 
onde   vio   ElRey  Filippe,   e   paíTando  a  Ca- 
talunha o  faudou  hum  Caílelhano  que  que- 
rendo tirar-lhe  a  vida  os  criados  do  Conde 
para    que    o    naõ    manifeílaíTe    lho    impedio 
com  generofa  clemência.    Entrando  a  ParÍ2 
veílio   cem  homens   a  Tudefca  armados   de 
alabardas  em  que  mandou  gravar  as  armas 
de  Portugal,  e  com  efta  Comitiva  chegou  à 
prezença  do  Senhor  D.  António  a  quem  ac- 
clamou   Rey   de   Portugal   com   geral   admi- 
ração   daquella   taõ    grande    Corte.     Com   o 
Caraâer  de  feu  Embaxador  pedio  focorro  à 
Rainha   Regente   Catherina  de  Medicis,   que 
igualmente    atendendo    à    reprezentaçaõ    do 
Miniftro,    como    à   importância    do    negocio 
mandou  apreftar  huma  Armada  compoíla  de 
dncoenta  Navios,  e  guarnecida  de  fete  mil 
homens  de  que  era  General  Filippe  Strozzi 
onde    fe    embarcou    o    Senhor  D.   António 
com  o  Conde  D.  Francifco.    Navegando  pa- 
ra as  Ilhas  dos  Aflores,  que  feguiaõ  a  fua 
facçaõ  fe  aviftou  com  a  Armada  de  Caftella 
compoíla    de    cincoenta    Galeoens,    e    doze 
Gales,  que  governava  D.  Álvaro  de  Bazan 
Marquez  de  Santa  Cruz,  e  receando  o  Con- 
de D.  Francifco  os  ânimos  venaes  de  alguns 
Capitaens  advertio  prudentemente  ao  Senhor 
D.  António,  que  fe  retirafle  á  Ilha  Terceira 
para  fe  naõ  expor  eílando  embarcado  a  al- 
gum perigo  inevitável.    No  horrorofo  com- 
bate naval,  que  durou  pelo  efpaço  de  cin- 
co  horas   obrou   acçoens    de   immortal   me- 
moria  o   Conde   D.    Francifco   atè   que   re- 


cebeo  nas  coílas  hum  violento  golpe,  que 
o  fez  cahir  no  convez  gravemente  ferido, 
DeíHtuido  de  forças,  mas  naõ  de  acorda 
ordenou  a  hum  Criado,  que  promptamente 
avizaíTe  ao  Senhor  D.  António  que  fe  refii- 
giafe  a  França  por  eílarem  defvanecidas  as 
efperanças,  que  o  podiaõ  animar.  O  Mar- 
quez de  Santa  Cruz  com  afefto  de  parente, 
e  providencia  de  General  o  mandou  levar 
a  bordo  do  feu  Navio,  e  depois  de  lhe 
tentar  inutilmente  a  conftancia  com  gene- 
rofas  promeíías  receofo,  que  voltando  a 
Hefpanha  fatisfizeííe  Filippe  II.  com  a  Ca- 
beça de  taõ  illuftre  Heroe  a  fua  vingança 
lhe  antidpou  a  morte  com  veneno  disfar- 
çado em  hum  remédio  precifo,  cuja  vio- 
lência o  privou  da  vida  a  26.  de  Julho  de 
1582.  digno  certamente  de  mais  larga  vida, 
e  fim  mais  gloriofo.  Foy  lançado  ao  mar 
o  Cadáver  em  hum  caxaõ  fendo  pequeno 
efpaço  todo  o  âmbito  das  fuás  aguas  para. 
maufoleo  de  taõ  infigne  Varaõ.  Naõ  £07 
cazado  deixando  nas  fuás  gloriofas  acçoens 
a  mais  illuftre  defcendencia  como  Lzenta  da. 
jurifdiçaõ  do  tempo.  Foy  Condeftavel  do 
Senhor  D.  António  fendo  efta  huma  das 
menores  femelhanças,  que  teve  com  o  gran- 
de Nuno  Alvres  Pereira  feu  Progenitor. 
Dedicando  muitos  dos  feus  verfos  ás  Da- 
mas de  quem  pela  fua  natural  gentileza,  e 
aguda  difcriçaõ  era  muito  favorecido,  nunca 
contaminou  a  pureza  dos  feus  penfamentos 
com  algum  termo  licenciofo,  que  o  arguiíle 
de  menos  modefto.  Foy  taõ  inimigo  da 
vaõ-gloria  que  naõ  confentio  fer  chamado 
Conde  cujo  Titulo  tinha  por  mercê  delRey 
D.  Sebaftiaõ,  em  quanto  viveo  feu  Pay.  Pal- 
iando da  fua  Peííoa  Jeronymo  de  Mendoça 
Jornada  de  Africa  cap.  16.  lhe  faz  o  feguinte 
Elogio.  Os  Fidalgos,  que  efiavaõ  no  Derbe  fe- 
aga^^alhavaÕ  em  camaradas  conforme  ao  paren- 
fefco,  ou  amif(ade  que  entre  elles  havia,  alguns 
fe  acomodarão  em  ca^a  de  D.  Francifco 
de  Portugal  filho  do  Conde  de  Vimiofo  for- 
çados da  fua  afabilidade,  e  cortefia,  onde  ha- 
via Mijfa  todos  os  dias,  e  pregaçoens  a 
feu  tempo,  que  era  efla  a  primeira  coufa  em 
que  punha  o  cuidado,  alem  de  fer  amparo, 
e  refugio  a  todo  o  homem  nobre  em  Berbé- 
ria; mas  que  podia  faltar  a  quem  das  melhores 


23o 


BIBLIO THE  C  A 


partes  tinha  tudo.  LuÍ2  de  Torres  Lima  AviJ. 
do  Ceo.  Tom.  i .  cap.  33.  lhe  chama  monftro  de 
esforço,  e  de  Cavallaria.  Coneílagio  Hijlor.del 
jmion.  dei  Regn.  di  Portug.  liv.  9.  Era  Giovane 
dotato  di  huone  parti  dei  corpo,  e  de  W  animo,  Jen- 
tirono  la  morte  Jua  coloro  che  lo  conojcevano  perche 
naturalmente  era  amabile.  Le  Clede  Hijl.  Gen. 
Ji  Portug.  Tom.  2.  pag.  mihi  140.  col.  i.  ]eune 
brave.  Fonfec.  £for.  Glorio/,  pag.  412.  G^rdeiro 
HiJl.  Inful.  liv.  6.  cap.  26.  Das  muitas  Poeíias, 
que  compoz,  merecem  diílinta  memoria,  e 
grande  eílimaçaõ  as  Trovas  com  que  judicio- 
famente  increpava  a  ElRey  D.  Sebaíliaõ  do 
intento  de  paíTar  a  Africa  diílribuidas  em  três 
Poeíias,  que  intitulou  Avi:(p primeiro  de  Franco, 
a  Sehajio.  G^níla  de  trinta  ramos  de  que  o 
primeiro  he  o  feguinte. 

Pide  a  tuJuí:(io  cuenta 

Zagal  de  ti  de/cuidado 

Que  Je  te  pierde  el  ganado 

Y  pienjas,  que  Je  acrecienta: 

Trahes  cercados  de  enganos 

La  vida,  lo  Jefo,y  anos 

De  Juenosy  de  locuras; 

Perderás,  fi  no  locuras 

Tu  poder  y  tus  r eh  anos. 
Segundo  avisto  de  Franco  a  Sehajio,  que  fe  deu 
a  ElRey  D.  Sebaíliaõ  em  Évora  a  24.  de  De- 
zembro de  1572.    Começa,  e  coníla  de  14.  ra- 
mos da  forma  feguinte. 

Di;(en  que  pienjas  bolver 

A.I  mal  que  Je  recelava 

Para  que  Je  algo  quedava 

Se  acahaffe  de  perder; 

Mas  yó  como  verdadero 

Amigo  y  nò  lif^ongero 

Otra  vez  ^^  ^^  ^  avisar; 

Puedes  lo  tan  mal  tomar 

Como  tomajle  el  primero. 
Terceiro  avit(p  dado  a  EJRey   D.  SehaJliaÕ  em 
Évora  na  Quarejma  do  anno  de   1573.    Confta 
•de   trinta   ramos   de   que   o   primeiro   he   o 
feguinte. 

Haò  Pajlor  tu  porventura 

Duermes  di?  ò  ejlás  deJpiertoX 

Si  duermes  es  dejconcierto ; 

Si  nò  duermes  es  locura. 

Muda  muda  yá  el  pelejo, 

Nò  dejprecies  el  conjejo 

De  tu  huen  amigo  Franco, 


Que  de  verte  errar  el  hlanco, 

Si  le  ha^e  el  rojlro  hermejo. 
Dezafeis  Outavas  a  hum  Amigo.    Gjmcçaõ 

Si  mover  yá  la  pluma  nò  dá  pena. 
Acabaõ 

Dò  Je  recihe  el  ultimo  Jociego. 

D.  FRANCISCO  DE  PORTUGAL  Sa- 
hio  à  lu2  do  mundo  em  a  grande  Gdade 
de  Lisboa  para  comunicar  novo  efplendor 
aos  feus  defcendentes  fe  o  naõ  herdara  taõ 
efclarecido  dos  feus  Mayores,  fendo  filho 
de  D.  Lucas  de  Portugal  Comendador  da 
Fronteira  na  Ordem  de  Aviz,  Senhor  do 
Prazo  da  Marinha,  e  D.  Antónia  da  Sylva 
filha  de  D.  Antaõ  de  Almada  Capitão  mòr 
de  Lisboa,  e  Neto  de  D.  Francifco  de  Por- 
tugal Eílribeiro  mòr  delRey  D.  Sebaíliaõ, 
Vedor  da  fua  Fazenda,  do  feu  Confelho  de 
Eílado.  Nos  primeiros  annos  fe  aplicou 
ás  Artes  dignas  do  feu  nacimento  como  eraõ 
jogar  as  armas,  manejar  os  Cavallos,  tocar 
vários  inílrumentos  regulados  pelos  precei- 
tos da  Mufica,  e  cultivar  as  flores  da 
Poefia  para  a  qual  o  dotou  taõ  prodi- 
gamente a  natureza,  que  excedeo  aos  mayo- 
res Corifeos  do  Parnafo  Caílelhano  aíTim  na 
afluência  das  vozes,  como  na  fubtileza  dos 
conceitos,  retratando  taõ  fielmente  nos  ver- 
fos  o  feu  efpirito,  que  aquelles  que  fe 
publicavaõ  fem  o  feu  nome  eraõ  logo 
conhecidos  por  partos  da  fua  Mufa.  Paf- 
fando  a  Madrid  frequentou  o  Palácio  de 
Filippe  III.  onde  foy  applaudido,  e  eíli- 
mado  pelo  mais  difcreto  Cortezaõ  daquel- 
la  idade  caufando  refpeito  aos  inferiores, 
enveja  aos  iguais,  e  admiração  aos  mayo- 
res. Entre  todos  fe  diílinguia  na  pompa, 
e  boa  eleição  dos  veílidos,  que  trajava, 
poílo  que  a  fazenda  que  poííuia  naõ  era 
correfpondente  à  fua  qualidade.  Ninguém  po- 
dia competir  com  elle  aíTim  na  urbanidade 
do  trato,  como  na  promptidaõ  das  repoílas, 
e  agudeza  de  ditos,  que  fendo  muitos  jocofos 
nunca  degenerarão  em  pueris.  Naõ  foy  me- 
nos illuílre  na  Corte,  que  na  Campanha,  co- 
mo o  manifeílaõ  as  varias  occaíioens  em 
que  embarcando  nas  Armadas  do  Reyno 
três  vezes  ocupou  o  lugar  de  Capitão;  a 
primeira   na   Armada   de   que   era    General 


L  USITANA. 


23 


I 


D.    Affonfo    de   Noronha,    e   as    duas   exer- 
citando efte  poílo   D.   António   de  Attaide. 
Naõ   fatisfeito   o   feu   heróico   coração   com 
eílas   expediçoens   militares   fe   embarcou  na 
Armada  da  Reftauraçaõ   da  Bahia  no  anno 
de   1624.   movido  da  gloria,   e  zelo  da  Pá- 
tria onde  valendo-fe  os  Olandezes  do  noíTo 
defcuido  fizeraõ  huma  fahida  à  qual  fe  op- 
poz   taõ   intrepidamente,   que   rompendo   ao 
inimigo  por  entre  hum  diluvio  de  balas  o 
obrigou  a  que  largaíTe  ignominiofamente  o 
campo  femeado   de   cadáveres,   e  inftrumen- 
tos  militares  de  cujos  defpojos  ofFerecendo- 
Ihe    huns    mofquetes    primorofamente    fabri- 
cados os  naõ  aceitou  dizendo,  que  naõ  eraõ 
dignas  de  hum  Capitão  as  Armas,  que  dei- 
xara a  cobardia,   e  naõ  o  valor.    Voltando 
da  Bahia  para  Portugal  fe  embarcou  na  Al- 
mirante   a    qual   pela   fúria   das    tempeílades 
deftitmda  de  maílros,  e  quaíi  aberta  chegou 
à  Ilha  do  Fayal,  e  refolvendo  o  Almirante 
reprefentar  ao  Governador  o  imminente  pe- 
rigo em  que  fe  achava  foy  eleito   para  eíla 
cõmiíTaõ  D.  Francifco  o  qual  advertindo  que 
o  Ceo  condenfado  prometia  a  ultima  derrota 
à  Nào   para  que  hia  pedir  focorro,    e    nella 
acabariaõ  laítímofamente  os  feus  companhei- 
ros, e  elle  falvar-fe,  recufou  com  animo  he- 
róico o  apartar-fe  da  fua  amável  companhia 
em   cujo   obfequio   queria   facrificar  a   vida. 
Foy  mandado   à  índia  por  três   vezes   com 
o  pofto  de  Capitão  mòr,  e  em  todas  fe  ef- 
cufou  defte  lugar  igualmente  honorifico  que 
rendofo  por  motivos  dignos  da  fua  PeíToa. 
Defenganado   de   receber  premio   capaz   dos 
feus  merecimentos,  deixou  o  ferviço  do  Prín- 
cipe  da  terra  para  totalmente  fe  dedicar  ao 
culto  do  Supremo  Monarcha,  que  remunera 
com  eternas  felicidades,   e  pofto   que   defde 
a  primeira  idade   cultivaíTe  as  virtudes,   em 
a   ultima   as    exercitou   mais    rehgiofamente. 
Era  extremofamente  charitativo  para  os  po- 
bres,  feveramente   cruel  para    o   feu   corpo, 
e    fummamente    urbano    para    todo    o    gé- 
nero  de   peíToas.    Poucos   dias   antes   da  fua 
morte  eftando  em  o  Convento  de   S.  Fran- 
cifco   da    Qdade  cujo  penitente    habito    da 
Terceira   Ordem  profeíTara,   e    como   Minif- 
tro  delia  eftava  exercitando  com  fumma  hu- 
mildade  efte   lugar,    foy   acometido  de  hum 


grande  defmayo  caufado  da  debilidade  a  que 
o  reduziaõ  as  penitencias,   e  fendo  promp- 
tamente    focorrido    pelos    circimftantes    a   o 
dezapertarlhe    os    veftidos    o    viraõ    cingido 
com  hum  afpero  cilicio  que  coftumava  tra- 
zer  havia   muitos   annos.     Com  taõ   religio- 
fas  virtudes  fe  preparou  o  feu  efpirito  para 
a  eternidade  o  qual  depois  de  recebidos  os 
Sacramentos   com   grande   piedade   paíTou   a 
gozar    da   pátria   celefte   a    5.    de    Julho   de 
1632.  com  47.  annos  de  idade.    Foy  depo- 
íitado   o   feu   Cadáver  (como  tinha  difpofto 
no  Teftamento)  na  CapeUa  dos  Terceiros  de 
S.   Francifco   de   Lisboa  donde  paflados   al- 
guns  annos   fe   tresladou   para   o   Convento 
de  Santo  António  da  Villa  da  Fronteira  da 
Provinda  da  Piedade  de  que  era  Padroeiro. 
Teve  a  eftatura  mediana,  e  bem  porporcio- 
nada,    cabello    negro,    barba   povoada,   rofto 
alvo,  e  gentil,  olhos  vivos,  e  taõ  ayrofo  a 
pè  como  a  cavaUo.    Cazou  com  D.   Cedlia 
de    Portugal    filha    de    António    Pereira    de 
Barredos,   Comendador  de  S.   Joaõ  da  Caf- 
tanheira,  e  de   S.   Gens  de  Arganil  na  Or- 
dem de  Chrifto,  Governador,  e  Capitão  Ge- 
neral  da   Ilha   da   Madeira,    e   da   Praça   de 
Tangere,  e  General  perpetuo  da  Armada  de 
Portugal,  e  de  D.  Mariana  de  Portugal.   Defte 
matrimonio  teve  numerofa  defcendencia  co- 
mo   foy   D.    Lucas    de    Portugal    digno    fi- 
lho   de    taõ    grande    Pay,    Comendador    da 
Fronteira,  e  Meftre  Sala  do  Palácio  de  quem 
em  feu  lugar  faremos  mençaõ:  D.  António 
de   Portugal   Religiofo   da   Ordem  dos  Pre- 
gadores:  D.   Diogo  de  Portugal,   que  mor- 
reo  no  infeliz  naufrágio  de  Triftaõ  de  Men- 
doça:   D.    Lourenço   de  Portugal   Cavalleiro 
da  Ordem  de  Malta:  D.  Carlos  de  Portugal 
Religiofo  da  Ordem  Militar  de  JESUS  Chrif- 
to:   D.    Maria   de   Portugal,    que   fe    defpo- 
fou   com  D.   Paulo   da   Gama,   Primo   com 
Irmaõ  de  feu  Pay,  e  D.  Mariana,  e  D.  Mag- 
dalena  que  naõ  cazaraõ.    A  fua  vida  efcre- 
veo   na   lingua   materna   Francifco    Luiz   de 
Vafconcellos  reduzida  a  hum  breve,  e  ele- 
gante    epitome     em     que     reprefentou     fo- 
mente   a    figura    de    taõ    grande    Heroe,    e 
fahio    impreíTa    por    ordem    de    D.    Lucas 
de  Portugal  com  as  obras  pofthumas  de  feu 
Pay  eternizando  por  efte  modo   a  fua  me- 


232 


BIBLIO  THECA 


moria  mais  perdurável  pelo  privilegio  da  ef- 
critura,  do  que  fe  a  gravaíTe  na  dureza  dos 
mármores,  e  dos  bronzes,  e  fahiraõ  com 
•eíle   titulo 

Divinos,  e  humanos  Ver/os.  Coníla  de  So- 
netos, Cançoens,  Motes,  Redondilhas,  Sex- 
tinas,  Outavas,  e  Romances  em  Portuguez, 
•e  Caílelhano.  No  fim  tem  outra  obra  inti- 
tulada 

Pri^oens,  e  Jolttiras  de  huma  Alma.  Coníla 
de  Profa,  e  Verfo.  Huma,  e  outra  fahiraõ 
em  hum  Tomo.  Lisboa  na  Oflicina  Craes- 
beeckiana.    1652.    4. 

Arte  de  galantaria.  Lisboa  por  Joaõ  da 
Cofta  1670.  4.  &  ibi  por  António  Crasbeeck. 
de  Mello.  1683.  8.  Coníla  de  Verfo,  e  Pro- 
za  Caílelhana,  e  Portugueza. 

Na  Bibliotheca  do  Cardeal  de  Souza,  que 
hoje  poíTue  o  IlluílriíTimo,  e  Excellentiffimo 
Duque  de  Lafoens  fe  confervaõ  muitas  obras 
Poéticas  de  D.  Francifco  de  Portugal  orna- 
das de  termos  galantes,  e  penfamentos  dif- 
-cretos  fendo  entre  ellas  a  mais  eílimavel 

Difcurfo  a  Ave  chamada  Solitário. 
Começa 

Cidadão  de  ty  me/mo,  que  fuave 

Nas  lií^onjas  de  ff  a  gloria  te  aplicas 
Acaba 

'Ejitre  ale^es  louvores  te  derrama 

E  acclamaçoens  de  Célia  tudo  chama. 
Naõ  he  inferior  a  eíla  obra  a  Fabula  burle/ca 
Âe  Iphis,  e  Anaxarte,  que  principia 

Senhora  Célia  pois  que  meus  gemidos 

Naõ  ferem  voffo  peito 

Nem  minha  dor  vos  paffa  dos  ouvidos. 
Vários  foraõ  os  Elogios  com  que  diver- 
fos  Efcritores  applaudiraõ  o  feu  talento  fen- 
do entre  elles  o  mais  celebre  D.  Francifco 
Manoel  de  Mello  na  Carta  dos  Authores  Por- 
Jugue^es  efcrita  ao  Doutor  Themudo.  Juntou 
ã  diferirão  as  boas  partes,  e  Jev^  raramente  ca- 
ber juntas  as  gentilet^as  de  Cortet^aõ  com  as  con- 
Jideraçoens  de  devoto,  e  mais  largamente  no 
Tomo  das  fuás  Cartas  Familiares  Centur.  2. 
-cart.  91.  efcrita  a  feu  filho  D.  Lucas  de 
Portugal.  A  locução  Jobre  Jer  bem  fielmente 
Cafielhana  he  florida,  e  myfterioja.  Ajunta  com 
raridade  a  decência  com  que  go^a  da  graça,  e 
da  doutrina,  e  de  tal  maneira  que  fe  naÕ  def- 
via  daquelks  dous  fins  para  que  a   Poefia  fqy 


inventada.     Affi  perfuade,    afft   deleita,    afft   en- 

fina.   Nicol.   Ant.   Bib.   Hifp.   Tom.    i.   pag. 

252.   col.    I.   difertus   Poeta.   Macedo   Fã^a,   e 

Ave  Part.  i.  cap.  13.  n.  13.  Illufire  Corte:(aõ. 

Joan.    Soar.    de   Brit.    Theatr.    'Lufit.    Utter. 

lit.   F.   n..   63.    Urbanitate  aulica  celebratifftmus. 

D.    António    Caetano    de    Souza   Hifi.    Gen. 

da  Caf.  Real  Portug.  Tom.   10.  liv.   10.  cap. 

4.   pag.    610.     Foy  muy  entendido  grande   Cor- 

te^aõ,   e    Poeta.     Jacinto   Cordeiro   Fdog.   dos 

Poet.   LMfit.   Eílanc.    10. 

Difcreto  a  D.  Francifco  figo,  en  tanto 

Portugal  fin  igual,  cuyo  fentido 

Para  la  elevacion  moviendo  efpanto 

Fl  ingenio  mas  alto  y  prefumido. 

Imitar  prefumi  tu  heróico  canto 

Que  impoffible  me  fue}    Quedo  vencido; 

ícaro  quife  fer  de  tal  fugeto 

Que  nò  puede  imitarfe  en  lo  difcreto. 

O  P.  António  dos  Reys  Enthuf  Poet.  n.  54. 
Nec  Francifce  tui  refonantis  carmina  plectri 
Tinnula  prateream  furdus:    Te  facra  pro- 

phanis 
Sed  procul    á    culpa    mis    centem    exomat 

Apollo 
Fronde  fibi  própria. 


D.  FRANCISCO  DE  PORTUGAL  Ou- 
tavo  Conde  do  Vimiofo,  e  fegundo  Mar- 
quez de  Valença  Senhor  da  Cafa  de  Bailo, 
Donatário  da  Capitania  de  Machico  na  Ilha 
da  Madeira,  Comendador  das  Comendas  de 
S.  Miguel  de  Chorenfe,  S,  Tiago  de  An- 
droes,  S.  Martinho  de  Sande,  S.  Miguel  de 
Souto,  S.  Nicolào  de  Saleas  da  Ordem  de 
Chriílo,  e  de  Almodouvar,  e  Garvaõ  no 
Campo  de  Ourique  da  Ordem  de  S.  Tiago. 
Naceo  em  a  Cidade  de  Lisboa  a  25.  de  Ja- 
neiro de  1679.  fendo  filho  de  D.  Miguel 
de  Portugal  fetimo  Conde  do  Vimiofo,  Se- 
nhor da  Villa  de  Aguiar,  Governador  de 
Évora,  e  Eílribeiro  mòr  da  Rainha  D.  Ma- 
ria Francifca  Izabel  de  Saboya,  e  neto  de 
D.  Affonfo  de  Portugal  quinto  Conde  do 
Vimiofo,  primeiro  Marquez  de  Aguiar,  Ca- 
pitão General  do  Reyno,  e  Confelheiro 
de  Eílado.  Por  morte  de  feu  Excellentif- 
fimo Pay  foy  educado  com  virtuofas  má- 
ximas atè  a  idade  de  onze  annos  por  fua 


L  USITANA. 


233 


Tia  a  CondeíTa  D.  Maria  Margarida  de  Caf- 
tro,  e  Albuquerque  huma  das  mais  celebres 
Matronas,  que  refpeitou  a  noíTa  Corte  a 
quem  deixou  igualmente  herdeiro  dos  do- 
tes do  feu  efpirito,  como  da  opulência  da 
fua  Cafa.  Logo  que  começou  a  receber  as 
primeiras  inílruçoens  da  Hngua  Latina,  e  le- 
tras humanas  foraõ  tantos  os  progreflbs  do 
feu  agudo  engenho,  e  penetrante  compre- 
henfaõ,  que  claramente  moílrou  nacera  mais 
para  eníinar,  do  que  para  aprender.  Tendo 
alcançado  a  perfeita  inteligência  das  linguas 
mais  polidas  da  Europa  eíhidou  com  par- 
ticular atenção  a  materna  a  qual  efcreve 
com  pureza,  falia  com  elegância  fendo  taõ 
efcrupulofo  cultor  das  fuás  palavras,  que 
nunca  para  fe  explicar  admitio  o  menor 
termo  dos  idiomas  eítrangeiros.  De  todas 
as  artes  liberaes  unicamente  frequentou  co- 
mo mais  própria  de  Cavalhero  o  manejo 
dos  Cavallos  em  cujo  exercido  foy  taõ  de- 
lembaraçado,  como  ayrofo.  Ao  continuo  ef- 
tudo  de  féis  horas  cada  dia  obfervado  pelo 
largo  efpaço  de  vinte  e  cinco  annos  deveo 
o  vaíliíTimo  conhecimento  da  Filologia  de- 
leitando-fe  o  feu  génio  em  a  liçaõ  dos  Poe- 
tas, e  Hiftoriadores  do  Século  de  Auguílo, 
e  de  outros  Efcritores,  que  felizmente  uni- 
rão a  elegância  da  fraze  com  a  verdade  da 
narração.  As  fuás  litterarias  produçoens 
fempre  foraõ  refpeitadas  por  incomparáveis, 
aífim  pela  novidade  da  idea,  como  pela  fub- 
tileza  do  difcurfo,  e  pureza  do  eftilo.  Nas 
Cartas  Familiares  naõ  fomente  imitou,  mas 
excedeo  na  fineza  dos  penfamentos  a  Sé- 
neca efcrevendo  a  Lucillo,  e  a  Plinio  a  Tra- 
jano.  Toda  a  facúndia  de  Cicero,  energia 
de  Péricles,  e  eloquência  de  Demoílhenes 
fe  admiraõ  mais  vigorofamente  animadas 
nos  Difcurfos,  e  Oraçoens,  que  recitou  fora, 
e  dentro  da  Academia  Real  da  Hiíloria  Por- 
tugueza  onde  foy  Académico,  e  Cenfor,  naõ 
havendo  aííumpto  Feftivo,  ou  Fúnebre,  Mo- 
ral, ou  Politico,  Qvil,  ou  Militar,  que  naõ 
foíTe  profundamente  defcrito  pela  fua  penna 
fempre  fecunda  de  conceitos  finos,  razoens 
concludentes,  e  agudas  fentenças.  Corref- 
pondeo  à  profundidade  do  juizo  a  mag- 
nificência do  coração  igualmente  pio,  que 
generofo   fendo   eternos   padroens   deíla  he- 


róica profuçaõ,  defafeis  mil  cruzados,  que 
difpendeo  quando  por  ordem  delRey  D.  Pe- 
dro IL  aliílou  Soldados  no  Termo  de  Tor- 
res Vedras,  e  Alanquer,  defafete  mil  cruza- 
dos fendo  Provedor  da  Meza  da  Mifericor- 
dia,  três  mil  cruzados  para  remédio  dos  pre- 
zos,  e  outras  fomas  de  grande  importância 
no  religiofo  culto  de  Deos,  e  de  fua  Mãy 
Santiflima.  Com  animo  imperturbável  vio 
arder  o  feu  magnifico  Palácio  a  25.  de  No- 
vembro de  1726.  recebendo  neíle  fatal  fuc- 
ceíTo  partioilares  honras  de  Sua  Mageílade, 
e  do  Senhor  Infante  D.  Francifco  offere- 
cendo-lhe  ElRey  com  incomparável  grandeza 
o  Palácio  da  Cafa  de  Bragança,  e  o  Se- 
nhor Infante  o  da  Bem-Pofta  para  fua  ha- 
bitação. Teve  fempre  a  nobre  paxaõ  de 
tratar  os  homens  mais  infignes  em  qualquer 
arte  dos  quaes  publica  o  merecimento  para 
o  premio,  defende  o  credito  contra  a  cen- 
fura.  Venerador  obfervantiíTimo  dos  coíhi- 
mes  pátrios  aborrece  os  eftranhos  como  opof- 
tos  à  venerável  antiguidade.  Sendo  dotado 
de  génio  brando,  e  fuave  he  rigidamente  fe- 
vero  nas  matérias  pertencentes  à  Religião, 
c  ao  pundonor.  Ainda  que  naturalmente  be- 
névolo, nimca  lizongeou  aos  que  eftaõ  col- 
locados  na  mayor  esfera  da  fortuna  prac- 
ticando  fer  Cortes  para  o  povo,  Civil  para 
a  Nobreza,  reverente,  e  izento  para  os 
Príncipes.  Cazou  com  D.  Francifca  Roía 
de  Menezes  filha  do  primeiro  Marquez  de 
Alegrete  Manoel  Telles  da  Sylva,  e  da  Mar- 
queza  D.  Luiza  Amaro  Coutinho  de  cujo 
conforcio  teve  a  D.  Jozè  Miguel  Joaõ  de 
Portugal  nono  Conde  do  Vimiofo  perfeita 
copia  de  taõ  grande  original:  D.  ^Miguel 
Lúcio  de  Portugal,  Cónego  da  Santa  Ba- 
filica  Patriarchal,  que  laureado  Meílre  em 
Artes  pela  Univerfidade  de  Évora  promete 
na  verdura  da  idade  fazonados  frutos  em 
as  fciencias  mayores,  e  D.  Thereza  Ma- 
ria Jozefa  ornada  de  tantas  virtudes,  que 
excedem  o  numero  dos  feus  annos.  Das 
muitas,  e  diverfas  Obras,  que  tem  com- 
poílo  o  feu  fecundo  talento  fe  fizeraõ 
publicas  por  beneficio  da  ImpreíTaõ  as  fe- 
guintes 

Praãica    com    que    congratulou    a    Acade- 
mia    quando    foy     admitido    por     Académico. 


234 


BIB  LIO  THE  CA 


Lisboa  por  Pafcoal  da  Sylva  1723.  foi.  Sa- 
hio  no  3.  Tomo  da  Collec.  dos  Document.  da 
Academia  Real. 

OraçaÕ  com  que  congratulou  a  Academia 
Real  da  Hijloria  Portugue:(a  pelo  feli^  na- 
cimento  do  Senhor  Infante  D.  Alexandre  re- 
citada no  Paço  a  z-j.  de  Setembro  de  1723. 
No  Tom.  3.  da  Collec.  dos  Documentos  da 
Academia,    foi. 

OraçaÕ  Panegyrica  no  felicijjimo  Ca!(amento 
do  Serenijftmo  Senhor  D.  Jo!(è  Príncipe  do  Bra- 
Jil,  e  da  Serenijftma  Senhora  D.  Mariana  Viálo- 
ria  Infanta  de  Caflella  recitada  na  presença  de 
Suas  Magejlades,  e  Alteadas  em  13.  de  Janeiro 
de  1728.  Lisboa  por  Jozè  António  da  Sylva 
1728.  foi.  No  Tom.  3.  da  Collec.  dos  Do- 
cumentos da  Academia  Real.  &  ibi  pelo  dito 
ImpreíTor   1728.   4. 

OraçaÕ  recitada  na  Academia  Real  da  Hif- 
toria  Portuguei^a  na  oca^aõ  da  morte  do  Se- 
renijftmo Senhor  Infante  D.  Alexandre.  Lis- 
boa por  Jozè  António  da  Sylva.  1728.  foi. 
No  Tom.  8.  da  Collec.  dos  Docum.  da  Aca- 
demia. 

Elogio  do  P.  Jeronymo  de  Cajlilho  da  Com- 
panhia de  JESUS  recitado  na  Academia  a  25. 
de  Mayo  de  1730.  Lisboa  por  Jozè  António 
da  Sylva  1730.  foi.  No  Tom.  10.  da  Collec. 
dos  Documentos  da   Academia. 

Difcurfo  como  deve  fer  hum  HiJloriador 
recitado  na  Academia  a  4.  de  Janeiro  de 
1731.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor  1731. 
foi.  No  Tom.  II.  da  Collec.  dos  Docum.  da 
Academia. 

Difcurfo    em    que  fe   prova    quem  logra    a 
fahedoria  pojfue    todas    as    virtudes    recitado  na 
Academia    em    21.    de   Junho    de    1731.    Lis- 
boa   pelo    dito    ImpreíTor.    foi.    No    Tom. 
II.  da  Collec. 

Elogio  do  P.  Pedro  de  Almeida  da  Com- 
panhia de  JESUS  recitado  na  Academia  a  3. 
de  Janeiro  de  1732.  Lisboa  pelo  dito  Im- 
preíTor. foi.  No  Tom.  II.  da  Collec.  dos 
Documentos   da   Academia    Real. 

Difct^rfo  recitado  na  Academia  Real  em  13. 
de  Março  de  1732.  em  que  perfuade  a  uniaõ 
entre  os  Sábios.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor. 
foi.    No   Tom.    II.   da  CoUeçaõ. 

Difcurfo  recitado  no  Paço  em  7.  de  Se- 
tembro  de    1732.    em   que  prova   que   a  virtu- 


de louvada  naõ  crece  antes  fe  diminue.  Lisboa 
pelo  dito  ImpreíTor.  foi.  No  Tom.  11.  da 
ColleçaÕ. 

Difcurfo  em  que  defende  que  ejie  titulo 
de  Heroe  fe  pode  dar  a  hum  VaraÕ  infi- 
ffie  nas  ■  letras,  e  fantidade  como  nas  ar- 
mas oppondo-fe  a  quem  afirmava,  que  fó  com- 
petia aos  profejjores  das  armas  recitado  na 
Academia  Real  a  23.  de  Abríl  de  1733. 
Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor.  1733.  foi.  No 
Tom.  12.  da  Collec.  dos  Documentos  da  Aca- 
demia Real. 

Elogio  do  P.  D.  Manoel  Caetano  de  Sote^a. 
Lisboa  por  Jozè  António  da  Sylva  1734. 
foi.  No  Tom.  13.  dos  Documentos  da  Aca- 
demia Real. 

OraçaÕ  recitada  no  Paço  em  7.  de  Setembro 
de  ij^y  dia  em  que  fe  celebravaõ  os  annos  da 
Rainha  N.  Senhora.  Lisboa  pelo  dito  Im- 
preíTor.  1735.  4. 

OraçaÕ  recitada  no  Paço  a  zy  de  Outubro 
de  1735.  celebrando-fe  os  annos  delRej  N.  Se- 
nhor.   Lisboa  pelo  mefmo  ImpreíTor.  1735.  4. 

Elogio  Fúnebre  do  Excellentijfimo  Senhor  Ma- 
noel Telles  da  Sylva  Marquev^  de  Ale^ete  Se- 
cretario da  Academia  Real.  Lisboa  pelo  mef- 
mo Impreflbr  1736.  4. 

Elogio    Fúnebre    do    Serenijftmo    Senhor    In- 
fante  D.    Carlos  recitado   no    Paço   em    30.    de 
Abril  de  1736.    Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor. 
1736.  4. 

Elogio  Fúnebre  de  Diogo  de  Mendoça  Coríe- 
-Real  Secretario  de  Eflado  recitado  no  Paço  em 
ij.  de  Mayo  de  1736.  Lisboa  pelo  dito  Im- 
preíTor   1736.   4. 

OraçaÕ  recitada  no  Paço  na  oca^iaÕ  da  morte 
da  Serenijftma  Senhora  Infanta  D.  Francifca. 
Lisboa  por  António  Ifidoro  da  Fonfeca 
1736.    4. 

OraçaÕ  recitada  no  Paço  a  -/.  de  Setembro  de 
1736.  em  os  annos  da  Rainha  N.  Senhora.  Lisboa 
pelo  mefmo  ImpreíTor.  1736.  4. 

OraçaÕ  recitada  no  Paço  a  29.  de  Outubro 
de  1736.  celebrando-fe  os  annos  delRey  N.  Senhor. 
Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor.  1736.  4. 

OraçaÕ  Panegjríca  recitada  no  Paço  a  6.  de 
Junho  de  1757.  nos  felicijpmos  annos  do  Serenif- 
fimo  Senhor  D.  Jot(è  Príncipe  do  Brafil.  Lisboa 
por  Miguel  Rodrigues  ImpreíTor  do  Senhor 
Patriarcha.  1737.  4. 


L  USITAN A. 


235 


Vofo  recitado  na  Academia  pelo  qual  fe  mofira 
Je  devem  admitir  a  ella  os  EJlrangeiros.  Lisboa 
pelo  dito  ImpreíTor  1738.  4. 

Oraçaõ  recitada  no  Paço  pela  qual  fe  mof- 
ira, que  nem  os  Reys  devem  filofofar,  nem 
as  Filofofos  reynar.  Lisboa  pelo  dito  Im- 
preíTor  1738.   4. 

EJoffo  Fúnebre  de  Belchior  do  Kego  de  An- 
drade,   ibi    pelo    mefmo    ImpreíTor    1738.    4. 

Fdo^o  Fúnebre  do  IlluflriJJimo,  e  Excel- 
lentijftmo  Senhor  Conde  de  Tarouca  JoaÕ  Go- 
mes   da    Sylva.    ibi    pelo    mefmo    ImpreíTor 

1739-   4- 

Segundo    EJogio    Fúnebre    do    IlluJlriJJimo,    e 

Excellentijftmo   Senhor   Conde   de    Tarouca  Joaõ 

Gomes  da  Sjlva.  ibi  pelo   mefmo  ImpreíTor, 

€  anno.  4. 

Difcurfo    Apologético   em   defenfa   do    Thea- 

Jro    Hefpanhol.    ibi    pelo     mefmo   ImpreíTor 

1739-  4- 

Keflexoens  ã  SacratiJJima  Paixão  de  JE- 
SUS Cbrifio  Nojfo  Senhor.  Lisboa  pelo  dito 
ImpreíTor   1730.    12. 

Emmanueli  Tellejio  Sylvio  Marchioni  Ale- 
gretenji  S.  P.  D.  Sahio  eíla  Carta  Lati- 
na ao  principio  dos  Epigrammas  do  mef- 
mo Marquez  de  Alegrete.  UlyíTipone  apud 
Pafchalem  da  Sylva  Typ.  Reg.  1722.  8.  & 
Hagae  Qjmitum  apud  Hadrianum  Moetiens. 
1723.    4. 

Carta  efcrita  ao  Duque  FJlribeiro  mor  em 
que  o  applaude  pelas  Acçoens  ultimas,  que  ef- 
creveo  de  feu  Pay  o  Duque  do  Cadaval  D.  Nuno 
Alvres  Pereira  de  Mello.  Sahio  ao  principio 
^efla  Obra.  Lisboa  na  Offidna  da  Mulica. 
1730.   foi. 

Panegyrico  de  Plinio  ao  Fmperador  Trajano 
tradu^do  na  lingua  Portuguev(a.  foi.  M.  S. 

InJlrucçaÕ  que  deu  a  feu  filho  o  Fxcellentijfimo 
Conde  do  Vimiofo  quando  foy  à  Campanha  do 
Alentejo  no  anno  de  1735.  4.  M.  S. 

Cartas  a  diverfos  affumptos  de  que  fe  po- 
dem formar  hum  volume  de  juíla  grandeza. 
M.    S.    4. 

FRANaSCO  DA  PRESENTAÇAM  na- 
tural da  Villa  de  Almada  do  Patriarchado 
de  Lisboa  defcendente  de  Famiha  Nobre, 
Cónego  Secular  da  Congregação  do  Evan- 
geliíla    amado    onde    aprendeo    as    Sciencias 


Efcholaflicas    em   que    fahio    profundamente 
verfado.    Foy  Reytor  do  Collegio  de  Évora, 
e  no  Convento  de  Lisboa,  paíTou  a  melhor 
vida  em  10.  de  Mayo  de  1595.    Compoz 
Traãatus  Tbeologici.    M.    S. 

Fr.  FRANQSCO  DA  PRESENTAÇAM 
natural  de  Toaõ  na  índia  Oriental  ondepro- 
felTou  o  fagrado  IníHtuto  dos  Erimitas  de 
Santo  Agoílinho  no  anno  de  1584.  O  feu 
talento  acompanhado  de  litteratura  o  fez  di- 
gno de  que  o  Eílado  o  elegeíTe  Embaxador 
a  ElRey  de  Bombaraça,  e  depois  fer  Prior 
do  Convento  de  Cochim,  e  Governador  def- 
te  Bifpado.  Impellido  do  afefto  com  que 
amava  a  fua  Religião  efcreveo  no  anno  de 
1622. 

Defenforio  da  Ordem  contra  o  Chronifla  Se- 
ráfico Fr.  António  Dav^a.  Eíta  Obra  fe  con- 
ferva  M.  S.  no  Collegio  do  Populo  da  Q- 
dade  de  Goa, 

FRANCISCO  DA  PRESENTAÇAM  SA- 
LES natural  de  Santarém,  e  filho  do  Dou- 
tor Miguel  Barbofa  Carneiro  Juiz  de  fora 
deíla  Villa,  e  D.  Leonor  da  Fonfeca,  e  ir- 
mão de  Fr.  Miguel  Barbofa  Carneiro,  Juiz 
Geral  das  Ordens,  Dezembargador  da  Cafa 
da  SupUcaçaõ,  Ouvidor  da  Capella  Real, 
Deputado  da  Inquifiçaõ  de  Lisboa,  e  do 
Tribunal  da  Mefa  da  Conciencia,  e  Ordens. 
Na  idade  da  adolefcencia  recebeo  a  Murça 
de  Cónego  Secular  da  Congregação  do  Evan- 
geliíla  onde  floreceo,  e  frutificou  o  feu  en- 
genho aíTim  nas  Cadeiras  como  em  os  Púl- 
pitos. A  fua  prudência  o  habilitou  para 
exercitar  os  lugares  de  Reytor  de  Évora, 
Procurador  da  fua  Congregação  na  Corte 
de  Lisboa,  Vifitador  do  Convento  de  S. 
Bento  de  Xabregas,  e  Provedor  do  Hof- 
pital  Real  das  Caldas  pelo  efpaço  de  doze 
annos.  A  fua  fciencia  o  fez  digno  de  fer 
Lente  de  Theologia  Moral  em  o  Convento 
de  S.  Bento,  Cabeça  da  fua  Canónica  Con- 
gregação, Qualificador  do  Santo  Oíficio,  e 
Examinador  das  Três  Ordens  Militares.  Ao 
tempo  que  para  remédio  de  huma  parlezia 
uzava  dos  banhos  das  Caldas  da  Rainha, 
deixou  a  vida  caduca  pela  eterna  a  24.  de 
Julho    de    1733.     Publicou 


236 


BIBLIO THE  CA 


Sermão  de  Noffa  Senhora  do  Valle. 
Lisboa  por  António  Pedrozo  Galraõ. 
1698.   4. 

Sermão  da  Dominga  da  Sexagejftma  pregado 
na  Capella  Keal.  Lisboa  por  Manoel  Lopes 
Ferreira.    1701.   4. 

OraçaÕ  em  acçaõ  de  graças ,  que  na  Ca- 
pella Keal  de  Noffa  Senhora  do  Populo  do 
Hofpital  das  Caldas  celebrou  o  Excellentif- 
jimo  Duque  do  Cadaval  pela  efpecial  noti- 
cia que  ElRey  D.  JoaÕ  o  V.  lhe  comuni- 
cou de  fe  terem  ajuftados  os  felices  defpo- 
i(prios  da  Prince;(a  D.  Maria,  e  do  noffo 
Príncipe  D.  Joi^è  recitada  a  11.  de  Outu- 
bro de  1725.  Lisboa  por  António  Pedro- 
zo   Galraõ.    1725.    4. 

Theoloffa  Moralis  Compendium.   foi.  M.   S. 


FRANCISCO  REBELLO  DE  AZE- 
VEDO natural  da  nobre  Villa  de  Gui- 
maraens  filho  de  Gonçalo  Rebello,  e  D. 
Maria  de  Andrade,  e  Azevedo,  e  Sobri- 
nho do  Licenciado  Manoel  Barbofa  que 
efcreveo  os  doutos  Comentários  fobre  a 
Ordenação  do  Reyno.  Depois  que  fe  inf- 
truio  na  pátria  com  as  letras  humanas  fe 
applicou  em  a  Univeríidade  de  Coimbra 
ao  eftudo  dos  Sagrados  Cânones  nos  quaes 
recebendo  o  grào  de  Doutor,  foy  Len- 
te de  huma  Cathedrilha  em  28.  de  Fe- 
vereiro de  1578.  donde  fubio  à  Cadeira 
de  Sexto  em  16.  de  Novembro  de  15  81. 
e  a  Cónego  Doutoral  da  Sè  de  Lis- 
boa em  IJ82.  de  cuja  Diocefe  foy  Go- 
vernador. Deftes  lugares  Ecclefiaílicos  paf- 
fou  a  exercitar  os  Seculares  de  Dezem- 
bargador  da  Cafa  da  Suplicação,  e  ulti- 
mamente de  Dezembargador  do  Paço  a 
cuja  memoria  dedica  hum  grande  Elo- 
gio feu  Primo  o  Doutor  AgoíUnho  Bar- 
bofa De  Potejl.  Epifcop.  Part.  i.  Tit.  3. 
cap.  8.  que  finaliza  com  eílas  palavras 
Ut  quot  noftree  Ljdjitania  Jimt  partes,  toti- 
dem  faceret  monumenta  virtutis  Jua,  ctgus  im- 
matura  mors  maximum  nobis  reliquit  fui  de- 
Jiderium.    Efcreveo   douta,    e     nervofamente 

Allegaçaõ  a  favor  da  Senhora  D.  Catherína 
Duqueí^a  de  Bragança  fobre  a  fucceffaÕ  do  Reyno 
de  Portugal.  M.   S. 


FRANQSCO  REBELLO  HOMEM  De- 
zembargador, e  Vereador  do  Senado  da 
Camera  de  Lisboa  taõ  perito  na  Jurif- 
prudencia  Cefarea  como  nos  preceitos  da 
Oratória.  Para  congratular  em  nome  da 
Cidade  de  Lisboa  ao  SereniíTimo  D.  Joaõ 
o  IV.  na  occafiaõ  que  nella  entrava  ac- 
clamado  por  Soberano  da  Monarchia  Por- 
tugueza   recitou 

Praãica  a  ElRey  D.  JoaÕ  o  IV.  quan- 
do depois  de  acclamado,  e  jurado  foy  à  Se 
em  15.  de  De:(embro  de  1640.  dar  graças 
a  Deos.  Sahio  impreíTa  no  Auto  do  Le- 
vantamento, e  Juramento,  que  fe  fez  ao  dito 
Rey.  Lisboa  por  António  Alvres.   1641.  foi. 

Defta  obra,  e  do  Author  fazem  men- 
ção D.  Luiz  de  Menezes  Portug.  Refl. 
Tom.  I.  liv.  3.  pag.  114.  Birago  Hifl. 
di  Portugal,  liv.  3.  pag.  mihi  276.  e  Souza 
Hifl.  Geneal.  da  Cafa  Real  Portug.  Tom.  7. 
Uv.    7.    pag.    109. 


D.  FRANCISCO  REBELLO  DE  LIMy\ 
filho  de  Manoel  de  Mendanha  de  Lima,  e  D. 
Dionizia  Henriques  naceo  na  Villa  de  Alen- 
quer diílante  fete  legoas  de  Lisboa,  e  na  Pa- 
rochia  de  N.  Senhora  da  Triana  recebeo  a 
graça  bautifmal  a  10.  de  Novembro  de  1690. 
Quando  contava  a  idade  de  defanove  annos 
entrou  na  Religião  dos  Clérigos  Regulares 
de  S.  Caetano  cujo  fagrado  IníUtuto  profeílou 
a  15.  de  Março  de  1710.  onde  depois  de 
eftudar  as  fciencias  efcholafticas  fe  dedicou 
com  mayor  difvello,  a  que  o  inclinava  o  génio, 
ao  miniílerio  do  Púlpito  de  que  tem  publicado 
as  feguintes  produçoens. 

SermaÕ  de  Noffa  Senhora  da  Divina  Providencia 
pregado  na  fua  propría  Igreja  na  fegunda  Dominga 
pojl  Epiphaniam  dia  em  que  o  Clero  rets^a  ao  Santif- 
fimo  Nome  de  JESUS  em  20.  de  Janeiro  de  1726, 
Lisboa  na  Patriarchal  Officina  da  Mufica 
1727.  4. 

SermaÕ  da  Quarta  feira  de  Cin^a  pregado  na 
Santa  Igreja  Patríarchal.  Lisboa  por  Jozè  Antó- 
nio da  Sylva.  1729.  4. 

SermaÕ  da  PayxaÕdeN.  Senhor  JESUS  Cbrif- 
to  pregado  na  Cafa  de  N.  Senhora  da  Divina  Provi- 
dencia no  afino  de  1732.  Lisboa  por  António  Ifi- 
doro  da  Fonfeca.  1736.  4. 


L  US  ITAN  A, 


lij 


P.  FRANCISCO  RANGEL  natural  da 
Cidade  do  Porto  onde  educado  virtuofa- 
mente  por  feus  Pays  Marcos  Lopes,  e  Mó- 
nica Rangel  elegeo  abraçar  o  Liftituto  da 
Companhia  de  JESUS  em  o  Noviciado  de 
Lisboa  a  lo.  de  Janeiro  de  1629.  em  cujo 
anno  partio  para  a  índia,  e  depois  de  obrar 
muitas  acçoens  na  cultura  Evangélica  paf- 
fou  a  Macao  a  lograr  o  premio  delias  a 
28.    de   Fevereiro   de    1660.     Efcreveo 

Caria  para  o  P.  Provincial  de  Portugal  ef- 
aita  de  Macaffar  a  14.  de  Abril  de  1644.  em 
que  fe  refere  o  martyrio  de  cinco  Keligiofos,  e 
Je  contaõ  outros  cajos  memoráveis.  Lisboa  por 
Domingos  Lopes  Roza.    1645.  4. 

Fazem  memoria  deíla  Carta  o  Licenciado 
Jorge  Cardofo  Agiolog.  'Lujit.  Tom.  2.  pag. 
152.  letr.  L  e  o  moderno  addicionador  da 
Bih.  Orient.  de  António  de  Leaõ  Tom.  i. 
Tit.  4.  col.  81. 

FRANQSCO  DO  REGO  natural  da 
Aldeya  de  Naulà  em  a  Ilha  de  Goa  Ca- 
beça do  Império  Oriental  Portuguez,  fi- 
lho de  Nicolào  do  Rego,  e  Angela  Ro- 
<lrigues.  Das  letras  humanas  paíTou  a  ef- 
tudar  as  fagradas,  fahindo  profundamente 
douto  em  Theologia  Efcholaftica,  e  Mo- 
xal,  e  Licenciado  em  ambos  os  Direitos, 
merecendo  pela  fua  grande  litteratura  fer 
Prothonotario  Apoftolico,  Promotor  fifcal 
■do  Ecclefiaítico,  e  Procurador  da  Mitra 
Primacial  de  Goa  em  que  foy  provido 
pelo  IlluílriíTimo  Arcebifpo  D.  Fr,  An- 
tónio Brandão.  Naõ  foy  inferior  o  feu 
talento  para  o  Púlpito,  como  também 
para  a  metrificação  affim  Latina,  como 
.Portugueza.  Sendo  Vigário  Collado  da  Igre- 
fja  de  S.  Braz  paíTou  para  a  de  Santa 
Anna  onde  fundou  o  Templo,  que  hoje 
-exiíle  que  he  certamente  dos  mais  fump- 
tuofos,  que  tem  a  Cidade  de  Goa.  Com- 
poz 

Tratado  Apologético  contra  varias  calum- 
nias  impoftas  pela  malevolencia  contra  a  fua 
NaçaÕ  Bracmana.  M.  S.  4.  Naõ  chegou 
a  imprimir  efta  obra  impedido  pela  morte 
em  o  anno  de  1686.  quando  contava  51. 
de   idade. 

Comedias  varias.  M.   S. 


Fr.  FRANCISCO  DOS  REYS  naceo  em 
Lisboa  de  Pays  nobres,  e  opulentos.    Ain- 
da naõ  contava  doze  annos  de  idade  como 
eftiveíTe  fuficientemente  inílruido  com  os  pre- 
ceitos  da  Ungua   T .atina   frequentou  a   Uni- 
verfidade  de  Coimbra  eíhidando  Direito  Ce- 
fareo,  onde  alcançou  diíHnto  nome  pela  agu- 
deza do  talento  com  que  penetrava  as  mayo- 
res    dificuldades,    porém    penetrado    do    de- 
fengano  das  vaidades  mundanas  antepoz  ao 
applavifo,   que  lhe  refultava  da  fua  fciencia 
o  filencio  do  Clauíbro  da  reformada  Provin- 
da da  Arrábida  à  qual  foy  admitido  em  o 
Convento  de  S.  Jozè  de  Riba-Mar  pelo  Pro- 
vincial   Fr.    Francifco    de    Santo    António. 
Tantos  foraõ  os  progreflbs,  que  fez  na  obfer- 
vancia  do  feu  Inftituto,  que  foy  eleito  Pre- 
fidente,  e  Meílre  dos  Noviços,  de  cuja  vi- 
gilante  cultura  frutificarão  muitos   para  be- 
neficio  da  ReHgiaõ.    Ainda  que  com  repe- 
tidas difciplinas,  e  afperos  cilícios  macerava 
o  corpo,  eiaõ  continuas  as  batarias  com  que 
o    inimigo    commum    queria    render    o    feu 
efpirito    aos    incentivos    da    carne    de    cujas 
fugeíloens  triunfava  com  os  auxílios  da  Di- 
vina   Graça.     Muitas    vezes    foy    vifto    alie- 
nado    dos     fentidos     bufcando     extático     o 
centro    das    fuás    amorofas    delicias.    Attra- 
hidas   muitas   almas   da   fuavidade,   que  ref- 
piravaõ    as    fuás    virtudes    o    elegiaõ    para 
direôor  das  fuás  conciencias  entre  os  quaes 
fe  diítinguiraõ  D.   Pedro  de  Lancaftro,  que 
depois    foy    Duque    de    Aveiro,    e    Inqui- 
fidor    Geral,    e    a    ExcellentilTima    Senhora 
D.    Anna    Maria    Manrique    de    Lara    Du- 
queza   de   Torres   Novas.   Cinco  vezes  exer- 
citou   o    lugar    de    Guardião    do    Convento 
da  Arrábida  em  cujo  governo  uzando  fem- 
pre    de    prudente    afabilidade  fez    obfervar 
exaâamente  a  difciplina  regular.    Depois  de 
tolerar   com   heróica   paciência   huma   infer- 
midade  pelo  efpaço  de  três  mezes  em  que 
todos  os  dias  comungava  das  mãos  de  feu 
amado  Difcipulo,   e  Noviço  Fr.   Álvaro  da 
Conceição  entre  devotos  colóquios  com  Chrif- 
to  Crucificado  efpirou  placidamente  na  En- 
fermaria de  Setúbal  a  24.  de  Mayo  de  1645. 
quando    contava    75.    annos    de    idade,    e 
60.    de    ReUgiaõ.    Foy   depofitado   na   Paro- 
chial   Igreja   da   Anunciada   cujo   corpo    ef- 


238 


BIBLIO  THE  CA 


tava  cuberto  de  flores,  e  na  maõ  tinha  huma 
palma,  que  fymbolizava  o  triunfo  que  al- 
cançara do  inimigo  da  pureza  virginal  on- 
de expofto  à  veneração  do  povo,  foy  ac- 
clamado  por  Varaõ  Santo,  e  o  defpo- 
jaraõ  da  mayor  parte  do  habito  como 
preciofas  relíquias.  Defte  lugar  foy  leva- 
do ao  Convento  da  Arrábida  fendo  o 
ExcellentiíTimo  Duque  de  Aveiro  D.  Pedro 
de  Lancaftro  hum  dos  que  conduzirão  o 
cadáver  até  à  eminência  da  Serra  onde  ef- 
tà  íituado  o  Convento.    Compoz 

Tratado  das  Excellencias,  e  praxe  da  Ora- 
ção. Paliando  Fr.  Jozé  de  JESUS  Maria  na 
Chron.  da  Prov.  da  Arrah.  Part.  2.  liv.  i. 
cap.  28.  defta  obra  diz  que  naõ  logrando  do 
beneficio  da  imprenja  muitos  Jogeitos  a  treslada- 
raõ  dev^ejofos  de  fe  aproveitarem  da  lu:(^  com 
que  os  illujlravaõ  na  perfeição  da  vida  efpiritual, 
que  procuravaõ  feguir.  Faz  memoria  defte  Varaõ 
Jorge  Cardofo  Agiolog.  L.ufit.  Tom.  3.  pag. 
59i.e398.  no  Coment.  de  24.  de  Mayo  letr.  O. 


ffe,  a  borla  de  Doutor  na  Sagrada  Theo- 
logia,  a  qual  illuftrou  com  o  feu  Magifte- 
rio  na  Cadeira  de  Efcoto  em  que  foy  pro- 
vido a  22.  de  Mayo  de  1696.  e  jubilou  a 
15.  de  Mayo  de  1706.  Ao  tempo  que  cf- 
tava  para  fubir  à  Cadeira  de  Prima  de  Ef- 
critura,  morreo  intêpeftivamente  a  4.  de  Se- 
tembro de  171 2.  Foy  Qualificador  do  Santo 
Officio,  Reytor  do  Collegio  de  Coimbra,  De- 
finidor da  Província,  Provincial  eleito  a  22. 
de  Setembro  de  1700.  e  ultimamente  Com- 
miíTario,  e  Vifitador  Geral.  Foy  hum  dos 
grandes  Theologos,  que  venerou  o  feu  tem- 
po deixando  efcrito. 

Commentaria  in  Magijirum  Sententiarum.  M. 
S.  foi.  3.  Tom.  Ohra  Utilijftma  para  as  li- 
çoens  de  Ponto  como  efcreve  Fr.  Manoel  de 
Sà  Memor.  dos  Efcrif.  do  Carm.  da  Prov.  de 
Portug.   pag.    164. 

Traíiatus   Theologici.   foi.    3.   Tom.    M.    S. 

Eftes  6.  volumes  fe  confervaõ  no  Col- 
legio do  Carmo  de  Coimbra. 


Fr.  FRANCISCO  DOS  REYS  natural  da 
Cidade  de  Braga  Monge  da  Ordem  de  S. 
Bento  cuja  cogulla  veftio  no  Convento  de 
Tibaens  em  o  anno  de  1607.  Foy  Abbade 
dos  Conventos  de  Gafey,  Porto,  e  Lisboa, 
Definidor,  Vifitador  Geral,  e  ultimamente 
Geral  da  fua  Monaftica  Congregação.  Falle- 
ceo  em  o  Convento  de  Lisboa  em  o  pri- 
meiro de  Agofto  de   1664.    Efcreveo 

Vida  do  Venerável  P.  Fr.  Thomav^  do  So- 
corro duas  vet^es  Geral  da  Ordem  de  S.  Bento. 
M.  S.  Defta  obra  como  de  feu  Author  faz 
mençaõ  Cardofo  Agiolog.  Ljíjit.  Tom.  3 .  pag. 
539.   no  Coment.   de  4.   de  Junho  letr.   H. 


Fr.  FRANQSCO  RIBEIRO  natural  da 
Villa  de  Cantanhede  titulo  de  Condado  fituada 
na  Provinda  da  Beira  do  Bifpado  de  Coim- 
bra. Teve  por  Pays  a  Thomé  Mendes,  e  a 
Maria  Ribeira.  Profeííou  o  Inftituto  Carmeli- 
tano  em  o  Convento  da  Villa  de  CoUares  a 
20.  de  Junho  de  1655.  Eftudou  as  fciencias  fe- 
veras  em  o  Collegio  de  Coimbra,  onde  depois 
que  as  diôou  com  grande  applaufo  da  fua 
fciencia,  recebeo   na  Academia  Conimbriccn- 


P.  FRANCISCO  RIBEIRO  Naceo  em 
a  Cidade  de  Évora  onde  teve  por  Pays 
a  Manoel  Nunes  e  Jzabel  Francifca.  Em 
o  Noviciado  da  fua  Pátria  recebeo  a 
Roupeta  da  Companhia  de  JESUS  a  10. 
Fevereiro  de  1668.  e  depois  de  aprender 
as  letras  humanas,  e  as  fciencias  efcho- 
lafticas  didlou  na  Academia  Eborenfe  Hu- 
manidades, Filofofia,  Efcritura,  e  Theo- 
logia  Moral  atè  fer  graduado  Doutor  em 
2.  de  Julho  de  1696.  Governou  com 
prudência  os  Collegios  de  Braga,  c  de 
Coimbra  em  cujo  governo  depois  de  to- 
lerar acerbiflimas  dores  cauzadas  de  huma 
chaga  paííou  ao  defcanço  eterno  a  14. 
de  Julho  de  171 5.  Efcreveo  douti/fimas 
obras  aíTim  Filofoficas,  como  Theologicas 
das  quaes  nunca  permitio  fe  publicafle 
alguma,  e  para  que  naõ  ficaflc  totalmen- 
te fepultada  a  memoria  do  feu  grande 
talento  fez  publica  pelo  beneficio  da  im- 
preflaõ  hum  feu  difcipulo  a   feguinte  obra. 

iMcuhrationes  Philofophica  ad  libros  Arif- 
totelis  de  ortu,  e^*  interitu,  five  Traãatus 
de  generatione,  c^  corruptione.  Eborac  cx  Ty- 
pographia  Academise.  1723.  4. 


L  USITAN  A. 


239 


Da  obra,  e  do  Author  fe  lembra  o  Padre  Fran- 
■cifco  da  Fonfeca  Evor.  Glorio/,  pag.  451. 

Fr.  FRANCISCO  DA  ROCHA  natural 
de  Lisboa,  e  Religiofo  ProfeíTo  da  Ordem 
<ia  SantiíTimia  Trindade  à  qual  fervio  de  or- 
nato pela  profunda  intelligencia  que  teve 
•da  armonica  Faculdade  da  Muíica.  Taes  £0- 
raõ  os  progreíTos,  que  a  fua  penetrante  com- 
prehenfaõ,  e  engenhofa  fubtileza  fez  neíla 
Arte,  que  com  admiração  dos  feus  mais  ce- 
lebres profeíTores,  quando  contava  a  tenra 
idade  de  onze  annos  compoz  huma  AíLíIa 
a  7.  vozes  fobre  as  vozes  Sol,  fa,  mi,  re, 
Jít.  Entre  todos  os  Corifeos  da  Arte  Muíica 
venerou  como  iníigne  a  Joaõ  Soares  Re- 
bello  imitando  com  taõ  efcrupulofa  exa- 
■çaõ  as  ideas  de  taõ  famigerado  Meftre,  que 
pareciaõ  as  fuás  compoíiçoens  eccos  fo- 
noros  das  vozes  de  Rebello.  FaUeceo  no 
Convento  pátrio  a  12.  de  Janeiro  de  1720. 
quando  excedia  a  idade  de  80.  annos.  Compoz 

Mijfa  a  4.  das  quatro  Domingas  da  Qua- 
rejma. 

Traâo  da  quarta  feira  de   Cin^a.   a  4. 

Mottete  para  o   mefmo   dia.   a  4. 

Traão,  e  Motete  da  primeira  Quinta  feira, 
a  4. 

Traão,  e  Alotete  da  primeira  Dominga, 
a  4. 

Traão,  e  Motete  para  a  Dominga  de  Ra- 
mos, a  4. 

Traão,  e  Motete  para  a  Terça  feira  da 
Semana  Santa,  a  4. 

Traão,  e  Motete  para  Quarta  feira  de  Tre- 
vas, a  4. 

Traão,  e  Motete  para  a  Sexta  feira  Mayor. 
a   4. 

Motete  a  6.  para  a  Adoração  da  Crut^. 

Todas  eílas  obras  foraõ  compoftas  no  an- 
no  de  1690.  e  eftaò  em  hum  livro  ef- 
critas  pelo  Author,  que  conferva  em  feu 
poder  o  P.  Joaõ  da  Sylva  de  Moraes, 
Meftre  da  Baíilica  de  Santa  Maria  de 
quem  faremos  memoria  em  feu  lugar,  co- 
mo também  outro  da  letra  original  do  Au- 
thor que  coníla  de  Pfalmos  de  Eíknte  de  4. 
vozes,  que  faõ  os  feguintes 
Dixit  Dominus 


Confitebor  Tihi 

Beatus  Vir. 

Taudate  pueri. 

Laudate  Dominum. 

In  exitu  Ifrael  de  Mgypto 

Credidi  propter  quod  locutus  Jum 

Beati  omnes. 

Magnificat. 

Te  Ljicis  ante  Terminum. 

Alem  deitas  obras  comprehendidas  neíles  dous 
Tomos.    Compoz 

MiJfa  a  8.  vozes  de  8.  Tom. 

MiJfa  a  8.  vozes  de  7.  Tom.  fobre  a  Hçaõ 
dos  Defuntos  Spiritus  meus  compoíla  por  Re- 
beUo 

Miffa  a  8.  de  6.  tom. 

Miffa  a  8.  de  6.  tom. 

Miffa  a  8.  de  7.  tom. 

Miffa  a  7.  de  8.  Tom. 

Dixit  Dominus  a  8.  de  5.  tom.  Outro  a 
8.  de  I.  tom.  Outro  a  8.  de  4.  tom.  Outro  a  8. 
de  7.  tom. 

haudate  Dominum  a  8.  de  7.  tom.  Outro 
a  8.  de  6.  tom.    Outro  a  8.  de  7.  tom. 

Laudate  pueri  Dominum.  a  4.  5 .  baixo  Outro 
a  8.  5.  tom. 

Confitebor  a  8.  de  7.  tom.  Outro  a  8.  de  8. 
tom.    Outro  a  4.  de  5.  tom. 

Latatus  fum  a  8.  de  8.  tom.  Outro  a  8.  de 
8.  tom. 

Beatus  Vir  a  8.  de  8.  tom.  Outro  a  8.  de 
7.  tom. 

luiuda  Jerujalem  a  8.  de  8.  tom. 

Niji  Dominus.  a  8.  de  4.  tom. 

Magnificat  a  8.  de  7.  tom.  Outra  a  8.  de 
6.  tom. 

Te  De  um  Laudamus.  a  8. 

Tantum  ergo  Sacramentum  a.  4.    Outro  a  4. 

O  Salutaris  Hofiia.  a  4.  de  6.  tom. 

L,acrimofa  dies  illa  a  4.  Motete  dos 
Defuntos.  Todas  eílas  obras  fe  confer- 
vaõ  efcritas  da  própria  mão  do  Author 
em  poder  do  P.  M.  Joaõ  da  Sylva  de  Mo- 
raes. 

Os  Textos  das  Paixoens  da  Dominga  de 
Ramos,  Terça,  Quarta,  e  Sexta  feira  da  Se- 
mana Santa  a  4. 

Diverfos  Vilhancicos  a  8.  6.  e  4.  e  mui- 
tos Tomos  Caílelhanos  a  4. 


240 


BIB  LIO  THE  CA 


P.  FRANCISCO  RODRIGUES  naceo 
em  a  Villa  de  Odemira  titulo  antigamente 
de  Condado  em  a  Provinda  do  Alentejo 
fendo  filho  de  Francifco  Rodrigues,  e  He- 
lena Jorge.  Eíludou  em  a  Univerfidade  de 
Salamanca  hum,  e  outro  Direito  cm  que 
foy  laureado  com  as  infignias  doutoraes. 
Atrahido  do  inílituto  que  profeíTavaõ  os 
Padres  Jefuitas  veyo  a  Coimbra  para  fe  alif- 
tar  na  fua  Companhia,  e  pofto  que  era  alei- 
jado de  ambos  os  pès  naõ  atendendo  o 
P.  Meílre  Simaõ  a  eíle  defeito,  mas  ao  feu 
profundo  talento  ornado  de  tantas  fciencias 
o  admitio  a  8.  de  Abril  de  1548.  Para  de- 
zempenhar  o  conceito  que  da  fua  peíloa  for- 
mara a  Religião  foy  hum  dos  primeiros 
Meftres,  que  teve  o  CoUegio  de  Santo  An- 
tão de  Lisboa  lendo  duas  Cadeiras,  huma 
de  Mathematica,  e  outra  de  Theologia  Mo- 
ral concorrendo  a  eíla  quatrocentos  ouvin- 
tes. Inflamado  no  zelo  da  converfaõ  da 
gentilidade  Oriental  fuplicou  com  repetidas 
inftancias  aos  Superiores  lhe  concedeflem  fa- 
culdade para  taõ  fanta  empreza  da  qual  naõ 
recebendo  o  dezejado  defpacho  recorreo  a 
Santo  Ignacio,  que  fuperiormente  illuílrado 
naõ  fomente  lha  concedeo,  mas  mandou  Pa- 
tente para  fer  Reytor  do  Collegio  de  S. 
Paulo  de  Goa,  e  como  foíTe  eílranhada  eíla 
eleição  pelo  manifeílo  defeito  que  tinha,  ref- 
pondeo  judiciofamente  o  Santo  Patriarcha, 
que  os  Reytores  naõ  governavaõ  com  os 
pès,  fe  naõ  com  a  cabeça.  Partio  em  a 
Nào  Garça  com  o  V.  P.  Gonçalo  da  Syl- 
veira,  e  o  Patriarcha  Joaõ  Nunes  Barreto 
a  30.  de  Março  de  1556.  e  ferrou  a  barra 
de  Goa  a  4.  de  Setembro  onde  tomando 
pofle  do  Reytorado  fe  applicou  com  incan- 
favel  difvelo  à  reforma  dos  coílumes  pre- 
gando pelas  Praças,  e  a  total  extinção  da 
idolatria  para  cujo  fim  difputava  continua- 
mente com  os  Meílres  das  fuás  feytas  tra- 
duzindo na  lingua  Portugueza  os  livros  de 
Gita  Veaco  venerados  como  efcrituras  Ca- 
nónicas pela  credulidade  daquelles  bárba- 
ros de  que  fe  feguiraõ  multiplicadas  vito- 
rias da  ley  Evangélica  confundindo  os  Le- 
trados do  Iníloftan,  convertendo  o  celebre 
Brâmane  Saneaxi  de  Angediva,  e  bautizando 
a    filha    delRey    Meale.     Para    aniquilar    os 


Pagodes  de  Salfete  foy  o  principal  inf- 
trumento  das  leys,  que  promulgarão  Fran- 
cifco Barreto,  e  D.  Antaõ  de  Noronha. 
De  hum  fó  lanço  recolheo  nas  redes  do 
Evangelho  a  duzentas  famílias  de  pcf- 
cadores.  AíTillio  como  Theologo,  c  Ca- 
noniíla  no  Concilio  primeiro  celebrado 
em  Goa  no  anno  de  1567.  fendo  hum 
dos  principaes  Letrados,  que  concorrerão 
para  a  decifaõ  dos  feus  decretos.  Ultima- 
mente confumidos  defafete  annos  em  be- 
neficio das  almas,  e  gloria  do  Creador 
paíTou  em  o  Collegio  de  S.  Paulo  de 
Goa  a  lograr  o  premio  dos  feus  apof- 
tolicos  trabalhos  a  17.  de  Setembro  de 
1575.  com  60.  annos  de  idade,  e  26. 
de  Companhia.  Foy  geralmente  fentida  a 
fua  morte,  e  com  mayor  exceíTo  pelos 
moradores  de  Goa,  que  o  veneravaõ  co- 
mo amantinimo  Pay.  Fazem  delle  illuílre 
memoria  Hifl.  Societ.  Part.  4.  Ub.  i.  n.  48. 
e  153.  inter  primos  fidei  Jnjula  Goa  Autho- 
res  mérito  numeratur.  Godinho  de  rehus  Abyf- 
fin.  lib.  2.  cap.  20,  Vir  Juit  nota  apud  omnes 
prohitatis,  <Ó>'  prudentia  laude  clarus.  Telles 
Chron.  da  Compan.  de  Jef.  da  Prov.  de  Por- 
tug.  Part.  I.  liv.  2.  cap.  26.  n.  5.  hum  dos 
mais  importantes  fogeitos,  que  deu  ejia  Provinda 
em  letras,  e  em  exemplo,  o  qual  naô  tendo  pès 
para  poder  andar,  teve  animo  para  navegar  pelos 
mares  a  quem  parece,  que  ferviraô  as  moletas 
pescadas  de  a:(as  ligeiras  com  que  voou  ao  Orien- 
te, e  Part.  2.  liv.  4.  cap.  4.  n.  8.  Varaõ  de 
muita  doutrina,  prudência,  e  governo,  e  liv.  6. 
cap.  35.  n.  3 .  Varaõ  injigne  ajftm  pelos  fingu- 
lares  ornamentos  daquella  dito/a  alma,  como  pe- 
las grandes  letras  de  que  foy  dotado,  era  excel- 
lente  Mathematico,  e  fabia  mtty  bem  a  Theologia 
Efpeculativa,  e  Moral,  e  foy  douto  nos  Sagrados 
Cânones.  Cardofo  Agiol.  Ijufit.  Tom.  i.  pag. 
92.  fogeito  raro  em  fciencias,  e  virtudes.  Souza 
Orient.  Conquifl.  Part.  2.  Conq.  i.  Divif.  i. 
§.  57.  Bjra  Pregador  de  fama,  excellente  Theo- 
logo e  Mathematico.  Franco  Jmag.  da  Virtud. 
do  Nov.  de  Coimb.  Tom.  i.  liv.  3.  cap.  32. 
e  33.  e  no  Ann.  Glor.  S.  J.  in  Ljtfit.  pag. 
5  30.  rarum  ad  fcientias  ingenium  excoUàt  SaJ- 
mantica,   ó^   Conimhrica.     Efcreveo 

Carta    efcrita    de    Goa    a    i.    de    Dezem- 
bro   de    ijj6.    aos    Padres    da    Provinda    de 


L  USITAN  A. 


241 


Portugal  em  que  relata  a  fua  jornada,  e  dos 
Jerviços  que  a  Deos  nella  fe  fi^eraõ.  GDnfta 
de  10.  paginas  cujo  original  fe  conferva  na 
Cafa  ProfeíTa  de  S.  Roque  defta  Corte. 
Parte  delia  imprimio  o  P.  Franco  na  Imag. 
do  Colleg.  de  Coimh.  Tom.  i.  liv.  3.  cap.  32. 
§.  9.  17.  e  18.  Sahio  vertida  em  Italiano 
com  outras  Venetia  por  Tramezzino  1559.  8. 

Carta  e feri  ta  de  Goa  a  12.  de  Det(em- 
bro  de  1557.  em  que  refere  o  eflado  efpiritual  de 
Goa,  e  a  converfaõ  da  filha  delKey  de  Meale. 
Sahio  traduzida  em  Italiano  com  outras. 
Venetia  pelo  mefmo  ImpreíTor.   1559.  8. 

Carta  ao  P.  Leaõ  Henriques  Rejtor  do 
Collegio  de  Évora  efcrita  de  Goa  a  ^.  de  De- 
t(embro  de  1560.  Deíla  carta  tranfcreveo  par- 
te o  P.  Franco  no  lugar  aíTima  citado  cap. 

33-  §•   I- 

//w^o  fobre  o  eclypfe  da  l^ua,  que  fe  vio  em 

Goa  a  28.  de  Outubro  de  1566.  o  qual  durou 
três  horas  e  meya.  M.   S. 

Tratado  dos  contratos  particulares  da  ín- 
dia, e  fobre  os  foros,  e  coflumes  das  Aldeyas 
do  Norte.  M.  S.  Cuido  (faõ  palavras  do  P. 
Francifco  de  Soufa  Orient.  Conq.  Part.  2. 
G)nq.  I.  divif.  i.  §.  58.  fallando  deíla  obra) 
(pu  ainda  hoje  perfeveraõ  algumas  relíquias  dos 
feus  efcritos. 

P.  FRANCISCO  RODRIGUES  naceo 
na  Villa  de  Montemor  o  Velho  em  o 
Bifpado  de  Coimbra,  e  entrou  na  Com- 
panhia de  JESUS  em  o  Collegio  de 
Coimbra  a  17.  de  Novembro  de  1608. 
Depois  de  eníinar  letras  humanas,  Filo- 
fofia,  e  Theologia  Moral,  foy  Procurador 
da  Provinda  Luíitana  em  a  Corte  de 
Madrid  em  que  deixou  memoria  do  feu 
talento.  Reílituido  ao  Reyno  governou  os 
Collegios  de  Faro,  e  de  Braga;  onde  fal- 
leceo  a  26.  de  Mayo  de  1654.  DeUe  fe 
lembra  Joan.  Soar.  de  Brit.  Theatr.  Lu- 
jit.  Utter.  lit.  F.  n.  64.  e  Franco  Imag. 
da  Virtud.  do  Colleg.  de  Coimbra.  Tom.  2. 
pag.  618.  Compoz  quando  aíTiiiio  em  Ma- 
drid 

Cathalogo  dos  Keligiofos  da  Companhia  de 
JESUS,  que  foraÕ  martyri^^ados,  e  mortos  no 
Japaõ  pela  Fè  de  Chriflo  em  os  annos  de  1632. 
*   1633.    Dedicado  ao  Núncio   Campegio.    Ma- 

16 


drid  por  André  de  la  Parra  1633,  foi.  Sahio 
vertido  em  Italiano.  Roma  por  Francifco 
CorbeUeti  1646.  8.  E  em  Latim  Antuerpiae 
per  Joannem  Meuríium.  1636.  12.  Deíla 
obra  como  do  Author  fe  lembra  o  moder- 
no addicionador  da  Bib.  Orient.  de  Ant.  de 
Leaõ  Tom.   i.   Tit.   8.  col.   373. 

Carta  efcrita  de  Saõfins  fobre  os  fucceffos  da 
ffierra  da  Provinda  da  Beira.  Sahio  impreíTa 
na  RelafaÕ  do  que  obrou  Rodrigo  Pereira  Sotto- 
-Aíajor  Capitão,  e  Alcayde  mor  da  Villa  de 
Caminha,  e  Valladares  no  tempo  da  Acclama- 
çaõ.  Lisboa  por  Lourenço  de  Anveres. 
1641.  4. 

FRANCISCO  RODRIGUES  CASSAM 
naceo  no  anno  de  161 4.  no  Concelho  de 
Saõfins  diílante  féis  legoas  para  o  Poente  da 
Qdade  de  Lamego  em  a  Província  da  Beira 
fendo  decimo,  e  ultimo  filho,  que  pario  fua 
Mãy  quando  contava  cincoenta  annos  de  ida- 
de. A  natureza,  que  na  fua  produção  excedeo 
o  termo  da  fecundidade,  fe  íingularizou  no 
talento,  que  lhe  deo  ornando-o  de  juizo 
perfpicaz,  comprehenfaõ  fumma,  e  memoria 
tenaciíTima  cujos  dotes  o  conílituhiraõ  em 
a  Univerfidade  de  Coimbra  hum  dos  mayo- 
res  Profeílores  da  Medicina,  que  venerou  o 
feu  tempo  em  cuja  Factddade  recebeu  a  bor- 
la Doutoral,  naõ  fendo  menos  efldmavel  pela 
noticia,  que  tinha  das  letras  humanas.  Ora- 
tória, Poética,  eftudo  da  Hiíloria  Sagrada,  e 
Profana,  intelligente,  e  verfado  (como  delle  ef- 
creve  o  Licenciado  Jorge  Cardofo  Apol. 
Eufit.  Tom.  3.  pag.  396.  letra  A.)  nas  Anti- 
guidades defle  Keyno,  e  fora  delle,  e  Fr.  Ant. 
Brandão  no  Prolog,  da  Terceir.  Part.  da 
Mon.  Eufit.  Grande  Medico,  e  Mathematico 
de  grande  noticia,  e  applicaçaÕ  nas  Hiflorias. 
Juntou  huma  numerofa  Livraria  compoíla 
de  todas  as  fciencias  onde  no  tempo,  que 
lhe  reftava  da  vizita  dos  enfermos  o  confu- 
mia  na  Hçaõ  de  varias  noticias  para  illuflrar  as 
fuás  doutas  compoíiçoens.  Morreo  na  Qdade 
de  Coimbra,  quando  contava  a  provefta 
idade  de  noventa  annos.     Compoz 

Inveãiva  contra  o  Tabaco,  em  que  mof- 
trava  com  fundamentos  folidos  fer  peçonha 
fina,  e  pefle  encuberta.  Eíle  Tratado  trou- 
xe    a     Lisboa    para     o     oprimir     quando 


242 


BIBLIO  THE  CA 


no  anno  de   1663.  foy  chamado  para  curar 
o  SereniíTimo  Infante  D.  Pedro. 

Tratado  em  que  provava  que  os  Campos  E/y- 
Jios  efiiveraõ  em  Coimbra  junto  ao  Mõdego.  Def- 
ta  obra  faz  mençaõ  Fr.  António  da  Puri- 
ficação no  Prolog,  à  i.  Part.  da  Chron.  de 
Santo  Agoftinho  da  Prov.  de  Portug.  cap.  5. 
onde  affirma,  que  feu  Author  a  quem  in- 
titula Medico  peritijftmo  lha  comunicara  ef- 
tando  jà  prompta  para  a  Impreflaõ. 

FRANCISCO  RODRIGUES  DE  CAR- 
VALHO filho  de  Belchior  Rodrigues  Ve- 
dor da  Fazenda  do  Duque  de  Bragança  D. 
Joaõ,  natural  de  Villa  Viçofa,  Licenciado 
cm  os  Sagrados  Cânones,  e  Meílre  Efcola 
na  Collegiada  de  Barcellos.  Foy  infigne  Poeta 
de  cuja  veya  eftaõ  no  Parnajfo  de  Villa  Viçofa 
de  Francifco  de  Moraes  Sardinha  liv.  3. 

Dous  Sonetos,  e  huma  Canção. 

FRANCISCO  RODRIGUES  CHEIRO- 
SO natural  de  Borba  em  a  Província  Tranf- 
tagana,  e  defcendente  das  famílias  mais  no- 
bres deíla  Villa.  Foy  inítruido  em  todas  as 
Artes  liberaes  principalmente  muito  verfado 
na  liçaõ  da  Hiíloria  Sagrada,  e  Profana  de 
que  faõ  claras  teftemunhas  as  obras,  que  dei- 
xou efcritas  dignas  certamente  da  luz  publica 
cujos  títulos  faõ  as  feguintes 

Efpelho  de  murmuradores  illuftrado  de  va- 
ria Hijloria  efpiritual,  e  politica  dividido  em 
duas  Partes.  Confervava-fe  o  Original  na 
Bibliotheca  do  Chantre  de  Évora  Manoel 
Severim   de   Faria. 

B.Jpelhó  de  bem  criados,  e  difcurjos  vários 
fobre  a  criação  dos  filhos  para  perfeição  dos  feus 
bons  cofiumes. 

Penfil  de  Sábios.  Faz  mençaõ  defta  obra 
em  vários  Capítulos  da  primeira  Parte  do 
Espelho  de  Murmuradores. 

ConfufaÕ  de  Necios  no  qual  particularmente 
defcreve  os  defeitos,  e  damnos  da  ignorância,  e 
proveitos  da  Sabedoria.  Defta  obra  fe  lembra 
no  Prologo  da  fegunda  Parte  do  Efpelbo  de 
murmuradores. 

DefcripçaÕ  das  Artes  liberaes. 

FRANCISCO  RODRIGUES  LOBO  na- 
tural da  Qdade  de  Leiria,   onde  teve  por 


progenitores  a  André  Lazaro  Lobo,  c  D. 
Joanna  de  Brito  Gaviaõ  igualmente  nobres, 
e  opulentos.  Foy  hum  dos  mais  canoros 
Cifnes  do  Parnafo  Portuguez,  entre  os  quaes 
fe  diflinguio  com  ventagem  conhecida  em 
a  metrificação  das  Eglogas  em  que  a  fua 
Mufa  reprefentou  taõ  naturalmente  a  can- 
dura paftoril,  que  parece  fe  eftaõ  ouvindo 
as  vozes  dos  ruflicos,  e  vendo  a  fértil  ame- 
nidade dos  campos,  como  a  diáfana  corrente 
dos  rios.  A  fua  vafta  erudição  aprendida 
nas  efcolas,  e  nos  livros  lhe  eternizarão  o 
nome  em  a  pofteridade,  ou  foíTe  difcorrendo 
como  experimentado  Politico,  ou  doutri- 
nando como  Filofofo  Moral.  Merecendo 
adminiftxar  os  lugares  mais  honoríficos  para 
que  o  habilitavaõ  a  nobreza  do  nacimento, 
e  profundidade  do  talento,  fempre  viveo  re- 
tirado da  Corte,  como  quem  conhecia  fer 
o  feu  clima  pouco  favorável  aos  cultores 
das  fciencias.  Ao  tempo  que  paíTava  de 
Santarém  para  Lisboa  embarcado  perdeo  a 
vida  naufragãte  em  o  Tejo  digna  certamente 
de  fim  mais  gloriofo,  cujo  cadáver  fahindo 
à  praya,  foy  honorificamente  fepultado  na 
Capella  das  Queimadas  fituada  no  Clauflxo 
de  S.  Francifco  da  Cidade.  Hum  difcreto 
engenho  lhe  poz  o  feguinte  Epitáfio  nefte 
Apoftxophe  ao  Tejo 
Si  piedofo  supijle  enternecer  te 

O'  Tojo  de  'Loreno  ai  canto  trifle. 

Quando  en  tus  aguas  perecer  le  vifle 

Como  no  te  moviofu  amarga  fuerte} 
Si  en  gratificacion  de  ennoblecerte 

Pompofa  tumba  de  crifial  le  difle; 

Quanto  en  fu  vida  celebre  vivijle 

Vivirãs  infamado  por  fu  muerte. 
A  quien  enfus  ef cri  tos  te  dilata 

Vida  gloriofa  tu  el  vivir  limitas; 

Infame  vive  quien  in^ato  mata: 
Mas  noble  buelvas  lo  que  infauflo  quitas 

Que  fon  tus  olas  laminas  de  plata 

Do  fus  memorias  vivir an    efcritas. 
Os  mais  celebres  Poetas  exaltarão  com  ele- 
gantes elogios  o  feu  nome,  como  faõ  Lopo 
da  Vega  Carpio  Lavrei  de  Apolo.  Syiv.  3. 

Yà  Lobo  que  deftende 

A  corderillos  nuevos 

Que  prefumen  de  Febos 

La  entrada  dei  Parnafo, 


L  USITAN A. 


243 


Y  con  raa^on  pues  tiene  ai  primer  paffo 

Y  en  las  Riberas  dei  ameno  Rio 
A.quellas  dos  floridas  Primaveras 

Que  nunca  las  podrà  vencer  EJlio,    <&c. 
Manoel  de  Faria,  e  Sou2a  Quente  de  Aganip. 
Part.  2.  Põem.  3.  Eftanc.  60. 
Entre  rehanos  de  torcidos  cuemos 
Las  humildes  y  rufiicas  avenas 
Suenen  con  propriedad,  que  el  Pindo  efiima 
Lobo  en  el  Lis,  Berfiardes  en  el  Lima. 
António  Figueira  Duraõ  Laur.  Pamaf.  Ram.  2. 
Hunc  urbana   Lupum   decorai  factmdia  tan- 

tum, 
Tantusque   ajpergit  fingula   verba   lepos 
Ut  fi    ipfos  fuperos    audiret    mu/a    canen- 

tes 
Ifiius  alloquium   crederet   effe   Lupi. 
E    mais  abaixo 

No»    tilam    effigiem    taciturna   Jilentia    la- 

dent 
Quando  quidem  de  me  tantum  Francifce  me- 

reris 
Quamquàm  alii  melius  lacrymantia    djfticba 

fundant 
Dulcius   arma,    viros,    atque    hórrida  pralia 

cantent 
Tu    fari     urbano     eloqtáo     Francifce     me- 
mento 
Indicat     ecce     tuos     infcriptio     doãa     lepo- 
res. 
P.   Ant.   dos   Reys   Enthuf.   Poet.  n.   7. 
Tuque  Lupe  injontum  quondam  celebrator  amo- 

rum 
Quà   ténues   rivi   Lis,    Lenaque  flumina  du- 

cunt 
Laurea  pro  meritis  ab  Appolline  Jerta  tu- 
líjli. 
Naõ  faõ  menores  os  applaufos  dos  Ef- 
critores  com  que  celebrarão  a  fua  me- 
moria. Lourenço  Gracian  Criticon  Part.  3. 
Crife  12.  Lfle  fi,  que  fera  eterno  y  mof- 
trò  un  libro  pequeno,  miradle  j  leedle  que 
es  la  Corte  en  Aldeã  dei  Portugue^  Lobo. 
Macedo  Flor.  de  Efpan.  cap.  8.  Excel. 
7.  En  todas  fus  obras  mofirò  mucha  habili- 
dad.  e  cap.  22.  excel.  d.  En  la  blandura 
de  las  Eglogas  Francifco  Rodrigues  Lobo.  Fa- 
ria, e  Souza  Vida  de  Camoens  impreíTa  no 
principio  do  Coment.  das  Lufiad.  §.  24. 
Poeta    natural,  y    dul:(e  fe    hit^p    entrada    en 


el  Pamafo  no  aviendo  efcrito  poços  Verfos 
mayores  con  los  pequenos  y  fingularmente  las 
Eglogas  dignas  de  toda  efiima.  e  na  4.  part. 
da  Fuent.  de  Aganip.  Difc.  das  Eglog.  n. 
15.  Efcriviò  muchas  Eglogas...  y  en  aquel 
modo  rufiico  es  el  mejor  de  Efpana.  e  n.  17. 
Llegando  a  la  propriedad  con  que  deven  ba- 
blar  perfonas  dei  Campo  Theocrito  es  fu- 
perior,  y  con  ventaja  Francifco  Rodrigues 
Lobo  Joan.  Soar.  de  Brito  Theat.  Lufit. 
Litter.  lit.  F.  n.  65.  populari  eloquentia, 
facilitateque  in  carminibus  Lufitanis  pangendis 
multo  commendatior.  Nicol.  Ant.  'bib.  Hifp. 
Tom.  I.  pag.  357.  col.  2.  amano  ingenio 
vir,  (ò"  Mufarum  operi  quafi  natus.  D. 
Francifco  Manoel  Cart.  dos  AA.  Portug. 
de  veya  abundante,  e  felicijfima.  Fr.  Manoel 
da  Efperança  Hifi.  Seraf.  da  Prov.  de 
Portug.  Part.  i.  liv.  2.  cap.  23.  §.  3. 
Morreo  afogado  no  Tejo  depois  de  aver  be- 
bido na  fonte  das  Mufas  o  efpirito  poético. 
Compoz 

Corte  na  Aldeya,  e  noutes  de  inverno.  Lis- 
boa por  Pedro  Crasbeeck.  1630.  4.  Foy 
traduzida  em  Caftelhano  por  Joaõ  Bau- 
tiíla  Morales.    Montilla.     1632.     8. 

Primavera,  primeira  Parte.  Lisboa  por 
Jorge  Rodrigues.  1601.  4.  Dedicada  a  D. 
Juliana  de  Lara  ODndeça  de  Odemira,  & 
ibi  por  António  Alvares  161 9.  4.  &  ibi 
por  Lourenço  Craesbeeck.  1633.  16.  & 
ibi  por  Pedro  Craesbeeck.  1635.  32.  & 
ibi  por  António  Alvares.  1650.  8.  Foy  tra- 
duzida em  Caftelhano  por  Joaõ  Bautifta  Mo- 
rales.   Montilla  1629.   8. 

Pafior  Peregrino  fegunda  Parte  da  Pri- 
mavera. Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck.  1608. 
4.  &  ibi  por  António  Alvares  161 8.  4. 
e   1651.    8. 

O  Defenganado.  Terceira  Parte  da  Primavera. 
Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck.  16 14.  4. 

O  Condefiabre  de  Portugal  D.  Nuno  Alva- 
res Pereira.  Offerecido  ao  Duque  D.  Tbeo- 
dofio  fegundo  defie  nome  Duque  de  Bragan- 
ça, e  de  Barcellos.  Lisboa  por  Pedro  Cras- 
beeck. 161  o.  4.  &  ibi  por  Jorge  Rodri- 
gues 1627.  4.  Poema  heróico  que  confta 
de  20.  cantos. 

Eglogas  pafioris.  Lisboa  por  Pedro  Cras- 
beeck. 1605.  4. 


244 


BIB  LIO  THE  CA 


Romances  primeira,  e  Jegunda  Parte.  G)im- 
bra  por  António  Barreira.  1596.  16.  e  Lis- 
boa por  Manoel  da  Sylva.   1654.  8. 

La  Jornada  que  la  Magejlad  Catholica 
delKey  Felippe  Tercero  bi^o  ai  Reyno  de 
Portugal  y  el  triunfo  y  pompa  con  que  le 
recehiò  la  infigne  Ciudad  de  Lisboa  compuefta 
en  vários  Romances.  Lisboa  por  Pedro  Cras- 
beeck.    1623.    4. 

Todas  eftas  obras  fahiraõ  correâas,  e  reim- 
preíTas  em  hum  grande  volume  de  folha. 
Lisboa  na  Officina  Ferreiriana.   1723. 

Canto  Elegiaco  ao  lamentável  Jucceffo  do 
Santijfimo  Sacramento  que  faltou  na  Sè  do 
Porto.    Lisboa  por  António  Alvares.  16 14.  8. 

Auto  dei  Nacimiento  de  Còrijlo,  y  EdiSío 
dei  Emperador  Augujlo  Cefar.  Lisboa  por 
Domingos  Carneiro.   1676.  4. 

Hifloria  da  Arvore  Tríjle.  Confta  de  96. 
Outavas.  Sahio  no  principio  do  Tom.  4. 
da  Feni:(^  Renacida,  ou  Ohras  Poéticas  dos  me- 
lhores engenhos  Portuguev^es.  Lisboa  por  Ma- 
thias  Pereira  da  Sylva,  c  Joaõ  Antunes  Pe- 
dro2o.    1721.    8. 


FRANCISCO  RODRIGUES  DA  SIL- 
VEIRA natural  da  Cidade  de  Lamego. 
Militou  muitos  annos  na  índia  com  gran- 
de valor  fendo  igualmente  perito  nos  pre- 
ceitos militares,  como  nas  máximas  politicas 
efcrevendo 

Reformarão  da  Milicia  da  índia  Orien- 
tal repartida  em  três  livros.  O  primeiro 
trata  das  def ordens.  O  fegundo  dos  rememos 
para  ellas.  O  terceiro  de  difcurfos  notáveis 
fobre  matérias  da  fav^enda,  e  bom  governo 
para  o  Eflado  da  índia.  Eíla  obra  foy  de- 
dicada a  Filippe  II.  e  feu  Author  a 
offereceo  em  Madrid  no  Confelho  de  Por- 
tugal, à  qual  lhe  dà  o  Elogio  de  gran 
jm:(io  y  buena  elegância  Manoel  de  Faria, 
c  Souza  nas  Advert.  ao  i.  Tom.  da 
Afia  Portuguer^a  em  os  M.  S.  pertencen- 
tes à  Afia.  Conferva-fe  huma  copia  def- 
te  livro  na  Livraria  do  ExcellentiíTimo 
Marquez   de   Gouvea   Mordomo   mòr. 

Objeçoens  do  pontual  perfegiàdo  ás  Infla- 
das   de    Camoens.    M.    S.    Eíla    obra    eftava 


na  Bibliotheca  do  Cardeal  de  Souza,  que 
hoje  poflue  o  Excellentiflimo  Duque  de  La- 
foens.  Naõ  poflb  certamente  afirmar  fe  o 
Author  deíle  livro  hc  o  mefmo,  que  o  do 
precedente  por  ter  o  mefmo  nome. 

D.  FRANCISCO  ROLIM  DE  MOU- 
RA naceo  em  Lisboa  no  anno  de  1J72. 
fendo  decimo  quarto  Senhor  da  Azambuja, 
e  Montargil,  do  Morgado  de  Marmellar, 
Comendador  da  Comenda  de  N.  Senhora 
da  Azambuja,  e  Prefidente  da  nova  Junta 
das  Lizirias  em  Portugal.  Foraõ  feus  Pro- 
genitores D.  António  Rolim  de  Moura  de- 
cimo terceiro  Senhor  da  Azambuja,  que 
acompanhando  a  ElRey  D.  Sebaftiaõ  na 
infeliz  jornada  de  Africa  depois  de  experi- 
mentar as  moleftias  do  cativeiro  acabou  a 
vida  em  a  Cidade  de  Fez,  e  D.  Guiomar 
da  Sylveira  filha  de  Joaõ  Rodrigues  de  Beja, 
Vedor  do  Infante  D.  Luiz,  e  de  fua 
fegunda  mulher  D.  Brites  de  Sou2a.  Foy 
ornado  de  virtudes,  e  inftruido  nas  Ar- 
tes próprias  de  hum  Cavalhero,  como 
foraõ  Poefia,  Mathematica,  c  deftreza  de 
jugar  as  armas,  em  cujo  exercido  naõ 
houve  quem  lhe  difputaíTe  a  primazia. 
Cazou  duas  vezes,  a  primeira  com  D. 
Cecilia  de  Caftro,  filha  de  D.  António 
de  Menezes,  e  Noronha,  Alcayde  mór  de 
Vizeu,  de  quem  teve  a  D.  Luiza  de 
Caftro,  que  fe  defpozou  com  Ruy  de  Mouca 
Telles,  Senhor  das  Villas  da  Povoa,  e  Mea- 
das, Prefidente  do  Paço,  c  Confelheiro  de 
Eftado,  de  cujo  conforcio  naceo  D.  Luiza 
de  Moura,  que  cazou  com  Nuno  de  Men- 
doça  fegundo  Conde  de  Vai  de  Reys.  Paf- 
fou  às  fegundas  vodas  com  D.  Joanna  de 
Mendoça  filha  de  Francifco  de  Mello,  c  D. 
Margarida  de  Mendoça  de  quem  teve  a  D. 
Manoel  Childe  Rolim  decimo  fetimo  Senhor 
da  Azambuja.  Morreo  a  12.  de  Novembro 
de  1640.  quando  contava  68.  annos  de  ida- 
de. Jaz  fepultado  na  Capella  mòr  da  Igreja 
da  Mifericordia  da  Villa  da  Azambuja  ao 
lado  do  Evangelho  fem  Epitáfio.  O  infigne 
Poeta  Manoel  de  Galhegos  lhe  celebrou 
com  eftas  vozes  métricas  o  feu  nome,  e  a 
illuftre  Cafa  de  que  defcendia  no  Templ.  da 
Memor.  livr.  4.  Eftanc.   194. 


L  USITANA. 


245 


Vòs  tamhem  ò  Kolim  Senhor  infi^ 
Do  primeiro  Solar  da  l^fitania 
Va^ey  que  em  vòs  meu  livro  fe  termine 
jAcahe-o  felit^mente  a  voffa  Urania, 
E  ouvindo-vos  cantar  Homero  tema 
Que  he  Virgilio  que  acaba  o  feu  Poema. 
E  liv.  3.  Eíl.  155,  156.  e  157. 
Aquella  injigne  Ca^a  que  do  Tejo 
Vè  fobre  Árabes  mortos  fabricada, 
E  a  que  nejfe  altar  pintada  vejo 
Aos  pes  do  General  da  longa  efpada 
Mais  antigo  Solar  da  Ljijitania 
E  o  mais  fatal  horror  da  Mauritânia. 
Aquelle  brio  fuperior,  aquella 
Pranta  que  fó  com  fangue  fe  regara 
E  os  influxos  de  Marcial  Eflrella 
Veyo  no  mundo  a  fer  única,  e  rara 
E  a  ter  a  par  do  mais  foberbo  rio 
Pequeno,  mas  antigo  Senhorio. 
Aquelle  Paço  augufto  em  que  fe  ojlenta 
O  e feudo  mais  illujire,  e  mais  triumfante; 
Aquella  real  esfera  que  fuflenta 
D.  Francifco  Rolim  fublime  Athlante. 
Efte  pois  a  quem  eu  Príncipe  acclamo 
Também  da  Cat^a  de  Bragança  he  ramo. 
Nicolào  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.     i.  pag.  358. 
col.  I.  lhe  chama  Poeta  eruditus.  Joan.  Soar. 
de  Brit.  Theatr.  hnfit.  Uter.  lit.  F.  n.  66.  omnis 
eruditionis,  fed  artis  prafertim  poética  clarus.  D. 
Franc.  Man.  Cart.  dos  AA.  Portug.  ao  Dou- 
tor Themudo:  Moral,  Politico,  e  Filofofo  nos 
verfos.    Franckenau  Bib.  Hifpan.  Hift.  Geneal. 
Herald,  pag.  142.  Artem  poeticam  adpríme  caluit. 
Sou2a  Aparat.  à  Hifi.  Gen.  da  Cat^a  Ejeal  Portug. 
pag.  99.  §.  100.  Carvalho  Corog.  Portug.  Tom. 
3.  Trat.  5.  cap.  8.  pag.  270.  Jacinto  Cordero 
Elog.  dos  Poet.  Eujit.  Eftanc.  9. 
D.  Francifco  Kolim  cuyo  decoro 
Las  Mufas  Efpaiiolas  y  Tof canas 
Kefpetan  Cifne  quando  el  Tojo  en  oro 
Uma  ofrece  a  las  ftyas  iMfltanas: 
Que  de  Aganipe  defpreciando  el  coro 
Zelos  le  piden  yá  las  Cajiellanas 
De  que  efcríva  fu  heróica  gallardia 
Sin  darles  de  barato  folo  un  dia. 
Compoz 

Dos  Novijftmos.  4.  Cantos.  Lisboa  por  Pe- 
dro Crasbeeck.  1623.  4.  Na  cenfura  que  o 
P.  Balthezar  Alvares  da  Companhia  de  JESUS 
fez  a  eíla  obra  diz  fer  na  invenção,  e  traça  inge- 


nbofa,  nas  fentenças  grave,  rica  nas  palavras,  na 
efiilo  fobida,  e  elegante,  a  cujo  Author  a  fcienàa,  e 
eloquência  podem  agradecer,  que  em  taô  ejlreito  thea- 
tro  taõ  vivamente  as  mojiraffe.  O  P.  António 
dos  Reys  Entbuf.  Poetic.  n.  41.  o  louva  com. 
eíias  métricas  expreflbens 

Moura 

Hunc  fequitur  rábida  m  qui  facro  carmine  mor- 
tem 

Judiciumque  canit;  Barathrique  incenda,  Ca- 
lis 

Quidquid,  ^  in  fuperís  olim  fruitura  bono- 
rum 

Efl  bominum  numerofa  cohors,  cui  Numen  ah 
avo 

Dulcia  pofl  vita  certamina  dura  paravit 

Gaudia,  qua  nunquam  turbabunt  triflia,  <ò'c^ 

Cõmentaríos  de  Juan  da  Vega  explicados  por 
D.  Francifco  Kolim  de  Moura  Senhor  da  Cat(a  da 
Azambuja.  Lisboa  por  Pedro  Craesbeeck. 
1628.  32. 

Afcendencia  de  la  Ca:(a  da  At^ambuja.  De- 
dicada a  D.  Gafpar  de  Gufman  Conde 
de  Olivares,  Duque  de  S.  Lucar.  4.  Naõ 
tem  lugar,  nem  anno  da  ImpreíTaõ  mas 
da  Dedicatória  coníla  fer  compoíb.  no  an- 
no   de    1633. 

Soneto  em  applaufo  da  Gigantomachia  de 
Manoel  de  Galhegos.  Sahio  impreflb  no  prin- 
cipio defta  obra.  Lisboa  por  Pedro  Craes- 
beeck.    1620.   4. 

Apologia  em  defenfa  dos  NoviJJimos  con- 
tra os  defcuidos ,  que  nelles  lhe  arguiraõ  feur 
emulos.  M.   S. 

Advertências  a  alguns  erros  de  Luiz  ^  ^^' 
moens  em  os  Lufiadas.  M.   S. 

Aforífmos  a  feu  filho  D.  Manoel  Childe  Ko- 
lim  de   Moura.   M.    S. 

Lpf  para  os  desafios.   M.   S. 

Arte  de  Tourear.  M.  S.  Eíla  obra  con- 
fervava  feu  Neto  D.  Joaõ  Rolim. 

Na  Bibliotheca  do  Cardeal  de  Souza  en- 
tre os  M.  S.  fe  confervaõ  quatro  Sonetos 
feus,  fendo  o  primeiro  a  huma  Cruz  col- 
locada  fobre  hum  monte.  Começava.  Da 
vitoria  mayor  Sacro  Trofeo.  O  fegimdo  à  Nou- 
te  de  Natal.  Renova  hoje  do  Sol  a  claridade. 
O  terceiro  a  hvmia  faudade.  Memorias  que 
en  mi  pecho  detenidas.  O  quarto  Dourava  a 
Sol  a  nuvem  que  cubria. 


24Ó 


BIBLIO  THE  C  A 


Fr.  FRANCISCO  DE  SANTA  ROSA 
tiaceo  cm  Lisboa  donde  partio  para  a  ín- 
dia, c  na  Provincia  Seráfica  de  S.  Thomè 
recebeo  o  Habito  onde  foy  bom  Letrado, 
c  grande  Pregador.  Tinha  prompto  para  a 
ImpreíTaõ 

Sermoens  vários.   2.   Tom.  4.  M.   S. 

D.  Fr.  FRANCISCO  DE  SANTA  RO- 
SA DE  VITERBO  naceo  em  o  lugar  da 
Flor  da  Rofa  fituado  no  Termo  da  Villa  do 
<Zrato  fendo  filho  de  Joaõ  Gonçalves,  e  Ma- 
ria Martins.  Na  idade  da  adolefcencia  pro- 
feíTou  o  auftero  Inftituto  dos  Frades  Meno- 
j:es  em  o  Convento  de  Portalegre  da  Pro- 
vincia dos  Algarves  a  4.  de  Setembro  de 
171 2.  onde  depois  de  aprender  as  fciencias 
feveras  em  que  moftrou  vive2a  de  engenho 
as  diftou  com  grande  emolumento  dos  feus 
Difcipulos  atè  jubilar  na  Sagrada  Theolo- 
gia.  Sendo  Qualificador  do  Santo  Oííicio, 
•c  Confultor  da  Bulia  da  Cruzada,  foy  no- 
meado pelo  SereniíTimo  Rey  D.  Joaõ  o  V. 
em  17.  de  Junho  de  1742.  Bifpo  de  Nanc- 
kim,  e  poílo  que  efteve  por  algum  tempo 
indecizo  na  aceitação  defta  dignidade  como 
coníideraííe  que  com  ella  fe  intereíTava  o 
augmento  das  Chriílandades  da  China  cedeo 
da  fua  renitência,  e  foy  Sagrado  pelo  Emi- 
nentiíTimo  Patriarcha  de  Lisboa  D.  Tho- 
maz  de  Almeyda  em  a  Santa  Igreja  Pa- 
triarchal  a  17.  de  Fevereiro  de  1743.  Nef- 
tc  anno  por  ordem  delRey  NoíTo  Se- 
nhor, e  o  SereniíTimo  Infante  D.  Pedro 
Graõ  Prior  do  Crato,  viíitou  eíle  Prio- 
rado onde  reformou  muitos  abuzos.  Com- 
poz 

Optativo  do  Santijftmo  Nome  de  JESUS. 
Lisboa  por  Pedro  Ferreira  ImpreíTor  da  Rai- 
nha NoíTa  Senhora.   1735.   12. 

Conjunãivo  do  VenerabiliJIJimo  Nome  de 
MARIA,  e  o  Optativo  do  Santijftmo  Nome 
de  JESUS.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor. 
1737.    12. 

Qtânquagium  Sacrum  Jíutvijfimum ,  jive  Qui- 
narium  Encomiajlicum  de  Familia  Sacra  JESU 
MARIA  JOSEPH,  JOACHIM,  <&  ANNA 
in  quorum  laudem  tot  Pfalmi  cum  fuis  Anti- 
J)homs  reàtandi  offeruntur,  quot  Junt  Utterat 
4X  qtàhus  ctpuslibet  venerabile  nomen  componitur 


additis  hymnis,  eV  Orationibtis  congruis.  Ulyf- 
fipone  apud  eumdem  Typog.  1736.  Tradu- 
zio    de   Caílelhano   em   Portuguez. 

The:;^onro  dos  Chrijlãos  que  para  cada  dia 
lhes  deixou  Chrifto  no  verdadeiro  Maná  Sacra- 
mentado compojio  pelo  Padre  António  Velafquev^ 
Pinto  Clérigo  Regular  Menor.  Lisboa  por  Do- 
mingos   Gonçalves.    1739.    4- 

Appendix  ao  Ther(puro  dos  Chrijlãos  divi- 
dido em  três  partes.  Tom.  2.  em  qm  fe  prova 
a  mefma  matéria  fobre  a  Comunhão  quotidiana 
convencendo  com  ejicacijftmas  rav^oens,  e  gtmànas 
provas  aos  da  opinião  contraria  com  10.  appro- 
vaçoens  de  Theologos  modernos,  ^c.  Lisboa  por 
Bernardo  Fernandes  Gayo.   1739.  4- 

Fr.  FRANCISCO  DO  ROSÁRIO  na- 
ceo em  a  Qdade  do  Porto  donde  par- 
tindo para  o  Braíil  recebeo  o  Habito  dos 
Menores  no  Convento  de  NoíTa  Senhora 
das  Neves  de  Pernambuco  a  24.  de  Abril 
de  1591.  fendo  taõ  amante  da  humildade, 
que  ainda  que  fabia  a  lingua  Latina  fem- 
pre  perfeverou  no  eílado  de  Lcygo.  Foy 
rigido  cultor  da  pobreza,  e  mortificação 
fervindo-lhe  a  terra  de  cama,  e  as  ervas 
de  fuílento.  Aprendeo  a  lingua  Braíilica 
com  a  qual  doutrinava  os  Gentios,  que 
habitavaõ  o  Maranhão  devendo-fe  à  fua 
incanfavel  diligencia  a  converfaõ  de  innu- 
meraveis  bárbaros.  Muito  tempo  antes  de 
fucceder  a  Reílauraçaõ  deíle  Reyno  a  pré- 
vio profeticamente,  e  manifeílou  a  mui- 
tas peíToas,  que  lhes  parecia  chimera  da 
fantezia,  e  naõ  fucceíTo  verdadeiro.  Cheyo 
de  annos,  e  muito  mais  de  religiofas  virtu- 
des, morreo  na  Bahia  a  28.  de  Junho  de 
1649.  Singularis  pietatis  vir  he  intitulado  por 
Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  2.  pag.  324.  col. 
I.  e  Jorge  Cardofo  Agiol.  LMfit.  Tom.  ^.pzg. 
8jo.  Viveo  fempre  com  muito  exemplo,  efhra- 
nha  pobres^a,  notória  charidade,  e  rara  abfHnen- 
cia.    Compoz 

Cathecifmo  da  lingua  Brafilica.   M.    S. 

Dos  ritos,  cojiumes,  trages,  e  povoaçoens  do 
Maranhão.  Eíle  livro  veyo  a  poder  dos  Olan- 
dezes  quando  fe  fizeraõ  Senhores  de  Per- 
nambuco. De  huma,  e  outra  obra  fazem 
mençaõ  Nicolào  António,  c  Jorge  Cardoíb 
nos   lugares   allegados. 


L  USITANA, 


M7 


D.  FRANCISCO  DO  ROSÁRIO  chama- 
do no  Século  Francifco  de  Souza  Coutinho 
natural  da  Villa  de  Ervedofa,  que  he  izento 
do  Moíleiro  de  S.  Pedro  das  Águias  da 
Ordem  de  S.  Bernardo  íituado  na  Comarca 
de  Pinhel  da  Província  da  Beira.  Teve  por 
Pays  a  Domingos  da  Cofta  de  Aguiar  de 
Azevedo  defcendente  por  varonia  da  Cafa 
de  Azevedo,  e  a  D.  Margarida  Clemente  de 
Souza  da  Cafa  dos  Senhores  de  Bayaõ.  Dei- 
xando as  efperanças,  que  lhe  prometiaõ  a 
nobreza  do  nacimento,  e  a  capacidade  do 
talento,  recebeo  o  Canónico  Habito  de  San- 
to Agoílinho  no  Convento  de  Moreira  em 
o  anno  de  1649,  onde  fe  diílinguio  dos  feus 
companheiros  na  praética  das  virtudes,  e  ef- 
peculaçaõ  das  fciencias.  Como  foíTe  Primo 
em  quarto  grào  do  V.  P.  Jorge  de  Távora 
da  Companhia  de  JESUS,  que  morreo  viétí- 
ma  da  Charidade  aíTiftindo  aos  feridos  da 
pefte  em  Coimbra  a  4.  de  Abril  de  1599. 
do  qual  fazem  honorifica  mençaõ  o  Licen- 
ciado Jorge  Cardofo  Agiol.  Ljdfit.  Tom.  2. 
pag.  419.  e  o  P.  Franco  Imag.  da  Virt. 
do  Nov.  de  Coimb.  Tom.  i.  liv.  i.  cap.  77. 
Compoz  em  verfo  heróico  Latino  em  que 
era  feliz  a  Mufa  do  P.  D.  Francifco  do  Ro- 
fario 

Vita,  (&  Martyrium  V.  P.  Georgij  de  Tá- 
vora. 8.  M.  S.  Conferva-fe  no  Real  Con- 
vento de  Santa  Cruz  de  Coimbra.  Do  Au- 
thor  deíle  Poema  era  parente  em  grào  co- 
nhecido D.  Angela  de  Azevedo  de  quem  fi- 
zemos mençaõ  no  primeiro  Tom.  da  Bib. 
J-Mfitan.  Tom.  i.  pag.  175.  col.  i.  efcreven- 
do  fer  natural  de  Lisboa,  e  filha  de  Joaõ 
de  Azevedo  Pereira,  e  D.  Izabel  de  Oliveira, 
cuja  aíTeveraçaõ  retratamos  informados  de 
noticia  verdadeira  pela  qual  coníla  fer  natu- 
ral da  Villa  de  Paredes  da  Comarca  de  Pi- 
nhel em  a  Província  da  Beira,  e  filha  de 
Thomè  de  Azevedo  da  Veiga  Sargento  mòr 
da  Villa  de  Paredes,  Capitão  de  Infantaria 
na  guerra  da  Acclamaçaõ,  e  de  D.  Maria 
de  Almeida.  Foy  cazada  com  Francifco  An- 
ciaens  de  Figueiredo  de  quem  naõ  teve  def- 
cendencia. 

Fr.  FRANCISCO  DO  ROSÁRIO  filho  de 
António  Serraõ,  e  Maria  da  Conceição  naceo 


k 


na  ViUa  do  Barreiro  fituada  junto  ao  mar 
duas  legoas  diílante  de  Lisboa  para  a  parte 
do  Sul  a  27.  de  Abril  de  1688.  Recebeo  o 
Habito  Seráfico  no  Convento  de  Setuval  da. 
Província  dos  Algarves,  e  profeílou  em  o^ 
de  Santa  Maria  de  Xabregas  a  5.  de  Ou- 
tubro de  1709.  Eftudou  Artes,  e  Theologia 
no  Convento  de  Valhadolid.  Por  fer  muita 
dèílro  em  o  Canto-Chaõ,  foy  Vigário  dez: 
annos  do  Coro,  e  o  enfinou  aos  ReUgiofos 
AgoJiinhos  Defcalfos,  que  o  praâicaõ  com 
fumma  perfeição.  Traduzio  da  lingua  Caf- 
telhana  do  Padre  Fr.  Joaõ  Peres  Lopes, 
Leytor  de  Prima  no  Collegio  de  S.  Diogo 
de  Çaragoça  em  a  lingua  materna. 

Infiantes  do  Heroe  fubtil,  e  Mariano  Pre~ 
cítrjor  da  mais  celefte  Aurora,  Trovão  da  Juít 
primeira  ^a^a,  Kajo  da  fua  primeira  gloria,, 
lu^  da  fua  primeira  duvida  o  V.  P.  João  Dtmr 
Scoto,  fb'c.  Lisboa  por  Miguel  Manefcal  da. 
Coíla.   1744.   8. 

FRANCISCO  DE  SA'  cuja  pátria  he  taõ 
incógnita,  como  conhecida  a  fua  erudiçaã 
poética,  e  Oratória,  de  que  deu  hum  claro 
teílemunho  quando  a  Gdade  de  Coimbra  re- 
cebeo no  anno  de  1527.  a  feus  Augullos 
Monarchas  D.  Joaõ  o  III.  e  D.  Catherina 
de  Auílria  recitando  na  fua  prezença 

Ora^aõ  na  entrada  delKey  D.  Joaõ  o  IIL 
e  a  Kainha  D.  Catherina  na  Cidade  de  Coim- 
bra. M.  S.  Conferva-fe  na  Bibliotheca  do- 
Excellentilfimo  Marquez  de  Abrantes.  Co- 
meça. Muitas  ve^es  nos  mojlrou  Nojfo  Senhor 
manifejlamente.  Acaba.  EJla  mwf  antigua,  e 
muy  nobre  fempre  leal  Cidade  de  Coimbra  nun- 
ca he  alegre  verdadeiramente  fe  naÕ  com  vojjar 
alegrias. 

FRANQSCO  DE  SA*,  E  MENESES 
primeiro  Conde  de  Matozinhos,  Comenda- 
dor de  Proença,  e  S.  Tiago  de  CaíTem,. 
e  Alcayde  mòr  do  Porto,  naceo  nefta  G- 
dade  fendo  feus  Progenitores  Joaõ  Ro- 
drigues de  Sà,  e  Menezes,  Alcayde  mòr 
do  Porto,  Senhor  do  Confelho  de  Se- 
ver de  quem  fe  fará  diítinta  memoria  em. 
feu  lugar,  e  D.  CamUla  de  Noronha  fi- 
lha de  D.  Martinho  de  Caftello-Branco- 
primeiro    Conde    de    Villa-Nova    de    Por- 


248 


BIB  LIO  THE  CA 


timaõ,  Camareiro  mòr  delRey  D.  Joaõ  o  III. 
Governador  da  Juftiça,  e  Vedor  da  Fazenda 
<ios  Reys  D.   Aiíonfo  V.   D.   Joaõ  o  II.  e 
D.  Manoel,  e  de  D.  Meda  de  Noronha  fi- 
lha de  Joaõ  Gonçalves  da  Camará,  Capitão 
<la  Ilha  da  Madeira,  c  D.  Maria  de  Noro- 
nha.   Em  os  primeiros  crepufculos  da  idade 
•era  tal  a  prudência  do  juizo,  e  gravidade  do 
^fpefto  com  que  fe  diítínguia  de  todos  os 
Fidalgos,  que  frequentavaõ  o  Palácio  delRey 
D.   Joaõ   o  III.   que  o  elegeo  efte  Monar- 
■cha  para  Criado   do  Princepe  D.   Joaõ  feu 
filho,    dezempenhando    com   tanta   fatisfaçaõ 
•o  conceito,  que  da  fua  peíToa  fe  tinha  feito, 
que  foy  fubftituto  de  D.  Francifco  de  Por- 
tugal primeiro  Conde  do  Vimiofo  em  o  lu- 
gar de  Camareiro  mòr  do  mefmo  Princepe. 
Semelhante  miniílerio  conferido  pela  Rainha 
D.    Catherina   no   anno   de    1558.    exercitou 
com  a  PeíToa  delRey  D.   Sebaftiaõ,   o  qual 
dimitio  por  ferem  nomeados  quatro  Cama- 
riílas  cuja  eleyçaõ  diminuía  grande  parte  de 
taõ  authorizado  lugar.    Retirado  à  Cidade  do 
Porto    fe    dedicou   ao   eíludo,    que    defde   a 
puerícia  cultivara  em  que  fez  excellentes  pro- 
greíTos    o    feu    profundo    talento,    principal- 
mente em  a  Poefia  divertindo   com  a   fua- 
vidade  da  metrificação  a  moleília  de  penfa- 
mentos   melancólicos.    Naõ  permitio   ElRey 
D.  Sebaftiaõ,  que  hum  Varaõ  taõ  infigne  ef- 
tiveíTe    ociofo    em    beneficio    do    Reyno,    o 
qual   fendo   chamado   à   Corte   naõ   fomente 
o  nomeou  Capitão  da  fua  Guarda,  e  Mor- 
domo  mòr   da   Princeza   com   quem   fe   ha- 
via  defpozar,   mas   o   deixou   por   Governa- 
■dor  do  Reyno  em  ambas  as  occafioens  em 
que   paíTou   a   Africa.     Mayores   honras   re- 
cebeo   do   Cardeal   D.    Henrique,    que   aten- 
dendo à  fua  prudência,  e  fidelidade  extinftos 
os  lugares  de  Camariftas  o  creou  feu  Cama- 
reiro mòr  a  9.  de  Outubro  de  1578.  e  feu 
Confelheiro  de  Eflado  dando-lhe  o  titulo  de 
Conde    de    Matozinhos,    e    nomeando-o  por 
hum    dos    cinco    Governadores    para    a    re- 
j^encia    defta    Monarchia,    e    nomeação    de 
feu    fucceífor.     Penetrado    de    que    o    do- 
mínio   defta    Coroa    fe    transferiíTe    a    Prin- 
<ipe    eftranho    para    cujo    efeito    concorrera 
involuntariamente   com   o   feu   voto   deixou 
a   Corte   bufcando   a   Pátria  para   fepultura 


onde  acabou  a  vida  a  3.  de  Setembro  de 
1^84.  quando  contava  61.  annos  de  idade, 
e  naõ  a  17.  de  Março  de  1585.  como  ef- 
creve  o  Padre  Francifco  de  Santa  Maria  Diá- 
rio PortMg.  pag.  350.  Jaz  fepultado  no  Conven- 
to Seráfico  da  Conceição  do  lugar  de  Matozi- 
nhos fuburbio  da  Cidade  do  Porto  jazigo  dos 
feus  Mayores.  Joaõ  Soares  de  Brito  Theatr. 
iMJit.  Utter.  lit.  F.  n.  67.  lhe  compoz  o  feguin- 
te  epitáfio 

Offa 
Francifci  de  Sá  de  Menev^es. 
Hoc  nullum  graviorem  virum,  vel  prudentiorem 
Ver  omnes  honorum  gradus 
Mtas  priftina  mira  ta  eft. 
Vuit  enim  Joannis  Principis  educationi 
Sebajiiani  Regis  pratoria  cohorti, 
Henrici,  atque  Philippi  Kegum  cuhiculo  prapo- 

pus, 
A!  Confiliis  ftatus  trium  Kegum, 
LMjiíania  bis  Guhemator 
Semel  vivente  Sehafiiano,    iterum  defunão  Hen- 

rico. 
Tot  tamque  diverfe  fentientium 
ijQua  Jumma  apud  mor  tales  gloria  efi) 
Judicio  maffius. 
Foy  cazado  duas  vezes;  a  primeira  com  D. 
Anna  de  Mendoça  filha  de  Ayres  de  Souza 
Comendador  da  Alcanhede  de  Santarém,  e  a 
fegunda  com  D.  Catherina  de  Noronha  filha 
de    Joaõ    Rodrigues    de    Sà    Prima    de    feu 
Pay,   e  de  ambos  eftes  conforcios   naõ  dei- 
xou defcendencia.    Diogo  Bernardes.    Uma 
Carta  16.  efcrita  ao  mefmo  Francifco  de  Sà, 
e  Menezes  o  louva  com  eftas  métricas  vozes 
Illujlrijftmo  Sá  a  quem  concede 

O  Ceo  todas  as  partes  que  a  virtude 
Para  formar  hum  raro  efprito  pede. 
Matéria  deu  o  Ceo  a  voffo  efprito 
Para  fe  nos  moflrar  tal  na  larguev^a 
Qual  fempre  na  virtude,  qual  no  efcrito. 
Naõ  nega  a  vojfa  branda  naturet^a 

Os  olhos  a  ninguém,  naÕ  nega  ouvidos 
A  ninguém  dá  motivo  de  trifle:(a. 
Os  da  fortuna  menos  conhecidos 

Effes  achaÕ  em  vòs  mais  certo  amparo 
EJfes  faõ  mais  de  vòs  favorecidos. 
António  Ferreira  nos  feus  Põem.  Luft.  pag.  41. 
verf  lhe  dedica  a  Ode  3.  onde  o  louva  da  edu- 
cação que  dera  ao  Príncipe  D.  Joaõ 


L  USITANA. 


249 


Aò  tu  Francifco  vijle 

A  lu^  que  Je  acenei 

Naquelle  realfprito,  que  criajk: 

Porque  ainda  tua  alma  trifie 

Sufpira,  ali  provafie 

QuaÕ  cedo  o  fogo  a  efcuridaõ  vencia. 

E  na  Elegia  i. 

Polo  publico  bem  te  de/velavas 
GraÕ  Francifco  tuas  horas,  e  tua  vida 
Em  nojfa  vida,  e  honra  fô  gaflavas. 
Igual  ao  penf amento  era  o  teu  dito 
Igual  ao  dito  a  obra  fe  viveras 
Quanto  nos  cá  de  ti  ficara  efcrito. 

E  na  Egloga  3. 

Bem  conhecidos  faS ;  Sós  fe  chamarão 
Hum  de  Menev^es,  outro  de  Miranda 
De  que  as  Irmãos,  e  Febo  fe  efpantaraõ. 
E  inda  hoje  entre  nòsfoa  a  vo^  taõ  branda 
Dofeu  divino  Canto  que  lhe  ouvimos 
Que  todo  o  Ceo  aclara,  e  o  ar  abranda. 
Emman.  da  GDÍla  Epithalam.  Infant.  Eduard. 
Tu  quoque  pendebas  Safia  fpes  máxima  gentis 
Jam  venerande  puer  Francifce,  novemque  fo- 

rorum 
Delicia  vatum  quondam  tutela  future. 
D.  Franc.  Manoel  Carta  dos  AA.  Portug. 
ao  Doutor  Themudo ;  heróico,  e  cândido  Poeta. 
Franc.  de  S.  Mar.  Diar.  Portug.  pag.  350. 
Varaõ  digno  de  illuftre  memoria  pelas  ^andes 
prendas,  que  nelle  refplandeceràõ  de  prudência, 
generofidade,  e  valor.  Fr.  Manoel  da  Efperança 
Hift.  Seraf.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  2.  liv. 
10.  cap.  53.  n.  4.  Excellente  Cortet^aõ,  e  in- 
clinado ás  letras  em  particular  à  Poefia  Por- 
tu^ie^a.  E  no  cap.  43.  n.  2.  infi^  Por- 
tugiéev^.  Fr.  Franc.  à  D.  Aug.  Maced.  Do~ 
mus  Sádica.  {>ag.  81.  Vir  memorabilis,  €>• 
in  quo  prudentiam,  €>•  felicitatem  Politici  mi- 
rentur,  quod  cum  fit  difficile  Principem  Sum- 
ma  Keipublica  fucceffori  placere,  ille  qtánque 
Principibus  ma^m  femper  obeundo  munera  g-a- 
tus  fuerit.  Joaõ  Soar.  de  Brit.  Apolog.  a 
Cam.  repoft.  à  Cenf.  10.  11.  e  12.  n. 
12.  Grande,  e  efclarecido  Conde  de  Matofi- 
nhos,  e  no  Theatr.  Eufit.  lit.  F.  n.  67. 
Fuit  vir  eximia  prudentia,  aÍT  tametfi  in  dif- 
ficillima  têmpora  inciderit  incolumem  tamen 
femper  fuflinuit  dignitatem.  Entre  as  fuás 
obras    Poéticas,    Sagradas,    e    Profanas    de 


que  confervava  hum  volume  na  fua  fe- 
leda  Livraria  o  eruditiflimo  Antiquário  Ma- 
noel Severim  de  Faria  Chantre  de  Évora  íaõ 
celebres  aquellas  Redondilhas,  que  compoz 
quando  fe  retirou  ultimamente  da  G>rte, 
que  prindpiaõ 

A  tudo  quanto  dei^ejo 

Acho  atalhadas  as  vias 

Intentos,  e  fantefias 

Muy  máo  caminho  me  vejo. 
Foraõ  gloíladas  por  D.  Francifco  de  Portu- 
gal primeiro  Conde  do  Vimiofo,  e  elegan- 
temente vertidas  em  verfos  elegíacos  Lati- 
nos pela  iníigne  Mufa  do  grande  ^ííacedo 
in  Dom.  Sádica,  defde  pag.  78.  atè  81.  Co- 
meçaõ 
Omnia,   qua   cupio  fu^unt  mea   vota,   nec  ullo 

Quo  teneam,  video  jam  fupereffe  modum. 
Multa  a  ff  to  mecum,  curas  <&  pafcor  inanes 

Ut  fruar  optatis  invia  faãa  via  efl. 
Redondilhas  ao  Rio  Lejfa.    Prindpiaõ. 

(y  rio  de  Eejfa 
Como  corres  manfo 
Se  eu  tiver  defcanfo 

Em  ti  fe  comera.  * 

Efta  Poefia  verteo  excellentemente  em  Ver- 
fos Elegíacos,  Saficos,  e  Alcaycos,  Joaõ  Soa- 
res de  Brito,  e  fahiraõ  impreíTos  na  Apolog. 
de  Cam.  repoíla  à  Cenfur.   10.  n.  12. 

Ekffa  a  Santa  Maria  Magdalena.  He  em 
Tercetos  cuja  obra  applaude  Francifco  de 
Sà,  e  Miranda  no  25.  Soneto  das  fuás  Poe- 
íias,  que  começa 

A   vofja   verdadeira  penitente 
QuaJÕ    bem    que    lhe   guardais  pontos    devi- 
dos 
Do  fepulcbro  os  Apoflolos  partidos 
EJla  naõ  parte,  vede  o  que  ali  fente. 
Eleffa    a    Fili^    cujo    prindpio    he    o    fe- 
guinte 

Buelve  Fili^  hermofa  a  ejle  llano 
Do  efles  olmos  verdes,  o  fombrios 
Por  ti  fufpiran  longamente  en  vano. 
Defta    Poefia    fe    lembra    com    louvor    o 
Dezembargador  António   Ferreira   Carta  13. 
Sofrera-fe  melhor  buma  elegância 
Branda  de  amor  de  ti  também  cantada 
Quando    Filiv^   tua   doce  frauta   ouvia,   Ó'c. 
Soneto    em    applaufo    do    Doutor    Anto- 


25(> 


BIBLIO THE  CA 


mo  Ferreira.  Sahio  impreflb  no  principio 
dos  fcus  Põem.  Ltíjif.  Lisboa  por  Pedro 
Craesbceck.    1598.    4. 


FRANCISCO    DE    SA',    E    MENESES 
Comendador  de  S.  Pedro  de  Fins,  e  S.  Cof- 
me  de  Garfe  na  Ordem  de  Chriílo  natural 
da  Cidade  do  Porto,   filho  de  Joaõ  Rodri- 
gues de  Sà,  e  D.  Maria  da  Sylva  femelhante 
ao  precedente  aíTim  no  efplendor  do  naci- 
mento,  identidade  do  nome,   como  na  cul- 
tura da  Poeíia  em  que  foy  iníigne,  cuja  arte 
pradicou  com  tanta  fuavidade,  e  afluência, 
que  mereceo  os  Elogios  dos  mayores  alum- 
nos  do  ParnaíTo  como  foraõ  Manoel  de  Ga- 
Ihegos  Templo  da  Memor.  livx.  4.  Eftanc.  192. 
NaÕ  vijles  vòs  (ò  celebre  Meneses) 
Mais  maravilhas  na  Cidade  de  ouro 
Que   as   que   Hymeneo   vio   dos    Portuguet^es 
Nejle  da  fama  celeftial  the^iouro. 
Tomay  pois  a  invocar  a  vojfa  Clio 
E  dos  Gufmaens  etemit^ay  o  brio. 

E  Jacinto  Cordcir,  EJog.  dos  Poet.  iMjit.  Ef- 
tanc. 29. 

Yá  Francifco  de  Sã  gloria  Jucinta 
De  la  immorialidad  a  que  Je  mueve 
Como    Meneses  Valentias  pinta 
"La  pluma,  que  ai  ingenio  tanto  deve. 

Livre  dos  vínculos  do  matrimonio  fe  delibe- 
rou a  largar  o  mundo,  cuja  refoluçaõ  he- 
roicamente executou  recebendo  o  Habito  de 
S.  Domingos  no  Real  Convento  de  Bemfica 
em  que  fez  a  ProfiíTaõ  folemne  a  14.  de  De- 
zembro de  1642.  com  o  nome  de  Fr.  Fran- 
cifco de  JESUS  antepondo  com  judiciofa 
eleyçaõ  efte  SantiíTimo  nome  aos  nobres 
apellidos  de  Sà,  e  Menezes  de  que  total- 
mente fe  queria  efquecer  por  ferem  mudos 
defpertadores  da  vaidade  mundana.  Asprin- 
cipaes  virtudes  que  conflituem  hum  Religio- 
fo  perfeito  praélicava  com  tanta  exacçaõ, 
que  fervia  aos  moços  de  eftimulo,  e  aos 
velhos  de  confufaõ.  Era  na  obediência  prom- 
pto,  na  oraçaõ  continuo,  na  mortificação  fe- 
vero,  na  charidade  ardente.  Cumulado  de  tan- 
tos actos  heróicos  fallecco  piamente  a  27.  de 
Mayo  de  1664.  Foy  cazado  com  D.  An- 
tónia de  Andrade  filha  de  Balthezar  Leytaõ 


de  Andrade  Thezoureiro  da  Cafa  da  índia. 
Comendador  da  Ordem  de  Chriílo,  c  D. 
Joanna  de  Andrade  fua  Prima  de  quem  teve 
Joanna  de  Sà,  e  Menezes,  que  cazou  com 
Fernando  da  Sylveira  fegundo  irmaõ  do 
Conde  de  Sarzedas,  e  Capitão  de  Cavallos 
cm  Flandes,  Confelheiro  de  Guerra  dos 
Reys  D.  Joaõ  o  IV.  e  D.  Affònfo  VI. 
acabando  gloriofamente  a  vida  na  Bata- 
lha das  Linhas  de  Elvas  a  14.  de  Ja- 
neiro de  1659.  ^  4^^^  deixou  larga  pof- 
teridade.  Celebrou  o  nome  de  Francifco 
de  Sà,  e  Menezes  o  Licenciado  Jorge  Car- 
dofo  Agiol.  "Lufit.  Tom.  2.  pag.  295.  no 
comment.  de  24.  de  Março.  Nicol.  Ant. 
Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  359.  col.  2.  Alta- 
mura  Centur.  4.  foi.  515.  Faria  Europ. 
Portug.  Tom.  3.  Part.  4.  cap.  6.  Joan.  Soar, 
de  Brit.  Theatr.  Ltiftt.  Utter.  lit.  F.  n.  68. 
Echard  Script.  Ord.  Prad.  Tom.  2.  pag.  j8i. 
col.  2.  Monteir.  Claujlr.  Dom.  Tom.  3.  pag. 
218.    Compoz 

Malaca  cõquijiada  por  o  ^ande  Affonfo  de 
Albuquerque  Poema  Heróico.  Offerecido  à  Ca- 
tholica  Magejlade  delRey  Filippe  III.  de  Por- 
tugal. Lisboa  por  Mathias  Rodrigues.  1634. 
8.  &  ibi  novamente  reformado,  por  Pe- 
dro Crasbeeck.  1658.  4.  Confta  de  12.  Can- 
tos. Na  cenfura,  que  por  ordem  delRey 
fez  a  efta  obra  Diogo  de  Pajrva  de  Andra- 
de Sobrinho  do  grande  Theologo  do  mef- 
mo  nome,  que  foy  ao  Concilio  Tridentino, 
dos  quaes  fe  fez  memoria  em  feus  lugares, 
diz  entre  outros  louvores  as  feguintes  pa- 
lavras. Fa^  o  Autbor  Jer  de  mayores  quilates 
a  perfeição  dejla  fua  obra  com  os  da  puret^a 
do  feu  fangue,  e  das  virtudes  naturaes  de  que 
he  dotado;  com  que  também  naò  fó  imita,  fe 
naõ  iguala,  ou  ainda  excede  a  prudência,  valor, 
e  merecimento  de  feus  illujlres  antepajfaãos ;  au- 
thoriv^ando  com  a  excellencia  de  feus  verfos  a 
pátria  que  elles  honrarão  com  o  esforço  de  feus 
braços.  Continua  em  applaufo  defte  Poema 
com  feguinte  Epigramma  digno  parto  da 
fua  grande  Mufa. 
Hórrida   concujfus   miratur  pralia   Ganges 

Dum  premi t  Eoas  Lyfia  turba  plagas: 
SifHt  inexhauflum  Tagus  ad  nova  pralia  curfum 

PoUice  mafftifico  dum  vaga  pleãra  moves: 
Ille  racemiferos  irrorans  fangftine  Cãpos 


L  USITAN A, 


25l 


Sujpicit  Hef pertos,  Marte  fonante,  duces: 
Hic  fieriks  mulcens  celebri  dukedine  casiteSf 

Defpicit  Aonios  te  modulante  choros: 
Ille  beat  rutilis  Indorum  araria  gemmis, 

Cantibus  bic  celfis  Lyfia  Sceptra  beat: 
Ille  potens  armis,  hic  vate  potentior,  auget 
Carmine,  quod  jaculis  obtinet  ille  decus: 
Ille  Jonat  bellis,  hic  plaufibus,  ille  tuorum 

Viribus,  bic  numeris  fertur  ad  afira  ttás: 
Hac  dívifa  procul  tu  vatum  maxime  junffs 

Eff-egium  abjolvens  Martis,  é^  artis  opus, 
Nam  fimul  exigias  late  celeberrima  chartis 

Extollunt  Gangem  pralia,  pleãra  Tagum. 
Ao  mefmo  argumento  dedicou  o  Soneto 
12.  da  Tuba  de  Calliope  D.  Frandfco  Ma- 
noel de  Mello  pag.  7.  das  obras  Métri- 
cas. 

Nlalaca  de  Albuquerque  conquifiada 
Taõ  culto  efcreves,  cantas  taõ  valente. 
Que  parece  que  o  Bárbaro  igualmente 
Venera  a  Tuba,  que  temeo  a  e/pada. 
Nunca  fora  a  viãoria  duvidada 

Se  nella  illufire  Sã,  foras  prev^ente. 
Pois  o  que  naõ  rendera  o  rayo  ardente 
Bem  o  rendera  a  Aíufa  levantada. 
Em  quanto  viva  o  circular  governo 
Nas  esferas  do  Olympo  huminofo 
Vivirás  a  pescar  do  opofio  inferno. 
Porem  tu  com  excejfo   mais  gloriofo. 
Que  elle  fem  ti  naõ  pode  fer  eterno, 
Mas  tu  fem  elle  podes  fer  famofo. 
O   Padre   António    dos   Reys   Enthuf.    Poet. 
n.    13. 

Non  aberat,   culti  par  carminis  arte,   Ma- 
laca 
Sadius    excidium,    qtá    cantat    viribus   aquis 
His  quibus  intrepidus  profiravit  mania  miles. 

Compoz  mais 

Can^aÕ  em  applaufo  da  Gigantomachia  de 
Manoel  de  Galhegos.    G^meça 

Batid  Cifnes  dei  Tajo 

Batid  aleg'es  las   Canoras  alas. 
Sahio  imprefla  ao  principio.    Lisboa  por  Pe- 
dro Craesbeeck.    1628.   4. 

Soneto  em  louvor  do  Templo  da  Memoria  do 
mefmo  Poeta.  Lisboa  por  Lourenço  Craes- 
beeck.  1635.  4. 

Soneto  â  Fama  pofihuma  de  Lape  da  Vega 
a  foi.  134.  Madrid.   1636,  4. 


Tragedia  de  D.  Alaria  Telles  mulher  do 
Infante  D.  JoaÕ  filho  delRey  D.  Pedro  I. 
e   D.    I^ez   de    Cafiro.    M.    S.    Principia 

Horas  alegres  do  ditofo  dia. 
Conferva-fe  M.  S.  na  Bib.  Real.  4. 

Satyras.  8.  Eliavaõ  na  BibHotheca  do  II- 
luíbifllmo  Bifpo  do  Porto  D.  Rodrigo  da 
Cunha  como  coníla  do  feu  Index  impreUo 
no  Porto  em  1627.  4. 


FRANaSCO  DE  SA\  E  MIRANDA 
naceo  na  famofa  Gdade  de  Coimbra  a 
27.  de  Outubro  de  1495 .  de  cuja  pátria 
virtuofamente  fe  jaâa  na  Fabul.  do  Mon- 
deg.  Eílanc.  7. 

Mas  fobre  todo  lo  que  enriquiciò 
lut  antigua  tierra  mia  es  el  thet(pro 
Del  fanto  cuerpo  de  fu  R^  primero 

Foraõ  feus  Pays  Gonçalo  Mendes  de  Sà, 
e  D.  Filippa  de  Sà  filha  de  Rodrigo  An- 
nes  de  Sà,  e  neta  de  Joaõ  Rodrigues  de  Sà 
Varaõ  digno  de  eterna  memoria  pelas  ac- 
çoens  politicas,  e  militares,  que  obrou 
em  o  Reynado  delRey  D.  Joaõ  o  I.  Para 
fe  inftruir  nas  fciencias  amenas,  e  feveras 
naõ  foy  neceíTario  fahir  da  fua  pátria  onde 
depois  de  eftudar  os  preceitos  da  Poefia, 
e  Oratória  fe  aplicou  com  mayor  difvelo 
a  penetrar  as  fubtilezas  da  Jurifprudencia 
Cefarea  em  que  fez  tantos  progreíTos  o  feu 
maduro  talento,  e  admirável  compreheníàõ, 
que  recebidas  as  iníignias  Doutoraes  neAa 
Faculdade  a  diâou  com  univerfal  applaufo 
em  varias  Cadeiras  illuílrando  duplicadamen- 
te  aquella  nova  Athenas  com  o  nacimento, 
e  com  o  magiílerio.  Por  morte  de  feu  Pay 
em  cujo  obfequio  feguira  aquelle  género  de 
eíhido  fe  refolveo  ainda  que  convidado 
pela  MageJlade  delRey  D,  Joaõ  o  Hl. 
para  adminiílrar  os  mais  honoríficos  luga- 
res de  letras  a  preferir  a  contemplação 
da  Filofofia  Moral,  e  Eftoica  para  onde  o 
inclinava  o  génio,  a  todas  as  honras,  e  con- 
veniências, que  lhe  podiaõ  refultar  do  exer- 
cido de  Miniílro,  Firme  em  refoluçaò  taõ 
madura  íãhio  do  Reyno  a  examinar  com  os 
olhos  as  noticias,  que  aprendera  em  os  livros, 
e  difcorrendo  pelas  melhores  Qdades  de  Ef- 


252 


BIBLIO THE  CA 


panha,  principalmente  de  Itália  como  foraõ 
Roma,  Veneza,  Nápoles,  Sicilia,  Milaõ,  c 
Florença  obfervou  tudo,  que  era  mais  no- 
tável com  atenção  de  curiofo,  e  juÍ2o  de 
Sábio.  Reílituido  a  Portugal  mereceo  lo- 
grar diílintas  eílimaçoens  delRey  D.  Joaõ 
o  III.  e  ainda  mayores  do  Príncipe  D.  Joaõ, 
que  igualmente  fe  deleitava  da  fua  difcreta 
converfaçaõ,  como  da  liçaõ  das  fuás  Poe- 
fias.  Ao  tempo  que  recebera  da  liberalida- 
de real  a  Comenda  chamada  das  duas  Igre- 
jas da  Ordem  de  Chriílo  em  o  Arcebifpado 
de  Braga  fe  armou  injuílamente  contra  a 
fua  peíToa  a  indignação  de  hum  Cavalhero 
muito  refpeitado  na  Corte,  e  querendo  co- 
mo prudente  evitar  a  caufa  defta  emulação 
fe  retirou  para  a  fua  Quinta  da  Tapada 
junto  de  Ponte  de  Lima  antepondo  a  tran- 
quillidade  do  feu  animo  a  todas  as  efperan- 
ças  de  mayores  mercês,  que  lhes  fegurava  o 
particular  afefto  do  Príncipe  D.  Joaõ,  e 
do  Cardeal  D.  Henríque.  Neíle  ameno  íi- 
tio  paíTou  o  reílante  da  vida  com  louvável 
ócio  fem  receyo  de  infolentes,  nem  depen- 
dência de  poderofos.  Cazou  com  D.  Brio- 
lanja  de  Azevedo  filha  de  Francifco  Macha- 
do Senhor  da  Louzãa,  e  das  terras  de  En- 
tre Homem,  e  Cavado,  e  de  D.  Joanna  de 
Azevedo,  a  quem  concedendo-lhe  liberal  a 
natureza  o  dote  de  difcreta  lhe  negou  avara 
o  de  fermofa  merecendo  pela  excellencia  do 
feu  juizo  a  veneração  de  feu  efpofo,  que 
altamente  penetrado  com  a  fua  morte,  fe 
prívou  por  três  annos,  que  lhe  fobreviveo, 
de  todo  o  género  de  alivio  explicando  par- 
te do  feu  fentimento  pelas  vozes  daquelle 
Soneto,  que  lhe  dedicou,  e  foy  o  ultimo 
que   compoz 

Aquelle    efpirito  já    também  pagado, 
Como  elle  merecia  claro,   e  puro. 
Deixou  de  boa  vontade  o  Valle  e/curo 
De  tudo  que  cá  vio  como  anojado,  (&c. 

Defta  matrona  teve  dous  filhos,  Gonçalo 
Mendes  de  Sà,  que  valerofamente  perdeo  a 
vida  em  Ceuta  com  o  feu  Capitão  D.  An- 
tónio de  Noronha  filho  do  primeiro  Conde 
de  Linhares  cujo  lamentável  fucceíTo  foy  ar- 
gumento da  Egloga  em  que  faõ  Interlocuto- 
res  Umbrano,    e   Frondelio   compofta   pelo 


incomparável  Luiz  de  Camoens.  O  fegundo 
filho  foy  Jeronymo  de  Sà  de  Azevedo,  que 
cazou  com  D.  María  de  Menezes  filha  de 
Francifco  da  Sylva  de  Menezes,  e  D.  Leo- 
nor de  Mello  de  quem  teve  defcendencia. 
Nas  fuás  compofiçoens  poéticas  cm  que 
obfervou  por  exemplares  a  Ariftoteles,  e 
Horácio  naõ  oftentou  pompa  de  vozes,  mas 
copia  de  fentenças  querendo  com  artificio 
novo  que  tiveíTem  mais  alma  do  que  corpo. 
Em  muitas  delias  reprehendeo  com  rígida 
feverídade  os  defeitos  de  algumas  peíToas, 
que  viviaõ  na  Corte  cujos  nomes  por  igno- 
rados nefte  tempo  fazem  dificultofa  a  intel- 
ligencia  de  alguns  Verfos.  Foy  o  primeiro, 
que  nefte  Reyno  efcreveo'  Verfos  mayores, 
devendo-fe  pela  novidade  do  invento  diíTirau- 
lar  alguma  imperfeição,  que  depois  emendou 
a  Arte.  Sempre  amou  com  taõ  religiofa  obfer- 
vancia  o  decoro,  que  atè  no  eftilo  cómico  em 
que  he  permitida  mayor  licença  fe  abfteve  de 
alguma  expreíTaõ  menos  honefta,  fendo  tam- 
bém o  primeiro,  como  efcreve  Manoel  Sc- 
verim  de  Faría  Dijc.  Var.  pag.  82.  verf.  que 
em  a  nojfa  Hngua  Portugue:(a  o  defcobrio  com  ge- 
ral admiração  de  todos.  Efludou  fer  mais  pro- 
fundo aos  entendimentos,  que  armoniofo  aos 
ouvidos,  e  com  arte  nunca  pradticada  ocultou 
debaixo  das  fombras  de  hum  eftilo  fincero 
os  documentos  mais  folidos  para  a  inftru- 
çaõ  da  vida  moral,  e  politica.  Da  lingua 
Grega  foy  taõ  fciente,  que  lia  a  Homero 
no  feu  Original,  e  no  mefmo  idionu  o 
marginava.  Taõ  deftramente  manejava  os 
Cavallos,  como  tocava  os  inftrumentos  pro- 
curando neftes  louváveis  exercidos  a  diverfaõ 
de  cuidados  moleftos.  A  todas  eftas  acçoens 
excedia  a  piedade  fumma  para  com  Deos,  e  o 
afeâo  cordial  para  fua  SantiíTima  Mãy  praítí- 
cando  os  preceitos  evangélicos  com  tanta  exac- 
çaõ,  que  mais  parecia  Religiofo,  que  Secular. 
Teve  a  eftatura  mediana,  e  corpulenta,  o  rofto 
alvo,  e  defcorado,  o  cabello  preto,  e  corredio, 
a  barba  povoada,  e  crecida,  os  olhos  verdes, 
mas  com  exceíTo  grandes,  o  naríz  aquilino,  e 
curvado.  Foy  na  peíToa  grave,  no  afpeélo  me- 
lencolico,  e  na  converfaçaõ  afável.  Ao  tempo, 
que  contava  63.  annos  de  idade  foy  acõmet- 
tido  da  ulríma  emfermidade,  e  conhecendo 
fer  chegado  o  termo  da  fua  vida  fe  prcpa- 


L  USl  TANA. 


253 


I 


rou  com  todos  os  Sacramentos,  que  recebi- 
dos com  grande  ternura  paíTou  de  mortal  a 
eterno  a  15.  de  Março  de  1558.  Jaz  fepul- 
tado  na  Igreja  de  S.  Martinho  de  Carra- 
zedo no  Arcediagado  de  Braga  em  a  Capei- 
la  de  Santa  Margarida.  Para  eternizar  a  me- 
moria de  Varaõ  taõ  iníigne  lhe  mandou 
Martim  Gonçalves  da  Camará  do  Confelho 
de  Eílado  delRey  D.  Sebaíliaõ,  e  Tvliniílro 
muito  conhecido  no  Reynado  defte  Príncipe 
levantar  huma  fumptuofa  fepultura,  e  nella 
fe   lhe   gravou   o    Epitáfio   feguinte 

Kuftica,  qua  fuerat  folis  vix  cognita  filvis 
Aulica  Miranda  Mu/a  canente  fuit 

Mafurofque  jocos,  <ò'  ludricra  feria  ludens 
Divina  humanum  mifctát  arte  Meios. 

Cum  pojfeí  gladio  tranfcendere  nomen  avorum 
Maluit  arguti  militiam  calami. 

Pofíhabuit  fafces,   lò^  inertis  laudis  honores 
A.C  doctãt  pleãro  promeruiffe  decus 

Omnia   Mirandus  Mirandus  pulvere  in  ipfo   efi 
Pulvere   in   hoc  pátria  gloria  /cripta  manet. 

A  taõ  celebrado  Poeta  elogiarão  os  mayo- 
res  cultores  do  Parnafo.  Lope  de  Vega  Car- 
pio.    laurel  de  Apolo  Sylv.  3. 

Al  gran  Sã  de  Miranda 

Que  le  dexe  Melpomene  le  manda. 

Diogo  Bernardes  'Lima  Elogio  6. 

O  noffo   Sá  de   Miranda,   que   entendeo 
A  fem   rai^aÕ   do    mundo   a    tyrania 
Aqui  entre  efies  montes  fe  efcondeo 
Onde  Senhor  de  fi  livre  vivia; 
Vivia  effes  bons  annos  que  viveo 
Pois  que  naõ  efperava,   nem   temia. 
Ah  difcreto   Pajlor  quem  te  feguijje 
Tuas  pilhadas  cà\  Quem  lã  te  vijfe} 

Tu  nos  bofques  as  plantas,  tu  nas  ferras 
As  pedras  abrandavas  com  teu  canto 
Tra:(ido  cã  por  ti  de  ejiranhas  terras 
Com  grande  enveja  duns  d' outros  efpanto. 
Agora  em  longo  fono  os  olhos  cerras 
Agora  efles  meus  abres  ao  pranto, 
Mas  eu  naÕ  choro  fô,  que  choràõ  montes 
Valles,  bofques,  prados,  rios,  fontes. 

Por  ti  Aves,  e  feras  chorar  vejo 
Os  Satyros,  os  Faunos,  os  P aflores 
Minho,  Douro,  Mondego,  Uma,   Tejo 


A  folha  o  louro  perde,  o  campo  as  flores. 
As  louras  Njmfas  deixaõ  com  dei(ejo 
Saudofo  de  verte  feus  lavores 
E  polia  trijie  praya  em  grito  folto 
Teu  nome  com  fufpiros  vay  envolto. 

António    Figueira    Duraõ    Laur.    Pamaf. 
Ram.  2. 

Carmina  dum  flupidum  fundis  Miranda  per  or~ 
bem 
Pulfari  Orpheam  credit  Apolo  Tyram. 

Dum  feris  armonicum  fubtili  carmine  pleãrum 
Obflupet  Aonidum,  Pieridumque  Chorus. 

Nec  mirum  efl,  quod  te  mirentur  ubique 

Nam  Aíiranda  quidem  nomine  Mufa  tua  efl. 

António   Ferreira    Põem.   Lujit.  Eglog.  9 

O*  bom  Poeta  jã  a  tua  doce,  e  branda 
Voz  fe  callou;  jã  por  aqui  naÕ  foa, 
Nem  os  ventos  ferena,  o  mar  abrandaX 

Ah  jã  aquella  innocencia  fanta,  e  boa 

Do    bom   velho  aquella  alta,  e  fam  doutrina 
Nos  deixou  quam  deprejfa  o  melhor  voa. 

Ah  fanto  velho  de  mil  annos  di^a 

Era  tua  vida,  e  inda  mil  annos  cedo. 
Quem  honra  o  campo?  Quem  virtude  enfinaX 

Jã  naõ  do  pè  da  Faya,  ou  do  penedo 
Mufcofo  te  ouvira  o  campo,  e  o  valle 
Cantar  da  terra,  e  Ceos  alto  fegredo. 

O  rio  feque,  e  o  campo  Apolo  calle 

Chorem  as  trifies  Irmaãs,  nem  jã  aqui  foe 
Frauta,  pois  nenhua  hã  que  ã  tua  iguale. 

Nem  Paftor  cante,  rum  louros  croe. 

Nem  tenha  hera,  ou  loureiro  jã  verdura. 
Nem  Nymfa  da  agua  faya,  ou  ave  voe. 

Perdefie  Apollo  jã  tua  fermofura 
Do  teu  Poeta  fempre  taÕ  cantada 
Perdefie,  Amor,  teu  fogo,  e  tua  brandura. 

O*  doce,  e  grave  Lyra  temperada 

Daquella  maõ  que  ajfi  fe  fev^  famofa, 
Naõ  confntas  fer  de  outra  maÕ  tocada. 

A  nojfa  idade,  que  tu  taÕ  ditofa 

Fit^efle,  te  honre  fempre,  e  louve,  e  ame 
Pois  por  ti  fera  fempre  gloriofa. 

P.  Ant.  dos  Reys  Enthus.  Poet.  n.  6. 

Nobilis  ille  fenex  ódio  quem  vajlus  habehat 
Occeanus  fiquidem  prohibebat  ferre   tributum 


254 


BIB  LIO  THE  CA 


In    maré  fujpmjum    cantus    dulcedine    Mon- 
dam. 

Fr.  Franc.  à  S.  Aug.  Macedo  Domus 
Sádica  pag.  i6.  Francifcus  Sã  Miranda;  an 
Mirandus?  Celeberrimus  ob  ingenii  acumen, 
€>•  Judicii  pondus,  (&  Jcientiarum  varietatem, 
morumque  integritatem :  qui  primus  Lífjitanis 
Jlili  na/um  produxit;  Joccojque  cothumis  mijctnt 
feliciter;  togatas  fatyras  in  aulam  induxit;  <àr 
illud  pajloritio  carmine  confecutus  eji,  ut  Sjlva 
Confule  digna  fierent:  ultra  fabulas  Poeta,  imo, 
€>•  fui  temporis  ff-atus  Momus,  <&  futuri  vates, 
quem  admodum  ejus  fcripta  demonfirant.  Certe 
nemo  melius  eo,  &  aptius  focos  feriis,  ac  fe- 
ria focis  diflinxit.  Lourenço  Gracian  Criti- 
con  p.  5.  Crif,  12.  Seran  eternas  las  obras 
de  Francifco  de  Sá,  y  Miranda.  E  na  Ar- 
te de  Ing.  Difc.  63.  El  fentenciofo,  y  in- 
geniofo  Vortuguev^  Sá  Tofcano  Parallel.  de 
Var.  Illuflr.  Cap.  41.  Outro  Horácio  Ly- 
rico  na  Poejia,  e  Sentenças  delle.  Macedo 
Flor.  de  Efpan.  Excel.  9.  cap.  8.  e  Eva, 
e  Ave.  Part.  i.  cap.  26.  e  na  Eufit.  U- 
berat.  Prosem,  i.  §.  5.  n.  3.  Plataõ  Lu- 
sitano. Bernardes  Nova  Florefl.  Tom.  i. 
pag.  127.  Joaõ  Medeiros  Q)rrea  Elogio 
de  And.  de  Albuq.  foi.  27.  Fr.  Francifco 
da  Nativid.  Eenit.  da  dor.  pag.  26. 
o  intitulaõ  Séneca  Portugue:^^.  Efperança  Hifi. 
Serafi.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  2.  liv. 
10.  cap.  35.  excellente  Corter^aÕ  inclinado  às 
letras  humanas  particularmète  á  Poejia  Por- 
tuguev^a.  IlluílriíTimo  Cunha  Hifl.  Ecclef.  de 
Braga  Part.  2.  cap.  77.  §.  11.  Grande 
Poeta,  honra,  e  gloria  defle  Reyno  Nicol. 
Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  359.  col. 
2.  in  quibus  (falia  das  fuás  Poefias)  Luji- 
tani  fententiarum  gravitatem,  fimul,  (ò'  acumen, 
Sermonis  caflitatem  fervatum  uniuscujufque  rei 
decorem,  imitatos  falicijfime  veteres  Poetas  agnof- 
cunt  pari  ter,  <Ò'  effufe  laudant:  ai  ter  um  huic 
pofl  Camoèfium  Poetarum  fuorum  Coripheum 
fine  controverfia  locum  adfudicantes.  Franc.  de 
S.  Maria  Diar.  Portug.  pag.  343.  Famo- 
fo  poeta,  fingular  ornamento,  e  gloria  im- 
mortal  da  Cidade,  e  Univerfidade  de  Coim- 
bra. Franckenau  Bib.  Hifp.  Geneal.  Herald. 
pag.  143.  n.  475.  virum  lingua  Greca,  an- 
tiqtdtatum,    Juriumque    doãijfimum,    ac    Poeta- 


rum Eufttanorum,  fi  Ludovicum  Camonium  ex- 
cipias,  Corypheum.  As  fuás  Poefias  fc  pu- 
blicarão   com    efte    titulo. 

Obras  do  Doutor  Francifco  de  Sá  de  Mi- 
randa que  M.  S.  fe  conferva  na  Bib. 
Real  de  ParÍ2  num.  8292.  como  efcreve 
Montfaucon  Bib.  Biblioth.  nova  Tomo  2. 
pag.  796.  col.  I.  Sahiraõ  impreífas  a  pri- 
meira vez  Lisboa  por  Manoel  de  Lyra. 
1595.  4.  Novamente  impreífas  com  a  re- 
lação da  fua  qualidade,  e  vida.  Lisboa 
por  Vicente  Alvares.  1614.  4.  Nefta  edi- 
ção fahio  com  alguma  diferença  da  pri- 
meira emendada  pelo  original  do  Author, 
que  confervava  em  feu  poder  D.  Fer- 
nando Cores  Sotomayor  morador  em  Sal- 
vaterra de  Galiza,  e  cazado  com  huma 
Neta  de  Francifco  de  Sá  de  Miranda, 
que  eftimou  tanto  efte  original,  que  quiz 
que  entraífe  como  peça  de  grande  valor 
em  o  dote  que  recebeo.  Sahio  terceira 
vez  impreífo  Lisboa  por  Pedro  Craesbceck 
1632.  32.  e  quarta  vez  ibi  por  António  Ley- 
te  Pereira   1677.   8. 

Comedia  de  Vilhalpandos.  Coimbra  por  An- 
tónio de  Mariz.  1560.  12. 

Comedia  dos  Eflrangeiros.  Coimbra  por  Joaõ 
de  Barreira.  1569.  8.  Foraõ  mandadas  im- 
primir por  ordem  do  Cardial  D.  Henrique, 
que  varias  vezes  as  mandou  reprezentar  em 
fua  prezença.  De  ambas  vimos  hum  exem- 
plar, fahindo  a  primeira  fegunda  vez  im- 
preíTa  com  as  mais  obras  poéticas.  Lisboa 
por  Manoel  de  Lyra.  1595.  4-  c  ambas  Lis- 
boa por  Vicente  Alvares.   1622.  4. 

Satyras.  Porto  por  Joaõ  Rodrigues 
1626.    8. 

No  Cancioneiro  Geral  de  Garcia  de  Ke- 
^ende.  Lisboa  por  Hermaõ  de  Cam- 
pos. 15 16.  foi.  eftaõ  duas  Glofas  a  foi. 
109. 

No  Cancioneiro  de  que  foy  Colleôor 
Pedro  Ribeiro  no  anno  de  1577.  c  fc 
conferva  na  Bibliotheca  do  Cardial  de  Sou- 
fa,  que  hoje  poífue  o  Excellentiífimo  Du- 
que de  Lafocns,  eftaõ  duas  Elegias.  Huma 
começa. 

O'  bom  Jefu,  e  por  que  me  naõ  vejo. 
Outra 


L  USITANA. 


255 


A  Magdalena  o  feu  efpofo  bufca. 

Vida  de  Santa  Maria  Egvpciaca.  M.  S.  ef- 
crita  em  Redondilhas,  que  fe  guarda  na  Li- 
vraria do  Excellentiflimo  Conde  de  Redon- 
do, e  acaba  com  efta  copla 

A.  Deos  Leyfor  a  mais  ver 

Porque  ainda  aveis  de  ver  mais: 

Mas  da  Angélica  mulher 

Admiração  dos  mortais 

NaÕ  foube  mais  efcrever. 

P.  FRANaSCO  SALGUEIRO  natural 
da  adade  de  Tangere  íituada  na  Regiaõ  de 
Africa  donde  paíTando  com  feus  Pays  Ma- 
theus  Salgueiro,  e  Igne2  da  Coíla  a  Portu- 
gal afeiçoado  ao  IníHtuto  da  Companhia  de 
JESUS  recebeo  a  Roupeta  em  o  Collegio 
de  Évora  a  12.  de  Julho  de  1676.  Apren- 
deo  as  fdencias  amenas,  e  feveras  em  taõ 
douta  paleftra  para  depois  as  eníinar  com 
grande  applaufo  do  feu  nome  de  que  fo- 
raõ  theatros  os  Collegios  de  Angra,  Évora, 
e  Coimbra  diâando  letras  humanas  em  o 
primeiro,  Rhetorica,  e  Filofofia  em  o  Se- 
gundo, e  Theologia,  e  Sagrada  Efcritura, 
€m  o  terceiro,  fendo  admitido  ao  numero 
dos  Doutores  em  a  Univeríidade  de  Évora 
a  21.  de  Julho  de  1704.  Foy  hum  dos  mayo- 
res  Letrados  do  feu  tempo  de  cuja  profun- 
da fabedoria  deu  claros  argumentos  no  tem- 
po, que  exercitou  o  lugar  de  Reytor  do 
Collegio  de  Santo  Antaõ  no  anno  de  1719. 
Aífiílindo  com  fervorofo  zelo  na  Qdade  de 
Faro  do  Reyno  do  Algarve  aos  feridos  de 
hum  geral  contagio  falleceo  entre  elles  co- 
mo viâima  da  charidade  a  17.  de  Setembro 
de  1724.    Publicou 

Sermaõ  das  Exéquias  do  Serenijftmo  R^  D. 
Pedro  II.  de  glorio/a  memoria,  que  na  Sè  da 
Cidade  de  Évora  celebrou  de  Pontifical  o  Illuf- 
trijftmo,  e  Reverendijftmo  Senhor  Arcebifpo  D. 
Simaõ  da  Gama  em  zi.  de  Janeiro  de  1 707.  Évora 
na  OHicina  da  Univeríidade.  1707.  4. 

Fazem  delle  memoria  Franco  Imag.  da 
Virtud.  do  Noviciad.  de  Evor.  pag,  864.  &  in  An- 
nalib.  S.  J.  in  Eufit.  pag.  466.  Doãor  Theolo^ 
praclarijftmus  in  adverfitatibus  tolerandis  illufire 
erat  exemplum,  charitate  erga  mi/eros,  infirmos, 
là"  morientes  omni  maior  cômendatione.  Fonfec. 
Evor.  Glorio/,  pag.  451. 


Fr.  FRANCISCO  DO  SALVADOR  na- 
ceo  no  lugar  de  S.  Bento  da  Várzea  Couto 
do  Convento  de  Villar  de  Frades  no  Ter- 
mo   de    Barcellos,    e    foy    filho    de    Manoel 
Carvalho,   e  Anna  Ferreira  Lavradores  hon- 
rados, e  bem  procedidos.    Com  igual  appli- 
caçaõ    que    emolumento    aprendeo    a   lingua 
Latina  em  que  íahio   muito  perito.    Abra- 
çou o  Inftituto  Seráfico  no  Convento  de  S. 
Francifco   de   Santarém   onde   eíhidou   Filo- 
fofia,  e  no   Collegio   de   S.   Boaventura  de 
Coimbra    Theologia,    e    em   huma,    e    outra 
Faculdade   moftrou,   que  tinha  talento,   mas 
preferindo  a  fdencia  dos  Santos  à  das  Ef- 
cholas  praéHcou  com  grande  exacçaõ  as  vir- 
tudes religiofas.    Dormia  pouco,  trabalhava 
muito,  orava  com  fummo  fervor  deítíllando 
dos  olhos  copiofas  lagrimas  todas  as  vezes, 
que  ouvia  fallar  nas  Chagas  do  Redemptor. 
Era    o    primeiro,    que    entrava    no    Coro    à 
meya  noute,  e  paíTando  três  horas  depois  de 
Matinas    fe   levantava   para   chorar   os   feus 
peccados,  e  confiderar  na  conta,  que  havia 
de  dar  no  Tribunal  Divino.    Foy  Comiífa- 
rio   dos   Terceiros   da   Qdade   de   Leyria,   e 
da  Villa  de  Guimaraens   donde  veyo  a  fer 
fubítituto  defte  miniilerio  na  Corte  de  Lis- 
boa  do   Venerável  Fr.    Domingos   da   Cruz 
o  qual  exercitou  pelo  efpaço  de  defefeis  an- 
nos  com  geral  aceitação.    Ao    feu   fervorofo 
zelo,  e  aétiva  diligencia  fe  devem  as  Fimda- 
çoens  do  Recolhimento  de  Santa  Izabel  da 
Villa  de  Guimaraens  no  fitío  de  Vai  de  Do- 
nas, e  o  Recolhimento  da  Madre  de  Deos, 
que  hoje  he  Mofteiro  da  primeira  Regra  de 
Santa  Clara  em  a  mefma  Villa.    Com  animo 
imperturbável  tolerou  diverfas  contradiçoens, 
que  fe  armarão  contra  taõ  fagrado  intento 
valendofe  da  fua  profunda  humildade,  e  re- 
fignaçaõ  na  vontade  Divina  para  vencer  to- 
das   as    dificuldades.    Perfuadido    dos    Médi- 
cos,   que    uzaííe    de    algum    reparo    em    os 
pès,    que    tinha    muito    inchados    nunca    fe 
abfteve    da  auHeridade,    que    praéticara    por 
todo    o    difcurfo    da   vida,    que   rendeo  nas 
mãos    do    feu    Creador    a    15.    de    Setem- 
bro  de   1710.   em  o   Convento    de    Guima- 
raens   quando    contava    81.    annos    de    ida- 
de.   Delle    faz    larga,    e    honorifica    memo- 
ria Fr.  Fernando  da  Soledade.  Hiji.  Seraf.  da 


k 


256 


BIB  LIO  THE  CA 


Prov.    de    Portug.    Part.    5.    liv.    4.    cap.    35. 
c  36.    Compoz 

Memoria  do  principio,  e  fuás  circmftan- 
àas,  que  teve  o  Recolhimento  de  Santa  Isa- 
bel dejla  Villa  de  Guimaraens  em  que  efii- 
veraõ  as  Irmãos  Beatas  Capuchinhos,  que 
vivem  em  perpetua  claujura  voluntária  guar- 
dando à  ri/ca  a  Regra  da  Terceira  Ordem 
do  N.  P.  S.  Franci/co,  e  feguindo  quanto 
lhe  he  pojfwel  o  modo  de  vida  que  obfer- 
vaõ  as  Keligiofas  da  primeira  Kegra  de  Santa 
Clara.  M.  S.  Conferva-fe  na  Bibliotheca  do 
Real  Convento  de  S.  Francifco  da  Cidade. 
Defcreve-fe  fummariamente  a  vida,  e  morte 
das  Veneráveis  Irmãas  Maria  de  S.  Francif- 
co, Paula  do  Efpirito  Santo,  e  Catherina 
das  Chagas,  e  a  Fundação  do  Mofteiro  do 
fegundo  Recolhimento  da  Madre  de  Deos, 
que  hoje  he  Mofteiro  da  primeira  Regra  de 
Santa  Clara. 

Fr.  FRANCISCO  SANCHES  natural  de 
Lisboa  Monge  profeflb  da  Illuftre  Or- 
dem de  S.  Bento  cujo  Habito  recebeo 
em  o  Convento  de  Santa  Maria  de  Mon- 
ferrate  em  o  Principado  de  Catalunha  das 
mãos  do  Abbade  Fr.  Filippe  de  S.  Tia- 
go. Depois  de  efliidar  as  fciencias  efcho- 
laflicas  em  que  fahio  muito  perito  fe  apli- 
cou com  particular  difvelo  à  liçaõ  da  Sa- 
grada Efcritura,  e  tal  foy  o  progreflb  que 
fez  o  feu  penetrante  engenho  nefte  género 
de  eftudo,  que  efcreveo  fete  Tomos  dos 
quaes  fomente  vio  a  lu2  publica  o  feguinte 

In  Ecclejiajlen  Cõmentarium  cum  Concor- 
da vulgata  editionis,  eb*  Hebraici  Textus.  Bar- 
cinone  apud  Sebaftianum  Mathevat.  1619.  4. 

Defta  obra,  como  do  Author  fe  lem- 
bra Joan.  Halleuord.  Bib.  Curiof.  pag.  89. 
col.  2.  Jacob,  le  Long.  Bib.  Sacra  pag. 
mihi  944.  col.  2.  Guilielm.  Croweus.  EJench. 
Script.  in  Sacr.  Script.  e  Fr.  Gregório 
Argaes  Perla  de  Catalunha  pag.  450.  §. 
107. 

FRANCISCO  SANCHES  natural  da  Au- 
gufta  Gdade  de  Braga  donde  paíTando  com 
feu  Pay  António  Sanches  infigne  profeíTor 
da  Medicina  a  França  alcançou  grandes  cf- 


timaçoens  pelo  feu  raro  talento,  e  profunda 
efpeculaçaõ  na  Faculdade  Medica.  Havendo 
girado  por  Itália,  e  aíTiftido  por  algum 
tempo  em  Roma  fe  reftituhio  a  França, 
e  na  Univeríidadc  de  Mompilher  foy  Ca- 
thedratico  de  Medicina  quando  contava  a 
florente  idade  de  vinte  e  quatro  annos. 
Defta  Gdade  fe  tràsferio  para  a  de  To- 
lo2a  onde  paíTou  o  reflantc  da  vida,  que 
acabou  em  idade  de  70.  annos  tendo  dic- 
tado  25.  annos  Filofofia,  e  11.  Medicina, 
de  cujas  Faculdades  fc  publicarão  as  fc- 
guintes  obras  pofthumas,  por  deligenda 
de  feus  filhos  Dionifio,  e  Guilherme  San- 
ches. 

Opera  Medica.  Tolofae  apud  Petrum  Bofch. 
1636.  4.  Comprehendem  eftes  Tratados.  De 
morbis  internis  libri  III.  De  Febribus,  e^  ea- 
rum  Symptomatis  lib.  II.  De  Venenatis  om- 
nibus  cum  Jignis,  €>*  remediis  liber.  De  Pur- 
gatione  liber  Jingularis.  De  Phlebothomia  lib. 
I.  De  locis  in  homine  liber.  i.  in  quo  phar- 
macopari  docentur  reãam  applicandorum  Topi- 
corum  medicamentorum  methodum.  Objervatio- 
nes  in  Praxi.  De  Formulis  prafcribendi  medi- 
camenta ad  Tyrones  Médicos.  Pharmacopeia  li- 
ber III.  feu  brevis,  ó^  compensaria  pracep- 
torum  qua  tyronibus  Pharmacia  conveniunt,  col- 
leãio  tribus  libris  divifa,  quorum  prima  eft 
de  eleHtone  medicamentorum.  2.  de  prapara- 
tione  medicamentorum,  <&  fimplicibus  purgan- 
tibus.  3.  de  Compojitione  medicamentorum.  De 
Theriaca,  <&  Pharmacopaos  liber  i.  jExa- 
men  Opiatarum,  Syroporum,  Pillularum,  e^ 
Eleãauriorum  Jolidorum  liber  IV.  In  librum 
Galeni  de  Pulfibus  ad  Tyrones  Cõmentarii. 
In  ejufdem  librum  de  differentiis  morborum 
Cõmentarii.  In  librum  III.  Galeni  de  Criji- 
bus  Cõmentarii.  Cenfura  in  Hypocratis  opera 
omnia. 

Summa  Anatómica  in  qua  breviter  orniáum 
corporum  principium,  Jitus,  numerus  fubJUmtia, 
ufus,  ^  figf^ra  continetur  ex  Galeno,  c^  Ambva 
Vejfallo  colleãa.  Addita  funt  etiam  annotationes 
quibus  Columbi,  ^  Fallopii  repufftantia  cum 
Galeno,  cÍT   Vejfallo  opinamenta  recenfentur. 

De  multam  nobili,  t&  utili  fctentia  qmd 
nihil  Jcitur,  deque  litterarum  pereuntium  agp- 
ne,  ejus  que  caufis.  Lugduni  apud  An- 
tonium    Gryphium    1581.    4.   Francofiirti 


I 


L  USITAN  A. 


257 


apud  Joannem  Bememm  161 8.  8.  &  Reto- 
rodami.  1649.  12.  Neíla  obra  eílaõ  no  fim 
os  feguintes  Tratados. 

De  Longi/udifte,  éf  brevitate  vita. 

In  lib.  Arifiotelis  Phyjiognomicon  Comment. 

De  divinatione  per  Jomnum  ad  Arifiotelem. 

De  Interpretandis  Autorihus.  Antuerpiíe 
apud  Plantinum.   1582.  8. 

'Erotemata  fuper  Geométricas  Ejiclidis  demõj- 
trationes  ad  Chrifiophorum  Clavium  armo  1627. 
A  repofta  que  fez  efte  grande  ProfeíTor 
da  Mathematica  naõ  fatisfez  à  eficácia 
dos  argumentos  do  noíTo  Frandfco  San- 
ches. 

Difcurfo  fobre  o  Cometa,  que  apareceo  no 
armo  de  1377.  Defta  obra  faz  mençaõ  feu 
difcipulo  Raymundo  DelaíTo. 

FRANaSCO  SANCHES  DE  GVSTI- 
LHO  natural  da  Qdade  da  Guarda,  e 
Prior  da  Igreja  de  S.  Tiago  de  Aíarvaõ 
do  Bifpado  de  Portalegre  donde  foy  pro- 
movido pelo  Pontífice  no  tempo,  que  af- 
fiílio  na  Cúria  Romana  à  Abbadia  das 
duas  Igrejas  em  o  Bifpado  de  Lamego, 
que  governou  com  zelo.  Morreo  no  an- 
no  de  1558.  Tinha  prompto  para  a  Im- 
preíTaõ 

Diãionarium   iMJitanum,   &   Latínum.    foi. 

P.  FRANaSCO  DE  SANDE  natural 
da  Villa  de  Veyros  do  Bifpado  de  El- 
vas em  a  Provinda  do  Alentejo  onde 
fendo  vigilantemente  educado  por  feus  no- 
bres Pays  Martim  Figueira  Pereira,  e  D. 
Leonor  Vaz  deixou  a  fua  amável  cõpa- 
nhia  para  íe  aliftar  em  outra  mais  Sa- 
grada, que  foy  a  de  JESUS  recebendo  a 
Roupeta  no  Collegio  de  Évora  em  o  i.  de 
Janeiro  de  1676.  Nefla  Univerfidade  fe  inf- 
truio  com  as  letras  humanas,  e  fagradas, 
que  depois  diâou  com  grande  applaufo  che- 
gando à  Cadeira  de  Prima  de  Theologia  em 
que  fe  doutorou  a  31.  de  Outubro  de  1706. 
Foy  Qualificador  do  Santo  Officio,  Exami- 
nador Synodal  do  Arcebifpado  de  Évora, 
e  Cancellario  da  Univerfidade  onde  falleceo 
a  II.  de  Dezembro  de  1726.  Compoz  com 
bom  methodo 

Candidatus  Eborenjis  ad  Lauream   Tbeoloff- 


cam  injlruãus.  Injlruãionis  tomus  primus  pro 
prima  tentativa,  aÍT  primo  principio  de  Deo 
Trino,  Sciente,  Auxiliante,  &  Pradejlinante. 
Eboras  ex  Typographia  AcademiíE.  1726.  foi. 

Cãdidatus  Ehorenfis  ad  luouream  Tbeolo^- 
cam  infirtiãus.  Tomus  ordine  quartus  pro  Henri- 
quiana  ad  Theoloffam  Moralem,  <&  quodlibeti- 
cas  quaftiones.  Continet  Sacramentorum  in  ge- 
nere  praãicam,  df  Jpeculativam  notitiam,  ^c. 
Eboras  ex  eadem  Typog.  1726.  foi. 
Deixou  prompto  para  a  Impreílaõ 

'Pbilofopbia.   3.   Tom. 

Theologia.  i.  Tom. 
Faz   mençaõ   delle   o   P.    Frandfco  da  Fon- 
feca  Evor.  Glorio/,  pag.  431. 

Fr.  FRANQSCO  DO  SANTÍSSIMO  SA- 
CRAMENTO chamado  no  Século  Frandf- 
co Teixeira  naceo  em  Lisboa  a  4.  de 
Outubro  de  16 10.  Foy  filho  de  Frandfco 
Teixeira,  e  Francifca  Serrãa  abundantes  dos 
bens  da  fortima.  Applicado  ao  eíbido  da 
Gramática  fe  diítinguio  em  breve  tempo 
de  todos  os  Condifcipulos  por  fer^  or- 
nado de  entendimento  claro,  engenho  ^agu- 
do, e  feliz  memoria.  O  Pay  atendendo 
mais  ao  augmento  do  feu  cabedal,  que 
ao  progreíTo,  que  o  filho  fazia  no  eíhido 
para  que  fe  indulbiaíre  nos  intereííes  da 
mercancia  o  mandou  a  Sevilha  ajuftar  hu- 
ma  larga  conta,  que  tinha  com  hum  feu 
Correfpondente,  e  conduida  eíta  incumbên- 
cia como  da  fua  adividade  fe  efperava  ref- 
tituindo-fe  à  pátria  refolveo  defprezar  as  ri- 
quezas patrimoniaes,  e  abraçar  o  fagrado,  e 
auílero  Inftituto  dos  Carmelitas  Defcalfos, 
que  profeíTou  no  Convento  de  N.  Senhora 
dos  Remédios  defta  Corte  a  15.  de  Outu- 
bro de  1629.  confagrado  ao  culto  da  fua 
Semfica  I^Iatriarcha  Santa  Thereza.  Apren- 
deo  Filofofia  no  CoUegio  de  Figueiró  fen- 
do feu  Meftre  Fr.  Belchior  de  Santa  An- 
na  primeiro  Chronifta  defta  Provinda  em 
cujo  lugar  foy  depois  nomeado  a  30.  de 
Janeiro  de  1665.  e  em  Coimbra  eftudou 
Theologia  fahindo  em  ambas  as  Faculdades 
capaz  de  as  didar,  fe  a  grave  prudenda 
de  que  era  ornado  o  naõ  habilitara  para 
adminiftrar  os  lugares  de  Procurador  Ge- 
ral em  Lisboa  por  nove  annos.  Prior  dos 


17 


258 


BIB  LIO  THE  C  A 


Conventos  de  Adolhalvo,  Santarém,  e  Lis- 
boa dous  triénios,  e  duas  vezes  Provincial 
rccufando  o  Generalato  offerecido  pelos  Gre- 
miaes  por  haver  aíTiftido  com  authoridade 
graviíTima  a  féis  Capitulos  Gcraes  como  Pro- 
vincial, e  Sócio  defta  Provincia.  Mereceo 
particulares  eftimaçoens  do  G^nde  de  Caf- 
tello-Melhor  Luiz  de  Vafconcellos,  e  Souza 
Efcrivaõ  da  Puridade,  e  primeiro  Miniílro 
delRey  D.  AfFonfo  VI.  confiando  da  fua 
prudente  direção,  e  maduro  confelho  os 
mayores  negócios  defta  Monarchia.  Pela  fua 
induftria  confeguio  grandes  créditos  à  Pro- 
vincia de  que  era  benemérito  filho  fendo 
os  principaes,  que  a  Univerfidade  de  Coim- 
bra fizeíTe  Preftito  em  dia  de  Santa  The- 
reza,  impedir  que  fe  derrubafle  o  Convento 
do  Porto  para  no  feu  fitio  fe  levantar  hum 
Forte,  e  fer  Author  das  Fundaçoens  dos 
Conventos  de  Santarém,  e  das  Religiofas  da 
Conceição  dos  Cardaes  nefta  Corte.  Foy  exem- 
plariffimo  na  obfervancia  regular  com  tal 
cxceíTo,  que  ouvindo  tocar  o  íino  para  a 
Oraçaõ  fe  defpedia  promptamente  das  pef- 
foas  com  quem  eftava  fallando  ainda  que 
foíTem  da  primeira  Jerarchia.  DiíTimulava  os 
aggravos  próprios,  e  encobria  os  defeitos 
alheos.  Todo  o  tempo,  que  lhe  reftava  das 
obrigaçoens  de  Religiofo  o  empregava  na 
liçaõ  dos  livros.  Sobre  alguns  achaques,  que 
padeceo  pelo  efpaço  da  fua  vida  lhe  fobre- 
veyo  huma  febre  catarral,  que  o  obrigou  a 
receber  os  Sacramentos  atè  que  com  os 
olhos  fixos  em  Chrifto  Crucificado  lhe  en- 
tregou o  efpirito  a  12.  de  Julho  de  1689. 
quando  contava  80.  annos  de  idade,  e  62. 
de   Habito.    Compoz 

Epííome  único  da  dignidade  do  grande;  e 
mayor  Minijlro  da  Puridade,  e  da  fua  muita 
antiguidade,  e  excellencia.  Lisboa  por  Joaõ 
da  Cofta.  1666.  4.  Dedicado  ao  Excellentif- 
fimo  Senhor  Luiz  de  Vafconcellos,  e  Sou- 
za Conde  de  Caftello- Melhor  Efcrivaõ,  c 
mayor  Miniftro  da  Puridade  delRey  D.  Af- 
fonfo  VL  &c.  A  efte  livro  intitula  doutij- 
Jimo  o  Beneficiado  Francifco  Leitaõ  Ferreira. 
Mem.  Chronolog.  da  Univ.  de  Coimbra,  pag. 
406. 

Nobiliário  das  Familias  defte  Reyno,  e 
fora    delle.    foi.    5.    vol.  grandes,    os    quaes 


por  fua  morte  com  beneplácito  do  Geral 
Fr.  Affonfo  da  Madre  de  Deos,  do  Provin- 
cial defta  Provincia  Fr.  Joaõ  Bautifta,  e  de 
Fr.  Manoel  da  Cruz  Prior  do  Convento  dos 
Remédios  defta  Corte  fe  entregarão  ao 
Eminentiffimo  Cardeal  de  Lcncaftro  com 
protefto  de  naõ  fahirem  do  feu  jxxler, 
e  fomente  para  o  archivo  do  Tribunal 
do  Santo  Officio. 

Arvore  Genealógica  da  Cav^a  dos  Marque- 
v^es  de  Ni:(a.  Arvore  da  Familia  dos  Meneses 
da  linha  dos  Condes  da  Ericeira.  Deftas  duas 
obras  faz  memoria  o  P.  D.  António  Cae- 
tano de  Soufa  Apparat.  à  Hijl.  Geneal.  da 
Caf.  Keal  de  Portug.  pag.  128.  §.  147.  dizen- 
do. Foy  no  feu  tempo  havido  por  hum  dos 
grandes  Genealógicos,  e  com  grande  eflimaçaÕ  na 
Corte. 

Carta  politica  efcrita  ao  Conde  de  Caftello- 
-Melhor  Privado  delRej  D.  Affonfo  VI.  de 
Portugal.  Começa.  NaÕ  fe  pôde.  Senhor,  negar 
a  natural  fympathia  aos  Afhros.  Acaba.  Tudo 
para  gloria  de  Portugal,  e  admiração  do  mundo, 
idea  dos  vindouros,  credito  do  feu  Kej,  honra  da 
fttó  pátria,  major  luftre  do  feu  fangue.  4.  M.  S. 
Confta  de  222.  paginas.  Sem  o  nome  do 
Author. 

Defenforio  Apologético  da  exijlencia  do  Mo- 
nochato  EJiano  continuado  jure  hareditario  defde 
Elias  feu  Fundador  atè  o  prev^ente  Século,  e  re- 
pojia  às  objeçoens  frívolas  por  impugjtarem  a 
verdade  eflabelecida  com  a  doutrina  dos  Santos 
Padres,  fundada  na  Efcrítura  Santa,  authorida- 
de Pontifícia,  univerfal  fentimento,  e  approvaçaõ 
dos  Doutores  ajftm  Clafftcos,  como  hifioricos,  e 
geral  tradição  confiante  de  feculos  immemoraveis. 
foi.   M.   S. 

Mifcellanea  de  Tratados  Moraes,  e  Hif- 
toricos,  Genealoffcos,  e  Epifiologicos.  foi. 
M.    S. 

Myfticos  dos  Senhores  Rçyx  de  Portugal  re- 
copilados, foi.   M.   S. 

Fragmentos  Hifioricos.  foi.  M.  S. 

Varíos  pareceres  fobre  materías  Genealógicas. 
foi.  M.  S. 

Jardim  de  Portugal,  vida  de  Santas  Por- 
tuguev^as,  mulheres  illujires,  e  virtuofas.  foi. 
M.    S. 

Dos  Ricos  homens,  e  mais  peJftMS  notá- 
veis,   qiu   floreceraõ    em    Hefpanha    depois    de 


L  USITANA. 


259 


i 


fua  KeJiauraçaÕ,  referindo  Jó  as  pejfoas,  qua- 
lidades, e  dignidades,  que  tiveraõ,  e  os  Sé- 
culos em  que  vweraõ,  e  mais  notahilidades, 
que  os  celebrarão.  Ordenado  pelas  letras  do 
A.   B.    C.   4.   M.    S. 

Fr.  FRANCISCO  DOS  SANTOS  natu- 
ral da  Villa  de  Setúbal,  e  ReUgiofo  Profeflb 
da  Ordem  Seráfica  em  a  Provinda  da  ^Ma- 
dre  de  Deos  em  a  índia  Oriental  onde  pela 
fua  conhedda  prudenda  exerdtou  os  luga- 
res de  Prefidente,  e  Meílre  dos  Noviços  no 
Convento  da  Madre  de  Deos  de  Goa  no 
anno  de  1643.  e  de  Definidor  em  o  anno 
de  1646.  No  tempo  que  governava  o  Ef- 
tado  o  Vice-Rey  D.  Miguel  de  Noronha 
Conde  de  Linhares  fuccedeo  o  laítímofo  nau- 
frágio da  Nào  S.  Gonçalo  de  que  era  Ca- 
pitão Femaõ  Lobo  de  Menezes  em  a  Bahia 
chamada  Fermofa  junto  do  Cabo  da  Boa 
Efperança  no  anno  de  1632.  cujo  fucceíTo 
efcreveo  com  eíle  titulo 

Kela^aÕ  diária  da  viagem,  que  fev^  em  a  Náo 
S.  Gonçalo,  e  de  como  infauftamente  fe  perdeo. 
M.   S.  4. 

Da  obra,  como  do  Author  faz  memoria  Fa- 
ria Afia  Portug.  Tom.  3.  Part.  4.  cap.  8.  n.  17. 

FRANQSCO  DOS  SANTOS  natural  de 
Lisboa  filho  de  Rafael  dos  Santos  Meftre  da 
Carreira  da  índia,  e  de  fua  mulher  Maria 
Varella.  ERudou  letras  humanas  no  Colle- 
gio  Pátrio  de  Santo  Antaõ  fendo  Condifd- 
pulo  do  Licendado  Joaõ  Franco  Barreto, 
como  efcreve  na  Bib.  Ljífit.  M.  S.  Deixan- 
do as  efcolas  fe  applicou  à  fabrica  dos  Na- 
vios, e  fahio  nella  taõ  perito,  que  foy  Mef- 
tre na  Ribeira  onde  fe  fabricaõ.  Para  inf- 
truir  perfeitamente  aos  que  quizeíTem  exer- 
dtar  efta  arte  efcreveo  hum  livro  grande 
de  folha,   que  intitulou 

Renautica. 
Nelle  reprefenta  em  varias  eílampas  a  fa- 
brica de  hum  Navio  com  todas  as  partes 
de  que  fe  compõem,  e  os  nomes  de  cada 
pao,  e  os  quintaes  de  pregos,  que  leva, 
como  também  o  linho,  eftopa,  breu,  azeite, 
alcatrão,  chumbo,  e  todos  os  mais  mate- 
riaes  neceíTarios  para  a  fua  conílrucçaõ.  Ul- 
timamente  debuxou   em   cada  folha   os   re- 


tratos dos  Vedores  da  Fazenda  da  diftribui- 
çaõ  dos  Armazéns,  que  ferviraõ  defde  a 
Aclamação  do  Sereniffimo  Rey  D.  Joaõ  o 
IV.  a  quem  dedicou  efte  hvro,  que  mandou 
collocar  na  fua  Real  Bibliotheca. 


FRANCISCO  SARAIVA  natural  de  Bra- 
ga, infigne  profeíTor  de  Medicina  cuja  Arte 
praéHcou  com  grande  feliddade,  e  naõ  me- 
nor fdencia  em  a  fua  Pátria.    Efcreveo 

Difcurfo  Jobre  a  incorruptibilidade  do  cor- 
po do  Arcebifpo  de  Braga  D.  Lourenço  Vi- 
cente, que  morrendo  no  anno  de  1397.^0^  acljado 
incorrupto  a  4.  de  Julho  de  1663. 
Defta  obra,  e  feu  Author  fe  lembra  o 
Licenciado  Jorge  Cardofo  Agiol.  Lufit. 
Tom.  3.  pag.  542.  no  Cõment.  de  4. 
de  Jimho  letr.  L.  onde  lhe  chanu  Medico 
perito. 

FRANQSCO  SARAIVA  DE  SOUZA 
natxiral  da  Villa  de  Trancofo  do  Bifpado 
de  Vifeu  em  a  Provinda  da  Beira.  Appli- 
cou-fe  em  a  Univerfidade  de  Coimbra  à  Fa- 
culdade dos  Sagrados  Cânones  em  que  re- 
cebeo  o  grào  de  Licenciado.  A  fua  Litte- 
ratura  acompanhada  de  procedimento  incul- 
pável o  fez  digno  de  fer  Parocho  de  N. 
Senhora  dos  Martyres  de  Lisboa,  e  Con- 
feíTor  das  Religiofas  do  Seráfico  Convento 
de  Santa  Martha  da  mefma  Qdade.  Foy 
muito  veríado  na  Theologia  Myílica,  e  na 
lição  dos  Santos  Padres.    Compoz 

Báculo  Pafioral  de  flores  de  exemplos  colhi- 
dos de  varia,  e  authentica  bifioria  ejpiritual  Jo- 
bre a  doutrina  Cbriftãa.  Dedicado  ao  SereniJJimo 
Senhor  D.  Theodojio  II.  defte  mme  Duque  de 
Bragança.  Lisboa  por  Pedro  Craesbeeck. 
1624.  4.  &  ibi  por  Henrique  Valente  de 
Oliveira.  1657.  4*  Acrecentado  com  o  Auto 
de  Contrição  compofto  |X)r  Fr.  Francifco  de 
Azevedo  Cõmiílario  da  Ordem  Terceira  do 
Carmo,  e  com  a  Hiftoria  do  Purgatório  de 
S.  Patrido.  Lisboa  por  António  Rodrigues 
de  Abreu.  1676.  4.  &  ibi  por  Joaõ  Gal- 
raõ.  1682.  4.  &  ibi  pdo  dito  ImpreíTor- 
1690.  4.  &  ibi  por  António  Pedrozo  Galraõ. 
1698.  4.  &  ibi  pelo  dito  ImpreíTor.  1708. 
e    1719.   4. 


2Ó0 


BIBLIO THECA 


Parte  fegunda.  Lisboa  por  António  Pe- 
drozo  Galraõ.  1708.  4. 

Soneto  em  applaufo  de  Ga/par  Pinto  Corrêa 
Author  do  Livro  intitulado  luiayma  LjíJí- 
tanorum.  ImpreíTo  no  principio  deíla  obra. 
UlyíTipone  apud  Petrum  Crasbeeck.   161 3.  8. 

FRANaSCO  DE  SERQUEIRA  natu- 
ral da  Villa  de  Amarante  Cavalleiro  Pro- 
feflb  da  Ordem  Militar  de  S.  Tiago  fi- 
lho de  Miguel  Q)rrea,  e  Pay  do  Dou- 
tor Gafpar  Serqueira  Coelho  de  quem  fe 
fará  mençaõ  em  feu  lugar.  Eftudou  as 
Leys  Imperiaes,  e  os  Cânones  Eccleíiaf- 
ticos  nas  celebres  Univeríidades  de  Sala- 
manca, e  Pariz,  onde  recebeo  o  grào  de 
Doutor  em  ambas  eftas  Faculdades.  Foy  in- 
figne  Poeta  affim  Latino  como  vulgar,  mui- 
to inclinado  à  Mufica,  que  pradtícou  com 
fumma  perfeição,  e  tocou  vários  inftrumen- 
tos  com  igual  deílreza,  que  confonancia. 
PaíTou  á  índia,  e  depois  de  fe  diílinguir  em 
diverfos  combates  com  os  inimigos  do  Ef- 
tado,  morreo  deixando  do  feu  nome  glo- 
riofa  memoria.  Compoz,  e  reduzio  a  hum 
volume 

Poejias  varias.  M.  S.  4. 

Fr.  FRANCISCO  DA  SILVA  naceo  no 
lugar  da  Telha  do  Patriarchado  de  Lisboa 
no  anno  de  1583.  fendo  filho  de  Pedro  Cor- 
rêa da  Sylva,  e  D.  Antónia  Jozefa  de  Mi- 
randa de  igual  nobreza  à  de  feu  Conforte. 
Na  florente  idade  da  adolefcencia  deixou  as 
delicias  da  Cafa  paterna,  e  fe  recolheo  ao 
Clauftro  do  Convento  do  Carmo  cujo  Inf- 
tituto  profeíTou  a  5.  de  Outubro  de  1603. 
Sahindo  confumado  nas  fciencias  efcolaíU- 
cas  as  diftou  no  CoUegio  de  Coimbra,  e 
Convento  de  Lisboa  com  grande  credito 
do  feu  magifterio,  e  na  Univerfidade  de  Évo- 
ra fe  graduou  Doutor  na  Faculdade  Theo- 
logica  a  19.  de  Mayo  de  1624.  fendo  o  pri- 
meiro Regular,  que  nefta  Academia,  exce- 
tuando  os  Padres  Jefuitas,  recebeo  as  infi- 
gnias  doutoracs.  Foy  taõ  grande  Pregador, 
como  profundo  Theologo,  naõ  havendo  Jun- 
ta de  Letrados  para  decifaõ  de  matérias  gra- 
viífimas  à  qual  naõ  foíTe  chamado  por  fcr 
fempre  o  feu  voto  regulado  pelos  diâames 


de  huma  conciencia  timorata.  Entre  a  feve- 
ridade  dos  eftudos  mayores  cultivou  os  Cam- 
pos do  Parnaíío  fendo  hum  dos  Poetas  mais 
difcretos  do  feu  tempo,  e  como  tal  o  louva 
Jacinto  Cordeiro  EJog.  dos  Poet.  Ijifit.  Ef- 
tanc.    yi. 

"Pray  Franâfco  da  Sylva  illufire  enfena 
Quando  con  pico  de  oro  el  gujlo  amaga 
Que  a  muchos  Cifnes  con  rafon  defdena 
Y  a  muchos  gujlos  eloquente  paga. 
Que  humano  entendimiento  nò  de/pena 
Si  en  divinos  conceptos  nos  propaga 
Copias  de  injigne  Jangre  en  los  cõceptos 
Rayo  de  admiracion  para  difcretos. 

Nos  lugares,  que  occupou  na  Religião  deu 
claros  argumentos  da  prudência  do  juizo, 
e  magnificência  de  animo,  pois  fendo  ele5rto 
Prior  do  Convento  de  Lisboa  em  2.  de 
Fevereiro  de  1625.  mandou  lagear  a  Capella 
mòr,  e  plantar  o  jardim,  que  orna  ao  Clauf- 
tro.  Em  13.  de  Mayo  de  1628.  fubio  ao  lu- 
gar de  Provincial,  e  chegando  nefte  tempo 
a  noticia  de  eftar  Canonizado  pela  Santidade 
de  Urbano  VIIL  Santo  André  Corfini  Bif- 
po  de  Fefoli  a  celebrou  com  as  demonf- 
traçoens  de  pompa  da  qual  ainda  perma- 
nece a  memoria.  Quando  os  feus  mereci- 
mentos eraõ  acredores  de  grandes  dignida- 
des falleceo  de  huma  enfermidade  maligna 
a  12.  de  Agofto  de  1633.  com  49.  annos, 
e  8.  mezes  de  idade.  Na  fua  fepultura  fe 
lhe    gravou   efte    Epitáfio 

Aqui  jav^  o  M.  R.  P.  M.  Fr.  Francifco 
da  Sylva  Prior,  que  foy  defle  Convento,  e  Pro- 
vincial defla  Provinda,  Keligiofo  em  feus  tempos 
infixe  em  'Letras,  e  Púlpito.  Falleceo  em  12. 
de  Agojlo  de  1633. 
Deixou  promptos  para  a  Imprcflaõ 

Sermoens  vários.  Confta  de  Domingas  do 
Advento,  Quarefma,  e  outros  aíTumptos  Pa- 
negyricos.  Confervaõ-fe  na  Livraria  do 
Convento  de   Lisboa. 

Delle  fazem  memoria  Carvalho  Corog.  Por- 
tug.  Tom.  3.  liv.  2.  Trat.  8.  cap.  47.  pag.  632.  c 
Fr.  Manoel  de  Sà  Mem.  Hijl.  dos  Efcrit.  do  Carm. 
da  Prov.  de  Portug.  pag.  166.  n.  236.  até  241. 

FRANCISCO  DA  SYLVA  natural  da 
Gdade      de      Bragança    em     a      Provinda 


L  usitana: 


261 


Tranfmontana  igualmente  douto  na  liçaõdos 
Filofofos  antigos,  e  Santos  Padres,  como  nas 
difdplinas    mathematicas.     Efcreveo 

Opujculo  da  Infanda,  e  puerícia  dos  Prin- 
àpes.  Lisboa  por  Paulo  Craesbeeck.  1644.  4. 
He  louvado  por  D.  Franc.  Man.  Carta  dos 
AA.  Portug.  e  Joaõ  Soar.  de  Brito  Tbeatr. 
Lufit.  LJtter.  lit.  F.  n.  81. 


FRANaSCO  DA  SYLVEIRA  Coudel 
mòr,  e  Claveiro  da  Ordem  Militar  de  Qirif- 
to.  Senhor  da  Cafa  de  Sarzedas,  e  do  G^n- 
felho  delRey  D.  Joaõ  o  IH.  filho  de  Fer- 
não da  Sylveira  Senhor  de  Sarzedas,  e  Re- 
gedor da  Cafa  da  Supplicaçaõ,  e  de  D.  Iza- 
bel  Henriques  filha  de  D.  Fernando  Hen- 
riques Senhor  das  Alcáçovas,  e  D.  Branca 
de  Souza.  Foy  verfado  em  todo  o  género 
de  erudição  principalmente  na  Poefia  he- 
róica, e  lyrica  deixando  muita  copia  de  ver- 
fos  taõ  elegantes,  como  conceituofos,  dos 
quaes  fe  publicarão  alguns  no  Cancioneiro 
de  Garcia  de  Refende  impreíTo  em  Lisboa 
por  Herman  de  Campos  15 16.  a  foi.  2. 
4.  7.  87.  88.  157.  verf.  162.  verf.  atè  168. 
Militou  na  índia  com  grande  fama  de  vale- 
rofo  fendo  Capitão  de  Chaul,  Dio,  e  So- 
fala.  Foy  cazado  com  D.  Margarida  de  No- 
ronha filha  de  D.  Joaõ  de  Noronha  o  dentes, 
e  de  D.  Joanna  de  Caílro  herdeira  do  Con- 
dado de  Monfanto.  Delle  faz  memoria  D. 
Luiz  de  Salazar  e  Caibro  Hijl.  Geneal.  de  la 
Cas^a  de  Sylv.  liv.  9.  cap.  4.   n.    18. 


P.  FRANCISCO  SOARES  chamado  no 
Século  Frandfco  Soares  de  Alarcão  teve 
por  Pátria  a  Villa  de  Torres  Vedras  do 
Patriarchado  de  Lisboa,  e  por  Progenitores 
a  Joaõ  Soares  de  Alarcão,  e  MeUo  fet- 
timo  Alcayde  mòr  de  Torres  Vedras,  Se- 
nhor deíb.  Cafa,  e  de  Villa  de  Rey,  Meítre 
Sala  da  Cafa  Real,  Comendador  de  S.  Pe- 
dro de  Torres  Vedras  da  Ordem  de 
Chrifto,  e  a  D.  Izabel  de  Caibro,  e  Vi- 
lhena, irmãa  de  D.  Jorge  Mafcarenhas  pri- 
meiro Marquez  de  Montalvão.  Ainda  naõ 
tinha  completos  quatorze  annos  quando  com 
refoluçaõ    mayor,    que    a    idade    recebeo    a 


Roupeta  da  Companhia  de  JESUS  na  Cafa 
ProfeíTa  de  S.  Roque  a  5.  de  Fevereiro  de 
16 19.  Pela  intempeíUva  morte  de  feu  ir- 
mão mais  velho  D.  Martinho  Soares  de 
Alarcão  fuccedida  em  Tange  re  no  anno  de 
1623.  fuccedeo  no  opulento  Senhorio  da 
fua  Cafa,  e  pofto  que  foy  importunado  com 
repetidas  inflancias  para  que  deixando  a  Re- 
ligião vieíTe  adminiílrar  taõ  nobre  patrimó- 
nio o  defprezou  heroicamente  nomeando  pa- 
ra SucceíTor  delle  a  feu  irmaõ  menor  Joaõ 
Soares  de  Alarcão,  que  foy  Marquez  do 
Trocifal,  e  Conde  de  Torres  Vedras.  Apren- 
deo  as  letras  humanas  no  Collegio  de  Coim- 
bra em  que  tanto  fe  diftinguio  o  feu  vivo 
engenho,  ou  folTe  no  eítílo  Poético,  ou  Ora- 
tório, que  fempre  alcançou  o  primeiro  pre- 
mio entre  os  feus  Competidores.  Quando 
diâou  Humanidades  no  Collegio  de  Lisboa 
defendeo  duas  celebres  Conclufoens  fendo 
o  aííumpto  das  primeiras  Septem  orhis  mira- 
cula, e  das  fegxmdas  Novem  Roma  Heroes, 
que  lhe  conciliarão  naõ  pequeno  applaufo 
pelo  artificio  com  que  eílavaõ  cõpoftas.  Naõ 
foy  menor  o  progreífo,  que  a  fua  compre- 
henfaõ  fez  nas  fdencias  feveras  lendo  Filo- 
fofia,  e  Theologia  atè  jubilar  na  Cadeira  de 
Prima  em  o  Collegio  de  Coimbra,  onde  os 
Cathedraticos  da  Univerfidade  ProfeíTores  da 
Jurifprudenda  Canónica,  e  Qvil  fe  admiravaõ 
da  promptidaõ  com  que  repetia  qualquer  texto, 
que  lhe  opunhaõ.  Nos  aftos  litterarios  nunca 
tranfcendeo  os  Limites  da  modeília,  antes 
quando  era  infultado  por  algum  arguente  in- 
difcreto  fempre  confervou  o  animo  inalte- 
rável. Depois  de  illuíbar  a  Coimbra  com  as 
fuás  letras  paííou  à  Univerfidade  de  Évora  a 
fer  Lente  de  Prima  onde  recebeo  o  grào  de 
Doutor  a  6.  de  Junho  de  165  5.  e  foy  Qualifica- 
dor do  Santo  Officio.  Duas  vezes  eíleve  prezo 
por  fofpeita  de  inconfidência  procedida  de  feu 
irmaõ  ter  paíTado  para  Caílella  com  outros 
Fidalgos  no  tempo,  que  Portugal  aclamou 
por  feu  legitimo  Soberano  a  ElRey  D.  Joaõ 
o  rV.  e  de  ambas  eftas  duas  occafioens  fahio 
mais  purificada  a  fua  innocencia,  e  manifeíla 
a  fua  fidelidade.  Foy  ornado  de  todas  as  vir- 
tudes religiofas  fendo  humilde,  compaíTivo, 
modefto,  penitente,  e  charitativo.  Supplicou 
com    repetidas    inflancias    ao    Geral    Mucio 


202 


BIB  LIO  THE  CA 


Vitellefchi  a  faculdade  para  pregar  as  ver- 
dades Evangélicas  em  o  Japaõ,  de  cuja  fup- 
plica  nunca  alcançou  o  dezejado  defpacho. 
Ao  tempo  que  era  Reytor  do  CoUegio  de 
Évora  ordenou  a  SereniíTima  Raynha  Regen- 
te D.  Luiza  Francifca  de  Gufmaõ,  que  os 
Eíhidantes  daquella  Univerfidade  foflem  pre- 
íidiar  a  Praça  de  Jurumenha  por  fer  pre- 
cifo  foccorrer  Elvas,  que  eftava  reduzida  ao 
ultímo  perigo  pelas  armas  Caftelhanas.  Re- 
folveo-fe  no  Clauftro  da  Univerfidade,  que 
acompanhafle  o  Reytor  aos  Eftudantes,  o 
qual  chegando  a  Jurumenha  recebeo  a  feliz 
noticia  de  eftar  libertada  Elvas  com  igual 
gloria  dos  Portuguezes,  que  fatal  deftroço 
dos  Caílelhanos.  Depois  de  ter  entrado  nef- 
ta  Cidade  para  applaudir  taõ  infigne  vitoria, 
voltou  para  Jurumenha  onde  a  tempo,  que 
eftava  aíTiftindo  a  hum  enfermo  com  os  Pa- 
dres Diogo  de  Alfaya  Lente  da  Univer- 
fidade,  e  Diogo  Cardofo  foraõ  arrebatados 
com  cem  Eftudantes  pela  violência  do  fogo, 
que  cafualmente  fe  ateou  em  huns  barriz 
de  pólvora,  que  eftavaõ  em  huma  cafa  infe- 
rior do  Governador  da  Praça,  cuja  laftimofa 
fatalidade  fuccedeo  a  19.  de  Janeiro  de  1659. 
Entre  os  eftragos,  que  fez  o  incêndio,  foy 
achado  hum  fragmento  do  corpo  do  P. 
Francifco  Soares  conhecido  pelo  finete  do 
lugar  de  Reytor,  que  tinha  em  a  algibei- 
ra, onde  também  fe  viraõ  o  cilicio,  e  dif- 
ciplinas  com  que  macerava  o  corpo.  Efte 
foy  o  trágico  fim,  que  teve  a  vida  defte 
Varaõ  Religiofo  digna  certamente  de  mayor 
duração,  cuja  memoria  celebrarão  diverfas 
pennas  como  faõ  Fr.  Franc.  à  D.  Aug.  Ma- 
ccd.  Secmd.  fent.  Collat.  difFer.  2.  fe£l.  5. 
infigni  Magijlro,  magío  Soario,  Ji  vivere  conti- 
pffet  diutius,  haud  impari,  ut  opinor,  futuro. 
Fr.  Ant.  Corrêa  Vid.  do  V.  Ant.  da  Cone. 
Part.  3.  cap.  3.  de  quem  a  Sagrada  Companhia 
de  JESUS  dignamente  fe  pôde  gloriar.  D.  Franc. 
Manoel  Cart.  dos  A  A.  Portug.  ao  Dou- 
tor Themudo.  Francifco  Soares,  que  nas  le- 
tras, como  no  nome  he  huma  viva  imitação 
do  primeiro.  Bib.  Societ.  pag.  254.  Fuit  vir 
omnihus  plane  numeris  ahfolutus,  clarus  ge- 
nere,  litteris  eruditus,  ad  gubemandum  natus. 
Joan.  Soar.  de  Brit.  Theatr.  l^fit.  Ut- 
ter.    lit.    F.    n.    77.    Sed   longe    major    viro 


pietas,  prudentia,  ó^  morum  comitas,  nec  minor 
in  adverfis  conflantia.  Franco  Imag.  da  Virtud. 
em  o  Nov.  de  Lisboa  liv.  3.  cap.  48.  n.  i. 
Gravijftmo  Padre,  e  Doutor  Sapientijftmo,  &  in 
Ann.  Glor.  S.  J.  in  Ljifit.  pag.  33.  In  Ma- 
gifierijs-  nihil  ac  pralarius  opinio  par  fapientia, 
ingenium,  acumen,  <&  memoria  prafiantijftma,  & 
in  Annalib.  S.  J.  in  Ljifit.  pag.  232,  n.  4. 
domo,  an  virtute  illuflrior,  aut  certe  utraque  il- 
lujlrijftmus :  nihil  in  eo  humile.  Soar.  de  Alar- 
cão. Kelaç.  Geneal.  de  la  Cafa  de  los  Marq. 
do  Trocif.  pag.  385.  col.  2.  Nicol.  Ant,  Bib. 
Hifp.  pag.  245.  col.  I.  chamando-lhe  por 
equivocaçaõ  Diogo.  Fonfeca  Evor.  Gloriof. 
pag.  431.    Compoz 

Curfus  Philofophicus  in  quattuor  Tomos  dif- 
tributus,  quorum  primus  comprehendit  L/)ffcam. 
Secundus  Phjficam,  de  Calo,  Meteora,  (&  libros 
de  parvis  naturalibus.  Tertius  de  Generatione,  €>• 
de  anima.  Quartus  Methaphy ficam.  Conimbricac 
Typis  Pauli  Craesbeeck.  i6ji.  foi.  2.  Tom. 
&  Eborac  T5^is  Academix  1669.  foi.  2. 
Tom. 

Traãatus  de  Panitentia.  Eborac  Typis  Aca- 
demiae  1678.  foi. 

De  Cenfuris  Ecclefiaflicis,  <&  Bulia  Cana. 
M.   S.  foi. 

Commentaria  in  Primam  Partem  D.  Tbo- 
ma.   M.    S.    foi. 

Eftas  duas  obras  eftavaõ  promptas  para  a 
ImpreíTaõ  como  afirmaõ  a  Bib.  Societ.  pag. 
254.  e  Franco  Imag.  da  Virtud.  em  o  No- 
viciad.  de  Lisboa,  pag.   968.  c  969. 


FRANCISCO  SOARES  FEYO  Medico 
do  partido  delRey  em  a  Univerfidade  de 
Coimbra,  e  taõ  perito  na  praélica,  como  na 
efpeculaçaõ  defta  Faculdade  Compoz 

Tratado  do  Scrubuto,  a  que  o  vulgo  chama 
mal  de  Loanda.  Lisboa  por  Manoel  Gomes 
de  Carvalho.    1649.  4- 

Tratado  de  como  fe  devem  abrir  as  fontes, 
e  da  enfirmidade  do  bicho.  Sahiraõ  impreflbs 
eftes  Tratados  no  fim  da  KecopilaçaÕ  da  C,$ir- 
ffa  compofta  por  António  da  Cruz.  Lisboa 
por  Manoel  Carvalho.  1645.  4-  &  ibi  por 
António  Craesbeeck.  de  Mello.  1669.  4.  & 
ibi  por  Miguel  Deslandes.  1688.  4.  &  ibi 
por  Bernardo  da  Cofta  de  Carvalho.  171 1.  4. 


L  US  ITAN  A. 


2Ó3 


Do  Author  fe  lembraõ  Joan.  Soar.  de  Bri- 
to Tbea/r.  Lufif.  Utterat.  lit.  F.  n.  78.  e 
D.  Franc.  Manoel  Carta  dos  AA.  Portug. 
ao  Doutor  Themudo. 

FRANaSCO  SOARES  TOSCANO  na- 
tural da  Cidade  de  Évora  onde  fe  applicou 
às  letras  humanas,  e  Filofofia  em  que  fahio 
egregiamente  verfado,  naõ  o  fendo  menos 
em  a  liçaõ  da  Hiíloria  Sagrada,  e  Profana 
como  manifefta  a  obra  feguinte,  que  ef- 
creveo  em  applaufo  dos  Heroes,  que  pro- 
duzio  o  noíTo  Reyno 

Paraíielos  de  Príncipes,  e  Varoens  illufires 
antigos,  e  que  muitos  da  noffa  Na^aÕ  Por- 
tuguesa fe  ajemelharaõ  em  fuás  obras,  ditos, 
e  feitos  com  a  origem  das  Armas  de  al- 
^tmas  Familias  defle  Reyno.  Dedicado  a  D. 
Tbeodojio  11.  do  nome,  e  fetimo  Duque  de 
Bragança.  Évora  por  Manoel  Carvalho.  1623. 
4.  Sahio  fegimda  vez  impreíTo.  Lisboa  na 
Oíficina  Ferreiriana.  1755.  4.  com  o  addita- 
mento  de  6c.  Parallelos  compoftos  pelo  Ex- 
cellentiíTimo  Conde  da  Ericeira  D.  Frandfco 
Xavier   de    Menezes 

Theatro  LMJitano.  Deíla  obra  a  que  fe 
refere  no  cap.  16.  25.  39.  81.  e  150. 
fallando  no  Prologo  dos  Parallelos  diz 
eílas  palavras.  Quando  fahir  à  lus^  onde 
com  o  favor  de  Deos  efpero  fat(er  bum  bom 
ferviço  à  nobreza  defle  Reyno  apurando,  e  or- 
denando-lbe  por  exemplos  as  coufas  meus  notá- 
veis delle  em  forma,  que  efcu^em  hufcallos  nou- 
tras biflorias,  nem  tenhaõ  inveja  às  dos  outros 
Reynos  da  Europa. 

Do  feu  nome  fazem  honorifica  mençaõ 
Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  368. 
col.  2.  Joan.  Soar.  de  Brito  Theatr.  iMfit. 
Utter.  lit.  F.  n.  79.  Franckenau  Bib.  Hifp. 
Gen.  Herald,  pag.  146.  n.  83.  chamando-lhe 
antiquitatum,  bifloriarumque  pátria  fedulus  in- 
vefligator.    e    Fonfec.    Bjvor.    Glor.    pag.  412. 

D.  Fr.  FRANQSCO  SOARES  DE 
VILHEGAS  naceo  em  a  Cidade  de  Lis- 
boa fendo  filho  de  Bernardo  Drago,  e 
Francifca  Soares  de  Villas-Boas.  No  Cõven- 
to  de  Villa  de  Moura  primogénito  da 
Provinda  Carmelitana  nefte  Reyno  rece- 
bco  o  Habito  a  22.   de  Outubro  de   16 10. 


onde  profeíTou  folemnemente  a  24.  do  dito 
mez  do  anno  fegviinte.  Eftimulado  de  naõ 
fer  admitido  ao  Curfo  da  Filofofia;  ou  im- 
pellido  da  fortuna,  que  benévola  o  convi- 
dava em  Paiz  eítranho  deixou  a  Pátria,  e  na 
Univerfidade  de  Alcalà  eíhidou  Artes  donde 
paflando  a  de  Bordevx  em  o  anno  de  161 5. 
fe  applicou  à  Theologia  efpeculativa  com 
tanto  applaufo  do  feu  nome,  que  recebido 
o  grào  de  Doutor  a  10.  de  Dezembro  de 
1624.  foy  Lente  de  taõ  fublime  Faculdade, 
como  de  Filofofia  nefta  florentiffima  Univer- 
fidade. No  Capitulo  celebrado  em  Roma  a 
18.  de  Mayo  de  1625,  em  que  fahio  eleyto 
Geral  Fr.  Gregório  Canal  defendeo  humas 
Conclufoens  de  Theologia  Pofitiva  compof- 
tas  fobre  o  primeiro,  e  decimo  Capitulo  das 
Profecias  de  Ezechiel  cuja  fuftentaçaõ  ad- 
mirou a  todos  os  expeâadores  daqueUe  aâo 
litterario.  Chegando  à  noticia  da  SereniíTima 
Raynha  de  França  D.  Anna  de  Auílria  a 
profundidade  das  fuás  letras  o  nomeou  feu 
Pregador  no  anno  de  1644.  cujo  minifterio 
como  o  de  feu  Confelheiro  comfirmou  p>or 
Alvará  expedido  a  20.  de  Março  de  1648. 
o  Chriítíaniírimo  Monarcha  Luiz  XIV.  Efte 
Príncipe  o  propoz  à  Santidade  de  Innocen- 
cio  X.  para  Bifpo  de  Memfiz,  ou  graõ  Cairo 
fendo  Sagrado  em  Roma  no  Convento  do 
Carmo  de  Santa  Maria  Tranfpontina  a  21.  de 
Dezembro  de  1649.  pelo  Eminentiflimo  Car- 
deal D.  Juho  Roma  Bifpo  Portuenfe.  Por 
mercê  delRey,  e  faculdade  do  Pontífice  teve 
huma  penfaõ  de  mil  e  quatro  centas  livras 
Francezas  no  Deado  de  S.  Martinho  Turo- 
nenfe.  Tanto,  que  chegou  ao  feu  Bifpado 
o  nomeou  Innocencio  X.  Legado  Apoílo- 
lico  na  Etiópia,  e  depois  de  ter  exercitado 
eíle  honorifico  lugar  com  prudência,  e  re- 
gido o  Bifpado  com  vigilância,  voltou  a 
Roma  donde  paífando  a  França,  e  renun- 
ciando a  dignidade  Epifcopal  lhe  deu  Luiz 
o  Grande  huma  grofla  penfaõ  a  18.  de  Abril 
de  1662.  em  o  Bifpado  de  Rhodes  quando 
a  elle  foy  aíTumpto  o  lUuíbáíTimo  Luiz  Abely 
bem  conhecido  pela  fua  grande  erudição. 
Tendo  chegado  á  idade  de  70.  annos  acabou 
a  vida  em  a  Gdade  de  Pariz  a  17.  de  Abril 
de  1664.  Jaz  fepultado  no  meyo  do  Co- 
ro   do    Convento    do    Carmo    da    mefoia 


2Ó4 


BIB  HOTHEC  A 


Cidade  íituado  na  Praça  de  Manbert.  Fa- 
zem mençaõ  deíle  Prelado  F.  Dan.  à  Virg. 
Mar.  Specul.  Carmel.  Tom.  2.  part.  5.  lib. 
3.  pag.  921.  n.  3218.  e  pag.  1083.  n. 
3800.     Cafanate     Parad.     Carm.     Dec.     Stat. 

5.  iEft.  18.  cap.  171.  p.  492.  Fr.  Pan- 
tal.    Baptiíl.    Kamlbet.    Efpirit.    liv.    5.    cap. 

6.  pag.  412.  n.  16.  Vinea  Carmeli  Part. 
•6.  cap.  7.  pag.  523.  n.  932.  Nic.  Ant. 
Bih.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  297.  col.  2. 
onde  por  equivocaçaõ  o  chama  Fernando  e 
pag.  368.  col.  2.  Joan.  Soar.  de  Brito 
Theatr.  Lufit.  Utter.  lit.  F.  n.  80.  Car- 
valho Corog.  Portug.  Tom.  3.  liv.  2.  Trat. 
8.  cap.  47.  pag.  624.  Fr.  Manoel  de  Sà 
Mem.  Hiji.  dos  Hfcrit.  do  Carm.  da  Prov. 
Je  Portug.  pag.  170.  n.  242.  atè  245.  D. 
Manoel  Caet.  de  Souf.  Cathal.  Hijlor.  dos 
Pontif.    e   Bi/p.    Portug.    pag.    151.     Compoz 

Epilogus  unwerfa  Dialeãica  quas  Sumulas 
vulgo  dicunt.  Burdigalae  apud  Simonem  Mil- 
langium.   1622.  4. 

Jardin  Sacre  du  Lauvre.  Paris  ches  An- 
toine  Robinot.   1643.   i^* 

Oraifon  fúnebre  ai'  augufte  memoire  de  JLouys 
Je  Jujle  1}.  du  nom  três  Chrejlien  Roj  de  F ran- 
ce ç!^  de  Navarre  prononciè  dans  VEgliJe  du 
ff-and  Convent  des  Carmes  de  Paris  /<?  25.  ]uin 
1643.  Paris  por  Cláudio  Marette  1643.  4. 
Foy  mandada  imprimir  efta  Oraçaõ  por  or- 
dem delRey  Chriílianiflimo  Luiz  XIV. 

Myjlerij  pacis  <&  Chriftiana  concorda  vo- 
tiva Tabeliã  Theologica  adumbrati  interpreta- 
do, <ò'c.  Romíe  per  Híeredes  Corbelleti. 
1645.  4-  He  huma  congratulação  ao  Pon- 
tifice  Innocencio  X.  à  paz  celebrada  entre 
França,  e  Caílella  fobre  hum  Emblema  aber- 
to em  huma  eílampa,  e  explicado  em  Profa, 
«  Verfo. 


FRANCISCO  DE  SOUZA  Poeta  in- 
íigne  em  o  Reynado  delRey  D.  Manoel 
igualmente  illuílre  pelo  nacimento  que  pe- 
lo engenho  efcrevendo  grande  copia  de 
Verfos  dos  quaes  alguns  fe  lem  impref- 
fos  defde  folha  213.  verf.  atè  21  j.  do 
Cancioneiro  geral  de  Garcia  de  Refende. 
Lisboa  por  Herman  de  Campos  1516. 
foi. 


FRANQSCO  DE  SOUZA  natural  de 
Lisboa  donde  paflando  à  Univeríidade  de 
Coimbra  fe  aplicou  ao  eftudo  da  Jurifpni- 
dencia  Cefarea,  da  qual  teve  por  Meílre  ao 
celebre  Cathedratico  Ruy  Lopes  da  Veiga, 
que  diftou  efta  Faculdade  defde  o  anno  de 
1569.  atè  1398.  Com  a  doutrina  de  taõ  in- 
íigne  Jurifconfulto  fahio  profundamente  dou- 
to nas  dificuldades  de  hum,  e  outro  Di- 
reito por  fer  dotado  de  perfpicaz  engenho, 
e  feliz  memoria.  Deixando  a  Pátria  paíTou 
a  Flandes,  e  na  Cidade  de  Bruxellas  exer- 
citou o  Offido  de  Advogado  Fifcal  com 
geral  credito  da  fua  litteratura  atè  que  em 
Florença  onde  deixou  grande  opinião  do 
feu  talento  acabou  a  vida.  Nicol.  Ant.  Bib. 
Hifp.  Tom.  I.  pag.  366.  col.  i.  e  Joan.  Soar. 
de  Brito  Theatr.  Ljíjit.  Utter.  lit.  F.  n.  73. 
fazem  mençaõ  da  obra  feguinte  que  publicou 

Repetitiones  ad  L.  Faminam  ff.  de  reffdlis 
Júris.  Ad  §.  Aãionum  Injlit.  de  Aãionibus,  €>* 
Cõment.  ad  Tit.  ff.  de  pa£iis.  Antuerpiae  apud 
Hyeronimum  VerduíTen.  161 8.  foi.  &  ibi 
apud  Guillielmum  de  Tongris  1625.  foi.  & 
Matriti  ex  Typ.  Regia.  1626.  Dedicado  a 
D.  Joaõ  Affonfo  Pimentel  Conde  de  Bena- 
vente. 

FRANQSCO  DE  SOUZA  natural  da 
Cidade  do  Funchal  Capital  da  Ilha  da  Ma- 
deira, e  nella  Feitor  delRey,  muito  curiofo 
da  liçaõ  da  Hiftoria,  e  naõ  menos  invefliga- 
dor  das   Antiguidades,   cfcreveo. 

Tratado  das  Ilhas  novas,  e  defcobrimento 
delias,  e  outras  coufas,  e  afft  fobre  a  gente  da 
Naçaõ  Portuguev^a,  que  eflà  em  huma  graÕ  liba, 
que  nella  foraÕ  ter  no  tempo  da  perdição  de  Ef- 
panha,  que  ha  tre:^entos,  e  tantos  annos  em  que 
reynava  ElRey  D.  Rodrigo,  e  dos  Portuffde^es, 
que  foraÕ  de  Viana,  e  das  Ilhas  dos  Affores  a 
povoar  a  terra  nova  do  Bacalhao  vay  em  fetenta 
annos,  de  que  fuccedeo  o  que  adiante  fe  trata, 
anno  do  Senhor  de  1570.  foi.  M.  S.  Conferva- 
-fe  na  Bibliotheca  do  ExcellentiíTimo  Mar- 
quez de  Abrantes.  Começa.  Ouve  em  tempos 
antigos  nas  Efpanbas  huma  taÔ  ff  ande  feca,  ^c. 

Fr.  FRANCISCO  DE  SOUZA  natu- 
ral  da   Gdade   de   Faro   cm  o   Rcyno    do 


L  USITANA. 


265 


Algarve  filho  de  Jeronymo  de  Souza  Sar- 
gento mòr  da  meíina  Gdade,  e  de  D.  Izabel 
Monteira,  e  irmaõ  de  Qiriílovaõ  Peres  de 
Souza  Secretario  da  Meza  da  G^ncienda. 
Tendo  profeíTado  o  Inftituto  Seráfico  em  a 
reformada  Provinda  da  Piedade  fe  incorpo- 
rou em  a  Obfervante  de  Portugal  onde  af- 
fim  no  Púlpito,  como  na  Cadeira  foy  admi- 
rado o  feu  talento.  Ao  tempo  que  occupa- 
va  o  lugar  de  Cuílodio  da  Provinda  o  cha- 
mou o  ReverendiíTimo  Fr.  Bernardino  de 
Sena  para  Secretario  Geral  da  Ordem  em 
cujo  lugar  fe  fez  taõ  eítímavel  pela  fua  pru- 
dência, e  capaddade  que  uniformemente  foy 
preconizado  ComiíTario  Geral  da  Familia  Cif- 
montana  por  todos  os  Capitulares  que  ef- 
tavaõ  juntos  para  cdebrar  o  Capitulo  Ge- 
ral em  ValhadoUd  no  anno  de  1633.  Po- 
rém deíle  lugar  para  o  qual  o  habilitara  o 
feu  merecimento  o  privou  o  artifido  am- 
bidofo  de  outro  Capitxilar  que  nelle  fahio 
provido.  Penetrado  defte  fucceíTo  fe  reco- 
Iheo  a  Portugal  onde  foy  Definidor  no  an- 
no de  165 1.  e  Confeflbr,  e  Vigário  das  Re- 
Ugioías  do  Real  Mofteiro  de  Santa  Clara 
de  Lisboa  em  o  anno  de  1654.  O  P.  Fr. 
Fernando  da  Soled.  Hi^.  Seraf.  da  Prov.  de 
Portug.  Part.  5.  liv.  3.  cap.  40.  lhe  chama 
injigne  Jogeito,  e  que  ainda  hoje  tem  nejla  Pro- 
vinda glorio/a  fama.    Compoz 

Oratio  habita  in  Comitiis  generalihus  Or- 
dinis  Minorum  celebratis  Vallifoleti  anno  1633. 
M.  S.  4. 

As  memorias  deíle  Capitulo  lhe  fazem  o  fe- 
guinte  Elogio.  Ocupava  el  médio  un  Púlpito 
donde  Juntos  ya  todos  los  vocales,  e  ávida  la 
bendicion  de  fu  Ilufirijfima  grave,  e  eloquentemente 
oro  en  latin  el  muy  R.  P.  Fray  Francifco  de 
Sow(a  Qualificador  de  la  Suprema,  Cujlodio  de 
la  Santa  Província  de  Portugal  y  Secretario  Ge- 
neral de  Efpaiia,  la  exortacion  ál  Capi- 
tulo. 

D.  FRANQSCO  DE  SOUZA  naceo  em 
Lisboa  a  7.  de  Agofto  de  1631.  onde 
foraõ  feus  Progenitores  D.  Francifco  de 
Souza,  e  D.  Violante  de  MeUo  filha  her- 
deira de  Francifco  de  Faria  Coelho,  e 
D.  Violante  de  Mello.  Foy  Capitão  da 
Guarda   Alemãa    dos    Monarcas    D.    Aflfon- 


fo  VI.  e  D.  Pedro  11.  Comendador  de  S. 
Salvador  da  Infella,  e  Santa  Maria  de  Bel- 
monte na  Ordem  de  Chrifto,  Deputado  da 
Junta  dos  Três  Eílados,  Prefidente  do  Se- 
nado da  Camará,  e  da  Meza  da  Conrienda, 
e  Ordens,  ConfeUieiro  de  Eiiado,  e  Guerra 
dos  Reys  D.  Pedro  11.  e  D.  Joaõ  o  V. 
Teve  afpedo  gentil,  juizo  maduro,  e  difcri- 
çaõ  natural.  Nas  Academias  foy  ouvido 
com  applaufo,  no  Confelho  de  Eílado  com 
refpdto,  e  na  converfaçaõ  com  gofto.  Cul- 
tivou as  Mufas  defde  os  primeiros  annos 
fendo  as  fuás  producçoens  métricas  orna- 
das de  igual  eleganda,  que  profundidade. 
Foy  intelligente  nos  idiomas  Latino,  Ita- 
liano, e  Efpanhol,  e  verfado  na  liçaõ  dos 
livros  hiíloricos,  e  políticos  por  onde  fe 
conítítuhio  hum  dos  mais  venerados  Cor- 
tezões  do  feu  tempo.  Cazou  com  D.  He- 
lena de  Portugal  filha  de  D.  Joaõ  de  Al- 
meida o  fermofo  Vedor  da  Caza  delRey  D. 
Joaõ  o  rV.  e  D.  Violante  Henriques  de 
quem  deixou  defcendenda.  Falleceo  em 
Lisboa  a  4.  de  Fevereiro  de  171 1.  com  80. 
annos  de  idade.  DeUe  faz  memoria  o  P. 
D.  António  Caetano  de  Souza  Apparat.  à 
Hijl.  Gen.  da  Caf.  Real  Portug.  p.  161.  §. 
196.  e  no  Tom.  7.  da  mefma  Hifi.  liv.  7. 
pag.  723.  e  António  Carvalho  da  Cofta  Ca- 
rog.  Portug.  Tom.  3.  pag.  302.  Fidalgo  mirf 
/ciente  em  toda  a  Faculdade.  Efcreveo  mui- 
tas Cartas  dignas  da  luz  publica  que  fo- 
mente lograrão  duas,  efcrita  a  primeira  a 
Manoel  de  Souza  Moreira  em  louvor  do 
Tbeatro  Geneal.  de  la  g-an  Caf  a  de  Sofá,  que 
elle  compozera,  e  impreíTa  ao  prindpio  def- 
ta  obra.  A  fegimda  ao  P.  D.  Rafael  Blu- 
teau  em  o  principio  do  feu  Vocabulário  Por- 
tuguês, e  'Latino.  Das  ftias  Poefias  fe  poderá 
formar  hum  volume  de  jufta  grandeza  fendo 
entre  ellas  celebre  aqueUe  Romance,  que  fez 
extemporaneamente  quando  a  Sereniílima 
Rainha  de  Portugal  D.  Maria  Sofia  Izabel 
de  Neoburg  eílava  lavando  as  mãos  na  Fon- 
te da  Nimfa  em  a  Quinta  de  Alcântara.  Co- 
meçava 

Fji  el  cryflal  de  una  fuente 

luwava   Clori  fus  manos; 

Si  nò  fue  que  los  Cryfiales 

En  fus  manos  fe  lavaron. 


2ÓÓ 


BIBLIO THE  CA 


P.  FRANaSCO  DE  SOUZA  natural 
da  Ilha  de  Taparica  celebre  pela  pefcaria 
das  Baleas  íituada  três  legoas  defronte  da 
Gdade  de  S.  Salvador  da  Bahia  Capital  da 
America  Portugueza.  Pela  viveza  do  enge- 
nho de  que  logo  na  puerícia  deo  evidentes 
nnaes  recebeo  em  o  Noviciado  de  Goa  a 
Roupeta  de  Jefuita,  e  paflando  logo  a  Por- 
tugal partio  no  anno  de  1647.  com  outros 
companheiros  defte  Sagrado  Inítituto  para 
a  índia  onde  aprendeo  as  fciencias  amenas, 
c  feveras  em  que  fahio  egregiamente  ver- 
fado,  e  fe  occupou  no  miniílerio  do  Púl- 
pito, que  lhe  conciliou  univerfaes  applaufos. 
Segunda  vez  voltou  a  eíle  Reyno  donde 
embarcado  em  a  Nào  S.  Pedro  de  Alcân- 
tara fe  reílituhio  no  anno  de  1665.  ao 
Oriente.  Havendo  adminiílrado  por  alguns 
annos  com  fervorofo  zelo  a  Vigairaria  da 
Igreja  de  N.  Senhora  das  Neves  na  Ilha 
de  Salfete  foy  Prepoíito  da  Cafa  ProfeíTa 
de  Goa  em  cujo  lugar  moílrou  a  fumma 
prudência  de  que  era  ornado,  e  Deputado 
da  Inquifiçaõ  da  mefma  Cidade  de  que  to- 
mou poíTe  a  9.  de  Agofto  de  1700.  Cheyo 
de  merecimentos,  e  annos  que  excediaõ  de 
81.  falleceo  no  Collegio  de  S.  Paulo  de  Goa 
no  anno  de  171 3.  Compoz  obrigado  da 
obediência  impofta  pelo  Geral  o  P.  Tyrfo 
Gonzalves. 

Oriente  conquijlado  a  Jefu  Chrifto  pelos  'Pa- 
dres da  Companhia  de  JESUS  da  Provinda 
de  Goa.  Primeira  Parte,  na  qual  fe  contem  os 
primeiros  vinte  e  dous  annos  dejla  Provinda.  Lis- 
boa por  Valentim  da  Cofta  Deslandes  Im- 
preíTor  de  Sua  Mageílade.    1710.  foi. 

Oriente  conquijlado,  t&c.  Segunda  Parte  na 
qual  fe  contem  o  que  fe  obrou  defde  o  anno  de 
1564.  atè  o  anno  de  1585.  Lisboa  pelo  dito 
ImpreíTor.    171  o.   foi. 

Oriente  conquijlado,  <&c.  Terceira  Parte. 
Conferva-fe  M.  S.  no  Collegio  de  Santo 
Antaõ   defta  Corte.   foi. 

Nefta  obra  fe  admiraõ  felizmente  unidas 
a  clareza  do  methodo,  a  elegância  do  eftilo,  e  a 
fciencia  da  Geografia,  e  Chronologia,  partes 
conílitutivas  de  huma  perfeita  Hiftoria  mere- 
cendo feu  Author  pela  cxaéta  obfervancia  com 
que  pra£tícou  os  feus  preceitos,  fer  collocado 
entre  a  clafle  dos  feus  mais  infignes  Profeííores. 


D.  FRANCISCO  DE  SOUZA  Capitão 
da  Guarda  Alemãa  de  Sua  Mageílade,  Al- 
cayde  mòr  da  Certâa,  e  Pedrógão,  Comen- 
dador de  S.  Salvador  da  Infefta,  e  de  Santa 
Maria  de  Belmonte  da  Ordem  de  Chrifto 
naceo  em  Lisboa  a  24.  de  Fevereiro  de 
1700.  e  teve  por  Progenitores  a  D.  Filippe 
de  Souza  Capitão  da  Guarda  Alemãa  del- 
Rey  D.  Pedro  II.  Deputado  da  Junta  dos 
Três  Eftados,  e  D.  Catherina  de  Menezes 
filha  dos  Marquezes  de  Alegrete  Manoel 
Telles  da  Sylva,  e  D.  Luiza  Coutinho,  e 
por  Avò  a  D.  Francifco  de  Souza,  de  quem 
fe  fez  a  precedente  memoria.  Ornado  de 
memoria  igualmente  firme,  que  prompta 
aprendeo  com  fumma  velocidade  as  linguas 
Latina,  Italiana,  Franceza,  e  Efpanhola,  as 
quaes  fallou  com  elegância,  efcreveo  com 
pureza.  Das  letras  amenas  fe  introdufio  cm 
o  conhecimento  das  feveras  alcançando  pela 
Geografia  a  noticia  do  Globo  Terráqueo, 
e  pela  Aílronomia  a  da  Esfera  Celeíle.  Era 
taõ  verfado  em  a  Chronologia,  que  diílin- 
guia  com  judiciofa  critica  os  Períodos,  e 
Épocas  mais  difficeis.  Sendo  admitido  por 
Collega  da  Academia  Real  da  Hiíloria  Por- 
tugueza a  3.  de  Janeiro  de  1726.  para  ef- 
crever  as  Memorias  Hiftoricas  dos  Reys  D. 
Pedro,  e  D.  Fernando,  e  relatando  em  va- 
rias occafioens  o  progreíTo,  que  a  fua  ap- 
plicaçaõ  fazia  nefta  litteraria  incumbência  re- 
tratou com  taõ  decorofo  eftilo  o  caraâer 
de  hum,  e  outro  Príncipe  que  nem  a  excef- 
fiva  aufteridade  do  prímeiro  parecia  rigor, 
nem  a  demafiada  brandura  do  fegundo  era 
julgada  por  frouxidão.  Foy  para  com  Deos 
rehgiofo,  para  os  pobres  compaflivo,  para 
os  amigos  fiel,  e  para  todos  afável,  e  ur- 
bano. Depois  de  tolerar  huma  dilatada,  e 
penofa  enfirmidade  em  que  fofreo  com  ani- 
mo conftante  as  violentas  operaçoens  da 
Cirurgia  paflbu  o  feu  efpirito  ao  defcanfo 
eterno  a  24.  de  Novembro  de  1723.  quando 
contava  a  florente  idade  de  29.  annos.  Foy 
fepultado  na  Capella  da  fua  illuftre  Cafa  fi- 
tuada  na  Igreja  do  Convento  de  S.  Francifco 
de  Xabregas.    Compoz 

OraçaÕ  com  que  congratulou  a  Acade- 
mia Real  de  ejlar  admitido  por  feu  Colle- 
ga.    Sahio     no     Tom.     6.     da     Collec.    das 


L  USITANA. 


267 


Aíem.  e  Docum.  da  me/ma  Acad.  Lisboa  por 
Jozè   António    da    Sylva.    1726.   foi. 

Conta  dos  feus  efiitdos  Académicos  recitada 
na  Academia  em  %.  de  Agojio  de  i-jzG.  Sahio 
no   Tom.    6.   da   Collec.   foi. 

Conta  dos  feus  eftudos  Académicos  em  20. 
de  Novembro  de  1727.  Sahio  no  Tom.  7.  da 
ColIeçaÔ  dos  Docum.  &c.  Lisboa  por  Jozè 
António  da   Sylva.    1727.   foi. 

Conta  dos  feus  ejludos  Académicos  a  24.  de 
Março  de  1729.  Sahio  no  Tom.  9.  da  Col- 
lec.  &c.  Lisboa  pelo  dito  Impreflbr.  1729. 
foi. 

FRANaSCO  DE  SOUZA  DE  ALMA- 
DA naceo  a  3.  de  Outubro  de  1676.  em 
huma  Quinta  de  feus  Pays  Joaõ  de  Souza 
da  Sylva  Efcrivaõ  Proprietário  da  Chancel- 
laria  da  Cafa  de  Aveiro,  e  D.  Violante  de 
Noronha,  e  Almada,  a  qual  eftà  útuada  na 
Freguezia  de  Santa  Maria  Magdalena  de  Al- 
deagavinha  da  Merciana  Termo  da  Villa  de 
Alenquer  do  Patriarchado  de  Lisboa.  En- 
tre os  eftudos  feveros,  que  frequentou  em 
a  Univeríidade  de  Q)imbra  fempre  confer- 
vou  innocente  comercio  com  as  Mufas  com- 
|>ondo  Verfos  de  todo  o  género  nas  linguas 
Latina,  Portugueza,  e  Caftelhana,  que  me- 
receo  applaufos  em  diverfas  Academias  prin- 
cipalmente em  a  dos  Aplicados  que  teve  feu 
principio  no  anno  de  1722.  devendo-fe  à 
fua  judiciofa  direção  o  Certame  Poético  Eu- 
chariftico,  que  fe  fez  no  G^nvento  de  Nof- 
fa  Senhora  da  Graça  dos  Eremitas  de  Santo 
Agoftinho  defta  Corte  em  29.  de  Junho,  e 
4.  de  Julho  de  1724.  para  o  qual  concor- 
rerão as  Poeíias  mais  elegantes  defte  Reyno, 
e  de  Caftella  ambiciofas  de  alcançar  o  pre- 
mio prometido.  Naõ  he  menos  eíHmavel  o 
feu  talento  na  Poeíia  Cómica  aflim  profana 
como  fagrada,  e  ainda  na  Jocoferia,  que 
nunca  degenera  em  pueril.  Tem  publicado 
as  obras  feguintes 

In  laudem  eximii  viri,  praclarijjimique  Doc- 
toris  D.  Kaphaelis  Bluteauii  fuper  Vocabulário 
locupletijfimo  quod  in  Lufitanorum  utilitatem,  to- 
tiufque  Orbis  miraculum  immenfo  cum  Jludio,  ac  la- 
boris  difpendio  elaboravit  Eloffum.  He  de  obra 
lapidaria.  No  fim.  L^byrinthus  Poeticus  cir- 
cumcirca  nomen  Auãoris  concludens,  quod  maiuf- 


culum  B.  demonjlrat.  Sahio  no  principio  do 
Tom.  3.  do  Vocabulário  Vortugue^  e  latino. 
Coimbra  no  Real  Collegio  das  Artes  da 
Companhia  de  JESUS   171 3.  foi. 

Kamilhete  Apollineo  de  varias  flores  em 
nove  ajfumptos  defcubertos  no  Nacimento  do  Se- 
reniffimo  Príncipe  o  Senhor  D.  Jo^è.  Lisboa 
por  António  Pedrozo   Galraõ.    1714.   4. 

El  Tríumfo  por  la  difcreta.  Comedia.  Lis- 
boa por  Mathias  Pereira  da  Sylva,  e  Joaõ 
Antunes  Pedrozo.  1719.  4. 

RelofaÕ  do  Certame  Poético  Eucòaríflieo, 
que  celebrarão  os  Académicos  Aplicados  no 
Convento  de  N.  Senhora  da  Graça  nas  duas 
tardes  de  29.  de  Junho,  e  4.  de  Julho  do 
armo  de  iiz4.  Lisboa  por  Pedro  Ferreira. 
1724.  4. 

Sufpiros  na  perda,  e  alivios  na  faudade,  que 
ef prime  a  alma  pelos  aãos  de  fuás  três  Po- 
tencias na  morte  da  Serenijflma  Senhora  D. 
Francifca  Infanta  de  Portugal  divididos  em 
duas  Partes.  Na  primeira  fe  expõem  os  fuf- 
piros,  e  os  alivios  na  fegtmda.  Lisboa  por 
António  Ifidoro    da    Fonfeca.    1756.    4. 

Thalia  Sacra,  ou  Loas  Sacras  Utteraes, 
e  Allegoricas  de  vários  Mjflerios  de  Chriflo 
N.  Senhor,  de  fua  Mãy  Santijftma,  e  das 
Excellencias  de  alguns  Santos.  Lisboa  na  Of- 
fidna  Rita-CaíTiana.  1736.  4. 

Difcurfo  problemático  Jocoferio  fobre  qual 
he  mais  poderofa  para  atrahir  o  coração  hu- 
mano, fe  a  Mufica,  fe  a  Eloquência.  Lis- 
boa por  Miguel  Rodrigues  Impreflbr  do 
Senhor  Patriarcha.  1736.  4.  Sahio  com 
o  afedado  nome  de  AíFonfo  Gil  da  Fon- 
feca. 

Dous  Sonetos  á  morte  da  Serenijflma  Se- 
nhora Infanta  D.  Francifca.  Sahiraõ  nos  Sen- 
tim.  Metric.  Colleçaô  4.  a  pag.  6.  Lisboa 
por  Miguel  Rodrigues.   1736.  4. 

Satyra  moral  contra  os  vidos  em  com- 
mum.  Lisboa  por  Miguel  Rodrigues  1736. 
4.  Sahio  com  o  nome  de  Franco  de  Af- 
fis  Amado,  e  Luca  puro  anagrama  do  feu 
nome 

Critica  moral  contra  os  viàos  em  com- 
mum.  Parte  fegunda.  Lisboa  por  Manoel 
Fernandes  da  Cofta  Impreflbr  do  Santo 
Officio.    1737.   4. 


2Ó8 


BIBLIO THE  CA 


Thalia  Sacra,  ou  Dramas  Sacros  de  vá- 
rios Myfterios  de  Chrijio  Senhor  Nojfo,  da 
Virgem  Santijftma,  e  de  alguns  Santos  em 
ejlilo  métrico,  Allegorico,  e  Myfiico.  Lisboa 
na  Officina  do  Doutor  Manoel  Alvares  So- 
lano  do  Valle.   1740.   8. 

Quatro  Sonetos  em  applaufo  do  Excellentif- 
fimo,  e  Keverendijftmo  Bifpo  do  Porto  D.  Fr. 
Jo!(è  Maria  da  Fon/eca,  e  Évora.  Sahiraõ  na 
ColleçaÔ  de  Applaufos  com  que  a  Cidade  de 
Usboa  celebrou  a  chegada  dejle  Prelado.  Lisboa 
na  Regia  Officina  Sylviana,  e  da  Academia 
Real  1742.  4.  defde  pag.   107.  atè  iio. 

Dous  Sonetos  ã  morte  do  E^cellentiJJi- 
mo  Conde  da  Ericeira  D.  Franci/co  Xa- 
vier de  Meneses.  Sahiraõ  no  Obfequio  Fú- 
nebre â  faudofa  memoria  do  dito  Conde.  Lis- 
boa por  Jozè  da  Sylva  da  Natividade. 
1744.  4. 

OBRAS    M.    S. 

Epigrammata  varia  in  quinque  libros  dif- 
tributa.  Coníla  de  722.  Epigrammas  a  to- 
dos os  géneros  de  aíTumptos  com  três 
diíFerenças  de  Obras  Metametricas,  que  clau- 
fulaõ  cada  hum  dos  cinco  livros  §.  £«- 
neaticos  Applaufos,  Encómios  Poéticos,  que  em 
nove  Affumptos  com  toda  a  variedade  Mé- 
trica fe  oferecem,  dedicaõ,  e  tributaÕ  ao  Ex- 
cellentij/imo  Senhor  D.  Gabriel  de  Eancajlro, 
fetimo  Duque  de  Aveiro,  e  nono  Duque  no 
EJlado.  Coroa-fe  a  obra  com  hum  Canto  He- 
róico da  fundação  da  Cafa  de  Aveiro.  Efta 
Obra  coníla  de  nove  AíTumptos,  defde 
que  o  Duque  fahio  de  Caftella  atè  que 
fe  lhe  confirmou  a  fentença,  e  cada  Af- 
fumpto  coníla  de  nove  Metros,  com  eíla 
ordem,  que  os  três  primeiros,  que  faõ 
dous  Epigrammas  Latinos,  e  hum  Soneto, 
e  os  três  últimos,  que  faõ  dous  Sonetos, 
o  primeiro  de  artificio,  o  fegundo  em  La- 
byrintho,  e  o  terceiro  cm  Labyrintho  La- 
tino, fempre  faõ  confiantes.  E  os  outros 
metros,  que  faõ  os  três  intermédios  fempre 
faõ  vários,  de  tal  forte,  que  em  toda  a  Obra 
neíles  intermédios  fe  naõ  repete  hum  mefmo 
género  de  Poefia,  mas  fempre  faõ  vários. 
Obra  muito  laboriofa;  cujos  Sonetos  de  La- 
byrinthos   vulgares,    e    Labyrinthos    Latinos 


tem  tantas,  e  taõ  varias  tranfmutaçoens,  que 
pela  Arithmetica  combinatória  fe  multiplicaõ 
em  muitas  centenas,  e  milhares  de  contos. 
O  que  fe  moílra  na  explicação  das  Obras 
Metametricas,  que  fe  faz  largamente  no 
principio  com  toda  a  exadla,  e  evidente  de- 
monílraçaõ.  No  quinto  AíTumpto  eílà  hum 
Soneto  Mudo  por  figuras,  a  que  chamaõ 
Gryphos.  Todos  os  metros  faõ  alternados 
na  lingoa  Portugueza,  e  Caílelhana,  porque 
o  feu  objefto  he  Caílelhano  pelo  Pay,  e 
Portuguez  pela  Mãy.  foi. 

Jardim  Apollineo,  verfos  f acros,  e  humanos. 
em   4. 

Pajfatempo  Académico,  ou  Miffellaneas  de 
varias  Obras  Provias,  e  Verfos,  Obras  La- 
tinas,   Caflelhanas,    e    Portugues^as.    em    4. 

Florefla  Portuguev^a,  Apotegmas  de  Au- 
thores  Portuguev^es  com  varias  addiçoens  do 
Author. 

'Norte  ChriflaÕ,  e  Politico  em  de^  Centúrias 
de  Diãames  Moraes,  Politicos,  e  Cbriflãos.  em  4. 

Arte  de  Pregar  conflruida,  e  fundada  pe- 
los exemplos,  fentenças,  e  documentos  do  Sol 
dos  Pregadores  o  grande  P.  António  Viei- 
ra: em  que  fe  def cobre  todo  o  artefaão  def- 
ta  nobiliffima  Arte,  para  fe  comporem  per- 
feitamente todos  os  géneros  de  Sermoens,  mof- 
trado    tudo    nos   feus    mefmos    Difcurfos.    foi. 

Apotegmas  do  mefmo  P.  Vieira,  morali- 
zados,   e    elucidados,    em    4. 

Mundo  exterior,  ou  interior,  ou  Mundo  vif- 
to  por  dentro,   e  por  fora.   em    4. 

Efpelho  vifivel,  e  corpóreo,  da  Alma  in- 
corpórea,   e    invifvel. 

Triumphus  Immaculata  Conceptionis.  Obra 
em  Verfo,   e  Profa.  foL 


FRANQSCO  DE  SOUZA  DE  CAS- 
TRO Embaxador  de  Portugal  no  Rey- 
no  do  Achem  onde  padeceo  martyrio  cm 
obfequio  da  Fè  Catholica  o  Venerável  ?► 
Fr.  Dionifio  da  Natividade  Carmelita  Dcf- 
calfo  feu  ConfeíTor,  e  Fr.  Redempto  da 
Cruz  irmaõ  Leigo  de  cujo  fuccclTo  in- 
formou ao  Geral  deíla  Reformada  Famí- 
lia   por    huma 

Carta  efcrita  de  Goa  a  3.  de  Março 
de   1643.   *  <iu3l  fahio  imprcíTa  in  Itinerário 


L  U  SITANA. 


2Ó9 


Orientali  Fr.  Philippi  à  Trínitate.  Lugduni 
apud  Antonium  Jullierin.  1649.  8.  no  lib. 
10.  cap.  I.  Foy  traduzida  em  Italiano,  e 
íahio  Venetia  por  Giovani  Pietro  Brigonci. 
1667.  12.  Nella  afirma  Francifco  de  Souza 
de  Caílro  ter  efcrito  aos  EminentiTTimos  Car- 
diaes  da  Congregação  dos  Ritos  para  que 
fe  declare  por  Santo  o  Ven.  Martyr.  O  Au- 
thor  defte  Itinerário  foy  o  que  lançou  o 
habito,  e  diétou  Filofofía  em  Goa  a  Fr. 
Dionifio  da  Natividade,  donde  partio  para 
oflferecer  às  Sagradas  Congregaçoens  de  Pro- 
paganda, e  de  Kitibus  o  proceíTo  do  feu  Alar- 
tyrio  feito  por  authoridade  do  Arcebifpo  de 
Goa  D.  Fr,  Francifco  dos  Martyres  da  Or- 
dem dos  Menores.  Da  carta  efcrita  por 
Francifco  de  Souza  de  Caílro  faz  memoria 
o  moderno  addicionador  da  Bib.  Orient.  de 
António  de  Leaõ.   Tom.    i.  tit.  4.  col.   80. 

FRANCISCO  DE  SOUZA  COUTINHO 
naceo  na  Ilha  de  S.  Miguel  onde  teve 
por  Pays  a  Gonçalo  Vaz  Coutinho  Co- 
mendador de  Santa  Maria  de  farinha  po- 
dre. Governador  da  Ilha  de  S.  Miguel, 
e  a  D.  Jeronyma  de  Moraes  filha  de  Se- 
baíHaõ  de  Moraes  Thefoureiro  mòr  do 
Reyno,  e  por  Tio  paterno  a  Fr.  Luiz 
de  Souza  claro  efplendor  da  Ordem  Do- 
minicana chamado  no  Século  Manoel  de 
Souza  Coutinho,  Iníbruido  na  primeira  ida- 
de com  a  noticia  das  letras  humanas,  e  pre- 
ceitos da  Poefia,  que  cultivou  com  igual  ele- 
gância, que  facilidade  fe  dedicou  em  annos 
mais  maduros  à  liçaõ  da  Hiftoria  fendo  ver- 
fado  em  todos  os  idiomas,  e  erudito  em  va- 
rias faculdades.  O  feu  profundo  talento, 
grande  capacidade,  e  fumma  prudência  o 
coníbtuhiraõ  hum  dos  mais  celebres  Polí- 
ticos, que  refpeitou  a  fua  idade  tendo  por 
theatros  das  fuás  negociaçoens  as  Cortes  de 
Suécia,  Dinamarca,  Olanda,  França,  e  Roma 
onde  com  o  carafter  de  Embaxador  da  Ma- 
geftade  delRey  D.  Joaõ  o  IV.  reprefentou 
a  juítiça  do  feu  Soberano  novamente  eleva- 
do ao  trono  de  Portugal,  triunfando  com 
artificiofa  fagacidade  das  cavillaçoens  dos 
Olandezes,  e  concluindo  Tratados  de  que 
refultou  igual  gloria,  que  confervaçaõ  a 
eíla    Monarchia,    em    cujo    minifterio    con- 


fumio  o  largo  efpaço  de  quinze  annos. 
Foy  Comendador  de  Santa  Maria  de  fa- 
rinha podre,  Alcayde  mòr  de  Souzel, 
Confelheiro  de  Eftado,  e  nomeado  Go- 
vernador do  Brafil.  Cazou  em  Madrid  com 
D.  Maria  de  Aguila,  e  Heredia  filha  de 
Francifco  Gonçalves  dei  Aguila,  e  de  D. 
Sabina  de  Heredia  de  quem  teve  a  D.  Joan- 
na  Thereza  Coutinho,  que  cazou  com  D. 
Diogo  Fernandes  de  Almeida  Alcayde  mòr 
de  Santarém,  Golegãa,  e  Almeirim  Comen- 
dador de  Santo  André  de  Villa-Boa  de  Qui- 
res,  de  quem  naõ  teve  filhos.  FaUeceo  em 
Lisboa  a  22.  de  Junho  de  1660.  e  jaz 
fepultado  no  Convento  da  SantiíTima  Trin- 
dade. O  feu  nome  celebraõ  diverfos  Efcri- 
tores.  Fr.  Francifco  de  Santo  Agoftinho  Ma- 
cedo Philip.  Portug.  pag.  197.  en  quien  com- 
pite  la  fofiffre  con  el  valor,  la  prudência  con  la 
corteja,  &  in  Propugí.  'Lufit.  Gall.  p.  198. 
D.  Francifco  Manoel  Carta  dos  AA.  Por- 
tug. taõ  luf^ido  BJcritor,  como  grave  Minijlro 
Joan,  Soar.  de  Brit.  Theatr.  iMJit.  lit.  F. 
n.  74.  le  Qede  Hifi.  Gen.  de  Portug.  Tom. 
2.  pag.  mihi  434.  até  448.  532.  560.  571. 
593.  Menezes  Portug.  Kejl.  Tom.  i.  pag. 
158,  161.  191.  440.  640.  734.  754.  e  885. 
e  Fr.  Joan.  Giufep.  di  S.  Theref.  IJloria  de) 
Brajile.  Part.  2.  pag.  51.  e  52.  127.  e  162. 
e  feguinte.  Publicou  o  feguinte  Manifefto 
pela  liberdade  do  Senhor  Infante  D.  Duarte 
aprefentado  na  Dieta  de  Ratisbona,  ao  qual 
chama  eloquente,  e  bem  fundado  D.  Luiz  de 
Menezes  Portug.  Kejlaurad.  Tom.  i.  pag.  191. 
e  íahio  com  eíle  titulo 

Propofitio  faãa  Celjis  prapotentibus  Domi- 
nis  Ordinis  generalibus  cõfaderatarum  Provin- 
ciarum  Belgii  in  confejfu  publico  16.  Augujli 
1641.  Holmiae  1641.  4.  Sahio  fegvmda  vez 
impreíTo  na  Hijl.  di  Portugallo  compoíta 
pelo  Doutor  Joaõ  Bautiíla  Birago  liv.  5. 
pag.  mihi  400.  até  405 .  Foy  vertido  em 
Portuguez,  e  impreíío  em  Lisboa  por 
Jorge  Rodrigues.  1641.  4.  com  eíle  ti- 
tulo 

Manifefto,  e  proteftaçaõ  feita  por  Francifco 
de  Soufa  Coutinho  Comendador  da  Ordem  de  Chrif- 
to.  Alcaide  mòr  da  Villa  de  Sou^^el,  e  do  Confelho 
delKey  D.  JoaÕ  o  IV.  e  feu  Fmbaxador  às  partes 
Septentrionaes,  e  Enviado  ã  Dieta  de  Ratisbona 


k 


270 


BIBLIO  THE  CA 


fobre  a  injujla  retenção,  e  liberdade,  que  requere 
do  Serenijftmo  Infante  D.  Duarte  IrmaÕ  do  dito 
Senhor. 

Rnganosj  def enganos  de  la  vida.  Sylva  moral 
dedicada  a  la  Senora  Luis^a  Ponce  de  Leon  Da- 
ma de  la  SereniJJima  Rejna  de  Portugal.  4. 
Naõ  tem  o  nome  do  Author,  nem  do  Im- 
prelTor,  e  lugar  da  ediçaõ  mas  do  caraéter 
fc  conhece  fer  feita  em  ParÍ2,   ou   Olanda. 

Memorias  Hijloricas  das  fuás  Embaxadas. 
M.  S.  às  quaes  chama  celebres  D.  Francifco 
Manoel  de  Mello  Cart.  dos  AA.  Portuguev^es 
cfcrita  ao  Doutor  Themudo. 

Carta  em  Verfo  efcrita  a  D.  Francifco  Ma- 
noel de  Mello  à  qual  refpondeo  com  efte  dif- 
crcto    Soneto    que    he    o    18.    da    Tuba    de 
Calliope  das   Obras  Métricas. 
Senhor  a  vojfa  carta  he  jà  de  guia 

Para   mi  que  perdido   ando   vivendo 

Mais  me  cativa  quando  a  vou  mais  lendo 

Naõ  tem  geito  de  fer  a  d*  alforria. 
Será  de  marear  á  fante!(ia 

Que  fem  rumos  também  fe  vay  perdendo. 

He  tudo,  mas  he  mais  fegundo  entendo 

A  da  examinação  da  Poefia. 
Ouço   PlataÕ  em  termos  eloquentes 

Homero  efcuto  em    Verfos  inauditos 

Chore  Grécia  as  Athenas,  e  as  Efpartas; 
Vivaõ  vojfos  efcritos  fobre  as  gentes. 

Que  emfim  quem  conhecer  vojfos  efcritos 

Naõ  pôde  efperar  menos,  que  ejlas  cartas. 

FRANaSCO  DE  SOUZA  CERQUEI- 
RA natural  de  Lisboa  filho  de  Manoel  de 
Souza  Cerqueira  Mampoíleiro  mòr  dos  Ca- 
tivos, e  Capitão  das  Ordenanças  da  Corte, 
c  de  Catherina  da  Sylva.  Foy  naturalmente  ef- 
tudiofo  da  Hiftoria  profana,  e  principalmente 
da  Genealogia,  em  que  fez  grandes  progref- 
fos  com  a  difciplina  de  D.  António  Alva- 
res da  Cunha  Senhor  de  Taboa,  e  Trinchan- 
te mòr,  em  cuja  Cafa  fe  educou.  Foy  Se- 
cretario do  primeiro  Marquez  de  Alegrete 
Manoel  Telles  da  Sylva  em  cuja  Livraria  fe 
conferva   efcrito   da   própria  mão 

Arvores   de    Cofiados  de   varias  familias   de 
Portugal,  e  Cafiella.   foi. 
Dcfta  obra,  que  muito  louva,  como  de  feu 
Author,    que   falleceo   em   Lisboa   a    11.    de 
AgGÍlo  de   171 1.  fa2  mençaõ  a  P.  D.  An- 


tónio Caet.   de  Souf.   Apparat.  ã  Hifi.   Gen. 
da   Caf.   Keal  Portug.  pag.    151.   §.    177. 

FRANCISCO  DE  SOUZA  DA  SYLVA 
ALCOFORADO  REBELLO  Senhor  da  Tor- 
re de  Alcoforado  quatro  legoas  diílante  do 
Porto  na  Freguefia  de  Lordello,  filho  de 
António  de  Souza  da  Sylva,  c  D.  Antónia 
Bemardina  de  Lobera,  e  Sylva  naceo  na 
Quinta  de  Sylva  fituada  na  Freguefia  de  S. 
Juliaõ  do  Calendário  de  Neyva  no  Termo 
de  Barcellos  do  Arcebifpado  de  Braga  a 
25.  de  Outubro  de  1697.  O  feliz  engenho 
de  que  o  dotou  a  natureza  lhe  fez  breve- 
mente comprehender  os  preceitos  da  Gram- 
matica  Latina,  e  as  efpeculaçoens  da  Filo- 
fofia,  e  Theologia,  a  cujas  Faculdades  fe 
appUcou  curiofo,  e  fahio  egregiamente  inf- 
truido  affim  como  em  a  liçaõ  da  Hiftoria 
Sagrada,  e  Profana,  e  na  intelligencia  das 
linguas  Caftelhana,  Franceza,  Italiana,  e  In- 
gleza.    Tem  publicado 

Vida  de  Soror  Igne^  de  JESUS  Religiofa 
Converfa  no  Convento  da  Anunciada  defla  Ci- 
dade de  Lisboa  infigne  em  virtudes.  Lisboa  por 
Maurício  Vicente  de  Almeyda.    1731.   8. 

Vida,  e  morte  trágica  de  Maria  Stuart  Rai- 
nha de  França,  e  Efcocia,  e  pertendente  da  Co- 
roa de  Inglaterra.  Lisboa  por  António  Cor- 
rêa de  Lemos.   1737.  4. 

Manual  Politico.  Lisboa  por  Maurício  Vi- 
cente de  Almeyda.  1753.  12.  He  huma  inftru- 
çaõ  para  hum  homem  viver  na  Corte.  Sahio 
com  o  nome  fupofto  de  Luiz  Florêncio  da 
Sylva. 

Vida  de  Alcibíades.  4.  M.  S.  Nefta  obra 
intenta  formar  hum  Princcpe  Politico  reprc- 
hendendo  os  vicios,  e  louvando  as  virtu- 
des daquelle  celebre  Grego. 
Faz  memoria  do  feu  nome  o  Doutor  An- 
felmo  Caetano  Munos  de  Abreu  na  Dedi- 
catória da  fegunda  Parte  da  Emtaa,  ou  apli- 
cação do  entendimento  fobre  a  pedra  Filofofal. 
Lisboa  na  Officina  de  Maurício  Vicente  de 
Almeyda.    1732.   4. 

FRANCISCO  DE  SOUZA  TAVA- 
RES filho  de  Gonçalo  Tavares  Senhor 
de  Mira,  Comendador  da  Ordem  de 
Chriíla,    e    de    D.    Izabcl    de     Caílro    lòy 


L  USITAN A. 


27f 


exemplar  de  proezas  militares,  e  de  ações 
virtuofas.  Militou  na  índia  Oriental  com 
o  pofto  de  Capitão  do  Jvlalabar  contra  os 
inimigos  do  Eftado  de  quem  alcançou  mul- 
t^licados  triunfos.  Querendo  conquillar  o 
Ceo  fe  aliílou  em  outra  mais  nobre  milicia 
-qual  foy  a  reformada  Provinda  da  Piedade 
onde  praâicando  com  exaâa  obfervancia  os 
preceitos  do  Seráfico  Inílituto  paíTou  a  co- 
roar-fe  na  eternidade  em  o  Convento  de 
Santo  António  da  Villa  de  Aveyro.  Foy 
cazado  com  D.  Maria  da  Sylva  filha,  de 
Joaõ  de  MeUo  da  Sylva  de  quem  teve  a 
D.  Magdalena  de  Vilhena,  que  foy  cazada 
com  D.  Joaõ  de  Portugal  neta  de  D.  Fran- 
cifco  de  Portugal  primeiro  Conde  do  Vi- 
miofo  a  qual  fupondo,  que  morrera  na  ba- 
talha de  Alcácer  paíTou  as  fegundas  vodas 
com  Manoel  de  Souza  Coutinho  os  quaes 
fantamente  fe  divorciarão  recebendo  elle  o 
habito  de  S.  Domingos  com  o  nome  de 
Fr.  Luiz  de  Souza  em  o  Convento  de  Bem- 
fica,  e  ella  em  o  Mofteiro  do  Sacramento 
chamando-fe  Soror  Magdalena  das  Chagas. 
Sendo  Francifco  de  Souza  Tavares  Tefta- 
menteiro  do  infigne  Capitão,  e  ^lofo  Apof- 
tolo  das  Ilhas  Malucas  António  Galvaõ  pu- 
blicou no  anno  de  1563.  em  Lisboa  na  Im- 
preíTaõ  de  Joaõ  Barreira 

Tratado  dos  dejcohrimentos  antigos,  e  moder- 
nos, (ò'c.  que  achara  entre  outros  feus  efcri- 
tos,  e  o  dedicou  a  D.  Joaõ  de  Lancaftro 
Duque  de  Aveiro  cuja  larga  Dedicatória 
fahio  impreíTa  ao  principio  do  mefmo  Tra- 
tado, que  fe  reimprimio.  Lisboa  na  Offi- 
-dna   Ferreiriana.    1751.    foi.     Publicou   mais 

I^ivro  da  doutrina  efpiritual.  Contem  os 
Tratados  feguintes.  i.  que  coufa  he  Ora^aÕ,  e  da 
jjecejfidade,  e  obrigação  delia.  2.  EfpoJiçaÕ  do 
Padre  Nojfo.  3.  Avif(os  para  os  principiantes, 
ou  peccadores  fe  exercitarem  na  conjideraçaõ  dos 
beneficias  de  Deos.  4.  Documentos  para  o  princi- 
J>iante  efpiritual  andar  com  a  mente  em  Deos. 
5 .  Defenfaõ  da  vida  efpiritual,  e  oração.  6. 
AdmoeflaçaÕ  charitativa.  7.  Opufculo  do  Efiado 
da  comtemplaçaõ.  8.  Outro  do  EJiado  da  Crw^.  9. 
A.dmoeflaçaÕ  do  Anjo  ao  ef pirita,  que  guarda  para 
-operfuadir  afe  unir  a  Deas  cam  humildade.  Lisboa 
J>or  Joaõ  Barreira.  1564.  8.  Fazem  deUe 
Jncmoria   Joan.    Soar.    de   Brit.    Theatr.    L»- 


fit.  Utter.  Ut.  F.  n.  76.  Cardofo  Affol.  JLu- 
fit.  Tom.  2.  pag.  140.  Cõment.  de  11.  de 
Março  letr.  C.  Fr.  Joan.  à  D.  Ant.  Bib. 
Francifc.  Tom.  2.  pag.  438.  col.  2.  Fr.  Luc. 
de  S.  Catherina  Hifi.  da  Prov.  de  S.  Domin- 
gos de  Portug.  Part.  4.  Hv.   3.  cap.    11. 

FRANQSCO  TAVARES  PACHECO  cuja 
Pátria,  e  eftado  de  vida  ignoramos.  Efcre- 
veo 

Kelacion  de  las  Fieflas,  que  fe  hi^eron  en 
Villaviciofa  Corte  dei  E^celentiJJimo  Senor  Du- 
que de  Bragança,  y  las  capitulaàones  de  fu  ca~ 
^amiento  can  la  Excelentijfima,  y  SereniJJima  Se- 
nora  D.  Lui^a  Francifca  de  Gufman  hija  dei 
Senor  Duque  de  Medina,  y  Sidónia,  foi.  Naõ 
tem  anno  nem  lugar  da  ImpreíTaõ,  da  qual 
vimos  hum  exemplar. 

Fr.  FRANQSCO  DE  SANTA  THE- 
REZA  naceo  em  a  Cidade  do  Funchal  Ca- 
pital da  Ilha  da  Madeira  onde  teve  por 
Pays  a  Francifco  da  Coíla,  e  Maria  das 
Neves.  No  Real  Convento  do  Carmo  de 
Lisboa  recebeo  o  habito  a  14.  de  Ou- 
tubro de  1669.  cujo  fagrado  IniHtuto  fo- 
lemnemente  profeíTou  a  15.  do  dito  mez 
do  anno  feguinte.  Como  era  perfeitamen- 
te iníbruido  nas  letras  humanas,  e  lingua 
Latina  foy  admitido  por  Collegial  no  Col- 
legio  de  Coimbra  a  13.  de  Outubro  de 
1673.  onde  aprendeo  com  difvelo  as  fcien- 
cias  efcholafticas,  e  as  diftou  com  ap- 
plaufo  recebendo  o  grào  de  Doutor  na 
Faculdade  Theologica  em  aqueUa  Univer- 
fidade,  fendo  hum  dos  melhores  Oppo- 
íitores  às  Cadeiras  de  que  o  privou  in- 
tempeftivamente  a  morte  em  o  anno  de 
1698.  Foy  fingular  Poeta  aíTim  em  a  lin- 
gua Latina  como  Materna,  e  Caftelhana,  e 
excellente  Orador,  e  profundo  Efcriturario. 
Delle  fe  lembraõ  honorificamente  Carvalho 
Corog.  Portug.  Tom.  3.  liv.  2.  Trat.  8.  cap. 
47.  e  Fr.  Manoel  de  Sà  Mem.  Hiflor.  dos 
Efcrit.  do  Carm.  da  Prav.  de  Portug.  pag. 
173.  Deixou  compofto  ainda  que  imperfeito 
hum  volume,  que  fe  conferva  M.  S.  em  o 
CoUegio  de  Coimbra  intitulado 

Alphabetum    Theologicum    duplià   delineatum 


272 


B IB  LIO  THE  CA 


regula  Jcholajlica   una,    d^   concionatoria   altera.  Commentaria  in  Magijlrum  Sententiarum.  foi. 

foi.  M.  S. 


FRANCISCO  DE  SANTA  THEREZA 
naceo  na  Cidade  do  Porto  a  2.  de  Julho  de 
1685.  onde  deveo  á  virtuofa  educação  de 
feus  Pays  António  da  Coíla,  e  Ignacia  Pinta 
a  eleição  de  largar  o  mundo,  e  receber  a 
murça  de  Cónego  Secular  do  Evangelifta  em 
o  Convento  de  Villar  de  Frades  a  11.  de 
Fevereiro  de  1700.  Tendo  aprendido  os  pri- 
meiros rudimentos  na  pátria  acabou  de  ef- 
tudar  Grammatica  em  o  Real  Collegio  das 
Artes  em  Coimbra,  e  no  Collegio,  que  a 
fua  Congregação  tem  nefta  Cidade  aprendeo, 
e  diílou  as  Sciencias  de  Filofofia,  e  Theo- 
logia  em  cuja  fublime  Faculdade  lhe  con- 
ferio  a  Academia  Conimbricenfe  o  grào  de 
Doutor  a  26.  de  Julho  de  1714.  Foy  Rey- 
tor  do  mefmo  Collegio,  e  Provedor  do  Hof- 
pital  Real  de  Coimbra.  Neíla  Cidade  com 
as  fuás  declamaçoens  evangélicas  converteo 
innumeraveis  eíludantes  da  vida  licenciofa 
para  o  caminho  da  penitencia  fendo  cada 
palavra  hum  trovaõ,  que  defpertava  aos 
que  ja2iaõ  fepultados  em  feus  vicios.  Fal- 
leceo  no  Collegio  de  Coimbra  com  geral 
opinião  de  virtuofo  a  17.  de  Novembro 
de  1739.  quando  contava  54.  annos  de 
idade.  Com  o  fupofto  nome  do  P.  Ma- 
noel Corrêa  da  Azambuja  Cura  da  Fregue- 
íia  de  NoíTa  Senhora  da  Graça  da  Torre 
de  Vai  de  todos  do  Bifpado  de  Coimbra. 
Publicou 

Tratado  do  Cerimonial  da  Miffa  revoada  con- 
forme as  Rubricas  do  Mijfal  Komano  reforma- 
do.   Coimbra  por  António  Simoens  Ferreira. 

1733.  8. 

Compendio  de  Indulgências,  e  devoções  em 
duas  partes  dividido.  Na  primeira  fe  trata 
das  Indulgências  em  comum,  e  em  particular, 
e  no  fim  fe  põem  o  Decreto  de  Innocencio 
XI.  das  Indulgências  apócrifas.  Na  fegunda  fe 
explica,  que  coufa  feja  verdadeira  devoção,  e 
fe  propõem  varias  devoçoens  extrahidas  de  Au- 
thores  pios  para  fe  aproveitarem  delias  os  que 
forem    devotos.    Coimbra  pelo  dito  Impreílor. 

1734.  8. 

Tinha  compofto  com  grande  eíhido,  que 
deixou  imperfeito. 


Fr.  FRANCISCO  DE  SANTA  THERE- 
ZA POMBO  naceo  na  Villa  de  Santarém, 
e  na  Parochial  Igreja  de  Santa  Iria  recebco 
a  primeira  graça  a  19.  de  Novembro  de 
1692.  fendo  filho  do  Licenciado  Manoel  de 
Oliveira  da  Coíla  profeíTor  da  Medicina,  c 
Maria  das  Neves.  Chegando  à  idade  de  de- 
fenove  annos  profeflbu  o  IníUtuto  Seráfico 
da  Terceira  Ordem  da  Penitencia  no  Con- 
vento de  N.  Senhora  de  JESUS  defta  Corte 
a  24.  de  Junho  de  171 1.  Eíludou  Filofofia 
no  Collegio  de  Santa  Catherina  diílante  meya 
legoa  da  fua  pátria,  e  Theologia  no  Colle- 
gio de  S.  Pedro  de  Coimbra,  e  neílas  duas 
Faculdades  defendeo  Conclufoens  publicas 
com  grande  applaufo  do  fcu  talento.  Pre- 
ferio  o  miniílerio  do  púlpito  ao  da  Cadeira 
pelo  qual  tem  alcançado  eílimaçoens  naõ  a 
merecendo  defigual  pelo  efpirito  poético  de 
que  he  dotado.  De  diverfos  aíTumptos  aíTim 
fagrados,  como  profanos  efcritos  na  lingua 
Latina,  Portugueza,  e  Caílelhana  fez  huma 
Colleçaõ  que  intenta  dar  à  luz  publica  com 
o  feguinte  titulo 

Mifcellanea    Profo-Poetica.   4.   M.    S. 

Fr.  FRANCISCO  DE  SANTA  THERE- 
ZA XAVIER  filho  de  António  da  Sylva 
Ferreira,  e  Catherina  Corrêa  naceo  em  Lisboa, 
e  na  Parochial  Igreja  de  N.  Senhora  da  En- 
carnação recebeo  a  primeira  graça  a  28.  de 
Dezembro  de  1704.  Depois  de  eftudar  Gram- 
matica com  o  P.  Gafpar  Simoens  infigne  Pro- 
feíTor de  letras  humanas,  e  Filofofia  no  Colle- 
gio pátrio  dos  Padres  Jefuitas,  recebeo  o  pe- 
nitente habito  de  S.  Francifco  em  o  Convento 
de  Alanquer  da  Provinda  de  Portugal  a  2. 
de  May  o  de  171 2.  Tanto  fe  adiantou  o  feu 
talento  na  aplicação  das  fciencias  feveras,  que 
no  anno  de  1733.  foy  nomeado  Lente  de  Ar- 
tes em  o  Convento  de  S.  Francifco  do  Porto 
donde  crecendo  com  os  annos  a  fama  da 
fua  litteratura  paflfou  por  ordem  real  cm  12. 
de  Fevereiro  de  1737.  a  ler  a  Cadeira  da 
Sagrada  Efcritura  no  magnifico  Convento 
de  N.  Senhora,  e  Santo  António  dos  Rc- 
ligiofos   Arrabidos   junto   da   Villa   de   Ma- 


I 


L  USITAN  A. 


ijò 


fra  onde  prefidio  a  três  aôos  litterarios  de 
Theologia  Pofitiva  com  geral  aclamação  dos 
feus  eíludos.  Da  liçaõ  defta  Cadeira  foy  txans- 
ferido  para  diéíar  Theologia  Efcholaítíca  em 
o  Convento  de  S.  Frandfco  da  Qdade.  Sen- 
do Qualificador  do  Santo  Offido,  e  Con- 
fultor  da  BuUa  da  Cruzada,  fubio  ao  ho- 
norifico lugar  de  Provincial  a  22.  de  Mayo 
de  1745.  quando  contava  41.  de  idade.  Pu- 
blicou. 

Sermão  do  Seráfico  Patriarcba  S.  Francifco 
pregado  no  feu  Convento  de  Usboa  na  Solemni- 
dade  que  lhe  dedicou  no  anno  de  1738.  a  Jua 
Venerável  Ordem  Terceira  em  dia  do  Kofario 
da  Mãy  de  Deos  ejlando  o  SantiJJimo  expofio, 
e  ajfiftindo  na  me/ma  Celebridade  a  Venerável 
Ordem  Terceira  de  S.  Domingos.  Lisboa  na 
Officina  da  Mufica   1739.  4- 

OraçaÕ  de  Sapiência  recitada  na  prefença 
delRejr  D.  Joaõ  o  V.  Príncipe,  e  Infantes,  quan- 
do fe  abrirão  os  Efludos  de  Filofofia,  Theoloffa 
E/peculativa,  Moral,  e  Pofitiva  em  o  Real  Con- 
vento de  Mafra.   M.    S. 


FRANaSCO  DE  S.  THOMAS  naceo 
na  Qdade  do  Porto  a  29.  de  Agoílo  de 
1661.  fendo  filho  de  Domingos  Teixeira  Syl- 
va,  e  D.  Maria  Pereira,  e  Irmaõ  de  Fr.  Fer- 
nando da  Soledade  Provincial,  e  Chroniíla 
da  Ordem  Seráfica  da  Provinda  de  Portu- 
gal de  quem  fe  fez  memoria  em  feu  lugar. 
Na  idade  da  adolefcencia  recebeo  a  murça 
de  Cónego  Secular  do  Evangeliíla  amado, 
e  em  taõ  florente  Congregação  fruâificou 
o  feu  penetrante  engenho  aíTim  nas  efpe- 
culaçoens  Theologicas,  em  cuja  liçaõ  jubi- 
lou, como  nas  declamaçoens  Evangélicas 
com  as  quais  adquerio  aplauzo  o  feu  no- 
me, coUieo  fruto  o  feu  zelo  difcorrendo 
por  diverfas  partes  do  Reyno  para  def- 
pertar  aos  pecadores  do  lethargo  da  cul- 
pa. Acompanhava  até  o  patibulo  aos  reos 
dos  mayores  crimes  exhortando-os  com 
apoíloUca  eficácia  à  verdadeira  contrição 
de  fuás  culpas  para  que  tolerando  refi- 
gnados  o  fuplido  fe  fizeíTem  merecedo- 
res da  falvaçaõ  eterna.  Foy  Examinador 
Synodal  dos  Bifpados  de  Lamego,  e  Por- 
to.   Falleceo    no    Convento    de    S.    Joaõ    de 


Xabregas  Cabeça  da  Congregação  dos  Có- 
negos Seculares  nefte  Reyno  a  30.  de  Se- 
tembro de  1726.  com  65.  annos  de  ida- 
de   e    45.    de    Religião.    Publicou. 

Difcurfo  Ejtcomiaflico  do  Sagrado  Benjamim 
de  Cbrifto,  e  filho  adoptivo  da  mefma  Mãy  de 
Deos,  o  grande  'Evangelifla  S.  JoaÕ.  Lisboa  por 
Manoel  Lopes  Ferreira.   1701.  4. 

Sermaõ  do  grande  Ejvan^lifta  S.  Joaõ  em  o 
Real  Convento  da  Efperança.  Lisboa  por  An- 
tónio Pedrozo  Galraõ   1702.  4. 

Sermaõ  do  noffo  infixe  Português  S.  Antó- 
nio na  occurrencia  do  Laufperenne  na  Parochial 
de  S.  Jorge  defla  Cidade  de  Usboa  a  7^  de 
Novembro  de  1701.  Lisboa  pelo  mefmo  Im- 
preíTor    1702.    4. 

OraçaÕ  fúnebre  na  lu^uofa  morte  delRey 
D.  Pedro  II.  Noffo  Senhor  Lisboa  por  Ma- 
noel, e  Jozeph  Lopes  Ferreira.   1707.  4. 

Sermaõ  do  Excel/o  Príncipe  dos  Anjos  o 
Archanjo  S.  Miguel  pregado  no  Real  Convento 
das  Reliffofas  de  S.  Clara  da  Villa  do  Conde. 
Lisboa  por  Jozeph  Lopes  Ferreira  Impreílor 
da  AuguítííTima  Rainha  Noíla  Senhora. 
1714.  4. 

Sermaõ  nas  Exéquias  do  Illufhiffimo,  e 
Reverendifjimo  Senhor  D.  Francifco  de  S. 
Jerónimo  Geral  que  foy  duas  vet(es  dos  Có- 
negos Seculares  da  Congregação  do  Evangelijia, 
Di^ifftmo  Bifpo  do  Rio  de  Janeiro  do  Coti- 
felho  de  S.  MageJlade  que  fe  fir^eraõ  no  Con- 
vento de  Santo  EJqy  de  Usboa  Oriental. 
Lisboa  por  Francifco  Xavier  de  Andrade 
1723.  4.  Deíle  Sermaõ  faz  memoria  o 
moderno  addidonador  da  Bib.  Occid.  de 
António    de     Leaõ    Append.     2.     Tit.     26. 

Epitome  de  Noffa  Senhora  do  Valle,  em 
que  fe  trata  da  fua  admirável,  e  miraculo- 
fa  imagem,  que  fe  venera  no  Convento  dos 
Cónegos  Seculares  da  Congregação  de  S.  Joaõ 
Evangelijia  da  Cidade  do  Porto,  como  tam- 
pem da  fua  efcravidaõ,  e  Novena.  Lisboa 
por    Jozeph  Lopes  Ferreira.    17 14.   24. 

Caminho  do  Ceo  encuberto  no  efpiritual  prado 
da  doutrina  Chrifiãa,  defcuberto  em  bum  Dia- 
logo entre  Meflre,  e  difcipulo  com  preguntas, 
e  repoflas.  Lisboa  por  Pedro  Ferreira. 
1726.    8. 

Fafciculus  Catholica  veritatis.  foi. 


18 


2/4 


BIBLIO  THE  CA 


De  Potejiate  Clavium.  foi. 

Curfus  Phílofophicus.  foi. 
Eftas    três   obras  efcritas  da  fua  maõ  fe 
confervaõ  na   Livraria   do   Convento   de   S. 
Bento  de  Xabregas  Cabeça  da  Congregação 
dos  Cónegos  Seculares  do  Evangeliíla. 


tado  do  Maranhão  que  JucederaÕ  no  anno  de 
1684.  com  a  dejcripçaò  geográfica  do  dito  miado, 
e  Juceffos,  que  em  feu  dejcubrimento,  e  conquijia, 
e  Fundação  houve,  e  os  progreffos  da  fua  Kef- 
tauraçaõ  pelos  Vortuguev^es  feus  habitadores  fendo 
invadido  dos  Olandei^es  de/de  o  anno  de  1499. 
até  o  de  1686.  M.  S. 


FRANCISCO  TEYXEYRA  Presbitero,  e 
familiar  da  cafa  do  IlluílriíTimo  Arcebifpo 
de  Cranganor,  e  da  Serra  D.  Francifco  Gar- 
cia da  Companhia  de  JESUS  que  foy  Sa- 
grado em  Goa  em  o  primeiro  de  Novem- 
bro de  1637.  com  o  titulo  de  Bifpo  de 
Afcalona  por  D.  Eftevaõ  de  Brito  Arcebif- 
po de  Cranganor,  em  cuja  dignidade  lhe 
fuccedeo.  Atendendo  à  fciencia,  e  inculpá- 
vel vida  de  Francifco  Teixeira  o  fez  Cura  da 
fua  Cathedral,  e  Vigário  da  Vara  da  For- 
taleza de  Cranganor.  Para  de  algum  modo 
agradecer  os  grandes  benefícios  que  rece- 
bera defte  Prelado,  efcreveo. 

Vida  do  llluflrifftmo  D.  Francifco  Garcia 
Arcebifpo  de  Cranganor,  em  que  fe  relata 
os  fuceffos  da  fua  Igreja  no  feu  tempo,  e 
de  feus  Anteceffores  D.  Francifco  Ro:^  D. 
EflevaÕ  de  Brito  Jefuitas;  açoens  que  obrou 
o  feu  v^elo  pafloral  em  beneficio  das  fuás 
ovelhas;  a  ultima  doença,  morte,  enterro  com 
as  suas  exéquias  que  fe  lhe  celebrarão,  e 
Poe!(ias,  que  fe  dedicarão  ã  fua  memoria. 
Dedicou  eíla  obra  à  Cidade  de  Cochim 
em  20.  de  Dezembro  de  1659.  havendo 
paíTado  a  milhor  vida  efte  zelozo  Pre- 
lado a  3.  de  Setembro  do  dito  anno. 
Eftá  efcrita  com  muita  individuação,  e 
clareza  como  vimos  em  hum  volume  de 
folha  M.  S. 


FRANCISCO  TEYXEYRA  CHAVES 
natural  da  Villa  de  Alanquer  do  Patriar- 
chado  de  Lisboa,  e  morador  na  Cidade 
de  S.  Luiz  do  Maranhão  por  cuja  af- 
íiílencia  fe  fez  muito  perito  affim  em  as 
Antiguidades,  como  na  Geografia  daquel- 
le  Eftado.  Efcreveo  no  anno  de  1690. 
e    dedicou    a    Gomes    Freyre    de    Andrade. 

Relação  Hijlorica,  e  politica  dos  tumul- 
tos  da  Cidade  de  S.   Lm\  Metrópole   do  Ef- 


Fr.  FRANCISCO  DE  SAMTIAGO  na- 
tural de  Lisboa  donde  paíTando  a  Caftella 
recebeo  o  habito  de  Carmelita  calçado.  Foy 
hum  dos  mais  celebres  profeíTores  de  Mu- 
fica  que  floreceraõ  na  fua  idade  por  cuja 
fciencia  aífim  praítíca  como  efpeculativa  che- 
gou a  fer  Meftre  defta  fuaviíTima  Arte  nas 
Cathedraes  de  Placencia,  e  Sevilha.  Mere- 
ceo  grandes  eftimaçoens  do  SereniíTimo  Rey 
D.  Joaõ  o  IV.  infigne  Mecenas  defta  armo- 
nica  faculdade  principalmente  quando  ainda 
fendo  Duque  de  Bragança  o  tratou  com 
muito  familiaridade  em  Villa  Viçofa.  Falle- 
ceo  na  Cidade  de  Sevilha  a  13.  de  Outubro 
de  1646.  O  feu  Retrato  de  corpo  natural 
fe  conferva  primorofamente  pintado  na  Bi- 
bliotheca  Real  da  Mufica  onde  na  Eftante 
34.  n.  787.  e  Eftant.  35.  n.  797.  e  804.  da 
qual  fe  imprimio  o  Index.  Lisboa  por  Pe- 
dro Crasbeeck.  1649.  ^^  confervaõ  as  feguintes 
obras  em  que  depofitou  a  profunda  fciencia 
que  alcançara  da  Mufica. 

Dixit  Dominus.  a   8.  vozes. 

Beatus  vir.  a  8.  vozes. 

Laudate  pueri.  a  4. 

Nifi  Dominus.  a  6. 

luiuda  anima  mea  Dominum.   a   12. 

Ecce  nunc  benedicite  Dominum  a  foi.  c  a  4. 

Cum  invocarem,  a   12. 

Beatus  vir.  a  10.  vozes  de  8.  Tom. 

Quomodo  fedet  fola  civitas.    a    8. 

Cofftavit  Dominus.  a  6. 

Manum  fuam  mifit  hoflis,  folo.  com  di- 
verfos   inftrumentos. 

Ego  vir  videns  paupertatem  meam.  a  12. 
com  vários   inftrumentos. 

Kefponforios  da  5.  feyra  mayor.  e  6.  f^- 
ra  a  8. 

Salve  Regina,  a  16.  vozes. 

Ave  Reffna  calorum.  a  4. 

Reffna  cali  la  tare.  a  8. 


L  USITANA 


Viãima  Pafcbalis.  a  8. 
DÍ€S  ira  Mes  tila.  a  4. 
Si  qítarís  miracula,  a  8. 
Diverfos  Motetes,   e    Vilbaruicos  âe   Natal, 
Sacramento f  Nojfa  Senhora,  e  outros  Santos. 


Fr.  FRANaSCO  DE  S.\M  TIAGO  Naf- 

ceo  em  a  Cidade  do  Porto  fendo  filho  de 
Francifco  Leitaõ,  e  Maria  Vieira.  Depois 
de  ter  aprendido  na  Pátria  os  primeiros  ru- 
dimentos recebeo  o  habito  Seráfico  em  o 
Convento  de  Santo  António  de  Ferreirim 
da  Provinda  de  Portugal  diílante  três  quar- 
tos de  legoa  da  Gdade  de  Lamego  a  12.  de 
Agoílo  de  1677.  Paflada  a  carreira  dos  Ef- 
tudos  Efcholafticos,  e  fahindo  bom  Prega- 
dor paíTou  ao  Brazil  onde  exercitou  eíle 
minifterio  com  geral  aceitação  dos  Ouvin- 
tes. Reílituido  ao  Reyno  foy  eleito  Guar- 
dião do  Convento  do  Porto  em  o  anno  de 
1709.  em  cujo  lugar  deu  taes  argumentos 
da  fua  vigilante  economia  que  depois  de 
fer  Difinidor  o  nomeou  o  ReverendiíTimo 
Miniíbro  Geral  da  Ordem  Fr.  Jozè  Grada 
ComiíTario  Geral  dos  Lugares  da  Terra  San- 
ta nefte  Reyno,  e  fuás  Conquiílas  devendo- 
-fe  à  fua  aôividade,  e  2elo  o  augmento  das 
Conduâas,  que  annualmente  fe  remetem  pa- 
ra Jerufalem.  Para  exercitar  nos  coraçoens 
Catholicos  ardente  devoção,  e  affeâo  para 
a  confervaçaõ  daquelles  lugares  fantos  ef- 
creveo. 

KelaçaÕ  Summaria,  e  noticia  dos  lugares 
fantos  de  Jerufalem,  e  dos  mais,  que  na  Ter- 
ra Santa,  e  Palejlina  eftã  de  pojfe,  e  em 
que  tem  muitos  Conventos,  e  Hofpicios  a  Re- 
liffaõ  dos  Frades  Aíenores  da  Regular  obfer- 
vancia  do  ^ande  Patriarcha  dos  pobres  o  Se- 
ráfico Padre  S.  Francifco  fobre  o  direito  com 
que  a  dita  Religião  os  pojfue:  dos  glandes 
tributos,  que  alli  fe  pagaõ,  dos  muitos,  e 
innumeraveis  trabalhos,  que  feus  RiUgiofos  alli 
padecem  naÕ  fô  dos  infiéis  Turcos,  fe  naõ 
também  dos  Scifmaticos  Gre^s;  tudo  a  fim 
da  fua  inteira,  e  devida  confervaçaõ.  Lis- 
boa na  Oífidna  de  Miguel  Manefcal.  171 6.  4. 

Intentou  reimprimir  addidonada:  Cbroni- 
ca  da  Terra  Santa  compoíla  por  Fr.  Joaõ 
de  Calahorra  Francifcano,  e  impreíla  em  Ma- 


275 

drid  no  anno  de  1684.  in  foi.  para  cujo  fim 
mandou  abrir  com  grande  perfeição,  e  naõ 
menor  defpe2a  em  Laminas  de  cobre  a  def- 
cripçaõ  da  Gdade  Santa,  e  os  prindpaes  lu- 
gares onde  foraõ  obrados  os  Miílerios  da 
noíTa  Redempçaõ,  porém  a  morte  que  in- 
tempeítivamente  o  arrebatou  em  13.  de  Mar- 
ço de  171 8.  em  o  Convento  de  NoíTa  Se- 
nhora das  Portas  do  Ceo  diftante  huma  le- 
goa de  Lisboa  lhe  naõ  permitio  pôr  o  ul- 
timo complemento  a  eíia  obra. 


FRANQSCO  DE  TORRES  filho  de 
Joaõ  de  Torres,  e  Maria  de  Seyxas  natural 
de  Coimbra  em  cuja  Univerfidade  recebeo 
as  infignias  doutoraes  na  Faculdade  de  Theo- 
logia,  e  foy  Qualificador  do  Santo  Offido. 
Sendo  Cónego  Magiíbral  na  Cathedral  do 
Algarve  provido  a  20.  de  Novembro  de 
1693.  paliou  com  a  meCma  dignidade  para 
a  Primacial  de  Braga  a  24.  de  Abril  de 
1703.  onde  foy  Provifor,  e  ultimamente  obte- 
ve o  mefmo  Canonicato  em  a  Sé  de  Coim- 
bra a  25.  de  Mayo  de  1707.  Teve  o  af- 
pefto  grave,  eftatura  grande,  juÍ20  pruden- 
te, e  génio  afável.  Falleceo  na  fua  Pátria 
a  15.  de  Junho  de  1722.  quando  contava 
64.  annos  de  idade.  De  poucos  Sermoens 
que  pregou  fendo  dignos  de  luz  publica 
unicamente  a  logrou  o  feguinte. 

Sermão  do  aão  publico  da  Fe  que  fe  cele- 
brou no  pateo  de  S.  hliguel  da  Cidade  de  Coim- 
bra em  7.  de  Julho  de  1720.  Coimbra  na 
Oífidna  do  Real  Collegio  das  Artes  1720.4. 


Fr.  FRANQSCO  TRAVASSOS  cuja  Pá- 
tria,   e    Religião    que    profeííou    fe    ignora. 
Foy    infigne    Poeta,    e    como    tal    he    lou- 
vado  entre   o   feu   Coro   por    Jacinto    Cor- 
deiro  EJog.   dos  Poet.   Ljifit.   Eftanc.    53. 
Fr.  Francifco  Travafjos  ja  Sirena, 
Duplica  tiemo  canto  melodia. 
Talvez  ShÍP^^  I^  fecunda  vena, 
Los  que  paffan  el  mar  de  fu  T balia, 
Que  afluto   UlyJJes  el  paffarle  ordena, 
Aunque  de  Circe  hermofa  la  porfia, 
U  avi!(e  la  dulçura  de  fus  luijjos. 
Que  nò  encanten  los  verfos  de  Travajfos. 


27Ó 


BIB  LIO  THE  CA 


Compoz  muitas  Poefias,  fendo  entre  ellas 
as  mais  famofas  huma  Cançaõ  que  princi- 
pia. 

Mandado-me  ha  amor  cantar  un  poço.  &c. 
c  o  Soneto. 

Qui:^  e  naõ  qm^,  e  quero  nàô  querendo.  &c. 


FRANaSCO  TRIGUEIROS  GÓES  fi- 
lho de  Manoel  Fernandes  de  Crafto,  e  Ma- 
riana de  Góes  nafceo  em  Lisboa  onde  inf- 
truido  com  as  primeiras  letras  paíTou  à  Uni- 
verfidade  de  Coimbra,  e  applicando-fe  ao  ef- 
tudo  da  Jurifprudencia  Cefarea  recebeo  com 
applauzo  dos  Cathedraticos  o  grão  de  Ba- 
charel naquella  Faculdade.  Reílituido  à  pá- 
tria exercitou  o  Officio  de  Advogado  de 
Caufas  Forenfes  com  grande  fama  da  fua 
fciencia  jurídica  para  a  qual  concorria  a 
penetrante  viveza,  e  feliz  memoria  de  que 
era  ornado.  Teve  fuficiente  noticia  das  le- 
tras humanas,  e  da  Hiftoria  Sagrada,  e  pro- 
fana. Falleceo  na  Pátria  a  29.  de  Junho  de 
1732.  Jaz  fepultado  no  Convento  de  Nof- 
fa  Senhora  da  Boa  Hora  dos  Agoftinhos 
Defcalfos.     Compoz. 

AllegaçaÕ  de  Direito  a  favor  do  Prior,  e 
mais  Beneficiados  da  Parochial  Igreja  de  S. 
Nicolao  do  Patriarchado  de  Lisboa  Occiden- 
tal, e  do  Real  Padroado  da  Rainha  Nojfa 
Senhora  em  que  fe  impugna  o  Decreto  que 
os  Padres  da  Congregação  do  Oratório  con- 
feffíiraô  naõ  fendo  ouvidos  o  Prior,  Benefi- 
ciados, e  outros  legitimas  contradiãores  para 
obrigar  a  que  fe  lhe  vendejfem  varias  pro- 
priedades de  Cafas  da  Rua  nova  do  Al- 
mada diflrião  da  mefma  Freguefia  para  ex- 
tenderem  o  fitio  que  habitaõ.  Lisboa  na  Of- 
ficina  da  Mufica.   1730.  foi. 

Ecco  Juridico  contra  as  vot^es  das  refle- 
xoens,  que  formão  os  Reverendos  Padres  da 
CongjregaçaÕ  do  Oratório  defla  Cidade  de  Lis- 
boa Occidental  oppoftas  à  AllegaçaÕ  de  di- 
reito, que  fe  deu  à  luv^  a  favor  do  Prior, 
e  Beneficiados  da  Igreja  Parochial  de  S.  Ni- 
colao do  Padroado  da  Rainha  Noffa  Senho- 
ra dividido  em  3.  Partes.  Na  primeira  ref- 
ponde  à  intitulada  noticia  fiel  de  todo  o 
facto  que  fe  involve  nefia  queftaÕ.  Na  2. 
contradÍ!(^    aos    12.  fundamentos   que  fe    expen- 


dem por  parte    da    Congregação.     Na    3.    def- 
vanece  todas  as  refiexoens  contrarias   á  fobredi 
ta    AllegaçaÕ    a    qual    de    novo    vay    imprejfa 
no   fim    defta    obra.    Lisboa    na    mefma    Of- 
ficina   1731.   foi. 

D.  FRANQSCO  DA  TRINDADE  na- 
tural da  Villa  de  Fonte  Arcada  titulo  de 
Vifcondado  íltuada  em  a  Província  da 
Beyra,  filho  de  António  Ferreira,  c  Vi- 
toria Antunes,  Cónego  Regular  de  Santo 
Agoílinho  cujo  habito  recebeo  no  Real 
Convento  da  Santa  Cruz  de  Coimbra  a 
27.  de  Setembro  de  161 6.  Diélou  Thco- 
logia  em  o  feu  CoUegio  de  Coimbra  em 
cuja  Univerfidade  foy  admitido  ao  nume- 
ro dos  Doutores  Theologos  fendo  taõ 
grande  Letrado,  como  excellente  Prega- 
dor. Morreo  em  Coimbra  a  13.  de  Ju- 
nho   de    1654.    Publicou. 

SermaÕ  pregado  no  Real  Convento  de  San- 
ta Cruv^  quando  primeiro  que  a  Sé,  Mof- 
teiros,  e  Collegios  deu  a  Deos  graças  por 
dar  a  efte  Reyno  o  inviãijfimo  Rey  D.  JoaÕ 
o  IV.  Nojfo  Senhor  em  12.  de  De:(embro 
de  1640.  Lisboa  por  Manoel  da  Silva. 
1642.    4.    Tinha   prompto   para  a  impreíTaõ. 

Commentaria  in  Jonam  Prophetam.  foi. 
M.   S. 

Deíla  obra  efcreve  D.  Nicolao  de  Santa 
Maria  Chron.  dos  Coneg.  Regfd.  liv.  10.  a^. 
27.  §.  25.  eflar  compofla  com  mtnta  erudição; 
e  delicados  conceitos. 

Fr.  FRANCISCO  DA  TRINDADE  na- 
tural da  Cidade  de  Lisboa  onde  recebendo 
o  Habito  de  S.  Domingos  partio  para  a 
índia,  e  no  Convento  de  Goa  depois  de 
profeíTo  leo  Artes,  e  Theologia  em  cuja 
Faculdade  tomou  o  grào  de  Prefentado. 
Sendo  Parocho  em  os  Rios  de  Sena  con- 
verteo  a  muitos  Gentios,  c  entre  clles  bau- 
tizou  a  dous  filhos  do  Emperador  de  Mo- 
nomotapa  dos  quaes  era  hum  o  herdeiro  da 
Coroa  Imperial  devendo-fe  à  eficácia  das 
fuás  vozes  animadas  de  zelo  apoftolico,  que 
naõ  fomente  deixaflem  a  cegueira  do  Pa- 
ganifmo,  mas  que  defprczaíTem  as  pompas 
do    feculo    profeíTando    o    Sagrado    inítítu- 


L  USITAN A. 


77 


to  da  Ordem  dos  Pregadores.  Governava 
nefte  tempo  o  Eftado  da  índia  o  Conde  da 
Ericeira  D.  Luiz  de  Menezes  a  quem  or- 
denou a  Mageftade  delRey  D.  Joaõ  o  V. 
trouxefe  para  efte  Reyno  em  fua  companhia 
ao  Príncipe  de  Monomotapa  com  aquelle 
decoro  que  era  divido  à  fua  peíToa,  mas 
como  o  VifoRey  arribou  infauiiamente  à 
Ilha  de  Mafcarenhas  no  anno  de  1722.  on- 
de foy  defpojado  pelos  Piratas,  entre  as 
PeíToas  que  faltarão  em  terra  foy  o  Prín- 
cipe que  brevemente  falleceo  de  huma  grave 
infermidade.  Reftituido  Fr.  Francifco  a  Por- 
tugal aíTiílio  em  o  Convento  de  S.  Domingos 
deíla  Corte  fendo  Pregador  do  Seremífimo  In- 
fante D.  Francifco  onde  falleceo  a  27.  de 
Mayo  de  1730.  Quando  foy  Parocho  dos 
Rios  de  Sena  compoz  na  lingua  defte  Paiz. 
Cathecifmo,  ou  Confejfionario  necejfario  para 
te(p  dos  naturaes  do  EJlado  de  Monomotapa. 
M.  S.  Defta  obra  como  de  feu  author  faz 
mençaõ  Fr.  Pedro  Monteiro  Claujir.  Domin. 
Tom.  3.  pag.  219. 


Fr.  FRANCISCO  DA  TRINDADE  na- 
tural do  Couto  de  Semide  da  Comarca  de 
Coimbra  filho  do  Doutor  António  Botelho 
de  Macedo,  e  D.  Anna  María  de  Bríto. 
Aprendidas  as  primeiras  letras  na  patría  re- 
cebeo  o  penitente  habito  de  S.  Francifco 
no  Real  Convento  de  Lisboa  em  20.  de 
Abríl  de  1725.  onde  o  feu  grande  engenho 
fez  taõ  agigantados  progreíTos  nas  fciencias 
feveras  que  mereceo  depois  de  ter  lido  hum 
curfo  de  Artes  em  o  Convento  de  Guima- 
raens  regentar  a  Cadeira  de  Prima  de  Theo- 
logia  Moral  por  efpaço  de  três  annos  em 
o  Real  Convento  de  Mafra  fuílentando  qua- 
tro Conclufoens  publicas  com  naõ  pequeno 
credito  da  fiia  litteratura,  e  recitando  a  Ora- 
ção de  Sapiência  no  principio  defta  leitura 
em  que  molirou  como  era  egregiamente  inf- 
truido  na  lingua  Latina,  e  nos  preceitos  da 
Oratória.  Reftituido  à  fua  Provinda  leu  a 
Cadeira  de  Vefpora  no  Convento  de  San- 
tarém donde  foy  eleito  Guardião  do  Con- 
vento de  S.  Francifco  da  Cidade  a  25.  de 
Mayo  de  1743.    Tem  compofto. 

De  Sacramentis  in  genere.  M.  S. 


Direãorium  Morale.  M.  S. 
De  Diluvio    Univerfali.   M.    S. 


FRANQSCO  VAHIA  TEIXEIRA  na- 
tural de  Braga  filho  de  Francifco  Rodrígues 
Ferreira,  e  María  Vahia  Teixeira,  e  Irmaõ 
do  infigne  Fr.  Jeronymo  Vahia  Monge  de 
S.  Bento  de  quem  em  feu  lugar  fe  fará 
larga  memoría.  Foy  hum  dos  famofos  pro- 
feíTores  da  Jurifprudencia  Cefarea  que  admi- 
rou a  Univerfidade  de  Coimbra,  onde  fendo 
admitido  a  Collegial  de  S.  Pedro  a  10.  de 
Abril  de  1638.  e  laureado  com  a  borla  dou- 
toral naquella  Faculdade  da  qual  explicou 
com  profunda  fubtileza  os  mais  dificultozos 
Textos,  fendo  Lente  de  Inftituta  a  7.  de 
Outubro  de  1637.  dos  Três  Uvros  do  Có- 
digo a  12.  de  Mayo  de  1642.  do  Digefto 
Velho  a  29.  de  Janeiro  de  1654.  e  da  Ca- 
deira de  Príma  a  31.  de  Mayo  de  1659.  on- 
de jubilou  no  anno  de  1664.  Foy  Dezem- 
bargador  da  Cafa  da  Suplicação  de  que  to- 
mou poíTe  a  17.  de  Fevereiro  de  1650.  e 
dos  Aggravos  por  feu  Procurador  o  De- 
zembargador  Joaõ  Leite  a  31.  de  Mayo  de 
1649.  donde  paíTou  ao  Dezembargo  do  Pa- 
ço. Delle  faz  memoría  o  Doutor  Manoel 
Pereira  da  Silva  Leal  Cathalog.  dos  Colleg. 
do  Colleg.  de  S.  Pedro.  n.  85.  As  principaes 
Poftnias  que  diftou  no  tempo  do  feu  Ma- 
gifterío  dignas  da  impreíTaõ  faõ  as  feguintes. 
Commentaria  ad  Tit.  ff.  de  Tefiamentis. 

ad  Tit.  ff.  de   U/u  capionihus. 

ad  L..  'i..  ff.  de  donationihus  inter  virum 
eS^  uxorem. 

ad  L.  unic.  ex  deliãis  defunãorum  in  quan- 
tum  hcnedes. 

ad  Tit.  Cod.  de  Jure  Fifci  lib.   10. 

ad  Tit.   Cod.  de  inofficiofis  dotihus. 

ad  Tit.  ff.  de  Servitutihus. 


FRANQSCO  VALASCO  DE  GOU- 
VEA  lutural  de  Lisboa ,  e  filho  fegtmdo 
do  Doutor  Álvaro  Valafco  celebre  Jurif- 
confulto  de  quem  fe  fez  larga  memoria 
em  feu  lugar,  e  D.  Brítes  de  Gouvea. 
A  penetrante  comprehenfaõ  que  teve  pa- 
ra   as    letras    amenas    foy    infaUivel    final 


2/8 


BIB  LIO  THE  CA 


•dos  progreíTos  que  havia  fazer  em  as 
feveras  fendo  a  Academia  GDnimbricenfe 
o  theatro  onde  brilhou  o  feu  agudo  en- 
genho nas  efpeculaçoens  do  Direito  Pon- 
tificio  em  que  fe  naõ  excedeo,  certa- 
mente competio  com  feu  grande  Pay  nas 
Interpretaçoens  que  fez  ao  Cefareo.  Ad- 
metido  ao  numero  dos  Doutores  fubio 
a  regentar  huma  Cathedrilha  de  Ginones 
a  30.  de  Março  de  1607.  donde  paíTou 
à  Cadeira  de  Sexto  a  28.  de  Novembro 
de  16 14.  do  Decreto  a  13.  de  Março  de 
1623.  de  Vefpora  a  17.  de  Outubro  de 
1625.  em  que  jubilou  no  anno  de  1633. 
Da  efpeculaçaõ  da  Jurifprudencia  paíTou 
à  Pradica  em  os  lugares  de  Dezembar- 
gador  da  Cafa  da  Supplicaçaõ  a  27.  de 
Fevereiro  de  1649.  e  dos  Aggravos  a  10. 
de  Novembro  de  1650.  onde  regulou  as 
fuás  Decifoens  mais  pelos  di£b.mes  da 
Juíliça,  que  pelas  delicadezas  do  difcurfo. 
Impelido  do  zelo  da  Pátria  armou  a  fua 
penna  contra  os  feus  mais  robuílos  an- 
tegoniílas  defendendo  com  folidos  funda- 
mentos eftabelecidos  fobre  as  bazes  de 
hum,  e  outro  Direito  a  Juíliça  com  que 
Portugal  aclamou  por  feu  Soberano  ao 
SeremíTimo  D.  Joaõ  o  IV.  e  deteftando 
a  horrorofa  perfídia  com  que  Alemanha 
alliada  com  Caílella  concorrerão  para  a 
prizaõ  do  Infante  D.  Duarte.  Foy  Arce- 
diago de  Villa-Nova  de  Cerveira  em  a 
Cathedral  de  Braga  com  jurifdiçaõ  de  vi- 
fitar  feíTenta  e  outo  Igrejas  Parochiaes  do 
dito  Arcebifpado.  Falleceo  de  hum  acci- 
dente  apopletico  em  a  fua  Pátria  quando 
excedia  a  idade  de  79  annos.  Nicolao 
Monteiro  Vox  Turtur.  in  Prosem  Art.  i. 
o  intitula  Praceptor  communis  fuper  athera 
notus.  Fr.  Franc.  à  D.  Aug.  Propug.  Lu- 
Jit.  Gallic.  pag.  207.  hujus  avi  Utterarium 
Oraculum.  Ant.  Figueira  Duraõ  na  Dedica- 
tória que  lhe  fez  do  feu  Poema  Ignatiados 
entre  outros  louvores  lhe  diz  noftri  faculi  Ju- 
rifconjultum  emfmnentiffimum ,  hjtjitania  decus, 
Ulyjftponis  non  leve  omamentum,  cujus  fcientiam 
pene  incredibUem  Juris  Cafarii,  e^  Pontificii 
Profeffores  admirantur.  Joan.  Soar.  de  Brito 
Theatr.  l^njit.  Litter.  Lit.  F.  n.  83.  In  Conim- 
bricenji  Academia  publicus,  ac  eméritas projeffor  no- 


minatijfimm.  D.  Franc.  Manoel  de  Mello 
Cart.  dos  AA.  Portug.  efcrita  ao  Dou- 
tor Themudo.  Na  fua  JuJlificaçaÕ  de  Por- 
tugal obra  ao  Mundo  taÕ  agradável  como  pe- 
nofa  a  nojfos  inimigos,  que  em  vaò  traba- 
lhão por    efcurecella.    Compoz. 

Jujla  Aclamação  do  Serenijfimo  Key  de 
Portugal  D.  JoaÔ  o  IV.  Tratado  Analytico 
dividido  em  três  partes  ordenado,  e  divulgado 
em  nome  do  me/mo  Reyno  em  JuJlificaçaÕ  de 
fua  Acçaõ.  Lisboa  por  Lourenço  de  An- 
vcres.  1644.  foi.  Efta  obra  fahio  por  elle 
mefmo  vertida  em  Latim  com  o  titulo 
feguinte. 

Joannes  IV.  SereniJJimus  Portugal  lia  Rex 
Jufie  confalutatus  ab  eodem  Re^o  fuo.  Trac- 
tatus  Analyticus  in  três  divifus  partes,  com- 
pofitus,  <Ò'  vulgatus  Regni  nomine  pro  juf- 
titia  aãionis  fua  fummo  Pontijici  Ecclejia 
Catholica,  Regibus,  Populifque  liberus  Chrif- 
tiani  orbis  dicatus.  UlyíTipone  apud  Lau- 
rentium    de    An  veres.     1645.    foi. 

Perfidia  de  Alemania,  y  de  Caflilla  en 
la  prifion,  entrega,  acufacion,  y  procejjo  dei 
Serenijfimo  Infante  D.  Duarte:  fidelidad  de 
los  Portugueses  en  la  aclamacion  de  fu  le- 
gitimo Rey  el  miy  alto,  e  mw/  poderofo  D. 
Juan  IV.  dejle  nombre  Nuejiro  Senor  Pa- 
dre de  la  Pátria,  Rejlaurador  de  la  tiber- 
tad  contra  los  pertenfos  derechos  de  la  Co- 
rona Cafiellana.  Refponde-fe  a  lo  que  erra- 
da, fátua,  y  efcandalofamente  qui:^o  efcrevir 
D.  Nicolas  Fernandes  de  Caftro  Senador  de 
Milan,  y  en  Salamanca  Cathedratico  de  la 
Cathedra  pequena  dei  Código.  Lisboa  na  Of- 
ficina  Crasbeeckiana   1652.  foi. 

Re^oens  em  final  offerecidas  por  parte  de 
Francifco  Vaí^  de  Gouvea  Lente  da  Ca- 
deira de  Sexto  na  Univerfidade  de  Coim- 
bea  contra  o  Doutor  Francifco  Leitaõ  na  cau- 
fa  do  ferimento  que  lhe  foy  feita  em  Coim- 
bra. Lisboa  por  Jorge  Rodrigues.  161 8. 
foi. 

AllegaçaÕ  de  Direito  pelo  Duque  de  Torres 
Novas  D.  Raimundo  contra  o  Marqtie^  de  Por- 
to feguro  feu  Tio  fobre  a  fucejjaò  do  Eflado,  e 
Cafa  de  Aveiro  por  falecimento  da  Senhora  Du- 
quet^a  D.  Juliana.  Lisboa  por  Jorge  Rodri- 
gues.  1637.  foi. 

AllegaçaÕ  na   qual  fe    mofhra  por   Direito, 


L  USITAN  A 


279 


por  Breves  dos  Stimmos  Pontífices,  Alvarás 
dos  Senhores  Keys,  por  fentenças  em  ]íát(p 
contenciofo,  por  conjultas  da  Meí^a  da  Conf- 
ciencia,  pela  Regra,  Bfiatutos,  e  difiniçoens  da 
Ordem,  e  por  juramento,  como  o  dinheiro  dos 
três  quartos  da  Ordem  de  Chrijlo  fe  naõ 
pôde  gaftar  mais  que  nas  obras,  e  fabrica 
do  Convento  de  Thomar,  e  fuás  ca^^as.  Sa- 
hio  impreíTa  no  livro  Memorial  do  Ge- 
ral da  Ordem  de  Chrifto,  e  Religiofos 
delia  à  Mageftade  delRey  D.  Joaõ  o  IV. 
Lisboa  1648.  foi. 

Parecer  fobre  a  Thefouraria  mór  da  Sé 
de  'L.isboa.  ImpreíTo  no  Tom.  3.  das  De- 
cifoens  do  Doutor  Manoel  da  Fonceca 
Themudo.    Decif.  334. 

Carta  l^audatoria  em  aplatc^o  das  Decifoens 
do  dito  Themudo  efcrita  no  anno  de  1643. 
a  qual  fahio  no  primeiro  Tomo  das  De- 
cifoens   defte    Author. 

As  mais  celebres  Poftillas,  que  diélou  na 
Univeríidade  foraõ  as  feguintes. 

Ad  Text.  de  Videi  jujforibus.  Principia- 
da no  anno   de   161 1.   e  acabada  em   1613. 

Ad  Tit.  et  Tex.  in  Clement.  unic.  de  Ref- 
titutione  in  integrum.    Começada  em  161 3. 

Ad  Text.    de   Oficio,   <&    Potefiate  Judieis 
Delegati  lib.  6.  em  o  anno  de   161 5. 
\      Ad   Text.    de    Alienatione   Judicii   mutandi 
caufa  faãi.     Começada    a    4.    de    Março    de 
1620. 

In  Decretales  de  Solutionibus. 
\      InSext.  Decretai.  Regula  Is  qtà  in  Jus  46. 


FRANCISCO  DE  VALHADOLID  na- 
tural da  Cidade  do  Funchal  capital  da 
Ilha  da  Madeira  onde  teve  por  Meftres 
da  Muíica  ao  Cónego  Manoel  Fernandes, 
e  em  Lisboa  a  Joaõ  Alvres  Frovo  Bi- 
bliothecario  da  Bibliotheca  Real  da  Mu- 
íica, e  Cónego  de  Quarta  Pretenda  em 
a  Cathedral  de  Lisboa  de  quem  em  feu 
lugar  fe  fará  mençaõ,  e  com  a  difci- 
pUna  de  taõ  infignes  profeíTores  daquella 
armonica  faculdade  fahio  egregiamente  inf- 
truido,  de  tal  modo  que  foy  Meftre  do 
Seminário  Archiepifcopal  de  Lisboa,  e  ul- 
timamente na  Parochia  dos  Santos  Már- 
tires VeriíTimo,   Máxima,   e  lulia,   onde  fal- 


lecendo  a  16.  de  Julho  de  1700.  jaz 
fepultado.  Preparava  para  a  impreíTaõ  hum 
Uvro  em  que  comprehendia  os  Myfterios 
da  Muíica  aíTim  praétíca,  como  efpecula- 
tiva,  que  impedido  pela  morte,  naõ  aca- 
bou.   Compoz. 

MiJJa  a  6.  vo^es.  Outra  a  8.  outra  a  14^ 
outra  a   16. 

Mijfa  de  Defuntos,  a  4. 

Pfalmos  de    Vefporas,   e   Completas,  a  8> 

Pfalmos  de  Noa.  a  4. 

Lamentação  da  4.  fejra  de   Trevas  a  4. 

Lamentação  de  5.  fejra  mayor.  a  4. 

Refponforios  das  três  Matinas  da  Semana 
Santa,   a  4. 

Mifereres  2l  diverfas  vo2es. 

Ladainha  de  N.  Senhora  a  8.  e  12,  vozes > 

Vários  Motetes  a  3.   4.   7.   e   8.  vozes.. 


P.  FRANCISCO  DO  VALLE  reUgiofa 
da  Companhia  de  Jefus  traduzio  da  Lín- 
gua Caílelhana  do  Padre  Martinho  de 
Roa  da  mefma  Companhia,  em  a  mater- 
na, e  dedicou  ao  SereniíTimo  Duque  de 
Bragança  D.  Joaõ  que  depois  fubio  2.0 
trono    de    Portugal. 

EJlado  dos  Bemaventurados  no  Ceo;  dos 
meninos  no  Limbo;  dos  condenados  no  infer- 
no, e  de  todo  ejle  univerfo  depois  da  Refur- 
reiçaõ,  Juif^o  Univerfal.  Lisboa  por  António- 
Alvres.  1628.  12. 


P.  FRANQSCO  VALENTE  natural 
de  Lisboa  donde  deixando  a  cafa  de  feus 
Pays  Jorge  Valente,  e  Anna  Nunes  re- 
cebeo  quando  contava  quinze  annos  de 
idade  em  o  Collegio  de  Évora  a  roupe- 
ta da  Companhia  de  Jefus  a  13.  de  Ja- 
neiro de  1394.  Neíla  fagrada  paleftra  en- 
íinou  féis  annos  letras  humanas,  e  nove 
as  fciencias  efcholaílicas  com  grande  fru- 
to dos  feus  difcipulos,  fendo  igualmen- 
te douto  na  Jurifprudencia  Cefarea,  e  Pon- 
tifícia, como  na  Theologia  Poíitiva,  e  Myf- 
tica.  Depois  de  fer  Revifor  dos  livros 
em  Roma,  foy  Reytor  dos  Collegios  de 
Angra,  e  Braga,  e  duas  vezes  Propo- 
íito    da    Cafa    de    S.     Roque  onde    paíTou. 


28o 


B IB  LIO  THE  CA 


a  milhor  vida  a  23.  de  Novembro  de 
1662.  com  83.  annos  de  idade,  e  68. 
de  Religião.  Fuií  vir  v^elo  magno  praàitus 
ohjervantia  regularis,  <&  Injlituti  Societatis  e^e- 
pe  peritus  diz  delle  a  Bih.  Societ.  pag. 
263.  col.  I.  Franco  Ann.  Glor.  S.  J.  m 
LMjít.  p.  701.  DoãiJJimus  fíát  utriujqm  júris; 
et  Annal.  S.  J.  in  L.ujit.  pag.  333.  §.  12. 
Homo  fuit  antiqtia  finceritatis  fine  doli  um- 
hra.  e  na  Imag.  da  virtud.  em  o  Nov. 
Âe  Evor.  pag.  865.  Teve  grande  !(e/o  da 
objervancia  religioja.  Joan.  Soar.  de  Brit. 
Theatr.    "Lufit.    Utter.    lit.    F.    n.    84.  Com- 

p02. 

Concórdia  Júris  Pontificii  cum  Cajareo,  et 
'Cum  Theologica  ratione:  de  caufis,  €>*  effeãibus 
Divini,  eb*  Humani  Júris  in  genere  ad  Títu- 
los de  Jumma  Trinitate  <ò'c.  De  Conftitutioni- 
bus,  et  XX.  Difiinãiones  Decreti.  Pariíiis  apud 
Sebaílianum  Cramoyfi.    1654.   foi. 

De  rebus  Societatis  JESUS.  Tinha  promp- 
to  para  imprimir  efte  volume  como  afirma 
o  P.  António  Franco  Annal.  S.  I.  in  Lufit. 

pag.   3 3 3-   §•    14. 

Oratio  de  laudibus  Sapientia  habita  in  Col- 
Jegio  IJlyjfiponenfi  D.  Antonii  Magni.  anno  1605. 
M.   S. 

Fr.  FRANCISCO  VALESIO  natural  de 
Lisboa  filho  de  António  Borges  Valefio,  e 
Luiza  Franca  Leal.  No  Convento  pátrio 
recebeo  o  habito  de  Carmelita  calçado  a 
31.  de  Dezembro  de  1709.  Eftudou  Filo- 
fofia,  e  Theologia  no  Collegio  de  Coimbra 
em  cuja  Univerfidade  foy  admittido  ao  nu- 
mero dos  Doutores.  He  excellente  latino, 
-elegante  Orador,  e  muito  verfado  nas  le- 
tras humanas.  Recebendo  em  23.  de  Ja- 
neiro de  1722.  a  borla  doutoral  em  a  fa- 
culdade Theologica  Fr.  Jozeph  de  Villas 
Boas  Carmelita  recitou  em  o  feu  aplauzo 
huma  Oraçaõ  Latina,  que  fe  imprimio  no 
mefmo  anno  na  Officina  do  Real  Collegio 
<ias  Artes,  da  qual  como  de  feu  Author  faz 
mençaõ  Fr.  Manoel  de  Sá  nas  Memor.  dos 
E/crit.    Portug.   da  Ord.   do   Carm.   pag.   175. 

FRANCISCO  VANEGAS  natural  de  Us- 
boa,  e  Familiar  da  Cafa  do  IlluílriíTimo  D. 


Garcerano  Albanelii  Meftre  que  foy  de  Fc- 
lippc  IV.  e  depois  Arcebifpo  de  Granada. 
Foy  fummamente  verfado,  e  egregiamente 
perito  nas  letras  humanas,  e  Antiguidades 
Romanas,  cuja  profunda  noticia  bebeo  dos 
milhores  Authores  affim  Gregos,  como  La- 
tinos que  fe  confervaõ  na  fumptuoza  Biblio- 
theca  do  Real  Convento  de  S.  Lourenço 
do  Efcurial,  onde  continuadamente  affiítía. 
Efcreveo. 

Pro/egomena  in  L.  Ca/ium  Laãantium  Fir- 
mianum  et  cateros  Authores,  qui  fcripferunt  ad- 
verjus  gentes  dijputationes.    Como  também. 

Commentaria  ad  librum  primum  LaBantii,  aÍT 
ad  librum  de  falfa  religione  ujque  ad  Cap. 
XXII.  et  ad  librum  de  origine  erroris  u/que 
ad  Cap.    V.   varia/que  le£tiones. 

Eeíla  obra  afirma  Niculao  António  Bib. 
Hifp.  Tom.  I.  pag.  376.  col.  2.  que  a 
vira  acabada  em  oder  de  Martim  Vafques 
Siruela  Racioneipro  da  Catedral  de  Se- 
vilha. 


FRANCISCO  DE  VASCONCELLOS 
COUTINHO  natural  da  Cidade  do  Funchal, 
Capital  da  Ilha  da  Madeira  Bacharel  forma- 
do pela  Univerfidade  de  Coimbra  em  os  Sa- 
grados Cânones,  infigne  Poeta  cujo  efpi- 
rito  fe  arrebatava  ao  cume  do  Parnaflb  com 
tal  elevação,  que  por  voto  dos  mayores  cul- 
tores de  taõ  divina  Arte  excedia  o  feu  en- 
thufiafmo  a  mais  penetrante  comprehenfaõ 
fendo  os  feus  verfos  cadentes,  difcretos,  ele- 
gantes, e  claros.  Dos  muitos  que  a  fua 
fecunda  Mufa  produzio  fe  publicarão  os  fe- 
guintes. 

Feudo  do  PamaJJo,  e  viãima  numero/a  con- 
fagrada  ás  Aras  da  Soberana  Mageflade  do  mui- 
to alto,  e  poderofo  Key  D.  JoaÕ  o  V.  Lisboa 
por  Pedro  Ferreira  1729.  4.  Saõ  Terce- 
tos. 

Hecatombe  Métrico,  conjagrado  às  Aras  ia 
Cru^  Santijftma,  e  ã  pure:^a  immaculada  da 
fempre  Virgem  Maria  N.  Senhora.  Lisboa 
pelo  dito  Impreflbr.    1729.   4. 

Fabula  de  Polifemo,  e  Galatea.  Confta  de 
73.  Outavas  começa 

Aonde  Thetis  com  grilhoens  Ituentes.  ó^c. 


i 


L  USITANA. 


281 


Sahio  impreíTa  com  /efe  Sonetos  a  diver- 
fos  Affumptos  defde  pag.  i.  até  32.  no  Tom. 
2.  da  Veni^  renacida,  ou  obras  poéticas  dos  mi- 
Ibores  engenhos  Portuguet(es.  Lisboa  por  Jo- 
zeph  Lopes  Ferreira  Impreflbr  da  Serenif- 
íima  Rainha.  1717.  8. 

Trinta,  e  dous  Sonetos  a  vários  affumptos. 
Sahiraõ  impreflbs  defde  pag.  220.  até  251, 
do  Tom.  3.  da  ¥eni^  renacida  &c.  Lisboa 
pelo  mefmo  Impreflbr.   171 8.   8. 

FRANCISCO  VAZ  natural  da  Villa  de 
Guimaraens  Presbitero  pio,  e  devoto,  co- 
mo manifefta  a  obra  feguinte  que  publi- 
cou. 

Ohra  da  muita  doloroja  morte,  e  paixaõ 
de  N.  S.  JESU  Chrijlo  comforme  a  efcrevem 
os  quatro  Santos  Evangelijlas.  Évora  por  Ma- 
noel de  Lira  1593.  4.  Braga  por  Fruc- 
tuofo  do  Bailo  161 3.  4.  Évora  por  Fran- 
dfco  Simoens.  Lisboa  por  António  Al- 
vres  1617.  e  1639.  4,  e  Lisboa  por  Do- 
mingos Carneiro  1659.  4.  Deixou  compof- 
tas  outras  obras  poéticas  divinas,  e  huma- 
nas. 

FRANCISCO  VAZ  DE  ALMADA  naõ 
fomente  illuílre  por  nacimento,  como  pela 
£ama  que  adquirio  em  o  Oriente  fendo  Ca- 
pitão no  anno  de  161 5.  de  huma  Nao  da 
Armada  de  que  era  Capitão  Mór  D.  Hen- 
rique de  Noronha  contra  o  Malabar,  exer- 
citando o  meíino  pofto  na  vitoria  que  al- 
cançou o  General  Luiz  de  Brito  de  Mello 
dos  moradores  da  Qdade  de  Barbute  em 
cujas  expediçoens  fe  oílentou  formidável  aos 
inimigos  do  Eftado.  Navegando  em  o 
anno  de  1621.  em  a  Náo  S.  Joaõ  Bau- 
tifta  de  que  era  Capitão  Pedro  de  Mo- 
raes Sarmento  padeceo  laftimofo  naufrá- 
gio no  Cabo  da  Boa  Efperança  de  cujo 
trágico  fucceíTo  compoz  a  narração  fe- 
guinte. 

Tratado  do  Juceffo  que  teve  a  Náo  S.  JoaÕ 
Bautijia,  e  jornada  que  fev^  a  gente  que  delia 
ef capou  defde  trinta,  e  três  grãos  no  Cabo  da 
Boa  E/perança  onde  /^^  naufrago  até  Zofala 
hindo  fempre  marchando  por  terra.  Lisboa  por 
Pedro  Crasbeeck.  1625.  4.  Fazem  illuílre 
memoria   do    feu   nome    Faria    Afia    Portug. 


Tom.  3.  part.  3.  cap.  i.  n.  5.  cap.  13.  n. 
16.  e  cap.  17.  n.  19.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  pag.  377.  col.  2.  Ant.  de  Leon, 
Bib.  Orient.  Tit.  13.  Joan.  Soar.  de  Brit. 
Tbeatr.   ImJ.   Uter.   lit.   F.   n.    82. 

FRANQSCO  VAZ  TAGARRO  natu- 
ral da  Villa  de  Óbidos  onde  aprendeo  a 
lingua  Latina,  e  letras  humanas,  e  na  Uni- 
veríidade  de  Coimbra  Jurifprudenda  Qvel 
em  cuja  Faculdade  recebeo  o  gráo  de  Ba- 
charel. Foy  hum  dos  mais  celebres  Advo- 
gados que  teve  eíla  Corte  fendo  muito  ref- 
peitadas  as  fuás  Allegaçoens  que  fez  fobre 
caufas  graviflimas  onde  competia  a  profun- 
didade da  fciencia  com  a  delicadeza  do  dif- 
curfo.  Foy  cazado  com  D.  Mariana  The- 
reza  de  quem  naõ  teve  filhos.  Morreo  na 
pátria  a  24.  de  Abril  de  1724.  e  jaz  fepul- 
tado  na  Parochial  Igreja  de  N.  Senhora  da 
Encarnação.   Publicou. 

AllegaçaÕ  praâica,  e  juridica  fobre  a  poffe, 
e  fuceffaõ  do  Titulo,  e  Cav^a  da  Feira  contra 
os  Senhores  Procuradores  da  Coroa,  e  Infantado 
a  favor  de  D.  Álvaro  Pereira  Forjas  Couti- 
nho. Lisboa  por  Mathias  Pereira  da  Sylva, 
e   Joaõ  Antunes  Pedrozo.    1720.   foi. 

P.  FRANaSCO  VELHO  natural  do 
lugar  de  S.  André  de  Palma  termo  de 
Barcellos  do  Arcebifpado  de  Braga  fi- 
lho de  Joaõ  Alvares  Velho,  e  de  Ca- 
therina  Affonfo.  Na  tenra  idade  de  quin- 
ze annos  abraçou  o  inílituto  da  Com- 
panhia de  Jefus  em  Lisboa  a  9.  de  Mar- 
ço de  1620.  Diôou  humanidades  féis  an- 
nos, e  Filofofia  no  Collegio  de  Lisboa. 
Em  Roma  foy  Subílituto  do  AíTiílente 
deíla  Provinda,  e  Penitenciário  em  o  ce- 
lebre Sanéhiario  da  Cafa  do  Loureto.  Con- 
trahindo  huma  grande  infermidade  da  af- 
íiílencia  que  fazia  aos  foldados  do  Exer- 
cito de  Entre  Douro,  e  Minho  ao  tem- 
po que  fe  recolhia  ao  Collegio  de  Bra- 
ga faUeceo  no  Hofpital  de  Ponte  de  Li- 
ma, que  adminiílraõ  os  religiofos  de  S. 
Joaõ  de  Deos,  a  30.  de  Novembro  de 
1662.  Foy  muito  douto  nas  letras  hu- 
manas, e  antiguidades  Eccleíiafticas.  Com- 
poz. 


282 


BIBLIO  THE  CA 


Vida  de  Santo  Olympio.  Deíla  obra  faz 
mençaõ  Cardofo  Agtol.  Lsijit.  Tom.  3.  pag. 
655.  no  Comment.  de  12.  de  Junho  letr. 
B.  e  Nicolao  António  Bib.  Hijp.  Tom.  2. 
pag.   325.  col.   I. 

Vida  de  Santo  Epitacio  Martyr.  Fa2  me- 
moria deíla  obra  Fr.  Pedro  Poyares  Vaneg. 
da   Villa  de  Barcel.   cap.   98.  pag.   227. 

Sendo  Meílre  de  Humanidades  compoz 
huma  Elegia  à  morte  do  P.  Francifco  de 
Mendoça  que  fahio  imprefla  no  principio 
do  feu  Viridario.  Lugduni  apud  Lauren- 
tium  AniíTon.  1649.  foi. 
Tem  por  titulo  a   Elegia. 

iMgdtmi,  feu  Gallici  leonis  Olyjfiponi  de  ohitu 
Mendoca  Epijlola.    Começa. 

Sic  ad  Ulyjjaam  Jcrihit   'Leo   Gallicus   Ur- 
bem. 

Sed  tamen  ut  Lybicus  non  viget  ore  leo. 

Faz  honorifica  memoria  delle  o  P.  An- 
tónio Franco  Ann.  Glor.  S.  I.  in  Lujit.  pag. 
718.  et  in  Annal.  S.  I.  in  Ijujit.  pag.  333. 
§.    13. 


P.  FRANCISCO  DA  VEYGA  natural 
de  Villa  Viçofa  da  Diocefe  de  Évora  filho 
de  Francifco  Cordeiro,  e  Maria  Fagundes. 
No  Real  CoUegio  deíla  Qdade  fe  aliílou  na 
Companhia  de  JESUS  a  5.  de  Junho  de 
161 7.  quando  contava  17.  annos  de  idade. 
Aprendeo  as  letras  humanas,  e  divinas  com 
difvelo,  e  as  di£lou  com  aplauzo,  prin- 
cipalmente quando  foy  Meílre  da  Sagra- 
da Efcritura  em  a  Univerfidade  de  Évo- 
ra. Obfervou  com  efcrupulofa  exaçaõ  os 
preceitos  do  feu  inílituto.  Foy  muito  aman- 
tiíTimo  da  pobreza,  e  inimigo  da  comu- 
nicação com  Seculares.  Pregou  com  gran- 
de fruto  dos  ouvintes  fendo  o  feu  to- 
tal empenho  plantar  virtudes,  e  eílirpar 
vicios.  Ao  tempo  que  tinha  feito  todos 
os  aélos  literários  para  fc  graduar  Dou- 
tor em  a  Faculdade  da  Theologia  foy 
intempeílivamente  arrebatado  pela  morte  a 
7.  de  Dezembro  de  1643.  com  43.  annos 
de  idade  e  26.  de  Religião.  Delle  fe  lembra 
Franco  Annal.  S.  J.  Li^Jit.  pag.  285.  §.  8. 
Clarejcebat  ad  Jcientias  tr adendas  ingenio  felici  e 
y\nn.  GlorioJ.  S.  J.  in  'Lufit.  pag.  73 1.  Compoz. 


Commentaria    in    lonam     Prophetam.     foi. 
M.  S. 


Fr.  FRANCISCO  DA  VEYGA  natural 
da  Villa  de  Barcellos  do  Arcebifpado  de 
Braga  filho  do  Doutor  Thomaz  Rodrigues 
da  Veyga  lente  de  Prima  de  Medeciru  em 
a  Univerfidade  de  Coimbra,  e  de  D.  He- 
lena Pinheira  irmãa  do  infigne  Jurifcon- 
fulto  o  Dezembargador  Thome  Pinheiro  da 
Veyga  dos  quais  ambos  fe  fará  diílinta  me- 
moria em  feus  lugares.  ProfeíTou  o  iníli- 
tuto Seráfico  em  a  Provincia  de  Portugal 
onde  depois  de  eíhidar  as  fciencias  necef- 
farias  para  o  púlpito  exercitou  eíle  fagrado 
miniílerio  com  zelo  apoílolico  reprehenden- 
do  as  culpas,  e  ocultando  os  culpados  cie 
que  fe  feguiraõ  admiráveis  converfoens.  Re- 
tirado para  o  Convento  da  Ilha  da  Madeira 
fe  fepultou  em  huma  cova  pelo  efpaço  de 
féis  mezes  fendo  o  feu  único  alimento  as 
emas,  que  produzia  o  campo,  de  cuja  ri- 
gorofa  abílinencia  contrahio  a  infermida- 
de  que  o  afligio  largo  tempo  até  fer 
transferido    ao    eterno    defcanço.    Compoz. 

Perfeição  da  Vida  Ejf angélica.  2.  Tom. 
M.  S.  Os  quais  eílavaõ  com  defpacho 
do  Dezembargo  do  Paço  de  21.  de  Ja- 
neiro de  1634.  em  que  o  Author  vi- 
via para  que  os  revilTe  Fr.  Martinho  Mo- 
niz   Religiofo    Carmelita    obfervante. 

Fruto  do  Sangue  de  Chriflo  fobre  as  pa- 
lavras do  Capitulo  20.  de  S.  Matheos  Ca- 
licem  meum  bibetis.  4.  2.  Tom.  Eílavaõ 
com  aprovação  da  Ordem  para  fc  impri- 
mirem. 

Sermoens  diverfos  de  Nojfa  Senhora,  das 
fuás  nove  Feflas  do  anno,  e  outras  particula- 
res dedicados  à  Immaculada  Conceição  da  Vir- 
gem NoJfa  Senhora,  honra,  Tymbre,  folar, 
devifa,  e  profifaõ  da  Ordem  Seráfica.  Co- 
meça a  Dedicatória.  Qmndo  ponho  os  olhos, 
Immaculada  Princesa,  nas  muitas  obrigaçoetis 
que  a  Sagrada  Religião  Francifcana  vos  tem 
em  lhe  dares  a  honra  de  Defenfora  da  vojfa 
Immaculada  Conceição,  eu  como  filho  ^c. 
Coníla  de  29.  Sermoens.  4.  M.  S.  Fr. 
Fernando  da  Soledade.  Wfl.  Seraf.  da  Prov. 
de  Portug.  Part.  5.  cap.  29.  n.  459.  faz  men- 


LUSITANA,  283 

çaõ  defta  obra  a  qual  como  a  precedente  Carfa  efcrita  das  Molucas  aos  me/mos  Pa- 
confervava  em  feu  poder  Fr.  LuÍ2  de  dres  a  29.  de  laneiro  de  1568.  Eftas  duas 
S.  Francifco  fobrinho  do  Author  de  quem  Cartas  com  outras  duas  fe  confervaõ  no  Ar- 
fe fará  memoria  em  feu  lugar.  chivo  da  Ca2a  profeíTa  de  S.  Roque  de  Lis- 
boa. 

P.  FRANCISCO  VIEYRA  natural  da  KelaçaÕ  do  Martyrio  do  V.  P.  loaõ  Bau- 
Villa  da  Arruda  do  Patriarchado  de  Lis-  fi^a  Machado.  Conferva-fe  M.  S.  no  Carto- 
boa  foy  admitido  em  o  CoUegio  de  Coim-  rio  do  Collegio  de  Coimbra  como  afirma  o 
bra  à  Companhia  de  JESUS  a  15.  de  Ja-  Padre  António  Franco  Imag.  da  virtud.  do 
neiro  de  1544.  onde  igualmente  cultivou  as  Novic.  de  Lisboa.  Liv.  2.  cap.  24.  §.  25. 
letras,  e  as  virtudes.  Depois  de  fer  Supe- 
rior da  Caza  de  Santo  Antaõ  em  Lisboa  Fr.  FRANCISCO  VIEYRA  natural  de 
dezejozo  de  pregar  o  Evangelho  nas  Re-  Villa-Real  em  a  Provinda  Tranfmontana  fi- 
gioens  Orientaes  pardo  com  faculdade  dos  lho  de  Pays  igualmente  nobres,  que  opu- 
Superiores  a  24.  de  Março  de  1553.  em  a  lentos  chamados  Gafpar  Ferreira  de  Aze- 
Náo  Santa  Cruz  de  que  era  Capitão  Bel-  vedo,  e  Izabel  Vieyra  de  Souza.  Ainda  con- 
chior  de  Souza  Lobo  em  cuja  navegação  tava  poucos  annos  de  idade,  e  muitos  de 
pofto  que  impelido  dos  ventos  arribaíle  a  madureza  quando  deixando  a  Caza  paterna 
Lisboa,  exercitou  com  os  infermos  todo  o  elegeu  a  ReUgiaõ  dos  Erimitas  de  S.  Agof- 
genero  de  charidade.  Segunda  vez  tentou  tinho  profeílando  o  feu  inftituto  no  Real 
taõ  prolongada  jornada,  e  embarcado  com  Convento  de  NoíTa  Senhora  da  Graça  de 
o  Vice-Rey  D.  Pedro  Mafcarenhas  em  a  Lisboa  a  6.  de  Mayo  de  1669.  Tal  era  a 
Náo  Saõ  Boaventura  aportou  felifmente  a  viveza  com  que  comprehendeo  as  fciencias 
Goa  a  23.  de  Setembro  de  1554.  Para  exer-  feveras  que  ao  mefmo  tempo  cauzava  en- 
cicio  do  feu  apoílolico  efpirito  paílou  com  veja  aos  condifcipulos,  e  admiração  aos  Mef- 
outros  companheiros  em  o  anno  de  1557.  três.  Laureado  com  as  inlignias  Doutoraes 
às  Ilhas  Molucas  onde  agregou  muitas  ai-  na  Faculdade  Theologica  pela  Univeríidade 
mas  ao  conhecimento  da  verdadeira  Divin-  de  Coimbra  a  14.  de  Fevereiro  de  1685. 
dade  padecendo  na  cultura  de  vinha  taõ  a  illultrou  com  o  feu  Magiíterio  em  as  mayo- 
agrefte  intoleráveis  trabalhos  fendo  bufcado  res  Cadeiras,  fendo  Lente  de  Gabriel  a  23. 
por  ElRey  de  Geilolo  para  o  privar  da  de  Outubro  de  1706.  da  Efcritura  a  26.  de 
vida  até  que  recebeo  o  premio  delles  na  laneiro  de  1714.  de  Vefpora  em  12.  de  No- 
eternidade  gloriofa.  Fazem  mençaõ  deíle  vembro  de  171 6.  e  ultimamente  de  Prima 
Varaõ  Evangélico  Telles.  Chron.  da  Comp.  em  o  primeiro  de  Outubro  de  171 7.  A 
de  Jefus  da  Prov.  de  Portug.  Part.  2.  liv.  fua  grande  literatura  fe  naõ  coarétou  às 
4.  cap.  22.  §.  7.  e  liv.  5.  cap.  4.  §.  efpeculaçoens  da  Theologia,  mas  com  ex- 
I.  e  cap.  49.  §.  2.  Maffeo  de  Keh.  Ind.  ceifo  a  todos  os  Cathedraticos  fe  exten- 
lib.  16.  Franc.  Ann.  glor.  S.  I.  in  l^fit.  pag.  dia  à  intelligencia  das  Efcrituras,  noticia 
775.    Efcreveo.  da    Hiftoria    Sagrada,    e    Profana,    liçaõ  dos 

Carta  ao   Geral  efcrita  de   Temate    a   18.  Oradores,     e    Poetas    antigos    como    teíle- 

de  Fevereiro  de  1558.    Na  qual  refere  o  mar-  munhavaõ    todos,    que    participava©    da  fua 

tyrio   do   Padre  AíFonfo   de  Caílro,   conver-  converfaçaõ    fempre    agradável,    e    judicio- 

faõ   de  hum  Rey,   e   Chriílandade   daquellas  fa.    Naõ    mereceo    menor    aplauzo    o    feu 

partes.    Defta  carta  fe  fez  hum  extraéíio  na  talento    no    púlpito    que    na    Cadeira    fen- 

Lingua  Latina  que  fahio  com  outras.    Lo-  do    as    fuás    declamaçoens    Evangélicas    de- 

vanii   apud   Rutgerum   Velpium    1569.    8.    a  regidas    à    reforma    dos    cuftumes,    e    extin- 

pag.   225.  çaõ    dos    vidos.    Retirado    à    fua    pátria    fe 

Carta    efcrita    das    Molucas    aos    Padres  da  preparou     com    repetidos    aâos    de    obfer- 

Provincia  de  Portugal   a  f).  de  Março  de  1559.  vante   ReUgiofo   para   a    morte    que    o    pri- 

Confta  de  nove  paginas.  vou   da   vida   a    25.    de    Setembro    de    1720 


284 


BIBLIO THE  CA 


quando  contava  71  annos  de  idade,  e  51. 
de  religião.  Jaz  fepultado  no  Capitulo  do 
Convento  de  S.  Domingos  de  Villa  Real  em 
cuja  Campa  fe  deve  gravar  por  epitáfio  as 
palavras  que  delle  efcreveo  o  Padre  Fr.  Ma- 
noel de  Figueiredo  F/os  Sana.  Aug.  Tom. 
4.  pag.  140.  Conjumado  Theologo  em  todas  as 
BJcolas,   e  plaufivel  nos  argumentos. 

Compoz. 

Sermão  da  Terça  fexta  feira  de  Quarejma 
na  Capella  Real  da  Univerjidade  de  Coimbra. 
Coimbra  por  Jozé  Ferreira  Impreflbr  da  Uni- 
verfidade.    1689.  4. 

Sermão  da  Anunciação  da  Senhora  e  Encar- 
nação do  Divino  Verbo  no  Collegio  da  Graça  em 
1687.   Coimbra  pelo  dito  Impreflbr.   1689.  4. 

Sermão  na  ultima  Tarde  do  Triduo  que 
no  Convento  de  Santo  Agofiinho  da  Cidade 
do  Porto  fe  celebrou  em  28  de  Outubro  de 
1689.  na  TresladaçaÕ  do  Sacramento  para  a 
nova  Igreja  dedicada  ao  mefmo  Santo  Agof- 
tinbo  com  a  circunjiancia  da  felice  nova  do 
nacimento  do  Príncipe  que  Deos  guarde  por- 
que chegou  quando  fe  dava  principio  a  fo- 
lemnidade.  Coimbra  por  Manoel  Dias  Im- 
preflbr   da    Univerfidade    1689.    4. 

Sermaõ  da  Quarta  Dominga  de  Quarefma 
na  Sé  de  Coimbra.  Lisboa  por  Miguel  Ma- 
nefcal  1691.  4. 

Sermaõ  do  Auto  da  Fé  que  fe  celebrou 
no  pateo  de  S.  Miguel  da  Cidade  de  Coim- 
bra em  19.  de  lunho  de  171 8.  Coimbra  na 
Officina  do  Real  Collegio  das  Artes  da  Com- 
panhia de  lESUS  171 8.  4. 

Ko:^  Evangélica,  que  nos  mudos  charaííe- 
res  da  ejlampa  catholicamente  brada,  e  fe  di- 
vulga em  quarenta  Sermoens  Panegyricos  fef- 
tivos,  como  também  fúnebres,  e  Quarefmaes. 
Coimbra  por  António  Simoens  Impreflbr 
da    Univerfidade.    1708.    foi. 


fimo  Bifpo  deíla  Cathedral.    Era  muito  apli- 
cado  ao  eftudo   da  Genealogia  efcre vendo. 
Família  dos  Pintos  hijloríada.  M.  S. 


P.  FRANCISCO  XAVIER  natural  de 
Lisboa  filho  de  Domingos  loaõ,  e  Do- 
mingas Pedroza  recebeo  a  roupeta  de  S. 
Filipe  Neri  em  a  Congregação  do  Ora- 
tório da  fua  pátria  a  26.  de  Abril  de 
1688,  onde  diétou  Filofofia,  e  Theologia 
com  profundidade,  e  pregou  com  elegân- 
cia. Foy  Qualificador  do  Santo  Offido, 
e  duas  vezes  Propozito  da  Caza  de  Lis- 
boa, e  huma  em  a  da  Villa  de  Eílre- 
mos.  Teve  o  afpedo  grave,  génio  afá- 
vel, comprehenfaõ  fublime,  e  coração  pio. 
Ornado  de  todas  as  virtudes,  que  conf- 
tituhem  hum  perfeito  Regular  falleceo  cm 
a  Congregação  de  Eftremos  a  6.  de  No- 
vembro de  1732.  depois  de  tolerar  com 
admirável  refignaçaõ  as  moleflias  de  hum 
prolongado  achaque.  Foy  taõ  fentida  a 
fua  morte  que  em  11  de  Dezembro  fe 
lhe  dedicarão  fumptuozas  exéquias  na  Igre- 
ja de  Santo  André  da  Villa  de  Eftre- 
mos fechando  todo  efte  fúnebre  obzequio 
o  Doutor  Manoel  Martins  Fontes  da  Syl- 
veira,  que  fez  das  fuás  virtuofas  açoens 
hum    elegante    Panegyrico.    Compoz 

Parecer  fobre  a  controverfia  dos  Reverendos  Pa- 
dres da  Congregação  do  Oratorío  com  os  Reve- 
rendos Parochos,  e  Clero  fecular  do  Patriarchado 
de  Lisboa  fobre  a  precedência  na  ProciJfaÕ  do 
Corpo  de  Deos.  Efcrita  em  Lisboa  a  6.  de 
lunho  de  1719.  foi.  Impreflb  1722.  fcm  lu- 
gar nem  nome  de  Impreflbr,  mas  do  carac- 
ter fe  conhece  fer  em  Olanda. 

Sermoens  Varíos  i.  Tomo.  Lisboa  na 
Officina  da  Congregação  do  Oratório  1735.  4. 

Sermoens  Vários  2.  Tomo.  ibi  na  mefma 
Officina  1736.  4. 


FRANCISCO    VIEYRA    PINTO    filho 

de   Francifco   Pinto   da   Fonceca,   e   de    Je-  FRANQSCO   XAVIER   Naceo   em  Lis- 

ronima   Pinto   da   Fonceca.    Foy   Reytor  da  boa    a    2.    de    Dezembro    de    1685.    fendo 

Igreja    de    S.    Pedro    de    Valongo    fituada  feus    Pays    António    Dias,    c    Catherina    do 

junto  a  ponte  do  Rio  Vouga  em   o    Bif-  Efpirito    Santo.    Quando    contava    15.    an- 

pado    de    Coimbra    em    cujo    beneficio    foy  nos    de    idade    foy    admetido    à    Congrega- 

provido    fendo   D.    loaõ   de    Mello    dignif-  çaõ   do   Oratório   da   Villa   de   Eftrcmós    a 


I 


L  USITAN A. 


285 


19.  de  Março  de  1701.  onde  eíhidadas 
as  fciencias  efcholaílicas  exercitou  o  oííicio 
de  MiíTionario  Evangélico  por  diverfas  ter- 
ras da  Provincia  do  Alentejo  em  que  co- 
Iheo  copiofo  fruto.  Obrigado  do  preceito 
dos  Médicos  deixou  a  Congregação  por  fe- 
rem os  achaques  que  padecia  incompatíveis 
com  os  miniílerios  de  Congregado.  Reti- 
roufe  à  Villa  de  Peniche  onde  experimen- 
tando por  beneficio  do  clima  alivio  em  as 
fuás  queixas  foy  chamado  pela  AbbadeíTa  do 
rcligiofiíTimo  Convento  de  Nlarvilla  de  Reli- 
giofas  de  Santa  Brigida  íítuado  nos  arre- 
baldes  de  Lisboa  para  feu  ConfeíTor,  cujo 
lugar  exercita  com  louvável  procedimento. 
He  muito  perito  na  intelligencia  da  lingua 
Latina,  letras  humanas,  e  Mythologia.  Quan- 
do aíTiília  na  Congregação  compoz. 

EfcravidaÕ,  e  filial  entrega  a  Maria  Santif- 
Jima  Senhora  Nojfa,  exercido  uiilijjimo  no  qual 
Je  deve  empregar  todo  o  Catholico  propofio  à 
praxe  dos  devotos.  Lisboa  por  Jozé  Lopes 
Ferreira  171 5.  16.  e  muitas  vezes  reimpreílo 
em  Lisboa,  e  Coimbra. 

Depois  que  fahio  da  Congregação  pu- 
blicou. 

^^di menta  Ut ter  ária  Studiofa  Jtwentuti,  opus 
excultum  in  duas  partes  divifum.  Ulyffipone 
apud  Antonium  Pedrozo  Galraõ.  1732.  4. 

Sermão  da  ^ande  Matriarcha  Santa  Brigida 
pregado  na  fua  Igreja  em  o  anno  if^j.  no  feu 
próprio  dia  8.  de  Outubro.  Lisboa  na  Officina 
dos  herdeiros  de  António  Pedrozo  Galraõ. 
1740.   4. 

Fr.  FRANCISCO  XAVIER  Naceo  em 
Lisboa  fendo  filho  de  loaõ  Botelho,  e  Mar- 
garida de  JESUS.  ProfeíTou  o  fagrado  inf- 
tituto  de  Carmelita  Calçado  no  Real  Con- 
vento da  fua  Pátria  a  29.  de  Mayo  de  171 8. 
Eíhidou  Artes,  e  Theologia  em  o  Collegio 
de  Coimbra,  e  em  o  de  Évora  diétou  efta 
fublime  Faculdade.  Naõ  he  menos  eftimavel 
o  feu  talento  para  a  Cadeira,  que  para  o 
púlpito  de  cujo  minifterio  publicou  por  pri- 
mícias. 

Sermão  na  SolemniJJima  Yefia  do  Corpo 
àe  Deos  pregado  no  Convento  do  Carmo  de 
Lisboa  no  anno  de  1738.  Lisboa  por  An- 
tónio   líidoro    da    Fonceca.    1738.    4. 


Demonfiraçàõ  Theolopco  Canónica  da  ver- 
dadeira cor  do  habito  que  devem  vejlir  os  Ke- 
ligiofos  do  Carmo  da  antigua,  e  regular  obfer- 
vancia.  Lisboa  por  Miguel  Rodrigues  Im- 
preíTor  do  EmminentiíTimo  Senhor  Cardial  Pa- 
triarcha.   1742.  foi. 

FRANQSCO  XAVIER  Vejafe  P.  MA- 
NOEL MONTEIRO  da  Congregação  do 
Oratório. 


FRANQSCO  XAVIER  LEYTAM  Na- 
ceo em  Lisboa  a  5.  de  Julho  de  1667.  onde 
teve  por  Pays  a  Gafpar  Leytaõ  da  Fonceca 
Sargento  Mòr  na  Praça  de  Tangere,  e  a 
D.  Maria  Quarefma  Gayoa  fua  2.  mulher 
de  igual  nobreza  à  de  feu  Conforte.  Tanto 
fe  anticiparaõ  na  puerícia  as  luzes  do  feu 
engenho,  que  eítudando  os  primeiros  rudi- 
mentos de  Gramática  no  Collegio  de  Santo 
Antaõ  dos  Padres  Jefuitas  o  atrahiraõ  para 
feu  companheiro  fendo  admetido  ao  Novi- 
ciado de  Lisboa  a  24.  de  Fevereiro  de  1682. 
No  Collegio  de  Évora  aprendeo  as  fcien- 
cias amenas  em  que  fahio  taõ  infigne 
que  fempre  levou  o  prímeiro  premio  ou 
foíTe  na  oraçaõ  folta,  ou  ligada  confef- 
fando  os  feus  mefmos  competidores  o 
conhecido  exceíTo,  que  lhes  fazia  o  feu 
talento.  Naõ  era  menos  nas  efpeculaçoens 
da  Filofofia  fendo  os  feus  argumentos  taõ 
fubtis,  como  nervozos  por  cuja  cauzaeraõ 
ao  mefmo  tempo  timidos,  que  admira- 
dos. Deixando  no  anno  de  1689.  a  Re- 
ligião em  que  taõ  virtuofamente  fe  edu- 
cara voltou  a  Lisboa  onde  vaciUante  en- 
tre o  eiiado  que  feguiria,  elegeu  o  de 
cazado  defpozandofe  em  3.  de  Mayo  de 
1691.  com  D.  Margarída  Thomazia  Cou- 
tinho de  quem  teve  três  filhos,  e  fin- 
co filhas,  que  acomodou  em  nobres  lu- 
gares aíTim  religiofos,  como  feculares.  De- 
liberado a  eíhidar  Medicina  frequentou  a 
Univerfidade  de  Coimbra,  e  como  era 
muito  inteligente  da  lingua  Latina,  e  Fi- 
lofofia penetrou  profundamente  os  myfte- 
ríos  deíla  Faculdade  com  tanta  aclama- 
ção do  feu  nome  que  chegando  a  Lis- 
boa   lhe    entregou    o    Tribunal     da    Meza 


28Ó 


BIBLIO  THE  CA 


da  Conciencia  a  dircçaõ  do  Hofpital  de  N. 
Senhora  da  Luz  fituada  no  fuburbio  deíla 
Corte,  que  foy  piedofa,  e  magnifica  Funda- 
ção de  SereniíTima  Infanta  D.  Maria  ultima 
filha  delRey  D.  Manoel.  Paflados  finco  an- 
nos  bufcou  no  anno  de  1702.  em  Lisboa 
mayor  esfera  em  que  girafle  o  influxo  da 
Arte,  que  profeíTava  alcançando  tanto  aplau- 
20  com  o  methodo,  que  aplicava  às  infer- 
midades  mais  perigofas,  que  o  elegerão  por 
feu  Medico  as  Cazas  mais  illuftres,  e  as  Co- 
munidades mais  graves.  Eíla  bem  mereci- 
da fama  da  fua  fciencia  moveo  a  Magef- 
tade  delRey  D.  loaõ  o  V.  para  o  nomear 
Medico  da  fua  Camera  na  ocafiaõ,  que  acom- 
panhou ao  Excellentiflimo  Marquez  de  Ale- 
grete Fernando  Telles  da  Sylva  quando  par- 
tio  a  25.  de  Setembro  de  1707.  a  concluir 
os  auguílos  defpozorios  daquelle  Monarcha 
com  a  SereniíTima  Archiduqueza  de  Auf- 
tria,  e  no  giro  que  fez  por  Londres, 
Holanda,  e  Alemanha  fe  inílruio  com  a 
comunicação  dos  mayores  fabios  da  fua 
profiíTaõ,  que  admirados  refpeitavaõ  a  pro- 
fundidade do  talento,  e  fubtileza  do  juizo 
com  que  fallava,  e  difcorria  em  varias 
matérias  fcientificas.  Reílituido  à  pátria  co- 
mo eílivefle  livre  dos  vínculos  do  ma- 
trimonio querendo  milhorar  de  eftado  fe 
ordenou  de  Presbítero  no  anno  de  1720. 
conferindo-lhe  as  Ordens  o  Emminentiflimo 
Cardial  Senhor  Patriarcha  o  qual  como 
conhecia  a  fua  grande  capacidade  lhe  deu 
licença  fem  limitação  para  exercitar  os 
Miniílerios  de  ConfeíTor,  e  Pregador,  e 
o  nomeou  por  hum  dos  feus  Médicos. 
Partindo  defta  Corte  o  EmminentiíTimo  Car- 
dial da  Cunha  para  aíTiíUr  na  eleição  de 
Summo  Pontífice  no  anno  de  1721.  foy 
dcftinado  entre  os  Varoens  infignes  de 
diverfas  profiíToens  para  acompanhar  a  efte 
Príncipe,  e  tanto  que  chegou  a  Roma 
mereceo  univerfaes  eílimaçoens  pela  na- 
tural elegância  com  que  fallava  a  Lín- 
gua Latina,  c  Italiana  contrahindo  ami- 
zade com  os  Médicos  Romanos  e  os  da 
Corte  de  Turim,  que  lhe  comunicarão  as 
suas  obfervaçoens,  e  lhe  moílraraõ  vários 
Gabinetes  depozitos  de  raras  antiguidades. 
A  inílancia   do   grande   Medico   de    Saboya 


cfcrcvco  huma  DiíTertaçaõ  fobre  a  origem 
das  febres  purpúreas,  c  das  que  foraõ  def- 
conhecidas  pelos  Médicos  antigos.  Em  Pa- 
riz  vio  como  curiofo,  e  obfervou  como  Sá- 
bio os  Jardins  das  plantas  Medicinaes  cul- 
tivados pelos  Botânicos;  os  inílrumcntos  de 
que  ufaõ  os  Chimicos  para  a  calcinação,  e 
manipulação  dos  remédios.  Por  morte  do 
Secretario  de  Eftado  Diogo  de  Mendonça 
Corte  Real  Académico  da  Academia  Real 
foy  eleito  Collega  deAa  Real  Sociedade  no 
anno  de  1756.  onde  recitou  huma  clcgan- 
tiíTima  Oraçaõ  digna  de  fer  invejada  pelos 
Meílres  da  Eloquência  Grega,  e  Romana,^ 
fendo  ainda  mayor  a  que  fez  em  aplauzo 
do  Myfterio  da  Immaculada  Conceição  da 
Senhora  na  Solemne  Feíla  que  annualmente 
lhe  dedica  a  Academia  Real  em  que  com- 
petia a  novidade  da  idea  com  a  fubtileza 
do  difcurfo.  Sendo  nomeado  Cirurgião  Mór 
no  anno  de  1738.  naõ  permitio  a  mor- 
te que  poíTuiíTe  efte  lugar  o  breve  ef- 
paço  de  hum  anno,  pois  acometido  de 
huma  diíTimulada  doença,  que  moftrou  fer 
vencida  pelos  remédios  o  aíTaltou  com 
taõ  grande  impulfo  que  recebidos  os  Sa- 
cramentos com  piedade  Catholica  ,0  pri- 
vou da  vida  a  15.  de  Dezembro  de 
1759.  quando  contava  72.  annos  5.  mezes, 
e  8.  dias  de  idade.  Jaz  fepultado  na  Pa- 
rochia  de  Saõ  lozeph  a  cujo  Funeral  afif- 
tio  illuftre,  e  numerofo  concurfo.  Entre 
os  Poetas  Latinos  mereceo  o  principado 
admirando-fe  na  metrificação  dos  verfos 
heróicos  a  Mageftade  de  Virgílio,  e  a 
difcriçaõ  de  Claudiano,  e  nos  Elegíacos 
a  ternura  de  Ovídio,  e  a  fraze  de  Propcr- 
cio.  Igual  génio  teve  para  a  Poefia  vulgar 
nunca  deixando  de  fer  judiciofa  ainda  quan- 
do era  jovial.  Na  eloquência  latina,  e  Por- 
tugueza  foy  peritamente  exercitado  comopu- 
blicaõ  os  difcurfos,  e  Oraçoens  que  recitou, 
e  efcreveo  onde  fe  admiravaõ  felifmente  uni- 
das pureza  de  fraze,  com  fubtileza  de  juizo. 
Ainda  que  fempre  venerou  o  cngenhofo 
artificio  da  Dialeítíca  de  Ariftoteles  foy 
acérrimo  fequaz  da  Filofofia  de  Renato 
Defcartes  em  cujo  Siftema  defcubrio  fo- 
lidos  princípios  para  a  Medecina  que  pro- 
feíTava.    De   muitas   obras   aíTim  cm   Prosa 


L  USITAN A. 


iSj 


•como  em  verfo  fomente  fe  fizeraõ  publicas 
as  feguintes. 

OraçaÕ  com  que  congratulou  a  Acad.  Real 
guando  foy  admetido  por  feu  Collega.  Lisboa 
por  lozeph  António  da  Sylva  ImpreíTor  de 
Academia.   1736.  4. 

In  Nuptiis  ExcellenfiJIimi  Domini  D.  Fran- 
àfci  Xaverii  Menefii,  €>  Excellentiftma  Domi- 
jia  D.  Maria  à  Gratia  Norognia  Epithala- 
mium.  Ulyffipone  apud  Antonium  Pedrozo 
Galraõ  1738.  4.  Confta  de  306.  verfos  he- 
róicos. 

Sermão  da  Purijftma  Conceição  da  Virgem 
Nojfa  Senhora  na  Fejla,  que  como  a  fua  Pro- 
teãora  lhe  fai^  a  Academia  real  da  Hijloria  na 
Capella  do  Paço  do  Duque  a  14.  de  De^mhro 
Je  1737.  Lisboa  na  Officina  Sylviana,  e  da 
Academia  Real.  1739.  4- 

Epiff^amma  Lafino  ao  iníigne  Capitão  An- 
tónio Galvaõ  que  fahio  na  parte  inferior 
do  feu  Retrato  aberto  na  fua  obra  dos  Def- 
/rubrimentos  antigos,  e  modernos.  Lisboa  na  Of- 
ficina Ferreiriana.   1731.  foi. 

Epigramma  Latino  ao  Retrato  do  Conde 
da  Ericeira  D.  Fernando  de  Menezes  im- 
preíTo  na  Hijloria  de  Tangere  compoíla  por 
efte  Fidalgo.  Lisboa  na  Officina  Ferreiriana. 
1732.  foi. 
■  Bpigramma  Latino  em  aplaufo  dos  Epi- 
grammas  do  Excellentiffimo  Conde  do  Vi- 
miofo  D.  lozé  Miguel  loaõ  de  Portugal. 
IJsboa  por  Miguel  Rodrigues.   1732.   8. 

Obras  M.  S. 

Defcripçaõ  do  Collegio  dos  PP.  lefuitas 
de   Efora.     Em   Verfo   heróico    Latino. 

Poema  à  feli^  entrada  em  Coimbra  da 
Serenijftma  Senhora  D.  Catherina  Rainha  da 
Graã    Bretanha.    Verfo    heróico    Latino. 

Epicedion  in  obitu  P.  Dominici  Louvado 
Collegii,  et  Academia  Eborenjis  Reãoris.  Ele- 
gia Latina. 

Sequentia  MiJJa  Defunãorum  Dies  ira,  àies 
illa  &c.  reduzindo  cada  três  Verfos  que 
faõ  Leoninos  a  três  heróicos,  e  eíles  a 
dous  dyftichos,  e  ultimamente  todos  os 
penfamentos  dos  três  ao  argumento  de 
hum    fó    verfo    Exametro. 

Vida  de  dous  Arcebifpos  de  Lisboa  em 
Latim    recitadas    na    Academia    Real. 


Difcurfo  fobre  os  lardins  de  Semiramis,  e 
Muros   de   Babilónia. 

Difcurfo  fobre  a  exiflencia  do  Pelicano. 
Foraõ  lidos  eíles  difcurfos  na  Academia 
Portugueza  inftituida  em  caza  do  Excel- 
lentiffimo Conde  da  Ericeira  D.  Frãdfco 
Xavier    de    Menezes. 

Sermão  da  Fefla  dos  Santos  Reys. 

Sermão  das  Dores  de  N.  Senhora. 

Obfervaçoens,  e  Confultas  Medicas,   foi. 

Epitome  da  fua  vida  efcrita  em  eflilo  Joca- 
ferio. 

Vários  "Epigramas  Latinos  entre  os  quais 
he  celebre  o  epitáfio  ao  D.  Manoel  Alva- 
res Pegas  infigne  lurifconfiilto  que  fe  le- 
ra impreíTo  quando  delle  fe  fizer  men- 
ção. 

Diverfos  Romances,  ferios,  e  Jocofos.  In- 
tentava efcrever. 

De  Morbis,  €>•  medicina   Principum. 


D.  FRANCISCO  XAVIER  MASCARE- 
NHAS Sahio  à  luz  do  Mundo  em  a  notá- 
vel Villa  de  Santarém  a  1 1  de  Agofto  de 
1689.  fendo  feus  claros  Progenitores  D.  Fer- 
nando Mafcarenhas  fegundo  Marquez  de 
Fronteira,  terceiro  Conde  da  Torre,  Gover- 
nador, e  Capitão  General  do  Reyno  do  Al- 
garve, Meílre  de  Campo  General,  e  Gover- 
nador das  Armas  das  Províncias  da  Beyra, 
e  Alentejo,  Confelheiro  de  Eftado,  Vedor 
da  Fazenda,  Prezidente  do  Paço,  e  Mordo- 
mo mòr  da  Rainha  Noífa  Senhora  e  D. 
loanna  Leonor  de  Toledo,  e  Menezes  filha 
de  D.  leronimo  de  Atayde  fexto  Conde  da 
Atouguia  Governador  das  Armas  de  Trás 
os  montes,  Vicerey  do  Brazil,  Confelheiro 
de  Eílado,  e  de  D.  Leonor  de  Menezes. 
AqueUas  virtuofas  açoens  que  canonizaõ  a 
memoria  dos  Varoens  infignes  foraõ  in- 
nocente  exercido  dos  feus  primeiros  an- 
nos  em  cuja  cultura  claramente  mollrou  que 
por  beneficio  da  Graça  fora  nacido  no  gré- 
mio da  devoção,  e  bebera  com  o  Ley- 
te  a  candura  dos  cuíhimes.  Inílruido  nos 
preceitos  Gramaticaes  entrou  por  Porcio- 
nifta  do  Collegio  Real  de  S.  Paulo  da 
Univerfidade  de  Coimbra  a  11.  de  Agof- 
to    de     171 1.     onde    fe    aplicou    ao    eíhi- 


288 


B  IB  LIO  THE  CA 


do  dos  Sagrados  Cânones  quando  já  pof- 
fuia  a  dignidade  de  The2oureiro  mór  da 
Guarda,  e  pofto  que  o  feu  penetrante 
engenho  unido  com  feliz  memoria  fizef- 
fe  admiráveis  progreflbs  naquella  Faculda- 
de impellido  do  génio  que  tinha  para 
as  Armas  fe  refolveo  feguir  os  bellicofos 
veíligios  dos  feus  Mayores  preferindo  a 
campanha  de  Marte  à  paleftra  de  Miner- 
va. Anelando  o  feu  efpirito  copiar  na  fua 
peíToa  a  imagem  de  hum  perfeito  Capitão 
fe  dedicou  com  incanfavel  difvelo  a  apren- 
der as  regras  da  difciplina  militar  aíTim  tcr- 
reílre,  como  naval  em  que  fahio  taõ  confu- 
madamente  perito  que  ninguém  houve  que 
lhe  difputaíTe  a  primazia  ou  foííe  em  as  no- 
vas evoluçoens,  que  pra6ticou  com  o  Re- 
gimento de  que  era  Coronel,  ou  no  exer- 
cício da  Manobra  de  que  efcreveo  diverfos 
Tratados.  Para  naõ  eftar  ociofo  o  valor  que 
lhe  animava  o  peito  fe  ofFereceo  ocaziaõ  de 
o  exercitar  em  beneficio  deíla  Coroa  em  o 
mayor  theatro  das  façanhas  Portuguezas  on- 
de tinhaõ  feus  gloriofos  Afcendentes  im- 
mortalizado  a  fama  dos  feus  nomes.  Opri- 
mido o  Eftado  da  índia  com  as  repetidas 
invafoens  do  Maratà,  e  Bonfulo  poderozos 
Régulos  da  Cofta  do  Reyno  de  Decan  de 
que  fe  feguiraõ  a  devaílaçaõ  das  Terras  do 
Norte,  e  Provincia  de  Bardes,  receandofe 
que  a  cabeça  do  noíTo  Império  Oriental  pa- 
deceíTe  a  mefma  fatalidade,  foy  mandado 
por  Commandante  de  quatro  Batalhoens  com 
patente  de  Sargento  môr  de  Batalha  em- 
barcado em  a  Nào  N.  Senhora  do  Carmo 
que  acompanhava  a  Capitania  em  que  hia 
o  Marquez  do  Louriçal  Vicerey  do  Eftado, 
e  fahindo  de  Lisboa  a  7  de  Mayo  de  1740. 
ferrou  a  barra  de  Murmugaõ  a  17  de  Mayo 
do  anno  feguinte,  em  cuja  penofa  viagem 
fe  confumio  hum  anno,  e  dez  dias,  infor- 
txmio  que  fe  naõ  experimentou  femelhante 
defde  o  tempo  que  os  Portuguezes  furca- 
raõ  aquelles  mares.  Laftimado  das  gravifli- 
mas  moleftias,  que  padeciaõ  os  Soldados  em 
taõ  prolongada  jornada  procedidas  humas  da 
falta  dos  mantimentos,  e  outras  da  intem- 
perança dos  climas  fe  empenhou  em  o  feu 
alivio  com  taÕ  charitativa  comiferaçaõ  que 
lhes  miniftrava  com  as  próprias  maõs  o  ali- 


mento, e  fe  defpojava  dos  veftidos  para  lhe 
cubrir  a  defnudez  dos  corpos.  Reftituida  a 
gente  militar  ao  vigor,  que  perdera  na  via- 
gem, marchou  com  três  mil,  e  cem  comba- 
tentes a  caftigar  o  orgulho  do  Regulo  Bon- 
fulo, é  bufcando  para  feliz  aufpicio  da  Vi- 
toria o  dia  13.  de  lunho  confagrado  às  fa- 
gradas  memorias  do  Thaumaturgo  Portu- 
guez  Santo  António  rendeo  a  Fortaleza  de 
Corjuem,  e  depois  o  Forte  de  Culuale  com 
horrorofo  eftrago  dos  inimigos,  que  naõ  po- 
dendo refiftir  à  violência  do  noflb  ferro  buf- 
caraõ  na  fugida  a  fua  falvaçaõ,  devendofe 
igualmente  à  direção  das  fuás  ordens,  como 
aos  golpes  da  fua  efpada  a  recuperação  da 
Provincia  de  Bardez  no  breve  efpaço  de 
dous  dias,  que  entaõ  dilatado  tempo  nos  ti- 
nhaõ os  bárbaros  ufurpado.  Voltando  para 
Goa  mereceo  publicas  aclamaçoens  de  Ref- 
taurador  da  gloria  Portugueza  diminuida 
pela  infelicidade  dos  tempos,  e  agora  re- 
nacida  pelos  impulfos  do  feu  invencivel 
braço.  Querendo  o  Ceo  premiar  as  fuás 
heróicas  virtudes,  e  darlhe  huma  Coroa  em 
mais  alto  triumfo  fe  fentio  acometido  de 
huma  infermidade  que  fazendofe  rebelde  á 
eficácia  dos  medicamentos  fe  deliberou  a 
cuidar  mais  da  faude  eterna,  que  da  tem- 
poral. Obrigado  das  inftancias  dos  Padres 
Jefuitas  do  CoUegio  de  S.  Roque  de  Pane- 
lim  o  levarão  para  efte  fitio  como  mais  fau- 
davel,  porem  agravandofe  a  infirmidade  que 
durou  o  largo  efpaço  de  trinta  dias,  rece- 
bidos os  Sacramentos  com  ternura  catholica 
expirou  abraçado  com  hum  Crucifixo  a  11. 
de  Setembro  de  1741.  quando  contava  52. 
annos  e  trinta  dias  de  idade.  Foy  fepultado 
ao  pè  do  Altar  de  S.  Francifco  Xavier  co- 
mo ordenara  em  feu  Teftamento  querendo 
ainda  morto  gratificarlhe  o  beneficio  que 
lhe  devera  em  o  feu  nacimento.  Das  fuás 
açoens  virtuofas,  e  militares  publicou  hum 
Elogio  Hiftorico  Francifco  lozé  Frejrre  or- 
nado de  taõ  elegantes  expreíToens,  e  difcre- 
tos  penfamentos,  que  certamente  he  digno 
padraõ  à  immortalidade  de  Varaõ  taõ  in- 
figne.    Compoz. 

As  vo:(es  mais  próprias  de  qm  fe  deve  ír^ar 
para  o  manejo  das  Armas.  1735.  4.  Naõ  tem  lu- 
gar da  Impreííaõ,  nem  nome  do  Impreííor. 


L  USITANA. 


289 


Operofoens  que  o  Coronel  D.  Francifco  Xa- 
vier Mafcarenbas  hade  fat^er  no  Terreiro  do  Pa- 
ço com  o  feu  Kegimento.  Lisboa  na  Ofíic.  de 
Jozè  António  da  Sylva.   1736.  4. 

Tratado  do  Exercido  da  Aíanobra  com  bum 
Methodo  muy  fácil  para  fe  aprender  a  maria- 
çaô.  Lisboa  por  António  líidoro  da  Fon- 
ceca  1737.  4.  &  ibi  por  Jozeph  António  da 
Sylva.    1737.    8. 

Tratado  do  Armamento,  regras,  e  voi^es  mais 
próprias  com  que  fe  deve  mandar  fa^^er  o  exer- 
cido aos  Soldados,  e  das  pofluras  com  que  elles 
as  devem  executar,  e  que  milhor  condic^m  para 
a  mais  prompta  execução  dos  mandamentos,  e 
para  a  mayor  confervaçaõ  da  milhor  uniaõ,  e 
regular  forma.  Dedicado  a  Mageftade  delRey 
D.  loaõ  o  V.  N.  S.  4.  Q)nílava  de  166. 
paginas,  que  vimos. 

Tratado  de  como  fe  deve  haver  no  mar  bum 
Capitão  em  todos  os  perigos,  que  padecer  a  fua 
Não.  M.  S.  4. 

D.  FRANCISCO  XAVIER  DE  MENE- 
ZES Quarto  Conde  da  Ericeira  fegvindo  Se- 
nhor de  Anciaõ,  e  outavo  da  Caza  do  Lou- 
riçal.  Comendador  das  Comendas  de  Santa 
Chriftina  de  Sazerdello,  S.  Pedro  de  Elvas, 
S.  Cypriano  de  Angueira,  S.  Martinho  de 
Frazaõ,  S.  Payo  de  Fragoas,  e  S.  Bartho- 
lameu  da  Covilhãa,  Deputado  da  Junta  dos 
Três  Eílados,  Confelheiro  de  Guerra,  Sar- 
gento Mór  de  Batalha,  e  Meftre  de  Cam- 
po General  naceo  na  Gdade  de  Lisboa  a 
29.  de  laneiro  de  1673.  para  immortal  glo- 
ria de  feus  lUuíbáíTimos  Pays  D.  Luis  de 
Menezes  3.  Conde  da  Ericeira,  General  da 
Artilharia,  Vedor  da  Fazenda,  e  Governador 
da  Provinda  de  Traz  os  Montes,  e  D.  Joan- 
oa.  de  Menezes  fua  Sobrinha,  filha  única,  e 
herdeira  de  D.  Fernando  de  Menezes  2. 
Conde  da  Ericeira  do  Confelho  de  Eftado, 
e  Guerra,  Regedor  das  Juítíças,  e  Governa- 
dor de  Tangere  de  quem  fe  fez  honorifica  me- 
moria em  feu  lugar.  A  natureza  empenhada 
a  que  foíTe  herdeiro  dos  dotes  fcientificos 
defies  dous  claros  confortes  que  igualmente 
fe  illuftravaõ  com  os  rayos  de  Apollo,  lhe 
illuíbrou  com  taõ  anticipadas  luzes  o  enten- 
dimoito  que  principiou  a  fallar  aos  féis  me- 
zes  de  nacido,  e  comprehender  até  a  pue- 


ril idade  de  outo  annos  os  preceitos  da 
Gramática,  a  quantidade  das  Syllabas,  a  My- 
thologia,  e  Poética,  de  cuja  Arte  fuftentou 
em  o  anno  de  1682.  hum  exame  na  pre- 
fença  da  principal  Nobreza  deíla  Corte,  e 
dos  Collegas  da  Academia  dos  Inílantaneos 
inítítuida  em  Cafa  do  IHuftriíTimo  Bifpo  do 
Porto  D.  Fernando  Corrêa  de  Lacerda  dan- 
do-lhe  vários  aíTumptos,  e  alguns  de  con- 
foantes  forçados  que  elle  promptamente 
compoz  caufando  notável  efpanto  àquelle 
literário  congreíTo  a  fubtileza  dos  conceitos, 
e  a  cadencia  das  vozes  com  que  voa- 
va ao  cume  do  Pamazo  quando  ainda 
naõ  tinha  forças  para  intentar  a  fua  fu- 
bida.  Aplicou-fe  aos  eíhidos  Mathematicos 
com  o  infigne  Cofmografo  Mór  Manoel 
Pimentel  de  cuja  fabia  difdplina  fahio 
egregiamente  inftruido,  fazendo  em  to- 
das as  fdendas  próprias  de  hum  Cava- 
Ihero  taõ  rápidos  progreíTos  que  excedia 
a  esfera  da  comprehenfaõ  mais  penetran- 
te, e  da  fubtileza  mais  profunda.  Nas 
Academias  ninguém  lhe  difputou  a  pri- 
mazia difcorrendo  a  fua  eloquência  em 
diverfos  Problemas,  e  Difcurfos,  e  metri- 
ficando a  fua  Mufa  em  vario  género  de 
Poefia  com  igual  delicadeza  de  concei- 
tos, como  afluência  de  vozes  naõ  fomen- 
te na  lingua  materna,  mas  em  a  Lati- 
na, Franceza,  Italiana,  e  Hefpanhola,  cujos 
polidos  Idiomas  fallou  com  promptidaõ,  e 
efcreveu  com  pureza,  tendo  por  Meílre  da 
primeira  feu  Avó,  e  Tio  D.  Fernando  de 
Menezes;  da  fegimda  a  CondeíTa  fua  Mãy; 
da  terceira  feu  Excellentilfimo  Pay,  e  da 
quarta  fua  Avó  D.  Leonor  Filippa  de 
Noronha.  Naõ  houve  congreíTo  literário 
inítítuido  nefte  Reyno,  ou  fora  delle  que 
o  naõ  pertendeíTe  por  Collega  querendo 
authorizar-fe  com  a  fubUmidade  do  feu 
talento.  Ainda  naõ  contava  vinte  annos 
quando  a  Academia  dos  Generofos  re- 
novada no  anno  de  1693.  o  elegeo  para 
feu  primeiro,  e  ultimo  Prefidente.  Na  Aca- 
demia Portugueza  inítítuida  em  171 7-  na 
fua  ExcellentilTima  Caza  foy  Proteétor,  e 
Secretario,  e  na  Real  da  Hiftoria  Por- 
tugueza formada  pela  Real  magnificenda 
do    noUo    Monarcha    no    anno    de     1721. 


19 


290 


BIBLIO THE  CA 


foy  dos  finco  Direftores,  e  Cenfores,  de 
taõ  illuífarc  AíTemblea.  Nas  Q)nferendas 
eruditas  que  fe  faziaõ  no  anno  de  1715. 
em  Caza  do  IlluílriíTimo  Núncio  Apofto- 
lico  Monfegnor  Firrao  que  depois  foy 
elevado  à  Purpura  Romana,  lhe  tocou  a 
parte  critica  dos  Concílios  Univerfaes,  on- 
de o  nobre  concurfo  das  primeiras  pef- 
foas  da  Corte  admirarão  a  profunda  fcien- 
cia  que  tinha  da  Hiftoria  Ecclefiaftica,  Sa- 
grada Theologia,  e  Cânones  Pontifícios. 
A  Academia  da  Arcádia,  fem  que  elle 
o  pertendeíTe,  o  nomeou  feu  CoUega  com 
o  nome  de  Ormauro  Palifeo,  como  tam- 
bém a  Real  Sociedade  de  Londres.  Em 
todos  os  certames  literários  mereceo  fer 
arbitro  das  obras  métricas,  que  nelles  fe 
liaõ  diftribuindo  os  prémios  com  tanta 
equidade,  que  nunca  deixou  queixofo  o 
merecimento.  A  fama  do  feu  nome  fe 
dilatou  com  tanto  exceíTo  por  toda  a 
Europa  que  chegou  a  alcançar  as  mais 
diftinâas  atençoens  das  primeiras  peflbas, 
que  refpeita  o  mundo  Catholico,  pois  a 
Santidade  de  Innocencio  XIII.  lhe  gra- 
tificou por  hum  Breve  expedido  a  29. 
de  Abril  de  1722.  o  Panegyrico  que  à  fua 
exaltação  ao  Pontificado  recitara  em  a  Aca- 
demia Real,  e  a  Mageftade  ChriftianiíTima  de 
Lui2  XV.  lhe  mandou  o  Cathalogo  da  fua 
Livraria  em  5.  Tomos  e  21.  Volumes  de 
cftampas  que  reprefentavaõ  tudo  quanto 
mais  raro,  e  admirável  fe  admira  na  Corte 
de  Pariz.  A  Academia  da  RuíTia  lhe  efcre- 
veo  huma  elegante  e  oficiofa  carta  com  12. 
Tomos  das  obras  dos  feus  CoUegas.  Os 
mais  celebres  Filólogos  de  Itália,  Alemanha, 
Olanda,  França,  e  Efpanha  bufcaraõ  a  fua 
erudita  comunicação  recebendo  cartas  de 
Muratori,  Bianchimi,  Crefcimbeni,  Dumont, 
Garelli,  I^eclerc,  Bayle,  Beuleau  Renaudot, 
Bignon,  Salazar,  Feijoo,  e  Mayans  em  que 
teftemunhavaõ  o  profundo  conceito,  que  fa- 
ziaõ da  fua  vaftifiima  erudição.  A'  felec- 
tiffima  Livraria  que  herdou  de  feu  Pay 
acrecentou  quinze  mil  Volumes  impref- 
fos,  c  mil  M.  S.  com  magníficos  Glo- 
bos, e  diverfos  inftrumentos  Mathematicos 
a  qual  como  Mecenas  dos  Eíhidiofos,  e  Fau- 
tor dos  eruditos  tinha  patente  a  todos  que 


queriaõ  utilizar-fe  da  fua  liçaõ.  Entre  os 
dotes  de  que  liberalmente  o  ornou  a  na- 
tureza, merecerão  a  preeminência  a  agu- 
deza do  juizo,  a  felicidade  da  memoria, 
e  a  candura  de  animo  com  que  bene- 
volamente fem  diminuição  do  decoro  fe 
comunicava  a  todas  as  peíToas  que  o  buf- 
cavaõ.  Para  naõ  degenerar  do  heróico 
tronco  dos  Menezes  que  em  todos  os 
feculos  brotou  viítoriofas  palmas,  feguio 
a  paleftra  de  Marte  fem  deixar  a  Miner- 
va, acompanhando  a  Mageftade  delRey  D. 
Pedro  II.  no  anno  de  1704.  quando  foy 
à  Campanha  da  Beira  donde  de  Governa- 
dor da  Cidade  de  Évora  paíTou  no  anno 
de  1707.  a  Sargento  Mór  de  Batalha  do 
Exercito,  e  Província  do  Alentejo,  e  com 
efte  pofto  fe  achou  nas  Campanhas  de 
1708.  e  1709.  diílinguindo-fe  em  açoens 
heróicas,  e  no  anno  de  1755.  foy  no- 
meado Meílre  de  Campo  General,  c  Con- 
felheiro  de  Guerra.  Cazou  a  24.  de  Ou- 
tubro de  1688.  com  D.  Joanna  Magda- 
lena  de  Noronha  filha  de  D.  Luiz  da 
Sylveira  fegundo  Conde  de  Sarzedas,  e  Con- 
felheiro  de  Eftado,  e  da  Condefa  D.  Ma- 
riana da  Sylva  de  Lencaftre  de  quem  teve 
D.  Luiz  Carlos  de  Menezes  5.  Conde  da 
Ericeira,  e  i.  Marquez  do  Louriçal,  e  Vice- 
-Rey  do  Eftado  da  índia  duas  vezes:  D. 
Fernando  de  Menezes  Doutor  em  Cânones, 
que  deixando  o  Século  recebeo  o  habito 
Seráfico  no  Seminário  do  Varatojo  com  o 
nome  de  Fr.  António  da  Piedade.'  e  D. 
Confiança  Xavier  Domingas  Aureliana,  que 
cafou  com  Jozeph  Félix  da  Cunha,  e  Me- 
nezes. Acometido  da  ultima  infirmidade  fe 
preparou  com  catholica  refignaçaõ  para  a 
morte,  e  recebidos  os  Sacramentos  efpirou 
placidamente  a  21.  de  Dezembro  de  1743. 
quando  contava  70.  annos,  dez  mezes,  e  22. 
dias  de  idade.  Jaz  fepultado  na  Capella  Mór 
do  Cõvento  da  Annunciada  Padroado  da 
fua  Excellêtiífima  Caza.  O  feu  nome  he 
celebrado  pelas  vozes  de  trinta  Dedicatórias, 
e  pelas  penas  de  diverfos  Efcritores,  que 
uniformemente  aclamaõ  a  fua  incomparável, 
e  vaftiífima  erudição  de  que  faõ  honorifi- 
cos  padroens  as  obras  fcguintes  que  com- 
poz  aíTim  impreflas,  como  M.  S. 


I 


L  USITANA. 


29 


CATALOGO  DAS  OBRAS 

ImpreíTas. 

Soneto,  e  Romance  em  aplaufo  do  Tbeaíro 
Genealógico  da  Cafa  de  Soíc^a  compofto  por  Ma- 
noel de  Sotc^a  Moreira.  Pariz  por  loaõ  Anif- 
fon   1694.   foi. 

KelaçaÕ  do  fitio,  e  rendimento  da  "Praça  de 
Miranda,  que  mandou  o  Meftre  de  Campo  Ge- 
neral D.  loaÕ  Manoel  de  Noronha.  Lisboa  por 
António  Pedrofo  Galraõ.  171 1.  4.  fem  o 
feu  nome. 

Elogium  Ventaglotton  "Latine,  Gallice,  Ita- 
lice,  Hifpanicè,  hufitanicè  in  laudem  R.  P.  D. 
Raphaelis  Bluteau  authoris  Lexici  Lufitanico 
Latini.  Coimbra  no  Collegio  Real  das  Ar- 
tes da  Companhia  de  Jefu  171 2.  f.  Eftá 
no  principio  do  Tomo  primeiro  do  Vo- 
cabulário   do    P.    D.    Rafael    Bluteau. 

Relação  da  Campanha  do  Alemtejo  no  Ou- 
tono de  1712.  com  o  Diário  do  fitio,  e 
glorio/a  defenfa  da  Praça  de  Campo  Mayor 
recopilada  das  memorias  dos  Generaes.  Lis- 
boa por  Miguel  Manefcal.  17 14.  4.  fem  o 
feu  nome. 

Elogio  de  Júlio  de  Mello  de  Cafiro  Aca- 
démico da  Academia  Real  da  Hifioria  Por- 
tuguesa, e  Mefire  na  Academia  Portuguet(a 
recitado  a  20.  de  Fevereiro  de  1721.  tendo 
ef pirado  em  19.  do  dito  mev^.  Sahio  no 
principio  da  Hiíloria  Panegyrica  da  vida  de 
Diniz  de  Mello  de  Caílro  L  Conde  das 
Galveas  efcrita  pelo  mefmo  Júlio  de  Mel- 
lo.   Lisboa    por    Jozé    Manefcal    1721.    foi. 

Refiexoens  fobre  o  efiudo  Académico  para  a 
Academia  Real  da  Hifioria  Portuguesa.  Lis- 
boa por  Pafcoal  da  Silva  1721.  foi.  fahio 
no  Tomo  i.  da  Collecçaõ  dos  Documentos 
da  Academia  Real. 

Syfiema  da  Hifioria  Secular  de  Portugal,  que 
ba  de  efcrever  a  Academia  Real  da  Hifioria 
Portuguesa.  No  mefmo  Tomo  da  Collecçaõ 
Académica  f. 

Panegprico  na  eleição  do  Summo  Pontí- 
fice Innocencio  XIII.  recitado  na  Academia 
Real  da  Hifioria  Portuguesa  fendo  Direãor 
em  5  de  lulho  de  ijzi.  f.  no  meímo 
Tomo. 

Introdução  Panegyrica  na  Conferencia  pu- 
blica    da    Academia    Rjeal    da    Hifioria    Por- 


tuguesa, que  fe  celebrou  no  Paço  na  pre- 
fença  de  Suas  Magefiades,  e  Altesas  em  7 
de  Setembro  de  1721.  dia  dos  annos  da  Rai- 
nha N.   S.   f.   fahio   no   meímo    Tomo. 

Elogio  de  Francifco  Dionifio  de  Almei- 
da da  Silva,  e  Oliveira  Fidalgo  da  Cafa 
de  Sua  Magefiade,  e  Académico  da  Acade- 
mia Rtal  da  Hifioria  Portuguesa  em  19 
de  Janeiro  de  ifzz.  f.  Sahio  no  Tom.  2. 
da     Colleçaõ     dos     Documentos     Académi- 


cos. 


Declaração  fendo  Direãor  da  Academia 
Real  da  Hifioria  Portuguesa  na  Conferen- 
cia de  z<).  de  Janeiro  de  \-jzz.  de  que 
efiava  eleito  Aademico  com  approvaçaõ  de 
Sua  Magefiade  o  Doutor  Manoel  Dias  de 
Uma.    f.    fahio    no    mefmo    Tomo    2. 

Noticia  dos  feus  Efiudos  das  Memo- 
rias Ecclefiafiicas  de  Évora  na  Academia 
Real  em  7.  de  Janeiro  de  ijz^.  dia  em 
que  tomou  poffe  de  Académico  o  Marques 
de  Valença,  i.  fahio  no  Tomo  3.  da 
Coleçaõ. 

Egloga  na  morte  do  Senhor  Dom  Miguel 
filho  d'  ElRey  D.  Pedro  z.  que  em  ly  de  Ja- 
neiro de  1724.  naufragou  no  Tejo.  Lisboa  na 
Officina  da  MuUca  1724.  4. 

Oração  na  ultima  Conferencia,  que  a  Aca- 
demia Real  da  Hifioria  Portuguesa  fes  no  dia 
em  que  acabou  o  feu  quarto  anno  em  9.  de  De- 
Sembro  de  1724.  Sahio  no  Tom.  4.  das  Col- 
lec.  da  Acad. 

Conta  dos  Efiudos  Aademicos  no  Paço  a  7 
de  Setembro  de  1725.  f.  Sahio  no  Tom.  5. 
das   Collecçoens. 

Introdução  Panegyrica  em  os  Amtos  da  Se- 
renijftma  Prainha  N.  Senhora  em  -j.  de  Setem- 
bro de  \iz^.  f.  no  mefmo  Tomo. 

Panegyrico  ao  Serenijfimo  Senhor  Infante  D. 
António  na  Aademia  Rjeal  concorrendo  em  qmn- 
ta  feira  15.  de  Março  de  ijz^.  a  circunfiancia 
de  fer  o  dia  dos  feus  annos.  f.  no  mefmo 
Tomo. 

OraçaÕ  Académica  no  principio  do  fexto 
anno  da  Academia  Real  da  Hifioria  Portugue- 
sa em  3.  de  Janeiro  de  ijz6.  Sahio  no  Tomo 
6.    da   Colleçaõ   Académica. 

OraçaÕ  Panegyrica  no  felicijjimo  Casamen- 
to   da    SereniJJima    Senhora    D.    Maria    Bar- 


292 


BIB  LIO  THE  C  A 


bara  Infanta  de  Portugal,  e  do  Serenijftmo 
Senhor  D.  Fernando  Príncipe  das  Aftmias 
recitada  no  Paço  em  13.  de  Janeiro  de  1728. 
f.  Sahio  no  Tomo  8.  da  Colleçaõ. 

Conta  dos  Jeus  EJludos  Académicos  em 
o  primeiro  de  Abríl  de  1728.  no  mefmo 
Tomo. 

Introdução  Panegyríca  na  prefença  de  S. 
Magejlades  e  Altev^as  em  7.  de  Setembro  de 
T728.  dia  dos  Annos  da  Rainha  N.  Senho- 
ra.    No   mefmo   Tomo. 

IntroducçaÕ  Panegyríca  na  prefença  de  Suas 
Magejlades,  e  Altercas  em  11.  de  Outubro  de 
1728.  dia  dos  Annos  de  ElRej  N.  Senhor  f. 
no   dito   Tomo   8. 

Fabulas  de  Ecco,  y  Narcijfo.  La  primera 
efcríta  por  el  Rxcellentijfimo  Senor  Duque  de 
Montellano;  la  fegunda  refpondida  por  los  mif- 
mos  Confonantes  por  el  Conde  de  Ericeira  D. 
Francifco  Xavier  de  Mene:(es  con  una  idea  Epi- 
tbalamica  de  las  reales  Vodas  de  los  Príncipes 
celebradas  em  Caya  em  1729.  Lisboa  en  la 
Imprenta  Ferreiriana.  1729.  4.  Eíla  Obra 
foy  remetida  no  mefmo  Correyo  em  que 
recebeo  o  Poema  Caílelhano. 

Introdução  Panegyríca  celebrando-fe  os  An- 
nos d'  ElRey  N.  Senhor  em  22.  de  Ou- 
tubro de  17 z^.  Sahio  no  Tomo  9.  da  Col- 
leçaõ  Académica. 

Elogio  de  D.  Francifco  de  Sou:(a  Ca- 
pitão da  Guarda  Alemaã  de  S.  Mageflade, 
e  Alcayde  Mòr  da  Certaà,  e  Pedrógão,  Com- 
mendador  de  S.  Salvador  da  Infejla,  e  de 
S.  Maria  de  Belmonte  Académico  da  Aca- 
demia Real  em  17.  de  Novembro  de  1729. 
f.    No  dito  Tomo  9. 

Oraçaõ  na  ultima  Conferencia  da  Aca- 
demia Real  dando-fe  fim  ao  nono  anno  da 
fua  InflituiçaÕ  em  9.  de  De:(embro  de  1729. 
No  mefmo  Tomo  9. 

Paralello  de  D.  Nuno  Alvares  Pereira 
Duque  do  Cadaval  com  D.  Nuno  Alvares 
Pereira  Condeflavel  de  Portugal  f.  Lisboa  na 
Officina  da  Mufica  1730.  Sahio  nas  ultimas 
acçoens  do  Duque  a  pag.  363.  Acaba  com 
hum  Soneto. 

Declaração  feita  no  Paço  a  i-j.  de  Ju- 
lho de  1730.  fendo  eleito  Académico  o  Dou- 
tor   Agoflinho     Gomes     Guimaraens     Promotor 


do  Santo  Officio  de  Usboa.  f.  Sahio  no 
Tomo    10.    da    Collccçaõ    Académica. 

Introdução  Panegfríca  celebrando-fe  no  Pa- 
ço os  Annos  da  Rainha  N.  Senhora  em 
7.  de  Setembro  de  1730.  No  mefmo  To- 
mo  10, 

Oraçaõ  príncipiando  o  undécimo  anno  da 
Academia  Real  da  Hifloría  Portuguet^a  em 
4.  de  Janeiro  de  1731.  No  Tomo  11.  da 
GsUeçaõ. 

Conta  dos  feus  Efludos  Académicos  em  21. 
de  Junho  de   1731.    No  mefmo  Tomo. 

OraçaS  Académica  na  Prímeira  Conferen- 
cia da  Academia  Real  em  3 .  de  Janeiro 
de    1732.    Sahio    no    Tomo    já    dito. 

Conta  dos  feus  Efludos  Académicos  em 
13.    de   Março   de    1752.    no    mefmo    Tomo. 

Eloffo  Fúnebre  na  morte  do  Senhor  Mar- 
que^l  de  Abrantes  D.  Rodrígo  Annes  de  Sà 
Almeida  e  Mene:(es  Direãor,  e  Cenfor  da 
Academia  Real  da  HiJloría  Portuguer^a  re- 
citado na  mefma  Academia  em  7.  de  Mayo, 
de  1733.  f.  No  mefmo  Tomo  12.  da 
Colleçaõ. 

Declaração  no  Paço  em  21.  de  Mayo 
de  1733.  fucedendo  no  lugar  de  Académico 
pelo  Excellentijftmo  Senhor  Marque^  de  Abran- 
tes o  Excel lentifjtmo  Senhor  Conde  de  Af- 
fumar  D.  Pedro  de  Almeida.  No  mefmo 
Tomo. 

Introdução  Panegyríca  no  Paço  celebrando-fe 
os  Annos  da  Rainha  N.  Senhora  em  7.  de 
Setembro  de   1733. 

Oraçaõ  Académica  feita  no  Paço  a  24.  de 
Outubro  de   1733. 

Declaração  na  Conferencia  de  24.  de  Outu- 
bro de  1733.  de  eflar  eleito  Académico  SebafHaÕ 
Jo:(è   de    Carvalho. 

Declaração  de  eflar  eleito  Académico  o  Dou- 
tor Manoel  Moreira  de  Sou^a  em  19.  ^  No- 
vembro de  1733.  Eftcs  quatro  papeis  no  mef- 
mo Tomo  12. 

Jui!(p  HiJloríco  do  Retrato,  e  Efcrttos  de 
Manoel  de  Faría,  e  Souí^a.  Lisboa  na  Officina 
Ferreiriana.    1733.   f. 

Quarenta  e  oito  Paralellos  de  Varoens  h- 
figfies,  e  dot(e  de  mulheres,  addicionados  aos  Pa- 
ralellos de  Príncipes,  e  Varoens  da  NaçaÕ  Por- 
tugue^a  compoflos  por  Francifco  Soares  Tofca- 
no.    Lisboa  na  Officina  Ferreiriana  1733.  4. 


L  USITAN A, 


293 


E/ogio  do  KeverendiJftMO  P.  D.  Rafael 
BUiteau  Clérigo  Regular,  e  Académico  da  Aca- 
demia Real  recitado  em  4.  de  Aíarço  de 
1734.  f.  No  Tomo  13.  da  Colleçaõ  Aca- 
démica. 

Romance  Heróico,  que  na  trifie  occajiaõ 
da  morte  do  Serenijftmo  Senhor  Infante  D. 
Carlos  tiveraõ  audiência  publica  da  Rainha, 
e  Princet^as  Nojfas  Senhoras,  e  da  Serenif- 
Jima  Senhora  Infanta  D.  Francifca  todas  as 
Senhoras  da  Corte  veflidas  de  luto  com  ade- 
reços, e  mantos  talares  de  fumo.  Lisboa  na 
Offidna    Ferreiriana    1736.    4. 

OraçaÕ  recitada  no  Paço  com  a  occafiaõ 
da  morte  do  SereniJJimo  Senhor  Infante  D. 
Carlos  em  30.  de  Abril  de  1736.  No 
Tomo  14.  da  Colleçaõ  Académica  4. 
Grande. 

Declararão  fendo  nomeado  Académico  o  R. 
Padre  Luiz  Cardofo  da  Congregação  do  Ora- 
tório no  lugar  que  vagou  pelo  Excellentijftmo 
Senhor  Manoel  Telles  da  Sylva  Marque^  de 
Alegrete,  Secretario  da  Academia  de  quem 
fe  fa^  também  o  EIo^o.    No   mefmo  Tomo. 

OraçaÕ  Panegyrica  no  Naamento  da  Se- 
nhora Infanta  filha  fegunda  dos  Principes  Nof- 
fos  Senhores  em  7.  de  Outubro  de  1736. 
No  dito  Tomo  de  4. 

Bibliotheca  Sou^ana,  ou  Catalogo  das  Obras, 
que  compo:^  o  Reverendijffimo  P.  D.  Aíanoel 
Caetano  de  Sou^a  Clérigo  Regular  do  Con- 
felho  de  Sua  Mageflade,  Pro  Comiffario  Ge- 
ral Apoflolico  da  Bulia  da  Santa  Cru^^ada, 
e  Direãor  da  Academia  Real  da  HiJIoria 
Portuguesa  illuflrada  com  Obfervaçoens  Aca- 
démicas,   e    Filoloffcas.    No    Tomo    jà    dito. 

Extraãos  Académicos  dos  Uvros  que  a 
Academia  de  Petersburg  mandou  à  de  Lis- 
boa por  ordem  da  Academia.  No  mefmo 
Tomo.  Saò  Obfervaçoens  Gdticas  a  to- 
das as  Obras  da  Academia  Imperial  da 
Ruflia,  que  foraõ  depois  impreflbs,  e  tra- 
duzidos   na    lingua    Rufliana. 

Epicedio  na  morte  da  SereniJJima  Senhora 
D.  Francifca  Infanta  de  Portugal.  Lisboa. 
Na  Oííicina  de  António  Ilidoro  da  Fon- 
feca    1737.    4. 

A'  Profiçaõ  da  ExcellentiJJima  Senhora  D. 
Liát^a   Alaria   do    Pilar  filha   dos    Excellentif- 


fimos  Senhores  Condes  do  AJfumar,  Dama  da 
Rainha  N.  Senhora  Camerifia  da  SereniJJima 
Senhora  Infanta  D.  Maria  havendo  preferid» 
o  Eflado  de  Religior(a  a  hum  grande  Ca:(a- 
mento  que  fe  lhe  defiinava.  Lisboa  por  An- 
tónio Ifidoro  da  Fonfeca.  1737.  Saõ  22. 
Outavas. 

Memoria  do  valor  da  moeda  de  Portugal 
defde  o  Jmncipio  do  Reyno  ate  o  prev^te^ 
efcrita  a  13.  de  Dev^embro  de  1738.  à  inf- 
tancia  do  P.  D.  António  Caetano  de 
Souza  Qerigo  Regular,  e  Académico,  e 
imprefla  no  4.  Tomo  da  Hifl.  Geneahff- 
ca  da  Cav^a  Rjal  Portu^ie^^a  compofta  pe- 
lo dito  P.  Lisboa  por  Jozè  António  da 
Sylva.  1738.  4.  defde  pag.  419.  até 
447- 

Templo  de  Neptuno,  Epithalamio  no  fe- 
licijjimo  Ca!(amento  da  Excellentijftma  Senho- 
ra D.  Joanna  Perpetua  de  Bragança  com  o- 
Excellentijfimo  Senhor  D.  Lmíz  J^Z^  ^  ^<?/~ 
tro,  Noronha,  Attaide,  e  Soir^a  Marque:^^  dt 
Cafcaes.  Lisboa  na  Officina  Silviana  da. 
Academia  Real  1738.  4.  Confta  de  113. 
Oitavas. 

Elogio  fúnebre  do  Senhor  Doutor  Francif- 
ca Xavier  heitaõ  Medico  da  Camará  de  Sua 
Mageflade,  Cirur^aÕ  Aíòr  do  Reyno,  e  Aca- 
démico do  numero  da  Academia  Real  de  Hif- 
toria,  recitado  no  Paço  a  18.  de  Fevereira 
de  1740.  Lisboa  por  Miguel  Rodrigues. 
1740.  4. 

Henriqueida  Poema  Heróico,  com  adver- 
tências preliminares  das  Re^as  da  Poef(ia 
Épica,  argumentos,  e  notas.  Lisboa  por  An- 
tónio   líidoro    da    Fonfeca.    1741.    4. 

Oração  Panegyrica  recitada  em  2.  de  A/íayo 
de  1740.  no  dia  dos  Annos  do  IlluftriJJimo, 
e  Excellentijfimo  D.  Francifco  Xavier  Rafael 
de  Meneses  6.  Conde  da  Ericeira  tendo-fe 
celebrado  no  mefmo  dia  os  feus  defjw^orios 
com  a  Excellentijfima  Senhora  D.  Aíaria  Jot(è 
da  Graça  de  Noronha  filha  dos  Excelentif- 
fimos  Aíarquet(es  de  Cafcaes.  Lisboa  na  Of- 
ficina Regia  Silviana,  e  da  Academia  Real. 
1740. 

Eloffo  Fúnebre  na  morte  de  D.  Fernan- 
do de  Aíene^es  filho  do  Excellentijfimo  D. 
Lui^    Carlos    de    A/íener^es    Marquei^    do    Lou- 


294 


BIBLIO THE  C  A 


riçal,  e  fegunda  pe^  ViceKey  da  índia  com  a 
Varonia  hijlorica,  e  genealógica  dos  Menev^es  da 
Jua  illujlre  Família.  Lisboa  na  Officina  dos 
Herdeiros  de  António  Pedrofo  Galraõ,  1742. 
4.  Eftes  dous  papeis  foraõ  impreflbs  em 
nome  do  P.  Manoel  de  Almeida  Q)rrea  Ca- 
pcllaõ  da  Cafa  do  Conde. 

CATALOGO   DAS    OBRAS 

promptas  para  a  ImpreíTaõ. 

Obras  Poéticas  Portugues^as,  que  compre- 
hendem  trezentos  Sonetos,  e  150.  Roman- 
ces, e  hum  Jocoferio  de  imprecaçoens,  que 
coníla  de  400.  Coplas  todas  no  Aflbante  V, 
c  E  fem  repetir  Toante,  e  feguindo  hum 
Romance  a  efte  aíTumpto  do  infigne  An- 
tónio Barboza  Bacellar;  Oitavas,  Elegias, 
Tercetos,  Cançoens,  Silvas,  Odes,  Redon- 
dilhas.  Decimas,  e  Glofas.  Endimeon,  e  Dia- 
na, Poema  Triforme  em  127.  Oitavas  com 
huma  larga  illuílraçaõ  em  profa  da  Allegoria 
defte  Poema. 

Obras  Poéticas  Caftelhanas,  que  compre- 
hendem  150.  Sonetos,  Elegias,  Tercetos, 
Cançoens,  Redondilhas,  Decimas,  e  150.  Ro- 
mances. 

Aftronomia  fúnebre  na  morte  da  SereniíTi- 
ma  Senhora  Infanta  D.  Izabel  em  100.  Oi- 
tavas. Templo  de  Imineo.  Epithalamio  do 
Conde  de  S.  Joaõ  Luiz  Alvares  de  Távora, 
e  da  Senhora  D.  Anna  de  Lorena  em  hum 
Romance  Heróico  de  130.  Coplas.  Vinte 
Obras  Muíicas  para  Theatro.  Comedia  in- 
titulada, £/  Te/oro  de  la  Armonia,  efcrita  em 
vinte  horas  com  quatro  mil  verfos.  Outra, 
a  Ligeireza  mais  firme.  Outra,  lui  edad  dei 
Impireo  reprefentada  no  Paço  comprindo  dez 
annos  a  SereniíTima  Senhora  Infanta  D.  Fran- 
cifca. 

Arte  Poética  do  grande  Nicolao  Boileau 
dez  Preaux  Hiíloriador  de  Luiz  14.  e  da 
Academia  Franceza  dividida  em  quatro  Can- 
tos, c  traduzida  de  Francez  em  Oitavas  Por- 
tuguezas. 

Amores  da  Kegj^a,  e  do  Compaffo.  Poema 
de  Moníiur  Defmaretz  traduzido  em  Oita- 
vas  Portuguezes. 

Memorias  da  Vida  do  Conde  da  'Ericeira 
D.  Lm\  de  Meneses  f. 


Memorias  para  a  Vida  do  Conde  da  Eri- 
ceira D.  Fernando  de  Menet(es,  das  quacs  fc 
extrahio  o  Epitome  da  vida  Latina,  que 
elegantemente  efcreveo  o  P.  António  dos 
Reys  da  Congregação  do  Oratório,  c  fc  im- 
primio  no  principio  da  Hiíb3£ia  Latina  do 
mefmo  Conde. 

Memorias  da  Vida  de  D.  Lmz  ^  Meneses 
I.  Aíarquez  do  Loííríçal,  duas  verdes  Vice-Rey 
da  índia.  4. 

Obras  Académicas,  que  comprehendem 
Oraçoens  Académicas,  em  quefoy  Preíiden- 
te,  e  outras  com  que  deo  principio,  c  fim 
às  mais  celebres  Academias,  que  houve  em 
Lisboa. 

Keflexiones  Apologéticas  fobre  el  Theatro 
Critico,  difcurriendo  fobre  cada  uno  delos  Tra- 
tados,  que  comprehenden  los  nueve  Tomos,  j 
los  fuplementos  de  la  mifma  Obra  dei  Ke- 
verendijfimo  P.  Fr.  Benito  Fefó,  a  qtáen  fe 
dirigen. 

Quin:^e  Problemas  Moraes  Académicos  a 
diverfos    affumptos. 

Vinte  e  oito  Difcurfos  Filológicos,  fendo 
os  principaes:  Definição,  e  progreíTos  da 
Filologia,  provando,  que  naõ  há  fcien- 
cia  univerfal,  que  fe  adquira  por  huma 
fó  Arte.  DiíTertaçaõ,  em  que  fe  prova 
que  os  Verfos  confoantes  agudos  podem 
admitirfe  nos  Verfos  heróicos.  L^ys  fobre 
a  propriedade  do  ejiilo. 

Keflexoens  fobre  as  fete  palavras  de  Ma- 
ria Santifftma.    Medita^oens  das  fuás  Dores.  4. 

Vida  de  Soror  Maria  Magdalena  de  Je:(u 
Religiofa  no  Convento  Seráfico  da  Madre 
de  Deos  fituado  fora  dos  muros  de  Lisboa. 

Duv^entas  Hiflorias  memoráveis  para  fe  jun- 
tarem ao  Livro  Scitu  difftis,  que  coníbi 
de  oitenta  hiílorias  fuccedidas  cm  Por- 
tugal, comportas  na  lingua  Latina  por 
Diogo  de  Payva  de  Andrade  de  cuja 
obra  fe  fez  mençaõ,  quando  foy  feita 
defte  Author. 

Methodo  dos  Efludos,  dividido  em  dez  11- 
çoens  Académicas,  i.  Máximas  do  Methodo 
dos  Efiudos.  2.  Methodo  dos  Efludos  dividido 
pelas  idades.  5.  Efludos  pelas  horas  do  dia  ^. 
EJludos  próprios  aos  Temperamentos.  5.  Efludos 
de  hum  Príncipe.  6.  Efludos  de  hum  General. 
7.    Efludos    de    hum    Eccleftaftico.    8.    Efbubr 


L  USITANA 

de  bum  embaixador.  9.  EJludos  de  bum  Minif- 


295 


I      tro.    10,   EJludos  de  bum   Traduãor. 

Dijfertaçoens  Criticas.  Contem  16.  as 
I  primeiras  féis  fobre  os  Q)ncálios  Uni- 
verfaes  nas  Conferencias  Eccieíiaiticas,  que 
eftabeleceo  em  Lisboa  o  Cardeal  Fir- 
rao  fendo  Núncio  Extraordinário  nefta 
Corte. 

DiJferta^aÕ  dos  Bifpos,  que  o  foraÕ  de  pouca 
idade. 

IlluJlraçaÕ  das  Armas  do  Cabido  da  Igreja 
Patriarchal  de  Usboa. 

DiffertaçaÕ  Critica,  Filoloffca,  e  Geográfica 
fobre  o  ouro  de  Tibar. 

DiJfertafoÕ  fobre  o  nome  de  Évora. 

Cartas  Filológicas  fobre  pontos  eruditos 
a  mviitos  homens  doutos  de  Europa. 

DiJfertaçaÕ  fobre  a  pronunciarão  da  palavra 
Idolon. 

Obferva^oens  Criticas  a  Obras  de  vários  Au- 
tbores. 

InJlrucçaÕ  a  feu  Neto  o  Conde  da  Ericeira 
D.  Francifco  de  Aíene^es  hoje  z.  Marque:^  do 
Lounçal  quando  po^  efpada  fobre  o  u:(o,  e  abu- 
Zo  do  Duello. 

Cenfuras,  e  approva^oens  de  duzentos,  e 
vinte  volumes,  de  que  a  mayor  parte  cor- 
rem impreíTas. 

IlluJiraçaÕ  fobre  o  numero  zz.  offerecida  a 
ElRey  a  quem  tributou  zz.  Moedas  Roma- 
mas,  que  appareceraõ  junto  a  Lisboa  em 
zz.  de  Outubro  de  171 1.  em  que  S.  Ma- 
geílade  compria  zz.  annos  provando  em  zz. 
DiíTertaçoens  que  efte  numero  era  o  mais 
perfeito. 

Cartas  Familiares  em  dnco  linguas. 

IlluJiraçaÕ  do  nome  de  Nuno,  dirigida  ao 
EmminentiíTimo  Senhor  Cardeal  Nuno  da 
Cunha  de  Attaide. 

Tratados  S cientificas,  que  contem  zz. 
Tratados,  dos  quaes  faõ  fete  fobre  as 
Artes  Uberaes;  dous  fobre  a  Geo^afia, 
e  Cbronologia,  lendo  o  Autor  na  Acade- 
mia Portugueza  efte  aíTumpto;  Qual  he 
mayor  erro  em  hum  Hiíloriador,  o  da 
Geografia,  ou  o  da  Chronologia?  Dif- 
curfo,  em  que  fe  prova  que  pela  Ál- 
gebra, fendo  a  Arte  mais  útil,  naõ  fe 
podem    aprender     as     outras     Sdencias,     e 


Artes:    Que   Arte   he    mais    nobre,    a    Pin- 
tura,   ou    a    Architeâura? 

DiJfertaçaÕ  fobre  os  marés,  e  fobre  a  Teó- 
rica   de    Neuton. 

Differtaçaõ  fobre    os    Sjfiemas    do    Mundo. 

Utilidades  da  Matbematica,  e  Obferva^oens 
Matbematicas,  e  Phyjicas. 

Syftema  fobre  a  caseia  das  Febres,  fe- 
gimdo  a  doutrina  moderna;  efcrito  pelo 
Author  à  ínn-anHa  da  Univeríidade  de 
Coimbra,    quando    efteve    naquella    Qdade. 

Concordância  da  Eogica  Aíodema  com  a  an- 
tiga. 

DiJjertaçaÕ,  em  que  fe  prova  que,  a  Ab- 
bada  be  o  verdadeiro  Unicórnio,  com  o  que 
os  Autbores  dijferaõ,  ou  verdadeira,  ou  fa- 
bulofamente,  feita  à  inftancia  do  Empera- 
dor  Carlos  6.  quando  eíleve  em  Lis- 
boa. 

Memoria  Métrica.  Comprehende  em  Ver- 
fos  em  hum  pequeno  volume  a  Geogra- 
fia, Chronologia,  Prindpios,  e  Divifoens 
das  Sciencias,  e  Artes,  Mythologia,  a  Hif- 
toria  Univerfal  fagrada,  e  profana;  a  Hif- 
toria  de  Portugal,  e  outros  lugares  com- 
muns,  e  matérias  dignas  de  fe  conferva- 
rem  na  memoria.  Para  uzo  da  SereniíTima 
Senhora  Princeza  da  Beira.   8. 

Tratados  Hijloricos.  Tratados  das  hon- 
ras Gvis,  que  tíveraõ,  e  tem  Ecclefiaf- 
ticos  nas  Cortes  dos  Príncipes.  Tratado 
da  Origem,  e  exercido  das  Guardas  dos 
Reys,    e    Prindpes    de    Europa. 

Tratado  do  modo  de  eflabelecer  buma  nova 
Ordem   Militar. 

Kelaçoens ,  e  declaraçoens  das  Ideas  de  al- 
gumas Ceremonias,  e  Feflas  publicas,  de  que 
o    Autbor    teve    a    direcção. 

Defenfa  de  bum  Pintor,  que  fez  verde 
a  Serpente,  que  he  o  Timbre  das  Ar- 
mas de  Portugal,  e  naõ  de  ouro  como 
fe    coíhima. 

Noticia  Hifiorica  do  direito  incontefiavel,  que 
tem  Portugal  ao  Eflado  do  AíaranbaÕ,  Para, 
e  Terras  do  Cabo  do  Norte,  com  a  navegação, 
e  Comercio  do  Rio  das  Amat^onas,  no  anno  de 
1702. 

Relação  Cbronologica  das  Cortes  que  bouve 
em    Portugal  com   buma   breve   noticia,   do   que 


296 


BIBLIO THECA 


nellas  fe   tratou,   e  da  Jua   origem,   e   Ceremo- 
nial. 

Obras  imperfeitas. 

Dijcurjo  fobre  a  cauja  dos  Terremotos. 

Dijcurfo  fobre  a  imorrupçaÕ  dos   Cadáveres. 

Difcurfo,  em  que  fe  prova  que  naõ  pôde  cha- 
marfe  propriamente,  Heroe,  quem  o  naõ  foy  pela 
ffterra. 

Difcurfo  do  u^o,  que  pode  dar  hum  Cava- 
Ihero  ás  Sciencias,  e  Artes,  provando  que  he 
a  mais  própria  a  liçaõ  da  Hijloria. 

Difcurfo,  em  que  fe  defende  que  quem  fabe 
MS  linguas  ejlranhas,  deve  correfponderfe  nellas,  e 
naõ  na  fua  própria. 

Apoloffas,  Tratados,  e  L.inhas  Genealo^cas 
Je  muitas  Famílias  Portuguei^as,  e  EJlrangeiras. 
{.   1.  Tomos. 

Memorias  Ecclejiajlicas  do  Arcebifpado  de 
Évora  para  a  Academia  Real  da  Hijloria  Por- 
tuguev^a.  4.  3.  Tomoá. 

Todas  eftas  obras  M.  S.  conferva  com 
a  merecida  eílimaçaõ  o  ExcelientiíTimo  e  II- 
luílrilTimo  D.  Francifco  Rafael  de  Menezes 
n.  Marquez  do  Louriçal,  e  VI.  Q>nde  da 
Ericeira  digniíTimo  Neto  do  Author  delias 
-cm  a  fua  magnifica  Livraria. 

FRANCISCO  XAVIER  DE  OLIVEIRA 
natural  de  Lisboa  filho  de  Jozé  de  Oliveira, 
c  Souza  Contador  dos  Contos  do  Reyno,  e 
Caza  de  quem  fe  fará  mençaõ  em  feu  lugar, 
<.  de  D.  Izabel  da  Sylva  Neves.  Sendo  Ca- 
valleiro  Fidalgo  da  Caza  real,  e  profeíTo  em 
a  Ordem  militar  de  Chriílo  aífiílio  por  Se- 
cretario do  Conde  de  Tarouca  loaõ  Gomes 
da  Sylva  Embaxador  na  Corte  de  Viana  que 
fora  Plenipotenciário  na  Paz  celebrada  em 
Utrech  no  anno  de  171 5.  He  muito  verfa- 
■do  na  liçaõ  da  Hiftoria  profana  principal- 
mente em  a  do  noíTo  Reyno,  e  naõ  menos 
intelligente  da  lingua  Latina,  Caftelhana, 
Franceza.  Aflifte  ao  tempo  prezente  em 
Olanda  onde  tem  publicado  as  fcguintes 
obras  felices   partos  do  feu  fecundo  engenho. 

Memorias  das  fuás  viagès  Tom.  i .  Amfter- 
•dam.  1741.  12.  fcm  nome  de  Impreflbr. 

Mille,  et  une  obfervations  fur  diversfujefl  de  Mo- 
rale,  de  Politique,  d'Hifloire,  e  de  Critique.  1.  Tom. 
■Amílerdam.  1741.  12.  fem  nome  do  impreíTor. 


Memoires  de  Portugal  avec  la  'Ribliotbeque 
hujitane.  2.  Tom.  Amílerdam.  1741.  12.  O 
I.  Tomo  dedicado  ao  Sereni/Timo  Senhor  In- 
fante D.  Manoel  e  o  2.  ao  Conde  da  Eri- 
ceira D.  Francifco  Xavier  de  Menezes;  c 
na  Hàya  1743.  2.  Tom.  8.  com  mudança 
no  Titulo,  e  huma  nova  advertência  do  Im- 
preífor. 

Cartas  Familiares  hijloricas,  politicas,  e  Cri- 
ticas: Difcurfos  ferios,  e  jocofos.  Tom.  i. 
Haya  por  Adriaõ  Moetjens  1741.  12.  Dedi- 
cado à  ExcellentiíTima  Senhora  Condefla  do 
Vimiofo. 

Tom.  2.  Haya  pelo  dito  ImpreíTor  1742. 
12.  Dedicado  a  António  Guedes  Pereira  Se- 
cretario  de   Eílado. 

Tom.  3.  Haya  1742.  12.  Dedicado  a 
Marco  António  de  Azevedo  Coutinho  Se- 
cretario de  Eílado. 

Reponfe  a  la  Letre  de  Mr.  C.  D.  M.  M. 
Amílerdam  ches  Jacques  Desbordes.  1741.  8. 

Carta  ao  Senhor  Ifaac  de  Souv^a,  Brito  com 
os  Privilégios  concedidos  em  Nápoles,  e  Sicilia 
ã  NaçaÕ  Hebrea  tradujidos  do  Oriffnal  Italia- 
no em  Nápoles  no  anno  de  1740.  Haya  1741.  4. 

Viagem  à  Ilha  do  Amor:  efcrita  a  Philan- 
dro.  Haya  1744.  8.  Dedicada  a  Diogo  de 
Mendoça  Cortereal. 

Obras  promptas  para  impreíTaõ. 

Mille  <&  une  Reflexions.   Tom.   3.  4.  c   j. 
Memoires  de    Portugal.    Tom.    3.   e   4. 
Memorias  das  viagens  do  Author  Tom  2.  5. 

4.  5.   6.  7. 

Cartas  Familiares,  e  Hijloricas,  Politicas,  e 
Criticas.    Difcurfos  Sérios,  e  Jocofos.   Tom.  4. 

5.  6.   7.   8.   e  9. 

Diverfos  Tratados  fobre  matérias  muy  dife- 
rentes de  que  fe  podem  fa:(er  2.  vol.  de  8. 

Obras  em  que  prefentemente  traba- 
lha o  Author. 

Reponfe  a  plufieurs  critiques,  <Ò^  faujfetes  re- 
pandues  par  les  Autbeurs  Etrangers  contrt  U 
Royaume  de  Portugal.  Tom.   1.  8. 

Bibliotheque  'Lujitane,  qui  comprend  tous  les 
Autheurs  Etrangers  qui  ont  ecrit  â  l'ègard  du 
Royaume  de  Portugal.  Tom.   i.  c  2.   8. 

Diâionaire  Portugais  Franfois  Ó^  Latin. 
Tom.  I.  4. 


L  US  ITAN  A.  ^ 


297 


I 


Diãionaire  François,  Vortugais  (ò*  luitín. 
Tom.  2.  4. 

Diãionaire  du  Pour,  et  Contre,  qui  contient 
le  hien,  et  le  mal  qu'  on  a  ecrit  de  toutes  les 
parties,  et  de  tous  les  Auteurs  dei  Univers.  Tom. 
I,  e  2.  4. 

'Plenipotenciário  Perfeito,  e  Imperfeito.  Tra- 
tado offerecido  aos  Príncipes  para  direção 
da  escolha  que  devem  fazer  dos  Miniílros 
Públicos,  e  de  feus  Secretários. 

DefcripçaÕ  da  Cidade  de  Vienna  de  Aufiria, 
e  Memorias  Hifloricas,  e  Politicas  da  Corte  Im- 
perial no  tempo  de  Cefar  Carlos  VI.  4.  6. 
Tom.  M.  S. 

Fazem  memoria  do  Author  com  mere- 
cidos elogios  Nouvel.  Bibliothec.  ou  Hifl.  Ut- 
terar.  des  principaux  Ecrits  qui  fe  publient. 
Tom.  XI.  Article  VI.  Móis  de  Mars  1742. 
Tom.  XII.  Art.  IV.  Móis  de  May.  1742. 
Biblioth.  François,  ou  Hijl.  Liter.  de  Franc. 
Tom.   XXXVI.    2.   Part.   pag.    562. 

FRANCISCO  XAVIER  PINTO  DE  MA- 
GALHAENS  filho  de  Manoel  Leytaõ  de 
Magalhaens,  e  de  Maria  dos  Santos  de 
Albuquerque  neto  de  Manoel  Leitaõ  de 
Magalhaens  filho  2.  de  Belchior  Pinto  Se- 
nhor de  Calvellos,  do  Confelho  de  S. 
Martinho  de  mouros  naceo  em  o  lugar 
da  Povoa  termo  da  Cidade  da  Guarda 
em  o  Primeiro  de  Março  de  1700.  A 
natureza  o  dotou  de  taõ  anticipado  co- 
nhecimento para  perceber  as  fciencias,  que 
na  idade  de  finco  annos  o  inftruio  feu 
Pay  nas  primeiras  regras  da  Hiftoria,  e 
da  Esfera,  e  inteligência  da  lingua  Caf- 
telhana  em  que  era  muito  perito.  Quan- 
do contava  8.  annos  foube  perfeitamente 
Gramática  Latina,  e  de  onze  Filofofia  que 
lhe  explicou  o  Padre  Meftre  Fr.  António 
de  Santa  Roza  de  Viterbo  Provincial  da 
Ordem  Seráfica  da  Provinda  de  Portu- 
gal. Na  Univerfidade  de  Coimbra  fe  apli- 
cou à  Jurifprudencia  Canónica  em  que 
defendeo  Conclufoens  debaixo  dos  aufpicios 
do  Doutor  Luiz  Guedes  Carneiro  Lente  de 
Prima  deíla  Faculdade,  quando  tinha  quin- 
ze annos  de  idade.  PaíTou  a  Roma  com 
Pedro  da  Mota,  e  Sylva  Enviado  de  Por- 
tugal   àquella    Corte    onde    cultivou    as  lín- 


guas ItaUana  Franceza,  Grega,  e  Hebraica 
como  também,  a  Hiftoria  Ecclefiaftica,  e  fe- 
cular,  de  cujas  vaftas  noticias  fez  depozito 
a  fua  feliz  memoria.  Naõ  foraõ  inferiores 
os  progreíTos  que  fez  a  fua  eftudiofa,  e  in- 
canfavel  aplicação  na  Poezia,  Aftronomia, 
Chiromancia,  e  Náutica,  como  na  Hiftoria 
dos  Concílios,  Difciplina  Eclefiaftica,  e  Theo- 
logia  Polemica.  A  fama  que  corria  da  fua 
vaftiflima  erudição  moveo  à  Academia  dos 
Árcades  a  elegeUo  para  feu  Collega  com  o 
nome  de  Erotilo  em  31.  de  Julho  de  1750. 
a  tempo  que  jà  fe  tinha  reftituido  a  efta 
Corte.  Traduzio  da  lingua  Italiana  de  Mon- 
fenhor  loaõ  de  la  Caza  em  a  materna. 

O  Galateo,  ou  Cortef(aõ.  Lisboa  na  Offi- 
dna  da  Mufica.    1732.   8. 

D.  FRANCISCO  XAVIER  DO  RE- 
GO UlyíTiponenfe  filho  de  Pays  nobres 
chamados  loaõ  do  Rego,  e  D.  Maria 
Cabral  Toraõ.  Na  idade  da  adolefcencia 
abraçou  o  inftituto  dos  Clérigos  Regula- 
res Theatinos  profeflando  em  a  Caza  de 
N.  Senhora  da  Divina  Providencia  defta 
Corte  a  5.  de  Mayo  de  171 2.  Foy  or- 
nado de  fumma  modeftia,  prefpicas  ta- 
lento, e  elegante  frafe,  que  felifmente  prac- 
ticou  nas  fuás  compofiçoens  em  que  era 
obfervantiflimo  cultor  da  pureza  da  Un- 
gua  materna.  Ainda  que  padecia  a  grave 
moleftia  de  accidentes  epilépticos  naõ  dei- 
xava de  eftar  continuamente  aplicado  à 
liçaõ  dos  livros  onde  a  fua  incanfavel 
curiofidade  achava  o  mayor  alivio.  Re- 
tirado a  Madrid  aíTiftio  muitos  annos  na 
Caza  de  N.  Senhora  dos  Favores,  que 
a  fua  Religião  Theatina  tem  naquella  Cor- 
te onde  exercitando  os  aélos  de  perfeito 
religiofo  paíTou  da  vida  caduca  para  a 
eterna  em  idade  muito  florente  a  8.  de 
lunho    de     1738.    Compoz. 

Vida  de  Santa  Viãoria  Virgem,  e  Mar- 
tyr  Portuguesa  Padroeira  da  Cidade  de  Córdova. 
Lisboa  na  Officina  da  Mufica  1721.  4. 

Sermão  da  Paixão  de  N.  Senhor  Jefus  Chrif- 
to  pregado  em  5.  feira  mayor  13.  de  Abril  de 
1724.  na  Igreja  de  N.  Senhora  da  Divina  Pro- 
videncia dos  Clérigos  Kegulares.  Lisboa  na  Of- 
ficina da  Mufica  1726.  4. 


298 


BIB  LIO  THE  CA 


Sermão  das  fete  Dores  de  Nojfa  Senhora  pre- 
gado em  4,  de  Abril  do  armo  de  i^z-j.  na  San- 
ta Igreja  Paíriarchal.  Lisboa  na  mefma  Offi- 
cina   1727.  4. 

Avisos  importantes  para  a  Salvação  praãi- 
cados  em  alguns  exercidos  precifamente  neceffa- 
rios  para  tK(p  de  hum  verdadeiro  Chrijlaõ.  Lis- 
boa na  dita  Officina.  1727.  16.  &  ibi  por 
Pedro  Ferreira  Impreflbr  da  SereniíTima  Rai- 
nha Nofla  Senhora.  1739.  12.  Com  o  fu- 
poílo  nome  de  Xavier  Cabral  do  Toraõ. 

Coroa  Myjiica  do  grande  Patriarcha  Santo 
Agojlinho  adornada  de  nove  pedras  preciofas  Sa- 
grados Sjmbolos  de  nove  virtudes  do  me/mo  San- 
to, e  illujlradas  com  outras  tantas  fentenças  ti- 
radas de  feus  ejcritos.  Lisboa  por  Mathias 
Pereira  da  Sylva,  e  loaõ  Antunes  Pedrozo. 
1720.    12. 

Officium  de  Tranjitu  Beata  Virginis  Ma- 
ria recitandum  a  quacumque  particulari  Keligione, 
piaque  devotione.  8.  fem  lugar  nem  lugar  da 
impreíTaõ. 

Sermon  dei  Mandato  predicado  en  el  dia  Jue- 
ves  Santo  25.  de  Março  de  1728.  en  la  real 
Iglev^ia  de  Santa  Maria  de  el  Favor  de  Clérigos 
Keglares  de  Madrid.  4.  fem  lugar  nem  anno 
da  impreíTaõ.  Dedicado  ao  Senhor  Infante 
D.  António. 

DefcripçaÕ  Geographica  Chronologica,  Hif- 
torica,  e  Critica  da  Villa,  e  Real  Ordem 
de  AviZ'  Dedicada  ao  Senhor  D.  Manoel 
Caetano  de  Sou^a  Clérigo  Regular  do  Con- 
Jelho  de  Sua  Mageftade  Comiffario  Geral  Apof- 
tolico  da  Santa  Cru:(ada,  e  Cenfor  da  Academia 
Real  da  Hijloria  Vortugue:(a  em  Madrid  a  16. 
de  Abril  de  1730.  4.  M.  S.  O  Original  fe 
conferva  na  Livraria  dos  PP.  Theatinos  def- 
ta  Corte. 


Fr.  FRANCISCO  XAVIER  DA  RO- 
CHA naceo  em  Lisboa  onde  teve  por 
Pays  a  Francifco  da  Rocha,  e  Izabel  Si- 
moens.  Profeflbu  o  inílituto  Seráfico  da 
auílera  Provinda  de  Santa  Maria  da  Ar- 
rábida em  o  Convento  de  Alferrara  jun- 
to da  Villa  de  Setuval  a  19.  de  Ou- 
tubro de  1699.  Aprendeo  as  letras  Sagra- 
das com  aplicação  fahindo  bom  letrado, 
e   milhor  Pregador.     Foy   três   vezes   Guar- 


dião de  diverfos  Conventos,  e  primeiro  Mef- 
tre  das  Cerimonias  do  Real  Convento  da 
Villa  de  Mafra.    Publicou. 

Vários  Sermoens  Panegyricos,  e  Moraes  Tom. 
I.  Lisboa  por  Maurício  Vicente  de  Almey- 
da.   1734.  4. 

Tomo  2.  ibi  pelo  mefmo  Impreflbr.  1738.  4. 


FRANCISCO  XAVIER  DA  RUA  Na- 
ceo no  lugar  da  Alverca  termo  da  Villa 
de  Trancofo  Comarca  da  Villa  de  Pi- 
nhel na  Provinda  da  Beira  a  18.  de 
Outubro  de  1687.  Depois  de  eílar  fcien- 
te  nos  rudimentos  gramaticacs  paflou  à 
Univerfidade  de  Coimbra  onde  rcccbco  o 
grão  de  Meftre  em  Artes,  e  de  Bacha- 
rel na  Faculdade  de  Direito  Pontifício  me- 
recendo poíTuir  os  lugares  de  Advogado 
da  Caza  da  Suplicação,  Prothonotario  Apof- 
tolico,  Prior  de  Requeixo,  e  Juiz  con- 
fervador  dos  Religiofos  Dominicos  do  Con- 
vento de  Aveiro.  Acompanhou  com  o  lu- 
gar de  Secretario  da  Embaxada  que  ao 
Emperador  da  China  deu  em  nome  do 
noflb  Monarcha,  Alexandre  Metello  de  Sou- 
za de  Menezes  a  28.  de  Mayo  de  1725. 
hoje  Confelheiro  Ultramarino,  e  Deputado 
da  Bulia  da  Cruzada  de  cuja  politica  fimçaô 
efcreveo  a  feguinte  Obra. 

Relação  da  embaxada  que  por  ordem  del- 
Rey  D.  JoaÕ  o  V.  fe^  ao  Emperador  da 
China  Yum  Chim,  Alexandre  Metello  de  Sou- 
:(a,  e  Meneses  no  anno  de  1725.  com  trin- 
ta caxoens  de  prev^ente.  Começa.  Havia  EJ- 
Rej  Noffo  Senhor.  No  fim  tem  huma  no- 
tida  breve,  e  fummaria  de  algumas  cou- 
fas  pertencentes  ao  Império  da  China.  M. 
S.  foi.  Acabada  de  efcrever  em  Lisboa 
a  10.  Março  de  1732.  Coníla  de  178.  pa- 
ginas. 

Additamentos  às  Cartas  que  o  mefmo  Em- 
baxador  efcreveo  de  Macao,  e  Pekim  a  Sua  Ma- 
gejlade  Portugue:(a  fobre  os  néscios  da  fua  Em- 
baxada. 

Aditamento  à  Carta  que  o  Padre  Pa- 
rennin  Jefmta  efcreveo  de  Pekim  a  8.  de 
Outubro  de  1727.  ao  Padre  Nyel  Jefuita 
fubprecetor  dos  Senhores  Infantes  de  Efpa- 
nba    a    qual    eílá    imprefla    no    Tom.     19. 


L  USITAN  A. 


'99 


das  Leíres  EJifiantes  ecrites  par  qiielques  Mif- 
Jionaires  de  la  Compagnie  de  Jefus  defde  pag. 
206.  até  264.  onde  relata  individualmente  a 
Embaxada  que  ao  Emperador  da  Qiina  man- 
dou o  noíTo  Monarca  reynante. 


FRANaSCO  XAVIER  DOS  SANTOS 
DA  FONCECA  filho  de  António  dos  San- 
tos, e  Antónia  Maria  da  Fonceca.  Naceo 
em  Lisboa  a  21.  de  Abril  de  1707.  Tendo 
eífaidado  Gramática  no  ODllegio  dos  PP. 
Jefuitas,  e  Filofofia  na  Congregação  do 
Oratório  fe  aplicou  em  a  Univeríidade 
de  Coimbra  à  Scienda  dos  Sagrados  Câ- 
nones em  que  recebeo  o  grão  de  Ba- 
charel a  6.  de  Abril  de  1728.  ReíHtui- 
do  a  pátria  depois  de  fer  admetido  ao 
numero  dos  Advogados  da  Caza  da  Su- 
plicação foy  aprovada  a  fua  Sdencia  le- 
gal em  o  De2embargo  do  Paço  a  24. 
de  Outubro  de  1729.  para  fervir  os  lu- 
gares da  RepubUca.  Sendo  Procurador  da 
Fazenda  Real  da  Repartição  das  fete  ca- 
zas,  e  Promotor  Fifcal  das  Capellas  da 
repartição  da  Meza  da  Concienda,  e  Or- 
dens, e  Procurador  da  Mitra  Patriarchal  de 
que  tomou  poíTe  a  5.  de  Junho  de  1744. 
exercita  a  advocacia  de  Cauzas  Forenfes  nef- 
ta  Corte  com  igual  Sciencia,  que  verdade. 
He  muito  verfado  na  Liçaõ  da  Hiftoria  Sa- 
grada, e  profana,  e  Académico  dos  Árca- 
des com  o  nome  de  Lyjidas.  Do  feu  nome 
faz  agradecida  memoria  o  Beneficiado  Fran- 
dfco  Leytaõ  Ferreira  infigne  Académico  da 
Academia  Real  no  Prologo  das  Noticias  Chro- 
nol.  da  Univerjidade  de  Coimb.  Tem  com- 
pollo. 

Additiones  ad  Doãorem  E.mmanuelem  Bar- 
bojam  in  KemiJJionibus  ad  Ordinat.  Regias. 
UlyíTipone  apud  Michaelem  Rodrigues  1752. 
foi.  2.  Tom. 

Additiones  ad  Emmanuelem  Mendes  de 
Caftro.  Conimbricae  apud  Antonium  Si- 
moens  Ferreira.  1739.  foi.  No  fim  tem 
efte  Tratado.  De  authoritate  Decijionum  Se- 
natús. 

Epitome  Chronologico  Hifiorico  Jurídico  em 
que  fe  mofiraõ  os  verdadeiros  Authores  dos 
Textos    que   fe    acbaõ    no    Decreto    de    Gra- 


ciano  efcríto  no  anno  de  1730.  M.  S.  8. 
2.  Tom. 

Tabula  Pafenfes  in  Infiitutiones  Imperiales 
miro  ordine  difpojita  et  annotationibus  illuflrata. 
4.  M.   S. 

DemonJlra^aÕ  apologética  da  nobrev^a  do  Cor- 
reãor  do  numero  contra  o  empenho  de  2.  Au- 
thores modernos  que  o  reputaõ  por  vil.  4.  M.  S. 


Fr.  FRANQSCO  XAVIER  DOS  SE- 
RAFINS PITARRA  natural  de  Lisboa  fi- 
lho de  Agoítínho  da  Colla,  e  Maria  de  Sou- 
za. Sendo  ainda  mancebo  profeíTou  o  pe- 
nitente iníUtuto  de  S.  Francifco  no  Real 
Convento  de  S.  Maria  de  Xabregas  a  5.  de 
Agoílo  de  1725.  He  inílruido  em  a  eru- 
dição Sagrada,  e  profana,  e  naturalmente  in- 
clinado à  cultura  da  Poefia  de  cuja  divina 
Arte  tem  pubUcado  as  feguintes  produ- 
çoens. 

Panegjríco  metríco  ao  'Excellentiffimo,  e  Ke- 
verendijjimo  Senhor  D.  Francifco  de  Almeida 
elevado  ã  diffiidade  de  Principal  da  Sagrada  Ba- 
filica  Patriarchal,  do  Confelho  de  Sua  Aíageflade. 
Lisboa  por  Pedro  Ferreira.  1740.  4.  Confia 
de  Outavas. 

Ao  muito  Reverendo  Padre  Fr.  loaõ  de  Nof- 
fa  Senhora  Pregador,  e  dignijjimo  Chronifla  da 
Provinda  dos  Algarves  Epifiola.  He  hum  Ro- 
mance que  confta  de  24.  Coplas.  4.  Sem 
lugar    da    impreíTaõ. 

Reverendo  admodum  P.  N.  Magiflro  Fr.  An- 
tónio ab  Archangelis  Theoloffa  Sacra  Jubilato 
Leãori,  S.  Officii  inflexibili  Cenfori  hujus  de- 
nique  alma  Algarbiorum  Provinda  ter,  quater- 
que  colendijjimo  Moderatori  Elegia.  Ao  mefmo. 
Romance  Heróico  que  coníla  de  15.  Coplas 
foi.  Sem  lugar  da  impreíTaõ.  Eftas  duas 
Obras  fahiraõ  fomente  com  o  nome  de  Fr. 
Francifco   dos   Serafins. 

Romance  Heróico  em  aplauzo  do  Doutor 
Jozeph  de  Matos  da  Rocha  na  fua  obra 
intitulada  Defcriptio  poética  Villa  Calarifiana. 
UlyíTipone  apud  Antonium  Ifidorum  da  Fon- 
ceca   1739.    4.  grande   coníla  de  21.  Coplas. 

Romance  Heróico  em  Louvor  da  vida  do 
V.  P.  Fr.  lozeph  de  Santa  Anna,  e  de  feu 
Author  Fr.  Jerónimo  de  Belém.  Lisboa 
por  Miguel  Manefcal  da  Cofta  1743.   8. 


i 


3oo 


BIB  LIO  THE  CA 


Elogio  ás  Chagas  do  Seráfico  Patriarcba  SaÕ 
Francifco  dividido  em  finco  difcurfos  Panegyri- 
cos.    Lisboa  por  Francifco  da  Sylva  1745.  4. 

Vida  Panegyrica  do  V.  P.  Pedro  Coelho 
Confejfor  do  Mofieiro  do  Salvador  de  Évora. 
M.  S. 

Epicedio  Lúgubre  á  morte  do  Doutor  Vião- 
rino  Xavier  do  Amaral  celebre  poeta  defie  fe- 
culo.  M.   S. 

Defenfa  Apologética  fobre  hum  Soneto.  M.  S. 


FRANCISCO  XAVIER  DA  SERRA 
CRAESBEECK  Cavalleiro  Fidalgo  da  Caza 
de  Sua  Mageílade,  e  Familiar  do  Santo  Of- 
ficio  naceo  em  Lisboa  a  18.  de  Outubro  de 
1675.  fendo  feus  Pays  Manoel  da  Serra,  e 
D.  Mariana  Garces  Craesbeeck.  Tendo  re- 
cebido o  gráo  de  Bacharel  em  a  Faculda- 
de da  Jurifprudencia  em  a  Univeríidade  de 
Coimbra,  a  exercitou  com  fumma  integri- 
dade em  os  lugares  de  Iui2  das  proprie- 
dades da  Qdade  de  Lisboa,  Juiz  de  fo- 
ra da  Villa  de  Caftello-Branco,  Ouvidor 
da  Comarca  de  Monte  Mòr  o  Velho, 
Corregedor  de  Guimaraens,  e  Provedor  da 
Efgueira.  Foy  muito  verfado  no  eftudo 
da  Genealogia  como  delle  efcreve  o  Pa- 
dre D.  António  Caetano  de  Souza  Ap- 
parat.  á  Hifior.  Geneal.  da  Ca^-  Real.  Por- 
tug.  pag.  175.  §.  220.  e  naõ  menos  em 
a  Hiftoria  Ecclefiaílica,  e  fecular  deíle  Rey- 
no  merecendo  por  taõ  laboriofa  aplica- 
ção fer  admetido  a  Académico  Supranu- 
merário da  Academia  Real.  Falleceo  na 
Villa  de  Aveiro  a  26.  de  Mayo  de  1736. 
com  63.  annos  de  idade.    Compoz. 

Cathalogo  dos  religiofijfimos  D.  Ahbades 
do  antigo  Mofieiro  de  Santa  Maria  de  Gui- 
maraens de  religiofos,  e  religiofas  de  S.  Ben- 
to, e  dos  Illufirijfimos  D.  Priores  do  me/mo 
Mofieiro,  e  da  infigne,  antigua,  e  real  Col- 
legiada  defia  Villa  conjervada  com  o  titulo 
de  Nojfa  Senhora  da  Oliveira.  Lisboa  por 
Jozé  António  da  Sylva.  1726.  foi.  Sahio 
no  6.  Tomo  da  Collec.  dos  Document.  da 
Academia  Keal. 

Noticia  Hifiorica  Genealógica  do  prodigio- 
Jo  milagre  da  antiga,  e  fingular  Imagem  de 
N.    Senhora    do    Pranto  fita   na  Jua    Ermida 


do  lugar  do  PedrogaS  da  Fregue^^ia  da  Vinha 
da  Rainha  termo  da  Villa  de  Monte  Mòr  o 
Velho  Bi/pado  de  Coimbra.  Dedicada  ã  me/ma 
Senhora,  foi.  M.  S.  Neíla  obra  fe  efcreve  o 
nacimento  do  rio  Mondego,  e  o  lugar  por 
onde  fe  mete  no  mar,  e  das  Quintas  que 
eftaõ  de  huma,  e  outra  parte  do  Rio,  c  dos 
donos  que  as  pofluem. 

Memorias  rejucitadas  da  Provinda  de  Entre 
Douro,  e  Minho  efcritas  em  féis  partes  difiribui- 
das  pelas  Correiçoens  de  que  fe  compõem,  a  fa- 
ber  Guimaraens,  Porto,  Viana,  Barcellos,  Braga, 
e  Valença  refiituidas  à  real  Academia  de  Por- 
tugal, foi.  M.  S.  Eíla  obra  foy  efcrita  no 
anno  de  1726.  da  qual  fomente  âcaraõ  com- 
pletas as  Memorias  da  Comarca  de  Guima- 
raens. 

Efpelho  da  Nobret^a  do  Rejno  de  Portugal, 
onde  fe  trata  de  todas  as  Diffiidades  Ecclefiafii- 
cas,  e  Seculares,  Officios,  e  empregos  da  Ca^a 
real  com  Cathalogos  dos  feus  Officiaes,  e  a  no- 
ticia da  Armaria,  e  diferença  de  Efcudos,  e  dos 
foros  da  Cai^a  foi.  M.  S. 

Abecedario  Genealógico  das  Familias  Illufires 
de  Portugal  dividido  em  20.  volumes,  folha  M.  S. 

Arvores  de  Cofiado  das  mefmas  Familias. 
foi.   2.   Tom.   M.   S. 

Todas  eílas  obras  fe  confcrvaõ  em  po- 
der do  Doutor  Francifco  Jozé  da  Serra 
Crasbeeck  de  Carvalho  Cavalleiro  profeílo  da 
Ordem  de  Chriílo,  e  Corregedor  que  foy 
de  Tavira  filho  do  Author  que  me  communi- 
cou  eftas  noticias. 


FRANCISCO  XAVIER  DA  SYLVA 
filho  de  Pafchoal  da  Sylva,  c  Francifca 
Maria  da  Rocha  naceo  em  Lisboa  a  11. 
de  Agofto  de  1709.  Inílruido  na  lingua 
Latina,  e  letras  humanas  frequentou  a 
Univerfidade  de  Coimbra  aplicado  á  Ju- 
rifprudencia Canónica  na  qual  recebeo  o 
grão  de  Bacharel  a  22.  de  Mayo  de 
1734.  Reílituido  à  pátria  como  o  feu  me- 
recimento excedeíTe  a  fua  idade  foy  elcy- 
to  Juiz  do  Tribunal  da  Legada  Apofto- 
lica,  e  Miniílro  da  Cúria  Patriarchal  de 
que  tomou  poíTe  a  11.  de  Agofto  de 
1744.  cujos  lugares  adminiftra  com  igual 
fciencia,    que    integridade.     He  verfado    na 


L  USITAN A. 


.3o  I 


Hiftoria  Eccleíiaílica,  e  fecular,  e  em  todo 
o  género  de  erudição  como  teftemunhaõ  as 
obras   feguintes    que   tem   compoílo. 

DiJfertaçaÕ  apologética,  Jurídica,  e  Crítica  em 
que  fe  moftra  com  as  refoluçoens  mais  certas  de 
Direito,  e  doutrínas  claríjfimas  dos  melhores  Dou- 
tores que  os  Kegulares,  e  Isentos  podem  apel- 
lar  para  o  Summo  Pontifice  omiíTis  mediis, 
e  que  dejia  apellaçaÕ  conhecem  validamente  os 
Excellentijfimos,  e  Keverendijftmos  Senhores  Nun- 
àos  Apojlolicos  com  poderes  de  legados  à  La- 
tere  para  os  quais  ainda  omifTis  mediis  podem 
taÕbem  direitamente  apellar,  e  que  he  contra  os 
prívileffos  do  Reyno  Jahirem  as  fuás  caudas  a 
Jentenciar  fora  delle,  e  fe  propõem  alguns  pon- 
tos do  ur(0  da  Difciplina  Kegular.  Lisboa  na 
Officina  Sylviana,  e  da  Academia  Real. 
1743.  4. 

Taurícidio  condemnado,  ou  difcurfo  Catholico 
moral,  politico.  Jurídico,  e  Crítico  fobre  o  efpec- 
taculo  dos  Touros,  em  que  fe  mofka  fer  us^o 
bárbaro,  tyrano,  e  indico  de  fe  exerrítar  entre 
Catholicos.  4.  M.  S.  compoílo  no  anno  de 
1738. 

De  Titulo  Dom.  Traãatus  Jurídicus  in 
três  partes  divifus.  i,  de  Orígine,  (&  excel- 
lentia  Tituli  Dom.  2.  deiis,  qui  illo  uti 
pojjunt.  3.  de  panis  impojitis  adverfus  eos, 
qui  indebite  ita  fe  vocaverínt.  8.  M.  S. 
G)mpoílo  no  anno  de   1742. 

Dialogo  moral  entre  o  VaraÕ  Chryfanto, 
e  o  mancebo  Olyntho  em  que  fe  moflra  naõ 
fer  licito,  e  conveniente  â  gravidade  do  ho- 
mem o  exercido,  e  recrearão  dos  bajles,  e 
danças  em  contrapojiçaõ  do  que  efcreveo  Lu- 
ciano Samofatenfe  grande  defenfor  da  contraría 
4)piniaÕ;  Jujlijicado  com  authorídade  dos  San- 
tos Padres,  exemplos  memoráveis,  e  eruMçaÕ 
ajftm  Ja^ada    como   profana.    4.    M.    S. 

Quefioens  Capitulares  em  que  fe  defende 
a  JurífdiçaÕ  Epifcopal  das  Ufurpa^oens  que 
lhe  faixem  os  Cabbidos  das  fuás  Igrejas 
quando  ejiaõ  Sede  Vacante.  Part.  i.  foi. 
M.  S. 


FRANCISCO  XAVIER  DA  SILVEY- 
RA,  E  BELLAGUARDA  fahio  à  luz  do 
inundo  em   Lisboa  a   8.    de   Dezembro    de 


171 5.  fendo  filho  de  Simaõ  da  Sylveira 
Rego,  e  D.  Catherina  Bellaguarda.  Quan- 
do contava  a  idade  de  dezafeis  annos 
preferio  o  comercio  das  fciencias,  ao  das 
fazendas  a  que  feu  Pay  o  deílinava  dan- 
do de  feu  agudo  juizo,  e  feliz  memoria 
taõ  claros  argumentos  que  em  hum  anno 
que  fe  aplicou  à  lingua  Latina  penetrou 
as  mayores  dificvildades  de  Marcial,  Ho- 
rácio, e  Suetonio  celebres  Corifeos  de 
taõ  celebre  idioma  em  o  qual  compunha 
em  verfo,  e  proza  com  igual  elegância 
que  pureza,  como  taõbem  fem  inílruçaõ 
de  Meftre  adquirio  a  noticia  das  linguas 
Grega,  Caílelhana,  Franceza,  e  Italiana.  An- 
tes de  ouvir  Filofofia  aprendeo  comfigo 
a  Forma  Syllogiílica,  e  de  tal  forte  a  pra- 
ticou, que  frequentando  a  aula  defta  Facili- 
dade em  a  Congregação  do  Oratório  de 
Lisboa  argumentava  com  tanta  formalidade, 
e  fubtileza  que  fe  pjerfuadio  o  Meftre  que  já 
era  nella  egregiamente  verfado.  Eftes  dotes, 
com  que  fe  ornava  o  feu  efpirito,  o  habi- 
litarão para  receber  a  roupeta  em  a  Con- 
gregação do  Oratório  a  21.  de  Novembro 
de  1724.  onde  fegunda  vez  aprendeo  Filo- 
fofia diâada  pelo  Padre  loaõ  Baptifta,  a 
qual  defendeo  publicamente  com  igual  aplau- 
zo  da  fua  fciencia,  como  credito  de  taõ 
infigne  Meftre,  de  quem  fe  fará  em  feu 
lugar  merecida  memoria.  Semelhante  pro- 
greíTo  fez  nas  Theologias  Efcolaftica,  e  Mo- 
ral pelo  efpaço  de  fete  annos  no  fim  dos 
quais  obrigado  de  urgentes  cauzas  fe  apar- 
tou com  o  corpo,  e  naõ  com  o  aífeélo  de 
taõ  illuftre  Mãy  que  amorofamente  o  ali- 
mentara com  o  leite  de  folida  doutrina,  e 
fanta  educação.  FaíTando  à  Cidade  de  Se- 
vilha foy  rogado  por  D.  Jozé  Ortiz,  e  D. 
Francifco  Alvarado  Presbíteros  zelozos  da 
converfaõ  das  almas  para  que  fe  aggregaíTe 
ao  Inftituto  dos  MiíTionarios  confirmado  pe- 
la Sè  Apoftolica  de  que  fora  Author  o  V. 
P.  Francifco  Ferrer  Varaõ  de  claras  virtu- 
des, e  para  naõ  parecer  ingrato  ao  concei- 
to que  fe  tinha  feito  da  fua  capacidade, 
exercitou  por  féis  mezes  os  minifterios 
do  confeíTionario,  e  púlpito  moftrando  que 
para  efte  tinha  tanta  propenfaõ  que  no  ef- 
paço de  doze  dias  compoz  finco  Difcurfos 


3o2 


BIB  LIOTHECA 


Moraes  que  merecerão  univerfal  aplauzo. 
Reftituido  a  Portugal  fe  aplicou  em  a  Uni- 
veríidade  de  Coimbra  a  huma,  e  outra  Ju- 
rifprudencia  em  cujo  eftudo  adquirio  a  eíli- 
maçaõ  de  todos  os  Cathedraticos.  Ao  tem- 
po que  aíTiília  em  Coimbra  fahio  o  Thea- 
tro  do  mmdo  vifivel  compofto  pelo  Padre 
Doutor  Fr.  Bernardino  de  Santa  Roza  da 
Ordem  dos  Pregadores  em  que  criticava  al- 
gumas opinioens  do  eruditiíTimo  Filólogo 
defta  idade  o  R.  P.  Fr.  Jeronymo  Bento 
Feijoo  Monge  Benediftino,  em  cujo  obfequio 
publicou  a  feguinte  Obra. 

Elogio  Apologético  do  Critico  'EJpanhol,  e 
huma  nova  DiJfertaçaÕ  contra  a  exijlencia  da 
Feni^'  Lisboa  Por  Francifco  da  Sylva 
1745.   4. 

]/erdad  de  Feijoo  fegunda  ve:;^  vindicada,  o 
Jolucion  evidentijfima  de  la  pertendida  contradi- 
cion  evidente  atrihuida  en  la  medecina  por  un 
Medico  hisbonen/e.  Salamanca  1745.  4.  fem 
nome    do   Impreflbr. 

FRANCISCO  XAVIER  TEIXEIRA  DE 
MENDOÇA  filho  de  loaõ  Teixeira  de  Men- 
doça  que  fervio  vários  lugares  de  letras 
com  igual  fciencia  que  deíintereíTe,  e  de 
D.  Roza  Maria  Jofefa  de  Oliveira  naceo 
em  Villa  Real  da  Provinda  Tranfmon- 
tana  em  o  mez  de  Agoílo  de  171 3. 
Inftruido  na  pátria  com  as  primeiras  le- 
tras frequentou  a  Univerfidade  de  Coim- 
bra aplicado  à  Jurifprudencia  Civil  em  a 
qual  recebeo  o  grão  da  Formatura  a  50. 
de  Julho  de  1733.  Aprovada  a  fua  lit- 
teratura,  em  o  Dezembargo  do  Paço  a 
10.  de  Setembro  de  1739.  foy  eleito  Advo- 
gado da  Caza  da  Suplicação,  bailando  para 
claros  argumentos  da  profundidade  da  fcien- 
cia legal  que  profeíTa,  as  feguintes  produ- 
çocns  que  fe  fizeraõ  patentes  pelo  beneficio 
da  impreíTaõ. 

Epilogo  memorial,  ou  recopilarão  Jttridica 
da  Cau:^a  que  pende  por  embargos  no  Tri- 
bunal dos  Aggravos  da  Car^a  da  Suplica- 
ção Jobre  a  JuceffaÕ  do  Morgado,  que  ficou 
vago  por  falta  de  defcendentes  dos  Illujlrijft- 
mos,  e  Excelientijfimos  Senhores  D.  Jorge 
Mafcarenbas,  e  D.  Francijca  de  Vilhena  Mar- 
que^es    de     Montalvão    a    favor    de     Gonçalo 


ChriJlovaÕ  Teixeira  Coelho  de  Mello  Pinto  de 
Mefquita  Senhor  da  Teixeira,  e  de  Cergude  R. 
Embargante  contra  SebafliaÕ  Joi^è  de  Carvalho, 
e  Mello  A.  Embargado.  Salamanca  por  An- 
tónio de  Villar  Gordo,  y  Alçarás.  1743. 
foi.   ■ 

Segunda  AllegaçaÕ  de  Direito  fobre  a  mefma 
Catfí^a.  Salamanca  pelo  mefmo  ImpreíTor, 
e  anno.  foi. 

Fr.  FRANCISCO  XAVIER  DE  S.  THE- 
RESA  Naceo  em  a  Qdade  da  Bahia  Capi- 
tal da  America  Portugueza  a  12.  de  Março 
de  1686.  onde  teve  por  Pays  a  Pafchoal 
Luiz  Bravo,  e  Thereza  Viegas  de  Azevedo. 
Eftudou  a  lingua  Latina  no  Seminário  da 
Villa  da  Cachoeyra  dos  Padres  Jefuitas  dif- 
tante  fete  legoas  da  fua  pátria,  e  fahio  egre- 
giamente  inílruido  naquelle  Idioma.  Quando 
contava  defafeis  annos  de  idade  recebeo  o 
habito  Seráfico  no  Convento  de  Sergipe 
do  Conde  da  Provinda  de  S.  António  da 
Bahia  a  3.  de  Julho  de  1702.  e  profeíTou 
folemnemente  a  4.  do  dito  mez  do  anno 
feguinte.  Ao  tempo,  que  eílava  acaban- 
do o  curfo  de  Artes  em  o  Convento 
de  Olinda  paífou  à  Ilha  da  Maddra  cm 
cuja  Cuílodia  fe  incorporou.  Para  receber 
as  Ordens  de  Presbítero  navegou  para 
Lisboa  onde  alcançou  em  atenção  à  pref- 
picacia  do  feu  talento  Patente  de  Lcy- 
tor  de  Theologia  na  Ilha  da  Madeira  pa- 
ra onde  voltou  a  diétar  eíla  Sagrada  Fa- 
culdade fem  a  ter  apoftillado.  Segunda  vez 
veyo  a  Lisboa  na  companhia  de  D.  Pedro 
da  Cunha  Governador  da  Ilha  onde  fervio 
o  lugar  de  Procurador  da  referida  Cuílodia. 
Paflbu  a  Londres  no  anno  de  17 14.  com 
Jacinto  Borges  de  Caílro  que  depois  foy 
Enviado  naquella  Corte  e  depois  de  ter  dif- 
corrido  por  muitas  Provindas  dos  Paizes 
Baixos  fe  reflituhio  a  Lisboa  no  anno  de 
171 7.  em  o  qual  fe  embarcou  na  Capitanea 
de  que  era  Almirante  o  Conde  do  Rio  Gran- 
de D.  Lopo  Furtado  de  Mendoça  da  for- 
midável Armada,  que  a  Mageílade  delRey 
D.  Joaõ  V.  expedio  à  inílancia  do  Summo 
Pontífice  Clemente  XI.  para  libertar  a  Ilha 
de  Corfu  da  opreflaõ  a  que  eílava  re- 
duzida   pela    violenda    dos    Turcos.    Que- 


LUSITANA.  3o3 

rendo  animofamente  aíTiítir  ao  conflido  por  Sermaõ  da  Soledade  de  Maria  SantiJJima  na 

fer  contra  os  inimigos  da  Religião,  de  que  Igreja  do  Hofpital  Real  de  Lisboa  no  anno  de 

tby  theatro  o   golfo   de  PaíTavà  na  entrada  1729.    Lisboa  por  Maxiricio  Vicente  de  Al- 

do    Archipelago    a    19.    de    Julho    de    1717.  meyda   1755.   4. 

huma  bala  de  artilharia  lhe  ferio  taõ  gra-  Sermaõ  Vanegyrico  em  a  nova  Fejla  do  Pa- 
vemente  a  perna  efquerda  que  para  con-  trocinio  do  illujlre,  e  glorio/o  Patriarcha  S.  Jo- 
iervar  a  vida  foy  precifo  que  logo  foíTe  ^epb  celebrada  na  l^eja  de  S.  Jo;(eph  de  R/- 
cortada.  Reftituido  felifmente  defte  fatal  de-  bamar  em  17.  de  Junho  de  1735.  Lisboa  por 
laílre  entrou  com  a  noíTa  Armada  triunfan-  Jozeph  António  da  Sylva.  1735.  4. 
te  da  Otomana  em  o  Porto  de  Lisboa  onde  Extremus  honor  llluftrijftmo,  Religiojifímo, 
foy  incorporado  na  Provincia  de  Portugal  ^  Sapientiftmo  D.  D.  Emmanueli  Caetano  à 
a  27.  de  Abril  de  1719.  confeguindo  em  Sou^a  amplijftma  dignitatis  viro  perfolutus.  Ulyf- 
premio  da  fua  erudição  Sagrada,  e  profa-  ç^^^^.  ^^^^  Mauritium  Vincentium  de  Al- 
ua, inteUigencia  das  linguas  Italiana,  Fran-  meyda.  1735.  4.  Confta  de  dous  Elogios 
ceza,  e  Ingleza  como  da  Poezia  vulgar,  e  Ladinos  de  eítilo  Lapidario  5.  Epigra- 
Latina,  e  Oratória  Eccleíiaítíca  os  lugares  ^^^^5  Latinos,  e  dous  Sonetos  Portugue- 
<le   Penitenciário    geral    da    Ordem    Seráfica,  ^es. 

!     Examinador    das    Três    Ordens    Militares,    e  „-            ,          c       -n:       tí  ■     ...t^     r\ 

I.              ,,^.       ,,^          ^/-ii  Pofiremus  honor  òertmmmo  Pnnctpt  D.  D. 

'     do  grande  Pnorado  do  Crato,  Conlultor  da  ^     ;     r»    ^      ;•     t  r    ^'     tu-         j           j 

I     _  ,.°     ,      ^         -        A      1      •         1  Carolo  Portugália  Infantt.    Ibi  apud  eumdem 

'     Bulia    da    Cruzada,    Académico    do    numero  _                  °         /-'n-juT-iT 

„     ,     ,      TT-r.     •     T^  Typog.  1736.  4.    Coníta  de  hum  Elogio  La- 

i     <k   Academia   Real    da   Hiílona   Portugueza  /^  ^      '.      ^                    ^                ^ 

.                     ,      1        A  t"io  5-  Epigramas,  e  três  Sonetos, 

•eleito   em   o  anno   de    1735.   e  da  dos  Ar-  *  ° 

I     cades   com  o   nome   de   Elredio.    As   Obras  Plaufus  in  Natali  die  Augujli£ir»^  Beria  Prin- 

Poeticas,  e  concionatorias  que  tem  pubUca-  cipis  Olyjftpone  feliciter  nata  XVI.  KaUnd.  ]a~ 

do  faõ  as  feguintes.  ««^'  MDCCXXXIV.    Ibi  per  eumdem  Ty- 

Oratio    Panegyrica   de    Exaltatione   Sanmjji-  P°g-    ^755-    4-     Coníla   de   huma   Elegia   4. 

mi  Domini  Nojíri  Benediãi  XIII.  Pontifiàs  Ma-  Epigramas  hum  Soneto,  e  hum  Elogio  Na- 

^mi  habita  in  Régio  D.  Franri/ci  Olyffiponenji  ^*^°  ^^  ^y^°   Lapidario. 

Canobio  Tertio  Nonas  Oãobris  MDCCXXIV.  Praãica   com    que    congratulou   a    Academia 

UlyíTipone   apud   Pafchalem   da   Sylva    1725.  ^^^  ^  C/^^''  eleito  feu  Collega  recitada  no  Pa^o 

4.     No   fim  tem  hum  Epigrama   Latino,   e  a   ^.   de  Setembro  de   1735.     Usboa  por  Jo- 

hum  Soneto  Portuguez  ao  mefmo  aíTumpto.  zeph  António  da  Sylva.   1736.  4. 

Augurium    ex   felicijfimo    conjugio    Serenif-  Oração    Fúnebre    nas  folemnes   Exéquias 

Jimi   Brajilia    Principis.    UlyíTipone    apud  Of-  do    AuguJHJJimo    Cen^ar    Carlos    VI.     celebra- 

fidnam     Patriarchalem     Muficse.      1728.     4.  das  pela   NaçaÕ   Germânica   no    Real  Convento 

Coníla    de    dous    Epigramas,    e    huma    Ele-  de    S.     Vicente    de   fora    em    ^.     de    Março 

gia.  de    1741.     Lisboa    na    Offidna    Almeydiana 

Dous    Sonetos,    e    quatro    Epigramas    com  1742.  4. 

huma    Eleffa    à    Memoria    do    Duque    do    Ca-  Três  Epigramas,  e  hum  Soneto  em  aplaus(o 

daval    D.     Nuno    Alvres    Pereira    de    Mello,  do    ExcellentiJJimo,    e    ReverendiJJimo    Bifpo    do 

Sahiraõ   nas  ultimas  Acçoens  do  Duque.    Lis-  Porto    D.    Fr.   Jot^eph    Maria   da    Fonceca,    e 

boa  na  Officina  da  Mufica  1730.  foi.  a  pag.  Évora   chegando   de   Roma   a   Usboa.     Sahiraõ 

171.  172.  176.  com  outros  Verfos  a  elie  aíTumpto.    Lisboa 

Quatro    Epi^amas    Latinos,    e    hum    So-  na  Officina  Real  Sylviana  1742.  4. 

neto    Portugue^   em   louvor   do    Padre   D.    Ra-  Flofculus  Epigrammaticus.    Coníla  de  Epi- 

fael    Bluteau     Clérigo     Regular.     Sahiraõ     no  gramas   a   todos   os    Santos   da   Ordem   Se- 

Obfequio    Fúnebre    que    lhe    dedicou    a    Aca-  rafica.  M.  S. 

demia    dos    Aplicados    Lisboa    por    Jozeph  Poema   ao   Efpirito   Santo   que    coníla    de 

António    da    Sylva    1734.    4.    a    pag.    62.  100.  Verfos,  e  todos  principiaõ  pela  letra  S. 

75-  81.  87.  M.  S. 


3o4  BIB  LIOTHE  C  A 

Tragicomedia   ao   martyrio   de   Santa   Felici-  Memorias  do  feu  tempo.    Nellas  cftaõ  mui- 

dade,  e  feus  Filhos.    Coníla  de  todo  o  gene-  tos  Epigramas  Latinos  cm  cuja  compoíiçaô 

ro   de  Verfos   Latinos.   M.   S.    Todas   eftas  era  taõ  felÍ2,  que  o   compara  a  Marcial  o 

3.  Obras  fe  confervaõ  no  Convento  de  San-  Licenciado  Jorge  Cardozo  Affol.  Ljijit.  Tom, 

to  António  de  Olinda.  3.  pag.  799.  no  Comment.  de  23.  de  Junho 

letr.  L.   Todo  efte  Livro  eftá  primorofamen- 

FRANCONIANO  ADAM  CUNTIM  FA-  te  illuminado  em  cuja  Arte  era  infignc. 

VORINO    Veja-fe  Tratado  dos  Cômputos  Ecclejiajlicos.    Defta 

ANTÓNIO    BAPTISTA    VIÇOSO.  Obra   faz   mençaõ   o   livro   dos   Óbitos   do 

Convento   de   Moreira   de   Cónegos   Regran- 

D.    FRUCTUOSO   DE    S.    JOAM    Na-  tes,  e  do  Author  Nicol.   Ant.   Bib.  Hifpan. 

ceo    em    a    Província    do    Alentejo   a    23.  Tom.    2.   pag.    323.   col.    i.   Eruditionis  La- 

de  Junho  de   1550.   de  Pays  honeftos  quaes  tina,   ac  poética  Artis,   ritmmque   Ecclejiajlico- 

eraõ    Luiz    Alvares,    e    Margarida    Luiz.    O  rum   exaãijfima   cognitionis   vejligia   reliquit   non 

nome    de    Joaõ    que    lhe    fora   impoílo    no  ohjcura. 
bautifmo    em    memoria    de    fahir    à    luz    do 

mundo  na  Vefpera  do  grande  Precurfor  Fr.  FRUCTUOSO  DA  MADRE  DE 
o  mudou  em  Fruduofo  pela  devoção  que  DEOS  chamado  no  feculo  Fructuofo  de 
tinha  a  efte  iníigne  Prelado  da  Primacial  Sequeira  natural  de  Monte  Mor  o  Velho 
Igreja  de  Braga  quando  na  florente  idade  do  Bifpado  de  Coimbra,  e  filho  de  Gallor 
de  18.  annos  profeíTou  o  inftituto  de  de  Mendanha  nobre  ramo  da  Familia  defte 
Cónego  Regrante  de  Santo  Agoftinho  no  apellido,  e  de  Maria  de  Sequeira.  Como 
Real  Mofteiro  de  Santa  Cruz  de  Coim-  era  dotado  de  eftatura  agigantada,  forças  ro- 
bra  a  27.  de  Março  de  1568.  Nefta  Sa-  buflas,  e  animo  deftemido  moftrou  em  va- 
grada  paleftra  cultivou  todas  as  virtudes  rias  ocafioens  que  ninguém  por  mais  va- 
de  perfeito  Religiofo  fendo  humilde,  de-  lente  que  foíTe,  podia  refiftir  à  fua  efpa- 
voto,  contemplativo,  e  efmoler.  No  Sa-  da,  porém  illuftrado  de  fuperior  impulfo 
crificio  da  MiíTa  gaftava  muitas  vezes  o  empregou  a  fua  valentia  contra  fi  mefmo 
largo  efpaço  de  duas  horas  em  que  ar-  bufcando  huma  Religião  auftera,  e  peniten- 
rebatado  o  feu  efpirito  participava  das  te,  qual  foy  a  dos  Carmelitas  Defcalfos  on- 
delicias  que  fe  lograõ  no  Ceo.  Mereceo  de  recebendo  o  habito  no  Convento  de 
antes  do  feu  tranfito  ver  a  Maria  San-  Noíla  Senhora  dos  Remédios  defta  Corte  a 
tiíTima  acompanhada  dos  dous  Príncipes  29.  de  Agofto  de  1604.  quando  contava 
da  Igreja  S.  Pedro,  e  S.  Paulo.  Foy  vinte  e  quatro  annos  de  idade  profeflbu  fo- 
dotado  de  dom  de  profecia  fendo-lhe  pa-  lemnemente  a  8.  do  dito  mez  do  anno  fe- 
tentes  os  fegredos  do  coração.  Serenou  guinte.  Para  domar  o  feu  robufto  corpo  fe 
a  conciencia  de  muitos  efcrupulozos  redu-  armou  de  rigurofas  mortificaçoens  com  que 
zindo-os  a  huma  inalterável  quietação.  Fal-  brevemente  o  reduzio  às  leys  do  efpirito, 
leceo  no  Convento  de  S.  Vicente  extra  alcançando  pelo  exercido  de  virtudes  hc- 
muros  da  Cidade  de  Lisboa  em  o  mef-  roicas  o  refpeito,  e  veneração  dos  feus  do- 
mo dia  em  que  nacera  23.  de  Junho  de  meflicos.  Foy  Prior  dos  Conventos  de  Caf- 
1624.  com  74.  annos  de  idade,  e  56.  de  cães,  Évora,  e  Vianna  fazendo  obfervar 
habito.  Depois  de  muitos  annos  foy  achado  exaâamente  os  preceitos  do  feu  Inftituto. 
o  feu  corpo  incorrupto.  Foy  infigne  nas  le-  Sendo  convidado  pelo  Prior  do  BuíTaco 
trás  humanas,  e  na  intelligencia  dos  Authores,  para  aíTiftir  à  Dedicação  da  Igreja  defta 
c  Poetas  do  feculo  de  Augufto,  c  naõ  menos  Carmelitana  Thebaida  que  fe  celebrou  a 
verfado  nas  Cerimonias  Ecdefiafticas  deixando  3.  de  Mayo  de  1639.  ^^"^  tanto  fervor 
cfcrito  para  teftemunho  do  feu  talento.  fe    afeiçoou    à    vida    erimitica    que    nclla 

Commentaria    in    Khetoricam    Ciceronis,    &  paíTou     o     largo     efpaço     de     doze    annos 

Artem  Poeticam  Horatii.  4.  M.  S.  com    grande    admiração    dos    feus    aufteros 


L  USITAN A. 


3o5 


habitadores  dos  quais  era  vigilante  emulo 
aíTim  em  o  continuo  exercido  da  Oraçaõ 
como  das  penitencias  com  que  macerava  o 
corpo.  ImpoíTibilitado  por  hum  acidente  de 
parlezia  naõ  continuou  a  aHiftencia  do  De- 
zerto  donde  paíTando  para  o  G^Uegio  de 
Coimbra  obfervou  até  a  morte  contra  o  pre- 
ceito dos  Médicos  a  abílinencia  de  carne. 
Muitos  dias  antes  do  ultimo  da  fua  vida 
revelou  a  alguns  Religiofos  que  em  Domin- 
go de  Pafchoa  havia  de  morrer  cujo  vati- 
cínio fe  vio  verificado  a  28.  de  Março  de 
1660  em  que  fe  celebrou  eíla  triunfante,  e 
gloriofa  folemnidade  quando  contava  80. 
annos  de  idade  e  56.  de  Religião.     Compoz. 

Caderno  dos  Jantos  cujlumes  de  que  devem 
lit^ar  os  Ermitaens  defie  Janto  Decerto  do  Buf- 
Jaco  no  Convento,  e  nas  Ermidas.  Efta  Obra 
fe  conferva  M.  S.  em  vários  Treslados  em 
BuíIacG  a  qual  ferve  de  inllruçaõ  aos  feus 
habitadores  para  tudo  quanto  nelle  devem 
obrar;  podedo  gloriarfe  o  Padre  Fr.  Fruc- 
tuofo  de  fer  o  primeiro  que  reduzio  a  me- 
thodo  eíle  celeftial  Inílituto,  cujos  preceitos 
moderou  depois  a  prudência  de  alguns  Pre- 
lados por  ferem  impraóHcaveis  à  fragilidade 
da  natureza  humana. 

Tratado  da  Família  dos  Mendanhas,  de  que 
elle  defcendia.  Defta  Obra  faz  memoria  o 
Padre  D.  António  Caetano  de  Souza  Ap- 
parat  à  Hijl,  Gen.  da  Ca^.  Real  Portug.  p. 
109.  §.  115.  onde  erradamente  efcreve  que 
feu  Author  morrera  a  20.  de  Abril  de 
1658.  fendo  a  28.  de  Março  de  1660.  co- 
mo deixamos  efcrito  por  informação  do 
Reverendo  Padre  Fr.  Francifco  de  San- 
ta Maria  adual  Chronilk  dos  Carmelitas 
Defcalfos  deiie  Reyno,  a  cuja  deligencia 
devemos  as  noticias  dos  Authores  defta 
Sagrada  Reforma.  Delle  fe  lembra  Fr. 
loaõ  do  Sacramento  no  2.  Tomo  da 
Cbronic.  dos  Carmel.  Defcalfos  da  Prov.  de  Por- 
tug. liv.   5.  cap.   23.  §.   533. 


Fr.  FRUCTUOSO  PEREYRA  natural 
da  Villa  da  Feira  finco  legoas  diftante  da 
Qdade  do  Porto,  Cabeça  de  Condado,  e 
defcendente  dos  Condes  defte  Titulo,  o  qual 
querendo  fer  mais  illuftre  por  beneficio  da 


Graça  do  que  nacera  por  liberalidade  da 
natureza  recebeu  a  Cogulla  Benediétina  em 
o  Convento  da  Cidade  do  Porto  a  5.  de 
Mayo  de  1620.  Foy  muito  douto  nos  pre- 
ceitos da  Gramática  Latina,  Poefia  heróica, 
e  inteUigencia  das  linguas  Italiana  Franceza, 
e  Efpanhola.  Eftudou  Filofofia  no  Moftei- 
ro  de  S.  Miguel  de  Refoyos  de  Bafto,  e 
Theologia  no  CoUegio  de  N.  Senhora  da 
Eftxella  defta  Corte,  e  em  huma,  e  outra 
Faculdade  fahio  egregiamente  inftiuido.  Fal- 
leceo  no  Aíofteiro  de  S.  Martinho  do  Cou- 
to a  20.   de  laneiro  de   1660.    Compoz. 

Arte  de  Gramática  Eatina  novamente  orde- 
nada em  Portuguef(^  para  menos  trabalho  dos  que 
começaõ  a  aprender.  Lisboa  por  Lourenço 
Craesbeeck  1636.  4.  Sahio  fegunda  vez  com 
efte  titulo. 

Arte  de  Gramática  latina  ordenada  em 
Portugue^  para  major  facilidade  dejle  ejludo.  Lis- 
boa por  Lourenço  de  Anveres.  1643.  8.  et 
ibi    por    Domingos    Lopes    Rofa.    1652.    8. 

De  B.  Placidi,  fociorumque  ejus  gefiis  libri 
duo.    Começa. 

Quis  Plácido  fuerit  fangtás  quo  duxerit  avum. 

Ordine,  qui  Juveni  mores,  qua  funera  di- 
cam  cíyc. 

Vita  S.  Getrudis,  <&  D.  Mauri  heróico  car- 
mine conf cripta.  M.  S.  Confervaõfe  eftas  duas 
obras  Poéticas  em  poder  do  R.  P.  Fr.  Mar- 
celiano  da  Afcenfaõ  Monge  Benediítino  Ab- 
bade  que  foy  do  Mofteiro  de  Santarém. 
Faz  memoria  honorifica  do  Author  Fr.  Gre- 
gório Argaes  Perla  de  Catalun.  pag.  464. 
§.  156.  Compufo  el  Arte  de  Gramática  que 
anda  de  haxo  de  fu  nomhre  con  tan  fadl  dif- 
pofiàon  para  los  principiantes,  que  hiís^tera  ef- 
curecer  todas  las  de  mas  artes  dejla  matéria  fi 
nó  huviera  la  opojicion  de  la  embidia,  y  dei 
interes. 


Fr.  FULGENCIO  BOTELHO  natural 
da  Provinda  da  Beyra  Monge  Cifterden- 
fe  cujo  habito  profeíTou  no  Convento  de 
Santa  Maria  de  Salzedas.  Foy  Abbade 
no  Collegio  de  Coimbra  em  o  anno  de 
1624.  onde  diftou  diverfos  tratados  Theo- 
logicos,  e  Efcriturarios.  Exerdtou  o  lu- 
gar  de  Deputado   da   Inquiziçaõ    de  Coim- 


3o6 


BIBLIO THE  CA 


bra  de  que  tomou  poíTe  a  27.  de  Agofto 
de  1627.,  e  no  Qjllegio  da  mefma  Cidade 
paíTou  a  milhor  vida  no  anno  de  1629. 
Efcreveo  doutamente. 

Contra  ]udaos.   foi.    M.    S. 

FULGENCIO  FREYRE  cuja  pátria,  e 
Pays  fe  ignoraõ.  Sendo  Feitor  de  Baçaim 
que  com  igual  zelo,  que  interefle  adminiílra- 
ra,  abraçou  o  inílituto  da  Companhia  de 
JESUS  no  eílado  de  Coadjutor  Temporal 
do  qual  nunca  quiz  ainda  inflado  pelos  Su- 
periores, fubir  ao  Sacerdócio.  Foy  deftina- 
do  por  companheiro  do  Padre  Gonçalo  Ro- 
drigues no  anno  de  1555.  quando  partio 
com  o  noflb  Embaxador  Diogo  Dias  man- 
dado pelo  Vicerey  Pedro  Mafcarenhas  ao 
Império  da  Etiópia  onde  com  fummo  dif- 
velo  encheo  as  obrigaçoens  de  Operário 
Evangélico.  Reílituido  a  Goa  voltou  no 
anno  de  1560.  para  Etiópia  em  cuja  via- 
gem encontrando  quatro  Gales  de  Turcos 
que  capitaneava  o  Pirata  Cafar,  depois  de 
receber  outo  feridas  foy  levado  ao  Cayro  com 
outros  Portuguezes  onde  remava  no  banco, 
e  fervia  na  Ribeira  de  Moca.  Nefte  mifera- 
vel  eílado  o  acharão  os  Padres  Gonçalo  Ro- 
drigues, e  loaõ  Baptiíla  Eliano  quando  en- 
trarão no  Império  da  Etiópia  no  anno  de 
1 5  62.  com  a  incumbência  cometida  pela  San- 
tidade de  Pio  IV.  de  unir  a  Igreja  Ale- 
xandrina com  a  Romana,  e  poílo  que  cor- 
tado de  tantas  tribulaçoens  tinha  taõ  vigo- 
rofo  o  efpirito,  que  confirmava  na  Fé  aos 
feus  companheiros,  e  reduzia  a  muitos  in- 
fiéis ao  fuave  jugo  do  Evangelho.  Refga- 
tado  com  outo  Chriílaos  por  mil,  e  qui- 
nhentos cruzados  que  dera  o  noíTo  Emba- 
xador refidente  em  Roma  partio  por  terra 
até  eíla  Santa  Cidade  donde  chegou  a  Lis- 
boa no  fatal  anno  de  1569.  em  que  ardia 
fulminada  de  hum  peílifero  contagio  aíTiílin- 
do  aos  feridos  com  taõ  ardente  charidade, 
que  antepunha  a  faude  alhea  à  própria  vida. 
Efquecido  de  tantos  trabalhos  tolerados  em 
obzequio  da  Fé,  e  ambiciofo  de  outros 
mayores  fe  embarcou  outra  vez  para  a  ín- 
dia no  anno  de  1571.  e  querendo  Deos  re- 
munerarlhe  quanto  tinha  padecido  pela  exal- 
tação   do    feu   nome   permitio    que    naufra- 


gafle  a  náo  em  que  hia  embarcado  donde 
voou  o  feu  efpirito  ao  porto  da  Bemaven- 
turança.  Delle  fazem  illuílre  memoria  Car- 
dofo  Agiol.  luufit.  Tom.  2.  pag.  686.  Uift. 
Societ.  Part.  2.  hb.  4.  n.  320.  e  lib.  6.  n. 
140.  e  Part.  3.  lib.  7.  n.  165.  Guerreiro 
Adiçaõ  ã  Kelac.  da  Etiópia  dos  ann.  de  1607. 
e  1608.  Cap.  I.  Godinho  de  reb.  Abyjfm. 
lib.  I.  cap.  27.  e  lib.  2.  cap.  18.  Telles 
Chron.  da  Comp.  de  Jefus  da  Prov.  de  Portug. 
Part.  2.  liv.  6.  cap.  8.  n.  2.  e  na  Hift.  da 
Etiop.  Alt.  liv.  2.  cap.  23.  e  cap.  32.  Jar- 
ricus  Thefattr.  rer.  Ind.  Tom.  2.  cap.  17. 
Coíla  Hijl.  de  reb.  in  Orient.  gejlis  á  S.  l. 
pag.  31.  Souza  Orient.  Conq.  Tom.  i.  conq. 
5.  Divif.  2.  §.  63.  Faria  A:(ia  Portug.  Tom, 
2.  Part.  2.  cap.  15.  n.  8.  e  9.  Couto  De- 
cad.  da  Ind.  7.  liv.  8.  cap.  8.  Franco  Imag. 
da  virtttd.  em  o  Nov.  de  Coimbra.  Tom.  i. 
liv.  3.  cap.  35.  n.  2.  Barboza  Mem.  Hiji. 
delKey  D.  Sebajl.  Part.  2.  liv.  i.  cap.  16. 
§.   122.    Efcreveo. 

Carta  efcrita  de  Moca  a  iz.  de  Agojlo  de 
1560.  ao  Patriarcha  D.  JoaÔ  Nunes  Barreto 
em  que  lhe  relata  a  fua  chegada,  e  as  tri- 
bulaçoens que  padecia  no  Cativeiro.  Sahio  im- 
prefla  com  outras  Venetia  por  Tramezzino. 
1662.  8. 

Carta  efcrita  do  Graô  Cayro  a  y  de  Ou- 
tubro de  1562.  ao  Geral  Diogo  Eaynes  em  que 
refere  as  miferias  do  Cativeiro.  Confervava  eíla 
carta  em  feu  poder  o  Padre  Balthefar  Telles 
como  efcreve  na  Hifl.  da  Etiop.  Alta.  liv. 
2.  cap.  32. 

Carta  efcrita  ao  Geral  no  fim  de  Novembro 
de  1569.  Outra  efcrita  do  Cayro  ao  mefmo  P. 
Geral  a  1^.  de  Fevereiro  de  1564.  Outras  duas 
efcritas  do  Cayro  ao  Provincial  da  índia  em 
Abril  de  1562.  e  em  30.  de  Mayo  de  1562. 
Todas  eílas  fe  confervaõ  no  archivo  da  Ca- 
za  profeíTa  de  S.  Roque  deíla  Corte. 

Fr.  FULGENCIO  LEITAM  natural  de 
Lisboa  onde  recebeo  o  habito  de  Erimita 
Auguíliniano.  Era  Superior,  em  o  Convento 
pátrio  no  anno  de  1626.  e  Meílre  de  Noviços 
em  o  de  1630.  Igualmente  profeíTou  a  fagra- 
da  Thcologia  como  a  Jurifprudencia  Canó- 
nica, e  Civil.  PaíTando  a  Itália  viveo  mui- 
tos annos,  em  o  Convento  de  Santa  Maria 


L  USITAN A, 


do  Populo  em  Roma  com  o  nome  de  Fr. 
loaõ  António  Rivarolla  onde  pela  fua  gran- 
de literatura  era  confultado  nas  mayores  di- 
ficuldades. Por  cauza  de  hum  livro  de  que 
Édfamente  o  fizeraõ  Author  incorreo  na  in- 
dignação do  Cardial  loaõ  Bautifta  Pallota 
Proteâor  da  Ordem  dos  Erimitas  de  S.  Agof- 
tinho  fendo  obrigado  a  retirarfe  para  Pariz 
ao  anno  de  1658.  onde  acometido  de  huma 
apoplexia  acabou  a  vida  quando  excedia  a 
idade  de  70.  annos.  Foy  muito  zelozo  da 
gloria  da  Pátria,  e  acérrimo  propugnador 
da  julliça  com  que  foy  elevado  ao  trono 
de  Portugal  o  SereniíTimo  D.  loaõ  o  IV. 
de  que  faõ  claros  teftemunhos  as  obras  que 
doutamente  efcreveo  fobre  efte  argumento. 
Publicou  com  o  nome  de  Fr.  loaõ  António 
Rivarolla.  4. 

La  perfeita  muger  B.  Rifa  de  Cajfta  de  la 
Orden  de  San  Augufiin.  Dijctirjos  morales  fo- 
bre fu  vida,  j  mila^os  en  todos  los  ejiados  que 
imo.    Nápoles   por   Francifco    Savio.    1645. 

Com  o  nome  de  loaõ  Baptiíla  Morelli. 

Kedíiccion,  y  refiitw/non  dei  Reyno  de  Por- 
tugal a  la  Jerenijfima  Ca^a  de  Bragança  en  la 
real  perfona  de  D.  Juan  IV.  Key  dei  dicbo 
Reyno.  Difcurfo  moral,  y  politico.  Turim  por 
Juanetim  Penotto.  1648.  4.  Com  o  nome 
de  Fernando  de  Molina,   y  Savedra. 


ÒOJ 

E.piJlola  apologética  a  la  Magefiad  Catbolica 
de  Felipe  el  Grande  contra  el  parecer  de  cierto 
minifiro  confultado  fobre  la  recuperacion  de  Por- 
tugal. Colónia  Agripina.  1650.  4.  Com  o 
nome  do  Doutor  António  de  Bentancor 

Anti-Diana,  five  admonitio  apologética  ad  R. 
P.  Antoninum  Dianam  circa  fuum  Traâatum  de 
poteflate  exauthorandi  Reges  decima  parti  fua- 
rum  Refolutionum  nuper  additum.  Lugduni. 
1653.  Sem  nome  de  ImpreíTor.  8.  Com  o 
nome  Jacobi  a  Caibro  bono  Pedamontani 
utriufque  Júris  doâoris  peritiflimi. 

Confilium  fuper  validitatem  afferti  Bretfis 
Apoflolici  circa  contraãum  inter  partes  Serenif- 
fimum  Joannem  IV.  Regem  Portugallia  exuna, 
<Ò'  aliquos  Vajfalos,  five  fubditos  {Lafitanice  Ho- 
mens de  negocio)  e/ufdem  Re^i  ex  altera  ut 
aliqui,  volunt  annullantis.  In  Caftro  bono  29. 
Aprilis.   165 1.  4. 

Prudentium  Amicorum  Princeps.  Epiflola 
Apologética  cujufdam  afferti  amici  adverfus 
Anonymum  calamo  urgentem  apud  Sedem  Apof- 
tolicam  pro  L^gato,  nec  non  pro  prafenta- 
tionibus  Ducis  Brigantini  ad  Ecclefias  Por- 
tugallia admitendis  apologetice  etiam  refpon- 
det.  Ulyflipone.  1656.  foi.  Pofto  que  di- 
ga fer  impreflb  em  Lisboa  certamente  he 
em  Itália,  como  do  carader  da  letra  fe 
conhece. 


3o8 


BIBLIO  THE  CA 


D 


Fr.  GABRIEL  DE  ALMEY-  GABRIEL  DE  ALMEIDA  DE  VAS- 
DA  chamado  no  feculo  Pedro  de  Almey-  CONCELLOS  natural  da  Qdadc  do  Por- 
da  naceo  em  a  Villa  de  Moymenta  da  to  profeflbr  de  Direito  Gvil,  c  iníigne 
Bcyra  do  Bifpado  de  Lamego.  Deixadas  advogado  de  Caufas  Forenfes  como  o  in- 
com  heróica  refoluçaõ  a  pátria,  e  caza  pa-  titulaõ  loaõ  Soares  de  Brito  Theatr.  Lu- 
terna  recebeo  a  Cogulla  Qílercienfe  em  o  ^t.  Utterat.  lit.  G.  n.  9.  e  Diogo  Guer- 
reai Q)nvento  de  Alcobaça  a  17.  de  De-  reiro  Camacho  Traã.  de  R£cufat.  lib.  2. 
zembro  de  1625.  cujo  fagrado  inílituto  pro-  cap.  11.  n.  4.  Da  fua  fciencia  legal  dei- 
feíTou  a  6.  de  Janeiro  de  1627.  Eftudou  xou  por  eternos  teílemunhos  as  obras  fe- 
com  tal   aplicação  as  fciencias    feveras    para  guintes. 

as   quais   a   natureza   o   dotara   de   engenho  AllegaçaÕ  de  Direito  pelo  Marqun^  de   Vil- 

agudo,    e    prompta    comprehenfaõ,    que    de  lareal  D.   Lídz  de  Meaet^es  contra   D.    Carlos 

difcipulo  paflbu  logo  a  Meftre  diftando  aos  de  Noronha,  e  fua  mulher  em  que  Je  impugnaõ 

feus    domefticos    Filofofia,    e    Theologia   em  os  embargos  com  que  vieraõ  Jobre  a  JuceffaÕ,  e 

cuja    Faculdade    recebeo    o    gráo    de    Dou-  morgado   da    Ca:(a   de    Villareal  no   Imv^o   das 

tor  pela  Univerfidade  de  Coimbra  que  illuf-  Jujlificaçoens .     Lisboa   por   Jorge   Rodrigues, 

trou    com    o    feu    magiílerio,    fendo    Lente  1640.  foi. 

da   Cathedrilha   de   Efcritura  em   6.   de   No-  Informação  por  parte   de   D.   loaÔ  Lmí:;^  de 

vembro  de  1658.  fubftituto  da  Cadeira  gran-  Aíene^es  na  caut^a  que  corre  f obre  a  fucejfaõ  do 

de  a  12.  de  Abril  de  1662.  até  que  a  regen-  morgado  injlituido  pelo  Bifpo  de  Lisboa  D.  loaÕ 

tou  Proprietário  em  10.  de  Janeiro  de  1664.  Martins  de  Soalhaens.    Kefpondefe  em  particular 

e   igualado   à   Cadeira   de   Vefpora   no  anno  à  allegaçaõ  impreffa  a  favor  do   Conde  de   Fi- 

de    1667.     Depois    de    ter    fido    Reytor   do  gueirô.    Lisboa  por  Domingos  Lopes  Roza. 

CoUegio    de   Coimbra   fahio   eleito   D.    Ab-  1646.   foi. 

bade   geral   da   fua  illuílre   Congregação   em  Segunda   informação   de   Direito   em   defenfaÕ 

o  I.  de  Março  de  1660.  que  governou  com  da  primeira  por  parte  de  D.  loaÕ  Líd^  ^  V^of- 

fumma   prudência,    e   afabilidade.     Para   co-  concellos,   e   Meneses  na  caseia  que   corre  fobre 

roa    dos    feus    merecimentos    foy    nomeado  o  morgado,  que  inflituhio  o  Bifpo  de  Lisboa  D. 

Bifpo   do   Funchal   Capital   da  Ilha   da   Ma-  JoaÕ  Martins  de  Soalhaens:  e  repojlas  à  expof- 

deira  para   onde   partio  a  4.   de  Março   de  tulaçaõ  apologética  feita  em  contrario  por  o  Dou- 

1672.     Exercitou   vigilante   o   Officio   Pafto-  tor   Clemente    Félix.     Lisboa   pelo   dito   Im- 

ral   deixando   faudofas   as   fuás   ovelhas    do  preflbr.  1648.  foi. 

breve  tempo  que  as  apafcentou  por  falle-  Allegaçaõ  na  qual  fe  mofhra  por  direi- 
cer  a  12.  de  Julho  de  1674.  Jaz  fepultado  to  por  Breves  dos  Summos  Pontifices,  por 
no  Coro  da  fua  Cathedral.  Faz  delle  fu-  Alvarás  dos  Senhores  Keys,  por  fentenças  em 
cinta  memoria  D.  Ant.  Caet.  de  Souz.  Ca-  juii(p  contenciofo,  por  confultas  da  Met(a  da 
thal.  dos  Bifp.  do  Funchal,  n.  12.  Dos  mui-  Conciencia,  pela  Keg^a,  Eftatttíos,  e  Defini- 
tos Sermoens  que  com  aplaufo  pregou,  imi-  çoens  da  Ordem  de  Chrijlo,  e  por  juramen- 
camente  fahio  o  fcguinte  por  beneficio  da  to  como  o  dinheiro  dos  quartéis  da  dita 
impreíTaõ.  Ordem  fe  naõ  pode  gafiar  mais,  que  nas 
Sermão  nas  "Exéquias  do  Serenijftmo  In-  obras,  e  fabrica  do  Convento  de  Tbomar,  e 
fante  D.  Duarte  no  real  Convento  de  Al-  Ca:^as  fuás  por  ordem  do  GraÕ  Mejhe.  Sa- 
cobaça.  Lisboa  na  Officina  Crasbceckiana.  hio  no  Memorial  do  Geral  da  Ordem  de 
1650.  4.  Cbriflo,    e    dos    Religiosos    delia    ã    Magefladi 


L  USITAN A. 


delKey  D.   loaõ  o  IV.    Lisboa  por   Manoel 
da  Sylva.   1648.  foi. 

D.  GABRIEL  DA  ANNUNCIAÇAM 
natural  da  Villa  de  Guimaraens  do  Ar- 
cebifpo  de  Braga  Cónego  Secular  da  G^n- 
gregaçaõ  do  Evangeliíla  cuja  murça  re- 
cebeo  no  G3nvento  de  Villar  de  Fra- 
des, e  no  Collegio  de  Coimbra  a  noti- 
cia das  letras  fagradas  em  que  fahio  gran- 
de letrado,  e  iníigne  Pregador.  Eíles  do- 
tes o  habilitarão  para  que  o  Arcebifpo 
de  Évora  D.  Joaõ  Coutinho  o  elegefle 
para  feu  Coadjutor  fendo  fagrado  com 
o  titulo  do  Bifpo  de  Fez  no  anno  de 
1638.  em  o  Convento  de  Santo  Eloy  de 
Lisboa.  Partindo  o  Arcebifpo  nefte  anno 
para  Madrid  o  deixou  com  o  governo 
da  Diocefe,  que  exercitou  com  igual  pru- 
dência, que  vigilância  até  a  morte  da- 
quelle  Prelado  fucedida  a  12.  de  Setem- 
bro de  1643.  A  Sede  vacante  o  nomeou 
por  VÍ2Ítador  Geral  do  Arcebifpado  on- 
de contrahindo  huma  grave  infermidade 
foy  obrigado  a  recolherfe  a  Évora,  e  no 
Convento  da  fua  fagrada  Congregação  paf- 
fou  à  vida  eterna  a  18.  de  Março  de 
1644.  Sobre  a  fepultura  fe  lhe  gravou  o 
feguinte    epitáfio. 

Sepultura  de  D.  Gabriel  da  Anunciarão  Co- 
ne^ da  Congregação  de  S.  loaÕ  Evangelijla  Bif- 
po de  Fez-  Falleceo  a  1%.  de  Março  de  1644. 
Fazem  illuftre  memoria  do  feu  nome 
Franc.  de  S.  Maria  Chron.  dos  Coneg.  Secul. 
liv.  2.  cap.  40.    Voy  muito  efiimado  na  Corte, 

I  e  em  muitas  partes  do  Rfyno.  Fonceca.  Evor. 
Glorio/,  pag.  308.  n.  540.  de  cujas  virtudes, 
e  prendas  fe  podiaõ  fiar  majores  cargos.  loan. 
Soar.  de  Brit.  Theatr.  'Lufit.  Utter.  lit.  G. 
n.  I.  Optimus  fui  temporis  Ecclefiajies.  Souza 
Catbalog,  dos  Pontif.  Card.  e  Bifp.  Portug. 
pag.  153.  Grande  Letrado,  e  infigte  Pregador. 
Publicou. 

Sermão  em  a  nova  l^eja  do  feu  Mofleiro  de 
Eítxobregas  em  dia  da  DegolaçaÕ  de  S.  Joaõ 
Baptijia  que  foy  o  ultimo  dos  três  em  que  fe 
folemni^ou  a  nova  translação  do  SantiJJimo  Sa- 

,  cramento  da  Igreja  Velha  para  a  nova  Capella, 
^  fet^  a  Senhora  D.  Joanna  de  Noronha.  Lis- 
boa por  António  Alvares.  1625.  4. 


Sermão  nas  Exéquias  que  fe^  o  Mofleiro  de 
Santo  EJqy  de  Lisboa  na  Sé  da  mefma  Cidade 
em  a  morte  do  IllufiriJJimo,  e  Keverendijfimo  Se- 
nhor D.  Miguel  de  Caflro.  M.  S.  4.  do  qual 
confervo  huma  copia.  Era  Reytor  do  Con- 
vento de  Lamego  quando  pregou  efte  Ser- 
mão. 

Fr.  GABRIEL  DA  ANNUNQAÇAAf 
Naceo  na  Villa  de  Ovar  da  Comarca  da 
Feyra  em  o  Bifpado  do  Porto  fendo  filho 
de  André  Francifco  de  Aguiar,  e  Izabel  de 
Carvalho.  Depois  de  receber  na  pátria  os 
rudimentos  da  Gramática,  Rhetorica,  e  os 
preceitos  da  Mufica  em  cuja  Arte,  coma 
efcreveo  Plataõ,  fe  comprendem  todas  as 
fciencias,  foy  admetido  ao  Seráfico  habito 
no  Real  Convento  de  S.  Francifco  da  Ci- 
dade a  6.  de  Setembro  de  1706.  quando 
contava  25.  annos  de  idade.  Eíludou  as 
fciencias  feveras  no  Convento  de  Leiria  em 
que  fahio  muito  inílruido,  porem  querendo 
a  Religião  aproveitar-fe  do  grande  talento 
que  tinha  para  regentar  o  Coro  aíTim  pela 
voz,  como  pela  fciencia  Mufica  de  que  he 
dotado  o  nomeou  Vigário  do  Coro  do  Con- 
vento de  S.  Francifco  de  Coimbra,  do  Por- 
to, e  ultimamente  do  de  Lisboa  onde  fe 
admira  a  fua  continua  aíTiUencia  às  horas 
diurnas,  e  nodurnas  do  Officio  Divino,  e 
a  perfeição  com  que  obferva  as  Cerimo- 
nias Ecclefiaíticas  em  que  he  fumamente 
perito,  para  cujo  fim  efcreveo,  e  publi- 
cou. 

Arte  do  Canto-ChaÕ  refumida  para  o  ut(p 
dos  Keligiofos  Francifcanos  Obfervantes  da  San- 
ta Provinda  de  Portugal.  Lisboa  na  Officina 
da  Mufica.   1735.  4. 

Com  indefeíTo  trabalho,  e  cõtinua  apli- 
cação reformou  toda  a  Livraria  dos  H- 
vros  pertencentes  ao  Coro  que  horroro- 
famente  confumio  o  incêndio  que  devaf- 
tou  o  Templo,  e  Coro  de  Lisboa  a  10. 
de  Junho  de  1707.  cujo  Cathalogo  he  o  fe- 
guinte. 

Uvro  de  Antiphonas  Feriaes  que  prin- 
cipia no  Advento  até  Sábado  de  Alleluya. 
folha.     Pergaminho. 

Uvro  de  Antiphonas  Feriaes  defde  Do- 
minga  de    Pafchoa   até   o   Advento,    folha. 


3io 


BIBLIO  THE  CA 


Livro  de  Miffas  de  Santos,  folha. 

Livro  das  Miffas  próprias  das  Domingas  que 
principia  na  primeira  do  Advento  até  o  Sábado 
/ie   Pentecojihen.   folha. 

Livro  de  Miffas  próprias  de/de  a  Dominga 
Âo  Efpirito  Santo  até  a  ultima  pojl  PentecoJ- 
fhen.  folha. 

Livro  de  Miffas  particulares  a  vo:^es.  fo- 
lha. 

Livro  do  Officio,  e  Mi  ff  a  de  Defuntos:  Of- 
ficio  da  Sepultura  dos  Keligiofos  com  varias  An- 
tiphonas  de  Sufrágios  pelos  Keligiofos.  folha. 

Officio  do  Archanjo  S.  Rafael  para  o  Con- 
vento de  S.  Francifco  do  Porto. 

Manual,  e  Cerimonial  que  prepara  para  a 
impreflaõ. 

GABRIEL  ANTUNES.    Vejafe. 
Fr.  GABRIEL  DA  PURIFICAÇAM 

Fr.  GABRIEL  DA  AVE  MARIA  na- 
tural do  lugar  do  Bombarral  termo  da  Villa 
■de  Óbidos  do  Patriarchado  de  Lisboa.  Sen- 
do filho  de  Pays  nobres  fe  quÍ2  adoptar 
«m  mais  illuftre  familia  qual  foy  a  Religião 
de  S.  Bernardo  recebendo  a  CoguUa  mo- 
nachal  no  Convento  de  Santa  Maria  de  Sal- 
zedas  a  20.  de  Mayo  de  1637.  onde  pro- 
feflbu  a  14.  de  Agofto  do  anno  feguinte. 
A  fua  litteratura  o  fez  digno  de  fer  adme- 
tido  ao  numero  dos  Doutores  Theologos 
em  a  Univerfidade  de  Coimbra,  e  a  fua 
prudência  unida  com  fumma  afabilidade  pa- 
ra exercitar  vários  lugares  da  Religião,  como 
foraõ  Reytor  do  Collegio  de  Coimbra,  Con- 
feíTor  das  Religiofas  de  Cos,  Abbade  do 
Convento  de  Maceiradaõ  junto  à  Cidade 
de  Vifeu  no  anno  de  1666.  onde  fez  ex- 
cellentes  Obras,  Procurador  Geral  em  Lis- 
boa, Viíitador,  c  Definidor  da  Ordem, 
Abbade  do  Convento  do  Deílerro  em 
Lisboa,  em  o  anno  de  1674.  e  três  ve- 
zes Secretario  do  Geral.  Vindo  de  vi- 
fitar  o  Mofteiro  de  Tavira  infermou  gra- 
vemente no  Mofteiro  de  S.  Bento  de 
Évora  onde  recebidos  os  Sacramentos  com 
grande  piedade  falleceo  a  9.  de  Dezembro 
de  1677.  Reformou  c  reduzio  a  milhor  me- 
thodo. 

Officium   B.    Maria    Virginis  fecundum  mo- 


rem Monachorum  Ciflercienfium.  UlyíTiponc  apud 
Dominicum  Carneiro.  1665.  8. 

Breviário  dos  Converfos  fegundo  o  uv^  da 
Ordem  de  Cifler,  e  Congregação  de  Santa  Ma- 
ria de  Alcobaça.  Lisboa  por  Domingos  Car- 
neiro.- 1669.   8. 

Formulário  de  todo  o  género  de  Provi foens 
que  fe  cuflumaõ  paffar  na  Secretaria  dos  Geraes 
da  Ordem  de  Chriflo  muito  neceffario  aos  Se- 
cretários que  o  confervaõ  em  feu  poder.  foL  M.  S. 

GABRIEL  DA  COSTA  natural  da  Villa 
de  Torres  Vedras  do  Patriarchado  de  Lis- 
boa. Havendo  efludado  as  primeiras  le- 
tras conducentes  para  comprehender  as  fcien- 
cias  mayores  paíTou  à  Univerfidade  de 
Coimbra  onde  fe  aplicou  ao  efliido  da 
Sagrada  Theologia  em  que  fez  o  feu  pe- 
netrante engenho  taõ  famozos  progreíTos 
que  recebida  a  borla  doutoral  nefta  fubli- 
me  Faculdade  foy  admetido  por  Collegial 
no  Collegio  de  S.  Pedro  a  3.  de  Junho 
de  1582.  Naõ  mereceo  menor  aplauzo  o 
feu  agudo  talento  na  inveftigaçaõ  dos  pro- 
fundos myfterios,  e  graves  difficuldades  da 
Sagrada  Biblia  chegando  depois  de  fubf- 
tituir  na  Cadeira  grande  da  Efcritura  ao 
infigne  Fr.  Luiz  de  Sottomayor  clariíTi- 
mo  efplendor  da  Religião  Dominicana,  pe- 
lo largo  efpaço  de  20.  annos  a  regen- 
talla  como  Proprietário  de  que  tomou 
pofle  em  o  primeiro  de  Outubro  de  1599. 
e  nella  jubilou  em  161 5.  Foy  Chantre 
da  Cathedral  de  Coimbra,  c  Cónego  Ma- 
giftral  provido  a  15.  de  Fevereiro  de 
1605.  donde  paflbu  para  a  de  Lisboa, 
a  7.  de  Janeiro  de  16 14.  Qualificador 
do  Santo  Officio  de  que  tomou  o  Jura- 
mento na  Inquifiçaõ  de  Coimbra  a  6. 
de  Julho  de  1607.  Falleceo  em  Lisboa 
a  6.  de  Abril  de  1616.  c  jaz  fepultado 
na  Parochial  Igreja  de  N.  Senhora  dos 
Martyres.  Celebraõ  a  fama  do  feu  nome 
Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  384. 
col.  I.  Doãor  Theologus  Conimbricenfis  jam 
in  oculis  omnium  ifiius  Academia  nempe  erat 
ingenijque  habilis  plurima  laude  celeber.  Joan. 
de  Brito  Theatr.  Lufit.  Litter.  Lit.  G. 
n.  2.  Sacrarum  Litterarum  nominatiffimus  pro 
feffor.    Joan.    Baptift.    CapaíTo    Hifl.    Pbilo- 


L  USITAN A. 


3ii 


fopb.  Sypnos.  pag.  452.  Extitere  in  Comm- 
bricenfi  Academia  praclari  femper  liheralium 
artium  Profejfores,  quorum  unum,  vel  alterum 
adnotare  fufficiat,  Gabrielem  fcilicet  à  Cofta, 
<&  Sehafiiamtm  Barradas.  Fr.  loaõ  de  Vaf- 
concellos  da  Ordem  dos  Pregadores  na 
Cenfura  aos  feus  G^mentarios  à  Efcritura, 
efcrita  em  o  Convento  de  Bemfica  a  16. 
de  Fevereiro  de  1634.  o  intitula  ^ía^ms 
Tbeologus,  infiéis  que  Sacrarum  Utterarum 
primus  interpres.  Jacob  Lelong.  Bib.  Sacra 
pag.  mihi  596.  col.  i.  ALt^tw  Bibliotbec. 
Ecclejiaft.  Tom.  i.  pag.  70.  col.  2.  Pu- 
blicou. 

SermaÕ  nas  exéquias  delRey  D.  Filipe  i. 
defte  nome  dos  Reys  de  Portugal  pregado  em 
Coimbra.  Sahio  com  a  Relação  das  Exé- 
quias do  mefmo  Rey.  Lisboa  por  Pedro 
Craesbeeck.    1600.   4. 

SermaÕ  pregado  no  Vreftito  que  a  Um- 
verfidade  de  Coimbra  ordenou  â  Raynba  San- 
ta dando  graças  a  Deos  pelo  nacimento  do 
Príncipe  D.  Filipe  Nojfo  Senhor.  Coimbra 
por  Diogo  Gomes  de  Loureiro  ImpreíTor 
da  Univeríidade  1606.  Sahio  nos  Aplau- 
zos  que  a  mefma  Univeríidade  dedicou 
ao    nacimento    defte   Principe. 

Commentaria  quinque  in  totidem  libros  Ve- 
teris  Teftamenti.  i.  in  Cap.  49.  GeneJ.  de 
Benediâionibus  duodecim  Patriarcbarum.  2.  in 
librum  Rjab.  5.  in  Tbrenos  Jeremia  Pro- 
pbeta.  4.  in  Jonam  Propbetarum  novijfimum. 
Lugduni  fumptibus  híeredis  Gabrielis  Boif- 
fat,  &  Laurentii  Aniflòn.  1641.  foi.  Efta 
obra  foy  publicada  por  deligencia  do  11- 
luftriflimo  Inquiíidor  Geral  D.  Frandfco 
de  Caftro  em  agradecida  memoria  de 
ter  íido  difdpulo  de  Doutor  Gabriel  da 
Cofta  a  qual  juntou  com  grande  dif- 
velo,  e  a  dividio  em  duas  partes  com- 
prehendendo  a  primeira  o  que  pertencia 
ao  Teftamento  velho,  e  a  fegunda  ao  Tef- 
tamento  Novo  que  naõ  logrou  do  beneficio 
da  luz  publica.  Efcreveo  mais. 

Traãatus  de  Benediâionibus  Patriarcbarum 
in  Cap.  49.  Genefeos,  ibi:  vocavit  autem  Ja- 
cob filios  fuos.  Principia:  Quod  inhoc.  49. 
C.  Continetur,  poftrema  funt  verba,  qua  mo- 
riens  dixit  Patriarcba  Jacob  filiis  fuis,  pof- 
terijq.;   omnibus  gentis  hebraa,    &c.   foi.    dic- 


tado  na  Univerfidade  de  Coimbra  no  anno 
de    1600. 

Traãatus  de  Sepultura  defunãi  Patriarcba 
Jacob.  Principia:  Ad  inferias,  Jive  ad  Fune- 
ralia  facra  defunãi  Jacob  nos  vocat  principium 
bujus  anni  &c.  foi.  didado  na  mefma  Uni- 
verfidade anno   1601. 

Traãatus  de  loco  acommodato  ad  Sepulcbrum. 
Principia:  iVo«  Jolum  Jacob  fuis  filiis  manda- 
vit  ut  Juum  Cadáver  fepelirent,  fed  locum  difi- 
nivit  cum  dixit  &c.  foi.  No  meíino  anno  de 
1601. 

i  Traãatus  de  Cadaveríbus  Defunãorttm.  Prin- 
cipia Haãenus,  diximus  ea,  qua  fbi  fieri  man- 
davit  moriens  Jacob,  quo  continentur  in  Cap.  49. 
Genes.  Cateraque  fequentur  pietatis  officia  funt 
Jofepbi  (ò'  aliomm  filiorum  in  defunãum  patrem 
&c.  foi.    No  mefmo  anno. 

Commentaria,  in  prima  tria  Capita  Sar^i 
Ei'angelii  fcc.  loan.  Principia:  Aggredimur Sanc- 
tum  lefu  CbriJli  Fj^angelium  fecundum  loannem. 
Hoc  in  Titulo  pranotatum  invenimus  &c.  foi. 
anno  de  1605. 

Commentaria  in  Caput  13.  loamtis,  Jive  in 
mandatum  Domini  Prafatio,  incipit.  In  parte 
borum  Comentariorum  D.  loannis  liceat  mibi 
prafari;  quod  tamen  fecere  plerique  in  parte  fuo- 
rtim  openim,  quando  digitas,  et  maiejlas  ar^ 
menti,  de  quo  agendum  erat,  illud  ita  pofiula- 
bat.  Affredimur  namque  Sacra  mj/fteria  Kedemp- 
tioms  noflra  cum  D.  Evangelifla  &c.  foi.  anna 
de  1608. 

Commentaria  in  Cap.  18.  loannis  de  Paf- 
Jione  CbriJli  Domini.  Principia.  Quamvis 
tamen  Jicut  eleganter  dixit  Leo  Papa  Serm. 
II.  de  Paflione  dificille  fit  de  Pajftone 
loqui    &c. 

Todos  eftes  fete  Tratados  do  Doutor  Ga- 
briel da  Cofta  fe  confervaõ  M.  S.  na  Li- 
vraria do  Convento  de  S.  Frandfco  de  Lis- 
boa. 


GABRIEL  DA  COSTA  natural  da  G- 
dade  do  Porto,  e  filho  de  Pays  nobres,, 
e  Catholicos  pofto  que  defcendentes  da 
Naçaõ  Judaica,  que  o  educarão  com  aquel- 
les  documentos,  e  artes  dignas  de  hum 
mancebo  bem  nacido,  fendo  muito  deftro 
no    manejo    dos    cavallos    em    que    imitou 


3l2 


BIBLIO  THE  CA 


a   feu   Pay,   que  neíle   exercido  foy  peritif- 
íimo.    Para  cultivar  o  engenho  que  era  mui- 
to  perfpicàs    elegeo   entre   todas    as    Facul- 
dades a  lurifprudencia  Cefarea  em  que  fez 
grandes  progreíTos  pelos  quais  mereceo  quan- 
do  contava  vinte   e   únco   annos   de   idade 
obter  a      dignidade     Ecclefiaftica    de     The- 
zoureiro    Mòr    em    huma    Collegiada    defte 
Rcyno.    Temerofo    da    condenação    eterna, 
e    folicito    da    falvaçaõ    revolvia    com    in- 
canfavel    difvelo    vários    livros    afceticos,    e 
outros     de     Theologia     Moral,     e     da     fua 
liçaõ   começou   a   duvidar   como   podiaõ  fer 
perdoados    os  pecados    na    Confiçaõ    facra- 
mental    do     que     concebeo     tal    aflição,     e 
perplexidade   no   animo,   que   fluéhiando  en- 
tre   a    eleição    da    Ley,    que    havia    de    fe- 
^uir,   apoílatou   da   Catholica   em   que   fora 
educado,   e   abraçou   a   Moyfaica   para   cujo 
cfFeito   conhecendo    que   na   pátria    havia  de 
fer  punido   por   defertor   da   verdadeira  Re- 
ligião   fem    participar    a    peíToa    alguma    o 
feu  intento  renunciado   o  Beneficio,  e  dei- 
xadas as  cazas  nobres  que  feu  Pay  edificara 
no   Porto,   fugio   clandeítinamente   com  fua 
Mày,    e    Irmaõs    para    Amílerdam    onde    fe 
circuncidou    mudando    o    nome    de    Gabriel 
em  Vriel.    Depois  de  examinar  com  grande 
reflexão  que  a  ley  que  os  ludeos   obferva- 
vaõ  naquella  Cidade  era  muito  diferente  da 
que  promulgara  Moyfes,  julgando  por  hor- 
rendo   abfurdo    eíla    tranfgreíTaõ,    efcreveo 
hum  livro  em  que  moftrava  claramente  pe- 
los   fundamentos    da    mefma   ley   como    lhe 
«raõ    totalmente    opoftas,    e   repugnantes   as 
tradiçocns  dos  Farifeos  de  que  fe  originou 
hum  taõ  furiofo  ódio  dos  ludeos  contra  a 
fua  peíToa,  principalmente  por  negar  a  im- 
mortalidade  da  alma,  que  lhe  chamavaõ  pu- 
blicamente herege,  c  era  apedrejado  nas  ruas 
todas  as  vezes  que  aparecia.    Naõ  foraõ  baf- 
tantes    taõ    graves    opróbrios    para    que    re- 
folutamente  animozo  fahiíTe  com  hum  Tra- 
tado  em   que   fuílentava   a   fua   opinião   de 
naõ  fer  a  alma  immortal  por  cuja  caufa  fen- 
do   delatado    pelos    ludeos    aos    Magiílrados 
de  Amfl:erdaõ  acuzando-o  de  ofender  igual- 
mente  a   ley   de   Moyfes   como   arruinar   os 
fundamentos    da    Religião    Chriílaã,    de    que 
refultou  depois  de  eíbir  prefo   i8.   dias  fer 


condenado  em  trezentos  Florins  com  perda 
de  todos  os  livros.  Gúiindo  de  hum  abif- 
mo,  em  outro  mayor  começou  a  afirmar 
que  a  Ley  de  Moyfes  naõ  fora  dada  por 
Deos,  mas  era  hum  invento  hununo  por 
conter,  muitos  preceitos  repugnantes  à  ley 
da  natureza,  e  naõ  podia  Deos  como  Au- 
thor  da  mefma  natureza  fer  contrario  a  fi 
mefmo;  e  certamente  o  feria  fe  propuzeíTe 
aos  homens  preceitos,  que  fe  naõ  podiaõ 
obfervar.  Sendo  acuzado  por  hum  feu  fo- 
brinho  de  fer  infiel  aos  Rabinos  concitou 
contra  fi  a  cólera  dos  fequazes  da  Sinagoga 
com  tal  exceíTo,  que  tumultuariamente  o  le- 
varão à  prezença  dos  Juizes,  e  fendo  exa- 
minado efcrupulofamente  das  fuás  propo- 
fiçoens  o  condenarão  a  que  defpido  até  a 
cintura,  e  defcalfo  dentro  da  Sinagoga  fofle 
açoutado  recebendo  trinta,  e  nove  açoutes 
naõ  chegando  ao  numero  de  quarenta  por 
fer  prohibido  pela  Ley.  Eílimulado  defta 
publica  injuria  refolveo  vingar-fe  de  quem 
fora  o  feu  principal  author  contra  o  qual 
difparando  hum  bacamarte  como  erralTe  o 
tiro,  e  fofle  conhecido,  com  a  mefma  arma 
fe  privou  da  vida  no  mez  de  Abril  de  1640 
como  efcreve  loaõ  Mallero  in  Prolog,  ad 
Judaifm.  deteã.  pag.  71.  ou  no  anno  de 
1647.  como  querem  loaõ  Qerc  Bib.  Univ. 
Tom.  7.  pag.  327.  e  loaõ  Chrifl:ovaõ  Wol- 
fio  Bib.  Hebraic.  pag.  131.  §.  203.  Fazem 
delle  mençaõ  Imbonato  Bib.  Latín.  Hebraif. 
pag.  201.  col.  I.  pag.  208.  Bib.  Maffia  Ec- 
clef.  Tom.  i.  pag.  70.  col.  2.  Bayle  Diccion. 
Hijloriq.  e  Critiq.  Tom.  1.  pag.  mihi  67. 
Joan.  Moller  Homonymof copia.  pag.  784.  e 
Bern.  Mart.  Diefenbach.  in  Judao  convertenã. 
p.    132.    Compoz. 

Exame  de  Tradiçoens  Farifaicas  conferi- 
das com  a  Ley  ejcrita  contra  a  immortali- 
dade  da  alma.  Amfterdam  por  Paulo  Ra- 
venftein  1623.  8.  Efla  obra  foy  efcrita 
contra  o  Tratado  da  immortaJidade  da  alma 
que  compoz  o  Doutor  Samuel  da  Sylva 
de  profifliaõ  medico  o  qual  foy  imprcíTo 
Amfterdaõ  anno  da  Creaçaõ  do  Mundo 
J383.  que  correfponde  ao  de  Chrifto. 
1623. 

Exemplar  humana  vita.  Foy  achada  efta 
obra    entre    os    M.    S.    de    Simaõ    Epifco- 


L  USITANA. 


3i3 


pio,  e  publicada  por  Filipe  Limborck  no  fim 
do  feu  doutiíTmio  Tratado  intimlado  Arnica 
collatio  cum  erudito  Judao.  Goudas  apud  Juf- 
tum  ab  Hoeve.  1687.  4.  a  pag.  341.  Nelle 
narra  os  trágicos  fuceflbs  da  fua  vida,  e  faz 
huma  acérrima  inveâiva  contra  os  Judeos 
de  quem  fe  queixa  fora  tyranamente  tra- 
tado onde  involve  algims  argumentos  com 
que  impiamente  impugna  toda  a  Revela- 
ção divina,  e  toda  a  religião  revelada,  co- 
mo fabricada  pela  malicia  humana,  vomi- 
tando muitas  propofiçoens  contra  o  Qmf- 
tianifmo  de  que  foy  ímpio  defertor.  Fi- 
lipe Limborck  o  confuta  doutamente  na- 
quella  parte  que  refpeita  à  Revelação  di- 
vina com  hum  Tratado  particular  que  in- 
titulou Brevis  refutatio  argumentorttm  qtáhus 
A.cofta  omnem  Keligionem  revelatã  impu^at. 
Sahio  impreíTo  com  o  'Exemplar  vita  humana 
do  mefmo  Gabriel  da  Q)íla. 


ticou  com  exa£la  obfervanda  os  preceitos 
do  feu  Inftituto  fendo  ornado  de  gravidade 
própria  do  Eílado  monachal,  que  profeíTava. 
PaíTou  de  mortal  a  eterno  a  23.  de  laneiro 
de  1738.  quando  contava  63.  annos  de  ida- 
de. Dos  Sermoens,  que  pregou  nos  mais 
authorizados  púlpitos  fe  publicarão  os  fe- 
guintes. 

Sermão  pregado  na  profijfaõ  da  Senhora  Ma- 
dre Soror  l^f^a  Maria  do  Pilar,  hoje  de  S. 
Io!(eph  filha  dos  Excellentijftmos  Senhores  Condes 
do  Affumar,  e  Keligiofa  de  S.  Francifco  no  Mof- 
teiro  da  Madre  de  Deos  da  Cidade  de  Lisboa 
em  dia  de  N.  Senhora  da  Conceição  ejiando  o 
Santijfimo  expojio  no  anno  de  171 8.  e  ajjijiindo 
fuás  Magejlades,  e  Alteias.  Lisboa  por  An- 
tónio Ifidoro   da  Fonceca.    1757.   4. 

Sermoens  Tom.  i.  Lisboa  por  Miguel 
Manefcal  da  Cofta  Impreííor  do  S.  Offido. 
1744.  4. 


Fr.  GABRIEL  COUTINHO  natural  de 
Villa  nova  de  Anços  diftante  da  Cidade  de 
Coimbra  quatro  legoas  para  o  Poente  onde 
teve  por  Pays  a  Nuno  Alvres  Pereira,  e  D. 
Ignez  Michaela  Coutinho  iguais  em  a  no- 
breza, como  opulência,  e  por  irmaõs  ao 
Doutor  Giraldo  Pereira  Collegial  do  Col- 
legio  Real  de  S.  Paulo,  e  Cathedratico  de 
Prima  de  Cânones  em  a  Univerfidade  de 
Coimbra,  e  ao  IlluítriíTimo,  e  ReverendiíTimo 
D.  Fr.  Manoel  Coutinho  religiofo  da  mili- 
tar Ordem  de  Chriílo  que  da  Mitra  do  Fun- 
chal foy  provido  em  a  de  Lamego  no  an- 
no de  1741.  Na  idade  da  adolefcencia  re- 
cebeo  a  cogulla  monachal  do  Doutor  Mel- 
lifluo  no  real  convento  de  Santa  Maria 
de  Alcobaça  a  30.  de  Abril  de  1690.  don- 
de paiTando  ao  Collegio  de  Coimbra  apren- 
deo,  e  eníinou  as  fciencias  efcholaíHcas  aos 
feus  domefticos  merecendo  em  premio  da 
fua  litteratura  fer  admetido  ao  numero 
dos  Doutores  Theologos  na  Academia  Co- 
nimbricenfe.  Foy  Reytor  do  Collegio  de 
Coimbra  no  anno  de  1720.  e  Abbade 
do  Convento  do  Deílerro  em  1735.  En- 
tre os  celebres  Declamadores  Evangélicos 
mereceo  univerfal  aplauzo  unindo  em  os 
feus  Difcurfos  a  elegância  das  palavras 
com    a    profundidade    dos    conceitos.    Prac- 


GABRIEL  DE  FARIA  natural  de  Lis- 
boa Capelão,  e  Meíbre  das  Cerimonias  da 
Capella  Real  dos  Sereniflimos  Reys  D. 
Affonfo  VI.  e  D.  Pedro  H.  Varaõ  de 
venerável  afpeíto,  e  inculpável  vida.  Co- 
mo foíTe  muito  perito  em  a  praítíca  dos 
Ritos  Eccleíiafticos  ordenou  em  milhor  me- 
thodo. 

Officia  Sanãorum  pro  Capella  Regia  reci- 
tanda.  UlyíTipone  apud  Antonium  Craesbeeck. 
de  Mello  Typ.  Reg.   1667.  4. 

GABRIEL  DA  FONCECA  natural  da 
Cidade  de  Vizeu,  e  fobrinho  do  Doutor 
Rodrigo  da  Fonceca  Cathedratico  de  Me- 
decina  em  a  Univerfidade  de  Pifa  em 
cuja  Arte  fez  taes  progreíTos  que  podia  fer 
emulo  de  feu  Tio,  chegando  a  fer  Lente 
em  a  mefrna  Uniuerfidade,  e  depois  em  a 
Sapiência  de  Roma  onde  pelo  judiciofo  me- 
thodo  com  que  triumfava  das  infirmidades 
mais  perigofas,  foy  Medico  dos  Summos 
Pontífices  Innocencio  X.  e  Alexandre  VU. 
merecendo  diílinétas  eítímaçoens  das  prin- 
cipaes  peíToas  da  Cúria  Romana  onde  fal- 
leceo  em  20.  de  Mayo  de  1668.  Jaz  fe- 
pultado  na  Igreja  de  S.  Lourenço  in  Lu- 
cina  na  Capella  dedicada  à  Encarnação 
do    Verbo    Divino    primorofamente    fabri- 


3i4 


BIBLIO  TH E  CA 


cada.  Delle  fe  lembraõ  com  Elogios  Nicol. 
Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  387.  col.  i. 
Abrah.  Mercklin.  Un4.  Kenovat.  Vander  Lin- 
deu  Scrip.  Med.  Leo  Allatius  Apes  Urbana. 
pag.    1 5  7.    Compoz. 

Mediei  Oeconomia.  Romae  apud  Andraram 
Phaum  1666.   8. 

Hijloria  Medica.  A  efta  obra  allega  Pe- 
dro Sérvio  DiJJert.  de  unguento  Armário  n. 
2c.  intitulando  a  feu  author  Medicum  prajian- 
tijftmun;. 

Fr.  GABRIEL  DA  GLORIA  natural  de 
Cucunha  cabeça  do  Couto  do  Moíleiro  de 
Santa  Maria  de  Salcedas  da  Ordem  de  S. 
Bernardo,  cujo  monachal  inftituto  profeíTou 
no  Convento  de  S.  Joaõ  de  Tarouca  a  4. 
de  Janeiro  de  1663.  Depois  de  eftudar  as 
fciencias  feveras  di£lou  Theologia  em  o  Col- 
legio  de  Coimbra  de  cuja  incumbência  fe 
abíleve  por  impedimento  de  graves  molef- 
tias.  Foy  Abbade  do  Convento  de  Aguiar 
no  anno  de  1684.,  e  Meílre  dos  Noviços 
no  Real  Convento  de  Alcobaça  no  anno 
de  1687.  e  ultimamente  Geral  da  fua  Con- 
gregação no  anno  de  1699.  Teve  natural 
inclinação  para  a  Poefia  Lyrica  que  fempre 
dedicou  a  argumentos  fagrados  deixando  ef- 
critos  em  hum  volume  de  4. 

Vilhancicos  para  as  Fejlas  de  Chrifto,  Nojfo 
Senhor,  e  Santos,  que  fe  celebraõ  no  Keal  Mof- 
teiro  de  Alcobaça.  M.  S. 

GABRIEL  GOMES  natural  da  nobre 
Villa  de  Santarém  iníigne  Medico,  e  pro- 
fundo Aftrologo  de  cuja  faculdade  foy  Ca- 
thedratico  em  a  Univerfidade  de  Salamanca, 
e  depois  cm  a  de  Valladolid  onde  falleceo 
no  anno  de  1390.  Deixou  promptas  para 
a  impreííaõ. 

Varias   Obras  de   AJlrologia.   M.    S. 

Fr.  GABRIEL  DE  lESU  natural  da 
Qdade  de  Lcyria,  c  Monge  Ciftercienfc  cujo 
inílituto  profeflbu  no  celebre  Convento  de 
Alcobaça  cabeça  deíla  Congregação  a  22. 
de  Abril  de  1676.  obfervando  com  tanta 
exaçaõ  os  feus  preceitos  que  no  largo  ef- 
paço  de  trinta,  e  dous  annos  naõ  fahio  do 
Convento,  e  nunca  faltou  a  huma  hora  do 


Coro.  Foy  deftriíTimo  tangedor  de  Orgaõ, 
c  Arpa,  e  naõ  menos  iníigne  em  o  Contra- 
ponto deixando  muitas  obras  Muficas  dignas 
da  luz  publica,  merecendo  entre  ellas  a  pri- 
mazia. 

Qtán:^e  motetes  para  as  quinze  EJIafoens  da 
Via-Sacra  com  as  letras  da  'EJcritura  Sagrada 
competentes  a  cada  HJlaçaÕ.  He  obra  fumma- 
mente  devota  a  qual  fe  cuíhima  cantar  no 
Convento   Real   de   Alcobaça. 

P.  GABRIEL  DE  MAGALHAENS  Na- 
ceo  na  Villa  de  Pedrógão  diftante  quatorze 
legoas  da  Villa  do  Crato  em  o  anno  de 
1609.  de  Pays  igualmente  nobres,  e  piedo- 
fos  chamados  Manoel  Calvo  de  Magalhaens, 
e  Maria  de  Andrade.  Foy  educado  por 
hum  feu  Tio  Cónego  com  taõ  virtuofos  do- 
cumentos, que  havendo  eftudado  os  primei- 
ros rudimentos  de  Gramática  com  os  Padres 
Jefuitas  fe  afeiçoou  tanto  ao  feu  inílitu- 
to que  foy  a  elle  admetido  em  o  Novi- 
ciado de  Lisboa  a  24.  de  Março  de  1624. 
quando  contava  quinze  annos  de  idade. 
Acabada  a  carreira  dos  eíludos  Efcolaf- 
ticos  pedio  com  repetidas  inílancias  aos 
Superiores  faculdade  para  promulgar  o  Evan- 
gelho no  Oriente,  e  tanto  que  a  alcan- 
çou partio  fem  demora  para  Goa  onde 
chegando  no  anno  de  1634.  depois  de 
diftar  Rethorica  aos  feus  domeílicos  paf- 
fou  a  Macao  a  ler  Filofofia  de  cuja  la- 
boriofa  incumbência  o  divertio  hum  Man- 
darim Portuguez  que  o  levou  à  Gdade 
de  Hamcheu  Capital  da  Provinda  Che- 
kiam  onde  aíTiília  o  ViceProvincial  o  qual 
tendo  recebido  noticia  de  eílar  gravemen- 
te infermo  o  P.  Luiz  Buglio  de  naçaõ 
Siciliano  aíTiílente  na  Provinda  de  Súchuem 
para  nclla  fundar  huma  MiíTaõ,  fe  ofere- 
ceo  o  P.  Magalhaens  para  feu  Companheiro 
naõ  lhe  fervindo  de  obflaculo  a  larga  jor- 
nada de  quatro  mezes  até  chegar  a  Súchúen. 
Horríveis  foraõ  as  pcrfeguiçocns,  c  cruclif- 
ílmos  os  tormentos,  que  conílantemente  to- 
lerou cíle  Operário  Evangélico  maquinadas 
pela  malicia  dos  Bonzos  condtando  mui- 
tas vezes  ao  povo  contra  a  fua  peíToa, 
e  delatando-o  aos  Tribunaes  como  pertur- 
bador  da  paz   publica,   fendo  condenado  a 


L  USITAN  A. 


3i5 


hum  tenebrozo  cárcere  por  efpaço  de  quatro 
mezes  onde  jazia  oprimido  com  três  Ca- 
deyas  no  pefcofo,  três  nas  mãos,  e  três 
nos  pés,  e  algumas  vezes  era  açoutado 
rigorofamente  naõ  podendo  tantas  tribu- 
laçoens  emtibiar  o  ardor  da  fua  Chari- 
dade  affim  na  converfaõ ,  como  no  bau- 
tiímo  de  muitos  Gentios.  Na  G^rte  de 
Pekim  foy  muito  aceito  ao  Emperador 
da  Qiina  cujo  afeâo  conciliou  com  a 
oíferta  de  algumas  peças  engenhofamente 
fabricadas  por  fuás  maõs.  Três  annos  an- 
tes da  fua  morte  padeceo  penetrantes  do- 
res cauzadas  do  pezo  dos  grilhoens  cuja 
moleíUa  fe  augmentou  com  hum  grave 
difluxo  que  lhe  difficultava  a  refpiraçaõ. 
Conhecendo  fer  chegado  o  termo  de  fe- 
rem premiados  os  feus  Apoftolicos  tra- 
balhos fe  confeíTou  geralmente,  e  rece- 
bendo os  Sacramentos  na  prefença  de  mui- 
tos Padres,  e  Qiriftaõs  morreo  pladda- 
mente  na  Corte  de  Pekim  a  6.  de  Mayo 
de  1677.  quando  contava  66.  annos  de 
idade,  e  45.  de  ReUgiaõ.  Ao  dia  fe- 
guinte  foy  o  vice  Provincial  o  Padre  Fer- 
nando Verbieíl  certificar  ao  Emperador  da 
morte  do  P.  Alagalhaens  para  cujo  enterro 
mandou  logo  outocentos  Francos,  e  dez 
peíTas  de  Damafco  o  qual  foy  difpofto  pela 
ordem  feguinte.  Precediaõ  a  toda  a  comi- 
tiva vinte  quatro  trombetas,  e  outros  inf- 
trumentos  com  dez  Oíficiaes  que  levavaõ 
em  humas  taboas  efcritas  pelos  Mandarins 
a  cominação  do  caftigo  daquelles  que  naõ 
deíTem  lugar  para  a  paíTagem  do  Funeral. 
Seguiafe  huma  Liteira  em  que  hia  efcrito 
€m  Setim  amarello  o  Elogio  que  o  Em- 
perador mandou  fazer  ao  Padre  defunto  que 
conílava  deftas  palavras.  Agora  entendo  que 
Nghaen  ven  Jú  (era  o  nome  que  na  China 
fe  dava  ao  Padre)  he  morto  da  doença.  Faço- 
Ihe  efta  ejcritura  em  ret^aõ  de  que  em  tempo  de 
meu  Pay  primeiro  Emperador  da  noffa  Família, 
efie  Padre  com  fuás  obras  engenbofas  acertou 
com  o  génio,  e  gofto  do  dito  meu  Pay,  e  tam- 
bém porque  depois  de  eftar  inventadas,  teve  cui- 
dado de  as  conjervar  com  huma  deligencia  ex- 
trema, e  fobre  fuás  forças;  e  muito  mais  em 
re^aÕ  de  que  viera  de  taõ  longe,  e  alem  do  mar 
ptr  viver   como   viveo   muitos   annos  na    China. 


Era  homem  verdadeiramente  fincero,  e  de  hum 
engenho  folido  como  moflrou  por  todo  o  dif- 
curfo  da  fua  vida.  Efperava  eu  que  a  fua 
infermidade  fe  pudeffe  vencer  com  os  remédios, 
mas  contra  a  minha  efperança  fe  apartou 
de  nòs  com  ^ande  pe\ar,  e  fentimento  de 
meu  coração.  Por  efias  refoens  lhe  mandei  dar 
du;(entos  efcudos,  e  de^  grandes  peffas  de  Da- 
mafco para  que  fe  conheça  que  minha  ten- 
ção he  nunca  me  efquecer  de  Vajfallos  vin- 
dos de  taõ  longe.  No  anno  16.  do  Empe- 
rador Camhi  (he  o  de  Chriílo  de  1677.) 
aos  6.  do  quarto  da  hata  (que  he  a  7. 
de  Mayo.)  Cerca vaõ  eíla  liteira  mui- 
tos Eunuchos  Chriílaõs  dos  quais  algvms 
eraõ  da  Caza  do  Emperador,  Seguiaõ  fe 
três  liteiras  ornadas  de  feda  de  varias 
cores.  Na  primeira  hia  huma  Cruz;  na 
fegunda  a  Imagem  de  N.  Senhora,  e  na 
terceira  a  de  S.  Miguel  acompanhadas  de 
muitas  bandeiras,  e  lanternas.  Em  outra 
liteira  fe  via  o  retrato  do  P.  Magalhaens, 
que  mandara  copiar  o  Emperador  por 
hum  primorofo  pintor  do  feu  Palácio  a 
qual  hia  feguida  de  grande  multidão  de 
Chriftãos,  e  Mandarins.  No  fim  de  toda 
efta  pompoza  comitiva  era  levado  o  fé- 
retro por  feíTenta  homens  cubertos  de 
luto  o  qual  eftava  pofto  fobre  huma  cai- 
xa envernizada  com  o  tefto  forrado  de 
veludo  roxo.  O  numero  das  peflbas  que 
acompanhava  o  enterro  era  taõ  grande, 
que  os  primeiros  diftavaõ  dos  últimos 
o  efpaço  de  huma  milha.  Chegada  efta 
comitiva  ao  lugar  da  Sepultura  fe  cantou  o 
Refponfo  com  as  cerimonias  determinadas 
pelo  Cerimonial  Romano,  e  fe  finalizou  efta 
fúnebre  funçaõ  com  as  lagrimas  de  todos  os 
affiftentes.  Fazem  delle  mençaõ  Rougemont 
Hijhr.  Tártaro  Sinica  pag.  216.  n.  147.  e  166. 
P.  Luiz  BugUo  Abrege  de  la  vie  e  de  la  mort. 
du  P.  Gabriel  de  Magaillans  no  fim  da  fua 
Relação  da  China.  Cathalog.  PP.  Societ.  Jef 
qui  poji  obitum  S.  Francifci  Xaverij  ab  anno 
15 81.  ufque  ad  an.  168 1.  in  Imp.  Sinar.  I.  C. 
fidem  prepagarunt.  pag.  32.  n.  52.  Com- 
poz. 

Do:(e  excellencias  da  China.  Efta  obra 
que  trouxe  da  China  o  Padre  Filippe 
Couplet    Procurador    das    Miíloens   daquelle 


3i6 


BIBLIO THE  CA 


Império  em  a  Corte  de  Roma  a   deu    ao 

EmminentiíTimo  Cardial  de  Eftreès  Duque, 
e  Par  de  França  aíTiftente  na  Cúria  para 
fatisfazer  às  curiofas  preguntas  que  lhe 
fazia  aíTim  da  Corte  de  Pekim,  como 
do  governo  politico,  e  militar  daquelle 
Império.  O  Cardial  a  recebeo  com  gran- 
de gofto  por  fer  compoíla  com  fumma 
verdade,  e  naõ  menor  inveftigaçaõ  adque- 
rida  pela  larga  aíTiilencia,  que  feu  au- 
thor  fez  na  China  pelo  efpaço  de  vinte, 
c  nove  annos  converfando  com  as  Pef- 
foas  principaes  daquelle  vaíliíTimo  Eftado, 
e  tendo  a  entrada  livre  no  Palácio  do 
feu  Soberano.  Foy  traduzida  por  ordem 
do  dito  Cardial  na  lingua  Franceza  re- 
duzindo o  tradutor  as  doze  partes  da 
obra  em  que  a  dividira  o  Padre  Gabriel 
de  Magalhaens  em  21  Capitules,  e  fahio 
com    efte    titulo. 

Nouvelle  relation  de  la  Chine  contenant 
la  deJcripHon  des  particularites  les  plus  con- 
fiderahles  de  ce  grand  Empire  compofee  en 
r  annèe  1668.  par  le  R.  P.  Gabriel  de 
Magaillans  de  la  Compagnie  de  JESUS 
MiJJionaire  Apoftolique.  Pariz  chez  Claude 
Barbim.  1688.  4.  &  ibi  ches  Etiene 
Caftin.  1690.  4.  Traduzio  na  lingua 
Sinica  a  obra  de  Santo  Thomaz  de 
Aquino. 

De  Kefurre£tione  Camis.  M.  S.  Defta 
obra  fazem  memoria  o  Padre  Buglio 
na  vida  do  Author  aflima  allegada,  e 
o  Cathalog.  PP.  Societat.  Jefti.  pag.  32. 
n.    52. 

Carta  ejcrita  a  z,  de  Janeiro  de  1669. 
de  Pekim,  em  que  relata  a  perjeguiçaô  Ju- 
cedida  no  anno  de  1664.,  a  qual  traduzio 
em  Italiano  o  Padre  Profpero  Intorceta 
na  fua  Compendio/a  Narratione  delia  fiato 
de  la  Mijftone  Cine/e  &c.  Roma  por  Fran- 
cefco  Tizzoni  1672.  8.  defde  pag.  77. 
até  114. 

Relação  das  tyranias  obradas  por  Can- 
gbien  Cbmgo  famofo  ladraõ  da  China  em 
o  armo  de  165 1  da  qual  extrahio  o  Pa- 
dre Martim  Martinio  Hijl.  de  bello  Tar- 
tarico  pag.  183.  tudo  quanto  efcreveo  nef- 
ta  matéria,  como  elle  ingenuamente  con- 
feíTa. 


D.  GABRIEL  DE  SANTA  MARIA 
Cónego  Regular  da  Congregação  de  Santa. 
Cruz  de  Coimbra,  e  grande  inveíligador  das 
antiguidades,  e  privilégios  da  fua  Ordem. 
Canónica;  deixando  efcrito. 

Memorias  Hijloricas  do  Convento  de  Santa 
Cn^.  Delias  fe  aproveitou  muito  o  Chro- 
niíla  da  mefma  Congregação  D.  Nicolao  de 
Santa  Maria  como  efcreve  no  Prologo  da 
Chron.  dos  Coneg.  Regrantes.  Falleceo  em 
Coimbra  a  9.   de  Outubro  de    161 6. 

P.  GABRIEL  DE  MATOS  natural 
da  Villa  da  Vidigueira  em  a  Provinda 
Tranílagana,  e  filho  de  Pedro  Gallego, 
e  Izabel  Gonçalves.  Sendo  de  16.  annos 
abraçou  o  inílituto  da  Companhia  de  lESUS 
em  o  Collegio  de  Évora  no  primeiro 
de  Dezembro  de  1587.  Ainda  naõ  tinha 
completo  o  tempo  de  Noviço  pedio,  e 
alcançou  a  milTaõ  do  Oriente  para  onde 
partio  com  fummo  gofto.  Eftudadas  as 
fciencias  feveras  em  Goa  paíTou  ao  Ja- 
pão cuja  dilatada  vinha  cultivou  zelofa- 
mente  até  ao  anno  de  161 7.  em  que 
foy  mandado  por  Procurador  à  Cúria  Ro- 
mana. Reftituido  a  Portugal  tal  foy  o 
fervor,  e  eficácia  com  que  reprezentou 
a  heróica  conftancia  com  que  os  Chrif- 
taõs  fem  horror  ao  fogo,  e  menos  ao 
ferro  facrificavaõ  as  vidas  em  obzequio 
de  Chrifto  em  o  Japaõ,  que  fomente  do 
Collegio  de  Coimbra  fe  offereceraõ  feten- 
ta  religiofos  Filofofos,  Theologos,  e  Hu- 
maniftas  para  cultores  daquella  Chriftan- 
dade  dos  quais  por  permiflaõ  dos  Su- 
periores foraõ  doze  que  chegarão  com  o 
Padre  Matos  livres  do  menor  perigo  a 
Goa.  Partio  para  Macao  onde  tinha  fido 
Reytor  daquelle  Collegio  em  o  qual  paf- 
fou  à  vida  eterna  em  9  de  Janeiro  de 
1633.  com  62.  annos  de  idade,  e  46.  de 
religião.  Fazem  mençaõ  dos  feus  apoftoli- 
cos  minifterios  Bib.  Societ.  pag.  271.  col.  i» 
Joan.  Soar.  de  Brito  Tbeatr.  Lujit.  Litte. 
lit.  G.  n.  4.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i. 
pag.  288.  col.  2.  Cardozo  Agiolog.  Ljijit. 
Tom.  3.  pag.  452.  col.  2.  no  Coment. 
de  25.  de  Mayo  Letr.  L.  Franco  Imag. 
da     Virt.    em    o    Noviciad.    de    Emot.    pag. 


L  USITAN A. 


Í65.  Fonceca  Evor.  Glorio/,  pag.  431.  Ef- 
creveo. 

Carta  Annoa  do  JapaÕ  efcrifa  de  Nangat^a- 
tbi  I.  ^  Março  de  1603.  com  outra  da  China, 
t  Malucas.  Sahio  traduzida  em  Italiano  Ro- 
ma por  Ludovico  Zamieti.   1605.  4. 

Kelaçaõ  da  PerfeguiçaÕ  que  teve  a  Chrifian- 
dade  do  JapaÕ  de/de  May  o  de  161 2.  até  Novem- 
bro de  16 14.  tirada  das  Cartas  annuaes,  que 
Je  enviarão  ao  P.  Geral  da  Companhia  de  JE- 
SUS. Lisboa  por  Pedro  Craesbeeck.  161 6. 
12.  Traduzida  em  Italiano  com  outras.  Ro- 
ma por  Bartholameo  Zanneti  161 7.   12. 

Fr.  GABRIEL  PAES  religiofo  da  Or- 
dem dos  Menores,  e  muito  verfado  em  as 
noticias  da  fua  fagrada  familia  de  que  era 
benemérito  filho.  Publicou  conforme  efcre- 
vem  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag. 
389.  col.  I.  Cardofo  Agiolog.  iMJit.  Tom.  2. 
pag.  176.  col.  2.  e  Fr.  loan.  à  D.  Ant.  Bib. 
Francifc.  Tom.  2.  pag.  4.  col.  2. 

Ordenaçoens  da  Terceira  Ordem  de  S.  Fran- 
.  djco. 

GABRIEL  PEREIRA  DE  CASTRO 
Naceo  na  auguíla  Gdade  de  Braga  a  7  de 
Fevereiro  de  1571.  e  na  Parochia  de  S. 
loaõ  de  Souto  recebeo  a  graça  bautifmal 
a  10.  do  dito  mez.  Teve  por  Pays  ao  Dou- 
tor Frandfco  de  Caldas  Pereira  bem  conhe- 
cido em  a  Republica  Literária  por  fuás 
doutiflimas  obras  com  que  illuílrou  a  Ju- 
rifprudencia  Cefarea;  e  a  Anna  da  Rocha 
de  Araújo  filha  do  Doutor  António  Fran- 
cifco  de  Alcáçova  Procurador  da  Coroa, 
e  Alcayde  Mòr  de  Eruededo  de  quem  fe 
fez  memoria  em  feu  lugar,  e  de  fua 
mulher  Catherina  da  Rocha.  Ainda  naõ 
fabia  pronunciar  as  primeiras  palavras  com 
que  balbucientemente  fe  explica  a  infân- 
cia, e  jà  fe  afeiçoava  aos  livros  revol- 
vendolhe  as  folhas  fem  conhecer  as  le- 
tras. Defta  taõ  anticipada  inclinação  infe- 
rindo feu  Pay  o  talento  com  que  o  or- 
nara a  natureza  para  as  fciencias  o  man- 
dou eíhidar  na  pátria  a  lingua  Latina,  e 
letras  humanas,  e  taõ  velofmente  fahio  nel- 
las  confumado  que  parecia  enfinar  mais  do 
que    aprender    o    que    eíhidava.    Paflbu    à 


317 

Univerfidade  de  Coimbra  onde  aplicado  ao 
Direito  Pontificio  penetrou  com  tal  perfpi- 
cada  as  fuás  mayores  dificuldades  que  foy 
laureado  com  as  infignias  doutoraes  em  taõ 
fagrada  Faculdade.  Vagando  huma  beca  no 
Collegio  Real  de  S.  Paulo  illuftre  Seminá- 
rio de  Varoens  famofos,  que  em  todas  as 
idades  ferviraõ  de  credito  ao  Sacerdócio,  e 
ao  Império,  fe  oppoz  a  eUa,  e  pofto  que 
nefta  ocaziaõ  a  naõ  alcançou  prevalecendo 
o  refpeito  contra  o  merecimento,  por  va- 
catura de  outra  foy  provido  a  9.  de  Agof- 
to  de  1600.  com  aplauzo  de  todos  os  Aca- 
démicos, como  prevendo  que  efta  pedra  in- 
juftamente  reprovada  havia  fer  o  mayor  or- 
nato daquelle  nobre  edifido.  Depois  de 
fubfldtuir  com  grande  credito  da  fua  lit- 
teratura,  e  naõ  menor  emolumento  dos  feus 
ouvintes  varias  Cadeiras  da  Univerfidade 
paííou  a  Dezembargador  da  Relação  do 
Porto  em  2.  de  Setembro  de  1606.  donde 
foy  transferido  para  a  Caza  de  Suplicação 
a  24.  de  Abril  de  161 5.  fendo  Dezembarga- 
dor dos  Aggravos  em  18.  de  Novembro 
de  161 7.  Corregedor  do  Crime  da  Corte 
a  9.  de  Agofto  de  1623.  e  ultimamente  co- 
mo Cavalleiro  profeíTo  da  Ordem  de  Chrifto 
Procurador  Geral  das  Ordens  Militares.  Em 
todos  eftes  lugares  fempre  tinha  a  porta  pa- 
tente às  peíToas  que  o  bufcavaõ  com  fumma 
afabilidade,  e  aprazível  femblante  ainda  àquel- 
las,  que  com  importunas  repetíçoens  lhe  pro- 
punhaõ  os  feus  Letígios.  No  feu  coração 
confervou  a  juítiça  em  taõ  perfdto  equi- 
líbrio que  fendo  obfervantiíTimo  das  Leys 
caftigava  com  violência,  abfolvia  com  promp- 
tídaõ;  perfeguia  aos  vidos,  e  naõ  aos  ho- 
mens, moderando  com  tal  arte  a  feve- 
ridade  do  offido  com  a  brandura  do  gé- 
nio que  ninguém  o  culpou  de  afpero, 
nem  experimentou  inflexível.  Foy  humano 
com  os  inferiores,  modefto  com  os  iguais 
altivo  com  os  mayores,  prudente  nas  rc- 
foluçoens,  maduro  nos  concelhos,  promp- 
to  nas  refpoftas,  e  circunfpeâo  nas  ac- 
çoens.  Entre  o  laboriofo  exerddo  de  Se- 
nador fe  ocupava  algumas  horas  na  cul- 
tura das  Mufas  depondo  a  balança  de 
Aftrea  para  tocar  a  Lyra  de  Apollo  em 
cuja    divina    Arte    competio,    e    excedeo    os 


3i8 


B  IB  LIO  THE  C  A 


mais  fonoros  Cifnes  do  Parnafo  Portu- 
guc2.  Ninguém  obfervou  mais  religiofa- 
mente  as  leys  da  Poezia  uzando  fempre 
de  fraze  clara,  e  elegante,  conceitos  profun- 
dos, e  delicados  com  taõ  natural  afluência 
que  lhe  naõ  cuílava  mayor  difvclo  os  feus 
Verfos  de  que  efcrevelos.  Com  impertur- 
bável animo  tolerou  as  defatençoens  de  al- 
guns poderofos  a  quem  dava  immunidade 
o  efplendor  do  nacimento  diíTimulando  eftes 
agravos  como  doutrinado  na  efcola  da  pru- 
dência. Nunca  moílrou  no  femblante  o  me- 
nor fentimento  da  injufta  preferencia  que 
para  os  lugares  fuperiores  fe  lhe  fez  de  ou- 
tras peíToas,  ainda  que  conhecia  ferem  jul- 
gadas em  o  juizo  dos  homens  por  culpas 
as  defgraças,  e  por  defeitos  próprios  as  in- 
juíliças  alheas.  Ao  tempo  que  foy  nomeado 
Qianceller  mór  cahio  taõ  gravemente  in- 
fermo  que  logo  capitularão  os  Médicos  por 
mortal  a  doença  para  a  qual  foraõ  inúteis 
os  esforços  da  Arte.  Certificado  do  perigo 
fe  difpoz  catholicamente  para  a  morte  como 
quem  receava  pelo  Ofíicio  que  exercitara,  a 
re£tidaõ  com  que  havia  de  fer  julgado.  Fal- 
leceo  a  i8.  de  Outubro  de  1632.  quando 
contava  60.  annos  8.  mezes,  e  11.  dias  de 
idade.  Jaz  fepultado  no  Real  Convento  de 
S.  Vicente  de  fora.  O  iníigne  Poeta  An- 
tónio Figueira  Duraõ  Laur.  Pamas.  Ram. 
3.  foi.   50.  lhe  fez  o  feguinte  Epitáfio. 

Hoc  antro  aternum  jacehit. 

Pamajft  non  leve  Nunien 

Poefis  injigne  lúmen 

Cui    numquam    livor    nocehit. 

Fama  ejus  nomen  docebit, 

Si    aliquis  forte    iffwravit, 

Pereiram  pátria   vocavit, 

Phahus    Phabum    Poetarum, 

Thalia  gloriam   Mufarum: 

Sed  mors  omnia  dijfipavit. 
Foy  ornado  de  gentil  prefença,  eílatu- 
ra  grande,  c  de  proporcionada  fymitria 
em  todas  as  partes  como  capazes  de  fer- 
vir  de  ornato  à  grandeza  do  feu  efpi- 
rito,  e  excellencia  do  feu  talento.  Sen- 
do Dezembargador  do  Porto  fe  defpozou 
com  D.  Joanna  de  Souza  que  contando 
dezoito  annos  de  idade  alem  dos  dotes 
da   natureza,    e    de    muitas    qualidades    vir- 


tuofas  aprendidas  na  efcola  de  feus  Pays 
Mathias  de  Souza,  e  Angela  da  Cunha 
de  Mefquita  era  merecedora  de  tal  con- 
forte de  quem  teve  dous  filhos,  e  duas 
filhas  fendo  o  primogénito  Fernaõ  Pe- 
reira de  Caílro  que  na  florente  idade  de 
18.  annos  militando  na  Praça  de  Tangere 
para  falvar  a  vida  em  huma  fahida,  que 
fizera  aos  mouros,  matou  hum  às  lança- 
das de  cuja  acçaõ  informado  Filippe  IV. 
por  D.  Fernando  Mafcarenhas  General 
daquella  Praça  lho  mandou  agradecer  ani- 
mando o  com  taõ  nobre  eílimulo  para 
emprezas  mayores.  Depois  da  morte  de 
Gabriel  Pereira  inílituhio  fua  mulher  hu- 
ma Capclla  dedicada  a  S.  Francifco  Xa- 
vier em  o  CoUegio  de  Santo  Antaõ  dos 
PP.  Jefuitas  deíla  Corte  a  qual  dotou  de 
muitos  bens,  que  tinha  em  Lisboa,  e 
Braga,  e  como  morreíTc  o  primogénito 
fem  fuceíTaõ  paíTou  a  Capella  ao  Doutor 
Luiz  Pereira  de  Caílro  irmaõ  de  Gabriel 
Pereira  de  Caílro  com  hum  morgado  taõ 
honorifico  que  aprezenta  íinco  Igrejas,  e 
hum  Beneficio  fimples  o  qual  tem  a  fua 
cabeça  em  a  Capella  de  NoíTa  Senhora 
da  Annunciada  em  a  Cathedral  de  Braga. 
Com  diverfos  Elogios  exaltaõ  o  nome  de 
Gabriel  Pereira  infignes  Efcritores,  como  faã 
Carvalho  in  cap.  Raynaud.  Part.  i.  n.  175. 
Aquila  noftra  atatis.  Agoíl.  Barbof.  de  Po- 
teji.  Epifcop.  Part.  i.  Tit.  3.  cap.  8.  n.  8. 
nojlra  iMJitanica  gentis  decus,  et  omamentum. 
e  Part.  3.  Allegat.  106.  n.  58.  celeberrimus 
Doãor,  maiorum  nobilitate  clarus,  utriufque  Jú- 
ris conjultijftmus,  €S>*  in  omnium  fcientiarum  ge- 
nere  apprime  verfatus.  Fragozo  de  Regim.  Rei- 
pub.  Chrijlian.  Part.  2.  lib.  4.  Decif.  12.  n. 
16.  doãiffimus,  ac  integerrimus  Senator.  Portug. 
de  Donationib.  Keg.  Tom.  i.  lib.  i.  Prxlad. 
2.  §.  7.  n.  51.  Virum  doâijftmum.  Phxb.  De- 
cif. Tom.  I.  Decif.  39.  n.  2.  Tom.  2.  Decif. 
103.  n.  29.  &  Decif.  214.  n.  12.  Senaior 
eximius,  e^*  indefejfi  fludii  vir.  Mend.  à  Caf- 
tro  Pra£t.  Lujit.  lib.  i.  cap.  2.  n.  8. 
Senatorem  gravijftmum,  d^  nojira  atatis  vi- 
rum admirabilis  judicij ,  &  in^mj  acutijft- 
mum.  Joan.  Soar.  de  Brit.  Tbeatr.  Ltifit, 
Liter.  lit.  G.  n.  5.  Poeta  cum  paucis,  & 
raris  numerandus,  e>*  memorandus,  c  na  Apo- 


L USITANA 


3i9 


Jog.  à  Camoens  repoít.  a  8.  Cenfur.  14. 
I  n.  I.  Gloria  immortal  naõ  fey  fe  mais  de 
\  Braga  aonde  naceo,  fe  de  Lisboa  que  cantou. 
Diana  Refol.  Moral.  Part.  4.  Traâ:.  i.  in- 
íer  praclara  'Lufitania  ingenia  nemini  Jecun- 
dum.  Marinho  Fundação  de  Lisboa  liv.  i. 
<:ap.  19.  in/gne  Jurifconjulto,  e  Poeta.  Mello  de 
Induc.  Credit.  Quseíl.  32.  n.  6.  doãijfmum 
Senatorem.  Efperança  Hift.  Seraf.  da  Prov. 
de  Portug.  Tom.  i.  liv.  4.  cap.  9.  n. 
2.  No  mundo  por  letras  bem  conhecido  de 
todos.  Macedo  Lujit.  liberat.  Proíem.  2.  §. 
2.  n.  2.  doãijfimum,  e  Proasm.  i.  n.  52. 
egregium.  D.  Francifco  Manoel  Cart.  dos 
A  A.  Portug.  efcrita  ao  Doutor  Themudo 
herdeiro  do  ejpirito  dos  antigos  épicos.  Illuf- 
triíTimo  Cunha  in  Decret.  in  cap.  qui  Epif- 
cop.  diíl.  23.  n.  8.  infignem,  e  no  Ca- 
ibalog.  dos  Bi/p.  do  Porto  Part.  2.  cap. 
15.  Pejfoa  bem  conhecida  por  fuás  letras, 
^  qualidades.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifpan.  Tom. 
I.  pag.  389.  col.  I.  pari  doãrina,  atque 
inffnij  laude  confpicuus.  Barbofa  Alem.  do 
Colleg.  de  S.  Paulo  p.  iio.  ¥oy  taÕ  ^an- 
Àe  Letrado,  como  o  di:(em  os  feus  livros, 
e  taÕ  injiffie  Poeta  que  tem  lugar  entre  os 
primeiros,  e  no  Archiath.  Lujit.  p.  24. 
Inclitus    en    Gabriel    Cafiro    Pereira  feque- 

tur, 
Hic  propu^abit  pátria  regalia  jura, 
Et    Lyjia    ojlendet  jit    quanta  potentia    Ke- 
gum. 

Cajareo  ji  jure  novum  quis  dixirit  aftrum 
JSÍofcet    ab    eximio    magnum    co^omine    CAS- 
TRO. 

In/uper     Aonidum     decus     immortale     Soro- 
rum 

Hic    erit,     eS>*    cinget    viridanti     têmpora 

Lauro. 
Certabit   CASTKO,  pariter  certabit  Home- 

rus, 
Alter  Ulyjjea  muros  modulabitur  Urbis 
Errores,    (&  jaãa    Vagi    canet    alter    Ulyj- 

fis. 
Certabunt  ambo  dúbio   certamine,   litem 
Dividet  intonjus  hiujarum  numen  Apollo 
Una  Corona  duas  pracinget  laurea  frontes 
Unaque  palma  pares  faciet  dijcumbere  Pindo. 
P.  António  dos  Reys  Enthuj.  Poet.  n.  42. 


Frontis 

Depojita  ^avitate  fedet,  vultuque  jereno 
Mutato   in  jacilem   Gabriel  qui  celja   Pelafff 
Mania  jlruãa  manu  cantu  juper  athera  vexit 
Altitonante 
António    Figueira    Duraõ    Latn'.    Pamaf. 
Ram.    2.    pag.    33.   Verf. 
Quis  procul    ille    toga    injignis,    clavoque    ve- 

rendo 
Lauri  jerta  gerensl  vultu  Pereira  videtur 
Pieridum    Cajlrum: 

Manoel  de  Gallegos  Cançaõ  em  louvor  da 
Ulyjjea. 

Vós  ó  Pereira;  quando 
Canjado  na  jurídica  palejlra 
Ócio  doce  bujcais,  repoujo  brando, 
E  da  pena  aliviais  a  inji^e  dejka: 
Os  bojques  de  Aganipe 
Sujpendeis  Sonorojo 

Com  branda  vós  com  pleãro  numerojo. 
Jacinto    GDrdeiro    Elog.    de    Poet.    Lujit. 
Eíl.  6. 

De  loj  que  illujiran  mas  ju  jelis  ajlro 
Infffie  en  letras  y  en  ingenio  joio: 
Digno  de  marmol,  bronz^e  y  alabaftro 
Es  el  Doãor  en  ciências  nuevo  Apollo: 
Gabríel  Pereira  a  quien  illujlra  Cajlro 
Único  dejle  ai  contrapuejlo  Polo: 
Cuyo  illujlre  Poema  honrando  a  Lajo 
Diera  embidia  a    Virgílio,  Homero,  y   Tajo. 
Manoel  de  Faria,  e  Souza  Fuent.  de  Aga- 
nip.  Part.    i.  Centur.   6.   Sonet.   78. 
Xanto,  Eupompe,  Ligea,  e  Limnoría, 
Com  as  outras  marítimas  Don^ellas, 
Que  doutas  tem   Titulo,  e  de  bellas 
Hum   que    Vénus   lhes   deu,    outro    Thalia. 
Lã  jahem  da  cerúlea  Monarquia 

{Faf^endo    enveja   ás   lúcidas   ejirellas 
Que  je  retiraõ  de  que  as  vençaõ  ellas) 
Por  ouvir,  Gabríel,  tua  armonia. 
E   ouvindoje   dejcritas  no   teu  canto. 

Que  jobre  a  margem  Tagica  derramas, 
Vem  que  ates  eraõ  bellas,  mas  naÕ  tanto; 
Tanto  CO  o  doce  numero  as  inflamas. 

Que   o  jer  Damas  no  mar  do  Nume  Sãto 
Ejquecem  jó  por  jer  do  Tejo  Damas. 

Compoz. 

De    Manu    Regia    Traãatus    in    quo    om- 
nium  Legum  Re^arum  quibus  Regi  Portugallia 


320 


BIBLIO THE  CA 


in  caufis  Ecclejiajlicis  coffiitio  ejl  ex  Jure,  privi- 
legio, confueíNdine,  Jeu  concórdia  Jenfus,  €>*  vera 
decidendi  ratio  aperitur.  Tom.  i.  OlyíTipone 
apud  Petrum  Craesbeck.   1622.  foi. 

Tomus  Jecundus.  Ibi  apud  cumdem  Ty- 
pog.  1625.  foi.  &  Lugduni  apud  Claudium 
Bourgeat.  1673.  foi.  2.  Tom.  &  UlyfTipone 
apud  Joannam  Baptiílam  Lcrzo  1742.  foi.  2. 
Tom.  com  addiçoens. 

Decijiones  Supremi,  Emminentijftmiqtde  Sena- 
tus  Vortugallia  ex  gravijfimis  Patrum  rejpon- 
Jis  colleãa.  UlyíTipone  apud  Petrum  Craes- 
beck. 1621.  foi.  &  ibi  apud  Antonium  Cras- 
beeck  de  Mello.   1674.  foi. 

Ulyjfea,  ou  Lisboa  edificada  Poema  Heróico. 
Lisboa  por  Lourenço  Crasbeeck.  1656.  4. 
Sahio  fegunda  vez  em  8.  por  diligencia  de 
feu  Irmaõ  o  Doutor  Luiz  Pereira  de  Caftro, 
que  a  dedicou  ao  Príncipe  D.  Theodofio, 
affim  como  dedicara  a  primeira  ediçaõ  a 
Filippe  IV.  Naõ  tem  lugar  da  impreíTaõ, 
mas  do  carafter  fe  colhe  fer  impreíTa  em 
Olanda  no  anno  de  1642.  ou  1643.  Em 
aplaufo  defte  Poema  compoz  o  feguinte  So- 
neto a  elevada  Mufa  de  Lopo  Feliz  da 
Vega. 

Lisboa  por  el  Griego  edificada 

Ya  de  fer  Fénix  immortal  prefuma, 
Pues  deve  más  a  tu  divina  pluma 

(jDoão  Gabriel)  que  a  Ju  famoi^a  efpada. 
Voraz  el  tiempo  con  la  diefira  ajrada 

No  aj  império  mortal  que  nò  confuma, 

Pêro  la  vida  de  tu  heróico  fuma 

Es   alma   illuftremente   refervada. 
Mas  ay  que  quando  màs  enriquecifie 

Tu  pátria  que  fu  artífice  te  llama, 

Por  la  fegunda  vida  que  le  dijle: 
Çyprls  funefto  tu  laurel  enrama, 

Si  bien  ganajle  en  lo  que  màs  perdifie, 

Pues  quando  mueres  tu,  naciò  tu  fama. 

CançaÕ  ao  Naci mento  de  Filippe  IV.  pre- 
miada em  Coimbra  com  o  primeiro  premio. 
Sahio  impreíTa  ao  principio  do  Trat.  de 
Manu  Regia. 

Epiff^amma  in  effigiem  Francifci  de  Cal- 
das Pereira  Patris  fui. 

Elegia  in  Laudem  Parentis  fui.  Huma,  e 
outra  obra  poética  fahio  impreíTa  no  prin- 
cipio da  3.  c  4.  Parte  de  Jure  Emph/teutico 


do  Doutor  Francifco  de  Caldas,  cuja  obra 
foy  publicada  por  induílria  de  feu  filho  Ga- 
briel Pereira  empreílandolhe  a  Univeríidadc 
de  Coimbra  em  o  anno  de  1601.  feiscentos 
mil  reis  para  o  gafto  da  ediçaõ. 

Epigramma,  e  Elegia  com  o  titulo  de  Exaf- 
ticon.    Sahio  no  livro  intitulado 

Anagrama  de  la  vida  humana  author  Hen- 
rique Viforio.  Lisboa  por  António  Alvres. 
1590.   8. 

Monomachia  fobre  as  Concordias  que  os  Keyr 
fi^eraÕ  com  os  Prelados  de  Portugal  nas  duvidas 
da  JtmfdiçaÕ  Ecclefiaftica,  e  Temporal,  e  Bre- 
ves de  que  foraõ  tiradas  algumas  ordenaçoens  com 
as  confirmaçoens  ApoJlolicas,  que  fobre  as  ditas 
Concordias  interpur^eraÕ  os  Summos  Pontifices. 
Lisboa  na  Oííicina  da  Congregação  do  Ora- 
tório  1738.  foi. 

Antinomias  das  Ordenaçoens  de  Portugal  con- 
ciliadas. M.  S.  8.  Dedicado  ao  Conde  do  Bailo 
Governador  do  Reyno. 

Obras  Poéticas  em  diverfas  linguas.  2.  Tom.  4. 
Confervavaõfe  na  Bibliotheca  do  IlluílriíTimo 
Bifpo  do  Porto  D,  Rodrigo  da  Cunha  como 
coníla  do  Index  delia  impreíTo  na  dita  Gdade 
1627.  4.  Confiava  hum  tomo  de  Obras  Ly- 
ricas.    Outro  de  Comedias. 


Fr.  GABRIEL  DA  PURIHCAÇAM  cha- 
mado no  Século  Simaõ  Antimes  filho  de  Do- 
mingos Antunes,  e  Maria  Lopes  naceo  em 
Lisboa,  e  profeíTou  o  fagrado  inftituto  de 
S.  Jerónimo  no  real  Convento  de  Belém  a 
2  de  Fevereiro  de  1632.  Foy  muito  obfer- 
vante  da  difciplina  regular  de  que  deu  mani- 
feftos  argumentos  quando  exercitou  os  luga- 
res de  Porteiro  Mòr  do  Convento  de  Belém 
por  muitos  annos.  Prior  do  Convento  do  Ef- 
pinheiro,  e  duas  vezes  Vizitador  Geral.  Teve 
talento  para  o  púlpito,  e  inclinação  para  a 
Poefia  vulgar.  Falleceo  em  idade  muito  pro- 
veéía  em  o  Convento  de  Bclcm  a  25  de  Abril 
de  1704.    Compoz. 

Efpelho  Diáfano,  e  Criflalino  em  que  fe  retra- 
taÕ  as  vidas  dos  dous  mais  aufteros  penitentes  S. 
Jerónimo  habitador  dos  af peros  de!(ertos  da  Syria, 
e  S.  Bruno  morador  nos  defabridos  montes  da  Car- 
tuxa. Lisboa  por  Manoel  Lopes  Ferreira  1680. 
8.  he  em  8.  rima. 


L  USl  TAN  A. 


321 


Sermão  em  a  Vefia  de  N.  Senhora  do  Egyp- 
to  pregado  no  Convento  dos  Keligiofos  de  S. 
Bernardo.    Lisboa  por  loaõ  Galraõ  1687,  4. 

Temo  Sonoro  cantado  em  as  três  principaes 
Fejlas  da  Gloriojijftma  Virgem  Maria  Senhora 
nojfa,  afaber  da  Immaculada  Conceição;  da  purif- 
fima  Encarnação;  e  da  humildijjima  Purificação. 
Lisboa   pelo   dito   ImpreíTor.    1689.  4. 

Dia  maravilhot(o  em  que  fe  manifeftaõ  as 
virtudes  do  mais  infigne  Patriarcha  S.  ]o^eph 
difiinto  em  duas  partes,  ou  dous  Sermoens  hum 
de  menhaã,  outro  de  tarde  pregados  na  Igreja  de 
N.  Senhora  da  Graça  de  Setuval.  Lisboa  por 
Manoel   Lopes   Ferreira    1695.   4. 

Sermão  dos  Santos  Apojlolos  S.  SimaÕ,  e 
S.  Judas.  Lisboa  por  António  Pedrozo  Gal- 
raõ.   1700.  4. 

Jujio  Sentimento  à  morte  do  Serenijfimo  In- 
fante de  Portugal  D.  Duarte  em  o  dia  das  fuás 
funeraes  exeqtáas  em  o  Keal  Convento  de  Be- 
lém. Lisboa  por  António  Alvres.  1650.  8. 
Gíníla  de  43.  Outavas.  Sahio  com  o  nome 
afeftado    do   Padre    Gabriel   Antxines. 

Carta  efcrita  ao  Conde  de  Cajlello-milhor 
Minijiro  do  defpacho  delKey  D.  Affonfo  VI. 
fobre  a  forma  do  governo.  M.  S.  he  larga,  e 
judiciofa. 

Canção  a  Batalha  de  Montes  Claros.  AI.  S. 
4.  Delle  faz  diftinta  memoria  o  Padre  An- 
tónio dos  Reys  Enthuf.  Poet.  n.  74.  collo- 
cando-o  entre  o  Q)ro  dos  Poetas  Portugue- 
zes  com  eílas  vozes. 

:  :     Gabriel  quatientis  peãora  faxo 

Gejla  Senis  memorat,  tacitamque  Brunonis  ere- 

mum. 
AJfiduo  refonat  cantu,  dum  muta  repellit 
Petra,     volens    filuijje,     meios;     latebrofaque 

rumpi 
Antra  gemunt  gravibus    dileãa  filentia   ver- 

bis 
Hic  nunquam  audiri  folitis. 


GABRIEL  REBELLO  ornado  de  gran- 
de engenho,  e  muito  perito  nas  efpecula- 
çoens  da  Filofoíia,  como  em  as  noticias  da 
Hiftoria  Secular  partio  de  Lisboa  no  anno 
de  1566.  provido  em  o  lugar  de  Feitor, 
e  Alcayde  Mòr  da  Fortaleza  de  Tidore  em 


as  Ilhas  Malucas,  das  quais  pela  grande  aflif- 
tencia  que  nellas  fez,  efcreveo  com  verda- 
de,  e  inveftigaçaõ. 

Informação  das  cout^as  de  Maluco  feita  no 
anno  1569.  derigida  a  D.  Conflantino  Vicerey, 
que  fqy  da  índia  dividida  em  três  partes.  A  i. 
trata  em  13.  Capitulos  as  cousas  notáveis  que 
ha  no  Maluco,  e  dos  cujiumes  dos  moradores 
delle.  A  z.  trata  em  12.  Capitulos  do  feu  def 
cubrimento  ajfim  pelos  Portuguet^es,  como  pelos 
Cajlelhanos  com  todas  fuás  armadas  até  a  de 
que  foy  Geral  Ruy  Lopes  de  Villalobos.  A 
3.  trata  em  13.  Capitulos  das  cour^as  que  fu- 
cederaÕ  em  tempo  do  Capitão  Bemaldim  de 
Sout^a  até  dejlruir  as  Fortalezas  de  Geilolo,  e 
Tidore.  M.  S.  Começa  a  obra  pelo  Prolo- 
go aos  Leytores.  Se  fora  licito  naõ  contar  cou- 
t^as  de  admiração.  O  original  fe  confervava 
na  Livraria  do  iníigne  antiquário  Manoel 
Severim  de  Faria,  e  deUe  tinha  huma  co- 
pia Diogo  do  Couto  como  afirma  na  De- 
cad.  8.  da  índia  cap.  14.  e  outra  vi- 
mos em  a  Livraria  do  ExcellentiíTimo  Mar- 
quez de  Valença.  Deíla  Obra  como  de 
feu  author  faz  mençaõ  o  Padre  Francifco 
de  Souza  Orient.  Conquifl.  Part.  2.  Conquift. 
3.  Divif.  I.  §.  36.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp. 
Tom.  pag.  389.  col.  2.  Anton .  de  Leaõ 
Bib.  Orient.  Tit.  7.  e  o  feu  moderno  addi- 
cionador  Tom.  2.  col.   636.      Compoz   mais. 

Retrato  dos  bens,  e  males  da  índia  M.  S. 
Defta  obra  fe  lembra  Diogo  de  Couto  De- 
cad.   8.  da  índia.  cap.   26. 


GABRIEL  SOARES  DE  SOUZA  na- 
tural de  Lisboa,  e  defcendente  de  ge- 
ração nobre,  a  cujo  intrépido  valor,  e 
judiciofa  direção  fe  deveo  a  Conquifta 
do  Rio  de  S.  Francifco  em  o  Braíil 
no  anno  de  1591.  Foy  nomeado  Capitão 
Mòr  de  duas  Nàos  para  o  defcubrimen- 
to  das  Minas  das  Efmeraldas  de  que 
trazendo  a  Portugal  vários  pedaços  de 
terra  em  que  eftavaõ  encerradas  algumas 
pedras  perfeitas,  e  outras  imperfeitas,  naõ 
confeguio  o  dezejado  fim  daquelle  def- 
cobrimento,  que  profeguio  com  milhor  for- 
tuna D.  Francifco  de  Souza  Senhor  de 
Bringel,   Alcayde   Mór    de    Beja   que   neíle 


32  2 


BIBLIO 


tempo  governava  o  Brazil  por  cujo  fer- 
viço  mereceo  o  titulo  de  Marquez.  Com- 
poz. 

Roteiro  Geral  com  largas  informaçoens  de 
toda  a  Cojla  que  pertence  ao  E.Jlado  do  Brasil, 
e  defcripçaõ  de  muitos  lugares  delle  ejpecialmen- 
te  da  Bahia  de  todos  os  Santos.  Confta  de  2 
Tratados,  o  i.  comprehende  74.  Capítulos; 
c  o  2.   196.  o  qual  tem  por  titulo. 

Memorial,  e  declaração  das  grandei(as  da 
Bahia  de  todos  os  Santos,  da  fua  fertilidade,  e 
das  notáveis  partes,  que  tem  M.  S.  foi. 
Confervafe  na  Bibliotheca  Real.  Dedicado 
a  D.  Chriftovaõ  de  Moura  em  o  anno  de 
1587.  Defta  obra,  e  feu  author  fazem  me- 
moria Pedro  de  Mariz  Dialog.  de  Var.  Hijl. 
cap.  5.  foi.  36.  e  o  moderno  addicionador 
da  Bib.  Geograf.  de  Ant.  de  'LeaÕ.  Tom.  3. 
col.  171  o.  onde  efcreve  compuzera  Gabriel 
Soares. 

KelaçaÕ  do  Defcubrimento  das  Efmeraldas. 
M.    S. 

GABRIEL  DE  SOUZA  BRITO  natu- 
ral de  Lisboa  donde  paflbu  à  Cidade  de 
Amílerdam  na  qual  afliília  em  o  anno 
de  1719.  Era  taõ  perito  na  Arithmeti- 
ca  aíTim  pratica,  como  efpeculativa,  co- 
mo em  a  Cofmografia,  e  difciplina  mi- 
litar de  que  faõ  teílemunhas  as  obras  fe- 
guintes. 

Norte  mercantil,  y  crijol  de  cuentas  di- 
vidido em  três  livros,  en  los  quales  fe  tra- 
tan  por  modos  muy  faciles,  y  breves  de  la 
Arithmetica  mercantil,  y  efpeculativa  con  to- 
das las  regias,  y  fecreto  de  effa  arte,  y  de 
los  giros  de  câmbios  de  una  placa  a  otra, 
y  las  monedas  corrientes,  que  ay  en  Euro- 
pa, y  fuera  delia,  y  la  declaracion  dei  li- 
vro de  caxa,  y  fu  manual  de  cuentas  de 
Mercaderes.  Amílerdam  por  Cornelio  Hoo- 
genhuifen.    1706.    8. 

Epitome  Cofmografico  en  el  qual  fe  trata 
de  todas  las  Ciudades  dei  mundo  calculai 
por  fus  Kegiones,  y  Provindas  a  fu  longi- 
tud,  y  latitud  con  las  cofas  màs  notables 
de  ellas  fiendo  un  fummario  de  todos  los 
mappas,  y  Atlas  por  orden  dei  Alfabeto, 
e  de  màs  fe  defcriven  em  breve  los  Im- 
périos,   y    Monãrcbias,     Keynos,   y     Províncias 


THECA 

dei  Mundo  en  particular  {principalmente  de  ^ 
la  Monarchia  Efpanold)  con  un  rotero  de 
fus  caminos  el  qual  vã  difpue^o  por  la  or-  | 
den  dei  alfabeto  para  que  com  mayor  fa- 
cilidad  fe  puedan  hallar  las  Ciudades,  Villas, 
y  lugares  que  cada  uno  querrà  faber,  y  de 
todas  las  regias  contenidas  en  la  arte  de  la 
Geometria  con  las  figuras,  y  otras  curiofidades 
dignas  de  feren  notórias,  como  tambien  un 
tratado  de  las  quatro  formas  de  efquadrones  más 
acuftumbrados  en  la  arte  militar  a  fàber  ef- 
quadron  quadrado,  de  terreno  quadrado,  de  gente 
prolongado,  y  de  gran  frente  con  f$u  figuras. 
ibi  pelo  dito  Impreflbr.   1706.   8. 

GALEOTE  PEREYRA  filho  de  Fer- 
não Pereira,  e  de  fua  fegunda  mulher  D. 
Maria  de  Berredo,  e  meyo  irmaõ  de  Ruy 
Pereira  I.  Conde  da  Feyra  o  qual  militou 
na  índia  com  valor  digno  do  feu  claro  na- 
cimento.  Eílando  cativo  no  lugar  de  Tun- 
chien  fituado  no  Império  da  China  efcre- 
ceo  huma  larga  relação  dos  trabalhos,  e  mo- 
leftias  que  padeceo  nefte  cativeiro  com  al- 
guns Portuguezes  de  que  fe  extrahio  a  fe- 
guinte  obra  publicada  na  lingua  Italiana 
com  efte  titulo. 

Alcune  cofe  dei  paefe  de  la  China  faputi 
de  certi  Portughefi  eh'  ivi  furon  fati  fchiavi;  e 
queflo  fu  cavato  d'  un  tratato  che  fecce  Galeoto 
Pereira  Gentil  huomo  perfona  di  molto  credito 
il  quale  flette  priffone  nel  fudetto  luogo  Tu- 
chien  alcuni  anni.  Venetia  por  Michele  Tra- 
mezzino.    1565.   4. 

D.  GARCIA  DOS  ANJOS  natural  do 
Porto,  e  filho  de  Luiz  Alvres  de  Tá- 
vora BaHo  de  I^íTa.  Recebeo  o  habito 
de  Cónego  Regrante  no  real  Convento 
de  Santa  Cruz  de  Coimbra  onde  fe  dif- 
tinguio  entre  os  feus  condifcipulos  na 
comprehençaõ  das  fciencias  efcholafticas  fen- 
do laureado  Doutor  Theologo  cm  a  Aca- 
demia Conimbricenfe  em  o  anno  de  1662. 
Foy  Reytor  do  CoUegio  novo  de  Santo 
Agoftinho,  e  Prior  do  Real  Convento  de 
S.  Vicente  fituado  fora  dos  muros  de 
Lisboa.  Morreo  a  31.  de  Julho  de  1689. 
Compoz. 


L  USITANA. 


òiò 


'Livro  de  Caí(os  com  relaçoens,  e  fentidos 
muito  aprovados,  e  chegados  à  ret(aÕ.  M.  S. 

GARCIA  LOPES  natural  da  Cidade  de 
Portalegre,  e  iníigne  profeíTor  da  Medicina, 
que  ouvio  em  Salamanca  do  noflb  Agofti- 
nho  Lopes,  e  a  praéHcou  com  feliz  metho- 
do  em  Portugal,  Caílela,  e  Flandes.  Foy 
muito  perito  nas  línguas  Grega,  e  Latina 
fendo  muito  louvado  por  Jorge  Abraham 
Mercklin.  hind.  Kenovat.  Zacut.  Ind.  AA. 
in  princip.  Hijl.  Med.  Princip.  Joan.  Soar. 
de  Brito  Theatr.  'Liifit.  Utter.  lit.  G.  n.  7. 
Nicol.  Ant.  hih.  Hijp.  Tom.  i.  pag.  394. 
col.   2.    Compoz. 

De  varia  rei  medica  le£Hone.  Antuerpix 
apud  Viduam  Martini .  Nutij    1564.   8. 

Commentarium  in  L.ibellum  Galleni  de  parva 
pila  exercitio.  Dedicado  ao  Doutor  Thomaz 
Rodrigues  da  Veyga  Lente  primário  de  Me- 
decina  em  a  Univeríidade  de  Coimbra,  e 
delle  faz  mençaò  no  cap.  26.  da  obra  pre- 
cedente. 

D.  GARCIA  DE  MENESES  Naceo  em 
a  celebre  Villa  de  Santarém,  e  teve  por 
Progenitores  a  D.  Duarte  de  Menezes  ter- 
ceiro Conde  de  Viana  Capitão  de  Al- 
cácer Seguer,  Alferes  mór  dos  Reys  D. 
Duarte,  e  D.  AiFonfo  V.  e  D.  Izabel 
de  Caílro  fua  fegunda  mulher  filha  de 
D.  Fernando  de  Caílro.  A  vivacidade  do 
engenho  de  que  liberalmente  o  ornara  a 
natureza,  fe  admirou  na  veloz  compre- 
henfaõ  da  Hngua  Latina,  e  letras  huma- 
nas em  que  foy  egregiamente  inítruido 
donde  paíTando  aos  eftudos  mais  feveros 
excedeo  a  todos  os  engenhos  da  fua  ida- 
de aíTim  na  profundidade  do  talento,  co- 
mo felicidade  da  memoria.  Cheyo  de  tan- 
tos dotes  fcientificos ,  que  fe  augmen- 
tavaõ  com  o  efplendor  do  feu  nacimento 
foy  nomeado  Bifpo  de  Évora  por  fer 
promovido  feu  AnteceíTor  D.  Álvaro  Paes 
à  Cadeira  primacial  de  Braga.  Naõ  lhe 
entibiou  a  benevolência  de  Paílor  com 
que  governava  o  feu  rebanho,  aqueUe  ar- 
dor militar  que  herdara  de  feus  Mayores 
alimentado  entre  as  palmas,  e  louros  de 
Alcácer    Seguer,    e    Ceuta    onde    fe    achara 


com  feu  heróico  Pay,  fendo  hum  dos 
gloriofos  inílrumentos  de  fe  alcançar  a 
memorável  batalha  de  Toro  no  anno  de 
1476.  onde  depofto  o  bago,  e  empunha- 
da a  efpada  triunfou  em  obfequio  do 
feu  Príncipe  do  exercito  Caílelhano.  Igual 
gloría  confeguio  quando  acompanhado  de 
feu  Irmaõ  D.  Joaõ  de  Menezes  primeiro 
Conde  de  Tarouca,  e  Prior  do  Crato  der- 
rotou a  D.  Affonfo  de  Cardenas  Meílre  de 
S.  Tiago  nas  margens  do  rio  Odigebe.  Pro- 
vada a  valentia  de  feu  animo,  e  prudência 
da  fua  direção  neílas  belicozas  emprezas,  o 
nomeou  ElRey  D.  AiFonfo  V.  Commandante 
da  Armada  que  no  anno  de  1480  expedio 
em  focorro  de  D.  Fernando  Rey  de  Nápo- 
les para  reprimir  a  violenta  impreíTaõ  dos 
Turcos  com  que  tinhaõ  conquiílado  a  G- 
dade  de  Otranto,  e  invadido  a  toda  a  Ca- 
lábria, cuja  incumbência  aceitou  com  gofto 
por  ceder  em  gloria  da  Religião,  e  ruina 
de  feus  Antegoniílas.  Tanto  que  aportou 
a  armada  em  ItaUa  paíTou  D.  Garcia  a  Ro- 
ma com  o  Carader  de  Embaxador,  e  na 
prezença  de  Xiílo  IV.  e  de  todo  o  ConUf- 
torio  que  cflava  publico  na  BaíiUca  de  S. 
Paulo  in  via  Oftienfi  recitou  em  31.  de  Agof- 
to  de  1481.  huma  Oraçaõ  Latina  na  qual 
com  a  mais  pura  fraze,  elegante  facúndia, 
e  vehemente  expreíTaõ  reprehendeo  a  cul- 
pável inércia  de  muitos  Príncipes  Catholi- 
cos,  e  a  efcandalofa  vida  de  alguns  Prela- 
dos Eccleíiaílicos  exhortando  ao  SummoPaf- 
tor  a  que  aplicaíle  toda  a  vigilância  contra 
os  progreííos  do  inimigo  comum,  e  refor- 
mafle  os  abuzos  que  infeníivelmente  fe  ti- 
nhaõ introduzido  na  Igreja.  Entre  o  grave 
auditório,  que  eílava  pendente  da  boca  do 
Orador  aíTiília  Pomponeo  Leto  celebre  Filó- 
logo, e  Rhetorico  daquella  idade,  que  admi- 
rado da  fublime  eloquência  com  que  fe  ex- 
plicava D.  Garcia,  rompeo  nelias  palavras. 
Pater  Sanãe  quis  eft  ijle  barharus,  qui  tam  di- 
ferte  loquitur^  em  cujo  aplauzo  lhe  dedicou 
huma   Mufa    Romana    o   feguinte   Dyílicho. 

EJoquium  domina  quod  jam   Tagus  haufit  ab 
urbe, 

Hauriat  Hefperij  Tibris  ab  amne  Ta^. 
Para   íinal   do   afedo   com   que   o    Sum- 
mo  Pontífice  eítímara  o  feu  talento  o  no- 


324 


BIBLIO THE  CA 


meou  AíMentc  do  Sólio  Pontifício,  c  o  fez 
prepetuo  adminiílrador  do  Bifpado  da  Guar- 
da cm  5.  de  Setembro  de  1481.  confervando 
fempre  a  Mitra  de  Évora.  Reftituido  a  Por- 
tugal no  anno  de  1482.  coroado  de  trofeos 
fem  defembainhar  a  efpada,  e  aplaudido  na 
cabeça  de  todo  o  mundo  pela  fua  eloquên- 
cia, e  capacidade,  achou  muito  propenfa  a 
vontade  delRey  D.  Joaõ  o  fegundo  para 
a  fua  peíToa,  porem  como  D,  Garcia  efti- 
vefle  mais  cuftumado  a  mandar,  de  que 
obedecer  no  reynado  delRey  D.  Aífonfo  V. 
naõ  pode  tolerar  a  feveridade  com  que  aquel- 
le  Príncipe  governava,  e  interpretando  eíla 
independência  por  violação  dos  Privilégios 
da  Nobre2a  perfuadio  ao  Duque  de  Vifeu, 
e  outros  Cavalheros  quizeíTem  opporfe  a  efta 
violência.  Certificado  D.  Joaõ  o  II.  deíla 
conjuração  depois  de  caíligados  com  pena 
capital  os  feus  authores  o  mandou  encerrar 
na  cifterna  feca  do  Caílello  de  Palmella  onde 
preocupado  de  taõ  penetrante  difgoílo  aca- 
bou brevemente  a  vida  no  anno  de  1484. 
digna  certamente  de  fim  menos  infauílo.  O 
Carader  da  fua  peflba  recopilou  neftes  Ver- 
fos  Garcia  de  Refende  Mifcellati. 

Vi  o  Bifpo  D.   Garcia 

Bijpo  de  taes  dous  Bi/pados 

Que  honra  que  gran  valia 

Que  grandes  mercês  fan^ia 

A.   parentes,    e    chegados. 

Nas  guerras  Fronteiro  moor 

Nas  letras  gran  fahedor; 

Que  ca^a,   que  converfar: 

Como  foy  trijle  acabar 

Com  tanta  trifte:(a,  e  door. 
Nicol.  Ant.  Bib.  Hi/p.  vet.  lib.  10.  cap. 
12.  §.  703.  Garcias  Menejius  amplijjima  hu- 
jus  familia  omatijftma  proles.  Macedo  Lm- 
fit.  Inful.  pag.  207.  belli,  pacifques  artibus 
clarus.  D.  Agoftinho  Manoel  Vid.  de  D. 
Joan.  II.  pag.  149.  tenia  muchas  partes 
de  Soldado  y  en  las  ocafiones  aventejó  a  los 
de  mayor  opinion  y  n6  U  faltava  ingenio  y 
agude:(a  porque  era  Letrado  y  jingular  Hu- 
manijla  <á>'c.  Sampayo  Vida  dei  Princip. 
perfet.  pag.  59.  Verf.  Prelado  de  grandes 
letras,  y  calidad.  Souza  Hijl.  de  S.  Domin- 
gos da  Prov.  de  Portug.  Part.  2.  liv.  5. 
cap.    j.    dotado   de  Jingular   eloquência   de    que 


até  a  noffa  idade  chegarão  vejligios.  Fr.  Luiz 
dos  Anjos  Jardim  de  Portug.  cap.  107. 
refplandecia  em  virtude,  prudência,  e  :^elo  do 
bem  commum.  Medeiros  Perfeito  Soldado  pag. 
28.  D.  Luiz  de  Salazar  HiJl.  Geneal.  da 
Cav^a  de  Sylva.  Part.  2.  liv.  6.  cap.  4.  e 
13.  Fonceca  'Evor.  glorioj.  p.  293.  foy  hum 
dos  mais  eloquentes,  e  eruditos  heroes  do  feu 
feculo.  Refende  Chron.  de  D.  Joaõ  o  U. 
cap.  51.  Telles  de  rebus  gejlis  Joannis  11. 
pag.  mihi  112.  e  124.  Lipenio  Bib.  Real. 
Philofoph.  pag.  175.  Joan.  Soar.  de  Brit. 
Tbeatr.  Lj4fit.  Litter.  lit.  G.  n.  8.  Joan. 
Hallevord.  pag.  97.  Sylva  Leal  Cathalog. 
dos    Bifp.    da    Guard.    §.    27. 

A  Oraçaõ  que  recitou  na  prefença  do 
Summo  Pontífice  Xiílo  IV.  em  o  anno 
de  1481.  fahio  imprefla  no  mefmo  anno 
em  Roma  da  qual  vimos  hum  exemplar 
na  feleéHffima  Livraria  do  Doutor  Nico- 
lao  Francifco  Xavier  da  Sylva  Académico 
do  numero  da  Academia  Real,  a  qual 
tinha  o  titulo  feguinte  com  cila  ortho- 
grafia. 

Garfias  Menefius  Eborenfis  preful  quom  Lu- 
Jytania  regis  iclyti  legatus,  et  regia  clajfts  adver- 
fus  turcos  idrunte  in  aptãlia  prefidio  tenentes  pro- 
feãus  ad  urbem  accederet  in  tèplo  divi  pauli  pu- 
blice  exceptus  apud  Xiflum  IIII.  pont.  max. 
et  apud  facrum  Cardinalium  fenatum  hujuf- 
cemodi  orationem  habuit.  4.  No  fim  tem 
eílas  palavras.  Habita  hec  efl  oratio  pridie 
Kalendas  Septembris  falutis  Anno  Millejftmo 
quadringentijftmo  oHuageJimo  primo:  pontificatús 
vero  Xijli  IIII.  anno  XI.  ^  eodem  Rome 
imprejja. 

Sendo  mandado  a  Roma  pelo  Gu:- 
dial  D.  Henrique  Gafpar  Barreiros  de 
quem  brevemente  faremos  larga  memo- 
ria para  gratificar  da  parte  defte  Príncipe 
a  Paulo  III.  o  Capello  Cardinalício  que 
lhe  mandara,  contrahio  taõ  eílreita  ami- 
zade com  o  Cardial  Jacobo  Sadoleto,  que 
lhe  deu  como  preciofo  donativo  efta  Ora- 
çaõ, que  confervava  na  fua  Bibliotheca 
a  qual  remeteo  o  mefmo  Gafpar  Barrei- 
ros com  huma  elegante  carta  cfcrita  a 
feu  cordial  amigo  Jorge  Coelho  taõ  gran- 
de Orador,  como  Poeta  Latino,  e  nel- 
la    lhe    diz    fallando    da    mefma    Oraçaõ. 


L  U  SITAN  A. 


325 


Nam  qua  fpecies,  qua  dignitas,  qui  oratio- 
fiís  JpkndoTy  et  omatus?  Quam  conànna  ver- 
borum  collocatio,  et  quam  propriorum  confor- 
matio}  Quam  uberes,  eb*  acuta  fententiai^  Quan- 
tus  ufus,  eS^  quanta  rei  militaris  difciplina? 
Quam  perfeãa  maritimarum,  et  terrejlrium  re- 
ffonum  fcientia,  ò^  quam  completa  hifioriarum, 
caterarumque  rerum  co^itio  apparet?  In  qua 
tu  oratione  Coeli  deprehendes  nervos,  Juccum, 
(ò^  fangtánem,  non  jejunam,  e5^  exilem,  vel 
ineptam  quamdam  eloquentiam  multa  inanium 
verborum  congerie  fidentem  tamquam  innumeris, 
ó*  garrulis  perfirepentem  vocibus,  non  rebus 
uti  nonnullis  u/u  venire  videmus,  qui  cum  in- 
genii,  <&  inventionis  inópia  premantur  mi/e- 
ram chartarum  arcam  plurimis  verborum  velut 
palearam,  (ò"  culmorum  manipulis,  non  autem 
lata  frumenti  ubertate  injerciunt.  Quantus  in- 
Jur^t  adverjus  ChriJHanorum  Kegum  illius  ata- 
tis  imbellem  focordiam,  e^  negligentiam"^  Quan- 
tum invebitur  in  depravatos,  €>•  corruptos  Antif- 
titum  mores?  Quo  animo,  boné  Deus,  erigi t,  e^ 
inflamat  ipfum  Pontificem,  <àr  Jacrum  Cardina- 
lium  fenatum  ab  bellum  contra  Turcas  Jufci- 
piendum'^  Quo  ar  dor e  mentis  etiam  Reges,  ó^ 
cateros  Cbriftianos  Príncipes  ad  id  quoque  bel- 
lum eifdem  barbarís  inferendum  follicitat}  &c. 
Sahio  efta  Oraçaõ  reimprefla  Conimbricae 
apud  Joannem  Alvares  Acad.  Typ.  1561. 
juntamente  com  a  Coro^afia,  e  outras  obras 
de  Gafpar  Barreiros  que  fe  fizeraõ  publicas 
por  deUgencia  de  feu  Irmaõ  o  Doutor  Lopo 
de  Barros.  Compoz  mais  D.  Garcia  de  Me- 
nezes. 

Hiftoria    Relli    Hydrmtini.     Q)nimbricaf. 
1560.  8. 

GAROA    DE    ORTA    natural    da    Ci- 
dade  de   Elvas   donde   depois   de   eílar    inf- 
truido    com    os    primeiros    rudimentos    paf- 
I    fou    a    Caftella,     e    nas     Univeríidades     de 
!    Alcalà,    e    Salamanca    frequentou    o    eíhido 
da   Medecina   em   que   recebeo   o   graò    de 
Licenciado.   Reítítuido  a  Portugal  foy  Len- 
te   de    Filofofia    na    Univeríidade    de    Lis- 
i    boa    até    o    anno    de     1534.    em    que    fe 
j     embarcou    com    o    lugar    de    Medico    del- 
[    Rey    para    a    índia    na    armada    compofta 
de    finco    Náos    de    que    era    Capitão    Mòr 
Martim   Affonfo    de    Souza    de    cuja   familia 


era  domeítíco,  e  com  eUe  fe  achou  no- 
anno  feguinte  de  1535.  na  Fundação  da_ 
Fortaleza  de  Dio,  como  efcreve  no  Col- 
loquio  35.  Tendo  adquerido  a  mais  pro- 
funda noticia  da  Arte  Medica  praôicada. 
pela  larga  experiência  de  quarenta  annos 
aífim  na  Europa,  como  na  Afia,  fe  apli- 
cou à  inveftigaçaõ  das  virtudes  das  plan- 
tas, e  ervas  que  produziaõ  as  Regioens. 
Orientaes  devendofe  à  fua  incanfavel  de- 
ligenda  manifeílar  as  qualidades  que  ef- 
tavaõ  ocultas  naquella  vegetativa  republi- 
ca, das  quais  por  falta  de  exame,  e  co- 
nhecimento tinhaõ  efcrito  tantas  fabulas 
muitos  authores  aíTim  antigos,  como  mo- 
dernos. O  methodo  com  que  triunfou  das 
doenças  mais  rebeldes,  e  a  vafta  fdenda 
que  tinha  da  Botânica  lhes  condliaraõ  a 
eftimaçaõ  naõ  fomente  dos  Governadores 
do  Eílado  da  índia,  mas  ainda  de  mui- 
tos Reys  Gentios  principalmente  do  Niza- 
maluco  que  muitas  vezes  o  chamou  para 
o  curar  dando-lhe  cada  vez  que  vinha  à 
fua  prezença  doze  mil  pardaos,  e  ofe- 
recendo-lhe  quarenta  mil  de  eítipendio  fe 
quizeíTe  aífiítírlhe  quatro  vezes  cada  anno. 
Para  utilizar  o  publico  com  as  continuas 
vigílias,  que  aplicara  na  inveftigaçaõ  das 
plantas  medidnaes  de  que  he  fecundo  ter- 
reno a  índia  Oriental.    Compoz. 

Colloquios  dos  Simples,  e  cousas  medicinaes 
da  índia,  e  ajft  de  alemãs  frutas  mediânats 
achadas  nella,  donde  fe  trataÕ  algumas  cousas 
tocantes  á  Medecina  praãica,  e  outras  cotfí^as 
boas  para  faber.  Goa  por  Joannes  de  En- 
dem  a  X.  de  Abril  de  1563.  annos.  4. 
Efta  obra  que  tinha  efcrito  na  lingua  La- 
tina a  publicou  na  materna  por  fatisfazer 
á  fupUca  de  alguns  amigos  empenhados 
em  que  fofle  mais  proveitoza  a  todo  o 
género  de  peíToas,  e  a  dedicou  a  Mar- 
tim Aflfonfo  de  Souza  havendo  18.  annos 
que  com  eUe  fe  embarcara  para  a  índia 
quando  já  aíTiftia  em  Portugal  gozando  o 
ócio  da  paz  à  fombra  das  palmas  com  que 
fe  coroou  triunfante  em  o  Oriente.  A  efte 
grande  Mecenas  antes  da  Dedicatória  eftà 
hum  Soneto  cujo  aíTumpto  declara  com  efte 
titulo.  Do  autor  falando  com  ho  feu  libro,  e 
mandão    ao    Senhor   Martim    Afonfo  de    Sou^a^ 


ÒIÒ 


BIB  LIOTHE  C  A 


.Seguro  livro  meu,  da  qtà  te  parte, 

Que  com  buma  caufa  jufta  me  conjolo. 
De  verte  oferecer  ho  inculto  colo. 
Ao  cutello  mordas,  em  toda  a  parte. 

JS  ejla  he,  que  da  qui  mando  examinarte. 
Por  hum  Senhor,  que  de  hum  ao  outro  polo, 
Sò  nelle  tem  moftrado  ho  douto  Apollo 
Ter  competência  igual  có  duro  Marte. 

Ali  acharás  defenfa  verdadeira 

Com  força  de  rav^oens,  ou  de  Ofadia, 
Que  huma  virtude  a  outra  naõ  derrogua. 

Mas  na  fua  fronte  há  Palma,  e  há  Oliveira, 
Te  diraô  que  elle  fó,  de  igual  valia 
Fe^  CO  fanguineo  amev^  ha  branca  Togua. 

Seja  o  primeiro  elogio  deíla  obra  a  eru- 
dita informação  do  Doutor  Dimas  Bofque 
Medico  Valenciano,  que  naquelle  tempo  vi- 
via em  Goa,  e  fahio  impreflb  no  principio 
•dizendo  entre  outros  louvores.  Torça  tam- 
•bem  a  authoridade  do  Autor  aos  que  ejle  feu 
Jivro  lerem  ter  as  cou:(as  delle  na  conta ,  e  eflima, 
upte  ellas  merecem,  pois  faô  de  homem,  que  do 
principio  da  fua  idade  até  a  authorit^ada  velhi- 
ce nas  letras,  e  faculdade  de  Medecina  gajlou  feu 
iempo  com  tanto  trabalho,  e  deligencia,  que  du- 
vido achar  na  Europa  quem  em  feu  efludo  lhe 
fi^ejfe  vantagem.  O  celebre  Poeta  Henrique 
Cayado  lhe  dedicou  o  feguinte  epigramma 
•em  louvor  de  obra. 

Índia  quos  fruãus,  gemmas,  (&  aromata  gignat, 

Garcia  pefcribit  Wortius  illa  brevi. 
Hoc  opus,  ò  mediei,  manibus  verfetur  ubique 

Quod  veteres  olim  non  valuere  viri. 
Multa    quidem   vobis  per  qua   medicina  paratur 

Occurrent,  íenebris,  qua  latuere  diu. 
Rarus    honos,    doãor,    tantas    aperire    tenebras 

Plinius  es  terris ,  atque  Diofcorides. 
_Qui  quamvis  aufi,  magnis  de  rebus  uterque 

Scribere,  judicio   cedet  uterque     tuo. 
Namque    potens    herbis,    totó    Podalyrius    orbe 

Diceris,    (&    verá    laude   parare    decus. 
Forjitan  ^  quaras  cur  non  fermone  Latino 

Utitur,  d  Leãor:  confulit  indocili. 
Floret  utraque   nimis  lingua  cum  poflulat  ufus, 

Excellens  Medicus,  Philofophufque  fimul. 

Em  diverfa  lingua,  mas  com  mayor  ener- 
gia lhe   correfponde   o   mais   canoro   Ciíhe 


do  ParnaíTo  Portuguez  o  divino  Camoens 
aíTiílente  naquelle  tempo  cm  Goa  na  Ode 
8.  derigida  a  D.  Francifco  Gíutinho  Con- 
de de  Redondo,  e  Vicerey  da  índia. 

Favorecey  a  antiga 

Ciência  que  já  Aquilles  ejlimou: 
Olhay  que  vos  obriga 
O  ver  que  em  vojfo  tempo  rebentou 
O  fruto  de  aquell'  Orta  onde  florecem 
Plantas  novas,  que  os  doãos  naÕ  conheci 

Olhay  que  em  voffos  annos 
Huma  Orta  produ:^e  varias  ervas 
Nos    campos    Indianos 
As  quaes  aquellas  do£ías,   e  protervas 
Medea,   e    Circe   nunca   conhecerão 
Poflo  que  a  Ley  de  Aíapa  excederão. 

E  vede  carregado 

De  annos,  e  trás  a  varia  experiência 

Hum  velho  que  enjinado 

Das  Gangeticas  Mufas  na  Ciência 

Podaliria  fútil,  e  arte  Sylveflre 

Vence  ao  velho   Chiron  d*  Aquiles  Mefhe. 

Chriílovaõ  da  Cofta,  de  quem  fizemos 
memoria  em  feu  lugar,  no  Tratado  de  las 
Drogas,  e  Medicinas  de  las  índias  Orientales 
diz  no  Prologo.  Encontre  en  las  índias  Orien- 
tales con  el  Doãor  Garcia  de  Orta  medico  Por- 
tugue:(^  y  Varon  grave  de  raro,  y  peregrino  in- 
genio,  cuyos  loores  dexo  para  mejor  ocajion  por 
fer  tantos  que  quando  penfajfe  auer  dicho  mu- 
chos  ferian  más  lof  que  me  auria  dexado.  De- 
pois de  relatar  varias  circunílancias  porque 
fe  fazia  digna  de  eílimaçaõ  a  obra  que  im- 
primira o  Doutor  Garcia  de  Orta,  conclue. 
Pareciendome  a  mi,  que  en  ejla  nueftra  nacion  fe- 
ria aquel  libro  de  grade  provecho  fe  fe  diejfe 
noticia  de  las  cofas  buenas  que  en  el  ay 
mofirandofe  con  fus  exemplos,  y  figuras  para 
mayor  conocerlas . . .  z^^lo^o  dei  bien  dejla  tier- 
ra  con  la  charidad  que  a  mis  próximos  de- 
vo delibere  tomar  efle  trabajo,  y  debuxar  át 
vivo  cada  planta  facada  de  raiz  abueltas  de 
otras  muchas,  que  yo  vi,  y  el  Doãor  Gar- 
cia d*Orta  nò  pudo  por  las  caudas  dichas. 
Donde  fe  colhe  que  traduzio  a  obra   dos 


L  USITAN  A 


Colloquios  de  Garcia  de  Orta  em  Caíle- 
Ihano,  aíTim  como  a  verteo  em  Latim  Car- 
los Cluíio  mais  abreviadamente  com  eíle  ti- 
tulo. 

Aromatum,  et  fimplicium  aliquot  medicamen- 
torum  apud  Indos  nafcentium  Hijloria:  primum 
quidem  lj{fitana  lingtia  per  Diálogos  conjcripta 
a  D.  Garcia  ah  Horto  Proregis  índia  Medico 
auãore.  Nunc  vero  Latino  fermone  in  Bpitomen 
contraãa,  €>*  iconibus  ad  vivum  exprejfts,  locuple- 
tiorihus  annotatimculis  illufirata  a  Carolo  Clufio 
Atrebate  Antuerpiae  apud  Chriílophorum  Plan- 
tinum  1567.  8.  &  ibi  apud  eumdem  Typ. 
1574.  8.  et  1582.  8.  1584,  8.  &  ibi  apud 
Viduam  Joannes  Moreti.  1593.  8.  O  Tra- 
duâor  na  Epiftola  dedicatória  diz.  Verleãum 
Uhrum  haud  mendaci  titulo  infignitum  ejje  de- 
prebendi:  etenim  multarum  plantarum  meminit, 
qua  ã  Veteribus  haudquaqmm  de/cripta  funt; 
atque  etiam  de  iis  aromatibus  agit,  qua  vete- 
ribus quidem  de/cripta,  (ò^  non  Jatis  perjpe^a 
fuere.  Sahio  com  humas  doutiíTimas  illuf- 
traçoens  de  Joaõ  Boncio  Medico  de  Ley- 
den.  Lugd.  Batau.  1642.  12.  Joaõ  Poílhio 
Medico  Alemaõ  louva  com  eíle  epigrama 
ao  Tradutor,  e  ao  Traduzido. 

Grafia  magia  tibi  debetur  Garcia:  nec  non 
Grafia  debetur  Carole  magna  tibi. 

Tu  quoniam  nobis  latio  fermone  dedijii 
Ille  Juis  pátrio,  qua  dedit  ante  fono. 

Vefira  fimul  vivent  igitur  praconia,  donec 
índia  fertilibvs  pharmaca   mittet  agris. 

O  Doutor  Anibal  Briganti  Marracino  de 
Chieti  traduíio  eíla  obra  em  a  lingua  Ita- 
liana com  efte  titulo. 

Dell*  hijloria  de  i  Jemplici  aromati,  e  altre 
cofe  che  vengono  portate  deli'  Indie  Orientali  per- 
tenente  ai  ujo  de  la  Medecina  fcritta  in  lengua 
Porfughefe  deli'  excellente  Doãore  Garcia  dei 
Horto.  Venetia  por  Francefco  Ziletti.  1582. 
4.  &  ibi  por  le  heredi  de  Hyeronimo  Scoti. 
1605.  8  e  na  lingua  Franceza  por  António 
Colin.  Pariz.  1609.  8.  e  161 5.  com  o  apel- 
lido  du  Jardin. 

Fazem  illuílre  memoria  de  Garcia  de 
Orta  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  p.  395. 
col.  I.  eximio  ingenio,  (&  multa  vir  doíírina, 
rerumque  imprimis  Indicarum  peritia  inJlruHif- 
fimus.    Zacut.    Luíit.    de   Med.    Princip.    Hift. 


Ò2J 

lib.  5.  hift.  28.  diligentijjimus  fcriptor.  Joan.. 
Soar.  de  Brito  Theatr.  Ljtjit.  Utter.  lit.  G. 
n.  6.  Medicus  clarijfimus.  O  Doutor  Dimas 
Bofque  na  Carta  Latina  efcrita  ao  Dou- 
tor Thomas  Rodrigues  da  Veyga  Cathedra- 
tico  de  Prima  de  Medecina  do  qual  era 
feu  difcipulo,  lhe  chama  prudentijfimus  Jenex. 
Severim  Dijc.  de  Var.  Hijl.  foi.  50.  cujor 
livros  faÕ  mtiito  ejlimados.  Leitaõ  Mem.  Chro- 
nol.   da    Univ.   de   Coimb.  pag.    517.   até   529.- 

GARCIA  DE  RESENDE  Naceo  em  a 
Cidade  de  Évora  fendo  filho  de  Pedro 
Vaz  de  Refende,  e  Leonor  Angela  de 
Vaz,  e  Góes  ambos  de  qualificada  no- 
breza, e  irmaõ  do  famofo  antiquário  o 
Meftre  André  de  Refende.  Foy  moço  da 
Camará  delRey  D.  Joaõ  o  II.  e  fidalga 
da  fua  Caza  por  cuja  aíTiílencia  obfervan- 
do  como  teftemunha  ocular  as  açoens  da- 
quelle  grande  Monarcha  as  efcreveo  com. 
grande  individuação,  fumma  verdade,  e  ef- 
tilo  fincero  eflimulandoo  a  taõ  laboriofa 
empreza  o  afefto  que  devia  àquelle  Prin- 
cepe,  e  naõ  a  obrigação  de  Chronifla  que 
naõ  era.  Certificado  ElRey  D.  Manoel  da 
capacidade  do  feu  talento  o  nomeou  Se- 
cretario da  Embaxada ,  que  com  magnifica 
pompa  fez  em  Roma  Triílaõ  da  Cunha. 
no  anno  de  1514.  à  Santidade  de  Leaõ  X. 
Foy  ornado  de  juizo  maduro,  e  apUca- 
çaõ  eíludiofa  como  publica  õ  as  fuás  obras- 
pofto  que  naõ  frequentou  as  efcholas,  co- 
mo ingenuamente  confeíTa  no  fim  da  fua. 
Mifcellanea. 

Sem  letras,  e  fem  faber 
Me  fífy    na    quijlo    meter 
Por    faa^er    aquém    mais  fabe 
Qtie  ho   que   minguar  acabe 
Pois   eu   mais   num  Jey  fa!(er. 

Mandou  edificar  huma  Ermida  de  15.. 
pés  de  cumprimento  e  11.  de  largura  a 
cujo  lado  eftaõ  huma  fonte,  e  jardim,, 
fituada  na  Cerca  do  Convento  de  N.  S.  do- 
Efpinheiro  de  Religiofos  Jerónimos,  e  fobre 
a  porta  efliaõ  abertas  em  pedra  as  fuás  Armas 
que  conftaõ  de  duas  Cabras  em  palia,  e  por 
tymbre  outra.  Debaixo  fe  lé  a  feguinte  inf- 
cripçaõ  efcrita  nefta  forma. 


328 


BIB  LIO  THE  CA 


EJla  Ermida,  e  fonte 

Mandou  fas^er  Garcia 

De  Kefende  em  lottvor 

De  Nojfa  Senhora  anno  de  1520. 

No  retábulo  do  Altar  fe  venera  hum 
paynel  de  Jefus  Maria  Jozè  com  o  Ef- 
pirito  Santo  na  parte  fuperior.  No  pavi- 
mento da  dita  Ermida  eftá  fepultado  Gar- 
cia de  Refende  com  huma  Campa  de  10. 
palmos  de  comprimento,  e  5.  de  largu- 
ra, cercada  pela  circumferencia  de  folha- 
gens primorofamente  abertas  com  o  bra- 
zaõ  das  fuás  Armas  no  meyo,  e  na  par- 
te fuperior  a  ellas  eftas  breves  palavras 
■efcritas  na  forma  feguinte. 

Sepultura  de  Gar- 
cia de  Kefende. 

Delle  fe  lembraõ  honorificamente  Nicol. 
Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  1.  pag.  395.  col.  i.  Joan. 
Soar.  de  Brit.  Theatr.  'Lufit.  'Litter.  lit.  G. 
n.  9.  Franckenau  Bib.  Hifp.  Geneal.  Herald. 
f)ag.  156.  n.  510.  Góes  Chron.  delKey  D.  Man. 
Part.  3.  cap.  55.  Efperança  Hiji.  Seraf.  da 
Prov.  de  Portug.  Part.  2.  liv.  10.  cap.  46. 
Fonceca  Ej^ora  Gloriof  pag.  412.  c  o  moder- 
no addicionador  da  Bib.  Orient.  de  Ant.  de 
LeaÕ.  Tom.  i.  Tit.  3.  col.  65.  Compoz. 
Livro  que  traãa  da  Vida,  e  grandijfimas  vir- 
tudes, e  bondades,  magnânimo  esforço,  excellentes 
4oJiumes,  e  manhas,  e  mtry  craros  feitos  do  Chrif- 
fianijfímo  muito  alto,  e  muito  poderoso  Príncipe 
■elRey  Dom  Joam  ho  fegundo  defle  nome,  e  dos 
Keys  de  Portugal  ho  tret^eno  de  gloriof  a  memoría  : 
começado  de  feu  nacimento,  e  toda  fua  vida  até 
Jua  morte  com  outras  obras,  que  adiante  fe  fe- 
^uem.    As  quais  fac. 

Ha  tresladaçam  do  corpo  do  muy  Catholico, 
e  magnânimo,  e  muy  esforçado  Rej  Dom  Joam 
ho  Jegundo  dejle  nome  da  See  da  Ciidade  de 
Silves  pêra  ho  Moefleiro  da  batalha  por  ho  mtty 
Serenijfimo,  e  efclaricido  Senhor  EJRej  Dom  Ma- 
noel feu  fuccejfor,  e  herdeiro  nefles  Reynos,  e  Se- 
mrios   de    Portugal. 

Ha  entrada  delRey  Dom  Manoel  em  Caftella. 

Hida  da  Iffante  Dona  Breatit^  a  Sabqya 
Mifcellanea,  e  variedade  de  hiflorias  coflumes 
íafos,    e    coufas,    que    em  feu    tempo    acontefce- 
ram. 


No  fim  cftaõ  eftas  palavras.  ', .  ^ 

A.  louvor  de  Deos,  e  da  gloríofa  Virgem 
Nojfa  Senhora  fe  acabou  ho  livro  da  vida  e 
feitos  delRey  Dom  Joam  ho  fegundo  de  Portu- 
gal, e  ha  tresladaçam  do  feu  corpo,  e  ha  hida 
delRey  Dom  Manoel  a  Caflella,  e  ha  hida  da 
Iffante  Dona  Breatri:^^  a  Saboya  feito  por  Gar- 
cia de  Refende,  e  vifio,  e  examinado  pelos  De- 
putados da  Santa  Inquijiçam.  Fqy  inpreffo  em 
Ejjora  em  cav^a  de  André  de  Burgos  inpreffor 
do  Cardial  iffante  no  fim  de  Mayo  do  anno  de 
mil  quinhentos  LIIII.  Sahio  rcimpreíTo.  Lis- 
boa por  Simaõ  Lopes  1596.  foi.  &  ibi  por 
lorge  Rodrigues  1607.  foi.  e  ultimamente 
Lisboa  por  António  Alvares  1622.  foi.  com 
efte  dtulo. 

Chronica  do  Príncipe  D.  JoaÕ  depois  fegun- 
do do  nome  Rey  de  Portugal  com  a  mifcellanea, 
variadade  de  Hiflorías,  cafos,  e  coufas,  que  em  feu 
tempo   acontecerão. 

Como  foíTe  aplicado  à  Poefia  vulgar  em 
que  naõ  foy  infecunda  a  fua  Mufa  compi- 
lou de  vários  Poetas  Portuguezes  do  feu 
tempo. 

Cancioneiro  Geral.  No  fim  tem  as  fe- 
guintes  palavras  que  tranfcrevemos  fielmen- 
te com  a  mefma  orthografia  com  que 
eftaõ  impreflas.  Acabou  ff e  de  emprímyr  o 
Cancyoneiro  Gerall  com  privilegio  do  muyto 
alto,  e  mtfyto  poderofo  Rey  Dom  Manuell 
noffo  Senhor.  Qtte  nenhua  peffoa  o  poffa  em- 
primir,  nem  trova  que  nelle  vaa.  fobpena  de 
duzentos  crut(ados,  e  mais  perder  todolos  vo- 
lumes que  fi^er.  Nem  menos  o  poderam  tra- 
v^er  de  fora  do  Reyno  a  vender  abynda  que 
la  foffe  feito  fo  a  mefma  pena  a  ira^  tf- 
crita.  Foy  ordenado,  e  emèdado  por  Garcia 
de  Reefende  fidalgo  da  cafa  delRey  noffo  Se- 
nhor, e  ef crivam  da  Fazenda  do  príncipe. 
Comecoufe  em  almeyrym,  e  acaboufe  na  mtcf- 
to  nobre,  e  fempre  leall  Cidade  de  Lix- 
boa.  Per  Herman  de  Cápos  alemã  bombar- 
deiro delrey  noffo  Senhor,  e  empremidor.  Aos 
XXVIII  dias  de  Setèbro  de  mil  e  qui- 
nhentos e  XVI  annos.  Defde  foi.  215.  até 
272.  Verf.  eftaõ  Verfos  do  mefmo  Re- 
fende. 

Breve  memorial  dos  pecados,  e  coufas  que 
pertencem  há  confiffam.  Lisboa  por  Gcrmam 
Galharde    cmprimidor    a    XXV.     dias    de 


H 


L  US  ITANA, 


329 


Fevereiro  de  mil  DXXI.  annos.  8.  Foy 
mandado  imprimir  por  ordem  delRey  D. 
Manoel. 

Paixaõ  de  N.  Senhor  Jefu  Cbrijlo  conforme 
os  quatro  Evangeliftas  a  referem.  M.  S. 

GARCIA  SOARES  SOTTOMAYOR  na- 
tural da  Villa  de  Moura  em  a  Provinda 
Tranftagana.    Efcreveo  com  eflálo  íincero. 

Re/afaÕ  do  fucejfo  que  teve  FemaÕ  Telles  de 
Meneses  General  da  'Provinda  da  Bejra  na  to- 
mada de  Elges,  e  Jua  Villa  com  a  de  Villaverde 
no  Reyno  de  Caftella.  Lisboa  por  Ant.  Al- 
vres  1642.  4. 

KelaçaÕ  verdadeira  da  mila^ofa  Vtãoria  que 
de  Cafiella  alcançou  o  Capitão  D.  Henrique  Hen- 
riques em  companhia  do  Terço  de  D.  Franci/co 
de  Sow(a  nos  campos  de  Moura  donde  era  Capi- 
tão Mór  Luií(_  da  Sylva  Telles  aos  14.  de  Mar- 
ço de  642.  Lisboa  por  Domingos  Lopes  Roza 
1642.  4. 

Fr.  GASPAR  cujo  apellido  fe  ignora,  af- 
íim  como  fe  fabe  fer  iSlho  da  Seráfica  Pro- 
vinda da  Piedade.  Por  fer  muito  intelligen- 
te  na  lingxia  do  Reyno  de  Q)ngo  tradu2Ío 
por  ordem  do  Cardial  D.  Henrique. 

Cartilha  da  doutrina  Chrifiàa.  Évora.  8. 
Do  author  e  da  obra  fa2em  memoria 
Nicol.  Ant.  Bih.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  596. 
col.  2.  Fr.  loan.  a  D.  Ant.  Bib.  Fran- 
cifc.  Tom.  2.  pag.  9.  col.  i.  e  o  moderno 
addidonador  da  Bib.  Orient.  de  Ant.  deLeaõ 
Tom.  I.  Tit.  16.  col.  518. 

P.  GASPAR  AFFONSO  natural  da  Villa 
de  Serpa  em  a  Provinda  do  Alentejo,  e 
filho  de  Martim  AíFonfo,  e  Maria  Gon- 
falves.  Depois  de  ter  abraçado  o  infti- 
tuto  da  Q)mpanhia  de  Jefus  em  o  G^lle- 
gio  de  Évora  a  12.  de  Fevereiro  de 
1569.  impeUido  do  ardente  zelo  de  íalvar 
almas  partio  de  Lisboa  a  10.  de  Abril 
de  1596.  para  a  índia  embarcado  com 
fete  companheiros  em  a  Náo  S.  Fran- 
cifco  de  que  era  Capitão  Vafco  da  Fon- 
ceca.  Naõ  permitio  a  divina  providenda 
que  chegaíTe  ao  dezejado  termo  da  fua  jor- 
nada padecendo  taõ  continuadas,  e  fiiriofas 


tormentas  que  o  obrigou  a  defembarcar 
quafi  agonizante  em  diverfas  partes  da 
America  Meridional,  e  Occidental  como 
foraõ  a  Bahia  de  todos  os  Santos,  Por- 
to Rico  nas  Antilhas,  Ilha  de  S.  Do- 
mingos, Carthagena,  Havana,  e  ultimamen- 
te em  Cadiz  donde  fe  reítituhio  a  Por- 
tugal a  10.  de  Março  de  1599.  e  no 
Collegio  de  Évora  diâou  nove  annos  Theo- 
logia  Moral.  Todo  o  reílante  da  fua  vida 
paiTou  em  doutrinar  os  próximos  em  va- 
rias MiíToens,  e  ConfeíTionario  até  que 
foy  lograr  o  premio  dos  feus  Evangéli- 
cos trabalhos  no  Collegio  de  Coimbra  a 
21.  de  Fevereiro  de  161 8.  Delle  fe  lem- 
bra Franco  Ann.  Glorio/.  S.  /.  p.  105.  Com- 
poz. 

Relação  da  viagem,  e  Juceffo  que  teve  a  Náo 
S.  Franíi/co  em  que  hia  por  Capitão  Vafco  da 
Fonceca  na  Armada  que  foy  para  a  índia  no 
anno  de  1596.  Sahio  impreíía  na  Hift.  Trá- 
gico marítima  Tom.  2.  a  pag.  517.  até 
456.  Lisboa  na  Officina  da  Congregação 
do     Oratório.  1736.  4. 

Traãatus  de  Ufurís.  foi.  M.  S. 

Sermoens  para  as  Feftas  de  todo  o  anno. 
2.  Tom.  M.  S. 

Eftas  Obras  fe  confervaõ  no  Collegio  de 
Évora. 

GASPAR  ALVARES  DE  LOUSADA 
MACHADO  natural  da  Gdade  de  Braga 
onde  a  natureza  lhe  deu  origem  nobre  por 
fer  filho  de  Paulo  Machado,  e  Catherina  Al- 
vares de  Távora,  engenho  agudo,  e  feliz  me- 
moria. Ornado  com  eftes  dotes,  que  fe  illuf- 
travaõ  com  a  inocência  dos  cuíhimes  de- 
pois de  receber  com  aplauzo  na  Univerfida- 
de  de  Coimbra  o  grão  de  Licendado  em  a 
Faculdade  Theologica  o  elegeo  para  feu  Se- 
cretario o  Arcebifpo  Primaz  D.  Fr.  Agofti- 
nho  de  Caibro  querendo  que  a  capaddade,  e 
modeítia  de  Varaõ  taõ  infigne  ferviífem  de 
exemplares  à  fua  família.  Sendo  nomeado 
Efcrivaõ  do  Archivo  Real  onde  por  muitas 
vezes  fervio  de  Guarda  Mór,  e  Reformador 
dos  Padroados  da  Coroa,  fe  aplicou  com 
indefeíTo  trabalho,  e  incanfavel  inveítígaçaõ 
a  examinar  as  Antiguidades  defte  Reyno 
de    cuja   aplicação    confeguio    defcobrir   im- 


.33o 


BIBLIO  THE  CA 


portantes  noticias  que  o  defcuido,  e  o  tem- 
po tinhaõ  fepultadas  nos  Archivos,  naõ  me- 
recendo menores  elogios  pelo  eíhido  de  Ge- 
nealogia em  que  foy  muito  perito,  e  ver- 
fado  illuftrando  muitas  familias  de  Portu- 
gal em  que  moftrou  o  profundo  eíhido,  que 
tinha  da  Hiíloria  Portugueza,  e  Caílelhana, 
de  cuja  vaíliíTima  erudição  faõ  claros  pre- 
goeiros o  IlluftriíTimo  Cunha  Catalog.  dos 
Bi/p.  do  Port.  Part.  i.  cap.  2.  Pejfoa  bem 
conhecida  pelo  muito  que  tem  trabalhado  nas 
Antiguidades  do  Reyno,  e  de  que  fe  tem  apro- 
veitado muitos  Hijloriadores,  e  Hiji.  Ecclef.  de 
Brag.  Part.  2.  cap.  80.  n.  8.  erudito.  D.  Mau- 
ro Caílella  Ferrer  HiJl.  de  S.  Tiago.  Liv.  1. 
cap.  16.  A  quien  nô  hi^o  ventaja  Andrea  Ke- 
v^endio  con  todas  las  que  tuvo  pues  es  de  los 
mejores  que  he  vifto  ayudado  con  la  Jubtilev^a  de 
fu  entendi miento,  de  que  daran  tejligo  Jus  obras. 
Souza  Vid.  de  D.  Fr.  Barth.  dos  Martyr. 
liv.  4.  cap.  I.  grande  invejligador  de  antiguida- 
des. Marinho  Fundac.  de  Lisboa  liv.  3.  cap. 
14.  A  cuja  deligencia,  e  grande  noticia  da  anti- 
guidade deu  a  Efpanha  muitas,  que  a  tem  illuf- 
trado,  porque  delias  fe  aproveitarão  os  grandes 
fogeitos,  que  em  nojfos  tempos  a  honrarão 
com  Jeus  ejcritos.  Joan.  Soar.  de  Brit.  Theatr. 
iMJit.  Utter.  lit.  G.  n.  10.  vir  multa 
eruditionis.  Abreu  Vid.  de  S.  Quiter.  cap. 
2.  e  16.  erudito  Abbade.  Brandão  Prolog, 
da  3.  Part.  da  Mon.  "Lufit.  De  muita  no- 
ticia nas  antiguidades  dejle  Rejno,  e  de  toda 
E/panha  em  cujo  ejiudo  fe  tem  mojlrado  in- 
canfavel  com  tanto  fruto  que  por  elle  fou- 
beraõ  muitas  cow^as  alguns  dos  Hijloriadores 
dos  nojfos  tempos,  como  elles  mefmos  con- 
feffaõ  nos  feus  efcritos.  Franckenau  Bib.  Hifp. 
Geneal.  Herald,  p.  156.  vir  antiquitatum  non 
reffti  tantum,  fed  Hifpana  totius  cognitione 
infhruHijfimus.  Souza  Apparat.  à  HiJl.  Gen. 
da  Ca^.  Real  Portug.  pag.  75.  §.  60. 
hum  dos  mayores  invejligadores  das  Antigui- 
dades do  Reyno.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hijp. 
Tom.  I.  pag.  396.  col.  2.  Macedo.  Im- 
t(it.  Inful.  &  Purpur.  p.  58.  e  105.  D. 
Nicol.  de  Santa  Maria  Chron.  dos  Coneg. 
Reg.  Part.  1.  pag.  215.  n.  18.  Falleceo 
cm  Lisboa,  c  jaz  fepultado  no  Qauílro 
do  Convento  de  N.  Senhora  da  Luz  de 
religiofos  da  ordem  militar  de  Chrifto  dif- 


tantc  huma  legoa  de  Lisboa,  c  na  fepultura, 
que  eílà  junto  da  porta  que  vay  para  a 
Sancriília  fe  lé  gravado  o  feguinte  epitá- 
fio. 

Sepultura  perpetua  do  Licenciado  Gajpar  Al- 
var-es  de  Lottv^ada  Machado  natural  de  Braga 
injigne  antiquário  na  Hijloria  de  Portugal,  e  al- 
legado  por  todos  os  Chronijlas  de  Europa,  EJ- 
crivaõ  da  Torre  do  Tombo  Rejormador  das  Igre- 
jas do  Padroado  Real.  Falleceo  a  29.  de  Ou- 
tubro de  1634.  de  idade  de  outenta  annos,  e 
de  Jeus  herdeiros. 
Compoz 

De  Vera  Primatuum  Bracharenjium  SucceJ- 
Jione.  M.  S.  Eíla  obra  allega  o  Licenciado 
Jorge  Cardozo  Agtol.  Lufit.  Tom.  3.  pag. 
278.  col.  I.  e  Tom.  2.  pag.  380.  col.  1. 

DeJcripçaÕ  da  Igreja  Bracharenje  M.  S.  Eíla 
obra  fe  naõ  he  parte  da  precedente,  remc- 
teo  a  4.  de  Abril  de  1596.  a  Abrahaõ  Or- 
telio  como  efcreve  o  allegado  Cardozo  Agol. 
Lujtt.  Tom.   I.  pag.  389.  col.   1. 

DeJcripçaÕ  da  Provinda  de  Entre  Douro, 
e  Minho,  e  da  Provinda  de  Trás  os  mon- 
tes. Eílas  obras  faõ  allegadas  por  Car- 
dozo Agiol.  Lujit.  Tom.  2.  pag.  319.  col. 
I.  pag.  518.  col.  I.  e  pag.  607.  col.  1. 
Lazor  Orb  Univ.  Tom.  2.  foi.  4.  e  o 
moderno  addicionador  de  António  de  Lcaõ 
Bib.  GeograJ.  Tom.  3.  Tit.  Unic.  col. 
1608. 

Carta  ao  Mejire  Affonjo  Vilhegas  acerca 
de  S.  Tyrjo  ejcrita  no  anno  de  1J95.  Al- 
legada  por  Cardozo  Affol.  LuJit.  Tom.  2. 
pag.  607.  col.  I.  c  Tom.  3.  pag.  519. 
col.     I. 

EJcudo  real  de  Portugal.  Efte  livro  af- 
fevera  Fr.  António  Brandão  Chroniíla  Mór 
do  Reyno  no  Prolog,  da  3.  Parte  da 
Mon.  Lufit.  Jer  de  tanta  erudição  que  bade 
confirmar  com  os  efirangeiros  a  glande  opi- 
nião que  tem  de  Jeu  author,  e  com  os  na- 
turaes,  como  em  todas  as  idades,  c  na  mcf- 
ma  Part.  3.  liv.  10.  cap.  7.  obra  bem 
trabalhada  em  que  dá  noticia  de  muitas  cou- 
v^as  antigas  defte   Reyno. 

IllufiraçaÕ  da  Familia ,  i  geração  dos  Sou- 
!(as.  foi.  M.  S.  He  volume  grande  cf- 
crito  pelos  annos  de  1631.  c  32.  Nclle 
fomente    trata    do    ramo    pertencente    aos 


L  USITANA. 


33 1 


GDndes  de  Miranda  depois  Marquezes  de 
Arronches.  Huma  Copia  fe  conferva  na 
Livraria  do  Duque  de  Cadaval  Eíbibeiro 
Mòr,  e  delia  afirma  o  P.  D.  António  Cae- 
tano de  Souza  nas  A-dverf.  e  addiçoens  a  fua 
Hiji.  Gen.  da  Ca^.  Keal  Vortug.  pag.  4.  Jer 
obra  bem  trabalhada,  eb*  verdadeiramente  de  feu 
autkor. 

Tratado  da  Família  dos  Cafiros  da  Ca^^a 
de  Monfanto,  e  Cafcaes.  Compofto  em  obze- 
quio  do  Arcebifpo  Primas  D.  Fr.  Agoíli- 
nho  de  Caibro  do  qual  foy  Secretario.  M.  S. 
Eílas  obras  Genealógicas  fe  confervaõ  na  Li- 
vraria do  ExcellentiíTimo  Duque  de  Lafoens. 

Tratado  dos  Alcaydes  Mores  de  Braga  com 
a  fua  afcendencia,  e  defcendencia  até  noffos  tem- 
pos compofto  à  infiancia  dos  Vereadores  defia 
Cidade.  M.  S. 

Precedência  de  Portugal  a  Nápoles  e  Ara- 
gão. Eíla  obra  he  muito  douta  a  qual  re- 
meteo  ao  grande  antiquário  Manoel  Seve- 
rim  de  Faria  Chantre  de  Évora,  e  fe  con- 
ferva na  Livraria  do  Excellentiffimo  Conde 
de  Vimieiro. 

Thet^attrus  Sanãonim  hujitanorum  Ó^  viro- 
rum  illujlrium.  foi.  M.  S. 

Summarios  de  todas  as  Doapens,  e  Chan- 
cellarias  da  Torre  do  Tombo  que  comprehen- 
diaõ  vinte  livros.  Eíla  laboriofa  colleçaõ 
venderão  os  feus  herdeiros  ao  Efmoler  Mòr 
António  Tavares  Cónego  de  Mafra  na  Ca- 
thedral  de  Lisboa  de  que  muito  fe  valeo  para 
a  Illuíbraçaõ  que  fez  ao  Nobiliário  do  Conde  D. 
Pedro.  Deíles  Summarios  conferva  hum  Extrato 
da  letra  do  mefmo  Louzada  o  Duque  de  Ca- 
daval Eftribeiro  Mór.  Outro  conferva  o  P. 
D.  António  Caetano  de  Souza  em  três  Tomos 
que  foraõ  de  Manoel  Severim  de  Faria  Chan- 
tre de  Évora,  e  celebre  Antiquário. 


GASPAR  ALVARES  VEYGA  natu- 
ral de  Freixo  de  Efpada  a  cinta  em  a 
Província  da  Beyra,  e  celebre  profeíTor 
de  Humanidades,  e  Mellre  da  lingua  La- 
tina em  a  Univerfidade  de  Salamanca,  cujos 
preceitos  para  utilidade  publica  reduzio  a 
hum  compendiofo  methodo  do  que  teve 
por  exemplar  ao  noíTo  Frandfco  Martins 
Cathedratico    de    Latim   na    mefma    Univer- 


fidade como  confelía  no  Prologo  da  obra, 
que  publicou  da  qual  vimos  hum  exem- 
plar na  Livraria  de  Ignacio  de  Carvalho, 
e  Souza  Cavalleiro  profeíío  da  Ordem  de 
Chriílo,  e  Académico  Real  de  quem  fare- 
mos mençaõ  em  feu  lugar,  cujo  titulo  he  o 
feguinte. 

Dios  con  tu  ajuda.  Comiença  el  exercido 
de  principiantes  en  la  facultad  de  la  lingua 
Latina  Jacado  de  los  mejores  authores  antigos 
para  mayor  comodidaA,  y  provecho  de  los  que 
aprenden  efia  Facultad.  Salamanca  en  la  Of- 
ficina  de  Sufana  Munos.  1619.  8.  Foy 
preterido  por  Nicolao  António  na  Bib. 
Hifpana. 


P.  GASPAR  DO  AMARAL  natural  do 
lugar  da  Corvaceira  termo  da  VUla  das 
Chans  Confelho  de  Tavares  em  o  Bifpado 
de  Vifeu,  e  filho  de  Diogo  Fernandes  do 
Amaral,  e  Domingas  Francifca.  Ainda  naõ 
tinha  entrado  na  idade  da  Adolefcencia  quan- 
do recebeo  a  roupeta  da  Companhia  de  JE- 
SUS em  o  Noviciado  de  Coimbra  em  o 
primeiro  de  Julho  de  1608.  onde  fe  diftin- 
guio  dos  feus  companheiros  aíTim  na  cul- 
tura das  virtudes,  como  no  progreíTo  dos 
eíhidos  fahindo  infigne  Humaniiia,  Filofofo, 
Theologo,  e  Pregador.  Depois  de  enfinar 
a  lingua  Latina  nos  Collegios  de  Braga, 
Coimbra,  e  Évora  ao  tempo  que  eítudava 
a  Sagrada  Theologia  pedio  com  repetidas 
inftancias  que  o  mandaíTem  à  índia  para 
onde  partio  no  anno  de  1623.  em  compa- 
nhia do  Patriarcha  Affonfo  Mendes.  Che- 
gando a  Goa  paíTou  a  Macao  donde  par- 
tio para  a  Cochinchina,  e  voltando  por  for- 
ça de  huma  tormenta  para  Macao  foy  man- 
dado a  Tumquim  por  Superior  daquellaMif- 
faõ  na  qual  pelo  efpaço  de  fete  annos  que 
nella  aíTiftio  fe  bautizaraõ  mais  de  quaren- 
ta mil  almas.  Foy  Provincial  do  Japaõ,  e 
China,  e  Reytor  do  CoUegio  de  Macao.  Vol- 
tando fegunda  vez  a  Tumquim  com  o  de- 
zejo  de  lucrar  mais  fiilhos  ao  grémio  da 
Igreja  Catholica  naufragou  infauftamente  a 
23.  de  Dezembro  de  1645.  Por  fer  muito 
intelligente  na  Ungvia  Japoneza  a  que  fe 
aplicou   com  grande  difvelo,   compoz. 


332 


B  IB  LIO THECA 


Diccionario  da  língua  Annamitica.  Defta 
obra  fa2  mençaõ  o  Padre  Alexandre  de 
Rhodes  no  Prologo  do  Diccionario  Annamitico 
hatino,  e  Vortuguev^  que  fahio  Roma;  Typis 
de  Propaganda  Fide  165 1.  4.  dizendo  alio- 
rum  etiam  ejufdem  Societatis  Vatrum  lahorihus 
Jum  ujus  pracipue  P.  Ga/paris  de  Amaral,  (Ò" 
P.  Antontj  Barbo/a,  qui  ambo  fuum  compofuere 
Diccionarium  tile  lingua  Annamitica  &c.  Fa- 
zem memoria  delle  o  Padre  Franco  Ann. 
glorio/.  S.  J.  in  hujit.  p.  751.  e  na  Imag.  da 
virtude  em  o  Noviciad.  de  Coimb.  Tom.  2. 
liv.  4.  cap.  20.  onde  tranfcreve  parte  de  três 
Cartas  fuás. 


Fr.  GASPAR  DE  AMORIM  filho  de 
Francifco  Velho,  e  Perpetua  de  Amorim  na- 
ceo  em  Lisboa,  e  no  G^nvento  pátrio  de 
Nofla  Senhora  da  Graça  recebeo  o  habito 
de  Erimita  Auguftiniano  que  profeíTou  a  18. 
de  Dezembro  de  1596.  Depois  de  fahir 
cgregiamente  inílruido  nas  Faculdades  de 
Filofofia,  e  Theologia  partio  para  a  ín- 
dia no  anno  de  16 10.  onde  pela  madu- 
reza do  juizo,  e  obfervancia  do  inftituto 
foy  Prior  do  Convento  de  Goa,  Vigário 
Geral  da  Congregação,  Deputado  da  In- 
quifiçaõ  daquelle  Eftado,  de  que  tomou 
poflc  a  10.  de  Outubro  de  1644.  Fun- 
dador do  Seminário  de  S.  Guilherme,  e 
Juiz  das  Ordens  Militares  na  fegunda  inf- 
tancia.  Falleceo  na  Cidade  de  Goa  a  7. 
de  Agofto   de    1646.    Publicou. 

SermàÕ  funeral  em  as  exéquias  do  llluf- 
trijftmo,  e  Keverendijftmo  Senhor  D.  Fr.  Alei- 
xo de  Meneses  Arcebijpo  de  Goa  Primas, 
e  Governador  da  índia  depois  Arcebijpo,  e 
Senhor  de  Braga  Primas  da  Efpanha  Vice- 
Key  de  Portugal  &cc.  mandadas  celebrar  em 
Cochim  pelo  llluftrijftmo  Senhor  D.  Diogo  Cou- 
tinho Capitão,  e  Governador  da  dita  Cidade  no 
anno  de  161 8.  Lisboa  por  Pedro  Craesbeeck. 
162c.  4. 

Sermão  em  o  Auto  da  Fé  que  na  Cidade  de 
Goa  celebrou  o  muito  illufire  Senhor  Inquijidor 
António  de  Faria  Machado  em  16.  de  Agof- 
to de  1656.    Lisboa  por  Ant.  Alvres.  1637.  4. 

SermàÕ  em  a  Jolemne  celebração  dos  pro- 
diffov^s    milanês,    qtte    Cbrijlo    Senhor  Nojfo 


obrou  em  hum  Crucifixo,  que  eftâ  fobre  o  arco 
do  Coro  do  injiffie,  e  mtáto  obfervante  Convento 
de  Santa  Mónica  de  Goa  anno  1636.  Lisboa 
por  Paulo  Craefbeeck.    1647.   4. 

Pro^efjos  da  Congregação  dos  Erimitas  de 
Santo  Agoftinho  da  índia,  e  das  acçoens  mais 
memoráveis  dos  religiofos  delia.  M.  S.  foi. 

GASPAR  DOS  ANJOS  Natural  de 
Coimbra  Cónego  fecular  da  florentiíTima  Con- 
gregação do  Evangeliíla,  cuja  murça  recebeo 
no  Convento  de  Villar  de  Frades  a  20.  de 
Abril  de  1650.  O  perfpicas  engenho  que 
tinha  para  as  letras  o  fez  digno  de  que 
foíTe  admetido  ao  numero  dos  Doutores  da 
Uiiiverfidade  de  Coimbra  conferindo-lhe  o 
grão  em  31.  de  Julho  de  1670.  D.  Luiz  de 
Souza  que  da  Cadeira  primaria  da  Theolo- 
gia fubio  à  primacial  de  Braga.  Foy  Quali- 
ficador do  Santo  Officio,  e  Provedor  do 
Hofpital  das  Caldas  onde  falleceo  com  mais 
de  80.  annos  de  idade  a  20.  de  Fevereiro 
de   1720.    Compoz. 

Sermão  na  CanonifaçaÕ  do  Glorio/o  S.  Fran- 
cifco de  Borja  pregado  no  primeiro  dia  do  Jeu 
Outavario  de  tarde  no  Real  Collegio  de  Coim- 
bra da  Companhia  de  JESUS  da  Univerjtdade 
de  Coimbra.  Coimbra  por  Thome  Carvalho 
ImpreíTor   da   Univerfidade  1672.  4. 

Sermão  do  Doutor  da  Igreja  S.  Jerónimo 
no  Jeu  Collegio  de  Coimbra.  Ibi  pelo  dito  im- 
preflbr,   e  no   mefmo  anno.   4. 

Fr.  GASPAR  DE  ANSAM  Cujo  apel- 
hdo  denota  a  fua  pátria  íituada  em  o 
Bifpado  de  Coimbra,  Monge  Ciftercienfe 
em  o  Real  Convento  de  Alcobaça.  Dei- 
xou efcrito. 

Varii  Sermones  Sanãorum.  foi.  M.   S. 

GASPAR  ANTÓNIO  Poeta  infigne  co- 
mo fe  manifeíla  na  Egloga  em  que  faõ 
interlocutores  Menandro  Hergaílo,  Lizan- 
dro,  c  Argeo  que  efta  no  Cancioneiro  de 
que  foy  Colleílor  o  P.  Pedro  Ribeiro 
efcrito  no  anno  de  1577.  c  fe  conferva 
M.  S.  na  Bibliotheca,  que  foy  do  Car- 
dial  de  Souza.  Começa  a  Egloga  que 
coníla  de  nove  folhas. 


L  USITAN A. 


.333 


Fuy  à'antre  o  Domo,  e  Minho  defterra- 
do  &c. 

GASPAR  DE  S.  ANTÓNIO  Natural 
de  Lisboa  Cónego  Secular  da  Congregação 
do  Evangelifta  onde  pela  fua  grande  pru- 
dência foy  Reytor  dos  Conventos  de  Ar- 
rayolos,  Évora,  e  Lisboa,  e  Vizitador  Ge- 
ral. Teve  bom  talento  para  o  púlpito  em 
cujo  minifterio  alcançou  aplauzo.  Falleceo 
I  no  Convento  de  Santo  Eloy  de  Lisboa  a  3. 
I  de  Agoiio  de  17 10.  Traduzio  da  lingua  Ita- 
I  .  liana  em  a  Caílelhana  nas  quais  era  muito 
'  intelligente,  a  feguinte  obra,  que  fahio  pof- 
thuma. 

Lm  àichoja  peregnna  fegimdo  Apocalypse  de 
Dios,  Embaxatrii^  dei  Cielo  Santa  Brígida  de 
Suécia,  Princesa  de  Nericia.  Lisboa  por  An- 
tónio  Pedro2o   Gabraõ.    171 4.    4. 

Fr.  GASPAR  DA  ASCENSAM  alumno 
da  Ordem  Dominicana,  e  iníigne  Theo- 
logo  como  o  intitulaõ  Echard  Script.  Ord. 
Prad.  Tom.  2.  pag.  457.  col.  2.  e  Mon- 
teiro Clauftr.  Dofíiin.  Tom.  5.  pag.  221. 
Na  Armada  expedida  no  anno  de  1624. 
para  reílaurar  a  Bahia  de  todos  os  San- 
tos partio  fendo  ConfeíTor  de  D.  Affonfo 
de  Noronha  Confelheiro  de  Eílado,  que 
com  outros  Fidalgos  foy  o  gloriofo  inf- 
trumento  da  recuperação  daquella  Capital 
da  America  ao  dominio  Portuguez.  Cele- 
broufe  com  feílivas  demoníbraçoens  na  Ca- 
thedral  da  Baliia  taõ  famofo  triumfo  a 
5.  de  May  o  de  1625.  fendo  eleito  para 
Orador  deíla  plauíivel  folemnidade  Fr.  Gaf- 
par  dando  (como  delle  efcreve  o  Padre 
Bartholomeu  Guerreiro  Jomad.  dos  Vaffal. 
da  Cor.  de  Portug.  cap.  38.)  a  todos  jin- 
^lar  fatisfaçaõ  de  fuás  letras,  reliffad,  e 
talento  obrigando  a  reconhecer  a  ^ande  mercê 
divina,  e  que  poSaÕ  ejperar  vitorias  de  ou- 
tras empreitas,  fojeiçaõ  dos  inimigos,  e  gloria 
das  Coroas  de  Portugal.  Para  que  foíTe  pa- 
tente a  todo  o  mundo  a  eloquência  def- 
ta  Oraçaõ  Evangélica  fahio  à  luz  publica 
com  efte  titulo. 

Sermão  na  Sé  da  Bahia  de  todos  os 
Santos  na  Cidade  do  Salvador  na  primeira 
Mijfa,    que  fe   dijfe   quando  J'e   deraÕ   as    pri- 


meiras ^aças  publicas  entrada  a  Cidade  pela 
vitoria  alcançada  dos  Olandejes  a  ^.  de  May  o 
de  1625.  Lisboa  por  Giraldo  da  Vinha.  4. 
fem  anno  da  impreíTaõ. 

Da  obra,  e  do  author  fe  lembraõ  loan. 
Soar.  de  Brito  Theatr.  L.ujit.  Liter.  Ut.  G. 
n.  12.  e  o  moderno  addicionador  da  Bib. 
Occid.  de  Ant.  de  Leaõ  Tom.  2.  Tit.  24. 
col.    858. 

GASPAR  BARREYROS  Naceo  em  a 
Cidade  de  Vifeu  onde  teve  por  Pays  a  Ruy 
Barreiros  de  Sexas,  e  Maria  de  Barros  ir- 
maã  do  iníigne  Hiftoriador  Joaõ  de  Barros 
de  igual  nobreza  à  de  feu  conforte.  Sendo 
provido  em  hum  Canonicato  da  Cathedral 
da  fua  pátria  na  idade  de  nove  annos,  era 
tal  o  dezejo  que  tinha  de  fazer  progreíTos 
nas  fciencias,  que  defprezando  os  emolu- 
mentos do  beneficio  igualmente  honorifico, 
que  rendofo,  paííou  à  Univerfidade  de  Sa- 
lamanca onde  fahio  eminentemente  iníbruido 
nos  preceitos  da  Rhetorica,  obfervaçoens  da 
Mathematica,  e  dificuldades  da  fagrada  Theo- 
logia,  e  Direito  Pontificio.  Ornado  de  tan- 
tos dotes  fcientificos  o  admitio  por  feu 
criado  o  Infante  D.  Henrique  fazendo  o 
Fidalgo  da  fua  Caza  em  que  aíTiiiio  pelo 
efpaço  de  vinte  e  finco  annos  com  tanta 
madureza  de  juizo,  e  integridade  de  vida 
que  conciliou  as  eílimaçoens  da  Raynha  D. 
Catherina  mulher  de  D.  Joaõ  o  III.  e  das 
Infantas  D.  Maria,  e  D.  Izabel,  como  tam- 
bém a  amizade  dos  mais  celebres  varoens 
daquella  idade  entre  os  quais  fe  diílinguiaõ 
André  de  Refende,  e  Jorge  Coelho  hxim 
Orador,  e  outro  Poeta  infigne.  Sendo  cria- 
do Cardeal  o  Infante  D.  Henrique  pela  fan- 
tidade  de  Paulo  III.  a  16.  de  Dezembro  de 
1545.  o  mandou  em  o  anno  feguinte  por 
feu  Embaxador  gratificar  ao  Summo  Pon- 
tífice a  dignidade  Cardinalifia  a  que  fora  af- 
fumpto.  Por  alguns  annos  refidio  na  Cúria 
com  o  lugar  de  Agente  dos  negócios  defta 
Coroa  onde  contrahio  grande  familiaridade 
com  os  Cardiaes  Pedro  Bembo,  e  Jacobo 
Sadoleto  eminentes  aífim  em  a  dignidade 
como  na  eloquência  venerando  felismente 
unidas  na  fua  peíloa  a  vafta  inílruçaõ,  e 
profunda  notícia  das  fciencias  amenas,  e  fe- 


334 


BI  B  LIO  THE  CA 


veras.  Reftituido  a  Portugal  obteve  por  li- 
beralidade Pontifícia  hum  Canonicato  em  a 
Cathedral  de  Évora  de  que  tomou  pofle  a 
6.  de  Abril  de  1549-  onde  reébmente  admi- 
niílrou  o  Ofíicio  de  Inquifidor  contra  a 
herética  pravidade.  Penetrado  das  vozes  do 
apoftoUco  efpirito  de  S.  Francifco  de  Borja 
G^rniíTario  Geral  da  Sagrada  Companhia  de 
Jefus  em  ambas  as  Efpanhas,  que  à  inílan- 
cia  do  Cardial  D.  Henrique  pregou  as  Do- 
mingas da  Quarefma  em  a  Cathedral  de 
Évora,  renunciou  o  Canonicato  em  feu  ir- 
mão Lopo  de  Barros,  que  aíTiftia  com  feu 
Tio  o  IlluílriíTimo  Bifpo  de  Leiria  D.  Fr. 
Braz  de  Barros,  do  qual  tomou  poíTe  a  12. 
de  Outubro  de  1560.  e  acompanhando  aquelle 
Santo  Varaõ  até  a  Cidade  do  Porto  fe  re- 
folveo  a  abraçar  o  inílituto  que  elle  pro- 
feflava.  Para  efeito  de  taõ  virtuofo  intento 
depois  de  fazer  o  feu  Teftamento  no  mez 
de  Junho  de  1561.  partio  com  o  Santo 
Borja  para  Roma  onde  chegou  a  7  de  Se- 
tembro do  referido  anno.  No  principio 
de  Outubro  recebeo  a  roupeta  de  Jefui- 
ta  onde  fomente  permaneceo  fete  mezes 
lembrado  de  ter  feito  voto  de  fer  religiofo 
de  S.  Francifco.  Recorrendo  à  Santidade 
de  Pio  IV.  lhe  ordenou  que  para  cumpri- 
mento do  voto  fe  aliílaíTe  na  Familia  Se- 
rafíca  em  qualquer  Província,  ou  Convento 
que  elegeíTe,  e  profeíTafe  antes  de  acabar 
o  anno  da  aprovação  como  elle  pediíTe. 
Com  efte  apoftolico  indulto  recebeo  o  pe- 
nitente habito  do  Serafim  humano  em  o 
Convento  de  Ara  Cseli  em  huma  5  feira 
30  de  Abril  de  1562.,  e  profeíTou  folemne- 
mente  quando  contava  18.  dias  de  Noviço 
a  17  de  Mayo  que  era  Dominga  de  Pente- 
coftes  mudando  o  nome  que  tinha  no  fe- 
culo  em  o  de  Fr.  Francifco  da  Madre  de 
Deos.  Informado  o  Pontífice  da  grande 
fciencia  que  tinha  da  Cofmografia  lhe  orde- 
nou reviíTe,  e  emendaíTe  os  defeitos  dos 
Mappas  que  eftavaõ  pintados  em  huma  fump- 
tuoza  Sala,  que  mandara  edificar  em  que 
fc  reprezentava  a  Cofmografia  do  Univerfo 
conforme  as  Taboas  de  Ptolomeu.  NaÕ 
aífiftio  em  a  Provinda  Romana  mais  que 
dous  annos  incompletos,  porque  fendo  in- 
corporado em  a  de  Portugal  pelo  Miniílro 


Geral  Fr.  Angelo  de  Sambuca  a  25  de  Abril 
de  1564.  fe  reftituhio  a  efte  Reyno  por 
infinuaçoens  do  Cardeal  D.  Henrique,  e 
delRey  D.  Sebaftiaõ.  Depois  de  diólar 
Theologia  Moral  em  o  Convento  de  Alan- 
quer,  c  Santarém  foy  obrigado  por  cauza  de 
graves  moleftias  paíTar  para  Vizeo  onde  ef- 
perava  por  beneficio  dos  ares  pátrios  ali- 
vio às  fuás  queixas  porém  naõ  experimen- 
tando a  dezejada  faude,  morou  alguns  annos 
em  o  Convento  de  Lamego,  e  ultimamente 
em  Ferreirim  donde  foy  chamado  em  o 
anno  de  1574.  para  continuar  as  Déca- 
das da  índia,  que  deixara  incompletas  feu 
Tio  materno  o  grande  Joaõ  de  Barros 
porém  atenuado  de  annos,  e  achaques 
naõ  pode  fatisfazer  ao  preceito  real.  Re- 
tirado ao  Convento  de  S.  Francifco  de 
Orgens  diftante  meya  legoa  da  fua  pá- 
tria faleceo  piamente  a  6  de  Agofto  de 
1574.  O  feu  nome  exaltaõ  diverfos  Ef- 
critores  como  faõ  Mirarus  de  Script.  Ecclef, 
Saecul.  16.  cap.  9.  omnis  antiquitatis,  atqut 
etiam  Geographia  infigtiter  peritus.  Cunha  Hijl. 
Ecclef.  de  Brag.  Part.  i.  cap.  42.  n.  2.  dou- 
tijfimo  e  Part.  2.  cap.  80.  n.  7.  Pejfoa  bem 
conhecida  por  fua  muita  erudição:  Fr.  Daniel 
à  Virg.  Mar.  Specul.  Carmelit.  Part.  3.  de  vi- 
ris illufirih.  lib.  3.  n.  3174.  eruditis  libris  notij- 
Jimus.  Marinh.  Fundac.  de  Lisboa  lib.  2.  cap. 
22.  Nas  partes  da  Khetorica  mojlra  feu  vivo- 
engenho,  e  grande  erudição  Scoto  Hifp.  Bibliotb. 
pag.  477.  latine,  €>*  omnis  antiqtatatis  e^efft 
doãus,  pracipue  Geographia.  D.  Franc.  Ma- 
noel. Cart.  dos  A  A.  Portug.  ao  Doutor 
Themudo  eminentijfimo  no  efludo  das  Anti- 
guidades, e  nas  Epanaf.  de  Var.  Hiji.,  pag. 
213.  eminentijfimo  antiquário,  Severim  Difc. 
var.  foi.  36.  Verf.  concorria  nelle  muitas 
letras,  e  engenho.  Franckenau  Bib.  Hifp.  Ge- 
neal.  Herald,  pag.  157.  vir  hifloria,  anti- 
qmtatumque  patriarum  peritijjimus.  Morales  Hift. 
Gen.  de  Efpan.  liv.  10.  cap.  31.  chaman- 
do-lhe  erradamente  Fernando,  hombre  de 
ff^an  noticia  de  Antiguidad  y  de  deligencia 
notable  en  averiguala.  Joan.  Soar.  de  Brit. 
Theatr.  Ltifit.  Utter.  lit.  G.  n.  13.  vir 
in  antiquitatibus  verfatijfimus.  Nicol.  Ant.  Bib. 
Hifp.  Tom.  I.  pag.  398.  col.  2.  virum- 
eruditionis    non    vulgaris.     Fr.     Fernando     da 


L  USITANA. 


Soled.  Hiji.  Seraf.  da  Prov.  de  Vortug.  Part. 
5.  cap.  18.  n.  122.  VaraÕ  injigne.  O  mo- 
<lerno  addicionador  da  Bih.  Geograf.  de  Ant, 
Ae  LeaÕ  Tom.  3.  Tit,  unic.  col.  1324.  muy 
doão.  Fr.  Joan.  a  D.  Ant.  Bib.  Francifc. 
Tom.    I.  pag.  403.  col.   2.    Compo2. 

Chorographia  de  alguns  lugares  que  ejlaõ  em 
hum  caminho  que  fej^  Ga/par  Barreiros  o  anno 
de  M.D.XXXXVI.  começando  na  Cidade  de 
Badajos  te  à  de  Milam  em  Itália.  Coimbra 
por  Joaõ  Alvres  imprelTor  da  Univeríidade 
1561.  4.  Efta  obra  foy  compoíla  à  inílan- 
cia  de  feu  Tio  materno  o  infigne  Joaõ  de 
Barros  querendo  inílruirfe  da  íituaçaõ  de 
algumas  terras  por  onde  caminhara  Gaf- 
par  Barreiros  para  a  compoíiçaõ  da  Geo- 
grafia, que  meditava  publicar.  Foy  im- 
preíTa  por  deligencia  do  Doutor  Lopo 
<ie  Barros  do  Dezembargo  delRey,  e  Có- 
nego da  Sé  de  Évora  irmaõ  do  author, 
e  a  dedicou  ao  Cardial  D.  Henrique.  ¥a- 
moja  Geografia  lhe  chama  D.  Franc.  Man. 
na  Cart.  62.  da  Cent.  3.  das  fuás  Cartas 
Familiares.  Deíla  obra  fez  author  Fr.  Pe- 
-dro  Monteiro  Claujlr.  Dom.  Tom.  3.  pag. 
221.  a  Fr.  Gafpar  de  Barros  com  ma- 
nifefta  equivocaçaõ  aíTim  no  appellido  do 
Efcritor  como  no  titulo  da  obra  efcre- 
vendo  Barros  por  Barreiros,  e  Itinerário 
■de  Beja  fendo  de  Badajos,  o  qual  nunca 
profeíTou  o  inílituto  da  Ordem  dos  Pre- 
gadores. 

Commentarius  de  Ophyra  Regione  apud  di- 
vinam  fcripturam  commemorata  unde  Salomo- 
ni  Judaorum  Kegi  inclyfo  ingens  auri,  argen- 
ii,  gemmarum,  eboris  aliarumque  rerum  copia 
apportabatur.  Efte  Tratado  que  intitula  ce- 
leberrimo  o  Licenciado  Jorge  Cardozo  Agiol. 
iMJit.  Tom.  2.  pag.  727.  no  Coment. 
de  27  de  Abril  letr.  A.  Sahio  primei- 
xamente  Conimbricae  apud  Joannem  Al- 
varum  Typ.  Reg.  15  61.  4.  Dedicado  pelo 
Author  a  ElRey  D.  Joaõ  o  III.  V.  Kal. 
Decemb.  que  he  a  27.  de  Novembro 
<io  anno  M.  D.  L.  Como  eíle  Monar- 
cha  morrefle  antes  de  fahir  impreíTa  eJfta 
obra  a  dedicou  novamente  a  feu  Neto 
ElRey  D.  Sebaftiaõ  em  Évora  VI.  Kal. 
Maii  que  faõ  26  de  Abril.  M.D.LX.  Sa- 
hio  reimpreíía   com   os   Commentarios.    Au- 


335 

guftini  Canifii  de  Ijocís  Sacra  Scriptura,  et 
Quinquagena  Antonii  Nebrijfenjis.  Antuerpiae 
apud  hasredes  Joannis  Belleri  1600.  8.  e 
no  livro  intitulado  Novus  Orbis,  idejl.  Na- 
vigationes  prima  in  Americam.  Roterodami 
per  Joannem  Leonardum  Berewout.  161 6. 
8.  et  Amftelodami  apud  Joannem  Janf- 
fonium  1623.  8.  e  no  livro  Ifaaci  Pon- 
tani  Difcujfiones  hiftorica.  Hardervici  apud 
Nicolaum  Wieringem  1637.  8.  e  no  Tom. 
6.  Critic.  Sacr.  Francof.  apud  Balthefa- 
rem  Chriítophorum  Wuílii  1696.  foi.  def- 
de  pag.  459.  até  480.  Defta  obra  fazem 
mençaõ  Carol.  Jozeph  Imbonati  Bib.  Lat. 
Heb.  pag.  362.  n.  11 12.  e  Jacob.  Le 
Long.    Bib.    Sacr.    pag.    mihi    626.    col.     i. 

Cenjuras  fóbre  quatro  livros  intitulados  em 
M.  Porcio  Catam  de  Originibus;  em  Be- 
ro/o  Chaldao;  em  Manethon  JEgyptio,  e  em 
Q.  Fábio  Piãor  Romano.  Coimbra  por  loaõ 
Alvares  ImpreíTor  da  Univerfidade  1561. 
4.  Dedicado  ao  muito  Reverendo  Padre 
Fr.  Marcos  de  Bethania  Meílre  em  San- 
ta Theologia  da  Seráfica  Ordem  dos  Me- 
nores em  Évora  a  8  de  Abril  de  1557. 
Eíle  he  Fr.  Marcos  de  Lisboa  Chroniíla 
da  Ordem  Seráfica  que  depois  foy  af- 
fumpto  a  Bifpo  do  Porto.  Eftas  Cenfu- 
ras  tinha  feu  author  principiado  a  efcre- 
ver  na  lingua  Latina,  e  fomente  a  que 
fez  fobre  Berozo  publicou  neíle  idioma, 
e  a  dedicou  ao  Cardial  António  Amulio 
do  Titulo  de  S.  Marcello  em  24.  de  Ju- 
lho de  1563.  como  já  diíTemos.  Sahio 
com    eíle    titulo. 

Cen/ura  in  quemdam  author  em,  qui  fub  falfa 
Beroji  Chaldai  infcriptione  circumfertur.  Romac. 
fem  anno  da  impreílaõ.  4.  e  Edelbergas  Ty- 
pis  CommeUanis.    1598.   8. 

Todas  eílas  quatro  Cenfuras  verteo  em 
Latim  André  Scoto,  e  fe  publicarão  na  fua 
Hifp.  Biblioth.  defde  pag.   386.  até  442. 

Carta  efcrita  de  Roma  a  12.  de  Novem- 
bro de  1547.  a  ElRey  D.  Joaõ  o  III.  Sahio 
na  HiJi.  Ecclef.  de  Braga  do  Illuílrifrimo  Cunha 
Part.  2.  cap.  81. 

Vita  D.  Francijci.  Deíla  obra  faz  men- 
çaõ na  Dedicatória  a  Fr.  Marcos  de  Lis- 
boa dizendo.  JE  Je  nefta  parte  o  achar 
taõbem    defenfor,     como     efpero,     e    tenho    por 


336 


BIB  LIO  TH  E  C  A 


muy  certo,  que  terá,  lançarey  também  entam 
à  Jua  conta  a  pubricaçam  da  vida  do  glo- 
riofo,  e  Seráfico  Padre  San£í.  Frãcifco,  que 
em  hatim  à  muitos  annos  tenho  começada, 
e  mu^  cedo  ejpero  acabar.  Defta  obra  fe 
lembraõ  o  mefmo  Fr.  Marcos  de  Lis- 
boa no  Prologo  da  2.  Parte  da  Chron. 
de  S.  Francifco,  e  D.  Franc.  Man.  na 
Cart.  I.  da  Cent.  2.  das  Cartas  Familiar. 
onde    o    intitula    diligentijfimo. 

Verdadeira  Nobret(a,  ou  Unhagens  anti- 
gas de  Portugal  M.  S.  Defta  obra  faz 
elle  memoria  na  fua  Corographia  foi  68. 
e  delia  fe  lembraõ  Gafpar  Eftaço  Anti- 
guid.  de  Portug.  cap.  53.  pag.  193.  e 
200.  Ambrozio  de  Morales  Hiji.  Ger.  de 
Efpan.  liv.  10.  cap.  31.  André  de  Re- 
fende  Epijl.  ad  Barthol.  Cabbed.  foi.  33. 
e  Cardozo  Agiol.  L^Jit.  Tom.  3.  pag. 
72.  no  Coment.  de  4  de  Mayo  let.  B. 
Foy  compofta  por  ordem  do  Cardial  D. 
Henrique,  e  a  confervava  em  feu  poder 
Manoel  de  Azevedo  de  Barros  fobrinho 
do  author  como  efcreve  o  infigne  anti- 
quário Manoel  Severim  de  Faria  Not.  de 
Portug.  Difc.  3.  §.  18.  Joaõ  Pinto  Ri- 
beiro Cart.  da  Nobre^-  de  Portug.  e  /eus 
privilégios  pag.  9.  afirma  que  por  infeli- 
cidade dejle  Rejno  naõ  fahio  á  lu:(^  fendo 
a  cou\a  mais  douta  que  nejla  matéria  fe  ej- 
creveo. 

Geografia  da  antigua  Ljifitania.  M.  S. 
Obra  certamente  muito  laboriofa  a  qual 
ficou  imperfeita  fendo  a  ultima  terra  que 
defcreve  a  Villa  de  Tentúgal  que  feguia 
fer  Concórdia,  e  difcrepava,  muitas  ve- 
zes das  opinioens  do  grande  Refende  com 
boas  conjedhiras.  Confervafe  na  Livraria 
do  ExcellentiíTimo   Conde   de  Vimieiro. 

Annotaçoens  a  Ptolomeo.  Defta  obra  o  faz 
author  Fr.  Fernando  da  Soled.  HiJl.  Seraf. 
da  Prov.  de  Portug.  Part.  5.  liv.  i.  cap.  18. 
n.    126. 

DefcripçaÕ  do  Egypto.  M.  S. 

Carta  conjolatoria  efcrita  em  Roma  a  4.  de 
Dezembro  de  1563.  á  Infanta  D.  Maria  a  cerca 
da  morte  do  Infante  D.  Duarte  feu  irmaõ. 

Carta  efcrita  em  Santarém  a  z6  de  Julho 
de  i^  67.  a  Damião  de  Góes  fobre  a  Afcenden- 
cia  da  Familia  dos  Manoes.  O  P.  D.  António 


Caetano  de  Souza  Appar.  á  Hifl.  Gen.  da 
Ca^.  Real  Portug.  pag.  36.  §.  12.  afirma  que 
a  lera,  e  era  digna  de  feu  author,  como  taõ- 
bem  confervar  em  feu  poder  hum  Nobiliário 
do  mefmo  Barreiros  copiado  por  António 
de  Aureu,  e  Caftellobranco. 

Obfervaçoens  Cofmograficas  de  muitos  luga- 
res marítimos  de  Efpanha  com  todos  feus  cam- 
pos, e  promontórios.   M.   S. 

Homilia  fobre  as  palavras  do  Ejfangelho  Angc- 
lus  Domini  apparuit  in  fomnis  Jozeph.  M.  S. 

Egloga  pafioril  em  louvor  da  Infanta  D.  Ma- 


rta. 


Fr.  GASPAR  BARRETO  filho  natural 
de  Jerónimo  Barreto  Cavalleiro  da  Ordem 
militar  de  S.  Joaõ  de  Malta,  e  defcendente 
da  familia  dos  Barretos  Senhores  de  Frei- 
riz,  e  Penagate  naceo  na  Cidade  do  Porto 
a  3  de  Mayo  de  1661.  Recebeo  a  cogulla 
do  Príncipe  dos  Patríarchas  no  Convento  de 
S.  Martinho  de  Tibaens  Cabeça  da  monaf- 
tica  Congregação  Benediftina  a  3.  de  Fe- 
vereiro de  1678.  onde  pelo  grande  progref-' 
fo  que  fez  nas  letras  foy  laureado  Doutor 
na  Univerfidade  de  Coimbra,  Reytor  do  Col- 
legio  da  Eftrella,  Abbade  do  Convento  de 
Lisboa  no  anno  de  1707.  e  do  CoUegio 
de  Coimbra  em  171 9.  Procurador  Geral 
nefta  Corte,  e  na  Cidade  de  Braga.  Pek 
profunda  noticia,  e  vafta  liçaõ  que  tinha 
da  Hiftoria  Sagrada,  e  profana  foy  eleyto 
Chronifta  da  SereniíTima  Caza  de  Bragan- 
ça, e  Académico  fuprenumerario  da  Aca- 
demia Real  da  Hiftoria  Portugueza.  Cul- 
tivou as  Mufas  com  felicidade,  naõ  fen- 
do menos  perito  no  efliado  da  Genealo- 
gia, e  plauzivel  na  converfaçaõ  fempre 
difcreta,  e  jovial.  Morreo  no  Convento 
de  Tibaens  a  9  de  Fevereiro  de  1727. 
com  66  annos  de  idade,  e  49.  de  Reli- 
gião. Delle  faz  memoria  entre  os  milho- 
res  Genealógicos  o  P.  D.  António  Cae- 
tano de  Souza  Apparat.  ã  Hifl.  Geneal. 
da  Cav^.  Real  Portug.  pag.  156.  §.  187. 
e  nas  advert.  e  adifoens  á  mefma  Hiftoria 
pag.     8.    no    fim    do    Tom.     8.    Compoz. 

Vtda    de    D.    Jayme    Duque    de    Bragança. 
foi.    M.    S. 

Portugal    Renacido.    Poema    de    12    can- 


L  USITAN  A. 


tos  em  4.  de  que  he  argumento  a  Acla- 
mação do  SereniíTimo  Rey  D.  Joaõ  IV. 
M.  S. 

Efpenero  Vortuguei^.  3.  Tom.  foi.  M.  S. 
Efte  titulo  allude  à  obra  intitulada  Theatrum 
Nobilitatis  Europa  compofto  por  Filippe  Ja- 
cobo  Spenero.  Confta  de  18.  Vol.  de  folha, 
dos  quais  íinco  perfeitamente  acabados  con- 
ferva  D.  Joaõ  de  Menezes  Senhor  da  Caza 
da  Barca  com  quem  o  author  tinha  paren- 
tefco. 

Genealogia  da  Vamilia  dos  arretas  Senho- 
res de  FreiriZ)  e  Penegate  com  a  Genealoffa  das 
famílias  com  quem  fe  aparentarão  até  os  Chefes 
delles  com  as  armas  de  que  ut(aÕ.  Conferva-fe 
em  poder  do  P.  Fr.  Marcelliano  da  Afcen- 
íaõ  Monge  de  S.  Bento.  foi. 

Arvores  Genealógicas  que  chegaõ  ao  numero 
de  306.  as  quais  conferva  o  referido  Monge. 

Diccionario  de  Nomes  latinos  exquifitos  que 
Je  naõ  achaõ  na  Profodia  do  Padre  Bento  Pe- 
reira,   foi.    M.  S. 

GASPAR  DE  BARROS  VELHO.  A 
profunda  fciencia  dos  Sagrados  Cânones  em 
que  tinha  recebido  o  grão  de  Licenciado 
em  a  Univeríidade  de  Coimbra,  como  a  in- 
tegridade dos  cuíhimes  o  conílituhiraõ  digno 
de  que  o  IlluílriíTimo  Arcebifpo  de  Évora 
D.  Theotonio  de  Bragança  verdadeiro  exem- 
plar de  Prelados  o  nomeaíTe  naõ  fomente 
feu  Vigário  Geral,  mas  Penitenciário  em  a 
Cathedral  de  Évora,  e  como  quizeíTe  que 
cfte  lugar  tiveíTe  a  preeminência  de  Digni- 
dade foy  determinado  pela  Congregação  dos 
Emniinentiflimos  Cardiaes  naõ  fer  mais  que 
hum  Cónego  Prebendado,  de  cujo  lugar 
por  naõ  vagar  Prebenda  alguma  em  que 
foUe  provido  efteve  efperando  até  6.  de 
Abril  de  1610.  em  que  tomou  poííe  por 
Vacatura  do  Cónego  Jerónimo  de  Al- 
meyda.  Falleceo  em  Évora  no  primeiro 
de  Julho  de  16 14.  com  59.  annos  de  ida- 
de, e  jaz  fepultado  na  Cathedral.  Com- 
poz. 

De  percujforibus  Clericorum,  ó^  aliarum  per- 
Jmarum  Ecclefiajiicarum  tribus  libris  difiinãum. 
foi.  M.  S.  Conílava  de  65.  cadernos  de 
finco  folhas  cada  hu  como  afirma  o  Licen- 
ciado Francifco  Galvaõ  Maldonado  nas  Nlem. 


ÒÒJ 

pêra  a  Bib.  Portug.  por  lho  moftrar  feu  au- 
thor em  14.  de  Abril  de  1608. 

Fr.  GASPAR  DE  S.  BERNARDINO 
natural  de  Lisboa  filho  de  Simaõ  Rodrigues, 
e  Maria  Rodrigues.  Recebeo  o  habito  Se- 
ráfico em  o  Convento  de  S.  Francifco  de 
Leyria  a  24.  de  Mayo  de  1592.  e  a  25.  do 
dito  mez  do  anno  de  1393.  profeíTou  folem- 
nemente  os  votos  religiofos.  O  ardente  zelo 
da  falvaçaõ  das  almas  o  impeUio  a  preferir 
o  laboriofo  exercido  de  Miflionario  em  as 
Regioens  Orientaes  ao  fuave  defcanfo  que 
lograva  na  pátria  para  a  qual  voltando 
no  anno  de  1605.  em  companhia  de  ou- 
to  religiofos  padeceo  o  mais  horrivel  nau- 
frágio em  a  Ilha  de  S.  Lourenço  fer- 
vindo  de  pafto  a  infaciavel  cobiça  dos 
Gentios  todas  as  riquezas  que  traziaõ  os 
Portuguezes.  Levado  a  Mombaça  deter- 
minou vizitar  os  lugares  da  PaleíHna  fan- 
tificados  pelo  Redemptor  do  mundo,  e 
tendo  paflado  a  Melinde  furgio  em  hum 
porto  de  Cafres  medonhos  no  afpeâo,  e 
piratas  por  Offido.  Na  Ilha  de  Patê  foy 
benevolamente  recebido  pelo  feu  Prindpe, 
experimentando  femelhante  agazalho  em 
a  Cidade  de  Ampaza  do  feu  Soberano. 
Navegando  pela  Coíla  de  Africa  chegou 
ao  cabo  de  Guardafií,  que  defronta  com 
a  Ilha  de  Socotorá,  e  atraveíTando  o  mar 
vermelho  obfervou  com  judiciosa  curio- 
íidade  algumas  Ilhas  fituadas  na  Arábia. 
Ao  entrar  pelo  golfo  da  Perfia  experi- 
mentou taõ  formidável  temporal,  que  quaíi 
fe  vio  engolido  das  ondas  do  qual  efca- 
pando  foy  aportar  a  Ormus  donde  come- 
çou a  jornada  por  terra  para  Jerufalem  de- 
zejada  baliza  das  fuás  devotas  andas.  Em 
Babilónia  defcanfou  alguns  dias  nas  Ribei- 
ras do  Rio  Eufrates  hum  dos  quatro  que 
defcorriaõ  pelo  Paraizo  Terreal,  e  embar- 
cando-fe  em  Chypre  em  huma  fragata  Ve- 
nefiana  aconteceu,  que  fendo  abrazados  ou- 
to  homens  pela  violenda  de  finco  rayos 
foíTe  caufa  eíle  trágico  fuceíTo  para  que 
converteíle  a  hum  Turco,  e  hum  Gen- 
tio à  verdadeira  Religião.  Venddos  com 
fumma  conftancia,  e  tolerados  com  he- 
róica   padencia    tantos    trabalhos,    e    mo- 


338  B  IB  LIO  THE  C  A 

leftias    pelo    eípaço    de    hum    anno    chegou  to  de  Alcobaça  em  o  anno  de   1682.  e  jaz 

a  Chypre  a  14.  de  Fevereiro  de  1606.  don-  fepultado    na    Caza    do    Capitulo.     Compoz. 
de   entrou   em   Jerufalem   viíitando   devota-  Traãatus  de  Fide,  e  Spe. 

mente  aquelles  lugares  que  tinhaõ  fido  thea-  de  Incarnatione. 

tros  dos  exceflbs  do  Amor  divino  em  bene-  de  Trinitaíe. 

fício  dos  homens  de  cuja  fuavc  contempla-  de  Grafia. 

çaõ  recebeo  o  feu  efpirito  as  mayores  con-  de  Eíuhariftia. 

folaçoens.    Tendo    defcorrido    por    Veneza,  Todas    eftas    matérias    fendo    digniíTimas 

Otranto,    Nápoles,    Sardenha,    defembarcou  de   luz  publica  a   merece   como   mayor  en- 

em  Denia  donde  paíTando  por  Gandia,  Va-  tre  ellas. 

lença,    e    Madrid   entrou   em    Lisboa,    e   no  De  Jenfihus  facra    Scriptttra.    foi.    M.    S. 

Convento   de    S.    Francifco   afliílio   até    que  onde    com    fubtil    inveftigaçaõ,    c    profunda 

foy  chamado  a  receber  o  premio  dos  feus  intelligencia  penetra,  e  expõem  os  myílerios 

apoftolicos  trabalhos.    De  taõ  larga,  e  peri-  mais  ocultos   de  hum,  e  outro  Teftamento. 

gofa    perigrinaçaõ    efcreveo    por    ordem    da  Todas   eftas   obras   fe   confervaõ   M.    S.   no 

SereniíTima  Raynha  D.   Margarida   de   Auf-  CoUegio  de  S.   Bernardo  de  Coimbra, 
tria,   a  quem  narrou  parte   dos   feus   fucef- 

fos,  a  obra  feguinte,  que  publicou  com  efte  Fr.    GASPAR   CAMPELLO   natural   de 

titulo.  Lisboa,  e  Religiofo  da  Ordem  Carmelitana 

Itinerário   da   índia  por   terra   até   o    R^-  cujo  inftituto  profeflbu  no  Convento  da  fua 

no    de    Portugal   com    a    difcripçaõ    de    Hieru-  pátria  a   24.   de  Junho  de   1567.    Exercitou 

falem.    Lisboa  por  Vicente  Alvres.   161 1.  4.  com  grande  prudência  os  lugares  de  Defi- 

Fazem    memoria    da    obra,    e    do    author  nidor  eleito  no  Capitulo  celebrado  no  Con- 

Ant.    de    Leaõ    hih.    Orient.    Tit.    2.    Joan.  vento    de    Moura   a    12.    de    Dezembro    de 

Soar.   de  Brit.    Theatr.   Lsifit.   Utter.   lit.   G.  1598.   Sócio,  e  Secretario  do  Provincial  Fr. 

n.   14.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.   i.  pag.  Thome    de    Faria   depois    Bifpo    de    Targa; 

398.  c  407.  Fr.  Fernando  da  Soledad.  Hijl.  Prior   dos   Conventos   de   Moura,   c   Évora, 

Seraf.    da   Prov.   de    Portug.    Part.    3.    liv.    i.  e  Meftre  dos  Noviços  do  Convento  de  Lis- 

cap.    21.   e   Part.    5.   liv.    2.   cap.    26.   e   Fr.  boa.    Foy  perito  na  Arte  de  Mufica,  e  jun- 

Joan.  à  D.  Ant.  Bib.  Franc.  Tom.   2.   cap.  tamente    verfado    nas    Cerimonias    Ecclefiaf- 

8.   col.    2.  ticas  compondo. 

Procefftonarium    Ordinis    Carmelitarum    Pro- 

Fr.    GASPAR    BRANDAM    natural    da  vincia  iMJitana.  Ulyffipone  apud  Petrum  Cras- 

Villa  de  Alcobaça  Solar  illuftre  de  infignes  Va-  beeck.   1610.  4. 

roens  defte  apellido,  fobrinho  de  D.  Fr.  An-  Morreo  com  fumma  piedade  em  o  Con- 
torno Brandão  Arcebifpo  de  Goa,  e  do  Dou-  vento  de  Lisboa  em  o  anno  de  1662.  Delle 
tor  Fr.  Francifco  Brandão  Chronifta  Mór  do  faz  memoria  Fr.  Manoel  de  Sà  Mem.  Hiftor. 
Rcyno  ambos  Monges  Ciftercienfes,  cujo  fa-  dos  EJcrit.  do  Carm.  da  Prov.  de  Portug. 
grado  inftituto  recebeo  no  Convento  de  cap.  37.  p.  167. 
S.   Joaõ   de   Tarouca   a   24.    de   Janeiro   de 

1642.    e   profeíTou   folemnemente   a    28,    do  P.  GASPAR  CARDOSO  natural  da  Vil- 

dito   mez   do   anno   feguinte.    Tendo   diâa-  la  da  Fronteira  cabeça  de  Marquezado  em  a 

do   aos   feus   domefticos   as   principaes   ma-  Provinda  Tranftagana  filho  de  André  Cardozo, 

terias   da  Theologia   Efcolaftica,   e   Pozitiva  e  Ignez  Fernandes,  e  Religiofo  da  Companhia 

recebeo   as   infignias   Doutoraes   na   Univer-  de  Jefus,  cuja  roupeta  recebeo  em  o  Noviciado 

fidade    de    Coimbra    onde    foy    Conduâario  de  Évora  a  2j.  de  Dezembro    de  1J77.  quan- 

provido  cm  30.  de  Julho  de  1677.  c  Lente  do   contava   dezoito   annos   de   idade.     En- 

da  Cadeira  de  Durando  em  que  deu  a  co-  finou   por   grande   efpaço   de    tempo    letras 

nhecer  a  viveza  do  feu  engenho,  c  profun-  humanas    cm    que    era   infigne.     A    modcf- 

didade  do  feu  talento.    FaUeceo  no  Conven-  tia  cxtehor  eia  claro   teftemuoho   das   vir- 


L  US  ITAN  A. 


339 


tudes,  que  praétícava  pelas  quais  era  mui- 
to eítímado  pelo  Illuíkiírimo  Arcebifpo  de 
Évora  D.  Theotonio  de  Bragança  levando-o 
fempre  por  companheiro  quando  vizitava  a 
fua  Diocefe.  Depois  de  ter  íido  Reytor  do 
Collegio  da  Ilha  da  Madeira,  e  Procurador 
Geral  delia  Província  em  a  GDrte  de  Ma- 
drid fe  recolheo  ao  Q)llegio  de  Évora  onde 
piamente  acabou  a  vida  a  23.  de  Setembro 
de  1658.  com  quaíi  outenta  annos  de  idade. 
Delle  fe  lembraõ  a  Bib.  Societ.  pag.  275. 
col.  I.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag. 
400.  col.  I.  Joan.  Soar.  de  Brito  Tbeatr. 
Lufit.  LÀtter.  lit.  G.  n.  15.  Franco  Imag. 
da  Virtud.  em  o  Novic.  de  Evor.  pag.  865. 
e  Foncec.  Evor.  Glorio/,  pag.  431.  Com- 
poz. 

Medita^oens  para  todos  os  dias  do  Anno. 
M.  S. 

Calendário  V>jomano  para  re^ar  as  Horas  Ca- 
naúcas,  e  celebrar  o  Sacro/anão  Sacrifido  da 
Mijfa  M.  S. 


GASPAR  CARDOSO  DE  SIQUEIRA 
natural  da  ViUa  de  Murça  em  a  Provinda 
Tranftagana.  Depois  de  receber  o  grão  de 
Aíeílre  em  Artes  na  Univeríidade  de  Alcala 
fe  aplicou  ao  eítudo  da  Mathematica  com 
tanto  difvelo  que  fahio  egregiamente  inf- 
truido  em  taõ  fublime  Faculdade  a  qual 
naõ  fomente  diftou  em  Lisboa  no  anno 
de  1604.  mas  em  as  Cidades  de  Braga, 
Porto,  Coimbra,  e  Lamego,  e  até  fora  do 
Reyno  fendo  Meílre  em  Qudad  Rodrigo, 
e  Tuy  em  que  confumio  o  largo  efpaço 
de  vinte  annos.  Grande  aplauzo  conciliou 
o  feu  nome  aífim  de  naturaes,  como  de 
eftranhos  pela  vafta  comprehenfaõ  que  teve 
das  difciplinas  mathematicas  deixando  por 
argumentos  da  fua  fdenda  as  obras  feguin- 
tes. 

Pro^oftico  Lamario  para  o  anno  de  1605. 
com  algumas  curiojas  annotaçoens  no  Cabo.  Lis- 
boa por  Pedro  Craesbeeck   1604.   8. 

Ibetrpuro  de  Prudentes.  Contem  quatro  li- 
vros I.  do  computo  Ecclefiajlico  com  alemãs 
annotaçoens  para  os  Parocbos.  2.  tem  dous  Tra- 
tados. I.  de  cout(as  tocantes  a  Agpcultura  para 
Jemear  plantar  enxertar,  modo  para  Jas^  No- 


ras, que  andem  por  fi,  para  prognofiicar  dos 
tempos,  e  novidades.  O  z.  de  coufas  importantes 
á  Medecina,  e  Cirurgia  com  alfftns  remédios  ex- 
perimentados. Uvro  3.  da  Arijmetica  com  va- 
rias curiofidades  a  ella  pertencentes.  4.  da  Es- 
fera; maneira  de  fa^er  quadrantes  para  tomar 
altura,  fabricar  relógios  diurnos,  e  noãumos;  me- 
dição das  horas  planetárias.  Preparação  das  duas 
figuras  usadas  na  Judiciaria  para  julgar  dos 
tempos,  novidades,  e  cousas  femelbantes.  Coim- 
bra por  Nicolao  Carvalho  161 2.  4.  ibi  pelo 
mefmo  1626.  4.  &  ibi  por  Thome  Carva- 
lho 165 1.  4.  acrecentado  pelo  author  com 
o  Profftojlico,  e  Eunario  perpetuo.  8c  ibi  pela 
Viuva  de  Manoel  Carvalho  1664.  4.  Lis- 
boa por  Frandfco  Villela.  1673.  4.  Évora 
na  ImpreíTaõ  da  Univeríidade.  1675.  &  ibi 
1701.  4.  Lisboa  por  Manoel  Lopes  Fer- 
leiía  1701.  4.  et  ibi  por  Miguel  Manefcal. 
1712.  4. 

Pronoflico  geral,  e  Eunario  perpetuo,  ajji 
das  Euas  novas,  e  cbeyas,  como  quartos,  crecen- 
tes,  e  miguantes.  Dedicado  a  D.  André  de 
Almada  Lente  de  Vefpera  de  Theologia  em 
a  Univeríidade  de  Coimbra.  Coimbra  por 
Nicolao  Carvalho  1614.  8.  e  Lisboa  por 
Joaõ  Galraõ   1686.  4. 

Primeira,  e  fegunda  parte  de  fe^edos  da 
Natureza  tirados  de  regras  filofoficas.  Lisboa 
por  António  Alvares.  163 1.  8.  &  ibi  por 
Frandfco  Villela.  1673.  8.  e  Coimbra  por 
lozeph  António  da  Sylva   1704.   8. 

Narração,  ou  regras  das  Fejlas  moveis  do 
anno  em  verfo.  Sahio  impreíTo  em  huma 
folha  de  papel  ao  alto. 

loaõ  Soares  de  Brito  Tbeatr.  Ejc(it. 
Eitter.  lit.  G.  n.  16.  o  intitula  Vir  Pbi- 
lofopbia,  <Ò^  difciplinis  matbematiàs  apprimé  eru- 
ditus. 


GASPAR  DE  CARVALHO  natural  da 
Villa  da  Alhandra  do  Patriarchado  de  Lis- 
boa filho  de  Frandfco  Carvalho,  e  loan- 
na  Ferreira,  e  Cura  da  Parochial  Igreja 
de  S.  Vicente  de  Villafranca  de  Xira 
do  dito  Patriarchado,  muito  douto  na 
Gramática  Latina  que  eníinou  muitos  an- 
nos pubhcamente,  e  naõ  menos  em  a 
Theologia    Moral.     Foy     vigilantiírmio     no 


340 


BIBLIO 


pafto  das  fuás  ovelhas  entre  as  quais  fal- 
leceo  como  bom  paftor  a  i8.  de  lulho  de 
1721.    Compoz. 

Mifcellanea  moral,  em  que  com  fingular  cla- 
res^a  Je  trataõ  varias  matérias  moraes  em  pre- 
ffmtas  muito  nece ff  árias  i.  2.  e  3.  Parte.  Lis- 
boa por  Francifco  Xavier  de  Andrade  1722.  4. 

Pecúlio  Moral  tirado  de  vários  Authores.  i. 
c  2.  Tomo.  4.  M.  S.  o  I.  foy  efcrito  no 
anno  de  1706;  e  o  2.  em  o  de  1707.  os 
quais    vimos    da   própria    maõ    do   Author. 

D.  Fr.  GASPAR  DO  CAZAL.  Na- 
ceo  em  a  celebre  Villa  de  Santarém  cor- 
rendo o  anno  de  15 10.  e  pofto  que  fe 
ignore  o  nome  de  feus  Pays  confia  cla- 
ramente que  procedia  de  illuftres  Afcen- 
dentes  por  fer  Neto  de  Valentim  Gon- 
falves  do  Cazal  Cavalheiro  profeíTo  da 
Ordem  de  Chriílo  Senhor  de  Germinade, 
e  Mouril,  e  Ouvidor  das  terras  do  In- 
fantado, e  primo  de  Vafco  Fernandes  do 
Cazal  criado  do  Infante  D.  Duarte.  Quan- 
do contava  a  tenra  idade  de  quatorze 
annos  abraçou  o  fagrado  iníUtuto  de  Eri- 
mita  de  Santo  Agoílinho  em  o  Convento 
da  fua  pátria  em  o  anno  de  1524.  pro- 
feííando  folemnemente  no  de  1526.  Nefta 
fagrada  paleftra  começou  a  exercitar  aquel- 
les  aftos  virtuofos  conftitutivos  de  hum 
exemplar  religiofo  cauzando  admiração  o 
veloz  progreflb  que  fazia  o  feu  efpirito 
nas  virtudes  naõ  fendo  inferior  em  as 
letras  que  eftudou  na  Univeríidade  de  Lis- 
boa merecendo  por  ellas  receber  o  grão  de 
Doutor  Theologo  em  a  Academia  Conim- 
bricenfe  a  19.  de  Março  de  1542.  onde 
foy  Lente  de  taõ  fagrada  Faculdade. 
A  profundidade  da  fua  litteratura  unida 
com  a  integridade  dos  feus  cuftumes  ef- 
timularaõ  a  ElRey  D.  loaõ  o  III.  para 
o  nomear  feu  Pregador,  e  Confeflbr  de  feu 
filho  o  Príncipe  D.  loaõ,  e  naõ  fatisfeito 
com  efta  eleyçaõ  o  fez  primeiro  Prefidente 
da  Meza  da  Conciencia,  e  Bifpo  do  Fun- 
chal Capital  da  Ilha  da  Madeira  em  cuja 
dignidade  foy  confirmado  por  lulio  III. 
a  3.  de  Fevereiro  de  155 1.  O  mefmo 
Monarcha  o  mandou  como  feu  Theolo- 
go  ao  fagrado   Concilio   de   Trento,   e  nef- 


THECA 

ta  venerável  AíTemblea  affiftio  fegunda  vez  j 
no  anno  de  1563.  reynando  a  Mageftade  de 
D.  Sebaíliaõ  já  quando  era  Bifpo  de  Ley- 
ria  onde  em  ambas  as  ocafioens  deu  ma- 
nifeftos  argumentos  da  fua  profunda  fabi- 
doria,  e  eloquente  expreíTaõ.  De  Trento 
paíTou  a  Roma  para  bejar  o  pé  do  Summo 
Pontífice  Pio  IV.  de  cuja  paternal  benevo- 
lência recebeo  fingulares  demonílraçoens  co- 
mo elle  agradecido  confeíTa  na  Dedicatória 
ao  mefmo  Pontifice  da  fua  obra  intitulada 
de  Cana,  <^  Cálice  Domini  neftas  palavras 
Beatitudinis  tua  fanãifftmos  pedes,  €^  Officti, 
<Ò'  pietatis  ergo  deojculaturus  Komam  adveniffem, 
ita  me,  Pontifex  Maxime  fervulum  tuum  hilari 
fronte,  gratoque  animo  excepiJH  ut  re  ipfa 
omnia  fama,  atque  exiflimatione  maiora  effe  me- 
cumque  praclare  maffs,  quam  antea  unquam  ea 
die  a£tum  effe  cognoverim.  Reftituido  a  Dio- 
cefe  de  Leyria  começou  a  exercitar  as  obri- 
gaçoens  de  folicito  Paftor  difpendendo  com 
generofa  maõ  em  beneficio  dos  pobres  o 
património  Ecclefiaftico,  que  naõ  excedendo 
a  quantia  de  finco  mil  cruzados  de  renda, 
parece  incrível  que  pudeíTe  chegar  para  taõ 
largo  difpendio,  principalmente  quando  fe 
animou  a  erigir  defde  os  fundamentos  a 
Cathedral,  certamente  huma  das  mais  fump- 
tuozas  que  tem  o  Reyno.  Depois  de  aíTif- 
tir  no  Synodo  de  Lisboa  celebrado  pelo  feu 
Metropolitano  D.  lorge  de  Almeyda  em  22. 
de  Março  de  1574.  em  que  eftiveraõ  o 
Bifpo  do  Funchal  D.  leronimo  Barreto; 
o  de  Lamego  D.  Manoel  de  Menezes, 
e  o  de  Portalegre  D.  André  de  Noro- 
nha feus  fuflfraganeos,  voltou  para  Ley- 
ria onde  edificou  em  o  anno  de  IJ77. 
hum  Convento  da  fua  Ordem  para  depo- 
zito  das  fuás  cinzas.  Havendo  illuftrado 
as  duas  Cathedraes  de  Funchal,  c  Ley- 
ria foy  aflumpto  por  nomeação  do  Car- 
dial  D.  Henrique  à  Cadeira  Epifcopal  de 
Coimbra  fendo  confirmado  pela  Santida- 
de de  Gregório  XIXI.  em  o  primeiro  de 
Dezembro  de  1579.  Convocadas  Cortes  em 
a  Villa  de  Almeirim  foy  nomeado  pe- 
los Governadores  do  Reyno  Embaxador 
a  Filippc  2.  para  lhe  reprezentar  naõ 
uzaíTe  do  violento  impulfo  das  armas  na 
pertendida    fuceíTaõ    dcíla    Coroa    mas    que 


L  USITAN  A. 


341 


efperaJTe  a  decifaõ  jurídica  de  quem  ha- 
via fer  o  feu  dominante.  Aceitou  a  incum- 
bência com  zelo  de  fiel  Portuguez  levando 
por  feu  companheiro  a  Manoel  de  Mello 
Monteiro  mór  do  Reyno,  e  pofto  que  na 
fua  peíToa  concorriaõ  a  larga  experiência  de 
negócios,  o  venerável  numero  de  annos,  e 
o  refpeitado  carafter  da  dignidade  para  con- 
cluir aquella  negociação,  naõ  correfpondeo 
o  efeito  às  diligencias  do  feu  zelo.  Tendo 
aíTiíHdo  nas  Cortes  celebradas  na  Villa  de 
Thomar  por  Filippe  11.  em  o  anno  de 
1581.  fe  reítituhio  ao  feu  Bifpado  de  Coim- 
bra onde  prafticou  todas  as  virtudes  pafto- 
raes  dignas  de  eterna  memoria  pelas  quais 
partio  a  receber  o  premio  na  pátria  celef- 
te  a  9.  de  Agofto  de  1584.  quando  con- 
I  tava  72.  annos  de  idade  60.  de  Religião, 
e  34.  de  Bifpo,  fendo  6.  para  7.  do  Fun- 
chal, 22.  de  Leyria,  e  5.  de  Coimbra.  Foy 
fepultado  em  o  Collegio  de  S.  Agoftinho 
com  eíle  epitáfio. 

Hk  jacet  bona  memoria  'Pater  Pauperum 
D.  Fr.  Ga/par  Cafalius  Auguftinianus  fanãi- 
monia,  et  oão  doãijftmorum  tibrorum  editione 
cmfpicuus.  Quidam  ex  primis  httjus  Academia 
leãoribus,  primus  Prajidens  Senatus  Conjcien- 
tia,  Joannis  III.  l^ifitania  Regis  Confejfarius, 
conjiliarius ,  et  concionator.  Archiepifcopus  primo 
¥unchalenfis,  deinde  Epifcopus  L^eyrienfis  {quo 
tempore  bis  interfuit  Concilio  Tridentino)  tan- 
dem Epifcopus  Conimbricenjis,  (&  Comes  Arga- 
mUenfis. 

PaíTados  22.  annos  da  fua  morte  foy 
tresladado  como  elle  difpufera  no  feu  Tefta- 
mento  para  o  Convento  de  Leyria  que  fun- 
dara cuja  tresladaçaõ  fe  executou  a  15.  de 
Mayo  de  1596.  fendo  conduzido  pelo  Pro- 
vincial Fr.  António  de  Santa  Maria  filho 
do  Senhor  D.  Jorge,  e  neto  delRey  Joaõ 
n.  e  Fr.  Guilherme  de  Santa  Maria  filho 
dos  Condes  de  Linhares  D.  Francifco  de 
Noronha,  e  D.  Violante  de  Andrade,  e  ou- 
tros graviíTimos  Capitulares  em  cujo  fúne- 
bre ado  pregou  o  Meílre  Fr.  Antaõ  Galvaõ 
Lente  da  Univerfidade  de  Coimbra.  Para 
fe  eternizar  a  memoria  de  taõ  illuílre  Prela- 
•  do  por  ter  novamente  erigido  a  Cathedral 
de  Leyria  fe  lhe  gravou  a  feguinte  infcrip- 
çaõ  na  fachada  deíle  Templo. 


Ga/par  Eeirienfis  Epifcopus  vir  litteris,. 
(&  ma^ificentia  antiquis  Patribus  perjimilis 
Ecclefiam  Dei  gubemante  Paulo  IV.  Eufita- 
norum  Rege  Joanne  III.  anno  à  partu  Virginis^ 
M.D.EIX.  Tertio  Idus  Augufti  Templi  Ma- 
ximi  fundamentum  primum  jecit,  propriis  fump- 
tibus  auxit. 

Naõ  he  menor  o  aplauzo  que  dedica- 
rão ao  feu  nome  diverfos  Efcritores  como 
faõ  o  infigne  André  de  Refende  na  Carta 
que  lhe  efcreveo  em  Verfo  Latíno  a  qual 
eftá  impreíla  no  2.  Tom.  das  fuás  obras. 
Colonise  Agripinae  apud  Arnoldum  Mylium 
1600.  8.  onde  entre  outros  Elogios  que 
lhe    faz    diz    o    feguinte. 

Te    neque    luxus    iners,    nec    degener    ambitur 

alta 
Dejecit  fpeculã;  communis  totius  orbis 
Caufa   Triden tinas   Alpes,   Atbefimque  niva- 

lem 
Magium    ad    Concilium     Patrum,     Sanctumque 

Senatum 
Fecit  adire  procul  patriã,  laribujque  relictis. 
Nec     tamen     inde     demum     rediifti     inglorius, 

extant 
Ingenij  monumenta  tui  tefiantia  curam 
Pro    pietate,     leget    qua    poft     mirata     vetuj- 

tas, 

Guilielm.  Hyfengreu.  Cathal.  Teft. 
veritatis  ad  ann.  1555.  vir  omni  genere  doc- 
trinarum,  eb*  Japientia  clarus.  Nicol.  Ant. 
Bib.  Hifp.  Tom.  I.  pag.  400.  col.  i.  eru- 
ditionis,  atque  ingenii,  nec  non  et  vita  inte- 
gritatis  laude  prajlans.  Souza  Vid.  de  D. 
Fr.  Barth.  dos  híart.  liv.  2.  cap.  17.  era 
eftremado  na  agudeza,  e  fubftancia  de  con- 
ceitos para  fujpender  os  entendimentos,  e  na 
excellencia  de  os  difpor  para  deleitar  os  ouvi- 
dos Joan.  Soar.  de  Brito  Theatr.  Eufit. 
Utter.  lit.  G.  n.  17.  vir  certe  Chrijliana 
eruditione  fatis  conjpicuus.  Gratian.  Anaf- 
taf.  Augufi.  pag.  76.  vir  prater  morum 
integritatem  ingenii  prafiantia,  divinarum, 
atque  humanarum  cognitione  fupra  morem 
excultus.  Crufen.  Monaft.  Augufi.  Part.  3. 
cap.  39.  Eufitania  ut  alterum  Ambro- 
fium  fufcepit,  fufpexit,  eique  uti  patri  pátria 
acclamavit.  Faria  Europ.  Portug.  Tom.  3. 
Part.     3.     cap.     12.     Varon    Santo.    Macedo 


342 


BIBLIO THE  CA 


Collat.  DoHr.  D.  Thom.  et  Scot.  Tom.  2. 
■Collat.  10.  Differ.  2.  feft.  3.  unus  PP. 
Concilií  Tridentini  prajlantijfwjus.  Fr.  Ant. 
à  Purif.  de  vir.  llluft.  Ord.  Erim.  D.  Aug. 
<:ap.  23.  memorahilis  vir  divinis,  humanis  que 
Jitteris  Jupra  morem  exctiltus,  e  na  Chron. 
Aa  Prov.  de  S.  Agofi.  de  Portug.  lib.  7. 
Tit.  I.  §.  6.  foi.  219.  Verf.  doutijftmo, 
s  religiofijftmo  Padre.  Cardozo  Agiol.  'Lufit. 
Tom.  3.  pag.  262.  foraõ  bajlã temente  aplau- 
didas fuás  letras  de  que  faõ  evidentes  tejiemu- 
nhas  inda  hoje  os  muitos,  e  doãos  volumes, 
que  ejlampou  para  bem  Univerfal  da  Igreja 
adquirindo  com  elles  no  mundo  fama  immor- 
tal .  Fr.  Jozeph  de  S.  António  ¥los 
Sana.  Augujl.  Part.  3.  pag.  720.  Grande 
Prelado.  Leytaõ  Cathol.  dos  Bifp.  de  Coimb. 
■§.  70.  Venerável  em  virtudes,  e  letras,  e  nas 
Notic.  Chronolog.  da  Univ.  de  Coimb.  pag. 
530.  §.  II 34.  e  feguintes.  Vazconcellos 
Hijl.  de  S ant  ar.  Edificad.  liv.  2.  cap.  14. 
Aigno  de  perpetua  memoria.  D.  Ant.  Caet.  de 
Souz.  Cathal.  dos  Bifp.  do  Funchal.  §.  3. 
Varaô  douto,  e  virtuofo.  e  no  Agiol.  L,ujit. 
Tom.  4.  pag.  486.  efclarecido  Prelado  em  vir- 
tudes, e  letras.  Fr.  Ant.  da  Nativid.  Mont. 
£  Coroas,  letr.  G.  §.  7.  n.  9.  e  Mont.  2.  cor.  8. 
5.  2.  n.  36.  e  cor.  9.  §.  2.  n.  23.  Joan.  Hal- 
leverd.  Bib.  Curiof.  pag.  98.  col.  i.  Pal- 
lavic.  Hifi.  Cone.  Trid.  lib.  19.  cap.  4. 
n.  5.  Fr.  Manoel  de  Figueired.  Flof.  Sana. 
Augujl.  Tom.  4.  pag.   127.    Compoz. 

Axiomatum  Chrijlianorum  libri  três  ex 
diverjis  fcripturis,  <&  Sanais  Patribus  adver- 
fus  hareticos  antiquos,  <Ò'  modernos.  Conin- 
bricae  apud  Joannem  Barrerium,  &  loan- 
nem  Alvares.  1550.  4.  Venetiis  apud  lorda- 
nem   Zilettum    1563.   4.    &    Lugd.    1593.   4. 

In  Pradicamenta ,  eJ?*  Topicfi  Arijlo- 
Jelis.  Venetiis  apud  lordanem  Zilettum. 
IJ63.  4. 

De  Sacrifício  Miffa,  d?*  facrofanâa  Eucha- 
riflia  celebratione  per  Chriflum  in  Cana  novif- 
fima  libri  três  in  quibus  tredecim  bis  de  rebtis 
articuH  in  Sacra  (Ecuménica  Synodo  Tri- 
dentina  propojiti  in  examen  revocantur,  Ortho- 
doxa  fides  ajferitur,  et  adverfariorum  errores 
■eliduntur.  Venetiis  apud  lordanem  Zilet- 
tum 1563.  4.  Antuerpise  apud  Libertum 
JMalcotium    ij66.    8. 


De  Cana,  cS>*  Cálice  Domini  libri  três 
ad  Pium  IV.  Pontificem  Maximum.  Venetiis 
apud   lordanem   Zilettum    1563.    4. 

De  Qtiadripartita  Jujlitia  libri  quatuor 
in  quibus  omnium  quotquot  extant  Tbeo- 
logorum  conquifitis,  probeque  digejlis  fenten- 
tiis  orthodoxa  de  Jujlificatione  nojlra  fides 
ajferitur,  et  errores  hareticorum  eliduntur.  Ve- 
netiis apud  eumdem  Typ.  1565.  foi.  et 
ibi.  1668.  foi.  In  quo  opere  (faõ  palavras 
do  Doutor  leronimo  Maggio  lurifcon- 
fulto  Anglarienfe  na  Epiílola  Dedicató- 
ria deíle  livro)  Dii  honi\  Quam  multiva- 
gam  eruditionem?  Qttàm  Chrijliana  feita}  Quam 
recôndita  Theologia  fupelleãilem\  quàm  validiffi- 
morum  argumentorum  vim  cui  nemo  non  manus 
dederit,  reperi.  Divum  ipfum  Augujlinum  ha- 
reticorum flagellum,  quin  potius  Dei  Spiritum, 
quem  et  Paulus  Je  habere  fajjus  ejl,  eruditijfimo, 
fanãoque  Epifcopo  adfuiffe  credos:  ita  probe 
diffidia  componit  ex  abditis  Theoloffa,  Scriptu- 
raque  facra  locis  argumenta  eruit;  de  facatam, 
<&  genuinam  veritatem  afiruit  et  graphice  delinea- 
tam  leãorum  oculis  Jpeãandam,  atqm  expeten- 
dam  proponit. 

Carta  efcrita  de  Lejria  em  23.  de  Janeiro 
de  1561.  ã  Rajnha  D.  Catherina  em  que 
lhe  perfuade  naõ  deixe  a  Regência  da  Mo- 
narchia  no  tempo  da  menoridade  de  feu  Neto 
o  Príncipe  D.  SebaJliaÕ.  Sahio  imprefla 
nas  Mem.  Polit.  e  Milit.  delKey  D.  Sebaft. 
Part.  I.  liv.  2.  cap.  3.  He  muito  larga, 
e    judiciofa. 


P.  GASPAR  DE  CASTRO  Natu- 
ral da  Qdadc  de  Braga,  e  filho  de  Paf- 
choal  de  Caftro,  e  Francifca  de  Bouro. 
Foy  admitido  por  coadjutor  temporal  cm 
a  Companhia  de  lefus  veílindo  a  roupe- 
ta em  o  Noviciado  de  Coimbra  a  25.  de 
May  o  de  1578.  quando  tinha  defafctc 
annos  de  idade.  As  virtudes,  que  exercitou 
no  principio  do  eílado  religiofo  moverão  ao 
Padre  Sebaíliaõ  de  Moraes  primeiro  Bif- 
po  do  Japaõ  para  o  levar  por  feu  com- 
panheiro quando  partio  para  a  índia  em 
6.  de  Abril  de  1588.  em  cuja  navegação 
morrendo  efte  Prelado,  c  outros  feus 
companheiros,      deu      multiplicados      argu- 


L  USITANA. 


343 


mentos  da  fua  ardente,  e  incanfavel  cha- 
ridade.  PaíTou  com  o  Padre  Pedro  Martins 
fuceflbr  em  o  Bifpado  do  lapaõ  a  Macao, 
e  vendo  os  grandes  progreíTos  que  fa2Ía  o 
feu  zelo  em  a  converfaõ  da  Gentilidade  o 
ordenou  de  Sacerdote  no  anno  de  1596. 
os  quais  profeguio  com  infatigável  difvelo. 
Sendo  obrigado  pela  impiedade  do  Tirano 
Dayfuzama  a  fahir  do  lapaõ  no  anno  de 
1614.  bufcou  artificio  de  cultivar  aquella 
feara  Evangélica  que  lhe  cuílara  tantos 
fuores  pelo  efpaço  de  18.  annos  introdu- 
zindo-fe  com  habito  de  paíTageiro  em  os 
Reynos  de  Arima,  e  Fingo  onde  alentava 
a  Fé  de  outo  mil  Qiriftãos.  Atenuado  com 
tanto  trabalho  cahio  infermo,  e  recebidos 
com  grande  piedade  os  Sacramentos  falleceo 
em  Arima  a  7.  de  Mayo  de  1626.  quando 
contava  66.  annos  de  idade,  e  47.  de  G^m- 
panhia.  Delle  fe  lembraõ  honorificamente 
Nieremberg  Var.  Illuji.  de  la  Comp.  Tom.  4. 
pag.  532,  Cardim  V afeie.  Martyr.  Jap.  p.  117. 
Tanner  Soe.  Jef.  u/que  ad  Jang.  <&  vit.  profuf. 
milit.  pag.  321.  Cardof.  Agiol.  Lufit.  Tom.  3. 
pag.  III.  &  no  coment.  de  7.  de  Mayo. 
letr.  L.  Franco  Imag.  da  virt.  em  o  Noif.  de 
Coimh.  Tom.  2.  Uv.  i.  cap.  45.  et  Ann.  glor. 
S.  J.  in  Ijijit.  pag.  259.    Efcreveo. 

Carta  ao  Padre  Joaõ  Corrêa  Provincial 
da  Provinda  de  Portugal  efcrita  de  Goa  a  9. 
de  Setembro  de  1588.  em  que  narra  as  ulti- 
mas acçoens  do  Bifpo  do  JapaÕ  D.  SebaJliaÕ 
de  Moraes.  Sahio  impreíTa  na  Imag.  da  virt. 
aflima  allegada  Liv.  i.  cap.  35.  e  no  Tom.  2. 
defta  obra  cap.  45.  n.  3.  tranfcreve  parte  de 
outra  Carta  do  dito  Padre  Gafpar  de  Caibro 
em  que  relata  alguns  fuceflbs  da  fua  nave- 
gação. 

GASPAR  DE  CHAVES  SENTIDO 
natural  da  Villa  de  Portel  em  a  Provinda 
Tranílagana,  Moço  da  Camará  do  Duque 
de  Bragança  D.  Theodozio  fegundo,  e  taõ 
inftruido  na  liçaõ  da  Hiíloria,  como  no 
eftudo   da   Genealogia.     Compoz. 

Suceffos  Trágicos  do  Reyno  de  Portu- 
gal procedidos  da  infelice  jornada  delKey  D. 
SebaJliaÕ  em  Africa,  e  das  alteraçoens  que 
fucederaÕ,  e  entrada  do  exercito  delKey  de 
Efpanha     D .     Filippe     II .     e    fua    fuceffaõ. 


Dedicado  ao  Duque  D.  Theodozio  11. 
no  anno  de  1620.  cujo  Original  fe  con- 
ferva  na  P>ib.  'Keal.  Confta  de  33.  Capí- 
tulos. Começa  o  i.  Para  fe  entender  milbor 
a  hijloria.  Acaba  o  ultimo.  Para  pat;^  e  con- 
ferva^aÕ  da  Chrifiandade,  e  augmento  da  Santa 
Fé  Catholica.  Rodrigo  Xavier  Pereira  de  Fa- 
ria natural,  e  morador  em  a  Villa  de  Santa- 
rém conferva  na  fua  Livraria  huma  copia 
deíla  obra,  cuja  noticia,  e  outras  muitas  me 
comunicou  a  fua  grande  erudição. 

lardim  real  de  Armas,  e  genealo^as 
dos  'Rjeys  Chriflãos  do  mundo,  e  outros  fucef- 
fos  de  Portugal  por  morte  do  Cardial  Rç)'. 
Dedicado  em  o  anno  de  1622.  ao  Duque 
de  Bragança  D.  Joaõ  que  depois  fubio  ao 
trono  de  Portugal.  EHa  obra  vio  a  11. 
de  Março  de  1621.  o  Licenciado  Fran- 
cifco  Galvaõ  Maldonado  como  afirma  na 
fua  Bib.  Portug.  M.  S.  que  examina- 
mos, a  qual  eílava  efcrita  em  folha  com 
as  arvores  illuminadas.  Do  author,  como 
da  obra  fez  mençaõ  o  Padre  D.  António 
Caetano  de  Souza  Apparat.  à  Hifi.  Gen.  da 
Caf  Real  Portug.  pag.  79.  §.  63. 

GASPAR  CLEMENTE  BOTELHO 
Cónego  da  Cathedral  de  Elvas,  e  mviito 
fciente  na  lingua  Italiana  da  qual  verteo 
em    a    materna. 

Relação  das  verdadeiras  refoens  em  favor  do 
Eftado  Ecclejiajlico  defle  Reyno  de  Portugal 
feita  pelo  Doutor  Nicolao  Aíonteiro.  Lisboa 
por  Paulo  Craefbeeck.   1645,   5. 

P.  GASPAR  COELHO  natural  da 
Cidade  do  Porto  donde  fendo  mancebo 
paíTou  ao  Eílado  da  índia  para  augmen- 
tar  o  cabedal,  que  herdara  de  feus  Pays, 
porem  illuílrado  da  Divina  Graça  o  renun- 
ciou pela  pobreza  Evangélica,  recebendo 
a  roupeta  da  Companhia  de  lefus  na. 
Caza  de  Goa  em  o  anno  de  1556.  quan- 
do tinha  25.  annos  de  idade.  Todo  o 
feu  difvelo  empregou  em  beneficio  da- 
queUas  ovelhas,  que  vagavaõ  fugitivas 
do  rebanho  de  Chrifto  fendo  o  mayor 
theatro  das  fuás  apoftolicas  operaçoens  o 
Reyno     de     Omura     onde     bautizou     dez 


344 


BIB  LIO  THE  CA 


mil  Gentios,  abrazou  innumeraveis  Ído- 
los, arrazou  fumptuozos  Pagodes,  e  atrahio 
ao  conhecimento  do  Deos  verdadeiro 
feflenta  Bonzos,  que  fufpenfos,  e  atónitos 
da  eficácia  das  fuás  vozes  confeflaraõ  fer 
celeftial  a  fua  doutrina.  Eleito  vice  Pro- 
vincial do  lapaõ  continuou  com  igual 
zelo  a  converfaõ  da  Gentilidade,  e  ainda 
que  fe  levantou  huma  furíoía  perfeguiçaõ 
movida  pela  impiedade  do  Emperador 
Quabocondono  contra  o  Evangélico  Ope- 
rário, e  os  filhos  que  gerara  em  Chriílo, 
naõ  foy  poderofa  para  entibiar  o  fagrado 
fogo,  que  lhe  abrazava  o  coração  focor- 
rendo-os  pelo  efpaço  de  três  annos  em 
todos  os  trabalhos,  e  afliçoens  para  que  fe 
confervaíTem  firmes,  e  confiantes  na  Fé  pro- 
metida no  Bautifmo  até,  que  confumido  de 
huma  febre  lenta  partio  da  Refidencia  de 
Canzuca  em  o  Reyno  de  Ari  ma  a  receber  a 
Coroa  dos  feus  Apoftolicos  miniílerios 
em  25.  de  Mayo  de  1590.  quando  con- 
tava 60.  annos  de  idade,  e  36.  de  Com- 
panhia. Fqy  muito  fentida  fua  morte  ( aíTim 
o  relata  o  P.  Luiz  Froes  Annua  do  Japaõ 
de  12.  de  Outubro  de  1590.  ao  Padre  Geral) 
dos  ChrijiaÕs  rapando-Je  muitos  delles  em 
Jinal  de  trijle:(a  como  cujlumaõ  cã  fai^er  por 
feus  Senhores,  e  Pqys.  Foy  enterrado  em 
Arima  com  grande  concurfo  de  gente,  e  a 
mayor  pompa,  e  apparato,  que  fe  tem  vijio 
em  Japaõ,  ajftm  pelos  muitos  Padres,  e  Ir- 
mãos, que  em  fuás  exéquias  fe  ajuntarão, 
como  por  E/Rey  de  Arima  querer  de  pro- 
pofito  honrar,  e  celebrar  com  grande  folem- 
nidade  efte  enterramento.  Fazem  delle  me- 
moria Bib.  Societ.  pag.  275.  col.  i.  vir 
de  Japonica  Ecclejia  benemeritus.  Cardof. 
Agiol.  iMjit.  Tom.  }.  pag.  401.  Infati- 
gável obreiro  das  Chrijlandades  Orientaes. 
Gennari  Xatí.  Orient.  Tom.  i.  part.  2. 
liv.  8.  Nieremberg.  Var.  illufi.  de  la  Comp. 
Tom.  4.  pag.  462.  Nadafi  Ann.  dier.  Mem. 
S.  J.  Part.  1.  pag.  284.  Hijlor.  Societ.  Part.  4. 
lib.  3.  n.  247.  e  Part.  5.  lib.  10.  n.  187.  188. 
Joan.  Soar.  de  Brito  Theatr.  LMjit.  Litter. 
lit.  G.  n.  18.  Gufman  Hiji.  de  las  Mifton. 
de  la  Comp.  de  lef.  liv.  10.  cap.  18.  Souza 
Orient.  Conquijl.  Part.  2.  Conq.  4.  Div. 
I.   §.    79.   c   Divif.    2.    §.    2.    Padre   Charle- 


voix  HiJl.  du  lapon.  Tom.  i.  liv.  4.  §.  10. 
Efcrevco. 

Carta  efcrita  de  Socotorá  para  o  feu 
Provincial  em  30.  de  Agoflo  de  1562.  M.  S. 
conferva-fe  no  Cartório  da  Caza  profeíTa  de 
Lisboa. 

Carta  efcrita  de  Vomwra  a  ^.  de  Outu- 
bro de  1575.  fahio  no  Tom.  i.  das  Cart. 
efcrit.  do  lap.  e  Chin.  Évora  por  Manoel 
de  Lyra.  1598.  foi.  eftá  a  folh.  352.  Verf. 
começa.   Porque  o  Padre  Francifco  Cabral  f^c. 

Carta  efcrita  de  Nanga!(aqui  em  15. 
de  Fevereiro  de  1582.  ao  Padre  Geral.  Sahio 
no  Tom.  2.  das  Cartas  aíTima  allegadas 
desde  foi.  17.  até  47.  Começa.  Pojlo  que 
todos  despejávamos  &c.  Sahio  traduzida  em 
Latim  1586.  como  diz  o  moderno  addicio- 
nador  da  Bib.  Orient.  de  António  de  Leaõ. 
Tom.  I.  Tit.  8.  col.  181. 

Cartas  efcrit  as  de  Nanga:(aqm  a  11.  de 
Setembro  de  1584.  e  de  24.  de  laneiro  de  1585. 
do  Rejno  de  Tingem  ao  Governador  das  Filippi- 
nas,  S.  Tiago  de  Vera,  e  ao  Bifpo  D.  Fr.  Domin- 
gos de  Salas^ar  em  que  lhes  pede  religiofos 
Agoílinhos,  e  Francifcanos,  como  coníbi 
da  Hijlor.  do  Kofario  compoíla  por  Fr.  Diogo 
Aduarte  Dominico  liv.  i.  cap.  49.  foi.  212. 
Deílas  Cartas  faz  mençaõ  o  allegado  addi- 
cionador  da  Bib.  Occid.  de  António  de  Leaõ 
Tom.  2.  Tit.  7.  pag.  916.  col.  i. 

Annual  do  lapaÕ  do  anno  de  1588.  para 
o  Reverendo  Padre  Geral  da  Companhia 
de  lefus  efcrita  de  Canv^uca  4.  de  Fevereiro 
de  1589.  He  muito  cxtenfa.  Sahio  im- 
preíTa  nas  Cartas  efcritas  do  lap.  e  Chin. 
Évora  por  Manoel  de  Lyra.  1598.  foi.  no 
Tom.  2.  defde  folhas  234.  até  262.  Nella 
fe  relata  o  progreíTo  de  todas  as  Chriílandadcs 
do  Japaõ.  Começa.  Das  Cartas  annuas  paf- 
fadas  de  1587.  fahio  vertida  em  Italiano. 
Roma  por  Francefco  Zaneti  1589.  8.  c  cm 
Alemaõ  no  mefmo  anno  como  efcrevc  o 
addicionador  da  Bib.  Orient.  de  António  de 
Leaõ  Tom.  i.  Tit.  8.  col.   181. 

GASPAR  COELHO  cuja  pátria,  e 
eílado  de  vida  fe  ignora,  efcreveo  com 
eftilo   fmcero,   e   corrente. 

Tratado  das  coufas  acontecidas  em  27. 
annos  nas   caibas   das   Convertidas,   e   cax(a  pia 


L  USITANA. 


345 


<Ias  Penitentes  de  Lisboa  M.  S.  4.  Obra  curiofa 
que  confervava  na  fua  Livraria  o  Excel- 
lentiíTimo  Duque  de  Aveyro  D.  Pedro  de 
Alencaílre. 

GASPAR  COELHO  ARANHA  Doutor 
Theologo,  e  Capellaõ  do  Conde  de  Monfanto 
D.  António  de  Caílro,  igualmente  verfado  nas 
fciencias    amenas,    e    feveras.     Compoz. 

Tratado  das  Ideas  de  Plataõ  com  diverfas 
Poesias  ao  Conde  de  Monfanto  D.  António  de 
Cafiro.  M.  S.  8.  Confervavafe  na  Bib.  do 
EmminentiíTimo  Cardeal  de  Sou2a,  que  hoje 
poíTue  o  ExceUentiíTimo  Duque  de  Lafoens. 

Fr.  GASPAR  DA  CONCEYÇAM  na- 
tural de  Lisboa  donde  paíTando  à  índia  em 
o  anno  de  1584.  em  companhia  de  feu  Tio 
o  Ven.  Fr.  Gafpar  de  Lisboa  religiofo  muito 
obfervante  da  Seráfica  Provinda  de  Portugal 
nomeado  Cuftodio  da  Cuílodia  de  S.  Thome, 
recebeo  o  habito  no  Convento  de  Goa 
cabeça  da  mefma  Cuftodia.  Depois  de  pro- 
feíTo  fe  reftituhio  à  Provinda  de  Portugal 
onde  era  refpeitado  pelas  letras,  e  virtudes 
em  que  florecia.  Eleito  no  anno  de  1622. 
Fr.  Luiz  da  Cruz  que  fora  feu  Meílre 
de  efpirito,  ComiíTario  Geral  de  toda 
a  Ordem  Seráfica  Oriental  o  nomeou 
feu  Secretario,  e  partindo  ambos  para  a 
índia  tal  foy  a  prudência,  e  capacidade 
que  moílrou  para  o  governo  que  fahio 
Miniftro  Provincial  em  o  anno  de  1623. 
da  nova  Provinda  de  S.  Thome,  a  qual  aug- 
mentou  com  muitos  Conventos.  Abrazado 
em  catholico  zelo  reduzio  ao  grémio  da  Igreja 
Romana  em  o  Reyno  de  Jafanapataõ  innu- 
meraveis  almas.  Bautizou  na  Cidade 
de  Columbo  ao  Príncipe  herdeiro  do  Rey- 
no impondolhe  o  nome  de  Conftantino 
em  obzequio  de  feu  Padrinho  D.  Conf- 
tantino de  Sà  Capitão  Geral  de  Ceylaõ. 
Nefta  Ilha  regenerou  para  Chriílo  com 
as  falutiferas  aguas  do  bautifmo  a  fetenta, 
e  tantos  mil  Gentios  em  que  entrarão 
a  Raynha,  Princeza  herdeira,  e  muitos 
Fidalgos  da  primeira  grandeza.  Havendo 
colhido  na  cultura  delias  dilatadas  regioens 
taõ  abundantes  frutos  como  apoílolico  operá- 


rio chegou  o  anno  de  163 1.  em  que  foy  rece- 
ber o  premio  na  eternidade  gloriofa.  Publicou. 
Uber  injcriptus  Dieta  falutis  in  quo 
continentur  varia  opufcula  tum  S.  Bonaventu- 
ra,  tum  aliorum  Doãorum  ab  Ecclejia  jam 
olim  recepta.  Ulyffipone  apud  Petrum 
Craesbeeck.  Typ.  Reg.  1620.  24.  Delle 
fe  lembra  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i. 
pag.  401.  col.  I.  &  Fr.  Joan.  a  D.  António 
Bib.  Francifc.  Tom.  2.  p.  8.  col.  2.  ao  qual 
ambos  fazem  da  Provinda  de  Portugal. 


GASPAR  CORRÊA.  Deixou  a  pátria 
que  lhe  deu  o  berço,  e  bufcou  a  índia 
para  fer  o  Oriente  da  fua  gloria  onde 
pelas  heróicas  açoens  militares,  que  obrou 
o  feu  braço,  e  efcreveo  a  fua  pena  alcan- 
çou fama  perdurável.  Entre  as  expedi- 
çoens  que  fez  em  ferviço  do  Eftado, 
gloria  da  Naçaõ  Portugueza,  e  mina 
dos  feus  mais  obftinados  antígoniftas  mere- 
ceo  os  nuyores  aplauzos  quando  nave- 
gou com  o  pofto  de  Capitão  de  hum  Catur 
armado  à  fua  Cuíla  acompanhando  a  for- 
midável Armada,  que  expedira  o  Governa- 
dor Nuno  da  Cunha  para  a  conquifta  de  Dio, 
e  na  ocaíiaõ  que  com  o  mefmo  pofto  foy 
mandado  com  finco  navios  pelo  Capitão 
Mòr  de  Malaca  Jorge  Cabral  em  o  anno 
de  1528.  a  focorrer  Maluco  contra  ElRey 
de  Tidore.  Para  que  naõ  caducaíTem  na 
pofteridade  as  heróicas  façanhas  que  os  Por- 
tuguezes  tinhaõ  obrado  no  Oriente,  fendo 
de    muitas    teftemunha    ocular,    efcreveo. 

Hijioria  da  índia  dividida  em  4.  To- 
mos, foi.  M.  S.  Começa  defde  o  feu 
defcobrimento  feito  pelo  infigne  Heroe 
Vafco  da  Gama  no  anno  de  1497.  até 
o  de  1550.  onde  relata  com  igual  ver- 
dade, que  individuação  tudo  quanto 
fucedeo  memorável  afTim  no  tempo  da 
guerra,  como  da  paz  em  a  dUatada  car- 
reira de  tantos  annos.  Eftes  livros  com- 
prou em  Goa,  onde  falleceo  feu  Author, 
D.  Miguel  da  Gama,  e  os  deu  a  feu  So- 
brinho o  Conde  da  Vidigueira  D.  Fran- 
cifco  da  Gama,  e  na  Livraria  defta  Excel- 
lentiíTima  Caza  fe  confervaõ.  Huma  copia 
reduzida   a   dous   volumes   de   folha   vimos 


.340 


BIBLIO THE  CA 


em  a  Livraria  do  Excellentiflimo  Marques 
de  Abrantes.  Defta  hiíloria  fa2  mençaõ 
Francifco  de  Andrade  Chron.  delKey  D. 
JoaÕ  III.  Part.  2.  cap.  66.  e  68.  como 
também  loaõ  Sardinha  Mimofo  Re/ac. 
de  la  Real  Trágico med.  foi.  52.  fallando 
de  Vafco  da  Gama;  Jegm  lo  refiere  un 
antigo  Jcriptor  de  las  cofas  de  la  índia  en  los 
diligentijftmos  lihros  de  mano,  que  fe  guardan 
en  la  Libraria  dei  Conde  Almirante.  Fr. 
Luiz  de  Souza  Hijl.  de  S.  Doming.  da 
Prov.  de  Portug.  Part.  3.  liv.  4.  cap.  5. 
pag.  513.  à  margem.  Joaõ  de  Barros 
Decad.  da  Ind.  Decad.  4.  liv.  i.  cap.  17. 
Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  401. 
col.  I.  e  o  moderno  addic.  da  Bib.  Orient. 
de  Ant.  de  Leaõ.  Tom.   i.  Tit.   3.  col.   56. 

P.  GASPAR  CORRÊA  natural  da 
Villa  de  Olivença  na  Provinda  Tranf- 
tagana  filho  de  Joaõ  Corrêa  da  Silva,  e 
D.  Izabel  Loba  defcendente  de  Ruy  Gon- 
zalves  Lobo  fidalgo  muito  conhecido 
no  Reynado  de  AíFonfo  V.  Com  rezoluçaõ 
heróica  deixou  o  morgado  da  fua  Caza  a 
fcu  irmaõ  loaõ  Lobo  da  Silva  quando  con- 
tava a  idade  de  15  annos,  e  fe  recolheo  em 
o  CoUegio  de  Évora  dos  Padres  Jefuitas 
onde  recebeo  a  roupeta  a  2  de  May  o  de  1598. 
Por  fer  muito  zelozo  do  augmento  deíla 
monarchia  fe  fez  fofpeitozo  a  Filippe  IV. 
que  entaõ  a  dominava,  ordenando  que  par- 
tiíTe  para  Madrid  donde  juíUficada  a  fua 
innocencia  fe  reílituhio  a  Évora,  e  nella 
paflbu  o  reftante  da  vida  que  finalizou  a 
30  de  Mayo  de  1654.  com  71  annos  de  idade 
e  36  de  Religião.  Foy  muito  devoto  das 
Almas  do  Purgatório,  e  para  defpertar  aos 
Fieis  a  que  as  focorreíTem  com  fuffragios, 
deixou  prompto  para  a  impreíTaõ. 

Tratado  das  penas  que  padecem  as  almas  no 
Purgatório  M.  S.  Confervafe  no  Collegio  de 
Évora.  Do  author,  e  da  obra  fazem  men- 
çaõ o  P.  Franco  Imag.  da  Virt.  em  o  Col- 
leffo  de  Evor.  pag.  866.  e  Foncec.  Evor.  Glo- 
rio/, pag.  431. 

GASPAR  DA  COSTA  Abbade  da 
Igreja  de  S.  Salvador  de  Eíluriacns,  e  muito 
perito  na  iingua  Latina.    Compoz. 


Diccionario  da  Iingua  Latina,  e  Portuguesa 
foi.   M.   S. 

GASPAR  DA  COSTA  DE  ATTAYDE 
natural  de  Lisboa  filho  de  Gonçalo  da 
Cofta  Coutinho  Commendador  da  Ordem 
de  Chriílo,  Governador  de  Aveiro,  Buar- 
cos, e  Figueira,  e  D.  Izabel  de  Attaydc, 
e  Azevedo  filha  única,  e  herdeira  de  D. 
Joaõ  de  Attayde,  e  Azevedo  Senhor  das 
Quintas  de  Barboza,  e  Attayde  em  o 
Minho,  Commendador  de  S.  Salvador  de 
Fornellos,  ComiíTario  Geral  da  Cavallaria 
do  Alentejo.  Naõ  degenerou  do  efpirito 
marcial  de  feus  afcendentes  merecendo  pe- 
las fuás  açoens  ocupar  os  poílos  de  Ca- 
pitão de  mar,  e  guerra,  Meftre  de  Cam- 
po do  mar,  e  General  de  Batalha.  No 
anno  de  1701.  paíTou  a  índia  por  Ca- 
pitão Mòr  das  Nãos  daquelle  Eftado.  Foy 
Commendador  da  Caza  da  índia  em  a 
Ordem  de  Chriílo,  e  Alcayde  Mòr  da 
Villa  de  Sortelha.  Compoz  como  taõ  exer- 
citado em  a  pratica  da  milicia  naval  em  o 
anno  de   1701. 

Arte  das  Armadas  navaes  tirada  de  feus 
movimentos  que  contem  regras  úteis  aos  Officiaes 
Generaes,  e  particulares  de  huma  armada  Na- 
val com  exemplos  tirados  das  mais  confideraveis 
ocafioens  que  houve  no  mar  de  fincoenta  annos 
a  ejla  parte.  O  livro  fe  reparte  em  féis 
livros,  o  I.  explica  as  ordens,  e  modo  de 
as  tomar.  2.  enjina  a  mudar  as  ef quadras 
nas  diverfas  ordens.  3.  fe  daô  vias  fáceis 
para  eflabelecer  as  ordens  quando  as  turba  a 
mudança  do  tempo.  4.  como  a  armada  pode 
paffar  de  huma,  a  outra  ordem  fem  confu- 
faô.  5 .  dos  movimentos,  que  as  Armadas  po- 
dem fat^er  fem  trocar  as  Ordens.  6.  Algu- 
mas Notas  para  facilitar  a  praãica  da  na- 
vegação, que  contem  a  doutrina  dos  Trianff4- 
los,  planos  esféricos,  obliquangtãos,  e  regras 
úteis  aos  Officiaes  Pilotos,  as  qtiais  fe  re- 
dut(em  no  fim  a  huma  breve  Tavoada  com 
outra  mais,  que  moflra  o  rumo  com  que  o 
foi  nace ,  e  fe  põem  pela  qual  fe  pode 
obfervar  a  variação  da  agulha,  e  outras  per- 
tencentes á  Artilharia,  e  bombas  para  fe  fa- 
berem  as  diflancias  por  cada  ^ao  de  eleva- 
ção  do  Quadrante,   foi.    imperial.    M.    S. 


1 


L  USITAN A. 


Fr.  GASPAR  COTTA  natural  da  Q- 
dade  de  Beja  em  a  Provinda  Traníia- 
fl^ana  onde  teve  por  Pays  a  Manoel  Cor- 
deiro, e  Catherina  Lopes.  Recebeo  o  ha- 
bito Carmelitano  no  Convento  de  Moura 
a  20  de  JuUio  de  1621.  em  idade  de 
18  annos,  e  profeíTou  a  24  do  dito  mez 
do  anno  feguinte.  Aprendeo  Filofoíia  em 
Évora,  e  Theologia  em  Lisboa  fahindo 
em  ambas  eftas  faculdades  egregiamente  pe- 
rito por  fer  dotado  de  engenho  perfpicas, 
e  memoria  felÍ2.  Exercitou  com  aplauzo  o 
miniílerio  de  Orador  Evangélico.  Ao  tem- 
po que  fe  efperava  copiofos  frutos  da  fua 
eíhidioza  aplicação  morreo  em  o  Convento 
do  Carmo  de  Lisboa  a  3  de  Abril  de  165 1. 
quando  contava  48  annos  de  idade  e  30  de 
Religião.  Dos  muitos  Sermoens  que  pre- 
gou, fe  fizeraõ  fomente  públicos. 

SermaÕ  aos  1%  de  Janeiro  no  ultimo  dia  da 
Fejla  que  a  Nobreza  fez  ao  Santijfimo  Sacra- 
mento em  a  Igreja  de  Santa  agracia  da  Cidade 
de  Ushoa.  Lisboa  por  Domingos  Lopes 
Roza  1643.  4. 

SermaÕ  pregado  em  hum  dos  dias,  que  fe 
celebrarão  em  Santa  Engracia  da  Cidade  de 
Lisboa  na  fefta  do  Santijfimo  Sacramento  efie 
anno  de  1647.  Lisboa  pelo  dito  Impreííor. 
1647.  4. 

Efcrevia  huma  grande  obra  para  os  Pre- 
gadores que  naõ  confentio  a  morte  lhe  pu- 
zeíle  a  ultima  lima  como  afirma  Fr.  Manoel 
de  Sà  Mem.  Hijl.  dos  Efcrit.  do  Carm.  da 
Prov.  de  Portug.  cap.   38. 


Fr.  GASPAR  DA  CRUZ  natural  da  Ci- 
dade de  Évora,  e  naõ  da  Villa  de  Setúbal 
como  efcreveo  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom. 
I.  pag.  401.  Foy  admetido  à  Sagrada  Or- 
dem dos  Pregadores  em  o  Convento  de  Azey- 
taõ  onde  erradamente  imaginou  Fr.  Agofti- 
nho  de  Santa  Maria  Sana.  Marian.  Tom.  8. 
liv.  I.  Tit.  2.  que  tinha  fido  o  feu  berço. 
Inflamado  com  o  fagrado  ardor  de  anunciar 
o  Evangelho  àqueUes  bárbaros  que  viviaõ 
taõ  remotos  do  noíío  Clima,  como  obfer- 
vantes  cultores  da  Idolatria  navegou  em  o 
anno  de  1548.  com  doze  Companheiros,  de 
<iue  era  Vigário  Geral  Fr.  Diogo  Bermudes 


Mj 

à  índia  Oriental,  e  depois  de  edificar  hum 
Convento  em  Goa,  e  outro  em  Malaca  pe- 
netrou até  o  Reyno  de  Camboya  onde  co- 
mo naõ  correfpondeíTe  o  fruto  ao  feu  dif- 
velo  determinou  paíTar  ao  Império  da  China 
em  o  anno  de  1556.  fendo  o  primeiro  Mif- 
fionario  que  illuftrou  com  as  luzes  da  Fé  aos 
feus  habitadores,  que  jaziaõ  fepultados  nas 
fombras  abomináveis  de  diverfos  erros,  po- 
dendo gloriarfe  de  fer  o  Precurfor  de  todos 
aquelles  Operários  Evangélicos,  que  com 
tantos  fuores,  e  com  o  próprio  fangue  cul- 
tivarão aquella  taõ  dilatada,  como  agrefte 
vinha.  Depois  de  confumir  alguns  annos 
nefta  laboriofa  empreza  em  que  expoz  va- 
rias vezes  a  vida  em  obzequio  da  Fé  prin- 
cipalmente quando  em  hum  fumptuozo  Pa- 
gode derrubou  huma  multidão  de  Ídolos 
confundindo,  e  emudecendo  com  a  vehe- 
mente  eficácia  da  fua  doutrina  aos  mayores 
Meftres  da  gentilidade,  naõ  fatisfeito  o  feu 
heróico  zelo  difcorreo  pelo  Reyno  de  Or- 
mus  exercitando  com  incanfavel  aétividade 
o  feu  evangélico  minifterio.  Voltando  para 
a  pátria  no  anno  de  1569.  o  nomeou  ElRey 
D.  Sebaíriaõ  Bifpo  de  Malaca  cuja  dignidade 
naõ  aceitou.  Nefte  fatal  anno  ardia  a  Capi- 
tal defte  Reyno  com  huma  Epidemia  que 
devorava  innumeraveis  peíToas  de  hum,  e 
outro  fexo,  e  como  o  feu  peito  fe  animava 
da  charidade  mais  fervorofa  fem  temor  ao 
contagio  afliítio  com  Fr.  Pedro  Altamirano, 
e  Fr.  Belchior  de  Monfanto  aos  feridos 
aplicandolhes  ao  mefmo  tempo  remédios  ef- 
pirituaes,  e  corporaes,  até  que  diminuindofe 
o  peftifero  mal  em  Lisboa,  e  augmentandofe 
em  Setúbal  paíTou  velofmente  a  eíla  Villa 
onde  exercitando  feu  ardente  zelo  em  be- 
neficio dos  infermos  contrahio  o  conta- 
gio que  como  viétima  da  charidade  o 
privou  da  vida  a  5.  de  Fevereiro  de 
1570.  havendo  vaticinado  que  com  a  fua 
morte  fe  havia  extinguir  taõ  medonho 
flagello,  como  promptamente  fe  experimen- 
tou. O  feu  corpo  foy  conduzido  ao  Con- 
vento da  villa  de  Azeitão  onde  recebeo 
devotas  veneraçoens  dos  povos  circumue- 
zinhos.  Celebraõ  o  feu  nome  o  Licen- 
ciado Jorge  Cardozo  Agiol.  Lu^it.  Tom. 
I.    pag.    353.     VaraÕ    verdadeiramente  Apoflo- 


348 


BIB  LIO  THE  C  A 


lico,    e   incanjavel  obreiro   da   vinha   do   Senhor. 
Echard.  Script.  Ord.  Prad.  Tom.  i.  pag.  210. 
col.  2.  Verum  Charitatis  Chriftiana  holocauftum. 
Navarrete  Hift.  de  la  China  Tom.  2.  Trat.  8. 
cap.   I.  p.  418.  n.   5.    Varon  Apojlolico  y  de 
gran  ejpiritu.   Fr.   Pedro   Mont.   Claufir.   Do- 
minic.  Tom.   3.  p.   222.  Keligiofo  muito  obfer- 
vante.  Fr.  Alonfo  Fernand.  Hift.  Ecclef.  liv. 
2.   cap.   43.   Apoftolico  Varon.   Souza  Hift.   de 
S.  Dom.  da  Prov.  de  Portug.  Tom.  3.  liv.  4 
cap.  8.  e  liv.  6.  cap.  9.  Fr.  Jeron.  Garcian 
Eftimul.   de  la   Propag.   de  la   Fé.   pag.    255 
Mendonça  Hift.  de  la  China  liv.   2.   cap.    3 
Fr.   Joaõ  dos   Sant.   Etiópia  Orient.  Part.   2 
liv.  2.  cap.  2.  Fr.  Gregor.  Garcia  Hift.  Ec- 
clef. y  Jecul.  de  las  Ind.  liv.  4.  cap.  2.  Lopes 
Chron.  da  Ord.  de  S.  Domingos.  Part.  4.  cap. 
37.  Fr.  loan.  à  Cruce  Prej.  Direã.  Concient. 
§.   8.   n.   24.  Fr.  lacinto  de  Deos    Verg.  de 
Plant.   e  Flor.   cap.   4.   Art.    i.   António   de 
Leon  Bib.  Orient.  Tit.  7.  Fonceca  Evor.  Glo- 
rio/, pag.  412.    Q)mpoz. 

Traãado  em  que  Je  contem  muito  por  eftenfo 
as  coufas  da  China  com  fuás  particularidades,  e 
ajft  do  Reyno  de  Ormus.  No  fim  tem  eftas 
palavras.  Foy  imprejfo  efte  Traãado  da  China 
na  muy  nobre,  e  fempre  leal  Cidade  de  Évora 
em  cai^a  de  André  de  Burgos  imprejfor,  e  Ca- 
valleiro  da  Cai^a  do  Cardial  Iffante  Acaboufe 
aos  XX.  dias  de  Fevereiro  de  mil  quinhentos, 
e  fetenta.  4.  O  imprelTor  dedicou  efta  obra 
a  ElRey  D.  Sebaíliaõ.  Coníla  de  29.  Capi- 
tulos,  e  huma  relação  da  Chronica  dos  Reys 
de  Ormus.  Nicol.  António  Bib.  Hifp.  Tom. 

1.  pag.  401.  afirma  que  fora  traduzida  efta 
na  lingua  Caftelhana,  e  fahira  em  Sevilha. 
Ff.  Joan.  à  D.  António  Bib.  Francifc.  Tom. 

2.  pag.  8.  col.  2.  miferavelmente  fe  enga- 
nou querendo  fazer  religiofo  da  fua  ordem 
a  Fr.  Gafpar  da  Cruz,  e  author  do  Tratado 
da  Qiina. 


D.  GASPAR  DA  CRUZ  Cónego  Re- 
gular de  Santo  Agoftinho  infigne  profeflbr 
de  Mufica,  e  Meftre  defta  armonica  Facul- 
dade em  o  Real  Convento  de  Santa  Cruz 
de  Coimbra  deixando  por  teftemunhos  da 
fua  fciencia. 

Arte  do  Canto  chaõ  recopilada  de  vários  Au- 
tbores.  M.  S. 


Arte  de  Canto  de  OrgaÕ.  M.  S. 

Huma,  e  outra  encadernada  em  hu  vo- 
lume confervava  com  grande  eftimaçaõ  Fran- 
cifco  de  Valhadolid  grande  profeíTor  da 
Mufica,  de  quem  fe  fez  memoria  em  fcu 
lugar. 

P.  GASPAR  DIAS  natural  da  Villa  de 
Monte  mòr  o  Velho  do  Bifpado  de  Coim- 
bra filho  de  Francifco  Frade,  e  Izabel  Dias 
recebeo  a  roupeta  da  Companhia  de  lefus 
a  16.  de  Janeiro  de  1564.  Partio  para  a 
índia  em  o  anno  de  1567.  e  tanto  que  che- 
gou a  Goa  efcreveo  a  30.  de  Dezembro  do 
referido  anno. 

Relação  da  fua  jornada  à  índia  Oriental. 
M.  S.    Confta  de  17.  paginas. 

GASPAR  DIAS  CARDOSO  Familiar  da 
Caza  do  UluftriíTimo  Arcebifpo  de  Lisboa 
D.  AfFonfo  Furtado  de  Mendoça  a  cuja  di- 
gnidade foy  aílumpto  a  3.  de  Dezembro 
de  1626.  Foy  muito  inclinado  à  Poezia  vul- 
gar,   fendo    o    mayor    parto    da    fua    Mufa. 

Cântico  Benedicite  omnia  opera  Domini  Do- 
mino em  Tercetos  Portuguezes.  M.  S.  con- 
ferva-fe  na  Livraria  do  Excellentifiimo  Du- 
que de  Lafoens. 

GASPAR  DIAS  FERREIRA  Afliftio  no 
Brazil  no  tempo  que  dominava  aquelle  Ef- 
tado  o  Conde  Mauricio  donde  voltando  acufa- 
do  por  ter  difpendido  doze  mil  cruzados  foy 
prefo  em  Olanda,  e  fendo  reftituido  à  fua  liber- 
dade pela  proteção  do  Principe  de  Orange, 
publicou. 

Epiftola  in  cárcere,  unde  erupit,f cripta  17.  Au- 
gufti  1647.  4.  Pofto  que  naõ  tem  lugar  da  im- 
preíTaõ,  do  carafter  da  letra  fe  conhece  fer 
impreíTo  em  Olanda,  como  vimos  em  huma  que 
conferva  na  fua  feleâa  Livraria  meu  Irmaô 
D.  Jozé  Barbofa  Clérigo  Regular  ,Chronifta  da 
Sereniflima  Caza  de  Bragança,  e  Académico 
da  Academia  Real. 

D.  GASPAR  DA  ENCARNAÇAM  natu- 
ral de  Lisboa  filho  de  António  Galvaõ,  e  D. 
Brites  de  Almeyda,  e  irmaõ  de  Francifco  Gal- 
vaõ Efcrivaõ  da  Camera  de  S.  Mageftade  na  re- 
partição da  Juftiça.  Recebeo  o  Canónico  habi- 


L  USl  TANA. 


to  de  S.  Agoílinho  no  Real  Convento  de 
S.  Vicente  fora  dos  muros  deAa  Gjrte  a 
25.  de  Julho  de  1672.  onde  foy  Procura- 
-dor  Geral,  três  vezes  Prior  do  Convento  de 
S.  Vicente,  e  duas  Geral  da  fua  Canónica 
Congregação,  Qualificador  do  Santo  Of?i- 
cio.  Examinador  das  Três  Ordens  Militares, 
€  do  Priorado  do  Crato.  Teve  igual  talento 
para  a  Poesda  vulgar,  e  Latina,  como  para 
o  púlpito.  Morreo  a  8.  de  Julho  de  1737. 
com  mais  de  80.  annos  de  idade,  e  65.  de 
Religião.    Publicou. 

Oração  fúnebre  nas  honras  pofthnmas  que  de- 
Scou  a  Irmandade  dos  Italianos  na  fua  Ca^a  do 
luoureto  às  cini^as  do  Santijfimo  Padre  Innocen- 
4no  XII.  com  huma  deplorarão  biflorial  da  vida, 
morte,  e  exéquias  em  metro  hatino,  a  que  fe 
úcrecentou  bumas  reflexoens  fobre  as  circunflan- 
àas  mais  efpeàaes  na  exaltação  do  Santijfimo 
Papa  noffo  Senhor  Clemente  XI.  vatinnado  na 
ultima  claufula  do  Poema.  Coimbra  por  An- 
tónio Simoens  ImpreíTor  da  Univeríidade. 
1706.  4. 

A  deploraçaõ  hiftorial  começa. 
Tempus   erat,    quo    Koma  fuo   exultabat  bo- 

nore 
Prafule  Supremo  <&€. 

Epigrama  Latino  em  aplauzo  de  Louren- 
^  Pires  de  Carvalho  impreíTo  no  i.  Tom. 
•das  Quejl.  Sele£t.  da  Bulia  da  Crti^ada. 

GASPAR  ESTACO  natural  da  Gda- 
■de  de  Évora  onde  teve  por  Pays  a  An- 
<lre  Nimes,  e  Brites  Eílaço  fendo  irmaõ 
do  Cónego  Balthezar  Eílaço  de  quem  fi- 
zemos memoria  em  feu  lugar,  e  de  Fr. 
Manoel  Ellaço  Erimita  de  Santo  Agof- 
tinho  do  qual  fe  fará  mençaõ.  Na  Uni- 
verfidade  da  fua  pátria  aprendeo  as  le- 
tras amenas,  e  feveras  por  ordem  do 
Cardial  Infante  D.  Henrique  aíTiftindo  em 
fua  Caza  defde  a  tenra  idade  de  dez 
annos.  Foy  Cónego  da  celebre  Collegiada 
de  Santa  Maria  de  Oliveira  da  Villa  de 
■Guimaraens.  Refidio  algum  tempo  na  Cor- 
te de  Roma  onde  mereceo  particulares 
eíHmaçoens  do  Cardial  Duarte  Famefe  fi- 
lho dos  fereniíTimos  Príncipes  de  Parma, 
€  Placencia  Alexandre  Farnefe,  e  D.  Ma- 
ria   filha    do    noíTo    augufto    Monarcha    D. 


349 

Manoel  o  qual  fendo  aíTumpto  à  Pur- 
pura vaticana  pela  Santidade  de  Gregório 
XrV.  a  6.  de  Março  de  1591.  morreo 
a  21.  de  Fevereiro  de  1626.  Foy  Gaf- 
par  Eftaço  muito  eftudiofo  da  Hiíioria 
defte  Reyno,  e  critico  inveftigador  das 
fuás  Antiguidades,  como  também  da  Ge- 
nealogia, em  que  confumio  a  mayor  par- 
te da  fua  vida  por  cuja  incanfavel  aplica- 
ção alcançou  os  Elogios  de  infignes  Ef- 
critores  como  faõ  Nic.  Ant.  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  p.  401.  col.  I.  Vir  quidem  fiu- 
dio  rerum  antiquarum,  defeecatoque ,  ac  virili 
judiào  praflans.  Cardof.  A^ol.  Ijifit.  Tom. 
I.  pag.  253.  no  Coment.  de  23.  de  laneir. 
letr.  B.  doutiffimo.  Abreu  Vida  de  Sant.  Qtú- 
ter.  cap.  2.  pag.  28.  ^ave  Efcritor.  loan. 
Soar.  de  Brit.  Theatr.  Lujit.  Utter.  lit.  G. 
n.  32.  vir  valde  diligens,  €^  fludiofus.  Efperan. 
Uifl.  Seraf  da  Prov.  de  Portug.  Part.  i.  liv. 
I.  cap.  51.  n.  I.  doutijfimo.  Foncec.  Ejvor. 
Gloriof  pag.  406.  infigne.  e  pag.  421.  D.  An- 
tónio Caet.  de  Souz.  Apparat.  à  Uifl.  Gen. 
da  Ca^.  Rfal  Portug.  pag.  65.  §.  48.  douto. 
Franckenau  Bib.  Hifp.  Gen.  Herald,  pag.  158. 
Compoz. 

Varias  Antiguidades  de  Portugal.  Lisboa 
por  Pedro  Craesbeeck  1625.  foi.  No  fim 
delia   obra. 

Tratado  da  Unhagem  dos  Eftaços  rmturaes 
de  Évora,  o  qual  contem  buma  defenfaõ  da  no- 
bret(a  do  fangue,  e  outra  das  armas  com  o  prin- 
cipio das  infifftias  das  famílias  particulares,  iflo 
he  quando,  e  por  quem  foraõ  introdu^das.  Lis- 
boa no  mefmo  anno  e  impreíTor. 

P.  GASPAR  ESTEVAM  Religiofo  da 
Companhia  de  lefu  da  Provinda  de  Goa 
onde  efcreveo  no  anno  de  1597. 

KelaçaÕ  do  martyrio  que  deu  Taycofama  Empe- 
rador  do  JapaÕ  a  féis  reliffofos  de  S.  Francifco,  três 
Irmãos  da  Companhia,  e  defafete  Japoneses.  M.  S. 
Conferva-fe  na  Caza  profeíTa  de  Goa. 

GASPAR  DE  FARLA  SEVERIM  Co- 
mendador de  Mora  em  a  Ordem  de  Aviz 
teve  por  pátria  a  Qdade  de  Évora,  e 
por  progenitores  a  Francifco  de  Faria  Se- 
verim  Executor  mór  do  Reyno,  e  Ef- 
crivaõ    da    Fazenda    Real,    e    a   fua    mulher 


35o 


B  IB  LIO  THE  CA 


D.  Joanna  da  Fonccca  filha  de  Rodrigo 
Sanches  Commendador  de  Viana  em  a  Or- 
dem de  Chriílo,  e  de  fua  primeira  mulher 
D.  Lui2a  da  Fonceca.  A  boa  Índole,  que 
defde  os  primeiros  annos  moftrou  para  o 
eíhido  das  letras  humanas,  e  hiftoria  fecular 
o  fez  digno  de  que  em  os  mayores  chegaíTe 
a  fer  Secretario  das  Mercês  delRey  D.  Joaõ 
o  IV.  e  do  feu  Confelho  cujo  miniílerio  po- 
litico adminiílrou  no  reynado  delRey  D. 
AíFonfo  VI.  Entre  as  continuas  ocupaçoens 
do  feu  Officio  nunca  fe  abílinha  da  apli- 
cação dos  livros,  de  tal  forte,  que  como 
afirma  D.  Francifco  Manoel  de  Mello  na 
carta  cfcrita  ao  Doutor  Manoel  Themudo 
da  Fonceca  que  he  a  i.  da  4.  Cent.  das  fuás 
Cartas  Famil.  o  feu  defcanfo  era  efcrever 
em  obzequio,  e  honra  da  Pátria.  Foy  Poeta 
elegante,  e  Genealógico  erudito  como  her- 
deiro, e  emulo  do  talento  de  feus  doutiíTi- 
mos  AntepaíTados.  Acrecentou  com  hum 
grande  numero  de  livros  a  feleâdíTima  Bi- 
bliotheca  que  herdou  de  feu  Tio  o  cele- 
bre Antiquário  Manoel  Severim  de  Fa- 
ria Chantre  da  Cathedral  de  Évora.  Ca- 
20U  com  D.  Mariana  de  Noronha  filha  de 
D.  Francifco  de  Noronha  Commendador  de 
S.  Martinho  de  Frazaõ  de  quem  teve  a 
Francifca  Maria  de  Menezes  que  cazou  com 
D.  Diogo  de  Faro  7.  Senhor  da  Villa 
de  Vimieiro,  Alcoentre,  e  Tagarro  dos 
quais  naceo  D.  Sancho  de  Faro  2.  Conde 
de  Vimieiro.  Compoz  em  muitos  volu- 
mes. 

Famílias  do  Reyno  de  Portugal,  foi.  M.   S. 

Saõ  difpoftas  por  boa  ordem,  e  dou- 
tamente hiftoriadas  com  as  allegaçoens  dos 
livros,  e  authores  que  fallaõ  em  cada 
huma,  e  com  os  epitáfios  de  diverfas 
pcflbas.  Delias  conferua  alguns  volumes 
Originaes  o  Padre  D.  António  Caetano 
de  Souza  como  efcreve  no  Apparat.  da 
Hijor.  Gen.  da  Cai^.  Real.  pag.  115.  §. 
124. 

ColleçaÕ  de  Memorias  extrahidas  da  Torre 
do  Tombo  3.  Vol.  Eílaõ  em  poder  do  re- 
ferido  Padre. 

Obras  Poéticas.  4.  M.  S.  Na  Biblio- 
theca  do  ExceUentiflimo  Conde  de  Vi- 
mieiro. 


P.  GASPAR  FERNANDES  natural  da 
Cidade  de  Beja  em  a  Província  Tranftagana 
onde  teve  por  Pays  a  Pedro  AfFonfo,  e 
Leonor  Rodrigues.  Foy  admitido  à  Com- 
panhia de  JESUS  em  o  Collegio  de  Évora 
a  51  de  Janeiro  de  1602.  Depois  de  ter 
enfinado  letras  humanas,  e  Rhetorica  na 
Univerfidade  de  Évora  recebeo  o  grão  de 
Doutor  Theologo  a  30  de  Mayo  de  1658. 
fendo  Lente  de  Efcritura  na  mefma  Uni- 
verfidade, e  fubftituto  do  fapientiíTimo  P. 
Francifco  de  Mendoça.  No  minifterio  do 
púlpito  mereceo  diítintas  eftimaçoens  prin- 
cipalmente dos  ExcellentiíTimos  Duques  de 
Bragança  dos  quais  foy  Pregador.  Com 
apoílolico  efpirito  difcorreo  pelo  Reyno  fa- 
zendo muitas  MiíToens  de  cuja  laboriofa 
empreza  colheo  copiofos  frutos.  Em  Beja 
onde  nacera  para  o  mundo  renaceo  para 
a  eternidade  a  22.  de  Julho  de  1640.  com 
57  annos  de  idade,  e  38.  de  Religião.  Delle 
diz  Marrac.  Bib.  Níarian.  Part.  i.  pag.  466. 
Vir  utroque  virtutum  fcilicet,  €^  litterarum  or- 
namento admodum  confpictms.  Franco  Imag. 
da  Virt.  em  o  Nov.  de  Evor.  pag.  866. 
No  talento  para  os  púlpitos  foy  excellente,  e 
no  Ann.  Glor.  S.  I.  in  Lufit.  p.  355.  egré- 
gias ac  Jacrum  Juggeftum  exercuit  artes.  Bib. 
Societ.  pag.  276.  col.  2.  concionator  injignis. 
Fonceca  Evor.  Glorios.  p.  432  Jacob  le 
Long.  Bib.  Sacr.  pag.  mihi  723.  col.  i. 
Compoz. 

Sceptrum  Davidicum,  feu  in  primum,  e^  fe- 
cundum  caput.  libri  11.  Keg.  in  vários  difcur- 
fus  explanatio.  Eborae  ex  Oíficina  Academia?. 
1685.    4. 

Eíla  obra  poílhuma  era  continuação  aos 
Commentarios  dos  livros  dos  Reys  do  P. 
Francifco  de  Mendoça  ao  qual  aíTim  co- 
mo fubftituhio  na  Cadeira  da  Efcritura 
intentava  profeguir  o  mcfmo  argumento, 
que  deixou  imperfeito  aquelle  grande  Ef- 
criturario. 

Ad  Comités  Flandria  per  Emmanuelem 
Sueiro  Equitem  Militia  Domini  No/M  Jefu 
Chrifli  in  lucem  éditos  Dialogifmus.  He  hu- 
ma Elegia  Latina  ao  principio  dos  An- 
naes  de  Flandes  efcritos  por  Manoel  Soei- 
ro   Senhor    de    Voordc.    Anvcrs    por  Pc- 


L  USITANA. 


35 1 


<iro,    e    Juan.    Beleros.    1624.   foi.    Começa. 
Salvete  aternum  Comités,  qtúhus  inclyta  nomen 
F lanaria  Syderihus  par  jihi  vija  ttãit. 
Sermoens  12.    Tom.  4.    Eílavaõ  promptos 

paia    a    impreíTaõ    como    afirma    o    Padre 

Fianco  Imag.  da  Virtud.  em  o  Nov.  de  Evor. 

p.   866. 

GASPAR  FERNANDES  TELLES  Li- 
cenciado em  Theologia,  e  muito  perito  na 
Filologia,  e  prindpaes  Unguas  da  Europa. 
No  anno  de  1636.  quando  contava  70  de 
idade.    Compoz. 

Mijcellanea  qtia  continentur  varia  Jententia, 
apotbegmata,  cajus  varij,  exercitia,  defcriptiones 
bominis,  rerum,  <&  temporum  Latino,  Ljifitano, 
Hijpamque  Sermone  conjcripta  profa,  €>*  verfu. 
foi.  2.  Tom.  O  I.  Tomo,  como  vimos 
confiava  de  475.  paginas  fem  Verfo.  O  2.  de 
314.   paginas   fem  Verfo. 

GASPAR  FERREYRA  Sotopiloto  da 
Náo  Saõ  Thome  de  que  era  Capitão  aquelle 
infigne  Heroe  D.  Paulo  de  Lima,  a  qual 
padeceo  horrível  naufrágio  no  anno  de  1 5  89. 
de  cujo  trágico  fuceíTo  compoz  com  eíHlo 
íiocero. 

Tratado  dos  grandes  trabalhos  que  paffaraõ 
os  Portuguef(es,  que  falvaraô  do  efpantot^o  nau- 
Jragio  que  fev^  a  Não  S.  Thome  que  vinha  para 
o  Reyno  bo  anno  de  1589.  Feito  em  o  anno 
1590.  Dedicado  ao  Cardeal  Alberto.  Confer- 
va-fe  M.  S.  na  Livraria  do  Excellentinimo 
Conde  de  Caftello  milhor. 

P.  GASPAR  FERREYRA  natural  da 
Villa  de  Tomos  do  Bifpado  de  Vifeu, 
•c  filho  de  Gafpar  Ferreira,  e  Izabel  Gaf- 
par.  Na  idade  tenra  de  15  annos  fe 
agregou  à  Companhia  de  lefus  receben- 
do a  roupeta  em  o  Noviciado  de  Coim- 
bra a  21  de  laneiro  de  1589.  Com  o 
dczejo  de  íalvar  almas,  e  reduzir  ao  gré- 
mio da  Igreja  aos  gentios  paíTou  à  In- 
<iia  no  anno  de  1593.  onde  enfinou  qua- 
tro annos  letras  humanas,  e  foy  Meílre 
<ios  Noviços.  Ao  tempo,  que  defcorria 
pela  China  acompanhou  ao  Padre  Ma- 
theos  Ricd  à  Corte  de  Pekim.  Pelo  lar- 
gp  efpaço    de    quarenta    annos    foy    inde- 


feíTo  obreiro  daquella  dilatada  vinha  em 
que  derramou  copiofos  fuores  fendo  def- 
terrado  no  anno  de  161 2.  quando  era 
Superior  da  Refidencia  de  Xaocheu  até 
que  partio  a  receber  o  premio  na  eter- 
nidade a  27  de  Dezembro  de  1649.  quan- 
do contava  75.  annos  de  idade,  e  56.  de 
Religião.  Delle  fe  lembraõ  Faria  Afia  Por- 
tug.  Tom.  3.  Part.  2.  cap.  8.  n.  16. 
Bib.  Societ.  pag.  276.  col.  2.  Gouvea  A^ 
Extrema,  liv.  5.  n.  68.  Cathalog.  PP.  S. 
J.  qui  poft  obitum  S.  Francifci  Xav.  ab 
an.  1581.  ufque  ad  1681.  in  Imp.  Sin. 
Jef.  Cbrifti  fidem  propagarunt.  §.  14.  Fran- 
co Imag.  da  Virt.  em  o  Nov.  de  Coimb. 
Tom.  2.  p.  218.  Compoz  na  lingua  Chi- 
nenfe. 

Calendário  dos  Santos  de  cada  mez^  para 
UT(o  dos  Chrifiãos  com  fentenças  dos  Santos 
Padres.  M.   S. 

Meditaçoens  dos  quinze  Mjfterios  do  Kofario. 
M.  S. 

Diccionario  da  lingua  Chinenfe,  e  Portuguet(a. 
M.   S. 

Vinte  Tratados  fobre  diverfas  matérias.  M.  S. 

Deftas  duas  ultimas  obras  faz  mençaõ  o 
Padre  Gabriel  de  Magalhaens  Novuelle  Kelat.  de 
la  Chine.  cap.  4.  pag.  10 1. 

GASPAR  FERREYRA  REYMAM  Pi- 
loto mór,  e  Cavalleiro  da  Ordem  militar 
de  S.  Tiago.  Pela  larga  experiência  que 
tinha  da  navegação  da  índia,   efcreveo. 

Roteiro  da  Navegarão,  e  carreira  da  índia 
com  Jeus  caminhos,  e  derrotas,  finaes,  e  ania- 
gens, e  diferenças  da  agulha  tirado  do  que  ef- 
creveo Vicente  Rodrigues,  e  Diogo  Affonfo  Pi- 
lotos antigos.  Lisboa  por  Pedro  Craesbeeck. 
1612.  4. 

Do  author,  e  da  obra  faz  mençaõ 
o  moderno  addicion.  da  Bib.  Náutica  de 
António  de  Leaõ  Tom,  2.  Tit.  3.  coL 
1148. 

GASPAR  FRUCTUOSO  naceo  em  a 
Qdade  de  Ponte  Delgada  Capital  da  Ilha 
de  S.  Miguel  em  o  anno  de  1522.  de 
Pays  igualmente  nobres,  que  opulentos, 
que  vendo  a  inclinação  natural,  que  logo 
nos  primeiros  annos  moíhrou  para  as  fcien- 


352 


BI  B  LIO  THE  CA 


cias,  depois  de  inílruido  na  Gramática 
Latina,  o  mandarão  eíhidar  as  Faculda- 
des mayores  em  a  Univeríidade  de  Sa- 
lamanca onde  comprehendeo  as  agudezas 
da  Filofofia  com  taõ  excellente  engenho, 
e  profunda  efpeculaçaõ  que  recebeo  o 
grão  de  Meílre  em  Artes.  Havendo  che- 
gado à  idade  de  ordenarfe  de  Presbítero 
paflbu  à  fua  Pátria,  e  tanto,  que  fe  fez 
domeílico  da  Caza  de  Deos,  naõ  havia  pef- 
foa  alguma,  que  o  naõ  confultafle  nas  ma- 
térias pertencentes  à  direção  das  concien- 
cias  fendo  igualmente  venerado  pela  cul- 
tura das  letras,  que  das  virtudes.  Segunda 
vez  bufcou  Salamanca  para  frequentar  o 
eíhido  da  mayor  fciencia  própria  do  feu 
Eftado,  qual  era,  a  Sagrada  Theologia,  de 
cuja  Faculdade  teve  por  Meílre  aquelle  fa- 
mozo  Oráculo  da  Religião  dos  Pregadores 
Fr.  Domingos  Soto  a  quem  lhe  era  muitas 
vezes  precizo  mayor  reflexão  para  refpon- 
der  às  duvidas  propoílas  por  taõ  grande 
difcipulo,  que  mereceo  fer  laureado  com  as 
iníignias  doutoraes  em  a  mefma  Univeríi- 
dade. A  fama  da  fua  litteratura  unida  com  a 
reftidaõ  do  feu  procedimento  moverão  a 
D.  Juliaõ  de  Alua  Bifpo  de  Miranda  para 
fe  fervir  da  fua  peíToa  principalmente  nas 
matérias  concernentes  à  obrigação  paíloral 
cuja  eleyçaõ  dezempenhou  como  delle  fe 
efperava  lendo  no  G^llegio  da  Cidade  de 
Bragança  alternativamente  com  os  Padres 
Jefuitas,  que  o  habitavaõ  Theologia  Mo- 
ral. Sendo  promovido  o  Bifpo  de  Miranda 
à  dignidade  de  Capellaõ  mór  pela  Mageílade 
delRey  D.  Sebaíliaõ  no  anno  de  1566.  re- 
nunciou Gafpar  Fru£hiofo  em  as  mãos  de 
D.  António  Pinheiro  fuceíTor  deíle  na  Diocefe, 
os  Benefícios,  que  nella  poíTuia  fem  refervar 
a  menor  penfaõ.  Querendo  fatisfazer  às  repe- 
tidas inílancias  dos  feus  naturaes,  que  lhe  ro- 
gavaõ  fe  reílituiíTe  à  pátria  para  direftor  de  mui- 
tas almas,  veyo  a  Lisboa  onde  achou  provido 
na  Mitra  da  Cidade  de  Angra  a  D.  Manoel  de 
Almada  o  qual  obfervando  a  modeília  do  fem- 
blante,  e  a  profundidade  da  fciencia  de  taõ 
inílgne  Varaõ  reprcfentou  eficafmente  a  El- 
Rey,  que  o  elegeíTe  Bifpo  de  Angra,  cuja 
dignidade  logo  renunciava  por  julgar  tinha  to- 
das   aquellas    partes    conílitutivas    de    hum 


perfeito  Prelado.  Como  era  inimigo  jurado 
da  ambição  regeitou  conílantemente  a  digni- 
dade Epifcopal,  q  lhe  ofFereceo  ElRey,  c  fe 
fatisfez  com  a  Igreja  da  Villa  da  Ribeira 
Grande  íituada  na  Ilha  de  S.  Miguel,  e  dif- 
tante  três  legoas  da  fua  pátria,  naõ  que- 
rendo aceitar  o  governo  do  Bifpado  em 
quanto  naõ  partia  para  elle  D.  Manoel  de 
Almada.  Na  adminiílraçaõ  da  fua  Igreja 
encheo  todas  as  obrigaçoens  de  Paílor  foli- 
cito  naõ  havendo  inllante  vago,  que  naõ 
ocupaíTe  em  beneficio  das  fuás  ovelhas.  No 
púlpito  reprehendia  feveramente  os  vidos; 
no  confeíionario  atrahia  fuavementc  os  pe- 
cadores, e  derigia  prudentemente  aquelles 
efpiritos  que  feguiaõ  o  caminho  da  virtude 
dos  quais  foy  o  principal  a  V.  Margarida 
de  Chaves.  Era  compaffivo  com  os  pobres, 
e  fumamente  auftero  com  a  fua  peíToauzan- 
do  de  afperos  cilícios,  e  continuas  difcipli- 
nas  para  confervar  illeza  a  flor  da  pureza 
virginal.  Todas  as  femanas  jejuava  três  dias 
intercalarmente,  e  na  Quarefma  as  fextas 
feiras  a  paõ,  e  agua.  Como  lhe  foíTe  reve- 
lada a  ultima  hora  da  vida  diíTe  MiíTa  na. 
fua  Igreja  com  a  pauza,  e  devoção  cuíhi- 
mada,  e  de  tarde  depois  de  rezar  Vefperas, 
e  Completas  pedio  que  lhe  adminiíbraírem 
o  Sacramento  da  Extrema  Unçaõ,  e  in- 
vocando os  dulciíTimos  nomes  de  lESUS, 
e  MARIA  entregou  placidamente  o  efpi- 
rito  nas  mãos  do  feu  Creador  a  24.  de 
Agoílo  de  1591.  quando  contava  70.  an- 
nos  de  idade.  Logo  que  foy  divulgada  a 
noticia  da  fua  morte  concorrerão  a  venerar 
o  Cadáver  naõ  fomente  os  feus  freguezes 
mas  innumeraveis  peíToas  de  hum,  e  ou- 
tro Sexo  clamando  fer  morto  o  feu  Meíbre,^ 
e  Pay  Univerfal.  AíTiílio  o  IlluílriíTimo  Bif- 
po às  fuás  exéquias  no  flm  das  quais 
foy  fepultado  na  Capella  mór  da  fua  Pa- 
rochial  Igreja  de  N.  Senhora  da  Eílrella, 
e  fobre  a  Campa  fe  lhe  gravou  eíle  Epi- 
táfio. 

Aqui  ja:^  o  Doutor  Ga/par  Fruâmfo  que 
foy  Vigário,  e  Pregador  defta  Igreja  vere  Va- 
raõ Apojlolico,  e  ittfigrte  em  letras,  e  vir- 
tude. 

Foy  muito  afefto  aos  Padres  lefuitas 
deixando    para    teílemunho    do    feu    amor 


L  US  l  TAN  A. 


353 


a  fua  Livraria,  que  excedia  de  quatrocentos 
volumes  impreflbs,  e  féis  M.  S.  da  fua  pró- 
pria letra  entre  os  quais  merecia  mayor 
eftimaçaõ  o  que  acabou  de  compor  em  o 
anno  de  1390.  com  o  feguinte  título. 

Defcobrimento  das  Ilhas,  ou  Jaudades 
da    Terra. 

Neíle  Tomo  trata  em  o  i.  Livro  do  Def- 
cobrimento  das  Ilhas  Canárias,  e  Cabo  Verde; 
e  no  2.  comprehende  a  Ilha  da  Madeira,  e 
dos  AíTores  principalmente  a  de  S.  Miguel. 
Na  Livraria  do  ExcellentiíTimo  Conde  de 
Vimieiro  fe  conferva  huma  Copia,  que  foy 
do  iníigne  antíquario  Manoel  Severim  de 
Faria  Chantre  da  Cathedral  de  Évora  o 
qual  perfuadio  a  loaõ  Franco  Barreto  como 
afirma  na  Bih.  Portug.  M.  S.  reduziíTe  eíla 
obra  a  milhor  forma,  e  eftilo.  Compoz 
outro  livro,  que  deixou  imperfeito  intí- 
tulado. 

Saudades  do  Ceo. 

Fazem  ílluílre  memoria  do  feu  nome 
loan.  Soar.  de  Brit.  Theatr.  hafit.  Utter. 
lit.  G.  n.  21.  Cardofo  A^oL  Ijifit.  Advert. 
do  Tom.  I.  §.  14.  pag.  53.  Fr.  Luiz  dos 
Anjos  lard.  de  Portug.  p.  539.  n.  179. 
Cordeiro  Hift.  Injulan.  liv.  2.  cap.  2.  Mello 
Vid.  da  V.  Marg.  de  Chav.  p.  343.  D.  An- 
tónio Caet.  de  Souz.  Cat.  dos  Bifp.  de  An^a 
e  no  Agiolog.  Ljifit.  Tom.  4.  p.  647.  Maran- 
goni  Thet^aur.  Paroch.  Tom.  2.  pag.  244. 
O  Padre  Manoel  Gonfalves  da  Companhia 
de  JESUS  lhe  dedicou  três  Epigramas  de 
que   tranfcrevemos    o    feguinte. 

Doãori  Ga/pari  Fruãuofo  inflar  arhoris  vita 
talem  fruãum  habentis. 

Arbor    vitalis    vitalibus    undique    ramis 

Cum  fis;  vitalis  non  nifi  fruãus  eris. 
Et  fi  viuus  eras  fuerant  dum  corpore  vires 

Nunc  magis  illuftri  nomine  viuus  eris. 
Nam    licet    occidat    corpus    mors,    gefta    mane- 

bunt 

Cum  tua  non  pojjint  inclyta  faBa  mori. 

GASPAR  GIL  SEVERIM  natural 
da  Cidade  de  Évora  onde  foraõ  feus 
Progenitores  António  Gil  Severim  Caval- 
leiro  da  Ordem  de  Chrifto,  Executor  mór 
do    Reyno,    e    Thefoureiro    da    Arca,    cujo 

25 


Officio  fe  extinguio,  e  Catherina  Lopes 
de  Siqueira.  Aprendeo  as  primeiras  letras 
com  admirável  comprehenfaõ,  e  naõ  menos 
as  Artes  liberaes,  fendo  infigne  Arithmetico, 
e  elegante  Poeta.  Acompanhou  ao  Senhor 
D.  Duarte  quando  foy  a  primeira  vez  a 
Africa  ElRey  D.  Sebaftiaõ,  e  o  fervio  com 
fumma  fidelidade,  e  vigilância  todo  o  tempo 
que  aíTiílio  na  Praça  de  Tangere.  Querendo 
paíTar  com  o  mefmo  Monarcha  no  anno 
de  1578.  aos  Campos  Africanos  o  deixou  em 
Lisboa  com  o  poílo  de  Capitão,  que  exer- 
citou até  o  tempo  em  que  foy  aclamado 
por  fuceíTor  defta  Coroa  o  Cardial  Infante 
D.  Henrique.  Quando  Felippe  Prudente 
entrou  nefte  Reyno  certificado  do  feu  talento 
lhe  deu  o  Officio  de  Executor  mór.  Naõ 
foraõ  pequenas  as  demonftraçoens  do  feu 
natural  valor  na  ocafiaõ  em  que  o  Senhor 
D.  António  Prior  do  Crato  aportou  em  Lis- 
boa com  huma  Armada  Ingleza  no  anno 
de  1589.  Foy  muito  pio,  e  devoto  con- 
trahindo  grande  familiaridade  com  os  Varoens 
mais  virtuozos,  que  venerou  aquella  idade, 
como  eraõ  o  Padre  Fr.  Ambrofio  Mariano 
primeiro  Fundador  dos  Carmelitas  Defcal- 
fos  nefte  Reyno,  e  ao  Ven.  Bernardino 
de  Obregon  author  da  Congregação  dos 
Sacerdotes  aíTiftentes  aos  infermos  o  qual 
veyo  a  efta  Corte  no  anno  de  1592.  e  affiítío 
muitos  annos  com  feus  Companheiros  no 
Hofpital  de  todos  os  Santos.  A  fua  mais 
ardente  piedade  era  para  com  Maria  Santif- 
íima  em  cujo  obfequio  levantou  huma  fump- 
tuoza  Ermida  na  fua  Quinta  de  fubferra  junto 
da  ViUa  da  Caílanheira  do  Patriarchado  de 
Lisboa  a  qual  dotou  de  Miíía  perpetua  para 
todos  os  Domingos,  e  dias  Santos.  Falle- 
ceo  em  Lisboa  a  16.  de  Dezembro  de  1598. 
e  jaz  fepultado  no  Capitulo  do  Convento  de 
S.  Francifco  da  Qdade.  Foy  cazado  duas 
vezes  a  primeira  com  D.  Antónia  de  Faria, 
e  VafconceUos  filha  de  António  Dias  de 
Vafconcellos,  e  D.  Anna  de  Faria;  a  fegun- 
da  com  D.  luliana  de  Faria  fua  fegunda 
Prima  filha  de  Duarte  Frade  de  Faria,  e 
Maria  Severim  prima  com  Irmãa  de  feu 
Pay,  filha  de  Aífonfo  Severim  de  quem  en- 
tre outros  filhos  teve  ao  grande  antíqua- 
rio  Manoel   Severim   de   Faria,    que   à   me- 


354  BIB  LIO  THECA 

moria   de   feu   Pay  dedicou  a  feguintc  inf-  Imag.    da    Virt.    do    Nov.    de    Evor.    liv.    i. 

cripçaõ  fepulchral.  cap.  34.  §.  9.  e  Ann.  Glor.  S.  J.  in  Lufit.  pag. 

Ga/pari     JEgidio     Severino     Exaãori     Ma-  278.   e  Annal.  S.  J.  in  Ljtfit.  p.    206.   §.   6. 

ximo    in    quo    mérito    duhites    utrum    pietas,  Compoz. 

liheralitas,     veritas,     urhanitas,     (&     litterarum  Traãatus     de     Sacramentis     in     genere     et 

amor   plíis    excelluerit,    cujus  fi    negotia    regni  Jpecie. 

curata    intmris,    nil    eum    umquam   legere,    aut  de  Incarna tione 

fcribere   potuijfe    dicas.     Si    qua    multa    inferi-  'de  Cenfuris 

bere    infpicias    mtdtorum    hominum    otia    quie-  de  Indidgentiis,  voto, 

tiora    continuiffe  judices.      Emmanuel    Severinus  Juramento   et  Horis  Canonicis. 

de   Faria  filius.     Suavijftmo    Patri,   eJ^   incom-  de  Correptione    Fraterna. 

parabili  D.  C.  O.    Ebora  in  I^(f.  Kal.  Augujl.  Todos  eftes  Tratados  fe  confcrvaõ  M.  S. 

ann.  à  part.    Virg.   M.DC.XLVI.     Compoz.  em.  o  GDllegio  de  Évora. 

Tratado     de     Conjideraçoens     devotas    fobre 

as    obras    divinas    ordenadas    em    beneficio    dos  r-Acr>AT>      r^r-^Kn-nc      t  r^-or^      rr-      • 

L  -Kt     c  GASPAR     GOMES      LOBO     Vigano 

homens.    M.    b.  1     t^        1  •  1    x      •       1      í>  »         .       , 

,,        '       j     ^  j  r     rr       j     -n  da   Parochial   Igreja   de   Santo   Antomo   do 

Memorias    de    todos    os   fucejjos    do    Keyno,  _.,^       ,        °'         ,,-,  t- 

r       j  n  r     ^     1     r     3     -   -Kt    <-  Tojal  íituada  no  termo  de  Lisboa.   Foy  muito 

e  fora  delle  que  em  feu  tempo  fucederao.  M.  S.  .     ,  .   .„     .      ,         ,   .         ^     ,. 

^  n     ^     j      r\.  .         I  exercitado  no  miniíterio  do  púlpito,  e  na  liçaõ 

Colleçao     de     Sentenças     moraes    por    luga-  ,„         ,-^..  ,0  t>, 

,      a  -^         •.  •.  da  Sagrada  Efcritura,  e  dos   Santos  Padres 

res    communs    onde    eftao    mm  tos    conceitos,    que  ,  •        ,  ^  y      r       r^ 

^  j        r     '     ^  ,      1  i-r     r  deixando    compoílos    em    diverfos    Tomos. 

podem   fervir   para    ornato    de    vários    dt  curfos.  „  ^ .       , ,    ,, 

-KK   c  òermoens  vários.  M.  ò. 

■Kx  j'^     ~  r  1  ^    j     -Kic    c  A  nona  parte  em  que  fc  continhaõ   78 

Meditação  fobre  o  Credo.  M.   S.  ^    .  ^         -  „    ^        .  _' 

T  a       ~  r       j:il  i  i  efcritos  em   279.   folhas   coniervava  em  leu 

In/truçao     a      eu    nlho     quando     embarcava.  ,      _   _        ''^     .       ,    _,  . 

•K4-   c     XT    T  •        •     j     T-      11      -rr        r>      1  poder  Colme  Ferreira  de  Bnim  como  efcreve 

M.  S.    Na  Livraria  do  Excellentiuimo  Conde  t,t-  t^  t^,    t    r    -^^    ^ 

j     TT-    •  •  joao  Franco  Barreto  Bib.  LMltt.  M.  S.  e  que 

do  Vimieiro.  ,  ^  «         /-  1 

„    ^  ^       ,.  T^    /•  do  mel  mo  tomo  conltava  ler  começado  no 

roefias     vanas,      e      Comedias    em    Profa,  .  ,     .  ,       ' 

,  .       ,  p      .    .    ,  _..  -^  .  anno  de  1592.  e  acabado  em  o  de  1595. 

das     quais     numa     fe     intitulava     Difcurfo  ■^ 

Natural. 

P.    GASPAR    GONSALVES    filho    de 

P.      GASPAR      GOMES      natural      da  Joaõ  Gonfalves,  e  Domingas  Simoens  nacco 

Villa    de    Cabeço    de   vide    do    Bifpado    de  na  Cidade  de  Coimbra  onde  quando  contava 

Elvas,  em  a  Provinda  Tranftagana  onde  teve  16.  annos  de  idade  fe  aliftou  na  Companhia 

por    Pays    a    António    Fernandes,    e    Anna  de  JESUS  a  25.  de  Mayo  de   1556.  e  naõ 

Bacias.     Recebeo   a  roupeta  da   Companhia  em    Salamanca   como    erradamente   cfcrcvco 

de  lefus  em  o  Collegio  de  Évora    a  4  de  o  author  P>ib.  Societ.  p.  277.  col.  i.    Aprendeo 

laneiro  de   1375.  e  no  anno  feguinte  paíTou  as    letras    humanas    fahindo    taõ    confumado 

para   o   de   Coimbra.     Teve  infigne  talento  nos  preceitos  da  Oratória,  c  Poeíia  que  foy 

para  as  fciencias  feveras  diftinguindo-fe  dos  Meftre  da  primeira  ClaíTe  de  Rhctorica  em 

mayores    letrados    do   feu   tempo    na   efpe-  Coimbra,  naõ  fendo  menos  perito  na  intel- 

culaçaõ  da  Theologia  Efcholaftica,  e  Moral,  ligencia     das     linguas     Latina     Grega,     e 

cujas    Faculdades    em    que   recebeo   o   grão  Hebraica.      Naõ     floreceo     menos     o     feu 

de    Doutor,    diftou    muitos    annos    em    a  agudo    engenho    em    as    fciencias    mayores 

Univerfidade  de  Évora.     Obfervou  com  ef-  diélando     com     univerfal     aplauzo     Theo- 

crupulofa    advertência     todos    os    preceitos  logia    em    a    Univerfidade    de    Évora    cm 

do    feu    inftituto    fendo    fumamente    mo-  cuja   Faculdade   fe   doutorou  a   26.    de   Ou- 

deílo,  exceffivamente  pobtc,  e  rigorofamente  tubro   de    1572.    c    depois   foy   nclla    Lente 

mortificado.     PaíTou    da    vida    caduca    para  da     Sagrada     Efcritura.      Mcrecco    particu- 

a   eterna    no    Collegio    de    Évora   a    20    de  lares    eftimaçoens    do    Cardial    D.     Hcnri- 

Mayo  de   161 2.    Delle  faz  memoria  Franco  que,    ElRcy    D.     Sebaftiaõ,    e    do    Infante 


L  U  SI 

D.     Duarte     Duque     de     Guimaraens,     que 
o    elegeo    por    feu    ConfeíTor,    e    lhe  aíTiítio 
na  ultima  hora  com  vigilante  afefto.    Tanto 
era  o  conceito,  que  as  Peflbas  Reaes  faziaõ 
da  fua  prudência,  que  o  mandarão  a  Villa- 
viçofa     para     mitigar     a     vehemente     dor 
com    que    eílava    penetrada    a    Senhora    D. 
Catherina   pela   morte    de   fua   irmãa   a    Se- 
nhora  D.    Maria    Princeza    de    Parma,     No 
tempo,     que    tinha    vago    das    ocupaçoens 
religiofas    difcorria    pelo    Reyno    pregando 
apoílolicamente  donde  colhia  abundante  fruto 
como   teílemunharaõ   as   Villas   de   Olivença 
em  o  anno  de  1568.  e  a  de  Serpa  em  1571. 
Sendo    chamado    a    Roma    alcançou    tanta 
eíHmaçaõ  da  Santidade  de  Xiílo  V.  que  lhe 
cometeo   ao   feu   exame   a   correçaõ    da   Bí- 
blia,   que    depois    publicou.      Na    prefença 
deíle  Pontífice,  e  de  todo  o  G^llegio  Apof- 
tolico     orou     elegantemente    em    a    língua 
Latina  na  ocaíiaõ  em  que  foraõ  admitidos 
à   prefença   do    Summo   Paftor   os   Embaxa- 
dores   do   Japaõ  a   23.   de   Março  de    1585. 
Recolhido  ao  Noviciado  de  S.  André  fe  pre- 
parou para  a  morte  com  heróicos  aâos  de 
piedade,  que  o  transfeiio  ao  defcanfo  eterno 
em  9.  de  Agofto  de  1590.  com  50.  annos  de 
idade,  e  34.  de  Religião.   A  Bib.  Societ.  p.  277. 
col.     I.    o    intitula    vir   omnium   dijciplinarum 
genere    excultus.    Franc.    Imag.    da   virt.    em   o 
Nov.  de  Coimb.  Tom.  i.  liv.  2.  cap.  95.  hum 
dos     homens,     que     no    feu     tempo     authorit^ou 
a   Companhia  com  feus  grandes  talentos,   e  vir- 
tudes, e  no  Ann.  Glor.  S.  J.  in  l^ujit.  p.  456. 
Calluít    apprime    Latinas    Graças,    d>*    hebrai- 
cas   litteras.    Joan.    Soar.    de    Brito    Theatr. 
hufit.    Utter.    lit.    G.   n.    22.   vir  in  omnibus 
difciplinis     apprime     excultus.     Telles     Cfjron. 
da  Comp.   de  Jef.   da  Prov.   de  Port.   Part,    2. 
Uv.    cap.    35.    §.    9.    homem    de    muita   erudi- 
ção,   e    engenho,    muy    univerfal  para    todas    as 
faculdades,  fendo    em    cada    huma    taÕ   eminente 
como  fe  fó   aquella  profejjara.    Fonceca  Evor. 
Glor.    p.    431.    infgne    Theologo,  famofo    Pre- 
gador,   e   fervorofo    Mijfwnario.      Compoz. 

Oratio  nomine  'Legatorum  Japonia  habita 
in  publico  Conjijiorio  Romano  23.  Mar- 
tij  1585.  Romãs  apud  Frandfcum  Za- 
nettum  1585.  4.  Antuérpia  apud  Mar- 
tinum    Nutium    1593.    12.   IngolAadii    1595. 


TANA,  355 

cum  orationibus  Marci  Antonii  Mureti.  Q)- 
loniíe  Agripiníe  apud  Petrum  Heningium, 
&  Michaelem  Domenium  1661.  12.  cum 
orationibus  P.  Petri  Joannis  Perpeniani  S.  J. 
Sahio  vertida  em  Italiano.  Roma  por  Fran- 
cifco  Zanetti.  1585.  4.  Q)mpo2  mais  os 
feguintes  Tratados  Theologicos  que  fe  con- 
fervaõ    no    Collegio    de    Évora. 

Traãatus  de  Gratia 

de  Pecato  Originali,  <&  L^gibus. 

de  Beatitudine. 

de   Voluntário,    (ò"   Aãibus  hu- 

manis. 


Fr.  GASPAR  DE  lESUS  natural  da 
Villa  de  Campo  mayor  em  a  Provinda  do 
Alentejo  donde  paliando  a  Caftella  movido 
de  fuperior  impulfo  recebeo  o  habito  de 
Trino  Defcalfo  onde  tantos  foraõ  os  pro- 
greflbs,  que  fez  nas  fciencias  efcolaílicas  co- 
mo em  as  virtudes  religiofas,  fendo  Minif- 
tro  dos  Conventos  de  Granada,  Madrid,  e 
Salamanca  donde  fubio  a  fer  duas  vezes 
Provincial  da  Provinda  de  Caftella,  e  ulti- 
mamente o  Sexto  Geral  deíla  reformada  Fa- 
mília eleito  em  o  anno  de  1653.  cujo  ?P~ 
vemo  naõ  acabou  impedido  pela  morte,  que 
o  privou  da  vida  em  Madrid  a  7  de  Janei- 
ro  de    1656.     Efcreveo. 

Cartas  efpirituaes  para  inflruçaõ  dos  Reli- 
giofos.  Muitas  delias  fahiraõ  impreíTas,  bene- 
fido,  que  outras  muitas  obras  afceticas  naõ 
lograrão.  Fazem  delle  mençaõ  Fr.  Belchior 
do  Efpirito  Santo  Vid.  do  V.  P.  Fr.  Joaõ 
Bautijla  da  Conceição  Fr.  Alexand.  da  Ma- 
dre de  Deos  em  a  3.  Part.  das  Cbronicas  dos 
Trin.   Defcalf   cap.    17.   e   26. 

Fr.  GASPAR  DE  S.  JOAM  natural 
da  Qdade  de  Leyria.  Teve  por  Pays  a 
Álvaro  Gomes,  e  Izabel  Antimes.  No  tem- 
po, que  curfava  as  efcolas  em  a  Uni- 
veríidade  de  Coimbra  foy  admitido  ao 
Canónico  habito  de  Santo  Agoftinho  em 
o  Real  Convento  de  Santa  Cruz  em  o 
primeiro  de  Julho  de  1598.  Depois  de  ter 
eíludado  Filofofia,  e  Theologia  diâou  ef- 
tas  Faculdades  aos  feus  domefticos  em  o 
Collegio     de     Santo     AgoUinho.     Laureado 


356 


BIBLIO THE  CA 


Doutor  Theologo  em  a  Academia  GDnim- 
bricenfe  no  amio  de  1619.  foy  Reytor  do 
CoUegio  de  G^imbra,  Procurador  Geral  da 
fua  Congregação  em  Roma  donde  alcan- 
çou da  Santidade  de  Urbano  VIII.  pudefle 
o  Prior  Geral  de  Santa  Cruz  conferir  Or- 
dens Menores  aos  feus  Familiares.  Era  mui- 
to verfado  nas  letras  humanas,  e  na  Rhe- 
torica  Ecclefiaílica,  naõ  o  fendo  menos  na 
intelligencia  da  Sagrada  Efcritura.  Falleceo 
em  Coimbra  a  15.  de  Fevereiro  de  1634. 
Deixou  compofto  conforme  efcreve  D.  Ni- 
col.  de  S.  Maria  Chron.  dos  Coneg.  Keg.  liv. 
10.  cap.  29.  n.  21. 

Commentaria  in  Threnos  Jeremia.  Confer- 
vaõ-fe  no  CoUegio  de  Coimbra. 

D.  GASPAR  DE  LEAM  Naceo  na  Q- 
dade  de  Lagos  em  o  Rcyno  do  Algarve, 
e  naõ  em  Évora  como  efcreve  o  Padre 
Francifco  da  Fonceca  Evor.  Glor.  p.  320. 
§.  574.  Nos  primeiros  annos  moílrou  igual 
Índole  para  a  efpeculaçaõ  das  fciencias,  co- 
mo para  o  exercício  das  virtudes  fendo  taõ 
eminente  em  humas  como  outras  de  que 
refultou,  que  ordenado  de  Presbítero  obti- 
veíTe  hum  Canonicato  na  Cathedral  de  Évo- 
ra de  que  tomou  poíle  a  12  de  Junho  de 
15  51.  donde  foy  provido  pelo  Cardial  In- 
fante D.  Henrique  Arcebifpo  da  dita  Ca- 
thedral em  Arcediago  do  Bago,  que  va- 
gara por  morte  de  Joaõ  de  Sande  Efmoler, 
e  Fidalgo  da  Caza  do  mefmo  Infante  D. 
Henrique,  de  cuja  dignidade  tomou  poíTe 
a  27.  de  Julho  de  1557.  e  o  elegeu  feu 
Efmoler  mór  a  quem  acompanhava  em  to- 
das as  vizitas  da  fua  Diocefe.  Ereâa  em 
Primacial  do  Oriente  a  Cathedral  de  Goa 
pela  Santidade  de  Paulo  IV.  no  anno  de 
15J7.  foy  eleito  em  1559.  feu  primeiro  Ar- 
cebifpo por  ElRey  D.  Sebaftiaõ,  e  repugnan- 
do humildemente  a  aceitar  lugar  taõ  hono- 
rifico como  fuperior  ao  feu  talento,  efcre- 
veo  o  mefmo  Príncipe  ao  feu  Embaxador 
na  Cúria  Lourenço  Pires  de  Távora  para 
que  o  Pontífice  o  obrigaíTe  a  aceitar  o  Ar- 
cebifpado  pois  era  certamente  digno  de  o 
reger.  Em  attençaõ  à  fuplica  delRey  expe- 
dio  o  Pontífice  hum  Breve  em  o  qual  lhe 
mandava,  que  fem  demora  foflc  adminiftrar 


aquelle  rebanho,  que  a  divina  Providencia 
deítínara  para  a  fua  vigilância.  Obedecco 
promptamente  ao  preceito  Pontíficio,  e  Sa- 
grado em  Lisboa  pardo  a  15.  de  Abril  de 
1560.  e  chegando  profperamente  a  Goa  co- 
meçou a  exercitar  o  Officio  paftoral  com 
fummo  difvelo  fendo  o  feu  total  empenho 
a  reforma  dos  cuíhimes,  e  a  extinção  dos 
abuzos,  que  fe  tinhaõ  infenfivelmente  intro- 
duzido. O  mais  claro  teftemunho  do  feu 
Apoftolico  zelo  foy  perfuadir  ao  ínfigne  He- 
roe  D.  Conílantino  de  Bragança,  que  com 
ímmortal  credito  do  feu  nome  moderava 
as  rédeas  do  Império  Afiatico,  mandaíTe  re- 
duzir a  cinzas  hum  abominável  dente,  que 
fe  colhera  entre  os  defpojos  da  Conquiíla 
de  lafanapataõ,  o  qual  era  adorado  com 
profundas  veneraçoens  por  todos  os  Prín- 
cipes Orientaes;  e  para  que  fe  extinguiíTc 
a  memoria  de  taõ  execranda  relíquia,  com 
as  próprias  mãos  o  pizou  em  hum  almo- 
fariz na  prefença  do  Vicerey,  e  grande  par- 
te da  Nobreza,  e  Gentilidade,  e  reduzido 
a  pò  o  lançou  fobre  o  fogo  cujas  cinzas 
foraõ  fepultadas  em  o  mar.  Admirados  os 
Gentios  deíle  efpeftaculo  conhecerão,  que 
no  peito  dos  Portuguezes  prevalecia  o  ódio 
da  idolatria  ao  amor  do  dinheiro,  que  pro- 
digamente pelo  refgate  do  dente  fe  ofFere- 
cera.  Naõ  foraõ  menores  argumentos  da 
fua  ardente  piedade  regenerar  com  as  aguas 
do  Bautifmo  em  Goa  no  anno  de  1562.  a 
trezentos,  e  vinte  nove  Cathecumenos,  e  no 
de  1564.  deftinar  com  huma  feta  na  aldeã 
de  Margaõ  Cabeça  da  Ilha  de  Salcete,  o  fi- 
tio,  que  ocupava  hum  Pagode  para  fobre 
as  fuás  cinzas  fe  erigir  hum  Templo  à  ver- 
dadeira Divindade.  No  principio  do  anno 
de  1567.  celebrou  Synodo,  que  foy  o  pri- 
meiro, que  fe  fez  no  Oriente  onde  afliftiraõ 
D.  Fr.  Jorge  Themudo  Bifpo  de  Cochim, 
Manoel  Coutinho  Adminiílrador  de  Mozam- 
bique,  e  Rios  de  Cuama,  Francifco  Viegas 
Procurador  do  Bifpo  de  Malaca,  os  Provin- 
cíaes  das  Religíoens  de  S.  Domingos,  S. 
Francifco,  e  Companhia  de  Jefus  com  ou- 
tros Theologos,  e  Canoniílas.  Afpirando  à 
tranquillidade  da  vida  religiofa  renunciou  a 
dignidade  Epifcopal,  que  adminiftrara  pelo 
efpaço  de  fctc  annos,  c  para  que  o  feu  efpi 


L  USITAN A, 


rito  lograiTe  da  paz,  que  ardentemente  de- 
zejava,    e    da    pobreza    a    que    naturalmente 
era  inclinado,  edificou  hum  Convento  à  Or- 
dem Seráfica  fituado  no  paíTo    de    Daugim 
diftante  de  Goa  menos  de  huma  legoa,  que 
depois  foy  a  cabeça  da  Provinda  da  Madre 
de    Deos    onde    começando    a   fer   habitado 
a  31.   de  Novembro  de   1369.  afliília  conti- 
nuamente com  os  religiofos  faltando-lhe  fo- 
mente a  folemnidade  dos  votos  para  fe  nu- 
merar  entre    os    profeíTores    de    taõ    auílero 
inílituto.    Por  morte  de  feu  fuceíTor  D.  Fr. 
Jorge  Themudo  foy  conílrangido  pela  San- 
tidade de  Gregório  XIII.  para  que  fegvmda 
vez   tomaíTe   fobre   os    hombros   o   infopor- 
tavel  pezo  da  dignidade  Paftoral  a  cuja  or- 
dem obedeceo  aplicando-fe  com  mayor  dif- 
velo    ao    pafto    das    fuás    ovelhas,    e    confi- 
derando  atentamente,  que  fe  naõ  tinha  con- 
cluido    o    Concilio,    que    elle    principiara,    e 
continuara   feu   fuceíTor,    o    promulgou    no- 
vamente  a   12.   de   Julho   de   1575.   para   o 
qual   convocou   a   Mar   Abrahaõ   Arcebifpo 
de  Angamale  no   Malabar,  e  pofto,  que  naõ 
veyo,  aíTiítíraõ  D.  Henrique  de  Távora  Bif- 
po  de  Cochim,  Fr.  Gafpar  de  Mello  Vigá- 
rio   Geral    dos    Dominicos    como    Procura- 
dor de  D.  Fr.  Jorge  de  Santa  Luzia  Bifpo 
de    Malaca,    Bartholameu    da    Fonceca,    In- 
quifidor  Apoílolico,  André  Fernandes  Chan- 
tre,  e  Procurador  Geral  do  Cabido  da  Ca- 
thedral    de    Goa,    e    feu    Vigário    Geral;    o 
Doutor  Gonçalo  Lourenço  Chanceller  da  ín- 
dia, e  Embaxador  por  parte  do  Governador 
do    Eftado,    e    os    Prelados,    e    Meílres    das 
Religioens.    Neíle  Concilio  Provincial  fe  ef- 
tabeleceraõ    varias    leys,    e    eftatutos   condu- 
centes   para    a    reforma,    e    confervaçaõ    do 
Eftado    Ecclefiaftico,      Cumulado    de    obras 
meritórias,    e    atenuado    de    diverfos    acha- 
ques  paíTou   da   vida   caduca   para   a   eterna 
a    15    de    Agoílo    de    1576.     Foy    fepultado 
no   Presbitério    da   parte   do   Evangelho   da 
Capella  mór  da  Igreja  da  Madre  de  Deos, 
que  edificara,  a  cujas  exéquias  folemnes  af- 
íiíHraõ  o  Arcebifpo  feu  fuceííor  com  o  Vi- 
cerey,  e  toda  a  Nobreza,  que  o  veneravaõ 
como  Santo,  e  fobre  a  fepultura  fe  gravou 
o  feguinte  Epitáfio. 

Aqui  ja^   Dom   Gafpar   o  primeiro   Arce- 


357 

bifpo  de  Goa,  e  o  primeiro  dos  pecadores,, 
rogay  a  Deos  por  elk.  Falleceo  nejla  Cas^a 
da  Madre  de  Deos  aos  15  de  Agoflo  de 
1 5  76.    annos. 

Aberta  a  fepultura  no  anno  de  1665^ 
em  que  fe  cumpriaõ  87.  do  feu  tranfito  fe 
achou  desfeito  o  Cadáver,  até  que  em  15. 
de  Agofto  de  1725.  fendo  Miniftro  Provin- 
cial Fr.  Simaõ  de  Jefu  Maria  aífiítíndo  o 
UluflriíTimo,  e  Excellentiffimo  Arcebifpo  de 
Goa  D.  Ignacio  de  S.  Thereza  hoje  dignif- 
fimo  Bifpo  do  Algarve,  que  era  juntamen- 
te Governador  do  Eftado  com  todo  o  feu 
Cabido,  foraõ  tresladados  os  oíTos  do  Ven. 
Arcebifpo  para  hum  maufoleo  ornado  de 
excellentes  mármores  em  o  Presbitério  da 
parte  do  Evangelho.  Deíle  illuílre  Prelado 
fazem  larga  memoria  Fr.  Jacinto  de  Deos 
Verg.  de  Plant.  e  Flor.  cap.  i.  Art.  2.  pag. 
27.  e  feguintes.  Fonceca  Evor.  Glor.  pag. 
520.  §.  574.  Faria  Afia  Portug.  Tom.  2. 
Part.  2.  cap.  15.  n.  11.  e  cap.  16.  n.  4. 
Couto  Decad.  8.  liv.  i.  cap.  29.  Souza 
Orient.  Conq.  Conq.  i.  Difc.  i.  Fr.  André 
de  Chriílo  Hifl.  da  Ord.  de  SaÕ  Tiago  liv.  2. 
cap.  41.  Jorge  Cardofo  Agiolog.  hjifit.  Tom. 
2.  pag.  107.  letr.  F.  Honra  do  Sacerdorio^ 
e  fingular  exemplo  de  Prelados,  e  nas  Advert. 
do  I.  Tom.  pag.  34.  Prelado  digiiffimo  da 
Cargo  por  fuás  letras,  e  virtude.  Alegambe 
Mort.  Illuflr.  p.  151.  virum  doãrina,  <&  vir- 
tute  clarum.  Fr.  Agoft.  de  S.  Mar,  Sanã^ 
Mar.  Tom.  8.  Tit.  37.  Mem.  Polit.  e  Milita 
delRey  D.  Sehafl.  Part.  i.  liv.  2.  cap.  2. 
§.  15.  Souza  A^ol.  Loifit.  Tom.  4.  p.  539. 
e  no  Coment.  de  15.  de  Agofto  letr.  B^ 
Publicou. 

Tratado  efpiritual  para  o  Sacerdote  quan- 
do di^  Mijfa,  e  pêra  os  Ouvintes,  que  a 
ouvem  com  bum  fuave  exercido  do  nome  de 
Jefu,  e  outro  da  OraçaÕ,  e  AíeditaçaÕ  para 
os  que  tem  pouco  tempo.  Lisboa  por  loaõ- 
Blavio  Colonienfe  1558.  12.  Sahio  fem  <y 
feu   nome. 

Compenso  efpiritual  da  vida  Chriflãa  tirada 
pelo  primeiro  Arcebifpo  de  Goa,  e  por  elle  pre- 
gado no  primeiro  anno  a  feus  freguev^es.  Divi- 
dido em  dous  efiados  do  pecado,  e  da  graça,  e  em 
4.  partes,  i.  da  doutrina  Chriflãa.  2.  dos  pecados.  3. 
dos    remeis    contra    elles.    4.    da    OraçaÕ,    e 


358 


BIBLIOTHEC  A 


perfeição  ejpiritual  com  devotos  exercícios.  Goa 
por  loaõ  Quinquénio  de  Campania.  1561. 
12.    Coimbra  por  Manoel  de  Araújo.  1600.  8. 

Carta  do  primeiro  Arcehifpo  de  Goa  ao 
"Povo  de  IJrael  Jeguidor  ainda  da  ley  de 
Moyfes,  e  do  Talmud  por  engano,  e  mali- 
•cia  dos  Jeus  Rabhis.  Em  que  treflada  em 
Portuguei^  hum  Tratado,  que  fe:^  Mejlre  Je- 
rónimo de  Santa  Fé  Medico  do  Papa  Be- 
jtedião  XIII.  em  que  prova  o  Mejftas  da 
L^y  fer  vindo.  Goa  por  loaõ  de  Endem 
AOS  29.  dias  do  mez  de  Setembro  de 
156$.  annos.  4. 

Conjlituiçoens  do  Arcehijpado  de  Goa  apro- 
vadas pelo  primeiro  Concilio  Provincial.  Goa 
por  loaõ  de  Endem.   1568.  foi. 

De/engano  de  perdidos  em  dialogo  entre 
Jous  peregrinos,  hum  ChriJlaÕ,  e  hum  Turco, 
qm  fe  encontrão  entre  Sue^,  e  o  Cayro  di- 
vidido em  três  partes,  i.  trata  do  dejen- 
^ano  dos  Mouros  denunciandolhe  Jua  total  def- 
truiçaõ  conforme  a  expojiçaõ  de  huma  Pro- 
fecia de  S.  JoaÕ  no  Apocalypfe  cap.  18. 
2.  do  def engano  dos  homens  perdidos,  e  fen- 
fuaes  conforme  a  declaração  moral  da  Fabula 
das  S éreas.  3.  de  toda  a  vida  efpiritual 
pela  qual  fe  alcança  a  perfeição.  Goa  por 
loaõ  de  Endem  1573.  Sendo  examinado 
pelo  Padre  Francifco  Rodrigues  Provin- 
cial da  Companhia,  e  approvado  pelo  Dou- 
tor Bardiolameu  da  Fonceca  InquÍ2Ídor 
nas  partes  da  índia.  Taxado  em  4.  Tan- 
gas de  boa  moeda  em  papel.  Efta  obra 
compoz  o  virtuozo  Arcebifpo  retirado  ao 
Convento  que  edificara  havendo  renun- 
<úado  o  Arcebifpado  em  D.  Fr.  Jorge 
Themudo. 

Dialogo  efpiritual,  Colloquio  de  hum  Reli- 
giofo  com  hum  peregrino  onde  lhe  enftna  como, 
4  onde  fe  hade  achar  a  Deos.  Lisboa  por  Joaõ 
Fernandes  1578.  8.  e  Évora  por  André  de 
Burgos  1579.  ^' 

Carta  efcrita  de  Goa  a  20.  de  Novembro 
de  ij6i.  em  que  relata  a  ElRey  D.  SebaJliaÕ 
CS  progrefjos  da  Chriflandade  da  índia.  O  oti- 
ginal  eílá  na  Torre  do  Tombo  Gavet.  7. 
Maflb.  9.  fahio  impreíTa  nas  minhas  Mem. 
Polit.  e  Milit.  delKey  D.  Sebafi.  Part.  i.  lib. 
2.   cap.    2.   §.    15. 

Piura  qu^^co^e  infallivelmente  fer  a  G- 


dade  de  Lagos  como  efcreveo  loaõ  Franco 
Barreto  na  hib.  Portug.  M.  S.  e  naõ  a  de 
Évora,  pátria  deíle  infigne  Prelado  cuja  opi- 
nião feguiraõ  lorge  Cardofo,  e  o  Padre 
Francifco  da  Fonceca  na  Fvor.  Gloriofa  da- 
remos hum  teílemunho  authentico  da  pró- 
pria maõ  do  Arcebifpo  o  qual  defcubrimos 
em  beneficio  da  curiofidade  antes,  que  fof- 
fe  comunicado  ao  Padre  D.  António  Cae- 
tano de  Souza  que  o  publicou  no  4.  Tom. 
do  Agiol.  Ljífit.  pag.  571.  Confta  de  huma 
Carta  fua  efcrita  em  Belém  a  7.  de  Abril 
de  ij6o.  nove  dias  antes  de  partir  para 
a  índia,  ao  Provedor,  e  Irmãos  da  Santa 
Caza  da  Mifericordia  de  Lagos  a  qual  co- 
meça. Por  fatisfav^er  em  alguma  maneira  com 
a  obrigação  devida  aos  Pays,  e  à  pátria  pareceo 
ferviço  de  Noffo  Senhor  deixar  as  cav^as,  que 
nejfa  Villa  tenho,  que  fis^eraõ  meus  Pays  à  fua 
geração.  Eftas  cazas  foraõ  doadas  ao  Licen- 
ciado Álvaro  Martins,  e  fua  mulher  Conf- 
tança  Lourenço  fobrinha  do  Arcebifpo  D. 
Gafpar  de  Leaõ  com  o  foro  de  três  mil 
reis  à  Caza  da  Mifericordia  de  Lagos,  dos 
quais  mandaria  dizer  o  Provedor,  e  mais 
Irmãos  finco  MiíTas  rezadas  cada  anno  no 
tempo  da  Quarefma.  A  primeira  pelo  Ef- 
tado  da  Igreja  Univerfal  2.  por  todos  os 
pecadores.  3.  pelas  almas  do  Purgatório. 
4.  pelas  almas  de  feus  Pays.  5.  por  fi,  e 
feus  Irmãos.  Foraõ  teftemunhas  defta  doa- 
ção Fernaõ  Alvares  irmaõ  do  Doutor  D. 
Gafpar  de  Leaõ,  e  feu  cunhado  Lourenço 
Fernandes. 

GASPAR    LEYTAM    DA    FONCECA 

Académico  fupra  numerário  da  Academia 
Real  da  Hiíloria  Portugueza  naceo  cm  a 
Villa  de  Thomar  a  13.  de  laneiro  de  1680. 
fendo  filho  de  Sebaftiaõ  Leytaõ  da  Fon- 
ceca, e  Anna  Leytoa.  Depois  de  eftar  inf- 
truido  nas  letras  humanas.  Oratória,  e  My- 
thologia,  paíTou  à  Univerfidadc  de  Coimbra 
onde  aplicado  ao  eíludo  da  lurifprudencia 
Pontificia  recebeo  o  grão  de  Bacharel  nefta 
Faculdade.  Reílituido  à  pátria  prefcrio  o 
ócio  das  Mufas  ao  tumulto  das  caufas  Fo- 
renfes,  ou  foíTc  patrocinando-as,  ou  dcci- 
dindo-as,  de  cuja  aplicação  tem  produzido  a 
amenidade  do  feu  engenho  multiplicados  fru- 


L  USITAN  A. 


tos,  que  fervem  de  honorifico  ornato  no 
Templo  de  ApoUo  metrificando  com  caden- 
cia, elegância,  e  difcriçaõ  aíTim  nos  verfos 
heróicos,  como  Lyricos  em  que  compete 
a  novidade  da  idea  com  a  delicadeza  do 
conceito  fendo  da  fua  fecunda  veya  partos 
felices  as  feguintes  obras. 

Agnifierio  de  Apollo  na  Jaudo^a  morte  da 
Excellentijftma  Senhora  D.  Joanna  de  Meneses 
Condejfa  da  Ericeira  Jucedido  no  laftimofo  Con- 
vento de  Santa  Clara  de  L,isboa,  e  funerada  delle 
luãuofamente  pelas  fuás  Keligiofas  com  fump- 
tuo^o  fufragio.  Lisboa  por  Bernardo  da 
Coíla,    1709.   4.    He  huma  larga  Sylva. 

Serpentaquila  numero/a  nas  augujiijjimas  vo- 
das  dos  mtty  altos,  e  poderofos  Kejs,  e  Senhores 
nojfos  D.  Joaô  V.  e  D.  Mariana  de  Auftria. 
Lisboa  por  Valentim  da  Cofta  Deslandes. 
1709.  4.    Confta  de  83.  Outavas. 

Três  Sonetos,  bum  Portuguet;^  outro  Italiano, 
e  o  outro  Cajlelhano  ao  Bailio  de  LeíTa  D. 
Fr.  Filippe  de  Távora,  e  Noronha.  Sa- 
hiraõ  com  outros  Poemas  a  efte  AíTumpto. 
Lisboa  por  Pafchoal  da  Sylva  Impreílor  de 
S.  Mageílade.   171 6.  4. 

Coroa  Cafirenje  no  feli!(^  nacimento  do  Ex- 
cellentijfimo  Senhor  D.  L.uit^  lot^eph  Thomat^ 
Leonardo  de  Cajlro  duodécimo  Conde  de  Mon- 
fanto  fegundo  genito  dos  ExcellentiJJimos  Se- 
nhores D.  Manoel,  e  D.  LMÍt(a  Terceiros 
Marquev^es  de  Ca f cães  em  Sahhado  18.  de 
Setembro  de  i-jij.  Lisboa  por  o  dito  Im- 
preíTor.  171 8.  4.  Saõ  83.  Sextilhas  he- 
róicas. 

Ejicyclo  certame  Eucharijiico.  Lisboa  pelo 
dito  ImpreíTor  1725.  4.  Ganfta  de  hum 
Soneto,  Cançaõ  Real,  Romance  Hendecafyl- 
labo,  6  Decimas,  Romance,  dez  Outa- 
vas, e  finco  Dyítichos  Latinos  em  que 
fe  ponderaõ  as  finco  palavras  da  Con- 
fagraçaõ. 

Relação  do  Sanãuario  de  Nojfa  Senhora 
das  iMpas  no  lugar  dos  Cafaes  novos  junto 
ao  rio  NabaÕ  em  Tercetos.  Sahio  no  Tom. 
3.  do  Sana.  Mariano  liv.  6.  Tit.  10. 
pag.  478.  Lisboa  por  António  Pedrozo 
Galraõ    171 1.  4. 

La  Jfabel  en  Poema  Myjlico.  Lisboa,  na 
Impreííaõ    da   Mufica.  1731.    8.    He   a   vida 


35ç> 

de  Santa  Izabel  Rainha  de  Portugal  def- 
crita  em   10   Romances   Endecafyllabos. 

Dous  Sonetos  à  morte  da  SereniJJima  Se- 
nhora Infante  D.  Francifca.  Sahiraõ  nos  Sen- 
timentos Métricos  a  efte  Affumpto.  Collec.  i. 
Lisboa  por  Miguel  Rodriguez  1736.  4.  a 
pag.    12.   e   21. 

Outro  Soneto  ao  me/mo  Affumpto.  Sahia 
na  Collec.  2.  dos  Sentim.  Metric.  a  pag.  17. 
Lisboa  pelo  dito  Impreílor.    1736.  4. 

Theatro  do  fentimento  reprefentado  no  Tu- 
mulo do  Excellentijftmo  Senhor  D.  Fernando- 
de  Noronha  Conde  de  Monfanto.  Lisboa  por 
Pafchoal  da  Sylva  ImpreíTor  de  S.  Ma- 
geílade 1724.  4.  Coníla  de  hum  Difcur- 
fo  em  proza,  e  três  Sonetos  Portuguez, 
Caílelhano,  e  Italiano,  e  hum  Epigrama 
Latino. 

Ponderação  obfequiofa  à  Oraçaõ  Honorária 
com  que  fe  celebrarão  as  exéquias  de  Bento  de 
Moura  Baratta  Mendoça  Freyre.  Lisboa  por 
Miguel  Manefcal  da  Coíla  ImpreíTor  da 
Santo    Oífido    1741.    4. 

Cyprefte  elegíaco  ao  laureado  Tumulo  do 
Illuftrijfimo  Senhor  D.  Manoel  lofeph  de  CaJ- 
tro  Noronha  Attayde,  e  Sout^a  3.  Marque^ 
de  Cafcaes,  8.  Conde  de  Monfanto,  Fronteiro 
mór,  Coudei  mór,  e  Alcayde  mór  de  Lis- 
boa do  Confelho  de  Guerra,  e  Gentil  ho- 
mem da  Camará  delRey  de  Portugal  D. 
loaõ  o  V.  N.  Senhor.  Lisboa  na  Regia 
Officina  Sylviana,  e  da  Academia  Real. 
1742.  4. 

No  primeiro  Tomo  do  lardim  Carme- 
litano  novamente  cultivado  por  Fr.  EftevaÕ 
de  S.  Angelo.  Lisboa.  Na  regia  Oífid- 
na  Sylviana,  e  da  Academia  Real.  1741. 
foi.  eílaõ  as  feguintes  Poefias  de  Gafpar 
Leytaõ  da  Fonceca  em  aplauzo  da  ReUgiaõ 
Carmelitana,  e  de  alguns  dos  feus  San- 
tos. Outavas  Portuguet^as.  a  pag.  147.  De- 
cimas Portuguet(as  p.  180.  Endechas  Reais. 
p.  254.  Romance  Ejtdecafyllabo  p.  334.  Quin- 
tilhas, p.  339.  Soneto  p.  356.  Romance  p> 
365.  No  2.  Tomo  Egloga  Mjftica  entrr 
Sionino,  e  Taboreno  p.  129.  Dotts  Epigra- 
mas   Latinos,    p.    447.    e    586. 

Soneto  à  morte  do  ExcellentiJJimo  Con- 
de da  Ericeira  D.  Francifco  Xavier  de  Me~ 
net^s.     Sahio    no    Obfequio    Fúnebre    à   fau- 


36o 


BIBLIO THE  CA 


■doja    memoria    do    dito    Conde.    Lisboa    por 
Jo2é    da     Sylva    da    Natividade     1744.    4. 

Obras  M.  S. 

Irenidos.  Poema  heróico  da  vida  da  Vir- 
gem, e  Martyr  Santa  Iria.  Confta  de  10. 
Cantos,  que  comprehendem  mil  cento, 
e  tantas  Outavas.  Defta  obra  fa2  o  mef- 
mo  author  mençaõ  no  Poema  de  Santa 
Izabel  dizendo. 

Im  Mufa,  que  mi  ple£iro  ha  remontado 
En  la  palma  de  Irene  aun  alto  affumpto 
Texa  en  lauro  efpanol  aquel  portento. 
Que  ultimo  honor  há  fido  a  fu  fepulchro. 

Ljifitania  Celefie  nos  recíprocos  ca^amen- 
Jos  dos  Príncipes  do  Brasil,  e  das  Afiurías 
■dividida  em  de^  Ceos,  por  de^  Cantos. 

Romance  Epithalamico  com  hum  Soneto  nas 
Vodas  do  ExcellentiJJimo  Senhor  Conde  de  Sar- 
cedas  D.  Rodrigo  da  Sylveira  com  a  Ex- 
cellentijjima    Senhora    D.    Bernarda    de    Távora. 

Sarao  de  las  Mu/as  en  las  bodas  dei 
Excellentijftmo  Senhor  Conde  de  Erícera  D. 
Luiz  ^^  Meneses  con  la  ExcellentiJ/ima  Se- 
.nora  D.  Anna  de  Ruan.  Romance  hende- 
cafyllabo. 

Coro  Amabeo  ao  Excellentiffimo  Senhor 
Conde  do  Rio  em  nome  do  Rio  Nabaô. 
Coníla  de  hum  Difcurfo  em  proza,  e  va- 
riedade  de   Verfos. 

Memorias  doces.  Difcurfos  amorofos,  em 
alguns  Verfos. 

De/enganos  cortejes.    Difcurfo  amorofo. 

Anticrifis.  Difcurfo  Apologético  à  Crífis, 
qm  efcreveo  Soror  loanna  de  la  Cru^  fobre 
o  Sermão  do  Mandato  do  Padre  António 
Vieyra. 

Pe^ame    elegíaco   na    morte    do    Excellentif- 
Jimo   Marquez   de   Abrantes   D.    Rodrigo  Ean- 
nes   de   Sá,    e    Almeyda    com    duas    Elegias, 
huma  Latina,  e  outra  Caílelhana. 

A  Treiçaõ  mais  bem  vingada.  Novella  Por- 
tugueza. 

Adamaftor .  Em  70  Outavas  Caílelha- 
nas  imitando  o  Polifemo  de  Gongora  na 
•ocaíiaõ,  que  foy  por  Vicerey  da  índia 
•o  Excellentiflimo  Conde  da  Ericeyra  D. 
Luiz  de  Menezes. 

Lyfia    magoada,  e  Eyfia  Gloriofa  na  aufen- 


cia  do  Senhor  Infante  D.  Manoel.  Confta  de 
130.   Outavas 

Pamaffo  Epithalamico  no  Cazamento  dos  Se- 
nhores Marquezes  de  Cafcaes  D.  Luiz  lozeph 
Thomas  Leonardo  de  Caftro  com  a  Excellentif- 
fima  Senhora  D.  loanna  Perpetua  de  Bragança. 
ConJfta  de  80.  Outavas. 

Prímicias  Epithalamicas  no  Cazamento  do 
Excellentijfimo  Senhor  D.  Francifco  de  Menezes 
com  a  Excel lentijftma  Senhora  D.  Maria  da 
Graça  de   Noronha.    Coníla   de   60.   Outavas. 

Purpura  Patríarchal  revefiida  ao  efpelho 
dos  três  celebres  Rios  Mondego,  Douro,  e 
Tejo  na  promoção  Cardinalícia  do  Emminen- 
tijftmo  Patriarcha  de  Lisboa.  Coníla  de  40. 
Outavas. 

Rafgo  Épico  repetido  na  Tomada  de  OraÕ 
pelos  mefmos  confoantes,  e  numero  de  Ou- 
tavas, que  publicou  D.   Eugénio   Gerardo  Lobo. 

Poefias  varias  que  confiaõ  de  zoo  Ro- 
mances, 200  Sonetos,  Cançoens,  Tercetos,  De- 
cimas, e  Loas  a  diverfos  Affumptos.  4.  2. 
Tom. 

GASPAR  DE  LEMOS,  E  CASTRO 
natural  de  Lisboa  Fidalgo  da  Caza  Real, 
e  filho  de  Joaõ  Gomes  de  Lemos  de 
Caílro  Contador  mór  na  Praça  de  Maza- 
gaõ,  e  de  fua  fegunda  mulher  D.  Maria 
de  Vafconcellos  Encerrabodes.  No  tempo, 
que  feu  Pay  aífiília  em  Mazagaõ  foy  Ca- 
pitão de  Cavallos  dando  de  feu  valor 
heróicos  argumentos  em  vários  recontros, 
que  teve  com  os  mouros.  Foy  igualmen- 
te fabio  na  arte  de  Cavallaria  como  em 
a  Poética  deixando  compoílo  diverfas  Ri- 
mas,  e   hum   livro   da 

Cavallaria  da  Gineta 

Cujas  obras  com  toda  a  fua  equipa- 
gem lhe  cativarão  os  mouros  em  o  mar 
quando  fe  transportava  de  Lisboa  para 
Africa.  Falleceo  na  pátria  a  25.  de  Se- 
tembro de  1636.  e  jaz  fepultado  na  Pa- 
rochia  de  S.  Mamede  em  jazigo  próprio 
de    fua    Familia. 

P.  GASPAR  LOBO  natural  da  Vil- 
la  de  Chaves  cm  a  Provinda  Tranfmon- 
tana,  e  Religiofo  da  Sagrada  Companhia 
de    JESUS.    Deixando     voluntariamente    o 


L USITANA 


36 1 


Reyno  partío  para  o  Brazil  onde  fe  de- 
dicou com  fervorozo  zelo  à  converfaõ 
dos  índios.  Foy  ornado  de  iníignes  vir- 
tudes, que  o  conftituhiraõ  exemplar  de 
domeílicos,  e  eílranhos.  Recitava  o  Offi- 
cio  Divino  de  joelhos,  e  para,  que  o 
naõ  interrompeflem  fechava  a  porta  do 
cubículo.  Saudava  aos  domeíticos  com  ef- 
tas  palavras  Laus  Deo,  Pax  vivis,  requies 
ítefunãis.  Sendo  cenfurado,  de  que  prega- 
va com  eílilo  humilde  refpondeo,  que  nos 
Sermoens  naõ  bufcava  a  fua  gloria,  mas 
a  de  Deos,  e  falvaçaõ  das  almas.  Ainda, 
que  naturalmente  era  colérico  moderava 
de  tal  modo  o  génio,  que  para  todos 
era  fummamente  afável.  Foy  iníigne  Hu- 
manifta,  e  íingular  Poeta,  aíTim  na  lingua 
Latina,  como  na  materna  em  que  com- 
poz    em    Outava    Rima. 

Vida  do  JB.   Ltà^  Gonzaga.  M.   S. 

Os   quatro    NoviJJimos   do    Homem.    M.  S. 

Falleceo  piiíTimamente  na  Aldeã  de  S. 
Pedro  de  Cabo  Frio  a  i8  de  Outubro  de 
1622.  com  60  annos  de  idade,  e  35.  de 
Companhia. 

GASPAR  LOPES  natural  de  Villa  nova 
de  Portimão  em  o  Reyno  do  Algarve  in- 
íigne profeíTor  de  Gramática,  que  por  mui- 
tos annos  eníinou  em  a  fua  pátria  publi- 
cando. 

Ars  Grammatka. 

A  qual  foy  impreíTa  em  Flandes  como  afir- 
ma loaõ  Franco  Barreto  na  Bib.  Portug.  M.  S. 


P.  GASPAR  LUIZ  natural  da  Villa 
de  Portel  na  Provinda  do  Alentejo.  Foy 
admetido  à  G^mpanhia  de  Jefus  no  Col- 
legio  de  Évora  a  15  de  Mayo  de  1602- 
Depois  de  ter  eníinado  Rhetorica  nos  Col- 
legios  de  Lisboa,  Évora  fe  embarcou  pa- 
ra a  índia  com  o  Padre  Gabriel  de 
Mattos  no  anno  de  161 8.  donde  nave- 
gou para  o  lapaõ,  cuja  dilatada,  e  in- 
culta vinha  cultivou  por  muitos  annos, 
fendo  Prefidente  da  Congregação,  que  fe 
celebrou  nefta  Provinda,  em  o  anno  de 
1638.  Falleceo  em  Goa,  de  cujos  apof- 
tolicos  miniílerios  fe  lembraõ  Faria  Afia 
Portug.  Tom,  3.  Part.  2.  cap.  8.  n.  21. 
Bib.  Societ.  p.  279.  col.  i.  Joan,  Soar. 
de  Brit.  Tbeatr.  Lufit.  Utter.  liter.  G. 
n,  23.  Franco  Imag.  da  virt.  em  o  Nov. 
de  Evor.  pag.   867.    Efcreveo. 

Re/ofaõ  do  lapaÕ  do  amo  de  1619.  efcrita 
em  Macao  ao  primeiro  de  Outubro  de  1620. 
Sahio  traduzida  na  lingua  Italiana.  Roma 
perl*  heredi  di  Bartholameu  Zanetti.  1624.  8. 

Carta  Anima  efcrita  do  Goa  em  o  pri- 
meiro de  Fevereiro  de  1619.  e  1620.  ao 
Padre  Geral  Mudo  Vitallefchi.  Sahio  com 
outras  em  Italiano:  Neapoli  por  Lazaro 
Scoríggio.   1621.   8.  defde  pag.  94.  até  137. 

Rela^M  da  MiJfaÕ  da  Conchincbina  efcri- 
ta de  Macao  a  if  de  Dei(embro  de  1621. 
Sahio  em  Italiano  com  outras.  Roma  por 
Frandfco  Corbelletti  1627.  8.  defde  pag. 
97.  até  118.  e  na  lingua  Franceza.  Pariz 
chez  Sebaílien  Cramoify  1628.  8.  defde 
pag.   122.  até  148. 


GASPAR  LOPES  CANÁRIO  celebre 
profeíTor  de  Medicina,  e  como  tal  louvado 
por  Zacuto  Praf.  Pro^Jl.  Hjpoc.  e  Jorge 
Ahrahaõ  Mercklin.  Und.  Renov.  Vander  Lin- 
den  de  Script.  Med.  e  Nic.  Ant.  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  pag.  405.  col.  i.  Foy  Medico  do 
Conde  de  OíTuna  D.  Pedro  Giron,  fendo 
igualmente  perito  na  Theorica,  como  na 
praítica  deíla  Faculdade,    Efcreveo. 

In  libros  Gakni  de  temperamentis  novi,  <& 
integri  commentarii  in  quibus  fere  omnia,  qua 
ad  naturalem  Medecina  partem  fpeãant,  conti- 
nentur.  Compluti  apud  Petrum  de  Robles 
et    Sebaftianum    Cormellas.    1565.    foi. 


P.  GASPAR  DE  MACEDO.  Naceo 
na  ViUa  de  Alcobaça  do  Patriarchado  de 
Lisboa  onde  teve  por  Pays  a  Pedro  Ley- 
taõ,  e  Maria  de  Macedo.  Entrou  em  a 
Companhia  de  Jefus  no  Collegio  de  Coim- 
bra a  6  de  Janeiro  de  161 5.  onde  dic- 
tou  Rhetorica,  e  Filofofia,  e  Sagrada  Ef- 
critura  na  Univerfidade  de  Évora  na  qual 
recebeo  o  grão  de  Doutor.  Fazendo  hu- 
ma  MiíTaõ  na  Villa  de  Setuval  inftituhio 
nella  a  Confraria  de  S.  Frandfco  Xa- 
vier, ainda  quando  naõ  tinha  na  dita 
VUla   Collegio   a   fua   Religião.    Pela   muita 


302 


BIBLIO  THE  CA 


afabilidade  de  que  era  dotado  atrahio 
os  ânimos  de  todo  o  género  de  peíToas. 
Voltando  das  Caldas  aonde  fora  bufcar  re- 
médio para  o  achaque  que  padecia,  foy 
acometido  de  huma  febre  taõ  perniciofa, 
que  o  privou  da  vida  a  ii.  de  Outubro  de 
1649.  Delle  fe  lembraõ  com  louvor  Joan. 
Soar.  de  Brito  Theatr.  Ljíjit.  L,itter.  lit.  G. 
n.  24.  e  o  Padre  António  Franco  Ann. 
Glor.  S.  J.  iMfit.  p.  587.  e  Amai.  S.  J. 
in   'Líifit.  p.   297.   §.    12.    Compoz. 

Sermão  pelo  bom  Juceffo  das  Armas  Por- 
tugue!(as  pregado  no  Collegio  da  Univerjidade  de 
Évora  a  ^o.  de  Níayo  de  1644.  Lisboa  por 
Lourenço  de  Anvers   1644.   4. 

In  ohitu  ExcellentiJJimi  Principis  Odoardi, 
epicedium  começa. 

Parcarum  fuhitos  raptus,  inopinaque  lethi 
Vulnera,    €>*    extinãum   pátria    illacrymantis 

alumnum 
Lnjiada  plorate   &c. 

Elegia    ao    mefmo    aJTumpto.     Principia. 
Irruit  in  Lyjiam  manibus  Libi/ina  cruentis 
Mergereque   indigno  funere    regna  parat. 
Confta   de   25.   diílichos   com  6.   Epigra- 
mas   ao    mefmo    argumento,    que    tudo   vi- 
mos M.   S. 

D.  GASPAR  MALDONADO  DE  ES- 
POLETA natural  de  Lisboa  moço  fidalgo 
da  Caza  Real  Senhor  do  Morgado,  e  Cou- 
tada da  Vidigueira,  Commendador  da  Com- 
menda  de  Santa  Maria  da  Nave  da  Ordem 
de  Chrifto,  Vedor  da  Chancellaria  mór  do 
Reyno,  filho  de  D.  Miguel  Maldonado  Com- 
mendador de  S.  Maria  da  Nave,  e  Vedor 
da  Chancellaria  mór  do  Reyno,  e  de  fua 
mulher  D.  Margarida  Soares  de  Efpoleta 
filha  de  D.  Diogo  Soares  de  Efpoleta  Ca- 
valleiro  da  Ordem  da  Monteza.  Foy  mui- 
to eíludiofo  da  Hiíloria  fecular,  particular- 
mente de  huma  das  fuás  mais  nobres  par- 
tes qual  he  a  Genealogia  em  que  efcreveo 
muitos  livros  com  igual  verdade,  que  in- 
dagação, fendo  os  principaes. 

Nobres^a  de  Efpanha  i.  Parte.  Contem 
a  hiíloria  dos  feus  Reys  começando  de 
D.  Pelayo  com  as  memorias  dos  Ricos 
homens,  c  grandes  da  Corte;  fuceíTaõ  de 
cada    hum    delles    ate    os     noíTos    tempos 


com  a  noticia  das  Armas,  Apellidos,  e  Sola- 
res, origens  dos  governos  politicos,  e  dos 
Titulos  em  que  entraõ  os  Reys  das  Aíhi- 
rias,  Leaõ,  Portugal  Galliza,  e  Caftella  repar- 
tida em  vários  livros.  M.  S. 

Nobreza  de  Efpanha.  2.  Parte.  Com- 
prehendc  os  Reys  de  Aragaõ,  Valença, 
Catalunha,  Navarra,  Ilhas  de  Sardenha, 
Malhorca,  Minorca  começando  de  D. 
Inigo  Ariíla  pelo  Rey  de  Navarra,  dos  Con- 
des de  Aragaõ,  e  Barcellona,  feus  Ricos 
homens,  e  defcendentes  com  fuás  Armas, 
e  Titulos.  M.  S. 

Nobret(a  Politica  de  Efpanha.  Confta  dos 
Titulos,  e  Foros  da  Nobreza.    M.   S. 

Seta  de  ouro.  Difcurfo  para  hum  Prin- 
cipe  com  efta  honorifica  infignia  premiar 
aos  Beneméritos.  M.   S. 

Notas  ao  Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro 
Conde  de  Barcellos.  M.  S. 

Deílas  obras  como  do  Author  fazem 
memoria  Joaõ  Franco  Barreto.  Bib.  Por- 
tug.  M.  S.  e  o  Padre  D.  António  Caet.  de 
Souza  Apparat.  a  Hifi.  Gen.  da  Ca!(^.  Real 
Portug.  p.  123.  §.  156. 

GASPAR  MANOEL  natural  da  Villa  do 
Conde  em  a  Provincia  da  Beira,  e  Piloto  muito 
experimentado  em  a  navegação  da  índia  Orien- 
tal como  fe  manifefta  na  obra,  que  efcreveo. 

Roteiro,  e  advertências  da  navegação  da 
Carreira  da  índia  feito,  e  emendado  por  Gaf- 
par  Manoel.  M.  S.  4.  he  muito  largo,  confer- 
va-fe  na  Livraria  do  ExcellentilTimo  Conde 
da  Ponte. 

Fr.  GASPAR  DE  MELLO  filho 
da  cfclarecida  Ordem  dos  Pregadores,  e 
hu  dos  mayores  Letrados  que  teve  Portu- 
gal no  feu  tempo.  Didou  com  aplauzo 
Theologia  nos  Conventos  de  Lisboa;  Bata- 
lha, e  Collegio  de  Coimbra  fendo  fubf- 
tituto  da  Cadeira  de  Prima,  que  regen- 
tava  de  propriedade  em  a  Univcrfida- 
de  Conimbricenfe  o  infigne  Theologo  Fr. 
Martinho  de  Ledefma.  Duas  vezes  paf- 
fou  à  índia  fendo  em  a  primeira  Vigano 
Geral  da  fua  Congregação  daquelle  Efta- 
do  onde  aíTiftio  muitos  annos.  Segunda 
vez   navegou  para  o  Oriente  com  o  lugar 


L  USITANA. 


363 


de  Inquizidor  de  que  tomou  poíTe  a  i8.  de 
Setembro  de  1583.  Falleceo  no  Convento 
de  Goa,  e  jaz  fepultado  em  o  Capitxilo.  Delle 
fazem  honorifica  mençaõ  Souza  Apborifm. 
InquiJ.  Fr.  Joaõ  dos  Santos  EJiop.  Orient. 
Part.  2.  foi.  49.  &  Monteiro  Claufir.  Domin, 
Tom.  3.  p.  222.  e  no  Catbal.  dos  Inquis^iã. 
de  Goa.  n.  5.    Efcreveo. 

Obras    Tbeologicas,    e    Efcriturarias. 

Eftavaõ  promptas  para  a  impreílaõ  que 
fufpendeo  a  morte  do  Author  como  afirma 
Joaõ  Franco  Barreto  Bib.  Porfug.  M.  S. 

Fr.  GASPAR  DE  S.  MIGUEL  na- 
ceo  na  índia  Oriental  onde  fe  agregou 
à  Familia  Seráfica  da  Provinda  de  S.  Tho- 
me  para  fer  exemplar  religiofo.  Letrado 
grande,  e  fervorofo  Pregador.  Abraza- 
do  no  fanto  zelo  de  atrahir  ao  rebanho 
do  divino  Paftor  a  muitas  almas,  que 
viviaõ  fepultadas  nas  trevas  da  gentili- 
dade compoz  na  lingua  Canarina  em  eítílo 
poético  para  mais  facilmente  fe  decorarem 
as  obras  feguintes  que  foraõ  dedicadas  à 
Mageílade  de  Filippe  IV. 

Explicação  do  Credo,  vida  dos  Apof- 
tolos  com  muitos  documentos,  e  refu- 
taçoens  da  idolatria,  ritos,  e  fuperítíçoens 
gentilicas. 

Das  miferias  humanas,  cavidade  do  pecado, 
quatro  NoviJJimos,  e  dos  Benefícios  de  Deos. 
Eftas  duas  obras  conOaõ  de  féis  mil 
•vcrfos. 

Das     E/íafoens,     que    os     Parocbos    devem 

fas^er    às    fuás     ovelhas    em     que    fe     enfinaõ 

os    Myjkrios    de    N.    Santa    Fé,    e  fe    expli- 

eàõ    os  fete    Sacramentos,    e    os    Preceitos    do 

Decálogo. 

PayxaÕ  de  Chriflo  defcrita  em  três  mil 
Verfos. 

Arte  da  linffki  Canarina.  4. 

Diccionario    da    lingua    Canarina,   e   Portu- 

Sermoens  do  Tempo,  e  de  Santos.  4. 
[Tom. 

Báculo  P  aflorai. 

Sjmbolo  da  Fé  do  V.  Fr.  Lui^  ^  ^^^' 
jMada. 

Sjmbolo  do   Cardial  Bellarmino. 

De   todas  eíbis  obras  efcritas  em  lingua 


Ginarina  fazem  mençaõ  Fr.  Atliguel  da 
Purificação.  Relação  Defenf.  dos  Relig.  da 
Prov.  de  S.  Tbome.  Trat.  i.  cap.  2.  n.  10. 
e  cap.  5.  n.  2.  Fr.  Paul.  da  Trind.  Chron. 
da  Prov.  de  S.  Tbome  liv.  i.  cap.  69. 
Wading.  de  Script.  Ord.  Min.  p.  144. 
col.  I.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i. 
pag.  405.  col.  2.  Fr.  Joan  à  D.  Ant. 
Bib.  Francifc.  Tom.  2.  pag.  9.  col.  2.  e  o  mo- 
derno addidonador  da  Bib.  Orient.  de  Antó- 
nio de  Leaõ  Tom.   i.  Tit.   16.  col.   528. 

P.  GASPAR  DE  MIRANDA  naceo 
na  ViUa  de  Alegrete  em  a  Provinda  Tranf- 
tagana  a  17  de  Agofto  de  1564.  fendo  filho 
de  Joaõ  Rodriguez,  e  Izabd  Rodriguez  peflbas 
prindpaes  daquella  Villa  educandoo  taõ  vir- 
tuofamente,  que  na  florente  idade  de  16  an- 
nos  deixou  o  mundo,  e  abraçou  o  inftituto 
de  Jezuita  no  CoUegio  de  Évora  a  20  de 
Dezembro  de  1578.  onde  eftudou  as 
fdendas  amenas,  e  feveras,  que  depois 
enfinou  com  igual  efplendor  da  Compa- 
nhia, que  credito  do  feu  talento.  Sendo 
Meftre  de  Gramática  fez  algumas  obferva- 
çoens  das  quais  fe  aproveitou  o  Padre  Antó- 
nio Velez  em  os  doutos  commentarios  com 
que  illuftrou  a  Arte  do  Padre  Manoel  Alva- 
res. As  poítíllas  Theologicas,  que  diétou  ^ 
pelo  efpaço  de  vinte  annos  eraõ  taõ  profun- 
das, que  as  mandou  copiar  para  o  feu  ef- 
tudo  o  grande  Soares  Granatenfe.  Igual 
foy  o  progreíTo  das  virtudes  ao  das  letras 
fendo  hum  vivo  exemplar  da  perfeição  reli- 
giofa.  Vaticinou  a  hora  da  fua  morte,  que 
felizmente  fucedeo  a  19.  de  Mayo  de  1639. 
com  75.  annos  de  idade,  e  61.  de  Compa- 
nhia. A  fua  vida  efcreveo  o  grande  anti- 
quário Manoel  Severim  de  Faria  feu  Confef- 
fado,  que  a  remeteo  ao  Licenciado  Jorge 
Cardofo  cujas  noticias  tranfcreveo  no  feu 
Agiol.  Eufit.  Tom.  5.  pag.  319.  e  no  Com- 
ment.   de    19.    de   Mayo   letr.    H.     Compoz. 

Metbodo    excellente   para    os    qm    qtátrerem 
faf^er    Confijfaõ  Geral.  M.  S. 

Traãatus  de  Jubilao 

de  Fide 

De    primo,     et    fecundo     Pracepto     Deca- 
loff. 

De  E^comutticatione. 


364 


BIBLIOTH  EC  A 


De  Kejlitutione,  Promijfwne,  ^  Dona- 
tione. 

Todos  eftes  Tratados  fe  confervaõ  M.  S. 
no  Collegio  de  Évora.  Do  author  fazem 
memoria  Franco  Imag.  da  Virt.  do  Nov. 
de  Evor.  liv.  3.  cap.  3.  e  Ann.  Glor.  S.  J.  in 
LMjit.  p.  276.  et  Annal.  S.  J.  in  Ljifit.  p.  276. 
n.  7.    Fonceca  Evor.  Glor.  p.  432. 

GASPAR  DE  MORAES  DE  MA- 
CEDO fidalgo  da  Caza  Real,  e  Piloto  muito 
perito  em  a  navegação  da  índia  Oriental 
cuja  fcicncia  alcançou  pelas  repetidas  vezes, 
que    furcou    aquelles    mares.     Efcreveo. 

Koteiro  da  navegação,  e  carreira  da  índia 
com  Jeus  caminhos,  e  derrotas,  finaes,  e  agua- 
gens,  e  diferenças  da  agulha;  tirado  do  que 
efcreveo  Vicente  Rodrigues,  e  Diogo  Affonfo 
Pilotos  antigos  acrecentado  com  a  viagem 
de  Goa  por  dentro  de  S.  Lourenço,  e  Mon- 
fahique  com  outras  coufas,  e  advertências. 
M.  S.  G^nfervava-fe  na  Bibliotheca  do 
Cardial  de  Souza,  que  hoje  poíTue  o  Excel- 
lentiflimo  Duque  de  Lafoens. 

GASPAR  NICULÀS  natural  da  Villa 
de  Guimaraens  em  a  Província  do  Minho, 
e  infigne  Arithmetico  de  cuja  fcien- 
cia  deixou  para  inílruçaõ  de  quem  a 
quizeíTe  faber. 

Tratado  da  Praãica  da  Arithmetica. 
Lisboa  por  Luiz  Alvres  1541.  4.  &  ibi 
1594.  Dedicado  ao  Conde  de  Tentú- 
gal, &  ibi  por  Viâorino  Alvres.  161 3.  Do 
author  como  da  obra  faz  memoria  Joan. 
Soar.  de  Brito  Theatr.  L,ufit.  Utter.  lit.  G. 
n.  2$. 

GASPAR  PACHECO  natural  da 
Gdade  do  Porto  filho  de  Simaõ  Pache- 
co Gdadaõ  da  mefma  Gdade,  e  de  D. 
Maria  de  S.  Paulo.  Depois  de  fahir  egre- 
giamente  inílruido  em  as  letras  humanas 
frequentou  a  Univeríidade  de  Coimbra 
onde  rccebeo  o  grão  de  Bacharel  na  Fa- 
culdade dos  Sagrados  Cânones.  Reíli- 
tuido  a  fua  pátria  fendo  ComiíTario  do  Santo 
Officio,  e  Capellaõ  Fidalgo  da  Caza  Real 
foy  aíTumpto  a  Arcediago  da  Cathe- 
dral    do    Porto    em    31    de    Dezembro    de 


1668.  como  era  muito  aplicado  à  liçaõ  da 
Historia  Eccleíiaftica  continuou  com  igual 
exame,  que  eftilo. 

Cathalogo  dos  Bifpos  do  Porto,  que  efcre- 
veo o  Illuflrijfimo,  e  Keverendijftmo  D.  Ro- 
drigo da  Cunha  principiando  em  D.  Fr. 
JoaÕ  de  Valladares  até  D.  loaõ  de  Sou^a, 
que  morreo  Arcebifpo  de  Lisboa  M.  S.  Co- 
meça. Os  muitos,  e  grandes  merecimentos 
do  Bifpo  D.  Rodrigo  da  Cunha.  &c.  Coníla 
de  42.  paginas  de  folha. 

Falleceo  na  fua  Pátria  a  9.  de  Julho  de 
1694.  quando  contava  50  annos  de  idade, 
e  jaz  fepultado  na  Cathedral. 

P.  GASPAR  PAES  natural  da  Vilk 
da  Covilhãa  do  Bifpado  da  Guarda  donde 
paíTando  a  índia  Oriental  recebeo  a  roupeta 
da  Companhia  de  Jefus  em  Goa  a  23.  de  No- 
vembro de  1607.  quando  contava  quatorze 
annos  de  idade.  Tendo  eníinado  pelo  efpaço 
de  três  annos  letras  humanas,  como  pediíTe 
o  Emperador  da  Etiópia  Sultaõ  Segued 
alguns  operários  Evangélicos  para  que  con- 
fervaíTem  no  feu  Império  a  Religião  Romana 
contra  os  erros  fcifmaticos  de  Alexandria, 
foy  nomeado  para  taõ  gloriofa  empreza 
o  qual  fahindo  de  Goa  no  fim  do  anno  de 
1623.  embocou  pelo  mar  Erithreo  até  chegar 
a  MaíTuà  a  26  de  Mayo  de  1624.  onde  foy 
recebido  pelo  feu  Governador  com  todas 
as  fignificaçoens  de  aplauzo,  e  benevolência. 
Efcoltado  de  quarenta  Turcos  para  naõ  fer 
acometido  dos  ladroens  chegou  à  Cidade 
de  Fremona  íituada  em  o  Reyno  de  Tigre, 
e  nella  aíTiíUo  algum  tempo  exercitando  o 
feu  apoílolico  miniílerio  com  incanfavel  zelo, 
e  vigilância.  Sucedendo  no  Império 
Etiópico  por  morte  de  Sultaõ  Segued 
feu  filho  Facilidas  como  apoftataíTe  da  Fé 
prometida  no  Bautifmo  fc  declarou  fautor 
dos  erros  de  Alexandria  mandando  cm  o 
anno  de  1634.  com  graviíTimas  penas,  que 
foíTem  expulfos  de  todo  o  feu  Império  os 
profeíTores  dos  Dogmas  da  Igreja  Romana. 
Naõ  intimidou  efta  furiofa  tormenta  o  heróico 
coração  do  Operário  Evangélico  para 
deixar  de  confirmar  na  Fé  aos  filhos  da 
fua  doutrina  fendo-lhe  precifo  para  que 
naõ   foíTc    conhecido    mudar   continuamente 


L  USITAN  A. 


365 


a  habitação,  e  veítído,  e  por  varias  vezes 
ociíltar-fe  nas  cavernas  dos  montes,  e 
na  efpeíTura  dos  bofques.  Querendo 
o  Ceo  premiar  as  fuás  virtuofas  açoens 
com  a  coroa  do  martyrio  permitio,  que 
ao  tempo,  que  eílava  doutrinando  aos 
Chriílãos  foíTe  acometido  improvifamente 
de  cento,  e  lincoenta  Scifmaticos  arma- 
dos de  varias  armas  ofenQvas,  e  arre- 
metendo tumultuariamente  contra  o  Ve- 
nerável Padre  lhe  trefpaíTaraõ  o  peito  com 
duas  lançadas  por  onde  fahio  o  feu  efpi- 
rito  a  lograr  da  eternidade  gloriofa  a  25. 
de  Abril  de  1635.  quando  contava  42. 
annos  de  idade  e  28.  de  Companhia.  Fa- 
zem honorifica  memoria  do  feu  nome. 
Tanner  Soe.  Jefu  u/que  ad  Jang.  <&  vit. 
profuj.  milit.  p.  139,  Rho  var.  Virt.  Hijl. 
Lib.  6.  cap.  5.  Bib.  Societ.  p.  279.  col.  i.  Car- 
dofo  A^ol.  iMJit.  Tom.  2.  p.  710.  e  no  Gim. 
de  25.  de  Abril  letr.  F.  Alegambe  Mort. 
llluft.  p.  456.  ad  an.  1635.  Nadafi  Ann.  dier. 
Mem.  S.  J.  Part.  i.  p.  228.  col.  i.  Telles 
HiJ^.  da  Etiop.  Alta  liv.  6.  cap.  21.  Joan. 
Soar.  de  Brit.  Theatr.  hujit.  Utter.  lit.  G. 
n.  26.    Efcreveo. 

Carta  Annua  da  'Etiópia  efcrita  da  Ke- 
Jidencia  de  Tamghà  ao  Padre  Geral  Muào 
Vitallejchi  em  i'^  de  Julho  de  1625.  da 
qual  imprimio  grande  parte  o  Padre 
Manoel  da  Veyga  Kel.  Ger.  do  Eftad. 
da  Chrift.  da  Etiop.  liv,  i.  cap.  12.  13.  e 
feguintes  defde  foi.  24.  Verf.  até  32.  Verf. 
Sahio  vertida  em  Italiano.  Roma  por  Bar- 
tholameo  Zanetti.  1628.  8,  e  em  Francês  Pa- 
riz  ches  Sebaílien  Cramoify  1629.  8.  à  pag.  i. 
até  124.  como  vimos. 

Carta    Annua    da    Etiópia    efcrita   da    Rí- 

Jidencia  de    Tamghà  a    30.    de  Julho   de    1626. 

Traduíida     em     Francez.      Pariz     ches     Se- 

baftian    Cramoify   1629.   8.   defde  pag.   181. 

até  252. 

Carta  em  que  relata  a  conversão  do 
Reyno  de  Beguemadri  na  Etiópia.  Sahio 
impreíTa  na  Kelac.  aflima  allegada  do 
Padre  Manoel  da  Veyga  liv.  i.  cap.  21. 
defde  foi.  55.  Verf.  até  foi.  56.  Delle 
faz  mençaõ  o  moderno  Addicionador  da 
Bih.  Orient.  de  Anton.  de  Leaõ  Tom.  i. 
Tit.  12.  col.  399. 


Fr.  GASPAR  PATO  natural  da  Q- 
dade  de  Coimbra,  e  religiofo  da  reformada 
Provinda  Seráfica  de  Santo  António 
Theologo,  Pregador,  e  infigne  Efcritu- 
rario.  Falleceo  em  o  Convento  de  Viana 
a  22.  de  Fevereiro  de  1647.  Deixou  prompto 
para  a  impreílaõ  com  facilidade  do  Pro- 
vincial Fr,  Luiz  de  JESUS  dada  no  pri- 
meiro de  Março  de  1626.  e  com  todas  as 
licenças  dos  Tribunaes,  a  feguinte  obra, 
que  vimos  na  Livraria  do  Convento  de 
Santo  António  deíla  Corte. 

Medulla  quajlionalis  omnium  Jacra  Scrip- 
titra  locorum,  qui  in  concionibus  pojjunt  afferri 
eduãa  ex  oureis  rationibus  Sanãorum  Patrum, 
€>•    Doãorum.    foi.    M.    S. 

Expojitiones  in  Evangelia.  2.  Tom. 
M,  S. 

Do  author  fe  lembraõ  Nicol.  Ant.  Bib. 
Hijp.  Tom.  I.  p.  406.  col.  I.  e  Fr.  Joan. 
a  D.  Ant.  Bib.  Frannfc.  Tom.  2.  pag. 
10.  col.  I. 

GASPAR  PEGADO  natural  da  G- 
dade  de  Elvas,  ou  da  Villa  de  Campo 
mayor  como  querem  Joaõ  Franco  Bar- 
reto, e  Francifco  Galvaõ  Maldonado 
nas  fuás  Bib.  Portug.  M.  S.  Foy  paren- 
te muito  chegado  de  Fernando  Pegado, 
e  Eílevaõ  Pegado,  que  com  outros  cele- 
bres varoens  defcubriraõ  a  Provinda  da 
Florida  na  America  Septentrional  no 
anno  de  1539.  Eíhidou  Jurifprudencia  fendo 
Juiz  do  Fifco  do  Território  de  Évora, 
e  depois  da  Comarca  de  Coimbra  donde 
paUou  a  Senador  da  Caza  da  Suplica- 
ção em  cujos  lugares  manifeftou  a  fcien- 
cia  pra£Hca,  e  efpeculativa  em  que  era 
infigne,  como  também  em  as  obras  feguintes, 
que  publicou. 

Kepetio  in  L.  inter  catera  ff.  de  Uberis, 
€>*  pojlhumis.  Eboras  apud  Emmanuelem 
de  Lyra  1598.  4. 

Quajiionum  Fifcalium  libellus.  Ebo- 
ras  per  eumdem  Typ.  1600.  Dedicado 
ao  Bifpo  de  Elvas  D.  António  de  Matos 
de  Noronha  Liquifidor  Geral.  Eíla  obra 
aUega  Manoel  Barbofa  nos  Comment.  ad 
Ord.  Reg.  lib.  5.  Tit.  6,  §,  9,  n.  3. 

Praãica    Criminalis    Pars  prima. 


366 


BIB  LIO  THE  CA 


Gínimbricíc  per  Didacum  Gomes  do  Lou- 
reiro. 1604.  4.  Na  Dedicatória  defte  livro 
ao  IIluílriíTimo  Bifpo  de  Coimbra  D.  AfFonfo 
de  dílello  branco  afirma  ter  compoílo  a 
fegunda  parte,  e  eftar  prompta  para  a  im- 
preflaõ. 

GASPAR  PEREYRA  igualmente  douto 
no  Direito  Pontifício,  como  em  os  Privilégios 
das  Ordens  Militares  deíle  Reyno  compoz, 
c  publicou. 

Informação  por  parte  das  Ordens  de  Saõ- 
-Tiago,  SaÕ  Bento  de  Avit(^  contra  o  Arcebifpo 
de  Évora.  Lisboa  por  Jorge  Rodrigues 
1630.  foi. 

GASPAR  PINTO  CORRÊA  natural  do 
lugar  do  Garajal  fituado  na  Provinda  da  Beira 
do  Bifpado  de  Lamego,  filho  do  Doutor 
Gafpar  Vaz  de  Souza,  e  D.  Maria  Corrêa,  e 
irmaõ  de  Fr.  Belchior  da  Santa  Anna  Carme- 
lita Defcalfo  de  quem  fizemos  memoria  em 
feu  lugar.  Quando  contava  quatorze  annos 
de  idade  entrou  na  Companhia  de  Jefus  a 
15  de  Fevereiro  de  1610  onde  pelo  efpaço  de 
vinte  annos,  que  nella  aíTiílio  moftrou  o 
grande  talento,  que  tinha  para  as  letras  huma- 
nas, e  divinas  fendo  Meftre  de  Rhetorica  no 
Collegio  de  Coimbra,  e  de  Filofofia  em  o  de 
Braga.  Depois,  que  deixou  a  Companhia 
foy  ComiíTario  do  Santo  Officio,  e  Cónego 
Penitenciário  da  Collegiada  de  Barcellos.  Fal- 
lou,  e  efcreveo  com  pureza,  e  expedição  a  lín- 
gua Latina,  e  metrificou  em  o  mcfmo  idioma, 
e  também  em  o  materno  com  elegante  caden- 
cia. Foy  ornado  de  exemplares  cuíhimes, 
modeftia  fumma,  afabilidade  natural.  Morreo 
a  25  de  Março  de  1664.  quando  contava  68. 
annos  de  idade.  Jaz  fepultado  na  Ermida 
de  S.  Bento,  que  elle  fundara  em  Barcellos, 
e  fobrc  a  Campa  fe  deve  gravar  o  epitáfio 
feguinte,  que  à  petição  de  hum  feu  cordial 
amigo  compoz  extemporaneamente  o  qual 
ainda  por  muito  tempo  meditado  merecia  a 
mayor  eftimaçaõ. 

Hic  jacety    bic   tacitus   loqtútur  fine   você   Ma- 

KíiJta  loquendo  dedit,  plura  tacendo  docet. 


Multa     dedit     calamo,     €^     Ungm     documenta 

per  orhem 

Sed  matara  brevis  dat  documenta  lápis. 
Qua    male    vixit    erit    poft    mortem    mortuus 

idem 

Pofi  mortem  vivus,  fi  bene  vixit,  erit. 
Ars  bene  vivendi,   €>•  moriendi  eft  una  viator; 

Si    vis    in   atemum    vivere,    dijce    mori. 

O  feu  nome  celebraõ  Joan.  Soar.  de  Brit. 
Theatr.  híifit.  Uter.  lit.  G.  n.  28.  Ingenio 
ad  latinas  Mu/as  fácil  li  mo,  <&  promptijjimo.  D. 
Franc.  Manoel  Cart.  dos  A  A.  Portug.  Poyares 
Paneg.  em  louvor  da  Vi  lia  de  Barcel.  cap.  16. 
pag.  26.  Sampayo  Nobil.  Portug.  cap.  7. 
IIluílriíTimo  Cunha  in  Decretai,  cap.  Catinenf. 
Diíl.  61.  n.  2.  Manoel  de  Gallegos  Templ.  da 
Mem.  liv.  4.  Eílanc.   199. 

Pois  já  com  metro  fúnebre,  e  fucinto 
Fi:(ejle  a  Theodoi^io  a  terra  leve 
Cantay  agora  comigo  ò  fuave  Pinto 
Argos  a  noite  ouvindo-vos  fe  eleve; 
Kecline   o    Tybre   em  umas  a  cabeça 
Durma,  e  por  vos  de  Titiro  fe  efqueça. 

António    Figueira    Duraõ    haur.    Pamaf 
Ram.  2. 
Quàm  piâas  fuperat  nativa  figura  tabeliãs 

Tam  Pheebum  Pintus  maximus  eminuit. 
Efi   enim   Apollo  palam  Pinto  depiãus  Apollo 

Judicio  at  Pintus  verus  Apollo  meo  efi. 
E  logo  mais  abaixo. 

En  quoque  principibus  permixtum  vatibus  illis 

Agnofce  próprio  quem  Mifa  nomine  dicunt. 

Corream  illius  nam  currit  fama  per  orbem 

Dum  í-jifitanas  lacrymas,  mafiamque  Brigan- 
tum 

Cantitat,    atque    Tagum    lacrymis    augmen- 
tat  obortis 

Dnmque  fuis  fuperâ  funííus  Tbeodofius  aura 

Carminibus  vivit,   nomem   quoque  fculpfit  in 
auro. 

Compoz. 

Mufa  Panegyrica  in  Tbeodofium.  Duos  con- 
tinet  libros.  Primus  variam  Panegfrim.  Seam- 
díis  variam  Mufam  amplectitur.  Bracharac  Au- 
guftac    Typis    Fructuofi   Laurcntii  de   Bailo 


L  USITANA. 


i 


1624.  8.  Sahio  com  o  fupoílo  nome  de  Mi- 
iíuel  Pinto  de   Souza. 

Lacryma  l^fitanorum  in  obitu  Serenijftmi 
Prittcipís  Theodofii  fecmdi,  Briganfia  Ducis  Se- 
púmi.  Ulyflipone  apud  Petrum  Crasbeeck 
Reg.  Typ.  163 1.  8.  Coníla  de  Profa  Latina, 
Verfos  Latinos,  e  Portuguezes. 

Lujitania  Captivitas  Juh  Pbilippo,  liber- 
tas, (Ò"  felicitas  fub  Joanne:  libri  qtán- 
qm  qua  bijlorico,  qua  Oratório  Stylo  inter- 
punãi.  UlyíTipone  ex  Officina  Pauli 
Crasbeeck.   1643.  8. 

Commentarii  in  libros  Q.  Horatii 
Flaci  primo  juxta  Verborum  ordinem  ube- 
rioribiís  deinde  notis  illuftrati,  continens  qua- 
tuor  libros  Carminum,  <ir  librum  Epodon. 
Conimbricae  apud  Thomam  Carvalho 
Acad.     Typ.     1655.     4. 

Commentarii  in  Pub.  Vir^lium  Maro- 
nem  nunc  primum  juxta  ordinem  Verborum 
poji  tamem  uberioribus  notis  locupletandi 
Tomus  primus  compleãens  Eglogas,  et  Geor- 
_gicas.  Ulyflipone  apud  Emmanuelem 
da  Silva.  1640.  4.  &  ibi  apud  Ant.  Cras- 
beeck de  Mello  1670.  4.  &  ibi  apud  Emma- 
nuelem Lopes  Ferreira  1699.  4. 

Commentarii  in  P.  Virgilium  Aíaronem  To- 
mus Jegundus  in  fex  priores  JEneidos  libros. 
Ulyflipone  per  Paulum  Crasbeeck.  1644.  4. 
Conimbricae  apud  viduam  Emmanuelis  da 
Sylva  1668.  4.  &  Ulyflipone  apud  Anto- 
nium  Crasbeeck  de  Mello  1670,  4.  &  ibi  per 
Dominicum  Carneiro  1698.  4. 

Commentarii  in  P.  Virgilium  Maro- 
rnrn  Tomus  tertius  in  fex  pofleriores  JEnei- 
dos libros.  Ulyflipone  apud  Antonium 
Crasbeeck.  de  Mello  1653.  &  ibi  per  eum- 
dem  1665.  4. 


GASPAR  PIRES  REBELLO  natural 
da  Villa  de  Aljuftrel  no  Campo  de  Ourique 
€m  a  Provinda  Tranítagana  Freire  profeflb 
da  militar  Ordem  de  Saõ-Tiago  em  o  Real 
Convento  de  Palmella  Prior  de  Caftro  Verde, 
Pregador  iníigne,  e  naõ  menor  Poeta  Vulgar. 
Compoz. 

Infortúnios  Trágicos  da  Confiante  Flo- 
rinda. I.  Part.  Lisboa  por  Giraldo  da 
Vinha  1625.  8.    Coimbra  pela  viuva  de  Ma- 


367 

noel  de  Carvalho  1665.  8.  Lisboa  por  Joaõ 
da  Coíia  1672.  8.  &  ibi  por  Bernardo  da 
Cofta  de  Carvalho  1707.  8. 

Segunda  Parte  Lisboa  por  António 
Alvres  1633.  8.  e  Coimbra  pela  Viuva  de 
Manoel  Carvalho.   1671.  8. 

Ambas  eílas  partes  fahiraõ  Lisboa  por 
Domingos  Carneiro  1684.  8. 

Novellas  exemplares.  Lisboa  por  An- 
tónio Alvares  1650.  8.  &  ibi  por  António 
Crasbeeck  de  Mello  1670.  8.  &  ibi  por  Do- 
mingos Carneiro  1684.  8.  &  ibi  por  Bernardo 
da  Coíla  de  Carvalho.  1700.  8. 

The^ouro  de  penf amentos  Concionatorios 
fobre  a  explicação  dos  Mjflerios,  e  Ceri- 
monias do  Santo  Sacrifício  da  í^íijfa,  das 
Veftiduras  Sacerdotaes  em  forma  de  Dialogo 
entre  o  Sacerdote,  e  feu  Miniflro.  Lisboa 
por  António  Alvres.  1635.  4. 

GASPAR  PIRES  DE  HGUEIREDO 
natural  da  Villa  de  Torres  Novas  do 
Patriarchado  de  Lisboa  filho  de  Femaõ 
Gonfalves,  e  Vicenda  da  Cruz.  Aplicou-fe 
à  Faculdade  da  Medicina  em  a  Univer- 
fidade  de  Coimbra  onde  recebendo  o  grão 
de  Doutor,  foy  Collegial  do  Collegio  Real 
de  S.  Paulo  a  13.  de  Dezembro  de  1634.  e 
conduâario  com  privilégios  de  Lente  de 
cujo  lugar  tomou  pofle  a  10.  de  Outubro 
de  1636.  Deixou  compoílo  três  volumes 
de  Medecina  fendo  o  prindpal. 

Das  virtudes  das  plantas,  e  eruas  que 
prodtfí^  a  Villa  de  Torres  Novas  pátria 
do    autbor. 

Todas  eílas  obras  confervava  em  feu 
poder  o  Doutor  Joaõ  Bautiíla  Rodriguez 
Medico  de  Torres  Novas.  Do  author  fa- 
zem mençaõ  Joaõ  Franco  Barreto  Bib.  Por- 
tug.  M.  S.  e  D.  lozeph  Barbof.  Memor. 
do  Colleg.  de  S.  Paulo  p.  154.  e  no  Archiatb. 
iMfit.  p.  36. 

Arte  Figueiredo  medecina  pellere  morbos 

Nofcet,  non  poterit  propriam  depellere  mor  tem. 

GASPAR  REBELLO  natural  da 
Villa  de  Cea  da  Provinda  da  Beyra  em 
o  Bifpado  de  Coimbra  a  quem  a  nature- 
za deu  o  corpo  taõ  pequeno  como  agigan- 


368 


BIB  LIO  THE  CA 


tado  o  engenho.  Foy  de  profiíTaõ  luriíla 
de  cujos  prudentes  confelhos  fe  valeo  muito 
o  Senhor  D.  António  Prior  do  Crato  no 
tempo,  que  pertendia  fuceder  neíla  Coroa. 
Teve  grande  noticia  das  letras  humanas,  e 
da  ]ingua  Latina,  e  Grega  a  qual  enfinou 
cm  a  Univeríidade  de  Coimbra.  Compoz 
por  modo  de  Dialogo. 

Cana  Cea,  Jive  Noites  Ceana  de  variis 
Júris  Civilis  quajliombus.  M.  S.  Efta  obra, 
que  mereceo  a  aprovação  dos  homens  mais 
doutos  daquella  idade  naõ  teve  a  fortuna 
de  fahir  a  luz  publica. 

Index  copiofijfimus  de  locis,  et  materiis  Júris 
Civilis.  M.  S. 

D.  GASPAR  DO  REGO  DA  FON- 
CECA  naceo  em  a  Villa  de  Villar-mayor 
titulo  de  Condado  da  Comarca  de  Pinhel 
em  a  Provincia  da  Beyra,  e  naõ  em  a 
Cidade  da  Guarda  como  alguns  imagi- 
narão pela  diuturna  habitação,  que  nella 
teve.  Foy  filho  de  Daniel  do  Rego, 
e  Leonor  da  Fonceca  ambos  defcendentes 
das  principaes  famílias  daquella  Villa.  Or- 
nado de  fingular  comprehenfaõ  fe  aplicou 
em  a  Univerfidade  de  Coimbra  ao  eíhido  dos 
Sagrados  Cânones  em  que  naõ  fomente  rece- 
beo  as  infignias  doutoraes,  mas  foy  Opofitor 
de  grande  nome  às  Cadeiras  daquella  Facul- 
dade. Informado  o  Bifpo  da  Guarda  D. 
Aifonfo  Furtado  de  Mendonça  da  fua  Utte- 
ratura  acompanhada  de  inculpável  proce- 
dimento o  nomeou  Vigário  Geral,  Provifor, 
e  Vizitador  deíla  Diocefe  cujas  incumbên- 
cias exercitou  com  tanta  integridade,  que 
fendo  promovido  o  mefmo  Prelado  à  Mitra 
de  Coimbra  no  anno  de  1615.  à  Primacial 
de  Braga  em  161 8.  e  ultimamente  à  Metro- 
politana de  Lisboa  em  1626.  fempre  o  con- 
fervou  por  feu  Miniílro  em  taõ  famozas 
Diocefes  confiando  da  fua  prudente  direção, 
e  maduro  confelho  os  negócios  de  mayo- 
res  confequencias.  Igual,  ou  mayor  con- 
ceito fez  do  feu  talento  D.  loaõ  Manoel 
que  fucedeo  no  anno  de  1630.  a  D.  Af- 
fonfo  Furtado  na  Cadeira  Archiepifco- 
pal  de  Lisboa  elegendo-o  por  feu  Bifpo 
coadjutor  confirmado  com  o  titulo  de 
Targa    pela     Santidade    de     Urbano    VIII. 


Como  os  feus  merecimentos  fe  augmen- 
taíTem  com  os  annos  o  nomeou  Filippe 
IV.  Bifpo  da  Cathedral  do  Porto,  que  vagara 
por  morte  de  D.  Fr.  loaõ  de  Valladares 
onde  fez  a  entrada  publica  a  21.  de  Dezem- 
bro de  1637.  Ao  tempo,  que  como  vigi- 
lante paftor  eílava  cuidando  do  feu  rebanho 
foy  chamado  a  Lisboa  para  aíTiftir  à  Junta 
chamada  do  Dev^empenho  donde  paíTados  fete 
mezes  partio  para  a  Corte  de  Madrid,  c  che- 
gando a  21.  de  Outubro  de  1638.  foy  fum- 
mamente  eftimado  por  ElRey,  e  os  feus 
mayores  Miniílros  pela  judiciofa  liberda- 
de com  que  votava  em  todas  as  matérias 
em  que  era  confultado,  principalmente 
na  Junta  dos  Três  Eftados  de  Portugal 
convocada  àquella  Corte.  Voltando  para 
o  Reyno  chegou  a  Lisboa  gravemente 
moleílado  de  hum  Antràs  maligno  gerado 
na  parte  pofterior  da  garganta,  que  prin- 
cipiou em  Talavera  o  qual  agravando-fe 
exceffivamente  o  privou  da  vida  a  13.  de 
Julho  de  1639.  quando  contava  63.  annos 
de  idade.  Jaz  fepultado  na  Capella  mór  do 
Convento  do  Carmo  de  Lisboa  em  fepultura 
raza.  F///V  vir  doãus,  et  urhanus  como  delle 
efcreveo  Joan.  Soar.  de  Brito  Theatr.  Ljtjii. 
Litter.  lit.  G.  n.  29.    Compoz. 

Conjultum  in  caufa  exemptionis  Ord. 
Mi  lit.  S.  Joannis  &c.  Sahio  impreíTo  nas 
Decif.  Do  Doutor  Themudo.  Decif.  97. 
n.  28.  Ulyflipone  apud  Dominicum  Lo- 
pes Rofa.  1643.  foi.  Foy  feito  no  anno 
de  1629.  quando  era  Provifor  do  Arcc- 
bifpo  de  Lisboa. 

L,ivro  das  Igrejas,  e  Benefícios  da  Co- 
marca de  Villa  Keal  Arcehijpado  de  Braga 
com  as  particularidades,  que  fe  poderão  alcan- 
çar de  cada  huma.  foi.  M.  S.  Conferva-fe 
na  Livraria  do  Excellentiífimo  Duque  de 
Lafoens,  que  foy  do  EmminentiíTimo  Car- 
dial  de  Souza. 

Injlruãio  provia  ad  Vijitatores  excipiendos 
in   Epifcopatu   Portucalenji.   foi.    M.    S. 

GASPAR  DOS  REYS  natural  da 
Cidade  de  Leiria,  Bacharel  nos  Sagrados 
Cânones  pela  Univerfidade  de  Coim- 
bra, e  da  Capella  da  mefma  Univerfi- 
dade   Capellaõ.     Foy    muito    inclinado    ao 


L  USITANA. 


369 


eftudo  da  Poezia  em  que  deixou  compof- 
tas  varias  obras,  das  quais  algumas  eftaõ 
impreflas  no  livro,  que  publicou  com  efte 
titulo. 

Re/açaõ  do  fokmne  recebimento  das  Santas 
Keliquias,  que  foraÕ  levadas  da  Sé  de  Coimbra 
ao  Real  Mojieiro  de  Santa  Cru^.  Coimbra 
por  António  de  Maris.  1596.  8. 

Do  author,  e  da  obra  faz  repetida  memo- 
ria D.  Nic.  de  Santa  Maria  Chron.  dos  Coneg. 
Keg.  liv.  7.  cap.  19.  n.  6.  e  lib.  10.  cap.  30. 
n.  13. 

Fr.  GASPAR  DOS  REYS  natural 
da  Villa  de  Monte-mór  o  Velho  do  Bif- 
pado  de  Coimbra  na  Província  da  Beyra 
filho  de  Joaõ  Negraõ  Coelho,  e  Branca 
Vieyra  a  cuja  virtuofa  educação  deveo  pre- 
ferir o  eílado  religiofo  ao  fecular  profeíTando 
o  inílituto  dos  Erimitas  de  Santo  Agoítí- 
nho  no  Real  Convento  da  Graça  de  Lisboa 
a  6.  de  Mayo  de  1585.  Foy  Vigário  do 
Coro,  muito  perito  em  as  Cerimonias  Eccle- 
íkfticas,  e  obfervante  dos  preceitos  da  fua 
Regra.    Efcreveo. 

Officium  parvum  in  bonorem  SanctiJJimi  Pa- 
triarcha  Jo^eph  adjeãis  qtnbujdam  Orationibus 
pro  devotione  offerentium.  Ulyflipone  apud  Pe- 
trum  Crasbeeck.  161 8.  12.  Dedicado  a 
António  Gomes  da  Matta  Coronel  Correyo 
mór. 

InJirucçaÕ  de  Keligiofos.  Lisboa  por  Domin- 
gos Lopez  Rofa.  1645.  12. 

Abbreviatura  das  horas. 

GASPAR  DOS  REYS  celebre  profeíTor  da 
Muíica  de  cuja  armonica  Arte  teve  por  Meftre 
ao  iníigne  Duarte  Lobo.  Foy  Meftre  em  a  Pa- 
rochial  Igreja  de  S.  Juliaõ  de  Lisboa  donde 
paíTou  com  efte  minifterio  à  Cathedral  de 
Braga,  e  nefta  Cidade  falleceo.    Compoz. 

Mijfas,  PJalmos,  Motetes,  e  Vilhancicos  a  di- 
verfas  vozes,  que  confervava  Francifco  de  Va- 
Ihadolid  de  quem  fe  fez  memoria  em  feu  lugar. 

Fr.  GASPAR  DOS  REYS  chama- 
do no  feculo  Gafpar  Marquez,  naceo  na 
Villa  de  Torres  Novas  do  Patriarchado 
de  Lisboa  fendo  filho  de  Simaõ  Marquez, 
e    Anna    Gonfalves.     No    Convento    pátrio 

24 


recebeo  o  habito  Carmelitano  a  12.  de  Ou- 
tubro de  1594.  e  em  o  de  Lisboa  profef- 
fou  folemnemête  a  17.  do  dito  mez  do 
anno  feguinte.  O  engenho,  que  moftrava 
para  as  letras  fe  fez  mais  conhecido,  e  ve- 
nerado quando  depois  de  aprendidas  as  dic- 
tou  com  grande  aplauzo  no  Collegio  de 
Coimbra  em  cuja  Univerfidade  foy  laureado 
com  as  infignias  doutoraes  na  Faculdade  da 
Theologia.  Depois  de  ter  confumido  grande 
parte  dos  feus  annos  na  efpeculaçaõ  das 
matérias  Theologicas  fe  aplicou  a  penetrar 
as  dificuldades  da  Sagrada  Efcritura  em  que 
fez  admiráveis  progreííos  o  feu  eflndo.  Pela 
fua  prudência  mereceo  exercitar  os  mayo- 
res  lugares  da  Religião  até  fer  eleito  Pro- 
vincial em  31  de  Abril  de  165 1.  temperan- 
do de  tal  forte  a  feveridade  com  a  clemên- 
cia, que  fe  fez  ao  mefmo  tempo  amado, 
e  temido  dos  feus  fubditos.  Por  mayores 
ocupaçoens,  que  tiveíTe  nunca  deixou  de 
rezar  quotidianamente  o  Officio  de  NoíTa 
Senhora  a  quem  venerava  com  cordial  afec- 
to. Foy  Qualificador  do  Santo  Officio,  Exa- 
minador das  Três  Ordens  Militares,  e  Con- 
feíTor  dos  Excellentiffimos  Duques  de  Avei- 
ro D.  Raymundo  de  Lencaftre,  e  D.  Ma- 
ria Manrique  de  Lara.  Falleceo  no  Con- 
vento de  Lisboa  a  30  de  Janeiro  de  1660. 
com  81.  annos  de  idade,  e  66.  de  ReU- 
giaõ.  Fazem  honorifica  mençaõ  do  feu 
nome  Fr.  Daniel  à  Virg.  Mar.  Spectd.  Carm 
Part.  2.  do  2.  Tom.  pag.  1080.  n.  3792 
Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  2.  pag.  325 
Carvalho  Corog.  Portug.  Tom.  3.  Uv.  2 
Trat.  8.  cap.  47.  e  Fr.  Man.  de  Sà  Mem 
Hijl.  dos  EJcrit.  do  Carm.  da  Prov.  de  Portug. 
cap.   39.  n.   261.    Publicou. 

Sermão  nas  exéquias  da  ExcellentiJJima  Con- 
de ff  a  de  Unhaõ.    Lisboa  1643.  4. 

Sermão  nas  Exéquias,  que  fe  celebrarão  em 
o  Real  Convento  do  Carmo  de  Usboa  pela  al- 
ma de  D.  Mariana  de  Alencajire  a  qual  fal- 
leceo a  i  de  Det(embro  de  1643.  fendo  Aya  do 
Príncipe  Noffo  Senhor  D.  Theodov^o,  que  Deos 
guarde,  molher,  que  foy  de  Luií^  da  Sjlva  do 
Confelho  do  Eflado,  Vedor  da  Faf^enda,  e  Mor- 
domo mór  defie  Reyno.  Lisboa  por  Paulo 
Crasbeeck  Impref.  das  Três  Ordens  MiUta- 
res.    1644.  4. 


ÍJícerna  Concionatorum ,  cb*  Jacra  Scriptura 
Profejforum  in  tria  volumina,  Jeu  lumina  divija. 
Primum  volumen  Pentateuchum,  d^  reliquos  Ja- 
cra Scriptt4ra  lihros  ad  EJlher  u/que  illuftrat.  Se- 
cundum  ]ohum,  Sapientiales,  e^  Prophetales 
u/que  ad  Machaheoritm  Jecimdum.  Tertium  No- 
vum  Tejlamentum  ad  Apocalypfim  u/que  dilu- 
cidat.  UlyíTipone  apud  Paulum  Crasbeeck 
1638.  foi. 

O  fegundo  Tomo  deíla  obra,  que  com- 
prehende  o  livro  de  Job  até  o  fegundo 
dos  Macabeos  fe  conferva  M.  S.  na  Livra- 
ria do  Convento  de  Lisboa  como  também 
cm  o  Collegio  de  Coimbra. 

In  Primam  Partem  D.  Thoma.  foi.  M.  S. 

GASPAR  DOS  REYS  FRANCO  na- 
tural da  Cidade  de  Évora,  e  defcendente 
de  Pays  nobres,  fendo  Primo  de  Francif- 
co  Lopes  Franco  Senhor  de  Contich,  e 
Helmont  em  Flandes  natural  de  Lisboa  o 
qual  fallecendo  em  Antuérpia  a  15  de  Fe- 
vereiro de  1660.  jaz  fepultado  com  fua  mu- 
lher D.  Mariana  Franco  em  hum  fumptuofo 
Maufoleo,  que  mandou  edificar  na  Capella 
erigida  no  Convento  dos  Francifcanos  à 
Virgem  SantiíTima,  e  ao  Patriarcha  Seráfico. 
Aprendeo  as  primeiras  letras,  e  Filofofia 
na  Univerfidade  de  Évora  conferindo-lhe 
o  grão  de  Meftre  em  Artes  o  infigne 
P.  Francifco  de  Mendonça  immortal  cre- 
dito da  Companhia  de  JESUS,  como  o 
mefmo  Gafpar  dos  Reys  efcreve  com  agra- 
decida memoria  no  feu  Campus  Elyjiuí 
Qujeft.  37.  n.  48.  Inílruido  egregiamente 
nos  primores  da  lingua  Latina,  vafto  co- 
nhecimento da  Filologia,  e  nas  dificul- 
dades da  Filofofia  Peripatetica  paíTou  a 
eftudar  em  a  Univerfidade  de  Salamanca 
a  Faculdade  de  Medicina  tendo  por  Mef- 
tre ao  Doutor  Gafpar  Fernandes  Cathe- 
dratico  de  Prima  como  elle  efcreve  na 
obra  aíTima  allegada  Quseft.  70.  n.  15. 
e  fe2  taõ  monílruofos  progreflbs  a  vi- 
veza do  feu  engenho,  e  comprehenfaõ 
do  feu  juizo,  que  mereceo  as  aclama- 
çoens  de  todos  os  profeíTores  das  fcien- 
cias,  que  cnnobreciaõ  aquella  florentiíTi- 
ma  Univerfidade.  Por  muitos  annos  aflif- 
tio   cm  a   Cidade   de   Carmona   da    Provin- 


BIB  LIO  THE  CA 


cia  de  Andaluzia  exercitando  com  igual 
felicidade,  que  fciencia  a  Arte  da  Me- 
dicina cujo  methodo  era  invejado  pelos 
principaes  Corifeos  deíla  Faculdade  por  naõ 
haver  infermidade  perniciofa,  ou  invete- 
rada, que  naõ  cedeflc  à  eficácia  dos  fcus 
remédios.  Teve  hum  filho  chamado  Luiz 
Franco,  que  foy  feu  emulo  na  Arte  Me- 
dica de  que  deu  claros  argumentos  cm 
a  Cidade  de  Sevilha,  c  huma  filha  Rcli- 
giofa  no  Convento  de  Santa  Clara  de 
Beja.  Foy  ornado  de  vaíla  erudição  aíTim 
dos  authores  fagrados,  como  profanos,  c 
naõ  menos  intelligente  nos  myfterios  da 
Efcritura  Sagrada,  e  intrepretaçoens  dos 
Cânones  Pontificios,  e  Leys  Imperiaes,  co- 
mo   manifefta    a    obra    feguinte. 

Elyjius  jmundarum  quajlionum  Campus 
omnium  litterarum  amanijftma  varietate  refer- 
tus  Medíeis  imprimis  tamquam  luxuriantis  na- 
tura fpeãatijfimi  flores  erUpant,  <&  admiran- 
da  illius  opera  contemplentur,  maxime  delec- 
tahilts.  Theologis  deinde,  Jurifperitis,  <&  om- 
nium denique  honarum  difciplinarum  Studiofis, 
Philofophis,  Philiatris,  Philolo^s,  Philomufis 
fumme  utilis,  ac  ah  omnihus  expetitus.  Bru- 
xellse  apud  Francifcum  Vivien.  1661.  foi. 
&  Francofurti  apud  Joannem  Beyerum  1 670. 
4.  &  Antuerpias  apud  Hyeronimum  Verduf- 
fen   1667.  foi. 

Heraclidis  Antrum 

Nicomedes. 

Deílas  duas  obras  faz  elle  mençaõ  na 
Obra  precedente;  da  primeira  em  a  Quaft. 
100.  n.  24.  e  da  fegunda  em  a  Quaft.  28. 
n.  II.  António  de  Souza  de  Macedo  Ejfa, 
e  Ave  Part.  i.  cap.  18.  n.  4.  e  cap.  48.  n. 
12.  o  intitula  eruditijftmo  o  Padre  Franc.  da 
Fonceca  £for.  Glorio/,  p.  412.  inftffie  Medico, 
e  Humanifta,  e  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom. 
I.  pag.  406.  col.  2.  eruditione  plenum  multáque 
varium  doBrina. 

Fr.  GASPAR  DO  SALVADOR  natural  da 
índia  Oriental,  e  Religiofo  da  illuíbre  Ordem 
dos  Pregadores  Vigário  do  Convento  de  Ma- 
laca a  cujo  difvelo  fe  deve  a  obra  feguinte. 

Tratado  da  Chriftandade,  que  os  Padres 
de  S.  Domingos  fav^aò  em  Solor,  e  pelas 
mais   partes    da  jurifdiçaõ    de    Malaca.    Nclle 


L  USITAN  A. 


relata  os  varoens  eminentes  em  virtude, 
que  difcorriaõ  por  aquellas  terras  annun- 
dando  o  Evangelho,  principalmente  efcre- 
ve  dos  milagres,  que  obrou  o  V.  D. 
Fr.  Jorge  de  Santa  Luzia  Bifpo  de  Ma- 
kca.  Efta  obra  foy  entregue  ao  Prior 
do  Q)nvento  de  Goa  para  que  a  limaf- 
fe,  e  defapareceu  por  fua  morte.  Falleceo 
o  author  delia  em  Baçaim  no  anno  de 
1593.  do  qual  faz  memoria  Fr.  Pedro 
Monteiro.    Claujlr.    Dom.    Tom.    5.    p.  224. 

GASPAR  DE  SEYXAS  VASCON- 
SELLOS  E  J^UGO  natural  de  Lisboa 
Cavalleiro  profeíTo  da  Ordem  de  Chriílo, 
Fidalgo  da  Caza  Real,  e  Contador  mór 
dos  Contos  deíle  Reyno,  filho  de  Fran- 
dfco  de  Seixas  Vazconcellos,  e  Lugo,  e 
de  D.  Engracia  Henriquez  de  Miranda. 
Foy  inílruido  em  todo  o  género  de  eru- 
dição aíTim  fagrada,  como  profana  da  qual 
íaõ  irrefragaveis  teílemunhos  os  frutos,  que 
produzio,  e  publicou  o  feu  agudo  ta- 
lento. Falleceo  na  Corte  de  Madrid  em 
10  de  Mayo  de  1664.  Jaz  fepultado  no 
Convento  de  S.  Bernardo  deíla  Imperial  Vil- 
la.    Compoz. 

Trofeos  de  la  paciência  Chrifiiana  y  regias 
<pie  dehen  ohfervar  los  Minifiros  Jupremos  en  las 
audiências.  Madrid  por  Diego  Dias  de  la 
Carrera.    1645.  4. 

O  Author  compoz  efte  livro  na  lingua 
Portugueza,  e  o  verteo  na  Caftelhana  em 
que  fe  publicou,  em  cujo  aplauzo  lhe  ef- 
creve  huma  Carta  D.  Francifco  Manoel  de 
Mello,  he  a  35.  da  Centúria  3.  e  entre 
outros  elogios  lhe  faz  o  feguinte  Do£trina 
Chrifiiana,  Politica  jufta,  methodo  fácil,  ertidi- 
cion  profunda,  difpoficion  clara  raras  ve^es  fe 
juntan,  mas  en  efle  libro  cada  pe^' 

Difcurfo  y  exclamacion  a  la  muerte  de 
la  Reyna  D.  It^abel  de  Borbon,  Madrid. 
1645.  4- 

Corona  Imperial  confeguida  en  la  mayor  vi- 
toria, e  formada  con  el  mayor  triunfo,  efpinas 
rigorofas  mojiradoras  de  la  ingratitud  humana, 
y  defempenos  dei  amor  divino.  Madrid  por 
Diego  Dias  de  la  Carrera.    1656.   foi. 

Deíb,  obra  tinha  já  promptos  o  fe- 
gundo,  e  terceiro   Tomo  para  a  impreíTaõ, 


371 

e  profeguia  o  quarto,  que  conílava  da  Pur- 
pura, e  Cana  com  que  os  Judeos  efcame- 
ceraõ  do  noíTo  divino  Redemptor.  Fazem 
mençaõ  do  author  Nic.  Ant.  hib.  Hifp. 
Tom.  I.  pag.  408.  col.  2.  Joan.  Soar.  de 
Brit.  Theatr.  iMjit.  Liter.  lit.  G.  n.  31.  Hal- 
levord.    Bib.    Curiof.   pag.   413.    col.    2. 

GASPAR  SERQUEYRA  COELHO  na- 
tural da  Villa  de  Amarante  em  a  Provin- 
da do  Minho,  e  filho  de  Francifco  Serqudra 
Cavalleiro  profeíTo  da  Ordem  militar  de 
Saõ-Tiago.  Tendo  frequentado  a  Univer- 
fidade  de  Coimbra,  e  nella  recebido  o  grão 
de  Doutor  em  os  Sagrados  Cânones,  como 
foíTe  conhedda  a  fua  grande  litteratura  o 
elegeo  para  Dezembargador  da  Cúria  Pri- 
macial de  Braga  o  Arcebifpo  D.  loaõ  Af- 
fonfo  de  Menezes  a  cuja  dignidade  fora  af- 
fumpto  em  o  anno  de  1582.  Em  premio 
da  fua  integridade  o  nomeou  efte  Prelado 
Abbade  de  Molares.  Falleceo  em  Guima- 
raens,  e  jaz  fepultado  na  Igreja  de  Saõ- 
Tiago  em  huma  Capella  dedicada  a  efte  Sa- 
grado Apoftolo,  que  feu  Pay  edificara  onde 
fobre  a  fepultura  tem  abertas  as  fuás  Ar- 
mas.    Compoz. 

De  filiis  Prasbiterorum  foi.  M.  S.  Efta 
Obra,  que  induia  muitas  matérias  jurídicas 
profundamente  tratadas  deixou  acabada,  e 
prompta  para  a  impreíTaõ,  a  qual  conferva- 
va  Francifco  Martins  de  Serqudra  filho  do 
Author,  que  o  teve  de  legitimo  Matrimo- 
nio antes,  que  recebeíTe  as  Ordens  de  Pres- 
bitero. 


GASPAR  SERRAM  natural  da  Gdade  de 
Évora,  e  irmaõ  naõ  fomente  pela  natureza,  mas 
ainda  pela  fdencia  Medica,  em  que  foy  infigne, 
de  Lopo  Serraõ  Medico  delRey  D.  SebaíHaõ 
de  quem  faremos  mençaõ  em  feu  lugar.  Refi- 
dio  muitos  annos  em  Alemanha  onde  foy  Medi- 
co do  Emperador  Maximiliano  primeiro  donde 
voltou  para  a  pátria  no  anno  de  1 5  99.  Compoz. 

Hiforia  Evangélica,  Jtve  compendium  con- 
córdia Evangeliorum  Janfenii  Gandavenfis  Epif- 
copi.  Coloniae  Agripinae  apud  Bertranum 
Bucholit.    1590.   8. 

Epijlola    áurea    de    comtemptu    mundi,    ^ 


3/2 

ejus  vanitate,   (&   lande  vita  folitaria,   ad  Phi- 
lippum  Tertíum    Hijpania    Príncipem.    8. 

GASPAR  SIMOENS  DE  CARVALHO 
Presbítero  do  habito  de  S.  Pedro  natural 
de  Lisboa  filho  de  António  Simoens,  e 
Jozefa  Maria.  Deixando  a  Religião  da 
Companhia  de  Jefus  onde  tinha  entrado 
a  6  de  Julho  de  1692.  como  fofle  mui- 
to verfado  nas  letras  humanas,  e  intelli- 
gencia  da  lingua  Latina  abrio  clafle  em 
a  fua  pátria  na  qual  eníinou  publicamen- 
te a  muitas  peíToas,  que  acreditarão  o  feu 
Magifterio  até,  que  falleceo  a  7  de  Abril 
de  1745. 

Na  Academia  dos  Anonymos  inílituida 
em  Lisboa  na  caza  de  Ignacio  de  Gir- 
valho,  e  Souza  Cavalleiro  da  Ordem  de 
Chrifto,  e  Académico  da  Academia  Real 
foy  hú  dos  feus  mais  eíHmaveis  alumnos, 
ou  fofle  quando  orava,  ou  metrificava  o 
feu  agudo  engenho  de  cujas  produçoens 
fe  fizeraõ  publicas  nos  Progrejfos  Académi- 
cos dos  Anonymos  de  'Lisboa.  Lisboa  por 
Jozeph  Lopes  Ferreira  171 8.  4.  a  pag.  97. 
Oração  Académica  fendo  affumpto  Pajfar 
o  Condejiavel  D.  Nuno  Alvares  Pereira  o 
Tejo  por  entre  a  Armada  Caftelhana  tocando 
Clarins. 

Poema   Latino  a   pag.    69   A   hum    Rou- 
xinol,   que    morreo    no    defafio    de    huma 
Qthara   tocada   por   huma   Dama.     Começa. 
Dum   digitis  vitam   Cythara,   vocemque  puella 

Fronde  Juh  arbórea. 
Epiff^ama    a    pag.    208.    fendo    afl"umpto 
Duarte     Pacheco     voltando    para     Portugal 
pobre   de   bens   da  fortuna,   e   rico   de    vi- 
torias.    Começa. 

Mendax  jam  fileat  Fama,  nec  acrium 
Plaudat  faífa  Ducum  laudibus  inclytis, 
Hos  quamuis  veteres  robore  praditos 
Secemant  populo   &c. 
No    primeiro    Tomo     do    Jardim    Car- 
melitano    novamente    cultivado    por    Fr.     Ffte- 
vaõ    de    Santo     Angelo.     Lisboa     na     Regia 
Oficina     Sylviana     1741.     foi.     eftaõ     dous 
Hjmnos    Latinos    a    pag.     141.    c    338.    cm 
louvor  da  Religião   do   Carmo  c  no  Tom. 
2.    outros   dous   Hjmnos  Latinos  ao   mefmo 
aflumpto  a  pag.  310.  e  322. 


BIB  LIO  THE  C  A 


P.  GASPAR  TAVARES  filho  de  An- 
dré Fernandes,  e  Filippa  Fernandes  na- 
ceo  em  Villa  Real  da  Provinda  Tranf- 
montana,  e  recebeo  a  roupeta  da  Com- 
panhia em  o  Collegio  de  Coimbra  a  22. 
de  Dezembro  de  1557.  Paflbu  à  índia 
donde  efcreveo  em  13  de  Novembro  de 
1567. 

Carta  em  que  relata  a  fua  jornada  de  Lis- 
boa até   Goa.    M.    S. 

P.  GASPAR  VAZ  natural  da  Villa  de 
Chaves  em  a  Província  Tranfmontana  onde 
tendo  aprendido  os  primeiros  rudimentos 
paflbu  a  Coimbra,  e  no  Collegio  dos  Padres 
Jefuitas  foy  admetido  a  17  de  Julho  de 
1572.  Teve  particular  talento  para  as  fcien- 
cias  efpeculativas,  que  diftou  com  grande 
aplauzo  em  a  Univerfidade  de  Évora.  Sen- 
do chamado  pelo  Illuílriflimo  Bifpo  do  Al- 
garve D.  Fernando  Martins  Mafcarenhas 
para  pregar  em  a  fua  Diocefe  contrahio  al- 
guns achaques  procedidos  do  laboriofo  exer- 
cido das  Miflbens.  Para  fe  refliituir  à  fau- 
de  perdida  paflbu  a  Lisboa  efperando  con- 
valecer  pela  benignidade  do  feu  Clima  po- 
rém agravando-fe  mais  as  moleílias  o  pri- 
varão da  vida  em  a  Caza  profefla  de  S.  Ro- 
que no   anno   de    1596.     Deixou   compofto. 

Introduâio    ad   Dialeâicam.    Aí,    S. 

Lógica.  Aí.  S.  Confervafe  na  Bib.  da 
Univerfidade  de  Oxonia  como  confta  do  feu 
Cathalogo. 

In  lib.   Perihermineas.  Aí.  S. 

In  lib.   Pojleriorum  Arijlotelis.   M.  S. 

In  lib.  de  Calo.  Aí.  S. 

Todas  eftas  obras  fe  confcrvaõ  no  Col- 
legio de  Évora,  e  do  feu  author  faz  men- 
ção o  Padre  Franco  Ann.  Glor.  S.  J.  p. 
262.  e  Annal.  S.  J.  in  Lujit.  p.   163.  n.  6. 

GASPAR  VAZ  REBELLO  mais  conhc- 
ddo  pelo  apcllido  aktinado  de  Valafco  na- 
ceo  cm  a  Cidade  do  Porto  donde  paflando  à 
Univerfidade  de  Pádua  no  reynado  do  noflb  fe- 
licifimo  Monarcha  D.  Manoel  recebeo  o  grão 
de  Doutor  em  os  Sagrados  Cânones  como  cf- 
creve  o  Doutor  Gonçalo  Mendes  de  Vafcon- 
cellos    Cabedo    Div.    Jur.    Argtim.    lib.     i. 


L  USITANA 


375 


cap.  5.  n.  18.  Foy  Dezembargador  do  Se- 
nado Palatino,  e  do  Confelho  delRey  D. 
Joaõ  III.  e  feu  Collaço.  Cazou  duas  vezes; 
a  primeira  com  D.  Ignez  de  Brito,  e  a  fe- 
gunda  com  D.  Alaria  de  Payva  as  quais 
eílaõ  fepultadas  em  huma  Capella  do  Con- 
vento de  S.  Domingos  de  Lisboa  onde  elle 
também  jaz  deixando  inítítuida  huma  Ca- 
pella de  MiíTas  no  anno  de  1567.  que  po- 
derá fer  aquelle  em  que  falleceo.    Compoz. 

In  L.  Imperium  70  ff.  de  Jurifdiãione  om- 
nium  Judicum. 

In  L.  Admonendi  D.  de  Jurejurando  Lug- 
duni    1553.    foi. 

Delle  fe  lembraõ  Covarruvias  in  cap.  Al- 
ma Mater.  2.  p.  releâ:.  §.  3.  n.  6.  Pereira 
Deàjion.  Decif.  21.  n.  2.  Barbofa  Comment. 
ad  Ord.  Re^i  lib.  5.  Tit.  138.  §.  i.  n.  6. 
e  outros  allegados  por  Nicol.  Ant.  Bib. 
Hijp.  Tom.   I.  pag.  409.  col.  2. 

P.  GASPAR  VILLELA  infatigável  cul- 
tor da  vinha  do  lapaõ,  e  gloriofo  emulo 
do  heróico  efpirito  de  S.  Frandfco  Xavier 
em  a  converfaõ  da  Gentilidade.  Naceo  em 
a  Villa  de  Aviz  na  Provinda  Tranílagana, 
e  em  o  Convento  da  Ordem  militar  de  S. 
Bento  foy  educado  com  virtuofos  documen- 
tos, que  fuavemente  o  moverão  a  defprezar 
a  vaidade  do  mundo,  e  abraçar  a  obfervan- 
cia  do  Clauílro  elegendo  entre  todas  as  Fa- 
mílias Religiofas  a  da  Companhia  de  JESUS 
em  que  aliftado  efte  novo  foldado,  já  nas 
virtudes  veterano,  paíTou  com  o  Padre  Bel- 
chior Nunes  Barreto  em  o  anno  de  15  51. 
à  índia  para  declarar  fatal  guerra  a  todo  o 
Inferno.  Ordenado  Presbítero  em  Goa  par- 
tio  no  anno  de  1554.  para  o  lapaõ  deftinada 
baliza  das  fuás  evangélicas  conquiílas  fen- 
do o  primeiro  theatro  delias  o  Reyno  de 
Pirando  onde  bautizou  em  hum  dia  feif- 
centas  almas,  e  em  dous  annos  mil,  e  tre- 
zentas nas  Ilhas  de  Tucufxima,  e  Iquicheu- 
que.  A  impulfos  de  feu  ApoíloUco  zelo 
abrazou  Ídolos,  demolio  Pagodes,  arvorou 
Cruzes,  e  fobre  profanas  cinzas  erigio  três 
Templos  dedicados,  a  Deos,  à  Cruz  de 
Chrifto,  e  à  Raynha  dos  Anjos.  Armou- 
fe  contra  o  author  de  taõ  admiráveis  obras 
a  protervia  de  Firagadaque  celebrado  Bonzo 


dezafiando  a  publica  difputa  ao  Padre  Vil- 
lela,  o  qual  na  primeira  altercação  deixou. 
vencido,  e  confufo  ao  feu  Antígoniíla.  Naõ^ 
foraõ  menores  os  triumfos,  que  teve  na 
Corte  de  Meaco,  pois  alcançando  faculdade 
de  Cubuzama  Rey  de  Guoquinay  para  pre- 
gar a  Fé  Catholica  fahio  animofamente  às 
praças  promulgando  com  tanta  eficácia  as 
verdades  EvangeUcas,  que  atrahida  innu- 
meravel  multidão  de  todos  os  Eftados  di- 
vulgavaõ,  que  hum  homem  vindo  do  Poen- 
te confundia  a  todos  os  Meftres  do  lapaõ. 
Em  a  Qdade  de  Sacay  Capital  do  Reyno 
de  Izumi  igualmente  celebre  pela  copia  de 
riquezas,  como  pelo  numero  de  habitado- 
res fahio  efte  agricultor  apoftoUco  a  fe- 
mear  o  gráo  da  palavra  divina  com  hum. 
crucifixo  nas  mãos,  e  ainda  que  pela  malí- 
cia dos  Bonzos  naõ  correfpondefle  o  fruto 
ao  difvelo  da  cultura,  fempre  recolheo  para 
o  Celeiro  da  Igreja  a  quatorze  Soldados  da 
caza  de  hum  Titular,  que  lhe  dera  hof- 
pedagem  trocando  por  eficácia  da  graça 
bautifmal  os  cuíhimes  Ucenciofos  em  he- 
róicos aâios  de  piedade,  e  religião.  Depois 
de  evadir  de  hum  fatal  perigo  machinado 
em  Meaco  pela  malevolencia  dos  Bonzos 
paíTou  a  Ximo  onde  bautizou  féis  centas  al- 
mas, e  no  lugar  de  Nangazachi  derrubou 
hum  Pagode,  e  erigio  huma  Igreja  em  que 
celebrou  os  Officios  de  Semana  Santa  com 
devota  aíTiftencia  dos  Neófitos.  Querendo 
o  Padre  Vifitador  Gonçalo  Alvares  infor- 
mar-fe  dos  progreílos  da  Chriílandade  do 
lapaõ  o  mandou  chamar,  e  chegando  a 
Cochim  a  4.  de  Fevereiro  de  15  71.  par- 
tio  para  Goa,  e  no  Collegio  de  S.  Pau- 
lo em  o  anno  feguinte  quando  contava 
47  annos  de  idade,  e  21  de  Companhia 
paíTou  a  lograr  o  premio  merecido  aos 
feus  apoftolicos  trabalhos  em  que  fe  exer- 
citara pelo  dilatado  circulo  de  defafeis 
annos  padecendo  fomes,  frios,  e  calores 
intoleráveis  aíTmi  por  mar,  como  por  ter- 
ra, expofto  muitas  vezes  à  violência  dos 
Tyranos,  e  à  cubica  dos  ladroens,  de 
cujos  perigos  o  falvou  a  divina  clemên- 
cia. Aprendeo  a  lingua  laponeza  para  com 
ella  atrahir  naõ  fó  pregando,  mas  efcreven- 
do    innumeraveis    ovelhas    ao    rebanho    de 


374 


BIBLIO THE  CA 


■Chrifto,  muitas  vezes  mudando  o  veftido 
para  fe  introduzir  em  algumas  terras  fecha- 
•das  aos  promulgadores  do  Evangelho,  tole- 
rando confiantemente  tempeftades  de  pe- 
<lras,  e  innundaçoens  de  opróbrios  mo- 
vidos pela  enveja  dos  Bonzos,  e  ultima- 
mente difcorrendo  em  perpetuo  giro  para 
plantar  a  Fé,  e  deílruir  a  Idolatria.  A  me- 
moria de  varaõ  taõ  infigne  celebraõ  o  Li- 
cenciado  lorge   Cardozo   Ágio/.   Ijijit.  Tom. 

2.  p.  634.  e  no  Cõment.  de  19.  de  Abril 
letr.  B.  Guerreiro  Coroa  de  esforc.  Sold.  liv. 
4.  cap.  5.  Nieremberg.  Var.  lllufi.  de  la 
Comp.  Tom.  2.  p.  642.  Gufman  Hift.  de  las 
Mijfwn.  de  la  Compan.  Part.  i.  liv.  6.  cap. 
2.0.  30.  e  31.  Genari  Xaverio  Oriental.  Part. 
X,  liv.  9.  cap.  6.  Joan.  Soar.  de  Brito 
Tbeatr.  Lup.  Utter.  lit.  G.  n.   33.  Bih.  So- 

'Ciet.  p.  283.  col.  I.  &  2.  Souza  Orient. 
■Conq.  Part.  i.  cap.  4.  Divif.  2.  §.  16.  21. 
22.  até  28.  e  Part.  2.  Conq.  4.  divif.  i. 
§.    16.    17.    19.   29.   e   67.   Hift.   Societ.   Part. 

3.  lib.  I.  n.  14.  lib.  2.  n.  112.  lib.  3.  n.  245. 
251.  lib.  6.  n.  207.  Franco  Imagem  da  Virtud. 
do  Nov.  de  'Lisboa  lib.  i.  cap.  38.  Ann. 
Glor.  S.  J.  in  ImJíí.  p.  234.  Barbof.  Mem. 
Polit.  e  Mtlit.  de  D.  Sebajl.  Part.  i.  liv.  i. 
cap.  II.  §.  98.  e  cap.  22.  §.  193.  e  194. 
e  liv.  2.  cap.  14.  §.  144.  e  o  moderno  ad- 
dicionador  da  Bib.  Orient.  de  Ant.  de  Leaõ 
Tom.  I.  Tit.  6.  col.  96.  e  Tit.  8.  col.  176. 
Efcreveo  as  feguintes  Cartas,  que  vaõ  col- 
locadas   por   ordem   Chronologica. 

Carta  efcrita  de  Cochim  a  24.  de  1554. 
MOS  Irmãos  do  Collegio  de  Coimbra.  Sahio  no 
Tom.  I.  das  Cart.  do  lap.  e  Chin.  Évora  por 
Manoel  da  Sylva  1598.  foi.  a  foi.  30.  Co- 
meça A  terra  do  JapaÔ  Traduzida  em  latim 
pelo  Padre  Manoel  da  Cofta  Rer.  Societ. 
in  Ind.  Gejlar.  Coloniae  apud  Gervinum  Ca- 
lenium  1374.  8.  à  pag.  177.  vertida  em 
Caftelhano  pelo  Padre  Cypriano  Soares. 
Coimbra  por  Joaõ  Barreira,  e  Joaõ  Alvres. 
1565.  4.  e  Alcala  por  Juan  Inigues  da  Le- 
querica  iJ7J.  4.  a  foi.  61.  e  Coimbra  por 
Ant.   de  Maris.    1570.   a  foi.   76. 

Carta  efcrita  de  F irando  a  i%  de  Outubro 
de  1557.  aos  Irmãos  da  Companhia  da  índia. 
Sahio  no  livro  das  Cartas  do  lapaõ  aíTima 
allegado  dcfdc  foi.    54.   até  61.    Começa  O 


anno  de  1556.  vertida  em  latim  pelo  P.  Ma- 
noel da  Cofta  Kerum  Societ.  in  Ind.  Geji.  lib. 
2.  a  foi.  117.  Verf.  até  130.  Dilingac  apud 
Sebaldum  Mayer  1571.  8.  &  Colonix  apud 
Gervinum  Calenium  1574.  8.  defde  pag.  230. 
até  247.  e  por  MafFeo  Epijlol.  Indic.  lib. 
I.  Florentix  apud  Philippum  Junâam  1588. 
foi.  em  Caftelhano  pelo  Padre  Cypriano 
Soares.  Coimb.  por  loaõ  Barreira  1565.  4. 
p.  150.  Alcala  por  luan.  Inigues  da  Leque- 
rica.  1575.  4.  foi.  57.  Verf.  e  Coimbra  por 
Ant.   de  Mariz   1570.  4.  foi.   141.  Verf. 

Carta  efcrita  do  lapaÕ  ao  primeiro  de  Se- 
tembro de   1559.   aos   Padres  da  Companhia  de 
Goa.    Sahio  no  livro  das  Cart.  do  lap.  e  Chin. 
aíTima    alleg.    a    folh.    68.    Começa,   o  Anno 
pajfado.    Vertida  em  latim   no   livro   intitu- 
lado  Epijlola  laponica.    Coloniae   apud   Rut- 
genim   Velpium    1569.    8.    defde   pag.    190. 
até  196.  e  por  Manoel  da  Cofta  Ker.  Societ. 
in  Ind.  Gejl.  Dilingae  apud  Sebaldum  Meyer. 
1571.   8.  a  foi.   134.  até  135.  Verf.  Coloniae 
apud    Gervinum    Calenium    1574.    8.    defde 
pag.   252.  até  253.  e  por  MafFeo  Epifi.  Ind. 
lib.    I.     Em   Caftelhano   por   Cj^rian.    Soar 
Coimbra  por  loaõ  Barreira   1565.  4.  a  pag 
199.    Alcala    por   luan.    Inigues.    1575.    4 
foi.  93.  e  Coimbra  por  Ant.  de  Maris  1570 
4.  foi.  181.  e  na  língua  Italiana  com  outras 
Venetia  por  Tramazzino.    1562.    8. 

Carta  efcrita  da  Cidade  de  Sacay  a  17. 
de  Agojlo  de  1561.  aos  Irmãos  da  Compa- 
nhia da  índia.  Évora  por  Manoel  da  Syl- 
va 1598.  foi.  a  folh.  89.  Verf.  até  94. 
Começa  No  anno  de  1559.  ^^7  vertida 
em  latim  por  Cofia  Kerum  Societ.  in  Orient. 
Geft.  Coloniae  apud  Gervinum  1574.  8. 
a  pag.  298.  até  311.  &  Delingae  apud 
Sebaldum  Mayer.  1571.  8.  defde  foi.  167. 
Verf.  até  176.  Verf.  c  no  livro  Epifiola 
Japonica  Lovanii  apud  Rutgerum  Velpium 
1569.  8.  a  pag.  230.  até  262.  Maífeo 
Epifl.  Indic.  lib.  3.  em  Caftelhano .  Coim- 
bra por  loaõ  Barreira  1565.  4.  pag.  305. 
e  Alcala.  1575.  4.  foi.  108.  Verf.  e  Coim- 
bra por  Ant.  de  Maris.  1570.  4.  foi. 
238. 

Carta  efcrita  do  Sacay  no  anno  de  1562. 
aos  PP.  da  Companhia  de  Jefus.  Évora 
por    Manoel    da    Sylva    1598.    foi.    a    folh. 


L  USIT  AN  A, 


'\    112.    até    115.    Começa.  Pela   Carta   do  anno 

pajfado.    Vertida    em   latim   pelo    Padre  Cof- 

ta    Cólon,    apud    Gervinum    Calenium  1574. 

8.  a  pag.  331.  até  336.  Alaffeo  Eptji.  In- 
j    dic.    lib.     2.    em    Caftelhano    Coimbra    por 

loaõ    Barreira    1565.    4.    pag.    371.    Alcala 

por    luan    Inigues    de    Lequerica    1575.    4. 

foi.    135.    e    Coimbra    por    Ant.    de    Maris. 

1570.    foi.     299.    Verf. 

Carta    efcrita    da    Cidade    de    Sacay    para 

os  Irmãos  da  índia  a  27.  de  Abril  de 
j  1563.  Évora  por  Manoel  da  Sylva.  1598. 
;    foi.    a    folh.    137.    Verf.    até    139.    Começa 

No    anno    de     1562.     Traduzida    em    latim. 

Dilingíe    apud    Sebaldum    Mayer     1571.    8. 

defde  foi.  202.  até  204.  &  Coloniae  apud 
;    Gervinum    Calenium    1574.     8.    defde    pag. 

347.    até    349.    e    por    Maífeo    Epift.    Indic. 

lib.    3.    em    Caftelhano    pelo    Padre    Soares. 

Coimbra    por    loaõ    Barreira    1565.    4.  pag. 

398.    Alcala.     1575.    4.    foi.     164.    Verf.    e 

Coimbra     por     António     de     Maris.     1570. 

4.  a  foi.  366. 

Carta  efcrita  de  Meaco  a   13.   de  Julho  de 

1564.  aos  Padres  da  Companhia  de  Portugal. 
Évora  por  Manoel  da  Sylva  1598.  foi.  a 
folh.  140.  até  143.  Verf.  Começa.  Na  era 
de    1559. 

Carta  efcrita  de  I mores  a  z.  de  Agoflo  de 

1565.  ao  Padre  Cofme  de  Torres.  Évora  por 
Manoel  da  Sylva  1598.  foi.  a  folh.  1690. 
Começa.  Depois  que  o  Tyrano.  Vertida  em 
Caftelhano.  Alcala  por  Juan  Inigues  de 
Lequerica  1575.  4.  foi.  222.  e  Coimbra  por 
Ant.    de   Maris.    1570.   4.   foi.   496. 

Carta  efcrita  de  Sacay  ao  Convento  de  Avii^ 
em  1^  de  Setembro  de  1565.  Évora  por  Ma- 
noel da  Sylva  1598.  foi.  defde  folh.  193. 
atè  197.  Verf.  Começa.  Se  me  naõ  efquece.  Em 
Caftelhano.     Coimbra    por    Ant.    de    Maris. 

1570.  4,  a  foi.  503.  Verf.  e  Alcala  por  luan 
Inigues  de  Lequerica  1575.  4.  a  foi.  226. 

Carta  efcrita  de  Cochim  a  4  de  Fevereiro  de 

1571.  aos  PP.  da  Companhia  de  Portugal. 
Évora  por  Manoel  da  Sylva  1598.  foi.  defde 
foi.  301.  até  304.  Verf.  Começa.  Foy  Nojfo  Se- 
nhor fervido.  Em  Caftelhano.  Alcala  por  luan 
Inigues  de  Lequerica.  1575.  4.  a  foi.  311. 

Carta  efcrita  de  Cochim  a  4.  de  Fe- 
vereiro   de    1571.   para    hum    IrmaÕ   da    Com- 


.375 

panhia.  Évora  por  Manoel  da  Sylva  1598. 
foi.  defde  folh.  304.  até  305.  Começa. 
Muito  largo  lhe  qui-:^era  efcrever .  em  Caf- 
telhano   Alcala     1375.     4.    a    foi.     284. 

Carta  de  Goa  a  20.  de  Outubro  de  1571. 
Evor.  por  Manoel  da  Sylva.  1598.  foi.  def- 
de folh.  317.  Verf.  até  319.  Começa.  EJie 
anno  de  1571. 

Carta  efcrita  de  Goa  a  G.  de  Outubro  de 
15  71.  aos  Padres  do  Convento  de  Avi^  em  Por- 
tugal. Évora  por  Manoel  da  Sylva  1598. 
foi.  a  folh.  319.  até  530.  Verf.  Começa.^ 
Parece  que  fe  me  podia  contar  por  muita  in- 
gratidão. 

Compoz  na  lingua  laponeza. 

Controverjias  contra  todas  as  feytas  do  la- 
pão. Nellas  refutava  concludentemente  todos 
os  argumentos  propoftos  pelos  Meftxes  da. 
Corte  de  Meaco. 

Hijioria  das  vidas  dos  Santos. 

Documentos  Efpirituaes. 

Deftas  obras  fazem  mençaõ  Bib.  Societ.. 
pag.  284.  col.  2.  Gufman  Hijl.  de  las  Mif- 
fion.  Part.  i.  lib.  6.  cap.  30.  Souza  Orienta 
Conqmft.  Part.  2.  Conq.  4.  Divif.  i.  §.  16. 
Cardof.  Affol.  hnfit.  Tom.  2.  pag.  642.  col. 
e  Franco  Imag.  da  Virtud.  em  o  Nov.  de 
L.isboa.  pag.  969. 

Fr.  GASTAM  cujo  apeUido  fe  ignora^ 
religiofo  da  Ordem  dos  Pregadores,  e  fi- 
lho da  Congregação  da  índia  Oriental 
onde  afliftio  muitos  annos  principalmente 
na  Feitoria  de  Cruzi.  Para  eternizar  as 
heróicas  proezas,  que  o  iníigne  Heroe 
Duarte  Pacheco  Pereira  obrou  contra  El- 
Rey  de  Calicut  derrotando-lhe  as  formi- 
dáveis Armadas,  que  expedio  contra  o- 
Eftado,     efcreveo. 

Tratado  da  Guerra  entre  os  Rejs  de  Co- 
chim, e  Calicut.  Defta  obra  como  do  feu 
author  fe  lembraõ  Barros  Decad  i.  da  índia 
liv.  7.  cap.  8.  loaõ  Franco  Barreto  Bib, 
Portug.  Aí.  S.  e  Fr.  Pedro  Monteiro  Claufhr, 
Domin.  Tom.  3.  pag.  224. 

gastajvi    de    ABRINHOSA    LEY- 

TAM  natural  da  Villa  de  Serpa  em  a 
Provinda  Tranftagana  Presbítero,  e  forma- 
do   em    a    Faculdade    dos    Sagrados    Cano- 


376 

ncs.  Acompanhou  a  ElRey  D.  Sebaftiaõ 
na  infeliz  jornada  de  Africa  onde  depois 
•de  receber  varias  feridas  ficou  cativo,  cujo 
infortúnio  experimentou  fegunda  vez  na 
ocafiaõ,  que  voltava  de  Roma  para  eíle 
Reyno  onde  aíTiílio  no  anno  de  1605. 
Para  fe  purificar  da  malévola  impoftura 
<le  ter  fangue  infefto  com  que  era  pri- 
vado de  huma  Igreja  das  trcs  Ordens 
Militares    cm    que    fora    provido,    efcreveo. 

Informação'  de  Gaftàô  de  Ahrinhoja  op- 
poenU  à  caifí^a  de  loaô  de  Abrinhofa  meu 
IrmaS.  foi.  fem  lugar,  nem  anno  da  Im- 
preflaõ. 

Summario  dos  fuceffos,  e  alteraçoens  do  Key- 
no  de  Portugal  depois  da  perda  delKey  D.  Se- 
baftiad.  M.  S,  Defta  obra  extrahio  muitas 
noticias  Gafpar  de  Qiaves  Sentido  para  o 
feu  livro  intitulado  Trágicos  Jucejfos  do  Reyno 
Je  Portugal,  do  qual  fe  fez  mençaõ  em  feu 
lugar. 


D.  GASTAM  COUTINHO  Commenda- 
-dor  de  Vaqueiros  na  Ordem  militar  de 
■Chriílo  filho  de  D.  Gonçalo  Coutinho  fe- 
gundo  Conde  de  Marialva,  e  D.  Brites  de 
Mello.  Com  igual  valor,  que  difciplina  mi- 
litou em  Africa,  e  na  ultima  guerra,  que 
Affonfo  V.  teve  com  Caftella.  Reftituido  à 
Corte  continuou  no  ferviço  delRey  D.  Joaõ 
o  2.  donde  obrigado  de  hum  grave  motivo 
fe  retirou  para  Granada,  e  manifeftando  a 
fua  fciencia  militar  nas  fanguinolentas  guer- 
ras de  que  era  theatro  efte  Reyno  nas  quais 
teve  por  companheiros,  e  emulos  a  D.  Fran- 
<:ifco  de  Almeyda,  que  depois  foy  o  pri- 
meiro Vicerey  da  índia,  e  a  D.  Gonçalo 
Fernandes  de  Córdova  chamado  antonomaf- 
ticamente  o  Graõ  Capitão  conciliou  taõ  par- 
ticulares eílimaçoens  dos  Reys  Catholicos  D. 
Fernando,  e  Izabel,  que  lhe  deraõ  por  con- 
forte a  D.  Toda  Centelhas  Dama  da  Ray- 
nha  filha  de  Gafpar  Centelhas  Conde  de 
Oliva  com  o  dote  de  trezentos  mil  mara- 
vidis  de  Tença  pagos  nos  direitos  do  Rey- 
no de  Murcia.  Foy  de  eftatura  pequena, 
de  engenho  grande,  c  de  capacidade  fumma. 
Entre  os  eftudos  que  cultivou  foy  muito  in- 
clinado à  Genealogia  deixando  efcrito. 


BIB  LIO  THE  CA 


Hijloria  Genealógica  defcrita  em  FJoffos  Àos 
nomes,  e  nacimentos  de  feus  Irmãos,  dos  casa- 
mentos delles,  e  dos  filhos,  que  tinhaõ  tido.  Aí.  S. 
Da  obra,  e  do  author  faz  mençaõ  o  Padre 
D.  António  Caetano  de  Souza  Advert.  $ 
Addic.  a  Hift.  Gen.  da  Cav^.  Real  Portug. 
Tom.  8.  pag.   14.  no  fim. 


GASTAM  DE  FOX  por  nacimento  Por- 
tuguez,  e  por  origem  defcendente  dos  Prín- 
cipes de  Guiene  em  França.  Foy  hum  dos 
famofos  Theologos  do  feu  tempo,  c  muito 
intelligente,  e  verfado  alem  das  linguas  Por- 
tugueza,  e  Franceza  em  a  Latina,  Hebraica, 
e  Arábica.  A  grande  litteratura,  que  pro- 
feíTava  unida  à  innocencia  dos  cuíhimes,  c 
fuavidade  do  génio  impelliraõ  ao  noíTo  pri- 
meiro Monarcha  D.  Affonfo  Henriques  pa- 
ra o  nomear  Bifpo  de  Évora,  e  Embaxador 
à  Cúria  Romana  em  cuja  jornada  foy  vio- 
lentamente morto  pelos  ladroens,  digno  cer- 
tamente de  fim  mais  gloriofo.  Jaz  fepul- 
tado  na  Igreja  de  S.  Paulo  fituada  em  o 
fuburbio  da  Cidade  de  Tolofa  em  a  Pro- 
vinda de  Guipufcoa  em  hum  maufoleo  à 
parte  efquerda  da  entrada  do  Templo  fo- 
bre  o  qual  fe  lhe  gravou  o  feguinte  epi- 
táfio. 

Gaftonis  Foxii  LMjitani  à  latronihus  inter- 
feri ojfa  hic  quiefcunt.  vixit.  annos  LIV.  men- 
fes  X.  dies  XXIV. 

Efte  Templo  com  o  fuburbio  foraõ  abia- 
zados  pelas  armas  Francezas  do  qual  naõ 
ficou  o  menor  veftigio.  Compoz  na  língua 
Arábica  que  naquelles  tempos  era  a  mais 
univerfal  cm  Hefpanha  huma  Obra  repar- 
tida em   7   partes,    que   conftavaõ. 

De  Deos,  e  da  immortalidade  da  alma.  Con- 
cordância das  Profecias  das  Sybillas  com  os  Pro- 
fetas; da  Bemaventurança  eterna,  Purgatório,  e 
Inferno.  Foy  traduzida  eui  Portnguez  por 
D.  Pedro  Galvaõ  Arcebifpo  de  Braga  à 
inftancia  delRey  D.  Diniz.  Depois  a  vcr- 
teo  na  lingua  Latina  o  Cardial  D.  Mi- 
guel da  Sylva  cm  cujo  idioma  era  mui- 
to perito,  c  a  comunicou  cm  Roma  a 
lacobo  Eborenfe  o  qual  querendo  trcs- 
ladalla  o  naõ  confentio  o  tradutor.  To- 
das   eílas    noticias    de    hum   Varaõ    taõ    in- 


L  USITAN A. 


377 


íigne  fe  devem  à  curiofa  inveftigaçaõ  de 
Jacobo  Eborenfe  deixando-as  efcritas  no 
livro,  que  intitulou  Cafo  mayor  impreflb 
em  Vene2a  no  anno  de  1592.  lib.  2. 
pag.  126.  onde  neftas  vozes  métricas  com- 
prehende    o    que    efcreveo    Gaílaõ    de  Fox. 

« 

Schre    licet   paucis,    qua    rerum    arcana    revol- 
vens 

Explicíát  Jeptem   Gafio   voJuminibus 
Et  quíB  tot   Vates,  et  tot  cecinere  Sybilla 

Hi  folymis,  illa  colle  Juh  Albaneo. 
EJl  Deus,  ejl  inquam,  Deus  Unus,  &  ornnis  in 
ipfo 

Omnium,  et  ipfe  parens  omnium  et  inflar  agens. 
Praterea  illius  Spirat  de  numine  Sanão 

Aura  lenis  tardis  infita  corporihus. 
Qua  fimul  infufa  eft,  eb*  numquam  definit,   <& 
cum 

Dejerit  exanimum  corpus  in  aflra  reSt. 
Hic  mercês  fua  cuique,  Ó"  vitá  digna  peraãa 

Stant  exquefito  pramia  judicio. 
Atque  aliquis  gentis  mixtus  felicibus  ora 

Ora  Dei  Jumma  jam  propiora  videt. 
Contra    alius  ftat    luce   procul,    lex    nulla    no- 
centi. 

Durior,  aut  gravior  pana  venire  potefl. 
Hac  Sénior  Gaflo:  tu  vero  numquid  Aquinas; 

Nunquid  habet  melior  Scotus  amice  doce. 

Joaõ  Soar.  de  Brit.  Theatr.  Liter  JLuflt. 
lit.  G.  n.  34.  lhe  chama  Theologorum  fui 
Jaculi  nemini  fecundus,  et  linguarum  plurimarum 
nntitia  clarus.  Joaõ  Pint.  Rib.  Vrefer.  das  letr. 
as  Arm.  Ahali^uje  aquelle  douto  Português 
GaflaÕ  de  Fox  cu/os  e/critos  por  ventura  andaõ 
perfilhados  nefle  tempo  por  que  fe  acreMtou  com 
feus  trabalhos.  Brãdaõ  Monarch.  Ljífit.  Part. 
5.  liv.  16.  cap.  3.  Príncipe  dos  Theologos  do 
feu  tempo.  Leytaõ  Notic.  Chronolog.  da  Univ. 
de  Coimb.  pag.  4.  §.  7.  Grande  Theologo,  e 
Jorge  Cardofo  Agiol.  Lstfit.  Tom.  3.  no 
Comment.   de   22.   de  Mayo  letr.   A. 


Fr.  GERARDO  DA  AJUDA  natural 
dos  Coutos  de  Alcobaça  Monge  profeíTo  no 
Real  Convento  de  Santa  Maria  de  Alcobaça, 
c   iníigne    Efcriturario    como    publica   a   fe- 


guinte  obra  que  fe  conferva  em  o  Cartório 
do   dito  Convento. 

Expofltio    in    Pfalmos   David.    foi.    M.    S. 

Fr.  GERARDO  DAS  CHAGAS  natu- 
ral da  Villa  de  Touro  em  a  Provinda 
da  Beira,  e  naõ  em  Villa  cova  como 
efcreve  lorge  Cardofo  Agiol.  Ijifit.  Tom. 
3.  pag.  696.  Recebeo  a  cogulla  Cifter- 
cienfe  em  o  Convento  de  Santa  Maria 
de  Salcedas,  e  nefta  illuftre  paleftra  fez 
iguaes  progreíTos  nas  virtudes,  que  nas 
fciencias.  Foy  fevero  obfervante  do  feu 
fagrado  inílituto,  e  taõ  inimigo  da  vaõ 
gloria,  que  fendo  laureado  com  as  in- 
fignias  doutoraes  em  a  fagrada  Theologia 
f)ela  Univeríidade  de  Coimbra  nunca  quiz 
intitularfe  Doutor.  Com  igual  aíFabilidade, 
que  prudência  adminiílrou  as  Abbadias  dos 
Conventos  de  Bouro,  e  Salcedas,  a  Rey- 
toria  do  Collegio  de  Coimbra,  e  o  Ge- 
neralato  de  toda  a  Congregação  no  an- 
no de  1591.  Mereceo  as  eftimaçoens  das 
primeiras  peíToas  do  Reyno  pela  profun- 
didade da  fciencia,  e  innocencia  da  vida 
chegando  a  formar  delle  tal  conceito  o 
iníigne  Meftre  Fr.  Martinho  de  Ledef- 
ma  grande  efplendor  da  Religião  Domi- 
nicana, e  Cathedratico  de  Prima  em  a 
Univeríidade  Conimbricenfe,  que  a  hum 
Religiofo  Ciílercienfe  lhe  fez  o  feguinte 
elogio.  Scitis  quod  babetis  inter  vos  virum 
Sanãum,  e^  do£íum,  fed  nimis  fcrupulofum. 
Zelou  como  verdadeiro  filho  os  privilé- 
gios da  fua  Sagrada  Congregação  com- 
pondo   douta,    e    diíFufamente. 

Defenfam  do  direito,  e  jufliça  que  tem 
a  Ordem  de  SaÕ  Bernardo  do  Reyno  de 
Portugal  no  padroado  dos  Mofleiros  da  mef- 
ma  Ordem  apret^entada  a  Mageflade  deíKey 
Catholico  D.  Filippe  II.  foi.  1594.  Naõ 
tem   lugar   nem   nome   do   ImpreíTor. 

Ao  tempo,  que  era  Abbade  do  Con- 
vento de  Salcedas  deixou  a  vida  caduca 
pela  eterna  em  o  anno  de  16 10.  laz  fe- 
pultado  em  o  Capitulo  com  eíle  epitá- 
fio. 

Hic  jacet  Keverendijftmus  Parens  nofler  Fr. 
Gerardus  à  Plagis,  qui  virtutum,  <ò^  Sa- 
pientia    dotibus  praclanis,    dum    vixit,   flonát. 


378 

Fr.  GERARDO  DE  S.  lOSEPH  natu- 
ral de  Lisboa  a  donde  paflando  â  índia 
recebeu  o  habito  da  illuílriíTima  Ordem  dos 
Pregadores  em  o  Convento  de  Goa  no 
anno  de  171 5.  Depois  de  eftudar  as  fcien- 
cias  Efcolafticas  foy  lente  de  Theologia, 
Prior  do  G^nvento,  de  Goa,  Qualificador 
do  Santo  Officio,  e  excellente  Orador  Evan- 
gélico de  cujo  minifterio  publicou  como 
primícias   a  feguinte   obra. 

A  fortuna  do  EJlado  Portugue^  da  índia 
Oriental  agravada,  e  de/agravada.  Sermão  Pa- 
negjrico  pregado  no  folemniJfiNw  dejagravo  da  glo- 
rio/a Virgem,  Doutora,  e  Martyr  Santa  Ca- 
therina  Padroeira  da  Cidade  de  Goa.  Lisboa 
por  Miguel  Rodrigues  ImpreíTor  do  Em- 
minentiíTimo  Cardial  Patriarcha.  1742.  4. 

GHEDALIA  BEN  DAVID  lACHIA 
natural  de  Lisboa  onde  teve  o  feu  fo- 
lar cila  familia,  que  produzio  celebres  ef- 
critores.  Por  morte  de  feu  Pay  David 
lachia  deixou  a  pátria,  e  partio  para  Conf- 
tantinopla  onde  exercitou  a  faculdade  da 
Medecina,  e  foy  Reytor  da  Sinagoga  por 
fer  muito  verfado  em  os  delírios  do  Tal- 
mud.  Naõ  foy  menos  inílruido  nas  Leys 
Imperiaes,  que  nas  experiências  Fificas.  Ef- 
creveo  conforme  afirma  feu  parente  Ghe- 
daUa  Jachia  in  Scial  Jeeiet  Hakkabala  pag. 
62.  muitas  obras  fendo  a  principal,  que 
lhe    chegou    a    feu    poder,    a    feguinte. 

Septem  Oculi.   ex   Zach.   7.   n.    10. 

Faz  mençaõ  delle  Barthol.  Bib.  Rabhin. 
Tom.  I.  pag.  705.  n.  390. 

S.  Fr.  GIL  chamado  no  feculo  Gil 
Rodrigues  de  Valladares  filho  de  Ruy  Pi- 
res de  Valladares  do  Confelho  delRey 
D.  Sancho  I.  de  Portugal  feu  Mordo- 
mo mór,  e  Alcayde  mór  do  Caftello,  e 
Gdade  de  Q)imbra,  e  de  Thereza  Gil 
filha  do  Senhor  da  Quinta  da  Cavalla- 
ria  naceo  em  o  anno  de  1185.  em  a 
Villa  de  Vouzella  Cabeça  do  Confelho  de 
Lafoens  em  o  Bifpado  de  Vifeu.  Teve 
por  paleíbra  dos  feus  eíludos  a  £amofa 
Cidade  de  Coimbra  onde  aprendendo  a 
lingua    Latina,    Filofofia,    e    Medecina    (fa- 


BIBLIO  THE  CA 


culdade  em  que  naquelles  tempos  eíhida- 
vaõ  peíToas  de  conhecida  nobreza)  em  o 
Real  Convento  de  Santa  Cruz  de  Coimbra 
como  teftefica  D.  Nicol.  de  Santa  Maria 
Chron.  dos  Coneg.  Keg.  liv.  7.  cap.  15. 
n.  4.  fahio  pela  viveza  do  engenho  taò 
egregiamente  iníbuido,  que  nenhum  dos 
feus  condifcipulos  lhe  difputava  a  pri- 
mazia. A  fama  que  corria  das  fuás  le- 
tras lhe  adquirio  multiplicadas  dignidades 
fendo  ao  mefmo  tempo  Cónego  das  Ca- 
thedraes  de  Braga,  Coimbra,  e  Guarda, 
Arcediago  da  terceira  Cadeira  em  a  de 
Lisboa,  e  Prior  das  Igrejas  de  Santa  Iria 
em  Santarém,  e  Santa  Maria  de  Coruche. 
O  verdor  dos  annos,  e  a  opulência  de  tan- 
tas rendas  EcclefiaíUcas  lhe  infundirão  cm 
o  animo  taõ  vaõgloriofos  penfamentos,  que 
fe  refolveo  a  frequentar  a  Univerfidade  de 
Pariz  celebre  empório  de  todas  as  fciencias 
formando  delias  os  degraos  por  onde  fu- 
biíTe  à  eminência  dos  mayores  lugares,  que 
na  fua  idea  maquinava.  Tanto  que  chegou 
a  efta  celebre  Academia  continuou  o  eíhido 
da  Medecina,  e  nella  fez  taõ  agigantados 
progreíTos,  que  por  voto  de  todos  os  Ca- 
thedraticos  foy  laureado  com  as  infignias 
doutoraes.  Obfervando  com  madura  refle- 
xão que  alguns  dos  feus  condifcipulos  taò 
claros  em  o  fangue,  como  na  Sabidoria  pre- 
feriaõ  a  pobreza  Evangélica  à  opulência 
mundana  determinou  fegviir  taõ  heróicos 
veíligios  para  cujo  efeito  deixando  o  feculo 
fe  recolheo  ao  clauíbro  do  reformado  Con- 
vento de  S.  Jacobo  de  Pariz  da  Ordem  dos 
Pregadores  em  o  anno  de  1225.  quando  con- 
tava quarenta  annos  de  idade.  Em  o  No- 
viciado onde  teve  por  companheiro  a  Hum- 
berto, que  depois  foy  Meílre  Geral  da  Or- 
dem, caftigava  com  a  parfimonia  do  fuften- 
to,  e  afpereza  do  veíUdo  os  regalos,  c  deli- 
cias com  que  fora  educado  na  caza  de  feus 
illuftres  Pays,  e  para  abater  a  memoria  da 
fua  nobreza  fc  exercitava  em  os  mais  vis 
miniílerios  da  cozinha,  e  enfermaria.  Feita 
a  profiçaõ  folemne  fe  aplicou  ao  eftudo  da 
Sagrada  Theologia  em  que  recebco  o  grão 
de  Meílre  em  a  Univerfidade  de  Pariz  don- 
de partio  para  Hefpanha  a  diftar  taõ  fu- 
blimc    Faculdade.    Do    Magiílerio    foy    af- 


L  USITAN A. 


I 


fumpto  em  o  anno  de  1233.  ao  Provindalado 
de  toda  Efpanha,  que  vagara  por  morte  do 
V.  Fr.  Sueyro  Gomes,  em  cujo  lugar  uzou 
de  afabilidade,  e  prudência,  e  pofto,  que 
eftava  fummamente  atenuado  com  achaques, 
e  penitencias  naõ  deixou  de  viíitar  a  pé 
taõ  dilatada  Provinda,  que  fe  extendia  pelo 
vafto  efpaço  de  trezentas  legoas.  Tendo 
afllftido  em  Bolonha  à  celebração  do  Capi- 
tulo Geral  em  que  fahio  eleito  no  anno 
de  1238.  por  Meftre  Geral  da  Ordem  S. 
Raymundo  de  Penafort  voltando  a  Portu- 
gal, foy  abfolto  do  lugar  de  Provincial,  que 
eítímou  exceíTivamente  para  com  mayor  fo- 
cego  fe  dedicar  à  contemplação  dos  divinos 
atributos.  A  culpável  inércia  com  que  El- 
Rey  D.  Sancho  11.  de  Portugal  permitio 
fer  dominado  pelos  feus  VaíTalos  com  inju- 
ria da  Soberania,  e  abatimento  da  Mageftade 
impellio  aos  zelozos  da  pátria  para  que  cla- 
maíTem  a  Innocencio  IV.  o  depuzefle  do 
trono.  Eíla  comiíTaõ,  que  era  a  todos  for- 
midável, a  executou  o  Santo  Fr.  Gil  com 
apoftolica  liberdade  pofto,  que  padeceo  gra- 
ves afrontas,  e  infinitas  moleítías.  Segunda 
vez  foy  eleito  Provincial,  e  como  atendia 
mais  pela  obfervanda  religiofa,  que  pelo 
próprio  defcanço  aceitou  taõ  laboriofo  mi- 
niílerio  em  que  encheo  as  obrigaçoens  de 
vigilante  Prelado.  Acometido  da  ultima  in- 
fermidade  recebeo  com  fumma  ternura  os 
Sacramentos,  e  pronimdando  as  palavras 
in  manus  tuas  Domine  commendo  Spiritum 
meum  partio  a  lograr  o  premio  das  fuás 
virtuofas  obras  a  14  de  May  o  de  1265. 
quando  contava  80  annos  de  idade  fican- 
do com  taõ  agradável  afpeâo,  que  pa- 
recia fe  entregara  a  hum  pladdo  fono. 
PaíTados  féis  annos  foy  transferido  o  feu 
corpo,  que  fe  achou  incorrupto  para  hum 
Maufoleo,  que  lhe  edificara  fua  Prima 
D.  Joanna  Dias  Senhora  da  Attouguia 
mulher  de  D.  Fernando  Fernandes  Co- 
gominho  fenhor  de  Chaves,  e  Alcayde 
mór  de  Coimbra,  o  qual  eílá  collocado 
em  huma  Capella  do  Cruzeiro  do  Con- 
vento de  S.  Domingos  da  Villa  de  San- 
tarém da  parte  da  Epiftola  concorrendo 
continuamente  innumeravel  povo  a  vene- 
rar  o   Santo   Cadáver.   Os   aííombrofos   mi- 


379 

lagres,  que  em  benefido  de  innumeraveis 
peíToas  obrou  a  fua  heróica  virtude  aíTun 
vivo  como  morto;  os  admiráveis  exta- 
fis  com  que  repetidas  vezes  foy  viiio  fuf- 
penfo  nos  ares  parecendo  mais  habitador 
do  Ceo,  que  da  terra;  as  rigorofas  pe- 
nitencias com  que  macerou  o  corpo  re- 
duzindo o  às  Leys  do  efpirito;  e  as  glo- 
riofas  vitorias,  que  alcançou  do  Prindpe 
das  trevas  fe  podem  ler  difufamente  em 
Refende.  Conv.  mirand.  D.  JE^d.  hufit. 
lib.  4.  Souza  Hijl.  de  S.  Domingos  da 
Prov.  de  Portug.  Part.  i.  Uv.  2.  cap.  13. 
até  35.  IlluílriíTimo  Cunha  Hiji.  Bxclef.  de 
Brag.  Part.  2.  cap.  34.  e  HiJi.  'Exclef.  de 
Usboa.  Part.  2.  cap.  64.  Bzou.  Annal. 
Ecclef.  Tom.  13.  ad  an.  1230.  Mariet. 
HiJl.  de  los  Sant.  de  Efpan.  lib.  12.  cap. 
25.  Tamayo  Martyrol.  Hifp.  Tom.  3.  ad 
16.  Maij.  Brandão  Mon.  Ljifit.  Part.  4. 
liv.  15.  cap.  32.  Nunes  Defcripc.  de  Por- 
tugal, cap.  47.  Vafconcel.  Defcript.  Portu- 
gal, p.  553.  n.  II.  Balinghen  Kalend.  Virg. 
p.  228.  Dekio  Di/q.  Mag.  lib.  6.  cap. 
2.  feâ.  5.  quíeft.  3.  Joan.  Soar.  de  Brit. 
Theatr.  Ljtfit.  Utter.  lit.  G.  n.  49.  Ma- 
^a  Biblioth.  Ecclef.  Tom.  i.  pag.  125. 
col.  i.  Cardofo  Affol.  ILufit.  Tom.  3. 
pag.  239.  e  no  Coment.  de  14.  de  Mayo 
letr.  C.  e  pag.  816.  e  no  Coment.  de 
25.  Julho.  letr.  D.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp. 
Yet.  lib.  8.  cap.  4.  §.  117.  Monteiro 
Claujlr.  Domin.  Tom.  3.  pag.  227.  Echard. 
Script.  Ord.  Prad.  Tom.  i.  pag.  241.  onde 
refuta  com  refoens  concludentes  tudo  o  quan- 
to efcreveraõ  alguns  authores  da  Converfaõ 
do  Santo  Fr.  Gil,  moftrando  evidentemente 
fer  apocryfa  aquella  hilloria.  Compoz  alem 
de  outras  obras,  que  defapareceraõ  grande  par- 
te do  livro  atribuído  a  Fr.  Humberto  Meftre 
Geral  da  Ordem  dos  Pregadores  intitulado. 
Vita  Fratrum.  Lovanii  apud  Servatium 
SaíTenium  1575.  8.  no  qual  in  lib.  4.  Tit. 
de  Virtute  Orationis  fe  lem  eftas  palavras. 
Hac  Fr.  JE^dius  de  Portugallia  fcripjit  vir 
Jimplex,  et  reãus,  (&  timens  Deum  ma^tus  in 
artibus,  (Ò'  Phyjica,  €>*  Theoloffa.  E  na  im- 
preíTaõ  de  Duaco  1619.  Hísc  Fr.  JEgfSus  de 
Portugália  fcripjit  vir  totius  Sanãitatis.  No 
mefmo    lib.    4.    Tit.    de    diverfis    Vifionibus. 


38o 


BIB  LIO  THE  CA 


Fr.  Mffdius  Hifpanus,  qui  fmt  in  Jaculo 
mafftus,  in  Artibus,  €^  in  Vhyjica  eS^  in 
Ordine  Sacra  Pagina  leãor,  qui  Prior  fmt 
bis  in  Hi/pania,  vir  religiojus,  pius,  €>*  ve- 
rax  focio  Juo  Fr.  Humberto  Magiftro  Ordi- 
nis  /cripta  mijit  &c.  Deílas  Relaçoens,  que 
remeteo  a  Fr.  Humberto  faz  repetida  me- 
moria Fr.  LuÍ2  de  Souza  Flifi.  de  S.  Do- 
ming.  Part.  i.  liv.  2.  cap.  8.  9.  e  11.  prin- 
cipalmente da  Vida  de  Fr.  Fernando  Pires,  e 
Fr.  Fernando  de  JESUS  Religiofos  Domini- 
cos  no  Gjnvento  de  Santarém  efcreve  Jorge 
Cardofo  Ágio/,  loifit.  Tom.  2.  pag.  223. 
no  Coment.  de  18.  de  Março  letr.  B.  fora 
feu  Qironifla  o  Santo  Fr.  Gil. 

Fr.  GIL  mais  conhecido  pelo  nome  que 
pelo  apellido,  que  fe  ignora,  foy  natural  de 
Lisboa,  e  celebre  difcipulo  da  efcola  mu- 
íica  do  grande  Meftre  Duarte  Lobo,  de 
quem  já  fizemos  memoria.  Tendo  profef- 
fado  o  fagrado  inftituto  da  Terceira  Or- 
dem Seráfica  da  Penitencia  paíTou  para  a 
Provinda  da  Obfervancia  de  Portugal,  e  em 
ambas  eílas  religiofas  familias  exercitou  o 
lugar  de  Vigário,  e  Meílre  do  Coro  deven- 
do-fe  à  fua  direção,  e  confumada  fciencia 
em  hum,  e  outro  canto  fe  celebraíTem  com 
fumma  perfeição  os  Officios  Divinos,  aíTim 
em  o  noíTo  Reyno,  como  em  o  Principado 
de  Catalunha  onde  aífiílio  com  grande  cre- 
dito do  feu  nome.  Falleceo  no  Convento  de 
S.  Francifco  da  Guarda  em  o  anno  de  1640. 
Deixou  muitas,  e  excellentes  obras  muficas 
fendo   as   principaes. 

Outo  Mijfas  de  diverjos  Tons,  que  conílaõ 
de   diverfas   vozes. 

PJalmos  de   diverjos    Tons. 

P/a/mos  de   Completas  a   6.    vozes. 

Motetes  a  4.   vo:(es. 

Fr.  GIL  DE  S.  BENTO  natural  da  Vil- 
la  de  Vouzella  em  o  Bifpado  de  Vizeu  fi- 
lho de  Simaõ  de  Figueiredo  Caílellobranco, 
c  D.  Brites  Telles,  e  alumno  da  auguíla  Re- 
ligião Benediétína,  cuja  monachal  cogulla 
veílio  em  o  Convento  de  Tibaens  a  20  de 
Janeiro  de  161 5.  Ao  tempo,  que  a  pene- 
tração, do  feu  juizo  fazia  grandes  progref- 
fos  no  eíhido  das  fciencias  feveras  as  inter- 


rompeo  obrigado  da  falta  de  faude,  porem 
querendo  moftrar-fe  grato  à  illuílre  Mãy  de 
que  era  benemérito  filho,  começou  a  in- 
veíligar  com  infatigável  difvelo  os  Cartho- 
rios,  e  Archivos  das  Cathedraes,  e  Conven- 
tos mais  antigos  deíle  Reyno  donde  extra- 
hio  documentos  authenticos  com  que  de- 
fendeo  os  infignes  privilégios  da  fua  au- 
gufta  Religião  refutando  evidentemente  a 
fallacia  dos  argumentos  dos  feus  Antigonif- 
tas,  em  cuja  laboriofa  emprefa  moílrou  a 
vafta  noticia  que  tinha  da  Hiftoria  Ecclefiaf- 
tica,  e  Secular,  e  de  muitas  antiguidades 
defta  Monarchia  até  aquelle  tempo  ocultas 
à  mais  perfpicas  curiofidade,  alcançando  em 
premio  de  taõ  douta  obra  o  fer  eleito  Chro- 
niíla  da  fua  Congregação.  Entre  a  feveri- 
dade  deftes  eíhidos  naõ  deixava  o  exercido 
ameno  da  Poezia,  fendo  os  feus  Verfos 
igualmente  cadentes,  que  conceituofos  af- 
fim  na  lingua  materna,  como  em  a  Caíle- 
Ihana.  Foy  também  verfado  na  Genealogia 
como  parte  prindpal  da  Hiftoria.  Falleceo 
em  o  Convento  de  Santa  Marinha  da  Cofta 
de  Religiofos  Jerónimos  fituado  junto  da 
Villa  de  Guimaraens  a  13  de  Novembro  de 
1664.  a  tempo,  que  eftava  inveftigando  o 
Carthorio  daquelle  Convento.  loaõ  Soar.  de 
Brito  Theatr.  Lujit.  Utter.  lit.  G.  n.  50. 
o  intitula  vir  diligens,  et  eruditus,  e  Carvalho 
Corog.  Portug.  Tom.  i.  Trat.  i.  liv.  i.  cap. 
8.  hum  dos  ^andes  Chronijlas.    Compoz. 

Satisfação  Apologética,  e  quinta  ejfencia  de 
verdades  averiguadas,  e  apuradas  em  finco  re- 
poflas  com  que  fatisfa:^^  em  tudo  a  finco 
extraordinárias,  que  de  novo  deu  à  impren- 
fa  em  fua  Chronica  contra  a  KeligiaÕ  de 
S.  Bento  o  muy  Reverendo  Padre  Fr.  An- 
tónio da  Purificação  Erimita  de  Santo  Agof- 
tinho.  Lisboa  por  Manoel  da  Sylva.  1651. 
foi. 

Con  efie  libro  (efcreve  Fr.  Gregório  Ar- 
gaes  Perla  de  Catalun.  pag.  462.  §.  146.) 
há  perpetuado  fu  nombre;  es  mwf  doão,  Ueno 
de  erudicion,  como  de  noticias,  c  D.  Nicol.  de 
S.  Maria  Cbron.  dos  Coneg.  Keg.  liv.  6.  cap. 
14.   n.    I. 

Seffmda  Parte  da  Satisfa^aS  Apologética. 
Deixou  prompta  para  a  impreíTaõ  com  as 
licenças  da  Religião. 


L  USl  TANA. 


38 1 


Nas  Memorias  fúnebres  de  D.  Maria  de 
Attayde  Lisboa  na  Officina  Crasbeekiana 
1650.  4.  a  pag.  28.  eftá  hum  Soneto  feu 
que    principia. 

No  pifes  pere^ino   inadvertido.    &c. 

Coroa  de  Portugal.  Eíla  obra  naõ  chegou 
a  publicalla  por  lho  impedir  a  morte  como 
afirma  Carvalho  Corog.  Portug.  no  lugar  af- 
ílma   allegado, 

Chronica  da  Monaflica  Congregarão  de  S. 
isento  do  Reyfio  de  Portuga/.  M.  S.  Delia 
tinha  efcrito  fomente  os  prindpios  como 
dÍ2  Argaes  no  lugar  citado. 

Arvore  Genealoffca  da  Familia  dos  Aíacòa- 
dos.  M.  S.  Confervafe  na  Livraria  do  Con- 
vento de  S.  Bento  defta  Gorte,  de  cuja  obra 
faz  mençaõ  o  Padre  D.  António  Caetano 
■de  Sou2a  Addiçoens  à  Hi^.  Gen.  da  Ca^. 
Real  Portug.  Tom.  8.  pag.  19.  n.  36.  no 
íim. 

Fr.  GIL  CORRÊA  de  quem  he  taõ 
oculto  o  inftituto  Religiofo,  que  profeíTaíTe, 
como  patente  o  talento,  que  teve  para  as 
letras  Sagradas,  e  inílruçoens  politicas  ef- 
crevendo. 

De  Regimine  Principum  cuja  obra  verteo 
na  lingua  Portugueza  o  Infante  D.  Pedro 
filho  do  SereniíTimo  Rey  D.  Joaõ  o  I.  como 
afirma  Pedro  de  Maris  Dial.  de  Var.  Hifl. 
Dialog.  4.  cap.  4.  fobejando  para  Elogio 
<lella  o  ter  hum  taõ  heróico  traduâor. 

Fr.  GIL  EANES  natural  de  Coimbra 
Monge  Ciílercienfe  cuja  cogulla  recebeo  no 
Convento  de  S.  Paulo,  que  hoje  eftá  annexo 
ao  CoUegio  de  Coimbra.  Floreceo  igual- 
mente na  obfervancia  de  feu  inftituto,  como 
na  continua  aplicação  ao  eftudo  da  Theolo- 
gia  Moral,  compondo  pelos  annos  de  1567. 

Summa  de  vitiis,  e^  peccatis.  foi.  M.  S. 
Conferva-fe  na  Bib.  do  Real  Convento  de 
Alcobaça. 

D.  GIL  EANES  DA  COSTA  naceo  em 
Lisboa  fendo  filho  de  D.  Gil  Eanes  da 
Cofta  Vedor  da  Fazenda  delRey  D.  Joaõ 
in.  feu  Confelheiro  de  Eflado,  e  Embaxa- 
dor  à  Mageftade  Cefarea  de  Carlos  V.  e  de 
D.  Joanna.  da  Sylva  filha  de  D.  Filippe  de 


Souza  Lobo  do  Confelho  delRey  D.  Joaõ 
o  in.  e  D.  Filippa  da  Sylva.  Acompanhou 
com  igual  valor,  que  fidelidade  a  ElRey  D. 
Sebafliaõ  na  infeliz  jornada  de  Africa  onde 
depois  de  Cativo  foy  Ubertado  com  outros 
Fidalgos  como  efcreve  Jerónimo  de  Men- 
doça  fornada  de  Afric.  Uv.  2.  cap.  8.  Foy 
ornado  de  prudente  juizo,  fingular  urbani- 
dade,  valor  heróico,  e  fumma  vigilância  de 
que  deu  irrefragaveis  teftemunhos  fendo 
Prefidente  do  Senado  de  Lisboa  principal- 
mente em  o  arino  de  1599.  quando  efta  Q- 
dade  fe  fentio  fulminada  pelo  horrível  fk- 
gello  da  pefte,  em  cuja  geral  fataHdade  af- 
fiíUo  como  amorofo  Pay  da  pátria  para 
falvar  aos  feridos  do  contagio.  Da  Prefi- 
dencia  do  Senado  padou  para  a  do  De- 
zembargo  do  Paço  no  anno  de  1607.  em 
que  exercitou  as  virtudes  de  que  era  or- 
nado até  que  com  geral  fentimento  da 
Corte  deixou  a  vida  mortal  pela  eterna. 
No  teftamento  que  fez  em  Lisboa  a  26 
de  Março  de  1609.  inllituhio  com  fua  mu- 
lher hum  Morgado,  e  Capella  de  MiíTa 
Quotidiana  no  Convento  dos  Agoftinhos  da 
ViUa  de  Santarém  onde  jaz  fepultado  na 
Capella  da  Saõ  Nicolao  Tolentino  fituada 
no  Cruzeiro  à  parte  do  Evangelho  em  que 
eftaõ  gravadas  as  Armas  dos  Coftas,  e  na 
parte  inferior  a  feguinte  infcripçaõ. 

Efla  Capella  he  de  Gilianes  da  Cofia  do 
Confelho  de  Eftado  dos  Reys  D.  Filippe  II. 
e  III.  defle  nome,  feu  Governador,  e  Capitão 
da  Cidade  de  Cepta,  e  Prefidente  da  Camará 
da  Cidade  de  Ushoa  no  tempo  em  que  nella 
houve  ff-ande  pefle,  e  a  governou  com  mero,  e 
miflo  império  fem  nunca  delia  fair,  e  depois 
foy  Prefidente  do  Desembargo  do  Paço  qua- 
tro annos,  e  meyo;  e  de  D.  Margarida  de 
Noronha  fua  única  mulher,  e  de  feus  her- 
deiros. Ambos  a  dotarão  para  nella  fe  di- 
^er  Miffa  Quotidiana,  e  Oficio  de  nove  li- 
çoens  em  cada  hum  Mino.  Falleceo  na  era. .. . 
a  féis  de  Aíayo. 

Foy  Capitão  da  Praça  de  Ceuta,  Com- 
mendador  de  S.  Miguel  de  Linhares  no 
Arcebifpado  de  Braga,  e  Confelheiro  de 
Eftado.  Cazou  com  D.  Margarida  de  No- 
ronha filha  de  Rodrigo  Lobo  Senhor  de  Sar- 
cedas,   Commendador  de   S.   loaõ  de  Tran- 


382 


BIB  LIO  THE  CA 


cofo,  e  de  D.  Maria  de  Noronha  da  Syl- 
veira  filha  herdeira  de  Fernaõ  da  Sylvei- 
ra  Senhor  de  Sarcedas,  de  quem  teve  D. 
António  da  Q)fta,  que  morreo  menino; 
D.  Rodrigo  da  Q)íla,  que  fucedeo  na  Caza, 
D.  Gil  Eanes  da  Coíla  Qjmmendador  de 
S.  Miguel  de  Linhares,  que  cazou  com  D. 
Anna  Henriques  de  quem  naõ  teve  fucef- 
faõ;  e  a  D.  Álvaro  da  Coíla,  que  de  Q)lle- 
gial  Theologo  do  Gjllegio  Real  de  S.  Paulo 
foy  Reytor  da  Univeríidade  de  Coimbra, 
Capellaõ  mór  da  Mageílade  delRey  D.  loaõ 
o  IV.  e  eleito  Bifpo  de  Vifeu.  Na  De- 
dicatória, que  a  eíle  Prelado  fez  o  Padre 
Eílevaõ  Fagundes  no  feu  Tratado  de  Jujli- 
tia,  €>•  ]ure,  confagra  o  feguinte  Elogio  a 
feu  grande  Pay.  Hic  tile  ejl  beros  verus  pá- 
tria amor,  €^  amator  cui  una  tantum  fuit  de 
communi  utilitate  folicitudo,  oh  eamque  aã  to- 
tius  hujus  urhis  regimen,  ciim  folus  tum  admiffo 
aliorum  conjortio  vocatus  efi  eo  tempore,  qm 
tetra  peftilentia  lue  labor  aba  t  Civitas:  nec  alius 
in  tanto  malorum  turbine  quafitus  eft  ad  re- 
gendam  civitatem  nifi  vir  ijle  fingulari  pru- 
dentia,  (ò"  Sapientia  injignitus.  Hunc  Septa 
in  Africa  Civitas  prafeâum  fuum  gloriatur 
adhuc:  quondam  tenuiffe  eumdem  Senatus  Ca- 
mera  Vlyjftponenjis,  eb*  Senatus  Palatii  Pra- 
fidem  veneratus  eft;  admijfus  denique  ad  Con- 
cilium  Status  Regis  Philippi  Tertii  Hifpa- 
niarum  fie  regni  projpiciehat  emolumento,  ut 
planum  fit  ad  hoc  tantum  fuam  fpeãare  fen- 
tentiam  (ò"  quamvis  fatorum  invidia  nobis  fit 
ereptus,  ejus  tamen  memoria  perpetuo  in  orbe 
perennabit.  Delle  faz  mençaõ  Rodrigo  Mend. 
Sylv.  Cathal.  Real  de  Efpan.  p.  mihi  120. 
Verf.  Efcreveo  com  igual  verdade,  que  ele- 
gância. 

Jornada  delRey  D.  SebaftiaÕ  a  Africa. 
M.  S.  Efta  obra  ainda,  que  naõ  logrou 
o  beneficio  da  luz  publica  fe  conferva 
em  poder  de  alguns  eruditos  com  fum- 
ma  eílimaçaõ. 

Fr.  GIL  DE  LEYRIA  natural  da  Ci- 
dade, que  tomou  por  apellido.  Monge  pro- 
feflb  no  Real  Convento  de  Alcobaça  onde 
fe  fez  conhecido,  e  eílimado  o  feu  talento 
pela  varia  erudição  de  que  era  ornado  ef- 
crcvendo  na  era  de  Chrifto  de   1209. 


Vocabulário  para  infirufaÕ  dos  Cuftumes. 
foi.    M.    S. 

He  difpofto  por  ordem  Alfabética  onde 
acomoda  cada  Vocábulo  à  doutrina  morai 
eftabelicida  fobre  lugares  da  Sagrada  Efcritura 
em  que  moftra  fer  muito  verfado.  Con- 
ferva-fe  na  Bibliotheca  do  Real  Convento 
de  Alcobaça  em  hum  volume  muito  grande. 

GIL  MESTRE  natural  da  Villa  de 
Abrantes  do  Bifpado  da  Guarda  Efcu- 
deiro,  e  Cantor  da  Capella  Real  de  D. 
loaõ  o  III.  Foy  dotado  de  natural  muito 
urbano,  e  génio  jovial  como  fe  admi- 
ra nas  Cartas  efcritas  a  Pedro  Carvalho 
do  Confelho  de  D.  loaõ  o  lU.  e  feu  Ca- 
mareiro, Delle  fe  conferva  na  Livraria  do 
Excellentiffimo  Duque  de  Lafoens,  que 
foy   do   Emminentiflimo   Cardial   de   Souza. 

Debuxo  natural  do  naris,  e  boca  de 
hum  homem,  que  eu  fey,  e  como,  e  quando 
fe    achou    a    navegação    defte    Perii.    4.    M.    S. 

GIL  PIRES  Capellaõ  de  D.  Pedro 
Eanes  de  Portel  filho  de  loaõ  de  Avoim 
infigne  varaõ,  e  illuílre  Cavalhero,  que 
deu  a  Villa  de  Marmellar  à  Ordem  mi- 
litar de  S.  loaõ  como  efcrevc  o  Conde 
D.  Pedro  em  o  Mobiliar.  Tit.  36.  §.  2. 
e  Tit.  22.  §.  3.  Floreceo  no  reynado  de 
D.  Diniz  VI.  Rey  de  Portugal,  e  foy 
muito  perito  na  lingua  Arábiga  da  qual 
traduzio  em  a  Portugueza  juntamète  com 
o  Meftre  Mafamede  a  Chronica  de  Ef- 
panha,  que  compuzera  o  Mouro  Razis 
Chronifta  de  Miramolim  Rey  de  Marro- 
cos, e  Córdova  conforme  a  Egira  dos 
Mouros  em  o  anno  de  366.  e  em  a  de 
Chriílo  957.  O  titulo  da  obra  traduzida  he 
o  feguinte. 

Livro  compofto  por  Ras^  Chronifta  de 
Miramolim  de  Marrocos  por  feu  man- 
dado, e  foy  tirado  da  lingua  Arábia 
em  Portugue:^^  por  Meftre  Mafamede,  r 
a  efcrevia  Gil  Pires  Clérigo  de  Pedrea- 
nes  de  Portugal.  Começa  o  primeiro 
Capitulo.  Há  em  Efpanba  quatro  Ser- 
ras, que  atraveffaõ  a  terra  de  mar  a 
mar,  e  nenhum  rio,  nem  valle  em  parte  ne- 
nhuma   deftas   Serras.     Huma    copia    fe    con- 


L  USITAN  A. 


383 


ferva  na  Bibliotheca  do  ExceUentiíTimo 
Conde  do  Vimieiro.  Da  obra,  e  do  tra- 
dutor fazem  mençaõ  Refende  Hijl.  da 
Antig.  da  Cid.  de  Et'or.  cap.  ii.  e  na  Epif- 
tol.  ad  Kabed.  Coloniae  apud  Mylium. 
1600.  a  pag.  164.  et  in  Hifpan.  Illufirat. 
Tom.  2.  pag.  1006.  D.  Nicol.  Ant.  Bih. 
Hl/p.  Vet.  lib.  6.  cap.  12.  §.  283.  e  284. 
■e  o  moderno  addicionad.  da  Bib.  Geo^af. 
de  Ant.  de  Leaõ  Tom.  3.  Tit.  imic.  col.  1147. 

GIL  SIMOENS  moço  da  Camará 
delRey  D.  Manoel  o  qual  anhelando  à  immor- 
tal  gloria,  que  fe  alcança  pelas  armas  paíTou 
a  o  Oriente  quando  governava  o  Eftado  o 
clariíTmio  Heroe  D.  AfFonfo  de  Albuquer- 
que, que  determinando  mandar  hum  Emba- 
xador  a  Xeque  Ifmael  Rey  da  Períia  nomeou 
a  Fernaõ  Gomes  de  Lemos  Senhor  da  Trofa, 
e  por  Secretario  da  Embaxada  a  Gil  Simoens 
efcrevendo  como  teftifica  loaõ  de  Barros 
Decad.  2.  da  InSa.  liv.  10.  cap.  15. 

KelaçaÕ  da  Embaxada,  qm  mandou  o  Gover- 
nador da  InSa  D.  Affonfo  de  Albuquerque  a 
Xeque  Ifmael  Key  da  Ver  fia.  M.  S.  Do  author 
fe  lembra  Damiaõ  de  Góes  Chron.  delKey 
D.  Manoel  Part.  3.  cap.  67.  e  Part.  4.  cap.  10. 
onde  difiifamente  narra  efta  Embaxada  defde 
o  cap.  9.  até  11.  cujas  noticias  extrahio  da 
relação  de  Gil  Simoens. 

GIL  VICENTE  illuftre  por  nacimento, 
e  muito  mais  illuftre  pelo  efpirito  poé- 
tico com  que  imitou,  e  ainda  excedeo 
aos  mayores  Poetas,  que  venerou  a  Anti- 
guidade. Naceo  em  a  Villa  de  Guima- 
raens  como  quer  D.  António  de  Lima 
em  o  feu  Nobiliar.  Tit.  de  Aíene^es,  ou 
na  Villa  de  Barcellos  como  efcreve  Fr. 
Pedro  Poyares  Paneg.  da  Vill.  de  Barcel. 
cap.  16.  ou  na  famofa  Cidade  de  Lisboa 
como  feguem  muitos  efcritores.  Aplicou- 
fe  ao  eftudo  da  lurifprudencia  Cefarea  em 
a  Univerfidade  de  Lisboa,  e  ainda  que 
pela  vivacidade  do  engenho  com  que 
penetrava  as  fuás  mayores  dificuldades  po- 
dia fubir  aos  lugares  mais  honorificos,  im- 
peUido  do  génio  faceto,  e  jovial,  que 
tinha  para  a  Poefia,  preferio  o  comer- 
cio   das    Mufas    às    efpeculaçoens    da    fcien- 


cia  legal  compondo  diverfas  obras  no  eftilo 
de  Plauto  com  madureza  de  juizo,  e  novi- 
dade de  idea.  Nas  Comedias  de  que  foy 
por  repetidas  vezes  theatro  o  Palácio,  e 
expedadores  os  SereniíTimos  Reys  D.  Ma- 
noel, e  D.  loaõ  o  III.  com  feus  Irmãos  D. 
Luiz,  D.  AflFonfo,  e  D.  Henrique  conciliou 
os  aplauzos  deftes  Príncipes  obfervando  o 
fubtil  artificio  com  que  valendo-fe  de  pala- 
vras jocofas,  e  figuras  ruflicas  increpava 
feveramente  os  vidos,  e  atrahia  fuavemente  os 
ânimos  ao  amor  das  virtudes.  Defte  eftilo 
jocofo,  e  nunca  pueril  foraõ  imitadores  aquel- 
les  dous  Corifeos  do  ParnaíTo  Caftelhano  Lopo 
Félix  da  Vega,  e  D.  Frandfco  de  Quevedo. 
Taõ  largamente  fe  extendeo  a  fama  do  feu 
talento  poético,  que  fahindo  do  continente  de 
Efpanha  eftimulou  a  Erafmo  Roteradamo  cele- 
bre Filólogo  a  aprender  a  lingua  Portugueza 
para  penetrar  as  agudezas,  que  eftavaõ  ocultas 
em  as  obras  de  Gil  Vicente,  e  dej>ois,  que  as 
leo,  confeíTou  ingenuamente,  que  nenhum 
Poeta  mais  exaétamente  como  elle  imitara  o 
eftilo  de  Plauto,  e  Terêncio.  Foy  cazado  com 
Branca  Bezerra  digna  conforte  da  fua  peííoa, 
de  quem  teve  Gil  Vicente,  Luiz  Vicente,  e 
Paula  Vicente,  que  nos  Verfos  Lyricos  naõ 
degenerarão  da  fecunda  veya  de  taõ  illuf- 
tre Pay.  Sendo  a  fua  aíTiftencia  em  Lis- 
boa foy  obrigado  a  paflar  com  a  Corte 
para  a  Gdade  de  Évora  onde  terminando 
a  carreira  da  vida  humana  foy  univerfalmente 
lamentada  a  fua  morte  fucedida  antes  do 
anno  de  1557.  por  nelle  perder  o  Reyno  o  feu 
Plauto  como  era  intitulado  por  muitos,  e 
principalmente  por  Manoel  de  Faria,  e  Souza 
Epit.  das  Hí/p.  Porfug.  Part.  2.  cap.  18.  Foy 
fepultado  no  Convento  de  S.  Francifco,  e 
fobre  a  Campa  fe  lhe  gravou  o  feguinte 
Epitáfio,  que  elle  compuzera,  e  fe  acha 
impreíTo  no  fim  das  fuás  obras. 

O  Graõ  Juif^o  ef per  ando 

Ja^o  aqui  nefia  morada 

Também  da  vida  cangada 

Defcançando. 

PreguntaJ-me  quem  fuy  eu? 

Atenta  bem  para  mi. 

Por  que  tal  fui  coma  ti, 

E  tal  hafde  fer  coma  eu. 

E  pois  tudo  a  ijio  vem 


384 


BIB  LIO  THE  CA 


O'  Ley/or  do  meu  Conjelho 

Tomame  por  teu  ejpelho 

Olhame,  e  olhate  bem. 

Q)m  mayor  propriedade  fe  lhe  podia 
efculpir  aquella  infcripçaõ  fepulchral,  que 
compoz  para  o  Poeta  Plauto  Varro  lib.  i. 
Pqftquãm  ejl  morte  captus  Comadia  luget, 
Scena  ejl  deferta;  rijtis,  ludus  joc  u/que,  <& 
numeri  innumeri  jimul  omnes  collacrymarunt. 
Celebraõ  o  feu  nome  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  pag.  314.  col.  2.  Manoel  Severim 
de  Faria  Dial.  da  ling.  Portug.  foi.  78.  Sou2a 
Flor.  de  Efpan.  cap.  8.  excel.  9.  cap.  24.  excel. 
6.  e  Eva  e  Ave.  Part.  i.  cap.  26.  n.  8.  André 
de  Rezende  Genethl.  Princip.  Joan. 

Cunãorum  hinc  aãa  ejl  Comadia  plaufu, 
Quam  Eujitaná  Gillo  author,  (ò*  Aãor  in  Aula 
Egerat    ante;    dicax,    atque    inter    vera   face- 

tus: 
Gillo    jocis     levibus     doãus     prajlingere     mo- 
res: 
Qui    fi    non    lingua    componeret    omnia    vulp, 
Sed  potius    Latia    non    Gracia    doâía    Menan- 

drum 
Ante  Juum  ferret:    nec    tam    Komana    Thea- 

tra 
Plautinos,      ve     fales;      lepidi      vel     /cripta 

Terenti 
Jaãarent:     tanto     nam     Gillo    prairet     utrif- 

que, 
Quanto    ílli    reliquos    inter,    qui   pulpita    rore 
Oblita    Coryceo    digito    meruere   faventem. 
Garcia  de  Rezende  Mijcellan. 
E  vimos  fingularmente 
¥at(er  reprefentaçoens 
De  ejlilo  muy  eloquente 
De  mw/  novas  invençoens 
E  feitas  por  Gil  Vicente. 
Elle  fqy  o  que  inventou 
Ifio  cá,  e  o  u^ou 

Com  mais  ff^aça,  e  mais  doutrina 
Pofto  que  ]oaÕ  de  En:(ina 
O  Pajloril  começou. 
Por    deligencia    de    feu    filho    Luiz    Vi- 
cente fahiraõ  pofthumas  as  fuás  obras  com 
efte  titulo. 

Compilação  de  todas  las  obras  de  Gil 
Vicente  o  qual  fe  reparte  em  finco  livros. 
O  primeiro    be    de    todas  fuás   coufas    de    de- 


vaçam.  O  fegundo  as  Comedias.  O  terceiro 
as  Tragicomedias.  O  quarto  as  Farfas.  Na 
quinto  as  obras  meudas.  Lisboa  por  Joaò 
Alvres  1562.  foi.  e  mais  correâas  por  Andic 
Lobato  1586.  4.  coníla  de  281.  folhas.  Varias 
obras  poéticas  fahiraõ  difperfas  antes,  e 
depois  da  fua  morte  das  quais  o  Cathalogo 
he  o  feguinte. 

Auto  de  Amadis  de  Gaula.  Lisboa  por 
Vicente  Alvres  1586.  4.  et  ibi  por  Domingos 
da  Fonceca.  161 2.  4.  Poílo  que  efte  Auto 
foíTe  prohibido  pelo  Index  Expurgatorio 
Caftelhano  impreíTo  Valladolid  1549.  fe  per- 
mite emendado  no  Cathalogo  dos  livros 
prohibidos  por  ordem  do  lUuftriíTimo  In- 
quizidor  Geral  D.  Fernaõ  Martins  Mafca- 
renhas  Lisboa  1624. 

Auto  da  Barca  do  inferno.  Lisboa  1623. 
4.  e  Évora  na  Oííicina  da  Univerfidade 
1671.  4. 

Auto  de  D.  Duardos.  Lisboa  por  Vicente 
Alvres  161 3.  4.  &  ibi  por  Ant.  Alvres  1634. 
e  Braga  por  Frudhiozo  de  Bafto.    1623.  4. 

Auto  do  Juit(^  da  Beyra.  Lisboa  por  Ant. 
Alvres.   1630.  4. 

Triunfo  do  Inverno.  G^media.  Lisboa  por 
Manoel  Carvalho  161 3.  4. 

Pranto  de  Maria  Parda.  Lisboa:  por 
António  Alvres.  1632.  4. 

Auto  da  Dom^ella  da  Torre,  ou  do  Fi- 
dalgo Portugue^.  Lisboa  por  António  Alvres. 
1643.  4. 

GIL  VICENTE  natural  de  Lisboa 
filho  de  Gil  Vicente  de  quem  fe  fez  a 
memoria  precedente,  e  de  Branca  Bezerra. 
Naõ  fomente  imitou,  mas  excedeo  a  feu 
Pay  na  Poefia  cómica  de  tal  forte,  que  para 
lhe  naõ  diminuir  a  gloria,  que  alcançara, 
foy  caufa  de  o  mandar  para  a  índia  onde 
moftrou  em  huma  açaõ  militar  cm  que  glo- 
riofamente  acabou  a  vida,  que  naõ  era  menos 
infigne  na  efpada,  que  na  pena.  Entre  mui- 
tos Autos,  que  deixou  efcrito  merece  a  pri- 
mazia o  que  intitulou. 
D.  Luiz  ^  ^^^  Turcos. 

De  cuja  obra,  como  de  feu  author 
faz  diftinta  memoria  Manoel  de  Faria, 
e  Souza  Comment.  ao  3.  Jivr.  dos  Sonet.  de 
Camoens.  Sonet.   31.  pag.   338. 


L  USITANA, 


385 


MESTRE  GIRALDES  cujo  nome 
próprio  fe  ignora  quando  he  confiante 
fora  Medico  delRey  D.  Dinis,  e  inQ- 
gne  na  Arte  de  Alveitaria  compondo  por 
ordem    deíle    Prindpe. 

Livro  de  Alveitaria  dividido  em  duas 
partes.  No  primeiro  trata  das  coujas  que 
convém  ao  Cavallo  defde  que  nace,  até 
que  lhe  põem  a  Sella,  e  o  freyo.  A  Jegtmda 
trata  de  todas  as  infermidades  dos  Cavai- 
los,  e  Juas  curas.  Coníla  de  77.  Capi- 
tulos.  e  foy  efcrito  em  Lisboa  no  armo 
de  15 18.  Do  author,  e  da  obra  fe 
lembra  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Vet.  Ub.  9. 
cap.  4.  §•  202.  onde  efcreve  por  aíTim  o  ter 
lido  nas  Mem.  M.  S.  para  a  Bib.  Lufit.  de 
Jorge  Cardofo,  e  que  mais  compuzera. 

Arte  de  Volateria.  M.  S. 

GOMES  DIAS  natural  de  Évora  filho 
de  António  Gomes,  e  Izabel  Lopes.  Re- 
cebeo  o  habito  militar  da  Ordem  de  S.  Tiago 
em  o  Real  Convento  de  Palmella  a  13.  de 
Mayo  de  1571.  das  mãos  do  Prior  mor  D. 
Diogo  de  Gouvea.  Aprendeo  Filofofia  na 
Univeríidade  da  fua  pátria  onde  foy  Meílre 
em  Artes.  Diélou  Theologia  Moral  em  o 
feu  Convento  por  cuja  fciencia,  e  madu- 
reza de  que  era  ornado,  fubio  a  Prior 
da  Igreja  de  Alcochete.  Falleceo  em  Se- 
tuval  onde  tinha  dous  Benefícios  em  o 
primeiro  de  Novembro  de  1596.  quando 
contava  60  annos  de  idade. 

IlluJlraçaÕ  da  ^e^a,  privilégios,  ori- 
gem, e  obrigaçoens  das  quatro  Ordens  Mi- 
litares, que  há  nejle  Reyno,  que  JaÕ  de 
Cbrifio,  Saõ-Tiago  Avi^,  e  Malta  com  hum 
Confejfwnario  no  fim.  4.  M.  S,  Eíla  obra, 
que  eftava  prompta  para  a  impreíTaõ  ficou 
em  poder  do  Licenciado  António  Simoens 
Corrêa  Sobrinho,  e  Teftamenteiro  do 
Author. 

GOMES  EANES  DE  ZURARA 
Cavalleiro  profeíTo  da  Ordem  militar  de 
Chriílo  natural  da  Villa  do  feu  apeUido 
fituada  em  a  Diocefe  do  Porto  como 
efcreve  Joaõ  Soares  de  Brito  Theatr.  JL/í- 
jit.  Uter.  lit.  G.  n.  52,  Defde  os  primei- 
ros  annos   fe   aplicou   ao   eftudo   da   Hiílo- 


ria  profana  em  que  fahio  taõ  eminente- 
mente verfado,  que  vagando  o  lugar  de 
Chroniíla  mór  do  Reyno  pela  morte  de 
Femaõ  Lopes  o  nomeou  Affonfo  V.  nefte 
lugar,  que  defempenhou  como  da  fua 
vaíla  erudição  fe  efperava.  Para  efcrever 
fundado  fobre  os  documentos  mais  foU- 
dos  o  elegeo  o  mefmo  Rey  de  quem  era 
Criado,  Guarda  mór  da  Torre  do  Tombo 
cuja  incumbência  exercitava  no  anno  de 
1472.  como  coníla  de  huma  Carta  de  Foral 
paífada  por  ordem  de  Affonfo  V.  aos  mora- 
dores da  ViUa  de  Cafcaes.  Efte  Monarcha, 
que  pelas  heróicas  proezas  com  que  aíTom- 
brou  a  Africa  alcançou  a  denominação  de 
Africano  o  mandou  a  Alcácer  feguer  para  fe 
informar  individualmente  das  açoens  mili- 
tares, que  tinhaõ  obrado  os  Portuguezes 
das  quais  havia  compor  a  Hiftoria  efcre- 
vendo-lhe  aquelle  Principe  hxmia  carta 
da  fua  própria  maõ  em  que  lhe  louvava  o 
trabalho,  que  nefta  empreza  aplicara  e 
ijlo  naõ  com  palavras  taxadas  ( como  elegan- 
temente efcreve  Joaõ  de  Barros  Decad.  i. 
da  Ind.  Uv.  2.  cap.  z.)  e  avaras  Jegundo  o  u^o  dos 
Principes,  mas  em  modo  eloquente,  e  de  pródigo 
orador  como  quem  fe  pre:(ava  diffo.  A  primo- 
génita das  fuás  obras  foy  a  feguinte. 

Chronica  da  Tomada  de  Ceuta  a  qual 
he  a  Terceira  Parte  de  Chronica  delKey 
D.  Joaõ  o  I.  cujas  partes  antecedentes 
foraõ  compoftas  pelo  Chroniiia  mór  Femaõ 
Lopes.  Sahio  impreíTa  Lisboa  por  António 
Alvtes.  1644.  foi.  Eíta  Chronica  principiou 
a  efcrevella,  como  afirma  no  cap.  i.  trinta 
e  quatro  annos  depois  da  Conquiíla  daquella 
Praça  e  lhe  puzera  a  ultima  maõ  na  Gdade 
de  Sylves  a  25  de  Março  de  1450.  fendo 
mandada  compor  por  ordem  de  Affonfo  V. 
como  a  feguinte. 

Chronica  de  D.  Duarte  de  Mene- 
zes Conde  de  Viana,  e  primeiro  Capitão 
de  Ceuta.  foi.  M.  S.  Nella  ( como  diz 
Barros  Decad.  i.  da  Ind.  liv.  2.  cap.  2, ) 
relata  os  feitos  daquella  guerra  muy  parti- 
cularmente, e  por  eflilo  claro,  e  tal  que  bem 
mereceo  o  nome  do  Officio,  que  teve.  Se- 
melhante Elogio  lhe  fizeraõ  Duarte  Nunes 
de  Leaõ  Chron.  de  D.  Joaõ  o  I.  cap.  97. 
D.     Agoftinho     Manoel     de     Vafconcelloç 


^5 


386 


BIBLIO THE  CA 


concellos  Vid.  de  D.  Dimrt.  de  Mene:^. 
liv.  1.  e  Góes  Chronic.  do  Princip.  D.  JoaÕ 
cap.  17. 

Chronica  delKey  D.  Duarte.  Poílo  que 
a  principal  parte  delia  feja  de  Fernaõ 
Lopes,  as  prafticas  da  Jornada  de  Tangere, 
e  a  relação  do  Enterro  de  D.  loaõ  o  I. 
como  também  os  defcubrimentos  do 
Infante  D.  Henrique  até  a  fua  morte 
faõ  de  Gomes  Eanes  de  Zurara  como 
afirma  Damiaõ  de  Góes  Chron.  delRey 
D.  Manoel  Part.  4.  cap.  38.  Efta  Chronica 
reduzio     a     milhor    eftilo     Ruy     de     Pina. 

Chronica  delKey  D.  Affonfo  V.  até 
a    morte    do    Infante    D.    Pedro.    foi.    M.    S. 

Compilação  de  varias  Escrituras,  Orde- 
naçoens,  Cartas,  cafamentos,  contratos, 
armadas,  feftas,  obras,  doaçoens,  mercês, 
ajjim  por  regiftro  da  Chancellaria,  e  Fa- 
!(enda,  como  por  contas  de  todo  o  Reyno. 
Efta  obra  taõ  útil,  como  laboriofa, 
que  comprehende  os  Reynados  de 
D.  Pedro  I.  e  feu  filho  D.  loaõ  o  I. 
de  gloriofa  memoria  extrahio  da  Torre 
do  Tombo,  e  a  reduzio  a  diverfos  volu- 
mes, que  ferviraõ  de  illuftraçaõ  a  mui- 
tas  noticias    defte   Reyno. 

Milagres  do  Santo  Condeftahre  D.  Nuno 
Alvres  Pereira.  M.  S.  Efta  obra  allega 
Jorge  Cardozo  Agiol.  iMJit.  Tom.  3.  p.  217. 
no  Comment.   de   12.  de  Mayo  letr.   D. 

Falleceo  no  Reynado  de  Affonfo  V. 
depois  do  anno  de  1472.  e  verdadeiramente 
( faõ  palavras  do  infigne  loaõ  de  Bar- 
ros Decad.  i.  da  Ind.  liv.  2.  cap.  2.  )  eu 
naÕ  fey  quando  elle  viveo,  nem  o  tempo 
que  teve  ejles  Officios  ( de  Chronifta  mór, 
e  Guarda  mór  da  Torre  do  Tombo ) 
mas  y^y  Jegundo  o  que  leixou  feito  por  fua 
maõ,  que  naÕ  foy  fervo  fem  proveito,  mas 
diffio  dos  cargos,  que  teve  a£i  pelo  eflilo, 
como  diligencia  das  coufas,  que  tra£iou. 
Celebraõ  o  feu  nome  Nicol.  Ant.  Bib. 
Hifp.  Vet.  lib.  10.  cap.  12.  §.  695.  e  fe- 
guintes  Fr.  Luiz  de  Souza  Hifi.  de  S.  Do- 
mingos da  Prov.  de  Portug.  Part.  i.  liv.  3. 
cap.  16.  Macedo  Flor.  de  Efp.  cap.  8. 
Exceli.  9.  Brandão  Mon.  iMfit.  Part.  5. 
liv.  17.  cap.  3.  Faria  Epit.  das  Hifl.  Portug. 
Part.    4.    cap.    18.    Tofcano    Parai,   de    Var. 


Illuflr.  cap.  28.  e  44.    Franckenau  Bib.  Hifp. 
Geneal.  Herald,  p.   164. 


GOMES  DE  S.  ESTEVAM  hum 
dos  criados,  que  acompanhou  ao  Infante 
D.  Pedro  Duque  de  Coimbra,  e  filho  do 
SereniíTimo  Rey  de  Portugal  D.  loaõ  o  I. 
que  eftimulado  do  heróico  efpirito  de  fe 
inftruir  em  os  documentos  próprios  de  hum 
Príncipe  nas  efcolas  das  mais  celebres  Cortes 
do  mundo  fahio  de  Portugal  com  bene- 
plácito de  feu  Pay  no  anno  de  1424  quando 
contava  32.  annos  de  idade,  c  vizitando  pri- 
meiramente os  lugares  da  Terra  Santa  onde 
fe  confumou  a  redempçaõ  do  género  humano 
afiftio  nas  Cortes  do  Graõ  Turco,  c  Sol- 
daõ  de  Babilónia  dos  quais  recebeo  particu- 
lares eftimaçoens  dõde  paíTando  a  Roma  foy 
tratado  com  paternal  afedo  pela  Santidade 
de  Martinho  V.  Depois  de  ter  difcorrido  por 
Alemanha,  Inglaterra,  e  Caftella,  fe  reítituio 
a  Portugal  cumulado  de  aplauzos  devidos  à 
fua  grande  prudêcia,  e  natural  urbanidade. 
Efta  jornada  efcreveo  Gomes  de  Santo  Eftc- 
vaõ  com  algumas  noticias  pouco  examinadas 
por  cuja  caufa  he  reputado  em  alguns  fuceífos 
por  fabulofo,  e  pofto  que  diga  que  o  Infante 
D.  Pedro  correo  as  quatro  partidas  do  mundo 
fe  naõ  deve  entender  as  quatro  partes  de 
que  fe  compõem  por  eftar  ainda  encuberta 
a  America.  Publicou  efta  obra  com  o  titulo 
feguinte. 

I^ivro  do  Infante  D.  Pedro,  que  andou  as 
quatro  partidas  do  mundo.  Lisboa  por  An- 
tónio Alvres  1554.  4.  Traduzida  cm  Cafte- 
Ihano.  Burgos  por  Filippe  Junta  1564.  e 
Sevilha  por  Domingos  de  Robcrtis  1595.  4. 
e  1626.  4.  de  que  faz  mençaõ  António  de 
Leaõ  Bib.  Ind.  Tit.  1.  Fr.  Jerónimo  Roman 
Kepub.  dos  Tartar.  cap.  14.  Ávila  Vid.  delKey 
D.  Henriq.  3.  cap.  25.  Sylva  Mem.  delKey 
D.  JoaÕ  o  I.  Tom.  i.  liv.  i.  cap.  58.  §.  379. 
e  loaõ  de  Mena  neftas  vozes  métricas  efcri- 
tas  com  a  orthografia,  que  traz  Rcfendc 
no  Cancioneiro  Geral  Portugue^. 

Nunca  fue  defpues  ny  ante 

Quyen  vyejfe  los  atauyos 

Y  fecretos  de  levante 

Sus  montes  Jnffoas  y  rryos 

Sus  calores  y  fus  fryos 


I 


L  USITANA. 


387 


Como  vos  Senhor  Ifante 
Antre  moros  y  judyos 
EJla  gran  virtud  Je  cante 
'Entre  todos  três  gentyos 
Cantaran  los  metros  mjos 
Vueftra  perfecyon  delante. 

D.  Fr.  GOMES  DE  LISBOA  cujo 
apellido  declara  a  pátria  donde  era  natural, 
e  hum  dos  celebres  filhos  da  Seráfica  Pro- 
vinda de  Portugal  onde  concluidos  os  eHu- 
dos  das  fciencias  feveras  andofo  de  mayor 
esfera  para  o  feu  grande  talento  paflbu  à 
Univerfidade  de  Pariz,  e  nella  fez  tantos 
progreíTos  a  fua  vafta  literatura,  que  recebeo 
as  infignias  doutoraes  na  Faculdade  da  Theo- 
logia.  Os  feus  grandes  merecimentos  o 
fublimaraõ  ao  Generalato  de  toda  a  Ordem 
Francifcana  em  o  anno  de  1511.  antes  da 
divisão  dos  Qauílraes,  e  Obfervantes.  Re- 
beo  diílintas  honras  dos  Summos  Ponti- 
fices  lulio  n.  e  feu  fuceflbr  Leaõ  X.  o  qual 
querendo  premiar  o  feu  talento  o  nomeou 
Arcebifpo  da  Metrópole  de  Nazareth,  como 
efcreve  em  o  Prologo  l^ãur.  in  lib.  i.  Scri- 
pti  Oxoniens.  Scot.  Fr.  loaõ  Vigerio  Mi- 
niílro,  que  foy  dos  G^nventuaes,  e  Bifpo  da 
Ilha  de  Qiio,  e  familiar  amigo  do  dito  Fr. 
Gomes  pelo  efpaço  de  vinte  annos,  cuja 
profunda  fdenda  he  louvada  por  Wadingo 
Script.  Ord.  Min.  p.  43.  col.  i.  e  Annal. 
Ord.  Aíin.  ad  ann.  1511.  n.  7.  Nicol. 
Ant.  Bíb.  Hí/p.  Vet.  liv.  16.  cap.  16. 
§.  875.  Wite  de  Illuftrib.  Scriptor.  Franàfc. 
pag.  59,  PoíTeu.  Apparet  Sacer  ^.  648.  Fr.  Mar- 
cos de  Lisboa  Chron.  da  Ord.  Part.  3.  liv.  8, 
cap.  34.  e  57.  Soled.  Hifi.  Seraf.  da  Prov.  de 
Portug.  Part.  4,  Hv.  i,  cap.  24.  §.  165.  Souza 
Cath.  dos  Bi/p.  de  Port.  p.  157.  Fr.  Joan. 
a  D.  Ant.  Bib.  Franc.  Tom.  2.  p.  20.  col.  2. 
Henrique  Cayado  celebre  Poeta  Latino  lhe 
dedicou  o  feguinte  Epigrama. 

Commtmi     grator     pátria,      quo     Je      qmque 

alumnum 

Inter  de  titias  gaudet  babere  Juas. 
Gramina  dum  terra  fuerint,  dum  fydera  calo 

Per    te    tolletur   nofter   ad   afira    Tagus. 
Tu  rerum  canjas  nofii,  tu  Myfiica  Jacra 
Quaque  Jub   objcurá  nube   latere  Jolent. 


Occuluit  natura  nibil  tibi.     Tu  potes  ipjos 

Sublimi    baud    dúbia   Jcandere    mente    poios. 
Qtàd   Sanãos    rejeram    mores,    vitamque  proba- 
taml 
Qtàd  linffia  rejeram  pleãra  Latina  tua! 
NU  mortale  Japis.    Divinas  cunãa  Gometi 
E  citra  cineres  diceris  effe  Deus. 

Compoz, 

Annotationes  Sexmille,  e^  oBingenta  ad  Sum- 
mam  Moralem  Fr.  Artejani  AJtenfis  Ord.  Min. 
Venetiis  apud  Guilliemum  Huyon.  15 19.  Fr. 
Bartholameo  Bellatis  legado  do  Papa  Xiílo 
IV.  a  Veneza  juntamente  com  Fr.  Gomes 
addidonaraõ  eíla  Summa  de  Moral,  e  dedi- 
cando-a  ao  Emminentinimo  Cardial  Barba  lhe 
diz.  In  qua  deligentia  Gometio  Ulyxbonenfi  con 
Keli^ojo  meo,  ^  in  Theoloffa  doíHjJtmo  Ba- 
cbalauro  ex  fiudio  que  Parifienfi  pracipuo  Jami- 
liari...  Jum  ujus.  e  no  Direftorio  ao  Leytor 
o  intitula  clarijjimus  vir. 

De  cujujcumque  Jcientia,  ac  prajertim  de 
Naturalis   Plilojopbia  Jubjeão.   M.    S. 

Quafiiones  Quodlibetica  in  via  Scoti. 
M.  S.  Conferva-fe  na  Bibliotheca  dos  Pa- 
dres Premonílratenfes  do  Q)nvento  de 
Retorta  pouco  diílante  da  Gdade  de  Va- 
Ihadolid. 

EeHura  Juper  quatuor  libros  Senten- 
tiarum.  M.  S.  Q)nfervaõ-fe  no  GDn- 
vento  dos  PP.  Conventuaes  de  Veneza. 
M.    S. 

Eeãura  in  librum  Primum  Scripti 
Oxonienfis  Scoti.  Publicou  efta  obra  Fr. 
Joaõ  Vigerio  de  quem  aíTima  fe  fez  men- 
ção, e  fahio  Venetiis  apud  Joannem  de 
Tridino.  1527.  foi.  No  prologo  confefla 
ingenuamente  fer  obra  de  Fr.  Gomes 
de  Lisboa.  Qua  propter  ^atitudine,  et  objer- 
vantia  per  Juafus  bac  qualiacumque,  &  quanta- 
lacumque  commentaria  Junt  in  primum  librum 
Jententiarum  Doãoris  Jubtilis  Joannis  Scoti  pro- 
mulganda  curavi  à  praceptionibus  acuratijfimis 
ejus  viri  nibil  exorbitantia.  No  mefmo  pro- 
logo promete  publicar  o  2.  3.  e  4.  livro, 
que  expoz,  e  illullrou  Fr.  Gomes  de  Lisboa 
com  eftas  palavras  fi  ergo  candor,  <ò^  la- 
bor   {quod    auguror,    €>"    confido)    a    te   pro- 


388 


BIBLIO THE  C  A 


batus  fuerit  in  cujus  manus  hac  noftra  tran- 
fierint,  nohis  ad  catera  ftinmlus  quidam  acu- 
katum  calcar  addetur,  ut  reliqui  fcilicet  ejuf- 
dem  Scriptoris  fíbri  in  quibus  pleriqm  omnes 
tanquam  in  tenebris  Cimeriis  cacutiunt,  (ò>' 
allucinantur ,  depojita  per  nos  ( Deo  óptimo 
Máximo  f avente)  furua  objcuritate,  Jerenio- 
rem  frontem  cândido  leãori  porrigant.  Naõ 
coníla,  que  fahiíTem  à  lu2. 

D.  GOMES  DE  MELLO  Alcay- 
de  mór  de  Lamego  Commendador  de 
Saõ  Mamede  de  Mogadouro,  e  de  S. 
Pedro  da  Veyga  de  Lila  na  Ordem  de  Chrifto 
Senhor  do  Morgado  da  Ribeirinha  na 
Ilha  de  S.  Miguel,  e  do  Zambujalinho  em 
Évora.  Teve  por  Pays  a  D.  Francifco  Ma- 
noel Alcayde  mór  de  Lamego,  e  D. 
Urfula  da  Sylva,  que  o  educarão  com 
documentos  próprios  do  feu  illuftre  naci- 
mento.  Foy  muito  perito  no  eftudo  da 
Genealogia  efcrevendo. 

Familias  de  Portugal  em  diverfos  volumes 
de  que  faz  mençaõ  feu  primo  com  irmaõ  D. 
Francifco  Manoel  de  Mello  na  Cart.  dos  A  A. 
Portug.  efcrita  ao  Doutor  Themudo,  e  Joaõ 
Soar.  de  Brito  Theatr.  hujit.  Liter.  lit.  G. 
n.  53.  Confervaõ-fe  na  Livraria  de  Joaõ  de 
Saldanha  Senhor  do  morgado  de  Barquerena, 
e  Commendador  de  S.  Martha  de  Santa- 
rém, e  de  feu  Neto  Jozeph  de  Saldanha 
Souza,  e  Menezes  Commendador  de  Santo 
Eufebio  de  Aguiar  da  Beira  da  Ordem  de 
Chriílo  como  efcreve  o  Padre  D.  António 
Caetano  de  Souza  Apparat.  à  Hijl.  Gen.  da 
Cav^.  Real  Porttig.  pag.  61.  §.  41. 

Fr.  GOMES  DO  PORTO  natural 
da  Cidade  de  que  tomou  o  apellido  don- 
de com  refoluçaõ  mayor,  que  a  idade 
paíTou  a  Caftella,  e  na  Provinda  da  Im- 
maculada  Conceição  profeíTou  o  iníli- 
tuto  Seráfico.  As  virtudes  religiofas  de 
que  era  obfervante  cultor  moverão  aos 
Padres  da  mefnnia  Provinda  para  o  elege- 
rem Guardião  do  Convento  de  Palen- 
çuela  em  cujo  governo  praticou  taõ  pru- 
dentes máximas,  que  foy  deito  pelo  Vi- 
gário Geral  da  Obfervanda  Fr.  Joaõ  Ma- 
huberto    o    primeiro    Viíitador    a    Provin- 


da de  Portugal  dczempenhando  com  tanto 
credito  do  feu  talento  efta  incumbência, 
que  o  conílituiraõ  feu  Vigário  Provincial 
os  mefmos  religiofos,  que  viera  vizitar. 
Ambiciofo  de  vida  mais  auftera,  e  penitente 
defcubrio  o  feu  efpirito  o  Convento  de 
Santa  Chriílina  diílante  meya  legoa  da 
Villa  de  Tentúgal  na  Provinda  da  Beira 
onde  plantou  a  obfervanda  mais  eíbrdta 
da  Ordem  Seráfica  efcrevendo  as  coníti- 
tuiçoens,  que  confirmadas  pelo  Vigário 
Geral  Fr.  loaõ  Quiefdebcr  no  Capitulo 
celebrado  em  Alenquer  no  anno  de  1456. 
em  que  affiílio,  e  aprovou  o  novo  iníti- 
tuto  denominando -fe  Striáíioris  Obfer- 
vantia  a  que  era  chamada  regular  obfer- 
vanda Seráfica,  devendo  fe  ao  heróico 
efpirito  de  Fr.  Gomes  do  Porto  fer  o 
Inventor,  c  Fundador  da  mais  eftreita 
Obfervanda  Seráfica  authorizada  com  tantas 
letras,  e  virtudes  nas  quatro  partes  do  mundo. 
Cheyo  de  annos,  e  muito  mais  de  açoens 
virtuofas  paíTou  a  receber  o  premio  delias 
no  anno  de  1461.    Compoz. 

Conjlitmçoens  premitivas  da  mais  eftreita 
Obfervanda    Seráfica.    Aí.    S. 

P.  GOMES  VAZ  natural  da  Villa  de 
Serpa  em  a  Provinda  Tranftagana,  e  Re- 
ligiofo  da  Companhia  de  lefus,  cuja  rou- 
peta veftio  em  o  Collegio  de  Évora  a  8  de 
Fevereiro  de  1562.  profeflando  o  quarto 
voto  a  1 5  de  Agofto  de  1 5  84.  PaíTou  à  índia 
em  o  anno  de  1564.  e  depois  de  ler  Fi- 
lofofia,  e  Theologia  em  a  Caza  de  Goa 
fe  aplicou  à  converfaõ  da  Gentilidade 
enchendo  nefte  apoftolico  miniílerio  as 
obrigaçoens  de  zelofo  MiíTionario.  Foy 
Procurador  do  Collegio  de  Goa,  e  Su- 
perior da  Refidenda  de  Malaca  donde 
voltando  a  Portugal  acabou  piamente  a 
carreira  da  vida  a  3.  de  Setembro  de  16 10. 
com  68  annos  de  idade,  e  48.  de  Companhia. 
Delle  faz  breve  memoria  o  Padre  Franco  Ati- 
nai. S.  J.  in  iMfit.  pag.  200.  n.  4.  Efcreveo. 

Tratados  Moraes.  M.   S. 

Carta  efcrita  de  Goa  a  %  de  Novembro  dt 
1566.    a    hum    Keliffofo    da    Companhia. 

Carta  de  Goa  efcrita  a  ^o  de  Dezembro 
de  1566.  ao  Padre  Pedro  da  Fonceca. 


L  USITANA. 


389 


Carfa  efcrita  de  Goa  a  14.  de  Novem- 
bro de  1576.  ao  Padre  Provincial  "Leaõ  Hen- 
riques. Nella  narra  difufamente  os  ritos 
da  Qiina.  Sahio  hum  compendio  delia 
com  outras  em  Italiano.  Roma  por  Fran- 
cifco    Zanetti.     1578.     8. 

GONÇALO  AYRES  FERREIRA 
companheiro  de  loaõ  Gonçalves  Zarco  pri- 
meiro defcubridor  da  Ilha  da  Madeira  como 
coníla  de  hum  Alvará  do  Infante  D,  Henrique 
paíTado  em  o  anno  de  1430.  Foy  de  geração 
niuílre  fendo  o  primeiro  que  a  deixou  nume- 
rofa  na  Ilha  da  Madeira  chamando  ao  filho 
primogénito  Adaõ,  e  à  primeira  filha  Eva. 
Efcreveo  com  eílilo  fincero. 

Defcuhrimento  da  Ilha  da  'Madeira.  M.  S. 
Começa.  Chegamos  a  efta  Ilha  a  que  put^e- 
mos    nome    da    Madeira. 

Do  author,  e  da  obra  faz  memoria  o 
Padre  António  GDrdeiro  Hijl.  Injulan.  liv.  3. 
cap.  15. 

P.  GONÇALO  ALVARES  natural  de 
ViUaviçofa,  e  filho  de  Pays  nobres.  Ao 
tempo,  que  eftudava  em  a  Univerfidade  de 
G3Ímbra  fe  afeiçoou  com  tanta  incUnaçaõ  ao 
inftituto  dos  Padres  lefuitas,  que  deixando  o 
aplauzo  merecido  à  fumma  viveza  do  feu 
engenho,  recebeo  a  roupeta  em  o  Collegio  da 
mefma  Gdade  ao  primeiro  de  Janeiro  de 
1549.  Nefta  virtuofa  paleftra  fe  diílinguio  na 
exafta  obfervancia  das  virtudes  religiofas 
pelas  quais  fe  fez  digno  dos  lugares  mais 
honoríficos  como  Meífare  dos  Noviços,  Rey- 
tor  do  Collegio  de  Coimbra,  e  Propofito  da 
Caza  profeíTa  de  S.  Roque.  Conhecendo 
a  profundidade  do  feu  talento  S.  Francifco 
de  Borja  Geral  neíle  tempo  da  Companhia 
o  nomeou  em  o  anno  de  1568.  Vifitador 
à  índia  fendo  o  primeiro,  que  teve  efta  in- 
cumbência, e  pofto,  que  padeceo  huma  hor- 
rível tempeftade  no  Cabo  da  Boa  Efperan- 
ça  aportou  em  Goa  a  10  de  Setembro  em  a 
celebrada  náo  Chagas  em  que  hia  o  Vice- 
rey  D.  Luiz  de  Attayde.  Depois  de  ter 
obrado  açoens  dignas  do  feu  minifterio,  e 
introduzido  os  primeiros  efludos  no  Col- 
legio de  Macao  dezejofo  de  pregar  no  la- 


pão, navegou  com  o  Padre  Manoel  Lopes 
parente  do  Thaumaturgo  Portuguez  Santo 
António  em  cuja  jornada  acabou  infelifmen- 
te  a  21.  de  Julho  de  1573.  hindo-fe  a  náo 
a  pique  impeUida  de  hum  furiofo  tufaõ. 
Efcreveo. 

Carta  a  Saõ  Franàfco  de  Botja  Geral  da 
Companhia  da  qual  huma  parte  tranfcrevea 
Hijt.  Soàet.  Part.  4.  n.  147.  Franco  Imag.. 
da  Virtud.  em  o  Nov.  de  Coimh.  Tom.  i. 
liv.  3.  cap.  47.  e  Souza  Orient.  Conquijl, 
Part.   2.  Conq.  4.  Divif.   i.  §.  71. 


GONÇALO  ALVO  GODINHO  naceo 
em  a  Gdade  do  Porto  fendo  filho  de  Si- 
mão Alvo  Cavalleiro  profeíTo  da  Ordem  mi- 
litar de  Saõ  Tiago,  e  de  Gracia  Godinha. 
Foy  celebre  profeíTor  dos  Sagrados  Cânones 
em  a  Univerfidade  de  Coimbra  onde  regen- 
tou  as  Cadeiras  do  Decreto  em  24.  de  No- 
vembro de  1635.  de  Vefpera  a  31  de  Ou- 
tubro de  1638.  e  de  Prima  a  2.  de  Outu- 
bro de  1646.  onde  jubilou  a  8.  de  Agofto 
de  165 1.  Foy  Dezembargador  da  Caza  da 
Suplicação  de  que  tomou  poífe  a  18.  de 
Abril  de  1644.  e  Cónego  Doutoral  da  Sé 
de  Évora  a  21.  de  Mayo  de  1646.  Fal- 
leceo  em  Coimbra  no  anno  de  1659.  En- 
tre as  doutiíTimas  PoftiUas,  que  diôou  a  vá- 
rios Titulos  de  Direito  faõ  as  mais  efti- 
madas. 

Ad  Tif.  de  Conjanguinitate,  et  Affinitate 
in   Ciem. 

Ad  cap.  2.  de  Converfione  Infidelium  in 
Decret. 

Ad  Tit.  de  Confirmatione  Utili,  vel  Inutili. 

Tra£tatus   de   Adulteriis. 

Ad  Tit.  de  Arbitris. 

Ad  Tit.   de  Fideijujforibus 

Ad  Tit.  de  iis,  qtuB  vi  metits  ve  cauja 
fiunt.  in  6. 

Ad  Cauf.  Prim.  quafi.  4. 

Ad  Cap.  fuper  Specula  28.  de  Privileffis  in 
Decret. 

Ad  Tit.  de  Sepulturis. 

Traãatus  de  Panis  o  qual  aUega  Roque  Mon- 
teiro Paym.  Dijc.  Jurid.  Polit.  foi.  25.  n.  141^ 

Ad  Tit.   de  ConfeJJis. 

Ad  Tit.  de  Exceptionib.  in  6. 


390 


BIB  LIO THECA 


Ad  Tit.  de  Judiíiis  in  Decretai,  et  adeumd 
Jit.  in  Clement. 

Ad  Tit.  de  Pignorib.  in  Decret. 

Fr.  GONÇALO  DOS  ANJOS  natural 
de  Lisboa,  e  filho  de  Gonçalo  Vaz  de  Vil- 
lasboas  Procurador  da  mefma  Cidade,  e  de 
lufta  de  Magalhaens.  Recebeo  o  habito 
Carmelitano  no  Convento  pátrio  a  8.  de 
Dezembro  de  1601.  e  profeflbu  folemne- 
mente  a  50  de  laneiro  de  1605.  Aprendi- 
'das  as  fciencias  Efcholafticas  no  CoUegio 
de  Coimbra  didou  Filofofia  em  Évora,  e 
Theologia  em  Coimbra,  e  Lisboa  onde  foy 
Regente  dos  Eftudos.  Teve  igual  talento 
para  a  Cadeira,  como  para  o  púlpito  fendo 
hum  dos  grandes  Oradores  Evangélicos  do 
feu  tempo.  Exercitou  os  lugares  de  Prior 
dos  Conventos  de  Setuval  Moura,  Évora, 
e  Reytor  do  Collegio  de  Coimbra.  Falle- 
ceo  no  Convento  de  Lisboa  a  18  de  Março 
de  1659.  quando  contava  76  annos  de  ida- 
de,   e    58    de    Religião,     Compoz. 

Sermão  da  primeira  Outava  do  Pentecojles 
pregado  no  Convento  do  Carmo  de  Lisboa:  Ro- 
ma  por  lacome   Mafcardi    1617.   4. 

Commentaria  in  Matthaum.  Eílava  promp- 
to  para  a  impreíTaõ  como  efcreve  loaõ  Fran- 
co Barreto  Bib.    Portug.   M.   S. 

Delle  fazem  mençaõ  Carvalho  Corog. 
Portug.  Tom.  3.  liv.  2.  Trat.  8.  cap. 
47.  e  Fr.  Manoel  de  Sá  Mem.  Hijl.  dos 
Efcrit.    Portug.    do    Carmo.    pag.    187.  n.  265. 

GONÇALO  ANNES  BANDARRA  na- 
tural da  Villa  de  Trancofo  em  a  Pro- 
víncia da  Beyra  do  Bifpado  de  Vifeu 
onde  exercitando  o  Officio  de  Sapateiro 
fe  fez  plauzivel  no  conceito  do  Povo 
pelas  Trovas,  que  em  Redondilhas,  ou 
de  pé  quebrado  compunha  a  fua  ruftica 
Mufa  com  termos  taõ  emfaticos,  que  eraõ 
refpeitadas  como  profecias,  e  como  naõ 
foubeíTe  ler  nem  efcrever  fe  valia  de 
maõ  alhea  para  as  divulgar.  O  aplauzo, 
que  lhe  conciliarão  eftes  vaticínios,  o  fez 
crer,  e  afirmar,  que  o  feu  entendimen- 
to fuperiormente  fe  illuftrava  com  o  dom 
de  profecia  por  cuja  caufa,  e  naõ  por 
culpa    de    ludaifmo,    como    alguns    errada- 


mente fe  perfuadiraõ,  fendo  prezo  pelo 
Santo  Officio  fahio  no  Auto  publico  da 
Fé  celebrado  em  Lisboa  na  Praça  da 
Ribeira  a  23  de  Outubro  de  1541.  fen- 
do Inquizidor  Geral  o  SereniíTimo  Cor- 
dial Infante  D.  Henrique.  Paliado  qua- 
fi  hum  feculo  renaceo  a  fua  memoria 
no  fauíliíTimo  anno  de  1640.  acreditada 
com  os  vaticínios,  que  fizera  da  gloriofa 
Aclamação  delRey  D.  loaõ  IV.  pelos  quais 
mereceo  os  Elogios  de  Nicolao  Monteiro. 
Vox  Turtur.  Art.  3.  cap.  5.  Ant.  de  Sou- 
za de  Macedo  Lufit.  Uberat.  p.  735.  Vaf- 
concellos  Kejiaur.  de  Portug.  Part.  i.  cap. 
22.  moftrando  com  o  exemplo  das  Sy- 
billas  Balaõ,  e  Cayfas  poder  unirfe  o 
dom  da  profecia  com  vida  menos  juf- 
tificada.  Falleceo  na  fua  pátria  depois  do 
anno  de  1556.  e  naõ  em  1550.  como  ef- 
crevem  os  referidos  Macedo,  e  Vafconcel- 
los  pois  dedicando  elle  as  fuás  Trovas  ao 
IlluílriíTimo  Bifpo  da  Guarda  D.  loaõ  de 
Portugal    com    eftas    palavras. 

llluftrijfimo  Senhor 

De   Virtudes  muy  perfeito. 

Vos  divieis  fer  eleito 

De  todas  as  Lejs  dador. 

Deos  vos  deu  tanto  primor 

Que  fe  naõ  acha  em  vojfa  marca 

Mays  fubido   Patriarca 

De  nobre  gente  Paflor. 
E  fendo  efte  Prelado  confirmado  na  di- 
gnidade Epifcopal  a  25  de  Março  de  1556. 
f>ela  Santidade  de  Paulo  IV.  ciaram  ète  fc 
colhe,  que  naõ  morreo  em  1550.  mas  depois 
de  1556.  laz  fepultado  no  Alpendre  da  Pa- 
rochial  Igreja  de  S.  Pedro  da  Villa  de  Tran- 
cofo fua  Pátria  onde  D.  Álvaro  de  Abran- 
ches Governador  das  Armas  da  Província 
da  Beyra  lhe  mandou  levantar  huma  fepul- 
tura  honorifica  com  o  fcguintc  Epitáfio. 

Aqui  ja:^  Gonçalo  Anes  Bandarra,  que  em 
feu  tempo  profetizou  a  KeJlai4raçaÕ  defle  Kgyno, 
e  D.  Álvaro  de  Abranches  lha  mandou  fa^er 
fendo  General  da  Beyra  anno  de  mil  feiscentos, 
e   quarenta   e   hum. 

No  tempo,  que  era  Embaxador  extraor- 
dinário defta  Coroa  na  Corte  de  Pariz  o 
Excellentiffimo  Marquez  de  Niza  D.  Vafco 
Luiz   da   Gama   mandou   imprimir. 


L USITANA 


3gT 


Trovas  do  Bandarra  apuradas,  e  impref- 
fas  por  hum  grande  Senhor  de  Portugal  offe- 
recidas  aos  verdadeiros  Portugue;(es  devotos 
do  Encuberto.  Nantes  por  Guilherme 
de  Morder.  1644.  8.  Acabaõ  com  os 
feguintes  Verfos. 

De  tudo  o  que  fe  aqui  di:^ 
_         Nota  bem  as  profecias, 
^p.       E  pondera  de  rai\ 

Daniel,  e  Jeremias; 

E  acharás  que  nejjes  dias 

Viraò  grandes  novidades 

Novas  leys,  variadades 

Mil  contendas,  e  profias. 
Foraõ  prohibidas  no  Cathalogo  dos  li- 
vros prohibidos  por  mandado  do  Inquiridor 
Geral  D.  Jorge  de  A.lmeyda  Arcebifpo  de 
Lisboa  no  anno  de  15 81.  a  pag.  23.  e 
ultimamente  por  hum  Edital  da  Inquiíi- 
çaõ  de  Lisboa  em  3.  de  Novembro  de 
1665.  D.  loaõ  de  Caftro  filho  natural  de 
D.  Álvaro  de  Caftro  Senhor  de  Penedo- 
no,  e  neto  do  inclyto  Heroe  D.  Joaõ  de 
Caftro  IV.  Vicerey  da  índia  por  cor- 
rerem muito  viciadas,  e  infertas  varias 
coufas,  que  naõ  eraõ  do  author,  as  redu- 
2Ío  a  hum  volume,  e  illuftrou  com  di- 
verfas  reflexoens  para  milhor  inteUigen- 
cia  de  alguns  lugares  obfcuros,  e  o  pu- 
blicou   com    efte    titulo. 

Paraphrafe,  e  concordância  de  algumas 
Prophecias  de  Bandarra  Sapateiro  de  Tran- 
co/o. 1603.  8.  Naõ  tem  lugar  da  Im- 
preíTaõ,  mas  do  carader  da  letra  fe 
conhece  fer  em  ParÍ2:.  O  JuÍ20  que 
deftas  Trovas  faz  loaõ  Soares  de  Brito 
Theatr.  Lujit.  Liter.  lit.  G.  n.  15.  foy  o 
feguinte  Ego  verjus  hominis  ifiius  vidi  rudes, 
feu  rujiicos  potius,  et  tantum  abeft,  ut  in  eis 
fatidicum  aliquid  inejje  exijiimem,  ut  ri/u, 
cachinnifque  prorjus  excepiendos  arbitrer,  nec 
ad  vulgus  etiam  Jlolidum  decipiendum  idó- 
neos, quippe  quos  pradiãus  Jutor  Bandarra 
ad  fubula,  laborifque  ceramentum,  prout  in 
buccam  viniebant,  cantitabat.  DeUe  fazem 
mençaõ  com  diferente  cenfura  D.  luan. 
de  Horofco  Tratad.  de  la  Verdad.  y  falf. 
Profec.  cap.  24.  e  o  eruditiíTimo  Fr.  Ben- 
to leronimo  Feijoo  Theatr.  Crit.  Univ. 
Tom.    2.    difc.    4.    §.    5.    n.    34. 


Fr.  GONÇALO  DE  BARCELLOS 
cujo  apeUido  denota  a  fua  pátria.  Profef- 
fou  o  fagrado  inftituto  Ciftercienfe  no 
Convento  de  Santa  Maria  de  Bouro  íi- 
tuado  no  Arcebifpado  de  Braga.  Para. 
inftruir  a  mocidade  nos  preceitos  da  Gra- 
mática Latina  em  que  era  muito  verfado,. 
illuftrou  com  doutiftimas  explicaçoens  o 
Uvro  intitulado. 

Doãorale  puerorum 

Compofto  em  Verfos  Leoninos  por  Fr. 
Alexandre  de  Villa  Dieu  ReUgiofo  Fran- 
cifcano  Lente  em  a  Univerfidade  de  Pa- 
rÍ2,  que  floreceo  no  feculo  XIII.  e  foy 
repetidas  vezes  impreílo  como  fe  pode 
ver  na  Bib.  Francif.  de  Fr.  loaõ  de  Santo 
António  Tom.  i.  pag.  35.  col.  2.  e  Oudin 
de  Script.  Ecclejiaft.  Tom.  3.  p.  154.  Con- 
ferva-fe  a  obra  de  Fr.  Gonçalo  de  Barcellos 
na  Livraria  do  Convento  de  Alcobaça  M.  S. 
in  foi.  com  efte  titulo. 

Doutrina  Aíagiflri  Alexandri  de  Villa  Dei 
cum  glojfis. 

GONÇALO  COELHO  muito  pe- 
rito na  fciencia  da  Cofmografia  o  qual  par- 
tindo por  ordem  delRey  D.  Manoel  a 
explorar  a  fituaçaõ  das  terras,  e  por- 
tos da  America  novamente  defcuberta 
por  Américo  Vefpufio  como  também  os 
cufliimes,  e  ritos  de  feus  habitadores 
fahio  de  Lisboa  com  o  pofto  de  Capitão 
mór  de  huma  armada  compofta  de  féis 
navios,  e  chegando  feUfmente  inveftigou 
com  juizo  de  Sábio,  e  obfervaçaõ  de 
curiofo  tudo  quanto  era  digno  de  faber-fe, 
naõ  fomente  tomando  poíle  daquella  Re- 
gião em  nome  do  feu  Soberano,  como  ef- 
crevendo  em  eftilo  claro,  e  íincero. 
DefcripçaÕ   do    Brajil.    foi.    M.    S. 

A  qual  quando  voltou  da  jornada  of- 
fereceo  a  ElRey  D.  loaõ  o  III.  por  ter  já 
deixado  a  coroa  caduca  pela  eterna  fea 
auguAilTimo  Pay.  Do  author,  e  da  obra 
fazem  mençaõ  PoíTin.  de  Vit.  Ven.  Igtat. 
A^eved.  €>*  Socior.  lib.  2.  cap.  i.  n.  16. 
Fr.  Gio.  Giufep.  di  S.  Teref.  Ifior.  delle 
guerra  dei  Regn.  dei  Bras^il.  Part.  i.  liv.  i. 
pag.  7.  e  Sebaftiaõ  da  Rocha  Pitta  Hift. 
da   Amer.    Portug.    liv.    i.    §.    90. 


BIBLIO THE  C  A 


392 

GONÇALO  CORRÊA  DE  SOUZA 
natural  da  Cidade  de  Ponte  Delgada  Capi- 
tal da  Ilha  de  S.  Miguel  filho  de  António 
lorge  Corrêa  defcendente  de  huma  famí- 
lia nobre,  que  tinha  o  feu  folar  na  Cidade 
<lo  Porto,  e  da  Ven.  Matrona  Marga- 
rida de  Chaves.  Foy  Presbítero  de  incul- 
pável vida,  o  qual  ao  tempo,  que  aíTiftia 
na  Cúria  Romana  querendo  eternizar  a 
memoria  das  virtuofas  açoens  de  fua 
infigne  Mãy,  compoz  na  lingua  Italiana 
-em  que  era  muito  perito,  e  a  dedicou  a 
Infanta    D.     Margarida    de     Auílria. 

Breve  Compendio  de  Santa  Vita  di  Mar- 
garita de  Chiaves  di  glorio/a  memoria.  Roma 
por    Bartholameo    Zanneti.    161 2.    8. 

D.  GONÇALO  COUTINHO  filho 
natural  de  D.  Diogo  Coutinho,  e  irmaõ 
<le  D.  Francifco  Coutinho  Conde  de  Ma- 
rialva. Foy  dos  alentados  Capitaens  que 
floreceraõ  na  índia  quando  a  governava 
o  grande  Nuno  da  Cunha  por  cuja  or- 
dem acometendo  em  Salfete  as  trinchei- 
ras, que  o  Idalcaõ  tinha  levantado,  fendo 
infelifmente  rechaflado  pelos  mouros 
com  morte  de  trezentos  Soldados  rece- 
beo  huma  ferida  taõ  grave,  que  breve- 
mente o  privou  da  vida  em  Goa.  Teve 
^rãde  génio  para  a  Poezia  de  que  faõ  tefte- 
munhas  algumas  obras  fuás  impreíTas  no 
Cancioneiro  de  Garcia  de  Kefende  Lisboa 
por  Herman  de  Campos  15 16.  foi.  a  foi. 
160.  v.°  172.  v.o  e  175.  v.o  Foy  cazado 
<x)m  D.  Izabel  Marinha  de  quem  naõ 
teve  fuceçaõ.  Delle  faz  mençaõ  Couto 
Decad.   da   Ind.   4.    liv.    10.    cap.    8. 

D.  GONÇALO  COUTINHO  Com- 
mendador  das  Commendas  de  Vaquei- 
ros, e  Santa  Luzia  de  Trancofo  da  Or- 
dem militar  de  Chrifto  foy  filho  de  D. 
Gaftaõ  Coutinho,  e  de  D.  Filippa  de 
Souza  filha  de  Fernaõ  de  Souza  de  Brito, 
•e  de  D.  Izabel  de  Souza.  Defde  a 
adolefcencia  fe  empregou  na  cultura 
das  Artes  Liberaes  fendo  a  fua  natural 
inclinação  converfar  com  homens  eftu- 
<Uofos  donde  confeguio  contrahir  eftreita 
amizade   com   o   infigne   Luiz   de   Camoens 


Príncipe  da  Poezia  Épica,  que  muitas 
vezes  o  tinha  por  hofpede  na  fua  Quinta  de 
Vaqueiros  cujo  afefto  eternizou  depois  da 
morte  mandando-lhe  fazer  huma  Campa  com 
Epitáfio  no  anno  de  1595.  para  a  fua  fepul- 
tura  em  a  Igreja  das  Religiofas  de  Santa  Anna 
de  Lisboa.  Para  com  mayor  aplicação  fc 
dedicar  ao  eftudo  em  que  tinha  a  mayor 
deleitação  fe  retirava  à  fua  Quinta  de  cujo 
retiro  o  louva  o  grande  Poeta  Diogo  Ber- 
nardes na  Carta  27  de  feu  Uma.  O  amor 
da  pátria  o  obrigou  a  preferir  o  tumulto  da 
guerra  ao  ócio  do  Campo  fendo  o  primeiro 
theatro  do  feu  valor  a  Praça  de  Arzilla, 
e  depois  a  de  Mazagaõ  quando  foy  eleito 
feu  Governador,  e  Capitão  General  onde 
fempre  triunfou  da  aílucia  armada,  e  defar- 
mada  dos  mouros  coroando-fe  com  dupli- 
cados louros  aífim  nos  confliílos  terreftres 
como  nos  combates  marítimos.  Com  a 
mefma  fortuna  governou  o  Reyno  do  Al- 
garve até  que  cheyo  de  grande  numero  de 
annos  fempre  inferior  ao  dos  feus  mereci- 
mentos falleceo  no  anno  de  1634.  Foy  do 
Confelho  de  Eílado  de  Filippe  III.  de  Por- 
tugal fendo  digno  de  mayores  lugares  por 
feu  nacimento,  valor,  e  capacidade  como 
delle  efcreve  D.  Gonçalo  de  Cefpedes  Chron. 
de  Filip.  IV.  liv.  5.  cap.  13.  loaõ  Soar.  de 
Brit.  Theatr.  Lufit.  Liter.  lit.  C.  n.  16.  fua 
atatis  nemini  Jecundus  litteratorum ,  doãorum- 
que  hominum  jingularis  Patronus,  ac  Macenas, 
e  Manoel  de  Faria,  e  Souza  Vid.  de  Camoens 
no  principio  do  Coment.  das  Rimas  §.  56. 
bien  entendido  y  muy  corte!(ano.  Cazou  com  D. 
Maria  de  Oliveira  filha  do  Doutor  Manoel 
de  Oliveira  Dezembargador  do  Paço,  e 
luiz  da  Fazenda  delRey  D.  Scbaítíaõ  de 
quem  naò  teve  filhos  cuja  falta  fentio  com 
tanto  extremo,  que  tomou  por  empreza 
huma  Oliveira  com  cfta  letra  Mibi  Taxas 
por  fer  efta  arvore  infecunda.  Foy  Ge- 
nealógico, Hiíloriador,  e  Poeta,  c  como 
a  tal  o  colloca  entre  os  alumnos  do  Par- 
naíTo  Portuguez  lacinto  Cordeiro  EJog.  dos 
Poet.  Lujit.  Eftanc.  8. 
D.  Gonfalo  Coutinho  a  quel  Ljifero 
Cott  que  la  Pátria  glorias  alimenta, 
Que  en  nombre  de  Camoens  tanto  venero 
Pues  muerto  le  tomo  tanto  a  fu  cuenta. 


L  USITAN A, 


Que  ingenio  libre  a  Ju  mirar  fevero 
Si   el  Jteyo   admira  prefmcion   intenta 
Quando  el  mi/mo  en  Jus  verfos  fe  retrata 
De  laminas  de  hronv^e  ter/a  plata. 
GDmp02. 

Difcurfo  da  Jornada  de  D.  Gonçalo  Cou- 
tinho à  Villa  de  MafagaÕ,  e  feu  governo 
nella.  Lisboa  por  Pedro  Craesbeeck. 
1629.  4.  A  eíla  obra  louva  muito  Antó- 
nio de  Souza  de  Macedo  Vlor.  de  Efpanb. 
cap.  14.   Excel.  8.  n.  58. 

Vida  de  Francifco  de  Sà,  e  Miranda. 
Lisboa  por  Vicente  Alvres  16 14,  4.  No 
principio  das  obras  Poéticas  defte  Author 
que    fahio    fem    o    feu    nome. 

KelaçaÕ  da  dejcendencia  de  D.  Gonçalo  Cou- 
tinho Jegundo  Conde  de  Marialva  a  que  nejle 
Reyno  chamarão  Ramiro  na  qual  fe  trata  dos 
filhos  Varoens,  que  teve,  e  das  peffoas  que  defies 
defcenderaõ  até  o  prev^ente  de  1607.  Defta  obra 
faz  mençaõ  o  P.  D.  António  Caetano  de 
Souza  Advert.  e  Addic.  da  Hifi.  Gen.  da 
Ca:^.  Real  Portug.  Tom.  8.  pag.  15.  n.  13. 
Conferva  huma  copia  delia  Luiz  Gonçalves 
da  Camará  feu  defcendente. 

Cartas  Varias.  M.  S.  4.  Conferva- 
vaõ  fe  na  Livraria  de  D.  António  Al- 
vres   da    Cunha. 

Poefias  Varias.  M.  S.  4.  Na  Livra- 
ria do  Cardial  de  Souza  hoje  do  Duque 
de  Lafoens. 

Hijloria  de  Palmeirim  de  Inglaterra,  e 
de  D.  Duardos  foi.  3.  Tom.  Era  con- 
tinuação deíla  Hiftoria  fabuloza.  Eftava 
na  Livraria  de  loaõ  de  Saldanha  como 
afirma  o  P.  Francifco  da  Cruz  nas  Mem. 
M.  S.  para  a  Bibliotheca  l^fitana.  Ao 
feu  nome  foy  dedicada  a  i.  Parte  das 
Rimas  de  Luiz  de  Camoens  em  o  anno  de 
1621.  eni  cujo  frontefpicio  eílà  a  fua  imprc- 
za  da  Oliveira  com  a  letra  mihi  Taxus,  c 
em  aplauzo  da  proteção  que  fempre  lhe 
deveo  aquelle  Príncipe  da  Poeíia  Épica  lhe 
fez  o  feguinte  Epigrama  Manoel  de  Souza 
Coutinho  que  recolhido  a  Religião  de  S. 
Domingos  fe  chamou  Fr.  Luiz  de  Souza 
igualmente  eftimavel  pela  Poeíia,  como  pela 
Hiftoria. 

Nominibus  gentis   donis    Coutigne    Minerva 
Nobilitatis    bonos,    Pieridumque    decus. 


393 

Viãa  fitu   in    tenebris    Camonii   Mu/a  jacebat 

Quo  nihil  in  totó  grandius  orbe  fonat. 
Perte   fquallentem    cultum    deponit,    (ò"    audet 

Obfita     Lyfiaca    pleãra    ferire     Lyra. 
Ac    velut     Orphao     revocafii     munere    amicum 

Orphaus    exifiet    nominis    ille    tui. 
Sic    vos    alterno    vivetis    munere,    et    Orphaus 

Alter    erit    Mu/a,    nominis    alter    erit. 

GONÇALO  DELGADO  natural  da 
Qdade  de  Tavira  em  o  Reyno  do  Al- 
garve filho  de  loaõ  Pinto  Delgado.  Foy 
Efcrivaõ  dos  Orfaõs  como  feu  Pay,  e 
muito  inclinado  à  Poefia  em  que  fez  ad- 
miráveis obras  merecendo  deftinta  eíHma- 
çaõ  o  Poema  compofto  em  Outava  Rima 
de  que  era  o  argumento. 

A  violenta  imipçàõ  feita  pelos  Ingkv^es  no 
anno  de  1596.  faqueando,  e  abrar^ando  a  Cidade 
de  Faro.  Dedicado  a  Ruy  Lourenço  de 
Távora  Governador  do  Algarve. 

GONÇALO  DL\S  DE  CARVALHO 
natural  da  Villa  de  Guimaraens  em  o  Arce- 
bifpado  de  Braga  onde  aprendendo  as  pri- 
meiras letras  fe  aplicou  em  a  Univerfidade 
de  Coimbra  à  Sciencia  da  Jurifprudenda 
Ccfarea  em  que  recebeo  as  infignias  douto- 
raes.  Foy  Dezembargador  da  Caza  da  Supli- 
cação, e  Deputado  da  Meza  da  Conciencia,  e 
Ordens,  e  ornado  de  todas  aquellas  partes 
neceíTarias  para  a  inílruçaõ  de  hum  perfeito 
Miniíbro.  Falleceo  em  Lisboa  a  25  de  Ou- 
tubro de  1598.  e  jás  fepultado  no  Convento 
de    S.    Francifco    da    fua    pátria.     Compoz. 

Carta  dirigida  a  EJRej  D.  SebaJliaÕ.  Lis- 
boa 4.  Naõ  tem  anno,  nem  nome  do  Im- 
preíTor  como  vimos  em  hum  exemplar  im- 
prcíTo.  Coníla  de  huma  inílruçaõ  politica  para 
governar     acertadamente     aquelle     Principe. 

Traãatus  ad  illa  verba  Jeremia  cap.  12. 
V.  I.  Quare  via  impiorum  profperatur? 
M.  S. 

Do  Amigo  l^iv^ongeiro.  M.  S. 

P.  GONÇALO  FERNANDES  ze- 
lozo  operário  da  Companhia  de  lESUS 
em  o  Reyno  de  Madure  onde  por  fua 
induíbia  edificou  huma  Igreja,  e  Hof- 
pital,   c   abrio    efcola   publica   em   que   en- 


394 


BIBLIO THE  CA 


finava  à  puerícia  os  rudimentos  da  língua 
Tamulana  em  cujos  exercicios  confumio 
o  largo  efpaço  de  quinze  annos  até  o 
de  1606.  em  que  por  eftar  muito  exhaufto 
de  forças  fe  lhe  ajuntou  por  companheiro 
o  P.  Roberto  Nobile  fobrinho  do  Cardial 
Sforcia  que  continuou  o  miniílerio  Apof- 
tolico  com  incanfavel  zelo.  Querendo  illuf- 
trar  o  conhecimento  dos  Badagàs  gente  fe- 
rò^,  e  indómita  com  os  dogmas  da  Re- 
ligião Chriftaã,  efcreveo  na  lingua  de  Ma- 
dure 

ExpoJtfaÔ  da  Fé  Caíbolica. 
Da  qual  obra,  como  de  feu  Author 
fazem  memoria  o  Padre  Jarrico  Thet^aur. 
Rçr.  Ind.  Tom.  3.  liv.  2.  cap.  21.  o  P. 
Bartholam.  Guerreiro.  Kelac.  Annal  do 
Oríení.  dos  annos  1607.,  e  1608.  liv.  2. 
cap.  5.  e  loan.  Soar.  de  Brito  Theatr, 
iMJit.   Uíter.  lit.   C.   n.    17. 

GONÇALO  FERNANDES  TRAN- 
COSO natural  da  Villa  do  feu  apel- 
lido  fituada  na  Província  da  Beira  igual- 
rnente  verfado  na  liçaõ  da  Hiíloria  pro- 
fana, que  na  fciencia  da  Ailronomia. 
Q)rnpoz. 

Ke^ra  geral  para  aprender  a  tirar  pela 
ma^  as  Fejlas  mudáveis,  que  vem  no  anno, 
a  qual  ainda  que  he  arte  antigua  ejlà  por 
termos  muy  claros.  Derigido  ao  Arce- 
bifpo  de  Lisboa  D.  lorge  de  Almeyda. 
Lisboa  por  Francifco  Corrêa  ImpreíTor  do 
SereniíTimo    Cardial    Infante    1570.    4. 

Contos,  e  hifiorias  de  proveito,  e  exem- 
plo. I.  e  2.  Parte  Dedicada  à  Rainha 
D.  Catherina.  Lisboa  por  loaõ  Alvres 
1589.   8. 

Contos,  e  hiftorias  eS^f.  5.  "Parte  que 
deixou  a  feu  filho  António  Fernandes. 
Sahio  imprefla  Lisboa  por  Simaõ  Lo- 
pes 1596.  8.  Todas  efl:as  3  Partes  foraõ 
reimpreflas  varias  vezes  como  em  Lisboa 
por  António  Alvares  1644.  &  ibi  por  Do- 
mingos Carneiro  1681.  &  ibi  por  Bernar- 
do da  Cofia.  1710.  8. 

Fazem  delle  mençaõ  Nicol.  Ant.  Ptib. 
Hifpan,  Tom.  i.  pag.  425.  col.  i.  c  loan. 
Soar.  de  Brito  Theatr.  Ijtfit.  Utter.  lit.  G. 
n.  ^8. 


GONÇALO  GARCIA  DE  SANTA 
MARIA  cuja  pátria,  e  eftado  de  vida  fe 
ignora,  traduzio  da  lingua  Latina  em  a  ma- 
terna,   e    illufixou    com    algumas    reflexoens. 

Epijlolas,  e  Evangelhos,  que  fe  cantão  no  Dif- 
curfo  do  anno.  Impreflb  em  letra  gothica  no 
anno  de  1479.  ^<^"^  lugar  da  ediçaõ.  foi. 

GONÇALO  HENRIQUES  Presbí- 
tero, e  piiflimo  devoto  dos  Paflbs  que 
o  Redemptor  do  Mundo  deu  com  a  Cruz 
fobre  feus  hombros  defde  o  Pretório  de 
Pilatos  até  o  monte  Calvário  em  cujo 
obfequio.     Compoz. 

Officium  parvum  de  Via  Crucis  Do- 
mini  Nojiri  Je/u  Chrijli.  Ulyfiipone  apud 
loan.  da  Cofia  1673.  24. 

Fr.  GONÇALO  DE  S.  lOSEPH 
religiofo  da  Seráfica  Província  de  Saõ 
Thomé  da  índia  Oriental,  e  nella  De- 
finidor.   Efcreveo. 

lomada  que  Francifco  de  Sow{a  de  Caftro  Fi- 
dalgo da  Ca!(a  de  S.  Magejlade  fe;(^  ao  Achem  com 
huma  importante  Embaxada  inviado  pelo  Vicerey 
da  índia  Pedro  da  Sjlva  no  anno  de  1638.  Goa 
1642.  4.  fem  nome  do  Imprefibr. 

Relação  das  Fejlas  quando  fe  Jurou  o 
Myjlerio  da  Conceição  da  Senhora  na  índia 
em    1647.    4. 

KelaçaÕ  do  Bautifmo  Geral  em  Goa  em 
1648.  4.  Huma,  c  outra  fe  confervaõ 
M.  S.  na  Livraria  do  Excellentiflimo 
Conde    do    Vimieiro. 

GONÇALO  LOPES  DE  CARVA- 
LHO FONCECA,  E  CAMOENS  fexto 
Senhor  de  Negrellos,  e  Abbadim  filho 
de  Luiz  Lopez  de  Carvalho  V.  Senhor 
de  Negrellos,  c  de  D.  Anna  da  Silva 
naceo  na  Illuftre  Villa  de  Guimaraens 
a  10  de  Janeiro  de  1664.  Foy  infirui- 
do  nas  artes  dignas  do  feu  nacimento,  e 
principalmente  muito  apUcado  ao  eftudo 
da  Genealogia.  Morreo  na  fua  pátria  a 
18.  de  Outubro  de  1694.    Compoz. 

Arvores  Genealógicas  que  comprehen- 
dem  as  Familias  que  pertencem  ã  fua 
Ca^a  com  as  armas,  e  bra^oens  illumina- 
dos.  foi.    Confcrvafc  cfte  volume  em  poder 


L  USITAN A. 


de  Thadeo  Luiz  António  Lopes  de  Carvalho 
Fonceca  filho  do  author  de  quem  recebemos 
efta  noticia,  e  fe  dará  da  fua  peffoa  em  feu 
lugar. 

GONÇALO  LUCENA  DE  CAR- 
VALHO natural  de  Alcácer  do  Sal  em 
a  Província  do  Alentejo,  Teve  nacimento 
illuítre,  engenho  agudo,  e  génio  particular 
para  a  Poezia  em  que  compoz  diverfas  obras, 
que  podiaõ  eternizar  a  fua  memoria  fe  fahif- 
fem  à  luz  publica,  que  fatalmente  lhe  impedio 
a  morte  privando  o  intempeftivamente  da 
vida.  Entre  as  fuás  produçoens  poéticas 
merece  a  primazia. 

Poema  heróico  da  Batalha  do  Campo  de  Ouri- 
que. Cuja  obra  ouvio  muitas  vezes  ler  por  feu 
author  o  grande  antiquário  Manoel  Seve- 
rim  de  Faria,  e  o  louva  de  ornado  de  excel- 
lente  efpirito  em  huma  Carta  efcrita  de 
Évora  a  15  de  Julho  de  1647.  a  António 
de  Magalhaens  Peixoto  a  qual  eftá  entre  as 
fuás  Originaes,  que  vimos  a  foi.  126.  v.^ 
Também  louvaõ  o  feu  poético  fiiror  Joan. 
Soar.  de  Brito  Theatr.  l^fit.  Uter.  lit.  G. 
n.  19.  e  D.  Frandfco  Manoel  Carta  dos  A  A. 
Portug.  efcrita  ao  Doutor  Themudo. 

GONÇALO  LUIZ  COELHO  natu- 
ral de  Coimbra  Doutor  em  Direito  Qvil  pela 

j  Univerfidade  da  fua  pátria,  e  nella  Lente  de 
Inftituta,  que  levou  por  oppofiçaõ  a  29 
de  Mayo  de  1571.  donde  paíTou  à  Cadeira  do 
Código  a  5  de  Novembro  de  1576.  e  dos 
Três  livros  a  29  de  Novembro  de  1581.  a 
qual  fegunda  vez  regentou  fendo  Dezembar- 
gador  dos  Aggravos  a  20  de  Outubro  de 
161 7.    Efcreveo. 

,  AlíegaçaÒ    Jurídica     a    favor     da     Serenif- 

\     fima    Senhora    D.    Catherina  Johre    a  JuceffaÕ 

\      do    Reyno.      foi.     M.     S. 

Varías  Pojlillas  fobre  diverfos  Títulos 
de  Direito,  que  faõ  muito  eítimadas  pelos 
ProfeíTores   da   lurisprudencia. 

GONÇALO  DA  MADRE  DE  DEOS 
SEMBLANO  natural  da  Cidade  do 
Porto  onde  teve  por  Pays  a  Antó- 
nio Dias,  e  Izabel  do  Amaral.  Apli- 
cou-fe    na    primeira    idade    à    arte    da    Mu- 


.395 

fica  na  qual  fez  taõ  grandes  progreíTos  a  fua 
natural  viveza  naõ  fomente  na  fuavidade 
com  que  cantava,  mas  em  a  deílreza  com 
que  tangia  vários  inftrumentos,  q  foy  adme- 
tido  à  Sagrada  Congregação  dos  Cónegos 
Seculares  onde  conhecido  o  feu  talento  foy 
julgado  por  capaz  de  fe  aplicar  às  fciendas 
feveras.  Nellas  ainda  fendo  difcipulo  era 
refpeitado  como  Meftre  merecendo,  que  depois 
de  diâar  aos  feus  domeíticos  Filofofia,  e 
Theologia  em  o  CoUegio  de  Coimbra,  fe 
laureaíle  Doutor  entre  os  Theologos  da 
Academia  Conimbricenfe.  Aos  grandes  aplau- 
zos,  que  conciliou  na  Cadeira  excederão 
os  que  alcançou  em  o  púlpito  fendo  hii  dos 
celebrados  Pregadores,  que  aclamou  a  fua 
idade.  Nas  repetidas  vezes,  que  teve  por 
Theatro  dos  feus  Evangélicos  Difcurfos  a 
Capella  Real,  e  os  mais  celebres  Templos  da 
Corte  eílava  o  auditório  pendente  da  fubtUeza, 
e  facilidade  com  que  htteralmente  provava 
com  a  Efcrimra  Sagrada  os  feus  conceitos 
parecendo  a  quem  ignorava  a  profunda 
intelligencia,  que  elle  tinha  das  Sagradas 
letras,  que  os  textos,  que  allegava  eraõ  mais 
inventados,  que  verdadeiros.  Foy  Reytor  do 
Collegio  de  Coimbra,  e  do  Porto,  Provedor 
das  Caldas  da  Raynha,  e  Examinador  das 
Três  Ordens  Militares.  FaUeceo  no  Con- 
vento de  Santo  Eloy  de  Lisboa  a  20  de  Ou- 
tubro de  1705.  Dos  Sermoens,  que  pre- 
gou pelo  efpaço  de  muitos  annos  fe  podiaõ 
formar  diverfos  volumes  fendo  os  que  fe 
fizeraõ  pubUcos  pela  impreíTaõ. 

Sermaõ  de  S.  loaÕ  ^angelifia  em  Santo 
EJoj  no  feu  dia  a  z-j  de  Dev^embro  de  1671. 
Coimbra    por    Thome    Carvalho.     1672.    4. 

Sermaõ  de  Terceira  fexta  Feira  de  Qua- 
refma  na  Keal  Capella  da  Univerfidade  de 
Coimbra.  Coimbra  por  Thome  Carvalho 
1672.  4. 

Sermaõ  do  í\/landato  na  I^Ufericordia  da 
Cidade  de  Coimbra  Coimbra  pela  Viuva 
de  Manoel  Carvalho.  1673.  4.  &  ibi  por 
Rodrigo  de  Carvalho  Coutinho  Impref- 
for    da    Univerfidade    1674.    4. 

Sermaõ  das  Soledades  da  Mãy  de  Deos 
na  Miferícordia  de  Coimbra.  Coimbra  por 
Manoel     Carvalho.     1674.     4. 

Sermaõ     de     Nojfa     Senhora     da     Purífi- 


396 


BIBLIO  THE  CA 


caçaõ  com  o  titulo  da  Ljfí(^  na  Univerjiãadtf  t 
Capella  Real  de  Coimbra.  Coimbra  pela  Viuva 
de  Manoel  de  Carvalho.  1675.  4. 

Sermão  do  Mandato  pregado  na  Mift- 
ricordia  de  Ushoa  Coimbra  por  lozcph 
Ferreira  1677.  4.  e  na  haurea  Portug. 
defde  pag.  54.  até  76.  Lisboa  por  Miguel 
Deslandes  1687.  4. 

Sermão  da  Canonii^açaÕ  do  glorio/o  Pa- 
triarcha  S.  JoaÕ  de  Deos  em  o  quinto  dia 
do  Outavario  folemnijftmo,  que  celebrou  fua 
Religião  em  21.  de  Junho  de  1691.  Lisboa 
por  Miguel  Deslandes  1691.  4. 

GONÇALO  MANOEL  GALVAM 
DE  LACERDA  Cavalleiro  profeflb  da 
Ordem  de  Chrifto  Fidalgo  da  Caza  Real,  De- 
putado do  Confelho  Ultramarino,  e  da 
SereniíTima  Caza  de  Bragança,  Enviado  Ex- 
traordinário a  Corte  de  Pariz  naceo  em  Lis- 
boa fendo  filho  do  Doutor  lozeph  Galvaõ 
de  Lacerda  Dezembargador  do  Paço,  e  Chan- 
celler  mór  do  Reyno,  e  de  D.  Chriílina  da 
Sylva,  e  Caftro  filha  do  Doutor  Rodrigo 
Rodrigues  de  Lemos  Dezembargador  do 
Paço,  e  Commendador  de  Santa  Maria  da 
Moreira  em  a  Ordem  de  Chrifto,  e  de  D. 
Joanna  Figueiroa.  A  boa  Índole,  que  logo 
nos  primeiros  annos  moftrou  para  as  letras 
foy  infallivel  prognoftico  do  progreflb,  que 
havia  fazer  na  idade  adulta  aíTim  na  intel- 
ligencia  das  linguas  Latina,  Franceza,  c  Ita- 
liana, como  na  liçaõ  dos  livros  políticos,  e 
hiftoricos  por  cujos  dotes  mereceo  fer  eleito 
Académico  da  Academia  Real  a  18.  de  No- 
vembro de  1729.  Sendo  os  frutos,  que  tem 
produzido  o  feu  fecundo  engenho  depois 
de  fer  admitido  a  efta  eruditiffima  Afemblea, 
os  feguintes. 

Praítica  com  que  con^atulou  a  Aca- 
demia Real  de  eftar  admitido  por  feu  Col- 
lega.  Sahio  Tom.  9.  da  Collec.  dos  Docu- 
mentos da  Acad.  Real.  Lisboa  por  lozeph 
António  da  Sylva.  1729.  foi. 

Conta  dos  Jeus  eftudos  Académicos  tm 
25  de  Fevereiro  de  1730.  No  Tom.  10. 
da  Collec.  dos  Documentos  da  Acad.  Lis- 
boa pelo  dito  Impreííor.  1730.  foi. 

Conta  dos  Jeus  efiudos  Académicos  em 
4.     de    Janeiro    de     173 1.      No     Tom.     11. 


da  Collec.  dos  Docum.  Lisboa  pelo  dito  Im- 
preíTor  173 1.  foi. 

Conta  dos  Jeus  ejludos  Académicos  a  13. 
de  Março  de  1732.  No  Tom.  11.  da  Collec. 
dos    Documentos. 

Conta  dos  Jeus  ejludos  no  Paço  a  -f.  de 
Setembro  de  1752.  No  Tom.  11.  da  Collec. 
dos  Documentos. 

Elogio  Fúnebre  de  Jo\epb  da  Cunha 
Brochado  Académico,  e  Cenjor  da  Academia 
Real  da  Hijloria  Portuguev^a  recitado  em 
8  de  Outubro  de  1733.  No  Tom.  12.  da 
Collec.  dos  Documentos  da  Acad.  ReaJ.  Lis- 
boa pelo  dito  Impreflbr.  1733.  foi. 

GONÇALO  MENDES  SACOTO  Poeta 

de  fcftival  engenho,  e  natural  galantaria 
de  cuja  veya  fe  lem  algumas  produçocns 
no  Cancioneiro  de  Garcia  de  Rejende.  Lis- 
boa por  Herman  de  Campos  15 16.  foi.  a 
foi.  136. 

GONÇALO  MENDES  SALDANHA 
natural  de  Lisboa  irmaõ  de  António 
Mendes  infigne  Poeta  Latino  de  quem 
já  fizemos  mençaõ.  Teve  por  Meftre  da 
Arte  Mufica  ao  celebre  Duarte  Lobo  de 
cuja  efcola  fahio  taõ  perito  em  os  preceitos 
daquella  armonica  fciencia,  que  chegou  a 
fer  eftimado  pelos  feus  mayores  profeílores, 
ou  foíTe  pela  novidade  das  ideas,  ou  pela 
poftura  das  vozes  com  que  regulava  as  fuás 
compofiçoens,  fendo  as  principaes  as  feguin- 
tes, que  fe  confervaõ  na  Bibliotheca  Real 
da  Mufica  como  confta  do  feu  Index  im- 
preíTo  em  Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck  1649. 

Lauda     Hyerujalem     Dominum     a     6. 

Beatus  vir  de  3.  Tom.  a  8.  Eftant. 
34.  n.  788. 

Beatus    vir    do    4.    Tom.    a    8.    ibi    n. 

793- 

Quomodo  Jedet  Jola  civitas.   a   8.   c   outro 

a  6.  Eftant.  33.  n.  776. 

Cofftavit    Dominus.    a    8.    ibi. 

Parce  mihi  a  5.  e  outro  a  8.  ibi  n.  771. 

Hei  mihi  Domine.  Motete  a  7.  ef- 
tant. 36.  n.  810. 

Mijereres  a  varias  vozes. 

Vilhancicos  diverjos  ao  Sacramento,  Natal, 
Rjtys,   e   a   muitos  Santos. 


L  USITAN  A. 


Tonos  a  4.  vo^es.  foi.  4.  Tom.  Na  Bi- 
bliotheca  do  Cardial  de  Souza  que  hoje  he 
<lo   Excellentiflimo   Duque   de   Lafoens. 

GONÇALO  MENDES  DE  VAS- 
CONCELLOS  CABBEDO  filho  fegun- 
■do  de  Miguel  de  Cabbedo  moço  fidalgo 
<k  Caza  Real,  e  de  D.  Leonor  Pinheiro 
<le  Vafconcellos  fua  Prima  com  Irmaã, 
e  Irmaõ  do  Doutor  Jorge  de  Cabbedo 
Commendador  de  Frechas  na  Ordem  de 
Oiriílo,  Guarda  Mòr  da  Torre  do  Tombo, 
Dezembargador  do  Paço  Chanceller  Mòr 
do  Reyno,  e  Confelheiro  de  Eílado  de  Por- 
tugal em  a  Corte  de  Madrid  dos  quais  fe 
fará  diíUnta  memoria  em  feus  lugares.  Naceo 
na  Villa  de  Setúbal  illuftre  folar  defta  Caza 
de  cujos  afcendentes  naõ  degenerou  o  feu 
admirável  engenho  na  fácil  comprehenfaõ 
com  que  na  Univerfidade  de  Coimbra  pene- 
trou as  dificuldades  da  Jurifprudencia  Ca- 
nónica, em  que  recebendo  o  grão  de  Ba- 
charel foy  admitido  a  Collegial  do  Col- 
legio  Real  de  S.  Paulo  a  2 1  de  Abril  de  1 5  79. 
Neíla  celebre  Academia  fez  patentes  os  the- 
zouros  da  fua  profunda  fciencia  quando 
fubio  a  regentar  a  Cadeira  de  Sexto  de  que 
tomou  poíTe  a  13  de  Novembro  de  1582. 
donde  paflbu  a  do  Decreto  a  2  de  Mayo 
de  1587.  Foy  Cónego  Doutoral  da  Sé  de 
Évora  que  renunciou  com  faculdade  da 
Univerfidade  de  Coimbra  em  feu  Tio  Diogo 
Mendes  de  Vafconcellos.  Depois  de  fer 
Deputado  da  Inquifiçaõ  de  Coimbra  em  que 
foy  provido  a  29.  de  Dezembro  de  1580. 
e  da  Inquifiçaõ  de  Évora  a  23  de  Janeiro 
de  1590.  foy  Dezembargador  da  Caza  da 
Suplicação  onde  entrou  a  29  de  Novem- 
bro de  1594.  Exercitou  na  Cúria  Ro- 
mana o  lugar  de  Agente  dos  negócios 
defta  Coroa  por  ordem  de  Filippe  11. 
onde  conciliou  pela  fua  natural  benevolên- 
cia, e  difcreta  converfaçaõ  os  afe£los  das 
primeiras  Peííoas  daquella  grande  Corte 
principalmente  da  Santidade  de  Gemen- 
te Vni.  que  o  creou  Referendário  de 
huma,  e  outra  AíTinatura,  e  Prothono- 
tario  Apoftolico.  Reftituido  ao  Reyno 
em  o  anno  de  1599.  inftituhio  hum  mor- 
gado  com   obrigação   de   que   os   feus   pof- 


397 

fuidores  uzaíTem  do  fegimdo  apellido  de 
Vafconcellos,  e  como  a  Capella  Mòr  da 
Parochial  Igreja  de  Santa  Maria  da  Gra- 
ça Matriz  da  Villa  de  Setúbal  foíTe  jazigo 
dos  feus  Mayores,  alcançou  faculdade  Pon- 
tificia  em  o  anno  de  1596.  quando  aífiftio 
em  Roma  para  que  o  feu  Altar  foíTe  privi- 
ligiado  para  fempre  em  beneficio  das  Almas 
do  Purgatório.  Falleceo  na  fua  pátria  em 
o  mez  de  Junho  de  1604.  Fazem  illuftre 
memoria  da  fua  peUoa  Nicol.  Ant.  Bih. 
Hifp.  Tom.  I.  p.  427.  col.  I.  loan.  Soar. 
de  Brito  Tbeatr.  l^ifit.  Utter.  lit.  G.  n.  20. 
D.  Nic.  de  S.  Mar.  Cbron.  dos  Coneg.  ^eg. 
liv.  10.  cap.  15.  Carvalho  Corog.  Portug. 
Tom.  3.  Trat.  7.  cap.  i.  pag.  295.  D.  lozeph 
Barboza  Aíem.  do  Colleg.  Real  de  S.  Paul.  pag. 
93.  e  no  Archiath.  Ljijtt.  pag.  19.  Compoz. 
Diverforum  Jtiris  argumentorum  lihri  três. 
Conimbricae  apud  Antonium  Barrerium  Typ. 
Reg.  in  Univerfitate  1594.  4.  Dedicado  a 
D.  lorge  de  Almeyda  CapeUaõ  Mòr  onde  diz 
Tranfaãis  viginti  circiter  annis,  quos  in  evolvendis 
luris  utriufque  authorthus  conjumpfimus  depofitis 
quotidiana  praleãionis  curis  in  qua  fere  per  decen- 
nium  in  injigni  Conimhricenfi  Academia  elahora- 
vimus,  naâi  aliquantulum  otii  <à^c.  Quando 
efcreveo  efta  Dedicatória  foy  a  7  de  Dezem- 
bro de  1591.  jà  quando  aífiftia  em  Évora. 
Em  aplauzo  da  obra  lhe  dedicou  hum  Poeta 
o  feguinte  epigrama. 

H/V   tihi  pracipue   Leãor  fit  cura  líbellm 

Quem    Vafconcelli  máxima   mufa   dedit. 
Pamafi  flores  affert,  arcana  que  júris 

Pandit  in  accejfas  pandit,  &  ille  vias. 
Si  te  jujia  tenet  dominorum  cúria  forfan 

Accipe  CauJiSci  dogmata  mille  fori: 
Si  maffs  ohleãant  Gymnajia,  difce,  profundos 

Totius  Júris,  Sfficiles  que  locos 
Jllum     doãrina  Jiudium,  virtutis  amorque 

Abjeãa  jamdudum  ambitione  tenent: 
Scilicet  boc  ma^o  Conimbrica  gaudet  aluno 

Nato  Cetobrix,  Ebora  eive  fuo. 

Sahio  fegunda  vez  efta  obra  impreíTa  Romãs 
apud  Dominicum  BaíTam.  1597.  8.  Dedicada 
ao  Summo  Pontífice  Gemente  VIII.  No  fina 
tem  o  feguinte  Tratado. 

De  Sententiis  Inquifitionis ;  o  qual  tinha  diâa- 
do  em  Coimbra  como  afirma  na  Dedicatória. 


398 

Diverjorum  Júris  argumentorum  liher  TV. 
Romse  apud  Guilielmum  Facciotum.  1598.  8. 
Foy  dedicado  a  D.  ChrLftovaõ  de  Moura 
Marquez  de  Caílello  Rodrigo  Comenda- 
dor Mòr  de  Alcântara  Confelheiro  de  Eílado, 
e  Gentilhomem  da  Camará  do  Príncipe  de 
Efpanha.  No  tempo  que  afTiílio  em  Roma 
juntou,   e   pulio   com   grande   trabalho. 

De  Antiquitatihm  Ljifitania  libri  qm- 
tuor  a  L.  Andrea  Kefendio  inchoati,  a  Jacobo 
Mendes  de  Vafconcellos  ahjoluti,  <&  qmntm 
liher  de  Municipii  Bhorenfis  antiquitate  ah 
eodem  conjcriptus.  Cum  aliis  Opufculis  verfi- 
hus,  (&  Joluta  oratione  ah  eodem  Jacobo  Men- 
des de  Vafconcellos,  Michaele  Cahedio,  et 
António  Cahedio  elaboratis.  Qua  omnia  colle- 
git,  emendavit,  ac  Typis  Jumma  indujlria  com- 
mijit  Doíior  Gmdifalvus  Mendes  de  Vafcon- 
cellos, ó"  Cabedo  Ijtjitanus.  Romãs  apud 
Bernardum  Baflam.   1597.   8. 

Vita  Sanãijftma  Elifahetha  Portugaliia 
Keffna.  M.  S.  OfFerecida  a  Sereniffima 
D.  Margarida  de  Auílria  quando  eílava 
para     fer     Rainha     de     Efpanha. 

Das  doutiíTimas  Poílillas  que  diftou  na 
Univerfidade  faõ   as   mais   eftimadas. 

Ad  Text.  Katihahition.  De  Kegtdis  Júris 
lih.    6.    diâado    no    anno    de    1583. 

Ad  Text.  Quod  Jemel  Placuit.  no  anno 
de  1584. 

Ad  Titul.  de  Hareticis  Cauja  24  Qtiajl. 
I.    no    anno    de    1586. 

D.  Fr.  GONÇALO  DE  MORAES. 
Naceo  em  Villafranca  de  Lampazes  lugar 
íituado  na  Comarca  da  Provinda  Tranf- 
montana  de  Pays  nobres  quais  eraõ  Antó- 
nio Borges  de  Moraes,  e  Francifca  de  Moraes 
fua  parenta.  Na  puerícia  defcubrio  tal  pro- 
pcfaõ  para  todos  os  aftos  virtuozos  que 
fervia  de  exemplar  a  domeílicos,  e  eílranhos. 
Inftruido  na  Gramática  Latina,  e  letras  hu- 
manas quando  contava  quatorze  annos  de 
idade  fe  dedicou  a  Deos  na  auguíla  Religião 
do  Príncipe  dos  Patríarchas  S.  Bento  rece- 
bendo a  cogulla  monachal  em  o  Moílciro 
de  S.  Miguel  de  Refoyos  em  o  anno  de  1557. 
Nefta  fagrada  paleílra  excedeo  ainda  em 
o  Noviciado  a  todos  os  feus  companhei- 
ros  na  exaâa  obfervancia  do  feu  inítituto, 


BIBLIOTHECA 


onde  feita  a  profilíaõ  folemne  eftudou  as 
fciencias  efcholaílicas  em  a  Univerfidade  de 
Coimbra  em  que  fez  taes  progreíTos  a  grande 
penetração  do  feu  engenho  que  merccco 
as  aclamaçoens  de  confumado  Theologo. 
A  efpeculaçaõ  das  fciencias  unida  à  pratica 
das  virtudes  o  conílituhiraõ  digno  de  exer- 
citar os  lugares  mais  honoríficos  da  fua 
Religião,  como  foraõ  Abbade  de  Santa- 
rém pelo  efpaço  de  dez  annos,  e  Geral  de 
toda  a  Congregação  Benediétína  em  o  anno 
de  1590.  em  cujo  prudente  governo  flo- 
receo  a  difciplina  regular  como  no  tempo 
do  feu  SantiíTimo  Patriarcha.  Dezejozo  de 
paííar  os  últimos  annos  em  virtuoza  tranqui- 
lidade alcançou  em  o  Capitulo  Geral  facul- 
dade para  viver  retirado  no  Moíleiro  de  Lis- 
boa onde  fazendo  da  Corte  dezerto  fc  exer- 
citava nos  minifteríos  da  vida  monachal 
fendo  os  mais  contínuos  Oraçaõ  fervorofa, 
e  filencio  inviolável.  Defte  fagrado  retiro 
foy  chamado  pela  Mageílade  de  Filipe  Pru- 
dente para  a  Cadeira  Epifcopal  do  Porto 
que  vagara  por  morte  de  D.  Jerónimo  de 
Menezes,  e  ainda  que  reprezentou  a  fua  inca- 
pacidade para  taõ  fublime  lugar,  foy  fagrado 
no  anno  de  1602.  Aquellas  virtudes  paf- 
toraes  praéticadas  pelos  Prelados  da  prími- 
tiva  Igreja  lhe  ferviraõ  de  exemplar  por 
onde  regulou  as  fuás  açoens  vizitando  pcf- 
foalmente  toda  a  fua  Diocefe,  e  crifmando 
a  innumeraveis  peflbas  por  haver  muito  tempo, 
que  fe  naõ  tinha  adminiftrado  efte  Sacra- 
mento, difpendendo  com  liberal  maõ  infi- 
nitas efmolas  em  beneficio  da  pobreza, 
zelando  a  jurífdiçaõ  Ecclefiaftica,  e  o  decoro 
devido  à  fua  dignidade  em  cuja  empreza 
deu  evidentes  provas  de  coração  intrépido, 
e  animo  deítimido,  e  reformando  o  Qero 
com  prudente  fuavidade  pela  qual  fc  fez 
temido,  e  refpeitado.  Edificou  defdc  os 
fundamentos  a  Capella  Mòr  da  fua  Cathe- 
dral  com  tanta  magnificência,  que  com- 
petio,  e  excedeo  as  mayores  obras  que  tinha 
o  Reyno,  e  a  ornou  de  grande  numero 
de  preciozos  ornamentos,  e  varias  peíTas 
de  prata.  Depois  de  ter  governado  pelo 
efpaço  de  dezafete  annos  foy  acometido 
de  ultima  infermidade,  e  conhecendo  fer 
chegada  a  hora  que  o  havia  de  fazer  im- 


L  US  I  TAN  A 


399 


mortal  pedio  que  lhe  recitaiTem  a  Payxaõ 
efcrita  por  S.  Matheos,  e  o  Evangelho  de 
S.  loaõ  In  principio  erat  Verhum  no  meyo  do 
<jual  placidamente  efpirou  no  anno  de  1617. 
■quando  contava  74  annos  de  idade.  Foy 
fepultado  na  Capella  de  N.  Senhora  da  Saúde 
lituada  no  Clauftro  da  Sé.  A  fua  vida  ef- 
creveo  o  IlluítriíTimo  D.  Rodrigo  da  Cunha 
Catai,  dos  Bi/p.  do  Porto.  Part.  2.  cap.  41. 
€  Manoel  de  Faria,  e  Souza  a  compoz  ele- 
gantemente, cujo  M.  S.  fe  conferva  na  li- 
vraria do  Convento  de  Travanca  de  Mon- 
ges Benedidinos.  O  mefmo  Faria  o  louva 
na  5.  Part.  da  Fuenf.  de  Aganip.  Centur.  3. 
Sonet.  86.  e  na  2.  Part.  Poema.  8.  Eftanc. 
53.  e  na  4.  Part.  'EJog.  Fmeb.  Out.  41.  allu- 
dindo  à  CapeUa  mór,  que  edificou  na  fua  Ca- 
thedral,  que  he  dedicada  a  AíTumpçaò  de 
NoíTa  Senhora,  e  nella  eftá  o  corpo  de  S. 
Pantaleaõ  Proteâior  da  Qdade  do  Porto. 
Alli  da  melhor  alma  o  melhor  dia 
O  poema  dos  olhos  repret^enta 
Dos  do^e  vendo  abforta  a  companhia 
Quando     ella    affumpta    ao     Ceo     delles    fe 

aujenta  : 
O   triumfo   immortal  da   morte  fria 
Panteleaô  purpttreo  abaxo  ofienta 
Purpúreo    Panteleaô,   cuja  ventura 
Foj  ter  por  Panteam  tanta  Ffirutura. 
D.   Francifco   Moreno   Porcel   Kftrat.   de 
l^lanoel  de  Faria  §.    12.    Ftie  efie  Prelado  uno 
de  los  excelíentes,  que  tuuo  la  Iglefia,  magnifico 
en  fabricas    [agradas,    en    lifmofnas    largijfimo, 
en   v^elo  maravillofo.    Fr.   Greg.  Argaes   Perla 
de  Catalunh.  p.  451.  §.  iii.  honro  la  cogolla  nó 
folo  con  fu  noble^a  Ji  no  con  fus  letras,  que  adorno 
con  las  virtudes  en  todo  el  difcurfo  de  fu  vida. 
Compoz. 

Kele£íio  menflrua,  et  hebdomadaria.  He 
hum  Tratado  fobre  as  três  vias  purga- 
tiva, iUuminativa,  e  unitiva  repartido 
pelos  dias  da  femana  para  exercício  da 
contemplação.  Deíla  obra  faz  mençaõ 
Argaes    no    lugar    aíTima    citado. 

Vinte,  e  finco  Sermoens  pregados  até 
o  anno  de  1610.  quando  era  Bifpo,  e 
algumas  praãicas  efpirituaes  aos  feus  Mon- 
ges. M.  S.  Confervaõ-fe  em  hum  vo- 
lume na  Livraria  da  Caza  ProfeíTa  de  S. 
Roque     deíla     Corte     dos     Padres     lefuitas 


como    afirma    o    Padre    Francifco    da    Cruz 
nas  Mem.  para  a  Bib.  Ljifit. 

Fr.  GONÇALO  DE  MORAES  natural 
da  Freguezia  de  S.  Pedro  da  ViUa  de  Pene- 
dono  em  o  Bifpado  de  Lamego  filho  de 
Francifco  de  Moraes  Mefquita,  e  de  D.  Maria 
de  Caibro  Oforio,  e  irmaõ  do  Doutor  Tho- 
mas  Ayres  Pereyra  de  Caftro  Collegial  do 
Collegio  Real  de  S.  Paulo  de  quem  fe  fará 
memoria  em  feu  lugar.  Recebeo  a  cogulla 
Ciílercienfe  no  Real  Convento  de  Santa 
Maria  de  Alcobaça  a  17  de  Abril  de  171 1., 
e  profeílou  folemnemente  a  22  do  dito  mez 
do  anno  feguinte.  Havendo  com  aplauzo 
diftado  as  fciencias  feveras  aos  feus  domef- 
ticos  em  o  CoUegio  de  Coimbra  foy  laureado 
com  as  infignias  doutoraes  na  Faculdade  da 
Theologia  pela  Academia  Conimbricenfe. 
Teve  igual  talento  para  o  púlpito,  que  para  a 
Cadeira,    como   fe   infere   da   obra   feguinte. 

Sermão  da  Aclamação  do  Sereniffimo 
Key  o  Senhor  D.  Joaõ  IV.  de  gloriofa,  e 
faudofa  memoria  pregado  no  Real  Colle^o 
de  S.  Bernardo  da  Univerfidade  de  Coimbra 
no  primeiro  de  Dezembro  do  anno  de  1725. 
Coimbra  por  lozeph  Antunes  da  Sylva 
ImpreíTor  da  Univerfidade.  4.  Falleceo 
no  CoUegio  de  S.  Bernardo  de  Coimbra 
a  14  de  lulho  de  1730.  quando  cotava 
34    annos    de    idade,    e     19    de    Religião. 

GONÇALO  MOREYRA  natural  da 
Villa  de  Aveiro,  e  filho  de  Pays  nobres, 
que  o  educarão  conhecendo  a  viveza  do  feu 
engenho  com  difciplina  das  Artes  liberaes 
em  que  fahio  eminente,  fendo  admirável 
Poeta  Lyrico,  exceUente  Mufico,  aífim  can- 
tando, como  compondo,  dextro  no  toque 
de  diverfos  inftrumentos,  e  infigne  em  a 
Pintura.  Foy  Vigário  da  Parochial  Igreja 
de  S.  Martinho  da  Villa  de  Santarém  onde 
faUeceu  pellos  annos  de  1648.  e  jaz  fepul- 
tado no  meyo  da  Igreja.  Deixou  grande 
copia  de  Verfos  feus  M.  S.  em  que  compete 
a  elevação  do  efpirito  com  a  delicadeza  do 
conceito  fendo  entre  elles  celebre  huma 
Sylva  que  principia. 
Quando  el  Dragon  indómito  bramiendo 
Por   concavas  gargantas  fepultava 


400 


BIB  LIO  THE  Ca 


En  las  entrarias  de  fu  pecho  horrendo 
Horror  noãurno  porque  el  foi  llegava. 

D.  GONÇALO  PINHEYRO  natural 
da  Villa  de  Setúbal  filho  de  Joaõ  Pires,  e 
Leonor  Rodrigues  Pinheiro  neto  pela  parte 
paterna  de  Affonfo  Fernandes  Secretario  da 
Raynha  D.  Filippa  mulher  delRey  D.  loaõ 
o  L  e  pela  materna  de  Gonçalo  Rodrigues 
Cavalleiro  delRey  D.  loaõ  o  II.  Aprendeo 
a  fciencia  dos  fagrados  Cânones  em  a  Uni- 
verfidade  de  Lisboa  donde  paíTando  à  de 
Salamanca  alcançou  taõ  grande  nome  de 
letrado,  que  antes  de  ter  o  grão  de  Doutor 
foy  admetido  por  Collegial  do  celebre  Col- 
legio  de  S.  Bartholameu.  Tanto,  que  fe 
reftituhio  à  Pátria  obteve  alguns  benefícios  em 
que  o  aprefentou  o  SereniíTimo  Duque  de 
Bragança  D.  Jayme,  e  oppondo-fe  a  huma 
Conezia  de  Évora  a  levou  por  premio  da 
vitoria  alcançada  de  feus  competidores  da 
qual  tomou  poíTe  a  i8  de  Junho  de  1553.  que 
depois  renunciou  em  feu  fobrinho  Diogo 
Mendes  de  Vafconcellos  com  approvaçaõ  do 
Arcebifpo,  e  Cabbido.  Atendendo  a  Mageílade 
delRey  D.  loaõ  o  III.  à  fumma  capacidade 
de  que  era  ornado  o  nomeou  feu  Dezem- 
bargador,  e  Bifpo  de  Safim.  Neíle  tempo 
fe  alterou  huma  grande  contenda  entre  a 
nofla  Naçaõ,  e  a  Franceza  fobre  algumas 
prezas,  que  fe  tinhaõ  feito  de  parte  a  parte, 
e  para  compor  efta  difcordia  foy  mandado 
pelo  mefmo  Príncipe  a  Bayona  cuja  negocia- 
ção concluyo  com  igual  prudência,  que 
aâividade.  Nefta  Cidade  foy  rogado  pelo 
Cabbido,  que  por  eftar  aufente  o  feu  Bifpo 
aceitaíTe  o  governo  daquella  Diocefe  a  cuja 
fuplica  naõ  pode  refiílir  pelas  repetidas  inílan- 
cias  dos  Capitulares  exercitando  efta  incum- 
bência, como  do  feu  talento  fe  efperava. 
Sendo  eleito  Bifpo  de  Tangerc  recebeo  em 
Medina  dei  Campo  huma  Carta  delRey  D. 
loaõ  o  III.  em  o  armo  de  1545.  em  que 
o  nomeava  feu  Embaxador  à  Corte  de 
França  onde  recebeo  de  Francifco  primei- 
ro, e  feu  filho  Henrique  as  mais  diíUntas 
fignificaçoens  de  eílimaçaõ.  Voltando 
ao  Reyno  ocupou  em  remuneração  de 
feus  ferviços  o  lugar  de  Dezembarga- 
dor  do  Paço  por  carta  feita  cm  Lisboa  a 


14.  de  Novembro  de  1548.  donde  foy  af- 
fumpto  ao  Bifpado  de  Vifeu  em  cuja  Ca- 
thedral  entrou  no  anno  de  1J53.  Exer- 
citou como  vigilante  Paftor  as  obrigaçoens 
do  feu  Eftado  reformando  cuftumes,  extin- 
guindo abuzos,  difpendendo  efmolas,  e  reedi- 
ficando Igrejas.  Com  geral  fentimento  das 
fuás  ovelhas  o  arrebatou  a  morte  em  o 
mez  de  Novembro  de  1567.  quando  contava 
77.  de  idade.  Foy  fepultado  em  fepultura 
raza  na  Capella  mór  da  fua  Cathedral  onde 
debaixo  do  efcudo  das  fuás  armas  fe  lhe 
gravou  o  feguinte  Epitáfio. 

Aqui  ja:^    D.    Gonçalo    Pinheiro    Bifpo    de 
Vifeu   do    Confelho   delRey   N.   S.    1569. 

Foy  muito  intelligente  nas  linguas  Grega, 
e  Hebraica,  ap.  idendo  a  primeira  em 
Bayona,  e  a  fegunda  em  Pariz  como  tam- 
bém na  Aftronomia,  Geometria,  e  outras 
Artes  Liberaes.  A  fua  vida  efcreveo  ele- 
gantemente na  lingua  Latina  Diogo  Mendes 
de  Vafconcellos  feu  fobrinho  materno  cujo 
carafter  defcreveo  com  eftas  eloquentes 
vozes.  St  atura  fuit  procera,  <&  reãa,  corpore 
aliquantulum  ohefo,  fed  agili,  (&  compaão,  atque 
omnium  memhrorum  aqua  proportione  confpi- 
cuo,  latis  humeris,  extento  peêtore,  firmis 
lateribus,  nec  non  hrachiis,  cruribus,  mani- 
hus,  pedibufque  quam  injiía  vi,  ac  venuflo 
rnotu  decentibus.  ]am  vero  in  vultu,  orifque 
lineamentis  tanta  inerat  ^avitas  blanda  que- 
dam lenitate,  e^  hilaritate  condita,  ut  omnes 
quantumvis  extraneos,  Ò'  igfiotos  ad  fe  aman- 
dum,  fufpiciendumque  folo  afpeãu  alliceret. 
Oculi  pro  modo  capitis,  (Ò^  faciei  aliquan- 
tulíim  exigui,  fed  vividi,  <Ò^  prafulgentes. 
Veneranda  omnino,  atque  etiam  in  máxima 
hominum  turba  confpicua,  et  decora  fades, 
cuique  cantties  plurimum  auâoritatis  adde- 
ret.  Do  feu  nome  fazem  illuílre  me- 
moria loan.  Soar.  de  Brito  Theatr.  Lu- 
fit.  Liter.  lit.  G.  n.  21.  fingulari  pruden- 
tia  infigràs.  Franc.  de  Santa  Maria  Chron. 
dos  Coneg.  Secul.  liv.  3.  cap.  13.  em  virtu- 
des, fangue,  e  letras  naÕ  foy  fegundo  a 
nenhum  do  feu  tempo.  De  Portug.  Kegfi. 
Comment.  p.  367.  e  o  Reverendo  Padre 
loaõ  Col  Cathalog.  dos  Bifp.  de  Vifeu. 
§.     53.     No    Synodo,    que    celebrou    pou- 


L  U  SI  TAN  A. 


401 


cos  mezes  paflado  da  fua  entrada  no  Bif- 
pado  promulgou  vários  Decretos  aíTim  para 
a  adminiftraçaõ  dos  Sacramentos  como  para 
reforma  dos  Eccleíiafticos,  e  coníiderando 
ellarem  pela  diuturnidade  do  tempo  fem 
obfervancia  as  Gjnílituiçoens,  que  tinhaõ 
feito  feus  Predeceflbres  as  reduzio  a  milhor 
forma,  e  as  publicou  com  efte  titulo. 
Conftituiçoens  do  Bijpado  de    Vi/eu. 

GONÇALO  RAVASCO  CAVAL- 
CANTE, E  ALBUQUERQUE  natural 
da  Bahia  de  todos  os  Santos  Capital  da 
America  Portugueza  filho  de  Bernardo  Vieyra 
Ravafco  Secretario  do  Eftado  do  Brazil, 
e  fobrinho  do  Padre  António  Vieyra  Orá- 
culo dos  púlpitos.  Foy  fidalgo  da  Caza 
de  fua  Mageftade  Commendador  da  Ordem 
de  Chrifto,  Alcayde  mór  da  Cidade  de  Cabo 
frio,  Secretario  de  Eílado,  e  guerra  do  Bra- 
zil, e  herdeiro  dos  dotes,  que  omaraõ  a  feu 
Pay  principalmête  do  efpirito  poético,  e 
animo  generofo  de  que  deu  hum  manifeílo, 
argumento  nas  fumptuozas  Exéquias,  que 
à  fua  cuíla  celebrou  na  Mifericordia  da  Bahia 
em  30  de  Outubro  de  1714.  à  memoria  da 
Senhora  D.  Leonor  lozepha  de  Vilhena 
mulher  de  D.  Rodrigo  da  Coíla  Gover- 
nador do  Eftado  do  Brazil,  em  cuja  fabrica 
competio  a  idea  com  a  profufaõ.  Morreo 
na  fua  pátria  a  9  de  Outubro  de  1725.  quando 
contava  a  proveâa  idade  de  86  annos. 
Compoz  diverfas  obras  Poéticas,  fendo  as 
mais  eftimaveis. 

Três     Autos     Sacramentaes.     M.     S. 

P.  GONÇALO  RODRIGUES  na- 
ceo  em  Calheiros  Aldeya  da  Villa  de 
Ponte  de  Lima  do  Arcebifpado  de  Bra- 
ga onde  teve  por  Pays  a  loaõ  de  Prol,  e 
Conftança  de  Velas.  Penetrado  pela  fa- 
grada  energia  dos  Sermoens  do  Apofto- 
Hco  Varaõ  o  Padre  Francifco  de  Efliada 
da  Companhia  de  lefus  largou  o  mun- 
do, e  abraçou  o  initituto  defta  grande 
Religião  em  o  Collegio  de  Coimbra  a 
23  de  Agofto  de  1545.  Para  conquiftar 
almas  ao  Império  de  Chrifto  partío  de 
Lisboa  à  índia  em  10  de  Março  de  15  51. 
e  furgindo  em  Goa  a  10  de  Setembro  foy 
26 


deftinado  para  fubftituir  em  Ormus  ao  in- 
figne  operário  o  V.  Padre  Gafpar  Barzeo 
fendo  pela  profundidade  das  letras,  e  pra£tíca 
das  virtudes  digno  Hercules  daqueUe 
Athlante.  Dezembarcou  nefta  Gdade  a 
8  de  Dezembro  de  1551.  e  pofto  que  colheu 
copiofo  fruto  com  o  feu  apoftohco  minif- 
terio  naõ  pode  reduzir  por  mais  repetidas 
deligencias,  que  aplicou,  ao  feu  Principe, 
donde  voltou  para  Goa  obrigado  da  falta 
da  faude.  Ao  tempo,  que  queria  reparar 
as  forças  atenuadas  pelo  feu  incanfavel  zelo 
o  nomeou  D.  Pedro  Mafcarenhas  Vicerey 
do  Eftado  juntamente  com  Diogo  Dias, 
Embaxador  ao  Emperador  da  Etiópia  para 
delle  faber  fe  eftava  prompto  a  receber  o 
Patriarcha,  que  vinha  de  Portugal,  e  par- 
tindo de  Goa  a  7  de  Fevereiro  de  1555.  em 
trinta  dias  de  feliz  navegação  ferrou  Arquico 
dominado  nefte  tempo  pelos  Abexins,  e  em 
17  de  Mayo  chegou  à  prezença  do  Empe- 
rador a  quem  entregou  as  cartas  delRey 
de  Portugal,  e  lendoas  moftrou  no  femblante 
lhe  era  defagradavel  a  matéria,  que  conti- 
nhaõ.  Conhecendo  que  o  animo  defte  Prin- 
cipe eftava  totalmente  entregue  aos  fcifma- 
ticos  erros  de  Alexandria  efcreveo  hum 
douto  Tratado  em  que  clara,  e  evidente- 
mente moflxava  a  verdade  da  Igreja  Ro- 
mana, e  a  falfidade  da  Alexandrina  porem  foy 
infruftuofo  para  o  Emperador  efte  traba- 
lho. Da  Etiópia  voltou  para  Goa  onde 
chegou  no  mez  de  Mayo  de  1556.  em  cuja 
jornada  fe  lhe  voltou  junto  a  Zeila  já  fora  da 
garganta  do  Eflxeito,  o  navio,  mas  invocando 
a  piedade  de  Maria  SantiíTima  furgio  de 
repente  de  cujo  fuceíTo  como  milagrofo  fe 
pintou  hum  quadro,  que  a  devaçaõ  agrade- 
cida pendurou  como  trofeo  em  hum  Tem- 
plo dedicado  à  mefma  Senhora.  Como 
naõ  podia  eftar  odofo  o  feu  ardente  efpirito 
em  beneficio  da  Chriftandade  partio  fegunda 
vez  de  Goa  no  anno  de  1557.  para  o  Norte 
cultivar  a  Vinha  de  Salfete  onde  para 
demonftraçaõ  do  feu  zelo  deftxuio  em 
hum  lugar  diftante  pouco  menos  de  hu- 
ma  legoa  de  Taná  hum  fumptuofo  Pago- 
de dedicado  à  fabulofa  Trindade  dos  Gen- 
tios fymboUzada  em  hum  idolo  de  três 
cabeças,    e    fobre    as    profanas    minas    edi- 


402 


BIB  LIO  THE  C  A 


ficou  hum  Templo  confagrado  a  Deos 
Trino  nas  PeíToas,  e  hum  na  Eflencia. 
Ultimamente  para  coroa  dos  feus  apof- 
tolicos  miniílerios  partio  por  ordem  do 
Vicerey  D.  Conílantino  de  Bragança, 
e  o  Arcebifpo  de  Goa  D.  Gafpar  de  Leaõ 
ao  Idalxá  Rey  de  Balagate  no  anno  de  1560. 
por  ter  pedido  efte  Principe  Meftres,  que  dif- 
putaíTem  com  os  feus  Cacizes.  Chegou 
a  Vifapor  theatro  deíla  grande  controveríia 
onde  convencidos  com  a  eficácia  dos  feus 
argumentos  os  mais  famozos  letrados  do 
Decan  julgando  por  afronta  a  vitoria  apel- 
laraõ  cegamente  para  o  juÍ20  das  armas 
com  as  quais  por  falta  de  rezoens  concluden- 
tes queriaõ  fuftentar  a  falfidade  da  fua  crença. 
O  Rey  ainda  que  períiílio  na  fua  cegueira 
ornou  ao  miniílro  Evangélico  em  aplauzo 
do  triunfo  com  huma  precioza  Cabaya. 
Reílituido  a  Goa  por  ordem  dos  fuperiores 
mais  cheyo  de  merecimentos,  que  de  annos 
partio  em  o  Collegio  de  S.  Paulo  a  4  de  Março 
de  1564  a  lograr  o  premio  dos  feus  fuores 
com  tanto  jubilo  do  feu  efpirito,  como  fau- 
dade  dos  circunílantes.  Delle  fazem  hono- 
rifica mençaõ  lorge  Cardofo  Ágio/.  L,ujit. 
Tom.  2.  pag.  36.  naõ  menos  doão  em  letras 
humanas,  e  divinas,  que  afinalado  em  religiojos 
coftumes,  e  criftaõs  procedimentos.  Telles  Chron. 
da  Comp.  de  lefus  em  Portug.  Part.  i.  liv.  3. 
cap.  28.  §.  4.  naõ  menos  douto  em  letras, 
que  ajfmalado  em  virtudes,  e  Part.  2.  liv.  6. 
cap.  8.  §.  2.  muy  vifto  nas  letras  divinas,  e  mte^ 
noticio/o  dos  Concilios,  e  Controverjias  da  Fé, 
e  na  HiJ.  da  Etiop.  Alt.  liv.  2.  cap.  23. 
VaraÕ  de  raro  exemplo,  e  muitas  letras. 
Fr.  Ant.  de  S.  Roman  Hifi.  de  la  Ind. 
Orient,  liv.  4.  cap.  26.  Perfona  mtiy  doãa, 
y  religiofa.  Gufman  Hifl.  de  las  Mijion.  de 
la  Com.  de  Jefus  Part.  i.  liv.  3.  cap.  17. 
de  muchas  letras,  y  de  grande  religion.  Godi- 
nho de  AbyJJin  rebus  lib.  2.  cap.  18.  probus, 
prudens,  doãus  que  facerdos.  Guerreiro  Kelac. 
Annal  de  Orient.  do  anno  de  1608.  foi.  280. 
v.o  muy  do£ío,  e  prudente,  de  muita  virtude. 
Andrad.  Chron.  delRey  D.  loaõ  o  3.  Part. 
4.  cap.  113.  VaraÕ  douto,  e  de  vida  exem- 
plar. Faria  AJia  Portug.  Tom.  2.  part. 
2.  cap.  II.  n.  8.  Souza  Orient.  Conqmji. 
Part.   I.  Conq.   5.  Divif.   i.  §.  40.  homem  de 


ff-andes  prendas,  em  virtude,  e  faber.  c  Part.  2. 
Conquiíl.  i.  Divif.  i.  §.  4.  hum  dos  mais  infi- 
gnes  Mijfwnarios  que  do  Colleffo  de  Coimbra 
pajfaraõ  a  ejlas  Conquijlas.  Franco  Imag.  da 
Virtud.  em  o  Nov.  de  Coimb.  Tom,  i.  liv.  5. 
cap.  34.  com  fua  pregação  deu  ff-ande  luv^  às 
naçoens  Orientaes.    ComjKJZ. 

Tratado  em  que  mojlrava  pela  decifaõ  dos 
Concilios,  e  authoridade  dos  Santos  Padres  a  Pri- 
mav^ia  da  Iff^eja  Romana  contra  os  erros  Jcifmaticos 
dos  Abexins.  Goa  1 5  60.  4.  Efta  obra  compofta 
em  Portuguez,  e  vertida  em  lingua  Caldea 
aprezentou  feu  author  ao  Emperador  da 
Etiópia  para  que  convencido  com  a  eviden- 
cia da  verdade  rendeíTe  obediência  ao  Pon- 
tífice Romano,  e  abjuraJTe  os  erros  que 
profeíTava.  Deíla  obra  fe  lembra  "bib.  So- 
ciet.  p.  303.  col.  2.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  pag.  427.  col.  2.  Franco  Imag.  da 
Virt/íd.  do  Nov.  de  Coimb.  Tom,  2.  pag, 
618.  e  o  moderno  addicionador  da  Nb. 
Orient  de  Ant.  de  Leaõ  Tom.  i.  Tit.  12.  col. 
395.  e  todos  que  fallaraõ  do  Padre  Gon- 
çalo Rodrigues. 

Carta  efcrita  de  Ormus  a  ^i  de  Agojlo 
de  1352.  aos  Padres  do  Collegio  de  Coimbra. 
Sahio  impreíTa  na  Imag.  da  Virtude  do  Nov. 
de  Coimb.  Tom.   i.  liv.   3.  cap.  34. 

Carta  efcrita  a  ii  de  Março  de  1555. 
ao  P.  Balthet(ar  Dias  Reytor  do  Colleffo 
de  Goa  que  contem  a  jornada  defla  Cidade 
até  a  Etiópia.  Sahio  impreíía  na  Imag. 
da  Virtud.  aíTima  allegada  cap.  35.  Tra- 
duzida em  Italiano  com  outras.  Venetia 
por     Michele     Tramezzino.      1559.     8. 

Carta  efcrita  da  Etiópia  a  i^.  de  Setem- 
bro de  1556.  aos  Padres  da  Companhia  de 
Portugal  em  que  relata  tudo  quanto  lhe  fuce- 
deo  nefle  Império.  Sahio  imprefla  na  Adi- 
ção à  Kelac.  da  Etiop.  do  P.  Fcmaõ  Guer- 
reiro foi.  281.  v.o  e  na  Hifl.  da  Etiop. 
Alt.  do  P.  Telles  liv.  2.  cap.  23.  e  24 
e  na  Imag.  da  Virtud.  aíTima  allegada  Tom. 
I.  liv.  3.  cap.  36.  c  37.  c  vertida  cm 
Latim  pelo  P.  Nicolao  Godinho  de  Abyf- 
fin.  rebus  lib.  2.  cap.  18.  a  qual  traz  emen- 
dada em  muitas  partes  lobo  Ludolpho  Com- 
ment.  ad  Hifi.  EJiopic.  pag.  474.  &  fc- 
quent. 

Carta     efcrita     de     Baçaim     aos     Padrts 


L  USITANA. 


4o3 


da  Companhia  em  o  anno  de  1557.  em  que 
defcreve  os  pro^effos  da  Chriftandade  de  Tanà. 
Parte  delia  imprimio  o  P.  Franco  Imag. 
da    Virtud.    cap.    38. 

Carta  ejcrita  de  Baçaim  a  ^  de  Setem- 
bro de  1558.  aos  Padres  da  Companhia  de 
Goa.  M.  S.  Confervafe  no  Archivo  da 
Caza     profefla     de     Lisboa. 

Carta  efcrita  de  Tanà  no  1.  de  Dezem- 
bro de  1560.  aos  Padres  da  Companhia  de 
Goa.  M.  S.  No  mefmo  Archivo.  Sahio 
vertida  em  Italiano  com  outras  Venetia 
per    Michele    Tramezzino.     1562.     8. 

Carta  efcrita  de  Balagate  Corte  do  Idal- 
caõ  a  25.  de  Março  de  1561.  ao  Provincial 
de    Goa.    M.    S.     No    dito    Archivo. 

Carta  efcrita  de  Vifapor  ao  mefmo  Provincial 
a-f  de  Abril.  ^  1561.  M.  S.  No  dito  Archivo. 
Sahio  vertida  em  Italiano  com  outras.  Uene- 
tia   per   Michele    Tramezzino.    1565.    8. 

Carta  efcrita  de  Cochim  ao  Padre  Aliguel 
de  Torres  em  laneiro  de  1562.  M.  S.  No  dito 
Archivo. 

Carta  efcrita  de  Alalaca  aos  Padres  da 
Provinda  de  Portugal  em  1562.  M.  S.  No 
dito    Archivo. 

GONÇALO  RODRIGUES  DE  CA- 
BREIRA natural  da  Villa  de  Alegrete 
na  Provinda  do  Alentejo,  muito  perito 
na  Arte  da  Grurgia,  que  exercitou  com 
grande  felicidade  pelo  efpaço  de  muitos 
annos.     Compoz. 

Compendio  de  muitos,  e  vários  remédios  de 
Cirurgia,  e  outras  cousas  curiofas  recopiladas 
do  the\ouro  de  pobres,  e  outros  authores.  Lis- 
boa por  António  Alvres.  161 1.  8.  &  ibi  pelo 
dito  ImpreíTor.  16 14.  &  ibi  pelo  mefmo 
Impreflbr  161 7.  &  ibi  pelo  dito  ImpreíTor. 
1635.  Nefta  quarta  impreíTaõ  fahio  acre- 
centado  com  hum. 

Tratado  para  perfervar  do  mal  da  pefle  o  qual 
foy  fegunda  vez  impreíTo  no  fim  da  Lu^  da 
Medecina.  compoíla  por  Francifco  Morato 
Roma.  Coimbra  no  Collegio  das  Artes  da 
Companhia  de  Jefus  1726.  4.  Sahio  quinta 
vez  impreíTo  o  Compendio  de  vários  remédios. 
Lisboa   por   Francifco    VíUela    1671.    8. 

Do  author  fazem  memoria  D.  Fran- 
cifco   Manoel    de    Mello    Carta    dos    AA. 


Portug.  loan.  Soar,  de  Brit.  Tbeatr.  luufit.  Ut- 
ter.  hter.  C.  n.  22.  e  Nicol.  Ant.  Bib. 
Hifpan.    Tom.    i.    pag.    427.    col.    2. 

Fr.  GONÇALO  DA  SYLVA.  Naceo 
em  a  Villa  de  Soure  em  a  Provinda  da  Beira 
do  Bifpado  de  Coimbra,  e  foy  filho  natural 
de  Gonçalo  Gomes  da  Silva  Alcayde  mòr 
de  Soure  irmaõ  de  Ruy  Gomes  da  Silva 
primeiro  Senhor  de  Ulme,  e  Chamufca  pro- 
genitor dos  Duques  de  Paílrana  como  ef- 
creve  o  infigne  Genealógico  D.  Luiz  Sala- 
zar, e  Caibro  Hifl.  da  Cat^a  de  Silva  Part.  2. 
Uv.  12.  cap.  13.  Para  augmentar  por  bene- 
fido  da  graça  o  efplendor  que  recebera  da 
natureza  profeíTou  o  inftituto  Monachal 
do  Doutor  MelMuo  em  o  real  Convento 
de  Santa  Maria  de  Alcobaça  onde  depois 
de  receber  o  grão  de  Licendado  em  Theo- 
logia  pela  Univerfidade  de  Pariz  foy  Prior 
no  tempo  dos  Comendatarios  os  Cardiaes 
Infantes  D.  AíTonfo,  e  D.  Henrique  filhos 
do  Sereniflimo  Rey  D.  Manoel.  Foy  Rey- 
tor  do  Collegio  de  Coimbra  no  anno  de 
1550.  e  ConfeíTor  das  Religiofas  do  Real 
Convento  de  S.  Diniz  de  Odivellas  do  qual 
fendo  fubprioreíTa  D.  Guiomar  de  Caílro 
lhe  pedio  traduziíTe  da  lingua  Franceza 
em  a  Materna  a  vida  de  S.  Bernardo  cuja 
incumbência  executou  acrecentandolhe  vá- 
rios fuceíTos,  e  fahio  à  luz  publica  por  ordem 
da  SereniíTima  Rainha  D.  Catherina  mulher 
delRey  D.  loaõ  o  III.  com  eíle  titulo. 

Vida  de  S.  Bernardo.  Lisboa  por  Luiz 
Rodriguez  1544.  foi.  Falleceo  no  anno  de 
1596.  como  efcreve  Fr.  Chrifoítimo  Henri- 
ques Phanix  Revivifcens.  lib.  2.  cap.  46.  onde 
faz  delle,  e  da  obra  iilufhre  memoria  ao  qual 
feguem  Fr.  Carol,  Vifch.  Bib.  Ciflerc.  Fr. 
Angelo  Manrique  Annal  Cifierciens.  in  Serie 
Abbat.  Alcob.  p.  11.  e  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  pag.  428.  col.  i. 

V.  P.  GONÇALO  DA  SYLVEIRA 
Teve  por  berço  a  Villa  de  Almeirim 
fituada  na  Provinda  Traftagana  onde 
vio  a  primeira  luz  a  23  de  Fevereiro  de 
1526.  e  por  Progenitores  a  D.  Luiz  da 
SUveira  primeiro  Conde  de  Sortelha,  Al- 
cayde Mòr  de  Alanquer,  Capitão  da  Guarda 


404 


BIB  LIO  THE  CA 


delRey  D.  loaõ  o  III.  e  a  D.  Brites  Cou- 
tinho filha  de  D.  Fernando  Coutinho  Ma- 
richal  do  Reyno,  que  valerofamente  facri- 
ficou  a  vida  na  Conquiíla  da  Cidade  de  Ca- 
licut,  e  de  D.  Mariana  de  Noronha.  Naceo 
o  decimo,  e  ultimo  de  feus  irmãos,  e  como 
teve  a  forte  de  Benjamin  em  o  nacimento 
aíTim  experimentou  fua  Mãy  a  defgraça 
de  Rachel  morrendo  três  dias  depois,  que 
o  pario.  Poucos  annos  contava  de  idade 
quando  fe  vio  orfaõ  de  feu  Pay,  e  entregue 
à  vigilante  educação  de  fua  irmãa  D. 
Filippa  de  Vilhena  mulher  de  D.  Álvaro 
de  Távora  Senhor  do  Mogadouro  fahio 
inllruido  em  máximas  mais  catholicas,  que 
politicas.  Aprendidos  os  primeiros  rudi- 
mêtos  eíhidou  Gramática  com  os  Religiofos 
Francifcanos  do  Convento  de  Santa  Mar- 
garida fituado  nas  rayas  de  Caftella,  e  depois 
de  eílar  igualmente  doutrinado  em  a  lingua 
Latina,  como  na  praftica  das  virtudes  o 
mandou  feu  irmaõ  mais  velho  D.  Diogo  da 
Sylveira  profeguir  os  eíludos  das  fciencias 
mayores  em  a  Univerfidade  de  Coimbra 
onde  impellido  da  exemplar  vida  dos  pri- 
meiros Fundadores  do  Collegio  da  Compa- 
nhia de  Jefus  deixou  as  enganofas  efperanças 
do  mundo  por  feguir  os  veftigios  da  po- 
breza Evangélica  abraçando  aquelle  fagrado 
inílituto  a  9  de  Junho  de  1545.  Confuma- 
da  a  carreira  da  Filofofia,  e  Theologia  em 
que  moílrou  igual  capacidade  para  a  Cadeira, 
que  para  o  púlpito  fe  exercitou  em  diverfas 
MilToens  em  que  colheo  copiofos  frutos  a 
fua  ardente  charidade,  e  parecendo-lhe  pe- 
quena esfera  o  Reyno  de  Portugal  para 
theatro  das  fuás  declamaçoens  Evangéli- 
cas alcançou  faculdade  de  Santo  Ignacio 
para  paíTar  ao  Oriente  para  onde  partio  no 
anno  de  1556.  Tanto,  que  aportou  em  Goa 
a  6  de  Setembro  do  referido  anno  foy  ou- 
vido na  Sé  Primacial  com  geral  aplauzo  de 
hum  numerofo  auditório,  exercitando  o  fa- 
grado minifterio  de  Evangélico  operário  já 
quando  era  Provincial  de  Chaul,  Ta- 
nâ,  e  Cochim  com  efpirito  verdadeira- 
mente apoftolico  atè  que  foy  deílinado 
à  cultura  do  Império  de  Monomotapa 
a  cuja  alta  empreza  lhe  fervio  de  prolo- 
go   a    convcrfaõ    do    Príncipe    de    Imham- 


bane,  que  bautizou  com  toda  a  familia  real* 
Para  eíla  jornada  fe  embarcou  em  19  de 
Agofto  de  1560.  e  fubindo  até  a  boca  do  Rio 
Zambece,  que  dos  feus  dous  braços  fe  for- 
mão as  barras  de  Quilimane,  e  Loabo,  foy 
conduzido  a  Simbaoè  Corte  do  Empera- 
dor  de  Monomotapa  por  António  Cayado 
grande  valido  deíle  Príncipe  o  qual  avizado 
da  chegada  do  varaõ  Apoftolico  o  mandou 
cumprimentar  com  hum  generofo  donativo, 
que  cortez  agradeceo,  defentereíTado  regei- 
tou,  de  cuja  acçaõ  deixou  atónito  ao  bár- 
baro por  fer  pouco  pradtícada  naquelle  Paiz, 
e  como  foíTe  admitido  à  fua  prezença  o  re- 
cebeo  com  particulares  fignificaçoens  de  ur- 
banidade.  Para  atrahir  o  coração  deftc 
Príncipe  à  nova  ley,  que  lhe  pregava,  lhe  oflfe- 
receo  hum  quadro  em  que  eftava  pintada 
com  elegante  primor  a  Virgê  Santiffima,  c 
de  tal  forte  fe  fentio  penetrado  da  fermofura 
da  imagem,  que  refolveo  authorízar  com  ella 
o  feu  Cabinete  onde  foy  decorofamente  col- 
locada.  Refoluto  o  Emperador  abraçar  a 
Religião  Catholica  de  que  teve  por  eftimulo 
hum  myfteríofo  fonho,  foy  folemnemente 
bautizado  com  o  nome  de  Sebaftiaõ  em  obfc- 
quio  do  Monarcha,  que  naquelle  tempo 
dominava  Portugal,  e  a  Emperatriz  fua  Mãy 
cujo  exemplo  feguiraõ  trezentos  Titulares, 
que  regenerados  na  fonte  bautifmal  fe  adop- 
tarão por  Grandes  da  Caza  de  Deos.  Envc- 
jofo  o  demónio  de  fe  lhe  arrebatar  das  mãos 
o  fcetro  da  Cafraría  fe  valeo  para  inftrumento 
da  fua  vingança  dos  mouros,  que  furíofa- 
mente  confpiraraõ  contra  a  innocente  vida 
do  V.  P.  Gonçalo  da  Sylveira  fendo  taes  as 
refoens,  que  propuzeraõ  ao  Emperador  para 
ultima  mina  defte  Evangélico  varaõ,  que 
perfuadido  delias  fem  attender  à  male- 
volencia  com  que  eraõ  maquinadas  de- 
cretou a  fua  morte,  e  pofto  que  naõ  par- 
ticipou a  peflba  alguma  taõ  impia  refolu- 
çaõ  foy  fuperiormente  revelada  ao  Vene- 
rável Padre.  Para  efte  conflido  fe  prepa- 
rou com  o  incruento  facrifido  da  MiíTa 
onde  oferecendo  em  holocaufto  o  divino 
Cordeiro,  brevemente  em  feu  obfequio  fc 
havia  facrificar  como  viéUma.  Tendo  bauti- 
zado fincoenta  Cafres  últimos  filhos,  que 
gerara     para     Chrífto     confeflbu    a     muitos 


L  USITAN  A. 


40^ 


Portuguezes  a  quem  deixou  herdeiros  do  feu 
efpirito,  e  conhecendo  fer  chegada  a  hora, 
que  o  havia  transferir  à  eternidade  ornado 
de  fobrepeliz,  e  eftola  fe  poz  a  paíTear  com 
grande  ferenidade  efperando  por  feus  ini- 
migos. Cançado  da  tardança  fe  lançou  a 
dormir  com  hum  crucifixo  á  cabeceira. 
Tanto  que  os  aíTaíTinos  o  viraõ  reclinado  en- 
trarão fiiriofamente,  e  arrebatando-o  pelos 
pés  e  braços  o  fufpêderaõ  no  ar  em  quanto 
outros  lhe  lançavaõ  huma  corda  ao  pefcoíTo 
com  a  qual  oprimida  a  refpiraçaõ  voou  o 
feu  heróico  efpirito  a  coroarfe  na  gloria 
fendo  grande  a  inundação  de  fangue,  que 
manava  da  boca,  e  nariz.  Com  efte  género 
de  martyrio  confumou  a  carreira  dos  apoílo- 
licos  trabalhos  efte  iniigne  varaõ  a  15  de 
Março  de  1561.  quando  contava  35  para 
36  annos  de  idade.  O  Ceo  fe  empenhou  a 
vingar  o  fangue  deíle  innocente  Abel  com 
hum  exercito  de  Gafanhotos,  que  cubrindo 
o  foi,  e  talando  os  campos  confumiraõ  tudo 
quanto  produzia  a  terra.  A  efta  praga  fe 
feguio  outra  mais  fatal,  que  foy  a  pefte  de- 
vorando a  muitos  milhares  de  viventes  de 
cujos  horrorofos  efeitos  penetrado  o  Faraó 
da  Cafraria  conheceo  a  injuftiça  com  que 
condenara  a  innocencia  daquelle  grande  va- 
raõ, e  convertendo  o  furor  contra  os  confe- 
Iheiros  de  taõ  execravel  deliâo  mandou 
matar  fua  Mãy,  e  todos  os  authores  da  morte 
de  V.  Padre  Gonçalo  da  Sylveira.  Foy 
Doutor  em  Theologia,  primeiro  Propofito 
da  Caza  de  S.  Roque,  VI.  Provincial  da  índia 
pela  ordem  dos  tempos,  e  fegimdo  por  pa- 
tente de  Santo  Ignacio  fomente  con- 
cedida antes  delle  a  S.  Francifco  Xavier. 
Efcreveraõ  as  fuás  heróicas  açoens  o  P. 
Nicolao  Godinho  na  lingua  Latina,  o  Pa- 
dre Bernardo  Qenfuegos  na  Caftelhana,  e 
na  Portugueza  Jorge  Cardozo  Affol. 
Lídjit.  Tom.  2.  p.  190.  e  no  Commenta- 
rio  de  16  de  Março  letr.  D.  e  o  Padre  An- 
tónio Franco  Imag.  da  Virtud.  em  o  Nov. 
de  Coimh.  Tom.  2.  liv.  i.  cap.  i.  até  18. 
Fazem  iUuílre  memoria  do  feu  abrazado 
zelo,  e  cruel  martyrio  Orland.  Hifi.  So- 
ciet.  Part.  i.  lib.  4.  n.  57.  lib.  8.  n.  8.  lib. 
II.  n.  71.  lib.  13.  n.  52.  lib.  16.  n.  2.  Sachin. 
Hift.  Sockt.   Part.   2.   lib.    i.   n.    19.   48.   53. 


144.  152.  lib.  2.  n.  171.  lib.  3.  n.  iii.  120. 
127.  144.  lib.  4.  n.  210.  lib.  5.  n.  219.  Maf.  Hifi, 
Ind.  lib.  16.  Jarric.  The^aur.  rer.  Ind.  Tom.  i. 
lib.  I.  cap.  16.  e  Tom.  2.  lib.  i.  cap.  3.  e  10. 
e  Tom.  3.  lib.  i.  cap.  42.  Vafconcel.  DiJ- 
cript.  Portugal,  pag.  205.  e  517.  Guerreiro 
Coroa  de  Sold.  Esforc.  da  Comp.  Part.  3.  Guf- 
man  Hijí.  de  las  MiJJion.  de  la  Comp.  de  Jef. 
liv.  3.  cap.  II.  Telles  Chron.  da  Companb. 
de  Jefus  da  Prov.  de  Vortug.  Part.  i .  liv.  i .  cap. 
22.  e  Part.  2.  liv.  4.  cap.  29.  até  38.  Nadaíi 
Ann.  dier.  Mem.  S.  J.  Part.  i.  |>ag.  141.  Tanner 
Societ.  Jefus  ujque  ad  vit.  <ò'  fang.  efuf.  milita 
p.  156.  et  feq.  Alegambe  Mortes  llluft.  ad 
ann.  1561.  à  pag.  22.  ad  41.  Andrad.  Chron. 
delKey  D.  JoaÕ  o  III.  Part.  4.  cap.  118.  Faria 
A^ia  Porfug.  Tom.  3.  Part.  3.  cap.  23.  n.  6. 
Camargo  Chronol.  Sacra  ad  1556.  Surius 
Comment.  Rer.  in  Orbe  Geftar.  ad.  ann.  1540. 
pag.  mihi  273.  e  274.  Imago  primi  Jacul.  S.  J. 
lib.  4.  cap.  13.  S.  Roman.  Hifi.  de  la  Ind. 
Oriental,  liv.  4.  cap.  28.  O  grande  Camoens 
Ljíi^íad.  Cant.  10.  Out.  93. 

Vè  de  Monomotapa  o  grande  Império 
Da   Salvatíca  gente  ne^a,   e  nua 
Onde  Gonçalo  morre,  e  vitupério 
Padecerá  pela    Fé    Santa  fua. 
O  mefmo  Virgilio  Portuguez  na  i.  Parte^ 
das  fuás  Rimas  lhe  compoz  o  Epitáfio  neíle 
famofo   Soneto,  que  he  o   37. 
NaÕ  paffes  caminhante:   quem   me   chama? 
Huma    memoria    nova,    e    nunca    ouvida, 
De    bum    que    trocou  finita,   e   humana   vida 
Por  divina,   e  infinita,   e  clara  fama. 
Quem    he    que    taÕ  gentil   louvor    derrama? 
Quem    derramar  feu  fangue   naõ   duvida 
Por  fegtúr    a    bandeira    ef clareada 
De  hum   Capitão   de   Chrifio,   que  mais  ama: 
Dito:^o,  fim  Stof(p  facrificio 
Que   a   Deos  fe  fef^,  e  ao  mundo  Juntamente 
Apregoando    direi    taõ    alta   forte: 
Alais  poderás  contar  a  toda  a  gente 
Que  fempre  deu  fua  vida  claro  indicio 
De  vir  a  merecer  taÕ  fanta  morte. 
Efcreveo. 

Carta  para  feu  cunhado  L-ui^  AJ- 
vres  de  Távora,  e  fua  IrmÕa.  D.  Filip- 
pa  de  Vilhena.  Sahio  impreífa  pelo  Pa- 
dre Franco  Imag.  da  Virtud.  do  Nov.  de 
Coimb.    Tom.  2.  liv.   i.  cap.  z.  a  qual  tra- 


4o6 


BIBLIO  THE  CA 


•du2Ío  em  latim  o  Padre  Godinho  Vií.  P. 
•Gmdif.   Sjlver.    lib.    i.    cap.    7. 

Carta  ejcrita  de  Braga  ao  Padre  Miguel 
Je  Torres  em  que  lhe  dá  conta  dos  Jeus  efcru- 
pulos.  Imprefla  na  Imag.  da  virtud.  aflima 
allegado  cap.  4. 

Carta  ejcrita  da  Cidade  do  Porto  ao  Padre 
Manoel  Godinho,  e  mais  Irmãos  do  Collegio 
de  Coimbra.  Parte  delia  fahio  na  Imag.  da 
virtud.  cap.   5. 

Carta  ejcrita  de  Cochim  em  o  anno  de  1557. 
ao  Padre  Gonçalo  Va:^  de  Mello  em  que  lhe 
relata  os  Juceffos  dejde  Lisboa  até  Goa,  e  o  Jruto, 
^ue  fis^era  em  Cochim.  Conferva-fe  no  Ar- 
chivo  da  Caza  profeíTa  de  Lisboa,  e  coníla 
de  10  paginas.  Parte  delia  eílá  imprefla  na 
Imag.  da  Virtud.  cap.  6.  e  7.  e  fahio  traduzida 
em  Italiano  com  outras.  Venetía  por  Mi- 
chele  Tramezzino  1559.  8.  Defta  Carta 
faz  mençaõ  Manoel  Corrêa  no  Comment. 
das  iMJiad.  de  Cam.  Cant.  10.    Out.  93. 

Carta  ejcrita  de  Moçambique  a  11.  de  Feve- 
reiro de  1360.  ao  Padre  António  de  Quadros. 
Imprefla   na   Imag.   da  virtud.  cap.    9,   e    10. 

Carta  ejcrita  em  o  anno  de  1559.  ao 
Padre  Geral  em  que  lhe  dá  conta  da  MiffaÕ 
Jutura    de    Monomotapa.    M.     S. 

Carta  ejcrita  de  Moçambique  a  12.  de 
Fevereiro  de  1560.  aos  Padres  do  Colleffo 
de    Goa.    M.    S. 

Carta  ejcrita  a  ^  de  Agojlo  de  1560. 
de  Moçambique  onde  narra  o  bautijmo  del- 
Key  de  Imhambane.  M.  S.  Eftas  três  Car- 
tas fe  guardaõ  no  Archivo  da  Caza  pro- 
fefla  de  S.  Roque  defta  Corte.  Sahiraõ  ver- 
tidas em  Italiano.  Venetia  por  Michele 
Tramezzino.  1562.  8. 

Duas  Cartas  ejcritas  ao  Illujlrijfimo  Ar- 
cebijpo  de  Évora  D.  Theotonio  de  Bragança 
ambas  de  Monomotapa.  a  primeira  em  20 
de  Outubro  de  15J9.  e  a  2.  em  26  de 
Janeiro    de    1561. 

Duas  Cartas  ejcritas  de  Monomotapa 
ao  Padre  Inácio  Martins  da  Comp.  de  Jejus. 
A  I.  cm  10  de  Outubro  de  1559.  e  a  2.  em 
10  de  Janeiro  de  1561. 

Eftas  quatro  Cartas  efcritas  da  fua  própria 
maõ  fc  confervaõ  no  Archivo  da  Sereniflima 
Caza    de    Bragança    onde    as    vimos. 


GONÇALO  SOARES  DA  FRANCA 
natural  da  Bahia  de  todos  os  Santos 
filho  de  Luiz  Barbalho  de  Negreiros,  e 
D.  Luiza  Cortereal.  Eftudou  as  fcien- 
cias  efcolafticas  no  Collegio  da  Com- 
panhia de  Jefus  fua  pátria,  e  depois  de  fahir 
nellas  fuficientemente  inftruido,  recebidas 
as  Ordens  de  Presbítero  fe  aplicou  à 
liçaõ  da  Hiftoria  fagrada,  e  profana,  c 
tanto  nella  fe  diftinguio,  que  mereceo 
fer  eleito  Académico  fupranumerario  da 
Academia  Real  inflitmda  em  o  anno  de 
1721.  Teve  natural  propenfaõ  para  a  Poc- 
zia,  aflim  Lyrica,  como  heróica  da  qual 
fe   fizeraõ   patentes   as   feguintes   obras. 

Glojfa  a  Outava  50.  do  Canto  4.  de 
Camoens. 

Sinco  Sonetos,  e  hum  delles  compojlo  todo 
de     Verjos    de    Camoens. 

Quator^e  Emblemas  com  Jeus  Epigramas 
Portuguev^es. 

Todas  eftas  obras  Poéticas  foraõ  com- 
poflas  à  morte  delRey  D.  Pedro  II.  c 
fahiraõ  impreflas  no  Breve  Compenso  e 
Narração  do  Junebre  ejpeãaculo,  que  na  Ci- 
dade da  Bahia  Je  Je^  à  morte  daquelle  Mo- 
narcha.  Lisboa  por  Valentim  da  Cofta  Des- 
landes.  1709.  4. 


P.  GONÇALO  DE  SOUZA  natural  da 
Villa  de  Aveiro  do  Bifpado  de  Coimbra 
onde  teve  por  Progenitores  a  Belchior  de 
Souza  Tavares,  e  D.  Guiomar  da  Sylva. 
Abraçou  o  inftituto  de  lefuita  em  o  Col- 
legio de  Coimbra  no  primeiro  de  Janeiro 
de  1562.  onde  fez  taes  progreflbs  a  fua  grande 
comprehenfaõ  nas  fciencias  feveras,  que  as 
diftou  com  univerfal  aplauzo  em  a  Univer- 
íidade  de  Évora.  Vinte  annos  antes  da  fua 
morte,  q  fucedeo  a  25  de  Fevereiro  de  i6oj. 
em  o  Collegio  de  Évora,  e  naõ  a  j  de  Janeiro 
de  1608.  (como  efcreveo  o  Padre  Franco 
Ann.  Glor.  S.  J.  in  Eufit.  p.  8. )  fendo  aco- 
metido de  hum  eftupor  o  reduzio  ao  inno- 
cente  eftado  da  puerícia.  Entre  os  Tratados 
Theologicos,  que  compoz  faõ  de  mayor 
eftimaçaõ  os  feguintes,  que  fe  confervaõ 
M.  S.  em  o  Collegio  de  Évora. 

Tra^atus  de  jejunio. 


L  USITANA. 


407 


Traãatus  de  Sacramentis  in  genere. 
Traãatus  da  'Eiicharifiia. 

Fr.  GONÇALO  DE  VALBOM  naceo 
no  lugar,  que  tomou  por  apellido  diílante 
huma  legoa  da  Cidade  do  Porto  podendo 
gloriarfe  de  que  fendo  pouco  conhecido 
fe  fizeíTe  celebrado  pela  produção  de  hum 
taõ  iníigne  filho.  Ainda  contava  poucos 
annos  quando  fuperiormente  inclinado  ao 
eílado  Religiofo  deixou  o  fecular,  e  rece- 
beo  o  habito  Seráfico  em  o  G^nvento  do 
Porto  onde  crecendo  igualmente  na  efpe- 
culaçaõ  das  fciencias,  como  na  praâica  das 
virtudes  paíTou  de  Miniftro  da  Provinda 
de  Caftella  ao  Generalato  de  toda  a  Ordem 
fendo  eleito  no  Gipitulo  celebrado  em  Pariz 
em  o  anno  de  1304.  cuja  eleição  foy  apro- 
vada com  grandes  aplauzos  pela  Santidade 
de  Benediéto  XL  Eternamente  fera  vene- 
rado o  feu  nome  em  todo  o  Orbe  Seráfico 
por  fer  o  gloriofo  inílrumento  das  mayores 
excellencias,  que  logrou  taõ  dilatada  como 
penitente  Familia  no  tempo  do  feu  prudente 
governo.  Alcançou  de  Benedifto  XL  que 
a  Igreja  univerfal  celebraíTe  a  myfteriofa 
impreílaõ  das  Chagas  do  Redemptor  do 
mundo  em  o  corpo  de  feu  admirável  Pa- 
triarcha.  Transferio  para  hum  fumptuozo 
maufoleo  as  prodigiofas  cinzas  do  Thau- 
maturgo  Portuguez  Santo  António  quan- 
do celebrou  Capitulo  na  Qdade  de  Pádua. 
Expedio  Patente  para  receber  as  infignias 
doutoraes  em  a  Univerfidade  de  Pariz  a  loaõ 
Duns  Scoto  conhecido  antenomafticamente 
por  Doutor  Subtil  de  cuja  doutrina  como 
de  vaílo  Oceano  fe  derivarão  as  caudalofas 
fontes,  que  fecundarão  toda  a  Religião  dos 
Menores.  Aplicou  o  rnayor  difvelo  para 
confervar  o  inftituto  Seráfico  na  fua  pri- 
mitiva obfervancia  prohibindo  com  feveras 
leys  aos  feus  fubditos  a  fuperfluidade  dos 
hábitos,  e  ornato  das  Cellas.  Arrazou  mui- 
tos edificios  fumptuozos  como  impróprios 
à  profilTaõ  do  inftituto  Seráfico  reduzin- 
do-os  àquella  forma,  que  lhe  prefcreveo 
a  Evangélica  pobreza  do  Seráfico  Fran- 
cifco.  Naõ  lhe  impediaõ  os  cuidados  do 
governo  de  taõ  immenfa  Familia  a  con- 
templação  das   celeíliaes   deUcias,   e   o   exer- 


cido dos  mais  abatidos  minifterios  da  Co- 
munidade fervindo  de  exemplar  aos  domef- 
ticos,  e  de  exemplo  aos  eftranhos.  Atenuado- 
com  o  continuo  difvelo  da  reformação  reli- 
giofa,  e  perfeguido  da  emulação  menos; 
reformada  falleceo  piamente  no  Conventa 
de  Pariz  a  13  de  Abril  de  15 13.  fendo  ma- 
nifefta  a  algumas  peíToas  a  gloria,  que  poíTuia 
na  eternidade.  Fazem  illuftre  memoria  defte 
infigne  varaõ  Wadingo  Atinai.  Minor.  ad 
Ann.  1304.  ufque  ad  13 13.  et  de  Script.. 
Ord.  Min.  p.  147.  Artur  Martyrol.  FranciJ- 
can.  p.  163.  Álvaro  Pelagio  ^  Vlanãu  Bx- 
clef.  lib.  2.  cap.  33.  e  67.  D.  Antonins  Hift^ 
3.  Part.  Tit.  24.  cap.  9.  §.  13.  Pifano  Confor- 
mit.  lib.  I.  frua:.  8.  Part.  2.  Fr.  Marc.  de 
Lisboa.  Chron.  da  Ord.  Part.  2.  liv.  6.  cap.  28. 
e  liv.  7.  cap.  19.  e  21.  Willot  Athenas  Fran- 
cijcana.  Ht.  G.  PoíTevin.  Appar.  Sac.  pag^ 
648.  Macedo  Flor.  de  Efp.  cap.  23.  Excel.  3. 
Brandão  Mon.  l^if.  Tom.  6.  liv.  18.  cap.  77^ 
Fr.  Manoel  da  Efper.  Hijl.  Seraf.  da  Prov, 
de  Portug.  Part.  2,  liv.  7.  cap.  26.  Car- 
dofo  Agiol.  hãifit.  Tom.  2.  pag.  538^ 
e  no  Comment.  de  13  de  Abril  letr.  D^ 
Nicol.  Ant.  'Rih.  Hifp.  Vet.  lib.  9.  cap.  i. 
§.  28.  e  Fr.  Joan.  a  D.  Anton.  Bih.  Fran- 
cifc.  Tom.  2.  pag.  20.  col.  2.    Compoz. 

Traãatus  de  praceptis  eminentihus  <ò^  aqui- 
polkntihus  Kegula  Seraphica.  Sahio  impreíTo  in. 
Enchirid.  Minor.  Hifpali  1535.  Começa.  Kegula- 
nojlra  Fratres  charijjimi  non  Jit  nobis  confufa.  Elta. 
expofiçaõ,  que  fez  fobre  a  Regra  Seráfica  foy 
cauza  de  Clemente  V.  promulgar  a  celebre 
Extravagante  no  Concilio  Vienenfe  onde  aífif- 
tio  Fr.  Gonçalo  de  Valbom,  e  começa  Exivf 
de  Paradijo,  e  fe  incorporou  no  Direito  Ca- 
nónico. 

Fpiftola  ad  Minifiros  Provinciales.  Eftá  im- 
preíla  no  i.  Tomo  do  Orhis  Seraphici.  pag. 
145. 

A  certeza  de  que  Fr.  Gonçalo  Valbon> 
foíTe  Portuguez,  e  naõ  Gallego  prova  com 
evidentes  rezoens  Fr.  Manoel  da  Efperança, 
e  o  Licenciado  lorge  Cardofo  nos  lugares 
aíTima  citados  onde  fe  podem  ver,  alem  de 
outros  Authores  eílranhos,  que  feguem  a 
mefma  verdade  como  faõ  Fr.  Henrique 
Willot  Francifcano,  e  o  Padre  António 
PoíTevino  Jefuita. 


4o8 


BIB  LIO  THE  CA 


GONÇALO  VAZ  natural  do  lugar 
<ie  Foes  junto  à  Villa  de  Armamar  do 
Bifpado  de  Lamego,  Doutor  em  leys,  c 
Ouvidor  do  Infante  D.  Fernando  filho  do 
SereniíTimo  Rey  D.  Manoel.  Foy  muito 
douto,  e  eftimado  pela  fua  fciencia,  reíHdaõ, 
c  capacidade.  Orou  por  parte  do  Povo 
nas  Cortes  que  ElRey  D.  Joaõ  o  IIL  cele- 
brou em  Torres  Vedras  na  Igreja  de  S. 
Pedro  a  19  de  Setembro  de  1525.  cuja  Ora- 
^õ    fc    publicou    com    efte    titulo. 

Kepojia  do  Doutor  Gonçalo  Va^  por 
■o  Povo.  Lisboa  por  Joaõ  Alvres  Impref- 
for     delRey     1563.     4. 

Falleceo  na  fua  pátria  no  anno  de  IJ70. 
com  80  annos  de  idade. 

GONÇALO  VAZ  Ulyfliponenfe  muito 
perito  na  intelligencia  das  Rubricas,  e 
Orimonias  Ecclefiafticas  como  mani- 
feftou    na    obra    feguinte. 

Breve  Compendio  das  Rubricas  geraes, 
€  particulares,  e  Cerimonias,  que  Je  devem 
aguardar  no  Sacrojanto  Sacrifício  da  Mijfa 
re^^ada,  e  folemne  conforme  a  ultima  refor- 
mação do  Papa  Urbano  VIU.  Lisboa  por 
Domingos  Lopes  Rofa.  16  ji.  8.  &  ibi 
por  António  Crasbeeck  1656.  8.  &  ibi 
por  Joaõ  da  Cofta  1674.  e  neíla  ediçaõ 
fahio    com    efte    titulo. 

Breve  declaração  das  Rubricas  do  Breviário 
Romano  conforme  a  ultima  reformação  do  Papa 
Urbano    VIU.    de    boa    memoria. 

GONÇALO  VAZ  COUTINHO  na- 
ceo  em  a  notável  Villa  de  Santarém  fendo 
filho  terceiro  de  Lopo  de  Souza  Cou- 
tinho Capitão  da  Mina  do  Confelho  del- 
Rey D.  loaõ  o  III.  c  Vifitador  dos  Lu- 
gares de  Africa,  e  de  D.  Maria  de  No- 
ronha filha  de  D.  Fernando  de  Noronha 
Capitão  de  Azamor,  e  irmaõ  do  infigne 
Hiftoriador  Fr.  Luiz  de  Souza  da  Ordem 
dos  Pregadores  chamado  no  feculo  Ma- 
noel de  Souza  Coutinho  de  quem  fe  fará 
cm  feu  lugar  illuftre  memoria.  Nos  feus  pri- 
meiros annos  fc  aplicou  em  a  Univerfida- 
de  de  Coimbra  ao  eftudo  da  Jurifpruden- 
cia  Canónica,  porem  como  conheceíTe 
era  mais  gloriofa  a  vida  militar,  a  que  o  in- 


clinava o  génio,  que  a  literária,  preferio  a 
paleftra  de  Marte  à  de  Minerva.  Depois 
de  fervir  com  grande  credito  da  fua  peíToa 
o  pofto  de  Capitão  de  huma  nào  da  Armada, 
que  guardou  as  coftas  do  Reyno  contra  os 
infultos  dos  inimigos,  foy  eleito  Gover- 
nador da  Ilha  de  S.  Miguel  no  anno  de  1597. 
onde  deu  claros  argumentos  de  feu  valor 
intrépido,  e  experiência  militar  principal- 
mente no  tempo,  que  foy  ameaçada  por 
huma  poderofa  Armada  expedida  pela  Ray- 
nha  da  Inglaterra  de  que  era  General  Ro- 
berto de  Boreu  Conde  de  Ecci  foldado 
muito  pra£tico,  e  valerofo,  obrigando,  a 
q  naõ  fomète  defiftiffe  da  empreza,  mas 
que  ao  levantar  das  ancoras  mandaíTe  quei- 
mar huma  náo,  que  alli  chegara  arribada  da 
índia,  que  fahira  de  Lisboa  no  anno  de  1595. 
em  companhia  do  Conde  Almirante,  açaõ, 
que  fentio  o  General  Inglez  por  naõ  poder 
evitar  o  dano,  que  o  privou  da  riqueza, 
que  conduzia.  Coroado  com  a  felicidade 
defte  fuceíTo  entregou  o  governo  da  Ilha 
ao  Conde  de  Villa  Franca  feu  parente,  e 
proprietário  daquella  Praça  donde  fahindo 
a  19  de  Fevereiro  de  1598.  embarcado 
em  huma  Náo  flamenga  com  hum  patacho 
armado  à  fua  cufta  encontrou  vinte  legoas 
diftante  da  Rocha  de  Cintra  hum  Cofario 
Inglez,  e  depois  de  hum  porfiado  combate 
o  rendeu  entrando  em  Lisboa  com  o  Navio 
atoado  por  popa.  Foy  Commendador  de 
S.  Pedro  de  Farinha  podre  da  Ordem  de 
Chrifto,  e  do  Confelho  delRey.  Cazou  com 
D.  Joanna  de  Moraes  filha  de  Sebaftiaõ 
de  Moraes  Thefoureiro  mór  do  Reyno  de 
quem  teve  três  filhos,  e  duas  filhas.  Com- 
poz. 

Copia  de  la  Carta,  que  Gonçalo  Va:(^  Co/h 
tinho  dei  Concejo  delRey  Nueflro  Senor  efcrim 
a  fu  Mageflad  fobre  la  fabrica  y  fuflento  de  la 
armada  de  Barlavento  en  las  índias  con  m  Sf- 
curfo  en  que  fe  prueva  la  propoficion.  foi.  M.  S. 
Naõ  tem  lugar  da  Impreílaõ,  e  foy  efcrita 
no  anno  de  1614. 

Hifioria  do  fuceffo,  que  na  Ilha  àt 
S.  Miguel  houve  com  a  Armada  Ingrefa, 
que  fobre  a  dita  Ilha  foy,  fendo  Governa- 
dor delia  Gonçalo  Va^  Coutinho.  Lisboa. 
1630.   4.     Defta  obra  fazem  mcnçaõ  Nicol. 


L  USITAN A, 


409 


!  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  428.  e  o  mo- 
^  demo  addicion.  da  Bib.  Occid.  de  António 
de   Leaõ    Tom.    2.    Tit.    2.    col.    582. 

Ra^ioens  em  favor  da  ConfervaçaÕ  das  Ef- 
coilas  do  Keyno  feitas  a  4  de  Junho  de  161 1.  em 
forma  de  Carta  mijftva  mandada  em  repofia 
de  outra,  que  hum  feu  amigo  lhe  mandou  fobre 
efla  matéria  no  tempo,  que  fe  tratava  de  reduzir 
as  ef col  las  dos  Padres  da  Companhia  fomente 
a  Coimbra,  e  a  Usboa.  Coníla  de  finco  folhas 
de  papel,  he  obra  muito  douta. 

Diálogos  Politicas  fobre  o  governo  defle 
Kejno.  Efta  obra  moftrou  em  Lisboa  ao 
celebre  antiquário  Manoel  Severim  de 
Faria    Chantre    de    Évora. 

GONÇALO  VAZ  PINTO  natural 
da  Cidade  de  Évora  filho  de  Pedro  Pinto, 
e  Izabel  Bocarra  egrégio  profeíTor  de  Jurif- 
prudencia  Cefarea  em  a  Univerfidade  de 
Usboa  pelo  largo  efpaço  de  trinta  annos 
donde  foy  exercitar  a  mefma  incumbência 
em  Coimbra  por  ordem  delRey  D.  Joaõ  o 
in.  quando  a  Univerfidade  foy  transferida 
para  eíla  Gdade  dando  principio  ao  feu  ma- 
giílerio  a  2  de  Mayo  de  1537.  Foy  Dezem- 
bargador  da  Caza  da  Suplicação,  e  da  meza 
dos  aggravos  merecendo  o  univerfal  aplauzo 
de  todos  os  Cathedraticos,  que  o  venera- 
va© por  Oráculo  na  interpretação  das  leys 
Imperiaes  como  efcrevem  Pedro  de  Mariz 
Dial.  de  Var.  Hijl.  Dialog.  5.  cap.  3.  e 
Franc.  de  Monçon  Efpej.  dei  Princip. 
Chrifl.  liv.  I.  cap.  36.  Ordenado  de  Pres- 
bítero pelo  Bifpo  de  Salè  D.  Nuno  a  8  de 
Outubro  de  1546.  obteve  hum  Canoni- 
cato  na  Cathedral  de  Évora  de  que  tomou 
poíTe  a  31  de  Outubro  de  1554.  Vários  faõ 
os  Elogios,  que  lhe  daõ  Franc.  de  Cald.  Pe- 
reira De  Oper.  Emphjt.  Part.  3.  cap.  i.  n.  28. 
e  cap.  2.  cap.  4.  n.  i.  cap.  5.  n.  4.  e  cap.  8. 
n.  I.  António  da  Gama  feu  difcipulo  Decif 
307.  e  Decif.  147.  Cabbedo  Div.  Jur.  Argum. 
lib.  5.  cap.  7.  n.  23.  Fragofo  de  ^eg.  R£Ípub. 
Chrifl.  Part.  i.  lib.  4.  difp.  9.  n.  43.  D.  Nic. 
de  S.  Mar.  Chron.  dos  Coneg.  Keg.  lib.  10. 
cap.  3.  n.  17.  Refende  in  Orat.  ad  Acad. 
Conimb.  o  intitula  Confultorum  confultiffimo. 
Cardozo  Sylvar.  lib.  i.  Epifiol.  10.  ad  Acad. 
Ulyjfipon.   Doãores.     Tom.   11. 


Proximus  exoritur  cythará  haud  leviore  canendus 
Gonfalus    noflri  fax  fulgentijjima    regni 
Seu    IsSges,    aut  jura    docet,   feu    differit    ipfe 
Seu     Cygiea     monens     refonanti    guttura     você 
Pulpifa    confcendit    legum    ut    penetralia    pan- 

dat.  (árc. 
Ergo     Cafarei     lampas     nitidijjima    júris 
Inclyte     Doãor     ave     non     conceffure     Ucurgo; 
Optime  Doãor  ave  pátria,  tuifque  fupremum 
Allature  decus. 

A    efte    armonico    aplauzo    correfponde 
com    igual    melodia    o    grande    Ayres    Bar- 
bofa  Antimor.  foi.   29. 
Aonias  inter  Dominas,  cum  forte  federei 

Cynthius  auratâ  concineretque  Lyra. 
Aonium  ad  neãar  venit  Gonfalus:    at  illum 

Ut  vidit  Pbabus,   Pieridumque  chorus. 
Ajfurgens  inquit,  divini  Confcie  Júris 

Júris,  (&  bumani  cedo  Poeta  tibi. 
Dignus   es   ut   capias  primos   Heliconis   honores 

Poft  hac  Pierios  tu  moderare  viras. 

Compoz. 

Commentaria  in  Infortiatum.  M.  S.  Efte 
volume  que  era  de  jufta  grandeza  con- 
fervava  como  preciofo  Thefouro  o  Doutor 
Francifco     de     Caldas     Pereira. 

Commentaria  ad  Ordin.  Keffas.  M.  S. 
Defta  obra  faz  mençaõ  Manoel  Barbofa 
Kemif.  ad  Ordin.  lib.  4.  Tit.  92.  onde 
intitula     infgne     a     feu     author. 

GREGÓRIO  AFFONSO  filho  de 
Pays  nobres,  e  criado  da  Caza  do  Illuf- 
triíTimo  Bifpo  de  Évora  D.  Affonfo  de 
Portugal  de  quem  fazia  muita  eftimaçaõ 
naõ  fomente  pela  innocencia  dos  cuftu- 
mes,  como  pelos  dotes  fcientificos,  que 
omavaõ  o  feu  efpirito  fendo  o  principal 
a  Poezia  a  que  naturalmente  era  propenfo 
como  publicaõ  as  obras  métricas,  que  fe 
publicarão  no  Cancioneiro  de  Garcia  de 
Refende.  Lisboa  por  Herman  de  Cam- 
pos 15 16.  a  foi.  137.  v.o  138.  e  139.  Os  Arre- 
negas,    que     começaõ. 

Arrenego  de  ti  Mafoma 

E  de  quantos  cr  em  em  ti.  'J 

Que  fahira  no  Cancioneiro  affima  alle- 
gado  foy  reimpreíTo.  Lisboa  por  António 
Alvres.  1Ó39.  4.  e  outras  vezes. 


4IO 


BIBLIO THE  CA 


GREGÓRIO     DE     ALCÁÇOVA     taõ 

illuílre  por  nacimento,  como  iníigne  pelo 
efpirito  poético  de  que  liberal  o  ornou 
a  nature2a,  e  pulio  a  arte  merecendo 
fer  aplaudido  entre  os  Poetas  Portugue- 
zes  por  Jacinto  Cordeiro  EJog.  de  Poet. 
I^ujit.    Eftanc.    25. 

A  Gregório  de  Alcáçova  pompofo 

Por  Jus  ver/os  el  tiempo  fe  dilata 

Que  el  ingenio  y  ejlilo  numero/o 

Eji  altivos  conceptos  fe  retrata  &c. 
Compoz     muitas     Poezias     em    diverfos 
metros,    que    naõ    lograrão    o    beneficio    da 
luz  publica. 

GREGÓRIO  DE  ALMEYDA.  Ve- 
ja-fe  P.  lOAM  DE  VASCONCELLOS 
da     Companhia     de     Jefus. 

Fr.  GREGÓRIO  DE  ANSAM  natu- 
ral da  Villa  do  feu  apellido  fituada  no 
Bifpado  de  Coimbra,  Monge  Ciilercienfe, 
e  muito  douto  na  Sagrada  Efcritura,  e 
liçaõ     dos     Santos     Padres.      Efcreveo. 

Sermoens  in  Evangelia  totius  atini.  M.  S. 
foi.  Conferva-fe  na  Livraria  do  Real 
Convento  de  Alcobaça. 

GREGÓRIO  DE  AREZ  DA  MOTTA, 
E  LEYTE  naceo  na  Villa  da  Gollegãa 
do  Patriarchado  de  Lisboa  a  9  de 
Mayo  de  1658.  e  foy  filho  de  Manoel 
de  Arez  de  Vafconcellos  Fidalgo  da  Ca- 
za  Real,  e  Joanna  de  Gouvea  Leyte. 
Foy  muito  verfado  no  eíludo  da  Hiftoria 
Secular,  e  Genealógica,  e  naturalmente 
inclinado  à  Poezia.  Cazou  cm  3.  de  No- 
vembro de  1707.  com  fua  Prima  em  quar- 
to grão  D.  Ignez  Maria  Maldonado,  e 
Vafconcellos  filha  do  Doutor  Pedro  de 
Azevedo  Maldonado,  e  D.  loanna  Guedes 
Ribeiro.  Falleceo  na  Villa  de  Torres  No- 
vas a  20  de  Setembro  de  1720.  quando 
contava  58  annos  de  idade,  e  jaz  fepulta- 
do  na  Santa  Caza  da  Mifericordia  cm  fepul- 
tura  própria.    Compoz. 

Hiftoria  dt  Torres  Novas.  4.  M.  S. 
a  qual  levou  para  Évora  feu  Cunhado 
Francifco     Maldonado. 


Noticias  Hijloricas  Chronologicas  de  tudo 
o  Jucedido  em  o  mundo;  maravilhas  da  natu- 
ret(a,  qualidades  de  plantas,  e  aguas.  foi.  5. 
Tom.  M.  S.  o  I.  confta  de  626.  folhas; 
o    2.    de    600.    e    o    3.    de    640. 

Qualidades,  e  variedades  de  peixes,  que 
tem   o    mar.    4.    M.    S.    8. 

Sentenças  de  Filofofos,  e  Santos  Padres. 
M.  S. 

Khetorica  Portugue!(a.  M.  S. 

Memorias  Genealógicas  das  Famílias  de 
Are^,  Gouveas,  Maldonados,  e  outras,  foi.  M.  S. 

Duelos  y  v^elos  hafen  los  hombres  necios. 
Comedia. 

Trinta    Novellas    com    diverfos    Titulos. 

Ejitreme:(^  das  Donv^ellas. 

Fr.  GREGÓRIO  BAPTISTA  natural 
da  Qdade  do  Funchal  Capital  da  Ilha  da 
Madeira.  Na  idade  juvenil  abraçou  o  infti- 
tuto  da  regular  obfervancia  de  S.  Fran- 
cifco em  a  Província  de  Catalunha  donde 
com  faculdade  Pontifícia  paíTou  para  a  mo- 
nachal  Religião  de  S.  Bento  veílindo  a  cogulla 
no  Convento  de  S.  Sebaíliaõ  da  Qdade  da 
Bahia  onde  diftou  as  fciencias  feveras  aos 
feus  domeílicos  alcançando  fama  de  bom 
letrado,  e  infigne  Pregador.  Dezejofo  de 
acabar  a  vida  mortal  onde  principiara  a 
Religiofa  voltou  para  a  Ordem  Seráfica  alif- 
tando-fe  na  Província  dos  Algarvcs  onde 
foy  Lente  da  Efcritura,  c  Examinador  das 
Três  Ordens  Militares,  e  por  haver  uza- 
do  huas  vezes  do  apellido  de  Baptiíla, 
e  outras  de  Furtado,  e  Mendonça  o  mul- 
tiplicou em  dous  Nicolao  António  na  hi- 
bliotheca  Hifpana.  Tom.  i.  p.  415.  Delle  fe 
lembraõ  Joan.  Soar.  de  Brito  Theatr.  Lth 
fit.  luiter.  lit.  G.  n.  54.  D.  Francifco  Ma- 
noel de  Mello  Cart.  dos  A  A.  Portug. 
Wadingo  Script.  Ord.  Min.  pag.  147.  col. 
2.  Jacob.  Lelong.  Bib.  Sacr.  pag.  mihi 
624.  col.  2.  Fr.  Gregório  Argaes  Perla  de 
Catalunha,  p.  463.  col.  2.  Fr.  loan.  à  D.  Ant. 
Bib.  Francifcana.  Tom.  2.  pag.  26.  col.  2. 
vir  fuit  valde  Jludiofus,  ac  Sacra  Scriptura  erudi- 
tus  interpres.  Compoz. 

Annotationes  in  caput  XIII.  Sacrofanãi  Chrijli 
Evangelii  Jecundum  Joannem.  Conimbricac  apud 
Nicolaum  Carvalho.  1621.  foi. 


L  USITANA. 


411 


SermaS  pregado  na  Santa  Ca^a  da  Mife- 
ricordia  de  Coimbra  na  i.  6.  fejra  da  Quarejma 
do  anno  de  1621.  Coimbra  por  Nicolao  Car- 
valho 1621.  4. 

Primeira  Parte  dos  Sermoens  das  Domingas 
de  todo  o  anno  quadruplicadas.  Lisboa  por  An- 
tónio Alvres  1629.  4.  Promete  no  Prologo 
a  fegunda  Parte  que  conílava  das  Domingas 
poft  Epiptaniam.  Terceira  das  Domingas  pojl 
Pafcha.  Quarta  das  Domingas  pofi  Pentecofien. 
Completas  da  Vida  de  Chrifio  cantadas  à 
Harpa  da  Crut(^  por  elle  me/mo  com  difcurfos 
predicáveis  para  as  Tardes  da  Quarejma,  e  para 
as  Fejlas  da  Cru:^,  de  Nojfa  Senhora,  e  do  glo- 
rio/o   S.    JoaÕ   Bautijla.     Lisboa    por    Pedro 

i  Crasbeeck  ImpreíTor  delRey  1623.  4.  Sahio 
efta  obra  traduzida  em  Caftelhano   por  Fr. 

i     Fernando    Camargo    Rrimita    Auguftiniano. 

I  Perpinhaõ  por  Luiz  Roure  1653.  4.  e  em 
Italiano.  Leaõ  por  Lourenço  Arnaud,  e 
Pedro  Borde  1670.  4. 

Afjnotationes  in  Evangelia  totius  anni 
tam  Dominicarum,  quam  Vefiivitatum.  Bar- 
cinone  ex  Officina  Petri  de  la  Cavallaria. 
1638.  foi.  No  prologo  delia  obra  diz 
o  author  Pofi  meãs  in  Caput.  13.  Sacrofanãi 
TBjfangelii  fecundum  Joannem  annotationes 
bis  pralo  datas;  pofique  meum  vita  Cbrifii 
Completorium  quater  jam  Typis  excufum, 
accipe  humanijjime  leãor  Annotationum  ad 
totius  anni  Evangelia  partem  hanc  primam, 
quam  fi  ea  animi  aviditate,  qua  prafatas 
hicubrationes  accipifti;  fecundam,  (ò"  tertiam 
babebis  quãm  primum.  Falleceo  em  Ca- 
talunha   depois    do    anno    de     1640. 

P.  GREGÓRIO  BARRETO  natu- 
ral da  Villa  de  Cantanhede  Titulo  de 
Condado  em  a  Provinda  da  Beyra,  filho 
de  Thome  Francifco,  e  Maria  Rodri- 
gues   abraçou    o    inílituto    da    Companhia 

i  de  lESUS  em  o  Collegio  de  Coimbra 
a  22.  de  laneiro  de  1685.  para  fer  hum  dos 
feus  grandes  ornatos  em  as  letras  amenas, 
e     feveras.      Diâiou     Rhetorica     no     Colle- 

,  gio  de  Santo  Antaõ  de  Lisboa,  e  em 
Coimbra  onde  leo  Filofofia,  e  Theolo- 
gia  em  cujo  magillerio  manifeftou  a  pe- 
netração do  juizo,  e  vaílidaõ  de  efhido. 
Foy     Dezembargador     na     Cúria     Patriar- 


chal  onde  os  feus  votos  eraõ  refpeitados 
por  foUdos,  e  rcétiflimos.  Falleceo  em 
o  Collegio  de  Évora  a  14  de  laneiro  1729. 
quando  era  ConfeíTor  do  SereniíTimo  Senhor 
Infante  D.  António.  Delle  fazem  memoria 
Franco  Imag.  da  virtud.  do  Nov.  de  Coimb. 
Tom.  2.  pag.  618.  e  Fonfeca  Ej^or.  Glor. 
pag.  432.  Sendo  Regente  dos  Eftudos  do 
Collegio  de  Santo  Antaõ  de  Lisboa,  com- 
poz,   e   fahio   fem   o   feu   nome. 

Nova  Tuo^ca  Conimbricenfis  in  fex  traãa- 
tus  tribuitur.  Primus  dijferit  de  Procemialibus 
Dialeãica.  Secundus  de  Pradicabilibus,  (à>'  Pra- 
dicamentis.  Tertius  de  Interpretatione.  Ouartus 
de  Priori  refolutione.  Qrnntus  de  Pofieriori 
Kefolutione.  Sextus  de  Topicis,  &  Elenchis. 
UlyíTipone  apud  Antonium  Pedrozo  Galraõ. 
1711.  4. 

Venerabilis  Patris  Joannis  de  Brito  capite 
manibus  (ò*  pedibus  pro  vera  Fide  truncatur  Epi- 
^amma.  Sahio  impreíTo  ao  principio  da 
Vida  defie  Ven.  Padre  efcrita  por  feu  Irmaõ 
Fernando  Pereira  de  Brito.  Coimbra  no 
Real  Collegio  das  Artes  1722.  foi. 

D.  GREGÓRIO  DE  CASTELLO- 
BRANCO  terceiro  Conde  de  Villanova, 
e  Sortelha,  Senhor  da  antiquiíTima  Ca- 
za  de  Góes,  e  Guarda  mór  delRey,  foy  fi- 
lho de  D.  Manoel  de  Caftellobranco  Se- 
gimdo  Conde  de  Villanova,  Confelheiro 
do  Eílado  de  FiHppe  2.  e  3.  do  qual  fe 
fará  mençaõ  em  feu  lugar,  e  de  D.  Bran- 
ca de  Vilhena  Senhora  do  morgado  da 
Povoa.  Foy  muito  inílruido  nas  difcipli- 
nas  mathematicas  de  quem  teve  por  Mef- 
tre  ao  Padre  Chriftovaõ  Borri  da  Com- 
panhia de  lefus  celebre  profeíTor  da  Ma- 
thematica  publicando  por  fua  ordem,  e 
diligencia. 

Colleãa  Afironomica  ex  doãrina  P.  Chrif- 
tophori  Borri  S.  J.  de  tribus  calis  Aerio,  Syderio, 
€>*  Empyreo.  UlyíTipone  apud  Mathiam  Ro- 
drigues 165 1.  4. 

Manoel  de  Faria,  e  Souza  lhe  dedicou 
o  Retrato  de  Albânia  7.  Poema  da  2.  Parte 
da  Fuent.  de  Aganippe  cuja  Dedicatória 
começa. 

A   vós    SeHor,     que    en    tan   vario   efiudio 
Del  foi  de   la    Noblet^a  fois   ornato    &c. 


412 


B  IB  LIO  THE  CA 


Na  advertência  ao  dito  Poema  n.  2.  lhe 
faz  grandes  Elogios  do  feu  eíludo,  engenho, 
juízo,  e  liberalidade.  Ao  meCmo  Cavalhero 
dedicou  a  4.  Parte  da  Fuent.  de  Aganippe, 
que  mandou  imprimir  à  fua  cuíla. 

FR.  GREGÓRIO  DAS  CHAGAS 
natural  de  Lisboa  Monge  Benediftino  Dou- 
tor pela  Univerfidade  de  Coimbra,  e  nella 
Lente  de  Prima  de  Sagrada  Efcritura  de 
que  tomou  pofle  no  primeiro  de  Outubro 
de  1621.  em  cujo  magifterio  conciliou  os 
aplauzos  de  todos  os  Cathedraticos  admira- 
dos da  vafta  comprehenfaõ,  e  indefeflb  ef- 
tudo,  que  tinha  da  Theologia  Pofitiva.  Foy 
Abbade  do  Collegio  de  Coimbra  donde 
fubio  a  Geral  da  fua  monaílica  Congregação 
em  o  anno  de  1626.  lugar,  que  adminiílrou 
anno  e  meyo  por  fallecer  intempeíHvamente 
no  Convento  do  Porto  a  31  de  Outubro 
de  1627.  Foy  Vicereytor  da  Univerfidadc 
de  Coimbra  por  fer  transferido  o  feu 
Reytor  D.  Francifco  de  Menezes  ao  Bif- 
pado  de  Leyria.  Fr.  Leaõ  de  Santo  Tho- 
maz  Bened.  Ljijit.  Trat.  2.  Part.  2.  cap. 
23.  §.  5.  n.  17.  lhe  chama  Pejfoa  bem  co- 
nhecida por  fua  ^ande  Keligiaõ,  e  letras. 
Compoz. 

De  reconditis  Divini  verbi  myfteriis  in 
Canticum  Habacuc  Propheta  lucubrationes. 
foi.  M.  S.  Confervafe  na  Livraria  de 
S.  Bento  de  Lisboa  onde  o  vimos.  Obra 
( como  efcreve  Fr.  Gregório  Argais  Veria 
de  Catai.  pag.  464.  §.  153.)  que  es  por  todos 
títulos  merecedora  de  falir  a  luv^  y  que  tenia 
difpuejia   para    la    imprenta. 

Commentaria  in  Vijtonem  Ifaia.  foi. 
M.  S. 

Commentaria  in  Vijtonem  D.  Pauli.  foi. 
M.  S. 

Breviarium  Monajlicum.  Conimbricse  apud 
Didacum  Gomes  do  Loureiro.  1607.  8. 
com  as  liçoens  dos  Noéhimos  muito 
mais  abreviados  de  que  as  compuzera 
Fr.  Gregório  das  Chagas.  Pouco  tempo 
uzou  a  Congregação  defte  Breviário, 
introduíindo-fc  outro  reformado  por 
Paulo  V.  à  inílancia  do  Cardial  Roberto 
Bcllarmino  Proteftor  da  Religião  Bene- 
diâina,  do  qual  agora  fe  uza. 


Fr.  GREGÓRIO  DO  ESPIRITO 
SANTO  naceo  em  a  Freguczia  de  Santa 
Chriftina  diftante  legoa,  e  meya  da  Villa 
de  Amarante  em  a  Provinda  de  entre 
Douro,  e  Minho  a  4.  de  Março  de  1648. 
Quando  contava  a  florente  idade  de  17  an- 
nos  deixou  a  amável  companhia  de  feu  Pay 
António  Teixeira  Rebello,  e  profeíTou  o 
fagrado  inílituto  do  Principe  dos  Patriar- 
chas  S.  Bento  em  o  primeiro  de  Novembro 
de  1665.  onde  depois  de  diâar  as  fciencias 
efcolafticas  aos  feus  domeílicos,  c  receber 
o  grão  de  Doutor  Theologo  em  a  Univer- 
fidade  de  Coimbra  foy  nella  Lente  da  Ca- 
deira de  Efcoto  a  26  de  laneiro  de  1714. 
da  Cadeira  de  Vefpora  em  o  primeiro  de 
Outubro  de  171 7.  e  de  Prima  a  19  de  Feve- 
reiro de  1721.  Foy  Geral  da  fua  Congrega- 
ção eleito  no  anno  de  171 3.  Falleceo  em 
Coimbra  a  2  de  Setembro  de  1726.  com 
74.  annos  de  idade,  e  31  de  Religião.  Com- 
poz. 

Arte  de  Syllaba.  8.  M.  S.  Confervafe 
na  Livraria  do  Convento  de  S.  Martinho 
de  Tibaens. 

Traãatus  Tbeologicus  de  Peccatis.  foi. 
M.  S.  Foy  diâado  em  a  Univeríidadc 
de     Coimbra,     e     mereceo     geral     aplauzo. 

GREGÓRIO  DO  ESPIRITO  SANTO 
natural  da  Qdade  de  Évora  filho  de  Fran- 
cifco Vidigal,  e  Maria  Thomè.  Recebco 
o  habito  Canónico  da  Congregação  de 
S.  loaõ  Evangeliíla  no  Convento  de  S. 
Bento  de  Enxobregas  a  22  de  Março  de 
1695.  Aplicou-fe  com  particvilar  difvelo  ao 
eíhido  das  fciencias  feveras  compondo. 

Curfus  Phylofopbicus.  foi.  M.  S.  o 
qual  fe  conferva  na  Livraria  do  dito 
Convento,  e  eftá  prompto  para  a  imprcf- 
faõ. 

Fr.  GREGÓRIO  DE  FIGUEYROA 
naceo  em  a  Villa  de  Viana  fituada  na 
Provincia  de  Entre  Douro,  c  Minho 
a  14  de  laneiro  de  165 1.  onde  teve  por 
Pays  a  António  Pereira  Lobato,  e  Anna  de 
Villasboas  ambos  da  principal  nobreza 
daquella  Villa.  Quando  contava  14  an- 
nos    de     idade    recebeo    no    Convento    de 


I 


L  USITAN A. 


4i3 


S.  Salvador  de  Rendufe  a  cogula  mo- 
naftica  do  grande  Patriarcha  S.  Bento 
a  19  de  Abril  de  1665.  A  agudeza  do 
juizo  com  a  felicidade  da  memoria  veloz- 
mente concorrerão  para  os  agigantados  pro- 
greflos,  que  fez  na  carreira  dos  Eíhidos 
merecendo  fer  numerado  entre  os  Douto- 
les  Theologos  da  Academia  Conimbricenfe 
onde  por  muitos  annos  foy  Opoíitor  às 
Cadeiras  com  grande  credito  da  fua  littera- 
tura.  Foy  Abbade  do  G^nvento  de  S.  Mar- 
tinho do  GDuto  de  Cucujaens,  S.  Bento 
da  Vitoria  do  Porto,  e  S.  Tyrfo  de  Riba 
de  Ave,  e  Procurador  Geral  na  Corte  de 
Lisboa  onde  adquirio  multiplicados  aplau- 
.20S  pelos  Sermoens,  que  recitou  nos  mayo- 
res  púlpitos  concorrendo  a  formar-lhe  o 
auditório  as  peíToas  da  primeira  lerarchia, 
€  da  mais  profunda  erudição,  admiradas  da 
delicadeza  dos  penfamentos,  como  da  elegância 
das  palavras.  Falleceo  no  Convento  de  Ti- 
baens  a  28  de  Dezembro  de  1709.  quando 
contava  58  annos  de  idade  e  34  de  Religião. 
Tinha  prompto  para  a  impreflaõ. 

Sermoens  vários  2.  Tom.  dos  quais  fomente 
fe  fez  publico  o  feguinte. 

Sermaõ  da  Terceira  Dominga  do  Advento 
pregado  na  Sé  de  Coimbra.  Coimbra  por 
Jozeph  Ferreira  impreíTor  da  Univeríidade 
1682.  4. 

GREGÓRIO  DE  FREYTAS  naceo  em 
a  celebre  Villa  de  Setúbal  a  9  de  Mayo  de 
1701.  fendo  filho  de  Leandro  de  Freytas, 
e  Domingas  dos  Santos.  Defde  os  primei- 
ros annos  cultivou  a  Hçaõ  dos  livros  da 
qual  colheo  huma  perfeita  noticia  de  todas 
as  fciencias,  e  Faculdades  concorrendo  para 
eíla  taõ  vafta  inílruçaõ  a  boa  inteUigencia 
das  linguas  Latina  Franceza,  Italiana,  e  Caf- 
telhana.  Com  igual  defpeza,  que  efcolha 
tem  formado  huma  grande  Livraria  a  qual 
certamente  he  a  mais  feleâa,  que  tem  a  fua 
pátria,  compofla  de  livros  raros  conduzidos 
dos    Reynos    eílranhos.      Efcreveo. 

Catbalogo  dos  Jogeitos  naturaes  de  Se- 
iuhal,  que  a  tem  ennohrecido  com  os  feus 
ejcritos,  e  compoji^oens.  No  fim  tem  hum 
Index  dos  Santos,  e  Pejfoas  virtuojas,  e 
outros     varoens     infigrus     naturaes     da     me/ma 


Villa.  Deíle  Cathalogo,  que  feu  Authof 
me  remeteo  em  2  de  Abril  de  1743.  extrahi 
varias  noticias  para  a  Bibliotheca  Lufitana, 
que  fempre  fe  confeflará  agradecida  a  inda- 
gação da  fua  laboriofa  penna. 

Hijloria  da  Academia  Problemática  de 
Setúbal,  que  principiou  em  ^o  de  Junbo  de 
1721.  foi.  M.  S. 

Hijloria  da  Villa  de  Setúbal.  Nefla  obra 
trabalha  prefentemente  com  grande  difvelo 
para    lhe    dar    o    ultimo    complemento. 

Fr.  GREGÓRIO  DE  lESUS  natural 
de  Lisboa  filho  de  Paulo  Coelho,  e  Simoa 
dos  Santos  profeííou  o  iâgrado  inftituto 
de  Carmelita  calçado  no  Convento  pátrio 
a  13  de  Junho  de  1644.  Teve  natural  pro- 
penfaõ  para  o  eíhido  das  fciencias  Efcho- 
laílicas,  que  diflou  aos  feus  Religiofos,  e 
depois  fe  graduou  Doutor  pela  Univerfi- 
dade  de  Coimbra.  Foy  Qualificador  do 
Santo  Officio,  Examinador  das  Três  Ordens 
Militares,  e  do  Priorado  do  Crato,  Prior 
do  Convento  de  Lisboa,  e  Provincial  eleito 
a  6  de  Abril  de  1681.  de  cujo  lugar  arrebata- 
damente o  privou  a  morte  a  25  de  laneiro 
de  1682.  laz  fepultado  no  Cemeterio  novo 
do  Convento  de  Lisboa  com  honorifico 
Epitáfio.  Por  fer  profundamente  douto  na 
Sagrada  Theologia  como  em  Direito  Pon- 
tificio  era  frequentemente  confultado 
em  matérias  gravifllmas  fobre  as  quais 
compoz  Pareceres  doutiíTmios,  que  alguns 
fe  confervaõ  M.  S.  na  Livraria  do  Con- 
vento do  Carmo  de  Lisboa  como  efcreve 
Fr.  Manoel  de  Sá  Mem.  Hifi.  dos  E/crit. 
da  Prov.  do  Carm.  de  Portug.  cap.  42. 
pag.     188.    n.    268. 

V.  GREGÓRIO  LOPES  naceo  na 
Villa  de  Linhares  do  Bifpado  de  Coim- 
bra a  4.  de  lulho  de  1542.  Foy  quarto  filho 
pela  ordem  da  natureza,  e  primeiro  por 
beneficio  da  graça,  que  tiveraõ  feus  Pays 
Paulo  Lopes,  e  Maria  Affonfo  do  Pom- 
bal igualmente  pios,  que  nobres.  Logo 
na  infanda  deu  a  conhecer  os  infignes 
dotes  do  feu  efpirito  formando  os  cara- 
âeres  com  tanta  perfeição,  que  pareciaõ 
impreíTos,    e    fallando    puramente    a    lingua 


414 


BIB  LIO  THE  CA 


Latina  fem  a  ter  aprendido.  Quando  eílava 
na  florente  idade  de  i6  annos  movido  de 
fuperior  impulfo  fe  auzentou  da  Caza  de 
feus  Pays  para  a  Cidade  de  Valhadolid  onde 
naquelle  tempo  aíTiília  a  Corte  Caftelhana, 
mas  como  o  feu  génio  aborreceíTe  o  tumulto, 
e  faufto  mundano  paflbu  às  índias  Occiden- 
taes  naõ  para  acumular  riquezas,  mas  pata 
diftribuir  prodigamente  pelos  pobres  tudo 
quanto  pofluia  defpojando-fe  dos  próprios 
veftidos  cm  a  Qdade  de  Vera  Cruz  donde 
partio  para  México.  Pouca  foy  a  demora 
que  fez  neíla  Cidade  pois  o  feu  efpirito  pro- 
curava a  folidaõ  para  totalmente  fe  dedicar 
à  contemplação  das  delicias  celeíliaes  até, 
que  penetrou  o  Valle  de  Amayac  entre  os 
Chichimecos,  e  depois  de  tolerar  confian- 
temente varias  afrontas  da  petulante  liber- 
dade dos  foldados  Efpanhoes,  que  hiaõ 
cativar  os  índios,  edificou  naquelle  lugar 
huma  caza  de  barro  onde  veflido  de  faço,  e 
cingido  com  huma  corda  fazia  vida  Erimi- 
tica  fervindo-lhe  as  ervas  do  Campo  de  ali- 
mento, e  huma  pedra  de  cabeceira.  Nefle 
folitario  domicilio  era  continuamente  afTal- 
tado  pelo  inimigo  comum  com  diverfas 
fugefloens  das  quais  heroicamente  trium- 
fava  pronunciando  Fiaf  Volmtas  tua  ficut 
in  calo,  et  in  terra,  cujas  palavras  chegou 
a  repetir  todos  os  inílantes  que  refpi- 
rava  pelo  efpaço  de  3  annos.  Defla  foli- 
daõ pafTou  para  a  de  Guafleca  onde  aplicado 
quatro  horas  ao  eíhido  da  Efcritura  alcan- 
çou perfeita  intelligencia  dos  feus  mais  pro- 
fundos myflerios  chegando  a  recitar  de  me- 
moria os  quatro  livros  da  Hifloria  dos  Reys, 
os  dous  dos  Machabeos,  e  a  repetir  o  livro, 
capitulo,  e  numero  da  matéria,  que  conti- 
nha hum,  e  outro  Teflamento.  Depois  de 
padecer  huma  grave  infermidade  em  que 
foy  charitativamente  aíTiflido  pelo  Bene- 
ficiado loaõ  de  Mena  querendo  fugir  da 
eíUmaçaõ,  que  da  fua  pefToa  faziaõ  os 
índios,  e  Hefpanhoes,  partio  para  a  Villa 
de  Atrifco  onde  fendo  acuzado  pelo  in- 
difcreto  zelo  de  alguns  Regulares  ao  Ar- 
ccbifpo  de  México  D.  Pedro  de  Moya,  e 
Contreras,  e  examinando  com  circunfpe- 
çaõ  o  feu  procedimento  foy  declarado  por 
varaõ  luílo,  permitindo  Deos  que  cm  cre- 


dito da  fua  innocencia  fc  convertefrem  as 
acufaçoens  em  apologias  das  fuás  heróicas 
virtudes.  Obrigado  das  moleílias  que  pade- 
cia fe  recolheo  ao  Hofpital  de  Guaílapcc 
onde  afTiflio  com  incanfavel  zelo  a  todos 
os  infermos,  confolando  huns,  e  confor- 
tando outros  para  fazerem  meritórias  as 
fuás  tribulaçoens.  Querendo  fatisfazer  às 
repetidas  inflancias  de  muitas  peflbas  dezc- 
jofas  de  fe  aproveitarem  dos  feus  faudavcis 
confelhos  pafTou  à  Cidade  de  México,  onde 
atrahido  do  amor  da  folidaõ  fe  retirou  ao 
lugar  de  Santa  Fé  diílante  6  legoas  daquella 
Qdade  e  nella  teve  por  companheiro  ao 
Padre  Francifco  Lofa,  que  obfervou,  e  efcre- 
veo  a  fua  vida  fendo  os  exercícios  delia  comer 
huma  fó  vez,  dormir  duas,  ou  três  horas,, 
e  confumir  todo  o  reflante  do  tempo  em  orar. 
Cumulado  de  tantas  virtudes  paíTou  a  lograr 
o  premio  merecido  a  20  de  lulho  de  1596. 
quando  contava  54  annos  de  idade,  e  33  de 
Solidão.  Foy  fepultado  o  feu  corpo,  que 
exhalava  fuavifTimo  cheiro,  pela  principal 
gente  da  Cidade  de  México  fazendo  o  Officio 
da  fepultura  D.  Alonfo  da  Motta,  e  Efcobar 
Deaõ  da  Cathedral  defla  Cidade  eleito  Bifpo 
de  Guadalajara.  Orou  nas  fuás  Exéquias 
o  Doutor  Fernando  Ortiz  de  Hinojofa  Có- 
nego da  dita  Cathedral  eleito  Bifpo  de  Gua- 
temala. Foy  tresladado  o  cadáver  em  o  1 
Março  de  161 6  para  o  Altar  mór  do  Con- 
vento de  S.  lozeph  de  Carmelitas  Defcal- 
fas  por  D.  loaõ  Perez  de  Lucema  Arce- 
bifpo  do  México.  Os  prodígios,  que  obrou 
depois  de  morto  com  que  Deos  quiz  acre- 
ditar as  virtudes  defle  feu  fervo  impelliraõ 
a  Filippe  IV.  para  que  por  carta  efcrita  de 
Madrid  a  5  de  Mayo  de  1636.  à  Santidade 
de  Urbano  VIII.  he  pedifTe  o  coUocaíTe  no 
Catalogo  dos  Santos.  Foy  cfle  venerável 
Varaõ  muito  intelligente  no  fentido  literal 
da  Efcritura  Sagrada  fendo  confultado 
por  homens  muito  doutos  na  interpreta- 
ção de  muitos  lugares  dificultozos.  Igual 
noticia  teve  da  Hifloria  Ecclefiaílica,  c 
Secular  relatando  os  fuceffos  com  tanta 
diflinçaõ  como  fe  fora  a  elles  prezentc, 
Foy  infigne  Aílrologo,  Cofmografo,  c 
Geógrafo  como  moflraõ  hum  Mappa  e 
Globo,    que    fez,    e    delineou,    em    que    fc 


L  USITAN A. 


4i5 


viaõ  emendados  muitos  erros  de  outros 
Authores.  Da  Anatomia,  e  Medecdna  foube 
taõ  profundamente  as  Regras,  que  delias 
■cfcreveo  diverfos  Tratados.  Conheceo 
claramente  os  interiores,  difcemio  fabia- 
mente  os  efpiritos,  e  dirigio  prudentemente 
as  conciencias.  Teve  juizo  profundo, 
comprehençaõ  grande,  e  memoria  taõ 
feliz,  que  nunca  lhe  efqueceo  o  que  huma 
vez  lhe  encomendou.  Todos  os  Prelados 
das  Diocefes  das  índias  Occidentaes  teJfte- 
munharaõ  com  elegantes  Elogios  as  vir- 
tudes defte  iníigne  Varaõ,  que  fe  podem 
ler  na  fua  vida  efcrita  pelo  Licenciado 
Francifco  Lofa  Cura  da  Cathedral  de  México 
impreíTa  d\ias  vezes,  e  na  fegunda  addicio- 
nada,  a  qual  traduzio  em  Francez  MonGur 
Arnaud  D'Andilly,  e  na  lingua  Portugueza 
Pedro  Lobo  Corrêa  Efcrivaõ  da  Contado- 
ria Geral  de  Guerra,  e  Reyno  onde  evi- 
dentemente moílra  fer  nacido  Gregório 
Lopes  em  a  Villa  de  Linhares  com  o  nome 
de  Pays,  e  Irmãos,  que  teve  contra  o  en- 
gano, que  padeceo  o  Padre  Losa  efcrevendo 
fer  natural  de  Madrid  de  cujo  erro  foy  fe- 
quaz  Fr.  AfFonfo  Ramon  Chronifta  Geral 
da  Ordem  Militar  da  Mercê  na  vida,  que 
cfcreveo  deíle  fervo  do  Senhor,  e  fahio  im- 
preíTa em  Madrid  1630.  8.  Delle  fazem 
memoria  Jorge  Cardozo  Agiol.  iMJit.  Tom.  2. 
pag.  164.  afirmando  fer  natural  da  Villa  de 
Linhares,  e  Morery  Dicnon.  Hijioriq.  Verb. 
Lopes  Gregoire,  e  ultimamente  com  mayor 
difufaõ  o  Padre  D.  António  Caetano  de 
Souza  A^ol.  hMJitan.  Tom.  4.  pag.  233. 
e  247.  no  Comment.  de  29  de  Julho 
letr.    C.     Compoz. 

Explication  dei  Apocalypfe.  Eíta  obra, 
que  fahio  impreíía  Madrid  1678.  4.  man- 
dou a  Mageílade  de  FiUppe  UI.  que  fe  lhe 
remetefle  o  Original,  o  qual  foy  aprovado 
por  Ordem  da  InquiQçaõ  pela  douta  cen- 
fura  de  D.  Fr.  Pedro  de  Agurto  Bifpo  de 
Qbú,  e  de  outros  grandes  letrados  confef- 
fando  fer  profunda  a  explicação,  e  erudita 
a  parafrafe,  que  fez  aos  Myfterios  daquelle 
livro  do  qual  naõ  deixando  feu  author  co- 
pia, e  defaparecendo  ,  o  reformou  fegunda 
vez  fem  alterar  a  menor  palavra. 

Chronologia  dos  Tempos.  Aí.  S. 


Tratado  das  Propriedades  das  Ervas.  Foy 
compoílo  no  Hofpital  de  Guaftapec,  e  fe 
conferva  com  grande  veneração  em  o  Real 
Convento  da  Encarnação  de  Madrid  fun- 
dado pela  Raynha  D.  Margarida  de  Auífaria. 

Carta  efcrita  ao  Padre  Francifco  Lajfa 
em  que  dá  rezaõ  porque  compoz  a  Expli- 
cação do  Apocalypfe.  Sahio  impreíía 
na  vida  do  Author  efcrita  por  Fr.  Aflfonfo 
Ramon  a  pag.  147. 

P.  GREGÓRIO  LUIZ  naceo  na  Villa 
de  Alpalhaõ  em  o  Bifpado  de  Portalegre 
fendo  filho  de  Simaõ  Inchado,  e  Maria  Luiz. 
Ainda  contava  poucos  annos  de  idade  quan- 
do Deos  o  livrou  de  hum  infortúnio,  que  o 
podia  privar  da  vida.  Pela  deligencia  de 
feu  Tio  Cónego  na  Cathedral  de  Portalegre 
fe  aplicou  aos  eftudos,  e  como  neíla  Qdade 
fe  dava  principio  ao  Collegio  dos  Padres 
Jefuitas  fe  afeiçoou  tanto  ao  feu  inítituto, 
que  depois  de  repetidas  fuplicas  foy  adme- 
tido  ao  Noviciado  de  Évora  a  9  de  Mayo 
de  1610.  Diâou  dous  annos  Theologia 
moral  em  o  Collegio  da  Ilha  de  S,  Miguel 
onde  erigio  a  Confraria  de  Noíía  Senhora 
da  Vitoria,  e  lhe  ordenou  os  Eftatutos  para 
fua  direção.  Abundante  foy  o  fruto,  que 
colheo  o  feu  apoílolico  efpirito  neíla  Ilha 
pregando  aos  feus  habitadores  conftema- 
dos  com  os  horrorofos  efeitos,  que  fez  o 
fogo  rebentando  da  terra  em  Ponta  de  Gar- 
ça a  2  de  Setembro  de  1630.  Defta  Ilha 
paíTou  à  Terceira  a  fer  Reytor  do  Colle- 
gio da  Gdade  de  Angra  em  que  deo  prin- 
cipio à  Igreja,  e  augmentou  as  obras  do 
Collegio  com  a  doaçaõ,  que  lhe  fez  o  Chan- 
tre da  Cathedral  Sebaíliaõ  Machado  de  Mi- 
randa. Mais  prompto  a  obedecer  de  que 
a  zelar  a  própria  faude  navegou  no  anno 
de  1638.  para  o  Reyno  de  Angola  em  cuja 
jornada  fendo  o  navio  entrado  por  Cof- 
farios  Olandezes  padeceo  diverfas  molef- 
tias  até  fer  lançado  na  Ilha  de  San-Tiago 
donde  fe  reítituio  a  Lisboa  em  14  de 
Dezembro  de  1636.  em  huma  Náo  da 
índia,  que  acafo  chegara  àquelle  Porto  em 
que  vinha  embarcado  o  Conde  de  Li- 
nhares D.  Miguel  de  Noronha.  Tendo 
exercitado    com    louvável    procedimento    os 


4i6 


BIB  LIO  THE  CA 


lugares  de  Meílre  dos  Noviços  em  Évora, 
Reytor  do  Collegio  de  Elvas,  e  companheiro 
do  Vizitador  o  Padre  André  de  Moura  fe 
recolheo  à  Caza  profefla  de  S.  Roque  onde 
tolerando  pelo  efpaço  de  três  annos  com 
admirável  conílancia  huma  contraçaõ  dos 
nervos,  recebidos  devotamente  os  Sacra- 
mentos expirou  a  3  de  lunho  de  1660.  Foy 
homem  (como  delle  efcreveo  o  Padre  Franco 
Imag.  da  Virt.  do  Colleg.  de  Coimb.  Tom.  2. 
pag.  747)  em  quem  Jempre  refplandeceo  o  v^elo 
das  almas,  e  dev^ejo  de  Jervir  a  Companhia 
no  que  o  ocupaffe  até  morrer,  e  no  Ann. 
Glor.  S.  I.  in  'Lujit.  p.  308.  Vir  fuit  obe- 
diência laude  infiéis,  ó'  laborum  ajfiduitate 
indejeffus;  eS>*  in  Annalib.  S.  I.  in  Ljíjit. 
p.     ^ij.     n.     10.      Compoz. 

Vida  da  Venerável  Madre  Sor  Violante 
da  AJcenfaõ  religiofa  no  Convento  do  Salva- 
dor de  Évora  filha  de  D.  Gonçalo  da  Cofia 
Armeiro  Mor  defie  Rejno  a  qual  morreo 
a  2  de  Fevereiro  de  1640.  e  foy  delia 
feu  Confeflbr,  cuja  obra  efcreveo  por 
petição  de  huma  irmaã  da  V.  Madre 
religiofa  no  mefmo  Convento  do  Salvador. 

Tratados     Vários    efpirituaes.     M.     S. 

De  ambas  eílas  obras  faz  memoria  o  Padre 
Franco  na  Imag.  da  Virtude  aíTima  allegada. 

Vida  do  P.  Luiz  Alvares  da  Companhia 
de  JESUS.  M.  S. 

Delia  extrahio  noticias  o  P.  Franco 
para  a  que  efcreveo  defte  V.  P.  como 
afirma  na  Imag.  da  Virt.  do  Collegio  de  Coim- 
bra Tom.  I.  cap.  76.  n.  23. 

GREGÓRIO  DE  S.  MARTIM  natu- 
ral de  Lisboa  filho  de  Luiz  Rodrigues, 
e  muito  inclinado  a  Poefia  Caílelhana 
em  que  fez  diverfas  obras  a  fua  Mufa. 
Foy  cazado  com  huma  fobrinha  do  infi- 
gnc  Lope  da  Vega  Carpio.  Falleceo  na 
pátria  e  jaz  fepultado  na  Parochia  de  S. 
luliaõ  com  o  feguinte  epitáfio. 

Aqui  dentro  ja:^  em  fim 

Aquelle  taõ  celebrado, 

E  Poeta  Laureado 

Gregório  de  SaÕ  Martim. 
Publicou. 

El  triumfo  más  famojo  que  hiv^  Lis- 
boa   a    la    entrada    de    D.    Phelippe    Tercero 


d'  E/pana,  y  Jegundo  de  Portugal.  Lisboa 
por  Pedro  Craesbeeck.  1624.  4.  Poema 
heróico,    e    coníla   de    7    Cantos. 

Todo  lo  nuevo  aplav^e.  Dedicado  a  D. 
Affonfo  Furtado  de  Mendoça  Arcebifpo  de 
Lisboa,  e  Governador  de  Portugal.  Lis- 
boa pelo  dito  ImpreíTor  1628.  4.  Confta 
de  diverfas  Rimas. 

Suceffos  felices  intitulados  finev^as  de  amor. 
Lisboa  por  Manoel  da  Silva.  1642.  4.  Confta 
de  Endechas  à  Aclamação  delRey  D.  loaõ 
o  IV. 

GREGÓRIO  MARTINS  CAMINHA 
natural  de  Lisboa,  e  Advogado  da  Caza 
da  Suplicação,  e  igualmente  perito  na  fcien- 
cia,  especulativa,  e  praéHca  da  lurifpruden- 
cia  Civil,  e  Canónica.  Compoz  e  dedi- 
cou ao  Príncipe  D.  loaõ  filho  delRey 
D.  loaõ  o  ni. 

Forma  dos  libellos,  e  da  forma  das  Allega- 
çoens  judiciaes,  e  forma  de  proceder  no  jui:(p  fecu- 
lar,  e  Eclefiafiico,  e  da  forma  dos  contratos  com 
fuás  gloffas,  e  cotas  de  direito.  Coimbra  por 
loaõ  Barreira,  e  loaõ  Alvres  1549.  4.  & 
ibi  pelos  ditos  Impreflbres.  1578.  Braga 
por  António  de  Mariz.  1567.  4.  Addicio- 
nado  por  loaõ  Martins  da  Cofta.  Lisboa 
por  Pedro  Crasbeeck.  1608.  foi.  &  ibi  pelo 
dito  Impreífor.  1621.  foi.  &  ibi  à  cufta 
de  Francifco  de  Souza,  e  António  Leite 
Pereira  1680.  foi.  e  Coimbra  por  lozeph 
Antunes  da  Silva  1701.  foi. 

Delle  faz  mençaõ  loan.  Soar.  de  Brito 
Theatr.  Lufit.  Litter.  Ut.  G.  n.  55.  cuja  no- 
ticia aflim  defte  author  como  da  obra  que 
compoz    foy    oculta    a    Nicolao    António. 

GREGÓRIO  MARTINS  FERREIRA  Li- 
cenciado em  a  Faculdade  dos  Sagrados  Câno- 
nes, e  elegante  Poeta  Vulgar  como  publicaõ 
as  duas  feguintes  Cançoens  publicadas  em  o 
anno  de  1642.  em  que  florecia,  fendo  o  argu- 
mento da  Primeira. 

Ao  Excellentijfimo  Senhor  o  Senhor  D.  Migfiel 
de  Portugal  Bifpo  de  Lamego  Embaxador  Ex- 
traordinário   a    Roma.      Panegyrico.     Começa. 

Do  mefmo  tronco  do  graõ  Key  que  agora 

O  f cetro  tem  da  Lufa  Monarchia  &c. 
A  fegunda. 


L  USITAN A, 


4^7 


Ao  llluftriffimo  Pantakaõ  Rodrigues  Pa- 
checo eleito  Bifpo  de  Elvas  Panegyrico.  Co- 
meça. 

Felice  Portugal,  dito/a  idade 

Adonde  refplandece  hum  Key  prudente, 

Que  a  fempre  det^ejada  liberdade. 

Kejlituhio  a  todos  igualmente.  &c. 

Sahiraõ  ambas  eftas  Cançoens  impref- 
fas  em  Veneza  1642.  4.  das  qxoais  confervo 
hum  exemplar. 

D.     Fr.     GREGÓRIO     NUNES     CO- 
RONEL    Naceo     em     Lisboa     onde     teve 
por  Pays  ao  Doutor  Leonardo  Nunes  Fiíico 
Mòr,    Fidalgo    da    Caza    Real,    e    Cavalleiro 
profeflb    da    Ordem    de    Chriílo,    e    Leonor 
Coronel,    e    por  irmaõ  ao   Doutor  Ambro- 
zio  Nunes  Cavalleiro  da  Ordem  militar  de 
Chriílo  de  quem  fe  fez  mençaõ  em  feu  lugar. 
Para  fe  inftruir  nas  letras  amenas,  e  feveras 
frequentou  a  Univeríidade  de  Salamanca  onde 
floreceo  o  feu  agudo  engenho  com  taõ  acele- 
rados   progreíTos,    que    fervia    de    emulação 
aos  Meftres,  e  de  enveja  aos  difcipulos  de  taõ 
fapientiíTima  paleftra.    Ao  tempo  que  contava 
vinte,  e  outo  annos  de  idade  movido  de  fupe- 
rior  impulfo  deixou  os  aplavizos  académicos 
que  lhe  vaticinavaõ  exaltaçoens  à  fua  peíloa, 
e   veftio  o  habito  de  Erimita  Auguíliniano 
em  o  Convento  de  Salamanca  a  8  de  Mayo 
de  1576.  e  depois  de  alguns  annos  incorpo- 
rado   na    Provinda    de    Portugal    continuou 
com  indefeíTa  aplicação   os   mefmos  eftudos 
que  profeíTara  no  eltado  fecular.    Temerofo 
de  fer  viítima  do  furor  de  Filippe  11.  por 
feguir    as    partes    do    Senhor    D.    António 
quando  pertendia  fubir  ao  trono  deíla  Monar- 
chia,  fe  auzentou  com  eterna  faudade  dos  feus 
patrícios  para  a  Corte  de  Saboya  onde  naõ  po- 
dendo ocultarfe  a  fama  da  fua  litteratura  o 
nomeou  o  Duque  Carlos  Manoel  feu  Prega- 
dor.    Naõ   mereceo   menor  eílimaçaõ   em  a 
Cabeça  do  Mundo  elegendo-o  por  feu  Con- 
feíTor  o  Cardial  Aldobrandino  o  qual  fendo 
aíTumpto  ao  Sólio  do  Vaticano  com  o  nome 
de     Clemente     VIII.     o     fez     feu     Theolo- 
go,     e     Secretario     da     Congregação     cele- 
brada   em    Roma    no    anno    de    1602.    em 
que    fe    difputou    a    matéria    dos    AuxiUos 
entre    a    Religião    Dominicana,    e    lefuitica. 

27 


A  Santidade  de  Paulo  V.  formando  das 
fuás  letras  o  mefmo  conceito  que  feu  Ante- 
ceflor,  o  nomeou  Bifpo  de  Horta  Gdade  da 
Tofcana  em  a  Provinda  Romana  cuja  digni- 
dade humildemente  regeitou  com  o  pre- 
texto da  fua  idade  incapaz  de  taõ  grande 
pezo,  fuplicando  ao  Pontífice  a  conferiJTe 
a  Fr.  HypoUto  Fabriano  Geral  da  Ordem 
dos  Erimitas  de  Santo  Agoílinho.  O  Ponti- 
fice  naõ  fomente  lhe  difirio  à  fuplica,  mas 
lhe  coníignou  em  o  anno  de  1607.  huma 
penfaõ  no  mefmo  Bifpado.  No  Capitulo 
geral  celebrado  em  Roma  a  6  de  lunho  de 
1620.  foy  eleito  Definidor  Geral  onde  fal- 
leceo  no  anno  de  1623.  e  naõ  em  Sardenha 
como  algvms  erradamente  efcreveraõ.  Nas 
fuás  exéquias  orou  Fr.  Nicolao  Laurinories 
Erimita  Auguíliniano,  cuja  oraçaõ  fe  impri- 
mio  Roma  1623.  4.  Celebraõ  a  fua  memoria 
Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  418. 
col.  I.  Herrera  Alphab.  Augufiin.  Tom.  i. 
pag.  304.  Elfius  Encom.  Agujl.  loan  Soar  de 
Brito  Theatr.  Lujit.  Utter.  lit.  G.  n.  56. 
Fr.  Ant.  à  Purif.  de  Vir.  Illujh.  Ord  Erimit. 
D.  Aug.  lib.  2.  cap.  9.  Henao  Scient.  Med. 
hijlor.  propugnat.  Eventil.  3.  n.  112.  Fr.  Ant. 
da  Natívidad.  Mont.  de  Cor.  Mont.  3.  Coroa 
Unic.  §.  6.  n.  3.  pag.  554.  GraveíTon  Hijl. 
Ecclef.  Tom.  8.  pag.  mihi  133.  col.  2.  Souza 
Cathalog.  Hiji.  dos  Bi/p.  Portug.  p.  159.  Com- 
poz. 

De  Vera  Chrifti  Ecclejia.  Romae  apud 
Jacobum  Lunam  in  Typographia  externa- 
rum  linguarum.  1594.  4. 

De  Óptimo  Keipublica  Statu.  ibi  apud 
eumdem  Typog.  1597.  4.  2.  Tom.  Inc  hoc 
Traâatu  (efcreve  Crufenio  Monafticum  Augufiin. 
Part.  3.  cap.  46.  ad  an.  1608.)  Jpirat  ut  tam 
doãijjimus  Theologus  magnam  cognitionem  Scrip- 
turarum,  Sacra  Theologia,  utriufque  júris,  ac 
bifioria  univerja  contra  fenfa  Machiavelli,  (& 
Antimachiavelli  optime  ofiendens  quibus  fieri  po- 
tefi,  ut  Republica  beate,  <Ò'  Chrifiiano  more  fit 
gubemanda. 

No  fim  do  2  Tomo  da  Obra  precedente 
eftá  a  feguinte  obra. 

De  Sacris  Apoftolicis  traditionibus  liber 
unus. 

De  Aíateriis  in  Congregatione  de  Auxi- 
liis  a^fatis.  foi.  M.  S. 


4i8 


BIBLIO  THE  CA 


Varia  Confulíationes  fpeãantes  ad  S.  Offi- 
cium.  foi.  M.  S.  Eílas  duas  obras  que  com- 
prehendem  dous  grandes  volumes  fe  con- 
fervaõ  na  Bibliotheca  dos  religiozos  Agof- 
tinhos  do  Convento  de  Roma. 

GREGÓRIO  DE  OLIVARES  natural 
do  lugar  da  Raparia  freguezia  de  S.  Sebaíliaõ 
de  Sernache  de  bom  Jardim  termo  da  Villa 
da  Certaã  onde  foy  bautizado  a  20  de  Março 
de  1644.  Teve  por  Pays  a  Pafchoal  de  Oli- 
vares,  e  Leonor  Jorge.  Inftruido  nas  letras 
humanas  fe  aplicou  ao  eftudo  das  fagradas 
em  que  fez  grandes  progreíTos  a  fua  prompta 
capacidade.  Foy  Meftre  Efchola  da  Cathe- 
dral  da  Guarda,  e  Padroeiro  da  Capella 
Mòr  do  Convento  de  S.  lozé  de  Capuchos 
de  S.  António  junto  da  Villa  de  Sarnache. 
Falleceo  na  pátria  a  12  de  lulho  de  1709. 
com  65  annos  de  idade  jáz  fepultado  na  Ca- 
pella  de   que   era   Padroeiro.     Compoz. 

Cupido  projirado,  Amor  profano  defva- 
necido,  moftraje  a  real  exijiencia  do  Amor, 
e  fua  maravilhofa  communicaçaÕ  a  toda  a 
nature:(a  criada.  Tratado  moral.  Lisboa 
por  Miguel  Manefcal  ImpreíTor  da  Sere- 
niflima  Caza  de  Bragança,  e  do  Santo 
Officio  1709.  foi. 

P.      GREGÓRIO      DE      OLIVEYRA 

filho  de  Gafpar  Velho,  e  Maria  Dias  naceo 
em  a  Cidade  de  Angra  Capital  da  Ilha  Ter- 
ceira, e  recebeo  a  roupeta  da  Companhia 
de  lESUS  em  o  Collegio  de  Coimbra  a  27  de 
Novembro  de  1576.  Foy  ornado  de  virtu- 
des reUgiofas,  que  o  fizeraõ  digno  dos  mayo- 
res  lugares.    Compoz. 

Vida  do  P.  Baltòe^ar  Barreira  da  Com- 
panhia de  Jefus.  M.  S.  Delia  imprimio 
grande  parte  o  Padre  António  Franco  Imag. 
da  Virtud.  do  Noi^.  de  Coimb.  Tom.  2.  liv.  4. 
cap.  4.  5.  e  6. 

GREGÓRIO  DE  PINA  UlyíTipo- 
nenfe  filho  de  Joaõ  Moreira,  e  Magda- 
lena  de  Payva.  Quando  contava  defa- 
feis  annos  de  idade  entrou  em  a  Compa- 
nhia de  Jefus  a  10  de  Setembro  de  161 3. 
onde    depois    de    fer    Meftre    de    Rhetorica 


no  Collegio  de  Coimbra  por  juftificados 
motivos  a  largou.  Foy  infigne  Poeta  Latino 
cujo  elevado  furor  fe  admirou  em  Roma 
todas  as  vezes,  que  fe  publicava  algumas 
das  fuás  obras  merecendo  tal  afefto  do  Pon- 
tífice Alexandre  VII.  celebre  Corifeo  do  Par- 
naflb,  que  o  remunerou  com  hum  Canoni- 
cato  em  a  Cathedral  de  Évora  de  que  tomou 
poíle  a  6  de  Setembro  de  16 j  8.  Na  Acade- 
mia dos  Generofos  inftituida  cm  Lisboa 
foy  integerrimo  Cenfor  publicando  entre 
muitos  Verfos,  que  fe  dedicarão  ao  naci- 
mento  do  Infante  D.  Pedro  no  anno  de  1648. 
que  depois  fubio  ao  trono  de  Portugal  com 
o  nome  de  D.   Pedro  II.   a  feguinte  obra. 

Nupero  Infanti  Petro  Emmanueli  bene 
ominatur  famina  JEgjptia  ex  Chiromantia, 
<&  Phyfiognomia.  Ulyífipone  apud  Petrum 
Crasbeeck    1648.   4.     Confta   de    52.   Verfos. 

Ad  Alexandrum  Pontif.  Max.  recens 
eleãum.  EJogium,  Anagrammata,  e>*  EJogia. 
Romae  apud  Ignatium  de  Lazzaris.   1655.  4. 

Pompa  Virgínea  Magna  Matri  Laure- 
tana  N afarão  in  folio  opera,  eb*  fludio  Na- 
tionis  Picena  pravio  proteãore  'Emminètijftmo 
Príncipe  Cardinalí  Palloto.  Romíe  apud 
eumd.  Typog.  1655.  4.  Começa. 
Qua  nova  Jlat  curfús  fácies,  qua  macbimo  calo 
JEmula?  caleflefque  dulci  guttura  cantus 
Humanas  mulcent  aures  &c. 

Écloga  in  obitu  P.  Francifci  de  Men- 
doça  Lofgduni.  Saõ  interlocutores  Daphnis, 
Nemorofus,  Amyntas.  Sahio  ao  principio 
do  Veridarium  P.  Francifci  Mendoca  Lug- 
duni  apud  Laurentium  AniíTon  1649.  ^'^^* 
Começa. 

Stellatus,  quo  Monda  vagis  Spatiatur 
arenís. 

In  obitum  Illuflrijfima  D.  D.  Maria 
de  Attayde.  Epitaphio,  c  hum  Epigra- 
ma. Sahio  nas  Mem.  Fúnebres  dedica- 
das a  efta  Senhora.  Lisboa  na  Offidna 
Crasbeeckiana.  1650.  4.  a  foi.  78.  v.o  Fal- 
leceo em  a  Qdade  de  Évora  a  4.  de  Julho 
de  1660. 

GREGÓRIO  DE  PITA  LOBO  na- 
tural da  Villa  de  Caminha  fituada  na 
Provinda  de  Entre  Douro,  e  Minho, 
e     defcendentc     de     nobres     progenitores. 


L  USITANA. 


419 


Foy  dotado  de  taõ  penetrante  juizo,  e  pro- 
funda comprehenfaõ,  que  fera  frequentar 
Univeríidades,  nem  ouvir  Meíbres  foy  dif- 
dpulo  de  íi  mefmo  efpeculando  com  con- 
tinua aplicação  as  mayores  dificuldades  da 
jurifprudencia  aíTim  Canónica,  como  Qvil 
de    que    faõ    irrefragaveis    documentos. 

Sinco  Tomos  de  diverfas  matérias  Jurídi- 
cas doutiíTimamente  tratadas,  os  quais  fi- 
carão em  poder  de  feu  Sobrinho  Sebaftiaõ 
Pita  como  efcreve  loaõ  Franco  Barreto 
Bib.    Portug.  M.  S.     Compoz  mais. 

Alkgaçaõ  de  direito  a  favor  da  Cav^a 
de  Villa-real  contra  D.  Carlos  de  Noronha. 
Sahio  impreflb  conforme  o  referido  loaõ 
Franco  Barreto. 

GREGÓRIO  DA  SYLVA  natural 
da  Cidade  de  Lisboa,  e  bautizado  na 
Real  Parochia  de  S.  luliaõ  a  25  de  Novem- 
bro de  1662.  fendo  filho  de  Pafcoal  Gomes, 
e  loanna  Baptifta.  Defde  os  primeiros  annos 
moílrou  a  boa  Índole,  que  tinha  para  as 
letras  eíhidando  as  amenas  na  pátria,  e  cul- 
tivando as  feveras  em  a  Univerfidade  de 
Évora  onde  recebeo  o  grão  de  Meftre  em 
Artes,  e  de  Doutor  na  Sagrada  Theologia. 
Nas  aulas  foy  ouvido  com  aíTombro,  e  nos 
púlpitos  com  admiração  cujo  fagrado  mi- 
niílerio  exercitou  por  toda  a  vida.  Foy 
Beneficiado  nas  Igrejas  de  S.  Eílevaõ  de  Lis- 
boa e  de  Santo  André  de  Mafra  fendo  taõ 
exemplar  nos  cuíhimes,  como  afável  na 
converfaçaõ.  Falleceo  em  Lisboa  a  2  de 
Novembro  de  1738.  com  76  annos  de  idade, 
e  jaz  fepultado  na  Parochial  Igreja  de  San- 
to Eftevaõ  onde  era  Beneficiado.  Publi- 
cou. 

Sermão  na  Canonit(açaÕ  dos  Santos  Lmí^ 
Gonzaga,  e  Stanislao  Kofka  da  Companhia 
de  Jefus  pregado  no  Collegio  de  Santo 
Antaõ  em  29  de  Julho  de  1727.  no  terceiro 
dia  dejla  Jolemnidade.  Lisboa  por  Pedro 
Ferreira  1728.  4. 

Sermão  da  glorio/a  Virgem,  e  Proto- 
martyr  Santa  Tecla  pregado  rm  P^al  Iff^eja 
de  S.  Juliaõ  de  Lisboa  na  Dominga  18 
pojl    Pentecojlen.     ibi     pelo     dito    ImpreUor. 

1729-  4. 

SermaÕ    na    Degollaçaõ    de    S.    loaÕ    Bau- 


tijla    pregado    no    Mofieiro    de    Santa    Mónica 
de    Usboa.      Lisboa    pelo     dito     ImpreíTor. 

1729.  4. 

SermaÕ  da  gloriojijftma  Virgem  Senhora 
Nojfa  Maria  SantiJJima  exaltada  à  digni- 
dade fuprema  de  AÍÕy  de  Deos  no  dia  da  En- 
carnação do  Divino  Verbo  pregado  na  Santa 
Sé   de    Usboa    Oríental  em    z^    de   Março   de 

1730.  Lisboa     na     Offidna     Auguítíniana. 
1730.  4. 

SermaÕ  do  glorio/o  Patríarcha  S.  lo^eph 
Efpos^o  da  Mãy  de  Deos  pregado  na  Sé  de  Usboa 
no  anno  de  1732.  Lisboa  por  Miguel  Rodri- 
gues, 1732.  4. 

SermaÕ  de  S.  Thome  Apojlolo  pregado  na 
Santa  Sé  de  Usboa  no  anno  de  173 1.  Lisboa 
por  Pedro  Ferreira  ImpreíTor  da  Raynha 
NoíTa  Senhora  1733.  4. 

GREGÓRIO  SYLVESTRE  naceo  em 
Lisboa  a  3 1  de  Dezembro  de  1 5  20.  fendo  filho 
do  Doutor  Joaõ  Rodrigues  Medico  delRey  D. 
Joaõ  o  in.  e  de  D.  Maria  de  Meza  natural  da 
Gdade  de  Cadiz.  Quando  contava  a  tenra  ida- 
de de  fete  annos  o  levou  feu  Pay  para  Caílella 
acompanhando  com  o  lugar  de  Medico  a  Se- 
reniíTima  Infanta  D.  Izabel  quando  fe  hia  def- 
pozar  com  o  invidiíTimo  Emperador  Carlos 
V.  Tanto,  que  cumprio  quatorze  annos  foy 
admetido  ao  ferviço  do  Conde  de  Feria  em 
cuja  caza  fe  congregavaõ  os  mayores  enge- 
nhos poéticos  entre  os  quais  fe  diítínguia 
Garcia  Sanches  de  Badajos  de  quem  depois 
foy  fiel  imitador  principalmente  na  compo- 
fiçaõ  das  RedondiUias.  Sendo  já  celebrado 
o  feu  nome  pela  deílreza,  e  fuavidade  com 
que  tocava  Orgaõ  por  cujos  dotes  foy  provido 
em  primeiro  Organiíla  da  Cathedral  de  Gra- 
nada, ainda  dilatou  mais  exteníamente  a  fua 
fama  por  inventor  dos  Verfos  de  doze  pês 
muito  mais  pompofos,  e  elegantes,  que  os  de 
onze  praétícados  por  loaõ  de  Mena,  e  Bof- 
can,  cujo  armonico  invento  celebra  feu  afe- 
duofo  amigo  Luiz  de  Barahona  do  Soto 
em  huma  carta  dizendo-lhe. 

Y  que  per  los  Verfos  desligados 
De  la  Bfpanola  lengua,  e  Italiana 
Seran  con  la  medida  encadenados 
Deveros  ha  de  aqui  la  Caflellana 


420 


BIBLIO  THECA 


Mas  que  la  Griega  deve  ai  claro  Homero, 

Y  ai  Ínclito    Virgilio  la  Komana. 

Pelo  elevado  efpirito  da  fua  Mufa,  e  ju- 
diciofa  promptidaõ  dos  feus  apothegmas 
conciliou  as  eftimaçoens  de  D.  AfFonfo  Por- 
tocarreiro  filho  do  Marquez  de  Villa  nova, 
D.  Afíònfo  Vanegas,  e  do  Marquez  de  Vi- 
lhena aos  quais  celebrou  com  varias  Poezias. 
Sempre  confervou  erudito  comercio  com 
Diogo  de  Mendoça,  D.  Fernando  da  Cunha 
intitulado  Honra  da  Poe:(ia  de  E/pana,  Joaõ 
latino  doutiíTimo  nos  idiomas  Grego,  e 
Latino,  e  lozeph  Taxardo  iníigne  nas  dif- 
ciplinas  Mathematicas,  e  linguas  Orientaes. 
A  natureza,  que  liberalmente  o  ornou  dos 
dotes  pertencentes  ao  efpirito,  foy  fumma- 
mentc  avara  nos  que  refpeitaõ  ao  corpo 
parecendo  pela  defproporçaõ  da  Symetria, 
e  deformidade  do  rofto  mais  monílro  de  que 
homem  como  iinceramente  o  pintou  Luiz 
de  Barahona  com  eftas  cores  poéticas. 
Salijles  por  el  mucho  fuego  adufto 

Y  por  labrar  el  animo  excellente 
Dexò  de  monjiruo  el  cuerpo  tan  robujlo 
Cabello  caji  crefpo  y  ancha  frente 

Sin  rcr^a  tranfverfal  con  una  ocura 

Por  entre  ceja  y  ceja  fola mente  &c. 
Foy  cazado  com  D.  loanna  Cazorla  y  Pa- 
lencia  de  quem  teve  numerofa  defcendencia, 
que  naõ  degenerou  do  talento  de  feu  Pay. 
Falleceo  em  a  Cidade  de  Granada  no  anno 
de  1570.  com  50  de  idade.  laz  fepultado  no 
Convento  dos  Carmelitas.  Seu  amigo  Pedro 
de  Cáceres,  e  Efpinofa  lhe  compoz  o  feguinte 
Epitáfio  para  fe  lhe  gravar  na  fepultura. 

El  que  en  dulce  Poejia 

Fue  mas  famofo  en  la  tierra 

Que  quantos  el  Cielo  cria 

Su  cuerpo  aora  fe  encierra 

En  aquefla  piedra  fria. 

Altas  Mufas  poderofas 

Sobre  fu  fepulchro  amado 

Derramad  perlas  preciofas 

Pues  en  el  eflá  guardado 

Qmen  os  hifo  tan  famofas. 
Celebres  efcritores  eternizaõ  com  di- 
vcrfos  Elogios  a  fua  memoria.  Lourenço 
Gracian  Art.  de  Ingen.  Difc  28.  lhe  cha- 
ma ingeniofo  Portuguev^.  Nicol.  Ant.  Wib. 
Hifp.  Tom.    I.   pag.  418.  coL  2.  inter  aqua- 


les  fui  temporis  non  mediocris  exifHmationis 
Poeta  fazendoo  erradamente  natural  de 
Badajos.  Manoel  de  Faria,  c  Souza  Prolog, 
da  I.  Part.  da  Fuent.  de  Aganip.  n.  10.  loaõ 
Soar.  de  Brito  Theatr.  Eujit.  Liter.  lit.  G. 
n.  57.  Lope  de  Vega  Carpio  Laurel  de  Apollo. 
Sylva  2. 

J2ue  el  antigo  Sylvefhe 

Bafla  que  folo  mueflre 

El  ff^an  nombre,  que  tuvo  1 

Quando    en    la    cumbre    dei    Parnaffo    efluvo. 
Sahiraõ  as  obras  defte  grande  Poeta  com 
efte  titulo. 

Eas  obras  dei  famofo  Poeta  Gregório  Sylvefhe 
recopiladas,  y  recogidas  por  deligencia  de  fus  bere- 
deros  y  de  Pedro  de  Cáceres,  y  Efpinofa.  Lisboa 
por  Manoel  de  Lyra  1592.  12.  Granada  por 
Sebaftian  de  Mena.  1399.  ^• 

Terno,  que  confiava  de  100.  Outavas  cada. 
Terno.  O  i.  Tratava  da  Payxaõ  de  Chriflo. 
2.  da  Decida  ao  Limbo.  3.  da  AfcenfaÔ  ao  Ceo. 
Por  naõ  eílar  eíla  obra  perfeitamente  acabada 
a  mandou  o  author  reduzir  a  cinzas. 

Vários  Vilhancicos,  e  Entremev^es  para  a 
Cathedral  de  Granada  cujas  obras  compu- 
nha por  obrigação  de  fer  o  primeiro  Orga- 
niíla  defta  Igreja. 

Arte  de  efcrever  por  Cifra.  M.  S.  Defta 
obra  faz  mençaõ  o  feu  amigo  Luiz  de  Ba- 
rahona na  carta,  que  lhe  efcreveo. 

Ay   outra  f ciência  antigua  en  que  fe  ef crive 

Occultas  cofas  de  fecreto  dignas 

De  dò  provechos  grandes  fe  recive 

La  qual  de  cifras  confia  clandejlinas. 

De  quien  formafie  arte,   que  es  baflante 

A  declarar  las  bofas  Sybillinas 

Tan  clara  tan  fubtil,  tan  elegante 

Que  os  prueba  por  primero,  y  fin  fegundo 

En  los  de  atrás,  de  aora,  e  de  adelante. 

GREGÓRIO  SOARES  DE  BRITO 
natural  da  Villa  de  Monfaõ  no  Arcc- 
bifpado  de  Braga  nobre  por  nacimento, 
e  muito  perito  na  Arte  miUtar  aíTim  thco- 
rica  como  praólica  de  que  deu  illuílres  argu- 
mentos naõ  fomente  quando  ocupou  os 
poftos  de  Capitão,  c  Sargento  mór,  mas 
publicando. 

Tratado  da  Tbeorica,  e  praãica  da 
ffierra  do  mar,  e  terra.     Offerecido  a  D.  loaõ 


L  US  l  TAN  A. 


42  r 


de   Soíft(a   Alcayde   mór  da    Villa   de    Thomar. 
Lisboa   por   Paulo    Crasbeeck    1642.    8. 

Breve  difcurjo,  e  Tratado  das  Râgras  mili- 
tares obfervadas  por  muitos  praãicos,  e  vale- 
rofos  foldados.  Offerecido  a  Femaõ  Telles  de 
Meneses  Commendador  das  Commendas  de  S. 
JoaÕ  de  Moura,  e  da  Villa  de  Albufeira.  Lis- 
boa pelo  dito  ImpreíTor  1644.  4. 

Fr.  GREGÓRIO  TAVEYRA  natural  de 
Lisboa  filho  de  Pays  nobres  Francifco  Peres 
Vieyra,  e  D.  Leonor  de  Aguiar.  Profeflbu 
o  inílituto  da  ordem  militar  de  Chriílo  em 
o  Real  Convento  de  Thomar  a  8.  de  Se- 
tembro de  1594.  onde  depois  de  Prior  do 
Collegio  de  Q)imbra,  e  do  Convento  de 
NoíTa  Senhora  da  Luz  em  os  fuburbios  de 
Lisboa  foy  eleito  Geral  a  22  de  lulho  de 
1635.  Obfervou  com  exacçaõ  todas  as  virtu- 
des próprias  do  feu  eílado,  fendo  taõ  amante 
da  pobreza  que  querendo  feus  parentes 
fazer-lhe  Tença  com  que  pudeíTe  paíTar  com- 
modamente,  o  naõ  confentio  afirmando  naõ 
neceíTitar  de  outro  fubíidio  mais  do  que  lhe 
dava  a  Religião.  Falleceo  com  fumma  pie- 
dade no  Real  Convento  de  Thomar  em  o 
anno  de  1654.  quando  contava  79  de  idade, 
e  54  de  Religião.  Foy  Qualificador  do  Santo 
Officio,  Pregador  de  fama,  e  muito  verfado 
na  Theologia  Myftica  como  teílemunhaõ 
as  obras  feguintes. 

Fugida  do  mundo  para  Deos  pela  efcada 
da  Penitencia  pela  qual  fobio  David  penitente, 
e  deixou  facilitada  nos  pecadores  em  fete  de^aos 
fi^ificados  nos  fete  Vfalmos  Venitenciaes  repar- 
tidos pelos  fete  dias  da  femana.  Lisboa  por 
Pedro  Crasbeeck  1619.  8.  &  ibi  pelo  dito 
ImpreíTor  1624.  8.  &  ibi  por  António  Ro- 
drigues de  Avreu  1675.  8.  ibi  por  loaõ  Gal- 
raõ  1676.  8.  e  Coimbra  por  lozeph  Antu- 
nes da  Sylva.  1709.  8. 

Sermão  da  Fé  em  a  visita,  que  fe  /^^ 
por  parte  do  Santo  Officio  em  Thomar,  e  feu 
diflricío  em  o  i.  de  Janeiro  de  1619.  Lis- 
boa por  Pedro  Crasbeeck  ImpreíTor  del- 
Rey    1619.    4. 

Sermaõ  na  quarta  Feyra  depois  da  Quar- 
ta Dominga  da  Quarefma  na  Capella 
anno  de  1623.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor. 
1623.  4. 


Sermaõ  em  gloria,  e  exaltação  do  San- 
tijffimo  Sacramento  por  ocafiaÕ  do  cafo  de  Santa 
Engracia  no  Mofieiro  da  Lu^  ^  ^^  ^^  Prior 
a  ^.  de  Mayo  de  1630.  Lisboa  pelo  mef- 
mo    ImpreíTor    1630.    4. 

Kegalo  de  contemplativos,  e  Theologos  com 
algumas  advertências  de  como  fe  haÕ  de  haver  na 
exame  das  Kevelaçoens,  que  tiverem.  Lisboa 
por  Manoel  da  Sylva.  1639.  12. 

Mantimento  da  alma.  Lisboa  por  Pedro 
Crasbeeck.  1647.  8. 

Subida  para  Deos  pelo  monte  das  fau- 
dades  de  duas  almas,  huma  do  Jujlo  por  ar- 
dentes desejos  da  fua  vifla;  outra  do  pecador 
redundo  figurado  no  Pródigo  por  fentimento 
dos  bens,  que  perdeu  por  fe  apartar  de  feu 
Pay  celeflial  repartida  em  fete  jornadas  para 
fe  frequentarem  efpiritualmente  nos  fete  dias 
da  femana.  Lisboa  por  Domingos  Lopes 
Roza.  1650.  8. 

Via  Cali  repartida  em  três  jornadas. 
A  primeira  do  Horto  em  feguimento  de  Chrifla 
prefo  até  o  monte  Calvário.  Segunda  do  pé 
da  Crut(^  até  o  alto  do  mefmo  pela  efcada 
da  penitencia.  Terceiro  do  trono  da  Cru:^^ 
até  o  alto  da  gloria  pela  via  regia  de  hum 
Jardim  de  virtudes  preparado  para  refeição 
efpiritual  da  alma,  que  vay  continuando  o 
caminho    da   penitencia. 

Vida  de  Santa  If^abel  Rajnha  de   Portugal. 

Eílas  duas  obras  fe  confervaõ  M.  S. 
na  Livraria  do  Real  Convento  de  Tho- 
mar. Do  author  fe  lembraõ  loan.  Soar. 
de  Brito  Theatr.  iMfit.  Uter.  lit.  G.  n. 
59.  e  D.  Francifco  Manoel  Carta  dos  AA. 
Portug.  ao  Doutor  Themudo. 

GUALTER  PEREYRA  DE  AN- 
DRADE natural  da  Cidade  do  Porto,  e 
Presbítero  do  habito  de  S.  Pedro  efcreveo 
com  eftilo  devoto. 

Panegjrico  em  redondilhas  ao  Thauma- 
turgo  Catalão  S.  Salvador  de  Horta.  Lisboa 
na   Officina   da  Mufica.    1726.   4. 

Fr.  GUIDO  DE  LEYRIA  natu- 
ral da  Cidade  do  feu  apellido  Monge 
Ciftercienfe,  e  muito  verfado  no  eíhido 
da  Sagrada  Efcritiura,  e  intelligencia  dos 
Santos  Padres  compoz. 


422 


BIBLIO THE  CA 


Expojitio  in  Pfalmos  David.  foi.  cotifer- 
va-fe  na  Bibliotheca  do  Real  Gjnvento 
de  Alcobaça.  M.  S. 

GUILHERME  DE  AGUIAR  DE 
AZEVEDO  natural  de  Lisboa,  e  na 
mefma  Cidade  Efcrivaõ  dos  Aggravos, 
muito  intelligente  nos  preceitos  da  Ora- 
tória, e  Poética  fendo  em  diverfas  Aca- 
demias aplaudido  o  feu  nome,  ou  foíTe 
CoUega,  ou  Meílre  em  taõ  eruditas  So- 
ciedades. Traduzio  da  lingua  Caílelhana 
do  Padre  Martim  da  Roa  da  G)mpanhia 
de  lefus  em  a  materna. 

EJiado  das  almas  do  Purgatório,  e  do 
modo  com  que  podem,  e  devem  fer  ajudadas 
para  fahir  das  fuás  penas  com  varias  medi- 
taçoens  de  Jeus  tormentos.  Lisboa  por  Mi- 
guel   Manefcal.    1701.    8. 

No  principio  defta  acrecentou  o  Tradutor. 

Trifte^as  de  hum  peccador  na  falta  da 
^raça  divina.  He  huma  Cançaõ  de  12 
ramos  e 

Quarenta  Outavas  f aliando  a  Chrijlo  Cru- 
cificado  hum  pecador  na  agonia   da   morte. 

Promete  no  Prologo  varias  obras  aífim  em 
profa,  como  em  Verfo  a  diverfos  AíTumptos, 
que  foraõ  lidas  nas  mais  celebres  Academias. 
Faz  delle  mençaõ  entre  os  Poetas  Portu- 
guezes  o  Padre  António  dos  Reys  Enthuf. 
Poet.  n.  224. 

Trifles. 

Numen  ob  offenfum  gemitus  Aguilarius  edit. 

Fr.  GUILHERME  DE  BUARCOS 
natural  da  Villa  maritima  do  feu  apellido 
fituada  fete  legoas  de  Coimbra  em  a 
Província  da  Beyra.  Foy  Monge  Ciíler- 
cienfe,  e  infigne  Efcriturario,  como  ma- 
nifefta  a  obra,  que  fe  conferva  M.  S. 
na  Bibliotheca  do  Real  Convento  de 
Alcobaça  com  o  feguinte  titulo. 

Glojfa    in    Pfalmos    Davidicos.    foi. 

GUILHERME  HGUEYRA  Prefbitero, 
e  Capellaõ  da  ExcellentiíTima  Marqueza  de 
Alenquer  Camareira  mór  da  Sereniffima  Ray- 
nha  D.  Maria  Sofia  Izabel  de  Ncoburg.    Foy 


muito  inclinado  ao  eíhido  da  Genealogia  cm 
que  fez  grandes  progreíTos  a  fua  aplicação 
addicionando  com  eruditas  noticias. 

Dous  Tomos  de  Familias  Illujires  dejle 
Rejno  em  que  tinhaõ  trabalhado  os  gran- 
des Genealogiílas  D.  António  de  Lima, 
D.  Luiz  Lobo,  e  António  das  Povoas.  Eftcs 
dous  volumes  deixou  a  Senhora  Marqueza 
de  Alenquer  a  D.  Pedro  António  de  Noro- 
nha I.  Marquez  de  Angeja  em  cuja  livra- 
ria os  vio  muitas  vezes  o  Padre  D.  Antó- 
nio Caetano  de  Souza  como  afirma  no  Ap- 
parat.  à  Hifl.  Gen.  da  Ca:^a  Real  Portug.  pag. 
159.  §.  161. 

GUILHERME  JOSEPH  DE  CAR- 
VALHO BANDEYRA  Capitão  de  huma 
das  Companhias  Auxiliares  de  que  he 
Meílre  de  Campo  Coronel  Martim  Paça- 
nha  na  Praça  de  Setúbal.  Naceo  em  Lis- 
boa a  17  de  Agofto  de  17 14.  onde  teve 
por  nobres  Pays  ao  Capitão  António  Gui- 
lherme de  Carvalho  Bandeira,  e  D.  Fran- 
cifca  Maria  Anjos  de  Moraes  Cabral  fendo 
igualmente  inftruido  nos  preceitos  da  Poc- 
zia,    como    da    Hiftoria.     Compoz. 

Vot^^es  do  Temor,  eccos  da  verdade.  GloíTa 
a  hum  Soneto,  que  começa.  Naõ  defejes 
mais  honras,  que  as  Virtudes.  Lisboa  por 
lozeph  Corrêa  de   Lemos   1741.   4. 

Vida  do  Illuflrijfímo,  e  Keverendiftmo 
Senhor  D.  Affonfo  de  Caftello-hranco  Bifpo 
de  Coimbra.  Efta  Obra,  que  tinha  quazi  I 
acabada  no  anno  de  161 6.  o  Doutor 
loaõ  de  Almeyda  Soares  parente  de  Gui- 
lherme lozeph  de  Carvalho  Bandeira,  a 
reduzio  a  milhor  forma,  e  eílá  prompta 
para  a  impreíTaõ. 

Diário  Hijiorico,  Critico,  e  Cbronolo- 
ffco  dos  fucejfos  mais  memoráveis  de  Por- 
tugal, e  fuás  Conquifias  dividido  em  12  Tom. 
Aí.  S. 

Tratado  do  defcubrimento  da  Ijon^tude.  Aí.  J. 

Memorias  das  Familias  de  Portugal,  e  Caf- 
tella  Aí.  S. 


Fr.  GUILHERME  DE  S.  MARIA 
natural  de  Lisboa  filho  de  D.  Fernsmdo 
de   Noronha   11.    Conde   de   Linhares   Mor- 


L  USITAN  A. 


425 


domo  mór  da  Raynha  D.  Catherina  mulher 
delRey  D.  loaõ  o  III.  Embaxador  a  França, 
e  de  D.  Violante  de  Andrade  filha  de  Fer- 
nando Alvres  de  Andrade  Efcrivaõ  da  Fa- 
zenda do  mefmo  Príncipe.  G)m  heróico 
defprezo  quando  contava  20  annos  de  idade 
preferío  as  mortificaçoens  do  Clauftro  às 
delicias  da  fua  illulire  Caza  profeíTando  o 
inítituto  de  Erimita  Auguftiniano  no  Gan- 
vento  pátrio  de  NoíTa  Senhora  da  Graça 
a  22  de  Outubro  de  1570.  A  grande  pru- 
dência de  que  era  ornado,  o  ícz  digno  de 
fer  Reytor  do  Collegio  de  Coimbra,  Pro- 
vincial eleito  no  anno  de  1594.  e  Vizitador 
Geral  da  Província  por  patente  de  Oâavio 
Acoromboni  Núncio  Apoftolico  nefte  Rey- 
no  paíTada  a  6  de  lulho  de  161 5.  Falleceo 
a  7.  de  laneiro  de  1634.  com  84.  de  idade, 
c  64  de  ReHgiaõ.    Compoz. 

Expojitiones  in  VIU.  libros  'Phyficorum  imã 
cum  Simonis  de  Vifitatione  in  libros  Meteorum, 
€>•  de   Calo   Commentariis.     Urfellis    1604.    4. 

Delle  fe  lembraõ  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  pag.  420.  col.  i.  Elíius  in  Ejicom. 
Auffiftin. 


Fr.  GUILHERME  DE  S.  MARIA  natu- 
ral da  Cidade  de  Tavira  em  o  Reyno  do  Al- 
garve, e  hum  dos  infignes  varoens  da  Con- 
gregação dos  Agoílinhos  Defcalfos  cujo  inf- 
tituto  profeíTou  a  12  de  Mayo  de  1672.  A  ca- 
pacidade do  talento,  e  prudência  do  juizo 
lhe  conciliarão  diílintas  eftimaçoens  principal- 
mente do  IlluílriíTimo  Arcebifpo  de  Lisboa  D. 
António  de  Mendoça,  que  fempre  o  con- 
fultava  nas  matérias  mais  graves.  Com  gran- 
de obfervancia  adminiílrou  os  Priorados  dos 
Conventos  do  Porto  de  Mòs,  e  de  Monte-mór. 
Retirado  ao  Hofpital  Real  de  Loulé  paíTou 
de  caduco  a  eterno.  Como  era  muito  verfado, 
e  intelligente  em  as  notícias  da  fua  Congre- 
gação fundada  pelo  V.  Padre  Fr.  Manoel  da 
Conceição  efcreveo  por  fua  ordem. 

Chronica  da  Congregação  dos  A.gofiinhos 
Defcalfos  do  Keyno  de  Portugal  2.  Tom. 
M.  S.  O  primeiro  confta  de  6  Uvros 
que  finaUzaõ  no  anno  de  1671.  em  que 
o  Author  entrou  na  Religião,  O  fe- 
gundo     comprehende     5     livros,     que     ter- 


minaõ  no  anno  de  1682.  em  o  qual  falle- 
ceo piamente  o  V.  Padre  Fr.  Manoel  da. 
Conceição.  Acabou  elia  obra  no  anno  de 
1690.  cujo  Original  confervaõ  com  a  mere- 
cida   eílimaçaõ  os  ReUgiofos  defte  Inítituto. 


Fr.    GUILHERME   DA   PAYXÃO   na- 
tural da  auguíla  Cidade  de  Braga,  e  grande 
credito  da  Familia  Ciílercienfe  onde  depois 
de  profeíTo  fe  fez  exemplar  do  eílado  mo- 
naftico.     Ainda,  que  padecia  continuas  mo- 
leíUas  fempre  uzou  na  cama,  e  veftidos  inte- 
riores de  eftamenha,  e  o  que  he  mais  digna 
de    admiração    o    trazer    fempre    cingido    o^ 
corpo  com  hum  afpero  cilicio.    Pelo  largo 
efpaço  de  trinta  annos  nunca  deceo  à  Cerca 
para  naõ  ter  ocaziaõ  de  violar  o  íilencio.    Era. 
mayor  a  fua  habitação  no  Coro,  que  na  CeUa 
onde   paíTava   duas   horas   contemplando    os 
divinos    atributos.     Eftas    heróicas    virtudes 
lhe    conciliarão    a    veneração    dos    Reys,    e 
Prindpes  do  feu  tempo  diítínguindo-fe  entre 
elles   o   Cardial  D.    Henrique   de   quem  foy 
ConfeíTor  féis  annos   o   qual  fendo  Abbade 
Geral   de   Alcobaça,   e   naõ   podendo  aíTiftir 
impedido   de  achaques  ao   Capitulo,   que  fe 
havia  celebrar  em  o  i  de  Mayo  de  1579.  o- 
nomeou   feu   fubílituto    por  huma  Provizaõ 
efcrita  em  Lisboa  a  17  de  Março  do  referido 
anno  de  cujas  claufulas  fe  manifefta  o  grave 
conceito,  que  formava  da  fua  PeíToa.     Con- 
fiando eu  da  virtude,  prudência,  t^elo  da  Keligiaõ, 
e   bom   exemplo   de   vida,   e   cofiumes  do    Padre 
Fr.     Guilherme     da     Payxaò     Prior    do     dita 
Mofleiro,    e    crendo,    que   fará    bem,    fielmente 
como    ao   ferviço    do    Nojfo    Senhor,    bem    da 
dita    Ordem,    e    defcargo    de    minha    conciencia 
tudo,    que  por   mim   lhe  for  cometido,    e   enco- 
mendado   com    a    inteireza,    que    convém,    fem^ 
fe    mover  por    refpeito    algum  particular    coma 
até  qtà  tem  feito,  lhe  cometo  minhas  ve^^es  &c. 
Naõ     foy    menos     aceito    ao     Cardial    Al- 
berto   de    Auílria    quando    governava    eíle 
Reyno    cometendo-lhe  à  fua  prudente  dire- 
ção a  vizita,  e  reforma  da  Ordem  Terceira 
da    Penitencia    do    Seráfico    Patriarcha    cuja 
incumbência   começando   a    2   de  Dezembro 
de  1587.  a  concluio  a  15  de  Abril  de  1588. 
com  grande  credito  do  feu  talento,   e  naã 


m 


424 


BIBLIO  THE  CA 


menor  gloria  daquella  Religiofa  Família. 
Sendo  elevado  à  dignidade  de  Geral  al- 
cançou novos  aplauzos  de  prudente,  e 
vigilante  na  adminiílraçaõ  de  taõ  grande 
lugar.  Pelo  afeftuozo  obfequio  com  que 
venerava  ao  Príncipe  da  Milicia  angéli- 
ca S.  Miguel  lhe  erigio  em  o  Cruzeiro  do 
Convento  de  Alcobaça  hum  fumptuofo 
Altar,  e  para  naõ  caducar  na  pofterida- 
de  a  memoria  de  quem  o  tinha  erigido 
lhe  gravou  na  parte  fuperior  Fr.  Filippc 
de  Siaõ  filho  do  grande  Chronifta  Da- 
mião   de    Góes    o    feguinte    dyílicho. 

Guillielmus  Ahhas  cum   Chrijli  pajjio  nomen 

Hic    dedit    Altare    dum     Generalis    erat. 

Cumulado  de  virtudes,  que  excediaõ 
o  numero  dos  annos  paíTou  a  lograr  o  pre- 
mio eterno  a  21  de  Mayo  de  160 1.  Os  Mon- 
ges o  fepultaraõ  no  mefmo  lugar  onde  jazia 
S.  Domingos  Martins  Abbade,  que  fora 
daquella  Real  Caza,  e  já  eftá  collocado  em  o 
Oathalogo  dos  Santos.  Delle  efcrevem  com 
Elogios  Fr.  Bernardo  de  Brito  Chron.  de 
Cifi.  I.  Part.  liv.  5.  cap.  22.  Jongel.  Notit. 
Abbat.  Ord.  pag.  32.  Vifch  Bib.  Cijlerc.  pag. 
156.  Manriq.  Annal.  Cijlerc.  Apend.  i.  lorge 
Cardozo  Agiol.  iMfit.  Tom.  3.  p.  343.  e 
pag.  352.  no  Comment.  de  21  de  Mayo 
letr.  D.  Nicol.  Ant.  hib.  Hifp.  Tom.  i.  pag. 
240.  col.  2.  e  Tom.  2.  pag.  296.  col.  i.  Fran- 
ckenau  Bib.  tíifp.  Gemai.  Herald,  pag.  168. 
Compoz. 

"Labyrintho  efpiritml.  Nefta  obra  trata 
particularmente  do  Archanjo  S.  Miguel 
de  quem  era  fummamente  devoto,  e  dos 
Anjos  onde  moftra  a  grande  fciencia  neíla 
matéria  Theologica.  Pela  profunda  hu- 
mildade, que  obfervava  naõ  defcubrio 
o  feu  nome,  e  fomente  diz  fer  compoíla 
por  Fr.  Ninguém.  Conferva-fe  em  Alco- 
baça   no    Caixaõ    das    trcs    chaves. 

Chronica  do  Keal  Convento  de  Alcobaça. 
Cbmpofta    no    anno    de    1582.    foi.    M.    S. 

Noticia  das  Fundaçoens  dos  Conventos 
Àe  Cifter  em  o  Keyno  de  Portugal,  foi.  Aí. 
S.  Deftas  duas  obras  faz  mençaõ  Fr. 
Angelo  Manrique  Annal.  Cijlerc.  Tom. 
2.  ad  an.  Chriíli.  1147.  cap.  17.  n.  10.  & 
ad  an.  1171.  cap.  8.  n.  11.  &  ad  an.  1221. 
cap.  9.  n.  2. 


Fr.    GUILHERME    DO    VADRE    na- 
tural de   Lisboa  filho   de  leronimo  do  Va-_ 
dre,   <t   Maria   Bacler.     ProfeíTou   o   fagradc 
inftituto  da  Ordem  dos  Pregadores  no 
vento  pátrio  a   16  de  Novembro  de   1645 
onde   aprendeo,   e   enfinou   as   fciencias 
cholaílicas   até   jubilar   na    Sagrada   Theol 
gia.    Foy  dos  mais  infignes  Oradores  Evan- 
gélicos do  feu  tempo.    Falleceo  em  Lisboa 
a  9  de  Novembro  de   1675.    Publicou. 

Sermão  no  Convento  de  S.  Domingos  de 
Bemfica  na  fejla,  que  celebrou  na  Beatificação 
do  ff  ande  Jummo  Pontífice  Pio  V.  em  o  mez^ 
de  Outubro  de  1672.  Lisboa  por  Francifco 
Villela  1673.  4. 

Delle  fe  lembra  brevemente  Fr.  Pe- 
dro Monteiro  Claujlr.  Dom.  Tom.  3.  pag. 
227. 

Sor.  GUIOMAR  DOS  ANJOS  na- 
tural da  Villa  de  Amarante  do  Arcebif- 
pado  de  Braga,  e  Religiofa  profefla  no 
Seráfico  Convento  de  Santa  Clara  da  fua 
pátria  onde  floreceo  pelos  annos  de  1592. 
Foy  obfervante  do  feu  Inftituto  fervindo 
de  exemplar  às  fuás  companheiras  das 
quais  querendo  eternizar  a  memoria  na 
pofteridade  efcreveo. 

Memorial  do  Mojleiro  de  Santa  Clara  da 
Villa  de  Amarante:  contem  as  virtuojas  me- 
morias de  muitas  Keligiofas  que  nelle  floreceraõ 
com  opinião  venerável.  M.   S.  foi. 

Sor  GUIOMAR  DO  DEZERTO  na- 
cco  em  Lisboa  fendo  fetima  produção 
de  fecundo  thalamo  dos  Excellentinimos 
Condes  de  S.  Lourenço  D.  Luiz  de  Mel- 
lo da  Sylva  Senhor  da  Villa  do  Bifpo, 
Alcayde  mór  de  Elvas,  Commendador 
das  Comendas  de  S.  Tiago  de  Lobaõ, 
e  Pentalvos,  c  S.  Salvador  de  loannc 
em  a  Ordem  de  Chrifto,  Vedor  da  Ca- 
za das  Sereniffimas  Raynhas  D.  Maria 
Francifca  Izabel  de  Saboya,  c  D.  Maria 
Sofia;  c  de  D.  Filippa  de  Faro  filha  de 
Bernardim  de  Távora  Repofteiro  mór,  e 
D.  Leonor  de  Faro.  Na  eleição  do  Ef- 
tado,  que  abraçou  na  primavera  dos  an- 
nos deu  a  conhecer  a  madureza  do  juizo 
com    que    liberalmente    a    dotara    a    natu- 


LUSITANA. 


425 


reza  fepultando  heroicamente  o  efplendor 
do  feu  nacimento  em  o  Seráfico  Qauftro 
do  Convento  de  NoíTa  Senhora  da  Efpe- 
rança  de  Lisboa  onde  profeíTou  a  24  de 
lunho  de  1682.  Nefta  virtuofa  efcola  apren- 
deo,  e  enOnou  a  mais  rígida  Obfervancia, 
ou  fofle  como  fubdita,  ou  como  Prelada. 
Igualmente  foy  iníigne  na  arte  da  Muiica, 
como  da  Poezia  praâicando  huma  com 
deftreza,  e  fuavidade,  e  exercitando  a  outra 
com  cadencia,  e  elegância.  Nunca  con- 
taminou a  elevação  do  feu  Enthuíiafmo 
com  aflumpto  profano,  antes  com  efcru- 
pulofa  advertência  dedicava  as  fuás  pro- 
duçoens  métricas  em  obfequio  da  divina 
\Iageílade,  Myfterios  da  noíTa  Redempçaõ, 
de  Maria  SantiíTima,  e  alguns  Santos  feus 
Tutelares.  Falleceo  com  eterna  faudade 
das  fuás  Companheiras  em  o  i  de  Agoílo 
de    1710.     Compoz. 

Panegyrico  de  Santo  AJeixo  recitado 
no  feu  dia  na  claufura  do  Convento  da 
Efperança. 

T)ei^engano  do  Mundo.  Difcurfo  difcreto, 
e  douto. 

Ver/os  vários,  que  correm  ( como  ef- 
creve  o  author  do  Tbeatr.  Heroin.  Tom. 
2.  pag.  497.  )  pelas  mãos  dos  cttriofos  em  mul- 
tiplicados tranjumptos. 

GUIOMAR  DE  JESU  cuja  pátria, 
e  eftado  de  vida  fe  ignora,  e  unicamente 
fe    fabe,    que    compuzera. 

Confolaçaõ  do  nojfo  defierro:  incêndio  do 
Amor.  Trata  da  vida,  PayxaÕ,  e  morte  do 
nojfo  dulcijfimo  amor,  e  Senhor  Jefu  Chrijlo. 
Elia  obra,  que  coníla  de  65  capitulos 
foy  dedicada  à  Raynha  D.  Leonor  ter- 
ceira mulher  delRey  D.  Manoel,  e  man- 
dada imprimir  por  ordem  do  Cardial  In- 
fante D.  Henrique  em  caraâer  gothico. 
4.  fem  lugar,  e  nome  de  ImpreíTor.  No 
fim  foy  aprovada  pelo  Meftre  Olmedo, 
e  Fr.  leronimo  de  Azambuja  da  Ordem 
dos  Pregadores.  DeUa,  como  de  fua  au- 
thora  fazem  mençaò  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  pag.  421.  col.  i.  e  o  Licencia- 
do lorge  Cardozo  Agiol.  Ljdjif.  Tom.  2. 
pag.  582.  no  Coment.  de  15  de  Abril 
letr.  A. 


D.  GUIOMAR  DA  SYLVA  naceo 
na  Villa  de  Viana  íituada  em  a  Provín- 
cia de  Entre  Douro,  e  Minho  a  17  de 
lunho  de  1665.  fendo  feus  Progenitores 
Fernando  da  Sylva  de  Souza  moço  Fi- 
dalgo da  Caza  Real,  e  D.  Margarida  Cou- 
tinho de  Távora  irmãa  de  Fernando  de 
Souza  Coutinho  General  da  Artilharia  da 
Província  do  Minho  onde  governou  mui- 
tas vezes  as  Armas.  Ainda  contava  pou- 
cos annos  de  idade  quando  era  admirado 
o  feu  raro  engenho,  que  fe  fez  mais  plau- 
livel  pela  continua  liçaõ  da  Hiíloria  Por- 
tugueza,  Caftelhana,  e  Italiana,  cuja  lingua 
fallou  com  a  ultima  perfeição.  Foy  ornada 
do  divino  dom  da  Poezia  pela  qual  contrahio 
amizade,  e  correfpondencia  com  a  Excel- 
lentilTmia  CondeíTa  da  Ericeira  D.  loaima 
lofefa  de  Menezes  heróica  Mufa  do  Par- 
naíTo  Portuguez.  Cazou  com  Chriftovaõ 
Francifco  de  Magalhaens  moço  fidalgo  da 
Caza  Real  filho  de  Nuno  Fernandes  de 
Magalhaens,  e  de  D.  Florencia  de  Vaf- 
concellos,  e  Sylva  de  quem  teve  defcen- 
dencia    Compoz. 

AJcendencia  da  fua  Ca^a  illujlrada  com 
noticias  bifioricas,  e  reflexoens  criticas,  foi. 
M.  S.  Eílá  efcrito  eíle  livro  com  ex- 
cellente  methodo,  boa  ordem,  e  fummo 
exame. 

Poei(ias  varias,  i.  Parte  4.  M.  S. 

Eftas  obras  conferva  em  feu  poder  Fran- 
cifco de  Magalhaens  da  Sylva  de  Souza  Moço 
Fidalgo  da  Caza  Real  Capitão  de  Granadei- 
ros, e  morador  na  Cidade  de  Elvas  filho 
primogénito  da  Authora. 

Obras  varias  M.  S.  4.  Confervafe  em 
poder  de  Martinho  Lopes  Lobo  de  Sal- 
danha neto  da  Authora  morador  na  Villa 
de    Eílremòs. 

D.  GUIOMAR  DE  VILHENA  teve 
por  pátria  a  Cidade  de  Évora,  e  por 
Pays  a  D.  Francifco  de  Portugal  primeiro 
Conde  do  Vimiofo  digno  de  eterna  me- 
moria pelas  virtudes,  que  reUgiofamente 
pradicou,  e  a  D.  Brites  de  Vilhena  fua 
primeira  mulher  filha  de  Ruy  Telles  de 
Menezes  quinto  Senhor  de  Unhaõ,  Mor- 
domo   mór    da    Emperatriz    D.    Izabel,    e 


420 


BIB  LIOTHE  CA 


de  D.  Guiomar  de  Noronha  filha  de  D.  Pe- 
dro de  Noronha  Senhor  do  Cadaval  Mor- 
domo mór  delRey  D.  loaõ  o  II.  e  feu  Em- 
baxador  a  Roma.  A  hum  taõ  esclarecido 
nacimento  foube  acrecentar  novos  efplen- 
dores  efta  grande  Heroina  exercitando-fe 
nos  aôos  de  piedade,  e  devoção  com  tanto 
exceíTo,  que  podia  fervir  de  exempbr  aos  ef- 
piritos  mais  aufteros.  Ocupava  o  tempo 
na  liçaõ  dos  livros  afceticos  donde  extrahia 
folidos  documentos  para  direção  das  fuás 
açoens.  Com  devota  generozidade  concor- 
reo  no  anno  de  154J  juntamente  com  feu 
efp020  D.  Francifco  da  Gama  II.  Conde  da 
Vidigueira  Almirante  da  índia  Oriental,  e 
Eftribeiro  mòr  delRey  D.  loaõ  o  III.  filho 
do  infigne  Varaõ  D.  Vafco  da  Gama  I.  Conde 
da  Vidigueira,  Defcobridor  da  índia  Orien- 
tal, e  de  fua  mulher  D.  Catharina  de  Atayde 
para  a  Fundação  do  Convento  de  NoíTa  Se- 
nhora da  Aflumpçaõ  da  Seráfica  Provín- 
cia da  Piedade  fituado  junto  da  Villa  da 
Vidigueira.  Paflbu  a  lograr  o  premio  mere- 
cido às  fuás  virtudes  em  Lisboa  no  anno 
de  1585.  laz  fepultada  no  Convento  dos 
CarmeUtas  calçados  da  ViUa  da  Vidigueira 
jazigo  da  Excellenti/Tmia  Caza  dos  Marque- 
zes  de  Nifa.    Compoz. 

Confideraçoens  pias  fobre  alguns  pajjos 
de  Nojfa  Senhora.  12.  Sahio  impreíTo  con- 
forme   efcreve    loaõ    Franco    Barreto    Bib. 


Portug.  Aí.  S.  Da  obra  como  de  fua  Ex- 
cellentiflima  Authora  faz  mençaõ  o  Pa- 
dre D.  António  Caetano  de  Souza  Hift. 
Gen.  da  Ca:(^.  Real.  Tom.  10.  liv.  10.  cap.  4. 

D.  GUTERRE  COUTINHO  Com- 
mendador  de  Sezimbra  filho  de  D.  Fer- 
nando Coutinho  Marichal  do  Reyno,  e 
D.  loanna  de  Caílro  filha  de  D.  Álvaro 
Gonfalves  de  Attayde  I.  Conde  da  Atou- 
guia,  e  irmaõ  de  Vafco  Coutinho  Con- 
de de  Borba.  Foy  cazado  com  D.  Iza- 
bel  Pereira  filha  de  D.  Gonçalo  de  Caf- 
tello-branco  Governador  da  Caza  do  G- 
vil.  Por  fer  hum  dos  Authores  da  conf- 
piraçaõ  contra  a  vida  delRey  D.  loaõ 
o  II.  foy  reclufo  no  Caftello  de  Aviz 
onde  infelifmente  acabou  no  anno  de  1484. 
Entre  os  eftudos,  que  cultivava  era  natu- 
ralmente inclinado  ao  da  Poezia  como 
fe  colhe  de  muitos  Verfos  feus,  que  fa- 
hiraõ  impreíTos  no  Cancioneiro  de  Garcia 
de  Kefende  a  foi.  70.  \P  Lisboa  por  Her- 
man  de  Campos.  15 16.  foi.  Fazem  delle 
memoria  o  referido  Refende  Chron.  dei- 
Key  D.  Joaõ  o  II.  cap.  51.  e  J5.  Telles  de 
reb.  gejl.  Joan.  11.  pag.  mihi  113.  Sampayo 
Vid.  dei  Princip.  Per/et.  foi.  39.  v.»  Vaf- 
concel.  Vid.  de  D.  Joan.  11.  pag.  139. 
Faria  Europ.  Portug.  Tom.  2.  Part.  3. 
cap.  4.  n.  33. 


á 


L  USITANA, 


4^7 


H 


HEYTOR  DE  BRITO  PEREYRA 
natural  de  Villa-viçofa  filho  de 
Chriftovaõ  de  Brito  Pereira  Com- 
mendador  de  Santa  Maria  de  Viade,  de  S. 
Salvador  de  Sanguinhedo  da  Ordem  de 
Chriílo,  Alcayde  mór  da  Villa  de  Alhos 
Vedros,  Meílre  de  Campo  dos  Auxiliares  de 
Villa-viçofa,  e  Governador  deita  Praça,  que 
heroicamente  defendeo  no  anno  de  1665. 
contra  a  invafaõ  do  exercito  Caftelhano,  que 
mandava  o  Marquez  de  Caracena;  e  de  D. 
Paula  Maria  de  Vilhena  filha  de  Antó- 
nio Q)rrea  Baharem  Q)mmendador  de 
Alfange  na  Ordem  de  Omito,  e  de  D. 
Antónia  de  Vilhena  fua  fobrinha.  Foy 
Prior  da  Collegiada  de  Barcellos,  Dezem- 
bargador  da  Caza  da  Suplicação  de  que 
tomou  poíTe  a  31  de  Janeiro  de  1696.  em 
cujo  lugar  moítrou  igualmente  a  obfervan- 
cia  da  juítiça,  com  a  profundidade  da  fcien- 
cia.  Entre  os  Poetas  do  feu  tempo  mere- 
ceo  geral  eítimaçaõ  pela  delicadeza  dos  con- 
ceitos, e  afluência  das  vozes,  de  cujas  pro- 
duçoens  métricas  fe  podia  formar  hum  vo- 
lume de  juíta  grandeza,  e  fomente  lograrão 
da  luz  publica. 

A  la  Santa  relíquia,  que  truxo  de  Valência  de 
Santo  Thomas  de  Yillanueva  el  Doutor  Ladz  ^ 
Lourejro  Canonigo  en  la  Cidad  de  Coimbra.  Ro- 
mance. Sahio  nos  Acroamas  Vanegyricos  com 
que  a  Santa  Cathedral  Igreja  de  Coimbra  rece- 
beo,  venerou,  e  aplaudia  a  facada  reliquia  do 
novo  Thaumaturgo  Efpanhol  o  lllufirijfimo  Arce- 
bifpo  de  Valença  Santo  Thomas  de  Villa-nova. 
Coimbra  por  lozeph  Ferreira.  1690.  4.  a  pag. 
124. 

Soneto  em  aplaudo  de  Manoel  de  Sou^a  Mo- 
reira author  do  Theatro  Geneal.  da  Ca!^.  de  Soui^a. 
Sahio  ao  principio  deita  obra.  Paris  por 
Joaõ  Aniííon  1694.  foi. 

Delle  faz  memoria  António  Carvalho  da 
Coita  Corog.  Portug.  Tom.  2.  pag.  519. 

Fr.  HEYTOR  PINTO  natural  da  Vil- 
la  da   Covilhãa   em   a   Província   da   Beyra, 


ou  da  Villa  de  Mello  como  conita  do  Ar- 
chivo  da  Univerfidade  de  Coimbra,  foy  hum 
daquelles  famofos  Varoens,  que  ferviraõ  de 
grande  credito  a  eite  Reyno,  e  de  gloriofo 
tymbre  à  Religião  de  S.  Jerónimo  cujo  Sa- 
grado Initituto  profeiTou  no  Real  Convento 
de  Santa  Maria  de  Belém  diitante  huma  le- 
goa  de  Lisboa  a  8  de  Abril  de  1543.  em  as 
mãos  do  Provincial  Fr.  António  do  Tro- 
cifal.  A  primeira  paleitra  dos  feus  eitudos 
Efcolaiticos  foy  o  Convento  da  Coita,  que 
felifmente  continuou  em  a  Univerfidade  de 
Coimbra  pelo  anno  de  15  51.  donde  paííando 
à  de  Siguença  nella  recebeo  as  infignias  dou- 
toraes  em  a  Faculdade  de  Theologia.  Ref- 
tituido  ao  Reyno  como  foíTe  peritiirimo  nas 
linguas  Orientaes  com  que  tinha  penetrado 
as  mayores  dificuldades  de  hum,  e  outro 
Teítamento,  querendo  a  Mageitade  delRey 
D.  Sebaitiaõ  illuitrar  a  Academia  Conimbri- 
cenfe  com  a  doutrina  de  taõ  infigne  varaõ 
creou  a  2  de  Agoíto  de  1575.  huma  Cadeira 
de  Efcritura  da  qual  o  nomeou  Lente, 
e  tomou  poíTe  a  9  de  Agoito  de  1576. 
mandando,  que  foíle  numerado  entre  os 
Doutores  daquella  Univerfidade  fupoito  que 
em  outra  tiveiíe  recebido  o  grão.  Pelo  es- 
paço de  muitos  annos  iluítrou  com  admi- 
rável fubtileza,  e  fumma  profundidade  as 
myiteriofas  fombras  dos  Oráculos  profé- 
ticos de  cuja  interpretação  admirados  os 
mayores  Cathedraticos  fe  confeíTavaõ  dif- 
cipulos  de  taõ  fublime  magiiterio.  A'  ef- 
peculaçaõ  das  fciencias  correfpondia  a  pra- 
ética  das  virtudes  obfervando  com  tal  exa- 
çaõ  os  preceitos  do  feu  initituto,  que  fervia 
de  exemplar  aos  domeiticos,  de  veneração 
aos  eitranhos.  Todo  o  tempo,  que  va- 
gava do  eitudo  o  confumia  na  contem- 
plação da  eternidade.  Com  judiciofa  dif- 
pofiçaõ  era  fummamente  fevero  para 
comfigo,  e  exceifivamente  benévolo  pa- 
ra os  fubditos,  ou  foíle  quando  exerci- 
tou o  lugar  de  Reytor  do  CoUegio  de 
Coimbra    no    anno    de     1565.    ou    quando 


428 


BIB  LIO  THE  C  A 


governou  a  fua  Gjngregaçaõ  fendo  Provin- 
cial no  anno  de  1571.  Como  fempre  pro- 
feflaíTe  incorrupta  fidelidade  para  os  Prín- 
cipes Portuguezes  defendeo  acerrímamentc 
o  direito,  que  o  Senhor  D.  António  filho 
do  SereniíTimo  Infante  D.  Luiz  tinha  a  efta 
Coroa,  e  querendo  Filippe  Prudente  livrarfe 
de  hum  taõ  forte  Antegonifta  o  levou  em 
fua  companhia  para  Madrid  quando  voltava 
de  Portugal,  com  o  pretexto  honorifico  de 
fcu  Confultor  em  os  negócios  mais  graves. 
Ao  entrar  naquella  Corte  diífe  com  apof- 
tolica  liberdade:  E/Rey  Filippe  bem  me 
poderá  meter  em  Caftella,  mas  Caftella  em 
mim  he  impojftvel.  Reclufo  em  o  Convento 
dos  Religiofos  leronimos  de  Sysla  fituado 
fora  dos  muros  da  Cidade  de  Toledo  aca- 
bou a  vida  em  o  anno  de  1584.  com  fofpeita 
de  veneno,  que  lhe  mandou  dar  a  ambiciofa 
impiedade  de  Filippe  Prudente  como  ef- 
creve  o  Senhor  D.  António  na  carta,  que 
mandou  a  Gregório  XIII.  efcrita  em  Fran- 
cez,  e  traduzida  em  latim  por  Oâavio  Syl- 
vio  Cavalheiro  Romano  da  qual  temos  hum 
exemplar.  llle  tamen  fuperhorum  militum 
fidei  comijfus  fuit  in  Caftellam  deduãus,  (ò" 
in  vincula  conjeãus  ubi  non  fine  verifimili  ve- 
neta Jujpiàom  e  médio  Jublatus  efi.  Jaz  fe- 
pultado  no  clauftro  antigo  chamado  dos 
Santos,  e  fobre  a  Campa  fe  lhe  gravou 
efte    enfático    Epitáfio. 

Hic  jacet  Heãor  l^ufitanus  tile. 

Mais  digno  de  taõ  grande  varaõ  foy 
o  que  lhe  compoz  o  Padre  André  Scoto  hib. 
Hifpan.  pag.  525.  neíla  forma. 

hufiadum    Te    Pinte    decus    quin    Heãora    di- 
tam? 

Non  ferro,    at    verbi  fortis   es    eloquio. 
Iliacos  circum  muros  rapit  Heãora  Acbilles. 
Te  fidei  traxit  Zelus,  amor  que  Dei. 
Entre   os  infignes   Religiofos   da   Ordem 
de    S.    leronimo,    que    eftaõ    retratados    na 
Livraria   do   Real   Convento   de   Belém  eftá 
o    feu    Retrato    animado    com   eftes    Verfos 
compoftos   por   Fr.   Diogo   de   lefus. 
Fortis    ut    Antaus   pátria    removeris    ab    urbe 
Heãor,     vive     domi     vincere     morte    foris. 
Publicus  at   Cathedra  Jocios   in    munere   vincis, 
Qua  fuerat  tanto  jure  crtata  viro. 


Ao  feu  nome  dedicaõ  graviíTimos  Ef- 
critores  merecidos  aplaufos  como  faõ  Ni- 
col.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  430. 
col.  I .  Hunc  locum  ( falia  da  Cadeira  da 
Univerfidade )  magta  cum  doãrina,  erudi- 
tionis,  atque  eloquentia  laude  fuftinuit.  loaõ 
Pinto  Ribeyro  "Lufir.  ao  Det^emb.  do  Pafo 
cap.  I.  n.  8.  Galhardo  Português^.  Guillielm. 
Eyfagrein  Cathal.  Tefi.  verit.  Vir  (ÍT  mori- 
bus,  çir  doãrina  clarus,  Philofophus,  e^  Ora- 
ior,  infignis  Theologus,  Sacrarum  legum  exer- 
ntatijftmus.  Macedo  l^fit.  Libera/,  lib.  2. 
cap.  2.  n.  13.  cu/us  /cripta  ofiendunt  autbo- 
ris  claritatem.  Fr.  Thom.  de  Faria  Decai  i. 
lib.  10.  cap.  3.  vir  fuit  fane  integer  vita, 
€>•  magno  animi  fenfu,  quem  nulla  potuerunt 
pramia,  nulla  item  detrimenta,  (&  perfecutio- 
nes  demoliri.  Brandão  Mon.  Ljdfit.  Part. 
6.  liv.  19.  cap.  15.  Grande  Portuguei^  e  na 
Dedicatória  da  5 .  Part.  da  Mon.  Lufit.  O  grande 
Heytor  luufitano.  Bonucd  Iftoria  de  la  Vit. 
dei  Ké  D.  Alfonfo  Anriq.  liv.  5.  cap.  10. 
celebre  in  tuta  la  republica  literária  per  gli 
eruditi  volumini  che  há  dato  in  luce.  Fr.  Ber- 
nard.  da  Sylv.  Defenf.  da  Mon.  Lufit.  Part.  1. 
cap.  10.  doutijftmo,  e  de  fumma  authoridade. 
Scoto  Hifp.  Bib.  pag.  524.  Sanãa  lin^ue 
non  iffiarus  fuit,  neque  gracarum  literarum 
rudis:  latino  vero  fermone  fupra  Theologum 
facundus.  Lelong.  Bib.  Sacra  pag.  mihi 
907.  col.  1.  Trium  linguarum  peritum.  loan. 
Soar.  de  Brit.  Theatr.  Ijufit.  Uterat.  lit.  H. 
n.  I.  Vir  lufitana  eloquentia,  morumqm 
urbanitate  celebratifftmus ,  in  hebraa,  gnecã- 
que  linffia  valde  peritus.  Sixtus  Scncnf. 
Bib.  Sana.  lib.  4.  intitula  aos  Commenta- 
rios  em  Ifaias  nitida,  <&  culta.  Fr.  Ludov. 
a  D.  Franc.  in  Proacm.  Gan.  e^  Arctm. 
Egregius  Mafffier.  Fr.  Francifco  da  Nativi- 
dade L>enit.  da  dór  Prolog,  pag.  16.  n.  15. 
o  Portuguev^  Heytor  dos  Expofitores,  e  pag. 
204.  n.  186.  infigne.  Fr.  Francifco  dos  San- 
tos Hifi.  de  la  Ord.  de  S.  Jeron.  lib.  5. 
cap.  69.  Heãor  verdaderamente  fin  Acbilln 
invencible  en  el  i^elo  de  la  fé,  de  la  obfervast- 
cia  incontrafiable  en  la  doãrina,  efplendor\ 
grande  de  la  Univerfidad  de  Coimbra,  y\ 
de  todo  el  Reyno  Lufitano.  Imbonati  Bib, 
Lat.  Heb.  pag.  68.  Hallevordio  Bib. 
Curiofa.    p.    121.    col.    i.     Poíícvino    Appa- 


i 


LUSITANA.  429 

Tãf.     Sacer.     Tom.     i.     pag.     719.      Com-  as    partes    Lisboa   por    Simaõ    Lopes    1595. 

po2.  &   ibi   por   Miguel  Manefcal    1681.    4.     Sa- 

In  IJaiam   Vrophetam   Commentaria.     Lug-  hio    efta    obra    traduzida    por   hum   erudito 

<luni  apud  Theobaldum  Paganum  1561.  foi.  Francez.     Lugdxmi    1590.    2,    Tom.    &    Co- 

Antuerpias.   1567.  8.    Colónias  apud  viduam,  lonias      apud      loannem      Crythium.      1609. 

&  hasredes  Joannis  Stelii.   1572.  4.    Salman-  12.    &    ibi    1616.    4.    e    ultimamente    no    4. 

ticas   apud   loannem   Canova.    1581.    foi.    &  Tomo    in  foi.   da  impreíTaõ  de  Pariz  apud 

Antuerpiae    per    Petrum    Bellerum    1584.    8.  Michaelem    Sonnium    161 7.    da   qual   fe   fez 

In     Ej(echielem     Prophetam     Commentaria.  aíTima    mençaõ,    onde    o    traduâor    em    o 

Salmanticae    apud    loannem    Canova.     1568.  Prologo     efcreve     as     feguintes     palavras. 

foL     Antuerpiae     apud     Petrum     Bellerum  Neminem    ego    tam    alienum    ab    omni    huma- 

1570.    8.      Salmanticae    apud    Mathiam    Ga-  nitate  exifiimo,  ut  non  ultro  fateatur  vix  quem- 

Ihies    1574.      Lugduni    apud    Joannem    Ja-  quam    hoc    noftro  Jaculo    extitijfe,    cui    ingenio, 

<:obi    Juntas    filiam    1581.    4.    &    ibi    apud  d^    indtiftria  plus   creverit  facrarum    litterarum 

Rovillios    15  81.   4.    &   ibi  apud   Stephanum  Jludium   inter   eives  Juos,    quàm   doãijjimi   illius 

Michaelem      1584.      &      Coloniac     Agripinac  viri   Fr.    Heãoris    Pinti.     llle   renajcentes   tum 

-apud    loannem    Crythium.     161 5.    4.  in      Conimhricenfi     A.cademia      bonas     litteras 

In  divinum    Vatem  Danielem   Commentaria.  primam    excepit,    fummis    vigiliis,    (ò"    labori- 

■Conimbricae  apud  Didacum  Gomes  de  Lou-  bus    ter/as,     omatas,    expolitas    eò    evexit,    ut 

leifo   1579.   foi.   Venetiis    1583.   4.     Coloniac  cum    varia    aliarum     regionum     eruditione,     & 

•ex  Officina  Birckmanica  1582.  8.    Antuerpiae  multiplici     elegantia     Academia     illa     l^ufitana 

apud  Petrum  Bellerum  1595.  8.  poff^^    certare.      Confirmant   juditium    nofirum 

In      Danielem,      hamentationes      Hyeremia,  cum    alia    non   pauca,    qua    ad   noftram    inda- 

<íy    Nahum    Colónias    ex    Officina    Birckma-  ginem    non    venerunt,     aut    in  fcriptis    ejus 

nica.  1582.  8,  Adverfariis   baferunt  ab   illo   doai  J/ima  [cripta 

Todos   eíies  Commentos  em  que  depois  volumina;    tum    injigne    hoc    moralium    Dialogo- 

<le   explicar   o   fentido   litteral   acrecenta  no  rum     opus     quo     vulgari     hnjitanorum     lingua 

fim  de  cada  capitulo  doutiíTimas  Notas  ex-  nullum  fere    nojlra    memona   prodiit    eruditius, 

trahidas    dos    Originaes    Hebraico,    Caldaico,  ^     politiorum     dijciplinarum    fiudiojis    utilius, 

«  Grego,  fahiraõ  em  hum  volume.    Conim-  cujus  eximia  pietate,   «^  eruditione  diíãi  multi 

bricas  apud  Antonium  Maris  1579.  foi.    Lug-  muJtis     idiomatibus     traduãum    fubinde     edide- 

dimi  apud  Bartholamaeum  Honoratum  1584.  runt.     Efta   obra   dos   Diálogos    foy   vertida 

foi.  3.  Tom.  &  ibi  mais  addicionados  apud  na  lingua  Caftelhana.  Madrid  por  Pedro  Cufea 

Joannem  Veyratum  1590.  foi.    Ultimamente  1572.    4.     Medina    dei    Campo    por    Benito 

Lutetiae  Parifiorum  apud  Michaelem  Sonnium  Boyer,    e    Domingo    de    Saraguay    1573.    4. 

1617.  foi.  4.  Tom.  Contem  o  i.  Commentaria  Salamanca  por  Gafpar  de  Portonareis  1576.  4. 

in  IJaiam,   (ò'    Threnos.    2.    in   Es^echielem.    3.  Saragoça   por   Pedro    Sanches    de    Efpilleta. 

in  Danielem,  (ò"  Nahum.  4.  os  diálogos  tradu-  1577.  4.    Alcala  por  luan  Gracian  1592.   2. 

zidos  em  Latim.  Tom.     Na   lingua   Franceza   por   Guilherme 

Imagem     da     Vida     Chrifiãa.     confta     de  de  Curfol  com  efte  titulo. 

6.     Diálogos     o     I.    da     Verdadeira    Filo/o-  Image    de    la    vie    Chrifiiene,    ou    la    urofe 

fia   z.   àsi.   Keliffaõ   3.    da  Jujiiça.   4.   da    Tri-  Philofophie,    <&    Keligion    entre    les    Chriftiens. 

bulaçaõ.     5.    da     Vida  folitaria.    6.    da    Me-  Pariz    Chez    Guillielme    Chaudiere.    1580.    i. 

moria   da   morte.    i.    Parte    Lisboa    por    An-  Tom.    e    o    2.    Lion    1593.    16. 

tonio    Alvares.    1572.    8.  Na  lingua  Italiana  traduzida  por  Fr.  Za- 

Parte     2.      Confta     de     5.     Diálogos     i.  charlas    de    Lisboa    Religiofo    Capuchinho, 

<íÍ2     Tranquillidade    da    vida.     2.     da    difcreta  que    o    dedicou    ao    Sereniífimo    Raynucio 

ignorância.    3.    da    verdadeira    amis^adt.    4.    das  Famefe  Principe  de  Parma,  e  Placencia.    Ve- 

<au:(as.    5.   dos  verdadeiros,   e  falfos  bens.     Lis-  netia  por  Erafmo  Viotto.    1594.  4.   2  Tom. 

boa    por    loaõ    Barreira.    1572.    8.     Ambas  &    ibi    por    Nicolao    MiíTerino.     1594.    4- 


43o 


BIBLIO THE  CA 


Commentaria  in  primos  decem  Davidis  Pfal- 
mos.  Começaõ.  Solent  virí  fapientes.  M.  S.  4. 
Conferva-fe  na  Livraria  do  Convento  de 
S.  Francifco  de  Lisboa.  Deixou  compoftos 
ODmmentarios  fobre  todos  os  Profetas  Me- 
nores de  que  fomente  fe  imprimirão  ao  Pro- 
feta Nahum,  os  quais  como  efcreve  nos 
feus  Ferculos  Fr.  Diogo  de  lESUS  Religiofo 
leronimo  de  quem  fe  fez  memoria  em  feu 
lugar,  fe  confervaõ  M.  S.  no  Convento  de 
NoíTa  Senhora  do  Efpinheiro  junto  da  Ci- 
dade de  Évora. 


HEYTOR  RODRIGUES  natural  de 
Lisboa,  celebre  profeíTor  da  lurifprudencia 
Cefarea  de  cuja  Faculdade  foy  Lente  primá- 
rio pelo  efpaço  de  vinte  annos  em  a  Univer- 
íldade  de  Coimbra  onde  regentou  a  Cadeira 
do  Código  de  que  tomou  poíTe  a  28  de  No- 
vembro de  1543.  e  do  Digefto  Velho,  a  27 
de  Setembro  de  1546.  e  a  de  Vefpora  a  20 
de  Dezembro  de  1559.  que  levou  por  oppofi- 
çaõ  tendo  por  contendor  o  iníigne  Pedro  Bar- 
bofa.  Sendo  pequena  esfera  para  a  grandeza 
do  feu  talento  huma  fó  Academia,  illuftrou 
com  a  profúda  interpretação  das  Leys  Impe- 
riaes  a  de  Salamanca  fubftituindo  na  Cadeira 
de  Prima  ao  noflb  Ayres  Pinhel,  fobejando 
para  credito  do  feu  magiílerio  fer  feu  difci- 
pulo  o  doutiíTimo  Francifco  de  Caldas  Pereira 
por  tempo  de  finco  annos,  a  cuja  memoria 
em  remuneração  da  doutrina,  que  delle  rece- 
bera em  Salamanca,  dedica  nas  fuás  obras 
grandes  Elogios  fempre  inferiores  à  fubtil 
penetração  de  taõ  infigne  Meílre  intitulan- 
do-o  na  L.  fi  Curai,  habens.  verb.  Lacfis.  n.  47. 
§.  quo  circa  excelji  ingemi  Papinianiis  &c  verb. 
Contraãum  fecijli.  n.  38.  Clarijftmum  omnium 
quos  noftra  vidit  atas  &  Oper.  Emphyteut. 
Part.  4.  cap.  10.  n.  30.  Prajlantijftmus.  & 
Part.  I.  Quacft.  i.  n.  55.  doíiiftmus,  (&  excel- 
lentijftmus  Jurisfconfultos.  &  ibi  Quseft.  12. 
n.  56.  infignis.  Semelhantes  louvores  lhe 
daõ  Macedo  Tlor.  de  Efpan,  cap.  8.  cx- 
ccl  9.  Mend.  à  Caftr.  Praíi.  Luftt.  lib.  3. 
cap.  15.  n.  6.  c  na  L.  Cum  oportet  de  honij- 
que  líber.  1.  Part.  à  n.  61.  Carvalho  ad  cap. 
Puvfnaud.  Part.  4.  n.  61.  Ainda  vivia  no 
anno    de     1577.    como    confta    de    muitos 


eftudantes,  que  vinhaõ  incorporar-fe  na. 
Univerfidade  de  Coimbra  havendolhe  con- 
ferido os  grãos  de  Bacharéis  como  Lente 
de  Prima  em  Salamanca  onde  falleceo  na, 
proveéla  idade  de  80  annos.  As  Poítíl- 
las,  que  diftou  em  as  Univerfidades  de 
Coimbra,  e  Salamanca  fobre  vários  Tí- 
tulos de  Direito  fendo  dignilTimas  da  luz 
publica  a  naõ  lograrão,  infortúnio,  que 
com  elegantiíTimas  expreflbcns  lamentou 
feu  grande  difcipulo  Francifco  de  Caldas 
Pereira  na  L.  Si  Curatorem.  Verb.  iMJit. 
n.  47.  Nulla  hujus  eximii  Pracepíoris  /cripta 
remanferunt,  cum  tamen  plura  edere  potuijfet, 
qua  manibus  doãijftmorum  hominum  fumma 
cum  laude  circumferrentur ;  et  Ji  quo  Junt  ea 
Jervantur  in  Schedis  apud  clarijftmos  filios^ 
qui  pro  fua  induftria  diu  apud  fe  tam  opu- 
lentos jurifprudentia  Thev^auros  non  oculta- 
bunt,  fed  in  commune  omnium  utilitatem 
multo  fanore  cumulatiores  nobis  exhibebunty 
(Ò"  aperient,  ut  illius  viri  ingenii  perfrua- 
mur. 


HEYTOR  DA  SYLVEYRA  filho  de 
Bernardim  da  Sylveira  Senhor  de  Sobreira 
Fermofa,  e  de  D.  Ignez  de  Almeyda  fi- 
lha de  Bernardim  de  Almeyda,  e  D.  Guio- 
mar Freyre.  Para  fer  imitador  das  açoens 
heróicas  de  feus  Mayores  partio  para  a 
índia  no  anno  de  1561.  onde  experimentou 
fortuna  taõ  infauíla  aos  feus  aumentos, 
que  chegou  a  padecer  os  efeitos  da  ultima 
neceíTidade.  Nefte  tempo  contrahio  ef- 
treita  amizade  com  o  Principe  da  Poezia 
Épica  o  grande  Camoens  fendo  hum  dos 
convidados  daquelle  graciofo  convite,  que 
eftá  nas  fuás  Rimas,  c  o  trouxe  em  fua 
companhia  no  anno  de  1569.  quando  vol- 
tou para  o  Reyno  de  que  faz  memoria. 
Manoel  de  Faria,  e  Souza  Afia  Portag. 
Tom.  2.  Part.  3.  cap.  4.  §.  15.  Cazou  com 
D.  leronima  de  Menezes  filha  de  D. 
Luiz  de  Menezes  de  quem  naõ  teve  fu- 
ceíTaõ.  Foy  infigne  Poeta  como  confia 
daquelles  Verfos  cfcritos  ao  Conde  de 
Redondo  Vicerey  da  índia  cm  que  lhe 
pedia  remédio  para  a  opreíTaõ  cm  que 
cftava,    cujo    principio    he    o    feguintc. 


L  USITAN A, 


43 1 


Vojfa  Senhoria  crea 

Que  naõ  apura  o  engenho 

Fome  fe  he  como  a  que  tenho 

Mas  a  fra^e  acorta  a  vea. 
Eftaõ  impreflbs  nas  Rimas  de  Camoens  o 
ij    <]ual    lhe   acrecentou   eftas    duas    Quintilhas. 

Nos  doutos  livros  fe  trata 

Que  o  grande  Achiles  injano 

Deu  a  morte  a  Heytor  Trqyano 

Mas  agora  a  fome  mata 

O  noffo  Heytor  L^fitano. 

Só  ella  o  pode  acabar 

Se  ejfa  vojfa  condição 

LiberaJ,  e  fingular 

Naõ  mete  entre  elles  bajlaõ 

Baflante  para  o  fartar. 
No  Cancioneiro  de  Pedro  Ribeiro  ef- 
crito  no  anno  de  1577.  cujo  Original  fe 
■conferva  na  Livraria  do  Excellentiflimo 
Duque  de  Lafoens  eílá  hum  Soneto  de 
Heytor     da     Sylveira,     que     começa. 

Thefeu,   Thefeu,  e  por  Thefeu  perdida.   &c. 

D.  HELENA  DA  PAZ  cuja  pátria, 
€  Pays  fe  ignoraõ.  Foy  dotada  de  fubli- 
me  efpirito  para  a  Poezia,  que  cultivou 
<x)m  afluência,  e  difcriçaõ  fumma,  como 
publicaõ  os  feus  Verfos  impreíTos  no 
livro  intitulado  Aplaudo  Gratulatorio  de 
la  infigne  Bfcuela  de  Salamanca  ai  llluflriffimo 
Senor  D.  Francifco  de  Botja,  y  Aragon. 
Barcelona  por  Sebaftian  de  Gjrmellas 
fem  anno  de  impreíTaõ.  Como  celebre 
Mufa  do  ParnaíTo  Portugue2  a  celebra 
o  Padre  António  dos  Reys  Enthuf.  Poetic. 
n.  279. 

Succinta  virenti 

Pax  olèa,   Lufis  mérito  jungenda   Poetis 
AJfidet,    inque    choro   I^íufarum   accepta   libentes 
Phabaas     attres     experta     efl,     Bórica    faãa 
Dum  canit. 


D.  HELENA  DA  SYLVA  defcen- 
dente  da  nobre  familia  dos  Falcoens,  e 
Religiofa  em  o  Ciftercienfe  Convento  de 
Cellas  junto  a  Coimbra  cujo  habito  vef- 
tio  por  iníinuaçaõ  do  feu  mellifluo  Pa- 
triarcha  a  quem  dedicou  com  tal  exceflo 
o    feu    coração,    que    todas    as    ve2es,    que 


via  a  fua  Imagem,  ou  ouvia  o  feu  no- 
me fe  arrebatava  em  fuaves  extaíis  como 
querendo  voar  para  o  centro  dos  feus 
temiíTimos  afeftos.  Para  triunfar  das  fu- 
geftoens  do  efpirito  infernal  naõ  houve 
género  algum  de  mortificação,  que  naõ 
uzaíTe  chegando  muitas  vezes  a  exceíTo  a 
tyrania  com  que  macerava  o  corpo.  Con- 
tinuamente meditava  em  os  dolorofos 
myílerios  da  Payxaõ  de  Chrifto  corref- 
pondendo  com  lagrimas  copiofas  ao  fangue, 
que  no  Pretório,  e  Calvário  derramou  o 
divino  Redemptor.  Superiormente  lhe  foy 
patente  o  campo  de  Alcácer  em  que  a  4.  de 
Agoílo  de  1578.  agonizou  com  o  feu  Prín- 
cipe a  Monarchia  Portugueza,  cuja  deplo- 
rável derrota  revelou  com  finaes  de  pene- 
trante fentimento  a  algumas  Religiofas.  Cumu- 
lada de  heróicas  virtudes  partio  a  receber 
do  feu  inmiaculado  Efpozo  o  merecido 
premio  a  28  de  Mayo  do  anno  de  1590. 
Teve  natural  génio  para  a  Poezia  cujo 
enthufiafmo  fanétificou  com  a  obra  feguinte. 
Poema  a  la  Pajfion  de  Chrijlo  o  qual  co- 
mo efcreve  Fr.  Bernardo  de  Brito  Chron.  de 
Cifl.  liv.  6.  c.  34.  he  compofto  por  alto  eflilo, 
e  lindo  modo  de  conjideraçaõ.  Souza  de  Mace- 
do Flor.  de  Efpan.  cap.  8.  excel.  11.  igualando 
en  el  ajfumpto,  y  ingenio  la  famofa  Imperatriz 
Athanais,  o  Eudoxia,  que  de  los  Verfos  de  Ho- 
mero compufo  la  vida  de  Chrifio,  y  la  celebre  Ro- 
mana  Proba  Falconia,  que  de  los  de  Virgílio 
bi!(p  lo  mifmo.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  2. 
pag.  344.  col.  2.  facri  carminis  perita  in  pau- 
cis  artifex.  Entre  as  Mufas  Portuguezas  he 
collocada  pelo  Padre  António  dos  Reys. 
Enthuf.  Poet.  n.  zj^. 

Sjlva      Redemptoris     pendentis      ah      arbore 

mortem 
Flet  gemebunda  fui    trifli    modulamine    nar- 

rans 
Qualiter  occulto  fubitá  caligine  fole, 
Noluerit  micuijfe  Ses,  et  terra  fatifcens 
Reddiderit  vivos,  quos  abdidit  ante  fepultos 
Saxaque    confixi    Domini    ceu  Jata    dolerent 
Vulnere  fe  crebro  lacerarint. 
Fazem     também     delia     illuftre     memo- 
ria    Fr.     Chrifoft.     Henriq.     Menoi.     Ciflerc. 
ad   diem    18.    AL///.    &    in    Cathalog.    Sana. 
Ord.    cap.    7.    pag.    470.      Cardozo    A^ol. 


432 


BIB  LIO  THE  CA 


LmJíí.  Tom.  3.  pag.  453.  e  pag.  441.  no  G>- 
mcnt.  de  28.  de  Mayo  letr.  E.  Fr.  Franc.  da 
Nativid.  henit.  da  Dor.  pag.  310.  Fonccca 
Bjoora  Glorio/,  pag.  415.  onde  a  faz  natural 
de  Évora,  e  Religiofa  em  o  Convento  de 
S.  Bento  de  Caílris  onde  nunca  aíTiílio  por 
fer  de  Religiofas  Benedi£Hnas,  e  ella  ter 
profeíTado  o  inílituto  Ciftercienfe  em  o  Qon- 
vcnto  de  Cellas. 

D.  HELENA  DE  TÁVORA.  Teve 
por  berço  a  Cidade  de  Lisboa,  e  por  pro- 
genitores a  LuÍ2  Francifco  de  Oliveira,  e 
Miranda  Senhor  dos  Morgados  de  Oliveira, 
e  Patameira,  e  D.  Luiza  de  Távora  filha  de 
Álvaro  Pires  de  Távora  Senhor  do  Morgado 
de  Caparica,  e  D.  Maria  de  Lima  filha  de  D. 
Lourenço  de  Lima,  e  Brito  outavo  Vifcon- 
de  de  Villanova  de  Cerueira.  Os  dotes, 
que  lhe  concedeo  benéfica  a  natureza  aug- 
mentados  com  a  eftudiofa  aplicação  da  Poe- 
2Ía,  intelligencia  das  Fabulas,  e  liçaõ  da 
hiftoria  a  fizeraõ  celebrada  entre  as  Damas 
da  Corte  Portugueza  diílinguindo-fe  de 
todas  menos  pelo  efplendor  do  nacimento, 
que  pela  delicadeza  do  juizo.  Defpo- 
zada  com  Henrique  de  Carvalho,  e  Souza 
Provedor  das  obras  do  Paço  continuou 
no  eftado  conjugal  o  comercio  familiar 
das  Mufas,  que  fempre  experimentou 
propicias  às  fuás  compofiçoens  métricas. 
Por  morte  de  feu  efpofo  fe  dedicou  com 
tal  vigilância  à  educação  de  feus  filhos, 
que  pelo  largo  efpaço  de  quatorze  annos 
naõ  fahio  de  Caza,  cuja  claufura  fantificou 
retirando-fe  para  o  exemplariíTimo  Con- 
vento de  NoíTa  Senhora  da  Conceição 
de  Marvilla  da  Ordem  de  Santa  Brígida 
onde  fem  o  vinculo  dos  votos  pra£ticou 
exaâamente  os  preceitos  defte  fagrado 
inílituto.  Para  eternos  monumentos  da 
fua  piedofa  magnificência  ornou  os  Alta- 
res da  Igreja  com  preciofos  ornamentos, 
e  primorofas  peflas  de  ouro,  e  prata,  e  no 
Clauílro  para  onde  tinha  conduzido  agua 
nativa,  edificou  huma  Capella  dedicada  a 
Chriílo  com  a  Cruz  às  coílas.  Falleceo 
com  fumma  piedade  a  6  de  Agofto  de  1720. 
Jaz  fepultada  no  Coro  como  Bemfeitora 
de  taõ  illuftre  Comunidade  fervindo-lhe   de 


Epitáfio  a  memoria  de  fuás  virtuofas  açoens. 
Compoz  com  igual  elegância,  que  dif- 
criçaõ. 

Vários    Ver/os.   4.    Tomos.   4.   Aí.   S. 

Sendo  dignos  da  luz  publica  perfuadida 
de  hum  heróico  defengano  os  reduzio  a  cin- 
zas naõ  fendo  eficazes  as  deprecaçoens  de 
muitas  Religiofas  para  que  fe  falvaíTem  defte 
voluntário  incêndio.  Acabarão  todos  os  Ori- 
ginaes  ( como  efcreve  o  author  do  Theatr. 
Heroin.  Tom.  2.  pag.  488.  )  no  fogo,  mas  baftaõ 
os  tref lados  de  algumas  obras,  que  fobreviveraõ 
ao  ejlrago  para  viver  na  pojleridade  em  feus 
efcritos. 

D.  HELIODORO  DE  PAYVA  na- 
tural de  Lisboa  filho  de  Bartholomeu  de 
Payva  Guarda  roupa  delRey  D.  Joaõ  o  IIL 
e  Vedor  das  Obras  do  Reyno  como  efcreve 
Francifco  de  Andrada  na  fua  Chronica  Part.  i. 
cap.  2.  e  de  Filippa  de  Abreu  Ama  de  peito 
do  mefmo  Monarcha.  Ainda  naõ  excedia 
a  idade  juvenil  quando  feus  Pays  o  man- 
darão efl^dar  no  Real  Convento  de  Santa 
Cruz  de  Coimbra  onde  igualmente  apren- 
deíTe  as  fciencias,  e  virtudes  de  que  eraõ 
infignes  cultores  os  feus  Religiofos,  e  com 
tal  afeâo  fe  inclinou  ao  inftituto  canónico 
Auguftiniano,  q  deixando  as  efperanças  do 
feculo  fundadas  em  fer  collaço  delRey  D. 
Joaõ  o  IIL  recebeo  o  habito  para  fer  hum 
dos  grandes  ornatos  de  taõ  illuftre  Con- 
gregação. A  natureza  o  dotou  beneficamente 
de  engenho  penetrante,  e  aguda  compre- 
henfaõ  parecendo,  que  lhe  foraõ  mais  infii- 
fas,  do  que  adqueridas  pelo  eftudo  de  diver- 
fas  Faculdades  em  que  fahio  peritiíTimo. 
Depois  de  diâar  as  fciencias  Efcolafticas  em 
que  admirou  a  fua  fubtileza,  querendo  in- 
veftigar  os  arcanos  da  Sagrada  Efcritura 
aprendeo  as  linguas  Grega,  c  Hebraica,  e 
nellas  fe  fez  taõ  verfado,  que  as  efcrevia, 
e  fallava  com  a  mefma  facilidade  que  a  ma- 
terna. Ao  tempo,  que  no  Convento  de 
Santa  Cruz  eftava  explicando  aos  domef- 
ticos  os  Aftos  dos  Apoftolos,  e  as  Epif- 
tolas  de  S.  Paulo,  movido  da  fua  fama  o 
foy  vizitar  Luiz  Lipomano  Bifpo  Vero- 
nenfe  Núncio  nefte  Reyno  da  Santidade 
de    Paulo    III.     Varaõ    muito    celebre    cm 


L USITANA 


433 


a  interpretação  das  Efcritiiras,  e  com  a  fa- 
miliaridade de  D.  Heliodoro  le  aproveitou 
de  muitas  noticias  com  que  ornou  a  Caiena, 
que  compoz  fobre  o  Genejis.  Sendo  íingu- 
lar  o  feu  talento  em  as  fciencias  Severas  o 
naõ  foy  menos  admirável  em  as  Artes  Li- 
beraes.  Pintava  excellentemente,  e  efcre- 
via  todo  o  género  de  letras  com  tanto  pri- 
mor, que  pareciaõ  debuxadas.  Foy  infigne 
na  arte  da  Muíica  aíTim  praâica,  como  efpe- 
culativa  compondo,  e  cantando  fuavemente 
ao  compaço  do  Orgaõ,  Qaviorgaõ,  Viola 
de  arco,  e  Harpa,  que  deílramente  tocava 
de  cuja  armonica  conionancia  arrebatados 
os  mais  celebres  profeíTores  defta  Facul- 
dade o  aclamavaõ  por  Orfeo  daquelle  fe- 
culo.  Todos  eíles  dotes,  que  em  outro  ef- 
pirito  podiaõ  influir  defvanedmento  lhe 
ferviaõ  de  manifeílar  mais  a  modeília  de  feu 
animo,  e  abatimento  da  fua  peííoa  de  tal 
modo  que  querendo  ElRey  D.  loaõ  o  III. 
premiar  os  feus  merecimentos  com  alguns 
Bifpados,  que  lhe  ofiFereceo,  fempre  fe  excu- 
fou  com  decorofos  pretextos  naõ  fomente 
de  taõ  alta  dignidade,  mas  ainda  de  aíTiítir 
em  Lisboa,  como  lho  iníinuou  o  mefmo 
Monarcha  na  ocaíiaõ,  em  que  hindo  vizitar 
a  Univeríidade  de  Q)imbra  no  anno  de  1550. 
fe  hofpedou  no  Real  G^nvento  de  Santa 
G112.  Cheyo  mais  de  açoens  virtuofas,  que 
de  annos  paíTou  da  vida  caduca  para  a  eterna 
a   20   de   Dezembro   de    1552.     Qjmpoz. 

'Lexicon  Gracum,  (ir  Hebraicum.  Conim- 
bricae  in  Monafterio  Sanébe  Cnicif.  1532. 
foL  Foy  dedicado  a  ElRey  D.  loaõ  o  III. 
como  diz  D.  Nicol.  de  Santa  Maria  Chron. 
dos  Coneg.  Ke^ant.  liv.  1.  cap.  12.  n.  9. 

Mijfas,  Maffiifkas,  e  Motetes  de  varias 
vof^es.  M.  S. 

D.  HENRIQUE  quinta  produção  do 
fecundo  thalamo  dos  Sereniflimos  Mo- 
narchas  D.  Joaõ  o  I.  e  D.  Felippa  na- 
ceo  em  a  Gdade  do  Porto  a  4  de  Mar- 
ço de  1394.  Q)mo  a  natureza  cegamen- 
te lhe  negou  fer  herdeiro  do  Scetro  de 
feu  Pay  o  quiz  fer  do  feu  valor  conceben- 
do defde  os  primeiros  annos  efpiritos  taõ 
heróicos,  e  militares,  que  parece  fe  ani- 
mava o  feu  coração  com  o  beUico  furor 
28 


de  Marte  de  que  foy  gloriofo  preludio  a 
empreza  de  Ceuta  em  cuja  famoza  expedi- 
ção authorizada  com  a  prezença  de  feu  au- 
gufto  Pay,  o  Conde  de  Barcellos  feu  irmaõ, 
e  o  clariflimo  Heroe  D.  Nimo  Alvres  Pe- 
reira foy  o  primeiro,  que  faltou  em  terra, 
e  entrou  a  Gdade  feguido  de  poucos,  e  co- 
metido de  muitos  onde  com  o  braço  e  com 
a  vóz  rebateo  o  impulfo  dos  bárbaros,  exce- 
dendo o  numero  das  açoens  heróicas  ao 
dos  annos,  que  naõ  paíTavaõ  de  vinte,  e  hum. 
Segunda  vez  paíTou  à  Africa  em  companhia 
de  feu  Irmaõ  o  Infante  D.  Fernando  com 
o  religiofo  intento  de  dilatar  a  Fé,  e  opri- 
mir aos  feus  Antegoniílas,  e  ainda,  que  o 
efeito  naõ  correfpondeo  à  piedade  da  cau- 
za,  fempre  confeguio  a  fama  de  iníigne  Ge- 
neral. Ao  exerdcio  das  armas  unio  o  das 
letras  deixando  indecifa  a  poíleridade  fe  na 
paleílra  de  Minerva,  ou  de  Bellona  mere- 
ceo  mayor  Coroa.  Como  tiveíTe  aplicado 
o  feu  agudo  talento  à  efpeculaçaõ  das  Difci- 
plinas  Mathematicas,  e  revolveíTe  na  Gran- 
deza de  feu  animo  generofas  emprezas  fe 
retirou  do  tumulto  da  Corte  para  a  ViUa  de 
Sagres  íituada  em  o  Reyno  do  Algarve  onde 
com  mayor  tranquilidade  cultivaíTe  os  eíhi- 
dos,  e  defcubriíTe  a  vaíla  extenfaõ  do  Ocea- 
no, cuja  vilia  lhe  excitou  o  heróico  intento 
de  defcubrir  novos  mares,  e  novas  terras 
para  mayor  extenfaõ  defta  Monarquia.  Im- 
pellido  de  taõ  nobre  idea  expedio  vários 
Argonautas  inftrtiidos  pelo  feu  diâame  para 
inveftigar  mares  nunca  cortados  de  alguma 
quilha  confeguindo  pela  fua  incanfavel  in- 
duftria,  e  prudente  direção  defcubrir  trezen- 
tas, e  fetenta  legoas  de  Cofta,  que  correm 
do  cabo  Bojador  até  Serra  Leoa  alem  das 
Ilhas  fertiliífmias  do  Oceano  de  que  foraõ 
venturofas  primicias  Porto  Santo,  e  Ma- 
deira, fendo  o  primeiro  Author,  e  inftru- 
mento  de  que  domado  o  orgulho  do  Ocea- 
no, domefticada  a  ferocidade  de  varias  na- 
çoens,  aberto,  e  patente  o  caminho  até  aquelle 
tempo  ignorado  para  tantas  Regioens,  naõ 
lomente  manifeftaíTe  ao  mundo  a  ignorân- 
cia em  que  eftava  da  exiftencia  dos  An- 
típodas, e  de  fer  habitável  a  Zona  tórri- 
da, mas  de  fe  aggregarem  à  Coroa  de  Por- 
tugal   as    mais    vaftas,    e    opulentas    terras 


434 


BIB  LIO  THE  CA 


de  feu  domínio.  Igualmente  foy  cultor  das 
fciencias,  que  Proteâor  dos  Sábios  doando 
em  12  de  Outubro  de  143 1.  humas  cazas 
quando  a  Univerfidade  eftava  em  Lisboa 
para  nellas  fe  lerem  todas  as  Faculdades,  e 
confignando  doze  marcos  de  prata  cm  22 
de  Setembro  de  1460  procedidos  dos  Dízi- 
mos da  Ordem  de  Chrifto  para  Salário  do 
I-«nte  de  Prima  da  Theologia  por  cujos 
donativos  mereceo  o  titulo  de  Proteãor  dos 
ejludos  de  Portugal.  Defde  a  puerícia  foy 
inclinado  a  exercícios  devotos  recitando  quo- 
tidianamente as  Horas  Canónicas,  e  aíTiftindo 
com  toda  a  fua  familia  ao  incruento  Sacri- 
fício do  Altar.  O  feu  Palácio  era  norma  do 
Mofteiro  mais  reformado  bailando,  que  al- 
guém tivefle  o  foro  de  feu  criado  para  fer 
conhecido  com  o  carafter  de  virtuofo.  Nas 
açoens  foy  magnifico,  no  comer  parco, 
no  veftir  modeílo.  Amou  com  tanta  ob- 
fervancia  a  continência,  que  nunca  a  con- 
taminou com  a  mais  leve  palavra.  Sempre 
confervou  o  animo  illefo  da  paixaõ  da 
ira,  e  ainda  que  foíTe  provocado  rompia 
em  palavras  brandas,  e  fuaves.  Foy  libe- 
ral para  com  os  pobres,  compafTivo  para 
os  afliftos,  e  para  todo  o  género  de  pef- 
foas  fuavemente  afável  como  fignificava  a 
Coroa  tecida,  e  enlaçada  de  ramos  de  car- 
rafco,  que  tomou  por  empreza  animada 
com  efta  letra  Franceza.  Talent  de  bien 
faire.  Teve  a  eílatura  proporcionada,  os 
membros  robuílos,  a  cor  branca,  e  corada; 
os  cabellos  quafi  crefpos;  o  afpefto  fevero,  e 
o  génio  humano.  Foy  Duque  de  Vifeu,  Se- 
nhor da  Covilhãa,  Fronteiro  mòr  da  Comarca 
de  Leiria,  outavo  Governador,  e  Adminif- 
trador  do  Meftrado  da  Ordem  militar  de 
Chrifto,  e  Cavalleiro  da  Jarretiere  por  elei- 
ção de  Henrique  VI.  de  Inglaterra.  PaíTou 
a  coroar-fe  na  eternidade  em  a  Villa  de  Sa- 
gres quinta  feira  13  de  Novembro  de  1460. 
quando  cotava  66  annos  8  mezes,  e  9 
dias  de  idade.  Foy  fepultado  na  Igreja 
de  Lagos  donde  em  o  anno  feguinte  fe 
traníferio  o  feu  cadáver  por  deligencia  do 
Infante  D.  Fernando  feu  fobrinho,  e  her- 
deiro, para  o  Real  Convento  da  Batalha, 
e  na  fumptuofa  Capella  em  que  jazem 
feus    auguftos    Pays    cftá    o    feu    maufoleo 


fobre  o  qual  fe  vè  a  fua  figura  veftida  de 
armas  brancas  com  huma  cotta  efmaltada 
com  as  Armas  de  Portugal.  O  feu  nome, 
e  açoens  louvarão  as  mais  remontadas  pen- 
nas  merecendo  o  primeiro  lugar  entre  todos 
o  Pontífice  Nicolao  V.  na  Bulia  expedida 
em  Roma  a  8  de  Janeiro  de  1454.  em  que 
confirnru  a  Conquifta  de  Africa  pelos  Por- 
tuguezes  a  qual  eftá  impreíTa  em  o  livro  de 
Donat.  Keffis  compofto  pelo  Doutor  Do- 
mingos Antunes  Portugal  Tom.  2.  lib.  3. 
cap.  8.  dizendo  o  Summo  Paftor  em  o 
louvor  defte  grande  Príncipe  as  feguintes 
palavras.  Ad  noftrum  fiquidem  nuper  non 
fine  ingenti  gáudio,  €>*  noftra  mentis  latitia 
pervenit  auditum,  quod  dileãus  filius  nohilis 
vir  Henricus  Infans  Vortugallia  charijftmi 
in  Chrifto  filii  noftri  Aphonfi  Portugallia,  €>• 
Algarbii  Kegnorum  Regis  illuftris  Patruus 
inharens  veftigiis  clara  memoria  Joannis  dião- 
rum  Kegnorum  Regis  ejus  genitoris,  ac  \elo 
Jalutis  animarum,  ^  fidei  ardore  plurimiim 
fuccenfus,  tamquam  Catholicus,  <&  verus  om- 
nium  Creatoris  Chrifti  miles  ipfiusque  Fidei 
acerrimus,  ac  fortijftmus  defenfor,  ó"  intre- 
pidus  pugil  &c.  P.  Joaõ  Marian.  de  reb. 
Hifpan.  lib.  21.  cap.  12.  unus  Henricus 
generis  nobilitatem,  pare/que  opes  Htterarum 
ftudiis  illuftrans;  &  cap.  17.  Henricus 
EAuardi  Regis  frater  ingenti  Spiritu  vir  pri- 
mus  omnium  in  eam  cogitationem  incubuit  novas 
orbis  reffones  inveftigandi,  anniverfariifque  clajftbus 
auftralem  cali  plagam  explorare  jujfis  ad  extima 
Africa  littora,  qua  inflatis  immenfum  Occeani 
fluãibus  quatitur,  novas  infulas,  gentes  incógnitas 
invenit.  Pacheco  Vida  da  Inf.  D.  Ma- 
ria, liv.  2.  cap.  15.  Efte  Príncipe  a  quien 
deve  He/pana  Jus  navegaciones.  Damian  de 
Góes  in  Fertilit.  Hifpan.  Mathematicus 
infifftis,  qui  prímò  novas  terras  fuo  ftudio, 
e^  induftría  reperit  Petrus  Opmerus 
Opus  Chronol.  Orb.  Univ.  Tom.  i.  pag. 
423.  Navigationes  Occeani  atque  Madeiram 
Infulam  ejus  aufpiciis  inventam  ad  coro- 
nam  regni  Ljifitania  tanquam  fundum  hari- 
ditarium  tranfmifit.  Faria  Afia  Portug. 
Tom.  I.  cap.  i.  n.  16.  Autor  memorabU 
de  la  milicia  Auftral  y  Oríental.  En  las  ar- 
tes, y  letras  fue  verfado,  en  las  Nlathemati- 
cas  fuperíor  a   todos  los  que   las  manegaron  en 


L  USITAN  A. 


435 


ftí  edad.  e  na  Ejirop.  Portug.  Tom.  2. 
Part.  3.  cap.  i.  n.  179.  Valerofo  Príncipe 
y  Jahio  j  Santo  y  digno  de  Ju  Origen,  e  no 
Comment.  das  iMJiad.  de  Cam.  Cant.  8.  Ef- 
tanc.  35.  ¥ue  el  Prometheo  de  E/pana  por- 
que fi  aquel  de/de  el  monte  Caucafo  invejligó 
el  curjo,  y  virtud  de  los  Planetas,  ejle  dexando 
la  Corte  fe  fiié  a  vivir  Joio  en  el  Promon- 
tório de  Sagres  y  de/de  alli  invejligando  las 
ejlrellas  hallo  el  dejcuhrímiento  de  nuejlros 
mares,  y  Conquijias,  de  que  es  Padre  único. 
Charlevoix  Hijl.  dei  'Ifle  de  S.  Doming. 
Tom.  I.  pag.  64.  un  des  plus  vertueux,  e 
des  plus  accomplis  de  Jon  temps.  D.  Agofti- 
nho  Manoel  Vid.  de  D.  Duarte  de  Men. 
liv.  5 .  n,  20.  Yá  más  fe  entendio  trataffe  de 
otra  cofa,  que  de  enriquecer  el  Reyno  con  las 
Conquijias  de  Africa,  defcubrimientos  dei 
Oceano,  de  que  fue  el  Origen,  y  promovedor 
y  a  quien  por  ejie  refpeto  y  el  de  fus  virtudes 
fe  deve  fingular  memoria.  Sou2a  Hifl.  de  S. 
Domingos  da  Prov.  de  Portug.  Part.  1.  liv.  6. 
cap.  15.  ¥oy  fua  alma  coroada  de  muitas, 
e  grandes  virtudes  vivendo  em  perpetua  con- 
tinência, vida  folitaria,  e  Filofofica  exerci- 
tando todas  as  boas  fciencias,  e  em  efpecial 
as  da  Cofmografia,  e  Geografia,  que  lhe  abri- 
rão o  caminho  para  intentar  os  primeiros 
defcubrimentos  dos  mares,  e  terras  incógni- 
tas da  Cofia  de  Africa,  como  pot^  por  obra. 
Oforius  de  reb.  Emman.  lib.  i.  vir  animi 
maximi,  eb*  Keligionis  fanãitate  clariftmi 
D.  Francifc.  Man.  Epanaph.  de  Var.  HiJl. 
pag.  mihi  313,  Aíejire  infigne  de  toda  a 
arte  militar,  e  da  nojfa  milicia  de  Cbrifio 
fe  finalou  em  valor,  e  difciplina  por  fer  aven- 
tejofamente  afeiçoado  a  emprer^as  dificulto- 
t^as,  cujos  intentos  crecendo  em  virtuofa  emu- 
lação de  que  via  confeguir  a  ElRey  feu  Pay 
em  fi  mefmo  fe  efiava  cada  hora  enfayando 
para  mayores  efeitos.  Mafíeus  Hift.  rer. 
Ind.  pag.  mihi  3.  Nihil  omnino  vel  ad  no- 
minis  Eufitani  famam  illuftrius,  vel  immor- 
tali  Deo  gratius  vifum  efi  quàm  incógnita 
fcrutari  Maria,  novas  in  Occeanum  clajfes 
mittere,  €>*  reãam  Keligionem  in  omnes  par- 
tes quoad  ejus  fieri  poffet,  extendere.  Ma- 
ris  Dialog.  de  Var.  Hifi.  Dialog.  4.  cap.  4. 
Entre  as  letras  Sagradas,  que  elle  por  de- 
vaçaÕ,    e    veneração    muito    amava    também    das 


humanas  fcy  minto  efiudiofo,  e  com  ellas  che- 
gou a  fer  grandijfimo  Cofmo^afo.  Amol- 
do Ugn.  Vita  lib.  i.  cap.  92.  ampliandi 
regni  patemi  defiderio  Africa  littora  clafi- 
bus  lufirare  capit,  (ò"  in  Athlantico  mari 
novas,  (ò^  ab  hominibus  nunquam  habitat  as, 
reperit  infulas.  Sylva  Mem.  delKey  D. 
loaô  o  I.  Tom.  i.  liv.  i.  cap.  92.  Foy 
o  prototypo  das  mayores  virtudes;  eraÕ  nelle 
iguaes  a  piedade,  e  a  KeligiaÕ,  a  prudência, 
e  a  conft anciã;  a  clemência,  e  afabilidade; 
a  liberalidade  a  beneficência,  e  a  ma^animi- 
dade.  JMarracio  Prinap.  Marian.  pag.  225. 
non  folitm  bellica  virtute,  verum  etiam  vita 
fanãimonia  illufiris.  Franc.  de  Santa  Mar. 
Cbron.  dos  Coneg.  Secul.  lib.  3.  cap.  27. 
Ao  manejo  das  armas  ajuntou  o  das  letras 
revolvendo  com  igual  defkei^a,  e  valentia  as 
folhas  dos  livros,  e  da  efpada.  Leytaõ  JVo/. 
Chronol.  da  Univ.  de  Coimbra  p.  371.  §. 
812.  deixando  de  fi  a  todo  o  Reyno  gloriofa 
memoria,  e  eterna  faudade  pelos  defcubrimentos 
a  que  deu  principio,  e  pela  proteção  com  que 
amparou  as  letras.  Moníiur  de  la  Qede 
Hift.  de  Portug.  Tom.  i.  liv.  11.  pag.  mihi 
406.  col.  I.  Prince  pieux,  fage,  e  courageux. 
Vafconcel.  Anaceph.  Rtg.  Enfit.  pag.  154.  Prin- 
ceps  fane  nulli  priorum  pofterior,  nulli  pofterio- 
rum  inferior,  five  fidei  ardorem  five  animi  magni- 
tudinem  confideres.  Souza  Hifi.  Gen.  da  Ca^. 
Real  Portug.  Tom.  2.  liv.  3.  cap.  3.  do  feu 
valor  faõ  teftemunhas  as  Praças  de  Ceuta,  Ar- 
:(ila,  Alcacere,  e  Tangere,  e  das  fuás  virtudes  o 
fera  eternamente  a  Hifioria  em  que  he  univer- 
falmente  louvado,  naõ  fó  na  Portuguesa,  mas 
nas  outras  naçoens  com  immorted  memoria  do  feu 
nome. 

Efcreveo. 

Noticia  dos  f eus  Defcubrimentos.  Efla  obra, 
como  afirma  Fr.  LuÍ2  de  Souza  na  Hifi. 
de  S.  Domingos  da  Prov.  de  Portug.  Part.  i. 
liv.  6.  cap.  15.  mandou  o  Infante  D.  Hen- 
rique feu  author  a  EIRey  de  Nápoles,  a  qual 
vio  o  mefmo  Chronifta  Dominicano,  e  na 
Qdade  de  Valença  de  Aragaõ  entre  algu- 
mas alfayas  preciofas,  que  ficarão  da  reca- 
mara do  Duque  de  Calábria  ultimo  defcen- 
dente  daquelles  Príncipes.  Amoldo  Vion 
in  Eign.  Vita.  lib.  i.  cap.  92.  efcreve  fer  efta 
obra  vertida  em  Italiano,  e  impreíTa  em  Ve- 


436 


BIB  LIO  THE  CA 


neza  por  deligencia  de  Joaõ  Baptifta  Ra- 
mufio. 

Carta  ejcrita  de  Coimbra  a  22  de  Se- 
tembro de  1428.  a  Jeu  Pay  D.  Joaõ  o  I.  em 
^e  refere  como  fe  celebrarão  naquella  Cidade 
os  dejpov^orios  de  Jeu  irmaõ  E/Rey  D.  Duarte. 
Começa.  Muito  alto,  e  muito  honrado,  e 
muy  prefado  Senhor.  Eu  bofo  filho,  e  fervi- 
der  o  Ifante  D.  Anrique  Duque  de  Vifeu, 
e  Senhor  da  Covilhãa  muito  humildofamente, 
enuio  a  beijar  bofas  mãos.  &c.  Sahio  im- 
preíTa  nas  Memor.  delRej  D.  Joaõ  o  I.  com- 
poftas  pelo  Académico  Real  Jozeph  Soa- 
res da  Sylva  Tom.  i.  liv.  i.  cap.  92.  pag. 
470. 

Confelho  fobre  a  guerra  de  Africa.  M. 
S.  G^meça.  Voffo  IrmaÕ,  e  fervidor  o  Ifante 
D.  Anrique  Governador  da  Ordem  de  Noffo 
Senhor  JESU  Chrifio  Duque  de  Vi^eu  Se- 
nhor da  Covilhãa  Proteãor  dos  EJludos  de 
Portugal. 

Confelho  oferecido  a  feu  Paj  quando  par- 
tia para  Tangere.  Começa.  Dejlas  coufas  vos 
dijje  fegundo  o  meu  avit^o  que  vos  cumpria  muito 
avisar  &c.  M.  S. 

D.  HENRIQUE  decimo  fetimo  Monar- 
cha  da  Coroa  Portugueza  teve  por  Pays  a  os 
auguíliffimos  Reys  D.  Manoel,  e  D.  Maria 
fua  fegunda  efpoza,  e  por  berço  a  famofa 
Cidade  de  Lisboa  a  31  de  Janeiro  de  15 12. 
eftando  toda  cuberta  de  neve  como  feliz  pre- 
fagio  da  candura  do  feu  animo,  e  pureza  de 
feu  corpo.  Nos  primeiros  crepufculos  da 
idade  defcubrio  claras  luzes  com  que  havia 
igualmente  illuftrar  as  virtudes,  e  as  fciencias. 
Depois  de  ter  profunda  intelligencia  das  lin- 
guas  Latina,  Grega,  e  Hebraica,  aprendeo 
as  difciplinas  Mathematicas  com  o  Oráculo 
delias  o  iníigne  Pedro  Nunes,  fahindo  com 
femelhante  progreíTo  perito  nas  dificulda- 
des da  Filofofia,  e  myfterios  da  Theologia. 
Como  a  prudência  fe  anticipafle  velofmente 
aos  annos  ainda  naõ  contava  quatorze  quan- 
do recebidas  as  primeiras  Ordens  ocupou 
o  honorifico  lugar  do  Prior  Commendata- 
rio  do  Real  Convento  de  Santa  Cruz  de  Coim- 
bra donde  foy  promovido  à  Cadeira  Prima- 
cial de  Braga  em  o  anno  de  1532.  Para  refor- 
ma dos  abuzos,  e  obfervancia  dos  Cânones 


Pontifícios  celebrou  Synodo  a  14  de  Se- 
tembro de  1537.  em  que  fe  eftabeleceraõ 
as  Conllituiçoens  para  o  governo  de  taõ  di- 
latada Diocefe,  a  qual  renunciando  em  D. 
Diogo  da  Sylva  Bifpo  de  Ceuta  a  3  de  Julho 
de  1539.  ^'^y  creado  Inquizidor  Geral  deftes 
Reynos,  e  fuás  Conquiílas  em  cujo  lugar 
fez  patente  o  ardente  zelo,  que  alimenta- 
va no  peito  contra  os  obftinados  fequazes 
da  Synagoga,  fundando  o  Sagrado  Tribu- 
nal do  Santo  Officio  em  Évora,  e  erigin- 
doo  novamente  em  Coimbra,  c  Goa.  Morto 
intempeftivamente  feu  irmaõ  o  SereniíTimo 
Infante  D.  Affonfo  Bifpo  de  Évora  a  21  de 
Abril  de  1540.  o  fubftituhio  a  14  de  Setem- 
bro nefta  dignidade  elevada  ao  privilegio 
de  Metropolitana,  fendo  o  primeiro  Ar- 
cebifpo  deíla  illuílre  Cathedral.  Para  digna- 
mente premiar  os  feus  merecimentos  com- 
petiaõ  entre  fi  as  mais  fublimes  Dignida- 
des fobre  qual  havia  fer  a  primeira,  que  fe 
ornaíTe  com  a  fua  peíToa,  pois  como  fe  foíTe 
pequena  remuneração  os  lugares,  que  pof- 
fuia  o  creou  a  Santidade  de  Paulo  III.  a  16 
de  Dezembro  de  154J.  Cardial  com  o  titu- 
lo de  Santa  Cruz  de  Jerufalem,  que  depois 
foy  mudado  em  o  dos  Santos  quatro  coroa- 
dos, e  Júlio  III.  no  anno  de  1553.  Legado 
à  Latere  nefte  Reyno.  Tal  era  o  conceito, 
que  o  Sagrado  Collegio  formou  das  vir- 
tudes defte  Sereniífimo  Collega,  que  no 
Conclave,  que  fe  feguio  à  morte  de  Paulo 
III.  concorreo  com  grande  numero  de  vo- 
tos para  fe  coroar  com  a  Tiara  Vaticana. 
Naõ  permitío  a  Cathedral  de  Lisboa,  que 
as  de  Braga,  e  Évora  fe  illuftralTem  com 
taõ  infigne  Paftor  fem  que  ella  participaíTc 
de  femelhante  gloria  fubindo  a  Metropo- 
litano de  taõ  venerável  Diocefe  em  o  anno 
de  1564.  por  morte  do  Arcebifpo  D.  Fer- 
nando de  Vafconcellos,  e  Menezes.  Em 
todos  eftes  Arcebifpados  exercitou  com  in- 
defeíTa  vigilância  as  obrigaçoens  de  Pre- 
lado zelofo  adminiftrando  peflbalmcntc  os 
Sacramentos,  e  difpendendo  continuas  ef- 
molas  fendo  mais  copiofas  àquellas  pef- 
foas  a  que  o  pejo  lhe  fechava  a  boca  para 
as  pedir.  Sem  atender  à  própria  faude  vi- 
zitava  todas  as  Parochias,  e  pofto,  que 
era    naturalmente    benigno    fc    armava    de 


L  USITAN A. 


ngor    contra    os    vidos    dos    Ecclefiafticos 
por  ferem  os  claros  efpelhos  a  que  compu- 
feíTein  as  vidas  os  feculares.    Para  remédio 
de  huma  fatal  eílerilidade  em  as  Provindas 
de  Entre  Douro,  e  Minho,  e  Trás  os  montes 
mandou    vir    do    Reyno    de    França    grande 
copia  de  paõ  o  qual  foy  providamente  re- 
partido pelas  partes  em  que  fe  experimen- 
tava   mais    urgente    neceíTidade.     Ornou    as 
fuás  illuíbáíTimas  Efpozas  com  preciofos  or- 
namentos,   e    primorofas   peças   de   ouro,   e 
prata  para  mayor  obfequio  do  culto  divino, 
e   pompoza   celebração    dos    Offidos    Eccle- 
fiafticos.   O  natural  afeâo,  que  tinha  às  fden- 
das  como  taõ  verfado  nellas  lhe  infpirava  a  ef- 
timaçaõ,  que  fazia  dos  homens  fabios  como 
eraõ    André    de    Refende,    Ayres    Barbofa, 
D.  Fr.  Gafpar  do  Cazal,  D.  Jerónimo  Ofo- 
rio,  e  de  outros  muitos  de  que  era  fecunda 
aquella   idade.     Ainda   fe    extendeo    a   mais 
dilatada    esfera    o    defejo    de    fe    comunicar 
com   varoens   eruditos    mandando    convocar 
de  Flandes   a   Joaõ   Vazeo,   e   Nicolao   Qe- 
nardo  ambos  peritos  nas  Unguas  Orientaes, 
e  de  ItaUa  ao  Padre  Pedro  MafFeo  celebre 
em  a  Latina  para  que  nefte  Idioma  fizeíTe 
patente  ao  mundo  as  açoens  mais  que  hu- 
manas  obradas   pelos   Portuguezes   nas   vaf- 
tiíTimas    Regioens    do    Oriente.     Ordenou   a 
Damiaõ   de   Góes,   e   ao   Bifpo   do   Algarve 
D.    Jerónimo    Oforio    efcreveíTem    a    Qiro- 
nica   de   feu   grande   Pay   o    SereniíTimo   D. 
Manoel  o  I.  na  língua  materna,  e  o  II.  em 
a  Latina,  na  qual  fe  naõ  excedeo,  certamente 
competio  com  Quinto  Curdo.    Ao  Dezem- 
bargador   Duarte   Nunes    de    Leaõ   infinuou 
fer  utiliíTimo  para  decifaõ  das  cauzas  com- 
pilar  diverfas   Leys,   que   por  andarem   dif- 
perfas  eraõ  ignoradas,  de  que  refultava  gra- 
viíTimo    detrimento    aos    Litigantes.      Teve 
partioilar  amizade  com  os  Cardiaes  S.  Carlos 
Borromeo,   Eftanislao   Hofio,    e   Jacobo    Sa- 
doleto   igualmente   eminentes   pela   purpura, 
que  pela  Sabidoria.    Ao  tempo  que  jantava 
ouvia  altercar  queftoens  fobre  matérias  iden- 
tificas fendo  para  o  feu  goílo  mais  delicio- 
ías    eftas    controverfias    de    que    todas    as 
iguarias,    que    foube    inventar    a    arte    para 
lizonja    da    gula.      Foy    fagradamente    pró- 
digo   em    beneficio    das    Famílias    Religio- 


43/ 

fas  levantando  para  eterno  padraõ  da  fua 
magnificência  a  Univerfidade  de  Évora  cuja 
direção  cometeo  aos  Padres  lefuitas  donde 
como  inexhaurivel  manandal  tem  fahido 
caudelofos  rios  de  erudição  fagrada,  e  pro- 
fana. Na  mefma  Gdade  fundou  o  Collegio 
dos  Pordoniflas  a  que  fucedeo  o  Real  da 
Purificação  compoftos  de  fincoenta  alum- 
nos,  cujo  numero  fe  reduzio  paliados  alguns 
tempos  a  vinte,  e  finco:  a  nova  Parochia^ 
de  Santo  Antão;  os  Conventos  de  Valverde, 
e  de  Santo  António  da  Provinda  da  Pie- 
dade, de  cujas  plantas  foy  architedo;  o 
Mofteiro  de  Santa  Maria  Magdalena  de  Re- 
ligiofos  Arrabidos  junto  da  Villa  de  Alco- 
baça, a  reedificaçaõ  do  Convento  de  Còs 
de  Religiofas  Cifterdenfes;  a  fundação  da 
Collegio  de  S.  Bernardo  de  Coimbra;  e  ulti- 
mamente o  fumptuofo  Collegio  de  Santo 
Antaõ  em  Lisboa  para  os  Padres  Jefuitas. 
Sucedendo  a  morte  de  feu  Irmaõ  ElRey 
D.  loaõ  o  III.  a  II  de  lulho  de  1557.  naõ 
pode  refiftir  às  multiplicadas  inflancias  da 
Raynha  D.  Catherina  para  fer  feu  adjunto 
na  regenda  defla  Monarchia  em  quanto 
durafle  a  menoridade  de  feu  Neto  EIRey  D. 
Sebafliaõ,  mas  paíTados  dous  annos  refoluta^ 
efta  Heroina  largar  a  regência  como  info- 
portavel  aos  feus  hombros  convocou  Cor- 
tes onde  fendo  eficafmente  inftada  pelos 
Três  Eftados  do  Reyno  a  que  executaíTe  o 
feu  intento,  perfifldo  nelle  taõ  conftante, 
que  foy  refoluto  naquelle  politico  congreíTo 
fubAituilTe  o  feu  lugar  o  Cardial  D.  Henri- 
que cuja  grave  incumbência  aceitou  conf- 
trangido  a  25  de  Dezembro  de  1562.  naõ  que- 
rendo, que  a  fua  repugnância  contribuiíle 
para  as  infeUddades,  que  prudentemente 
fe  receavaõ.  He  incrível  a  vigilanda,  que 
aplicou  pelo  efpaço  de  féis  annos  na  admi- 
niftraçaõ  delia  Monarchia  edificando  For- 
talezas, expedindo  armadas,  aliflando  exer- 
dtos  para  que  os  feus  domínios  fundados 
nas  quatro  partes  do  Mundo  eítiveíTem  im- 
penetráveis a  invafoens  inimigas,  naõ  fendo 
menos  aftivo  o  feu  efpírito  em  promover 
o  augmento  do  comerdo,  o  culto  da  Re- 
ligião, e  a  obfervancia  da  jufiiça.  Ele- 
vado ao  trono  feu  Sobrinho  D.  Sebaftiaõ 
a    20    de    laneiro    de    1568.    dimitio    o    go- 


438 


B IB  LIO  THE  CA 


vcmo  com  igual  jubilo  à  repugnância  com 
<juc  o  aceitara,  e  querendo  aproveitar  em 
fanto  ócio  aquella  parte  de  vida,  que  lhe  ref- 
tava,  fe  retirou  a  Évora  a  apacentar  fegunda 
vez  aquellas  ovelhas  por  morte  de  feu  Paf- 
tor  D.  loaõ  de  Mello  fucedida  a  6  de  Agoílo 
<le  1574.  deixando  eternamente  faudofas  as 
<de  Lisboa.  No  tempo,  que  eílava  em  Alco- 
baça de  cuja  Real  Abbadia  era  Commenda- 
tario,  devendo  efta  illuílriíTima  Congrega- 
do ao  feu  zelo  a  exaéb.  obfervancia,  que 
hoje  praâica  cm  os  feus  clauílros,  lhe  che- 
gou a  fatal  noticia  de  que  a  4  de  Agoílo  de 
1578.  fe  fepultara  com  o  feu  Príncipe  em 
os  Campos  de  Alcácer  a  gloria  da  Naçaõ 
Portugueza.  Conílernado  com  efte  trágico 
fuceíTo  paíTou  a  Lisboa,  e  como  naõ  havia 
outro  Príncipe  da  linha  Real,  que  legitima- 
mente fucedeíTe  no  trono  defta  Coroa,  pofto 
que  pela  idade  eftava  inhabil  para  o  gover- 
no, foy  aclamado  em  a  Igreja  do  Hofpital 
Real  de  todos  os  Santos  a  28  de  Agofto  de 
1J78.  A  primeira  açaõ  do  feu  governo 
foy  expedir  copiofas  fomas  de  dinheiro  para 
aíTiílir  a  outenta  Fidalgos,  que  eftavaõ  ca- 
tivos nas  mafmorras  de  Africa,  que  foraõ 
reftituidos  à  fua  liberdade  por  D.  Francifco 
da  Cofta  Commendador  de  S.  Vicente  da 
Beyra  Embaxador  ao  Xarife  para  concluir 
efta  negociação.  Inftado  das  eficazes  repre- 
fentaçoens  de  vários  Príncipes,  que  como 
feus  confanguineos  pertendiaõ  fuceder  nefta 
Coroa  fe  refolveo  convocar  Cortes  em  Lis- 
boa ao  primeiro  de  lunho  de  1579.  oi^de  fe 
elegerão  finco  Governadores  para  a  deci- 
faõ  de  taõ  grande  controverfia.  Retirado 
a  Almeirim  por  cauza  da  Epidemia,  que 
fatalmente  devaftava  aos  moradores  de  Lis- 
boa convocou  para  aquella  Villa  os  três 
Eftados  do  Reyno  a  11  de  laneiro  de 
1580.  onde  vacillante  o  juizo  pelo  ter- 
ror das  armas  de  Caftella  deixou  com 
culpável  inércia  indecifa  a  nomeação  de 
fuceflbr  da  Coroa  cometendo  aos  finco 
Governadores  a  faculdade  da  eleyçaõ. 
Naõ  podendo  a  natureza  já  decrépita  re- 
íiítír  à  violência  de  cuidados  taõ  impor- 
tunos fe  rendeo  à  ultima  infermidade,  de 
cujo  mortal  perigo  avizado  recebeo  com 
fumma    piedade    os    Sacramentos,    e    expi- 


rou placidamente,  em  o  Paço  de  Almei- 
rim a  31  de  laneiro  de  1580.  quando  fecha- 
va o  perfeito  circulo  de  68  annos  de  idade 
renacendo  para  a  eternidade  em  o  mefmo 
dia,  que  nacera  para  o  mundo.  Teve  a  cfla- 
tura  mediana,  os  olhos  azuis  a  cor  do  rofto 
alva,  e  corada,  cabello  louro  que  encane- 
ceo  antes  da  Velhice.  De  Almeirim  foy 
transferido  o  feu  cadáver  a  14  de  Dezem- 
bro de  1582.  por  ordem  de  Filippe  Prudente 
para  o  Real  Convento  de  Belém  onde  paíTa- 
dos  cem  annos  foy  aberta  a  fepultura  a  12 
de  lulho  de  1682.  para  fe  collocar  em  hum 
fumptuofo  Maufoleo,  que  mandara  fabri- 
car a  piedofa  magnificência  delRey  D.  Pe- 
dro n.  e  fe  achou  o  cadáver  naõ  fomente 
incorrupto,  mas  intaâas  as  veftes  cardinali- 
cias,  e  fendo  levantado  o  corpo  com  pru- 
dête  advertência  para  fe  examinar  receberia 
com  o  ar  algua  diferença,  fe  confervou  no 
mefmo  eftado  que  tinha  com  geral  admira- 
ção dos  circunftantes,  fervindo  taõ  admirá- 
vel incorrupçaõ  de  claro  teftemunho  da  inte- 
gridade da  juftiça,  e  pureza  do  corpo  em  que 
fora  infigne.  Sobre  o  Maufoleo  fe  lhe  gra- 
vou o  feguinte  Epitáfio  compofto  pela  ele- 
gante Mufa  do  Conde  da  Ericeira  D.  Fer- 
nando de  Menezes. 

HU   jacet    Henricus    gemino    diademate    clarus 
Quod  pátrio  /ceptro   purpura  Junãa  fmt. 

Conditur,    &    Kegnum   pariter    cum    Kege  fe- 
pultum 
Ut    foret     Imperij     vitaque     mor/que    fui. 

O  exceífivo  fentimento,  que  univcr- 
falmente  houve  pela  fua  morte  explicou 
o  Padre  Manoel  Pimenta  infigne  Poeta 
neftas    métricas    expreíToens. 

Te    liquidi   flevère    lacus,    Te   pallidus  ouro 
Rex  Tagus,  (&  majlus  Te  pater  Occeanus 
Te  juga,    Te    montes,    Te  fata    draconibus 
antra, 
Quaque    colunt    vitreas   Jquammea    monjlra 
domus. 
Quin    etiam   fummos    tefiata    in    noâe    dolores 
lúcida    pallentes     Cynthia     traxit     equos. 
Omnia     dant     lacrymas     mundi     loca,     credite 
gentes 
Máxima     tot    lacrymas     non     mji    damna 
petmt. 


1 


LUSITANA.  439 

Quantítn     perdiderit     generofo     in     Príncipe  judiais      ad     vitam ,     fortunamque     petentihur 
Mundus  a^t,  fed  qtia  de  Jyderum  cttrjti,   deque  univerja 

Dat     maré,     dat     fellus,     a/Iraque     máfia  cali    ratione    dijputat.     Eum    tu    Kex    huma- 

fidem.  nijftme     decem     ahhinc     annis     ( efcrevia     efta 

As  virtudes,   e   dotes   com  que  fe  illuf-  epiílola    no    de     15  41.)    Alathematicis  Jcien- 

trou  a  fua  alma  faõ  heróico  aflumpto  dos  tiis    infiituendum    à    me    curafii.      Didicit    ilh 

Elogios    de    Varoens    iníignes,    e    Efcrito-  diligsntijfime ,      hrevique      tempore      Arithmetica 

res    fabios.     O    Summo    Pontífice    Pio    IV.  e5>*     Geométrica     EmcUSs     EJementa,     Spbara 
em  huma  Bulia  expedida  no  anno  de  1561.      Traãatum,       Theoricas      planetarum,      partem 

formou  tal  conceito  da  fua  peííoa,  que  de-  magna      Afirorum      compofitionis ,      Ptolomai 

fejava   defcanfar    sobre   elle   parte    dos   feus  Arifiotelis     Mecbanica,     Cojmo^aphica     omnia, 

cuidados  paíloraes  dizendo-lhe :  in  animo  ha-  Prifcorum    quorum  dam    infirumentorum     ufii,. 

buerimus    pro    univerfalis    Ecclefia  felici    reff-  (&    non    nullorum    etiam,    qua    ego    ad    navt- 

mine  nofira  Jolicitudinis  partem  cttra  tua  comit-  gandi   artem    excogitaveram.     Didac.    de    Pay- 

tere,   ac  demandare   tihi,   cujus  fides,   vita  inte-  va,     e    Andrad.     Epifi.     Dedic.     Defenf.     ad 

gritas,    fingularis     virtutis     merita    nohis   jam  Gregor.     XIII.   Princeps     omnium     virtutum 

ante    nofiram    ad    Summi    Apofiolatiis    affum-  genere     omatijjimus.     Joaõ     de     Barros     Pa- 

ptionem,    cognita,    &    prohata    exifiunt.      Se-  neg.    à   Inf.    D.    Mar.    n.    80.    cujos   cufiumes, 

melhante    Elogio    lhe    fez    feu    fuceííor    S.  fanta    vida,    e  purijfima    limpeza    de    vida    nor 

Pio   V.    em   huma   Carta,   que   lhe   efcreveo  reprefentaõ    em    nojfos    dias    o    grande    Grego- 

no   anno    de    1566.     Jucunda   nohis  fuit  com-  rio,     Bafilio,     ou     Agofiinho.      Padre     Anto- 

memoratio    pietatis,    ac    virtutis    Re^s    Sebaf-  nio    de    Macedo.     J-^fit.     InfuL     pag.     258. 

tiani,    (àf"   ingentis  fpei,    ac   expeãationis   quam  Índole     excelfa,     ingenio     ad     virtutem     dociliy 

de  fe   omnihus  illa  jam  atate   affert:   id  quod  ad    litteras    comparato.    Góes     Chron.    de/Rey 

Nos    cum    vi    natura,     Generifque     tribuimus,  D.  Man.  Part.   3.  cap.   27.    No  trato  da  fua 

tum    vero    paterna    cura,    ac    infiitutioni    tua,  pejfoa    fevero,     e    pouco     mimofo,     muy    conti- 

nec    folum     monitis    fapientijftmis,    fed    etiam  nente,    e    temperado  fora    de    toda   a   cobiça,    e 

exemplis,    qua    in    Te  fibi  propofita    ad   imi-  ambição     de    proveitos,     e     honras     temporaes. 

tandum    habuit.      Santo    Ignacio    de    Loyola  Marrac.     Purpur.    Marian.    pag.     197.     Qut 

em   Carta   efcrita    de    Roma   a    6    de   lulho  non  folum    rara    quadam  fanãitatis  perfeãione, 

de    1553.      Também    me    confolei   muito    em    o  fed  etiam    regali   majefiate   {quod  ad   ejus  ata- 

Senhor  nojfo  com  o  que  V.  A.  fe  dignou  efcre-  tem    vifum    non    fuerat)   facrum    Cardinaliurfr 

verme   do  ferviço,    que  fe  fa\   nejfas  partes   à  Collegium     illufiravit;     (&      Coronam     galero, 

divina  Magefiade  pelos  baixos  infirumentos  defia  f ceptro    haculum,    et    utramque    purpuram    co- 

minima     Companhia,    porque     taõ    grave     tefie-  pulavit.   <&   Bib.   Marian.    Part.    i.   pag.    562. 

munho    de    quem    Deos    NoJfo    Senhor   tem   do-  vir    optimarum    omnium    virtutum    laude    incly- 

tado  de  tanta  lu^  e  efpirito,  naõ  pode  fe  naõ  tus,    eb*    praclarus    tam    corporis,    quàm    ani~ 

ter    muy   grande   pev^o.     O    Doutor    Martim  mi    dotibus    à    Deo    omatus.     Telles     Chron. 

AfpUcueta  Navarro  Manual.  Confejfar.  De  7.  da  Comp.  de  Jefus  da  Prov.  de  Portug.  Part.  2. 

Pracep.     Decai.    n.     206.      Omnium    virtutum  liv.    5.    cap.    28.    n.    5.     Com    a    idade  foy 

heroicarum     panegyri,     rerum     divinarum,     <&  crecendo     na    fciencia     da     Sacada     Efcritura, 

humanarum    eximia    cognitione    comi  tatus.      Pe-  e     Theologia;     inclinou-fe    muito    à    liçaõ    dor 

trus    Nunes    De    Crepufcul.    in    Epift.    Dedi-  Santos     Padres     onde     adquirio     bom     cabedal" 

catr.     ad    loannem    III.     Qui    cum    nullum  de  fciencias,    das    quais    deu    mofiras    em   mui- 

tempus    inter mittat,    quin  femper,    aut    anima-  tas  ocafioens.     Ofor.   de  Reb.   Emman.   lib.    8. 

rum    faluti    profpiciat,     aut    óptimos    quofque  Plane    confiat   in  illius  probitate,    virtute,    reli- 

authores     evolvat,     aut     litteratorum     hominum  gione,    confiantia,    <&    in    Sanãitatis    exemplo 

Colloquia      audiat,       Afironomia       theorematis  Lafitani       Imperii       firmamentum       confifiere. 

mirum    in    modum    deleãafur,    non    illius    qtà-  Vafconcel.      Anaceph.      Reg.      Eufet.      pag. 

dem  fluxa  fidei,    (&  pene  jam    explofa,    qtà  339.     Suopte    ingenio    ^avis,     loquendi    difper- 


440 


BIB  LIO  THE  CA 


Jior,  veritatis  fumme  amator,  fecreti  aprí- 
me  tenax,  lahorum  patiens,  abhorrens  à  di- 
liciis,  accerrimus  juJHíia  cultor.  Brito  EJog. 
dos  Keys  de  Portug.  Elog.  i8.  Teve  gran- 
de :(elo  das  coujas  de  Deos,  e  conciencia. 
Palat.  Faji.  Cardinal.  Tom.  3.  col.  184. 
In  Henrico  mirahatwr  Lsijitania,  quod  in  fanc- 
fa  memoria  Pio  V.  Koma  fufpiciebat.  Ma- 
ris  Dial.  de  Var.  Hijl.  Dial.  5.  cap.  5. 
Do  Grego,  Hebraico,  Matbematica,  e  Filo- 
fofia  entendeo  bem  os  principios.  Ciacon.  Vit. 
Pontif.  Koman.  Tom.  3.  col.  mihi  718. 
In  quo  multa,  cu  praclara  tam  corporis,  quam 
animi  partes,  <&  eximia  ingenii  dotes  erant, 
quibus  accedebat  litterarum  cogiitio,  vita  in- 
tegritas,  morum  Sanãimonia,  magna,  ac  vere 
re^a  liberalitas,  qua  pios  femper  homines,  €^ 
ftudia  fovebat.  Clede  HiJl.  Gen.  de  Portug. 
Tom.  2.  pag.  mihi  89.  II  etoit  ver/è  dons 
le  Droit  Canon;  il  connoiffoit  plufittrs  lan- 
^es.  Barbud.  Emp.  Milit.  de  Ijujit.  liv. 
17.  Príncipe  dotado  de  muchas  virtudes,  y 
en  quien  concorrieron  las  calidades  necessárias 
a  un  buen  P^ey.  Duard.  Non.  de  Ver. 
R/jg.  Portug.  Orig.  foi.  45.  v.o  Keligionis, 
^  fidei  negotia,  cujus  Jummum  gejfit  magifira- 
tum  tanta  indujiria,  (ò*  integritate  traãavit 
conquíjitis  ad  id  virís  optimis,  et  do£Hftmis, 
quorum  opera  ufus  ejl,  ut  fecundam  Deum  ei 
videatur  acceptum  ferendum  Jiimmum  religionis 
Jludium,  quo  iMjitania  inter  omnes  alias  Or- 
bis  provindas  eminet.  Cunha  Hijl.  Ecclef. 
de  Brag.  Part.  2,  cap.  74.  c  75.  Atichy 
Flor.  Cardinal.  Tom.  3.  pag.  293.  Pal- 
lavic.  Hijl.  Concil.  Tríd.  Pait.  2.  lib.  24. 
cap.  9.  n.  15.  Thuan.  Hi^.  Tom.  2.  ad 
ann.  1580.  lib.  69.  e  70.  Franco  Imag. 
da  virt.  em  o  Nov.  de  Evor.  liv.  i.  cap. 
5.  e  feguinte,  e  Annal.  S.  J.  in  hujit. 
pag.     122.    n.    8. 

Compoz. 

Meditaçoens,  e  homilias  Jobre  alguns  MyJ- 
terios  da  Vida  de  nojfo  Redemtor,  e  Jobre 
alguns  lugares  do  Santo  Evangelho,  que  /<rç 
o  Serenijfimo,  e  Reverendo  Cardial  Iff ante  Dom 
Henríque  por  fua  particular  devoção.  Évora 
fem  anno  da  imprcííaõ  em  letra  gothica. 
Depois  fahiraõ  Lisboa  por  António  Ri- 
beiro 1574.  8.  Eíla  obra  foy  publicada 
por   dcligencia   do   infigne   Varaõ   Fr.    LuÍ2 


de  Granada  da  qual  faz  no  Prologo  o 
feguinte  juizo.  EJlan  ejlas  meditaciones  tan 
llenas  de  Jentencias,  y  doãrinas  tan  provecho- 
:(as;  van  acompanadas  con  tantos,  y  tan  dul- 
ces,  y  devotos  afeãos  y  fentimientos ;  Jon  las 
Jentencias  tan  próprias,  y  tan  acomodadas  a 
los  Myjlerios,  que  tratan;  es  el  ejlilo  por 
una  parte  tan  dulce,  e  por  otra  tan  grave 
y  tan  elegante,  que  qtnen  quiere  que  los  leye- 
re,  conocerà  que  el  ejiilo  es  de  Príncipe,  y 
de  pecho  Real.  Da  lingua  Portugueza  trans- 
ferio  eíla  obra  à  Latina  Fr.  António  de 
Sena  Dominico  à  inftancia  de  Frandfco 
Giraldes  Embaxador  de  Caílclla  em  a  Cot- 
te  de  Inglaterra,  c  llie  acreccntou  o  Tra- 
tado dos  Três  votos  ej/enciaes  da  Reliffaõ 
compofto  por  Fr.  Humberto  de  Romanis 
Meílre  Geral  da  Ordem  dos  Pregadores, 
e  fahio  dedicada  ao  dito  Embaxador.  Lo- 
vanii  apud  Servatium  Sallenium.  1575.  12. 
Ultimamente  os  Padres  Jefuitas  do  Col- 
legio  de  Évora  em  agradecida  memoria 
do  Sereniflimo  Cardial  Infante  feu  magni- 
fico Protector  traduzirão  eíla  obra  em 
latim  mais  puro,  e  elegante,  e  íahio  com 
o    titulo    feguinte. 

Meditationes,  éf  homilia  in  aíiqua  myj- 
ieria  Salvatoris,  (ò'  in  nonnulla  Evangelii  loca, 
quas  Jibi  prívatim  conjcrípjit  Serenijfimus,  €>* 
Reverendijfimus  Cardinatis  D.  Henricus  poten- 
tijftmi,  ac  inviãijftmi  Emmanuelis  quondam  Por- 
tugallia  Regis  jilius.  OlyíTipone  apud  Fran- 
cifcum  Corrêa  1576.  8.  Eíla  ediçaõ  íahio 
addicionada  com  as  Meditaçoens  fobrc  a 
Magnificat,  e  Oraçaô  Dominical,  fendo  eílas 
ultimas  já  traduzidas  em  latim  pelo  Q- 
cero  Portuguez  D.  Jerónimo  Oforio  como 
confeíTaõ  no  Prologo  ao  Leytor  os  tradu- 
tores. Foraõ  também  eílas  ultimas  Medita- 
çoens vertidas  em  Outava  Rima  por  André 
Falcaõ  de  Refende  fobrinho  do  Chroniíbi 
Garcia  de   Refende,   cuja  obra  começa. 

Remirte  ò  homem  qtáv^  Deos  Sempiterno 

Com  rejgate  de  amor  maravilhojo. 
Conjlituiçoens  do  Arcebijpo  de  Braga.      Lis- 
boa por  Germaõ  Galharde.  IJ38.  foi. 

Baptijlerío  Jegundo  o  cujiume  Romad  tom 
outras  coujas  muito  neceJJ'arias  aos  Curas,  e 
Capellaens  agora  novamente  correão,  e  auffmih 
tado    por    mandado    do    Serenijfimo    Iffante    de 


L  USITANA, 


441 


Portugal  D.  Anríque  Cardial  de  Santa  I^e- 
ja  de  Roma.  Lisboa  na  Caza  de  Joannes 
Blavio  de  Agripina  Gilonia  ImpreíTor  del- 
Rey  NoíTo  Senhor.  Acabou-fe  aos  20  dias 
de    Dezembro    anno     1558.    4. 

Confiituiçoens  do  Bifpado  de  E^ora  im- 
prejfas  por  mandado  do  muito  alto,  e  muito 
excelhnte  Principe,  e  Senhor  o  Senhor  Car- 
dial Infante  de  Portugal.  Évora  por  André 
de    Burgos.    1558.  foi. 

Decretos,  e  determinaçoens  do  Sagrado  Con- 
cilio Trideniino  que  devem  fer  notificadas  ao 
povo  por  ferem  de  fua  obrigação,  e  fe  baõ 
de  publicar  nas  Parochias.  Lisboa  por  Fran- 
cifco  Corrêa  ImpreíTor  do  Cardial  líEan- 
te  NoíTo  Senhor  aos  15  de  Outubro  de 
1564.  4. 

Confiituiçoens  Extravagantes  do  Arcebifpa- 
do  de  Usboa.  Lisboa  em  caza  de  Fran- 
cifco  Corrêa  Impreflbr  do  SereniíTimo  In- 
fante aos  26  de  lulho  de  1565.  foi.  & 
ibi    1569.    foi. 

Praãica  a  ElRey  D.  Sebafiiaõ  quando  a  20 
de  Janeiro  de  1568.  lhe  entregou  o  governo  do 
Reyno.  ImpreíTa  na  Hijl.  Sebajlic.  de  Fr.  Ma- 
noel dos  Santos  Chroniíla  deíle  Reyno  liv. 
2.   cap.    I. 

Memorial,  que  apret^entou  a  ElRey  D. 
SebafliaÕ  em  que  relatava  tudo  quanto  tinha 
obrado  em  ferviço  da  Coroa  no  efpaço  de 
Jeis  annos  que  a  regeo.  ImpreíTo  na  Chron. 
da  Companhia  de  Jefus  da  Prov.  de  Por- 
tugal compoíla  pelo  Padre  Telles  Part.  2. 
liv.     5.    cap.     30.    n.    4. 

Duas  Cartas  de  recomendação  a  favor  do 
Padre  1-MÍ^  Gonfalves  da  Camará  efcritas  a 
dous  Cardiaes,  a  20,  e  26  de  laneiro  de  1553. 
ImpreíTas  na  Chronic.  da  Comp.  de  Jefus  da 
Prov.  de  Portug.  compoíla  pelo  Padre  Telles 
liv.  4.  cap.   13.  n.   2.  e   5. 

Carta  a  S.  Francifco  de  Borja  efcrita 
de  Lisboa  a  11  Novembro  de  1559.  ImpreíTa 
na  dita  Chronic.  Part.  2.  Uv.  5.  cap.  20. 
n.    2. 

Epifiola  Santijjfimo  Domino  Pio  IV.  data 
Ulyjfipone  4.  Kal.  Januar.  1568.  ImpreíTa  na 
dita  Chron.  liv.  5.  cap.  32. 

Mandou  traduzir  em  Portuguez  para 
inflxuçaõ  dos  Parochos  da  Diocefe  Bracha- 
renfe  quando  era  feu  Arcebifpo. 


Sacramental  de  Clemente  Sanches  do  Ver- 
dal  Arcediago  de  Valdeiras  em  a  Igreja  de 
Eeaõ.  Braga  por  loaõ  Beltrão,  e  Pedro 
de  la  Rocha.  Acaboufe  de  imprimir  aos 
15  dias  do  mez  de  Fevereiro  de  1539. 
Deíla  tradução  fe  lembraõ  o  IlluíbriíTimo  Cunha 
Hifl.  Ecclef.  de  Brag.  Part.  2.  cap.  74.  n.  6. 
e  D.  Nicol.  Anton.  Bib.  Hifp.  Vet.  lib.  10. 
cap.    2.    §.    93. 

Coufas  de  devoção,  que  fe^  E/Rey  D.  Hen- 
rique Cardial,  e  Miguel  de  Moura  ordenou  fe 
tresladaffem  de  papeis  rubricados  por  fua  Al- 
tev^a,  que  foraõ  cubados  em  hum  efcritorio  na 
morte    do    dito    Senhor.    M.    S. 

Lembranças  para  qualquer  pejfoa  examinar 
fua   conciencia,   M.    S. 

Lembranças,  que  deve  ter  o  Rey  defle  Reyno 
para  examinar,  e  repartir  as  horas  de  dia,  e  de 
noute.  M.  S. 

Expofiçaõ  fobre  o  PfaJmo  Mifericordiam, 
&    judidum    cantabo    tibi    Domine.  Aí.  S. 

Meditação  fobre  a  comerfaõ  da  Magdalena. 
Aí.  S. 

Tercetos  fobre  o  Evangelho  da  Samaritana. 
Aí.  S. 

Praãica  aos  Monges  de  Alcobaça  em  o 
Capitulo  celebrado  a  ^o  de  Setembro  de  1573. 
Aí.    S. 

Todas  eílas  obras  M.  S.  fe  confervaõ 
na  Livraria  do  lUuítóíTimo,  e  ExcellentiíTimo 
Duque  de  Lafoens,  que  foy  do  Eminen- 
tiíTmao   Cardial   de   Souza. 

Difcurfo  em  que  fe  mofira  que  S.  Paulo 
pregara  a  Fé  em  Hefpanha.  Aí.  S. 

Obfervaçoens  Hijioricas;  as  quais  comuni- 
cou a  loaõ  Vafeo  para  a  Chronica  de  Ef- 
panha,  que  compoz,  como  efcreve  no  Pro- 
logo deíla  obra.  Sed  non  contentus  begnif- 
fimus  Princeps  hoc  beneficio  fi  quid  etiam  in 
legendis  authoribus,  ut  omne  tempus,  quod  ab 
oratione,  eb*  publicis  negotiis  vacat,  Sacrorum 
Atithorum  leêHone  tranfigit,  obfervaret  quod  inf- 
tituto  meo  conduceret,  humanijjime  mihi  commu- 
nicavit.  DeAas  duas  obras  fazem  memoria 
Ciacon.  Vit.  Pontif.  Roman.  Tom.  3.  col. 
mihi  719.  e  Palat.  Fafli  Cardin.  Tom.  3. 
col.  mihi    192. 

Fr.  HENRIQUE  DE  ALMEYDA  na- 
tural   de     Lisboa,     e    alunmo     da    illuíbre 


442 


BIBLIO  THE  CA 


Ordem  dos  Pregadores  igualmente  nobre 
por  nacimento,  que  infigne  na  litteratura 
aflim  nas  efpeculaçoens  Theologicas,  como 
em  as  dificuldades  Efcriturarias.  Por  obe- 
decer à  infinuaçaõ  da  Raynha  D.  Catherina 
digniflima  conforte  delRey  D.  loaõ  o  III. 
traduzio  da  lingua  Portugueza  em  que  com- 
puzera  o  Venerável  varaõ  Fr.  Luiz  de  Gra- 
nada, em  a  Caílelhana. 

Compendio  de  la  Doãrina  Chrijliana  con 
quatorv^e  Sermoens  de  las  principales  Vieftas 
dei  ano.  Madrid.  1595.  Deíla  obra  fa- 
zem mençaõ  Nic.  Ant.  Wih.  Hifp.  Tom.  2. 
p.  35.  col.  I.  Mõteiro  Clauftr.  Domin.  Tom.  3. 
pag.  227.  e  Echard  Script.  Ord.  Prad.  Tom.  2. 
pag.  315.  col.  I.  onde  adverte,  que  eíla  tra- 
dução conforme  efcreve  o  Doutor  Luiz 
de  Munós  Vid.  de  Fr.  Lut^  ^  Granad.  liv.  3. 
cap.  3.  he  diferente  da  que  fez  Fr.  loaõ  de 
Montoya  Dominico  impreíTa  Granada  por 
loaõ  Dias,   e   Seballiaõ   de  Mena.    1595.   4. 

HENRIQUE  DE  ANDREA  filho  de 
loaõ  Filippe  de  Andrea,  e  D.  Maria  Dias 
naceo  em  Lisboa  no  anno  de  171 1.  Na  tenra 
idade  de  nove  annos  paíTou  a  Itália  onde 
aprendendo  letras  humanas,  e  Filofofia 
recebeo  o  grão  de  Meílre  neíla  Facul- 
dade, da  qual  dedicou  humas  conclufoens 
ao  SereniíTimo  Senhor  Infante  D.  Manoel 
afliftente  naquelle  tempo  na  Cidade  de 
Génova.  Admetido  a  Academia  dos  Ár- 
cades com  o  nome  de  Irmiride  havendo 
girado  pelas  principaes  Cidades  de  Itália 
chegou  a  efta  Corte  no  anno  de  1730.  e  fe 
aplicou  ao  eíludo  da  Sagrada  Theologia 
em  a  Congregação  do  Oratório.  Segunda 
vez  deixou  a  pátria,  e  cultivando  na  Sa- 
piência de  Roma  hum,  c  outro  Direito 
recebeo  em  ambos  as  infignias  doutoraes 
em  1737.  Sendo  alumno  da  Academia  dos 
Infecundos  fe  diílinguio  o  feu  talento  em 
varias  obras  poéticas  aíTim  Latinas,  como 
Italianas,  que  fe  fizeraõ  publicas  com  as 
outras  da  mefma  Academia.  ReíUtuido  a 
Portugal  foy  provido  em  o  Arcediagado  de 
Fonte  Arcada,  que  vagara  por  feu  Irmaõ 
loaõ  de  Andrea  de  quem  cm  feu  lugar 
fe  fará  diíUnta  lembrança.  Por  ordem  do 
Meílre    do     Sacro    Palácio    recitou    em    a 


Capella  Pontifícia  na  prefença  da  Santidade 
de  Clemente  XII. 

De  gloriojijftma  Chrifti  AJcenJione  Ora- 
tio  habita  in  Sacello  Pontificio  aã  demen- 
tem XII.  Pont.  Max.  Romae  apud  Typ. 
Vatican.     1734.    4. 

Fr.  HENRIQUE  DE  SANTO  ANTÓ- 
NIO chamado  no  Século  Manoel  Armaõ 
naceo  em  a  marítima  Villa  de  Cafcaes  a 
II  de  Setembro  de  1682.  fendo  filho  de 
loaõ  Armaõ,  e  Mariana  Marinha  da  Matta. 
Com  judiciofa  eleição  preferio  em  a  idade  da 
adolefcencia  a  tranquilidade  do  Clauílro  ao 
tumulto  do  feculo  recebendo  o  habito  de 
S.  Paulo  primeiro  Erimita  em  o  Convento 
de  Lisboa  a  28  de  Novembro  de  1698.  e 
profeíTando  folemnemente  a  30  do  dito 
mez  do  anno  feguinte.  As  fciencias  efco- 
laíUcas,  que  aprendeo  com  difvelo  diâou 
com  aplauzo  até  jubilar  na  Sagrada  Theo- 
logia fendo  taõ  venerado  o  feu  talento  nas 
Cadeiras,  como  nos  púlpitos  onde  fubtil- 
mente  praéticou  os  preceitos  da  Oratória 
Ecclefiaílica.  Pela  fua  literatura,  e  prudên- 
cia obteve  os  lugares  de  Geral  da  fua  Con- 
gregação, Qualificador  do  Santo  Officio» 
e  Examinador  das  Três  Ordens  Militares. 
Como  taõ  verfado  no  eftudo  da  Hiftoria. 
Ecclefiaílica,  e  principalmente  do  Erimitica 
inílituto,  que  profeíTa,  publicou  pelo  bene- 
ficio da  impreíTaõ  os  feguintes  partos  da 
fua  laboriofa  aplicação. 

Chronica  dos  Erimitas  da  Serra  de  OJfa  no 
Keyno  de  Portugal,  e  dos  que  floreceraõ  em  mais  m 
ermos  da  Cbriftandade,  dos  quais  nos  feffántes 
Jeculos  fe  formou  a  Congregação  dos  Pobres  de 
Jefu  Chriflo,  e  muito  depois  a  Sagrada  de  S. 
Paulo  primeiro  Erimita  chamada  dos  Eremitas 
da  Serra  de  OJfa.  Tom.  i.  que  contem  a  Hijloria 
Anacoretica,  e  Cenobitica  dos  primeiros  finco 
féculas  do  Mundo  Cbrifiaõ.  Lisboa  por  Fran- 
cifco  da  Sylva.  1745.  foi. 

Memorias  do  V.  Fr.  Vafco  que  fe  acbaõ 
no  Arcbivo  do  nojfo  Convento  da  Serra  de 
OJfa.  Sahio  na  Antilogia  Catacritica  da  ver- 
dade Benediãina  compoíla  por  Fr.  Marcelliano 
da  Afccnfaõ  Monge  Beneditino.  Madrid 
por  Alonfo  Balbas.  1758.  foi.  dcfde  pag.  152. 
até  IJ9. 


L  USITAN  A. 


443 


HENRIQUE  BRAVO  DE  MORAES 
profeíTor  dos  Sagrados  Cânones,  Deaõ 
da  Sé  Primacial  de  Goa,  ComiíTario  da 
Bulia  da  Cru2ada,  Vigário  Geral  do  Ar- 
cebifpado,  e  feu  Governador  nomeado 
pelo  Uluftriflimo  Arcebifpo  Primaz  D. 
Sebaftiaõ  de  Andrade  Paçanha.  Foy  muito 
eftudiofo  da  Hiíloria,  principalmente  da 
Eccleíiaftica    efcrevendo. 

Notícias  dos  Arcebifpos,  e  Prelados  da 
Metropolitana  de  Goa  com  defcripçcw  da  Igreja 
da  Jtia  Sé  Primacial,  e  todas  do  Arcebifpado 
de  Goa.  foi.  M.  S.  Confervafe  efte  Vo- 
lume na  Livraria  dos  Arcebifpos  de  Goa 
no  feu  Palácio  de  Panelim.  Delle  man- 
dou huma  copia  à  Academia  Real  da 
Hiftoria  Portugueza  cuja  obra  fer  feita 
<om  grande  exaçaõ,  e  cuidado  aííirma  o  Pa- 
dre D.  António  Caetano  de  Souza  Affol. 
Lufit.  Tom.  4.  no  Commentar.  de  15  de 
Agofto  letr.  C.  pag.  575.  coL  i.  e  a  con- 
ferva  em  feu  poder.  Falleceo  o  author 
com  fumma  piedade  em  Goa  a  6  de  Fe- 
vereiro  de    1729. 

HENRIQUE   DE   BRITO   ProfeíTor   de 

Humanidades  em  a  famofa  Univeríidade  de 

Coimbra  no  feliz  tempo  em  que  com  igual 

gloria  floreciaõ  as  letras  fagradas,  e  profanas. 

'     Foy  iníigne  latino,  e  elegante  Orador  como 

I     deixou  manifefto  na  obra  feguinte. 

Oratio  de  Scientiarum,  difciplinarumque 
omnium  laudibus  habita  Conimbrica.  Co- 
nimbricae.    1554.    8. 

HENRIQUE  CAYADO  filho  de  Ál- 
varo Cayado,  e  de  fua  conforte  Anna 
ornada  de  todos  os  dotes  da  natureza 
teve  por  pátria  a  incUta  Cidade  de  Lisboa 
onde  na  idade  da  adolefcencia  aprendeo 
os  preceitos  Gramaticaes  de  Gonçalo  Rom- 
bo celebre  profeíTor  de  letras  humanas,  An- 
helando  o  feu  talento,  que  era  prefpicas, 
inftruirfe  com  fciencias  mayores  fe  refol- 
veo  paíTar  a  Itália  atrahido  da  fama  do 
grande  FHologo  Angelo  Policiano  a  cujo 
dezejo  condefcendeo  feu  Pay  o  qual  ob- 
tendo faculdade  delRey  ( a  quem  era 
muito  aceito  peUas  açoens  politicas,  e  mi- 
litares  que   em   obfequio   deíla  Coroa  tinha 


obrado)  para  que  feu  filho  fahiíTe  de  Por- 
tugal, o  mandou  abundantemente  provido 
de  tudo  quanto  lhe  era  neceíTario  para  Bolo- 
nha em  cuja  Univerfidade  havia  frequentar 
o  eítudo  da  Jurifprudencia  Cefaria  porem 
como  o  feu  génio  fe  naõ  inclinaíTe  a  efta  Fa- 
culdade dedicou  toda  a  aplicação  à  cultura 
das  letras  humanas  em  q  com  fumma  delei- 
tação confumia  o  tempo.  Florecia  nefte  tempo 
em  Bolonha  Cataldo  Parifio  natural  de  Sicília 
fublime  cultor  do  ParnaíTo  de  cujo  magifterio 
fahio  taõ  egregiamente  inílruido,  que  che- 
gou a  competir  na  fuavidade  da  metrificação 
com  o  Meíbre  eternizando  em  o  Epigram- 
ma  feguinte  os  progreíTos,  que  fizera  na 
Poezia  com  as  fuás  inílruçoens. 
Otia  fi  qua  tibi  fuerint,  fi  quando  vacabit, 

Verjiculos   nojlros,    doãe    Catalã,    leges: 
Verjiculos  è  fonte  tuo  quos  haufimus,     <&  quos 

Diãare  baud  dubie  vifus  es  ipfe  mihi, 
Yormafii  ingenium  primus,  primujq  per  altos 

Duxijli  lucos,  an  traque  Pieridum: 
A.'  te  principium  Mu/a,  tibi  nofira   Thalia 

Supplicat,  €^  fe  vult  te  genitore  fatam. 
Mirari  noli,  fi  degeneravimus  ufquam, 

Nam  liquido  interdã  manat  ab  amne  lutu 
De  Bolonha  fe  transferio  a  Florença  an- 
dofo  de  ver  a  Angelo  Policiano  cujo  afefto 
querendo  condliar  lhe  ofTereceo  hum  Poema 
em  feu  louvor  do  qual  inferio  Policiano  o 
fublime  enthuíiafmo  da  fua  Mufa.  Nadando 
por  devertimento  em  hum  Viveiro  de  peixes, 
que  eftava  nos  arrebaldes  de  Florença  quafi 
efteve  para  exhalar  o  efpirito  por  cauza  do 
exceíTo  de  frio,  que  Uie  ocupou  todo  o  corpo, 
cujo  trágico  fuceíTo  defere ve  na  Egloga  fe- 
gunda  em  que  juntamente  lamenta  com  enter- 
necidas expreflbens  a  morte  de  Angelo  Poli- 
ciano. Em  todas  as  Qdades  de  Itália,  que  dif- 
correo  eraõ  os  mais  celebres  eruditos  os  Pane- 
giriftas  do  feu  talento  como  foraõ  em  Bolonha 
Roberto  Lantono,  e  Mino  Rofcio  Diétador, 
e  em  Ferrara  Gregório  Giraldo,  e  Celio  Cal- 
cagnino  chegando  a  tal  aclamação,  que  o 
povo  com  o  dedo  o  moílrava  como  erário 
das  delicias  do  ParnaíTo.  As  fuás  Eglogas 
eraõ  lidas  com  geral  aplauzo  das  quais 
tinha  elle  formado  taõ  alto  conceito, 
que  lhe  pareciaõ  igioaes  às  de  Virgílio 
como   iníinuou   na   Carta  efcrita   ao   Duque 


444 


BIB  LIO  THE  C  A 


Hercules.  Virgilius  decem  Éclogas,  Ego  dum- 
taxat  novem  edidi,  ne  cum  Poeta  emineníijftmo 
certare  de  numero  viderer.  A  fama,  que  tinha 
adquerido  em  o  eíludo  das  letras  amenas, 
como  a  natural  averfaõ  à  Jurifprudencia, 
totalmente  o  feparou  de  fe  aplicar  a  efta 
Faculdade,  que  feu  Pay  o  mandara  eftudar, 
e  fendo  feveramente  increpado  por  feu  Tio 
Nuno  Cayado  de  naõ  ter  obedecido  àquelle 
preceito,    lhe    refpondeo    nefta    forma. 

Difcere  me  coffs,   Noni,   Civilia  Jura 

Et  donare  juhes  jam  mea  phãra  rude. 
Dulcia    quis    trucibus  permutat   carmina    ri  xis} 

Quis  prafert  nojlris  jurgia   rauca  Jocis? 
Sunt   leges   lacrymce,    quajius,  perjuria    lites, 

In      vetitumque      nefas,      impticiteque      doli. 
Quis    fordes     aquis     oculis    fpeâare     reorum, 
Quis     fleãus     duro     peãore    ferre     potefl; 
Men     nugas    audire    fori     mendacia?    vanis 
Men    prabere     aures     caufdicis    faciles? 
Ut   juvat    hijlorias    veterum    monumenta    viro- 
rum 

Perlegere,    e^    mores    infpicere    inde    homi- 
num. 
Quid    referam    arcana   fenfus    in    nube    laten- 
tes? 
Quid    referam    obflrufis    myjlica  facra    mo- 
dis? 
Adde     et     conuexi     clarijftma     lumina     mundi, 

Et     rerum     caufas,     notitiamque     deum. 
Hac    ego     Paãolum    Jiquis    mihi    tradat,     e^ 
Hermum 
Non    vendam,    efl    cunãis    vitaque,    morfque 
eadem. 
Quod    fi     divitiis    opus     efl    fulvoque     metallo, 

Ejfe    inopes    Mufas    non    patiere    mihi. 
Teãa     Ducum    fubeant    alii,    Procerumque   pe- 
nates, 
Tum    mihi  pro    cunãis    Keffbus   effe  potes. 

Agravado  o  Tio  do  pouco  fruâo,  que 
colhera  com  a  exhortaçaõ  feita  ao  fobri- 
nho  fe  vingou  negando-lhe  a  aíTiílencia 
do  dinheiro  com  que  fe  alimentava,  e  veftia, 
de  cuja  opreílaõ  fe  queixou  com  eftas  vozes 
a  Bartholameo  Blanchino. 

Noãe,   dieque  famem  patitur,    Blancbine,   Poeta 
Incedit  nudus  pene  Poeta  mifer. 


Naõ  eraõ  poderofas  eftas  moleftias  pa- 
ra que  fufpendendo  o  comercio  das  Mufas 
frequentafle  o  eíhido  da  Jurifprudencia  até 
que  obrigado  do  preceito  delRey  D.  Ma- 
noel preferio  luítíniano  a  ApoUo,  c  no  cf- 
paço,  de  três  annos  tal  foy  o  progreíTo,  que 
a  perfpicacia  do  feu  talento  unida  à  felici- 
dade da  memoria  fez  naquella  Faculdade 
em  a  Univerfidade  de  Pádua,  que  foy  lau- 
reado com  as  iníignias  doutoraes,  c  na  mef- 
ma  Academia  a  23  de  Outubro  de  1505. 
recitou  huma  Oraçaõ  cm  louvor  da  Jurif- 
prudencia, que  mereceo  aplauzo  univerfal  a 
qual  no  anno  feguinte  fe  publicou  impreíTa 
por  Bernardino  Vital.  Reftituido  a  Portu- 
gal afliftio  pouco  tempo  na  fua  pátria  pois 
fentindo,  que  lhe  foíTe  antepoílo  em  hum 
lugar  Jurídico  outra  peflba  muito  inferior 
ao  feu  merecimento,  para  naõ  experimentar 
fegunda  injuftiça  fe  retirou  para  huma  Quinta 
íituada  em  Bemfica  meya  legoa  diftante  de 
Lisboa  onde  defgoílozo  acabou  a  vida. 
Adriano  Baillet  Jugem.  des  Scavans  Tom.  4. 
pag.  mihi  304.  efcreve,  que  elle  morrera  em 
Roma  no  anno  de  1508.  de  huma  grande 
porçaõ  de  vinho  que  para  remédio  da 
doença,  que  padecia  lhe  deu  hum  Inglez 
feu  amigo  chamado  Chriílovaõ  Fifcher 
perfuadindo-o  a  que  defprezando  os  me- 
dicamentos receitados  pelos  Médicos 
bebeíTe  aqueUe  eficaz  Befoartico  produ- 
zido em  Corfega,  e  confervado  havia 
quatro  annos.  Teve  a  eílatura  pequena, 
corpo  groíTo,  praétíca  jovial,  e  fumma- 
mente  prompto  em  as  refpoílas.  Diverfos 
authores  celebrarão  a  fua  memoria  com 
elegantes  Elogios,  como  faõ  Filippe  Bc- 
roaldo  in  Epifl.  ad  Eudou.  Teixeram  dizen- 
do. Efl  Hermicus  Eufitanus  in  condendis  Poema- 
tis  ingeniofus,  elegans,  flor ulen tus:  habet  venerem, 
hahet  falem  funt  illi  verba  latina,  fententia  poé- 
tica, verfus  emunãi.  Deíider.  Erafmo  in  Cice- 
roniano lhe  fez  o  feguinte  Elogio.  Et  hujita- 
nos  aliquod  eruditos  novi  qm  vulgaverinte  tngmii 
fui  fpecimen,  ne  minem  novi  prater  Hermicum 
quemdam  in  Epigrammatibus  felicem,  C^  in  ora- 
tione  foluta  f adiem,  ac  promptum,  ad  argumen- 
tandiim  dexterrima  dicacitatis.  Fana,  c  Sou- 
za Fuent.  de  Aganip.  4.  Part.  n.  3.  c  4. 
las    Eglogas    de    nuefiro     Portuguei^    Henriqm 


i                                            LUSITANA,  445 

j    Cajado,    que    las    dedico    ai    Key    D.    Mamei  'EclogB,     Sylva,     (&     Epiff^ammata.      Bo- 

j   £on    otros    Poemas    nò  fon    infelices.      Nicol.  nonise  apud  Benedidum  Heétorem.   1501.  4. 

i   Ant.    Bib.    Hifp.    Tom.    pag.    432.    col.    2.  Qiegando   hum   exemplar   defta   obra   às 

j  Jloruit    latina    eruditione,    (&    Poeji.     Refende  maõs   do   Summo   Pontífice   Alexandre  VH. 

j  in   Orat.   hahit.   in  Acad.   OlyJJip.   anno   1337.  iníigne    Poeta    Latino    julgou    fer    digno    o 

Poeta    veterihus    conferendus.      Lilius     Girald.  feu    author    de    ornar    a    Bibliotheca    Hif- 

Ae   Poet.  fui  Temp.   Dialog.   2.   Fmt  Hermicus  pana    em    que    naquelle    tempo    trabalhava 

Cayadus    Poeta    vefier    qui    in    lod/itania    Hen-  indefeflamente    o    famofo    Nicolao    António 

ricus  vocahatur  fermone  fefiivus   in   Itália   Fio-  a  quem  remeteo   o   exemplar  pelo  eruditif- 

rentia,     <Ò'     Bononia     verfatus,     PoHtiani,     (&  íimo    Monge    Ciftercienfe    Fr.    loaõ    Bona, 

Beroaldi    tempore    quorum,    <&    difciplina,    <&  que  depois  foy  elevado  á  Purpura  Romana. 

jamiliaritate  ujus.     Ludou.    Teixeira  in  Epif-  Sahio    efta    obra    fegunda   vez   imprefla   em 

tol.    ad    Beroald.     Utinam    qua    ego    de    Car-  nobre  carafter,  e  elegante  forma  no  i.  Tom. 

mnibus    Cayadi,    qua    de    ingenio    conceperim,  do  Corpus  llluftr.   Poetar,  hjtjitanor.  qui  latine 

vulgo    pojjim     citra     affentationis    Jujpicionem.  Jcripjerunt.     Lisboníe    Typis    Regalibus    Syl- 

OJlenderem     quippe     quantopere      Poeta     nofier  vianis,  Regiíeque  Academiíe.    1745.   4.   defde 

non    modo    inter    Hif panos    excellat,  fed   etiam  pag.  51.  até  259. 

j    itrgeat    veftrates.    Morery    Diccion.     Hiftorique. 

!    Poete   celebre.    Maced.    Flor.    de   Efpan.    cap.  HENRIQUE        CARLOS        CORRÊA 
!    8.    Excel.     II.    Damian.    de    Góes    Hifpan.  naceo    em    Lisboa    a    10    de    Fevereiro    de 
no    Tit.    de   vir   doais.    loan.    Soar.    de    Bri-  1680.    fendo    filho    de    Félix    Thomaz    Cor- 
to  Theatr.   Ijijit.   Liter.   lit.   H.   n.    5.   Ley-  rea,  e  Mariana  de  Brito,   e  Oliveira.     Nos 
taõ    Not.    Chronol.    da    Univerjidade    de    Co-  primeiros     annos     em     que     logo     moftrou 
imb.    pag.    414.     §.     895.     Fxcellente    Poeta,  viveza    de    engenho,    e    felicidade    de    me- 
i    Jurifconfulto.      Petrus     Sanches    in     Epijl.  moria   cultivou  a   Arte   da   Mufica   que   lhe 
ad  I^atium   de   Moraes.  enfinou     o     Padre    Domingos     Nunes     Pe- 
Cayada  de  gente  tibi  venit  Hermicus  ille  reira    Meftre    da    Cathedral    de    Lisboa    de 
Hermicus  Aufonia  cunãis  notijjimus  urbe,  quem    já    fizemos    memoria,    e    foraõ    taes 
Qui   cecinit   Sylvas,  pecudefque,   fÍT  numimina  os     progreíTos,     que     fez     nefta     Faculdade, 
ruris,  que    chegou    a    exceder    ao    feu    Meífare,    e 
Quem  fape   inflantem   calamos,   <&   dulce  fo-  competir     com     o     infigne     António     Mar- 
nantem  quez   Lesbio   Meftre   da   Capella   Real  vene- 
Teãus   arundinibus  fummis   audivit   ab   tmdis  rado     Oráculo     defta     armonica     Arte.      A 
Mincius    ipfe  pater  fiuãus,    fÒ"  ponere    rau-  fama,   que   corria   da   fua   profunda   fciencia 
cum  authenticada      com      a      multiplicidade      de 
JuJJit   murmur  aqua   labentis,   ut  altius  aure  obras  em  que  a  novidade  da  idea  fe  unia 
Attentá    molles    números,    <&    verba    notaret.  com    a    armonia     da     confonancia    fempre 
Credebatque   fenex    Mufam,    mane/que    Aia-  reguladas    pelos    preceitos    da    Arte    moveo 
ronis  ao   Illuftriírimo   Bifpo   de   Coimbra   D.    An- 
Populeas   inter  frondes,    in   vallibus   illis  tonio  de  Souza,  e  Vafconcellos  para  o  cha- 
Errare,  <&  Sjlvas,  fedefque  revifere  amatas.  mar  para  Meftre  da  fua  Cathedral  cuja  in- 
O   Padre   António   dos   Reys   Enthujiafm.  cumbencia  dezempenhou  por  mmtos  annos 
Poet.  n.  1 67.  com  geral  aclamação.    Anhelando  o  feu  efpi- 

Cayadus  ab  ipfo  rito  a  mayor  perfeição  recebeo  o  habito  mili- 

Virgilio    baud    multUm    difians  fuper    árdua  tar  de  S.  Tiago  em  o  Real  Convento  de  Pal- 

collis  mela  a  24  de  lulho  de  171 6.  onde  exercitando 

Ibat,   ab   ore  meios  fundendo   dulcius  illo,  o   magifterio  da  Mufica  naõ  tem  ceifado    até 

Quo  placata  olim  Plutonia  Re^a  canenti  o  tempo  prefente  de  compor  as  obras,  que 

Eutydícem  tribuere  viro.  fe   ouvem  com  aplauzo,  e  fe  confervaõ  com 

Publicou.  eftimaçaõ,  cujo  Cathalogo  he  o  feguinte. 


446 


BIB  LIO  THE  CA 


Kefponforios  das  Matinas  da  ^.  5 .  e  6.  feyra 
da  Semana  Santa  a  8.  vozes. 

Kefponforios  da  y  e  G.  feyra  da  f emana 
Santa  2.  4.  vozes. 

Kefponforios  da  Fejla  do  Natal  a  4.  vozes 
com    Rabecas,    e    Rabecão    obrigados. 

Kefponforio  das  Matinas  de  S.  Lj/^ia.  Di- 
lexiíli   Juftitiam.    a   4.    vozes    com   Rabecas. 

Kefponforio  das  Matinas  de  Santa  Ignes. 
de  Três  Tiples. 

Kefponforio  das  Matinas  de  Santa  Ceci- 
lia  O'  beata  Cecilia.  A  8.  vozes  com  dous 
Clarins,  duas  Rabecas  obrigados.  He  de  5. 
Tom.  ponto  alto. 

A  primeira  luimentaçaõ  Cogitavit  Do- 
minas da  6.  feyra  de  4.  Tiples  z.  Tom. 
por  bmol. 

A  mefma  Lamentação  a  Solo  Tiple 
com    quatro    Rabecoens    obrigados. 

A  mefma  hamentaçaõ  a  Duo  contralto, 
e  Tenor  com  o  acompanhamento  extra- 
vagante.    I.    Tom    ponto    baixo. 

Ex  Traâatu  S.  Auguflini  liçaõ  4.  das 
Matinas  de  6.  feyra  Mayor  a  4.  vozes  dous 
contraltos,    e    dous    Tenores,    i.    Tom. 

Fejlinemus  ingredi.  liçaõ  7.  das  Ma- 
tinas da  6.  feyra  Mayor  a  4.  vozes  2.  Tom. 
por  bmol. 

Miferere  mei  Deus  a  12  vozes  de  4. 
Tom.  Outro  a  4.  vozes  2.  Tom  por 
bmol;  outros  a  três  vozes. 

Motetes  de  4.  vozes  de  7.  Tom  hum 
ponto  alto  que  fervem  para  a  Via- Sacra, 
e  começaõ  Bajulans  fibi  crucem  Exeamus 
ergo  —  Domine  Jefii  —  Angariaverunt  Simonem 
—  Filia  Jert falem  O'  vos  omnes  —  ]efns  cla- 
mans    você    ma^. 

Motetes  de  4.  vo:(es  de  4.  Tom.  que 
começaõ  Pupilli  faãi  fumus  —  Cecidit  coro- 
na —  O'  vos  omnes  —  Defecit  gaudium  Sepulto 
Domino.  Servem  para  a  prociííaõ  do 
Enterro    do     Senhor. 

Motetes  Trijlis  ejl  anima  mea  a  4.  vo- 
zes 6.  Tom.  Domine  miferere  de  4.  Tom. 
Converte  nos  de  6  Tom.  Domine  ]efu  de 
três    Tenores    2.    Tom   por   bmol. 

Ave  San£íum   Corpus  a   4.    de   2.   Tom. 
Tota  pulchra   eji   Maria   a    4.    i.    Tom. 
Alma      Kedemptoris     Mater     a     4.      5. 
Tom. 


Ave     Kegina    calorum.     a     3.     6.     Tora. 

Anna    parens.     a     4.     8.     Tom. 

Benediãus  qtá  venit  a  4.  de  4.  Tom. 
Outro  a  4.  de  i.  Tom  ponto  baixo.  Outro 
a    3.    2.    Tom    por    bquadro. 

Gradual,  Trato,  verfo,  e  ofertório  da  Mijfa  das 
Dores  de  Noffa  Senhora  a  4.  vozes  com  duas  Ra- 
becas, e  Rabecão  obrigados.  O  Trato,  e  Verfo 
de  I.  Tom  hum  ponto  baixo.  O  OfFertorio 
a  Duo  de  5.  Tom  hum  ponto  alto. 

Gradual  de  NoíTa  Senhora  Benediãa^ 
(ò"  venerabilis  a  4.  vozes  com  Rabecas,  e 
Rabecão     obrigados     de     6.     Tom. 

Gradual  Ave  Maria  a  4.  vozes  de  2.  Tom. 

Graduaes,  Tratados,  e  Verfos  da  Mi  ff  a  do  Sa- 
cramento huns  a  4.  outros  a  3.  a  Duo  e  Solo. 

Invitatorio  das  Matinas  do  Natal  a.  4. 
vozes  com  hum  Coro  de  inftrumentos 
de    4.    Tom. 

Gradual,  e  Verfo  para  a  Miffa  da  Noute 
de  Natal  com  hum  Coro  de  inftrumentos 
de   I .   Tom. 

Confitebor  tibi  Domine  a  8.  vozes  de 
2.    Tom    por    bmol. 

luiudate  pueri  Dominum  a  5.  vozes 
de    6.    Tom. 

Gradual  da  Miffa  de  quinta  Feira  Mayor. 
Chriflus  faãus  efl  pro  nobis  obediens  a  8.  vo- 
zes   de    2.    Tom    por    bmol. 

Três  Kefponforios  de  Defuntos  Mement» 
mei  Deus,  dous  a  4.  e  o  outro  a  8.  vozes. 
Todos    de    2.    Tom    por    bmol. 

Muíica  de  Eftante. 

Duas     Magúficat;    huma     de     2,     Toi 
outra  de  4. 

Verfos  para    a    ProciffaÔ    de    Palmas    d< 
I.  Tom. 

Defenfor     Alme     Hifpania     Hymno 
S.  Tiago. 

hadainha  de  Noffa  Senhora  a  4.  vozes 
de    8.    Tom. 

Vilhancicos  de  Natal,  Fefta  dos  KeySr 
Conceição,  Sacramento,  e  outras  Fejlividades 
a    8.    6.    4.    Duo,   e    Solo. 

P.  HENRIQUE  DE  CARVALHO 
naceo  em  o  lugar  de  Alvarellos  termo 
da   Villa   de   Oliveira   do   Conde   do   Bifpa- 


L  USITAN  A. 


447 


do  de  Vifeu  a  3  de  Março  de  1667.  fendo 
filho  de  Manoel  Gomes  de  Carvalho,  e  Iza- 
bel  Henriques.  Na  tenra  idade  de  quinze 
annos  fe  aliftou  na  Sagrada  Companhia  de 
lefus  em  o  Collegio  de  Coimbra  a  18  de 
Abril  de  1682.  onde  de  tal  modo  fe  diítinguio 
de  feus  companheiros  na  comprehenfaõ  das 
letras  humanas,  e  divinas,  que  depois  de 
diâar  humanidades  em  o  Collegio  de  Lis- 
boa, e  fer  Meftre  da  primeira  em  o  de  Coim- 
bra, e  Lente  de  Filofofia,  explicou  Theologia 
Moral  em  a  Univeríidade  de  Évora,  e  no 
Oíllegio  de  Santo  Antaõ  de  Lisboa.  A  fua 
literatura  unida  à  madureza  de  que  era  or- 
nado o  fez  digno  de  fer  Reytor  do  Collegio 
de  Lisboa,  Procurador  da  Provinda  do  Ja- 
pão, Provincial  defta  Provinda,  Qualificador 
do  Santo  Officio,  Examinador  das  Três  Or- 
dens Militares,  e  ConfeíTor  do  SereniíTimo 
Príncipe  do  Brazil  o  Senhor  D.  Jozeph. 
Palleceo  no  Collegio  de  Santo  Antaõ  a  23  de 
Outubro  de  1740.  quando  contava  73  annos 
de   idade   e    58    de   Religião.     Compoz. 

Kepojla  a  huma  Carta  do  EmminentiJJimo 
Cordial  Ver  eira  ejcrita  de  Usboa  a  },o  de  Ja- 
miro  de  11 1 A- 

Kepojla  Jegunda  ao  Emminentijfwio  Cordial 
Pereira  ejcrita  em  Lisboa  a  ^i  de  Mayo  de  11^4. 
He  muito  larga.  Huma,  e  outra  em  folha 
fem  anno,  nem  lugar  da  ediçaõ. 

Lacrymee  Typo^aphíca  Officina  in  obitu  Ven. 
Patris  Antonii  Viejra.  Lisboa  por  Miguel 
Rodriguez  Impreííor  do  Senhor  Patriarcha 
1736.  4.  He  huma  Profopopeya  elegan- 
temente compofta  em  huma  Elegia,  que 
confta  de  iii.  Dyílichos  na  qual  a  Impreííaõ 
lamenta  naõ  poder  jà  illuftrar-fe  com  as 
obras  do  Padre  António  Vieyra  por  lhe 
faltar  a  vida  para  as  compor.  Sahio  no  livro 
intitulado  Vot^es  Jaudo^as  da  eloquência  a  pag. 
282.  que  publicou  o  Padre  André  de  Bar- 
ros da  Companhia  de  JESUS. 


Fr.  HENRIQUE  COUTINHO  filho 
de  Pays  nobres  quais  eraõ  Pedro  Car- 
dofo  Coutinho,  e  D.  Guiomar  Bote- 
lho naceo  em  Lisboa,  e  no  Convento 
pátrio  da  Sagrada  Ordem  da  SantiíTima 
Trindade    profeíTou    o    feu    iníbtuto.     Ten- 


do fido  Miniftro  do  Convento  de  Setúbal 
naõ  aceitou  o  mefmo  lugar  em  o  Convento 
de  Lisboa  em  que  fora  uniformemente  eleito, 
e  para  que  naõ  foíTe  acuzado  de  inútil  para 
obfequio  da  fua  Religião  exercitou  por 
alguns  annos  o  lugar  de  Procurador  Geral. 
Aplicou-fe  com  baftante  difvelo  ao  eftudo 
da  Chimica  para  o  qual  juntou  com  grande 
defpeza  vários  livros  pertencentes  a  efta 
Arte.  Morreo  em  o  Convento  de  Lisboa  a 
30  de  Agofto  de  1707.  Traduzio  de  Latim 
em  Portuguez. 

Obras  de  JoaÕ  Baptijia  Helmonjio  as  quais 
com  todas  as  licenças  para  a  impreífaõ  fe 
confervaõ  na  Livraria  do  Convento  defla 
Corte. 

HENRIQUE  CUELLAR  celebre  profef- 
for  de  Medecina,  que  eíhidou  em  a  Univerfi- 
dade  de  Pariz,  e  nella  fahio  taõ  eminente, 
que  querendo  a  Mageílade  delRey  D.  loaõ 
o  III.  reftaurar  a  Univerfidade  de  Coim- 
bra o  mandou  chamar  para  fer  hum  dos  feus 
primeiros  Meílres  ocupando  a  Cadeira  de 
Prima  de  que  tomou  poíTe  a  2  de  Mayo  de 
1537  a  qual  ainda  regentava  no  anno  de 
1543.  Da  fua  fciencia  medica  fazem  illuftre 
memoria  Nicol.  Ant.  Bib.  Hijp.  Tom.  i. 
p.  431.  col.  I.  loan.  Soar.  de  Brito  Tbeatr. 
Ijijit.  Uter.  lit.  H.  n.  4.  loan.  Hallevord. 
Bib.  Curiof.  pag.  414.  col.  2.  Zacut.  Praf. 
Prognojl  Hjpocrat.  Scoto  HiJp.  Bib.  p.  328. 
Maris  Dialog.  de  Var.  Hijl.  Dial.  5.  cap.  3. 
Abraham  Mercklin.  Und.  Kenovat.     Compoz. 

Commentaria  in  Prognojlica  Hypocratis  cum 
Commentariis  Galeni.  Conimbricae  ex  Officina 
Academiae.  1543.  foi. 

HENRIQUE  DIAS  criado  do  Senhor  D. 
António  Prior  do  Crato  o  qual  fahindo  do 
porto  de  Lisboa  a  1 5  de  Abril  de  1 5  60.  embar- 
cado em  a  Náo  S.  Paulo,  de  que  era  Capitão 
Ruy  de  Mello  da  Camará,  acompanhada  de 
outras  finco  por  naõ  fer  o  tempo  oportuno 
arribou  à  Bahia  de  todos  os  Santos  donde 
depois  da  dilação  de  quarenta  dias  largando  o 
pano  a  15  de  Setembro  aviliou  o  Cabo  da 
Boa  Efperança  no  fim  de  Novembro,  e 
fubindo     a     mayor    altura     por    ferem     os 


448 


B  IB  LIO  THE  CA 


ventos  muito  agudos  bufcou  a  Ilha  de  Sa- 
matra  na  qual  a  20  de  laneiro  de  1561.  pade- 
ce© laílimozo  naufrágio  de  cujo  fatal  fuceflb 
como  teílemunha  ocular  efcreveo. 

KelaçaÕ  da  Viagem,  e  naufrágio  da  Não 
S.  Paulo,  que  fqy  para  a  índia  no  anno  de  i^do 
de  que  era  Capitão  Ruy  de  Mello  da  Camará, 
Mejlre  Joaõ  Luiz>  *  Pilofo  António  Dia^.  Lis- 
boa na  Officina  da  Congregação  do  Ora- 
tório 1735.  4.  Sahio  na  Hijl.  Trag.  Marit. 
Tom.  I.  defde  pag.  353.  até  479.  Fazem 
memoria  defta  fatalidade  Couto  Decad.  7. 
da  Afia  Uv.  9.  cap.  16.  Souza  Orient.  Con- 
quifi.  Tom.  i.  Conquift.  i.  Divif.  2.  §. 
65.  e  Barbof.  Mem.  Hifi.  delRey  D.  Se- 
bafiiaõ  Part.    1.   liv.   2.   cap.    14.  n.    139. 

HENRIQUE  DE  FARIA  natural 
de  Lisboa,  e  iníigne  profeflbr  de  Mufi- 
ca  de  cuja  armonica  Faculdade  teve  por 
Meílre  a  Duarte  Lobo  competindo  com 
elle  na  profundidade  da  fciencia.  Foy 
Meílre  em  as  Parochias  de  Santa  lufta, 
e  N.  Senhora  dos  Martyres  de  Lisboa 
havendo  exercitado  o  mefmo  miniílerio 
em  a  Igreja  Matriz  da  Villa  do  Crato. 
Morreo    na    pátria    onde    fe    confervaõ. 

Varias  obras  de  Mufica.  Aí.  S. 

HENRIQUE  FERNANDES  Dou- 
tor Medico,  e  Lente  de  Prima  de  Filo- 
fofia  em  a  Univerfidade  de  Salamanca  on- 
de foy  eftimado  o  feu  talento,  e  a  aguda 
comprehenfaõ  com  que  penetrava  as 
mayores  dificuldades  da  arte  medica,  e 
inveíligava  os  fegredos  mais  recônditos  da 
Phyfica.    Efcreveo. 

De  rerum  naturalium  primordiis  Se£Hones 
VIU.      Salmanticae    in    sedibus    luntíe.    foi. 

HENRIQUE  FERNANDES  naceo 
em  Lisboa,  e  eftudou  em  Coimbra  Ju- 
rifprudencia  Cefarea,  que  ouvio  inter- 
pretada pela  boca  do  infigne  Ayres  Pi- 
nhel Lente  do  Código  defde  o  anno  de 
1544.  até  1548.  ao  qual  querendo  de 
algum  modo  agradecer  a  doutrina,  que 
delle  recebera  lhe  efcreveo  huma  carta 
Latina  em  aplauzo  do  feu  Commentario 
de    Bonis    Matemis,    que    fahio    imprefla    ao 


principio   defte    Tratado.     Conimbricas   apud 
Anton.  Mariz.  1557.  foi. 

HENRIQUE  FERNANDES  SERRAM 
natural  da  Gdade  de  Lagos  em  o  Rcyno 
do  Algarve  Advogado  da  Caza  da  Supli- 
cação taõ  perito  nas  efpeculaçoens  jurídi- 
cas como  verfado  cm  a  liçaõ  da  Hiftoria 
profana.      Efcreveo    com    eftilo    íincero. 

Hifioria  do  Reyno  do  Algarve.  Dedicada 
a  D.  Manoel  de  Lancafiro.  Aí.  S.  Conferva- 
va-fe  na  Bibliotheca  Severiana  onde  a  vio 
Joaõ  Franco  Barreto  como  affirma  na  fua 
Bib.  Portug.  M.  S. 

HENRIQUE  GRACES  natural  da 
Cidade  do  Porto  donde  paílou  às  índias 
Occidentaes,  e  nellas  aíTiílio  a  mayor  parte 
da  fua  vida  ocupado  em  o  ferviço  da  Mo- 
narchia  de  Caftella  devendo-fe  à  fua  induílria, 
que  no  Peru  naõ  correfle  a  prata  fem  fer 
cunhada,  e  fe  uzaííe  do  azougue  para  bene- 
ficio deíle  metal.  Depois  de  eftar  livre  do 
vinculo  conjugal  obteve  hum  Canonicato 
na  Cathedral  de  México,  e  para  que  naõ 
paíTaíTe  ociofamente  as  horas,  que  lhes  ref- 
tavaõ  do  Coro  traduzio  da  lingua  Italiana  em 
a  Hefpanhola. 

Lús  Sonetos,  y  Canciones  dei  Poeta  Frath- 
cifco  Petrarcha.  Madrid  por  Guillielmo 
Dravi  1591.  4.  Verteo  de  Portuguez 
em  Caftelhano. 

Ims  hufiadas  de  Camoens  em  Outavas. 
Madrid  pelo  dito  ImpreíTor.  1591.  4. 
Defta  tradução  faz  memoria  Manoel  de 
Faria,  e  Souza  na  Vid.  de  Camoens  im- 
preíTa  no  principio  do  Tom.  1.  do  Com- 
mento  das  J/tas  Rimas,  e  he  celebrado  o 
traduftor  pelo  Padre  António  dos  Reys 
Enthuf.  Poet.  n.  150. 

Inferiora    loco  pofitos   dejpeãat   olentis 
Arboris  incinãus  folio    Garcefus  Ibero 
Carmine  Lufiadas  reddebat  Numinis  aure 
Aufcultante  fonos  avidã. 
Ultimamente     traduzio     em     Caftelhano 
a    obra    Latina   de   Francifco    Patrício   coi 
efte  titulo. 

Del    Reyno,   y    de    la    infiitucion    dei 
hade    reynar.      Madrid    por    Luiz    Sanches. 
1591.  4. 


I 


L  USITANA. 


449 


na- 


P.  HENRIQUE  HENRIQUES 
ceo  em  Villa-viçofa  do  Arcebifpado  de  Évora 
onde  inftruido  com  as  letras  humanas  fe 
aplicou  ao  eíhido  da  Jurifprudencia  Canó- 
nica em  a  Univeríidade  de  Q)imbra.  Defpre- 
zando  os  aplauzos  merecidos  ao  feu  grande 
talento,  e  feguindo  o  confelho  evangélico 
de  vender  quanto  pofluia,  e  diílribuir  o  feu 
preço  pelos  pobres  fe  aliílou  em  a  Q)m- 
panhia  de  JESUS  no  CoUegio  de  Coimbra 
a  8  de  Outubro  de  1545.  quando  contava 
vinte  e  íinco  annos  de  idade.  Sendo  pequena 
esfera  para  o  feu  agigantado  efpirito  o  Rey- 
no  de  Portugal  pedio  com  repetidas  inftan- 
cias  a  MiíTaõ  da  índia  para  onde  partio  no 
anno  de  1546.  com  íinco  Náos  de  que  era  Ca- 
pitão mór  Lourenço  Pires  de  Távora,  e  che- 
gando a  Goa  a  17  de  Setembro  do  dito  anno 
foy  logo  deíUnado  pelo  apoftoUco  zelo  de  S. 
Francifco  Xavier  para  a  Cofta  da  Pefcaria 
cuja  agreíle  vinha  cultivou  pelo  largo  efpaço 
de  íincoenta,  e  três  annos  com  taõ  indefeíTo 
trabalho,  e  continua  vigilância,  que  mereceo 
fer  intitulado  Apoftolo  do  Camorim.  Para 
atrahir  com  mayor  facilidade  ao  grémio 
da  Igreja  Romana  aquelles  bárbaros  apren- 
deo  a  fua  Ungua  muito  difícil  de  comprehen- 
der,  e  muito  mais  de  pronunciar,  e  fahio  no 
breve  efpaço  de  féis  mezes  nella  taõ  perito, 
que  pregava,  e  efcrevia  livros  em  taõ  rude 
idioma.  Entre  as  graviíTimas  afliçoens,  que 
padeceo  em  obfequio  da  Religião  foy 
a  mayor  quando  acometido  o  lugar  de 
Punicale  pelos  Badagàs  gente  feroz,  e 
indómita  lhe  lançarão  huma  cadeya  de 
palmo,  e  meyo  do  pefcofo  até  o  pè  di- 
reito, e  nefte  cruel  martyrio  permaneceo 
conílante  por  alguns  dias  até  que  foy  ref- 
tituido  à  liberdade.  Em  publica  difputa  con- 
venceo  a  hum  Brâmane,  que  para  confirmar 
aos  bárbaros  na  falfidade  da  fua  crença  fe 
fingia  muitas  vezes  morto,  e  refucitado,  de 
cuja  controverfia  fe  feguio  gloria  para  o 
Chriftianifmo,  e  confufaõ  para  a  gentilidade. 
Igual  triumfo  alcançou  em  Punicale  fuprin- 
do  a  auzencia,  e  as  faudades  do  Santo  Xa- 
vier, e  o  Ven.  Criminal,  na  converfaõ 
de  hum  celebre  Seneaxi,  que  obfervan- 
do  vida  inculpável  conforme  a  ley  da  na- 
tureza o  illuílrou  a  graça  para  fazer  meri- 
29 


torias  as  penitencias  com  que  macerava  o 
corpo.  Nefte  mefmo  lugar  edificou  a  fua 
induftriofa  charidade  hum  Seminário  para 
a  inftruçaõ  dos  meninos  fahindo  também 
difciplinados  em  os  Myfterios  da  Fé,  e  pre- 
ceitos da  Ley  Evangélica,  que  nas  fuás  pradti- 
cas  eraõ  ouvidos,  e  refpeitados  como  Mef- 
tres.  Para  remédio  dos  infermos  levantou 
hum  Hofpital  em  que  igualmente  fe  tra- 
tava do  remédio  dos  corpos,  como  das  al- 
mas. Foy  na  pureza  Anjo,  no  dezejo  Mar- 
tyr,  e  no  zelo  Apoftolo.  Cumulado  de  he- 
róicas virtudes  deixou  a  vida  caduca  pela 
eterna  em  Punicale  a  6  de  Fevereiro  de 
1600  quando  contava  80  annos  de  idade 
e  55  de  Religião.  Divulgada  a  fua  morte 
foy  exceífivo  o  fentimento,  que  ocuf)ou  o 
coração  de  todos  os  Chriftãos  chegando 
muitos  a  naõ  comer  o  efpaço  de  três  dias, 
e  até  os  Mouros  fizeraõ  luéhiofas  demonf- 
traçoens  pela  falta  de  taõ  grande  varaõ. 
Foy  fepultado  em  o  Collegio  de  Tutu- 
curim  diftante  três  legoas  de  Punicale  com 
geral  veneração  daquella  Chriftãdade.  O 
mayor  Elogio  que  fe  pode  ao  feu  nome 
fazer  foy  o  que  lhe  fez  o  Apoftolo  do 
Oriente  em  huma  Carta  efcrita  de  Cochim 
a  14  de  Janeiro  de  1549.  a  feu  Patriarcha 
Santo  Ignacio  de  Loyola,  a  qual  he  a  nona 
do  liv.  2.  das  fuás  Cartas  traduzidas  em 
latim  pelo  P.  Horácio  Turfellino.  p.  mihi 
215.  HenrJcus  Henriques  Jacerdos  eft  e  Jocietate 
iMJitanm  vir  elegia  vir  tu  tis,  <&  exempli:  is 
verfatur  in  Promontório  Comorino.  Malavarice 
perbene  et  Jcrihit,  <&  loquitur:  atque  adeo  unus 
pro  multis  Jane  utiliter  elahorat.  Bib.  fociet. 
pag.  327.  col.  I.  Charitate  in  Deum,  ac  pró- 
ximos, s^elo  animarum,  arumnarumque  patientia 
paucos  habmt  pares.  Faria  AJia  Portug.  Tom. 
2.  Part.  4.  cap.  20  n.  9.  Fueron  famofos 
y  aun  Santos  y  companeros  de  Jus  trahajos, 
e  predicacion  Henrique  Henriques  &€.  Surius 
Comment.  rer.  in  orbe  gejl.  ad  ann.  1565.  pag. 
mihi  460.  vir  multa  virtute  conjpicuus.  Nicol. 
Ant.  Bib.  Hijp.  Tom.  i.  pag.  431.  col.  i. 
in  Pijcaria  ora  diãus  ab  incolis  Comorinenjium 
Apojiolus.  Cardofo  Agiol.  Ijijit.  Tom.  i.  pag. 
363.  de  tal  maneira  o  conjormou  Deos  com 
heróicas  açoens  do  Santo  Xavier,  que  Joy 
hum   vivo   retrato  Jeu  nos  trabalhos,  Jomes,  Je- 


45o 


B IB  LIO  THE  CA 


des,  cárceres,  cativeiros,  e  naufrágios,  que  tudo 
experimentou,  e  fofreo  com  admirável  paciên- 
cia. Marracio  Bib.  Marian.  Part.  i.  pag. 
559.  vir  vita  irreprehenfihilis ,  pleneque  Keligio- 
fus.  Telles  Chron.  da  Comp.  de  JESUS  da 
Prov.  de  Portug.  Part.  i.  liv.  2.  cap.  7.  n.  6. 
VaraÕ  verdadeiramente  digno  de  perpetua  me- 
moria. Rho  Hift.  virt.  <&  Vit.  lib.  6.  cap.  3. 
n.  25.  Gufman.  Hift.  de  las  Mijfton.  de  la 
Comp.  Part.  1.  liv.  2.  cap.  15.  14.  e  16. 
Tanner  Societ.  Jefu  u/q.  ad  Sang  <&  vit.  pro- 
fuf.  militans  pag.  225.  Nadaíi  Ann.  dier. 
memor.  S.  J.  Part.  i.  pag.  72.  Sou2a  Orient. 
Conquift.  Part.  i.  Conquiíl.  2.  Div.  i.  §.  67. 
e  Conquift.  2.  Div.  i.  §.  5.  12.  15.  e  20. 
e  Part.  2.  Conquift.  2.  Divif.  i.  §.  10. 
Franco  Imag.  da  virtud.  do  Nov.  de  Coimb. 
Tom.  I.  liv.  3.  cap.  2.  e  feguintes  e  Ann. 
Glorio/.    S.    J.    in    Luftt.    p.    65.     Efcreveo. 

Arte    de    Gramática    da    lingua    Malabar. 
Vocabulário  de  me/ma  lingua. 

Deftas  duas  obras  faz  o  Author  men- 
ção na  Carta  efcrita  a  Santo  Ignacio  de 
Punicale  a  6  de  Novembro  de  1550.  affir- 
mando,  que  o  Vocabulário  era  muito  abun- 
dante de  palavras.  O  Padre  Joaõ  de  Lu- 
cena na  Vid.  do  Santo  Xavier,  lib.  5.  cap.  25. 
falia  deftas  obras  dizendo.  Sahio  com  a 
Arte,  e  Vocabulário  da  lingua  com  ejpanto  dos 
naturaes,  que  todos  o  tinhaÕ  por  coun^a  fobre- 
natural,  e  grande  beneficio  dos  noffos  Padres,  e 
Irmãos,  que  d'  entaõ  até  agora  por  eftes,  e  por 
outros  livros  que  Je  foraõ  fa:(endo,  taÕ  facilmente 
aprendem    o    Malabar    como    o    latim. 

Doutrina    Chriftãa   por    modo    de    Dialogo. 

Methodo  de   Conjeffar. 

Vida  de  Chrifto,  Nojfa  Senhora,  e  San- 
tos cujo  exemplar  fendo  trazido  a  Roma 
em  o  anno  de  1602.  fe  guardou  na  Bi- 
bliotheca    Vaticana. 

Contra  as  fabulas  dos   Gentios.    M.    S. 

De  todas  eftas  obras  fazem  memoria 
Telles  Chron.  da  Companhia  de  JESUS 
Part.  1.  lib.  I.  cap.  7.  Bib.  Societat.  p.  327. 
Franco  Imag.  da  Virtud.  do  Nov.  de  Coimb. 
Tom.    2.    pag.    618. 

Carta  efcrita  aos  Padres  de  Coimbra  em 
Bembay  do  Cabo  do  Camorim  no  ultimo  de 
Dev^embro    de    1548. 


Carta  efcrita  ao  Provincial  de  Portugal 
efcrita  em  Cochim  a   12.   de  Janeiro  de   15 ji. 

Duas  Cartas  efcritas  a  Santo  Ifftacio  do 
Cabo  de  Camorim.  a  primeira  a  6.  de  No- 
vembro de  1550.  Sahio  vertida  cm  latim 
com  outras.  Lovanii  apud  Rutgerum 
Welpium.  1566.  8.  defde  p.  155.  até  159. 
A  fegtmda  efcrita  no  anno  de  1555.  Ambas 
fahiraõ  vertidas  em  Italiano  com  outras. 
Venetia  por  Michele   Tramezzino.    1559.   ^• 

Copia  de  huma  Carta  efcrita  em  Punicale 
em   o   ultimo   de    Dezembro   de    1556. 

Carta  efcrita  de  Macaçar  do  Keyno  de 
Tranvacor  ao  Padre  Geral  em  i^  de  Janeiro 
de  1558.  Defcreve  a  terra,  e  progreflbs 
da  Chriftandade.  Sahio  cõ  outras  vertida 
em  Italiano  Venetia  por  ^lichele  Tramez- 
zino   1559.    8. 

Carta  efcrita  de  Manar  a  1^  de  Dezem- 
bro de  1560.  ao  Padre  Geral.  Outra  em 
que  relata  a  conftancia  com  que  padeceo  os 
açoutes  hum  Chriftaõ  em  Punicale.  Ambas 
vertidas  em  Italiano  Sahiraõ  Venetia  por 
Tramezzino.    1561.    8 . 

Carta  efcrita  de  Cariapataõ  em  o  Cabo 
de  Comorim  a  zo  de  Dev^mbro  de  1358. 
aos    Padres    do     Colleffo    de    Coimbra. 

Carta  efcrita  da  Ilha  de  Manar  a  S.  de 
Janeiro  de  1561.  ao  Padre  Geral.  Ambas 
traduzidas  em  Italiano.  Venetia  por  Tra- 
mezzino. 1562.  8.  A  fegimda  vertida  em 
latim  fahio  com  outras.  Lovanii  apud 
Rutgerum  Welpium  1570.  8.  a  pag.  272. 
até  275. 

No  archivo  da  Caza  profeíTa  de  S.  Ro- 
que defta  Corte  fe  confervaõ  as  Cartas  fe- 
guintes.  M.   S. 

Carta  efcrita  de  Punicale  a  d  de  Det(em^ . 
bro    de    1547.    aos    Padres   de    Coimbra.         fl 

Carta  efcrita  de  Cochim  a  S.  de  De:(em- 
bro   de    1547.    aos   mefmos. 

Carta  efcrita  de  Bambaj  em  ^i  de  De- 
zembro de  1548.  a  Santo  Igtmcio,  e  ao  Pa-  j 
dre  Simaõ  Rodrigues.  Confta  de  13.  pagi-  ' 
nas. 

Carta  efcrita  do  Cabo  de  Camorim  a  | 
19.  de  Dezembro  de  1548.  aos  Padres  de  \ 
Portugal.      He    muito    extcnfa. 

Carta  efcrita  do  Cabo  de  Camorim  a  21.  ; 
de   Novembro   de    1549.    a   Santo  Ignacio. 


L  USITAN  A. 


45 1 


Carfa  do  Cabo  de  Camorim  ejcrita  a  12. 
de  Janeiro  de  15  51.  aos  ladres  da  Província 
de    'Portugal. 

Carta  ejcrita  de  V mie  ale  em  o  i.  de  No- 
pembro  de  1352.  Outra  a  zf  de  Novembro 
do  me/mo  anno.  Aos  Padres  da  Provinda 
de    Portugal. 

Carta  ejcrita  ao  Jeu  Provincial  do  Cabo 
de    Camorim    a    i    de    Janeiro    de    1560. 

Carta  ejcrita  de  Goa  a  12.  de  Novem- 
bro de  1556.  aos  Padres  do  Co  lie  ff  o  de  Coim- 
bra. 

Carta  ejcrita  de  Manar  a  14  de  Dezem- 
bro de  1561.  aos  Padres  do  Collegio  de  Coim- 
bra.    Q)afta    de    nove    paginas. 

Carta  ejcrita  aos  mejmos  Padres  a  30 
de  Dezembro  de  1561.  Coníla  de  6.  pagi- 
nas. 

Carta  ejcrita  a  \^  de  Det(embro  de  1563. 
aos  Padres  de  Portugal.  Q)níla  de  7.  pagi- 
nas. 

Carta  ejcrita  a  iz  de  Dezembro  de  1564. 
aos  Padres  da  Ca^a  de  S.  Roque.  G^nfta 
de   6.    paginas. 

Carta  ejcrita  aos  mejmos  a  z-j  de  Janeiro 
de  1566.  Outra  ejcrita  aos  mejmos  a  24 
de    Dezembro    de    1567. 

Carta  ejcrita  aos  Padres  da  Provinda 
de  Portugal  no  fim  do  anno  de  1566.  Ganíla 
de    7.    paginas. 


P.  HENRIQUE  HENRIQUES  natural 
da  Qdade  do  Porto  donde  paíTando  a 
CafteUa  na  juvenil  idade  de  defafeis  annos 
recebeo  a  roupeta  de  Jefuita  em  o  Q)llegio 
de  Alcalà  em  o  anno  de  1552.  e  fez  a 
profiíTaõ  folemne  dos  quatro  votos  em 
Salamanca  a  25  de  Abril  de  1568.  Tal  era 
a  comprehenfaõ  do  juÍ2o  unida  à  felicidade 
da  memoria  com  que  penetrou  as  dificulda- 
des Theologicas,  que  por  uniforme  voto  de 
todos  os  Meíbres  da  Companhia  regentou 
as  primeiras  Cadeiras  deíla  Faculdade  no 
Collegio  de  Salamanca  defde  o  anno  de 
1566.  até  1571.  cuja  laboriofa  incumbência 
continuou  com  univerfal  aplauzo  em  os 
Collegios  de  Córdova,  e  Granada  bailando 
para  immortal  credito  do  feu  magiílerio 
ter    por    difcipulos    aquelles    famofos    Orá- 


culos da  Theologia  Efcholaítíca  os  Pa- 
dres Francifco  Suares,  e  Gregório  de  Va- 
lença. Sempre  feguio  as  opinioens  mais 
folidas  como  fundadas  nas  authoridades 
dos  Santos  Padres,  naõ  fe  deixando  arre- 
batar de  novidades  em  que  commumente 
periga  a  verdade,  e  muitas  vezes  a  Religião. 
Falleceo  na  Cidade  de  Tivone  fituada  na 
Campanha  de  Roma  diílante  quinze  milhas 
deíla  Gdade  fobre  o  Rio  Teverone  a  28 
de  laneiro  de  1608.  com  72.  annos  de 
idade,  e  56  de  Companhia.  A  fua  Httera- 
tura  he  aplaudida  pelas  pennas  de  celebres 
Efcritores,  como  faõ  Fr.  Francifco  de  Santo 
Agoílinho  Macedo  Collat.  Do£tr.  D.  Tbom. 
<&  Scot.  Tom.  I.  Collat.  10.  Differ.  4. 
feâ.  I.  chamando-lhe  ilhiftrem  Tbeologum,  <& 
infignem  authorem,  leãorem  maguB  authoritatis^ 
in  Augujlino,  fÍT  Patribus  verjatijftmum. 
Joan.  Soar.  de  Brito  Tbeatr.  1-Mfit.  Uter.  lit. 
H.  n.  j.  Facultatis  Theologia  eminentijjimus 
projejjor,  nullique  è  tot,  ac  tantis  Societatis 
injignibus  Theoloffs  doãrina,  Jubtilitatis  atque 
eruditionis  laude  Jecundus.  Fr.  Manoel  Ro- 
drigues Explic.  de  la  Bui.  de  la  Crut^.  §.  5. 
na  addic.  ao  num.  3.  Cuya  autboridad  y 
reverencia  es  para  mi  de  tanto  valor  por  Jer 
taõ  do£to  y  baver  Jido  mi  padre  ejpiritual  de 
conjejfion  eftando  metido  en  el  golfo  dei  mundo. 
Fr.  Luiz  da  Conceic.  Exam.  Verit.  Theolog. 
Moral.  Traél.  i.  Part.  i.  caf.  15.  n.  8. 
doãijftmus.  Maffeo  Vit.  P.  Soar.  cap.  4.  Au- 
thor  Jamojo.  Barbof.  KemiJ.  ad  Ord.  Keg. 
lib.  4.  Tit.  83.  §.  I.  n.  I.  doãijfimus.  Henao 
Scient.  Med.  Hijl.  propugtat.  Eventil.  5. 
n.  158.  non  minèribtis  pradifus  virtutibus,  quàm 
litteris.  Joan.  Sanches  Seleã.  Dijput.  47. 
n.  21.  qui  brevitate  dicendi  omnes  alios  Doão- 
res  excelluit,  &  denique  parem  ejje  Thomce 
Sambes  intentione  dicendi  ejus  Jtripta  demoj- 
trant.  Girardi  Diário.  Part.  i.  a  25  de  Ja- 
neiro doãijfimo  Scrittore.  Nicol.  Ant.  Bib. 
Hijp.  Tom.  I.  pag.  431.  col.  2.  Pbilojo- 
pbus,  (ò^  Tbeologus  eximius.  Kening.  Bib. 
Vet.  ó^  Nov.  pag.  391.  col.  i.  Compoz. 
Summa  Tbeologia  Moralis  libri  qtiindecim  in 
quibus  non  Sacramentorum  Jolum  tam  in  generali, 
qiiam  in  particulari,  Jed  Indulgentiarum  etiam, 
Cenjurarum  Ecclefiafilcarum ,  Excomunicationis , 
Sujpenjionis,  Interdiãi,  Irregularitatis,  jmijque  bo- 


452 


BIBLIO THE  C  A 


minh  doãrina  omnis  non  erudiíá  minus,  quàm  me- 
thodka  hrevitate  dilucide  expUcantítr.  i.  Vars.  Sal- 
manticse  apud  Joanem  Fernandes   1591.  foi. 

Secunda  Pars.  ibi  apud  eumdem  Typogra- 
phum  1593.  foi.  Ambas  as  Partes  Venetiis 
apud  Damianum  Zanarum  1596.  foi.  &  ibi 
mais  correfta  apud  Baretium.  1600.  foi.  & 
Moguntiac  apud  Joannem  Albinum  161 5.  foi. 

De  Clavibus  Ecclejia.  Salmanticac  in 
acdibus  Joannis  Ferdinandi.  Como  neftc 
Tratado  fe  defendeíTe  a  authoridade  Real 
contra  a  violência  feita  aos  Ecclefiafticos, 
fe  eftimulou  taõ  fortemente  o  Núncio 
Apoftolico,  que  naquelle  tempo  afllília  em 
Hefpanha,  que  por  fua  induílria  toda  a 
impreíTaõ  foy  entregue  ao  fogo  falvandofe 
unicamente  três  ou  quatro  exemplares,  dos 
quais  hum  fe  conferva  na  Bibliotheca  do 
Real  Convento  do  Efcurial,  e  os  outros 
em    poder    dos    Padres    da    Companhia. 


HENRIQUE  HENRIQUES  DE  NO- 
RONHA natural  da  Ilha  da  Madeira  filho 
3.  de  Pedro  de  Betancourt  Henriquez,  e 
de  D.  Mariana  de  Menezes.  Frequentou 
alguns  annos  a  Univerfidade  de  Coimbra 
em  que  moftrou  viveza  de  engenho,  feli- 
cidade de  memoria,  e  deixando  aquella 
paleftra  voltou  para  à  fua  pátria  para  fuce- 
der  nos  morgados  de  feu  Tio  Ignacio  de 
Betancourt  da  Camará  onde  fe  defpozou 
em  6  de  Julho  de  1692.  com  fua  Prima  D. 
Francifca  Maria  de  Vafconcellos.  Naõ  lhe 
impedio  o  novo  eftado  de  continuar  o 
louvável  cuftume  da  continua  aplicação  aos 
livros  principalmente  da  Hiíloria  fecular, 
e  da  Genealogia  em  que  fez  grandes 
progreflbs  merecendo  fer  numerado  entre 
os  Académicos  fupranumerarios  da  Aca- 
demia Real  da  Hiíloria  Portugueza  por 
fer  excelente  invejligador  das  Antiguidades 
como  o  intitula  o  Padre  D.  António  Cae- 
tano de  Souza  Apparat.  à  Hijl.  Gen.  da 
Ca:(.  Rgal  Portug.  pag.  ijy.  §.  190.  Fal- 
leceo  a  26  de  Abril  de  1730.     Compoz. 

Famílias  da  Ilha  da  Madeira.  M.  S. 
foi.  Hunu  Copia  defta  obra  conferva  o 
Padre  D.  António  Caetano  de  Souza  af- 
fima     allegado,     c     he     eftabelecida     fobre 


documentos  extrahidos  dos  Carthorios,   que    " 
peflbalmente    examinou    feu    Author. 

F a  mi  lia  de  Henriques  illujlrada;  da  qual 
elle  defcendia  no  anno,  que  fe  radicou  na 
Ilha  da  Madeira.  Dedicado  a  D.  Jorge 
Henriques    Senhor    das    Alcáçovas. 

Família  dos  Freyres  de  Andrade  deduzida 
dos  Condes  de  Trava.  Dedicada  a  Bernar- 
dim  Freyre    de    Andrade. 

Memorias  Seculares,  e  Ecclejiajlicas  para  a 
CompoJiçaÕ  da  Hijloria  da  Diocefe  do  Funchal 
na  Ilha  da  Madeira  dijlribuidas  na  forma  do 
Syfiema  da  Academia  Keal  da  Hijloria  Portu- 
guet^a.  foi.  M.  S.  Confervaõ-fe  cm  poder 
do  Padre  D.  António  Caetano  de  Souza 
onde  o  vimos  o  qual  no  Tom.  10.  liv.  10. 
pag.  892.  da  HiJl.  Gen.  da  Ca:(a  Real  Portug. 
diz  que  faõ  excellentemente  ordenadas. 


HENRIQUE  lORGE  HENRIQUES  ir- 
mão de  Gafpar  Fernandes  infigne  lurifcon- 
fulto  naceo  em  a  Cidade  da  Guarda  em  a  Pro- 
víncia da  Beira  onde  inílruido  nos  primeiros 
rudimentos  fe  aplicou  ao  eftudo  da  Medecina 
fendo  feu  Meílre  o  grande  Thomaz  Rodri- 
guez  da  Veyga  Cathedratico  de  Prinu  em  a 
Univerfidade  de  Coimbra  de  cuja  difciplina 
fahio  taõ  perito,  que  foy  Lente  de  Artes  em 
a  Univerfidade  de  Salamanca,  e  fubílituto  da 
Cadeira  de  Avicena  em  a  de  Coimbra, 
pois  eleito  na  mefma  Academia  para 
de  Prima  de  Pradtíca  de  Medecina  em  o  anno 
de  1595.  Foy  Medico  do  Duque  de  Alva  D. 
António  Alvares  de  Toledo. 

De  Regimine  cibi,  ac  potus,  et  de  catera- 
rum  rerum  non  naturalium  u/u  nova  ennaratio. 
Salmanticac  apud  Michaelem  Serranum  de 
Vargas  1594.  4. 

Tratado  dei  perfeto  Medico  dividido  en  finco 
Diálogos.  Salamanca  por  loaõ,  André  Rc- 
naut.   1595.  4. 

Compendium  Dialeãica.  Defta  obra  faz  men- 
ção a  pag.  200.  do  Tratado  dei  perfeão  Medico. 

Dous  livros  de  Cenjuras.  Nelles  falia  no 
Tratado  do  perf.  Med.  foi.  203.  c  no  de  Regim. 
cibi  potus.  foi.  187. 

Efpelho  da  Vida  Humana.  Delle  fe  lem- 
bra no  de  Regim.  cibi  ó'  pot.  foi.  25 

LJvro    do    Amor    fobre    o    Capitulo    de 


ato  da 
e    de-    I 
Lente    I 


L  USI  TAN  A 


453 


Avicena   em   que   trata   dos 
delle     memoria    no     Traí. 
foi.    179.    184.    e    186. 

Apolo^a    Medica.      Delia 
referido    Tratado,    foi.    203 
Poemata     Varia.     M. 

Delle    fazem    memoria 
Curiof.     pag.     414.     col.     i, 
cklin.    Und.    Renov.    Nicol. 
Tom.    I.   pag.   431.   col.    i. 
cio».  Hijiorique. 


Amantes.     Faz 
dei   perf.     Med. 

fe    lembra    no 
.    e    287. 

S. 

HaUevord.    Bib. 

Abrah.     Mer- 

Ant.   Bib.   Hifp. 

e   Morery  Dic- 


HENRIQUE  lOZÉ  DA  SYLVA 
QUINTANILHA  filho  de  Agoftinho 
da  Sylva,  e  Maria  das  Neves  naceo  em 
Lisboa  a  15  de  Março  de  1723.  onde  inf- 
truido  nas  letras  humanas  paíTou  à  Uni- 
veríidade  de  Q)imbra,  e  nella  frequen- 
tando o  eíhido  do  Direito  Pontifício  fe 
formou  neíla  Faculdade  a  19  de  lunho 
de  1744.  na  florente  idade  de  22.  annos. 
O  génio,  que  teve  para  as  fciencias  fe- 
veras  he  igual  para  as  amenas  oiltivando 
defde  os  primeiros  annos  a  Poética  com 
felicidade,  e  agudeza  publicando  entre 
muitas  obras,  que  a  fua  Mufa  fecunda- 
mente   eftá    produzindo,    as    feguintes. 

Júbilos  de  Portugal  na  Jujpirada  vinda 
do  Excellentijfimo,  e  Rjeverendijftmo  Senhor 
D.  Fr.  lo^è  Maria  da  Fonceca,  e  Évora 
Sagrado  Bijpo  do  Porto.  Lisboa  na  Regia 
Officina  Sylviana,  e  da  Academia  Real 
1741.  4.  &  ibi  1742.  He  himi  Romance 
lyrico,     que     coníla     de     40     coplas. 

Fragoa  de  Vulcano.  Fpithalamio  nas  feli- 
cijftmas  Núpcias  do  Senhor  D.  loaõ  António 
Domingos  Bento  da  Cofia  com  a  Senhora 
D.  There;(a  lofeph  de  Noronha  filhos  dos 
Illufirifímos,  e  Excellentijftmos  Senhores  Con- 
des de  Soure,  e  Marquet^es  de  Aíarialva. 
Lisboa    na    mefma    Officina    1746.    foi. 

HENRIQUE  LOPES  muito  eíhidiofo 
da  Poefía  Cómica  em  que  fahio  eminente 
compondo  diverfos  Autos,  que  fe  repre- 
zentáraõ  com  aplauzo  dos  expeâadores. 
De  todos  fomente  fe  fez  publico  por  deli- 
gencia  de  Affonfo  Lopes  parente  do  Author. 

Cena  PoUciana.  Sahio  na  i.  Part. 
dos    AutoSf    e     Comedias     Portuguesas.      Lis- 


boa,   por    André    Lobato.    1587.    4.    a   foL. 
41.  v.o 

HENRIQUE  MANOEL  DE  AGRANDA 
PADILHA  Fidalgo  da  Caza  Real,  e  Cava- 
leiro profeflb  da  Ordem  militar  de  Chrifto 
naceo  em  Lisboa  a  10  de  Outubro  de  1700. 
fendo  filho  de  Fruéhiofo  de  Padilha  Salazar 
Fidalgo  da  Caza  Real,  e  de  D.  Angela  de 
Aucourt.  Tanta  foy  a  indinaçaõ,  que  logo 
defcubrio  em  os  primeiros  annos  à  vida. 
militar,  que  quando  contava  doze  aíTentou 
praça  de  foldado  merecendo  pelas  fuás  açoens 
em  que  moífarou  valor,  e  difciplina  paíTar 
de  Capitão  a  Tenente,  e  Capitão  de  mar, 
e  guerra.  Para  fe  conhecer,  que  naõ  era. 
incompativel  o  exerdcio  da  penna,  ao  da 
efpada    efcreveo    com    elegante    eftilo. 

Relação  do  principio  da  guerra  da  Co- 
lónia do  Sacramento  até  a  chegada  da  Náo 
Efperança,  em  que  nos  Juceffos  da  dita  Não- 
fe  exprejfaõ  os  que  houve  na  Colónia  até  che- 
gar   o    Armifiicio.    M.    S.    4. 

HENRIQUE  DE  MELLO  Commenda- 
dor  de  Santa  Maria  de  Manteigas  da  Ordem 
de  Chrifto  filho  de  Vafco  Martins  de  Mello, 
e  de  D.  Anna  Moniz.  Foy  muito  aplicado 
ao  eíhido  da  Genealogia,  e  contemporâneo 
de  Affonfo  de  Torres  infigne  Genealogifta. 
de  quem  fe  fez  mençaõ  em  feu  lugar.  Efcreveo. 

Familias  do  Rejno  de  Portugal.  DeUe  faz 
mençaõ  D.  António  Caetano  de  Souza  Ap- 
parat.  à  Hifi.  Gen.  da  Ca^.  Real  Portug.  pag.. 
73.  §.  56. 

HENRIQUE  DE  MENEZES  Commen- 
dador  da  Azinhaga  em  a  Ordem  de  Chrifto, 
e  Capitão  de  Tangere  filho  fegimdo  de  D. 
Joaõ  de  Menezes  primeiro  Conde  de  Tarouca 
Mordomo  mór  delRey  D.  Joaõ  o  11.  Graõ 
Prior  do  Crato,  Alferes  mór  de  Portugal,, 
e  de  D.  Anna  de  Vilhena  filha  de  Femaõ 
Telles  de  Menezes  quarto  Senhor  de  Unhaõ, 
Geftafo,  Meinedo,  Commendador  de 
Ourique  Mordomo  mór  da  Raynha  D. 
Leonor;  e  de  D.  Maria  de  Vilhena  Ca- 
mareira mór  da  Raynha  D.  Leonor  filha 
de  Martim  Affonfo  de  Mello  Alcayde 
mór    de     OUvença,    e     Guarda    mór    dos 


454 


BIBLIOTH  E  CA 


Reys  D.  Duarte,  c  D.  Affonfo  V.  Foy 
muito  eíhidiofo  da  Hiftoria  Secular,  e  fu- 
ficientemente  inílruido  na  Jurifprudencia 
Civil,  de  que  deu  claros  argumentos  quan- 
do exercitou  o  lugar  de  Governador  da 
Caza  do  Civel.  Pela  fumma  prudência,  de 
que  era  ornado  o  nomeou  ElRey  D.  loaõ 
o  III.  Embaxador  a  Roma  alcançando  no 
tempo  do  feu  miniílerio  a  Bulia  da  ereçaõ 
do  Tribunal  do  Santo  Oííicio  nefte  Reyno 
expedida  pela  Santidade  de  Paulo  III. 
Para  defender  a  innocencia  de  feu  Irmaõ 
D.  Duarte  de  Menezes,  que  depois  foy 
quinto  Governador  da  índia,  e  decimo 
fexto  Governador  da  Praça  de  Tangere, 
que  fe  achava  prezo  à  ordem  delRey  D. 
Joaõ  o  III.  fez  huma  eloquente  reprezen- 
taçaõ  a  eíle  Principe  em  a  Villa  de  Setu- 
val  a  15  de  Junho  de  1552.  eílando  pre- 
zentes  os  mayores  Fidalgos,  e  infignes 
Letrados,     a     qual     começava. 

Por  nos  Jav^er  a  todos  mercê,  e  a  feu  Real 

•Officio    o    que    deve.      Acaba.      £    para    que 

V.    A.    ajftm   o   determinar,    e   haver  por  fer- 

viço  fará   afi,    e    a  feu   efiado,    e    a    ejla,    taõ 

antigua   Cavallaria  o   que   deve,   e  a  nos  muita 

Jujiiça,     e     mercê.       Compoz     mais. 

Trabalhos  de  Hercules.  Efta  obra  alle- 
ga  o  Doutor  António  Francifco  de  Alcá- 
çova Compend.  da  Nobre:(^.  e  Fidalg.  dejies 
Rejnos.    cap.     i . 

Fazem  delle  mençaõ  Couto  Decad.  7. 
■da  índia  liv.  7.  cap.  2.  e  o  Padre  D.  Antó- 
nio Caetano  de  Souza  Hi^.  Gen.  da  Ca:^a 
Real   Portug.    Tom.    10.    liv.    10.    pag.    795. 

HENRIQUE  DA  MOTA  Efcrivaõ  da 
Camera  delRey  D.  loaõ  o  III.  ornado  de 
génio  eíhidiofo,  e  grande  capacidade  pela 
qual  lhe  ordenou  efte  Principe  que  fizefle 
huma  defcripçaõ  de  Lisboa,  e  por  quantas 
peíToas  era  habitada,  cuja  incumbência 
executou    no    anno    de    1528.    efcrevendo. 

Tratado  dos  vi:(inhos,  que  tinha  a  Ci- 
dade de  Lisboa  no  anno  de  1528.  Deíla 
obra  como  de  feu  Autor  faz  memoria  o 
celebre  antiquário  Gafpar  Barreiros  na 
Corografia,    foi.     54. 

Diverfas  Poejias.  Sahiraõ  no  Cancio- 
neiro    de     Garcia     de     Refende.      Lisboa 


por   Hermaõ    de   Campos    15 16.    foi.    defde 
foi.    201.    v.o    até    211. 

Fr.  HENRIQUE  DE  NORONHA 
naceo  em  Lisboa  a  31  de  Março  de  1610. 
e  teve  por  Progenitores  a  D.  Marcos  de 
Noronha,  e  a  D.  Maria  Henriques  filha  de 
D.  Francifco  da  Cofta  Armeiro  mór,  c  Em- 
baxador a  Marrocos,  e  por  Avós  a  D.  Tho- 
maz  de  Noronha  Embaxador  de  França, 
e  D.  Helena  da  Sylva  filha  de  D.  Gil  Ean- 
nes  da  Coíla  Vedor  da  Fazenda  delRey  D. 
Sebaftiaõ.  Com  eleição  prudente  preferio 
ao  efplendor  do  nacimento  a  auíleridade 
do  clauílro  recebendo  o  habito  de  Carme- 
lita da  primeira  Obfervancia  em  o  Con- 
vento pátrio  quando  eílava  em  a  innocente 
idade  de  15  annos  a  20  de  lulho  de  1623. 
e  profeíTando  folemnemente  a  17  de  Mayo 
de  1626.  Como  foííe  admitido  a  CoUcgial 
do  CoUegio  de  Coimbra  a  14.  de  Novem- 
bro de  1629.  moílrou  na  carreira  dos  eíhi- 
dos  efcholaílicos  a  viveza  fumma  do  feu 
penetrante  engenho.  Depois  de  ter  íido 
Prior  do  Convento  de  Camarate,  Sócio,  e 
Secretario  do  Provincial  Fr.  António  da 
Guerra,  Prior  do  Convento  de  Lisboa,  c 
Prezentado,  foy  eleito  Provincial  pela  uni- 
formidade de  trinta,  e  quatro  votos  de  que 
fe  compunha  o  Capitulo  a  12  de  Mayo  de 
1658.  Naõ  confentio  a  morte,  que  acabafTe 
o  tempo  defte  lugar,  que  adminiílrava  com  j 
integridade,  e  benevolência  arrebatando  o 
intempeílivamente  a  17  de  Fevereiro  de 
1660.  quando  contava  50  annos  de  idade,  \ 
37  de  Religião.  laz  fepultado  no  Cemi- 
tério antigo  do  Convento  de  Lisboa  com 
efte  Epitáfio. 

Aqui  jav^  o  muito  Reverendo  Padre  Prefen- 
tado  Fr.  Henrique  de  Noronha  Provincial  defla 
Sacada  Religião,  varaò  illuflre  por  geração. 
Falleceo  no  fegundo  anno  do  feu  Provincialado 
aos  if  de  Fevereiro  de  1660. 

Compoz  com  eftilo  elegante,  e  con- 
ceituozo. 

Exemplar  politico  ideado  nas  acfoens  do 
feu  Outavo  Avò  o  Serenijfimo  Rey  D.  Pedro  I. 
defle  Reyno.  Lisboa  por  Pafchoal  da  Sylva 
ImpreíTor    dclRey.    1723.    8. 

Da   obra,   e   do   Author  faz  larga   men- 


L  U  SITAN  A. 


455 


çaõ  Fr.  Manoel  de  Sá  Mem.  Hijloric.  dos 
Efcril.  da  Prov.  do  Carm.  de  Portug.  cap. 
43.    §.    270.    e    feguinte. 


Fr.  HENRIQUE  DE  PENALVA  natu- 
ral do  G^nfelho  do  feu  appellido  íituado 
em  a  Provinda  da  Beira  do  Bifpado  de  Vi- 
feu.  Monge  Ciílercienfe,  e  muito  perito  na 
erudição    fagrada,    e   profana.     Efcxeveo. 

De  Accentibus.  M.  S.  foi.  Confervafe 
na  BibUotheca  do  Real  Convento  de  Al- 
cobaça. 


HENRIQUE  DO  QUENTAL  VIEY- 
RA  natural  da  Villa  de  Santarém  filho  do 
Licenciado  Rafael  do  Quental  Vieyra,  e 
neto  do  infigne  medico  Fernando  Alvres 
Cabral,  e  como  elle  profeíTor  da  mefma  Fa- 
culdade em  a  Academia  Conimbricenfe,  onde 
fahindo  nella  eminente  alcançou  as  mayo- 
res  eftimaçoens  pelo  methodo  com  que 
triumfava  das  infermidades  mais  perigofas. 
Foy  elegante  Poeta  alTim  na  lingua  mater- 
na, como  Cailelhana,  Latina,  e  Italiana  fen- 
do as  fuás  compofiçoens  métricas  ouvidas 
com  grande  aplauzo  na  Academia  dos  Sin- 
gulares   inílituida    em    Lisboa    no    anno    de 

1663.  do  qual  era  famofo  Collega  por  cuja 
cauza  o  numera,  e  a  feu  irmaõ  entre  os  mi- 
Ihores  alumnos  do  PamaíTo  Portuguez, 
Jacinto  Cordeiro  EJog.  dos  Poet.  Ljtjit.  Ef- 
tanc.  66. 

Puede  a  los  dos  Quintales  eminente 
Tanto  el  laurel  honrar  com  fin  glorio/o 
Que  jàctando-Je   en   ellos   de   excellente 
Pajje   a  ver  graves   ver/os   de    Viço/o. 
Morreo   em   Lisboa   a    16   de   Junho   de 

1664.  deixando  compoílas  as  obras  feguintes. 
Dous    Sonetos    hum    Caílelhano,    e    outro 

Portuguez  à  morte  de  D.  Maria  de  Atayde. 
Nas  Me  mor.  Funeh.  dejla  Senhora.  Lisboa 
na  Ofíicina  Craesbeckiana   1650.  4. 

Quatorze  Epi^amas  latinos.  Huma  Elegia 
Portuguet^a.  Poefia  latina  Macaronica  ao  Car- 
naval. 4  Sonetos  3  Sjlvas.  i.  Tercetos.  16 
Decimas,  i  Komance.  i  Kedondilhas  a  diverfos 
aíTumptos  fahiraõ  impreíTos  na  i.  Part.  da 
Academia  dos  Singulares  Lisboa  por  Henrique 


Valente  de  Oliveira.  1665.  4.  &  ibi  por  Ma- 
noel Lopes  Ferreira.   1692.  4. 

Gída  de  Saneadores.  Lisboa  por  Joaõ^ 
da  Cofta.  1669.  8.  &  ibi  pelo  dito  Im- 
preíTor.    1670.    8. 

Difceptationes  apologética  de  fanguinis  mijjione, 
<Ò'  purgatione  Jp>eculatíve,  <&  praãice.  Tom.  i. 
M.  S.  volume  grande. 

Obfervationum  Medicarum  praãicarum  To- 
mi  duo  cum  Scholiis.  Continent  centum  qua- 
draffnta  quinque  obfervationes.  M.  S.  foi. 

Dialogus    de  febre    mali^.    M.    S.    4. 

Empyrica,  Jive  Secreta  Secretorum  om~ 
nittm  infermitatum  Corporis  humani,  Tomur 
primus.    M.    S.    foi. 

Todas  eftas  obras  confervava  com 
grande  eílimaçaõ  o  Doutor  Henrique 
Moraõ  Medico  da  Camará  delRey  D^ 
Pedro  II. 

De  pulchritudine.  Efta  obra  vio  Joaõ- 
Franco  Barreto  como  afirma  na  Bib.  Por- 
tug.     M.     S. 

Tratado    do    Tabaco.    M.    S. 

Delle  fazem  memoria  D.  Francifco- 
Manoel  de  Mello  Carta  dos  A  A.  Portu- 
gueses ao  Doutor  Manoel  Themudo  da. 
Fonceca,  e  Joan.  Soar.  de  Brito  Tbeatr^ 
Eufit.    Eiter.    lit.    H.    n.    9. 


HENRIQUE  DE  SOUZA  natural 
de  Coimbra,  e  filho  do  Doutor  Joaõ  de 
Mello  de  Souza  Dezembargador  dos  ag- 
gravos  na  Caza  da  Suplicação,  e  nella 
ChanceUer,  Fidalgo  da  Caza  Real  a  quem 
imitou  na  fciencia  jurídica,  e  afluência 
poética  como  cantou  o  infigne  Poeta  Pe- 
dro Sanches  na  Carta  efcríta  a  Ignacio 
de    Moraes. 

En    tibi    ni  fallor   generofa,    <ò'    vera   pro- 
pago 

Praclari    Melli    Henricus,     qtn     damna    re- 
pendit 

Et  funt,  quod  fata  mala  inflixere  Minerva. 
Foy  Dezembargador  da  Caza  da  Sup- 
plicaçaõ  de  que  tomou  poíTe  no  primeiro 
de  Agoílo  de  1576.  Procurador  das  Or- 
dens Militares,  e  ultimamente  Dezembarga- 
dor do  Paço.  Morreo  em  Lisboa  a  15  de 
Junho  de  1605.     Compoz. 


456 


BIB  LIO  THE  CA 


Decijiones  ad  Ordines  Militares  pertinen- 
tes,   foi.    M.    S. 

Egloga  entre   Pereiras,  e  Carvalhos.   M.   S. 

Epigramma  in  haudem  Ijupi  Serrani  de 
Seneãute   Jcrihentis. 

Poejias  em  aplatn^p  de  Santo  António 
de   Usboa.   M.   S. 

Fr.  HENRIQUE  DE  SOUZA  DE 
JESUS  MARIA  Religiofo  da  Sagrada 
Ordem  do  Monte  do  Carmo  da  Provín- 
cia da  Bahia  onde  exercita  com  aplauzo 
o  miniílerio  de  Orador  Evangélico,  pu- 
blicou. 

Sermão  da  jujliça  na  primeira  Outava  do 
Efpirito  Santo  ejlando  pressente  o  Illujlrijftmo, 
e  Excellentijftmo  Senhor  André  de  Mello  de 
Cajlro  Conde  das  Galveas,  e  Vicerej  do  EJlado 
do  Bra!^il  com  toda  a  Relação  do  me/mo  EJlado 
pregado  no  Convento  do  Carmo  da  Cidade  da 
Bahia.  Lisboa  por  Domingos  Gonfalves. 
1745.  4. 

D.  Fr.  HENRIQUE  DE  TÁVORA 
naceo  na  celebre  Villa  de  Santarém  fendo 
filho  terceiro  de  Fernaõ  Cardofo  muito 
eftimado  na  Corte  delRey  D.  Joaõ  o  III. 
pelos  feus  fentenciofos  apothegmas,  e  D.  Fi- 
lippa  de  Brito  irmãa  de  Manoel  Serraõ  de 
Brito.  Por  iníinuaçaõ  do  Cardial  D.  Hen- 
rique de  quem  fora  moço  da  Camará  rece- 
beo  o  illuílre  habito  da  Ordem  dos  Prega- 
dores em  o  reformado  Convento  de  Bemfica 
(onde  havia  dous  annos  profeflara  o  mef- 
mo  inílituto  feu  irmaõ  mais  moço  Fr.  Fer- 
nando de  Távora,  que  depois  foy  Bifpo  do 
Funchal)  a  cujo  aélo  aíTiftio  aquelle  Príncipe 
mudando  em  feu  obzequio  o  nome  de  Jeró- 
nimo, que  tinha  no  Século  em  o  de  Hen- 
rique. PaíTado  o  anno  do  Noviciado  com 
exemplar  obfervancia  profeflbu  folemne- 
mentc  a  14  de  Agoílo  de  1537.  nas  mãos 
do  iníigne  Varaõ  Fr.  Bartholameu  dos  Mar- 
tyres  Prior  de  Bemfica,  e  tal  foy  o  afefto, 
que  lhe  teve  pela  religiofa  modeftia,  e  fum- 
ma  prudência  de  que  era  ornado,  que 
fendo  conílrangido  aceitar  a  Mitra  Prima- 
cial de  Braga  o  elegeo  por  feu  domeílico 
em  quem  defcanfava  parte  dos  feus  cuidados 
paíloraes.     Com   o    tempo    foy   crecendo    a 


eftimaçaõ  que  fazia  da  fua  peíToa  querendo, 
que    o    acompanhaíTe    ao    Concilio    Triden- 
tino  para   onde   partio   a   24   de   Março   de 
1561.     Nefte   venerável   CongreíTo   conciliou 
Fr.    Henrique   geral   aclamação   fundada   na 
fua   virtuofa   vida,   e   profunda   fdencia,   da 
qual    deu    manifeftos    argumentos    pregando 
a    primeira    Dominga    da    Quarefma,    que 
cahio  a  15  de  Fevereiro  de  1562.  na  prezen- 
ça  daquella  authorizada  AiTemblea  onde  re- 
prehendeo   com   apoílolica   liberdade   os   vi- 
dos, q  manchavaõ  o  puro  ouro  do  Sanéhiario, 
e  de  que  eraõ  efcandalozos  reos  as  primei- 
ras  peíToas   da   Jerarchia  Ecdeíiaftica.     Ref- 
rituido  ao  Reyno  foy  elejrto  Prior  do  Con- 
vento de  Évora  em  cujo  governo  fe  habili- 
tou para  outro  mayor  fendo  nomeado  por 
ElRey  D.   SebaíUaõ  Bifpo  da  Cathedral  de 
Santa   Cruz   de   Cochim  em   cuja   dignidade 
o  confirmou  S.  Pio  V.  a  15  de  Janeiro  de 
1567.  donde  foy  promovido  para  Arcebifpo 
de  Goa  Primaz  do  Oriente  por  Bulia  de  Gre- 
gório XIII.  a  20  de  Janeiro  de  1578.    Como 
verdadeiro    difdpulo    do    zelo    paftoral    do 
Ven.  Fr  Bartholameu  dos  Martyres  vizitou 
peíToalmente   todas   as   Igrejas   de   taõ   vaífca 
Diocefe     reformando     coíhimes,     extinguin- 
do abuzos,  e  plantando  virtudes  até  chegar 
à   Cidade   de   Chaul   diílantc   feflenta   legoas 
de  Goa  contra  o  Norte,  e  como  a  achaíTe 
infecionada    de    enormes    vidos    fe    aimou 
com  as  obras,  e  palavras  a  reduzilla  ao  ca- 
minho   da    penitenda,    porem    como    deíbi 
redução   fe   ofFendeíTe   hum  dos   feus   mora- 
dores para  fe  vingar  do  zelozo  Prelado  lhe 
deu    ocultamente    veneno,    que    o    privou 
da  vida  a  17  de  Mayo  de  15  81.    Jaz  fepul- 
tado  no  Cruzeiro  do  Convento  de  S.   Do- 
mingos junto  ao  Altar  da  Senhora  do  Rofa- 
rio.     Delle   fazem   meredda   mençaõ    Souza 
Vid.    de    D.    Fr.    Bartholameu    dos    Martyr. 
liv.    2.    cap.    I.   c   na   Hift.   de   S.    Domingos 
da  Prov.  de  Portug.  Part.   2.  liv.  2.  cap.   1 
Cunha   Hift.    Ecclef.    de   Brag.    Part.    2.    cap. 
83.    n.    10.   Fcrnand.    Concert.    Prad.   ad   an. 
1573.    pag.    279.    e    na    Hift.    Ecclefiaft.    liv. 
2.    cap.    12.    Lopes    Chron.    da    Ord.    de    S. 
Domingos.     4.     P.     no     fim.     Santos     Etiop. 
Orient.    liv.    2.    cap.    13.    Cardozo    Agiolog. 
Eufit.  Tom.   3.  pag.   296.  e   302.   no  Com- 


L  USITANA, 


457 


ment.  de  17.  de  Mayo  lit.  E.  Echard.  Script. 
Ord.  Prad.  Tom.  2.  p.  264.  col.  i.  &  2.  Nic. 
Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  p.  432.  col.  i.  loan. 
Soar.  de  Brito.  Theatr.  iMjif.  Uter.  lit.  H. 
n.  7.  &  10.  o  qual  fe  enganou  duplicando 
em  dous,  cujo  erro  feguio  Altamura  ad  ann. 
1562.  Mont.  Claujlr.  Dom.  Tom.  i.  pag.  45. 
n.  32.  e  pag.  170.  n.  5.  e  Tom.  3.  pag.  228. 
Fontana  Monum.  Dom.  Part.  4.  cap.  6.  foi. 
481.  Vafconcel.  Hift.  de  Sant.  Edificad.  Part.  2. 
cap.  35.  Souza  Cathal.  dos  Bi/p.  de  Cochim. 
e  Arcebifpos  de  Goa.     Compoz. 

Oratio  de  Calamitatihus  Ecclejia  in  Tri- 
àentina  Synodo  habita  Dominica  prima  Qua- 
àragejfima  15.  Februarii  1562.  Brixias  1562. 
com  todas  as  Aftas  do  Q)ncilio.  Lo- 
vanii  1567.  foi.  a  pag.  294.  &  Pariíiis 
1672.  foi.  na  ediçaõ  de  todos  os  Q)n- 
ciHos.  Tom.  15.  col.  1386.  Começa  a 
Oraçaõ.  Nemo  eft  SS.  PP.  qui  hujus  nofiri 
turbuknti  faculi.  Acaba.  Divina  f^ppe- 
Stante     conjcientia    perfruamur. 

Advertências  para  o  que  devem  fat^er  os 
ConfeJJores.       Coimbra.       1560.      8. 

Fr.  HERMENEGILDO  DE  TAN- 
COS cujo  appellido  denota  a  Villa  da 
Comarca  de  Thomar,  que  lhe  deu  o  ber- 
ço. Foy  Monge  Ciílercienfe  em  o  Real 
Convento  de  Santa  Maria  de  Alcobaça 
onde  fe  exercitou  nas  virtudes  próprias 
do    feu    Eílado    monachal.      Efcreveo. 

Vidas,    e    Sentenças    dos    Santos    Padres. 
Horto  do  mpof(p. 
Varias  Oraçoens  devotas. 

Todas  eítas  obras  M.  S.  fe  confervaõ, 
em    folha    no    Archivo    de    Alcobaça. 

Fr.  HESICHIO  DE  MUGEM  natural  da 
Vnia  do  feu  appeUido  íituada  duas  legoas  de 
Santarém  para  o  Sul,  e  doze  de  Lisboa  para  o 
Nacente.  ProfeíTou  o  monachal  inílituto  de  S. 
Bernardo,  em  o  Real  Convento  de  Alcobaça 
cabeça,  neíle  Reyno  da  Familia  Ciílercienfe,  e 
foy  muito  verfado  na  liçaõ,  e  intelligencia 
da  Sagrada  Efcritura,  e  Santos  Padres,  com- 
pondo. 

Expojitio  PJalmorum  David.  M.  S.  foi. 
Guarda-fe  na  Bibliotheca  do  Convento 
de  Alcobaça. 


D.  HILARIAM  BRANDAM  filho 
de  Pays  nobres  quais  eraõ  leronimo  Bran- 
dão, e  Maria  Aranha.  Naceo  em  a  Qdade 
de  Coimbra  onde  havendo  recebido  o  grão 
de  Meftre  em  Artes  entrou  na  illuftre  Con- 
gregação dos  Cónegos  Regulares,  e  nella 
eftudou  Theologia,  em  que  fahio  eminente. 
Todo  o  tempo  que  lhe  reftava  das  obriga- 
çoens  da  Comunidade  o  gaílava  na  liçaõ 
de  livros  afceticos,  e  na  expofiçaõ  dos  tex- 
tos mais  dificultozos  da  Sagrada  Efcritura. 
Foy  Prior  do  Real  Convento  de  S.  Vicente 
de  fora  dos  muros  de  Lisboa,  e  Procura- 
dor da  fua  Canónica  Congregação,  cujos 
lugares  exercitou  com  fumma  inteireza,  e 
afabilidade.  Diftou  muitos  annos  Theo- 
logia Moral  aos  feus  domelHcos.  Falleceo 
em  Coimbra  a  22.  de  Agofto  de  1585.  Fa- 
zem delle  mençaõ  D.  Nicol.  de  Santa  Maria 
Cbron.  dos  Coneg.  Keg.  liv.  10.  cap.  27.  n.  19. 
e  Joan.  Soar.  de  Brito  Theatr.  Ijufit.  Uter. 
lit.  H.  n.  32.    Compoz. 

Vot(^  do  Amado. 

Ca!(ps  de  Conciencia.  No  fim.  Extf- 
me  de  Conciencia.  Eílas  duas  obras  foraò 
impreíTas  no  Moileiro  de  S.  Vicente  em 
1579.  por  ordem  do  Geral  D.  Lourenço 
Leyte. 

iMCubrationes,  five  Commentaria  in  Can~ 
ticum  Canticorum  Salomonis.  M.  S.  Confta 
de  266.  folhas.  Começa  Quanquâm  do  Cân- 
tico Canticorum  futurus  eft  f ermo.  Acaba.  Pius 
ille  Deus,  (Ò"  homo  verus  Salomon  Chriftus  Je- 
JuSf  qui  eft  benediãus  in  facula.  Amen.  Con- 
fervava  eíla  obra  em  o  anno  de  1604.  o  Mef- 
tre  Diogo  Serraõ  morador  na  Cidade  de 
Évora  como  afirma  Francifco  Galvaõ  Mal- 
donado Bib.   Portug.  M.  S. 

Fr.  mLARIO  DA  CRUZ  chama- 
do no  feculo  Domingos  Vieira  naceo  em 
Lisboa  fendo  filho  de  Matheos  Fernandes, 
e  Maria  Fernandes.  ProfeíTou  o  inftituto 
de  S.  Paulo  primeiro  Ermitão  em  o  Con- 
vento da  Serra  de  Oíía  a  10  de  Setembro  de 
16 19.  onde  pela  agudeza  do  engenho,  e  pe- 
netração do  juizo  fahio  taõ  perito  nas  fd- 
encias  EfcolaíHcas,  que  diâou  pelo  efpa- 
ço  de  15  annos  Theologia  aos  feus  do- 
meíticos    até    jubilar    em    taõ    fagrada    Fa- 


458 


BIBLIOTHECA 


culdade.  Foy  ornado  de  tantos  dotes,  que 
qualquer  delles  o  podiaõ  conílituir  digno  da 
mayor  eftimaçaõ.  Cantava  com  fuavidade, 
compunha  Mufica  com  admirável  idea,  e 
tangia  Orgaõ  com  fumma  deftreza.  Teve 
para  a  Poefia  Latina  natural  afluência,  para 
as  fciencias  feveras  portentofo  talento,  e 
para  as  Oraçoens  Evangélicas  elegante  fa- 
cúndia. Duas  vezes  governou  a  Religião 
deixando  faudozos,  e  edificados  os  fubditos. 
Falleceo  no  Convento  de  Lisboa  a  19  de 
Setembro  de   1665.    Compoz. 

Epiff^ammata  in  haudem  Sanãorum,  qtn 
per  totum  anni  circulum  ah  Ecclejia  Univer- 
Jali  cekhrantur,  e^  alia  Poemata.  M.  S.  4. 
Confervafe     no     Convento     de     Lisboa. 

Sermoens.  2.  Tom.  M.  S.  4.  Confta- 
vaõ  de  Panegíricos  de  Santos,  e  Difcur- 
fos  QuadrageíTimais.  Eftes  três  volumes 
affirma  Joaõ  Franco  Barreto  na  lòih.  Por- 
tug.    M.    S.    que    os    vira. 

Fr.      HILÁRIO      DA      LOURINHAA 

natural  da  Villa  do  feu  appellido  perten- 
cente ao  Patriarchado  de  Lisboa.  Profeflbu 
o  inllituto  monachal  da  Familia  Ciílercienfe 
em  o  Real  Convento  de  Alcobaça,  e  neíla 
virtuoza  paleftra  fe  exercitou  em  todos  os 
aôos  de  hum  perfeito  Monge.  Efcreveo. 
Vida  do  Infante  ]ot(aphà:  de  Santa  Eufro- 
v^na:  de  Santa  Maria  Egypciaca:  de  Santa  Paula. 
Morte  de  S.  Jerónimo.  Contemplaçoens  de  S. 
Bernardo.  Vida  de  Santo  Amaro:  do  Caval- 
leiro  Tungula  que  foy  ao  Purgatório,  inferno, 
e  Parait^p.  Confervaõ-fe  todas  eílas  obras 
em  hum  volume  de  folha  M.  S.  na  Biblio- 
theca    do    Real    Convento    de    Alcobaça. 

HILÁRIO  MOREYRA  natural  da 
Gdade  de  Coimbra  em  cuja  Univerfidade 
foy  infigne  Profeflbr  de  Filofofia,  e  naõ 
menor  Orador  Latino  como  o  manifefta 
a  obra  feguinte. 

Oratio  de  omnium  Philofophia  partium 
laudibus,  (òf  fludiis  ad  inviãijfimum  Ljdjita- 
nia  Kegem  D.  Joannem  Tertium  apud  incly- 
tum  Conimhricenfe  Lycaum  de  more  Acade- 
mia habita  Kalend.  Oãob.  1552.  Conim- 
bricsE  apud  Joannem  Barieira,  &  Joan- 
nem  Alvares    1552.    2. 


Do  Author,  c  da  obra  fazem  mèçaõ  Nic. 
Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  p.  463.  col.  2.  Li- 
pcnio  Bib.  Real  Philofof  Tom.  2.  pag.  11 28. 
Maris  Dial.  de  Var.  Hiji.  Dial.  5.  foi.  mihi 
515.  v.o  à  margem. 

HILÁRIO  DE  OLIVEYRA  TAVA- 
RES natural  de  Lisboa  filho  de  Alexan- 
dre de  Oliveira,  e  criado  do  ScreniíTimo 
Senhor  Infante  D.  Manoel.  Para  teftemu- 
nhar  a  fua  ardente  devoção  com  que  vene- 
rava a   S.   Braz   Bifpo   de   Scbaíle   compoz. 

Novena  do  gloriofo  Martyr  S.  Brai(^  Bif- 
po de  Sebajie  Proteãor  da  Arménia,  Advo- 
gado da  garganta  repartida  pelas  fuás  excel- 
lentes  virtudes,  e  nove  obfequios  para  cada 
hum  dos  dias  da  Novena.  Lisboa  por  Mi- 
guel     Rodriguez.      1731.      12. 

D.  Fr.  HILÁRIO  DE  SANTA  ROSA 
naceo  em  Lisboa  a  12.  de  Fevereiro  de  1695. 
fendo  filho  de  Crifpim  da  Sylva,  e  Maria 
Jofefa.  Na  florente  idade  de  vinte,  e  qua- 
tro annos  abraçou  o  auftero  inílituto  da 
Seráfica  Provinda  da  Arrábida  a  15  de  Ou- 
tubro de  1719.  onde  depois  de  ter  didado 
Theologia  Moral  em  o  Convento  de  Lcy- 
ria  de  cujo  Bifpado  foy  Examinador  Syno- 
dal,  leu  a  mefma  Faculdade  dous  annos,  e 
Filofofia  três  em  o  Real  Convento  de  Ma- 
fra. Ao  tempo,  que  era  Confultor  da  Bulia 
da  Cruzada,  e  Guardião  do  Convento  de 
S.  Jozé  de  Ribamar  foy  nomeado  Bifpo  de 
Macao  a  11.  de  Fevereiro  de  1739.  ^"™  ^^ 
dignidade  o  fagrou  em  a  Santa  Bafilica  Pa- 
triarchal  o  Eminentiffimo  Cardial  D.  Tho- 
maz  de  Almeida  primeiro  Patriarcha  de 
Lisboa  a  5  de  Março  de  1741.  e  a  14  do 
dito  mez  do  anno  feguinte  partio  para  o 
feu  Bifpado  onde  felifmente  chegou  a  j. 
de  Outubro  de  1742. 

Dos  muitos  Sermoens,  que  pregou  com 
univerfal  aplauzo,  fc  fez  unicamente  pu- 
blico pelo  beneficio  da  impreíTaõ  o  fe- 
guinte. 

SermaÕ  da  fegunda  Dominga  da  Qua- 
refma  de  tarde  em  iz  de  Fevereiro  de  1739. 
pregado  na  Parochial  de  S.  Nicolao.  Lis- 
boa por  António  líidoro  da  Fonccca. 
1739.  4. 


LUSITANA,  459 

D.     HYPOLITO     DE     S.     LOUREN-  na   Caza   profeíTa   de    S.    Roque   de   Lisboa 

ÇO   naceo   em  Algodres   lugar   humilde   da  em  o  primeiro  de  Fevereiro  de  1746.  quan- 

Provincia     da    Beyra     fendo     fobrinho     do  do   contava    59.    annos    de   idade,  e  44.   de 

Venerável  Padre  Ignacio   Martins   da   Com-  Religião.       Das      Declamaçoens      Evangeli- 

panhia    de    JESUS    author    do    Cathecifmo  cas,    que    recitou    na    prezença    de    gravilli- 

para    inílruçaõ    da    puerida,    e    de    D.    Ma-  mos    auditórios    fe    fizeraõ    publicas    as    fc- 

noel    de    Gouvea    Bifpo    de    Angra.     Rece-  guintes. 

beo    o    habito    Canónico    Auguiiiniano    em  Sermão    do   ff-ande    Patriarcba    S.    Caetano 

o  Real  Convento   de   Santa  Cruz  de  Coim-  Fundador    da    IlluJlriJJima,    e    Apofiolica    Keli- 

bra   a   9    de   Agofto   de    1596.    onde   fiazen-  ffaõ    dos    Venerandos    PP.    Clérigos    ^guiares 

do    iníignes    progreíTos    nas    fciencias,    fo-  da    Divina    Providencia.     Lisboa    por    Jozeph 

raõ  mayores  em  as  virtudes.     Era  na  Ora-  António     da     Sylva.      1728.     4. 

çaõ    fervorofo,    no    Coro    continuo,    em    o  SermaÕ  pregado    no    Real   Convento    de    N. 

jejum    auftero.     Naõ    ocupou    na    Religião  Senhora  do   Carmo  de  Usboa  aos   26   do   met(^ 

outro    lugar    mais,    que    o    de    Meftre    de  de   Setembro   de    11  zi.    na  Jolemnidade   em   que 

Noviços    devendo-fe    à    fua    vigilante    cul-  o    dito     Convento    celebrou    a    CanonifaçaÕ    de 

tura  o  virtuofo  frudo,   que  aquellas  novas  S.     JoaÕ    da     Crut^.      Lisboa     por     Miguel 

plantas     deraõ    para    beneficio    da     Ordem  Rodrigues.     1728.    4.     &    ibi    por    Jozeph 

Canónica.     Vinte  annos   antes   da   fua   mor-  António    da    Sylva.    1729.    4. 

te    paííou    privado    da    viíla,    cuja    fenfivel  SermaÕ  do   Nacimento  de  Maria  Santijftma 

moleftia    tolerou    como    outro    Tobias    com  Mãy  de  Deos  pregado  no  Convento  de  Santa  Aíar- 

raro    exemplo     de     cooftancia.      Cheyo     de  tba  de  Usboa  a  S  de  Setembro  de  1732.  profef- 

heroicas    virtudes,     e     fortalecido     com    as  fando  no  me/mo  dia  Sor  Violante  do  Ceo.    Lis- 

armas    dos    Sacramentos    fe    preparou    para  boa  por  Jozeph  António  da  Sylva  Impref- 

o  ultimo  coníliôo,   que  o  transferio  para  o  for  da  Academia  Real.  1752.  4. 

defcanfo    eterno    a    30    de    Mayo    de    1659.  OraçaÕ  fúnebre    nas    Exéquias    do    Excel- 

com     80    annos     de    idade.      Compoz.  lentijftmo    Senhor    Conde    da    Calheta    Affonfo 

Vários     Tratados     efpirituaes     com     alguns  de    Vafconcellos,    e    Sou!(a    celebradas    na    Real 

Officios,   e  Hymnos  de  Santos.     Pofto   fe   naõ  Igreja  de   N.    Senhora  da   Conceição   dos  Frey- 

imprimiraõ    muitos    religiofos    ufavaõ    delle  res   da    Ordem   de   Chrifto   no   dia    z^    de   Fe- 

como    efcreveo    o    Licenciado    Jorge    Car-  vereiro  de  1734.    Lisboa  pelo  dito  Impreflbr 

dozo     Agiol.     Uifit.     Tom.     3.     pag.     463.  1734.  4. 

fallando    de    feu    Author,    e    pag.    469.    no  SermaÕ     da     ProfiJJaõ     da     Madre     Soror 

Comment.    de    50    de    Mayo    letr.    O.  Joaquina     Fffdia    Benta    da     'Natividade    pre- 
gado   no    Convento    de    Santa    í^íartha    a     17 

P.   HYPOLITO  MOREYRA  natural  de  de   Setembro   de    1739.     Lisboa   por   António 

Coimbra,    e    filho    de    António    Moreira,    e  IGdoro     da     Fonceca.     1740.     4. 

Maria  da  Paz.    Na  florente  idade  de  quinze  SermaÕ    da     ProfiJfaÕ    das    Madres    Soror 

annos   recebeo   a   roupeta   de   Jefuita   em   o  Catherina  Joaquina,    Soror   Antónia    Rita,    So- 

Noviciado  de  Lisboa  a  6  de  Julho  de  1702.  ror    Thereti^a    Getrudes  filhas    do    Capitão   Jo- 

Aprendeo  as  letras  humanas,  e  Sagradas  em  :(eph    Carvalho    de    Oliveira   pregado    no    Con- 

o  Collegio  de  Coimbra  onde  foy  Meftre  da  vento    das    Trinas    De/calças    defta    Corte    em 

primeira    claíTe    das    Humanidades    de    cuja  z^    de   Junho    de    1742.    dia    do    nacimento    de 

difciplina   fahiraõ    Poetas    elegantes.    Orado-  S.     JoaÕ     Baptijla.       Lisboa     por     António 

res  facundos.    Podendo  illuftrar  com  o  feu  Ifidoro     da     Fonceca.     1742.     4. 

agudo  engenho,  e  fublime  comprehenfaõ  as  Com  as  letras  iniciaes  do  feu  nome  fa- 

Cadeiras,   fe   dedicou  ao   minifterio   do  pui-  hiraõ    dous    Epigrammas    Latinos    nas    Ulti- 

pito    no    qual    conciliou    grande    eftimaçaõ  mas    Açoens   do    Duque    do    Cadaval   D.    Nu- 

nefta  Corte  aflim  pela  delicadeza  dos  difcur-  no    Alvares    Pereira    de    Mello.      Lisboa    na 

fos,  como  pela  viveza  das  açoens.    Falleceo  Officina   da   Mufica    1730.    foi.    o   primeiro 


460 


BIBLIO THE  C  A 


Epigramma  ferve  de  Epigrafe  ao  Retrato  do 
Duque  aberto  em  huma  grande  lamina;  o 
fegundo  eílá  a  pag.  315.  fendo  o  aflumpto 
delle  Cum  in  Templo  D.  Jujla  celehrarentur  exe- 
qíáa  Serenijfimi  Ducis  do  Cadaval  feftiva  Cym- 
balorum  puljatio  perpetuo  injonuit.  G^níla  de 
10.  Dyílichos. 

Sem   o   feu   nome   fahiraõ  as   obras  fe- 
guintes. 


Culto,  e  venerofaÕ  do  Sacro/anão  CoraçM 
de  JESU  Chrijio.    Lisboa  1731.  8. 

Devoção,  e  culto  do  Jacrofan^o  coração  de 
Maria   Santijftma.     Lisboa    1731.    8. 

Novena  do  Glorio/o  S.  Roque  advogado 
contra  a  pejle,  ou  outro  qualquer  mal  Ept- 
demico,  e  contagio/o,  efpecialmente  de  bexigas. 
Lisboa  por  Jozeph  António  da  Sylva. 
1734.  24. 


L  USITAN A, 


4Ó1 


I 


IACINTO  ALVARES  DE  ALMEY- 
DA  natural  da  Villa  de  Abrantes 
do  Bifpado  da  Guarda,  Doutor  em 
os  Sagrados  Cânones,  De2embargador  da 
Relação  Eccleíiaílica  de  Lisboa,  e  hum 
dos  celebres  letrados  do  feu  tempo.  Hum 
leu  Voto  Decifivo  eílá  impreíTo  nas  De- 
j  ^foens  do  Doutor  Manoel  Themudo  da 
Fonceca  em  a  Decif.  112.  Do  Author 
fa2  mençaõ  loan.  Soar.  de  Brito  Theatr. 
íj    Lufit.     Uterat.     lit.     H.     n.     34. 

Fr.  lAONTO  DE  BRITO  natural 
da  Villa  de  Palmella  filho  de  Manoel 
Coelho  de  Brito,  e  D.  Maria  do  Avellar 
ambos  defcendentes  de  famílias  nobres. 
Deixou  na  idade  da  adolefcencia  o  mun- 
do pela  Religião  dos  Erimitas  de  Santo 
AgoíUnho,  cujo  inílituto  profeíTou  em  o 
Convento  de  N.  Senhora  da  Graça  de 
Lisboa  a  12  de  lulho  de  1637.  Foy  Len- 
te jubilado  em  Theologia,  Reytor  do 
Collegio  de  Santo  AgoíHnho  de  Lisboa, 
c   bom   pregador.     Compoz. 

Traãatus   Theologicus  de   Trinitate. 

Traãatus  Theologicus     de  Vifione  Beata. 

Ambos  fe  confervaõ  M.  S.  in  foi.  na 
Livraria   do   Convento   de   Lisboa. 


Fr.  lAQNTO  DE  CANTANHEDE 
natural  deíla  ViUa  cabeça  de  Condado  cujo 
titulo  poíTuem  os  primogénitos  dos  Marque- 
zes  de  Marialva.  ProfeíTou  o  inftituto  Ciiier- 
cienfe  no  Convento  de  Santa  Maria  de  Ceiça 
no  Bifpado  de  Coimbra,  e  foy  morador  mui- 
tos annos  em  o  Real  de  Alcobaça  onde  ef- 
creveo,  e  fe  confervaõ  as  obras  feguintes 
M.  S.  in  foi. 

Expojiíio  moralis,  (Ò"  allegorica  Taber- 
naculi. 

Expojitio  in  Ruth. 

Petrus  Cellenjis  ad  Alcherium  Monachum 
de  Conjcientia. 

'Expojitio    Berenguerii    in    Apocalypfim. 


Fr.  IACINTO  DAS  CHAGAS  reUgiofo 
Menor  da  Seráfica  Cuílodia  de  S.  Tiago  Me- 
nor da  Ilha  da  Madeira  donde  paiTando  a  eíle 
Reyno  exercitou  o  miniílerio  de  Pregador 
publicando. 

Sermão  do  Seráfico  Patriarcha  S.  Francifco 
de  Ajffís  pregado  no  Real  Convento  de  S.  Fran- 
cifco de  A.lanquer  em  4.  de  Outubro  de  1705.  Lis- 
boa, por  António  Pedrozo  Galraõ.   1706.  4. 

Fr.  LVCINTO  DA  CONCEYÇAM  na- 
tural de  Lisboa  devendo  à  vigilante  educação 
de  feus  illuílres  progenitores  Manoel  Freyre 
de  Andrade  Governador  de  Elvas,  e  Peniche, 
e  das  Comarcas  de  Leyria,  e  Torres  Vedras, 
e  D.  loanna  de  Brito  os  admiráveis  progref- 
fos,  que  fez  o  feu  agudo  engenho  em  as 
fciencias  amenas.  Deixando  com  heróica 
refoluçaõ  as  delicias  da  caza  paterna  abraçou 
os  rigores  do  clauílro  veíHndo  o  penitente 
Sayal  do  Serafim  dos  Patriarchas  em  a  Pro- 
vinda de  Portugal  onde  diétou  Filofofia  no 
anno  de  1680.  em  o  Convento  de  Santarém 
merecendo  para  eterno  brazaõ  do  feu  ma- 
gifterio,  que  foíTe  feu  difcipulo  o  Excellen- 
tiíTimo  Conde  da  Ericeira  D.  Francifco  Xa- 
vier de  Menezes  preciofo  erário  da  erudição 
fagrada,  e  profana.  Com  fingular  aplauzo 
explicou  Theologia  no  anno  de  1683.  em 
Lisboa,  e  Coimbra  fendo  mayor  o  que  con- 
ciliou em  o  púlpito  pela  eloquente  expreífaõ 
dos  conceitos,  e  difcreta  afluência  de  pala- 
vras, herdadas  do  Floro  Portuguez  lacinto 
Freyre  de  Andrada  feu  Tio  paterno  arre- 
batando a  todas  as  peíToas  infignes  aíTim 
em  o  efplendor  do  nacimento  como  em  a 
profundidade  da  fciencia,  que  lhe  forma- 
vaõ  o  auditório.  Foy  favorecido  das  Mu- 
fas,  cujo  comercio  nunca  interrompeo  ain- 
da no  eítado  de  religiofo  praticando  com 
decoro  as  leys  da  Poefia.  Teve  vaíla  no- 
ticia da  Hiíloria,  e  da  Genealogia  das 
Famílias  Portuguezas.  Foy  Examinador 
das  Três  Ordens  Militares,  Definidor  da 
Provinda,   Guardião   do   Collegio   de   Coim- 


402 


BIBLIO THE  CA 


bra,  e  Confeflbr  das  Religiofas  do  Real  G)n- 
vento  de  Santa  Clara  defta  Corte.  Falleceo 
mais  cheyo  de  merecimentos  do  que  annos 
no  Convento  de  S.  Francifco  da  Qdade  em 
o  anno  de  171 1.  Alem  do  Curfo  Filofofico, 
e  varias  Matérias  Theologicas,  que  compoz 
dignas  da  lu2  publica  deixou. 
Sermoens  vários.  4.  M.  S. 
Delles  como  efcreve  Fr.  Fernando  da 
Soledade  Hijl.  SeraJ.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  3. 
lib.  I.  cap.  21.  fe  imprimio  hum  naõ  decla- 
rando o  feu  argumento,  nem  o  lugar  da 
impreflaõ,   nem   o   nome   do   impreíTor. 

lACINTO  CORDEYRO  natural  de  Lis- 
boa, e  muito  inílruido  em  todo  o  género  de 
erudição  principalmente  em  a  Poética  para 
cujo  eíhido  era  naturalmente  inclinado  com- 
pondo com  fumma  afluência,  e  naõ  menor 
difcriçaõ  varias  obras  métricas,  que  foraõ 
veneradas  pelos  mais  celebres  alumnos  do 
Parnaflb.  Na  Poeíia  Cómica  excedeo  aos 
principaes  cultores  delia  como  publicaõ  as 
muitas  Comedias,  que  compoz  fendo  repre- 
zentadas  em  Caftella  com  grande  aplauzo 
dos  expeftadores.  Foy  Alferes  de  huma  Com- 
panhia da  Ordenança  defta  Corte  onde  fal- 
leceo a  28.  de  Fevereiro  de  1646.  quando 
contava  a  varonil  idade  de  quarenta  annos, 
e  jaz  fepultado  na  Parochia  de  Santa  Maria 
Magdalena.     Publicou. 

De  la  'Entrada  delKey  en  Portugal.  Co- 
media dedicada  a  D.  Fernaõ  Martins  Maf- 
carenhas  Inquiíidor  Geral.  Lisboa  por  Jor- 
ge Rodrigues.  1621.  4. 

BJogio  de  Poetas  Ijtfitanos  ai  Fénix  de  Ef- 
pana  Fr.  Lope  Félix  de  Vega  Carpio  en  fu  Lau- 
rel de  Apollo.  Lisboa,  por  Jorge  Rodrigues 
163 1.  4.  He  hum  Supplemento  de  Poetas 
Portuguezes,  que  faltarão  em  o  Laurel  de 
Apollo    compofto   por    Lope    da   Vega. 

Triumfo  Francês,  recebimento,  que  man- 
dou fav^er  elRey  D.  JoaÕ  o  IV.  ao  Marque^ 
de  Brejfe  Embaxador,  e  Capitão  General  del- 
Key de  França.  Lisboa  por  Lourenço  de 
Anvers.  1641.  4. 

Sylva   a   ElRey   D.   Joaõ  o   IV.     Lisboa 
pelo    dito    ImpreíTor.    1641.    4. 
*í'    Vitoria   dei  Amor   Comedia    Madrid  por 
Jozeph  Fernandes  de   Buendia.    1667.  4. 


No  ay  pla:(p,  que  nó  llegue,  ni  deuda  qm\ 
no  fe  pague,  ibi  pelo  dito  Impreflbr.  1 667.  4. 

Primeira,  e  2.  Part.  de  Duarte  Pacheco, 
Comedia.  Lisboa  por  Pedro  Craefbeeck. 
1630.  4.  Defta  fegunda  Comedia  faz  men- 
ção Souza  Flor.  de  Efpan.  cap.  15.  exceli. 
13.  n.  3.  \ 

Amar  por  fuerça. 

El  juramento  ante  Dios. 

EJ  hijo  de  las  batalhas. 

El  mayor  trance  de  amor. 

El  Soldado  rebolto!(p 

El  valiente  negro  en  F landes. 

Eftas  féis  Comedias  fahiraõ  cm  Caftel- 
la impreíTas  em  diverfas  Oíficinas.  De  cujo 
Author  fazem  memoria  Joan.  Soar.  de 
Brito  Theatr.  Eufit.  Uter.  lit,  H.  n.  35. 
e  o  Padre  António  dos  Rcys  EnthuJ.  Poet. 
n.  80. 

Miles   Corderius   ipfo 

Sujcipit   a    Phabo    myrti,    laurique    Coronam 
Pramia    folerti    jujiè     retributa,     tacente 
Nam    Lopio   vatum   clarijftma  nomina,  fama 
Ipfe    humeris  fubiit    rutilantia    ad   afira  fe- 

rendos 
Afferuitque  fuis    nomen,    qttod  perdere    nun- 

quam 
Tempus    edax    rerum,    nec    tu   longava    Ve- 

tufas. 
Quibitis. 

Fr.  lACINTO  DE  DEOS  natural  da 
Qdade  de  Macao  celebre  Colónia  dos 
Portuguezes  íituada  na  Província  de  Can- 
tão do  Império  da  China  filho  de  Pedro 
Soares,  e  Cecilia  da  Cunha.  Na  idade  de 
18  annos  recebeo  o  Seráfico  habito  da 
reformada  Província  da  Madre  de  Dcos 
de  Goa  a  13  de  Julho  de  1630.  c  a  14 
do  dito  mc2  do  anno  feguinte  profeíTou 
folemnemente.  Aprendeo  com  aplicação 
as  fciencias  Efcholafticas,  que  depois  di- 
ôou  com  credito  do  feu  talento  até  ju- 
bilar na  Cadeira  de  Prima  da  Theologia. 
Ocupou  os  mayores  lugares  da  fua  Re- 
ligião como  foraõ  Cuftodio  da  Provin- 
da eleito  no  Capitulo  celebrado  a  14  de 
Fevereiro   de    1646.   Provincial  a  6   de   Ju- 


L  USITANA. 


463 


Lho  de  1658.  Guardião  do  Convento  da 
Madre  de  Deos  de  Goa  a  14  de  Janeiro 
<ie  1661.  e  ultimamente  GDmiíTario  Geral 
por  patente  do  Geral  Fr.  AíFonfo  de  Sali- 
zanes.  Entre  taõ  continuas  ocupaçoens, 
que  louvavelmente  exercitou  em  benefi- 
cio da  fua  Província  para  que  naõ  hou- 
vefle  inftante  vago,  que  naõ  empregaíTe 
-em  feu  obzequio  fe  aplicou  com  indefeíTo 
trabalho  a  efcrever  a  Qironica  dos  filhos 
infignes  em  virtudes,  e  letras  que  com 
portentofa  fecimdidade  produzira  aquelle 
Seráfico  Jardim  como  também  outras 
obras  em  que  moíhrou  a  grande  noticia, 
I  que  tinha  da  inílituiçaõ  das  Ordens  Mi- 
I  litares,  da  inílruçaõ  poHtica  dos  Prin- 
dpes,  e  dos  documentos  neceflarios  à  vida 
efpiritual,  e  religiofa,  Foy  Deputado  da 
Inquifiçaõ  de  Goa  de  que  tomou  poíTe 
a  30  de  Outubro  de  1671.  Falleceo  no 
Q)nvento  da  Madre  de  Deos  de  Goa 
a  8  de  Aíayo  de  1681.  quando  contava 
69  annos  de  idade,  e  5 1  de  Religião.  Jaz 
fepultado  no  Capitulo.     Compoz. 

Efcudo  dos  Cavalleiros  das  Ordens  Mili- 
iares.  Lisboa  por  António  Crafbeeck 
de    Mello.    1670.    4. 

Tribunal  da  Provinda  da  Aladre  de  Deos 
dos  Capuchos  da  índia  Oriental.  Lisboa  pelo 
dito    ImpreíTor.     1670.    8. 

Brachilogia  de  Príncipes.  Dedicada  ao 
Príncipe  N.  Senhor  D.  Pedro.  Lisboa  pelo 
dito    ImpreíTor.     1671.    8. 

Caminho  dos  Frades  Menores  para  a  vida 
Eíema.       Lisboa     por     ^liguei     Deflandes 

1689.  4-  ^  Coimbra  por  Bento  Seco  Fer- 
reira.   1721.    4. 

Vergel  de  Plantas,  e  Flores  da  Provín- 
cia da  Aíadre  de  Deos  dos  Captichos  refor- 
mados.      Lisboa     por      Miguel     Deslandes. 

1690.  foi.  No  principio  deite  livro  diz, 
que  eílaõ  promptos  para  a  impreíTaõ  as 
feguintes    obras. 

Cadeya    dos   F/cravos   da    I^íadre    de    Deos. 
Efmola  para    as   almas   do    Purgatório. 
Arte  de  viver. 
Trono  de  Serafins. 

Trlumfo    da    Conceição    de    Nojfa    Senhora. 

Fazem   mençaõ    do   Author   Nicol.    Ant. 

Blb.  Hl/p.  Tom.   i.  pag.  465.  col.  2.  Ignat. 


Pereyra  de  Revlfiombus.  cap.  99.  n.  11.  e 
o  moderno  addicionador  da  Blb.  Orlent.  de 
António  de  Leaõ  Tom.   i.  Tit.  4.  col.   81. 


L\CINTO   FREYRE   DE   ANDRADA. 

Naceo  em  a  Qdade  de  Beja  da  Provinda 
Tranftagana  onde  teve  por  progenitores  a 
Bernardim  Freyre  de  Andrada,  e  D.  Lui- 
za  de  Faria  de  igual  nobreza  à  de  feu 
conforte  por  fe  derivar  do  Caftello  de  Fa- 
ria na  Provinda  de  Entre  Douro,  e  Minho 
folar  de  huma  das  mais  antigas  FamiHas 
deile  Reyno.  O  fublime  génio,  que  logo 
defcobrio  nos  primeiros  annos  para  as  le- 
tras, moveo  a  feu  Pay  para  que  frequentaíTe 
a  aula  de  Minerva,  e  naõ  a  paleílra  de 
Marte  em  que  elle  em  obzequio  deíla  Mo- 
narchia  tinha  obrado  açoens  de  eterna  me- 
moria. Liftruido  nos  preceitos  da  lingua 
Latina,  Poética,  e  Oratória  paíTou  à  Uni- 
verfidade  de  Coimbra  onde  fez  celebre  o 
feu  nome  pelos  acelerados  voos  com  que 
fe  remontou  o  feu  penetrante  engenho 
com  enveja  de  feus  difcipulos,  e  dos  Mef- 
tres  a  inveftigar  os  arcanos  da  Theologia,  e 
as  dificuldades  de  huma,  e  outra  Jurifpru- 
dencia,  que  todos  fe  faziaõ  patentes  à  fua 
profunda  comprehenfaõ.  Refoluto  a  feguir 
a  Vida  Ecdefiaílica  recebeo  o  grão  de  Ba- 
charel na  Faculdade  dos  Sagrados  Cânones 
a  18  de  Mayo  de  1618.  como  própria  do 
Efiado,  que  elegera,  e  paíTando  à  Corte  de 
Madrid  mereceo  diítintas  eítimaçoens  das 
principaes  PeíToas  da  Jerarchia  Ecdefiaf- 
tica,  e  Secular  que  fendo  devidas  à  nobreza 
do  feu  nadmento  fe  fazia  delias  mayor 
acredor  pela  fublimidade  do  talento.  Naõ 
contava  muitos  dias  de  aíriílencia  naquel- 
la  Corte  quando  foy  provido  na  Abba- 
dia  de  NoíTa  Senhora  da  AíTumpçaõ  de 
Saòbade  em  o  termo  da  ViUa  da  Alfan- 
dega da  Fé  em  a  Provinda  Transmon- 
tana, que  era  do  Padroado  Real,  e  pofto, 
que  era  muito  rendofa  paílou  por  nova 
nomeação  para  a  Abbadia  de  Santa  Ma- 
ria das  Chans  do  mefmo  Padroado  fitua- 
da  em  o  Confelho  de  Tavares  do  Bif- 
pado  de  Vifeu  hum  dos  mais  opulentos 
Benefidos     deíle     Reyno.      Conhecendo     o 


464 


BIBLIO THECA 


primeiro  Miniftfo  de  dftella  a  profundi- 
dade do  feu  juízo  lhe  participou  alguns  ne- 
gócios graves,  que  felifmente  fe  conclui- 
rão pela  madura  direção  da  fua  prudência. 
Ao  tempo,  que  imaginava  fer  generofamente 
premiado  pelos  ferviços  que  fizera  em  obfe- 
quio  da  Coroa  Caftelhana  experimentou  hu- 
ma  fatal  tormenta  ocafionada  da  fiel  liber- 
dade com  que  vocalmente,  e  por  efcrito 
defendeo  o  direito  da  SereniíTima  Caza  de 
Bragança  ao  Trono  de  Portugal  violenta- 
mente ufurpado  pela  ambição  de  Filippe 
Prudente.  Para  evadir  a  prizaõ  a  que  eftava 
condenado  fahio  ocultamente  de  Madrid, 
e  vencidos  vários  perigos  bufcou  para  azi- 
lo  da  adverfidade,  que  o  ameaçava  a  fua 
Igreja  das  Chans  onde  aíTiílio  largo  tempo, 
e  poílo  que  a  lembrança  da  Corte  lhe  fazia 
mais  intoleráveis  a  afpereza  do  Clima,  e  o 
horror  da  Solidão  temperava  eílas  molef- 
tias  com  a  liçaõ  dos  livros  em  que  confumia 
a  mayor  parte  do  tempo.  Aclamado  no  an- 
no  de  1640.  legitimo  Suceflbr  da  Coroa  Por- 
tugueza  o  SereniíTimo  Rey  D.  Joaõ  o  IV. 
paflbu  a  Lisboa  onde  foy  recebido  defte 
Monarcha  com  agrado,  da  Nobreza  com 
affefto,  e  do  povo  com  veneração.  Por  morte 
do  Príncipe  D.  Theodofio  a  quem  foy  fum- 
mamente  aceito,  o  elegeo  ElRey  D.  loaõ 
para  Meílre  do  Príncipe  D.  Aifonfo  cujo 
lugar  ainda  que  honorifico  refolutamente 
regeitou  prevendo,  que  os  feus  documen- 
tos haviaõ  de  fer  inúteis  para  quem  a  natu- 
reza incapacitara  para  a  difciplina.  Deter- 
minado ElRey  de  ocupar  o  feu  talento  em 
alguma  das  Cortes  da  Europa,  e  naõ  exe- 
cutando efte  intento  lhe  offereceo  o  Bifpado 
de  Vífeu  a  cuja  ofFerta  refpondeo  com  dif- 
creta  galantaria  que  naÕ  queria  gov^ar  de  huma 
dignidade  em  leite,  pois  naõ  podia  fer  em  carne 
alludindo  à  repugnância  com  que  os  Pon- 
tífices naquelle  tempo  mais  attentos  à  po- 
litica de  Caílella,  que  ao  pafto  das  Igre- 
jas de  Portugal  lhe  negavaõ  a  confirma- 
ção dos  Bifpados.  Defte  apothegma  jo- 
cofo,  que  os  feus  emulos  interpretarão 
por  liberdade  indecorofa  ao  Príncipe  fe 
feguio  fer  julgado  por  incapaz  de  minifterío 
quem  era  taõ  refoluto  nas  açoens,  c  claro 
nas  palavras.    Conhecendo,  que  fomente  as 


lizonjas  eraõ  premiadas  na  Corte  fe  retirou 
para  a  fua  Igreja  onde  dominava  a  fincc- 
ridade,  da  qual  o  obrigou  aufentar-fe  a 
affiftencia  de  fua  irmãa  D.  Maria  Couti- 
nho, que  morava  em  Lisboa  com  a  qual 
viveo  alguns  tempos  ocupado  na  cultura 
dos  livros  em  que  achava  a  mayor  delei- 
tação até  que  mais  cheyo  de  merecimen- 
tos, que  de  annos  pois  naõ  excediaõ  de  60 
efpirou  placidamente  a  15  de  Mayo  de 
1657.  em  as  cazas  próprias  fituadas  às  por- 
tas de  Santo  Antaõ.  Jaz  fepultado  na  Pa- 
rochial  Igreja  de  Santa  Jufta  em  humilde 
jazigo,  digno  certamente  que  fofle  depo-í 
fito  das  fuás  cinzas  o  mais  fumptuozo  Mau- 
foleo.  Teve  a  eftatura  mais  que  ordinária^ 
o  afpeélo  malencolico,  e  grave  de  tal  forte, 
que  olhado  infundia  refpeito;  a  converfa- 
çaõ  agradável  com  apothegmas  igualmente 
galantes  que  agudos;  o  trato  com  as  pef- 
foas  taõ  moderado,  que  nem  era  arguido 
de  fevero,  nem  acuzado  de  fácil.  Como 
inimigo  jurado  da  adulação  fallou  fempre 
com  liberdade  eftranhando  aos  fautores  de 
açoens  críminofas,  e  proferindo  o  feu  voto 
com  mayor  atenção  à  conciencia  do  que  ao 
refpeito  de  quem  o  confultava.  Foy  com 
os  pobres  liberalmente  charitatívo;  com  os 
humildes  fumamente  humano;  e  com  os  Fi- 
dalgos parcamente  comunicável.  Teve  natu- 
ral afluência,  e  elegância  para  a  Poezia 
Vulgar  alcançando  a  palma  entre  os  mais 
fuaves  Cifnes  do  Parnaflb  Portuguez,  fendo 
os  feus  Verfos  ferios,  ou  jocofos  claros  índi- 
ces da  fua  fecunda,  e  difcreta  Mufa.  Mayor 
efpirito  moftrou  na  compofiçaõ  da  Híftoria 
onde  o  feu  judiciofo  talento  dilatou  mais 
vaftamente  a  delicadeza  dos  feus  penfamen- 
tos.  Perfuadido  das  repetidas  inftancias  do 
Bifpo  Inquifidor  Geral  D.  Francifco  de  Caf- 
tro  neto  do  clariíTimo  Varaõ  D.  Joaõ  de  Caf- 
tro  4.  Vicerey  da  índia  cfcreveo  a  vida 
defte  Heroe  com  taõ  elegante  frafe,  qui- 
deixou  duvidofa  a  pofteridade  fe  fora  mais 
feliz  D.  Joaõ  de  Caftro  pelo  que  obrou  com 
a  efpada  no  Oriente,  fe  pela  penna  com  que 
defcreveo  Jacinto  Freyre  as  fuás  gloriofas, 
e  immortaes  açoens  cm  todo  o  mundo. 
Nefta  primorofa  obra  cxcedeo  a  magef- 
toza    pompa    dos    Livios,    Curdos,    c    Tu- 


L  USITAN  A. 


465 


cidedes     uenerados     Oráculos     da     Hiíloria 
Romana,    e    Grega    u2ando    de    eílilo    alti- 
loquo,     e     corrente,     palavras     naturaes,     e 
elegantes;    penfamentos    agudos,    e    claros. 
Cada   claufula    he   filha   da   eloquência   mais 
fublime,    e   cada   período   parto    da   locução 
mais    difcreta.     Perfuade    com   eficácia,    dif- 
corre    com    juÍ20,    reprehende    com    mode- 
ração,   e   louva   fem   lizonja.     Igual   metho- 
do  fe  admirou  nas  fuás  cartas  naõ  fe  dif- 
tinguindo    o    eftilo    familiar    com    que    tra- 
tava aos  feus  amigos  daquelle  a  que  o  ref- 
peito  das  peíToas  fazia  fer  mais  fevero.     Vir 
ingenio  JekEHJftmo   o    intitula   loan.    Soar.    de 
Brito  Theatr.  iMJit.  Uter.  lit.  H.  n.  36.  Cardo- 
fo  Agiolog.  iMJit.  Tom.  2.  pag.  140.  no  Co- 
ment.  de  11.  de  Março  letr.  C.    O  Abbade  Ja- 
cinto  Frsyre  de   Andrade  na  celeherrima    Vida 
de  D.  JoaÕ  de  Cafiro.  Souza  Apparat.  a  Hijl. 
Gen.  da  Ca^-  Real.  pag.   106.  §.   113.  do  Jeu 
admirável  talento,    e   diferirão   nos   deixou   irre- 
fragavel     teftemtmho     naquella     inimitável     obra 
da   Vida  de  D.  JoaÕ  de  Cajlro  quarto   Vicerey 
da    índia    em    que    a    eloquência,    e  puret^a    da 
nojja  lingua  fe  admira  em  hum  ejlilo  taõ  fubli- 
me que  he  huma  das  obras  mais  fngulares,  que 
fe  tem  efcrito,  e  por  iJ[o  igualmente  eflimada  nàõ 
fô  dos  nojjos,   mas  dos  Eflrangeiros.     Teixeira 
Vid.    de    Gom.    Freyre    de    Andrade    Part.    i. 
liv.   2.   §.   75.  a  Corte  o  venerava  Demoflhenes 
J-jifitano,  e  o  Reyno  Cicero  Portuguet^.    Franc- 
kenau    Bib.    Hifp.    Gen.    Herald,    pag.     198. 
Diogo  Gouvea  de  Barradas  Antig.  de  Beja. 
liv.    3.   cap.    27.   lacinto   Cordeiro   Elog.    dos 
Poet.    Luft.    Eílanc.    34. 
Jacinto  Frejre  gloria  de  Helicona 
De  Andrade  lujire  de  fu  nombre  gloria 
Si  flor  le  jaãa,  y  piedra  perficiona 
Im  gala  defie  nombre  amable  hifloria; 
Merece  con  juflicia  la  corona 
Que  le  efcrive  el  ingenio  en  la  memoria 
Del  Templo  de  la  fama  a  que  le  llama 
Tan  immortal  con  el  fera  la  Fama. 
G)mpoz. 

Vida  de  D.  Joaõ  de  Cafiro  quarto  Vi- 
cerey da  Índia.  Lisboa  na  Officina  Craf- 
beeckiana.  165 1.  foi.  &  ibi  por  loaõ  da 
Cofta.  1671.  foi.  &  ibi  pelos  herdeiros  de 
Miguel  Manefcal.  1703.  foi.  &  ibi  na  Of- 
ficina da  Mufica.    1722.    8.    &   ibi  por  An- 

30 


tonio  Ifidoro  da  Fonceca.  1736.  4.  Sahio 
traduzida  na  lingua  Ingleza  por  Peter  Wichek 
com  eíle  titulo.  The  life  of  Dom  John  de  Cafiro 
The  Fourth  Viceroy  of  índia.  London  por 
Henry  Herringman,  1664.  foi.  e  ultimamente 
na  lingua  Latina  pelo  Padre  Francifco  Ma- 
ria dei  RoíTo  da  Companhia  de  lESUS.  Ro- 
ma ex  Typographia  Rochi  Barnabò.  1727.  4. 
O  juizo,  que  o  tradutor  faz  do  Author  da 
obra  he  o  feguinte.  Scriptor,  quem  interpre- 
tandum  fufcepi,  ut  ma^i  efl  apud  L^iftanos  no- 
minis,  ita  nationibus  cateris  non  improbabitur ; 
habet  enim  in  narrando  non  mediocrem  jucundi- 
tatem,  (Ò"  illaboratum  candor  em;  preffus  efl,  et 
velox  ut  hifloricum  decet,  qtàn  tamen  obfcurus 
fit,  vel  fupinus:  elegantiam  feãatur,  fed  non 
jejunam,  acumen  fed  minime  illiberale.  Nef- 
ta  ediçaõ  fahio  com  o  Retrato  de  D. 
loaõ  de  Caftro  primorofamente  aberto, 
e  na  parte  inferior  animado  com  o  feguinte 
dyíticho. 
Qualis  quantus  erat  pietate   infignis,   eb*   ar- 

mis 
Spirat    adhuc  piãá    Cafrius    in    Tabula. 

Portugal  Reflaurado.  He  tradução  da 
obra  intitvilada  Loifitania  Uberata  que  com- 
poz  o  IllufiriíTimo  Capellaõ  mòr  D.  Ma- 
noel da  Cunha,  que  fahio  fem  o  feu  nome. 
Foy  dedicada  a  tradução  impreíTa  fem  anno, 
nem  lugar  em  24  a  SereniíTima  Raynha  de 
Portugal  D.  Luiza  Francifca  de  Gufmaõ 
fechando  o  tradutor  a  Dedicatória  feita 
a  20  de  Março  de  1645.  com  eílas  difcre- 
tas  palavras.  Aqtá  naÕ  há  coufa  minha  fe 
naõ  os  erros  da  VerfaÕ,  porque  traduzir  naõ 
he  mais,  que  levar  bum  recado  alheo,  que  eu 
aceitei  para  com  elle  me  pòr  de  joelhos  aos 
pés    de    V.    MageJlade. 

Origen,  y  progrejjo  de  la  Ca^a  y  Famí- 
lia de  Cafiro  y  de  los  ^andes  hombres,  que 
bã  havido  en  ella  defde  fu  principio  bafla  nuef- 
tros  tiempos  facado  de  Chronicas,  Hijlorias, 
y  otros  Autores  digios  de  todo  credito  foi. 
M.  S.  EJfta  obra  foy  compoíla  em  obze- 
quio  do  Bifpo  Liquizidor  Geral  D.  Fran- 
cifco de  Caftro  a  qual  deixou  fua  fobri- 
nha  D.  Mariana  de  Noronha,  e  Caftro  aos 
Padres  Theatinos  defla.  Corte  fua  magnifica 
Bemfeitora,  e  fe  conferva  na  SeleétiíTima 
Livraria     defta     douta     Comunidade. 


406 


BIB  LIO  THE  C  A 


Dos  feus  Verfos  fe  poderão  formar  vo- 
lumes dos  quais  a  mayor  parte  pereceo 
no  fatal  incêndio,  que  deváílou  as  cazas 
em  que  morava  às  portas  de  Santo  Antaõ 
defta  Cidade,  e  unicamente  fe  fizeraõ  pú- 
blicos no  Tom.  3.  da  Fenit^^  renacida,  ou 
Obras  Poéticas  dos  melhores  engenhos  Por- 
tuguev^es.  Lisboa  por  lozeph  Lopes  Fer- 
reira. 171 8.  8.  defde  pag.  316.  até  384. 
Diverfos  Sonetos,  Romances  Sylvas,  Can- 
çoens,  Endechas.  Fabula  de  Narcijfo.  Coníla 
de  54.  Outavas.  Fabula  de  Polifemo,  e  Ga- 
latea.  Coníla  de  61  Outavas.  A  eílas  duas 
Fabulas  celebra  o  Padre  António  dos  Reys 
no  Enthuf.  Poet.  n.  70.  como  a  feu  ele- 
gante, e  difcreto  Author  com  eftas  métri- 
cas vozes. 
Crinibus  Andradii  pofuit  NarciJJus  odoru 
Ex    femet   Jertum;    nec    non     Polyphemus, 

amufus 
Sit   licet,   Idaa  pracidit   ab   arbore    ramum, 
Et  mole  cotttextum,  {nam  dextra   eft  infcia 

cultus 
Barbara )    donavit. 

Fr.  lACINTO  DE  S.  lOZÉ  natural  de 
Villa-nova  de  Gaya  fronteira  à  Cidade  do 
Porto,  e  filho  de  Manoel  André,  e  Águeda 
de  Oliveira.  Profeflbu  o  Sagrado  Inftituto 
de  Erimita  Auguftiniano  no  Convento  de 
Nofla  Senhora  da  Graça  de  Lisboa  a  19  de 
laneiro  de  1702.  Depois  de  enfinar  Gra- 
mática, e  letras  humanas  em  o  Convento 
de  Villaviçofa,  e  Filofofía  em  o  Collegio  de 
Coimbra  em  cujos  magiílerios  teve  por  dif- 
cipulo  a  Fr.  Manoel  de  Figueiredo  Chro- 
niíla  da  Ordem  (como  efcreve  com  agrade- 
cida memoria  em  o  Tom.  4.  do  Fios  Sana. 
Augujl.  pag.  148.  n.  86.)  diftou  Theologia 
com  grande  aplauzo  de  que  refultou  fer  ad- 
metido  entre  os  Doutores  Theologos  pela 
Univerfidade  de  Coimbra  a  4  de  Abril  de  171 5 . 
Tem  ocupado  os  lugares  de  Reytor  do  Col- 
legio de  Coimbra,  e  primeiro  Definidor  da 
Ordem.  Igual  talento  teve  para  o  púlpito 
como  para  a  Cadeira  fendo  teftemunhas 
do  feu  talento  concionatorio  as  obras  fe- 
guintes. 

Panegyrico  Funeral  nas  exéquias  do  Ex- 
cellentijftmo    Senhor     D.     Filippe    Mafcarenhas 


Conde  de  Coculim  celebradas  pela  nobilijji- 
ma  Irmandade  do  Senhor  dos  Paffos  na  Iff-eja 
de  Nojfa  Senhora  da  Graça  de  Lisboa  em 
2  ]unho  de  1735.  Lisboa  por  lozeph  An- 
tónio da  Sylva  ImpreíTor  da  Academia 
Real.    1735.   4. 

Sermão  no  f étimo  dia  do  folemne  Outavario 
com  que  os  Religiofos  da  Companhia  de  JESUS 
da  Ca^^a  profeffa  de  S.  Roque  celebrarão  a 
Canonização  de  S.  JoaÕ  Francifco  Regis. 
Lisboa  na  Officina  da  Mufica,  e  da  Sa- 
grada   Religião    de    Malta.    1739.    4- 

lACINTO  MACílADO  DE  SOUSA  Ve- 
ja-fe    IGNACIO   BARBOZA   MACHADO. 

lACINTO  LEYTAM  MANSO  DE  LIMA 
naceo  em  a  Villa  da  Certãa  do  Priorado 
do  Crato  a  16  de  Agofto  de  1690.  Fo- 
raõ  feus  Pays  Manoel  Vicente  de  Lima, 
e  Izabel  Manfa  Moutinha  peíToas  prin- 
cipaes  da  dita  Villa  onde  na  Igreja  Ma- 
triz de  S.  Pedro  obteve  hum  Beneficio. 
Toda  a  fua  aplicação  confiílio  no  eíhido 
da  Hiíloria,  principalmente  de  huma  das 
fuás  mais  neceíTarias  partes  qual  he  a  Ge- 
nealogia efcrevendo  com  incanfavel  difvelo 
45  volumes  de  folha  por  ordem  alphabetica 
em  que  fe  comprehendem. 

Famílias    do    Rejno    de    Portugal    M.     S. 

Querendo  fer  grato  à  pátria,  que  lhe 
deu  o  berço  defcreveo  com  eftilo  claro, 
e  corrente  a  individual  noticia  de  tudo 
que  pode  contribuir  para  a  fua  gloria, 
cuja    obra    intitulou. 

Certãa  ennobrecida,  ou  difcripçaÕ  da  Villa 
da  Certãa.  foi.  3.  Tom.  M.  S.  O  origi- 
nal conferva  em  feu  poder  o  cruditifli- 
mo  Jozè  Freyre  Monterroyo  Mafcarenhas. 
Do  Author,  e  das  fuás  obras  faz  men- 
ção o  Padre  D.  António  Caetano  de  Souza 
Apparat.  á  Hifi.  Gen.  da  Cai^.  Real  pag. 
173.  §.  221.  e  nas  addiçoens  do  Tom.  8. 
defta   Hift.    pag.    10. 

lAQNTO  DE  S.  MIGUEL  naceo 
em  a  Villa  de  Benavente  da  Provinda 
Tranflagana  onde  recebeo  a  primeira  gra- 
ça na  Igreja  Matriz  a   26  de  Fevereiro  de     ' 


L  USITANA. 


4Ó7 


■  1596.  fendo  filho  de  Miguel  Perdigão,  e 
de  Leonor  do  AveUar  do  Quental  de 
igual  nobreza  à  de  feu  conforte.  No  mais 
florente  curfo  da  idade  deixou  o  mundo, 
e  recebeo  o  habito  Canónico  da  Sagrada 
Congregação  do  Evangeliíla  em  o  anno 
de  161 6.  onde  logo  moftrou  a  natural 
Índole,  que  tinha  para  as  virtudes,  que 
cultivou  com  fumma  perfeição.  ApUca- 
do  aos  eíhidos  fez  conhecido  o  feu  ta- 
lento, ou  aprendendo,  ou  enfinando.  Foy 
naturalmente  propenfo  à  Poezia  metrifi- 
cando nos  idiomas  Latino,  e  Portuguez 
com  igual  valentia,  que  afluência.  Sen- 
tindo-fe  acometido  de  achaques  fe  pre- 
parou com  ados  religiofos  para  a  eterni- 
dade. Antes  de  efpirar  afirmou  aos  cir- 
cunftantes,  que  partia  muito  confolado  defta 
vida  por  nunca  ter  fido  Prelado.  Falleceo 
placidamente  no  Convento  de  Santo  Eloy 
de  Lisboa  no  primeiro  de  Junho  de  1641. 
com  45  annos  de  idade,  e  24  de  habito.   Alem 

í  de  muitas  Poezias  Latinas,  que  compoz  em 
Évora    em    aplauzo    das    Canonizaçoens    de 

:  Santo  Ignacio  de  Loyola,  e  S.  Francifco 
Xavier  compoz  na  lingua  materna. 

Poema    Heróico  fobre    a    vida    de    Pafriar- 

I  còa  S.  Lourenço  Juftiniano.  M.  S.  O  qual 
efcreve  o  Padre  Francifco  de  Santa  Maria 
Cbron.  dos  Coneg.  Secul.  liv.  4.  cap.  31. 
fora  compofto  com  tanta  elegância,  e  gala; 
vivera,  e  valentia,  propriedade,  e  jui^o,  que 
o  Ja^iaõ  dignijpmo   da  efiampa. 

Fr.  L\CINTO  DE  S.  MIGUEL  naceo 
em  Lisboa  a  10  de  Setembro  de  1692.  onde 
teve  por  Pays  a  Pedro  Fernandes  Tinoco, 
e  Helena  Jozepha  Borges,  cuja  amável  com- 
panhia deixou  quando  contava  quinze  an- 
nos de  idade  para  fe  dedicar  a  Deos  em  a 
Religião  de  S.  Jerónimo  profeflando  o  feu 
inítituto  em  o  Real  Convento  de  Santa  Ala- 
ria de  Belém  a  19  de  Março  de  1708.  onde 
fe  aplicou  naõ  fomente  à  inteUigencia  das 
linguas  Latina,  Grega,  Franceza,  e  Italia- 
na em  que  fahio  perito,  mas  à  inveíBga- 
çaõ  das  fciencias  feveras,  que  enfinou 
até  fer  jubilado  na  fublime  Faculdade  de 
Theologia.  Naõ  lhe  deveo  menor  aplica- 
ção   a    Hiíloria    Ecclefiaítica    como    a    Se- 


cular em  que  he  muito  verfado.  Foy  Rey- 
tor  do  CoUegio  de  Coimbra,  duas  vezes 
Geral  da  fua  Congregação,  e  Chronif- 
ta  delia,  e  Examinador  Synodal  do  Pa- 
triarchado.  Traduzio  de  Grego  em  Por- 
tuguez em  competência  de  outra  verfaõ, 
que  fez  o  Padre  Fr.  Manoel  de  Santo  An- 
tónio Bibliothecario  da  Livraria  do  Con- 
vento   de    Belém. 

Arte  Hifiorica  de  Luciano  Samoffateno. 
Lisboa    na    Officina    da    Mufica.    1733.    12. 

Sermão  do  Santijftmo  Sacramento  refii- 
tuido  ao  Real  Templo  da  Incarnação  das 
religiofas  de  S.  Bento  de  Avit(^  pela  Irman- 
dade do  Senhor  da  Parochia  da  Pena  em  que 
fe  depofitara  na  noite  de  11  de  Agofio  de 
1734.  por  caufa  do  incendo  que  na  dita  I^eja, 
e  Mojleiro  fe  atheara  pregado  em  zi  de  No- 
vembro. Lisboa  na  Officina  da  Mufica 
de  Theotonio    Antunes    de    Lima.    1737.    4. 

Tratado  Hijiorico  das  Ordens  Monajli- 
cas  de  S.  Jerónimo,  e  S.  Bento.  i.  Parte. 
Lisboa  na  Officina  da  Mufica,  e  da  Sa- 
grada   Rehgiaõ    de    Malta.     1739.    foi. 

Sermão  de  Santo  Igiacio  de  Loyola  Fun- 
dador da  Companhia  de  JESUS  pregado 
na  Igreja  de  Nojfa  Senhora  do  Populo  na 
Villa  das  Caldas.  Lisboa  por  Joaõ  Ba- 
ptiíla    Lerzo.     1742.    4. 

Com  o  fupofto  nome  de  Miguel  Joa- 
chim  de  Freytas  puro  anagrama  do  feu 
nome    publicou. 

Nottas  da  Analyjis  Beneditina.  Madrid 
por     Bernardo     Peralta.      1734.     foi. 

Arte  de  Pregar,  ou  verdadeiro  modo  de 
pregar  fegtmdo  o  efpirito  do  Evangelho.  Lis- 
boa na  Officina  da  Mufica,  e  da  Sagra- 
da Religião  de  Malta.  1739.  ^-  ^^^  ^^~ 
duçaõ    da    lingua   Franceza   em   a    materna. 

Fr.  JAQNTO  DE  PÁDUA  refigio- 
fo  profeílo  da  Ordem  militar  de  Chriílo, 
e  muito  douto  na  intelligenda  da  Sagra- 
da Efcritura,  e  liçaõ  dos  Santos  Padres 
como  fe  manifefla.  na  obra  feguinte  da 
qual  como  de  feu  Author  faz  memoria 
António  Carvalho  da  Coíla  Corog.  Por- 
tug.    Tom.    3.    pag.    162. 

Commentario  in  Epiflolas  D.   Pauli.  M.   S. 


408 


B IB  LIO  THE  CA 


lAQNTO  DA  PAZ  natural  de  Lis- 
boa profeíTor  de  lurifprudencia  Civil,  e 
infigne     Poeta     Latino.      Compoz. 

Kepetitio  Júris  Gafarei  carmine  exame- 
iro  latino.  Defta  obra,  e  do  Author  fe 
lembra  loan.  Soar.  de  Brito  Theatr.  hãifit. 
Uter.  lit.   H.   n.    37. 

Fr.  lACINTO  PACHECO  natural  do 
Porto  Monge  Benedidino  cujo  habito  re- 
cebeo  em  o  Convento  de  Lisboa  a  25  de 
Abril  de  1620.  Foy  Abbade  dos  Conven- 
tos de  Cucujaens,  Porto,  Paço  de  Souza, 
S.  Romaõ,  e  CoUegio  de  Coimbra,  e  em 
taõ  diverfos  governos  fempre  deixou  faudo- 
fos  os  feus  fubditos  da  fua  prudente  afabi- 
lidade. Mereceo  grande  eílimaçaõ  pelo  mi- 
nifterio  do  púlpito  em  que  foy  iníigne.  Ao 
tempo  que  eftava  preparando  para  a  impref- 
faõ  vários  tomos  de 

Sermoens  Panegyricos,  e  Moraes  ( de 
cujo  trabalho  faz  mençaõ  Fr.  Gregório 
Argaes  Perla  de  Catalm.  pag.  473.  §.  184.) 
o  arrebatou  a  morte  em  o  Convento  do 
Porto  a  26  de  lunho  de   1679. 

P.  lACINTO  PEREYRA  religiofo 
da  Companhia  de  lESUS,  e  incanfavel 
Operário  das  Chriílandades  do  Oriente. 
Efcreveo. 

Carta  Annua  do  Malabar  ejcrita  de  Co- 
chim  a  27  de  Setembro  de  1621.  Sahio  tradu- 
zida em  Italiano  com  outras.  Roma  por 
Francifco  Corbelletti.  1627.  8.  de  pag.  51. 
até  96.  e  em  Francês  pelo  Padre  loaõ  Driefde 
lefuita  a  qual  foy  impreíTa  com  outras  Pa- 
riz  chez  Sebaílien  Cramoify.  1628.  8.  def- 
de  pag.  70.  até  121.  Do  Author,  e  da  obra 
fe  lembra  o  moderno  addicionador  da  5//>. 
Orient.  de  António  de  Leaõ  Tom.  i.  Tit.  4. 
col.  91. 

lAQNTO  DA  SYLVA  DE  MIRAN- 
DA Cavalleiro  profeflb  da  Ordem  mi- 
litar de  Chriílo  filho  do  Doutor  Simaõ 
da  Sylva  profeíTor  de  Medicina,  e  D. 
Thereza  de  Miranda  naceo  na  Villa  de 
Setúbal  a  16  de  Agofto  de  1701.  onde  de- 
pois de  aprender  os  primeiros  rudimen- 
tos  eíhidou    Direito    Pontifício    cm  a    Uni- 


verfidade  de  Coimbra  em  cuja  Faculda- 
de fe  formou  a  20  de  Mayo  de  1720. 
Reftituido  à  pátria  exercitou  nella  o  Of- 
ficio  de  Patrono  de  Cauzas  Forenfes,  e  agora 
o  he  nefta  Corte  fendo  Advogado  da 
Caza  da  Suplicação  onde  tem  adquerido 
naõ  pequeno  aplauzo  pelo  feu  talento. 
Foy  hum  dos  Collegas  da  Academia  Pro- 
blemática inftituida  na  fua  pátria  na  qual 
foy  ouvido  varias  vezes  recitar  elegantes 
Oraçoens.      Publicou. 

Oração  Problemática  em  que  fe  defende 
fer  de  mais  jaãancia  para  Portugal  pojftàr 
ao  Keverendijfimo  Senhor  D.  Rafael  Bluteau 
Clérigo  Regular  da  Divina  Providencia  até 
o  tempo  da  fua  morte,  do  que  para  Ingla- 
terra dar  lhe  o  naci mento;  recitada  na  Aca- 
demia dos  Applicados  a  z%  de  Fevereiro  de 
1734.  4.  Sahio  no  Obfequio  Fúnebre  dedi- 
cado à  faudofa  memoria  do  dito  Padre.  Lis- 
boa por  lozeph  António  da  Sylva.  1734.  4. 

Tem  compofto,  e  prompto  para  a  im- 
preíTaõ. 

De    Amatoribus    Monialium.     M.    S. 
Regimento    militar    explicado.    M.    S. 

lACINTO  DA  SYLVA  DE  OLIVEY- 
RA  Presbítero  do  habito  de  S.  Pedro 
natural  da  Villa  de  Torres  novas  do  Pa- 
triarchado  de  Lisboa  onde  teve  por  Pays 
a  Pedro  da  Sylva,  c  Mariana  Lopes.  Cul- 
tivou com  felicidade  a  Poezia  deixando 
compoftos. 

Diverfos  Sonetos,  Romances,  Sylvas,  e 
Cançoens   a    vários    AJfumptos.    Aí.    S.    4. 

lAQNTO  DE  SOUZA  SEQUEYRA. 
Veja-fe     Fr.     lERONIMO     DE     SOUZA. 

lACOB  DE  ANDRADE  VELOSI- 
NO.  Naceo  em  Pernambuco  opulenta 
Provinda  de  America  Portugueza  em  o 
anno  de  1657.  donde  depois  que  os  Por- 
tuguezes  expulfaraõ  dos  feus  domínios 
aos  Holandezcs  fe  paíTou  a  Amfterdam, 
e  aplicando-fe  ao  eftudo  da  Medicina  fez 
nella  taes  progreflbs  que  mereceo  gran- 
de fama  pelo  methodo  com  que  triunfa- 
va das  infermidades  mais  pcrigofas  prin- 
cipalmente   em    as    Cidades    de    Haya    em 


L  USITAN  A. 


4Ó9 


Olanda,  e  de  Anveres  em  Flandes  com- 
poz. 

Theologo  Religiofo.  He  huma  inveéHva 
contra  o  Theologo  Politico  de  Bento  de  Ef- 
pinofa,  que  de  Judeo  fe  fe2  Atheifta. 

Mejfias  reftaurado  contra  o  livro  de 
Moníiur  Jaqueloto  Miniílro  Calveniíla,  que 
intitulou   Dijfertaçoens  do  Aíejftas. 

Epitome  de  la  verdad  de  la  ley  de  Moyfes. 
Efta  obra,  que  era  compofta  pelo  Rabino 
Morteira,  que  em  Amfterdaõ  conheceo,  e 
admirou  ao  Padre  António  Vieyra  no  anno 
de  1647.  reduzio  a  melhor  eflilo  Jacob  de  An- 
drade, e  lhe  acrecentou  doutiíTimas  reflexoens. 

lACOB  AVENDANHA  naceo  em 
a  Qdade  de  Amburgo  de  Pays  Portugue- 
zes,  que  o  educarão  nos  ritos  da  Sinago- 
ga, nos  quais  fahio  taõ  perito,  que  exer- 
citou muitos  annos  o  Rabbinado  em  a 
Qdade  de  Londres,  e  regeo  a  Synagoga 
da  mefma  Qdade  onde  morreo  em  o 
anno  de  1690.  Traduzio  da  lingua  Ará- 
bica   de    Judas    Levita    em     a    Caílelhana. 

Notas  y  reflexiones  ai  livro  intitulado  Cua- 
íari.  Foy  traduzida  efta  obra  na  lingua  he- 
braica pelo  Rabbino  Aben  Tibor  Efpanhol, 
e  na  Latina  por  Buftorfio.  Amftelodami 
anno   Creationis    5423.    Chrifti.    1662.   4. 

Ao  tempo,   que  aíTiftia  na  Academia  de 
Qxonia  traduzio  na  lingua  Latina. 
Sex  Ordines  Mi/ena. 

Dos  quais  efcritos  pela  fua  maõ  fez 
donativo  à  BibUotheca  de  Cambridge  Q- 
dade  do  Reyno  de  Inglaterra  onde  fe  con- 
fervaõ  como  afirma  Júlio  Bartolocdo  Bib. 
Ma^.    Kabbin.    Tom.    3.    pag.    836.    n.    829. 

P.  lACOB  BERNARDES  filho  de 
Jacob  Bernardes,  e  Maria  de  Santo  An- 
tónio de  Caftilho  naceo  em  a  Cidade  de 
Lisboa,  e  em  a  do  Porto  recebeo  a  rou- 
peta da  Congregação  do  Oratório  a  8 
de  Setembro  de  1685.  Nefta  igualmen- 
te douta,  que  virtuofa  paleftra  adquirio 
todas  aquellas  partes  conftitutivas  de  hum 
perfeito  Congregado.  Foy  Lente  de  Fi- 
lofofia,  e  o  primeiro  da  Theologia  que 
teve  aquella  Congregação,  Examinador 
Synodal   do   Bifpado    do    Porto,    e   Confef- 


for  de  feu  lUufiriíTimo  Prelado  D.  Thomas 
de  Almeyda,  hoje  digniíTimo  Patriarcha  de 
Lisboa,  e  Cardial  da  Igreja  Romana.  O  feu 
mayor  difvelo  era  a  reforma  dos  cuftumes,. 
e  converfaõ  dos  pecadores  para  cujo  efeito- 
difcorria  incanfavelmente  pelo  Reyno  em 
continuas  MiíToens.  Eftando  em  a  Villa  do 
Conde  pregando  apoftolicamente  a  hum  nu- 
merofo  auditório,  fufpendeo  o  difcurfo,  c 
pedindo  perdaõ  aos  ouvintes  lhe  affirmou 
que  certamente  morria  pois  Deos  lhe  def- 
pachara  a  petição,  que  lhe  fizera  de  acabar 
a  vida  no  minifterio  de  MiíTionario,  e  pro- 
feridas eftas  palavras  foy  acometido  de  hum 
eftupor,  que  o  privou  dos  fentidos,  porem 
fendo-lhe  reftituidos  recebeo  com  grande 
piedade  os  Sacramentos  na  Igreja  em  que 
eftava  pregando,  e  degenerando  o  eftupor 
em  apoplexia,  faUeceo  na  menhãa  do  dia 
feguinte  de  16  Novembro  de  171 8.  repe- 
tindo o  Santiffimo  Nome  de  lESUS.  Foy 
levado  o  feu  Corpo  com  huma  numerofa 
Comitiva  da  Villa  do  Conde  à  Igreja  dos 
Religiofos  de  S.  Francifco  onde  lhe  deraõ 
decente    fepultura.      Imprimio. 

Sermoens,  e  Praãicas  i.  Tom.  Coimbra 
por  Joaõ  Antunes.   1714.  4. 

Segundo  Tomo.  ibi  pelo  dito  ImpreíTor.. 
1716.  4. 

Terceiro,  e  quarto  eftavaõ  promptos  para 
a  impreíTaõ. 

lACOB  DE  CASTRO  SARMENTO  aliás 
Henrique  de  Caftaro  Sarmento  filho  de  Fran- 
dfco  de  Caftro  Almeyda,  e  de  Violante  de 
Mefquita  naceo  em  a  Qdade  de  Bragança 
da  Província  de  Trás  os  montes  em  o  anno 
de  1691.  e  fendo  educado  na  fua  puerícia 
em  a  Villa  de  Mertola  paíTou  à  Univerfi- 
dade  de  Évora  onde  aplicado  ao  eftudo  da 
Filofofia  Ariftotelica,  de  que  teve  por  Mef- 
tre  ao  Padre  Diogo  Martins  fe  diftin- 
guio  com  tal  exceílo  entre  os  feus  con- 
difcipulos,  que  naõ  fomente  fez  a  pri- 
meira pedra  da  fciencia,  mas  recebeo  o 
grão  de  Meftre  em  Artes  no  anno  de 
1710.  Semilhante  foy  o  progreílo,  que 
a  fua  viva  comprehenfaõ  fez  no  eftudo 
da  Medecina,  que  cultivou  em  a  Uni- 
verfidadc    de    Coimbra,    recebendo    o    grão 


470  BIB  LIOTH  E  CA 

•de    Bacharel   nefta   Faculdade    no    anno    de  Medicis     máxima     cum     lauãe    per    complurts 

171 7.     Ambiciofo   de   enriquecer   o   feu   ta-  amos     incubuiffe,     <&     iifdem     máximos    pro- 

lento    com    thezouros    fcientificos    deixando  grejfus  baítenus  Jeciffe,  fed  etiam  in  omni  Me- 

a  pátria  paíTou  a  Londres  no  principio  de  decina  praxi   magno   Mortalium   commodo   ver- 

Janeiro  de   1721.  onde  fez  a  fua  refidencia,  Jatum    ejfe,    ^  f^iff^-      Propterea    Nos   Jaco- 

€  eftudou  novamente  Philofofia  Experimen-  bus    Gordon    Gymnajiarcha,    caterifque    profef- 

tal,   como  também  os  Principios   de  Mede-  Jorihiis     in    pradiãa     Univerjitaíe     conjentienti- 

cina    Mechanica,    e    Chymica    Filofofica,    e  bus   antedi£lum    D.   Jacob   de    Caftro   Sarmento 

Analytica,  e  frequentou  o  curfo  da  Anato-  Medecina     Do£iorem     creamus,     declaramus     eb* 

mia,  de  cuja  aplicação  refultou,  que  fuften-  confiituimus ,     illique     tenore    prajentium     litte- 

tando    com   grande   aplauzo    do    feu   nome  rarum   vim  publici   inftrumenti   habentium    Mx- 

tres    exames,  de  Anatomia,   Economia  Ani-  decinam     exercendi    hic,     Cb*     ubique     terrarum 

mal,  Theorica,  e  PraéHca  de  Medecina  foy  potejlatem     conferimus     omnibufque,     €>•    Jingu- 

admetido     ao     Collegio     Real     dos     Medi-  lis    iJHus   gradUs   privilegiis,    exemptionibus    li- 

cos    de    Londres    no    anno    de    1725.     Ha-  bertatibus,    honoribus,    (&    Indultis    aliis    quo- 

vendo    o    Doutor    Fernando    Mendes    noflb  cumque    nomine    cenjeantur  juxta   firmam    con- 

Portuguez,    e    celebre    profeíTor    de    Mede-  tinentem     vim,     (àr     tenorem    Jlatutorum,     <& 

•cina    inventado     a    agua    cuja    virtude    fe  Privilifforum     Academiis,     cb*      Univerfitatibus 

■extendia   fomente   para   remédio    das   febres  concejforum    eum  frui,    ac  Jeliciter  gaudere  ju- 

intermitentes,     inventou    outra    mais    pura,  bemus.     In    quorum    omnium  fidem    ac    tejlimo- 

e  efeéliva  para  varias  queixas  fendo  o  pri-  nium    hajce    Doãoratus   litteras    maffti    Univer- 

meiro    que    moftrou    fem    fegredo    a    na-  Jitatis    figilli     appenjione,     nojlrifque    Chiro^a- 

tureza  defte  remédio,  e  o  methodo  do  feu  phis     communiri     voluimus.       Datum     Abredo- 

iizo,    por    cujo    invento    mereceo    que    no  nia:     Ex     Univerfitate    Marifchal.     Kal.    ]ul. 

anno    de    1730.    foíTe    nomeado    Sócio    da  M.  DCCXXXIX.     As    obras   com   que   até 

-Sociedade    Real    de    Inglaterra,    e    que    a  o     prezente     tem     illuílrado     a     Republica 

Univeríldade   de  Aberden  em  o   Reyno   de  literária    faõ    as    feguintes. 

Efcocia    o    creaíTe    em    o    anno    de    1759.  Dijfertatio    in    novam,     tutam,    ac    u tilem 

Doutor    do    feu    grémio    com    efte    honori-  methodum      Inoculationis ,     feu      transplantatio- 

fico     Diploma.      Omnibus,     <&   fingulis    hafce  nis    variolarum,     Thefalia,     Conjlaníinopli,     €^ 

Doãoratus    litteras    vifuris,    hauris,    vel    audi-  Venetiis   primo    inventam,    nuncque    hac    Civi- 

turis.    Nos   Jacobus    Gordon    Saluberrima    Me-  tate     authoritate     Re^a     Majeflatis     Britânica 

■decina   in   Alma   S.    D.    R.    Univerjitate   Ma-  comprobatam     28.    //////     1721.      Cum     Criti- 

rifchalana    Abredonenfi    Doãor,    eb*    Profeffor,  eis    notis    in    vários    Authores    de    hoc    morbo 

aãu   Regens,    €>*    Decanus   Salutem   in   eo,   qui  fcribentes.     Londini.    1721.    8.     Sahio    reim- 

efl  omnium  vera  falus.  preíTa    em    a    Univerfidade    de    Leyden   em 

Quum    mos    antiquus,    et    laudabilis  femper  Olanda    fem    noticia    do    Author,    e    delia 

extiterit,     ut    qui    multis    fudoribus,     indefeffo  fe    extrahio    hum    Epitome    na    A£ia    Eru- 

labore,  fluSoque    affiduo    litteris    operam    nava-  ditorum   Volume    54.     Impreíla   efta   DiíTer- 

verint,    infi^i    aliquo,    eS^    eximio    honoris    ti-  taçaõ   com   hum   appendix   De  fucejfu  vario- 

tulo    tanquam    peraãi    laboris    monumento,    €>*  larum   in    Magna   Britania   ab   anno    1721.    ad 

clarijpma    virtutis  pramio    dignar entur,    ut  fe-  finem   anni    1728.    cum   comparatione   inter  dif- 

quentium    faculorum    progénies     horum     exem-  crimen     variolarum     naturali     via     invadentium, 

pio    alleãa    ad   perfequendas    árduas,    <&    glo-  <Ò^     illud    à     methodo     inoculationis    oriundjm. 

riofas    eruditiones,     ac    virtutis    vias    flimulen-  Londini.     1731.     8. 

tur:    cumque    nobis  fatis  fuperque    compertum  Exemplar    de    Penitencia    dividido    em    três 

fit    D.    Jacob    de    Caftro    Sarmento    Medecina  Difcurfos    Predicáveis    para    o    dia    Santo    de 

in     Univerfitate    Conimbricenfi    Portugal.      Ba-  Kipur.     Dedicado    ao    Grande,    e    Omnipotente 

chalaurum,     Collegii    Medicorum    Londini,     e^  Deos  de  Ifrael.     llle  dolet  vere,  qm  fine   Tef- 

Reffa    Societatis    Socium;    non    folum    fluais  te    dolet.    Martial.    Epigram.     31.      Londres 


L  USITAN  A. 


47' 


anno  da  Creaçaõ  do  mundo  5484.  que  he 
de     Chriílo     1724. 

Extraordinária  Providencia,  que  el  gran  Dios 
i  de  Ifrael  ujó  con  fu  efcoffdo  puehlo  en  tiempo 
■  de  fu  major  aficion  por  médio  de  Mcrdehay 
y  Efier  contra  los  protervos  intentos  dei  ty- 
rano  Aman.  Compendiojamente  deduzida  de 
la  Sagrada  Efcritura  en  el  Jeguinte  Romance. 
Londres  en  el  ano  de  la  Creacion  dei 
mundo  5484.  de  Qiriílo  1724.  He  o  livro 
de     Efter     reduzido     a     metro     Caftelhano. 

Sermão  fúnebre  às  deploráveis  memorias 
do  muy  Reverendo,  e  doutijftmo  Haham  Afa- 
.  km  Morenu  A.  R.  o  Doutor  David  Neto 
infgne  Tbeologo,  eminente  Pregador,  e  cabeça 
da  Congregação  de  Sahar  Hajfamaym.  Lon- 
j  dres.  5488.  da  Creaçaõ  do  mundo,  e  de 
Chriílo.     1728.    8. 

Specimen  da  primeira  parte  da  Matéria 
Medica  Hijlorico  -  Phyfio  -  Alechanica  em  que 
fe  trata  dos  Fojfiles,  a  faber  de  todos  os  Me- 
taes,  faes.  Pedras,  Terras,  enxofres,  cu  ful- 
pbures,  e  femimetaes,  e  fe  mojlraõ  as  pro- 
priedades, e  ur(ps  humanos  dos  ditos  corpos 
donde  fe  achaÕ,  de  que  modo  fe  alcançaÕ,  ou 
purificaõ;  como  fe  conhecem;  fe  fe  adulteraõ; 
as  virtudes,  e  operação  de  cada  corpo  Jimples 
fem  artificio  nas  enfermidades  do  corpo  hu- 
mano, e  debaixo  de  cada  hum  todos  os  remé- 
dios Oficionaes  Galenicos,  e  Chymicos,  que 
delle  fe  preparaõ  para  fua  compofiçaõ,  os  que 
fe  lhe  ajtmtaõ,  e  a  dofe  peculiar  com  que  fe 
receitaõ.       Londres.      1731.      8. 

Obras  Philofoficas  de  Francifco  Baconio 
BaraÕ  de  VerulaÕ  Vifconde  de  Santo  Al- 
bano com  Notas  para  explicação  do  que  he 
efcuro.  Londres.  173 1.  4.  3.  Tom.  He 
tradução  da  lingua  Ingleza  em  a  Portu- 
gueza. 

Hijioria  Medica  Fifco  -  Hijlorico  Mecha- 
nica  do  Reyno  Mineral.  Parte  primeira. 
Londres.     1735.     8. 

Difcurfo  Praãico,  ou  Sjderohydrelogia  das 
aguas  mineraes  Efpadanas ,  ou  Chalibeadas . 
Londres    por    J.    Humfrey.    1726.    8. 

Tratado  da  verdeira  Theorica  das  Mares. 
Londres.     1737.     8. 

Tratado  das  Operaçoens  da  Cirur^a  com 
as    figuras,    e    defcripçaõ    dos    instrumentos,    de 


que  nellas  fe  fa^  uf(p,  e  huma  introdução 
fobre  a  naturei^a,  e  methodo  de  tratar 
as  feridas,  Abceffos,  e  chagas;  tradut(i- 
do  de  Ingls^  de  Monfittr  Samuel  Skarp- 
CirurffaÕ  do  Hofpital  de  Gíçy  em  Lon- 
dres, e  acrecentado  pelo  traduâor  com 
huma  Alateria  Chirur^ca,  ou  todas  ar 
compojiçoens,  e  remédios  da  prev^te  Pra- 
tica de  Cirur^oens  de  Inglaterra,  e  as  cou- 
:(as  mais  principaes,  e  precisas  na  Cirurgia.. 
Londres.     1744.     8. 

Dedicou  à  Academia  Real  da  Hifto- 
ria  portugueza  hum  hvro  M.  S.  que  ti- 
nha vertido  em  a  lingua  Portugueza  cuja 
Dedicatória  remeteo  ao  Secretario  da. 
mefma  Academia  o  ExcellentiíTimo  Mar- 
quez de  Alegrete  Manoel  Tellez  da  Syl- 
va    com    efte    titulo. 

Excellentijfimo  Prafidi,  ceeterifque  Re^ 
Academia  Sociis  apud  Ulyjftponem  nuper- 
rime  fundatce  longe  celeberrimis  hoc  opus  ela- 
boratum  Eufitanice  redditum  humillime  dicat,. 
dedicatque  Jacob  de  Cajlro  Sarmento  Medi- 
cus  Kegalis  Colleffi  Eondinenjis  Socius.  Sahio 
imprefla  em  o  Tomo  10.  da  Colleçaõ  dor 
Docum.  e  Memor.  da  Academia  Real  da  Hijt. 
Portug.  Lisboa  por  Jozeph  António  da. 
Sylva  Impreflbr  da  Academia  Real  1630.. 
foi. 


lACOB  L\CHIA  filho  de  David  Ja- 
chia  natural  de  Lisboa  de  quem  fizemos 
mençaõ  em  feu  lugar,  foy  igualmente 
perito  como  feu  Pay  acabando  a  obra. 
que     elle     começara     intitulada. 

Laus    Davidis    ex    Pfalm.    145.     Verf.    i.. 

Como  efcreve  o  Rabino  Ghedalia  in 
Scialfcelet.  pag.  65.  Foy  impreíTo  ConJftan- 
tinopoli  4.  Do  Author,  e  da  obra  faz 
memoria  Júlio  Bartoloci  Bib.  Rab.  Tom. 
2.    pag.    281.    n.    446. 


L\COME  DE  ARAÚJO  cuja  pátria, 
e  eftado  de  vida  fe  ignoraõ,  foy  muito 
verfado  na  liçaõ  da  Hiftoria  profana  ef- 
crevendo. 

Guerras  de  França,  e  Inglaterra.  M.  S.  4> 
Conferva-fe  na  Bibliotheca  Real. 


472 


BIB  LIO  THE  C  A 


I 


lACOME    CARVALHO    DO    CANTO 

natural  da  Villa  de  Guimaraens  onde  te- 
ve por  Pays  a  António  Va2  do  Canto, 
€  Izabel  Fernandes  Vicente,  e  por  Tio 
o  infigne  Poeta  Gil  Vicente  de  quem  fe 
fez  merecida  mençaõ  em  feu  lugar.  Defde 
a  puerícia  foy  inclinado  à  açoens  virtuo- 
fas  de  que  deu  repetidas  provas  em  todo 
o  difcurfo  da  fua  vida.  Sendo  Porteiro 
•do  Tribunal  do  Santo  Oííicio  aíTilUo  no 
tempo  da  pefte,  que  devorou  grande 
parte  dos  moradores  de  Lisboa  no  anno 
de  1599.  com  ardente  charidade  aos  pre- 
20S  para  que  naõ  foíTem  defpojos  de  taõ 
medonho  flagello.  Sahindo  de  noute  da 
Igreja  de  S.  Domingos  achou  expofto  à 
inclemência  do  tempo  hum  pobre,  que  to- 
mando fobre  feus  hombros  o  conduzio 
a  fua  caza  onde  foy  tratado  com  piedofa 
hofpitalidade.  Foy  ornado  de  animo  pa- 
cato, de  tal  forte  que  fendo  provocado 
varias  vezes  pela  terrível  condição  da  fua 
conforte  nunca  rompeo  em  palavra,  ou  açaõ 
coleríca.  A  mayor  parte  do  tempo  gaílava 
na  liçaõ  de  livros  afceticos  dos  quais  extrahia 
<locumentos  folidos  para  direção  da  vida, 
que  exercitava.  Cumulado  de  merecimentos 
paíTou  a  lograr  o  premio  das  fuás  virtudes 
na  eternidade  em  o  anno  de  1623.  Delle 
faz  memoria  Joan.  Soar.  de  Brito  Theatr. 
Ljtjit.  Lifer.   lit.  L   n.  i.      Compoz. 

Pérola  preciofa  ornada  com  excellentes 
documentos,  e  avisos  efpirituaes  para  dejlerro 
Âe  pecados,  e  exercido  de  virtudes.  Lisboa 
por  Pedro  Craesbeeck.  1610.  12.  &  ibi 
pelo  mefmo  1616.  12.  &  ibi  por  Domin- 
gos Carneiro  1680.  16.  No  fim  defte 
livro    eílá    hum    Tratado    com    eíle    titulo. 

Ramalhete  de  flores  ejpirituaes.  Lisboa 
por    Pedro    Craesb.    16 10.    12. 

'Exercido  de  humildes  para  re^ar  o  Ko- 
Jario,  e  duas  Coroas  de  N.  Senhora,  e  a 
Coroa  de  Chrijlo  com  outras  Oraçoens  devo- 
tas com  a  Coroa  de  Santo  António.  Lis- 
boa por  Joaõ  Alvres.  1619.  16.  &  ibi 
por    Alvares.    1645.    24. 

ILivro  de  re^ar,  e  manual  de  Oraçoens. 
Lisboa  por  Pedro  Crasbeec.  161 2.  24. 
&  ibi  por  Joaõ  Alvares.  1657.  12.  &  ibi 
por    Domingos    Carneiro.     1669.    16. 


Horas  da  Cruv^  de  Chrijlo.  Arte,  e  apa- 
relho Santo  para  bem  morrer.  Lisboa  por  Pe- 
dro Craesbeeck.    16 13.   24. 

Excellendas,  e  louvores  do  Santijftmo 
Sacramento  do  Altar.  Lisboa  por  Vicente 
Alvares.  161 5.  24.  &  ibi  por  António 
Alvares.     1645.     24. 

A  perfeita  religiofa,  e  Thev^uro  de  avi- 
Zos,  e  documentos  ejpirituaes  com  hum  Tra- 
tado de  meditaçoens  devotas  do  Amor  de 
Deos.     Lisboa    Pedro    Crasbecck.    161 5.    12. 

Coroa  das  Excellendas  de  Santo  Antó- 
nio de  Ushoa.  Lisboa  por  António  Alva- 
res   ImpreíTor    delRey.     1640.     24. 

Kegra  de  perfeição  de  alguns  eftados  aos 
quais  fe  enfina  a  compojtçaõ  dos  bons  cuflu- 
mes,  e  evitar  peccados,  e  exercitar  virtudes. 
Lisboa   por   António    Rodrígues.    1675.    12. 

Fr.  lACOME  DA  CONCEYÇAM.  Na- 
ceo  em  a  Cidade  de  Lisboa,  a  qual  como 
a  feus  Pays  António  Rodríguez,  e  An- 
gela Soares  da  Veyga  deixou  partindo 
para  a  índia  Oríental,  onde  no  Convento 
de  Goa  cabeça  da  Seráfica  Provinda  da 
Madre  de  Deos  recebeo  o  habito.  De- 
pois de  diftar  as  fciencias  efcholafticas 
jubilando  em  Meftre  de  Theologia  foy 
Regente  dos  Eíhidos,  e  Cuftodio  Provin- 
cial em  cujo  governo  moílrou  tanta  pru- 
dência, que  exercitou  o  lugar  de  Vifitador 
Geral  por  duas  vezes  da  Provinda  de  Saô 
Thome.  Ao  tempo  que  contava  a  proveâa 
idade  de  80  annos,  e  feflenta,  e  fmco  de 
religiofo  publicou  para  inftruçaõ  de  hum 
feu  fobrinho. 

Methodo  facilijfwio  de  aprender  Gram- 
matica.  Lisboa  por  António  Ifidoro  da 
Fonceca.     1 743 .    4. 

P.  lACOME  GONÇALVES  Brâma- 
ne natural  da  Ilha  de  Divar  em  Goa 
Capital  do  Imperío  Portuguez  Afiatico, 
filho  de  Thomaz  Gonzalves,  c  Maria- 
na de  Abreu.  Eftudou  a  lingua  Latina, 
e  Humanidades  no  Collegio  dos  Padres 
Jefuitas  de  Goa  em  que  fahio  muito  pe- 
rito. Sendo  Diácono  naõ  obftantes  as 
rcpugnandas  de  feus  Pays  movido  de 
fupcríor  impulfo  rcccbco  no  anno  de  1700. 


L  USITAN A. 


a  roupeta  de  S.  Filippe  Neri  em  a  Congre- 
gação do  Oratório  de  Santa  Cruz  dos  mi- 
kgtes  de  Goa.  Ao  tempo,  que  ellava  para 
ler  o  curfo  de  Artes  aos  feus  domeílicos 
foy  mandado  no  anno  de  1705.  para  a  Mif- 
faõ  de  Ceylaõ  onde  pelo  efpaço  de  trinta, 
e  três  annos  exercitou  o  miniilerio  apof- 
tolico  com  tanto  zelo,  que  a  mayor  parte 
da  Chriílandade,  que  florece  naqueUa  Ilha, 
foy  fruto  da  fua  evangélica  cultura  chegando 
fomente  o  Reyno  de  Jafana  hum  dos  fete, 
e  o  mais  pequeno  de  Ceylaõ  a  contar  defa- 
feis  mil  almas  de  confiíTaõ.  Para  frutificar 
taõ  vafta  fementeira  naõ  perdoava  o  feu 
incanfavel  difvelo  a  género  algum  de  tra- 
balho pois  aíTim  com  a  V02,  como  com  a 
penna  confundia  Gentios,  refutava  Here- 
ges, e  gerava  filhos  para  Chrifto.  Na  pre- 
zença  delRey  de  Candea  convenceo  hereges 
Calveniftas,  que  femeavaõ  os  feus  erros  com 
damno  dos  Catholicos,  de  cuja  difputa  man- 
dou eíle  Principe,  que  fahiílem  logo  do  feu 
Reyno.  Tal  era  a  veneração,  que  lhe  tinha 
o  mefmo  Monarcha,  que  naõ  refolvia  ne- 
gocio algum  fem  primeiro  fer  confultado 
devendo-fe  à  prudência  do  feu  juizo  a  paci- 
ficação celebrada  entre  o  dito  Rey,  e  os  Ho- 
landezes.  Na  caza  que  os  Miffionarios  Con- 
gregados tem  em  Putelaõ  introduzio  huma 
forma  de  vida  commum  obfervada  na  Igreja 
primitiva.  Attenuado  com  tantos  trabalhos 
contrahio  huma  tyfica  que  o  teve  muitos 
mezes  de  cama,  e  conhecendo  a  gravidade 
da  doença,  renunciou  o  governo  da  Mif- 
faõ  em  o  Padre  Martinho  Xavier  mandado 
de  Goa,  e  poílo  que  eílava  agonizando  tal 
foy  a  alegria,  que  concebeo  o  feu  efpirito 
com  a  chegada  de  feu  fuceíTor,  que  fe  levantou 
da  cama  para  cantar  na  Igreja  o  Te  Deum 
luiudamus  pela  feliz  viagem,  e  boa  vin- 
da do  P.  Xavier.  Recebidos  os  Sacra- 
mentos com  muita  ternura  falleceo  pia- 
mente a  17  de  Julho  de  1742.  na  Igreja 
do  Baluarte  de  q  fora  Fundador.  Foy  fepul- 
tado  a  19  por  caufa  do  immenfo  concurfo, 
que  veyo  a  venerar  o  feu  Cadáver.  Compoz 
grande  numero  de  livros  nas  linguas  Chin- 
gala,  Tamul,  e  Portugueza  dos  quais  fez 
grande  defpeza  nos  treslados  para  que  mul- 
tiplicados, por  falta  de  impreílaõ,  fe  efpalhaf- 


47-5 

fem  por  terras  taõ  dilatadas  cujos  títulos 
faõ     os     feguintes. 

Cathecifmo  breve  fobre  os  prinàpaes  Mjf- 
terios  da  Fé,  NoviJJimos,  Sacramentos  com 
tudo,  o  que  o  CbriJiaÕ  deve  faber.  Confejfto- 
nario  com  declaração  dos  peccados,  que  cada 
Aíandamento  inclue.  Explicação  das  Cerimo- 
nias da  Mijfa;  huma  para  os  Domingos  onde 
há  Mijfa;  outra  breve  para  quando  o  Sacer- 
dote diz  Mijfa  para  explicar  ao  povo,  e  outra 
Jegtmdo  a  ordem  da  PayxaÕ  para  Ouarefma 
com  preparação,  e  graças  para  antes,  e  depois 
da  Comunhão.  &c.  Compofto  no  anno  de 
1715.  4. 

Coronica  da  Hifioria  Sagrada  em  que 
contem  as  principaes  coufas  do  Tefiamento 
novo,  e  velho  com  refutação  do  Gentilifmo 
por  ordem  das  fete  Idades  do  mundo.  &c. 
foi.    2.    Tom.    em   o   anno    de    1725. 

Kefumo  da  fobredita  Chronica  em  Dia- 
logo. 4. 

Explicação  dos  Evangelhos  Dominicaes, 
e  Feflivaes  com  exhortaçoens  em  o  anno  de 
1730.    4. 

Sermoens    da    Payxaõ    de    nove    Paffos.    4. 

Vida    dos    Santos.    4.    em    o    anno    de 

1755. 

Itinerário  de  Milanês.  4.  em  o  anno 
de  1732. 

Efpelho  de  Virtudes  em  que  fe  explica 
o  modo  da  Oração  mental,  defpret(p  do  mun- 
do, pobreza,  humildade.  Paciência,  Caflidade, 
e  outras  virtudes  principaes  moflrando  os  fun- 
damentos, e  excellencias  de  cada  huma  com 
vicios    contrarias.     4. 

]ui\o  de  Deos  em  que  fe  mqfira  a  terribi- 
lidade  de  fenecer  o  mundo,  refurreiçaõ  dos  mor- 
tos, actd^açaÕ  de  todas  as  criaturas,  e  miudet^a 
do  jui^o  primeiro  em  geral  pela  lej,  e  exemplos 
dos  Santos,  e  obras  de  cada  hum;  fegimdo  em 
particular  aos  infiéis.  Terceiro  em  particular 
aos  hereges;  quarto  em  particular  aos  Cbrif- 
tãos  pelos  benefícios  geraes,  e  particulares. 
&c.  4. 

Medecina  para  cegueira  dos  Gentios  em 
que  por  modo  de  Dialogo  argumentando  bum 
Sacerdote  com  hum  gentio  fabio  o  alumea 
das  dez  ignorâncias,  ou  det^  cegueiras  gentí- 
licas que  procedem  de  naÕ  conhecer  a  Deos. 
&c.  4. 


474 


BIBLIO THE  CA 


Princípios  por  onde  fe  mojlra  a  origem 
da  ley  de  Btidu,  e  em  que  terras  corre 
a  Jua  variação,  e  extinção  com  impojfibilidade 
de  fe  obfervar.  Foy  compoílo  eftc  livro 
à  inílancia  delRey  de  Candea,  que  com 
a  fua  liçaõ  fe  defenganou  da  falfidade 
daquella   feyta.    Efcrito    no   anno    de    1733. 

Medecina  ejpiritual  dos  infermos  em  que 
fe  dá  remédio  a  todas  as  infermidades  dos 
homens,  animaes,  e  as  que  vem  do  demó- 
nio, e  para  bichos  de  Searas  com  palavras 
da  Igreja,  e  de  Santos  contra  as  Cerimonias, 
e   fuperjliçoens  gentilicas.  4. 

CreaçàÕ  do  mundo  até  a  KefurreiçaÕ  uni- 
verfal  defcrita  em  Verfos.  4.  No  anno  de 
1725. 

Cançoens  para    todas   as  Fejias    de    Chrif- 

to.     Senhora,     e    Apoflolos,  e    para    os    dias 

de  Sabbado,   e  Domingo.    8.  Efcrito   no  anno 
de   1730. 

Vocabulário  Chingala  l^fitano  no  anno  de 
1730.   4. 

Vocabulário    "Lujitano   Chingala.   4. 

Vocabulário  Ijufitano  Tamulfio,  e  Chingala 
com   a   declaração   das  frav^es   Chingalas   4. 

Efchola    Chrijlãa.  4. 

Controverjia  em  Dialogo  contra  Reforma- 
dos. 4. 

Igreja  Catholica,  e  Reformada  moflrada  por 
duas  partes  com  declaração  das  caudas,  e 
modos  porque  fe  fea^  a  reformação.  8. 

Origem,  e  refutação  da  Seita  dos  Mouros.  8. 

Refutação    do   Gentilifmo    breve,  e  efica^.  8. 

Refutação  das  quatro  Seytas  Paganifmo, 
Mourifmo,   Judaifmo,    e    Calvenifmo.    4. 

Diccionario  breve  de  palavras  feleãas,  e  de- 
ficeis    da    Coronica,    e    Evangelhos.    8. 

Alivio   da    Conciencia   na   MiJfaÕ.    8 

Demonjlraçaõ  da  Igreja  Catholica  por  fete 
Notas.  4.  Eíle  foy  mandado  a  Portugal 
em  o  anno  de  1720.  para  fe  impri- 
mir. 

Controverjia  breve,  e  ejica\  acomodada  para 
os  Calveniflas    de    CejlaÕ. 


Fr.  lACOME  PEREGRINO  natural  de 
Lisboa,  ou  do  lugar  de  Oeiras  diftante  deíla 
Cidade  três  legoas  para  o  Poente.  Foy  fi- 
lho de  Gafpar  de  Gamboa  Cavalleiro  pro- 
feíTo  da  Ordem  de  Chriílo,  e  D.  Joanna 
Manoel.  Inílruido  nas  letras  humanas  quan- 
do contava  defafeis  annos  de  idade  frequen- 
tou a  Univerfidade  de  Coimbra  aplicado  ao 
eftudo  da  Jurifprudencia  Canónica  onde  pela 
agudeza  do  engenho,  felicidade  da  memo- 
ria, e  gentileza  do  afpefto  conciliou  uni- 
verfaes  eftimaçoens.  Acabada  a  carreira  dos 
eíhidos  Académicos  fe  recolheo  a  caza  de 
feus  Pays,  que  conhecendo  o  progreíTo 
que  fizera  nas  letras  determinarão,  que 
pertende-fe  os  lugares  dignos  da  fua  pef- 
foa,  e  fciencia  porem  atrahido  da  exem- 
plar vida  de  feu  Tio  Fr.  Jacome  Pere- 
grino primeiro  Provincial  da  Seráfica  Pro- 
vinda da  Arrábida  deixou  refolutamcte  a 
caza  paterna,  e  todas  as  efperanças  com 
que  o  lizongeava  o  feculo,  e  recebeo  o 
habito  deíla  penitente  Familia  no  Con- 
vento de  S.  Jozeph  de  Ribamar  queren- 
do naõ  fomente  fer  fiel  imitador  das  vir- 
tudes, mas  ainda  do  nome  de  feu  Vene- 
rável Tio.  Tal  foy  a  exaçaõ  com  que 
pradicou  as  obrigaçoens  do  feu  inílituto, 
que  naõ  contando  mais  que  onze  annos 
de  profeíTo  foy  eleito  Guardião  do  Con- 
vento onde  foy  Noviço,  e  crecendo  com 
a  idade  o  merecimento  duas  vezes  foy 
Provincial;  a  primeira  no  anno  de  1619. 
e  a  fegunda  em  o  de  1633.  e  Vizitador  das 
Provindas  de  Santo  António,  e  Soledade. 
Com  igual  aplauzo,  que  fruto  de  numero- 
fos  auditórios  exerdtou  o  miniílerio  de  Ora- 
dor Evangélico  pelo  efpaço  de  quarenta  e  finco 
annos  em  a  Corte  de  Lisboa,  e  Cidade  de 
Salamanca.  Eftando  affiftindo  a  18  de  No- 
vembro. 1648.  às  Exéquias  da  Excellentifll- 
ma  Marqueza  de  Gouvea  D.  Maria  Perdra 
Pimentel,  que  fe  celebravaõ  na  Cathedral 
de  Lisboa  foy  acometido  de  hum  acci- 
dente  apopletico,  que  o  privou  da  vida 
quando  contava  78.  annos  de  idade,  e 
55  de  Religião.  Foy  levado  ao  Hofpicio 
onde  habitava,  e  jaz  fepultado  no  Capi- 
tulo do  Convento  de  S.  Jozeph.  Ddle 
efcrevem    Fr.    António    da    Piedade    Chron. 


L  USITANA. 


da  Prov.  da  Arrab.  Part.  i.  liv.  5.  cap.  21. 
^.  1190.  e  Fr.  Jo2eph  de  lefus  Maria,  Part. 
z.  da  dita  Chron.  liv.  i.  cap.  7.  §.  50.  e  liv. 
2.  cap.  10,  §.  290.  e  fegiiintes.  Efcreveo. 
Do  governo  da  Província  da  Arrábida,  e 
(omo    lhe    era    conveniente    ter    Syndico.    M.    S. 

Fr.  lACOME  DA  PURIFICAÇAM  reU- 
giofo  da  Ordem  dos  Menores  Cuílodio  da 
Provinda  do  Bra2dl,  e  Miflionario  Apoíto- 
lico.    Publicou. 

Sermão  de  Santo  António  pregado  no  Con- 
vento do  Arrecife  do  mejmo  Santo  em  Pernam- 
buco. Lisboa  por  Miguel  Deslandes  Impref- 
for  delRey.    1694.  4. 

D.  lAYME  quarto  Duque  de  Bragan- 
ça fahio  à  luz  do  mundo  em  o  anno  de 
1479.  íendo  feus  auguftos  Progenitores  D. 
Fernando  fegundo  Duque  de  Bragança,  e 
a  Infanta  D.  Izabel  irmãa  delRey  D.  Ma- 
noel, e  filha  do  Infante  D.  Fernando  primo 
com  irmaõ  do  Duque  feu  Pay,  e  da  In- 
fanta D.  Brites  fua  prima  com  irmãa.  Naõ 
contava  mais  que  quatro  annos  de  idade 
quando  para  evadir  da  fatal  tormenta  em 
que  eílava  quafi  fubmergida  a  fua  grande 
Caza  paíTou  acompanhado  de  feus  Irmãos 
para  Caftella  onde  teve  por  Ayo  a  Lopo 
de  Souza  defcendente  por  varonia  delRey 
D.  Aífonfo  III.  que  o  educou  com  aquel- 
les  documentos,  que  do  feu  alto  naci- 
mento  fe  efperavaõ.  Sublimado  ao  tro- 
no de  Portugal  ElRey  D.  Manoel,  e  que- 
rendo principiar  a  felicidade  do  feu  Rey- 
nado  por  huma  acçaõ  heróica  a  que  o 
impeUaõ  a  juftiça  da  cauza,  e  o  vin- 
culo do  parentefco  mandou  reiiituir  ao 
Reyno  a  D.  layme  onde  foy  recebido 
por  efte  Monarcha  com  benévolas  demonf- 
traçoens  dando-lhe  generofamente  os  Tí- 
tulos, Eílados,  e  preeminências  concedi- 
das por  feus  coroados  anteceílores  a  taõ 
foberana  Caza,  e  inftituindo-o  vocalmen- 
te herdeiro  deíla  Coroa  na  ocaziaõ,  que 
paílou  em  o  anno  de  1498.  a  fer  jura- 
do fuceíTor  da  Monarchia  Caftelhana.  Acom- 
panhado de  mH  homens  montados  a  ca- 
vallo,  e  preciofamente  veftidos  conduzio 
■de   Caftella    a   Portugal   a   Infanta   D.    Ma- 


4/5 

ria  filha  dos  Reys  Catholicos  para  fe  def- 
pozar  com  ElRey  D.  Manoel,  cuja  cerimo- 
nia fe  executou  na  ViUa  de  Alcácer  a  30 
de  Abril  de  1500.  Refoluto  efte  Príncipe  a 
conquiftar  a  Cidade  de  Azamor  Praça,  e 
porto  celebre  nas  prayas  do  mar  Athlan- 
tico  na  Mauritânia  Tingitana  o  nomeou  em 
o  anno  de  15 13  General  de  taõ  famofa  ex- 
pedição para  a  qual  aliftou  por  feu  foldo 
quatro  mil  Infantes,  e  quinhentas  lanças, 
que  efcolhera  dos  feus  Eflados  fazendo-fe 
mais  pompoza  a  fua  comitiva  com  cem  ca- 
valos acubertados  em  que  montavaõ  ho- 
mens Fidalgos  da  fua  Caza.  Conftava  a  ar- 
mada de  quatrocentas  velas  entre  nãos,  fra- 
gatas. Caravelas,  e  outras  embarcaçoens  li- 
geiras guarnecidas  de  dezoito  irúl  Infantes, 
e  dous  mQ,  e  quinhentos  cavalos  diflinguin- 
do-fe  entre  as  prindpaes  peUoas,  que  hiaõ 
embarcadas  D.  Rodrigo  de  Mello  Conde 
de  Tentúgal  depois  Marquez  de  Ferreira,  e 
D.  Fernando  de  Faro  filho  de  Sancho  Con- 
de de  Faro  ambos  primos  com  irmaõ  do 
Duque  General:  D.  Afíònfo  de  Portugal  de- 
pois Conde  do  Vimiofo,  e  D.  Fernando  de 
Noronha  herdeiro  de  D.  Sancho  de  Faro 
m.  Conde  de  Odemira  ambos  fobrinhos  do 
Duque  filhos  de  primos  irmãos.  Aviftou  a 
armada  os  muros  de  Azamor  a  28  de  Agof- 
to,  e  difpoftas  em  três  dias  todas  as  coufas 
neceííarias  para  a  fua  expugnaçaõ  pofto,  que 
os  defenfores  eraõ  animofos,  e  o  Governa- 
dor da  Praça  Gde  Mançor  difcipUnado  na 
Arte  militar  como  foíTe  morto  de  huma 
bala  expedida  do  noílo  campo  fe  rendeo 
com  pouco  difpendio  de  fangue.  Triunfan- 
te o  Duque  entrou  na  Praça  onde  fendo 
fantificada  a  Mefquita  com  o  incruento  Sa- 
crifício do  Altar  gratificou  poftrado  por  ter- 
ra ao  Deos  dos  exerdtos  a  gloriofa  vitoria, 
que  alcançara  dos  Antigoniftas  do  feu  fa- 
grado  nome.  Com  a  numerofa  comitiva 
de  cem  alabardeiros,  quarenta  moços  da 
Camará,  féis  moços  Fidalgos,  e  trezentos 
homens  de  cavalo  armados  de  lanças,  e 
couras,  de  q  era  Capitão  António  Lobo 
Alcayde  mor  de  Monfarás,  conduzio  da 
Raya  de  Caftella  até  a  Villa  do  Crato 
a  Infante  D.  Leonor  irmãa  do  Empera- 
dor  Carlos  V.   com  a  qual  tinha  paíTado  a 


476 


BIB  LIO  THE  CA 


terceiras  vodas  o  auguíliíTimo  Rey  D.  Ma- 
noel. Por  morte  deíle  Monarcha  que  foy 
para  o  coração  do  Duque  o  mais  feníivel 
golpe,  cingindo  a  Coroa  defte  Reyno  D. 
Joaõ  o  III.  ordenou,  que  fofle  acompanhar 
a  Raynha  D.  Leonor  fua  Madraíla  até  a 
entrada  dos  domínios  de  Giílella,  donde  foy 
conduftor  da  Infanta  D.  Catherina  em  o 
anno  de  1524.  futura  efpoza  defte  Príncipe, 
exercitando  o  mefmo  minifterio  quando  a 
Emperatri2  D.  Izabel  cm  o  anno  de  1526. 
fahio  de  Portugal  para  digna  conforte  do 
Cezar  Auftriaco.  Da  fua  magnificência  faõ 
eternos  padroens  o  Palácio  da  Villaviçofa 
fumptuoza  habitação  de  feus  fuceflbres;  o 
foberbo  Maufoleo  levantado  na  Capella  mór 
do  Convento  do  Carmo  de  Lisboa  para  de- 
pozito  das  veneráveis,  e  triunfantes  cinzas 
do  Condestavel  D.  Nuno  Alvares  Pereira 
de  Mello  feu  III.  Avò;  a  Capella  mor  do 
Convento  dos  Agoftinhos  de  Villaviçofa  pa- 
ra jazigo  dos  Senhores  da  fua  Caza;  e  o 
Mofteiro  de  Santa  Marinha  da  Cofia  junto 
da  Villa  de  Guimaraens  doado  aos  religio- 
fos  de  S.  Jerónimo.  Do  culto  religiofo  para 
com  Deos  faõ  evidentes  teftemunhas  as  pri- 
morofas  peças  de  ouro,  e  prata,  e  os  pre- 
dofos  paramentos  com  que  ornou  a  Capella 
Ducal  de  Villaviçofa,  naõ  fendo  inferior  a 
eftes  donativos  o  numero  de  Capellaens,  e 
Muficos  fuftentados  com  largos  eftipendios 
para  com  mageftoza  pompa  fe  celebraíTem 
os  Officios  divinos.  Da  fua  generofa  pro- 
fufaõ  faõ  indeléveis  memorias  as  immenfas 
defpezas,  que  fez  para  a  conquifia  de  Aza- 
mor,  e  a  guerra  de  Africa;  os  foberbos  ap- 
paratos  com  que  conduzio  diverfas  Prince- 
zas  aíTim  para  Caftella  como  para  Portugal; 
a  profíifa  hofpitalidade,  que  uzou  pelo  ef- 
paço  de  anno,  e  meyo  com  feus  Cunhados 
o  Duque  de  Medina,  e  Sidónia,  e  o  Conde 
de  Vrenha  D.  Pedro  Giraõ;  e  os  edifícios, 
que  erigio,  e  reedificou  para  ornato,  e  con- 
fervaçaõ  dos  feus  Eftados.  Enfermando  gra- 
vemente fe  dispoz  com  aftos  de  verdadeiro 
Catholico  para  o  ultimo  inftante,  que  o 
transferio  à  eternidade  em  Villaviçofa  a 
20  de  Setembro  de  1532.  quando  con- 
tava $2  annos  de  idade.  laz  fepultado 
na    Capella    Ducal    com    efte    breve    Epi- 


táfio   como    ordenou    em    feu    Teftamento. 

Aqui  jav^  D.  Jayme  o  IV.  Duque  de  Bra- 
gança; falleceo  aqui  a  XX,  de  Setembro  de 
M.D.XXXIL 

Foy  cazado  duas  vezes:  a  primeira  em 
o  anno  de  1502.  com  D.  Leonor  de  Me- 
nezes filha  de  Affonfo  de  Gufmaõ  III.  Du- 
que de  Medina,  e  Sidónia  V.  Conde  de 
Niebla,  Marquez  de  Cazaca,  Senhor  de  Gi- 
braltar, e  D.  Izabel  de  Valafco  filha  de  D. 
Pedro  Fernandes  de  Valafco  Condeftavel  de 
Caftella,  e  Camareiro  mór,  cujo  conforcio 
foy  fatal  a  efta  Senhora  pois  preocupado  o 
Duque  feu  efpozo  de  hum  ciúme,  que  a  fua 
malencolica  imaginação  fez  criminofo  a  pri- 
vou violentamente  da  vida  a  2  de  Novem- 
bro de  15 12.  manchando  com  efla  deteftavel 
acçaõ  a  memoria  do  feu  nome.  Defte  matri- 
monio naceraõ  D.  Theodofio  I.  do  nome, 
e  V.  Duque  de  Bragança,  e  a  Senhora  D. 
Izabel,  que  cazou  com  o  Infante  D.  Duar- 
te irmaõ  delRey  D.  loaõ  o  III.  Paílou  a 
fegundas  vodas  atrahido  da  fermofura  de 
D.  loanna  de  Mendoça  Dama  da  Raynha 
D.  Leonor  filha  de  Diogo  de  Mendoça 
Alcayde  mór  de  Mouraõ,  e  de  D.  Bri- 
tes Soares  filha  de  loaõ  Soares  da  Al- 
bergaria Senhor  do  Prado  de  quem  teve 
D.  layme,  que  fendo  Commendador  de 
Alvarenga  feguio  a  vida  Ecclefiaflica:  D. 
Conftantino  Sétimo  Vicerey  da  índia,  que 
pelas  fuás  heróicas  acçoens  gravou  o  feu 
nome  no  Templo  da  immortalidade.  D. 
Fulgencio  XI.  Prior  da  CoUegiada  de  Gui- 
maraens: D.  Theotonio  Arcebifpo  de  Évo- 
ra de  cuja  piedade,  e  vigilância  pafto- 
ral  deixou  faudoza  memoria:  D.  loanna, 
que  fe  defpozou  com  D.  Bernardo  de 
Cardenas  Marquez  de  Elche:  D.  Euge- 
nia, que  cazou  com  D.  Francifco  de  Mel- 
lo II.  Marquez  de  Ferreira:  D.  Maria, 
e  D.  Vicencia,  que  profeflando  o  Será- 
fico infiituto  no  Convento  das  Chagas 
de  Villaviçofa  finalizarão  as  vidas  com 
univerfal  opinião  de  virtuofas.  Fazem  ho- 
norifica mençaõ  do  nome,  e  açoens  do 
Duque  D.  layme  Góes  Cbron.  delKey  D, 
Aíanoel  Part.  i.  cap.  15.  16.  46.  e  62. 
Part.  2.  cap.  46.  Oforius  de  Keb.  Emma- 
niul.    lib.     I.    Faria    Estropa    Portug.    Tom. 


L  USl  TANA. 


Ali 


2.  Part.  4.  cap.  i.  n.  41.  e  Africa  Por- 
tug.  cap.  7.  n.  94.  Andrad.  Chron.  del- 
Key  D.  loaõ  III.  Part.  i.  cap.  3.  e  93. 
Mariz  Dial.  de  Var.  Hiji.  Dial.  4.  cap. 
19.  Moníiur  de  la  Qede  Hijloria  de  Por- 
íug.  Tom.  I.  pag.  mihi  598.  Monfort. 
Chron.  da  Prov.  da  Piad.  liv.  2.  cap.  2. 
Barbuda  Empret<^.  Milit.  de  Ljijit.  foi.  170. 
v.o  RoíTeau  Hijl.  de  Portug.  pag.  669. 
Purificac.  Chron.  dos  Erimit.  de  Santo  Agoft. 
Part.  2.  liv.  6.  Tit.  6.  §.  i.  D.  Ni- 
cul.  de  S.  Maria  Chron.  dos  Coneg.  Keg. 
liv.  6.  cap.  12.  Souza  H^.  Gí;z.  da  Ca^. 
Real  Portug.  Tom.  5.  liv.  6.  cap.  8. 
Efcreveo 

Carta  efcrita  de  Villaviçofa  em  -j  de  No- 
vembro de  1530.  a  EJKey  D.  Joaõ  o  III.  acer- 
4:a  do  casamento  de  fua  filha  a  Senhora  D.  I^a- 
hel  com  o  Infante  D.  Duarte  irmaô  do  mefmo 
Key  querendo  efle  lhe  dejfe  em  dote  huma  das 
principaes  V tilas  da  Ca^a  de  Bragança,  cujo 
ca2amento  naõ  teve  naquelle  tempo  efeito 
por  naõ  querer  o  Duque  aíTentir  à  vontade 
delRey.  Começa.  D.  António  de  Attayde  me 
efcreveo  &c.  Acaba.  NoJJo  Senhor  a  vida, 
e  o  real  EJiado  de  V.  A.  guarde,  e  acrecente. 
He  muito  extenfa,  e  cheya  de  expreíToens 
arrogantes. 

D.  lAYME  DE  MELLO  terceiro  Du- 
que do  Cadaval,  quinto  Marquez  de  Fer- 
reira, e  fexto  Conde  de  Tentúgal  naceo  em 
Sl  Cidade  de  Lisboa  no  primeiro  de  Setem- 
bro de  1684.  fendo  fexta  produção  do  cla- 
riíTimo  thalamo  de  D.  Nuno  Alvares  Pe- 
reira de  Mello  primeiro  Duque  do  Cadaval 
quarto  Marquez  de  Ferreira  quinto  Conde 
de  Tentúgal  do  Confelho  de  Eftado,  e  guer- 
ra dos  SereniíTimos  Monarchas  D.  AfFon- 
fo  VI.  D.  Pedro  II.  e  D.  Joaõ  V.  e  de  fua 
terceira  conforte  'D.  Margarida  Armanda  de 
Lorena  filha  de  Luiz  de  Lorena  Conde  de 
Harcourt,  e  de  Armagnac  Par,  e  Eílribeiro 
mór  de  França,  e  de  Catherina  de  Neuf- 
viille  Duque  de  Villaroy  Par,  e  Mari- 
chal  de  França,  e  de  Magdalena  de  Cre- 
■quy  filha  de  Carlos  de  Crequy  Principe 
do  Poyx,  Duque  de  Lefdiguieres  Par,  e 
Manchai  de  França.  Ornado  de  virtudes 
heróicas    derivadas    da    sua    coroada   afcen- 


dencia  emendou  a  injuftiça  com  que  a  na- 
tureza lhe  negou  a  primogenitura  da  grande 
Caza  do  Cadaval  difpondo  a  Providencia, 
que  fofle  feu  herdeiro  para  a  illuftrar  com 
tymbres  mais  gloriofos.  Tanta  foy  a  ma- 
dureza do  juizo  que  defcubrio  na  verdura 
da  primeira  idade,  que  ainda  naõ  contava 
completos  vinte  annos  quando  ElRey  D. 
Pedro  o  n.  o  nomeou  Confelheiro  de  Ef- 
tado. Efta  prudência  anticipada  o  habilitou 
para  exercitar  os  honoríficos  lugares  de  Ef- 
tribeiro  mór  delRey  D.  Joaõ  o  V.  em  que 
foy  provido  no  anno  de  171 3.  de  Prefi- 
dente  do  Tribunal  da  Meza  da  Conciencia, 
e  Ordens  em  anno  de  171 5.  onde  pelo  ef- 
f)aço  de  vinte  annos  contínuos  a  indepen- 
dência unida  com  a  afabilidade  o  coníti- 
tuhiraõ  exemplar  de  hum  perfeito  Miniftro; 
e  de  Mordomo  mór  da  SereniíTima  Raynha 
D.  Mariana  de  Auílria  nomeado  a  13  de 
Fevereiro  de  1739.  Em  todas  as  Artes  dignas 
de  hum  Cavalhero  fe  diíHnguio  com  excef- 
fo,  pois  dotado  de  eílatura  agigantada,  gen- 
til prezença,  forças  robuílas  joga  com  pri- 
mor as  armas,  exercita  a  montaria,  e  vo- 
lataria  com  igual  impulfo  na  lança,  que  na 
efpingarda;  manda  os  cavallos  com  tanta 
fciencia,  que  os  mefmos  brutos  milhoraõ 
de  inílinto  obedecendo  à  maõ  da  fua  ré- 
dea para  cujo  nobre  exercido  edificou  com 
igual  difpendio,  que  magnificência  huma  Pi- 
caria cuberta  em  a  fua  caza  de  Campo  de 
Pedrouços  diilante  huma  legoa  de  Lisboa, 
que  he  frequentada  todas  as  femanas  pelos 
profeíTores  de  taõ  illuílre  Arte.  Como  fiel 
imitador  das  virtudes  de  feu  grande  Pay 
he  fimimamente  compaíTivo  para  os  pobres, 
e  Communidades  Religiofas,  que  quotidia- 
namente experimentaõ  os  generofos  efei- 
tos da  fua  charitativa  liberalidade  como 
também  a  particular  eítimaçaõ,  que  faz 
das  PeíToas  eruditas  de  cuja  comunicação 
fe  deleita  o  feu  génio  fempre  ambiciofo 
de  noticias.  Sucedendo  a  intempeítiva  mor- 
te do  feu  irmaõ  o  Duque  D.  Luiz  Am- 
brofio  de  Mello  a  13  de  Novembro  de 
1700,  cazou  com  fua  Cunhada  a  Senhora 
D.  Luiza  filha  delRey  D.  Pedro  o  II. 
para  cujo  matrimonio  foy  difpenfado  pela 
Santidade   de    Clemente  XI.   a   13.   de   No- 


478 


B  IB  LIO  THE  CA 


vcmbro  de  1701.  e  morrendo  efta  Senho- 
ra a  23  de  Dezembro  de  1732.  fem  dei- 
xar fuceíTaõ  paHbu  a  fegundas  Vodas  com 
Madamoifelle  de  Braine  Henriqueta  Júlia 
Gabriela  de  Lorena  filha  de  feu  Primo  com 
irmaõ  Luiz  de  Lorena  Príncipe  de  Lam- 
befch  Conde  de  Orgon,  e  Marquez  de  Gdís- 
lin,  e  da  Princeza  D.  Joanna  Henrique  de 
Durfort  filha  de  Jaquez  Henrique  de  Dur- 
fort  Duque  de  Duràz  com  a  qual  fe  rece- 
bco  a  II  de  Mayo  de  1739.  de  cujo  au- 
gufto  conforcio  faõ  generofos  frutos  D. 
Nuno  Caetano  Alvares  Pereira  de  MeUo, 
que  naceo  a  17  de  Novembro  de  1741. 
D.  Joanna  Caetana  nacida  a  9  de  Setembro 
de  1743.  que  morreo  a  20  de  Setembro  de 
1745.  e  a  D.  Margarida  Caetana  de  Lorena 
nacida  a  15  de  Junho  de  1745.  Para  eterni- 
zar a  memoria  de  feu  grande  Pay  efcreveo 
com  eílilo  claro,  e  íincero. 

Ultimas  Acçoens  do  Duque  D.  Nuno  Alva- 
res Pereira  de  Mello  dejde  11  de  Setembro  de 
1725.  até  29.  de  Janeiro  de  i'j2.-j.  em  que  fal- 
leceo;  KelaçaÕ  do  feu  enterro,  e  das  Exéquias, 
que  fe  lhe  fií^eraõ  em  Lisboa,  e  nas  terras  de 
que  era  donatário.  Lisboa  na  Officina  da 
Mufica.  1730.  foi.  grande.  Eíle  livro  pela 
mageftoza  forma  com  que  foy  impreíTo  he 
huma  evidente  demonftraçaõ  do  generofo, 
e  magnifico  efpirito  de  feu  Author  onde 
fe  admiraõ  a  grandeza  da  forma,  a  per- 
feição do  carafter,  e  a  copia  de  eftampas 
dibuxadas,  e  abertas  por  Monfiur  Quilhard 
infigne  Pintor  do  noíTo  SereniíTimo  Monar- 
cha.  Tem  efcrito  com  todo  o  exame,  e 
individuação. 

Memorias  Hifloricas  da  Fundação  do  Real 
Convento  de  N.  Senhora,  e  Santo  António  da 
Villa  de  Mafra.  M.  S.  foi. 


Moraes.  Como  eftiveíTe  inílruido  nas  le- 
tras humanas  fe  aplicou  em  as  Univerfi- 
dades  de  Salamanca,  e  Coimbra  à  Juris- 
prudência Canónica,  e  taes  foraõ  os  pro- 
greíTos,  que  o  feu  penetrante  engenho  fez 
nefta  Faculdade,  que  depois  de  levar  f>or 
oppofiçaõ  em  a  Academia  Conimbriccnfe 
huma  Cathedrilha  a  8  de  lulho  de  IJ55. 
regentou  a  Cadeira  de  Sexto  de  que  to- 
mou poíle  a  6  de  lunho  de  1556.  donde 
paíTou  à  de  Vefpora  em  31  de  Outu- 
bro de  1560.  e  ultimamente  à  de  Pri- 
ma a  7  de  Dezembro  de  1565.  Foy  Có- 
nego Doutoral  de  Refidencia  em  a  Ca- 
thedral  de  Coimbra  provido  a  9  de  Agoílo 
de  1577.  Defendeo  douta,  e  acerrimamen- 
te  o  heriditario  direito  à  Coroa  de  Portu- 
gal que  rinha  a  Senhora  D.  Catherina  Du- 
queza  de  Bragança  compondo. 

Allegaçaõ  de  Direito  pela  Senhora  D.  Ca- 
therina. Deíla  obra  faz  elle  huma  Ateílaçaõ 
no  fim  das  Allegaçoens  de  Direito,  que  fe  of 
fereceraô  ao  muito  alto,  e  poderofo  Key  D.  Hen- 
rique na  caut(a  da  SuceffaÕ  defles  Reynos  por 
parte  da  Senhora  D.  Catherina  fua  fobrinha 
filha  eh  Infante  D.  Duarte  feu  irmaõ  a  zz  de 
Outubro  de  1579.  Almeirim  por  António  Ri- 
beiro, e  Francifco  Corrêa  a  27  de  Feve- 
reiro de  1580.  donde  a  p.  126.  v.°  eílá  a 
feguinte  ateílaçaõ  de  Doutor  layme  de  Mo- 
raes. Qua  potui  diligentia  perfcrutatus  fum  dú- 
bia omnia,  qua  circa  propofitam  quaflionem  oc- 
currere  pojfunt,  <ò^  tandem  conclufi  meliorem  ejfe 
caufam  domina  Catharina,  qua  reliquis  omnibus 
de  fucejfione  contendentibus  praferri  debet,  cb*  ita 
Scripfi  in  favorem  di£ía  Domina  Catharina  pofl- 
qítam  inviãijfimus  Rex  nofler  Henricus  caufam 
incboari  Jujfit  volens,  ut  cuicumque  ex  bifque  de 
fucejfione  contendtmt  quajiti  pojfemus  de  jure  ref- 


Memorias   Hifloricas   da   Jornada,    que  fuás     pondere:  in  cujus  rei  jidem  hac  fcripji,  ó*  fubf- 


Mageflades  fiv^eraõ  ao  Rio  Caja  no  anno  de 
1729.  para  fe  fazerem  as  trocas  das  Prin- 
cesas do  Bra;(il,  e  Aflurias.  M.  S.  foi. 
Huma,  e  outra  obra  efcrita  em  elegante 
letra  fe  confervaõ  no  Gabinete  dos  feus 
M.    S. 

lAYME  DE  MORAES  natural  de  Vil- 
laviçofa  filho  de  Doutor  Fernando  de  Mo- 
raes,  e   neto   do   Doutor   loaõ   AfFonfo    de 


cripfi.  laimes  de  Moraes.  Efta  ateílaçaõ  fe 
lé  a  pag.  48.  do  Jus  fuccedendi  in  Lu- 
fit.  Regn.  Domina  Catherina.  Parifiis  apud 
SebaíUanum  Cramoify.  1641.  Ao  tempo 
que  era  Prior  da  Parochial  Igreja  de  N. 
Senhora  da  Villa  de  Podentes  diílante  três. 
legoas  de  Coimbra  foy  aflaltada  a  fua 
caza  pelos  fequazes  do  Senhor  D.  António 
Prior  do  Crato,  c  no  violento  defpojo, 
que   fizeraõ    das   alfayas    fe    perderão     com 


L  USITANA. 


479 


grave  detrimento  da  Republica  literária  as 
íuas  doutiíTunas  obras  juridicas  que  eílava 
limando  para  as  imprimir,  como  efcreve  feu 
fobrinho  Francifco  de  Moraes  Sardinha  Par- 
naf.   de    Villaviç.   liv.    2.    cap.    52. 

lAYME  THEOTONIO  DE  NAXARA 
nome  fupofto  com  que  fe  quiz  encubrir 
o  author  da  feguinte  obra  quando  ao  mef- 
mo  tempo  manifeftou  o  feliz  enthuliafmo  da 
fua  Mufa  aplaudindo  o  augufto  nacimento 
<io  noíTo  Monarcha  reynante  com  efta  Syl- 
va   Portugueza  intitulada. 

ProlufaÕ  Genethliaca  em  os  faufios  aujpicios 
do  nacimento  da  Keal  A.lte^  do  Príncipe  her- 
deiro Jticceffor  dos  Reynos  de  Portugal  Jegtmdo 
j  genito  das  Mageftades  de  D.  Pedro  II.  e  de 
Aíaría  Sofia  de  Neuburg.  Keys,  e  Senhores  nof- 
fos.  Lisboa  por  Domingos  Carneiro  Impref- 
for  das  Três  Ordens  Militares.  1689.  4. 

lERONIMO  DE  ABREU  natural  da 
Villa  de  Guimaraens,  e  profeíTor  de  Mathe- 
matica.    Compoz. 

Prognojlico  dos  effeitos,  que  os  Afiros  influiaõ 
no  anno  de   1647.    Offerecido  a  D.  Joaõ  Lobo 
I      de   Faro    Dom    Prior  de    Guimaraens.    Lisboa 
por  Paulo  Crasbeeck.  1647.  8, 

Fr.  lERONIMO  DE  ABREU  Naceo  em 
a  Villa  de  Veyros  do  Bifpado  de  Elvas,  e 
foy  bautizado  a  28  de  Fevereiro  de  161 7. 
Seus  Pays  Belchior  Mendes  de  Abreu,  e 
Anna  Ferreira  de  Abreu  por  ferem  abimdan- 
tes  dos  bens  da  fortuna  difpenderaõ  lar- 
gamente para  a  conftruçaõ  da  Igreja  do 
Convento  de  N.  Senhora  de  lefus  deita  Cor- 
te habitado  pelos  Religiofos  Terceiros  da 
Seráfica  Ordem  da  Penitencia,  e  em  grati- 
ficação da  fua  religiofa  liberalidade  lhe  acei- 
tarão dous  filhos  fendo  hum  delles  Fr.  Je- 
rónimo, que  profeíTou  a  13  de  Novembro 
de  1634.  Aprendeo  Filofofia  no  Convento 
de  Caria,  e  Theologia  no  Collegio  de  San- 
ta Catherina  fora  dos  muros  da  Villa  de 
Santarém,  e  fahio  taõ  douto  neftas  Facul- 
dades, que  as  diâou  aos  feus  domeílicos 
no  Convento  do  Mogadouro,  Collegio  de 
Coimbra,    e    Convento    de    Lisboa    até  que 


jubilou  em  28  de  Julho  de  1663.  Foy 
Reytor  do  Collegio  de  S.  Pedro  de  Coim- 
bra, Definidor,  e  ultimamente  Miniílro  Pro- 
vincial eleito  a  25  de  Março  de  1669,  En- 
tre os  Eílatutos,  que  ordenou  para  augmen- 
to  da  obfervancia  regular,  e  progreUo  das 
letras  fagradas  foy  dar  faculdade  aos  fub- 
ditos  para  que  recebeílem  o  grão  de  Dou- 
tores em  a  Univerfidade  de  Coimbra.  No 
Capitulo  Geral  da  Religião  Seráfica  celebra- 
do em  Valhadolid  a  24  de  Junho  de  1670. 
em  que  aíTiílio,  alcançou,  que  a  Provinda 
de  Portugal  da  Ordem  Terceira  tiveíTe  hum 
Definidor  Geral  como  logravaõ  as  Provín- 
cias de  França,  e  Caftella.  Reíiituido  ao 
Reyno  pouco  tempo  paíTou,  que  naõ  en- 
fermafle  mortalmente,  fallecendo  com  eter- 
na faudade  dos  feus  fubditos  no  Con- 
vento de  Lisboa  a  22  de  Novembro  de 
1670  quando  contava  himi  anno,  e  outo 
mezes  de  Provincial  53.  de  idade,  e  de  Re- 
ligião 36.  Foy  Examinador  das  Ordens  mi- 
litares, Pregador  de  grande  nome,  natural- 
mente afável,  e  profundamente  inílruido  em 
as  fciencias  efpeculativas  por  cujas  qualida- 
des conciliou  as  eílimaçoens  das  primeiras 
PeíToas  da  Corte  diítínguindo-fe  entre  todas 
o  SereniíTimo  Principe  Regente  D.  Pedro. 
Compoz. 

Efiaíutos  para  as  ^li^ofas  dos  Mofteiros 
da  Madre  de  Deos  do  fitio  de  Sã  junto  à  Villa 
de  Aveyro,  de  N.  Senhora  do  l^oureto  da  Villa 
de  Almeyda  fogeitas  à  obediência  do  Provincial 
da  Terceira  Ordem  de  S.  Francifco.  ImpreíTas 
no  anno  de  1669.  4.  fem  lugar  da  Impref- 
faõ,  e  nome  do  ImpreíTor. 

lERONIMO  DE  ACHA  natural  de  Lis- 
boa a  quem  intitula  Famofo  o  Licen- 
ciado lorge  Cardofo  A.giol.  laifit.  Tom.  2. 
pag.  643.  Traduzio  em  a  Ungua  materna 
da  T  Atina  em  que  fora  efcrita  por  D.  Pe- 
dro   Sutor. 

Vida  de  S.  Bruno.  M.  S.  4. 

lERONIMO  AFFONSO  BOTELHO 
natural  da  Villa  da  Idanha  nova  do  Bif- 
pado da  Guarda,  e  filho  de  Manoel  Fer- 
nandes   Ramos,    e    Izabel    Affonfo.    Depois 


48o 


BIB  LIO  THE  CA 


de  fer  Collegial  Theologo  no  celebre 
CoUegio  da  Purificação  de  Évora  onde 
moílrou  o  talento,  que  tinha  para  as  fcien- 
das  feveras  foy  admitido  à  Ordem  militar 
de  S.  Tiago  em  o  Real  Convento  de  Pal- 
mella  em  o  primeiro  de  Janeiro  de  171 3. 
fendo  Prior  mór  o  Illuílriffimo  D.  Jozeph 
Pereira  de  Lacerda  que  depois  foy  Cardial 
da  Igreja  Romana.  Havendo  exercitado  o 
magiílerio  de  Theologia  Moral  em  o  feu 
Convento,  e  de  Orador  Evangélico  cm  os 
púlpitos  mais  authorizados  foy  provido  na 
Igreja  Parochial  de  Santa  Maria  da  Graça 
da  Villa  de  Setúbal  onde  prefentemente  af- 
fiíle  às  fuás  ovelhas  como  paftor  vigilan- 
te fendo  ComiíTario  do  Santo  Officio. 
Publicou. 

SermaÕ  do  Calvário  ao  recolher  a  prociffaõ 
dos  Pajfos  na  Igreja  de  Santa  Maria  de  Setúbal. 
Lisboa  por  Pedro  Ferreira  Impreflbr  da 
Raynha  N.  Senhora.  1735.  4. 

lERONIMO  DE  ALMEYDA  natu- 
ral da  Villa  de  Canavezes  do  Bifpado 
do  Porto.  Pela  fua  capacidade,  e  intei- 
reza de  cuftumes  foy  Secretario  do  Ar- 
cebifpo  de  Évora  D.  Joaõ  de  Mello,  Be- 
neficiado da  Igreja  do  Salvador  das  Alcá- 
çovas, e  Cónego  meyo  prebendado  da 
Cathedral  de  Évora  de  que  tomou  poíTe  a 
19  de  Agofto  de  1565.  Renunciado  o  Ca- 
nonicato  no  anno  de  1590.  fe  retirou 
para  a  fua  pátria  onde  falleceo  a  20  de 
Março  de  161  o.  Compoz  com  fumma 
individuação,     e     verdade. 

KelaçaÕ  da  forma  como  no  anno  de  1582. 
foy  recebido,  o  Cadáver  delKey  D.  SebafliaÕ  na 
Cidade  de  EAfora.  Confervafe  o  Original  no 
Archivo  do  Real  Convento  de  Alcobaça, 
que  imprimio  na  fua  Hifloria  Sebaflica  Fr. 
Manoel  dos  Santos  Monge  Ciílercienfe,  e 
Chroniíla  da  fua  Religião,  e  do  Reyno  de 
Portugal  a  pag.  481.  e  feguintes. 

P.  lERONIMO  ALVARES  natural 
de  Évora  filho  de  Francifco  Alvares,  e 
Anna  Rodriguez.  Refoluto  a  abraçar 
o  inílituto  da  Companhia  de  lESUS  pro- 
curou com  grande  empenho  o  inimigo 
commum     impedir-lhe     taõ     fanto     intento 


apparecendolhe  na  figura  de  feu  Pay  defun- 
to, porem  triunfando  das  fuás  aíhicias  re- 
cebeo  a  roupeta  no  Collegio  da  fua  Pá- 
tria a  15  de  Fevereiro  de  1578.  Tantos 
foraõ  os  progreííos,  que  fez  o  feu  agudo 
engenho  nas  fciencias  fagradas,  e  profanas, 
que  depois  de  fer  admitido  ao  numero  dos 
Doutores  Theologos  da  Univerfidade  de 
Évora  a  8  de  Dezembro  de  1603.  leu  nella 
a  Cadeira  da  Efcritura,  e  foy  Cancellario 
da  mefma  Univerfidade.  Governou  os 
Collegios  de  Lisboa,  e  Coimbra  em  cujos 
lugares  fez  exaftamente  obfervar  os  pre- 
ceitos religiofos.  Faleceo  em  o  Collegio 
de  Évora  a  20  de  laneiro  de  1624.  com 
60  annos  de  idade  e  47  de  Companhia. 
Delle  fazem  memoria  Nadafi  Ann,  dier. 
mem.  S.  J.  Part.  i.  pag.  37.  col.  i.  Joan. 
Soar.  de  Brito  Theatr.  iMp.  Uter.  lit.  H. 
n.  12.  Franco  Imag.  da  Virtud.  em  o  Nov. 
de  Evor.  liv.  i.  cap.  29.  n.  9.  c  10.  c  pag. 
867.  e  Ann.  Gloriof.  S.  J.  in  Lfffit.  pag.  36. 
Fonceca  Evor.  Gloriof.  pag.  432.  Tra- 
duzio  de  Italiano  do  Padre  Virgílio  Ce- 
pari    lefuita    em    Portuguez. 

Vida  do  B.  J-Já;(^  Gonv^aga.  Lisboa  por 
Pedro  Crasbeeck.  1610.  4.  a  qual  tinha  fido 
traduzida  em  latim  pelo  Padre  loaõ  Horrion; 
em  Francez  pelo  Padre  António  Balinghen, 
e  em  Caílelhano  pelo  Padre  loaõ  de  Lugo, 
que  depois  foy  Cardial  da  Igreja  Romana 
todos  da  Companhia  de  lESUS. 

Hifloria  da  Companhia  de  JESUS  em 
o  Reyno  de  Portugal  efcrita  por  Anaes 
em  o  anno  de  16 19.  Aí.  S.  Efta  fe  formou 
das  Memorias,  que  deixou  o  Padre  Ál- 
varo   Lobo    da    mefma    Companhia. 

Fr.  lERONIMO  DE  ANDRADE  natu- 
ral de  Lisboa  irmaõ  de  D.  Fr.  Diogo  Lopes 
de  Andrade  religiofo  Erimita  de  Santo  Agof- 
tinho,  e  Bifpo  de  Otranto  em  o  Reyno  de 
Nápoles  de  quem  já  fe  fez  larga  memoria. 
Recebeo  o  habito  de  Carmelita  Calçado  em 
a  fua  pátria  donde  paífou  a  Itália,  e  depois  a 
Caftella,  e  neíles  dous  grandes  Theatros  ma- 
nifeftou  a  capacidade  do  feu  talento,  a  ener- 
gia da  fua  eloquência,  e  a  profundidade 
do  feu  juizo,  ou  foflc  pregando,  ou  cfcrc- 
vendo   a   quem   intitula   Hypolito   Marrado 


L  USITAN  A. 


481 


Bíb.  Maria».  Part.  i.  pag.  578.  Vir  pius,  (& 
litterarum  ftitdio  injtgnis.  Publicou  em  o  anno 
de  1633.  em  que  florecia. 

Tratados  de  la  purijfima  Concepcion  de  la 
V.  Senora  nueftra  fobre  el  Evangelio  liber  Ge- 
nerationis  facados  ^  los  Sermones,  que  pre- 
dico en  la  Corte  ds  Madrid  fu  hermano.  Nápo- 
les por  Lazaro  Scorrigio.  1663.  4. 

Vida  do  llliifirijfimo  Bifpo  de  Otranto 
D.  Fr.  Diogo  'Lopes  de  Andrade.  M.  S.  4. 
Conferva-fe  na  Livraria  do  G)nvento  de 
N.  Senhora  da  Graça  dos  Erimitas  de 
Santo     Agoftinho     delia     Corte. 

Por  fua  induílria  fahiraõ  impreíTos,  e  em 
muitas  partes  addicionados  os  Difcurfos  con- 
cionatorios  de  feu  Irmaõ  D.  Fr.  Diogo  Lo- 
pes de  Andrade.  Madrid  por  Gregório  Ro- 
drigues. 1656.  foi.  3.  Tom.  No  primeiro 
fe  comprehendem  os  Sermoens  de  Qua- 
refma;  no  fegimdo  os  dos  Santos;  no 
terceiro  os  da  Conceição  puriíTima  da 
Senhora.  Deíla  addiçaõ,  que  fez  a  eftes 
Sermoens  fe  lembra  o  Padre  D.  Manoel 
Caetano  de  Souza  Cathal.  Hiji.  dos  Summ. 
Pontif.  Card.  e  Bifpos.  Portug.  pag.   130. 

D.  lERONIMO  DE  ATTAYDE  Sexto 
Conde  da  Attouguia  naceo  em  Lisboa 
fendo  feus  claros  progenitores  D.  Luiz  de 
Attayde  quinto  Conde  da  Atouguia,  e  D. 
Filippa  de  Vilhena  filha  herdeira  de  D.  Je- 
rónimo Coutinho  Confelheiro  de  Eílado, 
e  Prefidente  do  Dezembargo  do  Paço,  e 
de  D.  Luiza  de  Faro.  A  natureza  benefi- 
camente  lhe  concedeo  juizo  agudo,  e  pru- 
dente; coração  intrépido,  e  refoluto  para 
igualmente  fer  infigne  na  efcola  de  jVIí- 
nerua,  como  na  paleflxa  de  Marte  exerci- 
tando os  miniiierios  políticos,  e  militares 
com  fumma  madureza,  e  fingular  valor. 
Foy  Confelheiro  de  Eílado,  Governador 
do  Eílado  do  BrazH,  e  das  Armas  nas 
Provindas  de  Trás  os  montes,  e  Alen- 
tejo, Capitão  General  da  Armada  Real, 
e  Prefidente  da  Junta  do  Comercio.  Ca- 
zou  duas  vezes;  a  primeira  no  anno  de 
1658.  com  D.  Maria  de  Caibro  filha  de  Fran- 
cifco  de  Sà,  e  Menezes,  e  D.  Joanna  de  Caf- 
tro  de  quem  teve  a  D.  Manoel  Luiz  de  Atay- 
de    Conde    de    Atouguia    Tenente    Gene- 

31 


ral  da  Cavallaria  em  Alentejo,  que  mor- 
reo  fem  fuceífaõ.  PaíTou  a  fegundas  vo- 
das  com  D.  Leonor  de  Menezes  filha  her- 
deira de  D.  Fernando  de  Menezes,  e  D. 
Jeronima  de  Toledo  filha  de  D.  Manoel 
da  Camará  Conde  de  Villa-franca  de  quem 
teve  numerofa  defcendencia.  Falleceo  a 
16  de  Agoílo  de  1665.  e  jaz  fepultado  na 
Capella  mór  do  Seráfico  Convento  de 
Santa  Maria  de  Xabregas  padroado  deíb. 
illuftre  Caza.  Entre  os  Eíhidos  que  cul- 
tivou lhe  mereceo  mayor  aplicação  a  Ge- 
nealogia   efcrevendo. 

Nobiliário  das  Famílias  defie  Keyno  foi.  4. 
Tom.  Confervaõ-fe  na  Livraria  do  Con- 
vento de  N.  Senhora  da  Graça  deíla 
Corte.      Emendou,     e     addidonou. 

Arvores  Genealógicas  compofias  pelo  Conde 
de  Villa-nova;  de  cuja  obra  tem  huma  copia 
o  Padre  D.  António  Caetano  de  Souza  como 
efcreve  no  Appar.  à  Hijl.  Gen.  da  Cat^.  Real 
Portug.  pag.  113.  §.  122. 

D.  lERONIMO  DE  ATTAYDE  fe- 
gundo  Conde  de  Caílro  Dayro,  e  fexto 
da  Caílanheira  naceo  em  Lisboa  fendo  filho 
de  D.  António  de  Attayde  do  Confetho  de 
Eílado,  Embaxador  ao  Emperador  Fer- 
nando fegundo,  Prefidente  da  Meza  da 
Condencia,  e  Ordens,  e  de  D.  Anna  de 
Lima  filha  herdeira  de  D.  António  de  Li- 
ma Senhor  de  Caílro  Dayro,  Alcayde  mór 
de  Guimaraens,  e  de  D.  Maria  de  Vilhe- 
na filha  de  Chriílovaõ  de  Mello  herdeiro 
da  Ilha  de  S.  Thome.  No  tempo,  que 
foy  elevado  ao  trono  de  Portugal  o  Se- 
reniíTimo  D.  Joaõ  o  IV.  affiília  em  Caf- 
teUa  onde  pelos  feus  grandes  merecimentos, 
que  fe  illuílravaõ  com  a  cultura  das  Artes 
liberaes  foy  nomeado  Marquez  de  Colla- 
res,  Ayo  do  Prindpe  D.  Balthezar  Carlos, 
e  Mordomo  mór  da  SerenifTima  Raynha 
D.  Izabel  de  Borbon.  Celebradas  as  pazes 
entre  eíla  Coroa,  e  a  de  Caílella  em  o  anno 
de  1668.  voltou  para  a  pátria  contra  a  qual 
nunca  rmlitou  onde  paíTado  pouco  tempo 
de  aífiílencia  falleceo  a  12  de  Dezembro 
de  1669.  Foy  fepultado  no  Convento 
dos  Religiofos  Capuchos  de  Santo  Antó- 
nio  da   Caílanheira   jazigo    de   feus   iUuílres 


482 


BIDLIO THE  CA 


Mayores.  Cazou  com  D.  Helena  de  Caf- 
tro  filha  de  D.  Joaõ  de  Caftro  Senhor  de 
Reriz,  Sul,  Bemuiver,  Penella,  e  Refen- 
de,  e  de  D.  Juliana  de  Souza,  e  Távora 
fua  fegunda  mulher  de  quem  teve  a  D. 
António  de  Attayde,  que  morreo  meni- 
no; D.  Jorge  de  Attayde  terceiro  Conde 
de  Caftro  Dayro,  e  D.  Anna  de  Lima, 
e  Attayde  fetima  Condefla  da  Caftanheira. 
Compoz. 

Informacion  Johre  haver  de  preceder  en  el 
Conjejo  de  Portugal  fupHcando  de  la  nueva 
forma  de  precedências,  e  rejpondiendo  a  los 
errados  informes,  que  fe  dieron  a  fu  Magejlad. 
Começa.  Pretende  el  Marquet^  de  Collares 
&.  Acaba.  Se  affegure  la  juflicia  de  quien 
la  huviere  con  fu  determinacion.  Madrid  29. 
de  Março  de  1662.  foi.  Naõ  tem  lugar 
da  Impreflaõ.  Coníla  de  muitas  folhas, 
de  que  vimos  hum  exemplar.  Fez  outro 
Memorial  fobre  efta  matéria  da  prece- 
dência,   que    principia. 

E/  Marque::^  de  Collares  dei  Confejo  de 
EJlado.  Acaba.  Mande  V.  Magejlade  lo 
que  más  fuere  de  fu  real  fervido.  Ocupa 
folha,  e  meya,  e  naõ  tem  lugar  da  im- 
preflaõ,   o    qual    também    vimos. 

Ohras  Genealógicas.  M.  S.  foi.  Confervaõ-fe 
na  Livraria  do  ExcellentiflTimo  Conde  de  Re- 
dondo a  cujo  poder  vieraõ  por  morte  da 
Condefla  D.  Anna  de  Attayde  irmãa  do  Au- 
thor,  e  mulher,  que  foy  de  Simaõ  Corrêa 
da     Sylva     ultimo     Conde     da     Caftanheira. 

Nobiliário  de  D.  António  de  'Lima  addi- 
cionado.  Cujo  Original  eftá  na  Livraria 
do  Excellentiflimo  Conde  de  Redondo. 
Deftas  obras  Genealógicas  de  D.  Jerónimo 
de  Attayde  faz  memoria  o  Padre  Souza  Ap- 
parat.  à  Hifl.  Gen.  da  Cas^.  Real  Portug.  pag. 
115.  §.  125.  e  no  Tom.  2.  defta  Hif.  liv.  3. 
pag.  537.  e  no  fim  do  Tom.  8.  pag.  7. 

Fr.  lERONIMO  DE  AZAMBUJA 
mais  conhecido  pelo  appellido  de  OLE  AS- 
TRO que  na  lingua  Latina  fignifica  Azam- 
bujeiro,  naceo  naquella  Villa  fituada  em 
riba  Tejo  do  Patriarchado  de  Lisboa  naõ 
fomente  para  a  nobilitar  com  o  feu  na- 
cimento,  mas  para  immortal  gloria  da 
Ordem   dos   Pregadores   cujo   inftituto   pro- 


feflbu  em  o  Real  Convento  de  N.  Senhora 
da  Vitoria  no  lugar  da  Batalha  do  Bifpado 
de  Leiria  a  6  de  Outubro  de  1520.  Como 
logo  nos  primeiros  annos  dcfcubrifle  a  pro- 
fundidade do  talento,  e  agudeza  de  enge- 
nho de  que  era  dotado  foy  admetido  a 
CoUegial  do  Collegio  de  Santo  Thomaz 
em  Coimbra  a  8  de  Dezembro  de  1525.  e 
nefta  paleftra  diftou  Artes,  e  Theologia  em 
que  recebeo  o  grão,  e  infignias  de  Doutor. 
Da  efpeculaçaõ  das  fciencias  Efcholafticas 
fez  tranfito  para  a  inveftigaçaõ  das  dificul- 
dades da  Theologia  Pofitiva,  e  Polemica, 
e  como  era  muito  intelligente  das  linguas 
Orientaes  foraõ  tantos  os  progreflbs,  que  a 
fua  continua  aplicação  fez  nefte  laboriofo 
eftudo,  que  alcançou  a  veneração  e  a  fama 
do  mayor  Efcriturario  do  feu  tempo.  Con- 
vocado pela  Santidade  de  Paulo  IIL  Con- 
cilio Ecuménico  para  a  Qdade  de  Trento,  _ 
e  mandando  ElRey  D.  loaõ  o  IIL  Theo- 
logos  para  aíTiftir  a  taõ  venerável  Con- 
greflb  o  elegeo  como  depozito  das  mais 
fublimes  fciencias.  Chegou  a  Trento  a  19 
de  Dezembro  de  1545.  onde  foy  recebido  j 
por  todos  aquelles  graviflimos  Padres  com 
aquella  aclamação,  que  tinha  divulgado 
a  fama  do  feu  nome,  admirando  na  feflaõ 
celebrada  a  7  de  laneiro  de  1546.  a  fabi- 
doria,  e  madureza  com  que  votava  em 
todas  as  matérias,  que  fe  difcutiaõ  fendo 
indecifo  para  o  conceito  dos  mayores  Le- 
trados fe  era  mais  profundo  Theologo,  ou 
infigne  Canonifta.  Sufpenfo  o  Concilio  fe 
reftituhio  a  Portugal  cumulado  de  aplauzos. 
que  a  fua  modeftia  recufava,  como  a  Mi- 
tra da  Ilha  de  S.  Thome  valendo-fe  do  pre- 
texto de  querer  antes  eftar  aplicado  à  liçaõ 
dos  livros,  que  ao  pafto  das  ovelhas.  Eleito 
Provincial  no  anno  de  1551.  com  a  unifor- 
midade de  todos  os  votantes,  naõ  exerci- 
tou efta  Prelafia  por  naõ  fcr  vontade 
delRey.  Ao  tempo,  que  com  grande  be- 
neplácito dos  feus  fubditos  era  Prior  do 
Real  Convento  da  Batalha  foy  nomeado 
pelo  Cardial  D.  Henrique,  Inquifidor  da 
Inquifiçaõ  de  Évora  de  que  tomou  pofle 
a  2  de  Setembro  de  1552.  donde  paflbu 
com  o  mefmo  lugar  para  a  Inquifiçaõ  de  Lis- 
boa  a   4.    de   Outubro    de    15 J5.    deixando     ; 


L  USITAN  A. 


483 


gloriofas  memorias  do  feu  zelo,  e  reéHdaõ. 
luntamente  com  o  Ven.  Fr.  Thomè  de 
lefus  Erimita  AuguíUniano  amortalhou  o 
cadáver  delRey  D.  loaõ  o  III.  que  com  ge- 
ral fentimento  dos  feus  VaíTalos  o  arreba- 
tou aceleradamente  a  morte  a  ii.  de  lunho 
de  1557.  Ultimamente  coroou  as  virtuo- 
fas  açoens  da  fua  vida  quando  no  anno 
de  1560.  fubíUtuhio  no  lugar  de  Provincial, 
em  que  fora  eleito,  ao  iníigne  Varaõ  Fr. 
Luiz  de  Granada  em  cujo  miniíterio  exer- 
citado por  dous  annos,  e  meyo  deu  com  a 
voz,  e  com  a  penna  faudaveis  documentos 
para  que  a  ReHgiaõ  fe  confervaíTe  na  fua 
primitiva  obfervancia,  como  coníla  de  hu- 
ma  carta  latina  circular  efcrita  a  todos  os 
Gjnventos  da  Ordem,  e  duas  Aâas  dignas 
de  que  fempre  fe  confervaíTem  indeléveis 
na  memoria  dos  Religiofos.  A  Girta,  e  as 
Aâas  tranfcreveo  traduzidas  em  Portuguez 
o  famofo  Chroniíla  deíla  Provinda  Fr.  Luiz 
de  Souza  Part.  i.  Uv.  6.  cap.  37.  Cumulado 
de  merecimentos  paíTou  em  o  Convento  de 
Lisboa  a  lograr  o  premio  delles  na  eterni- 
dade no  principio  do  anno  de  1563.  O  feu 
nome  he  celebrado  com  os  Elogios  de  di- 
verfos  Efcritores,  como  faõ  Fr.  António 
de  Scena  Bib.  Ord.  Prad.  pag.  114.  Vir 
religionis  prafiantia,  et  doãrina  darijjimus, 
linguarum  Hebraica,  (ò"  Graça  peritm,  (Ò' 
in  Sacrorum  voluminum  leãione  multum,  diu- 
que  verfatus.  lacob  Lelong  Bib.  Sccr.  pag. 
mihi  573,  col.  I.  Trium  lingtmrtim  peritus. 
Pallau.  Hijl.  Condi.  Trid.  lib.  6.  cap.  i. 
n.  12.  ob  egrégios  in  exponendo  Pentateucho 
labores  illuftris.  Poííeu.  Apparat.  Sac.  Tom. 
I.  pag.  743.  ad  fingulonim  autem  capitum 
Pentateuchi  expofitiones,  exhortationes  ad- 
jecit  utiles,  commodas,  doãas.  Souza  Hiji. 
de  S.  Doming.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  i. 
liv.  6.  cap.  37.  Ejra  mtrf  verjado  na  Theo- 
logia  Efcholajiica,  e  ajudava-o  bum  grande 
conhecimento,  que  tinha  das  linguas  Hebrai- 
ca, e  Grega,  o  que  junto  com  bum  jui^  mtty 
affentado ,  e  acompanhado  de  grande  agude- 
za de  engenho  produzia  partos  admiráveis 
Echard.  Script.  Ord.  Praed.  Tom.  2.  pag. 
182.  col.  2.  Vir  fuit  linguarum  Sacrarum 
Hebraica  imprimis  peritus,  nec  minus  Theo- 
loffa,     Canonumque    fcientia     clarus     Aldrete 


Antigutd.  de  Efpan.  liv.  2.  cap.  2.  pag. 
210.  fue  erudito,  y  curiojo  en  la  lengua  He- 
brea  j  la  fupo  como  el  que  màs.  Nicol.  Ant. 
Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  448,  col.  i.  Gra- 
ça lingua,  atque  adhuc  magis  Hebraica  compôs 
faãus  fchola  ad  bac  qtiafiiombus  probe  exercitus 
adyta  facra  in  fontibus  lingua  ipjius  Sanãa  non 
infpexit  tantum,  fed  derivare  in  omnium  u/um 
fidetiter  voluit.  Foncec.  Evor.  Glorio/,  pag.  305. 
celebre  na  republica  das  letras  pelo  nome  de  Oleaf- 
tro.  e  pag.  403.  famojo,  e  infigne  Commenta- 
dor  do  Pentateucho,  celeberrimo  no  mundo.  Na- 
tal. Alexand.  HiJl.  Ecclef.  Secul.  XV.  & 
XVI.  cap.  5.  art.  i.  n.  24.  ad  Tridentinam 
Sjnodum  miffus  eft,  magnumque  in  illo  facro 
Conjejfu  nomem  fibi  peperit  Monteiro  Claujlr. 
Domin.  Tom.  i.  pag.  82.  bum  dos  mayores 
Theologos  do  feu  feculo  e  Tom.  3.  pag.  229. 
doutijfimo  das  linguas  Grega,  e  Hebraica:  e 
no  Cathal.  dos  Inquif(id.  de  Evor.  n.  5.  Va- 
raõ doutijfimo.  CaJmet.  Bib.  Sacr.  impreífa 
ao  principio  do  Diccionario  da  Biblia. 
Sacra  Scriptura  linguarum  peritus  erat.  Im- 
bonat.  Bib.  Latin.  Heb.  p.  72.  n.  280.  e 
pag.  381.  n.  II 59.  Lippen.  Bib.  Real  Theo- 
log.  Tom.  I.  pag.  514.  e  626.  Fernand. 
Concert.  Prad.  foi.  476.  Lopes  Hijl.  de  la 
Ord.  de  S.  Doming.  Part.  3.  cap.  87.  foi. 
370.  Hallevord.  Bib.  CurioJ.  pag.  135. 
col.  I.  CapaíTi  Hijl.  Philofopb.  pag.  453. 
Richard.  Simon.  Hijl.  Critique  du  Veaux 
Tejl.    Tom.     i.     liv.     3.     c.     12. 

Compoz. 

Commentaria  in  Genejim.  OlyíTipone 
apud     loannem     Barreira.      1556.     foi. 

Commentaria  in  Exodum.  OlyíTipone  apud 
eumdem  Typ    1557.  foi. 

Commentaria  in  Eeviticum,  <&  Núme- 
ros,   ibi    apud    eumdem    Typ.     1557.     foi. 

Commentaria  in  Deutoronomium.  ibi  apud 
eumdem     Typ.     1558.     foi. 

Sahiraõ  juntos  eíles  Commentarios  com 
eíle    titulo. 

Commentaria  in  Pentateuchum  Moyji,  boc  ejl^  in 
quinque  primos  Bibliorum  libros  quibus  juxta  Aía- 
gijiri  Sanai  Pagnini  Eucenjis  interpretationem  He- 
braica veritas  cum  ad  genuinum  litera  fenfum,  tum 
ad  mores  informandos  ad  unguem  enucleatur.  An- 
tueipiae  in  aedibus  Viduae,  &  haeredum  loan- 


484 


BIB  LIOTH  E  C  A 


nis    Stelíii    1569.    foi,     &    Lugdiini    apud 
Petrum    Landry.     1586.     foi. 

/;;  IJaiam  Prophetam  Comníentarii  opus  in- 
fiffie  varia  doãrina  inJiruãiJfiMum,  Divini  Verbi 
concionatoribus  perquàm  necejfarium ,  in  quo  poji 
exaãijftmam  li t terá  expojitiomm  qiia  ad  mores 
injlituendos  pertinent,  facili,  <&  apto  fermone  ex- 
pendutur.  Lutetíac  Parifiorum  apud  Sebaftia- 
num  Cramoify.  1622.  foi.  Sahio  por  induf- 
tria  de  Fr.  Pedro  Calvo  Dominico.  Nova- 
mente foy  reimpreflb  com  o  titulo  fe- 
guinte. 

Ifaias  inter  mayores  Prophetas  primus 
a  R.  P.  Hyeronimo  Oleaftro  O.  P.  Com- 
mentariis  illujlratus,  <&  Júlio  Cardinali  Duci 
Mazz^rino  nuncupatus.  Pariíiis  apud  Se- 
baftianum,  &  Gabrielem  Cramoify  1656.  foi. 

Hebraifmi,  &  Cânones  pro  intelleãu 
Sacra  Scripturee.  Lugduni  1566.  e  1588. 
foi.  Efta  obra,  que  com  eftc  titulo  tra- 
zem Imbonat  Bib.  hatin.  Rab.  pag.  72. 
n.  280.  e  Lipen.  Bib.  Real  Theolog.  Tom.  2. 
p.  742.  parece  fer  o  Commento  fobre  o 
Pentateucho   de   que  aíTima  fe   fez   mençaõ. 

Commentaria  in  Jeremiam,  (&  duodecim 
Prophetas  Minores.  Efcritos,  e  firmados 
pela  maõ  do  Author  fe  guardavaõ  na 
grande  Livraria  do  Convento  de  S.  Do- 
mingos defta  Corte,  e  nella  os  vio  Fr. 
Pedro  Montdro  como  efcreve  no  Claujir. 
Dom.    p.    229.    e    que    tinhaõ    defaparecido. 

Commentaria  in  Pfalmos  omnes  David 
inquibus  Jimiliter  primiim  hebraica  veritas 
exaStiJftme  explicatur,  deinde  qua  ad  morum 
compojitionem  aptari  pojfunt  ex  ipjius  litte- 
ra  penetralibus  feorjim  adjun^tur.  Começa. 
Beatitudines  illius  viri  injignis  qui  non  ambu- 
lat  in  Concilio  impiorum  &c.  Acaba.  ////' 
fit  laus,  gloria,  e>*  honor  cujus  ope,  et  auxi- 
lio incaptum  opus  Pfalterii  abfolvere  datum 
efi.  Compoz  efta  expofiçaõ  quando  aíTif- 
tio  no  Convento  de  Bolonha  da  Ordem 
dos  Pregadores  na  ocafiaõ,  que  foy  ao 
Concilio  Tridentino,  e  no  mefmo  Con- 
vento fe  conferva. 

Commentaria  in  IV.  libros  Regum.  M.  S. 
foi. 

He  tradição  confiante  entre  os  Religio- 
fos  Dominicos  defta  Província  de  Por- 
tugal,   que    hindo    o    infigne    Oleaftxo    pa- 


ra afliftir  nas  Matinas  da  Fefta  do  Natal 
pedira  à  Communidade  o  ajudaíTe  a  ren- 
der as  Graças  a  Deos  por  ter  concluído 
o  Commento  a  toda  a  Sagrada  Efcritura 
de  cujo  preciofo  trabalho  fe  perdco  gran- 
de parte  com  grave  detrimento  dos  Efcri- 
turarios. 

Fr.     lERONIMO     DE     BARCELLOS 

natural  da  Villa  do  feu  appellido  íitua- 
da  na  Província  de  Entre  Douro,  c  Mi- 
nho onde  teve  por  Pays  a  Manoel  Car- 
valho, e  Paula  Corrêa  Pinheiro  defcen- 
dentes  de  famílias  nobres.  Profeflbu  o 
inftituto  do  Doutor  Máximo  S.  Jeróni- 
mo no  Convento  da  Cofta  junto  a  Gui- 
maraens  em  o  anno  de  161 5.  Foy  dos  in- 
fignes  Theologos  da  fua  idade  diéíando 
no  Collegio  de  Coimbra  as  principaes  ma- 
térias defta  fublime  Faculdade  conforme 
a  doutrina  do  Anjo  das  Efcolas  com  igual 
profundidade,  que  fubtileza.  Foy  Prior 
do  Mofteiro  de  S.  Marcos  em  o  anno  de 
1648.  e  do  Mofteiro  da  Cofta  em  1654. 
onde  piamente  finalizou  a  vida  a  2  de 
Mayo  de  1672.  No  Collegio  de  Coimbra 
fe  confervaõ  os  feguintes  Tratados,  perdcn- 
dofc    infelifmente    outros. 

Traíiatus  de    Vijione  Beata  foi.   M.    S. 

de   VoUmtate  Dei  foi.  M.  S. 

De    Pradejlinatione.    foi.    M.    S. 

D.  lERONIMO  BARRETO  filho  de 
Gafpar  Nunes  Barreto  Senhor  dos  Cou- 
tos de  Freiris,  e  Penagate,  e  de  Izabel 
Cardoza,  fobrinho  do  Padre  Belchior 
Nunes  Barreto  Operário  Evangélico  na 
China,  e  Japaõ,  e  de  D.  Joaõ  Nunes  Bar- 
reto Patriarcha  da  Etiópia  ambos  Jefui- 
tas  dos  quais  fe  fez  larga  mençaõ  em 
feus  lugares.  Tanto  fe  anticipou  o  feu 
merecimento  à  idade,  que  naõ  tendo 
completos  os  annos,  que  determina  o 
Concilio  Tridentino  para  fer  Bifpo,  foy 
elevado  à  Cadeira  da  Ilha  do  Funclial 
em  cuja  dignidade  foy  fagrado  no  anno 
de  1573.  Foy  recebido  pelas  fuás  ovelhas 
a  31  de  Outubro  de  1574.  com  grandes 
fignificaçoens  de  jubilo  como  prevendo  a 
fuavidade    do    feu    governo.      Para    refor- 


L  U  SITAN  A 


485 


ma  de  abu20s  celebrou  Synodo  a  i8  de 
Outubro  de  1578.  em  a  Cathedral  em  que 
fe  publicarão  as  GDnllituiçoens,  que  ef- 
crevera,  nas  quais  igualmente  fe  admi- 
ra a  profunda  fciencia  dos  Sagrados  Câ- 
nones como  o  vigilante  zelo  da  fua  obri- 
gação paftoral.  Nunca  faltou  à  celebra- 
ção dos  Pontificaes  em  as  Feftas  mayo- 
res,  como  vizitar  peíToalmente  a  fua  Dio- 
cefe,  e  aíTiftir  muitas  vezes  às  Horas  Ca- 
nónicas eníinando  com  a  fua  prefen- 
ça  a  pouca  devoção  com  que  eraõ  canta- 
das. Foy  de  condição  brando,  de  afpe- 
ôo  grave,  amigo  da  virtude,  inimigo  da 
maledicência.  Havendo  governado  efta 
Diocefe  fcte  annos  foy  promovido  ao 
Bifpado  do  Algarve  no  anno  de  1385. 
onde  exercitando  as  açoens  de  Paílor 
compaíTivo,  e  vigilante  falleceo  com  eter- 
na faudade  do  feu  rebanho  no  anno  de 
1589.  Por  deligencia  de  feu  fuceíTor  na 
dignidade  Epifcopal  D.  Luiz  de  Figuei- 
redo   de    Lemos    fahiraõ. 

Conjlituiçoens  Sjnodaes  do  Bifpado  do  Fun- 
chal feitas,  e  ordenadas  por  D.  Jerónimo  Bar- 
reto. Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck.  1601. 
foi.  Fazem  delle  memoria  Carvalho  Co- 
rog.  Portug.  Tom.  3.  pag.  16.  Cordeiro  Hijl. 
Inful.  liv.  5.  cap.  17.  Souza  Cathal.  dos  Bifp. 
do  Funchal.  §.   6. 

P.  lERONIMO  DE  BEJA  natural 
da  Villa  de  Gouvea  em  a  Provinda  da 
Beira  onde  recebeo  a  graça  bautifmal  a 
7  de  Outubro  de  1662.  fendo  filho  de 
Manoel  Rodrigues  de  Beja,  e  Izabel  Go- 
mes defcendentes  de  familias  nobres.  Quan- 
do contava  quinze  annos,  e  nove  mezes 
de  idade  abraçou  o  inHituto  de  Jefuita  em 
o  Collegio  de  Coimbra  a  7  de  lulho  de 
1677.  e  fez  a  profiíTaõ  do  quarto  voto  a 
15  de  Agoílo  de  1698.  Obfervou  com 
exaçaõ  as  virtudes  religiofas  pelas  quais  fe 
fez  merecedor  do  premio  eterno  fallecendo 
no  Collegio  de  Coimbra  a  10  de  Março 
de  1739.  com  77  annos  de  idade,  e  62 
de     Religião.      Compoz. 

Compendiofa  explicação  das  Virtudes,  efpe- 
cialmente  das  Theologaes.  Coimbra  no  Collegio 
das  Artes.  1733.  8. 


Fr.  lERONIMO  DE  BELÉM  Na- 
ceo  na  Villa  dos  Arcos  de  Valdeves  da 
Arcebifpado  de  Braga  a  30  de  Setembro- 
de  1692.  fendo  filho  de  Bento  de  Araújo,, 
e  Pafchoa  Cerqueira.  Eíhidou  os  pri- 
meiros rudimentos  em  Lisboa,  e  Filo- 
fofia  em  o  Convento  dos  Religiofos  Do- 
minicos  Irlandezes  da  mefma  Cidade  donde 
paíTando  à  de  Évora  recebeo  o  Seráfico 
habito  de  S.  Francifco  em  o  primeiro  de 
Março  de  171 5.  Depois  de  frequentar 
com  credito  do  feu  talento  as  fciencias 
EfcholaíHcas,  e  conhecendo  os  fuperiores 
o  engenho,  que  tinha  para  o  minifteria 
do  púlpito  lhe  deraõ  patente  de  Prega- 
dor a  4  de  Mayo  de  1726.  Recufou  algu- 
mas Prelazias  por  fer  a  fua  mayor  ambição 
de  obedecer,  do  que  mandar,  e  unicamente 
aceitou  em  o  anno  de  1736.  o  laboriofo 
lugar  de  Comiííario  da  Ordem  Terceira, 
que  louvavelmente  exercitou  pelo  efpaço 
de  dous  annos  no  qual  teve  a  gloria  de 
fe  concluir  a  fumptuofa  Igreja  dedicada  ao- 
Menino  Deos  onde  fe  fazem  com  grande 
perfeição  os  exercidos  efpirituaes  da  mefma 
Venerável  Ordem  Terceira.  Ao  feu  devo- 
to zelo  fe  deve  a  inílituiçaõ  da  Irmandade 
do  Coração  de  lESUS  em  o  Convento  de 
Santa  Maria  de  Xabregas  da  qual  por  fua 
direção  fe  foraõ  inílituindo  outras  pelo  Rey- 
no  com  grande  utilidade  das  almas  virtuo- 
fas  fendo  a  principal  a  que  fe  erigio  no 
lugar  da  Lagoa  do  Reyno  do  Algarve  na 
Ermida  de  S.  lozeph,  que  hoje  he  Reco- 
lhimento de  Donzellas,  que  veftem  de  roxo 
com  efcapulario  encarnado,  e  nelle  borda- 
dos os  Santiífimos  Coraçoens  de  lESUS, 
e  Maria  recebendo  os  hábitos  a  26  de 
lulho  de  1743.  da  maõ  do  Excellentif- 
fimo,  e  ReverendiíTimo  D.  Ignado  de  San- 
ta Thereza  Bifpo  do  Algarve  a  cuja  jurif- 
diçaõ  pertencem.  He  Pregador  lubilado, 
MiíTionario  Apoftolico,  Penitendario  Ge- 
ral da  Ordem  Seráfica,  Confultor  da  Bul- 
ia da  Cruzada,  Examinador  das  Três  Or- 
dens Militares,  e  Bibliothecario  do  Conven- 
to de  Xabregas.  Da  fua  continua  apUca- 
çaõ    tem    pubUcado    eíles    devotos    frutos. 

Coração  de  lESUS  communicado  aos 
Coraçoens     dos     Fieis.      Noticia,     e    principia 


486 


BIBLIO THE  C  A 


% 


Âefta  Santijfima  devoção.  Lisboa  por  Mau- 
rício   Vicente    de    Almeyda.     1751.    8. 

Vida  da  Ven.  Madre  Nlargarida  Maria 
Alacoque  da  Ordem  da  VifitaçaS  a  quem 
Chrijlo  Senhor  Nojffo  revelou  o  culto,  e  vene- 
ração de  Jeu  Coração  Santijfimo.  Lisboa 
pelo     dito     Impreflbr.     8. 

Coroa  Seráfica,  e  deprecativa  do  Santif- 
Jimo  Coração  de  Maria.  Lisboa  por  Pedro 
Ferreira.     173 1.     12. 

Excellencias  da  mulher  forte  Novena  pa- 
negyrica  de  Santa  Anna.  Lisboa  por  Ber- 
nardo Fernandes  Gayo.  1733.  8.  fem  o 
nome  do  Author. 

Compromijfo  da  Confraria  do  Santijfimo 
Coração  de  JESUS  fita  no  Convento  de  S. 
Francifco  de  Xabregas.  LLsboa  na  Officina 
loaquiniana    da    Muíica.     1734.     foi. 

Devoto  da  Conceição,  Coroa  revelada  por 
Maria  Santijftma  ao  Ven.  Padre  Fr.  Si- 
Maõ  de  Roxas  da  Ordem  da  Santijftma  Trin- 
dade advogado  das  mulheres  de  parto  com  a 
noticia  da  fiia  vida.  Lisboa  na  Officina 
Rita-CaíTiana.     1735.     12. 

Paleflra  da  Penitencia.  Origem,  Graças, 
indulgências,  privilégios  da  Terceira  Ordem 
Seráfica,  obra  utilijftma  para  todos  os  Vene- 
ráveis filhos  das  Terceiras  Ordens,  e  mais 
Catholicos.  Com  a  noticia  da  milagro:(a  Ima- 
gem do  Menino  Deos;  da  vida  do  Padre  Fr. 
Thome  de  Santo  António  filho  da  Santa  Re- 
4oleiçaÕ;  e  da  Madre  Cecilia  Maria  de  Je- 
Jus  Venerável  Preta  &c.  Lisboa  por  An- 
tónio   Ifidoro    da    Fonceca.     1736.     8. 

Saudaçoens  Angélicas  aos  Santijfimos  Co- 
raçoens  de  JESUS  Maria,  e  Jo^è.  Lisboa 
por  Bernardo   Fernandes.    Gayo.    1738.    12. 

Regra,  e  EJlatutos  novijfimos  da  Vene- 
rável Ordem  Terceira  da  Penitencia  no  idio- 
ma Portngue^.  Lisboa  por  Pedro  Fer- 
reira.     1739.     ^• 

Acontico  Seráfico.  Appendix  á  Palef- 
tra  da  Penitencia,  repofla  apologética  ao  au- 
thor do  Epitome  Carmelitano  fobre  a  liçaÕ 
primeira,  e  outava  da  mefma  Palefira.  Lis- 
boa   por    Pedro    Ferreira.     1740.     8. 

Efcada  Myfiica  dividida  em  nove  degraos 
para  a  Novena  do  Santijfimo  Coração  de 
JESUS  extrahida  do  livro  Corarão  de  JESUS, 
^   ff&*fida    ve:i   impreJJa    com    as   indulgências 


concedidas  a  efle,  e  a  outros  fantos  exercidos, 
de  que  trata.  Lisboa  na  Officina  loaqui- 
niana.    1740.     12. 

Coroa  Seráfica,  e  deprecativa  do  Santif- 
fimo  Cora^aõ  de  JESUS  fegunda  ve^  impreffa 
com  as  indídgencias  concedidas  a  efle  devo- 
tiffimo  exercido.  Lisboa  na  mefma  offi- 
cina.     1741.     8. 

Cru^  Seráfica,  e  Francifcana  decifrada 
pelas  letras  do  nome  Francifco  para  a  No- 
vena   das    Chagas   do    Seráfico    Patriarcha.    12. 

Vida  Juflificada,  morte  precioja,  virtu- 
des, e  milagres  do  Padre  Fr.  Jo:(è  de  Santa 
Anna  filho  da  Santa  Provinda  dos  Algar- 
ves  da  regular  obfervancia  de  N.  Padre  S. 
Francifco.  Lisboa  por  Miguel  Manefcal 
da     Cofta.      1743.     8. 

Obras  M.  S. 

Officium  proprium  Saníiijftmi  Cordis  Jefu 
pro  feria  fexta  pofl  diem  Oãavum  Corpo- 
ris  Chrifti.  Eftá  compoílo  com  grande 
propriedade  ao  argumento  da  Feftivida- 
de  affim  em  as  Antífonas,  Refponforios, 
como    em    as    Liçoens,    e    Mífla. 

Parecer  em  que  fe  moftra  fer  licito  o  fef- 
tejo,  que  na  Villa  de  Sines  fe  fat^^  a  S.  Mar- 
cos com  o  Touro,  e  fe  refponde  às  opinioens 
contrarias  explicando  a  Bulia  de  Clemente 
VIU. 

Parecer  fobre  o  dijlrate  de  huma  terra 
pertencente     a     certo     Mofleiro     de     Religiofas. 

Apologia  fatisfatoria,  e  defenfiva  da  va- 
lidade do  Santo  Jubileo  da  Porciuncula  na 
Igreja  do  Menino  de  Deos  nefta  Corte  con- 
tra o  fentir  dos  menos  pios  por  ocav^taõ  de 
huma  declaração  da  Sé  Apoflolica,  que  pu- 
blicada pelo  Provi^or  do  Arcebifpo  de  Lisboa, 
a   revogou    &c. 


Fr.   lERONIMO   DE   S.   BERNARDO 

Monge  Cíílercíenfe  em  o  Real  Conven- 
to de  Alcobaça.  Affiílindo  na  Q)rte  de 
Pariz  traduzio  na  língua  materna,  e  offe- 
receo  a  ElRey  D.  Sancho  de  Portugal 
fem  declarar  fe  era  o  primeiro,  ou  o  fe- 
gundo    do    nome. 

Tratado     notável    de    huma    prcUHca,     ifm 


\ 


I 


L  USITANA, 


hum  laurador  teve  com  hum  R^y  de  Perfia, 
que  fe  chamava  Ariano  feito  por  hum  Per- 
l  fio  por  nome  Codio  rufo,  que  naqttelle  tempo 
■  fe  achou  no  qual  foy  tresladado  de  Grego  em 
latim,  e  redu^io  em  Portugue^  por  Fr.  Hye- 
ronimo  da  Ordem  de  S.  Bernardo  do  Con- 
vento de  A-lcobaça  que  eftando  em  Pari^  lhe 
veo  ter  à  maõ,  e  nelle  ho  trouxe  a  EJRej 
D.  Sancho  de  Portugal  a  quem  ho  prologo 
very  dirigido.  Coimbra  por  Joaõ  Barreira 
Impreflbr  da  Univeríidade  1560.  4.  He 
impreflb  em  letra  gothica,  do  qual  vimos 
hum  exemplar.  Defta  obra,  como  do  feu 
author  faz  memoria  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp. 
Vet.   Tom.    2.   pag.    266.   col.    i. 

Fr.  lERONIMO  DE  S.  BOAVEN- 
TURA Naceo  em  o  lugar  do  Ribeirinho 
arrebalde  da  Villa  de  Amarante  em  a  Pro- 
vinda do  Minho  a  30  de  Setembro  de  1656. 
Teve  por  Pays  a  Cuftodio  Guedes  bifneto 
por  fua  Avó  Leonarda  Guedes  de  Simaõ 
Guedes  quinto  Senhor  da  Villa  de  Murça, 
e  a  Maria  Ferreira.  No  preludio  dos  feus  eíhi- 
dos  moílrou  a  admirável  habilidade  de  que 
o  ornara  a  natureza  fahindo  perfeito  latino, 
cujo  idioma  fallava  correntemente  como  o 
materno  naõ  fendo  menos  iníigne  na  Poe- 
zia  Vulgar  cujos  dotes  illuftrados  com  a 
innocencia  dos  cuftumes  o  habilitarão  para 
fer  admitido  à  Religião  Seráfica  em  o  Con- 
vento do  Porto  a  30  de  Setembro  de  1650. 
quando  contava  16  de  idade  donde  depois 
de  profelTar  folemnemente  foy  eftudar  Ar- 
tes em  o  Convento  de  Santarém  das  quais 
teve  por  Meílre  a  Fr.  Joaõ  da  Madre  de 
Deos,  que  depois  foy  o  primeiro  Arce- 
bifpo  da  Bahia,  porém  como  foíTe  man- 
dado pelos  Superiores  para  o  Convento 
de  Trancozo  naõ  teve  a  felicidade  de 
ouvir  a  doutrina  de  taõ  grande  homem. 
Como  era  dotado  de  memoria  feliz  pois 
baftava  ler  huma  pagina  de  qualquer  livro 
para  promptamente  a  recitar  pedio  aos  feus 
condifcipulos,  que  deixara  em  Santarém, 
lhe  remeteflem  as  poíHllas  aílim  como  as 
foííem  efcrevendo,  e  tendo  por  aulas  os 
caminhos,  e  montes  da  Provinda  da  Bd- 
ra  por  onde  difcorria  pedindo  efmola  pa- 
ra  o    Convento   onde   habitava,   as   decora- 


487 

va  naqueUas  horas  vagas  de  taõ  laboriofo 
miniílerio,  e  deíle  modo  fendo  difdpulo 
de  fi  mefmo  fahio  confummado  Filofofo. 
Certificados  os  Superiores  do  progreíTo  taõ- 
extraordinário,  que  fizera  no  eftudo  depois 
de  fer  rigorofamente  examinada  a  fua  ca- 
paddade,  foy  com  univerfal  admiração  ad- 
mitido ao  curfo  de  Theologia  no  Convento- 
de  S.  Frandfco  da  Ponte  de  Coimbra,  e  ain- 
da que  era  interpoUada  a  fua  aplicação  pe- 
las obrigaçoens  de  fubdito  nunca  faltava, 
às  de  eftudante  em  que  mereceo  a  prima- 
zia entre  todos  os  feus  condifcipulos,  de 
tal  forte,  que  fendo  ainda  Coriíla  foy  no- 
meado Lente  de  Filofofia,  e  Theologia  pa- 
ra a  Provinda  da  Arrábida,  de  cuja  efcola. 
fahiraõ  quatro  Provinciaes  defla  auílera  Re- 
forma. Acabado  efte  magiílerio  com  tan- 
to credito  da  fua  peíToa  diâou  em  a  Pro- 
vinda de  que  era  filho,  Filofofia  no  Con- 
vento de  Santarém  no  anno  de  1664.  e  Theo- 
logia em  Coimbra,  em  1677.  unindo  em  o 
feu  talento  promptidaõ,  fubtileza,  e  clari- 
dade com  que  defendia,  e  argumentava  em. 
todos  os  aôos  litterarios.  Naõ  alcançou 
menor  aplauzo  no  púlpito  ao  que  tinha  ad- 
quirido em  a  Cadeira  conciliando  pela  deli- 
cadeza do  difcurfo,  elegância  da  fraze,  e 
viveza  da  reprezentaçaõ  aclamaçoens  de  nu- 
merofos  auditórios  fendo  o  principal  o  da  Ca- 
pella  Real  onde  pregou  trinta,  e  nove  vezes,, 
e  mereceu,  que  a  mageftade  delRey  D.  Pe- 
dro o  n.  foíTe  Panegyrifta  do  feu  talentcv 
condonatorio,  chegando  a  tal  exceíTo  a  be- 
nevolenda  deite  Príncipe  para  com  eUe  que 
o  vizitou  no  feu  apozento  quando  os  feus 
achaques  o  tinhaõ  reduzo.  Eíles  lhe  foraã 
abreviando  a  vida,  e  pofto  que  padeceUe 
acerbiífimas  dores  nunca  fe  lhe  ouvia  a  me- 
nor expreíTaõ  de  queixa,  antes  refignado  em 
a  divina  vontade  as  ofFereda  como  oblação- 
pelas  fuás  culpas.  Todo  o  tempo,  que  du- 
rou efte  confliôo  recebia  todas  as  fema- 
nas  com  fumma  piedade  o  Paõ  dos  Anjos 
até  que  chegando  o  termo  de  paííar  ao 
eterno  defcanço  falleceo  em  o  Convento  de 
Lisboa  a  9  de  Setembro  de  1683.  com  qua- 
renta e  féis  annos,  onze  mezes,  e  nove  dias 
de  idade,  e  naõ  com  quarenta  incomple- 
tos   como    efcreve   Fr.    Fernando   da   Sole- 


488  BIBLIOTH  E  CA 

dade    no    lugar    abaixo    allegado.     Foy    fe-  Hirte  pater,   hinc   mater   chara   hinc   oriunda 

pultado   com  aíTiílencia  dos   Religiofos   gra-  propago 

vcs  das  outras  Gímunidades  confeíTan-  Hic  data  Junt  laãis  prima  alimenta  mihi. 
do,  que  tarde  produziria  a  natureza  ou- 
tro femelhante  engenho  taõ  breve  na  Ainda  naõ  tinha  chegado  aos  annos  da 
duração  como  vafto  na  litteratura.  Se  os  adolefcencia,  e  já  defcobria  tal  propcnfaõ 
Jeus  ejcritos.  ( Saõ  palavras  de  Fr.  Fer-  para  a  Poezia,  que  parece  o  embalarão 
nando  da  Soledade  Hift.  Seraf.  da  Prov.  no  berço  as  Mufas.  Querendo  obedecer 
de  Portug.  Part.  5 .  lib.  5 .  cap.  11.)  fe  deraõ  à  vontade  de  feu  Pay  deixou  a  amenidade 
ao  prelo  podiaõ  formar-fe  delles  diverfos  To-  defte  eftudo  pela  feveridadc  dos  Cânones 
mos,  os  quais  certamente  achariaõ  univerfal  Pontifícios  em  que  recebeo  o  grão  de  Ba- 
eftimaçaõ,  porque  lograõ  muita,  os  que  ain-  charel,  porem  como  eílivefle  profundamente 
da  exifiem  dentro,  e  fora  da  Provinda.  Com-  inílruido  na  Oratória,  Poética,  Mythologia, 
poz.  impellido  do  génio,  que  fe  deleitava  com  a 
Curfus  Philofophicus.  M.  S.  Bem  canhe-  cultura  das  letras  humanas  abrio  efcola  publi- 
cido,  e  igíialmente  aceito.  Como  efcreve  o  ca  íituada  em  a  Univerfidade  de  Lisboa  onde 
referido  Chronifta.  como  Meftre  recitou  a  Oraçaõ  da  Sapiência 
Traãatus  de  Trinitate.  em  o  primeiro  de  Outubro  de   1556.    Para 

de  EJfentia  Dei.  eterno  credito  do  feu  magifterio  naõ  fomente 

de  Pecato  Originali.  teve  por  difcipulos  Ruy  Gonzalvcs  da  Cama- 

De  Angelis.  ra  filho  de  D.  Manoel  da  Camará  Governa- 

Sermoens  vários.  M.  S.  dor  da  Ilha  de  S.  Miguel;  D.  leronimo  de 

Obras   diverfas.    M.    S.     Sendo    todas   cia-  Caftro,    D.   loaõ   de   Attayde,   e  outros   Fi- 

rijjimos  efpelhos  da  fua  erudição,   e  naÕ  peque-  dalgos   da   primeira   lerarchia,    mas   ao   infi- 

nos   argumentos   do   amor,    que   tinha   às   virtu-  gne   Manoel   da   Cofta   Lente   de   prima   de 

Jes,     conclue     o     mefmo     Chroniíla.  Leys  em  a  Univerfidade  de  Salamanca  inti- 

Repoflas   a    33    Notas   ao    Livro    da   Myf-  tulado  o  Subtil;  a  D.  leronimo  Oforio  Q- 

tica    Ciudad    de    Dios    compofio   pela    Venera-  cero  Portuguez,  que  depois  foy  Bifpo  do  Al- 

vel  Madre   Maria   de   Agreda.     Eíla   obra   fe  garve;  Ayres  Gomes  de  Sá  Catíiedradco  de 

fe   imprimiíTe    como    o    author   a   efcreveo.  Cânones,  António  Vaz,  e  António  Mendes, 

certamente    formaria    hum   volume    de    jufta  que  paíTou  a  fer  o  primeiro  Bifpo  da  Cathe- 

grandeza.      Cometeu-lhe    taõ    laboriofa    em-  dral  de  Elvas,  Lentes  das  Efcholas  Menores 

preza     o     ComiíTario     Geral     Fr.     Jozeph  em  Coimbra,  podendo  juílamente  gloriar-fe 

Ximenes    Samaniego,    o    qual    aífiílindo    a  de   fer   Meftre   de   tantos   Meftres,   que  cm 

humas    Conclufoens     do    Capitulo    Provin-  diverfas     Faculdades     aíTòbràraõ     as     mais 

ciai     celebrado     no     Convento     de     Lisboa  celebres     Univerfidades.       Anhelando     com 

a   10  de  Dezembro  de   1678.  em  que  pre-  virtuofa     ambição     adquirir     thefouros     de 

^dio  Fr.  Jerónimo  tal  foy  o  conceito,  que  novas     Faculdades     determinou     paíTar     à 

formou  das  fuás  letras,  que  o  achou  digno  Univerfidade    de    Pariz    por   ter   jà   aíTiftido 

de   impugnar,    e    defender    as    propofiçoens  em  a  de  Salamanca  de  cujo  intento  o  def- 

<:riticadas   na   obra   da   V.   Agreda   em   que  perfuadio    feu    pardcular    amigo    Chriftovaõ 

o     mefmo     Samaniego     tinha     doutamente  Fernandes    em   huma    Carta   cheya   de    lou- 

trabalhado.  vores    dedicados    ao    feu    merecimento    em 

que    a   foi.    41.    lhe   diz    Qtád   Parrhijiorum 
lERONIMO     CARDOSO     Naceo     cm  Lutetiam    proficifci    cupis?     Quid    aves,    quod 
a    Gdade    de    Lamego    como    elle    fe    jaâa  non  obtinueris?  non  ne  ubi  rex  eft,  cúria  ineftl 
com    eftas    métricas    vozes    Sylvar.    lib.    2.  eb*    ibi    Parrhifú,    ubi   doãijfmi  funt,    quorum 
CoUe  fub    ingenti    ( luimacum    dixere   prio-  tu    omnium    princeps    máximo     omnium     coa- 
res) fenfu    es:    igitur    Olyfipo    Lute  tia    efl.      Cur 
Urbs  fedet.  &c.  er^o    Lutetiam    adire    cupis,    cum    tibi    Lute- 


LUSITANA. 


489 


tiam  domi  baheas;  ipfe  que  tuâ  unicã  erudi- 
tione  iMtetiam  effinas;  nam  Parrbijienfes 
Grammatices  eruditione  fuperas,  Poetas  promp- 
HtuSne  excellis,  Oratores  pra  te  ipfo  par- 
vipendis.  Noa  ejl  igitur  quod  optes,  nec  quó 
proficifci  cupias.  Pela  fuavidade  dos  feus 
Poemas,  e  elegância  das  fuás  Cartas  con- 
ciliou a  eílimaçaõ  dos  mais  famofos  Va- 
roens  do  feu  tempo  admirando  em  huns 
reproduzido  o  furor  de  Virgilio,  e  em  ou- 
tras excedida  a  profundidade  de  Séneca,  e 
difcriçaõ  de  Plinio.  Até  a  ultima  idade  con- 
tinuou no  magiílerio,  e  poílo  que  a  cegueira, 
que  padecia  era  baílante  cauza  para  naõ 
continuar  minifterio  taõ  laboriofo,  fe  valia 
de  huma  filha,  que  lhe  nacera  de  fua  mu- 
lher Filipa  Cardoza  a  qual  lendo  os  livros 
os  explicava  eruditamente  aos  feus  difcipu- 
los.  Falleceo  em  a  Cidade  de  Lisboa  em 
o  anno  de  1569.  cujo  nome  mereceo  os 
aplauzos  dos  mayores  Filólogos,  que  fe  vem 
impreíTos  no  livro  das  Epiílolas  do  mefino 
Cardozo.  André  de  Refende  na  Epijiol. 
5.  o  intitula  doãijfímum.  Jorge  Coelho  Se- 
cretario do  Infante  D.  AiFonfo  Epiji.  8. 
Te  ingenio,  multa  que  leãione,  €>•  bumanitate 
injtffiem,  €>*  multorum  Jermone  acceperam, 
et  nunc  facile  intellexi.  D.  Jeron.  Ofor. 
Epift.  10.  Omni  liberali  do£trina  mirabiliter 
injlruãum,  atque  acri  juditio  praditum  cog- 
novi ...  et  quid  mibi  acciderit  amplius,  quàm 
probari  /cripta  mea  ab  bomtne  uno  omnium 
doãijjimo.  Domum  enim  tuam  quafi  Sanãum 
Mufarum  Sacrarium  frequentare  debuijent 
omnes,  qui  iis  artíbus  imbuti  funt,  quorum 
me  Jludiofum  effe  profiteor.  Bartholameu 
Filippe  Epijl.  21.  e  ctfjus  Scbola  non  infe- 
rioris  nota  dijcipuli,  quàm  olim  ex  equo  Troja- 
no  Heroes  procejfijfe  plerique  omnes  intelli- 
^mt.  António  Liaiz  fubtiMimo  Interprete 
de  Galeno  em  Coimbra  Eptft.  26.  in  quem 
ficut  in  alterum  Ciceronem  Civitas  noftra  óculos 
convertat.  Pedro  Sanches  Poeta  eruditiffi- 
mo  Epijl.  32.  virum  praclara  eruditionis, 
et  divina  pene  in  dicendo  facúndia.  Nicol. 
Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  437.  col. 
I.  Poeta,  (ò"  Orator  latina  lingua  difertif- 
fimus,  omniumque  in  ea  gente  eruditorum  fua 
atatis  hominum  judicio  probatus,  <&  laudi- 
bus    exomatus.      Leytaõ     Not.     Chronol.     da 


Univerfid.  de  Coimb.  pag.  571.  n.  1211.  So- 
licitou com  feus  fuaviffimos  Poemas,  e  elegantif- 
fimas  Bpiflolas  a  correfpondencia  dos  Portugue- 
t(es  mais  doutos  do  feu  tempo.  Ignacio  de  Mo- 
raes Eleg.  Cardofi  lib.  2.  B2eg.  24.  lhe  £» 
o   feguinte    Elogio. 

Quàm    bene    depinfft  pulcbros    Cardofus    ho- 
nores 

Mufarum"^  ut  dulce  manat  ab  ore  lepos 
Quanta  demulcet  mentis  dulcedine  fandi 

Et  novit  Veterum  f cripta  vefluta  viriim. 
Quidquid     Grammatici    doai   fcripfere    Ma- 
giflri 

Quidquid  Arifloteles  protulit,    atque    Plato. 
Quidquid  doãores  legum,  Jurifque  periti, 

Et  quidquid  demiim  Grada  doãa  tuJit, 
Protulit  in  lucem  muJtis  celata  tenebris. 

Qua  fimul  exomat  floribus  ipfe  fuis. 
Nunc  Cicero  efi  vifus;  fed  fi  non  fallor  amore 

Alter  Virfflius  pofimodo  vifus  erit. 

E  em  outro  lugar  o  mefmo  Moraes. 

Seu  cupis  Orator  profam  feu  fcribere  carmen, 
Tullius  es  profa.  Carmine   Virfflius. 

Carmina  componas,  feu  fcribas  verba  foluta 
Alter  VirffliuSf  Tullius  alter  ades. 

Compoz. 

Ubellus  de  Terremotu,  de  vario  amore  Eglo- 
ga;  de  Difciplinarum  omnium  laudibus  Oratio. 
Conimbricse  apud  Joannem  Barrerium,  et 
Joannem  Alvarum  Typog.  Reg.  1550.  8. 
Deíla  Oraçaõ  recitada  em  a  Univerfida- 
de  de  Lisboa  em  o  primeiro  de  Ou- 
tubro de  1536.  fez  eUe  mençaõ  em  hu- 
ma das  fuás  Epiílolas  efcrita  a  André 
Cotrim  foi.  26.  v.o  Antonius  auditor  meus, 
à  quo  Epiflolam  bane  accipies,  vir  eminentif- 
fime,  ad  me  nec  opinantem  {non  fine  incom- 
parabili  meo  gáudio)  protulit,  velle  te  fum- 
mopere  Orationem,  quamdam,  quam  pro  rof- 
tris  Olyfiponenfi  Academia  ut  cumque  babm, 
videre.  Id  quod  animum  erexit,  nec  minorem 
etiam  fpem  addidit,  cum  fperarem  fore,  ut 
non  mediocrem  gloriam  brevi  affequerer;  fi  Vi- 
gila mea  qualefcumque  fint,  in  tanti  Arif- 
tarchi    manus    devenirent. 


490 


BIB  LIO  TH  E  CA 


Diãionarium  Juventuti  Studioja  admodum 
fruffferum.  Conimbricíc  apud  Joannem  Bar- 
rerium,  &  Joannem  Alvarum  Tjrp.  Reg. 
1551.  8.  Q)níla.  De  partihus  corporis;  de 
veftihtis,  de  Armis,  de  conjanguinitatihm ,  e^ 
Affinitatibus ;  de  officiis  tam  Ecclejiajlicis,  quam 
prophams;  de  partihus  adium;  de  Hortis;  de 
arboribus;  de  animalibus  terreftribus ;  de  pifci- 
bus;  de  avibus.  Dedicado  Clarijfimo  ptiero  Em- 
manueli  Góes  Damiani  à  Góes  monumentorum 
hufitania  Regni  prafe£H  filio.  Sahio  fegunda 
vez.  Qjnimbricíe  apud  Joannem  Alvarum. 
IJ62.  8. 

Egloga,  qtia  Sjienis  injcribitur  de  vario  amo- 
re  aliaque  fimul  poemata.  Conimbricac  apud 
loan.   Barrerium.   1553.   8. 

Epijlolarum  familiarium  libellus.  Olylipo- 
ne  apud  loanem  Barrerium  Typ.  Reg.  1556. 
8.  Dedicado  Clarijftmo  adolefcenti  D.  Alfon- 
fo  llluftrijfimi  viri  Domini  Sanãii  a  Noronha 
de  Mira  domini,  <&  Extremotia  Areis  prafeãi 
maximi  filio. 

De  obiíu  Serenijfimi  Principis  D.  Ljidovici 
Vortugallia  Infantis  Dialogus  cum  aliis  Epigram- 
matis.  Olyíipone  apud  loan.  Barrer.  Typ. 
Reg.    1556.   8. 

Inftitutiones  in  Latinam  linguam  breviores,  et 
eluâdiores,  quàm  ante  hac  alia  in  lucem  edita 
Junt.  Olyíipone  apud  eumdem  Typ.  1557. 
8.  Dedicadas  Clarijfimo  adolefcenti  D.  Joanni 
Menefio.  Vafconcelio  praflantijfimi  viri  D.  Al- 
fonfi  Menefii  Vafconcelii  equitum  Magiflri  filio, 
Comitifque  Penele  nepoti.  He  huma  Arte  de 
Gramática,  que  comprehende  defde  as  decli- 
naçoens  dos  nomes,  e  conjugaçoens  dos  ver- 
bos até  a  compoílçaõ  dos  Verfos.  Nella 
cenfura  o  methodo  de  outros  Gramáticos, 
que  por  muito  extenfo  confunde  aos  prin- 
cipiantes, ou  por  muito  fucinto  lhes  difi- 
culta a  fua  perfeita  intelligencia.  Conclue 
com  a  feguinte  Elegia  ao  Leytor  em  que 
reprova  as  Artes  de  Defpauterio,  e  Ne- 
briza. 

Exce  per  anfraãus,  vaftique  pericula  Ponti, 
Eejfa  tenet  portam  noftra  carina  fuum. 

Grammatica    gaudete    qtàbus   pracepta    paravi, 
Óptima,  qua  ducant  vos  breviore  viá. 

Ad  juga  Pamajfi,  viridifque  Heliconis  ad  arces, 
Nec  non  ad  Phabum,  Pieridefqiie  novem. 


Spemite  Nebrijfa  numerofa  volumina  doai, 

Qua    fint    doíia    licet,    longa    putanda    ta- 
men, 
Fafiidite  precor  Ninivita  Scripta  loquacis,  % 

Cujus  longa  nimis  pagina  fruge  caret. 
Hanc  legite,  et  verfate  diu  quam  tradimus  Ar- 
tem, 

Qua  brevis,  e>*  multa  luce  refufa  nitet. 
Ergo  te   moneo  nimium   Studiofa  jtaentus, 

Ut  qua  pracepi  fingula  mente  geras. 
Nam   quacumque   legis  prifcorum   è  fontibus 

haufi,  ^ 

Quos  mea  verfavit  noãe,  dieque  manus. 
Pracipue  cultis   legi  Ciceronis  in   hortis, 

Qua  fuerant  operi  confona,  (&  apta  meo. 
Non  fecus    ac   fiorum    beneolentum    germina 
mille 

Mollibus  in  pratis  Dadala  livat  avis. 

Sahio  fegunda  vez  imprefla.  Olyfipone 
in  Officina  loannis  Blavii  de  Agripina  G> 
lonia.  Anno  Domini  1562.  Dedicado  a  El- 
Rey  D.   Sebaíliaõ. 

Apologus  de  morte,  (ò"  de  Pafiore  cum  aliis 
elegiacis.  Olyfipone  apud  eumdem  Typog. 
1558.  8.  No  fim  tem  huns  enigmas  tradu- 
zidos de  Caílelhano  em  Verfo  latino  ly- 
rico. 

De  Monetis,  tam  ff-acis,  quám  latirás. 
Item  de  Ponderibus,  Menfuris  ad  prafentem 
ufum  redaãis  Anacephaleofis.  No  fim  Genc- 
thliacon  Emmanuelis  pueri,  hoc  ejl  Reffs  Joan- 
nis  III.  filii.  Gínimbricac  apud  loannem 
Alvarum  Typ.  Reg.  1561.  8. 

Elegiarum  libri  duo.  Olyfipone  apud  loan- 
nem Barrerium  Typ.  Reg.  1563.  8.  Dedi- 
cadas ao  infigne  lurifconfulto  Álvaro  Ve- 
lafco. 

Sylvarum  liber  unus.  Conimbricx  apud 
loannem  Barrerium.  1564.  8.  No  fim. 
Epithalamium  Sereniffima  Joanna  Caroli  V. 
filia,  five  de  ingrejfu  in  urbem  Olyfiponenfem 
Sereniffima  Joanna  Regina  defig^ta.  O  Pa- 
dre António  dos  Reys  o  celebra  pela 
obra  das  Sylvas  com  cilas  vozes  métri- 
cas no  Enthuf.  Poet.  n.  84. 
Cardofus  in  alto 

Culmine  perftabat   montis;  fjlvifque  fub 
ipfis 


L  USITANA. 


491 


^«£W  /bi  conjevit,  vigilique  labore  rigavit 
Otia  carpebat  recubans. 


rum  labori  conjukrem.    Citius  enim  ptieri  ad  id, 
qmd  confeqtú  fiudent  boc  compendiolo  perducun- 


Diãionarium  luitiruhLufitanicum,  &  vice  ver-     tur;    quàm  fi  ambaffofa    Nebrijfenjis   carmina. 


fa  LMjiíano  -  Latinum  cum  adafforum  fere  om- 
nium  juxta  feriem  alpbabeticam  pro  utili  expo- 
fitione  Ecclejiajlicorum,  ó"  vocabulorum  interpre- 


et  tot  anfraãibus  implicata  perdifcant.  Tu  fi 
htác  labori  meo  álbum  calculum  adfeceris  mit- 
tam   ad  te   aliquot  ex   bis,   ut  inter   auditores 


tatione.    Conimbricae  apud  loannem  Barrerium     tuos   eo   quo  ftatueris  pratio   veniunt.     Multum 


ieptem  Idus  Julii  M.  D.  LXIX.  4.  No  prin- 
cipio eílá  hum  Alvará  delRey  D.  Sebaíliaõ 
paíTado  em  Lisboa  a  4,   de  lulho  de   1569. 


enim  conferet  illis  bujus  libelli  retraãatio  modo 
memoria  diligenter  affigant,  Te  vero  maffta  libe- 
rabis  moleflia  cUm  citra  laborem  illis  facile  pof- 


a  Filippa  Cardofa  mulher  do  Bacharel  lero-  fis    omnium    verborum  praterita,  fupinaque    in- 

nimo  Cardofo  para  que  nenhuma  peíToapof-  culcare.     Sed  id  qualecumque  fit,    tuo   candiSf- 

ia    imprimir,    nem    condu2Ír    de    fora    para  fimo  Judicio,    tuisque  purgatijfimis   auribus  per- 

vender  eíle  Dicionário  para   cuja  impreíTaõ  mitimus  cafHgandum.    Como  naõ  coníla  defta 

concorreo  o  mefmo  Príncipe  com  hum  do-  carta    o    anno    em    que    foy   efcríta   fe    naõ 

nativo    fendo    o    primeiro    author    que    em  pode   colher   o  anno  da  impreííaõ   da  obra 

Portugal  compoz  obra  defte  argumento  co-  aílima  nomeada  por  cujo  motivo  a  colloca- 


mo  fe  colhe  das  palavras  de  Seballiaõ  Stoc- 
kamero  Alemaõ  em  a  Dedicatória  a  ElRey 
D.  Sebaftiaõ  dizendo  E^egium,  novumque  inf- 
titutum  Hjeronimi  Cardofi.  Sahio  fegunda  vez 
Olyíipone  apud  Alexandrum  de  Siqueira  ex- 
peníis  Simonis  Lopeíii  Bibliopobe  1592.  No 
fim  fe  lhe  acrecentou  hum  Alfabeto  de 
Frazes  Portuguezas,  e  Latinas  com  o  titu- 
lo Varii  loquendi  modi  &c.  fahio  terceira  vez 
UlyíTipone  apud  Antonium  Alvres  1601.  4. 
&  ibi  apud  Petrum  Craesbeeck.  16 19.  & 
ibi  apud  Laurentium  de  Anvers  1643.  4* 
&  ibi  apud  Antonium  Crasbeeck  de  Mel- 
lo 1677.  4.  &  ibi  apud  Dominicum  Gir- 
neiro  Trium  Ord.  Milit.  T5^g.  1694.  foi. 
Dedicado  ao  Girdeal  Cornaro  Núncio  Apof- 
tolico  nefte  Reyno  da  Santidade  de  Inno- 
cencio  XIL  Da  repetição  de  tantas  im- 
preíToens  fe  manifeíia  o  confumo  defta  obra, 
e  a  eftimaçaõ  que  fempre  mereceo  dos  ef- 
tudiofos  das  Unguas  Latina,  e  Portugueza 
naõ  podendo  diminuir  a  gloria  que  alcan- 
çou pela  fua  primazia  o  Dicionário  do  in- 
figne  Agoílinho  Barboza,  e  a  Prozodia  do 
Padre  Bento  Pereira  tantas  vezes  impref- 
fos. 

De  Prateritorum,  et  Supinorum  ratione.  Def- 
ta obra  faz  o  author  mençaõ  em  huma 
carta  efcrita  a  António  Pimenta  Meílre  de 
Gramática.  Olyfipone  Oâavo  Calend.  No- 
vemb.  foi.  41.  v.o  Superioribus  diebus  excuden- 
dum  tradidimus  libellum  de  Prateritorum,  et 
fupinorum  ratione,  ut  et  meo,  et  auditorum  meo- 


mos  em  ultimo  lugar. 

lERONIMO  DO  CARVALHAL  FREY- 
RE  natural  da  Qdade  de  Beja  Fidalgo 
da  Caza  Real  fendo  filho  de  Chriftovaõ 
do  Carvalhal,  e  de  D.  Izabel  Freyre  de 
Andrade.  Querendo  nobilitar  a  pátria,  que 
lhe  dera  o  berço  efcreveo  com  eftilo  fin- 
cero  em  o  anno  de   1609. 

Memorias  hijloricas  da  Cidade  de  Beja.  M. 
S.  Confervaõfe  em  poder  do  Doutor  Luiz 
Freyre  de  Andrade  Ouvidor  da  Comarca 
de  Setúbal  fegimdo  Neto  do  Author  como 
efcreve  o  P.  Fr.  Manoel  de  Saà  Mem.  Hifl. 
da  Ord.  do  Carm.  da  Prov.  de  Portug.  Part. 
I.  liv.  3.  cap.  9. 

lERONIMO  CASTANHO  cuja  pátria, 
e  género  da  vida  fe  ignoraõ,  o  qual  como 
efcreve  o  moderno  addidonador  da  B/^. 
Orient.  de  António  de  Leaõ  Tom.  i.  Tit. 
3.  col.  78.    Compoz. 

Aíemorial  a  ElRey  fobre  o  f ocorro  de  An- 
gola, e  conqiúfla  de  Bengala,  foi.  M.  S.  O 
original  fe  conferva  na  BibUotheca  delRey 
Catholico. 

P.  lERONIMO  DE  CASTILHO  Na- 
ceo  em  Lisboa  a  23  de  laneiro  de  1674 
fendo  filho  de  António  de  ^Macedo,  e 
D.  Violante  de  Caílilho  defcendentes  de 
nobres    £unilias.    Na    tenra  idade   de  treze 


492 


BIBLIO THECA 


annos,  c  finco  mezes  foy  admitido  à  Com- 
panhia de  lESUS,  e  nella  procedeo  com 
tal  pureza  de  cuftumes  que  parece  fora 
mais  a  eníinar,  que  a  aprender  virtudes. 
Sendo  ainda  antes  de  religiofo  infigne  hu- 
maniíla  novamente  fe  aplicou  às  letras  hu- 
manas em  o  Gjllegio  de  Coimbra,  e  fez 
taes  progreflbs  a  viveza  do  feu  engenho 
ou  foíTe  metrificando,  ou  orando,  que  me- 
receo  as  honorificas  antonomafias  de  Vir- 
gílio, e  Cicero  Portuguez.  Eíhidada  Filo- 
fofia  cm  Coimbra  enilnou  no  Collegio  de 
Santo  Antaõ  de  Lisboa  finco  annos  Huma- 
nidades de  cujos  preceitos  fahiraõ  difcipulos, 
que  foraõ  Meftres.  Foy  mandado  eíludar 
Theologia  no  Collegio  Romano  onde  com 
igual  aplauzo  do  feu  talento,  e  da  Naçaõ 
Portugueza  defendeo  conclufoens  Magnas 
moftrando  tanta  profundidade  naquella  fu- 
blime  Faculdade,  que  o  ReverendiíTimo  Vi- 
gário Geral  da  Companhia  Miguel  Angelo 
Tamburino  intentou  perfilhallo  em  a  Pro- 
vinda Romana.  Reftituido  a  Portugal  leu 
Rhetorica  em  Coimbra  aos  feus  Collegas,  e 
depois  Filofofia.  Em  a  Univerfidade  de 
Évora  regentou  a  Cadeira  de  Sagrada  Ef- 
critura  em  que  diftou  o  feu  David  Penitente 
que  deixou  imperfeito.  AíTiílio  como  Con- 
feíTor,  c  direftor  dos  eíludos  do  Senhor  D. 
loze  filho  do  auguíHíTimo  Monarcha  D.  Pe- 
dro II.  hoje  digniffimo  Arcebifpo  Primaz  de 
Braga,  cuja  incumbência  largou  por  cauzas 
urgentes.  Como  era  muito  perito  na  pu- 
reza do  idioma  latino  foy  eleito  entre  os 
fincoenta  primeiros  Académicos  de  que  fe 
formou  a  Academia  Real  da  Hiíloria  Por- 
tugueza em  o  anno  de  1721.  para  efcrever 
as  Memorias  do  Bifpado  de  Coimbra.  Se- 
gunda vez  partio  a  Roma  com  o  lugar  de 
ConfeíTor  do  EmniinendíTimo  Cardial  lozé 
Pereira  de  Lacerda  quando  por  morte  de 
Innocencio  XIII.  hia  votar  na  eleição  do 
futuro  Pontífice,  e  achou  naquella  Corte  taõ 
firmes  as  memorias  da  eíUmaçaõ  para  com 
a  fua  peíToa,  que  pudera  o  agradecimento 
para  os  eftranhos  difputar  com  a  fidelidade 
dos  naturaes.  Depois  de  voltar  para  a  Pá- 
tria exercitou  o  feu  talento  no  minifterio 
do  púlpito  em  que  fazia  efquecer  pela  ven- 
tagcm,   e   lembrar   pela   imitação   os   mayo- 


res  Oradores  que  lhe  precederão.  AíTaltado 
de  huma  febre  maligna,  que  fe  fez  invencí- 
vel a  todos  os  remédios  da  Arte  confervou 
entre  violentas  operaçoens  aquella  tranqui- 
lidade de  efpirito,  de  que  fora  ornado  atè 
que  rendida  a  natureza  entregou  placida- 
mente  a  alma  nas  maõs  do  feu  Criador  a 
6  de  Mayo  de  1730  cm  o  Collegio  de  S. 
Antaõ  quando  contava  56  annos  três  mezcs, 
e  treze  dias  de  idade.  A  Oraçaõ  Latina  que 
na  Univerfidade  de  Coimbra  recitou  em 
aplauzo  de  S.  Izabel  Rainha  de  Portugal 
mereceo  as  aclamaçoens  de  todos  os  Ca- 
thedraticos  pela  pureza  da  latinidade,  deli- 
cadeza de  conceitos,  c  novidade  da  idca. 
Deixou  excellentes  Poezias  Latinas,  e  Ser- 
moens  vários  dignos  da  luz  publica,  c  uni- 
camente a   logrou. 

EpíBnotaphion  Encomiújiicum  R.  admodum 
P.  Antonii  Vieyra  Societ.  Jef.  Lisboa  por 
Miguel  Rodrigues  ImpreíTor  do  Senhor  Pa- 
triarcha.  1736.  4.  Sahio  a  pag.  249.  do 
livro  intitulado  Vo^es  Jaudov^as  da  "Eloquên- 
cia que  publicou  o  P.  André  de  Barros  da 
Companhia  de  lESUS.  O  epitáfio  he  com- 
pofto  em  cftilo  lapidario  com  elegância,  c 
fubtileza. 

Conta  dos  feus  eftudos  Académicos  no  Pa- 
ço a  zi  de  Outubro  de  1729.  Sahio  no 
Tom.  9.  da  Colleç.  dos  Docum.  da  Acad. 
Keal.  Lisboa  por  lozé  António  da  Silva 
1729.   foi. 

Fr.  lERONIMO  DE  CASTRO,  E  CAS- 
TILHO natural  de  Lisboa,  c  filho  de  luliaõ 
de  Caftilho.  ProfeíTou  o  fagrado  inftituto 
da  Religião  da  SantiíTima  Trindade  em  o 
Convento  de  Toledo,  e  depois  de  fe  apli- 
car aos  eftudos  efcholafticos  cultivou  a  Hif- 
toria  aíTim  Eclefiaftica  como  profana  cm 
que  foy  imitador  de  feu  Pay  profeguindo, 
e  continuando  até  o  reinado  de  Filipe  IV. 
a  que  elle  cfcrevera,  e  publicara  cm  Bur- 
gos de  cuja  Diocefe  era  natural;  por  Fi- 
lippe  de  lunta  1582.  foi.  com  o  titulo. 

Hifloría  de  los  Keys  Godos  que  vinieron  de  la 
Scythia  de  Europa  contra  el  Império  Romano,  y  a 
E/paria  confucejfion  de  los  bafta  los  Catholicos  Reyes 
D.  Feirando,  y  D.  Isabel.  Madrid  por  Luiz 
Sanches    ImpreíTor    delRey    1624.    foi.    De- 


L  USITAN  A 


49.3 


bicada  a  D.  Manoel  da  Fonceca  y  Zuni- 
ga  Conde  de  Monterey,  e  de  Fuentes.  A 
addiçaõ  feita  por  Fr.  leronimo  de  Caftro, 
e  Caftilho  he  muito  curiofa,  e  bem  traba- 
lhada. 

lERONIMO  COELHO  natural  da  Villa 
de   Barcellos   do    Arcebifpado    de   Braga,   e 
hum  dos  celebres  filhos,  que  produzio  como 
efcrevem   António   de   Villas   boas,   e    Sam- 
payo   Nohí/.   Portug.   cap.   90.   pag.    109.   Fr. 
Pedro  Poyares  Trat.  Paneg.  da  Vil.  de  Barc. 
cap.    16.    pag.    28.    e   António   Carvalho    da 
Coíla  Corog.   Porttig.   Tom.   i.   Trat.   i.   cap. 
8.   pag.    26.     Eíhidadas   as   fciencias   feveras 
na   Univerfidade    de    Évora,    que   lhe   fervi- 
xaõ    de    condutoras    para    penetrar   as    difi- 
culdades da  Sagrada  Efcritura  em  que  fahio 
muito  perito  tendo  génio  particular  para  o 
púlpito  cujo  miniílerio  exercitou  muitos  an- 
nos  em  a  Provinda  de  Entre  Douro,  e  Mi- 
nho.   Foy   ornado   de  innocentes   coíhimes, 
e   de   fumma   vigilância   para   com   as   fuás 
ovelhas,    que    apacentou    fendo    Reytor    da 
Igreja  de  S.  Torquato  jimto  de  Guimaraens 
onde    acabou    louvavelmente    a    vida   em   o 
anno    de    1653.    quando    contava    65    annos 
de  idade.    Foy  devotiffimo  do  noíTo  Thau- 
maturgo   Santo   António  em  cujo   obfequio 
compoz  a  obra  feguinte,  que  fahio  poílhu- 
ma  com  efte  titulo. 

Difcítr/os  predicáveis  fobre  a  vida,  virtudes, 
e  milagres  do  Gigante  dos  Menores  Hercules  Por- 
iuguet(j  divino  Athlante  Santo  António  Primeira 
Parte  fobre  a  vida  do  Santo  do  tempo  de  fua 
meninice  até  fe  exercitar  no  Officio  de  Meftre. 
Lisboa  por  Henrique  Valente  de  Oliveira. 
1665.    4. 

Segunda  Parte.  Do  tempo  em  que  o  Me- 
nino Deos  fe  lhe  pòs  em  os  braços  até  que  na 
eternidade  fe  lhe  manifeflou  gloriofo.  Lisboa 
por  Domingos   Carneiro.    1669.   4. 

D.  lERONIMO  CONTADOR  DE  AR- 

GOTE  Naceo  em  a  deliciofa  Villa  de  Col- 
lares  do  Patriarchado  de  Lisboa  a  8  de 
lulho  de  1676.  Foraõ  feus  Pays  o  Doutor 
Luiz  Contador  de  Argote,  que  depois  de 
fer  Dezembargador  na  Relação  do  Porto,  e 


na  Caza  da   Suplicação   fe  recolheo  à  Con- 
gregação do  Oratório  deíla  Cidade  onde  no 
eílado   de   Leygo   acabou   piamente   a   vida; 
e  D.  Maria  lofefa  Lobo  da  Gama  de  igual 
nobreza   à    de    feu    conforte.     Aprendeo    os 
primeiros  rudimentos  em  a  Cidade  do  Por- 
to,   e    os   preceitos    da   lingua   latina   em   o 
Collegio    de    S.    Francifco    Xavier   da   Paro- 
chia  do  Paraizo  em  Lisboa  com  os  Padres 
lefuitas  Álvaro  Machado,  e  António  Vieyra. 
Na  tenra  idade  de  doze  annos,  e  meyo  dei- 
xando   a    amável    companhia    de    feus    Pays 
veílio  a  roupeta  de  Clérigo  Regular  Thea- 
tino  em  a  Caza  de  N.    Senhora  da  Divina 
Providencia  defta  Corte  a  22  de  laneiro  de 
1688.     Aplicado    aos    eftudos    Efcholallicos 
como  foíTe  ornado  de  grande  comprehenfaõ 
fahio  nelles  taõ  egregiamente  inítruido,  que 
foy  eleito  para  diâar  Filofofia  cuja  incum- 
bência  interromperão   as    diverfas    moleítías, 
que  o  obrigarão  por  preceitos  dos  Médicos 
a   mudar  de   clima,   e  ainda  que  aíTiílio  al- 
gum tempo  na  Província  de  Entre  Douro, 
e   Minho,   naõ   experimentando   a   melhora, 
que  pertendia  voltou  para  Lisboa  no  anno 
de   171 3.    Depois  de  alcançar  perfeita  intel- 
ligencia  das  linguas  Latina,  Grega,  Franceza, 
e  Italiana  cultivou  com  particular  difvelo  a 
Hiftoria  Sagrada,  e  profana  fervindo-lhe  de 
direftoras  a  Chronologia,   e   Geografia   para 
fe  inftruir  em  os  fuceíTos  acontecidos  defde 
o  principio  do  mundo  até  o  feu  tempo  re- 
provando com  critica  judiciofa  tudo  quanto 
julgava  apocryfo,  e  feguindo  fem  a  menor 
preocupação  as  opinioens  mais  folidas  e  ver- 
dadeiras.   Ornado  deites  fcientificos  dotes  fe 
fez  merecedor  de  fer  alumno  da  Academia 
Portugueza  inílituida  no   Palácio   do   Excel- 
lentiíTimo    Conde    da    Ericeira   D.    Francifco 
Xavier  de  Menezes  onde  recitou  em  diver- 
fas conferencias  doutilTimos  Difcurfos  fobre 
as  Fabulas  introduzidas  na  Hiíloria  atribuin- 
do-as  à  ignorância,  malicia,  Poezia,  e  Pintu- 
ra. Entre  os  primeiros  fincoenta  Académicos 
de  que  fe  formou  a  Academia  Real  da  Hif- 
toria  Portugueza  foy  nomeado  por  Sua  Ma- 
geftade    para    efcrever    as    Memorias    Hifto- 
ricas  do  Arcebifpado  de  Braga,  argumento 
digno   dos   feus   profundos   eftudos,    o   qual 
dezempenhou  com  admiração  dos  feus  mef- 


494 


BIB  LIO  THE  CA 


mos  Collegas,  e  de  todos  os  profeíTores 
da  Hiftoria,  de  que  faõ  patentes  teílemu- 
nhas  as  multiplicadas  produçoens,  que  tem 
publicado  o  feu  fecundo  talento  cujo  Ca- 
thalogo  he  o  feguinte. 

DiJfertaçaÔ  da  vinda  de  S.  Tiago  a  Hefpa- 
nha  provada,  e  fuftentada  com  a  doutrina  do 
Máximo  Doutor  S.  Jerónimo,  foi.  Coníla  de 
52  paginas.  Sahio  impreíTa  na  Collec.  dos 
Docum.  e  Memor.  da  Acad.  Keal  Vortug.  do 
anno  de  1722.  Lisboa  por  Pafchoal  da  Syl- 
va  Impreflbr  delRey.  1722.  foi. 

Conta  dos  feus  ejludos  Académicos  recitada 
na  Academia  Keal  a  24  de  Fevereiro  de  1724. 
Sahio  no  Tom.  4.  da  Collec.  dos  Docum. 
e  Mem.  da  dita  Academia  Lisboa  por  Paf- 
choal da   Sylva.   1724.  foi. 

Conta  dos  feus  ejludos  Académicos  re- 
citada no  Paço  a  -j  de  Setembro  de  ijz^. 
No  Tom.  5.  da  Collec.  dos  Docum.  da  Aca- 
demia. Lisboa  pelo  dito  Impreflbr.  1725. 
foi. 

Conta  dos  feus  efludos  Académicos  recitada 
na  Academia  a  22  de  Agoflo  de  1726.  No 
Tom.  6.  da  Collec.  dos  Docum.  e  Mem.  da 
dita  Acad.  Lisboa  por  lozeph  António  da 
Sylva.    1726.    foi. 

Conta  dos  feus  efludos  na  Academia  a  4 
de  Janeiro  de  1731.  Sahio  no  Tom.  11.  da 
Collec.  dos  Docum.  &c.  Lisboa  pelo  dito 
Impreflbr.   1731.  foi. 

Conta  dos  feus  efludos  Académicos  recitada 
no  Paço  a  z^  de  Outubro  de  1732.  No  Tom. 
II.  da  ColleçaÕ  dos  Documentos  &c.  Lisboa 
pelo  dito  Impreflbr.  1732.  foi. 

De  Antiquitatibus  Conventus  Bracharauguf- 
tani  libri  quattuor  vernáculo,  latinoque  fermone 
confcripti.  Olyíipone  apud  Jofephum  Anto- 
nium  da  Sylva  1728.  foi.  Sahio  no  Tom. 
8.  da  Collec.  dos  Documentos,  e  Memor.  da 
Academia  Keal,  Secunda  editio  quinto  libro 
locupletata.  ibi  Typis  Sylvianis  Regalis  Aca- 
demias.   1738.   4.   grande. 

Memorias  para  a  Hijioria  EccleJiaJiica  de 
Braga  Primas  das  Efpanhas.  Tom.  i.  que  trata 
da  Geo^afia  do  Arcebifpado  Primav^  de  Braga, 
e  da  Geo^ajia  antiga  da  Provinda  Bracharenfe. 
Lisboa  por  Jozeph  António  da  Sylva  Im- 
preflbr da  Academia.   1752.  4.  grande  com 


eftampas.  Defla  obra  faz  memoria  o  addi- 
cionador  da  Bib.  Geograf.  de  António  de 
Leaõ  Tom.   3.  pag.   615. 

Memorias  para  a  Hijioria  Ecclejiajlica  de 
Braga  Primas  das  Efpanhas  Tom.  2.  compre- 
hende  a  Geografia  do  Arcebifpado  Prima^  de 
Braga,  e  a  Geografia  antiga  da  Provinda  Bra- 
carenfe.  Ibi  pelo  dito  Impreflbr.  1754.  4. 
grande. 

Memorias  para  a  Hijioria  Ecclejiajlica  de 
Braga  Primav^  das  EJpanhas.  Tom.  3.  Lis- 
boa na  Ofíicina  Sylviana  da  Academia  Real 
1744.   4.   grande.  | 

Sermão  da  Payxaõ  pregado  no  Convento  de 
NoJJa  Senhora  da  Divina  Providencia.  Lisboa 
por  António  Pedrozo  Galraõ.  171 7.  4.  & 
ibi  por  António  Ifidoro  da  Fonceca.  1735. 
4.  Com  o  nome  do  Padre  Caetano  Maldo- 
nado da  Gama. 

Kegras  da  lingua  Portugues^a,  ejpelho  da 
lingua  latina,  ou  dijpojiçaõ  para  facilitar  o  en- 
Jino  da  lingua  latina  pelas  regras  da  Portuguev^a. 
Lisboa  por  Mathias  Pereira  da  Sylva,  c 
loaõ  Antunes  Pedrozo.  1721.  8.  e  mais 
acrecentada,  e  correfta.  Lisboa  na  Ofíicina 
da  Muíica.    1725.   8. 

Vida,    e    milagres    de    SaÕ   Caetano    Thiene 
Fundador  dos  Clérigos  Kegulares.    Lisboa  por     fM 
Pafchoal  da  Sylva  Impreflbr  de  S.  Magefla- 
de.    1722.    4.     Sahio    huma   addiçaõ    a   efta   ^— 
obra  pelo  mefmo  author.    Lisboa  por  An-  ■ 
tonio  Ifidoro  da  Fonceca.   1743.  4. 

Traduzio  da  lingua  Italiana  do  Padre 
lozè  Gentil  da  Companhia  de  lESUS  em 
a  materna,  e  dedicou  a  Serenifllma  Princeza 
do  Brazil. 

Vida  da  Ven.  Madre  Kofa  Afaria  Se- 
rio de  Santo  António  Carmelita  da  antigua 
obfervancia,  e  Priora  do  Mofleiro  de  S.  Jo^è 
de  Fa^ano  Baliado  da  KeliffaÕ  na  Provinda  de 
Bari  do  Keyno  de  Nápoles.  Lisboa  por  Fran- 
cifco  da  Sylva.   1744.  4. 


Fr.  lERONIMO  CORRÊA  da  illuf- 
trc  Ordem  dos  Pregadores  a  quem  Fr. 
Luiz  de  Souza  na  Hijl.  de  S.  Domifh 
gos  da  Prov.  de  Portug.  Part.  3.  liv.  i. 
cap.   3.  intitula  grande  PeJJoa,  e  grande  fojH- 


L  USITANA. 


495 


fo.  A  obfervancia  do  inliituto  unida  com 
a  iníigne  literatura  que  profeíTava  o  habili- 
tarão para  fer  eleito  Provincial  no  anno  de 
1585.  cujo  lugar  adminiílrou  hum  anno  por 
determinação  do  Meílre  Geral  Fr.  Xifto  Fa- 
bri.  Floreceo  até  o  anno  de  1600.  deixando 
cfcrito. 

De  concórdia  fcientiarum.  M.  S. 
De  privilegiis   Ordinis   Pradicatortim  à  fede 
\poftolica  concejfis.    M.    S. 

Do  author,  e  deftas  obras  fazem  memo- 
moria  Fernand.  Notit.  Script.  Ord.  Prad. 
loan.  Soar.  de  Brito  Theatr.  Ljijit.  L.iter. 
lit.  H.  n.  15  Echard.  Script.  Ord.  Prad. 
Tom.  I.  pag.  327.  col.  2.  e  Monteiro  Clauft. 
Domin.  Tom.  3.  pag.  230.  Da  fegunda  obra 
fe  lembra  Lipenio  ^ih.  Keal  Theolog.  pag. 
545- 

lERONIMO  CORRÊA  natural  de  Lis- 
boa onde  exercitando  o  officio  de  ourives 
•do  ouro  em  que  era  iníigne  o  naõ  foy  me- 
nor em  a  cultura  da  Poezia,  e  exercido  de 
aftos  religiofos  em  que  fe  defcubria  a  pie- 
dade do  feu  animo.  Afliílio  algum  tempo 
em  o  Reyno  de  Angola  donde  reftituido  à 
pátria  acabou  a  vida  privado  do  juízo  em 
o   Hofpital   Real   a    20    de    Mayo    de    1660. 

Compoz. 

Daphene,  e  Apollo.  Lisboa  por  Pedro 
Crasbeeck.  1624.  8.  Confta  de  100  Outavas 
Portuguezas. 

CançaÕ  à  morte  do  Serenijftmo  Infante  D. 
Duarte.  Lisboa  na  Offidna  Crasbeeckiana. 
1649.  4-  -^  Ç-^í3&  duas  obras  poéticas  ce- 
lebra o  P.  António  dos  Reys  no  feu  £«- 
thus.   Poet.  n.  96. 

Dulcifonam  puljans   Citharam    Corrêa   cane- 

bat 
Qualiter  intonfum  fugiens  Peneià  Phabum 
Fixa   repente  pedes  fleterit   circundata   libro 
Corpus   ad   imperium  fluvii    Genitoris,    alu- 

mna, 
Quem  tulit  afliãa  vafio  de  gurgite   clamor: 
Plorat  <&  Infantis  trifliffima  fata  Duardi 
Sic  meeflis  ele^s,  ut  vel  latijftma  Montis 
Numina  perpetuis  rorarent  imbríbus  ora. 


Têmpora   plangentis    cinxit    diademate    Taxi 
Melpomene:    triflem    trifiis    docet    illa    Poe- 
tam 
Arbor. 
Memorial   de  pecados,    e    breve    modo  para 
examinar    a    conciencia     com     Komances    para 
antes,    e    depois    da    Comunhão.      Lisboa    por 
Domingos    Carneiro     1662.     8, 

Devoto  Manual  para  ajfiflir  ao  Sacrofanto 
Sacrifício  da  Mijfa  com  Oraçoens  próprias 
para  todos  os  Mjflerios  que  nelle  fe  contem. 
Lisboa  por  Domingos  Carneiro  1677.  ^4 
&    ibi   por   loaõ   da   Cofta    1676.    12. 

Relação  da  vida,  e  morte  de  D.  Fran- 
cifco  do  Soveral  Bifpo  de  Angola.  M.  S.  Eíle 
Prelado  Faleceo  a  4  de  laneiro  de  1642. 
quando  naquelle  Reyno  aíTiília  o  Author 
defta  obra  a  quem  louva  lacinto  Cordeiro 
em    o    EJog.    dos    Poet.    Ljdfit.    Eílanc.    66. 

Geronimo  Corrêa  la  corriente 

Mitigo  dei  ingenio  prefurov^ 

Y  a  Filis  oluidò  de  amor  fentido 

Siendo   digno   de   aplaudo  j   nó   de   olvido. 

lERONIMO  CORTEREAL  Senhor 
do  Morgado  de  Palma  filho  terceiro  de 
Manoel  Cortereal  moço  fidalgo  delRey 
D.  Manoel  Capitão  Donatário  das  Ilhas 
Terceira,  e  de  S.  lorge  por  confirmação 
delRey  D.  loaõ  o  III  no  anno  de  1524. 
e  D.  Brites  de  Mendoça  Dama  da  Rai- 
nha D.  Catherina  filha  de  Inigo  Lopes 
de  Alendoça,  e  D.  Maria  de  BaíTan  Da- 
ma da  Rainha  de  Caftella  D.  Izabel,  fi- 
lha de  loaõ  de  BaíTan  II  Vifconde  de 
Valdierma  illuíbrou  a  nobre  qualidade 
do  feu  nacimento  com  os  admiráveis  pro- 
greíTos  que  fez  na  paleílra  de  Minerva, 
e  Bellona.  Havendo  deixado  celebre  o 
feu  nome  em  Africa,  e  Aíia  quando  foy 
Capitão  Mòr  de  huma  Armada  em  o 
anno  de  1571.  em  cujos  heróicos  thea- 
tros  triunfou  fempre  a  fua  efpada  dos  ini- 
migos da  Coroa  voltou  para  a  pátria,  e 
retirado  a  huma  Quinta  do  feu  Morgado 
junto  da  Qdade  de  Évora  lhe  fervia  de 
Mufeo  hum  fido  altiíTimo  formado  pela 
natureza  de  pedras  tofcas  de  cuja  emi- 
nência   fe    defcobriaõ    dilatados,    e    aprazi- 


496 


BIB  LIO  THE  CA 


veis  campos  por  onde  vagando  livremente 
a  fantezia  lhe  offereciaõ  varias  imagens  para 
as  fuás  métricas  obras  pelas  quais  mereceo 
fer  aplaudido  pela  auguíla  Mageftade  de 
Filippe  11.  em  huma  honorifica  carta  que 
lhe  efcreveo  em  8  de  Novembro  de  1576. 
por  lhe  ter  dedicado  a  Aujiriada  dizendo- 
Ihe  en  la  obra  moftraes  el  ingemo,jm:(io,  y  otras 
hienas  partes  de  que  Dios  os  há  dotado.  Seme- 
lhantes elogios  confagraraõ  à  fua  Mufa  os 
mayores  cifnes  do  Parnafo  Portuguez,  como 
faõ  D.  lorge  de  Menezes. 

(y    clara    lu^    da    Ijifitana   gente 
Honrajle    tua  pátria,    e    nojfa    idade 
Celebrandoa,      e      defendendo      altamente 
Co   a   e/pada,   e   mais  q  humana  habilidade 

O   Doutor  António   Ferreira. 
Quem    pode     ò    graÕ    leronimo     louvarte 
Dos   raros   dons   q   os   Ceos  em   ti  juntarão 
No    pincel    vences    naturev^a,    e    arte 
Na    Lyra    quantos    a    melhor    tocarão: 
Na  forte  efpada  representas  Marte 
Nos    brandos    verfos  poucos    te    igualarão 
Atè    no    claro  fangue,    e   gentileza 
Fortuna,    e    Ceos    roubafie    à    naturei^a. 

Diogo     Bernardes. 

Colhey    Nymfas    do     Tejo    as    mais    cheirofas 
Flores    de    quantas    rouba    o    tempo    avaro 
E    delias,    e   de    louro    a    Phebo    caro 
Com    roxos    lirios,    e    purpúreas    ro!(as. 

Tecei     alegres    já     nada     envejot^as 
Das    do   famofo    Pò,    e    Mincio    claro 
Capellas    a    ejle    vojfo  fpirito    raro 
Que     tanto     vos    honrou    Nymfas    fermofas 

Pedro      Landim. 

Hofles    confecit   juvenili    Hieronimus    avo 
Regia    cui    nomen    Cúria    ^ande    dedit. 

Hofles    confecit    maturo    Hyeronimus    avo 
Mirificis     condens      Verjibus     Hijloriam 

Ingenio  fUmus,  fummus  quoque  viribus  unus 
Et    belli    laudes,    ingenii    que    tulif. 

O  P.  António  dos  Reys  Etithuf.  Poet.  n.  45. 
Vates  quem  próprio  decoravit  nomine  Doctor 
Maximus  ille,  ferum  mifcentem  pralia  Mar- 

tem 
Fluãibus    in    mediis,     qui    carmine    pinxit, 

€>  urbis 
Mania  perpetua   globulorum   ^andine    quajfa 
Sed  non  fraUa  Diu:  cui  tu  Sepúlveda,  pane 


Gurgite     confumptus      mifera     cum     conjugt 
debes 

Totius    lacrymas,    gemi  tus,   fufpiria    mundi; 

Te  fiquidem  primus  cantando  fparfit  in  orbe 

Naufragtumqtte  tuum. 
Lope  da  Vega  Laurel  de  ApoUo  Sylv.  5. 
Porque  fi  defpertaran 
Ya  las  Cortes  Parnajftdes  llenaran 
Doâo  Cortereal  tu  nombre  folo 
Aim  no  quedara  con  el  fuyo  Apollo. 
Pedro  Mar.  Dial.  de  Var.  Hifl.  Dial.  5. 
cap.  10  lhe  chama  elegantiffimo.  Fr.  Bernard. 
de  Brito  Mon.  Eufit.  Part.  i.  liv.  2.  cap.  15. 
infigne  Poeta  naõ  menos  por  nobrev^  de  fan- 
gue, que  por  felicidade  de  entendimento,  c 
lib.  4.  cap.  8.  celebre  nobilijfimo  Poeta.  Ma- 
ced.  Flores  de  Efpan.  cap.  14.  cxcel.  2. 
injigne  Poeta,  e  na  Eujit.  Eiber.  Proaem.  1. 
§.  4.  n.  II.  illuflris  Poeta.  Faria  Prolog, 
a  2.  P.  da  Fuent.  de  Aganip.  n.  8.  fem- 
pre  efiudiofo;  e  no  Coment.  das  Eujiad. 
Cant.  2.  Eílanc.  50.  Nic.  Ant.  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  p.  438.  col.  2.  plurium  liberalium, 
atque  viro  nobili  dignarum  artium  co^itione, 
et  exercitio  deleãabatur  pracipue  pangendii 
verjibus.  Joan.  Soar.  de  Brit.  Theatr.  Eujit. 
Eiter.  lit.  H.  n.  16.  Cordeiro  Hijl.  Inful. 
liv.  6.  cap.  4.  §.  29.  Solorzano  de  lure 
Indiar.  Tom.  i.  lib.  i.  cap.  3.  n.  48.  o 
moderno  addicion.  da  Bib.  Orient.  de 
António  de  Leaõ  Tom.  i.  Tit.  3.  col.  62. 
e    Tit.    13.    col.    437. 

Sendo  o  feu  nome  taõ  celebrado  pelo 
enthufiafmo  da  Poeíia,  naõ  mereceo  me- 
nor aplauzo  pela  fciencia  da  Mufica,  c 
inteligência  da  Pintura  confervandofc  para 
teílemunho  da  valentia  do  feu  pincel  hum 
quadro  de  S.  Miguel  em  a  Capclla  das  Al- 
mas da  Parochia  de  S.  Antaõ  da  Cidade 
de  Évora.  Falleceo  na  fua  Quinta  do 
Morgado  de  Palma  antes  do  anno  de  1593. 
Foy  cazado  com  D.  Luiza  de  Vafconcel- 
los  filha  de  lorge  de  Vafconcellos  Prove- 
dor dos  Armazéns  de  quem  teve  huma 
filha  que  fe  defpozou  com  António  de 
Souza.      Compoz     em     verfo     folto. 

Sucejfo  do  fegundo  Cerco  de  Diu  eftando 
D.  loaõ  Mafcarenhas  por  Capitão  da  For- 
taleza anno  de  1546.  Lisboa  por  Antó- 
nio   Gonzalves    1574.    4.     Confta    de    21. 


L  USITANA 


497 


Cantos.  Dedicado  a  ElRey  D.  Sebaftiaõ. 
Sahio  traduzido  em  Caftelhano  por  Fr. 
Pedro    Padilha    Carmelita    com    eíle    titulo. 

La  verdadera  Hifloria,  j  admirahle  fu- 
ceffo  dei  fegundo  cerco  de  Diu  efiando  D.  Jmn 
Majcarenas  por  Capitan,  j  Governador  de 
la  Fortale^^a.  Alcala  de  Henares  por  luan 
Gradan.      1397.      8. 

FeliãJJima  Viãoria  concedida  dei  cielo 
ai  Senor  D.  Jmn  de  Aitjlria  en  el  golfo  de 
hepanto  de  la  poderofa  armada  Otbomana 
en  el  ano  de  nuefira  Jalvacion  de  1572.  Lis- 
boa por  António  Ribeiro.  1578.  4.  Confta 
de  1 5  Cantos  em  Verfo  folto  na  lingua  Cafte- 
Ihana  da  qual  foy  muito  perito  como  efcreve 
Nicolao  António  no  lugar  aíTima  citado. 

Naufrago,  e  lajlimofo  Juceffo  da  perdi- 
foõ  de  Manoel  de  Sou^a  de  Sepúlveda,  e  Do- 
na Uanor  de  Sã  Jua  mulher,  e  filhos  vindo 
da  índia  para  efte  Reyno  na  Nao  chamada 
o  GaleaÕ  grande  S.  JoaÕ  que  fe  perdeo  no 
Cabo  da  Boa  E/perança  na  terra  do  Natal; 
e  a  peregrinação  que  tiveraõ  rodeando  terras 
de  Cafres  meãs  de  trezentas  legoas  té  ftia 
morte.  Lisboa  por  Simaõ  Lopes.  1594.  4. 
ConAa  de  17  Cantos.  Efta  obra,  que  o 
author  eítimava  fobre  todas  as  que  tinha 
compofto  deu  à  lu2  feu  Genro  António 
de  Souza,  e  a  dedicou  ao  Duque  de  Bra- 
gança D.  Theodozio.  Foy  traduzida  em 
Caftelhano  em  Outava  rima  por  Fran- 
dfco  de  Contreras  com  o  nome  de  Nave 
Trágica  de  índia  de  Portugal.  ^íadrid.  1624. 
4.    Dedicado     a     Lopo     de    Vega    Carpio. 

Epilogo  de  Capitaens  infignes  Portugue- 
:(es  M.  S.  Defta  obra  fazem  mençaò  Brito 
Aíon.  Lu/t.  Part.  i.  liv.  2,  cap.  15.  e 
Macedo  Flor.  de  Efpan.  cap.  14.  excel.  2. 
e   na   Ljífit.   liber.    Proaem.    i.    §.    4.    n.    11. 

Eleffa  a  buma  Dama  illuflre  natural  de 
Évora.  Parte  defta.  obra  eftá  imprefla  na 
I.  Part.   da  Mon.  Eufit.  lib.  4.  cap.   8. 

Perdição  delRey  D.  Sebafliaõ  em  Afri- 
ca, e  das  calamidades,  que  fe  feguirM  a 
efle  Reyno.  M.  S.  Conftava  de  vários 
Cantos. 


lERONIMO    DA    COSTA    LEAL    na- 
tural  de   Évora.     Foy   muito   inftruido   nas 

32 


letras  himianas,  e  muito  inclinado  à  Poe- 
zia,  imprimindo  varias  obras  em  que 
moftrou  a  cadencia  do  metro  unida  à  ele- 
vação do  conceito,  como  efcreve  o  Padre 
Francifco  da  Fonceca.  jEtw.  Gloriof.  pag. 
412. 

D.  lERONIMO  DA  CRUZ  natural 
da  Villa  de  Linhares  em  a  Provinda  da 
Beyra  filho  de  Pays  nobres  chamados  Ál- 
varo de  Siqueira,  e  Leonor  Rodrigues  Bo- 
telha. Ao  tempo,  que  efliidava  em  a 
Univerfidade  de  Coimbra  recebeo  o  habito 
Canónico  Auguftiniano  em  o  Real  Con- 
vento de  Santa  Cruz  a  31  de  Janeiro  de 
1586.  onde  tendo  por  Meftre  o  celebre  D. 
Pedro  Figueiró  fahio  grande  Theologo,  e 
infigne  Efcriturario  para  o  que  lhe  fervio 
a  profunda  intelligencda  da  lingua  Hebraica 
diâando  por  alguns  annos  a  Sagrada  Eí- 
critura  aos  feus  domefticos.  Depois  de  fer 
Secretario  do  Geral  D.  Miguel  de  Santo 
Agoftinho,  e  haver  por  ordem  delRey,  e 
do  Colldtor  Gafpar  PaUado  Bifpo  de  San- 
tegelo  vizitado,  e  reformado  a  Congrega- 
ção dos  Cónegos  Seculares  do  Evangelií^ 
como  também  exerdtado  com  univeríal 
aprovação  os  lugares  de  Prior  do  Convento 
da  Serra,  e  de  Vizitador  Geral,  foy  eldto 
a  10  de  Mayo  de  161 5.  Prior  Geral  da 
fua  Canónica  Congregação  em  cujo  tempo 
foraõ  aceitas  as  Conftituiçoens  aprovadas 
por  Paulo  V.  pelas  quais  fe  governa.  Cre- 
cendo  com  os  annos  os  feus  meredmentos 
fegunda  vez  obteve  o  Generalato  a  22  de 
Abril  de  1630.  deixando  fempre  faudozos 
os  fubditos  da  benevolência  do  génio,  e 
prudenda  do  juizo  com  que  os  governara 
fendo  exemplar  da  obfervanda  regular 
aíTmi  na  aíTiftenda  do  Coro,  como  na 
abftinenda  do  jejtim.  A'  fua  ardente  devo- 
ção fe  deve  a  inftituiçaõ  do  Jubileo  das 
quarenta  horas  em  os  três  dias  precedentes 
a  quarta  feyra  de  Cinza  em  o  Convento 
de    Santa    Cruz    de    Coimbra.     Compoz. 

Commentaria  ia  Pfalmum  QuinquageJJi- 
mum.  M.  S.  foi.  Defta  obra  eflar  efcrita 
com  grande  efpirito  dà  teftemunho  D. 
Nicol.  de  Santa  Maria  Cbron.  dos  Coneg. 
Keg.    liv.    10.    cap.    38. 


498  BIB  LIOTHE  CA 

lERONIMO     DIAS     natural     da     Villa  da   Academia   Real   entre   os   livros   da   fua 

de    Efpozende    íituada    no    termo    de    Bar-  feleâa  Livraria  de  que  faz  duplicada  men- 

cellos   em  a  Província   de   Entre   Douro,   e  çaõ  o  Padre  Fr.   Manoel  de   Sá  Mem.  Hijl. 

Minho,   e   Capellaõ   do   Cbnvento   de   Nofla  dos    Efcrit.    do    Carm.    da    Prov.    de    Portug. 

Senhora   das    Candeas    de    Religiofas    de    S.  pag.   198.  n.   276.  e  Mem.  HiJl.  da  Prov.  de 

Bento  em  a  Villa  de  Moymenta  da  Beyra.  Portug.  Part.   i.  liv.  4.  cap.   2.   §.   526.  G>- 

meça  a  Qironica  pela  Família  dos  Pereiras 

Comp02.  dedu2Índo-a     dos     Longobardos     dando-lhe 

Officio    do    Gloriofo    S.    JoaÕ   Baptijia    com  principio  na  Fundação  de  Roma,  e  a  dedús 

hymnos   muito   eloquentes   dedicado   às   Keligiofas  até    o    Império    dos    Godos.      Defta    obra 

do    me/mo    Convento.     Lisboa.    1634.    4.  faz     memoria     Francifco     Soares     Tofcano 

Parai,    de    Var.    Illujl.    cap.    131.    afirmando 

lERONIMO     DIAZ     LEYTE     natural  que    o    Author    lha    comunicara,    e    eílava 

da   Cidade   do   Funchal   Capital   da   Ilha   da  prompta    para    fe    imprimir. 
Madeira,    e    Cónego    na    Cathedral    da    fua 

Pátria.    Foy  domeftico  da  Caza  dos  Condes  lERONIMO     FALCAM     DE     SOUZA 

da     Calheta     Donatários     defta     Ilha     pelos  Doutor     em     a     Sagrada     Theologia     pela 

annos    de    1590.     Teve    natural    inclinação  Univerfidade    de    Coimbra,    c    Pregador    de 

para   a   Poezia,    e   eftudo    da    Hiftoria    pro-  grande    nome,    de    cujo    fagrado    minifterio 

fana.     Efcreveo.  publicou. 

Infulana,      ou     defcubri mento ,      e     louvores  Sermão   do   dia   do  Jui:(o   no  primeiro    Do- 

da    Ilha    da    Madeira.      Poema    em    Outava  mingo    do    Advento    na    Se    de    Vi/eu.     Coim- 

Rima,   que   confta  de   7   Cantos,   e   fe  con-  bra    pela    Viuva    de    Manoel    de    Carvalho 

ferva    na    Livraria    do    Excellentiffimo    Du-  ImpreíTor    da    Univerfidade.     1676.     4. 
que    de    Lafoens,    que    foy    do    Eminentif- 

íimo    Cardial    de    Souza.     Pofto,    que    naõ  P.    lERONIMO    FERNANDES    natural 

tenha    o    nome    do    Author    no    frontifpi-  do    lugar    da    Motta    da    Diocefe    Bracha- 

cio    da    obra,    o    declara    hum    Soneto    de  renfe  filho  de  Afíonfo  Fernandes,  e  Helena 

Diogo  Mendes  de  Paredes  efcrito  ao  prin-  Martins.     Recebeo    a    roupeta    da    Compa- 

cipio  do  Poema.    Defta  obra,  e  feu  author  nhia   de   lESUS   em   o    Collegio   de   Coim- 

faz   breve   memoria   o   Padre   António   Cor-  bra   a    17   de   Abril   de    1544.    onde   depois 

deiro    Hi^.    In/ul.    liv.     3.    cap.     15.  de    aprender    letras    humanas,    e    fciencias 

fagradas  as  diétou  com  aplauzo  em  a  Uni- 

Fr.    lERONIMO    DA    ENCARNAÇAM  verfidade  de  Évora.     Foy  muito  exercitado 

Naceo    em    Lisboa    fendo    filho    de    Anto-  em    todo    o    género    de    virtudes,    que    lhe 

nio  da  Paz,   e  loanna  de  Abreu.     Por  fer  alcançarão    feliz    morte    em    o    Collegio    de 

defixi/fimo    na    Arte    da    Mufica    foy    admi-  Coimbra    a     29    de    Novembro    de     1606. 

tido     à     Religião     Carmelitana     profeíTando  Nexu    óptimo    litteris  junxit    virtutem.      Sui 

o    feu    inftituto    em    o    Convento    pátrio    a  contemptor    e^egius.      Nemo    ipfo    manfuetior, 

30    de    Setembro    de    1597.     No    Capitulo  aut   corporis    macerandi  ftudiofior.     Efte    Elo- 

cclebrado    em    Lisboa    a    18    de    Abril    de  gio    lhe    dedica    o    Padre    Franco    Annal. 

1621.   foy  eleito    Subprior   do   Convento   de  S.   J.    in   Ijifit.    pag.    189.    n.    4.     Compoz. 
Évora,     e     exercitando     femelhante     lugar  Calendário     perpetuo     curiofo     conforme     a 

cm    o    Convento    de    Lisboa    paíTou    a    mi-  reformação     do     Breviário     recognito    por     Cle- 

Ihor    vida    no    anno    de     1631.      Compoz.  mente    VIL    M.    S.     Defta    obra    faz    men- 

Chronica     do     Condefiavel     Nuno     Alvares  çaõ     o     Licenciado    lorge     Cardozo     Mem. 

Pereira    de    Mello    M.    S.    foi.     O    original  Aí.    S.  para  a   Bib.    Portug.  M 

conferva     meu     Irmaõ     D.     lozè     Barboza  TraUatus     de     Sacramentis     in     Communi. 

Qerigo    Regular    Chronifta    da    SercniíTima  foi.    M.    S.     Cooferva-fe    no    Collegio    de 

Caza    de    Bragança,    Académico,    c    Ccnfor  Évora. 


I 


L  USITAN  A. 


499 


lERONIMO  FREYRE  SERRAM  na- 
tural de  Évora  donde  paíTando  à  Univer- 
íidade  de  Coimbra  fe  aplicou  à  Jurifpru- 
dencia  Cefarea  em  que  recebeo  o  grão 
de  Bacharel,  a  qual  praéticou  no  lugar 
de  Juiz  de  fora  da  Villa  de  Montemor 
o  novo  com  grande  dezintereíTe,  e  equi- 
dade. Teve  natural  génio  para  a  Poeíia 
como  também  para  o  eíhido  da  Hiílo- 
ria  fagrada,  e  profana.  Falleceo  na  Pá- 
tria no  anno  de  165 1.  Delle  faz  mençaõ 
o  P.   Foncec.  Evor.  glor.  p.  412.    Compoz. 

Difcurfo  politico  da  excellencia,  e  abor- 
recimento, perfeguiçaõ,  e  t^elo  da  verdade,  em 
que  também  fe  trata  das  caut^as,  e  ret^pens 
porque  Deos  caftigou  ejle  Rejm,  e  da  mife- 
ricordiofa  lembrança  que  delle  teve  na  jufia 
rejlituiçaõ  delRey  N.  Senhor  D.  loaõ  IV.  o 
desejado  libertador  da  pátria  Felice,  Pio, 
Jempre  augufio  Monarcba  da  LMJitania.  Lis- 
boa por  Lourenço  Anveres.  1647.  4.  No 
fim  tem  huma  Ode  iMJitatia  à  Aclamação 
do  mefmo  Monarcha,  e  íinco  fonetos  às 
finco  emprezas  com  que  o  Duque  D. 
Theodozio  entrou  em  Lisboa  na  fua  Ga- 
leota  quando  em  Lisboa  eftava  Filippe  III. 


lERONIMO     GODINHO    DE    NIZA 

Cavalleiro  Fidalgo,  e  profeíTo  da  Ordem 
de  Chriílo,  Official  mayor  da  Secretaria 
de  Eíkdo  dos  negócios  do  Reyno  na- 
ceo  em  Lisboa  a  31  de  Março  de  1681 
fendo  filho  de  Luiz  Godinho  de  Niza  Of- 
ficial mayor  da  Secretaria  das  Mercês,  e 
muito  erudito  nas  letras  humanas,  e  Poezia 
Latina  a  quem  naõ  fomente  imitou,  mas 
excedeo  com  a  viveza  do  engenho,  que  lhe 
facilitou  a  fubida  do  PamaíTo,  e  a  intelli- 
gencia  da  Mythologia;  e  de  D.  Anna  Ma- 
ria Vieyra.  Para  penetrar  as  dificuldades 
da  Filofofia  Ariílotelica  ouvio  como  Orá- 
culo ao  P.  Sebaíliaõ  Ribeiro  da  Congre- 
gação do  Oratório  em  cuja  paleílra  lo- 
grey  a  fortuna  de  fer  feu  condifcipulo 
naõ  havendo  duvida  alguma  por  mais  gra- 
ve que  foííe,  que  fe  naõ  fizeíle  patente 
à  penetração  do  feu  juizo.  A  Academia 
dos  Anonymos  iníUtuida  em  Caza  de  Igna- 
cio    de    Carvalho,    e    Souza   Académico    da 


Academia  Real  de  quem  fe  fará  memo- 
ria mais  larga  em  feu  lugar,  o  elegeo  por 
feu  Secretario  onde  era  admirada  a  ele- 
gância da  fua  frafe  quando  orava,  e  naõ 
menos  a  agudeza  da  fua  Mufa  na  metrifi- 
cação dos  Epigrammas.  Entre  os  pri- 
meiros fincoenta  Académicos  de  que  fe  for- 
mou no  anno  de  1721.  a  Academia  Real 
da  Hiíloria  Portugueza  foy  eleito  para  ef- 
crever  as  Memorias  hifiioricas  da  entrada 
dos  Aíouros  nefte  Reyno  até  o  tempo  do 
Conde  D.  Henrique  cuja  incumbência 
dezempenhou  como  do  feu  talento  fe  cf- 
perava    dando    deUa    as    contas    feguintes. 

Conta  dos  fetis  efiudos  A.cademicos  reci- 
tada na  Academia  a  24.  de  Setembro  de  1725. 
Sahio  no  2.  Tom.  da  ColleçaÕ  dos  Documen- 
tos, e  Mem.  da  Academia  Real.  Lisboa 
por  Pafchoal  da  Silva  Impreííor  de  Sua 
Mageftade     1722.    foi. 

Conta  dos  feus  efiudos  Académicos  reci- 
tada na  Academia  em  2.  de  Janeiro  de  1722. 
No  Tom.  2.  da  Collec.  dos  Docum.  da  Aca- 
demia. 

Conta  dos  feus  efiudos  Académicos  na  Aca- 
demia a  z'ó  de  Março  de  1722.  No  dito 
Tom.  2. 

Conta  dos  feus  efiudos  Académicos  na 
Academia  a  zi  de  Janeiro  de  1723.  Sahio 
no  Tom.  3.  dos  Documentos  da  Academia. 
Lisboa    por    Pafchoal    da    Silva    1723.    foL 

Conta  dos  feus  efiudos  Académicos  dada 
em  o  Vaco  a  zz  de  Outubro  de  1723.  No 
Tom.     3.     da     Collec.     dos    Documentos. 

Conta  dos  feus  efiudos  Académicos  reci- 
tada no  Paço  a  1  de  Setembro  de  lyzj.  No 
Tom.  7.  da  Collec.  dos  Documentos.  Lis- 
boa por  lozé  António  da  Silva  1727. 
foi. 

Conta  dos  feus  efiudos  em  o  Paço  a  zz 
de  Outubro  de  1729.  No  Tom.  9.  da  Col- 
lec. dos  Documentos  da  Academia  Real  i'jz(). 
foi. 

Conta  dos  feus  efiudos  no  Paço  a  25.  de 
Outubro  de  ij^z.  No  Tom.  11.  da  Col- 
lec. dos  Documentos,  e  Mem.  da  Academia 
Real.  Lisboa  por  lozé  António  da  Silva. 
1732.  foi. 

Judicium  de  novatis  Sacrorum  Ma^fira- 
tuum    nominibus.      Sahio    no     i.     Tom.     da 


Soo 


BI B  LIO  THE  CA 


Collec.  dos  Documentos  da  Academia  Real.  Lis- 
boa por  Pafchoal  da  Silva  ImpreíTor  de  Sua 
Mageílade,  e  da  Academia  Real  1721.  foi. 

Elogio  Fúnebre  na  morte  do  Senhor  Io:(ê 
do  Couto  Pejiana  Académico  da  Academia  Keal 
da  Hijloria  Portugue:(a  recitado  na  me/ma  Aca- 
demia a  1%  de  Agofto  de  1735.  Lisboa  por 
Io2é  António  da  Silva  Impreflbr  da  Aca- 
demia   Real.    1735.    4.    grande. 

Três  Oraçoens  na  lingua  Portuguei^a,  e 
82.  Epigramas  Latinos  a  diverjos  affumptos 
ajftm  heróicos,  como  Lyricos  que  recitou  na 
Academia  dos  Anonymos.  Sahiraõ  nos  Pro- 
grejfos  Académicos  dos  Anonymos  de  IJs- 
boa  Primeira  Part.  Lisboa  por  lozé  Lo- 
pes Ferreira  Impreflbr  da  Sereniflima 
Rainha    Nofla    Senhora.     1718.    4. 

Soneto  à  morte  da  Serenijfiwa  Senhora 
Infanta  D.  Francifca.  Sahio  nos  Jentimen- 
tos  Métricos  Colhe.  i.  a  pag.  zc.  Lisboa 
por    Miguel    Rodrigues.     1736.    4. 

Fr.  lERONIMO  GOMES  natural  da 
Villa  de  Torres  novas  do  Patriarchado 
de  Lisboa  onde  teve  por  Pays  a  Diogo 
Luiz  de  Bivar  Padroeiro  da  Capella  de 
N.  Senhora  da  G^nfolaçaõ  da  Parochial 
Igreja  de  S.  Tiago  da  mefma  Villa,  e 
de  Violante  Gomes  cuja  amável  com- 
panhia deixou  heroicamente,  e  paflando 
a  Caftella  recebeo  o  fagrado,  e  militar  ha- 
bito da  Ordem  de  N.  Senhora  das  Mer- 
cês, e  no  CoUegio  de  Vera  Cruz  de  Sala- 
manca eftudou  as  fciencias  efcholaílicas 
em  que  fahio  profundamente  douto.  Com 
indefeflb  trabalho  juntou  as  Epiftolas  do 
Doutor  Máximo,  e  as  emendou  confor- 
me os  exemplares  mais  antigos,  e  verda- 
deiros acrecentandolhe  no  principio  de 
cada  huma  o  argumento  de  que  confta- 
vaõ,  e  illuílrandoas  com  notas  marginaes, 
e  no  fim  as  fentenças  mais  feleílas  extra- 
hidas  das  mefmas  Epiftolas  que  publicou 
com    efte    titulo. 

D.  Hyeronimi  Stridonenfis  Epiftola  aliquot  Je- 
leSia  in  u/um,  et  utilitatem  adolefcentium,  qui  La- 
tina Jingua  dant  operam.  Compluti  apud  viduam 
loannis  Gratiíe.  1612.  8.  Salmanticac  per  Pe- 
trum  Laflum  1587.  8.  et  Burgis  apud  Petrum 
Gomefium    à    Valdeucelfo.    1625.    8. 


Super  Pfalmum    Miferere    mei    Deus. 

Index,  feu  expurgatorium  copiofijftmum  ad 
Opera  V.  P.  Ludovici  Granatenfis. 

Deflas    duas    obras    o    faz    author    Ni- 
col.    Ant.    Bib.    Hifp.    Tom.    i.    pag.    440. 
col.   2.  onde  o  intitula  vir  doãus,  at  que  in-    fl 
génio  jelix,  e   que   florecera  pelos   annos   de 
1597. 

lERONIMO  DE  GOWEA  cuja  pá- 
tria, e  género  de  vida  fe  ignora,  c  fo- 
mente que  efcrevera  como  afirma  loan 
Soares  de  Brito  Theatr.  Lufit.  Liter.  lit. 
H.    n.     17. 

Cerco    de    Ma^agaÕ.    M.     S. 

Fr.  lERONIMO  DE  lESUS.  natu- 
ral de  Lisboa  donde  com  rezoluçaõ  mayor 
que  a  idade  paflbu  a  Caftella,  e  no  Con- 
vento de  Granada  de  religiofos  Francifca- 
nos  recebeo  o  habito  defta  ferafica  Familia. 
Inflamado  com  o  fanto  zelo  de  reduzir 
almas  ao  grémio  da  Igreja  difcorreo  apof- 
tolicamente  pelas  Ilhas  Filipinas,  e  Impé- 
rio do  lapaõ  fendo  companheiro  do  B. 
loaõ  Baptifta,  e  outros  religiofos,  e  Ter- 
ceiros da  Ordem  Seráfica  que  com  o  fan- 
gue  derramado  teftemunharaõ  em  Nagan- 
zaqui  as  verdades  da  Religião  Catholica 
a  5  de  Fevereiro  de  1595.  e  fupofto  que 
naõ  teve  a  gloria  do  martyrio  a  mere- 
ceo  com  o  ardente  dezejo  de  fer  viftima 
da  impiedade  de  Taicufama,  confcflando 
a  fè  do  Crucificado.  Por  morte  defte 
Tyrano  bufcou  em  o  anno  de  1599.  a  G- 
dade  de  Yendo  em  o  lapaõ  para  theatro 
das  fuás  evangélicas  emprezas  onde  colheo 
defta  agrefte  vinha  copiofos  frutos,  con- 
vencendo Bonzos,  derrubando  Pagodes, 
levantando  Templos,  bautizando  Gen- 
tios, libertando  a  muitos  corpos  do  de- 
mónio, e  obrando  efíxípcndas  maravilhas. 
Por  ordem  delRey  de  Quanto  foy  man- 
dado por  Embaxador  ao  Governador 
das  Ilhas  Filippinas  para  eftabelecer  a  con- 
federação, c  comercio,  que  dezejava,  e 
como  confegxiifle  efta  negociação  voltou 
para  o  lapaõ  onde  piamente  falleceo  em  29 
de  Dezembro,  e  foy  fcpultado  na  Capella 
dos   Santos  Martyres  dos  quais  fora  compa- 


L  USITAN  A, 


5o  r 


nheiro,  íituada  no  Convento  dos  Religio- 
fos     Menores.      Efcreveo. 

Re/açaÕ  dos  Juceffos  do  Japaõ  efcrita  de  Meaco 
a  zo  de  Det(embro  de  1598.  Sahio  impreíTa  na 
Hijl.  das  Ilhas  dei  Archipelago  y  Reynos  de  la 
gran  China  compofta  por  Fr.  Marcello  de 
Ribadaneira  Francifcano  liv.  5.  cap.  32.  e  33. 

Cartas  varias.  Sahiraõ  impreíTas  por  Fr. 
Joaõ  de  Santa  Maria  Chron.  da  Prov.  de  S. 
Jo^è  Part.  2.  liv.  3.  cap.  25.  26.  e  27.  Algu- 
mas fe  confervaõ  M.  S.  no  Archivo  do  Gan- 
vento  de  S.  Gil  de  Madrid,  e  as  vio  Fr.  loaõ 
de  Santo  António  como  efcreve  na  Bib.  Fran- 
cifc.  Tom.  2.  pag.  73.  col.  i.  Defte  iníigne 
Varaõ  faz  memoria  illuftre  Fr.  Artur  à  Mo- 
naft.   Martyrolog.   Francifc.   pag.    635.   e   637. 

Fr.  lERONIMO  DE  lESUS  natural  da 
Villa  de  Vianna  da  Provinda  do  Minho, 
e  Religiofo  Menor  da  reformada  Provin- 
da de  Santo  António  onde  exerdtou  vá- 
rios lugares  fervindo  fempre  de  exemplar 
aos  domefticos  pelas  iníignes  virtudes, 
que  praéticava.  Aos  brados  do  feu  apof- 
tolico  efpirito  defp)ertáraõ  innumeravds 
pecadores,  que  jaziaõ  fepultados  no  lethar- 
go  da  culpa  reduzindo-os  a  o  caminho  da 
penitencia.  Foy  cordial  devoto  de  Maria 
SantiíTima  explicando  feus  fervorofos  af- 
feftos  todas  as  vezes  que  via  alguma  das 
fuás  Imagens.  Todo  o  tempo,  que  tinha 
vago  das  obrigaçoens  de  Religiofo  o  gaf- 
tava  na  liçaõ  da  Sagrada  Efcritura,  e  dos 
mais  doutos  Expoíitores  de  cuja  aplicação 
alcançou  profunda  intelligencia  dos  myf- 
terios  da  palavra  de  Deos  efcrita.  Cumu- 
lado de  virtuofas  obras  foy  receber  o  pre- 
mio delias  no  Convento  da  Certãa  do 
Priorado  do  Crato  a  13  de  lunho  de  1630. 
PaíTados  vinte  annos  foy  tresladado  o  feu 
cadáver,  que  obrou  muitos  prodígios. 
Delle  faz  honorifica  mençaõ  o  Licenciado 
lorge  Cardozo  A^ol.  l^ufit.  Tom.  3.  pag. 
671.  e  no  Comment.  de  13  de  lunho  letr. 
G.     Compoz. 

Series  divinarum  fcripturarum,  artificium 
mirahile  divinorum  vatum  Juhtiliter  aperiens, 
ut  Jacilior  pateat  adytus  Svina  fapientia  ama- 
toribus;  fiquidem  in  ipfis  Jacris  Bibliis  vere 
latitat   juxta    divijionem    utriujque     Tefiamenti 


Ven.  Ma^firi  Nicolai  Lyrani  O.  M.  ad 
pauperum  utilitatem,  unde  meritó  ab  eo  Bi- 
bliomm  Sacrorum,  vel  Scbema,  Lyranus  Pau- 
perum nuncupatur.  foi.  M.  S.  com  licença 
do  Geral  da  Ordem  Fr.  Bernardino  de 
Senna  a  17  de  Setembro  de  1626.  para  a 
impreíTaõ. 

Series  divinarum  Jcriptttrarum,  <&  Scbo- 
lafticee  Theoloffa  cum  duplici  opujculo  Sa~ 
crofanãa  Esicbarijiia.  foi.  M.  S.  Com  li- 
cença do  Provincial  Fr.  Francifco  de 
Lisboa  paíTada  a  10  de  Setembro  de  1632. 
para    fe    imprimir. 

EJenchus  pradicativus  in  quo  conveniunt  fimut 
in  tmum  dives,  <ò'  pauper;  dives  in  quaftionibus 
Jpeculativis  Angelicus  Doãor  Ecclejia  D.  Tho- 
mas,  <Ò'  pauper  Minorita  Ven.  P.  Fr.  Nico- 
laus  Lyranus  in  litteraria  expofitione  Epifto- 
larum,  (&  Ej;angeliorum  per  annum  in  gratiam 
Concionatortim.  foi.  Aí.  S. 

Eíles  três  Volumes  fe  confervaõ  na  Li- 
vraria do  Convento  de  Santo  António  dos 
Capuchos  deíla  Corte  como  vimos,  e  deíle 
ultimo  claramente  fe  conhece  a  equivoca- 
çaõ  de  lorge  Cardozo  no  lugar  aíTima 
fitado  pag.  683.  onde  afirma,  que  as  con- 
cordâncias eraõ  entre  Santo  Thomas,  e 
Efcoto,  fendo  aquelle  Angélico  Doutor, 
e  Nicolao  de  Lyra,  cujo  erro  feguio  Nicol. 
Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  2.  pag.  326.  col.  2. 
como  também  acrecentarlhe  o  apellido  de 
MARIA  no  Tom.  i.  pag.  444.  col.  2. 
Fr.  loaõ  de  Santo  António  Bib.  Franc. 
Tom.  2.  pag.  72.  e  73.  cahio  em  femelhante 
eqviivocaçaõ  fazendo  de  hum  Author  dous 
ao  primeiro  com  o  nome  de  Fr.  leroni- 
mo  de  lESUS,  e  o  fegundo  com  o  de 
Fr.    leronimo    de    lefus    Maria. 

P.  lERONIMO  LOBO  Naceo  em 
Lisboa  de  Pays  illuftres  chamados  Fran- 
cifco Lobo  Governador  de  Cabo  Verde 
e  D.  Maria  Brandão.  Ao  tempo,  que  ellu- 
dava  letras  humanas  em  Coimbra,  e  ti- 
nha de  idade  quatorze  annos  e  meyo  fe 
aliílou  na  Companhia  de  lESUS  em  o  pri- 
meiro de  Mayo  de  1609.  e  fez  a  profifíaõ 
de  quarto  voto  a  5  de  laneiro  de  1629. 
Como  anhelaíTe  o  feu  zelofo  efpirito  an- 
nundar    o    Evangelho    às    Naçoens    Orien- 


5o2 


BIB  LIO  THE  CA 


taes  alcançada  faculdade  dos  Superiores 
fe  embarcou  a  29  de  Abril  de  1621.  em 
a  Náo  Capitania  Conceição  com  o  Vicerey 
<io  Eftado  D.  Affonfo  de  Noronha,  porem 
foy  taõ  infauíla  a  jornada  aíTim  pelos  peri- 
gos, como  pelas  infermidades,  que  pade- 
•ceraõ  os  navegantes,  que  voltou  a  7  de 
Outubro  para  Portugal.  Segunda  vez  in- 
tentou taõ  perigoza  navegação,  e  fahindo 
do  porto  de  Lisboa  com  vento  profpero 
a  18  de  Março  de  1622.  embarcado  na 
■Capitania  com  o  Vicerey  D.  Francifco  da 
Oama  Conde  da  Vidigueira  experimentou 
mayores  infortúnios  procedidos  do  fangui- 
Tiolento  combate,  que  houve  entre  as  náos 
Inglezas,  e  Olandezas  com  a  noíTa  Armada 
cm  o  porto  de  Moçambique  onde  pereceo 
laftimofamente  a  Almiranta  Portugueza 
até  que  aportando  em  Cochim  a  8  de  Ou- 
tubro, e  paflados  alguns  dias  entrou  em 
•Goa.  Entre  os  Apoftolicos  cultores  do 
Império  da  Etiópia  foy  deftinado  para  taõ 
^loriofa  empreza,  e  depois  de  ter  padecido 
intoleráveis  moleílias  chegou  a  Baylur 
porto  delRey  de  Dancali  juntamente  com 
o  Patriarcha  da  Etiópia  D.  Affonfo  Men- 
des onde  reduzio  muitos  fcifmaticos  à 
obediência  da  Igreja  Romana.  Em  Fremona 
Capital  do  Reyno  de  Tigre  affiftio  algum 
tempo  ocupado  na  cultura  daquella  Chrif- 
tandade  donde  partio  no  anno  de  1626. 
a  tresladar  para  mais  decente  lugar  os  vene- 
ráveis oíTos  do  illuftre  Martyr  D.  Chriftovaõ 
da  Gama,  que  jaziaõ  no  Campo  de  Ofalá 
fituada  nos  confins  de  Tigre,  e  os  remeteo 
ao  Conde  da  Vidigueira  Vicerey  do  Eftado 
fobrinho  defte  efclarecido  Heroe.  Havendo 
aíTiftido  na  Refidencia  dos  Damotes,  e 
inveftigado  com  obfervaçaõ  Filofofica  o 
nacimento  do  Rio  Nilo  partio  para  Dam- 
biá  Corte  do  Emperador  da  Etiópia  o 
qual  querendo,  que  voltaífe  para  o  Reyno 
de  Tigre  tolerou  com  animo  inalterável 
horríveis  opreíTocns  dos  mouros  até  que 
faciada  a  fua  cubica  fe  reftituhio  a  Goa  a 
8  de  Dezembro  onde  reprezentou  ao  Con- 
de de  Linhares  Vicerey  do  Eftado  os 
meyos  mais  proporcionados  para  naquelle 
Imperío  florecer  a  Religião  Catholica  com- 
batida   pela    fcifmatica    cegueira    da    Igreja 


de  Alexandria.  Ainda  naõ  tinha  defcan- 
fado  do  defterro  da  Etiópia,  e  cativeiro 
de  Suaquem,  quando  fe  conjurarão  no- 
vos infortúnios  para  exame  da  fua  tole- 
rância. Determinando  paíTar  a  Portugal 
fe  embarcou  em  a  Náo  NoíTa  Senhora  de 
Belém,  e  fahindo  da  barra  de  Goa  a  23  de 
Fevereiro  de  1655.  naufragou  laftimofa- 
mente em  a  Cofta  do  Natal  onde  em  di- 
verfos  tempos  fe  tinhaõ  perdido  quatro 
Náos  Portuguezas.  He  difícil  de  crer,  e 
muito  mais  de  narrar  as  miferias,  fomes, 
e  traiçoens,  que  experimentou  com  os  ou- 
tros navegantes  da  infidelidade  dos  Cafres 
até  fe  fabricarem  duas  embarcaçoens  das 
relíquias  da  Náo  deftroçada,  que  o  mar  lan- 
çava nas  prayas,  e  embarcado  cm  huma,  que 
tinha  feíTenta,  e  dous  palmos  de  quilha, 
quinze  de  largo,  e  outo  de  pontal  depois 
de  vencer  outra  tempeftade,  que  quafi  o 
teve  fumergido,  aportou  em  Loanda  Capital 
do  Reyno  de  Angola  com  48  dias  de  jorna- 
da, e  fahindo  a  terra  difcorreo  pelas  ruas 
difciplinando-fe,  e  todos  os  feus  companhei- 
ros em  fatisfaçaõ  do  voto,  que  fizera,  pelos 
repetidos  perigos  a  que  eftiveraõ  expoftas  as 
fuás  vidas.  Defte  porto  fe  embarcou  para  as 
índias  Occidentaes  com  tençaõ  de  paíTar 
feguramente  a  Hefpanha,  e  fahindo  com  o 
Governador  D.  Manoel  Pereira  Coutinho, 
paíTados  dous  mezes  de  profpera  navega- 
ção foraõ  acometidos  juntos  da  Ilha  de 
Zambe  por  hum  Coífario  Glandes,  que  logo 
os  rendeo  aproveitando-fe  de  outocentos  ef- 
cravos,  que  vinhaõ  em  a  Náo,  e  de  tudo  o 
mais  que  julgou  conveniente  à  fua  ambi- 
ção. Em  Carthagena  fe  embarcou  em  hum 
dos  Galeoens  da  Frota  Caftelhana,  e  che- 
gando a  Cadiz  paíTando  por  Saõ  Lucar,  e 
Sevilha  entrou  em  Lisboa  a  8  de  Dezem- 
bro de  1636.  donde  havia  quatorze  annos  fe 
tinha  auzentado.  Naõ  podia  o  feu  ardente 
zelo  defcançar  hum  breve  efpaço  em  bene- 
ficio da  Chriftandade  da  Etiópia  por  cuja 
caufa  partio  a  Madrid  em  20  de  Janeiro 
de  1637.  reprezentar  a  Filippe  IV.  a  neceíTi- 
dade,  que  havia  da  fua  confervaçaõ.  Efte 
mefmo  o  levou  a  Roma  onde  entrou  a  9  de 
Mayo  do  anno  feguinte,  e  difcorrendo  por 
Nápoles,    Milaõ,    Barcelona,    e    Valença    fe 


L  US  ITANA. 


5o5 


reftituhio  a  Lisboa.  Terceira  vez  fe  embar- 
cou para  a  índia  em  26  de  Março  de  1640. 
com  o  Vicerey  do  Eftado  loaõ  da  Sylva 
Tello  Conde  de  Aveiras,  e  logo,  que  ferrou 
Goa  a  17  de  Setembro  foy  recebido  pelos 
feus  Padres  com  afFeduofas  demonftra- 
çoens  admirados  dos  immenfos  traba- 
lhos, que  conílantemente  tinha  tolerado  o 
feu  efpirito  fempre  fuperior  a  todas  as  cala- 
midades. Havendo  íido  Provincial  da  Pro- 
vincia  de  Goa  foy  eleito  Prepozito  da  Caza 
profeíTa  no  anno  de  1648.  tempo  em  que 
governava  o  Eílado  D.  Filippe  Mafcarenhas 
j  o  qual  arrebatado  de  huma  cega  refoluçaò 
o  mandou  prender  publicamente  pelo  Ouvi- 
dor Geral  do  Crime,  e  levado  ao  cárcere 
do  Convento  de  S.  Francifco  por  ter  reco- 
lhido a  hum  Fidalgo,  que  o  Vicerey  fof- 
peitava  fer  complice  de  hum  defacato,  que 
contra  elle  fizeraò  os  feus  inimigos.  Tole- 
rou o  Padre  efta  grave  afronta  com  animo 
imperturbável,  e  fendo  manifeíla  a  fua  inno- 
cencia  fahio  da  prizaõ  com  mayor  gloria  do 
que  a  injuria  com  que  nella  fora  reduzo. 
Da  índia  voltou  a  Roma  onde  nomeado 
pelo  Geral  Reytor  do  Collegio  de  Coimbra, 
como  experimentaíTe  o  feu  clima  pouco 
benigno  à  fua  faude  fe  abfolveo  do  gover- 
no. A  fua  ultima  morada  foy  a  Caza  pro- 
feíía  de  Saõ  Roque  de  Lisboa  onde  depois 
de  ter  difcorrido  de  Norte  a  Sul,  de  Leíle 
a  Oefte,  e  de  Oriente  a  Poente  por  mar, 
e  terra  mais  de  trinta,  e  outo  mil  legoas 
em  que  experimentou  calores  exceíTivos 
frios  intoleráveis,  e  tempeílades  medonhas 
em  que  muitas  vezes  teve  expofta  a  vida  ao 
ultimo  perigo,  ou  foíTe  pela  violência  da 
fome,  ou  pela  tyrania  da  gentilidade  che- 
gou ao  feliz  termo  de  tantas  perigrina- 
çoens  a  29  de  laneiro  de  1678.  que  foy  o 
principio  do  feu  eterno  defcanfo  quando 
contava  82.  annos  de  idade,  e  69  de  Re- 
ligião. Iliíiftrc  Mijfwnario  da  Etiópia  o  in- 
titula o  Padre  Telles  Hiji.  da  Eíiop.  Alt. 
liv.  5.  cap.  7.  e  dotado  de  Deos  de  bum 
ejpirito  incanjavel  para  fofrer  trabalhos  por 
Jua  gloria.  Franco  Ann.  Glorio/.  S.  J. 
in  'Lujit.  p.  44.  laborum  helluo  infatigabi- 
íis.  e  Atinai.  S.  J.  in  'Lufit.  pag.  365.  n.  6. 
Vir  natus  ad  labores  propemodum  infinitos  pro 


bono    animarum    ac    Dei    gloria    exanthlandos^ 
Compoz. 

Itinerário  das  fuás  viagens.  M.  S.  Aca- 
ba com  eftas  palavras.  O  que  contey  foy 
por  groffo,  que  o  particular  dos  trabalhos,  e 
a  variedade  delles  he  taõ  impojfwel  contarem-fe ^ 
quam  trabalho/a  coufa  experimentarem-Je.  Deíla 
obra  faz  feu  author  memoria  na  Cenfu- 
ra,  que  por  ordem  do  Doutor  ívíiguel  Ti- 
noco Provincial  da  Companhia  de  JESUS 
da  Província  de  Portugal  fez  à  Hijloria 
da  Etiópia  Alta  compoíla  pelo  Padre  Bal- 
thezar  Telles  em  16  de  Janeiro  de  1658. 
dizendo,  que  para  a  conftruçaõ  da  dita 
Hiíloria  fe  valera  também  das  noticias  dt 
bum  largo  Itinerário  que  eu  fit^.  Delle  faz 
repetida  mençaõ  o  dito  Padre  Telles  na 
referida  Hiji.  da  Etiópia  hv.  i.  cap.  5.  con- 
felTando  lha  communicara  feu  author,  e 
também  o  Padre  Franco  Imag.  da  Virtud. 
do  Nov.  de  Coimb.  Tom.  i.  liv.  3.  cap.  93^ 
n.  I.  e  cap.  iii.  n.  17.  affirmando,  que  o 
Original  delia  obra  fe  conferva  na  Caza. 
profeíla  de  S.  Roque,  o  qual  naõ  fenda 
impreíío  na  lingua  Portugueza  em  que 
foy  compofto,  fahio  traduzido  em  diver- 
fas  linguas,  pois  na  Ingleza  o  verteo  So- 
tuwel  y  Toyfon  Enviado  de  Inglaterra  a 
Portugal    com    efte    titulo. 

A  short  relation  of  the  river  Nile.  Lon- 
don.  1673.  8.  Deffca  tradução  faz  memoria^ 
lobo  Ludolpho  HiJi.  Etiop.  p.  13.  n.  61. 
Lourenço  Magolotti  Florentino  a  verteo  de 
Inglez  em  Italiano,  e  fahio  em  Florença. 
1693.    4.    com    efte   titulo. 

Kelai(ioni  varie  cavate  de  una  tradu^ione  In- 
gle^a  dei  Original  Portughefe  fatta  di  Girolamu 
Eobo  Jefuita.  Defta  tradução  fe  lembra  o 
Padre  Niceron  Memoir.  pour  fervir  ai  HiJi, 
des  Hommes  llluftr.    Tom.    3.    pag.    235. 

Sahio  traduzida  em  Francez  por  Melchife- 
dech  Tevenot  com  outras  Relaçoens.  Pariz 
chez  André  Cramoify.  1671.  foi.  e  ultimamente 
na  mefma  lingua  com  o  titulo  feguinte. 

Kelation  bijlorique  d'  Abijfinie  continuei, 
e  augmentee  de  plujfiurs  dijjertations,  letres, 
e  Memoires  par  M.  EeGrand  Prieur  de  Neu- 
ville  —  les  —  Dames,  e  de  Prevejftn.  Pa- 
riz  chez  la  Veuve  de  Antoine  Urbain  Couf- 
telier.    1728.    4. 


5o4 


B IB  LIO  THE  C  A 


No  tempo  em  que  Monfeur  Legrand 
afTiília  por  Secretario  do  Abbade  de  Ef- 
treés  Embaxador  de  França  neíla  Corte 
ihe  deu  o  ExcelentiíTimo  Conde  da  Eri- 
ceira D.  Francifco  Xavier  de  Menezes 
huma  copia  do  Itinerário  do  P.  leronimo 
Lobo  ao  qual  acrecentou  Monfeur  Le- 
grand algumas  cartas,  e  memorias,  e  quin- 
ze DiíTertaçoens  que  fe  podem  ler  neíla 
Tradução  Franceza  onde  no  Prologo  a 
pag.  6.  faz  o  feguinte  Elogio  ao  author 
do  Itinerário.  Cè  :^í/f  Mijfwnaire  fe  fait 
affes  connoitre  dans  toute  fa  Kelation:  on  voit 
stn  homme  a  la  fleur  de  fon  agé,  d'un  com- 
plexion  forte,  e  rohufie,  laborieux,  infatiga- 
hle,  f  expofant  tou'jours  aux  plus  grands 
■dangers;  de  forte  qu,  on  pout  lui  apliquer 
-cef  paroles  du  livre  des  luges.  Animam  fuam 
•dedit  periculis.  Aujfi  quels  perils  n'a  tttil 
pas  courus?  II  auoit  rafon  de  repeter  fouvent 
xomme  il  faifoit,  cef  paroles  de  S.  Paul: 
Ter  naufragium  feci,  noâe,  &  die  in  pro- 
fundo maris  fui,  in  itineribus  faepe,  peri- 
culis fluminum,  periculis  latronum,  periculis 
cx  Gentibus,  periculis  in  civitate,  periculis 
in  folitudine,  periculis  in  mari,  periculis  in 
falfis  fratribus. 

Memorial  a  Sua  Mageflade  Catholica  em 
■que  fe  reprefentaõ  os  trabalhos  dos  CriJiaÕs 
Àa  Etiópia.  M.  S.  Offereceu  eíle  papel 
<}uando  veyo  à  Corte  de  Madrid  no  anno 
de  1658.  Confervafe  na  Bibliotheca  del- 
Rey  Catholico  como  efcreve  o  addicio- 
nador  da  hib.  Orient.  de  António  de  Leaõ 
Tom.     I.    Tit.     12.    col.    401. 

KelaçaÕ  do  Naufraffo  da  Não  Nojfa  Se- 
jj/jora  de  Belém  na  Cofia  do  Natal.  lozé 
Cabreira,  que  efcreve  efte  lamentável  fu- 
ceflb,  e  fe  imprimio  Lisboa  por  Pedro 
Craesbeeck.  1636.  4.  diz  no  Prologo  que 
o  P.  leronimo  Lobo  o  tinha  efcrito  difu- 
famente  pois  fora  hum  dos  que  vinhaõ 
embarcado  em  a  Náo,  mas  porque  o  naõ 
publicara,  fahio  lozé  Cabreira  com  a  fua 
Helaçaõ. 


lERONIMO  LOPES  Efcudeiro  Fi- 
"dalgo  da  Caza  do  SereniíTimo  Rey  D. 
loaõ   o   III.    e   muito   verfado   na   liçaõ   da 


Hiíloria  fecular.  Impelido  do  nobre  zelo 
de  que  fe  eternizaíTem  pela  impreíTaõ  as 
virtuofas  açoens  do  SereniíTimo  Infante 
D.  Fernando  filho  delRey  D.  loaõ  o  I. 
e  da  Rainha  D.  Filipa  de  Alencaílro,  o 
qual  morreo  viftima  da  barbaridade  cm 
a  Gdade  de  Fez  em  o  anno  de  1443  pu- 
blicou a  Chronica  deíle  Príncipe  com- 
poíla  por  loaõ  Alvares  feu  Secretario,  e 
infeparavel  companheiro  do  feu  trágico 
fim,  e  a  dedicou  à  Mageílade  delRey  D. 
loaõ  o  III.  com  varias  addiçoens  aos  Ca- 
pítulos que  vaõ  finaladas  com  huma  Cruz 
no  principio,  e  outra  no  fim,  e  fahio  com 
o  titulo  feguinte  efcrito  com  a  mefma 
Orthografia     em     carafter     gótico. 

Crónica  do  Sanão,  e  virtuofo  Iffante  Dom 
Fernando  filho  delRey  Dõ  lohã  primeyro  defie 
nome  que  fe  finou  em  terra  de  mouros.  Di- 
rigida a  fua  Alteia.  No  fim  tem  eílas 
palavras.  Acaboufe  de  emprimir  a  vida,  e 
Crónica  do  muy  Catholico,  e  virtuofo  Iffante 
Dom  Fernando  filho  delRey  Dom  loham  pri- 
meiro de  Portugal.  Aos  XVIII.  dias  de 
laneiro  de  mil,  e  quinhentos,  e  vinte  e  fete 
annos  por  German  Galharde  imprimidor. 
Corregida,  e  emendada  por  leronimo  L/>pes 
efcudeiro  Fidalgo  da  Cat(a  delRey  Noffo  Senhor. 

lERONIMO  MARTINS  DA  VEYGA 
Presbítero       Ulyífiponenfe.        Publicou. 

Fejlas,  que  fe  fi:^eraÕ  em  Ushoa  à  Cano- 
nifaçaÕ   de    S.    Thomas   de    Villanova.    M.    S. 

D.  lERONIMO  MASCARENHAS  Na- 
ceo  em  Lisboa  onde  teve  por  progenitores 
a  D.  lorge  Mafcarenhas  Marques  de  Mon- 
talvão, Conde  de  Caftello  novo.  Mordomo 
Mòr,  Caçador  mòr,  e  Veador  da  Caza  Real, 
primeiro  Vicercy  do  Eíbdo  do  Brazil,  Ge- 
neral dos  Exércitos  deíle  Reyno,  Preíidcn- 
te  do  Confelho  Ultramarino,  e  do  Senado 
de  Lisboa,  Vedor  da  Fazenda,  c  Confe- 
Iheiro  de  Eílado;  c  a  D.  Francifca  de  Vi- 
lhena. Foy  ornado  de  génio  fublime  pa- 
ra as  letras  de  que  dando  claros  indidos 
nos  primeiros  annos  fe  admirarão  os  fie- 
lices  progreíTos  que  fez  em  a  Univcr- 
fidade  de  Coimbra  onde  depois  de  fer  lau- 


L  USITAN A. 


5o5 


l 


reado  com  as  infignias  doutoraes  de  Theo- 
iogo  foy  eleito  Collegial  do  Collegio  de 
S.  Pedro  a  20  de  Outubro  de  163 1,  e 
Ganego  da  Cathedral  daquella  Qdade.  Sen- 
do Deputado  da  Meza  da  Conciencia,  e 
Ordens  fucedeo  a  gloriofa  aclamação  do 
SereniíTimo  Rey  D.  loaõ  o  IV.  de  que 
refultou  paíTar  a  CafteUa,  e  em  premio  do 
afifefto  q  tinha  ao  dominio  Caftelhano  foy 
nomeado  por  Filippe  IV.  Cavalleiro  da  Or- 
dem de  Calatrava,  e  Diffinidor  Geral  da 
Ordem,  feu  G^nfelheiro,  e  Sumilher  da 
Cortina,  D.  Prior  mòr  de  Guimaraens,  e 
Bifpo  de  Leyria  de  cujas  ultimas  dignida- 
des naõ  tomou  poíTe  por  reíidir  na  peíToa 
delRey  D.  loaõ  o  IV.  o  direito,  e  naõ  em 
Filippe  IV.  para  as  conferir.  G^m  os  hono- 
rificos  títulos  de  Efmoler  mòr,  e  Capellaõ 
mòr  da  Sereniflima  Rainha  D.  Mariana  de 
Auftria  paíTou  aos  confins  de  Alemanha 
para  conduíir  a  Hefpanha  a  eíla  Princeza, 
a  qual  depois  de  celebrada  a  paz  entre  eíla 
Coroa,  e  a  de  Caílella  no  anno  de  1668. 
fendo  Tutora  de  feu  filho  Carlos  11.  o  no- 
meou Bifpo  de  Segóvia  em  cuja  dignidade 
foy  confirmado  pela  Santidade  de  Gemen- 
te IX.  a  9  de  Abril  do  dito  anno.  Gover- 
nou as  fuás  ovelhas  com  vigilância  de  in- 
figne  Paílor  até  o  anno  de  1671.  em  que 
falleceo.  Foy  naturalmente  eloquente,  mui- 
to verfado  na  liçaõ  da  Hiíioria  Ecclefiaftíca, 
e  Secular,  e  muito  fácil  em  compor  de  que 
faõ  eternos  teílemunhos  os  muitos  volu- 
mes em  diverfas  matérias,  que  efcreveo, 
dos  quais  por  carta  efcrita  de  Madrid  a 
10  de  Mayo  de  1668.  ao  Licenciado  lor- 
ge  Cardozo  afirma  que  eftavaõ  trinta,  e 
fete  promptos  para  os  imprimir  na  Gdade 
de  Segóvia  da  qual  era  já  digniíTimo  Pre- 
lado. O  P.  André  Mendo  ík  Ordin.  Milit. 
Difp.  I.  quaeft.  10.  n.  179.  lhe  chama  Vi~ 
rum  defacata  notitia.  et  in  Buli.  Cruciai.  Difp. 
3.  cap.  I.  n.  5.  illuftrijfimum  pariter,  et  doãif- 
fimum.  Gouvea  Vid.  de  S.  luan  de  Dios 
■cap.  27.  Príncipe  por  fu  illufiríjftmo  fangue, 
íonocidas  letras,  y  aprohada  virtud  merece- 
dor de  los  majores  puefios.  loan  Soar.  de 
Brito  Theatr.  Lufit.  Liter.  lit.  H.  n.  19. 
Ingenium  viro  egreffum,  parque  ftudium;  ac 
Migentia.    Salazar    Hijl.    Geneal.    da    Ca^a   de 


Sylv.  Part.  2.  liv.  12.  cap.  8.  dexando  fu 
memoria  en  la  major  veneracion  de  los  Doc~ 
tos  por  los  mucbos  ejcritos,  com  que  illuf- 
tró  todo  género  de  erudicion.  Nicul.  Ant. 
Bih.  Hifp.  Tom.  I.  pag.  446.  col.  2.  Cafiel- 
lana  hic  eloquentia,  atque  bifiorice  rei  Jludium 
qua  mirífice  deleãabatur  librís  editis  palam  fe- 
cit  omnihus  Souza  Catbalog.  HiJl.  dos  Sum. 
Pontif.  e  Bi/p.  Portug.  p.  162.  Foj  mm- 
eloquente,  e  mtrf  dado  no  efiudo  da  IrUfio- 
ria.  Franckenau  Bih.  Hifp.  Gen.  Heral.  p. 
186.  Vir  bijloria,  antiquitatumque  patríarum 
amantijftmus  aque  ac  gnarijftmus  Zamper  Mon- 
tes llluftrad.  Tom.  i.  pag.  60.  Pereira 
Cathal.  Cbronol.  dos  Colleg.  de  S.  Ped.  pag. 
20.  n.  76.  e  pag.  42.  n.  19.  Argaes 
Soled.  Laur.  Tom.  i.  pag.  310.  Souza 
Apparat.  á  Hift.  Gen,  da  Caz-  R£al  Por- 
tug. p.  121.  §.  132.  Manoel  de  Faria, 
e  Souza  Fuente  de  Aganipe.  Part.  4.  lhe 
dedica  a  Egloga  13.  e  entre  vários  elo- 
gios exalta  a  fua  afcendenda  com  eílas 
vozes. 

A.  vos  rama  de  un  tronco  que  pendientes 
Muefhra  de  tantas  ramas  mil  diademas 
Qual  el  de  Mafcarenas,  que  excellentes 
Heroes  colloca  en  glorias  mas  fupremas. 

Compoz. 

Obras  ImpreíTas. 

OrafaÕ  exbortatoría,  e  Panegyríca  no  terceiro 
dia  do  Sjnodo  que  aos  S  do  me^  de  Mayo  de 
1639  começou  a  celebrar  o  lllufbrijfimo,  e  Reve- 
rendijfimo  Senbor  D.  loanne  Mendes  de  Távora 
Bifpo  de  Coimbra.  Lisboa  por  António  Al- 
vres  1640.  4. 

Viage  de  la  Reyna  D.  Alaria  Anna  de 
Aufhia  fegunda  muger  de  Filippe  IV,  bafla 
la  Corte  de  Madríd .  defde  la  Imperial  de  Viana. 
Madrid,  por  Diogo  Dias  de  la  Carrera  1650.  4. 

Apologia  Hijloríca  por  la  Illuftríjfima  Reli- 
ffon,  j  incljta  Cavallaría  de  Calatrava,  fu  an- 
tiguidad,  fu  extenfion,  fus  grandev^as  entre  las 
militares  de  Efpana.  Madrid  pelo  dito  Im- 
preílor.   165 1.  4. 

Rajmundo  Abad.  de  Fitero  de  la  Orden  de 
Cijler  fundador  de  la  Sagrada  Keligion,  j  Ca- 
vallaría de  Calatrava.  ibi  pelo  dito  Impref- 
for.    1653.   4. 

Amadeo     de     Portugal    en     el    figlo     luan 


5oó 


BIB  LIO  THE  C  A 


de  Menet^es  da  Sylva  religiojo  dei  Orden  de  S. 
Francifco  de  la  objervancia,  j  Fundador  de  la 
illujlrijftma  Congregacion  de  los  Amadeos  en 
Itália.   Madrid  por  o  dito  Impreflbr.  1663.  24. 

Definiciones  de  la  Orden,  y  Cavallaria  de 
Calatrava.    Madrid.    1661.   foi. 

Campana  de  Portugal  por  la  parte  de  Ex- 
iremadura  el  anno  1662.  executada  por  el  Sere- 
nijfimo  Senor  luan  de  Aujlria.  Madrid  por 
Diogo  Dias  de  la  Carrera.  1663.  4,  Contra 
efte  livro  faz  huma  breve,  e  forte  inveftiva 
o  Excelentiflimo  Conde  da  Ericeira  D.  Luiz 
de  Menezes  Portug.  Kejiaur.  Tom.  2.  pag. 
334.  arguindo  a  feu  author  da  pouca  ver- 
dade com  que  ingrato  à  fua  Pátria  perten- 
deu  augmentar  o  progreíTo  das  Armas  Caf- 
telhanas. 

Fr.  luan  Pecador  religiojo  dei  Orden,  y  hof- 

pitalidad  de  S.   luan  de   Dios,  y  fundador  dei 

hof pitai   de   Xeres   de   la    Frontera,  fu    Vida, 

Virtud,  y  maravillas.    Madrid  por   Melchior 

Alegre.   1665.  4. 

Trofeo  por  la  immaculada  Concepcion  de 
Maria  Senora  nueftra  confagrado  por  voto  en  el 
Templo  de  S.  Martin  de  Madrid  de  la  Orden 
de  S.  Benito  por  la  Sagrada  Keligion,  y  in- 
clyta  Cavallaria  de  Santa  Maria  de  Calatrava 
congregada  en  Capitulo  General.  Eíla  obra  eílá 
impreíTa  na  Theolog.  Mariana  do  P.  Chrijfto- 
vaõ  da  Veyga  da  Companhia  de  lESUS. 
defde  pag.    145.   até    147. 

Obras  M.  S. 

Hijloria  da  Cidade  de  Coimbra.  Por  car- 
ta do  author  efcrita  de  Coimbra  ao  Li- 
cenciado lorge  Cardozo  a  2  de  Agof- 
to  de  1636.  lhe  afirma  que  confiava  de 
dous  Tomos,  e  que  tinha  acabado  três 
livros  do  primeiro  Tomo.  No  primeiro 
refutava  as  opinioens,  que  alguns  tive- 
raõ  a  cerca  da  dita  Cidade.  2  das  fuás 
Antiguidades.  3  fuás  excellencias ;  e  no 
4  efcrevia  a  Hiftoria  Ecclefiaftica  da  mef- 
ma  Cidade.  Deíla  obra  faz  mençaõ  Ta- 
mayo  Martyrolog.  Hifpan.  Tom.  4.  ad  20. 
lulii.  pag.   185. 

Monumentos  de  Itália.  Coníla  de  Epitá- 
fios, e  Infcripçoens  notáveis  que  o  Author 
vio. 


DefcripçaÕ  de  Trento,  Noticias  do  feu  Con- 
cilio; e  elogios  de  todos  os  Ffpanhoes  que  nelle 
aJJifliraÕ. 

Arvores  Genealógicas  da  Rainha  D.  Ma- 
rianna  de  Auflria  com  hum  Epitome  da  def- 
cendencia  da  Augujlijftma  Cat^a  de  Auflria 
defde   a  fua   origem   até   os  noffos    tempos. 

Excellencias,  e   Utilidades  da  Hijloria. 

Hijloria  da  Cidade  de  Ceuta,  feus  fucefjos 
militares,  e  Políticos;  memoria  dos  feus  San- 
tos, e  Prelados,  e  Elogios  de  feus  Capitaens 
Generaes. 

Genealogia  Regia  de  Portugal,  e  elogios 
de  feus  Varoens,  e  mulheres  illuflres,  e  fe 
efcrevem  em  Epitome  as  vidas  de  todas  as 
pejfoas    Reaes    defle    Reyno. 

Igrejas  de  Portugal,  e  vidas  de  feus  Pre- 
lados dividida  em  quatro  partes.  Na  primei- 
ra fe  efcreve  de  Braga,  e  das  fuás  fuffra- 
ganeas;  na  fegunda  de  Usboa,  e  das  fuás 
fuffraganeas;  na  terceira  de  Évora,  e  das  fuás 
fuffraganeas;  rui  quarta  de  Goa,  e  todas  as 
Igrejas  Ultramarinas. 

Hifioria  da  Illuflrijftma  Religião  de  Cala- 
trava. 

Hifloria  das  Ordens  Militares  de  Por- 
tugal que  JaÕ    de    Chriflo,    Santiago,    e    Avin^. 

DefcripçaÕ  de  Portugal,  e  fuás  Conquif- 
tas. 

Noticias  da  Cidade  de  Eeiria;  defcripçM 
de  feu  Bifpado,    e   noticia   de  feus    Bifpos. 

Ceremonial  dei  Sacro  Convento  de  Cala- 
trava. 

Bullario    de    Calatrava. 

Cortes  de   Lamego. 

Origen    de    la    Ordem    de    Avi^. 

Anno  fixo  da  Entrada  da  Religião  de 
Cifler   em    Portugal. 

Chronologia    de    Efpanha. 

Vida  de  D.  Beatriz  ^  Sylva  Irmaã  do 
B.  Amadeo,  Dama  da  Infante  D.  I:(abel 
mulher  delRey  D.  loaõ  o  fegundo  de  Caf- 
tella    Fundadora    das    religiofas    da    Coaceifaõ. 

Vida  de  D.  Leonor  Mafcarenhas  Dama 
da  Emperatri:(^  D.  I:(abel,  Aya  de  Filip- 
pe  II.  t  de  D.  Carlos  feu  filho  Cama- 
reira mòr  da  Princet:^a  de  Portugal  D.  loan- 
na  de  Auflria.   Deílas    duas   vidas   faz  men- 


L  USITAN  A, 


Soy 


çaõ  o  author  na  Epiftola  Dedicatória  da 
Vida  do  B.  Amadeo,  que  imprimio. 

Viíia  da  Vrince^a  D.  Joanna  filha  delRey 
D.  Affonfo    V.  de  Portugal. 

Vida  de  Santa  Isabel  Kajnha  de  Portugal. 

Vida  do  Santo  Infante  de  Portugal  D.  Fer- 
nando filho  delRej  D.  JoaÕ  o  I. 

Vida  do  Infante  de  Portugal  D.  Pedro  filho 
do  dito  Key. 

Vida  de  S.  JoaÕ  Evangelifia. 

Vida  de  S.  Thome  Apofiolo  da  índia  Orien- 
tal. 

Epitome  das  Ca^as  dos  Marques^es  de  Villa 
Kcal,  Duques  de  Caminha. 

Origem  da  InquifiçaÕ  de  Portugal. 

Chronica   delKey   D.   SehafiiaÕ. 

Vida  de  Nuefira  Setlora  à  qual,  como  tef- 
temunha  ocular  afirma  Nicolao  António  no 
lugar  aíTima  citado,  eílava  com  grande  dif- 
velo  apUcado  feu  Author. 

Defcripcion  General  de  toda  la  tierra  def- 
cuhierta.  Começa  Toda  la  tierra  fe  divide. 
Acaba.  Aunque  le  difputan  muchos  Santos  Doc- 
tores.  Q)nferva-fe  na  Bibliotheca  delRey  Ca- 
tholico  como  efcreve  o  addicionador  da 
Bib.  Geo^af.  de  António  de  Leaõ  Tom.  5. 
Tit.   unic.   col.    1380. 

Toda  efta  dilatada  liiia  de  obras  M. 
S.  traz  feu  Author  imprefla  no  princi- 
pio da  Viagen  de  la  Rejna  D.  Aíariana 
de  Aufiria  &c.  onde  conclue  dizendo.  Def- 
íos  libros  los  mas  eftan  acabados,  otros  ne- 
cejjitan  de  algun  trahajo  para  lograr  la  ul- 
tima perfeccion.  Y  para  que  los  referidos  la 
tengan  (Ji  bien  los  que  la  tienen  nò  dexarãn 
defde  oy  defcanfar  la  Prenfd)  neceffito  de  al- 
gttnos  anos  de  trabajo.  Si  Dios  fuere  fer- 
vido de  conceder-melos  j  algunos  otros,  en- 
tonces  fe  lograra  mi  principal,  j  mi  mayor 
eftudio  en  la  Hifioria  a  que  fiempre  fui 
enderet(ando  mi  leccion  continua.  Efie  es  el 
de  los  Annales  Ecclefiafiicos  de  Portugal,  obra 
fin  duda  por  la  matéria  digna  de  un  aven- 
tejado  fugeto,  fi  nò  de  muchos.  No  rifiero 
los  materiales,  que  fe  han  juntado  para  efte 
Efcrito  {que  promete  muchos  tomos)  ni  la 
leccion  de  Authores,  ò  conocidos  ò  efquifitos, 
que  fe  hallaran  en  los  cadernos  de  mis  An- 
notaciones  Hifioricas,  porque  folamente  fera  crei- 


ble  aquien  viere  locado  efie  trabajo.  Com 
a  morte  de  D.  leronimo  ^lafcarenhas  fe 
efpalharaõ  todos  eíles  Aí.  S.  por  Efpanha, 
dos  quais  confervava  alguns  em  Barcelona 
D.  Diogo  Vicente  Vidania  Inquifidor,  que 
foy  de  Sicilia  Capellaõ  mór  de  Nápoles,  e 
do  ConfeUio  de  Aragaõ,  e  Itália,  e  os  mof- 
trou  ao  Padre  D.  Manoel  Caetano  de  Souza 
quando  no  anno  de  1713.  voltava  de  Roma 
como  efcreve  no  Cathalog.  Hifi.  dos  Bifpos  de 
Portug.  pag.   165. 


D.  lERONIMO  DE  MELLO  COUTI- 
NHO Commendador  de  Punhete  naceo  em 
a  Villa  de  Alconchel  íituada  no  Reyno  de 
Andaluzia  no  anno  de  1578.  fendo  filho 
de  lorge  de  Mello  Coutinho,  e  D.  Maria 
de  Menezes  irmãa  de  D.  lorge  de  Sotto- 
mayor  Senhor  de  Fermofelhe,  e  Alconchel. 
Tendo  eíhidado  com  aplicação  as  letras  hu- 
manas fahio  eminente  nas  efpeculaçoens  da 
Sagrada  Theologia,  e  fupofto,  que  fe  def- 
pozou  com  D.  Maria  de  Noronha  filha  de 
D.  Thomaz  de  Noronha  a  qual  era  con- 
fultada  como  Oráculo  pelo  vafto  conheci- 
mento, que  tinha  das  Famílias,  e  Antigui- 
dade deíle  Reyno  de  quem  mmca  teve  fi- 
lhos, viveo  taõ  obfervante  dos  preceitos 
Evangélicos,  que  parecia  fer  mais  Religio- 
fo,  que  fecular.  FaUeceo  em  Lisboa  em  o 
primeiro  de  Abril,  de  1645.  quando  con- 
tava 67  annos  de  idade,  e  jaz  fepultado  na 
Sancriítia  nova  do  Convento  de  Santa  Ma- 
ria de  Xabregas  cabeça  da  Seráfica  Provin- 
da  dos   Algarves.     Compoz. 

Os  Santifftmos  Nomes  de  N.  Senhor  lESU 
Chrifio  tirados  da  Sacada  Efcritura  appro- 
vados  pela  authoridade  da  Santa  Madre  Igre- 
ja contra  todos  os  perigos,  que  podem  acon- 
tecer nejla  vida.  Lisboa  por  Domingos  Lo- 
pes Rofa  1643.  12.  Sahio  na  Ungua  La- 
tina com  o  nome  do  Author. 

Memorias  da  vida  de  D.  EeaÕ  de  No- 
ronha Avò  paterno  de  D.  Alaria  de  No- 
ronha mulher  do  Author.  M.  S.  Confer- 
vaõ-fe  em  poder  do  Conde  dos  Arcos 
D.  Marcos  de  Noronha  4.  Neto  de  D. 
Leaõ  de  Noronha  as  quais  comunicou  ao 
Padre     D.     António     Caetano     de     Souza 


5o8 


BIBLIO THE  CA 


como  afirma  no  Agiol.  "Lufit.  Tom.  4.  pag. 
688.    col.    2. 

Hijloria  da  Vida  de  Soror  Maria  da  Con- 
ceição Dama,  que  foy  da  Kaynha  D.  Cathe- 
rina  filha  de  D.  Pedro  de  Meneares  Sottomayor 
Senhor  de  Alconchel,  e  D.  Maria  de  Noronha, 
religiofa  no  Convento  da  Madre  de  Deos.  Deíla 
obra  como  do  feu  author  fe  lembra  o  Li- 
cenciado Jorge  Cardozo  Agiolog.  "Lufit.  Tom. 
1.  pag.  500.  col.  2.  no  Comment.  de  22 
de  Fevereiro  letr.  F.  &  pag.  155.  no  Com- 
ment. de  15.  de  laneiro  letr.  G.  col.  i. 
Fidalgo  bem  conhecido  nefte  Rejno  por  Jua  no- 
breza, piedade,  e  exemplar  vida. 


lERONIMO  DE  MENDOÇA  natural 
da  Gdade  do  Porto  illuftre  por  geração,  e 
iníigne  por  talento,  naõ  fomente  verfado  na 
intelligencia  das  linguas  mais  polidas,  mas 
na  deftreza  de  tocar  todo  o  género  de  inf- 
trumentos.  Acompanhou  a  ElRey  D.  Se- 
baftiaõ  na  infeliz  jornada  de  Africa  em  o 
anno  de  1578.  onde  depois  de  dar  do  feu 
valor  heróicos  argumentos  ficou  cativo,  e 
fendo  reftituido  à  fua  liberdade  efcreveo  fiel- 
mente como  teílemunha  ocular  dos  trági- 
cos fuceflbs  de  taõ  fatal  dia  a  feguinte  hif- 
toria,   que  intitulou. 

Jornada  de  Africa  em  a  qual  fe  refponde 
a  Jerónimo  Franqui,  e  outros,  e  fe  trata  do  fu- 
ceffo  da  batalha,  e  cativeiro,  e  dos  que  nelle 
padecerão  por  naÕ  ferem  Mouros  com  outras  cou- 
fas  diffias  de  notar.  Lisboa  por  Pedro  Cras- 
beek.   1607.  4. 

Efta  obra  dedicou  o  Author  em  20 
de  Janeiro  de  1607.  a  D.  Francifco  de 
Sá,  e  Menezes  Senhor  de  Penagiaõ  Al- 
cayde  mór,  e  Capitão  mór  da  Cidade 
do  Porto  fendo  o  feu  principal  intento 
convencer  a  falfidade  com  que  Jerónimo 
Franqui  de  naçaõ  Genovês,  e  Feitor  da 
Alfandega  de  Lisboa  efcreveo  a  batalha 
de  Alcácer,  e  os  feus  fuceíTos,  que  fe  lhe 
feguiraõ.  O  Padre  Fernando  Rebello  na 
Dedicatória  ao  Geral  Cláudio  Aquaviva 
da  fua  obra  de  Obligationibus  Juflitia  o 
intitula  praclarum  fcriptorem,  c  Joan.  Soar. 
de  Brit.  Tbeatr.  Lufit.  Liter.  lit.  H. 
n.     20.     Vir    aulicis    dijciplinis    aprime    ex- 


cultus,     eb*     linguarum     exoticarum     cognitione 
clarus. 

D.  lERONIMO  DE  MENESES  Nacco 
em  a  Villa  de  Santarém,  e  teve  por  Pays 
a  D.  Henrique  de  Menezes  Governador  de 
Tangere,  e  da  Caza  do  Civil,  e  a  D.  Bri- 
tes de  Vilhena  filha  de  Ruy  Barreto  Al- 
cayde  mòr  de  Faro.  Havendo  manifeftado 
a  fubtileza  do  feu  engenho  na  cultura  das 
fciencias  feveras  em  a  Univerfidade  de  Coim- 
bra fubio  a  fer  feu  Reytor  cujo  honorifica 
lugar  exercitava  quando  em  13  de  Outubra 
de  1570.  elRey  D.  Sebaftiaõ  acompanhado 
do  Cardial  D.  Henrique,  e  a  mayor  parte 
da  Nobreza  vizitou  aquella  celebre  Acade- 
mia recebendo  taõ  foberanos  Hofpedes  com 
magnificência  digna  das  fuás  PeíToas,  c  que- 
rendo os  mefmos  Príncipes  aíTiíUr  a  hum 
afto  literário  o  fez  mais  plaufivel  o  Reytor 
laureandofe  com  as  infignias  doutoraes  em 
a  Faculdade  de  Theologia.  Elevado  à  Ca- 
thedral  de  Miranda  aíTiftio  nas  Cortes  cele- 
bradas na  Villa  de  Thomar  em  que  foy  ju- 
rado fuceíTor  defta  Coroa  Filippe  Prudente 
a  16  de  Abril  de  1581.  Por  morte  de  D. 
Fr.  Marcos  de  Lisboa  Bifpo  do  Porto  foy 
nomeado  feu  fuceíTor  entrando  neíla  Gdade 
a  5  de  Setembro  de  1592.  com  univerfal 
aplauzo  das  fuás  ovelhas.  No  tempo  que 
governava  eíla  Diocefe  teve  a  gloria  de 
admitir  para  ornato  da  Cidade  do  Porto- 
as  fundaçoens  dos  Monges  de  S.  Bento,  e 
dos  Erimitas  de  S,  Agoftinho.  AíTiftinda 
na  Cidade  de  Lisboa  foy  acometido  do 
mal  epidemico  que  devaílava  grande  nu- 
mero de  feus  moradores,  fallecendo  pia- 
mente a  12  de  Dezembro  de  1600.  Foy 
depozitado  na  Capella  mòr  de  S.  Fran- 
cifco donde  paíTados  fmco  annos  foy  tranf- 
ferido  por  feu  fuceíTor  D.  Fr.  Gonçalo 
de  Moraes  para  a  Seé  do  Porto,  c  na 
Capella  de  N.  Senhora  da  Saúde  fe  fe- 
pultou  o  feu  corpo  que  cftava  incorrup- 
to confirmandofe  a  opinião  das  heróicas 
virtudes  que  pra£tícara  como  vigilante  Paf- 
tor.    Compoz. 

Eftatutos  da  Sé  do  Porto,  em  que  fe  decla- 
rai as  obrigaçoens  que  tem  o  Bifpo,  Di^tidades^ 
Cónegos,  e  mais  Clero.  M.  S. 


LUSITANA.  509 

Deila  obra,   como   do   feu  Author  illuf-  boa    por    Bernardo    da    Cofta    de    Carvalho 

triíTimo  fazem  mençaõ  D.  Rodrigo  da  Cunha  ImpreíTor    da    Religião    de    Malta.    1733.    4. 

Cathal.    dos   Bi/p.    do    PorL    P.    2.    cap.    40. 

p.    347.   loan.    Soar.   de   Brit.    Theatr.   Uifit.  lERONIMO    NUNES    RAMIRES  natu- 

Uter.  lit.   H.  n.  21.  Fr.  Fernand.  de  Abreu  ral    de    Lisboa    donde    paíTando    à    Univer- 

Cathal.    dos    Bifpos    de    Mirand.     §.     5.     D.  íidade    de    Coimbra    teve    por    Meílre    em 

Nicol.   de   S.    Maria   Chron.   dos   Coneg.    V^jeg.  a   Faculdade   de   Medecina   ao   iníigne  Dou- 

liv.  10.  cap.  I,  n.  9.  tor   Thomaz    Rodrigues    da   Veyga    de    cuja 

efcola    fahio     taõ     perito    em    a    Theorica 

TT-T)i-.xmv4^/-k    T-kT-    TkíTT>  AXTT-.  A     rii        j  como    T\3i    praâíca    daquella    fciencia    uzan- 

lERONIMO    DE   MIRANDA    filho    de  ,        ,      ,                      ^      ,     , 

,         •       1     Tir-       1     ^         1        1       ^  do     de     hum     novo     methodo     contra     as 

\ntomo   de   Miranda   Contador  dos   Contos  ,                   .          .                     .     ,                   ^ 

iT.                /-         iir.       T-.«-in-~T-  doenças  mais  pengozas,  que  fatalmente  conf- 

do  Reyno,  e  Caza  delRey  D.  Sebaltiao.    Foy  .      \.                           1,        ■   r                ^ 

c  rc       iTifi-            TVfv        1^  piravao    contra    a    vida    dos    infermos.     O 

proreflor  de  Medecma,  e  Medico  da  Camará  L.              .          ....         ,  ,              .  _       , 

\  n     -Kr          1  Doutor   Antomo    Luiz    celebre    profeílor  de 

defte  Monarcha.  ^r  j     •              t-w    i-                          11       r       1 

Medecma  na    Dedicatona,    que    lhe    fez  do 

Compoz.  f*^^  livro  Erotemata  Galen.  entre  outros  Elo- 

„ .  ,         ,          r  •    ~                            r  ^  RÍos    confagrados    ao    talento    de    leronimo 

Dialogo   da  perfeição,   e   partes  que   íao   ne-  ?j              r                    r       ■               ,               ^ 

n-    •           I        n  t  7-       T  -  1                 A          -  Nunes    eicreve    as    legumtes    palavras,     i// 

cejjanas  ao  bom  Medico.    Lisboa  por  Antomo  .         .,             .           ,.      ^     ^     -n- 

ri            _          rr        1  iT.             ^  namque    tnopenbus    artis    medica    confenmíu,    et 

Alvares   ImpreíTor   delRey.    1562,    4.  1       •  -c                                   .         ... 

ad    mtrípcam    eorum,    qua    rei    medica    incum- 

htint,    cognitionem,    experimenta,    <&    theorema- 

lERONIMO     MOREYRA     DE     CAR-  tum    exercitationem    per    omnem    vitam    adjtm- 

VALHO  natural  da  Villa  de  Eftremòs  em  xifti;   quam   rem   ita  feliciter   traãajii,   ut  nul- 

a  Província   Tranílagana   filho   de   Francifco  lus    hac    noftra    atate    reperiatur,    qui    dignus 

de    Carvalho,    e    Maria    Ribeira.     Aplicou-fe  hoc    in    alho    pojfit    reponi...     eo    nomine    plti- 

ao  Efhido  da  Medicina  em  a  Univerfidade  rimum    commendaris.    e^    acceptijjimus    es,  quod 

de  Coimbra  onde  foy  dos  Médicos  do  par-  opera    artis    ingenue    traãas,    quod  judicio    quo- 

tido,   que   tem  a  Univerfidade,   e  dos  Exer-  dam    mirífico    {quod   ejfe    difficile    dixit    Hjpo- 

citos   da   Província   do   Alentejo,   e   Phyfico  crates)    nullus    tibi    certet,    quod    denique   pra- 

mór  do  Reyno  do  Algarve.    Compoz  huma  Jidia    tua,    qua    agrotis    admoves,    non    minus 

MaíTa,  que  intitulou    "Pedra  de  David,  com  a  Jaluhria,    quam    Deorum    manus,    ut   provérbio 

<jual  triumfou  de  infermidades  diverfas.    Ef-  eft,    citnãi   experiantur.    lllud   tamen   mirari  non 

creveo.  tacebo    cum    tantum    anuis  procefferís,    adeo  ftu- 

Methodo   verdadeiro  para   curar   radicalmente  diorum    pracipias    voluptatem,     ut    proinde     ac 

as  Camofidades.    Lisboa  por  FiUppe  de  Sou-  fi  juvenis    robujlijftmus    ejjes.    Foy    muito    pe- 

za  Villela.    1721.   8.  rito    nas    Hnguas    Grega,    e    Latina    como 

Traduzio     de     Callelhano     em     Portu-  teftemunhaõ     as     fuás     obras,     que     louvaõ 

guez.  Zacut.    de   Med.    Vrincip.    Hifi.    fib.    i.    Hiíl. 

Hifioria    do    Emperador    Carlos    Aíagno,    e  i.    e    lib.    2.    Hift.    43.    Dub.    30.     Draud. 

iios  do^e    Irares  de   França.     Lisboa   por   Pe-  Bib.    Clajfic.    loan.    Soar.    de    Brito    Theatr. 

dro   Ferreira.    1728.    8.   e  Coimbra  por  lozè  Eujit.    Eitter.  in  Addit.  loan   Hallevord.  Bib. 

Antunes  ImpreíTor  da  Univerfidade.  1732.  8.  CuríoJ.   pag.    135.    col.    i.   Nicol.    Ant.    Bib. 

Hifioria  do  grande  Roberto  Duque  de  Nor-  Hifp.    Tom.    2.     pag.    326.    col.    2.     Mer- 

mandia,  e  Emperador  de  Roma  em  que  Je  trata  cklin.     Eind.     Kenovat.     Compoz. 

■da  Jua  conceição,  nacimento,  e  da  fua  depravada  De    ratione    curandi    per   fanguinis    mijfio- 

vida  por  onde  mereceo  fer  chamado   Roberto   do  nem.     Ulyífipone     apud     Petrum     Crafbeeck. 

Diabo;  e  do  feu  grande  arrependimento,    e  pro-  1608.    4.    &    Antuerpix    apud    Petrum   Bel- 

digiofa   penitencia,    por    onde    mereceo  fer    cha-  lerum.     16 10.    4.    He    dedicada    a    D.     Pe- 

mado    Roberto    de    Deos,    e  prodigios,    que  por  dro     de    Caítilho    Governador    do    Reyno, 

mandado    de    Deos    obrou    em    batalhas.     Lis-  e    Inquifidor    Geral    a    quem    promete    pu- 


5io 


B  IB  LIO  THE  CA 


blicar  mayores  obras,  que  eílavaõ  promptas 
para  a  impreflaõ.  No  fim  deíle  Tratado 
eftá   o   feguinte. 

Trataãus  de  ponàerihus,  ò*  menfttris  Koma- 
norum,  Gracorum,  <&  V éter  um  Hifpanorum ;  o 
qual  louva  muito  Luiz  Rodriguez  Pedroza 
Traft.  1.  fe/eã.  Phihfoph.  &  Medecin.  diffi- 
cult.    no    fim    da   primeira    Difputada. 

D.  lERONIMO  OSÓRIO  Naceo  em 
Lisboa  no  anno  de  1506.  fendo  filho  pri- 
mogénito de  loaõ  Oforio  da  Fonceca  quarto 
filho  de  Álvaro  Oforio  da  Fonceca  Senhor 
das  Villas  de  Figueiró  da  Granja,  e  Santa 
Eufemia,  e  de  Francifca  Gil  de  Gouvea  fi- 
lha de  Affonfo  Gil  de  Gouvea  criado  do 
Infante  D.  Fernando  Pay  delRey  D.  Ma- 
noel, e  Ouvidor  das  Terras  do  mefmo  In- 
fante. Pela  auzencia  do  feu  Pay,  que  par- 
tira para  a  índia  a  exercitar  a  Ouvidoria 
Geral  do  Eílado  acompanhando  ao  lazaõ 
Portuguez  o  clariíTimo  Heroe  D.  Vafco  da 
Gama,  conhecendo  fua  May,  a  cuja  vigi- 
lante tutela  ficara  cometido,  a  viveza  de 
engenho,  que  jà  defcubria  na  idade  de  dez 
annos  o  mandou  inílruir  em  a  lingua  La- 
tina na  qual  fez  taõ  acelerados  progreíTos 
que  delle  vaticinou  o  Meílre  a  excellencia 
do  feu  talento  para  comprehender  os  eílu- 
dos  mais  feveros.  Quando  cumprio  treze 
annos  paíTou  à  Univerfidade  de  Salamanca 
onde  fe  aperfeiçoou  em  o  idioma  Latino, 
e  aprendeo  o  Grego  no  qual  traduzio  em 
elegantes  Verfos  as  Lamentaçoens  de  lere- 
mias.  PaíTados  dous  annos  fe  reílituhio  à 
Pátria  para  com  a  prezença  diminuir  as 
faudades  de  feu  Pay,  que  tinha  chegado 
da  índia  mais  cheyo  de  fama,  que  riquezas, 
e  querendo,  que  foíTe  herdeiro  da  fua  fcien- 
cia  jurídica  lhe  ordenou  voltaíTe  para  Sala- 
manca a  eíludar  Direito  Cefareo  a  cujo 
preceito  obedeceo  conílrangido  por  fer  a 
íva,  natural  inclinação  para  as  armas,  de 
tal  forte,  q  cílava  refoluto  oftentar  os  brios 
do  feu  coração  profeíTando  a  Ordem  mi- 
litar de  Malta.  Na  Academia  Salmanticenfe 
aplicava  fomente  duas  horas  cada  dia  ao 
cftudo  da  lurifprudencia,  e  confumia  todo 
o  tempo  em  a  liçaõ  dos  Hiftoriadores 
Latinos,    c    Gregos    fendo    o    feu   principal 


cuidado  confervar  a  alma  izenta  da  menor 
culpa,  e  para  efte  fim  armado  de  continuo 
cilicio  fez  voto  folemne  de  Caílidade  no  dia 
da  triumfal  AíTumpçaõ  de  Maria  Santiflima 
ao  tempo  que  feu  G^nfeífor  celebrava  o  in- 
cruento Sacrifício  da  MlíTa  em  o  reformado 
Convento  de  Santo  Eílevaõ  da  Ordem  dos 
Pregadores.  Por  morte  de  feu  Pay  voltou 
a  Pátria  donde  quando  tinha  defanove  an- 
nos foy  eíludar  a  Pariz  a  Diale£tíca,  cujas 
fubtilezas  penetrou  taõ  profundamente,  que 
mereceo  as  aclamaçoens  de  confumado  Fi- 
lofofo.  Nefta  florentilTima  Univerfidade  con- 
trahio  cordial  amizade  com  Santo  Ignacio 
de  Loyola,  e  feus  infignes  companheiros 
fendo  hum  dos  principaes  authores  para  que 
ElRey  D.  loaõ  o  III.  admitiíTe  ao  feu  Rey- 
no  o  inílituto  da  Companhia  de  lESUS. 
Reílituido  terceira  vez  a  Portugal  depois 
de  concluir  alguns  negócios  pretencentes 
à  fua  PeíToa  paíTou  a  Bolonha  em  cuja 
Univerfidade  fe  aplicou  ao  eftudo  da  Sa- 
grada Theologia,  e  à  intelligencia  da  lin- 
gua Santa  efcrevendo  quando  contava  trin- 
ta annos  os  livros  de  Nobilitate  Civili,  eb* 
Chrifliana,  que  dedicou  ao  Infante  D.  Luis 
de  quem  era  fummamente  favorecido.  Que- 
rendo a  Mageílade  delRey  D.  loaõ  o  III. 
authorizar  com  o  feu  magiílerio  a  Academia 
Conimbricenfe,  que  magnificamente  reftau- 
rara,  o  mandou  chamar  de  Bolonha,  e  na 
Cadeira  da  Efcritura  explicou  com  emolu- 
mento dos  difcipulos,  e  aflbmbro  dos  Ca- 
thedraticos  o  livro  de  Ifaias,  e  a  Epiftola 
de  S.  Paulo  aos  Romanos.  Confiderando 
com  madura  reflexão  a  irreparável  perda, 
que  padecia  a  Republica  litteraria  com  a 
falta  dos  livros  de  Gloria;  de  Republica,  e 
de  Confolatione,  que  compuzera  o  Prín- 
cipe da  eloquência  Latina  emprendeo  rcf- 
taurallos,  cuja  idea  felifmente  confeguio 
efcrevendo  o  Tratado  de  Gloria  com  cf- 
tilo  taõ  femelhante  ao  de  Gcero,  que 
muitos  julgavaõ  fer  parto  da  pcnna  dcftc 
eloquentiífimo  Orador.  Depois  compoz  cm 
contrapofiçaõ  do  Tratado  de  Republica  o  de 
Regis  Injlitutione ;  c  ultimamente  para  fubf- 
tituir  a  falta  do  Tratado  de  Confolatio- 
ne fez  huma  douta  parafrafe  fobre  o  li- 
vro de  lob    como  eficaz  lenitivo  para  to- 


L  USITAN  A, 


5ii 


lerar  as  moleftias,  e  tribukçoens  do  Mundo. 
O  SereniíTimo  Infante  D.  LuÍ2  de  quem  fora 
muitos  annos  Secretario  como  conhecefle 
a  profimdidade  da  fua  fciencia,  e  a  integri- 
dade dos  feus  cuíhimes  o  nomeou  Prior  das 
Igrejas  de  Santa  ]Maria  do  Caftello  de  Ta- 
vares, e  S.  Salvador  de  Travanca  em  o  mef- 
mo  Confelho  de  Tavares  do  Bifpado  de 
Vifeu,  e  lhe  cometeo  a  educação  de  feu 
hlho  o  Senhor  D.  António  cuja  incumbên- 
cia confervou  até  a  morte  daquelle  Princi- 
pe,  por  cuja  cauza  partio  para  a  fua  Igreja 
onde  reíidia  com  vigilância  de  perfeito  Paf- 
tor.  Increpado  por  alguns  amigos  do  reti- 
lo  que  fizera  da  Corte,  refpondeo  que  a  fé, 
c  verdade  que  fempre  profeíTara  naõ  po- 
<liaõ  habitar  onde  fomente  dominavaõ  o 
engano,  e  a  adulação.  Naõ  foy  poderofa  a 
auíleridade  do  feu  génio  para  naõ  fer  cha- 
mado ao  lugar  donde  fugira  merecendo 
diílintas  eílimaçoens  dos  SereniíTimos  Mo- 
narchas  D.  loaõ  o  IH.  e  D.  Catherina,  e  do 
Cardial  D.  Henrique  que  o  nomeou  por  re- 
nuncia do  Meftre  Gafpar  de  Leaõ  depois 
Arcebifpo  de  Goa,  Arcediago  do  bago  da 
Cathedral  de  Évora  de  que  tomou  poíTe  em 
50  de  Março  de  1560.  e  por  fua  infinuaçaõ 
efcreveo  aquella  erudita  Carta  à  Rainha  Iza- 
bel  de  Inglaterra  onde  lhe  perfuadia  com 
I  xezoens  concludentes  que  abjurados  os  erros 
heréticos  abraçaíTe  os  dogmas  da  Igreja 
Romana.  Para  defender  a  impiedade  deíla 
nova  lezabel  tomou  a  penna  feu  Miniftro 
Gualter  Haddon  contra  o  qual  vibrou  Ofo- 
rio  como  fulminante  rayo  a  fua  convencendo 
com  tanta  evidencia  os  fofifmas  do  feu  An- 
tigoaiíta  que  confufo  fe  naõ  atreveo  a  entrar 
em  fegundo  confliéto.  Como  os  feus  mere- 
cimentos fe  augmentaíTem  com  os  annos 
o  nomeou  ElRey  D.  Sebaíliaõ  Bifpo  da  G- 
dade  de  Sylves  em  o  Reyno  do  Algarve, 
e  pofto  que  proteftou  a  fua  incapacidade 
para  taõ  alta  Prelazia  conílrangido  a  aceitou 
no  anno  de  1564.  cuja  Cathedral  paliados 
17  annos  fe  transferio  em  feu  tempo  para  a 
Cidade  de  Faro  em  30  de  Março  de  1577. 
onde  agora  permanece.  Todas  as  virtudes 
que  fizeraõ  veneráveis  os  Prelados  da  pri- 
mitiva Igreja  copiou  taõ  fielmente  no  feu 
peito,  que  de  muitos  foy  gloriofo  exceíío. 


Quotidianamente  fe  levantava  da  cama  an- 
tes de  amanhecer,  e  pofto  de  joolhos  apren- 
dia na  efcola  da  Oraçaõ  mental  os  documen- 
tos conduzentes  ao  ferviço  de  Deos,  e  do 
próximo;  como  também  a  intelligencia  de 
algum  lugar  difidl  da  Efcritura,  e  paíTa- 
das  duas  horas  celebrava  o  incruento  Sa- 
crificio  do  Altar.  Para  que  os  feus  Familia- 
res evitaíTem  a  ociofidade  fecunda  mãy  de 
todos  os  vicios,  fuftentava  com  largos  ef- 
tipendios  em  o  feu  Palácio  homens  erudi- 
tos para  lhes  enfinar  as  artes  dignas  do  feu 
eftado,  aos  quais  muitas  vezes  inftruia  com  os 
preceitos  da  Ungua  Grega,  e  Geometria  de  Eu- 
clides. A  meza  era  commua  como  as  iguarias 
onde  havia  continua  liçaõ  de  vários  authores 
fendo  para  o  feu  palato  a  mais  dHiciofa 
alguma  obra  do  Melifluo  Doutor  S.  Ber- 
nardo, fatisfazendo  a  todas  as  duvidas,  que 
eraõ  propoftas  pelos  drcunftantes.  Para  inf- 
truçaõ  univerfal  do  feu  rebanho  mandou 
com  grande  difpendio  abrir  efcolas  de  latim 
em  Lagos,  e  Villa  nova  de  Portimão;  e  de 
Theologia  Moral  em  Faro,  Tavira,  e  Loulé. 
Exhortava  aquelles,  que  pelo  feu  talento 
fe  diftinguiaõ,  a  frequentar  as  Univerfida- 
des  focorrendo  generofamente  aos  que  a 
pobreza  dificultava  efte  exercido,  e  remu- 
nerando com  lugares  honoríficos,  e  rendo- 
fos  a  todos  que  tinhaõ  feito  mayores  pro- 
greílos  nos  eftudos.  Tanta  era  a  prompti- 
daõ  com  que  dezejava  remediar  aos  pobres 
que  trazia  fempre  cheya  a  bolça  de  dinhei- 
ro para  efcuzar  a  providencia  do  feu  Efmol- 
ler,  em  cuja  defpeza  gaftava  a  mayor  parte 
das  rendas  Epifcopaes.  Toda  a  quantia, 
que  fe  cobrava  em  a  Chancellaria  das  con- 
denaçoens  fe  aplicava  para  beneficio  dos 
Hofpitaes,  e  Cazas  da  Mifericordia,  uzando 
da  mefma  comiferaçaõ  com  os  Conventos 
mais  reformados  dandolhe  todo  o  género 
de  remédios  para  cura  dos  infermos.  Sem- 
pre eftava  patente  a  porta  do  feu  Palácio 
a  qualquer  peíToa  que  o  bufcava,  e  fuce- 
dendo  que  o  porteiro  em  certa  ocafiaõ  di- 
ficultou a  entrada  a  hum  pobre,  o  repre- 
hendeo  feveramente  naõ  permitindo  que  hou- 
veííe  tal  lugar  em  fua  caza.  Vizitando  a  fua 
Dioccfe  inquiria  prudentemente  dos  cri- 
minofos,    e    fendo    chamados    à    fua    pre- 


5l2 


BI  B  no  THE  CA 


zença  os  exhortava  paftoralmente  à  refor- 
ma das  fuás  vidas  de  cujas  faudaveis  admoef- 
taçoens  fe  admirarão  transformaçoens  re- 
pentinas. Foy  acérrimo  defenfor  da  fua 
dignidade  punindo  feveramente  aos  vio- 
ladores da  jurifdiçaõ  Eccleílaílica  que  fe  va- 
liaõ  da  authoridade  real  para  livremente 
cometer  enormes  infultos.  Nas  Cortes  ce- 
lebradas em  Lisboa  a  20  de  laneiro  de  1568. 
onde  tomou  as  rédeas  do  Governo  ElRey 
D.  Sebaíliaõ  affiftio  com  os  Prelados  das 
outras  Diocefes,  e  como  o  Cardial  D.  Hen- 
rique conhecia  a  fua  grande  prudência  in- 
tentou que  foíTe  hum  dos  direftores  do  no- 
vo Monarcha  em  a  regência  do  Reyno,  po- 
rem com  o  pretexto  da  obrigação  paftoral 
fe  retirou  ao  Algarve,  e  chegando  a  noticia 
da  precipitada  refoluçaõ  com  que  elRey 
arrebatado  do  feu  inquieto  efpirito  queria 
paflar  a  Africa  lhe  efcreveo  huma  Carta  na 
qual  com  zelofa  fidelidade  lhe  expunha 
fer  conveniente  à  eílabilidade  da  Monar- 
chia,  que  fua  Alteza  cazaíTe  antes  de  exe- 
cutar os  defignios  que  meditava.  Com  ou- 
tra Carta  cheya  de  documentos  políticos, 
e  defenganos  catholicos  perfuadio  ao  mef- 
mo  Príncipe  fe  reílituiíTe  ao  Reyno  depois 
de  ter  imprudentemente  executado  a  pri- 
meira expedição  de  Africa.  Eftes  maduros 
confelhos  que  deviaõ  fer  fummamente  eíli- 
mados  foraõ  motivo  de  varias  calumnias 
maquinadas  pelo  ódio  dos  feus  emulos,  e 
receando  que  foíTem  benevolamente  acei- 
tas a  ElRey  fe  retirou  de  Portugal  com  o 
pretexto  da  vizita  ad  li/nina  Apojlolorum. 
Da  Cidade  de  Sevilha  pedio  por  huma  Car- 
ta o  beneplácito  real  para  eíla  jornada,  e  en- 
trando em  Parma  em  o  anno  de  1576.  foy 
tratado  com  fumma  benevolência  pela  Se- 
reniíTima  Princeza  D.  Maria  Neta  DelRey  D. 
Manoel  onde  para  naõ  paflar  ociofamente 
o  tempo  que  naquella  Cidade  afliftio,  com- 
poz  em  obzequio  daquella  Princeza  a  Para- 
frafe  fobre  os  Pfalmos.  De  Parma  paflbu 
a  Roma,  e  depois  de  venerar  com  fumma 
piedade  as  fepulturas  dos  Príncipes  do  Apof- 
tolado  foy  benevolamente  recebido  pelo 
Summo  Pontífice  Gregório  XIII.  de  cuja 
paíloral  liberalidade  recebco  particulares 
prívilegios    para    a    Sua    Igreja.     Obrigado 


das  Cartas  delRey  D.  Sebaftiaõ,  e  do  Car- 
dial D.  Henrique  para  voltar  ao  Reyno  co- 
mo também  do  efcrupulo  de  eftar  auzentc 
hum  anno  do  feu  rebanho,  e  evitar  o  rumor 
popular  de  que  a  fua  demora  na  Cúria  era 
com  intento  de  veftir  a  Purpura  Romana, 
penfamento  que  tivera  Marcello  II.  par- 
tio  de  Roma  onde  deixou  impreflas  faudo- 
fas  memorias  da  fua  grande  capacidade,  c 
exemplar  vida.  Ao  tempo  que  chegou  a 
Portugal  fe  eftava  preparando  com  o  mayor 
aparato  militar  ElRey  D.  Sebaíliaõ  para  a 
infeliz  expedição  de  Africa,  e  valendofc  da 
authoridade  da  peflba,  e  eficácia  da  eloquên- 
cia exhortou  a  efte  Príncipe  que  naõ  exc- 
cutafle  a  temerária  refoluçaõ  com  que  pre- 
cipitadamente corria  à  ultima  perdição.  Re- 
cebida a  infauíla  noticia  de  que  nos  Campos 
de  Alcácer  agonizara  a  4  de  Agoílo  de  1578. 
a  Monarchia  Portugueza  com  o  author  de 
taõ  deplorável  derrota,  concebeo  taõ  pro- 
fundo pezar  o  feu  coração,  que  fendo  na- 
turalmente robufto  lhe  faltarão  forças  para 
refiílir  a  taõ  fatal  calamidade.  Querendo 
pacificar  os  tumultos,  que  havia  em  Tavira 
procedidos  deíle  infauílo  fuceflb  partio  em 
huma  liteira,  e  parecendo-lhe,  que  a  me- 
nor demora  augmentaria  o  furor  dos  tumul- 
tuofos  montou  em  huma  mula  para  mais 
brevemente  chegar  àquella  Gdade  onde  co- 
mo o  tempo  fofle  muito  calmofo,  e  contra- 
hifle  huma  chaga  na  perna  direita  foy  obri- 
gado a  recolherfe  ao  Convento  dos  Religio- 
fos  de  S.  Francifco.  Acometido  de  huma  ar- 
dente febre  que  durou  pelo  efpaço  de  vinte 
dias,  fendo  avizado  de  que  certamente 
morria  recebeo  com  femblante  alegre  efte 
anuncio  levantando  os  olhos,  e  maõs  ao 
Ceo.  Pofto  que  tinha  faculdade  de  Gregó- 
rio XIII.  para  teíbir  de  vinte  mil  cruzados 
fomente  difpoz  de  mil,  e  quinhentos  que 
tinha  hum  Cónego  feu  familiar,  os  quais 
ordenou  fe  repartiflem  pelos  criados  da  fua 
caza  fatisfazendolhe  os  eílipendios  annuaes 
ainda  que  os  naõ  tiveflem  vencidos.  De- 
pois de  receber  com  terniffima  piedade  o 
fagrado  Viatico,  e  a  Extrema  unçaõ  expi- 
rou abraçado  com  hum  Crucifixo  a  20  de 
Agoílo  de  1580  quando  contava  74  annos 
de   idade.     Foy   fepultado   na   Capella   mór 


L  USITAN  A 


5i3 


do  Convento  de  S.  Francifco  de  Tavira 
como  ordenara  para  fer  transferido  para 
a  fua  Cathedral.  Foy  verdadeiramente  Va- 
rão ornado  de  profundas  letras,  e  Angulares 
virtudes  pelas  quais  mereceo  as  eílimaçoens 
dos  Summos  Pontífices  Marcello  11.  e  Gre- 
gório Xni.  dos  Reys  de  Portugal  D.  Joaõ 
o  ni.  D.  Sebaftiaõ,  e  D.  Henrique,  de  Ef- 
tevaõ  Battorio  Rey  de  Polónia  que  pelo  feu 
Chanceller  loaõ  Zamoifchio  o  mandou  vi- 
fitar  a  Roma  confeíTando  com  honorificas 
expreíToens  a  utilidade,  que  colhera  com 
a  liçaõ  das  fuás  obras;  dos  infignes  Cardeaes 
Eílanislao  Ofio,  e  Guilherme  Sirleto.  Pal- 
iou a  lingua  Latina  como  fe  nacera  no  fe- 
culo  do  Auguílo  chegando  a  imitar  com 
cores  taõ  vivas  a  Qcero,  que  fe  equivoca- 
V2i  a  copia  com  o  Original.  Foy  eloquentif- 
íimo  Orador,  profondiíTimo  Theologo,  dou- 
tiflimo  Efcriturario,  e  excellente  Hiíloria- 
dor  elegendo  para  aíTumpto  da  fua  penna 
as  Ínclitas  acçoens  delRey  D.  Manoel,  que 
por  fer  o  fegundo  Alexandre  GDnquiílador 
do  Oriente  as  narrou  com  o  eítílo  de  Quinto 
Curdo  Chroniíla  das  façanhas  do  primeiro. 
O  feu  nome  he  celebrado  pelas  vozes  de 
infignes  Efcritores,  como  faõ  D.  Manoel 
de  Almada  Bifpo  de  Angra  in  princip. 
'Epifi.  ad  Gualterem  Haddonem.  Vir  non 
tantum  utraqm  {quod  aiwit)  Minerua  Graça 
fimul,  (&  Latina,  fed  etiam  ajfiduis  Sacra- 
rum  Utterarum  Jludiis  praditus,  qtà  per  mui- 
tos annorum  retro  aãorum  vigilias  evajit  doãif- 
Jimus,  cujus  /cripta  ut  pia,  fruãofa,  e^ 
Chrijiianam  redolentia  pietatem  Príncipes 
Chríjiiani,  (&  próceres  Ecclejia  Catholica 
ruipimt,  omnejqm  doãijftmi  nofiri  tempo- 
ris  virí  magnifaciunt.  Jacob.  Auguli.  Tuan. 
Hift.  fui  Tempor.  Part.  3.  lib.  72.  Tãm 
Scriptis  qua  multa,  <ò^  varía  puríori,  ac  flo- 
rido fylo  exarata  dum  vixit,  pafim  dedit, 
tum  viteB  Janãiorís  exemplo  non  Jolum  fuis, 
fed  totó  Chrífliano  orbi  utilis.  Lelong. 
B/^.  Sacr.  pag.  mihi  888.  col.  2.  Latine, 
(ò'  Grace  doãus.  Faria  Europ.  Portug. 
Tom.  3.  P.  I.  cap.  4.  n.  3.  Excellentijftmo 
Efcritor.  Joan.  Soar.  de  Brito  Theatr.  Lu- 
fit.  Uter.  lít.  H.  n.  23.  Vir  ingenio,  judicio 
que  magno,  eá  vero  eloquentia,  qua  fua  faculo 
parem  vix  habuit.  PapadopoU  Hijl.  Gym- 
33 


nas.  Patavin.  lib.  2.  cap.  28.  §.  128.  Ne- 
mo  fua  atate  in  Lufitania  claríor  fuit,  fve 
fpendorem  generís  fpeães,  fve  decus  cUm  Sa- 
pientia,  tum  pietatis  qua  praflitiffe  illum  ad 
exemplar  prífcorum  Patrum  ahfolutijfimum 
conjlat.  Hyeron.  Blancas  Aragonenf  rerum 
Comment.  pag.  301.  SapientiJJimum  ^  eio- 
quentijfimum  cui  videntur  in  cunis  dormienti 
tamquam  alterí  Platoni  in  lahellis  apes  con- 
fediffe.  Walchio  Hifi.  Crít.  ling.  Latin. 
cap.  II.  pag.  444.  hominem  laudibus  elo- 
quentia omatijfimum.  Beyerlinck  Opus  Cbro- 
nolog.  ad  ann.  1567.  perpetuis  erudita  laudis 
honoribus  efferendus  efl.  Daça  Cbron.  de  S. 
Franc.  Part.  i.  liv.  i.  cap.  50.  diligente  y 
fideliflimo  Hifloríador.  Arnold.  Myllíus  Epífi:. 
ad  loan.  Metei,  que  fahio  no  principio  da 
Parafrafe  de  Ifaias  do  mefmo  Oforio  Vir 
efl  longe  doãijftmus,  (ò"  rara  pietate,  morum- 
que  gravitate  multo  clariflimus.  Souza  Elor. 
de  Efpan.  Excel,  de  Portug.  cap.  23.  Excel. 
23.  §.  10.  por  los  excellentes  livros,  que  com- 
pufo  ganò  tal  fama,  que  de  Inglaterra,  AJe mania, 
y  otras  partes  venian  folo  a  verle  mucbas 
gentes  como  a  otro  Titolivio.  Marangoni 
The:(aur.  Parocb.  Tom.  2.  pag.  68.  §.  34. 
Doãrína,  religione  in  Deum,  (ò"  Regem  cla- 
rijfimus.  Telles  Cbron.  da  Comp.  de  Jef  da 
Prov.  de  Portug.  Tom.  2.  liv.  5.  cap.  28. 
§.  10.  Varaõ  eloquentijftmo.  CapaíTi  Hifi.  Phi- 
lofopb.  lib.  4.  cap.  14.  Cicero  Eufitanus. 
Franckenau  Bib.  Hifp.  Gen.  Herald,  p. 
178.  n.  259.  vir  ob  erudita,  ac  eleganti  f cripta 
eloquio  varii  argumenti  opera  notijjimus.  Teif- 
fer  Elog.  des  Hom.  Savans.  Tom.  3.  pag. 
187.  perfonage  d'  une  naiffanfe  noble,  d'  une 
profonde  erudition,  d'  une  rare  eloquence,  e 
d'  une  fncere  piete.  Gil  Gonzalves  de  Ávila 
Tbeatr.  de  las  Gr  and.  de  Madrid  pag.  506. 
aquel  varon  tan  fenalado,  j  famofo  diffio 
de  toda  memoria,  el  Cicero  Cbrífliano  D. 
Geronimo  Oforío,  que  honro  fu  patría  con 
fus  efcritos,  y  pluma.  Tofcano  Paralel. 
de  Var.  llluftr.  cap.  129.  Foy  igual  a  Ci- 
cero rui  eloquência,  eflilo,  e  frafe,  e  finalmente 
ate  boje  o  que  mais  o  imitou,  feguio,  e  igua- 
lou nefta  matéria  pelo  qual  confegtáo,  e  Mgm- 
mente  mereceo  o  titulo,  e  fobre  nome  tam- 
bém de  Príncipe  da  Ungua  Latina,  e  no 
cap.    130.     NaS  fó  foy   muy   louvado,   e   ejli- 


5i4 


BIB  LIO  TH  E  CA 


mado  de  feus  naturaes,  mas  das  naçoens  ef- 
tranhas.  Maris  Dialog.  de  Var.  Hijí.  Dia- 
log.  4.  cap.  15.  Príncipe  dos  Oradores. 
Hollander  de  Nobilitat.  pag.  65,  Ora- 
torum  hujus  Jaculi  omnium  eloquentijftmus. 
Fonceca.  Evor.  Glorio/,  pag.  301.  injigne 
Hijioríador,  e  "Letrado.  Brito  Mon.  Lm/íí. 
Part.  I.  liv.  2.  cap.  12.  eloquentijftmo.  Ni- 
col.  Ant.  Bih.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  449. 
col.  2.  Plane  in  hoc  viro  quid  quid  praj- 
tantis,  €>•  eximii  natura  concedere,  fiudiaque 
litterarum  conferre  folent  cumulatum  meritò 
dixeris.  Nam  prater  innocentijftmos  mores, 
duãamque  ad  unguem  Pontifícia  vita  formam, 
fie  in  eo  refplenduit  fapientia,  eloquentia  con- 
jun£ta,  ut  nefcias  quid  in  ejus  doâifftmis,  eb* 
ekgantifftmis  lucuhrationihus  folidiffima  ne, 
ac  vere  Chrifliana  Philofophia  documèta,  €> 
illuflres  undique  cogitationes  quibus  Platonem, 
an  excellentia  Latina  loquutionis,  qtta  Tul- 
lium  Ciceronem  ad  Ecclefia  Caflra  deducere 
voluiffe  videtur  celebritate  mayorí,  (ò'  laude 
dignum  fit.  Dupin  Hifl.  de  l'  Eglife,  e  des 
Autheurf.  Ecclef.  Sede  XVI.  pag.  mihi 
419.  C  efl  à  bon  droit  qu  on  appelle  Ofo- 
rius  le  Ciceron  Portugais  car  il  efl  un  des 
plus  grands  imitateurs  de  Ciceron  qu'  il  y 
ait  eu  foit  pour  le  fiile,  foit  pour  le  choix 
qu'  il  fait  des  fujets,  foit  pour  la  maniere  de 
les  traiter.  Poflevin.  Apparat.  Sac.  pag. 
745.  Vir  nobilis,  doãus,  eloquens,  caflus.  An- 
dré Scoto  Hifp.  Bib.  pag.  551.  ob  egrégia  in- 
genii  monumenta  nulla  unquam  atas  de  ejus 
laudibus  conticefcet:  teretur  illorum  manibus 
qui  fapientiam  reãa  cum  eloquentia  conjun- 
gendam  exiflimarínt.  Franco  Imag.  da  Vir- 
tud.  em  o  Nov.  de  Evor.  liv.  i.  cap.  5.  ex- 
cellente  Hifloriador.  Koning.  Bib.  Vet.  eb* 
Nov.  pag.  594.  col.  I.  Souza  Agiol.  Lufit. 
Tom.  4.  pag.  606.  Grande  t^elador  da  honra 
de  Deos,  acérrimo  defenfor  da  Religião  Chrif- 
fãa,  infigte  Theologo,  verfado  em  todo  o  género 
de  erudição.  Niceron  Memoir.  des  Hom. 
Jlluftr.  Tom.  11.  pag.  202.  e  fegxiintes. 
Conrado  Gcfnero  in  Append.  Biblioth.  foi. 
520.  Reynerio  Mathifio  em  a  feguinte 
Ode  imprefla  no  livro  de  E^bus  Emman. 
Reffs    da     ediçaõ     de     Q>lonia. 

Vis    JLu/tana    Gentis,    in    índia 
Res   feire    geflas,    bellaque    barbarís 


ília  ta  regnis;  <&  fubaBos 

In  Lybicá  Regione  Mauros: 

Vi  et  repertas  navibus  infulas: 

Et  feire  mores  juraque  gentium 

DoHos  deferti  leãor  Oforíi 

Evolve  libros  affidua  manu; 

Ex  hoc  amano  fonte  fumma 

Utilitas  fluet,  (&  voluptas. 

Hine  multa  difces,  qua  nequa  faculis 

Unquam  fuerunt  nota  prioríbus 

Nec  Vifa.  Miras  longus  arfes 

Reperit,  (&  meditatur  ufus 

Hae  perfequetur  doHus  Oforíus: 

HUe  hue  ades  tandem  juventus 

Pieriis  opera  ta  Mufis: 

Hae  Tullianis  plena  leporíbus 

Sunt,  atque  cedro  digna  volumina 

Utaris  hâc  noães,  dies  que 

Hifloriá  fludiofe  leBor. 
As  obras  defte  iníigne  Prelado,  que  corriaõ 
difperfas  em  diverfos  tomos,  e  impreíTas  em 
varias  partes  as  collegio  com  grande  difvelo 
feu  fobrinho  leronimo  Oforio  Cónego  da  Ca- 
thedral  de  Évora  quando  aíTiíHo  em  Roma,  e 
fahiraõ  comprehendidas  em  quatro  Tomos 
de  folha.  Romae  apud  Bartholamaeum  Bonfadi- 
ni.  1692.  No  primeiro  Tomo  eílaõ  as  feguintes. 

De  Nobilitate  Civili  libri  11. 

De  Nobilitate  Chrifliana.  libri  iii. 
Eftes  dous  tratados,  que  muito  louvaõ  dous 
Oráculos  da  Jurifprudencia  André  Tiraquello 
Traã.  de  Nobilit.  cap.  i.  e  loaõ  Solorzano  de 
fure  Ind.  Tom.  i.  liv.  i.  cap.  5.  n.  48.  foraõ 
dedicados  ao  Sereniflimo  Infante  D.  Luiz. 
OlyíTipone  apud  Ludovicum  Rodriguez. 
1542.  4.  Florentiae  apud  Torrentium  1552.  8. 
Baíileas  apud  Petrum  Pemam  1571.  8. 
Coloniae  apud  Cholinum.  1591.  12.  Parifiis 
apud  Ifaiam  le  Preux  1606.  8.  Sahio  traduzi- 
do em  Francês  por  Monfiur  de  Guilloticre. 
Pariz  ches  laquez  Kerner.  1549.  4.  Rogério 
Afcanio  Varaõ  fummamente  erudito  reme- 
teo  efta  obra  ao  Cardial  Reginaldo  Polo  com 
huma  elegante  carta,  que  he  a  primeira  entre  as 
de  Oforio  exaltando  feu  Author  com  o  feguinte 
Elogio.  In  traãanda  vero  hae  tam  praclara  ma- 
tería  eam  eloquentia  facultatem  adhibet,  qua  pauei 
quidem  mea  certa  opinione  pofl  tila  AugufH  têm- 
pora aut  puriore,  aut  praflantiore  ufi  funt.  Efl 
enim   in  verbis  deligendis  tam  peritus;   in  fen- 


L  USITAN A. 


5i5 


tentiis  continuandis  tam  politus,  ita  proprie- 
tate  cafttis,  ita  perjpicuitate  illujiris;  ita  aptus, 
<&  verecundtts  in  translatis;  fuavis  ubique 
fine  fafiidio;  gravis  femper  fine  molefiia;  fie 
fluens,  ut  nunquam  turgejcat;  fie  omnibus 
perfeãus  numeris,  ut  nec  addi  aliquid,  nec 
I  demi  ei  quidquam  mea  opinione  pojfit.  Immo 
tam  prafians  artifex  efi,  ut  nec  Itália  in  Sa- 
doleto,  nec  Gallia  in  Langolio  pltis  quam 
nunc  Hifpania  in  Oforio  gloriari  debeat.  O 
mefmo  conceito  fez  defta  obra  leronimo 
Cardofo  em  huma  carta  que  he  a  6  entre 
as  impreíTas.  Videbar  mihi  in  Ciceronis 
de  Philojophia  libris  Jumma  cum  voluptate 
verfari.  Nec  mirum  cum  eadem  ubertas,  (& 
gravitas,  eadem  fermonis  puritas,  eb*  oratio- 
nis  concinnitas,  idemque  denique  lepos  pajftm  elu- 
ceret. 

De  Gloria  libri  V.  Dedicado  a  El- 
Rey  D.  loaõ  o  III.  OlyíTipone  apud  Fran- 
cifcum  Corrêa  1549.  4.  Sahio  juntamen- 
te com  o  tratado  de  Nobi/it.  Chrifiiana. 
Florentiae  apud  Laurentium  Torrentium 
1552.  Baíileas  1556.  8.  Compluti  apud 
Andream  Angulo.  1568.  12.  GDlonias 
1577.  Bilbao  apud  Mathiam  Mares  1578. 
Baíileas  1584.  ODlonise.  1594.  12.  Pariíii 
apud  Ifaiam  le  Preux  1608.  8.  Rhoto- 
magi  1616.  Antuerpiae  1635.  12.  Deíia 
obra  como  da  precedente  faz  eile  elogio 
Afonfo  Garcia  Matamoros  de  Acad.  et 
doai.  vir  Hifp.  Suavi  fimul,  et  artificio/a  ver- 
borum  firuãura  citra  ver/um  confcripfit.  Sono, 
et  numero  Orationis  leviter  demulcet  aures, 
ut  hac  unà  pojjit  fingulari  virtute  cum  Lac- 
tantio,  (&  Chrifiophoro  Ijongolto,  et  quovis 
alio  Ciceroniano  non  injuria  certare.  Arifiotelica 
tamen  quadam  differendi  ratione,  et  copia  fie 
efi  ufus,  ut  non  ad  voluptatem  aurium,  qiuB 
Jumma  efi,  ficuti  ego  afiimo,  in  hoe  authore, 
fed  ad  judiciorum  certamen  fcripfijfe  videatur. 
De  Regis  Infiitutione,  (&  difciplina  libri 
VIII.  ad  Sebafiianum  primum  Portugallia 
Regem.  OlyíTipone  apud  loannem  Hif- 
pan.  1572.  4.  Coloniae  apud  hasredes  Bir- 
ckmani.  1574.  8.  Pariíiis  apud  Petrum 
Huillier  1583.  foi.  por  deligencia  de  Pe- 
dro BriíTon  irmaõ  do  Prezidente  Bamabe 
BriíTon;  et  Coloniae  apud  haeredes  Ar- 
noldi      Birckmani.      1614.      8. 


De  rebus  Emmanuelis  Regis  Lufitania 
virtute,  et  aufpicio  gefiis  libri  duo  decim.  Olyf- 
lipone  apud  Antonium  GondiíTalvum 
1571.  foi.  Coloniae  apud  haeredes  Birck- 
manni  1597.  8.  com  huma  douta  pre- 
fação de  loaõ  Matallio  Metello  Sequano 
lurifconfulto  efcrita  ao  íapientiflimo  Va- 
rão D.  António  Agoítinho  Arcebifpo  de 
Tarragona.  Sahio  traduzido  em  Fran- 
cês por  Simaõ  Goulard  com  o  titulo  fe- 
guinte.  Hifioire  de  Portugal  eontenant,  les 
entreprejes,  navegations,  et  gefies  memorables 
des  Portugaloes  tant  en  la  conquéte  des  Indes 
Orientales  qu'  aux  guerres  de  Afrique  &c. 
Pariz  par  François  Eítíene  15  81.  foi.  & 
ibi  chez  Abel  V  Angelier  1587.  8.  &  ibi 
par  Samuel  Crefpin  16 10.  8.  2.  Tom. 
Manoel  de  Faria,  e  Souza  nas  Advert. 
ao  primeiro  Tom.  da  Afia  Portuguesa  faz 
o  feguinte  elogio  a  efta  obra  fin  algun  dif- 
crimen  es  la  màs  felis  despues  de  la  de  Titu- 
livio.  En  la  latinidad  todos  le  coneeden  facil- 
mente la  palma  de  Jer  el  mejor  Ciceroniano: 
en  la  orden  es  fingular,  en  el  juit^io  es  claro; 
en  los  reparos  es  agudo,  en  la  gala  es  grave, 
e  en  todo  es  perfeão,  e  o  Padre  Niceron 
Memoir.  des  Hommes  Illufir.  Tom.  11.  pag. 
208.  £/?  recommandable  par  le  foin  qu'  il 
apris  de  f  informer  de  la  verite  des  faits, 
e  de  les  raconter  fans  degtàfement;  il  ecrit 
avec  brievete,  avec  elarte  e  avec  neteté.  II 
fonde  les  conjeils,  e  les  fundamens  des  deli- 
berations,  donne  fu  jugement  fur  les  aãions 
des  Grands,  e  des  Róis,  e  condamne  avec  li- 
berte leurs  defauts  fans  èpargner  ceux  de  Ja 
Nation. 

Defenfio  fui  Nominis.  He  huma  erudita 
apologia  em  que  mollra  contra  feus  emu- 
los  as  rezoens  que  o  moverão  para  afirmar 
que  devia  fuceder  neíla  Coroa  Filippe  Pru- 
dente  por   morte   do   Cárdia  1  D.   Henrique. 

Epifiola.    Hannoviae.  12. 

O  fegundo  Tomo  comprehende  as 
feguintes     obras. 

Epifiola  ad  Sereniffimam  Elifabetham 
Anglia  Reginam.  OlyíTipone  apud  loan- 
nem Blavium.  1562.  4.  &  Venetiis  apud 
loannem  Ziletum  1563.  OlyíTipone  apud 
Antonium  Riberium.  1575.  4.  Foy  ver- 
tida   na    língua    Franceza.     Pariz    chez    Ni- 


5ió 


BIB  LIO  THE  CA 


cuko  Qiefnau.  1565.  8.  e  na  Ingleza  como 
efcreve  Niceron  Mem.  des  Hom.  lllujir. 
Tom.     II.     pag.     209. 

In  Gualterum  Haddonem  Magiftrum  li- 
hellorum  JupHcum  apud  clarijfimam  Prin- 
cipem  EJifabetham  Anglia,  Francia,  Hi- 
bemia  Keginam  libri  III.  OlyfTipone  apud 
Francifcum  Corrêa  1567.  4.  Dilingae  1569.  8. 
&  ibi  1576.  com  huma  Oraçaõ  de  lacobo 
Longolio  fobre  o  mefmo  argumento.  Tre- 
veris  apud  Edmundum  Hatot.  1585.  12. 

De  Jujlítia  libri  X.  in  quibus  explican- 
tur  omnia  qua  de  Fide,  <&  aãionibus,  Me- 
ritis,  (&  Gratia,  libera  hominis  voluntate  <Ò^ 
Prafenjione,  atque  prajcriptione  divina  ad  hanc 
diem  dijceptata  Jmt,  €>*  Jalfis  opinionibus  evulfis 
omnes  ad  pie  credendum,  e>*  bene  vivendum 
infiituuntur.  Colónia;  apud  haeredes  Birck- 
manni    1574.    8.    e    15  81.    8. 

De  Vera  Sapientia  libri  V.  ad  Grego- 
rium  XIII.  P.  M.  OlyíTipone  apud  Fran- 
cifcum Corrêa.  1578.  4.  Coloniae.  1579.  8. 
et   ibi   ex    Officina   Birckmannica.    1582.    8. 

In  Epijlolam  Pauli  ad  Komanos.  No 
terceiro    Tomo    eftaõ    as    obras    feguintes. 

Paraphrajis  in  lob.  libri  III. 

Paraphrafis  in  Pfalmos. 

Commentaria      in       Parábolas      Salomonis. 

In  Sapientiam  Salomonis.  Antuerpiae. 
1596.     12.     No    Quarto    Tomo. 

Paraphrajis  in  Ifaiam  ad  Henricum  Ke- 
ffs  Hmmanuelis  filium  S.  R.  E.  Tit.  Sanc- 
torum  Coronatorum  Cardinalem  libri  V. 
Coloniae  apud  Alexandrum  Bonatium 
1578.  &  ibi  apud  haeredes  Arnoldi  Birck- 
manni  1579.  4* 

In     OJeam     Prophetam     Commentaria. 

In  Zachariam  Prophetam  Commentaria. 
Colónia    1584.     8. 

In   Laudem   D.    Ae    Catherina   Oratio. 

In  loannis  Evangelium  Orationes  XXI. 
Coloniae.       1584.       8. 

Cármen  in  diem  Natalem  D.  N.  J. 
Cbrijli.  Confta  eíle  Poema  de  80.  verfos 
heróicos. 

Alem  deftas  obras  comprehendidas  nos 
quatro  Tomos  impreflbs  cm  Roma.  Com- 
poz. 

Tradução  Latina  das  Meditofoens  do   Car- 


dial  D.  Henrique  fobre  a  Oração  do  P.  Nojfo. 
Lisboa    por    Francifco    Corrêa.     1576.     12. 

Epijlola  ad  Hjeronimum  Cardo/um.  He 
a  10  entre  as  do  mefmo  Cardofo  que 
fahiraõ.  OlyíTipone  apud  loannem  Bar- 
rcrium   Typ.   Reg.    1556.    8. 

Commentaria  in  Pfalmum  Miferere  mei 
Deus.    M.    S. 

Tratado  do  Reyno  do  Algarve.  He  alle- 
gado  por  Fr.  Bernardo  de  Brito  Mon. 
Ijtifit.    P.    I.    liv.    2.    cap.    13. 

Oraçaõ  fúnebre  nas  Exéquias  delRey  D. 
loaõ  o     III.     celebradas  em   Coimbra.   M.    S. 

Decretos  do  Concilio  Tridentino  tradu- 
zidos   em    Portugmt:^.    M.    S. 

Carta  efcrita  de  Villa  nova  de  Portimão 
a  11.  de  Outubro  de  1570.  a  ElRey  D. 
SebaJliaÕ  em  que  lhe  perfuade  que  fe  caz^e. 
M.  S. 

Carta  efcrita  de  Lisboa  a  20  de  Outu- 
bro de  1574.  ao  mefmo  Príncipe.  He  larga, 
e    difcreta.    M.    S. 

Duas  cartas  efcrítas  ao  mefmo  Príncipe 
contra  Máximo  Dias  de  Lemos  por  fe  oppor 
à     lurífdiçaõ    Eclejiajlica.     M.     S. 

Carta  à  Rainha  D.  Catherína  defprefua- 
dindoa    que    naõ  parta  para    Caflella    M.    S. 

Carta  ao  Cardial  D.  Henríque  fobre  a 
fucejfaõ    defla    Coroa.    M.    S. 

Excellentijftmo  Domino  Alphonfo  Por- 
tugalenfi  Comiti  do  Vimiofo  Epijlola  cujo 
original  vimos,  e  fe  conferva  no  Archivo 
deíla  ExcellentiíTima  Caza  da  qual  faz  | 
memoria  o  P.  D.  António  Caetano  de 
Souz.  Hijl.  Genealog.  da  Caz^a  Real  Portug. 
Tom.    10.    cap.    5.    pag.    689. 


f 


lERONIMO  OSÓRIO  Sobrinho  do  pre- 
cedente filho  de  Bernardo  da  Fonceca  Ofo- 
rio  Fidalgo  da  Caza  Real,  Provedor  Geral 
do  Eftado  da  índia,  e  de  D.  Luiza  Lopes  Pef- 
tana  naceo  em  o  anno  de  1545.  em  a  Qdadc 
de  Coulaõ  fituada  na  Coíla  do  Malabar  a 
tempo,  que  feu  Pay  era  Capitão  da  fua  For- 
taleza, e  naõ  em  Lisboa  como  com  equivo- 
caçaõ  cfcreveo  o  Padre  Fonceca  Évora  Glo- 
ríof.  pag.  407.  fendo  irmaõ  de  Bernar- 
do da  Fonceca  Oforio  de  quem  fe  fez 
mençaõ   em  feu  lugar,   e   de   Joaõ   Oforio 


L  USITANA. 


5.7 


da  Fonceca  Commendador  de  Ivlinhoraes 
em  a  Ordem  militar  de  Chriílo.  Quando 
contava  onze  annos  de  idade  partio  para 
Portugal  recomendado  a  tutela  de  feu  Tio 
Paterno  D.  leronimo  Oforio,  e  com  a  dou- 
trina de  taõ  iníigne  Varaõ  fahio  verfado 
na  efpeoilaçaõ  das  fciencias,  como  na  prac- 
tica  das  virtudes.  Depois  de  aprender  a 
língua  Latina  em  Coimbra  em  o  Collegio 
das  Artes  fendo  feu  Meíbre  o  Padre  Manoel 
Pimenta  hum  dos  mais  Egrégios  Huma- 
niftas,  e  Poetas  do  feu  tempo  fe  aplicou  ao 
eíhido  da  Grega  onde  paííou  a  penetrar  com 
admiração  dos  feus  condifcipulos  as  difi- 
culdades da  Filofofia  Peripatetica.  A  mo- 
deília  do  femblante,  a  urbanidade  do  trato, 
a  frequência  dos  Sacramentos,  e  a  charida- 
dc  para  com  os  pobres  lhe  conciliarão  taõ 
geral  veneração,  que  muitos  Fidalgos  orde- 
navaõ  aos  filhos,  que  eíhidavaõ  em  G^im- 
bra,  que  frequentaíTem  a  fua  caza  como  Re- 
llgiofa  paleílra  de  virtudes  catholicas,  e  mo- 
raes.  Ao  tempo  que  curfava  o  quarto  an- 
no  de  Filofofia,  foy  provido  por  feu  Tio, 
que  já  era  Bifpo  do  Algarve  em  o  Arcedia- 
gado  de  Lagos,  e  como  aíTiíHa  no  Palácio 
defte  IlluífadíTimo  Prelado  o  inftruio  com  a 
ultima  perfeição  na  lingua  Grega.  Segun- 
da vez  frequentou  a  Univerfidade  de  G>- 
imbra  para  cultivar  a  Sagrada  Theologia 
a  cuja  Faculdade  apUcava  a  mayor  parte 
do  tempo  refervando  algumas  horas  para 
aprender  a  lingua  Hebraica  neceíTariamen- 
te  previa  para  a  intelligencia  da  Sagrada 
Efcritura,  que  lhe  enfinava  D.  Pedro  Fi- 
gueiró infigne  profeílor  defte  Idioma,  e  illuf- 
tre  brazaõ  dos  Q)negos  Regrantes  da  Q)n- 
gregaçaõ  de  Santa  Cruz.  Recebidas  as  infi- 
gnias  doutoraes  em  a  Faculdade  Theolo- 
gica  a  26.  de  lunho  de  1580.  voltou  ao  Al- 
garve onde  aíTiílio  com  vigilante  afefto  à 
morte  de  feu  liluíbáíTimo  Tio.  Sendo  pro- 
vido na  Conefia  Magiftral  da  Cathedral  de 
Évora  a  3.  de  Fevereiro  de  1582.  exercitou 
as  virtudes  próprias  de  hum  exemplar  Ec- 
clefiaftico.  Celebrava  com  fumma  pieda- 
de, e  naõ  menor  atenção  o  Sacrifido  da 
MiíTa  todos  os  Domingos,  e  dias  Santos. 
Socorria  a  todos  os  pobres  principalmente 
àquelles,    que    o    pejo    lhe    prendia    as    lín- 


guas para  folicitar  o  feu  remédio.  AíriíHa 
com  largos  donativos  aos  eíhidantes,  que 
mais  fe  diftinguiaõ  no  progreíTo  das  letras,, 
concorria  com  todo  o  neceíTario  para  as 
Enfermarias  dos  Religiofos  Francifcanos  de 
Évora  fendo  participantes  defta  charitativa 
profufaõ  os  Carmelitas  Defcalfos,  e  as  Re- 
ligiofas  do  Convento  do  Calvário.  Por  fer 
inimigo  jurado  da  ociofidade  todo  o  tem- 
po, que  lhe  reftava  das  obrigaçoens  do  feu. 
Cabbido  o  confumia  na  Compofiçaõ  das 
fuás  obras.  Para  imprimir  as  de  feu  grande 
Tio  paíTou  a  Roma  no  anno  de  1588.  com 
Breve  de  Xifto  V.  onde  a  fua  Caza  era  a 
Hofpido  de  todos  os  Portuguezes,  que  fe 
valíaõ  da  fua  proteção  para  o  feliz  êxito  das 
fuás  pertençoens.  Nelia  famofa  Corte  me- 
receo  naõ  vulgares  eíUmaçoens  dos  Emmi- 
nentilTimos  Cardiaes  Marco  António  Colo- 
na, D.  Pedro  Deça,  e  Gabriel  Paleoto,  e 
ainda,  que  conhecia  inclinada  a  authorida- 
de  deites  Príncipes  para  os  feus  augmen- 
tos,  fuperior  a  toda  a  ambição  nimca  per- 
tendeo  mayor  lugar  do  que  poíTuia.  Naõ- 
fomente  com  a  voz,  mas  com  a  penna  de- 
fendeo  eruditamente  na  prefença  do  Car- 
dial  Guilherme  Alano  algumas  contradiçoens 
armadas  contra  a  impreíTaõ  das  obras  de  feu 
Illulbiflimo  Tio,  triunfando  com  tanta  gloria 
dos  feus  emulos,  que  confufos  fe  arrepende- 
rão de  ferem  inftrumentos  do  aplauzo,  que 
alcançara.  ReiHtuido  a  Évora  alcançou  faoil- 
dade  delRey  para  renunciar  com  penfaõ  o  Ca- 
nonicato  obrigado  das  moleítias,  que  pade- 
cia, cuja  renimcia  fez  a  6  de  Fevereiro  de  1599. 
em  o  Doutor  Sebaíliaõ  da  Coíla.  Era  taõ  ef- 
crupulozo,  que  tinha  hum  caderno  intitulado 
Conàencia  em  que  aílentava  as  faltas  das 
Horas  Canónicas  para  reílituir  ainda  no  tem- 
po em  que  os  Médicos  o  difpenfavaõ  do 
Coro  convalecendo  de  graviíTimas  doenças. 
De  todos  os  Benefidos  EcdefialHcos,  que 
obteve  fempre  feparava  a  terceira  parte 
para  os  pobres.  Depois  de  renundar  o 
Canonicato  partio  para  Galliza  a  vizitar 
a  fepultura  do  Apoftolo  S.  Tiago,  e  vol- 
tando bufcou  para  fua  habitação  o  Será- 
fico Convento  do  Varatojo,  onde  paf- 
fava  o  tempo  orando,  e  compondo  até 
que  por  caufas   urgentes   paíTou  a  Lisboa, 


5i8 


BIB  LIO  THE  C  A 


■€.  morando  no  Campo  de  Santa  Clara  era 
a  fua  Caza  procurada  dos  pobres  para  re- 
médio; e  de  muitos  graves  Religiofos  para 
a  doutrina  confultando-o  nas  mayores 
■dificuldades  da  Theologia  Efcholaílica, 
■e  Pofitiva.  Deixou  a  fua  Livraria  aos 
Religiofos  Francifcanos  do  Convento  de 
Xabregas,  e  pedindo  ao  Guardião  a  col- 
locaífe  no  Convento  em  quanto  vivia, 
fe  naõ  executou.  Provada  a  fua  pacien- 
■cia  com  huma  infermidade,  que  fe  ex- 
tendeo  pelo  efpaço  de  hum  anno  man- 
dou chamar  de  Évora  a  feu  Irmaõ  Ber- 
nardo da  Fonceca  o  qual  chegando  à  fua 
prezença  a  ii  de  Janeiro  de  1611.  lhe  dille, 
•que  o  naõ  mandara  chamar  com  mayor 
anticipaçaõ  porq  em  Fevereiro  certamente 
partia  para  a  eternidade,  e  lhe  entregou 
dous  facos  de  dinheiro  para  diílribuir  pelos 
neceíTitados.  Recebidos  todos  os  Sacra- 
mentos com  catholica  ternura,  e  aíTiftido 
dos  Religiofos  Francifcanos  a  quem  en- 
comendara o  naõ  defemparaílem  até  o  ulti- 
mo inftante,  poftos  os  olhos  em  Chrifto 
Crucificado  efpirou  placidamente  em  quarta 
feira  de  Cinza  16  de  Fevereiro  de  161 1. 
em  idade  de  66  annos,  e  foy  fepultado 
no  Convento  de  Xabregas.  Fazem  hono- 
rifica mençaõ  do  feu  nome  Nicol.  Ant. 
Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  450.  col.  2.  Joan. 
Soar.  de  Brito  Theatr.  h.ufit.  Uter.  lit.  H. 
n.  24.  le  Long.  Bib.  Sacr.  pag.  mihi  888. 
col.  I.  D.  Nicol.  de  Santa  Mar.  Chron.  dos 
Con.  Keg.  liv.  11.  cap.  10.  n.  10.  Gafpar 
Eftaço  Antiguid.  de  Portug.  cap.  94.  n.  10. 
Taxand.  Cathalog.  Ciar.  Hifp.  Script.  Teif- 
fier  ^og.  des  Hommes  Savans.  Tom.  3.  pag. 
192.  Niceron  Memoir.  des  Homm.  llluftr. 
Tom.     II.     pag.     210.      Compoz. 

Hyeronimi  Oforii  vita.  Sahio  imprefla 
no  principio  das  obras  defte  IlluftrilTimo 
Prelado  publicadas  por  fua  induílria  em 
Roma,  como  affima  efcrevemos  a  qual 
diz  Poííevino  Apparat.  Sacer.  pag.  743. 
dignam  qtue  legatur,  e  o  P.  Scoto  Hifp. 
Bib.  pag.  J32.  luculente,  ac  diferte  conf cri- 
pta. 

Notationes  in  Hjeronimi  Oforii  para- 
phrafim  Pfalmorum  as  quais  louva  de  mui- 
to  eruditas   Monfiur   Dupin   Hift.   des  Au- 


theurs  Ecclef.  du  feit^ieme  ftecle  pag.  mihi 
419.  Sahiraõ  no  Tom.  3.  das  obras  de 
feu  Tio  impreflas  em  Roma  apud  Bar- 
tholamícum  Bonfadini.  1592.  foi.  a  pag.  530. 
até  655. 

Paraphrajis,  €>•  Commentaria  in  Eccle- 
fiaften  nmc  primum  edita,  eS>*  paraphrajis 
in  Cant.  Canticor.  <&  in  ipfam  recens  auãa 
notationes.  Rornse  ex  Typographia  Gabiana. 
1592.  4.  Petro  Decio  Cardinali  dicata,  &  Lu- 
gduni  apud  Horatium  Cardon.  161 1.  4. 
A  parafrafe  fobre  os  Cantares  fahio  no  Tom. 
3.  das  obras  de  feu  Tio  impreíTas  em  Roma 
a  p.  10 14.  até  1083.  nas  quais  faõ  produ- 
çoens  fuás  as  Dedicatórias  a  Filippe  Pru- 
dente, Gregório  XIII.  Marco  António  Co- 
lona, Gabriel  Paleoto,  e  Pedro  Decio  Car- 
diaes   da  Igreja   Romana. 

Memorial  da  Origem,  e  titulo  dos  Cónegos, 
e  da  qualidade  das  fuás  Kendas.  Dedicado  ao 
Cabbido  da  Cathedral  de  "Évora  a  f  de  Agof- 
to  de  1602.  M.  S.  Começa.  Em  os  três 
annos,  e  quafi  três  meares  da  ftm  peregrinarão 
foy  Chriflo  modello.  &c.  Defta  obra  faz  men- 
çaõ Nicolao  de  Santa  Maria  Chron.  dos  Co- 
neg.  Kegrant.  liv.  5.  cap.  9.  n.  3.  e  4.  e  liv. 
II.   cap.    10.   n.    10. 

Cathalogo  dos  Bifpos,  e  Arcebifpos  de  Évo- 
ra. M.  S.  Gafpar  Eftaço  Antiguid.  de  Por- 
tug. cap.  94.  n.  10.  faz  memoria  defta 
obra,  como  de  feu  Author  nefta  forma. 
Jerónimo  Oforio  Cónego  de  Évora,  a  quem 
a  virtude  da  fua  Pejfoa,  e  a  eriidiçaõ  das 
fuás  obras  fiv^erão  conhecido,  e  juntamente  be- 
nemérito da  Igreja  daquella  Cidade  pelo  Ca- 
thalogo   dos    Bifpos,    que    delia    efcreveo. 

De  difplicentia  rerum  humanarum.  Eftava 
concluindo  efla  obra  no  anno  de  1609. 
e  prompta  para  a  mandar  imprimir  cm 
Leaõ    de   França    por   Horácio    Cardon. 

Da  Obrigação  que  os  filhos  tem  aos  Pays. 
Derigida  a  D.  Brites  de  Souza  filha  de  An- 
na  de  Souza  fua  Prima.  M.  S. 

Notationes  in  Evangelia.  M.  S.  Eftas  duas 
obras  confervava  Bernardo  da  Fonceca  Ofo- 
rio irmaõ  do  Author. 

De   Poteflate   Papa.   M.    S. 

Parecer  a  cerca  dos  CbriflaÒs  novos  efcrito 
no  anno  de  1591.  à  inflancia  do  Cárdia l  Pa- 
leoto.   M.    S. 


ti 


L  USITAN  A, 


lERONIMO  OSÓRIO  DE  CASTRO 
Ficklgo  da  Gi2a  Real  Cavalleiro  profeíTo  da 
Ordem  de  Qiriílo  filho  de  António  Oforio 
da  Gama,  e  D.  Maria  Antónia  Coutinho 
de  igual  nobreza  à  de  feu  Conforte.  Foy 
igualmente  perito  na  Arte  militar  quando 
fervio  na  Praça  de  Penamacor,  e  na  Ar- 
mada que  no  anno  de  1682.  navegou  a 
Turim  para  conduzir  o  Duque  de  Savoya, 
como  nos  preceitos  da  Poefia  Cómica  pu- 
blicando a  feguinte  Comedia. 

EJ  Valor  vence  impojfibles  y  Jegundo  Vi- 
riato. Lisboa  por  Bernardo  da  Cofta  de 
Carvalho.  17 10.  4.  He  o  argumento  Giraldo 
fem  pavor. 


lERONIMO  DE  PAYVA  cuja  pátria, 
e  eftado  de  vida  fe  ignora.  Por  fua  induf- 
tria   publicou. 

Compendium  Commentariorum  Collegii  Co- 
mmhricenfis  in  Logicam  Arijlotelis.  Amftelo- 
dami.    1634.    8. 


lERONIMO  DE  S.  PAULO  natural  da 
!  auguTta  Qdade  de  Braga  Cónego  Secular 
da  Congregação  do  Evangelifta,  Provedor 
do  Hofpital  real  de  Coimbra,  e  celebre  Pre- 
gador do  feu  tempo  de  que  deixou  por 
teftemunho  do  talento,  que  tinha  para  o 
'  púlpito. 

Exéquias  feitas  à  memoria  do  Serenif- 
jimo  Príncipe,  e  Senhor  D.  Theodofio  prí- 
meiro  defte  nome  celebradas  na  Capella  Real 
do  Hofpital  de  Coimbra.  Coimbra  por  Ma- 
noel Dias  Impreílor  da  Univerfidade.  1654.  4. 
FaUeceo  na  fua  pátria  a  15  de  Fevereiro 
1  de  1694,  em  idade  muito  proveâa. 


lERONIMO  PEYXOTO  DA  SILVA 
natural  de  Lisboa,  e  filho  de  Balthezar 
Peixoto  da  Silva,  e  D.  Frandfca  Deça 
ambos  defcendentes  de  nobres  geraçoens. 
Foy  ornado  de  igual  talento  para  as  ef- 
peculaçoens  Theologicas  em  que  recebeo 
o  grão  de  Doutor  na  Univerfidade  de 
Coimbra,  como  para  as  Declamaçoens  Evan- 
gélicas   de    que    teve    por    theatro    os    mais 


authorizados  púlpitos  de  todo  o  Rcyno^ 
Sendo  provido  em  a  Conezia  Magiílral  da. 
Sé  do  Algarve  a  14  de  Dezembro  de  1649. 
paílou  com  a  mefma  dignidade  para  a  Ca- 
thedral  do  Porto  de  que  tomou  poíTe  a  22 
de  Mayo  de  1655.  em  cuja  Gdade  falleceo- 
a  20  de  Abril  de  1666.  e  jaz  fepultado  na. 
Cathedral.  Dos  muitos  Sermoens  que  pre- 
gou fe  fizeraõ  pubHcos  os  feguintes. 

Sermaõ  na  fefla  que  fe  fev^  na  Collocaçaõ 
da  Senhora  da  Graça  em  o  muro  da  Cidade 
de  Usboa  fahindo  a  prociffaõ  da  Igreja  do  So- 
corro. Lisboa  por  Paulo  Crasbeeck.  1617. 
4.  e  Coimbra  pela  viuva  de  Manoel  Car- 
valho   ImpreíTor    da    Univerfidade    1664.    4. 

Sermaõ  da  Qtíarta  feira  de  Cin^a  pregado- 
na  Mit^erícordia  da  Cidade  do  Porto.  Lisboa 
por  Paulo  Craesbeeck.   1658.  4. 

Sermaõ  da  DegollaçaÕ  de  S.  loaõ  Baptifler 
pregado  no  Mofleiro  das  religiofas  de  S.  'unta- 
do Porto.  Coimbra  por  Manoel  Dias.  i66i> 
4.  e  Lisboa  por  António  Crasbeeck  de  Mel- 
lo  1672.  4. 

Sermaõ  de  S.  loaÕ  Evangelifta.  Coimbra. 
por  Manoel  Dias  ImpreíTor  da  Univerfidade 
1663.    4. 

Sermaõ  da  fegunda  quarta  feira  de  Quaref- 
ma.   Coimbra  por  Manoel  Carvalho.    1664.  4. 

Sermaõ  de  Paffos  de  Chrífto  pregado  na- 
Convento  das  Religiofas  de  Santa  Clara  do 
Porto.  Coimbra  por  Manoel  Dias  1663.  4. 
e  Lisboa  por  António  Crasbeeck  de  Mello. 
1671.  4.  e  Coimbra  por  loaõ  Antunes 
1715.   4. 

Sermaõ  da  Sexta  Feira  de  Eaf(aro  na  Mi- 
t(ericordia  do  Porto.  Coimbra  por  Rodrigo- 
Carvalho  Coutinho   1672.   4. 

Sermaõ  do  Santifftmo  Sacramento  pregado  às- 
Frejras  de  S.  Bento  do  Porto.  Coimbra  por 
Manoel  Carvalho.  1672.  4. 

Sermaõ  das  lagrímas  da  Magdalena  na  Al/- 
!(ericordia  do  Porto.  Coimbra  pelo  dito  Im- 
preíTor.  1672.  4. 

Sermaõ  da  Conceição  de  N.  Senhora  na  Ca- 
pella Real.  Coimbra  pela  Viuva  de  Manoel 
Carvalho  ImpreíTor  da  Univerfidade.  1674.  4. 

Lagrímas  de  Onimo  na  morte  de  feu  querid» 
Ther^ar.  Lisboa  por  Domingos  Lopes  Rofa. 
1646.  4.  Sahio  em  proza,  e  verfo  fem  o 
nome    do    author. 


520 


BIB  LIO THEC  A 


Os  Sermoens  do  Santijftmo  Sacramento,  e 
<la  DegolaçaÕ  do  Baptijla  fahiraõ  traduzidos 
na  lingua  Caílelhana  em  a  haurea  LMjitana. 
Madrid   por   André    Garcia.    1679.    4. 

Vida  de  D.  Ignes  de  Cajlro.  M.  S.  Defta 
obra  o  faz  author  loaõ  Franco  Barreto  na 
Bih.  Portug.   M.    S. 


D.  Fr.  lERONIMO  PEREIRA,  e  naõ 
PINHEIRO,  como  alguns  erradamente  o 
apelidarão  naceo  em  Lisboa,  e  no  Convento 
pátrio  da  Ordem  illuílre  dos  Pregadores 
profeíTou  o  feu  inftituto  a  25  de  Julho  de 
1535.  As  fuás  grandes  letras  illuílradas  com 
Si  obfervancia  das  virtudes  religiofas  o  fi- 
zeraõ  digno  para  que  o  SereniíTimo  Infante 
-Cardial  D.  Henrique  Arcebifpo  de  Évora 
o  nomeaíTe  feu  Bifpo  Coadjutor  com  o  ti- 
tulo de  Salè  Cidade  da  Mauritânia  Tingin- 
tana  nas  prayas  do  mar  Athlantico  em  que 
foy  confirmado  pela  Santidade  de  Gre- 
gório XIII.  a  15.  de  Dezembro  de  1577. 
Naõ  poííuio  efta  dignidade  hum  anno  com- 
pleto morrendo  pouco  depois  do  infauf- 
to  fuceíTo  da  expedição  Africana  do  an- 
no de  1578.  Jaz  fepultado  em  a  caza 
•do  Capitulo  do  Convento  de  S.  Domin- 
gos da  Gdade  de  Évora  com  eíle  epi- 
táfio. Hic  fitus  eji  Dominus  Fr.  Hyeroni- 
mus  Pereira  Epifcopus  Calamacenfis.  hom  le- 
irado,  e  pregador  de  grande  nome  he  chamado 
por  Fr.  Luiz  de  Souza.  Hist.  de  S.  Domin- 
gos da  Prov.  de  Portug.  Part.  i.  liv.  5.  cap. 
36.  Vir  moribus  clarus,  ac  concionator  clarif- 
Jimus  por  Fr.  Ant.  de  Sena  Bih.  Ord.  Prad. 
pag.  116.  VaraÕ  infixe  em  virtudes,  e  letras 
por  D.  Manoel  Caetano  de  Souza.  Cathal. 
Jos  Bi/p.  Portug.  pag.  115.  Grande  na  pru- 
dência, s^elo,  e  letras,  pelo  P.  Fonceca  Evor. 
Glorio/,  pag.  316.  Varaõ  doutijftmo,  e  Pre- 
_gador  celeberrimo  por  Fr.  Pedro  Monteiro 
Claujlr.  Domin.  Tom.  3.  pag.  231.  e  no 
Tom.  I.  pag.  48.  Na  Theologia  fqy  dos  fogei- 
Jos  majores,  que  teve  o  feculo,  e  no  púlpito  va- 
raÕ  celeberrimo.  Clarus  concionator,  <&  tam 
Joãrina  quam  moribus  conjpicuus  por  Hypo- 
lyt.  Marrac.  bib.  Maria».  Tom.  2.  p.  463. 
-c  ultimamente  Fr.  lacobo  Echard.  Script. 
Ord.    Prad.    Tom.    2.    p.    248.    col.    2.    In- 


ter cateros  ille  divinarum,  humanarumque  cogni- 
tione  literarum  emicuit,  celeberrimufque  clarvit 
atate  fua  concionator  €>•  facunduSy  o  qual  fc- 
gue  que  fora  Bifpo  de  Calamo  Gdade  an- 
tigua  de  Africa  fuffraganea  ao  Arcebifpo  de 
Carthago  como  eftá  efcrito  no  feu  epitáfio 
por  aíTim  o  nomear  com  eíle  titulo  Fr.  Vi- 
cente Maria  Fontana  Monumenta  Dominic. 
Part.  I.  cap.  4.  Tit.  42.  e  cap.  5.  n.  118. 
e  naõ  poder  intitularfe  com  o  nome  de  Salè 
cuja  Cidade  fe  naõ  achava  na  Geografia  Ec- 
clefiaílica  ignorando  que  com  eftc  nome  fe 
intitularão  D.  Fr.  Diogo  de  Araújo,  c  D. 
Fr.  Domingos  Furtado  Erimitas  Auguítí- 
nianos  Bifpos  Coadjutores  de  D.  Fr.  Aleixo 
de  Menezes  Arcebifpo  de  Goa,  e  D.  Nuno 
coadjutor  do  Seremífimo  Arcebifpo  de  Évo- 
ra o  Cardial  D.   Aifonfo.    Compoz.  1 

Traãatus   de   Kefurreãione   Domini.  1 

Traãatus  de  Sacramentis  compofto  por  or- 
dem do  Cardial  D.   Henrique. 

Sermonarios  de   Santos,  e  outros  Affumptos. 

Todas  eílas  obras  que  feu  author  tinha 
promptas  para  a  impreíTaõ  defapareceraõ 
com  a  fua  morte,  e  pofto  que  o  Cardial  D. 
Henrique  fulminaífe  Excomunhão  contra 
quem  as  tinha  roubado  nunca  aparecerão. 
Defte  Prelado  fazem  memoria  alem  dos  Au- 
thores  referidos,  loan.  Soar.  de  Brit.  Theatr. 
Ljífít.  Liter.  lit.  H.  n.  25.  e  26.  Faria  Europ. 
Portug.  Part.  4.  cap.  6.  e  Fr.  Lucas  de  S. 
Catherina  Hijl.  de  S.  Domingos  da  Prov.  de 
Portug.  p.   935.   col.    I.  no  Apend. 


Fr.  lERONIMO  RAMOS  natural  da 
Gdade  de  Évora  onde  teve  por  Pays  a 
Diogo  de  Ramos,  e  Ignez  Carvalha.  Pro- 
feflou  o  fagrado  inftituto  da  Ordem  dos 
Pregadores  no  Convento  pátrio  a  13  de 
May  o  de  1565.  Foy  excellentc  Orador 
Evangélico,  infigne  Mufico,  c  perito  Ar- 
chitefto.  Faleceo  no  Convento  de  Lis- 
boa no  anno  de  158J.  Para  que  naõ  ctiJ 
ducaíTe  na  pofteridade  a  fantificada  me- 
moria do  SereniíTimo  Infante  D.  Fernan- 
do filho  delRey  D.  loaõ  o  I.  que  m<MP» 
reo  viftima  da  barbaridade  em  as  maf- 
mortas  de  Africa,  cuja  vida,  e  morte  cf- 
crevera    Fr.     loaõ    Alvares     Secretario    do 


L  USITANA, 


521 


I 


mefmo  Príncipe,  e  deíla  fendo  imprefla  no 
anno  de  1527.  eraõ  jà  rariíTimos  os  exem- 
plares, fe  empenhou  a  reimprimilla  refor- 
mando algumas  palavras  antiquadas,  e  acre- 
centando  alguns  fuceíTos,  a  publicou  com 
eíle  título. 

Chronica  dos  feitos,  vida,  e  morte  do  If- 
fatite  Santo  D.  Fernando  que  morreo  em  Fees. 
Lisboa  por  António  Ribeiro.  1577.  8.  De- 
rigida  ao  SereniíTimo  Cardial  D.  Henrique 
Infante  de  Portugal  Arcebifpo  de  Évora 
Legado  à  latere.  Sahio  vertida  em  latim 
no  Tom.  i.  do  mez  de  lunho  dia  qiiinto 
da  grande  obra  do  Aãa  Sanãorum  pag.  365. 
Fazem  memoria  de  Fr.  leronimo  Ramos, 
como  deíla  obra  Souza  Hiji.  de  S.  Doming. 
da  Prov.  de  Portug.  Part.  i.  Uv.  6.  cap.  31 
loan.  Soar.  de  Brito  Theatr.  'Lufit.  Uter, 
lit.  H.  n.  27.  Faria  Europ.  Portug.  Part.  4 
cap.  6.  Cardozo  Agiol.  iMjit.  Tom.  2.  pag 
653.  no  G)mment.  de  22.  de  Abril  letr 
C.  e  Tom.  3.  pag.  560.  no  Gímment.  de 
5.  de  lunho  letr.  A.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  pag.  454.  col.  2.  onde  fe  equivo- 
cou miferavelmente  imaginando  fer  a  vida 
que  efcreveo  o  noíTo  Fr.  leronimo  Ramos 
a  que  compoz  do  mefmo  Infante  Fr.  lero- 
nimo Roman  Erimita  de  Santo  Agoftinho 
quando  entre  huma,  e  outra  mediarão  de- 
zoito annos  de  impreíTaõ.  Echard.  Script. 
Ord.  Prad.  Tom.  2.  pag.  245.  col.  i.  Mon- 
teiro Claujlro  Domin.  Tom.  3.  pag.  232. 
Deixou  imperfeito  hum  Volume  efcrito  com 
perfeição,   e   dibuxado   com   curioíidade   das 

Armas,  e  Familias  do  Reyno  de  Portu- 
gal, foi. 

lERONIMO  RIBEYRO  DE  CARVA- 
LHO. Teve  por  pátria  a  Qdade  de  Braga, 
e  por  progenitores  a  Manoel  Ribeiro  do 
Lago,  e  Francifca  Carvalha.  Na  idade  de 
quatorze  annos  abraçou  o  fagrado  inítituto 
da  Companhia  de  lESUS  no  Collegio  de 
Coimbra  em  o  primeiro  de  lunho  de  1623. 
onde  exercitou  o  feu  agudo  engenho  com 
admiração  de  Meíbres,  e  condifcipulos,  ou 
foíTe  na  amenidade  das  letras  humanas,  ou 
na  agudeza  das  fciencias  Efcolaíticas.  Dei- 
xada a  Companhia  em  que  aíTiítira  pelo  ef- 
paço    de    trinta   annos    recebeo    as   iníignias 


doutoraes  de  Theologo  na  Academia  Co- 
nimbricenfe,  que  illuílrou  quando  em  11. 
de  Mayo  de  1650.  foy  Condutario  com  pri- 
vilégios de  Lente  competindo  em  taõ  fa- 
mofa  paleilra  com  feus  dous  Irmãos  Félix 
Ribeiro  do  Lago,  e  Pedro  Ribeiro  do  Lago 
ambos  Collegiaes  do  CoUegio  de  S.  Pedro, 
Profeííores  de  Direito  Pontifício,  Deputados 
do  Santo  Officio,  e  Cónegos  Doutoraes  nas 
Cathedraes  de  Vifeu,  Braga,  Évora,  e  Coim- 
bra. Da  Univerfidade  foy  promovido  a  Có- 
nego Magiftral  de  Braga  em  30  de  Julho 
de  1654.  donde  paliou  para  a  Sé  do  Porto, 
e  ultimamente  Chantre  da  Cathedral  de 
Coimbra  de  que  tomou  poíTe  a  27  de  Ju- 
lho de  1671.  Mereceo  as  aclamaçoens  de 
inGgne  Pregador  bailando  para  lhe  cano- 
nizar a  memoria  os  Elogios,  que  lhe  fazia 
o  Padre  António  Vieyra  Oráculo  da  Elo- 
quência Eccleíiaítíca.  Os  feus  difcurfos  ain- 
da que  fubtiliíTimos  fempre  eraõ  perceptí- 
veis fervindo-lhe  de  bazes  fimdamentaes 
os  Textos  da  Efcritura  Sagrada,  e  as  Sen- 
tenças dos  Santos  Padres.  Retirado  ao  lu- 
gar de  Vai  de  flores  em  a  Provinda  Tranf- 
montana  com  intento  de  edificar  hum  Mof- 
teiro  para  MiíTionarios  falleceo  piamente  a 
15  de  Outubro  de  1679.  quando  contava 
69  annos  de  idade.  O  Padre  Manoel  Go- 
dinho Vid.  do  Ven.  P.  Fr.  Ant.  das  Cbag. 
liv.  I.  cap.  14.  Hum  author  dos  majores  en- 
genhos do  noffo  tempo  o  Doutor  Jerónimo  Ri- 
beiro Catbedratico  da  Efcritura  na  Univerjidade 
de  Coimbra  Chantre  da  Sé  da  mejma,  e  que 
fabendo  morrer  feito  Capitão  de  Mijfionarios  con- 
vertendo algumas  fe  graduou  por  fabio  das  mi- 
lhares fciencias  faí(endo-fe  fuperior  às  mefmas 
envejas.  Fr.  Fernand.  da  Soled.  Hifl.  Serafic. 
da  Prov.  de  Portug.  Part.  2.  liv.  3.  cap.  26. 
§.  880.  infgne  Pregador  dos  noffos  tempos. 
Cordeiro  Hifl.  Infulan.  Hv.  5.  cap.  6.  fubtil, 
e  celebre  L^nte  da  Sagrada  Efcritura  em  a  Uni- 
verfidade  de  Coimbra.  loan.  Soar.  de  Brito 
Theatr.  Eufit.  Uter.  Ut.  H.  n.  29.  Sendo 
Jefuita  publicou  com  o  nome  de  leroni- 
mo Ribeiro  os  Sermoens  feguintes. 

SermaÕ  da  Quarta  Dominga  da  Quarefma 
no  Collegio  de  Santo  Antàò  em  Usboa.  Lis- 
boa por  Paulo  Craesbeeck.  1645.  e  Coim- 
bra por  Thomé  Carvalho.    1664.   4. 


522 


BIBLIO THE  CA 


SermaÕ  pregado  em  Santa  Catherina  de 
Monte  Sinay  na  celebridade  de  N.  Senhora  de 
la  Antigua  em  dia  dos  Vrav^eres  ejlando  o  San- 
tijjimo  expojlo  em  o  anno  de  1654.  Coimbra 
por  Thomc  Carvalho   1664.  4. 

SermaÕ  na  Fe/ta  do  Kofario  da  Vir.  Mãy 
de  Deos.  Coimbra  por  Jozé  Ferreira.  1673. 
&  ibi  por  Manoel  Rodrigues  de  Almeyda. 
1695.  4. 

SermaÕ  do  Apoftolo  do  Oriente  S.  Francifco 
Xavier.  Lisboa  por  Domingos  Lopes  Roza. 
1645.  4.  e  Coimbra  por  Thome  Carvalho 
Impreflbr  da   Univerfidade   1664.   4. 

SermaÕ  do  Apoftolo  S.  Thome.  Lisboa  por 
Domingos  Lopes  Roza.  1645.  4.  e  Coim- 
bra por  Thome  Carvalho.  1664.  4. 

Depois  de  fahir  da  Companhia  publicou 
os  feguintes  com  o  nome  de  leronimo  Ri- 
beiro de  Carvalho. 

SermaÕ  nas  Honras  do  Serenijfimo  Prín- 
cipe de  Portugal  D.  Theodo^io,  que  jev^  o 
Reverendo  Cabbido  da  Sé  do  Porto  em  28 
de  Junho  de  1653.  Coimbra  por  Thome 
Carvalho.  1653.  4.  e  Coimbra  por  Ma- 
noel   de    Carvalho.    1671.    4. 

SermaÕ  da  ptmjfima,  e  immaculada  Con- 
ceição da  fempre  Virgem  Maria  em  Santa 
Afina  de  Coimbra  no  anno  de  1672.  Coim- 
bra por  Rodrigo  de  Carvalho  Coutinho. 
1673.    4. 

SermaÕ  do  Mandato.  Coimbra  por  Tho- 
me Carvalho  ImpreíTor  da  Univerfidade. 
1664.  4.   &  ibi  por  lozé  Ferreira.   1672.  4. 

SermaÕ  na  Fejla  de  N.  Senhora  da  Pu- 
rijicaçaõ  pregado  em  o  anno  de  1669.  Coim- 
bra pela  Viuva  de  Manoel  Carvalho. 
1672.  4. 

OraçaÕ  Fúnebre  nas  honras  do  Serenijfimo 
Príncipe  D.  Pedro  Duque  Arcebifpo,  e  In- 
quifidor  Geral,  que  fe  celebrarão  na  Sê  da 
Cidade  de  Coimbra  em  o  anno  de  1671. 
Sahio  na  Laurea  Portug.  defde  pag.  298. 
até  335.  Lisboa  por  Miguel  Deslandes. 
1687.    ^. 

SermaÕ  das  Soledades  da  Aíày  de  Deos. 
Coimbra  por  Thome  Carvalho  Impreflbr 
da    Univerfidade.     1671.     4. 

SermaÕ  do  Príncipe  dos  Patriarchas  S. 
Bento.  Coimbra  pelo  dito  Impreflbr.  167 1.4. 


SermaÕ  das  hagrimas  de  S.  Pedro  na  Ca^a 
da  Miferícordia  de  Coimbra.  Coimbra  pelo 
dito  Impreflbr.  1671.  4.  &  ibi  por  Manoel 
Dias.    1672.   4. 

SermaÕ  de  S.  Joi(jé  E/po^o  da  Virgem  Ma- 
ria no  Convento  de  Santa  Anna  de  Coimbra. 
Coimbra  por  Rodrigo  de  Carvalho.   1673.  4. 

SermaÕ  na  projijjaõ  de  Sor  Maria  do  Salva- 
dor em  o  Mojeiro  de  Santa  Clara  de  Coimbra. 
Coimbra  pela  Viuva  de  Manoel  Carvalho 
Impreflor  da  Univerfidade.    1675.   4. 

SermaÕ  de  Santa  There^a  no  Convento  dos 
Carmelitas  Defcalfos.  Coimbra  por  lozé  Fer- 
reira.   1674.  4. 

SermaÕ  do  Santijftmo  Sacramento  na  Do- 
minga do  Anjo  Cujlodio  pregado  no  Convento 
de  Santa  Anna  de  Coimbra.  Sahio  na  haurea 
Portuguet^a  a  pag.  275.  até  297.  Lisboa  por 
Miguel  Deslandes.  1687.  4.  e  Coimbra  por 
Manoel  Rodriguez  de  Almeyda.   1695,  4. 

SermaÕ  de  Santo  António  pregado  em  o  Col- 
legio  de  Santo  António  da  Pedreira.  Coimbra 
por  Rodrigo  de  Carvalho  Impreflbr  da  Uni- 
verfidade.   1673.    4. 

Deixou  prompta  para  fe  imprimir. 

Expojitio  in  quatuor  Evangelia  mirís  acumi- 
nibus  referta. 

Na  Bibliotheca  do  Eminentiflimo  Car- 
dial  de  Souza  que  hoje  pofluc  o  Excellcn- 
tiflimo  Duque  de  Lafoens  fe  confervaõ  M. 
S.  as  feguintes  obras  Latinas  Poéticas  em 
que   foy   fummamente   elegante. 

Beatior  ne  fuerít  Roma  Ignatii  funere,  quam 
natalibus  Guipufcoa}    Começa. 

Erige  fublime   nam    vértice    tãgis    Olympum 

Roma  Juperba  caput.  &c. 

Mayor  ne  fama  ex  JESU  nomine  Socic- 
tati  fua  indito  contigit,  quam  ex  fuo  fi  imponere 
contiffjfet}     Começa. 

hxfyola  titulos,  ^  non  fua  flemmata  fama 

Contemptorem  animum,  quantumque  emerferít 
orbe 

Dum  fedet  Iffmto  vètura  in  facula  nom! 

Occultare  Dei  fub  nomine  &c. 


lERONIMO  RIBEYRO  SOARES  na- 
tural da  Villa  de  Torres  novas  do  Pa- 
triarcado de  Lisboa,  e  dcfcendente  de 
Nobre    familia    foy    muito    aplicado    à    cul- 


L  USITAN A. 


523 


tura  da  Poeíia  GDmica,  em  que  compoz 
muitas  obras  de  que  unicamente  fe  fez  pu- 
blico. 

Auío  do  Fijico.  Sahio  a  foi.  loi.  v.**  da 
I.  Part.  dos  Autos,  e  Comedias  Portuguesas. 
Lisboa  por  André  Lobato.  1587.  4.  Do 
author  fa2  memoria  loan.  Soar.  Tbeatr.  Lu- 
fit.  Uter.  lit.  H.  n.  28. 

P.  lERONIMO  RODRIGUES  na- 
tural da  Villa  de  Monforte,  ou  de  Monte- 
mor o  novo  íituadas  em  a  Província  Tranf- 
tagana.  Sendo  admitido  à  Companhia  de 
lESUS  partio  para  a  Lídia  no  anno  de 
1556.  e  depois  de  fer  Vizitador  das  Pro- 
^'incias  do  lapaõ,  e  China  aíTiítío  em  a  Ilha 
de  Tidor  huma  das  Molucas  pelos  annos 
de  1579.  onde  obrou  o  feu  apoftolico  ef- 
pirito  heróicas  açoens  em  beneficio  dos  con- 
vertidos à  verdadeira  Religião.  Falleceo  pia- 
mente em  o  Collegio  de  Macao  quando 
exercitava  o  lugar  de  Reytor.    Efcreveo. 

Carta  efcrita  de  Cocbim  aos  Padres  da  Pro- 
vinda de   Portugal  a   6   de  laneiro   de    1565. 

Carta  efcrita  de  Cocbim  aos  me/mos  a  20 
de  Janeiro  de   1566. 

Carta  geral  efcrita  aos  me/mos  de  Cocbim 
a  16  de  Janeiro  de  1568. 

Carta  Annua  efcrita  ao  Padre  Geral  de 
Cocbim  a  \^  de  Janeiro  de  1570.  He  muito 
larga.  Sahio  com  outras.  Romãs  apud  Hx- 
redes  Antonii  Bladii.  1571.  8.  e  P.  Emman. 
da  Coíla  de  rebus  Indicis  pag.  151.  Coloniae 
apud  Gervinum  Calenium.  1574.  8. 

Breve  declaração  da  doutrina  Cbrijlãa  efcrita 
na  lingua  Malaya.  O  Padre  Francifco  de 
Souza  Oriente  CotiquiJl.  P.  2.  Conq.  3.  Di- 
vif.  2.  §.  15.  efcreve  que  foy  grande  o  fruto, 
que  refultou  defla  obra. 

Fr.  lERONIMO  RODRIGUES  natural 
da  Villa  de  Eílremoz  em  a  Provinda 
do  Alentejo  fobrinho  do  infigne  Theo- 
logo  Fr.  Manoel  Rodrigues  do  qual  foy 
fiel  imitador,  naõ  fomente  em  o  infti- 
tuto  Seráfico,  que  profeíTou  na  Provinda 
de  S.  Tiago  em  Caftella,  mas  em  a  pro- 
funda efpeculaçaõ  da  Sagrada  Theologia, 
que    didou    aos    feus    domeíticos    no    Con- 


vento de  Salamanca  onde  intempeítívamente 
morreo  deixando  para  manifeílo  argumen- 
to da  fua  fdenda,  que  tinha  do  Direito 
Canónico,  e  Theologia  Moral  a  feguinte 
obra. 

Compendium  quafiionum  Kegularium  Em- 
manuelis  Roderici,  five  refolutiones  quafiionum 
Reffilarium  ad  compendij  formam  reduãa,  qm- 
hus  acceffertmt  nota,  reãratationes,  <&  additio- 
nes,  quibus  feorfim  partim  quadam  ab  Autbore 
omiffa  fupplentur,  partim  aliorum  idem,  vel  di- 
verfam  fentientium  rationes  pari  brevitate  ex- 
cerpta  expenduntur,  variaque  Bullarti  indulta 
intertexta  recenfentur.  Lugduni  apud  Ho- 
ratium  Cardon.  1630.  4.  grande  &  ibi  apud 
eumdem.   Typ.    1634.    8. 

Fazem  ddle  memoria  Wadingo  Script. 
Ord.  Min.  pag.  175.  col.  i.  Nicol.  Ant. 
Bib.  Hifpan.  Tom.  i.  pag.  455,  col.  i.  Fr. 
Ludou.  à  Concept.  Exam.  Verit.  Tbeolog. 
Moral.  Part.  i.  Traâ.  3.  caf.  i.  cap.  i. 
intitulando-o  doãijjimus,  e  Fr.  loan.  à  D. 
Ant.  Bib.  Franàfc.  Tom.  2.  pag.  78.  col.  2. 

lERONIMO  RODRIGUES  Vigário  em 
a  Qdade  de  Cochim  fituada  na  Cofta  do 
Malabar.  Efcreveo  com  eftilo  claro,  e  íin- 
cero. 

Relação  de  buma  Crus^  mila^ofa,  que  foy 
cubada  em  a  Cidade  de  S.  Tbome  a  qual  quafi 
todos  os  annos  em  Dei^embro  muda  quatro,  ou 
finco  ve;(es  a  cor,  e  deita  de  fi  algumas  gotas 
de  agua  como  lagrimas  fobre  o  que  tirou  infhru- 
mento  autbentico   de    Tefiemunbas.   M.    S. 

lERONIMO  DA  SYLVA  DE  ARAÚ- 
JO naceo  em  Lisboa  fendo  filho  de  lozé 
da  Sylva  de  Araújo,  e  Thereza  Maria  Cer- 
veira, e  irmaõ  de  Fr.  António  da  Sylveira 
Religiofo  Trinitario  de  quem  em  feu  lu- 
gar fe  fez  mençaõ.  Inftruido  nas  letras 
himianas,  inteUigencia  da  lingua  Latina, 
e  precdtos  da  Poefia  frequentou  em  a 
Univerfidade  de  Coimbra  o  Dirdto  Pon- 
tificio  no  qual  recebendo  o  grão  de 
Bacharel  fe  reítítuhio  à  fua  pátria  on- 
de exerdtando  o  lugar  de  Patrono  de 
Caufas  Forenfes  compoz  a  feguinte  obra 
ornada    de    varia    erudição    para    com  ella 


524 


BIB  LIO  THE  CA 


fe  inílruiflem  os  lurifconfultos  que  exerci- 
tarem  a   Advocacia   intitulandoa. 

Perfeãus  Advocatus,  boc  eji,  Tra£tatus  de 
Patroms,  Jive  Advocatis,  Tbeologicus,  luridicus, 
Hijioricus,  (&  Poeticus;  cui  accedunt  Jupremi  1m- 
fitani  Senatus  pulcherrima,  et  vere  áurea  Deci- 
Jiones,  nec  non  et  Forenfes  aliqua  Conjultattones. 
UlyíTipone  apud  loannem  Baptiílam  Lerzo 
1745.    foi. 

In  obitu  Serenijftma  Portugallia  Infantis 
D.  D.  Francifca  Epigrammata  tria.  Sahiraõ 
no  fim  da  2.  P.  dos  Acentos  Métricos  das 
Mu/as  a  efte  Affumpto.  Lisboa  por  António 
Ifidoro  da  Fonceca.   1736.  4. 

lERONIMO  DA  SYLVA  DE  AZE- 
VEDO natuial  da  Qdade  do  Porto  on- 
de foraõ  feus  nobres  progenitores  Fran- 
cifco  de  Azevedo,  e  Leonor  Pedroza.  Nos 
primeiros  annos  frequentou  a  Univeríidade 
de  Coimbra  onde  a  agudeza  do  feu  en- 
genho fez  progreíTos  taõ  admiráveis  que 
recebidas  as  inlignias  doutoraes  na  Fa- 
culdade do  direito  Cefareo  fubio  da  Ca- 
deira da  IníHtuta  em  que  foy  provido 
a  9  de  Dezembro  de  1659  ^  ^^  ^^ 
digo  a  22  de  Fevereiro  de  1642.  Da 
efpeculaçaõ  deíla  fciencia  paflbu  à  pra£ti- 
ca  na  Relação  do  Porto  onde  foy  De- 
zembargador.  e  Corregedor  do  Crime,  e 
depois  Dezembargador  da  Caza  da  Su- 
plicação de  que  tomou  poíTe  a  5  de  No- 
vembro de  1648.  e  de  Dezembargador 
dos  Aggravos  a  12  de  Novembro  de  1650. 
Sendo  nomeado  para  Embaxador  de  In- 
glaterra no  anno  de  1652.  loaõ  Rodri- 
gues de  Sá  Conde  de  Penaguião,  e  Ca- 
mareiro mòr  da  Mageftade  delRey  D.  loaõ 
o  IV.  foy  eleito  por  feu  Secretario  em 
quem  concorriaõ  (como  efcreve  o  Excellen- 
riíTimo  Conde  da  Ericeira  D.  Luiz  de 
Menezes  Portug.  Kejlaur.  Tom.  i.  liv.  11. 
pag.  777).  todas  as  partes  neceffarias  para 
a  ocupação  que  fe  lhe  entregou.  Reílituido 
ao  Reyno  foy  Deputado  da  Meza  da 
Conciencia,  e  hum  dos  mais  graves  Mi- 
niílros  do  feu  tempo,  aíTim  pela  pro- 
fundidade da  fciencia,  como  pela  obfer- 
vancia  da  juftiça.  Falleceo  em  Lisboa  cm 
X9    de    Fevereiro    de     1661.    laz    fepulta- 


do  no  Convento  de  N.  Senhora  da  Graça  dos 
Erimitas  de  S.  Agoftinho.   Foy  infigne  cultor 
da  lingua  latina,  e  igualmente  verfado  nos  pre- 
ceitos da  Oratória,  e  da  Poética  compondo 
com    graça    natural,    e    fumma    promptidaõ 
grande  numero  de  verfos  aíTim  ferios,  como 
jocofos  as  quais  intitula  concinna,  vÍT  elegantia 
loan.  Soar.  de  Brito  Tbeatr.  'Lufitan.  Uter.  lit. 
H.  n.   30  Manoel  de  Faria,  e  Souza  Fuent. 
de  Aganip.  Part.  i.  Centur.  6.  lhe  dedica  em  feu 
aplauzo  o  feguinte  Soneto  que  he  o  77. 
Por  ouvirmos  o  Douro  como  deve 
Sae  là  do  fundo  as  aguas  dividindo 
Da  mufgofa  cabeça  f acudindo 
Nuvens  de  aljôfar  vojfo  fom  recebe. 
E  tal  opinião  de  ouvirmos  teve, 
Que  a  fuperficie  com  o  pé  ferindo 
A  bella  corte  chama,  e  vem  fahindo 
Por  portas  de  Coral  Nymphas  de  neve. 
Eu  que  taõbem  entaÒ  cantando  efiava 

De    aquelle    rayo    a    meos    incêndios    pronto 
Huã    Nereida    ouvi,    que    em    nós   f aliava: 
DÍ!(ia    aos    bellos    Soes    do   fundo    Ponto 
Que    ejie    meu    canto   fácil  fe    illuflrava 
Com  o  vojfo  divino  contraponto. 
Compoz. 

Panegyris  pro  legitima  fucefftone  felicif- 
fimaque  acclamatione  invi£iif[ími ,  ac  ferenif- 
fimi  Re^s  loannis  IV.  in  Academia  Co- 
nimbricenfi  diãa  8.  Februarii  1641.  Conim- 
bricae  Typis  Didaci  Gomez  do  Loureiro. 
1641.  4.  Sahio  nos  Aplausos  da  Univerji- 
dade  de  Coimbra  a  ElRey  D.  loaÕ  o  IV, 
Canção  à  morte  da  Senbora  D.  Maria 
de  Ataide.  Nas  Memor.  Funeb.  da  mejma 
Senhora  a  foi.  39  v.o  Lisboa  na  Officina 
Craesbeeckiana     1650.     4. 

Canção    nas    Exéquias    do    Sereniffimo    In- 
fante   D.    Duarte   M.    S.    da    qual    confervo 
huma     copia.      Principia. 
Nefle  duro  penedo  onde  fufpira 
O  echo  em  vaÒ:  o  nome  fempre  auguflo 
CaiC^a  fatal  de  lafHmofa  hijloria. 
Canção    a    traição    ordenada    a    ElRey    D. 
loaõ  o   IV.   no   dia   do   Corpo  de   Deos.     He 
compofta     em    eftilo     jocofo.      Começa. 
Pojio  que  o  pa£lo  quebre, 
E  o  compromifjo  rompa 
Em   que  abjurei  os  dogmas  do   Pamafo* 
Acaba. 


L  USITAN A 


525 


Demos  por  acabada 
"Muja  a  noff a  jornada; 
Idevos  Jem  Coroa 
De  palma  má,  nem  boa, 
De  Ijoiíto,  nem  de  cedro, 
Que  eu  taõbem  Mu/a  canto,  e  naõ  medro. 
Outra   Cançaõ,   que  prindpia. 
EJle  trabalho  extremo  Mut^a  amada 
Camareira  do  filho  de  Latona, 
Que  teu  favor  permite  que  fe  ordene  : 
fu   que    em    cothumos    de    ouro    apanttffada 
No  tribunal  do  poço  de  Helicona 
Es  alimária  branca  de  Hypocrene. 
Todas  eftas  Poezias  fe  confervaõ  M.   S. 
na    Livraria    do    Excellentifllmo    Duque    de 
Lafoens,   que  foy   do   EmminentiíTimo   Car- 
dial     de     Souza. 

D.  lERONIMO  SO.\RES.  Naceo  em 
Lisboa  fendo  filho  de  loaõ  Alvares  Soares  da 
Veyga  Avelar,  e  Taveira  Provedor  de  Alfan- 
dega de  Lisboa,  e  de  D.  Maria  Soares  de  Mello. 
Aplicoufe  em  a  Univerfidade  de  Coimbra  ao 
eftudo  dos  Cânones  Pontifícios  em  que  rece- 
beo  o  grão  de  Doutor.  A  modeftia  do  fem- 
blante  unida  à  integridade  da  vida  o  fize- 
raõ  digno  de  fer  Deputado  da  Inquifiçaõ 
de  Lisboa,  e  Coimbra,  Inquizidor  em  Évo- 
ra, e  ultimamente  Deputado  do  Confelho 
Geral  de  que  tomou  poíTe  a  25  de  Abril  de 
1675.  Nefte  anno  paíTou  a  Roma  com  a 
incumbência  de  Procurador  do  Tribimal 
de  que  era  Minillro  contra  as  injuiias  per- 
tençoens  dos  Chriílaos  Novos  alcançando 
da  Santidade  de  Innocencio  XI.  benévo- 
lo defpacho  da  fua  negociação.  Reítítuido 
ao  Reyno  foy  nomeado  pela  Mageliade  del- 
Rey  D.  Pedro  11.  Bifpo  de  Elvas  de  cuja 
dignidade  tomou  poíTe  a  15  de  Mayo  de 
1690.  Delia  Cathedral  foy  transferido  pa- 
ra a  de  Vifeu  onde  fora  Cónego  Doutoral 
fazendo  a  entrada  publica  a  6  de  lulho  de 
1695.  No  largo  efpaço  de  vinte,  e  finco 
annos  que  governou  efta  Igreja  deu  re- 
petidos argumentos  da  fua  vigilância,  e 
charidade  para  com  as  fuás  ovelhas  que 
com  exceífivo  fentimento  o  lamentarão 
defunto  a  28  de  laneiro  de  1720.  quando 
contava  85  annos  de  idade.  Fazem  hono- 
rifica   memoria    do   feu   nome    o    Reveren- 


diílimo  P.  loaõ  Col  Cathal.  dos  Bi/p.  de 
Vifeu  §.  67.  Ignado  de  Carvalho,  e  Sou- 
za Cathal.  dos  Bifp.  de  Elvas.  §.  10.  Fr. 
Pedro  Monteiro  Cathal.  dos  Deput.  da  In- 
quif.  de  Coimbra  n.  107.  Cathal.  dos  Deput. 
de  Usboa:  n.  loi.  Cathal.  dos  Inquifid.  de 
Evor.  n.  57.  e  Cathalog.  dos  Deput.  do  Conf. 
Ger.    n.    62.     Publicou. 

Confenfus  Conjiitutioni  Unigenitus  praf- 
titus.  Ulyflipone  apud  Pafchalem  da  Sylva 
Typ.      Reg.      1719.      4. 

Fr.  lERONIMO  DE  SOUZA  naceo 
na  Villa  de  Freixo  de  Nemaõ  em  a  Pro- 
vinda da  Beyra  fendo  filho  de  illuftres 
Pays  quais  foraõ  André  de  Souza  Diniz 
de  quem  fe  fez  memoria  em  feu  lugar,  e  de 
fua  terceira  mulher  D.  Maria  de  Amaral, 
e  Aguilar,  e  irmaõ  de  António  de  Souza 
de  Noronha  Capitão  de  Infantaria  do  qual 
já  nos  lembramos,  e  de  Fr.  Bernardo  de 
Souza  Pacheco  religiofo  da  Ordem  de  S. 
Bafilio  Fundador  do  CoUegio  de  Alcalá 
de  Henares,  e  Vigário  Geral  da  fua  Re- 
ligião em  as  Provindas  de  Hefpanha. 
Abraçou  o  inftituto  Seráfico  em  Caftella 
mudando  na  profiçaõ  o  nome  de  lacinto 
que  tinha  em  o  feculo  em  o  de  leronimo 
naõ  fomente  em  obzequio  do  Doutor  Má- 
ximo de  quem  era  fummamente  devoto, 
mas  para  renovar  a  memoria  de  feu  Irmaõ 
leronimo  de  Souza  Tavares  Capitão  em  a 
Bahia  de  todos  os  Santos,  e  Provedor  da 
Fazenda  Real.  Depois  de  fer  Collegialem  o 
Collegio  mayor  de  S.  Pedro,  e  S.  Paulo 
de  Alcalá  diâou  Artes  em  Caftella,  e  Theo- 
logia  em  a  Qdade  de  Palermo  Capital 
do  Reyno  de  Sidlia,  e  na  Qdade  de  Nápo- 
les onde  jubilou.  Pela  fua  grave  prudên- 
cia, e  fuave  génio  ocupou  os  mais  honorí- 
ficos lugares  da  fua  Religião  fendo  Secreta- 
rio do  Miniftxo  Geral  D.  lozé  Ximenes  Sa- 
maniego.  Definidor,  e  Cuftodio  da  Provin- 
da de  Caftela,  Guardião  do  Convento  de 
Madrid,  Definidor  Geral  em  o  Capitulo 
Geral  celebrado  no  Convento  da  Vitoria 
no  anno  de  1694.  Foy  Qualificador  do 
S.  Ofíicio,  e  Examinador  Synodal  do  Ar- 
cebifpado  de  Toledo.  Sendo  Procurador 
Geral    da    Religião    em    a    Cúria    Romana 


52Ó 


BIB  LIO  THE  CA 


lhe  cometeo  a  Real  Junta  da  PuriíTima 
Conceição  da  Senhora  a  diligencia  da  Su- 
plica authorizada  com  a  infinuaçaõ  de  Car- 
los II.  à  Santidade  de  Alexandre  VIII. 
para  que  em  toda  a  Igreja  fe  celebraflc 
com  Outavario  a  Fefta  daquelle  Imma- 
culado  Myfterio,  cuja  graviíTima  incum- 
bência de  tal  modo  dezempenhou,  que 
mereceo  receber  huma  honorifica  carta 
delRey  Catholico  efcrita  a  23  de  Dezem- 
bro de  1689.  em  que  lhe  agradecia  o 
a£Hvo  zelo  com  que  confeguira  taõ  pia 
negociação.  Foy  hum  dos  mais  celebres 
Theologos  do  feu  tempo  como  manifeílaõ 
os  feus  efcritos,  e  naõ  menos  os  Aélos 
litterarios,  que  com  gloria  do  feu  nome 
fuílentou  nos  Capítulos  Geraes  de  Toledo 
no  anno  de  1682.  e  de  Madrid  em  o  de 
1694.  fazendo  de  hum  deftes  merecida  me- 
moria o  Doutor  Fr.  Manoel  Navarro  Mon- 
ge Benedidino,  e  Cathedratico  de  Sala- 
manca Tra£i.  de  Trinitat.  Difput.  6.  dub.  i. 
§.  9.  n.  567.  Entre  os  Eíhidos  Efcholafti- 
cos  cultivou  a  Hiíloria  profana,  e  huma  das 
fuás  mais  illuílres  partes,  qual  he  a  Genea- 
logia em  que  fez  naõ  vulgares  progref- 
fos  a  fua  eíludiofa  aplicação  alcançando  por 
ella  os  aplauzos  dos  mais  infignes  Genea- 
logiftas  como  faõ  D.  Luiz  de  Salazar,  e 
Caílro  Glor.  de  la  Ca:(a  Vamev^e.  pag.  318. 
chamando-lhe  Jahio  Keligiofo,  y  clajfico  Efcri- 
tor.  Franckenau  hih.  Hifp.  Geneal.  Herald. 
pag.  191.  Vir  in  omni  fihili  verfatijfimus. 
o  Padre  D.  António  Caetano  de  Souza 
Apparat.  à  Hijl.  Gen.  da  Ca^-  Real  Por- 
tug.  pag.  8j.  §.  74.  hem  inftruido  na  Hijloria, 
e  na  Genealogia.  Morreo  no  Convento  de 
S.  Francifco  de  Madrid  a  20  de  Fevereiro 
de     171 1.      Compoz. 

Oracion  Panegyrica  en  la  transladacion  de 
la  Imagem  de  Nuejlra  Senora  dei  huen  Sticeffo 
de  la  Corte  de  Madrid  para  Nápoles.  Ná- 
poles  por   Novello    de   Bonis.    1670.   4. 

Oracion  Panegyrica  en  la  fejlividad  dei 
Glorio/o  S.  Pedro  de  Alcântara  celebrada  en 
el  Convento  de  Santa  Lu^ia  dei  Monte  de  la 
Ciudad  de  Nápoles  de  la  Orden  de  N.  P.  S. 
Francifco  a  los  19  de  Outubro  de  1670.  pa- 
tente el  Santijftmo  Sacramento.  Nápoles  pelo 
dito     ImpreíTor.      1671.     4. 


Noticia  de  la  gran  Ca:(a  de  los  Marque 
v^es  de  Villajranca  y  Ju  parentejco  con  las 
mayores  de  Europa  en  el  Arbol  Genealoffco 
de  la  ajcendencia  ex  o£io  grados  por  ambas 
lineas  de  D.  Fradique  de  Toledo  Oforio  VIL 
Aíarquez  de  Villajranca.  Nápoles  pelo  dito 
ImpreíTor  1676.  4.  D.  lozè  Pellicer  hib. 
de  Jus  ejcritos.  pag.  190.  fazendo  juizo 
deíla  obra,  diz:  es  ejcrito  con  exquijitas 
noticias  y  memorias  de  las  màs  ejclarecidas 
Cascas  de  EJpana,  y  con  methodo  tan  curiojo 
como  bien  ordenado  dejeando  em  todo  las  màf 
Jeguras,   y    verdaderas. 

Interrupti  certaminis  injlauratio  de  dijlinc- 
tione  S piri  tus  Sanai  ã  Filio;  Ji  per  impojftbile 
ab  illo  non  procederet,  e^  pracipue  de  mente 
D.  Gregorii  Nyffeni  in  hoc  punão.  Nea- 
poli    apud    Ludovicum    Cavallum.    1679.    8. 

Futurorum  contingentium  Polyjophia  Je- 
clujis  decretis  omnibus,  <&  Jcientia  media  aã 
mentem  Doãoris  Jubtilis.  Pariíiis  por  Dyo- 
nifium      Tierry.      1680.      8. 

Schala  Theologica  per  quam  ajcendit  crea- 
tura  de  non  effe  ad  effe,  e^  dejcendit  á  Deo 
in  mundum  cum  appendice  copioja  quibus  ac- 
cejftt  Traãatus  de  Pradejlinatione,  ac  etiam 
Juti4rorum  contingentium  polyjophia  noviter 
recuja.  Matriti  apud  loannem  Garciam 
Infançon.     1 706.    foi. 

Com  o  fupoílo  nome  de  D.  Francifco 
de    NaíTao    Zarco    y    Colona    publicou. 

Pericope  Genealógica,  y  Linea  Real  Je- 
parada  aqui  de  las  muchas  otras,  que  la  acom- 
parian  en  las  Ca^as  aquien  toca.  Nápoles 
por  Novelo  de  Bonis.  4.  fem  anno  da 
impreíTaõ. 

Fragmento  dei  Jecundo  Arbol  de  la  Illujlre 
Ca^a  de  Sou:(a  recogido,  y  ornado  por  el  Bene- 
ficiado Jacinto  de  Sojfí(a  Sequeira.  Sahio  im- 
prcílo  no  anno  de  169J.  4.  Com  eíle  nome, 
que  teve  no  feculo  publicou  efta  obra,  cuja 
noticia  por  fer  oculta,  ao  Padre  D.  António 
Caetano  de  Souza  Apparat.  à  Hijt.  Gen.  da 
Ca^.  Real  Portug.  o  faz  diferente  author  de 
Fr.  Francifco  de  Souza  de  cuja  equivoca- 
çaõ  fe  retratou  nas  Advert.  e  Addiçoens  ao 
dito  Apparat.  no  fim  do  8.  Tom.  da  Hiji 
Geneal.  pag.  5.  Tinha  prompto  para  a 
preíTaõ. 

Sermones  Quadragejimaks. 


L  US  ITAN  A. 


Siy 


Sermones  de  vários  Santos. 

Officium  proprium  S.  Joannis  Capifirani. 
Ord.    Min.    M.    S. 

Quaftio  Scolafiico  —  Hijiorica.  Cujus  Fa- 
milia  alumnis  adjcrihendus  fit  S.  Petrus  de 
Alcântara    in    Religione    Seraphica? 

De  Origine  Dijcalceatorum ,  <ò'  Keforma- 
forum.  M.  S.  GDoferva-fe  na  Livraria  do 
Convento  de  Madrid  como  affirma  Fr. 
loan.  a  D.  António  Bib.  Francifc.  Tom.  2. 
pag.    80.    col.    I, 

Defcripcion  Genealógica  de  la  illujlre  Cat(a  de 
Softs^a  con  muchas  de  las  ^andes,  y  todas  las  rea- 
Jes,  qm  delia  participan.  foi.  M.  S.  Huma  copia 
<lefl:a  obra  conferva  o  Padre  D.  António  Cae- 
tano de  Souza  Clérigo  Regular,  Académico 
■da  Academia  Real,  e  Deputado  da  Bulia 
<la  Cruzada  em   cujo   poder  a   vimos. 

lERONIMO  TAVARES  MASCARE- 
NHAS DE  TÁVORA  natural  de  Lisboa, 
€  filho  de  loaõ  Tavares  Maicarenhas,  e  D. 
Luzia  Jozefa  de  Távora.  Acabados  os 
primeiros  eftudos  na  fua  pátria  frequentou 
a  Univeríidade  de  Coimbra  até  fe  formar 
em  a  Faculdade  dos  Sagrados  Cânones  no 
anno  de  173 1.  Depois  de  exercitar  alguns 
annos  em  Lisboa  o  Officio  de  Patrono  de 
Caufas  Forenfes  fez  exame  em  o  Dezem- 
bargo  do  Paço  a  4  de  Setembro  de  1738. 
onde  foy  aprovada  a  fua  fciencia  legal 
para  os  lugares  da  Republica  fendo  o  pri- 
meiro, que  ocupou  o  de  Juiz  de  fora  da 
Villa  de  Marvaõ  em  a  Provincia  do  Alen- 
tejo. Foy  Académico  Juvenil,  e  Applicado, 
e  em  ambas  eftas  eruditas  AíTembleas  foy 
ouvido  com  aplauzo  fendo  muito  verfa- 
do  nas  letras  humanas,  e  na  Arte  da  Poezia 
em  que   tem  publicado   as   feguintes   obras. 

Lúgubre  Viãima  y  holocaufio  Panegy- 
rico  en  la  lachymable  muerte  dei  Excelentif- 
fimo  Senor  D.  Nuno  Alvres  Pereira  de  Mel- 
lo Duque  de  Cadaval,  Marquei^  de  Ferrera, 
Conde  de  Tentúgal.  Lisboa  na  Ofíicina 
da  Mufica.  1727.  foi.  Coníla  de  hum  la- 
byrintho  poético,  Sonetos,  e  hum  Romance 
Endycafillabo. 

L/)s  arrojos  por  amor  y  duelo  contra  la 
Pátria.  Comedia.  Lisboa  en  la  Emprenta 
Herreriana.  1727.  4. 


Soneto  à  morte  da  Serenijfima  Senhora 
Infanta  D.  Francifca.  Sahio  na  i.  Part. 
dos  Acentos  métricos  das  Mu/as  a  efte  affumpto. 
Lisboa  por  António  Ifidoro  da  Fonceca. 
1736.  4. 

Epithalamio  nas  felicijjimas  Núpcias  dos 
ExcellentiJJimos  Senhores  D.  L/dí^  de  Al- 
meyda,  e  a  Senhora  D.  Lui^a  Romualda  de 
Meneses.  Lisboa  na  Officina  da  Mufica 
de  Theotonio  Antunes  de  Lima.  1737.  4. 
Confia  de  dous  Sonetos,  Tercetos,  e  huma 
Egloga. 

Parabém  Epithalamico,  que  nas  felicijji- 
mas Núpcias  do  llluflrijftmo,  e  Excellentif- 
Jimo  Aíarquez  de  Cafcaes  o  Senhor  D.  Ljííz 
de  Cajlro,  e  a  IlluJMJJima,  e  Excellentijfima 
Duquesa  a  Senhora  D.  Joanna  Perpetua  de 
Bragança  recitaõ  as  Villas  de  feus  Eflados. 
Lisboa  na  Officina  Rita  -  Caífiana.  1738.  4. 
Confia    de    diverfo    género    de    Verfos. 

EJoffo  ao  lllujlrijfimo,  e  EjxcellentiJJimo 
Senhor  António  Guedes  Pereira  Cavalleiro 
profejfo  da  Ordem  de  Chrifto,  Fidalgo  da 
Ca^a  de  Sua  Magejlade  e  Senhor  da  Villa 
de  Fraguas,  AJcayde  mór  de  luzmego,  e  Con- 
deixa Commendador  da  Commenda  de  Mou- 
rão da  Ordem  de  S.  Bento  de  Apt^  Secre- 
tario de  Ejlado  de  Sua  Magejlade  para  os 
negócios  do  ultramar,  e  Milida.  Lisboa  por 
António  Ifidoro  da  Fonceca.  1739.  4- 
Confia  de  12  Sonetos,  e  hum  Romance 
Heróico. 

Academia  Epithalamica  celebrada  no  felicif- 
fimo  defpot(orio  dos  Illujlrijfimos,  e  Fxcellentif- 
Jimos  Duques  de  Cadaval,  o  Senhor  D.  Jayme 
de  Mello  primeiro  do  nome,  e  a  Senhora  Prin- 
cesa Henriqueta  Júlia  Gabriela  de  Ijorena  em 
conclave  das  fciencias,  e  Artes  liberaes.  Lis- 
boa. Na  Regia  Officina  Sylviana,  e  da 
Academia    Real.    1740.    foi. 

Culto  obfequiofo,  que  nas  aras  dos  Illuf- 
trijfimos,  e  ExcellentiJJtmos  Senhores  D.  layme 
de  Mello  1  do  nome.  Duque  de  Cadaval  fe- 
gundo,  e  f étimo  Marque^  de  Ferreira,  e  a 
Prince!(a  de  luimbafc  a  Senhora  Henriqueta 
lulia  Gabriela  de  Ijirena  no  felice  nacimento 
de  feu  filho  Primogénito  o  Fxcellentijftmo  Se- 
nhor D.  Nuno  Caetano  Alvares  Pereira  de 
Mello  2  do  nome.  Lisboa  por  L\iiz  loze 
Corrêa    de    Lemos.     1742.    4. 


528  BIB  LIOTHECA 

Nuptiis    praclarijftmi     Domini     Emmanue-  20   do  fcu  nome   por   varias   vezes   as  Ca- 

lis   Caietani  de   Laure  cum   Domina   D.   An-  deiras    de    Prima,    e    Vefpera    de    Theolo- 

tonia     loachina     de     Meneses    plaudit     iMJita-  gia,   e   da    Sagrada   Efcritura.     Foy   taõ   pc- 

nia    foi.      Naõ    tem    anno    nem    lugar    da  rito    no    eíhido    da    Mathematica    que    na 

ediçaõ.     Gíníla    de    hum    Epigramma    La-  mefma     Academia     Conimbricenfe      regen- 

tino,   e   hum   Romance   heróico   de    14   Gd-  tou    a    Cadeira    deíla    Faculdade    por    efpa- 

plas.  ço    de    íinco    annos.     Foy    Qualificador   do 

Allegoria     religiofa     na    felicijjima     eleyçaõ  S.    Officio,    Examinador    das    Três    Ordens 

da     muito     Keverendijftma,     e     Excellentijftma  Militares,   e   Abbade   do   Convento   de   Lis- 

Senhora    D.    Anna    Maria    de    Monte    Olivete,  boa   no    anno   de   1691.  no  qual  fatalmente 

e    Sous^a    dignijfima    Ahhadejja    do    real    Mof-  ardeo    grande    parte    defte    fumptuofo    edi- 

teiro   de  S.   Anna  repetida  em  o  aplaw^p  dos  ficio,    que    brevemente    foy    reparado    pela 

Jeus  ditov^os  annos.   foi.     Naõ   tem   nome   do  fua    incanfavel    diligencia.     Atendendo    aos 

author,     nem     lugar     da     impreflaõ.       He  feus     merecimentos     a     Mageílade     de     D. 

hum    largo    Romance.  Pedro    II.    o   nomeou   Arcebifpo    de    Cran- 

Aplau^o    métrico    na    reelejçaõ    da    Madre  ganor    cuja    dignidade    naõ    aceitou    impe- 

Cypriana    Maria    de    lefu    em    Abbadejfa    do  dido    de    graves    achaques    que    o    privarão 

Convento    de    S.    Anna.     Lisboa    por    Pedro  da  vida  a   15    de  Agoílo  de   1720.   quando 

Ferreira.   4.     Sahio   em   o   nome   da  Madre  contava    76    annos    de   idade.    O    P.  Anto- 

D.    Marianna    Antónia    Botade.  nio  Carvalho  da  Cofta  Corog.   Portug.  Tom. 

Komance  nos  Annos  da  Madre   D.   Maria  i.   Trat.   6.    cap.    10.    pag.    384.   lhe   chama 

de  Sows^a  Ahhadeffa  do  Convento  de  S.  Anna.  talento    de  grande  fupojiçaõ   ajfim    em    Theolo- 

Lisboa    por    Maurício    Vicente    de    Almey-  gia,     e     Efcritura,     como     nas     Mathematicas. 

da.     Sahio    em    nome    da   Madre    D.    Feli-  Compoz. 

ciana    lozefa    Xavier    da    Sylveira    Vidal,    e  Tratado  do  Cometa  que  appareceo  em  Det^ew- 

Brente.  bro  paffado  de   1680.     Coimbra  por  Manoel 

Komance    na    eleição    da    Madre    Antónia  Dias    ImpreíTor    da    Univerfidade    1681.    4. 

de    SaÕ    Jerónimo    Ahhadeffa    no    Convento    de  Sermão  do  Príncipe  dos  Patriarchas  S.  Bento. 

S.    Anna.      Lisboa    por    Theotonio    Antu-  Lisboa  por  Miguel  Deslandes  ImpreíTor  del- 

nes   de   Lima.    Sahio  em  nome   de  D.   Fe-  Rey.  1696.  4. 
Uciana     lozefa     Xavier.      &c. 

Tem    prompto    para    a    impreíTaõ.  Ff.  lERONIMO  TOSTADO  natural  de 

Traãatus  de   Cautione   de  judicio  Jtfti,   foi.  Lisboa   onde   na  idade   da   adolefcencia  re- 

Traãatus    de    judicato    folvendo.     foi.  cebeo  o  habito  Carmelitano  a  28  de  lunho 

Gloffas    aos    Privilégios    da    Sacada    Keli-  de   1544.  e  profeíTou  folemnemente  a   5   de 

ffaÕ   de   Malta.    foi.  Julho    do    anno    feguinte.     Com    faculdade 

de  feus  Prelados  paflbu  à  Univerfidade  de 

Fr.  lERONIMO  DE  S.  TIAGO  Na-  Pariz,  e  aplicado  às  fciencias  feveras  tal 
eco  na  Villa  da  Arrifana  de  Souza  do  foy  o  progreflb  que  fez  feu  penetrante  en- 
Bifpado  do  Porto  a  30  de  Outubro  de  genho,  que  com  aplauzo  dos  Cathedrati- 
1644.  fendo  filho  de  Domingos  da  Ro-  cos  de  taõ  florente  Academia  fe  lhe  con- 
cha de  Aguiar,  e  Maria  de  Souza  de  Saõ  ferio  o  grão  de  Doutor  em  Theologia.  Ro- 
Tiago.  Quando  contava  18  annos  de  gado  pelos  Religiofos  da  Provinda  de  Ca- 
idade  recebeo  a  cogviUa  monachal  do  talunha  para  lhes  diâar  as  fciencias  efcho- 
Principe  dos  Patriarchas  S.  Bento  em  o  laílicas  os  inílruio  juntamente  em  letras,  e 
Convento  do  Porto  a  11  de  Abril  de  1662.  virtudes  pelas  quais  mereceo  fer  eleito  por 
Com  tanta  aplicação  aprendeo  as  fcien-  feu  Provincial  ainda  que  era  filho  de  outra 
cias  efcholafticas  que  recebendo  o  grão  Provinda.  Atendendo  à  fua  grande  litera- 
de  Doutor  Theologo  em  a  Univerfidade  tura  o  Geral  Fr.  loaõ  Baptiíla  Rubio  o  no- 
de  Coimbra  fubíUtuhio  com  grande  aplau-  meou   Vigário,   e   Reformador   das   Provin- 


i 


L  USITAN  A. 


529 


cias  de  Portugal,  Hefpanha,  Nápoles,  e 
Sicília  por  patente  de  20  de  De2embro 
de  1575.  em  cuja  empreza  tolerou  graves 
contradiçoens,  e  compoz  diverfos  Eíla- 
tutos  para  augmento,  e  obfervancia  da 
vida  regular.  Prezidindo  ao  Capitulo  cele- 
brado em  Lisboa  a  30  de  Setembro  de 
1576.  com  tal  arte  ferenou  os  ânimos  dos 
Capitulares,  que  uniformemente  votarão 
em  quem  era  mais  digno  da  Prelazia.  Che- 
gado o  termo  da  fua  vida,  e  recebidos 
os  Sacramentos  entregou  o  efpirito  ao  feu 
Criador  em  o  Convento  de  Nápoles  a  23 
de  Fevereiro  de  1582.  quando  contava 
58  annos  de  idade.  Sobre  a  fepultura  fe 
lhe   gravou   o   feguinte   epitáfio. 

Fratri  Hyeronimo  Tojlato  Carmelita  Vlyf- 
fiponenji  iMp.  S.  T.  D.  Paríjienji,  Famí- 
lia praclarijftmo,  omni  eruditione  praditif- 
fimo  vários  pro  fua  Keligione  perpejfos  labo- 
res, ac  multis  perfunão  bonorihus,  prater  Ge- 
neralatum,  nec  non  <&  in  Hifpaniarum  Kegnis 
Summi  Inqmjitoris  Conjultori  dignijfimo,  ujus 
almi  Conventus  Fratres  hoc  erigendum  Jlatuere. 
Obiit  Neapoli  6  Kal.  Aíarlii  anno  1582. 
JEtafis     5  8    peraão. 

Fazem  delle  honorifica  mençaõ  o  Li- 
cenciado lorge  Cardozo  Agiol.  iMJit. 
Tom.  2.  pag.  324.  Fr.  Manoel  Roman 
Elucid.  Carmel.  pag.  309.  Cafanate  Parad. 
Carm.  Decor.  Stat.  5.  JE&zs  17  cap.  62. 
pag.  443.  Fr.  Agoft.  de  S.  M.  Adeodato 
Comtemplat.  Part.  i.  cap.  36.  pag.  269. 
n.  522.  Coria  Cbron.  dei  Cármen  liv.  12.  cap. 
10.  foi.  520.  Cotrim  Carmel.  hufit.  Part.  2. 
cap.  38  foi.  187.  v.o  Nicol.  Ant.  Kth.  Hifp. 
Tom.  I.  pag.  462.  col.  i.  Franckenau  Bib. 
Hifp.  Gen.  Herald,  p.  192.  Labbe  Bib.  Bi- 
blioth.  in  appendice  pag.  208.  e  Fr.  Manoel 
de  Sá  Mem.  Hifl.  dos  Efcrit.  da  Prov.  do 
Carm.  de  Portug.  p.  198.  e  feguintes.  Com- 
poz. 

De  Viris,  <&  faminis  illujlribus  Ordinis  Car- 
melitarum.  M.  S.  De  cuja  obra  fe  lembraõ 
a   mayor   parte    dos   authores   allegados. 

lERONIMO  DE  TOVAR  infigne 
profeíTor  de  Medecina  o  qual  he  nume- 
rado como  Portuguez  por  Zacuto  no  Ca- 
thalogo    dos    Médicos    impreílo    no    princi- 

34 


pio  das  fuás  obras,  e  de  quem  faz  diftinta 
memoria  lorge  Abrahaõ  Mercklino  in 
Und.    inovai.      Efcreveo. 

De  ponderibus  medicamentorum.  Hifpali 
ex    Ofíicina    Antoniana.     1572.    4. 

Fr.  lERONIMO  VAHL\.  Naceo  em 
a  Qdade  de  Coimbra  celebre  empório  de 
todas  as  fciencias,  onde  teve  por  Pays  a  Fran- 
cifco  Rodrigues  Ferreira,  e  Maria  Vahia 
Teixeira,  e  por  irmaõ  ao  Doutor  Francif- 
co  Vahia  Teixeira  Collegial  do  CoUegio 
de  S.  Pedro,  Lente  de  Prima  de  Leys,  e  De- 
zembargador  do  Paço  de  quem  em  feu  lu- 
gar fe  fez  merecida  lembrança.  Na  idade 
juvenil  deixou  o  feculo  para  abraçar  o  fa- 
grado  inftituto  da  auguíla  religião  Bene- 
diétina  que  folemnemente  profeíTou  no  Con- 
vento de  S.  Martinho  de  Tibaens  a  4  de 
Mayo  de  1643.  O  raro  engenho,  e  a  perf- 
picaz  penetração,  de  que  profufamente  o 
dotou  a  natureza,  fe  admirarão  na  veloci- 
dade com  que  comprehendeo  em  o  Colle- 
gio  da  fua  pátria  as  fciencias  escholafticas  po- 
dendo enfinallas  quando  as  aprendia.  No  exer- 
cido da  Oratória  Ecclefiaftica  alcançou  tanta 
aclamação,  que  a  Mageílade  delRey  D.  Af- 
fonfo  VI.  a  quem  foy  muito  aceito,  o  nomeou 
feu  Pregador.  De  todos  os  alumnos  do  Par- 
naífo  de  que  era  fecunda  a  fua  idade,  nenhum 
lhe  difputou  a  primazia,  ou  foíTe  na  magef- 
dade  do  eílilo  épico,  ou  na  cadencia  da  me- 
trificação lyrica  em  a  qual  o  feu  génio  jo- 
vial, e  nunca  pueril  fe  excedia  a  fi  mefmo 
uzando  de  equívocos  taõ  naturaes,  e  pró- 
prios que  privou  da  gloria  de  único  neíle 
género  de  compofiçaõ  ao  celebrado  leroni- 
mo  Câncer.  Para  todos  os  aííumptos  aílim 
fagrados,  como  profanos  fe  elevava  taõ  al- 
tamente a  fua  Mufa  em  o  idioma  latino,  e 
materno  que  parecia  fer  o  feu  influxo  mais 
divino,  que  humano.  Sendo  taõ  infigne  na 
Poética  o  naõ  foy  menos  em  a  Hiítoria  fe- 
cular,  e  Ecclefiaftica  principalmente  da  fua 
augufta  Religião  por  cuja  cauza  foy  nomea- 
do feu  Chronifta.  Querendo  dezempenhar 
taõ  nobre  incumbência,  como  naturalmente 
para  a  fua  penna  lhe  fervia  de  tinta  a  agua 
da  Hypocrene,  compoz  em  verfo  heróico 
os  fuceífos  memoráveis  da  Congregação  Be- 


Sjo 


BIBLIO THE  C  A 


nediétína  do  Reyno  de  Portugal  com  tanta 
mageílade,  que  igualava  a  elegância  do  me- 
tro à  grandeza  do  aíTumpto,  de  cuja  labo- 
riofa  empreza  havendo  efcrito  quarenta 
cadernos,  que  excediaõ  o  numero  de  ou- 
tenta  folhas  laftimofamente  fe  perderão  com 
outras  fuás  compofiçoens.  Retirado  ao  Con- 
vento de  S.  Romaõ  de  Neyva  diftante  hu- 
ma  legoa  da  Villa  de  Vianna  do  Minho 
fe  preparou  como  virtuofo  Monge  para 
a  eternidade  de  que  tomou  pofle  em  o 
anno  de  1688.  Para  fe  gravar  na  fua  fe- 
pultura  efcreveo  com  elegante  fubtileza 
huma  Mufa  Portugueza  efte  epitáfio  La- 
tino. 

Hyeronimum    condit    tumttU    brevis    ttma     Va- 
hiam. 
Heu   parvo    quantus    vir  jacet    in    tumuloX 
Corpus     você     caret,     dum    f piri  tus     advolat: 
antro 
In    mafio,    at    celebrat    Mors    lacrymoja    vi- 
rum. 
In    Çytharas    nervos    aptat,    conneãit    et    OJfa 

In    tibias:  Jpirant    offa   Jepulta    meios. 
Non    trijles  fugias    concentus;   fifte    viator: 

Mors  aliis  mafta  efi,  huic  puto  lataquies. 
Celebraõ  o  feu  nome  loan.  Soar.  de  Brito 
Theatr.  hujit.  Liter.  lit.  H.  n.  31.  Inge- 
nio,  Ó"  acumine  fummo,  eruditione  magna, 
poética  vero  laudis  prajlantia  cum  paneis  nu- 
merandus.  Fr.  Gregório  Argaes  Perla  de 
Catalma.  foi.  465.  col.  2.  §.  160.  Talento 
major  que  todo  encarecimento.  Souza  Hift. 
Gen.  da  Ca^.  Real  Portug.  Tom.  7.  liv.  7. 
pag.  407.  a  fuavijftma  melodia  da  fua  admi- 
rável Mufa.  P.  Ant.  dos  Reys  Enthujias. 
Poet.  n.  68. 

Exorta  repente 

Lis  fuit  è  Mufs  meritá  qua  fronde  Vahia 
Debuerit    cinxijfe    caput,     Pbabus    que   fequef- 

ter 
Eleífus:     demum      Phabo     mandante,      Thalia 
Calliope    cejfit,    memorans    tamen    inclyta  faãa 
\Qua  cecinit  vatis  pleãrum,  quorum  edita  quon- 

dam 
Pars    videre    diem .  tinea    pars    altera     claufis 
In  pluteis  arrofa  latent. 
Compoz. 


Sermão  de  Santa  Comba  V.  e  M.  Q)im- 
bra  por  Manoel  Carvalho  1661.  4.  Sahio 
vertido  em  Caílelhano  na  Laurea  LmJí- 
tana.     Madrid   por   André   Garcia.    1679.   4- 

Canção  heróica  á  mageflade  ferenijftma 
dõ  noffo  invisto  Monarcha  D.  Affonfo  VI. 
na  fingular  vitoria  que  fempre  fuás  juftas, 
e  agora  triunfantes  armas  alcançarão  na  me- 
morável batalha  do  Canal.  Lisboa  por  Hen- 
rique Valente  de  Oliveira.  1663.  4.  Sahio 
reimpreíTa  no  Tom.  2.  da  F«w';ç  renacida 
a  pag.  290.  Lisboa  por  lozé  Lopes  Fer- 
reira Impreflbr  da  Sereniflima  Rainha 
1717.    8. 

Começa 

Auguflo    Key    do    mais    valente    Império 

Em  Ji  breve,  em  conquiflas  dilatado 
Afirmafe  que  compuzera  efta  obra  no  mcf- 
mo  dia  cm  que  chegou  a  noticia  da  vi- 
toria, e  que  pafladas  poucas  horas  a  ofe- 
recera peíToalmente  a  ElRey  D.  Affonfo  VI. 
No  Tom.  I.  da  Fénix  Renacida,  ou  obras 
Poéticas  dos  milhores  engenhos  Portuguea^es 
Lisboa  por  lozé  Lopes  Ferreira  1716.  8. 
Sahiraõ  eftas  obras  defde  pag.  215.  até  370. 

Fabula  de  Polifemo,  e  Galatea  Coníla 
de  60  Outavas. 

Jornada  para  Coimbra.  Dedicada  a  D. 
Francifco  de  Souv^a  Capitão  da  Guarda  Ale- 
maã.     Confta    de    íinco    Romances    jocofos. 

Jornada  de  Lisboa  para  o  Alentejo.  Confia 
de    4    Romances. 

Vários  Romances,  e  Decimas  a  diferen- 
tes   aíTumptos. 

No  tom.  2.  da  Fenis  Renacida.  Lisboa 
pelo  dito  ImpreíTor  1717.  8.  defde  pag.  501. 
até  367. 

Decimas,  Redondilhas,  e  Romances  quaíi 
todos  jocoferios. 

No  Tom.  3.  da  Feni^  Renacida.  Lisboa 
pelo  dito  ImpreíTor  171 8.  8.  defde  pag.  i. 
até  219. 

Lampadário  de  Chrijlal  que  mandou  a 
Duquev^a  de  Saboya  â  Real  Mageflade  da  po- 
derojijfima  Rainha  de  Portugal  fua  Irmaa,  e 
Idylio  Panegyrico  a  fuás  Alteias  Reaes  o 
Príncipe  D.  Pedro,  e  fua  augufla  conforte 
D.  Maria  Franàfca  Ir^abel  de  Sabida.  He 
huma   larga,   c   elegante   Cançaõ. 


II 


L  USITANA. 


53i 


A  morte  da  Serenijfima  Príncfí(a  de  Vor- 
tugal  a  Senhora  D.  It^abel  Canção  Fúnebre. 

Madrigaes  Romances,  Decimas,  e  Sonetos  a 
vários  ajjumptos. 

No  4.  Tomo  da  Venis  renaàda.  Lisboa 
por  Mathias  Pereira  da  Sylva.  1721.  8.  def- 
de  pag.   34.  até  150. 

Do^e  Outavas  a  buma  Kofa. 

Nove  Sonetos  a  diverfos  affumptos. 

Fabula  de  Apollo,  e  Dafne.    Romance. 

Aos  defpos^orios  de/Rey  D.  Ajonjo.  6.  Três 
Romances. 

Fm  louvor  de  Santa  Senhorinha  Vortuguev^a. 
Loa,  que  coníla  de  hum  Romance  muito 
largo. 

Kedondilhas,  e  Komances,  a  diverfos  af- 
fumptos. 

Elifabetha  triumfans.  Poema  Heroicum  duo- 
bus  libris  abjolutum.  Ulyflipone  apud  Pe- 
trum  Ferreira  Auguftinimx  Reginae  Typog. 
1732.  8.  He  o  argumento  Santa  Izabel  Ray- 
nha  de  Portugal. 

O  Pecador  arrependido  fe  enternece  na  ulti- 
ma hora  à  vifia  de  Chrifio  Crucificado.  Lis- 
boa por  Pedro  Ferreira  ImpreíTor  da  Sere- 
niflima  Raynha.  1736.  4.  Romance,  que 
compo2  na  ultima  infermidade. 

Alphonfeada.  Poema  Heróico  de  12  Gin- 
tos.  Era  o  Heroe  do  Poema  ElRey  D. 
AfiFonfo  VI.  Fallando  deíla  obra  como  de 
outras  deíle  iníigne  varaõ  Fr.  Gregório 
Argaes  Perla  de  Cataluna  foi.  465.  diz. 
Por  el  argumento,  e  excellencia  Jon  dignas 
de  ejiimacion,  como  capares  de  la  embidia. 
Pudo  ejla  tanto,  que  de  un  golpe  defcom- 
pufo  el  fugeto  dei  argumento,  y  los  intentos 
dei  Author.  Conferva-fe  huma  copia  defte 
Poema  digniíTimo  da  luz  publica  em 
a  Bibliotheca  do  ExcellentiíTimo  Duque 
do  Cadaval  como  afirma  o  Padre  D.  An- 
tónio Caetano  de  Souza  no  lugar  aíTima 
allegado. 

Fonte  dos  Amores.  He  huma  fabula, 
que  intitula  cultiftma.  loan.  Soar.  de  Bri- 
to Theatr.  'Lufit.  Uter.  lit.  H.  n.  31.  de- 
dicada pelo  Author  ao  mefmo  Brito  con- 
feíTando,  que  ao  feu  nome  fizera  Vahia  cem 
Anagramas  Latinos. 

Annaes  L^fitanos  Part.  1.  M.  S. 
Annaes  Benediãinos  Part.   i.  M.  S. 


Põem  ata  Sacra.  M.  S. 
Epigrammata   centum,   eb*   oãoffnta.   M.    S. 
Oraçoens  Académicas  trinta.  M.   S. 
Sermoens    de    diverfas    Fefiividades  jmcoenta. 
M.    S. 

lERONIMO  XIMENES  DE  ARAGAM 
natural  de  Lisboa  filho  de  Thomas  Xi- 
menes  de  Aragaõ,  e  D.  Thereza  de  El- 
vas. Foy  Adminiílrador  do  morgado,  e 
Padroado  do  Collegio  de  S.  Patricio  ha- 
bitado pelos  Irlandczes  nefta  Corte,  no 
qual  fucedeo  a  feu  Irmaõ  Rodrigo  Xi- 
menes.  Entre  os  eíhidos,  que  cultivou 
preferio  o  da  Genealogia  em  que  deixou 
efcrito  com  verdade,  e  exaçaõ. 

Nobiliário  das  Famílias  Portuguev^as.  foi. 
M.   S. 

Do  author,  e  da  obra  faz  mençaõ  o 
Padre  Souza  Advert.  e  Addiçoens  ao  8.  Tomo 
da  Hifi.  Gen.  da  Ca:^.  Real  Portug.  pag.  16. 
n.    18. 

D.  IGNAQA  XAVIER  natural  da  G- 
dade  de  Braga,  e  huma  das  mulheres  mais 
doutas,  que  floreceo  no  feculo  paíTado.  Foy 
perita  na  Rhetorica,  Filofofia,  Mathematica, 
Medecina,  e  na  liçaõ  da  Hiftoria.  Falleceo 
no  anno  de  1647.  Delia  faz  mençaõ  hono- 
rifica o  author  do  Theatro  Heroino  Tom,  i. 
P^g-    537-    Compoz. 

Arte  de  bem  fallar.  M.  S. 

Antiguidades  de  Braga.  M.  S. 

Vida  de  huma  Venerável  Matrona  Jua  con- 
temporânea. Aí.  S. 

Fr.  IGNACIO  DE  ATTAYDE  Na- 
ceo  na  Honra  de  Barbofa  Solar  da  fua 
antigua  familia,  que  eílá  fituada  na  Fre- 
guezia  de  S.  Miguel  de  Rans  do  Con- 
felho  de  Penafiel  em  o  Bifpado  do  Por- 
to a  25  de  Setembro  de  1657.  fendo 
filho  de  D.  Francifco  de  Azevedo,  e  At- 
tayde  Senhor  das  Honras  de  Barbofa,  e  At- 
tayde  Commendador  da  Ordem  militar  de 
Chriílo,  e  Governador  das  Armas  de  En- 
tre Douro,  e  Minho,  e  de  D.  Maria 
de  Brito,  e  Noronha  filha  de  Lopo  de 
Brito,  e  D.  Maria  de  Alcáçova.  Para 
augmentar    a    nobreza    de    feu    nacimento 


532 


BIBLIO THE  CA 


recebeo  a  coguUa  monachal  do  grande  Pa- 
triarcha  S.  Bento  em  o  Gjnvcnto  de  S. 
Martinho  de  Tibaens  a  24  de  Setembro  de 
1671.  onde  na  carreira  dos  eftudos  Efcho- 
laílicos  fe  diílinguio  com  tal  viveza,  c  com- 
prehenfaõ  dos  feus  condifcipulos,  que  foy 
admetido  ao  numero  dos  Doutores  Theo- 
logos  em  a  Univerfidade  de  Coimbra,  e 
depois  conduftario  com  privilégios  de  Len- 
tfc  a  17  de  Fevereiro  de  1707.  Naõ  fe 
coarftou  o  feu  eíhido  fomente  à  Faculdade 
da  Theologia,  mas  aplicado  à  da  Mathema- 
tica  foraõ  tantos  os  progreflbs,  que  nella 
fe2  o  feu  engenho,  que  na  mefma  Acade- 
mia Q)nimbricenfe  regentou  a  Cadeira  defta 
grande  fciencia  defde  22  de  Março  de 
1702  até  2  de  Março  de  1722.  em  que 
nella  jubilou.  Sendo  Abbade  do  CoUegio 
de  Coimbra  aíTiílio  revertido  de  Pontifi- 
cal no  anno  de  171 1.  à  tresladaçaõ  da 
Princeza  Santa  Joanna  em  o  Convento 
de  Aveyro  a  que  prefidio  o  IlluftriíTimo 
Bifpo  de  Coimbra  D.  António  de  Vaf- 
concellos,  e  Souza,  como  efcreve  o  Pa- 
dre D.  António  Caetano  de  Souza  Hifi. 
Geneal.  da  Ca^a  Real  Portug.  Tom.  3.  liv. 
4.  cap.  2.  pag.  102.  Falleceo  na  Villa  das 
Caldas  da  Raynha  no  mez  de  Agofto  do 
anno  de  1725.    Compoz. 

Sermão  para  o  dia  da  tarde  no  Jolemne  dia, 
que  fe  celebrou  a  glorio/a  entrada  da  reliquia 
do  Pay  dos  Pobres  S.  Thoma^  de  Villanova 
na  illuflre  Sé  de  Coimbra.  Coimbra  por  Jozè 
Ferreira  Impreflbr  da  Univerfidade.  1690.  4. 
Sahio   no    livro    Acroatmas    Panegíricos.    &c. 

Genealoffa  dos  Afcendentes  da  ca:(a  donde 
procedia  com  a  Vida  de  feu  Pay  D.  Francifco 
de  As^evedo,  e  Attayde.  M.  S.  Conferva-fe 
no  CoUegio  de  Coimbra.  Defta  obra  faz 
mençaõ  o  Padre  Souza  nas  Advert.  impref- 
fas  no  fim  do  Tom.  8.  da  Hijl.  Gen.  da 
Ca:^.  Keal  Portug.  pag.  20.  e  do  author  a 
faz  António  Carvalho  da  Cofta  Corog.  Por- 
tug.  Tom.    I.   pag.    388. 

IGNACIO  BARBOZA  MACHADO  meu 
Irmaõ  naceo  em  a  Cidade  de  Lisboa  a 
25  de  Novembro  de  1686.  fendo  filho  do 
Capitão  loaõ  Barboza  Machado,  e  D.  Ca- 
therina  Barboza.    Depois   de  ouvir  Filofo- 


fia  do  Padre  Manoel  Rodriguez  da  Con- 
gregação do  Oratório  em  que  defendco 
Conclufocns  publicas  fe  aplicou  em  a  Uni- 
verfidade de  Coimbra  ao  eftudo  da  lurif- 
prudencia  Ovil  cm  cuja  Faculdade  fe  for- 
mou no  anno  de  171 6.  Examinada  a 
fua  capacidade  em  o  Defembargo  do  Pa- 
ço para  fervir  os  lugares  da  Republica 
foy  defpachado  luiz  de  fora  da  Villa 
de  Almada  donde  paíTou  a  exercitar  o 
mefmo  minifterio  em  a  Cidade  da  Bahia 
Capital  da  America  Portugueza.  Reftitui- 
do  ao  Reyno  foy  Provedor  da  Comarca 
da  Villa  de  Setúbal.  Por  morte  de  fua 
mulher  D.  Mariana  de  Menezes,  e  Ara- 
gão preferio  a  vida  Ecclefiaftica  à  fe- 
cular  recebendo  as  Ordens  de  Presbíte- 
ro a  21  de  Dezembro  de  1634.  He  Aca- 
démico do  numero  da  Academia  Real, 
e  Miniftro  do  Tribunal  da  Legada.  Com- 
poz. 

Panegyrico  Hijlorico  do  Serenijftmo  Senhor 
Infante  D.  Manoel,  no  qual  fe  efcrevem  as  glo- 
riofas  acçoens,  que  tem  obrado  na  pav^  e 
na  guerra  depois,  que  fahio  do  Reyno  de  Por- 
tugal até  o  fim  da  vitoriofa  Campanha  de 
Hungria  do  anno  paffado  de  171 6.  e  de 
como  foy  tratado  em  diverfas  Cortes  da  Eu- 
ropa. Lisboa  por  Pafchoal  da  Sylva  Im- 
preíTor  delRey.   1717.  4. 

Noticia  da  Entrada  publica,  que  fez  na  Cor- 
te de  Pariz  em  iS  de  Agoflo  de  171 5.  o  Ex- 
cellentijftmo  D.  Lmí^  ^(^^^oel  da  Camará  Conde 
da  Ribeira  Grande.  &c.  Lisboa  por  lozè 
Lopes  Ferreira  ImprelTor  da  Sereniflima  Ray- 
nha. 171 6.  4.    Sahio  fem  o  feu  nome. 

Panegyrico  à  immortalidade  do  Excellen- 
tijftmo  Senhor  o  Senhor  Manoel  Carlos  de 
Távora  Conde  de  SaÕ  Vicente  do  Confelho 
de  S.  Magejlade,  e  General  de  Batalhas  da 
Armada  Real  ^c.  em  que  fe  louvaÒ  as 
gloriofas  acçoens  do  feu  animo,  e  fe  relata 
a  infigne  Vitoria  naval,  que  alcançou  dos 
Turcos  nos  mares  da  Grécia.  Lisboa  por  lozè 
Lopes  Ferreira  Impreflbr  da  ScreniíTima  Ray- 
nha. 171 8.  4.  Sahio  com  o  fupofto  nome 
de  Valeriano  da  Cofta  Frcyre. 

Nova  Relação  das  importantes  Vião- 
rias,  que  alcançarão  as  Armas  Portugue- 
sas   na     índia,     e     da    gloriofa      Pa^,     qfft 


L  USITANA. 


533 


fcajuJlou  com  algtms  de  feus  inimigos  logo,  que 
gou  o  Vicerey  do  EJiado  o  llluftrijfimo,  e  Ex- 
lentijftmo  D.  Luiz  ^  Meneses  quinto  Conde 
da  'Ericeira,  e  primeiro  Marque^  do  EotmçaL 
Lisboa  por  António  líidoro  da  Fonceca. 
1742.  4.  Sahio  com  o  nome  de  lacinto 
Machado   de    Souza. 

Praãica  recitada  no  Pofo  a  ^  de  Dezem- 
bro de  1734.  com  que  congratulou  a  A.cademia 
Real  de  fer  eleito  feu  Collega.  Sahio  no  Tom. 
13.  da  Collec.  dos  Docum.  da  Academia  Keal. 
1734.  foi. 

Fajios  Politicos,  e  Militares  da  antigua,  e 
nova  Eufitania,  em  que  fe  def crerem  as  acçoens 
memoráveis,  que  na  Paz,  e  na  guerra  obrarão 
os  Portuguezes  nas  quatro  partes  do  mundo. 
Tom.  I.  Lisboa  por  Ignacio  Rodriguez. 
1745.   foi. 

IGNACIO  DE  BRITO  NOGUEYRA 
íahio  a  luz  do  mundo  em  Lisboa  a 
10  de  Março  de  1586.  onde  teve  por 
Pays  a  Ignado  CollaíTo  de  Brito  Dezem- 
bargador  da  Caza  da  SuppUcaçaõ  de  quem 
fe  fará  logo  particular  memoria,  e  a  D. 
Violante  Refende.  Na  Univeríidade  de 
Coimbra  recebeo  o  grão  de  Doutor  na 
Faculdade  de  Direito  Cefareo  onde  foy 
muitos  annos  Oppoíitor  às  Cadeiras  com 
grande  aplauzo  da  fua  fcienda.  Em  to- 
das as  artes  Liberaes  foy  profundamente 
verfado  fendo  erudito  Cofmografo,  perito 
Aíbrologo,  injQgne  Arithmetico,  e  confum- 
mado  Geometra.  Da  Poezia  obfervou  os 
preceitos,  e  da  Hiíloria  Secular,  e  Ecde- 
íiaílica  foube  os  fuceíTos.  Superior  a  to- 
da a  ambição  naõ  pertendeo  remunera- 
ção alguma  pelos  feus  ferviços,  nem  de 
feu  Pay,  antes  fugindo  ao  comercio  hu- 
mano fe  retirou  como  Filofofo  defenga- 
nado  a  lugar  folitario  onde  efcreveo  as 
feguintes   obras. 

Mirabilia  Júris.  Era  difpoílo  por  ordem 
Alfabética. 

Anacephaleofes  pracipuarum  materiarum  Jú- 
ris. Conílava  de  cento  e  íincoenta  Titulos 
de    Direito    Qvil. 

Polyptofon  Mfculapii.  Confiava  de  remé- 
dios exquiíitos  da  Medecina,  e  da  anatomia 
do  corpo  hiunano,  e  Chiromanda. 


Polycrefion  Sxonomia.  Contem  a  doutrina 
das  cortezias,  e  governo  Económico  em 
qualquer  eftado,  e  fazenda,  rezoens  de  Ef- 
tado  fobre  politica,  milicia  campal,  e  naval; 
doutrina  de  Cavallos,  e  regras  de  Gineta,, 
e  Eftardiota. 

AJirologia  RuJHca.  ConJfta  das  lavouras, 
plantas,  vários  modos  de  enxertia,  íignaes 
de  bom,  ou  máo  tempo,  criação  de  gados,, 
e  todas  as  matérias  pertencentes  à  Agricul- 
tura. 

Virt/uks  das  eruas,  plantas,  e  das  fuás  qua- 
lidades. 

Virtudes  das  pedras,  offos,  pontas  de  ani- 
maes,  peixes,  e  Aves,  feus  intejlinos,  e  também 
do  corpo  humano. 

Dos  Inventores  das  Artes.  Pejfoas  mais  cele- 
bres de  bum,  e  outro  fexo  de  fuás  boas,  ou  màs 
obras,  e  dos  que  deixarão  voluntariamente  as^ 
di^idades  do  mundo;  dos  que  fendo  maòs  foraõ 
bons,  e  dos  Meflres  de  grandes  Principes,  e  Fi- 
lofofos  ^andes,  que  floreceraÕ. 

Livro  dividido  em  féis  livros,  i.  trata  doT 
fegredos  da  Natureza.  2.  da  Pbyfiogtomia.  3. 
da  Arifmetbica.  4.  da  Geometria.  5.  da  Or- 
tbografia.  6.  de  Emprezas. 

Meios  Poetarum.  Confta  de  Verfos  de  to- 
do o  género. 

Triambus  Lnjitania.  Contem  a  Hiíloria  de 
Portugal,  e  fua  Nobreza. 

Encyclopedia  Júris.  NeJfta  obra  allega  mais 
de  íinco  mil  Authores. 

Fafciculus  Summarum.  Confta  dos  mais  di- 
ficultozos  cazos  de  Moral  por  ordem  Alfa- 
bética. 

P.  IGNAQO  DE  CARVALHO  filho  de 
Manoel  Coelho,  e  Qcilia  Figueira  naceo  em 
a  Villa  de  Monte  mór  o  novo  da  Diocefe 
de  Évora  em  cujo  Collegio  abraçou  o  iníli- 
tuto  de  lefuita  a  24  de  Dezembro  de  165 1. 
a  tempo  que  tinha  15  annos  de  idade,  e 
frequentava  o  curfo  da  Filofofia.  Neíla 
Univeríidade  aprendeo,  e  diâx)u  letras  hu- 
manas, Rhetorica,  e  Filofofia.  Recebido, 
o  grão  de  Doutor  em  a  fublime  Faculdade 
da  Theologia  foy  Lente  da  Sagrada  Efcri- 
tura.  Todas  as  produçoens  da  fua  penna. 
merecerão  univerfal  aplauzo  naõ  fe  conhecen- 
do exceUo  de  húas  a  outras  por  fer  igualmen- 


534 


BIBLIO THE  CA 


te  infigne  nas  letras  amenas,  e  feveras.  Nos 
poemas  era  elegante,  nas  Oraçoens  eloquen- 
te, e  nas  Poílillas  profundo.  Acometido  de 
huma  febre  maligna  fe  preparou  com  ca- 
tholica  refignaçaõ  para  a  morte  que  o  pri- 
vou da  vida  em  o  G^llegio  de  Évora  a  13 
•de  Dezembro  de  1682.  quando  contava  46 
annos  de  idade,  e  31  de  religião.  Delle  fe 
lembraõ  com  louvor  o  P.  António  Franco 
Imag.  da  Virttid.  em  o  Novic.  de  Évora.  p. 
868.  Ann.  Glor.  S.  L  in  l^ufit.  p.  737.  et 
Anual.  S.  I.  in  iMJit.  pag.  374.  n.  13.  e 
o  P.  Fonceca.  Evor.  Glorio/,  p.  432.  G)m- 
poz. 

Compendium  'Logtca  Conimhricenfis.  Eborae 
•cx  Officina  Academiae.  4. 

IGNACIO  CARVALHO  DA  CUNHA 
;filho  de  António  Carvalho  da  Cunha,  e 
Angélica  de  Araújo  naceo  em  a  Cidade  de 
Braga  recebendo  a  graça  bautifmal  em  a 
Sé  a  15  de  Mayo  de  1710.  Depois  de  ef- 
tudar  Filofofia  no  CoUegio  dos  Padres  le- 
2uitas,  e  Theologia  dous  annos  no  Collegio 
■do  Populo  dos  Erimitas  de  S.  Agoílinho 
paflbu  à  Univerfidade  de  Coimbra  onde 
aplicado  à  lurifprudencia  Canónica  fe  for- 
mou nefta  Faculdade  a  10  de  lunho  de 
1737.  He  Arciprefte  da  infigne  CoUegiada 
•de  Guimaraens,  e  alumno  da  Academia  inf- 
tituida  neíla  Villa  onde  fe  tem  ouvido  com 
aplauzo  dos  feus  Collegas  varias  produçoens 
do  feu  engenho  aíTim  em  profa  como  em 
verfo.    Publicou 

Guimaraens  combatido,  affalto  da  penitencia, 
Jriunfo  da  virtude,  Epanafora  métrica.  Coimbra 
no  real  Collegio  das  Artes  da  Companhia  de 
lefus  1744.  4.   Coníla  de  145  Outavas. 

Diverfos  Epigramas,  e  Poemas  Latinos, 
•como  taõbem  Sonetos,  e  outras  obras  métri- 
cas em  Portuguez.  M.  S. 

IGNACIO  CARVALHO  DE  SOUZA 
-Cavalleiro  Fidalgo  da  Caza  de  Sua  Magef- 
tade,  c  profeflb  da  Ordem  militar  de  Chriílo, 
Secretario  do  ExcellentiíTimo  Duque  de  Ca- 
-daval  Eftribeiro  mòr,  filho  de  Manoel  de 
Carvalho  Cavalleiro  da  Ordem  de  Chriílo 
Xlapitaõ  de  Infantaria  fendo  hum  dos  pri- 


meiros que  rompeo  as  linhas  de  Elvas  no 
fauíliffimo  dia  de  14  de  laneiro  de  1659, 
e  de  D.  Francifca  de  Souza  irmaá  do 
P.  Manoel  de  Souza  Fundador  da  Congre- 
gação do  Oratório  da  Villa  de  Eftremos 
meu  Tio  materno,  naceo  cm  Lisboa  a  2 
de  Fevereiro  de  1680.  Aprendeo  os  rudi- 
mentos Gramaticaes  com  o  P.  Manoel 
Soares  infigne  Meftre  de  Latinidade  cm 
cuja  efcola  tive  a  gloria  de  fer  feu  condif- 
cipulo  donde  paíTando  a  cultivar  a  Poética 
percebeo  taõ  profundamente  os  myílerios 
defta  divina  Arte,  que  entre  os  feus  mais 
famozos  profeíTores  foy  venerado  por  Mef- 
tre preclarijftmo  como  o  intitula  o  Benefi- 
ciado Francifco  Lcytaõ  Ferreira  Académico 
da  Academia  Real  em  as  Notic.  Chronolog. 
da  Univ.  de  Coimb.  p.  550.  §.  1175.  cujas  li- 
çoens  ouvio  a  Academia  dos  Anonymos 
que  pelo  efpaço  de  quatorze  annos  con- 
fervou  em  fua  Caza  com  aplauzo,  e  con- 
curfo  de  engenhos  nobres,  e  eruditos.  En- 
tre os  primeiros  fincoenta  Académicos  de 
que  fe  formou  a  Academia  Real  da  Hifto- 
ria  Portugueza  foy  eleito  para  efcrever  as 
Memorias  Ecclefiaílicas  do  Bifpado  de  El- 
vas, e  as  feculares  dclRcy  D.  loaõ  o  2. 
de  cuja  aplicação  produzio  os  feguintes 
frutos. 

Cathalogo  dos  Bifpos  de  Elvas.  Lisboa  por 
Pafchoal  da  Silva  ImpreíTor  de  Sua  Magcf- 
tade,  e  da  Academia  Real  1721.  foi.  Sahio 
no  Tom.   i.  dos  Docum.  da  Acad.  Real. 

Conta  dos  feus  eftudos  Académicos  recitada 
em  o  Paço  a  ii  de  Outubro  de  1723.  onde 
eftá  impreíTa  a  Dedicatória  das  Memorias  do 
Rejnado  delKey  D.  loaÕ  o  11.  à  Magejlade  del- 
Key  D.  loaõ  o   V. 

Conta  dos  feus  ejiudos  Académicos  reci- 
tada no  Paço  a  z^  de  Outiéro  de  1732. 
No  Tom.  II.  da  Coltec.  dos  Docum.  da 
Academia  Real.  Lisboa  por  lozé  Antó- 
nio da  Silva  Impreflbr  da,  Acad.  1731. 
foi. 

Soneto  á  morte  do  Duque  do  Cadaval 
D.  Nuno  Alvres  Pereira  de  Mello.  Sahio 
nas  Ultim.  Açoens  do  Duque  a  pag.  559. 
Lisboa  na  Officina  da  Mufica.  1730.  foi. 
Com  o  nome  de  Icanio  Garcolha  ana- 
grama  puio  do  ícu  nome. 


I 


I 


L  USl  TANa. 


535 


Do»s  Sonetos.  Nos  prelud.  Ejtcomiafticos 
do  qtie  obrou  D.  Manoel  Pereira  com  Jeus  fi- 
lhos na  Campanha  de  1704.  Londres  por 
Leach.   1704.  4. 

Nos    ProgreJJos   Académicos   dos  Anorr/mos 
de  Lisboa  i.  P.  Lisboa  por  lozé  Lopes  Fer- 
reira   171 8.    4.    eílaõ    2    Komances   hum    Ly- 
,.  rico,  e  outro  Heróico,  e  três  Decimas. 


IGNACIO  COLASSO  DE  BRITO  Na- 

ceo  na  Villa  de  Coruche  da  Provinda  Tranf- 
tagana  em  o  primeiro  de  Fevereiro  de  1570 
fendo  filho  de  Ignacio  G^llaíTo  de  Brito,  e 
Helena  Vaz  do  Cazal.  Foy  Cavalleiro  da 
Ordem  de  Chriílo,  Dezembargador  da  Giza 
da  Suplicação  de  que  tomou  poíTe  a  20  de 
Fevereiro  de  1616.  e  de  Corregedor  do 
Civil  a  3  de  Outubro  de  1620.  Cazou  duas 
vezes;  a  primeira  com  D.  Violante  de  Re- 
fende  de  quem  teve  a  Ignacio  de  Brito 
Nogueira  cuja  memoria  fe  fez  aífima;  e  a 
fegunda  com  D.  Helena  de  Gouvea  filha 
do  infigne  lurifconfulto  o  Doutor  Álvaro 
Vaz,  e  Brites  de  Gouvea  a  qual  fendo  pre- 
tendida por  peíToas  da  primeira  graduação 
para  mulher  por  ter  hum  dote  muito  opu- 
lento, fe  cazou  furtivamente  com  Ignacio 
Collaíío,  o  qual  a  repudiou  por  naõ  doar 
todos  os  feus  bens  aos  filhos  que  tivera  do 
primeiro  matrimonio.  Foy  dos  mais  celebres 
letrados  do  feu  tempo,  e  muito  perito  nas 
difcipUnas  Mathematicas.     Compoz. 

Syntagma  Júris.   foi.    6   Tom.    M.    S. 

Syntagma  Legum.  foi.  6.  Tom.  M.  S. 
Ambas  eftas  obras  eraõ  difpoílas  por  or- 
dem Alfabética. 

Commentario  aos  finco  livros  das  Ordena- 
çoens  do  Reino. 

Sinco  livros  fobre  o  Património  Real,  U- 
^irias,  e  feus  arrendamentos,  Feitoria  do  li- 
nho cânhamo  em  Santarém,  e  Coimbra  para 
haver  enxárcia  no  Reino,  e  tret^entas  Tece- 
deiras  na  Comarca  do  Porto  para  fa^er  o 
velame  para  as  Nãos.  M.  S.  Difpoz  efta 
obra  quando  foy  Prefidente  da  Iimta  da 
Agricultura  do  Reyno. 

Livro  de  Mathematica  com  varias  figuras 
dibuxadas  primorofamente  pela  fua  maõ. 
M.  S. 


Fr.  IGNAQO  DA  CONCEIÇAM  natu- 
ral da  Cidade  de  Belém  Capital  do  Graã 
Pará  religiofo  da  Ordem  do  Carmo  lubi- 
lado  na  Sagrada  Theologia,  Ex- Vigário  Ge- 
ral no  Eftado  do  Maranhão,  e  Examinador 
Synodal  do  Bifpado  do  Pará.  O  igual  ta- 
lento que  teve  para  a  Cadeira,  como  para- 
o  púlpito  lhe  conciliou  univerfal  eítimaça» 
publicando  como  primícias  das  fuás  eíhidio- 
fas   fadigas. 

Sermão  em  acçaÕ  de  gradas  que  na  tardt 
de  \i  de  lunho  de  1743.  fe  abrio,  e  dedicou 
a  S.  António  a  l^eja  do  feu  novo  Convento  de- 
Belém  do  Pará  ocorrendo  com  a  Fefia  do  mefmo- 
Santo  a  do  Corpo  de  Deos  Sacramentado.  Lis- 
boa por  Pedro  Ferreira  ImpreíTor  da  Rai- 
nha noíla  Senhora.   1745.  4. 


P.  IGNAQO  DA  COSTA  religiofo  da. 
Companhia  de  lefus,  e  zelozo  Operário  da. 
Vinha  do  lapaõ  onde  no  anno  de  1634. 
edificou  algumas  Igrejas.  Affiítindo  na  Pro- 
víncia de  Quantum  no  anno  de  1665  foy 
defterrado  acabando  no  anno  feguinte  a. 
vida  caduca  para  começar  a  eterna.  Deixoa 
prompto  para  a  ImpreíTaõ. 

De  pecato   oriffnali,   ejufque   remédio. 

De  Incamatione  Domini  et  Pajfione.  2.  Tom- 

De  Santiffima  Trinitate.   2.   Tom. 

Declaratio  Symboli. 

De  Senectute. 
Deftas  obras  como  de  feu  Author  faz  me- 
moria   Cathalog.    Patrum    S.    L    qià   ab    anno- 
15  81.  ufque  ad  1681.  in  Império  Sinarum  L  C- 
fidem  propagarunt.  §.  42. 


IGNACIO  DA  COSTA  QUINTELA 
Naceo  em  Lisboa  a  17  de  laneiro  de- 
1691.  e  depois  de  inílruido  na  lingua 
latina,  e  letras  humanas  frequentou  a  Uni- 
verfidade  de  Coimbra  cultivando  a  lurif- 
prudencia  Cefarea  cujos  miílerios  compre- 
hendeo  com  tanta  agudeza  de  engenho,  que 
naõ  fomente  foy  admetido  ao  numero  dos 
Doutores  deíla  Faculdade  mas  ao  Collegio  de 
S.  Pedro  em  16  de  lulho  de  171 6.  Provido  em. 
14  de  Fevereiro  de  1725  em  huma  Cadeira  der 
Inítituta   onde   explicou   com   clara   profun- 


536 


BIBLIO THE  C  A 


didade  os  textos  mais  dificultozos,  paflbu 
para  a  Relação  de  Lisboa  a  15  de  Mayo 
ie  1734.  donde  fubio  a  Dezembargador  dos 
Aggravos  a  22  de  Março  de  1738.  Con- 
íervador  da  Naçaõ  Britânica,  Deputado  da 
Junta  do  Tabaco,  Corregedor  da  Corte,  e 
Caza,  e  Fidalgo  da  Caza  de  Sua  Mageílade. 
Para  utilidade  dos  ProfeíTores  da  lurifpru- 
■dencia  publicou. 

Bibliotheca  Jurifconfultorum  l^ufitanortim  in 
qua  continentur  illufirium  Profejforum  Conimbri- 
^enjium  Scholia,  Traãatus,  <&  Commentaria  ad 
Jus  Civile,  Canonicum,  ó^  Kegium,  qua  ad 
Commentariorum  normam  rediguntur,  <&  notis 
accuratíjftms  illuftrantur.  Tomus  primm.  Ulyf- 
íipone  apud  Antonium  Pedrozo  Galraõ. 
1730.   foi. 

iMcuhrationes ,  (ò*  Commentaria  in  libros 
quattuor  Inftitutionum  Imperialium  pro  cúpida 
Jegum  juventuíe  per  prima  Civilis,  Canonici,  et 
Regii  luris  principia  ad  Theoricam,  Ó^  Praífí- 
-cam  lurijprudentiam  manuducendam  Tomi  primi 
pars  prima,  ibi  apud  eumdem  Typog.   1731. 

OraçaÔ  Académica  fobre  ceder  D.  loaõ  de 
dajlro  a  gloria  de  montar  o  muro  de  Diu  a 
Laurenço  Pires  de  Távora  Joldado  aventureiro. 
Recitada  fendo  Preíidente  na  Academia  dos 
Anonymos.  Sahio  nos  ProgreJJos  Académicos 
dos  Anonymos  de  "Lisboa,  a  pag.  339.  Lisboa 
por  lozè  Lopes  Ferreira,  Impreflbr  da  Se- 
leniflima  Raynha.    171 8.   4. 


Fr.  IGNACIO  COUTINHO  natural  de 
Coimbra  filho  de  Balthezar  Coutinho,  e 
Maria  Gomes.  Na  idade  da  Adolefcencia 
preferio  com  judiciofa  eleição  entre  todas 
as  Famílias  Regulares  a  IlluftriíTima  Ordem 
dos  Pregadores,  cujo  fagrado  inftituto  pro- 
feíTou  em  o  Real  Convento  de  Bemfica  fanc- 
tificada  paleftra  de  virtudes  a  13  de  lulho 
de  1609.  Nos  Eftudos  Efcholaílicos  fahio 
taõ  profundamente  verfado,  que  depois  de 
Prefentado  em  a  Sagrada  Theologia  diftou 
a  Moral  cm  a  Sé  da  Gdade  do  Porto. 
Foy  hum  dos  mais  celebres  Oradores  Evan- 
gélicos, que  venerou  a  fua  idade,  fendo 
theatros  Portugal,  e  Caftella  dos  feus  ele- 
gantes difcurfos  authorizados  com  a  co- 
pia de  textos  de  hum,  c  outro  Teftamento, 


e  Sentenças  dos  Santos  Padres  da  Igreja 
Latina,  e  Grega  de  que  tinha  vaíliíTima,  e 
continuada  liçaõ.  Falleceo  no  Convento  de 
S.  lacinto  da  Cidade  de  Sevilha  em  o  anno 
de  1647.  As  varias  línguas  em  que  foraõ 
traduzidas  as  fuás  obras  faõ  hum  indelével 
teftemunho  da  eftimaçaõ  xmiverfal,  que  me- 
recerão. Celebraõ  o  feu  nome  H)rpolit. 
Marrac.  Bib.  Marian.  Part.  i.  pag.  6jo.  De- 
clamator  cekbris,  (Ò'  tam  in  Theologia  Scholaf- 
tica,  quam  Scriptura,  ac  SS.  PP.  leãione  pra- 
clare  verfatus.  loan.  Soar.  de  Brit.  Theatr. 
Lujit.  Liter.  lit.  H.  n.  5.  nominatijftmus  con- 
cionator.  Echard.  Script.  Ord.  Prad.  Tom.  2. 
pag.  556.  col.  I.  Vir  in  Theologicis  eruditus, 
fed  in  concionibus  ad  populum  habendis,  lò'  cla- 
rus,  €>•  continuus.  Fr.  Pedro  Monteiro  Clauftr. 
Dom.  Tom.  3.  pag.  232.  Compoz. 

SermaÕ  pregado  na  Igreja  de  S.  Mamede 
da  Cidade  de  Lisboa  na  Commemoraçaõ,  que 
por  mandado  do  Illujirijftmo,  e  Reverendijffimo 
Senhor  Arcebifpo  D.  Miguel  de  Cajlro  fe  fe^ 
pelas  necejftdades  do  Reyno  em  5  de  Abril  de 
1623.  Lisboa  por  Giraldo  da  Vinha. 
1623.  4. 

SermaÕ  na  Igreja  de  S.  Domingos  do  Porto 
no  Ultimo  dia  do  Triduo,  que  nella  houve  pela 
Pajchoa  da  RefurreiçaÕ  do  anno  de  1630.  Porto 
por  loaõ   Rodriguez.    1630.   4. 

Maria  triumfante,  e  Herejta  triumfada.  Ser- 
maÕ pregado  no  Convento  de  S.  Paulo  de 
Sevilha  1638.  4.  Sahio  fegunda  vez  impref- 
fo  Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck.  1649.4.  com 
efte    Titulo. 

Sermon  a  los  aggravios,  que  los  hereges  bi- 
Jieron  a  la  Imagem  de  Nuejlra  Senora  en  et  Caf- 
tillo  de  Callo.  Depois  foy  reimpreíTo  no  li- 
vro intitulado  Efcuela  de  difcurfos  formada  de 
Sermones  vários  efcritos  por  divcrfos  Authores 
maeflros  grandes  de  la  Predicacion.  Publicado 
pelo   Doutor   Francifco   Ignacio   de   Porres. 

Marial,  ou  promptuario  efpiritual  fobre  os 
Evangelhos  das  Feflas  da  Raynha  dos  Santos 
Maria  Mãy  de  Deos.  Lisboa  por  Louren- 
ço Crasbeeck.  1636.  foi.  Foy  traduzido 
em  Caftelhano  por  Fr.  Francifco  Palau 
Dominicano.  Barcelona  por  Pedro  de  la 
Cavallaria.  1639.  foi.  &  ibi  fegunda  vez, 
c  terceira  Madrid  cn  la  Imprenu  Real. 
1647.  foi. 


1 


LUSITANA.  537 

Promptuario  Efpiritual  para  los  EvangeUos  Kofcka  em   o  fefftndo  Sa  do  folemnijfimo   tri- 

de  los  três  principales  dias  de  Quarejma  Mier-  duo,    que    com    affiftencia    do  diviniffimo  Sacra- 

coles,     Viemes,     Domingas,    e    Semana    Santa,  mento  celebrou  o  Collegio  de  S.  Paulo  da  Com- 

Madrid   por   Francifco   Martines.    1644.   foi.  panhia    de   JESUS    da    Cidade    de    Braga    em 

&   ibi   por   Maria   de    Quinones.    1647.  foi.  28    de   Julho    de    1727.    Lisboa    na    Ofl&dna 

O    author    compoz    efta    obra    em    Cafte-  Patriarchal  da  Muíica..   1728.  4. 
lhano    imitando    a    fuavidade,    e    elegância 

do    eílUo    dos    infignes    Fr.    Fernando    de  IGNACIO     ESPÍNOLA     CASTRO,     E 

Caflilho,    e    Fr.     Luiz    de    Granada    Mef-  MENEZES  natural  da  Qdade  do  Funchal 

três    naõ    fomente    da    Sagrada    Ordem  dos  Capital    da    Ilha    Terceira    filho    de    Manoel 

Pregadores    mas    também    do    eítilo    Cafte-  Carvalho    Valdeves    igualmente    nobre    por 

lhano.  nadmento  como  pelo  engenho  fendo  muito 

Promptuario    efpiritual    de    Elo^os    de    los  perito   em   as   letras   humanas,    e   Artes   li- 

Santos;    continua    algumas   fejlividades    de    los  beraes.    Compoz  na  Ungua  Caftelhana  nove 

mas    illuflres    heroes,    que    la    Igrejia    Catholica  Diálogos,    que    intitulou    o    i.    Hombre    da 

celebra  por  el  difcurfo   dei  ano  preãcados   los  lengua.     O   2.    Hombre  gloton.    &c. 
màs  en  la  muy  noble,  y  leal  Ciudad  de  Sevilla. 

Madrid    en    la    Imprenta    Real.    1646.    foi.  IGNAQO       FERREYRA       LEYTAM 

&   ibi    1650.   foi.  Cavalleiro  profeíío  da  Ordem  de  S.  Tiago, 

Todos   eftes   três   Tomos   fahiraõ   tradu-  Fidalgo    da    Caza    Real    naceo   na   Villa    de 

zidos   na   lingua   Latina   por   Fr.    Henrique  Fonte    Arcada    em    a    Província    da    Beyra 

Hechtermans    da    Ordem    dos    Pregadores  de    Pays   nobres    quaes    eraõ    Pedro    Simaõ 

com    o    título    feguinte.  Ferreira    Amado,    e    Genebra    Lopes    Ley- 

AdmodUm    R.     P.     Fr.    I^tii    Coutinho  taõ.     Refoluto    a    feguir    as    armas    deixou 

Ord.    Prad.    S.    T.    Ucentiati    conciones    quas  a  caza  paterna,   e  chegando  a  Lisboa  mu- 

ex   idiomate    Hifpanico    in    iMtinum    tranjlulit.  dou    o    nome    para    naõ    fer    conhecido,    e 

R-   P.   Fr.   Henricus  Hochtermans  S.    T.   Li-  eftando  já  embarcado  em  huma   Galé,   que 

cenciatus,    (ò'   profejjor    ejufdem    Ordinis    Con-  com  outras  partia  para  Cadiz,  foy  defcuber- 

j        ventus     Mofa     Trajeãenfis.       BruxeUis     apud  to    por    feu    Tio,    que    com    andofa    deli- 

Francifcvmi   Vivien.    1653.    4.    3.    Tom.    &  gencia    o    bufcava.      Reftituido    involunta- 

Coloniíe.  1661.  4.    O  I.  Tomo  comprehende  riamente   à   caza   donde   fogira   foy   manda- 

o   Marial;   o   2.   o   Santoral;   o   3.   o   Qua-  do  eftudar  na  Univeríidade  de  Coimbra  onde 

refmal.  foraõ  tantos  os  progreflos  que  o  feu  grande 

engenho   fez   na   Faculdade   da   lurifpruden- 

■r           Fr.     IGNAQO    DA     CUNHA    natural  cia  Cefarea,   que  recebido  o  grão  de  Dou- 

'P    da  Villa  de  Provezende  diftante  duas  legoas  tor    mereceo    fer    admetido    a    Collegial   do 

da  Qdade  de  Braga  em  a  Provinda  do  Mi-  Real  Collegio  de   S.   Paulo  a  6   de  Agofto 

nho    filho    de    Amaro    Fernandes    Godinho  de    1679.     Ocupou   os    mayores    lugares    de 

Capitão  de  Cavallos  em  a  Provinda  Tranf-  que  eraõ  dignas  as  fuás  letras  como  foraõ 

montana,   e  D.   Bernarda  da  Cxmha  ambos  Dezembargador    do    Porto,    e    da    Caza    da 

X;    defcendentes  de  famílias  diftindas.    Deixan-  Suplicação    de    que    tomou    poíTe    a    29    de 

WL   do  a  caza  paterna  profeílou  o  inftituto  ia-  Abril    de    1595.    Dezembargador    dos    Ag- 

^    grado  dos  Erimitas  de  Santo  Agoftinho  no  gravos   a    19   de   Novembro    de    1598.    De- 

Convento  de  Lisboa  a  30  de  Abril  de  1696.  putado    da    Meza    da    Condenda    a    19    de 

#Foy  Lente  jubilado  na   Sagrada  Theologia,  Fevereiro    de     1603.    Chanceller    das    Três 

€    Examinador    Synodal    na    Cúria    Bracha-  Ordens     Militares,     Vizitador     dos     Hofpi- 

lenfe.  Prior  do  Convento  do  Porto,  e  De-  taes   das   Caldas,   de   Santarém,   e   das  Mer- 

finidor.      Publicou.  deiras  de  Óbidos,  Chanceller  mór  do  Rey- 

SermaÕ  da    Canonizarão    dos  gloriofos   San-  no,    e    Dezembargador    do    Paço.      Obfer- 

tos    SaÕ    Luiz    Gonzaga,    e    Santo    Ejlanislao  vou  reâamente  a  juftiça  inclinando-fe  mais 


538 


BIB  LIO  THE  C  A 


por  génio,  que  afeébçaõ  a  milhor  parte. 
Era  benéfico  para  quem  lhe  fazia  aggra- 
vos  antepondo  os  preceitos  do  Evange- 
lho aos  diftames  do  Mundo.  Nunca  con- 
denou reo  ao  ultimo  fuplicio  antes  com  o 
feu  voto  falvou  a  dous  Coflarios  Inglezes 
que  reduzio  à  verdadeira  Religião,  e  a 
hum  delles  fuftentou  à  fua  cufta  na  Galé 
pelo  efpaço  da  fua  vida.  Efta  charitativa 
comifcraçaõ  fe  extendia  com  mayor  ex- 
ceíTo  aos  pobres  a  quem  o  pejo  lhes  fe- 
chava a  boca  para  folicitar  o  feu  remédio, 
dftigava  o  corpo  com  feveridade,  fre- 
quentava os  Sacramentos  com  ternura. 
Ambiciofo  de  mayor  perfeição  perten- 
dco  com  repitidas  inílancias  profeflar  os 
auíleros  inílitutos  dos  Carmelitas  Defcal- 
fos,  e  Religiofos  Arrabidos  porém  naõ 
permitio  Deos  que  confeguiíTe  o  fim  deze- 
jado  de  taõ  fantos  intentos.  Cumulado 
de  obras  meritórias  depois  de  receber  de- 
votamente os  Sacramentos  expirou  a  9 
de  Abril  de  1629.  laz  fepultado  na  Ca- 
pella  de  S.  lozè  do  Convento  de  Nofla 
Senhora  dos  Remédios  de  Lisboa  de  Car- 
melitas Defcalfos.  Foy  cazado  com  D. 
Paula  de  Sá  filha  de  Gomes  Corrêa  de 
Lacerda,  e  D.  Ignez  de  Sá,  e  Menezes  de 
cujo  conforcio  naceo  para  eterno  brazaõ 
da  fua  memoria  a  celebre  heroina  D.  Ber- 
narda Ferreira  de  Lacerda  elegantiíTima 
Mufa  do  ParnaíTo  Portuguez  da  qual  fi- 
zemos larga,  e  merecida  mençaõ  em  feu 
lugar,  e  delle  a  fazem  Fr.  Belchior  de 
Santa  Anna  Chron.  de  Carm.  Defcalf.  do 
Keyno  de  Vortug.  Tom.  i.  liv.  2.  cap.  55. 
n.  590.  Cardofo  Agiol.  hujit.  Tom.  2. 
pag.  487.  e  no  Commentario  de  9  de  Abril 
letr.  H.  e  meu  Irmaõ  D.  lozè  Barbofa 
Mem.  do  Colleg.  Keal  de  S.  Paulo.  p.  95 
c  no  Archiath.  iMJitan.  pag.  20.  defcreve 
com  métrica  elegância  as  principaes  açoens 
deftc      infignc      Varaõ,      cantando. 

DoBus  erit  Ferreira  rapi  quem  cento  Ju- 
venta 
Cum  prima  incipiet  lanugine  tingere  malas, 
Numinis  ardenti  fiudio  quod  prajidet  armis, 
Ergo  paterna  vide  fufftivum  linquere  te£ta, 
Quarere  que  horrificum  juvenili  peãore  Mar- 
tem. 


Non  dabitur  fera  cafira  fequi,  Bellona  Mi- 
nerva 

Cedet,    (&    infiffii    concedei     "Laurea    lingua. 

Otia    nulla    pati,    dúbias    dijfoluere    lites 

Rara  erit  egreffo,  praclaraque  ludice  pir- 
tus. 

Amhitio  qua  corda  folet  torquere  Juper- 
hum 

Nefciet    Igtati   generofum    tundere   peãus. 

Sola  repuffiantem  poterunt  mandata  Phi- 
lippi 

FleSiere,  <&  antiquum  penitus  fervare  te- 
norem. 

At  Jam  jujla  fenex    capiet  fajlidia    cautus; 

Curis    tadebit   fedi    confumere    vitam: 

Virginis  arãa  petet  facrata  clauflra  Tere- 
fa, 

Sed  fruflra;  Divum  florent  ubicumque  Co- 
rona. 

O*    quantos    miferans  pietate    levabit   egenos! 

Condiet    ipfe    dapes,    obfonia    lauta   parabit. 

Óptima  queis  poterunt  adipifci  pramia 
cali 

llluftris   faãis   fuperas    afcendet    ad    auras; 

Non  tamen  occumbet,  proles  pia  faãa  per 
avutti 

Servabit  dileãa  Patris  ter  magia  Lacer- 
da, 

Cafalio    qua  fonte    bibens    numerofa   fluenta 

Incolet     excelji    frondofa      cacumina      Pindi, 

Compoz. 

Praãica  a  ElKey  Filippe  III.  Noffo  Se- 
nhor na  entrada  que  fet;^  em  Lisboa  dia  de 
S.  Pedro  do  anno  de  161 9.  Lisboa  por 
Pedro  Crasbeeck.  161 9.  foi.  e  na  Viag. 
de  la  Cathol.  Keal.  Mageflad  ielKey  D.  Fi- 
lippe Nojfo  Senhor  ai  Keyno  de  Portugal  por 
luan  Baptifta  Lavanha.  Madrid  por  Tho- 
mas  lunti  ImpreíTor  delRey  NoíTo  Se- 
nhor   1622.    foi.    a    foi.    32. 


Fr.  IGNAQO  GALVAM  natural  da 
Qdade  de  Évora  onde  virtuofamente 
educado  por  feus  Pays  loaõ  Rodrigues, 
e  Maria  Diaz  recebeo  o  habito  da  illuf- 
tre  Ordem  dos  Pregadores  profeflando  fo- 
lemnemente  a  22  de  Fevereiro  de  1592. 
Foy  Prior  do  Convento  da  fua  pátria  Re- 


L  USITANA. 


539 


gente  dos  Eíhidos  em  o  de  1625.  Rey- 
tor  do  Collegio  de  S.  Thomas  de  Coim- 
bra em  o  de  1628.  Pela  fciencia  Theo- 
logica,  que  com  aplauzo  diítou  aos  feus 
domeíHcos  foy  promovido  a  Pre2entado 
na  mefma  Faculdade,  e  recebeo  as  inli- 
gnias  doutoraes  em  Lisboa  no  anno  de 
161 8.  e  depois  foy  Confultor  do  S.  Of- 
íicio.  Teve  grande  liçaõ  dos  Santos  Pa- 
dres, e  fagrados  Expoíitores  como  o  pu- 
blicaõ  as  fuás  obras  imipreíías,  e  M.  S. 
ornadas  de  erudição  divina,  e  humana. 
Em  obzequio  de  feu  Angélico  Meílre  de 
quem    era    cordialifllmo    devoto,    publicou. 

Difcurfus  varii  ex  commentatione  faptentia 
D.  Thoma  Aquinatis  Bcclejia  Doãoris  colleãi 
continens  tam  litteralem  quãm  etiam  moralem 
expofitionem  diverforttm  facra  Scriptttra  locorum, 
qtábus  Ecclejia  eumdem  Sanãum  Doâorem  in 
folemni  Mijfa  facrificio  pro  illius  fefto  die  cele- 
brando commendant  Eborae  apud  Emmanue- 
lem  Carvalho.  1625,  foi. 

Dijcurjus  varii  ex  Commentatione  Japien- 
tia  D.  Thoma  Aqmnatis  <à>^c.  volumen  al- 
terum.  UlyíTipone  apud  Laurentium  Craes- 
beeck.    1635.    foi. 

Sermão   na    ¥efta    do  glorio/o    Doutor   An- 

_gelico    S.    Tbomas    a    f    de    Março    de    161 2. 

Lisboa     por     lorge     Rodrigues.     161 2.     4. 

Dedicado    ao    Chantre    de    Évora    Manoel 

Severim    de    Faria. 

Foy  infigne  Poeta  Latino  cujo  fublime 
enthuíiafmo  deixou  eternizado  em  hum 
Poema,  que  coníla  de  50  verfos  heróicos 
em  aplaufo  da  Etiópia  Oriental  compoíla 
por  Fr.  loaõ  dos  Santos  alumno  da  Sa- 
grada Ordem  dos  Pregadores,  o  qual 
fahio  ao  principio  defta  obra.  Évora  por 
Manoel  de  Lyra  1609.  foi.  Começa. 
Ethiopum  pharetrata  parens,    qttam   luce   re- 

texunt 
Solis  equi  cum  primum  alto  fe  gurffte    tol- 
Imt  &c. 

Commentaria  in   VJalmum    56.    foi.   M.    S. 

Fazem  memoria  defte  author  Nicol, 
Ant.  'Rib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  473.  col.  i. 
afirmando  que  ainda  vivia  no  anno  de 
1642.  Echard  Script.  Ord.  Prad.  Tom.  2. 
p.  528.  col.  I.  Fr.  Pedro  Monteiro.  Clauftr. 
Dom.  Tom.   3.  p.  235.  e  Catbalogo  dos  Qua- 


lificadores do  Santo  Officio  pag.  9.  §.  10. 
e  o  P.  Fonceca.  Evor.  Glorio/a.  p.  404 
e  412. 

IGNAQO  GARCES  FERREYRA.  Na- 
ceo  na  Villa  de  Almeyda  da  Praça  de  Armas 
da  Provinda  da  Beyra  a  18  de  Setembro  de 
1680.  fendo  filho  de  António  Cardofo  Ca- 
valleiro  profeflb  da  Ordem  de  Chriílo,  Ve- 
dor Geral  da  Provinda  da  Beyra,  e  de  fua 
mulher  D.  Maria  de  Carvalho.  Quando  con- 
tava a  florente  idade  de  defanove  annos  re- 
cebeo a  murça  de  Cónego  Secular  do  Evan- 
gelifta  a  19  de  Março  de  1700.  em  o  Con- 
vento de  S.  Bento  de  Xabregas,  e  no  Col- 
legio de  Coimbra  eíhidou  as  fciendas  feve- 
ras,  em  que  fahio  taõ  eminente  como  eta 
em  as  amenas.  Deixando  com  juíHficada 
cauza  a  fua  Congregação  partio  para  Ro- 
ma a  25  de  Dezembro  de  171 2.  onde  afliftio 
até  o  anno  de  1728.  merecendo  pela  fua  erudi- 
ção fagrada,  e  profana  fer  admitido  a  Aca- 
démico dos  Árcades  com  o  nome  de  Git- 
medo.  De  Roma  paíTou  a  Nápoles,  e  depois 
da  demora  de  quafi  três  aimos  fe  reftituhio 
à  Cúria  fendo  provido  em  Cónego  Peniten- 
ciário da  Cathedral  de  Lamego  de  que  tomou 
pofle  a  22  de  Dezembro  de  1733.  Cultivou 
defde  os  primeiros  annos  a  Poefia  obfervando 
com  inclinação  natural  os  myílerios  de  taõ 
divina  Arte,  de  cuja  aplicação  concebeo  o 
nobre  intento  de  commentar  ao  Príncipe  do 
PamaíTo  Efpanhol  o  noíTo  celebrado  Ca- 
moens  publicando 

'LiCQada  Poema  Épico  de  Luiz  ^^  Camoens 
Príncipe  dos  Poetas  de  E/ponha  illufirado  com 
varias,  e  breves  Notas,  e  com  hum  precedente 
Apparato  do  que  lhe  pertence.  Tom.  i.  Nápo- 
les na  Officina  Parriniana   1731.   4.   grande. 

Tom.  2.  Roma  por  António  Rofd  1732. 
4.  grande. 

Elogio  Parenetico  a  la  maffuinima  piedad  del- 
Rey  Nueftro  Senor  D.  luan  él  Quinto  en  ocafion 
de  ofrecer  a  fua  Santidad  tm  grande  /ocorro  para 
la  guerra  contra  el  Turco.  Roma  por  Domin- 
gos   António    Hercules    1716.    4. 

Tratado  da  íingua,  e  Ortbografia  Portu- 
gue!(a.  Promete  efta  obra  na  Prefação 
do  Commento  de  Camoens  à  qual  lhe  falta 
a  ultima  lima. 


540  BIBLIOTHECA 

IGNACIO    GOMES    natural    da    Villa  mais,   pois    tudo   podeis    com    Deos,    day   gra- 

dc    Eftremoz    em    a    Provinda    Tranílaga-  ça    ao   Keverendijfimo    Padre   Geral  me   mande 

na    donde    paflbu    à    índia,    e    embarcan-  imprimir    dous    livros    mais,    que    há    mtátos 

do-fe  em  Goa  no  anno  de   1608.  para  Pe-  dias   lhe   tenho   offereàdo.     Todas    eílas    obras 

gú    padeceo    hum    horrível    naufrágio    na  fe  confervaõ  M.   S.   no  Convento  de  Rcn- 

altura    da    cabeça    de    Cavallo    do    qual    fc  dufFe   onde   o   author   falleceo. 
falvou    com    defafeis    peíToas    de    noventa, 

e   duas,    que   hiaõ   embarcadas.     Sahindo   a  Fr.     IGNACIO     DE     lESU     MARIA 

terra    foy    levado    pre2o    pelos    bárbaros    a  natural    da    Gdade    da    Bahia    Capital    da 

Arrecaõ,    c    fendo    defterrado    para    a    ter-  America    Portugueza    onde    reccbeo    o    ha- 

ra     de     Maum     cortando-lhe     primeiro     os  bito     de    Carmelita    Calçado.     Eftudou    as 

calcanhares     como     he     cuílume,     aos     que  Faculdades      de      Filofofia,      e      Theologia, 

condenaõ    a    efte    deílerro,    e    paíTados    ai-  que    depois     diftou    aos    feus    domeíticos, 

gims  annos  como    cazaíTe,  e   tivefle    da  fua  e    jubilando    foy    Doutor    em    Theologia. 

conforte    íinco    filhos    defejando    bautizallos  O  Geral  da  Ordem  atendendo  à  fua  litte- 

jà   que    os    tinha   inllruido   em   os    dogmas  ratura    o     conítituhio    feu     ComiíTario    cm 

da    Igreja    Romana    efcreveo    para    eíle    ef-  os    Gravames   dos   Religiofos.     Falleceo   no 

feito.  Convento    da    fua    pátria.      Compo2. 

Carta    ao    Padre    Fr.    SebaJliaÕ    Manrique  Doutrina     Chrijlãa     ordenada     á     maneira 

Keligiofo    dos    Erimitas    de    Santo    Agojiinho  de   Dialogo  para  enjinar  os  meninos  pelo   Em- 

Mijfwnario    Apojlolico    na    índia    a    qual    traz  minentijftmo     Cardial    Dura:(i(o     Arcebifpo    de 

o    mefmo    Padre    no    feu    Itinerário    Orient.  Génova  acrecentada  por  Fr.  Ignacio  de  JESUS 

cap.    29.   pag.    178.     Do  Author  defta  Car-  Maria   da   Ordem   de   N.    Senhora   do   Carmo. 

ta     faz     memoria     o     moderno     addiciona-  Lisboa    por    Miguel    Manefcal.     1678.     12. 

dor   da    "Rib.    Orient.    de    António    de    Leaõ  &   ibi   por  Joaõ   Galraõ.    1697.    12.    &   ibi 

Tom.     I.    Tit.     13.    col.    439.  por    Filippe    de    Souza    Villela.    1699.    12. 

&    ibi    por    Manoel    Fernandes    da    Cofta 

Fr.     IGNAQO     DA     GRAÇA     natural  ImpreíTor    do    Santo    Officio    1732.     12.    e 

da    auguíla    Cidade    de    Braga,    e    Monge  outras  muitas  vezes.    Delle  faz  breve  men- 

Benediftino,     cujo    habito    recebeo    em    o  çaõ  Fr.   Manoel  de   Sá  Mem.   Hijl.  dos  EJ- 

Convento    do    Porto    a    25     de    Fevereiro  crit.    Portug.    da    Prov.    do    Carm.    cap.    46. 

de   1638.     Foy  aplicado   ao  eftudo   da  Hif-  pag.  201. 

toria    Ecclefiaílica,    e    fecular,    e    acérrimo  Sermão   em   Ma   de   S.    Francifco   de   Ajfts 

propugnador     dos     privilégios,     e     grande-  na  profijfaõ  de   Soror   Maria   de   Santa   Ro^a 

zas     da     fua     Sagrada     Religião.      Falleceo  Religio/a    de    S.     Francifco    no     Convento    de 

em     o    Convento     de     Santo     André      de  Santa    Clara   do    Dejlerro    da    Bahia.     Lisboa 

Renduffe    no    mez    de    Fevereiro    de    1677.  por   Bernardo   da   Cofta.    1697.    4. 
Efcreveo. 

Apoloffa  Paranetica.  Dedicada  a  S.  IGNACIO  DE  LIMA,  cuja  pátria. 
Bento.  He  contra  a  Chronica  dos  Cone-  e  eflado  de  vida  fe  ignora.  Querendo  vi- 
ges Regulares  da  Congregação  de  San-  zitar  os  lugares  em  que  o  Filho  de  Deos 
ta  Cruz  de  Coimbra,  que  compoz  D.  confumou  a  redempçaõ  do  género  huma- 
Nicolao  de  Santa  Maria.  Confta  de  4.  no  partio  de  Lisboa  no  anno  de  1585. 
livros,  c  cada  hum  de  12.  Capítulos.  No  a  Jerufalem  onde  com  devota  ternura 
c.  4.  do  1.  livro  allega  o  Epitome  Politico  aíTiftio  algum  tempo  até  que  fe  reftitu- 
cm  que  tinha  efcrito  as  vidas  de  alguns  hio  a  Portugal  efcrcvendo. 
Summos  Pontífices.  Memorial  da    Viagem,   que  fen^   de   Lisboa 

Tratado   Jobre    a    Primajia    de    Braga.  à     Cas^a    Santa     de    Jerufalem    no    anno 

Vida  de  S.   Giraldo.    No  fim  defta  obra  1585.  4.  Conferva-fc   na  Livraria  do  Exccl- 

fallando    com    o    Santo    lhe    diz.      Peçovos  leatinimo  Duque  de  Lafocns. 


L  USITAN  A, 


<x 


541 


IGNACIO    LOPES    DE    MOURA    Ca- 
valleiro  da  militar  Ordem  de  Chrifto  namral 
de  Lisboa  filho  de  António  Ferreira  Caval- 
,  leiro  da  Ordem  de  Chrifto,  e  Cirurgião  da 
Camera    delRey    de    quem    fe    fez    merecida 
memoria  em  feu  lugar,  e  D.  Maria  de  Saõ 
loaõ.     Inftruido   na   pátria   com   os   primei- 
ros   rudimentos    cultivou    em    a    Univeríi- 
dade    de    Coimbra    a    lurifprudencia    Civil, 
merecendo    pelos    progreíTos,    q    fez    nefta 
Faculdade     fer     Dezembargador     do     Porto 
•donde   paíTou   para   a   Caza   da    Supplicaçaõ 
a    18    de   Março    de    1692.     Corregedor    do 
Civil  da  Corte  a  13  de  Novembro  de  1700. 
e    Dezembargador    dos    Aggravos    a    14    de 
Outubro  de   1704.     Em  todos  eftes  lugares 
j   confervou  o  decoro  de  Miniftro  uzando  de 
I    fumma    benevolência    de    que    era    natural- 
1    mente   ornado.     Falleceo   em   Lisboa   em   o 
j   primeiro    de    Abril    de    1709.    e    eflá    fepul- 
I    tado   na   Ermida   de    Santa   Barbara   fituada 
I    nas    cazas   próprias   em   que   habitava.     Em 
obzequio    defta   infigne   Virgem,    e   valerofa 
Martyr    publicou    em    metro,    em    que    naõ 
foy  infeliz  a  fua   Mufa,   a  vida   da   mefma 
Santa     com     efte     titulo. 

Flores  de  devoção  colhidas  no  Campo  de 
Santa  Barbara.  Lisboa  por  Miguel  Des- 
landes.    1701.    8. 

Prologo  muito  largo  ao  livro  intitulado 
i-«^  Verdadeira,  e  recopilado  Hxame  de  toda 
a  Cirurgia,  que  compuzera  feu  Pay  Antó- 
nio Ferreira,  e  fahio  Lisboa  por  Valen- 
tim   da    Cofta    Deslandes.    1705.    foi. 


P.  IGNAQO  MANOEL  filho  de  André 
Gonfalves,  e  Catharina  AfFonfo  naceo  em  o 
lugar  de  S.  Pedro  junto  da  Cidade  de  Bra- 
gança em  a  Província  Tranfmontana.  Re- 
cebeo  a  roupeta  de  lefuita  em  o  Collegio 
de  Coimbra  a  30  de  Agofto  de  1663.  Sendo 
profeflb  do  quarto  voto,  e  Perfeito  dos  Eftu- 
dos  do  Collegio  de  Braga  pedio  faculdade 
para  paíTar  à  índia  o  que  executou  no  anno 
de  1688.  Foy  Religiofo  ornado  de  virtu- 
des, e  muito  perito  na  Hiftoria  do  noíTo  Rey- 
no,  e  fuás  Conquiftas.  Delle  faz  fucinta 
memoria  o  Padre  Franco  Imag.  da  Virtud. 
do  Collegio  de  Coimb.  Tom.  2.  pag.  619.  col.  i. 


Compoz. 

Preparação  para  a  Eternidade.  Lisboa 
por  Valentim  da  Cofia  Deslandes.   1705.   8. 

Fa^os  Laijtfanos  das  acçoens  illufires  dos  Por- 
tugtiet^s  por  cada  hum  dos  dias  do  anno.  foi.  M.  S. 
Conferva-fe  na  Caza  profeíTa  de  Goa. 


Fr.  IGNAQO  DE  SANTA  MARIA 
chamado  no  feculo  Balthezar  Nunes.  Na- 
ceo em  a  Qdade  de  Beja  da  Provinda 
do  Alentejo  donde  paíTando  a  Roma 
recebeo  no  Convento  de  S.  Nicoláo  To- 
lentino  o  habito  de  Agoflinho  Defcal- 
fo  a  6  de  Mayo  de  161 2.  e  profeíTou 
folemnemente  a  7  do  dito  mez  do  an- 
no feguinte.  Efiudou  Theologia  com 
Fr.  Appollinario  de  lefus  também  Por- 
tuguez  de  quem  já  fizemos  memoria  em 
feu  lugar,  e  fahio  da  fua  efcola  taõ  pe- 
rito, que  com  aplauzo  univerfal  diftou 
as  Faculdades,  que  aprendera,  aos  feus 
domeflicos,  que  de  difcipulos  paíTaraõ 
brevemente  a  fer  Meflxes.  No  Capitu- 
lo Geral  celebrado  no  Convento  de  San- 
to Antaõ  de  Roma  a  4  de  Mayo  de  1621. 
foy  eleito  fegundo  Difinidor,  e  prefidio 
ao  Capitulo  do  anno  de  1625.  em  que 
fahio  nomeado  primeiro  Difinidor.  Foy 
ornado  de  folida  doutrina,  vafia  erudi- 
ção, e  rara  modeftia.  Falleceo  no  Con- 
vento de  Santa  Francifca  Romana  da 
Qdade  de  Milaõ  a  18  de  Agofto  de  1644. 
com  54.  annos  de  idade  e  32.  de  Religião. 
Nefte  Convento  fe  conferva  o  feu  Re- 
trato    animado     com     efta     infcripçaõ. 

P.  Ignatius  à  S.  Maria  Augufiinianus 
Fxcalceafus  Ijufitanus  S.  Theologia  leãor, 
divinarum  litterarum,  Sanãorumque  Patrum 
ajftduus  Scrutator,  vita  Jolitaria,  (&  contem- 
plativa merifice  dedttus  editis  libris  myfiica 
Theologia  plenis,  relião  regularis  obfervantia 
nobiH  exemplo.  Obiit  Medtolani  in  D.  Fran- 
cifca Romana  canobio  die  18  Augufii  1644. 
atatis  fua  54.  Keligionis.  32. 
Compoz. 

Turris  falutis  Deipara  Virgini  dicata 
in  qua  traduntur  induflria  fpiritualis  militia 
contra  anima  hofles.  Venetiis  apud  laco- 
bum     Sarrinam.      1650.      4. 


542 


BIBLIO  THE  CA 


Proptígnaculum  contra  vitia,  five  Turris 
altera  pars.  Romac  apud  Ludovicum  Gri- 
gnani     1638.     4. 

Preparatione  ai  ben  morire.  Fermo  per 
rhercdi   de   Montio.    1646.    16. 

Compuntione  dei  cuore  utile,  e  neceffaria 
per  la  Jalute.  Milano  par  heredi  di  Pa- 
cifico   Pondo,    e    Picaglia.     1654.    4. 

Fr.  IGNAQO  DE  SANTA  MARIA 
natural  de  Villa  nova  de  Portimão  em 
o  Reyno  do  Algarve.  Profeflbu  o  inftituto 
Seráfico  em  a  Provinda  de  Portugal  onde 
diftou  aos  feus  domeílicos  as  fciencias 
efcholafticas  até  jubilar  em  a  Sagrada  Theo- 
logia.  Pela  fua  prudência  foy  Reforma- 
dor da  Cuílodia  de  S.  Tiago  da  Ilha  da 
Madeira,  Vizitador  da  Provinda  dos  Al- 
garves,  G^nfeflbr  das  religiofas  do  Convento 
da  Efperança  de  Lisboa  Provincial  da  fua 
Província  eleito  a  25  de  laneiro  de  1723. 
Qualificador  do  S.  Officio,  e  Examinador 
das  Três  Ordens  Militares.  Falleceo  na 
Villa  de  Santarém  a  8  de  Dezembro  de 
1724.  quando  voltava  para  Lisboa  de  fazer 
a  primeira  vizita  de  Provincial.  Dos  mui- 
tos Sermoens,  que  pregou,  fomente  fe  fez 
publico     o     feguinte. 

Problema  moral  Politico  refohido  por  huma, 
e  outra  parte  em  o  Sermão  de  AcçaÕ  de  graças  pelo 
Capitulo  Provincial  da  Provinda  de  Portugal 
que  fe  celebrou  em  o  Convento  de  S.  Franci/co  de 
Santarém  em  ^  de  Abril  de  1699.  Lisboa  por 
Manoel   Lopes   Ferreira    1699.   4. 

Delle  faz  breve  memoria  Fr.  Fernando 
da  Soled.  Hijl.  Seraf.  da  Prov.  de  Portug. 
Part.   3.  liv.   I.  cap.   21. 

P.  IGNACIO  MARTINS  Naceo  na  Villa 
de  Gouvea  do  Bifpado  de  Coimbra  fendo 
filho  de  Martim  Lourenço,  e  Brites  Alvares, 
e  o  primeiro  Noviço  que  foy  admitido  a 
17  de  Abril  de  1547.  à  Companhia  de  lefus 
em  o  Collegio  de  Coimbra  onde  lhe  mudou 
o  P.  Simaõ  Rodrigues  o  nome  de  Vafco  que 
tinha  em  o  feculo  em  o  de  Ignacio  para  me- 
moria do  feu  grande  Fundador.  Apren- 
didas as  fdencias  efcholaílicas  em  que  mof- 
trou  fubtileza  de  engenho  foy  Meílre  do 
quarto  curfo  de  Filofofia  em  o  Collegio  das 


Artes  no  anno  de  155 j.  em  o  qual  D. 
loaõ  o  III.  entregou  o  feu  governo  aos 
Padres  lefuitas,  e  diftou  a  mefma  Facul- 
dade em  o  Collegio  de  Évora  antes  de  fcr 
Univerfidade  onde  depois  recebco  as  infi- 
gnias  doutoraes  na  Sagrada  Theologia  a 
28  de  Março  de  1570.  fendo  feu  Padrinho 
o  Ven.  Fr.  Luiz  de  Granada  eterno  cx- 
plendor  da  Ordem  dos  Pregadores  cujo 
a£lo  fe  fez  mais  plauzivel  com  a  authori- 
zada  prezença  delRey  D.  Sebaíliaõ,  Car- 
dial  D.  Henrique  e  o  Infante  D.  Duarte 
Duque  de  Guimaraens.  Entre  os  Padres 
que  foraõ  votar  ao  Capitulo  geral  cele- 
brado em  Roma  no  anno  de  1573.  foy 
elle  eleyto,  e  antes  de  chegar  a  Cúria  vene- 
rou em  Pádua  a  lingua  incorrupta  do  Thau- 
maturgo  Portuguez  Santo  António,  c 
confiderando  que  ella  tinha  fido  o  inílru- 
mento  da  converfaõ  de  tantas  almas  fe 
deliberou  a  emendar  o  eílilo  com  que  no 
púlpito  lizongeava  mais  os  ouvidos,  de  que 
compungia  os  coraçoens  dos  feus  ouvintes. 
Reílituido  a  Portugal  no  anno  de  1574.  paíTou 
à  Praça  de  Tangere  onde  arrancou  vicios,  c 
plantou  virtudes  a  impulfos  de  feu  apoílolico 
efpirito.  Mayor  fruto  colheo  o  feu  incanfavel 
difvelo  explicando  pelas  praças,  e  ruas  de 
Lisboa  o  Cathecifmo  de  cujo  louvável  exer- 
cido, que  o  Ceo  aplaudio  com  prodigio- 
fos  fuceíTos,  foy  o  primeiro  author.  De 
todas  as  virtudes  Religiofas  podia  fer  exem- 
plar pois  na  Oraçaõ  era  taõ  continuo  que 
poílo  de  joolhos  confumia  finco  horas  na 
meditação  das  divinas  perfeiçoens;  nas  peni- 
tencias taõ  rigorofo  que  todos  os  dias  fc 
difciplinava  pelo  efpaço  de  três  quartos;  na 
caridade  taõ  ardente  que  fe  privava  do  ali- 
mento neceíTario  para  com  elle  focorrer  a 
pobreza;  na  modeília  taõ  infigne  que  fo- 
mente abria  os  olhos  para  dirigir  os  paf- 
fos.  Os  ados  da  piedade  Catholica  que 
fez  na  ultima  doença  eraõ  baílantes  para 
lhe  fantificar  a  memoria.  Falleceo  no  Col- 
legio de  Coimbra  a  28  de  Feverdro  de 
1598.  com  tal  ferenidade  que  fe  duvidava 
eftar  morto.  Os  primdros  que  venera- 
rão o  feu  Cadáver  foraõ  o  UluílriíTimo  Bif- 
po  de  Coimbra  D.  AHonfo  de  Caílello  Bran- 
co o  Senhor  D.  Alexandre  filho  dos  Serenif- 


L  USITAN  A. 


543 


fimos  Duques  de  Bragança,  o  Reytor  da  Uni- 
verfidade  Aífonfo  Furtado  de  Mêdoça,  c  de- 
pois todos  os  Cathedraticos,  e  Doutores  que 
com  a  mayor  fumiíTaõ  lhe  beijarão  os  pés. 
Tanto  que  fe  divulgou  a  fua  morte  foy  innu- 
meravel  o  concurfo  do  povo  que  concorreo 
ao  Collegio  defpojando  o  dos  veftidos,  unhas, 
e  cabellos  que  levavaõ  como  preciofas  reli- 
quias.  Antes  de  fer  fepultado  recitou  hum 
Panegyrico  das  fuás  virtudes  o  P.  Sebaíliaõ 
Barradas  famofo  Efcriturario,  que  ícz  reno- 
var as  lagrimas  de  todo  o  auditório  lamen- 
tando a  falta  de  taõ  grande  Varaõ,  cuja  fan- 
tidade  quiz  Deos  manifeftar  com  alguns  mila- 
gres que  obrou  em  beneficio  de  vários  infer- 
mos.  Foy  fepultado,  como  elle  pedira,  com 
a  cana  na  maõ  que  lhe  fervia  de  inílrumento 
para  governar  os  mininos  que  catequizou 
em  a  Doutrina  Chriílaã.  D.  loanna  de  Portu- 
gal no  dia  do  feu  enterro  alludindo  ao  ulti- 
mo Sermaõ  que  pregara  da  Dominga  3.  de 
Quarefma  lhe  fez  eíle  elegante  Soneto. 
yiquella  vo^  de  Inácio,  que  abalava 
O  Ceo,  e  a  terra  toda  Jujpendia: 
A  que  do  Ceo  à  terra  Anjos  traria 
A  que  da  terra  ao  Ceo  homens  levava. 
Acabou:  jà  naÕ  foa  onde  bradava 

Mas  por  nos  nos  Ceos  falia  onde  /'ouvia: 
Pregou  por  fe   na   vida    o    que    naÕ   via, 
Mas    vio    antes    da    morte    o    que    pregava. 
Pelejou    com    o    diabo,    e    com    a    vida, 
E  já  perto    do   fim    mais    esforçado 
Na    ultima    batalha    acabou    tudo; 
J\    açoutes    deixa    a    carne  já    vencida; 
Por    humilde     o     mundo     def pregado; 
Por    doutrina    o    diabo   furdo,    e    mudo. 
Com  vários  elogios  exaltaõ  o  feu  nome 
graviíTimos  Efcritores   como  faõ  lorge   Car- 
dozo   Agiol.    iMfit.    Tom.   pag.    378.  perfeito 
exemplar    de    virtudes,    angélica    vida,   profunda 
humildade,    próprio     abatimento,     defpre^o     das 
mundanas    honras,    abraf^ada    charidade    com    os 
próximos    nacida    de    grande    amor    de     Deos. 
loan.    Soar.    de    Brito    Theatr.    Ljifit.    Uter. 
lit.    I.    n.    8.     Vir    heroicis    quidem    virtutibus 
injigtis,    fed    i^elo    pracipue     Chrifiiana     Doc- 
trina     inflillanda     apud     iMfitanos     eminentif- 
jimus.  Fr.  Roque  do  Soveral  Uifl.  do  Appa- 
rec.   de   N.   Senhora  da  Luí^.   liv.    i.    cap.    6. 
Varaõ  Apoflolico.  Bib.  Societ.  p.   395.  col.   i. 


e  2.  vir  omnium  judicio  inter  focietatis  He- 
roas  fanãijjimus  recenfendus.  Telles  Chron. 
da  Compan.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  i. 
liv.  2.  cap.  21.  n.  6.  aquelle  infixe  Varaõ 
a  quem  todo  Portugal  venerou  com  titulo  de 
Meflre  Igtacio  porque  na  verdade  fffjf  Meflre 
na  doutrina,  que  por  efpaço  de  17  annos  en- 
finou  com  a  cana  na  maÕ,  e  com  o  exemplo, 
que  em  toda  a  vida  nos  deu.  Orland.  H^/?. 
Societ.  lib.  7.  n.  73.  Sanãitate  percelebris 
cui  beata  forte  obtigit  non  vocabulum  modo, 
fed  et  praftantes  B.  Patris  participare  vir- 
tutes.  Imago  Prim.  Seecul  S.  I.  lib.  3.  cap.  6. 
fpretis  cum  honore  cathedris  totum  fe  dedit 
pueris,  imperita  plebi,  mancipiisque  necejfa- 
ria  ad  falutem  doãriná  imbuendis  Taner 
Societ.  lef  Apofl.  Imitatrix.  pag.  306.  vir 
communi  omnium  fenfu  fanãus.  Franco  Afi- 
nal S.  I.  in  Luft.  p.  166.  n.  i.  admiran- 
di  Heróis,  e  na  Imag.  da  Virtud.  em  o  No- 
vic.  de  Coimb.  Tom.  i.  liv.  2.  cap.  63. 
Varaõ  cheyo  de  efpirito  apoflolico,  e  de  v^elo 
incanfavel  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i. 
p.  474.  col.  I.  innocentijjimis  moribus.  fin- 
gulari  in  Deum  eV  próximos  charitate  Apof- 
tolicus  per  l^fitaniam  Ecclejiafles.  Fonceca 
Evor.  Glor.  p.  432.  Varaõ  illujlre  pelas 
fuás  virtudes,  e  introdução  do  u:(o  da  Santa 
Doutrina.      Compoz 

Pregação  feita  no  dia  da  CollocaçaÕ  das 
Santas  Relíquias  em  a  Ca^a  profejfa  de  S. 
Roque  a  zS  de  laneiro  de  1588.  Sahio  na 
Relação  do  foknne  recebimento  deflas  Relí- 
quias. Lisboa  por  António  Ribeiro.  1588. 
8.    a    foi.    97. 

Utania    Sacrofanãa     Euchàriflia,     et    dul-       » 
cijjimi     Nominis    lESU,     ac     Spiritus     Sanai 
Paracliti    ex   facra   fcriptura    collecta.    Ulyfli- 
pone  per  Emanuelem  de  Lyra.   1592.   12   & 
Conimbricx  per  Nicolaum  Carvalho  1620.  12. 

Cartilha  da  Doutrina  Chriflaã  do  M.  Igna- 
cio  He  hum  additamento  à  Cartilha  com- 
poíla  pelo  P.  Marcos  lorge  da  Compa- 
nhia de  Jefus,  e  foy  a  primeira  que  fahio. 
Conftaõ  as  addiçoens.  Ordens  para  pajfar  o 
dia;  como  fe  hade  ouvir  Mijfa,  confejfar,  comun- 
gar, e  re^ar  o  Rofario.  Sahio  impreíTa  varias 
vezes   em   diverfas   partes.    12. 

Sermoens  para  todo  o  Afino.  4.  Tom. 
M.    S.    4. 


544 


BIBLIO  THE  CA 


P.  IGNACIO  MASCARENHAS.  Te- 
ve por  berço  a  Villa  de  Monte  mór  o 
novo  em  a  Provinda  do  Alentejo,  e  por 
progenitores  a  D.  Fernando  Martins  Maf- 
carenhas  Commendador  de  Mertola,  Al- 
cayde  mór  de  Monte  mòr  o  novo,  Senhor 
de  Lavre,  e  a  D.  Maria  de  Lencaftre  filha 
de  D,  Diniz  de  Lencaílre  GDmmenda- 
dor  mór  da  Ordem  de  Chriílo,  Alcayde 
mòr  de  Óbidos,  Embaxador  a  França,  Caf- 
tclla,  e  Roma,  e  de  D.  Izabel  Henriques 
filha  de  D.  Francifco  Q)utinho  terceiro 
Conde  de  Redondo  Vicerey  da  índia,  e 
por  irmaõ  a  D.  loaõ  Mafcarenhas  Conde 
de  Santa  Cru2.  Na  tenra  idade  de  15  annos 
preferio  com  madura  reflexão  a  humildade 
religiofa  ao  claro  efplendor  do  feu  naci- 
mento  recebendo  a  roupeta  de  lefuita  em 
o  Noviciado  de  Évora  a  24  de  Fevereiro 
de  1622.  e  fazendo  a  profiíTaõ  do  quarto 
voto  a  2  de  Fevereiro  de  1644.  Didou 
Filofofia  em  a  Univerfidade  de  Évora, 
e  Theologia  Moral  em  o  Collegio  de  Santo 
Antaõ  de  Lisboa  deixando  em  huma,  e 
outra  parte  eternos  monumentos  da  fub- 
tileza  do  feu  talento.  Pela  gravidade  da 
peíToa,  e  prudência  de  juizo  mereceo  o 
declarado  affedo  delRey  D.  loaõ  o  IV. 
cometendo-lhe  quando  o  mandou  a  Ca- 
talunha no  anno  de  1641.  graviíTimos 
negócios  de  que  pendia  a  confervaçaõ  defta 
Monarchia,  cuja  incumbência  defempe- 
nhou  com  igual  deftreza,  que  fidelidade 
como  efcrevem  o  Excellentiflimo  Conde 
da  Ericeira  D.  Luiz  de  Menezes  Portug. 
Kejiaurad.  Tom.  i.  pag.  147.  e  Almeyda 
"Rjeftaurac.  de  Portug.  liv.  2.  cap.  22.  Tendo 
fido  Reytor  do  Collegio  de  Lisboa  foy  pro- 
movido a  Propofito  da  Caza  de  S.  Roque 
em  cujo  lugar  deixou  a  vida  caduca  pela 
eterna  a  24  de  Novembro  de  1669.  quan- 
do contava  62  annos  de  idade,  e  47  de 
Companhia.  Delie  fe  lembraõ  honorifica- 
mente loan.  Soar.  de  Brito  Tbeatr.  LmJíí. 
Liter.  lit.  I.  n.  7.  e  Franco  AfiftaJ.  S.  J. 
m  hujit.   pag.    347.   n.    5.     Compoz. 

KelaçaÕ  do  Juceffo,  que  teve  na  jornada, 
que  /<?:ç  a  Catalunha  por  ordem  de  S.  MageJ- 
tade  ElRey  D.  loaÕ  o  IV.  N.  Senhor  Lis- 
boa   por    Lourenço    de    Anuers.    1641.    4. 


Jujiicia  dei  inclyto  Rey  D.  Juan  el  4. 
de  Portugal,  Arbol  de  los  Kejs  Portugueses 
y  Ca:^a  de  Bragança,  Lejs  de  Lamego  &c. 
Barcelona  por  laques  Romeu.  1642.  4. 
Contra  eíle  livro  fahio  ocultando  o  nome 
loaõ  Adaõ  de  la  Parra  Advogado  do  Tri- 
bunal da  Inquifiçaõ  cuja  mordaz  petulân- 
cia fe  conhece  do  titulo  da  fua  impugna- 
ção, que  he  o  feguinte.  Apologético  con- 
tra el  Tirano  y  rebelde  Vergan:(a  y  conjura- 
dos Arcobifpo  de  Lisboa  y  Jus  parciales  em 
refpuejla  a  los  do^e  Fundamentos  dei  Padre 
Mafcarenas.  Zaragoza  por  Diego  Dor- 
mer.    1642.    4. 

Oraçaõ  exhortatoria  aos  fieis,  e  pios  Chrif- 
tãos  do  Reyno  de  Portugal  pela  devoção  de 
ajudar  ao  próximo  na  agonia  da  morte;  offe- 
recea  à  Irmandade  dos  Agoni:(antes  fita  na 
Igreja  de  Santo  Ignacio  do  Collegio  de  Santo 
Antaõ  da  Companhia  de  JESUS.  Lisboa 
na    Officina    Crasbeckiana.    1656.    16. 

P.  IGNACIO  DE  MELLO  Brâma- 
ne, e  Congregado  da  Congregação  do 
Oratório  de  Santa  Cruz  dos  Milagres  da 
Cidade  de  Goa  na  índia  Oriental  igual- 
mente perito  na  lingua  Latina,  como  ver- 
fado  na  Theologia  Afcetica  publicou  fem 
o    feu   nome. 

Compendio,  do  que  devem  Ja:(er,  e  dos  privi- 
légios, e  graças,  que  gos^aÕ  os  Conjrades  de 
Nojfa  Senhora  do  Carmo.  Lisboa  na  Officina 
da     Congregação     do     Oratório.     1736.     8. 

Três  Hymnos  Latinos  a  N.  Senhora,  e 
hum  a  Jua  Mãy  a  Senhora  Santa  Atma. 
Naõ   tem    lugar   da   ImpreíTaõ. 

IGNACIO  DE  MORAES  Naceo  na 
Gdade  de  Bragança  igualmente  illuftre 
pelo  nacimento  fendo  filho  de  Pedro 
Alvares  de  Moraes,  e  irmaõ  de  Nuno 
Alvres  Pereira  do  Confelho  de  Eftado 
de  Portugal  em  Madrid,  Senhor  de  Sena 
Leoa  do  Paul  de  Muja,  das  lugadas  de 
Santarém,  Commendador  da  Commcn- 
da  de  N.  Senhora  do  Marmeleiro  da  Or- 
dem de  Chriílo,  como  pelo  engenho  com 
que  fe  diftinguio  em  a  Univerfidade  de 
Paiiz  de  todos  fcus  condifcipulos  no  cf- 
tudo    das    letras    humanas    e    na    metrifica- 


í 


L  USITANA. 


545 


çaõ  dos  Verfos  Latinos  em  que  imitou 
a  Mageílade  de  Virgilio,  e  a  fuavidade 
de  Ovidio.  A  fama,  que  corria  da  fua 
erudição  moveo  a  ElRey  D.  loaõ  o  m. 
ordenar-lhe  por  carta  paflada  a  21  de 
laneiro  de  1541.  que  illuílraíTe  com  o 
feu     magiílerio     a     nova     Univeríidade     de 

1  Coimbra  lendo  a  Cadeira  de  Grammati- 
ca,  e  como  era  venerado  Oráculo  da 
Poezia     Latina     foy     provido     em     30     de 

{  Setembro  de  1546.  em  a  Cadeira  deíla 
Arte  da  qual  lia  os  preceitos  huma  hora 
de  menhãa,  e  outra  de  tarde  com  o 
falario  de  outenta  mil  reis.  Naõ  foy  in- 
ferior o  feu  talento  para  as  fciendas  fe- 
veras  como  o  tinha  exercitado  em  as 
amenas  pois  recebendo  o  grão  de  Mef- 
tre  em  Artes  em  que  chegou  a  fer  De- 
cano, fe  formou  na  Faculdade  da  lurif- 
prudencia  Cefarea  com  aplauzo  de  todos 
os  Cathedratícos  Conimbricenfes,  que  uni- 
formemente o  elegerão  para  congratular 
as  Mageftades  de  D.  loaõ  o  IIL  e  de 
D.  Catherina  quando  foraõ  no  anno  de 
1550.  vizitar  a  Univeríidade,  cuja  incum- 
bência dezempenhou  com  huma  Oraçaõ 
Latina  compofta,  e  recitada  com  o  ef- 
pirito  de  Qcero,  e  certamente  digna  de 
taõ  auguftos  ouvintes.  Teve  a  honra  de 
fer  Meíbre  do  Infante  D.  Duarte  filho 
do  SereniíTimo  Rey  D.  loaõ  o  III.  e 
do  Senhor  D.  António  filho  do  In£ui- 
te  D.  Luiz.  Entre  os  homens  eruditos 
da  fua  idade  com  quem  tratou  familiar- 
mente, lhe  deveo  mayor  affeâo  o  in- 
íigne  André  de  Refende,  o  qual  de  Con- 
verf.  mirand.  D.  JEffd.  pag.  71.  v.o  ef- 
creve,  que  convidando  a  Ignacio  de  Mo- 
raes para  huma  fua  quinta  onde  corria 
huma  caudelofa  fonte  lhe  fez  extempo- 
raneamente   o    feguinte    Epigramma. 

Potitat  boc  liquidas  de  fonte  fuaviter  imdas 
Hicj  jubar    eximum    ordinis,    ecce,  fui 

Qua  poflquam  tanti  fubierunt  jura  Magjflri 
Cajialis  bac  unda   efl,    Thtfpiadumque  locus. 

E     admirando     a     amenidade     do     fitío 
rompeo    a    fua    Mufa    em    fegundo    Epi- 
gramma. 
Mollem  fecejfum,  portum  placidumque  lahorum 

35 


Hac  prabet  cunãis   Villa  beata  bmis 

Hunc  amat  ille  locum,  fecuraque  otia  vita, 

Quem  nec  livor  edax,  ambitio  ve  tenet. 

Foy  cazado  com  Anna  Mendes  ma- 
trona nobre  de  quem  teve  hum  filho, 
e  duas  filhas.  Falleceo  em  o  Real  Con- 
vento de  Alcobaça  para  onde  fe  tinha 
retirado  a  prepararfe  para  a  morte,  que 
fucedeo  pouco  tempo  depois,  que  Fili- 
pe Prudente  fe  fenhoreou  deíle  Reyno. 
Aplaudem  o  feu  nome,  e  a  fublimida- 
de  da  fua  Mufa  Refende  lib.  2.  CotwerJ. 
Mffd.  pag.  22.  v.°  ufius  ex  bonarum  littera- 
rum  Conimbrices  cum  quo  mibi  pervetus  efi 
amicitia,  homo  fane  honeflis  praditus  Mfâ- 
plinis,  ut  fi  qtns  apud  nos  alius,  certe  in 
poética,  venee  faàllima,  <ò^  Ovidiana,  ad  quam 
fe  componit ,  tam  fimilis,  ut  qui  ubivis  gen- 
tium  maxime.  et  lib.  3.  pag.  71.  v.°  ut 
efl  ad  carmina  pangenda  prompto,  perue ioci- 
que  ingenio.  loan.  Soar.  de  Brit.  Tbeatr. 
loffit.  Uter.  lit.  I.  n.  9.  E^e^us  Poeta. 
Maris  Dial.  de  Var.  Hifl.  Dial.  5.  foi. 
mihi  357.  D.  Nicol.  de  Santa  Maria 
Cbron.  dos  Coneg.  'Rxg.  liv.  10.  cap.  5. 
n .  II.  eminente  em  letras  de  humani- 
dade. Faria  "Europ.  Portug.  Tom.  3.  Part. 
3.  cap.  12.  n.  43.  Didac.  Mend.  de  Vaf- 
conc.    de  fuo    Ebor.    difcef. 

Antiquis  JEffiatt  aquande  poetis. 

Hyer.  Cardof.  Sylvar.  Tom.   2.   Sylv.   12. 
Tot  peperere  tut  JE^ti  doãijftme  Verfus 
Gaudia,  quas  nudas  inter  Pafitbea  Sorores 
Geflavit  gavifa  finu,  falibufque  referfit 
Facundis,  totumque  dedit  confiflere  nume, 
Cypriis,  <òf  Idylais  uuxit  pulcberrima  fuccis. 
Alígeros  prohibens  procul  bine  abfcedere  natos 
Addidit,  et  Graio  gujlatam  guttere  Lothon 
Ut   maiora   queant   obleãamenta   movere. 
Et  lib.   I.    EJe^arum. 
Qualis  imprimis  meus  efl  difertus. 
Gloria  JEgnatus  juvenum  decufque 
Cujus  efl  nobis  amor  ante  mella 
DuJcis  Hymeti. 

Cujus,  (ò"  doais  recreor  libellis. 
Qui  meras  plane  redolent  Athenas 
Quique  Komanos  fapiunt  lepores 
Júdice  Momo. 


546 


BIB  LIO  THE  CA 


Aaton.  Qbbcdo  in  Poemat  ad  ipfum. 
Si  meritís  donare  tuis  aqitalia  vellem 

Mmera  fi  donis  vellem  praire  méis. 
Quantum   Te  nojlro  jam  dudum  in  peHore  fixi 

Pars  anima  /Ç.gnati,  dimidiumque  mea. 
V.  Anton.  dos  Reys  Bnthuf.  Voet.  n.  50. 

vano  defcripfit  carmine  laudes 

Gentis  ubique  fiia  Morales. 

GDmpoz. 

Aí.  T.  Ciceronis  Proamium  Khetorica.  Di- 
catum  Nobilifw/o  luveni  Pefro  Ljipo  Sou/a. 
Naõ  tem  lugar  da  impreíTaõ.  He  compofto 
em  verfos   elegíacos.   4. 

Oratio  Panegyrica  ad  inviãijftmum  'Luji- 
tania  Regem  D.  loannem  III.  nomine  totiits 
Academia  Conimhricenfis  in  ejiijdem  fcholis  ha- 
bita ipfa  etiam  Kegis  cônjuge  augufiijftma  Di- 
va Catherina  h,ufitania  Regina.  eS>*  regni  ha- 
reàe  Príncipe  filio  D.  loanne  Serenijfww,  ejuf- 
demque  Regis  Sorore  Diva  Maria  SereniJJima 
prafentibus.  4.  Naõ  tem  anno  da  ediçaõ. 
No  fim  eftà  huma  Ode  Safica  a  ElRey 
D.  loaõ  o  III.  de  ejus  urbem  Commbncam 
odventu. 

Epithalamium  Serenijfimorum  Príncipum  loan- 
fiis,  <&  loanna.  4.  fem  lugar  nem  anno  da 
impreflaõ. 

Panegyris  D.  António  Principis  Ludovici  fi- 
lio. Gínimbricse  apud  loannem  Barrerium. 
Typ.  Reg.   1553.  4. 

In  interitum  Principis  loannis  elegia  dua; 
item  cum  ejujdem  duobus  epitaphiis.  Deplorat 
loanna  Juavtjfimum  maritum.  Elegia  Latina. 
Outra  elegia  que  tem  por  argumento  loan- 
nes  Princeps  recenti  fato  fwtãus  (òr  Maria 
ejus  Soror  in  Olympo  colloquuntur.  Outra. 
Ad   nafcentem  prolem  Serenijfima    loanna. 

Conimbrica  Encomium.  Serenijfimo  Principi 
D.  António  fortijftmi  Principis  D.  L/ídovici 
Portúgallia  Infantis  filio.  Conimbricae  apud 
loannem  Barrerium  Typ.  Reg.  1554.  4. 
Confta  de  huma  defcripçaõ  excellente  da 
Cidade    de    Coimbra    em    verfos    elegíacos. 

In  interitum  Principis  Ludovici  elegia  cum 
epifaphio.  Conimbricae  upud  loannem  Alva- 
res.   1555.  4. 

Oratio  funebris  in  interitum  Serenijftmi  Re- 
ffs  loannis  àd  Patres  Confcriptos  Conimbri- 
cenfis  Academia.    Conimbricae  apud  loannem 


Alvarum  Typ.  Reg.   1557.  4.    No  fim  tem 
huma  Elegia,  e  4  Epitáfios. 

In  quofdam  Dialécticos,  ac  Grammaticos  pro 
iureperitts  carmen,  <&  alia  quadam  ejufdem  poe- 
mata.  Conimbrica;  apud  loannem  Barrerium. 
1562.    4. 

IGNACIO  MOREYRA.  Nacco  a  17 
de  Mayo  de  1685.  em  a  Gdade  da  Ba- 
hia Capital  da  America  Portu^ucza  fendo 
filho  de  Francifco  Moreira  Franco,  e  An- 
na  Coelha.  Eftudou  Gramática,  Humani- 
dades, e  Filofofia  no  Collegio  pátrio  dos 
Padres  lefuitas  onde  recebeo  o  grão  de 
Meftre  em  Artes.  Ordenado  de  Presbí- 
tero no  anno  de  17 14.  levou  por  opo- 
fiçaõ  a  Vigairaria  da  Parochíal  Igreja  de 
N.  Senhora  do  Defterro  em  a  fua  pá- 
tria da  qual  tomou  poíTe  a  8  de  lulho 
de  1727.  onde  exercitando  as  obrígaçoens 
de  vigilante  paftor  falleceo  com  faudades 
das  fuás  ovelhas  a  19  de  lunho  de  1740. 
Foy  bom  Pregador  de  cujo  fagrado  miniíVc- 
rio  fez  publico 

Sermão  da  gloriofa  Virgem  Santa  Clara  com 
o  Santijfimo  Sacramento  expojlo  pregado  na  Pa- 
rochial  de  Nojfa  Senhora  do  Dejlerro,  e  Con- 
vento das  Religiofas  de  Santa  Clara  da  Cidade 
da  Bahia.  Lisboa  por  Manoel  Fernandes  da 
Cofta  ImpreíTor  do  S.  Officio  1739.  4- 

D.  IGNACIO  DE  NORONHA  filho 
mais  velho  de  D.  António  de  Noronha  Con- 
de de  Linhares  Capitão  General  de  Ceuta, 
e  Efcrivaõ  da  Puridade  dos  Reys  D.  Ma- 
noel e  D.  loaõ  o  III.  e  de  D.  loanna 
da  Sylva  filha  de  D.  Diogo  da  Sylva 
primeiro  Conde  de  Portalegre  Senhor  das 
Villas  de  Gouvea,  e  Celorico,  Ayo,  Mordo- 
mo mòr,  e  Vedor  da  Fazenda  delRey  D.  Ma- 
noel Chanceller  mòr  do  Meftrado  de  Chrif- 
to,  e  de  D.  Maria  de  Ayala  filha  mais 
velha  de  Diogo  Garcia  de  Herrera  Senhor 
das  Ilhas  Canárias.  Foy  cazado  com  D. 
Izabel  de  Atayde  filha  do  dariínmo  He- 
roe  D.  Vafco  da  Gama  I.  Conde  da  Vi- 
digueira, e  de  D.  Catheriíu  de  Atayde  fi- 
lha de  D.  Álvaro  de  Atayde  Senhor  de 
Penaííova,    de    cujo    matrimonio    naõ    ha- 


L  USITANA. 


547 


vendo  fuceíTaõ  paíTou  a  Ca2a  a  feu  Irmaõ 
D.  Francifco  de  Noronha  fegundo  Conde 
de  Linhares  Embaxador  a  Francifco  I.  de 
França,  e  Mordomo  mòr  da  Raynha  D.  Ca- 
therina.     Efcreveo. 

Carfa  a  D.  loaõ  o  III  na  qual  reconhece 
com  grande  modejlia  os  feus  defeitos,  e  pede  a 
E/Rey  pelos  feus  ferviços  que  pajfe  a  Cat^a  de 
Unhares  a  feu  irmaõ  D.  Francifco  de  Noro- 
nha que  o  Julga  digno  de  a  ocupar.  M.  S.  Con- 
fervafe  na  Livraria  do  Excellentinimo  Con- 
de de  Vimieiro. 

IGNACIO  PEREYRA  DE  SOUZA  na- 
tural de  Lisboa  filho  de  António  Pereira 
de  Souza  Doutor  em  Direito  Pontificio,  De- 
zembargador  dos  Aggravos  na  Caza  da  Su- 
plicação, Procurador  da  Coroa,  e  Confe- 
Iheiro  da  Fazenda  a  quem  imitou  na  inte- 
gridade da  vida,  como  na  profundidade  da 
fciencia.  Foy  Cavalleiro  da  Ordem  de  Chrif- 
to.  Fidalgo  da  Caza  Real,  Dezembargador 
dos  Aggravos  na  Caza  da  Suplicação  de 
que  tomou  pofle  a  5  de  lulho  de  1668. 
Procurador  da  Caza  do  Infantado,  e  Depu- 
tado do  Tribunal  da  Conciencia,  e  Ordens. 
Falleceo  em  Lisboa  a  10  de  Novembro  de 
1676.  Jaz  fepultado  no  Convento  de  S. 
Domingos.     Compoz. 

Traãatus  de  Keviftonibus.  UlyíTipone  apud 
Antonium  Crasbeeck  de  Mello.  1672.  foi. 
A  eíle  Tratado  intitula  Antunes  Portugal  de 
Dona/.  Regiis  Tom.  2.  part.  3.  cap.  37.  n. 
17.  áureo f  e  erudiíiftmo,  e  Ulhoa  de  L.egat.  er 
Fideicom.  DiíTert.  14.  n.  70.  elegantem,  QÍy 
doãijjimum,  e  a  feu  Author  aplaude  o  refe- 
rido Portugal  Part,  2.  cap.  21.  lib.  i.  n.  i. 
com  efte  elogio  Vir  fane  apprime  docíus,  <& 
in  expediendis  caufis  admodum  circunfpeãus,  inte- 
gritate  morum,  omnique  virtutum  genere  ornatif- 
fimus. 

IGNACIO  DA  PIEDADE,  E  VAS- 
CONCELLOS.  natural  da  notável  Villa 
de  Santarém  recebendo  a  graça  bauíif- 
mal  na  Parochia  de  S.  Niculao  a  28  de 
Março  de  1676.  Teve  por  Pays  a  André 
Duarte  de  VafconceUos  Cavalleiro  da  Or- 
dem militar   de   S.   Tiago,  Meíbre   de  Cam- 


po do  Reyno  de  Angola,  e  a  D.  An- 
tónia de  Andrade  Gouvea,  e  Miranda  de 
igual  nobreza  à  de  feu  Conforte.  Quan- 
do contava  a  florente  idade  de  19  annos 
recebeo  o  habito  de  Cónego  fecular  da 
Congregação  do  Evangeliíla  Amado,  e  no 
CoUegio  de  Évora  eíhidou  as  fciencias  ef- 
colafticas  em  que  fahio  fuficientemente  inf- 
truido.  Com  igual  difvelo  cultivou  as  Ar- 
tes Liberaes  como  foraõ  a  Eftatuaria,  Archi- 
tedhira  Civil,  e  Pintura  das  quais  penetrou 
as  dificuldades,  e  efcreveo  os  preceitos. 
Paia  eternizar  as  glorias  da  fua  pátria  lhe 
erigio  para  fincero  teftemunho  da  fua  gra- 
tidão o  mais  famofo  ObeHfco  na  Defcrip- 
çaõ  hiílorica  que  publicou  da  fua  Fundação 
com  o  feguinte  titulo. 

Hifloria  de  Santarém  edificada  que  dá  noti- 
cia da  fua  Fundação,  e  das  cousas  mais  notá- 
veis nella  fucedidas,  a  faber  das  Fundaçoens  de 
todas  as  fuás  Igrejas,  ajfim  das  Parrocbias  como 
dos  Conventos,  e  Ermidas,  dos  prodiffofos  mila- 
ffes  ali  fucedidos,  das  Keliquias  que  em  fi  en- 
cerra, das  vidas  de  Vários  Santos,  e  Bea- 
tos, e  de  muitas  peffoas  dignas  de  memo- 
ria ajfim  em  virtudes,  como  em  letras,  e  ar- 
mas todas  naturaes  de  Santarém,  e  de  tudo 
o  que  toca  ao  feu  Termo,  e  Comarca,  de  que 
fe  fegue  dar  muitas  noticias  de  todo  o  Reyno. 
I.  e  2.  Parte.  Lisboa  na  Oíficina  da  Con- 
gregação.  1740.  foi. 

Artefaãos  Simmeiriacos,  e  Geométricos  adver- 
tidos, e  defcubertos  pela  induflriofa  perfeição  das 
Artes  Ffcultaria  Architeãonica,  e  da  Pintura 
&c.  Lisboa  por  lozé  António  da  Sylva 
1733.   foi.   com  eftampas. 

Fr.  IGNACIO  RAMOS  filho  de  Ma- 
noel Ramos  Parente,  e  Andreza  Cazada, 
e  irmaõ  do  P.  Domingos  Ramos  da  Com- 
panhia de  Jefu  de  quem  fe  fez  memoria  em 
feu  lugar,  naceo  em  a  Gdade  da  Bahia  Ca- 
pital da  America  Portugueza,  e  no  Convento 
pátrio  de  N.  Senhora  de  Monte  do  Carmo 
recebeo  o  habito  a  17  de  lulho  de  1672. 
onde  aprendeo  Filofofia,  e  Theologia.  Sen- 
do já  Pregador,  minifterio  que  fempre  com 
geral  aplauzo  exercitou,  negócios  urgentes 
da  fua  familia  o  obrigarão  a  paíTar  a  Lisboa 
no   anno    de    1685    donde   paíTando   a   Ro- 


548 


BIBLIOTHEC  A 


ma  já  com  o  gráo  de  Prezentado  para 
votar  como  Procurador  do  Vigário  Pro- 
vincial do  Brazil  no  Capitulo  celebrado 
no  Convento  de  Santa  Maria  Tranfpontina 
a  27  de  Mayo  de  1692.  fahio  com  o  gráo 
de  Meftre,  e  nomeado  Vigário  Provincial  do 
Brazil  pelo  Geral  da  Ordem  Fr.  loaõ  Fei- 
xoo  de  Villalobos.  Para  adminiílrar  eíla  Pre- 
lazia fahio  de  Lisboa,  e  depois  de  experi- 
mentar varias  tormentas  com  que  foy  obri- 
gado a  arribar  as  Ilhas  do  Fayal,  e  Marti- 
nica, chegou  á  Cidade  da  Bahia  onde  tomou 
poíTe  a  14  de  Dezembro  de  1693.  e  foy  Vi- 
zitador,  e  Reformador  Geral  dos  Conventos 
da  Reforma  de  Pernambuco.  Segunda  vez 
paíTou  a  eiie  Reyno  donde  fez  fegunda  jor- 
nada a  Roma  no  anno  de  1700.  como  Pro- 
curador da  Província  de  Portugal,  e  no  Ca- 
pitulo celebrado  em  1704.  lhe  foraõ  con- 
cedidos os  privilégios  de  Ex  Vigário  Pro- 
vincial, e  Definidor  perpetuo.  Foy  Secreta- 
rio deíla  Provinda,  e  Prior  do  Convento 
de  Lisboa  de  que  tomou  poíTe  a  12  de 
Setembro  de  17 14.  em  cujo  governo  mof- 
trou  em  beneficio  dos  fubditos  a  grande 
prudência,  e  fumma  affabilidade  de  que  era 
ornado.  Falleceo  no  mefmo  Convento  a  18 
de  Novembro  de  1731.    Publicou. 

Kamos  ^angélicos  divididos  em  Sermoens  Pa- 
negyricos,  e  doutrinaes  em  vanas  celebridades.  Tom. 
I.    Lisboa  na  Officina  Ferreiriana.   1724.  4. 

Tomo  2  ibi  na  mefma  Officina.  1726.  4. 
Coníla    de    Sermoens    Quadragefimaes. 

Tomo  3  ibi  por  António  Pedrozo  Gal- 
raõ.    1727.   4. 

Tomo  4.  ibi  por  Pedro  Ferreira  1730.  4. 

Delle  faz  memoria  Fr.  Manoel  de  Sá 
Miem.  Hijl.  de  Efcrií.  Portug.  da  Prov.  do 
Carm.   pag.    202. 


P.  IGNAQO  RIBEYRO  chamado  no 
feculo  Manoel  Fernandes  Ribeiro  filho  de 
Domingos  Ribeiro,  e  Catherina  Nunes  na- 
cco  a  9  de  Novembro  de  1679.  no  lu- 
gar de  Alcaens  Arcipreftado  da  Villa  de 
Caftello-Branco  em  a  Provinda  da  Beyra. 
Foy  admetido  ao  Noviciado  da  Compa- 
nhia de  lESUS  em  Coimbra  a  16  de  Mayo 
de   1695.   onde  fe  diílinguio  entre  os  feus 


1 


Collegas  na  cultura  das  letras  humanas,  c 
efpeculaçaõ  das  fdencias  EfcolaíUcas.  Dic- 
tou  Theologia  Moral  em  a  Cadeira  de  Prima 
no  CoUegio  de  Santo  Antaõ  de  Lisboa  onde 
piamente  falleceo  a  18  de  Setembro  de  173J. 

Compoz. 

Sermão  de  AcçaÕ  de  graças  pelo  felicif- 
fimo  nacimento  do  fexto  filho,  que  a  Magef- 
tade  divina  deu  às  de  Portugal  em  24  de 
Setembro  de  ijz^.  pregado  na  Sé  da  Ci- 
dade do  Porto  aos  17  de  Outubro  do  mef- 
mo anno  Lisboa  por  António  Pedrozo  Gal- 
raõ.   1724.  4. 

Novena  do  milagre  de  Príncipes,  ejpelho 
de  Prelados,  exemplar  de  Keligiofos,  Proto- 
typo  de  humildes  S.  Francijco  de  Borja  Ter- 
ceiro Geral  da  Companhia  de  lESUS.  Lis- 
boa    na     Officina     da     Mufica.     1736.     24. 


Fr.  IGNACIO  DE  SANTA  ROSA  Na- 
ceo  em  Lisboa  a  31  de  Julho  de  1709.  Na 
tenra  idade  de  doze  annos  deixando  a  com- 
panhia de  feus  Pays  Manoel  da  Cofta,  e  Ma- 
ria dos  Santos  paíTou  com  feu  Tio  à  Q- 
dade  de  S.  Sebaftiaõ  do  Rio  de  landro 
onde  aprendeo  Grammatica  cm  o  Collegio 
dos  Padres  lefuitas  no  breve  efpaço  de 
anno  e  meyo,  e  compoz  fendo  de  quatorze 
annos  hum  Poema  em  Verfos  Elegíacos  do 
qual  era  o  argumento  aquellas  palavras  do 
Apoftolo  Cupio  dijfolvi,  et  ejfe  cum  Cbrtjlo. 
Admirados  os  Meftres  da  monílruofa  viveza 
do  feu  talento  o  rogarão  para  que  viftifle 
a  roupeta  de  lefuita,  e  eílando  jà  acdto 
pelo  Provindal  o  Padre  Manoel  Dias  levado 
da  devoção  cordial,  que  tinha  a  S.  Fran- 
cifco  preferio  o  feu  inftituto  ao  de  Santo 
Ignacio  recebendo  o  ferafico  habito  no  Con- 
vento de  S.  Boaventura  da  Villa  de  CaíTe- 
rebú  da  Provinda  da  Imaculada  Conceição 
do  Rio  de  laneiro  onde  folemnemente  pro- 
feíTou  a  4  de  Setembro  de  172J.  Igual 
foy  o  progreíío,  que  a  fua  comprehenfaõ 
fez  nas  fdendas  feveras  ao  que  fc  tinha 
admirado  em  as  amenas  pois  naõ  contando 
mais,  que  hum  mez  de  Ouvinte  de  Filofofia 
era  chamado  Pythagoras  pelos  feus  condifdpu-  ■ 
los.  Foy  fubftituto  dcfta  Faculdade  quando  ti 
nha    25    annos    de    idade,    que    pudera    dl- 


I 


L  USITANA, 


549 


£tar  como  proprietário.  Sendo  verfado  em 
ambos  os  Direitos,  e  Theologia  Moral  o 
naõ  he  menos  na  Poética,  e  Oratória  de 
que  faõ  claros  argumentos  as  obras  fe- 
guintes. 

Oratio  in  laudem  P.  Ferdinandi  â  D.  An- 
tónio Província  Immaculata  Conceptionis  meri- 
tijftmi  Moderatoris  cum  ex  Comitiis  Generali- 
bus  in  Juam  Provinciam  redirei.  Tinha  por 
Thema  Nox  pracejfit,  dies  autem  approquin- 
quavit.  D.  Paul.  ad  Roman.  13.  n.  12.  M.  S. 

Oratio  in  luiudem  R.  P.  Fr.  Ludovici  à 
S.  Kofa  Provinda  Aíoderatoris  prudentijjimi. 
Tinha  por  Thema  Induamur  arma  Imcís.  S. 
Paul.  ad  Roman.   13.  n.   12.  M.  S. 

Oratio  in  luiudem  llluftrijfimi  Domini  D. 
Fr.  Ioi(ephi  Fialho  Epijcopi  Pemamhucenjis. 
Tinha  por  Thema.  ISiemo  natus  eft  in  ter- 
ra ut  lofeph.  Eccleíiafl:.  cap.  49.  n.  16. 
e  17.  M.  S. 

Oraçaõ  dedicada  ao  lllufirijfimo  Cahhido  da 
Cidade  de  Laanda.  Tinha  por  Thema.  In 
Cbrifio  lESU  per  Evange/i/im  ego  vos  ge- 
ntá.  D.  Paul.  i.  ad  Corinth.  cap.  4.  n. 
15.    M.    S. 

Oraçaõ  em  aplau:^o  de  Kodrigo  Ce/ar  de 
Menes^es  Capitão  Geral  do  Rejno  de  Angola 
recitada  em  buma  Academia  na  Cidade  de 
Ltíonda.  Começava.  1m  fabuli:(pu  a  genti- 
lidade &c.  M.  S. 

Soneto  em  aplau^  do  Sermão  das  Dores 
de  N.  Senhora  pregado  por  Fr.  António  da 
Graça  Comijfarto  da  Ordem  Terceira  do  Con- 
vento de  S.  Franafco  da  Cidade.  Lisboa 
1738.  4. 

Soneto  em  aplatc^  dos  Sermoens  do  P. 
Fr.  hlanoel  Kodrigues  Keltffofo  Francijcano 
da  Provinda  da  AJfumpçaÕ  de  Paraguay.  Lis- 
boa na  Ofíicina  Sylviana.    1738.  4. 

Três  Sonetos  em  aplaudo  do  Clauftro  Fran- 
cijcano compoflo  por  Fr.  Appollinario  da  Con- 
ceição Religiofo  Eeygo  da  Provinda  da  Immacula- 
da  Conceição  do  Rio  de  laneiro.  Lisboa  por 
António  IQdoro  da  Fonceca  1740.  4.  defde 
pag.   212.  até  214. 

Fr.  IGNAQO  QUARESMA  natural  de 
Lisboa,  e  Religiofo  profeflb  da  Sagrada 
Ordem  da  SantiíTima  Trindade  ornado  de 
igual  fciencia,  e  virtude.    Foy  muito  perito 


na  metrificação  latina  pelo  eíhido,  que  apli- 
cara a  eíle  género  de  compofiçaõ  obfer- 
vado  em  os  primeiros  cultores  de  taõ  di- 
vina Arte.  Sendo  Meftre  dos  Noviços  com- 
poz  hum  Poema. 

De  Nativitate  Chrijli. 
Que  com  outras  Poezias  Latinas  de  vá- 
rios metros  de  que  formou  hum  volume 
de  4.  grande  offereceo  a  Monfenhor  Bran- 
da Sobrinho  do  lUuílriíTimo  Decio  Caraffa 
G)lleitor  Apoftolico  nefte  Reyno,  que  o  le- 
vou para  Roma  com  intento  de  o  impri- 
mir. Falleceo  no  G^nvento  de  Lisboa  a 
17   de   Setembro   de    1638. 

IGNACIO  SARMENTO  DE  CARVA- 
LHO Capitão  General  do  mar  e  terra  no 
Sul  da  índia  Oriental  onde  alcançando  fama 
pela  efpada,  a  naõ  mereceo  menos  pela  pen- 
na  efcrevendo. 

Relação  das  Armas  Portuguesas  nas  partes 
da  índia,  e  Tomada  de  Aycota  até  o  anno  1661. 
Lisboa   por   Domingos    Carneiro.    1663.    4. 

D.  IGNAQO  DE  SANTA  THERESA 
Naceo  em  a  Gdade  do  Porto  a  22  de  No- 
vembro de  1682.  Foraõ  feus  progenitores 
Domingos  Fernandes  de  Souza  Cidadão  no- 
bre, e  defcendente  legitimo  da  nobre  caza 
de  Freixo  de  Nemaõ,  e  a  D.  Maria  Magda- 
lena  lacome  de  Torres  filha  de  António  Lo- 
pes Torraõ,  Neta  de  António  Lopes  Tor- 
rão, Capitão  de  mar,  e  guerra.  Foy  lhe 
impofto  em  o  bautifmo  conferido  a  28  de 
Novembro  pelo  Abbade  Manoel  Teixeira  de 
Sampayo  o  nome  de  Ignacio  em  obfequio 
de  feu  Tio,  e  Padrinho  Ignacio  de  Torres 
de  Araújo  Tenente  do  Meílre  de  Campo- 
General,  e  depois  Capitão  de  Cavallos. 
Aprendeo  os  primeiros  rudimentos  em  o 
CoUegio  pátrio  de  S.  Lourenço  dos  Padres 
lefuitas  onde  moílrou  tal  engenho  neíle  pro- 
logo dos  feus  eíhidos,  que  o  quizeraõ  alif- 
tar  na  fua  companhia  fe  a  vocação  própria 
ajudada  do  exemplo  de  feu  Tio  D.  Jozé  da  Ma- 
dre de  Deos  Cónego  Regular  de  Santo  AgoíU- 
nho  o  naõ  inclinaffe  para  taõ  iUuílre  Congrega- 
ção recebendo  a  murça  no  Real  Mofteiro  de 
S.    Salvador   de   Grijó   a    14   de   Agoílo   de 


55o 


BIBLIO THECA 


1698.  Paflbu  a  curfar  os  eftudos  mayorcs 
•cm  o  Collegio  de  Coimbra  em  cuja  Uni- 
verfidade  foy  laureado  com  a  borla  dou- 
toral na  Faculdade  de  Theologia  a  24  de  Fe- 
-vcrciro  de  171 1.  Querendo  a  fua  Q)ngregaçaõ 
<que  naõ  eftivefle  ociofo  taõ  grande  talento 
<:riou  novamente  huma  Gideira  de  Filofofia  fem 
prejuízo  da  antiguidade  dos  outros  Meftres 
•que  diftou  com  aplau20,  como  a  Theologia 
cfpeculativa,  e  Moral  em  cujas  Faculdades  ar- 
gumentava com  fubtileza,  e  prefidia  com  gra- 
vidade. Determinando  a  Mageílade  delRey 
D.  loaõ  o  V.  NoíTo  Senhor  prover  a  Cadeira 
Primacial  de  Goa  com  hum  Prelado  digno 
•de  taõ  alta  incumbência  o  nomeou  a  22 
de  Novembro  de  1720.  em  que  cumpria  38 
annos  de  idade,  e  poílo  que  fe  valeo  de 
efícaces  rezoens  para  naõ  aceitar  aquelle  mi- 
niílerio  formidável  aos  hombros  angélicos, 
Xogeitou  a  fua  vontade  à  ordem  expreíTa  del- 
Rey declarandolhe  que  o  mandava  naõ  fo- 
:mente  como  Prelado,  mas  Reformador  dos 
abuzos  do  Eftado  da  índia.  Confirmado  nef- 
ta  dignidade  pela  Santidade  de  Clemente  XI. 
•em  3  de  Fevereiro  de  1721  foy  fagrado  na 
Baíilica  Patriarchal  pelo  IIluftriíTimo  Patriar- 
«cha  D.  Thomaz  de  Almeyda  a  30  de  Mar- 
ço do  anno  referido,  em  o  qual  a  19 
<le  Abril  fahio  da  barra  de  Lisboa,  e 
tferrou  Goa  a  23  de  Setembro  fazendo  a 
entrada  publica  a  ii  de  Outubro  dedi- 
cado à  Tresladaçaõ  do  feu  Patriarcha  S. 
Agoftinho.  Como  Paftor  vigilante  come- 
çou, aplicar  todo  o  difvello  em  a  re- 
forma dos  cuftumes,  e  extinção  de  abu- 
zos  naõ  Xó  com  o  exemplo,  mas  com 
as  palavras  proferidas  nas  pra£tícas,  e  ex- 
hortaçoens,  que  fazia  do  púlpito  ao  feu 
rebanho,  principal  obrigação  do  officio  paf- 
toral,  e  fendo  arguidas  pela  critica  mal 
intencionada  de  feus  emulos  trinta,  e  no- 
ve Propoíiçoens  que  em  diverfos  Sermoens 
proferira  como  condenadas  pela  Sé  Apof- 
tolica,  fendo  examinadas  na  fuprema  In- 
•quiziçaõ  dos  EmminentiíTimos  Cardiaes  fe 
ifeguio  expedirlhe  a  Santidade  de  Clemente 
XII.  hum  Breve  a  25  de  Agofto  de 
.1737.  eterno  padraõ  da  fua  folida  dou- 
trina, e  irreprehenfivel  procedimento  o  qual 
j)rincipiava  por  eftr.s  palavras  Epiflola  tnjlar 


Brevis  SS.  P.  Clementis  XII.  aH  Excellentíf- 
fimum  Archtepijcopum  Primatem  Goanum:  R#- 
vijis  per  Emmiti.  Cardin.  ejus  Propofitionibus 
quas  Scioli  hareticas  damnaverant.  O  mefmo 
zelo,  c  aétívidade,  que  aplicou  cm  be- 
neficio da  fua  Igreja  omandoa  com  prc- 
ciofos  paramentos,  c  reedificando  os  Pa- 
lácios de  Panelim,  e  Santa  Ignes  pata 
habitação  de  feus  fuccííorcs,  manifeftou  cm 
obzequio  do  Eftado  fendo  por  duas  ve- 
zes feu  Governador,  huma  por  morte  do 
Vicerey  Francifco  lozé  de  Sampayo,  e 
outra  quando  voltou  para  Portugal  o  Vi- 
cerey loaõ  de  Saldanha  da  Gama.  Sendo 
nomeado  Bifpo  do  Reyno  do  Algarve 
em  13  de  Fevereiro  de  1740.  partio  de 
Goa,  e  chegando  a  Lisboa  a  6  de  Abril 
do  anno  feguinte  pouco  foy  o  tempo 
que  affiftio  na  Corte  com  o  cuidado  de 
apacentar  o  novo  rebanho  que  lhe  fora 
cometido,  entrando  na  Cidade  de  Faro 
a  19  de  Novembro  com  as  Cerimonias 
que  prefcreve  o  Cerimonial  Romano.  Pa- 
ra a  fundação  do  Convento  de  religio- 
fos  Carmelitas  Defcalfos  filhos  da  Ma- 
triarcha  Santa  Thereza  de  quem  he  cor- 
dial devoto  comprou  no  anno  de  1743. 
hum  largo  campo  em  Caftro  Marim.  Te- 
ve natural  génio  para  a  Poezia  como 
publicaõ  muitos  verfos  larinos,  e  Portu- 
guezes  compoftos  nos  feus  primeiros  an- 
nos. Na  lingua  Latina  he  infigne  c  da 
Grega  tem  baftante  noticia.  Da  Theologia 
Efcholaftica,  Polemica,  e  Expofitiva,  como 
da  lurifprudencia  Canónica,  e  todo  o  gé- 
nero de  erudição  poíTue  a  mais  profunda 
intelligencia  de  que  faõ  monumentos  ir- 
refragaveis    as    obras    feguintes. 

Kefoli4tiones    Morales    pro    Statu     Keiigfo- 

Jo    omnihus    amãarum   Keligionum    SS.     Fm- 

datorlhus,    ac    Keformatoribus.    Conimbricac  ex 

Typog.      Regali     Artium     Collcg.      S.      I. 

1728.  4. 

Pérolas  Orientaes  concebidas,  e  geradas  por 
beneficio  do  Orvalho  celefte  entre  as  conchas  de 
hum  retiro  do  inquieto  mar  do  feculo  da  índia 
enfiadas  pelo  fio  da  contemplação,  e  difcurfo  em 
hum  myftico  Kofario  de  cento,  e  fincoenta  Medi- 
taçoens  pias.  Na  i  P.  pelo  di/cur/o  das  vi- 
das de    Cbrifio,   e  fua   Maj   Santijfima,    e    de 


I 


L  USITAN  A. 


55 1 


muitos  Santos.  Na  2.  P.  pe/o  àifcurjo  da 
EJfencia,  Atributos,  e  Benefícios  divinos.  Na 
3.  P.  pelo  difcurfo  das  Miferias,  e  Novif- 
fimos  do  homem.  Expojias  a  lu^,  e  de- 
voção publica  dos  Fieis  para  comum  utilidade 
de  iodos  efpecialmente  de  Pejfoas  que  trataõ 
da  devoção,  Direãores  ejpirituaes,  Pregadores 
^angélicos,  Prelados,  Pays  de  Familtas.  2. 
Tom.  4.  Dedicado  a  Mageílade  delRey 
D.  loaõ  o  V.  e  prompto  para  fe  im- 
primirem. 

Compendio  das  Noticias,  e  documentos  ex- 
trahtdos  por  ordem  de  S.  Magefiade  dos  Au- 
thores,  e  MS.  do  Cartório  do  real  Con- 
vento de  S.  Cru^  de  Coimbra  no  anno  de 
171 8.  para  a  Canonização  de  D.  Affonfo  i. 
Monarcha    de    Portugal,    foi.    M.    S. 

Sermoens    Vários    i.    P. 

Sermoens    Vários.    2.    P. 

Manifejlo  do  procedimento  do  Arcebijpo  Pri- 
ma^  de  Goa  i.  P.  Principia  Mendaces  ojlendit, 
qui  maculaverunt  illum  Sapient.  cap.  10.  n.  14. 
foi.  M.  S. 

Manifejlo  do  procedimento  do  Arcebijpo  Pri- 
mas de  Goa  2.  P.  Principia.  In  Jraude  cir- 
cumuenientium  illum  affuit  illi,  (ò"  honejium 
fecit  illum.  Cujlodtvit  illum  ab  inimicis,  (ò" 
I  à  Jeduãoribus  tutavit  illum.  Sapient.  10.  n. 
II.  e   12.  foi.  M.  S. 

Manijejlo  Apologético  da  lurijdiçaõ  Ordi- 
nária contra  as  Pejfoas  ii(entas.  foi.  M.  S. 

ReconuençaÕ  à  Keplica,  ou  Kepojla  em  defen- 
Ja  do  Manifejlo  Apologético  da  luriJdiçaÕ  ordi- 
nária, foi.  M.  S. 

Cenjura  Verdadeira  de  huma  falfa  Cenfura 
de  hum  Cenfor  Jimulado  &c.  foi.  M.   S. 

Reprovação  do  exame  do  Cenfor  fimulado, 
e  da  nova  recalcitraçaÕ  ã  Cenfura  Verdadeira 
refutatoria   da  fua  falfa    Cenfura.    foi.    M.    S. 

Defenjio  32.  Propojitionum  in  Concionibus, 
€>  literis  promulgatarum  ad  Sedem  Apojiolicam 
mifja.  foi.  M.  S. 

Traãatus  Theojuridicus  de  utroque  recurfu 
competenti,    <&   incompetenti.    foi.    M.    S. 

luit^o  verdadeiro  do  Manifeflo  do  llluf- 
trijfimo  Bifpo  de  Malaca,  e  do  lui^o  Theo- 
lo^co  'Legal  fobre  a  validade,  ou  invali- 
dade   da     Confervatoria     dos     Reverendos     Re- 


gulares, e  dos  mais  procedimentos,  que  delia  re~ 
fultaraõ.  foi.  M.   S. 

Condenação  Jufla  do  injuflo  manifeflo  falfa- 
mente  intitulado.  Das  falíidades  do  luizo  ver- 
dadeiro. &c.  em  1  de  Outubro  Domingo  do 
SantiJJimo  Rofario.  Principia  Cum  Judicatur 
exeat  condemnatus,  et  Oratio  ejus  fiat  in  pe- 
catum.  Pfalm.   108.  n.  7.  foi.  M.   S. 

AllegaçaÔ  fobre  a  validade  do  procedimento 
do  Reverendijftmo  Vigário  Geral  do  Arcebifpo 
de  Goa  contra  o  Iui:(o  confervatorio  dos  Reve- 
rendos Regulares,  foi.  M.   S. 

Eflado  do  premente   Eflado  da  índia  Meyos 
fáceis,    e   efjicaces  para   a  fua    Geral  Reforma 
Temporal,  e  Efpiritual  4.  Aí.  S. 

Epi^ammata  Sacra.  M.   S. 

Oratio  Pathetica  in  funere  Sanãijftmi  Do- 
mini  Nojlri  Benediâi  XIII.   4.   M.   S. 

Ofjicium  S.  Theotonii  primi  Sanâa  Crtuis 
Canobii  Prioris  pro  Breviário  Romano.  4.  M.  S. 

Noticias  do  Eflado  da  índia  defde  o  anno 
1723.  até   1735.   foi.   M.   S. 

Opufculus  Triplex  Tbeologtcus,  Hifloricus, 
Afcettcus,  ^  Myfticus.  De  uno  Tríplice  fr*- 
pliciter  fiabilito.  Divino  fcilicet.  Angélico,  €>* 
humano.  In  Tríplicem  partem  trípliciter  dif- 
tiníius,  ac  divifus.  In  quo  parte  prima  qua- 
que  ex  Jeleãtoríbus  tríplicis  Theolo^a  quaj~ 
tionibus  colliguntur  ad  Deum  unum,  <&  Tri- 
num  attinentia.  In  2.  P.  ad  Angelos,  Ca- 
los, <&  Calicolas.  In  3.  ad  homines  <ò'  re- 
liqua  viventia  trípliciter  divija,  nec  non  ad 
tríplicem  elementarem  globum,  cb*  ad  trípli- 
cem Statum  Ecclejiajlicum  concementia  Jolide 
pralibantur,  ac  diluàdantur.  foi. 


P.  IGNAQO  VIEYIL\  natural  de  Lis- 
boa onde  teve  por  Pays  a  Luiz  Vieyra 
Garcia,  e  Maria  da  Sylva  Machado.  Na 
idade  juvenil  abraçou  o  inftituto  da  Q)m- 
panhia  de  lESUS  a  30  de  lulho  de 
1692.  onde  fahio  egregiamente  inílruida 
nas  letras  humanas  fendo  Meítre  da  pri- 
meira Gafle  em  o  Q)llegio  pátrio  de 
S.  Antaõ  onde  paíTados  alguns  annos 
diôou  Mathematica  com  grande  credito 
da  fua  fciencia.  Pela  fua  madureza  exer- 
citou os    lugares    de    Meílre    dos    Noviços- 


552 


BIBLIO THE  CA 


em  Coimbra,  Reytor  do  Collegio  de  S.  Pa- 
trício, e  de  S.  Antaõ  em  Lisboa,  e  Confef- 
for  do  SereniíTimo  Senhor  Infante  D.  Pe- 
•dro  filho  do  noíTo  augufto  Monarcha.  Fal- 
Jeceo  na  Caza  profeíTa  de  S.  Roque  a  21 
àc  Abril  de  1739.  Compoz,  e  diftou  nos 
annos  de  1717.  e  1719.  fendo  Meftre  de 
Mathematica. 

Tratado  da  Dioptrica.  4. 

Tratado   da   Captotrica.    4. 

Tratado   da    Pjrotchrtica.    4. 

Eíles  três  volumes  primorofamente  efcri- 
tos  com  varias  figuras  mathematicas  vimos 
na  Livraria  de  loaõ  de  Souza  Coutinho  ir- 
mão do  Correio  mór  do  Reyno. 

Fr.  IGNACIO  XAVIER  DO  COUTO 
Naceo  em  a  Cidade  de  Elvas  da  Provinda 
•do  Alentejo  a  17  de  Agoílo  de  1697.  fendo 
filho  do  Doutor  Lopo  Gil  do  Couto  Medi- 
co da  Camará  dos  SereniíTimos  Monarchas 
D.  Pedro  II.  e  D.  loaõ  o  V.  e  de  D.  Iza- 
bel  Maria  Jacome.  Aprendidos  os  rudimen- 
tos Gramaticaes,  e  Filofofia  em  Lisboa  par- 
tio  para  Caílella,  onde  movido  de  fuperior 
impulfo  deixou  o  feculo,  e  no  Convento  da 
SantiíTima  Trindade  da  Qdade  de  Marbella 
recebeo  o  habito  a  6  de  laneiro  de  1716.  e 
profeflbu  folemnemente  a  17  do  dito  mez 
•do  anno  feguinte.  Segunda  vez  ouvio  Filo- 
fofia no  Convento  de  Sevilha  diâada  pelo 
Meílre  Fr.  Hermenigildo  de  Leon,  e  Theo- 
logia  pelo  efpaço  de  quatro  annos  no  mef- 
mo  Convento  onde  foy  Procurador  Geral 
da  fua  Província  no  anno  de  1729.  Por 
efpecial  ordem  delRey  NoíTo  Senhor  fe  in- 
corporou neíla  Provinda  de  Portugal  no 
anno  de  1736.  onde  tem  exercitado  o  mi- 
nifterio  de  Pregador  com  aplauzo  por  fer 
ornado  de  juizo  prefpicaz,  e  memoria  fe- 
liz. Dcfdc  os  primeiros  annos  cultivou  a 
Poezia  com  tanta  cadenda,  que  as  fuás 
produçoens  métricas  teftemunhaõ  o  enthu- 
fiafmo  da  fua  Mufa  das  quais  fe  fizeraõ  pu- 
blicas. 

lut   Vida  en  tranje  mortal.    Comedia. 

BI  Ódio  dei  Amor.    Comedia. 

Sahiraõ  ambas  impreíTas  cm  Caftella,  co- 
mo também. 

Métrica  dejcripcion  de  la  Jumptmfifftma  puhlica- 


cion  de  Cautivos,  que  el  antiquijftmo  Real  Con- 
vento de  Santa  Jujla,  y  Kufina  extra  muros  de 
Sevilla  dei  celejlial  Orden  de  la  Santijftma  Trini- 
dad  hit^o  en  la  nobilijftma  Ciudad  de  Sevilla 
en  el  ano  de  iji^.  Sendo  impreíla  neíla  Q- 
dadc  naõ  tem  nome  do  lugar,  nem  author, 
e  fomente  diz  Por  un  curiofo  Portugue\. 

Dous  Sonetos  á  morte  da  Serenijftma  Senhora 
Infanta  D.  Francifca.  Sahiraõ  na  Colleçaõ  fe- 
gunda  de  Poev^as  a  efte  fúnebre  ajfumpto.  Lis- 
boa por  Miguel  Rodrigues.  1736.  4.  a  pag. 
26.  e  27. 

Soneto  a  ElRey  N.  Senhor  em  a  morte  da 
Serenijftma  Senhora  Infanta  D.  Francifca  fua 
Irmãa,  e  hum  Komance  Herotco  a  ejle  ajfumpto. 
Sahiraõ  na  Colleçaõ  3.  das  Poesias,  que  fe  Ji- 
^eraõ  à  morte  defla  Senhora.  Lisboa  por  Mi- 
guel  Rodrigues.    1736.   4.   a   pag.    i.   e   27. 

Romance  Heróico,  que  principia  Agora  Sa- 
cra Euterpe  o  pleãro  ajina  em  aplauzo  de 
Félix  da  Sylva  Freyre  em  o  feu  Pamafo  Fef- 
tivo,  e  hum  Soneto,  que  começa  FJJe  Ceo 
de  Bernardo   Refulgente, 

Soneto  em  aplaudo  da  Hiforia  Romana  tra- 
du!(ida  de  France:^  na  lingua  Portuguev^a  por 
Manoel  Pereira  da  Cofia.  Lisboa  por  Antó- 
nio Ifidoro  da  Fonceca.   1743.   8. 

Soneto  em  loiwor  de  loaÕ  António  Garrido. 
compondo  Taboada  Curiofa.    Lisboa.  1743.  4- 

Maré  Marianum  Elogio  a  Maria  Santif- 
fima  na  Allegoria  de  mar,  que  coníla  de 
todo  o  género  de  Verfos.  M.   S. 

Poei^ias  varias  Latinas  foi.  M.   S. 

Poet(ias  varias  Vulgares,  foi.  M.  S. 

Fr.  INNOCENCIO  BORGES  natural 
da  Villa  da  Alhandra  do  Patriarchado  de 
Lisboa  Monge  Cifterdenfe  em  o  Real  Con- 
vento de  Santa  Maria  de  Alcobaça,  e  mui- 
to verfado  no  eftudo  da  Sagrada  Efcritura 
compondo   com  grande  difvdo. 

Sacra  Pa^na  Concordantia,  M.  S.  | 

Conferva-fe  na  Livraria  de  Alcobaça. 

Fr.  lOACHIM  DO  AMEAL  cujo  ap- 
pellido  denota  o  lugar  do  feu  nadmen- 
to,  que  he  a  Freguezia  de  S.  lufto  do 
Termo  da  Cidade  de  Coimbra,  Monge  Cif- 
teidenfe    cujo    habito    profeflbu    no    Real 


L  USITANA. 


553 


L 


Convento  de  Alcobaça  muito  perito  na  li- 
ção dos  Santos  Padres,  e  Sagrados  Expo- 
íitores.     Efcreveo. 

Sermones  Dominicarum.  foi.  Aí.  S. 


D.  lOACÍHM  DE  SANTA  ANNA  fi- 
lho do  Doutor  loaõ  Bernardes  de  Moraes 
Phyfico  mór  do  Reyno,  e  D.  Ignes  Rufina 
da  EftrcUa,  irmaõ  do  Doutor  Dionifio  Ber- 
nardes de  Moraes  Prelado  da  Santa  Igreja 
Patriarchal  de  quem  fe  fez  memoria  em 
feu  lugar,  naceo  em  Lisboa  a  14  de  Setem- 
bro de  1692.  e  recebeo  o  habito  de  Cóne- 
go Regrante  em  o  Moileiro  de  S.  Vicente 
de  fora  a  7  de  Abril  de  17 10.  A  vaítíflima 
notícia  das  letras  humanas,  e  de  toda  a  eru- 
dição fagrada,  e  profana  em  que  he  fum- 
mamente  perito  lhe  conciliarão  a  mayor  ef- 
timaçaõ  cm  a  Corte  de  Madrid,  ou  fofle 
orando  nos  púlpitos,  ou  metrificando  nas 
Academias  fendo  venerado  por  hum  dos 
mais  infignes  Poetas  do  feu  tempo  pela  fub- 
tileza  dos  penfamentos,  e  cadencia  das  vo- 
zes cuja  bem  merecida  fama  conferva  de- 
pois, que  fe  reítítuhio  à  pátria;  de  taõ  di- 
vina Arte  produzio  os  feguintes  frutos. 

Breve  defcripcion  de  la  entrada  que  Jus  Ma- 
gefiades  y  Altet^as  I^uv^itanas  hiv^eron  por  el  rio 
Tajo  a  la  Corte  de  lAshoa  el  dia  12  de  Fe- 
brero  de  1729.  Madrid  por  António  Sanz. 
1729.  4.  Coníla  de  hum  Romance  Endeca- 
fyllabo  de  125  coplas,  e  hum  Epigramma 
Latino. 

Defcripcion  de  la  illuftre  Villa  de  Bil- 
hão. Confta  de  48.  Outavas.  Bilbao.   1735.4. 

Inmdacion  de  la  Villa  de  Bilhão  milagro- 
Jamente  libertada  por  intercejfíon  de  Maria 
Santijfima  de  Begotla.  Dedicado  ai  Excellen- 
tijfimo  S.  Conde  de  Haro  Gentilhomhre  de  la 
Camará  de  Su  Magefiad  Catholica.  Madrid.  4. 
fem  anno  da  impreílaõ.  Coníla  de  50  Ou- 
tavas. 

Romance  Heróico  em  aplaur^o  do  author 
da  Bibliotheca  iMJitana.  Lisboa  por  Antó- 
nio  Ifidoro   da    Fonceca.    1741.    foi. 

Romance  Heróico  em  aplauv^  da  Oração 
"Fúnebre,  que  pregou  o  Padre  Fr.  Francifco 
Xavier  de  Santa  Theret(a  nas  Exéquias  do 
Emperador    Carlos    VJ.      Sahio    no    princi- 


pio deíla  Oraçaõ.  Lisboa  na  Offidna  Al- 
meydiana.     1742.     4. 

Sermàõ  de  S.  JoaÕ  Nepomuceno  Protomar- 
fyr  do  Ji^llo  pregado  na  fua  l^eja  dos  Reli- 
giofos  de  Santa  Tere!(a  no  terceiro  dia  da  fua 
Novena  de  tarde.  Lisboa  por  Miguel  Ro- 
drigues Impreííor  do  EmniinentilTimo  Car- 
dial     Patriarcha.      1746.      4. 

Poer^ias  varias,  y  Proíbas  Caftelhanas.  4.  2. 
Tom.  M.  S.  Confervaõ-fe  em  poder  de 
lozé  Viâorino  Holbeche  Fidalgo  da  Caza 
Real  Efcrivaõ  dos  Filhamentos,  Sobrinho 
do  Author. 

Pro:(as  y  Poet^ias  Caflelhanas.  3.  Tom.  4. 
Af.  S.  que  em  Caílella  paíTaraõ  a  diverfas 
maõs. 

Anatomia  critica  à  vida  de  Santo  Antotm 
Ahhade    efcrita    em    Outavas.     M.    S. 

lOACHIM  ANTÓNIO  DA  ROSA 
filho  de  loaõ  da  Sylva  de  Carvalho,  e  Ma- 
ria lofepha  da  Rofa  naceo  na  Villa  de  San- 
tarém a  2  de  lulho  de  171 2.  e  foy  bautí- 
zado  na  Parochial  Igreja  de  NoíTa  Senhora 
de  Marvilla  a  10  do  dito  mez  e  anno. 
Naõ  fomente  pela  natureza  foy  irmaõ  de 
Fernando  António  da  Rofa  de  quem  fe 
fez  memoria  em  feu  lugar,  mas  em  a  arte 
Poética  fendo  emulo  da  fua  metrificação 
em  diverfos  aíTumptos  aflim  heróicos,  como 
lyricos  dos  quais  fe  podia  formar  hiim  vo- 
lume, dignos  certamente  da  luz  publica 
que    unicamente    lograrão    os    feguintes. 

Três  Sonetos  em  aplau:(p  do  Padre  D.  Ra- 
fael Bluteau  Cler.  Reg.  que  fahiraõ  a  pag. 
68.  e  iio.  do  Obfequio  Fúnebre  dedicado  à 
faudofa  memoria  do  dito  Padre.  Lisboa  por 
lozé  António  da  Sylva   1734.   4. 

Três  Sonetos  à  morte  da  SereniJJima  Se- 
nhora Infanta  D.  Francifca.  Sahiraõ  a  pag. 
15.  e  16.  dos  Sentimentos  Métricos  a  efte 
aílumpto.  Collec.  2.  Lisboa  por  Miguel 
Rodrigues.    1736.    4. 

Soneto  à  morte  da  Sereniffima  Senhora  D. 
Francifca.  Sahio  a  pag.  2.  dos  Sufpir. 
faudos.  2l  efte  aflumpto  Lisboa  pelo  dito 
ImpreíTor.      1736.      4. 

Soneto  em  aplau^^p  do  Doutor  Caetano 
lot(é  da  Sylva  Sottomayor.  Sahio  nos  Fpi- 
cedios  à  morte  da  Sereniffima  Senhora  Infanta 


554 


BIBLIO THE  CA 


D.    Francifca    compoftos    por    cllc.     Lisboa 
por  Manoel  Rodrigues.    1736.  4. 

lOACHIM  FEYO  SERPA  com  efpirito 
devoto  publicou. 

Fiel  Defpertador  de  exercidos  quotidianos, 
e  devoçoens  oportunas,  e  conducentes  para  efpe- 
ciaes  horas,  dias,  e  tempos  tiradas  de  "Vários 
livros.  Lisboa  na  Ofíícina  Auguftiniana 
1754.  12. 

Fr.  IOACHIM  DE  S.  lOZE  PIMEN- 
TA. Naceo  em  Lisboa,  e  na  Parochial 
Igreja  de  N.  Senhora  da  Conceição  rece- 
beo  a  graça  bautifmal  a  3  de  Abril  de  1707 
fendo  filho  de  Domingos  Fernandes  Cief- 
po,  e  D.  Bri2ida  Maria  da  Encarnação  Pi- 
menta. Aprendendo  no  CoUegio  de  S.  An- 
tão letras  humanas  compunha  com  tanta 
elegância  em  verfo,  e  efcrevia  com  tanta 
pureza  em  proza,  que  era  admirado  por  in- 
comparável o  feu  talento.  Na  idade  de 
doze  annos  frequentou  Filofofia,  e  Theolo- 
gia  no  real  Convento  de  S.  Domingos  de 
Lisboa,  e  depois  de  gaílar  íinco  annos  ou- 
vindo eílas  faculdades  paflbu  à  Univerfidade 
de  Coimbra  para  eíludar  Direito  Pontifício 
porem  impedido  por  huma  grave  infermi- 
dade,  que  padeceo  no  primeiro  anno  que 
fc  recolhia  de  Coimbra  para  a  fua  pátria  re- 
cebeo  o  habito  da  Ordem  Terceira  da  Peni- 
tencia cm  o  Convento  de  N.  Senhora  de 
lESUS  a  18  de  lunho  de  1724.  Segimda 
vez  fe  aplicou  ao  eíhido  da  Filofofia  em  o 
Collegio  de  S.  Catherina  da  Villa  de  Santa- 
rém, e  da  Theologia  em  o  Collegio  de  S. 
Pedro  da  Univerfidade  de  Coimbra  onde 
depois  diftou  com  aplauzo  eftas  Faculda- 
des fendo  admetido  ao  numero  dos  Douto- 
res Theologos  em  a  mefma  Univerfidade 
a    22   de   Mayo   de    1735.     Publicou. 

Oração  fúnebre  patética,  hijtorica,  e  enco- 
miajlica  recitada  nas  Exéquias  que  ao  Emmi- 
nentifmo,  e  Keverendijftmo  Senhor  D.  Fr.  An- 
tónio Manoel  de  Vilhena  GraÕ  Mejlre  da  Ordem 
de  Malta,  e  milicia  da  Sacada  KeligiaÕ  de 
S.  loaõ  Baptijia  do  Hofpital  de  lerufalem,  e 
Santo  Sepulchro  do  Senhor,  Príncipe  de  Mal- 
ta, Khodes,  Go^o,  e  Quemona  em  o  Con- 
vento  de   N.   Senhora  de  le/us  de   Lishoa  aos 


jS  de  Março  de  1737.  Lisboa  por  Miguel 
Rodrigues  Impreííor  do  EmminentiíTimo 
Senhor    Cardial    Patriarcha.    1738.    4. 

IOACHIM  LEOCADIO  de  FARIA 
natural  de  Lisboa  Ajudante  de  hum  dos 
Regimentos  da  Corte  de  que  he  Coronel 
o  Excellenti/Timo  Conde  de  Coculim.  O 
exercício  das  armas  lhe  naõ  impedio  o 
comercio  das  Mufas,  que  fempre  experi- 
mentou propicias  para  todo  o  género  de 
metros,  que  concebeo  o  feu  Enthufiafmo, 
dos  quais  fendo  grande  a  copia  unicamente 
fe  fizeraõ  públicos  pelo  beneficio  da  im- 
preíTaõ    os    feguintes. 

Aveiro  obfequiofo,  ou  Relação  métrica  das 
fejlas  que  na  nobre  Villa  de  Aveiro  ji:reraõ 
Jeus  moradores  em  aplaur^o  de  ver  reftituido  o 
feu  dominio  ao  mais  legitimo  herdeiro  dos  Jeus 
antigos  Duques.  Lisboa  por  Pedro  Ferreira 
ImpreíTor  da  SeriniíTima  Rainha  NoíTa  Se- 
nhora 1734.  4.  Coníla  de  hum  Romance 
Heróico  de  73   Coplas. 

Quatro  Sonetos,  o  i.  pag.  20.  o  2.  a  pag. 
168.  e  o  3.  a  pag.  103.  e  o  4.  a  pag.  168. 
do  Obfequio  Fúnebre  dedicado  à  faudofa  memo- 
ria do  Reverendifimo  P.  D.  Rafael  Bluteau 
Clérigo  Regular,  e  hum  Romance  Endecafyl- 
labo  a  pag.  69.  Lisboa  por  lozé  António 
da  Sylva  1734.  4.  Sendo  Secretario  da  Aca- 
demia dos  Aplicados  publicou  efta  colleçaõ 
de  Obras  poéticas,  e  Oratórias,  e  a  dedicou 
ao  Reverendiífimo  P.  D.  Manoel  Caetano 
de  Souza  Clérigo  Regular  ProcomiíTario 
da  Bulia  da  Cruzada,  e  Cenfor  da  Acade- 
mia  Real. 

Dous  Sonetos  à  morte  da  Serenijftma  Se- 
nhora Infanta  D.  Francifca.  Sahiraõ  em  os 
Sentimentos  Métricos  a  efle  fúnebre  AJfumpto. 
Colleçaõ  I.  a  pag.  11.  Lisboa  por  Miguel 
Rodrigues      1736.      4. 

Na  fepultura  do  Excellentijfimo  Senhor 
D.  Francifco  Xavier  de  Menet(es  Conde  da 
Ericeira.  &c.  Soneto,  foi.  fem  lugar  nem 
anno   da  ImpreíTaõ. 

IOACHIM  ROBERTO  DA  SYLVA 
natural  de  Lisboa.  Traduzio  da  lingua 
Caílelhana  em  a  materna,  c  addicionou 
a   Relação   do  plaufivel   triumfo   do   Sacra- 


L  USITANA. 


555 


mento    compoílo    por    líidoro    Vekfquez    a 
qual  publicou  com  efte  titulo. 

Relação  da  folemne  ProciJfaÕ  do  Corpo  de 
Deos,  que  aos  z  de  Setembro  de  1582.  fet^ 
a  Irmandade  do  Santijjimo  Sacramento  da  Fre- 
guer^a  de  S.  JuliaÕ  defia  Cidade  em  acçaÕ  de 
graças  pela  Vitoria  que  as  noffas  Armas 
alcançarão  no  mefmo  tempo  da  Armada  Fran- 
ce:(a  extrahida  de  algumas  memorias  Aí.  S. 
e  fidediffias  daquelle  tempo,  e  de  hum  livro 
compofto  na  lingua  Cajlelhana  por  Ifidoro  Va- 
la/quet^,  e  agora  novamente  traduzida,  e  acre- 
centada.  Lisboa  por  lozé  António  da  Syl- 
va.   1731.  4. 

Sor.  lOANNA  BAPTISTA  natural  da 
Villa  de  Campo  mayor  em  a  Provinda 
Tranílagana  filha  de  D.  loaõ  de  Menezes, 
e  D.  Magdalena  da  Sylva  filha  de  Luiz  da 
Sylva  de  Menezes  Capitão  de  Tangere,  e 
irmãa  de  D.  Manoel  de  Menezes  General 
da  Armada  Real,  Chroniíla  mór  do  Reyno 
de  quem  fe  fará  larga  mençaõ  em  feu  lugar. 
Na  idade  de  18  annos  fe  defpozou  com  o 
Divino  Cordeiro  em  o  celebre  Convento 
de  S.  loaõ  das  Maltezas  fituado  em  a  Villa 
de  Eílremòs,  onde  pela  fua  grave  prudên- 
cia, e  natural  afabilidade  exercitou  o  lugar 
de  Prioreza.  Para  perpetuar  as  açoens  das 
Religiofas,  que  tinhaõ  florecido  cm  virtu- 
des    naquella     obfervante     Caza     efcreveo. 

Memorias  do  Convento  de  S.  JoaÕ  da  Ordem 
militar  de  Malta  fituado  em  Fftremós.  M.  S. 
Defta  obra  faz  mençaõ  Cardozo  Agiol.  hufit. 
Tom.  I.  pag.  540.  no  Coment.  de  7.  de  Fe- 
vereiro letr.  F.  e  Tom.  2.  pag.  771.  no 
Comment.   de   30   de  Abril.   letr.    G. 

lOANNA  DA  GAMA  Naceo  em  a 
Villa  de  Viana  do  Alentejo  de  Pays  no- 
bres quais  eraõ  Manoel  Cafco,  e  Filip- 
pa  da  Gama.  Como  fe  viíTe  livre  do  vin- 
culo conjugal  por  morte  de  feu  marido 
com  quem  fora  cazada  anno  e  meyo  anhe- 
lando  a  eílado  mais  perfeito  fundou  na 
Cidade  de  Évora  hum  Recolhimento  in- 
titulado do  Salvador  do  Aíundo  onde  re- 
colhida com  algumas  companheiras  de 
que  eraõ  as  principaes  Catherina  de  Aguiar, 
■e   Brites    Cordeira   obfervavaõ   a   Regra   de 


S.  Francifco  fendo  feus  Diredores  os  filhos 
defte  grande  Patriarcha.  Ao  tempo,  que  ef- 
perava  da  benevolência  do  Cardial  D.  Hen- 
rique eílabilidade  para  o  novo  edificio  foy 
demolido  por  fua  ordem  para  mayor  ex- 
tençaõ  do  Collegio  dos  Padres  lefuitas 
ordenando  ás  Recolhidas  foíTem  viver  em 
caza  de  feus  parentes  atè  lhe  fundar  ou- 
tra habitação.  Com  exceíTivo  fentimen- 
to  deixou  loanna  da  Gama  o  lugar,  que 
o  feu  efpirito  elegera  para  fe  dedicar 
a  Deos  faUecendo  a  21  de  Setembro 
de  1586.  laz  fepultada  na  Igreja  da  Mi- 
fericordia  de  Évora  em  fepultura  própria. 
Compoz. 

Diãos  diverfos  poftos  por  ordem  de  Alfa- 
beto com  mais  algumas  Trovas,  Yilhancicos, 
Sonetos,  Cantigas,  e  Romances  em  que  fe  con- 
tem Sentenças,  e  avií^os  notáveis.  Évora  por 
André    de    Burgos    1555.    8. 

D.  lOANNA  lOSEFA  DE  MENEZES 
terceira  CondeíTa  da  Ericeira  filha  de  D. 
Fernando  de  Menezes  fegundo  Conde  da 
Ericeira,  Confelheiro  de  Eílado,  e  guerra 
delRey  D.  Pedro  11.  feu  Gentilhomem  da 
Camará,  Regedor  das  luftiças,  e  Capitão 
General  de  Tangere,  e  de  D.  Leonor  Fi- 
lippa  de  Noronha  Dama  da  Raynha  D. 
Luiza  filha  de  Fernaõ  de  Saldanha  Com- 
mendador  de  S.  Martinho  de  Santarém, 
e  Governador  Capitão  Geral  da  Ilha  da 
Madeira,  e  de  D.  loanna  de  Noronha  fi- 
lha herdeira  de  D.  Manoel  de  Souza,  Se- 
nhora do  Morgado  da  Azinhaga,  fahio 
à  luz  do  mundo  em  Lisboa  a  15  de  Se- 
tembro de  165 1.  para  novo  efplendor  da 
fua  illuífare  Caza.  Aprendeo  os  princípios 
da  lingua  Latina  com  o  Padre  António 
de  MeUo  da  Companhia  de  lESUS,  e  de 
feus  Pays  ouvio  as  inílruçoens  dos  idio- 
mas Italiano,  Francez,  e  Efpanhol,  que 
fallou  com  expedição,  e  efcreveo  com 
pureza,  e  elegância.  Igualmente  foy  exer- 
citada nos  preceitos  da  Rhetorica,  e  da 
Poética  em  cuja  Arte  voou  o  feu  efpirito 
com  tanta  elevação  ao  cume  do  ParnaíTo,  q 
a  venerarão  por  fua  Prefidente  as  nove 
Mufas,  fendo  os  feus  Verfos  elegantes, 
difcretos,    cadentes,    e    fentenciofos.     Aífim 


556 


BIBLIO THE  CA 


como  a  natureza  a  fez  única  em  a  fcien- 
cia  permitio,  que  também  o  foííe  em  a 
fuceflaõ  da  fua  Caza  defpozando-fe  como 
herdeira  delia  com  feu  Tio  D.  Luiz  de  Me- 
nezes terceiro  Conde  da  Ericeira,  que  igual- 
mente eternizou  o  feu  nome  na  paleftra  de 
Marte,  que  na  Aula  de  Minerva.  Deíle 
illuílre  conforcio  naceraõ  D.  Francifco  Xa- 
vier de  Menezes,  e  D.  Maria  Magdalena 
de  Menezes  perfeitas  copias  de  taõ  iníignes 
Originaes  onde  a  perfpicacia  do  juizo  fe  vio 
competida,  e  o  eíhido  das  Artes,  e  fciencias 
excedido.  Entre  as  Damas  do  feu  tempo 
mereceo  lograr  felifmente  imidas  os  raros 
indultos  de  fermofa,  e  difcreta  com  que  fem 
o  dezar  da  vaidade  infeparavel  companheira 
daquelles  dotes  conciliava  as  atençoens  dos 
dous  mais  nobres  fentidos.  Conhecendo  a 
Mageílade  da  Raynha  da  Gram  Bretanha  a 
Senhora  D.  Catherina  as  virtudes  de  que 
era  ornada  a  nomeou  fua  Camariíla  em  o 
anno  de  1695.  e  pelo  efpaço  de  dez  que 
teve  eíle  emprego  foy  fummamente  eílimada 
por  aquella  Princeza  confiando  da  fua  pru- 
dente direção  graves  negócios  no  tempo, 
que  governou  eíla  Monarchia  por  auzen- 
cia  de  feu  irmaõ  ElRey  D.  Pedro,  os  quais 
conferia  com  os  Miniílros  Eílrangeiros 
nas  fuás  próprias  linguas.  Naõ  recebeo 
menor  eítímaçaõ  da  Sereni/Tima  Raynha  D. 
Maria  Francifca  Izabel  de  Saboya  com  quem 
teve  comunicação  por  cartas  efcritas  na 
lingua  Franceza  aífim  em  profa,  como  em 
Verfo.  Sem  faltar  ao  governo  domeftico 
confumia  grande  parte  do  tempo  na  liçaõ 
da  hiftoria  antigua,  e  moderna;  dos  Poetas 
Latinos,  e  vulgares,  e  outros  authores  de 
diverfas  Faculdades  com  que  illuftrava  o 
entendimento,  e  enrequecia  a  memoria. 
Acometida  de  hum  accidente  de  parleíia 
bufcou  para  remédio  os  banhos  das  Cal- 
das donde  voltou  com  alguma  lezaõ  con- 
fervando  fempre  vigorofo  o  juizo  até  que 
oprimida  de  huma  apoplexia  em  o  Conven- 
to de  Santa  Clara,  que  lhe  permitio  fazer 
confifTaõ  geral  de  feus  pecados,  efpirou  com 
finaes  de  predeftinada  a  26.  de  Agofto 
de  1709.  quando  contava  58  annos  de 
idade.  laz  fepultada  na  Capella  mór  do 
Convento  da  Annunciada  de  Rcligiofas  Do- 

k 


minicas    Padroado    da    fua    Excellentiffima 
Caza.      Celebraõ    o    nome    deíla    clariíTima 
Heroina    feu    filho    D.     Francifco    Xavier 
de  Menezes  4.  Conde  da  Ericeira  na  Hen- 
riquiada    Cant.     V.     Out.     79. 
Filho  fera   de   huma    divina    Mu/a 
Que     dos     Heroes    herdando     alta    grandeza 
Unto  Aonia  na  Hipocrene  iMja 
Virtude,  diferirão,  /ciência,  bellev^a. 
Damiaõ  Froes  Pirim  aliás  Fr.  loaõ  de  S. 
Pedro    Theatr.    Heroin.    Tom.    i.    pag.    486. 
Celebrou,   e   conheceo   ejle  noffo  feculo  para  en- 
veja   dos  paffados,   e   futuros,   a  fempre   illujlre 
Heroina    D.    Joanna    lofefa    de    Menev^es.     D. 
António    Caetano    de    Souza    Hiji.    Gen.    da 
Ca:;^.   Real  Portug.   Tom.    5.   pag.    372.     Foy 
dotada  de  ff^ande  fermofwa,   e  admiráveis  par- 
tes, muy  difcreta,  e  erudita  como  jufiificaò  varias 
compojiçoens  fuás,   e  os  feus  verfos.     O   Padre 
António    dos    Reys    Enthuf    Poet.    n.    274. 
Thefpiadum  Joanna  choro  dabat  inclyta  leges, 
Et   graviore  fono    quàm   poffet  femina   pi- 

gros 
Surgere     mortales    extrema    in    prcelia,    fo- 

mno 
Admonet    excujfo:    Mufas    habmffe    Ma^f- 

trum 
Doãoremque    pudet     Phabum,     nec     concipit 

iras 
Ob  prarepta  Jibi    regalia  fceptra    Poejis 
Ipfe,  fed   ingenue    viííum  fe  faffus   ab    iUá, 
Ple£ira    dedit  fuerant    qua    quondam    injignia 

fummi 
Prajidis    atque   graves    tacita    tejludine    latus 
Arre£ta    bibit    aure  fonos,    gaudetque    doceri 

Compoz. 

Defpertador  ai  Suem  de  la  vida  en  vo^ 
de  un  advertido  defengaHo.  Lisboa  por  ^ía- 
noel  Lopes  Ferreira.  1695.  4.  Confta  de 
trezentas  Outavas  elegantiíTimas.  Publi- 
cou eíla  obra  em  nome  de  Apollinario 
de  Almeyda  feu  criado.  Traduzio  da  lin- 
gua   Franceza    em    a    materna. 

Keflexoens  fobre  a  Mifericordia  de  Deos 
em  forma  de  Solilóquios  por  huma  peccadora 
arrependida  compoflas  em  Francês  por  Sor 
Ljéi^a  da  Mifericordia  Carmelita  Defcalfa 
no  feculo   htdi^a   Francifca  de  la  Beaume  Le- 


li 


L  USITAN A. 


557 


I^lanc  Duquesa  de  Valiere,  e  de  Vaugour, 
imprejfas  em  Part^.  1680.  e  íradu^idas  em 
Portuguei(_.  Lisboa  por  Miguel  Deslandes 
1694.  8.  A  excellente  Traduftora  alem 
da  Dedicatória  a  SereniíTima  Rainha  da 
Gram  Bretanha,  e  do  Prologo  acrecen- 
tou    diverfas    couzas    às    ditas    Reflexoens. 

Paneg  yrico  ao  governo  da  Serenijftma  Se- 
nhora Duquet(a  de  Saboja  Maria  loanna  Ba- 
ptifia  de  Sabqya  recitado  pelo  Ahbade  de  fua 
AJtet(a  Keal  na  Academia  de  Turim  aos  13 
de  Majo  de  1680.  dia  antecedente  ao  em  que 
tomou  poffe  do  governo  fua  Altet^a  Keal  o 
SereniJJimo  Senhor  Duque  de  Sabqya  Príncipe 
■de  Piamonte  Key  de  Chipre.  Dedicado  ã  Kai- 
nha  D.  Maria  It^abel  de  Sabqya.  Lisboa 
por  loaõ  Galraõ  1680.  4. 
Obras  M.  S. 

Vida  de  Santo  Agojlinho  com  varias  refle- 
xoens. foi. 

Poema  fúnebre  á  morte  da  Rainha  D. 
Maria  Francisca  Isabel  de  Saboja.  Coníla 
<le  100.  Outavas. 

Cartas  France:(as  á  Rainha  D.  Maria 
Francifca  de  Sabqya,  e  outras  Peffoas  llluf- 
ires.  4. 

Triumfo  das  Mulheres,  tradur^ido  de  Fran- 
ges, e  illujlrado. 

Difcurfos  Académicos,  e  Moraes  com  huma 
Novella  Allegorica.  4. 

Cartas    Familiares    a    varias    Senhoras    i. 

P.  4. 

Cartas  Familiares  2.  P.  4. 

Obras    Poéticas    Francesas,    e    Italianas.    4. 

Obras    Poéticas    Hefpanholas     i.     P. 

Obras  Poéticas  Efpanholas  que  contem 
duas  Comedias  intitulada  a  i  Divino  Impé- 
rio de  Amor.  e  a  2.  El  duelo  de  las  fi- 
nezas; dous  Autos  Sacramentaes,  e  outras  obras 
de  Theatro.  2.  P.  4. 

Obras  Poéticas  Efpanholas  que  contem  a 
Fabula  de  Andromeda,  e  Perfeo  em  finco  can- 
ios.  P.  3,  4. 

Obras     Poéticas     Portuguesas.     4. 

Todas  eílas  obras  M.  S.  fe  confervaõ 
na  Livraria  do  Excellentiflimo  Marquez 
do    Louriçal    bifneto    da    Authora. 

D.  lOANNA  MARGARIDA  DE 
CASTRO.     Naceo    em    o    anno    de    1634. 


na  Quinta  do  íitío  de  N.  Senhora  da  Luz 
diftante  huma  legoa  de  Lisboa  onde  viviaõ 
feus  illuífares  Pays  Luiz  Gomes  da  Mata 
Coronel,  Fidalgo  da  Caza  de  fua  Magef- 
tade,  Correyo  mòr  do  Reyno,  e  D.  Vio- 
lante de  Caibro  defcendente  da  grande  Ca- 
za dos  Condes  de  Monfanto.  Logo  na  pri- 
meira idade  deu  claros  indícios  do  fublime 
engenho  de  que  prodigamente  a  dotara 
a  natureza  aíTim  na  agudeza  das  repoftas, 
como  na  comprehenfaõ  das  fciencias.  Or- 
nada de  igual  fermofura  no  corpo,  que 
no  efpirito  fe  diítínguio  com  exceíTo  entre 
as  Senhoras  que  floreceraõ  no  feu  tempo 
fendo  aplaudida  pelas  peíloas  da  primeira 
lerarchia  affim  na  qualidade  como  na  erudi- 
ção que  com  goíloza  ufura  pertendiaõ  a 
fua  difcreta  converfaçaõ.  Repetidas  vezes 
era  vizitada  pelo  infigne  P.  António  Vieira 
Oráculo  da  eloquência  Ecclefiaftica  para 
ouvir  a  elegância  com  que  fallava,  e  a  pro- 
fundidade com  que  difcorria.  Recebeo  par- 
ticulares favores  da  SereniíTima  Senhora  Prin- 
ceza  D.  Izabel  jurada  herdeira  defte  Reyno, 
e  filha  do  AuguíliíTimo  Rey  D.  Pedro  II.  dedi- 
candolhe  em  retribuição  de  taõ  declarado 
affefto  grande  parte  das  fuás  Poezias  em  que 
a  fineza  dos  penfamentos  competia  com  a  ma- 
geílade  do  aíTumpto.  Ainda  que  foy  perten- 
dida  de  muitos  Cavalheiros  para  efpoza  prefe- 
rio  com  judiciofa  eleyçaõ  o  celibato  ao  matri- 
monio deixando  a  fua  pofteridade  eterniza- 
da nas  fuás  obras  que  geradas  pelo  feu 
efpirito  fempre  viviraõ  izentas  da  jurifdi- 
çaõ  do  tempo.  Preparada  com  todos  os  Sa- 
cramentos partio  da  vida  mortal  para  a 
eteriu  em  25  de  Março  de  171 4.  laz  fepul- 
tada  na  Capella  mòr  do  Convento  de  Santo 
António  da  Cruz  da  pedra  diílante  huma  le- 
goa de  Lisboa  de  que  he  padroeira  a  fua 
Caza.  Paliados  alguns  annos  fe  achou  in- 
corrupto o  feu  Cadáver  quando  foy  dado  à 
fepultura  feu  irmaõ  Manoel  de  Souza  Cou- 
tinho donde  fe  infere  a  bemaventurança 
da  fua  alma.  Compoz  com  fublime  enthu- 
fiafmo. 

Poefias  varias  Portuguesas,  e  Caflelhanas. 
Delias  fez  huma  Colleçaõ  fua  irmãa  D. 
Maria  Magdalena  de  Caibro,  e  querendo 
feu  fobrinho   Luiz  Vitorio   de   Souza   Cou- 


558 


BIBLIO  THE  C  A 


tinho  imprimillas  as  mandou  ordenar  em 
fuás  claíTes  por  loze  Freyre  de  Monter- 
royo  Mafcarenhas  bem  conhecido  por  fua 
vaíla  erudição,  e  fe  efpera  que  brevemente 
fahiraõ  à  luz  publica,  que  merecem.  O  P. 
António  dos  Reys  En/òujia/m.  Poet.  n.  276. 
a    louva    com    eílas    métricas    vozes. 

^íagdala  Sapphus 

JEmula  jlat    lyrtcos    inter    non    ultima    Vates, 
"Et  petit  ã   Phabo,  juheat  fua  carmina  promi, 
Qua   dum   luce  frui  licuit,   nimis  uhere  vená 
Ingenium    totá    L.jfiá    mirante    profuàit. 


lOANNA  VAZ  natural  da  Gdade  de 
Coimbra  filha  do  Licenciado  loaõ  Vaz, 
e  irmaã  do  Doutor  António  Vaz  Cónego 
Magiílral  da  Sé  de  Coimbra  em  que  foy 
provido  a  29  de  Outubro  de  1575.  Foy 
Aya,  e  Meílra  da  lingua  latina  da  Sere- 
niíTima  Infanta  D.  Maria  filha  dos  auguf- 
tiíTimos  Monarchas  D.  Manoel,  e  D.  Leo- 
nor. Nos  idiomas  Latino,  Grego,  e  He- 
braico foy  peritiíTima  efcrevendo  nelles  à 
Santidade  de  Paulo  IIL  do  qual  recebeo 
repoíla  com  admiração  do  fummo  Paf- 
tor  da  Igreja.  Interpretava  aos  Poetas  com 
grande  erudição  fendo  igualmente  douta 
na  liçaõ  dos  Hiftoriadores.  Cazou  com 
Fernaõ  Alvres  da  Cunha  defcendente  de 
nobre  geração.  Em  feu  aplaufo  fe  ocupa- 
rão diverfos  Efcritores  aífim  em  profa, 
como  em  verfo,  como  faõ  Souza  de  Ma- 
ced.  ¥lor  de  Efpan.  cap.  8.  excel.  9.  Fr. 
Luiz  dos  Anjos  Jardim  de  Portug.  p.  131. 
Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  2.  p.  340. 
col.  2.  onde  erradamente  lhe  chama  Anna. 
Gil  Gonzalu.  de  Avil.  Hifl.  de  Saiam.  liv. 
3.  cap.  22.  Fr.  Francifco  de  Nativid.  he- 
ttit.  da  Dòr.  p.  308.  e  310.  André  de  Re- 
fende  Epiflol.  ad  D.  Emman.  filiam  loan. 
IIL  Soror.  Alariam  Princip.  erudit. 
Porro    autem     Comitum,     qua   jam     maturior 

avi 
Carminibus  tibi  nota   ttds  efl    VASIA,   cujus 
Ut    fileam     mores,     inculpateque    pwentam 
Haãenus    exaítam    laus    efl    ea    ma^a,    quòd 

atila 
Dux  bona  virginibus  Latias  praluxit  ad  artes. 


Cujos  Verfos  felifmente  traduzio  cm  Caf- 
telhano  D.  Manoel  de  Salinas,  y  Lizana. 
Cónego  da  Cathedral  de  Huefca,  e  fe  lem 
impreífos  na  Vida  da  Inf  D.  Maria  com- 
porta por  Fr.  Miguel  Pacheco  foi.  140.  v.** 

Buelve  a  mirar  aora  dejfas  Damas 

La  que  el  afpeão  más  anciana  mueflra, 

Aquien  por  fer  tan  dieflra, 

En  verfos  tu  conoces: 

Vafia  digo  la  injigne,  y  eloquente 

De  quien  {callando  de  fu  edad  lui(iente 

La  vida  más  loable, 

lubentud  en  cojiumbres  inculpable) 

Solo  quiero  det^irte  en  fu  alabança 

Que  tanta  erudicionfu  ingenio  alcança, 

Que  Maejlra  en  Palácio. 

De  las  artes  de  Lacio, 

Varon  en  génio,  fi  en  las  canas  dueOa, 

De   la   Infanta   a   las   Damas   les   enfena. 

Ayres    Barbofa    Epiç^amat.    foi.    37.    v.<* 

Qtns   te   do£iorum   noftris  putet   ejfe   loanna 

In  terris  ortam  qua  tua  f cripta  lefft? 
Te  vel  in   Exquiliis  natam,   media  ve  Suburra 

Urbs    te    Komanam    vendicet     alta     Ròemi. 
Tam     comptum,     tam     dulce    Jtmul    componis, 
<ò'  ipfa 

Qua   neãis   latio   verba   lepore  fluunt. 
Barbárie    in    tanta,    qua    vix    exculta    virorum 

Qua    tua    virgo   ftát    lingua    diferta    modo? 
Nunc  doleo  quod  cum  potuijfem  vifere;  vifi 

Non  te  cum  veflra  nuper  in  urbe  fui. 
Nam  quo  deleâor  calamo  Jucundius  ore 

Prafenti  fruerer  colloquioque  tuo. 
Dulcius    efl  pomum,    quod    carpitur    in    arbore 
ipfa, 

Et   magis    ex    ipfo  fonte    bibijfe  Juvat. 
P.     António    dos     Reys    Ejttbuf.     Poet.     n. 
265. 

Vafia  prima  fedet    Lyjia    clarijfimus    Aula 
Splendor,    operta    comas    lauri    viridante    corona 

Pleãra     canora     manu    feriens    fie     dulciter, 
immò 

Poffet    ut    e    pélago    melius    Delphinas    in 
auras 

Vellere,    quàm    vulft    quondam     Citbaradus 
Arion 


\ 


L  USITAN A.  V 


559 


In  fua  damna  feros  cum  vidit  fttrgere  nautas 

Spe  lucri  viãos. 
Alem    das    muitas    obras    Poéticas,    que 
correm    impreíTas,  e    M.     S.    conforme    ef- 
creve    o    author    do    Theafr.    Heroin.    Tom. 
I.    pag,    538.    he    celebre    a 

Epiftola  ad  Sanãijjimum  Paulum  III.  Sum- 
mum  'ExcleJuB  Vajlorem  efcrita  nas  línguas  La- 
tina, Grega,  e  Hebraica,  de  cuja  obra  fazem 
honorifica  mençaõ  Fr.  Ludou.  à  D.  Franc. 
in  Prolog.  Ling.  Sana.  p.  12.  e  Carol.  lozé 
Imbonati  Bíb.  Latin.  Hebraic.  pag.  597. 

lOAÕ  XX,  ou  XXL  em  o  Nome,  e 
entre  os  Summos  Pontífices  Romanos  cen- 
tefimo  oólogeíTimo  fetimo  conforme  a  Chro- 
nologia  do  Erudito  Fr.  Francifco  Pagi  Brev. 
Gefi.  Sumn:.  Pontif.  Tom.  i.  pag.  mihi  241. 
nobilitou  a  Cidade  de  Lisboa  com  o  seu 
nacimento,  e  illuftrou  a  Igreja  Catholica 
com  as  fuás  memoráveis  açoens.  Teve 
por  Pay  a  luliaõ  Rebello  mais  abundante 
dos  dotes  da  graça,  que  dos  bens  da  for- 
tuna do  qual  tomou  por  apellido  o  feu 
nome  chamando-fe  Pedro  luliaõ.  O  nome 
de  Pedro  conferido  no  bautifmo  foy  feliz 
prognoítíco  de  fer  fuceíTor  do  primeiro  Pe- 
■dro  em  a  Cadeira  Pontifical.  Na  celebre 
Univerfidade  de  Pariz  frequentou  os  eftudos 
<k  Dialeétíca,  Aílrologia,  e  Medicina,  e 
em  taõ  diverfas  Faculdades  fahio  confumado 
Meítre  pois  a  viveza  do  engenho,  e  fe- 
licidade da  memoria  lhe  facilitavaõ  a  com- 
prehenfaõ  de  todos  os  mvílerios  fcienti- 
ficos.  Reílituido  à  pátria  com  mayor  nu- 
mero de  merecimentos,  que  de  annos  o 
nomeou  ElRey  D.  Affonfo  III.  Prior  da 
Igreja  de  Mafra  donde  paíTou  a  Deaõ  da 
Cathedral  de  Lisboa,  Thefoureiro  mór  do 
Porto,  Arcediago  de  Vermoim  na  Sé  Pri- 
macial de  Braga,  e  Prior  mór  da  Colle- 
giada  de  Guimaraens.  Ao  tempo  que  fo- 
ra eleito  pelo  Cabbido  de  Braga  fucef- 
íòr  do  Arcebifpado  defta  Igreja  por  mor- 
te de  Martinho  Giraldes  partio  para  o 
Concilio  Lugdunenfe  convocado  por  Gre- 
gório X.  em  27  de  Março  de  1272.  o 
■qual  attendendo  aos  feus  merecimentos 
o  ornou  com  a  Purpura  Romana,  e  a 
•Mitra  Tufculana  em  o  anno   de    1275.   no- 


meando para  credito  da  eleição  por  feus 
companheiros  na  dignidade  Cardinalícia  a 
S.  Boaventura  immortal  gloria  da  Ordem 
Seráfica,  e  a  Fr.  Pedro  de  Tarantafia  claro 
efplendor  da  Religião  Dominicana,  que  de- 
pois fubio  ao  folio  do  Vaticano  com  o 
nome  de  Innocencio  V.  Por  morte  de 
Adriano  V.  foy  aíTumpto  ao  fupremo  Pon- 
tificado da  Igreja  a  13  de  Setembro  de  1276. 
mudando  o  nome  de  Pedro  em  loaõ.  Ele- 
vado ao  cume  da  mayor  dignidade,  que 
venera  o  mundo  Catholico,  aplicou  todo 
o  difvelo  para  confeguir  as  emprezas  mais 
heróicas,  que  igualmente  cedeííem  em  glo- 
riofo  augmento  da  Igreja  como  fatal  ruina 
dos  feus  Antigoniftas.  Para  efte  fim  efcre- 
veo  cartas  circulares,  e  expedio  Embaxado- 
res  a  ElRey  D.  Affonfo  HL  de  Portugal,  a 
FiUppe  chamado  o  Atrevido  Rey  de  Fran- 
ça, e  ao  Emperador  Rodolpho  perfuadin- 
do-lhes  a  que  depoftas  as  contendas,  que 
entre  fi  alimentavaõ,  converteííem  a  poten- 
cia armada  dos  feus  exércitos  contra  o  ini- 
migo conimum  da  Chriílandade.  Com  efte 
fagrado  intento  concedeo  a  Pedro  Hl.  Rey 
de  Aragaõ,  e  a  Guido  Conde  de  Flandres, 
e  Marques  de  Nemurs  as  Decimas  Eccle- 
fiafticas  para  que  o  primeiro  impediíTe  a 
entrada  dos  Mouros  em  Hefpanha;  e  o  fe- 
gundo  marchaíTe  armado  contra  a  Syria. 
Pelas  vozes  de  feus  Legados  fignificou  a 
Abagha  Rey  dos  Tártaros,  que  favorecefe 
os  novos  convertidos  à  Ley  Evangélica,  e 
ao  Emperador  do  Oriente  Manoel  Paleologo, 
que  perfeveraíTe  conftante  na  uniaõ  da 
Igreja  Grega  com  a  Romana  prometida  por 
elle  em  o  Condlio  Lugdunenfe  a  cuja  infi- 
nuaçaõ  obedeceo  reverente,  e  feu  filho 
Andronico  fuceíTor  do  diadema  Imperial. 
Efte  fagrado  ardor,  que  alimentava  no 
peito  para  a  eftabilidade  da  ReUgiaõ  Ca- 
tholica fe  extendia  aos  que  deftinava  para 
feus  Miniftros  conferindo  os  Beneficios, 
e  Prebendas  unicamente  àquelles,  que  fe 
diftinguiaõ  na  integridade  da  vida,  e  vafti- 
daõ  de  fciencia.  A  todos,  que  conhecia 
abundantes  de  talento,  e  faltos  de  fazen- 
da lhes  afliftia  com  generofa  liberalidade 
para  frequentarem  os  eftudos  efperando, 
que   pelo   progreflb    das    letras   fe   habilitaf- 


56o 


BIBLIO THECA 


fem  para  os  miniílerios  Eccleíiaílicos.  Ini- 
migo jurado  da  vaõgloria  aborrecia  o  fauílo 
dos  feus  AnteceíTorcs  fendo  naturalmente 
inclinado  converfar  com  pcflbas  humildes 
fem  diminuição  do  decoro  Pontifício.  Amou 
com  grande  refpeito  as  Familias  Religiofas 
devendo-lhe  mais  declarado  affefto  a  Reli- 
gião Seráfica  por  fcr  entre  todas  a  mais 
humilde.  Da  fua  profunda  fabidoria  faõ 
eternos  padroens  as  Summulas  da  hogica, 
que  por  muitos  annos  fe  diftàraõ  cm  as 
Univerfidades  de  Efpanha,  e  França  onde 
moílrou  como  era  acérrimo  fequáz  da  Ef- 
cola  Peripatetica,  e  no  Thev^ottro  dos  pobres 
dep02Ítou  a  preciofidade  de  vários  remé- 
dios contra  as  infermidades  mais  incurá- 
veis. Eílando  em  huma  oca2Íaõ  vendo  hu- 
ma  Camará  do  Palácio,  que  mandara  edifi- 
car em  Viterbo  cahio  improvifamente  o 
tedo,  em  cujas  minas  ficou  fepultado  antes 
de  morto  donde  fendo  extrahido  recebeo 
com  terniíTima  piedade  os  Sacramentos,  e 
paíTados  féis  dias  efpirou  com  geral  fen- 
timento  da  Chriílandade  a  19  de  Mayo 
de  1277.  quando  contava  8  mezes,  e 
féis  dias  da  dignidade  Pontifícia  parecen- 
do exceder  a  credulidade  humana,  q  em 
tempo  taõ  breve  obraíTe  açoens  merece- 
doras da  eternidade  contra  as  quais  fe 
atrcveo  a  maledica  petulância  de  alguns 
Efcritores,  que  para  lhes  naõ  renovar  a 
infâmia  lhe  oculto  os  nomes.  Foy  fepulta- 
do na  Cathedral  do  Martyr  S.  Lourenço 
cm  hum  monumento  de  porfído  com  a  fe- 
guinte  infcripçaõ. 

Joanni  iMjitano  XXI. 

Pontificaíus  Maximi  fui  mèje  VIU. 

Moritur  M.  CC.  LXXVIL 
A  fublime  Mufa  do  Padre  D.  lozè  Si- 
los Qironiíla  Geral  da  Congregação  dos 
Qerigos  Regulares  Theatinos  na  fua  obra 
intitulada  Maujol.  Sum.  Pontíf.  pag.  262. 
lhe  gravou  eíle  elegante  Epitafío. 

HU  volo  te  pauàs,  Hofpes  denatm  in  urbe 
Joamus  jacet,    natus     Ulyjftpone. 

Cum  Ijufitano  lufiffe  inopina  videtur 
Mors  ipfa  illata  per  nova  fata  nece. 

SciUcet    ante    obitum   Jepelit,    teãoque    ruente, 
Viventem  tumulo  vajla  ruina  tegit. 


Hinc  efformatur  caju  non  arte  Jepulchrum; 
Qíiaque  erat  aula  prius  flebilis  uma  fuit. 

O  profundo  talento,  que  exercitou  nas 
fciencias  exaltaõ  com  multiplicados  Elogios 
graviiTimos  Efcritores.  loan.  Palat.  Gejl. 
Pontíf.  Rom.  Tom.  3.  col.  73.  e  74.  Natura 
ubi  defuit  Stagirita  navarcus  ibi  Petrus  iruepit 
ac  Peripatetici  moderatus  errores,  Dialeãicam 
ita  inftruxit,  ut  fine  ea  fcientia  omnes  ejjent 
fallaces,  (&  per  eam  Jolam  feire  te  feires. 
Fr.  Alphonf.  Ciacon.  Vit.  Pontif.  Rom. 
Tom.  2.  pag.  mihi  211.  Vir  admodum,  (ir 
litteratus,  (àr  litteratorum  valde  amator  mul- 
tarumque  rerum  feientia  inftruãus.  Cardo - 
fo  A^ol.  Ijifit.  Tom.  3.  pag.  312.  Ura 
elle  mui  eftudiofo,  e  verfado  na  doutrina  li- 
lofofica,  e  Peripatetiea  fendo  o  primeiro,  que 
eompoi(^  Ijogica  em  Hefpanba  a  qual  fe  leo 
muitos  annos  nas  efeolas  publieas  de  mais  de 
fer  infiffte  Afirologo,  e  perito  Aíedieo.  Nicol. 
Ant.  Bib.  Vet.  Hifp.  lib.  8.  cap.  5.  §.  152. 
infignem  litteris  virum,  eb*  litteratorum  omnium 
benefieentijfimum  Maeenatem.  Brandão  Mon. 
Ljdfit.  Part.  4.  liv.  15.  cap.  42.  Fqy  dou- 
tijftmo,  e  por  fuás  grandes  letras,  e  boas  par- 
tes vejo  a  fubir  em  Roma  à  primeira  digni- 
dade. CapaíTi  Hifi.  Philofoph.  lib.  4.  cap. 
6.  pag.  303.  à  pátria  nulli  magtarum  ur- 
bium  feeunda  magnum  deeus  aecepit,  fed  maius 
ei  reddidit  nedum  dignitatis  omnium  fupre- 
ma  fplendore,  fed  etiam  litterarum  gloria. 
IlluílriíTimo  Cunha  Hifi.  Ecclef  de  Brag. 
Part.  2.  cap.  35.  n.  2.  Todas  efias  obras 
(falia  das  que  efcreveo)  fit^eraõ  no  Reyno,  e 
fora  delle  famofo  a  Pedro  luliaõ.  Padre  Ant. 
Maced.  l^fit.  Inf.  et  Purp.  pag.  36.  A'tene- 
ris  exeelfam  nobilioris  ingenii  indolem  pra  fe 
tulit,  atque  ita  fe  fe  liberalibus  artibus  exer- 
euit,  ut  nemo  avidius,  €3?*  ardentius  litteris 
operam  navaret.  Scverim  Not.  de  Port. 
Difc.  7.  §.  4.  Foy  doutijftmo  varaõ  parti- 
cularmente nas  hiathematicas,  e  Medina. 
Fr.  Franc.  Pag.  Brev.  Sum.  Pontif.  Tom.  2. 
pag.  mihi  242.  Medico  doãijftmo,  atque 
in  Loffcis  apprime  verfato.  Marangon.  Tbe- 
t(aur.  Parocb.  Tom.  i.  pag.  152.  Vir  em- 
ditiffimus.  Fr.  Lud.  lacob.  a  D.  Carol.  Bib. 
Pontif.  pag.  137.  Medicus,  et  Philofophus 
celeberrimus.     D.     Manoel     Caet.     de     Souz. 


LUSITANA.  56i 

Cathal.    dos    Pontif.    e    Card.    Vortug.    p.    4.  EccleJ.  Nov.    lib.   23  ad  ann.   1276.  de  loaõ 

VaraÕ    doutijjimo  favoreceo    muito    aos    ejludio-  XXI.     e     louvandolhe     a    fciencia     medica 

fos.     GraveíTon    Hijl.    Ecclef.    Tom.    5.    co  com    que    compuzera     Thet^aurus     Vauperum 

loq.    2.    p.    mihi    26.    Eximia   eruditionis  vir,  de    que   logo   fe   fará    mençaõ,    naõ    refirira 

€>•    in    Phyjicis   prafertim,    ac    Medecina    dif-  que  fora  author  das  Summulas  o  que  fizera 

ciplina     verfatiftmus.       Genebrard.      Chronol.  fe    as    tivera    efcrito    Pedro    Hifpano.     Ao 

ad.    ann.     1276.      Vir    litteratus    in    Vhilojo-  filencio   deíle   Efcritor    fe   podem   contrapor 

pbia,     &"     Medecina     ertiditijfimus.      Compoz.  as    vozes    de    todos    os    Efcritores    da    vida 

Summula  Ijogicales.  Sahiraõ  illuílra-  de  loaõ  XXI.  que  imiformemente  affir- 
das  por  Verforio  Parifienfe  1487.  foi.  e  maõ  fer  elle  author  das  Summulas  da  Lo- 
Venetiis  1572.  4.  apud  Francifcum  Sanfo-  gica,  e  até  o  mefmo  Fr.  Bartholameu  de 
vinum.  Com  os  Commentos  de  Fr.  Pedro  Luca  fallando  do  noíTo  Pontífice.  ¥ent,  <&^ 
Crockart  Dominico.  Parifiis  apud  An-  lihrum  de  Problemaíibus  juxta  modum  et  for- 
draeam  Bouchard  1508.  foi.  Com  os  Com-  mam  libri  Arifiotelis  donde  fe  colhe  que 
mentos  de  Fr.  Niculao  de  Orbellis  Francif-  fendo  taõ  douto  na  FUofofia,  eraô  fuás  as 
cano.  Venetiis  apud  Lazarum  de  Soardis  Sumulas  por  ferem  parte  defta  Faculdade, 
15 16.  4,  de  Gerardo  Liíliio.  Suvollae  1520.  da  qual  compoz  as  obras  feguintes. 
4.  De  Pedro  Tartareto  Theologo  Parifienfe.  Parua  lj)gicalia.  Venetiis  1593.  4. 
Venetiis  1592.  8.  e  por  Fr.  Matheos  de  Bo-  Traãatus  LagicaUs  fex  cum  elucidariis  Ma- 
lonha  Geral  dos  Carmelitas,  e  Thomas  gifirorum  in  burfa  montis  Colónia  regentium.  Co- 
Bricoto.  Lugduni  apud.  lannotum  de  Cam-  loniae  apud  Henricum  Quentelium.  1505. 
pis  1509.  cum  recognitione  Fr.  Alphonfi  In  Phyjiofftomicam  Arifiotelis.  M.  S.  na  Bi- 
dé Vera  AuguíUniani.  Apud  Terram  No-  bliotheca  de  Cantoberry  em  Inglaterra  vol.  54. 
vam  Indiae  Occidentalis  1573.  foi.  et  Ve-  n.  3.  e  na  Vatícana  dos  Uvros  que  foraõ  do 
netiis   apud  Floravantium  a  Prato    1586.   4.  Duque  de  Urbino. 

&    Salmanticae   1593.  foi.    Exifte  M.   S.  em  Dialeãica.    M.    S.    Exifte    na    Bibliothe- 

Padua    na    Bibliotheca    dos    Cónegos    Re-  ca    dos    Cónegos    Regrantes    do    Convento 

grantes   de    S.   loaõ   in    Viridario,   e   na   Bi-  de   Pádua  como  teíUfica  Filippe  Tomaflino. 

bUotheca  de  Cremona  dos  Erimitas  de  Santo  A  eíla  Dialeãica  acrecentou  Chriftovaõ  Ha- 

Agoílinho,    e    em    a    do    graõ    Duque    de  gendorfio     Dragmata.      Bafileae     apud     Cra- 

Florença  Eftan.    71.  tandrum    1540.   4.     Foy   traduzida   em  Gte- 

Como    eíla    obra    foy   pubUcada    com    o  go  por  Máximo  Planud  que  viveo  entre  os 

nome  de  Pedro  Hifpano  intentarão  Fr.  Aí-  annos    de    1320.    e    1350.    Bartholameo    Ke- 

fonfo    Fernandes,    Fr.    Ambrofio    Altamura,  ckermmano    Tom.    i.    Oper.   Pracognit.    Log. 

Fr.    Lourenço   Pignon,   e   Fr.    Luiz   de   Va-  pag.    105.   e    107.   torpemente  fe  hallucinou 

Uiadolid  nos  Cathalogos  que  fizeraõ  dos  Ef-  condenando   a  Pedro   Hifpano   de   Plagiário 

critores    Dominicanos,    que    foíTe    o    author  defta   obra   a   qual   fendo   efcrita   na   lingua 

das     Sumulas    da    Ordem    dos    Pregadores  Grega  por  Miguel  PfeUo  Philofofo  Platónico 

cuja  falfidade  refuta  doutamente  Fr.  lacobo  que  floreceo  no  anno  de   1059.  a  publicara 

Quetif.  Script.   Ord.   Prad.  Tom.    i.   p.  485.  em  latim  como  fua  Pedro  Hifpano,  cujo  erro 

onde  fe  podem  ler  os  folidos  fundamentos  feguio  Hornio  author  Heterodoxo  com  Ke- 

com  que  naõ  admite  ao  Cathalogo  dos  feus  ckermmano    Hifi.    Philofoph.  lib.    6.   cap.  4. 

Authores  eíle  Pedro   Hifpano.     Com  muito  In  1^ ff  cam   reparationes  Petri  Hifpani  Co- 

diferente    juizo    o    mefmo    Quetif  feguindo  lonix.  1610. 

a  Nicolao  António  Bib.   Hifp.    Vet.  lib.    8.  Modemitates  Ijogicaks  Petri  Hifpani.  Exifte 

cap.   5.  §.   156.  duvida  fer  author  das  Sum-  na    Bibliothec.   Barberina  que  foy  de  Bene- 

mulas   ao   noílo   Pedro   Hifpano   aíTim   cha-  diâo  XIII. 

mado   antes    de   fer    Summo   Pontífice   fun-  'Leãiones    in    primum    librum     Pbyficorum. 

dado    em    o    argumento    negativo    de    que  M.  S.  Confervafe  na  Bibliotheca  Ambrofiana 

efcrevendo   Fr.   Bartholameo   de   Luca   Hifi.  de  Milaõ. 
36 


562 


BIBLIO  THE  C  A 


'  Tòe/aur/ís  Pauperum,  fett  de  medendis 
humani  corporis  morhis  per  experimenta  ex 
omni  genere  authorum,  et  experientia  própria 
congeftum.  Lugduni  apud  lacobum  Myt. 
1525  cum  pradHca  loannis  Serapionis. 
Parifiis  apud  lacobum  de  Pays  1577.  16. 
in  Thefauro  Sanitat.  loan.  Liebaultii.  Fran- 
cofurti  apud  Chriílianum  Egenolphum 
1576.  e  1578.  8.  Traduzido  em  Caftelhano 
por  Arnoldo  de  Villanova.  Barcelona  por 
Sebaílian  de  Cormellas  1645.  onde  fe  enga- 
nou efcrevendo  no  Prologo  que  loaõ  XXI. 
mandara  fazer  efta  obra  a  hum  feu  Medico 
chamado  luliaõ  quando  eíle  nome  era  o 
do  Pontífice  antes  de  chegar  a  efta  Dig- 
nidade. 

Dt  medenda  podraga  Traãatus. 

De  oculis  Traãatus.  M.  S. 
Exifte  no  Collegio  Oxonienfe  vol.  23. 

De  formatione  hominis  Traãatus.  Exifte 
no  Archivo  do  Collegio  Cayo  de  Canto- 
berry. 

Super  Tegnis  e^  Hippocratem  Glojfet  de 
natura  puerorum.  Confervafe  no  Convento 
de  Pádua  dos  Cónegos  Lateranenfes.  M.  S. 

Conjilium  de  tuenda  valetudine.  Dedi- 
cado á  Rainha  D.  Branca  mãy  de  S.  Luiz 
Rey  de  França. 

Epijlolarum  volumen. 

Sermones  pradicabiíes.  M.  S.  Confer- 
vaõfe  no  Convento  de  Cremona  de  Agof- 
tinhos  Calçados. 

Commentaria  in  Ifaacum  de  diatis  uni- 
verfalibus,  et  particularibus.  Lugduni  apud 
Bartholamacum     Troft.     15 15.     foi. 

Traãatus  de  Conceptione  Deiparee.  Defta 
obra  o  faz  author  Fr.  Bartholameo  Guer- 
reiro Francifcano  de  Controv.  Immac.  Con- 
eept.  foi.  12.  Dos  Authores  q  fallaõ  das 
Obras  defte  Summo  Pontífice  fe  podem 
ver  o  Cathalogo  no  P.  Macedo  "Lufit. 
InfuL  et  Vurpurat.  pag.  56.  c  57.  e  Fr. 
Lud.   lacob.    a    S.    Carol.    ^ib.    Pontif.    pag. 

D.  lOAÕ  L  defte  nome,  e  decimo 
entre  os  Monarchas  Portuguezes  teve 
por  Oriente  a  Qdade  de  Lisboa  a  ij  de 
Abril  de  1558.  e  por  Pay  a  ElRey  D.  Pe- 
dro  L   que  depois   de  viuvo   o   houve   de 


Thereza  Lourenço,  que  alguns  Genealó- 
gicos fazem  defcendente  da  familia  dos  An- 
drades  do  Reyno  de  Galiza.  Como  naceo 
para  Heroe  foy  eleito  em  a  tenra  idade  de 
onze  annos  Meftre,  e  Cavalleiro  da  militar 
Ordem  de  Avis  armado  pelas  maõs  de  feu 
Pay,  e  entregue  à  prudente  direção  de  Fer- 
nando Martins  de  Siqueira  Commendador 
mòr  da  mefma  Ordem  da  qual  depois 
poíTuio  o  Meftrado.  Com  tolerância  fu- 
perior  à  idade  triumfou  das  violências 
maquinadas  pela  ambição  de  fua  Cunhada  a 
Rainha  D.  Leonor  chegando  a  tanto  exceíTo 
o  ódio  defta  Princeza,  que  aíTim  como  o  tinha 
privado  da  liberdade  no  Caftello  de  Lisboa, 
intentou  defpojallo  da  vida  fe  a  Providen- 
cia o  naõ  tivera  deftinado  para  Conferva- 
dor  do  Império  Portuguez.  Com  o  fanguc 
do  Conde  de  Ourem  derramado  pelas  fuás 
maõs  lavou  a  efcandalofa  afronta  de  que 
fora  criminofo  author  conciliando  com  efta 
açaõ  tal  afefto,  e  refpeito  em  todo  o  povo 
de  Lisboa,  que  o  aclamarão  com  feftivas 
vozes  Defenfor,  e  Regente  da  Monarchia. 
Para  dezempenhar  titulos  taõ  illuftres  fe  ar- 
mou contra  a  potencia  delRey  de  Caftella 
que  injuftamente  pertendia  fuceder  a  feu 
Sogro  ElRey  D.  Fernando  em  o  dominio 
defta  Coroa,  fendo  o  primeiro  triunfo  que 
alcançou  das  armas  Caftelhanas  libertar  a 
Lisboa  do  apertado  fitio,  que  padecera  onde 
foy  principal  inftru  mento  de  taõ  gloriofa 
acçaõ  o  infigne  Heroe  D.  Nuno  Alvres  Pe- 
reira infeparavel  companheiro  de  todas  as 
glorias  militares  do  feu  feliz  Reynado.  Con- 
vocadas Cortes  para  a  Qdade  de  Coimbra 
difputou  com  agudeza,  e  refolveo  com  li- 
berdade o  famozo  lurifconfulto  loaõ  das 
Regras  fegundo  Baldo  daquclla  idade,  que 
a  Coroa  Portugueza  eftava  vaga,  e  podia 
o  povo  eleger  Príncipe,  que  o  governafle, 
de  cuja  propoziçaõ  fe  feguio  fer  aclamado 
Rey  o  Meftre  de  Aviz  com  as  mais  plauzi- 
veis  demonftraçoens  a  6  de  Abril  de  1585. 
naõ  tendo  ainda  completos  vinte  fete  an- 
nos de  idade  quando  jà  contava  feculc 
de  immortal  gloria.  Elevado  ao  Trom 
c  cingida  a  Coroa,  que  lavrara  com  a  prc 
pria  efpada  para  firmar  a  hum,  c  eftal 
lecer  a  outra  fe  aplicou  a  debcllar  os  ini-< 


L  USITANA. 


563 


migos  eílranhos  já  que  dnha  felifmente 
triumfado  dos  domeíticos.  A  vitoria  alcan- 
çada em  Trancofo  lhe  fervio  de  prologo 
para  confegiiir  a  mais  memorável  que  admi- 
rou aquelle  feculo  de  que  foy  theatro  o 
Campo  da  Aljubarrota  a  14  de  Agofto  de 
1385.  com  o  de2igual  numero  de  féis  mil, 
e  quinhentos  Soldados  ao  de  trinta  mil  dos 
Caftelhanos,  que  fe  faziaõ  mais  formidáveis 
com  a  prefença  do  feu  Príncipe,  fendo  as 
importantes  confequencias  do  triumfo  o 
rendimento  de  varias  Praças  aíTim  em  Por- 
tugal, como  em  Caftella.  Naõ  fatisfeito  o 
feu  bellicofo  génio  com  as  vitorias  terref- 
tres  meditou  fazer  o  feu  nome  immortal 
com  as  navaes  preparando  huma  Armada 
compofta  de  duzentas  velas,  a  mayor,  que 
fobre  feus  hombros  fuílentou  o  Oceano, 
e  guarnecida  de  grande  numero  de  comba- 
tentes onde  embarcado  com  feus  filhos  os 
Infantes  D.  Duarte,  D.  Pedro,  e  D.  Henri- 
que, e  a  mayor  parte  da  Nobreza  navegou 
a  conquiílar  do  infiel  dominio  dos  mouros  a 
Cidade  de  Ceuta  cuja  empreza  felifmente 
confeguio  a  21  de  Agofto  de  141 5.  podendo 
naõ  fomente  gloriar-fe  da  tomada  defta 
Praça,  mas  de  fer  o  primeiro  Príncipe,  que 
depois  da  lamentável  perda  de  Efpanha 
paflbu  com  exercito  às  Regioens  Afrícanas. 
No  feu  tempo  fe  abrirão  as  portas  às  Con- 
quiílas  de  Portugal  com  os  defcubrimen- 
tos  das  Ilhas  do  Porto  Santo,  e  Madeira 
no  anno  de  1419.  Em  obfequio  do  paren- 
tefco  que  com  elle  tinha  Henríque  V.  de 
Inglaterra  lhe  mandou  o  habito  da  Ordem 
da  larretiere,  que  aceitou  com  expreíToens 
agradecidas,  A  piedade  do  feu  animo  exce- 
deo  o  valor  do  feu  coração  fendo  fumma- 
mente  religiofo  para  com  Deos,  e  fua  Mãy 
SantiíTima  a  cuja  foberana  proteção  dedicou 
o  fumptuozo  Templo  da  Batalha  em  gratifi- 
cação da  memorável  Vitoria  da  Aljubarrota 
o  qual  doou  à  Ordem  dos  Pregadores  a 
4  de  Abril  de  1388.  Com  igual  zelo  fundou 
os  Conventos  de  S.  Francifco  de  Leyría,  de 
Penhalonga  da  Ordem  de  S.  leronimo, 
e  de  Santa  Clara  do  Porto.  Refoluto  a 
illuftrar  a  Gdade  de  Lisboa  que  lhe  dera 
o  berço  a  nobilitou  com  a  dignidade  Ar- 
chiepifcopal    alcançando    da    Santidade    de 


Bonifácio  IX.  por  Bulia  paíTada  em  Roma 
a  10  de  Novembro  de   1394.  fer  ereâa  em 
Metropohtana   de   que  ficarão   feus   fufraga- 
neos    os   Bifpados    de    Évora,    Guarda,    La- 
mego, e  Sylves.    Na  Gdade  de  Ceuta  erígio 
Cathedral  por  conceíTaõ  de  Martinho  V.   a 
5   de  Março  de  1421.  fendo  o  feu  primeiro 
Bifpo   D.    Fr.   Aymaro,    que   era   titular   de 
^larrocos,   de    naçaõ  Inglez,  e  de  profiííaõ 
Francifcano.    Mandou,  que  fe  naõ  computaf- 
fem  os  annos  pela  Era  de  Cefar  até  aquelle 
tempo   obfervada,   mas  pela   Sagrada  Época 
do    Nacimento    de    Chrifto,    cuja    Catholica 
determinação    principiou    a    22    de    Agofto 
de    1422.     Para  fe  adminiftxar  reâamente  a 
juftiça  promulgou  leys  muy  utiliíTimas,  e  or- 
denou, que  fe  traduziííe  na  lingua  materna 
o   Código   do   Emperador  Juftiniano   donde 
emanarão  as  Ordenaçoens  do  Reyno  a  que 
deu   principio,    e   ordem   a  profunda   fcien- 
cia   do    celebre   lurifconfulto   loaõ   das   Re- 
gras feu  Chanceller  mòr.    Com  efpiríto  ver- 
dadeiramente   real    mandou    reedificar    para 
habitação    dos    feus    fuceíTores    os    Palácios 
de    Lisboa,    Santarém,    Coimbra,    e   Almei- 
rim.    Foy  cazado   com  D.  FiHppa  de  Lan- 
caftre   filha   de   loaõ   de   Gante   Duque   de 
Lancaftre,  e  de  fua  primeira  mulher  Bran- 
ca   filha    herdeira    de    Henríque    Duque    de 
Lencaftxe    Conde    de    Leicefter,    Derby,    e 
Lincoln,  e  da  Duqueza  Izabel  filha  de  Hen- 
ríque Baraõ   de   Beaumon   de   cujo   augufto 
conforcio    celebrado    a    2    de    Fevereiro    de 
1387.  teve  a  miis  feliz  fecundidade  com  que 
fe    illuftrou    efte    Reyno,    e    fe    nobilitarão 
os  eftranhos,  fendo   o  primeiro  fruto  defta 
real   uniaõ   a   Infanta   D.   Branca,   que  bre- 
vemente  paUou   a   coroarfe   no   Impirío;    o 
Infante    D.    Affonfo    arrebatado    intempefti- 
vamente  pela  morte  para  cujo  cadáver  lhe 
mandou   himi  foberbo   Maufoleo   fua  irmãa 
D.   Izabel  Duqueza   de   Borgonha   no   qual 
defcanfa    em    a    Cathedral    de    Braga;    D. 
Duarte   fuceflbr   da   Coroa   cujas   açoens   fe 
defcrevèraõ    em    feu    lugar;    o    Infante    D. 
Pedro  Duque  de  Coimbra,  que  fendo  digno 
pelas  fuás  virtudes  de  vida  perdurável  aca- 
bou infauftamente  a  20  de  Mayo  de   1449. 
em    a   Batalha    da    Alfarrobeira;    o    Infante 
D.  Henríque  Duque  de  Vifeu,  e  outavo  Go- 


5Ó4  BIB  LIOTH  E  C  A 

vernador,     e     Adminiftrador     do     Meftrado  Hoc   tegttur    tumulo,   feJix    Kex   tile    Joan- 

da   Ordem   de   Qiriílo   a   cuja   fciencia   ma-  nes, 

thematica,   e  valor  intrépido  deve  Portugal  Ma^animus,  pius,   (&   cunãorum  gloria  R/- 

os     primeiros     defcubrimentos     das     noíTas  gum, 

Conquiftas.     A    Infanta    D.    Izabel,    que    fe  Militiaque    decus,    firmijfma    Regula    legtim, 

defpozou  em   lo   de  laneiro   de    1430.   com  Qui   tumidim   Regem  parvo   cum   milite  fre- 

Filippe  o  Bom  terceiro  do  nome  Duque  de  fft 

Borgonha,  e  Conde  de  Flandes  o  qual  para  Cajlella,    dr    Septam  fihi   magna   claffe  Ju- 

argumento    manifefto    da   eftimaçaõ    fumma,  he^t. 
que  fazia  defte  conforcio  inftituhio  no  mef- 

mo  dia  a  famofa  Ordem  da  Cavallaria  do  Teve  a  eftatura  mediana  mas  bem  por- 
Tufaõ  de  ouro.  O  Infante  D.  loaõ  Admi-  porcionada;  o  rofto  largo,  tcfta  pequena, 
niílrador,  e  Governador  do  Meftrado  da  cabello  negro  pouco  comprido,  mas  bem 
Ordem  de  S.  Tiago,  e  terceiro  Condefta-  compofto,  olhos  negros,  c  grandes,  o  fem- 
vel  de  Portugal,  que  cazou  com  fua  fo-  blante  agradável,  c  o  corpo  robufto  como 
brinha  a  Senhora  D.  Izabel  filha  de  D.  Af-  moftraõ  as  armas  de  que  uzava.  Foy  mo- 
fonfo  I.  Duque  de  Bragança.  O  Infante  derado  na  fortuna  profpera,  e  conftante 
D.  Fernando  Adminiftrador,  e  Governa-  na  adverfa.  Moftrou-fe  compaíTivo  para  os 
dor  da  Ordem  militar  de  Aviz,  depois  de  inimigos  domefticos  mais  perneciofos,  que 
tolerar  com  paciência  heróica  o  cativeiro  os  eftranhos,  e  generofo  para  os  Vaflallos, 
bárbaro  em  Fez  pelo  efpaço  de  féis  annos  que  lhe  fuftentáraõ  a  Q)roa  muitas  ve- 
voou  o  feu  efpirito  a  receber  a  laureola  de  zes  vacillante.  Teve  a  gloria,  que  nenhum 
Martyr  no  Paraizo  a  5  de  lunho  de  1443.  dos  feus  AnteceíTores,  e  Suceflbres  podc- 
Fora  do  matrimonio  teve  ao  Senhor  D.  Af-  raõ  alcançar,  de  que  negando-lhe  a  natu- 
fonfo  I.  Duque  de  Bragança,  e  a  D.  Izabel,  reza  a  Q)roa  a  cingiíTe  heroicamente  fa- 
que  cazou  a  26  de  Novembro  de  1405.  com  bricada  pelos  impulfos  do  feu  braço,  c 
Thomaz  Fizt  Alan  Conde  de  Arundel  em  fubiíTe  ao  Trono  pelos  degráos  do  mere- 
Inglaterra,  e  Cavalleiro  da  Ordem  de  lar-  cimento,  e  naõ  por  beneficio  da  fortuna, 
retiere.  Conhecendo  fer  chegado  o  termo  A  honorifica  antonomafia  de  hoa  Aíemo- 
da  fua  vida  fe  preparou  para  efte  ultimo  ria  lhe  canonizou  o  nome  em  todos  os 
conflifto  com  as  armas  dos  Sacramentos,  feculos  em  que  fempre  vivirà  immortal. 
e  cumulado  de  açoens  Chriftãas,  e  herói-  Ainda,  que  o  feu  génio  era  mais  para  as 
nas  partio  a  coroarfe  no  Capitólio  da  Éter-  armas,  que  para  as  letras  naõ  deixou  de 
nidade  em  Lisboa  nos  Paços  de  Alcaço-  cultivar  cflas  premiando  com  largos  do- 
va  a  14  de  Agofto  de  1433.  em  huma  fex-  nativos  aos  profeflbres  das  fcicncias.  Como 
ta  feira  quando  contava  73  annos,  três  me-  era  cordial  devoto  de  Maria  SantiíTima  tra- 
zes, e  vinte  c  nove  dias  de  idade;  e  48  an-  duzio  da  lingua  latina  cm  a  materna, 
nos  4  mezes,  e  8  dias  de  Reynado.  laz  fe-  Horas  de  Nojfa  Senhora.  Defta  tradução 
pultado  no  Real  Convento  da  Batalha  para  faz  memoria  diftinta  o  Chronifta  mór  Fcr- 
onde  foy  tresladado  de  Lisboa  a  50  de  No-  nando  Lopes  no  Prolog,  da  2.  Part.  da 
vembro  de  1433.  e  ultimamente  transfe-  Chron.  defte  Monarcha  com  as  feguintes  pala- 
rido  a  14  de  Agofto  do  anno  feguinte  com  vras.  Sendo  muy  devoto  da  preciofa  Virgem 
o  cadáver  da  fua  efpoza  a  Raynha  D.  Fi-  em  que  avia  ftngular,  e  eftremada  devaçaÕ. 
lippa  para  a  Capella,  que  no  mcfmo  Con-  Eílle  tomou  em  feu  louvor  as  fuás  devotas 
vento  magnificamente  edificara  para  feu  horas  em  lingoagem  apropriando  as  palavras 
lazigo.  No  feu  Maufoleo  eftá  efcrito  hum  delias  à  Virgem  Maria,  e  a  feu  bento  Filho 
Epitáfio  taõ  largo,  que  ocupa  as  três  par-  de  gtàfa,  que  muitos  tomaraõ  devoram  de  as 
tes  delle  em  circuito  onde  fe  relataõ  as  re:^ar,  que  ante  delias  nem  avia  relembrança. 
principaes  acçoens  da  fua  vida,  c  na  cabe-  Mandou  traduzir  cm  Portugucz. 
ceira   tem  efta  infcripçaõ.  Os   Evanfflbos  Aãos  dos   Apoftolos,   e   as 


I 


L  USITANA. 


565 


Epijtolas  de  S.  Paulo,  como  efcreve  o  re- 
ferido Chroniíla  no  lugar  citado  afirman- 
do loan.  Soar.  de  Brito  Tbeatr.  Ijufit. 
Utter.  lit.  I.  n.  ii.  que  o  mefmo  Mo- 
narcha  fora  traduftor  de  algumas  deílas 
obras  como  he  a  dos  Evangelhos,  que  in- 
dtulou    Vida  de   Chrifto. 

Fazem  memoria  das  fuás  Catholicas, 
e  militares  açoens  innumeraveis  Efcrito- 
res  dos  quais  fomente  faremos  Cathalo- 
go  dos  feguintes  Hjpolit.  Marrac.  Keg. 
Marian.  pag.  149.  Oh  illuftria  facínora, 
<&  admirabilem  virtutum  fpkndorem  Bonse 
Memorias  acroamate  nobilitatus.  Brenta- 
no  Epit.  Chronolog.  hlund.  Cbrifi.  p.  503. 
col.  I.  non  virtutis  tantum  militaris,  cb*  Ifn- 
peratoria  gloria  excellens,  Jed  laude  etiam 
Ejligionis,  magtanimitatis  liberalitatis,  eb* 
clementia  prajlantijftmus.  Brito  EJog.  dos 
Reys  de  Portug.  Elog.  11.  Governou  com 
animo  verdadeiramente  real.  Vafconcel.  Ana- 
cephal.  Keg.  iMJit.  pag.  155.  animo  rerum 
ingentium  capaci  quem  nec  bofiium  multitu- 
do,  nec  perictdorum  formido  tmquam  perculit. 
Souza  Europ.  Portug.  Tom.  2.  Part.  3. 
cap.  I.  §.  165.  Verdaderamente  Rey,  ver- 
daderamente  Heroe,  verdaderamente  grande 
en  la  e/pada,  ^ande  en  la  Toga;  digno  de 
que  viva  en  lo  immortal  de  las  perpetuida- 
deSf  pues  vivo  Je  perpetuo  en  la  immortalidad 
de  la  gloria.  Qede  Hifi.  de  Portug.  Tom.  i. 
pag.  mihi  405.  Ses  virtus  civiles  ègaloient 
fes  virtus  guerrieres.  Maris  Dial.  de  Var. 
Hijl.  Dial.  4.  cap.  2.  Foy  bum  raro  exem- 
plo de  valor  militar,  e  o  mais  venturofo  Prín- 
cipe, que  até  feu  tempo  bouve  no  mundo  por- 
que mm  a  multidão  de  inimigos  o  venceo  nun- 
ca: nem  com  temor  delia  deixou  de  come- 
ter árduas,  e  dificultot^as  empregas  de  que 
fua  ditosa  forte  o  fai(ia  fempre  vencedor. 
Leaõ  Chron.  de  D.  loaõ  o  I.  cap.  103. 
Tinba  fempre  buma  perpetua  ferenidade,  que 
dava  tejiemunbo  de  feu  animo,  e  conflancia. 
Menezes  Portug.  Kejiaurad.  Tom.  i.  pag. 
8.  Foy  no  refplandecente  das  açoens,  e  no 
invencível  do  animo  criflal,  e  aço  formado 
pela  naturev^a,  unido  efpelbo  em  que  podef- 
fem  verfe  os  milbores  Príncipes,  e  Capitaens 
que  de^^ejajfem  a  major  compojiçaõ  de  vir- 
tudes. 


D.  lOAÕ  n.  em  o  nome,  e  decimo- 
terceiro  entre  os  Reys  de  Portugal  naceo 
em  a  Gdade  de  Lisboa  a  3  de  Mayo  de 
1455.  fendo  o  terceiro,  e  ultimo  fruta 
do  thalamo  delRey  D.  Affonfo  V.  e  D. 
Izabel  filha  do  Infante  D.  Pedro  feu  Tio, 
e  da  Infante  D.  Izabel  de  Aragaõ.  Ain- 
da eílava  nas  faxas  quando  foy  jurado 
herdeiro  da  Coroa  Portugueza,  que  gover- 
nou prudente,  fuftentou  politico,  e  defen- 
deo  valerofo.  Nos  primeiros  crepufculos 
da  idade  brilhou  com  tal  intenção  o  feu 
talento  para  comprehender  as  Artes  dignas 
de  hum  Principe,  que  era  efcuzada  a  dif- 
ciplina  fahindo  inílruido  pela  natureza. 
No  Tyrodnio  da  Adolefcencia  fe  admi- 
rou taõ  veterano  na  Efcola  de  Marte,  que 
vencidas  todas  as  opofiçoens  contra  a  pró- 
pria refoluçaõ  acompanhou  a  feu  Pay 
na  celebre  expugnaçaõ  da  Praça  de  Ar- 
zila em  que  deu  de  feu  heróico  valor 
iluftres  argumentos  fendo  muito  mais  glo- 
riofos  quando  na  batalha  de  Toro  falvou 
as  relíquias  do  exercito  Portuguez  confer- 
vando-fe  no  campo  viítoriofo  daquelle 
fatal  fuceíTo.  Antes  de  empunhar  o  fcetro 
foy  duas  vezes  Regente  da  Monarchia  na 
auzencia  de  feu  Pay  quando  foy  a  Caftella, 
e  França,  e  fendo  em  a  fegunda  aclamado 
Rey  na  Villa  de  Santarém  a  10  de  No- 
vembro de  1477.  voltando  Affonfo  V.  para 
Portugal  com  refignada  obediência  renun- 
ciou o  titulo  de  Rey,  e  confervou  o  de 
Principe.  Subindo  ao  trono  por  morte  de 
feu  auguílo  Pay  a  31  de  Agofto  de  148 1. 
começou  a  praâicar  as  prudentes  máximas 
do  feu  governo  premiando  beneméritos, 
punindo  criminofos,  e  ampliando  o  comer- 
cio pelo  feliz  defcubrimento  do  famofo 
Promontório  chamado  da  Boa  Efperança 
com  o  qual  fe  abrirão  as  portas  à  navegação 
da  índia,  como  taõbem  do  Reyno  de  Gin- 
go defcuberto  por  induftria  de  Diogo  Caõ 
Cavalleiro  da  fua  Cafa  em  o  anno  de  1484 
cuja  Ganquiíla  eítímou  tanto  que  vinculou 
aos  titulos  da  Coroa  Portugueza  o  de  Se- 
nhor de  Guine.  Para  confervar  o  comercio, 
e  navegação  de  feus  VaíTaUos  fazia  refpei- 
tado  o  feu  nome  com  os  mayores  Prínci- 
pes da  Europa  obrigando  a  Carios  VIU.  de 


566 


BIBLIO THE  CA 


França  a  lhe  reftituir  huma  caravella  com  toda 
a  carga  que  tinhaõ  tomado  os  Piratas  Fran- 
cezes  em  os  noflbs  mares,  e  fendo  author 
de  que  os  Reys  Catholicos  celebraíTem 
o  Tratado  da  repartição  dos  defcubrimen- 
tos  marítimos  ficando  à  Coroa  de  Caftella 
a  parte  que  olha  para  o  Occidente,  e  a 
Portugal  a  do  Nacente.  Zelofo  da  autho- 
ridade  real  abrogou  dos  Donatários  das 
terras  a  jurifdiçaõ  criminal  devida  à  fobe- 
rania,  e  ordenou  novo  methodo  no  jura- 
mento da  Homenagem  dos  Alcaydes  Mo- 
res. Naõ  podendo  diíTimular  os  Gran- 
des do  Reyno  a  diminuição  dos  feus  Pri- 
vilégios fe  deliberarão  a  confpirar  contra  a 
fua  vida  de  cujo  feyo  crime  fendo  acufados 
o  Duque  de  Bragança  D.  Fernando  II.  do 
nome,  e  o  Duque  de  Vifeu  feu  Primo,  e 
Cunhado,  mandada  proceíTar  a  cauza  do  pri- 
meiro foy  degollado  na  Praça  de  Évora  a 
20  de  lunho  de  1483.  e  ao  fegundo  privou 
da  vida  com  fuás  próprias  maõs,  açoens  que 
lhe  deixarão  o  nome  menos  gloriofo  na  pof- 
teridade,  pois  em  huma  foy  IuÍ2  fendo  par- 
te e  em  outra  foy  executor  fendo  Rey.  Defpo- 
zoufe  na  Villa  de  Setúbal  a  22  de  laneiro 
de  147 1.  com  D.  Leonor  fua  Prima  com 
irmaã  filha  do  Infante  D.  Fernando  feu 
Tio,  e  da  Infanta  D.  Izabel,  e  defte  confor- 
cio  teve  unicamente  ao  Príncipe  D.  Affonfo 
o  qual  cazando  com  a  Infanta  D.  Izabel 
filha  dos  Reys  Catholicos  paíTou  infaufta- 
mente  na  breve  duração  de  féis  mezes,  e 
vinte,  e  finco  dias  do  thalamo  ao  tumulo  a 
13  de  lulho  de  1491.  quando  contava  a  flo- 
rente idade  de  dezafeis  annos,  e  vinte,  e  féis 
dias.  Efte  trágico  fuceíTo  penetrou  taõ 
altamente  o  coração  do  noíTo  Monarcha 
que  foy  a  cauza  de  lhe  fobrevir  graviffimos 
achaques  para  cujo  remédio  fendolhe  apli- 
cados os  banhos  da  Villa  de  Alvor  em  o 
Reyno  do  Algarve,  nella  falleceo  ao  tempo 
que  o  foi  fe  ocultava  no  Occidente  a  25  de 
Outubro  de  1495.  com  40  annos  finco  me- 
zes e  vinte  e  dous  dias  de  idade,  e  de  rey- 
nado  quatorze  annos  hum  mez,  e  vinte  e 
finco  dias.  Foy  fepultado  na  Cathedral  de 
Sylves  donde  foy  transferido  por  ordem 
delRey  D.  Manoel  para  o  magnifico  Tem- 
plo  da   Batalha  em   que   jáz   o   feu   Cadá- 


ver triunfante  da  jurifdiçaõ  do  tempo  fendo 
a  incorrupçaõ  do  corpo  indelével  teftemu- 
nha  da  inteireza  do  feu  animo.  Teve  a  efta- 
tura  mediana,  o  corpo  proporcionado,  e  ay- 
rozo,  o  femblante  grave,  o  roftro  compri- 
do alvo,  e  corado;  os  olhos  pretos,  e  gra- 
ciofos,  o  naris  bem  feito,  a  boca  pequena, 
e  os  dentes  alvos,  e  bem  ordenados,  a 
barba  negra,  c  comporta,  o  cabello  cafta- 
nho,  e  pofto  que  já  na  idade  de  trinta  e 
fete  annos  parte  delle  encanecia,  nunca  per- 
mitio  que  fe  lhe  riraíTe  alguma  das  cans 
que  muito  eftimava.  Foy  dotado  de  en- 
tendimento prudente,  e  de  memoria  taõ 
feliz  que  nunca  lhe  efquecia  tudo  quanto  a 
ella  encomendava.  Fallou  com  pureza,  e 
elegância  a  lingua  materna  pronunciando 
com  tanta  pauza  as  palavras  que  pareciaõ 
meditadas  antes  de  proferidas.  Da  Hiftoria, 
e  Filofofia  teve  fuficiente  inílruçaõ,  e  da 
Poezia  fe  deleitava  fervindo  a  fua  liçaõ  de 
parenthefis  jucundo  aos  negócios  de  mayo- 
res  confequencias.  Com  generofa  anticipa- 
çaõ  premiava  os  merecimentos  de  feus  Vaf- 
fallos  naõ  permitindo  que  com  as  fuplicas 
lhe  diminuiífem  a  gloria  de  remvmerador. 
Taõ  amante  era  da  verdade,  como  inimigo 
da  lizonja.  Exercitou  a  juíliça  fem  ofenfa 
da  piedade  fendo  o  primeiro  que  exaâa- 
mente  obfervava  as  Leys  promulgadas  para 
confervaçaõ  da  Monarchia.  Eftimou  muito 
o  fegredo  como  depofito  da  felicidade  das 
mayores  emprezas,  e  taõbem  aos  Miniílros 
que  fe  diftinguiaõ  na  profundidade  da  fcien- 
cia,  e  redtidaõ  da  juítiça.  Em  todos  os  ne- 
gócios ainda  que  procedia  com  cautela, 
era  refoluto.  Armado  de  feveridade  abateo 
o  orgulho  dos  Grandes  julgando  fer  indeco- 
rofo  à  fua  peííoa  confervar  emulos  da  So- 
berania. O  feu  peito  fe  ornou  de  piedade 
folida  afiim  no  culto  das  fagradas  Imagens, 
como  na  veneração  dos  Decretos  Pontifí- 
cios. Foy  cordialmente  devoto  da  Paixaõ  de 
Chriílo  difirindo  promptamente  a  qualquer 
fuplica  que  fofle  patrocinada  com  as  fuás 
fantiíTimas  Chagas.  A  Maria  SantiíTima  de- 
dicava terniíTimos  obzequios  recitando  quo- 
tidianamente poftrado  de  joolhos  os  Pfalmos 
Penitenciaes.  AíTiítia  cuberto  de  luto  as  três 
noutes  da  Semana  Santa  ao  Sagrado  Monu- 


I 


LUSITANA.  56j 

mento  onde  fervorofamente  contemplava  Aíanoel  de  Mello  cõ  eítilo  igual  ao  aíTum- 
os  exceíTos,  que  para  beneficio  dos  homens  pto,  e  Chriílovaõ  Ferreira  de  Sampayo;  e 
obrara  o  Amor  Divino  nas  ultimas  horas  na  Franceza  Maugin,  Neufiiille,  e  Le  Qede. 
da  fua  Vida.  Eternos  brazoens  da  fua  ma-  Alem  dos  elogios  que  lhe  formarão  eíles 
gnifica  piedade  faõ  o  Hofpital  real  de  todos  Authores,  aplaudirão  a  fua  memoria  outras 
os  Santos,  o  Moíleiro  das  Comendadeiras  pennas  como  faõ  as  de  Fr.  Bernardo  de 
da  Ordem  Militar  de  S.  Tiago,  c  a  Igreja  Brito  EJog.  dos  Reys  de  Portug.  p.  113.. 
de  Santo  António  fundada  onde  teve  o  feu  Foy  de  ^ande  animo  de  fe  naÕ  Jenborear  de 
Oriente  efte  infigne  Thaumaturgo.  Para  privados,  inclinado  a  fat^er  mercês,  e  remune- 
fignificar  a  exceíTiva  ternura  com  que  amou  rar  fervidos.  Marrac.  Keg.  Marian.  p.  151^ 
aos  feus  VaíTallos  formou  huma  empreza  Vir  omni  laude  Juperior.  Salaz.  e  Caftr.  Wfi. 
em  que  fe  via  hum  Pelicano  abrindo  com  de  la  Caf^.  de  Sylv.  liv.  6.  cap.  15.  §.  2^ 
o  bico  o  peito  para  alimentar  com  o  pro-  aqtàen  Jus  virtudes  grangearon  el  renombre 
prio  fangue  a  feus  filhos  animada  com  eJfta  que  jufiamente  gos^a  de  Principe  Perfeão.  OJor 
letra  Pro  lege,  <&  grege.  Ainda  quando  era  de  rehus  Emmanuel  lib.  i.  pag.  mihi  6. 
Principe  teve  de  D.  Anna  de  Mendoça  Fuit  vir  clarus,  et  excelfus,  infejius  impra- 
filha  de  D.  Nuno  de  Mendoça  Apozenta-  bis,  banis  propitius,  juftitia  cupidus,  <&  in- 
dor  mòr  delRey  D.  Afíonfo  V.  e  de  fua  omni  genere  virtutis  admirandus.  Fonceca. 
mulher  D.  Leonor  da  Sylva  ao  Senhor  D.  Ejjor.  Glorio/,  p.  97.  Na  liberalidade  ex- 
lorge  tronco  da  preclariflima  Caza,  e  Eíla-  cedeo  a  Alexandre,  no  valor  fe  avantajou  a- 
do  dos  Duques  de  Aveiro.  Foy  infigne  Ce^ar  porque  naÕ  fó  triumfou  dos  vivos,  mas 
cultor  da  lingua  Latina  cuja  elegância  por  três  ve^es  tratou  intrépido  com  os  defun- 
exprimio  em  huma  carta  efcrita  em  Lis-  tos,  e  finalmente  foraõ  as  fuás  excellencias~ 
boa  a  23  de  Outubro  de  1491.  a  Angelo  taõ  raras  que  a  pe^ar  da  enveja  as  venera- 
Policiano  celebre  FHologo  daquella  ida-  raõ,  e  aplaudirão  os  mefmos  inimigos.  Bar- 
de perfuadindo-o  a  efcrever  no  idioma  La-  bud.  Empre:^^.  Milit.  de  Ijufit.  p.  109.  v.*** 
tino,  ou  Tofcano  a  Hiftoria  de  Portugal.  Amava  por  ejhremo  qualqtáera  virtud  en  lor 
Q)meça.  hombres,    por    lo    contrario    aborrecia    qualquer 

loannes    Dei    Gratia    Rex    Portugallia,    et  vicio    publico    Manoel    de     Faria,     e     Souza. 

Algarbiorum    citra,    (ò"   ultra   maré   in   Africa  Europ.    Portug.    Tom.    2.    Part.    3.     cap.    4. 

Dominus    Guinea    Angelo    Politiano    viro   peri-  §.    iio.     Era  gentil  Filofofo,  y   mwf   vijlo   en- 

tijjimo,    <&   amico  fuo    S.    P.    D.    Ex  fuavi-  las     Mathematicas,      y     Hijiorias.       Menezes 

JJimis    tuis    literis,    doãijftme    vir    <ô'c.      Sahio  Portug.    Kejlaur.    Tom.     i.    pag.    9.      Cafli- 

nas    obras    de    Angelo    Policiano    lib.     X.  gou    os    Vajfallos    indómitos,    e    nunca    aguar- 

Epijlol.    Bafileas.    1553.    foi,    a    pag.    138.    e  dou    que    lhe   pedi jf em   premio    os    beneméritos^ 

nas    Prov.    da    Hiji.    Geneal.    da    Caf(a    Real.  Souza    Hijl.     Gen.     da     Ca^.     Real    Portug.. 

Portug.    Tom.    2.    p.    162.  Tom.   3.  liv.  4.   cap.   3.  p.    114.    Fojy  admi- 

Em   varias    linguas    fe    efcreveo    a   Vida  ravel   a   prudência,    valor,    e    cautela    com    que 

defte  Monarcha,  fendo  todas  limitadas  vozes  efte  ^ande    Rey    fe  portou   com    os   amigos,    e 

para  publicar  as  fuás  virtudes.    Na  Latina  a  inimigos    confervando    a   pat^,    e    amit^ade    com- 

efcreveraõ    o    P.    António    de    Vafconcellos  tal  modo  que  mais  parecia  fuperior,   e  arbitro 

Anaceph.  Reg.  loifet.  pag.  215.  e  o  Excellentif-  do  que  igual. 
íimo  Marquez  de  Alegrete  Manoel  Tellez  da 

Sylva  com  igual  pureza,  que  elegância  a  qual  D.    lOAÕ    m,    em    o    nome,    e    ded- 

foy    duas    vezes    impreíla:    na    Portugueza  mo     quinto     entre     os     Monarchas     Portu- 

Garcia  de  Refende  Moço  da  Camará  do  mef-  guezes   fahio    à   luz    do    mimdo   na   famofa. 

mo   Rey,   e   Fidalgo   da  fua   Caza;   Damiaõ  Gdade   de  Lisboa  a   6   de  lunho   de    1502. 

de   Góes    Chronifta   mòr   do    Reyno,    e   Pe-  fendo   filho   fegundo   dos    Sereniflimos   Mo- 

dro    de    Maris    Dial.    de    Var.    Hifi.    Dial.  narchas    D.    Manoel,    e    D.    Maria    fua    2. 

4.    cap.    10.     Na   Caftelhana   D.    Agoíiinho  efpoza  filha  dos  Reys  Catholicos  Fernando,. 


568 


BIB  LIO  THE  CA 


c  Izabel.  Recebeo  as  primeiras  inílruçoens 
cia  lingua  Latina  de  D.  Diogo  OrtÍ2  de 
Vilhegas  Bifpo  de  Tangere,  e  a  explica- 
ção da  Theorica  dos  Planetas  de  Thomaz 
<ie  Torres  infigne  Aftrologo,  e  excellente 
Medico,  e  com  a  difciplina  de  taõ  grandes 
Meftres  naõ  correfpondeo  a  aplicação  do 
eíhido  à  comprehenfaõ  do  talento  de  que 
era  ornado.  Defde  a  idade  da  adolefcen- 
<na  o  admitio  feu  Pay  ao  Concelho  para 
que  naquella  politica  efcola  aprendeíTe  a 
difícil  arte  de  reynar  à  qual  deu  feliz  prin- 
cipio em  19  de  Dezembro  de  1521.  em  que 
foy  aclamado  fuceíTor  defta  Monarchia.  Nos 
theatros  mais  bellicofos  do  Univerfo  exten- 
•deo  a  fama  do  feu  nome,  abateo  o  orgu- 
lho dos  inimigos,  e  elevou  a  gloria  da  Na- 
ção Portugueza  ao  mayor  zenith  da  feli- 
cidade humana.  Na  Afía  acrecentou  as  glo- 
riofas  Q)nquiílas  de  que  fora  author  o  he- 
róico efpirito  de  feu  grande  Pay  derrotando 
os  mayores  Potentados  do  Oriente  pelas 
fiilminantes  efpadas  dos  Cunhas,  Gamas,  e 
Menezes.  Na  America  domefticou  a  fero- 
cidade dos  bárbaros  pela  armada  induílria 
dos  Souzas,  e  Coftas.  Na  Africa  fendo  ef- 
teril  o  feu  terreno  fe  fecundarão  as  pal- 
mas, e  os  louros  para  os  triumfos  dos 
Mafcarenhas,  Botelhos,  e  Attaydes  fobejan- 
do  para  eterno  clarim  da  fua  fama  o  cele- 
bre Galeaõ,  que  jogava  trezentas,  e  fef- 
fenta,  e  féis  peças  de  Artilharia  com  que 
focorreo  ao  Cefar  Auílriaco  na  expedição 
de  Tunes  fendo  entre  quatrocentos  vazos 
de  que  fe  compunha  a  Armada  o  glorio- 
£0  inftrumento  da  Conquiíla  da  Goleta.  A* 
Religiofa  piedade  de  feu  animo  fe  deve 
a  ereçaõ  do  Tribunal  do  Santo  Oííicio  in- 
contraftavel  propugnaculo  da  Fé  contra  a 
herética  pravidade  de  que  foy  I.  Inquiíi- 
dor  Geral  D.  Fr.  Diogo  da  Sylva  igual- 
mente illuftre  pelo  fangue,  que  pela  vir- 
tude. Depois  de  inítituir  o  Tribunal  da 
Mcfa  da  ,  Conciencia,  e  Ordens  Militares, 
cujos  Meftrados  incorporou  na  Coroa,  com- 
padecido de  que  innumeraveis  VaíTallos,  que 
habitavaõ  as  Regiocns  da  Aíia,  c  Ame- 
rica naõ  recebiaõ  o  pafto  neceflario  para 
alcançar  a  vida  eterna,  fuplicou  ao  Sum- 
mo    Paílor,    que    erigifle    cm    Cathedraes    a 


Qdade  de  Santa  Catherina  em  Goa,  a  de 
S.  Salvador  cm  Angra,  a  de  Cabo  Verde, 
e  S.  Tiago  em  Africa,  e  a  de  S.  Salva- 
dor na  Bahia  de  todos  os  Santos  em  a 
America,  as  quais  proveo  de  Bifpos,  que 
imitarão  o  zelo  dos  Prelados  da  primitiva 
Igreja,  O  mefmo  ardor  de  Religião  fe 
admirou  dentro  do  feu  Reyno  elevando  a 
Metrópoles  as  Igrejas  de  Évora,  c  a  do 
Funchal  fendo  o  primeiro  Arcebifpo  da  pri- 
meira feu  Irmaõ  o  Cardial  D.  Henrique, 
e  da  fegunda  com  titxilo  de  Primaz  do 
Oriente  D.  Martinho  de  Portugal,  e  illuf- 
trando  com  Cadeiras  Epifcopaes  as  Gda- 
des  de  Leiria,  Miranda,  Portalegre  a  que 
foraõ  aíTumptos  D.  Fr.  Braz  de  Barros,  D. 
Toribio  Lopes,  e  D.  luliaõ  de  Alva  Efmo- 
leres  da  Raynha  D.  Catherina.  Entre  todos 
os  Monarchas  Portuguezes  foy  o  mayor 
Mecenas  das  Artes,  e  Sciencias  pois  con- 
íiderando,  que  por  defcuido  dos  feus  co- 
roados predeceíTores  eílavaõ  quaii  extinâas 
em  Portugal  para  gloriofamente  as  reftau- 
rar  elegeo  peflbas  dignas  de  taõ  alta  em- 
preza  as  quais  mandou  inílruir  no  Collegio 
de  Santa  Barbara  de  Pariz  confignando-lhe 
copiofos  eftipendios  para  fua  fuílentaçaõ 
donde  fahiraõ  egregiamente  peritos  nas  le- 
tras amenas,  e  feveras.  Efte  nobre  empenho 
do  augmento  das  Faculdades  fcientificas  o 
eílimulou  para  que  no  anno  de  1537.  trans- 
feriíTe  de  Lisboa  para  Coimbra  a  Univerfi- 
dade  como  lugar  mais  retirado  do  tumulto 
da  Corte,  e  conducente  para  o  progreíTo  dos 
eíludos,  devendo  eíla  Athenas  da  Lufitania 
aos  defvelos  defte  Príncipe  a  immortal  fama, 
que  adquirio  entre  as  mais  celebres  Uni- 
verfidades  do  mundo  aíTim  na  profunda  lit- 
teratura  de  feus  Meftres,  que  com  largos 
difpendios  convocou  de  varias  partes,  como 
dos  famofos  varoens,  que  delia  fahiraõ  em 
todas  as  idades  para  ornato  do  Sacerdócio, 
e  do  Império.  Mayor  era  a  ambição,  que  ti- 
nha de  dilatar  o  Império  de  Chrifto,  do  que 
de  extender  os  feus  domínios  mandando 
Operários  Evangélicos  dos  quais  foy  precurfor 
o  apoftolico  efpirito  de  S.  Francifco  Xavier 
para  cultivar  as  vaftinimas  vinhas  da  Etió- 
pia, China,  e  lapaõ  donde  derramarão  depois 
de   copiofos    fuorcs    o   próprio   fangue   cm 


L  USITANA. 


569 


I 

L 


obzequio  do  Redemptor  Qucificado.  Nas 
fabricas  fe  moítrou  taõ  magnifico,  que  com- 
petio  com  a  generofa  idea  de  feu  Pay  fendo 
os  mármores  do  Collegio  de  Coimbra  dos 
PP.  Jefvdtas;  da  Caza  profeíla  de  S.  Roque 
de  Lisboa,  do  Templo  de  N.  Senhora  da 
Graça  de  Lisboa,  e  do  Aqueduâo  da  Fon- 
te da  prata  da  Qdade  de  Évora  ainda  que 
mudos,  eloquentes  pregoeiros  da  fua  Real 
liberalidade.  A  prudência,  que  he  a  baze 
dos  tronos,  foy  fempre  a  direâora  das  fuás 
acçoens  da  qual  deu  hum  illulbre  argumento 
quando  fe  confervou  neutral  fem  offenía  do 
parentefco,  e  da  amizade  entre  os  dous 
mayores  emulos,  que  naquelle  tempo  ref- 
peitava  a  Europa  Carlos  V.  e  Frandfco  I. 
Promulgou  leys  para  confervaçaõ  da  Mo- 
narchia,  e  derrogou  outras  que  lhe  parece- 
rão feveras  por  fer  o  feu  génio  mais  incli- 
nado à  clemência,  que  ao  rigor.  Elegeo 
fempre  os  Miniftros  mais  doutos,  e  menos 
rigidos,  e  para  que  o  premio  fe  dividiíTe 
pelos  beneméritos,  e  a  Republica  foíTe  bem 
fervida  nunca  confentio,  que  adminiftraiTe 
hum  muitos  lugares.  Para  evitar  controver- 
ÍJas  de  que  podiaõ  nacer  defordens  deter- 
minou a  precedência  dos  Grandes  ainda,  que 
foíTem  feus  parentes  i>ela  antiguidade  das 
Cartas,  cuja  determinação  ainda  hoje  fe  prac- 
tica.  Foy  cordial  devoto  de  Maria  SantiíTi- 
ma,  e  do  Principe  da  milicia  Angélica  S. 
Miguel  ampliando  por  indulto  Apoftolico 
na  fua  Real  Capella  em  os  Sabbados,  e  Ter- 
ças feiras  os  cultos  deftes  feus  Tutelares. 
Teve  memoria  taõ  feliz,  que  paíTava  a  monf- 
truofa  confervando  nella  os  nomes,  e  apel- 
lidos  de  todos  os  Eíhidantes,  que  lera  na 
Matricula  da  Univerfidade  de  Coimbra.  Ini- 
migo dos  cuftumes  Eftrangeiros,  e  unica- 
mente amante  dos  pátrios  fempre  uzou  do 
traje  Portuguez  por  fer  o  mais  honefto. 
Entre  o  belhco  furor  de  Marte  em  que 
ardia  grande  parte  da  Europa  fe  confer- 
vou Pacifico,  colhendo  os  feus  VaíTaUos 
à  fombra  da  tranquiUidade  publica  os  fini- 
tos das  mayores  felicidades.  Tendo  vivido 
55  annos,  e  5  dias,  e  reynado  55  annos,  fin- 
co mezes,  e  vinte  e  nove  dias  foy  improvi- 
íamente  acometido  de  hum  acddente  apo- 
pletico  a  II  de  Junho  de  1557.  e  reftituido 


ao  juizo,  como  conheceíle  o  perigo  em  que 
eftava  fe  confeíTou  com  o  Bifpo  de  Ley- 
ria  D.  Fr.  Gafpar  do  Cazal,  e  recebendo 
o  Sagrado  Viatico  com  fumma  piedade,  e  a 
Extrema-unçaõ  miniftrada  pelo  Cardial  D. 
Henrique,  efpirou  pladdamente  entre  as 
onze  horas,  e  doze  da  noute.  Ao  dia  fe- 
guinte  foy  levado  o  Real  cadáver  com  gran- 
de pompa  ao  Convento  de  Belém  onde  fe 
collocou  em  hum  fumptuofo  Maufoleo  cer- 
cado de  cento,  e  vinte,  e  outo  tochas.  De- 
pois de  fe  cantar  folemnemente  o  Offido 
dos  Defimtos  redtou  a  Oraçaõ  fúnebre  o 
Doutor  António  Pinheiro  comovendo  com 
a  eficada  das  fuás  eloquentes  vozes  aos  dr- 
cunftantes  para  novas  lagrimas.  Sobre  o 
mármore  do  fepulchro  fe  lhe  gravou  o  fc- 
guinte  Epitáfio. 

Pa^g,  domi,  htlloque  foris  moderamine  miro 
Auxit  loannes  Tertius  Imperium. 

Divina  excoltút,   Kegno  importavit  Athenas 
Hic   tandem  Jitus  eft  Rex,    Pátria^   Pa- 
rem. 

Foy  de  mediana  eftatura,  porem  cor- 
pulenta; o  roílo  gentil,  mas  muito  co- 
rado, a  barba  preta,  e  bem  povoada,  olhos 
azuis,  e  agradavds,  e  de  afpeâo  taõ  ma- 
geftozo,  que  cauzava  naõ  pequena  tur- 
bação a  quem  lhe  fallava.  Cazou  em  5 
de  Fevereiro  de  1525.  com  D.  Cathe- 
rina  irmãa  de  fua  Madrafta  a  Raynha 
D.  Leonor,  e  do  Emperador  Carlos  V. 
c  filha  de  FiUppe  I.  de  Caftella,  e  da 
Raynha  D.  loanna  herdeira  daquella  Co- 
roa; e  deíle  auguílo  confordo  naceraõ 
D.  Affonfo,  que  brevemente  morreo;  a 
Infanta  D.  Maria,  que  fe  defpozou 
em  12  de  Mayo  de  1543.  com  D.  Fi- 
Hppe  Prindpe  das  Afturias,  a  qual  mor- 
reo de  parto  a  12  de  Julho  de  1545. 
quando  contava  17  annos,  e  nove  mezes 
de  idade,  e  jaz  no  Pantheon  do  Conven- 
to do  Efcorial:  as  Infantas  D.  Izabel,  e 
D.  Brites  mortas  em  tenra  idade.  O  Prin- 
dpe D.  Manoel  jurado  Prindpe  herdeiro 
da  Monarchia  a  15  de  Junho  de  1535. 
e  falleddo  a  24  de  Abril  de  1537.  O 
Infante  D.  Filippe  jurado  fuceíTor  da  Co- 
roa morreo  a  29  de  Abril  de  1539.    ^  ^' 


Syo 

fante  DinÍ2  cuja  vida  durou  brevemen- 
te. O  Príncipe  D.  loaõ,  que  nacendo 
a  5  de  lunho  de  1537.  morreo  intem- 
peílivamente  a  2  de  laneiro  de  1554.  def- 
po2ado  com  D.  loanna  de  Auílria  filha 
do  Emperador  Carlos  V.  e  da  Empera- 
tri2  D.  Izabel,  de  cujo  conforcio  naceo 
ElRey  D.  SebaíHaõ.  O  Infante  D.  An- 
tónio, que  naõ  chegou  a  cumprir  o  ef- 
paço  de  hum  anno.  De  D.  Izabel  Mo- 
niz moça  da  Camará  da  Raynha  D.  Leo- 
nor teve  hum  filho  natural  chamado  D. 
Duarte,  que  pelas  fuás  grandes  letras,  e 
fumma  capacidade  foy  aíTumpto  à  Cadei- 
ra Primacial  de  Braga;  e  a  D.  Manoel 
taõbem  illegitimo  que  morreo  em  idade 
pueril.  Efcreveo  as  açoens  politicas,  e  mi- 
litares deíle  Princepe  Francifco  de  An- 
drada  do  feu  Confelho,  e  fcu  Chroniíla, 
e  à  fua  gloriofa  memoria  dedicarão  elo- 
quentes Panegyricos  o  grande  loaõ  de 
Barros,  e  António  de  CaíUlho  Guarda 
mòr  da  Torre  do  Tombo,  e  Chroniíla 
mòr  do  Reyno.  Os  mais  infignes  Efcri- 
tores  lhe  fizeraõ  grandes  elogios  como 
foraõ  o  Doutor  Martim  Afplicueta  Na- 
varro de  Kedditib.  Ecclef.  cap.  38.  Omnes 
quotquot  viderim  Reges,  régulos,  €>*  altos  Prín- 
cipes viros  {vidi  autem  quàm  plurimos  in  Hif- 
paniis,  eS?*  Galliis)  fuperat,  (falia  de  Filippe 
Prudente)  Ji  unum  gloriofa  memoria  loannem 
Teríium  l^ufitania  Kegem  numquàm  Jatis  lau- 
datum,  eumdemque  próximo  cognatum  ejus,  <& 
Jocerum  jàm  vita  fun£tum  excipias.  O  mefmo 
Navarro  in  Apolog.  pro  defenf.  fui  nomin.  ibi 
loanni  Tertio  Kegum  atatis  Jua  (abjit  verbo  adu- 
latid)  reliffone,  elyemojinis,  omatu,  prudentia  tam 
belli,  quàm  pacis  artibus  infignita,  jujiitia  cle- 
mentia  radiis  corujca  mafftificentia  omni  ge- 
nere  modejlia  decora,  exemplari.  Fr.  Bernar- 
do de  Brito  Elog.  dos  Keys  de  Portug. 
pag.  mihi  130.  Foy  amigo,  e  favorecedor 
das  letras  Eduard.  Non.  Cenfur.  in  Tei- 
xeir  libell.  Liíerarum  Studia  in  Portugallia 
excitavit,  doãorum  hominum  flipendia  auxit. 
Vafconcellos  Anaceph.  Keg.  hufit.  p.  288. 
Quantum  illi  debeat.  Tbeologia,  cateraque  libe- 
rales  artes  tejlis  ejl  Conimbrica  quam  altricem 
fcientiarum  ejfe  voluit  acitis  illuc  magnis  propofi- 
tis  flipendiis,  eJ»*  honoribus  ex   Gallia,  C>*  Hif- 


BIBLIO THE  C  A 


pania  florentijjimis  praclara  eruditione  ma^firis, 
locupletata  Academia  plus  tríginta  millibus  au- 
reorum  annuis.  Fonceca  Ejvor.  Gloríof.  p.  109. 
Foy  príncipe  de  infixe  piedade,  fngular  prudên- 
cia, ff^ande  valor,  e  incorrupta  Jujliça.  Menezes 
Portugal  Kejlaur.  Tom.  i.  p.  10.  Govemoufe 
pela  Keligiaõ  com  que  ejlabeleceo  a  jujliça  fem- 
pre  inclinado  á  miferícordia.  Pacheco  Vid.  da 
Inf  D.  Mar.  liv.  i.  cap.  18.  p.  77.  v.®.  Ami- 
go de  la  pa^  y  de  las  letras  para  mayor  exer- 
cido delias  reflituhio  ã  Coimbra  la  Acade- 
mia, que  Jujlamente  merece  el  nombre  de  prí- 
mero  Fundador  de  aquella  Univerjidad  y  pa- 
dre de  fus  ejludios  Godinho  de  Rebus  Abyf- 
ftm.  lib.  2.  cap.  16.  virum  prudentia,  eb* 
omnium  virtutum  laude  fuo  faculo  tantum, 
ut  neque  inter  aquales,  neque  multis  retro  fa- 
culis  ullus  extiterít  quem  ipfi  vel  nofira,  vel 
patrum  atas  jure  anteponat.  Maffeus  Hijl. 
Indic.  lib.  12.  pag.  mihi  230.  Id  fane 
Gymnajíum  ipfe  loannes  in  pojierum  longe 
profpiciens  ex  Olyjfiponenfi  tumultu  Conimbrí- 
gam  tranjlulerat  in  urbem  antiquam,  et  Mu- 
farum  otiis  jam  aute  dica  tam;  ac  tum  qui- 
dem  cafiigato  praterlabentis  Monda  fluminis  al- 
veo  falubrís  paríter ,  et  amani  fecejfus.  Eò 
clarijfimos  dicendi  magijlros,  ac  mathematica 
rei,  ac  medica  profejjores,  et  humani,  divini 
que  Júris,  et  Sacrarum  literarum  interpretes 
non  ex  Hif  pania  tantum,  fed  etiam  ex  Gallia, 
Germânia,  Itália  magnis  pramiis  evocabat:  fcho- 
lifque  ex  Parífienfi  formula,  et  difciplina  injli- 
tutis  aliquot  infuper  adolefcentium  Collegia  in 
eadem  urbe  fundaverat. 

Efcreveo. 

Epijlola  ad  Sanãifimum  Dominum  Nof- 
trum  Clementem  Pontificem  Vil.  data  Se- 
tuval  28  Maii  IJ32.  Foy  mandada  quan- 
do os  Embaxadores  da  Etiópia  paflaraò 
a  Roma  para  dar  obediência  ao  Pontí- 
fice. Sahio  imprcfla  no  Tom.  2.  Hifpan. 
llluflrat.  pag.  1287.  Francofurti  apud  Clau- 
dium  Marnium.  1603.  foi.  e  delia  faz 
mençaõ  o  moderno  addicionador  da  Bib. 
Oríent.  de  António  de  Leaõ  Tom.  i. 
Tit.    12.    col.    589. 

Epijlola  ad  Santijftmum  Dominum  Pau- 
lum  III.  Pontificem  Maximum  data  Ebo- 
ra     20     lulii     1536.     Confiava     dos     fcli- 


L  USITAN A. 


571 


ces  SuceíTos,  que  as  fuás  Armas  alcança- 
vaõ  no  Oriente.  Ambas  eftas  Cartas  fa- 
hiraõ  impreíTas  Francofurti  1630.  4.  e  del- 
ias fe  lembra  Lipenio  Bib.  Keal.  Theolog. 
pag.  606.  col.   2. 

Carta  efcrita  de  Évora  a  i^  de  Alayo  de 
1535.  ao  Duqtie  D.  Tbeodof^io  de  Bragança  para 
que  acompanhe  ao  Infante  D.  Lmz  "^  Tomada 
de  Tunes.  ImpreíTa  na  Cbron.  de/Rey  D.  Ma- 
noel efcrita  por  Damiaõ  de  Góes  Part.  i. 
cap.   loi. 

Carta  efcrita  de  Almeirim  a  %  de  Março 
de  1346.  a  D.  loaõ  de  Caflro  Governador  da 
índia.  He  elegante,  e  extenfa.  Sahio  na  Vid. 
de  D.  loaÕ  de  Caflro  efcrita  por  lacinto  Frey- 
re  de  Andrada  liv.  i.  n.  69. 

Carta  efcrita  de  Usboa  a  zo  de  Outubro 
de  1547.  ao  mefmo  D.  loaõ  de  Caflro.  Sahio 
na   Vida  deíie  Heroe  Uv.  4.  n.  95. 

Carta  efcrita  em  Usboa  a  ^  de  Agoflo 
de  i^4j.  a  E/Rey  de  Congo.  ImpreíTa  na 
Chron.  da  Companhia  de  lefus  da  Prov.  de 
Portug.  compoíla  pelo  Padre  Tellez  P.  i. 
liv.  2.  cap.  28.  §.   5. 

Carta  efcrita  em  Coimbra  a  10  de  Novem- 
bro de  1550.  ao  Summo  Pontífice  lullo  III. 
Impreíla  na  referida  Cbron.  liv.   5.  cap.    16. 

Duas  Cartas  ef cri  tas  em  Usboa  a  ^o  de 
lanelro  de  1555.  A  primeira  para  Santo 
Ignado  de  Loyola;  a  fegunda  para  D.  Af- 
fonfo  de  Alencaífare  Embaxador  em  Roma. 
Ambas  na  dita  Chronlc.  liv.  3.  cap.  35.  §. 
3.   e  4. 

Carta  efcrita  de  Usboa  a  ^  de  lanelro  de 
1553  ao  Pontífice  Itdlo  III.  em  que  lhe  recomen- 
da a  Companhia  de  lefus. 

Carta  efcrita  a  hum  Cardlal  fobre  a  ma- 
ieria  da  precedente.  Ambas  impreflas  na  Chro- 
mca  do  Padre  Tellez.  Part.  2.  liv.  4.  cap. 
12.   §.   4.   e   6. 

Ditas  Cartas  efcritas  de  Usboa  a  z^  de 
lanelro  de  1553.  A  1.  a  D.  Affonfo  de  Alen- 
caftro  Embaxador  na  Cúria;  aza  EJRey  de 
França  em  favor  da  Companhia.  ImpreíTas  na 
Chron.  da  Companhia  Part.  2.  liv.  4.  cap.  12. 
§.  9.  e   12. 

Carta  efcrita  ao  Blfpo  Conde  D.  Fr.  loaõ 
Soares.  Impreíla  na  dita  Chron.  P.  2.  liv. 
6.  cap.   15.  §.   I. 


Carta  efcrita  em  Usboa  a  10  de  Setembro 
de  1555.  ao  Doutor  Diogo  de  Teyve  para  en- 
tregar o  governo  das  Efcholas  menores  aos  PP. 
lefmtas.  ImpreíTa  na  referida  Chron.  P.  2. 
liv.   6.  cap.   18  §.   10. 

Carta  efcrita  no  armo  de  1555.  ao  Provin- 
cial da  Companhia  da  Provinda  da  índia  Sahio 
na  Ulfl.  da  Etlop.  Alt.  do  Padre  Tellez  liv. 
2.  cap.  20.  pag.  149. 

Cartas  para  os  R^j  de  França  Franclfco  I. 
e  D.  Uonor  a  cerca  da  partida  da  Infanta  D. 
Maria.  ImpreíTas  na  Vida  deíla  Senhora 
compoíla  por  Fr.  Miguel  Pacheco  liv.  i. 
cap.    10.  pag.   35.  v.o  e  36. 

Carta  efcrita  de  Usboa  a  28.  de  Março 
de  1556.  ao  VlceRey  da  índia  em  que  lhe  man- 
da fe  Informe  das  açoens  mrtuofas  de  S.  Fran- 
clfco Xavier  para  delias  fe  efcrever  a  fua  Vida. 
Sahio  vertida  em  latim  pelo  P.  Manoel  da 
G)íla  P>jer.  à  S.  I.  In  índia  geflar.  p.  5.  e  deUa 
faz  mençaõ  o  addicionador  da  Blb.  Orlent. 
de  António  de  Leaõ  Tom.  i.  Tit.  8.  coL 
151. 

Carta  efcrita  a  Uurenço  Pires  de  Távora 
Embaxador  a  Carlos  V.  ImpreíTa  na  Vida 
da  Infanta  D.  Maria  aíTima  aUegada  liv.  i. 
cap.    II.  pag.  4. 

Carta  efcrita  a  zi  de  Fevereiro  de  1557. 
a  Uurenço  Pires  de  Távora.  Impreíla  na  Vida 
da  Inf.  D.  Mar.  liv.  i.  cap.  17.  pag.  73.  v.o 


D.  lOAÕ  rV  em  o  Nome,  e  vigef- 
íimo  primeiro  entre  os  Monarchas  Por- 
tuguezes  naceo  em  Villaviçofa  a  19  de 
Março  de  1604.  de  feus  SereniíTimos  Pays 
D.  Theodozio  2.  do  nome  e  7.  Duque 
de  Bragança,  e  D.  Anna  de  Velafco  fi- 
lha de  D.  loaõ  Fernandes  de  Velafco 
Condeftavel  de  CafteUa,  6.  Duque  de  Frias 
Conde  de  Haro,  Marquez  de  Berlanga, 
Camareiro  mòr  delRey,  Confelheiro  de  Ef- 
tado,  e  Governador  de  Milaõ,  e  da  Du- 
queza  D.  Maria  Giron  filha  de  D.  Pe- 
dro de  Giron  I.  Duque  de  OíTuna  e 
VI.  Conde  de  Urenha.  Iníbruido  na  lín- 
gua Latina  que  lhe  fervio  para  a  intelli- 
gencia  da  Sagrada  Efcritura  de  cuja  Uçaõ 
fummamente  fe  deleitava,  começou  a  fe- 
guir   o   exercido    da   caça   com   tal    mode- 


5/2 

raçaõ,  que  fem  fatígar  o  corpo  evitava  os 
pcrniciofos  cffeitos  da  ociofidade.  Entre  to- 
das as  Artes  Liberaes  lhe  deveo  mayor  in- 
clinação a  Mufica  de  cuja  armonica  Facul- 
dade teve  por  Meftre  a  Roberto  Tornar  de 
naçaõ  Inglez,  e  difcipulo  do  famofo  Geri 
de  Gherfen  Meílre  da  Capella  do  SereniíTimo 
Archiduque  Alberto  Senhor  dos  Eftados  de 
Flandes,  fahindo  taõ  perito  com  as  fuás 
inílniçoens  que  chegou  a  praélicar  com 
admiração  dos  mayores  profeíTores  deíla  Ar- 
te os  feus  preceitos  aflim  theoricos,  como 
pra£tícos.  Por  morte  de  feu  Pay  fendo  ou- 
tavo  Duque  de  Bragança,  quinto  de  Gui- 
maraens,  e  terceiro  de  Barcellos  fe  defpo- 
20U  a  12  de  laneiro  de  1633.  com  a  Se- 
nhora D.  Luiza  Francifca  de  Gufmaõ  filha 
de  D.  loaõ  Manoel  Perez  de  Gufmaõ  ou- 
tavo  Duque  de  Medina,  e  Sidónia,  e  de  D. 
loanna  do  Sandoval  filha  de  D,  Francifco 
de  Sandoval  I.  Duque  de  Lerma,  e  da  Du- 
queza  D.  Catherina  de  Lacerda  celebrandofe 
efte  auguílo  defpozorio  com  taõ  plaufiveis 
júbilos  que  foraõ  vaticínios  da  dignidade 
real  a  que  haviaõ  fubir  os  dous  excellentif- 
íimos  Confortes.  Oprimida  fatalmente  a 
Monarchia  de  Portugal  com  o  violento  do- 
mínio de  Caftella  fe  deliberarão  os  Portu- 
guezes  facudir  taõ  pezado  jugo,  e  defpe- 
daçar  as  cadeyas,  que  ignominiofamente  ar- 
raftavaõ  pelo  efpaço  de  feíTenta  annos  para 
cujo  fim  fendo  precurfores  da  Uberdade  os 
tumultos  de  Évora,  aclamarão  por  feu  legi- 
timo Soberano  ao  Duque  de  Bragança  D. 
loaõ  em  o  faufto  dia  do  primeiro  de  De- 
zembro de  1640.  e  a  15  do  dito  mez  foy 
coroado  na  Corte  de  Lisboa  com  a  folem- 
nidade  cuíhimada  em  femelhantes  funçoens. 
Elevado  ao  trono  de  feus  Avós  para  fa- 
zer patente  aos  Príncipes  da  Europa  a  juf- 
tiça  com  que  cingira  a  Coroa  uzurpada 
pela  ambição  Caftelhana,  expedio  por  Em- 
baxadores  a  França  Francifco  de  Mello 
Monteiro  mór  do  Reyno;  a  Inglaterra  D. 
Antaõ  de  Almada;  a  Olanda  Triílaõ  de 
Mendoça;  a  Dinamarca  Francifco  de  Sou- 
2a  Coutinho;  e  a  Roma  D.  Miguel  de 
Portugal  Bifpo  de  Lamego  que  com  igual 
fidelidade,  que  prudência  dezempenharaõ 
as    obrigaçoens    de    taõ    alta    inciimbencia. 


BIBLIO  THE  CA 


A  fortima  alliada  com  o  valor  lhe  conce- 
derão gloriofos  fuceíTos  pelo  impulfo  das 
noíTas  Tropas,  que  entrando  conquiftadoras 
pelas  Fronteiras  de  Caftella  depois  de  ga- 
nhar Praças,  demolir  Caftellos,  e  abrazar  Vil- 
las  fe  coroou  com  a  Vitoria  do  Montijo  on- 
de de  vencidas  paíTáraõ  a  viftoriofas  as  Ar- 
mas Portuguezas.  Naõ  foraõ  inferiores  os 
triumfos,  que  alcançou  dos  Olandezes  cm 
Pernambuco,  pois  havendo  fuftentado  por 
quatorze  annos  guerra  contra  taõ  cavillofa 
Potencia  com  as  duas  celebres  Vitorias  dos 
Garárapes  lhe  quebrou  de  tal  forte  as  for- 
ças, que  ficou  pacifico  dominador  de  toda 
aquella  Capitania.  Com  generofa  hofpita- 
lidade  protegeo  os  Príncipes  Palatinos  Ro- 
berto Duque  de  Gumberland,  e  feu  irmaõ 
Maurício  filhos  de  Federico  V.  Conde  Eley- 
tor  Palatino  perfeguidos  do  Tyrano  Cro- 
mwvel  os  quais  bufcando  por  azilo  o 
porto  de  Lisboa  defendeo  por  mor,  e 
terra,  que  naõ  foíTem  entregues  ao  Ge- 
neral Blac,  que  com  huma  Armada  com- 
pofta  de  quinze  navios  anciofamente  os 
procurava.  Entre  os  beneficios,  que  re- 
cebe© da  maõ  omnipotente  foy  o  mayor 
quando  acompanhando  a  Prociflaõ  do 
Corpo  de  Deos  a  20  de  lunho  de  1647. 
naõ  permetio,  que  a  fua  vida  foíTe  fa- 
tal defpojo  da  perfidia  Caftelhana,  erigin- 
doíTe  para  eterno  monumento  da  gratifica- 
ção hum  Templo  em  o  lugar  deftinado  para 
taõ  abominável  AíTaíTino.  Attendendo  com 
paternal  vigilância  pela  eftabilidade  da  Mo- 
narchia, e  confervaçaõ  de  feus  VaíTalos  pro- 
mulgou leys  utiliíTimas,  e  erigio  os  Tribu- 
naes  do  Confelho  de  Guerra,  lunta  dos  Três 
Eftados,  Confelho  Ultramarino,  e  a  lunta  do 
Comercio.  Movido  do  cordial  aífedlo  com 
que  venerava  o  puriíTimo  Myftcrio  da  Con- 
ceição da  Senhora  a  declarou  nas  Cortes 
celebradas  no  anno  de  1646.  Padroeira,  e 
Defenfora  do  Reyno,  e  querendo  teftemu- 
nhar  com  mayores  argumentos  a  fua  pie- 
dade mandou  bater  moedas  de  ouro,  e 
prata  em  que  eftava  efculpida  a  Imagem 
da  Senhora,  e  ordenou  à  Univerfidade  de 
Coimbra,  que  todos  os  Académicos  antes 
de  receber  o  gráo  das  Faculdades  juraíTem 
o   fingular  privilegio   com   que   aquella  di- 


f 


L  USITAN  A. 


vina  PriQce2a  foy  izenta  de  culpa  Original. 
Foy  profundo  venerador  dos  Vigários  de 
Chriílo  ainda  quando  com  mais  politica, 
que  juítiça  lhe  negáraõ  a  confirmação  dos 
Bifpados  do  Reyno,  bxifcando  todos  os 
meyos  para  juftificar  a  fua  obediência,  e  naõ 
admitindo  os  pareceres  dos  Theologos  por 
ferem  pouco  conformes  aos  religiofos  diâa- 
mes  da  fua  conciencia.  Com  generofa  pie- 
dade ratificou  a  Doaçaõ  ao  Real  Moíleiro 
de  Alcobaça  das  rendas,  que  eílavaõ  uni- 
das a  Abbadia  Commendataria  na  mefma 
forma,  que  lhas  doara  feu  invido  predecef- 
for  D.  Affonfo  Henriques  em  remuneração 
do  auxilio,  que  com  as  fuás  fervorofas  ora- 
çoens  lhe  deu  S.  Bernardo  quando  conquif- 
tou  eíla  Monarchia  dos  Sequazes  de  Ma- 
foma.  Havendo  triumfado  de  inimigos  do- 
mefticos,  e  eílranhos,  e  eílabelecido  alianças 
com  os  mayores  Potentados  da  Europa 
cahio  infermo  de  huma  fopreíTaõ  alta,  que 
fazendo-fe  rebelde  a  todos  os  medicamen- 
tos fe  preparou  corroborado  com  os  Sa- 
cramentos para  a  ultima  hora,  e  depois  de 
exhortar  a  feus  filhos  a  hum  amor  reci- 
proco, pacificar  as  famílias  de  mayor  dif- 
tinçaõ,  que  eftavaõ  difcordes,  perfuadir  aos 
Miniftros  a  adminiftraçaõ  da  juítiça,  e  aos 
Generaes  a  vigilância  das  Fronteiras  en- 
tre a  repetição  do  SantiíTimo  Nome  de  lE- 
SUS,  e  da  Virgem  Immaculada  efpirou  pla- 
cidamente  em  himia  fegunda  feira  6  de  No- 
vembro de  1656.  quando  contava  52  an- 
nos,  7  mezes,  e  18  dias  dos  quais  foy  26 
annos  Duque  de  Barcellos,  dez  Duque  de 
Bragança  16  menos  24  dias  Rey  de  Por- 
tugal. Foy  fepultado  em  o  Real  Convento 
de  S.  Vicente  de  fora  de  Cónegos  Regrantes 
de  Santo  Agoftinho  em  hum  foberbo  JMau- 
foleo  fabricado  de  preciofos  mármores  de- 
baixo do  Sacrário  do  Altar  mór  com  duas 
faces  eftando  gravado  na  que  olha  para  o 
Altar  o  feguinte  Epitáfio. 

Sije    Hofpes:    Regum    virtutes  quaris  in 
uno? 
Joannes  Ouartus  conditur  boc  Tumulo. 
Hic  Lyjiam  ajferuit,  fervavit,  rexit,  çíy  auxit 
Jure,  armis,  nutu,  limitihufque  novis 
Na  parte,   que  olha  para  o  Coro. 


5/3 

ímpia  facrilegi  peteref  cum   dextra  Joannem 

In  niveo  cufios  adfuit  orbe  Deus 
Ergo   vel  in   Tumulo   Rex  bane  Je  fijlit  ad 
aram 
Cujlodem  ut  cufios  excuhet  ante  fuum. 
Foy    de    eftatura    mediana,    muito    gentil 
antes  das  bexigas,  que  lhe  diminuirão  parte 
defte    dote.     Teve    o    cabello    louro,    olhos 
azuis    alegres,    e    agradáveis;    a    barba    mais 
clara,  que  o  cabeUo,  o  corpo  groíTo,  e  ro- 
bufto  ao  qual  a  defordem  do  alimento  fez 
menos  durável.    Defprezou  a  pompa  de  vef- 
tir  evitando  com  a  moderação  do  traje  o 
luxo  dos  feus  VaíTalos.    Na  converfaçaõ  foy 
difcreto  ainda,  que  uzava  de  palavras  pouco 
polidas,  prompto  nas   refpoílas,   e   nos    def- 
pachos  da  fua  maõ  jovial.    Amou  a  juítíça 
com  tanta  obfervancia,  que  ainda  fendo  ar- 
guido   de   fevero   pelos    delinquentes    nunca 
degenerou   em   rigor.     Exercitou  a   liberali- 
dade fem  nota  de  pródigo  difpendendo  gran- 
de copia  de  dinheiro  com  politico  fegredo 
em  utilidade  da  Coroa.    Nunca  admitio  Va- 
lido   na   adminiftraçaõ    do    governo,    e    fo- 
mente   fe    fojeitava    à    direção    dos    Minif- 
tros   mais    reélos,    e   intelligentes.     Prevenio 
com  vigilante  cautela  todos  os  fuceíTos  futu- 
ros de  que  refultou  fahirem  fempre  infruc- 
tuofas   as   maquinas   de   feus   inimigos.     Do 
augufto   matrimonio,    que   contrahio   com  a 
Senhora  D.  Luiza  Frandfca  de  Gufmaõ  na- 
ceraõ  o  Principe  D.  Theodofio,  que  ornado 
de  todas  as  virtudes  moraes,  e  fciencias  di- 
gnas da  fua  peUoa  falleceo  a   15    de  Mayo 
de    1654.    A   Senhora   D.    Anna,   que   a   21 
de  laneiro   de    1635.   unio   o   berço   com   o 
tumulo.    A  Infanta  D.   loanna,   que  intem- 
peftivamente  morreo  a  17  de  Novembro  de 
1653.    A  Infanta  D.   Catherina,  que  fe  def- 
pozou  com  Carlos  II.  Rey  de  Inglaterra  em 
o  anno  de  1662.  e  depois  de  aíTiftir  naquelle 
Reyno    quafi    trinta    annos    por    morte    de 
feu   augufto    Efpozo   fe   reftituhio   a   Portu- 
gal em  20  de  laneiro  de   1695.  onde  mor- 
reo a  31  de  Dezembro  de  1705.    O  Senhor 
D.  Manoel  nacido,  e  morto  a  6  de  Setem- 
bro de   1640.    O  Principe  D.  AíFonfo,  que 
fubindo   ao   trono   a    15    de   Novembro   de 
1656.    foy    depofto    pela    fua    incapacidade 
a    25    de    Novembro    de    1667.    e    morreo 


574 


BIB  LIO  THE  CA 


no  Palácio  de  Qntra  a  12  de  Setembro  de 
1683.  O  Infante  D.  Pedro,  que  fendo  ju- 
rado fuceflbr  da  Coroa  a  27  de  laneiro  de 
1668.  governou  o  Reyno  com  titulo  de 
Príncipe  em  quanto  viveo  feu  irmaõ  D.  Af- 
fonfo,  e  depois  de  o  reger  como  Monar- 
cha  mais  de  vinte  e  três  annos  morreo  a 
9  de  Dezembro  de  1706.  Fora  do  matrimo- 
nio teve  a  Senhora  D.  Maria,  que  recolhida 
no  Convento  de  Carnide  de  Religiofas  Car- 
melitas Defcalfas  acabou  piamente  a  vida 
a  6  de  Fevereiro  de  1693.  Foy  infigne  pro- 
fcíTor  da  Muíica  digna  ocupação  de  Prin- 
cipes  como  em  feu  tempo  a  praílicáraõ 
Fernando  III.  Emperador  de  Alemanha,  e 
Filippe  IV.  Rey  de  Caftella.  luntou  huma 
magnifica  Bibliotheca  compofta  dos  mi- 
Ihores  Authores  de  todas  as  Naçoens  in- 
íignes  neíla  armonica  Faculdade,  e  delia 
mandou  imprimir  a  i.  Parte  do  feu  Index. 
Lisboa  por  Paulo  Crasbeeck.  1649.  4.  gran- 
de. Comprehendia  521.  paginas.  Foy  aplau- 
dido o  feu  nome  pela  excellencia  defta  Arte 
da  qual  penetrou  profundamente  os  Myf- 
terios.  O  grande  Fr.  Francifco  de  Santo 
Agoílinho  Macedo  Propug.  Lm/íí.  Galic.  pag. 
100.  Cantihus  facris  ita  deleEtatur,  ut  non  modo 
eos  lihenter  audiat,  fed  quâ  pollet  titque  ad  ad- 
mirationem  mujicarum  rerum  Jcientia  Davidis 
inflar  hymnos  fcientijftme  componat,  quorum  har- 
monia Templa  rejonant.  O  Doutor  Duarte 
Madeira  Nova  Phiiofoph.  Difp.  9.  Tom.  2. 
prim.  Part.  Seft.  6.  n.  3.  Mufarum  Cori- 
phaum,  et  n.  9.  Orphaus.  iMJitanus.  P.  Em- 
man.  Ludou.  Vit.  Princip.  Theodojii.  lib.  i. 
cap.  II.  n.  124.  Conjlanti  omnium  Jcientia  hu- 
jus  nobilijftma  artis  Mufica  peritiá  excelluit. 
Manoel  de  Galhegos  Templo  da  Memor.  liv. 
I.   Eílanc.    56.    57.   e    58. 

Cuidado/o,  Jolicito  engolfado, 
No  immenfo  mar  da  Mufica  procura 
Ir  por  algum  caminho  deJu:^ado 
A   dar  novos  preceitos  à  doçura: 
E  a  de/cobrir  na  orgânica  armonia 
Números  novos,  nova  melosa. 

Quando  douto,  e  armonico  perfende 
Encher  de  varias  flores  hum  motete 
Com  ffaça  Juperior  as  vo:(es  prende; 


E  com  tanta  deftre:(a  hum  paffo  mete, 
Que  antes,  que  efte  fuavifftmo  feneça, 
Outro  mudando  de  intenção,  começa. 

Por  novos  modos,   nova  variedade 
Faz  f^oMifib^r  o  vo^:  talve^  a  obriga 
A  que  fuja  com  rara  fuavidade, 
Talve:^  a  que  galharda  hum  pajfo  figa. 
Ora  com  ley  de  números  lhe  manda 
Que  tremula  fe  quebre,  e  pare  branda. 
Compoz. 

Defenfa  de  la  Mufica  contra  la  errada  opi- 
nion  dei  Obifpo  Cyrillo  ¥  ranço.  Lisboa.  1649. 
4.  Nella  eílá  huma  Carta  deíle  Bifpo  ef- 
crita  ao  Cavalheiro  Ugolino  Gualteruzzio 
em  que  fe  queixa  de  que  a  Muíica  moder- 
na naõ  faça  os  effeitos  da  antigua.  Dedi- 
cada a  loaõ  Lourenço  Rebello  Fidalgo  da. 
Caza  Real  Commendador  de  S.  Barthola- 
meu  do  Rabal  da  Ordem  de  Chrifto  hum 
dos  mais  famofos  profeflbres  da  Muíica, 
que  venerou  a  fua  idade.  No  fim  da  Dedi- 
catória tem  eílas  duas  letras  iniciacs  D.  B. 
que  fignificaõ  Duque  de  Bragança.  No 
principio  da  obra  eílá  hum  Soneto  Acroílico 
compoílo  por  feu  Sereniífimo  Author  cm 
louvor  da  Mufica  Moderna  lendofe  pelas 
letras  iniciaes  dos  quatorze  Verfos  EJ  Rçy 
de  Portugal.  A  eíla  obra  dedicou  hum  largo 
Elogio  loaõ  Alvres  Frouvo  Bibliothecario 
da  Bibliotheca  Real  da  Mufica,  e  Meílre  cm 
a  Cathedral  de  Lisboa  em  o  feu  livro  in- 
titulado Difcurfos  fobre  a  perfeição  do  Diathe- 
faron.  Lisboa.  1662.  Defta  defenfa  da  Mu- 
fica feita  pelo  Sereniífimo  Rey  D.  loaõ  o 
IV.  lhe  fazem  os  feguintes  Elogios  D.  Fran- 
cifco Manoel  de  Mello  Prolog,  do  Pantheon. 
I.  Parte.  Real  nos  diò  un  Author  foberano  en 
la  Defenfa  de  la  moderna  armonia  com  que  a 
toda  fuavidad  dexò  illuftre  y  obligada.  E  na 
Carta  dos  A  A.  Portng.  E  outro  fobre  todos 
os  mais  celebres  levantado  na  defefa  da  Mufica 
moderna,  que  por  ella  fe  rio  naÔ  fó  real,  mas 
defendida.  loan.  Soar.  de  Brit.  Theatr.  Lm- 
fit.  Utter.  lit.  I.  n.  14.  In  quo  infixem  ejus 
artis  peritiam  non  folum  prodidit,  fed  etiam  in 
litteras  propenfionem. 

Kefpueflas  a  las  dudas,  que  fe  ptífie- 
ron  a  la  Mijfa  Panis  quem  ego  dabo  de 
Paleflrina .  imprejfa  en  el  libro   %.  de  fus  Mif- 


I 


L USITAN  A 


Jas.  Lisboa.  1654.  4.  Sahio  traduzida  em 
Italiano  com  efte  titulo. 

Kifpojie  alli  duhii  propofii  fopra  Ia  Mijfa 
Panis  quem  ego  dabo  ck/  Pakjirína  fiam- 
pàta  delle  Jue  Mijfa  tradoãe  de  Spafftuolo  in 
Italiano.  Roma  por  Maurício  Balmonti. 
1655.  4.  Tem  no  frontifpicio  as  Armas 
Reaes  de  Portugal,  que  indicaõ  a  peíToa  do 
feu  Author,  pollo  que  naõ  tenha  o  feu 
nome. 

Dous  Mofetes  fahiraõ  impreíTos  no  fim 
das  obras  Muíicas  de  loaõ  Lourenço  Ra- 
bello.  Romx  Typis  Mauritii,  et  Amadei  Bal- 
montiarum.    1657.  4. 

Magnificai  a  4.  vozes. 

Dixíf  Dominus  Domino  meo.   a   8. 

J-Mudate   Dominum  omnes  gentes,   a   8. 

Concertado  fobre  o  Canto-chaõ  do  Hy- 
mno  Ave  Maris  Stella. 

Concordância  da  Aíufica,  e  pajfos  delia 
<:ollegida  dos  majores  profeffores  defia  Arte. 
M.   S. 

Principias  da  Mufica,  quem  foraÕ  f  em  pri- 
meiros Authores,  e  os  progreffos,  que  teve. 
foi.  M.  S.  De  quaíi  todas  eftas  obras 
faz  mençaõ  o  Padre  D.  Ant.  det.  de  Souz. 
Hifi.  Geneal.  da  Ca^.  Real  Portug.  Tom.  7. 
liv.   7.   pag.    240,    241.   e   242. 

Praãica  aos  Fidalgos  em  28  de  Julho 
Ae  1641.  quando  foraÕ  pret(os  por  inconfi- 
dentes o  Marques  de  Villa  Real,  e  o  Du- 
^e  de  Caminha.  Lisboa  por  António  Al- 
vres    1641.   foi. 

Memoria,  que  deixou  à  Raynha  D.  JLui^a 
quando  paffou  no  anno  de  1643.  à  Provinda 
do  Alentejo,  e  lhe  cometeo  a  regência  do  Reyno. 
O  Original  fe  conferva  na  Livraria  do  Ex- 
cellentiíTimo  Duque  do  Cadaval  como  ef- 
creve  o  P.  Souza  no  lugar  aíTima  ?llegado 
pag.  239.  Outro  memorial  efcrito  da  fua 
própria  maõ  mandou  lançar  nas  Cortes  com 
o  nome  fupofto. 

D.  lOAÕ  decimo  Adminiftrador,  e  Go- 
vernador do  Meftrado  da  Ordem  de  Chrif- 
to,  e  terceiro  Condeílavel  de  Portugal  quin- 
to filho  dos  SereniíTimos  Monarchas  D. 
loaõ  o  I.  e  D.  Filippa  de  AlencaJlro 
naceo  na  celebre  Villa  de  Santarém  a 
13.    de    laneiro    de     1400.    Imitou    a    feu 


5/5 

grande  Pay  em  os  dotes  de  prudente,  e 
valerofo,  e  amou  com  particular  afeélo  a 
feu  irmaõ  o  Infante  D.  Pedro  cuja  trá- 
gica morte  em  os  Campos  da  Alfarrobei- 
ra fentio  exceífivamente.  Foy  cazado  com 
fua  fobrinha  D.  Izabel  filha  de  D.  Af- 
fonfo  I.  Duque  de  Bragança  feu  irmaõ, 
e  de  fua  primeira  mulher  D.  Brites  Pe- 
reira da  qual  teve  a  D.  Diogo  quarto 
Condeílavel  de  Portugal,  e  undécimo  Mef- 
tre  da  Ordem  de  Chriílo  que  morreo  fol- 
teiro  no  anno  de  1443.  D.  Izabel  que  fe 
defpozou  no  anno  de  1447.  com  ElRey 
D.  loaõ  o  n.  de  Caftella,  e  falleceo  a  15 
de  Agoílo  de  1496.  D.  Brites  que  cazou 
com  feu  Primo  com  irmaõ  o  Infante  D. 
Fernando  Duque  de  Vifeu  no  anno  de 
1447.  e  morreo  a  30  de  Setembro  de  1506. 
e  D.  FiUppa  Senhora  da  Villa  de  Almada. 
Ao  tempo  que  contava  42  annos  de  idade 
foy  arrebatado  pela  morte  em  a  ViUa  de 
Alcácer  do  Sal  a  18  de  Outubro  de  1442. 
e  jaz  fepultado  no  Real  Convento  da  Ba- 
talha. Fazem  delle  memoria  Leaõ.  Chron. 
delRey  D.  loaÕ  o  L  cap.  13.  Souza  Hifi. 
de  S.  Domingos  da  Prov.  de  Portug.  P.  i. 
liv.  I.  cap.  15.  Góes.  Chron.  do  Princip.  D. 
loaõ  cap.  17.  Lopes.  Chron.  de  D.  loaÕ  o  I. 
Part,  2.  cap.  148.  Ruy  de  Pina  Chron.  de 
Affonfo    V.    cap.    77.      Compoz. 

Conjelho  fobre  a  guerra  de  Africa.  M.  S.  Co- 
meça Amim  me  parece.    He  muito  judiciofo. 

lOAÕ  por  Origem  Godo,  e  por  na- 
cimento  Portuguez  famofo  Prelado  que 
floreceo  em  Hefpanha  no  Século  fexto 
teve  por  berço  a  nobre  Villa  de  Santa- 
rém eternamente  gloriofa  pela  produção 
de  taõ  grande  filho.  Anhelando  na  ida- 
de da  Adolefcenda  colher  os  fazonados 
frutos  das  fciencias  fagradas,  e  profanas 
deixada  a  Pátria  paíTou  a  Conílantinopla 
cabeça  do  Império  Oriental,  empório  na- 
queUe  tempo  de  todas  as  Faculdades 
identificas,  e  pelo  efpaço  de  defafete  an- 
nos as  cultivou  com  tanto  difvelo,  que 
fahio  perfeitamente  confumado  em  todo 
o  género  de  erudição  Latina,  e  Grega, 
intelligencia  da  Sagrada  Efcritiira,  e  Li- 
ção   dos    Santos    Padres.     Reítítuido    a   Ef- 


5j6 

panha  governava  o  Império  Gothico  Leo- 
vegildo  acérrimo  fequaz  da  feyta  Arriana 
contra  o  qual  fe  oppoz  com  apoftolico  ze- 
lo moílrando  evidentemente  a  falfidade  em 
que  fe  eftabeleciaõ  os  deteftaveis  erros  da- 
quelle  impio  Herefiarcha,  de  cujo  peílifero 
veneno  eílava  inficionada  grande  parte  de 
Hefpanha.  Conhecendo  Lcovigildo  a  fatal 
guerra,  que  eíle  iníigne  varaõ  publicara 
contra  os  erros  de  Arrio  de  que  fe  fe- 
guiaõ  gloriofos  triumfos  aos  dogmas  Ca- 
tholicos,  tentou  a  fua  conílancia  com  ge- 
nerofas  promeflas,  e  com  feveros  caíligos 
para  que  deíiílilTe  da  opoíiçaõ,  que  fazia 
ao  Arrianifmo,  porem  como  experimen- 
taíTe,  que  nem  a  brandura,  e  menos  o  ri- 
gor lhe  faziaõ  a  mais  leve  impreíTaõ  no 
fcu  heróico  peito,  o  deílerrou  para  Bar- 
celona onde  pelo  efpaço  de  dez  annos  to- 
lerou com  animo  imperturbável  gravifli- 
mas  moleftias  cauzadas  pelo  ódio  dos  Ar- 
rianiílas.  Entre  o  pélago  de  tantas  tribu- 
laçoens  emprendeu  o  feu  efpirito  bufcar 
porto  tranquillo  para  a  fua  contemplação 
fundando  o  celebre  Mofteiro  de  Valclara 
íituado  no  Principado  de  Catalunha  nas 
laizes  dos  Montes  Pirineos  duas  legoas  dif- 
tante  do  illuílre  lugar  de  Mon —  Blanch  no 
qual  plantou  a  vida  MonaíUca,  e  lhe  ef- 
creveo  para  os  feus  habitadores  fandtííTimas 
ConíUtuiçoens.  Ao  tempo,  que  louvavelmen- 
te exercitava  o  miniílerio  de  Abbade  fuce- 
deo,  que  por  morte  de  Leovigildo  cingiffe 
a  Coroa  Gothica  feu  filho  Recaredo,  e  co- 
mo foíTe  obfervantiíTimo  profeíTor  da  Reli- 
gião Catholica  querendo  premiar  os  feus 
merecimentos  o  nomeou  Bifpo  de  Girona 
em  cuja  dignidade  manifeftou  em  vários 
Concilios  celebrados  em  Efpanha  onde  af- 
íiílio,  o  abrazado  zelo  de  feu  Coração  em 
promover  os  augmentos  da  verdadeira  Re- 
ligião, e  extirpar  as  relíquias  da  zizania  do 
Arrianifmo.  Cumulado  de  obras  heróicas 
recebeo  o  premio  a  ellas  devido  a  6  de 
Mayo  de  621.  como  efcreve  Nicol.  Ant. 
Bib.  Vet.  lib.  4.  cap.  5.  §.  112.  c  naõ  em 
631.  como  quer  loaõ  Tamayo  Salazar  Mar- 
tyrol.  Hifp.  Tom.  3.  pag.  86.  fundado  nas 
Aftas,  que  defte  iníigne  Varaõ  compoz 
Garcia  de  Loayfa  extrahidas  de  vários  M.  S. 


B  IB  LIO  THE  C  A 


que  merecem  pouca  fé  pelas  muitas  in- 
coherencias  que  nellas  fe  obfervaõ,  cuja 
opinião  feguio  o  Licenciado  lorgc  Cardo- 
zo  Agtol.  Ljijit.  Tom.  3.  pag.  102.  no 
Comment.  de  6  de  Mayo  letr.  B.  Baila 
para  eterna  gloria  defte  infigne  Prelado  fcr 
feu  Panegeriíla  o  clari/Timo  Arcebifpo  de 
Sevilha  Santo  líidoro  do  Script.  EccUJ. 
cap.  21.  de  quem  beberão  todos  as  noti- 
cias das  fuás  virtuofas  açoens,  que  louvaò 
com  diverfos  Elogios  como  faõ  Trith.  de 
Vir.  llluftr.  D.  Bened.  lib.  4.  cap.  10. 
Morales  Hift.  de  Efpanha  liv.  12.  cap.  i8. 
Fr.    Ant.    Yepes    Chron.    de   S.    Bent,    Tom. 

1.  Cent.  2.  an.  599.  Padilla  Hiji.  EccleJ. 
de  Ejp.  Tom.  2.  Cent.  5.  cap.  70.  Vafcon- 
cellos  Defcript.  Regn.  Poríug.  foi.  521.  n.  5. 
lUuftriíTimo  Cunha  Hift.  EccleJ.  de  Lisboa. 
Part.  I.  cap.  21.  Scoto  Bib.  Hifp.  foi.  479. 
Sabei.  JEneid.  2.  lib.  6.  Diag.  Hifi.  de  Bar- 
cel.  liv.  I.  cap.  15.  e  liv.  2.  cap.  21.  Pof- 
fevino  Apparaf.  Sacer  pag.  191.  Brito  Mon. 
Ijdfit.  Part.  2.  liv.  6.  cap.  17.  Fr.  Leaò 
de    S.    Thom.   Bened.   Ljtjit.   Tom.    i.    Trar. 

2.  pag.  5.  cap.  32.  Mariana  Hift.  de  Efpan. 
liv.  5.  cap.  13.  e  15.  Garibay  Compend. 
Hiflor.  de  Efpan.  liv.  8.  cap.  14.  Marieta 
Cathal.  dos  Sant.  de  Efpan.  liv.  3.  cap.  37. 
Efcolano  Hifl.  de  Valenc.  Part.  i.  liv.  2. 
cap.  II.  Lober.  Grande^,  de  LeaÕ  Part.  2. 
cap.  I.  foi.  167.  Sampayo  de  Converf.  JEgi- 
dian.  lib.  i.  foi.  11.  v.o  D.  Nicol.  de  S.  Maria 
Chron.  dos  Coneg.  Keg.  liv.  4.  cap.  i.  n.  15. 
Sandoval  Antiguidad.  de  Tuy.  foi.  31.  loan. 
Soar.  de  Brito  Theafr.  Luftf.  Utter.  lit.  I. 
n.  21.  Natal.  Alexand.  HiJi.  Ecclefiafl.  Sascul. 
6.  cap.  4.  art.  15.  Vafconcellos  Hifl.  de  Sant. 
Edificad.  liv.  2.  cap.  27.  GraveíTon  Hifl.  Ecclef. 
Tom.  2.  pag.  mihi  82.  col.  i.  Efcreveo. 

Regula  Monachorum  in  Biclarenfi  Canobio 
degentium.  M.  S. 

Chronicon.  He  huma  breve  Chronologia 
Hiftorica  desde  o  anno  567.  até  589.  que  prin- 
cipia no  primeiro  anno  do  Reynado  de  luftino 
o  moço,  e  acaba  no  outavo  anno  de  Maurício 
Príncipe  dos  Romanos,  e  o  quarto  anno  delRcy 
Recaredo,  a  qual  obra  foy  efcrita  confor- 
me diz  Santo  líidoro,  Hiflorico,  compofito- 
que  fermone,  e  Fr.  Bernardo  de  Brito  hh- 
narch.    Lujit.    Part.     2.     lib.     6.     cap.     17. 


L  USITAN  A. 


577 


guardando  na  ordem,  e  efiilo  de  Hijloria  tudo 
aquilh,  que  convém  a  bum  perfeito  Chronifia. 
O  P.  André  Scoto  da  Companhia  de  le- 
fus  foy  o  primeiro  q  extrahindo  da  Biblio- 
theca  da  Cathedral  de  Toledo  huma  copia 
deíla  obra  a  communicou  a  Marcos  Vel- 
fero  Senador  da  Republica  de  Augufta, 
cujo  exemplar  fe2  publico  pelo  beneficio 
da  impreíTaõ  Henrique  Canifio  ProfeíTor  dos 
Sagrados  Cânones  na  Univerfidade  de  In- 
goliladio  in  Antiquar.  L^ctionum.  Ingolftadii. 
1600.  4.  Segunda  vez  foy  pubHcada  por 
Francifco  Scoto  lurifconfulto  irmaõ  do  P. 
André  Scoto  em  o  4.  Tom.  Hifp.  lllufirat. 
p.  134.  Francofurti  apud  Claudium  Mar- 
nium  1608.  foi.  e  na  Colleã.  Concil.  Hifp. 
do  Cardial  de  Aguirre.  Tom.  2.  p.  421. 
loaõ  Gerardo  VoíTio  da  Hijíor.  Latin.  lib. 
2.  cap.  23.  confundio  eíla  Chronica  de 
loaõ  de  Valclara  com  o  Paralipomenon  Hif- 
pania  loannis  Gerundenfs  fendo  eíle  muito 
diverfo  daquelle. 

lOAÕ  DE  ABOIM  natural  da  Villa  de 
Tentúgal  em  a  Provinda  da  Beyra  do  Bif- 
pado  de  Coimbra.  Foy  muito  eíhidiofo  da 
Genealogia  em  que  efcreveo  com  forme  o 
Licenciado  lorge  Cardofo  nas  Memor.  M. 
S.  para  a   Bib.    Portug. 

Familia  dos  Falcoens  hijloriada.  M.   S.  foi. 

lOAÕ  AFFONSO  DE  AVEYRO  de 
cuja  notável  Villa  fituada  em  a  Diocefe  de 
Coimbra  foy  natural,  e  filho  de  loaõ  Gon- 
2alves  Alcayde  mòr  da  Villa  de  Almofter, 
e  de  Catherina  Garcia  da  Gama.  Entre 
os  Criados  que  teve  D.  Diogo  quarto  Du- 
que de  Beja,  e  irmaõ  do  SereniíTimo  Rey 
D.  Manoel  mereceo  diftinta  eítimaçaõ  naõ 
fomente  pela  nobreza  do  nacimento,  como 
pela  agudeza  do  juizo  com  que  metrificava 
deixando  eternizada  a  fua  Mufa  em  alguns 
verfos,  que  fahiraõ  impreflbs  a  foi.  13c. 
v.o  e  131.  do  Cancioneiro  de  Garcia  de  R^- 
fende,   e    muito    mais    em   hum   Volume    de 

Poet(ias    Varias. 
Que  confervava  M.   S.  em  feu  poder  hum 
religiofo   da   Ordem  dos   Pregadores   em   o 
Convento     de     Lisboa     como     efcreve     Fr. 
Manoel    Homem    da    mefooa    Religião    no 

37 


livro  intitulado  Kefurreiçad  de  Portugal,  e  morte 
fatal  de  Cajlella  que  pubUcou  com  o  afeâado 
nome  de  Femaõ  Homem  de  Figueiredo  onde 
liv.  I.  cap.  2.  5.  e  12.  allega  Verfos  delle  cha- 
mando em  huma,  e  outra  a  feu  Author.  Pejfoa 
infigne  em  letras,  e  virtude;  e  infigne  VaraÕ. 

lOAÕ  AFFONSO  DE  BEJA  natural 
da  Gdade  do  feu  appellido  Vedor  da  Caza 
do  SereniíTimo  Lifante  D.  Luiz,  e  Com- 
mendador  de  Santa  Maria  de  Beja.  Foy 
filho  de  Rodrigo  Affonfo  de  Beja,  e  D. 
Ignez  de  Aboim  filha  de  Álvaro  de  Brito. 
Entre  as  peíToas  de  diíUnçaõ  que  acompa- 
nharão no  anno  de  15 13.  ao  Duque  de 
Bragança  D.  layme  para  a  expedição  de 
Azamor  foy  nomeado  pela  madureza  do 
juizo,  e  fidelidade  do  coração.  ProfeíTou  o 
eíhido  da  lurifprudencia  em  que  recebeo  o 
grão  de  Doutor,  fendo  ornado  de  todo  o 
género  de  erudição  de  que  faõ  teílemunhos 
os  celebres  Diálogos  que  compoz  de  que  faz 
memoria  o  Licenciado  lorge  Cardozo  Agiol. 
Ijdfit.  Tom.  2.  p.  727.  col.  I.  no  Comment. 
de  27  de  Abril  letr.  A.  os  quaes  faõ  outo,  e 
tem  por  titulo. 

Primeira  Parte  de  paffatempo  e  Séflas 
do  Doutor  loaõ  Affonfo  de  Beja.  Coníla  o 
I.  Dialogo  das  Excellencias  do  Alentejo,  e 
Entre  Douro,  e  Alinho  interlocutores  Duria- 
no  Efcudeiro  de  Entre  Douro,  e  Minho,  e 
Anatolio  VillaÕ  do  Alentejo.  2.  das  Ex- 
cellencias  das  mulheres.  3.  da  Amizade.  4.  do 
Amor  honeflo.  5.  do  enfadamento  de  ler, 
e  efcrever  &c.  M.  S.  Foy  dedicada  eíla 
obra  por  loaõ  AfiFonfo  da  Gama  neto  do 
author  a  D.  Luiz  Coutinho  onde  lhe 
diz  que  feu  Avó  naõ  permitira,  que  fe 
imprimiíTe,  como  outros  muitos  volumes 
de  Direito  que  deixara  imperfeitos.  Foy 
cazado  com  D.  Meda  de  Vafconcellos 
filha  de  Ruy  Fernandes  de  Vafconcellos 
de  quem  teve  finco  filhos,  e  huma  filha 
que  cazou  em  Beja  com  Diogo  Gonzal- 
ves  Sanches  Cavalleiro  do  habito  de  S. 
Tiago.  laz  fepultado  em  Capella  própria, 
que  edificara  com  obrigação  de  certas 
MiíTas  por  fua  alma,  e  de  feus  parentes,  e 
amigos.  Delle  fazem  memoria  Diogo  de  Gou- 
vea  de  Barradas  Antiguidad.  de  Beja  liv.   3. 


5/8 

cap.   29.   e  o  P.   Souza  Hifi.   Gen.  da  Ca^- 
Real  Portug.   Tom.    5.   liv.   6.   pag.    512. 

lOAÕ  AFFONSO  DE  BEJA,  ou  de 
BRAGA  devendo  o  primeiro  apellido  à 
pátria,  que  lhe  deu  o  berço,  e  o  fegundo 
à  diuturna  aíTiílencia  que  fez  em  taõ 
augufta  Cidade.  Teve  por  Pays  a  Dio- 
go Gonzalves  Sanches  de  naçaõ  Caftelhano, 
c  Cavalleiro  do  habito  de  S.  Tiago,  pro- 
feflbr  de  lurifprudencia  Civil,  e  a  loanna 
Sanches  da  Gama  natural  de  Beja  onde 
com  ella  fe  defpozou  filha  de  loaõ  AiFonfo 
de  Beja  de  quem  fe  fez  a  memoria  pre- 
cedente. Aplicoufe  ao  eíludo  do  Direito 
Pontifício  em  que  fahio  eminentemente  ver- 
fado  de  cuja  Faculdade  foy  Lente  de  Vef- 
pera  em  a  Univeríidade  antes  de  fer  trans- 
ferida a  Coimbra  donde  paíTou  a  Dezembar- 
gador  da  Caza  da  Suplicação.  A  fua  litera- 
tura unida  a  huma  madura  prudência  o  ha- 
bilitou para  governar  o  Bifpado  do  Al- 
garve na  Vacância  do  Bifpo  D.  Fernando 
Coutinho  quando  era  Regedor  dasluftiças, 
como  taõbem  o  Arcebifpado  de  Braga  pelo 
feu  Arcebifpo  D.  Manoel  de  Souza  irmaõ  do 
Conde  do  Prado  em  cuja  Cathedral  foy  Có- 
nego, e  concorreo  com  a  vaíla  noticia  dos  Sa- 
grados Cânones  para  os  Decretos  do  Conci- 
cilio  Provincial  celebrado  na  mefma  Cidade 
no  anno  de  1566.  pelo  Venerável  Arcebifpo 
D.  Fr.  Bartholameo  dos  Martyres.  Foy  Ca- 
pellaõ  Fidalgo  delRey  D.  loaõ  o  III.  Deaõ 
do  Algarve,  Arcediago,  e  Cónego  Doutoral 
em  Lagos  Abbade  de  S.  Pedro  de  Gandara, 
e  S.  Bartholameu  de  Campello.  Do  afefto 
com  que  zelava  a  gloria  defta  Monarchia,  e 
da  liberdade  do  animo  com  que  votava  deu 
hum  claro  argumento  quando  foy  confultado 
por  ordem  do  Cardial  D.  Henrique  fobre  as 
clauzulas  da  Bulia  do  fubfidio  impetrada  no 
anno  de  1561.  por  ElRey  D.  Sebaftiaõ  da 
Santidade  de  Pio  IV.  onde  com  a  eficácia  de 
rezoens  concludentes  fez  que  a  Bulia  fe  naõ 
aceitaíTe  por  fer  indecorofa  à  foberania  da 
Coroa.  Falleceo  em  Braga  a  15  de  Agof- 
to  de  1585.  quando  contava  75  annos 
de  idade.  Delle  fez  illuílre  memoria  o 
grande  lurifconfulto  Francifco  de  Caldas 
Pereira   in   L.  ^  Cttrat,   Vcrb.   Implorar   in 


BIB  LIOTHE  C  A 


integ.  n.  32.  Hac  cum  aliquando  familiari  fer- 
mone  cum  utriufque  htris  doãijfimo,  <ò'  num- 
quam  fatis  laudato  acerrimique,  ac  perfpicacif- 
fimi  judicii  viro  omnium  qms  nojira  vidit  atas 
Doãore  loane  Alphonjo  Canónico  Bracharenji 
contuliffem.  Exijlimabat  vir  tile  Jummtts.  &c. 
No  principio  deíla  obra  de  Caldas  eftà  hua 
Carta  Latina  do  Doutor  loaõ  Affonfo  para 
elle  efcrita  6.  Kalend.  Sept.  1569.  c  a  re- 
pofta  do  Doutor  Caldas  efcrita  Tydaí  (que 
he  a  Cidade  de  Tuy  fua  pátria)  25  Sep- 
tembris   1569.    Compoz. 

Parecer  fobre  a  Bulia  do  Suhjidio  de  du- 
s^entos,  e  fincoenta  mil  crur^ados  em  finco  annos 
em  as  Rendas  Ecclefiafiicas  pedida  por  ElRej 
D.  SebafiiaÕ  à  Santidade  de  Pio  IV.  Sahio 
impreíTa  em  as  minhas  Mem.  Polit.  e  Mi- 
litar. delRey  D.  Sebaft.  Part.  i  .  liv.  2.  cap. 
9.    defde   pag.    459.   atè   477. 

Oraçaõ  fobre  a  Primada  de  Braga  recitada  no 
feu  4.  Concilio.  M.  S.  Confervafe  na  Bibliotheca 
do  Excellentiffimo  Conde  de  Vimieiro.  Pejfoa 
de  nome,  e  authoridade  o  intitula  Cardofo  Agiol. 
L.ufit.  Tom.  2.  pag,  1583.  col.  i.  fallando  da 
Primazia  de  Braga. 

Comedias  de  Terêncio  tradu^^idas  em  Portuguei:^. 
Defta  obra  faz  mençaõ  loan.  Soar.  de  Bri- 
to Theatr.  Ljdfit.  Liter.  lit.  I.  n.  14.  c  do 
Author  Fr.  Fernand.  da  Soled.  Hifi.  Seraf. 
da  Prov.  de  Portug.  Part.  4.  liv.  4.  cap.  28. 
n.   985. 

lOAÕ  AFFONSO  FRANCÊS  muito  pe- 
rito  na   Arte   da   Navegação   aíTun   praâica 
como  efpeculativamente. 
Efcreveo. 

Roteiro  do  defcubrimento  das  Ilhas  novas. 
4.  M.  S.  Começa.  A  Ijefie  da  Ilha,  que  fe 
chama  da  Madeira  fejjenta,  ou  fetenta  legoas 
efià  huma  grande  Ilha  que  fe  chama  Santa 
Cru:^  dos  Rejs  Magos. 

Fr.  lOAÕ  DE  SANTO  AGOSTI- 
NHO. Naceo  a  7  de  Agofto  de  1681.  na 
Honra  de  Santa  Eulália  de  Paflbs  de  Fer- 
reira Comarca  de  Penafiel  do  Bifpado  do 
Porto  onde  teve  por  Pays  a  Simaõ 
Fernandes,  e  Águeda  Ferreira.  Quando 
contava     18     annos     íinco     mezes,     e     22 


L  USITAN A. 


579 


dias  de  idade  recebeo  o  habito  Seráfico 
em  o  Ganvento  de  S.  Francifco  de  Gui- 
maraens  a  29  de  Janeiro  de  1700.  Sendo 
admitido  aos  eítudos  Efcolafticos  moílrou  o 
talento  capaz  para  comprehendellos,  e  ain- 
da eníinallos,  porem  renvmciou  todo  o  cre- 
dito, que  lhe  podia  refultar  das  Cadeiras 
para  fe  ocupar  em  exercidos  conducentes 
á  falvaçaõ  das  Almas.  Depois  de  fer  fe- 
gundo  ComiíTario  da  Ordem  Terceira  do 
Convento  de  Lisboa,  foy  o  primeiro  da 
Villa  de  Santarém.  Acabado  o  governo  do 
Convento  de  N.  Senhora  das  Virtudes,  q 
louvavelmente  exercitou,  foy  nomeado  Mef- 
tre  dos  Noviços  aos  quais  inílruio  mais 
com  exemplos,  que  palavras.  Ultimamente 
para  que  naõ  eíUveíTe  ociofo  o  feu  talento 
em  obzequio  da  Religião  aceitou  o  lugar 
de  Meftre  das  Cerimonias  do  Real  Con- 
vento de  S.  Francifco  da  Gdade  onde 
para  mofttar  a  fciencia  pra£tíca,  que  tem 
deíle  miniílerio,  efcreveo. 

Ceremonial  Minorita,  e  Komano  para  ífí(p 
do  Coro,  e  Altar  na  celebração  do  Officio  divino 
Jegtmdo  a  Ordem  da  Santa  l^eja  Romana,  fuás 
ultimas  difpojiçoens,  Decretos  da  Sacada  Con- 
gregação de  Ritos,  e  Rubricas  do  Breviário,  e  Mi  ff  ai 
affim  Romano,  como  Seráfico.  Uvro  primeiro. 
Lisboa  por  Miguel  Rodriguez.  1737.  8. 

lOAÕ  AYRES  DE  MORAES  natural 
da  Villa  de  Abrantes  em  a  Provinda  da 
Beyra,  CapeUaõ  do  Hofpital  Real  de  todos 
os  Santos  de  Lisboa,  e  hum  dos  celebres 
alumnos  da  Academia  dos  Singulares  iníU- 
tuida  neíla  Corte  no  anno  de  1663.  onde 
poílio,  que  privado  da  viíla  era  taõ  perfpi- 
cas  o  feu  talento,  ou  foííe  na  eloquência 
orando,  ou  na  eleganda  metrificando,  que 
merecia  aplauzos  dos  feus  Collegas  diftin- 
guindo-fe  entre  todos  o  famofo  António 
Marquez  Lesbio  Meítre  da  Capella  Real 
com   eílas    vozes    métricas. 

O'  glande  maravilla,  ò  pafmo  rarol 

Ser  Juntos  lu:(^  y  fombra, 

O*  rayo,  que  con  fuego  màs  affombra; 

Y  fiendo  e/curo  es  claro; 

O'  portentos  dei  Cielo  Jiempre  largos, 

Pues  te  vemos  Cupido,  y  nos  vès  Argosl 


(y  nube  Jiempre  rara, 
Que  cubierta  de  niebla,  lun^  declara; 
O'  fatal  maravilla  jà  màs  vifia, 
Pues  te  falta  la  viflay  nos  dàs  vifla. 
Compoz. 

FefHvos  Aplaufos  na  felii(^  vitoria  das  Armas 
Lsijitanas,  e  memorias  fúnebres  no  fatal  defirago 
da  profia  Efpanbola  na  batalha  de  Montes  Cla- 
ros. Lisboa  por  Domingos  Carneiro.  1665. 
4.    Confta  de  huma  Sylva. 

Tratado  da  PayxaÕ  de  Cbrijlo.  Lisboa  por 
António  Rodrigues  de  Abreu.  1675.4.  Confta. 
de  vario  género  de  metros. 

Ao  Nacimento  do   Verbo  encarnado  Egloga. 
Interlocutores  Almeno,  Berardo,  Laufo,  Toribio, 
e  Filena.    Lisboa  fem  anno,  e  nome  do  Im-' 
preíTor.  4. 

Oração  recitada  na  Academia  dos  Singulares 
a  4  de  Novembro  de  1663.  Sahio  com  8  Sonetos 
a  diverfos  Aííumptos.  No  i.  Tom.  da  dita 
Academia  Lisboa  por  Henrique  Valente  de 
Oliveira.  1665.  4.  &  ibi  por  Manoel  Lopes 
Ferreira.  1692.  4. 

OraçaÕ  recitada  na  Academia  dos  Singula- 
res a  14  de  Dezembro  de  1664.  Sahio  com  9 
Sonetos,  huma  Decima,  e  hum  Romance  a  diver- 
fos AíTumptos  no  2.  Tomo  da  dita  Academia 
Lisboa  por  Henrique  Valente  de  Oliveira. 
1668.  4.  &  ibi  por  Manoel  Lopes  Ferreira. 
1698.  4. 

lOAÕ  DE  ALBUQUERQUE  Naceo 
na  Freguezia  de  NoíTa  Senhora  da  Con- 
cdçaõ  de  Efmolfe  no  Confelho  de  Pe- 
nalva três  legoas  ao  Suefte  diílante  da 
Qdade  de  Vifeu,  onde  teve  por  Pays  a 
Manoel  Saraiva,  e  Catherina  de  Albu- 
querque. Quando  contava  quatorze  annos 
recebeo  a  roupeta  de  lefuita  em  o  No- 
viciado de  Lisboa  em  o  primeiro  de 
lulho  de  1620.  onde  foy  Meíbre  de  letras 
humanas,  e  dos  mais  infignes  Poetas  La- 
tinos do  feu  tempo.  Depois  de  deixar 
a  Companhia  foy  Lente  da  Academia  dos 
Generofos  onde  explicava  a  Comelio  Ta- 
dto  com  geral  aclamação  de  taõ  erudi- 
to congreíTo  como  efcreve  D.  Frandfco 
Manoel  de  Mello  Viol.  de  Talia.  pag.  260. 
Aqui  achareis  os  firmiffimos  Diamantes  ou- 
vindo   a    verdadeira,    e  firme    matéria    de    Ef- 


58o 


BIB  LIO  THE  C  A 


todo,  que  para  nòs  ejiâ  cavando  nas  minas 
naÕ  da  remota  Narjtnga,  mas  da  urbana  Koma 
em  a  fua  doãijftma  verfaÕ,  e  illujiraçaõ  de 
Tácito  o  Senhor  Doutor  JoaÕ  de  Albu- 
querque. O  Conde  de  Penaguião  loaõ 
Rodriguez  de  Sá,  e  Menezes  Camareiro 
mór  dos  Reys  D.  loaõ  o  IV.  e  D. 
Affonfo  VI.  e  infigne  cultor  das  letras 
humanas  o  eftimava  tanto,  que  para  fe 
aproveitar  do  feu  grande  talento  quiz, 
que  foíTe  familiar  da  fua  Caza  onde  fal- 
leceo  no  anno  de  1665.  laz  fepultado 
na   Real    Parochia    de    S.    luliaõ.     Compoz. 

P.  Francifci  Mendoca  Exequiee.  Elegia, 
que  coníla  de  60  Dyftichos.  Sahio  no 
principio  do  Veridario  defte  Author.  Lu- 
gduni  apud  Laurentium  AniíTon.   1649.  ^^^' 

Epithalamium  in  Nuptiis  D.  Ferdinandi 
de  Meneses  Comitis  Ericeria,  <&  D.  Eieonora 
Philippa  de  Noronha  libri  três.  4.  M.  S. 
Conferva-fe  na  Bibliotheca  do  Excellentif- 
íimo  Duque  de  Lafoens,  que  foy  do  Em- 
minentiíTimo    Cardial    de    Souza. 

Começa. 

Solemnes   Hyminae  faces,    <Ò'   lâmpada    cajlis 
Ifftibus  ardentem  fan£íafque  atollere  tadas 
Incipe. 
Certamen    Ulyjfis  cum  Ajace.     Tragicome- 
dia   reprefentada   em   o    Collegio    da    Com- 
panhia  de   Coimbra.     Começa. 

Eji  adjum   eloquioque  potens,   et  fulmine 

lingua 
Vrologus  auritum   ut  reddant   mea   verba   vi- 

rorum 
Nobilium  ceetum  injigriem. 

Acaba. 
Si  quid  difplicuit  vobis  indufhria  mites 
Parei  te;  fi  placuit  jam  plaujibus  addite  piau- 

fus. 
Epicedium   in   obitum    P.    Didaci   Monteiro 
S.J. 
Começa. 
Soluere   in   irriguos   lacrymantia   lumina   fon- 
tes 
Et  gemere,   ^ò"  funus  cbari  deflere    Parentis 
Nunc  liceat.    &c. 

Acaba. 

"'_  Ille  colit  mafftum  nunquam  periturus  Olym- 
pum. 


Fatalis  JÇjiea  clypeus  Veneris  opera,  Vul- 
cani  mira  arte  calatus. 

Somnia  divina,  <&  humana  in  bicipiti  Par- 
naffo.  Prima  tria  de  Chrijlo  Infante.  4.  va- 
rium.  5.  de  Santa  EJifabetha  Regina  Portugal- 
lia.    6.   de   Divis  António,   e^   Ifftatio. 

Pro  folemnitate   Purificata    Virginis  Poema. 

Começa. 

Ut  Deus  humana  pueri  fub  imaffm  Templi 
Ante  aras  fleterit  fummo  intemerata  parenti 
Hojlia. 

Acaba. 

Claufit   Olorinam    Cigneo  peãore   vocem. 
S.  P.  l^atius  Manrefa  fe  fe  acerrime  cadit. 
Poema.    Começa. 

Qui  fonus  hic  tácitas  inter  nemora  avia  Syl- 

vas 
Manrefa"^  referunt  iãis  per  opaca  locorum 
Antra,    repercujfifque  fonant   cava   faxa   que- 
relis. 
Exclamat  S.  Xaverius  fat  eft  Domine  Poe- 
ma.   Começa. 

Corde  vigil  feram  carpebat  noãe  quietem 
Xaverius,  feffofque  fopor  laxaverat  artus. 


Fr.  lOAÕ  DE  ALCARAPINHA  cujo 
apellido  tomou  de  huma  Herdade  em  que 
naceo  diílante  huma  legoa  da  Qdade  de 
Elvas  em  a  Provinda  Tranílagana.  Dei- 
xando o  nome  de  loaõ  Gonzalves  de 
Abreu,  que  tinha  no  feculo,  e  a  Caza 
de  feus  illuftres  Pays  Manoel  de  Souza 
de  Abreu  Commendador  da  Ordem  de 
Chriílo,  Senhor  do  Morgado  de  Alcara- 
pinha,  e  D.  Filippa  de  Menezes  fua  pri- 
ma filha  de  D.  Pedro  da  Sylva  de  Me- 
nezes Mordomo  mòr  da  Infanta  D.  Iza- 
bel  mulher  do  Infante  D.  Duarte,  e  D. 
Izabel  de  Abreu  filha  de  Ruy  de  Abreu 
Alcayde  mór  de  Elvas,  recebco  o  peni- 
tente habito  da  Seráfica  Provinda  da  Pie- 
dade onde  foy  exemplar  de  todas  as 
virtudes  religiofas.  Para  perpetuar  as  açoens 
de  feus  companheiros,  que  fe  tinhaõ  dif- 
tinguido  dos  outros  na  fevera  obfervanda 
do  feu  Inftituto,  efcreveo. 

Memorial    da    Provinda    da    Piedade.    M.  ■ 
S.    Conferva-fc    em    o    Archivo    da    Sere- 


I 


L  USITAN  A, 


58 1 


niíTima  Ca2a  de  Bragança  como  afirma  lorge 
Cardozo  Agiol.  iMjit.  Tom.  2.  p.  452.  col.  i. 
letr.  D.  e  Tom.  3.  p.  116.  col.  i.  letr.  F.  e 
pag.  129.  col.  2.  letr.  G.  e  p.  302.  col.  2.  letr.  G. 
onde  o  allega. 

Tratado  da  precedência  entre  o  Embaxador 
de  Portugal,  e  o  de  Nápoles.  M.  S.  He  citado 
por  Gafpar  Eftaço  Antig.  de  Portug.  cap.  2. 
n.  31.  Fazem  defte  author  memoria  Nicol. 
Ant.  Bib.  Hijp.  Tom.  i.  p.  477.  Salazar,  y 
Caftro  Hijl.  Geneal.  da  Ca^a  de  Sylva.  Part.  2. 
liv.  6.  cap.  7.,  e  Fr.  loan  à  D.  Ant.  Bib.  Fran- 
cifc.  Tom.  2.  p.  118.  col.  2. 


D.  lOAÕ  DE  ALMEYDA.  Senhor  do 
Couto  de  Avintes  filho  de  D.  Francifco  de 
Almeyda  Capitão  General  de  Tangere  do  Con- 
felho  de  Filippe  2.  e  de  D.  Izabel  Brandão. 
Foy  cazado  com  D.  leronima  de  Caílro  filha 
de  D.  loaõ  Soares  de  Alarcão  Senhor  de  Villa 
de  Rey  Alcayde  mòr  de  Torres  Vedras,  Com- 
mendador  de  S.  Pedro  da  mefma  Villa,  e  de 
D.  Izabel  de  Caílro,  e  Vilhena  filha  de  D.  Fran- 
dfco  Mafcarenhas  Capitão  de  Ormus,  e  irmaã 
de  D.  lorge  Mafcarenhas  primeiro  Marquez 
de  Montalvão,  Conde  de  Caftellonovo,  Ge- 
neral da  Armada,  Vicerey  do  Brazil,  Con- 
felheiro  de  Eílado  de  quem  teve  a  D. 
Izabel  de  Caftro  que  cazou  com  D.  An- 
tónio de  Almeyda  primeiro  Conde  de  Avin- 
tes Confelheiro  de  Guerra,  Governador  do 
Rio  de  laneiro,  de  Tangere,  e  do  Rey- 
no  do  Algar\'^e.  Pela  perfpicacia  do  juizo, 
e  aplicação  ao  eftudo  foy  D.  loaõ  inti- 
tulado o  Sabia.  Teve  natural  inclinação 
à    Poezia    compondo. 

Varias  obras  Poéticas.  M.  S. 
pelas  quais  o  collocou  entre  a  claíle  dos  Poe- 
tas   infignes    Portuguezes    ladnto    Cordeiro 
FÀog.  de  Poet.  iMjit.  Eftanc.  11. 

Muerto  D.  luan  de  Almeyda  cuya  gloria 
Entre  fu  muerta  lu^  mas  rejplandece 
ha^mas  frequentando  la  memoria 
A  fu  tumulo  illuflre  el  lauro  ofrece: 
Quien  profeguiendo  fu  infeli-:^e  hiftoria 
Parca  de  tu  rigor  no  fe  enternece 
Si  en  tanto  fentimiento  el  llanto  ordena 
Dexar  la  pluma  por  llorar  la  pena. 


D.  lOAÕ  DE  ALMEYDA,  E  POR- 
TUGAL, fegundo  Conde  do  AíTumar,  Con- 
felheiro de  Eftado,  Gendlhomem  da  Cama- 
rá de  Sua  Mageftade  naceo  em  Lisboa  a 
26  de  laneiro  de  1663.  fendo  filho  de  D. 
Pedro  de  Almeyda  L  Conde  do  AíTumar, 
Deputado  da  lunta  dos  três  Eftados,  Ve- 
dor da  Caza  delRey  D.  Affonfo  VI.  Vice- 
rey do  Eftado  da  índia,  Confelheiro  de 
Eftado,  e  de  D.  Margarida  de  Noronha 
filha  de  D.  Fernando  Mafcarenhas  I.  Conde 
da  Torre,  e  de  D.  Maria  de  Noronha  filha  de 
D.  Luiz  Lobo  da  Sylveira  Senhor  de  Sarzedas, 
e  D.  loanna  de  Lima.  Aprendeo  nos  primeiros 
aimos  as  linguas  Latina,  Italiana,  Efpanhola, 
e  Franceza,  e  fe  fez  pratico  na  Geometria,  e 
Geografiia  como  também  na  liçaõ  da  Hiftoria 
antigua,  e  moderna.  Nomeado  feu  Pay 
Vicerey  do  Eftado  da  índia  o  acompa- 
nhou, e  depois  de  vencida  taõ  larga  na- 
vegação chegou  a  Goa  a  28  de  Outu- 
bro de  1677.  onde  com  o  pofto  de  Capi- 
tão da  Infantaria,  e  de  Capitão  de  mar, 
e  guerra  deu  do  feu  valor  heróicos 
argumentos.  Reftituido  a  Portugal  fer- 
vio  por  ordem  delRey  D.  Pedro  11.  o 
Officio  de  Vedor  da  Caza  Real,  que 
fora  de  feu  Pay,  e  com  efta  ocupa- 
ção navegou  para  Villafranca  de  Niza 
na  foberba  armada  que  havia  fer  con- 
dutora do  Duque  de  Saboya  Viâorio 
Amadeo  futuro  Efpozo  da  Sereniffima 
Senhora  Princeza  D.  Izabel  Luiza  lofefa, 
e  no  tempo  que  naquelle  porto  efteve 
ancorada  a  armada  examinou  com  os  olhos 
muitas  Praças  do  Piamonte,  e  Monferrato, 
e  a  populofa  Cidade  de  Milaõ  admirando 
com  judiciofa  curiofidade  os  veftigios  das 
Antiguidades  Romanas.  Havendo  fegunda 
vez  voltado  à  pátria  foy  feito  Deputado 
da  lunta  dos  Três  Eftados  em  cujo  lu- 
gar fe  admirou  a  fua  militar  vigilância 
para  as  preparaçoens  da  guerra,  que  Portu- 
gal declarara  contra  Caftella.  Sendo  reco- 
nhecido por  fuceíTor  da  Coroa  de  Efpanha 
o  Archiduque  Carlos,  e  dezembarcando 
em  Lisboa  a  9  de  Ivíarço  de  1704.  foy 
nomeado  Embaxador  Extraordinário  a  efte 
Príncipe  quando  afliíUo  em  Catalimha  por 
carta  delRey  D.  Pedro  II.  de   14  de  lulho 


582 


BIBLIO THE  CA 


"de  1705  moílrando  nefta  incumbência  as 
máximas  da  fua  profunda  politica  em  ob- 
sequio do  feu  Soberano.  Por  morte  de 
lulio  de  Mello  de  Caftro  foy  uniformemente 
eleito  Académico  da  Academia  Real  da 
Hiftoria  Portugueza  a  4  de  Março  de  1721. 
fendo  o  primeiro  que  com  hunia  elegante 
Oraçaõ  congratulou  a  Academia  pela  fua 
«leyçaõ.  Falleceo  a  26  de  Dezembro  de 
1753.  quando  contava  70  annos,  e  11  me- 
zes  de  idade.  laz  fepultado  na  Capella  de 
N.  Senhora  do  Egypto  no  Clauílro  do  Con- 
vento da  SantiíTima  Trindade  deíla  Corte 
religiofo  depozito  dos  feus  Mayores.  Foy 
cazado  com  D.  Izabel  de  Caftro  filha  dos 
Marquezes  da  Fronteira  D.  loaõ  Maf- 
■carenhas,  e  D.  Margarida  de  Caftro  de 
quem  teve  numerofa  defcendencia,  que 
illuftrou  igualmente  a  Paleftra  de  Mar- 
te, que  de  Minerva.  Compoz  com  eftilo 
grave. 

Praãica  recitada  na  Academia  Real  na 
ocafiaõ  de  Jer  admitido  por  feu  Collega.  Sahio 
no  Tom.  1.  da  Collec.  dos  Docum.  da 
Academia  Rea/.  Lisboa  por  Pafchoal  da 
Sylva  ImpreíTor  de  Sua  Mageftade  1721. 
foi. 

Conta  dos  feus  ejludos  Académicos  em 
7  de  Fevereiro  de  1726.  No  Tom.  6  da 
Collec.  dos  Docum.  da  Acad.  Real.  Lisboa 
por  lozé  António   da   Sylva.    1726.   foi. 

Conta  dos  feus  ejluáos  Académicos  no 
Paço  a  1  de  Setembro  de  1733.  No  Tom. 
12  da  Collec.  dos  Docum.  da  Acad.  Real. 
Lisboa   pelo    dito   ImpreíTor.    1733.    foi. 

Votos  em  a  Junta  dos  Três  lEflados.  foi. 
M.  S. 

Votos  do   Confelho  de   Eflado.   foi.    M.    S. 

Cartas  da  Embaxada  de  Catalunha.  16 
ml.  foi. 

Cartas  particulares  efcritas  da  fua  própria 
maÕ.  8.  Vol.  foi.  M.  S. 

Diário  defde  li  de  lulho  de  1705.  até  8  de 
Agojlo  de  1708.  em  que  fe  comprehendem  os  Sn- 
íeffos  de  Catalunha,  e  de  toda  a  Fjtropa.  4.  Tom. 
foi.  M.  S. 

Todas  eftas  obras  fe  confervaõ  com  a 
devida  eftimaçaõ  em  a  fua  Excellentinuna 
Caza. 


lOAÕ  DE  ALMEYDA  SOARES  na- 
tural da  Cidade  de  Coimbra  filho  decimo, 
e  poflximo  de  feu  Pay  Manoel  de  Almey- 
da  Soares.  Eftudou  na  pátria  as  letras  huma- 
nas, e  Direito  Cefareo  em  o  qual  depois 
de  receber  o  Grão  de  Bacharel  exercitou 
com  aplauzo  da  fua  fciencia  o  officio  de  Pa- 
trono de  Caufas  Forenfes  em  Lisboa,  fendo 
Advogado  da  Caza  da  Suplicação.  Cul- 
tivou as  Mufas  com  felicidade,  os  precei- 
tos da  Oratória  com  elegância  merecendo 
grandes  elogios  dos  Collegas  da  Academia 
dos  Singulares  da  qual  foy  alumno  pelo  gé- 
nio jocofo,  e  feflivo  das  fuás  compofiçocns. 
Morreo  em  Lisboa  a  8  de  Março  de  1664. 
quando  contava  50  annos  de  idade.  Jaz 
fepultado  na  Capella  mòr  da  Parrochial 
Igreja   de    Santa   lufta.     Compoz. 

Oraçaõ  recitada  na  Academia  dos  Sinffd- 
lares  em  z^  de  De:(embro  de  1665.  Sahio  no 
primeiro  Tom.  da  mefma  Academia,  a  pag. 
539.  Lisboa  por  Henrique  Valente  de  Oli- 
veira 1665.  4.  &  ibi  por  Manoel  Lopes 
Ferreira  1692.  4. 

Vida,  e  morte  do  Bifpo  Conde  D.  Affonfo 
de  Cajlello  Branco.  Eftava  prompta  para  a 
impreflaõ,  e  delia  faz  memoria  meu  Irmaõ 
D,  lozé  Barboza  Mem.  do  Colleg.  de  S.  Paulo. 
p.  80. 

luatrea  Conimbricenfe.  Dedicada  a  D.  Pe- 
dro de  Menezes  Conde  de  Cantanhede  4. 
M.  S. 

Advertências,  e  documentos  políticos  a  bum 
feu  fobrinho.  M.  S. 

Penhafco  confufo.    Obra  trágica. 

Vida  do  Author  efcrita  por  elle.  Obra 
jocofa.  M.  S. 

Fr.  lOAÕ  ALVARES  natural  da  Villa  de 
Torres  Novas  do  Patriarchado  de  Lisboa, 
Presbitero  de  inculpável  vida,  e  Freyre  pro- 
feíTo  da  militar  ordem  de  S.  Bento  de  Aviz. 
Acompanhou  ao  Santo  Infante  D.  Fernando 
filho  do  SereniíTimo  Monarcha  D.  loaõ  o 
primeiro  fendo  feu  Secretario  na  expedi- 
ção de  Tangere  onde  prevalecendo  a  for- 
tuna dos  bárbaros  à  dos  Chriftaõs  ficou 
juntamente  com  o  Infante  em  reféns  da 
entrega  da  Praça  de  Ceuta  aíTiftindolhe  cem 
fumma    fidelidade,    e    ardente    afeôo    entre 


j 


L  USITANA, 


583 


os  oprobios,  e  tribulaçoens,  que  conftan- 
temente  tolerou  reclufo  no  cárcere  eíle  in- 
ligne  Heroe  até  fer  coroado  o  feu  efpirito 
com  Laureola  de  Martyr  a  5  de  lunho  de 
1445.  Sendo  reftituido  à  liberdade  pelo 
piedofo  cuidado  do  Infante  D.  Pedro  em 
o  anno  de  1448.  fe  deveo  à  fua  induítria  o 
refgate  de  Pedro  Vaz  Capellaõ  do  Infante 
Santo,  e  de  loaõ  Rodriguez  feu  CoUaíTo, 
que  fe  concluio  no  anno  de  1450.  como 
também  conduzir  os  inteíUnos  do  mefmo 
Infante,  que  de  Fez  extrahira  ocultamen- 
te, e  chegando  a  Santarém  no  i  de  lunho 
de  145 1.  os  entregou  a  ElRey  D.  AíFonfo 
V.  que  nefte  tempo  aíTiília  naquella  Villa. 
No  armo  de  1461.  foy  eleito  Abbade  Gím- 
mendador  do  Mofteiro  de  Paço  de  Souza 
da  Ordem  do  Principe  dos  Patriarchas  S. 
Bento,  e  como  foíTe  mmto  aceito  à  Senho- 
ra D.  Izabel  Duqueza  de  Borgonha  o  man- 
dou a  Roma  fuplicar  de  Paulo  II.  hum  Bre- 
ve de  Indulgências  para  as  PeíToas,  que 
aíTiUiflem  na  Cafa  de  Santo  António  de  Lis- 
boa ao  Anniverfario  de  feu  Irmaõ  o  Infante 
D.  Fernando  de  quem  fora  Secretario,  em 
o  dia  de  5  de  lunho,  e  alcançando  o  Bre- 
ve, que  foy  paíTado  a  10  de  laneiro  de  1470. 
fe  reítítuhio  a  Portugal.  Compoz  com  ef- 
tilo  íincero  a  Qironica  do  Infante  Santo 
a  qual  emendada  publicou  leronimo  Lopes 
Efcudeiro  Fidalgo  da  Cafa  delRey  D.  loaõ 
o  III.  a  quem  a  dedicou,  e  fahio  com  eíle 
Titulo,  e  Ortografia  em  letra  Gothica,  como 
vimos. 

Crónica  do  Sandto,  e  virtuofo  Iffante  dom 
Fernando  filho  de/Rey  dõ  loba  primeyro  defte 
nome,  que  fe  finou  em  terra  de  mouros.  Diriffda 
a  fua  alteia. 

Na    folha    feguinte    tem    eftas    palavras. 

Começa-fe  a  Crónica  da  vida,  e  feitos  do  mtr/ 
virtuofo  Iffante  dom  Fernando,  que  fe  finou  em 
terra  de  mouros.  Ef cripta  por  frey  lohã  alvrés 
casalleiro  da  ordè  davis.  Secretario  do  dito  Se- 
nor,  e  que  cõ  elle  efieve  no  cativeiro  até  fua  morte; 
e  depoys  cinco  annos. 

No  fim  eftaõ  as  feguintes  palavras. 

Acabou-fe  de  emprimir  a  vida,  e  crónica 
do  mu}/  Catholico,  e  virtuofo  Iffante  dom  Fer- 
nãdo    filho     de/Rey    dom     lobam    primeiro    de 


Portugal.  Aos  XVJII.  dias  de  laneiro  de 
mil,  e  quinhentos,  e  vinte,  e  fete  annos  por 
German  Galharde  imprimidor  Corregida,  e  emen- 
dada por  leronimo  Ijopes  efcudeiro  fidalgo  da  Ca^a 
delRey  Noffo  Senhor. 

PaíTados  fincoenta  annos  defta  impreíTaõ, 
como  dificultofamente  apareceífe  algum 
exemplar  da  vida  do  Infante  Santo,  a  pu- 
blicou novamente  reformada  de  algumas 
palavras  antigas,  e  acrecentada  em  alguns 
fuceíTos  Fr.  leronimo  Ramos  da  Ordem  dos 
Pregadores.  Lisboa  por  António  Ribeiro 
1577.  8.  Dedicada  ao  Cardial  D.  Henri- 
que. Sahio  vertida  em  Latim  no  Tom.  i. 
do  mez  de  lunho  da  grande  obra  do  Aâr 
Sanãorum  com  doutiíTimas  Notas  defde 
pag.  563.  até  591.  Neíle  idioma  tinha  vif- 
to  D.  Nicolao  António  (como  efcreve  na. 
Bib.  Vet.  Hifp.  Uv.  10.  cap.  5.  §.  295.)  em. 
a  BibUotheca  Vaticana  M.  S.  Códice  3654. 
a  vida  do  Infante  Santo,  que  parece 
fer  diftinta  da  precedente,  que  efcreveo  Fr. 
loaõ  Alvres  pelas  palavras  por  onde  prin- 
cipia, que  faõ  as  feguintes.  Incipit  Aíar- 
tyrium  pariter,  (&  gejla  ma^ifici,  ac  potentis 
Infantis  dom  Ferdinandi  Keffs  Portugallia 
filii  apud  Fez  P^°  fi^^  V^^*  ^  ardore,. 
e>*  Cbrifii  amore.  Principia.  Diebus  ifHs 
novifftmis  pater  Mifericordiarum,  (ò"  Deus 
totius  confolationis  &c.  Compoz  mais  Fr^ 
loaõ  Alvares. 

Confiituiçoens  ordenadas  para  o  bem  efpi- 
ritual,  e  temporal  do  Mofteiro  do  Pafo  de  Sou- 
^a.  Foraõ  aprovadas  pelo  Papa  Paulo  11. 
na  ocaziaõ,  que  foy  à  Cúria  para  delle  im- 
petrar o  Breve  de  Indulgências  à  inftanda 
da  Infanta  D.  Izabel  Duqueza  de  Borgo- 
nha, como  affirma  Fr.  Leaõ  de  Santo  Tho- 
maz  Bened.  L^ftt.  Tom.  2.  Part.  4.  cap.  12. 
pag.  265.  col.  I. 

Sermoens  de  Santo  Agoftinho  ad  Fratres^ 
in  Eremo.  traduzidos  em  Portuguez  que 
mandou  de  França  aos  feus  Monges  do 
Mofteiro  do  Paço  de  Souza.  Delle  fazem 
mençaõ  Cardofo  Agiol.  Lufit.  Tom.  3.  pag» 
560.  no  Comment.  de  5  de  lunho  letr.  A. 
e  pag.  730.  no  Comment.  de  17  de  lunha 
letr.  E.  Fr.  Leaõ  de  Santo  Thomaz,  e  D. 
Nicolao  António  nos  lugares  aífima  alle- 
gados. 


584 


B 1 B  LIO  THE  CA 


lOAÕ  ALVARES  Naceo  nos  fubur- 
bios  da  augufta  Cidade  de  Braga  em  o  an- 
no  de  1622.  Foy  Abbade  da  Igreja  de  S. 
Mamede  de  Efcariz  fituada  no  termo  da 
Villa  do  Prado  em  a  Provinda  do  Minho 
onde  com  charidade  de  vigilante  Paílor 
diílribuia  a  mayor  parte  da  fua  renda,  que 
era  copiofa,  em  beneficio  dos  pobres.  Te- 
ve grande  inftruçaõ  da  Hiíloria  Portugue- 
za,  c  naõ  menor  eftudo  da  Genealogia  efcre- 
vcndo. 

Nobiliário  Português^  dividido  em  5  vol. 
de  folha.  Conferva-fe  na  Livraria  de  Ga- 
briel de  Araújo  Senhor  de  Lobios  mora- 
dor em  Braga.  A  efte  Nobiliário  addicio- 
nou  com  Provas  Bento  Barboza  de  Brito 
natural  de  Bragi  Presbítero  do  habito  de 
S.  Paulo,  que  falleceo  a  2  de  lulho  de  1739. 
de  quem  faremos  mayor  mençaõ  no  Sup- 
plemento  da  Bibliotheca. 

Nobiliário  de  algumas  Familias  Cajlelha- 
nas.  foi.  M.  S. 

"Tratado  das  Armas  das  Familias  de  Por- 
tugal, de  Cajlella,  e  de  algumas  de  Itália,  foi. 
M.  S. 

Falleceo  em  o  anno  de  1700.  e  delle  faz 
memoria  o  P.  D.  António  Gietano  de  Sou- 
za nas  Advert.  e  Addic.  à  Hijl.  Gen.  da  Ca^- 
Real  Portug.  No  fim  do  Tom.  8.  pag.  13. 
n.  6. 

lOAÕ  ALVARES  BORGES  natural  do 
lugar  de  Mofebres  fituado  em  o  termo  da 
Villa  de  Murça  de  Panoya  Comarca  da  Torre 
de  Moncorvo  em  o  Arcebifpado  de  Braga. 
Foy  Ferrador,  Alveitar  mòr  das  Cavalharif- 
fas  dos  Reys  de  Caílella  Filippe  IV.  e  Car- 
los II.  cujo  Officio  exercitou  com  grande 
fciencia  pelo  efpaço  de  feíTenta  annos  don- 
de fubio  a  fer  Alcayde,  e  Examinador  em 
os  Reynos  de  Caílella  de  todos  os  Ferrado- 
res, e  Alveitares.    Efcreveo. 

Praãica  j  obfervaciones  pertencientes  ai 
Arte  de  Albeytaria  en  que  Je  manifiejla 
el  modo  particular  con  que  fe  deben  curar 
las  màs  ^aves  caufas,  que  fe  pueden  ofe- 
recer en  ejla  arte.  Madrid  por  luan  Gar- 
■cla  Infançon.  1680.  4.  Na  Cenfura,  que 
a  cila  obra  fez  o  Padre  Lucas  de  Ne- 
vares     da     Companhia     de     lESUS     Lente 


de  Theologia  lhe  diz.  Em  lo  natural- 
mente dijcurrido,  aun  philofoficamente  tra- 
tado yà  con  médicos  fundamientos,  yà  con 
rav^ones  experimentales  parece,  que  le  illufirò 
ai  Author  algum  rayo  de  Sabidoria,  que  bla- 
:(ond    Salomon. 

lOAÕ  ALVARES  DA  COSTA  Caval- 
leiro  profeíTo  da  Ordem  de  Chriílo,  Fidal- 
go da  Caza  de  Sua  Mageílade  naceo  em  Lis- 
boa, e  na  Parochial  Igreja  de  Santa  Maria 
Magdalena  recebeo  a  primeira  graça  a  21 
de  lulho  de  1672.  fendo  filho  de  António 
Alvares  Lima,  c  Viéloria  da  Coíla.  Inílruido 
na  pátria  com  os  preceitos  da  lingua  Latina, 
e  intelligencia  das  letras  humanas  frequentou 
a  Univerfidade  de  Coimbra  onde  aplicado 
ao  eíludo  da  lurifprudencia  Cefarea  fez 
taes  progreflbs  a  fua  grande  comprehenfaõ, 
que  fe  diílinguio  entre  todos  os  feus  con- 
difcipulos.  Da  efpeculaçaõ  daquella  facul- 
dade paíTou  à  praftica  em  que  fe  fez  mais 
patente  a  profunda  vaílidaõ  da  fua  fciencia 
legal  adminiílrando  os  lugares  de  luiz,  c  Cor- 
regedor do  Civel,  Dezembatgador  da  Re- 
lação do  Porto  donde  paíTou  para  a  Caza  da 
Supplicaçaõ  a  7  de  laneiro  de  171 6.  c  para 
Dezembargador  de  Agravos  a  4  de  No- 
vembro de  171 7.  Crecendo  com  a  idade  o 
feu  merecimento  foy  provido  em  os  hono- 
ríficos lugares  de  Procurador  da  Coroa, 
luiz  do  Fifco  Real,  Deputado  da  lunta  da 
Adminiílraçaõ  do  Tabaco,  e  Dezembargador 
do  Paço.  Attendendo  a  Mageílade  delRey 
D.  loaõ  o  V.  às  fuás  refpeitadas  letras  o  no- 
meou Conclaviíla  régio  do  EmminentiíTi- 
mo  Cardial  Pereira  na  ocaziaõ  em  que  partio 
no  anno  de  1721.  para  a  Cúria  Romana  a  vo- 
tar na  eleição  do  Summo  Pontífice.  Neíle 
celebre  empório  da  Chriílandade  deu  a  conhe- 
cer como  Conclaviíla,  lugar,  que  havia  cen- 
to, e  vinte  dous  annos  naõ  tivera  outro  Por- 
tuguez,  os  dotes  de  prudência,  e  politica 
de  que  fe  ornava  o  feu  efpirito  pelos  quais 
fe  fez  digno  das  eílimaçoens  das  primeiras 
peíToas  aífim,  em  a  dignidade,  como  em  a 
fciencia.  Entre  os  primeiros  fincoenta  Aca- 
démicos de  que  fe  formou  a  Academia 
Real  da  Hiíloria  Portugueza  no  anno  de 
1721.    foy    eleito    para    decidir    os    pontos 


L  USITANA. 


585 


juridicos  que  fe  alter caíTem  na  Hiftoria. 
Do  feu  grande  talento  íaõ  produçoens  as 
obras  feguintes. 

Aquila  ^Augufia  trijuko  oharmata  ful- 
mine,  feu  Carolus  Tertius  Aufiriacus  R<?a: 
Hifpaniarum  affertus,  <&  tribus  libris  pro- 
píignatus.  Amílelagdami.  apud  Petrum 
Mortier  1705.  foi. 

De  Toga  Origine,  antiquitate,  nohilitate  dif- 
íurjus  hifioricus  juridictis,  quadantenus  tamen  po- 
liticus.  UlyíTipone  apud  lofephum  Lopes 
Ferreira  Seren.  Reg.  Typ.  171 6.  foi. 

Difcurfo  fobre  a  pregunta,  que  Je  lhe  fet^ 
Je  os  ludeos  nos  primeiros  Jeculos  da  Igreja  tinbaõ 
poder  para  cafiigar  com  pena  de  morte  os  Jervos 
ChriftaÕs,  e  fe  os  podiàõ  ter.  Lisboa  por  Paf- 
choal  da  Sylva  ImpreíTor  de  S.  Mageílade 
1721.  foi.  Sahio  no  I.  Tom.  da  ColleçaÕ  dos 
Document.  da  Acad.  Real.  e  na  Hiforia  da 
Acad.  Keal.  Lisboa  por  lozè  António  da 
Sylva  ImpreíTor  da  Acad.  Real  1727.  4. 
defde  pag.  247.  até  258. 

Conta  dos  feus  efludos  Académicos  em 
zi  de  lulbo  de  1729.  em  que  prometeo  Jin- 
coenta  Dijfertaçoens  pertencentes  á  Hifloria 
de  Portugal,  que  expendeo.  Sahio  no  Tom.  9 
da  Collec.  dos  Docum.  da  Acad.  Keal. 
Lisboa  por  lozé  António  da  Sylva.  1729. 
foi. 

Conta  dos  feus  efludos  Académicos  recitada 
na  Acad.  Keal.  em  f)  de  Março  de  1730.  Sahio 
no  Tom.  10  da  Collec.  dos  Docum.  da  Acad. 
Keal.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor.  1730, 
foL  Neíla  Conta  relatou  parte  das  DiíTerta- 
çoens  de  que  devia  tratar. 

Conta  dos  feus  efludos  Académicos  reci- 
tada no  Paço  a  1  de  Setembro  de  1730.  Sahio 
no  Tom.  10.  da  Collec.  dos  Docum.  da  Aca- 
demia. 

^  Conta    dos   feus    efludos    Académicos    reci- 

tada na  Academia  em  19  de  laneiro  de  173 1. 
Sahio  no  Tom.  11.  da  Collec.  dos  Do- 
cumentos da  Academia  Keal.  Lisboa  por 
lozé  António  da  Silva.  173 1.  foi.  Nella 
promete  a  noticia  das  DiíTertaçoens  de 
que  trata  pertencentes  a  Hiftoria  de  Por- 
tugal. 

Elogio  do  De-:^embargador  Manoel  de  Ai^e- 
vedo  Soares  Académico  da  Academia  Keal 
da    Hifloria    Portugue^    dito    em    i^    de    la- 


neiro de  173 1.  Sahio  no  Tom.  11  da  Collec. 
dos  Docum.  da  Academia. 

Conta  dos  feus  efludos  Académicos  a  n)  de 
Março  de  1732.  Sahio  no  Tom.  11  da  Collec. 
dos  Docum.  da  Academia. 

Conta  dos  feus  efludos  recitada  no  Paço  a 
25  de  Outubro  de  1732.  Sahio  no  Tom.  11 
da  Collec.  da  Academia. 

Conta  dos  feus  efludos  em  -j  de  Março  de  1733. 
Sahio  no  Tom.  12.  da  Collec.  dos  Docum. 
da  Academia.  Lisboa  por  lozé  António  da 
Silva  ImpreíTor  da  Academia  Real.  1753. 
foi. 

lOAÕ  ALVARES  FRADE  Criado  da 
SereniíTima  Caza  de  Bragança  taõ  nobre 
por  nacimento  como  iníigne  pela  Poezia. 
Compoz,  e  dedicou  ao  Sereniílimo  Duque 
de  Bragança  D.  Theodozio  El. 

Egloga  paftoril  interlocutores  Fradelio,  De- 
mo, e  Laurena.  Coníla  de  diverfo  género 
de  metros.    Começa. 

Clara,  e  doce  agua,  hora  turva,  e  falgada. 
Acaba 

A  Deos  cançado  Denio,  a  Deos  Laurena, 
Confervafe  M.   S.   na  Bibliotheca  Real. 

lOAÕ  ALVARES  FROVO.  Naceo  em 
Lisboa  a  16  de  Novembro  de  1608.  fendo 
fobrinho  do  celebre  antiquário  Gafpar  Al- 
vares Louzada  de  quem  fe  fez  em  feu  lugar 
larga  memoria.  Aprendeo  os  preceitos  da 
Arte  Muíica  com  o  grande  Duarte  Lobo, 
que  com  o  feu  nome  illuíbrou  a  Bibliothe- 
ca LuUtana,  e  fahio  taõ  perito  em  os  myf- 
terios  deíla  armonica  Faculdade  que  fe  naõ 
excedeo,  competio  com  a  fciencia  de  taõ 
iníigne  Meílre.  Foy  Capellaõ  delRey,  e 
Bibliothecario  da  Bibliotheca  Real  da  Mu- 
íica a  qual  formou  o  SereniíTimo  Rey  D. 
loaõ  o  IV.  como  profeíTor  de  taõ  divina 
arte,  das  obras  dos  mais  celebres  Efcrito- 
res  que  venerou  a  Europa.  Na  Cathedral 
da  fua  pátria  exercitou  o  minifl-erin  de  Mef- 
tre  da  Muíica  pelo  efpaço  de  trinta,  e  íinco  an- 
nos  onde  em  remuneração  do  feu  merecimento 
obteve  hum  Canonicato  de  quarta  Prebenda. 
Falleceo  a  29  de  laneiro  de  1682.  qviando  con- 
tava 74  annos  de  idade,  e  jaz  fepultado  oa 
Cathedral    de    Lisboa.     Compoz. 


586 


BIBLIO THE  C  A 


Difcurfos  Johre  a  perfeição  do  Diathe- 
Jaron,  e  louvores  do  numero  quaternário  em 
que  elle  Je  contem  com  hum  encómio  Johre 
o  papel  que  mandou  imprimir  o  Serenijfi- 
mo  Ríy  D.  loaõ  o  IV.  em  defenfa  da  mo- 
derna Mujica,  e  repofta  Johre  os  três  Bre- 
ves ne^os  de  ChriJlovaÕ  de  Morales.  Lis- 
boa por  António  Crasbeeck.  de  Mello 
1662.  4.  In  quo  (falia  defte  Tratado  o  P. 
Emman.  Lud.  Vit.  Princip.  Theod.  lib.  i. 
cap.  II.  n.  121)  Sanãorum,  (ò^  illujlrium 
Authorum  tejiimoniis  dijerte  prohat  prater 
alia  ejfe  hanc  Artem  Kegihus,  Sapientihus, 
€^  maximis  quihusque  viris  dignijftmam.  Del- 
le  taõbem  fe  lembra  Souza  Hijl.  Geneal. 
da  Ca!(^.  Real  Portug.  Tom.  7.  liv.  7. 
p.  241. 

Speculum  Univerjale  in  quo  exponuntur 
omnium  ihi  contentorum  AuStorum  loci,  uhi 
de  quolihet  Mujices  genere  differunt,  vel  agunt. 
2.  Tom.  foi.  M.  S.  O  2.  compoílo  no 
anno  de  165 1.  efcrito  em  admirável  cara- 
fter  tive  em  meu  poder;  confiava  de  589. 
paginas  excepto  o  Index.  He  obra  mui- 
to erudita,  e  tinha  algumas  palavras  gre- 
gas em  cujo  idioma  moftrava  fer  verfado 
fcu  Author. 

Theorica,  e  Praâica  da  Mujica.  foi.  M.   S. 

Breve  Explicação  da  Mujica  4.  M.  S.  a 
qual  vimos  primorofamète  tresladada  em 
o  anno  de  1678.  por  feu  difcipulo  António 
da  Cunha  de  Abreu. 

Uvro  de  Hymnos  a  4.  vozes  foi.  grande 
M.  S. 

Uvro  de  Mijfas.  foi.  grande  M.  S. 

Mijfas  de  Coros  duas,  e  huma  a  16  vo^es. 

Dous  PJalmos  da  Noa  a  8. 

PJalmos  de  Vejperas  a  8.  10.  e  12. 
vozes. 

PJalmo  de  Completas  a  20.  vozes. 

Diverjos  Motetes  a  3.  e  4.  vozes. 

Kejponjorios  da  Noute  de  Natal  a  8. 
vozes. 

Invitatorio  do  Officio  dos  Dejuntos  a  4.  e 
a  12. 

Kejponjorios  do  mejmo  Officio  dous  a 
8.  c  hum  a  12.  outro  a  16.  c  outro  a  17.  vo- 
zes. 

TraBos  das   Domingas   da  Quarejma   a   4. 


Texto  da  Paixão  da  Dom.  de  Ramos,  c  6. 
Jeira  Mayor  a  4.  vozes. 

Mijerere  a  16.  vozes. 

iMmentaçoens  de  diverfas  vozes. 

Vilhancicos  de  diverjas  Feftividades  a  4.  6. 
e  8.  vozes 

Fr.  lOAÕ  ALVARES  DE  SANTA  MA- 
RIA natural  da  Villa  de  Santos  em  a  Capita- 
nia de  S.  Paulo  da  America  Portugueza,  c 
irmaõ  de  Alexandre  de  Gufmaõ  Cavallciro 
profeflb  da  Ordem  de  Chriílo,  Fidalgo  da 
Caza  Real,  e  Confelheiro  do  Tribunal  do  Con- 
felho  Ultramarino  de  quem  já  fe  fez  em  feu 
lugar  diílinta  memoria.  ProfeíTou  o  fagrado 
inílituto  da  Ordem  de  Nofla  Senhora  do 
Carmo  da  primitiva  Obfervancia  em  o  Con- 
vento do  Rio  de  laneiro  onde  pela  agudeza 
do  feu  engenho  cultivado  com  a  continua 
aplicação  às  fciencias  fe  veras  chegou  a  ju- 
bilar na  Sagrada  Theologia.  Obrigado  pe- 
los feus  Superiores  paflbu  a  Portugal  a  pro- 
curar os  negócios  da  fua  Religião  em  cujo 
minifterio  moftrou  zelo,  e  aftividade.  Pa- 
ra moftrar  como  era  perito  nos  preceitos 
da  Oratória  Ecclefiaílica  publicou  como  pri- 
micias   da   fua   eloquência   concionatoria. 

SermàÕ  de  S.  Nicolao  pregado  na  Parocbial 
do  meJmo  Santo  de  Lishoa  Occidental  em  o  arnio 
de  1739.  Lisboa  por  António  líidoro  da 
Fonceca  1740.  4. 

lOAÕ  ALVARES  SOARES.  Nacco 
em  a  Cidade  da  Bahia  a  8  de  Setembro  de 
1676.  fendo  filho  de  Rafael  Soares  da  Fran- 
ca moço  fidalgo  da  Caza  Real,  Cavallciro 
profeflb  da  Ordem  de  Chriílo,  e  de  D.  Ca- 
therina  de  Souza  Barbalho  de  igual  nobre- 
za à  de  feu  Conforte.  Eíhidou  no  Colle- 
gio  pátrio  dos  PP.  lezuitas  as  letras  huma- 
nas, e  as  fciencias  feveras  recebendo  o  giao 
de  Meílre  em  Artes.  Da  paleílra  de  Miner- 
va paflbu  à  de  Bellona  aflentando  praça 
de  Soldado  no  Terço  da  Infantaria  da 
guarnição  da  Praça  da  Bahia  de  que  era 
Meílre  de  Campo  feu  irmaõ  António  Soa- 
res da  Franca,  onde  foy  Alferes  do  Mef- 
tre,  e  depois  Capitão.  Deixada  a  vida  M 
militar  fcguio  a  Ecdeíiaílica  recebendo  Or-    ■ 


L  USITAN  A. 


58; 


dens  de  Presbítero  no  anno  de  171 8.  Cul- 
tivou em  os  primeiros  annos  a  Poezia  em 
que  naõ  foy  infecundo  o  feu  talento,  como 
também  em  todo  o  género  de  erudição  fa- 
grada,  e  profana  de  que  faõ  teftemunhas  as 
obras  feguintes. 

Quatro  Sonetos  Caftelhanos  à  lamentável  morte 
do  augufiijfimo  'Kej  de  'Portugal.  D.  Pedro 
11.  Sahiraõ  no  Breve  Compendio,  e  narra- 
ção do  fúnebre  ejpeãaculo,  que  na  infigte  Ci- 
dade da  Bahia  fe  vio  na  morte  delKey  D.  Pe- 
dro II.  lisboa  por  Valentim  da  Cofta 
Deslandes.  1704.  4. 

Sermaõ  da  Glorio/a  Santa  yínna  Mày  de 
Maria  Santijftma  Senhora  nojfa  na  fefta,  que 
lhe  confagraõ  os  Aíoedeiros  na  Cathedral  da  Ci- 
dade da  Bahia.  Lisboa  na  Officina  Augufti- 
niana.  1733.  4. 

Progymnajma  litterario,  e  thefouro  de  erudição 
/agrada,  e  humana  para  enriquecer  o  animo  de 
prendas,  e  a  alma  de  virtudes.  Tom.  i.  que  con- 
tem fe  tenta,  e  dous  Difcurfos  moraes,  e  politicas, 
Académicos,  doutrinaes,  afceticos,  e  predicáveis 
difpoflos  pelas  letras  do  Alphabeto  até  a  letra  C. 
Lisboa  na  Officina  da  Muíica  de  Theotonio 
Antunes  de  Lima  ImpreíTor  da  Sagrada  Re- 
ligião de  Malta.  1737.  foi.  Promete  mais  4 
volumes  defta  obra,  que  naõ  eílaõ  concluí- 
dos por  falta  de  faude. 

Fr.  lOAÕ  DE  SANTO  AMBRÓSIO 
religiofo  Menor  da  Seráfica  Provinda  dos 
Algarves  donde  movido  de  fumma  devoção 
partio  a  vÍ2Ítar  os  Santos  lugares  em  que 
confumou  a  Redempçaõ  do  género  hximano 
o  Verbo  Divino,  e  affiUindo  alguns  annos  em 
o  Convento  do  Santo  Sepulchro,  que  em 
lenifalem  poíTue  a  Religião  Seráfica,  efcre- 
veo. 

Breve,  e  diflinta  relação  da  fediçaÕ  popular, 
que  na  Cidade  de  lerufalem  fe  levantou  contra  os 
Keli^ofos  de  noffo  Padre  S.  Francifco,  que  os 
habitaÕ,  e  veneraõ  os  f agrados  vefii^os  da  nojfa 
Redempçaõ.  Lisboa  por  Miguel  Manefcal 
ImpreíTor  do  Santo  Officio,  e  da  Serenif- 
iima  Caza  de  Bragança.  171 6.  4. 

Fr.  lOAÕ  DE  SANTA  ANNA  na- 
tural da  Cidade  de  Lisboa  onde  profeíTou 
o  iniiituto  Carmelitano  da  primitiva  obfer- 


vanda.  Aplicou-fe  mais  ao  exercido  das 
virtudes,  que  à  efpeculaçaõ  das  fdendas, 
de  que  teve  por  diredor  Fr.  Conílantino 
Pereira  fobrinho  do  Ven.  Fr.  Nuno  de  San- 
ta Maria  Condeílavel,  que  foy  deíle  Rey- 
no,  o  qual  vivia  contemplativo  em  o  Con- 
vento de  Collares,  que  eUe  edificara,  e  com 
os  documentos  de  taõ  virtuofo  Meftre  fa- 
hio  Fr.  loaõ  exemplar  da  obfervancia  re- 
ligiofa.  Foy  eleito  Provincial  em  o  anno 
de  1506.  por  infinuaçaõ  delRey  D.  Manoel, 
cujo  lugar  exercitou  com  tanta  prudenda, 
que  o  confervou  até  o  anno  de  1520.  em 
que  lhe  fucedeo  Fr.  Gonçalo  Fialho.  O  Ge- 
ral Fr.  Bernardino  Landudo  informado  das 
fuás  virtudes  o  nomeou  Vigário  Geral  nef- 
ta  Provinda.  Tanto  que  acabou  o  minif- 
terio  de  Prelado  fe  retirou  f>ara  o  Convento 
de  Collares  onde  fe  dedicou  com  fumma 
tranquillidade  à  contemplação  das  felidda- 
des  eternas  porém  o  numero  dos  annos, 
e  o  exceíTo  das  penitencias  lhe  acelerarão 
a  morte,  que  fucedeo  no  anno  de  1523. 
deixando  da  fua  vida  fantificada  memoria. 
Delle  fe  lembraõ  Cardofo  Agiol.  iMfit.  Tom.  i. 
pag.  142.  letr.  D.  Mertola  Vid.  de  Fr.  EJíev. 
da  Purif.  cap.  29.  Cafanate  Parad.  Carm. 
Decor.  Stat.  4.  jEA.  17.  cap.  407.  pag.  388. 
Carvalho  Corog.  Portug.  Tom.  3.  liv.  2.  Traâ.  8. 
cap.  47.  e  Fr.  Manoel  de  Sá  Mem.  Hifi. 
dos  Efcrit.  Portug.  do  Carm.  cap.  48.  n.  291. 
Traduzio  da  língua  Latina  em  a  materna 
para  que  os  reUgiofos  moços  com  fad- 
lidade  mayor  podeílem  faber  o  que  deviaõ 
obfervar. 

Conftituiçoens,  e  Cerimonial  da  Ordem.  M.  S. 
Obra,  que  naquelle  tempo  foy  recebida  com 
eílimaçaõ  como  efcreve  Fr.  Manoel  de  Sá 
no  lugar  affima  allegado. 

Fr.  lOAÕ  DE  ANDRADE  Naceo 
a  27  de  laneiro  de  1588.  em  a  Qda- 
de  de  Ceuta  cabeça  antigamente  da  Mau- 
ritânia Tingitana  fituada  em  altura  de 
trinta,  e  fds  gráos  na  ponta  de  Africa,  que 
no  Eílreito  de  Gibraltar  confina  com 
Efpanha  em  o  Reyno  de  Fez  da  Provín- 
cia de  Habat.  Teve  por  Pays  a  Manoel 
de  Azevedo  Almoxarife  de  Ceuta,  e  Vio- 
lante   de    Andrade    igualmente    nobres,    e 


588 


BIBLIO  THE  Ca 


opulentos.  Ainda  naõ  excedia  os  annos  da 
adolefcencia  quando  abraçou  o  fagrado  inf- 
tituto  da  SantiíTima  Trindade  em  o  anno 
de  1603.  no  Convento  da  fua  pátria  donde 
completo  o  anno  do  Noviciado  paíTou  a 
Lisboa,  e  eíludando  as  fciencias  Efcholafti- 
cas  as  eníinou  aos  feus  domefticos.  Jubi- 
lado na  Sagrada  Theologia  foy  Reytor  do 
Collegio  de  Coimbra,  Miniílro  do  Con- 
vento de  Lisboa,  e  Provincial  eleito  em  o 
anno  de  165 1.  Obfervou  exaélamente  os 
eftatutos  da  Religião  fendo  fummamente 
cândido,  e  afFavel,  e  taõ  amante  da  pobre- 
za, que  naõ  conhecia  o  valor  da  moeda. 
CompaíTivo  das  miferias  alheas  nunca  ne- 
gava o  que  fe  lhe  pedia  chegando  a  tanto 
exceíTo  a  fua  charidade,  que  deu  a  hum  os 
fapatos,  que  tinha  calçado,  e  fe  recolheo 
defcalfo  para  o  Convento.  A  authoridade 
da  fua  peíToa  unida  à  pratica  de  tantas  vir- 
tudes o  fizeraõ  digno  da  atenção  delRey 
D.  loaõ  o  IV.  de  quem  recebeo  particula- 
res honras  fendo  entre  ellas  a  nomeação  do 
Bifpado  de  Tangere,  e  de  Ceuta  a  29  de  Outu- 
bro de  1655.  que  naõ  exercitou  impedido  pela 
morte,  que  o  defpojou  da  vida  a  2  de  Novem- 
bro do  dito  anno.  Ao  feu  funeral  aíTiílio 
toda  a  Corte  diílinguindo-fe  entre  todos  o 
IlluílriíTimo  D.  Pedro  de  Lancaftro  Inqui- 
íidor  Geral,  e  Preíidente  do  Paço  feu  grande 
amigo  o  qual,  ao  tempo,  que  o  entregavaõ 
à  terra,  diííe  EJle  fqy  o  verdadeiro  Nathanael 
em  quem  naÕ  houve  engano.  Delle  fazem  men- 
ção Cardofo  Advert.  ao  Agiolog.  Ljifit.  Tom.  i. 
n.  51.  Fr.  António  Corrêa  Vid.  do  Ven. 
Fr.  António  da  Conceição.  Part.  3.  cap.  2. 
foi.  88.  Magia  Bib.  Ecclef.  Tom.  i.  p.  436. 
col.  I.    Compoz. 

Apologia  pro  vero,  <&  próprio  martyrio  per 
pejlem.  Sahio  impreíTa  no  Tom.  20  das  obras 
do  Padre  Theophilo  Raynaudo  da  Compa- 
nhia de  lefus  a  pag.  219  da  ediçaõ  de  Cra- 
cóvia. 1669.  He  doutiíTima  em  que  defende 
o  Tratado,  que  fobre  a  mefma  matéria  ef- 
creveo  o  Padre  Raynaudo.  Delia  faz  me- 
moria o  P.  Niceron.  Mem.  des  Hom.  lllufir. 
Tom.  26.  pag.  260.  quando  trata  de  Theo- 
philo Raynaudo,  e  das  fuás  obras. 

Apologia  Patriarcbal  facada  em  que 
provou,    e    defendeo    o    culto    immemorial    dos 


Santos  Patriarchas  loaÕ,  e  Félix  feita  a  12. 
de  Setembro  de  1647.  foi.  Conferva-fe  M.  S. 
na  Livraria  do  Convento  da  Trindade  de 
Lisboa. 

Quaftiones  feleãa  in  Univerfam  Theologiam, 
foi.  M.  S. 

lOAÕ  DE  ANDREA  Naceo  em  Lis- 
boa no  anno  de  1713.  fendo  filho  de  Filippe 
Andrea,  e  D.  Maria  Diaz.  Na  idade  da  ado- 
lefcencia paíTou  a  Itália,  e  aplicado  ás  letras 
humanas,  e  Filofofia  dedicou  humas  Conclu- 
foens  deiia  Faculdade  ao  SereniíTimo  Infante 
D.  Manoel.  Como  era  taõ  perito  na  Poezia, 
como  em  a  Oratória  foy  admetido  a  Aca- 
démico, dos  Árcades  com  o  nome  de  Ci- 
norta,  e  dos  Infecundos,  c  em  huma,  e  outra 
erudita  Sociedade  recitou  varias  obras.  Ef- 
tudou  lurifprudencia  Canónica,  e  Civil,  e 
em  ambas  eftas  Faculdades  recebeo  o 
gráo  de  Doutor.  Por  ordem  do  Meftre 
do  Sacro  Palácio  recitou  na  Bafilica  Va- 
ticana,  e  a  dedicou  à  Santidade  de  Clemen- 
te XII. 

De  Apqftolica  S.  Petri  Cathedra  Oratio 
habita  in  Vaticana  Bafilica  ad  dementem  XII. 
Pontif.  Opt.  Max.  Romx  ex  Typ.  Vaticana. 
1734.  4. 

Reftituido  a  fua  pátria  foy  promovido  ao 
Arcediagado  de  Fonte  Arcada,  que  poíTuio  dous 
annos,  e  meyo  fallecendo  intempeftivamente  a 
17  de  Março  de  1742.  laz  fepultado  na  Igreja 
de  Noíía  Senhora  do  Loreto  da  Naçaõ  Italiana. 

Fr.  lOAÕ  DOS  ANJOS  Erimita  de  Santo 
Agoftinho  do  qual,  pofto  que  Fr.  António 
da  Purificação  de  Vir  Illuft.  Ord.  D.  Aug. 
lib.  3.  cap.  8.  efcreve,  que  naõ  achou  dellc 
noticia  em  a  Provinda  de  Portugal  de  que 
foy  Chronifla,  o  reconhece  Fr.  Thomaz 
Gracian  Anafi.  Augufi.  por  Portugucz,  c 
author  do  livro  intitulado. 
Triumfos  do  Amor  Divino. 

lOAÕ  ANTÓNIO  CORRÊA  natural  de 
Lisboa,  e  muito  verfado  na  Poezia  Cómica^ 
e  na  intelligencia  da  lingua  Caftelhana  em  que 
fe  fez  muito  perito  pela  diuturna  aíTiftcncia, 
que  teve  em  Giílella.  Efcreveo  muitas  Come- 
dias,  que  foraõ  reprezcntadas  com  aplauzo 


L  USITAN A. 


589 


nos  Theatros  de  Madnd  das  quais  fe  fez  pu- 
blica. 

B^Jlauracion  de  Ia  Bahia.  Madrid,  por 
lozé  Fernandes  de  Buendia.   1670.  4. 

lOAÕ  ANTÓNIO  DA  COSTA,  E 
ANDRADE  Naceo  na  celebre  Villa  de 
Santarém  a  18  de  Novembro  de  1702.  onde 
teve  por  Pays  a  Gafpar  Barbofa  de  Andrade, 
e  Mariana  Antónia  lozefa.  Eíhidou  lurifpru- 
dencia  em  a  Univeríidade  de  Q)imbra  a  qual 
exercita  como  Advogado  nos  auditórios  da 
fua  Pátria,  e  Comarca,  e  Contadoria  fendo 
Procurador  da  Fazenda  Real,  Em  obze- 
quio  da  Ordem  Terceira  do  Seráfico  Pa- 
triarcha  compoz. 

Cryjol  Seráfico  em  que  fe  apuràõ  as  verda- 
des do  Infiituto  da  Ordem  Terceira  da  'Peniten- 
cia do  Paíriarcha  dos  pobres  S.  Francifco.  Lis- 
boa Na  Offidna  da  Muíica.   1739.   ^• 

lOAÕ  ANTUNES  natural  de  Lisboa 
filho  de  Manoel  Antunes  Machado,  e  Mag- 
dalena  da  Cruz.  Na  idade  da  adolefcenda 
recebeo  a  roupeta  de  S.  Filippe  Neri  na 
Congregação  do  Oratório  da  fua  pátria  a 
15.  de  lunho  de  1686.  onde  aprendeo  as 
letras  fagradas,  que  diâiou  aos  feus  domef- 
ticos  com  credito  da  fua  fcienda  pela  qual 
mereceo  fer  Confultor  do  Santo  Offido. 
Havendo  afllftido  com  louvável  procedi- 
mento por  muitos  annos  na  Congregação 
a  deixou  obrigado  de  caufas  urgentes,  e  em 
atenção  á  fua  litteratura  o  nomeou  o  Ex- 
cellentiffimo  Conde  da  Atalaya  Prior  da  Pa- 
rochial  Igreja  de  NoUa  Senhora  da  AíTum- 
pçaõ  Matriz  da  dita  Villa  onde  depois  de 
encher  as  obrigaçoens  de  vigilante  Paf- 
tor  morreo  com  faudade  das  fuás  ovelhas. 
Compoz  em  o  tempo,  que  foy  Congre- 
gado. 

Efcola  do  Temor  de  Deos  em  que  fe 
mfina  a  viver  bem  fugindo  dos  vidos,  e  pro- 
curando as  virtudes.  Lisboa  por  Valen- 
tim da  Colia  Deslandes  1707.  8.  He  tra- 
duzida da  lingua  Italiana  do  Padre  lozé 
Manfi  da  Congregação  do  Oratório  em  a 
materna  onde  o  Tradutor  acrecentou  hu- 
mas  breves  Meditaçoens  para  todos  os  dias 
da  femana. 


Arvore  da  vida  plantada  no  Parai^o  da 
Igreja  junto  às  correntes  da  gra^a:  Hifiorias  fe- 
leãas  das  vidas  dos  Santos  diflribuidas  por  todos 
os  melões,  e  dias  do  anno  Tom.  i.  Lisboa  por 
Mathias  Pereira  da  Sylva,  e  loaõ  Antunes 
Pedrozo.  1720.  4. 

lOAÕ  ANTUNES  natural  da  auguf- 
ta  Gdade  de  Braga  Presbítero  do  habito 
de  S.  Pedro,  e  muito  perito  nas  difciplinas 
Mathematicas,  e  experiências  Phyficas.  Com- 
poz. 

Bphemeride  AJlronomica  demonfkativa,  e  va- 
ticinio  AJiroloffco  conjeãural  Pbyjico  Ecclejiaf- 
ticOf  e  politico  para  o  anno  de  1728.  bijfexto 
calculado  cw  Meridiano,  e  Latitud  da  muito  no- 
bre, augufia,  e  fempre  leal  Cidade  de  Braga  Ca- 
tbedral  Metropoli,  e  Primav^  de  todos  os  Rey- 
nos  de  Efpanba.  4.  M.  S.  Confiava  como 
vimos,  de  dez  cadernos,  e  cada  hum  de  duas 
folhas. 

lOAÕ  ANTUNES  DE  BRITO  natu- 
ral da  Gdade  da  Bahia  Capital  da  Ame- 
rica Portugueza,  Sacerdote  de  inculpável 
vida,  e  Meflxe  publico  de  letras  Humanas, 
e  Gramática  Latina  em  que  era  profunda- 
mente perito,  como  moftrou  na  obra  fe- 
guinte. 

Mappa  da  Grammatica  Latina  dividida  em 
finco  partes  com  admirável  brevidade,  e  clareia 
de  modo,  que  pojfaõ  bem  faberfe  em  pouco  tempo 
os  preceitos  delia.  Coimbra  por  Bento  Seco 
Ferreira.  17 14.  4. 

Fr.  lOAÕ  DO  APOCALYPSE  natural 
da  Villa  de  Guimaraens  e  Monge  Bene- 
diéHno  taõ  obfervante  do  feu  infiituto  como 
incanfavel  invefiigador  das  Antiguidades  da 
fua  monafiica  Congregação.  Alcançou  grande 
opinião  pelo  púlpito,  e  muito  mayor  pela 
pradica  das  virtudes  religiofas  de  que  foy 
exemplar  nos  lugares,  que  exercitou  na 
ReUgiaõ  fendo  Abbade  do  Mofteiro  de 
Santo  André  de  Rendufe  em  1608.  do 
Mofteiro  de  Santa  Maria  de  Carvoeiro  em 
1614.  e  do  Mofteiro  de  S.  Tyrfo  em  1628. 
Falleceo  no  Mofteiro  de  S.  Salvador  de 
Travanca  a  22  de  Abril  de  1632.  DeUe 
£azem  honorifica  mençaõ  Fr.  Leaõ  de  Santo 


Sço 


BIBLIO  THE  C  A 


Thomas  Bened.  "Lufit.  Tom.  i.  p.  542. 
Keligiofo  grave,  antigo,  e  bem  conhecido  entre 
nòs  por  fuás  letras,  e  partes  e  Tom.  2. 
p.  40.  reltgiojo  muy  recolhido,  e  miiy  eftu- 
diofo  a  cuja  curiojidade,  e  deligencia  deve- 
mos muitas  memorias  que  nos  deixou  efcri- 
tas  tocantes  aos  Mojleiros  defta  noffa  Con- 
gregarão, e  outras  Antiguidades  do  Reyno. 
Argaez  Per/,  de  Catalun.  p.  458.  §.  134. 
Talento  cultivado  com  las  letras,  y  las  vir- 
tudes. 
Compo2. 

Coronica  da  Keligiaõ  de  S.  Bento  de  Por- 
tugal, e  dos  Kejs  em  cujo  tempo  floreceo,  e  das 
Fundaçoens  dos  Mojleiros.  foi.  M.  S.  Conlla 
de  10  livros,  e  de  390.  folhas.  Trata  o  i. 
livro  da  demarcação  do  Rejno  de  Portugal,  e 
Kejs  que  nelle  floreceraõ  antigamente,  e  Mof- 
teiros  que  edificarão,  o  z.  da  Dejlruiçaõ  de 
Hefpanha,  e  do  ejlado  delia  atè  ferem  lan- 
çais os  Mouros,  o  3.  Continua  ejla  maté- 
ria atè  a  fucejjaõ  dos  Kejs  de  Portugal.  4. 
Continua  a  mefma  matéria.  5.  Como  fe  go- 
vernarão antigamente  os  Mofleiros.  6.  Da 
Congregação  de  S.  Bento  em  Portugal.  7. 
Do  augmento  dos  Mofleiros  depois  da  Re- 
forma, e  do  eflado  em  que  agora  ejlaõ.  8. 
Dos  Mofleiros  das  Monjas  Bentas  que  houve, 
e  ha  em  Portugal.  9.  Dos  Privilégios  que 
à  Keligiaõ  concederão  os  Summos  Pontífi- 
ces, e  das  Cerimonias  do  Altar,  Coro,  e 
modo  de  Vejiir.  10.  dos  Santos  da  Ordem 
que  ouve  em  Portugal,  e  taõbem  dos  Abba- 
des  de  alguns  Mofleiros.  Confervafe  no  Con- 
vento    de     S.     Salvador     de     Travanca. 

Laci  communes  de  B.  Virgine,  D.  loanne, 
et  D.  Benedião.   3.  Tom.  M.  S. 

hoci  Communes  Sacra  Scriptures  M.   S. 

Commentaria  in  libros  Kegum.  foi.  2. 
Tom. 

Varietates  rerum. 

Ponderaçoens  fobre  a  Keff^a  de  S.  Bento 
7.  Tom.  4.  Todos  eíles  livros  fc  confcrvaõ 
M.  S.  na  Livraria  do  Convento  de  Tibaens 
como  afirma  Fr.  Gregório  Argaes  no  lugar 
aíTima  allegado. 


Leonor  Coelho.  Aprendidas  na  pátria  as 
primeiras  letras  em  que  logo  moftrou  a  gran- 
de habilidade  de  que  o  dotara  a  natureza^ 
recebeo  o  habito  da  illuftriíTima  Ordem 
dos  Pregadores  em  o  real  Convento  da 
Batalha  onde  folemnemente  profeflbu  a  15 
de  lunho  de  1581.  Foy  tal  o  progreíTo  que 
fez  a  fua  eíhidiofa  aplicação  em  as  fcien- 
cias  feveras  que  depois  de  as  diftar  parti- 
cularmente aos  feus  domeíticos  no  Con- 
vento da  Batalha,  e  CoUegio  de  Coimbra 
fubio  a  Cathedratico  de  Efcritura  em  a  Aca- 
demia Conimbricenfe  a  2  de  lunho  de  161 5 
em  que  fez  mais  patente  a  fua  profunda 
fciencia  fendo  refpeitado  por  infigne  Theo- 
logo,  excellente  Efcriturario,  e  grande  Hu- 
maniíla.  Foy  Deputado  da  Inquifiçaõ  de 
Coimbra  de  cujo  lugar  tomou  poíTe  a  ift 
de  Setembro  de  1618.  Falleceo  no  Col- 
legio  de  Santo  Thomas  da  mefma  Qdade 
no  anno  de  1620.  quando  contava  64  an- 
nos  de  idade  e  trinta,  e  e  nove  de  religião. 
Fazem  memoria  do  feu  nome  Fr.  Pedra 
Mont.  Claujl.  Dom.  Tom.  3.  p.  233.  c  na 
Cathal.  dos  Dep.  da  Inq.  de  Coimb.  n.  53.  e 
Fr.  Lucas  de  Santa  Cathcrina  Hifl.  de  S. 
Domingos  da  Prov.  de  Portug.  p.  935.  De 
muitos  Sermoens  que  pregou  com  aplau- 
20  univerfal  fomente  fc  fez  publico  o  fc- 
guinte. 

Oração  nas  exéquias  que  a  muy  nobre  Villa 
de  Santarém  fumptuofamente  fei:^  em  Nojfa 
Senhora  de  Marvilla  a  E/Key  N.  Senhor  D. 
Philippe  o  \.  de  Portugal  a  que  fe  acharão  as 
Ordens  todas,  e  clerezia,  toda  a  Nobret(a,  e  povo 
da  terra  em  i^  de  Outubro  de  1598.  Lisboa 
por  Pedro  Crasbeeck.  1600.  4.  Sahio  na 
Kelac.  das  Exéquias  do  dito  Key.  , 

DiJfertaçaÕ  fe    no    mila^e    da    HofHa    q$te  | 
fe    venera    na     Villa    de     Santarém    ejlava    o 
Santijfimo    Sacramento,    e  fe  fe    devia    adorar  ?^  , 
M.  S.  4.  I 

Quatro   índices  ao   Commento   do   livro   dos  . 
Cantares,  que  compov^  o  M.  Fr.  Luiz  ^  ^^^^ 
mayor   da    Ordem    dos    Pregadores.     Obra    de 
fummo    trabalho,    c    de    igual    utilidade. 


Fr.     lOAÕ     ARANHA.       Naceo     em  lOAÕ     DE     ARAÚJO     DA     COSTA,, 

a  Cidade  de  Coimbra  no  anno  de  1556.  on-     E    MELLO    natural    da    Frcguczia    de    S. 
de    teve    por   Pays   a   Fernando   Aranha,    c     Martinho    de    Crafto    da    Villa    da    Ponte 


I 


L  USITANA. 


591 


la  Barca  diílante  féis  legcas  de  Vianna  do 
Minho  filho  de  António  Soares  de  Araújo, 
«  de  fua  fegunda  mulher  Alaria  de  Barros 
Barbofa  ambos  defcendentes  das  principaes 
Familias  da  Província  do  Alinho.  A  no- 
breza do  feu  nacimento  \inida  à  reéHdaõ 
■dos  cuftumes  o  habilitarão  para  fer  Abba- 
<le  da  Igreja  de  S.  Thome  de  Pedrozello 
em  o  Confelho  de  Entre  Homem,  e  Cava- 
■do  onde  igualmente  aplicado  ao  palio  das 
Tuas  ovelhas,  que  à  liçaõ  dos  Uvros.    Com- 

p02. 

Nobiliário  das  Familias  Vortugue^as.  foi. 
d.  Tom.  onde  (como  efcreve  o  P.  D.  Antó- 
nio Caetan.  de  Souza  nas  Jídvert.  e  addiçoens 
<k  Hiíl.  Gen.  da  Caz.  Real  Portug.  Tom.  8. 
P-  ^9'  §•  37*)  ^^^^^  ^^^  ff-ande  difufaÕ  hijlo- 
rica  das  Familias  do  Reyno,  e  de  muitos  ramos 
Âellas  que  Je  extenderaÕ  pello  Kejno  de  Galli^a. 
A  obra  vay  dif|>ofta  por  ordem  alfabética, 
€  das  Familias  que  principia  pela  letra  A. 
formaõ  dous  Tomos. 

lOAÕ  ARAÚJO  DE  LEAÕ  natu- 
Tal  de  Lisboa,  e  celebre  alumno  do  Par- 
naíTo  cuja  elevada  Mufa  mereceo  fempre 
premio  nos  Certames  Poéticos  como  fe 
vio  naquelle  que  fe  fez  em  aplauzo  do  Con- 
•de  de  Linhares  D.  Aíiguel  de  Alenezes. 
Entre  os  Poetas  Portuguezes  he  celebra- 
do por  lacinto  Gírdeiro  EJog.  de  Poet.  hu- 
Jit.  Eftanc.  39. 

huego  luan  de  Araújo  muefira  el fruto 
Que  a  la  pátria  propaga  en  tantas  flores 
Porque  en  darle  el  laurel  por  atributo 
Las  glorias  dei  laurel  fe  ha^en  majores. 
Dele  Amaltbea  cândida  el  tributo, 
Y  haura  en  alabanças  fuperiores 
Proponga  a  Apolo,  Ji  efte  bien  defea 
Qiie  en  emplearfe  en  el  mui  bien  fe  emplea. 
Das   muitas   obras   poéticas   de   que   foy 
fecunda   a   fua   idea,   fe   fizeraõ   publicas   as 
Xí^uintes. 

Dous  Sonetos  que  faõ  o  58,  e  49.  Sahiraõ 
no  Certame  do  Conde  de  Linhares.  Lis- 
boa por  Giraldo  da  Vinha.  4. 

Sextinas  em  aplaut(p  da  Gigantomachia  de 
Manoel  de  Galhegos.  Lisboa  por  Pedro  Cras- 
ijeeck.  1628.  4. 

Soneto  à  EJlatua  do  Jilencio.     Começa. 


Efla  que  ve^  Eflatua  religiofa. 


P.  lOAÕ  DE  ARRUDA  natural  da 
Villa  do  feu  appelido  diílante  féis  legoas 
de  Lisboa  para  o  Nacente.  Foy  educado  por 
hum  feu  Tio  Prior  da  Igreja  Parochial  de 
NoíTa  Senhora  da  Salvação  da  meínaa  Villa, 
e  logo  moílrou  o  génio  que  tinha  para  as 
cerimonias  Ecclefiafticas,  como  fciencia  da 
Mufica,  para  regular  o  Coro.  Ordenado 
de  Presbítero  como  foíTe  venerado  pela 
innocencia  dos  cuftumes  o  elegeo  feu  Ca- 
pellaõ  o  Infante  D.  Fernando  filho  do  Se- 
reniíTimo  Rey  D.  loaõ  o  I.  e  por  infinua- 
çaò  do  mefmo  Príncipe  foy  Meftre  da  Ca- 
pella  real  de  Affonfo  V.  devendofe  à  fua 
perícia  a  reforma  de  muitos  abuzos  que 
fe  tinhaõ  introduzido  nos  Officios  Divi- 
nos. O  mefmo  Infante  D.  Fernando  quan- 
do no  anno  de  1429.  acompanhou  a  fua  ir- 
maã  a  Senhora  D.  Izabel  para  fe  defpozar 
com  Filippe  o  Bom  terceiro  do  nome.  Du- 
que de  Borgonha  o  levou  em  fua  compa- 
nhia juntamente  com  o  Aleftre  loaõ,  e  Aíar- 
tim  Lourenço  bazes  fundamentaes  da  Con- 
gregação dos  Cónegos  Seculares  nefte  Rey- 
no, e  da  comunicação  deftes  infignes  Va- 
roens  fe  lhe  acendeo  o  dezejo  para  deixar 
o  mundo  cuja  refoluçaõ  reftituido  ao  Rey- 
no promptamente  executou  recebendo  o 
habito  Canónico  no  Convento  de  Villar  de 
Frades  onde  exercitou  com  aíTombro  de 
domefticos,  e  eftranhos  as  virtudes  mais 
heróicas.  Pelo  efpaço  de  doze  annos  naõ 
fahio  fora  do  Convento  fugindo  de  todo  o 
comercio  humano,  e  anhelando  imicamente 
pela  contemplação  das  delicias  celeftiaes.  Para 
beneficio  da  fua  Congregação  foy  obrigado 
pelos  Superiores  paífar  a  Roma  cuja  jornada 
fez  a  pé  fuprindo  o  valor  do  efpirito  a  debi- 
lidade do  corpo  cauzada  pelo  numero  dos 
annos,  e  rigor  das  penitencias.  Concluí- 
dos felífmente  os  negócios  na  Cúria  par- 
tio  para  Veneza  onde  admirou  a  obfervan- 
cia  dos  Cónegos  da  Congregação  de  S.  lor- 
ge  em  Alga,  e  aprendeo  algumas  regras 
conducentes  para  a  perfeição  do  Canto  Ec- 
clefiaftico,  e  culto  Divino.  Reftituido  a 
Portugal  bufcou  logo  o  Convento  de  Vil- 
lar  onde   acometido   de   humas   acerbiíTimas 


5C}2 


BIBLIO THECA 


dores  prognoíUcos  infalliveis  da  morte  fe 
preparou  com  todos  os  Sacramentos  para 
o  ultimo  conflifto.  Duas  horas  antes  do 
feu  tranfito  rezou  com  voz  fubmiíTa  todo 
o  officio  de  Defuntos,  e  de  NoíTa  Senhora, 
e  levantando  a  voz  proferio  com  grande 
fervor  de  efpirito  Venite  exultemus  Domino, 
jubimus  Deo  Jalutari  noftro,  praocupemus  fa- 
dem ejus  in  confejfione,  e  no  fim  deílas  pala- 
vras entregou  o  efpirito  ao  feu  Creador 
a  29  de  Junho  de  1470.  PaíTados  alguns 
annos  fendo  aberta  a  fua  fepultura  foy  acha- 
do com  aíTombro  dos  circunílantes  o  ca- 
dáver incorrupto,  e  exhalando  fuaviíTimo 
cheyro.  Fazem  memoria  das  fuás  virtuo- 
fas  açoens  com  pena  mais  difufa  o  Licen- 
ciado Jorge  Cardozo  Agiol.  L,fíjit.  Tom.  3. 
pag.  855.  e  Franc.  de  Santa  Maria  Chron. 
dos  Coneg.   Secul.   liv.    3.   cap.   44.  45.  e  46. 

Compoz. 

Tratado  das  Ceremonias  E.cclejiajlicas,  e  do 
Canto,  que  fe  ífí(a  nos  Officios  Divinos.  M.  S. 
Defta  obra  faz  mençaõ  Franc.  de  Santa  Ma- 
ria no  lugar  aíTima  allegado  pag.   743. 

Fr.  lOAÕ  DE  SANTO  ATHANASIO 
religiofo  profeflb  da  Seráfica  Provinda  dos 
Capuchos  de  Santo  António  Prefidente  da 
MiíTaõ  do  Eílado  do  Maranhão,  e  delia 
Procurador,  Miniílro  da  lunta  das  MiíTocns 
daquelle  Eílado.  Foy  muito  verfado  em 
a  noticia  natural,  e  efpiritual  defta  Conquifta 
efcrevendo    com   grande   individuação. 

Koteiro  moral  para  Mijftonarios  feito  para 
a  Cofia  do  Maranhão,  e  que  pode  fervir  para  as 
mais  Conquiflas  da  Coroa  'Lufitana,  em  que 
fe  trata  com  a  brevidade  pojftvel  todo  o 
necejfario  para  a  adminijlraçaõ  dos  Sacramen- 
tos, e  os  privileffos  concedidos  aos  Padres  Mif- 
fionarios,  e  índios  com  muitas  curiojidades,  e 
doutrinas  concernentes  ao  intento  da  obra,  tudo 
ajuflado  às  Pontifícias  condenaçoens  dos  San- 
tijftmos  Padres  Alexandre  Vil.  e  Innocen- 
cio  XI.  Dedicado  a  ElRey  D.  Pedro  11. 
foi.  M.  S.  Confta  de  1145.  paginas.  Con- 
ferva-fe  cfcrito  em  admirável  carafter  na 
Livraria  de  Santo  António  dos  Gipuchos, 
onde  o  vimos. 


D.  lOAÕ  DE  ATAYDE,  E  AZEVEDO 
natural  do  Gíuto  de  S.  loaõ  de  Pendorada 
no  Confelho  de  Bem  viver  da  Comarca  do 
Porto  em  a  Província  de  Entre  Douro,  e 
Minho.  Teve  por  progenitores  a  D.  Fran- 
cifco  de  Attayde  de  Azevedo  Commenda- 
dor  da  Ordem  de  Chrifto,  e  a  D.  Brites  da 
Sylva.  Aplicou-fe  na  Univerfidade  de  Coim- 
bra ao  eftudo  da  Sagrada  Theologia  em  que 
fez  tantos  progreíTos  a  agudeza  do  feu  en- 
genho, que  foy  admetido  a  Collegial  do 
Collegio  Real  de  S.  Paulo  a  11  de  Mayo 
de  161 3.  PaíTados  alguns  annos  preferio 
a  efcola  de  Bcllona  à  de  Minerva  fendo 
Capitão  de  Couraças,  e  Comiflario  da  Ca- 
vallaria  do  Alentejo  diftinguindo-fe  entre 
os  mais  valerofos  foldados  na  batalha  do 
Montijo  alcançada  no  anno  de  1644.  con- 
tra o  Marquez  de  Tarracuza  onde  deu  do 
feu  valor  heróicos  teftemunhos.  Cazou  com 
D.  Catherina  de  Sá  filha  de  Chriftovaõ  de 
Sá  de  Coimbra.  Foy  infigne  na  Arte  da 
Cavallaria,  e  muito  dèílro  em  tourear.  Ef- 
creveo. 

Rudimentos  da  Cavallaria  da  Gineta.  4. 
M.  S.  Dedicados  ao  SereniíTimo  Rey  D. 
loaõ  o  IV.  Efta  obra  eftava  prompta  com 
todas  as  licenças  para  a  impreíTaõ,  e  delia 
tranfcreveo  grande  parte  Francifco  Pinto 
Pacheco  no  feu  Tratado  da  Cavallaria  da 
Gineta  impreíTo  em  Lisboa.  1670.  Do  au- 
thor,  e  da  obra  faz  mençaõ  meu  Irmaõ  D. 
lozé  Barbofa  Mem.  do  Colleg.  Keal  de  S.  Pau- 
lo pag.  118.  e  no  Archiath.  Ijuftt.  pag.  26.  e 
161. 
Martia     pofihabitá     quaret     vexilla     loan- 

nes 
Pallade,    virtutem    dicet   Montijia  pugna 
Hifpaná  de  gente  potens  quá  Lufus  ovabif. 


Fr.  lOAÕ  DE  AZEVEDO  Naceo 
em  a  celebre  Villa  de  Santarém  a  zj  de  Ja- 
neiro de  1665.  c  naõ  a  2  de  Dezembro 
de  1667.  como  efcreve  o  P.  Ignacio  da  Pie- 
dade, e  VafconccUos  Hijl.  de  Santar.  Edif. 
Tom.  2.  pag.  483.  e  na  Parochial  Igreja 
de  NoíTa  Senhora  de  Marvilla  rccebeo  a 
primeira  graça  a  2  de  Fevereiro.  Foy  fi- 
lho de  Pays  muito  nobres  quais  foraõ  An- 


L  USITAN  A 


593 


tonio  de  Azevedo  Pereira,  e  D.  Iria  de  Abreu, 
e  Córdova  filha  de  António  de  Abreu,  e 
Córdova,  e  D.  Antónia  de  Góes.  Entre  os 
Inítitutos  religiofos  profeíTou  o  de  Erimita 
Auguíliniano  em  o  Real  Convento  de  Nof- 
fa  Senhora  da  Graça  de  Lisboa  em  o  pri- 
meiro de  Novembro  de  1686.  onde  a  oovor 
prehenfaõ  do  feu  talento,  felicidade  de  me- 
moria, e  inclinação  ao  eíhido  o  coníHtui- 
raõ  hum  dos  mais  celebres  Theologos  do 
feu  tempo  principalmente  em  a  Theolo- 
gia  Moral  em  que  a  fua  penna  deixou  im- 
mortalizado  o  feu  nome.  Depois  de  diâar 
as  fciencias  feveras  aos  domeliicos  pelo  ef- 
paço  de  vinte  annos  com  grande  aplau- 
zo  da  fvia  litteratura  foy  Prior  do  Conven- 
to da  Ilha,  Reytor  do  Collegio  de  Braga, 
Prior  do  Convento  de  Lisboa,  Definidor 
da  Ordem,  Examinador  do  Tribunal  da 
Meza  da  Conciencia,  e  Ordens,  e  Conful- 
tor  da  Bulia  da  Cruzada.  Falleceo  no  Con- 
vento de  N.  Senhora  da  Graça  de  Lisboa 
a  16  de  Junho  de  1746.  quando  contava 
81.  annos  de  idade,  e  60  de  Religião. 

Compoz. 

Tribunal  Theolo^cum,  €>*  Juridicum  con- 
tra Juhdolos  Confejfarios  in  Sacramento  Pani- 
tentia  ad  'Venerem  follicitantes  fecurioribus  Au- 
thorum  tum  veterum,  tum  recentiorum  delibera- 
tionibus  undequaque  exomatum,  ereãum,  in  quo 
breviter,  <ir  dilucide  confertmtur  cajus  Jolicitan- 
tium:  deliberantur  omnia  fere  dúbia  f aliei tatio- 
nis.  UlyíTipone  apud  Michaelem  Rodrigues. 
1726.  4. 

Tribunal  de  De/enganos  dividido  em  24 
dejenganos,  deliberaçoens  Theologicas,  Efcri- 
turarias,  doutrinaes,  politicas,  e  Cbrifiãas. 
Lisboa  na  Officina  Auguítíniana.    1753.  foi. 

Fr.  lOAÕ  BAPTISTA  reUgiofo  pro- 
feílo  da  Seráfica  Provinda  de  Santo  An- 
tónio do  Brazil  cujo  primeiro  Convento 
foy  fundado  no  fuburbio  da  Qdade  da  Bahia 
de  todos  os  Santos  em  o  anno  de  1587. 
e  fegimda  vez  fundado  dentro  da  mefma 
Cidade  em  o  anno  de  1594.  Sendo  o  pri- 
meiro Provincial  deíla  Provinda,  e  mui- 
to zelozo  dos  feus  augmentos  conduzio 
de    Roma    varias    Relíquias    com    que    naõ 

38 


fomente  ornou  o  Convento  de  S.  Frandfco 
da  Bahia,  mas  o  de  NoíTa  Senhora  das  Neves 
da  Qdade  de  Olinda  Capital  do  Eiiado  de 
Pernambuco.    Compoz. 

Ramalhete  de  flores  de  Itália.  Conferva-fe 
M.  S.  no  Convento  da  Bahia.  He  obra  ef- 
piritual,  e  mereceo  a  eíUmaçaõ  de  todos 
que  a  leraõ. 

Fr.  lOAÕ  BAPTISTA  natural  de  Coim- 
bra, e  religiofo  Menor  da  Provinda  Será- 
fica de  Portugal,  e  Meíbre  dos  Noviços  do 
Convento  de  Santarém  para  cuja  inllruçaõ  ef- 
creveo,  e  dedicou  em  25  de  Março  de  1625. 
a  D.  Fr.  Bernardino  de  Sena  Bifpo  de  Vifeu, 
Geral,  que  fora  da  Ordem  Frandfcana. 

InJlruçaÕ  de  Noviços  com  todas  as  cerimo- 
nias do  anno  do  Noviciado  ajjim  commuas,  como 
do  Coro,  Altar,  e  Sancriftia  para  os  Acolytbos, 
e  Cerof  erários,  como  do  de  fa^er  profiffaõ,  e  o 
que  para  ejfe  aão  be  neceffario,  e  as  re^as  do 
Oficio  Divino,  aJJim  do  Breviário  Romano, 
como  as  da  noffa  Ordem.  No  fim.  Tra- 
tado dos  ca/os  refervados  eu)s  Padres  noffos 
Provinciaes  com  todas  Juas  particularidades. 
4.  M.  S.  O  Original  fe  conferva  na  felec- 
tiíTima  Livraria  dos  Padres  Theatinos  deita 
Corte  onde  o  vimos. 

Fr.  lOAÕ  BAPTISTA  intitulado  o  Al- 
parca naceo  em  Lisboa  profeíTou  o  infti- 
tuto  ferafico  em  o  Convento  de  Leyria  a 
16  de  Outubro  de  161 1.  onde  aprendidas  as 
fdencias  Efcholafticas  em  que  fahio  infi- 
gne,  alcançou  geral  aclamação  em  o  púl- 
pito fendo  hum  dos  mais  famozos  Decla- 
madores Evangélicos  da  fua  idade  pela  de- 
licadeza dos  penfamentos,  afluência  de  pa- 
lavras, e  profundidade  dos  difcurfos.  Para 
eterno  monumento  do  feu  talento  condo- 
natorio  baila  o  elogio,  que  lhe  fez  em  bre- 
ves palavras  o  Oráculo  da  Eloquência  Ec- 
defiaflica  o  Padre  António  Vieyra,  que 
ouvindo-o  em  a  Parochia  de  Noíla  Senhora 
da  Várzea  do  termo  da  ViUa  de  Alanquer 
pregando  himi  Sermaõ  do  Sacramento  ad- 
mirado da  energia,  e  fubtileza  com  que 
difcurfava,  diíTe  A'  mãy  do  P.  Alparca 
deraõ-lhe   as   dores   do  parto   na   Igreja,    e  foy 


594 


BIB  LIO  TH  E  CA 


o  parir  ao  pulpito.  Ainda  quando  a  idade 
decrépita  que  chegou  a  91  annos  o  difpen- 
fava  do  exercício  de  Pregador  o  continuou 
até  o  anno  de  1687.  em  que  falleceo  no  Con- 
vento de  S.  Francifco  defta  Corte.  Poden- 
do formarfe  muitos  volumes  dos  feus  Ser- 
moens  em  cujos  padroens  fe  perpetuafle 
o  feu  nome  unicamente  fe  fez  publico  o 
feguinte  que  furtivamente  fe  alcançou  co- 
mo efcreve  Fr.  Fernando  da  Soledade.  Hijl. 
Seraf.  da  Prov.  de  Vortiig.  Part.  3.  liv.  i.  cap.  21. 
Sermão  Pane^rico  da  glorio/a  AJfumpçaÕ 
de  Maria  Santijftma  pregado  em  o  Convento  da 
Madre  de  Deos.  Sahio  na  luiurea  Portug. 
a  pag.  336.  até  357.  Lisboa  por  Miguel 
Deslandes.  1687.  4.  Defta  obra  como  de 
feu  author  faz  memoria  Fr.  loan.  à  D.  Ant. 
Bih.  Franc.  Tom.  2.  pag.   126.  col.   i. 


Fr.  lOAÕ  BAPTISTA  natural  da  Ci- 
dade de  Tavira  em  o  Reyno  do  Algarve 
filho  do  Doutor  Belchior  Baptifta  Delga- 
do, e  de  loanna  Figueira.  Na  idade  da  ado- 
lefcencia  recebeo  o  habito  de  Agoflinho 
Defcalfo  em  o  Convento  de  N.  Senhora 
da  Conceição  de  Monte  Olivete  fituado  fora 
dos  muros  de  Lisboa  onde  profeíTou  fole- 
mnemente.  Aprendidas  as  fciencias  efcho- 
laflicas  as  di£tou  aos  feus  domefticos  em  o 
Convento  de  Évora  em  que  jubilou  com 
aclamaçoens  de  infigne  Letrado.  Como  era 
dotado  de  fumma  obfervancia,  e  igual  pru- 
dência foy  mandado  pellos  Superiores  ás 
Miflbens  de  S.  Thome,  Ilha  do  Principe, 
Anno  bom,  e  Cofla.  de  Africa,  e  depois  de 
ter  exercitado  louvavelmente  eftas  in- 
cumbências paíTou  à  Bahia  onde  fundou 
o  Hofpicio  de  N.  Senhora  da  Palma  para 
religiofos  da  fua  Reforma.  Reftituido 
a  Portugal  foy  Vifitador  Geral  da  fua 
Congregação,  e  primeiro  Definidor  Ge- 
ral, Qualificador  do  Santo  Officio,  e 
Examinador  das  três  Ordens  Militares. 
Dos  muitos  Sermoens  que  com  aplauzo 
foraõ  ouvidos  em  diverfas  partes  publicou 
os  feguintes. 

Sermão  pregado  no  Terceiro  dia  do  Sj- 
nado  Diocefano  que  fe  celebrou  em  a  Sè  Ca- 
tbe^rai  ,da    Cidade   da   Bahia  preftdindo    o   II- 


luftrijftmo  Senhor  D.  SebaJliaÕ  Monteiro  da 
Vide  Arcebijpo  Metropolitano  do  Eftado  do 
Brav^il.    Lisboa  por  Miguel  Manefcal.  1709.  4. 

Sermão  do  Patriarcha  Santo  Elias  prega- 
do no  Convento  do  Carmo  da  Bahia.  Lisboa 
por  Pafchoal  da  Sylva.  1716.  4. 

Sermão  do  Apojlolo  S.  Pedro  na  dedicarão 
da  fua  nova  Igreja  na  Bahia.  Lisboa  pelo  dito 
ImpreíTor.  1716.  4. 


P.  lOAÕ  BAPTISTA.  Naceo  em  a 
notável  Villa  de  Setúbal  onde  teve  por  Pays 
ao  Doutor  Balthezar  da  Fonceca  Lemos 
Provedor  da  Comarca  defta  Villa,  e  depois 
Corregedor  do  Civel  da  Corte,  e  a  D.  Ma- 
riana lozefa  Lobata.  Começou  aprender 
os  primeiros  rudimentos  da  lingua  Latina 
com  hum  Clérigo  de  inculpável  vida,  na 
qual  fahio  confummado  pelas  inftruçoens 
de  feu  Pay  que  era  muito  perito  nefte  idioma. 
Ouvio  Filofofia  na  Congregação  do  Ora- 
tório de  Lisboa  di£lada  pelo  P.  lozé  Tro- 
yano  Qualificador  do  S.  Officio  onde  fua- 
vemente  atrahido  do  exemplar  inftituto  de  feu 
Meftre  veftio  a  roupeta  de  S.  Filippe  Neri  a 
8  de  Setembro  de  1724.  Nefta  virtuoía,  c 
fabia  paleftra  fendo  difcipulo  dos  Padres 
Manoel  de  Almeyda,  Eftacio  de  Almeyda  Aca- 
démico Real,  e  Chronifta  defte  Reyno,  c  o 
Padre  lulio  Francifco  Académico  Real,  e  hoje 
digniíTimo  Bifpo  de  Vifeu,  fubio  ao  magif- 
terio  da  Filofofia  em  que  conciliando  a 
doutrina  de  Ariftoteles  com  os  Syftemas 
de  Renato  Defcartes,  e  Ifaac  Newton,  e 
outros  celebres  fequazes  deftes  dous  Orá- 
culos de  França,  e  Inglaterra  alcançou  a  glo- 
ria fingular  de  fer  o  primeiro  que  nefta  Corte 
diâaíTe  a  Filofofia  Moderna,  que  totalmente 
fe  ignorava  em  Portugal  em  cuja  árdua  em- 
preza  manifeftou  o  incanfavel  difvelo  do 
feu  eftudo,  e  a  fubtil  penetração  do  feu  juízo. 
Igual  fublimidade  de  talento,  e  extenfaõ 
de  literatura  defcubrio  nas  Cadeiras  de  Vcf- 
pera,  e  Prima  onde  diílou  diverfas  Maté- 
rias Theologicas  folidamente  eftabelicidas  fo- 
bre  as  fentenças  dos  Santos  Padres,  prin- 
cipalmente de  Santo  Agoftinho,  cujas 
obras  tem  revolvido  com  taõ  continuo 
exercício,    que    de    muitas    fielmente    repete 


L  USITANa. 


595 


paginas  inteiras.  Naõ  he  menos  verfado  na 
Theologia  Polemica,  e  Expoíitiva  com  que 
corrobora,  e  illuftra  a  Efcholaftica,  fendo 
illuftres  pregoeiros  da  fua  profunda  fubti- 
le2a,  e  vaftiíTima  erudição  repetidos  Aâios 
literários  onde  ou  argumentando,  ou  de- 
fendendo fe  venera  o  feu  nome  fenipre  in- 
vulnerável aos  golpes  da  enveja,  e  da  emula- 
ção. Para  fazer  patente  ao  mundo  a  labo- 
riofa  empreza,  que  animofamente  intentou, 
e  felifmente  confeguio  em  o  novo  Metho- 
do  da  Filofofia  a  reduzio  a  4.  Tomos  de 
folha  dos  quais  o  i.  e  2.  fe  eílaõ  imprimin- 
do nelie  anno  de  1746.  na  Officina  Real 
Sylviana,  e  da  Academia  Real  com  o  titulo 
feguinte. 

Philofophia  Arifiotelica  rejlituta,  et  illuf- 
trata  quá  expertmentis,  quã  ratiociniis  recenter 
inventis.    Pars  Prima.    IjOgica.  foi. 

Philofophia  Arijloíelica  rejlituta  &c.  Pars 
fecunda.  Phjfica  duplici  volumine  abfolvenda. 
foi.   Tem  prompto  para  a  impreíTaõ. 

Quajliones  feleãa  ex  penitiore  Theolo^a  eâ 
nimirum  qua  noflram  concemunt  lihertatem.  Conf- 
taõ  De  f ciência  media,  cujus  exijleniia  fortiter 
impugnatur.  De  Gratia  efficaci.  De  Pradef- 
tinatione.  De  Primatu  Divina  Voluntatis  in 
noflras.   De  libero  Arbítrio. 


Fr.  lOAÕ  BAPTISTA  DE  S.  ANTÓ- 
NIO. Naceo  na  Freguezia  de  S.  Miguel 
dos  Gémeos  da  Villa  de  Bafto  G^marca  de 
Guimaraens  do  Arcebifpado  de  Braga  on- 
de foy  purificado  da  primeira  culpa  a  24 
de  lunho  de  1683.  Foy  filho  de  António 
lorge,  e  Senhorinha  de  Carvalho  Laurado- 
res  honrados,  e  opulentos.  Pela  zelofa  aétí- 
vidade  com  que  procurou  a  ultima  decifaõ 
no  altercado  pleyto  que  a  favor  das  Ter- 
ceiras Capuchas  do  Recolhimento  da  Ma- 
dre de  Deos  de  Guimaraens,  hoje  Mofteiro 
da  primeira  Regra  de  Santa  Clara,  fe  alcan- 
çou contra  o  IlluílriíTimo  Arcebifpo  Pri- 
maz Ruy  de  Moura  Telles,  mereceo  fer 
admitido  ao  inílituto  ferafico  no  real 
Convento    de    S.    Francifco    da    Gdade    a 

21  de    Dezembro    de    171 5.    que    folemne- 
mente    profeíTou    no    eílado    de    Leygo    a 

22  do  dito  mez  do  anno  feguinte.    Conhe- 


cendo o  ComiíTario  Geral  da  Terra  Santa 
Fr.  Francifco  de  S.  Tiago  a  fua  capacidade 
o  elegeo  para  feu  companheiro  de  cuja  in- 
cumbência deu  taõ  boa  fatisfaçaõ,  que  o 
novo  Comilíario  Fr.  loaõ  das  Chagas  fubf- 
tituto  do  precedente  o  nomeou  em  20  de 
Abril  de  1720.  por  ordem  do  Geral  Vice 
ComiíTario,  e  Procurador  Geral  dos  fantos 
Lugares.  A'  fua  incanfavel  deligencia,  e  fer- 
vorofo  zelo  fe  deve  o  copiofo  augmento 
de  efmolas  que  efte  Reyno,  e  fuás  conquif- 
tas  piamente  difpendem  para  fubfidio  dos 
Santos  Lugares.  Com  igual,  ou  mayor  dif- 
velo  ideou  huma  Hiíloria  em  que  fe  leíle 
tudo  quanto  nos  mefmos  lugares  fe  com- 
prehende  para  cuja  idea  juntou  grande  nu- 
mero de  Authores  que  tinhaõ  efcrito  da 
Terra  Santa,  e  fupoílo  que  grande  parte 
delles  fe  abrazaraõ  no  fatal  incêndio,  que 
devaílou  o  Convento  de  S.  Francifco  de 
Lisboa  a  30  de  Novembro  de  1741.  ainda 
conferva  muitos,  dos  quais,  e  das  Relaçoens 
authenticas  enviadas  dos  Conventos  da  Cuf- 
todia  de  lerufalem  compoz  com  eftilo  claro, 
e  corrente. 

Parair^p  Seráfico  plantado  nos  fantos  lu- 
gares da  Kedempçaõ,  regado  com  as  pre- 
ciofas  correntes  do  Salvador  do  mundo 
Jefu  Cbriflo  fonte  da  vida,  guardado  pe- 
los filhos  do  Patriarcba  S.  Franâfco  com 
a  efpada  de  feu  ardente  v^elo,  repartido 
em  outo  eflancias  nas  quais  fe  defcrevem 
os  principaes  fanãuarios  em  que  refidem 
os  Keliffofos  Francifcanos.  Primeira  Par- 
te. Lisboa  por  Domingos  Gonzalves. 
1734.    foi.  ■■ '■} 

Parte  fegunda  Refere  em  finco  livros  a 
Guerra  Sacra  ate  a  tomada  de  lerufalem; 
o  efiado  do  governo  de  feus  Reys  até  Guido 
de  hufignano,  e  perda  da  Santa  Cidade; 
motivos  dejla  perda;  Vaticínios  do  Kefiau- 
rador  dos  Santos  iMgares  o  Santo  P.  S. 
Francifco.  Summario  das  ultimas  Armadas 
dos  Cruzados  que  intentarão  a  Keftaura- 
çaõ  do  Reyno  de  Jert falem:  efiabslicimento 
do  Patriarcha  Seráfico,  e  da  fua  Religião 
na  Afia  com  efpecialidade  para  guarda,  e 
culto  do  Santijfimo  Sepulcbro,  e  mais  Lu- 
gares fantos.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor 
1741.    foi. 


596 


B IB  LIO  THE  CA 


lOAÕ    BAPTISTA    DE    CASTRO    na- 

ceo  em  a  Cidade  de  Lisboa  a  2  de  Feve- 
reiro de  1700.  Foraõ  feus  Pays  Sebaftiaõ 
Dias  de  Caibro  Sargento  mór  de  hum  dos 
Regimentos  da  guarnição  da  Corte  o  qual 
na  batalha  da  Almança  dada  a  25  de  Abril 
de  1707  fendo  Capitão  de  Infantaria  em 
que  ficou  prizioneiro,  fez  patente  o  valor 
do  feu  Coração,  e  D.  Feliciana  da  Serra 
defcendente  das  principaes  familias  da  Vil- 
la  de  Cintra.  Da  virtuofa  efcola  deftes  dous 
confortes  fahio  perfeitamente  inftruido  em 
todos  os  documentos  pertencentes  à  vida 
moral,  e  politica.  Frequentou  o  eftudo 
da  Filofofia  Peripatetica  em  a  Congrega- 
ção do  Oratório,  e  por  quatro  annos  ou- 
vio  Theologia  Efpeculativa  em  o  Colle- 
gio  de  S.  Antaõ  dos  Padres  lefuitas,  e  de 
huma,  e  outra  Faculdade  penetrou  os 
arcanos,  que  lhe  facilitou  a  perfpicacia 
do  engenho,  e  a  felicidade  da  compre- 
henfaõ.  Ordenado  de  Presbítero  no  an- 
no  de  1734.  como  anhelafle  o  comercio 
de  homens  eruditos  paíTou  a  Roma  onde 
recebeo  da  benevolência  de  Clemente 
XII.  graciofos  indultos  como  foraõ  o  de 
Prothonotario  Apoílolico,  e  de  fer  Altar 
priviligiado  duas  vezes  cada  mez  aquelle 
onde  celebrafle  por  fua  eleição  o  incruen- 
to Sacrifício  da  MiíTa.  Foy  admetido  en- 
tre os  CoUegas  da  Academia  dos  Infecm- 
làos  eftabelicida  em  caza  do  Commendador 
Gama  aíTiftente  na  Cúria  onde  compoz  va- 
rias Poefias  que  fahiraõ  impreíTas  em  as 
Rimas  do  infigne  Pintor  lacome  Diol  o  qual 
lhe  fez  em  aplauzo  alguns  fonetos  pregoei- 
ros da  fecundidade,  e  difcriçaõ  da  fua  Mu- 
ía.  Ao  tempo  que  voltava  para  a  pátria 
difcorreo  pelas  mais  excellentes  Cidades  de 
Itália  obfervando  com  juizo  de  fabio,  e 
exame  de  curiofo  tudo  quanto  era  digno 
de  admiração.  Da  erudição  profana,  e  fa- 
grada  tem  vafta  noticia  como  taõbem  da 
Oratória,  Poética,  e  Hiftoria,  cujas  Artes 
praítíca  com  fumma  elegância,  fendo 
hum  dos  Eccleíiafticos  mais  modeílos, 
c  eruditos  que  fe  venera  entre  o  Clero  def- 
ta  Corte.  Havendo  publicado  vários  par- 
tos da  fua  fecunda  penna  como  inimigo 
da    vaõgloria,    e    amante    da    modeília    os 


naõ  publicou  em  o  feu  nome,  fe  naõ  ocul- 
to com  o  de  Cuftodio  lefaõ  Barata  puro 
anagtamma  do  feu  nome,  ou  com  as  letras 
iniciaes  delle  que  faõ  I.  B.  C.  cujo  Cathalogo 
he  o  feguinte. 

Recreação     Provei tof a     i.     Parte,     que    em 

forma     de     Colloquios    dá    noticia     de    muitos 

prodigios    memoráveis    da    Arte,    e    Naturev^a, 

Lisboa      por      António      Pedrozo      Galiaõ 

1728.  8. 

Recreação  Proveito/a  2.  Parte  &c.  pelo 
dito  Impreííor.   1729.   8. 

Novena  do  gloriofijfimo  hlartyr  S.  Boni- 
fácio com  meditaçoens  deduajdas  das  9  letras 
de  feu  próprio  nome.  Lisboa  na  Officina  de 
Domingos    Gonçalves.    1733.    12. 

Efpelho  da  eloquência  Portuguev^a  illuflra- 
do  pelas  exemplares  luv^es  do  verdadeiro  foi  da 
eloquência  o  venerável  Padre  António  Vieyra 
da  Companhia  de  lESUS.  Lisboa  por  An- 
tónio Pedrozo  Galraõ.  1734.  8. 

Fonte  de  refrigério  para  os  que  caminhão 
tibios,  fecos,  e  dijlraidos  pela  ejlrada  da  OraçaÕ: 
Epijlola  afcetica  efcrita  a  hum  amigo,  que  fe  foy 
meter  religiofo  para  fe  entregar  todo  ao  exerci- 
do da  OraçaÕ  Mental.  Lisboa  na  Officina 
de  Maurício  Vicente  de  Almeyda  de 
1735.  8. 

íris  da  Paz  a  prodigiofa ,  e  admirá- 
vel Virgem,  e  Martyr  Santa  Barbara  ap- 
parecida  no  Ceo  da  fua  vida,  admirada  nos 
refplendores  das  fuás  virtudes,  e  milagres; 
na  veneração  das  fuás  reliquias,  ereçaõ  dos 
feus  Templos,  e  culto  efpecial  de  feus  de- 
votos. Lisboa  por  António  Pedrozo  Gal- 
raõ 1736.  8. 

Aflição  confortada  derigida  à  virtude  da 
paciência.  Lisboa  por  António  Pedrozo  Gal- 
raõ. 1738.  8. 

Rofa  Poética,  ou  verdadeiro  caraíler  da  Poe- 
v^a  expreffado  nas  propriedades  da  Rofa  Dif- 
curfo  Académico  Lisboa  por  António  Ifi- 
doro  da  Fonfeca.  1740.  4. 

Hora  de  Recrejo  nas  ferias  de  mctfores 
efludos,  e  opprejfaõ  de  mayores  andados  i. 
Parte.  Lisboa  na  Officina  de  Miguel 
Manefcal  da  Cofta  ImpreíTor  do  Santo 
Officio.  1742.  8. 

Hora  de  Recrejo  2.  Parte  pelo  mefmo 
ImpreíTor.  1745.  8. 


L  USITAN  A. 


597 


Mappa  de  Portugal.  Parte  Primeira. 
Comprehende  a  JitiiaçaÕ,  etymologia,  e  cli- 
ma do  Rejno;  memoria  de  algumas  povoa- 
çoens,  que  fe  extinguirão;  defcripçaõ  circular; 
divifaõ  antiga,  e  moderna;  montes,  rios, 
fontes,  caldas,  fertilidade,  Mineraes,  moedas, 
lin^,  génio,  e  cujiumes  Portugueses.  Lis- 
boa   pelo    dito    ImpreíTor.     1745.    8. 

Mappa  de  Portugal.  Segunda  Parte  con- 
tem a  Origem,  e  JituaçaÕ  dos  primeiros  povoa- 
dores da  'Lufitania;  entrada,  e  dominio  dos  Fe- 
nit(es,  Cartbagineties,  Komanos,  Godos,  e  Mou- 
ros; ereçaÕ  da  Monarchia  Portuguev^a,  e  as  prin- 
cipaes  acçoens  de  feus  augujios  Monarchas, 
Píjzynhas,  Príncipes,  e  Infantes;  governo  da 
Cat^a  Keal,  e  outras  noticias  politicas.  Lis- 
boa  pelo   dito   ImpreíTor.    1746.    8. 

Eíles  2.  Tomos  fahiraõ  com  o  feu 
nome. 

Obras     naõ     eílampadas,     mas 
completas. 

Recreação    Proveitofa    3.    Parte.     8. 

Homem  Khetorico,  exemplificado  todo  com 
os  Sermoens  do  Padie  Vieira.  4. 

Syntagma  Comparijlico.  Conlla  de  va- 
rias comparaçoens  difpoftas  pelo  alfabe- 
to, e    illuílradas    com    muita    erudição. 

Sueco  Poético.  He  huma  G)lleçaõ  das 
fentenças,  e  primores  Poéticos,  extrai- 
dos  dos  melhores  Poetas  Latinos,  e  vulga- 
res, ordenados  também  alfabeticamente,  e 
divididos  em  2.  Tomos. 

Gnomologia  Portuguesa.  Efcreveo  o  Au- 
thor  efte  livro  de  12  annos:  trata  dos  ditos 
mais  judiciofos  de  Authores  Portuguezes, 
famofos,  e  infignes. 

Jornada  de  Roma  he  hum  curiofo  Diá- 
rio do  que  o  A.  paíTou  quando  foy,  e  veyo 
de  Roma  com  algumas  obfervaçoens  ef- 
peciaes. 

O  Ceo  Conquijiado.  Efte  livro  compoz 
o  Author  para  os  Monges  das  Covas  prin- 
cipiarem os  exercidos  efpirituaes  no  tyro- 
dnio  do  feu  noviciado:  confta  do  mais  ef- 
fencial  da  Oraçaõ  mental  efpeculativo,  e 
pratico.  8. 

EJogio  de  S.  Bruno.  He  a  vida  defte  San- 
to, com  vários  Elogios  da  Religião  Cartu- 
zana. 


Arte  para  cifrar,  e  decifrar  todas  a^ 
cifras.  He  huma  illuftraçaõ  da  Arte  de 
Leaõ  Baptifta  Alberto  com  outras  muitas^ 
advertências. 

Piloto  de  moribundos.  Trata  dos  cazos  mo- 
raes,  que  pôde  occorrer  à  hora  da  morte; 
e  dos  confelhos,  que  fe  devem  dar  confor- 
me as  peíloas  a  que  fe  aíTiftir. 

Elucidário  Mjjlico.  He  hum  Vocabu- 
lário de  termos  myfticos,  muy  claro,  e 
erudito. 

Paralello  entre  a  vida,  e  a  honra.  Ora- 
ção panegyrica  de  Manoel  Thefauro  tra- 
duzida. 

O  perfeito  Palaciano  com  regras,  e  exem- 
plos de  experimentada  prudência  para  o 
trato    cortezaõ,    e    politico.    8. 

Ephemerides  Hijlorico  —  Portuguesa  pelos 
dias  dos  mezes. 

A.  confusão  da  foberba. 

Obras  imperfeytas. 

Hijloria  da  Freguesia  de  S.  José-  E  das 
outras  Freguezias  de  Lisboa  com  defcripçaõ 
Topográfica  dos  feus  fitios. 

Mentiras  vijlas.  He  huma  crifi  moral 
contra    alguns    vicios    por    idea    engenhoza. 

O  Tácito  Divino,  ou  Vida  de  S.  Bruno. 

Jardim  MjJlico,   Alaria   Santijfima. 

Ajfeãos  bem  logrados.  Livro  de  devo- 
ção. 

Defculpa  da  culpa.  Obra  Moral,  e  eru- 
dita. 

Elucidário  Poético.  He  huma  rezu- 
mida  explicação  das  Fabulas  pelo  alfa- 
beto. 

Qttefloens  Curiofas.  &c. 

Itinerário  das  primeiras  terras  de  Por- 
tugal. 

Eucema  Myfiica:  tradução  do  admi- 
rável Tratado,  que  compoz  o  Padre 
lozé  Lopes  Efquerra  para  os  Diredo- 
res  das  almas.  Obra  baftantemente  adian- 
tada. 

Cabo  da  enganofa  efperança.  G^mple- 
mento  da  3.  parte,  que  deixou  imper- 
feita o  Padre  Nicolao  Fernandes  CoUa- 
res,  e  principio  da  4.  Parte  pelo  mefmo 
eftillo,  e  idea. 


598 


BIBLIO THE  CA 


lOAÕ  BAPTISTA  DIAMANTE  na- 
■cido  em  Caftella  de  Pay  Efpanhol  qual 
foy  lacome  Diamante,  e  de  Mãy  Portu- 
gueza,  Cavalleiro  da  Ordem  Militar  de  Mal- 
ta, e  hum  dos  mais  celebres  Poetas  Comi- 
■cos,  que  floreceraõ  no  feculo  paflado.  Foy 
infigne  em  todas  as  Artes  dignas  de  hum 
Cavalhero  diftinguindo-fe  no  jogo  das  Ar- 
mas,  e   manejo   dos   Cavalos.     Publicou. 

Comedias  varias  i.  Parte.  Madrid  por 
André  Garcia  de  la  Iglezia.   1670.  4. 

2.  Parte  Madrid  por  Roque  Rico  de  Mi- 
randa. 1674.  4. 

Antes  de  fahirem  eílas  duas  Partes  de 
■Comedias,  corriaõ  impreíTas  com  outras  de 
diverfos    Authores    as    feguintes 

El  honrador  de  Ju  Padre.  Madrid  por 
Gregório  Rodrigues.  1658.  8. 

Servir  para  merecer.  Madrid  por  André 
Garcia  de  la  Iglezia.  1685.  4. 

Santo     Thoma^    de     Villanueva.      Ibi    por 
Jozé  Fernandes  de  Buendia.   1665.  4. 
£/  vaquero  de  Granada 
£/  mancebo  de  Camino. 

Ambas.  Madrid  por  Francifco  Nieto. 
1666.  4. 

hxihirintho  de  Creta 
L/i  Crw(^  de  Caravaca 
La  Judia  de  Toledo. 

Todas    três    Madrid    por    André    Garcia 
de    la   Iglezia.    1667.    4. 
EJ  Tyrano  cajiigado 
La  dicha  por  el  agravio. 

Madrid  por  lozé  Fernandes  de  Buen- 
dia. 1671.  4. 

EJ  Vaqttero  Ejnperador  2.  lomada. 
Madrid  por  lozé  Fernandes  Buendia. 
1678.  4. 

Bajle  en  efdruxtdos.  Sahio  no  livro 
de  Entremezes  intitulado  Verdores  dei 
Pamajo.  Madrid  por  Domingos  Garcia 
Morras.  1668.  8. 

Fr.  lOAÕ  BAPTISTA  FEYO  rcU- 
giofo  Menor  da  Província  de  Portugal 
cm  a  qual  fe  incorporou  pelos  annos  de 
1570.  ou  1571.  Voltando  de  Roma  onde 
em  o  Convento  de  Aracscli  recebera, 
efte  penitente  habito,  e  profeíTara  taõ  ri- 
gorofo    inílituto,    todo    o    tempo,    que   lhe 


reftava  das  precifas  obrigaçoens  de  reli- 
giofo  o  confumia  na  liçaõ  de  livros  af- 
ceticos,  e  no  eftudo  das  Cerimonias  Ec- 
cleíiafticas  em  que  foy  eminente,  efcrc- 
vendo. 

Calendário  perpetuo  para  todos  os  que  us^aõ 
o  Officio  Divino  Komano  com  regras  do  mej- 
mo  Officio,  annotaçoens  curiofas,  e  refolufaõ 
das  duvidas,  que  nelle  podem  occorrer.  Tam- 
bém o  modo,  que  fe  hade  guardar  em  todo 
o  governo  de  Officio  votivo,  e  como  fe  deve 
revoar,  e  di:(er  as  Mijfas  do  Trinitario,  al- 
gumas particularidades  do  Martyrologio,  e  ou- 
tras matérias.  As  Taboas  de  ocmrècia  e 
concorrência  emendadas  com  tudo  o  mais,  q 
para  ejia  matéria  he  necejfario.  Lisboa  por 
António  Ribeyro.  1588.  8.  Delle  fe  lem- 
braõ  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag. 
524.  col.  I.  e  Fr.  Fernando  da  Soled. 
Hifi.  Seraf.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  5.  liv. 
I.   cap.    21.   e  Part.    5.   liv.    2.   cap.    11. 

lOAÕ  BAPTISTA  LAVANHA  Caval- 
leiro da  Ordem  Militar  de  Chrifto  natural  de 
Lisboa,  e  filho  de  loaõ  Baptifta  Lavanha,  que 
morreo  a  5  de  Fevereiro  de  1555.  e  jaz  fepul- 
tado  na  Igreja  do  Carmo  defta  Corte.  A  boa 
Índole,  que  logo  nos  primeiros  annos  moftrou 
para  a  cultura  das  fciencias  eíUmulou  a  El- 
Rey  D.  Sebaftiaõ  a  que  eftudaíTe  em  Ronu, 
e  de  tal  modo  defempenhou  o  conceito 
defte  Príncipe,  que  voltando  para  o  Reyno 
foy  venerado  por  infigne  profeíTor  das  dif- 
ciplinas  Mathematicas,  letras  humanas,  e 
vaíUíTima  noticia  das  Hiílorias  fagrada,  e 
profana  por  cujos  dotes  mereceo  as  efti- 
maçoens  de  todos  os  Monarchas  do  feu 
tempo  empenhados  em  remunerar  o  feu 
talento,  nomeando-o  Filíppe  Prudente  Cof- 
mografo  mòr,  e  Filíppe  III.  Chronifta  mór 
de  Portugal  em  o  anno  de  1618.  de  cujo 
lugar  foy  fuceflbr  do  infigne  Fr.  Bernar- 
do de  Brito,  e  o  mandou  a  Flandes  ín- 
formar-fe  das  noticias  neceflarias  para  a 
compofiçaõ  da  Hilloría  da  Monarchia  de 
Efpanha,  e  Genealogia  dos  feus  Monarchas. 
Para  efte  effeito  efcreveo  de  Valhadolid  hu- 
ma  carta  a  29  de  Novembro  de  1601.  ao 
Archiduque  Alberto  Governador  dos  Ef- 
tados    de    Flandes    cm   que    lhe    figníficava 


I 


L USITANA 


599 


o  empenho  de  que  S.  Alteza  prompta- 
mente  mandalTe  aíTiflir  a  loaõ  Baptiíla  La- 
vanha  com  tudo,  que  foíTe  precifo,  e  con- 
ducente à  incumbência,  que  lhe  comettera 
concluindo  com  efte  Elogio  da  fua  pefloa. 
Será  muy  próprio  de  V.  Altei^a  efiimarle,  y 
honrar le  por  fer  muy  eminente  en  huenas  letras,  y 
exemplar  en  Ju  trato.  Semelhante  recomenda- 
ção fez  ao  feu  Embaxador  de  França  loaõ 
Baptiíla  TaíTis  quando  paíTou  a  efte  Reyno 
para  a  mefma  incumbência  dizendo-lhe  por- 
que lo  merece  por  Ju  perfona,  letras,  calidad,  y 
huenas  partes.  AíTim  o  relata  Gil  Gonzalves 
de  Ávila  Tbeatr.  de  las  Grand.  de  Madrid. 
pag.  330.  col.  2.  por  cartas  Originaes,  que 
lera  delRey  Catholico  para  o  feu  Embaxa- 
dor na  Corte  de  Pariz.  Mayor  foy  o  favor, 
que  recebeo  da  Mageílade  de  Filippe  IV. 
de  quem  fora  MeJftre  de  Coímografia  quan- 
do recolhendo  no  anno  de  1625.  em  hum 
Convento  de  jVIadrid  a  duas  filhas  foraõ 
acompanhadas  por  efte  Monarcha,  e  fua 
Efpoza  a  Raynha  D.  Izabel  de  Borbon 
com  os  Infantes,  fendo  Madrinhas  a  Con- 
deíía  de  OUvares,  e  a  Marqueza  de  Caftel- 
lo  Rodrigo,  e  benzeo  os  Veos  o  Bifpo  de 
Canárias.  Falleceo  na  Corte  de  Madrid  em 
o  anno  de  1625.  em  idade  mviito  provecta. 
Celebraõ  o  feu  nome  graviíTimos  Efcrito- 
res  como  faõ  Luiz  Salaz.  y  Caftro  Hijl. 
Gen.  da  Gav^a  de  Sylv.  Part.  i.  liv.  i.  cap. 
7.  adornado  de  varia  y  ^ande  erudicion,  e  Part. 
2.  liv.  II.  cap.  4.  D.  Nicol.  Ant.  Bib. 
Hi/p.  Tom.  2.  pag.  489.  col.  2.  eruditione 
varia  animum  excoluit.  Souza  floreira  Tbeatr. 
de  la  Gas^a  de  Souf^a.  pag.  508.  inji^  Ef- 
critor.  loan.  Soar.  de  Brito.  Tbeatr.  Lu- 
fit.  Uter.  lit.  I.  n.  15.  Gojmograpbus  nomi- 
natijftmus,  eloquens,  et  eruditus.  Souza  Ap- 
par.  ã  HiJl.  Gen.  da  Ga^.  Real  Portug.  pag. 
64.  §.  47.  infi^ie  Alatbematico.  Cardofo 
Affol.  Ljéfit.  Tom.  2.  pag.  236.  letr.  A. 
D.  Francifco  Manoel.  Garta  dos  AA. 
Portug.  António  de  Leaõ  Bib.  Indic.  Tit. 
13.  e  15.  Faria  Gathal.  dos  AA.  ao  prin- 
cipio da  Afia  Portuguet^a  Franckenau  Bib. 
Hifp.  Geneal.  Herald,  pag.  210.  Fr.  lozé 
Pereira  Ghron.  dos  Garm.  da  antig.  e  Keg. 
Obferv.  de  Portug.  Tom.  i.  Part.  4.  cap. 
16.    §.    1605.     Compoz. 


Reffmento  Náutico.  Lisboa  por  Simaò 
Lopes.  1595.  4.  &  ibi  por  António  Al- 
vres.  1606.  4.  Defta  obra  faz  mençaõ  o 
moderno  addicionador  d'»  Bib.  Naut.  de 
António   de   Leaõ   Tom.    2.    col.    11 63. 

Naufrágio  da  Não  Santo  Alberto,  e  iti- 
nerário da  gente,  que  delia  fe  falvou.  IJsboa 
por  Alexandre  Siqueira.  1597.  12.  e  na 
Hift.  Trag.  Marit.  Tom.  2.  a  pag.   217.  até 

315- 

Quarta  Década  da  Afia  de  loaõ  de  Barros^ 
reformada,  e  acrecentada  com  Notas,  e  Taboas- 
Geo^aficas.  Madrid,  na  ImpreíTaõ  Real.  161 5. 
foi.  Foy  dedicada  em  Madrid  a  24  de 
lunho  de  161 5.  a  Filippe  11.  de  Portugal 
por  loaõ  Baptifta  Lavanha,  o  qual  no  Pro- 
logo aos  Leitores  diz.  Gom  mais  trabalho,, 
e  mayor  efiudo  reformei  efia  quarta  Década,  que 
fe  de  novo  a  compusera:  porque  imitando  quanto 
me  foy  pojjivel  o  efHlo  de  loaÕ  de  Barros  acre- 
centei  Gapitulos  inteiros,  e  ff-andes  pedalo-:  em 
outros;  cortei,  antepu^  e  pofpu;^  alguns,  e  claii- 
fulas  inteiras  para  milhor  difpofi^aÕ.  Sahio  il- 
luftrada  com  Taboas  Geográficas  da  Ilha 
de  Jaoa,  e  dos  Reynos  de  Guzarate,  e 
Bengala  compoftas  pelo  mefmo  Lavanha. 
cujo  trabalho,  e  deUgencia  louva  o  iníigne 
antiquário  Manoel  Severim  de  Faria  Difc^ 
Var.  Hifi.  foi.   52.  v.o 

lomada  de  D.  Filippe  III.  a  Portugal,  e 
rela^aÕ  do  folemne  recebimento,  que  nella  fe  lhe 
fev^.  Madrid  por  Thomas  lunti  Impreflbr 
delRey.    1622.   foi.   com  eflampas. 

Nobiliário  de  D.  Pedro  Gonde  de  Bar- 
cellos  hijo  delRey  D.  Dionis  de  Portugal  or- 
denado y  illuftrado  com  notas,  y  índices.  Ef- 
ta  obra,  que  fe  extrahio  de  huma  co- 
pia, que  fe  guardava  no  Real  Convento 
de  S.  Lourenço  do  Efcurial  a  fez  pu- 
blica com  as  Notas  de  Lavanha  à  mar- 
gem D.  Manoel  de  Movira  Corte  Real 
II.  Marquez  de  Caftello  Rodrigo  Emba- 
xador em  Roma  onde  foy  impreíTa  por 
Eftevaõ  Paulinio.  1640.  foi.  grande;  de- 
pois em  Madrid  na  Officina  de  Alonfa 
de  Paredes.  1646.  foi.  cuja  ediçaõ  fahio 
por  induftria  de  Manoel  de  Faria,  e  Sou- 
za, que  coUocou  as  Notas  de  Lavanha 
depois  da  obra  do  Infante  D.  Pedro.  O 
original    efcrito    da    própria    maõ     de    La- 


6oo 


BIB  LIO  THE  C  A 


vanha  fe  conferva  na  Livraria  do  Excel- 
lentiflimo  Marquez  de  Gouvea  Mordomo 
mór  da  Caza  Real,  fupofto,  que  em  algu- 
mas partes  difere  do  impreflb  por  incúria 
de  quem  correo  com  a  impreflaõ  como 
adverte  o  Padre  Souza  Appar?t.  à  Hijl. 
<^en.  da  Ca^-   Rea/  Portug.   pag.   64.   §.   47. 

Uvro  Hijlorico,  y  Genealoffco  de  la  Monar- 
chia  de  Bjpara.  Efta  obra  efcreveo  em  o 
anno  de  161 2  por  ordem  de  Filippe  II  e 
III.  de  Portugal.  Nella  comprehendia  a 
Defcripçaõ  de  22.  Províncias  de  que  era 
Senhor  ElRey  Catholico,  e  a  Genealogia 
■dos  Monarchas  Caftelhanos  até  fextos  Avós. 
O  original  ainda  imperfeito  conferva va  em 
feu  poder  D.  Fernando  de  Tovar  Henri- 
ques Cavalleiro  da  Ordem  de  Calatrava, 
primeiro  Marquez  de  Valverde  em  o  Rey- 
no  de  I^aõ  que  era  muito  perito  no  eílu- 
•do   de   Genealogia. 

Selva  Real.  G)níla  de  diverfas  Arvores 
Genealógicas  de  muitos  Reys,  e  grandes 
da  Europa  abertas  em  primorofas  laminas 
■de  cobre,  que  fe  confervaõ  no  Archivo 
Real  as  quais  mandou  Carlos  II.  dar  a  D. 
Luiz  Salazar  de  Caftro  feu  Bibliothecario, 
•e  faniofo  Genealogiíla  da  noíTa  idade,  co- 
mo efcreve  Franckenau  Bih.  Hifp.  Gen.  He- 
rald, pag.   211. 

FamWa  dos  Alouras  hiftoriada.  Delia  faz 
mençaõ  lorgc  Cardozo  Agiol.  L.uJíí.  Tom. 
2.  pag.  236.  no  Comment,  de  19  de 
Março. 

Hijloria  de  la  Ca^a  de  Lerma.  He  allegada 
-por  D.  Luiz  Salazar  Hi/.  Gen.  de  la  Ca:(^.  de  Sylv. 
Tom.  I.  liv.  2.  cap.  6. 

Tratado  da  Família  dos  Sjlvas.  Delia  faz 
memoria  o  referido  Salazar.  Tom.  i.  liv.  i. 
■cap.  7.  e  Part.  2.  liv.  11.  cap.  4. 

Família  de  Mettdoça.  A  efta  obra  allega  D. 
António  Soares  de  Alarcão  Relac.  Geneal.  de 
la  Cav^.  de  los  Marq.  do  Trocifal.  pag.  311. 
<;ol.  2. 

Itinerário  de  Aragon  con  relaciones  y  an- 
tiguidades curiofas  efcrito  no  anno  de  16 10. 
Aí.  S.  4.  Huma  copia  conferva  na  fua 
Livraria  meu  Irmaõ  D.  lozé  Barboza  Qc- 
ligo  Regular,  Chronifta  da  SereniíTima  Caza 
de   Bragança. 

Defcripfaõ  da   Guiné  em  que  trata  de    va- 


rias naçoens  de  Ne^os,  que  a  povoaõ,  dos  feus 
cuftumes,  leys,  ritos,  cerimonias,  guerras,  armas, 
trages,  e  das  qualidades  dos  portos,  e  comercio, 
que  nelles  fe  fa^^.  M.  S.  Conferva-fe  na  Li- 
vraria do  Excellentinimo  Conde  do  Vi- 
mieiro. 

Taboas  do  lugar  do  foi,  e  Largura  do 
lufle  a  Oefle  com  hum  inflrumento  de  duas  la- 
minas repret^entando  nellas  duas  agulhas  gra- 
duadas de  grãos  com  hum  amofirador,  e  agulha. 
Feito  no  anno  de  1600.  Defta  obra  fe 
lembra  António  de  Mariz  Carneiro  Rotei- 
ro da  índia.  pag.  79.  da  impreílaõ  do  anno 
de   1666. 

Architeãura  Náutica.  M.   S. 

Chronica  delRey  D.  SebafliaÕ.  Defta  obra 
para  a  qual  afliftia  em  Lisboa  no  anno  de 
1618.  ja  Chronifta  mór  do  Reyno  collegin- 
do  as  noticias,  e  documentos  faz  mençaõ  o 
Doutor  Martim  Carrilho  Annal.  y  Mem. 
Chronolog.  ao  anno   1578.   pag.   475. 

Hifloria  do  Cunhale  celebre  Coffario  da  ín- 
dia.  M.    S. 

Tratado  da    "Esfera  do   Mundo.   M.    S. 

V.  P.  lOAÕ  BAPTISTA  lVL\CHADO. 
Naceo  em  a  Cidade  de  Angra  Capital  da 
Ilha  Terceira  fendo  filho  de  Chriftovaõ 
Nunes,  e  Maria  Cotta  igualmente  nobres, 
que  opulentos.  Quando  contava  defafeis 
annos  paíTou  a  Portugal,  e  no  Ccllegio  de 
Coimbra  foy  admetido  à  Companhia  de 
lESUS  a  10  de  Abril  de  1597.  onde  eftu- 
dou  as  primeiras  letras.  Alcançando  facul- 
dade dos  Superiores  para  a  MiíTaõ  da  ín- 
dia partio  no  anno  de  1601.  e  na  Qdade 
de  Goa  eftudou  Filofofia,  c  na  de  Macao 
Theologia.  Entrou  em  o  lapaõ  no  anno 
de  1609.  c  aprendendo  a  iingua  no  Col- 
legio  de  Arima  partio  para  a  Gdade  de 
Meaco  huma  das  principaes  do  lapaõ,  c 
nella  exercitou  com  ardente  zelo  o  minif- 
terio  Apoftolico.  Defterrados  no  anno  de 
16 14.  todos  os  Miflionarios  para  a  Gdade 
de  Nangazaqui  fe  ocultou  cm  Miaco  pa- 
ra beneficio  dos  Chriftaõs,  que  gerara  pa- 
ra a  Igreja.  Depois  de  ter  difconido  pelo 
Eftado  de  Omura,  e  Ilhas  de  Gotto  cul- 
tivando com  incanfavcl  difvelo  taõ  agrcf- 
tcs  vinhas  foy  prezo  por  ordem  do   Em- 


^ 


LUS  I  TAN  A, 


6o  I 


pcmdor  Xogum,  e  reclufo  em  o  carceie 
de  G)ii  em  Omura  donde  fendo  levado  a 
hum  Outeiro  lhe  cortarão  a  cabeça  de  três 
golpes  a  22  de  Mayo  de  1617.  facrificando 
a  vida  em  obfequio  de  Qiriílo  com  af- 
fombro  da  mefma  Gentilidade.  Fa2em  re- 
ligiofa  memoria  delle  varaõ  o  Padre  Pedro 
Morejon  Hifi.  dei  lapon.  liv.  2.  cap.  12. 
Cardim.  Vajncul.  lapon.  Elog.  17.  Eufebio 
Var.  lllufi.  dela  Compan.  Tom.  4.  pag.  194. 
Cardozo  A^ol.  Ijifit.  Tom.  3.  pag.  364. 
Franco  Imag.  da  Virt.  em  o  Nov.  de  Lisboa. 
liv.  2.  cap.  22,  e  feguinte;  e  Ann.  Glor.  S.  J. 
in  LMjit.  pag.  281.    Efcreveo  do  cárcere. 

Três  Cartas  de  ^  e  if  de  Aíayo.  Sahiraõ 
impreflas  pelo  Padre  António  Franco  em 
o  lugar  aflima  allegado  Uv.  2.  cap.  23.  e 
traduzidas  em  Latim  pelo  Padre  Mathias 
Taner  Socief.  lef.  u/que  ad  Sang.  €>•  vit.  pro- 
fuf.    militans.    pag.    279.    e    280. 

Carta  efcrita  do  cárcere  ao  V.  P.  Sebaf- 
íiaÕ  Vieyra.  Sahio  impreíTi  pelo  Padre  Fran- 
co no  lugar  aflima  citado  liv.   2.   cap.   24. 

Fr.  lOAÕ  BAPTISTA  DE  MARINIS 
natural  da  Cidade  do  Porto  filho  de  Pan- 
taleaõ  Pereira,  e  Catherina  de  Figueiredo 
Guedes.  Recebeo  o  habito  da  preclarifli- 
ma  Ordem  dos  Pregadores  em  o  Conven- 
to de  Aveyro  a  24  de  Outubro  de  1664. 
onde  aprendeu  as  fciendas  feveras  fendo 
Collegial  de  Santo  Thomaz  de  Coimbra 
ao  qiial  foy  admetido  a  26  de  Abril  de 
1673.  e  nelle  diftou  Theologia,  e  Filofofia 
em  o  Real  Convento  de  Santa  Maria  da 
Vitoria  da  Villa  da  Batalha  merecendo  pe- 
la fua  litteratura  fer  Meítre  do  numero  da 
fua  Provinda,  Prior  do  Convento  da  Ba- 
talha, e  de  S.  Domingos  de  Lisboa,  Vi- 
gário das  Religiofas  do  Convento  do  Sa- 
cramento, Provincial  eleito  no  anno  de 
1702.  Examinador  Synodal  do  Arcebifpa- 
do  de  Lisboa  Deputado  da  Junta  das  Mif- 
foens,  e  da  Inquiíiçaõ  de  Évora  de  q  to- 
mou poíTe  a  4  de  lunho  de  1707.  FaUe- 
ceo  no  Convento  deíia  Qdade  em  o  anno 
<le  1723.  Delle  fe  lembra  Fr.  Pedro  Monteiro 
Clauftr.  Domin.  Tom.  3.  pag.  233.  e  no  Catha- 
log.  dos  Deput.  da  Inquifu.  de  Evor.  §.  1 10.  Com- 
poz. 


Novena  do  SantiJJimo  Patriarcba  S.  Domin- 
gos compofta  a  inflancias  de  fuás  affeãuojcu  filhas 
as  Keli^ofas  do  Parai:(o  da  Cidade  óe  Évora. 
Lisboa  por  António  Pedrozo  Galraõ.  1720.  24. 

D.  lOAÕ  BAPTISTA  DA  PONTE 
Naceo  em  Lisboa  a  9  de  Setembro  de  1677. 
e  a  21.  foy  bautizado  na  Parochial  Igreja 
de  S.  Paulo.  Foraõ  feus  progenitores  An- 
tónio de  Pontes,  e  Barbara  Cornelles.  Inf- 
truido  nas  letras  humanas  eftudou  na  Uni- 
verfidade  de  Coimbra  Direito  Pontifício  em 
cuja  faculdade  recebido  o  gráo  de  Bacha- 
rel, e  aprovada  a  fua  capacidade  em  o 
Dezembargo  do  Paço  para  fervir  os  luga- 
res da  Republica,  adminiftrou  com  funmia 
integridade  o  de  Juiz  de  fora  dos  Orfaõs  da 
Villa  de  Freyxo  da  efpada  a  cinta  em  a  Pro- 
vinda Tranfmontana.  Na  Academia  dos 
Anonymos  inítítuida  em  a  fua  pátria  no  an- 
no de  1698.  foy  Cenfor,  e  Secretario  onde 
fe  ouvirão  com  geral  aclamação  as  fuás 
obras  poéticas  em  que  era  feliz  a  fua  Mu- 
za.  Ordenado  de  Presbítero  no  anno  de 
171 5.  fendo  Prothonotario  Apoftolico,  e 
luiz  do  Tribunal  da  Legada  o  nomeou  o 
Illuftriflimo  Bifpo  de  Lamego  D.  Nuno 
Alvres  Pereira  de  Mello  Abbade  da  Igreja 
de  S.  Pedro  de  Efter,  Promotor,  Dezem- 
bargador,  e  Vizitador  do  feu  Bifpado,  em 
cujos  lugares  moílrou  a  prudência  do  feu 
talento,  e  o  defintereííe  do  feu  animo. 
Ambidofo  de  eftado  mais  perfeito  deixou 
o  rendimento  da  Abbadia,  e  a  eftimaçaõ 
dos  lugares,  que  poíTuia,  e  abraçou  em  o 
anno  de  1731.  o  inítituto  dos  Qerigos  Re- 
gulares Theatinos  em  a  Caza  de  Nofla 
Senhora  da  Divina  Providencia  defta  Corte 
profeííando  folemnemente  a  26  de  Março 
de  1732.  com  difpeniâ  Pontifícia  do  No- 
viciado de  féis  mezes  quando  contava  55 
annos  de  idade.  Nefta  fagrada  paleílra 
exerdtou  exadamente  as  obrigaçoens  reU- 
giofas.  Conciliou  grande  aplauzo  pelos  feus 
Sermoens  cõ  que  penetrava  os  coraçoens, 
e  naõ  adulava  os  ouvidos.  Provada  a  fua 
tolerância  com  huma  prolongada  infermi- 
dade  falleceo  a  2  de  Outubro  de  1741. 
quando  contava  64  annos  de  idade,  e  10. 
de   Religião.    Compoz. 


6o  2 


BIBLIO THE  CA 


Queixas  da  Vermojura  contra  as  tyranias  da 
Parca  executadas  em  o  coração  de  Portugal  por 
meyo  da  morte  da  fua  Serenijftma  Kaynha  a  Se- 
nhora D.  Maria  Sofia  I:(abel  de  Neoburg.  Lis- 
boa por  Manoel  Lopes  Ferreira.  1699.  4. 
Confia  de  huma  Glofla  de  hum  Soneto  de 
Camoens,  que  começa.  Que  levas  cruel  mor- 
te\    &c. 

Dous  Sonetos.  Hum  em  louvor  de  loaõ 
Pereira  da  Sylva,  e  outro,  do  Benefi- 
ciado Francifco  Leytaõ  Ferreira.  Sahiraõ 
nos  Prelud.  'Ejtcomiaft.  ao  que  obráraõ  D. 
Manoel  Pereira,  e  Jeus  filhos  na  Campa- 
nha de    1704.    Londres   por   Leach.  1704. 4. 

Romance  em  louvor  dos  Académicos  Ano- 
nymos.  Sahio  a  pag.  26.  dos  Progreffos 
Academ.  dos  Anonym.  de  Lisboa  i.  Parte. 
Lisboa   por   lozé   Lopes    Ferreira.   171 8.  4. 

Carta  efcrita  a  \  de  lulho  de  1728.  ao 
Padre  Fr.  SimaÕ  António  de  Santa  Cathe- 
rina  em  aplaut(o  da  KelaçaÒ  Métrica  efcrita 
nas  Jolemnijfimas  Fejlas  em  que  o  Convento 
do  Carmo  de  Lisboa  aplaudia  a  Canoniza- 
ção de  S.  loaõ  da  Cru^.  Lisboa  na  Pa- 
triarchal    Officina    da    Mufica.    1729.    4. 

Ao  Falecimento  da  Serenijftma  Senhora 
Infanta  de  Portugal  a  Senhora  D.  Francifca 
Endechas  Endecafillabas.  Sahiraõ  nos  Sentim. 
Metric.  a  ejie  Affumpto.  CoUec.  i.  a  pag. 
31.    Lisboa  por  Miguel  Rodrigues.  1736.  4. 

Sermoens  Vários.  4.  M.  S.  Confervaõ- 
fc  na  Livraria  do  SereniíTimo  Senhor  D. 
António. 


lOAÕ  BAPTISTA  SERNIGE  natural 
da  Qdade  do  Porto,  Meftre  em  a  fubli- 
me  Faculdade  da  Theologia  pela  Univer- 
íidade  de  G^imbra  onde  cultivou  as  fcien- 
cias  efcholaílicas  com  grande  credito  do 
feu  talento,  e  Prior  da  Parochial  Igreja 
de  S.  Nicolao  da  Villa  de  Santarém  em 
que  deixou  eternizada  a  fua  religiofa  li- 
beralidade iníUtuindo  por  herdeira  de  tu- 
do quanto  poíTuia  a  Q>nfraria  do  San- 
tiíTimo  Sacramento  em  cujo  altar  orde- 
nou, que  perpetuamente  ardefle  huma  alam- 
pada,  e  fe  celebraíTe  huma  MiíTa  todos 
os  Domingos,  c  Dias  Santos  ao  romper 
da     menhãa,    e    que    do    dia    de    Quinta 


feira  Mayor  até  o  de  Pafchoa  ardefle 
hum  citio  de  vinte  arráteis  de  cera  em 
culto  do  diviniíTimo  Sacramento,  que  to- 
dos os  annos  fe  renova  com  o  rendi- 
mento da  fua  fazenda.  Falleceo  em  San- 
tarém a  14  de  lulho  de  1650.  laz  fe- 
pultado  em  fepultura  raza  debaixo  do 
Coro  da  Igreja  do  Convento  de  S.  loaò 
Baptiíla  de  religiofos  Arrabidos  próximo 
à  Villa  de  Santarém,  e  fobre  a  Campa 
tem    efcritas    as    feguintes    palavras. 

Sepultura  de  loaõ  Baptifia  Semige  Meftre 
na  Sacada  Theologia,  e  Prior  da  Igreja  de 
S.  Nicolao  a  qual  fe  reedificou  em  feu  tem- 
po. Falleceo  aos  14  de  lulho  de  1630.  cmnos. 
Compoz. 

Sermaõ  do  Gloriofo  Santo  Ifftacio  de  Loyola 
Fundador  da  Companhia  de  lESUS  pregado 
no  Colleffo  da  Companhia  de  lESUS  de 
Santarém  a  ^i  de  lulho  de  1627.  acrecen- 
tado,  e  redigido  a  hum  Tratado  copiofo,  e 
erudito.  Conferva-fe  M.  S.  na  Livraria  do 
dito  Collegio,  e  comprehende  106.  fo- 
lhas em  folha.  Tem  por  Thema  as  pa- 
lavras do  Ecclefiaftico  cap.  50.  Quafi  Stel- 
la  matutina  in  médio  nebula,  <Ò^  quafi  Lsma 
plena  in  diebus  fuis  lucet,  <&  quafi  foi  re- 
fulgens  fie  ille  effulfit  in  Templo  Dei.  Conf- 
ta  de  hum  largo  Elogio  ao  Santo,  e  a 
Companhia  de  lESUS,  que  fundara,  dif- 
correndo  pelas  açoens  da  fua  vida  illuf- 
tradas  com  textos  da  Sagrada  Efcritura, 
e  authoridades  dos  Santos  Padres  obra 
certamente  digna  da  luz  publica  aífim  pelo 
eílilo,  como  pela  erudição  divina,  e  hu- 
mana   de    que    eílá    ornada.  ^ 

lOAÕ  BAPTISTA  DE  SIQUEIRA  na- 
tural da  Villa  de  Monte  mòr  o  novo  em  a 
Provinda  do  Alentejo  formado  em  a  Facul-     ^ 
dade  da  lurifprudencia  Civil,  c  muito  apli-     | 
cado  ao  eíludo  da  Hiftoria.    Compoz.  , 

Fr.  lOAÕ  BARBARICA.  Naceo  cm 
a  Villa  de  Penamacor  em  a  Provinda 
da  Beira  a  12  de  landro  de  1673.  on- 
de teve  por  Pays  a  Domingos  Antunes 
Barbarica,     e    Brites     Lopes     de    Almeyda 


L USITANA 


6o3 


ambos  das  principaes  famílias  da  dita  Villa. 
Na  idade  da  adolefcencia  recebeo  a  cogul- 
la  Ciftercienfe  em  o  Convento  de  S.  loaõ 
de  Tarouca  a  5  de  Agofto  de  1688.  e  pro- 
teíTou  a  7  do  referido  mez  do  anno  fe- 
guinte.  Foy  Meítre  jubilado  em  a  Sagrada 
Theologia,  que  com  aplauzo  diâou  no 
Collegio  de  Coimbra,  Abbade  do  Mofteiro 
de  S.  Pedro  das  Águias  no  aimo  171 7.  e 
Confeflbr  das  Religiofas  do  Real  Convento 
de  S.  Diniz  de  Odivelas,  e  das  Bernardas 
Defcalfas  do  reformado  Mofteiro  de  N. 
Senhora  da  Nazareth  defla  Corte.  Exerci- 
tou o  minifterio  de  Orador  Evangélico 
com  fruto  dos  ouvintes,  e  foy  ornado  de 
virtudes  próprias  do  eftado  Monachal.  Fal- 
leceo  em  o  Mofteiro  de  N.  Senhora  do 
Defterro  de  Lisboa  a  12  de  laneiro  de 
1729.  quando  contava  56  annos  de  idade, 
€  41    de  Religião,    Compoz. 

Diâames  para  a  vida  reliffofa,  e  per- 
Jeiía  ejcritos  pelo  Mellifluo  Doutor  S.  Ber- 
nardo. Lisboa  por  Mathias  Pereira  da  Syl- 
va,    e    loaõ    Antunes    Pedrozo.     1721.    4. 

Novena  para  o  glorio/o  Precurfor  de  Cbrifio 
S.  loaõ  Baptijla.  Lisboa  por  Miguel  Ro- 
drigues ImpreíTor  do  Senhor  Patriarcha. 
1727.    24.     Sahio    fem    o    feu    nome. 

lOAÕ  BARBOZA  DE  CRASTO  na- 
tural de  Lisboa,  e  dotado  de  efpirito 
poético  com  que  fez  conhecido,  e  vene- 
lado  o  feu  nome  entre  os  mayores  cul- 
rores  da  Poezia,  e  de  cuja  fecunda  veya 
fe  podiaõ  formar  vários  livros  compof- 
tos  das  fuás  produçoens  métricas  das 
quais    unicamente    fe    fízeraõ    patentes. 

Quatro  Sonetos,  que  faõ  o  25.  60.  61. 
€  62.  entre  os  que  fe  imprimirão  no 
Certame  do  Conde  de  Unhares.  Lisboa  por 
Giraldo  da  Vinha.  4. 

lOAÕ  BARREYRA  de  quem  faz  men- 
ção Nicol.  Ant.  Bih.  Hifp.  Tom.  i.  pag. 
497.  col.  I.  Foy  mviito  perito  nas  difci- 
plinas  Mathematicas  principalmente  Ailro- 
logia,    e    Aflxonomia.     Compoz. 

Kepertorio  dos  Tempos.  Coimbra.  1579. 
e    1582.   4. 


lOAÕ  BARRETO  BORGES  filho  do 
Doutor  Manoel  Barreto  Borges,  e  de  D. 
Izabel  de  Aguiar  naceo  em  a  Villa  de 
Torres-novas  do  Patriarchado  de  Lisboa, 
e  na  Igreja  Parochial  de  Santa  Maria  re- 
cebeo a  primeira  graça  em  o  anno  de 
1665.  Recebido  o  gráo  de  Bacharel  em 
direito  Qvil  pela  Univerfidade  de  Coim- 
bra fe  aplicou  ao  efl^ido  da  Hiftoria  pro- 
fana invefligando  com  fummo  difvelo  as 
Antiguidades  da  fua  pátria.  Com  igual 
curiofidade  cultivou  a  Poezia  vulgar,  e 
a    Genealogia    deixando    efcritas. 

Obras    Varias   poéticas.    M.    S. 

Nobiliário  das  Famílias  de  Portugal.  M.  S. 

lOAÕ  BARRETO  VOGADO  natural 
de  Lisboa,  e  iníigne  profeíTor  da  Arte 
poética,  cujos  verfos  difcretos,  e  elegan- 
tes fe  lem  impreííos  nas  Lagrimas  Pane- 
gíricas ã  morte  de  D.  loaÕ  Pere^  de  Mon- 
talvão   a    foi.    67.        .    76.        .    e    84. 

lOAÕ  DE  BARROS  Teve  por  pátria 
a  Qdade  de  Vifeu  em  a  Provincia  da  Beira 
onde  sahio  à  luz  do  mundo  em  o  anno  de 
1496.  e  por  Pay  a  Lopo  de  Barros  de  geração 
nobre  por  fer  neto  de  Álvaro  de  Barros  Se- 
nhor do  Morgado  da  Moreira  junto  a  Braga, 
o  qual  foy  neto  de  Martim  Martins  de  Bar- 
ros hú  dos  mais  antigos  Fidalgos  defla  geração, 
cujos  afcendentes  tomáraõ  o  appellido  do  lu- 
gar de  Barros  entre  Douro,  e  Minho  onde 
poíTuiraõ  Morgados,  e  Lugares  com  jurif- 
diçaõ.  A  efcola  em  que  recebeo  as  primeiras 
inflxuçoens  foy  o  Palácio  delRey  D.  Manoel 
onde  naquella  idade  era  cuftume  doutrinar 
os  moços  fidalgos  em  as  artes  Uberaes,  e  exer- 
cidos virtuofos  de  cuja  difciplina  fahio  loaõ 
de  Barros  egregiamente  inftxuido  na  lingua 
Latina,  e  Grega,  letras  humanas,  e  fciencias 
Mathematicas.  Entre  os  Poetas  elegeo  por 
exemplares  a  Virgílio,  Lucano,  e  entre 
os  Hiftoriadores  a  Livio,  e  Saluftio  dos 
quais  exaâamente  imitou  a  fublimidade 
do  eftilo,  e  a  elegância  da  narração. 
Ornado  na  idade  da  adolefcencia  com 
tantos  dotes  fcientificos  o  nomeou  El- 
Rey  D.  Manoel  por  Moço  da  Guarda- 
roupa    de    feu    filho    o    Prindpe    D.    loaõ 


6o4 


BIB  LIO  THE  CA 


quando  lhe  aíTentou  Caza,  e  como  toda 
a  fua  inclinação  era  a  cultura  das  fcien- 
cias  nas  horas  vagas  do  ferviço  do  Prín- 
cipe compo2  no  breve  efpaço  de  outo 
mezes  a  Hiíloria  fabulofa  do  Emperador 
Qarimundo,  que  lhe  fervio  de  preludio  pa- 
ra exercitar  o  eftilo  em  compoíiçaõ  de  mais 
fublime  aíTumpto.  Efta  obra  ideada,  e  ef- 
crita  quando  contava  vinte  annos  foy  re- 
cebida com  tanto  agrado  delRey  D.  Ma- 
noel aíTim  pelo  artificio,  como  pela  locu- 
ção, que  lhe  cometeo  a  alta  empreza  de 
narrar  as  heróicas  façanhas,  que  os  Portu- 
guezes  tinhaõ  obrado  em  as  Regioens  Orien- 
taes.  Ao  tempo  que  começava  abrir  os 
aliceíTes  de  taõ  mageílozo  edificio  fucedeo 
paflar  de  mortal  a  eterno  elRey  D.  Ma- 
noel ficando  por  efta  cauza  fufpenfa  taõ 
famofa  incumbência.  Entre  os  Criados  de 
mayor  diftinçaõ,  que  no  principio  do  feu 
Reynado  defpachou  D.  loaõ  3.  foy  loaõ 
de  Barros  nomeando-o  Capitão  de  S.  lorge 
da  Mina  fituada  na  Africa  Auftral  para 
onde  partio  no  anno  de  1522.  donde  vol- 
tando com  grande  credito  da  fiel  adminif- 
traçaõ  da  Fazenda  Real  lhe  deu  o  mefmo 
Príncipe  no  anno  de  1525.  o  Oíficio  do 
Thezoureiro  da  Caza  da  índia.  Mina,  e 
Ceuta,  que  fervio  com  fummo  deíintereíTe 
até  o  anno  de  1528.  Obrigado  do  conta- 
gio, que  no  anno  de  1530.  devaflava  grande 
parte  dos  moradores  de  Lisboa  fe  retirou  para 
a  fua  Quinta  da  Ribeira  de  Alitem  junto  da 
Villa  do  Pombal  onde  ocupou  o  tempo  efcre- 
vendo  algumas  obras  moraes,  e  politicas  que 
depois  fe  fizeraõ  publicas  pela  impreíTaõ.  Ex- 
tínâo  o  contagio  fe  reftituhio  a  Lisboa,  e  aten- 
dendo ElRey  D.  loaõ  ao  feu  merecimento  o 
nomeou  Feitor  proprietário  da  Caza  da  índia, 
e  Mina  no  anno  de  1532.  cujo  ofíicio  era 
de  igual  authorídade,  que  rendimento  pelo 
comercio  da  Afia,  e  da  Africa,  porém  ainda 
que  efta  ocupação  lhe  levava  a  mayor  parte  do 
tempo  com  a  expedição  das  Armadas,  e  ou- 
tros negócios  em  que  era  intereíTada  a  Coroa, 
nunca  deixou  de  interromper  a  liçaõ  dos 
livros  para  a  qual  naturalmente  era  inclinado, 
de  tal  forte  que  oferecendofe  a  ElRey  para 
efcrever  a  Hiftoria  da  índia,  que  lhe  tinha  en- 
comendado    feu     augufto     Pay,     naõ     fo- 


mente lhe  aceitou  a  offerta,  mas  com  ho- 
norificas expreíToens  o  eftimulou  a  em- 
prender  taõ  grande  obra  que  infruéhiolia- 
mente  tinha  cometido  a  Lourenço  de  Cáce- 
res Meftre  do  Infante  D.  Luiz.  Para  de- 
zempenhar  taõ  árdua  empreza  que  facili- 
tava o  amor  da  pátria,  e  a  inclinação  ao 
eftudo  dedicou  todo  o  tempo  que  lhe  rcf- 
tava  das  precifas  obrigaçoens,  e  no  efpaço 
de  onze  annos  publicou  três  Tomos  que 
intitulou  Décadas  imitando  a  divifaõ,  que 
Titolivio  fizera  na  Hiftoria  Romana,  e  delle 
foraõ  depois  fequazes  nas  Hiftorias  Orien- 
taes,  e  Ocidentaes  Diogo  do  Couto,  e  An- 
tónio de  Herrera.  Mereceo  efta  obra  o 
mayor  aplauzo  em  toda  a  Republica  lite- 
rária pois  nella  fe  vem  religiofamente  obfcr- 
vadas  todas  as  leys  integrantes  da  Hiftoria 
quais  faõ  verdade,  clareza,  e  juízo.  Para 
naõ  fer  acuzada  a  fua  penna  de  menos 
verdadeira  examinou  as  Chronicas  dos  Prín- 
cipes do  Oriente  efcrítas  na  própria  lingua; 
extrahio  das  Cartas  dos  Vicereys,  e  Capi- 
taens  os  fuceíTos  em  que  a  fortima  fe 
moftrou  profpera,  ou  adverfa  às  noíTas  ar- 
mas; informoufe  dos  Pilotos  mais  experi- 
mentados em  a  navegação  daquelles  mares, 
e  fituaçaõ  dos  portos  de  que  naceo  emen- 
dar em  diverfas  partes  a  Ptolomeo,  e  Ar- 
riano  Geógrafos  antigos;  narrou  com  ma- 
geftofa  frafe,  e  elegante  pompa  as  bata- 
lhas, os  aíTedios,  e  as  Embaxadas;  defcre- 
veo  as  Ilhas,  Cidades,  e  Províncias  com 
tanta  certeza  das  fuás  alturas  que  faõ  ef- 
cuzadas  as  Taboas  Geográficas  para  fe  fa- 
ber  onde  exiftem.  Com  fumma  liberdade 
reprova  os  vícios,  e  louva  as  virtudes  naõ 
fe  dexando  preocupar  de  algum  afeâo  11- 
zongeiro  como  elle  protefta  na  i.  Decad.  1 
liv.  3.  cap.  12.  Pois  a  Deos  aprouve  que  naõ  # 
por  officio,  mas  por  inclinarão,  naÕ  por  premio, 
mas  de  graça,  e  mais  offerecido,  que  convidado  i 
tomaffe  o  cuidado  de  efcrever  as  cou^^as,  qm  I 
paffaraò  nefte  defcubrimento,  e  Conquifia  do  f 
Oriente,  naò  permitirá,  que  eu  perca  algum 
premio,  fe  o  dejie  trabalho  poffo  ter,  tro- 
cando, ou  negando  os  méritos  de  cada  bum. 
As  digreíToens  faõ  poucas,  mas  cheyas  de 
exemplos  raros,  dos  quais  fe  aprovei- 
tou   loaõ    Botero    nos    feus    Apothegmas. 


L  USITAN  A.  9i 


6o5 


Os  difcurfos  abundantes  de  fentenças  poli- 
ticas,  e   delias   extrahio   Fernando  Alvia  de 
Caftro  huns  Aforifmos  que  competem  com 
os    de    Tácito.     Finalmente   pela   excellenda 
defta  obra  mereceo  a  honorifica  antonomá- 
sia de  Uvio  Portuguet<^  com  que  o  intitulaõ 
o    Illuíbiírimo    D.    Rodrigo    da    Cunha    in 
Decret.  ad  cap.  Qui  de  menfa  dift.   37.  n.   2. 
D.    Franc.    Manoel    de    Mello    Epanaf.    de 
Var.    Hift.    pag,    274.    loan.    Soar.    de   Brit 
Tbeatr.    iMfit.    Uter.    lit.    I.    n.    17.    Valdês 
de    ^^it.    Rí^.    mjp.    cap.    12.    n.    7.    Fr 
Ant.   de   S.   Roman   Prolog,  da  Hijl.  da  Ind. 
Orient.    Cardof.    Agiol.    iMJit.    Tom.    2.    p 
375.    letr.    A.    Telles    Chron.    da    Comp.    de 
lef.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  2.  liv.  6.  cap 
9.  Fr.  ladnt.  de  Deos   Vergel  de  Plant.  cap 
I.  pag.   5.  Madeira  Nov.   Philofoph.  Part.    i 
Tom.    2.   difp.    8.   n.    8.   et  dubit.    5.    §.    20 
Portugal  de  Donat.  Regiis.  Tom.   2.  Part.   3 
cap.    8.    n.    71.    Fonceca    Evor.    Glorio/,    p 
337.     Havendo    loaõ    de    Barros    alcançado 
taõ    gloriofa   fama   pelos    feus    efcritos,    co- 
mo  fe  fentifle  combatido  de  achaques   que 
fe  fa2Íaõ  mais  graves  pelos  feus  annos  pa- 
ra  gozar   do   defcanfo   apetecido   renunciou 
no    anno  de    1567.   o  Offido  de  Feitor  da 
Caza    da    índia,    cuja    dimiíTaõ    lhe    aceitou 
elRey  D.  Sebaítíaõ  remunerando  o  feu  me- 
recimento  com   o   foro   de   Fidalgo   da   fua 
Caza  com  dous  mil  reis  de  moradia,  e  hu- 
ma    Tença    de    mil    cruzados    de    renda   em 
fua  vida  com  faculdade  de  mandar  vir  da 
índia  fazendas   das  quais  lhe  ficaíTem  líqui- 
dos  quatro   mil  cruzados   com  izençaõ   dos 
direitos,  e  fretes,  e  por  fua  morte  fincoen- 
ta  nu!  reis  de  Tença  a  fua  mulher,  e  cen- 
to   e    fincoenta    a    feu    filho    leronimo    de 
Barros  em  quanto  o  naõ    proveíle  em  hu- 
ma   Comenda    de    mayor   quantia.     Concluí- 
dos  eftes   defpachos   no   principio   do   anno 
de  1568.  fe  retirou  à  fua  Quinta  da  Ribei- 
ra   de    Alitem    junto    à    Villa    do    Pombal 
onde    pelo    efpaço    de    três    annos    privado 
do  comercio  humano  viveo  para  fi  obran- 
do   açoens    merecedoras    de    premio    eterno 
até  que  chegada  a  ultima  hora  falleceo  pia- 
mente a   20   de  Outubro   de    1570.   quando 
contava  74  annos  de  idade.    Foy  fepultado 
na  Ermida  de  Santo  António  fituada  alem 


do    rio    Arunca   no    termo    da    Cidade    de 
Leyria.     Teve    o    rofto    alvo,    e    venerável, 
olhos  vivos,   nariz   aquilino,   barba   compri- 
da,  e  toda  branca,   eítatura  mediana,  e  del- 
gada,   converfaçaõ    deleitoza,    e    juntamente 
grave,   entendimento  agudo,  erudição  vaítif- 
fima,  feliz  memoria  que  ajudava  com  a  ar- 
tificial,   animo    livre,    fidelidade    fimima,    e 
grande  defintereíTe    de     tal    forte    que    po- 
dendo   com    os    Officios    que    adminiílrou 
deixar   ricos    a   feus    filhos    antes    quiz    que 
foUem    legatários    das    fuás    virtudes,    que 
dos   bens  caducos    da    fortxma    como    judi- 
ciofamente  efcreveo  em  o   Dialog.  da  viciof. 
vergonh.    a    feu    filho    António    de    Barros. 
Trabalhei  por  te  naõ  envergonhar  com   edifiàos 
que   tem   a   magefiade,   e   opinião   da    Torre   de 
Babilónia   os  quais  depois  de   compojlos  vem   a 
confufaõ  eterna  que  os  divide  em  tantas  linguas, 
quantas  foraÕ    as  achegas  de   que  fe  fundarão, 
e  daqui  vem  quantas    heranças   vemos  fem  pró- 
prios  herdeiros,    porque    como  fe    ajuntarão   de 
eflranhas  fazendas,    eflranhos  as   herdaõ.    Creme 
que  nunqua  alguém  perdeo  o  próprio;  e  por  iffo 
me  ficaõ  defle  meu  trabalho  ditas  ef per  ancas,  hu- 
ma  que  nunqua  por  elle  feras  citado  pois  faS 
noites    minhas    veladas,    e    a    outra    que    tempo 
virá  em  que  ferei  Julgado  por  homem  t^elofo  do 
bem   da  pátria.     Cazou    com   Maria   de    Al- 
meyda    filha    de    Diogo    de    Almeyda    do 
Pombal  de  quem  teve  leronimo  de  Barros, 
António  de  Barros,  e  loaõ  de  Barros  mo- 
ços   Fidalgos   por   mercê   delRey    D.    loaõ 
o   m.    dos    quais    o   primeiro    fe    defpozou 
com   D.    Luiza    Soares    de    quem   naõ    teve 
defcendencia,  e  o  terceiro   morreo  na  infe- 
liz   batalha    de    Alcácer;    Diogo    de    Barros 
morto    pelos    mouros    na    índia;    Lopo    de 
Barros  Capitão  de  Baçaim,  que  cazou  com 
D.  Maria  de   Siqueira  de  quem  teve  a  D. 
Catherina  de  Barros   mulher  de  Pedro  Pei- 
xoto da  Sylva;  D.   Maria  de  Almeyda;  D. 
Izabel    de   Almeyda    cazada    com    Lopo    de 
Barros    fidalgo    da   mefma   familia;    D.    Ca- 
therina   de    Barros    mulher    de    Chriílovaõ 
de    MeUo    filho    de    Diogo    de    Mello    da 
Sylva    Vedor    da    Rainha    D.    Catherina,    e 
outras    duas    filhas.     Paflados    quarenta    an- 
nos  que   jazia   o   cadáver  deíle  infigne  Va- 
rão   na    Ermida    de    Santo    António    lem- 


6oó 


BIBLIO  THE  CA 


brado  o  IlluílriíTimo  Capellaõ  mór  D.  lor- 
ge  de  Attayde  Commendatario  perpetuo  do 
Moíleiro  de  Alcobaça  de  que  loaõ  de  Bar- 
ros fora  feu  padrinho  no  bautifmo  o  man- 
dou tresladar  para  a  Capella  mór  da  Igreja 
Parochial  da  Villa  de  Alcobaça  onde  in- 
tentava com  generofa  idea  levantar  hum 
foberbo  maufoleo  às  fuás  cinzas  porem  im- 
pedido da  morte  o  naõ  pôde  concluir  dei- 
xando o  Epitáfio,  que  nelle  fe  havia  gra- 
var, de  cuja  elegância  fe  argumenta  a  ma- 
gnifica obra,  que  meditava. 

loanni  Barros  cujus  fcriptorum  maiejiate  non 
minus  hufitania    Regibus   blandita   eft   Fortuna, 
quâm  perfraãís  Indici   Oceani  clauflris,   <Ò*  fu- 
baão    Oriente,    ne   humili  Joio    inter  fuos   deli- 
tefceret    mortuus,    qui   exteris   nationibus    notij- 
Jimus    in    omnium    ore,    atque  fermone    mérito 
virttitis,     et    jludiorum     lande     vivit,     Georgins 
Vijienfis    Epifcopus    duorum    Philipporiim    Pri- 
mi,    eb*    Secundi   maior    Capellanus,    amico  pa- 
terno,   ac   Juo    optime    merenti    libens    poftát 
anno    1610.    A    fama    do    feu    nome    fe    di- 
latou   com    tal    exceflb    pelo    mundo    todo, 
que    mandou    o    Papa    Pio    IV.    coUocar    o 
feu    Retrato   no   Vaticano    junto    de   Ptolo- 
meo,     e    femelhante    lugar    lhe    deraõ     os 
Venezianos    entre    os    Varoens    mais    infi- 
gnes    em   literatura.    Naõ    faõ    menores    os 
elogios    que    à    fua    penna    dedicarão    cele- 
bres    Efcritores.     Nicol.     Ant.     Bib.     Hifp. 
Tom.     I.    p.    498.    col.     I.     Virum    quidem 
eximia   mentis  acie,   memoriaqtie,   ac   multa   bo- 
norum    authorum    lectione,    quorum  fidem,  Judi- 
cium,    perfpicuitatem,    atque    elegantiam    prater 
alias    virtutes    in    contexenda    Hijloria    Ljíjitani 
fui  idiomatis  fere  príncipe,  fuit  imitatus.  Ma- 
cedo   Flor.    de    Efpan.    Cap.    8.    Excel.    9. 
En  el  hijloriar  fue  excellentijftmo  por  la  ver- 
dad,    clareia,  y  jui!(0,    que    en   fus    Décadas 
guardo   e   na   Eva,   e   Ave   Part.    i.    cap.  42. 
n.    3.    ff^ande    Hijloriador.    Fr.    Sim.    Coelho 
Chron.    do    Carm,    liv.    2.    cap.  6.    muy   do- 
cto,   e   elegante   Pineda   de  reb.  Salom.  liv.   4. 
cap.     II     Praclarum.     Pacheco     K/V/,    de    la 
Inf.    D.    Mar.    liv.    i.    cap.    4.    Gran    Ef- 
critor,    e    cap.     7.     injigne    Hijloriador.    Maf- 
feo    Hijl.    rer.    Ind.     lib.     i.    gravis    author 
D.    Franc.    Manoel    Epanaf.    de    Var.    Hift. 
p.    226.  famofo   Hijloriador,   e   Filofofo.    Ant. 


Lud.  Traã.  de  Pudor,  que  lhe  dedicou.  Tu 
eruditione,  et  nobilitate  prajlas:  nulli  otii,  <ir 
negotii  ratio  magis  quam  tibi  uni  conjlat  c> 
perire  omne  opus  arbitraris,  quod  in  libris,  lite- 
rifque  non  infumatur;  dies  reipublica  impendis, 
no£íem  cum  Mujis,  €$>*  ingenuis  commentationi- 
bus  commutas,  maioremque  omnino  partem  Jlu- 
dio,  quám  fomno  tribuis:  tuoque  ex  ore  {quod 
de  Nejlore  fcripjit  Homerus)  melle  dtdcior  pro- 
fltttt  oratio.  Fr.  Manoel  da  Efperan.  Hijlor. 
Seraf.  da  Prov.  de  Portug.  Tom.  2.  liv.  12. 
cap.  24.  n.  5.  com  pena  fobre  todos  elegante 
fev^  voar  pela  larguer^a  do  mundo  a  fama  mi- 
raculofa  do  esforço  Portuguev^.  Faria  Afia  Por- 
tug. no  Prolog,  da  i.  Part.  n.  6.  Varon  de 
antiga  capacidad  en  fciencia,  e  elegância.  Gan- 
davo  Hifl.  da  Prov.  de  Santa  Cruz.  cap. 
I.  Illujlre,  e  famofo  efcritor.  Ambrozio  de 
Morales  Chron.  de  Efpan.  liv.  12.  cap.  38. 
digno  de  fer  mucho  alabado  por  fu  ingenio,  mu- 
chas  letras  y  gran  jui:(io.  Solorzan.  de  Jure 
Ind.  Tom.  i.  lib.  i.  cap.  3.  n.  48.  egre- 
gium  Scriptorem.  Souza  Hifl.  Gen.  da  Cai^a 
Keal  Portug.  Tom.  8.  no  fim.  pag.  27. 
injigne  EJcritor...  VaraÕ  verdadeiramente  ^an- 
de. Sá  Mem.  HiJl.  dos  EJcrit.  do  Carm.  pag. 
322.  celebre,  e  erudito  EJcritor.  Severim  Dijc. 
Var.  Polit.  pag.  23.  trabalhando  toda  a  vida 
por  illujlrar  a  pátria,  e  deixar  de  feus  na- 
turaes  gloriofa  memoria. 

Compoz. 

Cbronica  do  Emperador  Clarimundo  donde 
os  Reys  de  Portugal  defendem.  Coimbra  por 
loaõ  da  Barreira.  1520.  foi.  &  ibi  pelo 
mefmo  ImpreíTor.  1553.  foi.  c  Lisboa  por 
António  Alvares.  1601.  foi.  &  ibi  por 
Francifco    da    Sylva.    1742.    foi. 

Primeira  Década  da  Afia  dos  feitos,  que 
os  Portugueses  Jit^eraÒ  no  defcubrimento,  e 
Conquijla  dos  mares,  e  terras  do  Oriente. 
Lisboa  por  Gcrmaõ  Galhardc  aos  XXIV. 
dias    de    Março    de    M.D.LIII.    foi. 

Segunda  Década  da  AJia.  &c.  Lisboa 
pelo  dito  ImpreíTor,  c  no  mefmo  anno 
foi. 

Eftas  duas  Décadas  fahiraõ  traduzidas 
em  Italiano  por  Affonfo  Ulhoa  com  cftc 
titulo. 

V     AJia     dei    S.     Giovanni     di     Barros 


Ê 


L  USITANA, 


607 


4:onfigliero  dei  Cbriftianljfimo  Ke  di  Portugallo 
de  fatti  de  Portogheji  nello  Jcoprímento,  e  Con- 
qíàfta  de  Alari,  e  Terre  di  Oriente.  Venetia 
apreíTo  Vincenzo  Valgrilio.  1562.  4.  2. 
Tom. 

Terceira  Década  da  índia  &c.  Lisboa 
por  loaõ  Barreira.  1563.  foi.  Sahiraõ  eftas 
Três  Décadas  reimpreflas  primorofamente 
por  ordem  do  Senado  de  Lisboa,  ibi  por 
lorge  Rodrigues.  1628.  foi.  AbfolutiJJimum, 
íalatumque  novem  Mufis  opus,  ut  Horafio  utar 
{faõ  palavras  com  que  o  grande  Nicol. 
Ant.  'Siih.  Hijp.  Tom.  i.  pag.  498.  col.  2. 
exalta  eíla  Hiíloria)  manjurumque  in  omnem 
atatem  cum  lande  máxima  fui  artificis.  In  quo 
eminet  incorrupta  fides,  luculenta  Oratio  Uvia- 
na  amula,  Geographiaque  fotius  earum  partium, 
quas  defcribit  fiylo,  multa  adeo,  <Ò^  accurata  co- 
gnitio. 

Quarta  Década  da  Índia.  Madrid  em  a 
Impreílaõ  Real  161 3.  foi.  Efta  Década,  que 
ficou  imperfeita  confervava  LuÍ2a  Soares 
nora  de  loaõ  de  Barros,  e  viuva  de  lero- 
nimo  de  Barros  feu  filho  mais  velho  de 
cujo  poder  a  extrahio  no  anno  de  1591. 
Fihppe  I.  de  Portugal  mandando-lhe  dar 
•quinhentos  mil  reis,  e  cometendo  a  D.  Fer- 
nando de  Caftro  Pereira  fidalgo  de  gran- 
de talento,  e  depois  a  Duarte  Nunes  de 
Leaõ  muito  verfado  na  Hiftoria  a  coordi- 
naçaõ  defta  Década,  e  como  aíTim  hum, 
como  outro  naõ  efeituaíTem  o  intento  del- 
Rjey,  foy  dada  efta  incumbência  por  Filippe 
II.  a  loaõ  Baptifta  Lavanha  Cofmografo 
xnór  do  Reyno,  que  naõ  fomente  a  orde- 
nou, mas  illuflxou  com  doutas  Notas,  e 
Taboas   Geográficas. 

Cartinha  para  aprender  a  ler.  No  fim 
tem  eftas  palavras.  A.  luouvor  de  Deos; 
a  da  glorio/a  Virgem  Alaria.  Acaba/e  a  Car- 
tinha com  os  preceitos,  e  Mandamentos  da  San- 
ta Madre  Igreja,  e  com  os  Mjfierios  da  Miffa, 
*  Kefponforios  delia.  Imprimida  em  a  muy 
ítobre,  e  fempre  leal  Cidade  de  Usboa  por 
autoridade  da  Santa  InquifçaÕ  em  Ca;(a  de 
Luís  Rodrigues  livreiro  delRey  Nojfo  Senhor 
<om  privilegio  Real  aos  20.  de  Det^embro 
de  1339.  4.  Nefta  obra  enfina  a  ler,  e 
para  mayor  clareza  dos  principiantes  traz 
a    cada    letra    do    Alfabeto    huma    figura. 


gura,  que  principie  pela  mefma  letra  pa- 
ra que  fique  mais  fixa  na  memoria.  So- 
bre o  A  huma  Aj.rvore,  fobre  o  B  huma 
Béfta,  e  affim  em  as  que  fe  feguem.  Foy 
dedicada  ao  Principe  D.  Filippe  filho 
delRey  D.  loaõ  o  IH.  que  aprendeo  a 
ler  por  ella,  e  como  tiveíTe  anexa  a 
Cartilha  de  D.  Fr,  loaõ  Soares  Meílre 
do  dito  Principe  imaginarão  muitos,  que 
era  obra  fua,  fendo  certamente  de  loaõ 
de    Barros. 

Grammatica  da  lingua  Portuguesa.  Olyf- 
fipone  apud  Ludovicum  Rotorigium  Ty- 
pog.  1540.  4.  No  prologo  diz.  Em  a 
Cartinha  pajfada  demos  arte  para  os  mininos 
farilmente  aprenderem  a  ler...  fica  agora  dar- 
mos os  preceitos  da  noffa  Grammatica  de  cujo 
titulo  intitulamos  a  Cartinha  &c.  Nefta.  obra 
traz  hum  Tratado  da  Ortografia  da  lingua 
Portuguevra  a  foi.  40.  e  Dialogo  em  lotwor 
da  nojfa  linguagem   &c. 

Dialogo  da  vicio/a  Vergonha.  Olyflipone 
apud  Ludovicum  Rotorigium.  1540.  4.  No 
fim.  Imprimido  em  cat^a  de  Luiz  Rodrigues 
livreiro  delRey  NoJfo  Senhor  com  privilegio 
Real  aos  12  de  laneiro  de  1540.  4.  Nefta 
obra  inftxue  a  puericia  com  doutrinas  opor- 
tunas à  efta  idade,  e  pofto,  que  era  o  ar- 
gumento moral  pedio  ao  infigne  Medico, 
e  Filofofo  o  Doutor  António  Luiz  de 
quem  fe  fez  larga  mençaõ  em  feu  lugar, 
que  lhe  miniftxafle  as  noticias  pertencentes 
à  matéria  de  que  efcrevia  extrahidas  da  Fi- 
lofofia  natural.  A  efta  fupUca  fatísfez  Antó- 
nio Luiz  compondo  o  Tratado  de  Puãore, 
que    ao    mefmo    loaõ    de    Barros    dedicou. 

Dialogo  de  preceitos  moraes  com  pratica  del- 
les  em  modo  de  jogo.  Lisboa  por  Luiz  Ro- 
driguez  Hvreiro  delRey  N.  Senhor.  1540. 
4.  Saõ  interlocutores  o  author  com  feus 
filhos  António,  e  Catherina.  Dedicado  à 
Princeza  D.  Maria,  que  depois  cazou  com 
Filippe  Prudente,  a  qual  jogava  com  feu 
Pay  ElRey  D.  loaõ  o  Hl.  efte  jogo  de 
Tabolas  reduzindo  a  elle  as  Ethicas  de 
Ariftoteles  onde  fe  introduziaõ  as  virtudes, 
e  vidos  por  exceíTo,  ou  defeito.  Teve  in- 
tentos de  regular  a  Economia  pelo  jogo 
das  Cartas,  e  a  Politica  pelo  Xadres  por 
ferem  eftes   jogos   os   mais   communs. 


6o8 


BIB  LIO  THE  CA 


\ 


Khopica  Pneuma,  ou  Mercadoria  ejpirittuil. 
He  hum  Colloquio  metaphorico  em  que 
íaõ  interlocutores  o  Entendimento,  e  a 
Vontade.  Lisboa.  1532.  4.  Dedicado  a 
Duarte  de  Refende  feu  parente.  Foy  taõ 
eílimada  eíla  obra  pelo  cruditinimo  Luiz 
Vives,  que  dedicou  a  loaõ  de  Barros  no 
anno  de  1535.  o  feu  Tratado  Rxercitatio- 
nes  animi  in  Deum,  e  na  Dedicatória  lhe  diz 
cftas  palavras.  Chrijlophorus  Mirandus  meus 
declaravit  nobilitatem  tui  generis,  tum  ingenium, 
eruditionem,  et  probitatem,  qiut  ego  ex  optijculo 
quodam  tuo  vejirati  lingua  conjcripto  facile  perf- 
pexi  non  potui  non  compleSH,  et  Jufcipere  dotes 
animi  exercitas  inter  tiegotia,  tam  varia,  et  ma- 
gna  &c. 

Panegyrico  a  muy  alta,  e  ef clareada  Vrincev^a 
Infanta   D.    Maria   Nojfa   Senhora.    Coníla   de 
80   §§.     Sahio   a   primeira  ve2   impreíTo   em 
as  Noticias  de  Portugal  compoílas  pelo  eru- 
ditiíTimo    Chantre    de    Évora    Manoel    Seve- 
rim    de    Faria.     Lisboa    na    Ofíicina    Cras- 
beeckiana.    1655.   foi.     Segunda   vez   fe   im- 
primio  na  Vida  da  mefma  Princeza   efcrita 
por   Fr.    Miguel   Pacheco   religiofo   da   Or- 
dem  militar   de    Chriílo.     Lisboa   por   loaõ 
da  Cofta   1665.  foi.   defde  foi.    143.  v.o  até 
164.   o  qual  aíTim  à  obra,  como  a  feu  au- 
thor    faz    o    feguinte    Elogio.     H/i^o    Barros 
efta  obra  con   tanta  erudicion,  y  lugares  de  la 
Efcritura  divina,  y  humana,   que  haviendo   mu- 
ehas  y  Jus  Décadas  tan  celebres  en  Europa,  la 
prefente  en  Ju  género   vence  todas  y  la  igualan 
algunos  ai  Panegyrico,  que  efcrivio  Plinio  a  Tra- 
jano,  que  fe  eflima  por  lo  mejor  de  todo  lo  que 
fe  halla  defie  gran  ingenio,  y  juit(p.     Sahio    5. 
vez  em  a  fegunda  impreflaõ   das   NoZ/V.   de 
Portug.     Lisboa    por    António    Ifidoro    da 
Fonceca.  1740.  foi.  defde  pag.  395.  até  450. 
Ao    muito   alto,    e   muito  poderofo    Key   de 
Portugal  D.   loaÕ    III.   defle   nome    Panegyrico 
em  o  anno  de  1533.      Sahio  na  fegunda  Im- 
preíTaõ    das    Notic.    de    Portug.     Lisboa   por 
António     líidoro     da    Fonceca     1740.     foi. 
defde    pag.    287.    até    380.     He    muito    ex- 
tcnfo,  e  ornado  de  erudição  fagrada,  e  pro- 
fana. 

Obras  M.  S. 
Problemas   Moraes.     AUega   cila   obra   no 
Dialogo  da  viciofa   Vergonha. 


Exclamação  contra  as  opinioens,  e  abu:(ps 
do  mundo  prev^ente.  He  obra  muito  fenten- 
ciofa,  c  cheya  de  Filofofia  moral  efcrita 
em  mais  de  460.  Redondilhas  derigida  com 
hum  largo  difcurfo  a  feu  grande  amigo 
loaõ  Rodrigues  de  Sá,  c  Menezes  Senhor 
de  Sever,  e  Matozinhos,  e  Alcayde  mór 
da  Cidade  do  Porto,  em  o  anno  de  ij6i. 
Começa. 

Aquella  eterna  Mente 

Alta  Iw:^  inaceffivel, 

En  fi  mefma  permanente. 

Sem  moto,  ou  accidente, 

NaÕ  fendo  comprehenjivel. 

Por  Fé  cremos  firmemente. 
Década  da  Africa.  Faz  memoria  defta 
obra  na  Dec.  3.  de  Afia  liv.  5.  cap.  8.  e 
a  teve  em  feu  poder  o  IlluftriíTimo  D.  Ro- 
drigo da  Cunha  Arcebifpo  de  Lisboa  co- 
mo afirma  Manoel  de  Faria,  e  Souza  no 
Cathalog.  dos  livros,  que  traz  ao  principio 
do  primeiro  Tom.  da  Afia  Portug.  n.  81. 
Geographia  Univerfalis.  Defta  obra  faz 
repetida  memoria  na  Decad.  i.  cap.  i.  e 
liv.  4.  cap.  2.  e  Decad.  2.  liv.  i.  cap.  3. 
e  liv.  8.  cap.  4.  Era  huma  combinação  da 
Geografia  antigua  com  a  moderna  defcre- 
vendo  primeiramente  dos  inftrumentos  da 
Navegação,  e  depois  as  fituaçoens  das  Pro- 
víncias, arrumaçoens  das  terras,  e  cuftu- 
mes  de  feus  habitadores.  Hum  fragmento 
defta  obra  confervava  feu  filho  Jerónimo 
de  Barros,  que  ofFereceo  a  ElRey  D.  Se- 
baftiaõ,  e  infelifmente  fe  pcrdeo  como  cf- 
creve  Faria  no  Cathal.  dos  livros  collocado 
ao  principio  do  i.  Tom.  da  Afia  Portug. 
n.  81.  e  no  Comment.  às  hufiad.  de  Cam. 
Cant.  8.  Eftanc.  5.  afirma,  que  confervava 
alguns  fragmentos  da  dita  Geografia  da 
qual  faz  mençaõ  o  moderno  addicionador 
da  Bib.  Geograf.  de  António  de  Leaõ  Tom. 
3.   col.    13 19. 

Hiftoria  natural  do  Oriente,  que  confia  de 
plantas,  e  animaes  daquellas  Provineias,  e  das 
obras  artificiaes  perteticentes  à  comutação,  e 
comercio  de  ambas  eftas  matérias.  Defta  obra 
fe  lembra  na  Decad.  i.  liv.  6.  cap.  4. 
Summario,  que  trata  das  Provindas  do 
mundo  em  efpecial  das  índias  ajfi  de  Caf- 
tella,    como    das    de    Portugal;    *   trata  larga- 


L  USITAN  A. 


mente  da  arte  de  marear  juntamente  com  a  ef- 
pera  em  romance  com  o  regimento  do  foi,  e  do 
Norte,  e  outras  derrotas,  e  alturas  das  terras, 
e  com  outras  muitas  outras  cout^as  necejfarias 
aos  Navegantes,  foi.  Conferva-fe  na  livra- 
ria do  ExcellentilTimo  Marquez  de  Abran- 
tes, e  parece  fer  o  Original..  Começa.  Aveis 
de  Jaber,  que  ajft  como  os  círculos  dos  Ori^on- 
tes.  &c. 

Hijloria  dos  'Keys  da  Perjia,  Graõ  Tamorlaõ, 
e  Prejle  loaõ.  Ficou  incompleta,  e  fe  confer- 
va  na  Bib.  Real. 

lOAÕ  DE  BARROS  natural  do  Por- 
to como  efcreve  o  IlluílriíTimo  Cunha  Hiji. 
Ecclef.  de  Brag.  Part.  2.  cap.  35.  n.  5. 
ou  de  Braga  como  affirma  o  douto  anti- 
quário Manoel  Severim  de  Faria  Di/c.  Var. 
Hiji.  foi.  23.  Eíhidou  Jurifprudencia  Civil 
em  a  Univeríidade  de  Coimbra  fahindo  taõ 
eminente  neíla  Faculdade,  que  depois  de 
fer  Ouvidor  do  Arcebifpado  de  Braga,  e 
Efcrivaõ  da  Camará  delRey  D.  Joaõ  o  III. 
pelos  annos  de  1546.  e  1547.  Dezembar- 
gador  dos  Aggravos  em  1549.  e  naõ  do 
Paço  como  diz  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  pag.  497.  col.  2.  a  quem  o  mef- 
mo  Principe  cometeo  juntamente  com  o 
Doutor  Rodrigo  Monteiro,  que  fervia  de 
Almotace  mór,  e  os  Vereadores  da  Q- 
dade  de  Lisboa  a  incumbência  de  rever 
as  Taxas  velhas,  e  ordenar  outras  novas 
para  beneficio  de  feus  Vaílallos  de  que  faz 
mençaõ  Francifco  de  Andrada  Chron.  del- 
Rey D.  loaõ  o  III.  Part.  4.  cap.  54.  O 
Cardial  D.  Henrique  fendo  Adminiíbrador 
do  Convento  de  Pedrozo  lhe  ordenou  re- 
formaíTe  os  Carthorios  de  muitos  Conven- 
tos cuja  empreza  dezempenhou  com  igual 
aâávidade,  que  difpofiçaõ.  Teve  três  fi- 
lhos chamados  Marcos,  Diogo,  e  Pedro 
de  Barros,  que  frequentarão  a  Univerfi- 
dade  de  Coimbra,  e  naõ  degenerarão  de 
feu  Pay  na  integridade,  e  litteratura  com 
que  ferviraõ  vários  lugares  da  Republica. 
Compoz. 

Efpelho  de  cagados  em  que  fe  difputa  quaõ 
excellente  feja  o  casamento.  Porto  por  Vafco 
Diaz   do   Frexenal.    1540.    4. 

DefcripçaÕ  de  Entre  Douro,  e  Minho. 
39 


609 

M.  S.  Coníla  das  Antiguidades,  e  couzas 
notáveis  delia  Província,  e  de  outras  mui- 
tas de  Portugal,  e  Efpanha.  Foy  compofta 
em  Lisboa  no  anno  de  1549.  e  tem  32 
Capítulos.  Começa  o  Proemio.  Depois,  que 
ElRej  N.  Senhor  me  mandou  eflar  em  fua  Cor- 
te &c.  Acaba.  Onde  levaõ  fuás  novidades,  e 
de  lá  trat^em  o  que  haõ  mifler.  No  fim  tem 
huma  Cenfura  de  Fr.  Francifco  Foreiro  da 
Ordem  dos  Pregadores  em  que  diz  fe  po- 
de imprimir.  O  UluftriíTimo  Cunha  Hifl. 
Ecclef  de  Brag.  Part.  2.  cap.  35.  n.  5.  affir- 
ma fer  dignij/ima  de  ejiampa,  e  o  mefmo  ef- 
creve loan.  Soar.  de  Brito  Theatr.  Eujit. 
Litter.  lit.  I.  n.  18.  Deíla  obra  faz  repe- 
tida mençaõ  o  Licenciado  lorge  Cardozo 
Agiol.  Eufit.  Tom.  2.  pag.  681.  col.  2.  e 
706.  col.  2.  Fr.  FiHppe  Columbo  Vid.  do 
Ven.  Fr.  Gonçal.  Dias  de  Amarante  liv. 
I.  cap.  I.  Maris  Dial.  de  Var.  Hifl.  e  Fr. 
Bernad.  de  Brit.  Mon.  Eujit.  e  do  Author 
o  Padre  Vafconcel.  Defcript.  EuJit.  pag. 
392.  n.  3.  Joannes  Barrius  Jurifconfultus,  et 
gravijjimus  Eujitania  Scriptor. 

Dos  Nomes  próprios  de  todas  as  Provindas 
de  Efpanha.  M.  S.  4. 

Eivro  das  Efcrituras  Authenticas,  e  bens 
do  Mojleiro  de  Pedroí(o.  Foy  ordenado  por 
ordem  do  Cardial  D.  Henrique  Comen- 
datario  do  dito  Convento  o  qual  fe 
conferva  no  Collegio  dos  Padres  lefuitas 
de    Coimbra. 

Carta  efcrita  ao  Cardial  D.  Henrique. 
O  principio  delia  imprimio  o  IlluítriíTimo 
Cunha  na  HiJl.  Ecclef.  de  Brag.  Part.  2.  cap. 
35.  n.    5. 

lOAÕ  DE  BARROS  FERREYRA  Ju- 
rifconfulto  de  profiíTaõ,  e  taõ  profunda- 
mente perito  em  ambos  os  Direitos,  co- 
mo na  Hiftoria  Ecclefiaftica,  e  do  Rey- 
no  de  Portugal  publicando  no  anno  de 
1705. 

DemonJlraçaÕ  legal,  e  concludente  das  Igrejas, 
que  no  Reyno  de  Portugal  devem  Quidennios,  e 
das  que  ejiaõ  it^entas  do  tal  tributo  conforme  to- 
das as  Bulias,  e  Breves  Apoflolicos,  que  fohre 
a  matéria  de  Quidennios  difpuv^eraõ  os  Summos 
Pontífices.  Lisboa  por  Valentim  da  Cofta 
Deslandes.   1705.  foi. 


ÓIO 


BIB  LIO  THE  CA 


Fr.  lOAÕ  DE  BEJA  MARMELEY- 
RO  natural  de  Coimbra  filho  de  Diogo 
Marmeleiro,  e  Izabel  de  Beja  Pereftrello. 
ProfeíTou  o  inílituto  de  Erimita  de  Santo 
Agoílinho  no  Real  GDnvento  de  N.  Se- 
nhora da  Graça  de  Lisboa  a  14  de  Janei- 
ro de  1605.  Foy  ornado  de  litteratura,  e 
madureza  por  cujos  dotes  depois  de  ter 
diélado  Theologia  nos  Collegios  da  fua 
Provinda  foy  duas  vezes  Provincial;  a  pri- 
meira no  anno  de  1645.  e  a  fegunda  no 
anno  de  1663.  havendo  fido  Deputado  da 
Inquifiçaõ  de  Coimbra,  de  que  tomou  pof- 
fe  a  28  de  Janeiro  de  1622.  Falleceo  na 
pátria  a  20  de  Agofto  de  1664.  Compoz. 
De  Benediãionibus  Patriarcharum  Com- 
mentaria.    foi.    M.    S. 

Traãatm  varii  Theologici.  foi.  5.  Tom. 
M.  S. 

Eílas  obras  efcritas  da  própria  maõ 
do  Author  fe  confervaõ  no  Convento  da 
Graça    de    Lisboa. 

Fr.  lOAÕ  DE  S.  BENTO  chamado 
no  feculo  loaõ  de  Pinna  filho  de  Soey- 
ro  de  Pinna  da  Gama,  e  de  Maria  de 
Brito  da  Sylva  naceo  em  a  Cidade  de 
Elvas  da  Província  Tranílagana.  Quando 
contava  a  florente  idade  de  vinte,  e  qua- 
tro annos  deixou  o  feculo  profeíTando  o 
inílituto  de  S.  Paulo  i.  Erimita  em  o  Con- 
vento da  Serra  de  Ofla  em  o  primeiro 
de  Mayo  de  1623.  onde  diélou  Theologia 
Moral,  e  exercitou  o  minifterio  do  púlpito 
por  muitos  annos.  Três  vezes  foy  Reytor 
de  diverfos  Conventos,  e  Definidor  fazen- 
do, que  exaâamente  fe  obfervaflem  as  Conf- 
tituiçoens  de  cuja  obfervancia  era  perfeito 
exemplar.  Falleceo  no  Convento  da  fua  pá- 
tria a  16  de  Mayo  de  1679.  ^^"^  ^°  annos 
de  idade  e    56  de   Religiofo.     Compoz. 

Tratado  do  ultimo  VolcaÕ  de  fogo,  que 
rebentou  na  Ilha  de  S.  Miguel  no  anno  de 
1652.  A  efta  obra  allega,  como  a  feu 
Author  o  Licenciado  lorge  Cardozo  Affol. 
l^fit.  Tom.  2.  pag.  520.  no  Comment. 
de    II.    de    Abril.    letr.    A. 

P.  lOAÕ  BERNARDES  natural  de  Lis- 
boa  onde   teve   por   Pays   a   LuÍ2   Mendes 


Cotrim  Cavalleiro  da  Ordem  militar  de 
Chriílo,  e  a  D.  Mariana  Bernardes  de 
Moraes.  Sendo  de  idade  muito  tenra  re- 
cebeo  a  roupeta  de  S.  Filippe  Neri  na 
Congregação  do  Oratório  da  fua  pátria 
a  7  de  Março  de  1 6  8 1 .  onde  exerci- 
tou todos  os  minifterios  de  perfeito  Con- 
gregado ate  que  paflbu  a  milhor  vida 
em  22  de  Abril  de  171 5.  Compoz,  e 
publicou    fem    o    feu    nome. 

Novena  de  S.  Francifco  de  Sales  Bifpo,  e 
Príncipe  de  Genebra  Fundador  das  Keliffofas  da 
ViJííaçaÕ  de  S.  Maria,  primeiro  Propofito  da 
Congregarão  do  Oratório  de  Tonon,  Apoftolo  em 
Saboya,  e  celejlial  Meflre  do  Divino  Amor.  Lis- 
boa por  Bernardo  da  Cofta  Carvalho.  1705. 
8.  No  fim  eftá  hum  Refumo  da  Vida  do 
Santo. 

lOAÕ  BERNARDES  DE  CASTILHO. 
Natural  de  Lisboa  filho  de  lacob  Bernar- 
des, e  Maria  de  Santo  António  de  Caíli- 
Iho,  e  irmaõ  do  Padre  lacob  Bernardes  da 
Congregação  do  Oratório  de  quem  fize- 
mos memoria  em  feu  lugar.  Depois  de 
eftudar  Gramática  em  a  pátria,  fallecida 
fua  mulher  com  a  qual  poucos  annos  vi- 
vera defpozado,  entrou  na  Congregação  do 
Oratório  da  Cidade  do  Porto  a  12  de 
Dezembro  de  171 1.  donde  obrigado  de 
graves  achaques  incompatíveis  com  aquelle 
inílituto,  fahio  antes  de  acabar  o  anno  do 
Noviciado.  Exercitou  com  cadencia  a  Poe- 
zia  vulgar,  e  foy  muito  timorato,  e  de- 
voto tolerando  com  fumma  paciência  a  fal- 
ta dos  bens  da  fortuna.  Faleceo  na  Gda- 
de  do  Porto  em  o  anno  de  1743.    Publicou 

Queixas  da  Saudade  contra  as  tyranias  da  Parca 
na  Lamentável,  e  nunca  cabalmente  Jentida,  nem  di- 
gnamente chorada  morte  do  mtnto  alto,  e  minto  pode- 
rojo  Key,  e  Senhor  Nojfo  D.  Pedro  2.  Lisboa  por 
Valentim  da  Coíla  Deslandes.  1707.  4.  Coníla 
de  20.  Outavas. 

Novena  da  glorio/a  Virgem,  e  Doutora  Santa 
Teresa  de  le/us.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor. 
1708.   24. 

Fr.  lOAÕ  DE  S.  BERNARDINO. 
Naceo  na  Cidade  de  Lisboa  em  o  anno 
de     1577    para    credito    da    Seráfica    Pro- 


L  USITAN A. 


6ii 


vincia     de     Portugal     cujo     penitente     inf- 
tituto    abraçou    no    real    Q)nvento    de    S. 
Francifco    da    fua    pátria    em    o    anno    de 
1594.    quando    contava    defafete    de    idade 
onde   exercitou    a  fua  ardente  charidade  af- 
íiltindo   aos   religiofos   feridos   do   contagio, 
que    devaílava    aos    moradores    de    Lisboa. 
Teve    por    Meílre    das    fciencias    feveras    a 
Fr.    Bernardino   de    Sena   que   de    Geral   da 
Ordem   palTou   à    ^litra   de    Vifeu   bailando 
efte  difcipulo  para  immortal  credito  do  feu 
magifterio.      Inftruido     eminentemente     nos 
preceitos   da   Rhetorica,    dificuldades   da   Fi- 
lofofia,    e    myfterios    da    Theologia    fe    apli- 
cou   ao    eíhido    da    lingua    Hebraica    para 
mais   profundamente   penetrar   os   textos   da 
Sagrada  Efcritura,  e  fahindo  taõ  inteligente 
que  nunca  pregava  fem  que  primeiramente 
confultaíTe     o     texto     hebraico     donde     ex- 
trahia   folidas   doutrinas   afirmando   que   era 
hum    Reyno    abundante    de    preciofos    the- 
fouros    ocultos    a    muitos    engenhos,     que 
fe    naõ    animavaõ    à    fua    G)nquiiia.     Con- 
fumado    o    feu    magifterio    Theologico    no 
anno   de   1625.  foy  eleito   Secretario  de  Fr. 
Bernardino   de   Sena  feu  Meftre,   Comiííario 
Geral   naquelle    tempo    da   Família    Qfmon- 
tana.    Igualmente  na  Cadeira  como  no  púl- 
pito  brilhou   o   feu   agudo   talento   naõ   fo- 
mente   nefte    Reyno,    e  o    de    Caftella,    mas 
em  a  Cúria  Romana  goftando  muito  da  fua 
judiciofa  converfaçaõ  a  Santidade  de  Urba- 
no Vin.  principalmente  quando  o  ouvia  na 
fua  Capela  a  cuja  elegante  energia  eftava  fuf- 
penfo  o  Collegio  Cardinalício.     AíTumpto  a 
Geral  da  Ordem  Seráfica  Fr.  Bernardino  de 
Sena  em  o  Capitulo  celebrado  no  Convento 
de  Aracarli  a  17  de  May  o  de  1625.  o  nomeou 
Procurador  Geral  de  toda  a  Ordem  em  cujo 
lugar  moftrou  a  zeloza  aótividade  do  feu  ef- 
pirito  defendendo  os  privilégios,  e  authori- 
dade  da  Obfervancia  contra  as  maquinas  dos 
Clauftraes,  Recolletos  de  Efpanha,  e  Religio- 
fos de  França  intentando  os  primeiros  que 
o  GeneraUíTimo  da  Obfervancia  fe  naõ  inti- 
tulaífe  Aíiniftro  Geral  de  toda  a  Ordem  Será- 
fica, e  pertendendo  os  Hefpanhoes,  e  Fran- 
cezes   fepararfe   da   fua   obediência,   e  pofto, 
que    foraõ    protegidos    pela    foberania    dos 
feus    Príncipes    naõ    alcançarão    os    efeitos 


de    feus    injuftos    defignios.      Tendo    exer- 
citado pelo  efpaço   de  três   annos,   e  meyo 
o   lugar   de   Procurador   Geral   fe   reftituhio 
a   Portugal   onde   em   premio   do   zelo   que 
praíHcara    em    beneficio    da    Religião    foy 
eleito    Provincial    a    25    de    Novembro    de 
1629.    em    cujo    minifterio    deixou    a    mais 
prudente    direção    para    os    feus    fuceífores. 
Exaltado   ao    trono   de   feus   Avós   o    Seie- 
niíTimo  Rey  D.  loaõ  o  IV.  em  o  i  de  Dezem- 
bro   de    1640.    foy   eUe   o   primeiro  Orador, 
que  no  dia  da  puriíTima  Conceição  da  Senhora 
lhe  deu  em  nome  do  Reyno  os  parabéns  da 
Coroa,  que  tinha  cingido.      Efte  Sermaõ,  e 
outro  que  pregou  no  dia  feguinte  na  Cathe- 
dral  de  Lisboa  foraõ  duas  doutiíTimas  Apolo- 
gias que  juftificavaõ  a  acçaõ  dos  Portuguezes 
aclamadores  da  Mageftade  de  D.  loaõ  o  IV. 
contra  os  quais  fe  armou  inutilmente  a  penna 
dos  defenfores  da  intrufaõ  Caftelhana.    Nas 
matérias  mais  graves  era  fempre  confultado 
pelas   principaes   peíToas   da   Corte   feguindo 
fempre  o  feu  voto  por  fer  fundado  em  os  dida- 
mes  de  huma  conciencia  timorata,  e  nas  re- 
foluçoens  dos  Doutores  mais  infignes.   Nunca 
pertendeo  lugar  algum,  antes  os  que  exercitou 
na    Religião    foraõ    aceitos    com    manifefta 
repugnância.     Foy    taõ    auftero    no    comer, 
como    parco    no    faUar,    de    tal    forte    que 
fendo   provocado   pela  indifcreta   loquacida- 
de de  alguns  domefticos   naõ  proferia  pala- 
vra,   que    indicaífe    a    menor    alteração    do 
animo.    Na  vefpera    da  Afcençaõ  de  Chrif- 
to    do    anno    de    1650.    o    acometeo    huma 
parlefia    que    o    privou    do    movimento    de 
meyo  corpo,  e  como  Uie  permitia  paífar  o 
tempo    com    a    liçaõ    dos    livros    tolerava 
confiantemente  a  gravidade  do  achaque  até 
que    paíTados    finco    annos    recebidos    com 
fumma   piedade    os    Sacramentos    expirou   a 
26   de  lulho   de    1655.   no   Convento   de   S. 
Francifco    da    Qdade    quando    contava    78 
annos   de  idade   e   61    de  reUgiofo.    Fazem 
delle  iUuftre  memoria  Fr.  Manoel  da  Efpe- 
rança   Hifi.   Seraf.  da    Prov.   de    Portug.    Part. 
I.    Uv.    2.    cap.    20.    n.    6.    e   Fr.    Fernando 
da   Soled.   Hift.   Seraf.   Part.    3.   liv.    i.   cap. 
21.  e  Part.  3.  liv.  3.  cap.  33.  Cardofo  Affol.  Lm- 
Jit.  p.  140.  col.  2.     VaraÕ  digno  de  todo  o  lou- 
voT>    S^ande    em  Jâencia,    major    em    Re/i^aõ 


ÓI2 


BIBLIO THE  CA 


conhecido  em  toda  Hefpanha  pela  Predica  o  qual 
na  Ordem  obteve  por  muitas  pe^es  os  mais  au- 
tòorif^ados  cargos  delia  grangeados  por  fua  muita 
prudência,  e  fuave  governo.  E  certo,  que  Je 
a  Provinda  de  Portugal  naÕ  tivera  muitos  fo- 
geitos  injiffies  em  letras,  ejle  fomente  hafiava 
para  a  acreditar,  e  honrar.  Joan.  Soar.  de 
Brito  Theatr.  ILuJit.  Utter.  lit.  I.  n.  20. 
Vir  doHiis,  eb»  eruditus.  Fr.  Petr.  de  Alva  Mi- 
lit.  Concept.  col.  734.  Fr.  loan.  a  D.  Ant. 
Bib.  Francifc.  Tom.  2.  p.  136.  col.  15.  Com- 
po2. 

Sermão  da  Immaculada  Conceição  da  Mãy 
de  Deos  feito  na  Capella  Keal  ajfiftindo  nel- 
la  a  primeira  ven^  S.  Magejlade  outo  dias 
depois  da  fua  aclamação.  Lisboa  por  An- 
tónio   Alvres    Impreflbr    delRey.     1641.    4. 

Sermão  do  fegundo  Domingo  do  Advento 
nono  dia  de  De;(embro,  e  da  Aclamação  delKey 
D.  JoaÔ  o  IV.  Lisboa  pelo  dito  Impreflbr. 
1641.    4. 

Foraõ  traduzidos  nas  linguas  Franceza 
e  Italiana,  e  difcorreraõ  com  aplauzo  por 
toda  a  Europa  como  affirma  Fr.  Fer- 
nando da  Soledade  no  lugar  aíTima  alle- 
gado   n.    818. 

Sermão  das  Exéquias  do  SereniJJimo  Infante 
D.  Duarte  na  Santa  Sé  Metropolitana  de  Lis- 
boa. Lisboa  por  António  Alvres  Impref- 
for  delRey.    1650.   4. 

Conftituiçoens  dos  Cavalleiros  da  Ordem 
Militar  da  Immaculada  Conceição  da  Virgem 
Santijfima,  que  debaixo  da  Kegra  de  S. 
Francifco  inflituiraõ  com  authoridade  Apoflo- 
tica  em  o  anno  de  1625.  Fernando  Gon:(a- 
ga  Duque  de  Mantua,  Carlos  Duque  de  Ne- 
vers,  e  Adolpho  Conde  Althan,  divididas  em 
10.  Capítulos.  Foraõ  confirmadas  pela  San- 
tidade de  Urbano  VIII.  em  o  3.  anno 
do  feu  Pontificado.  Delias  como  de  feu 
Author  faz  memoria  Gubernatis  Orbis 
Seraphic.  Tom.  2.  lib.  13.  cap.  2.  n.  12. 
pag.  931.  Die  20  Maii  1625.  ipforum  Sta- 
tuta  confirmavit,  quibus  ordinandis  prafixum 
fuiffe  pra  cateris  Fr.  Joannem  de  Sanão 
Bernardino  ex  Provinda  Portugallia  infifftem 
Theologum  tunc  temporis  in  Romana  Cúria 
Generalem    Commijfarium    &c. 


lOAÕ  DE  S.  BERNARDO  MOS- 
TARDA natural  de  Lisboa  filho  de  Antó- 
nio Lopes  Moftarda,  e  Antónia  da  Penha, 
Cónego  fecular  da  florentiíTima  Congrega- 
ção do  Evangeliíla,  onde  foy  taõ  infigne 
na  Arte  do  Contraponto  em  que  deixou 
admiráveis  obras  como  em  o  minifterio  do 
púlpito.  Falleceo  no  Convento  de  Santo 
Eloy   a    3    de   Janeiro   de    1720.     Publicou. 

Sermão  da  injigrie  Cantora,  gloriofa  Virgem, 
e  portentov^a  Martyr  Santa  Cicilia  pregado  na 
Solemnidade,  que  lhe  confa^aÕ  os  Cantores  da  Corte 
na  Parochial  de  Santa  Jujla  nefla  Cidade  de  Lis- 
boa no  anno  de  171 8.  Lisboa  por  Miguel 
Manefcal.   171 9.  4. 

Fr.  lOAÕ  DE  BESTEYROS  Monge 
Ciftercienfe,  e  dos  primitivos  habitadores 
do  Real  Convento  de  Alcobaça,  varaõ 
pio,    e    elludiofo.    Compoz. 

Vita,  Ó"  quamplurima  miracula  S.  Thoma 
Archiepifcopi  Cantuarienfis,  qui  pajfus  efl  fub 
Henrico  Rege  Anglia  anno  1170.  Acabou  efta 
obra  no  anno  de  Chrillo  1185.  quinze  annos 
depois  do  martyrio  do  Santo,  e  trinta,  e 
fete  da  Fundação  do  Convento  de  Al- 
cobaça. Conferva-fe  M.  S.  in  foi.  na  Bi- 
bliotheca    do    mefmo    Convento. 


Fr.  lOAÕ  BOTAFOGO  natural  da 
Cidade  de  Elvas  em  a  Provinda  Tranf- 
tagana  filho  de  loaõ  Gonfalves  Botafo- 
go e  Leonor  Rodrigues  Sembrana.  Pro- 
feflbu  o  fagrado  inftituto  da  Ordem  dos 
Pregadores,  em  o  Convento  do  fua  Pá- 
tria a  12  de  Mayo  de  1641.  onde  foy 
Meftre  de  Theologia  Moral  no  Real  Col- 
legio  de  N.  Senhora  da  Efcada  de  Lis-  ■ 
boa,  e  Pregador  Geral  de  cujo  minifte- 
rio   publicou. 

Sermão   do    Defcendimento   de    Chrifto    Nof- 

fo  Senhor,   Sentimentos,   e  lagrimas  da    Virgem 

Senhora    Nojfa    pregado    no    Convento    de    S. 

Domingos    de    Lisboa    em    2^     de    Março    de 

1674.    Lisboa   por   loaõ   da   Cofta    1674.  4. 

Delle  faz  breve  memoria  Fr.  Pedro 
Monteiro  Claujir.  Domin.  Tom.  3.  pag. 
254. 


L  USITANA, 


6i5 


Fr.     lOAÕ     DE     BRAGA     natural     da 

1    auguíla    Cidade    do    feu    appellido,    e    reli- 

I    giofo    da    Sagrada    Ordem    dos    Pregadores. 

Foy    Doutor    em    Theologia,    e    Prior    do 

Gjnvento    de    Guimaraens    em    o    anno    de 

1410.     Efcreveo. 

Tratado  colhido  das  memorias  antiguas  de 
como  Je  principiou  o  edifício  do  Convento  de  Gui- 
maraens. Foy  efta  obra  compofta  no  anno 
de  141 5.  e  acrecentada  pelo  mefmo  author 
no  anno  de  1434.  como  refere  Fr.  Luiz 
de  Souza  Hiji.  de  S.  Domingos  do  Rejno  de 
Portug.  Part.  i.  liv.  4,  cap.  13.  e  15.  e  Fr. 
Pedro  Mont.  Claufir.  Domin.  Tom.  3.  pag. 
234. 

lOAÕ  BRAVO  CHAMISSO  natural 
da  Villa  de  Serpa  em  a  Provincia  Tranf- 
tagana,  filho  de  Pedro  Bravo.  Eíludou 
Artes  em  Évora,  e  Medecina  em  Coim- 
bra fahindo  taõ  eminente  neíla  Faculdade, 
que  a  illuftrou  com  o  feu  Magiílerio 
fendo  Proprietário  da  Cadeira  da  Anato- 
mia de  que  tomou  poíTe  a  3  de  Abril  de 
1601.  e  da  Vefpera  a  7.  de  Fevereiro  de 
161 5.  onde  jubilou  a  24.  de  Julho  de 
1624.  Delle  fazem  honorifica  mençaõ  Za- 
cut.  HiJl.  Med.  Princip.  lib.  2.  hift.  42. 
dub.  29,  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i. 
fttg.  504.  col.  2.  loan.  Soar.  de  Brito 
Tbeatr.  Ljijit.  Utter.  lit.  I.  n.  22.  Abrah. 
Mercklin.    Und.    Renovat.     Compoz. 

De  medendis  Corporis  malis  per  manualem 
operationem.  Conimbricre  apud  Didacum  Go- 
mes do   Loureiro.    1605.   4. 

De  Capitis  vulnerihus  liher.  ibi  per  eum- 
dem  Typ.   16 10.  foi. 

De  intentionihus  Chirurgicis.  Nefta  obra 
trata  da  Cura  por  Enfalmos  excitando  a 
queftaõ  fe  nas  palavras  pode  haver  eficácia 
para  curar,  e  refolve,  que  fim.  Dedicada  a 
D.  AíFonfo  Furtado  de  Mendonça  fendo 
Reytor  da  Univerfidade  de  Coimbra,  que  de- 
pois foy  Arcebiipo  de  Lisboa,  e  Governa- 
dor do  Reyno.  Contra  eíla  obra  efcreveo  o 
Doutor  Diogo  Pereira  profeíTor  de  Medeci- 
na   como    em   feu   lugar    deixamos    notado. 

lOAÕ  DE  BRITO  Veja-fe  P.  lOAÕ 
DE  PAYVA  da  Companhia  de  Jefus. 


V.  P.  lOAÕ  DE  BRITO  chamado  no- 
feculo  loaõ  Heytor  de  Brito  terceiro,  e  ul- 
timo filho  de  Salvador  de  Brito  Pereira 
Fidalgo  da  Caza  delRey  D.  loaõ  o  IV. 
e  feu  Trinchante  ao  tempo,  que  fubio  ao 
Trono  de  Portugal,  e  de  D.  Brites  Pereira 
naceo  em  a  Cidade  de  Lisboa  no  primeiro 
de  Março  de  1647.  No  Palácio,  onde  ti- 
nha o  exercicio  de  moço  Fidalgo  era  tal 
a  modeftia  de  feu  femblante,  e  a  compuíhi- 
ra  das  fuás  palavras,  que  fervia  de  exem- 
plar aos  AtUicos,  e  de  admiração  aos  Prín- 
cipes. Atrahido  fuavemente  da  vida  reli- 
giofa  como  mais  conforme  ao  feu  efpirito 
abraçou  o  inítítuto  de  Jefuita  em  o  Novi- 
ciado de  Lisboa  a  17  de  Dezembro  de 
1662.  quando  contava  a  florente  idade  de 
15  annos.  Eíhidada  Filofofia  em  o  CoUe- 
gio  de  Coimbra  diftou  letras  humanas  em 
o  de  Lisboa,  e  como  a  fua  mayor  inclina- 
ção era  annunciar  o  Evangelho  nas  vaílif- 
fimas  regioens  do  Oriente  fe  embarcou 
com  faculdade  dos  Superiores  a  24  de 
Março  de  1673.  Chegando  a  Goa  fe  apli- 
cou ao  eftudo  da  Theologia  em  que  fahio 
egregiamente  inílruido,  e  querendo  os  Pre- 
lados que  diftaíTe  Filofofia  em  Goa  fe  efcuzou 
dizendo,  que  naõ  viera  à  índia  bufcar 
aplauzos  das  Cadeiras,  mas  trabalhos  das  Mif- 
foens.  Acompanhado  do  Padre  António 
Freyre  partio  de  Goa  para  Ambalacata  nas 
terras  do  Malabar,  e  depois  de  tolerar  por 
todo  o  caminho,  que  era  fummamente  fra- 
gozo,  diverfas  moleítías  chegou  a  Madure 
deftinada  baliza  dos  feus  apoftoUcos  difvelos. 
A  prímeira  cultura,  que  emprendeo  foy  a 
Chriílandade  da  Refidencia  de  Colley,  e  do 
Reyno  de  Tanjaor  levantando  huma  Igre- 
ja em  Tatuanquerí  onde  com  ruina  de 
muitos  Ídolos  fez  adorar  o  verdadeiro  Deos, 
fofrendo  com  animo  conílante  a  perfegui- 
çaõ  de  alguns  Régulos,  e  a  infidelidade 
de  muitos  Gentios,  que  furíofos  o  bufca- 
vaõ  para  o  privarem  da  vida.  Ao  tempo, 
que  affiftía  em  Catur  no  Reyno  de  Gin- 
ga paíTou  à  Cofta  da  Pefcaria  lugar 
que  muito  venerou  por  ter  fido  fan£ti- 
ficado  com  a  prezença  do  Apoftolo  do 
Oriente  S.  Francifco  Xavier  donde  par- 
tio para  Travancor,  e  no  principio  do   an- 


ÓI4 


BIB  LIO  THE  CA 


no  de  1683.  eftando  na  Provinda  do  Gibo 
que  hc  do  Maravá  difputou  com  dous  le- 
trados da  Gentilidade  os  quais  vendofe 
convencidos  o  tratarão  com  graves  ignominias. 
Envejo20  o  inimigo  comum  das  muitas  al- 
mas, que  do  feu  infernal  poder  extrahia  efte 
infigne  Varaõ,  concitou  contra  elle  horríveis 
perfeguiçoens  de  que  eraõ  Ímpios  executores 
os  idolatras  das  Províncias  de  Vetavanaõ,  Ti- 
rumualey,  e  Xengama,  fendo  a  mais  feniivel 
a  que  padeceo  no  Reyno  do  Maravá  onde  pre- 
zo com  finco  Catequiftas  pelas  mãos,  e  pés 
com  groíTos  grilhoens  paíTou  fem  comer  o 
efpaço  de  dous  dias  fendo  ludibrio  de  toda 
a  gentilidade  que  o  aborrecia  como  inílrumen- 
to  da  mina,  e  abatimento  dos  feus  Ídolos. 
Conduzido  da  prizaõ  à  prezença  do  Rey  que 
o  tinha  condenado  à  morte  de  tal  modo  fe 
penetrou  da  vehemente  energia  com  que  o 
Varaõ  apoílolico  lhe  explicou  os  myílerios 
da  noíTa  Fé,  que  promptamente  revogou  a 
fentença  contra  elle  fulminada.  Chamado 
pelo  Provincial  do  Malabar  lhe  fignificou 
como  era  precizo  paíTar  a  Roma  para  infor- 
mar ao  Geral  dos  progreílos  da  MiiTaõ  de 
Madure.  Chegou  a  Lisboa  a  8  de  Setembro 
de  1688.  onde  foy  recebido  pela  mageílade 
<delRey  D.  Pedro  II.  com  diftintas  fignifica- 
çoens  de  agrado  naõ  fomente  pela  memoria 
que  confervava  do  tempo  em  que  no  Paço 
fora  moço  Fidalgo,  mas  do  apoílolico  zelo 
<:om  que  tinha  promovido  a  converfaõ  da 
Gentilidade.  Determinou  o  mefmo  Monar- 
cha  que  foíTe  Meílre  de  feus  fereniffimos 
filhos,  porém  agradecendo  a  honra  do  mi- 
nifterio  a  naõ  aceitou  proteílando  a  ElRey 
que  o  feu  magiílerio  eílava  deílinado  para 
aquellas  almas,  que  jaziaõ  fepultadas  no 
abifmo  da  idolatria  fendo  eíla  incumbên- 
cia a  mais  nobre,  e  illuílre  que  todas  as 
dignidades  do  mundo.  Dezenganado  de 
hir  a  Roma  por  motivos  políticos  que 
lhe  impedirão  a  jornada  refolveo  partir 
fem  demora  para  a  índia,  e  vencidos  for- 
tes obftaculos  armados  contra  eíla  refo- 
luçaõ  fe  embarcou  no  anno  de  1690.  em 
cuja  viagem  experimentarão  os  navegan- 
tes os  efeitos  de  feu  compaífivo  coração 
aífiílindo  a  huns  como  ConfeíTor,  a  ou- 
tros    como     Medico,     e     Enfermeiro     fem 


atender  ao  rifco  da  faude,  e  ao  perigo  da 
vida  que  quazi  eíleve  agonizante  de  huma 
graviífima  doença  cauzada  do  continuo  tra- 
balho. Tanto  que  chegou  a  Goa  fe  em- 
barcou para  o  Malabar  donde  fe  introdu- 
zio  no  Reyno  do  Maravá  fituado  entre 
Madure,  e  a  Coíla  da  Pefcaria,  do  qual 
era  Soberano  o  Regulo  Rauganada-deven, 
que  perfidamente  ufurpara  a  feu  Sobrinho 
o  Príncipe  Taria-daven.  No  efpaço  de  quin- 
ze mezes  foy  copiozo  o  fruto,  que  o  feu 
ardente  zelo  colheo  neíla  agreíle  vinha  pois 
entre  outo  mil  Cathecumenos,  que  purificou 
com  as  aguas  do  bautifmo,  foy  o  Príncipe 
Taria-daven  o  qual  querendo  recuperar  a  fau- 
de do  corpo,  confeguio  felifmente  a  da  alma. 
Eílimulados  os  Brâmanes  deíla  converfaõ 
propuzeraõ  ao  Regulo  do  Maravá  a  fatal 
guerra,  que  tinha  movido  contra  o  culto  dos 
Deofes,  e  veneração  dos  Pagodes  aquelle  Pre- 
gador do  Occidente  pois  fe  lhe  naõ  mandava 
tirar  a  vida,  certamente  fe  extinguia  a  Ley 
taõ  religiofamente  obfervada  por  feus  Mayo- 
res.  Condefcendeu  a  eílas  palavras  o  Tyrano 
ordenando  que  foíTe  conduzido  o  Ven.  Pa- 
dre à  Corte,  e  depois  de  eílar  prezo  vinte,  e 
três  dias  em  que  tolerou  as  mayores  afrontas 
o  mandou  vir  à  fua  prezença,  e  provada 
com  diverfos  exames  a  conílancia  da  Fé  que 
pregava,  receando  algum  tumulto  o  remeteo 
à  Cidade  de  Urgur  diílante  duas  jornadas 
da  Corte.  Levado  a  hum  Outeiro  eminente 
ao  rio  Pamparru  foy  defpojado  dos  feus  veíli- 
dos  por  íinco  algozes,  que  vendo  pendente 
do  pefcofo  hum  relicário  imaginarão  fer 
depozito  dos  feitiços  com  que  encantava 
aos  convertidos  por  cuja  cauza  receando 
fe  o  tocaíTem,  ferem  atrahidos  do  mali- 
ficio,  hum  delles  cortou  com  a  efpada  o 
cordaõ  de  que  pendia,  recebendo  em  hum 
lado  huma  penetrante  ferida  de  que  co- 
meçou a  manar  copiofo  fangue.  Sem  de- 
mora arremeterão  furiofamente  a  prender 
aquella  innocente  viélima,  e  atando-lhe 
as  mãos,  e  barba,  que  era  muito  com- 
prida, foy  degollado  de  hum  golpe  cuja 
cabeça,  mãos,  e  pés  cortados  fufpcnde- 
raõ  da  cintura  do  cadáver  que  arvorado 
em  hum  altiífimo  pao,  e  expoílo  por  ou- 
to  dias   à   inclemência   do   tempo,   foy   co- 


I 


L  U  SITANA. 


6i5 


mido  pelas  feras  como  tinha  vaticinado. 
Com  efte  género  de  martyrio  confumou  a 
fua  apoílolica  vida  o  Ven.  P.  loaõ  de 
Brito  a  4  de  Fevereiro  de  1695  confir- 
mando Deos  com  grande  numero  de  mi- 
lagres quanto  lhe  fora  agradável  o  facrifi- 
do  defte  feu  fervo,  cuja  Beatificação  fe 
efpera  com  devota  impaciência  por  eílar 
muito  propinqua  a  fua  declaração.  Efcre- 
veo  com  eíHlo  elegante  a  fua  vida  feu 
Irmaõ  Fernando  de  Brito  Pereira  de  quem 
já  fizemos  mençaõ  em  feu  lugar,  a  qual  fahio 
impreíTa.  Q)imbra  no  real  Collegio  das  Artes 
1722.  foi.  Delle  fe  lembraõ  honorificamente 
o  P.  Franco  Imag.  da  Virtud.  em  o  Nov.  de  Lisboa 
liv.  4.  cap.  15.  até  32  e  Ann.  Glor.  S.  I.  in 
Ljijit.  p.  55.  O  P.  Manoel  GDimbra  Epit. 
da  Vid.  e  morte  do  V.  P.  O  P.  Francifco 
Laynes  Superior  da  MiíTaõ  de  Madure  em 
huma  larga  Carta  aos  Padres  da  Companhia, 
que  trabalhão  na  dita  Milíaõ  efcrita  de 
Madure  a  10  de  Fevereiro  de  1693  onde 
relata  individualmente  as  circunílancias  do 
martyrio  deíle  infigne  Varaõ.  Sahio  tra- 
duzida em  Francês  nas  Lefres  Edifiantes,  e 
curieufes,  ecrites  des  Mijfwns  Etrangeres.  Part. 
2.  defde  pag.  i.  até  56.  Efcreveo  o 
Ven.  P. 

Carta  efcrita  da  prit^aÕ  de  Maravà  efiando 
condenado  à  morte  ao  P.  Provinda/  do  Malabar 
o  P.  Manoel  Rodrigues  em  30  de  lulho  de  1686. 
Sahio  na  Imag.  da  Virtud.  aflima  allegada 
p.  807.  e  na  Yida  do  mefmo  fervo  de  Deos.  efcrita 
por  feu  Irmaõ.  p.  247. 

Carta  efcrita  do  cárcere  a  ^  de  Fevereiro 
de  1693.  ao  Padre  Francifco  Laynes.  Sahio 
na  Imag.  da  Virtud.  p.  833.  e  na  Vida  do  mef- 
mo fervo  de  Deos  efcrita  por  feu  Irmaõ. 
p.  199. 

Carta  ao  P.  loaÕ  da  Cofia  Mijfionario  do 
Malabar  efcrita  do  cárcere  a  1,  de  Fevereiro  de 
1693.  Sahio  na  Imag.  da  Virtude  p.  833. 
e  834. 

Quatro  Cartas  efcritas  a  feu  IrmaÕ  Fernando 
Pereira  de  Brito  quando  veyo  da  índia  a  Portu- 
gal por  Procurador  Geral  da  Mijfaõ.  Sahiraõ 
impreílas  no  fim  da  Vida  do  dito  Padre  ef- 
crita por  feu  Irmaõ  pag.  240.  até  242. 

Carta  efcrita  a  feu  IrmaÕ  de  Goa  a  zd  de  laneiro 
de  1691. 


Carta  efcrita  da  MijfaÕ  a  feu  IrmaÕ  em  xz. 
de  Setembro  de  1692. 

Sete  cartas  efcritas  ao  P.  loaõ  da  Cofia  Mijfio- 
nario do  Malabar. 

Carta  ao  P.  Luis  Pereira  da  Companhia 
de  lefus  efcrita  de  Madure  a  z^  de  Mayo  de 
1692. 

Carta  efcrita  do  cárcere  ao  P.  Francifco  Laj" 
nes  Superior  da  Mijfaõ  de  Madure  a  i  de  Fevereiro- 
de  1693.  He  diferente  da  outra  que  eftà  aífima 
pofta. 

Todas  eftas  Cartas  eílaõ  impreífas  na  Vida 
defte  Ven.  P.  efcrita  por  feu  Irmaõ  defde  pag.. 
245.  até  250. 

lOAÕ  DE  BRITO  BOTELHO  na- 
tural da  Gdade  de  Évora  Fidalgo  da  caza 
Real  filho  de  Luiz  Lobo  da  Gama,  e  de 
D.  Margarida  de  Brito.  Foy  Eftribeiro  do 
Senhor  D.  lozé  filho  natural  delRey  D. 
Pedro  n.  meritiíTimo  Arcebifpo  de  Braga. 
Entre  a  grande  aplicação  que  tem  à 
Hiftoria  cultivou  com  particular  difvelo  a 
Genealogia  extrahindo  dos  Carthorios  pu- 
bUcos  da  Provinda  do  Alentejo  muitas 
noticias    com    as    quais    formou. 

Genealogias  das  Famílias  pertencentes  á  Ci- 
dade de  Évora,  Villa  de  Olivença,  e  ou- 
tras terras  da  Provinda  Tranflagana  M.  S. 
Da  obra,  como  de  feu  Author  faz  me- 
moria o  P.  Souza  Tom.  8  da  Hifl.  Gen^ 
da  Ca^.  Keal  Portug.  no  fim  pag.  17. 
§•    23- 

lOAÕ  DE  BRITO  DE  CASTELLO- 
BRANCO  infigne  lurifconfulto,  e  elegante- 
Poeta  cuja  fonora  Mufa  deixou  eternizada 
na    obra    feguinte. 

Kelacion  de  las  Fieflas  conque  la  Ciudad  der 
Porto  folenit^  el  feli^  nacimiento  dei  Príncipe  Bal- 
the^ar  Carlos  Domingo  nuefiro  Senor  hijo  primo- 
génito dei  auguflijfimo  Rey  de  las  Efpanas  D.  Fi- 
lippe  IV.  en  dia  de  la  Expeãacion  dei  Par- 
to de  Nueflra  Senora  de  1629.  Porto  por  luan 
Rodrigues.  8.  Naõ  tem  anno  da  ediçaõ. 
Confta  de  44  Outavas  Caftelhanas.  Dedicada 
a  D.  Fr.  loaõ  de  Valladares  Bifpo  do  Porto. 
Do  author,  e  da  obra  faz  mençaõ  loan.  Soar. 
de  Brito   Tbeatr.  Lufit.  Liter.  Lit.  I.  n.  23  ► 


^ló 


BIB  LIO  THE  C  A 


lOAÕ  DE  BRITO  DE  LEMOS  natural 
da  Cidade  de  Bragança  Cavaleiro  Fidal- 
go da  Caza  Real,  e  Ajudante  do  Terço 
da  Infantaria  de  que  era  Coronel  Braz 
Tellez  de  Menezes,  cujos  Pays,  c  Avos 
foraõ  criados  da  Sereniffima  Caza  de 
Bragança  fendo  taõ  nobre  por  nacimen- 
to,  como  infigne  na  fciencia  militar  ex- 
trahindo  com  fumma  aplicação  dos  me- 
lhores profeflbres  defta  Arte  os  preceitos 
para  inílruçaõ  dos  Soldados,  e  Gene- 
neraes,  a  qual  illuílrada  com  exemplos 
antigos,  e  modernos  publicou  com  o  fe- 
guinte    titulo. 

Ahecedario  militar  do  que  o  foldado  deve  fa^er 
té  chegar  a  Jer  Capitão,  e  Sargento  mór,  e  para 
cada  hum  de  lies  in  folidum,  e  todos  juntos  faberem 
a  obrigação  de  Jeus  cargos,  e  o  modo,  que  teraÕ 
em  formar  Companhias,  Batalhoens,  e  Efqua- 
droens  de  mayor,  ou  menor  numero  de  foldados, 
e  como  fe  desfarão,  e  fe  retirará  a  Rai^  quadra 
para  os  faber  formar,  e  outras  couv^as  curiofas, 
que  os  afeiçoados  a  efla  Arte  folgarão  de  faber. 
Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck.  163 1.  4.  De- 
dicado ao  SereniíTimo  Duque  de  Bragança  D. 
Theodozio  II. 

Delle  fe  lembraõ  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  pag.  505.  col.  i.  e  loan.  Soar.  de 
Brito  Theatr.  'Lufit.  Litter.  lit.  I.  n.  24. 

lOAÕ  DE  BRITO  DE  LIMA  Na- 
•ceo  em  a  Cidade  da  Bahia  Capital  da 
America  Portugueza  a  22  de  Outubro 
de  1671.  fendo  filho  de  Sebaftiaõ  de 
Araújo,  e  Lima  Tenente  General  da  arti- 
lharia, e  Alcayde  mòr,  e  de  D.  Anna  Ma- 
ria da  Sylva.  Naõ  eftudando  mais,  que 
os  rudimentos  gramaticaes,  a  natureza  o 
dotou  de  engenho  taõ  vivo,  e  compre- 
henfaõ  taõ  fublime,  que  fez  celebrado  o 
feu  nome  pela  copiofa  afluência  dos  feus 
verfos  ornados  da  noticia  da  Hiíloria  fa- 
grada,  e  profana,  Mythologia,  e  todo  o 
género  de  erudição,  naõ  havendo  af- 
fumpto  feílivo,  ou  fúnebre,  lyrico,  ou 
heróico  em  que  a  fua  Muza  naõ  levaííe 
a  primazia.  Exercitou  três  vezes  o  lugar 
<ie  Vereador  do  Senado  da  fua  pátria 
onde  foy  Capitão  de  Infantaria  dos  Au- 
xiliares de  que  era  Mcftre  de  Campo  Ale- 


xandre de  Souza  Freyre.  Na  Acadc 
que  inftituhio  na  Bahia  o  ExcellentilTi 
Conde  de  Sabugoza  Vafco  Fernandes  Cc- 
zar  Vicerey  do  Eftado  do  Brazil  foy 
hum  dos  feus  principaes  alumnos  viven- 
do taõ  abundante  dos  dotes  da  natu- 
reza, como  falto  dos  bens  da  fortuna. 
Compoz. 

Poema  Elegíaco,  e  narração  verdadeira  em 
que  fe  defcrevem  as  Feflas,  que  o  Mefhre  de 
Campo  loaõ  de  Araújo  de  Ai^evedo  man- 
dou celebrar  na  Cidade  da  Bahia  em  obfe- 
quio  do  primogénito  do  Excellentijftmo  Se- 
nhor Conde  de  Villaverde  Neto,  e  herdeiro 
do  Rxcellentijftmo  Senhor  Marque^  de  An- 
geja  dignijftmo  Vicerey  dos  Eflados  da  ín- 
dia, e  Bra:(il.  Lisboa  por  Miguel  Manef- 
cal  ImpreíTor  do  S.  Officio  171 8.  4. 
Coníla  de  4.  Cantos  compoftos  de  du- 
zentas,   e    noventa,    e    três    Outavas. 

Poema  Feflivo,  breve  recopilaçaõ  das  fo- 
lemnes  Feflas,  que  obfequiofa  a  Bahia  tribu- 
tou em  aplau!(p  das  fempre  fauflas  regias 
vodas  dos  Serenijftmos  Príncipes  do  Brasil» 
e  das  Aflurias  com  as  Ínclitas  Princesas  de 
Portugal,  e  de  Caflella.  Lisboa  na  Offi- 
cina  da  Mufica.  1729.  4.  Coníla  de  cen- 
to   e    vinte    e    outo    Outavas. 

Poema  Panegyríco  em  que  fe  defcrevem 
pátria,  nacimento,  e  lugares,  que  fervio  o 
meritijfimo  Dei^embargador  Ignacio  Dias  Ma- 
deira. Lisboa  por  Miguel  Manefcal  da 
Coíla.     1742.    4.     Confta    de    37.    Outavas. 

A'  morte  de  D.  Leonor  Io:(epha  de  Vi- 
lhena molher  de  D.  Rodrigo  da  Cofia  Go- 
vernador do  Eflado  da  Bahia.  Quatro  So- 
netos, 2  Caílelhanos,  e  2  Portuguezes 
Acroílhicos.  2  Glojfas  a  huma  Decima. 
Sahiraõ  no  Summar.  da  Vid.  e  mort.  defia 
Senhora.  Lisboa  por  António  Pedrozo  Cai- 
rão.   1721.    4. 

Cev^aria.  Poema  Heróico,  que  coníla 
de  1300.  Outavas  cm  que  fc  defcrcvc 
a  Genealogia  do  ExcellentiíTimo  Conde 
de  Sabugoza  Vafco  Fernandes  Cezar,  fuás 
açoens,  e  fuceíTos  no  progreíTo  dos  feus 
governos  da  índia,  c  Brazil,  onde  foy 
Vicerey.    M.    S. 

Poema  á  entrada,  que  /<r:ç  de  Capi- 
tão   da    Infantaria    Manoel   Xavier    Ala  filho 


L  USITAN  A. 


6iy 


do  Meftre  de  Campo,  e  Governador  de  Santos 
Joaõ  dos  Santos  Ala.  M.  S. 

Poema  à  profiffaõ  de  duas  Irmãas  no  Convento 
de  Santa  Clara  da  Bahia.  M.  S. 

Poema  a  htimas  Fejlas  Confagradas  a  Santo 
António  por  Sebajiiaõ  Gago  da  Camará.  M.  S. 

Sylva  à  feli^  chegada  do  Excellentijftmo  Arce- 
bifpo  da  Bahia  D.  Lui^  Alvares  de  Figueiredo. 
M.  S. 

Diverfos  géneros  de  Metros,  de  que  fe  pode 
formar  hum  Volume  de  jufta  grandeza.  M.  S. 

lOAÕ  DE  BRITO  DE  MELLO  na- 
tural da  Villa  de  Setúbal  Cavalleiro  pro- 
feíTo  da  Ordem  de  Chrifto,  Fidalgo  da 
Caza  Real,  Provedor  da  Alfandega  da 
fua  pátria  filho  de  Joaõ  de  Brito  de 
Mello,  e  de  fua  mulher  Izabel  Coelho. 
Foy  muito  eftudiofo,  e  hum  dos  cele- 
bres alumnos  da  Academia  dos  Injignes 
inítítuida  em  Setúbal.  Teve  igual  génio 
para  a  Poezia,  como  para  a  Hiíloria 
compondo  com  beneplácito  dos  Religio- 
fos    Arrabidos. 

Chronica    da     Provinda    de    Santa    Maria 
da    Arrábida    dividida    em  finco    livros.    Con- 
fervava-fe     M.     S.     no     Convento     de     S. 
Pedro     de     Alcântara     deíla     Corte,     cuja 
obra    vio    o    Padre    Francifco    da    Cruz    da 
Companhia    de    lESUS    como    efcreve    nas 
Memorias    M.    S.    para    a    Bih.    Portug.    fu- 
pofto,    que    Fr.     António    da    Piedade    na 
Chronica,  que  modernamente  imprimio  deíla 
Provinda   afíirme,    que   fomente   fe   acháraõ 
finco    cadernos    da    Chronica    compoíla    por 
loaõ  de  Brito  de  Mello,  a  qual  devia  dei- 
xar completa  pois   em  feu  aplauzo  lhe  de- 
dicou   o    feguinte    Soneto    o    Doutor    loaõ 
Soares  da  Gama  contemporâneo  do  Author. 
Nefte  Volume,  tal  na  contextura. 
Que  aos  majores  excede  fendo  breve 
Se  vè  quanto  efcrevera  quem  defcreve 
Com  tantas  flores  huma  ferra  dura. 
Do  monte  pois  Barbarico  a  efpejfura 
Se  com  tal  Efcritor  tal  dita  teve. 
Diga,  que  a  competir  hoje  fe  atreve 
Com  os  que  a  Fama  pot(^  na  mor  altura. 
Mas,  que  muito,  fe  aqui  delineado 

Defde  a  rai:^,  que  a  idade  oculta  tinha 
Se  admira  hH  Templo  a  votos  confagrado. 


Seja  pois,  fe  ao  Ceo  tanto  fe  avif^inha, 
Dos  Chroniftas  P^ey  Brito  afamado, 
Das  Provindas  a  Arrábida  Kaynha. 
Compoz  mais. 

Fefias  ao  Nacimento  do  Serenijfimo  Infante 
D.  Pedro  em  o  anno  de  1648.  4.  Confta  de 
Outavas. 

FaUeceo  com  fumma  piedade  em  a  fua 
pátria  no  anno  de   1682. 

P.  lOAÕ  CABRAL  religiofo  da  Com- 
panhia de  lESUS,  e  Operário  Evangélico 
da    Vinha    do    lapaõ.    Efcreveo. 

Carta  para  os  Irmaõs  da  Companhia  de  Por- 
tugal efcrita  do  lapaõ  a  1^  de  Novembro  de  1566. 
Começa.  Vendo  a  obrigação  &c.  Sahio  im- 
preífa  nas  Cart.  do  lapaõ,  e  China  dos  PP.  da 
Companhia  Évora  por  Manoel  de  Lyra  1398. 
foi.  228.  Traduzida  em  Caftelhano.  Alcala 
por  luan  Iniguez  de  Lequerica.  1575.  4.  a 
foi.  263.  e  Coimbra  por  António  de  Maris. 
1570.  4.  a  foi.  589. 

P.  lOAÕ  CABRAL  natural  da  Villa 
de  Celorico  da  Província  da  Beyra  filho 
de  António  Sarayva  de  Vafconcellos,  e  D. 
Catherina  Sarayva  Cabral.  Quando  con- 
tava a  tenra  idade  de  quatorze  annos  re- 
cebeo  a  roupeta  da  Companhia  de  lESUS 
em  o  Collegio  de  Coimbra  a  13  de  lunho 
de  161 5.  ImpeUido  do  zelo  da  conver- 
faõ  da  gentilidade  paílou  à  índia,  e  de- 
zejando  os  Superiores  da  Provinda  do 
Malabar  introduzir  MiíTionarios  em  Tibet 
pelo  caminho  de  Bengala  por  fer  mais 
breve  do  que  pelas  Serras  de  Siranegar 
por  onde  tinha  entrado  na  Tartaria  o  Pa- 
dre António  de  Andrade,  foy  nomeado 
companheiro  dos  Padres  Eftevaõ  Caííela, 
e  Manoel  Diaz  os  quais  morrendo  nefta 
empreza  delia  fahio  falvo  o  Padre  Ca- 
bral havendo  padecido  graviíTimas  enfer- 
midades, e  innumeraveis  tribulaçoens,  até 
que  chegou  a  fer  teílemunha  do  celebre 
cerco  de  Ugulim,  e  da  lamentável  def- 
graça  da  entrega  de  Malaca.  Foy  Provin- 
cial da  Provinda  do  lapaõ,  e  Prepofito 
da  Caza  profeíía  do  bom  lefus  de  Goa 
onde  paíTou  a  milhor  vida.  AíTiílio  à  morte 
do  V.  Irmaõ  Pedro  do  Bailo  fucedida  no  pri- 


6i8 


BIB  LIOTHECA 


meiro  de  Março  de  1645.  Delle  faz  memoria 
o  Padre  Queiroz  Vid.  do  Irm.  Bajio.  liv.  2. 
cap.  22.    Efcreveo. 

Kelaçaõ  copio/a  dos  trabalhos  grandes,  que  pa- 
deceo  na  MiJfaÕ  do  Tibeth.  Foy  mandada  a 
Roma  antes  do  anno  de  1635.  e  a  ouvio  ler 
o  P.  Fernando  de  Queiroz  como  efcreve  no 
lugar  aíTima  allegado. 

lOAÕ  DE  CÁCERES  natural  da  Villa 
da  Louzaã  íltuada  quatro  legoas  ao  Na- 
cente  da  Cidade  de  Coimbra  filho  de  illuf- 
tres  progenitores  quais  foraõ  Luiz  Mendes 
de  Cáceres  Senhor  de  Algodres,  Penaver- 
de.  Fornos,  e  Louzaá,  e  D.  Izabel  de 
Mello  fua  primeira  mulher.  Cultivou  as 
fciencias  feveras  em  a  Univerfidade  de  Pa- 
riz  onde  recebendo  o  grão  de  Meíbre  em 
Artes,  e  de  Doutor  em  a  Sagrada  Theo- 
logia  voltou  para  a  fua  pátria  onde  era 
o  refugio  da  pobreza  remindo  com  con- 
tinuas, e  copiofas  efmolas  a  innumeraveis 
peflbas  das  extremas  neceíTidades,  que  pa- 
decia augmentando-lhe  o  Ceo  repetidas  ve- 
zes o  paõ  que  difpendia  em  obra  taõ 
meritória.  Ordenado  de  Presbitero  fe  re- 
tirou a  hum  fitio  folitario  onde  fe  exer- 
citava em  perpetua  Oraçaõ,  e  continua 
abftinencia.  Perfuadido  das  continuas  fu- 
plicas  dos  feus  patricios  fe  reítítuhio  ao 
lugar  que  lhe  dera  o  berço,  e  na  Igreja 
Matriz  inílituhio  a  Confraria  do  SantiíTi- 
mo  Sacramento,  e  fabricou  huma  Capella 
dedicada  a  Chrifto  Crucificado  que  or- 
nou com  preciofas  dadivas,  e  renda  per- 
petua. Cheyo  mais  de  merecimentos  que 
de  annos  paíTou  a  lograr  o  premio  eter- 
no a  7  de  Fevereiro  de  1564.  quando 
contava  70  de  idade.  laz  fepultado  na 
Capella,  que  edificara  mandando  efcrever 
por  epitáfio  na  campa  que  lhe  cobre  o 
cadáver    as    palavras    feguintes. 

Vida  honejla. 

'Facultas  certa, 

Domus  quieta. 

Dona  caleJHa. 
Compoz. 

Traãatus  de  Santijftmo  Mijfa  Sacrifício.  M.  S. 
Tratado  dos  Rios,  e  portos  marítimos  da  índia 
até  o  Jeu  tempo  dejcubertos.  M.  S. 


Todas  eftas  obras,  como  outras  que  tra- 
tava© de  Medecina,  e  Cirurgia  defapareceraò 
com  a  morte  de  feu  Author,  do  qual,  como 
taõbem  delias  faz  larga  mençaõ  o  Licenciado 
lorge  Cardozo  Agiol.  Ijifit.  Tom.  i.  pag. 
371.  c  no  Commcnt.  de  7  de  Fevereiro  letr.  G. 

Fr.  lOAÕ  DE  S.  CAETANO  natu- 
ral da  Cidade  do  Porto  filho  de  loaõ 
Soares,  e  Clara  Pereira.  Profeflbu  o  Se- 
ráfico inftituto  no  Convento  de  Santa  Ma- 
ria de  lefus  de  Xabregas  cabeça  da  Pro- 
vincia  dos  Algarves  a  19  de  Março  de 
1698.  onde  pela  fua  fciencia,  e  nudu- 
reza  foy  Lente  jubilado  em  Theologia, 
Qualificador  do  S.  Officio,  Guardião  do 
Collegio  de  S.  Boaventura  de  Coimbra, 
e  de  S.  Francifco  de  Évora,  e  Confef- 
for  das  Religiofas  do  Mofteiro  da  Con- 
ceição de  Beja  onde  falleceo  no  anno 
de  1728.  Teve  fingular  talento  para  o 
púlpito,  e  dos  muitos  fermoens,  que  pre- 
gou com  aplaufo,  unicamente  fe  fez  pu- 
blico   o    feguinte. 

Sermão  no  Keal  Convento  de  N.  Senhora  do 
Carmo  de  Usboa  aos  25  dias  do  me^  de  Setem- 
bro de  11^1.  na  folemnidade  com  que  o  dito  Con- 
vento celebrou  a  Canoni^^açaÕ  de  S.  loaÕ  da  Cru^- 
Lisboa  por  Miguel  Rodrigues  1728.  4. 
Sahio  nas  Mem.  Hijlor.  Pareg.  e  Metríc. 
do  fagrado  culto  com  que  o  Keal  Conven- 
to do  Carmo  celebrou  a  Canoni:(açaÔ  do 
Doutor  Myjlico  S.  loaÕ  da  Cru^;  defde 
pag.    252.    atè    285. 

lOAÕ    CAETANO    CALADO    natural      | 
de    Lisboa   ProfeíTor   de    lurifprudencia   Ci- 
vil,   e    Advogado    da    Caza    da    Suplicação. 
Para     teftemunhar    o     cordial     afefto     com 
que    venerava    a    infigne    Virgem,    e   Mtr-     I 
tyr    Santa    Barbara    efcreveo. 

Novena  da  glorioja  V.  e  Aí.  Santa  Bar- 
bara advogada  para  fetis  devotos  naõ  morre- 
rem /em  os  Sacramentos,  e  contra  as  tor- 
mentas rayos,  e  pejle  com  hum  novo  hymno 
do  feu  Martyrio.  Lisboa  pelos  herdeiros 
de    Pafchoal    da    Sylva.     1725.     12. 


lOAÕ    CALDEYRA    natural    da    Gda- 
dc     de     Évora.     Eftudou     Medecina     nas 


i 


L  USITAN A. 


Ó19 


duas  celebres  Univeríidades  de  Coimbra,  e 
Salamanca  em  cuja  faculdade  fahio  eminente 
aíTim  na  Theorica,  como  na  praétíca,  que 
exercitou  na  Cidade  de  Portalegre,  e  depois 
na  Corte  de  Lisboa  com  credito  da  fua  fcien- 
cia.    Compoz. 

Traãatus  de  Fafcinatione.  M.  S.  foi.  Naõ 
fahio  à  luz  publica  por  lhe  fer  negada  a 
licença.  Delle  fe  lembra  brevemente  o  Padre 
Francifco  da  Fonceca.  Evor.  Glorio/,  pag.  412. 


Compoz, 

Cathalogo  das  Ca:(as  Titulares  de  Efpa- 
nha  fogeitas  aos  dom  Reys  delia,  como  de 
algumas  de  Itália  fundadas  por  EJpanhoes. 
Summario  da  principal  Nobreza,  e  fua  ori- 
gem, e  de  alguns  varoens  illuflres,  que  ouve 
nas  ditas  Cat(as.  Dedicado  a  Alexandre  de 
Sou!(a  Freyre  Governador,  e  Capitão  Gene- 
ral da  Bahia.  Compoiio  no  anno  de  1671. 
4.  M.  S. 


lOAÕ  CALMON.  Naceo  em  Lisboa  a 
8  de  Novembro  de  1620.  fendo  filho  de  Bel- 
trão Calmon  de  naçaõ  Francez,  e  geração  no- 
bre, e  de  Maria  de  Tovar.  A  mayor  parte  da 
fua  vida  militou  em  obfequio  defta  Coroa  prin- 
cipiando o  feu  exercido  na  Armada,  que  no 
anno  de  1638.  paíTou  ao  Brazil  comandada 
pelo  Conde  da  Torre.  ReíHtuido  ao  Reyno 
fervio  na  Província  da  Beyra  com  os  poílos 
de  Alferes,  Tenente,  e  Comiííario  Geral  da 
Cavallaria  donde  paíTou  a  Governar  a  Caval- 
laria  do  Alentejo  dando  de  feu  valor  herói- 
cos argumentos  nas  vitorias  alcançadas  dos 
Caílelhanos,  em  que  recebeo  três  feridas  em 
huma  batalha,  e  em  outra  prizionou  algims 
Cabos.  Naõ  foy  defigual  a  fua  valentia  quando 
foy  nomeado  Capitão  de  mar,  e  guerra  da  Náo 
Bom  Jefus  de  Bouças,  e  da  Náo  Noíía  Senhora 
da  Conceição  peleijando  alentadamente  na  ref- 
tauraçaõ  do  Eftado  de  Pernambuco.  Com  o 
mefmo  poílo  partio  na  Armada  de  que  era  Ge- 
neral Francifco  de  Brito  Freyre  em  17  de 
Abril  de  1655.  e  ultimamente  aíTiflindo 
no  Brazil  lhe  cometeo  Alexandre  de  Sou- 
za Freyre  Governador,  e  Capitão  General 
a  Superintendência  das  Fortificaçoens  por 
fe  recear  a  invazaò  da  Armada  Olan- 
deza  reedificando  com  grande  difpendio 
da  própria  fazenda  o  Forte  chamado  do 
Barbalho.  Foy  muito  inftruido  na  liçaõ 
da  Hiftoria  fecular,  e  da  Genealogia.  Falle- 
ceo  na  Qdade  da  Bahia  a  22  de  Abril  de 
1674.  quando  contava  54  annos  de  idade. 
Jaz  fepultado  no  Convento  de  S.  Bento. 
Delle  fazem  memoria  Francifco  de  Brito 
Freyre  Kelac.  da  Armad.  que  foy  ao  Brasil. 
5.  4.  e  o  Padre  Souza  Apparat.  à  Hiftor. 
-Gen.  da  Ca^.  Real  Portug.  pag.   121.  §.   133. 


lOAÕ  CALMON.  Naceo  em  a  Q- 
dade  da  Bahia  Capital  da  America  Por- 
tugueza  a  6  de  Setembro  de  1668,  e 
foraõ  feus  Pays  loaõ  Calmon  de  quem 
fe  fez  a  precedente  memoria,  e  D.  Ju- 
liana de  Almeyda.  Eftudou  no  Collegio 
pátrio  dos  Padres  lefuitas  Filofofia  em 
que  tomou  o  gráo  de  Meflxe  em  Artes, 
e  Theologia  donde  querendo  inílruir-fe 
na  Faculdade  dos  Sagrados  Cânones  paf- 
fou  à  Univerfidade  de  Coimbra,  e  nella 
fe  formou  com  grande  credito  da  fua 
capacidade.  Reftituido  à  pátria  no  anno 
de  1694.  e  ordenado  de  Presbítero  pelo 
Arcebifpo  D.  loaõ  Franco  de  Oliveira 
o  fez  feu  Vigário  Geral  fubindo  pelos 
feus  merecimentos  às  dignidades  de  Mef- 
tre  Efcola,  e  Chantre  na  Cathedral  da 
Bahia,  e  aos  lugares  de  Juiz  dos  Refi- 
duos,  e  Cazamentos,  Dezembargador  da 
Relação  Ecclefiaftica,  e  Promotor  do  Sy- 
nodo,  que  celebrou  o  Arcebifpo  D.  Se- 
baftiaõ  Monteiro  da  Vide,  Examinador 
Synodal,  Provizor,  e  Governador  do  Ar- 
cebifpado.  Juiz  das  Juflificaçoens  de  Ge- 
nere,  ComiíTario  do  Santo  Offido,  e  da 
Bulia  da  Cruzada,  e  Confervador  das  Re- 
ligioens  de  S.  Bento,  e  S.  Francifco. 
Morreo  na  pátria  a  6  de  Julho  de  1737. 
com  69.  annos  de  idade.  Foy  fepultado 
em  o  Mofteiro  de  S.  Bento  em  jazigo 
próprio  onde  defcançaõ  as  cinzas  de  feus 
Pays.     Publicou. 

Sermão  nas  Exéquias  da  ExcellentiJJima  Se- 
nhora D.  Leonor  ]ot(efa  de  Vilhena  celebradas  na 
Mifericordia  da  Cidade  da  Bahia  aos  ^o  de  Outu- 
bro de  17 14.  Lisboa  por  António  Pedrozo 
Galraõ  1721.  4. 


Ó20                                BIB  LIO  THECA 

lOAÕ    CAMELLO    Capellaõ,    e    Con-  lOAÕ     CAMPELLO     DE     MACEDO 

feíTor     do     noíTo     primeiro     Monarcha     D.  natural    da    Villa    de    Óbidos    do    Patriar- 

AíFonfo     Henriques,    e     o    primeiro    Chro-  chado     de     Lisboa     Thefoureiro     mór     da 

niíla    do    Reyno    de    Portugal.     Querendo  Capella    Real,    e    peritiíTimo    Meílre    de    Ce- 

efte   magnânimo   Principe   eternizar   na  pof-  rimonias     Eccleíiaílicas     como     o     intitula 

teridadc   por   beneficio   da   Hiíloria   as   glo-  loan.    Soar.    de    Brito    Theatr.    hufit.    Lit- 

riofas    açoens,    que    obráraõ    na    Conquiíla  ter.    lit.     I.     n.     25.     Fallcceo    em    Lisboa 

defte  Reyno   contra  a  barbara  potencia  dos  a     25     de     Mayo     de     1666.     GDmpoz. 

fequazes    de   Mafoma    aquelles    celebres  He-  Oj^cia    Sanítorum    pro    Capella    Regia    de 

roes,     que     foraõ     feus     Companheiros     af-  mandato    llluftriffimi,   ac    Keverendijfimi   D.    D. 

fim    do    perigo,    como    da    gloria    de    taõ  Joannis    à    Sylva    Capellani    mayoris    Ordinarii 

famoza    empreza    lhe    cometteo    a     13     de  Capella    domus    regia    ac    totius    Cúria    Lu- 

Junho   de    1145.    por   fer   ornado   de   juizo  jífana   typis   mandata.    UlyíTiponc   apud   Lau- 

prudente,    e    animo    fmcero    a    incumben-  rentium    Crasbeeck.     Typ.     Reg.     1633.     4. 

cia     de     narrar     as     origens     das     Familias  declaração,    que    agora   fa^    o    noffo    San- 

donde    procediaõ   por    quanto    (faõ    palavras  ^^^^^    p^^^    ^^^^^^    yjj^    j^y^  j^   ^^^   ^ 

da    Provifaõ    Real    em    que    nomea    a    loaõ  ^^ticipar    o  premente    anno    de    1659.    o  jejum 

Camello     para     efcrever     eíla     obra)     andou  ^    y-^-j-^    ^    ^    j^^g   ^^p^-j^^    ^^^^    ^^^ 

Jempre     comigo     nas    guerras,     e    conhece     bem  ^^    5^^^^     -^^j^j^^    ^    refoluçaõ  fobre  o    numero 

os    que    comigo    andáraõ,     e    fabe    donde    pie-  ^     ^    r^^„.^^    ^     ^     y-^j^^^    ^^    ^   j^ 

raõ,     e     he    pejfoa     de     boa     conciencia.     De-  ^^j^^^    ^^^    ^^^^    ^    ^-^^  j^j^^^   j^    „^g    ^^ 

zempenhou    o    preceito    real    como    da    fua  ^^^/.y^^^    ^    ^,^^^    ^    ^V^    Vigília  f em    ex- 

grande   capacidade   fe   efperava,   efcrevendo.  ^^^^^     declaração     da     Santa     Sé     Apojíolica. 

Summario  das  Familias,  e  primeiros  Conquijla-  Lisboa    por    Manoel     da    Sylva.     1639.    4^ 

dores  dejle  Rejno.  Re/oluçaÕ  fobre    o    numero    2.    da    Rubri- 

Defta    obra    fe    acharão    algumas    folhas  ^^    6.    de    Vigiliis.    Lisboa    por    Manoel    da 

na    Torre    do    Tombo,    que    tresladou    Gaf-  Sylva.     1639.    4. 

par     Alvares     de     Louzada     Efcrivaõ     da  DiJpofiçaÕ,    e    ordem    com    que  fe    celebrou 

mefma    Torre    como    afíirma    o    Padre    Fr.  o    bautifmo    do    Principe    D.    Affonfo    depois 

Francifco     Brandão     Monarch.     iMfit.     Part.  Rey    na    Capella    Real.     Lisboa    por    Paulo 

5.    liv.     17.     cap.     5.     onde    falia    de    feu  Craesbeeck.  1644.  4. 

author    loaõ    Camello,    fazendo    delle    ho-  Infiancias,    que  fa:(^    o    Cerimonial  dos   Bif- 

norifica     memoria     D.      Nicol.      de      Sant.  pos    às    opinioens,    que    o    Licenciado    Chriflo- 

Mar.    Chron.    dos   Coneg.    Regul.    liv.    9.    cap.  ^^j   Martins  fundado    nas    Rubricas   do    Mijfal 

9.    §.    7.    Mendes    Sylva.    Cathal.    Real   de  Romano     tra:^^     no   feu    opufculo    de    Ritibus 

Bfpanh.    §.     59.    n.     i.    e     Sampayo    Nob.  Sacris.    Lisboa   por   Domingos    Lopes    Ro- 

Vortug.    cap.    i.  fa.     1654.    4. 

The/ouro    de     Cerimonias,    que    contem    as 

Mijfas    regadas,     e    folemnes    ajft     de     Fejlas, 

lOAÕ     CAMINHA     natural     da     Villa  ^^^^^    ^^    ^^j^^^^^^    ^    ^^^y^^    ^^    ^    ^^^^„^ 

de    Monte    mòr    o    Velho    em    a    Provin-  ^^^^^^    ^^^^^    j7,,y^   ^    ^^^^^^    ^    Candeas, 

da    da    Beyra,    e    Freyre    Conventual    da  ^    j^y^^^    ^    j^^f^i   ^^^    ^    ^^    ^^^   ^   ^^. 

Ordem    militar    de    Aviz.    Foy    muito    ver-  ^^^^g    ^^    j^-jp^^^    y^^    ^,-^^    ^^^^^^    ^ 

fado    nas    Antiguidades    da    fua    pátria    co-  ^^^    Capellaens    em   fua    prezença,    e    tudo    o 

mo    em    a    noticia    da    Hiíloria    geral    do  ^^-^^     ^^    p^^^    j^^^^    p^i^     j^j^^j^     ^ 

mundo.     Efcreveo.  ^^^^    ^^^^    advertências    particulares    para    mi-   á 

Origem    da    Villa    de    Monte    mór    o    Ve-  Ihor    intelligencia    das    Rubricas.     Lisboa    por 

lho.    M.    S.  Henrique  Valente  de  Oliveira.    1657.  4.  ibi 

Hifioria   Antiqmtatum   Eborenfium.    M.    S.  por  António  Crasbeeck  de  Mello.   1671.  4. 


L  USIT  AN  A. 


621 


ibi  pelo  Impreflbr  1682.  4.  Sahio  addicio- 
iiado  por  loaõ  Duarte  Parocho  da  Igre- 
ja dos  Santos  Reys  jQtuada  em  o  Cam- 
po grande  fuburbio  da  Cidade  de  Lisboa. 
Lisboa  por  António  Pedrozo  Galraõ.   1697. 

4.  e  Braga.  Na  Officina  de  Francifco 
Duarte  da  Matta  1734.  4.  peio  mefmo 
loaõ  Duarte  Cónego  da  Primacial  Igreja 
de  Braga,  que  lhe  acrecentou  varias  re- 
foluçoens  modernas  acerca  das  Horas  Ca- 
nónicas. 

Fr.  lOAÕ  DE  CAPISTRANO  alum- 
i  no  da  Seráfica  Província  de  Portugal  in- 
Ijgne  em  letras,  e  virtudes  pelas  quais 
mereceo  fer  Guardião  do  Convento  da 
Cidade  de  Malaca,  que  depois  pela  fua 
extinção  fe  unio  à  Cuftodia  da  Madre 
<le  Deos  da  índia  Oriental  fogeita  à 
Provinda  Obfervante  de  Portugal.  Ao  tem- 
po, que  falleceo  no  Convento  em  que  aílif- 
tia  o  V.  Irmaõ  Leygo  Fr.  Luiz  da  Cruz 
-querendo,  que  fe  perpetuaíTem  em  a  poílerida- 
<le  as  fuás  religiofas  açoens,  efcreveo. 

Breve  relação  da  vida,  e  morte  do  fervo  de  Deos 
Fr.  Luiz  ^  ^^^  religiofo  recoleto  da  Santa  Cufio- 
Jia  da  Madre  de  Deos  da  Ordem  do  S.  Padre 

5.  Francifco  na  índia  Oriental  Porteiro  do  Con- 
vento de  Malaca  onde  ját^  feptiltado,  e  refplandece 
tom  infignes  milanês.  4.  M.  S.  Conferva-fe 
na  Bibliotheca   de   S.   Francifco   da   Gdade. 

lOAÕ  CARDOSO  natural  da  Cidade 
de  Portalegre  em  a  Província  do  Alen- 
tejo. Sendo  mancebo  abraçou  o  iníHtuto 
de  Cónego  regular  de  Santo  Agoílinho 
em  cuja  fagrada  efcola  aprendeo  as  f ciên- 
cias feveras,  porem  dezejozo  de  vida 
mais  auiiera  paíTou  para  a  Religião  Se- 
ráfica onde  profelTando  em  o  Conven- 
to de  NoíTa  Senhora  da  Eftrella  da  Vil- 
la  de  Marvaõ  da  Província  dos  Algarves 
mereceo  pelas  fuás  letras  Theologicas,  e 
Efcriturarias  fer  Qualificador  do  Santo 
Officio,  Examinador  das  Três  Ordens  Mi- 
litares, e  Confultor  da  Bulia  da  Cruzada. 
Movido  de  jaftificadas  cauzas  anullou  a 
profiíTaõ,  que  fizera  em  a  Religião  de 
S.     Francifco     por    fentença    proferida    na 


Relação  Ecclefiaftica  de  Lisboa  a  11  de 
Fevereiro  de  1640.  e  querendo  voltar  pa- 
ra a  Canónica  Congregação  de  Santa  Cruz 
de  Coimbra  naõ  foy  admetido  como  ef- 
creve  o  Doutor  Manoel  da  Fonceca  The- 
mudo  nas  fuás  Decifoens  Tom.  i.  De- 
cif  56.  n.  15.  vivendo  muitos  annos  no 
eílado  clerical  com  exemplar  procedimen- 
to. Como  contrahiíTe  eílreita  amizade  com 
D.  António  de  Attayde  primeiro  Conde  de 
Caibro  Dayro  o  acompanhou  a  Alemanha, 
difcorrendo  por  toda  Efpanha,  e  outros 
Reynos  da  Europa,  em  cuja  jornada  adqui- 
rio  muitas,  e  importantes  noticias  com  que 
illuílrou  o  juizo,  e  enriqueceo  a  memoria. 
Falleceo  em  Lisboa  a  8  de  Mayo  de  1655. 
laz  fepultado  na  Parochial  Igreja  de  S.  Ni- 
colao.  Publicou  quando  era  religiofo  Fran- 
cifcano. 

Jornada  da  alma  libertada  guiada  no  arifcado, 
e  tempejluofo  mar  do  mundo  por  Chrijlo  Piloto 
divino  ao  porto  celejiial  da  Salvação  cuja  morali- 
dade fe  funda,  e  profegue  em  difcurfos  moraes  fobre 
o  Pfalmo  113.  Lisboa  por  Gerardo  da  Vinha. 
1626.  4. 

Kuth  peregrina,  feus  fucejfos,  e  boa  ventura 
moralizada  fobre  a  letra  do  fadado  Texto  i. 
Parte.    Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor.   1628.  4. 

R///i6  peregrina  <&c.  2.  Parte,  ibi  por  Ma- 
noel da  Sylva.  1654.  4.  Delia  obra  faz  men- 
ção Jacob.  Lelong.  Bib.  Sacra  pag.  mihi  667. 
col.  2. 

Tratado  dos  efcrupulos  copilado  do  que  na 
matéria  di^em  os  Doutores  para  qtnetar  concien- 
cias  timoratas.  Lisboa  por  Matheos  Rodri- 
gues. 1629.  8. 

Lj/^eiro  da  Nobreza  de  Efpanòa.  Confta 
efta  obra  de  24  Volumes  difpofta  por  ordem 
Alfabética  em  que  fe  comprehendem  os  Bra- 
zoens,  Officios,  e  Dignidades  das  Famílias 
de  todos  os  Reynos  de  Efpanha.  A  mayor 
parte  delia  eftava  já  poíla  em  limpo.  O  ori- 
ginal do  7.  Tomo,  que  confiava  da  letra  M. 
confervava  em  feu  poder  Gafpar  Maldo- 
nado de  Efpoleta  como  efcreve  António 
Carvalho  da  Coíla  Corog.  Portug.  Tom.  3. 
pag.  26.  Parte  deíla  obra  tinha  Fr.  Filipe 
de  Gandara  afirmando  no  feu  Nobiliar. 
de  Galiza  liv.  2.  cap.  12.  pag.  173.  que 
com  elle  dera  grande  luz  à  Hiíloria  de  Ef- 


Ó22 


BIBLIO THECA 


panha  devendo-fe  ao  incanfavel  eftudo  de 
feu  Author  muitas  noticias,  que  eraõ  igno- 
radas. O  Padre  D.  António  Caetano  de  Souza 
Apparat.  à  Hijl.  Gen.  da  Caa^.  Keal  Portug. 
pag.  95.  §.  90.  fallando  defta  obra,  e  de  feu 
author  efcreve,  que  conferva  delia  huma  co- 
pia da  Família  dos  Menezes  trabalhada  com 
profunda  inveíligaçaõ.  Faz  memoria  delle 
como  Genealógico  Franckenau  Bib.  Hifp. 
Gen.  Herald,  pag.  214.  onde  erradamente 
o  intitula  Chronifta  mór  do  Reyno.  Delle 
fc  lembraõ  Wadingo  de  Script.  Ord.  Min. 
pag.  197.  col.  2.  Aftorga  Milit.  Immacul.  Con- 
cept.  loan.  Soar.  de  Brito  Theatr.  ImJíí.  Ut- 
ter.  lit.  I.  n.  26.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i. 
pag.  510.  col.  I.  Fr.  loan.  a  D.  Ant.  Bib. 
Francifc.  Tom.  2,  pag.  142.  col.  i.  e  Souza 
Exped.  Hifp.  D.  Jacobi  Part.  2.  pag.  1324. 
§.  362.  Em  feu  aplauzo  compoz  Fr.  Antó- 
nio de  Payva  Francifcano  o  feguinte  Epi- 
gramma. 

Cardofus  in  dulcis  mutatur  fiumina  mellis 
Spinaque  vemantes  dat  fine  fente  rofas. 

D.  lOAÕ  CARDOSO  CASTELLO  na- 
tural do  lugar  de  Loures  diftante  duas  le- 
goas  da  Cidade  de  Lisboa  filho  do  Capitão 
Vicente  Simoens,  e  D.  Antónia  Cardofa. 
Foy  educado  em  caza  de  feu  Tio  o  Cónego 
lozé  Cardofo  Secretario  do  Confelho  Geral 
do  Santo  Officio.  Eíhidou  em  Lisboa  Hu- 
manidades, Filofofia,  e  Theologia,  e  depois 
de  ordenado  de  Presbítero  frequentou  a 
Univerfidade  de  Coimbra  onde  recebeo  o 
gráo  de  Bacharel  na  Faculdade  dos  Sagra- 
dos Cânones.  Reftituido  a  Lisboa  exercitou 
o  Officio  de  Advogado  cõ  grande  concurfo 
de  Cauzas  em  q  pelas  fuás  letras  adquirio 
fama  de  infigne  letrado  aíTim  no  foro  Ec- 
clefiaílico,  como  fecular.  Deíle  minifterio 
paíTou  a  fer  Vigário  Geral  do  novo  Patriar- 
chado  de  Lisboa  donde  foy  aflumpto  a  Bifpo 
coadjutor  do  lUuílriíTimo,  e  ReverendiíTimo 
Patriarcha  D.  Thomas  de  Almeyda  fendo  con- 
firmado pela  Santidade  de  Clemente  XL 
com  o  titulo  de  Arcebifpo  de  Lacedcmo- 
nia.  Foy  reôo  na  juíUça,  íingular  na  bene- 
volência,   e    iníignc    na    prudência.     Fallc- 


ceo  em  Lisboa  a  16  de  Novembro  de  1729. 
Jaz  fepultado  na  Capella  de  NoíTa  Senhora 
da  boa  morte  em  a  Igreja  de  S.  Roque  Caza 
profeíTa  dos  PP.  Jezuitas.  Das  muitas,  c 
doutiíTimas  Allegaçoens  luridicas,  que  cf- 
creveo,  fe  fizeraõ  publicas  as  feguintes  fem 
o  feu  nome. 

Kefponfio  edita  à  Procuraíore  in  Cttria  Pa- 
triarchali  U/ixbon.  degente  contra  Allegationem 
promtdgatam  pro  Prafbiteris  diãa  Diocefis  oriun- 
dis  à  Keverendijftmo  Epifcopo  Tagafi.  Vicá- 
rio Capitulari  Diocefis  Vlyjftp.  Orientalis  con- 
tra Sacrorum  Canonum,  et  Sacri  Coruilii  Tri- 
dentini  SanHiones  Sacris  Ordinibus  ad  Tittãum 
Capellaniarum  ejufdem  Diocefis  Orientalis  infi- 
gnitis.  Romãs  Typis  Reverendae  Camerac  Apof- 
tolica;.  1722.  foi. 

AllegaçaÕ  da  Mitra  Patriarcbal  contra  a 
Ordem  de  S.  Tiago,  na  qual  fe  propõem,  e  confiitaõ 
os  excejfos  com  que  o  Prior  mór  de  Palmella,  e 
a  fttrifdi^aõ  das  Ordens  ampliando  as  faculda- 
des de  feus  privilégios  contra  as  difpofiçoens  de 
Direito,  e  efiipulaçoens  do  contrato  porque  obteve 
as  Igrejas,  que  tem  ultra  Tagum,  offendem,  e 
ufurpaõ  as  prerogativas  da  mefma  Mitra,  e  fua 
jin^fdiçaÕ  ordinária.  Lisboa  por  Pafchoal  da 
Sylva  ImpreíTor  de  S.  Mageílade.  1723. 
foi. 


lOAÕ  CARDOSO  DA  COSTA  Caval- 
leiro  profeflb  da  Ordem  de  Chriílo,  luiz  pro- 
prietário do  Officio  de  luiz  dos  Orfaõs  da 
Cidade  de  Lamego,  Efcrivaõ  da  Cúria  Pa- 
triarchal,  c  Gentilhomem  do  Emminentiffi- 
mo  Senhor  Patriarcha  de  Lisboa  D.  Tho- 
maz  de  Almeyda  naceo  em  a  Gdade  de  La- 
mego a  30  de  laneiro  de  1693.  fendo  filho 
de  Sebaftiaõ  Cardofo,  e  D.  Efperança  da 
Cofta.  Ainda  que  naõ  cultivou  as  letras 
por  ter  muito  infeliz  memoria  fempre  fre- 
quentou a  liçaõ  dos  livros  da  qual  colhco 
inftruçaõ  erudita.  Defde  os  primeiros  an- 
nos  teve  natural  inclinação  à  Poczia  vul- 
gar produzindo  a  fua  Mufa  diverfos  géneros 
de  metros  a  aíTumptos  facros,  e  profanos. 
He  ornado  de  génio  dócil,  concicncia  timo- 
rata, e  fumma  urbanidade.    Publicou. 

Alma  cborofa  do  pecador  arrependido.    Guia 


I 


L  USITAN  A. 


6iò 


perdão,  reconhenmento,  e  confijfaõ  da  culpa  para 
bem  do  pecador.  Lisboa  na  Officina  da  Muíi- 
ca.  1725.  8.  Coníla  de  vinte,  e  íinco  clamo- 
xes  extrahidos  das  ConfiíToens  de  Santo  Agof- 
tinho,  e  de  outros  Authores,  que  traduzio. 

Mufa  pueril.  Dedicada  a  Senhora  D.  Igne^ 
Francifca  Xavier  de  Noronha  Vifcondefa  de 
Barbacena.  Lisboa  por  Miguel  Rodrigues 
ImpreíTor    do    Senhor    Patriarcha.    1736.    8. 

Mufa  Sacra.     Dedicada  a  Reverenda   Aladre 
Soror  loanna  do  Apocalypfe  religioja  da  SantiJ- 
Jima  Trindade  no  Convento  de  Nojja  Senhora  dos 
Remédios  de  Campolide  irmãa  do  Author.    Lis- 
boa pelo   dito   ImpreíTor.    1736.    8. 

Três  Sonetos  à  morte  da  Serenijftma  Senhora 
Infanta  D.  Francifca.  Sahio  nos  Sentim.  Aíe- 
iric.  a  efie  AJfumpto  Collec.  i.  a  pag.  7.  e  8. 
Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor.  1736.  4. 

Romance  Heróico  ao  mefmo  AJfumpto.  Sa- 
hio na  Collec.  2.  dos  Sentim.  Aletric.  a  pag.  30. 
Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor  1736.  4. 

Difcurfos  da  Caballina  em  que  fe  defcreve 
a  ruina  do  grande,  e  antiquijfimo  Pinheiro  da  Ci- 
Jade  de  Évora,  que  depois  de  iS  feculos  de  dura- 
rão a  impulfos  do  vento  cahio  por  terra  a  dous 
de  Janeiro  defle  premente  anno  de  1739.  ^^^~ 
boa  pelo  dito  ImpreíTor  1739.  4-  Coníla  de 
huma  Sylva  jocofa  muito  larga,  e  hum  So- 
neto. 

Clamor  do  arrependimento  entre  exercidos 
devotos  com  importantes  doutrinas  para  mayor 
perfeição  tudo  refumido  em  duas  partes.  Lis- 
boa  pelo   dito   ImpreíTor.    1742.    8. 

Obras  M.  S. 

Vo^  do  Parnaf(o.  4.  Coníla  de  vários 
Verfos  a  diverfos  Santos. 

Aíufa  particular.  4.  GDnfta  de  Sonetos, 
E-omances,  e  GloíTas,  e  Decimas  a  AíTumptos 
particulares. 

Nova  Hifloria   de   Clamedes,   e   Clarimunda. 

Relação  Diária  da  jornada,  que  fet(^  à 
Villa  de  Mafra  o  EminentiJJimo,  e  Reve- 
rendijjimo  Senhor  Cardial  Patriarcha  de  Lis- 
hoa    D.    Thoma^    de    Almejda    onde  fe    narra 


a  função  da  Sanação  da  famofa  Igreja  de  Noffa 
Senhora,  e  Santo  António  junto  a  Mafra,  que 
fe^  o  mefmo  Senhor.  4. 


lOAÕ  DE  CARVALHO  natural  de 
Goaens  termo  de  Villa  Real  em  a  Provin- 
via  Tranfmontana  filho  de  Gonçalo  Pirez, 
e  Collegial  do  Collegio  de  S.  Pedro  de  Coim- 
bra onde  foy  admetído  a  24  de  Abril  de 
1623.  Foy  hum  dos  iníignes  Cathedrati- 
cos  da  Academia  Conimbricenfe  na  Fa- 
culdade do  Direito  Pontifício  fubindo  ao 
magiílerio  a  19  de  Junho  de  1627.  A  fua 
profunda  htteratura  he  louvada  por  loan. 
Soar.  de  Brito  Theatr.  latfit.  Utter.  lit.  I. 
n.  27.  Portug.  de  donation.  Reg.  Tom.  2. 
Part.  5.  cap.  18.  n.  48.  e  cap.  23.  n.  39.  e 
cap.  25.  n.  33.  Pegas  Allegac.  pelo  Conde  de 
Figueiró,  n.  215.  e  na  Alleg.  por  D.  Agofli- 
nho  de  luincaflre.  n.  492.  dizendo  fer  hum  dos 
grandes  Meflres,  que  lançou  a  Univerjidade.  D. 
Francifco  Manoel  Cart.  dos  A  A.  Portug. 
D.  Nicol.  de  Santa  Maria  Chron.  dos  Coneg. 
Reg.  Part.  2.  cap.  17.  n.  11.  Cardozo  Agiol. 
iMfit.  Tom.  2.  p.  218.  no  Comment.  de  26. 
de  Março  letr.  A.  lhe  chama  infigne  Jurif- 
confulto.  Manoel  Pereira  da  Sylv.  Leal  Ca- 
thal.  do  Colleg.  de  S.  Pedro.  n.  63.  Nicol.  Ant. 
Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  512.  col.  i.  Com- 
poz. 

Nouus,  (&  methodicus  traãatus  de  una,  (ò" 
altera  Quarta  deducenda,  vel  non  legitima  Fal- 
cidia,  (&  TrebelUanica,  earumque  imputatione. 
Ad  Cap.  R/iynaldus  de  Teflamentis  in  quat- 
tuor  partes  divifus.  In  quo  elucidatur  univerfa 
matéria  fucceffionum  filiorum  tam  legitimorum, 
quàm  natura  Hum,  quãm  etiam  fpuriorum;  de 
nobilitate,  <&  alienatione  prohibita  per  contrac- 
tum,  vel  ultimam  vol unta  tem;  de  inventario,  de 
bonorum  poffefftonibus,  <&  de  imputationibus.  Co- 
nimbricae  apud  Nicolaum  Carvalho  Univer- 
íitatis  Typog.  1631.  foi.  &  Lugduni  apud 
loan.  Anton.  Huguetan.  1677.  foi.  &  An- 
tuerpise  apud  viduam  Henrici  VerduíTen. 
1731.  foi. 

Das  doutiíTimas  Poítilhas,  que  diólou  em 
a  Univeríidade  faò  as  principaes. 

De  dolo,  <&  contumácia.  Acabada  de  diâar 
a  10  de  Dezembro  de  1628. 


Ó24 


BIB  LIO  THE  CA 


Keleãio  circa  materiam  reprejentationis  aã 
Clement.  Vlures  de  Jure  Patronatus.  Defta  faz 
elle  mençaõ  na  fua  obra  imprefla  Part.  2. 
n.  159. 

Keleãio  ad  C.  Per  fuás  de  Arbitrariis.  Defta 
fe  lembra  na  fobredita  obra  imprefla  Part.  4. 
cap.  3.  n.  32. 

Ad  Tit.  de  Cenfibus  in  Clementinis.  Diâada 
no  anno  de  1630.  Acaba  efte  paragrafo. 
Quajlio  máxima  controverja  eft  an  fuper  Perjona 
cenjus  creari  pojftt?  E  feguem  eftes  verfos 
compoftos  por  quem  recebia  a  poftilla. 
Hoc    dubium  Jolvit    mors,    qua    cunãa    rejol- 

vit; 
Nam  fi  faia  Deum,  fi  mens  non  lava  Juiffet, 
Et  facile    Canonum    depromeret    ille    Sacro- 

rum 
Intima,    (ò"   aternum  ferret  fub  facula    no- 
men. 
Donde   claramente   fe   infere,    que   falle- 
cera  no  anno  de   1630.  quando  diâava  efta 
poftilla  pois  naõ  chegou  a  refolver  a  queftaõ 
propofta. 


lOAÕ  CARVALHO  natural  de  Lisboa 
filho  de  Pedro  Carvalho,  e  irmaõ  de  Fran- 
cifco  Carvalho  Dezembargador  do  Paço. 
Aplicou-fe  na  Univeríidade  de  Coimbra  à 
Faculdade  de  Direito  Cefareo  em  que  o  feu 
grande  talento  focorrido  da  felicidade  da 
memoria  fez  taes  progreflbs,  que  recebidas 
as  iníignias  doutoraes  regentou  com  uni- 
verfal  aplauzo  as  Cadeiras  do  Código,  três 
livros  do  Digefto  Velho,  Vefpera  até  fubir 
à  Cadeira  de  Prima  a  4  de  Dezembro  de  1630. 
e  nella  jubilar  no  anno  de  1641.  Foy  Cóne- 
go Doutoral  da  Cathedral  de  Coimbra  pro- 
vido a  17  de  Agofto  de  1627.  donde  paflbu 
para  a  Cathedral  de  Évora  a  27  de  Novem- 
bro de  1635.  Juiz  do  Fifco  e  Deputado  da 
Inquifiçaõ  de  Coimbra  de  que  tomou  pofle 
a  23  de  Abril  de  1626.  Foy  hum  dos  Depu- 
tados, que  nomeou  a  26  de  Março  de  1626. 
D.  AfFonfo  de  Caftello-branco  Bifpo  de 
Coimbra  para  o  exame  do  fagrado  cadáver 
da  Raynha  Santa  Izabel,  que  jáz  no  Con- 
vento de  Santa  Clara  daquella  Gdadc.  Na 
Junta  dos  Prelados  defte  Reyno  feita  na  Villa 
de  Thomar  em  o  anno  de  1625.  foy  conful- 


tado  como  fe  podia  evitar  cm  Portugal  a 
gente  da  naçaõ  hebrea  a  cuja  pregunta  rcf- 
pondeo  com  hum  douto  Tratado  oíferecido 
a  Filippe  III.  que  lhe  conciliou  a  veneração, 
e  aplauzo  dos  mais  infignes  Letrados.  Das 
muitas,  e  feleâas  poftillas,  que  diâou  no 
largo  tempo  do  feu  nugifterio  em  a  Univer- 
fidade    merecerão    mayor    diftinçaõ. 

Ad  Tit.  de  adimendis  legatis. 

Ad  Tit.  de  JEdilitiis  aãionibus 

Ad  Tit.  in  L.  1.  ff.  de  conditionibus,  <ò^  de- 
monjlrationib. 

Ad  Tit.  de  Dolo. 

Ad  Tit.  de  Hmptione,  €>•  venditione. 

Ad  Tit.  de  Juribus  faminarum  ad  L.  2.  de 
ff.  de  Reg.  Jur. 

Ad  Tit.  ff.  in  Utem  Jurando. 

Ad  Tit.  de  mutuis  petitionibus. 

Ad  Tit.  de  Jure  Keipublica  lib.  11. 

Ad  Tit.  de  rebus  creditis. 

Ad  L.  haredes  mei  75.  §.  cum  ita  ff.  ad  J.  C. 
Trebelianum. 

Ad  L.   4.  ff.   ubi  pupillus  educari  debeat. 

Ad  Tit.  ff.  de  Donationibus,  qua  fub  modo. 


P.  lOAÕ  DE  CARVALHO  natural 
de  Monte  mór  o  Velho  em  a  Provincia  da 
Beyra  filho  de  Gafpar  Carvalho,  e  Maria 
loaõ.  Quando  contava  quatorze  annos  en- 
trou na  Companhia  de  lESUS  em  o  Collegio 
de  Coimbra  ao  primeiro  de  Março  de  1636. 
onde  aprendeo,  e  eníinou  as  fciencias  efcho- 
lafticas  até  fer  Lente  primário  de  Theolo- 
gia  com  grande  aplauzo  da  fua  litteratura. 
Foy  ornado  das  virtudes  conftitutivas  de 
hum  perfeito  religiofo.  Voltando  de  fer 
Procurador  na  Cúria  Romana  foy  Reytor 
do  Collegio  de  Braga  em  cujo  lugar  fallc- 
ceo  a  30  de  Abril  de  1684.  quãdo  contava 
62  annos  de  idade,  e  48  de  Religião.  Dcl- 
le  faz  repetida  memoria  o  Padre  Franco  Imag. 
da  Virt.  em  o  Nov.  de  Coimb.  Tom.  2. 
pag.  619.  col.  I.  Annal.  S.  J.  in  Lufit. 
pag.  377.  n.  6.  Dos  muitos  Sermocns,  que 
pregou  com  aclamação  fe  fizcraõ  públicos 
os  feguintes. 

Sermão  de  Cim^a  i.  Quarta  feira  da  Qua- 
refma  pregado  na  Cathedral  de  Coimbra.  Coim- 
bra por  Manoel  Dias  1677.  4. 


L  USITAN  A. 


625 


Sermão  da  Soledade  da  May  de  Deos  a  Vir- 
gem Maria  Nojfa  Senhora,  ibi  pelo  dito  Im- 
preíTor.  1677.  4. 

Sermão  da  Confiçaõ  3.  Dominga  da  Qtta- 
refma  na  Cathedral  de  Coimbra.  Coimbra  por 
Manoel  Rodrigues  de  Almeyda   1680.  4. 

Sermão  das  penitentes  lagrimas  da  Magda- 
lena  na  Ca^a  da  Santa  Mifericordia  de  Coimbra. 
ibi  pelo   dito  ImpreíTor   1680.   4. 

Sermão  do  Mandato  na  Ca^a  da  Santa  Mi- 
fericordia de  Coimbra,  ibi  pelo  dito  ImpreíTor. 
1680.  4. 

Keligiojijfimo  P.  Fr.  António  ab  Spi- 
rito  Santo  Moralis  Theologia  primário  emeritif- 
fimo  librum  in  Ljtcem  edenti  Direftorium  Re- 
gularium  infcriptum,  Encomium.     Começa. 

Dum  Sacra  Re/igio  tam  doâa  volumina  ver- 

M 

Dixit  ab  autboris  nomine  numen  habet. 

Confia  eíla  Elegia  de  17  Dyílichos,  e  fahio 
impreíTa  ao  principio  do  Direélorio  dos  Re- 
gulares. Lugduni  apud  loannem  Antonium 
Huguetan  &  Marcum  Antonium  Rigaud. 
1661.  foi. 

Panóplia  Minerva.  Romíe  8.  Sahio  com 
outro  nome  como  afirma  o  P.  Franco  no 
lugar  aíTima  allegado. 


ceiçaÕ  que  os  Turcos  queimarão  à  vifia  da  barra 
de  Usboa  vários  Juceffos  das  pejfoas,  que  nella 
cativarão,  e  defcripçaÕ  nova  da  Cidade  de  Argel, 
de  feu  poder,  e  cotizas  muy  notáveis  acontecidas 
nos  annos  1621.  at>  1626.  Lisboa  por  Antó- 
nio Alvres.  1627.  4. 

Da  obra,  e  do  author  fazem  memoria 
loan.  Soar.  de  Brito  Theatr.  "Lufit.  Uter. 
lit.  I.  n.  28.  e  o  moderno  addidonador  da 
Bib.  Orient.  de  António  de  Leaõ.  Tom.  i. 
Tit.  15.  col.  439.  onde  por  engano  o  apellida 
Aíartins,  fendo  Mafcarenhas. 

lOAÕ  DE  CARVALHO  DE  SOUZA 
natural  de  Lisboa,  e  hum  dos  celebres  alu- 
mnos  da  Academia  dos  Singulares  inftituida 
na  fua  pátria  no  anno  de  1663.  onde  affim  na 
Oratória,  como  na  Poética  mereceo  univer- 
faes  aplauzos  de  que  faõ  claros  argumentos 
as  obras  feguintes  que  fahiraõ  impreíTas 
no  Tom.  2.  da  Acad.  dos  Sing.  Lisboa  por 
António  Crasbeeck  de  Mello  1668.  4.  & 
ibi    por    Manoel    Lopes    Ferreira    1698.    4, 

OraçaÕ  recitada  a  z^  de  Novembro  de  1664. 
apag.  158. 

Sete  Sonetos,  doze  Decimas  e  humas  Ke- 
dondilhas    a    diverfos    AíTumptos. 


lOAÕ  CARVALHO  AíASCARENHAS 
natural  de  Lisboa,  e  profeíTor  da  Arte 
militar  que  com  grande  valor  exercitou 
nas  conquiílas  defte  Reyno  principalmente 
em  a  Lídia  Oriental  donde  voltando  para 
a  pátria  em  o  anno  de  1621.  embarcado 
cm  a  Nào  Conceição  de  que  era  Capitão  Jeró- 
nimo Corrêa  Peixoto  fe  encontrou  na  altura 
da  Ericeira  com  defafete  navios  de  Turcos, 
e  depois  de  hum  fanguinolento  confliâio  do 
qual  fe  retirarão  os  bárbaros  deftroíTados, 
inveítindo  ao  dia  feguinte  a  nao  viftoriofa 
lhe  lançarão  o  fogo  que  arrebatadamente  a 
reduzio  a  cinzas.  Conduzidos  os  miferaveis 
navegantes  cativos  a  Argel  padeceo  loaõ  Car- 
valho com  animo  confiante  as  afliçoens  do  cati- 
veiro até  fer  refgatado  por  feiscentos  mil  reis, 
e  reílituido  a  Portugal.  Para  que  a  noticia  de 
taõ  fatal  fuceíTo  fe  perpetuaíTe  nas  idades 
futuras  efcreveo   com  eílilo   corrente. 

Memorável  relação  da  perda  da  Não  Con- 
40 


lOAÕ  CASCAÕ  cuja  pátria,  e  Pays  fe 
ignoraõ.  Foy  muito  inclinado  ao  eíhido  da 
Hiíloria  efcrevendo  com  difufaõ  como  diz 
o  Licenciado  lorge  Cardofo  nas  Mem.  M.  S. 
para  a  Bib.  l^ufit. 

KelaçaÕ  da  jornada  delRey  D.  Manoel  á 
Cidade  de  Évora.  M.  S. 


D.    lOAÕ    DE    CASTELLO-BRANCO 

Commendador  de  Aljezur  da  Ordem  militar 
de  S.  Tiago,  Confelheiro  de  Eílado  delRey 
D.  Sebaíliaõ,  e  Governador  do  Algarve. 
Foy  filho  3  de  D.  Martinho  de  Caftellobranco 
primeiro  Conde  de  ViUanova  de  Portimão, 
e  de  fua  mulher  D.  Maria  de  Noronha  fi- 
lha de  loaõ  Gonfalves  da  Camará.  Cazou 
com  D.  Catherina  Barreto  filha  de  Pedro 
Mafcarenhas  Governador  da  Lídia  de  quem 
teve  fuceíTaõ.  PaíTou  a  fegundas  vodas 
com  D.  Branca  de  Vilhena  filha  de  Nuno- 


020 


BIB  LIO  TH  E  CA 


Rodrigues  Barreto  Alcayde  mòr  de  Faro. 
Foy  hum  dos  mais  inílruidos  Cavalheros, 
que  floreceraõ  no  reynado  delRey  D.  Se- 
baftiaõ  aíTim  nos  preceitos  da  Hiíloria  dei- 
xando compoftas  diverfas  obras  das  quais 
naõ  merecem  pequena  eílimaçaõ  as  feguintes. 

Praãíca  a  EJRey  D.  Sebajliaõ  em  que  lhe 
perjuadio  fer  inconveniente  dar  hum  rebate  faljo 
de  noute  em  "Lisboa  M.  S. 

Re/açaÕ  do  fingido  Rey  intitulado  D.  Sebaf- 
tiaõ  que  apareceo  em  Veneza.  M.  S.  Deíla 
obra  fe  infere  certamente  que  feu  author 
ainda  vivia  no  anno  de  1598.  em  o  qual  fu- 
cedeo  o  fingimento,  ou  a  Verdade  da  peflba 
que  afirmava  fer  ElRey  D.  SebaíUaõ. 


D.  lOAÕ  DE  CASTELLOBRANCO 
natural  de  Lisboa  onde  foraõ  feus  illuftres 
progenitores  D.  Duarte  de  Caílellobranco 
primeiro  Conde  do  Sabugal,  e  D.  Cathe- 
rina  de  Menezes  filha  de  D.  Bernardo  Cou- 
tinho. Foy  excellente  Latino,  e  muito  pe- 
rito nos  preceitos  do  idioma  Romano.  Or- 
nado de  fumma  prudência,  e  naõ  menor 
vigilância  exercitou  o  lugar  de  Prezidente 
do  Senado  de  Lisboa  em  que  o  elegeo  o 
SereniíTimo  Rey  D.  loaõ  o  IV.  no  anno 
de  1644.  A  fua  caza  era  o  refugio  dos  po- 
bres, aos  quais  curava  com  ardente  chari- 
dade  miniftrandolhe  os  medicamentos  ma- 
nipulados por  fuás  próprias  maõs.  Fal- 
leceo  em  Lisboa  com  geral  fentimento  dos 
neceíTitados.  Foy  cazado  com  D.  Cecilia 
de  Menezes  filha  de  D.  loaõ  Coutinho  quinto 
Conde  de  Redondo  de  quem  deixou  fuceíTaõ. 

Compoz. 

Arte  de  Gramática  "Latina.    Lisboa  1636.  4. 

Breve  methodo  curativo  tocante  á  C,urgia 
que  o  u:(p,  e  experiência  certa  defcobrio  por  D. 
loaõ  de  Cajlellobranco :  enjina  como  fe  deve  curar 
com  o  balfamo,  ou  óleo  de  ouro,  e  de  fuás 
grandes  virtudes  com  outras  advertências  no  modo 
de  C,urgia  para  com  facilidade  fe  curarem  os 
enfermos.  Lisboa  na  Officina  Crasbeeckiana. 
1655.  8. 

Breve  recopilarão  das  muitas,  e  fingulares 
virtudes  dos  pòs  brancos  folutivos  da  quinta  effen- 
cia  do   ouro   de   Alexandre  Qmntilio.     Lisboa 


por   Pedro   Crasbeeck.    1656.    8.   e   ibi   pelo 
dito    ImpreíTor.     1658.     8. 

Fazem  delle  honorifica  memoria  D.  Fran- 
cifco  Manoel  Carta  dos  Author.  Portug.  loan. 
Soar.  de  Brito  Theatr.  Lufit.  Li  ter.  lit.  L 
n.  29  e  Fr.  Manoel  de  Azevedo  Correc.  de 
Abusos.  Trat.  i.  n.  51.  a  quem  tanto  de- 
vem os  pobres  dejle  povo  de  Lisboa  pois  fó 
para  curalos  gaflou  tantos  crin^ados  mandou 
obrar,  e  obrando  por  fua  maÕ  diverfos  unguen- 
tos, e  quintas  effencias  fendo  entre  elles  os  qua^i 
miraculofos  pòs  de  Quintilio  com  os  quais  pur- 
gou a  tantos  milhares  de  homens,  mulheres, 
e  meninos  fem  já  mais  haver  nenhum  fucef- 
fo  ruim  com  as  ditas  purgas  fendo  muitas 
ve^es  dadas  fem  prepararão  alguma,  e  fem 
os  requijiíos,  e  refguardos,  que  os  Médicos 
obfervaÕ. 


D.  lOAÕ  DE  CASTRO  decimo  quar- 
to Governador,  e  quarto  Vicerey  do  Ef- 
tado  da  índia  nobilitou  com  o  feu  nacimento 
a  famofa  Cidade  de  Lisboa  onde  vio  a  pri- 
meira luz  a  27  de  Fevereiro  de  1500.  Foy 
filho  II.  de  D.  Álvaro  de  Caílro  Governa- 
dor da  Caza  do  Ovil,  e  de  D.  Leonor  de 
Noronha  filha  de  D.  loaõ  de  Almeyda  fe- 
gundo  Conde  de  Abrantes,  Aprendeo  as 
difciplinas  Mathematicas  com  Pedro  Nunes 
Oráculo  deíla  profiíTaõ  naquella  idade  de 
cuja  efcola  em  que  teve  por  companheiro 
o  SereniíTimo  Infante  D.  Luiz,  fahio  pro- 
fundamente inílruido;  porem  como  o  feu 
génio  foíTe  mais  inclinado  às  armas,  que 
às  letras  elegeo  para  preludio  das  fuás  açoens 
militares  a  Praça  de  Tangere  diftinguindo-fe 
neíle  bellicofo  theatro  com  tal  exceíTo  dos 
mayores  foldados,  que  mereceo  fer  armado 
Cavalleiro  por  D.  Eftevaõ  de  Menezes  Go- 
vernador da  mefma  Praça.  Reílituido  à 
Corte,  e  remunerado  por  ElRey  D.  loaõ  III. 
com  a  Comenda  de  Salvaterra  fe  embar- 
cou na  formidável  armada,  que  Carlos  V. 
expedio  para  a  Conquiíla  do  Reyno  de  Tu- 
nes violentamente  ufurpado  pela  cavillo- 
za  induftria  do  Pirata  Barbaroxa  em  cuja 
expedição  naõ  aceitando  a  honra  de  fer  ar- 
mado Cavalleiro  pelo  Cefar  Auftriaco,  e  mui- 
to menos  o  donativo  de  dous  mil  cruzados 


I 


j 


L  USITAN  A, 


ôiy 


moArou,  que  fervia  ambiciofo  da  fama, 
e  naõ  do  premio.  Havendo  adquirido  im- 
mortal  gloria  nas  Campanhas  de  Africa  an- 
helando  o  feu  efpirito  a  mais  dilatada  es- 
fera navegou  para  a  AGa  em  o  anno  de  1538. 
com  o  Governador  do  Eílado  D.  Garcia 
de  Noronha  feu  amhado  levando  por  com- 
panheiro a  feu  filho  D.  Álvaro  de  Caílro 
o  qual  educado  para  Heroe  lhe  dava  por 
divertimento  da  idade  de  treze  annos  que 
contava,  os  perigos  de  taõ  prolongada  via- 
gem. Tanto,  que  chegou  a  Goa  partio  com 
fummo  alvoroíTo  ao  focorro  de  Dio,  que 
heroicamente  defendia  o  famofo  Antó- 
nio da  Sylveyra  como  vaticinando  os  ce- 
lebres triumfos,  que  havia  de  alcançar 
naquella  Praça  Oriente  da  fua  gloria,  e 
fetal  Oca2o  da  potencia  de  Cambaya.  Na 
Armada  em  que  empenhou  a  authori- 
dade  da  pessoa,  e  o  poder  do  Eílado  o 
Governador  D.  Eftevaõ  da  Gama  para 
queimar  as  Gales  do  Turco  fabricadas  no 
Porto  de  Suez,  foy  com  o  pofto  de  Capitão 
de  hum  Navio  obfervando  no  eftreito  do 
mar  roxo  como  Filofofo  natural,  e  perito 
Aíbrologo,  a  altura  do  Sol,  os  impulsos,  e 
movimentos  naturaes  das  crecentes  do 
Nilo,  nas  monçoens  do  Ellio,  cujas  obfer- 
vaçoens  deixou  eternizadas  pela  fua  penna 
emula  da  fua  efpada.  Voltando  a  Portugal 
naõ  permitio  ElRey,  que  defpiíTe  as  armas 
nomeando-o  General  das  Armadas  da  Coíla, 
e  lãhindo  no  anno  de  1543.  a  comboyar  as 
Náos,  que  fe  efperavaõ  da  índia  aviilou  hum 
pirata  Francez,  que  com  7  Navios  infeíla- 
va  os  noUos  mares,  e  depois  de  hum  porfiado 
combate  o  rendeo  lançando  duas  Náos  ao 
fimdo,  e  falvando-fe  as  outras  por  beneficio 
da  noute.  Pouco  foy  o  tempo  que  defcanfou 
à  fombra  deíle  triumfo  porque  para  mayor 
empreza  o  convidou  a  fortima.  Certificado 
D.  Joaõ  o  m.  de  que  o  inimigo  comum 
apceftava  huma  formidável  armada  para  con- 
quiftar  a  Praça  de  Ceuta  expedio  huma  ar- 
mada da  qual  o  nomeou  General,  e  imida 
com  a  do  Emperador  Carlos  V.  furgio  á 
vilia  de  Gibraltar,  e  pofto  que  D.  Álvaro 
Baçan  General  da  armada  Imperial  recuzou 
peleijar  com  os  inimigos,  D.  Joaõ  de  Caf- 
tro  regulando  as  fuás  açoens  pelos  impul- 


fos  do  feu  heróico  coração,  fe  deteve  pelo  ef- 
paço  de  três  dias  efperando  o  confliéto  do  qual 
fugio  Barbaroxa  receozo  de  fer  defpojo  das 
noíTas  armas.  Recolhido  ao  porto  de  Lisboa 
onde  a  fama  tinha  divulgado  o  valor  intré- 
pido do  feu  peito  fe  retirou  à  Villa  de  Cin- 
tra para  evitar  os  aplauzos  merecidos  á  gran- 
deza do  feu  coração.  Habilitado  com  o 
exercido  de  tantas  emprezas  militares  lhe 
entregou  o  governo  do  Eftado  da  índia  a 
Mageftade  de  D.  loaõ  o  III.  efperando  da 
prudência  do  feu  juizo,  e  da  valentia  do  feu 
braço  o  confervaria  impenetrável  a  todos 
os  Potentados  da  Afia.  Partio  para  Goa 
embarcado  em  a  Náo  S.  Thome  a  17  de 
Março  de  1545.  acompanhado  de  feus  filhos 
D.  Fernando,  e  D.  Álvaro,  q  na  efcola  de 
taõ  grande  Pay  aprenderão  a  arte  de  immor- 
talizar  os  feus  nomes  na  pofteridade.  De- 
pois de  edificar  nova  Fortaleza  em  Moçam- 
bique ferrou  Goa  a  10  de  Setembro  onde 
foy  magnificamente  recebido  por  feu  an- 
teceíTor  Martím  Affonfo  de  Souza,  e  aplau- 
dido pela  fincera  voz  do  povo,  que  fe- 
tidicamente  augurava  as  felicidades  difpen- 
fedas  pelas  prudentes  máximas  do  feu  go- 
verno. O  prologo  das  vitorias  com  que 
eftabeleceo  a  confervaçaõ  do  Eftado,  e 
humilhou  o  orgulho  de  feus  inimigos  foy 
a  derrota  de  dez  mil  bárbaros  capitanea- 
dos por  Acedecaõ  valerofo  Turco  Ge- 
neral do  Hidalcaõ,  que  experimentando  o 
furor  das  noílas  armas  igualmente  na  ruina 
dos  feus  exércitos,  como  em  o  incêndio 
das  principaes  Gdades  do  feu  dominio, 
pedio  humilde  f>azes,  que  lhe  foraõ  bene- 
volamente concedidas.  !Mais  gloriofo  trium- 
fo lhe  ofifereceo  a  fortuna  em  a  celebre 
Fortaleza  de  Dio,  que  governava  D.  loaõ 
Mafcarenhas  grande  pelo  nadmento  na 
Europa,  mayor  pelo  valor  na  Afia,  cujos 
muros  fendo  fegunda  vez  invadidos  pela 
obftinada  refoluçaõ  delRey  de  Cambaya 
Soltaõ  Mamude  havendo  rebatido  os  Por- 
tuguezes  formidáveis  aíTaltos  derigidos  pe- 
la militar  difciplina  de  Coge  fofar,  e  feu 
filho  Rumecaõ,  fahio  a  campo,  e  depois 
de  huma  bem  difputada  batalha  em  que 
três  vezes  fe  formou  o  inimigo  para  no- 
vo   confliôo    fe    coroou    triumfante    com 


028 


BIB  LIO  THE  C  A 


a  morte  de  íinco  mil  bárbaros,  feiscentos 
cativos,  quarenta  peças  de  artilharia  cujos 
defpojos  ferviraõ  para  lhe  authorizar  o 
triunfo  com  que  foy  recebido  em  Goa  por 
ter  abatido  o  mais  arrogante  antegoniíla  da 
Mageílade  do  Eftado  agora  felismente  re- 
nacido  pelos  impuLfos  da  fua  fulminante 
efpada.  Deíla  memorável  vitoria  foraõ  prof- 
peras  confequencias  a  derrota  dos  Achens 
no  rio  Parles  vaticinada  pelo  apoftolico 
efpirito  de  S.  Francifco  Xavier;  os  incên- 
dios das  Cidades  de  Baroche,  Patê,  e  Pa- 
tane,  e  a  aíTolaçaõ  da  Cofta  de  Surrate  em 
cujas  prayas  prezentou  batalha  a  ElRey 
de  Cambaya,  que  timido  naõ  quiz  acei- 
tar. O  difvelo  continuo  com  que  aten- 
dia pela  confervaçaõ  do  Eftado  unido 
aos  incommodos  experimentados  em  tan- 
tas campanhas  lhe  foraõ  diminuindo  com 
tal  exceíTo  a  faude,  que  cahio  gravemente 
enfermo,  e  conhecendo  pelos  fymptomas 
fer  mortal  a  doença  entregou  o  governo  em 
paz  firmada  fobre  tantas  vitorias.  Convo- 
cou as  peflbas  principaes  de  ambas  as  Jerar- 
chias,  e  na  fua  prezença  jurou,  que  até  a  hora 
em  que  eftava  naõ  era  devedor  à  Fazenda 
Real  de  hum  fó  cruzado,  e  que  defta  decla- 
ração fe  fizeíTe  hum  termo  legal  para  que 
fe  fofle  achado  perjuro  o  caftigaíTe  ElRey 
como  reo  de  taõ  feyo  deliâo.  Para  director 
da  fua  conciencia  elegeo  o  iníigne  Ope- 
rário Evangélico  S.  Francifco  Xavier  o 
qual  lhe  aíTiftio  em  toda  a  enfermidade  com 
cuidado  de  enfermeiro,  e  piedade  de 
Santo.  Havendo  recebido  com  grande  ter- 
nura o  Sagrado  Viatico,  e  a  Extrema-Un- 
çaõ  conferida  pelo  Bifpo  D.  loaõ  de  Albu- 
querque expirou  placidamente  a  6  de  lunho 
de  1348.  quando  contava  47  annos  três 
mezes,  e  dez  dias,  e  quafi  três  de  governo 
o  qual  lhe  prorogava  D.  loaõ  o  III.  por 
outros  três  com  o  titulo  de  Vicerey  fe  a 
morte  envejofa  da  fua  fama  o  naõ  privara 
da  vida  digna  de  mais  larga  duração.  Foy 
depofitado  o  feu  Cadáver  no  Convento 
de  S.  Francifco  de  Goa  donde  foy  tresla- 
dado  para  a  fumptuoza  Capella,  que  feu 
Neto  o  IlluftriíTimo  Bifpo  da  Guarda  D. 
Francifco  de  Caftro  edificou  no  Clauftxo  de 
S.    Domingos    de    Bemfica    diílante    huma 


legoa  de  Lisboa  na  qual  em  hum  Maufoleo 
formado  de  varias  pedras,  que  defcanfaõ 
fobre  Elefantes  de  pedra  negra  eftaõ  recolhi- 
das as  Cinzas  defte  infigne  Heroe  com  o 
feguinte  Epitáfio. 

D.  Joannes  de  Cafiro  XX.  pro  Re/igio- 
ne  in  utraque  Mauritânia  flipendiis  fa£Hs, 
navata  ftrenm  opera  Thmetam  hello;  Aíari 
rubro  felicibus  ar  mis  pene  trato;  debel latis  in- 
ter Ettphratrem,  <ò^  Indum  Nationibus:  Ge- 
drofico  Rege,  "Perfis,  Turcis  uno  pralio  fufis; 
Jervato  Dio,  imo  Reipublica  reddito  dormit 
in  magnum  diem,  non  fibi,  Jed  Deo  Trium- 
phator;  publicis  lacrymis  cowpofitus,  publi- 
co Jumptu  pra  paupertate  funeratus.  Obiit 
Oãava  Id.  Junii  anno  1348.  Ãitatis.  48. 
Foy  cazado  com  fua  prima  fegunda  D. 
Leonor  Coutinho  filha  de  D.  Leonel 
Coutinho,  e  D.  Mecia  de  Azevedo  de 
quem  teve  D.  Miguel  de  Caftro,  que  fal- 
leceo  Capitão  de  Malaca;  D.  Fernando, 
que  morreo  abrazado  na  mina  do  Baluarte 
de  Dio,  e  D.  Álvaro  gloriofo  emulo  das  vito- 
rias de  taõ  grande  Pay  o  qual  pelos  feus 
infignes  merecimentos  foy  Embaxador  a 
Caftella,  França,  Roma,  e  Saboya  Confelheiro 
de  Eftado,  e  Vedor  da  Fazenda  delRey  D. 
Sebafliaõ.  A  fua  vida  efcreveo  com  ele- 
gante, e  difcreto  eftilo  o  incomparável  Ja- 
cinto Freyre  de  Andrade  fazendo  com  a 
fua  penna  taõ  illuftre  a  memoria  de  D.  loaõ 
de  Caftro  depois  de  morto,  como  elle 
a  fizera  vivo  pela  fua  efpada  cujo  ca- 
rafter  dibuxou  com  eftas  eloquentes  co- 
res no  Liv.  4.  §.  iio.  Com  igual  fem- 
blante  o  virão  as  incomodidades  da  pátria, 
e  as  profperidades  do  Oriente  parecendo  fem- 
pre  o  me/mo  homem  em  diverjas  fortunas. 
Fez  ^'^  ^  merecer  tudo,  e  de  naÕ  pedir 
nada.  Fa:(ia  ra^aõ,  e  jufiiça  a  todos  igml- 
mènte  fendo  nos  cafiigos  inteiro,  mas  taÕ  juftiji- 
cado,  que  mais  fe  podiaÕ  queixar  da  ley,  que 
do  miniftro.  Era  com  os  foldados  liberal,  t 
com  os  filhos  parco  mofirando  mais  burnani' 
dade  no  Officio,  que  na  naturev^a.  Trato»* 
com  ff  ande  ref peito  as  açoens  de  feus  antwtf- 
fores  honrando  até  aquellas  de  que  fe  apartoMi 
Sem  efiragar  a  cortev^ta  confervou  o  refpeito, 
fempre  v^elou  a  cau^a  de  Deos  primeiro,  que  a 
do    Efiado;   nenhuma   virtude   deixou  fem  pre- 


Jl 


L  USITAN  A. 


Ó29 


mio;   alguns   vidos   deixava  fem    cafiigo    melho- 
rando   ajft    muitos,    buns    com    o    beneficio,    ou- 
tros    com     a     clemência.      Os     Donativos     que 
recebia    dos    Príncipes    da    Afia    mandava    car- 
regar   na    Va^enda    Keal,    virtude    que    louva- 
rão   todos,    imitarão  poucos.     Os    Soldados    en- 
fermos   achavaÕ    nelle    lafiima,     e    remédio;    a 
todos    obrigava,     e    parecia    devedor    de    todos. 
Nenhuma    façaÕ     emprendeo     que     naõ     confe- 
ffájfe  fendo    nas    execuçoens  promptifftmo,    ma- 
duro    nos     Confelhos.       Entre     ocupaçoens     de 
Soldado    confervou    virtudes    de    Keligiofo;    era 
frequente     em     vit(itar     os      Templos,     grande 
bonrador     dos     Minifiros     da     l^cja,     compaf- 
fwo,     e     liberal    com     os    pobres;     devotiffimo 
da     Crua^     cujo    final    adorava     com     inclina- 
ção   profunda    fem     diferença     do     lugar,     ou 
tempo.     Na    Villa    de    Gntra    poíTuia    huma 
Quinta     chamada     Penha      Verde     plantada 
toda  de   arvores    fylveílres   para  onde  algu- 
mas vezes  fe  retirava  a  paíTar  o  tempo  em 
ócio    proveitofo;    nella    dedicou    huma    Er- 
mida à  Virgem  SantiíTima,  e  na  portada  fe 
lè  gravada  em  huma  pedra  a  feguinte  inf- 
cripçaõ.      loannes    Cafirenfis    cum    viffnti    an- 
nos    in    duriffimis    bellis    in    utraque    Mauritâ- 
nia   pro     Chrifii    Keligione     confumpfiffet,     (ô" 
in    illa    clarifftma    Tunetis    expugnatione    inter- 
fuiffet,   atque   tandem  finus   Arabici   litora,    <& 
omnes  índia  oras  non  modo  luftraffet,  fed  lite- 
rarum    monumentis    mandaviffet    Chrifii    numine 
falvus     domum     rediens     Virgini     Matri     Fa- 
num    ex    voto    dicavit   anno    1542.     Na    mef- 
ma  Quinta  edificou  D.  Francifco  de  Caibro 
Inquizidor   Geral,   e   Neto   deíle   Heroe   fo- 
bre  hum  elevado  monte  chamado  o  das  Al- 
viffaras  que   pedio   D.    loaõ   de   Caibro   pela 
celebre  Viftoria  de  Dio,  huma  Capella  de- 
dicada  a   infigne   Martyr,   e    Sabia   Doutora 
Santa    Catherina    em    cujo    retabolo,    como 
vimos  eftá  hum  grande  quadro  de  jafpe,  e 
nelle    primorofamente    aberto,    e    reprezen- 
tado  o  certame  que  a  mefma  Santa  teve  com 
os  Filofofos  em  Alexandria.    Defronte  deíla 
Capella  eftá  huma  Cruz  grande  de  mármo- 
re arvorada  fobre  o  monte,  e  na  parte  in- 
ferior  fe    lé   gravada   efta   elegantiífima   inf- 
cripçaõ.    D.    loannes    de    Cafiro    índia    Pro- 
rex,     Augufius,      Félix,      Pius,      Triumphator 
collem    bun    á    Rege    tantum    pro    Afia    de- 


tiãa    pofiulatum    viãrici    Crucis    Lábaro    con~ 
fecrandum    reliquit.     Epifcopus    D.     Francifcur 
á    Cafiro    nepos    votum   foluit    anno    Chrifii 
1641.       As     virtudes     moraes,     e     proezas 
militares    com    que    eternizou     o    feu    no- 
me    efte     famofo     Heroe     foraõ     aílumpto 
das     penas     dos     mais     infignes     Efcritores 
dos    quais    para    immortal    padraõ    da    fua 
memoria   fe    relatarão    os    Elogios.     O    pri- 
meiro,   e    o    mayor    de    todos    feja    o    que 
lhe  fez  o  Taumaturgo  do  Oriente  S.  Fran- 
cifco   Xavier    em    huma    carta    efcrita    ao 
P.  Ignacio  ^lartins  da  Companhia  de  lefus 
mandada    de    Goa    a    28    de    Outubro    de 
1548.  cujo  original,  que  vimos,  fe  conferva 
na    SereniíTima    Caza    de    Bragança,    e    fahio 
por  minha  deligencia  impreíía  na  Vida  defte 
Heroe  compofta  por  lacinto  Freyre  de  An- 
drade da  impreííaõ  de  4.    Lisboa  por  Antó- 
nio Ifidoro  da  Fonceca   1736    1m  impenfada 
muerte    dei    Virey    D.    luan    de    Cafiro    dexó 
deshauciado     a     todos    efios    pueblos,    y    flerto 
perdia  S.   A.  en  el  el  mejor  baffallo,  que  po- 
dia defearfe,  y  aun  fi  nó  fiente  fu  muerte  que 
penfé  fue   ftieno,    la    Compania    mas    que    to- 
do,   que  fi  en  fu   vida  fue    efpejo   de    la   vir- 
tud,  j   dei  valor,    en  fu   muerte  fuè   verguença 
aios    Fxclefiafies,  y    affombro    a    los    Seglares; 
a    los    Fxclefiafies   porque   fu    muerte    no    pa- 
recia fi  nó   de   angel  fe   di^ir  fe  puede,  y   a 
los  feglares  porque   echó  la   haliv^a   de   la  ctidi- 
da    mas   de    raya    dexando    en    el   defprecio    de 
los   bienes  profanos   una    memoria   de    que  pue- 
de   llebantarfe    efiatua    efiimando    en    tanto    la 
pobreza    que    aun  para    la    comida    de  fu   do- 
lência pidio  prefiado,  y   con    tan    limpias    ma- 
nos de   la  hat(ienda   real  que   ai  punto   de   mo- 
rirfe   dio   tefiimonio  jurado   que  por   la   cuenta, 
que    tenia    que  dar   a  fu   Creador  nada  ni  va- 
lor   de    un    Xarafim    era    deudor;    dio    el   efpi- 
rito    ai    Senor    con    tantas    muefiras    de  jufio, 
que  en  mi  efiimadon  bolo  ai  cielo,  y  fi  nó  no 
fé  que  serê  yo.     Maffeus.    Hifi.   Ind.   lib.    13. 
Vir    omnium    confenfu    aque    belli,    ac    pads 
artibus    clarus.       Couto    Decad.    da    Ind.    6. 
liv.  6.  cap.  9.    Foy  bem  infiruido  nas  artes  li- 
beraes,    e   taõ  bom   latino   que  podia  julgar  de 
efiilo...   Foy  muito  inclinado,  e  afeiçoado  â  Ma- 
thematica...    fervio     com     muito     t^elo,     amor, 
intdrev^,    e  pouca   cubica,     Mariz    Dialog,    de 


63o 


BIBLIO THE  C  A 


Var.  Hijl.  Dial.  5.  cap.  i.  fendo  ff-andif- 
Jimo  Mathematico,  e  em  outras  /cientificas 
excellencias  illuftrijfimo:  era  também  de  fua 
pejfoa  taõ  esforçado,  como  em  letras  infigne. 
Fr.  Ant.  de  S.  Roman  Hifl.  de  la  Ind. 
liv.  4.  cap.  6.  illujlre  Capitan,  y  famofo 
Vicerey.  Souza  de  Maced.  Ylor.  de  Ef- 
pan.  cap.  12.  excel.  i.  Excellente  Gover- 
nador, e  cap.  18.  exccl.  2.  infigne.  Solor- 
zan.  de  lur.  Ind.  Tom.  i.  lib.  i.  cap.  3. 
n.  48.  infignis  Indiarum  Prorex.  Telles 
Chron.  da  Comp.  da  Prov.  Part.  2.  liv.  6. 
cap.  59.  n.  9  e  na  Hifi.  da  Etiop.  Alt.  liv.  i. 
■cap.  9.  famofo.  Barros  Decad.  4.  da  Ind.  liv. 
10.  cap.  19.  Lucena  Vid.  do  Santo  Xavier. 
liv.  6.  cap.  2.  como  fer^  a  muitos  ventagem 
no  esforço  militar,  ajft  lhe  fit^eraõ  poucos  na 
corteja,  eftima  da  virtude,  i^elo  da  piedade 
e  KeligiaÕ  Chriftãa.  Faria  Afia  Portug. 
Tom.  2.  Part.  2.  cap.  i.  Varon  excellente 
por  fangre,por  efiudios,  y  por  talento,  e  no 
Coment.  às  Kim.  de  Cam.  Tom.  i.  pag. 
300.  meretijfimo  por  quantas  partes  y  virtudes 
Je  pueden  Juntar  a  componer  un  Heroe.  Pereira 
Hift.  de  D.  Luiz  de  Attayde  liv.  2. 
cap.  7.  cuja  gloriofa  memoria,  e  defacuftuma- 
Àos  merecimentos  naõ  fofrem  fer  em  hifioria 
Ja  índia  nomeado  fingelamente.  Pois  Juntas 
a  tanta  grandet^a  de  animo,  e  a  hum  taÕ 
raro  valor  das  armas  fe  viraõ  refurffr  nefle 
Capitão  as  mais  efquecidas  virtudes  da  con- 
tinência, e  defentereffada  puret^a  da  antigui- 
dade Romana  com  efpirito  temperado  mais 
manfo,  que  Severo,  em  que  fe  achou  fempre 
hum  puro,  e  verdadeiro  concerto  de  vida  vir- 
iuofa.  Clede  Hifi.  de  Portug.  Tom.  2.  pag. 
mihi  II.  Caftro  Joifftoit  aux  vertus  civiles 
les  vertus  guerrieres,  e  l'on  peut  le  compter 
au  rang  de  ces  hommes  rares  que  la  nature 
ne  produit  que  de  loin  en  loin.  Fonceca  Evor. 
Gloriof.  pag.  149.  ef pirou  com  fentimento  uni- 
verfal  de  toda  a  Afia  Chriftãa,  que  devia 
ú  fua  piedade  a  confervaçaõ,  e  propaga- 
ção da  Fé,  e  ao  feu  valor  a  fegurança, 
e  liberdade.  Lafitau  Conq.  de  Portug.  Tom. 
2.  liv.  12.  pag.  mihi  418.  Tous  ces  traits 
que  peuvent  le  metter  en  parallele  avec  les  Heros 
de  rattcienne  Grece,  e  avec  les  grands  hommes 
des  premiers  ages  de  la  fimplicite  Romaine 
font   mieux  fon   eloge   que  Je  pourrois   ajouter 


pour  tracer  fon  caraElere,  e  embellir  fon  portrait. 
Fr.  loan.  de  Luc.  Contin.  Annal.  Minor. 
Luc.  Wadin^  Tom.  18.  ad  an.  Chrifti  1J46. 
p.  195.  n.  131.  Vir  omnium  confenfu  aque 
belli,  ac  pacis  artibus  clarus.  Sousa  Orient. 
Conquifi.  Part.  i.  Conq.  i.  Divif.  i.  §.  37.  Na- 
vegou feguro  no  porto  da  eternidade  como  pode 
prefumir  a  mais  acertada  prudência  das  virtudes 
de  fua  vida,  e  das  circunftancias  da  fua  morte. 
Lcytaõ  Mem.  Chronol.  da  Univerfidade  de  Coimb. 
pag.  505.  n.  1086.  preclarijfimo  efpelho  de  He- 
roes.  Souza  Hifi.  Gen.  da  Ca^.  Real  Portug. 
Tom.  3.  p.  483.  infigne  varaõ  ornado  de  tan- 
tas virtudes  como  valor.  A  os  Historiadores 
correfpondem  com  armonica  fuavidade  os 
Poetas  dedicando  métricos  aplauzos  à  me- 
moria de  taõ  grande  Heroe.  O  divino  Ca- 
moens  Lujiad.  Cant.  i.  Eftanc.  14. 
Albuquerque  terrível,  Cafiro  forte, 
E  outros  em  quem  poder  naõ  teve  a  morte. 

E  no  Cant.  10  Eftanc.  72. 
Efte  depois  em  campo  fe  apren^enta 

Vencedor  forte,  e  intrépido  ao  poffante 
Rey  de  Cambaya,  e  á  vifia  lhe  amedrenta 
Da  fera  multidão  quadrupedante. 
Naõ  menos  fuás  terras  malfuftenta 
O  Hidalcaõ  do  braço  triunfante. 
Que  cafiigando  vay  Dabul  na  Cofia 
Nem  lhe  ef  capou  Pondã  no  SertaÕ  pofia. 
Diogo   Bernardes   Cart.   que   he  a   23   a 
D.   Fernando   Alvres   de   Caftro   Neto   deftc 
Heroe. 

Nunca  àfombra  dofrexo,  nem  dafaya 
Creou  Torquatos,  Fabios,  Scipioens; 
Nem  quem  por  fima  de  lies  po:(^  a  raya 
Aquelle  q  entre  os  mais  claros  varoens 
A  palma  fe  lhe  deve  afirmar  pojfo 
Ifio  fem  confultar  opinioens 
Aquelle  graÕ  guerreiro  aquelle  noffo 
Invencível  Avó  graõ   Yiforey 
De  Cafiro  D.  loaõ  efpelho  noffo. 
Ah  Senhor  D.  Fernando,  que  direi! 
De  quem  por  todo  o  mundo  div^em  tanto 
Se  com  tal  intenção  naÕ  comecei! 
Somente  por  retrato  raro,  e  Santo 
Das  armas,  dofaber,  da  Cortesia 
J2uiz  illufirar  com  elle  efte  meu  canto 
Que  para  o  celebrar  mifter  havia 
Hum  eftilo  mais  alto,  e  levantado 
Do  que  Satyra  pede,  ou  Elegia 


L  USITAN A. 


63 1 


Deixou-vos  o  caminho  ahalii^aão 
Por  onde  foy  foberbo  ao  claro  templo 
A!  Jempitema  fama  dedicado. 
Manoel  de  Faria,  e  Sou2a  Vuent.  de  Aga- 
mp.  Part.  i.  Cent.  3.  Sonet.  34. 
Morifte  ò  Jítíin  con  nuebas  circunjlancias 
De  valor,  pues  ai  ttrj/o  raro  toca 
Ha^er,  que  com  perceptos  dejfa  boca 
Hagan  obras  d^ejja  alma  confonancias. 
De  ejplendor  haciendo  exorbitâncias 
Si  el  curfo  dei  vivir  fe  te  revoca 
Livre  tu  alma  de  fu  efirecha  roca 
De  tierra  a  Cielo  mide  las  dijlancias. 
Eftrecba  bien,  que  ai  fin  nófue  defnuda 
De  Ju  cuerpo  alma  tal  por  edadfria 
Ni  por  golpe  violento,  ó  fiebre  aguda: 
Mudar  fue,  no  morir,  que  apetecia 
Bufe  ar  un  Cielo  en  que  caber  fin  duda, 
Que  fin  duda  en  un  cuerpo  nó  cabia 
Gabriel  Pereira  de  Caftro  Ulyjfea  Cant.  7. 
EAanc.  113.  e  114. 

Ejnbraçado  o  efcudo  rutilante 

Vem  o  famofo  Cafiro  com  prefie^a 
A  /ocorrer  os  feus,  elle  diante 
Pouco  efiimando  a  perigo/a  empreita. 
Armado  fahe  de  hum  animo  confiante 
Defpre!(ador  da  vida,  e  fó  fe  pre^a 
Da  alta  virtude,  que  a  feu  braço  unida 
A  índia  toda  o  teme,  e  fa:^  timida. 
Tal  preço  de  fua  barba,  e  tal  valia 
TeraÕ  fó  dous  cabelos,  que  o  thefouro 
Mayor  do  foi  {com  feus  rayos  cria 
Nas  grandes  vejas  cujo  fangue  he  ouro) 
Menos  efiima  tem,  que  a  quanto  a  fria 
Noite  efconde,  e  defcobre  Apollo  louro, 
Tocando  o  mais  remoto  paralelo 
Excede  defia  barba  hum  fó  cabelo. 
Barbofa  Archiath.  Ijifit.  pag.  83. 
Ecce  maris  domitor  generofus  Cafirius  urbem 
Indica  quá  prudens,   €>*  jufius  regta  gubemat 
Deferit  obfeffis  laturus  clajfe  falutem 
D.    Thomaz    de    Bem    Cafireidos   lib.    V. 
pag.  iio. 

Gloria  latfiadum,  duãor  clarijfime,  Cafire 
Sat  ferro,  belloque  datum,  fat  Marte  cruento 
Quid  valeat   tua   dextra,   rubens  Jam  fan- 

guine  Maurus 
Fraãaqi4e    turbata    tefiantur    comua    Lama 
Othomana  quando  praclarum  optare  trium- 
phum 


Non   aliud,    quam  ferre  ftát,    quàm   vincere,, 

velle. 
Vicifii;  affertát  fe  fe,  rupitque  catenas 
Urbs  tandem,  <&  fafius  decoravit  grata  trium- 

pho. 
Cedat  Alexander  fpoliis   Orientis  onufius 
Nunc  tibi,   conceda  t  Scipio   Carthagine   vi£tár 
Pompeius,   Cafar,   Marius,   vel  fortis   Acbil- 

les, 
Heroes   fileant    veteres;    quos   fama    volucrir 
Altitonante   tuba   mirum  fuper   extulit  afira 

&c. 

Compoz. 

Roteiro  da  viagem,  que  fe^  defie  Rejno  para 
a  índia  com  o  Vicerey  Garcia  de  Noronha 
no  armo  de  1538.  e  do  que  fe^  de  Goa  até 
Dio.  Dedicado  ao  Infante  D.  Luiz.  Eftas 
duas  obras,  que  alguns  Authores  intitu- 
larão Q)mmentarios  Geográficos  os  tinha, 
promptos  para  a  impreíTaõ  Fr.  Fernando 
de  Caílro  religiofo  Dominico  neto  do 
author  de  quem  fe  fez  memoria  em 
feu  lugar,  e  fe  confervaõ  M.  S.  na  Li- 
vraria do  G^llegio  dos  Padres  Jefuitas  de 
Évora  como  efcrevem  Maífeo  Hifi.  Ind.  lib. 
13.  no  fim,  e  Fr.  Ant.  de  Roman  Hifi.  Orient. 
liv.  4.  cap.  6.  Paliando  deíla  obra  o  eloquen- 
tiflimo  Jacinto  Freyre  de  Andrade  Vid^ 
de  D.  loaõ  de  Cafi.  liv.  4.  §.  iio.  Nas  horas , 
que  lhe  perdoavaõ  os  cuidados  da  guerra  def- 
creveo  em  copiofo  tratado  toda  a  Cofia,  que 
jaí^  entre  Goa,  e  Dio  finalando  os  baixos, 
e  recifes;  a  altura  da  elevação  do  Polo  em 
que  efiaÕ  as  Cidades,  refiingas,  anglas,  e  en- 
feadas,  que  formàõ  os  portos,  as  monçoens  dos^ 
ventos,  e  condiçoens  dos  mares,  a  força  das 
correntes,  e  Ímpeto  dos  rios,  arrumando  as 
linhas  em  taboas  diferentes,  tudo  com  tàõ 
miúda,  e  acertada  Geografia,  que  o  poderá  efia 
fó  obra  fa;(er  conhecido,  fe  já  o  naõ  fora  tanto 
pelo  valor  militar. 

Roteiro  da  viagem  da  índia  até  o  Ef- 
treito  de  Sues.  A  eíla  obra  fazem  gran- 
des Elogios  diverfos  authores  como  faõ 
Andrade  Vid.  de  D.  loaÔ  de  Cafiro  liv. 
I.  n.  19.  Em  todas  efias  angras,  e  enfeadas 
da  boca  do  Efireito  até  Suev^  foy  D.  loaõ 
de  Cafiro  tomando  o  foi,  e  fazendo  roteiro 
formando  jtãv^  já    de    Filofofo    natural,    e  jã 


Ó32 


BIB  LIO  THE  CA 


T 


■de  marinheiro  moflrando  como  caminha  cega  a 
experiência  rude  dos  Pilotos  fem  os  preceitos 
da  arte  e  liv.  4.  §.  iio.  Obra  útil,  e  grata  aos 
navegantes.  Faria  AJia  Portug.  Tom.  2.  Part. 
I.  cap.  3.  n.  5.  tomando  en  ejla  ocafion  ora  la 
•ejpada,  ora  la  pluma  fue  defcribiendo  con  mu- 
^ba  Jujlificacion  en  efiilo,  y  lengua  Ciceroniana 
aquelles  mares,  aquella  cojla.  e  no  Coment. 
Àas  Ijn^iad.  de  Cam.  Cant.  5.  Eílanc.  19.  Fr. 
Ant.  Roman.  Hift.  Orient.  liv.  4.  cap.  6. 

I^ivro  das  mercês  que  fe^  na  índia  M.  S. 
Cartas  que  ejcreveo.  e  das  rejpojlas  que  teve 
Âe  D.  loaõ  o  III.  5 .  Tom.  M.  S. 

Outo  livros  do  governo  que  fez  na  índia  orde- 
nados por  elle.  M.  S. 

Carta  a  Aleixo  de  Sou^a  Chichorro  Ve- 
Jor  da  Fazenda  da  índia.  He  repoíla  a 
huma  que  elle  lhe  efcreveo  na  qual  o  incre- 
pa  de  ambiciofo.  He  larga,  e  judiciofa.  Co- 
meça. Guardei  hum  pouco  em  refponder  á  vojfa 
carta. 

Carta  ejcrita  de  Dio  ao  Senado  de  Goa 
^m  23.  de  "Novembro  de  1546.  Sahio  im- 
prefla  na  Vid.  deíle  Heroe  efcrita  por 
lacinto    Freyre    de    Andrade   liv.    3.    §.    29. 

KelaçaÕ  do  que  paffou  no  fitio  de  Dio.  M.  S. 
Defta  obra  faz  memoria  o  moderno  addicio- 
nador  da  Bib.  Orient.  de  António  de  Leaõ 
Tom.  I.  Tit.  3.  col.  65. 


D.  lOAÕ  DE  CASTRO  filho  na- 
tural de  D.  Álvaro  de  Caftro  Senhor 
<le  Penedono  Embaxador  a  França  Ro- 
ma, Caílella,  e  Saboya,  Vedor  da  Fazen- 
■da  delRey  D.  Sebaíliaõ,  e  Neto  do 
Ínclito  Heroe  D.  loaõ  de  Caftro  de 
quem  fe  fez  a  precedente  memoria.  A 
pcrfpicaz  intelligencia,  de  que  o  dotou 
a  natureza  para  a  cultura  das  fciencias 
o  impellio  a  frequentar  a  Univerfidade 
<le  Évora  em  o  armo  de  1568.  onde  aíTif- 
tindolhe  o  Cardial  D.  Henrique  com  tudo, 
que  era  neceíTario  para  o  decoro  da  fua 
pcíToa,  e  vendo  o  aplauzo,  com  que  re- 
cebera o  grão  de  Meftre  cm  Artes  o  pro- 
veo  em  hum  Canonicato  da  Collegiada 
-de  Valença  do  Minho,  que  naõ  aceitou, 
c   em   hum   beneficio   fimplez   em   S.    Giaõ 


da  Sylva  termo  da  dita  Villa.  Ao  tempo 
que  continuava  o  efíiido  da  Thcologia  o 
interrompeo  com  a  fatal  jornada  de  Afri- 
ca em  o  anno  de  1 578.  em  que  depois  de  mof- 
trar  os  alentados  cfpiritos  com  que  fc  ani- 
mava o  feu  Coração  ficou  cativo  com  fetcnta, 
e  nove  Fidalgos  companheiros  da  fua  infe- 
licidade. Reflituido  à  liberdade  como  fcm- 
pre  foíTe  fiel  para  os  Princepcs  naturaes  ou- 
vindo que  na  Villa  de  Santarém  fe  aclamara 
a  24  de  lulho  de  1580.  Soberano  defta  Mo- 
narchia  ao  Senhor  D.  António  filho  do  Se- 
reniffimo  Infante  D.  Luiz  paíTou  a  Lisboa 
com  alguns  foldados  fequazes  da  fua  he- 
róica refoluçaõ,  e  na  batalha  de  Alcântara 
fuburbio  daquella  Cidade  fendo  derrotado 
o  exercito  Portuguez  pello  Duque  de  Al- 
va fe  falvou  com  o  Senhor  D.  António 
acompanhando-o  com  fumma  fidelidade,  e 
igual  defmtereíTe,  já  aliftando  com  o  pofto 
de  Coronel  gente  em  a  Villa  de  Barcellos,  e 
na  Ilha  Terceira  para  a  meditada  conquifta 
da  Madeira;  já  difpondo  com  a  madure- 
za do  feu  juizo  as  emprezas  conducentes 
para  confeguir  a  Coroa  de  feus  Avós  ufur- 
pada  pela  violência  Caftelhana.  Naõ  fc  cx- 
ringuio  em  o  feu  peito  com  a  morte  do 
Senhor  D.  António  fucedida  em  Pariz  a 
26.  de  Agofto  de  1595.  o  ardente  zelo  para 
com  a  fua  Pátria  pois  chegando  à  fua  noti- 
cia em  o  anno  de  1598.  que  ElRey  D.  Sebaf- 
tiaõ,  ou  quem  afeftava  a  fua  PeíToa,  eftava 
prezo  em  Veneza  paílou  de  Pariz  em  14.  de 
lulho  de  1600.  àquella  Gdade  onde  repre- 
zentou  ao  Senado  com  exprelToens  revef- 
tidas  da  mais  zelofa  fidelidade  a  injufta  açaõ 
de  ter  reclufo  cm  o  cárcere  quem  fora  ado- 
rado no  trono.  Movido  o  Senado  com  as 
inftancias  que  fe  lhe  faziaõ  de  diverfas  par- 
tes para  a  liberdade  do  prezo  concedeo  que 
fahindo  do  cárcere  fe  naõ  demoraíTc  cm 
Veneza  mais  que  o  efpaço  de  três  dias.  Foy 
inexplicável  o  jubilo,  que  concebeo  o  feu 
Coração  quando  vio  reftituido  à  liberda- 
de aquelle  Príncipe,  que  com  profunda  ve- 
neração reconheceo  por  feu  Soberano  co- 
mo largamente  defcreve  na  Vida  que  compoz 
defte  Monarcha  cap.  19.  Foy  muito  in- 
tclligentc,  c  pradtico  nas  linguas  Latina, 
Franceza,    c    Italiana,    c    naõ    menos    ver- 


d 


L  USITAN  A. 


633 


fado  na  Hiíioria  Sagrada,  e  profana.  Dif- 
correo  pelas  principaes  Gdades  de  Itália, 
e  por  duas  vezes  afliítío  em  Olanda,  e  In- 
glaterra até  que  fez  a  fua  fixa  habitação  em 
a  O^rte  de  Pariz  onde  vivia  em  o  anno  de 
1623.  tolerando  a  infauíla  fortuna  que  fem- 
pre  o  acompanhou,  certamente  indigna  do 
feu  illuífare  nacimento  e  perfpicaz  juizo. 
Delle  fazem  mençaõ  Caramuel  Philip.  Prud. 
lib.  5.  in  Proaem.  Spener.  Opus  Herald.  Part.  i. 
lib.  I.  cap.  22.  pag.  287.    Compoz. 

Difcurfo  da  Vida  do  fempre  bem  vindo, 
e  apparecido  Rey  D.  SebafiiaÔ  nojfo  Senhor  o 
Encuberío  desde  feu  nacimento  te  o  pre:(ente  de- 
riffda  aos  três  EJlados  do  Reyno.  Pariz  por 
Martim  Verac.    1602.   8. 

Ajunta  do  Difcurfo  precedente  aos  mef- 
mos  Eflados  em  a  qual  fe  adverte  de  como 
ElRey  de  Efpanha  fe  ouve  com  ElRey  D. 
SebaJliaÕ    depois,    que    o    teve    em   feu   poder. 

1602.  8. 

Repofla,  que  os  três  Eflados  do  Reyno 
de  Portugal  a  fua  Nobreza,  Cleret(ia,  e 
Povo  mandarão  a  D.  loaõ  de  Caflro  fobre 
hum  Difcurfo,  que  lhes  deriffo  fobre  a  vin- 
da,    e     apparecimento     delKey     D.     Sebaftiaõ. 

1603.  8. 

Paraphrafe,  e  concordância  de  algumas  Pro- 
phecias  do  Bandarra  Sapateiro  de  Trancofo. 
1603.  8. 

Eftas  três  obras  fupofto  que  naõ  tem 
lugar  da  imprelTaõ,  certamente  fe  conhece 
pelo  carader  da  letra  que  foraõ  impreíTas 
em  Pariz  onde  feu  Author  afliíHa. 

Obras.  M.  S. 

Difcurfo  deriffdo  a  ElRey  D.  Sebaftiaõ. 
Efcrito  a  zy  de  lulho  de  1588.  Começa.  Que 
maravilha  be  em  anno  taõ  profetizado.  &c. 

De  quinta,  <àr  ultima  Monarchia  futura, 
rebufque  admirandis  nofiri  temporis.  4.  0)m- 
poAa  em  o  anno  de  1597. 

Remonfirança  feita  de  novo  aos  llluflriffimos 
Senhores  do  Confelho  de  Eflado,  e  privado  deíRey 
Cbriftianijftmo,  e  fufcita^aõ  da  Caufa,  e  dos  acon- 
tecimentos admiráveis  do  Serenijftmo  Rey  de  Por- 
tugal D.  Sebaftiaõ  primeiro  do  Nome.  4.  Ef- 
crita  em  1603. 


Difcurfo  a  ElRey  D.  Sebaftiaõ.  Efcrito 
em  Pariz  a  18  de  Agofto  de  1604. 

Aurora.  G3níla  eiia  obra  de  diverfas 
Profecias  interpretadas  em  obzequio  deí- 
Rey D.  Sebaftiaõ,  e  comprehende  67  ca- 
dernos de  dez  folhas  cada  hum.  Foy  com- 
poíla  em  Pariz,  e  acabada  em  28  de  Abril 
de  1605.  com  eftas  palavras.  Aqui  demos 
fim  a  efla  obra  na  qual  poderamos  tra:(er  mià- 
ta  outra  reqtúffima  pedraria  de  Prophecias,  fe 
naõ  ouveramos  medo,  que  alguns  dos  Leytores 
fe  enfadajfem  a  qual  naÕ  fará  falta  pêra  o  co- 
nhecimento, e  clare!(a  intelleãual  deffas  ad- 
miráveis maravilhas,  que  eflaÕ  por  vir,  ctgo 
começo  ef per  amos  por  horas:  pois  as  que 
allegamos  nefta  Aurora  faÕ  taõ  condes  taõ 
claras,  e  tantas,  que  fomente  o  dia  do  cum- 
primento delias  pode  fer  mais  claro,  e  mais 
fermofo.  Eu  put;^  as  Prophecias  na  mctyor 
purev^a,  que  pude,  mas  naÕ  todas  em  feu 
rmtural,  e  naquella  irmocencia,  e  virtude  fua, 
como  foraõ  profetit^adas  por  ceuc^a  da  cor- 
ruçaõ  dos  exemplares,  e  do  defeito  da  im- 
prejfaõ  antiga.  Se  ao  diante  fairem  os  feus 
Oriffnaes  authenticos  em  fua  inteiret^a  fometo 
a  elles  a  correição  dos  erros  que  aqui  fo- 
rem: naõ  fe  botando  por  ijfo  a  ninguém  o 
goflo    do     que    achar    puramente    referido. 

Tratado  fobre  o  Profeta  Daniel.  Com- 
pofto  em  3  de  lulho  de  1613. 

Selva  fobre  a  Paraphrafe  do  Bandarra,  (jorn- 
pofta  em  Pariz  a  30  de  Agofto  de  1614.  Gjnfla. 
de  19.  Capítulos  começa.  Ainda,  que  tarde 
me  acordei.  &c.  4. 

O  Antichriflo,  ou  Profecias,  e  Revela- 
çoens  fobre  elle  ordenadas.  Confta  de  62  ca- 
dernos de  finco  folhas,  a  qual  obra  princi- 
piou em  Pariz  a  20  de  lulho  de  161 5,  e  foy 
acabada  a  17  de  Novembro  de  161 6.  Co- 
meça. Depois  que  me  comecei  a  dar  ás  Profe- 
cias, e  revelaçoens  annunciadoras  das  maravilhas 
dos  nojfo s  tempos.  &c. 

Ornamento,  honra,  e  gloria  de  quatro  Or- 
dens de  que  profetis^ou  o  Ven.  Abbade  loachim 
em  teflemunho,  e  trofeos  dos  illufires  merecimen- 
tos delias,  e  delle.  Compofto  em  Pariz  a  7 
de  Abril  de  161 7.  Começa.  Entre  as  muitas 
Ordens.  &c. 

Avifos  divinos,  e  humanos  para  os  me- 
morandos   Conquijladores    da     Terra    da     Pro- 


634 


BIBLIO THE  CA 


mijfaõ  dos  noffos  tempos  que  he  de  todo  o  Uni- 
ver/o.  G)níla  de  4  livros  que  comprehen- 
dem  13  cadernos  compoílo  em  Pariz  a  23 
de  Setembro  de  161 7.  Começa.  NaÕ  ha 
coufa  nejia  Vida  taô  natural,  e  cummua  a  todos 
os  homens  &c. 

Novas  flores  fobre  a  Parafrafe  do  Bandarra 
com  algumas  retraíiaçoens.  Efcrito  em  ParÍ2 
a  19  de  Novembro  de  161 7. 

Payneis  divinos  onde  fe  repre^entaõ  algumas 
das  grandes  mercês  que  Deos  tem  prometidas  ao 
Jeu  Povo  Ocidental  da  Igreja  Romana  com  algu- 
mas particularidades  jà  feitas  por  elle  aos  Reys 
de  Portugal,  e  aos  Portuguet^es.  Confta  de 
5  livros  que  comprehendem  58  Capitules. 
Compoílo  em  Pariz  a  11  de  Outubro  de  1621. 
Começa.  Temos  já  apregoadas  tantas,  e  tamanhas 
Mifericordias.  &c. 

Do  Ternário,  Senario,  e  Novenario  dos  Por- 
tugue^es,  que  em  Veneza  folicitaraõ  a  liberdade 
delRej  D.  SebaJliaÕ  Nojfo  Senhor  com  mais  huma 
breve  mençaÕ  do  Senhor  D.  António  Repartido 
em  5  livros  que  comprehendem  29  Cader- 
nos. Compoílo  em  Pariz  a  3  de  Mayo  de 
1625. 

Genealogia  dos  Kejs  de  Portugal  de/de  D. 
Affonfo  Henrique^  até  D.  Sebajliaõ  Efcrita 
em  Francez,  e  coníla  de  muitos  cadernos 
que  fazem  dous  tomos  de  4.  de  juíla  gran- 
deza. 

O  Jegundo  apparecimento  delRey  D.  Sebaf- 
tíaÕ  Noflo  Senhor  de/afeiflo  Rey  de  Portugal 
com  a  repetição  fummaria  do  primeiro,  e  de  to- 
da a  Jua  vida.  Dirigido  aos  Três  EJlados  do 
Rejno  a  faber  ao  da  Clerejia,  ao  da  Nobrei^a, 
e  ao  do  Povo.  4.  Coníla  de  20  Capítulos  lar- 
gos. Começa.  Dous  ditos  há  muy  celebres. 
&c. 

Tratado  Apologético  contra  hum  libello  dif- 
famatorio  que  imprimirão  em  França  certos 
Portuguet^es  com  o  titulo  Jegtánte.  Refpoíla,  que 
os  Três  Eílados  do  Reyno  de  Portugal  a 
faber  Nobreza,  Clerezia,  e  Povo  mandarão 
a  D.  loaõ  de  Caílro  fobre  hum  livro,  que 
lhes  dirigio  fobre  a  vinda,  e  apparecimento 
delRey  D.  Sebaíliaõ.  4.  Começa.  Achan- 
do-me  na  Corte  de  Hefpanha  em  companhia,  e 
converfaçaõ  dalguns  Senhores  Portugueses  afei- 
çoados à  Pátria   &c. 


Tratado  fobre  alguns  Pajfos  do  Apocaly- 
pfe.  4. 

Das  Fundaçoens  da  B.   Tareja  de  Je:(us.  4. 

Advertências  ao  Difcurfo  da  vida  de  D. 
Sebajliaõ,  e  da  Ajunta  do  Difcurfo  aos  Três 
Eftados  do  Reyno.  4. 

Notaçoens  da  Hiftoria  Geral  de  Efpanha 
compofla  em  Caftelhano  por  loaõ  de  Mariana  da 
Companhia  de  lESUS.  4. 

Juramento  delRey  D.  Affonfo  Henriques  tra- 
duzido na  lingua  France:(a.  4. 

Todas  eílas  obras  efcritas  pela  própria 
maõ  do  Author,  e  firmadas  com  o  feu  íinal 
fe  confervaõ  na  feledliíTima  Livraria  de  meu 
Irmaõ  D.  lozè  Barboza  Clérigo  Regular 
Chroniíla  da  SereniíTima  Caza  de  Bragança, 
e  Cenfor  da  Academia  Real  onde  as  exami- 
namos com  fumma  aplicação,  e  certamente 
muitas  delias  faõ  merecedoras  da  luz  publica. 


Fr.  lOAÕ  DE  CEYTA  natural  de  Lis- 
boa, e  hum  dos  famofos  alumnos  da  Será- 
fica Provinda  dos  Algarves  onde  floreceo 
igual  na  Poezia  Latina,  como  profundi- 
dade Theologica,  e  Oratória  Eccleíiaílica 
pela  qual  mereceo  univerfaes  aplaufos,  ou 
foíTe  pela  multiplicidade  de  textos  com  que 
exornava  os  feus  difcurfos,  ou  pela  vehe- 
mente  energia  com  que  os  reprezentava,  e 
proferia.  Havendo  fido  Guardião  do  Col- 
legio  de  Coimbra  o  elegeo  por  feu  Confef- 
for  o  exemplariíTimo  Prelado  D.  Jozé  de 
Mello  Arcebifpo  de  Évora  devendo  à  ma- 
dureza dos  feus  Confelhos  grande  parte 
do  acerto  das  fuás  acçoens  paíloraes.  Fal- 
leceo  em  o  Convento  de  Setúbal  em  o  an- 
no  de  1633.  quando  cotava  55  annos  de 
idade.  Vários  authores  lhe  celebraõ  o  no- 
me como  faõ  D.  Francifco  Manoel  Cart. 
dos  A  A.  Portug.  em  Cathedra  púlpito,  e  letras 
famofo  loan.  Soar.  de  Brito  Theatr.  Lu- 
fit.  Litter.  lit.  I.  n.  31.  Infignis  Fxclefiaf- 
tes.  Pizarro  Var.  Illujl.  da  Ind.  cap.  5. 
Obfervac.  4.  reli  ff of o  grave;  e  na  vid.  de 
Ant.  de  Ojed.  Obfervanc.  2.  grande  predi- 
cador. Wadingo  de  Script.  Ord.  Min.  Z29. 
col.  2.  vir  eruditus.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  p.  615.  col.  2.  ingenii  doãrinaque 
fama  clarus,  totoque  oris,  eb*  corporis  fffiu  vt- 


L  USITANA. 


635 


/u/í  aã  eloquentia  fadem  conformatus...  tam 
Jcholafiica,  quàm  expojitiva  Tbeologia  appri- 
me  fftarus.  Marrac.  Bib.  Marian.  Part.  i. 
pag.  809.  Vir  plane  doãus,  atque  in  divini 
Verbi  pradicatione  non  i^ohilis.  Fr.  loaõ 
do  Sacram.  Cbron.  dos  Carm.  DefcalJ.  da 
Prov.  de  Portug.  Tom.  2.  liv.  5.  cap.  22. 
§.  52J.  Sogeito  bem  conhecido  por  Jetis  ej- 
critos.  Fr.  loan.  a  D.  Ant.  Bib.  Francifc. 
Tom.  2.  pag,  233.  col.  2.  injtffiis  Eccle- 
fiafies.  lacinto  Cordeiro  BJog.  dos  Poet.  hup. 
Eflanc.    52. 

Fray  luan  de  Ceita  defte  coro  ff-ave 

Affdla  fuperior,  que  altiva  lucha 

Con  los  rayos  dei  foi  buela  fuave, 

Y  de  Efcoío  agudev^as  folo  efcucba  : 

El  folo  con  la  pluma  afi  fe  alabe 

Venerar le  podre  con  ra!(pn  mucha, 

Peró  alabarle  no;  que  es  def vario 

Quando  nó  es  tan  capa^  el  génio  mio 

Compoz. 

Quadragena  de  Sermoens  em  louvor  da  Virgem 
Maria,  e  de  Chrijlo  Senhor  Nojfo  feu  filho  con- 
forme os  Evangelhos,  que  a  Igre/a  canta  em  fuás 
Feftas  pelo  difcurfo  do  anno.  Lisboa  por  Pedro 
Crasbeeck.  1619.  foi. 

Quadragena  fegunda,  em  que  fe  contem  os 
dous  Santos  Tempos  do  anno  convém  afaber  Adven- 
to, e  Quarefma  com  feus  intróitos  com  outo  Ser- 
moens do  Santijfimo  Sacramento  do  Altar.  Évora 
por  Lourenço  Crasbeeck  1625.  foi.  Efte  tomo 
foy  traduzido  na  lingua  Caftelhana  por  Fr. 
loaõ  de  Navaes  Monge  Ciílercienfe,  e  fahio 
Valhadolid.  1626.  e  depois  na  mefma  lingua 
por  Fr.  Fernando  Camargo  Erimita  Auguítí- 
niano.    Madrid  por  Juan  Gonzales.  1629.  4. 

Sermoens  das  Feflas  da  Virgem  SantiJJima,  e 
de  Chrijlo  Senhor  NoJfo  com  outo  do  Sacramento, 
e  de  alguns  Santos,  e  outo  de  defuntos.  Lisboa 
por  Lourenço  Crasbeeck.  1634.  4.  Tradu- 
zido em  Caftelhano  pelo  Padre  Camargo  Au- 
guftiniano.    Saragoça.  1635. 

Sermoens  para  algumas  Feflas  de  Santos  da 
noffa  Ordem,  Apojlolos,  Martyres,  Santas,  e  de^ 
do  Sacramento.  Lisboa  por  Lourenço  Cras- 
beeck. 1635.  4. 

Sermaõ  da  Fé  pregado  em  o  Aão  que 
o  Santo  Tribunal  de  Évora  fev^  em  a  mef- 
ma   Cidade    no    anno    de     1624.     a     14.     de 


Julho.     Évora     por     Lourenço     Crasbeeck. 
1624.  4. 

D.  lOAÕ  DAS  CHAGAS  natural  de 
Viana  do  Minho  filho  de  Pays  nobres 
quais  eraõ  Belchior  Pinto,  e  Catherina 
Lobo.  Veítío  o  habito  Canónico  Augufti- 
niano  no  Convento  de  S.  Salvador  de  Gri- 
jò  a  10  de  Dezembro  de  1608.  Apren- 
deo  as  fdencias  efcholafticas  no  Collegio 
de  Santo  AgoíHnho  de  Coimbra  onde 
depois  de  jubilar  na  Sagrada  Theologia 
recebeo  o  gráo  de  Doutor  neíla  Facul- 
dade em  a  Academia  Conimbricenfe  no 
anno  de  1633.  Foy  celebre  Orador  Evan- 
gélico, e  muito  verfado  na  intelligenda 
da  Sagrada  Efcritura,  e  Santos  Padres. 
Falleceo  em  Coimbra  a  25  de  Abril  de 
1650.  Delle  fe  lembra  D.  Nicol.  de  S. 
Maria  Cbron.  dos  Coneg.  ^g.  liv.  10.  cap. 
29.    n.    24.    Compoz. 

Tratado  da  perfeição  religiofa  fobre  aquellas  pa- 
lavras do  Genefis.  cap.  1 2.  Egredere  de  terra  tua,  (Ò' 
de  co^mtione  tua,  e^  de  domo  Patris  tui.  M.  S. 

F.  lOAÕ  DAS  CHAGAS  natural  da  Villa 
de  Guimaraens  filho  de  Manoel  Vieyra,  e 
Joanna Na  idade  da  adolefcencia  re- 
cebeo o  ferafico  habito  em  a  Provinda  de 
Portugal  onde  pelo  feu  grande  talento  me- 
receo  exerdtar  os  lugares  mais  honoríficos 
como  foraõ  ComiíTario  da  Corte,  Miniftro  Pro- 
vindal  eleito  no  anno  de  1720.  e  ComiíTario 
Geral  da  Terra  Santa  nefte  Reyno,  e  fuás  Con- 
quiAas  pelo  efpaço  de  nove  annos.  Falle- 
ceo no  Convento  de  S.  Francifco  deíla  Corte 
em  o  anno  de  1727.     Imprimio. 

Verdadeira,  e  individual  Relação  do  que  fe  tem 
obrado  em  Confiantinopla  fobre  a  reedijicaçaõ  do 
Templo  do  Santo  Sepulchro  de  Jefus  Chrijlo  Senhor 
NoJfo  na  Santa  Cidade  de  Jerusalém.  Lisboa 
por  Jozé  Manefcal.   1722.  4. 

lOAÕ  CHRISOSTIMO  DA  CRUZ  Na- 
ceo  em  Villa-franca  de  Xira  do  Patriar- 
chado  de  Lisboa  a  27  de  Janeiro  de 
1707.  fendo  filho  de  Manoel  Francifco 
da  Cruz,  e  Maria  da  Conceição.  Apren- 
didos na  pátria  os  primeiros  rudimentos 
fe    aplicou    com    difvelo    a    Arte    da    Mu- 


636 


BIBLIO THE  CA 


íica  cujos  preceitos  exercitou  com  feli- 
cidade aíTim  praftica,  como  efpeculativa- 
mcnte.  Ordenado  de  Presbitero  em  o  an- 
no  de  1751.  moftrou  pela  integridade  da 
vida,  e  modeftia  do  femblante  fer  digno 
de  taõ  fublime  eftado.  Querendo  inf- 
truir  com  preceitos  fáceis  á  comprehen- 
faõ    aos    amantes    da    Muíica    efcreveo. 

Methodo  breve,  e  claro  em  que  fem  prolixidade, 
nem  confufaõ  fe  exprimem  os  necejfarios  principios 
para  inteligência  da  Arte  da  Mujica.  Com  hum 
appendix  dialogico,  que  fervirà  de  Index  da  obra, 
e  liçaÕ  dos  Principiantes.  Lisboa  por  Ignacio  Ro- 
drigues. 1745.  4. 

Fr.  lOAÕ  DE  CHRISTO  natural  de 
Lisboa  Monge  Ciílercienfe  cujo  habito 
veítío  no  real  Convento  de  Santa  Maria 
de  Alcobaça  a  8  de  laneiro  de  16 14. 
c  profeíTou  folemnemente  a  10  do  dito 
mez  do  anno  feguinte.  Foy  iníigne  tan- 
gedor  de  Orgaõ,  e  dos  celebres  profef- 
fores  de  Mufica  do  feu  tempo  como 
teítímunhaõ  as  obras  que  deixou  defta 
armonica    Faculdade,    fendo    as    principaes. 

O  Texto  das  Paixoens  que  fe  cantaô  em 
a  Semana  Santa  compofto  a  4.  voz^es,  do 
qual  fe  uza  no  Real  Convento  de  Al- 
cobaça. 

Calendas  do  Natal,  e  de  S.  Bernardo. 
Falleceo  no  Convento  de  Alcobaça  a  30 
de    lulho    de    1654. 

Fr.  lOAÕ  DE  CHRISTO  chamado  no 
feculo  loaõ  Botelho  naceo  em  Villareal  do 
Arcebifpado  de  Braga  onde  teve  por  Pays 
a  António  Ferreira,  e  D.  Helena  Botelho 
igualmente  nobres,  e  pios.  ProfeíTou  o  auf- 
tero  inílituto  de  Carmelita  Defcalfo  em  o 
Convento  de  NoíTa  Senhora  dos  Remédios 
de  Lisboa  a  11  de  Março  de  161 2.  onde 
fe  diíUnguio  dos  feus  domefticos  na  cul- 
tura das  virtudes,  e  principalmente  no  zelo 
com  que  paíTando  á  índia  com  o  lugar  de 
Vigário  Geral  promoveo  incanfavelmente  a 
Converfaõ  da  Gentilidade.  Duas  vezes  foy 
a  Roma  como  Procurador  da  fua  Reli- 
gião confeguindo  pela  prudência,  e  aóti- 
vidade  de  que  era  ornado  importantes 
negócios    para     augmento,     c    confervaçaõ 


da  fua  Ordem.  Reílituido  a  Portugal  ocupon 
todo  o  tempo  que  lhe  reftava  das  precizas  obri- 
gaçoens  do  feu  eftado  na  laboriofa  aplicação 
de  efcrever  memorias  hiftoricas  da  fua  Reli- 
gião. Falleceo  no  Convento  de  Lisboa  onde 
nacera  para  Deos,  em  o  anno  de  1658.  com 
64  annos  de  idade  c  47  de  religiofo.  Com- 
poz. 

Carmelo  Defcalfo  hujitano,  ou  Summario  de 
alguns  Keligiofos  Portugue:(es  illuflres  em  Santi- 
dade. M.  S.  Defta  obra  fez  participante  ao  Li- 
cenciado lorge  Cardofo  por  carta  efcrita  a 
17  de  lulho  de  1647.  e  delia  fe  lembra  no 
Agiol.  Lujit.  Tom.  i.  p.  125.  no  Comment. 
de  12  de  laneiro.  letr.  I. 

Clauflro  de  Santo  Alberto,  ou  noticia  da 
Fundação  defle  Convento  fituado  em  Lisboa,  e 
das  lieligiofas  Carmelitas  Defcalfas  que  nelle 
floreceraõ.  Dedicado  a  SereniíTima  Rainha 
de  Portugal  a  Senhora  D.  Luiza  Francifca 
de  Gufmaõ.  M.  S.  Defta  obra  faz  mençaõ 
o  referido  Cardozo  Agiolog.  "Lufit.  Tom.  2. 
p.  69.  no  Comment.  de  6  de  Março  Letr.  I. 

¥onte  de  'Elias,  ou  Tratado  das  Antigui- 
dades da  Ordem  Carmelitana.  foi.   M.   S. 

Vida  de  D.  L^aÕ  de  Noronha  afcendente 
dos  Condes  dos  Arcos  com  noticia  das  fuás 
virtudes,  e  da  hijloria  daquelles  tempos.  Efcrita 
em    10   Capítulos. 

Vida  da  Madre  Maria  de  S.  lo^è,  e 
de  algumas  Religiofas  do  Convento  do  Cal- 
vário de  Ejfora  com  as  noticias  do  Bifpo  D. 
Vafco.  M.  S.  Eftas  duas  obras  fe  achaõ 
encadernadas  em  hum  volume,  que  fe 
confervaõ  na  Livraria  do  Excellentiflimo 
Conde    do    Vimieiro. 

V.  Fr.  lOAÕ  CIRITA  primeiro  Ab- 
bade  do  Convento  de  S.  Chriftovaõ  de 
Lafoens,  e  o  3  do  Convento  de  S.  loaõ 
de  Tarouca  da  Ordem  Ciftercienfe.  No 
tempo  em  que  reynava  em  Leaõ  D. 
Affonfo  VI.  chamado  Emperador  de  Ef- 
panha  exercitou  a  vida  militar,  e  como 
fahilTe  de  huma  batalha  perigofamente  fe- 
rido fe  retirou  a  Galiza  para  caza  de 
hum  Sacerdote  de  inculpável  procedimen- 
to onde  recebeo  igual  medecina  cm  o 
corpo,  como  na  alma  elegendo  outra  no- 
va    milicia    com    a     qual     triumfaííe     dos 


L  USITANA 


63; 


feus    apetites.    Por    morte    do    feu    direâor 
efpiritual    bufcou    para    habitação    a    afpe- 
reza   dos    montes    onde    o   inimigo    comum 
lhe    reprefentava    a    licenciofa    liberdade    da 
vida   paflada,    e   lhe   propunha   os   inconve- 
nientes   da    que    eítava    praâicando,    porém 
armado   da  divina  giaça  reíiftia  à  violência 
deftas   fugeftoens.     Atrahido    da   virtude    de 
dous    Erimitas    que    viviaõ    junto    do    rio 
Vouga  bufcou  a  fua   companhia  onde  com 
outros  difcipulos  do  feu  efpirito  faziaõ  vi- 
<la  mais   angélica,   que   humana.      Deíle   íi- 
tio  paííou  a  fundar  huma  ermida  na  emi- 
nência   de    hum    monte    para    a    parte    do 
Norte   cercado   do   rio   Barofo  onde   confti- 
tuido  Abbade  chegou  a  fama  das  fuás  vir- 
tudes   ao    Qjnde    D.    Henrique    que    entaõ 
dominava   Portugal,    o   qual   dezejando   cer- 
tificarfe    com   os    olhos    do   que   tinha   per- 
cebido pelos  ouvidos  o  viíitou  com  íinaes 
de    grande   afedo    pedindolhe   alcançaíTe    de 
Deos    hum    filho    para    fuceíTor    do   Efta- 
do,  que  poíTuia.    Seguroulhe  o  iníigne  Va- 
rão que  brevemente  feria  defpachada  a  fua 
fuplica,  e  logo  concebeo  a  Rainha  D.  The- 
reza  ao  valerozo  Príncipe  D.  AfFonfo  Hen- 
riques,  que  como   feu   Pay  o  venerou  por 
depozito  da  fantidade  mais  heróica.    Avizado 
fuperiormente  de  que  o  Doutor  Melifluo  S. 
Bernardo  mandava  religiofos  a  Efpanha  para 
fundar  Conventos  da  fua  Ordem  os  conduzio 
de  Lamego  para  Guimaraens  Cone  do  Prín- 
cipe D.  Affonfo  do  qual  alcançou  facilidade 
para  a  fundação  do  Q)nvento  de  S.  loaõ  de 
Tarouca  fendo  elle  o  primeiro  que  das  maõs 
do  Abbade  Boemundo  recebeo  a  cogulla  Cif- 
tercienfe  no  anno  de  Chriílo  de  1123.  e  foy 
o  primeiro  noviço  que  efta  Ordem  Monachal 
teve  nefte  Reyno.    Impetrada  licença  do  mef- 
mo    Príncipe,    edificou   outro    Convento    no 
lugar  da  Ermida  que  habitara,  intitulado  de 
S.  Chriftovaõ  de  Lafoens  do  qual  foy  o  pri- 
meiro Abbade.    Em  todo  o  tempo  que  go- 
vernou o  Convento  de  S.  loaõ  de  Tarouca 
era  na  Oraçaõ  continuo,  na  penitencia  rigo- 
rofo,  no  filencio  obfervantiffimo,  na  abftinen- 
da  admirável,  e  na  charidade  ardente.    Ate- 
nuado com  o  numero  dos  annos,  e  muito 
mais  com  as  penitencias  fe  retirou  ao  Convento 
de   S.    Chriílovaõ    de    Lafoens    onde    viveo 


três  annos,  e  meyo  no  fim  dos  quais  pro- 
vada a  fua  paciência  com  huma  diutur- 
na enfermidade,  recebidos  os  Sacramen- 
tos com  fumma  piedade  poftos  os  olhos 
em  o  Ceo  pronunciando  com  voz  intel- 
ligivel  luiudate  Dominum  de  calis,  laudate 
eum  in  exceljis  entregou  o  efpirito  ao  feu 
Criador  a  23  de  Dezembro  do  anno  de 
ChriJfto  de  11 64.  Na  fua  fepultura  fe  lhe 
gravou    o    feguinte    epitáfio. 

loannes  Ahbas  Cirit..  rexit  Monaft.  S.  loan- 
niSf  S.  Còrifiopòorif  Sals^eda,  S.  Peíri  clarus 
vitãf  clarus  meritis,  clarus  miraculus  ciarei  in 
Calis.  Obiit  XI.  Kalend.  lanuar.  ICCII. 
Delie  iUuflxe  Varaõ  fazem  honorifica  me- 
moria Fr.  Bernardo  de  Brito  Cbron.  de  Cifi. 
liv.  2.  cap.  2.  5.  e  6.  liv.  5.  cap.  14.  e 
15.  Carol.  Vifch.  Bib.  Cifierc.  Chrifoft.  Hen- 
riq.  Monolog.  Cifterc.  p.  427.  &  in  Fafcicul. 
Sana.  Ord.  Cifterc.  Ub.  i.  dift.  19.  Purif. 
de  vir.  illuft.  Ord.  D.  Aug.  liv.  2.  cap.  3. 
e  na  Cbron.  de  S.  Agoft.  da  Prov.  de  Portug. 
Part.  2.  Uv.  6.  Tit.  3.  §.  i.  Camargo  Cbro- 
nol.  Sacr.  foi.  164.  Nicol.  Ant.  hib.  Vet. 
Hifp.  lib.  7.  cap.  6.  Manriq.  Annal.  Cifterc. 
ad  an.  1119.  cap.  3.  n.  i.  &  ad  ann. 
1161.   cap.    5.  n.  4.   &    ad  ann.    1164.  cap. 

8.  n.  2.  Brandão  Mon.  'Lufit.  Part.  3.  Uv.  9.  cap. 

9.  e  liv.  II.  cap.  5.  D.  Nicol.  de  S.  Maria 
Cbron.  dos  Coneg.  Keg.  liv.  4.  cap.  4.  n.  15. 

Compoz. 

Regula,  (Òr  Statuta  Ordinis  Militaris  Avi- 
fienfis.  Começa.  In  nomine  Sanãa,  &  indi- 
vidua Trinitatis  Patris,  Filii,  eí^  Spirifus 
Sanai  Deus  unus,  verus,  eS^  ejf enfia  infeparabilis. 
Nos  loannes  Cirita.  &c.  Foy  efcrita  em 
Coimbra  no  anno  de  Chrifto  de  1162.  a 
qual  traz  por  extenfo  Fr.  Bernardo  de 
Brito  Cbron.  de  Cifter.  liv.  5.  cap.  312. 
e  delia  fazem  memoria  Fr.  Chrifoft.  Henr 
riq.  Menolog.  Cifterc.  p.  427.  e  Nicol.  Ant.  Bib. 
Vet.  Hifp.  lib.  7.  cap.  6. 

Carta  efcrita  ao  Abbade  Boemundo  ajjif- 
tente  no  Convento  de  Tarouca.  Sahio  imprefla 
por  Fr.  Bernardo  de  Brito  Cbron.  de  Cift. 
liv.     2.     cap.     3. 

Carta  aos  Monges  do  Convento  de  Ta- 
rouca. Sahio  na  referida  Cbron.  de  Cift.  liv. 
5.   cap.    15. 


638 


BIBLIO THE  CA 


Carta  a  D.  Mendo  Abbade  do  Convento  de 
S.  Pedro  das  Águias,  Sahio  na  dita  Chron.  liv. 
3.  cap.  13. 

lOAÕ  COELHO  natural  da  Villa  de 
Barcellos  do  Arcebifpado  de  Braga  em 
a  Provinda  de  Entre  Douro,  e  Minho 
Licenciado  na  faculdade  dos  fagrados  Câ- 
nones, e  Pregador  de  nome  de  cujo  fa- 
grado    miniílerio    publicou. 

Sermão  do  Kofario  da  Virgem  Senhora  Nojjfa 
pregado  em  o  primeiro  Domingo  de  Outubro  de 
1673.    Coimbra  por  lozé  Ferreira.   1677.  4. 

lOAÕ     COELHO    DE    ALMEYDA 

natural  da  Villa  de  Torres  Vedras  do 
Patriarchado  de  Lisboa.  Depois  de  fre- 
quentar a  Univerfidade  de  Coimbra  onde 
fe  graduou  na  faculdade  da  Jurifpru- 
dencia  Cefarea  fervio  alguns  lugares  da 
Republica  com  igual  fciencia,  que  deíinte- 
reíTe  até  que  paíTou  a  fer  Dezembargador 
da  Caza  da  Suplicação  a  23  de  Dezembro 
de  1669.  Sendo  Vereador  do  Senado  de 
Lisboa  congratulou  em  nome  da  Corte 
a  SereniíTima  Raynha  D.  Maria  Sofia  Iza- 
bel  de  Neoburg  na  ocaíiaõ,  que  junta- 
mente com  feu  foberano  Efpozo  D.  Pe- 
dro IL  foraõ  à  Cathedral  render  as  gra- 
ças a  Deos  pelos  feus  auguftos  defpofo- 
rios,    recitando. 

Praãica  na  Entrada,  que  S.  Magejlade  o  Se- 
nhor D.  Pedro  II.  e  a  Senhora  Raynha  Maria 
Sofia  l!(abel fit(eraÕ  a  Sé  em  30  de  Agofto  de  1687. 
Lisboa  por  Miguel  Manefcal.  1687.  4. 

Falleceo  a  23  de  Agoílo  de  1691. 
Jaz  fepultado  na  fua  Ermida  de  NoíTa 
Senhora  da  AíTumpçaõ  em  o  lugar  de 
Carnide  diílante  huma  legoa  de  Lisboa. 
Foy  cazado  com  D.  Margarida  da  Cunha 
Bernardes. 

Fr.  lOAÕ  DE  COIMBRA  natural  da 
Cidade  do  feu  appellido  filho  de  Manoel 
Jorge,  e  Anna  Pimenta.  Profeflbu  o  infti- 
tuto  Seráfico  na  auílera  Provinda  da  Sole- 
dade onde  tem  exercitado  o  feu  talento  em 
o  púlpito  de  cujo  miniílerio  publicou. 

Sermão    em    acçaÕ    de   ff^aças  pelos    auffif- 


tijftmos ,  e  reaes  dejpov^rios  dos  Serenijfimos 
Senhores  D.  Joi(é  Principe  do  Brasil,  e  a  Se- 
nhora D.  Maria-Anna  Viâoria  Infanta  de  Caf- 
tella,  e  dos  Catholicos  Senhores  D.  Fernando 
Principe  das  Aflurias,  e  a  Senhora  D.  Maria 
Barbara  Infanta  de  Portugal  pregado  na  infiffte 
Collegiada  da  Villa  de  Barcellos  na  Dominga 
da  Sexagefftma  do  anno  de  1728.  Coimbra  por 
Bento  Seco  Ferreyra  Impreífor  do  Santo 
Officio.    173 1.   4. 

Sermão  domeflico  ad  Fratres  do  Capi- 
tulo Provincial,  que  fe  celebrou  no  Convento 
de  Santo  António  de  Valle  da  Piedade  jun- 
to à  Cidade  do  Porto  em  26  de  Setembro 
de  1735.  Coimbra  no  Real  Collegio  das 
Artes    da    Companhia    de    lefus.     1739.    4* 

Cordiaes  Kefumptivo,  e  Analeptico  aplica- 
dos ás  efperanças  de  Portugal  deffallecidas  na 
falta  de  Principe  VaraÕ  tendo  havido  três 
partos  femeninos,  que  deu  à  lu^  a  Sereniffi- 
ma    Princet^a    do    Brat^il.    M.    S. 

Sermoens  vários.  M.  S. 


P.  lOAÕ  COL  Naceo  em  a  Gdade  de  Lis- 
boa onde  teve  por  progenitores  a  Frandfco  An- 
tunes, e  Maria  Bernardes.  Na  idade  da  adolef- 
cenda  recebeo  a  roupeta  de  S.  Filippe  Neri  na 
Congregação  do  Oratório  da  fua  pátria  a  8 
de  Setembro  de  1700.  onde  aprendeu  as  fcien- 
cias  feveras,  e  as  diftou  com  aplauzo  da  fua 
litteratura  merecendo  fer  numerado  entre  os 
Confultores  do  Santo  Officio.  Como  foíTe 
profundamente  verfado  na  liçaõ  da  Hiftoria 
Ecdefiaílica,  e  fecular  foy  eleito  entre  os  pri- 
meiros fincoenta  Académicos  de  que  fe  for- 
mou a  Academia  Real  para  efcrever  as  Memo- 
rias Ecdefiafticas  do  Bifpado  de  Vifeu  cuja 
incumbenda  defempenhou  como  do  feu  ta- 
lento fe  efperava.  Atendendo  a  mageílade 
delRey  D.  loaõ  o  V.  às  fuás  grandes  letras, 
que  fe  augmentavaõ  com  religiofas  virtu- 
des o  nomeou  Bifpo  de  Elvas  a  11  de  Fe- 
vereiro de  1739.  ^^j^  dignidade  confirmada 
por  Gemente  XIL  conílantcmentc  regdtou 
como  infoportavd  às  fuás  forças.  Das  fuás 
litterarias  produçoens  fe  fizeraõ  publicas  as 
feguintes. 

Cathalogo  dos  Prelados  da  Igreja  de  Vi- 
feu.   Lisboa    por    Pafchoal    da    Sylva.    Im- 


I 


L  USITANA. 


659 


preíTor  de  S.  Mageftade.  1722.  foi.  íahio 
no  2.  Tomo  da  Collec.  dos  documentos  da 
Academia    B^eal. 

Conta  dos  feus  efitddos  Académicos  reci- 
tada na  Academia  Keal  a  z^  de  Agofto  de 
1724.  Sahio  no  Tom.  4.  da  Collec.  dos 
documentos  da  Academia  Keal.  Lisboa  por 
Pafchoal    da    Sylva.     1724.    foi. 

Conta  dos  feus  eftudos  Académicos  em  4. 
^  Agofto  de  11  z^.  No  Tom.  9.  da  Col- 
lec. dos  Doe.  da  Academia  Real.  Lisboa 
por    Jozè    António    da    Sylva.     1729.    foi. 

Conta  dos  feus  eftudos  Académicos  em  o 
Paço  7  de  Setembro  de  1750.  No  Tom. 
10.  da  Collec.  dos  Docum.  da  Acad.  Real. 
Lisboa     pelo     dito     Impreflbr.     1730.     foi. 

Conta  dos  feus  eftudos  no  Paço  a  j  de 
Setembro  de  1753.  Sahio  no  Tom.  12.  da 
Collec.  dos  Docum.  da  Academia  Real.  Lis- 
boa   pelo    dito    ImpreíTor.     1735.    foL 

Elopo  Fúnebre  do  Senhor  Lourenço  Bo- 
telho Sottomayor  Fidalgo  da  Ca^a  de  S. 
Mageftade,  e  Académico  da  Academia  Real 
recitado    em    a    mefma    Academia.    M.    S.    4. 

Fr.  lOAÕ  DA  CONCEYÇAM  natu- 
Tal  da  Qdade  de  Lisboa,  e  alumno  da 
Seráfica  Provinda  dos  Algarves,  que  illuf- 
trou  com  o  feu  talento  de  que  foraõ 
theatros  a  Cadeira,  e  o  púlpito.  Diâou 
Theologia  em  o  GDUegio  de  Gjimbra  no 
anno  de  1632.  e  explicou  os  myfterios 
da  Sagrada  Efcritura  em  o  Convento  de 
Santa  Maria  de  Xabregas  cabeça  da  fua 
Província  no  anno  de  1634.  fahindo  gra- 
viíTimos  difcipulos  do  feu  magiJfterio.  Fal- 
leceo  nefte  Convento  no  anno  de  1643. 
Publicou. 

Sermão  da  ExpeãaçaÕ  de  Nojfa  Senho- 
ra ajfíftindo  EJRey  na  Capella  Rjeal.  Lis- 
boa por  António  Alvres  Impreflbr  del- 
^ey.    1641.    4. 

SermaÕ  na  TresladaçaÕ  do  gloriofo  Mar- 
tyr  S.  Vicente  na  Sé  de  Lisboa  em  i^  de 
Setembro  de  1641.  Lisboa  pelo  dito  Im- 
preflbr.    1641.    4. 

Tratado  da  Provinda  dos  Algarves.  M. 
S.  foi.  Deíla  obra  fazem  memoria  lorge 
Cardozo  Agiol.  Luftt.  Tom.  2.  p.  695. 
no    Comment.    de    23    de    Abril    letr.    D. 


Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  516. 
col.  I.  e  Fr.  loan.  à  D.  Ant.  Bib.  Fran- 
cifc.    Tom.    2.    pag.    145.    col.    2. 

lOAÕ  CORRÊA  PEYXOTO  natural 
da  ViUa  de  Alpalhaõ  na  Comarca  de 
Portalegre  da  Provinda  Tranílagana  Frey- 
re  profeflb  da  Ordem  militar  de  Chrifto, 
Doutor  em  os  Sagrados  Cânones,  e  Pro- 
thonotario  Apofl:olico.  Teve  infigne  ta- 
lento para  o  púlpito  merecendo  aplauzo 
de  graves  auditórios,  que  foraõ  expeéb.- 
dores  da  fua  reprefentaçaõ  Oratória.  Pu- 
blicou. 

OraçaÕ  fúnebre  nas  Lxequias  reaes  da 
Mageftade  delRey  D.  JoaÕ  o  IV.  Nojfo 
Senhor  celebradas  na  inftgne  Collegiada  de 
Ourem.  Coimbra  por  Thome  Carvalho  Im- 
preflbr   da    Univerfidade.     1657.    4. 

lOAÕ  DA  COSTA  natural  de  Villa-nova 
de  Portimão  em  o  Reyno  do  Algarve,  e  taõ 
nobre  por  geração  como  infigne  por  littera- 
tura.  Eíhidou  no  Collegio  de  Santa  Barbara 
de  ParÍ2  de  que  era  Reytor  o  Doutor  Diogo 
de  Gouvea,  e  depois  de  receber  as  infignias 
doutoraes  na  Faculdade  de  Direito  Cefareo 
em  a  Univerfidade  daquella  Corte  foy  chama- 
do pela  Mageftade  delRey  D.  loaõ  o  IH. 
para  Meftre  de  Humanidades  em  a  Univer- 
fidade de  Coimbra,  que  transferira  de  Lisboa, 
e  a  dezejava  augmentar  com  infignes  talentos. 
Como  era  famofo  na  intelligencia  das  linguas 
Latina,  Grega,  e  Hebraica  defempenhou  o 
alto  concdto,  que  fe  fazia  da  fua  vaíla  eru- 
dição fendo  hum  dos  principaes  profef- 
fores  de  Letras  humanas,  que  venerou 
aquella  idade.  Igual  à  fdencia  era  a  in- 
nocencia  dos  cuíhimes  merecendo  por  taõ 
egrégios  dotes  fer  confultado  por  ElRey 
D.  loaõ  o  ni.  em  matérias  graviflimas, 
que  promptamente  refolvia  feguindo  fem- 
pre  os  diâames  da  fua  condencia  timo- 
rata. FaUeceo  com  fumma  piedade  quan- 
do era  Prior  da  Igreja  Matriz  de  S. 
Miguel  da  Villa  de  Aveyro  pouco  antes 
da  fetal  batalha  de  Alcácer  fucedida  a  4 
de  Agofto  de  1578.  Delle  faz  memoria 
Mariz  Dialog.  de  Var.  Hift.  Dialog.  5. 
cap.    3.   e   Pedro    Sanches    Epiftol.  ad  Ignat. 


640 


B IB  LIO  THE  CA 


Moral,  com  eftas  expreíToens  métricas. 
Prafuit  hic  olim  juvenis  cii  pratulit  atas 
Gymnajiis,  docuitque  tuos  Conimbrica  Cives. 
Ingénuas  Artes,  Getica  procul  inde  repulja 
Barbárie,  qua  lata  tuis  regnahat  in  arvis. 
Das  muitas,  e  elegantes  obras  Poéticas  que 
produzio  a  fua  fecunda  Mufa  unicamente  fe 
fez  publico. 

Cármen  ad  Lsijitaniam. 
Q)meça. 

Gracia  Maonio  celehrata  ejl  carmine  quon- 
dam.  &c. 
Q)nfta  de  treze  Dyftichos.  Sahio  im- 
preflb  no  principio  do  livro  de  Diogo 
de  Tejrve  intitulado  Commentarius  de  rebus 
à  Ljijitanis  in  índia  apud  Dit/m  gejlis  anno 
Jalutis  nojlra  M.  D.  XL.VI.  Conimbricas 
apud  loannem  Barreira,  &  loannem  Al- 
vares   1548.    4, 

lOAÕ  DA  COSTA  cuja  pátria,  e 
eftado  de  vida  fe  ignora,  e  fomente  fe 
fabe  pela  noticia  relatada  em  a  Bib. 
Orient.  de  António  de  Leaõ  moderna- 
mente addicionada  Tom.  i.  Tit.  5.  col. 
58.    que    efcrevera. 

Relação  dos  Rejnos,  e  Senhorios  da  índia 
quais  faõ  de  Mouros,  quais  de  Gentios,  e  de  feus 
cujlumes.  M.  S.  Foy  traduzida  em  Giílelhano 
no  anno  de  1624. 

D.  lOAÕ  DA  COSTA  primeiro  Con- 
de de  Soure  Alcayde,  e  Commendador  mòr 
de  Caibro  marim,  de  S.  Pedro  de  Várzeas, 
e  de  Santa  Maria  de  Bezelga  em  a  Ordem 
de  Chriílo  naceo  em  Lisboa  no  anno  de 
161  o.  e  foy  filho  de  D.  Gil  Eannes 
da  Cofta  Commendador,  e  Alcayde  mòr  de 
Caílro  marim,  e  D.  Francifca  de  Vaf- 
concellos  filha  herdeira  de  D.  Rodrigo 
de  Souza  dos  Alcaydes  mores  de  Tho- 
mar.  Sendo  único  por  difpofiçaõ  da  na- 
tureza, fe  fez  fingular  pellas  virtudes  com 
que  ornou  o  feu  efpirito.  Ainda  con- 
tava poucos  annos  quando  no  Palácio  de 
Madrid  fervindo  de  braceiro  da  Raynha 
D.  Izabel  de  Borbon  mulher  de  Filippe 
IV.  moftrou  a  madureza  do  juizo  illuf- 
trada  com  a  modeftia  do  femblante.  Reílituido 
à  pátria  fem  faltar  ao  decoro  da  peííoa  re- 


gulava o  publico  luzimento  pelos  cmolumen 
tos  da  fua  Caza.  Logo  que  cingio  efpada  paf- 
fou  à  Praça  de  Tangere  onde  pelo  efpaço  de 
três  annos  deixou  gloriofas  memorias  de  feu 
valor  heróico.  Mayores  foraõ  os  argumentos 
da  fua  militar  difciplina  na  batalha  do  Montijo 
no  qual  fendo  General  da  artilharia  comprou 
com  o  próprio  fangue  a  liberdade  da  pátria 
tyranizada  pela  ambição  Caílelhana.  Com 
o  pofto  de  Meftre  de  Campo  General  alcançou 
felices  fuceíTos  na  Província  do  Alentejo  onde 
fendo  Governador  das  Armas  moftrou  que 
a  prudência  do  juizo  competia  com  a  heroi- 
cidade do  coração.  Em  o  Confelho  de  Guerra 
fempre  os  feus  votos  eraõ  em  beneficio  dos 
interefles  políticos,  e  no  Confelho  Ultrama- 
rino de  que  foy  Prefidente  experimentarão 
as  Conquiílas  os  efeitos  das  fuás  prudentes 
máximas.  Foy  nomeado  no  anno  de  1659. 
Embaxador  Extraordinário  à  Corte  de  França, 
e  pofto  que  o  tempo  era  contrario  ás  conveniên- 
cias defta  Coroa  valendofe  da  fua  profunda 
politica,  e  fagaz  a£tividade  triunfou  das  induf- 
trias  dos  Miniftros  Caftelhanos,  e  Francezes 
cauzando  naõ  pequena  admiração  ao  pene- 
trante juizo  do  Cardial  Mazarino  primeiro 
Miniftro  da  Monarchia  de  França  a  fagacidade 
com  que  o  Conde  concluirá  a  fua  ne- 
gociação, e  tal  foy  o  conceito  que  for- 
mou do  feu  talento  que  pedio  ao  Car- 
dial de  Rets  lhe  fallaíTe  antes  de  par- 
tir para  Portugal  para  conhecer  a  hum 
Varaõ  confumado.  Reftituido  a  Portugal 
a  13  de  Novembro  de  1660.  exercitou 
o  lugar  de  Gentilhomem  da  Camará  do 
Infante  D.  Pedro  merecendo  particulares 
diftinçoens  defte  Príncipe.  Foy  dotado  de 
grande  eloquência,  graça  natural,  e  fum- 
ma  promptidaõ  para  efcrever.  Na  ami- 
zade foy  conftante,  c  fendo  algumas  ve- 
zes provocado  antepóz  a  ley  divina  aos 
impulfos  da  natureza.  Teve  a  eftatura 
mediana,  o  roftro  branco,  e  corado,  olhos 
grandes,  e  verdes,  cabello  negro,  e  com- 
pofto.  Foy  cazado  com  D.  Francifca  de 
Noronha  que  depois  de  Viuva  foy  Mar- 
queza  de  Soure  Aya,  c  Camareira  mòr 
da  Senhora  Infanta  D.  Izabel  lozefa,  a 
qual  era  filha  de  D.  Pedro  de  Noro- 
nha   XII.    Senhor    de    Villa    Verde,    e    de 


L  USITAN A. 


Ó41 


D.  luliana  de  Noronha  filha  herdeira  de 
Vafco  Martins  Monis  Senhor  de  Anjeja  de 
quem  teve  a  D.  Gil  Eannes  da  Coíla  2. 
Q)nde  de  Soure  Vereador  da  Camará  de 
Lisboa  que  morreo  a  26  de  laneiro  de 
1680,  D.  Pedro  da  Cofta  que  falleceo  na 
tenra  idade  de  três  annos;  D.  Álvaro  da 
Coíla  era  a  de  féis  annos:  D.  Rodrigo  da 
Cofta  Governador,  e  Capitão  General  da 
Ilha  da  Madeira,  e  do  Eftado  do  Brazil,  e 
Vicerey  da  índia  o  qual  morreo  a  16  de 
Dezembro  de  1722,  e  foy  cazado  com  D. 
Leonor  lozèfa  de  Vilhena  Dama  das  Rai- 
nhas D.  Maria  Francifca  de  Saboya,  e  D. 
Maria  Sofia  Izabel  de  Neoburg,  a  qual  era 
filha  de  Manoel  de  Mello  Porteiro  mòr 
de  quem  teve  defcendencia :  D.  luliana  de 
Noronha  que  cazou  com  loaõ  da  Sylva 
Tello  3.  Conde  de  Aveiras;  e  D.  Helena 
de  Noronha  que  morreo  de  tenra  idade. 
Falleceo  D.  loaõ  da  Cofta  a  22  de  laneiro 
de  1664.  laz  enterrado  na  Cappella  do 
Collegio  de  Santo  Antaõ  de  Lisboa  dos 
Erimitas  de  Santo  Agoftinho  em  cuja  fe- 
pultura  fe  lhe  deve  gravar  por  epitáfio  o 
feguinte  foneto  compofto  por  André  Nunes 
da  Sylva  impreíTo  nas  fuás  Poen^ias  varias 
pag.    65. 

Vifia  fomhras  o  Ma,  lutos  corte 
O  valor,  cada  qual  trifie,  e  turbado. 
Pois  que  falta  à  Campanha  tal  foldado 
Pois  que  tal  Cortesão  falta  da  Corte. 

Triumfou  cruel  da  valentia  a  forte; 
Frágil  cedeo  a  gentileza  ao  fado, 
He  o  defpojo  ao  triumfo  vinculado 
O  mòr  abono  do  poder  da  morte. 

Morreo  aquelle  Cofia  em  cujo  alento 
O  pet^o  defcanfou  do  nojfo  polo; 
Portugal  o  fufpira  em  toda  a  parte; 

Pois  contemplo  no  trágico  lamento 
A  Corte  trifie,  f em  o  feu  Apollo 
A  Campanha  infeli^fem  o  feu  Marte. 


Franc.  de  S,  ^lar.  Diar.  Portug.  p.  107.  Foy 
amantijfimo  da  honra,  e  ruiô  menos  da  confervaçaõ 
da  pátria.  Confiante  nas  amiv^ades,  difcreto  na 
corwerfaçaÕ,  liberal,  compajftvo,  e  generofo.  Salaz. 
e  Caftro  Hif.  Gen.  da  Ca^.  de  Sjlv.  Part.  2. 
Uv.  8.  cap.  15.  Clede  Hifl.  de  Portug.  Tom. 
2.  p.  mihi  677.  e  690.  Souza  Apparat.  à  Hifl. 
Gen.  da  Ca:^.  real  Portug.  p.  112.  §.  120.  Va- 
rão grande  em  quem  concorrerão  excellentes  virtu- 
des, ou  foffe  na  Campanha,  ou  no  Gabinete,  e  em 
huma,  e  outra  cotada  moflrou  conflancia,  refoluçaõ, 
e  ff-ande  talento,  e  no  Tom.  7.  da  Hift.  Gen. 
liv.  7.  p.  349.  do  qual  era  taÕ  conhecido  o  valor, 
como  o  talento  para  os  negócios  políticos.  Com- 
poz. 

Difcurfo  politico  que  deu  ao  Cardial  Ma^a- 
rino  em  S.  loaÕ  da  Lu^  nas  viflas  que  teve 
com  D.  L/dz  de  Haro  primeiro  Miniflro  de 
Caftella  quando  começou  a  tratar  a  pa^  moflrando 
por  vinte  e  fete  ra:(pens  forçojijftmas  como 
França  por  jufliça,  e  conveniência  naõ  devia 
fav^er  a  Pa^  fem  inclufaõ  de  Portugal.  Lis- 
boa por  Henrique  Valente  de  Oliveira. 
1661.  8. 

Efte  Manifefto  fez  tal  conftemaçaõ  em 
França,  que  o  Cardial  Mazarino  o  mandou  re- 
colher, e  que  foflem  prezos  o  impreíTor,  e 
Tradutor  que  o  paflara  da  hngua  Portugueza 
para  a  Franceza  os  quais  bufcaraõ  por  azilo 
a  Caza  do  Embaxador. 

Memorial  a  E/Rey  D.  loaõ  o  IV.  fobre 
a  confervaçaõ  do  Reyno  efcrito  no  armo  de  1642. 
Confervafe  na  Livraria  do  Excellentiílimo  Du- 
que de  Lafoens,  que  foy  do  Emminentiílimo 
Cardial  de  Souza. 

Famílias  do  Reyno.  4.  Tom.  foi.  M.  S. 

Cartas  foi.  3.  Tom.  Eftaõ  na  Livrada 
do  ExceUentiíTimo  Marquez  do  Louriçal. 

Vários  papeis  políticos,  foi.  M.  S.  Exif- 
tem  na  Livraria  do  Excellentiflimo  Du- 
que do  Cadaval,  onde  os  vio  o  P.  D. 
António  Caetano  de  Souza  como  efcreve 
no  Apparat.  à  Hifl.  Gen.  da  Ca^.  Real 
Portug.    p. 


112. 


A'  fua  memoria  fe  dedicarão  elegantes  elo- 
gios. D.  Luiz  de  Menezes  Conde  da  Ericeira 
Portug.  Reflaur.  Tom.  2.  defde  pag.  658.  até  660. 
onde  acaba.  Teve  todas  aquellas  qualidades  de  que 
virtuofamente  fe  deve  compor  hum  Varaõ  perfeito. 

41 


lOAÕ  DA  COSTA  natunl  de  Usboa 
igualmente  verfado  em  a  Mythologia,  que 
na  Hiftoria  fagrada,  e  profana  deixando 
para  teftemimhas  da  fua  continua  apUcaçaõ 
as    obras   feguintes. 


Ó42 


BIBLIO  THE  CA 


Annaes  das  Cotejas  mais  notáveis,  que  fuce- 
deraõ  nejle  Keyno,  e  fora  delle  de/de,  que  veyo  a 
Kaytiha  de  Portugal  D.  Maria  Sofia  Isabel  de 
Baviera.  4.  M.   S. 

Pecúlio,  e  breve  compendio  de  Hijlorias,  e  Hu- 
manidades, e  Fabulas  tirado  de  muitos,  e  graves 
Authores.  M.  S.  4. 

lOAÕ  DA  COSTA  CÁCERES  Cor- 
retor de  Câmbios  naceo  em  Lisboa  no 
anno  de  1628.  onde  pela  noticia,  que 
tinha  das  letras  humanas,  e  Arte  Poé- 
tica foy  dos  celebres  alumnos  da  Aca- 
demia dos  Singulares  inftituida  em  lisboa 
no  anno  de  1663.  merecendo  o  aplauzo 
dos  feus  Collegas  quando  recitava  alguns 
Difcurfos  Académicos  dos  quais  fe  fize- 
raõ    públicos. 

Oração  recitada  na  Academia  a  1%  de  Novem- 
bro de  1663. 

OraçaÕ  recitada  na  Academia  a  1  de  Novem- 
bro de  1664. 

Sahio  impreíTa  a  i.  na  i.  Parte  da  Acad.  dos 
Singul.  Lisboa  por  Henrique  Valente  de  Oli- 
veyra.  1665.  4.  &  ibi  por  Manoel  Lopes  Fer- 
reira. 1692.  4.  e  a  2.  na  2.  Part.  da  Acad.  dos 
Singul.  Lisboa  por  António  Craesb.  de  Mello. 
1668.  4.  &  ibi  por  Manoel  Lopes  Ferreira. 
1698.  4. 

P.  lOAÕ  COUTINHO  natural  da 
Villa  do  Pombal  do  Bifpado  de  Coimbra, 
e  filho  de  Luiz  Coutinho  Pereira,  e  Maria 
Godinha.  Quando  contava  18  annos  de  idade 
abraçou  o  inftituto  da  Companhia  de  lESUS 
em  o  Noviciado  de  Lisboa  a  7  de  Setembro  de 
1 660.  e  profeíTou  folemnemente  a  2  de  Feve- 
reiro de  1682.  Foy  Reytor  do  CoUegio  de 
Setúbal,  c  Inftruftor  dos  Padres  do  terceiro 
anno.  Teve  fingular  talento  para  o  púlpito, 
e  naõ  menos  para  as  letras  humanas.  Fallc- 
ceo  piamente  no  CoUegio  de  Coimbra  a  24 
de  Abril  de  1709.  com  66.  annos  de  idade, 
e  49  de  Religião.  Delle  fazem  memoria  Fon- 
ceca  Evor.  Glorio/,  pag.  432.  e  Franco  Imag. 
da  Virtuà.  em  o  Novic.  de  Lisboa,  pag.  969.  e 
Annal.  S.  ].  in  Ijífit.  pag.  453.  n.  13.  Compoz. 

Stromas  predicáveis  moraes,  e  políticos. Tom. 
i.   Coimbra  por  loaõ  Antunes.  1700.  4. 


Tom.  2.  ibi  pelo  dito  impreíTor.  1702.  4. 

Tom .  3 .  ibi  por  Jozé  Ferreira  Im- 
preíTor da  Univeríidade,  e  do  Santo  Of- 
ficio.  1705.  4. 

Fr.  lOAÕ  DA  CRUZ  natural  da 
Villa  de  Monte-mór  o  novo  da  Provín- 
cia Tranílagana,  e  filho  de  Jozè  Lopes 
Baptifta,  e  Angela  Baptifta.  ProfeíTou  o 
fagrado  inftituto  da  illuílre  Religião  da 
SantiíTima  Trindade  no  Convento  de  Lis- 
boa a  2  de  Junho  de  1703.  onde  apren- 
didas as  fciencias  efcholafticas  as  diélou 
com  aplauzo  aos  feus  domefticos  mere- 
cendo pela  fua  grande  capacidade  fer 
Examinador  das  Três  Ordens  Militares, 
e  do  Patriarchado  de  Lisboa,  Reytor  do 
CoUegio  de  Coimbra,  Definidor  da  Pro- 
víncia, e  duas  vezes  Provincial;  a  pri- 
meira a  7  de  Mayo  de  1733.  e  a  fe- 
gunda  a  2  de  Setembro  de  1744.  cujo 
governo  naõ  acabou  preocupado  da  mor- 
te, que  o  privou  da  vida  em  o  Con- 
vento de  Lisboa  a  5  de  Abril  de  1745. 
quando  contava  65  annos  de  idade,  e 
43    de    ReUgiaõ    compoz. 

Sermão  pregado  na  Canoni;(açaÔ  dos  admi- 
ráveis Santos  Lot:^  Gonzaga,  e  Stanislao 
Kofika  em  o  dia  27  de  Setembro  de  1727. 
primeiro  do  folemnijfimo  Triduo,  que  celebrou 
o  CoUegio  da  Companhia  de  lESUS  da 
Villa  de  Santarém.  Lisboa  por  lozé  An- 
tónio   da    Sylva.     1727.    4. 

Traãatus  de  poteftate,  €>*  jurifdicHone  Confer- 
vatorum.  foi.  M.  S. 

lOAÕ  DA  CUNHA  Meftre  em  Ar- 
tes, e  Vigário  da  Igreja  de  NoíTa  Se- 
nhora da  Piedade  Freguezia  de  Matuim 
féis  legoas  diftante  da  Cidade  da  Bahia 
Capital  da  America  Portugueza  onde  exer- 
citou com  geral  aprovação  os  minifterios 
de  vigilante  Parocho,  e  infigne  Pregador. 
De  muitos  Sermoens,  que  pregou,  fc  fez 
pubUco   o   feguinte. 

Sermão  de  S.  Theotonio  na  Santa  Sé  do  Sal- 
vador da  Bahia  na  2.  Domin.  de  Quarefma  ejlando 
o  Santijftmo  expojlo,  e  dando/e  principio  ã  reedifi- 
carão do  dito  Templo.  Lisboa  por  loaõ  da  Coibi. 
1675.  4. 


í 


L  USITAN  A. 


643 


lOAÕ     CURVO     SEMMEDO    Caval- 
leiío   profeíTo   da   Ordem   militar   de   Qmf- 
to.    Familiar    do    Santo    Officio,    e    Medico 
da    Caza    Real    filho    de    Domingos    Curvo, 
e  Ignez  Alvares  naceo  em  a  Villa  de  Mon- 
forte  da   Provinda   Tranílagana   em   o   pri- 
meiro   de    Dezembro    de    1655.     Aprendeo 
em  Lisboa  os  rudimentos  grammaticaes  no 
Collegio    de    Santo    Antaõ    dos    Padres    Je- 
fuitas    onde    deu    a    conhecer    a    viveza    do 
engenho,     e    felicidade     da    memoria.      Na 
Univeríidade    de    Coimbra    ouvio    Medecina 
dos    mais    celebres    Cathedraticos    deíla    Fa- 
culdade,   e    nella    fahio    taõ    eminente,    que 
recebido   o  gráo  de  Licenciado  a  começou 
exercitar  na  Corte  de  Lisboa  com  imiver- 
Jâl   aplauzo    da   fua   profunda   fcienda,    que 
unida  á  continuada  praética  de  muitos  an- 
nos    inventou    diverfos    medicamentos,    que 
manipulava,   contra  achaques  inveterados,   e 
doenças    agudas    merecendo    entre    todos    a 
primazia  o  Bezoartico  contra  as  febres  ma- 
lignas   com    o    qual    libertou   repetidas   ve- 
zes   a    muitos    agonizantes    da    morte    com 
que  eftavaõ   lutando,    A  experimentada  vir- 
tude   deíle    Befoartico    impelUo    a    muitas 
Naçoens    remotas,    que    o    mandaíTem    pro- 
curar   como    vital    antídoto,    e    Clava    Her- 
cúlea contra  as  febres  malignas  conhecendo 
evidentemente,   que   os   effdtos   excediaõ   as 
ateílaçoens   da  fua  eficácia.    Com  igual  dif- 
velo   vizitava   os   infermos   ricos,   e   pobres, 
preferindo  a  eíles  por  fer  mais  amante  da 
charidade,  que  do  interefle.    Inimigo  jurado 
do   odo   ocupava  em   diverfas   obras   medi- 
cas todo   o  tempo,   que  lhe  reftava  da  vi- 
zita    dos    infermos.     Ainda,    que    tinha    o 
afpefto    malencolico    tratava    a    todos    com 
fumma    afabilidade,    e    fendo    muito    acele- 
rado  no   fallar   a   ninguém  fe   fazia  imper- 
ceptível.    O   methodo   com   que   eximia   da 
morte  a  muitos  infermos,  e  o  aplauzo  dos 
livros   com  que  immortalizara  o   feu  nome 
naõ   eraõ   poderofos   para   exerdtar   no   feu 
animo   a   mais   leve  impreíTaõ  de  vaõgloria. 
Acometido  na  proveda  idade  de   84  annos 
menos    5    dias,   da  ultima  infermidade   que- 
rendo alcançar  a  vida  eterna,  já  que  tinha 
prorogado    a    tantos    a    caduca,    recebeo    os 
Sacramentos   com  os   quais   confortado  naõ 


receou  a  morte,  que  o  transferio  ao  def- 
canfo  eterno  a  25  de  Novembro  de  171 9. 
Jaz  fepultado  no  Convento  de  S.  Fran- 
dfco  deíla  Corte.  Foy  cazado  com  D. 
Izabel  Guilherme  irmâa  do  Meftre  Fr.  Ma- 
noel Guilherme  da  Ordem  dos  Pregadores 
de  quem  fe  fará  larga  memoria  em  feu 
lugar,    da   qual   naõ   teve   fuceíTaõ. 

Compoz. 

Polyantbea  AUdeànaJ,  notuias  Galenicas,  e 
Chimicas  repartidas  em  três  Tratados.  Lisboa 
por  ^liguei  Deslandes  ImpreíTor  de  S. 
Mageftade.  1695.  foi.  No  prindpio  fe  vè 
primorofamente  aberto  em  hiuna  lamina 
o  feu  Retrato  com  efte  Epigramma  na 
parte    inferior. 

Ad    Curui    effi^em    pavet    hórrida     mortis 
imago; 
Sem  medo  morhi  pellit  ah  Orbe  metum. 

Ille    dies    bominum    longos  portendit    in    an- 
nos; 
Hinc  Curta  nomen  curua  Jentãa  tenet. 
Entre   vários   Elogios   poéticos   aílim  la- 
tinos, como  Portuguezes  compoftos  em  aplau- 
zo do  author  deíla  obra  fe  diílingue  com 
exceíTo   hum  Elogio   de  obra  Lapidaria  in- 
titulado EJoffum  Anatomicum  do  infigne  D. 
Rafael    Bluteau    Qerigo     Regular     em    que 
com  admiravas  argudas  difcorre  por  todas 
as  partes,   que   compõem  o   author   da  Po- 
lyanthea.     Sahio    2    vez    mais    acrecentada. 
Lisboa  por  António  Pedrozo  Galraõ.  1704. 
foi.    3    vez   ibi   pelo   dito   Impreííor.    171 6. 
e  4  vez  ibi  pelo  dito  ImpreíTor.   1727.  foi. 
Obfervationes  agrituMnum  fere   incttrabilium. 
UlyíTipone  apud  Pafchalem  da  Sylva  Typ.  Reg. 
1718.  foi. 

Obferva^oens  medicas  doutrinaes  de  cem  cat^os 
^avijftmos,  em  ferviço  da  Pátria,  e  das  Naçoens  ef- 
tranhas  efcritas  na  lingua  Portuguev^a,  e  luitina, 
Lisboa  por  António  Pedrozo  Galraõ.  1727.  foi. 

A.talaya  da  vida  contra  as  bofiilidades  da  morte 
fortificada,  e  guarnecida  com  tantos  defenfores,  quan- 
tos faõ  os  remédios,  que  no  difcurfo  de  fincoenta,  e 
outo  annos  experimentou.  Lisboa  na  Officina 
Ferreiriana.  1720.  foi. 

Tratado  da  Pefk.  Lisboa  por  loaõ  Galraõ. 
1680.  4. 

Manifeflo  feito    aos    amantes    da  faude,    e 


044 


BIBLIO  THE  C  A 


attentos  às  fuás  conckttcias.  Lisboa  por  Valen- 
tim da  GDÍla  Deslandes.  1706.  4.  He  acerca  do 
feu  Bezoartico. 

Memoria  dos  remédios  exquÍ!(itos,  que  da 
índia,  e  outras  partes  vem  a  ejle  Keyno,  em 
que  fe  declaraõ  as  fuás  virtudes,  e  as  con- 
diçoens  com  que  fe  aplicaõ.  4.  Sem  lugar 
da    impreflaõ. 

Manifefio  em  que  fe  mojira  com  ff^avijji- 
mos  Doutores  que  fe  podem  dar  purgas  ef- 
tando  os  humores  críis  quando  por  ferem  mui- 
tos, ou  mali^os  nàõ  poderá  a  naturev^a  co- 
v^ellos.     4.      Sem     lugar     da     impreíTaõ. 

Tratado  do  Ouro  Diaphoretico,  fua  prepa- 
ração, e  virtudes  que  tem,  e  modo  com  que  fe 
aplica.   4.     Sem  lugar  da  impreíTaõ. 


Fr.  lOAÕ  DE  S.  DÂMASO  natu- 
ral de  Lisboa  filho  de  Jerónimo  Corrêa 
de  quem  fe  fez  memoria  em  feu  lugar. 
Deixada  a  pátria  recebeo  em  Caílella  o 
habito  de  Mercenário  Defcalfo,  e  em  taõ 
fagrada  paleftra  exercitou  igualmente  as 
virtudes,  e  as  fciencias.  Foy  Lente  de 
Theologia  em  OíTuna,  e  Commendador 
dos  Conventos  de  Xeres  dela  Frontera, 
de  S.  Lucar  de  Barrameda,  e  de  S. 
lozé  de  Sevilha  em  cujos  governos  unio 
grande  prudência,  com  fumma  afabili- 
dade. Falleceo  piamente  entre  o  anno  de 
1670.  e  1671.  Efcreveo  com  eílilo  claro, 
e    elegante. 

Vida  admirable  dei  Sieruo  de  Dios  Fr. 
António  de  S.  Pedro  religiofo  profejfo  de  los 
Defcalfos  de  nuejlra  Senora  de  la  Merced  nacido 
en  el  Rejno  de  Portugal  convertido  a  la  gracia 
de  Dios  prodigiofamente  en  el  Keyno  dei  Peru 
en  Uma,  efpantov^o  en  virtudes,  y  cafos  pere- 
grinos en  el  de  Efpana;  vivio,  e  muriò  en  Of- 
funa  con  indecible  opinion  de  Santidad.  Cadiz 
por    luan    Lourenço    Machado.     1670.    foi. 

PaíTados  18  annos  de  imprcflb  cfte  li- 
vro fahio  com  a  Vida  defte  infigne  fer- 
vo de  Deos  Fr.  André  de  Santo  Agof- 
tinho  Chronifta  Geral  da  Ordem  dos 
Mercenários  Defcalfos  onde  fevera  mente  ar- 
gue  a  Fr.  loaõ  de  S.  Damazo  do  affec- 
tado  filencio  com  que  ocultou  a  apoftafia 
do    V.    Fr.    António    de    S.    Pedro    quando 


da  fua  admirável  converfaõ  refultou  tan- 
ta gloria  a  Deos  como  credito  à  Santi- 
dade defte  varaõ  deixando  os  erros  da 
Sinagoga    pelas     verdades     do     Evangelho. 

P.  lOAÕ  DELGADO  natural  da 
Cidade  de  Lagos  em  o  Reyno  do  Al- 
garve religiofo  da  Companhia  de  lefus, 
e  Lente  de  Mathematica  em  o  Collegio 
de  Santo  Antaõ  de  Lisboa  de  cuja 
fciencia  foy  ouvinte  em  Roma  do  Padre 
Chriftovaõ  Qavio  celebre  profeífor  defta 
Faculdade.  Falleceo  em  o  Collegio  de 
Coimbra  a  30  de  Setembro  de  161 2. 
Delle  faz  breve  memoria  Franco  Annal. 
S.  J.  in  Luft.  pag.  204.  n.  4.  Com- 
poz. 

Aflrologia  praãica,  ou  Judiciaria,  na  qual  fe 

contem  4  Tratados,  o  i  dos  princípios  delia,  o  2 

dos  juit^os  dos  tempos,  o  3  dos  Nacimentos.  4  dos 

juit^os  da  Medecina.  M.  S.  4.     Conferva-fe  na 

Livraria  dos   Padres   Theatinos   defta  Corte. 

S.  lOAÕ  DE  DEOS  Patriarcha  da 
Hofpitalidade,  Sagrado  Abrahaõ  da  Ley  da 
Graça,  e  Primogénito  da  charidade  mais 
ardente  para  remédio  dos  enfermos  teve 
por  berço  a  Villa  de  Monte-mór  o  novo 
em  a  Província  Tranftagana  a  8  de  Março  de 
1495.  e  por  Pay  a  André  Cidade,  Varaõ  mais 
ornado  dos  dotes  da  graça,  que  dos  bens  da 
fortuna.  Foy  celebrado  o  feu  nacimento 
pelas  vozes  dos  íinos  da  Igreja  Matriz  de 
NoíTa  Senhora  do  Bifpo,  que  fem  impulfo 
humano  deraõ  feflivos  anúncios  do  novo  Af- 
tro,  que  rayava  no  feu  emisferio.  Na  pueril 
idade  de  outo  annos  deixando  a  Caza  paterna 
paíTou  à  Cidade  de  Oropeza  onde  havendo 
exercitado  o  innocente  Ofíicio  de  paftor  como 
fe  fentiíTe  igualmente  crecido  cm  brios,  do 
que  annos  fe  aliftou  nas  Tropas,  que  fe  man- 
davaõ  para  Fuenterabia  ocupada  pelas  ar- 
mas Francezas.  Depois  de  evadir  de  dous 
graves  perigos  a  que  eftevc  condenada  a 
fua  vida  deixou  o  exercício  militar  pe- 
lo paftoril,  que  fegunda  vez  praâdcou  cm 
Oropeza,  c  Sevilha.  PaíTando  à  Praça 
de  Ceuta  fuftentou  com  o  próprio  tra- 
balho a  D.  Luiz  de  Almeyda  Cavalhei- 
ro  Portuguez   com   toda   a   fua   familia   rc- 


L  U  SITAN  A. 


645 


duzida   à    ultima    miferia    donde    depois    de 
efcapar    de    huma    horrível    tormenta,    que 
quazi  o  teve  fumergido  no  Eítreito  de  Gi- 
braltar   entrou    em    Granada,    theatro,    que 
lhe  deftinou  para  a  fua  mortificada  vida  o 
Príncipe    da    gloría    aparecendo-lhe    disfar- 
çado   em    a    innocente    forma    de    menino. 
Sucedeo,     que    pregando    em    o     fuburbio 
deíla  Cidade   o  Ven.   loaõ   de  Ávila  Apof- 
tolo    de    Andaluzia    fofle    feu    ouvinte,     e 
como    o    argumento    do    Sermaõ    eraõ    as 
fetas    que    trespaíTaraõ    o    corpo    do    invido 
Martyr    S.    SebaíUaõ,  e  moftrafle    o    Orador 
Evangélico    quanto    mais    penetrantes    eraõ 
as  que  difparava  o  Amor  Divino  paraatra- 
hir  a  fi  os  Coraçoens  humanos,  fe  acendeo 
com  tal  exceíTo  o  feu  peito  ferido  da  vehe- 
mente  energia     daquellas    vozes    que    fahio 
da  Igreja  confeíTando  publicamente  os  feus 
pecados  fendo  manifeílos  indícios  da  fua  con- 
verfaõ  a  copia  de  lagrímas,  e  de  fufpiros  que 
fahiaõ  inceílantemente  da  fua  boca,  e  olhos. 
Para  mais  clara  demonílraçaõ  do  feu  arrepen- 
dimento difcorría  pela  Cidade  como  frenético 
ferindo  o  peito  com  pedras,  e  manchando    o 
rofto    com    o    lodo    das    ruas,   cujas   açoens 
como    foíTem    interpretadas    pelo   povo   por 
efeitos     de    loucura,    foy    reduzo    no    Hof- 
pital    onde    pelo    efpaço    de    quarenta    dias 
tolerou    com    heróica    paciência    finco    mil 
açoutes    para    remédio    da    fua   afeâada    de- 
mência.    Obedecendo   ao  preceito   do   Mef- 
tre   Ávila   feu   efpiritual   direftor    de  fer  já 
tempo    de    deixar    a    aparente   loucura    pela 
qual    tinha    padecido    a    multiplicidade    de 
tantos  golpes  em  fatisfaçaõ  das  fuás  culpas 
fe  reftituhio  ao  juizo  que  fempre  confervou 
perfeito,  e  fahindo  do  Hofpital  vifitou  o  ce- 
lebre Sanduario  de  Guadalupe  onde  recebeo 
de  María  SantiíTima  particulares  favores.   Vol- 
tando  a   Granada   como   o   feu   Coração   fe 
abrazaíTe  em  o  charitativo  focorro  dos  infer- 
mos  fundou  em  humas  cazas  alugadas  a  8 
de  Novembro  de   1537.  quando  contava  42 
annos    de    idade    hum    Hofpital    para    onde 
conduzia  fobre  feus  hombros  todas  as  pef- 
foas    que    padeciaõ    infirmidades    incuráveis, 
e  contagiofas,  fendo  efte  edifício  o  primei- 
ro  defenho   da    Sagrada   Religião,    que   inf- 
tituhio   para   univerfal   beneficio   da   pobre- 


za afliéla  com  diverfas  doenças,  a  qual  com- 
tanta  gloria  de  Deos,  como  remédio  dos  in- 
fermos  fe  tem  dilatado  pelas  quatro  partes 
do  mundo.  Recebida  a  forma  do  habito  de 
que  havia  uzar,  da  maõ  de  D.  Sebaíliaõ  Rami- 
res de  Fuenreal  Bifpo  de  Tuy,  e  Prefidente  da 
Chancellaría  de  Granada  ordenandolhe  que 
mudaíTe  o  fobrenome  de  pecador  com  que 
fe  intitulava  por  humildade  em  o  de  Deos, 
continuou  com  mayor  difvelo  aífiílir  aos  in- 
fermos  procurando  inceíTantemente  de  noute,^ 
e  dia  efmolas  por  todo  o  Reyno  de  Andaluzia 
com  que  podeíTem  fer  focorrídos.  O  mais  he- 
róico teílemunho  da  fua  ardente  charidade 
para  com  os  infermos  fe  admirou  quando 
fem  temor  às  vorazes  chamas  em  que  ardia, 
o  Hofpital  real  de  Granada  falvou  de  taõ- 
horrível  incêndio  a  todos  os  doentes  com  os 
leitos  em  que  jaziaõ  fendo  mais  aétívo 
o  incêndio  que  lhe  abrazava  o  peito  do 
que  aquelle  que  devaftava,  e  confumia 
taõ  nobre  edificio.  Ornado  o  feu  grande 
efpirito  de  Fé  heróica,  Efperança  firme,. 
Charídade  exceffiva,  paciência  inviâa,  hu- 
mildade profunda,  mortificação  rigorofa^ 
e  oraçaõ  continua  triumfou  das  aftucias 
diaboHcas,  prévio  fuceíTos  futuros,  e  re- 
cebeo celefldaes  favores.  Certificado  pelo 
Archanjo  S.  Rafael  que  muitas  vezes  fo- 
ra feu  companheiro  no  miniílerío  da 
Hofpitalidade,  de  fer  chegada  a  hora  do  feu 
feliz  tranfito  lhe  minilirou  o  Sagrado  Viatico 
D.  Pedro  Guerreiro  Arcebifpo  de  Granada  a 
quem  recomendou  os  feus  pobres  como  os 
mais  preciofos  legados.  Depois  de  exhortar 
aos  feus  religiofos  ao  exercício  da  cha- 
rídade para  com  os  infermos  pedio  que 
o  deixaíTem  fó,  e  levantandofe  da  Cama 
veftido  com  o  habito,  e  poíto  de  joo- 
Ihos  com  Chrifto  Crucificado  entre  os 
braços  lhe  entregou  placidamente  o  ef- 
piríto  a  8  de  Março  de  1550  quando 
contava  33  de  idade.  Nefta  admirável  pof- 
tura,  efteve  o  efpaço  de  féis  horas  o  fagrada 
corpo  fuílentandofe  contra  os  foros  da  natu- 
reza como  fe  eítivera  vivo,  porem  a  in- 
difcreta  piedade  dos  aíTiílentes  o  exten- 
deo  para  fer  collocado  no  féretro.  Tan- 
to que  os  finos  deraõ  fem  impulfo  hu- 
mano funeítos  finaes  da  fua  morte  concor- 


646 


BIBLIO THECA 


leu  tumultuaria  mente  o  povo  a  venerar 
o  feu  Cadáver  explicando  com  fentidas 
vozes,  e  laftimofos  clamores  a  falta  do 
feu  univerfal  Bemfeitor.  Foy  levado  aos 
hombros  do  Marquez  de  Tarifa  Adiantado 
mayor  de  Andaluzia,  D.  Inigo  Lopes  de 
Mendoça  Marquez  de  Monde j  ar,  e  Conde 
de  Tendilha  Capitão  General  do  Reyno  de 
Granada;  D.  Rodrigo  Pacheco  Marquez  de 
Cerraluo,  D.  Pedro  Granada  Viegas  Se- 
nhor de  Campo  Tejar  que  hoje  he  Mar- 
quezado;  D.  Pedro  de  Bovadilha,  e  D. 
loaõ  de  Guevara  ao  Convento  de  N.  Se- 
nhora da  Vitoria  dos  Minimos  de  S.  Fran- 
cifco  de  Paula  donde  paflados  cento  e 
quatorze  annos  precedendo  repetidas  fupli- 
cas  de  feus  religiofos  filhos  foy  tresladado 
a  28  de  Novembro  de  1664.  para  o  Hof- 
pital  de  Granada  primeiro  folar  da  fua 
Sagrada  Familia.  Havendo  corrido  o  largo 
efpaço  de  57  annos  depois  da  morte  do 
Santo,  como  eftiveíTe  dilatada  a  fua  Reli- 
gião em  muitos  Conventos  lhe  concedeo 
faculdade  Xiílo  V.  para  que  fe  eximiíTe  do 
Ordinário,  e  elegefle  hum  Geral  que  a  go- 
vernaíTe.  O  inílituto  foy  aprovado  por  S. 
Pio  V.  com  grandes  elogios  em  o  pri- 
meiro de  laneiro  de  1571.  aíTinando  a  for- 
ma do  habito,  e  declarando  fer  verdadeira 
Religião  com  profiflaõ  de  três  votos  fo- 
lemnes  acrecentando  o  quarto  da  Hofpi- 
talidade  como  fundamental  bafe  do  feu 
Inílituto.  A  multiplicidade  de  eftupcndos 
milagres  com  que  a  divina  Omnipotência 
fe  empenhou  a  manifeftar  a  fama  defte  feu 
grande  fervo  moveo  à  Santidade  de  Ur- 
bano VIII.  para  que  o  Beatificaíle  a  28  de 
Setembro  de  1630.  e  paíTados  60  annos 
foy  collocado  entre  o  numero  dos  Santos 
ConfeíTores  pelo  Summo  Pontífice  Alexandre 
VIII.  a  16  de  Outubro  de  1690.  e  como  fu- 
cedeíTe  logo  a  morte  defte  Papa  expedio 
a  Bulia  da  Canonização  Innocencio  XII. 
a  ij  de  lulho  de  1691.  Efcreveo  a  fua  vida  o 
Meftre  Francifco  de  Caftro  Adminiftrador  do 
Hofpital  de  Granada  a  qual  fahio  traduzida 
cm  Francês  pelo  Arcebifpo  de  Ruaõ  Francifco 
de  Harlay,  em  Italiano  por  loaõ  Francifco 
Bardin  Arcebifpo  de  Avinhaõ,  e  em  Latim 
por  António  de  RaiíTe  Cónego  da  Cathedral 


de  Dovay,  e  mais  fielmente  pelo  P.  Hef- 
chenio  AH.  San£i.  ad  diem  8.  Martii.  Na  lín- 
gua Caftelhana  a  efcreveo  D.  Fr.  António 
de  Gouvea  Bifpo  de  Cirene  varias  vezes 
impreíTa,  e  mais  difufamente  Fr.  loaÕ  dos 
Santos  Chronol.  Hofpital.  Part.  i.  liv.  2. 
cap.  I.  até  85.  e  na  Franceza  loaõ  de 
Loyac  Confelheiro,  Efmoler,  e  Pregador 
ordinário  delRey  ChriftianiíTimo,  c  Abbade 
de  N.  Senhora  de  Gondon,  e  Monfiur  Ge- 
rard  de  Ville  Thierry  em  o  armo  de  1691. 
e  Monfiur  Adriaõ  Baillet  Viés  des  Saints 
Tom.  I.  pag.  mihi  91.  P.  Heliot  Hift.  des 
Ordres  Monajliq.  Tom.  4.  cap.  18.  Em  a 
Portugueza  o  I>icenciado  lorge  Cardofo 
Agiol.  hjifit.  Tom.  2.  p.  106.  c  no  Com- 
ment.  de  8  de  Março  Letr.  B.  e  em  Ou- 
tavas  Portuguezas  o  Licenciado  Francifco 
Barreto   de   Landim.     Efcreveo 

Cartas  a  differentes  perjonas  imprejfas  a  la 
inftancia  de  Fr.  Domingo  da  Mendoça  Do- 
minica. Madrid  por  luan.  de  la  Cuefta. 
1623.   4. 

Sinco  Cartas  efcritas  a  i.  e  2.  à  Excel- 
lentiíTima  Duqueza  de  Sefa  D.  Maria  de  los 
Covos,  y  Mendoça;  a  3.  e  4.  a  Gutierre  LaíTo; 
e  a  5.  a  luan  Baptifta  morador  na  Cidade  de 
Gaen.  Saliiraõ  impreflas  no  fim  da  Vida  do 
mefmo  Santo  efcrita  pelo  Bifpo  de  Cirene 
D.  Fr.  António  de  Gouvea  Madrid  por 
Thomas  lunti  1624.  4.  defde  foi.  195. 
até  215.  Eftas  mefmas  Cartas  foraõ  reim- 
preíTas  na  Chronolog.  Hofpital.  ou  Kefumen 
Hiflor.  de  la  Sagrad.  Relig.  de  S.  luan.  de 
Dios  Tom.  I.  liv.  2.  cap.  71.  81.  82.  c 
liv.    3.    cap.    25.    e    26. 


lOAÕ   DE  DEOS  natural  de  Lisboa  Có- 
nego da  Cathedral  da  fua  pátria,  e  hum  dos  ce- 
lebres profeííores  de  Direito  Pontificio,  que 
floreceraõ  pelos  annos  de  1 240.  cuja  faculdade 
diftou  com  univerfal  aplauzo  em  a  Univerfida- 
dc  de  Bolonha  fendo  celebrada  a  fua  fcicncia 
por  Pedro  Mexia  Hiji.  de  los  Emperad.  pag.  mihi 
507.  Parifio  de  Kejignation.  lib.  5.  Quxft.  5.  n 
109.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hift.  Vet.  lib.  8.  cap.  3.  § 
93.    et    feq.  Martin  Lippen.  Bib.  Juridic.  p 
62.   e    153.   Poflevin.    Appar.  Sacer.   p.    86 j 
A  mayor  parte  das  fuás  obras  fc  naõ  pu- 


L  USITANA. 


647 


blicou,  e  unicamente  fahio  a  feguinte  que  fe 
intitvxlou  com  diverfos  nomes. 

Cavillatíones,  Jive  doãrina  Aãvocatorum,  Par- 
tium,  <&  Affefforum.  Venetiis  1566.  &  Lugdu- 
ni.  1577.  Sahio  juntamente  com  a  obra  inti- 
tulada Speculum  de  Guilhelmo  Durando  Bifpo 
Mimatenfe  a  qual  como  efcreve  o  Dou- 
tor loaõ  de  Deos  foy  principiada  por 
Huberto  Bovio,  e  a  ampliou,  e  ordenou 
elle  em  melhor  methodo.  Na  Epiftola 
Dedicatória  a  G.  Cardial  da  Igreja  Ro- 
mana faz  o  cathalogo  feguinte  das  fuás 
obras. 

Apparatus  Decretorum, 

Breviarium  Decretorum. 

Uber  Pajloralis. 

Uber  Dijpenjationum.  Exifte  na  P>ib.  Va- 
ticana.    num.    5066,    e    na    Palatina    n.    802. 

Summa  fub  certis  cafibus  Decretalium. 
Confervavafe  na  Bibliotheca  do  grande  An- 
tónio Agoftinho  Bifpo  de  Tarragona. 

Uber  ludicum.  A  eíla  obra  intitula  o  Ber- 
gomenfe  Summa  ludicum. 

Notabilia  cum  Summis  Juper  títulos  Decreta- 
lium, eí'*  Decretorum. 

Apparatus  metricus  Juper  arborem  Decre- 
talium. Eíla  arvore  he  da  confanguini- 
dade,  da  qual  tratando  loaõ  André  diz. 
Jmtio  circa  leãuram  arboris  diverjis  olim  di- 
verfum  modum  tenentibus  loannes  de  Deo  Hif- 
panus  pofi  illos  lectura  illius  arboris  novum 
modum  ajfumens  per  fuás  métricas  regulas 
ipjíus  intelleãum  nifus  fuit  aperire.  Sed  prop- 
ter  multitudinem  regularum,  <Ò'  verjuum  obf- 
curitatem  aliquibus  notum  iffiotum,  et  aliis 
tffu)tum  i^otius  reddidit.  Gjnfervavafe  na 
Bib.  Palatina  n.  666.  que  depois  fe  in- 
corporou   na    Vaticana. 

Uber  Dijiinãionum. 

Commentum    Juper     Novellas     Decretalium. 

Uber  Panitentiarius  de  Cautela  fimpli- 
cium  Sacerdotum.  M.  S.  4.  Exiíle  na  Bib. 
dos  G^negos  Lateranenfes  de  S.  loaõ  in 
Viridario  da  Cidade  de  Pádua  como  afir- 
ma Thomafino  Bib.  Patavin.  p.  31.  No 
fim  dÍ2  que  fora  acabada  aquella  obra 
Anno  Domini  M.  CCXLVH.  Indift.  V. 
V.  Kalend.  Novembris.  Alguma  parte 
deíla    obra    publicou    lacobo    Petit    no    fim 


do  2.  Tomo  Panitentialis  Tbeodori  Cantuarenfis^ 
Epifcopi. 

Concordantia    Decreti,    et    Decretalium. 

Additiones  ad  Summam  Hugutionis.  Exif- 
te na  Bib.  Vaticana.  n.  2280 

Catbalogus  bareticorum.  Na  Bib.  Vati- 
cana.   n.    4896. 

Uber  primarius  de  Variis  luris  Ponti- 
ficii  materiis  autbore  loanne  de  Deo  Hif- 
pano  Olyjftponenji  luris  Decretorum  Doãore. 
Qjm  efte  titulo  exiftia  eíla  obra  na  Li- 
vraria de  D.  Fernando  Cólon  filho  do 
celebre  Argonauta  Chriílovaõ  Cólon,  a 
qual  agora  poíTue  a  Igreja  Cathedral  de 
Sevilha  como  efcreve  Nicolao  António. 
Bib.  Vet.  Hifp.  lib.  8.  cap.  3.  §.  iio. 
donde  claramente  confia  fer  natural  de 
Lisboa  o  Doutor  loaõ  de  Deos  famofa 
interprete  de  Direito  Pontifido,  e  Cóne- 
go da  Cathedral  da  fua  pátria  que  por 
erro  muitos  intitularão  Canonicus  Isbolenfir 
devendo    fer    Usbonenjis. 

Fr.  lOAÕ  DE  DEOS.  Naceo  em  a  Villa 
de  Amarante  a  23  de  Fevereiro  de  161 8. 
e  naõ  a  20  de  Setembro  como  efcreve  o  P. 
D.  António  Caetano  de  Souza  Apparat.  à 
Hifi.  Gen.  da  Ca^.  Real  Portug.  p.  126.  §.  144. 
Teve  por  Pays  a  Ruy  Cabral  Barbofa,  e  D. 
Paula  Barbofa  fua  Prima  defcendentes  da 
principal  nobreza  de  Entre  Douro,  e  Mi- 
nho, e  por  Tio  a  Manoel  Barbofa  Cabral 
Abbade  de  S.  Tiago  de  Sandim  no  Con- 
feUio  de  Filgueiras  ComiíTario  do  S.  Ofifi- 
cio,  e  Prothonotario  Apoílolico.  Foylhe 
impoílo  o  nome  de  loaõ  de  Deos  por  fua. 
Avó  D.  Filippa  Pinheira  matrona  ornada 
de  excellentes  virtudes  em  obfequio  do  in- 
figne  Patriarcha  da  Hofpitalidade  cujos  mi- 
lagres aíTombravaõ  naquelle  tempo  ao  mun- 
do. Aprendeo  os  primeiros  rudimentos 
com  Miguel  Cerqueira  Doce  Presbitero  mui- 
to douto,  e  Poeta  celebre  em  a  lingua  la- 
tina de  quem  em  feu  lugar  fe  fará  memo- 
ria mais  larga,  e  as  letras  humanas  em  o 
Collegio  de  S.  Paulo  da  Qdade  de  Braga, 
dos  Padres  lefuitas  onde  fez  taes  progref- 
fos  a  viveza  de  feu  talento  que  admiran- 
do os  Meílres  os  fazonados  frutos,  que 
produzia  em  idade  taõ  verde  o  convidarão- 


648 


BIB  LIO  THE  CA 


para  veftir  a  roupeta  da  G^mpanhia,  porem 
atrahido  do  exemplo  de  feus  dous  Tios  Fr. 
Fernando  do  Efpirito  Santo,  e  Fr.  Alexandre 
de  lefus  religiofos  da  Seráfica  Provinda  de 
Portugal  que  a  illuftraraõ  como  Mcftres  na 
Cadeira,  e  como  Oradores  em  o  Púlpito,  fe 
refolveo  abraçar  eíle  fagrado  inftituto  quan- 
do contava  vinte  annos,  e  onze  mezes  re- 
cebendo o  habito  no  anno  de   1639.  ^"^  ^ 
venerável   Convento   da  Villa   de   Alanquer. 
Acabada  a  carreira  dos  eftudos  efcholafticos 
em  que  foy  emulo   o  feu  grande  engenho 
<le  dous  grandes  condifcipulos  Fr.  loaõ  da 
Madre  de  Deos,  e  Fr.  António  de  S.  Dionifio, 
efte  Bifpo  de  Cabo  Verde,  e  aquelle  primeiro 
Arcebifpo    da   Bahia,    fubio   a   ler   Filofofia 
■cm  o  Real  Convento  de  S.  Francifco  da  Q- 
dade    com    grande    credito    da    fua    litera- 
tura,  cuja  incumbência   foy  obrigado  inter- 
romper   fendo    eleito    Procurador    a    Roma 
para    pacificar    os    tumultos,    que    o    Comif- 
fario    Geral    Fr.    Martinho    do    Rofario    ti- 
nha   cauzado    em    todas    as    Províncias    Se- 
ráficas   deíle    Reyno.     A    24    de    Mayo    de 
1649.    chegou   à   Cúria,   e    fazendo   patentes 
os    dotes,    de    que    fe    ornava    o    feu    efpi- 
rito,    com    tal    arte    conciliou    os    afedlos 
•das  principaes  peflbas  daquelle  famofo  Thea- 
tro  da  politica  Chriílaã,  e  Gvil,  que  trium- 
fou    de    todas    as    maquinas    que    tinha    ar- 
mado  o  indifcreto   zelo   do   ComiíTario  Ge- 
ral contra  a  fua  Província  adquirindo  para 
•cila   fingulares    indultos.     Reftituido   a   Por- 
tugal   a    19   de  Março  de   1650.   foy  eleito 
Guardião    de     Santo    António    de    Ferrei- 
rim    donde    foy    aílumpto    aos    lugares    de 
Guardião  do  Convento  da  Ponte  de  Coim- 
bra   em    o    anno    de    1662.     Definidor    em 
1669.    e    de    Miniftro    Provincial    eleito    em 
31    de  Março  de    1669.  aíTiíUndo  neíla  elei- 
to   o    ReverendiíTimo    Fr.    Affonfo    de    Sa- 
lizanes   Miniílro   Geral   da   Ordem   Seráfica. 
Foy    Prefidente    de    dous    Capítulos    inter- 
médios;  o   primeiro   da   Província   dos   Al- 
^arves  a  21   de  lulho  de   1674.  fendo  Pro- 
vincial  Fr.   Diogo   da   Natividade   Caldeira; 
o    fegundo    da    Província    da   Terceira    Or- 
dem   da    Penitencia    a    7    de    Setembro    do 
<Hto  anno  fendo  Provincial  Fr.  Bartholameu  da 
Porciuncula  o  primeiro  Definidor,  que  teve 


efta  Provinda.  Obteve  os  honoríficos  lu- 
gares de  Qualificador  do  S.  Offido,  Exa- 
minador das  Três  Ordens  Militares,  e 
Pregador  delRey  D.  Affonfo  VI.  de  quem 
recebeo  particulares  favores.  Naõ  fc  limi- 
tou o  feu  eíhido  as  efpeculaçoens  efcho- 
lafticas,  dilatoufe  pelos  vaílos  campos  da 
Hiíloria  Sagrada,  e  profana  fendo  profun- 
damente erudito  em  a  do  noflb  Reyno. 
Entre  os  profeíTores  da  Genealogia  me- 
receo  taõ  univerfal  refpeito  que  afirma- 
vaõ  os  mais  peritos  que  de  Coimbra  para 
baixo  entrava  na  claffe  dos  primeiros  Ge- 
nealógicos, e  de  Coimbra  para  Jima  o  naô 
havia  milhor,  cujo  axioma  fc  verificou  em 
as  muitas  obras,  que  efcreveo  defta  taõ 
importante  parte  da  Hiíloria  taõ  cheyas 
de  verdade  fincera,  como  de  indefeíTa  in- 
veíligaçaõ.  Falleceo  no  Convento  de  S. 
Francifco  da  Cidade  a  15.  de  lulho  de 
1684.  quando  contava  66  annos  de  ida- 
de e  45  de  Religião.  Delle  fazem  me- 
moria Fr.  Fernando  da  Soledade  H//?. 
SeraJ.  da  Prov.  de  Por/ug.  Part.  5.  liv. 
4.  cap.  32.  §.  1162.  e  o  P.  Souza  no 
lugar    aíTima    allegado.    Compoz. 

Sermão  na  folemne  prociffaõ  que  fev^  o  Reve- 
rendo Cabbido,  e  Camará  de  Coimbra  à  Kainha 
Santa  em  acçaõ  de  graças  pela  glorio/a  Kejlauraçaõ 
de  Évora.  Coimbra  por  Manoel  Dias,  1664. 
4.  &  ibi  por  Thome  Carvalho  Impreflbr 
da  Univerfidade  1672.  4.  Defte  Sermaõ  fez 
dous  o  P.  Fr.  Fernando  da  Soledade  efcre- 
vendo  no  lugar  aíTima  allegado,  que  impri- 
mira dous  Sermoens  hum  da  Reftauraçaõ  de 
Évora,  e  outro  de  Santa  Izabel,  quando  no 
referido  fe  comprehendem  eftes  dous  argu- 
mentos. 

Topo^apòia  das  Terras  de  Portugal.  Conf- 
ia efta  obra  de  huma  Defcripçaõ  Hifto- 
rica  Geográfica,  e  Genealógica  de  todas 
as  Qdades,  Villas,  Honras,  Coutos,  Jul- 
gados, e  Igrejas  do  Reyno,  fendo  to- 
talmente femelhante  à  Corografia  Portu- 
guev^a,  que  em  três  volumes  de  folha 
publicou  o  Padre  António  Carvalho  da 
Cofta.  Conferva-fe  o  Original  na  Livraria  do 
Convento  de  S.  Francifco  da  Gdade  foi. 

Theatro  das  Igrejas  de  Portugal,  Cathe- 
draes,  Collegiadas,  e  Keligioens  Militares.  M.  S. 


L  USITAN  A. 


foL  Conferva-fe  na  Livraria  do  Excel- 
lentiíTimo  Duque  de  Lafoens,  que  foy 
do  EmminentiíTimo  Cardial  de  Souza  on- 
de a  vio  o  Padre  Frandfco  da  Cruz 
como  afirma  nas  Mem.  M.  S.  que  dei- 
xou   para    a    Bib.     Portug. 

Vários  livros  Genealo^cos.  foi.  M.  S. 
Deites  fe  deraõ  três  volumes  ao  Emmi- 
nentiíTimo Girdial  de  Alencaftre  Inquiíi- 
dor  Geral  deíles  Reynos,  e  outros  fica- 
rão em  poder  de  Manoel  Barbofa  Ca- 
bral Abbade  de  S.  Tiago  de  Sandim  Tio 
do  author,  que  depois  os  deu  ao  Padre 
Fr.  Martinho  Martiniano  de  Caibro  reli- 
giofo  de  S.  leronimo  da  Caza  dos  Ex- 
cellentinTimos    Marquezes    de    Cafcaes. 

Arvores  Genealógicas,  foi.  M.  S.  Con- 
fervaõ-fe  na  Livraria  do  Excellentiflimo 
Duque  do  Cadaval  Eftribeiro  mór  de  S. 
Mageftade  como  afirma  o  Padre  Souza 
no  Apparat.  â  Hijl.  Gen.  da  Ca^.  Keal 
Portug.    pag.    126.    §.    144. 

Memorias  das  Provindas  Francifcanas  de  Por- 
tugal, e  fuás  Conquijias.  M.  S.  4.  Conferva-fe 
elia  obra  na  Livraria  do  Convento  de  S.  Fran- 
cifco  da  Gdade  com  a  feguinte  rubrica. 
Aíemorias  dejlas  Provindas  da  Ordem  de  N.  Pa- 
dre S.  Frandfco,  que  eu  Fr.  loaõ  de  Deos  indiffio 
reli  ff of o  delia  ji^  para  os  vindouros  do  que  alcan- 
cei, vendo  a  pouca  curiofidade  dos  antigos  nefla 
matéria. 

Mifcellanea  Hiflorica,  e  Genealoffca.  M.  S.  4. 
Na  mefma  Livraria  de  S.  Frandfco  da  Gdade. 


Fr.  lOAÕ  DE  DEOS  MONTE-AL- 
VERNE  Naceo  na  Gdade  do  Porto  a  8  de 
Março  de  1699.  filho  de  Simaõ  Henriques 
Cardozo,  e  JMaria  do  Ceo.  Foy  admitido  a 
religiofo  obfervante  de  S.  Frandfco  em  o  re- 
coleto  Convento  da  Conceição  de  Matozinhos 
a  5  de  Agoílo  de  171 6.  e  profeíTou  folemne- 
mente  a  iz  do  dito  mez  do  anno  feguinte. 
Eftudou  Artes  no  Convento  de  Leiria,  e 
Theologia  em  o  de  Santarém,  e  depois  de 
conduir  eíla  aplicação  em  que  fahio  com 
aplauzos  de  grande  eftudante  fe  dedicou  ao 
minifterio  do  púlpito,  que  a£hialmente  exer- 
cita com  grande  credito  do  feu  talento,  do 
qual  publicou  como  primicias. 


Ó49 

SermaJÔ  da  prodigiofa,  e  admirável  Imagem 
do  Santo  Cbrifh  de  Matosinhos  pregado  em 
5  de  Mayo  fegundo  do  decantado  Triduo,  que  no 
mefmo  lugar  de  I^íato^inbos  celebrarão  os  Reli- 
giofos  Kecoletos  do  Convento  da  Conceição  em 
acçaÕ  de  Graças  pela  Collocaçaõ,  que  da  mef- 
ma Sagrada  Imagem  fi^eraõ  os  Irmaõs  da  fua 
Confraria  tresladando-a  para  bum  magnifico 
Tabernáculo  anno  de  1733.  Lisboa  por  An- 
tónio  Ifidoro   da  Fonceca.    1757.   4. 


lOAÕ  DE  DEOS  DA  SYLVA 
irmaõ  do  Doutor  Jacinto  de  Miranda 
de  quem  fe  fez  memoria  em  feu  lugar, 
naceo  em  a  nobre  Villa  de  Setúbal  a 
8  de  Março  de  1696.  onde  teve  por 
Pays  ao  Doutor  Simaõ  da  Sylva  pro- 
feíTor  de  Medecina,  e  a  D.  Thereza  de 
Miranda.  Quando  contava  treze  annos  de 
idade  foube  perfeitamente  a  lingua  La- 
tina, e  letras  humanas,  e  fendo  de  de- 
fafeis  recebeo  o  gráo  de  Meflxe  em  Ar- 
tes em  a  Univerfidade  de  Évora  donde 
paíTando  à  de  Coimbra  eftudou  Medecina 
em  cuja  Faculdade  formado  no  anno  de 
171 8.  a  exerdta  com  grande  aplauzo  do 
feu  Nome.  Na  Academia  Problemática 
inftituida  em  a  fua  pátria  mereceo  os 
Elogios  dos  feus  Collegas,  ou  foíTe  dif- 
correndo,  ou  metrificando.  Tem  prompto 
para    a    ImpreíTaõ. 

Centúria  Epigrammatum.  4.  M.  S.  Conf- 
ta  das  açoens  prodigiofas  da  Vida  de 
S.  loaõ  de  Deos  Patriarcha  da  Hofpi- 
talidade  em  cujo  dia  naceo,  e  em  feu 
obfequio  lhe  foy  devotamente  impofto  o 
nome. 

Celebrando  a  Academia  dos  Ffcolbidos 
a  reftituiçaõ  da  faude  do  noíTo  Monar- 
cha  D.  loaõ  o  V.  em  o  Collegio  de 
Santo  Antaõ  de  Lisboa  em  os  dias  18 
19,  20,  e  21  de  Outubro  de  1742.  foy 
premiado    efte    feu    Epigramma. 

Corpore  R/x  doluit,  doluerunt  mente  Clientes 
Torquet     uterque     dolor;     plus     tamen     ifle 

ferit. 
Kex  animo  numquàm  ceddit:  ceddere  clientes 
P>jegeqM  fie  populum  pliis  doltàffe  patet. 


65o 


BIBLIOTHECA 


lOAÕ  DIAS  natural  da  Villa  de 
Cea  da  Província  da  Beyra  fituada  em  o 
Confelho  do  Bifpado  da  Guarda.  Foy 
Subchantre  da  Cathedral  de  Coimbra,  e 
muito  perito  na  Faculdade  da  Mufica 
principalmente  em  Canto-Chaõ  como  dei- 
xou manifeílo  na  obra  feguinte,  que  mui- 
to louva  Pedro  Thalefio  Art.  do  Cant. 
ChaÕ.    cap.    36.    foi.    63. 

Enchiridium  Mijfarum  folemnium,  <ò^  voti- 
varum  ctim  Vefperis,  <ò'  Completis  totius  anni, 
nec  non  officio  Defm£Íorum,  <ò^  aliis  juxta  mo- 
rem S.  R.  E.  <ò'  reformationem  MiJJalis,  ac 
Breviarii  ex  decreto  Concilii  Tridentini  fub  mo- 
dulamine  cantus,  et  elegantihus  Notis  utiliter, 
&  laudahiltter  in  utilitatem  publicam  colleãum. 
Conimbricae  apud  Antonium  Maris  Univ. 
Tj^.    1 5  80.   4. 

Uvro  de  revoar  em  lingoagem  Portugue!(a.  24. 
Foy  varias  vezes  impreflb,  e  ultimamente  Lis- 
boa.   1684. 

lOAÕ  DIAS  DE  CARVALHO  cuja 
pátria,  e  eílado  de  vida  fe  ignora,  e  fomente 
fe  fabe  florecera  no  feculo  decimo  feptimo. 
Compoz. 

BençaÕ  Profética^  divina,  e  myjlerioja  do  Sere- 
nijfimo  Príncipe,  e  Excellentijftmo  Senhor  D. 
Theodojio  de  glorio/a  memoria  f étimo  Duque  de 
Bragança,  que  lançou  aos  Príncipes  Jeus  filhos  na 
ultima  hora  de  Jeu  tranfito  declarada  ejpirítual- 
mente.  M.  S.  4.  Conferva-fe  na  Livraria 
do  ExcellentiíTimo  Duque  de  Lafoens,  que 
foy   do   Emminentiflimo   Cardial   de   Souza. 

lOAÕ  DUARTE  natural  de  Lisboa 
Presbítero  muito  erudito  aflim  em  as  Noti- 
cias hiftoricas,  como  em  as  difcipUnas  mathe- 
maticas.  Explicou  a  Esfera  Terreílre  na  Acade- 
mia dos  Singulares  inílituida  em  a  fua  pátria  no 
anno  de  1663.  da  qual  era  digniíTimo  alumno 
onde  fedo  Preíidete  recitou 

Oração  a  zo  de  Janeiro  de  1664.  Sahio  no  i. 
Tomo  das  obras  da  dita  Academia  Lisboa 
por  Henrique  Valente  de  Oliveira.  1665.  4.  a 
pag.  219. 

Oração  a  iz  de  Janeiro  de  1665.  No  Tom.  2. 
da  dita  Academia  Lisboa  por  António  Craes- 
beeck  de  Mello.  1668.  4.  a  pag.  314. 


lOAÕ  DUARTE  DOS  SANTOS  na- 
tural do  lugar  do  Campo  grande  fitua- 
do  em  o  Subúrbio  de  Lisboa  onde  fen- 
do Parocho  da  Igreja  dos  Santos  Reys 
partio  no  anno  de  1694.  com  o  Bifpo 
de  Pernambuco  D.  Fr.  Francifco  de  Li- 
ma da  Ordem  Carmelitana,  e  como  de- 
zejaííe  vida  mais  perfeita  fe  recolhco  à 
Congregação  do  Oratório  da  Qdadc  de 
Olinda  da  qual  fahio  por  juftiíicadas  cau- 
zas,  e  reftituido  a  Lisboa  exercitou  o 
minifterio  de  Cura  da  Parochial  Igreja  de 
N.  Senhora  dos  Anjos.  Como  foíTe  mui- 
to perito  nos  ritos,  e  Ceremonias  Eccle- 
fiafticas  foy  chamado  pelo  UluílriíTimo,  e 
ReverendiíTimo  Arcebifpo  de  Braga  D. 
Rodrigo  de  Moura  Telles  paia  feu  Mef- 
tre  das  Cerimonias,  e  em  premio  do 
zelo,  e  perfeição  com  que  exercitava  cfte 
Officio,  o  nomeou  Cónego  da  Sé  Prima- 
cial. Morreo  em  Braga  a  16  de  Feve- 
reiro   de    1737.    Addicionou. 

Theti^ouro  de  Cerimonias,  que  contem  as 
MiJJas  regadas,  e  Jolemnes,  ajji  de  fejlas, 
como  de  defuntos,  e  também  as  de  Semana 
Santa,  Quarta  Feira  de  Cin^a,  das  Catt- 
deas,  e  MijJas  do  Natal  com  o  que  toca 
á  Sagraçaõ  dos  Bifpos,  fuás  MiJJas  re!(adas, 
e  dos  Capellaens,  e  fua  prev^ença,  e  tudo  o 
mais,  que  pode  fuceder  pelo  difcurfo  do  anno 
com  advertências  particulares  para  milhor  in- 
telligencia  das  Kubrícas.  Compofio  pelo  Li- 
cenciado loaõ  Campello  de  Macedo  Thefou- 
reiro  mór,  que  foy  da  Capella  Real  de  S. 
Magefiade,  novamente  anecentado  com  huma 
direção  das  MiJJas,  que  fe  devem  S!(er  ajft 
folemnes,  como  revoadas  na  oca:(iaô  do  Lauf- 
perenne  nas  Igrejas  em  que  fe  achar  em 
qualquer  tempo  do  anno  ajuflada  conforme 
as  Rubrícas,  e  expofitores  delias,  e  autho- 
rit(ada  com  refpofias  do  Meftre  das  Cerimo- 
nias do  Papa  &c.  Lisboa  por  António 
Pedrozo    Galraõ.    1697.    4. 

Sahio  efta  obra  com  o  nome  de  loaõ  Duarte, 
e  na  2  Impreflaõ  o  fegundo  appellido  de  San- 
tos na  qual  acrecentou  algumas  Kefoluçoens 
modernas  na  matería  da  Ret^a  com  huma  direção  para 
os  Domingos  Terceiros;  forma  de  receber  o  Pre- 
lado viv^tando,  ou  outro  Vis^itador  infe- 
rior   com    alguma    noticia    do     Rito     Bracha- 


L  USITANA, 


65 1 


renfe.      Braga     por     Francifco     Duarte     da 
Mata    1734.    4. 

Fr.  lOAÕ  DA  ENCARNAÇÃO  na- 
tural de  Lisboa  religiofo  Menor  da  Pro- 
vinda de  Portugal  a  quem  intitulaõ  vir 
doãus  (ò'  infiéis  Pradicator  Wadingo  de 
Script.  Ord.  Min.  pag.  212.  col.  2.  Ni- 
col.  Ant.  Bib.  Hi/p.  Tom.  i.  p.  546. 
col.  I.  e  Fr.  loan.  D.  Ant.  Bib.  Fran- 
cifc.  Tom,  2.  p.  178.  col.  I.  fendo 
aíTim  na  Cadeira,  como  em  o  púlpito 
refpeitado  o  feu  nome.  Para  que  no 
Orbe  Literário  fe  fizefle  mais  plauíivel 
a  doutrina  do  fubtil  Efcoto  Príncipe  da 
Efcola  Seráfica  reduzio  a  milhor  methodo, 
e  illuftrou  com  doutiflimas  annotaçoens  o 
primeiro  Uvro  das  Sentenças  defte  grande 
Doutor  cuja  obra  publicou  com  efte  titulo. 

Reverendi  Pafris  Fr.  loannis  Duns  Scoti 
Ordinis  Minorum  Doãoris  fubtilijftmi,  et  Tbeolo- 
gorum  omnium  faàle  Principis  Oxonienfe  Scrip- 
ttim  in  librum  primum  Sententiarum  Mag,firi 
Petri  hombardi,  ntmc  primo  ordinatum,  <&  ex- 
pitrgatum  per  Fr.  loannem  ab  Incamatione  Ulyf- 
Jiponenjem  ejujdem  Ordinis  Prasbiterum,  <& 
Sacra  Theoloffa  emeritum  praleãorem.  Co- 
nimbricae  apud  Didacum  Gomez  de  Lou- 
reiro. 1609.  foi.  Na  Dedicatória  que  faz 
defta  obra  a  Fr.  Pedro  Gonzales  de 
Mendoça  ComiíTario  Geral  da  Familia  Cif- 
montana  relata  com  eftas  elegantes  pa- 
lavras o  indefeílo  trabalho,  que  aplicou 
para  felismente  a  concluir.  Qtiam  legen- 
dis,  et  intelligendis  antiquis  imprejfionibus  ali- 
qualiter  infudarunt,  vel  noftram  bane  cum 
veteribus  contulerint,  facile  cognofcere  poterunt 
quantiis  fuerit  nofter  hic  labor  Jufceptus.  Qui 
certe  fint  tantus,  ac  talis  ut  in  breviori 
novuM,  nojlrumque  paraffemus  quam  ab  Sco- 
to  paratum  prapoliffemus.  Unde  nec  eru- 
bejcimus  hoc  ipjum  opus  tametfi  Scoti  fa- 
teamur  nofirum  quoqm  appellare,  non  falja 
prajumptione,  et  arrogantia,  fed  autboritate, 
dp"  verbis  D.  Hyeronimi  in  fimili  matéria, 
<Ò'  ocajione  prolatis.  Is  enim  cum  multúm 
laboraffet  in  convertendis,  et  coaptandis  qua- 
íuor  libris  Kegum ,  non  ejl  veritus  libros 
ipfos  {aliás  a  Prophetis  confcriptos)  apellare 
Juos.      Nafu     in     prologo     Galeato    fie     ait. 


Lege  primum  Samuelis,  id  eft  primum,  et 
fecundum  Regum,  &  Malachiam  meum, 
id  eft,  Tertium,  &  quartum  Regum.  £/  quia 
forte  aliquibus  temeritas,  vel  audácia  videri  po- 
terat  meum  vocare  librum,  quod  alterius  Marte 
ftút  fcriptum,  confequenter  addidit.  Meum  in- 
quam  meum.  Quafi  diceret;  libri  ifti  tametfi 
Propbetarum  nonfemel,fed  bis  meifunt.  Quidquid 
enim  {inqtát  Hyeronimus)  crebrius  vertendo,  et 
emmendando  folicitius,  et  didicimus,  et  tene- 
mus  noftrum  eft.  Sendo  digno  dos  mais 
honoríficos  lugares  naõ  teve  outro  mais  que 
a  Guardiania  do  Convento  de  S.  Francifco 
do  Porto  que  exercitava  no  anno  de  1609. 
pequena  remuneração  (como  efcreve  Fr.  Fernan- 
do da  Soled.  Hifi.  Seraf.  da  Prov.  de  Portug. 
Part.  5.  Hv.  2.  cap.  28.  n.  4^^.)  para  diadema 
de  taõ  avultados  méritos.  Falleceo  no  Conven- 
to de  S.  Francifco  da  Qdade  cujo  dia,  e  anno 
fe  ignoraõ. 

lOAÕ  DE  ESCOVAR.  Poeta  Cómico,  e 
infigne  profeíTor  de  Mufica  como  manifeftaõ 
as  fuás  obras  publicando. 

Motetes.    Lisboa  1620.  4. 

Auto  intitulado  Fidalgo  de  Florencia  que 
dedicou  a  ElRey  D.  Sebaftiaõ,  e  muitas  vezes 
fe  imprimio. 

D.  Fr.  lOAÕ  ESTACO  filho  de  Ál- 
varo Peres,  e  Aldonça  Martins  naturaes 
da  Cidade  de  Angra  Capital  da  Ilha  Ter- 
ceira onde  fahio  à  luz  do  mundo  para 
credito  feu,  e  da  Religião  dos  Erimitas  de 
Santo  Agoftinho  cujo  habito  recebeo  em 
o  Convento  de  Salamanca  onde  eftudava 
em  o  anno  de  1520.  fendo  difcipulo  da- 
quelle  exemplar  de  Prelados  S.  Thomas  de 
Villanova  cujo  magifterio  o  habilitou  para  to- 
dos os  lugares,  que  poíTuio.  Excedendo  os 
dotes  do  efpirito  aos  annos  da  idade  gra- 
duado Meftre  em  Theologia  paíTou  no  anno 
de  1539.  ^^  índias  Ocidentaes  com  o  apofto- 
lico  intento  de  illuftrar  com  as  luzes  do  Evan- 
gelho os  idolatras  que  jaziaõ  fepultados 
nas  trevas  da  fua  cegueira,  e  correfpon- 
dendo  o  fruto  ao  trabalho  foy  conftran- 
gido  a  aceitar  o  lugar  de  Vigário  Pro- 
vincial  da   Provincia   do   México   no   anno 


652 


BIB  LIO  THE  CA 


de  1545.  que  exercitou  com  fumma  vigi- 
lância, e  naõ  menor  afabilidade.  Nefte  tem- 
po chegando  eleyto  Vicerey  do  Peru  D. 
António  de  Mendoça  irmaõ  do  Marquez 
de  Mondejar  o  nomeou  feu  confeíTor,  e 
fendolhe  cometido  o  governo  Ecclefiaftico 
aplicou  todo  o  difvelo  em  procurar  minif- 
tros  capazes  para  inílruir  as  almas,  e  refor- 
mar os  cuílumes.  Voltando  a  Hefpanha 
no  anno  de  1552.  como  a  fama  das  fuás  vir- 
tudes cultivadas  com  ásperas  penitencias 
foíTe  patente  a  Filippe  Prudente  o  elegeo 
Bifpo  da  Cidade  dos  Anjos,  ou  Puebla  de 
los  Angeles  SufFraganea  do  Bifpado  do 
México  cuja  dignidade  naõ  logrou  falle- 
cendo  a  4  de  Abril  de  1553.  com  opinião  de 
Varaõ  jufto,  e  como  tal  o  veneraõ  ElíTio, 
Encom.  Augujl.  p.  371.  loachim  Brulio  Hift. 
Peruan.  lib.  5.  cap.  3  Nicol.  Cruzen  Hiji. 
Peruan.  Part.  3.  cap.  38.  e  39.  Pamphil  Chron. 
Ord.  E.rimit.  foi.  116.  e  119.  Herrer.  Al- 
phahet  Augujl.  lit.  I.  Pacheco  B.pit.  da 
Vid.  de  Santo  Tbom.  de  Villan.  liv.  3.  cap.  12. 
Cardofo  Agtol.  L,ujit.  Tom.  2.  pag.  416.  e 
424.  no  Q)mment.  de  4  de  Abril  letr.  D. 
Souza  Cathal.  dos  Bi/p.  Portug.  que  tiveraõ 
Diocefe  fora  do  Reyno.  p.  170.  Cordeir.  Hifi. 
Infulatj.  liv.  6.  cap.  41.  n.  414.  Compoz 
fendo  Provincial  da  Provinda  do  México 
no  anno  de  1545. 

Conjlituiçoens  faudaveis  para  o  governo  Re- 
liffofo.  M.  S.  foi. 

Memorial  dos  Jingulares  favores,  e  benefí- 
cios, que  recebeo  da  maõ  divina.  M.  S.  Eíla 
obra,  que  obrigado  pela  obediência  efcre- 
veo,  fe  lè  tranfcripta  em  Brulio,  e  ElíTio  nos 
lugares  citados,  e  delia  faz  mençaõ  Gir- 
dozo  Affol.  Lufit.  Tom.  2.  pag.  424. 
col.  2. 


Efta  obra  principiou  o  Padre  Paulo  de  Por- 
talegre Cónego  da  mefma  Congregação,  a 
qual  confefla  o  Chroniíla  do  Prologo  ter  a 
grande  fortuna  de  alcançar  eílas  memorias 
efcritas  pelo  Padre  loaõ  de  Santo  Eftevaõ 
por  já  andarem  em  maõs  alheas,  e  por  Lavra- 
rias de  fora.  Do  Author,  e  da  obra  faz  men- 
ção Fr.  Francifco  Brandão  Mon.  iMfit.  Part.  6. 
liv.  19.  cap.  7.  dizendo,  que  fora  cfcrita 
no  anno  de  15 17.  fendo  em  o  de  1496. 
como  efcreve  o  Padre  Francifco  de  San^ 
ta  Maria  Chron.  dos  Coneg.  fecul.  liv.  i. 
cap.  42. 

Fr.  lOAÕ  DE  SANTO  ESTEVÃO 
natural  do  lugar  da  loeiria  junto  da  Villa 
de  Lourinhãa  do  Patriarchado  de  Lisboa 
filho  de  loaõ  Henriques,  e  Domingas  Duarte. 
ProfeíTou  o  inílituto  Seráfico  no  Convento 
de  Caílello  de  Vide  da  Provinda  dos  Algar- 
ves  a  12  de  Março  de  1646.  Foy  Lente  ju- 
bilado. Guardião  do  Collegio  de  S.  Boa- 
ventura de  Coimbra,  Definidor  da  Provin- 
da, e  duas  vezes  ConfeíTor  do  religiofiflimo 
Convento  da  Madre  de  Deos  fituado  no 
Subúrbio  de  Lisboa.  Falleceo  com  eviden- 
tes finaes  de  PredeíHnado  em  o  Conventa 
de  Santa  Maria  de  Xabregas  a  13  de  Mayo- 
de  1703.    Compoz. 

Origo  Provinda  Algarbiorum,  ereãiones  Con- 
ventuum  Fraírum,  (Ò"  Monialium,  Compendium- 
que  rerum  notabilium,  maxime  earum  qua  ha-- 
bentur  certiori  fide;  dequibus  omnibus  aut  di- 
minute,  aut  falfo  narrai  Chronica  Generalis 
Jinijlris  injormationibus,  aut  earum  dejeãu  in- 
jormata.  M.  S.  foi.  Conferva-fe  huma  co- 
pia em  a  Provinda,  e  outra  no  Archivo 
Geral  da  Ordem  Seráfica  em  Madnd. 


lOAÕ  DE  SANTO  ESTEVÃO  natural 
da  Villa  de  Condeixa  do  Bifpado  de  Coim- 
bra Cónego  fecular  da  Congregação  do 
Evangeliíla,  e  curiofo  inveftigador  das  fuás 
antiguidades,  e  privilégios  profeguindo  ainda, 
que  fucdntamente  como  efcreve  o  Padre 
Francifco  de  Santa  Maria  no  Prologo  da 
Chron.  dos  Coneg.  Secul. 

Memorias  Hijloricas  da  Conff'egaçaÕ  dos 
Cónegos  feculares  compojias  no   anno   de    1496. 


D.  lOAÕ  ESTEVES  DE  AZAM- 
BUJA em  cuja  Villa  do  Patriarchado  de  _ 
Lisboa,  que  tomou  por  appellido  ia-  I 
hio  à  luz  do  mundo.  Foy  filho  de 
Afíonfo  Efteves  de  Azambuja  Repofteiro 
mòr  ddRey  D.  loaõ  o  L  c  feu  Emba- 
xador  na  Corte  de  Roma,  c  de  fua  mu- 
lher Maria  Annes;  fupofto,  que  o  Illuf- 
trilTimo  Cimha  em  o  Cathalog.  dos  Bijp.  do 
Porto  cap.    23.   lhe  aíTina  por  Pay  a   Eftc- 


i 


L  USITAN  A. 


653 


vaõ    Annes    de    Azambuja    Capitão    de    hu- 
ma  Gale  da  Armada,  que  fe  perdeo  em  Se- 
vilha a  13  de  lulho  de  1381.  e  por  Avò  a 
loaõ   Eíleves   de   Azambuja  VaíTallo   delRey 
D.  Pedro  I.    Nos  feus  primeiros  annos  exer- 
citou as  armas  com  a  mefma  felicidade  com 
que    depois    feguio    as    letras    merecendo    o 
declarado   aífedo    delRey   D.    loaõ   o   I.    de 
cujo    talento    confiava    a    dicifaõ    dos    mais 
graves   negócios.     Preferindo   a  vida   Eccle- 
fiaftica  à  militar  como  eftiveíTe  inílruido  nas 
fciencias  fagradas  competirão  entre  íi  os  luga- 
res  mais   honoríficos  da  Jerarchia  Ecclefiaf- 
tica  qual  devia  nobilitarfe  com  a  fua  gran- 
de   Peflba,    pois    fendo    Cónego    da    Cathe- 
<lral  de  Évora,  e  de  Coimbra,  Prior  da  Igre- 
ja de  Monçoens  entre  Douro,   e  Minho,  e 
da    Alcáçova   em    Santarém   fubio   á    digni- 
dade Epifcopal  do  Algarve  em  o  anno  de 
1389.   e   paíTados   dous   annos  foy  aíTumpto 
à    do    Porto,    que    adminiílrou    fete    donde 
depois   de   governar  a   Cadeira   de   Coimbra 
foy  transferido  no  anno  de  1402.  para  a  Me- 
tropolitana de  Lisboa.    A  todas  eftas  illuíbres 
Efpozas  ornou  com  fumptuozas  fabricas,  e 
preciofos    ornamentos    promovendo    zelofa- 
mente    o    culto    divino,    opondo-fe    intrepi- 
damente aos  violadores  da  immunidade  Ec- 
clefiaftica,    vizitando    peíToalmente    as    fuás 
ovelhas   para   reforma   dos   cuíhimes,   e   dif- 
pendendo    copiofas    efmolas    para    beneficio 
da  pobreza.    Duas  vezes  o  vio  a  cabeça  do 
mundo  Embaxador  delRey  D.  loaõ  o  I.  e 
com    efte    caraâer    aíTiftio    no    Concilio    de 
Pifa  congregado  em  o  anno  de   1409.  pelo 
Pontífice    Gregório    XII.    onde    foy    admi- 
rada a  fua  grande  litteratura  unida  com  fum- 
ma   madureza    quando    fluéhiava   a   Náo    da 
Igreja    com    hum    calamitofo    fcifma.     Aca- 
bado   o    Concilio    paííou    a    Jerufalem    para 
vizitar  os  lugares  fanctificados  com  o  fangue 
do  divino    Redemptor.     Reílituido  ao   Rey- 
no    como    igualmente    creceííe    em    annos, 
que  merecimentos  para  digno  premio  delles 
foy    creado    Cardial    Presbítero    do    Titulo 
de  S.  Pedro  ad  Vincula  a  6  de  lulho  de  141 1. 
pela    Santidade    de    loaõ    XXIII.    e    que- 
rendo   receber    das    maõs    do    Pontífice    as 
infignias    de    tal    dignidade    partio    para    a 
Cúria    onde    experimentou   afíeduoías    figni- 


ficaçoens  do  fummo  Paftor.  Para  dar  hú 
claro  argumento  de  feu  generofo  animo 
ornou  em  Bolonha  com  preciofos  mármo- 
res o  maufoleo  em  que  defcançaõ  as  cin- 
zas illuítres  pelo  fangue,  e  Santidade  de  S. 
Domingos  Patriarcha  da  Ordem  dos  Pre- 
gadores, e  em  Roma  edificou  hum  Mofteiro 
de  Erimitas  de  S.  leronimo.  Ao  voltar  para 
a  Pátria  enfermou  gravemente  na  Cidade 
de  Bruges  do  Condado  de  Flandes,  e  pre- 
parado com  todos  os  Sacramentos  falleceo 
piamente  a  23  de  Janeiro  de  141 5.  Foy  tres- 
ladado  o  feu  Cadáver  para  o  Convento  do 
Salvador  de  Religiofas  Dominicas,  que  elle 
fundara  em  Lisboa  no  anno  de  1392.  quan- 
do era  Bifpo  do  Porto,  e  depois  dotou  com 
rendas  fendo  Arcebifpo  de  Lisboa.  Collo- 
cado  na  Capella  mór  fe  lhe  gravou  o  feguinte 
Epitáfio. 

Aqíâ  fáz  o  muito  honrado  Senhor  D.  loaõ 
EJleves  Arcebifpo  de  "Lisboa,  e  Cardial  de  Ko- 
ma,  baraõ  Jabedor,  e  virtuojo.  Em  Bolonha 
folemnifou  a  Sepultura  de  S.  Domingos.  Em 
Koma  fundou  o  mojleiro  de  S.  Hieronimo. 
Em  Lisboa  ejle  em  que  fe  mandou  fe- 
pultar. 

Deíle  lugar  foy  transferido  no  anno  de 
1608.  para  o  Coro  das  Religiofas  onde  agora 
permanece.  Pofto  que  o  Convento  do  Sal- 
vador fundado  pela  piedade  de  taõ  gran- 
de Prelado  tiveíTe  Ellatutos  por  onde  fe 
governaíTe  alcançou  faculdade  Pontificia  para 
lhe  fazer  additamentos  efcrevendo. 

Statuta  Monajlerii  Sanai  Salvatoris.  Def- 
ta  obra  que  confta  de  vários  Capítulos,  faz 
mençaõ  o  infigne  Fr.  Luiz  de  Souza  Hifl. 
de  S.  Domingos  da  Prov.  de  Portug.  Part.  2. 
liv.  I.  cap.  7.  dizendo.  NaÕ  he  pojfwel  efpe- 
cificar  todos,  mas  por  honra  do  author  delles,  e 
do  valor  das  que  os  aceitarão  para  os  manter, 
e  cumprir  daremos  noticia  de  alguns. 

Fazem  memoria  defte  grande  Prelado 
Macedo  Lufit.  Inful.  p.  134.  Cardof.  AgioL 
Lufit.  Tom.  I.  p.  227.  e  233.  no  Com- 
mentar.  de  23  de  lan.  letr.  C.  Severim 
Notic.  de  Portug.  Difc.  8.  §.  6.  Foncec. 
Evor.  Gloriof.  p.  334.  Souza  de  Mace- 
do Flor.  de  Efpan.  Excellent.  3.  cap.  23. 
Ciacon.  Llifl.  Pontif  Koman.  Tom.  2. 
col.  mihi  798.  Palat.   Fafli  Cardin.  Tom.   2. 


654 


BIBLIO  THE  CA 


col.  167.  Souza  Cathal.  dos  Sum.  Pontif.  e 
Card.  p.  12.  Lcytaõ  Cathal.  dos  Bi/p.  de  Coimb. 
p.  126.  §.  69.  Sylva  Mem.  Hiji.  delKey  D. 
loaÕ  o  I.  liv.  2.  cap.  113. 


lOAÕ  ESTEVES  DE  CARVALHO  na- 
tural de  S.  Pedro  da  Torre  do  Minho  De- 
2embargador,  e  Procurador  Geral  da  Mitra 
Primacial  de  Braga,  e  muito  perito  em  hu- 
ma,    e    outra   lurifprudencia.     Compoz. 

Pecúlios  de  Direito,  em  que  ejlavaõ  re- 
fumidas  as  Decifoens  da  Rota  Rowana, 
ou  fentenças  julgadas  com  muitas  Bulias  Apof- 
tolicas.  foi.  M.  S.  3.  Tom.  Ficarão  em  poder 
de  feu  filho. 


D.  lOAÕ  EVANGELISTA.  Naceo 
em  Lisboa  a  50  de  lulho  de  1685.  e  na  Pa- 
rochial  Igreja  de  Santa  Engracia  recebeo 
a  primeira  Graça  a  10  de  Agoílo  do  dito 
anno.  Teve  por  Pays  a  Francifco  Tava- 
res da  Sylva,  e  D.  lulia  Máxima  da  Sylva 
igualmente  nobres  pela  confaguinidade,  q 
entre  elles  havia.  Antes  de  contar  fete  an- 
nos  aprendeo  a  lingua  Latina,  e  quando 
chegou  aos  onze  naõ  fomente  eílava  per- 
feitamente inílruido  nella  mas  em  a  Caf- 
telhana.  Italiana,  e  Franceza.  Aplicou-fe 
ao  eíhido  das  letras  humanas,  e  liçaõ  dos 
Poetas,  e  Mythologicos  de  que  refultou 
prafticar  com  felicidade  a  Poezia  vulgar,  e 
Latina.  Quando  cumprio  quatorze  annos 
frequentou  no  Collegio  pátrio  de  Santo 
Antaõ  dos  Padres  lefuitas  o  curfo  de  Filo- 
fofia  o  qual  interrompeo  largando  o  feculo, 
e  recebendo  o  habito  Canónico  de  Santo 
Agoílinho  no  Real  Convento  de  S.  Vicente 
de  fora  a  4  de  lulho  de  1703.  onde  profeíTou 
folemnemente  a  6  do  dito  mez  do  anno 
feguinte.  No  Collegio  de  Santo  Agoíli- 
nho da  Univeríidade  de  Coimbra  aprendeo 
as  fciencias  feveras  com  tanta  aplicação 
como  as  continuou  com  igual  aplauzo  me- 
recendo laurearfe  na  mefma  Univerfidade 
com  as  iníignias  doutoraes  na  Faculdade 
Theologica  a  13  de  Dezembro  de  1713. 
lubilado  em  o  anno  de  1725.  fe  íizeraõ  as 
Oppofiçoens  à  Cadeira  de  Prima  da  Theo- 


logia  na  Univerfidade,  e  fendo  hum  dos 
Oppofitores  fez  com  tal  dillinçaõ  as  fuás 
funçoens  que  naõ  obílante  o  merecimen- 
to de  vinte  e  fete  Oppofitores  mais  anti- 
gos, que  cllc  foy  uniformemente  conful- 
tado  pelo  Tribunal  da  Meza  da  Concien- 
cia  para  huma  Conduéla.  Completo  o  trien- 
nio  de  Reytor  do  Collegio  de  Coimbra  fe 
reftituhio  ao  Convento  de  S.  Vicente  de 
fora  de  Lisboa  para  experimentar  clima 
mais  propicio  à  fua  faude.  No  decurfo  de 
trinta  annos  tem  exercitado  o  minifterio 
de  Orador  Evangélico  com  univerfal  acei- 
tação derigindo  fempre  os  feus  difcurfos  à 
reforma  das  vidas,  praética  das  virtudes,  e 
abominação  dos  vidos.  He  ornado  de  mo- 
deftia  religiofa  urbanidade  fumma,  e  vafta. 
erudição  Sapientijftmus  Doãor,  religiojijftmus- 
que  Pater  he  intitulado  pelo  P.  D.  Manoel 
Caetano  de  Souza  in  Ind.  Harmon.  Critic. 
§.  17.  do  2.  Tom.  Exped.  Hifp.  D.  lacohi. 
Compoz. 

Sermoens  Tom.  i.  Lisboa  por  Miguel 
Manefcal  da  Cofta  ImpreíTor  do  S.  Oííicio 
1743.  4. 

Sermão  na  profiçaõ  da  muito  reli^ofa  Ma- 
dre a  Senhora  Soror  Maria  de  S.  Io;(é  filha  de 
L,uiz  lo^é  de  Vafconcellos,  e  Azevedo  Gover- 
nador de  Portalegre  no  Convento  da  Efperança 
com  o  Sacramento  expojlo  em  o  primeiro  de  Ja- 
neiro de  171 8.  Lisboa  por  António  Pedrozo 
Galraõ  171 8.  4. 

Com  o  nome  de  Damiaõ  Goneto,  e 
Silva  anagrama  puro  do  feu  nome  tradu- 
zio  da  lingua  Franceza  em  a  materna,  e 
addicionou,   e   emendou   em   muitas   partes. 

Hifloria  Chronologica  dos  Papas,  Empera- 
dores,  e  Rejs,  que  tem  rejnado  na  Eiíropa  do 
nacimento  de  Chrifto  até  o  pre^^ente.  Coimbra 
por  António  Simoens  Ferreira  1731.  12. 
E  fegunda  vez  na  mefma  imprefiaõ  1757. 
com  novas  addiçoens. 

Com  o  nome  de  Gelafio  António  de 
Sà  anagrama  arithmetico  do  feu  nome 
publicou. 

Supplemento  da  Hijloria  Chronologica  dos 
Papas,  Emperadores,  e  Reys,  que  tem  rej- 
nado na  Europa  <á^c.  P.  i.  que  contem 
o  Suplemento  da  Hiftoria  Chronologfca  dos 
Papas.     Tom.     i.    em    que  fe    dá    huma    no- 


L  USITAN A. 


655 


íícia  Geoff-aphica  dos  domínios  temporaes  de 
que  faõ  Príncipes  Joheranos  os  Supremos  Von- 
íífices.  Lisboa  por  Miguel  Manefcal  da  Cofta 
1741.  12. 

Tomo  2.  em  que  fe  dá  huma  notícia  hífiorico 
Cbronologica  das  Perjtguiçoens  da  Igreja;  das 
príncipaes  heregias;  de  todos  os  Concílios  Ge- 
raes  Ecuménicos,  e  de  outros,  que  merecem  efpe- 
•cial  memoria.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor. 
1741.  12. 

Cenfura  fobre  o  u^o  da  Comunhão  quotidiana. 
Sahio  no  Appendix  ao  The^ouro  dos  Chrijlâos 
compofto  por  Fr.  Francifco  de  Santa  Rofa 
■de  Viterbo  da  Provinda  Seráfica  dos  Al- 
garves.  Lisboa  por  Bernardo  Fernandes 
Oayo.  1739.  8.  defde  pag.  376.  até  385. 

Obras  M.  S. 

Suppkmento  da  Hijloría  Cbronologica  dos  Pa- 
pas Emperadores,  e  Keys  d^c.  Parte  2.  que 
confia  da  Hífioria  dos  Emperadores. 

Parte  3.  que  contem  o  Suppkmento  da  Híf- 
ioria dos  Keys. 

Commentariorum  in  Magifirum  Sententia- 
rum  Petrum  Eombardum  ex  Canónico  Regu- 
Jari  Epífcopum  Parífienjem  ad  u/um  Univer- 
Jitatis  Colimhrienfis.  Tomus  primus  compleãens 
29  Priores  Dífiinãiones  Ubri  primi  Mafffiri. 
foi.  Tinha  efte  Tomo  por  prefação  huma 
DiíTertaçaõ  fobre  o  Canonicato  Regular  de 
Pedro  Lombardo.  Naõ  continuou  os  to- 
mos feguintes  da  obra  taõ  importante  por 
deixar  a  Univerfidade. 

Efpecilegío  Theologico  —  Jurídico  Critico  Híf- 
iorico das  Notas  da  Analyfis  Benediãina,  com- 
prehende  outras  novíjjimas  defcubertas  em  defenfa 
das  Sagradas  Keligioens,  efpecialmente  da  dos 
Cónegos  Pije guiar  es  de  Santo  Agofiinho.  foi. 
Confervafe  huma  copia  no  Real  Mofteiro 
de  Santa  Cruz  de  Coimbra,  e  outra  em  o 
de   S.   Vicente   de  fora   de   Lisboa. 

Triumfo  dos  Varoens  fortes  entre  os  For- 
tíjjimos  de  Ifrael  que  defendem  do  poder  das  tre- 
vas o  myfiico  leito  de  Salamaõ  confeguído  pelo 
Senhor  das  Batalhas  de  três  formidáveis  exérci- 
tos ordenados  contra  elles  pelo  cruel  Faraó  Prin- 
.  cipe  das  fombras,  e  totalmente  derrotados  em 
cutras    tantas    campanhas    compofia    cada    huma 


delias  de  diferentes  confliãjs  concluídos  todos 
em  ventagem  do  partido  das  lu^^es,  e  celebrados 
depois  em  vários  Problemas  que  em  lugar  de  Epi- 
nicios,  fe  propõem  em  obfequío  da  curiofidade  pu- 
blica, e  fe  refolvem  a  favor  da  commua  utilidade. 
Obra  Apologético  Regular  em  que  fe  jufiificàõ,  e 
víndicaõ  as  f agradas  Keligioens  das  impofiuras,  e 
inveãívas  com  que  infiígados  do  demónio  procuraõ 
ainda  hoje  infamallas  três  dos  feus  jurados  inimi- 
gos efiabelecendofe  contra  a  mentira  a  verdade 
em  irrefragaveis  conclufoens  illufiradas  todas  com 
varias  Differtaçoens  incidentes  poucas  vulga- 
res, muitas  curiofas,  e  todas  úteis.  foi.  Eíia 
obra  he  dividida  em  quatro  volumes,  dos 
quais  o  primeiro  eftá  corrente  para  a  im- 
preíTaõ,  e  nelle  fe  conhece  a  profunda  no- 
ticia, e  vaíla  erudição  que  o  Author  tem 
da  ííiíloria  Eccleíiaftica,  Theologia  Pofitiva, 
e  Polemica. 


D.  Fr.  lOAÕ  DE  FARO  em  cuja 
Cidade  Epifcopal  do  Reyno  do  Algarve 
de  que  tomou  o  apelido  naceo  a  19  de  Ja- 
neiro de  1676  fendo  filho  de  Manoel  Go- 
mes Peitinho,  e  Maria  Rodrigues.  Quan- 
do contava  defoito  annos  de  idade  rece- 
beo  o  penitente  habito  Seráfico  em  a  Pro- 
vinda da  Piedade  a  6  de  Agoílo  de  1694. 
onde  naõ  fomente  foy  infigne  Poeta  Lati- 
no, e  vulgar,  e  muito  perito  na  intelligen- 
cia  das  linguas  Italiana,  e  Franceza,  mas 
dos  mayores  letrados  da  fua  Provinda  a 
cujos  domeílicos  inftruio  com  as  fciencias 
feveras,  e  governou  com  fumma  prudên- 
cia, e  afabilidade  quando  foy  Guardião 
dos  Conventos  de  Santo  António  de  Lou- 
lé, Tavira,  e  Beja,  e  Secretario  da  Pro- 
vinda. Em  premio  de  feus  religiofos 
merecimentos  foy  nomeado  pela  magef- 
tade  delRey  Noíío  Senhor  em  16  de 
lulho  de  1738.  Bifpo  de  Cabo  Verde, 
e  fagrado  pelo  EmminentiíTimo  Cardiai 
Patriarcha  D.  Thomaz  de  Almeyda  na 
Santa  Igreja  Patriarchal  a  5  de  Outubro 
do  dito  anno.  Partio  para  o  feu  Bifpado 
a  14  de  lanciro  de  1741.  em  cuja  navegação 
padeceo  horrorofo  naufrágio,  e  cruel  ca- 
tiveiro de  cujas  fataes  calamidades  ainda 
que  evadio  vivo  pouco  tempo  paííou,  que 


656 


BI  B  LI  O  THE  CA 


naõ  falleceíTe  com  eterna  faudade  de  feus 
companheiros  a  21  de  lunho  de  1741.  quan- 
do contava  65  annos  de  idade.  Tinha  com- 
pofto. 

Ia  Cantica  Canticorum.  foi. 

De  L^ffbus.  foi. 

De  jiatu  religiojo,  tam  in  commmt,  quàm 
in  partictilari.  foi. 

De  privilegiis  Kegulariítm  tàm  in  communi, 
quàm  in  particulari. 

De  eleâionihus  Vralatorum  Kegularium.  foi.  2. 
Tom. 

De  potejlate,  (&  jtirifdiãione  Pralatorum 
Kegularium .  foi. 

Todas  eftas  obras  perecerão  em  o  nau- 
frágio, que  padeceo  feu  Author. 

lOAÕ  DE  FARIA  natural  da  Cida- 
de de  Miranda  da  Província  de  Traz  dos 
montes,  e  morador  em  a  Cidade  de  Coim- 
bra taõ  douto  em  as  obfervaçoens  aílrolo- 
gicas,  como  em  a  noticia  da  Hiftoria  Portu- 
gueza.    Compoz. 

Calendário  dos  Tempos  do  anno  de  1616. 
e  outro  de  161 1.  com  huma  paragonaçaõ  dos  va- 
roens  illujlres  antigos  com  os  de  Portugal.  Lis- 
boa por  Pedro  Craesbeeck.  8. 

Prognojlico,  Lunario,  e  Calendário  dos  Tem- 
pos dejie  anno  de  161 2.  que  he  bife x to  ao  Mere- 
diano  de  Lisboa.  Kelatafe  no  fim  delle  huma 
relação  curiofa  dos  Arcebifpos,  Bijpos,  Du- 
quez  Marqueses,  e  Condes,  que  há  nos  Reynos,  e 
Senhorios  de  Portugal.  Lisboa  por  Pedro 
Crasbeeck.  8. 

lOAÕ     FEDERICO      MENDES,      que 

abjurando  os  erros  do  Talmud  abraçou 
as  verdades  da  ley  Evangélica  promul- 
gada pelo  Sagrado  Redemptor.  Compoz 
conforme  efcreve  Wolfio  Bib.  Heb.  pag.  479. 
n.  822. 

Kefponjio  ad  duas  quaftiones,  quarttm  prima,  efi 
cur  tam  pauci  Judai  convertantur,  nonne  mediis 
idoneis  adhibitis,  plures  converti  pojftnt? 

Deíla  matéria  tinhaõ  efcrito  Eifenmeger. 
Judaifm.  dete£f.  Part.  2.  pag.  1017.  Wagcnfei- 
lius  in  Spe  liberai.  Ifrael.  pag.  99.  Wulferus 
Theriac.  Judaic.  pag.  535.  c  Difenbachius  in 
Jud.  Convertendo,  pag.   132.   &  fcqq. 


Fr.  lOAÕ  DA  Ff  natural  da  Ilha  do- 
Pico  religiofo  Menor  da  Província  de  S. 
Joaõ  Evangelifta  das  Ilhas  dos  Aflores  onde 
pela  fua  litteratura  foy  Lente  jubilado,  c 
pela  fua  prudência  Miniílro  Provincial.  Exer- 
citou o  miniílerio  concionatorio  por  muitos 
annos  com  aplauzo  publicando. 

Panegyrico  dirigido  ao  muito  alto,  e  muito 
poderofo  Kej  de  Portugal  D.  loaÕ  o  V.  Nojfo 
Senhor  pregado  na  fefta  da  fua  glorio/a  Acla- 
mação, que  celebrou  a  fidelijfima  Ilha  do  Fayal 
aos  z^  de  Abril  de  1707.  Lisboa  por  Antó- 
nio Pedrozo  Galraõ.  1708.  4. 


Fr.  lOAÕ  FÉLIX  chamado  no  fe- 
culo  loaõ  Freyre  de  Lima  naceo  em  Lis- 
boa onde  teve  por  Pays  ao  Doutor  Ma- 
noel Gomes,  e  Lucrécia  Nunes.  Inílrui- 
do  nos  preceitos  da  lingua  Latina,  c 
Poética  em  que  foy  iníigne  a  fua  Mu- 
fa  frequentou  a  Univeríidade  de  Coim- 
bra onde  aplicado  a  Jurifprudencia  Ce- 
farea  foraõ  notáveis  os  progreílos,  que 
fez  neíla  Faculdade  pelos  quais  fe  fez 
digno  dos  aplauzos  de  todos  os  Cathe- 
draticos  principalmente  quando  cm  o  an- 
no de  1607.  lhe  ouvirão  recitar  a  liçaõ  de 
ponto  para  a  fua  Formatura  ad  L.  in  Tejlam. 
C.  ad  Leg.  Falcid.  em  verfo  heróico  latino 
acomodando  em  o  metro  todas  as  Leys,  c 
lurifconfultos  allegados  para  prova  da  Con- 
clufaõ,  empreza,  que  como  elle  afirma,  nin- 
guém até  o  feu  tempo  tinha  intentado.  Dei- 
xando os  aplauzos  académicos  abraçou 
o  fagrado  inftituto  da  Religião  Trinitaria 
profeíTando  folemnemente  no  Convento  . 
de  Lisboa  a  15  Abril  de  161 2.  Dos 
muitos,  e  elegantes  Verfos  Latinos,  que 
tinha  comporto,  como  craõ  Epigrammas 
Panegyricos,  Genethliacos,  c  Eglogas  fez 
huma  Colleçaõ,  que  publicou  com  efte  ti-^ 
tulo.  f 

I/agoge  ad  laudes  Auguftijftmi  Hifpaniarum 
Principis  in  ejus  expeãatijftmo,  ortu,  cb*  bap- 
tifmate.  OlyíTipone  apud  Pctrum  Crasbeeck. 
1613.  8.  No  fim  defde  pag.  193.  até  312. 
tem  a  feguinte  obra. 

Paraphrafis  poética  ad  L.  in  Tejlam.  C 
ad  leg.   Falcid.     He  a  liçaõ   de  ponto,   que 


il 


L  US  ITANA. 


657 


compoz  em  Verfo  no  breve  efpaço  de  24 
horas,  a  qual  recitou  fem  a  menor  equivo- 
caçaõ  refpondendo  também  em  metro  aos 
argumentos  propoftos.  Da  fua  poética  veya 
fazem  illuftre  memoria  Nicol.  Ant.  Bib. 
Hifp.  Tom.  I.  pag.  524.  col.  i.  Artis  poé- 
tica facultate  potijfimúm  celeher;  loan.  Soar. 
de  Brit.  Theatr.  'Lufit.  Utter.  lit.  I.  n.  55. 
miro  enthufiafmo  in  carmina  propenjus,  e  D. 
Franc.  Manoel.  Carta  dos  A  A.  Vortug.  ef- 
crita  ao  Doutor  JManoel  Themudo  da  Fon- 
ceca. 

lOAÕ  FERNANDES  celebre  pro- 
feíTor  de  letras  humanas,  que  com  geral  aplau- 
zo  diâou  nas  Univeríidades  de  Salamanca, 
Alcala,  e  Coimbra  para  onde  o  chamou  a 
Mageílade  delRey  D.  loaõ  o  III.  queren- 
do nobilitalla  com  taõ  iníigne  homem  pro- 
fundamente verfado  nas  linguas  Latina,  e 
Grega.  Efte  Príncipe  lhe  mandou  paíTar 
huma  Provifaõ  de  outenta  mil  reis  de  orde- 
nado a  16  de  Setembro  de  1539.  P^'^  ^"^^ 
Examinador  dos  Grammaticos,  que  haviaõ 
de  cultivar  o  eíhido  da  lurifprudencia,  e 
fe  lhe  paíTou  outra  em  4  de  Mayo  de  1542. 
para  fer  Meílre  de  Rhetorica  em  a  Univer- 
íidade  de  Coimbra.  Foy  Meílre  do  Duque 
de  Bragança  D.  loaõ  para  cujo  magiílerio  o 
difpenfou  ElRey  D.  loaõ  o  III.  por  Alvará 
paíTado  a  25  de  Mayo  de  1549.  para  naõ  aíTif- 
tir  em  a  Univeríidade  logrando  de  todos  os 
privilégios  como  fe  aóhialmente  nella  eíli- 
veíTe  regentando  a  fua  Cadeira,  e  continuaíTe 
a  fua  leitura  todas  as  vezes,  que  lhe  parecef- 
fe.  Deíles  graciofos  indultos  lhe  paíTou 
carta  D.  lorge  de  Almeyda  Reytor  da  Uni- 
veríidade a  2  de  Mayo  de  1360.  DeUe  fa- 
zem memoria  honorifica  o  Doutor  Fran- 
cifco  de  Monçon  E/pejo  dei  Princip.  Chrijiian. 
liv.  I.  cap.  36.  pag.  83.  Mariz  Dial.  de  Var. 
Hijl.  Dial.  5.  cap.  i.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  pag.  524.  col.  2.  e  D.  Nicol.  de 
S.  Mar.  Chron.  dos  Coneg.  Kegrant.  liv.  10. 
cap.  3.   Publicou. 

Orationes  dua.  Altera  in  celebritate 
Academia  Conimhricenfis  iMdovicum  Infan- 
tem  loannis  Regis  fratrem  excipientis;  al- 
tera habita  ad  Conimbricenfes  in  funere  Eduardi 
loannis  Tertii  filii.    Conimbricae.  1348.  8. 

42 


Chronica  do  Condefiavel  D.  Nuno  Alvares 
Pereira  traduzida  de  Portuguez  em  latim, 
como  efcreve  Vafeo  Chronic.  Hifp.  cap.  4. 
foi.  3.  Extat  praterea  Comitis  Nonii  Alvari 
Pereira  Brigantia  Domits  authoris  hijloria  im- 
preffa,  quem  Comitem  laifitania  Camillum  reãe 
dixeris.  Eum,  ut  audio,  latine  vertit  loannes 
Ferdinandus,  quem  lllufirijfimus  Brigantia  Dux 
Theodojius  filio  fuo  único  loanni  in  fucejjionem 
amplijftma  domús  nato  praceptorem  prudenti  con- 
filio  delegit,  cujus  eruditio  varia  Compluti,  Sal- 
mantica,  Conimbrica  celebrior  ejl,  qtiàm  ut  aliena 
pradicationis  indigeat. 


lOAÕ  FERNANDES  Capitão,  e  Pi- 
loto mór  muito  experimentado  em  os 
mares  das  índias  Occidentaes  fendo  o  pri- 
meiro, que  navegou  de  Chile  contra  o 
Sul,  cuja  navegação  fe  fazia  antes  de  eUe 
a  praíticar  à  viíla  da  terra  no  efpaço  de  féis 
mezes,  o  que  depois  fe  executou  em  trinta 
dias.  Defcobrio  duas  Ilhas  fituadas  ou- 
tenta legoas  ao  Occidente  de  Valparaizo 
chamadas  com  o  nome  de  loaõ  Fernandes 
em  memoria  do  feu  Defcubridor.  Efcre- 
veo. 

Tratado  da  Navegação  de  Chile  contra  o 
Sul.  M.  S. 


lOAÕ  FERNANDES  FERMOSO  na- 
tural de  Lisboa  Capellaõ  delRey  D.  loaõ 
o  m.  e  muito  fciente  em  a  Faculdade  da 
Mufica.  Por  ordem  deíle  Monarcha  com- 
poz para  uzo  da  fua  Real  Capella. 

Pajfionario  da  Semana  Santa.  Lisboa  por 
Luiz  Alvares.  1343.  foi. 


lOAÕ  FERREYRA  DE  ALMEYDA 
Sacerdote  jVIiniítro,  e  Pregador  do  Santo 
Evangelho,  como  elle  fe  intitula,  em  a  Ci- 
dade de  Amfterdaõ  onde  aflilHo  muitos 
annos.    Traduzio  da  Vulgata. 

O  Novo  Tejlamento,  ijlo  he,  todos  os  Sacro- 
Janãos  livros,  e  efcritos  Evangélicos,  e  Apojlo- 
licos  do  Novo  Concerto  de  N.  fiel  Senhor  Sal- 
vador, e  Kedemptor  lESU  Chrifio.  Amíler- 
dam  por  loaõ  Crellius.  171 2.  8. 


658 


BIB  LIO  THE  CA 


Defta  obra  vimos  hum  exemplar  em  a  Li- 
vraria do  Emminentiffimo  Cardial  da  Cunha 
Inquizidor  Geral  neftes  Reynos  de  Portu- 
gal. 

.  lOAÕ  FERREIRA  DELGADO  natu- 
ral de  Lisboa  Presbitero  de  inculpável  vida, 
muito  perito  em  a  Theologia  Efpeculativa, 
Moral,  e  Myftica,  Ganfeflbr  das  Religiofas 
de  Santa  Brígida  do  exemplariíTimo  Con- 
vento da  Conceição  de  Marvilla  fituado 
em  o  fuburbio  de  Lisboa.  Falleceo  na  pá- 
tria a  27  de  lulho  de  1736.    Compoz. 

Solitário,  ou  retiro  da  alma  à  folidaõ  dividida 
em  três  Partes.  A  primeira  o  modo  que  fe  deve 
obfervar  no  retiro  2.  repartição  das  horas.  3. 
Meditaçoens  para  a  OraçaÕ  Lisboa  na  Officina 
Ferreiriana.  1729.  8. 

lOAÕ  FERREIRA,  E  FARIA  natu- 
ral do  Couto  de  Capareiros  da  Diocefe  Bra- 
charenfe  em  a  Província  de  Entre  Douro, 
e  Minho  Reytor  da  Igreja  de  S.  Miguel  de 
Alvarazes  termo  da  Villa  de  Barcellos.  Ef- 
tando  efcravo  em  a  Cidade  de  Argel  no 
anno  de  1678.  para  aliviar  as  moleílias  do 
cativeiro  como  foíTe  muito  douto  na  intel- 
ligencia  da  lingua  Italiana  traduzio  delia 
cm  a  Portugueza. 

Cleópatra.  6  Tom.  em  4.  cujo  Original 
vimos.  Efta  obra  tinha  vertido  na  lingua 
Franceza  o  Conde  Maiolino  Bifacioni  Gen- 
tilhomem  da  Camará  delRey  ChriílianiíTimo. 

lOAÕ  FERREIRA  DA  ROSA  profeíTor 
de  Medecina  em  cuja  Faculdade  fe  formou 
em  a  Univerfidade  de  Coimbra  onde  foy 
dos  Médicos  do  partido  delRey.  AíTiftin- 
do  em  Pernambuco  quando  governava  efte 
Eftado  o  Marquez  de  Montebello  Félix  Ma- 
chado de  Mendoça  obfervou  com  profunda 
inveíligaçaõ  as  cauzas  do  mal  Epidemico  que 
devaftava  aos  feus  moradores  efcrevendo 
para  feu  remédio. 

Tratado  único  da  conJHtuiçaÕ  pejlilencial  de 
Pernambuco  em  que  trat^  prefervativos,  e  remé- 
dios para  o  dito  mal.  Lisboa  por  Miguel  Ma- 
nefcal  ImpreíTor  do  Principe  Noflb  Senhor. 
1694.  4. 


lOAÕ  FOGAÇA  igualmente  perito 
nos  preceitos  da  Poezia,  como  na  intel- 
ligencia  da  lingua  Franceza  traduzindo 
defta    lingua    em    a    materna. 

Difcurfo,  e  relação  breve  do  cerco  da 
Cidade  de  Pariv^  e  defenfaõ  delia  pelo  Du- 
que de  Nemttrs  contra  o  Vandoma  no  anno 
de  1590.  Lisboa  por  Balthezar  Ribeiro. 
1591.     8. 

No  Cancioneiro  de  Garcia  de  Refende 
eflaõ  Poezias  fuás  a  foi.  88.  v.o  89.  91. 
122,    v.o    148.    161.    v.o    171. 

Fr.  lOAÕ  FOGAÇA  natural  de  Lis- 
boa filho  de  Francifco  Fogaça  Efcrivaõ 
da  Correição  do  Gvel,  e  de  Luiza  da 
Sylva.  ProfeíTou  o  inftituto  de  S.  Paulo 
primeiro  Ermitão  em  o  Convento  da 
Serra  de  OíTa  a  31  de  Agofto  de  1608. 
Eftudou  a  arte  da  Mufica  com  o  infi- 
gne  Meftre  Duarte  Lobo  fendo  hum  dos 
mayores  difcipulos  da  fua  Efcola  mere- 
cendo diftintas  eftimaçoês  delRey  D.  loaô 
o  IV.  augufto  Mecenas,  e  famofo  pro- 
feíTor defta  armonica  Faculdade  dando- 
Ihe  huma  tença  annual  de  quarenta,  e 
outo  mil  reis.  Foy  Definidor,  e  Reytor 
de  dous  Conventos  em  que  moftrou  a 
fua  prudência,  e  afabilidade,  e  como  naõ 
era  ambiciofo  fe  efcuzou  de  outras  Pre- 
lazias com  o  pretexto  do  ferviço  del- 
Rey. Falleceo  em  Lisboa  a  2  de  Agof- 
to de  1658.  com  69  annos  de  idade,  e 
51  de  habito.  Por  fer  excellente  em  di- 
buxar  com  a  penna  efcreveo  três  Livros 
para  o  Coro  do  Convento  da  Serra  de 
OíTa  onde  foy  Meftre,  fendo  hum  das 
Feftas  dos  Santos,  e  outro  das  da  Se- 
nhora. As  obras  feguintes,  que  compoz 
fe  confervaõ  na  Bibliotheca  Real  da  Mu- 
fica cujo  Index  fe  imprimio  em  Lisboa 
por    Pedro    Crasbeeck.     1649.    4- 

Homo  na  tus  de  muliere  a  8.  | 

Parce  mihi.  a  8. 

Pelíi  mea  a  8. 

Ref ponde  mihi.  a  8. 

Spiritus  meus.  a  8.    Na  Eftant.  53.  n.  771. 

Yerja  eft  in  hjiâum.  a  6. 

Lacrymofa    dies    illa    a     6.     Eftant.     36. 
n.    810. 


n 


L  USITANA, 


Qtãs  dahit  capiti  meo.  a  4.  Eftant.  36. 
n.    809. 

Beata  Dei  Genitrix  a  4.  Eílant.  36. 
n.    818. 

Alijfa  Defmtorum  a  8.  e  a  4.  Eftant. 
33.    n.    770. 


lOAÕ  DA  FONCECA.  Sargento  mór 
do  Reyno  do  Algarve  exercitando  a 
arte  militar  com  igual  fciencia,  que  va- 
lor em  diverfos  Reynos  da  Europa  pe- 
lo largo  efpaço  de  trinta,  e  três  annos. 
Reftituido  a  Portugal  no  anno  de  1573. 
tempo  em  que  fe  faziaõ  grandes  prepa- 
raçoens  para  a  expedição  de  Africa,  ef- 
creveo. 

Dialogo,  e  Dijçttrjo  militar  entre  Fonteo 
Soldado  praãico,  e  hujitano  hijonho  Jobre  o  Officio 
de  Sargento  mor  no  qual  {para  que  milhor,  e  co- 
mo deve  fe  entenda,  e  exercite^  fe  conteem  todas  as 
dependências,  e  circunjiancias  ao  tal  cargo  concer- 
nentes. Trata-fe  aji  mefmo  da  ejjencia  de  buma 
Companhia,  Terço,  e  Campo  formado  com  todos 
os  Officiaes,  que  a  ejias  duas  partes,  e  univerfal 
corpo  competem  declarando  as  obrigaçoens  de  cada 
hum  por  f.  Procedefe  na  ordem  com  que  marcha 
hum  Terço,  e  pelo  confeguinte  hum  exercito  for- 
mado; o  qual  finalmente  fe  aloja  com  todos  os  pof- 
tos,  e  obfervancias  ao  tal  effeito  necejf árias;  e  jun- 
tamente hum  tratado  dos  cafos,  que  na  Infanta- 
ria Efpagnola  faÕ  de  Cafiigo  arbitrário,  ou  capi- 
tal com  a  ordem,  e  declaração  com  que  fe  procede 
nos  ditos  ca^os  ajfi  em  prefidio,  como  em  Cam- 
panha. Derigido  ao  Serenijfimo,  e  inviãijfimo 
Príncipe,  e  Senhor  nojfo  D.  SebaJliaÕ  primeiro 
defie  Nome  pela  Divina  Clemência  Key  de  Por- 
tugal, e  dos  Algarves.  4.  M.  S.  Começa  He  o 
def(ejo  de  faber  taÕ  natural  aos  homens  &c.  JM. 
S,  Confervafe  o  Original  na  Livraria  do  Ex- 
cellentiíTimo  Marquez  de  Valença. 


P.  lOAÕ  DA  FONCECA  Naceo  em 
a  Villa  de  Viana  do  Alentejo  do  Ar- 
cebifpado  de  Évora  devendo  à  virtuofa 
educação  de  feus  Pays  Bartholameu  Sou- 
do,  e  Angela  Coelha,  a  refoluçaõ  de 
deixar  em  a  tenra  idade  de  17  annos  o 
feculo,    e    abraçar    o    inftituto    da    Compa- 


659 

nhia  de  lefus  em  o  Noviciado  de  Évo- 
ra a  19  de  laneiro  de  1649.  profeíTan- 
do  folemnemente  a  i  5  de  Agofto  de 
1659.  Aprendidas  as  letras  humanas  en- 
íinou  em  a  Univeríidade  Eborenfe  pelo  ef- 
paço de  quatro  annos  Filofofia  com  grande 
emolumento  dos  feus  ouvintes.  Impellido 
com  o  zelo  da  falvaçaõ  das  almas  difcorreo 
pelas  Villas  de  Abrantes,  Alcácer  do  Sal,  Caf- 
tello  de  Vide,  e  a  Cidade  de  Beja  exercitando 
com  grande  fervor,  e  copiofo  fruto  o  minif- 
terio  de  MiíTionario  Apoftolico.  Pela  fua  pru- 
dência acompanhada  de  fumma  afabilidade 
foy  Meftre  do  Noviciado  de  Coimbra,  Viíi- 
tador  do  Collegio  da  Ilha  da  Madeira,  Per- 
feito dos  Irmaõs  do  Recolhimento  de  Évora, 
e  Reytor  do  Noviciado  de  Lisboa.  De  todas 
as  virtudes  religiofas  foy  obfervantiíTimo 
cultor.  Vizitava  frequentemente  aos  infermos 
nos  Hofpitaes,  e  aos  prezos  nas  Cadeyas  pu- 
blicas alliviando  as  afliçoens  de  huns  com 
fantos  confelhos,  e  a  neceíTidade  dos  outros 
com  repetidas  efmolas.  Ambiciofo  dos  mayo- 
res  defprezos  levava  muitas  vezes  pendente 
dos  hombros  a  caldeira  do  comer  dos  pobres 
que  fe  havia  repartir  na  portaria.  Para  con- 
fervar  illefa  a  flor  da  Caftidade  evitava  praéti- 
cas  com  mulheres  ainda  que  foíTem  das  mais 
illuílres  da  Corte.  Nunca  murmurou  de  peíToa 
alguma,  antes  fe  ouvia  tocar  em  matéria  pre- 
judicial ao  credito  do  próximo  divertia  com 
prudente  modo  a  praética.  Era  muito  obfer- 
vante  do  íilencio  fugindo  quanto  podia  do 
comercio  humano,  e  paíTando  a  mayor 
parte  do  tempo  efcrevendo  as  obras  em 
que  retratou  o  feu  efpirito.  Com  tanto 
rigor  fe  difciplinava,  que  avizado  o  Su- 
perior pelo  eílrondo  dos  golpes  lhe  poz 
preceito  para  naõ  uzar  daquella  peniten- 
cia que  degenerava  em  tyrania.  Foy  cor- 
dial devoto  do  SantiíTimo  Sacramento  em 
cuja  prezença  orava  horas  continuas;  fen- 
do igual  o  afeâo  com  que  venerava  a 
Maria  SantiíTima  cuja  foberana  proteção 
experimentou  repetidas  vezes  felicitada  pe- 
los feus  rogos.  Illuftrado  com  a  luz  da 
profecia  revelou  muitos  futuros,  prévio 
vários  fuceíTos.  Na  ultima  enfermidade 
fe  levantou  da  Cama  para  receber  de 
joolhos  o   Sagrado  Viatico  confervando  até 


66o 


BIB  LIO  THE  CA 


O  ultímo  inftante  o  juizo  taõ  perfeito, 
que  dizendo  hum  dos  circunílantes  Be- 
mdiãus  Dominus,  continuou  Deus  JJrael  quia 
vijitavlt  nos.  Acabadas  eftas  palavras  fic- 
tando  os  olhos  em  huma  Imagem  de 
Maria  SantiíTima,  que  eftava  fronteira  aon- 
de jazia,  expirou  com  grande  ferenida- 
de  em  o  Collegio  de  Santo  Antaõ  de 
Lisboa  ao  primeiro  de  Outubro  de  1701. 
com  69.  annos  de  idade,  e  52  de  Com- 
panhia. As  fuás  pobres  alfayas  fe  repar- 
tirão como  relíquias  por  varias  peíToas. 
O  SereniíTimo  Rey  D.  Pedro  II.  que  o 
venerara  vivo  pedio  alguma  couza,  que 
fofle  do  feu  uzo,  e  para  fatisfaçaõ  def- 
te  piedofo  dezejo  fe  lhe  deraõ  as  con- 
tas por  onde  quotidianamente  rezava.  Def- 
canfaõ  as  fuás  veneráveis  cinzas  em  hu- 
ma fepultura  aberta  na  parede  da  Ante 
Sancriftia  da  parte  do  Evangelho  do  Col- 
legio de  Santo  Antaõ  com  eíle  elegante 
Epitáfio. 

■  Hoc  conàitur  maujoko  V.  P.  loannes  de  Fon- 
ceca  Societatis  Jefu  Vianenjis  in  Provinda  Tranf- 
lagana  omnium  virtutum  fingulare  exemplum: 
cujus  doãrinam  Ji  quaras,  illius  lihros  conjule,  hos 
cum  edidit,  fua  virtutis  fecit  haredes:  Si  Magijle- 
rium,  ultra  Philojophiam  in  Univerfitate  Eborenji, 
Novitiorum  egit  pene  per  triginta  annos  iam  Co- 
nimhricee,  quàm  Ulyjftpone  ea  morum  integritate, 
ac  Sanãitaíe,  ut  Pofteris  omnihus  norma  pojfit 
effe,  ey  archetypus.  Pralucet  ad  Tumulum  lucerna 
ardens:  Jpirant  etenim  adhuc,  et  docent  hac  ex 
uma  pietatem,  et  gratiam  tanti  viri  vocales  cineres, 
eos  eodem  modo  inuitantis  ad  gloriam,  quos  olim 
informavit  ad  vitam.  Ohiit  in  hoc  Colleffo  D. 
Antonii  Magni  primi  Oãobris.  1701. 

Fazem  honorifica  memoria  defte  Va- 
rão o  Padre  António  Franco  Imag.  da 
Virt.  em  o  Novic.  de  Evor.  liv.  4.  cap. 
14.  até  28.  e  pag.  868.  VaraÕ  todo  de 
Deos,  e  muy  efclarecido  em  Santidade,  et 
Annal.  S.  J.  in  Lujtt.  pag.  410.  §.  4. 
omni  laude  mayor;  e  no  An.  glorio/.  S. 
J,  in  Ljtjit.  pag.  558.  Fonceca  Evor.  glo- 
rio/, pag.  432.  VaraÕ  SantiJ/tmo,  e  Pay 
de  toda  e/la  Provinda  por  ter  criado,  e 
en/mado  quat^i  todos  os  /ogeitos  delia  nos 
mttttos  annos  em  que  /oy  Mejire  dos  Novi- 
ços.   Compoz. 


Norte  e/piritual  da  vida  Chrijlãa  pela 
qual  /e  deve  governar  o  que  de:(eia  acer- 
tar com  o  caminho  da  per/eiçaõ  fiado  na  Di- 
vina Providencia,  e  conformando  /e  em  tudo 
com  a  divina  vontade.  Coimbra  por  lozé  Fer- 
reira. 1687.  8.  &  ibi  por  lozé  Antunes  da 
Sylva   Impreflbr   da  Univerfidade.    1724.    8. 

E/pelho  de  penitentes.  Trata  de  como  hade 
/a^er  huma  confiffaò  bem  feita  o  que  trata  de  re- 
/ormar  a  /na  vida.  Évora  na  Officina  da  Uni- 
verfidade. 1687.  8. 

E/cola  da  Doutrina  Chriflãa  em  que  /e 
enfina  o  que  he  obrigado  a  /aber  todo  o 
Chri/laõ.    Évora  namefma  Officina.   1688.  4. 

Guia  de  En/ermos,  moribundos,  e  ago- 
niv^antes.  Lisboa  por  Manoel  Lopes  Fer- 
reira.   1689.    8. 

InfirucçaÕ  e/piritual  para  antes,  e  depois  da 
Sagrada  Comunhão.  Lisboa  por  Miguel  Ma- 
nefcal.  1689.  8. 

u4livio  de  Queixo/os  da  morte  dos  que 
amáraõ  em  vida.  Lisboa  por  Manoel  Lo- 
pes   Ferreira.    1689.    8. 

Antídoto  da  alma  para  mededna  de  e/- 
crupulos,  remédio  de  tentados,  e  per/ervativo 
de  enganos,  e  illu/oens  que  pode  haver  em 
matérias  e/pirituaes.  Lisboa  por  Miguel 
Manefcal.     1690.     8. 

Sylva  Moral,  e  hiflorica.  Di/cur/os  mo- 
raes  de  diver/as  matérias  confirmados  com  /eis 
Centúrias  de  exemplos  e/colhidos,  e  bi/lorias 
/eleãas.  Lisboa  por  Miguel  Manefcal. 
1696.     4. 

Satis/açaÕ  de  aggravos,  ConfiffaÕ  de  vinga- 
tivos. Évora  na  Officina  da  Univerfidade. 
1700.  4. 

Deixou  promptos  para  a  imprcííaõ. 

Sylva  Moral,  e  hiflorica  &c.  femelhantc 
a  que  tinha  publicado. 

Meditaçoens  dos  Exercidos  de  Santo  Igna- 
cio. 

Fr.  lOAÕ  FRADE  natural  da  Vil- 
la  de  Pinhel  cm  a  Província  da  Bcyra 
Monge  Ciftercienfe  em  o  Real  Conven- 
to de  Alcobaça  muito  douto  na  liçaõ  da 
Efcritura,    e    Santos    Padres,    cfcreveo. 

Vita  S.  Rode/ndi  Epi/copi. 

Sermones  de  Sanais  ex  variis  authoribus. 


i 


L  USITANA, 


66 1 


Homilia  varia  Sanãorum. 
Confervaõ-fe  M.  S.  in  foi.  eftas  obras  na 
Livraria  de  Alcobaça. 

lOAÕ  FRAGOSO  irmaõ  do  Doutor 
6ra2  Fragozo  Dezembargador  da  Caza 
da  SuppUcaçaõ  de  que  tomou  poíTe  a 
17  de  laneiro  de  1569.  onde  foy  Ouvi- 
dor, e  Q)rregedor  do  Crime;  e  Tio  pa- 
terno de  Fr.  Pedro  de  Mello,  ou  Fra- 
gozo religiofo  Carmelita  Calçado  de  quem 
em  feu  lugar  faremos  memoria;  naceo 
em  Lisboa,  e  naõ  em  Toledo  como  er- 
radamente efcreveo  Nicolao  António  Bib. 
Hifp.  Tom.  I.  pag.  526.  col.  2.  Foy 
taõ  iníigne  Medico,  como  perito  Cirur- 
gião manipulando  os  medicamentos,  que 
aplicava  aos  enfermos  de  que  fe  feguiaõ 
admiráveis  effeitos.  Sendo  Cirurgião  mòr 
da  Raynha  D.  Catherina  mulher  delRey 
D.  loaõ  o  III.  acompanhou  com  eíle 
lugar  a  Emperatriz  D.  Izabel  quando 
no  anno  de  1526.  partio  a  defpozarfe 
com    Carlos    V.     Compoz. 

Erotemas  Chirurgicos  em  que  fe  enfena  lo 
màs  principal  dela  Chirítrgia  con  Ju  gloffa.  Madrid 
por    Pedro    Coíio.    1570.    4. 

Difcurfos  de  las  cofas  aromáticas,  arboles, 
frutas,  y  medecinas  fimples  de  la  índia,  que  firuen 
ai  ujo  de  la  Medecina.  Madrid  por  Francifco 
Sanches.  1572.  8.  Sahio  traduzida  efta  obra 
na  lingua  Latina  por  Ifrael  Spachio.  Argen- 
tinae  apud  Joannem  Martinum.  1601.  8. 

De  Succedaneis  medicamentis  cum  animadver- 
fionihus  in  quamplura  medicamenta  compofita,  quo- 
rum efi  ujtis  in  Hifpanis  Officinis.  Matriti  apud 
Petrum  Coíium.  1575.  8.  &  ibi  apud  Gome- 
íium.    1583.  8. 

Chirurgia  Univerjal.  Madrid  por  N.  Gomes. 
1581.  foi.  e  Alcalá  por  luan  Garcian.  1601. 
foi.  acrecentada. 

Fazem  mençaõ  defte  author  António  de 
Leaõ  Bih.  Orient.  Tit.  14.  e  Zacuto  in  Praf. 
Prognojl.  Hypocrat. 

Fr.  lOAÕ  DE  S.  FRANQSCO  natural 
do  Porto,  e  religiofo  profeíTo  da  Seráfica 
Provinda  de  Santo  António  onde  molirou 
igual  talenfo  para  a  Theologia  efpeculativa. 


que  diftou  aos  feus  domefticos,  como  para 
o  governo  fendo  varias  vezes  Guardião  de 
diverfos  Conventos.  Falleceo  em  o  Convento 
de  Santo  António  de  Ponte  de  Lima  a  30  de 
Setembro  de  1664.  em  cuja  Livraria  fe  con- 
ferva  M,  S.  a  feguinte  obra  prompta  para  a 
impreffaõ. 

Qííafiiones  Morales.  foi. 


Fr.  lOAÕ  DE  S.  FRANQSCO  na- 
tural de  Lisboa  filho  de  Vicente  de  Fa- 
ria, e  Francifca  Thomè.  Na  idade  juve- 
nil deixou  o  feculo  pelo  auílero  inílitu- 
to  do  Seráfico  Patriarcha,  que  profeíTou 
folemnemente  no  Convento  de  Setúbal  da. 
Provinda  dos  Algarves  a  23  de  Março 
de  1629.  Depois  de  diâar  Filofofia  em 
q  teve  a  gloria  de  fer  feu  difdpulo 
aquelle  infigne  Meílre  de  efpirito  o  V.  P. 
Fr.  António  das  Chagas,  e  jubilar  na  Sagra- 
da Theologia  exerdtou  com  grande  credito- 
da  fua  prudência  as  Guardianias  dos  Conven- 
tos de  S.  Francifco  de  Beja,  Monte  mòr,  e  de 
Santa  Maria  de  Xabregas,  e  os  lugares  de 
Comiííario  da  Corte,  e  Definidor  da  Provin- 
da. Teve  natural  inclinação  para  a  Poezia 
metrificando  com  tanta  facilidade,  e  elegân- 
cia, q  mereceo  a  plaufivel  antonomazia  de 
Poeta.  Naõ  foy  menos  celebrado  o  feu  nome 
pelo  exerddo  da  Oratória  Ecdefiaílica  em 
que  competia  a  delicadeza  do  difcurfo  com 
a  valentia  da  reprezentaçaõ.  Sendo  cativo 
no  anno  de  1663.  e  levado  a  Argel  foy  ref- 
tituido  à  fua  liberdade  no  efpaço  de  defa- 
fete  dias  debaixo  da  palavra  de  hum  Inglez. 
Falleceo  no  Convento  de  Xabregas  em  o  anno 
de  1675.    Compoz. 

Sermão  pregado  na  f efta  do  injigne  Patriarcha 
dos  pobres  S.  Francifco  em  feu  próprio  dia,  e 
própria  Cav^a  de  'Xabregas  anno  1646.  Lisboa 
por  Domingos  Lopes  Rofa.  1646.  4. 

Sermàõ  do  Santo  lubileo  da  Porciuncula  favor 
efpecial  concedido  por  Chrifo  Senhor  Nojfo  ã  Reli- 
gião dos  Menores  pregado  no  feu  dia  2  de  Agoflo  no 
Convento  de  S.  Francifco  de  Xabregas.  Lisboa 
na  Officina  Crasbeeckiana.  1649.  4. 

Sermão  nas  Exéquias  do  KeverendiJJtmo 
Padre  Fr.  loaÔ  Pereira  Comijfario  Geral 
Apojlolico    da    Ordem    dos  frades   Menores   no- 


Ó62 


BIBLIO  THE  C  A 


Reyno  de  Portugal  no  Convento  de  S.  Fran- 
■cijco  de  labregas  no  anno  de  1659.  a  15.  de 
Dev^emhro.  Lisboa  por  Henrique  Valente  de 
Oliveira.    1 660. 

Sermão  do  Mandato  pregado  na  Santa  Sè  de 
Usboa.  Lisboa  por  António  Craesbeeck  de 
Mello.  1666.  4. 

Sermão  na  fejia  da  Beatificação  da  glo- 
rio/a Virgem  Santa  Ro:(a  pregado  no  ter- 
ceiro dia  do  feu  Outavario  Jolemne  no  Con- 
vento Keal  de  S.  Domingos  de  Usboa.  Lis- 
boa   por    loaõ    da    Coíla.    1669.    4. 

Sermão  no  triumfo  do  altijfimo  Mif- 
ierio  do  Divino  Sacramento ,  e  def agravo  do 
Ímpio,  e  detejlavel  furto,  que  Je  fe:^^  na 
Igreja  Parochial  do  lugar  de  Odivellas  pre- 
_gado  na  Igreja  Parochial  de  S.  Nicolao 
nefia  Corte,  e  Keal  Cidade  de  Usboa.  Lis- 
boa    por     Domingos     Carneiro.     1671.     4. 

Sermão  do  Sagrado  Dejcendimento  de  Chrifio 
Senhor  Nojfo.  Coimbra  por  lozé  Ferreira  Im- 
preíTor  da  Univerfidade  1696.  4. 

Fejlas  Annuaes  nas  majores  folemnidades 
dos  Sagrados  Mjjlerios  de  nojfa  Fé,  de 
Chrifio  Senhor  nofi'o,  de  fua  Santijfima  Mãy, 
e  dos  Santos  principaes,  que  a  Igreja  Jo- 
kmniv^a.  Primeira  Parte.  Lisboa  por  Do- 
mingos   Carneiro.     1671.    foi. 

Primavera  Sagrada  ordenada  em  flores  ef- 
pirituaes  de  doutrina  Catholica  repartida  pe- 
los Domingos  de  Quarejma  em  menhaãs,  tar- 
des, e  Myfierios  da  Semana  Santa  até  dia 
■de  Pafchoa.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor. 
1675.  foi.  No  prologo  prometia  hum  To- 
mo de  Sermoens  das  Ferias,  e  a  2.  Parte 
das    Fefias    Annuaes. 

No  2.  Tomo  da  Laurea  Utfitana  im- 
prefla  Madrid  por  André  Garcia  de  la 
Iglefia.  1679.  4.  eílaõ  traduzidos  em  Caf- 
telhano  por  D.  Eftevan  de  Aguilar  y 
Zuniga  o  Sermão  da  Purificação.  Sermão 
Âo  Jubileo  da  Porciuncula.  Sermão  da  i. 
Dominga  de  Quarejma.  Sinco  Sermoens  das 
Tardes  da  Quarejma  Jobre  finco  banquetes 
■da  Sagrada  EJcritura.  Dos  quais  o  i. 
■eftá  nas  Fefias  Annuaes,  e  os  6  ultimes 
na    Primavera    Sagrada;    c    o    do    lubileo    da 


Porciuncula    fahio    avulfo    como    eftá    aíTima 
efcrito. 

Poema  heróico,  viãoriojo  Jucejjo,  e  glo- 
rioja  vitoria  do  exercito  de  Portugal  Jobre 
a  hofiilidade  da  Cidade  de  Évora  no  anno 
1663.  Lisboa  por  António  Craesbeeck 
de  Mello.  1665.  4.  Confta  de  116  Ou- 
tavas  excellentes  pelas  quais  lhe  faz  efte 
métrico  encómio  o  P.  António  dos  Rcys 
FnthuJ.    Poet.    n.    105. 

Juja  per  agros 

Agmina  cantabat,  Catu  reticente  canoro 
U traque  loannes  vela  tus  têmpora  Jerto 
Quod  propriis  manibus  contexuit  Ebora  dives. 
Impojuitque  comis. 

Memoria,  infiituiçaõ,  e  noticia  ejpecial  da 
antiga,  e  regular  adminifiraçaÕ  da  Provinda 
dos  Algarves,  e  breve  Cathalogo  dos  Keli- 
giojos  notáveis  em  letras,  e  virtudes  que  nel- 
la  fioreceraõ,  e  coua^as  memoráveis  que  mui- 
to a  illufiraõ.  Efta  obra  foy  compofta 
o  anno  de  1647.  por  ordem  do  Pro- 
vincial Fr.  Diogo  Cczar  como  efcreve  o 
Licenciado  lorge  Cardofo  Agiol.  Uifit. 
Tom.  2.  pag.  751.  no  Commentario  de 
28  de  Abril  letr.  H.  e  Tom.  3.  p.  333. 
no   Commentario   de    20   de   Mayo  letr.    A. 


Fr.  lOAÕ  DE  S.  FRANCISCO  na- 
tural da  Villa  de  Alhos  Vedros  do  Pa- 
triarchado  de  Lisboa  filho  de  Francifco 
Ferreira,  e  Catherina  Pedroza.  Profeflbu 
no  eflado  de  leygo  o  Seráfico  inftitu- 
to  em  o  Seminário  de  Nofla  Senhora 
dos  Anjos  de  Brancanes  fundado  pelo 
Ven.    P.    Fr.    António    das    Chagas. 

Publicou. 

Kegras  para  bem  viver,  e  modo  Jacil 
de  orar  com  breves  meditaçoens  Jobre  os  No- 
vifiimos  difiribuidas  por  cada  hum  dos  dias 
do  mev^.  IJsboa  por  Domingos  Gonzal- 
ves  1744.  24.  Sahio  feguoda  vez  acre- 
centado  com  Meditaçoens  da  PayxaÕ,  e 
com  as  reff^as  para  Jav;er  buma  confiçaõ  bem 
Jeita,  e  comungar  devotamente.  Lisboa  por 
Pedro    Ferreira    1745.    24. 


L  USITAN  A. 


663 


Fr.  lOAÕ  FRANCO  natural  de  Lis- 
boa filho  de  António  Francifco,  e  Ma- 
ria Franca.  ProfeíTou  o  fagrado  inílitu- 
to  da  Ordem  dos  Pregadores  em  o 
Gjnvento  da  Villa  de  Azeitão  a  15  de 
lunho  de  1704.  onde  pela  liçaõ  da  Sa- 
grada Theologia  fubio  ao  lugar  de  Pre- 
fentado  nefta  Faculdade,  e  de  Qualifi- 
cador do  S.  Officio.  O  mayor  efpaço 
da  fua  vida  religiofa  tem  ocupado  em  o 
miniílerio  do  púlpito  fendo  o  total  objedo 
dos  feus  difcurfos  inflamar  os  coraçoens, 
e  naõ  adular  os  ouvidos,  os  quais  por 
beneficio  da  impreíTaõ  publicou  na  forma 
feguinte. 

Sermoens  vários  Tom.  i.  que  contem 
trinta  Jermoens,  vinte  de  vários  Santos,  cin- 
co de  Tardes  de  Qiiarejma  de  MiffaÕ  com 
Pajfos  no  fim,  e  finco  da  Semana  Santa. 
Lisboa  por  Maurício  Vicente  de  Almey- 
da.    1734.    4. 

Sermoens  vários  Tom.  2.  que  contem  30  fer- 
moens  vinte  de  vários  Santos,  e  de^  das  Domingas 
do  Advento,  e  Quarejma.  Lisboa  pelo  dito 
Impreílor  1734.  4. 

Sermoens  vários  Tom.  3.  que  contem  trinta 
Jermoens,  dei(oito  de  vários  Santos,  e  do^e  de  Mif- 
faõ  de  todas  as  Quartas,  e  Sextas  Feyras  de  Qua- 
rejma.  Lisboa  na  Oííicina  da  Mufica.  1735.  4. 

Sermoens  Vários  Tom.  4.  que  contem 
trinta  Sermoens,  quint^e  de  todos  os  myfie- 
rios,  e  varias  Fefias  de  Chrifio,  finco  de  vá- 
rios Santos,  e  det^  das  Domingas  depois  das 
outavas  da  Trindade,  ou  do  Penfecofie.  Lis- 
boa por  Maurício  Vicente  de  Almeyda 
1736.    4. 

Sermoens  Vários  Tom.  5.  em  que  Je 
contem  30  Jermoens,  15  de  todos  os  myfie- 
rios,  e  taõbem  de  varias  Fefiividades  de  Ala- 
ria Santijfima,  finco  de  vários  Santos,  e  10 
de  AliJfaÕ  nas  Domingas  injra  Oitavas  da 
Trindade  ou  inJra  Oãavas  do  Pentecofie.  Lis- 
boa   pelo    dito    ImpreíTor    1756.    4. 

Sermoens  Vários  Tom.  6.  em  que  Je 
contem  30  Sermoens.  20.  ^  Kojario,  dos 
quais  os  primeiros  de^  JaÕ  Sermoens  Pane- 
gyricos  do  Kojario,  e  Roja  de  manhaã,  e 
de  tarde;  os  Jegundos  10  JaÕ  Sermoens  de 
MiJJaÕ    do    Kojario;    e    os    terceiros     10     de 


Santos    Vários   Ajjumptos,    e    Domingas.    Lis- 
boa   pelo    dito    ImpreíTor     1736.     4. 

Sermoens  Vários  Tom.  7.  em  que  Je 
contem  30  Sermoens.  20  de  MiJfaÕ  do  Ko- 
jario dos  quais  os  primeiros  10  JaÕ  Jobrt 
o  PJalmo  86  Fundamenta  ejus  in  mon- 
tibus  fanétis,  e  os  Jegundos  10  Jobre  o 
Cântico  Magnificat;  e  os  últimos  10  de 
vários  Santos,  e  varias  Domingas.  Lisboa 
pelo    dito    ImpreíTor    1738.    4. 

Sermoens  Vários  Tom.  8.  que  contem 
30  Sermoens.  20  de  MijJaÕ  do  Kojario  Jo- 
bre a  matéria  de  que  elle  confia,  que  JaÕ 
as  oraçoens  do  Padre  Nojfo,  Ave  Maria,, 
a  Antijona  da  Salve  Kainha;  e  os  últi- 
mos 10  Jermoens  de  vários  Santos,  e  de 
varias  Domingas.  Lisboa  pelos  herdeiros 
de     António     Pedrozo     Galraõ.     1739.     4- 

Sermoens  Vários  Tom.  9.  em  que  Je^ 
contem  30.  Sermoens.  15.  JaÕ  de  todos  os- 
Patriarchas  das  Sagradas  Keligioens  mais  co- 
nhecidas em  Portugal;  e  os  outros  15  JaÕ 
de  MijJaÕ  de  varias  Domingas  do  anno. 
Lisboa  pelos  herdeiros  de  António  Pe- 
drozo   Galraõ    1740.    4. 

Sermoens  Vários  Tom.  10  que  contem- 
30  Sermoens.  20  de  Vários  Santos;  e  10- 
de  varias  Domingas.  Lisboa  pelos  ditos 
herdeiros  1741.  4. 

Sermoens  Vários  Tomo  11.  que  con- 
tem trinta  Sermoens.  20  de  todas  as  Se- 
gundas, Terças,  Quintas,  e  Sabbados  de  Qua- 
rejma, e  10  de  vários  Santos,  e  varias  Do- 
mingas. Lisboa  pelos  ditos  herdeiros. 
1741.  4. 

Sermoens  Vários  Tom.  12.  contem  30. 
Sermoens.  10.  de  todos  os  Paffos  de  Chrifio,. 
e  de  tudo  o  mais  que  dit^  rejpeito  da  Jtur 
PayxaÕ:  10  Sermoens  de  tardes  da  Qua- 
rejma, e  de  outras  Domingas  de  tarde;  e 
10  Sermoens  de  Vários  Santos,  e  do  San- 
tijfimo  Sacramento.  Lisboa  pelos  ditos  her- 
deiros.    1741-    4. 

Alodo  de  meditar  o  Kojario  de  NoJJa^ 
Senhora.  Lisboa  por  Manoel  Fernandes  da 
Cofta  ImpreíTor  do  S.  Ofíicio  1730.  12. 

Mefire  da  vida  que  enjina  a  viver,  e- 
morrer  Jantamente.  Lisboa  na  Oíficina  Au- 
guílinianna.     1731.     8.     ibi     por     Maurício- 


<SÓ4 


BIBLIO THE  CA 


Vicente  de  Almeyda.  1732.  &  ibi  pelo 
dito  ImpreíTor  1755.  8.  com  varias  de- 
voçoens  acrecentadas ;  &  ibi  pelo  dito 
ImpreíTor  1736.  Com  a  Novena  do  Cora- 
rão JESUS;  com  hum  exercido  admirável 
para  pòr  huma  alma  defcuidada  no  Caminho 
do  Ceo  intitulado  o  Defcuidado  comba- 
tido; e  com  a  forma  de  Ja^er  Tejlamentos. 
8.  &  ibi  pelos  herdeiros  de  António 
Pedrozo  Galraõ.  1741.  &  ibi  pelos  ditos 
herdeiros.  1744.  e  em  outras  muitas  par- 
tes fendo  tal  o  confumo  defte  livro, 
<jue  em  outo  ImpreíToens,  que  fe  fize- 
raõ  delle  no  breve  efpaço  de  nove  an- 
nos  fe  venderão  defafeis  mil  exemplares 
•exceptos  aquelles,  que  fe  imprimirão  fem 
faculdade  do  Author,  que  fazem  grande 
numero. 

Modo  perfeito  de  ouvir  Mijfa,  e  também  de 
receber,  e  venerar  ao  Divinijftmo  Sacramento.  Lis- 
boa pelos  herdeiros  de  António  Pedrozo  Gal- 
laõ.  1739.  ^^  ^°"^  eílampas  groflas.  No  mef- 
mo  anno  fe  fez  outra  impreíTaõ  na  dita  Ofíi- 
cina  com  eílampas  finas,  e  de  cada  adiçaõ  fe 
draraõ  dous  mil  exemplares. 

Terceiro  injiruido  na  virtude,  que  profeffa  a 
Venerável  Ordem  da  Milicia  de  JESU  Chriflo, 
£  penitencia  de  S.  Domingos.  Lisboa  pelos  her- 
deiros de  António  Pedrozo  Galraõ.  1742.  8. 

lOAÕ  FRANCO  BARRETO  Naceo 
•cm  a  Cidade  de  Lisboa  em  o  anno  de 
1600.  onde  teve  por  Pays  a  Bernardo 
Franco,  e  a  Maria  da  Coíla  Barreto  de 
igual  nobreza  à  do  feu  Conforte.  Apren- 
deo  as  letras  humanas  em  o  CoUegio  pá- 
trio de  Santo  Antaõ  em  que  teve  por 
Meílre  ao  iníigne  Francifco  de  Macedo  de 
cujo  magiílerio  bebeo  com  tanti  afluência 
as  aguas  da  Hipocrene,  que  fahio  confu- 
mado  Poeta  latino,  e  vulgar.  Com  igual 
•comprehenfaõ  penetrou  as  dificuldades  da 
Filofofia,  e  como  a  natureza  o  ornara  de  igual 
capacidade  para  governar  a  penna,  que  ma- 
nejar a  efpada  navegou  na  armada  ex- 
pedida no  anno  de  1624.  para  a  ref- 
tauraçaõ  da  Bahia,  que  tyranamcnte  do- 
minava õ  os  Olandezes  em  cuja  expedição 
obrou  açoens  diftadas  pela  aíHvidade  de  feu 
briofo  efpirito.  Voltando  para  a  pátria  deixou 


o  exercido  militar  pelo  litterario  eíludando 
Direito  Pontifício  em  a  Univerfidadc  de 
Coimbra,  c  havendo  com  enveja  dos  fcus 
condifcipulos  frequentado  quatro  annos  efta 
Faculdade  lhe  foy  predfo  deixar  a  Uni- 
verfídade  no  anno  de  1640.  para  acompa- 
nhar aos  filhos  de  Francifco  de  Mello  Mon- 
teiro mòr  do  Reyno  dos  quais  era  Meílrc 
de  letras  humanas  quando  vieraõ  beijar  a 
maõ  a  ElRey  D.  loaõ  o  IV.  exaltado  ao  trono 
de  feus  auguílos  predeceílores.  Pela  fumma 
prudência,  e  vaíla  noticia  de  fuceíTos  bcl- 
licos,  e  políticos  de  q  era  dotado,  c  inftruido 
o  elegeo  por  feu  Secretario  Francifco  de 
Mello  quando  no  anno  de  1641.  pardo  com 
o  Carafter  de  Embaxador  a  ElRey  Chriília- 
niíTimo  efperando  da  fua  capacidade,  e  ma- 
dureza, confelho,  e  direção  em  os  negócios 
mais  árduos,  cuja  eleição  fe  vio  pela  experiên- 
cia felifmente  dezempenhada.  ReíUtuido  à 
Corte  como  fe  viíTe  livre  dos  vínculos  do 
Matrimonio,  que  contrahira  cm  a  ViUa  de 
Redondo  do  qual  teve  hum  filho,  que  pro- 
feíTou  o  iníUtuto  de  S.  Paulo  primeiro  Er- 
mitão, e  huma  filha,  que  morreo  donzcUa 
fe  ordenou  de  Presbítero,  e  obtendo  hum 
Beneficio  na  Igreja  Matriz  de  Noíía  Senhora 
da  Encarnação  da  Villa  de  Redondo  onde 
aíTiílio  alguns  annos  paíTou  para  a  Villa  do 
Barreiro  no  anno  de  1648.  onde  foy  Vigá- 
rio da  vara.  Nefte  tempo  em  que  pelo  tu- 
multo da  guerra  agitada  entre  eíle  Reyno, 
e  o  de  Caílella  fe  experimentavaõ  em  toda 
a  parte  diverfas  inquietaçoens,  lograva  de 
hum  animo  imperturbável  dedicando  todas 
as  horas  ao  eftudo,  e  compofiçaõ  das  fuás 
obras  com  que  tanto  illuftrou  o  feu  nome, 
e  perpetuou  a  fua  fama,  fendo  o  Cathalogo  das 
impreíías  o  feguinte. 

Cypariffo.  Tabula  Mjthologica.  Lisboa  por 
Pedro  Crasbeeck.  1631.  4.  He  em  8.  Rima. 
Em  aplauzo  defta  obra  cantou  D.  Francifco 
Manoel  de  Mello. 

EJle  Cypres  levantado 

Sobre  vueflra  erudicion 

Antes  acà  admiracion 

Que  a  la  fama  conf agrado; 

Lo  que  en  eljò  tengo  hallado 

No  cabe  enfolo  un  papel; 

Acâfe  lo  dire  a  el; 


L  USITAN A. 


665 


Arhol,  já  nò  fera  trifie 
Defpues  que  cantafteis  dei. 

Kelaçaõ  da  Viagem  que  a  França  fi^erão 
Francifco  de  Mello  Monteiro  mòr  do  Bjsyno,  e 
o  Doutor  António  Coelho  de  Carvalho  hindo 
por  Embaxadores  Extraordinários  delKey  D. 
loaõ  o  IV.  de  glorio/a  memoria  a  EJRey  de  França 
Ladz  ^m  cognominado  o  lufio  anno  1641.  Lis- 
boa por  Lourenço  de  Anueres.  1642.  4. 
Nefta  obra  promete  a  pag.  56.  outra,  que 
coníla  dos  Officiaes  da  Cat(a  Keal  de  França. 

Cathalogo  dos  Chrijlianijfimos  ^eys  de  Fran- 
ça, e  das  Kaynhas  fuás  Ff  potras  prov^apia,  annos 
da  ftta  vida,  de  feu  Rejnado,  e  onde  ejlaõ  en- 
terrados. Lisboa  por  Domingos  Lopes  Roza. 
1642.  4. 

Offerecido  a  D.  Manoel  da  Cunha  Bifpo 
de  Elvas,  e  Capellaõ  mòr. 

Eneida   Portuguet^a   i.    Parte.     Lisboa  por 
António  Crasbeeck  de  MeUo.   1664.  12. 
2.  Parte,  ibi  pelo  dito  Impreflbr.  1670.  12. 

He  o  poema  de  Virgílio  vertido  com 
fumma  felicidade  em  Outavas  Portugue- 
zas,  cuja  obra  exalta  com  o  feguinte  Elogio 
o  Padre  António  dos  Reys  no  Enthuf  Poetic. 
n.  45. 

Pari    Phabus   digtatus   honore 

Barretum  efi,  verfa  qui  tota  JFmeide,  'Lufo 
Virgilium  facit  ore  loqui  (fi  fermo  Latinus 
Difcrepat    à    Eufo,    quod,    qui  nefcivit   utrum- 

que 
Concejftffe  potefl  tantum) 

Orthographia  da  lingua  Portuguesa.  Lisboa 
por  loaõ  da  Coíla.  1670.  4. 

Fios  Sanãorum.  Hijloria  das  vidas,  e  obras 
infignes  dos  Santos  pelo  Reverendo  Padre  Pedro 
de  Ribadaneira  da  Companhia  de  JESUS,  e  de 
outros  Authores  tradu^da  de  Caflelhano  em  Por- 
tugue:(_.  Lisboa  por  António  Crasbeeck  de 
Mello.  1674.  foi. 

Index  de  todos  os  Nomes  próprios,  que 
ellaõ  no  Poema  de  Luiz  de  Camoens 
impreíTo  em  Lisboa  por  António  Cras- 
beeck de  MeUo.  1669,  4.  Eíla  ediçaõ  pre- 
parou, emendou,  e  diítribuio  em  três  vo- 
lumes Joaõ  Franco  Barreto  acrecentandolhe 


alem  do  Index,  que  fe  pode  chamar  Diccio- 
nario  Hiflorico,  Poético,  e  Geográfico,  os  Argu- 
mentos de  cada  canto  em  Outava  Rima. 

Eleffa,  e  Soneto  à  morte  de  loaÕ  Pere;^  de 
Montalvão.  Sahiraõ  impreflbs  nas  Eagrim. 
Panegyr.  à  mort.  defhe  grande  Poeta  a  foi. 
64.  e  65.  Madrid.  1639.  4. 

Obras  M.  S. 

Bibliotheca  Portuguesa.  Ella  obra  da 
qual  fazem  mençaõ  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  p.  329.  col.  2.  e  o  Licenciado 
lorge  Cardo2o  Affol.  Eufit.  Tom.  3. 
pag.  74.  no  Comment.  de  4.  Mayo  letr.  I. 
principiou  na  Villa  de  Redondo  à  inilan- 
cia  do  iníigne  Antiquário  Manoel  Seve- 
rim  de  Faria.  Confta  de  hum  grande 
numero  de  Authores  Portuguezes,  que 
efcreveraõ  em  todas  as  Faculdades  cujo 
Original,  que  eílava  com  todas  as  licen- 
ças prompto  para  a  impreíTaõ  fe  conferva 
na  Livraria  do  ExcellentilTimo  Duque  de 
Lafoens,  que  foy  do  EmminentiíTimo  Car- 
dial  de  Souza.  Huma  copia  deíla  obra, 
que  eílá  na  Bibliotheca  do  Excellentiílimo 
Duque  do  Cadaval  Eílribeiro  mòr  de  S.  Ma- 
geílade  me  foy  comunicada  donde  extrahi 
muitas  noticias,  que  feu  Author  colhera  com 
incanfavel  difvelo. 

Hijloria  dos  Cardeaes  Portugueses,  foi. 
Deíla  obra  como  da  precedente  fe  lembra 
o  Padre  António  de  Macedo  no  Prologo 
da  Eujitania  Inful.  e^  Purpur.  dizendo  Joan- 
nes  Franco  Barreto  vir  plane  eruditus  mijfo  ad 
me  in  urbem  M.  S.  de  Cardinalibus  Eufitanis 
libello.  EJus  Bibliothecam  Eufitanam  prope- 
diem  typis  mandandam  videre  non  licuit. 

Hijloria  Ecdejiajlica  da  Cidade  de  Évora. 
foi. 

Olhos  fuás  virtudes,  e  feus  vidos  4. 

Odes  de  Horácio  em  Verfo  Português-  4* 

Todas  ellas  três  obras  fe  confervaõ  na 
Bibliotheca  do  Excellentiflimo  Duque  de 
Lafoens. 

Relação  da  Viagem,  que  a  armada  de 
Portugal  fes  à  Bahia  de  todos  os  Santos, 
e  da  rejlauraçaõ  da  Cidade  de  S.  Salva- 
dor    ocupada     das     armas     Olandes^s     efcrita 


666 


BIB  LIO  THE  CA 


anno  de  1642.  4.  Narra  circunílancias  dignas 
de  eílimaçaõ  por  fcr  teftemunha  ocular  de 
quanto  efcreveo. 

Difcurfo  apologético  fobre  a  vifaõ  do  Indo, 
e  Ganges  introdu^do  com  excellente  Profopopeya 
pelo  injígne,  e  heróico  Poeta  Lmí^  de  Camoens 
em  o  Canto  4.  dos  J eus  iMJiadas. 

Batrachomyomachia  de  Howero  ou  guerra 
de  ratos,  e  rans  naõ  traduzida,  mas  imitada 
em  112.  Outavas  Portuguezas  oferecidas  a 
feu  Amigo  Cofme  Ferreira  de  Brum  no  anno 
de  1637. 

Genealogia  dos  Deufes  Gentilicos.  Obra  muito 
erudita,  e  dilatada  donde  podem  os  Poetas 
extrahir  grandes  noticias  para  copia,  e  ornato 
das  fuás  compoziçoens. 

Rimas  Varias.  4.  que  formaõ  hum  volume 
de  jufta  grandeza. 

Fazem  delle  honorifica  memoria  alem 
dos  Authores  allegados  loan.  Soar.  de  Brit. 
Theatr.  Ljijit.  'Liter.  lit.  I.  n.  39.  Morery 
Dicion.  Hijlorique  Verb.  Franco  Barreto.  D. 
Emman.  Caiet.  de  Souza  Exped.  Hifpan. 
S.  lacob.  Part.  2.  p.  1324.  §.  365. 


lOAÕ  FREYRE  Presbítero  da  Or- 
dem militar  de  S.  Tiago  cujo  habito  rece- 
beo  no  Convento  real  de  Palmella  cabeça 
deíla  Ordem  em  o  Reyno  de  Portugal.  Foy 
Prior  de  huma  Igreja  íituada  no  Reyno  do 
Algarve.    Efcreveo. 

Do  modo  como  fe  devem  fa^er  as  vistas  nas 
Igrejas  da  Ordem  militar  de  S.  Tiago  4.  M.  S. 
Elia  obra  moftrou  o  Author  ao  infigne  Bifpo 
do  Algarve  D.  leronimo  Oforio  que  a  jul- 
gou digna  da  impreflaõ. 


P.  lOAÕ  FREYRE  natural  de  Lisboa 
filho  de  Braz  Fernandes,  e  Margarida  Nunes, 
e  religiofo  da  Companhia  de  lefus  cuja  rou- 
peta veílio  em  o  Noviciado  de  G)imbra  a 
24  de  Abril  de  1596.  quando  contava  qua- 
torze  annos  de  idade  onde  naõ  fomente  didou 
letras  humanas  mas  foy  Lente  da  Sagrada  Ef- 
critura  merecendo  fer  intitulado  pelo  gran- 
de Fr.  Francifco  de  S.  Agoílinho  Macedo 
Dom.  Sad.  p.  16.  divinarum,  humanarumqm 
iiterarum    fcientijftmus,     e     por     loaõ     Soar. 


de  Brito  Theatr.  Ljtfit.  Liter.  lit.  I.  n.  40. 
vir  judicio,  et  eruditione  pneclara.  Como  pa- 
deceíTe  graves,  e  continuados  achaques,  e 
fe  naõ  abíliveíTe  da  aplicação  ao  eftudo  fal- 
leceo  na  florente  idade  de  54  annos  a  25  de 
lulho  de  1620.  Deixou  imperfeita  a  feguinte 
obra  que  fahio  poílhuma  com  efte  titulo. 

Comentarius  in  feptem  priora  Capita  libri 
ludicum.  UlyíTipone  apud  Georgium  Ro- 
drigues.  1640.  4.  et  Matriti.   1642.  4. 

Vita  P.  Francifci  Suares  Granatenfis.  Sahio 
ao  principio  do  Tomo  de  Angelis  do  mefmo 
Suares.  Lugduni  apud  Horatium  Cardon. 
1621.  foi. 

Epiff-amma  in  laudem  Francifci  de  Sá,  e 
Miranda.    Principia 

Kujlica,  qua  fuerat  folis  vix  cognita  Sylvis. 
&c. 

Do  qual  o  faz  author  o  Padre  Macedo 
aífima  allegado,  cujo  nome  celebraõ  D 
Franc.  Manoel  Cart.  dos  AA.  Portug.  Franco 
Imag.  da  Virtud.  em  o  Nov.  de  Coimb.  Tom.  2 
p.  619.  col.  2.  Halevord.  Bib.  Coriof.  p.  415 
col.  2.  lacob.  Lelong.  Bib.  Sacr.  p.  mihi 
732.  col.  2.  Bib.  Societ.  p.  450.  col.  2 
Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  p.  529 
col.   I. 


Fr.  lOAÕ  FREYRE  natural  da  Villa 
nova  de  Gaya  fronteira  à  Cidade  do  Porto 
filho  de  António  Ferreira  de  Lima,  e  de 
fua  mulher  Maria  Freyre.  Profeflbu  o  iníU- 
tuto  de  Erimita  de  S.  Agoílinho  no  real 
Convento  da  Graça  de  Lisboa  a  21  de  No- 
vembro de  1634.  Depois  de  fahir  cgregia- 
mente  inílruido  nas  Faculdades  feveras  rc- 
cebeo  as  infignias  do  Doutor  Theologo 
em  a  Univcrfidade  de  Coimbra  a  30  de  lu- 
lho de  1654.  a  qual  illuftrou  com  o  magifterio 
fendo  Lente  da  Cadeira  de  Gabriel  a  27 
de  laneiro  de  1664.  e  de  Efcoto  a  17  de 
Mayo  de  1670.  Teve  grande  intelligencia 
das  linguas  Grega,  Hebraica,  e  latina 
compondo  nefte  agudiífimos  epigramas. 
Falleceo  em  Coimbra  a  7  de  Agoílo  de  1670. 
com  52  annos  de  idade  e  37  de  religião. 
Compoz. 

A  Corte^aã  da  gloria,  ou  Vida  da  Bea- 
ta   Verónica    religiofa    do    Conuento    d»    Santa 


I 


L  USITAN  A. 


Aíarta  de  MilaÕ  da  Ordem  de  S.  Agoftinho.  Lis- 
boa por  António  Craesbeeck.  de  Mello 
1671.  4. 

Hymni  in  laudem  Sanãorum  Ordinis  Eri- 
mttarum  D.  AuguJUni.  M.  S.  Deíla  obra 
faz  mençaõ  Fr.  Manoel  de  Figueiredo  Fios 
Sana.  Augufi.  Tom.  4.  p.   140.  n.  60. 

Traãatus  Theologici  foi.  M.  S.  Confer- 
vaõfe  na  Livraria  do  G)llegio  de  Coimbra. 

lOAÕ  FREYRE  CARROLAS  natu- 
ral da  Villa  de  Torres  novas  do  Patriarchado 
de  Lisboa  Presbítero,  e  iníigne  Poeta  Latino 
como  declara  a  obra  feguinte. 

Epiff'ammata  in  laudem  omnium  Sanãorum 
quorum  natalem  diem  Sacrofanãa  celebrai  Ec- 
clefia  fecundum  Kalendarium  Komanum.  Inf- 
criptum  Serenijfimo  Principi  Cardinali  Alberto 
Archiduci  Auftria.  UlyíTipone  apud  Anto- 
nium  Rodericium.  1586.  4. 

Do  author,  e  da  obra  faz  mençaõ  o  Li- 
cenciado lorge  Cardofo  Affol.  Ijifit.  Tom.  5. 
p.  837.  letr.  A. 

P.  lOAÕ  FROES  natural  da  Gda- 
de  de  Portalegre  em  a  Provinda  Tranf- 
tagana,  e  filho  de  Diogo  Froes,  e  Mar- 
garida Velez.  Abraçou  o  inftituto  da  Com- 
panhia de  lefus  em  o  Noviciado  de  Evo- 
ca a  7  de  lulho  de  1608.  Impellido  do  ze- 
lo da  converfaõ  da  Gentilidade  paíTou  ao 
lapaõ  em  o  anno  de  1624,  e  na  Provinda 
de  Hancheu  reduzio  muitas  almas  ao  grémio 
da  Igreja  Romana.  Falleceo  piamente  no 
anno  de  1638.    Compoz. 

Do  modo  com  que  fe  deve  ajudar  aos  mori- 
bundos. 

hadainhas  da  Paixão  de  Chrifto,  e  das  fuás 
Sacrojanãas  Chagas.  M.  S. 

Delle  fe  lembraõ  Manoel  de  Faria,  e 
Souza  Afia  Portug.  Tom.  3.  Part.  2.  cap.  12. 
§.  13.  et  Cathalog.  Patrum  S.  I.  qui  pofi.  obi- 
tum  S.  Xaverii  ab  anno  15  81.  u/que  ad  annum 
1681.  in  Império  Sinarum  lefu  Chrifii  fidem 
propagarmt.  §.  31. 

P.  lOAÕ  FURTADO  natural  de  Us- 
boa    onde    teve    por    progenitores    a    Am- 


ÓÓ7 

brofio  Gouvea  de  Mendoça,  e  Izabel  Pereira. 
Quando  contava  16  annos  de  idade  fe  aUftou 
na  Companhia  de  lefus  em  o  Novidado  da 
fua  pátria  em  20  de  Novembro  de  1644. 
Aprendeo  as  letras  humanas  em  o  Collegio 
de  Coimbra  em  que  foy  admirável  o  feu 
talento,  e  no  de  Évora  diélou  Filofofia,  e 
Theologia  de  cujas  Faculdades  inílruidos 
muitos  difdpulos  paíTaraõ  a  fer  Meílres. 
Praéticou  exaélamente  as  virtudes  religiofas 
fervindo  de  exemplar  aos  domeíiicos,  e  de 
exemplo  aos  eílranhos.  Depois  de  exer- 
dtar  em  Roma  o  lugar  de  Revifor  dos  livros 
da  Companhia  reílituido  ao  Reyno  foy  De- 
cano de  Theologia  em  o  Collegio  de  Coim- 
bra, e  Perfeito  do  Recolhimento  do  mef- 
mo  Collegio  onde  recebidos  os  últimos 
Sacramentos  expirou  pladdamente  a  5  de 
Fevereiro  de  1700.  com  72  annos  de  idade 
e  56  e  dous  mezes  de  reUgiaõ.  Deixou  com- 
pofto. 

Theoloffa  Moralis  in  Jeptem  Tomos  difiribuía. 
foi.  Dos  quais  fallando  o  P.  António  Franco 
Imag.  da  Virtud.  em  o  Nov.  de  Lisboa  liv.  4. 
cap.  38  aíTevera  eftarem  iodos  perfeitos  ate 
na  letra,  e  acabados  como  para  a  efiampa  com 
fuás  introduçoens,  refumos  de  parágrafos  à  mar- 
gem, e  feus  Índices  no  fim  de  cada  Tomo.  Defta 
obra,  e  feu  author  fe  lembra  taõbem  o  P. 
Francifco   da  Fonceca  Evor.  Gloriof  p.  455. 


lOAÕ  GABRIEL  naceo  em  a  Etiópia 
de  Pay  Portuguez,  e  de  Mãy  taõ  obfervante 
dos  dogmas  da  Igreja  Romana  que  fendo 
lançada  pela  confilTaõ  delles  às  feras  mais 
indómitas  fe  abíliveraõ  de  lhe  ofender  a 
menor  parte  do  corpo.  Pela  aíTiftencia  do 
vafto  Império  em  que  teve  o  berço  alcan- 
çou individuaes  noticias  de  tudo  quanto 
comprehendia  aíTim  no  politico,  como  em 
o  natural.  Ocupando  o  pofto  de  Capitão 
mòr  de  diílinguio  em  diverfas  ocazioens 
dos  mais  famofos  foldados  prindpalmente 
em  a  batalha  em  que  venddo,  e  morto  o 
Emperador  da  Etiópia  Zà  Danguil  a  13 
de  Outubro  de  1604.  Igual  à  valentia  do 
feu  braço  era  a  madureza  do  feu  juizo  fen- 
do confultado  em  todos  os  negodos  gra- 
ves  pelos   Emperadores   da   Etiópia.     DeUe 


6ó8 


BIB  LIO  THE  CA 


fazem  honorifica  mençaõ  o  Padre  Fernand. 
Guerreir.  Re/ac.  Annual  da  Etiop.  do  anno 
de  1607.  e  1608.  liv.  I.  cap.  15.  c  na  Relac. 
do  anno  de  1606.  e  1607.  liv.  3.  cap.  13.  o  Pa- 
dre Balthez.  Telles  Uift.  da  Etiop.  Alt.  liv.  3. 
cap.  20.  e  21.  Padre  Alonfo  de  Andrad. 
Var.  lllufi.  de  la  Comp.  Tom.  5.  na  vid.  do 
Padre  Manoel  de  Almeyda.  e  o  Padre  Nicolao 
Godinho  de  Ahajftn.  reh.  lib.  i.  cap.  4.  unus 
ejl.  de  primartis  Eufitanis  qui  in  AbaJJia  ver- 
fantur,  quique  jam  illic  Eufitanorum  legio- 
nibus  cum  Jummo  império  prafecit,  exper- 
tus  bcllo  vir,  fideque,  authoritate,  et  confilio 
domi,  ac  militia  clarus,  nec  morum  tantum, 
vitaque  exemplo  fpeãabilis,  ac  religioje  pius, 
fed  multarum  etiam  peritus  linguarum  &c. 
Dignus  tandem  homo  cujus  hic  laudes  hoc 
elogio  commendemus,  quod  è  transferendis  à 
Eufitano  idiomate  in  Abajftnum  libris  fidei,  mo- 
rumque  do£irinam  continentibus  ajftduam,  valde- 
que  utilem  Romana  Ecclejia  operam  navet.  Alem 
deílas  taõ  utiliflimas  traduçoens  da  lingua 
Abexina  em  a  Portugueza  pelas  quais  me- 
recia fer  collocado  entre  os  Efcritores  Por- 
tuguezes.     Compoz. 

Commentarios  do  Império  da  Etiópia.  M.  S. 

Deíla  obra,  da  qual  como  confeíTa  o 
mefmo  Padre  Godinho  fe  aproveitou  pa- 
ra a  que  efcreveo  do  mefmo  aíTumpto, 
faz  mençaõ  António  de  Leaõ  Bib.  Orient. 
Tit.  12. 

Cartas  diverjas.  M.  S.  Confervaõ-fe  no 
Archivo  do  Collegio  de  Coimbra  dos  Padres 
lefuitas. 


D.  lOAÕ  GALVAÕ  natural  da  Q- 
dade  de  Évora  filho  de  Ruy  Galvaõ  Ef- 
crivaõ  da  Fazenda,  e  Secretario  delRey 
D.  AfFonfo  V.  e  de  fua  mulher  Branca 
Gonçalves,  e  irmaõ  de  Duarte  Galvaõ  Chro- 
niíla  mòr  do  Reyno,  Secretario  delRey 
D.  loaõ  o  II.  c  Embaxador  cm  diver- 
fas  Cortes  do  qual  fizemos  mençaõ  cm 
feu  lugar.  Aplicado  às  letras  defcubrio 
o  profundo  talento  de  que  liberal  o 
ornara  a  natureza  merecendo  fuccdcr  a 
feu  Pay  no  Officio  de  Secretario,  e  Ef- 
crivaõ  da  puridade  delRcy  D.   AfFonfo  V. 


Movido  de  fuperior  impulfo  deixou  o 
palácio  pelo  clauftro  de  Santa  Cruz  de 
Coimbra  recebendo  o  Canónico  habito  de 
Santo  Agoftinho  em  o  anno  de  1448.  on- 
de pela  madureza  do  feu  juizo  foy  o  vigcf- 
fimo  fegundo  Prior  defte  Real  Convento. 
Entre  as  peíToas  de  mayor  diíUnçaõ,  que  no 
anno  de  145 1.  acompanharão  a  Emperatriz  D. 
Leonor  para  fe  defpozar  com  o  Empcrador 
Federico  III.  foy  nomeado  pela  Mageílade  de 
Aífonfo  V.  e  na  Cidade  de  Sena  recebeo  af- 
fectuofas  fignificaçoens  de  feu  Bifpo  Encas 
Sylvio,  que  depois  fublimado  ao  trono  do 
Vaticano  fe  chamou  Pio  II.  Reílituido  a 
Portugal  em  remuneração  das  açoens,  que 
obrara  nefta  jornada  o  nomeou  D.  Affonfo 
V.  Bifpo  de  Coimbra  no  anno  de  1461.  de 
cuja  dignidade  lhe  expedio  as  letras  o  Papa 
Pio  II.  c  como  eftiveíle  lembrado  do  afeôo 
com  que  o  tratara  em  a  Cidade  de  Sena  o 
creou  feu  Legado  a  latere  nefte  Reyno,  e 
pofto,  que  os  Arcebifpos,  e  Bifpos  Portu- 
guezes  fe  oppuzeííem  vigorofamente  contra 
efta  legada  a  confervou  defde  o  anno  de  1462. 
até  o  de  1464.  em  que  o  Pontífice  paíTou  a 
melhor  vida.  Na  expedição  de  Africa  inten- 
tada no  anno  de  1471.  por  D.  AfFonfo  V. 
afliílio  peflbalmente  onde  depofto  o  bago,  e 
empunhada  a  efpada  deixou  do  feu  nome 
perdurável  memoria  fendo  gloriofas  confe- 
quencias  as  Conquiílas  de  Arzila,  e  Tangeie. 
Atendendo  ElRey  à  fidelidade  do  feu  animo, 
e  valentia  do  feu  braço  lhe  concedeo  a  25 
de  Setembro  de  1472.  para  elle,  e  feus  fu- 
ceííores  o  Titulo  de  Conde  de  Arganil,  que 
hoje  poíTuem  os  Bifpos  de  Coimbra  eternizan- 
do com  efte  honorifico  monumento  os  fer- 
viços  de  taõ  grande  VaíTalo.  Vagando  o 
Arcebifpado  Primas  de  Braga  por  morte 
de  loaõ  de  Mello  lhe  fucedeo  no  anno  de 
1480.  de  cuja  dignidade  lhe  naõ  paíTou  Bul- 
ia o  Pontífice  Xiílo  IV.  por  fer  ílniftia- 
mente  informado  de  que  o  Arcebifpo 
eleyto  exercitava  as  funçoens  paíloracs  an- 
tes da  confirmação  da  Sè  Apoftolica, 
por  cuja  caufa  logrou  fomente  o  titulo  de 
Arcebifpo.  Cheyo  de  annos,  e  mereci- 
mentos falleceo  a  5  de  Agoílo  de  148  j. 
ou  a  27  de  lulho,  e  11  de  Agoílo  como 
efcrevem  alguns  authores.   DcUe  fazem  mcn- 


l! 


L  U SI  TANA. 


çaõ  o  IlluílriíTinio  Cunha  H//?.  Ecclef.  de  Brag. 
Part.  2.  cap.  62.  D.  Nicol,  de  S.  Maria  Chron. 
dos  Coneg.  ^eg.  liv.  9.  cap.  27.  Galvaõ  Chron. 
de  Ajfonjo  V.  cap.  58.  Leytaõ.  Cathalog.  Chro- 
nol.  e  Crit.  dos  Bifpos  de  Coimh.  §.  66.  Fone. 
Fjjor.  Glorio f.  pag.  223.  Soledade  H//?.  Seraf. 
Ât  Prov.  de  Vortug.  Part.  5.  liv.  i.  cap.  32. 
n.  208.    Efcreveo. 

Jornada  da  Emperatriíi  D.  JLeonor.  Defta 
obra  fa2em  memoria  o  Padre  Fonceca  Evor. 
Glorio/,  pag,  412.  e  o  moderno  addicionador 
da  Bib.  Geograf.  de  António  de  Leaõ  Tom.  3. 
col.  1723. 

P.  lOAÕ  GOMES  natural  da  Villa  de 
Caftello  de  Vide  em  a  Província  do  Alen- 
tejo onde  teve  por  Pays  a  loaõ  Frade, 
€  Guiomar  Gomes.  Recebeo  a  roupeta  da 
Companhia  em  o  Collegio  de  Évora  a  30 
de  Março  de  1634.  onde  aprendeo  as 
fciencias  amenas  em  que  fahio  eminente 
principalmente  em  a  Poezia  latina  com- 
pondo    entre   outras     obras     defte     género. 

Poema  Epicum  de  Pajfione  Chrijli  Do~ 
mini;  dica f um  lllujlrijftmo  Domino  Alphonjo 
Fíirtado  de  Mendoça  Archiprafuii  Ulyjffi- 
ponenfi.  M.  S.  Conferva-fe  na  Livraria  do 
Excellentiflimo  Duque  de  Lafoens,  que 
foy   do    Emminentiflimo    Cardial    de    Souza. 

Naõ  foy  dotado  de  menor  talento 
para  as  fciencias  Efcholafticas,  que  diâou 
com  grande  aplauzo  na  Univeríidade  de 
Évora  onde  recebeo  as  iníignias  douto- 
raes  de  Theologo,  e  nos  Collegios  de 
Santo  Antaõ,  e  S.  Patrício  em  Lisboa. 
Foy  Reytor  em  Braga,  e  Q)imbra  on- 
de moílrou  a  prudência  de  que  era  or- 
nado, como  também  a  fua  grande  lit- 
teratura  pela  qual  era  confultado  pelas 
principaes  peíToas  do  Reyno.  Falleceo  no 
Collegio  de  Coimbra  a  2  de  Novembro 
de  1680.  Delle  faz  mençaõ  o  Padre  An- 
tónio Franco  Ann.  Glorio/.  S.  J.  in  Lu- 
Jit.  pag.  636.  e  Annal.  S.  J.  in  Eu/it. 
p.  367.  §.  5. 

lOAÕ  GOMES  natural  da  Villa  de 
Veyros  em  a  Província  do  Alentejo  do 
Bifpado  de  Elvas,  Thefoureiro  mòr  da 
Capella    Ducal    de    Villaviçofa,    e    iníigne 


6Ó9 

profeíTor  da  Arte  Muíica  de  que  teve  por 
Meílre  ao  grande  António  Ferro  natural  de 
Portalegre.  Falleceo  em  Villaviçofa  no  anno 
de  1653.     Compoz. 

Diver/as  obras  ^lu/icas. 
Exiílem  M.  S.  na  Bib.  B^al  da  Mu/ica. 

lOAÕ  GOMES  DE  ABREU  muito 
verfado  na  Arte  da  Poezia  em  que  a 
fua  Mufa  fez  varias  compofiçoens  logran- 
do o  beneficio  da  luz  publica  a  que  eflá 
a  foi.  190.  do  Cancioneiro  de  Garcia  de  Rí- 
/ende  Lisboa  por  Hermaõ  de  Campos.  15 16. 
foi. 

lOAÕ  GOMES  FERREYRA  natural 
de  Lisboa  de  profiíTaõ  Theologo,  e  por 
inclinação     pio,     e     devoto.     Efcreveo. 

Fa/ciculus  trium  florum,  (Ò"  de  triplici  nomine 
JESU,  Maria,  <&  Jo/ephi.  UlyíTipone  apud 
Petrum  Craesbeeck.  1625.  8. 

lOAÕ  GOMES  DE  GÓES  natural 
da  Cidade  de  Évora,  e  filho  de  loaõ 
Gomes  Paes,  e  Ignez  Martins  de  Góes. 
Eíhidou  na  Univerfidade  da  fua  Pátria 
onde  recebeo  o  gráo  de  Meílre  em  Ar- 
tes, e  de  Bacharel  em  Theologia,  e  paf- 
fando  a  Coimbra  fe  formou  na  Faculda- 
de dos  Sagrados  Cânones.  Foy  dotado 
de  fingular  talento  para  a  Poezia.  Fal- 
leceo na  pátria  a  23  de  Novembro  de 
1721.  quando  contava  54  annos  de  ida- 
de, e  jaz  fepultado  na  Capella  dos  Ter- 
ceiros   de    S.    Francifco  .   Compoz. 

Vida  de  S.  JoaÕ  de  Deos  em  verfo 
que  publicou  no  dia  de  Feíla  da  fua 
Canonização. 

Entrada  da  Serenijfima  Kaynha  da  Graã 
Bretanha  a  Senhora  D.  Catherina  em  a  Cidade 
de  Évora  em  que  /e  de/creve  poeticamente  a  me/ma 
Cidade.  M.  S. 

Pecúlio  de  Direito  Civil,  e  Canónico,  foi.  6. 
Tom.  M.  S. 

lOAÕ  GOMES  DA  ILHA  Teve  taõ 
nobre  o  nacimento  como  infigne  o  ta- 
lento para  a  Poezia,  que  oiltivou  felif- 
mente  defde  a  primeira  idade  deixando 
para    memoria    de    taõ    nobre    cultura    ai- 


guns  verfos  impreflbs  no  Cancioneiro  de  Gar- 
cia de  Kejende  a  foi.  68.  w^  e  feguintes. 

lOAÕ  GOMES  DE  MOURA  Ar- 
chiteólo  famofo  das  obras  reaes  em  a 
Corte  de  Madrid  reynando  a  mageílade 
de  Filippe  IV.  do  qual  fe  lembraõ  Ni- 
col.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  p.  537. 
col.  I.  e  Fr.  Fernando  Camargo  Chrono- 
log.    Sacr.    foi.     340.    v^.     Efcreveo 

Kelacion  dei  juramento  que  hi^teron  los  Reynos 
de  Cajlilla,  y  Leon  ai  Príncipe  D.  Balthet(ar  Car- 
los.   Madrid  por  Francifco  Martines.  1632.  4. 

Aão  de  la  Fè  celebrado  em  Madrid 
anno  1632.  Madrid  pelo  dito  Impreflbr. 
1632.  4. 

lOAÕ  GOMES  DO  PEGO  natural 
de  Lisboa,  e  Poeta  excellente  aíTi  na  lingua 
materna  como  em  a  Caílelhana.  Navegando 
para  índia  Oriental  em  o  anno  de  1660.  fal- 
leceo  na  Viagem.    Compoz. 

Ulyffea  Poema  Heróico.  Eíla  obra  comu- 
nicou a  loaõ  Franco  Barreto  como  elle  ef- 
creve  na  fua  Bib.  Portug.  M.  S. 

Soneto  ao  Ciprejle  em  que  Je  transformou 
Cypariffo  o  qual  fahio  na  obra  que  a  efte  af- 
fumpto  compoz,  e  imprimio  o  referido  loaõ 
Franco  Barreto.     Começa. 

E.fte  que  Verde,  e  trijle  fer  podia. 

Na  relação  dos  aplaut^os  da  Canonifaçaõ  de 
S.  IJidro  foi.  104.  eftá  hum  Romance  feu  que 
começa. 

Yà  los  montes  de  The/alia. 

Retrato  de  Amarilis  cn  8.    Rima.    Começa. 

Si  para  retratar  a  los  pen files.  &c. 

lOAÕ  GOMES  DE  SERPA  natural 
da  celebre  Villa  de  Santarém.  Eftudou  lurif- 
prudencia  Cefarea  em  a  Univerfidade  de  Coim- 
bra onde  recebido  o  grão  de  Bacharel  foy 
Auditor  Geral  da  Armada  real  deita  Coroa, 
e  Dezembargador  em  a  Relação  do  Porto. 
Teve  engenho  agudo,  converfaçaõ  deleita- 
vel,  e  veya  prompta  para  todo  o  género 
de  metrificação.  Foy  Secretario  do  Em- 
baxador  lozé  Pinto  Pereira  que  ElRey 
D.  loaõ  o  IV.  mandou  à  Rainha  de  Sué- 
cia  Chriílina   Alexandra   a   cuja   Corte   chc- 


BIB  LIO  THE  CA 


gou  a  30  de  lulho  de  1650.  e  queren- 
do dar  hum  claro  argumento  do  feu  pe- 
netrante engenho  publicou  em  obzequio 
daquella    Princeza    a    feguinte    obra. 

Chrijiina  Coronata  Regina  inviãa  feliciy 
Serenijftma  pro  ejus  felicijfimo,  ^  augujlijftmo 
Coronationis  aãu  anagrammata  quatuor.  Stock- 
-holmi.  2  die  menfis  Novembris  1650.  foi. 
Coníla  de  verfos  latinos,  Portuguezes,  Caftc- 
Ihanos;  e  Italianos  em  cujas  linguas  era  o  Au- 
thor  muito  perito.  Deíla  obra  confervo  hum 
exemplar. 

Dous  Sonetos  Cajlelhanos  á  morte  da  Senhora 
D.  Maria  de  Ataide.  Sahiraõ  nas  Memor. 
Funeb.  dedicadas  a  efta  Senhora.  Lisboa  na 
Officina  Craesbeeckiana.   1650.  4.  a  pag.  26. 

Hijloria  Fabulofa.  Efta  obra  M.  S.  a  co- 
municou a  loaõ  Franco  Barreto,  como  afirma 
na  Bib.  Portug.  M.  S. 

Falleceo  em  Lisboa  a  25  de  laneiro.  de 
1665. 

lOAÕ  GOMES  DA  SYLVA.  Alcayde 
mòr,  e  Comendador  da  Villa  de  Cea 
em  a  Ordem  de  Aviz  filho  fegundo  de 
Braz  Tellez  de  Menezes  Alcayde  mòr  de 
Moura,  Camareiro  mòr,  e  Guarda  mòr 
do  Infante  D.  Luiz;  e  de  D.  Catherina 
de  Brito  filha  de  Ruy  Mendes  de  Brito, 
e  D.  Margarida  Figueira  fua  fegunda  mu- 
lher. Foy  ornado  de  animo  valerofo,  pru- 
dente juizo,  e  inftruido  nas  artes  dignas 
de  feu  illuftre  nacimento.  No  anno  de 
1567.  paflbu  à  índia  com  o  pofto  de  Ca- 
pitão mòr  de  huma  Armada  compofla  de 
quatro  nàos,  onde  deixou  memorias  de 
feu  natural  valor.  Reftituido  a  Portugal 
o  mandou  ElRey  D.  Sebaftiaõ  em  o  anno 
de  1571.  por  feu  Embaxador  a  Carlos  IX. 
de  França  com  a  incumbência  de  graves 
negócios  em  que  eraõ  intereíTadas  ambas 
as  Monarchias,  a  qual  dezempenhou  com 
tanto  credito  do  feu  talento  que  o  mcf- 
mo  Monarcha  o  elegeo  Embaxador  à 
Santidade  de  Gregório  XIII.  e  entre  ou- 
tras negociaçoens  que  felifmente  concluio 
na  Cúria  foy  alcançar  no  anno  de  1577- 
de  Cofme  primeiro  Graõ  Duque  de  Tof- 
cana  que  nella  aíTiftia,  faculdade  para  le- 
vantar  nos   fcus   dominios    quatro    mil   In- 


Éi 


L  USITAN  A. 


Ó71 


fantes  para  a  infaufta  expedição  de  Africa. 
Chegando  à  fua  noticia  a  fatal  derrota  fu- 
cedida  em  Alcácer  a  4  de  Agofto  de  1578- 
em  que  juntamente  com  o  feu  Príncipe  ago- 
nizou a  Monarchia  Portugueza,  mandou 
fazer  em  Roma  Exéquias  correfpondentes 
à  grandeza  do  Monarcha,  que  fe  lamen- 
tava defunto.  Voltando  ao  Reyno  o  no- 
meou em  premio  dos  feus  ferviços  o  Gir- 
■dial  D.  Henrique  Vedor  da  fua  Fazenda, 
€  Confelheiro  de  Eílado  em  cujos  lugares 
o  confervaraõ  Filippe  11.  e  III.  que  fempre 
-venerarão  a  prudência  do  feu  juizo,  e  capa- 
cidade do  feu  talento  de  cujos  dotes  fazem 
particular  mençaò  Faria  Afia  Portug.  Tom. 
3.  p.  543.  Coneílag.  Union,  di  Portug.  a  Caftil. 
liv.  I.  foi.  14.  Salazar  Hift.  Gen.  de  la  Ca^. 
de  Sylva.  liv.  9.  cap.  15.  laz  fepultado  em  hum 
maufoleo  de  excellentes  mármores  ao  lado 
do  Evangelho  do  Altar  da  Sancriília  do 
Convento  do  Carmo  de  Lisboa  jazigo  da 
Excellentinima  Caza  dos  Marquezes  de  Ale- 
grete.   Compoz. 

Oração  ohediencial  ao  Sumnio  Pontífice 
Gregório  XIII.  em  nome  delKey  D.  Sebafiiaõ. 
Delia  como  de  feu  Author  faz  memoria 
Fr.  Lud.  lacob.  à  S.  Carol.  Bib.  Pontif. 
lib.  2.  p.  365. 

lOAÕ  GOMES  DA  SYLVA  quarto 
Conde  de  Tarouca  Senhor  de  Penalva,  Gul- 
far,  Lalim,  e  Lazarim,  Alcayde  mòr,  e  Com- 
mendador  de  Albufeira  na  Ordem  de  S. 
.  Bento  de  Aviz,  e  de  Villa  Cova  em  a  Or- 
dem de  Chrifto  naceo  em  Lisboa  a  21  de 
lunho  de  1671.  fendo  regenerado  em  o 
Bautifmo  na  Parochia  de  Santa  lufta  por 
D.  Fr.  António  TeUez  Bifpo  do  Funchal. 
Teve  por  progenitores  a  Manoel  Tellez 
da  Sylva  primeiro  Marquez  de  Alegrete,  fe- 
gundo  Conde  de  Villarmayor,  Vedor  da  Fa- 
zenda,   Confelheiro   de   Eftado,    e   Gentilho- 

-  mem  da  Camará  dos  Sereniflimos  Reys  D. 
Pedro  II.  e  D.  loaõ  o  V.  e  a  D.  Luiza  Cou- 
tinho filha  de  Nuno  Mafcarenhas  Senhor 
de  Palma,  e  de  D.  Brites  de  Menezes  de  Caf- 

-  tellobranco  filha  de  D.  Francifco  de  Caftel- 
lobranco  fegundo  Conde  do  Sabugal,  e 
Meirinho  mòr  do  Reyno.  A  perspicácia 
do    juizo,    e    a    felicidade    da    memoria    de 


que  beneficamente  o  ornou  a  natureza  fo- 
raõ  certos  vaticínios  dos  prodigiofos  pro- 
greíTos  com  q  o  feu  incomparável  engenho 
havia  fer  aplaudido  nas  Academias,  nas  Cam- 
panhas, e  nos  Gabinetes.  Ninguém  como 
elle  voou  com  mais  arrebatado  impulfo  à 
eminência  do  Parnazo  para  fe  coroar  Príncipe 
da  Poefia  heróica  fervindolhe  de  azas  os  feus 
celebrados  Sonetos  emulos  da  mageílade  de 
Camoens,  da  fuavidade  de  Petrarcha,  da 
idea  de  Marino,  e  da  difcriçaõ  de  Soliz.  No 
eíUlo  epiiiolar  imitou,  e  ainda  excedeo  a 
Cicero  efcre vendo  a  Atiço,  e  a  Séneca  a 
Lucillo  retratando  em  cada  huma  delias 
a  imagem  do  feu  efpirito.  Teve  profun- 
da inftruçaò  da  Hiíloria  antigua,  e  moder- 
na, das  linguas  Franceza  Italiana,  e  Cafte- 
Ihana,  e  das  Difciplinas  Mathematicas.  Do 
ócio  das  Mufas  paíTou  para  o  tumulto  das 
Campanhas  exercitando  em  as  dos  annos 
de  1705.  1706.  e  1707.  os  poftos  de  Sargento 
mòr  de  batalha.  General  da  Artilharia,  e 
Meílre  de  Campo  General  com  tanta  dif- 
ciplina,  e  aftividade  que  os  Generaes  lhe 
cometerão  as  emprezas  de  mayor  perigo, 
e  por  confequencia  de  mayor  gloria,  me- 
recendo pelas  fuás  açoens  militares  todas 
aquellas  coroas  com  que  a  antigua  Ronu 
premiava  aos  mais  valerozos  Soldados.  Co- 
mo a  grandeza  do  feu  efpirito  fe  naõ  po- 
dia coarékr  aos  limites  da  Pátria,  foy  pre- 
cifo  que  fe  dilataíTe  por  outros  emisferios 
fendo  o  primeiro  Inglaterra  para  onde  par- 
tio  a  12  de  Setembro  de  1709.  quando  dei- 
xava a  feu  ExceUentiflTimo  Pay  deplorado 
dos  Médicos  facrificando  em  obzequio  do 
feu  Soberano  os  faudozos  afeftos  que  naquella 
ocafiaõ  lhe  impediaõ  efta  jornada.  Che- 
gando a  Londres  naõ  fomente  com  a  fua 
prudente  induíbria,  e  natural  urbanidade  con- 
ciliou os  ânimos  dos  Miniílros,  que  eílavaõ 
pouco  parciaes  dos  intereífes  da  noíla  Co- 
roa, mas  mereceo  que  a  Rainha  da  Graã 
Bretanha  afirmaíle  que  por  elle  fer  o  inílru- 
mento  das  negociaçoens  de  Portugal  as 
atenderia  com  animo  benévolo.  Deíla  Cor- 
te paíTou  à  da  Haya  a  24  de  lunho  de  1710. 
e  aífiltindo  em  Utrech  por  Plenipotenciá- 
rio da  Paz  Geral  com  defprezo  da  faude  pró- 
pria correo  no  tempo  que  durou  efte  con- 


672 

greflb,  quarenta,  e  duas  vezes  a  poíla  de 
Utrech  a  Olanda  até  felifmente  concluir 
a  paz  entre  a  nofla  Coroa,  e  a  de  Caftella, 
e  depois  com  a  de  França  em  q  para  fe  co- 
nhecer a  qualidade  do  feu  miniílerio  baila 
faberfe,  que  Portugal  naõ  cedeo  nada  do  feu 
direito  quando  França  fez  varias  ceíToens 
em  beneficio  da  Coroa  Portugueza,  cujo 
Tratado  foy  muito  decorofo  a  efta  Monar- 
chÍ9.  Ao  tempo,  que  chegou  a  Cambray 
com  o  carafter  de  Plenipotenciário  achando 
todos  os  Palácios  ocupados  pelos  Minif- 
tros  das  outras  Coroas  rompeo  o  feu  generofo 
animo  em  a  nobre  idea  de  edificar  hum  fump- 
tuozo  palácio  de  Madeira  para  cómoda  ha- 
bitação da  fua  peíToa,  e  familia  onde  fe  viraõ 
praticados  todos  os  primores  da  Archi- 
te£hira.  Admirada  a  grandeza  do  feu  ef- 
pirito  na  conílruçaõ  deíle  Palácio  chegou 
a  mayor  exceíTo  a  ferenidade  do  feu  ani- 
mo quando  a  violência  do  fogo  reduzio  em 
breves  horas  a  cinzas  outro  mais  fumptuozo 
em  que  morava,  e  para  evidente  demonf- 
traçaõ  da  tranquillidade  do  feu  coração  à 
vifta  de  taõ  horrorozo  efpedtaculo  compoz 
extemporaneamente  o  feguinte  Soneto,  que 
podia  como  a  lira  de  Orfeo  fufpender  a  indó- 
mita fúria  daquelle  elemèto. 

Vora:i  incenato,  horrível  injlrumento 

De  eftrago,  naÕ  me  afliges;  determino 

Tolerando  a  inclemência  do  defiino 

Difputar-lhe  o  poder  com  o  fofrimento. 
Cruel,  ou  brando,  arrebatado,  ou  lento 

Erras  por  indulgente,  ou  por  malino: 

Se  obras  como  cafligo,  es  muy  benino; 

Se  offendes  como  acafo  es  muy  violento. 
Nada  me  altera  o  golpe  exorbitante 

Que  em  mim  Jer  venturojo,  ou  defgraçado 

'Produv^o  fempre    effeito  femelhante. 
Mais  me  temo  a  mim  me/mo  que  ao  Fado; 

Keceyo  tanto  o  excejjo  de  confiante, 

Que  degenere  o  firme  em  obfiinado. 

Por  duas  vezes  hofpcdou  em  Olanda 
ao  SercniíTimo  Senhor  Infante  D.  Manuel 
com  a  magnificência  digna  de  tal  Prínci- 
pe confeguindo  dos  Eílados  lhe  deíTem  o 
tratamento  do  Príncipe  de  Gales  ainda  que 
o     Senhor    Infante    cftava    incógnito.      Tal 


BIBLIO THE  CA 


foy  o  conceito,  que  efta  induftriofa  Repu- 
blica formou  do  feu  talento,  que  o  conf- 
tituhio  Mediador  no  Tratado  da  Barreira, 
com  o  Emperador  para  cuja  Corte  pardo 
a  16  de  Janeiro  de  1726.  onde  recebco  das 
Mageftades  Cefareas  diftintas  eftimaçoens  fen-l 
do  a  mayor  quando  fe  defpedio  do  Em- 
perador mandarlhe  atar  no  peito  o  feu  Re-j 
trato,  e  meter-lhe  no  dedo  hum  anel,  que 
tirou  da  fua  maõ  ennobrecendo  com  hum 
donativo  o  centro  da  fedilidadc,  c  com 
outro  o  inftrumento  da  profwçaõ.  De  to- 
dos os  Monarchas,  c  Príncipes  Soberanos 
mereceo  femelhantes  honras  de  que  era  acre- 
dora  a  fua  politica  capacidade.  Luiz  o  Gran- 
de contribuio  muito  para  a  gloria  do  feu 
nome  com  a  carta,  que  efcreveo  à  Raynha 
Anna.  O  Duque  de  Orleans  foy  Panegi- 
rifta  das  fuás  virtudes  como  teftemunhou 
o  Excellentinimo  Conde  da  Ribeira.  ElRey 
de  Polónia,  o  Eleytor  Palatino,  e  o  Graõ 
Duque  de  Tofcana  authorizaraõ  a  fua  me- 
moria com  repetidas  cartas,  que  lhe  efcre- 
veraõ.  A  Santidade  de  Gemente  XI.  lhe 
canonizou  por  hum  Breve  a  ardente  pie- 
dade, com  que  protegera  em  Olanda  aos 
Catholicos.  Para  premio  de  tantos  fervi- 
ços,  que  pelo  efpaço  de  vinte,  c  nove  an- 
nos  auzente  da  pátria  fizera  a  efta  Coroa 
o  nomeou  a  Mageftade  de  D.  loaõ  o  ^'. 
NoíTo  Senhor  Embaxador  extraordinarío  n.i 
Corte  de  Efpanha,  e  Mordomo  mòr  da  Ray- 
nha NoíTa  Senhora  cujos  lugares  honorí- 
ficos naõ  exercitou  impedido  pela  morte, 
que  intempeftivamentc  o  arrebatou  na 
Corte  de  Viena  a  29  de  Novembro  de  1738. 
em  hum  Sabbado,  que  fendo  dedicado  à 
Virgem  SantiíTima  de  quem  era  cordial  de- 
voto, foy  feliz  aufpicio  da  fua  predeftinaçaõ» 
quando  contava  feflenta,  e  féis  annos  finco 
mezes,  e  outo  dias  de  idade.  Recitou  o  feu 
Elogio  Fúnebre  na  Academia  Real,  de  que 
foy  Académico,  e  Diredor,  o  Excellcn- 
tiíTimo  Conde  da  Ericeira  D.  Francifco  Xa- 
vier de  Menezes;  e  à  fua  gloríofa  memo- 
ria levantou  dous  cloquentiffimos  Padrocns 
gravados  em  dous  Elogios  o  Excellcn- 
ti/Timo  Marquez  de  Valença  D.  Fran- 
cifco de  Portugal  feu  Cunhado  onde 
letà   a  poftcrídadc   eternizadas  em  elegantes 


L  USITANA 


caraâeres  as  açoens  moraes,  politicas,  e 
militares  defte  iníigne  Varaõ.  Foy  ca2a- 
do  com  D.  Joanna  Roza  de  Menezes  4. 
Condefla  de  Tarouca  filha  herdeira  de  D. 
Eftevaõ  de  Menezes  Senhor  da  Caza  de 
Tarouca,  e  Deputado  da  Junta  dos  Três 
Eílados,  e  de  D.  Helena  de  Borbon  filha 
de  D.  Thomaz  de  Noronha  terceiro  Conde 
dos  Arcos,  e  D.  Magdalena  de  Borbon 
de  quem  teve  D.  Eílevaõ  de  Menezes  V. 
Conde  de  Tarouca  Deputado  da  Junta  dos 
Três  Eílados,  que  cazou  com  D.  Margarida 
de  Lorena  filha  de  feu  Primo  com  irmaõ, 
e  Tio  Manoel  TeUes  da  Sylva  III.  Marquez 
de  Alegrete:  Manoel  Telles  da  Sylva,  que 
paliando  a  Alemanha  em  companhia  de  feu 
Pay  foy  nomeado  pelo  Emperador  feu  Con- 
felheiro  de  Eílado,  e  cazou  em  Vienna  de 
Auílria  no  anno  de  1740.  com  a  Princeza 
Maria  Barbara  AmeUa  de  Holftein:  Fer- 
não Telles  da  Sylva  Monteiro  mór  do  Rey- 
no  por  cazar  com  D.  Maria  lozefa  de  Mel- 
lo herdeira  deíla  Caza:  lozeph  Gomes  da 
Sylva  Capitão  de  Infantaria:  D.  Luiza  lo- 
zefa de  Menezes,  que  cazou  com  D.  An- 
tónio de  Noronha  fegundo  Marquez  de 
Angeja:  D.  Helena  de  Menezes,  que  mor- 
reo  em  tenra  idade:  D.  Maria  lozefa  de  Me- 
nezes, que  fe  defpozou  com  feu  fobrinho, 
e  Primo  Fernaõ  Telles  da  Sylva  V.  Conde 
de  Villarmayor,  e  IV.  Marquez  de  Ale- 
grete. D.  Margarida  de  Menezes,  que  fal- 
leceo  em  idade  pueril:  D.  Mariana  de  Me- 
nezes, e  D.  Thereza  de  Menezes  religio- 
fas  profeíTas  do  inftituto  de  Santa  The- 
reza em  o  Convento  de  Carnide;  e  D.  Iza- 
bel  de  Menezes,  que  morreo  fem  eílado. 
Compoz. 

Soneto  em  aplati-:^o  de  Manoel  de  Soui^a 
Moreira  author  do  Theafr.  Geneal.  da  Ca^. 
de  Sont^a.  Sahio  ao  principio  deíle  livro. 
Pariz  por  loaõ  Anillon.  1694. 

Carta  ejcrita  em  Haja  aos  ExcellentiJJi- 
mos  Cenjores  da  Academia  Real  em  lò  de 
Fevereiro  de  1723.  em  que  os  congratula 
de  fer  admitido  a  eíla  Sociedade.  Sahio 
no  Tom.  3.  da  Collec.  dos  Docum.  da  Acad. 
Real  Lisboa  por  Pafchoal  da  Svlva.  1723. 
foi. 

Carta  ejcrita  de  Vienna  de  Aufiria  a 
45 


673 

15  de  Outubro  de  1720.  com  hum  Soneto  em 
aplaudo  do  Duque  Eftribeiro  mór  D.  Jaime 
de  Mello  ter  ejcrito  as  ultimas  Açoens  do  Duque 
do  Cadaval  feu  Pay.  Sahio  no  principio  deíle 
livro  Lisboa  na  Officina  da  Mufica.  1730. 
foi. 

Obras  Poéticas,  que  comprehendem  mais 
de  200.  Sonetos  a  vários  aíTumptos  Acadé- 
micos com  outras  Poezias  Lyricas  ferias, 
e  jocofas.  4.  M.  S. 

Negociaçoens  das  Juas  Embaxadas.  foi.  4. 
Tom.  M.  S.  'i 

lOAÕ  GOMES  VALENTE  Efcrivaõ 
da  Cozinha  do  Senhor  D.  Duarte  Duque  de 
Guimaraens  filho  dos  SereniíTimos  Monar- 
chas  D.  Manoel,  e  D.  Maria.  Foy  muito 
eíhidiofo    da    Genealogia  efcrevendo. 

Nobiliário  das  Famílias  de  Portugal,  foi. 
M.  S. 

Deíla  obra,  como  do  feu  Author  fe  lem- 
braõ  loaõ  Franco  Barreto  Bib.  Portug.  M.  S. 
e  o  Padre  D.  António  Caetano  de  Souza 
Apparat.  à  Hijl.  Gen.  da  Ca^.  Real  Portug. 
pag.  46.  §.  20. 

lOAÕ  GONSALVES  natural  da  G- 
dade  de  Elvas  em  a  Provinda  Tranílagana, 
e  Mufico  em  a  Cathedral  de  Sevilha  cuja 
arte  exercitou  praélica,  e  efpeculativamente 
compondo  diverfas  obras  que  fe  confervaõ 
na  Bibliotheca  Real  da  Mufica,  como  coníla 
do  feu  Index  impreíTo  em  lisboa  por  Pedro 
Craesbeeck.  1649.  4. 

lOAÕ  GONSALVES  DA  CAMARÁ 
primeiro  Conde  da  Calheta  filho  de  loaõ  Gon- 
falves  da  Camará  Capitão  da  Ilha  da  Madeira, 
e  de  D.  Leonor  de  Vilhena  filha  de  D.  loaõ 
de  Aíenezes  Conde  de  Tarouca.  Foy  cazado 
com  D.  Izabel  de  Mendoça  Dama  da  Raynha 
D.  Catherina  filha  de  Ruy  Diaz  de  Mendoça 
Senhor  de  Moron  em  Caílella  de  quem  teve 
fuceííaõ.  Foy  naturalmente  inclinado  à  Poe- 
zia  compondo  com  igual  difcriçaõ,  que  afluên- 
cia na  Ungua  materna. 

Ver/os  /agrados,  e  profanos;  qute  (como 
efcreve  loan.  Soar.  de  Brito  Theatr.  LjíJIí. 
Utter.  lit.  I.  n.  42.)  magnum  viri  ingenium,  (Ò" 
elegantiam  facile  produnt. 


074 


BIBLIO  THECA 


lOAÕ    GONSALVES    DA    LAGARTA 

natural  da  Villa  de  Vianna,  em  a  Província 
do  Minho,  e  inclinado  ao  eftudo  da  Poefia 
Cómica  em  que 

Compoz. 

Cuento,  que  pafjô  a  un  foldado  con  un  gato 
que  fe  le  llevava  la  comida.  Lisboa  por  Antó- 
nio Alvres.  1608.  4. 

Fr.  lOAÕ  DE  S.  GUALTER  feU- 
giofo  menor  da  Seráfica  Província  de  Por- 
tugal, Pregador,  e  Q)miflario  Vifitador 
da  Ven.  Ordem  Terceira  da  Penitencia 
no  Convento  de  S.  Francifco  da  Villa 
de  Thomar.    Efcreveo. 

KelaçaÕ  da  Vida  da  Irmaa  D.  Lui^a 
de  Manfellos  Terceira  de  S.  Francifco.  Do 
Author,  e  da  obra  faz  mençaõ  Fr.  Fernan- 
do da  Soledade  Hijl.  Seraf.  da  Proi:  de 
Portug.  Part.  3.  addicionada.  §.  817.  e  fe- 
guinte 

lOAÕ  DA  GUARDA  Presbítero,  e  Ra- 
cioneiro  da  Cathedral  do  Porto  muito  verfado 
na  Hiíloria  Ecclefiaílica,  e  fecular.  Difpoz 
em  bom  methodo. 

Cenjual  do  Cabbido  do  Porto.  M.  S.  Defta 
obra,  e  de  feu  author  faz  mençaõ  o  Illuf- 
triíTimo  D.  Rodrigo  da  Cunha  no  Prolog, 
do  Cathal.  dos  Bijpos  do  Porto  dizendo  que 
era  homem  para  aquelles  tempos  de  boa  liçaõ, 
e  grande  difpojiçaõ.  e  na  Part.  2.  cap.  3.  4.  c  5. 
do  referido  Cathalogo,  e  loan.  Soar.  de  Brito 
Theatr.  Lãifit.  l^iter.  lit.  L  43. 

lOAÕ  GUEDES  natural  da  Villa  de 
Amarante  profeíTor  de  Theologia  efpecula- 
tiva,  e  Capellaõ  do  IlluílriíTimo  Arcebifpo 
Primas  o  V.  Fr.  Bartholameu  dos  Marty- 
res  ao  qual  acompanhou  no  anno  de  1561. 
na  jornada  que  fez  à  Cidade  de  Trento  para 
affiftir  ao  Concilio  Ecuménico  que  nella  fe 
celebrou.  Foy  Abbade  da  Igreja  de  S.  Eu- 
lália da  Palmeira  onde  falleceo  com  faudade 
das  fuás  ovelhas  havendo  renunciado  gra- 
tuitamente em  feu  fobrinho  loaõ  Guedes  efta 
Abbadia.  Efcreveo  com  fumma  curiofidade, 
e  individuação. 


Diário  da  Jornada  do  lllujlrijftmo  Senhor 
Arcebifpo  D.  Fr.  Bartholameu  dos  Martyres 
ao  Concilio  de  Trento.  M.  S. 


Fr.  lOAÕ  DE  GUIZENRODEN  na- 
tural de  Lisboa  filho  de  Paulo  Guizenrodcn, 
c  D.  Catherina  Henriques.  ProfeíTou  o  fa- 
grado  inftituto  da  Ordem  dos  Pregadores 
onde  fahio  taõ  eminente  no  eftudo  das  fcien- 
cias  feveras  como  na  liçaõ  da  Hiftoria  fa- 
giada,  e  da  fecular  defte  Reyno  como  mani- 
feftou  na  obra  feguinte  que  M.  S.  defapareceo 
com  a  fua  morte. 

Commentario  fobre  o  quarto  livro  de  Esdras 
aplicado  às  acçoens  delKey  D.  SebafliaÕ  com 
notáveis  noticias  pertencentes  à  Coroa  de  Por- 
tugal foi. 


P.  lOAÕ  HONORATO.  Naceo  em 
a  Cidade  da  Bahia  a  12  de  Agofto  de  1690. 
onde  teve  por  Pays  a  loaõ  Honorato  Meftre 
de  Campo  do  Terço  novo  da  Cidade  da 
Bahia,  e  a  D.  Francifca  Soares  de  Araújo. 
Na  tenra  idade  de  14  annos  deixou  o  mun- 
do para  abraçar  o  Sagrado  Inftituto  da  Com- 
panhia de  lefus  cuja  roupeta  veftio  no  Col- 
legio  da  fua  pátria  a  14  de  Agofto  de  1704. 
e  fez  a  profiíTaõ  do  quarto  voto  a  2  de  Fe- 
vereiro de  1724.  Aprendidas  as  letras  hu- 
manas, e  fagradas  leyo  Humanidades  nos 
CoUegios  do  Rio  de  laneiro,  Bahia,  c  Sc-  ; 
minario  de  Belém,  Filofofia,  Theologia 
efpeculativa,  e  Moral  no  Collegio  da  Ba- 
hia onde  pela  fua  modeftia  religiofa,  c 
profunda  fciencia  foy  eleito  Perfeito  dos 
Eftudos,  e  Examinador  Synodal.  Dos  , 
Sermoens  que  com  geral  aplauzo  tem  rc-  I 
citado  na  fua  pátria  fe  fizeraõ  públicos  os  * 
feguintes.  ^ 

Sermão  da  Immaculada  Conceição  da  Mãy 
de  Deos  no  dia  do  Apofiolo  S.  Mathias.  Lisboa 
por  António   de   Souza  da   Sylva.    1735.   4. 

OraçaÕ  fúnebre  nas  exéquias  do  Illuftrijftmo,  e 
Reverendijffimo  D.  Lui^  Alvares  de  Figueiredo 
Arcebifpo  Metropolitano  da  Bahia  celebradas 
na  Cathedral  da  mefma  Cidade  ao  primeiro  de 
Outubro  de  1735.  Lisboa  por  António  Ifidoro 
da  Fonccca.  1737.  4. 


fl 


LUSITANA. 


Ó75 


lOAÕ  lACINTO  HENRIQUES  filho 
do  Tenente  António  Marquez,  e  D.  An- 
gela Io2efa  naceo  na  Villa  de  Setúbal,  e  na 
Parochial  Igreja  da  Annunciada  recebeo  a 
graça  bautifmal  a  5  de  Agoílo  de  1704.  Apren- 
deo  na  pátria  os  primeiros  rudimentos  e 
na  Univerfidade  de  Évora  fe  formou  Bacha- 
rel em  Filofofia,  e  em  a  de  Coimbra  recebeo 
o  mefmo  gráo  em  a  Faculdade  dos  Sagra- 
dos Cânones  em  o  anno  de  1729.  He  Advo- 
gado de  Cauzas  Forenfes  na  fua  pátria,  e 
muito  inclinado  à  Poezia  vulgar  em  que 
tem  compoílo. 

Poema  à  morte  da  Senhora  Infanta  D.  Fran- 
cijca.  Coníla  de  8.  Cantos. 

Difcurfo  fobre  a  me/ma  morte  para  alivio 
da  faudade  do  Senhor  Infante  D.  Manoel. 

Três  Comedias  intituladas. 

i><7  Omnipotência  en  las  grutas,  y  la  Deidad 
de  las  Brotas. 

Los  empenos  de  una  Liga. 

El  Mef  quino  liberal. 

Todas  eílas  obras  M.  S.  conferva  feu 
Author. 


Fr.  lOAÕ  DE  S.  lERONIMO  reUgiofo 
Menor  da  Seráfica  Provinda  dos  Algarves, 
e  neUa  Pregador  de  grande  nome  publicando 
diverfos  fermoens  como  efcreve  loan.  Soar. 
de  Brito  Theatr.  Lufit.  lAter.  lit.  I.  n.  44.  dos 
quais  chegou  unicamente  à  minha  noticia  o 
feguinte. 

Sermão  do  divinijfimo  Sacramento  do  Altar 
com  commenwraçaõ  do  Evangelijla  pregado  no 
Convento  das  religiofas  de  lefus  da  Villa  de  Setuval. 
Lisboa  por  António  Alvres  1632.  4.  Tinha 
prompto  para  a  impreflaõ  hum  Tomo  de  fer- 
moens intitulado  Rofal  Celefiial. 


Fr.  lOAÕ  DE  S.  IGNAaO.  Naceo 
em  a  Qdade  de  Tavira  do  Reyno  do  Algarve, 
e  na  Matris  de  S.  Tiago  recebeo  a  primeira 
graça  a  31  de  Dezembro  de  1675.  Foraõ 
feus  Pays  Francifco  Gomez  Englez,  e  loan- 
na  de  Brito.  Deixando  o  feculo  abraçou 
o  inftituto  de  Erimita  Auguíliniano  Defcal- 
fo,  no  Convento  de  N.  Senhora  da  Con- 
ceição do  Monte  OUvete  íituado  fora  dos 


muros  de  Lisboa  a  8  de  Outubro  de  1695. 
e  profeíTou  folemnemente  a  9  do  dito  mez 
do  aimo  feguinte.  Havendo  louvavelmen- 
te exercitado  por  duas  vezes  a  ocupação 
de  Provedor  do  Hofpicio  de  N.  Senhora 
dos  pobres  da  Villa  de  Loulé,  e  de  Pro- 
curador do  Convento  de  N.  Senhora  das 
Mercês  da  Cidade  de  Évora  paíTou  com  a 
mefma  incumbência  em  nome  das  Religio- 
fas Agoftinhas  Defcalfas  da  Cidade  de  Lis- 
boa a  S.  Lucar  de  Barrameda  em  o  Con- 
dado de  Niebla  de  que  he  Senhor  o  Duque 
de  Medina,  e  Sidónia  onde  conciliou  os 
aplauzos  das  peflbas  mais  principaes  naõ 
fomente  pela  fua  erudita  converfaçaõ,  como 
pelas  oraçoens  evangélicas  que  recitou  nas 
mayores  Feílividades  que  imprimio  onde  as 
pregara,  como  foraõ. 

Sermão  da  Conceição  pregado  no  Outavario 
celebrado  na  Igreja  mayor  de  S.  Lucar  de  Bar- 
rameda.   Sevilha  por  loaõ  Francifco  de  Blas. 

1717-  4.  f 

Sermão  da  Purificação  pregado  na  Igreja 
mayor  de  S.  Lucar  de  Barrameda  far^endo  a 
Fefia  o  Illuftrijfimo  Cabido,  e  Senado.  Cadiz 
por  Hyeronimo  Peralta    171 7.   4. 

Sermão  da  Charidade  no  Outavario  da  Ajfump- 
çaõ  da  Senhora  celebrado  no  Santuário  do  Excel- 
lentiffimo,  e  Illuflrifftmo  Senhor  Duque  de  Me- 
dina, e  Sidónia.  SeviUa.  Na  Oíficina  da 
Viuva  de  Francifco  Lourenço  de  Hermofila. 
171 8.  4. 

SermaÔ  no  folemnifftmo  Triduo  em  que  os 
Erimitas  Agojlinhos  Defcalfos  celebrarão  no  feu 
Convento  da  Boa  Hora  de  Lisboa  a  invenção  do 
Sagrado  Corpo  do  Pay  dos  Padres,  Doutor  dos 
Doutores  o  feu  Santijftmo  Patriarcha  defcuberto 
em  o  Ceo  de  ouro  na  Igreja  de  S.  Pedro  em 
Pavia.  Évora  na  Officina  da  Univerfidade 
1731.  4. 

Tuba  Concionatoria  Tom.  i.  M.  S.  Coníla 
de  Sermoens  diverfos. 

Columna    Mjftica  para    Keligiofas.    M.    S. 


Fr.  lOAÕ  DE  S.  lOZÉ  natural  da 
ViUa  de  Tentúgal  do  Bifpado  de  Coimbra 
em  a  Provinda  da  Beyra  filho  de  Pays 
de   conhedda   nobreza   quais   foraõ   Aflfonfo 


676 

de  Aboim,  e  Brites  Pires  da  Serra.  Pro- 
feflbu  o  inftituto  de  Erimita  Aguíliniano 
em  o  Convento  de  Nofla  Senhora  da 
Graça  de  Lisboa  a  3  de  Abril  de  1544.  on- 
de pela  obfervancia  das  virtudes  religio- 
fas  em  que  fe  diílinguio  de  todos  feus 
companheiros  exercitou  no  anno  de  1569. 
o  lugar  de  Meftre  dos  Noviços,  Subprior 
no  Convento  de  Lisboa  no  anno  de  1573. 
e  Prior  do  Convento  de  Tavira  onde  pia- 
mente falleceo  no  anno  de  1580.  Foy 
muito  erudito  na  liçaõ  da  Hiíloria  Eccle- 
íiaftica,  e  fecular,  principalmente  nas  an- 
tiguidades da  fua  Familia  Erimitica,  que 
inveftigou  com  igual  difvelo,  que  juizo 
concorrendo  para  a  compoíiçaõ  da  Chronica, 
que  depois  publicou  Fr.  leronimo  Roman 
por  cuja  laboriofa  aplicação  mereceo  os 
Elogios  de  Fr.  Ant.  da  Purif.  de  Vir.  ilhif- 
trib.  Ord.  Erím.  D.  Aug.  lib.  3.  cap.  8. 
Fr.  Ant.  da  Natividad.  Mont.  e  Cor.  Co- 
roa 8.  §.  2.  n.  90.  Herrera  Anajlas.  Auguft. 
pag.  96.  Pofleu.  Apparat.  Sacer.  Tom.  i. 
pag.  905.  loan.  Soar.  de  Brit.  Theatr. 
Lstjit.  Utter.  lit.  L  n.  45.  Taxand.  Cathalog. 
Ciar.  Hifp.  Script.  Pamphil.  Chron.  Ord.  Eri- 
mit.  ad  ann.  1585.  e  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  pag.  546.  col.  2.  Compoz. 

Familia  Auguftiniana.  Lisboa  por  Mar- 
cos Borges.  1365.  8.  Confia  da  Regra,  e 
Privilégios  da  Ordem  dos  Erimitas  de  Santo 
Agoftinho.  Foy  aprovada  eíla  obra  pelo 
V.  Fr.  Luiz  de  Montoya,  e  dedicada  a  D. 
Helena  de  Lencaftre  Commendadeira  do  Con- 
vento de  Santos  da  Ordem  militar  de  S. 
Tiago. 

Corografia  do  Keyno  do  Algarve  dividida 
em  quatro  livros  para  mòr  declaração  da  obra, 
O  I.  livro  contem  a  difcripçaõ  de  todo  o  Keyno 
em  Geral,  e  de  todas  as  Cidades,  Villas,  Lm- 
gares,  Vortaler^as,  e  Caftellos  delle  em  particular. 
O  2.  trata  largamente  a  Conquijla  delle,  co- 
mo foy  ganhado  aos  mouros  pelos  Chrijlãos, 
e  reflituido  à  Fé  do  Senhor.  O  3.  relata 
a  maneira  como  efle  Keyno  veyo  em  poder  dos 
Reys  de  Portugal,  e  da  alteração,  que  por 
fua  cau:(a  fe  fe:^  no  efcudo,  e  armas  reaes.  4. 
dà  noticia  de  muitas  particularidades  da  terra, 
e  cuflumes  da  gente  dejle  Keyno  do  Algar- 
ve,  que  fô  nelle  faÕ  achados  M.    S.   4.     Foy 


BIB  LIO  THE  Ca 


efcrita  efta  obra  no  anno  de  1577.  da  qual 
fe  conferva  huma  copia  em  a  feleótílTima 
Livraria  dos  Padres  Theatinos  defta  Corte 
onde  a  vimos. 

Familia  dos  Aboins  hiftoriada.   M.   S.   foi. 

Procejfo,  e  verdadeira  relação  do  que  pajfou 
acerca  das  precedências  da  Ordem  dos  Herimitas 
do  gloriofo  N.  P.  e  Do£tor  da  Igreja  S.  Agof- 
tinho, e  do  gloriofo  Padre  S.  Domingos  nefla 
Cidade  de  Usboa,  Évora  e  Santarém  do  Key- 
no de  Portugal  em  cumprimento  do  Motu,  e  Conf- 
tituiçaÕ  do  Papa  Gregório  XIII.  pajfou  em  favor 
dos  Ordinários  contra  Kegulares  o  anno  de  1575. 
feito  por  ho  Padre  loham  de  SaÕ  Jo^é  fubprior 
do  Convento  de  Lisboa  em  cujo  tempo  fe  ijlo  co- 
meçou, e  moveo.  M.  S.  foi.  Eftas  duas  obras 
fe  confervaõ  na  Livraria  do  Convento  da 
Graça  de  Lisboa. 


Fr.  lOAÕ  lOZÉ  DO  PRADO  natu- 
ral de  Lisboa,  e  filho  de  loaõ  do  Prado 
Ribeiro,  e  D.  Maria  Faya.  Foy  admitido 
ao  penitente  habito  da  Seráfica  Provinda 
da  Arrábida  em  o  Convento  de  Alferrara 
onde  profeíTou  folemnemente  a  19  de  Março 
de  1706.  Aplicou-fe  ao  eíhido  das  Cerimo- 
nias Ecclefiaílicas  em  que  fahio  taõ  perito, 
que  foy  eleyto  Meftre  delias  em  o  Real  Con- 
vento de  Santo  António  de  Mafra  fundado 
pela  magnifica  piedade  delRey  D.  loaõ  o  V. 
Publicou. 

hiflrucçaõ  Ecclefiajlica,  ou  modo  praãico  Ceri- 
monias da  Mijfa  regada,  como  cantada  com  refle- 
xoens  Myflicas,  e  moraes  naõ  menos  deleitáveis, 
que  úteis,  Lisboa  por  António  de  Souza 
da  Sylva.  1755.  4. 

Semana  Santa  regulada  com  o  u:^o  da 
Santa  Iff^eja  Komana,  e  praãica  dos  Efcri- 
tores  modernos,  e  illuflrada  com  varias  refle- 
xoens  moraes,  e  myflicas.  Lisboa  pelo  dito 
ImprefTor.  1737.  4. 

Fr.  lOAÕ  lOZÉ  DE  SANTA  THE- 
REZA  chamado  no  feculo  loaõ  de  No- 
ronha Freyre  naceo  em  Lisboa  no  an- 
no de  1658.  fendo  filho  de  Francifco 
de  Noronha  Capitão  dos  Malthezes,  Ef- 
crivaõ    dos    feus    priviligiados,    e    Thezou- 


I 


L  USITANA. 


óyj 


reiro  da  mefma  Religião,  e  de  D.  Anna 
Maria  de  Figueiredo.  No  GDllegio  pátrio 
de  Santo  Antaõ  eíhidou  letras  humanas, 
e  Filofofia  correfpondendo  o  progreíTo,  que 
fez  em  ambas  eílas  aplicaçoens  à  viveza 
do  feu  engenho,  e  felicidade  da  fua  me- 
moria. Para  alcançar  difpenfa  de  contrahir 
matrimonio  com  huma  fua  parenta  paíTou  a 
Roma  no  anno  de  1678.  onde  movido  de 
fuperior  impulfo  preferio  o  eftado  religio- 
fo  ao  conjugal  recebendo  o  habito  de  Car- 
melita Defcalfo  em  o  Convento  de  San- 
ta Maria  da  Efcada  a  2  de  Fevereiro  de 
1680.  quando  contava  vinte,  e  dous  annos 
de  idade.  Feita  a  profiíTaõ  folemne  fe 
aplicou  novamente  ao  eftudo  da  Filofofia, 
e  frequentou  o  da  Theologia  em  cujas  fa- 
culdades fahio  profundamente  perito  aíTim 
como  era  nas  linguas  Latina,  e  Italiana, 
que  fallou  como  a  materna.  Voltando 
à  pátria  no  anno  de  1698.  fe  reílituhio 
brevemente  a  Roma  onde  ainda  vivia  no 
anno  de  1735.  com  o  lugar  de  Theologo 
delRey  da  Graá  Bretanha.  Fazem  delle  me- 
moria Fr.  Martial.  à  D.  loan.  Baptiít.  Bih. 
Script.  Carmel.  Excalc.  p.  256.  e  lozeph 
Catalani  ViL  Ven.  P.  Barthol.  do  Quental. 
pag.  129.  Compoz. 

Fine^Z^  di  Giefu  Sacramentato  verfo  Vhuomo, 
e  ingratitudine  dei  huomo  verfo  Giefu  Sacramen- 
tato. Florenza  per  Giou:  Francefco  Bar- 
betti.  1690.  8.  Milano  per  Ludovico  Sciroli. 
1695.  8.  e  outras  vezes  reimpreíTo.  Sahio 
efta  obra  traduzida  em  Portuguez  pela  Ma- 
dre Soror  Francifca  lozepha  de  Noronha 
religiofa  Dominica  no  Convento  de  NoíTa 
Senhora  da  Roza  de  Lisboa  irmãa  do  Au- 
thor.  Lisboa  por  António  Pedrozo  Galraõ. 
1722.  8.  da  qual  fe  faz  mençaõ  em  feu  lu- 
gar. 

Iftoria  delle  guerre  dei  Regno  dei  Brafile 
accadute  tra  la  Corona  di  Portogallo,  e  la 
Republica  di  Olanda  Parte  prima.  Roma, 
nella  Stamparia  degl'  heredi  dei  Corbelleti. 
1698.  foi. 

Parte  feconda.  Roma.  Na  mefma  Im- 
preflaõ,  e  anno.  foi. 

He  efcrita  com  elegante  eílilo,  excel- 
lentemente  impreíTa  naõ  fomente  pelo 
carafter,    como    pelas    muitas    eftampas  pri- 


morofamente  abertas  de  que  eftá  toda  ornada 
para  cuja  ediçaõ  mandou  ElRey  D.  Pedro  11, 
finco  mil  cruzados.  Deíla  obra  fazem  men- 
çaõ o  moderno  addicionador  da  Bib.  Occid, 
de  António  de  Leaõ  Tom.  2.  Tit.  12.  coL 
682.  e  Gemeli  Giro  dei  Mondo  liv.  3.  cap.  18. 
foi.  518.  Traduzio  de  Portuguez  em  Ita- 
liano. 

Meditaçoens  da  Sacratijfima  PajxaÕ,  e  morte 
de  Chrijlo  Senhor  nojfo  compojlas  pelo  V.  Padre- 
Bartholameu  do  Quental  da  Congregação  do  Ora- 
tório.  Roma  por  RoíTati,  &  Borgiani.  1733.  8. 

Chronica  da  prodigiofa  Vida  de  Maria  San- 
tijfima  Senhora  Nojfa  i.  e  z.  Parte.  M.  S.  foi. 
Conferva-fe  huma  copia  na  Bibliotheca  Ma- 
riana dos  Padres  da  Congregação  do  Ora- 
tório deíla  Cidade,  e  he  volume  de  fumma. 
grandeza. 

lOAÕ  LAMIRANTE  natural  de  Lis- 
boa filho  de  Pedro  Lamirante,  e  D.  loanna 
do  Rego.  Sendo  de  quatorze  annos  rece- 
beo  a  roupeta  da  Companhia  de  lESUS  em 
o  Noviciado  da  fua  pátria  a  18  de  Dezem- 
bro de  1642.  donde  inílruido  com  as  letras 
humanas,  e  Filofofia  fahio  paíTando  ao  eílado 
conjugal  em  Coimbra.    Compoz. 

O  Cavalleiro  folitario.  Difcurfos  Chrono- 
logicos,  e  hifloricos  para  def engano  do  jui^o  hu- 
mano, e  defengano  da  verdade.  M.  S.  4.  Con- 
tinha as  quatro  idades  do  homem  com  refle- 
xoens  eruditas.  Ellava  prompto  com  todas 
as  Ucenças  para  a  impreíTaõ,  e  fe  confervava 
em  poder  do  Doutor  Belchior  do  Rego  de 
Andrade  Fidalgo  da  Caza  de  S.  Mageíla- 
de,  Cavalleiro  da  Ordem  de  Chriílo,  Alcayde 
mòr  de  Aldeã  Gallega  da  Merdana,  e  De- 
zembargador  do  Paço  fobrinho  pela  parte 
materna  do  Author. 

D.  lOAÕ  DE  LANCASTRE  pri- 
meiro Duque  de  Aveiro,  Marquez  de 
Torres  Novas  filho  primogénito  do  Se- 
nhor D.  lorge  Duque  de  Coimbra  Mef- 
tre  das  Ordens  militares  de  S.  Tiago,  e  S. 
Bento  de  Aviz,  e  da  Duqueza  D.  Bea- 
triz de  Vilhena  filha  do  Senhor  D.  Álvaro 
irmaõ  de  D.  Fernando  HL  Duque  de 
Bragança,   e  de  D.   Filippa  de  Mello  Con- 


678 

deíTa  de  Olivença.  De  taõ  auguílo  tronco 
fahio  efte  heróico  fruto  em  o  anno  de  1501. 
para  exemplar  de  virtudes  politicas,  e  mo- 
racs  com  que  ornou  o  feu  efpirito,  e  cano- 
nizou a  fua  memoria.  O  mayor  argumento 
que  deu  da  fua  generofa  profufaõ  foy  a 
magnifica  pompa  com  que  no  anno  de  1552. 
conduzio  de  Caftella  a  efte  Reyno  a  Prin- 
ceza  D.  loanna  de  Auftria  filha  do  Cefar 
Auftriaco  Carlos  V.  para  fer  conforte  de  feu 
Primo  o  Príncipe  D.  loaõ  compondofe  a 
fua  Comitiva  de  feus  dous  Irmãos  D.  Luiz, 
e  D.  Affonfo  de  Lancaftre,  Commenda- 
dor  o  I.  da  Ordem  de  Aviz,  e  o  2.  da  Or- 
dem de  Saõ  Tiago,  vinte  Fidalgos  feus  pa- 
rentes, feiscentos,  e  fincoenta  criados  mon- 
tados em  foberbos  brutos,  e  veftidos  de 
preciofas  galas  precedidos  de  armonicos  cla- 
rins, e  atabales  que  igualmente  enchiaõ 
os  ares,  e  os  coraçoens  de  exceíTivo  jubilo. 
Superior  à  profufaõ  do  feu  animo  fe  admi- 
rou a  piedade  do  feu  Coração  a  qual  dei- 
xou eternizada  em  dous  Conventos  fun- 
dado hum  na  Serra  da  Arrábida,  e  outro 
no  lugar  de  Liteiros  diftante  meya  legoa 
da  Villa  de  Torres  Novas  para  habitação 
dos  Religiofos  Arrabidos  de  quem  foy  uni- 
verfal  Padroeiro.  Era  naturalmente  com- 
paflivo  naõ  permitindo  que  algum  pobre 
fe  apartaífe  da  fua  prezença  fem  remédio. 
Para  os  criados  foy  benéfico,  e  benigno 
experimentando  nelle  mais  a  clemência  de 
Pay,  que  a  foberania  de  Amo.  Com  o  mais 
puro  afedo  venerou  a  Maria  Santiffima 
dedicando-lhe  quotidianamente  diverfas  ora- 
çoens  fieis  interpretes  da  fua  ardente  devoção. 
Na  ultima  enfermidade  refignado  em  o  divi- 
no beneplácito  fe  preparou  com  todos  os 
Sacramentos  para  a  morte  que  o  transferio 
para  a  eterna  felicidade  a  22  de  Agofto  de 
1571.  laz  fepultado  em  a  Capella  mòr  do 
Convento  de  S.  Domingos  da  Cidade  de  Coim- 
bra para  cuja  fabrica  concorreo  liberalmente 
deixando  para  eterna  recomendação  da  fua 
generofa  piedade  ao  Prior  do  Convento 
por  Adminiftrador  dos  feguintes  legados: 
cem  mil  reis  de  efmola  para  três  MiíTas  quo- 
tidianas perpetuas,  fete  partidos  de  doze 
mil  reis  cada  hum  para  eftudarem  fete  clé- 
rigos   pobres,    e    treze    dotes    de    treze    mil 


BIBLIO  TH E  CA 


reis  cada  hum  para  cazamento  de  treze  Or- 
fans.  Foy  cazado  com  D.  luliana  de  Lara 
filha  de  D.  Pedro  de  Menezes  III.  Marquez 
de  Villa  real,  e  de  D.  Brites  de  Lara  fua 
Prima  com  Irmaã  de  quem  teve  a  D.  Jor- 
ge de  Lancaftre  II.  do  nome,  e  II.  Duque 
de  Aveiro  que  infelismente  facrificou  a 
vida  em  os  campos  de  Alcácer;  a  D.  Pe- 
dro Diniz  de  Lancaftre  Senhor  da  Capi- 
tania do  Porto  feguro  Mordomo  mòr  del- 
Rey  D.  Sebaftiaõ,  c  feu  Embaxador  a  Caf- 
tella que  cazando  com  D.  Filippa  da  Sylva 
fua  fobrinha  herdeira  da  Caza  de  Portale- 
gre filha  de  D.  loaõ  da  Sylva,  c  D.  Mar- 
garida da  Sylva  fua  fegunda  mulher,  e  Tia, 
viveo  pouco  tempo  deixando  huma  filha 
chamada  D.  luliana  da  Sylva  que  breve- 
mente acompanhou  na  morte  a  feu  Pay 
D.  Pedro  Diniz  de  Lancaftre.  Fazem  ho- 
norifica memoria  de  D.  loaõ  de  Lancaf- 
tre Gonzaga  de  Orig.  Seraph.  Re/ig.  pag. 
mihi  1123.  intitulandoo  inclytum  Heroem.  Tel- 
lez  Chron.  da  Comp.  de  lefus  da  Prov.  de  Por- 
tug.  Part.  I.  liv.  1.  cap.  26.  n.  6.  Imhof.  Stem. 
Reg.  iMfit.  p.  46.  e  50.  Souza  Hifi.  de  S.  Do- 
mingos da  Prov.  de  Portug.  Part.  i,  liv.  3. 
cap.  9.  Fr.  Ant,  da  Pied.  Chron.  da  Prov. 
da  Arrah.  Part.  i.  liv.  i.  cap.  14.  Sou- 
za Hift.  Geneal.  da  Ca^-  Real  Portug.  Tom. 
II.  liv.  II.  cap.  2.  Traduzio  da  lingua 
Italiana  de  TuUio  Crifpoldo  Realino  em 
a  Latina  em  cujo  idioma  foy  profundamente 
verfado. 

Paixão  de  Chrijlo  tirada  dos  quatro  Evan- 
gelijlas.    Lisboa  por  Luiz  Rodrigues  1542.  4. 

Paliando  defla  tradução  Xifto  Sencn- 
fe  Bib.  Sana.  lib.  4.  ad  finem  diz  que  o 
tradutor  Stylum,  ^  mentem  Authoris  Jeliàter 
affecutus. 

Carta  à  Rainha  D.  Catherina  no  tempo 
da  Jua  Regência  a  cerca  do  Duque  de  Bragança 
D.  Theodoí(io  pedir  a  S.  A.  o  titulo  de  Duque 
para  feu  filho. 

Começa. 

Dir(Je  por  efia  terra  que  o  Duque  de 
Bragança  requere  &c.  Confta  de  15  lau- 
das de  folha,  e  nella  perfuade  à  Rainha 
que  o  mefmo  titulo  fe  dé  a  feu  filho  primo- 
génito o  Marquez  de  Torres  Novas. 


L  USITAN A. 


Ó79 


lOAÕ  DE  LEY  naceo  em  Villa  do 
Conde  em  a  Provinda  da  Beyra  de  Pays 
Irlandezes  que  fugitivos  da  fua  pátria  por 
cau2a  da  abominável  apoíla2Ía  de  Ingla- 
terra bufcaraõ  por  azilo  a  eíle  Reyno.  Ef- 
tudou  em  Salamanca,  e  outras  Univeríi- 
dades  de  Efpanha  as  fciencias  feveras  em 
que  fahio  eminente  por  fer  dotado  de  gran- 
de comprehenfaõ,  e  profundo  talento.  Naõ 
foiaõ  menos  os  progreíTos  que  fez  o  feu 
eíhido  na  intelligencia  da  Sagrada  Efcri- 
tura,  e  Liçaõ  dos  Santos  Padres.  Foy  muito 
eftimado  do  IlluílriíTimo  Arcebifpo  Primas 
D.  Fr.  Aleixo  de  Menezes  em  cuja  Caza 
afliítio  algum  tempo.  Pela  fua  grande  mo- 
deftia,  e  conhecida  fabidoria  foy  Prior  da 
Igreja  de  Santa  Maria  da  Varge  em  a  Vil- 
la de  Alanquer  donde  paíTou  a  Abbade  de 
S.  Pedro  de  Ruviaens  em  o  Confelho  de 
Coura  da  Província  de  Entre  Douro,  e  Minho. 
Compoz. 

Alivio  de  Trabajos,  y  tbeforo  de  afli- 
ffdos,  j  frutos  de  Jus  males  i.  e  2.  Parte. 
foi.  Eíla  obra  dedicada  ao  IlluílriíTimo 
Arcebifpo  de  Lisboa  Aiíonfo  Furtado  de 
Mendoça  he  diílribuida  em  duas  Déca- 
das, e  eílà  efcrita  com  elegância.  O  ori- 
ginal fe  conferva  na  Bib.  do  Excellen- 
tííTimo  Duque  de  Lafoens  que  foy  do  Emmi- 
nentiíTimo  Cardial  de  Souza. 

Camino  de  bailar  a  Chrifio  glorio/o.  EJ 
Jugeto  S.  Maria  hiagdalena  ai  Sepulchro  dei 
Kedemptor.  Dividi/e  en  foliloquios,  e  confidera- 
ciones  ai  alma.  foi.  M.  S. 

Traduzio  de  Portuguez  em  Caílelhano 
acrecentando  diverfas  noticias. 

Hijioria  Oriental  de  los  Cbrifiianos  lla- 
mados  vulgarmente  de  Santo  Tbome  mora- 
dores en  las  grandes  Jterras  dei  Aia  lavar; 
de  fu  admirable  reducion  a  la  pureza  de 
la  Fé  Catholica,  y  obediência  de  la  Santa 
Iglejia  Komana  de  que  avia  más  de  mil  an- 
nos  ejlavan  apartados  que  bi:(p  mediante  Dios 
el  Arcebifpo  de  Goa  D.  Fray  Alexo  de 
Menet^es  Primado  de  las  índias  Orientales, 
y  Governador,  y  Viforey  delias,  Keligiofo  de 
la  Orden  de  San  Auguflin,  y  ai  premente 
Arcebifpo,  y  Senor  de  Braga,  Primado  de 
las  Ffpanas  Virey  de  Portugal  (&c.  com- 
puefia  por  Fr.   António  de   Gotwea   Obispo  de 


Cirene.  O  original  com  todas  as  Ucenças 
dadas  para  fe  imprimir  no  armo  de  1602. 
fe  conferva  na  Livraria  do  Excellentiífi- 
mo  Marquez  de  Valença  onde  o  vimos. 

Tratado  em  que  dava  meyos  conducentes  para 
augmento  da  F entenda  real.  M.  S. 


Fr.  lOAÕ  DE  LISBOA  natural  da 
Qdade  que  tomou  por  apeUido,  Mon- 
ge Ciftercienfe  cujo  iníUtuto  profeíTou 
no  Real  Convento  de  Alcobaça.  Por 
ordem  de  D.  lorge  de  Mello  Commenda- 
tario  do  mefmo  Convento  traduzio  da 
Hngua  latina  em  a  materna  no  anno  de 
15 10. 

Ri?grí7  de  S.  Bento,  e  Carta  da  Cbaridade^ 
Declaraçoens  do  Papa  Clemente  IV. 
Fundação  da  Ordem  de  Chrijlo. 
Eflatutos  da  Ordem  de  Calatrava. 
Fundação  do  Convento  de  Odivellas. 

Todas  eílas  obras  efcritas  em  hum  To- 
mo de  folha  fe  confervaõ  M.  S.  na  Bi- 
bliotheca    do    Real   Convento    de    Alcobaça^ 


lOAÕ  LOPES.    Vejafe  o  P.  lOAÕ  DA 
MADRE   DE   DEOS. 


lOAÕ  LOPES  CORRÊA  natural 
da  Villa  de  Coruche  íituada  em  a  Pro- 
vinda do  Alentejo  Cirurgião  do  Hofpi- 
tal  Real  de  todos  os  Santos  deíla  Corte 
onde  foy  Meílre  muitos  annos  com  igual 
fama  do  feu  nome,  que  grande  emolu- 
mento dos  feus  difcipulos.  Querendo  inf- 
truir  na  Arte  Chirurgica  ainda  aquelles 
que  naõ  eraõ  ouvintes  da  fua  doutrina,, 
efcreveo. 

Caflello  forte  contra  todas  as  infirmidades 
que  perfeguem  o  corpo  humano,  e  thet(puro  univer- 
f ai  aonde  fe  acharão  os  remédios  para  elles,  no  qual 
fe  veraÕ  as  definiçoens,  caudas,  finaes,  prognofli- 
cos,  curas,  e  todos  os  Symptomas  de  qualquer 
injirmidade  Chirurgica.  Lisboa  na  Oííicina. 
da  Muíica  1723.  foi. 

Tomo  fegtmdo.  Lisboa  por  Pedro  Ferreira. 
1726.  foi. 


68o 


BIB  LIOTHECA 


lOAÕ  LOPES  DE  LEAÕ  natural  de 
Lisboa  profeflbr  da  lurifprudencia.  Canó- 
nica, e  Qvil  nas  quais  recebeo  o  gráo  de 
Doutor,  e  celebre  Advogado  de  Caufas  Fo- 
renfes  na  Cúria  Romana  onde  aíTiíUa  em  o 
anno  de  1721.  Para  claro  argumento  da 
profunda  fciencia,  que  tinha  de  hum,  e  outro 
Direito  publicou. 

De  Qtiindenniis  traãatus  novtds  in  quo  agi- 
tur  de  Quindenniis ,  qua  loco  Laudemiorum  fin- 
gulis  quindecim  annis  dehentur  Dominis  direãis 
à  tnanihm  mortuis,  feu  Ecclejiis  ex  Bonis  Em- 
phyteutícis  in  eajdem  translatis  ad  inflar  Quin- 
denniorum,  qua  loco  Annatorum  Jingulis  quin- 
decim annis  dehentur  Camera,  feu  Cancel- 
Jaria  Apojlolica  à  manibus  mortuis,  feu  Ec- 
u:lejiis  ex  Beneficiis  eisdem  unitis.  Romãs  ex 
Typographia  Rochi  Barnabò.   1721.  foi. 


lOAÕ  LOPES  DE  OLIVEYRA  na- 
tural da  Cidade  de  Évora,  e  muito  perito 
nos  preceitos  da  Arte  Poética,  que  cultivou 
-com  felicidade  fendo  mais  plaufivel  o  feu 
talento  na  Poezia  Cómica  em  que  compoz 
muitas  obras,  que  fe  reprezentaraõ  com  geral 
aceitação  dos  Expeâadores,  das  quais  foraõ 
íis  principaes. 

Achilles,  e  Theíis.  Reprezentada  no  anno 
<le  1578.  em  a  Noute  de  Natal. 

O  Pródigo.  Confiava  de  verfo,  e  proza, 
e  comprehendia  75  folhas  a  qual  foy  apro- 
vada pela  Inquiíiçaõ  de  Évora  a  25  de  Agofto 
■de  1590. 

Autto  da  AJfumpçaÕ  de  Nojfa  Senhora. 
Defte  faz  memoria  o  Padre  Fonceca  Bvor. 
Glorio/,  pag.  412. 


lOAÕ  LOPEZ  RAPOSO  DA  CASTA- 
NHEDA natural  da  Villa  de  Torres  Novas 
filho  de  Manoel  lorge  Rapozo,  e  Domingas 
"Rodriguez,  e  irmaõ  de  Fr.  Manoel  da  Refur- 
reiçaõ  Agoftinho  Defcalfo,  Procurador  Ge- 
ral da  fua  Congregação  em  a  Cúria  Romana, 
■c  de  Luiz  de  Caílanheda  Rapozo  Frcyre 
<ia  Ordem  militar  de  S.  Tiago  dos  quais 
fc  fará  mençaõ  em  feus  lugares.  Depois 
de  eíhadar  a  lurifprudencia  Cefarea  na  Uni- 


verfidade  de  Coimbra  paflbu  a  fervir  os 
lugares,  que  lhe  prometiaõ  a  fua  profun- 
da fciencia  unida  com  grande  defintereíTe, 
como  foraõ  luiz  de  fora  de  Sylves,  c  da  G- 
dade  de  Pinhel  donde  foy  provido  em  a 
Correição  de  Évora.  Fallecco  na  fua  pá- 
tria a  9  de  Abril  de  1703.  Foy  muito  apli- 
cado a  liçaõ  da  Hiftoria  fecular,  e  de  Ge- 
nealogia em  que  o  feu  fecundo  engenho 
produzio  os  feguintes  frutos. 

Familia  dos  Alancajlros  de  Aveiro,  e  das 
Famílias  com  que  aparentarão,  e  outras  de  Torres 
Novas.  foi.  M.  S. 

Relação  do  defcubrimento  dos  Santos  da  Ci- 
dade de  Concórdia.  Dedicada  ao  Duque  de  Aveiro; 
da  qual  faz  mençaõ  o  Licenciado  lorge  Car- 
dozo  Agiol.  'Lujit.  Tom.  3.  pag.  763.  no 
Commentar.  de  20  de  lunho  letr.  A. 

Relação  da  chegada  a  Lisboa  do  corpo  do 
admirável  varaÕ  invião  Cavalleiro  de  Chrijlo, 
Heroe  f amo/o,  e  acérrimo  defenfor  da  Fé,  e  gene- 
rofo  Capitão  do  Oriente  o  Senhor  André  Furtado 
de    Mendoça    Governador   da    índia.    4.    M.    S. 

Vida,  y  muerte  dei  Senor  Obifpo  de  Otranto 
D.  Fr.  Diego  Lopes  de  Andrade  Lujitano  de 
la  Orden  de  S.  Augujlin.  4.  M.  S.  Confta  de 
II.  Capítulos.  Eílas  duas  obras  fe  confer- 
vaõ  na  Livraria  do  Convento  da  Graça  de 
Lisboa  dos  Erimitas  de  Santo  Agoftinho 
onde  as  vimos. 

O  moderno  addicionador  da  Bib.   Occid. 
de  António  de  Leaõ  Tom.  2.  Tit.  25.  col. 
841.  o  faz  author  da  vida  do  V.  Gregório 
Lopes  porem  enganou-fe  pois  (como  afirma 
Pedro  Lobo  Corrêa  em  o  Prologo  da  vida,  » 
q  compoz  defte  fervo  de  Dcos  impreíTa  cm  | 
Lisboa    por   Domingos    Carneiro    1675.    8.)  f 
fendo  Miniítro  tirou  quatro  teftcmunhas  au- 
thenticas,  que  depoferaõ  fer  o  V.  Gregório 
Lopes   natural  da  Villa   de   Linhares   em  a 
Província  da  Beyra,  e  naõ  de  Madrid  como 
efcreveraõ  algumas  pennas  Caftelhanas. 


lOAÕ  LOURENÇO  Secretario  do 
Illuftriílimo  Arccbifpo  do  Funchal  Pri- 
maz do  Oriente  D.  Martinho  de  Portu- 
gal Primo,  c  Embaxador  na  Cúria  Ro- 
mana  delRey  D.   loaõ   o   IIL     Pela   inno- 


L  U  SITAN  A  . 


68 1 


cenda  da  vida,  e  capacidade  do  talento  me- 
receo  particulares  eftimaçoens  daquelle  grande 
Prelado.    Q)mpo2. 

Regimento  para  os  Officiaes  de  buma 
Cas^a  poderem  bem  fervir  Jeus  cargos,  foi. 
M.  S.  He  volume  grande,  e  fe  conferva 
na  Livraria  do  Excellentiflimo  Duque  de 
Lafoens,  que  foy  do  EmminentiíTinio  Cardial 
de  Souza. 

P.  lOAÕ  DE  LUCENA.  Naceo  em 
a  Villa  de  Trancofo  do  Bifpado  de  Vizeu,  e 
teve  por  Pays  ao  Licenciado  Manoel  de 
Lucena  Ouvidor  de  Barcellos  criado  dos 
Sereniflimos  Duques  de  Bragança  D.  Theo- 
dozio  primeiro,  e  D.  loaõ  o  primeiro,  e  a 
Izabel  Nogueira  Sarayva  de  igual  nobreza 
à  de  feu  Conforte,  e  por  irmaõ  a  Affonfo 
de  Lucena  Commendador  de  S.  Tiago  de 
Coelhofo,  Alcayde  mòr  de  Portel,  e  Évora 
Monte,  e  Secretario  da  Seremífima  Senhora 
D.  Catherina  Duqueza  de  Bragança,  do 
qual  fe  fez  mais  larga  memoria  em  feu  lu- 
gar. Em  a  tenra  idade  de  quinze  annos  fe  aUf- 
tou  na  Companhia  de  lESUS  em  o  Novi- 
ciado de  Coimbra  a  14  de  Março  de  1565. 
onde  eíludadas  as  letras  humanas,  e  fcien- 
cias  feveras  em  que  fe  diílinguio  pela  deli- 
cadeza do  juízo  de  todos  os  feus  condif- 
cipulos,  diâou  Filofofia  em  a  Univerfida- 
de  de  Évora  com  aplauzo,  fendo  mayor  o 
que  conciliou  em  o  púlpito  por  fer  ornado 
de  todas  as  partes  conílitutivas  de  hum  con- 
fumado  Orador  EvangeUco  cujo  minifterio 
exercitou  pelo  largo  efpaço  de  vinte  annos 
fervindolhe  de  theatros  os  mayores  Tem- 
plos, e  de  auditório  as  peíToas  mais  eruditas, 
que  fuavemente  atrahidas  da  fua  natural 
eloquência,  e  apoílolica  eficácia  romperão 
em  vozes  pedindo-lhe  continuaíTe  o  Sermaõ 
quando  lhes  parecia  o  acabava.  Obfervou 
com  fumma  exaçaõ  todos  os  preceitos  do 
feu  Inílituto  fendo  benéfico  para  os  ingratos, 
charitativo  paia  os  pobres,  confiante  nas 
adverfidades,  continuo  na  Oraçaõ,  prompto 
na  obediência,  panegiriíla  das  açoens  alheas, 
e  defprezador  das  próprias.  Todos  os  dias 
fe  preparava  com  a  confiííaõ  íacramental 
para  celebrar  o  incruento  facrificio  da  Mif- 
fa  onde  derramava  grande  copia  de  lagri- 


mas fervorofas  teliemimhas  do  incêndio, 
que  lhe  abrazava  o  peito.  Provada  a  fua 
heróica  tolerância  com  huma  dilatada  en- 
fermidade fe  alegrou  exceíTivamente  com 
a  noticia  de  ter  chegado  o  termo  da  fua 
peregrinação,  e  recebidos  os  Sacramentos 
com  efpiritual  ternura  efpirou  pladdamente 
em  a  Caza  de  S.  Roque  a  2  de  Outubro  de 
1600.  quando  contava  52  annos  de  idade, 
e  57  de  Religião.  He  celebrado  o  feu  nome 
pelas  pennas  de  graviflimos  Efcritores.  Ma- 
noel de  Faria,  e  Souza  Inform.  fobre  a 
Cenf.  ãs  hufiad.  de  Camoens.  pag.  119. 
n.  28.  doãijjímo,  e  elegantijjimo  Theologo 
Cbriftiano;  e  pag.  126.  n.  40.  Gran  £/"- 
critor.  e  no  Tom.  i.  da  Afia  Vortug.  nas 
Advert.  'Escritor  benemérito  de  toda  eftima 
por  el  jtá^o  con  que  trata  las  cofas,  y  por  la 
elegância,  j  por  el  difcurfo.  Telles  Cbron. 
da  Comp.  de  Jef.  da  Prov.  de  Fortug.  Part. 
I.  liv.  2.  cap.  I.  n.  7.  infigne  Hifioriador. 
D.  Franc.  Man.  Cart.  dos  AA.  Portug. 
efcrita  ao  Doutor  Themudo  Apofiolico  Pre- 
gador. Nadafi  Annus  Dier.  Mem.  S.  J. 
Part.  2.  pag.  199.  col.  2.  patientia,  piis  la- 
crymis,  <&  in  omnes  charitate  Jpeãabilis. 
Fonceca  "Evor.  Glorio/,  pag.  433.  infigne 
Orador  do  feu  tempo.  Bib.  Societ.  pag.  470. 
col.  2.  vir  fuit  omnibus  omatus  virtutibus. 
Joan.  Soar.  de  Brito  Theatr.  Ljifit.  JJtter. 
lit.  I.  n.  47.  Utterarum  humaniorum,  ac 
Philofophia  laudatijfímus  Praceptor  fuit,  fed 
lufitana  eloquentia,  arte  que  concionatoria  longe 
clarijfimus.  Ant.  de  Leaõ  Bib.  Orient.  Tit.  8. 
Abreu  Vida  de  S.  Quitéria  cap.  8.  grave, 
e  douto  Padre;  e  180.  grave  Ef critor.  Ni- 
col.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  552. 
col.  I.  Clarus  imprimis  eloquentia,  faculta- 
teque  Oratória.  Franco  Imag.  da  Virtud.  em 
o  Nov.  de  Coimb.  Tom.  i.  liv.  3.  cap.  85. 
Ainda  que  o  feu  engenho  para  tudo  era  ca- 
bal com  tudo  no  talento,  e  prendas  para  o 
minifterio  da  pregação  era  raro;  e  no  Ann. 
Gloriof.  S.  J.  in  Eufit.  pag.  567.  Fulfit  pra- 
clarijjimo  ingenio  ad  magifteria,  &  dotibus 
pracellentibus  ad  Sacra  pulpita.  Compoz 
com  eftilo  claro,  elegante,  e  puro  pelo 
qual  he  numerado  entre  os  mais  celebres 
Hiftoriadores  defte  Reyno  por  António  de 
Macedo  Flor.  de  Efpan.   cap.   22.   Excel.   6. 


682 


BIBLIO THE  CA 


loaõ  Pinto  Ribeiro  Kelac.  i.  n.  83.  e  o  grande 
antiquário  Manoel  Severim  de  Faria  Difc. 
Var.  foi.  81.  v.o 

Hijloria  da  Vida  do  P.  Francifco  de  Xavier, 
e  do  que  fit(eraÕ  na  índia  os  mais  religiojos  da 
Companhia  de  lESUS.  Lisboa  por  Pedro 
Craesbeeck.  1600.  foi.  Foy  traduzida  na 
lingua  Italiana  pelo  P.  LuÍ2  Manfonio.  Ro- 
ma por  Zanneti  161 3.  4.  e  em  Caílelhano 
pelo  P.  Affonfo  do  Sandoval  ambos  da  Q)m- 
panhia  de  lESUS.  Sevilla  por  Francifco  de 
Lyra.  1619.  4.  e  em  Latim  como  efcreve  Ma- 
noel Severim  de  Faria  no  lugar  aíTima  citado. 

Commentaria  in  MathauM.  M.  S.  foi.  Defta 
obra  que  deixou  imperfeita  fe  lembra  Fon- 
ccca  Evor.  GlorioJ.  p.  433.  e  Franco  Imag. 
da  Virfud.  do  Nov.  de  Coimb.  p.  785. 

Fr.  lOAÕ  DA  LUZ  naceo  para  o  Mun- 
do em  a  Villa  de  Aveiro  do  Bifpado  de 
Coimbra  a  28  de  Dezembro  de  1662.  e  re- 
naceo  para  Deos  recebendo  a  cogulla  Mo- 
nachal  do  Patriarcha  S.  Bento  no  Convento 
de  Lisboa  a  30  de  Abril  de  1679.  onde  foy 
Abbade  do  CoUegio  da  Eílrella,  e  do  Con- 
vento de  Santarém.  PaíTou  a  Roma  por  Pro- 
curador da  Provinda  do  Brazil,  e  voltando 
ao  Reyno  falleceo  piamente  no  Convento 
de  Santarém  a  16  de  Setembro  de  171 7. 

Compoz 

Exc/amaçoens  E/pirifuaes.  4.  M.  S.  Con- 
fervafe  na  Livraria  do  Convento  de  San- 
tarém. 

.:  Fr.  lOAÕ  MADEIRA  natural  da  Q- 
dade  de  Elvas  em  a  Provinda  Tranftaga- 
na,  e  alumno  da  Illuílriflima  Ordem  dos 
Pregadores  onde  illuftrou  o  juizo  com  as 
letras,  e  ornou  o  efpirito  com  as  virtudes. 
Penetrado  exceíTivamente  com  a  violenta 
intrufaõ  de  Filippe  Prudente  neíla  Coroa 
de  que  foy  fatal  confequenda  paflar  o  do- 
mínio Portuguez  a  Prindpe  eftranho  expli- 
cava repetidamente  o  feu  fenumento  com 
as  palavras  do  Velho  Matathias  efcritas  no  i. 
livro  dos  Macabeos  cap.  2.  Verf.  7.  c  13. 
Va  mibi  ut  quid  natus  Jum  videre  contritio- 
nem   poptdi    mei ....    quò    ergo    nobis    adbuc 


vivere?  Naõ  querendo  teftemunhar  as  cala- 
midades dos  feus  naturaes  fe  embarcou  pa- 
ra á  índia  no  anno  de  1582.  em  compa- 
nhia de  Fr.  Lopo  Cardofo,  e  Fr.  loaõ  dos 
Santos,  e  chegando  a  Goa  paliou  aos 
Reynos  de  Cambaya,  e  Sofala  onde  agre- 
gou infinitas  almas  ao  grémio  da  Igreja,  e 
deftruio  muitos  Pagodes  em  que  era  ado- 
rado o  demónio.  Voltando  a  Goa  fe  exer- 
citou já  decrépito  no  minifterio  de  enfer- 
meiro até  que  chegada  a  hora  de  ferem  pre- 
miadas as  fuás  virtuofas  obras  falleceo  no 
Convento  de  Goa  a  10  de  Abril  de  1605. 
Delle  fazem  honorifica  mençaõ  Cardozo  Agiol. 
hiifit.  Tom.  2.  p.  499.  c  507.  no  Coment. 
de  10  de  Abril.  letr.  F.  Santos  Etiop.  Orient. 
Part.  2.  liv.  2.  cap.  7.  e  liv.  3.  cap.  8.  Fer- 
nand.  Concert.  Prad.  foi.  291.  e  na  Hijl.  Ecdef, 
liv.  2.  cap.  16.  Lopez.  Chron.  da  Ord.  de  S. 
Domingos.  Part.  2.  cap.  40.  e  Souza  Hift.  de 
S.  Domingos  da  Prov.  de  Portug.  Part.  i.  liv.  5. 
cap.  32.    Compoz. 

Compendio  da  Vida  dos  Keys  de  Portugal. 
M.  S.  Eíla  obra  que  o  author  entregou  a 
Garda  de  Mello  feu  particular  amigo,  a 
deu  a  Fr.  Pedro  Caluo  Prior  que  entaõ  era 
do  Convento  de  S.  Domingos  de  Lisboa 
e  do  poder  deíle  veyo  ao  de  Fr.  Henrique 
dos  Santos,  e  ultimamente  no  anno  de  1626. 
a  feu  fobrinho  Fr.  Agoítinho  de  Cordcs 
Lente  de  Prima  de  Theologia  Moral  no 
Collegio  de  N.  Senhora  da  Efcada,  Quali- 
ficador do  S.  Offido  que  morreo  no  Con- 
vento de  Lisboa  a  4  de  Fevereiro  de 
1662.  Tinha  o  referido  Compendio  da  Vida 
dos  R^j  de  Portugal  alguns  motes  glof- 
fados  como  vaticínios  de  futuros  fuceflbs 
prindpalmente  no  fim  da  Vida  delRey  D. 
loaõ  o  I.  eílava  hum  que  prognoíticava  a 
Aclamação  delRey  D.  loaõ  o  IV.  o  qual 
relataõ  Fr.  Manoel  Homem  Kefurreic.  de 
Portug.  cap.  4.  p.  54.  Almeyda  Kejlaur. 
de  Portug.  Part.  i.  cap.  40.  c  António 
de  Souza  de  Macedo  Eujit.  Liberat.  Apend. 
ad  cap.  I.  n.  61.  pag.  739.  a  quem  por 
equivocaçaõ  chama  Francifco  de  Mace- 
do Nicol.  Ant.  Bib.  Hi/p.  Tom.  i.  p. 
557.  col.  2.  de  cujo  engano  foraõ  fequazes 
Echard  Script.  Ord.  Prad.  Tom.  2.  p.  328. 
col.  2.   Fr.  Pedro  Monteiro   Clauftr.  Domin. 


1 


L  US  ITANA. 


683 


Tom. 3.  53  p.    235.  e   Franckenau  Bib,  Hifp. 
GeneaL  Herald,  p.  229. 

lOAÕ  MADEIRA  Cónego  da  Cathe- 
dral  de  Vifeu,  e  Presbítero  de  exemplares 
cuftumes.  Compoz,  e  imprimio  conforme 
efcreve  loaõ  Franco  Barreto  na  Bib.  Portug. 
M.  S. 

Perfeito  Sacerdote. 

Fr.  lOAÕ  DA  MADRE  DE  DEOS 
natural  da  Villa  de  Aldegallega  em  a  Pro- 
víncia Tranílagana.  Na  tenra  idade  de  quin- 
ze annos  fe  refolveo  contra  a  vontade  de 
feus  Pays  Duarte  Rodrigues  Pimentel,  e 
Francifca  Rodrigues  igualmente  opulentos 
que  nobres  abraçar  o  auftero  inftítuto  da 
Seráfica  Província  de  Santa  Maria  da  Ar- 
rábida ao  qual  foy  admitido  em  o  anno 
de  1568.  pelo  Provincial  Fr.  Damiaõ  da 
Torre.  Depois  de  ProfeíTo  começou  a  pra6tí- 
car  com  tal  exaçaõ  as  virtudes  religiofas 
que  fervia  de  exemplar,  e  eílímtdo  a  todos 
os  feus  companheiros.  Para  debilitar  o  cor- 
po, e  fortalecer  o  efpirito  naõ  comeo  car- 
ne, nem  peixe  por  toda  a  vida,  alimentan- 
dofe  taõ  parcamente  das  ervas,  e  legumes 
que  parecia  viver  independente  da  natu- 
reza, lejuava  a  paõ,  e  agua  as  Quarefmas, 
Adventos,  Vefperas  das  Feftividades  de  Maria 
Santíflima,  e  dos  Sagrados  Apoftolos.  Todas 
as  horas,  que  roubava  ao  defcanfo  as  confu- 
mia  pofto  de  joolhos  efcutando  no  filencio  da 
noute  as  fuaves  vozes  com  que  lhe  fallava 
ao  coração  o  feu  Amado.  Sendo  Meftre 
dos  Noviços  os  educava  mais  com  as  açoens 
que  palavras  diílríbuindo  com  fevera  eley- 
çaõ  para  fi  o  rigor,  e  para  elles  a  benevo- 
lência. Exercitou  varias  Guardianias  onde 
o  facrificio  da  obediência  lhe  fazia  tolerá- 
vel a  moleftia  do  governo.  Cheyo  mais 
de  virtudes,  de  que  annos  depois  de  tenta- 
da a  fua  paciência  com  huma  dilatada  infer- 
midade  efperou  a  morte  como  fe  pode  con- 
jeéhirar  da  fua  juílificada  vida  fallecendo 
no  Convento  de  Santarém  a  j.  de  lunho 
de  1625.  quando  contava  72  annos  de  ida- 
de, e  57.  de  religiofo.  Delle  fe  lembra  Nicol. 
Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  p.  566.  col.  2.  Fr. 
loan.   a  D.   Ant.   Bib.   Francifc.   Tom.   2.  p. 


189.  Fr.  lozé  de  lef.  Mar.  Chron.  do  Prov. 
da  Arrabid.  Tom.  2.  liv.  i.  cap.  i.  n.  4.  até  9. 
Compoz. 

Alguns  Tratados  do  Seráfico  Doutor  S. 
Boaventura  em  que  fe  contem  huma  doâri- 
na  mui  proveitosa,  e  neceffaria  a  toda  a  pef- 
foa  principalmente  religiofa  que  quir^er  defar- 
raigar  de  fi  os  vidos,  e  plantar  as  virtudes, 
e  crecer  nellas,  e  darfe  à  OraçaÕ.  E  alem 
dejies  outro  Tratado  para  os  Tementes  de  Deos 
fe  faberem  confejfar,  e  com  purers^a  de  con- 
ciencia,  e  ao  fim  fe  põem  humas  Oraçoens 
muy  devotas  para  antes,  e  depois  da  Sacada 
Comunhão.  Lisboa  por  António  Alvares. 
1602,  8.  O  I.  Tratado  confia  da  compo- 
fiçaõ  dos  cuftumes.  2.  da  reforma  da  Vida.  3. 
do  aproveitamento  do  Eftado  Efpiritual.  4.  Ka- 
milhete  de  exercidos  efpirituaes.  5.  lembran- 
ças para  viver  Chriftamente  6.  Modo  de  fe  confejfar 
com  pureza  de  conciencia. 

Concórdia  Breviarii  Romani  Pii  V.  jujfu 
editi  cum  Breviário  a  D.  Papa  Clemente  VIU. 
recognito.  UlyíTipone  apud  Petrum  Craes- 
beeck.  1604.  4.  Nas  aprovaçoens  eftà  o 
nome  do  Author  que  naõ  tem  em  o  frontif- 
picio. 

Proceffo  da  PayxaÕ  de  Chrifto  Nojfo  Re- 
demptor  com  humas  Aíeditaçoens  mtg  pias, 
e  huma  breve,  e  devota  Expofu^aÕ  dos  fete 
Pfalmos  Penitenciaes.  Lisboa  por  António 
Alvares.  161 7.  8.  Defta  obra  faz  memoria 
lacob.  le  Long.  Bib.  Sacr.  pag.  mihí  797. 
col.  2. 

lOAÕ  DA  MADRE  DE  DEOS  natu- 
ral da  Qdade  de  Braga  filho  de  Pedro  Lo- 
pes, e  Izabel  Diniz.  Antes  de  entrar  na 
Congregação  dos  Cónegos  feculares  do  Evan- 
gelifta  Amado  era  taõ  perito  na  língua  la- 
tina, como  dextro  na  Mufica,  e  excellente 
no  Orgaõ.  Recebido  o  habito  Canónico 
fe  exercitou  em  virtudes  heróicas  princi- 
palmente na  mortificação  com  que  reduzia 
a  Uberdade  dos  fentidos  às  feveras  leys  do 
efpirito  dormindo  na  terra,  comendo  par- 
camente, e  difcipUnandofe  com  rigor  ex- 
ceflivo.  No  miniílerio  de  Meílre  dos  No- 
viços parecia  pela  humildade  fer  delles  dif- 
cipulo.  Tolerou  com  ínfigne  conftancia  a 
malevolencia  de  alguns  emulos  que  conven- 


684 


BIB  LIO  THE  CA 


eco  com  a  apologia  da  fua  juíliíicada  vida. 
O  exceflb  das  penitencias  lhe  abreviarão  os 
feus  annos  fallecendo  abraçado  com  a  ima- 
gem de  Chrifto  Crucificado  a  7  de  Março 
de  1674.  em  o  Convento  de  Villar.  Publicou 
com  o  nome  de  loaõ  Lopes,  que  tinha  em  o 
feculo. 

Exercido  quotidiano  para  todo  ChriJlaÕ  colhido 
de  vários  Authores.  Lisboa  por  Domingos 
Carneiro.  1669.  12. 

Deíla  obra,  como  de  feu  Author  faz  men- 
ção o  Padre  Francifco  de  Santa  Maria  Chron. 
dos  Cotieg.  Secul.  liv.  4.  cap.  34. 

D.  Fr.  lOAÕ  DA  MADRE  DE  DEOS. 
Naceo  em  Lisboa,  e  depois  de  eíhidar  a  lin- 
gua  Latina,  e  o  Canto  de  Orgaõ  no  Real  Con- 
vento de  S.  Francifco  da  fua  pátria  afeiçoado 
a  efte  inílituto  o  profeflbu  no  Convento  de 
Santarém.  Apredidas  as  fciencias  efcholaf- 
ticas  de  cujos  progreíTos,  que  nelles  fez  o 
feu  agudo  talento,  formou  degraos  para  fubir 
ás  Cadeiras,  e  naõ  menos  aos  púlpitos  al- 
cançando a  merecida  fama  de  infigne  Le- 
trado, e  famofo  Pregador.  Com  tanta  ener- 
gia exercitou  eíle  evangélico  minifterio,  que 
fendo  feu  ouvinte  ElRey  D.  loaõ  o  IV. 
cm  a  Capella  Real  o  nomeou  feu  Prega- 
dor cujo  lugar  confervou  em  os  Reynados 
de  D.  Affonfo  VL  e  D.  Pedro  IL  difpen- 
dendo  o  ordenado,  que  percebia  em  obfe- 
quio  do  divimífimo  Sacramento.  Haven- 
do íido  Guardião  dos  Conventos  de  Coim- 
bra, e  Lisboa  foy  aflumpto  a  Provincial 
a  19  de  Novembro  de  1675.  em  o  Capitulo 
em  que  prezidio  o  ComiíTario  Geral  Fr. 
Diogo  Fernandes  de  Angulo.  No  tempo 
do  feu  governo  fe  confumou  o  edifício 
do  Collegio  de  S.  Boaventura  de  Coimbra, 
e  fe  tresladaraõ  do  Convento  Velho  para  o 
novo  as  Religiofas  de  Santa  Qara  da  mefma 
Qdade  com  o  corpo  da  Raynha  Santa  Iza- 
bel.  Elevada  a  Cathedral  da  Bahia  a  Metró- 
pole atendendo  aos  feus  merecimentos  o 
Príncipe  Regente  D.  Pedro  o  nomeou  pri- 
meiro Arcebifpo  daquella  Diocefc  a  15  de 
Janeiro  de  1682.  c  foy  fagrado  na  Capella 
mór  do  Convento  de  S.  Francifco  a  23  de 
Setembro  do  dito  anno  pelo  lUuftriíTimo  Nún- 
cio  Apoftolico   Marcello   Durazzo   Arcebif- 


po de  Calcedonia.  Fez  a  entrada  publica 
na  Bahia  a  20  de  Mayo  de  1683.  onde  dczcm- 
penhou  as  obrigaçoens  de  infigne  Paftor 
emendando  culpas  com  prudência,  refor- 
mando abuzos  com  feveridade,  c  difpcn- 
dendo  efmolas  com  frequência.  Sentindo-fc 
acometido  do  mal  epidemico,  que  devafta- 
va  o  Eftado  da  Bahia  fez  doaçaõ  de  tudo 
quanto  pofluia,  e  recebidos  os  Sacramen- 
tos com  grande  compunção  efpirou  a  13 
de  Junho  de  1686.  Foy  univerfalmcnte 
fentida  a  fua  morte  principalmente  pelo 
Cabbido,  que  em  memoria  do  feu  afeâo 
lhe  celebrou  magnificas  exéquias  em  que 
orou  o  V.  Padre  Alexandre  de  Gufmaõ 
Provincial  da  Companhia  de  lESUS,  c  Fun- 
dador do  Seminário  de  Belém.  Jaz  fepul- 
tado  junto  dos  degraos,  que  fobem  para 
a  Capella  mòr  da  Cathedral,  c  na  Campa 
eílaõ  abertas  as  Amus  da  Religião  Seráfica 
com  huma  Cruz  na  parte  inferior  que  tem 
o  feguinte  Epitáfio. 

Sepultura  do  lllufirijfimo  D.  Fr.  loaÕ 
da  Madre  de  Deos  primeiro  Arcebifpo,  que 
vejo  a  efie  miado.  Falleceo  a  1^  de  Junho  de 
1686. 

Compoz. 

De  Incarnatione.  foi.  M.  S. 

De  Sacramentis  in  genere.  foi.  M.  S. 

Eftes  dous  volumes,  como  efcrevc  Fr. 
Fernando  da  Soledade  Hift.  Seraf.  da  Prov. 
de  Portug.  Part.  5.  liv.  4.  cap.  40.  naÕ  vira» 
a  luz  ^^  Prelo  que  também  faltou  aos  feus  Ser- 
moens  dos  quaes  exiftem  89  em  hum  Tomo. 
M.  S.  que  fe  conferva  na  Bibliotheca  do 
Convento  de  S.  Francifco  da  Cidade. 

Águia  de  Bfdras.  He  huma  interpre- 
tação, e  Commento  das  vifoens,  que  Bf- 
dras refere  no  cap.  11.  12.  e  13.  do  4.  livro. 
Eíle  tratado  he  dividido  em  3.  Partes,  a  1. 
trata  dos  Sonhos,  e  vifoens,  que  Bfdras  teve, 
e  da  explicarão,  que  Deos  lhe  deu.  Na  2.  tra- 
ta do  Rejno,  Reys,  e  fucejfos  do  mefmo  R/yxw- 
moflrando,  que  Rejno,  e  que  Reys  faõ  efles?  Na. 
5.  trata  do  L^eaÕ  em  que  falia  nefles  f anhos  Ef' 
dras  moflrando  quem  feja  efie  Leaõ,  e  como  nellr 
fe  verificaõ  os  Vaticínios  de  Efdras.  4.  M.  S, 
Confervafe  na  mefma  BibUotheca. 

Duas   Cenfttras   por    ordem    do    Dczem- 


L  USITAN  A. 


685 


bargo  do  Paço  ao  i.  e  2.  Tomo  dos  Sermoens 
Âo  Padre  António  Vieyra;  a  i  a  29  de  Agoíio 
de  1678.  e  a  2  a  26  de  Fevereiro  de  1682. 
Sahiraõ  impreíTas  no  principio  deíles  dous 
Tomos.  A  I.  Lisboa  por  Joaõ  da  Colia. 
1679.  4.  e  a  2.  ibi  por  Miguel  Deslandes. 
1682.  4.  Nellas  fe  admira  a  elegância,  e 
difcriçaõ  de  D.  Fr.  loaõ  da  Madre  de  Deos 
J}um  dos  majores  Oráculos  do  púlpito  l^ii^itano 
no  feculo  pajfado  como  delle  efcreve  Sebaftiaõ 
da  Rocha  Pitta  Hift.  da  Americ.  Vortug.  liv.  7. 
§•4. 

Fr.  lOAÕ  DA  IVÍADRE  DE  DEOS 
natural  de  Lisboa,  e  religiofo  da  Sagra- 
•da  Ordem  da  SantiíTima  Trindade  cujo  inf- 
tituto  profeíTou  no  GDnvento  pátrio  a  8 
de  Agoílo  de  1694.  Diâ:ou  as  fciencias 
efcholaílicas  até  jubilar  na  Sagrada  Theo- 
logia.  Foy  Miniftro  do  Convento  de  Lis- 
boa, Vizitador  Geral,  e  Preíidente  da  Pro- 
vinda, e  ConfeíTor  das  Religiofas  Trinas 
do  Convento  da  Soledade  de  Lisboa.  En- 
tre muitos  Sermoens,  que  com  aplau2o 
recitou  em  os  mais  authorÍ2ados  púlpitos 
deíla  Corte  unicamente  fe  fez  publico  o  fe- 
guinte. 

Sermão  no  Keal  Convento  de  Nojfa  Senhora 
^  Carmo  de  Lisboa  aos  25  do  me^  Setembro 
de  11  zi.  na  folemnidade  com  que  o  dito  Con- 
vento celebrou  a  Canonização  de  S.  loaÕ  da  Cru^. 
Lisboa  por  ^Miguel  Rodrigues  1728.  4.  Sahio 
nas  Memor.  Hijlor.  Paneg.  e  Metric.  do  Sa- 
cado culto  com  que  o  Convento  do  Carmo  de 
Lisboa  celebrou  a  Canonit^açaÕ  de  S.  JoaÔ  da 
Cruz  defde  pag.  185.  até  221. 

P.  lOAÕ  DE  MADUREYRA  chamado 
no  feculo  loaõ  de  Gouvea  naceo  em  a  Cida- 
de do  Porto  de  Pays  igualmente  nobres,  que 
pios  quaes  foraõ  Henrique  Nunes  de  Gou- 
vea, e  Brites  de  Madureira.  No  Collegio 
•de  Coimbra  foy  admitido  ao  inílituto  de 
Jefuita  a  25  de  Outubro  de  1561.  onde  pela 
fua  litteratura,  e  prudência  ocupou  os  lu- 
gares de  Reytor  do  Collegio  de  Santo  An- 
tão, e  Propozito  da  Caza  profeíTa  de  S.  Ro- 
que. Por  muitos  annos  exercitou  o  mi- 
nillerio  de  explicar  pelas  praças,  e  ruas  de 
Lisboa  o   Cathecifmo  fendo  em  taõ  fagra- 


grada  incumbência  fuceíTor  do  V.  Padre 
Ignacio  Martins.  Eleyto  pelo  Geral  Cláu- 
dio Aquaviva,  Vizitador  do  Brazil  fe  opu- 
zeraõ  a  efta  jornada  o  Cardial  Alberto  Go- 
vernador deíie  Reyno,  e  o  Duque  de  Avei- 
ro de  quem  era  ConfeíTor,  porem  fem  de- 
clarar a  fua  refoluçaõ  com  o  pretexto  de 
fe  defpedir  do  Padre  Fernaõ  Cardim  Pro- 
curador do  Brazil,  que  com  defafeis  com- 
panheiros eftavaõ  embarcados  em  huma  Náo 
Flamenga,  partío  com  elles  a  24  de  Setem- 
bro de  1601.  a  qual  como  foíle  acometida 
quatro  legoas  diílante  de  Cafcaes  por  duas 
Náos  de  Piratas  Inglezes  depois  de  hum 
porfiado  combate  foy  rendida,  e  juntamen- 
te priíioneiro  o  Padre  Madureira,  que  bre- 
vemente acabou  a  vida  na  Colla  de  Bifcaya 
a  5  de  Outubro  de  1601.  Delle  fe  lembraõ 
Telles  Chron.  da  Comp.  da  Prov.  de  Portug. 
Part.  I.  liv.  2.  cap.  11.  n.  5.  Franco  Imag.  da 
Virt.  em  o  Nov.  de  Coimb.  Tom.  i.  liv.  3. 
cap.  62.  e  Ann.  Glorio/.  S.  J.  in  Lujit.  pag.  571. 
Compoz. 

Poema  Heroicum  in  quo  celebratur  Mar- 
tyrium  V.  P.  Ignatii  Azevedo,  <&  Sociorum. 
Deíla  obra  como  de  feu  Author  fazem  men- 
ção o  Padre  Álvaro  Cienfuegos  Vid.  de  S. 
Franc.  de  Borja  liv.  5.  cap.  12.  §.  8.  Al  in- 
figne  Poeta  P.  Juan  de  Aíadureira  Jefuita  Vi- 
sitador dei  Brasil  hombre  religiofo,  otro  tanto 
como  difcreto,  que  celebro  en  verfo  elegante  efle 
martjrio  &c.  PoíTino  de  Vit.  <&  pratiof  mort. 
V.  P.  A^eved.  <&  Socior.  lib.  4.  cap.  3.  n.  66. 
e  Alcazar  Hijl.  da  Prov.  de  Toled.  Part.  2.  ai 
ano  1570. 

Fr.  lOAÕ  DA  MAGDALENA  na- 
tural de  Lisboa  Erimita  AuguíHniano 
cujo  habito  recebeo  no  Real  Convento  de 
NoíTa  Senhora  da  Graça  da  fua  pátria 
no  anno  de  1458.  quando  contava  defa- 
nove  de  idade.  Eíhidou  no  Convento  de 
Florença,  e  diâou  Theologia  por  ordem 
do  Geral  lacobo  de  Aquila  no  anno  de 
1472.  em  o  Convento  de  Perugia.  Rece- 
bido o  gráo  de  Mellre  em  Theologia 
das  maõs  do  Meftre  do  Sacro  Palácio 
com  faculdade  do  Geral  lacobo  Mana- 
rio  em  o  i  de  laneiro  de  1480.  fe  reftitu- 
hio  ao   Reyno  aonde   tinha   chegado   muito 


686 


BIB  LIO  THE  CA 


antes  a  fama  da  fua  grande  literatura 
pela  qual  mereceo  diélar  em  a  Univer- 
fidade  de  Lisboa  a  Sagrada  Thcologia  def- 
de  o  anno  de  1486.  até  o  de  15 15.  em 
que  falleceo  com  76  annos  de  idade  em 
o  G^nvento  de  Penafirme.  Pela  afabili- 
dade do  génio,  e  prudência  do  juizo  foy 
quatro  vezes  Provincial  em  cujo  governo 
uzando  menos  do  rigor,  que  da  brandu- 
ra emendou  abuzos,  e  reformou  cuílu- 
mes.  Foy  Meílre  do  Príncipe  D.  AfFon- 
fo  filho  delRey  D,  loaõ  o  11.  por  cuja  or- 
dem foy  concluir  a  Aragaõ  o  Caza- 
mento  do  Príncipe  com  a  Princeza  D. 
Izabel  filha  delRey  D.  Fernando  o  Ca- 
tholico.  Fazem  mençaõ  honorifica  de  Fr. 
loaõ  da  Magdalena  Nicol.  Ant.  Bih. 
Hijp.  Tom.  I.  p.  557.  col.  2.  Fr.  Ant.  à 
Purif.  de  Vir.  illuftr.  Ord.  Erimit.  lib.  2. 
cap.  12.  e  na  Chron.  dos  E.rim.  de  San- 
to Agojl.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  2. 
liv.  7.  Tit.  I.  §.  2.  foi.  214.  v.o  e  na 
Chronolog.  Monajl.  p.  150.  Fr.  Ant.  da  Nati- 
vid.  Mont.  e  Cor.  Mont.  2.  Cor.  8.  §.  2.  n.  51. 
p.  443.  col.  I.  Gratian.  Anaft.  Augufi.  ad 
an.  1480.  Crufen.  Monajl.  Auguft.  Part.  3. 
cap.  30.  Bzou.  Annal.  Ecclejiajl.  Tom. 
18.  ad  an.  1490.  Poflevin.  Apparat.  Sa- 
cer.  Tom.  i.  p.  909.  Leitaõ  Notic.  Chro- 
nol.  da  Univ.  de  Coimbra  p.  372.  §.  819.  e 
feguintes.  loan.  Soar.  de  Brito  Theatr. 
LMjit.  Liíer.  lit.  I.  n.  48.  Compoz  por 
infinuaçaõ  do  Geral  Fr.  Ambrozio  Corío- 
lano. 

De  Sanguine  miraculo/o,  qui  non  Jemel 
fluxit  ex  hojlia  Santijfima  Eucharijlia.  M. 
S.  Efte  Tratado  em  que  expende,  e 
refolve  varias  duvidas  Theologicas  fe 
conferva  na  Livraria  do  Convento  de 
CaíTia  dos  Erimitas  de  S.  Agoílinho 
lugar  de  Umbria  em  Itália  onde  no 
Convento  dos  Dominicos  fucedeo  a  pro- 
digiofa  copia  de  fangue  que  manou  da 
hoília  confagrada  que  deu  matéria  para  o 
Tratado. 

Commentaria  Juper  Maffjirum  Sententiarum. 
M.  S.  Para  efta  obra  lhe  mandou  o  Geral 
deputar  hum  Amanuenfe  em  7  de  Mayo 
de  1505.  a  qual  naõ  concluio  impedido  pda 
morte. 


Fr.  lOAÕ  DA  MAGDALENA.  Na- 
ceo  na  Villa  de  S.  loaõ  da  Pesqueira  em 
a  Província  da  Beyra  onde  recebeo  a  pri- 
meira graça  a  2  de  Fevereiro  de  1644.  Co- 
mo na  adolefcencia  defcubrilTe  génio  para 
o  eíhido  o  mandarão  feus  Pays  Manoel  de 
Carvalho,  e  loanna  Gonzalves  de  Almey- 
da  aprender  Gramática,  e  letras  humanas 
em  que  fahio  taõ  eminentemente  inftruido 
que  mereceo  recebei  o  habito  da  Ordem 
Terceira  da  Penitencia  em  o  Convento  da 
Villa  do  Mogadouro  onde  profeflbu  fo- 
lemnemente  a  25  de  lulho  de  1665.  Com- 
pletos féis  annos  do  eftudo  das  fciencias 
fe  veras  ao  leyo  com  aplauzo  no  Conven- 
to de  Viana  do  Alentejo,  e  no  Collegio 
de  S.  Pedro  de  Coimbra  até  jubilar  em  17 
de  laneiro  de  1691.  havendo  fmco  annos 
que  tinha  tomado  o  juramento  de  Qua- 
lificador do  S.  Officio.  Foy  Reytor  do  Col- 
legio de  Coimbra,  ComiíTarío  Provincial  na 
auzencia  que  fez  no  Capitulo  geral  cele- 
brado em  Roma  o  Miniftro  Provincial  Fr. 
Francifco  do  Efpiríto  Santo,  Cuftodio  da 
Provinda,  e  ultimamente  duas  vezes  Pro- 
vincial, a  primeira  a  20  de  Março  de 
1694.  e  a  feguinte  por  Motu  próprio  da 
Santidade  de  Clemente  XL  expedido  a  28 
de  lulho  de  1708.  que  fe  executou  a  16  de 
Novembro  de  1714.  Ornou  a  Igreja  do 
Convento  de  Lisboa  com  admiráveis  pin- 
turas, e  a  Livraria  com  grande  copia  de 
livros  luridicos  que  foraõ  do  grande  lurif- 
confulto  António  de  Souza  de  Macedo  Sc- 
cretarío  de  Eftado  delRey  D.  Affonfo  VI. 
Alem  de  fer  profundo  Theologo  foy  mui- 
to perito,  e  verfado  em  a  Hiíloría  Ecde- 
fiaftica,  e  Secular,  e  em  ambos  os  Direitos. 
Falleceo  no  Convento  de  S.  loaõ  da  Pcf- 
queira  a  29  de  Setembro  de  1715.  quan- 
do contava  71  annos  de  idade,  e  52  de  Re- 
ligião. Fazem  mençaõ  dellc  Carvalho  Co- 
rog.  Portug.  Tom.  3.  p.  500.  c  Fr.  loan.  à 
D.  Ant.  Bih.  Francif..  Tom.  2.  p.  182.  coL  1. 
Publicou. 

Sermão  em  a  Canom:(açaÕ  do  infiglê 
Portugue:^  S.  loaS  de  Deos  Paíriarcba 
da  Re/igiaÕ  da  Ho/pita/idade  em  23  de 
Iwibo  de  1691.  ^a  f étimo  do  Jolemne  ott- 
tavario    que    a    me/ma    KeliffaÕ    celebrou    em 


! 


ii 


L  USITAN A, 


o  Convento  de  "Lisboa.  Lisboa  por  ívíiguel 
Deslandes  ImpreíTor  delRey.   1692  4. 

Sermão  da  Solemnidade  dos  Kejs  na  Ca- 
J>ella  Keal.  Lisboa  pelo  dito  Impreflbr. 
1695.  4. 

Chronica  da  Sagrada  Ordem  Terceira 
Aa  Penitencia  da  Provinda  de  Portugal,  e 
Algarves.  M.  S.  foi.  Eíla  obra  que  lhe 
tinha  cuílado  o  difvelo  de  muitos  ân- 
uos fe  perdeo  pela  ignorância  de  hum 
Frade  Leygo  que  a  reduzio  a  fragmentos 
da  qual  fe  lembra  Carvalho  Corog.  Portug. 
no  lugar  aíTima  allegado. 

D.  Fr.  lOAÕ  MANOEL  natural  de  Lis- 
boa e  filho  illegitimo  do  Sereniflimo  Rey 
D.  Duarte,  e  de  D.  loanna  Manoel  filha  legi- 
tima de  D.  Henrique  Manoel  de  Vilhena 
Conde  de  Cintra,  e  irmaõ  da  Raynha  D. 
Conílança  IVIanoel  primeira  mulher  delRey 
D.  Pedro  L  de  Portugal.  Nos  feus  primei- 
ros annos  foy  educado  pelo  V.  Nuno  de 
Santa  Maria,  que  fendo  Condeftavel  do 
Reyno  preferio  o  Clauílro  à  Campanha  para 
conquiílar  o  Ceo  depois  de  ter  triumfado 
varias  vezes  dos  inimigos  da  pátria,  e  com 
os  documentos  de  taõ  infigne  Varaõ  fe 
deliberou  a  receber  o  habito  Carmelitano, 
que  elle  profeíTara  no  Convento  de  Lis- 
boa, onde  igualmente  creceo  nas  virtu- 
des, e  nas  fciencias  pelas  quaes  mereceo  fer 
nomeado  no  anno  de  1441.  Provincial  da 
Provinda  Portugueza  pelo  Geral  Fr.  loaõ 
Facci  cujo  lugar  juntamente  com  o  de  Co- 
miíTario  Geral  confervou  pelo  longo  ef- 
paço  de  trinta,  e  finco  annos  por  Breve 
de  Eugénio  IV.  Governando  efta  Monar- 
quia feu  Tio  o  Infante  D.  Pedro  Duque 
de  Coimbra  pela  menoridade  de  feu  Ir- 
maõ D.  Aííonfo  V.  o  mandou  por  Emba- 
xador  a  Hungria  donde  paíTou  com  o  mef- 
mo  caraâer  a  Roma  quando  já  era  Bif- 
po  Titular  de  Tiberiades  juntamente  com 
Ruy  de  Cunha  Dom  Prior  mòr  de  Gui- 
maraens  onde  alcançou  da  benignidade  Pon- 
tifícia de  Eugénio  IV.  a  feparaçaõ  da  Co- 
marca de  Valença  do  Minho  do  Bifpado 
de  Tuy  a  que  era  fogeita,  e  a  izençaõ  dos 
Meftrados  das  Ordens  militares  de  S.  Tia- 
go,  e  Aviz   das   Ordens   de   Velez,   e   Cala- 


Ó87 

trava.  Atendendo  feu  irmaõ  aos  gran- 
des merecimentos  da  fua  peíToa  o  nomeou 
Bifpo  de  Ceuta,  que  vagara  por  morte  de 
Fr.  Aymaro  religiofo  Menor,  e  Capellaõ 
mòr  de  AíFonfo  V.  em  cuja  dignidade  foy 
confirmado  por  Eugénio  IV.  a  20  de  lu- 
Iho  de  1443.  com  a  preeminência  de  Pri- 
maz de  Africa.  Efte  Monarcha  o  nomeou 
feu  Capellaõ  mòr  bautizando  na  Sé  de  Lis- 
boa a  II  de  Aíayo  de  1455.  a  feu  fobrinho 
o  Príncipe  D.  loaõ  que  depois  fubio  ao 
trono  de  Portugal  fendo  o  fegundo  defte 
nome.  Pela  vacatura  do  Bifpado  da  Guar- 
da por  morte  de  D.  Luiz  da  Guerra  foy 
a  elle  transferido,  e  confirmado  por  Pio  II. 
a  15  de  laneiro  de  1459.  em  cuja  Diocefe 
obfervou  inviolavelmente  a  juftiça,  e  evi- 
tou muitos  abuzos,  que  a  inércia  culpável 
de  feus  anteceíTores  deixara  infenfivelmen- 
te  introduzir.  Atenuado  com  os  annos, 
e  achaques  renimciou  o  Bifpado  nomean- 
do por  feu  coadjutor  a  D.  loaõ  Aifonfo  Fer- 
raz Bifpo  de  Ceuta  em  que  foy  confirma- 
do por  Xiílo  IV.  a  24  de  lulho  de  1476.  e 
no  fim  deíle  anno  fendo  acometido  da  ul- 
tima enfermidade  falleceo  em  Lisboa  com 
faudade  das  fuás  ovelhas,  que  pelo  efpa- 
ço  de  18  annos  o  experimentarão  benévolo 
Paílor.  Foy  fepultado  na  Igreja  do  Real 
Convento  do  Carmo  donde  fe  tresladaraõ 
os  feus  oílos  para  o  Cimiterio  da  parte  da 
Portaria,  e  na  Campa  fe  lhe  abrio  efte  breve 
Epitáfio. 

Aqui  ját:^   D.    Fr.   loaõ  Manoel  Bifpo  que 
foy   da   Guarda,    Keligiofo   do    Carmo. 

Defte    illuftre    Prelado    fazem    honorifi- 
ca   mençaõ     Vafconc.     Anaceph.     P>.eg.     Lu~ 
Jjt.  pag.    166.  n.   9.   Brito  Elog.  dos  Rejs  de 
Portug.    pag.     92.     e    na     Chron.    de     Cijler 
Part.  I.  liv.  6.  cap.  36.    Cardozo  Agiol.  Lu- 
fit.   Tom.   3.  p.   690.   letr.   C.   Barbuda  £/!?- 
pre^.    Milit.    de    Lufit.    liv.    3.    foi.    67.    Ni- 
col.    Ant.    Bib.    Hifp.    Vet.    Part.    2.    liv.    9 
cap.    7.    Mariz    Dial.    de    Var.    Hifl.    Dial 
4.    cap.    5.    Faria    Eitrop.    Portug.    Tom.    2 
Part.  3.    cap.  3.    n.  27.    e  58.  Lezana  Anal, 
Carmel.    Tom.    4.    pag.    856.    Fr.    Daniel    à 
Virg.     Alar.     Specul.     Carmel.     Part,     2.     p 
935.    Cunha    Hijl.    Ecclef.    de    Braga.    Part 
2.    cap.     57.    n.    9.    Souza    Theatr.    Geneal. 


688 


BIBLIO THE  C  A 


da  Caz-  de  So/^a  pag.  829.  Girvalho  Corog. 
Portug.  Tom.  3.  liv.  2.  cap.  47.  e  Tom.  2. 
liv.  I.  Trat.  8.  cap.  2.  Imhof.  Stem.  Keg. 
hãifit.  Tom.  I.  pag.  127.  loan.  Soar.  de  Brito 
Theatr.  Lup.  JJtter.  lit.  I.  n.  37.  D.  Fr.  Tho- 
me  de  Faria  Decad.  7.  lib.  i.  cap.  10.  Pereira 
Leal  Cathal.  dos  Bi/p.  da  Guard.  §.  24.  D. 
Man.  Caet.  de  Souz.  Cathal.  dos  Bi/p.  Titul. 
pag.  172.  e  Fr.  Manoel  de  Sá  Mem.  Hijí. 
dos  EJcrit.  da  Prov.  do  Carm.  de  Portug.  cap. 
50.  pag.  213.  até  228.   Compoz. 

EJlatMtos  da  Collegiada  de  Ourem.  Fo- 
raõ  efcritos  em  o  anno  de  1456.  por  Bulia 
de  Eugénio  IV.  e  por  elles  fe  governarão 
os  Cónegos  até  o  anno  de  1543.  Fez  ou- 
tros o  IlluílriíTimo  Arcebifpo  de  Lisboa  D. 
Fernando  de  Vafconcellos,  e  Menezes  os 
quais  agora  fe  obfervaõ. 

D.  lOAÕ  MANOEL  Alcayde  mòr 
de  Santarém,  e  Camareiro  mòr  delRey 
D.  Manoel  naceo  em  Lisboa  fendo  filho 
de  D.  loaõ  Manoel  de  quem  fizemos  a  me- 
moria precedente  que  o  teve  de  lufta  Ro- 
drigues Pereira  filha  de  Francifco  Rodri- 
gues Pereira,  e  fua  mulher  Cecilia  Tava- 
res ambos  de  nobre  nacimento.  Foy  hum 
dos  mais  difcretos  Fidalgos  do  feu  tempo, 
e  taõ  verfado  em  todas  as  fciencias  como 
teílemunha  Cataldo  Siculo  em  huma  Carta 
que  entre  finco,  que  lhe  efcreveo  he  a  pri- 
meira em  que  lhe  dá  os  pezames  da  morte 
de  fua  Efpoza  D.  Izabel  de  Menezes  filha 
de  Affonfo  Tellez  de  Menezes  Alcayde  mòr 
de  Campo  mayor.  Quid  profuit  iibi  tot  Au- 
thorum  volumina  à  balbutientibus  annis  fumma 
diligentia  evohrijfe  ?  Quid  Ciceronem  ?  Qtàd  Arif- 
totelem?  Qtàd  Senecam?  Quid  Salomonem  ex- 
cuàjfe?  Omitto  Maronem,  Flacum,  Nafonem, 
eS>*  fimiles.  Quid  Augujlini,  Hyeronimique  com- 
plura  /cripta  una  cum  doHifftmo  Rege  tuo,  €> 
Jibimet,  e>*  ceeteris  audientibus  quotidie  pla- 
ne legijfe?  Declarajfeque?  ac  docuijfe?  Por 
ordem  delRey  D.  Manoel  a  quem  era 
muito  afeílo,  partio  a  Caílella  para  ra- 
tificar em  nome  deíle  Principc  as  con- 
diçoens  do  tratado  matrimonial  celebra- 
do com  a  Rainha  D.  Izabel  filha  dos 
Reys  Catholicos,  que  fe  concluio  em 
Medina    dei    Campo    a    11    de    Agofto    de 


1497.  Delle  fe  lembraõ  loan.  Soar.  de  Brito 
Theatr.  l^ujit.  Li  ter.  lit.  I.  n.  36.  Pellicer 
Comment.  do  Polif.  de  D.  Lui^  de  Gong.  c  Souza 
Hijl.  Gen.  da  Cai^.  Real  Portug.  Tom.  3.  liv.  4. 
p.  207.  e  223.    Compoz. 

Obras  poéticas.  Sahiraõ  impreífas  no  Can- 
cion.  de  Garcia  de  Rejende  a  foi.  48  até  57. 
e  foi.  143.  até  169.  que  coníla  de  huma  Ele- 
gia à  morte  do  Príncipe  D.  Affonfo.  Diverfas 
Gloffas.  Trovas  fobre  os  Pecados  mortaes.  Re- 
pofta  a  Pedro  Homem  e 

Regra  para  quem  quiv^er  viver  em  pav^.  Q)- 
meça 

Ouve,  e  Calla, 

E  vivirás  vida  folgada: 

Tua  porta  cerrarás; 

Teu  vit^inho  louvarás; 

Quanto  podes  naõ  farás; 

Quanto  fabes  naÕ  dirás; 

Quanto  ves  naò  julgarás; 

Quanto  ouves  naÕ  crerás, 

Se  queres  viver  em  pati^; 
Deíla  obra  fez  author  Nicol.  Ant.  Bib, 
Hifp.  Vet.  Part.  2.  lib.  9.  cap.  7.  a  D.  Fr. 
loaõ  Manoel  fendo  certamente  de  feu  filho 
cuja  equivocaçaõ  feguio  Fr.  Manoel  de  Sá 
Mem.  Hijl.  dos  Efcrit.  do  Carm.  p.  224.  n.  320. 
No  Cancioneiro  Ejpanhol  impreflb  An- 
veres.  1570.  eftaõ  obras  fuás  a  foi.  212.  c 
230. 

Falia,  ou  palavras  moraes.    Começa 

Nunca  vi  antre  privados 

Amizade  verdadeira  &c. 
Confervafe  M.  S.  na  Livraria  do  Ex- 
celenti/fimo  Duque  de  Lafoens  que  foy 
do  Emminentiffimo  Cardial  de  Souza  Tio 
de  fua  Excellentiffima  Avó  D.  Mariana  de 
Souza  Marqueza  de  Arronches. 

D.  lOAÕ  MANOEL.  Naceo  em  Lis- 
boa, e  teve  por  progenitores  a  D.  Nu- 
no Manoel  Senhor  das  Villas  da  Ata- 
laya,  Tancos,  Sinzeira,  Alcayde  mòr  de 
Marvaõ,  e  a  D.  loanna  de  Atayde  filha 
de  D.  António  de  Atayde  primeiro  Con- 
de da  Caílanheira  c  D.  Anna  de  Tá- 
vora. Aplicoufe  em  a  Univerfidade  de 
Coimbra  à  fublimc  Faculdade  da  Theo- 
logia,  e  de  tal  modo  penetrou  as  fuás 
dificuldades     que     recebidas     com     aplauzo 


L  USITANA. 


689 


dos  Cathedraticos  as  iníignias  doutoraes  foy 
admetido  a  Q)llegial  do  Collegio  de  S.  Pe- 
dro a  2  de  Alarço  de  1596.  A  fua  litera- 
tura unida  ao  esplendor  do  feu  nacimento 
o  habilitarão  para  fer  Q)nego  da  Cathedral 
de  Lisboa,  Efmoler  mòr  de  Filippe  III. 
donde  fubio  a  fer  Bifpo  da  Cathedral  de 
Vifeu  em  cuja  dignidade  foy  fagrado  por 
D.  lorge  de  Almeyda  a  21  de  Março  de 
16 10.  Deíla  Diocefe  que  prudentemente 
governou  foy  transferido  para  a  de  Coim- 
bra de  que  tomou  poíle  a  26  de  Mayo  de 
1625.  e  a  poíTuio  até  o  anno  de  1632.  em 
em  que  foy  nomeado  Arcebifpo  de  Lisboa, 
Confelheiro  de  Eílado,  e  Vicerey  do  Rey- 
no  de  cujos  honoríficos  lugares  o  privou  a 
morte  fendo  digno  de  mais  larga  vida.  laz 
fepultado  na  Capella  mòr  da  Igreja  de  NoíTa 
Senhora  de  lefus  dos  Religiofos  Terceiros 
de  S.  Francifco  que  elle  fendo  Bifpo  de 
Vizeu  mandara  edificar  para  feu  jazigo,  e 
dos  Condes  da  Atalaya  com  titulo  de  Pa- 
droeiío  da  Provinda,  a  qual  deixou  or- 
nada de  preciofas  peífas,  e  eílimaveis  relí- 
quias, e  fe  acabou  a  20  de  lunho  de  1635. 
quatorze  dias  antes  da  fua  morte  fallecendo 
a  4  de  lunho  do  referido  anno  de  huma 
Hydropelia.  Delle  fazem  illuílre  memoria 
o  UluftriíTimo  Cunha  Hijl.  Ecclef.  de  Brag. 
Part.  2.  cap.  106.  n.  4.  D.  Nicol.  de  Sant 
Mar.  Chron.  dos  Coneg.  Keg.  Part.  i.  liv.  4 
cap.  9.  n.  20.  Cardofo  Agiol.  l^ifit.  Tom.  i 
p.  87.  Carvalho  Corog.  Portug.  Tom.  3.  p.  495 
Leytaõ.  Cathal.  dos  Bi/p.  de  Coimb.  §.  74 
Leal  Cathalog.  dos  Colleg.  de  S.  Pedro.  n.  53 
P.  Col.  Caíhal.  dos  Bi/p.  de  Vifeu.  §.  59.  Fr 
Martinho  do  Amor  de  Deos  Chron.  dos  Ca- 
puch.  de  Sant.  Ant.  p.  271.    Compoz. 

Conjlitmçoens  Sjnodaes  do  Bi/pado  de 
Vifeu  feitas,  e  ordenadas  em  fynodo  pelo  II- 
luflrijfimo,  e  Reverendijfimo  Senhor  D.  loaô  Ma- 
noel Bifpo  de  Vifeu.  Coimbra  por  Nicolao 
Carvalho  1617.  foi. 

lOAÕ  MANOEL  Presbítero  do  ha- 
bito de  S.  Pedro,  Cura  da  Parochial  Igre- 
ja de  N.  Senhora  dos  Prazeres  da  Vilia  de 
Aldeã  Gallega  da  Merciana  diftante  da 
Villa  de  Alanquer  duas  legoas  para  o 
Noroeíle   do   Patriarchado   de   Lisboa.     Foy 

44 


Varaõ  de  conhecida  virtude,  e  infigne 
direftor  de  almas  para  o  caminho  da  per- 
feição. A'  inílancia  do  P.  Meftre  Fr. 
Manoel  da  Efperança  como  efcreve  na 
I.  P.  da  fua  HiJl.  Seraf.  liv.  i.  cap.  35. 
efcreveo. 

Re/açaÕ  da  Vida  de  Francifca  de  Meyra 
Terceira  da  Ordem  da  Penitencia,  que  falJeceo 
a  z-j  de  Dezembro  de  1636. 

Fr.  lOAÕ  MANOEL  natural  de  Lis- 
boa, e  filho  illegitimo  de  D.  Luiz  Manoel 
de  Távora  quarto  Conde  da  Atalaya  Te- 
nente General  da  Cava  liaria  do  Minho, 
Embaxador  à  Corte  de  Saboya,  Governa- 
dor das  Armas  da  Provinda  do  Minho, 
e  Confelheiro  do  Eílado.  Para  acrecentar 
mayores  brazoens  ao  feu  nacimento  fe  adop- 
tou na  preclariílima  Família  Ciílercienfe  re- 
cebendo a  monaílica  cogulla  em  o  Real 
Convento  de  Alcobaça  a  22  de  Dezem- 
bro de  1690.  Depois  de  diâar  as  fdencias 
feveras  aos  feus  domeílicos  que  fahiraõ  ca- 
pazes do  magiílerio  foy  admitido  em  a  Uni- 
verfidade  de  Coimbra  ao  numero  dos  Dou- 
tores Theologos  onde  brilhou  o  feu  ta- 
lento ou  foíle  nas  Cadeiras  que  regentou 
fendo  eleito  Condu£tario  a  22  de  Feve- 
reiro de  1722.  ou  foífe  em  os  Púlpitos  atra- 
hindo  com  a  elegância  da  fraze,  e  profun- 
didade do  difcurfo  as  peflbas  mais  erudi- 
tas que  lhe  formavaõ  o  auditório.  Falle- 
ceo  em  o  Collegio  de  S.  Bernardo  de 
Coimbra  a  20  de  Novembro  de  1739. 
quando  contava  63  annos  de  idade.  Pu- 
blicou. 

Sermaõ  na  folemne  açaõ  de  graças  que  cele- 
brou a  Univerjidade  de  Coimbra  con^egada  em 
Preftito  no  dia  4.  de  laneiro  de  1735.  pelo  feli- 
cijftmo  nacimento  da  auguflijfima  Princet^a  da 
Bejra  Primogénita  do  Principe  do  Bras^il  Nojfo 
Senhor  pregado  no  Keal  Mojleiro  de  S.  Cla- 
ra. Coimbra  na  Offidna  do  Collegio 
Real   das    Artes   da   Companhia   de  lESUS. 

1735-  4- 

Vaticínio  expoflo,  confirmado,  e  defendido. 
Expojio  à  Univerjidade  de  Coimbra  na  folemne 
Açaõ  de  Graças  que  celebrou  congregada  em  Pref- 
tito no  dia  4.  de  laneiro  de  1735.  pelo  felicijji- 
mo  nacimento  da  SeriniJJima  Princesa  da  Bejra 


Ó90 

confirmado,  e  defendido  na  ocat(iaÕ  do  Jegundo 
parto  da  Sereniffima  Vrince^^a  do  Braz^l.  Gíim- 
bra  na  mefma  Officina.  1756.  4. 


D.  lOAÕ  MANOEL  DE  MELLO 
natural  de  Lisboa  filho  de  Luiz  de  Mel- 
lo decimo  terceiro  Senhor  de  Mello,  e  de 
fua  fegunda  mulher  D,  Maria  de  Lima 
filha  herdeira  de  loaõ  de  Barros  Car- 
dozo  Commendador  da  Ordem  de  Chrif- 
to,  c  de  D.  Brites  de  Lima.  Entre  as  artes, 
que  cultivou  com  aplicação,  e  exerci- 
tou com  felicidade  foy  a  Poezia  Por- 
tugueza,  e  Caftelhana  em  que  a  fublimidade 
do  feu  talento  merece  a  primazia  entre  os 
mais  Canoros  Cifnes  do  ParnaíTo  affim 
pela  cadencia  das  vozes,  como  pela  de- 
licadeza dos  conceitos  podendo  formar-fe 
hum  volume  das  obras  Métricas  que  tem 
compofto  das  quaes  fe  fizeraõ  publicas  as 
feguintes. 

Soneto  à  morte  da  Serenijftma  Senhora  In- 
fanta D.  Francifca.  Sahio  na  Collec.  4.  dos 
Sentim.  Metric.  a  efie  affumpto.  a  pag.  4.  Lisboa 
por  Miguel  Rodrigues.  1736.  4. 

Traducion  de  la  EJeffa  Latina  dei  Sa- 
pientijfimo  j  Keverendijftmo  Padre  D.  Ma- 
noel Caetano  de  Sofá.  Romance  Hende- 
cafyllabo.  Lisboa  por  António  Ifidoro  da 
Fonceca.  1737.  4. 

Foy  argumento  da  Elegia  recolherfe  ao 
Convento  da  Madre  de  Deos,  e  nelle  profeíTar 
o  inftituto  de  Santa  Clara  a  Senhora  D.  Luiza 
Maria  do  Pilar  filha  dos  Excellentifiimos 
Condes  do  AíTumar. 

Romance  ao  lllufhrijfimo ,  e  Keverendijftmo  Se- 
nhor D.  EflevaÕ  de  Mene!(es  Conde  de  Tarouca 
confolando-o  na  morte  de  feu  Paj  loaÕ  Gomev^  da 
Sylva  Conde  de   Tarouca.     Lisboa.    1739.   ^'°^- 

Confta  de  52  coplas.  He  muito  elegante, 
e  difcreto. 

M*  fmgular,  e  erudita  Bibliotheca  dos 
Authores  Portuguet^es,  que  compo:^^  o  Re- 
verendo Diogo  Barbosa  Machado  Abbade 
de  Sever,  e  Académico  da  Academia  Real. 
Romance  Hendecafyllabo.  Sahio  ao  prin- 
cipio defta  obra.  Lisboa  por  António 
Ifidoro  da  Fonceca.  1741.  foi.  Confta  de 
15  Coplas. 


BIBLIO  THE  CA 


Fr.  lOAÕ  DE  MANSILHA  PEREYRA 
natural  do  lugar  de  Santa  Martha  em  o  Con- 
felho  de  Penaguião  do  Bifpado  do  Porto 
onde  teve  por  Pays  a  Francifco  Pereira 
Pinto,  c  D.  Feliciana  Manfilha  Ozorio  das 
principaes  familias  da  Província  de  Trás 
os  montes.  Na  idade  da  adolefcencia  re- 
cebeo  o  habito  da  illuftre  Ordem  dos  Pre- 
gadores onde  fez  taes  progreflbs  a  fua  agu- 
da comprehenfaõ  em  o  eftudo  das  fcien- 
cias  feveras,  que  mereceo  fer  laureado  Dou- 
tor Theologo  em  a  Univerfidadc  de  Co- 
imbra a  26  de  Fevereiro  de  1739.  Sendo 
venerado  o  feu  talento  pela  profundidade 
Theologica,  naõ  he  menos  aplaudido  pela 
eloquência  Oratória  de  que  deu  hum  claro 
argumento  na  obra  feguinte. 

Oratio  habita  in  Ecclefia  S.  Dominici 
Ulyjftponenfis  die  4.  lanuarii.  1742.  Sahio 
nos  Obfequios;  aplau:(os,  e  triumfos  com  que 
foy  recebido  em  Portugal  o  Excellentijftmo , 
e  ReverendiJJimo  Senhor  D.  Fr.  Io!(é  Maria 
da  Fonceca,  e  Évora  dignijftmo  Bifpo  do 
Porto.  Lisboa  na  Regia  Officina  Sylviana, 
e  da  Academia  Real.   1742.   4.   a  pag.    261. 


Fr.  lOAÕ  DE  SANTA  MARGARIDA 
Naceo  em  Lisboa,  e  na  Parochia  de  S.  loaõ 
da  Praça  foy  bautizado  a  8  de  Dezembro 
de  1691.  Deixando  a  companhia  de  feus 
Pays  Jozé  Peftana  da  Sylveira,  e  Thereza 
de  Jefus  da  Sylveira  recebeo  o  habito  de 
Agoftinho  Defcalfo  em  o  Real  Convento 
de  NoíTa  Senhora  da  Conceição  do  Mon- 
te Olivete  fituado  fora  dos  muros  de  Lis- 
boa a  3  de  Novembro  de  1708.  Havendo 
diâado  Filofofia,  e  Theologia,  nos  Con- 
ventos de  Lisboa,  e  Santarém  leyo  Theo- 
logia Moral  aos  Clérigos  das  Villas  de  ' 
Almada,  c  Caparica  por  provifaõ  do  Emi-  * 
nêtiffimo  Cardial  Patriarcha  de  Lisboa  ex- 
pedida a  10  de  lulho  de  1729.  Foy  Prior 
dos  Cõventos  de  Nofla  Senhora  da  AíTum- 
pçaõ  da  Soureda,  e  de  Nofla  Senhora  da 
Piedade  de  Santarém.  He  Qualificador 
do  Santo  Officio,  e  muito  exercitado  em 
o  minifterio  do  púlpito  de  que  tem  publi- 
cado. 

Sermão    Panegírico    do    Máximo    dos  Dou- 


i 


L  USITANA. 


691 


fores,  AJfombro  dos  penitentes,  e  Norma 
dos  Monges,  primeiro  Padre  de  Valefiina, 
Pay,  e  Fundador  de  toda  a  KeligiaÕ  Hyero- 
nymiana  o  grande  S.  Jerónimo  pregado  no 
Keal  Convento  da  Pena.  Lisboa  por  Pe- 
dro Ferreira  ImpreíTor  da  SereniíTima  Ray- 
nha.  1734.  4. 

Sermão  da  Canonir^açaÕ  de  S.  Joaõ  Fran- 
cijco  Regis  pregado  em  o  Jegundo  dia  do  folemne 
Triduo  com  que  os  Keligiofos  da  Companhia 
de  JESUS  do  Collegio  de  Santarém  aplaudi- 
rão a  nova  Canonização  do  me/mo  Santo  em  10 
de  Fevereiro  de  1738.  Lisboa  na  Oííicdna 
da  Muíica,  e  da  Sagrada  Religião  de  Alalta. 

1739-  4- 

Sermoens  vários  politicos  panegyricos,  e  mo- 
raes  pregados  em  diverjas  Jolemnidades.  Parte 
primeira.  Lisboa  por  Jozé  da  Natividade 
da  Sylva.  1744.  4. 

Fr.  lOAÕ  DE  SANTA  MARIA  na- 
tural da  Qdade  de  Évora,  Erimita  de 
Santo  Agoítínho  cujo  habito  profeíTou 
no  GDnvento  de  Villaviçofa  no  anno  de 
1520.  e  no  feguinte  com  faculdade  do 
Provincial  Fr.  António  de  Qiellas  foy 
eftudar  Theologia  em  a  Univeríidade  de 
Pariz  onde  naõ  fomente  floreceo  o  feu 
agudo  engenho  neíla  grande  Faculdade, 
mas  em  as  letras  humanas  Rhetorica,  e 
Poética  em  cuja  Arte  foy  iníigne  com- 
pondo no  breve  efpaço  de  quinze  dias 
por  infinuaçaõ  do  Prior  do  G^nvento  de 
Pariz. 

Aurelii  Patris  Augujlini  Fxclefia  Doão- 
ris  celeberrimi,  ac  erimitici  Ordinis  primi- 
pillaris  ducis,  Fcclejia  quondam  hipponenfis  An- 
tijlitis  Kegula  ex  foluta,  ac  pedejlri  oratione 
a  Fratre  Joanne  AUriano  Portugallenji  Eri- 
mita ad  heróica  dignitatis  fajli^um  evocata. 
Tem  no  fim  as  feguintes  palavras.  ImpreJJum 
fuit  hoc  opus  Parijii  expenjis  honejli  viri  Ber- 
nardi  Aubri  apud  quem  projlrat  in  via,  qua 
itur  ad  Beatum  lacobum  Juh  injigni  mortarii 
ourei  indujlria,  arteque  probi  viri  Antonii  Bon- 
nemere  è  regione  Gjmnajii  decretorum  fub  divo 
Martino  commorantis.  Anno  à  nato  domino  JeJ- 
quimillejftmo  Vicejimo  quarto.  4.  Deíla  obra 
vimos  hum  exemplar,  que  fe  conferva  na 
BibHotheca  Real.    Começa. 


Dogmata  fub    numeris    animus  fert  Jlringere 
primis 

Mellifltá    quondam     Tu/cus,    qua    matre   Je- 
pulta 

Congreditur    canis    qua  fluãibus   aquora    Ti- 

bris. 
Em  aplauzo  deíla  obra  faz  huma  elegante 
Ode    Safica    Fr.    Remigio    Moyton    Erimita 
Auguftiniano  a  qual  acaba. 

Prodiit  terris  et  Homerus  alter 

Myjlicis  jungens  ^aciles  camanas 

Senjibus  neãitfacra  diãa  Patris 
Carmine  grandi 
Pedro  Fernandes  infigne  Filólogo  feu 
patrício,  e  afliílente  em  París  na  Carta  La- 
tina, que  efcreveo  a  Fr.  Francifco  de 
Évora  Erímita  Auguftiniano,  que  fahio 
impreíTa  ao  principio  da  obra  aflima  no- 
meada faz  o  feguinte  elogio  a  Fr.  loaõ  de 
Santa  Maria.  Ctfjus  namque  doãrina,  et  hu- 
manitas,  <&  in  poeji  dexteritas,  religionis,  ve  obfer- 
vatio  in  tantam  unumquemque  adegtt  admira- 
tionem,  ut  eum  plerique  omnes  demirari  baud 
facile  dejinant,  pojleaque  aut  huc  fe  fe  contulif 
operam  protinus  lifteris  politioribus  poeJi  pra- 
fertim,  et  foluta  orationi  navare  decrevit 
in  queis  dies  aliquot  verfatus,  illico,  <&  poe- 
tice,  et  oratorie  declamare,  litterafque  palam 
profiteri  auf pica  tus  efi:  qui  ita  utramque  im- 
plet  mineruam,  ut  qua  illi  genuína,  qua  infiti- 
cia  Jit  minus  facile  queat  difcemi;  deinde  non 
multo  pojl  fe  fe  Dialeãices  cavillationibus,  aut  fi 
mavis  grifos  emancipavit,  quibus  omnibus  tan- 
tum  valet,  ut  magis  quifpiam  mortalium  valere 
haudquamque  pojfet  M.  S. 

Delle  fazem  memoria  loan.  Soar.  de  Brit. 
Tbeatr.  Euft.  Litter.lit.  I.  n.  50.  Purif.  de  Vir. 
Illujlrib.  Ord.  Erimit.  D.  Aug.  lib.  2.  cap.  14. 
Franco  Bib.  Portug.  M.  S.  e  Nicol.  Ant. 
Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  560.  col.  i. 

D.  lOAÕ  DE  SANTA  MARIA  na- 
tural da  Villa  de  Terena  em  a  Provin- 
da Tranftagana  Cónego  Regular  de  San- 
to Agoftinho,  e  taõ  obfervante  do  feu 
inftituto  pelo  efpaço  de  quarenta  annos, 
como  perito  na  Arte  da  Mufica,  fendo 
Meftre  da  Capella  do  Real  Convento  de 
S.  Vicente  de  fora  dos  muros  de  Lisboa. 
Falleceo     com    manifeftos    íinaes     de    pre- 


692 


BIBLIO THE  C  A 


deílinado  cm  o  Gdh vento  de  S.  Salvador 
de  Grijò  a  12  de  Março  de  1654.  em  cujo 
dia  fa2  delle  honorifica  mençaõ  o  Licen- 
ciado lorge  Cardozo  Agiol.  'Lufit.  Tom.  2. 
p.  149.  c  no  Comment.  de  12  de  Março  letr.  L. 
Compoz. 

Três  livros  de  Contraponto.  Oferecidos  ao 
SereniíTimo  Rey  D.  loaõ  o  IV.  antes  da  fua 
feliz  Aclamação  que  exceíTivamente  os  efti- 
mou  aíTim  pela  eminência  da  obra,  como 
pela  virtude  do  Author. 

lOAÕ  MARINHO  natural  de  Lisboa 
igualmente  verfado  na  liçaõ  da  Hilloria  fe- 
cular,  e  fagrada  como  inftruido  em  as  máxi- 
mas da  politica.  Publicou  com  o  fupoílo 
nome  de  Ijtcindo  'Lujitano. 

El  Príncipe  encuhierto  tiianifeftado  en  quatro 
dijcurjos  políticos.  Lisboa  por  Domingos  Lo- 
pes Rofa.  1642.  4. 

lOAÕ  MARQUES  CORRÊA.  Naceo 
em  a  Qdade  de  Beja  da  Provinda  Tranf- 
tagana  a  20  de  lunho  de  1671.  fendo  filho 
de  Luiz  Marques,  e  Maria  lozefa.  Na  Uni- 
verfidade  de  Coimbra  depois  de  receber  o 
gráo  de  Meílre  em  Artes  a  17  de  Março  de 
1692.  fe  formou  na  faculdade  de  Medecina 
a  25  de  lunho  de  1696.  onde  foy  Exami- 
nador dos  Licenciados,  e  Bacharéis.  Fal- 
leceo  na  pátria  a  16  de  Iimho  de  1745.  Para 
claro  argumento  da  fciencia  que  profeíTava. 
Publicou. 

Tratado  Phyjiologico  Medico  Phyjico,  e  Ana- 
tómico da  circulação  do  Jangue  dividido  em  qua- 
tro Capitulos.  No  I.  fe  trata  da  anatomia 
do  Coração,  Veas,  artérias  que  entraõ,  e  fahem 
delle.  No  2.  fe  trata  dos  maravilhoi^ps  movi- 
mentos do  Coração,  e  fuás  peregrinas  cauí^as 
em  doutrina  antiga,  e  moderna.  No  3.  da 
verdadeira,  e  perenne  circulação  do  fangue  em  cujo 
movimento  confifie  precifamente  a  vida.  No  4. 
em  que  fe  difolvem  totalmente  os  argumentos  que 
fe  podem  pòr  contra  a  circulação  do  fangue. 
Lisboa  por  António  de  Lemos  Corrêa. 
1735.  4. 

lOAÕ  MARQUES  MOREYRA  Pro- 
thonotario     Apoílolico,     e     Real     Capellaõ 


na  Cidade  do  Nome  de  Deos  do  grande 
Império  da  China.  Querendo  fazer  patente 
ao  mundo  o  jubilo  com  que  os  moradores 
da  Cidade  de  Macáo  celebre  Colónia  dos 
Portuguezes  fituada  cm  a  Provinda  de  Can- 
tão, celebrarão  a  feliz  Aclamação  do  Sere- 
niíTimo Rey  D.  loaõ  o  IV.  efcreveo  com 
eílilo  fincero. 

Relação  da  mageflofa,  myfleriofa,  e  notável 
Aclamação  que  fe  fe:^  à  Mageflade  delRey  D. 
loaÕ  o  IV.  Nojfo  Senhor  na  Cidade  do  Nome 
de  Deos  do  grande  Imperío  da  China,  e  fejlas 
que  fe  fi:(eraÕ  pelos  Senhores  do  governo  publico 
e  outras  peffoas  particulares  no  anno  de 
1642.  Lisboa  por  Domingos  Lopes  Rofa. 
1644.  4. 

lOAÕ  MARTINS.  Sacerdote  de  exem- 
plar procedimento,  e  muito  perito  na  Arte 
do  Canto  Chaõ  de  que  teve  efcola  publica 
fahindo  inílruidos  perfeitamente  innumera- 
veis  difcipulos  para  o  Coro,  e  Altar.  Naõ 
fatisfeito  de  enfinar  com  a  voz  os  preceitos 
defta  armonica  Arte  os  fez  mais  claros,  e 
perceptíveis   com  a  pena  publicando. 

Arte  do  Canto  ChaÕ  pofla,  e  redu!(ida  em 
fua  enteira  perfeição  fegundo  a  praãica  delle 
muito  necejfaria  para  todo  o  facerdote,  e  pef- 
foas, que  haÕ  de  faber  cantar;  e  a  que  mais  fe 
ui(a  em  toda  a  Chriflandade.  Vay  em  cada  bu- 
ma  das  regras  f eu  exemplo  apontado  com  as  entoa- 
çoens.  Coimbra  por  Manod  de  Araújo 
1603.  8.  &  ibi  por  Nicolao  Carvalho 
Impreflbr  da  Univerfidade  161 2.  8.  Sa- 
hio  terceira  vez  emendada,  e  acrecenta- 
da  por  António  Cordeiro  Subchantre  da 
Sé  de  Coimbra,  ibi  por  Nicolao  Carvalho 
1625.  8.  , 

lOAÕ  MARTINS.  Vejafc  ANTÓNIO 
DE    VILLAS    BOAS,    E    SAMPAYO. 

lOAÕ  MARTINS  cuja  pátria,  c  cf- 
tado  de  vida  fe  ignora.  Traduzio  com 
aplicação  devota  da  lingua  Caftelhana  de  D. 
Francifco  de  Borja  Príncipe  de  Efquilache 
cm  a  materna. 

Oraçoens,  e  Meditaçoens  da  Vida  de  lefu 
Chriflo    nojfo    Salvador    dos    benejicios    qiu    nos 


Á 


L  USITAN A. 


693 


fe^i  divididas  em  quatro  partes  i.  da  En- 
carnação de  Chrifio  ate  Jua  PayxaÕ.  2.  da 
Pajxaõ  até  Jua  Kefttrreiçaõ.  3.  da  Kefur- 
reiçaÕ  de  Chrifto,  e  fuás  apariçoens.  4.  da 
Afcençaõ,  Pentecojles,  e  outras  cout^as.  Lis- 
boa por  Bernardo  da  Cofta  de  Carv^alho 
ImpreíTor  do  SereniíTimo  Senhor  Infante. 
1716.  8. 

Imitação  de  Chrifio  compofia  por  Thomas 
de  Kempis.  Lisboa  por  Domingos  Carneiro. 
1679.  12.  &  ibi  na  Ofíicina  loaquiniana 
da  Muíica.  1739.  ^^• 


lOAÕ  MARTINS  DA  COSTA  natu- 
ral de  Lisboa  profeíTor  de  lurifprudencia 
Cefarea,  e  Patrono  de  Caufas  Forenfes  na 
fua  pátria,  e  da  Ca2a  da  Suplicação  do  qual 
fa2em  memoria  loan.  Soar.  de  Brito  Theatr. 
iMfit.  l^iter.  lit.  I.  n.  52,  D.  Francifco  Ma- 
noel Carta  dos  A  A.  Portug.  ao  Doutor  The- 
mudo.  Portugal  de  Donat.  Kegiis.  Part.  i, 
n.    283.    e    Barbofa    Comment.    ad  Ord.    Keg. 

Compoz. 

Tratado  da  forma  de  Ubellos,  e  das 
allegaçoens  judiciaes,  e  do  procejfo  do  fui!(0 
fecular,  e  Ecclefiafiico,  e  dos  contratos  com 
fuás  gloffas;  reformado  de  novo  com  as  addi- 
çoens,  e  annotaçoens  copiofas  das  ordenaçoens 
novas  do  Kejno,  Lejs  de  Caftella,  e  moder- 
nos, e  outras  formas  de  Ubellos,  petiçoens,  e 
allegaçoens  judiciaes  com  a  conferencia  dos 
Titulos  das  Ordenaçoens  antigas  com  as  no- 
vas, e  procejfo  do  Tribunal  da  Legada, 
€  das  Kevifias.  Lisboa  por  Pedro  Craes- 
beeck.  1608.  foi.  et  ibi  pelo  dito  ImpreíTor 
1621.  foi.  &  ibi  por  Francifco  de  Souza. 
1680.  foi.  Coimbra  por  lozé  Antunes  da 
Sylva  ImpreíTor  da  Univeríidade  171 1.  foi. 
He  addiçaõ  à  Forma  de  Ubellos  com- 
pofta  pelo  Doutor  Gregório  Martins  Ca- 
minha de  quem  fe  fez  memoria  em  feu 
lugar. 

Domus  Suplicationis  Cúria  "Lufitana  Sty- 
lique  Supremi  Senatus  Confulta.  UlyíTipo- 
ne  apud  Gerardum  à  Vinea  1622.  4. 
&  ibi  apud  Emmanuelem  Lopes  Ferreira 
1692.     foi.     Nefta     fegunda     ediçaõ     fahio 


com  a  Praãica  Delegationum  Criminalium  vulgo. 
Alçadas. 

D.   lOAÕ   DE   MASCARENHAS.   Ter- 
ceiro   Conde    do    Sabugal,    Senhor    de    La- 
nhofo.     Meirinho     mòr     do     Reyno     naceo 
em    Lisboa    onde    foraõ     feus     Progenito- 
res D.    Francifco    Mafcarenhas    Commenda- 
dor    de    Alpedrinha    na    Ordem    de    Chrif- 
to,   Gentilhomem    da    Camará    do    Empe- 
rador     Mathias,     Governador,     e     Capitaã 
General   da   Praça   de    Macáo   em   a   China, 
e    D.    Margarida    de    Vilhena    fua    fobrinha 
filha    de    feu    Irmaõ    D.    loaõ    Mafcarenhas 
Senhor  de  Palma,  e  de  D.  Maria  da  Coíla. 
Foy  Commendador  de  S.  Chriftina  de  Afife, 
Santa    Maria    do    Efpinhal,    e    Santa    Maria 
da   Graça   de   Caftello   novo    da   Ordem   de 
Chrifto,    e    Confelheiro    de    Guerra.      Mili- 
tou pelo  efpaço  de  outo  annos  nas  Campa- 
nhas de  Flandes  onde  deixou  de  feu  heróico 
valor   gloriofas    memorias   affim   na   recupe- 
ração da  Praça  de  Aiere,  e  tomada  de  la  Baf- 
fee,   como   na   vitoria   do   Honcourt,   e   ba- 
talha de  Recroy.     Para  defender  a  fua  pá- 
tria invadida  pelas  armas  Caftelhanas  paíTou 
no  anno   de    1645.   a  França  donde  voltan- 
do   foy    Tenente    General,    Governador,    e 
General  da  CavaUaria  da  Província  do  Alen- 
tejo.   Teve  graça  natural,  e  fumma  promp- 
tidaõ  nas  repoftas  que  eraõ  eftimadas  como 
fentenciofos    apothegmas.      Cazou    com    D. 
Brites     de    Menezes     CondeíTa     proprietária 
do  Sabugal  Viuva  de  feu  Tio,  e  primo  com 
irmaõ    de    D.    Nuno    Mafcarenhas    Senhor 
de  Palma,  e  filho  herdeiro  de  D.  Francifco 
de    Caftellobranco    fegundo    Conde    do    Sa- 
bugal,   e    Meirinho    mòr,    de    quem  unica- 
mente teve  D.   Margarida  de  Vilhena,   que 
cazou    duas    vezes,    a   primeira   com   Diogo 
Lopes  de  Souza.  4.  Conde  de  Miranda  feu 
fegtmdo  Primo;  e  a  fegunda  com  D.  Luiz 
Peregrino  de  Atayde  nono  Conde  da  Atou- 
gviia,   e   de   ambos   eftes   defpozorios   houve 
efclarecida   defcendencia.     Foy   naturalmente 
inclinado  à  Poezia  vulgar,  e  das  Unguas  mais 
polidas    da    Europa  teve  baftante  intelligen- 
cia.     Traduzio   do  Conde  Galeazzo  Gualdo. 
Manejo  da   CavaUaria.     Cuja   obra  fe  im- 
primio    com    particulares    Notas    do    Tra- 


094 


BIBLIO THE  CA 


duftor  como  afirma  o  P.  Souza  Hijl.  Gen.  da 
CaZ'  Rea/  Portfíg.  Tom.  5.  liv.  6.  p.  346. 
Obras   varias   em  pro:(a,    e    Ver/o.    M.    S. 

D.  lOAÕ  MASCARENHAS  DE  LEN- 
CASTRE Terceiro  Conde  de  Santa  Cruz 
Commendador  de  Mertola,  Alcayde  mór 
de  Monte  mór  o  Novo,  e  de  Alcácer  do 
Sal,  Senhor  de  Laure,  Vedor  da  Caza 
do  SerenilTimo  Rey  D.  loaõ  o  IV.  e  Mor- 
domo mòr  das  SereniíTimas  Raynhas  D. 
Luiza  Francifca  de  Gufmaõ,  e  D.  Maria 
Francifca  Izabel  de  Saboya  naceo  em  Lis- 
boa fendo  filho  de  D.  Fernaõ  Martins 
Mafcarenhas  quarto  do  nome  Commenda- 
dor de  Mertola  na  Ordem  de  S.  Tiago  Se- 
nhor de  Laure,  e  Eftepa,  Alcayde  mòr  de 
Monte  mòr  o  Novo,  e  de  Alcácer  do  Sal, 
c  de  D.  Maria  de  Lencaílre  filha  de  D.  Di- 
niz de  Lencaílre  Commendador  mòr  da 
Ordem  de  Chriílo,  e  Alcayde  mòr  de  Óbi- 
dos, e  Soure,  Embaxador  a  França,  Caílella, 
^  Roma,  e  de  D,  Izabel  Henriques  filha 
de  D.  Francifco  Coutinho  III.  Conde  de 
Redondo  Vicerey  do  Eílado  da  índia.  Com- 
petirão os  dotes  do  efpirito  com  os  efplen- 
dores  do  nacimento  fazendo-fe  ainda  mais 
venerado  pelas  virtudes  adqueridas,  que  pe- 
los brazoens  herdados.  Entre  as  artes,  que 
cultivou  com  eftudo,  e  exercitou  com  feli- 
cidade lhe  deveo  mayor  affefto  a  Poezia 
para  a  qual  benéfica  a  natureza  o  inílruio 
defde  os  primeiros  annos  merecendo  o  fu- 
blime  enthufiafmo  da  fua  Mufa,  que  foííe 
convidado  entre  os  mais  infignes  alum- 
nos  do  Parnaflb  pelo  Author  do  Templo  da 
Memor.  liv.  4.  Eftanc.  177.  para  celebrar  o 
augufto  Hymineo  dos  Sereniffimos  Du- 
ques de  Bragança  D.  loaò  com  a  Senhora 
D.  Lviiza  Francifca  de  Gufmaõ. 

Cantay  dejle  Hymineo  ô  generojo 
D.  loaÔ  Mafcarenhas  de  Alencajlro, 
Que  por  mil  Climas  paffará  famojo 
Mais  ainda  além  do  bárbaro  Coajlro. 
Repeti  de  Bragança  o  nome  invião 
Até  que  fique  numa  EJlrella  ejcrito. 
E  no  hv.  5.  Eftanc.  166.  e  167. 
Ofanffie  de  Bragança  multiplica 
Grandezas  diffias  de  caraãer  de  ouro 


Na  ca:(a  para  quem  Mertola  rica 
Abre  da  Deofa  Ceres  o  the:(ouro. 
Na  ca^a  donde  Portugal  agora 
A  hum  Quinto  Neto  de  Fernando  adora. 

Cujo  nome  o  clarim  da  fama  Juave 
De  clima  em  clima  leva  pelo  vento; 
E  naõfópor  altivo  infigne,  e  grave 
Soa  no  campo  av^ul  do  Firmamento: 
Mas  aqui  vive  em  tarjas  de  Alabajlro 
E  he  Dom  loaÕ  Mafcarenhas  de  Alencajlro. 
Da    fua    fecunda,    e    difcreta    vcya    dei- 
xou    multiplicadas     produçoens     das     quais 
fe    podiaõ    formar    volumes,    e    unicamen- 
te  fahio   impreíTa   huma   Cançaõ   em   aplau- 
zo    de    Manoel    de    Galhegos    author    do 
Templo    da    Memoria    affima    allegado,    Lis- 
boa   por     Lourenço     Craesbeeck.     1635.    4. 
Começa. 

Cantay  Cifne  do  Tejo  foberano. 
Falleceo  em  Lisboa  a  15  de  Fevereiro  de 
1668.  Foy  cazado  com  D.  Brites  Mafcare- 
nhas filha  herdeira  de  D.  Martinho  Mafca- 
renhas II.  Conde  de  Santa  Cruz  Confelheiro 
de  Eftado,  e  Prefidente  do  Dezembargo  do 
Paço  da  qual  teve  a  D.  Francifco  Mafcare- 
nhas, que  falleceo  na  Armada,  que  foy  ao 
Brazil;  D.  Martinho  Mafcarenhas  4.  Conde 
de  Santa  Cruz;  D.  Pedro  Mafcarenhas;  D. 
Francifco  Mafcarenhas  Alcayde  mòr  de  Tran- 
cofo,  e  Commendador  de  Almourol,  que 
cazou  com  D.  loanna  Coutinho;  D.  loan- 
na  de  Vilhena,  que  fe  defpozou  com  D. 
Vafco  Mafcarenhas  primeiro  Conde  de  Óbi- 
dos; e  D.  Maria  Magdalena  de  Lencaftre 
mulher  de  Vafco  Fernandes  Cefar  de  Me- 
nezes filho  herdeiro  de  Luiz  Cefar  de  Me- 
nezes Alferes  mòr  de  Portugal.  PaíTou  D. 
Joaõ  Mafcarenhas  a  fegundas  vodas  com 
D.  Maria  de  Távora  Viuva  de  D.  Antó- 
nio Mafcarenhas  da  Cofta  primeiro  Con- 
de de  Palma  filha  de  Luiz  Alvares  de  Tá- 
vora Conde  de  S.  loaõ  da  qual  naõ  teve  dcf-  . 
cendencia.  ■ 

Fr.  lOAÕ  DE  S.  MATHIAS  natural 
de  Lisboa  alumno  da  Seráfica  Provín- 
cia de  S.  Thomè  da  índia  Oriental  onde 
pela  religiofa  obfcrvancia  do  feu  inftitu- 
to   foy   o   outavo   Provincial   dcfta   Provin- 


L  USITAN A. 


óqS 


cia,  e  dos  mais  infatigáveis  Operários  da- 
quellas  taõ  dilatadas  vinhas.  Para  agregar 
as  almas  de  innumeraveis  gentios  ao  reba- 
nho do  divino  Paftor  aprendeo  a  Ungua 
dos  Bramenes  em  que  foy  peritiíTimo  com- 
pondo, e  traduzindo  nella  para  inftruçaõ 
dos  Neófitos  muitos  livros  como  efcrevem 
Fr.  Miguel  da  Purif.  Kelac.  Defenf.  dos  filhos 
da  Ind.  Trat.  i.  cap.  2.  n.  10.  e  Fr.  Jacint.  de 
Deos  Verg.  de  plant.  e  Flor.  pag.  10.  fendo  os 
principaes. 

Symholo  da  Fé  compojlo  pelo  Carnal  Bel- 
larmino  cuja  proza  verteo  em  dous  mil 
verfos  para  com  mayor  faciUdade  fe  deco- 
rarem. 

Vida  de  Chrijlo.  Efcrita  na  lingua 
Bracmana,  que  intitulou  Puritana.  Deíla 
obra  faz  mençaõ  Fr.  loaõ  de  Deos  Theatr. 
das  Igrej.  de  Portug. 


Fr.  lOAÕ  DA  MATTA  natural  de 
Lisboa,  e  bautizado  na  Parochia  de  Nof- 
fa  Senhora  da  Pena  a  25  de  Fevereiro  de 
17 16.  teve  por  Pays  a  loaõ  Machado, 
e  Maria  Ferreira.  Quando  contava  a  tenra 
idade  de  nove  annos  foy  admitido  ao 
habito  da  Terceira  Ordem  da  Peniten- 
cia em  o  Convento  de  NoíTa  Senhora 
de  Jefus  pela  fuavidade  da  voz,  e  def- 
treza  da  Mufica  de  que  era  ornado. 
Feita  a  profiíTaõ  folemne  a  2  de  Feve- 
reiro de  1734.  como  tiveíTe  capaz  talen- 
to para  as  fciencias  feveras  eíhidou  Fi- 
lofofia  no  Convento  de  Vianna  defen- 
dendo com  aplauzo  Conclufoens  publi- 
cas, e  Theologia  em  o  Collegio  de  Co- 
imbra, que  interrompeo  por  cauza  de 
hum  fluxo  de  fangue,  que  brevemente 
o  privou  da  vida  a  3  de  Junho  de  1738. 
quando  tinha  24  annos  de  idade.  Entre 
as  compofiçoens  Muficas,  que  deixou  me- 
recerão mayor  eftimaçaõ  os  feguintes  Motetes 
a  4.  vozes. 

Ave  Kofa  fine  Spinis. 

Çf  Beatorum  fedes. 

O'  Patriarcha  pauperum. 
Mijfa    de    diverjas    vo^es    para    fe    cantar 
quando     celebraíTe    a    primeira    MiíTa    por 
ter   já    recebido    as    Ordens    de    Prefbitero. 


P.  lOAÕ  DE  MATTOS  natural  de 
Lisboa,  e  filho  de  Juliaõ  de  Góes,  e  Ap- 
pollonia  de  Mattos.  Na  idade  de  17  annos 
fe  aliftou  na  Companhia  de  lESUS  em  o 
Collegio  de  Coimbra  a  9  de  Mayo  de  1598. 
Depois  de  enfinar  letras  humanas,  e  Filo- 
fofia  diftou  doze  annos  a  Sagrada  Theo- 
logia nos  Collegios  de  Coimbra,  e  Évora 
onde  recebeo  o  gráo  de  Doutor  a  26  de 
Julho  de  1627.  Querendo  FiUppe  IV.  que 
no  Collegio  Imperial  de  Madrid  fe  leíTe 
huma  Cadeira  de  Pohtica  o  mandou  cha- 
mar, e  lhe  cometeo  eíla  incumbência  idea- 
da pelo  Conde  Duque  de  Olivares  D.  Gaf- 
par  de  Gufmaõ  valido  daquelle  Monar- 
cha,  e  pofto  que  obedeceo  á  real  infinua- 
çaõ  compondo  huns  Aforifmos  políticos 
extrahidos  de  Ariíloteles,  e  dos  Eíladiftas 
modernos  naõ  teve  eífeito  efta  idea.  Foy 
em  Roma  AíTiílente  do  Geral  de  cujo  lu- 
gar foy  fubfkituto  do  Padre  Nuno  Mafca- 
renhas  no  anno  de  1637.  onde  efteve  até 
fe  celebrar  a  outava  Congregação.  Refti- 
tuido  ao  Reyno,  e  à  pátria  com  o  lugar  de 
Vifitador  da  Provinda  faUeceo  piamente 
na  Caza  profeífa  de  S.  Roque  a  7  de  De- 
zembro de  1648.  com  67  annos  de  idade,  e 
50  de  Rehgiaõ.  Delle  fe  lembraõ  Nicol.  Ant. 
Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  566.  col.  2.  loan. 
Soar.  de  Brito  Theatr.  'Lufit.  'Litter.  lit.  I. 
n.  54.  Bib.  Societ.  pag.  478.  col.  2.  Fonceca. 
Fj}or.  Glorio/,  pag.  433.  Franco  Ipiag.  da  Virt. 
em  o  Nop.  de  Coimb.  Tom.  2.  pag.  619.  e 
Annal  S.  J.  in  l^fit.  pag.  295.  n.  9.  Dei- 
xou dous  Volumes  de  Theologia  intitulados. 

De  Judiciis  Divinis.  foi.  Aí.  S. 
De  Judiciis  humanis.  foi.  M.  S. 

lOAÕ  DE  MATTOS  FRAGOSO 
Cavalleiro  profeíTo  da  Oídem  de  Chriíla 
natural  da  ViUa  de  Alvito  da  Provín- 
cia Tranílagana,  e  filho  de  António  Fra- 
gozo  de  Matos,  e  de  D.  Anna  de  Souza. 
A  natureza  o  dotou  de  entendimento 
perfpicaz,  memoria  feliz,  e  comprehen- 
faõ  fublime  por  cujos  dotes  alcançou 
o  refpeito  dos  mayores  eruditos  do  feu 
tempo.  Eíhidou  na  Univerfidade  de  Évo- 
ra    Filofofia,     e     como     eíUvefle     egrégia- 


6ç)6 


BIBLIO THE  CA 


mente  inílruido  nas  letras  humanas,  My- 
thologia,  Rhetorica,  e  Poética  fe  deixou 
arrebatar  deíla  divina  Arte  para  a  qual  na- 
turalmente era  inclinado,  e  á  cultivou  com 
geral  aclamação  na  Garte  de  Madrid  on- 
de aíTiílio  a  mayor  parte  da  fua  vida  fendo 
aplaudido  pelos  mais  celebres  profeflbres 
da  Poe2Ía  Cómica  admirados  do  artificio 
com  que  compunha  as  Comedias  que  fe 
rcprezentaraõ  em  os  mayores  theatros  da- 
quella  Corte  onde  falleceo  a  i8  de  Mayo 
de  1692.  Delle  faz  honorifica  mençaõ  o 
P.  Ant.  dos  Reys  En/buf.  Poet.  n.  159. 

Compoz. 

Comedias  Varias  primera  Parte.  Ma- 
drid, por  lulian  de  Paredes  1658.  4.  Sahi- 
Taõ  junto  com  outras,  ou  feparadas  as  fe- 
guintes. 

Caer  para  llevantar.  Madrid  por  Miguel 
Sanches.  1662.  4.  com  outras. 

£/  loh  de  las  Mugeres.  ibi  por  Gregório 
Rodrigues.  1657.  4.  com  outras 

De  Ju  tiempo  el  de/engano.  Madrid,  por 
Domingos  Garcia  Morras  1654.  4.  com 
•outras 

£/  Jegundo  Moyfes  S.  Frqylam.  ibi  por 
Paulo  do  Vai.  1663.  4.  com  outras 

£/  delinquente  Jin  culpa,  y  bajlardo  de  Ara- 
gon.  —  Poço  aprovechan  avisos  quando  aj  mala 
inclinacion.  —  El  galan  de  Ju  Muger.  Eftas 
três  Comedias.  Madrid  por  Domingos  Gar- 
cia Morras.   1660.  4. 

Lm  dicha  dei  Carbonero,  y  Laurenço  me 
Mamo.    Madrid,  por  Francifco  Nieto.  1666.  4. 

JLo/  prodigios  de  Koma.  ibi  por  lozé  Fer- 
nandes de  Buendia  1665.  4. 

EJ  Letrado  dei  Cielo.  ibi  por  Domingos 
Garcia  Morras.  1666.  4. 

Ijos  Vandos  de  Ravena  -  Injlituicion  de 
Ja  Camaldula.  —  La  oca^ion  hat(e  el  ladron. 
Sahiraõ  Madrid  por  André  Garcia  1667.  4. 

La  ra:(on  vence  el  poder.  Madrid  por  lozé 
Fernandes  Buendia  1668.  4. 

El  Bruto  de  Babilónia  —  No  eftà  en 
jftatar  el  vencer.  Madrid  por  Domingos 
Garcia  Morras  1668.  4. 

Eljabio  enfu  retiro. 

El  Fenis  de  Alemania  Santa  Chrifiina. 
Ambas  Madrid  pelo  dito  Impreííor.  1670.  4. 


Poços  bajlan  fi  Jon  buenos,  y   Crijol  de  la 
lealtad. 

La  Vengança  en  el  dejpeno.    Ambas  Madrid 
por   lozé    Fernandes    de    Buendia    1670.    4. 
E2  nueuo  mundo  en  Caftilla. 
EJ  mejor  cav^amiento.    Ambas  Madrid  por 
Belchior  Alegre.  1671.  4. 
La  def dicha  por  el  defprecio. 
Eftados    mudan    cuflumbres.      Sahiraõ    com 
outras  Madrid  por  Paulo  do  Vai.   1653.  4. 

Amor,  Lealtad,  y  Ventura 

Eâamorhav^e  valientes.  Com  outras  Madrid. 

El  amor  fino  en  el  Valle. 

La  Boba,  y  la  Difcreta. 

El  Negro  de  Sevilla. 

El  Príncipe  prodigiofo. 

Dexar  un  Reyno  por  otro. 

S.  Francifco  de  Paula. 

El  picari/lo  en  E/pana. 

S.  Ifidoro  de  Madrid. 

S.  Caetano. 

La  muger  contra  el  Confejó. 

Opponerje  a  las  Eftrellas. 

La  mi/ma  conciencia  acufa. 

El  negro  mas  prodigiofo. 

EJ  Príncipe  Tranjiluano. 

D.  Quixote  de  la  Nlancha. 

La  vida  de  Fríslan. 

El  marido  de  fu  madre. 

1  r ave jf uras  fon  valor. 

EJ  amante  mudo. 

La  Dama  Capitan. 

Offender  con  el  fabor. 

EJ  Hercules  de  Ocana. 

Santa  Ollala  de  Merída. 

La  Vengança  en  el  defprecio. 

Las  finesas  de  It^abella. 
Todas    eílas    Comedias    fahiraõ    impref- 
fas  fem  anno  da  ediçaõ,  nem  o  nome  do 
ImpreíTor,  e  das  feguintes  compoz  loaõ  de 
Matos  Fragozo  alguma  jornada. 

La  defenfa  de  la  Fé,  y  Príncipe  prodiffofo» 
a  I.  Parte  he  fua,  e  a  2.  de  Agoílinho  Moreto. 
Sahio  em  o  livro  intitulado  EJ  mejor  de  los 
mejores  libros  que  han  falido  de  Comedias  Madrid 
por  Maria  de  Quinones.  1653.  4. 

La  Corte  en  el  Valle.  Parte  fua,  e  outras 
de  D.  Francifco  de  Avellaneda,  e  D.  Sa- 
baftian  de  Villaviciofa.  Madrid  por  Andrc 
Garcia  de  la  Iglefia.  1655.  4. 


11 


L  USITAN A. 


697 


El  Kedemptor  cautivo.     G)m  Vilkviíiofa. 
"La  Virgen  de  Vuenjalida.    Com  o  mefmo, 
e   D.   Iiian   de   Zavaleta.     Madrid  por  lozé 
Fernandes  Buendia.  1665.    4. 

Solo  el  piedofo  es  mi  hijo.  A  i.  Tor- 
nada fua.  2.  de  Villaviciofa.  3.  de  Avella- 
neda.  Madrid,  por  Matheos  Fernandes  de 
Efpinofa.  1666.  4. 

1m  màs  heróica  finesa,  y  fortunas  de 
Najfella.  Com  D.  lozé,  e  Diego  de  Cór- 
dova. Madrid,  por  Domingos  Garcia  Morras. 
1670.  4. 

El  mejor  par  de  los  do^e.  Parte  fua,  e  de 
D.  Agoítínho  Moreto. 

El  Barquero  Emperador.  i.  lomada 
fua.  2.  de  loaõ  Baptiíla  Diamante.  3  de 
D.  Andres  Gil  Henriques.  Ambas.  Ma- 
drid, por  Io2é  Fernandes  de  Buendia. 
1673.  4. 

Entremet^  de  las  Reverencias 

dei  Galan  llevado  por  mal 

dei  Trepado 

Bajle  dei  Mellado 

Sahiraõ  no  livro  intitulado  Tardes  apa- 
cibles  de  gujtoi(p  entre tenimiento.  Madrid  por 
André  Garcia  de  la  Igleíia  1663.  8. 

El  affaetado.    Entremez  fahio  com  outros 
no  livro  Rafgos  dei  ócio.  Madrid  por  Domingos 
Garcia  Morras.  1664.  8. 
Entremeti^  dei  Matachin. 

de  D.  Terêncio. 

Sahiraõ  no  livro  Verdores  dei  Vamaffo.  ibi  pelo 
dito  ImpreíTor.  1668.  8. 

Canção    à    morte    da    Kainha    de    Cafiella 
D.    l!(abel    de    Borbon.     Sahio     nas     Honras 
fúnebres    dedicadas    a    efta    Senhora    Madrid. 
1645.    4- 

Soneto,  e  Komance  à  morte  do  D.  loaõ 
Peres  de  Montalvão.  Sahiraõ  a  foi.  48. 
v^.  e  68.  das  Eagrignas  Panegjricas  a  efle 
affumpto.    Madrid.    1639.    4- 

Outavas  em  louvor  de  S.  Pedro  de  Al- 
cântara. Sahiraõ  a  pag.  60  da  Relação  das 
Fejlas  da  Canonif^açaÕ  do  mefmo  Santo.  Ma- 
drid.    1670.    4. 

Fefiejo  nupcial  en  las  felices  bodas  de 
la  Mageflad  de  D.  Pedro  z-  jy  la  muy 
alta,  y  foberana  Senora  D.  Maria  Sofia 
l^abella  Palatina  Reys  de  Portugal.  Madrid. 
1687.    4-    Coníla    de    Outavas. 


Accentos  Eyricos  ai  feli^  nacimiento  dei 
efclarecido  Príncipe  hijo  prímogenito  de  los 
Senores  Reys  de  Portugal.  4.  Sem  anno  da 
ediçaõ,    e    nome    do    ImpreíTor. 

Míieflra  dei  Ingenio  en  la  de  un  Relox. 
4.     fem    anno    nem    lugar    da    ImpreíTaõ. 

Fr.  lOAÕ  DE  MARVILLA  alumno 
da  illuílre  Familia  da  Santiflima  Trindade 
taõ  perito  nas  efpeculaçoens  Theologicas 
como  na  intelligencia  da  Sagrada  Efcri- 
tura,  e  Santos  Padres  do  qual  fazem 
memoria  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i. 
p.  565.  col.  I.  Altuna  Chron.  da  Relig. 
da  Sant.  Trínd.  p.  630.  e  loaõ  Franco 
Barreto  Bib.  Portug.  M.  S. 
Compoz. 

Documentos  efpirítuaes.   2.    Tom.  4.   M.   S. 

lOAÕ  DE  MEDEYROS  CORRÊA  na- 
tural de  Lisboa  filho  de  Bartholameo  de 
Medeiros  Corrêa,  e  D.  Luiza  da  Sylva 
dotada  de  igual  nobreza  à  de  feu  con- 
forte. Na  adolefcencia  deu  claros  argu- 
mentos da  viveza  do  engenho,  e  felici- 
dade da  memoria  com  que  na  idade 
adulta  conciliou  as  eíUmaçoens  dos  mais 
famofos  eruditos  naõ  fomente  pela  vafta 
noticia  das  letras  humanas,  Mythologia, 
Oratória,  e  Poética  em  que  foy  inGgne, 
mas  pela  fdenda  pradica,  e  efpeculativa 
da  lurifprudencia  Canónica,  de  cuja  Fa- 
culdade recebeo  as  iníignias  doutoraes  em 
a  Univeríidade  de  Coimbra.  Depois  de 
ter  fervido  com  igual  intereíTe  da  Repu- 
blica, que  credito  da  fua  PelToa  os  lu- 
gares de  luiz  de  fora  de  Trancofo,  e 
Corregedor  da  Comarca  de  Miranda  foy 
nomeado  Auditor  Geral  do  Exercito  da 
Provinda  da  Beyra  efcrevendo  para  inf- 
truçaõ  dos  militares  poílo  naõ  fer  pro- 
feUor    das    Arnus,    a    feguinte    obra. 

Perfeito  Soldado,  e  politica  militar.  Lis- 
boa por  Henrique  Valente  de  Oliveira 
1659.  4.  Dedicado  a  D.  leronimo  de 
Atayde  Conde  da  Atouguia  General  do 
Exerdto  da  Beyra.  Em  aplauzo  do  Au- 
thor  efcreveo  a  difcreta  Mufa  do  in- 
íigne   Doutor   António   Barbofa   Bacellar   o 


óçB 


BIBLIO  THE  C  A 


feguinte  Soneto  alludindo  às  palavras  do 
Emperador  luftiniano  Imperatoriam  niajefta- 
tem  non  Jolúm  armis  decoratam,  fed  etiam 
legibus    oportet    effe    armatam. 

Houve  até  agora  Valias  naõ  armada, 

Havia  Palias  armada  até  agora; 

Huma  fempre  das  armas  proteãora, 

Outra  fempre  nas  letras  invocada. 
Porem  depois,  que  as  leys  daõ  à  e/pada, 

E  difcipulo  Marte  a  Febo  adora; 

A.  que  prejide  às  letras  vencedora, 

EJfa  prejide  as  lides  de/armada. 
Tu  fó  a  Impera toria  Mageftade, 

De  quem  Jahio  Jurijla  as  leys  penetras, 

Dextro  Joldado  de  preceitos  armas. 
Ijogrou  em  fim  o  Ce:(ar  a  vontade 

Pois  lhe  enfinas  as  armas  com  as  letras 

Pois  lhe  adornas  as  letras  com  as  armas. 

Panegyrico  a  André  de  Alboquerque  Ribafria 
Alcayde  mór  de  Cintra,  Meftre  de  Campo  General 
da  Provinda  do  Alentejo  com  os  Elogios,  que  à 
Jua  morte  fe  fi^eraõ.  Lisboa  por  Domingos 
Carneiro.  1661.  4.  Além  do  Panegyrico  com- 
p02  a  eíle  argumento  Endechas.  3.  Sonetos; 
huma  Sylva.  e  5.  Decimas. 

Sylva  ao  V.  Padre  Fr.  António  da  Conceição 
religiofo  Trino.  Sahio  na  Fama  pojlhuma  dejle 
V.  Padre,  a  pag.  347.  Lisboa  por  Henrique 
Valente  de  01i-<^eira.  1658.  4. 

Relação  da  RefiauraçaÕ  da  Bahia.  Lisboa 
por  Pedro  Crasbeeck.  1625.  4. 

Relação  da  Tomada  do  Recife,  Itamaracà, 
Paraiba  &c.  Lisboa  na  Officina  Craesbeckia- 
na.  1654.  4.  Eílas  duas  Relaçoens  fahiraõ 
fem  o  feu  nome. 

Nove  lias,  e  Comedias  varias  com  vários  géneros 
de  Poesia.  M.  S.  4. 

Falleceo  em  Lisboa,  a  1 5  de  laneiro  de  167 1. 

D.  lOAÕ  DE  MELLO  natural  de  VU- 
laviçofa  onde  teve  por  illuílres  Progenito- 
res a  Pedro  de  Caílro  de  Azevedo  Dona- 
tário dos  Lugares  de  Ferreira  paflada,  Al- 
cayde mòr  de  Melgaço,  Commendador  de 
Santa  Maria  de  Anfime  junto  à  Villa  de 
Guimaraens,  e  a  D.  Brites  de  Mello  filha 
de  loaõ  de  Mello  Commendador  de  Caza- 
vel    na    Ordem    de    S.    Tiago.     Eftudou   as 


fciencias  feveras  cm  a  Univerfidadc  de  Sa- 
lamanca onde  floreceo,  e  frutificou  o  feu 
fecundo  engenho  com  admiração  de  todos 
os  Meílres  recebendo  o  gráo  de  Doutor 
na  Faculdade  de  Direito  Pontifício.  Vol- 
tando à  Cidade  de  Évora  o  admitio  por 
feu  domeílico  o  SereniíTimo  Infante  D.  Af- 
fonfo  Bifpo  daquella  Cathedral  venerando 
na  fua  peflba  aquella  integridade  de  cuíhi- 
mes,  q  o  habilitarão  para  os  lugares  mais 
honoríficos  aíTim  Ecclefiaílicos,  como  fc- 
culares.  Entre  os  primeiros  Inquizidores 
de  que  fe  formou  o  Tribunal  da  Inquizi- 
çaõ  de  Évora  foy  nomeado  em  10  de  Ou- 
tubro de  1536.  pelo  IlluftriíTimo  D.  Diogo 
da  Sylva  primeiro  Inquizidor  Geral  nefte 
Reyno  donde  paíTou  com  o  mefmo  lugar 
para  a  Inquiziçaõ  de  Lisboa  a  16  de 
lulho  de  1339.  Deíle  Tribunal  foy  promo- 
vido a  Deputado  da  Meza  da  Conciencia,  c 
Ordens,  e  depois  a  Prezidente  do  Dezembargo 
do  Paço  fendo  o  primeiro,  que  ocupou  eíle 
honorifico  lugar  pois  até  o  feu  tempo  prezi- 
diraõ  nelle  os  noíTos  Monarchas.  Aten- 
dendo aos  feus  merecimentos  ElRey  D. 
loaõ  III.  o  nomeou  em  o  anno  de 
1549.  Bifpo  de  Sylves  em  o  Reyno  do 
Algarve  onde  como  vigilante  Paftor  ce- 
lebrou Synodo  Diocefano  a  14  de  lanei- 
ro de  1554.  No  anno  feguinte  aíTiftio  no 
Concilio  Tridentino  congregado  fegunda  vez 
no  Pontificado  de  Júlio  11.  e  cm  taõ  ve- 
nerável congreíTo  foy  admirada  a  fua  gran- 
de litteratura.  Reílituido  ao  Reyno  foy  no- 
meado Regedor  das  Juíliças  de  que  tomou 
poíTc  a  17  de  Setembro  de  1557.  dcvcn- 
do-fe  à  direção  das  fuás  prudentes  máxi- 
mas, que  a  juíliça  fe  obfervafle  triumfante 
do  refpcito  dos  poderofos,  c  do  foborno 
dos  delinquentes.  Cotiílituido  pelo  Cardial 
Infante  D.  Henrique  Coadjutor,  Provifor, 
c  Vigário  Geral  do  Arcebifpado  de  Évora 
de  que  era  Paftor,  lhe  renunciou  no  anno 
de  1564.  efta  grande  dignidade  fendo  o 
fegundo  Arcebifpo  de  taõ  antigua,  como 
illuftre  Diocefe  onde  celebrou  Synodo  cm 
1565.  a  que  deu  principio  com  huma  ele- 
gante Oraçaõ  o  infigne  André  de  Rezen- 
de. Exercitadas  todas  as  virtudes  neccíTa- 
rias  para  dczempcnho  da  obrigação  paftoral 


L  USITAN  A. 


pelo  efpaço  de  dez  annos  deixou  a  vida  ca- 
duca pela  eterna  a  6  de  Agofto  de  1574.  laz 
Tepultado  em  huma  das  Capelas  da  Cathedral 
de  Évora  da  Nave  do  Lenho,  que  elle  edifi- 
cou. Fazem  memoria  deíle  Prelado  Fonceca 
Ei^or.  Glorio/,  pag.  501.  Fr.  Pedro  Monteiro 
Caíhal.  dos  Inqtà^id.  de  Evor.  e  no  Catbal. 
dos  Inq.  de  Lisboa,  n.  i.  e  o  Cathalog.  dos  Bi/p. 
do  Algarve  pag,  15.  n.  36.  Souza  Agiol.  Laifit. 
Tom.  4.  pag.  458.  intitulando  o  Varaõ  fa- 
bio,  prudente,  e  de  fantos  cuftumes.  Com- 
poz. 

Conftitiãçoens  do  Bi/pado  de  Sjlves.  Lisboa 
por  Germaõ  Galhard.  1554.  foi. 

Conftituiçoens  do  Arcebifpado  de  Évora.  Ma- 
drid. 1622.  foi.  Foraõ  feitas  pelo  Infan- 
te D.  Affonfo  fendo  Arcebifpo  delia  Dio- 
cefe,  innovadas  pelo  Arcebifpo  D.  loaõ 
de  Mello  no  Synodo  celebrado  no  anno 
de    1565, 

Princípios,  e  fundamentos  da  Chriftanda- 
de,  ou  dialogo  com  hum  breve  fummario  de 
lembranças  de  que  cada  hum  deve  guardar  no 
ejlado  da  vida,  que  tomou.  Começa.  Porque 
J'e  achaõ  muitas  peffoas  que  variaõ  em  fa:^er 
o  final  da  Cru^.  Acaba,  e  Bemaventurança 
que  ditra  para  fempre.  Amen.  Foy  com- 
pofto  quando  era  Bifpo  do  Algarve,  e 
fe  imprimio  em  Lisboa,  e  depois  fendo 
Arcebifpo  de  Évora  o  mandou  reimpri- 
mir nefta  Qdade  por  André  de  Burgos. 
1566.     12. 

Declaração  dos  Mjfierios  da  Mijfa.  Évora 
por  Martim  de  Burgos  16.  Confta  de  8  folhas. 
Delle  mandou  imprimir  três  mil  o  Illullriírimo 
Arcebifpo  de  Évora  D.  Theotonio  de  Bragan- 
<^  para  fe  repartir  pelas  fuás  ovelhas. 

P.  lOAÕ  DE  MELLO  natural  do  Re- 
cife em  Pernambuco  filho  de  loaõ  Fernandes 
Sylva,  e  Izabel  Gomez  de  Figueiredo.  Rece- 
beo  a  roupeta  de  lefuita  no  Collegio  da  Bahia 
de  todos  os  Santos  a  12  de  Fevereiro  de  1721. 
quando  contava  quinze  annos  de  idade.  Ef- 
tudou  letras  humanas  em  que  fahio  fuficien- 
temente  verfado  como  na  Poefia  Latina,  e 
vulgar  publicando  em  aplauzo  do  Dezembar- 
gador  Ignacio  Dias  Madeira  Ouvidor  Geral 
<k  Bahia. 

Glojfa    a    Outava    de    Camoens    da    Eglo- 


699 

ga  5  da  I  Parte  das  fuás  Rimas,  que 
começa. 

Avos  fe  dem  a  quem  junto  fe  hà  dado. 

Quatro  Decimas,  e  hum  Komance  locoferio 
ao  mefmo  AíTumpto.  Lisboa  por  Miguel 
Manefcal  da  Cofta  1742.  4. 

lOAÕ  DE  MELLO  FEYO  natural  de 
Lisboa,  e  muito  inclinado  à  Poezia  jocofa 
de  cujo  argumento  publicou  diverfos  Entre- 
mezes com  efte  titulo 

Aíufa  entretenida.    Coimbra  1658.  8. 

lOAÕ  DE  MELLO,  E  SOUZA  Fidalgo 
da  Caza  Real  naceo  em  a  Villa  de  Torres  novas 
do  Patriarchado  de  Lisboa  onde  teve  por  Pays 
a  Diogo  de  Souza,  e  D.  Izabel  de  Mello  igual- 
mente illuílres,  e  virtuofos.  A  natureza  o 
ornou  de  talento  profundo,  fubtil  comprehen- 
faõ,  e  admirável  memoria  para  cultivar  as 
fciencias  amenas,  e  feveras.  Depois  de  fre- 
quentar em  a  Univerfidade  de  Coimbra  o 
eftudo  da  lurifprudencia  Cefarea,  e  recebido 
as  infignias  doutoraes  foy  elevado  a  huma 
Cadeira  a  20  de  Abril  de  1547.  onde  defcubrio 
a  fubtileza  da  fua  efpeculaçaõ  interpretando 
os  Textos  mais  dificeis  de  hum,  e  outro  Di- 
reito. Naõ  oftentou  menor  capacidade  fendo 
Dezembargador  dos  Aggravos,  e  Chan- 
celler  na  Caza  de  Suplicação  em  cujos 
lugares  adminiílrou  reélamente  a  juítíça. 
Para  alivio  do  continuo,  e  laboriofo  mi- 
niílerio  de  Senador  cultivava  as  Mufas 
Latinas  com  tal  enthufiafmo  que  compe- 
tia na  fublimidade,  e  elegância  com  os 
primeiros  Corifeos  da  Poezia  heróica.  Fal- 
leceo  em  Lisboa  a  26  de  Março  de 
1575.  Delle  fazem  memoria  loan.  Soar. 
de  Brit.  Theat.  iMfit.  Uter.  lit.  I.  n.  55. 
Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  p.  567. 
col.  2.  Gama  Decif.  Decif.  262.  Lelong. 
Bib.  Sacr.  p.  mihi  857.  col.  2.  Por  de- 
ligencia  de  feu  filho  o  Doutor  Simaõ  de 
Souza,  e  Mello  Collegial  do  Collegio  de 
S.  Pedro,  e  Cónego  da  Collegiada  de 
Ourem  publicou  a  feguinte  obra  que 
compuzera    feu    Pay. 

In  librum  lob  paraphrafis  poética.  Ac- 
cejferunt  de  reparatione  humana  libri  VIU. 
nec   non    de    miferia    hominis   libri   duo.      Lu- 


700 


BIBLIO  THE  CA 


gduni  apud  Horatíum  Girdon  1615.  12. 
&  Lisbonac  Typis  Regalibus  Sylvianis. 
1745.  4.  no  Tom.  2.  do  Corpus  lllujlr. 
Poet.  iMJitan.  qui  latine  fcripfermt.  A  eíla 
obra  como  a  feu  Author  louva  com 
eftas  métricas  vo2es  Pedro  Sanches  in 
Epifl.    ad   Ignat.    Moralium. 

Non  ne  vides  Mel/um  raro  fed  do£ia  lo- 
quentem 

Qui  fine  lege  hqtà  erubefcit  doãijjimus, 
atque 

Antiqua     virtute    fenex,     Kegisque     Senator 

Integer,  et  nullo  pratio  corruptus  avare? 

Hic  lamentatur  primi  deliãa  Parentis 

Mortiferum  rapuit  vetità  qui  ex  arbore  po- 
mum; 

jE/  num  heu}  feri  luimus  mala  furta  ne- 
potes. 

Defcribitque  virum,  quem  fie  potentia  fir- 
mai 

Adverfum    infidias    et    technas    damonis  atri, 

Ut  nihil  in  calum  fiulta  fit    você    loquutus. 

A  efte  concento  correfponde  a  con- 
fonancia  da  Lira  do  P.  António  dos  Reyes 
Entbuf    Poet.    n.    22. 

...  AJfimilis  donatur  "Laurea  Soufa 
Qm    mala,  pauperiem,    cruciatus  probra    la- 
bores 
Flebilibus    cantare    modis   patientis    lobi 
Non  fuit   altifono   melius  qui  carmine  pojfet 
Sed    nec    erit,    liquidas    quantumuis   prodigat 

undas 
Cafialidum    facunda     cohors;     licet    alta    li- 

quefcat 
In  fontes,    fluviofque    vagos    Pamajfia    rupes. 

lOAÕ  MENDES  FERREYRA  pro- 
feíTor  de  Direito  Qvil,  e  Patrono  de 
Caufas  Forenfes  em  a  Villa  de  Eftre- 
mòs.     Efcrevco 

Opus  bellicum,  et  furidicum  in  praticas,  et 
furidicas  velitationes  divifum  in  quibus  multa, 
qua  per  controverfiam  in  forenfibus  fudiciis  adducun- 
tur,  loffco,  feracique  fitylo  pertraãantur.  foi.  M. 
S.  Cujo  original  vimos  com  todas  as  licenças 
para  fe  imprimir. 


lOAÕ  MENDES  FRANCO  natural  de 
Villaviçofa,  c  igualmente  perito  na  Fa- 
culdade de  Medecina  como  na  intelligen- 
cia  da  lingua  latina,  e  Poezia.  Traduíio 
do  idioma  materno  em  o  latino  como 
efcreve  o  Doutor  Duarte  Madeira  Arraez 
Antiloq.  Nova  Philofoph.  intitulando-o  Meài- 
cum  peritijftmum  as  feguintes  obras  compoftas 
pelo  mefmo  Doutor  Arraez. 

Apologia  de  loco  mit tendi  fanguinem  &c. 
Methodus  curandi  morbum  gallicum. 

lOAÕ  MENDES  MONTEIRO  natu- 
ral da  Gdade  de  Évora,  e  difcipulo  na 
Faculdade  da  Muíica  do  infigne  Meftre 
Manoel  Mendes  cuja  arte  exercitou  prac- 
ticamente  fendo  hum  dos  celebres  Muíi- 
cos  da  Capella  Real  de  Madrid,  e  efpe- 
culativamente  compondo  diverfas  obras 
que  lhe  conciliarão  univerfal  aplauzo  das 
quais  fe  confervaõ  na  Bibliotheca  Real 
da  Muíica  Eftant.  36.  n.  809.  confta  do 
feu  Index  impreíTo  Lisboa  por  Pedra 
Crasbeeck.     1649. 

Livro  de  Magnificas,  foi. 
Ad  Dominum  cum  tribularer  a  4. 
Cum  turba  plurima  a  4. 
Cum  jejunajfet.  a  4. 
Duãus  efi  lefus  a  5. 
Miferere  mei  quoniam  infirmus  fum.  a  4. 
Simile  efi  Kegnum  Calorum.  a  4. 
Quomodo  cantabimus.  a  5. 
Todos  eftes  Motetes  eraõ  para  fe  cantar  no 
Tempo  da  Quarefma. 

lOAÕ  MENDES  DE  TÁVORA  na- 
tural de  Lisboa  filho  fegundo  de  Luiz 
Alvares  de  Távora  I.  Conde  de  S.  loaô 
da  Pefqueira  Senhor  do  Mogadouro,  e 
de  D.  Martha  de  Vilhena  filha  de  loaò 
Mendes  de  Oliveira  Morgado  deíle  apel- 
lido.  Inílruido  nas  letras  humanas  fe  gra- 
duou Doutor  Theologo  na  Univerfidade 
de  Coimbra  fendo  admitido  por  Colle- 
gial  do  Collegio  de  S.  Pedro  a  28  de 
Mayo  de  161 8.  donde  paíTando  a  Cóne- 
go Magiílral  da  Cathedral  de  Lisboa  a 
17  de  Abril  de  1624.  foy  Deputado  da 
Inquiziçaõ  de  Lisboa,  c   Sumilher  da  Cor- 


L  USITANA. 


701 


tina  de  Filippe  IV.  que  atendendo  ao 
efplendor  do  feu  nacimento,  e  integrida- 
de de  feus  cuíhimes  o  nomeou  Bifpo  de 
Portalegre  em  cuja  dignidade  foy  confir- 
mado pelo  Summo  Pontífice  Urbano  Vlll. 
no  anno  de  1632.  Deíle  Bifpado  foy  af- 
fumpto  no  anno  de  1638.  ao  de  Coim- 
bra onde  celebrou  Synodo  a  8  de  Mayo 
de  1639.  em  que  propoz  o  Juramento 
do  Myfterio  da  G^nceiçaõ  da  Senhora. 
Ao  tempo  que  exercitava  as  obrigaçoens 
de  vigilante  Paftor  o  arrebatou  a  morte 
do  grémio  das  fuás  ovelhas  em  o  i  de 
Julho  de  1646.  quando  contava  48  annos 
de  idade  já  Concelheiro  do  Eítado  del- 
Rey  D.  loaõ  o  IV.  e  nomeado  Arcebif- 
po  de  Lisboa.  laz  fepultado  na  Cathe- 
dral  de  G^imbra.  Delle  faz  honorifica 
mençaõ  D.  Nicol.  de  Santa  Maria  Cbron. 
dos  Coneg.  'Keg.  hv.  10.  cap.  19.  n.  12. 
I^itaõ  Catbal.  Chronol.  dos  Bi/p.  de  Coimh. 
%.  76.  D.  Fernando  de  Noronha  Cathal. 
Aos  Bi/p.  de  Portaleg.  §.  9.  Pereira  Leal 
Cathal.  Chronol.  dos  Colleg.  de  S.  Pedro. 
n.  57.  Fr.  Ped.  Mont.  Cathal.  dos  Deput. 
da  Inq.   de   Lisboa.    82.     Compoz. 

SermaÕ  no  Aão  da  Fé,  que  fe  celebrou 
^m  Usboa  em  z  de  Setembro  de  1629.  Lis- 
boa  por   António   Alvares.    1629.    4. 

Epiftola  ad  Sanãijfimum  Ecclejia  Komana 
Pontificem  Innocentium  X.  Começa.  Ip/o  die 
Beatijfimi  Caro  li  Barro  mai.  <ò'c.  &c,  Conim- 
bricae  9  Novembris.  1644.  Naõ  tem  nome 
do  impreíTor.  4. 

Memorial  a  el  Rey  em  nome  do  T>eà5,  e 
Cabbido  da  Sé  de  Usboa  em  defenfa  da  liberdade 
Exclejiafiica  violada  com  a  lej  que  promulgara  con- 
tra o  ut(p  dos  Coches,  foi.  Naõ  tem  anno  nem 
lugar  da  ImpreíTaõ,  mas  certamente  he  Lis- 
boa. He  muito  erudito,  e  no  fim  eílá  affinado 
feu  Author.    Coník  de  8  folhas. 

Commentaria  in  Canticum  Magnificat.  Efta- 
vaõ  promptos  no  anno  de  1661.  com  todís 
as  Hcenças  para  a  impreíTaõ. 

lOAÕ  MENDES  DE  VASCONCEL- 
LOS  Comendador  da  Ordem  militar  de 
Chrifto  naceo  em  a  Gdade  de  Évora 
fendo  feus  progenitores  Luiz  Mendes  de 
Vafconcellos    Capitão    mòr    das    Náos    da 


índia  de  quem  em  feu  lugar  fe  fará 
mais  larga  memoria,  e  D.  Brites  Caldei- 
ra. A  natureza  o  dotou  de  perfpicas  ta- 
lento para  comprehender  as  Artes,  e  de 
heróico  coração  para  empunhar  as  ar- 
mas merecendo  igual  Coroa  na  paleftra 
de  \Iinerva,  como  em  a  Campanha  de 
Marte,  em  cujo  aplauzo  cantou  a  Muía 
de  Manoel  de  Faria,  e  Souza  Fuent.  de 
Aganip.  Cent.  i.  Madrig.  37. 
Tomad  ora  la  e/pada,  ora  la  pluma, 
Y  ai  mundo  mofirareis  em  bella  Jumma 
De  altas  y  nobles  partes 
Executadas  con  gentil  defire:^a 
De  joyas  de  Noble^a  grandes  Artes: 
De  Joyas  de  Artes  grandes  gran  Noblet(a. 
O  prologo  das  fuás  emprezas  militares  foy 
a  Reftaiuraçaõ  da  Bahia  no  anno  de  1625. 
onde*  naõ  fomente  foy  gloriofo  inílrumento 
da  expulfaõ  dos  Olandezes,  que  perfidamente 
a  poíTuiaõ,  mas  fendo  Meftre  de  Campo  ani- 
mado da  fidelidade  que  fempre  confervou 
para  com  a  fua  Pátria  impetlio  ao  Marquez 
de  Montalvão  Vicerey  do  Eftado,  que  acla- 
maíTe  a  ElRey  D.  loaõ  o  IV.  elevado  ao  trono 
dos  feus  Mayores.  Reítituido  a  Portugal  fuf- 
tentou  com  a  efpada  a  jultiça  do  feu  Soberano 
contra  a  armada  potencia  dos  Caftelhanos, 
conquiílando  quando  era  Meftre  de  Campo 
General  o  lugar  de  Telena  em  1643.  o  Caftello 
da  Codiceira  em  1646.  e  focorrendo  a  Praça 
de  Chaves  em  1649.  ^layores  foraõ  os  argu- 
mentos da  difciplina  miUtar  quando  eleito 
Governador  das  Armas  da  Província  do 
Alentejo  recuperou  o  Caftello  de  Mouraõ 
em  30  de  Outubro  de  1657.  que  governava 
o  Meftre  de  Campo  D.  Francifco  de  Ávila 
Orejon;  e  no  fitio,  que  poz  à  Praça  de  Badajoz 
a  12  de  lunho  de  1658.  o  qual  durando  o  ef- 
paço  de  quatro  mezes  foy  obrigado  retirar- 
-fe  a  Elvas  com  admirável  difpofiçaõ  por  naõ 
poder  reziftir  à  Epidemia,  que  tinha  ex- 
tinto grande  numero  de  foldados  de  cujo 
infaufto  fuceíTo  fendo  criminado  por  feus 
emulos  fahio  com  merecidos  aplauzos  juf- 
tificada  a  fua  innocencia.  Vários  faõ  os 
que  lhe  dedicaõ  graves  Efcritores  como 
o  Conde  da  Ericeira  D.  Luiz  de  Me- 
nezes Portug.  Kejlaurad.  Tom.  i.  pag. 
374.    376.    564.    694.    e    Tom.    2.    pag.    50. 


702 


BIB  LIO  THE  CA 


59.  90.  124.  218.  Monfiur  de  la  Clede  Hijl. 
Gen.  de  Vortug.  Tom.  2.  pag.  mihi  529.  541. 
549.  626.  630  e  639.  D.  Ferd.  de  Men.  Hift. 
L,ujit.  lib.  4.  p.  346.  lib.  5,  p.  382.  394.  397. 
lib.  7.  p.  528.  582.  588.  lib.  8.  p.  658.  lib.  9. 
p.  705.  Fr.  Gio:  Giufep.  di  S.  Teref.  Hiji. 
delle  Guerre  dei  Brajil  Part.  2.  liv.  i .  acquijlojfe 
degnamente  la  fama  d' uno  d'  piu  ecellenti  Capi- 
tam delle  Spagne.  Foncec.  JEror.  Glorio/,  p. 
170.  era  de  illuftrijfimo  Jangue  de/de  menino  criado 
nas  armas.  lul.  de  Mell.  Vid.  de  D.  Dinii^  de 
Mello  e  Cajir.  liv.  i.  n.  130.  Foy  naquelle  Je- 
culo  em  Efpanha  o  primeiro  Oráculo  da  difciplina 
da  guerra;  bufcavaÔ-no  para  decijaõ  das  duvidas 
militares,  abraçando-Je  com  tanta  fé  o  que  dif punha, 
que  qualquer  refoluçaõ  fua  naõfófe  ejiabelecia  como 
ley,  mas  paffava  a  refpeitarfe  como  infpiraçaõ. 
Manoel  de  Faria,  e  Souza  Fuent.  de  Aganip. 
Part.  I.  Cent.  3.  Sonet.  77  dandolhe  os  para- 
béns de  huma  Comenda  acaba  dizendo. 
Si  dandote  Minerva  com  Belona, 

Cofas  que  juntas  fe  hallan  raramente, 

Lo  illujre  han  illuflrado  èn  tu  Perfona: 
No  fe  admire  já  màs  la  humana  gente 

Si  en  tu  virtud  juntarfe  el  Tiempo  abona 

Con  el  Valor  el  Premio  eflrechamente. 
Compoz. 

Doutrina  Marítima,  ou  da  guerra  do 
mar.  Dedicado  a  D.  Carlos  de  Aragaõ 
Duque  de  Villa  hermofa  Conde  de  Fica- 
Iho  do  Confelho  de  Sua  Mageftade  Ve- 
dor da  Fazenda,  e  Prezidente  do  Con- 
felho de  Portugal.  8.  Sem  anno  ,  nem 
lugar,    nem    nome    do    ImpreíTor. 

Uga  defhecha  por  la  expulfion  de  los 
Morifcos  de  los  Rejnos  de  Efpana.  Madrid 
por  Alonfo  Martin.  1612.  8.  Efte  Poe- 
ma, que  coníla  de  17  Cantos,  he  dedi- 
cado pelo  author  a  D.  Manoel  Alonfo 
Perez  de  Gufmaõ  el  Bueno.  Gentilhome 
da  Camera  delRey,  e  Capitão  General  da 
Cofta  de    Andaluzia. 

Inflruçoens  Militares.  M.  S.  Deíla  obra 
faz  memoria  o  P.  Francifco  da  Fonceca  Evor. 
Gloriof.    p.    412. 

Voto  fobre  fe  havia  de  fahir  o  noffo  exercito 
contra  o  de  Caflella.  He  muito  douto,  e  fe 
conferva  na  Livraria  do  ExcellentiíTimo  Du- 
que de  Lafoens  que  foy  do  EmminentiíTimo 
Cardeal  de  Souza. 


KelaçaÕ  do  Reyno  de  Angola.  M.  S, 
Exifte  na  Livraria  do  Excellenti/fimo  Con- 
de de  Vimieyro. 

lOAÕ  MENDES  DE  VASCONCEL- 
LOS,  E  QUEYROS  natural  da  Villa  de 
Amarante  onde  fahio  à  luz  do  mund» 
a  10  de  Setembro  de  1686.  fendo  filho 
de  Martim  Affonfo  Moreira,  c  D.  Izabel 
de  Vafconcellos,  e  Queirós  ambos  def- 
cendentes  de  qualificadas  famílias.  Foy 
Fidalgo  da  Caza  de  Sua  Mageftade,  Ca- 
valleiro  profeflb  da  Ordem  de  Chrifto^ 
Capitão  de  Infantaria  na  guerra  em  que 
fe  difputava  a  fuceíTaõ  da  Coroa  de  Ef- 
panha onde  dezcmpenhou  as  obrigaçoens. 
do  feu  nacimento.  Confervou  femprc  en- 
tre os  exercícios  militares  coftumes  reli- 
giofos  fallecendo  com  opinião  de  vir- 
tuofo  a  10  de  Dezembro  de  1737. 
Compoz 

DefcripçaÕ  da  Villa  de  Amarante.  M.  S. 
Confervafe  na  Bibliotheca  do  Convento  de 
S.  Francifco  da  Cidade,  e  na  Colleçaõ  da  def- 
cripçaõ  de  todas  as  Gdades,  Villas,  e  Lugares, 
do  Reyno  de  Portugal  que  fe  guarda  na  Con- 
gregação do  Oratório  defta  Corte. 

D.  lOAÕ  DE  MENDOÇA  naceo  em 
a  Villa  de  Eftremoz  da  Provinda  Tranf- 
tagana  a  12  de  lunho  de  1673.  juftamente 
vangloriofa  com  a  produção  de  taõ  illuf- 
tre  alumno.  Foy  fexto  filho  de  Lourenço 
de  Mendoça  3.  Conde  de  Valdereis,  Depu- 
tado da  lunta  dos  Três  Eftados,  Regedor 
das  luftiças,  e  Confelheiro  de  Eftado,  e  da 
Condefla  D.  Maria  de  Mendoça  filha  de 
Manoel  de  Souza  da  Sylva  Vedor  da  Rai- 
nha D.  Maria  Francifca  Izabel  de  Sa- 
boya,  e  Meftre  Sala  do  Príncipe  D.  Theo- 
dozio,  c  D.  loanna  de  Mendoça.  Tendo 
eftudado  as  letras  humanas  no  Collegio 
de  S.  Antaõ  de  Lisboa  onde  deu  a  co- 
nhecer a  viveza  do  engenho,  c  prompti- 
daõ  da  memoria  cultivou  em  a  Univer- 
fidade  de  Coimbra  a  lurifprudencia  Canó- 
nica onde  foy  admitido  por  Porcionifta  do 
Real  Collegio  de  S.  Paulo  a  30  de  Outu- 
bro de  1689.  Recebido  o  grão  de  Doutor 
nefta    Faculdade    a    17    de    lulho    de    1698. 


L  USITAN  A. 


703 


paflbu  de  Arcediago  da  Sè  da  Guarda 
para  Thezoureiro  mòr,  e  Cónego  da  Ca- 
thedral  de  Évora  a  28  de  Dezembro  de 
1694.  pela  promoção  de  feu  Tio  o  II- 
luílriíTimo  Ruy  de  Moura  Tellez  ao  Bif- 
pado  da  Guarda.  Sendo  Conduftario  com 
privilégios  de  Lente  em  27  de  Novem- 
bro de  1698.  oílentou  com  tanta  profun- 
didade à  Cadeira  de  Clementinas  que  ain- 
da que  cedeo  delia  em  utilidade  de  ou- 
tros Oppozitores  mais  antigos  fe  lhe  jul- 
gou a  igualação  à  dita  Cadeira  a  23  de 
Fevereiro  de  1706.  da  qual  teve  a  proprie- 
dade com  igualaçoens  a  do  Decreto  a  28 
de  Fevereiro  de  1707.  e  ultimamente  igua- 
lado à  de  Vefpera  a  2  de  Agofto  de  1708. 
Eleito  Deputado  do  S.  Officio  da  Inquiíi- 
çaõ  de  Coimbra  a  3  de  laneiro  de  1704. 
regeitou  fer  Deputado  da  Meza  da  Con- 
ciencia,  e  Ordens  antepondo  a  taõ  honori- 
fico lugar  o  laboriofo  exercido  de  Meílre 
da  Univeríidade.  Para  premio  dos  feus 
merecimentos  o  nomeou  a  mageftade  reynante 
de  D.  loaõ  o  V.  Bifpo  da  Guarda  em  cuja 
dignidade  foy  confirmado  por  Clemente  XI. 
a  30  de  laneiro  de  171 3.  Sem  demora  partio 
para  a  fua  Diocefe,  que  vizitou  peíToal- 
mente  uzando  da  reétídaõ  de  Prelado,  e  bene- 
volência de  Paílor.  Determinado,  a  fazer 
vizita  ad  Umina  Apofiolorum  paflbu  a  Roma 
a  31  de  Mayo  de  171 7.  onde  chegando  a  15 
de  Novembro  do  dito  anno  experimentou 
para  com  a  fua  PeíToa  taõ  benévola  a  Santi- 
dade de  Qemente  XI.  que  o  nomeou  AíTif- 
tente  do  SoUo  Pontificio  por  Breve  expe- 
dido a  I  8  de  Mayo  de  1 7  1 8 .  que  lhe 
levou  a  fua  Caza  Monfenhor  Batelli  Secre- 
tario de  Breves  a  Príncipes.  Depois  de 
ter  dado  neíla  grande  Corte  vários  argu- 
mentos das  fuás  profundas  letras,  e  virtuo- 
fos  cuíhimes  fe  reftituhio  ao  feu  Bifpado  a 
23  de  Agofto  de  1720.  onde  exercitando 
com  ardente  zelo  as  obrigaçoens  paftoraes 
falleceo  piamente  em  a  Villa  de  Caftello- 
branco  a  2  de  Agofto  de  1736.  quando  con- 
tava 63  annos  de  idade,  e  23.  de  Bifpo. 
Do  feu  nome  fazem  honorifica  memoría  Fr. 
Pedro  Mont.  Cathalog.  dos  Deput.  da  InquiJ.  de 
Coimh.  n.  148.  Sylva  Cathal.  dos  Bifp.  da  Guard. 
n.  45.  D.  lozé  Barbofa  Mem.  do  Keal  Col- 


leg.  de  S.  Paul.  pag.  383.  e  no  Archiath.  Ijifit. 
pag.  135.  n.  67. 
Quos    cernis   veteri  Mendoça   agnomine   claros 
Proferet    in     lucem    geminas     domus     inclyta 

{vallis 
Regia)  primus  erit  felix  Academia  cultu 
Quem  colet  atemo  tanto  jucunda  magijlro. 
Aíimera   defpiciet   meritis  illuftrihus  apta 
Pandat  ut  indoãa  latebrofa  oracula  turba. 
Incaptum  at  gaudens  E^tania   rumpere  coget 
Confilium,    nam    lata    novo     Pafiore    tumej- 

cet. 
Sedulus     at     Praful     longinqua     ad     limina 

tendet 
Principum      Apofiolici,   Sanãique  per   omnia 

Catits. 
Ouo    Romana   petet,    regnabit    tempore    Cle- 

mens 
Aíania,     qui     teneri    documenta     ut    promat 

amoris 
Augujlo  faciet  foiioque  ajjidere  Sacro. 
Alem   das    doutiffimas    Poílillas,    que    di- 
âou    quando    era    Meftre    na    Univerfidade 
ao  Cap.  I.  de  Secundis  Nuptiis.  e  ao  Cap.  fin. 
de  Confejfts.    Compoz. 

Tratados  diverfos  acerca  da  Jurifdiçaõ 
Epifcopal  contra  os  Regulares  dos  quais 
fe  podem  formar  hum  grande  Volu- 
me, e  os  conferva  com  a  divida  eJH- 
maçaõ  o  Reverendo  António  Alvares 
Louza  Cónego  Prebendado  da  Cathedral 
de  Évora  igualmente  douto  em  o  Di- 
reito Pontificio  do  qual  recebeo  o  gráo 
de  Doutor  em  a  Univerfidade  de  Coim- 
bra, como  perito  nas  Antiguidades,  e 
privilégios  do  feu  illuftre  Cabbido,  cujas 
memorias  Hiíloricas  tem  compofto  com  pro- 
funda inveítígaçaõ. 

D.  lOAÕ  DE  MENEZES  primei- 
ro Conde  de  Tarouca,  fetimo  Gover- 
nador, e  Capitão  General  da  Praça  de 
Tangere  Mordomo  mòr  dos  Sereniffi- 
mos  Monarchas  D.  loaõ  o  II.  e  D.  Ma- 
noel, e  Graõ  Prior  do  Crato  teve  por 
berço  a  Cidade  de  Lisboa,  e  por  proge- 
nitores a  D.  Duarte  de  Menezes  III.  Con- 
de de  Viana,  Alferes  mór  delRey  D. 
Duarte,  e  D.  Aifonfo  V.  Alcayde  mòr 
de   Beja,   e  a  D.   Izabel   de   Caftro   fua   fe- 


704 


BIB  LIO  THE  CA 


gunda  mulher  filha  de  D.  Fernando  de  Caf- 
tro.  Pelos  rafgos  da  fua  penna,  e  pelos 
golpes  da  fua  efpada  mereceo  eternizar  o 
feu  Nome  em  o  Templo  de  Apollo,  e  em 
a  Paleílra  de  Marte  fendo  taõ  elevado  o 
feu  enthufiafmo  para  a  Poezia,  como  in- 
trépido o  feu  coração  para  a  Campanha  a 
qual  foy  toda  a  regiaõ  de  Africa  como  tefte- 
munhaõ  com  indeléveis  caraâeres  o  Illuf- 
triflimo  D.  Jerónimo  Oforio  de  reb.  Emman. 
Keg.  lib.  2.  5.  9.  Damiaõ  de  Góes  Chroti. 
delKey  D.  Manoel  Part.  5.  cap.  51.  Manoel 
de  Faria,  e  Souza  Afric.  Portng.  cap.  7.  n. 
112.  e  o  ExcellentiíTimo  Conde  da  Ericeira 
D.  Femand.  de  Menez.  Hijl.  de  Tang.  liv.  2. 
§.  14.  16.  e  17.  Foy  cazado  com  D.  Joan- 
na  de  Vilhena  filha  de  Fernaõ  Telles  de 
Menezes  4.  Senhor  de  Unhaõ  Geílaço,  e 
Meynedo,  Commendador  de  Ourique,  e  Mor- 
domo mòr  da  Raynha  D.  Leonor  3.  mu- 
lher delRey  D.  Manoel,  e  de  D.  Maria  de 
Vilhena  filha  de  Martim  Affonfo  de  Mello 
Alcayde  mór  de  Olivença  Guarda  mòr  dos 
Reys  D.  Duarte,  e  D.  Affonfo  V.  e  de  D. 
Margarida  Coutinho  de  Vilhena  Senhora 
de  Ferreira  de  Aves  de  cujo  matrimonio 
naceraõ  D.  Duarte  de  Menezes  Senhor 
da  Caza  de  Tarouca  V.  Governador  da 
índia,  e  duodécimo  Governador  da  Praça 
de  Tangere  de  quem  procedem  os  Con- 
des de  Tarouca:  D.  Henrique  de  Mene- 
zes Governador  da  Caza  do  Civel  proge- 
nitor da  Caza  dos  Condes  de  Aveiras:  D. 
Luiz  de  Menezes  Senhor  de  Comba,  e  Ga- 
ravanços,  Monteiro  mòr  delRey  D.  Ma- 
noel, e  Alferes  mòr  delRey  D.  loaò  o  IIL 
D.  Maria  de  Vilhena  que  cazou  com  D. 
Lope  de  Almeyda  III.  Conde  de  Abran- 
tes de  quem  defcendem  os  Senhores  do 
Sardoal:  D.  Leonor  de  Vilhena  defpozada 
com  D.  loaõ  Gonzalves  da  Camará  IV. 
Capitão  General  da  Ilha  da  Madeira  don- 
de procedem  os  Condes  de  Calheta;  c  D. 
Izabel  de  Caílro  mulher  de  D.  Manoel  Pe- 
reira III.  Conde  de  Feyra.  Morreo  eíle 
Heroe  em  a  Praça  de  Azamor  a  15  de  Mayo 
de  15 14.  carregado  de  palmas,  e  Louros, 
que  colheo  o  feu  invencível  braço  nos 
campos  Africanos,  e  na  Igreja  Matriz 
onde   jáz   fepultado    fe    lhe    dedicarão    com 


religiofa  pompa  exéquias  à  fua  illuftre  me- 
moria. Entre  os  dotes,  que  ennobreccraõ 
o  feu  efpirito  foy  hum  dos  mais  excellen- 
tes  o  génio,  que  teve  para  a  Poezia  metri- 
ficando com  fumma  agudeza,  e  jocofidadc 
como  delle  efcreve  o  Bifpo  leronimo  Ofo- 
rio de  rebns  Emman.  lib.  9.  Quantum  autem 
ingenio  valeret,  Verfus  quos  pátrio  fermone  com- 
ponebat,  aperte  declarabant.  Nec  enim  i/tis 
quidqiuíM  vel  argutius,  vel  fejlmus  excogitari 
poterat.  Dos  feus  metros  fe  p>odiaò  for- 
mar hum  livro  de  juíla  grandeza  dos  quais 
fomente  lograrão  a  luz  publica  os  que  fe  lem 
no  Cancioneiro  de  Garcia  de  Ket^ende  Lisboa 
por  Herman  de  Campos.  15 16.  foi.  a  foi.  i. 
v.o  3.  v.o  4.  6.  v.o  7.  15.  16.  17.  18.  44.  66. 
67.  72.  143.  144.  145.  v.o  151.  v.o  IJ2.  v.o  154. 
157.  158.  verf.  159.  161.  verf.  171.  verf. 
Delle  faz  memoria  Carvalho  Corog.  Portug. 
Tom.  2.  pag.  250. 

P.  lOAÕ  DE  MESQUITA  natural 
da  Villa  de  Anciaens  em  o  Arcebifpado  de 
Braga  onde  teve  por  Pays  a  Fernaõ  de  Mef- 
quita,  e  Violante  Nunes.  Recebeo  a  rou- 
peta da  Companhia  de  lESUS  em  o  Col- 
legio  de  Coimbra  a  10  de  Junho  de  1549. 
Inflamado  com  o  zelo  de  converter  a  Gen- 
tilidade ao  grémio  da  Igreja  Ronuna  fe 
embarcou  no  anno  de  1546.  para  a  índia 
com  o  Patriarcha  da  Etiópia  D.  loaõ  Nu- 
nes Barreto,  e  na  Praça  de  Dio,  como  em 
o  Cabo  do  Camorim  exercitou  o  miniôe- 
rio  de  Operário  Evangélico.  Chamado  a 
Goa  para  didar  Dialedica  preferio  o  ma- 
giílerio  das  almas  ao  das  aulas  partindo 
para  Punicale  onde  querendo  livrar  os  Neó- 
fitos da  barbaridade  dos  Badagás  foy 
prezo  em  hum  tenebrozo  cárcere,  e  car- 
regado de  ferros  de  cuja  horroroza  pri- 
zaõ  fendo  livre  pela  induílria  de  hum 
Chriftaõ  tolerou  confiantemente  graviffi- 
mas  moleílias  pelo  efpaço  de  fetc  dias  ocul- 
to em  bofques,  e  fugitivo  por  diverfos  ca- 
minhos para  naõ  cahir  nas  maõs  dos  Ba- 
dagás, que  anciofamente  o  bufcavaõ  para 
fatisfaçaõ  da  fiu  natural  fevida  até  que  ■ 
evadindo  de  tantos  perigos  chegou  a  Goa  ' 
onde  paíTou  a  coroarfe  na  eternidade  no 
anno  de  1586.    Efcrevco. 


i 


L  U  SITAN  A  . 


705 


Car/a  do  Cabo  de  Camorim  a  zf)  de  Agofio 
de  1560.  ao  P.  Henrique  Henriques. 

Carta  do  Cabo  de  Camorim  a  \(i  de  Outu- 
bro de  1560.  ao  me/mo  Padre. 

Carta  de  Cocbim  a  26  de  laneiro  de 
1561.  aos  Irmãos  do  Colkgio  de  Coimbra. 
Nella  refere  largamente  as  tribulaçoens 
padecidas  quando  eíleve  pre2o.  Sahiraõ 
eílas  três  drtas  traduzidas  na  lingua  Ita- 
liana com  outras.  Venetia  por  Tramez- 
zino  1562.  8.  e  na  latina.  Lovanii  apud 
Rutgenim  Velpium  1570.  8.  defde  pag.  275. 
até  289. 

Carta  ejcrita  do  Cabo  de  Camorim  aos  Por- 
tugueses em  o  I.  de  Dei(embro  de  1558. 

Carta  ejcrita  ao  Provincial  da  índia  em 
Punicale  em  i^  de  Março  de  1^60. 

Carta  ejcrita  em  Punicale  a  i^  de  Agojlo 
de    1560.   ao   P.   Henrique  Henriques. 

Carta  ejcrita  de  Punicale  a  16  de  Out/d^o 
de  1 5  60.  ao  mejmo  P.  Eílas  quatro  Cartas  fe 
confervaõ  no  Archivo  da  Caza  profeíTa  de 
S.  Roque  de  Lisboa. 

Do  author  fazem  mençaõ  Hi^.  Societ. 
lib.  4.  n.  202.  até  267  Franco  Ann.  GlorioJ. 
S.  I.  in  Lujt.  p.  504.  Souza  Orient.  Conq. 
Part.  I.  Conq.  2.  Div.  2.  §.  25.  e  27. 


lOAÕ  MONIZ  DE  CARVALHO 
natural  da  Villa  de  Viana  do  Minho,  e  ir- 
mão de  António  Moniz  de  Carvalho  Fi- 
dalgo da  Caza  Real,  Cavalleiro  da  Ordem 
de  Chrifto,  Commendador  de  Vimiofo,  Con- 
felheiro  da  Fazenda,  Secretario  das  Em- 
baxadas  a  França  Inglaterra  Dinamarca,  e 
Sueda,  e  Enviado  neftas  Cortes  de  quem 
fizemos  larga  memoria  em  feu  lugar.  Ef- 
tudou  em  a  Univerfidade  de  Coimbra  Di- 
reito Pontifício  em  cuja  faculdade  recebeo 
o  grão  de  Licenciado.  Depois  de  fer  Ab- 
bade  da  Igreja  de  Revoredo,  Comiflario 
do  Santo  Officio,  e  da  Bulia  da  Cruzada 
obteve  hum  Canonicato  na  Igreja  Prima- 
cial de  Braga  onde  foy  Vigário  Geral  do 
Território  de  Valença,  Prezidente,  e  De- 
zembargador  da  Relação  Ecclefiaftica  da 
meíma  Diocefe.  Naõ  degenerando  da 
zelofa  fidelidade  que  feu  Irmaõ  manifef- 
tou  para  com  a  Pátria,  e  obzequio  do  feu 

45 


Soberano  D.  loaõ  o  IV.  elevado  ao  tro- 
no de  Portugal  no  anno  de  1640.  efcre- 
veo. 

Dejenganos  offerecidos  ai  Catholico  Principe 
D.  Filippe  el  IV.  Rej  de  Cajlilla  en  rat^on 
dei  intento  injujlo  con  que  Jus  Minijlros  procuran 
en  Roma  impedir  aplau^s  ai  recebimiento  de 
la  Embaxada  dei  Serenijfimo  Principe  D.  lua» 
el  IV.  natural,  j  le^timo  Rey  de  Portugal. 
Lisboa  por  Lourenço  de  Anveres   1642.  4. 

Faz  mençaõ  do  Author  loan.  Soar.  de 
Brit.  Tbeatr.  I^tjtt.  Uter.  lit.  I.  n.  57. 


lOAÕ  MONIZ  PIMENTEL  natu- 
ral da  Gdade  de  Évora  Notário  Apoftolico 
o  qual  acompanhando  defde  Lisboa  até 
Roma  a  Mando  Ito  Miguel,  e  Cingiva  Em- 
baxadores  dos  Reys  de  Bungo,  e  Arima 
com  os  Prindpes  luliaõ  de  Nacaura,  e  Mar- 
tinho de  Fará  fendo  recebidos  com  pater- 
nal benevolência  pelo  Summo  Paftor  Gre- 
gório Xm.  a  23  de  Março  de  1585.  efcreveo 
com   eftilo   fincero,   e   fumma   individuação. 

Itinerário  do  Caminho  que  fi^eraõ  os  Em- 
baxadores  dos  Reys  lapoens  a  dar  obediência 
a  Sè  Apoftolica  até  voltarem  a  Usboa.  foi. 
M.  S.  Confervavafe  na  Livraria  do  cele- 
bre Antiquário  Manoel  Severim  de  Faria 
que  hoje  poíTue  o  Excellentifllmo  Conde 
do  Vimieiro.  Do  author,  e  da  obra  fe  lem- 
braõ  Foncec.  Effor.  GlorioJ.  p.  412.  e  o  mo- 
derno addidonador  da  Bib.  GeograJ.  de  An- 
tónio de  Leaõ  Tom.  3.  col.  1725. 


Fr.  lOAÕ  DE  MONSARAS  natural 
da  Villa  do  feu  appeUido  fituada  na  Pro- 
vinda Tranftagana  filho  de  Manoel  da  Cruz, 
e  Ignes  Caeyra.  Na  idade  da  adolefcenda 
abraçou  o  penitente  inftituto  do  Seráfico 
Patriarcha  em  a  reformada  Provinda  da 
Piedade  a  9  de  laneiro  de  1705.  onde  pela 
fua  literatura  diftou  dous  curfos  de  Theo- 
logia  Efcholaftica,  e  Moral,  e  foy  Quali- 
ficador do  S.  Offido,  e  Examinador  Sy- 
nodal  do  Bifpado  de  Portugal;  e  pella  fua 
prudência  Guardião  dos  Conventos  de  El- 
vas, Lagos,  Portalegre,  Cuílodio  da  fua 
Provinda,  e  Vizitador  da  Provinda  de  Santo 


70Ó 

António.    Dos   Sermoens  que  tem  pregado 
com  aplau2o  fe  fez  publico  o  feguintc. 

Sermão  do  Santijftmo  Coração  de  lESUS, 
que  na  primeira  Fejlividade  das  Keligiofas  do 
Mojleiro  de  Santa  Clara  da  Cidade  de  Elvas 
lhe  tributarão  em  20  de  lunho  de  1753.  Lisboa 
na  Officina  loaquiniana  1754.  4. 

P.  lOAÕ  MONTEIRO  natural  de  Me- 
2aõ  frio  do  Bifpado  do  Porto  filho  de  Fran- 
cifco  de  Almeyda,  e  Qtherina  Guedes  igual- 
mente nobres,  e  pios.  Quando  contava 
defafeis  annos  de  idade  abraçou  o  Sagrado 
IníUtuto  da  Companhia  de  lefus  em  o  No- 
viciado de  Lisboa  a  12  de  Abril  de  1620. 
Completo  o  tempo  dos  eftudos  efcholaf- 
ticos  navegou  para  a  índia,  e  depois  de 
fer  Meílre  dos  Noviços  em  Goa  diâ:ou 
Filofofia,  e  Theologia  em  Macáo.  Com 
o  zelo  da  converfaõ  da  Gentilidade  paíTou 
ao  Império  da  China  em  o  anno  de  1636. 
onde  para  colher  mais  copiofo  fruto  das 
fuás  apoílolicas  fadigas  aprendeo  a  lingua 
daquelle  paiz  efcrevendo  para  inftruçaõ  dos 
Neófitos. 

Thien  hi  hò  iílo  he  Compendio  da  Lej  Di- 
vina. 

Pien  Kingglo.  Trata  do  verdadeiro,  e  falfo 
culto. 

Speculum  illuminans  tenebras.  Coníla  de 
Dcos,  Alma,  Verdadeira  Religião,  e  os  qua- 
tro NoviíTimos. 

Deftas  obras,  e  feu  Author  fazem  men- 
ção o  P.  Gabriel  de  Magalhaens  Nouvel. 
Relat.  de  la  Chine.  p.  loi.  Martim  Mart. 
Kelat.  Chin.  p.  37.  §.  7.  Cathal.  Patrum  S.  I. 
qui  poji  obitum  S.  Franc.  Xav.  ab  anno  1581. 
u/que  ad  1681.  in  Império  Sinarum  I.  C.  fidem 
propagarunt  pag.  27.  §.  46.  e  Franco  Imag. 
da  Virtud.  em  o  Nov.  de  Lisboa  p.  969. 

Falleceo  piamente  na  China  no  anno 
de  1648.  quando  contava  44  annos  de  ida- 
de e  28  de  Religiofo. 

Fr.  lOAÕ  MONTEYRO  natural  de 
Villareal  em  a  Provinda  Tranfmontana 
filho  de  loaõ  Monteiro,  e  Luzia  Fer- 
nandes. Profeflbu  o  inftituto  de  Erimita 
de    Santo    Agoftinho    no    Real    Convento 


BIBLIO THE  CA 


de  NoíTa  Senhora  da  Graça  de  Lisboa  a 
18  de  Dezembro  de  1695.  onde  aprendeo 
as  fciencias  conducentes  ao  eftado  regu- 
lar. Foy  Reytor  da  Igreja  de  S.  loaõ  de 
Souza  pertencente  à  fua  familia  rcligiofa. 
Publicou. 

Sermão  nas  Exéquias  do  llluftrijftmo  Senhor 
D.  Luiz  -^lí^^res  de  Figueiredo  Arcebifpo  da 
Bahia  Prima^  da  America  do  Confelho  de  fua 
Magejlade  celebradas  na  Parochial  Igreja  de 
S.  Pedro  de  Villareal  aos  19  de  Dezembro  de 
1735.  Coimbra  no  Real  Collegio  das  Artes 
da  Companhia  de  lefus.   1756.  4. 

lOAÕ  DE  MORAES  MADUREYRA 
FEYJOO  natural  da  Freguezia  de  S. 
Gens  de  Parada  termo  da  Cidade  de  Bra- 
gança em  a  Provinda  de  Trás  dos  Montes 
onde  teve  por  Pays  a  Álvaro  Annes  de  Mo- 
raes Madureira  Morgado  de  Parada,  e  Fi- 
dalgo de  juro,  e  herdade,  e  a  D.  Theodora 
Pinto  do  Lago  de  igual  nobreza  à  de  feu 
Conforte.  Ornado  de  talento  agudo  apren- 
deo com  facilidade  os  preceitos  da  lingua 
Latina,  colheu  as  flores  da  Rhetorica,  e 
Poética,  e  penetrou  os  arcanos  da  Filofo- 
fia, e  Theologia  em  cuja  fublime  Facul- 
dade recebeo  o  gráo  de  Bacharel  em  a  Uni- 
verfidade  de  Coimbra.  Exerdtou  com  ele- 
gância, e  profundidade  o  minifterio  de  Ora- 
dor Evangélico.  Sendo  eleito  Prior  da  Paro- 
chial Igreja  de  Nofla  Senhora  do  O  da  Villa 
de  Ançaã  do  Bifpado  de  Coimbra  dczem- 
penhou  as  obrigaçoens  de  vigilante  Paílor 
difpendendo  grande  parte  da  copiofa  renda 
que  percebia,  em  focorro  dos  pobres  que  o 
lamentarão  intempeílivamente  morto  a 
29  de  Outubro  de  1741.  Foy  Meftrc  do 
Excellentiflimo  Duque  de  Lafoens  D.  Pe- 
dro Henrique  de  Souza  Tavares  Mafcare- 
nhas  da  Silva  para  cuja  inftruçaõ  compoz 
as  obras  feguintes  que  manifeftaõ  a  profun- 
da fdenda  que  profeíTava  da  Gramática 
Latina. 

Explicationes  in  omnes  partes  totius  Artis 
R.  P.  Emmanuelis  Alvres  è  Societate  JESU 
ad  u/um  Excellentijftmi  Ducis  Alafonenjis,  Ulyf- 
fipone  apud  Michaelem  Rodrigues.  1729.  4. 
Sahio  fegunda  vez  acrecentada  com  o  titulo 
feguinte. 


L  USITAN A. 


707 


Arfe  explicada  i.  Varte  Princípios.  Con- 
tem todos  os  Nominativos  Unguagens,  Ru- 
dimenta,  Géneros,  Pretéritos,  e  Declinaçoens 
dos  Latinos,  e  Gregos  com  toda  a  expli- 
cação neceffaria  para  a  perfeita  intelligen- 
cia  dos  Principiantes ;  os  methodos  de  pre- 
guntar  em  cada  principio  para  fe  Jaherem 
em  breve  tempo,  e  com  facilidade.  Lisboa 
por  Miguel   Rodrigues.    1735.   4. 

Arte  explicada  2.  Parte.  Sjntaxe  pa- 
ra o  tfí^o  do  'Excellentijftmo  Duque  de  Lm- 
foens.  Lisboa  pelo  dito  Impreflbr.  1730. 
4.  Tem  no  fim.  Kepofia  Apolegetica  a 
bumas  Notas  ou  Cenfuras,  que  fabiraõ  con- 
tra a  Arte  do  Keverendo  Padre  Manoel 
AJvres.  Ao  'Excellentiffimo  Duque  de  Ala- 
foens.  Eílas  Notas  fez,  e  publicou  Manoel 
Gjelho  de  Souza,  como  em  feu  lugar 
fe   dirá.     Q)imbra  por   Luiz   Seco  Ferreira. 

1739-  4. 

Arte  explicada.  Appendix  da  Syntaxe  per- 
feita, e  fegundo  Tomo  da  fegunda  parte.  Efcho- 
lios  de  Nomes,  e  verbos  ad  ufum  Excellentijfimi 
Ducis  Allafonenjis.  Lisboa  por  Miguel  Ro- 
drigues. 1732.  4.  e  Coimbra  por  Luiz  Seco 
Ferreira.  1739.  4. 

Arte  explicada  3.  Parte  e  4.  Tomo. 
Syntaxe  Figurada,  Sjllaba,  e  Verfos  com 
a  medição  ad  ufum  Excellentijfimi  Dttcis 
Allafonenjis.  Lisboa  por  Miguel  Rodrigues. 
1732.  4.  e  Coimbra  por  Luiz  Seco  Ferreira. 
1739.  4- 

Orthografia,  ou  arte  de  efcrever,  e  pronun- 
ciar com  acerto  a  lingua  Portuguesa.  Dtvi- 
de-fe  em  três  Partes.  A  \.  de  cada  huma  das 
letras,  e  da  fua  prommciaçaõ ;  das  vogaes,  e  Di- 
thongos;  dos  Accentos,  ou  tons  da  promm- 
ciaçaõ. A  2.  de  como  fe  dividem  as  pa- 
lavras; da  pontuação;  algumas  abbreviatu- 
ras,  conta  dos  Komanos,  e  Latinos,  Ca- 
lendas, Nonas,  e  Idos.  A  3.  dos  erros  do 
vulgo,  emendas  da  Ortbograjia  no  efcrever, 
e  pronunciar  toda  a  lingua  Portuguesa.  Ver- 
bos irregulares,  palavras  dúbias,  e  as  fuás 
fíg^iificaçoens.  Huma  breve  injlruçaõ  para  os 
Mefres  das  Efcholas.  Lisboa,  por  Miguel 
Rodrigues  ImpreíTor  do  Senhor  Patriarcha. 
1734.  4.  e  Coimbra  por  Luiz  Seco  Ferreira. 
1739-  4. 


Fr.  lOAÕ  NATIVIDADE  natural 
da  Villa  de  Ourem  do  Bifpado  de  Leyria, 
e  religiofo  profeflb  defcalfo  da  militar  Or- 
dem de  NoíTa  Senhora  da  Mercê  em  o  Con- 
vento de  Madrid,  e  duas  vezes  Provincial 
da  Provinda  de  Sidlia  iníigne  Letrado, 
e  famofo  Pregador.  Deixou  compollo,  como 
efcreve  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag. 
573.  col.  2. 

Curfus  Artium  3.  Tom.  M.  S. 

Fr.  lOAÕ  DA  NATIVIDADE  natu- 
ral da  Villa  de  Moncorvo  em  a  Provinda 
Tranftagana  alumno  da  Seráfica  Provinda 
de  Santo  António  onde  diftou  as  Faculda- 
des efcholaílicas,  e  foy  Guardião  do  Collegio 
de  Coimbra,  e  Definidor  da  fua  Provinda. 
Teve  grande  talento,  para  o  púlpito  onde 
alcançou  muitos  aplauzos.  Falleceo  no  Con- 
vento de  Lisboa  a  23  de  Outubro  de  1652. 
Publicou. 

Sermão  na  Quarta  Dominga  do  Advento 
na  ocasião,  que  fua  Mageflade  ElRej  D.  loaÕ 
o  IV.  Nojfo  Senhor  fe  jurou  por  legitimo  Rey 
defle  Reyno  de  Portugal  pregado  em  o  Convento 
de  Santo  António  dos  Capuchos  de  Lisboa.  Lis- 
boa  por   Paulo    Craesbeeck.    1641.    4. 

Fr.  lOAÕ  DA  NATIVIDADE  re- 
ligiofo da  Ordem  dos  Defcalfos  da  Santif- 
fima  Trindade  cujo  fagrado  Inílituto  pro- 
feíTou  em  o  Convento  da  Granada.  Com- 
poz. 

Coronada  Hifloria.  Granada  1697.  A 
efte  author  numeraõ  entre  os  Portuguezes 
Urquiola  Sagrad.  column.  de  Efpan.  liv.  2. 
cap.  8.  pag.  27.  e  o  Padre  D.  Manoel  Caet. 
de  Souz.  Exped.  Hifp.  D.  Jacob.  Tom.  2. 
pag.  1327.  §.  366. 

Fr.  lOAÕ  DA  NATIVIDADE  na- 
tural da  Villa  de  Torres  Vedras  do  Pa- 
triarchado  de  Lisboa.  Profeílou  o  Infti- 
tuto  da  Ordem  Trinitaria  em  o  Conven- 
to de  Lisboa  no  anno  de  1675.  onde 
foy  Í^Iiniílro  dos  Conventos  de  Lagos, 
e  Aluito.  Soube  eminentemente  a  Arte 
da  Mufica  na  qual  compoz  diverfas  obras 
taõ  gratas  aos  ouvidos,  como  confor- 
mes   aos    preceitos    deíla    Faculdade.     Naõ 


7o8 

teve  menor  talento  para  o  púlpito  onde 
conciliou  a  atenção  erudita  de  muitos  ou- 
vintes. Falleceo  no  Convento  de  Lisboa 
a  26  de  Junho  de  1709.  Tendo  prompto 
para  a  impreflaõ  três  Tomos  dos  feus  Ser- 
moens  dos  quais  unicamente  fe  fez  publico 
o  feguinte. 

Oração  Fúnebre,  e  panegírica  nas  Honras 
qm  à  Serenijftma  Senhora  D.  Maria  Sofia  I^a- 
bel  Rainha  de  Portugal  fe  celebrarão  na  Igreja 
hAatriv^  da  Cidade  de  iMgos.  Lisboa  por  Fi- 
lippe  de   Souza  Villela.    1700.   4. 

P.  lOAÕ  DE  NAZARETH  natural 
da  Villa  da  Pederneira  do  Patriarchado 
de  Lisboa,  e  filho  de  loaõ  Fernandes,  e 
Cecilia  Rodrigues  taõ  dotados  dos  bene- 
fícios da  graça,  como  dos  bens  da  fortuna. 
Na  primeira  idade  moftrou  génio  inquie- 
to, e  turbulento  armando  de  motivos  le- 
ves pendências  graves  que  ferviaõ  de  uni- 
verfal  efcandalo.  Penetrado  de  hum  myf- 
teriofo  fonho  mudou  de  condição,  e  eíla- 
do  de  vida  recebendo  o  habito  de  Cónego 
Secular  do  Evangelifta  amado  em  o  Real 
Convento  de  Santo  Eloy  de  Lisboa  no  fauf- 
tiflimo  dia  da  AíTumpçaõ  da  Senhora,  e 
debaixo  de  taõ  feliz  aufpicio  começou  a 
fogeitar  a  rebeldia  da  carne  às  leys  do  ef- 
pirito  jejuando  quartas,  fextas,  e  fabba- 
dos,  e  comendo  na  Quarefma,  e  Adven- 
to manjares  groíTeiros,  que  nem  fatisfa- 
ziaõ  o  apetite  com  a  quantidade,  nem 
o  deleitava©  com  o  fabor.  Todos  os  dias 
fe  açoutava  duas  vezes  com  difciplina  de  ferro 
fazendo  mais  penetrantes  os  golpes  a  aétivi- 
dade  do  impulfo,  e  a  dureza  do  inílrumento. 
Eleyto  Reytor  do  Convento  de  Villar  reedi- 
ficou a  Igreja  para  cuja  obra  concorreo  o 
Cco  com  maõ  invizivel.  Armado  de  zelo 
apoftolico  fe  oppoz  à  execução  de  hum 
fubfidio  Ecclefiaílico,  que  ou  por  falta  de 
confelho,  ou  por  exceíTo  de  ambição  im- 
puzera  o  Arcebifpo  de  Braga  D.  Luiz  Pi- 
rez  da  Cunha.  Depois  de  ter  governado 
quatorze  annos  o  Convento  de  Villar  fen- 
dolhe  revelado  o  termo  da  fua  peregrinação 
fe  defpedio  dos  Padres  de  Santo  Eloy  por 
hunu    carta.     Tolerada    com    grande    rcíi- 


BIB  LIOTH  E CA 


gnaçaõ  a  ultima  enfermidade  pelo  cfpaço 
de  três  femanas  cm  que  triunfou  de  divcr- 
fas  fugeftoens  diabólicas,  recebidos  os  Sa- 
cramentos com  ternura  expirou  pladdamen- 
te  a  27  de  Fevereiro  de  1478.  Fazem  dellc 
mençaõ  o  Illuílriflimo  Cunha  Hijl.  Ecclef. 
de  Brag.  Part.  2.  cap.  55.  Cardofo  Apol. 
Lujif.  Tom.  I.  pag.  534.  e  o  Padre  Fran- 
cifco  de  Santa  Maria  Cbron.  dos  Coneg.  Se- 
cul.  liv.   3.  cap.  60.  61.  62.  e  63. 

Compoz. 

Tratados  efpirituaes. 

Officios,  e  Hymnos  a  S.  Gregório  Mag^o, 
S.  Jerónimo,  Santo  Ambrofio,  S.  Clemente  Mar- 
tyr,  S.  Nicolao  Bifpo,  e  outros  Santos. 

Officio  de  Nojfa  Senhora  chamado  Vi- 
giUa  que  todos  os  Jabbados  fe  cantava  nas 
Ca:(as  da  Congregação  como  efcreve  o  Pa- 
dre Francifco  de  Santa  Maria  na  Chronica 
aíTima  allegada  pag.  821. 

Fr.  lOAÕ  DE  NAZARETH  natu- 
ral da  Villa  de  Caílello  de  Vide  em  a  Pro- 
vincia  Tranílagana  fendo  filho  de  Simaõ 
Vaz  Leytaõ,  e  Maria  Fernandes  de  Siqueira. 
Na  idade  juvenil  abraçou  o  inílituto  de 
Erimita  Auguftiniano  o  qual  profeíTou  fo- 
lemnemente  em  o  Real  Convento  de  NoíTa 
Senhora  da  Graça  de  Lisboa  a  20  de  Julho 
de  1646.  onde  foy  Prezentado  em  Theologia, 
Definidor  da  Provinda,  e  Prefidente  do 
Capitulo.  Entre  muitos  Sermoens,  que  re- 
citou com  aplauzo  fe  fizeraõ  públicos  os 
feguintes. 

SermaÔ  hijlorico,  e  panegyrico  da  mila- 
gro!(a  Virgem  da  Penha  de  França  pregado  no 
feu  Convento  no  3  dia  das  fuás  Feflas.  Lisboa 
por  Miguel  Deslandes.  1685.  4. 

SermaÕ  em  acçaõ  de  Graças,  que  o  II- 
lufhijfimo  Senado  de  Lisboa,  e  fua  Corte 
vem  dar  à  milagrosa  Virgem  da  Penha 
de  França  todos  os  annos  por  voto,  que  lhe 
fe\  qmndo  livrou  efla  Cidade  da  cruel  pefte 
com  que  Deos  a  cajligava.  Lisboa  pelo  dito 
ImpreíTor.  1698.  4. 

SermaÕ  do  injiffie  Doutor  da  Igreja,  e  Pa- 
triarcha  dos  Erimitas  Santo  Agofiinho.  Lisboa 
pelo  dito  Imprcflòr.  4.  Naõ  tem  anno  da 
ediçaõ. 


L  USITAN  A. 


709 


Fr.  lOAÕ  DE  NAZARETH  filho  de 
Miguel  da  Sylva,  e  Mariana  do  Defterro 
naceo  em  a  Villa  de  Óbidos  do  Patriar- 
chado  de  Lisboa,  e  na  Igreja  Matriz  de 
Santa  Maria  recebeo  a  graça  bautifmal 
a  24  de  Mayo  de  1705.  Quando  contava 
dez  annos  foy  admitido  pela  deítreza,  e 
fuavidade  da  voz  ao  habito  de  rehgiofo 
Terceiro  da  Ordem  Seráfica  cujo  inílituto 
profeíTou  folemnemente  a  9  de  lulho  de 
1722.  Pela  fua  grande  fciencia  da  mu- 
fica,  e  integridade  de  cuftumes  foy  nome- 
ado em  o  Capitulo  que  fe  celebrou  a  27 
de  lulho  de  1757.  Capellaõ  das  Religiofas 
do  Convento  da  Madre  de  Deos  junto  da 
Villa  de  Aveiro  com  a  incumbência  de  re- 
duzir à  ultima  perfeição  o  Canto  de  Or- 
gaõ  que  muitas  religiofas  do  dito  Mofteiro 
pradtícavaõ  para  mayor  culto  de  feu  divino 
Efpozo.  PaíTados  dous  annos  que  aíTiftio 
nefte  domicilio  falleceo  com  geral  fentimento 
de  todas  as  peíToas  que  o  tratavaõ  a  31  de 
lulho  de  1739.  Tinha  particular  génio  para 
a  Poezia  vulgar  deixando  por  teftemunho 
a  feguinte  obra. 

G/oJfa  ao  Soneto.  EJia  Senhor  que  vemos 
fepultada  Dedicado  a  ElRey  N.  Senhor 
na  intempeftiva  morte  de  fua  SereniíTima 
Irmãa  a  Senhora  Infanta  D.  Francifca.  Sahio 
impreíTo  com  outras  obras  a  eíle  fúnebre 
aíTumpto  intitulado  Acentos  Jaudojos  das  Mu/as 
Portuguesas.  Lisboa  por  António  Ifidoro 
da  Fonceca.  1736.  4. 

Fr.  lOAÕ  DAS  NEVES  natural  de 
Lisboa  onde  foraõ  feus  Pays  António  Ro- 
drigues, e  Mariana  Nunes.  Admetido  em 
idade  muito  tenra  à  reformada  Província 
de  S.  Maria  da  Arrábida  profeíTou  o  fera- 
fico   inílituto   em   o    Convento    de  Loures  a 


mortal  Jegundo  a  mente  dos  Summos  Pontífices, 
e  de  S.  Boaventura.  Lisboa  por  Antonio' 
de  Souza  da  Sylva  1739.  4- 

lOAÕ  NOGUEYRA  Doutor  na  Fa- 
culdade dos  Sagrados  Cânones,  e  muito- 
perito  nas  letras  humanas,  e  preceitos 
Rhetoricos.  Sendo  deílinado  para  congra- 
tular em  nome  da  augufta  Cidade  de  Braga 
a  entrada  do  feu  Primacial  Paftor  D.  Fr. 
Agoílinho  de  Caílro  que  fez  com  plauzivel 
magnificência  a  8  de  Março  de  1549.  compoz, 
e  recitou. 

OraçaÕ  gratulatoria  na  entrada  que  fe^  na 
Cidade  de  Braga  feu  Arcebifpo  Primati  D.. 
Fr.  Agojiinho  de  Caftro.  4.  M.  S. 

D.  lOAÕ  DE  NORONHA  natural  de 
Lisboa  quinto  filho  de  D.  Pedro  de  Noro- 
nha fetimo  Senhor  de  Villaverde,  que  aca- 
bou na  infaufta  batalha  de  Alcácer,  e  de  fua 
fegunda  mulher  D.  Catherina  de  Atayde 
filha  fegunda  do  fegundo  Conde  da  Vidi- 
gueira D.  Francifco  da  Gama.  Foy  Com- 
mendador  da  Ordem  de  Chriílo,  e  militou 
em  Africa  com  valor  digno  do  feu  claro 
nacimento.  Cazou  três  vezes,  e  de  nenhuma 
deixou  fuceíTaõ.  Falleceo  em  idade  muito 
provefta  ornado  de  religiofas  virtudes  como 
publicaõ  os  feus  efcritos  de  que  faz  mençaõ 
loaõ  Franco  Barreto  Bih.  Vortug.  M.  S.  e 
faõ  os  feguintes. 

Tratado  fobre  a  difcriçaõ  dos  efpiritos.  M.  S. 

Tratado  fobre  a  OraçaÕ.  M.  S. 

Do  author  faz  breve  memoria  D.  Ant. 
Caet.  de  Souz.  Hijl.  Gen.  da  Ca^.  Rea/  Portug. 
Tom.  10.  liv.  10.  pag.  645. 

Fr.  lOAÕ  DE  NOSSA  SENHORA  na- 


5    de  Agoílo   de    1704.   onde  foy  Lente   de     tural  de  Aldegavinha  termo   de  Aldegalega 


Theologia  Moral,  e  Efcritura  Sagrada,  Guar- 
dião de  vários  Conventos,  e  Definidor  da 
Província.  Traduzio  da  lingua  Caftelhana 
de  Fr.  Martinho  de  S.  lozé  Religiofo  da 
Província  de   S.  Paulo  dos  Defcalfos  Fran- 


de  Merciana  do  Patriarchado  de  Lisboa 
fendo  filho  de  Antonio  Luiz  Arelho,  e  Ma- 
ria Carvalha.  Entre  todas  as  Sagradas  Re- 
ligioens  elegeo  para  domicilio  o  Convento 
de    Villaverde    da    Seráfica    Província    dos 


cifcanos  em  CafteUa  a  Velha  em  a  Portugueza  Algarves  profeííando  eíle  auílero  inílituto  a 

feu  o  feu  nome.  2  de  Mayo  de  171 8.    A  intelligencia  da  lin- 

Breve     expof(içaõ     dos     Preceitos,     que     na  gua    Latina,    e    noticia    das    letras    humanas 

regra    dos    Frades    Menores    obrigaõ    a   pecado  em  que  era  muito  verfado,  naõ  fomente  o 


7ÍO 


BIBLIO THE  CA 


•diftinguio  de  todos  os  feus  condifcipulos 
mas  ainda  na  efpeculaçaõ  das  fciencias  fe- 
veras,  e  no  fagrado  miniílerio  do  púlpito 
que  com  indefeflb  trabalho  tem  frequen- 
tado por  muitos  annos.  Depois  de  fer  Qua- 
lificador do  Santo  Officio  como  fofle  pro- 
fundamente inílruido  em  as  noticias  da 
fua  Província  o  nomeou  Chronifta  Fr.  An- 
tónio dos  Archanjos  Provincial  deíla  re- 
ligiofa  Família,  cuja  incumbência  dezem- 
penhará  com  geral  aplauzo.  O  natural  gé- 
nio com  que  defde  os  primeiros  annos  cul- 
tivou a  Poezia  metrificando  na  língua  vul- 
gar, e  Latina  com  fumma  facilidade  lhe 
adquirio  a  antonomaftica  denominação  de 
Poefa.  Do  feu  fecundo  engenho  tem  publi- 
cados os  feguintes  partos. 

Sermão  do  retiro  que  fa^  todos  os  annos, 
tí  fempre  prodigioja,  e  admirável  Imagem  da 
V^irgem  Alaria  Senhora  Madre  de  Deos  que 
com  efte  foberano  titulo  fe  venera  na  Cidade  de 
JLisboa  Oriental.  Lisboa  por  Pedro  Ferreira. 
1731.  4. 

Oração  Funeral  Panegyrica,  e  Hijlorica  nas 
Exéquias  do  Excellentijftmo,  e  Keverendijftmo 
Senhor  D.  Fr.  lo^é  de  Santa  Maria  de  lefus 
Bifpo  de  Cabo  Verde  do  Confelho  de  Sua  Ma- 
£,eftade  dignijftmo  filho  da  Provinda  dos  Algar- 
ves,  e  Mijfwnario  Apojlolico  no  Mojleiro  do 
Varatojo  da  Keligiaõ  de  S.  Francijco  celebra- 
das no  Convento  de  S.  Maria  de  lefus  de  Xabre- 
^as  a  zo  de  lunho  de  1736.  Lisboa  por  Antó- 
nio líidoro  da  Fonceca  1739.  4. 

OraçaÕ  Capitular  Gratulatoria,  Deprecato- 
ria,  e  Mariana  pregada  no  Real,  e  Venerável 
Alojleiro  da  Madre  de  Deos  de  hisboa  em  dia 
^0  Santijftmo  Nome  de  Maria  por  acçaõ  de  gra- 
fas do  Capitulo,  que  fet^  a  Santa  Provinda  dos 
Algarves  no  Keal  Convento  de  Santa  Maria 
Ae  lefus  de  Xabregas  em  9  de  Setembro  de 
1741.     Lisboa  por  Pedro   Ferreira   1741.   4- 

Dies  in  quo  efl  Offidum  S.  Antonii. 
UlyíTipone  apud  Petnim  Ferreira  Typ.  Re- 
^inae.  1741.  24. 

Hebdomas  S.  Antonii.  ibi  per  eumdem 
Typ.  1741.  24. 

Mênfis  D.  Antonii  in  quo  ejufdem  efl 
inventum  Pfalterium  S.  Antonii  Paduani. 
ibi  per  eumdem  Typ.  1741.  24. 


Antonianus,  hoc  efl,  Oratorium  totius 
Anni  S.  António  UlyJJiponenJi,  Paduano 
que    confecratum.    ibi    per    eumdem    Typog. 

1741.  16. 

Oratório  de  S.  António  expojlo  em  iodas 
as  Parochiaes  Iff^ejas  defle  Patriarchado  de  Lis- 
boa, e  em  todos  os  Arcebifpados,  e  Bifpados  do 
Keyno  de  Portugal.  Lisboa  por  Pedro  Fer- 
reira. 1742.  8. 

InfcripçaÔ  Latina  ao  Emminentijftmo  Cor- 
dial Patriarcha  de  Lisboa  D.  Thomas  de  Al- 
meyda.  Lisboa  pelo  dito  Impreflbr  1742. 
foi.  imperial  ao  alto. 

Dia,  e  noite  com  todas  as  horas  para  as  Al- 
mas do  Purgatório  achadas  nos  fufragios  da  Santa 
Igreja  Romana,  e  expojla  nas  maõs  de  todos 
os  Fieis  Chrijlaõs  para  lembrança  das  mefmas 
Almas.     Lisboa    por    Francifco    da    Sylva. 

1742.  16. 

S.  Francifco  para  todos  os  dias  Alanbaã 
Aíeyodia,  e  Tarde.  Devoção  das  Chagas  def- 
cuberta  no  Officio  defle  Seráfico  Patriarcha. 
Lisboa  pelo  dito  Impreflbr.  1742.  8. 

Pfalterium  Sanãiftmi  lofeph.  UlyíTip.  apud 
Petrum  Ferreira.    1741.    16. 

Epigramma  em  aplaun^o  do  P.  D.  Rafael 
Bluteau  Clérigo  Regular.  Sahio  a  pag.  59  do 
Obfequio  fúnebre  dedicado  à  faudofa  memoria 
do  dito  Padre.  Lisboa  por  lozé  António 
da  Sylva.  1736.  4. 

Do:(e  Epigrammas  Latinos  em  aplauzo 
da  Centúria  Fpigrammatum  compofta  por  Fran- 
cifco lozé  Freyre.  Sahiraõ  ao  principio 
deíla  obra.  Ulyffipone  apud  Antonium  líi- 
doro da  Fonceca.  1742.  8. 

Collar  da  Virgem  Maria  Mãy  de  Deos, 
e  Mãy  dos  Homens.  Lisboa  por  Domingos 
Gonzalves  1745.  24. 

Arte  de  bem  morrer.  Lisboa  por  Pedro 
Ferreira  1737.  16.  Sahio  com  o  nome  de 
Conílantino  da  Coíla. 


D.  lOAÕ  NUNES  BARRETO.  Te- 
ve por  pátria  a  Cidade  do  Porto,  e  por 
Pays  a  Fernaõ  Nunes  Barreto  Senhor 
dos  Morgados  de  Frciriz,  c  Penagatc, 
e  a  D.  Izabel  Ferras  de  igual  nobreza  à 
de  feu  Conforte.  Inílruido  na  pátria  com 
os   primeiros   rudimentos   paíTou   á   Univer- 


L  USITANA, 


7ir 


fidade  de  Salamanca  onde  recebeo  o  gráo 
de  formatura  em  os  Sagrados  Cânones,  e 
reftituido  a  Portugal  foy  nomeado  por  feu 
irmaõ  Gafpar  Nunes  Barreto  em  a  Abba- 
dia  de  Freiris  da  qual  era  Padroeiro,  dezem- 
penhando  taõ  exaftamente  a  obrigação  paf- 
toral,  que  era  conhecido  pela  antonoma- 
2ia  de  Abbade  Santo.  Dezejando  feu  ir- 
maõ o  Padre  Belchior  Barreto  de  quem 
já  fizemos  memoria  em  feu  lugar,  atrahillo 
ao  iníHtuto  da  Companhia  de  lefus,  que 
profeíTava  lhe  perfuadio  com  efficacia  pre- 
ferir a  vida  religiofa  à  Ecclefiaílica  feguin- 
do  antes  o  focego  da  Magdalena,  que  a 
deligencia  de  Martha.  IlluJirado  com  as 
fombras  de  hum  miíleriofo  fonho  deixou 
o  feculo,  e  veílio  a  roupeta  de  Jefuita  em 
o  Collegio  de  Coimbra  a  ii  de  Novem- 
bro de  1 544.  Ainda  naõ  contava  quatro  annos 
de  religiofo  alcançou  com  inftantes  rogos 
faculdade  dos  Superiores  para  com  a  voz,  e 
com  a  prezença  confolar  aos  Chriílaõs  prezos 
nas  horrorofas  mafmorras  de  Tituaõ,  e  Berbé- 
ria. Neíle  bárbaro  theatro  brilhou  a  fua  ar- 
dente charidade  em  obfequio  dos  infermos 
miniílrando  os  Sacramentos  para  confolaçaõ 
dos  Catholicos,  e  pregando  as  verdades  Evan- 
gélicas para  confufaõ  dos  Mouros.  Naõ  fo- 
mente triumfava  a  fua  eloquente  efficacia  dos 
dilirios  de  Mafoma,  mas  das  chimeras  do 
Talmud  convencendo  a  obíUnada  perfídia 
dos  Judeos  com  a  evidencia  da  divindade 
do  Meffias.  Tendo  exercitado  eíle  labo- 
rlofo  miniílerio  pelo  efpaço  de  féis  annos 
em  que  por  fua  induílria  refgatou  duzentos 
cativos,  chegou  a  Lisboa  onde  foy  eleito 
pela  Mageftade  de  D.  loaõ  o  III.  Patriar- 
cha  da  Etiópia  de  cuja  dignidade  o  achou 
benemérito  o  efpirito  de  Santo  Ignacio, 
e  a  prudência  deíle  Monarcha.  Obrigado 
do  preceito  de  Paulo  IV.  fometeo  os  hom- 
bros  a  taõ  formidável  pezo  fendo  Sagra- 
do na  Igreja  da  Santiffima  Trindade  a  24 
de  Mayo  de  1555.  pelo  Bifpo  de  Portalegre 
D.  Juliaõ  de  Alva  Efmoler  mòr  da  Ray- 
nha  D.  Catherina.  Partio  de  Lisboa  a  28 
de  Março  de  1556.  embarcado  em  a  Náo 
Garça  de  que  era  Capitão  D.  loaõ  de 
Menezes  de  Siqueira,  e  logo,  que  che- 
gou   a    Goa    aplicou    todo    o    difvelo    para 


entrar  no  feu  Patriarchado,  e  falvar  aquellas 
ovelhas,  que  vagavaõ  naufragantes  em  hum 
pélago  de  erros  fcifmaticos,  porem  como 
fe  lhe  dificultaíTe  a  execução  de  feus  fervo- 
rofos  dezejos  refignado  na  vontade  divina 
fe  dedicou  em  Goa  a  doutrinar  a  mais  Ín- 
fima plebe.  Na  Ilha  de  Choraõ  pouco  dif- 
tante  de  Goa  edificou  humas  cazas  humildes 
junto  da  Igreja  de  NoíTa  Senhora  da  Graça 
onde  retirado  ao  comercio  humano  falla- 
va  mentalmente  com  Deos  único  objeôo 
da  fua  meditação.  AíTaltado  de  huma  agu- 
da febre  voltou  para  o  CoUegio  de  S.  Pau- 
lo, e  recebendo  com  jubilo  a  certeza  de 
fer  chegada  a  ultima  hora  da  fua  vida  paf- 
fou  para  a  eterna  a  22  de  Dezembro  de  1562- 
quando  contava  45  annos  de  idade,  e  18 
de  Companhia  fupoílo,  que  efcrevemos  nas 
Mem.  Polit.  e  Milit.  delKey  D.  Seh.  Part.  2. 
liv.  I.  cap.  16.  §.  123.  fora  o  feu  tranfito 
a  20  de  Dezembro  firmados  na  authoridade 
do  Padre  Nicolao  Godinho  de  Ahyjjin.  reb. 
lib.  2.  cap.  22.  onde  defde  pag.  228.  até 
343.  efcreve  a  vida  defte  zelozo  Varaõ- 
do  qual  fazem  digna  memoria  Franco 
Ann.  Glorio/.  S.  J.  in  laifit.  pag.  747.  e 
na  Imag.  da  Virf.  em  o  Nov.  de  Coimh^ 
Tom.  I.  liv.  2.  cap.  i.  até  8.  Guerreiro  Ad- 
dic.  à  Kelac.  da  Etiop.  cap.  4.  Orland.  Hifi, 
Societ.  Part.  2.  lib.  6.  n.  164.  TeUes  Chron. 
da  Companh.  de  Jef.  da  Prov.  de  Portug.  Part. 
2.  liv.  6.  cap.  I.  2.  35.  36.  e  37.  e  na  Hijí^ 
da  Etiop.  Alt.  liv.  2.  cap.  25.  e  34.  Jar- 
ricus  Thetiaftr.  rer.  Indic.  lib.  i.  cap.  15. 
Couto  Decad.  7  da  índia  liv.  3.  cap.  6.  Guer- 
reiro Coroa  dos  Soldad.  Esforçad.  Uv.  3. 
cap.  6.  Girardi  Diário  Part.  4.  a  22  de  De- 
zembro loan.  Soar.  Brito  Theatr.  Eufit.  Eitter. 
Ht.  I.  n.  58.  Nadafi  Ann.  dier.  memor.  S.  J. 
Part.  2.  pag.  333.  Marangoni  Thet^attr.  Pá- 
roco. Tom.  2.  pag.  84.    Efcreveo. 

Carta  efcrita  de  Tetuaõ  aos  Padres  do 
Collegio  de  Coimbra.  Delia  fahio  alguma 
parte  impreíTa  na  Imag.  da  Virt.  Nov.  de 
Coimb.  Tom.  i.  pag.  247.  e  traduzida  em 
Latim  pelo  Padre  Guerreiro  de  Abjjftnor^ 
reb.  lib.  2.  cap.  11.  pag.  275. 

Cartas  efcritas  de  Tetuaõ  a  bum  Padre 
Jefuita,  que  em  Usboa  folicitava  a  liberda- 
de   dos    cativos.     Parte    delias    eftaõ    impref- 


712 


BIBLIO THE  CA 


fas  na  Imag.  da  Virtud.  Tom.  i.  pag.  248. 
^49.  e  2JO. 

Carta  efcrita  a  Santo  Ignacio  em  que 
infiantefnente  lhe  pede  naõ  confinta,  que  elle 
feja  provido  na  dignidade  Patriarchal.  Defta 
Carta  a  mayor  parte  eftá  vertida  em  La- 
tim no  Padre  Guerreiro  de  Abyjftn.  reb. 
pag.  287. 

Carta  ao  P.  Lui^  Goni(alves  da  Camará 
■em  que  lhe  pede  alcance  licença  delRey  para 
renunciar  o  Patriarchado.  Sahio  imprefla 
pelo  Padre  Franco  Imag.  da  Virt.  aíTima 
allegada  pag.  259.  e  em  latim  pelo  Padre 
Guerreiro  de  Abyjfm.  reb.  pag.  339. 

Três  Cartas  efcritas  ao  Geral  da  Com- 
panhia em  Goa  no  anno  de  1559.  Sahiraõ 
traduzidas  em  Italiano  com  outras.  Venetia 
por  Tramezzino.  1562.  8. 

Carta  efcrita  de  Goa  em  o  primeiro  de 
Dezembro  de  1556.  a  'ElKey  D.  loaõ  o 
III.  He  muito  extenfa,  e  o  Original  fe 
conferva  no  Archivo  da  Caza  profefla 
•de  S.  Roque  de  Lisboa  como  também  a 
feguinte. 

Carta  efcrita  de  Goa  ao  Padre  Ljíí^  Gon- 
S(alves  da  Gamara  a  d  de  'Novembro  de  1556. 
M.  S. 


lOAÕ  NUNES  DA  CUNHA  primei- 
ro Conde  de  S.  Vicente,  Deputado  da 
Junta  dos  três  Eílados,  Gentilhomem 
da  Camará  do  Príncipe  D.  Theodozio, 
e  Governador  da  fua  Caza,  Confelheiro 
<ie  Guerra,  e  depois  do  Eftado  delRey 
D.  Affonfo  VL  e  do  Príncipe  D.  Pedro 
Regente  do  Reyno,  e  Gentilhomem  da 
fua  Camará,  Senhor  de  Geftaço,  e  Panoyas, 
c  dos  Morgados  de  Refoyos,  e  Couta- 
dinha,  Commendador  de  Caftelejo,  S. 
Romaõ  do  Herdai,  e  de  Santa  Maria  de 
Boufela  em  a  Ordem  de  Chrillo  naceo 
em  Lisboa  fendo  filho  de  Nuno  da  Cunha, 
€  de  D.  Francifca  de  Attayde  filha  de  loaõ 
Gonfalves  de  Attayde  V.  Conde  da  Atou- 
guia,  e  de  D.  Maria  de  Caílro  filha  herdei- 
ra de  Martim  Affonfo  de  Miranda.  Foy 
ornado  de  juizo  perfpicaz,  fublime  com- 
prehcnfaõ,  e  natural  génio  para  a  Poczia, 
<juc    cultivou    com    felicidade,    e    naõ    me- 


nos de  elegante  locução  aprendida  dos 
mais  infignes  Oradores,  e  Chroniftas  por 
cujos  dotes  mereceo  diftintos  aplauzos 
em  a  famoza  Academia  dos  Generofos  na 
qual  foy  Lente,  e  Collega.  Ao  exercido 
das  letras  correfpondeo  o  das  armas  pois 
havendo  fido  Governador  da  Gdade  de 
Évora,  e  da  Praça  de  Setúbal  em  que 
moftrou  a  fciencia  militar,  que  profeíTava, 
foy  nomeado  Vicerey  da  índia  para  onde 
partio  no  anno  de  1666.  praticando  em 
todo  o  tempo  do  feu  governo  as  máxi- 
mas mais  prudentes  para  confervaçaõ 
do  Eftado,  porem  a  morte  envejoza  da 
fua  fama  lhe  arrebatou  intempeflivamente 
a  vida  em  7  de  Novembro  de  1668. 
quando  contava  49  annos  de  idade,  e  ao 
Eflado  da  índia  (como  em  feu  aplauzo  ef- 
creve  o  Excellèti/fimo  Conde  da  Ericeira  D. 
Luiz  de  Menez.  Portug.  Kejl.  Tom.  2.  pag. 
788.)  naquelle  tempo  a  efperança  de  refiaurar 
a  fua  ruina  por  concorrerem  em  loaõ  Nunes  da 
Cunha  todas  as  virtudes,  que  cujlumaõ  compor 
hum  varaõ  perfeito  fendo  dotado  de  grande  va- 
lor, de  muito  entendimento,  e  fumma  acti- 
vidade empregando  todas  eflas  partes  no  amor  da 
pátria,  e  no  augmento  da  gloria  Portugue:i(a.  Jàz 
fepultado  debaixo  do  altar  de  S.  Fran- 
cifco  Xavier  da  Caza  profeíTa  de  Goa. 
Cazou  com  D.  Izabel  de  Borbon  filha 
de  D.  Luiz  de  Lima  de  Brito  primeiro 
Conde  dos  Arcos,  e  de  D.  Vitoria  Car- 
dailhac  Dama  da  Raynha  D.  Izabel  de 
Borbon  de  quem  teve  D.  Maria  Caetana 
da  Cunha  fua  herdeira,  que  fe  defpozou 
com  Miguel  Carlos  de  Távora  filho  fe- 
gundo  de  Luiz  António  de  Távora  fc- 
gundo  Conde  de  S.  loaõ,  e  foy  fegundo 
Conde  de  S.  Vicente,  General  da  Armada 
Real,  Governador  das  Armas  da  Província 
do  Alentejo,  Confelheiro  de  Eftado,  e  Pre- 
fidente  do  Confelho  Ultramarino  de  quem 
teve  numerofa  defcendencia.  Celcbraõ  o 
nome  de  loaõ  Nunes  da  Cunha  elegan- 
tes pennas  aíTim  em  profa,  como  em  verfo. 
D.  Francifco  Manoel  nas  Obras  Metric. 
Tub.  de  Calliop.  lhe  dedica  o  Soneto  5 5* Al 
com  hum  livro  de  verfos  compoftos  por 
loaõ  Nunes  da  Cunha,  que  lhe  cometera  à 
fua  Cenfura. 


L  USI 

Velho  mancebo  illuftre  em  fatigue,  e  efprito 

Tu  que  queres  de  mi,  que  ajji  me  obrigas? 

A.  ti  que  tens  as  Mu/as  por  amigas. 

Que  louvor  te  bode  dar  meu  fraco  grito? 
Que  direi  eu  que  ellas  naõ  tenhaò  dito! 

Direi  fó,  que  as  afagues,  e  que  as  figas; 

Que  à  fe  que  mais  de  bum  par  por  mais  que 
digas 

Ve,  quando  efcreves  outro  Apollo  efcrito. 
Lã  te  mando  os  teus  Verfos,  ^  mandarão 

Callar  os  meos.    Que   avaro    intento    efconde 

Tal  fonte  de  doçura,  e  eleganciaX 
TEfle  lugar  onde  elles  repousarão. 

Banho  efpero  que  feja  aos  tempos,  onde 

Venha  o  mundo  a  lavarfe  da  iffiorancia. 

loan.  Soar.  de  Brit.  Tbeatr.  Lufit.  Li- 
ter.  lit.  I.  n.  59.  Cataflroph.  de  Portug.  p. 
136.  Souza  Hifl.  Gen.  da  Ca^.  Real  Por- 
tug. Tom.  5.  p.  225.  Fqy  erudito  em  mui- 
tas faculdades;  e  nas  Mem.  Hift.  e  Gen. 
dos  Grand.  de  Portug.  p.  512.  "Foy  valerofo, 
e  erudito.  Fr.  lacin.  de  Deos  Verg.  de 
Plant.  cap.  8.  art.  10.  e  cap.  i.  p.  20  onde 
efctevc  que  foraõ  bautizados  pelo  feu  ze- 
lo quatro  mil  Gentios.  Nicol.  Ant.  Bib. 
Hifp.  Tom.  I.  p.  574.  col.  I.    GDmpoz. 

Panegyrico  ao  Serenijfimo  Rey  D.  loaõ  o  IV. 
Rejlaurador  do  Reyno  Luftano.  Lisboa  por 
António  Crasbeeck.  de  Mello  1666.  4. 

Epitome  da  Vida,  e  açoens  de  D.  Pedro 
entre  os  Reys  de  Caflella  o  primeiro  defle 
nome.  ibi  pelo  dito  Impreflbr  1666.  4. 
Defta  obra  fazendo  juizo  D.  Frandfco 
Manoel  na  Carta  dos  Authores  Portu- 
guezes  efcrita  ao  Doutor  Themudo  diz 
que  fendo  pequena  fa^  competência  a  todos 
os  gandes  livros. 

Usboa  Conquiflada.  Poema  heróico  que 
coníla  de  12  Cantos.    Começa 

A.S  armas,  e  os  Varoens  cantar  intento 
Que  debellado  o  bárbaro  Africano 
Da  Cidade  Ulyjfea  o  fundamento 
Levantou  para  o  Rejno  Lujitano. 
Gémeo  Plutaõ,  e  do  fulfureo  ajfento 
O  decreto  encontrar  quit(^  foberano : 
Até  que  o  Padre  defde  o  folio  eterno 
Fechou  os  clauflros  do  vorá:^  Avemo. 


TANA.  7i3 

Acaba 

A  efpada  ef^me,  e  na  piteira  forte 

Entrou  do  ferro  boflil  a  mayor  parte; 

Cabe  o  forçofo  mouro,  e  defla  morte      ^ 

Alcança  ainda  terror  o  duro  Marte. 

O  favor  logo  dà  a  ifftal  forte. 

No  campo  fanguinofo  fe  reparte. 

Affonfo  vence,  entra  a  Mef quita  armado 

E  a  Deos  a  confagou  crucificado. 
Efcreveu  mais 

Vida  de  lob.  M.  S. 

Memorias  da  Vida  de  Matinas  de  Albu- 
querque. M.  S. 

Nobiliário  das  Famílias  de  Portugal.  foL  4. 
Tom. 

Tratado  da  Fortificação,  foi.  M.  S. 
Eftas  obras  como  taõbem  o  Poema  Lâs' 
boa  Conquifiada  fe  confervavaõ  em  Caza  do 
Conde  de  S.  Vicente  Genro  do  Author. 

Por  ordem  da  Rainha  Regente  D.  Luiza 
Frandfca  de  Gufmaõ  começou  a  efcrever 
na  lingua  Portugueza. 

Vida  do  Principe  D.  Theodo:(io. 
Para  eíla  obra  tinha  junto  vários  documen- 
tos dos  quais  fe  aproveitou  o  Padre  Manoel 
Luiz  da  Companhia  de  lefus  para  a  Vida 
do  mefmo  Prindpe  que  compoz  na  lingua 
T .atina  onde  no  Prologo  n.  18.  refere  o 
motivo  porque  a  naõ  acabou  loaõ  Nunes 
da  Cunha.  IllufiriJJimus  Dominus  loannes  No- 
nius  à  Cunia  Principis  Theodofu  olim  CubicuJa- 
rius,  ipfiufque  in  Elvenfi  expeditione  individuus 
focius,  pofiea  S.  Vincentii  creatus  Comes, 
Indiaque  Prorex.  Is  eadem  SereniJJima  Rje- 
gina  Matre  jubente  fufcepit  idiomate  Loifitano 
fcribendam  vitam  Prinãpis  Theodofii,  cui  ob 
egre^as  dotes  fuerat  aceptijjimus,  illiusque  lau- 
dabilium  aãionum  five  aã  amulandum,  Jwe  ad 
fcribendum  eximius  explorator:  cujus  praterea 
memorabilium  operum,  di£íorumque  plurimi 
carte  faciendum  ipfe  confecit  Diarium  exquo 
Principis  obfequio  addiãus  fuit,  ejufque  Cubi- 
cularius  à  Serenijfimo  Rege  defigtatus.  Captum 
opus,  longe  que  proveãum  abrumpere  coaãus 
efi  ad  Interamnenfem  exercitum,  ubi  tunc  folito 
atrocius  bellum  fcemebat;  ibi  que  primis  ineun- 
da  pacis  cum  bofie  coibais,  et  ventilandis 
aquis  conditionibus  Caduceator  eleãus  efi: 
ibidem  rum  tam  faventibus  oculis,  et  matu- 
ris  confiliis,   quam  auxiliatrice  dextra  ex   Caf- 


714 


BIBLIO  TH  E  CA 


iellanis  triumphis  Indicos  aujpicatus;  hic  ferra 
Europeis,  illic  mari  viãrici  haud  femel  daffe 
Afiaticis  hoftihus  àehellatis.  Quem  fi  fata  vi- 
rum  pace,  belloque  inclytum  do  mi,  ac  foris  jux- 
ta  Jujpiciendum  diuHus  incolumem  nohis  Jer- 
varent,  non  duhium  quin  datam  fape  á  fe 
fidem  fuo  Principi  propagandi  apud  JEthni- 
cos  orthodoxam  fidem,  omnigems  que  infideles 
profligandi  exaãe  liberarei;  ac  demúm  ipfius  vi- 
tam  iriumphali  exaratam  ftylo  atemitati  commen- 
daret.  Verum  Ijtfitana  expeãatione  celerius  Goa 
decedens;  et  glorio/e  vivendi,  et  glorio/a  Jcrihendi 
luguhrem  honis  omnihus  finem  fecit. 


lOAÕ  NUNES  DA  CUNHA  Vigá- 
rio da  Parochial  Igreja  de  Nofla  Senhora 
da  Viâoria  da  Cidade  da  Bahia  onde 
exercitou  o  feu  talento  aíTim  no  pafto 
das  ovelhas,  como  em  o  minifterio  do 
púlpito.    Publicou 

Sermão  do  grande  Patriarcha,  e  Doutor  da 
Igreja  Santo  Agoftinho  pregado  na  Igreja  da 
Palma,  e  Hofpicio  da  Bahia  dos  Erimitas  DeJ- 
calfos  de  Santo  Agofiinho.  Lisboa  por  Filippe 
de  Souza  Villela  1703.  4. 


lOAÕ  NUNES  FREYRE  natural  da 
Cidade  do  Porto  Capellaõ  mór  da  Santa 
Caza  da  Mifericordia  da  mefma  Cidade, 
e  nella  Meftre  da  lingua  Latina,  e  muito  ver- 
fado  nas  letras  humanas,  e  liçaõ  dos  Poetas, 
e  Oradores  antigos  de  cuja  efcola  fahiraõ 
difcipulos  que  authorizaraõ  com  o  magiílerio 
a  muitas  Familias  Religiofas.  Querendo  fa- 
zer mais  perceptíveis  aos  principiantes  os 
rudimentos    Grammaticaes.     Compoz 

Annotaçoens  aos  Géneros,  e  Pretéritos  da 
Arte  nova.  Porto  por  Manoel  Cardozo  1635. 
4.  e  Coimbra  por  lozé  Ferreira  1673.  4.  Neíla 
ediçaõ  fahiraõ  emendadas,  e  acrecentadas 
as  fignificaçoens  dos  Nomes,  e  Verbos  poftas 
pellas  margens  pelo  A.  B.  C. 
&  ibi  pela  Viuva  de  Manoel  de  Carvalho. 
1676.  4. 

Annotaçoens  ad  Kudimenta  Grammatica  nas 
Regras  mais  geraes  delia  com  huma  infiru- 
çaõ  brevijftma  para  fe  começar  a  compor, 
e    conftruir    vulgo   [yntaxinha    acrecentada  pelos 


ca:(ps  com  recopilaçaÕ  para  milhor  noticia  dos 
Principiantes,  com  duas  regras  Geraes  da  Ortho- 
graphia.  Porto  por  Manoel  Cardozo  1645.  4- 
Coimbra  por  Manoel  Dias.  1656.  4.  &  ibi 
por  lozé  Ferreira  1676.  4. 

Margens  da  Syntaxe  com  a  conftrtâçaÕ  em 
Português^  pofta  na  Interlinea  do  Texto  das  Regras 
delia  pela  Arte  do  P.  Manoel  Alvares  da  Compa- 
nhia de  lefus.  Porto  por  Manoel  Cardozo 
1644.  4.  e  Coimbra  por  Manoel  Diaz. 
1653.    4. 

Campos  Elyfios.  Porto  por  loaõ  Ro- 
drigues 1624.  4.  Confta  de  Profa,  e 
Verfo. 

Traduzio  em  Outava  Rima  Portugueza. 

Thebaida  de  Statio  Papinio 
De  cuja  obra  entregou  D.  Francifco  Ma- 
noel de  Mello  féis  cantos  a  loaõ  Fran- 
co Barreto  como  elle  efcreve  na  Bib. 
Portug.  M.  S.  pedindolhe  quizefle  acabai- 
la.  Depois  appareceraõ  os  últimos  6  can- 
tos que  compuzera  loaõ  Nunes  Freyre 
que  fe  naõ  imprimirão.  Delle  fazem  men- 
ção Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  p. 
574.  col.  I.  e  loan  Soar.  de  Brit.  Theatr. 
hufit.  Uter.  lit.  L  60.  Ldterarum  huma- 
niorum  Jatis    celebris   profeffor. 


lOAÕ  NUNES  VARELLA  natural  da 
Freguezia  de  Santa  Anna  termo  da  Villa  de 
Ourique  em  a  Província  Tranílagana  onde 
recebeo  a  primeira  graça  em  23  de  lulho 
de  1701.  fendo  filho  de  Gregório  Nunes, 
e  Margarida  Martins.  Aplicoufe  ao  eíhido 
da  Theologia  Moral  como  taõ  neceíTaria 
ao  eftado  Ecdefiaílico  que  profeíTava,  c  fez 
nella  tantos  progreíTos  a  fua  aplicação  que 
pelo  efpaço  de  finco  annos  teve  publica 
paleftra  deíla  fciencia,  da  qual  fahiraõ  mui- 
tos difcipulos  para  o  ConfeíTionario.  He 
Notário  Apoftolico,  e  ConfeíTor  do  refor- 
mado Convento  das  Religiofas  de  Nofla 
Senhora  dos  Remédios  fituado  fora  dos 
muros   de   Lisboa.     Publicou 

ColleçaÕ  efpiritual  de  varias  obras  da  Myfíica 
Doutora  da  Igreja  a  Seráfica  Madre  Santa  The- 
re^a  de  lejus  Fundadora  da  ef clareada  Familia 
dos  Reverendijfimos  Padres  Carmelitas  Defcalfos. 
Lisboa  por  António  Pedrozo  Galraõ.  1736.  8. 


L  USITAN A. 


7i5 


Opujculo  Cttríal  muy  útil,  e  conveniente 
para  Parocbos,  Confejfores,  e  mais  pejfoas 
curiofas  em  que  fe  trata  praticamente  da 
intelligencia  dos  grãos  de  parentefco,  dos  im- 
pedimentos do  matrimonio  em  que  cujiuma 
difpenfarfe,  e  do  que  bade  allegarje,  e  como, 
para  fe  evitarem  inconvenientes.  Lisboa  pelos 
herdeiros  de  António  Pedrozo  Galraõ. 
1741.    4. 

Aíeditafoens  da  Vida,  e  Payxaõ  de  Cbrif- 
to,  e  vários  documentos  para  pejfoas  efpiri- 
tuaes.  ibi  pelos  herdeiros  de  António  Pe- 
drozo Galraõ.  1737.  He  tradução  de  Caf- 
telhano    do    Padre    Fr.    Félix    de    Alamin. 

Tratados  Moraes,  o  i.  dos  Sacramentos 
cm  género,  z.  do  Bauti/mo.  3.  da  Confirma- 
rão.  M.    S. 

lOAÕ  NUNES  VIDAL  Presbítero,  e 
Bacharel  em  a  Faculdade  dos  Sagrados 
Cânones  muito  perito  na  intelligencia  da 
Sagrada  Efcritura,  e  Liçaõ  dos  Santos 
Padres,    e    Expoíitores.     Efcreveo. 

fragmentos  da  Sagrada,  e  humana  Hif- 
toria.  Obra  útil  para  Pregadores  tirada  da 
expofiçaõ  dos  Santos  Padres,  e  antigos  Orá- 
culos da  /ciência.  He  volume  grande  de 
folha,  que  examinamos,  o  qual  todo  eftá 
marginado  de  authoridades  dos  Santos 
Padres,  e  Expoíitores  Sagrados  em  que 
o  Author  fe  moílra  muito  verfado  to- 
das poílas  por  niimeros,  que  chegaõ  a 
5039.  com  Index  de  varias  matérias  para 
que  aplica  as  authoridades  citadas.  No 
fim    tem. 

Via-Sacra  contemplativa.  Q)niia  de  57  pa- 
ginas, e  o  volume  de  que  aíTima  fe  fez  mençaò, 
tem  701. 

lOAÕ  DE  OLIVEYRA  Naceo  em  a 
Cidade  de  Braga  no  anno  de  1709,  fen- 
do filho  de  Domingos  de  Oliveira,  e 
Luiza  de  Oliveira.  Inílruido  em  a  pátria 
na  lingua  Latina,  e  Filofofia  paíTou  à 
Univerfidade  de  Coimbra  onde  fe  formou 
na  Faculdade  dos  Sagrados  Cânones.  Ref- 
tituido  à  pátria  exercitou  por  alguns  an- 
nos  o  Officio  de  Patrono  de  Caufas  Fo- 
renfes,  e  paífando  ao  Eftado  do  Brazil 
o    nomeou    feu     Secretario    o    Illuftriífimo 


Bifpo  de  Janeiro  D.  Fr.  Joaõ  da  Cruz. 
Para  naò  caducar  na  memoria  dos  Vin- 
douros os  aplauzos,  que  o  CoUegio  dos 
Padres  Jefuitas  da  fua  Pátria  dedicarão 
a  S.  Luiz  Gonzaga,  e  Santo  Ellanislao 
Koska  novamente  collocados  no  Catha- 
logo    dos    Santos    efcreveo. 

P^elaçaS  das  Feftas,  que  o  Colleffo  de  S.  Paulo 
da  Companhia  de  lefus  da  Cidade  de  Braga  cek' 
hrou  em  hum  folemne  Triduo  à  Canonif^a^aõ  de 
Jeus  glorio/os  Santos  L/dz  ^^Z^^^*  ^  Eftaniflao 
Koska  em  lulho  de  1727.  Lisboa  na  Officina 
Patriarchal  da  Mufica  1728.  4. 

lOAÕ    DE    OLIVEYRA    DELGADO 

cuja  aplicação  foy  fempre  aos  livros  af- 
ceticos  de  que  extrahio  documentos  pa- 
ra o  exercido  das  virtudes;  ao  tempo 
que  contava  a  proveâa  idade  de  75  an- 
nos    publicou. 

Meditaçoens  da  vida,  PayxaÕ,  Morte,  Kefur- 
reiçad,  e  Mandamentos  divinos  do  Unigénito  filho 
de  Deos  vivo.  Lisboa  por  lozé  António  da 
Sylva.  1727.  8. 

lOAÕ  FAÇANHA  Presbítero  de  vida 
inculpável,  e  muito  exercitado  na  prac- 
tica    da    Theologia    MyíUca.     Efcreveo. 

Compendio  da  Payxaõ  de  Nojfo  Senhor 
JESU  Chrifio  tirado  das  Meditaçoens  do 
V.  Padre  Fr.  Lui^  de  Granada  acrecen- 
tado  com  varias  devoçoens.  Lisboa  por  An- 
tónio Alvres.  1649.  &  ibi  por  loaõ  Gal- 
raõ. 1676.  12.  com  a  Meditação  do  Padre 
Vafco  Pires  para  a  Noute  de  Natal.  & 
ibi    por    Francifco    VUlela.     1672.     24. 

Fr.  lOAÕ  PACHECO  natural  da  VU- 
la  de  Aldegallega  em  a  Provinda  Tranf- 
tagana  filho  de  Mathias  Pacheco  Pi- 
mentel Cavalldro  profeílo  da  Ordem  de 
Chriílo,  e  Capitão  mòr  das  Villas  de 
Riba-Tejo,  e  de  D.  Francifca  Pereira  de 
Vafconcellos.  ProfeíTou  o  fagrado  iníti- 
tuto  de  Erimita  Auguffíniano  no  Real 
Convento  de  Noíía  Senhora  da  Graça 
de  Lisboa  a  2  de  Fevereiro  de  1694. 
quando  contava  defafete  annos  de  ida- 
de onde  depois  de  fer  Superior  do  Con- 
vento de  NoíTa  Senhora  da  Penha  de  Fran- 


7i6 


BIBLIO  TH  E  CA 


ça,  e  Meílre  dos  Noviços  do  Conven- 
to da  Graça  de  Lisboa  foy  Prior  dos 
Conventos  de  Lamego  cm  o  anno  de 
1706.  de  Villaviçofa  em  1709.  c  de  Lis- 
boa em  1740.  moílrando  cm  todas  eílas 
Prelazias  a  prudência  do  fcu  juÍ2o,  e  o 
zelo  da  difciplina  regular.  A  vaíliíTima 
liçaõ,  que  tem  da  Hiíloria  fecular,  c  fa- 
grada  como  da  natural,  c  politica  lhe  faci- 
litarão  cfcrever,  e  publicar  a  feguinte  obra. 

Divertimento  erudito  para  os  curiofos  de  no- 
ticias hijloricas,  efcholafiicas,  Politicas,  e  natttraes 
/agradas,  e  profanas  defcubertas  em  todas  as  ida- 
des, e  ejlados  do  mundo  até  o  premente,  e  extrahidas 
de  vários  authores  Tom.  i.  Lisboa  na  Officina 
Auguftiniana.  1734.  foi. 

Tomo  Jegundo.  Lisboa  por  António  de 
Souza,  e  Sylva.  1738.  foi. 

Tomo    terceiro,    ibi    pelo    dito    ImpreíTor. 

1738.  foi. 

Traduzio  de  Caílelhano  de  Fr.  Francifco 
Larraga  Dominico  em  Portuguez. 

Promptuario  de  Theologia  Moral  muito  útil, 
e  neceffario  para  todos  os  que  Je  qui;(erem  expor 
para  Confejfores,  e  para  a  divina  adminijlraçaõ 
do  Santo  Sacramento  da  Penitencia.  Tom.  2. 
em  que  Je  faixem  addiçoens  aos  Tratados  do  Tom. 
\.  e  Je  acrecentaõ  alguns  appendices  de  matérias, 
que  nelle  Je  trataõ.   Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor. 

1739.  4. 


Fr.  lOAÕ  DE  PÁDUA  natural  da  Villa  do 
Cartaxo  termo  da  Villa  de  Santarém  religiofo 
da  Seráfica  Provinda  de  Portugal,  Meílre  do 
Coro  do  Convento  de  Lisboa  onde  por  mui- 
tos annos  com  a  fuavidade  da  voz,  e  deílreza 
da  Arte  da  Muíica  cm  que  era  iníigne,  foy 
o  direftor  da  perfeição,  e  regularidade  com 
que  fe  cantavaõ  as  Horas  Canónicas,  naõ  fen- 
do menos  perito  nas  Cerimonias  Eccleíiaíli- 
cas.  Morreo  no  Convento  de  Lisboa  a  29 
de  lulho  de  1631.  Delle  fazem  mençaõ  Wa- 
dingo  Script.  Ord.  Min.  pag.  Efperança 
Hijlor.  SeraJ.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  i.  liv. 
2.  cap.  17.  n.  4.  Soledade  Hijl.  SeraJ.  da  Prov. 
de  Portug.  Part.  3.  liv.  i.  cap.  21.  Fr.  loan.  a 
D.  Ant.  Bib.  Francijc.  Tom.  2.  pag.  197.  col.  i. 
c  Nicol.  Ant.  Bib.  Hijp.  Tom.  i.  pag.  575. 
col.  2.    Compoz. 


Manuale  Chori  Jecundum  ujum  Fratrum 
Minorum,  et  Monialium  S.  Clara  nunc  de- 
nuò  corre£ium,  <ir  in  multis  auãum  juxta 
Miffale,  et  Breviarium  Komanum  Pii  V. 
eJ?*  Clementis  VIU.  authoritaíe  recognitum. 
UlyíTipone  apud  Petrum  Craesbeeck.  1626.4. 


lOAÕ  DE  PAYVA  natural  de  Coim- 
bra, e  filho  de  Manoel  de  Payva.  Ef- 
tudou  na  pátria  as  fciencias  amenas,  e 
feveras,  e  recebido  o  gráo  de  Doutor 
Theologo  foy  Prior  de  Santa  Maria  de 
Penacova  cm  o  Bifpado  de  Coimbra,  e 
Cónego  Magillral  da  Sé  de  Lamego  em 
31  de  Setembro  de  1632.  Com  profun- 
da inveíligaçaõ  examinou  os  arcanos  mais 
recônditos  de  hum,  e  outro  Teílamcn- 
to  fervindo-lhe  de  luzes  precurforas  a 
intelligencia  das  linguas  Orientaes,  c  a 
Liçaõ  dos  Santos  Padres.  Fallecco  na 
pátria  a  24  de  laneiro  de  1640.  láz  fe- 
pultado  na  Capella  de  Santa  Marta  fitua- 
da  no  Collegio  dos  Carmelitas  Calçados, 
que  inílituhio  para  íi,  e  feus  fuceíTores 
com  MiíTa  quotidiana.  Delle  fe  lembraô 
Nicol.  Ant.  Bib.  HiJp.  Tom.  i.  pag. 
575.  col.  2.  loan.  Soar.  de  Brito  Theatr. 
l^fit.  Utter.  lit.  L  n.  61.  Hallevordius 
Bib.  CurioJ.  pag.  416.  col.  i.  Marangoni 
Tbet(atir.  Paroch.  Tom.  2.  pag.  299.  Com- 
poz. 

Doãrinale  Sacra  Scriptura  omnes  illius 
Jenjus  tum  litterales,  tum  myjlicos,  nec  non 
Cânones,  hoc  ejl  regulas  interpretandi,  ac  in- 
telligendi  Jacras  litteras,  phrajes  praterea,  mo- 
dojque,  ac  verjiones  libris  XXIII.  compleãens. 
Conimbricx  apud  Didacum  Gomcz  de 
Loureiro.  1631.  foi.  O  Author  fazendo 
juizo  deíla  obra  lib.  1.  cap.  i.  diz.  Non 
iffioro  aliquos  Authores  de  tis  rebus  agere, 
Jed  monitum  velim  neminem  eorum  opus  in- 
tegrum  exhibuijfe,  <à)^  omnia  in  unum  quaji 
corpus  redigi  ff e;  enim  vero  aliquos  reperies 
in  Salmerone,  Genebrardo,  Oleaftro,  Francijco 
Rmí:(Ío,  Martino  Martines  Jed  ea  illi  carp- 
tim  leniter,  d»*  non  ex  injlituto  operis  trac- 
tarunt.  Author  vero  id  agit,  ut  Japius  bic 
illi  Jit  propojitus  ad  quem  coUimat:  et  li- 
brum   integ^um   de   hac   re   dedit. 


L  USITAN  A. 


7^7 


P.  lOAÕ  DE  PAYVA.  Naceo  em 
Lisboa  a  14  de  Mayo  de  1604.  fendo 
filho  de  António  de  Payva,  e  Domin- 
gas da  GDÍla.  PoíTuindo  na  Cathedral  da 
fua  Pátria  hum  Canonicato  de  Quarta 
Prebenda  abraçou  o  inftituto  da  G^mpa- 
nhia  de  lefus  a  20  de  Novembro  de 
1660.  quando  contava  fincoenta,  e  féis 
annos  de  idade  onde  obfervou  exacta- 
mente os  preceitos  do  feu  inílituto.  Fal- 
leceo  com  fumma  piedade  na  Caza  pro- 
feíTa  de  S.  Roque  a  23  de  Março  de 
1682.  Delle  faz  memoria  Franco  Imag. 
ca  Virt.  em  o  Nov.  de  Usboa.  pag.  970. 
et  in  Annal.  S.  I.  in  l^ijit.  p.  374. 
n.  17.  Com  o  fupofto  nome  de  loaõ 
H      <le    Brito    publicou. 

Compendio  das  Cerimonias  que  fe  devem  ohf er- 
rar comforme  o  MiJJal  Komano  ultimamente  refor- 
mado pela  Santidade  do  Papa  Urbano  VIU. 
Oferecido  ao  lllufirijfimo  Senhor  D.  Lui:(^  de 
Sout(a  Bifpo  de  luimego  do  Confelho  de  S.  Aitev^a. 
Lisboa  por  Domingos  Carneiro  ImpreíTor  das 
Três  Ordens  Militares.  1671.  4. 

Fr.  lOAÕ  DE  PAREDES  natural  da 
Villa  do  feu  apellido  fituada  nos  Coutos 
de  Alcobaça,  Monge  Ciíltrcienfe,  e  muito 
douto  em  a  Theologia  Efcholaílica.  Ef- 
creveo 

Compendium  Sacra  Theoloffa.  foi.  M.  S. 
Confervafe  na  Livraria  do  Real  Convento  de 
xA-lcobaça. 

D.  lOAÕ  PECULIAR.  Naceo  em  a  Qda- 
de  de  Coimbra  onde  foraõ  feus  Progenitores 
Chriílovaõ  loaõ,  e  D.  Maria  Rabaldis  Senhora 
da  Villa  de  Mortede  fendo  o  fegimdo  na  or- 
dem do  nacimento  entre  finco  filhos  que  tive- 
raõ.  Aprendeo  as  fciencias  amenas  na  pátria, 
c  as  feveras  em  a  Univerfidade  de  Pariz  donde 
voltando  com  igiial  fama  de  letrado,  que  vir- 
tuozo  edificou  na  Villa  de  Lafoens  hum  Ora- 
tório no  qual  recolhido  com  alguns  facerdotes 
pra£Hcava  os  exercidos  da  vida  religiofa. 
Defte  lugar  foy  aíTumpto  para  Meílre  Efchola 
da  Cathedral  de  Coimbra,  e  como  nella  foíle 
Arcediago  o  V.  D.  Tello,  e  dezejaíTe  com 
ardente  zelo  reftituir  à  fua  primitiva  obfer- 
vancia   o   inílituto    dos    Cónegos    Regulares 


de  S.  Agoílinho  partio  com  elle  a  Ro- 
ma onde  experimentarão  taõ  propicia  a 
vontade  de  Innocendo  IL  para  taõ  fan- 
to  intento,  que  alcançados  muitos  privi- 
légios, e  indultos  da  benignidade  Ponti- 
ficia  para  o  Real  Convento  de  S.  Cruz 
de  Coimbra  voltarão  da  Cúria  no  fim 
do  mez  de  lunho  de  1133.  e  derigindo 
a  jornada  para  o  Moíldro  de  S.  Rufo 
em  o  Delfinado  onde  exaftamente  fe  ob- 
fervava  o  inítítuto  Canónico  Auguftiniano, 
deUe  trouxeraõ  o  Cerimonial,  e  Ritual  que 
fe  haviaõ  uzar  em  o  Convento  de  S. 
Cruz.  ReíHtuido  a  Portugal  foy  eleyto  Bif- 
po do  Porto  em  o  anno  de  11 36.  de  cuja 
Cathedral  paíTou  à  Primacial  de  Braga  em 
o  anno  de  11 39.  e  para  receber  o  PalUo 
partio  fegunda  vez  a  Roma  recebendo-o  da 
maõ  de  Innocendo  II.  que  certificado  da 
fua  grande  literatura  lhe  ordenou  aíTiíliíre 
ao  Concilio  Lateranenfe  IL  que  naquelle 
tempo  fe  celebrava.  Neíle  venerável  Con- 
greílo  contrahio  amizade  com  o  Mellifluo 
Doutor  S.  Bernardo  que  continuou  com 
diverfas  cartas,  que  lhe  efcreveo.  Voltan- 
do deíla  jornada  foy  recebido  em  Braga 
com  as  mayores  demonílraçoens  de  jubilo 
experimentando  fuás  ovelhas  com  a  dou- 
trina remédio  para  as  almas,  e  com  as  ef- 
molas  focorro  para  os  corpos.  Entre  as 
acçoens  que  fez  dignas  de  memoria,  foy 
coroar  ao  noíTo  primeiro  Monarcha  D. 
AíFonfo  Henriques  em  as  Cortes  celebradas 
em  Lamego,  aíTiílir  à  Conquiíla  de  Lisboa 
no  anno  de  1147.  ^  fagrar  o  primeiro 
Bifpo  deíla  famoza  Gdade  que  logo  o  re- 
conheceo  por  Primaz  de  Efpanha.  Cumu- 
lado de  obras  virtuofas,  e  cheyo  de  annos 
que  excediaõ  o  numero  de  cem  paíTou 
deíla  vida  caduca  para  a  eterna  a  3  de 
Dezembro  de  1175.  laz  fepultado  na  Ca- 
thedral de  Braga  que  governou  pelo  largo 
efpaço    de    36    annos.     Efcreveo 

Epijlola  varia  ad  Bemardum  Ahhatem  Cla- 
ravallenjem.  Paliando  deílas  Cartas  o  Illuf- 
triíTimo  Cunha  Hj/?.  Ecclef.  de  Braga  Part.  2. 
cap.  14.  n.  4.  'Ejítre  as  Cartas  imprejfas  do  Santo 
fe  naõ  achaõ  as  do  Arcehifpo  D.  loaÕ,  culpa  das 
que  as  ajuntarão  para  a  efiampa  porque  avia 
algumas   que   vio,   e   leyo   o    P.    Fr.    L///^   dos 


7i8 


BIBLIO  THE  CA 


Anjos  Chronijla  dos  "Padres  'Erimitas  de  Santo 
Agofiinho  como  o  deixou  efcrito  em  huma  memoria 
que  ejlâ  em  nojfo  poder. 

Fa2em  honorifica,  e  larga  memoria 
defte  grande  Prelado  o  lUuílriflimo  Cunha 
no  lugar  aíTima  allegado,  e  na  Hijl.  Ecclef. 
de  "Lisboa.  Part.  2.  cap.  i.  D.  Nicol.  de 
S.  Maria  Chron.  dos  Coneg.  Keg.  liv.  11. 
cap.  4.  Fr.  António  da  Purif.  de  Vir.  il- 
luftrih.  Ord.  Brimit.  D.  Aug.  lib.  i.  cap.  17. 
c  na  Chronol.  Monaji.  p.  113.  Cardozo 
Affol.   "Lufit.  Tom.   3.  p.   310.   col.   i. 


lOAÕ  DE  S.  PEDRO  Cónego  Se- 
cular da  Congregação  do  Evangelifta  amado 
onde  floreceo  o  feu  talento  nas  Faculdades 
próprias  do  feu  Eílado.  Querendo  que  fe  fi- 
zeíTem  patentes  ao  mundo  os  indultos  apof- 
tolicos  concedidos  à  fua  Congregação  com- 
pilou. 

"Livro  dos  Privilégios  concedidos  pelos  Summos 

Pontífices  à  Congregação  de  S.  loaõ  Ejvangelijla 

àjftm  per  concejfaõ,  como  per  comiffaõ  como  em 

Jeus  títulos  fe  declarará.    Lisboa  por  António 

Alvres  1594.  foi. 


Fr.  lOAÕ  DE  S.  PEDRO.  Naceo 
em  Lisboa  a  24  de  Março  de  1692.  e 
teve  por  Pays  a  loaõ  Pedro,  e  Mariana 
Thomafia.  Profeflbu  o  inílituto  do  Dou- 
tor Máximo  no  Real  Convento  de  Be- 
lém a  23  de  Outubro  de  1709.  onde  foy 
Prior  dos  Conventos  de  S.  Marcos,  e  Pe- 
nhalonga,  Vifitador  Geral  da  Congregação, 
e  Geral  eleito  a  20  de  Abril  de  1759. 
He  Qualificador  do  Santo  Officio,  Con- 
fultor  da  Bulia  da  Cruzada,  e  Examina- 
dor das  Três  Ordens  Militares.  Teve  gé- 
nio para  a  Poezia  vulgar  em  que  com- 
poz  diverfas  obras,  como  taõbem  eftu- 
diofa  aplicação  para  a  Hiftoria,  e  letras 
humanas.    Publicou. 

Sermão  de  Nojfa  Senhora  da  Piedade  pregado 
na  Freguesia  de  S.  Paulo  de  "Lisboa.  Lisboa  na 
Officina  da  Mufica  1723.  4. 

Sermão  Panegyrico,  e  Hifiorico  do  Doutor 
Máximo  S.  Jerónimo  pregado  no  Convento  de  NoJfa 
Senhora  do  Ef pinheiro  da  Cidade  de  "Évora  a  30 


de  Setembro  de  1726.  Lisboa  na  Officina  Pa- 
triarchal  de  Muíica.  1727.  4. 

Sermão  Panegyrico,  e  Hijlorico  do  Príncipe 
dos  Patríarchas,  e  Doutor  Máximo  da  Iff^eja  S. 
Jerónimo  pregado  no  Keal  Mojleiro  de  S.  Maria 
de  Belém  a  ^o  de  Setembro  de  1729.  4.  Naõ 
tem  lugar  nem  anno  da  imprcflaõ,  mas  do 
Cara£ter  da  letra  fe  conhece  fer  impreflb 
em  Caftella  no  anno  de  1731.  como  fe 
colhe  da  licença  do  Geral  Fr.  Martinho 
de   Amorim. 

"Vida  de  S.  Jerónimo  Patríarcha,  Cardial, 
Presbítero,  e  Doutor  Máximo  da  Jff^eja. 
Tom.  I.  Lisboa  na  Regia  Officina  Syl- 
viana,    e    da    Academia    Real.     1742.    foi. 

Com  o  afe£b.do  nome  de  Damiaõ  de  Froes 
Perim  anagramma  puro  de  Frey  loaõ  de 
S.  Pedro  compoz,  e  publicou. 

Theatro  Heroino,  Abecedarío  HiJIoríco,  e 
Cathalogo  das  Mulheres  Jllufires  em  Armas, 
J^tras,  Acçoens  heróicas,  e  Artes  Uberaes. 
Tom.  I.  Lisboa  Na  officina  da  Mufica 
de  Theotonio  Antimes  de  Lima.  1736. 
foi.     Comprehende    da    letra    A    até    L 

Tomo  Segundo.  Lisboa  na  Regia  Officina 
Sylviana,  e  da  Academia  Real.  1740.  foi. 
Comprehende  da  letra  L.  até  Z. 


P.  lOAÕ  PEDROZA  natural  de  Coim- 
brão em  o  Bifpado  de  Leiria,  e  filho 
de  loaõ  Fernandes,  e  António  Pedroza. 
Aliíloufe  na  Companhia  de  lefus  em  o 
Noviciado  de  Coimbra  a  26  de  Feve- 
reiro de  1632.  quando  contava  defafeis 
annos  de  idade.  Impellido  do  zelo  da 
Converfaõ  da  Gentilidade  cultivou  mui- 
tos annos  a  vinha  de  Salfete,  e  foy 
Reytor  do  Collegio  de  Rachol.  Falleceo 
em    Goa    em    10    de    Mayo    de    1672. 

Tradufio  da  lingua  Caftelhana  do  P. 
Bernardino  Villegas  lefuita  em  a  lingua 
Bramana. 

Solilóquios  divinos.  Goa  fem  anno  da 
ediçaõ. 

JnJlruçaÕ  para  a  confijfaõ  Sacramental. 
Naõ  publicou  eíla  obra  impedido  pela 
morte.  Delle  faz  breve  noticia  Franco 
Jmag.  da  Virt.  em  o  Novic,  de  Coimb. 
Tom.    2.    p.    620. 


L  USI  TAN A. 


719 


lOAÕ  PEYXOTO  DA  SYLVA  DE 
MACEDO  CARVALHO,  E  ALMEYDA 
Senhor  do  Confelho  de  Penafiel,  e  Adail 
raòr  do  Reyno  Senhor  dos  Morgados 
de  Peixotos,  Macedos,  Carvalhos  do  Al- 
garve filho  de  Gonçalo  Peixoto  da  Sylva 
Senhor  de  Penafiel,  e  Adail  mòr  do 
Reyno,  e  de  D.  Paula  de  Alarcão  de 
igual  nobreza  à  de  feu  marido.  Foy 
muito  inílruido  nas  letras  humanas,  hif- 
toria  profana,  e  na  Genealogia  efcre- 
vendo. 

Diverfos  Títulos  de  Familias  Poriuguef(as ; 
como  affirma  o  Padre  Souza  Advert.  e  Addic. 
à  Hijl.  Gen.  da  Ca^.  Keal  Portug.  Tom.  8. 
pag.  26.  n.  72. 

Falleceo  em  Lisboa  a  15  de  Mayo 
de    1725. 

lOAÕ  DE  PENA  Presbitero,  e  Li- 
cenciado em  Artes  pela  Univerfidade  de 
f  Salamanca,  muito  perito  nas  letras  hu- 
manas, e  infigne  Poeta  Latino.  Compoz 
em    verfo    heróico. 

Oratio  habita  Salmàtica  6.  Jantuirii.  1598  foi. 
Sahio  impreíTa  nefte  ãno.    Começa. 

Nympba  Caballinas  qua  rume  fpatiaris  ad 
widas. 

lOAÕ  PEREYRA  natural  da  Qdade 
de  Elvas  filho  de  Fernaõ  Lourenço  Pegado, 
e  Ignez  Pereira.  Depois  de  receber  o  gráo 
de  Doutor  em  os  Sagrados  Cânones  foy  taõ 
profundamente  verfado  neíla  Faculdade,  que 
fendo  Arcebifpo  de  Évora  o  Sereniflimo  In- 
£mte  D.  Henrique  o  elegeo  por  feu  Vigário 
Geral,  e  Provifor  lugares,  que  exercitou  no 
tempo,  que  governou  a  mefma  Diocefe,  o  Ar- 
cebifpo D.  loaõ  de  Mello  em  cuja  Cathedral 
obteve  o  Arcediagado  de  Oriola  de  que  tomou 
poíTe  a  31  de  Dezembro  de  1565.  donde  paíTou 
para  o  Arcediagado  da  fexta  a  10  de  Agollo  de 
1566.  Foy  Deputado  da  Inquifiçaõ  de  Évora 
provido  a  25  de  laneiro  de  1563.  Retirado  à 
fua  pátria  inítítuhio  hum  vinculo,  que  poííue 
a  antiga  famiUa  dos  Pegados,  onde  falleceo 
no  armo  de  15  81.    Compoz. 

In  Difi.  I.  de  Conjecrat.  Neíla  obra  que 
conftava  de  54  cadernos  fe  comprehendiaõ 
muitas,  e  feleâas  Queíloens  de  Sacramentis, 


de  'Empbyteuji,  de  Emptione,  <ò^  Venditione,  de 
Mayoratibus.  &c. 

P.  lOAÕ  PEREYRA  filho  de  An- 
tónio Pereira  de  Elvas,  e  Appolonia  da 
Sylveira  naceo  em  a  Qdade  de  Ponte 
Delgada  Capital  da  Ilha  de  S.  Miguel 
donde  paíTando  a  Portugal  recebeo  a  rou- 
peta da  Companhia  de  lefus  em  o  No- 
viciado de  Coimbra  a  23  de  Dezembro  de 
1661.  Tendo  hdo  féis  annos  Humanidades 
foy  Reytor  dos  Collegios  de  Braga,  Elvas,  e 
Santarém,  e  Coimbra;  Secretario  da  Província 
de  Portugal,  e  feu  Vizitador  Geral,  e  Provin- 
cial da  Provinda  do  Brazil.  Em  tantos  lu- 
gares fempre  experimentarão  os  fubditos  os 
efeitos  da  fua  prudente  capacidade.  Pregou 
com  aplauzo  derigindo  os  feus  difcurfos  mais 
para  reprehender  vidos,  que  lizongear  vido- 
fos.  Sendo  obrigado  por  preceito  do  Geral  a 
acdtar  a  Propofitura  da  Caza  profeíía  de  S. 
Roque  naõ  chegou  a  exerdtar  eíle  lugar  mais, 
que  mez,  e  meyo  fallecendo  a  23  de  Abril  de 
171 5.  DeUe  fe  lembraõ  Cordeiro  HiJl.  Inju- 
lan.  liv.  6.  cap.  43.  n.  437.  Franco  Imag.  da 
Virt.  em  o  Nov.  de  Coimb.  Tom.  2.  p.  620.  et 
in  Armai.  S.  ].  in  Ljifit.  pag.  452.  n.  14.  Pu- 
blicou. 

Exbortaçoer.s  domefiicas  feitas  nos  Colle- 
gios, e  Cat(as  da  Companhia  de  Jefus  de 
Portugal,  e  Brat^il.  Coimbra  no  Collegio 
das    Artes.    171 5.    4. 

lOAÕ  PEREYRA  DE  CARVALHO  Na- 
ceo em  Lisboa  a  7  de  laneiro  de  1666  fendo 
filho  de  Manoel  Pereira,  e  Angela  Maria.  Na 
Univerfidade  de  Coimbra  recebeo  as  infignias 
doutoraes  na  faculdade  dos  Sagrados  Câ- 
nones merecendo  pelas  fuás  grandes  le- 
tras fer  Dezembargador  de  Relação  Ec- 
defiaftica  em  a  Qdade  de  Évora  pelo 
efpaço  de  três  annos,  e  meyo  quando 
era  dignifllmo  Arcebifpo  deíla  Cathedral 
o  Illuftriírimo  D.  Fr.  LuÍ2  da  Sylva,  que 
o  proveo  em  huma  Bachelaria  da  mefma 
Cathedral  de  que  tomou  poíTe  a  4  Setem- 
bro de  1701.  donde  paíTou  a  exerdtar 
o  lugar  de  Dezembargador  com  o  de 
Provifor,  e  Vigário  Geral  na  Relação  Ec- 
defiaftica    de    Lisboa,    e    fer    provido    em 


720 


BIBLIO  THECA 


Prior  da  Parochial  Igreja  de  Santo  Ef- 
tevaõ  da  mefma  Cidade  de  que  tomou 
pofle  a  18  de  Dezembro  de  171 6.  Foy 
eloquente  Pregador,  e  dos  Teus  Scrmoens 
tinha  prompto  hum  Volume  para  a  im- 
preflaõ  da  qual  logrou  unicamente  o  fe- 
guinte. 

Sermão  na  Canom:(açaÕ  dos  Santos  Lmí^  ^^"~ 
^aga,  e  Stanislao  Koska  da  Companhia  de  lESUS 
pregado  no  Collegio  de  Santo  Antaõ  da  mefma 
Companhia  em  28  de  Julho  de  1727.  no  Jegundo 
dia  do  Triduo  dejla  Solemnidude.  Lisboa  por 
Pedro  Ferreira.  1728.  4. 

Falleceo  na  pátria  a  4  de  Setembro  de  1738. 
quando  contava  72  annos  de  idade.  láz  fepul- 
tado  na  Parochia  de  Santo  Eftevaõ  da  qual  era 
Prior. 

lOAÕ  PEREYRA  CORTEREAL  mui- 
to experimentado  na  Arte  de  navegar, 
que  aprendeo  em  multiplicadas  vezes,  que 
paíTou  às  índias  Oriental,  e  Occidental 
inventando  o  inílrumento  da  demarcação 
fobre  o  qual  fez  humas  doutas  adver- 
tências o  Cofmografo  mòr  Valentim  de 
Sà.     Compoz. 

Difcurfos  fobre  la  navegacion  de  las  Náos  de 
la  índia  de  Portugal.  Madrid.  1622.  4.  Deíla 
obra  confervo  hum  exemplai  da  qual  efcreve 
loaõ  Franco  Barreto  na  Bib.  Portug.  M.  S. 
que  nunca  a  vira,  e  que  ignorava  fe  era  im- 
prefla. 

Transformacion  dei  Cabo  de  buena  Efperança. 
4.  M.  S.  Conferva-fe  na  Livraria  do  Excellen- 
tilTimo  Marquez  de  Valença. 

lOAÕ  PEREYRA  DA  SYLVA  natu- 
ral de  Lisboa,  e  filho  do  Capitão  mòr  Ruy 
da  Sylva  Pereira,  e  de  D.  Catherina  Duque. 
Foy  Cavalleiro  da  Ordem  de  Chriílo,  Familiar 
do  Santo  Officio,  e  Efcrivaõ  do  Tribunal  da 
Legacia  Apoftolica.  Cultivou  defde  os  pri- 
meiros annos  as  Mufas  Portuguezas  com 
tanta  elevação  de  efpirito,  que  merecerão 
os  feus  verfos  o  aplauzo  dos  mayores  pro- 
feíTores  da  Poética  fendo  hum  dos  mais 
cftimaveis  Collegas  da  Academia  dos  Sin- 
gulares inftituida  na  fua  pátria  cm  o  an- 
no    de    1663.    Cazou    com    D.    Urfula    da 


Sylva  Lobo  de  quem  teve  para  immor- 
tal  credito  da  fua  peflba  ao  Doutor  Ber- 
nardo Pereira  da  Sylva  Cavalleiro  da  Or- 
dem de  Chriílo,  Collegial  do  Collegio 
Real  de  S.  Paulo  Lente  da  Cadeira  do 
Código,  e  Digefto  Velho  em  a  Univcr- 
fidade  de  Coimbra,  Dezembargador  da 
Caza  da  Supplicaçaõ  de  quem  fc  fez 
mais  diílinta  memoria  em  fcu  lugar.  Fal- 
leceo em  Lisboa  a  10  de  Outubro  de 
1708.  Jaz  fepultado  na  Parochia  de  N. 
Senhora    das    Mercês.    Compoz. 

Epinicio  hafitano  à  memorável  vitoria  de 
Montes  Claros,  que  alcançou  o  exercito  del- 
Key  N.  Senhor  D.  Affonfo  VI.  o  Vião- 
riofo  fendo  Capitão  General  o  Marque:^  de 
Marialva.  Lisboa  por  Henrique  Valente 
de  Oliveira.  1665.  4.  Coníla  de  100. 
Outavas 

Canção  Panegírica  ao  Naàmento  do  muito 
alto,  e  muito  poderofo  Príncipe  Nojfo  Senhor  em 
10  de  Agoflo  de  1688.  Offerecida  rui  menbaã 
do  mefmo  dia.  Lisboa  por  Miguel  Deslandes. 
1688.  4. 

hyfia  faudofa  confolando-fe  com  o  feu  Tejo 
atmfero  Kej/  dos  Rios  na  dor  fobre  o  encarecimento 
grande  do  intempeflivo  Ocav^  da  fua  mais  Soberana 
The  tis  a  Serenijftma  Senhora  D.  Isabel  Ljài^a  Jov^eja 
primogénita  delRey  D.  Pedro  II.  NoJfo  Senhor. 
Lisboa  por  Miguel  Deslandes  Impreflbr  del- 
Rey. 1690.  4.  Coníla  de  huma  GloíTa  ao 
Soneto  Fermofo  Tejo  meu  &c.  dous  Epigramas 
Portuguezes;  humas  Endechas  Caftelhanas,  e 
huma  Decima  por  Epitáfio. 

Dous  Sonttos  a  pag.  93.  dos  Acroa- 
mas  Panegyricos  com  que  Coimbra  recebeo 
a  relíquia  de  Santo  Thoma^  de  Villano- 
va  vinda  de  Valença.  Coimbra  por  lozé 
Ferreira     1690.     4.     Começa     o     primeiro. 

De  aliento  noble,  ò  luftre  competência.  E  o 
fegundo. 

Immenfo  eres  Thomas;  a  tanto  Atb- 
lante. 

Canção  Panegyríca  em  aplaudo  de  D.  Manoel 
Pereira  Coutinho,  e  feus  filhos  D.  Francifco  Jo^é 
Coutinho,  e  D.  Pedro  lo^é  Coutinho  obràraõ  no 
choque  de  Monfanto  a  ix  de  Junho  de  1704.  Sahio 
nos  Prelad.  Encom.  a  cila  acçaõ.  Londres  por 
Leach.  1704.  4. 

No  primeiro  tomo  da  Academia  dos  Sin- 


L  USITANA. 


721 


filares  Lisboa  por  Henrique  Valente  de  Oli- 
veiía  1665.  4.  eftaõ  finco  Sonetos,  e  hum  Ro- 
mance a  diverfos  AíTumptos.  No  2.  Tom.  da 
Academia.  Lisboa  por  António  Craesbeck  de 
Mello  1668.  4.  OraçaÕ  recitada  a  <).  de  Novembro 
de  1664.  dous  Romances,  e  hum  Soneto. 

Poet(ias  Varias.  4.  M.  S. 

Apotbegmas  de  Portugueses  ajjim  antigos,  como 
modernos.  4.  M.  S. 

lOAÕ  PERES  DE  ]VL\CEDO.  Na- 
ceo  em  a  notável  Villa  de  Setuval  a 
8  de  Março  de  1709.  fendo  filho  de  Efte- 
vaõ  de  Frias  da  Frota  CavaUeiro  da  Ordem 
de  Chrifto,  e  de  Iria  Gonzalves  do  Carvalhal 
de  igual  nobre2a  à  de  feu  Conforte.  Tendo 
eíhidado  na  pátria  as  letras  humanas  frequen- 
tou a  Univerfidade  de  Coimbra  onde  em  o 
anno  de  1736.  recebeo  o  gráo  de  Bacharel 
na  Faculdade  dos  Sagrados  Cânones.  Pro- 
vada a  fua  fciencia  legal  em  o  Dezembargo 
do  Paço  foy  defpachado  com  o  lugar  de  luiz 
de  fora  da  Villa  de  S.  Tiago  de  Cacem,  e 
Sines.  Tem  natural  génio  para  a  Poezia  vul- 
gar fendo  do  feu  fecundo  engenho  elegantes 
frutos  as  feguintes  obras. 

Antoniana  Sacra.  Nacimento,  Vida  açoens, 
morte,  e  Canonização  do  glorio/o  Santo  António. 
Confta  elie  Poema  de  1200.  Outavas  de  que 
he  a  primeira. 

António  canto  o  major  portento 
Que  foy  de  Itália,  e  Portugal  ventura; 
Dejle  porque  lhe  deu  o  nacimento 
Daquella  pois  lhe  logra  afepultura: 
Agora  fa^er  podem  argumento 
Em  qual  de  lies  a  dita  mais  fe  apura; 
logrando  ambos  como  maravilhas 
Quando  as  mortalhas  bum,   outro   as   manti- 
lhas. 

Melpomene  Sacra.  Confta  de  mil,  e 
tantos  Verfos  fabricados  em  circulo  à  So- 
ledade da  May  de  Deos. 

Mufa  Sacra  Colleçaõ  de  vários  Verfos 
heróicos. 

Vida,  e  Acçoens  delRey  D.  loaõ  o  IV. 
Poema  heróico,  do  qual  eílaõ  completos 
dous  Cantos. 

Lesbio,  e  Clori.    Poema  amorofo  dividido 
em  400.  Outavas.  M.  S. 
46 


Caliope  Augufia  dividida  em  três  cantos. 
Nobreza.  Fermofura.  Entendimento  em 
os  annos  felices  da  Serenijftma  Princesa  do  Brar^il. 
M.  S. 

Antiguidade  acreditada  no  felicijjimo  dia, 
em  que  fat^  annos  a  Soberana  Magefiade  del- 
Rey Nojfo  Senhor  D.  loaõ  V.  dividida  em 
quarenta  círculos.  M.  S.  comprehende  varias 
obras  Poéticas. 

Epithalamio  para  o  Cat(amento  de  Manoel 
Jo^é  de  Saldanha  &c. 

Todas  eílas  obras  conferva  M.  S.  feu 
Author. 

Fr.  lOAÕ  PINHEYRO  natural  da  Villa 
de  Thomar,  e  reHgiofo  profeíTo  da  militar 
Ordem  de  Chriílo  em  o  Real  Convento  da 
mefma  Villa  onde  exercitou  o  feu  grande 
talento  na  Arte  da  Mufica,  aífim  praâica 
como  efpeculativa  de  cuja  fciencia  deixou 
multiplicados  argumentos  em  diverfos  livros 
que  fe  confervaõ  no  dito  Mofteiro,  e  na  Bib. 
Real  da  Mufica,  cujo  Index  fahio  impreífo 
Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck.  1649.  ^'^  g^^*^~ 
daõ  as  feguintes  obras. 

Ave  Re^na  calorum  a  12.  Vozes.  Eílant. 
36.  n.  815. 

Domine  ne  in  furore  tuo  a  6.  Eflant. 
36.  n.  809. 

Affliãio  una.  a  6.  Eílant.    56.  n.  810. 

Fr.  lOAÕ  PINHEYRO  natural  da 
ViUa  de  Setuval,  e  filho  de  lorge  de  Ca- 
bedo  defcendente  da  illuílre  farmlia  que 
nefta  Villa  tem  o  feu  folar,  e  de  Thereza 
Pinheiro.  Sendo  de  idade  muito  florente 
paíTou  a  França  com  feu  Irmaõ  Miguel 
de  Cabedo  de  Vafconcellos  no  anno  de  1538. 
por  ordem  de  D.  Gonçalo  Pinheiro  feu 
Tio  materno,  que  depois  foy  Bifpo  de  Vi- 
feu,  o  qual  fora  mandado  por  ElRey  D. 
loaõ  o  III.  para  pacificar  as  controverfias 
que  fe  tinhaõ  altercado  entre  a  nofla  Na- 
ção, e  a  Franceza.  Atrahido  da  exemplar 
obfervanda  que  praéticavaõ  os  religiofos 
Dominicos  em  o  Convento  de  Tolofa  re- 
cebeo nelle  o  habito  de  taõ  preclara  Or- 
dem que  jvmtamente  iUuflrou  com  virtu- 
des, e  letras  merecendo  por  eílas  laurearfe 
Doutor    na    Univerfidade    de    Pariz,    e    fer 


722 


BIB  LIO  THE  C  A 


convidado  pela  mageftade  de  D.  loaõ  o  III. 
para  Meílre  da  Cadeira  de  Vefpera  em  G)im- 
bra  onde  edificava  hum  novo  Atheneo  de 
todas  as  Faculdades  fcientificas.  Obedeceo 
prompto  à  infinuaçaõ  do  feu  Príncipe  to- 
mando poíTe  do  magiílerio  a  23  de  Março 
de  1558.  onde  foy  hum  dos  mais  famozos 
corifeos  da  Univeríidade  de  Coimbra,  e  feu 
Vicereytor.  Naõ  fomente  era  profundo  nas 
efpeculaçoens  Theologicas  mas  muito  pe- 
rito em  a  lingua  Latina  que  fallava  com 
promptidaõ,  efcrevia  com  pureza.  Obfer- 
vava,  rigidamente  o  feu  inílituto  acrecen- 
tando  aos  jejuns  nelle  ordenados,  outros 
a  paõ,  e  agua  cuja  abftinencia  fe  fazia  mais 
fenfivel  ao  feu  corpo  que  por  fer  agigantado 
neceíTitava  de  mais  alimento.  Na  ultima  aber- 
tura do  Concilio  Tridentino  o  mandou  por 
feu  Theologo  elRey  D.  Sebaíliaõ,  e  antes 
que  chegaíle  a  Trento  reprezentou  em  Roma 
ao  Summo  Paftor  as  urgentes  cauzas  que 
impedirão  a  feu  Tio  D.  Gonçalo  Pinheiro 
Bifpo  de  Vifeu  para  naõ  afliftir  em  taõ  vene- 
rável Congreflb.  Defta  jornada  fe  lhe  origi- 
nou a  infermidade  que  brevemente  o  pri- 
vou da  vida  em  Roma  a  2  de  Março  de  1562. 
Foy  fepultado  fora  da  Igreja  do  Convento 
da  Minerva  junto  da  fepultura  do  Emminen- 
tiffimo  Cardial  Tomaz  de  Vio  Caetano  infi- 
gne  credito  da  Ordem  dos  Pregadores. 
Delle  fe  lembraõ  feu  parente  Diogo  Mendes 
de  Vafconcellos  na  Vida  que  de  fi  efcreveo 
na  lingua  Latina  pag.  268,  e  fahio  nas  obras 
de  André  de  Refende  da  ImpreíTaõ  de  Roma. 
1597.  Souza  Hiji.  de  S.  Domingos  da  Prov. 
de  Portug.  Part.  2.  iiv.  4.  cap.  6.  Lopes  Cron. 
Gen.  da  Ord.  de  S.  Domingos.  Part.  3.  Iiv.  2. 
cap.  5.  Cardofo  Affol.  Lujit.  Tom.  2.  p.  18. 
e  no  Comment.  de  2  de  Março  letr.  C.  Car- 
valho Corog.  Portug.  Tom.  5.  pag.  294.  Mon- 
teiro Clauftr.  Dom.  Tom.  i.  p.  172.  e  Tom.  3. 
p.  38.  e  237.   Compoz 

Commentaria  in  Sacram  Scripturam. 
M.  S.  Efta  obra  que  era  doutiíTima,  ef- 
tava  prompta  para  a  impreflaõ,  a  qual 
pela  morte  do  Author  fe  naõ  publicou, 
e  fe  confervava  em  poder  de  feu  irmaõ 
Miguel  de  Cabedo,  e  depois  de  fcus  fobri- 
nhos  lorge  de  Cabedo,  e  Gonçalo  Mendes 
de  Vafconcellos. 


D.  lOAÕ  PINTO  natural  de  Viana 
do  Minho  Cónego  Regular  de  Santo  Agof- 
tinho  cujo  inftituto  profeíTou  em  o  Con- 
vento de  S.  Salvador  de  Grijò,  e  Doutor 
em  a  Sagrada  Theologia  taõ  verfado  na  intel- 
ligencia  da  Sagrada  Efcritura  como  em  a 
Theologia  Myftica.  Efcreveo  na  lingua  ma- 
terna 

Commento  fobre  o  cap.  12.  do  Genejis. 
M.  S. 

Da  perfeição  religiofa  fobre  os  três  votos 
effenciaes.  M.  S. 

lOAÕ  PINTO  DE  BARROS  natural 
de  Lisboa,  e  aífiílente  na  Cidade  de  Sala- 
manca onde  mereceo  os  mayores  aplauzos 
pela  cadencia,  e  elegância  dos  feus  verfos 
fendo  premiados  os  que  compoz  à  morte 
da  Sereniflima  Raynha  de  Caftella  D.  Mar- 
garida de  Auftria  que  fahiraõ  impreíTos  com 
outras  poefias  varias  a  efte  fúnebre  aíTumpto. 
Salamanca   por   Francifco   de   Cea    161 1.    4. 

lOAÕ  PINTO  DELGADO  natural 
da  Cidade  de  Tavira  em  o  Reyno  do  Al- 
garve, Provedor  da  pedra  que  fe  mandava 
para  a  Praça  de  Mazagaõ.  Foy  dotado  de 
taõ  prodigiofa  memoria  que  ouvindo  qual- 
quer Sermaõ  o  recitava,  e  efcrevia  fem  lhe 
faltar  a  menor  palavra.  Aífiílio  alguns  an- 
nos  em  Roma,  e  Flandes,  onde  deixou  cele- 
brado o  feu  nome  pela  viveza  do  engenho, 
e  particular  génio  que  teve  para  a  Poeíia 
Sagrada,  e  Profana.  Morreo  junto  do  anno 
de  1590.  quando  contava  íincoenta  de  idade. 
Publicou 

Poema  de  la  Keyna  Efther.  Lamenta- 
ciones  dei  Profeta  Jeremias.  Hijloria  de  Kutb, 
y  varias  Poefias.  Ruan  por  David  du  Petit. 
1627.  8. 

Petrarcha  tradifí^do  em  8.  Kima  Por- 
tuguesa. M.  S.  Delle  fazem  memoria  loaò 
Franco  Barreto  Bib.  Portug.  M.  S.  c  o  mo- 
derno addicionad.  da  Bib.  Orient.  de  Ant. 
de  Lcaõ  Tom.  i.  foi.  547.  no  Apcnd. 

lOAÕ  PINTO  RIBEYRO  oriundo 
da    Villa    de    Amarante    porem    natural    de 


L  USITAN A. 


7^3 


Lisboa     como     elle     confefla     na     primeira 
Relação,    que   imprimio   fendo    Juiz   de   fo- 
ra   da    Villa    de    Pinhel    pag.    94.    §.    84. 
fe    dã    nota    de    mal  f aliado,    e   pouco    curial 
a    bum   filho    de    Ushoa    nacido,    e   criado    no 
regaço    da    lingua.    &c.     Teve    por    progeni- 
tores   a    Manoel    Pinto    Ribeiro,      e    Hele- 
na   Gomes    da    Sylva    defcendentes    ambos 
de    familias    nobres.    A    perfpicacia    do    en- 
genho,   que    logo    defcubrio    nos    primeiros 
annos  deu    certas    promeíTas    do    progreíTo, 
que    havia   de   fazer   nos   eíludos    pois    cul- 
tivando   as    letras    humanas    com    difvelo, 
e    a    lurifprudenda    Civil    em    a    Univeríi- 
dade   de    Coimbra   fahio   confumado   na   ef- 
peculaçaõ    das    Leys    Imperiaes,    como    na 
praétíca    das    máximas    politicas.     Pela    fua 
infatigável    induftria    animada    da    mais    ze- 
lofa  fidelidade  fe   efeituou  a   glorioía  Acla- 
mação    delRey     D.     loaõ     o     IV.     perfua- 
dindo     a    efte    Príncipe    com    eficazes    re- 
zoens    naõ    duvidaíTe    fubir    ao    trono    de 
feus     Avós     violentamente     ocupado     pela 
ambição  Caílelhana  defendendo  taõ  juílifica- 
da  acçaõ  com  a  voz,  e  com  a  penna  contra 
os  mayores  Antígoniftas  da  nofla  Coroa  quan- 
do era  Agente  do  mefmo  Príncipe  D.  loaõ 
em  Roma  no  Pontificado  de  Innocendo  X. 
Depois  de  ter  fido  luiz  de  fora  da  ViUa  de 
Pinhel,  Ponte  de  Lima,  e  outros  lugares  em 
que  manifeílou  a  fua  literatura,  e  defimtereíTe 
foy  Dezembargador  do  Paço  Fidalgo  da  Caza 
Real,  Contador  mòr  da  Fazenda,  e  Guarda 
mòr  da  Torre  do  Tombo.    Foy  cazado  com 
D.  María  da  Fonceca  de  quem  naõ  teve  filhos 
fuprindo  a  defcendencia  que  lhe  negou  a  na- 
tureza com  outra  mais  gloríofa  immortalizada 
nos  partos  do  feu  fecundo  engenho  em  que 
fe  admiraõ  a  vafta  erudição  das  letras  hu- 
manas, a  profunda  notícia  da  Hiftoría  pro- 
Êuia,  a  fubtil  interpretação  dos  textos  mais 
difíceis,  e  os  documentos  folidos  da  politica. 
Falleceo  em  Lisboa  a  11  de  Agofto  de  1649. 
laz    fepultado    no    Clauliro    de    S.    Frandf- 
co    da    Gdade    junto    à    porta    do    Refeitó- 
rio   em   fepultura   própria.    Celebraõ    o    feu 
nome  com  os  feguintes  elogios  loan.  Soar. 
de  Brito  Tbeatr.    Lufit.    Uter.  lit.  I.   n.  63. 
Vir  fatis  eruditus,   (òr  qui  non   modicam  par- 
tem l.ufitana  libertatis  ajerta  fihi  meritó  potiát 


arrogar e.    Velafco    Perfid.    de    Alem.    liv.    2. 
Tit.    5.  art.   8.  de  fu  eminente  erudicion  en  las 
antiguidades  y   bifiorias  de   los   Rejs  y    Reynos 
junta  con  la  Jurif prudência.    Brandão   Prolog, 
a   3.  parte   da  Mon.   l^ufit.   confumado  jurijla, 
mui  perito    nas   linguas.    Maced.    l^fit.    liher. 
Prosem.   2.   §.   2.  n.    13.   doãijfimus  ç.  no   Pa- 
negyr.  fobre  o  milagroj.  fucef.   delKey  D.  loaÕ 
o    IV.    pag.    15.    doãijjimo.    Birago    Hijl.    di 
Portug.   Hv.    2.   foi.    128.   huomo  de  Jpirito,   e 
fapere.    D.    Franc.    Manoel    Cart.    dos   AA. 
Portug.   com  tanto  v^elo,    como  erudição.   Telles 
Cbron.   da   Comp.   de  lefus  da   Prov.   de   Por- 
tug. Part.   2.  liv.   6.   cap.  48.   n.  4.  com  fua 
cujlumada    erupção,    e    engenho.    Fr.    Franc.    à 
D.    Aug.    Maced.    Domus    Sádica    pag.    59. 
Vir  eruditus,  et  verax.  Fr.   Gio:   Giufep.   di 
S.    Teres.   Ifior.   dei  Brafile.   Part.    2.    Uv.    i. 
pag.  6.  buomo  di  finijjima  intelligen:(a.  la  Qe- 
de  HiJl.  de  Portug.  liv.   26.   pag.  mihi  405. 
Hoit    bomme     d'un    efprit   fuperieur,    fçavant, 
a£Hf,    intelligent,   fage,    e5>*   prudent.    Menezes 
Portug.    Rejlaur.    Tom.    i.    liv.    2.    pag.    88. 
homem    de  glande    talento.    Souza    Aparat.    à 
HiJl.    Gen.    da   Cai}^.    Keal   Portug.    pag.    100. 
§.    loi.   injiffie  lurifconjulto,    VaraÕ  gande  em 
talento,    letras,    e   fidelidade    Franckenau    Bib. 
Hifp.    Gen.   Herald,   pag.    236.   Manoel  Tho- 
maz   Fénix  da  T^ufitatòa.  liv.    2.   Eftanc.   80. 

Ffie  que  vay  pa ff  ando  com  prudência 
Cauto,  fabio,  difcreto  vigilante 
lueva  de  Apollo  em  fi  toda  a  f ciência 
De  Marte  a  fúria  com  valor  triumfante, 
He  loaõ  Pinto  Ribeiro  na  advertência 
Da  nova  Aclamação  fino  diamante: 
E  por  fer  de  Cbrijlal  mais  fino  efpelbo 
lafaõ,  Bartolo,  Baldo  no  Confelbo. 
Compoz. 

Difcurfo  fobre  os  Fidalgos,  e  foldados  Portu- 
gueses naõ  militarem  em  Conqmftas  alheas  Lisboa 
por  Pedro  Craesbeeck.  1632.  4. 

Injufias  fucceffoens  dos  Reys  de  Cafiella, 
e  de  IjeaÕ,  e  i^ençaõ  de  Portugal.  Lisboa 
pelo  dito  ImpreíTor  1642.  4.  Sahio  tra- 
duzida efta  obra  na  lingua  Italiana  com 
o    feguinte    Titulo. 

Anatomia  delli  Regni  di  Spana  nella 
quale  fi  dimojlra  1'Origine  dei  dominio,  la 
dilatatione    delli  fiati,    la  fucceffwne    delle    linee 


7^4 


BIBLIO THE  CA 


de  Juoi  Ke  con  la  diftintione  delia  Corona 
di  Portogallo  daquelle  di  Leone,  e  di  Caf- 
tiglia.    Lisboa  por  Saneio  Beltrando.  1646.  4. 

EJogio  do  Muy  Valerofo,  e  de  raras  virtudes 
D.  loaõ  de  Cajlro  illuftrijftmo  Vicerey  da  índia. 
Lisboa  por  Domingos  Lopes  Rosa.  1642.  4. 
Sahio  mais  correôo  com  a  Vida  do  mejmo  Heroe 
efcrita  por  Jacinto  Freyre  de  Andrade  Lisboa 
por   António    Ifidoro    da  Fonceca.    1736.  4. 

UfurpaçaÕ,  RefençaÕ,  e  ReJlauraçaÕ  de  Por- 
tugal. Lisboa  por  Lourenço  de  Anueres. 
1642.  4.  Sahio  vertida  em  Italiano.  Lisbona 
por  Saneio  Beltrandi.  1646.  4. 

Três  Kelaçoens  de  alguns  pontos  de  Di- 
reito, que  fe  lhe  offerecerao  fendo  ]mv^  de 
Fora  de  Pinhel.  Lisboa  por  Lourenço  de 
Anueres.    1643.    4. 

A  acçaõ  de  aclamar  ElRey  D.  loaÕ  o 
IV.  foy  mais  glorio/a,  e  digna  de  honra, 
fama,  e  remuneração,  que  a  dos  que  a  fe- 
gíàraò  aclamado.  Lisboa  por  Paulo  Craes- 
beeck.    1644.    4. 

Def engano  ao  parecer  enganofo,  que  deu  a 
EJRey  de  Cajiella  Filippe  IV.  certo  Minif- 
tro  contra  Portugal.  Lisboa  pelo  dito  Im- 
preíTor.    1645.    4- 

Preferencia  das  letras  às  Armas.  Lisboa 
por  Paulo  Crasbeeck.  1645.  4. 

A*  Santidade  de  Innocencio  X.  expõem  Por- 
tugal as  cau:(as  de  feu  fentimento.  Lisboa  por 
Pedro  Crasbeeck.  1646.  4. 

Loifire  ao  Det(embargo  do  Paço,  e  as 
eleyçoens,  e  perdoens  pertenças  da  fua  Ju- 
rifdiçaõ.  Lisboa  por  Paulo  Craesbeeck. 
1649.  4. 

Difcurfo  fobre  os  Titulos  da  Nobreza  de  Por- 
tugal, e  feus  Privileffos.  4.  Sem  lugar,  anno, 
c  nome  de  ImpreíTor. 

Todas  eílas  obras  (excepto  o  Difcurfo 
fobre  os  Fidalgos,  e  Soldados  Portugueses 
naõ  militarem  em  Conquijlas  alheas.)  fahi- 
raõ  impreíTas  Coimbra  por  Io2é  Antunes 
da    Sylva.    1730.    foi. 

Papel  em  que  trata  do  valor  das  Moe- 
das chamadas  Coroas.  Sahio  no  4.  Tomo 
da  Hifi.  Gen.  da  Ca^.  Real  Portug.  pelo  Pa- 
dre D.  António  Caetano  de  Souza.  Lis- 
boa por  lozé  António  da  Sylva  Impref- 
for  da  Academia  Real.  1738.  4.  defde  pag. 
256.  até  258. 


Commento  às  Rimas  de  Lmí^  de  Camoens.  M.  S. 
Eílava  prompto  com  as  licenças  para  fe  im- 
primir. Defta  obra  faz  memoria  Fr.  Antó- 
nio Brandão  Prolog,  da  3.  Part.  da  Mon.  Ijtfit. 
Guerreiro  Coroa  de  esforçad.  Cavall.  da  Com- 
panh.  de  lefus.  Part.  2.  cap.  3.  Manoel  de 
Faria,  e  Souza  Vid.  de  Cam.  imprefla  ao  prin- 
cipio do  Com.  das  Rim.  de  Cam.  gran  ejludiante 
j  averiguador  de  los  quilates  de  ingenio,  letras  y 
efpirito  de  nueflro  Poeta,  e  com  mais  elegantes 
vozes  na  Fuent.  de  Aganip.  Cent.  3.  Sonet.  92. 
De  la  dei  gran  Camoens  Lirica  Urania 
Derrama  el  erudito  Contrapunto. 

Commentario,  e  Illujlraçaõ  as  Ordenaçoens 
do  Rejno.  M.  S.  Confervavafe  em  po- 
der do  infigne  lurifconfulto  Manoel  Al- 
vares Pegas,  e  deíla  obra  fe  aproveitou 
muito  para  as  fuás  doutas  compofiçoens 
luridicas. 

Scutum  armorum  Regis.  M.  S.  Efta  obra  al- 
lega  o  referido  Pegas  Tom.  7.  ad  Ord.  Reg. 
pag.  257.  n.  8. 


Fr.  lOAÕ  PINTO  DA  VITORIA  natu- 
ral da  Cidade  do  Funchal  Capital  da  Ilha  da 
Madeira.  Deixando  com  heróica  refolu- 
çaõ  a  pátria,  e  o  feculo  recebeo  o  habi- 
to Carmelitano  em  o  Convento  da  Qda- 
de  de  Valença  onde  pela  integridade  dos 
cuíhimes,  e  vaílidaõ  das  feiencias  depois 
de  fer  admetido  ao  numero  dos  Doutores 
Theologos  em  a  Sagrada  Theologia,  foy 
Prior  no  mefmo  Convento,  Provincial  da 
Provinda  de  Aragaõ,  e  Vizitador  Geral 
da  Província  da  Andaluzia.  Falleceo  no 
mefmo  Convento  onde  nacera  para  Deos 
em  o  anno  de  1631.  quando  ainda  naõ 
tinha  acabado  o  triénio  do  Provincialado. 
Delle  fe  lembraõ  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  p.  584.  col.  I.  Cafanate  Parad. 
Carmel.  Dec.  Stat.  5.  Mík..  18.  cap.  184. 
Fr.  Daniel  á  Virg.  Mar.  Specul.  Carmelit. 
Part.  2.  Tom.  2.  pag.  1080.  n.  3792. 
Aubert.  Mireo  de  Orig.  Carmel.  pag.  7. 
Sà  Memor.  Hifi.  dos  Efcrit.  da  Prov.  do 
Carm.  de  Portug.  pag.  229.  c  Henrique 
Henriques  de  Miranda  Mem.  Sec.  e  Ecclef. 
da  Diocef.  do  Funchal.  Tit.  12.  cap.  2.  c  3. 
Compoz. 


L  USITAN  A. 


Vida  dei  V.  Siervo  de  Dios  nuejlro  P. 
Maejlro  Fr.  luan  San^  dei  Orden  de  N. 
Senora  dei  Carmeti.  Valência  por  luan 
Chrifoftimo  GarrÍ2.  i6ia.  8.  Sahio  com 
efta    obra    as    feguintes. 

Vida  de  las  hijas  efpirituales  dei  V.  Padre 
Fr.  luan  San;^.  Vida  dei  Príncipe  de  Macedónia 
Pedro  Angelo  Zornobichio  e  Fr.  Angelo  religiofo 
dei  Cármen. 

Gerarchia  Carmelitana  y  gloría  de  los 
Santos  dei  monte  Carmelo  con  Sermones  pa- 
ra los  dias  de  Jus  fiefias.  Valência  por 
luan  ChrifoíHmo  Gamz.  1616.  4-  Dedi- 
cou efte  livro  à  Excellentiffima  Senhora 
D.  LuÍ2a  Q)utinho  G^ndeíTa  do  Sabugal 
a  qual  querendo  alcançar  faculdade  para 
o  Author  fe  pernlhar  nefta  Província  de 
Portugal,  o  naõ  confentio  pelo  grande 
afFeéto,  que  fempre  confervou  à  de  An- 
daluzia   em    que    recebeo    o    habito. 

Fr.  lOAÕ  DE  PORTALEGRE  cujo 
apellido  denota  a  Gdade  Epifcopal  íitua- 
da  em  a  Provinda  Tranílagana  que  lhe 
deu  o  berço  aíTim  como  o  inílruhio  em 
virtuofos  cuíhimes,  e  as  fciencias  efcho- 
laíticas  a  Uluftre  Ordem  dos  Pregadores 
da  qual  foy  meritiflimo  alumno.  Sendo 
contemporâneo  de  S.  Fr.  Gil  que  paíTou 
de  caduco  a  eterno  no  anno  de  1265. 
e  teílemunhalTe  os  milagres,  que  obrava, 
efcreveo    com    eftilo    íincero. 

De  Converfione,  <ò'  Vita  B.  JEgidii. 
M.  S. 

Defta  obra  como  do  Author  fe  lembraõ 
Nicol.  Ant.  Bib.  Hi/p.  Vet.  Part.  2.  p.  46.  n. 
118.  Echard.  Scrip.  Ord.  Prad.  Tom.  i.  p.  902. 
col.  2.  loan.  Soar.  de  Brito  Theatr.  Ljíjit. 
Liter.  lit.  I.  n.  64.  Faria  Epit.  das  Hiji.  Portug. 
Part.  4.  cap.  xilt.  Monteir.  Claufir.  Dom.  Tom. 
3.  p.  238. 

D.  Fr.  lOAÕ  DE  PORTUGAL.  Teve 
por  berço  a  Cidade  de  Évora,  e  por  Progeni- 
tores a  D.  Affonfo  de  Portugal  II.  Conde  de 
Vimiofo  Senhor  das  Villas  de  Aguiar,  e  Vimio- 
fo,  Alcayde  mòr,  e  Commendador  de  Thomar, 
Vedor  da  Fazenda,  e  D.  Luiza  de  Gufmaõ 
Dama  da  Infanta  D.  Maria,  filha  de  Francifco 
de  Gufmaõ  Mordomo  mòr  da  mefma  Infanta 


725 

Irmãa  do  SereniíTimo  Rey  D.  loaõ  o  m.     A 
graça,  e  a  natureza  fe  uniraõ  a  formar  efte 
infigne    Varaõ   competindo   o    efplendor   do 
nacimento     com    a    agudeza    do    juizo,     e 
a    efpeoilaçaõ    das    fciencias    com    a    pra- 
tica   das    virtudes.     Para    acrecentar    novos 
brazoens  à  fua  peíToa  fe  retirou  ao  Clauílro 
da  preclanífima  Ordem  dos  Pregadores  pro- 
feflando  o  feu  fagrado  inítítuto  no  Convento 
da  Gdade  de  Évora  a  8  de  Setembro  de  1 5  70. 
Eíkidou  as  fciencias  Efcholaítícas  em  a  Uni- 
verfidade  de  Salamanca  onde  ainda  fendo  dif- 
cipulo  já  podia  fer  Meftre  naõ  fomente  pela 
perfpicaz   comprehenfaõ   com   que   penetrou 
as  mayores  dificuldades,  mas  pela  rara  promp- 
tidaõ  com  que  decidia  as  mais  profundas  quef- 
toens.     Subindo  a  Cadeira  didou  com  uni- 
verfal  aplauzo  em  Portugal,  e  Hefpanha  as 
matérias  mais  fublimes  da  Theologia  Efpe- 
culativa  em  que  moílrou  fer  o  mais  agudo, 
e  fiel  interprete  da  doutrina  de  feu  Angélico 
Meftre.     Igual   talento   teve   para   o   púlpito 
pois  fendo  Pregador  de  Filippe  II.  de  Por- 
tugal   animava    os    feus    difcurfos    com    taõ 
vehemente  energia  que  fazia  amável  a  virtude, 
aborrecido  o  pecado.    Foy  Deputado  do  Con- 
felho  Geral  do  S.  Oíficio  de  cujo  honorifica 
lugar  tomou  poífe  a  19  de  Mayo  de   1622. 
e  o  primeiro  Vigário  do  exemplar  Moíteiro 
do   Sacramento  de  religiofas  Dominicas  de- 
vendo-fe  à  fua  induíbia  a  augmento  material 
da  Caza,  e  ao  feu  efpirito  a  exaâa  obfervan- 
cia  do  inítituto.   Elevado  à  Cathedral  de  Vifeu 
em  cuja  dignidade  foy  fagrado  a  27  de  Abril 
de   1626.  pradticou  pontualmente  as  obriga- 
çoens    paftoraes    de    que    S.    Paulo    formou 
o    Cathalogo    para    inílruçaõ    de    hum    per- 
feito   Prelado.     Tudo    quanto    lhe    rendia   a 
Mitra   difpendia   prodigamente   com   os   po- 
bres   chegando    a    tal    exceíTo    a    fua    cha- 
ridade   que  fe   defpojava   dos   próprios   vef- 
tidos    para    com    elles    ferem    cubertos.     O 
feu    mayor    difvelo    era    focorrer    prompta- 
mente    a    neceíTidade,    que    para    feu    focor- 
ro,    e    alivio    o    pejo    prendia    os    paíTos, 
e    fechava   a    boca,    mandando    ocultamente 
alimentar   donzellas   honeílas,   e   Viuvas   au- 
thorizadas.      Orava     todos     os     dias     duas 
horas    diílribuidas    pela    menhãa,    e    noute, 
e   como   tinha    o   feu   apozento   próximo  à 


72Ó  BIB  LIOTH  E  C  A 

Capella     onde     fe     venerava     o     SantiíTimo  para    feu    filho    fegundo    D.    Manoel    lozé 

Sacramento,     abrazado     com     a     vizinhança  de    Portugal. 

-daquelle    divino    fogo    deixando    o    defcan-  Sepultura    do   P.   M.   Fr.   loaõ  de  Portugal 

lo    do    leito    o    procurava    em    taõ    amo-  Bifpo  que  fqy  de  Vi/eu.    Falleceo  a  zG  de  Feve- 

rofo   centro.     Atenuava   o   corpo   com  con-  retro  de  1629. 

tinuos    jejuns    de    paõ,    e    agua,    e    para    q  Celebraõ    as    Virtudes,    e    as    letras    dcf- 

a   fua   familia   naõ    percebeíTe    taõ    rigorofa  te   iníigne    Prelado    Cardofo    Agiolog.    Ljifit. 

abíUnencia   a   encobria    com    o    pretexto    de  Tom.     i.    p.     527,     Fqy    dos    mais    confuma- 

eftar    indifpoílo.     Cingido   com   hum   cilicio  dos    Theologos    Efcholajlicos.    Fr.    Ignat.    Gal- 

armado    de    penetrantes    bicos    fe    difcipli-  vaõ    na    Dedicatória    do    2.     Tom.    das  fuás 

nava   taõ    afperamente    que    o    eílrondo  dos  obras    ao    Illuílrifllmo    D.    Miguel    de    Por- 

golpes    revelava    o    exceíTo    com    que    ty-  tugal    Bifpo    de    Lamego    fobrinho    de    D. 

ranizava    os    feus    membros.    Foy    acérrimo  Fr.    loaõ    de    Portugal.    Non  Jolum   in    Or- 

propugnador    da    immunidade     Eccleíiaítica  dine     Pradicatorum    quem    profeffus    erat    pita 

opondofe   com   liberdade   apoftolica   aos   in-  exemplo,    Keligionis    ^elo,    literijque   ficut    cla- 

fultos    dos    feus    violadores.     Com    animo  rijfima    Opera   ejus   typis   excufa   tefiantur,  tam- 

fiel,    e    zelofo,  que  herdara  de  feus   Mayo-  quam  fcientia,   eS^   virtutum   omnium   exemplar 

xes   feguio   as   partes   do    Senhor   D.    Anto-  enituit,  fed  etiam   in   Epifcopali   dignitate   om- 

nio    quando    pertendeo    cingir    a    Coroa    de  nium    vices   explevit.    Mira    enim    ejus  fuit   in 

Portugal,  por  cuja  cauza  padeceo  confiante  colendo    Deo  pie  tas,    eb*    mentis   ardor,    infiéis 

diverfas   opreíToens   miniílradas   pela  violen-  in    augendis    rehus,    qita    ad    Divini    Numinis 

cia    Caílelhana.     Atenuado    com    tantas    pe-  venerationem  Jpeãant  follicitudo;  ajfidua   in  paf- 

nitencias,    e    alguns    achaques    conheceo    fer  cendo   ^ege  fihi    commiffo    vigilantia,    incredibi- 

chegada   a  hora   que   o   havia  fazer  partici-  lis   in  pauperes  amor,    et  larfftas.    Denique   is 

pante  da  eternidade,  e  recebidos  com  gran-  fuit,    qui   biennio   tantum   admirabili   vita  fanc- 

de   ternura   os   Sacramentos   refpondendo,   e  titate    in    Epifcopatu    vixerit,    explevit    tamen 

ajudando    ao    Miniíbro    que    lhe    conferia    o  têmpora    multa,    et    cum    ingenti    non   fuarum 

da   Extrema   Unçaõ,    voltou   os    olhos    para  tanítim    ouium,  fed   etiam    totius    Regni   dejtde- 

a  fua  familia   que   magoada,   e   faudofa  lhe  rio   gloriofe    obiit,    cujus    memoria   perpetuo    in 

aíTiUia  à  qual  com  voz  clara,   e  intelligivel  benediãione    erit.    Echard.    Script.    Ord.    Prad. 

pedio  perdaõ  do  máo  exemplo  que  lhe  de-  Tom.     2.     p.     460.     col.     2.    non    eruditione 

ra    cuja   exhortaçaõ    authorizou    com    textos  minus,    <Ú>'   vita  pietate   quàm    titulis,    ac   reffi 

da    Efcritura,    e   açoens    de   vários    Santos,  flemmatis    oriffne    clarus.    Fr.     Luc.    de    S. 

Ultimamente    abraçado    com   a   imagem    de  Catherin.    Hijloria   de   S.    Domingos  da    Prov. 

Chriílo   pendente   da   Cruz   lhe   entregou   o  de    Portug.    Part.    4.    liv.    i.    cap.    10.    Fí^ 

cfpirito  a   26   de   Fevereiro   de    1629.   quan-  que   o   leffem   como   hum   dos   Efcholajlicos   Lu- 

do   contava   73    annos   de  idade,    56   de   re-  minares  da    Theologia  nos  dous  ffandes    Tomos 

ligiofo,    e    dous,    e    meyo    de    Bifpo.     Foy  que   efcreveo   de    Gratia   obra   diffta   de   de^em- 

univerfalmente  fentida  a  fua  morte  pois  com  penhar    hum    profundo     Theologo    no    voto    dos 

ella  fe  lamentavaõ   os   pobres   fem  Pay,   as  milhores    do   feu    tempo.    Nicol.     Ant.     Bib. 

ovelhas  fem  Paftor,  e  a  Igreja  fem  Prelado.  Flifp.     Tom.     i.     p.     585.     col.     i.     loon. 

láz  fepultado  na  Capella  mòr  da  fua  Cathe-  Soar.    de    Brit.    Theatr.    Ljijit.    Liter.  lit.    I. 

dral   para   a   parte   do   Evangelho,   e   fobre  n.    6j.    Monteir.    Clauflr.   Dom.   Tom.    5.  p. 

huma   grande   pedra   fe   lè  efte  breve   Epi-  57.    Keli^ofo   de  ^ande   obfervancia,    ajftm   na 

tafio    que    o    efconde   pouco    menos  que    a  fe-  Keligiad,    como    no     Bifpado.     e     no     Catbal. 

pultura    como    difcretamente    efcreve    o    Ex-  dos  Deputad.   do   Confelho  geral  do  S.    Officio. 

cellentiffimo    Conde    do    Vimiofo    D.    lozé  n.    34.    Reliffofo   de  grandes   letras,   e   virtudes 

loaõ   Miguel   de   Portugal  no   Elogio   defte  Fonccca    Evor.    Gloriof.    p.    521.    enjinou    as 

Prelado  immortal  credito   da  fua   Excellen-  fciencias  com  fama  de   injiffte   Letrado.    Souza 

tiflima  Caza  a  pag.  41  da  Inflruçaõ  que  compoz  Hijl.    Gen.   da   Ca^-    R-mI  Portug.   Tom.    10. 


L  USITAN A. 


jij 


liv.  IO.  pag.  708.  Foy  exemplarijjimo,  dou- 
to, virtuofo,  e  mortificado...  compajfivo  por 
natureza,  muy  efmoler,  grande  t^elador  da 
honra  de  Deos,  e  hem  das  fuás  ovelhas, 
exercitado  em  todo  o  género  de  virtudes. 
Compoz. 

De  Gratia  Increata,  et  Creata.  Tomus  primus. 
Conimbricas  apud  Didacum  Gomez  do  Lou- 
reiro. 1627.  foi.  Coníla  de  6  livros,  que 
trataõ  do  Efpirito  Santo  terceira  Peflba  da 
BeadíTima  Trindade,  o  1.  de  Deitate.  2.  de  Pro- 
cejfwne.  5.  de  Kelatione  Spirittis  Sanai.  4. 
de  Perjonalitate.  5.  de  U/u  divinorum  No- 
minum.    6.    de   MiJJione   ejujdem  Spiritus  Sanai. 

De  Gratia  Creata.  Tomus  Jecundus.  Ef- 
tava  prompto  para  a  impreíTaõ,  que  naõ 
logrou  por  conter  em  íi  a  matéria  de 
Auxiliis  fobre  a  qual  a  Sé  Apoílolica 
tinha  impofto  íilencio  a  19  de  Mayo  de 
1622.  pelas  fortes  controveríias  agitadas 
em  Roma  entre  as  Religioens  Domini- 
cana, e  lefmtica.  Efcreveo  (aíTim  louva  ef- 
ta  obra  o  Reverendiflimo  Padre  loaõ 
Col  da  Congregação  do  Oratório  deíla 
Corte,  que  com  heróica  refoluçaõ  naõ 
aceitou  o  Bifpado  de  Elvas  eftando  con- 
firmado pela  Santidade  de  Qemente  XII. 
no  Cathalogo  dos  Bifpos  de  Vi/eu.  §.  60. 
de  cuja  Diocefe  compunha  as  Memorias 
como  Académico  da  Academia  Real)  qua- 
tro excelJentes  Tomos  com  o  titulo  de  Gra- 
tia Creata,  et  Increata  ejiamparaõ-fe  os  deus 
últimos,  e  por  elles  conhecemos  o  que  perde- 
mos   nos  primeiros. 

Summa  da  doutrifuz  Chriftãa  ordenada  con- 
forme o  Cathecifmo  Komano.  Lisboa  por 
António    Alvres.    1626.    8. 

Calçamento  Chriftaõ.  M.  S. 

De   Laudibus   D.    Virginis  Maria.    M.    S. 

O  Original  deftas  duas  obras  como 
afirmaõ  Cardozo  Agiol.  'Lufit.  Tom.  i. 
P*g-  5  53-  e  Monteiro  Clauft.  Dom.  Tom. 
3.  pag.  238.  fe  confervaõ  no  Convento 
do  Sacramento  de  Religiofas  Dominicas 
fundado  por  feu  Irmaõ  D.  Luiz  de 
Portugal  III.  Conde  do  Vimiofo  junta- 
mente com  fua  conforte  D.  loanna  de 
Caftro,  e  Aíendoça  filha  de  D.  Fernando 
de  Caftro  primeiro  Conde  de  Bafto  onde 
profelTou    o    inftituto    da    Ordem    dos    Pre- 


gadores,   e    feu    efpozo    em    o    Convento 
de    S.    Paulo    de    Almada. 

Fr.  lOAÕ  DA  POVOA  natural  do 
lugar,  que  tomou  por  apellido  fituado 
no  Bifpado  de  Coimbra.  Em  a  iimocen- 
te  idade  de  nove  annos  recebeo  o  habi- 
to Seráfico  em  o  Convento  de  Santa 
Chriftina  a  25  de  Dezembro  de  1448. 
onde  como  outro  Samuel  creceo  mais  no 
efpirito,  que  no  corpo.  Tanto  fe  lhe  adian- 
tou o  juizo  à  idade,  que  naõ  contando  mais, 
que  defafeis  annos,  e  meyo  foy  mandado  pelo 
Vigário  da  Provinda  de  Portugal  Fr.  Gil  de 
Guimaraens  tratar  com  o  Vigário  Geral  em 
Caftella  negócios  graves,  que  felifmente  con- 
cluio  em  beneficio  da  fua  Província.  Ainda 
naõ  tinha  completos  25  annos  quando  por 
todos  os  Vogaes  foy  eleito  Cuftodio  para 
o  Capitulo  Geial,  e  em  o  que  fe  celebrou 
em  Bazilea  concorrerão  os  mais  authorizados 
votantes  para  que  foíle  pedir  a  confirmação 
deUe  ao  Miniftro  Geral.  Naõ  excedendo  de 
trinta,  e  finco  annos  como  já  tiveíTe  exercitado 
varias  Guardianias  foy  Vigário  Provincial  fete 
vezes  com  huma  perpetua  alternativa,  e 
ainda  exercitara  por  mais  tempo  efte  lu- 
gar, fe  confiantemente  refoluto  o  naõ 
renunciara.  Certificado  ElRey  D.  loaõ  o 
II.  da  madureza  do  feu  juizo,  e  integri- 
dade da  fua  vida  o  nomeou  feu  Con- 
feíTor  cujo  lugar  aceitou  com  declaração 
de  affiflir  no  Paço  fomente  quando  foíTe 
para  exercitar  o  minifterio  para  que  fora 
eleito.  Nunca  recebeo  da  real  liberalidade 
alguma  mercê  confiderando-fe  indigno  de 
todo  o  género  de  premio,  e  unicamente  alcan- 
çou delRey  o  foro  de  Villa  para  o  lugar  em 
que  nacera,  cuja  fuplica  foy  promptamente 
difirida.  AíTiíHo  à  morte  delRey  D.  loaõ  o  li- 
em o  anno  de  1495.  e  lhe  efcreveo  o 
Teftamento  compofto  de  religiofas  clau- 
fulas  como  diftadas  pelo  feu  efpirito. 
Querendo  ElRey  D.  Manoel  fuceííor  da. 
Coroa  Portugueza,  que  elle  continuaíTe 
em  o  minifterio  de  Confeííor  fe  efcuzou 
com  o  pretexto  de  viver  os  últimos  an- 
nos retirado  em  algum  Convento  da  Or- 
dem. Entre  todos  elegeo  o  de  NoíTa  Senhora 
da    Conceição    de    Matofinhos    em    o    Bif- 


728 


BI B  LIO  THE  CA 


pado  do  Porto  onde  cumulado  de  obras  vir- 
tuofas  paíTou  a  lograr  o  premio  prometido 
aos  Juftos  a  29  de  lulho  de  1506.  com  67 
annos  de  idade.  PaíTados  cento,  c  dez  an- 
nos  da  fua  morte  foraõ  tresladados  os  feus 
oflbs  da  primeira  fepultura,  e  fe  lhe  gravou  o 
feguinte  Epitáfio. 

OJfa  V.  P.  Fr.  Joannis  da  Povoa  Serenif- 
Jimi  Joannis  Secundi  Portugallia  Kegis  Confef- 
Jarii  Jubter  himc  depojita  Junt  lapidem.  Septies 
in  hujus  Provinda  Provincialem  eleãus  eft,  no- 
viejque  ad  diverfa  Generalia  Capitula  pedes 
perrexit.  Obiit  anno  1 5  06.  cum  máxima  fanc- 
titatis  fama. 

He  intitulado  por  Garcia  de  Refend. 
Chron.  delKey.  D.  loaõ  o  II.  cap.  207.  ho- 
mem muito  virtuofo,  e  de  Janta  vida.  D.  Agof- 
tinho  Manoel  Vid.  delRey  D.  loaÕ  o  II.  liv.  6. 
p.  330.  Varon  de  rara  virtud,  Jantijftmas 
cujlumbres,  notable  exemplo,  y  humildad. 
Fr.  Manoel  da  Efperanc.  Hift.  Seraf.  da 
Prov.  de  Portug.  Part.  2.  liv.  ic.  cap.  46. 
A  mais  forte  coluna,  que  fuflentou  nefle  Key- 
no  o  nofjo  afiado  da  Regular  obfervancia. 
Souza  Hifl.  Gen.  da  Ca^-  Real  Portug. 
Tom.  3.  pag.  137.  e  no  Agiolog.  L.ufit. 
Tom.  4.  Pag.  347.  VaraÕ  Apoflolico  em 
quem  o  v^elo  da  obfervancia  da  Religião,  e  o 
amor  da  fanta  pobreza  fqy  herdado  do  abrandado 
efpirito     de    feu     Seráfico     Patriarcha     Com- 

p02. 

Cathalogo  dos  Vigários  Provinciaes  que  lhe 
precederão.  M.  S. 

Defta  obra  faz  memoria  o  Padre  Fr.  Ma- 
noel da  Efperança  no  lugar  aíTima  allegado 
cap.  38.  n.  3. 

Memorias  da  Provinda  da  Obfervancia. 
Defta  obra,  a  que  feu  author  dava  o 
titulo  de  Inventários,  que  fazia  de  cada 
Convento,  e  depofitava  nos  feus  Archivos, 
extrahiraõ  os  Chroniftas  Efperança,  e  Sole- 
dade as  noticias  para  formar  as  4.  Par- 
tes da  Hijloria  Seráfica,  que  efcreveraõ. 
Deftas  memorias  faz  repetida  mençaõ  Car- 
dozo  Agiol.  Lujit.  Tom.  i.  pag.  113.  no 
Comment.  de  13.  de  Janeiro  letr.  B.  dili- 
gente Efcritor  das  memoráveis  coufas  da  Obfer- 
vancia até  feu  tempo  cujos  efcritos  fe  confer- 
vaõ  nos  archivos  da  Ordem,  e  fe  lhe  deve  mui- 
to   credito   por  fer    chegado    ãquelU  feculo,    e 


dos  mais  celebres  Varoens  em  virtude  delle.  e 
no  Tom.  3.  pag.  502.  no  Gjmment.  de  17 
de  Mayo,  e  pag.  506.  no  G^mment.  de  2  de 
lunho  letr.  D.  c  Fr.  loan.  a  D.  Ant.  ^ih. 
Francifc.  Tom.  2.  pag.  206.  col.  2. 

Fr.  lOAÕ  DOS  PRAZERES  Naceo 
cm  a  Gdade  do  Porto  a  31  de  Agofto  de 
1648.  fendo  filho  de  Francifco  Alvares,  e 
Anna  Barbofa  bifavò  do  Doutor  Manoel 
Barbofa  de  Albuquerque  Qiantre  da  Cathe- 
dral  do  Porto.  Na  florente  idade  de  qua- 
torze  annos  recebeo  a  cogulla  monaftica 
do  Príncipe  dos  Patriarchas  S.  Bento  em 
o  GDnvento  de  Tibaens  a  4  de  Mayo  de  1662. 
onde  depois  de  profeíTo  eftudou  Filofofia 
no  Mofteiro  de  S.  Miguel  do  Bafto,  e  Theo- 
logia  em  o  G)llegio  de  Coimbra  de  cujas 
fciencias  fahio  eminentemente  inftruido, 
como  jà  o  era  nas  letras  humanas,  e  Hif- 
toria  Sagrada,  e  profana.  Exercitou  o  mi- 
nifterio  de  Orador  Evangélico  na  Corte 
de  Lisboa  por  muitos  annos  com  univer- 
fal  aplauzo  dos  ouvintes  competindo  a  fub- 
tileza  do  difcurfo  com  a  elegância  da  frafe. 
No  Capitulo  celebrado  no  anno  de  1683. 
foy  eleito  Chronifta  Geral  da  fua  Monaf- 
tica Congregação  fazendo  o  digno  de  taõ 
alta  incumbência  a  vafta  noticia,  que  tinha 
da  fua  augufta  Religião,  e  a  natural  elo- 
quência com  que  expreflava  os  feus  pen- 
famentos.  Oprimido  de  huma  profunda 
malencolia  fufpendeo  a  continuação  dos 
eftudos,  e  confeíTando-fe  geralmente  per- 
deo  o  juizo  cuja  laftimofa  falta  lhe  durou 
até  que  morreo  no  Convento  de  Cucu- 
jaens  a  4  de  Março  de  1709.  quando 
tinha  61  annos  de  idade,  e  47.  de  Monge. 
Compoz. 

O  Príncipe  dos  Patriarchas  S.  Bento  Pri- 
meiro Tomo  da  fua  Vida  difcurfada  em  empre- 
:(as  politicas,  e  moraes.  Lisboa  por  loaõ  Gal- 
raõ.    1685.   foi.   com  eftampas. 

Tomo  Segundo.  Lisboa  pelo  dito  Im- 
preflbr.  1690.  foi. 

Tomo  Terceiro.  M.  S.  Eftava  completo, 
e  defapareceo  com  a  fua  morte. 

Tomo  Quarto.  Aí.  S.  Para  o  feu  com- 
plemento unicamente  lhe  faltavaõ  trcs  Em- 
prezas. 


L  USITAN  A. 


729 


Abecedario  Keal,  e  regia  inftruçaõ  de  Prín- 
cipes iMJitanos  compofto  de  Jeffenta,  e  três  dif- 
curfos  políticos,  e  moraes.  Offerecido  ao  Prín- 
cipe D.  loaõ.  Lisboa  por  Miguel  Deslandes 
Impreflbr  delRey  1692.  8. 

Epitome  da  admirável  Vida  de  S.  Ge- 
trudes  a  Ma^a  Virgem,  e  Ahhadeffa  da 
Ordem  do  Príncipe  dos  Patríarchas  S.  Bento, 
na  qual  fe  refume  o  príncipio  da  fua  vir- 
tude; o  progrejfo  da  fua  Santidade,  e  o  fim  da 
fua  vida  com  hum  compendio  de  varías  Oraçoens. 
Lisboa  pelo  dito  Impreflbr  1696.  8.  et  ibi. 
1728.  4. 

Vida  do  Cardial  D.  VeríJJimo  de  Alancaflro. 
M,  S.  4. 

Thez^ouro  de  Gradas.  M.  S.  4.  Conftava 
dos  favores,  e  Revekçoens  de  S.  Getrudes. 
4.  M.  S. 

Theatro  de  Virtudes,  e  Vicios.  4.  M.  S. 

Todas  eftas  obras  fe  confervaõ  na  Li- 
vraria do  GDnvento  de  S,  Bento  defta 
Corte. 

Fr.  lOAÕ  DA  PRESENTAÇAM  CAM- 
PELLI  naceo  em  o  anno  de  1690.  em  a  Villa 
de  Santo  António  do  Recife  em  Pernam- 
buco onde  teve  por  Pays  a  loaõ  Baptiíla 
Gunpelli,  e  D.  Brites  Bandeira  de  Mello. 
Eítudados  os  primeiros  rudimentos  da  La- 
tinidade,  e  letras  humanas  no  Seminário 
de  Belém  diílante  quinze  legoas  da  Qdade 
da  Bahia  ouvio  dous  annos  Filofofia  em  o 
Collegio  dos  Padres  lefuitas  da  dita  Qdade. 
Refoluto  a  deixar  o  feculo  recebeo  o  habito 
ferafico  no  GDnvento  de  S.  António  de 
Paraguaflu  da  Provinda  do  Brazil  a  20 
de  Novembro  de  1708.  e  profeflbu  folemne- 
mente  a  21  do  dito  mez  do  anno  feguinte. 
Aplicado  ao  eíhido  das  fciencias  feveras 
as  diâou  em  os  Conventos  de  N.  Senhora 
de  Olinda,  e  S.  António  do  Recife  com 
tanto  credito  do  feu  talento  que  o  Illuílrif- 
íimo  Bifpo  de  Pernambuco  D.  Fr.  lozé 
Fialho  Monge  Ciílercienfe  o  elegeo  para 
feu  Confeflbr,  Examinador  Synodal,  e  Mi- 
íTionario  cujos  minifterios  exercitou  pelo 
efpaço  de  outo  annos  acompanhando  a  efte 
Prelado  nas  vizitas  onde  fez  com  as  fuás 
declamaçoens  evangélicas  grandes  reformas 
nos    cuíhimes.      Sendo    promovido    o    dito 


Prelado  ao  Arcebifpado  da  Bahia,  e  delle 
ao  Bifpado  da  Guarda  naõ  permitio  que 
deixafle  a  fua  companhia  valendofe  em  am- 
bas eílas  Diocefes  da  fua  grande  literatura 
de  tal  forte  que  o  tinha  nomeado  Lente 
de  Theologia  moral  do  Qero  da  Qdade 
da  Guarda.  Afliílio  no  Capitulo  Geral  ce- 
lebrado em  VaUiadolid  no  anno  de  1740. 
donde  voltando  foy  creado  Penitenciário 
Geral  da  Ordem  Seráfica,  e  Qualificador  de 
S.  Officio.    Tem  prompto  para  a  impreflaõ. 

Sermoens  Vários  afceticos,  moraes,  e  Pane- 
gyrícos.  4,.   4.   Tom. 

Vida  do  ExcellentiJJimo,  e  Keverendif- 
fimo  D.  Fr.  Iot(è  Fialho  no  tempo  de  Bifpo 
de  Pernambuco,  Arcebifpo  da  Bahia,  e  Bifpo  da 
Guarda. 

Prolufiones  Sacra  ad  perfeãam  aliquarum 
vocularum    Sacra    Scríptura    intelligentiam. 

lOAÕ  DA  PURIFICAÇAM  natural  de 
Lisboa  Cónego  fecular  da  Congregação  do 
Evangelifta,  e  Meífare  da  Capella  em  o  Con- 
vento de  S.  Eloy  de  Lisboa.  Foy  infigne 
na  Arte  da  Mufica  que  aprendeo  com  o  ce- 
lebre Duarte  Lobo  de  quem  jà  fe  fez  laxga 
mençaõ  em  feu  lugar,  deixando  para  teftemu- 
nhas  de  fua  armonica  fciencia. 

Varías  Obras  Muficas.  M.  S. 
Das    quais    fe    confervaõ    grande    parte    na 
Bib.   Real  da  Mufica,   e  em  diverfos   Con- 
ventos   da    fua    Congregação.     FaUeceo    no 
Convento  pátrio  a  19  de  laneiro  de  165 1. 

Fr.  lOAÕ  DA  PURIFICAÇAM  natu- 
ral de  Lisboa,  e  religiofo  da  Terceira 
Ordem  do  Seráfico  Patriarcha  cujo  infli- 
tuto  profeflbu  a  2  de  Fevereiro  de  1646. 
Eftudou  Filofofia  no  Convento  de  S. 
Francifco  de  Mogadouro,  e  Theologia 
em  o  Collegio  de  S.  Pedro  de  Coimbra, 
e  nelle  a  diâou  até  jubilar.  Foy  Reytor  do 
Collegio  de  S.  Catherina  em  a  Villa  de  San- 
tarém, e  Definidor  da  Provinda  cujo  lugar 
naõ  acabou  impedido  pela  morte  que  o 
privou  da  vida  no  Convento  de  Lisboa 
a  5  de  Abril  de  1677.  Faz  delle  mençaõ  Fr. 
loan.  a  D.  Ant.  Bib.  Francifc.  Tom.  2.  p.  207. 
Publicou 


73o  BIBLIOTH  E  CA 

Sermão  em  a  Canonização  de  S.  Luiz  ^^-  preflbr  nefta  G>rte  que  a  rcmeteíTe  porém 

fraÕ  da  Ordem  dos  Pregadores  em  o  Outavario  a  morte  que  o  privou  da  vida  em  o  Con- 

que  celebrou  o   Keal  Convento  de  S.    Domingos  vento  do  Bouro  a  17  de  Mayo  de  1693.  def- 

de  Lisboa  em  o  anno  de  1671.    Lisboa  por  loaõ  vaneceo  eíle  intento, 
da  Coíla  1674.  4. 


lOAÕ  DO  QUENTAL  LOBO  natural 
da  Cidade  de  Elvas  Fidalgo  da  Caza  Real, 
ComiíTario  Geral  da  Cavallaria  do  Regi- 
mento da  Praça  de  Moura,  e  ultimamente 
Brigadeiro  filho  de  Manoel  do  Quental 
Lobo  Senhor  do  Morgado  do  Lago,  e  de 
fua  mulher,  e  prima  D.  Catherina  Freyre 
Godinho.  Naõ  foy  fomente  fuceflbr  da 
Caza  de  feu  Pay  mas  da  aplicação  ao 
eítudo  da  Genealogia  por  cuja  cauza  o 
numera  entre  os  Authores  Genealógicos 
o  P.  Souza  Apparat  a  Hijl.  Gen.  da 
Caz-  Keal  Portug.  p.  134.  §.  154.  efcre- 
vendo  com  grande  verdade,  e  admirável 
methodo 

ColleçaÕ  das  Familias  do  Rejno  de  Portugal. 
foi.  54.  Volumes.  M.  S. 

Theatro  Hijlorico  da  Fundação,  e  antigui- 
dade da  Cidade  de  Elvas.  foi.  M.  S. 

Eftas  obras  conferva  com  a  devida  efU- 
maçaõ  Manoel  Quental  Lobo  filho  do  Au- 
thor,  e  morador  em  a  Qdade  de  Elvas. 


Fr.  lOAÕ  RAMIRES  natural  da  Villa 
do  Conde  em  a  Província  da  Beira  Monge 
Ciílercienfe  cujo  habito  recebeo  no  Con- 
vento de  S.  loaõ  de  Tarouca  a  26  de  Mar- 
ço de  1647.  profeflando  folemnemente  em 
o  Convento  de  S,  Maria  do  Douro  em  o 
primeiro  de  Abril  de  1648.  Aprendidas 
as  fciencias  EfcholaíHcas  em  o  Collegio 
de  Coimbra  em  que  fahio  eminente  naõ 
quiz  receber  as  infignias  doutoraes  de  que 
era  digno  pela  fua  grande  literatura,  dic- 
tando  Filofofia  no  anno  de  1676.  em  o  Con- 
vento de  S.  Maria  de  Ceiça  por  ordem  do 
Geral  Fr.  Scbaítíaõ  Sotomayor.  Antes  de  a 
diâar  tinha  compofto. 

Philofophia  Univerfa  feamdum  mentem 
Arijlotelis.  foi.  Refoluto  a  imprimir  ef- 
ta  obra  em  França  tinha  ajuftado  com 
loaõ    da    Coíla    Francez    de    naçaõ,    e    im- 


P.  lOAÕ  REBELLO  natural  do  Pra- 
do do  Bifpado  de  Lamego  filho  de  loaõ 
Rebello,  e  loanna  Rebello,  e  irmaõ  do  P. 
Fernaõ  Rebello  da  Companhia  de  lefus 
de  quem  em  feu  lugar  fe  fez  mençaõ  ao 
qual  feguio  no  inílituto  religiofo  veftindo 
a  roupeta  no  Collegio  de  Coimbra  a  21  de 
lulho  de  1558.  quando  contava  quinze  an- 
nos  de  idade.  Pelo  efpaço  de  quarenta, 
e  quatro  annos  exercitou  em  gráo  herói- 
co todas  as  virtudes  fendo  na  Oraçaõ  con- 
tinuo, na  penitencia  rigorofo,  e  na  Chari- 
dade  ardente.  Teve  cordial  afedo  á  Vir- 
gem SantiíTima  e  fervorofa  comiferaçaõ  das 
Almas  do  Purgatório  inllituindo  Confra- 
rias em  diverfas  partes  do  Reyno  para  cul- 
to de  huma,  e  fufragio  das  outras.  Dif- 
correo  pelas  principaes  Villas,  e  Qdades 
da  Província  do  Alentejo  como  apoftolico 
Miflionario  de  cujas  fagradas  declamaçoens 
colheo  copiofo  fruto  extinguindo  vidos,  e 
plantando  virtudes.  Falleceo  piamente  no 
Collegio  de  Évora  a  24  de  lulho  de  1602. 
quando  contava  60  annos  de  idade,  e  44 
de  Companhia.  Delle  faz  larga  memoria 
hih.  Societ.  p.  494.  col.  I.  &  2.  Franco  Imag. 
da  Virtud.  em  o  Nov.  de  Coimb.  Tom.  i.  liv.  3. 
cap.  59.  e  Tom.  2.  p.  620.  et  in  Annal.  S.  /. 
in  Lujit,  p.  180.  n.  12.  et  Ann.  Glorio/. 
S.  I.  in  Lujit.  p.  421.  Fonceca  Ejuot.  Glorio/. 
p.  433.  loan.  Soar.  de  Brito  Theatr.  Lujit. 
Liter.  lit.  L  n.  66.  Marrado  Bib.  Marian. 
Part.  I.  p.  783.  e  no  Keligioji  Mariani  cap.  9. 
Nadafi  Ann  dierum.  Mem.  S.  I.  Part.  2.  p.  24. 
Girardi  Diário  a  14  de  lulho.  Souza  Agiolog. 
Lujit.  Tom.  4.  pag.  142.  injigne  religio/o. 
Compoz 

Ko/ario  de  la  Santijftma  Virgen  MARIA 
Madre  de  Deos.  Évora  por  Manoel  de  Lyra. 
1600.  4.  grande.  Confta  de  trcs  libros.  1. 
declara  como  et  modo  de  orar  que  ír(a  el  pue- 
hlo  chri/Hano  rezando  el  Roz^rio,  y  Corona 
de  la  Santiftma  Virgem  Maria  es  un  género 
de  /acrijicio    muy    agradable    a    Dios,  y    obra 


L  USITAN A, 


de  virtud  de  Keli^on.  7.  los  myjkrios  dei  Ko- 
fario.  5.  Kedu^enfe  ai  modo  de  re^^ar  el  Kofa- 
rio  las  prindpales  matérias  de  la  Oracion  mental, 

Hijioria  dos  milagres  do  Kofario,  e  de  min- 
tas, e  diverfas  devaçoens,  e  ferviços,  que  San- 
tos, e  pecadores  fi:^eraÕ  à  SantiJJima  Virgem 
Maria,  e  a  JESU  Chrifio  noffo  Salvador,  pe- 
los quaes  receberão  grandes  bens  temporaes,  e 
ejpirituaes;  provados  todos  com  milanês,  e  ca- 
^os  eftranhos,  que  acontecerão,  e  facilmente  fe 
podem  fat(er.  Évora  por  Manoel  de  Lyra. 
1602.  4.  Efta  obra  he  difpofta  em  diálogos. 
Sahio  fegunda  vez  Évora  pelo  dito  Impref- 
for.  1608.  8.  Lisboa  por  lorge  Rodrigues 
1614.  8.  ibi  por  António  Qasbeeck  de  Mello 
1669.  8.  ibi  por  loaõ  Galraõ.  1676.  8.  et  ibi 
pelo  mefmo  ImprelTor.  1691.  8. 

Addiçoens  à  doutrina  Chrifiãa  do  Padre 
Aíarcos  Jorge  compoftas  em  varia  biftoria  de 
exemplos  ejpirituaes  aplicados  a  cada  matéria. 
Évora  por  Manoel  de  Lyra.  1605.  12.  & 
ibi  por  Manoel  Carvalho.  1625.  12. 

Vida  de  JESU  Chrijlo  Senhor  nojo.  Era 
volume  grande  o  qual  começou  a  impri- 
mir em  Évora  Manoel  de  Lyra  no  an- 
no  de  1602.  e  fe  naõ  acabou.  Delle  faz  men- 
^õ  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag. 
587.  col.  2. 

Diálogos  em  louvor  de  NoJJa  Senhora. 
Defta  obra  o  fazem  Author  Nicol.  An- 
tónio, Hypolito  Marrado,  e  o  Padre  Fran- 
cifco  da  Fonceca  nos  lugares  aíTima  allega- 
dos. 

Tratado  Jobre  a  Salve  Raynha.  Efta- 
va  prompto  com  todas  as  licenças  para  a 
impreíTaõ. 

Manual  de  Oraçoens.  Defta  obra  faz 
memoria  loaõ  Franco  Barreto  Bib.  Portug. 
M.  S. 

Deixou  promptos  para  a  impreíTaõ  qua- 
torze  livros  de  varias  matérias  cujo  Catha- 
logo  participou  o  Padre  Fernaõ  Rebello 
irmaõ  do  Author  a  Francifco  Galvaõ  Mal- 
donado como  efcreve  na  fua  Bib.  Portug. 
M.  S.  que  vimos. 


lOAÕ  REBELLO  VELOSO  taõ  pe- 
rito em  hum,  e  outro  Direito  como  na 
Hilioria,     e     letras     humanas.      Para    iníla- 


7Ò1 

mar  os  ânimos  dos  Portuguezes  na  herói- 
ca empreza  com  que  aclamarão  por  feu 
Soberano  ao  Sereniflimo  Duque  de  Bra- 
gança D.  loaõ  efcreveo. 

Avir^o  exhortatorio  aos  Jidelijftmos  Três  EJla- 
dos  do  felicijjimo  Rejno  de  Portugal.  Lisboa 
por  Lourenço  de  Anveres  1642.  4. 


lOAÕ  DAS  REGRAS  Senhor  das  Vil- 
las  de  Cafcaes,  e  feu  Termo,  do  Reguengo 
de  Oeiras,  de  Caftello  Rodrigo,  de  Tarou- 
ca, e  Baldigem,  Lorinhãa,  Pereira,  dos  Mor- 
gados de  S.  Matheos,  e  Santo  Eutropio. 
Naceo  em  Lisboa  fendo  filho  de  loaõ  A£- 
fonfo  das  Regras  Gdadaõ  defta  Qdade  cuja 
afcendencia  era  igualmente  illuftxe,  que  an- 
tiga como  fe  moftra  de  huma  doaçaõ  del- 
Rey  D.  Affonfo  n.  feita  em  3c  de  Março 
de  12 14.  em  a  qual  aíTina  hum  com  o  apel- 
lido  de  Regras;  e  de  Sentil  Efteves  neta 
de  Eftevaõ  Perez  irmaõ  de  Lourenço  Perez, 
e  pela  materna  de  Fernando  Armes,  que 
aparentava  com  os  Almadas,  Fogaças,  Loba- 
tos, e  Camellos  fanúlias  de  conhecida  nobreza. 
Ambiciofo  de  adquirir  a  intelligenda  das 
fdencias  com  que  fe  illuftxa  o  entendimento, 
e  fe  enriquece  a  memoria  deixou  a  pátria, 
e  na  Univerfidade  de  Bolonha  ouvio  reve- 
lados os  myfterios  da  lurifprudencia  Ce- 
farea  pelo  famofo  Bartolo  de  cuja  efcola 
fahio  taõ  profundamente  erudito,  que  baf- 
tava  efte  difdpulo  para  immortal  recomenda- 
ção do  feu  Magifterio.  Reftdtuido  a  Portu- 
gal em  o  anno  de  1582,  mereceo  a  eftimaçaõ 
delRey  D.  Fernando,  que  nefte  tempo  go- 
vernava a  Monarchia  Portugueza,  e  cre- 
cendo  com  os  annos  os  feus  merecimentos 
foy  Chanceller  mòr  do  Reyno,  Cavalldro 
da  Caza  delRey  D.  loaõ  o  I.  do  feu  Q)n- 
felho  e  feu  Privado  devendo  efte  Prindpe 
à  eloquente  energia,  e  condudente  efficada 
dos  difcurfos  de  taõ  authorizado  varaõ 
de  que  teve  por  ouvintes  os  Três  Eflados 
do  Reyno  juntos  nas  Cortes  de  Coimbra 
em  o  anno  de  Chrifto  de  1385.  o  cingir  a 
coroa,  e  fubir  ao  trono  de  Portugal.  Ca- 
zou  com  D.  Leonor  da  Cunha  filha  her- 
deira de  Marti  m  Vafquez  da  Cunha  Se- 
nhor   das    terras    de    Befteiros,    Cea,    Gou- 


73 


BIB  LIO  THE  CA 


vea,  e  do  Confelho  de  Santo  Antaõ  de  Gul- 
far,  Penalva,  c  Louzada,  e  de  D.  Thereza 
Telles  de  Giraõ  de  cujo  matrimonio  teve 
D.  Branca  da  Cunha  que  cazou  com  feu 
Tio  D.  Affonfo  chamado  de  Cafcaes  filho 
natural  do  Infante  D.  loaõ,  e  neto  delRey 
D.  Pedro  I.  e  D.  Ignez  de  Giftro,  nacen- 
do  defte  conforcio  huma  única  filha  cha- 
mada D.  Izabel  que  fe  defpozou  com  D. 
Álvaro  de  Caílro  I.  Q)nde  de  Monfanto 
Camareiro  mòr  de  Affonfo  V.  e  Alcayde 
mòr  de  Lisboa  tronco  da  IlluílriíTima  ,  e 
Excellentiffima  Caza  dos  Marquezes  de 
Cafcaes.  Falleceo  em  Lisboa  a  5  de  Mayo 
de  1442.  com  80  annos  de  idade.  làz  fe- 
pultado  em  Maufoleo  de  pedra  fuílentado 
fobre  quatro  Leoens  á  entrada  da  Igreja 
do  Real  Convento  de  Bemfica  de  religiofos 
Dominicos  diílante  huma  legoa  de  Lisboa 
cuja  fundação  perfuadio  a  ElRey  D.  loaõ 
o  L  como  coníla  de  huma  pedra  embebi- 
da na  parede  da  Portaria  do  mefmo  Con- 
vento fronteira  à  entrada  da  porta  em  que 
fe  lem  giavadas  eftas  palavras.  IJíííJ  Mo- 
nafierium  fuit  per  viãoriofijfimum  Dominum  Rí- 
gem  loannem  nofiro  Ordini  conceffum  XXII. 
Maii  anno  Domini  M.  CCCXCIX.  ad  pre- 
ces Keverendorum  Patrum  Domini  fcilicet 
loatmis  de  Kegulis  in  utroque  Jure  Doc- 
toris,  et  Fratris  Vincentii  fcientia,  vita, 
et  honejlaíe  Magijlri  presclarijftmi,  <&  fuit 
receptum  per  Fratres  Ordinis  noftri,  ac  Deo 
dicatum  XXIX.  die  prafati  menfis  Maii  in 
Fejlo  Corporis  Cbrijli  eodem  anno  Ãíra  Ca- 
Jaris.  M.CCCCXXXVII.  Sobre  o  tumu- 
lo eílà  a  fua  figura  lavrada  em  pedra,  e  no 
circuito  delle  o  feguinte  epitáfio  com  efta 
orthografia,   e  apontuaçaõ. 

Aqui  jav^  Joaõ  da  regas  Cavalleiro:  Doc- 
tor:  em  leys:  privado:  delKej:  D.  Joam  o  I. 
fundador:  dejle:  Mojleiro:  Finou:  III.  dias: 
de:  Mayo:  Era  MIIIIXLII. 

As  Armas  de  que  uzou,  era  hum 
efcudo  quarteado  em  afpa:  nos  campos 
alto,  c  baixo  huma  Cruz  de  Aviz  florea- 
da; e  nos  campos  de  cada  lado  huma 
ferpe  alada  ameaçando  para  a  parte  de 
fora.  Cclebraõ  o  feu  nome  graviífimos 
Efcritorcs   como   faõ   Femaõ   Lopes   Còron. 


delKey  D.  loaõ  o  I.  Part.  i.  cap.  176. 
homem  de  perfeita  authoridade,  e  compri- 
do de  boa  fciencia  em  leys  cuja  fotilidade, 
e  clarev^a  de  bem  fallar  entre  os  leterados, 
e  teudo  em  conta.  Nunes  de  I..eaõ  Ver. 
Keg.  Portug.  Geneal.  pag.  25.  vcrf.  toga 
militiaque  clarus,  et  júris  fcientijftmus.  e  na 
Chron.  delKey  D.  loaÕ  o  I.  cap.  99.  gran- 
de Letrado.  Faria  Europ.  Portug.  Tom.  2. 
Part.  3.  cap.  i.  n.  15.  famofo  lurijla.  loan. 
Soar.  de  Brito  Theatr.  Lufit.  Liter.  lit.  I. 
n.  67.  Emminentijftmus  fui  temporis  Jurif- 
confultus.  Villas  boas.  Noh.  Portug.  Cap.  3. 
p.  24.  foy  huma  das  pejfoas  principaes,  que 
grangearaÕ  o  fceptro  e  a  Coroa  a  ElKey 
D.  loaõ  o  I.  Moreira  Theatr.  Gen.  de  la 
Ca^.  de  Sou:^.  p.  703.  infigne  jurifconful- 
to.  Macedo  Eufit.  Liberat.  Proxm.  2.  §. 
3.  n.  4.  infignis  cbãor.  Barboza  Catbal. 
das  Kaynb.  de  Portug.  p.  314.  famofo  dif- 
cipulo  de  Bartolo,  e  Oráculo  da  Jurijpruden- 
cia  em  Portugal  naquella  idade.  Efle  gran- 
de homem  foy  o  que  com  a  fuhtilev^a  das 
fuás  letras  teve  maò  na  Monarchia  Portu- 
guesa, que  quafi  fem  remédio  caducava.  Soa- 
res Sylva.  Mem.  delKey  D.  loaÕ  o  I-  liv.  2. 
cap.  114.  §.  676.  injígne  lurifconfulto  como 
difcipulo  do  famofo  Bartolo,  e  digno  difcipulo 
de  hum  taÕ  grande  Mejlre.  Souza  Apparat. 
à  Hifl.  Gen.  da  Ca^.  Real  Portug.  p.  25. 
§.  5.  Hum  dos  mayores  homens  que  conbe- 
ceo  o  nojjo  Reyno  em  talento,  e  letras,  e  no 
Tom.  12.  da  Hifl.  Gen.  p.  796.  o  feu 
grande  talento  brilhou  de  forte  no  reynado  delKey 
D.  loaõ  o  I.  que  aos  feus  confelhos  e  diãames 
fe  deveo  huma  grande  parte  da  felicidade  da^lle 
tempo.   Compz. 

Praãica  nas  Cortes  celebradas  em  Coim- 
bra em  o  anno  de  1585.  Sahio  impreíTa  na 
Chron.  de  D.  loaõ  o  I.  por  Fernaõ  Lo- 
pes Part.  I.  cap.  176.  c  na  Monarch.  Lufit. 
Part.  8.  liv.  23.  cap.  29.  compoíla  por 
Fr.  Manoel  dos  Santos  Monge  de  Cif- 
ter,  cuja  narrativa  transcreveo  lozé  Soa- 
res da  Sylva  Académico  da  Academia  Real 
Mem.  delKey  D.  loaÕ  o  I.  Tom.  i.  liv.  i.  cap.  40. 

Começa 

Senhores  Fidalgos,  louvadas  pejfoas.  &c. 
No    anno    de    1425.    ordenou    em   hum 


L  USITAN A. 


7ÒÒ 


volume  as  Leys  deíle  Reyno  que  anda- 
vaõ  difperfas,  e  lhes  juntou  as  Leys  do 
Código  do  Emperador  luítiniano  com  in- 
terpretaçoens  de  Bartolo,  e  Acuríio,  De 
maneira  (como  efcreve  Duarte  Nunes  de 
Leaõ  Chron.  delKey  D.  loaõ  o  I.  cap. 
99.)  que  as  opinioens  de  Acttrjio,  e  Bartolo 
aprovadas  por  elle  foffem  authenticas,  e  va- 
leffem  como  leys,  e  por  ellas  Je  determinaj- 
Jem  as  caut^as.  Ifio  tudo  fqy  por  a  grande 
afeição  que  o  Dotor  loaÕ  das  Kegras  tinha 
a  Bartolo  cujo  dijcipulo  fora  em  Bolonha  de 
/jue  teve  origem  a  ley  dejle  Reyno  que  manda 
que  na  decifaõ  das  caufas  fe  figa  a  opinião 
de  Bartolo  quando  naõ  ouver  texto,  nem 
^lojfa,  ou  commun  opinião  em  contrario.  Com 
mais  elegantes  expreflbens  o  efcreveo  na 
Ver.  Rjíg.  Portug.  Geneal.  p.  25.  verf. 
Florebat  tunc  in  Portugallia  loannes  ab  Are- 
^  qtà  Bartoli  auditor  fuerat.  Hujus  opera 
infiituit  Kex  Codicem  lufiiniani  in  patrium 
Jermonem  verti  addens  nonnullis  Accurfi,  et 
Bartholi  doãrinis:  opus  utile,  et  optime  con- 
cinnatum,  quod  l^gum  Kegiarum  vigorem  ha- 
bere  edixit.  Defta  Colleçaõ  das  Leys  fei- 
ta por  loaò  das  Regras  fe  formou  o 
Directório  pelo  qual  fe  julgavaõ  as  Cau- 
zas  Gveis,  e  Crimes  até  que  chegando 
o  anno  de  15 12.  Sahio  impreíTo  com  o 
titulo. 

Ordenaçoens  do  Reyno  de  Portugal  Lis- 
boa por  loaõ  de  Kempis  foi.  Sahiraõ 
fegunda  vez  novamente  corregidas  em  le- 
tra gothica  Lisboa  por  loaõ  Pedro  Bo- 
nhomini  15 14.  foi.  Deíla  ediçaõ  faz  me- 
moria Maitaire  Aimal.  Typ.  Tom.  2.  p. 
258.  e  259.  Terceira  vez  com  additamen- 
tos.  Évora  por  lacobo  Cromberger  Ale- 
mão. 15  21.  foi.  Lisboa  por  Germaõ  Galharde 
a  27  de  lulho  de  1526.  foi.  Sevilha  por  loaõ 
Cromberger  com  Alvará  de  17  de  Iimho  de 
1533.  expedido  a  favor  de  Luiz  Rodrigues  li- 
vreiro para  o  poder  imprimir.  Lisboa  por 
Manoel  loaõ  a  3  de  Março  de  1565.  Lisboa 
por  Pedro  Crasbeeck.  1603.  por  ordem  de 
Filippe  L  foi.  Lisboa  no  Mofteiro  de  S. 
Vicente  de  fora  1636.  foi.  e  a  confirma- 
ção do  Privilegio  no  anno  de  1643.  Lis- 
boa por  Manoel  Lopes  Ferreira  1695. 
foL    2.    Tom.    e    ultimamente.    Lisboa    no 


Convento  de  S.  Vicente  de  fora.  1708.  8. 
3 .  Tom. 

Em  tantas,  e  taõ  varias  impreíToens  fem- 
pre  eíla  obra  conJftou  de  finco  livros,  e  cada 
hum  de  diverfos  Titulos  que  fe  foraõ  augmen- 
tando,  e  diminuindo  conforme  os  direftores 
da  impreflaõ. 

Nobiliário  do  Conde  D.  Pedro  addicio- 
nado. 

Delle  vio  himia  copia  o  P.  D.  António 
Caetano  de  Souza  em  a  Livraria  do  Excellen- 
tiflimo  Marquez  de  Gouvea  Mordomo  mòr 
da  Caza  Real  como  efcreve  no  Apparat.  à 
Hifi.   Gen.  da  Ca^.   Real  Portug.  p.   25.  §.    5. 

Summario  dos  Reys  de  Portugal.  M.  S.  Defla. 
obra  o  faz  author  Manoel  de  Souza  Moreira. 
Theatr.   Geneal.  de  la  Ca^.  de  Sou-:^a.  p.    171. 

lOAÕ  DE  RESENDE  PEREIRA  PI- 
MENTEL natural  de  Lisboa  Fidalgo  da 
Caza  Real  Commendador  da  Ordem  de 
Chriílo  filho  de  loaõ  de  Refende,  e  de 
D.  Filippa  Godinha  de  Oliveira  filha  de 
Henrique  Lopes  de  Oliveira  moço  da 
Camará  do  Cardial  Rey  D.  Henrique,  e 
de  D.  Anna  Caõ  Godinha.  Como  par- 
cial do  dominio  Caftelhano  deixou  a  pá- 
tria quando  fe  tinha  aclamado  o  Sere- 
niífimo  Rey  D.  loaõ  o  IV.  e  embarcado 
com  feu  irmaõ  Filippe  de  Refende  che- 
gou a  Génova  onde  foy  remetido  a  Ro- 
ma por  D.  loaõ  de  Erafo  Embaxador  de 
Caftella  nefta  Republica,  e  depois  de  ter  na 
Cúria  feito  algumas  negociaçoens  em  fer- 
viço  da  Coroa  de  Hefpanha  foy  feito  Ca- 
pitão de  Agropoli  a  23  de  lunho  de  1647. 
por  D.  loaõ  Affonfo  Henriques  de  Ca- 
breira Almirante  de  Caftella,  donde  paíTou 
a  Capitão  de  Couraças  em  o  Eftado  de 
Milaõ  a  6  de  Novembro  de  1647.  por  D. 
Luiz  de  Benavides  Marquez  de  Caiacena, 
e  Capitão  General  do  Eftado  de  Milaõ. 
Querendo  receber  da  real  maõ  digno  pre- 
mio aos  feus  ferviços  os  expoz,  como  a 
fua   afcendencia   na   obra   feguinte. 

Memorial  ai  Rey  Nuefiro  Senor.  En  Ma- 
drid 1654.  4. 

Defta  obra  como  de  feu  Author  fe 
lembra  o  P.  D.  António  Caetano  de 
Souza   Apparat.   à  Hifi.   Gen.   da   Ca^.    Real 


7^^ 

'Portug.  p.  98.  §.  95.  onde  com  equivocaçaõ 
antepõem  em  o  feu  nome  o  appelido  de  "Perei- 
ra  ao  de  defende. 

lOAÕ  RIBEIRO.  UlyíTiponenfe.  Foy 
igualmète  perito  nos  preceitos  da  Poética, 
como  dextro  no  jogo  das  armas,  e  excel- 
lente  em  a  formatura  dos  carafteres,  q  pa- 
redão pintados.  Entre  as  muitas  obras  poé- 
ticas, que  compoz  a  fua  elegante  Mufa  fe 
fizeraõ  públicos  na  Vida,  Martyr.  e  Treslad. 
de  S.  Vicente  compoíla  por  Diogo  Pirez  Cinza. 
Lisboa  por  Pedro  Craesbeeck.  1620.  8  a  pag. 

153- 

Panegyrico    à    itivençaÕ   do    Glorio/o    Martyr 

S.  Vicente  em  fua  TresIadaçaÕ.    Começa. 

Novos  altos  ejpiritos  concebe 

Inclyta  iMfttania,  que  o  benigno 

Ceo  outra  idade  de  ouro  em  ti  renova,  e  pag. 

161.  verf. 

Ao  inviãijjimo  Martyr  S.  Vicente  de  Valença 

Padroeiro  de  Lisboa.    Começa. 

Quando  a  cega,  e  profana  idolatria. 

lOAÕ  RIBEYRO  Capitão  em  a  Ilha 
de  Ceylaõ  o  qual  como  teílemunha  ocular 
efcreveo  com  eílilo  claro,  e  verdadeiro  no 
anno    de    1685. 

Fatalidade  hijlorica  da  Ilha  de  CeylaÕ  dedicada 
à  Magejlade  do  Serenijftmo  D.  Pedro  II.  Rey  de 
Portugal  Nojfo  Senhor  M.  S.  4.  Coníla  de  2. 
Partes  a  i.  tem  24  Capítulos,  e  a  2.  10.  Con- 
fervafe  na  Livraria  do  ExcellentiíTimo  Con- 
de de  Caílellomilhor.  Sahio  traduzida  na 
lingua  Franceza  por  MonQur  le  Grand  com 
efte  titulo. 

Hijioire  dei'  Isle  de  Ceylan  ecrite  par  le  Capi- 
taine  lean  Ribeiro,  e  prefenteè  au  Kqy  de  Portugal 
en  1685.  Pariz  por  Joan  Boudot.  1701.  8. 
c  Trevoux  por  Etiene  Ganeon.  1701.  8. 

P.  lOAÕ  RIBEYRO  natural  da  Ci- 
dade de  Tavira  em  o  Reyno  do  Algar- 
ve. Sendo  Sacerdote  de  vida  inculpável 
preferio  o  eílado  rcligiofo  como  mais  per- 
feito ao  fecular  aliílando-fe  na  Compa- 
nhia de  lefus  em  o  Noviciado  de  Évo- 
ra a  7  de  Dezembro  de  1653.  Navegando 
para    Uha    da    Madeira    padeceo    confiante 


B  IB  LIO  THE  CA 


as  moleftias  cauzadas  por  huns  Pirata:, 
que  tomáraõ  a  Náo  em  que  hia  embar 
cado,  e  reftituido  á  liberdade  deixou  na 
Qdade  do  Funchal  illuftres  memorias  do 
feu  zelo  devendo-fe  à  fua  induílria  a 
Fundação  das  Religiofas  Francifcanas  do 
Convento  de  NoíTa  Senhora  das  Mercês. 
Voltando  a  Portugal  navegou  para  An- 
gola onde  foy  Reytor  do  CoUegio,  c 
fe  exercitou  em  contínuos  aftos  de  Cha- 
ridade  aíTim  na  inílruçaõ  dos  Gentios, 
como  na  aíTiílencia  dos  enfermos.  Nos 
últimos  annos  padeceo  multiplicados  in- 
fultos  de  afma  até  que  pronoílicada  a 
hora  do  feu  tranfito  falleceo  piamente  cm 
o  Collegio  de  Évora  a  2  de  Fevereiro 
de  1705.  com  80  annos  de  idade,  e  52 
de  Religião.  Antes  de  fer  Jefuita  foy 
direftor  efpiritual  da  V.  Anna  de  S. 
Tiago  Terceira  da  Ordem  de  S.  Fran- 
cifco,  que  morreo  com  grande  opinião 
de  virtude  em  Lisboa  a  11  de  Agofto 
de    1654.    efcrevendo. 

Vida  da  V.  Anna  de  S.  Tiago  da  Ordem 
Terceira  de  S.  Francifco.  M.  S.  4.  a  qual  con- 
fervava  em  feu  poder  o  Padre  Fr.  Fernando 
da  Soledade  como  affirma  na  Hijl.  Seraf.  da 
Prov.  de  Portug.  Part.  5.  liv.  4.  cap.  9.  n.  959. 
e  fer  feu  author  o  Padre  loaõ  Ribeiro  na  mefma 
Part.  5.  liv.  4.  cap.  12.  n.  987.  e  cap.  16.  n. 
1020.  Começa.  Foy  Anna  de  S.  Tiago  natural 
de  hum  lugar,  que  chamaõ  Villa  fria  junto  a  Viana 
Arcebifpado  de  Braga.  &c.  Conferva-fe  M.  S. 
na  Livraria  do  Convento  de  S.  Francifco  da 
Cidade. 

Apologia  dos  Padres  Mijfwnarios  de  Laanda 
em  1680.  Eíla  obra  afirma  o  Padre  Francifco 
da  Fonceca  Évora  Glorio/,  pag.  453.  que  fe 
imprimira.  Delle  faz  mençaõ  Franco  AnnaJ. 
S.  J.  in  Lu/t.  pag.  422.  n.  24.  e  no  Ann.  Glor. 
S.  ].  in  Ljijit.  pag.  52. 

lOAÕ  RIBEYRO  CABRAL  Cavalleiro 
profeíTo  da  Ordem  de  Chriílo,  e  Cavalleiro 
Fidalgo  da  Caza  Real,  e  Deftribuidor  proprie- 
tário dos  Tabelioens  de  Notas  de  Lisboa.  Na- 
ceo  na  Villa  de  Belmonte  Comarca  de  Caílello- 
branco  do  Bifpado  da  Guarda  em  o  anno  de 
1655.  fendo  filho  de  Manoel  Jorge  Capitão 
do   Terço   da   Armada,   e   de   Maria   Ribci- 


L  USITANA. 


735 


Ta.  Foy  muito  intelligente  nas  línguas 
Latina,  Franceza,  Italiana,  e  Caílelhana, 
como  também  na  hiíloria  fecular.  O  pru- 
Jente  juizo,  e  fumma  exaçaõ  de  que  era 
jrnado,  o  habilitarão  para  exercitar  lou- 
vavelmente os  minifterios  de  Oííicial  da 
Secretaria  do  Eílado  pelo  efpaço  de  vin- 
te, e  íinco  annos;  de  Procurador  da  Ci- 
dade da  Bahia  em  as  Cortes  celebradas 
cm  Lisboa  no  i  de  Dezembro  de  1697. 
em  que  foy  jurado  por  fuceíTor  defta 
Coroa  o  SereniíTimo  Rey  D.  loaõ  o  V. 
de  Thezoureiro,  e  Executor  dos  novos 
Direitos,  Thezoureiro  Geral  da  Redemp- 
çaõ  dos  Cativos,  e  dos  três  Quartos  da 
Ordem  de  Chriílo,  e  Almoxarife  dos 
Fornos  de  Valdecebro,  moftrando  em  taõ 
diverfos  lugares  grande  zelo,  e  igual  de- 
lintereíTe.  Falleceo  em  Lisboa  a  3  de 
laneiro  de  171 3.  quando  contava  58  an- 
nos de  idade.  laz  fepultado  na  Paro- 
chial  Igreja  de  NoíTa  Senhora  do  So- 
corro. Foy  cazado  com  D.  loanna  An- 
tónia Bernarda  Rebello  de  quem  teve 
Francifco  Xavier  de  Souza  Cabral  Caval- 
leiro  profelTo  da  Ordem  de  Chrifto,  que 
exercita  o  Officio  de  Deílribuidor  dos 
Tabeliaens  como  herdado  de  feu  Pay. 
Traduzio  da  lingua  Italiana  em  a  ma- 
terna. 

Epitome  da  vida,  e  acçoens  do  Cardial  Aía:(a- 
rino  Primeiro  Mini^ro  da  Coroa  de  França.  Lis- 
boa por  Valentim  da  Coíla  Deslandes  Impref- 
for  delRey.  1707.  8. 

Kelaçaõ  politica  das  mais  particulares  acçoens 
do  Conde  Duque  de  Olivares,  e  Juceffos  da  Monar- 
chia  de  Efpanha  no  tempo  do  feu  governo,  que  fe^ 
bum  Embaxador  de  Vene^^a  à  fua  Kepublica  ef- 
tando  em  Madrid.  Lisboa  na  Officina  Real 
Deslandeíiana.  171 1.  4.  Foy  traduzida  do 
Original  M.  S. 

lOAÕ  RIBEYRO  DA  FONCECA  na- 
tural da  Torre  de  Moncorvo  em  a  Provinda 
Tranfmontana  filho  de  Francifco  de  Moraes 
Mefquita,  e  Maria  de  Caffcro  Oforio  ambos 
defcendentes  de  famUias  nobres.  Depois  de 
eftar  inílruido  nas  letras  humanas,  e  laureado 
Meíbre  em  Artes  cultivou  a  lurifprudencia 
Cefarea  em  a  Univeríidade  de  Coimbra  onde 


recebidas  as  infignias  doutoraes  neíla  Fa- 
culdade naõ  fomente  mereceo  pela  fua 
literatura  fer  admetido  a  Collegial  do 
CoUegio  Real  de  S.  Paulo  em  o  anno 
de  1688.  mas  iUuílrar  com  o  feu  magif- 
terio  as  Cadeiras  daquella  celebre  Aca- 
demia fendo  Lente  de  Inítítuta  no  anno 
de  1690.  do  Código  em  1695.  dos  três 
Uvros  em  1698.  de  Vefpera  em  1704.  e 
de  Prima  em  1706.  em  que  foy  re- 
conduzido em  17 10.  Renunciou  hum  Ca- 
nonicato  da  Cathedral  de  Miranda  para 
tomar  o  eliado  conjugal.  Foy  Dezem- 
bargador  da  Relação  do  Porto,  e  da 
Caza  da  Suplicação  de  cujo  lugar  to- 
mou poíTe  a  II  de  Outubro  de  1708. 
por  feu  Procurador  o  Dezembargador  Bel- 
chior do  Rego  de  Andrade.  Eílando  def- 
pachado  Confelheiro  da  Fazenda  morreo 
na  Villa  de  Sernacelhe  a  12  de  Setem- 
bro de  171 5.  Didou  duas  Poílillas  a  i. 
ad  Text.  l.  4.  cod.  de  conditionibus  infer- 
tis.  A  2  ad  Tit.  ff.  de  Jurifdiãione  om- 
nium  Judicum.  Teve  admirável  génio  para 
a  Poezia  vulgar  de  que  he  claro  argu- 
mento a  obra,  que  fahio  a  pag.  142. 
dos  Acroam.  Vaneg.  com  que  a  Santa  Ca- 
thedral l^eja  de  Coimbra  recebeo  a  /agrada 
reliquia  de  Santo  Thomar(^  de  Villanova. 
Coimbra    por    lozé    Ferreira.     1690.    4. 

Eji  la  trãslacion  de  la  fiempre  venerable 
reliquia  de  Santo  Thoma^  de  Villanueua  a 
la  injigne  Cathedral  de  Coimbra.  Sylva.  Co- 
meça. 

Del  claro  Turia  Semidios  Sagrado. 
Delle  faz  mençaõ  D.  lozé  Barboza  Mem. 
do  Colleg.  de  S.  Paulo  pag.  230.  n.  150.  e  no 
Archiath.  iMJit.  pag.  61. 

Adveniet  Ribeiro  vetus  Fonceca  coronat 
Agnomen  vigilis  fulgebit  honore  Magijlri; 
Presmia  ut  accipiat  tanto  colleãa  labore. 
Dum  Patriam  invifet,  patriis  tumulabitur  arvis. 

D.  lOAÕ  RIBEYRO  GAYO  natural 
da  Villa  do  Conde  em  a  Província  da 
Beyra  onde  teve  por  Pays  a  loaõ  A£- 
fonfo  de  Leíla,  e  Beatriz  de  Couros. 
Eíbidou  na  Academia  Conimbricenfe  lu- 
rifprudencia Canónica  em  que  fahio  taõ 
eminente,     que    fendo     Dezembargador     da 


736 

Caza  do  Civil  foy  aíTumpto  a  Bifpo  de 
Malaca,  e  Prefidente  da  luftiça  em  Goa 
no  anno  de  1581.  em  cujo  lugar  mof- 
trou  a  prudência,  e  literatura  de  que  era 
ornado  o  feu  talento.  Com  vigilante  zelo 
exercitou  o  Offido  paftoral  pelo  largo 
efpaço  de  trinta  annos  até  que  falleceo 
cm  o  de  1601.  Compoz  à  imitação  de 
loaõ    Rodriguez    de    Sá,    e    Menezes. 

Coplas  às  armas  da  Nobre;(a  de  Por- 
tugal. M.  S.  Defta  obra  conferva  huma 
copia  o  P.  D.  António  Caetano  de  Sou- 
za como  efcreve  no  Apparat.  a  Hijl. 
Gen.  da  Ca^.  Real  Portug.  p.  55.  §.  31. 
e  delia  faz  mençaõ  Tofcano  Parolei,  de 
Var.    llluftr.    cap.    131. 

Kelacion  de  Ijichen  ejcrita  a  ElRey.  Confta 
de  16  capitulos.  M.  S.  4.  Confervafe  na  Li- 
vraria do  Marquez  de  Villena. 

Roteiro  das  Cofias  do  Achem.  M.  S.  foi. 
Confervafe  na  Bibliotheca  delRey  Catholico. 

Deílas  duas  obras  faz  memoria  o  moderno 
addicionador  da  Bib.  Orient.  de  António  de 
Leaõ  Tom.  2.  col.  635.  e  col.  1095.  e  do 
Author  a  fazem  Faria  Afia  Portug.  Tom.  2. 
Part.  3.  cap.  20.  n.  i.  e  o  P.  Souza  Cathalogo 
dos  Bi/p.  de  Malaca. 

Fr.  lOAÕ  DE  RIO  MAYOR  cujo 
apelido  denota  a  fua  pátria  fituada  no  ter- 
mo da  notável  Villa  de  Santarém  do  Pa- 
triarchado  de  Lisboa.  Foy  Monge  Ciíler- 
cienfe,  c  muito  douto  na  intelligencia  da 
Sagrada  Efcritura,  e  verfado  em  a  liçaõ 
dos    Santos   Padres.     Compoz. 

Expofitio  in  Evangelium  Mathai.  foi.  M. 
S.  Confervafe  na  Bibliotheca  do  Real 
Convento  de  Santa  Maria  de  Alcobaça. 


BIBLIO THE  CA 


dades  fahindo  fuficientemente  inftruido  par- 
tio  para  o  Império  da  China,  c  na  Q- 
dade  de  Kiatim  da  Provinda  de  Nam- 
kin  fe  ocupou  na  cultura  de  taõ  di- 
latada como  agrefte  vinha  arrazando  Pa- 
godes, erigindo  Templos,  e  convertendo 
innumeraveis  almas  ao  fuave  jugo  do 
Evangelho  entre  as  quais  fe  diftinguio  o 
Doutor  Paulo  taõ  nobre  por  nacimento 
como  venerado  pela  fabidoria.  O  mefmo 
fruto  colheo  em  a  Cidade  de  Hancheu 
metrópole  da  Provinda  de  Chekiam  onde 
completos  vinte,  e  ílnco  annos  de  con- 
tinuado trabalho  cm  obzequio  da  Chrif- 
tandade  falleceo  piamente  a  21  de  lu- 
nho  de  1623.  Fazem  memoria  deíle  in- 
figne  Mi/Tionario  Cardofo  Affol.  Ljdfit. 
Tom.  3.  p.  769.  e  776.  no  Comment. 
de  21  de  lunho  letra  H.  Gouvea  Afia 
Extrema  Part.  i.  lib.  3.  cap.  2.  et  lib. 
5.  cap.  17.  Trigaultius  de  Chrifi.  Exped. 
apud  Chin.  lib.  3.  cap.  14.  loan.  Soar. 
de  Brito  Theatr.  Ljdfit.  Liter.  lit.  I.  n.  68. 
Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  p.  589. 
col.  c  Franco  Ann.  Glorio/.  S.  I.  in  Lu- 
fit.  p.  352.  Traduzio  em  a  lingua  Chi- 
nenfe    para    inílruçaõ    dos    Neófitos. 

Cartilha  do  P.  Marcos  Jorge  da  Companhia 
de  lESUS.  Defta  obra  como  de  feu  author  fe 
lembraõ  Martin.  Relat.  China  pag.  30.  §.  7.  o 
P.  Franco  Imag.  da  Virt.  em  o  Nov.  de  Coimb. 
Tom.  2.  pag.  620.  e  Cathalog.  PP.  Societ.  le/ 
qui pofi  obitum  S.  Franci/ci  Xaverii  ab  anno  1 581. 
u/que  ad  1681.  in  Império  Sinarum  I.  C.  fidem 
propagarunt.  p.  8.  §.  10.  onde  fe  diz  que  com- 
puzera  alem  da  obra  precedente. 

Praãica  de  re^ar  o  Ro/ario  em  que  explica 
os  finco  Myfierios  doloro/os  com  as  Imagens  da  Pai- 
xão do  Senhor. 


P.  lOAÕ  DA  ROCHA  natural  da 
Villa  do  Prado  em  o  Bifpado  de  La- 
mego filho  de  Sebaftiaõ  da  Rocha,  e 
Maria  da  Cofia.  Recebeo  a  roupeta  da 
Companhia  em  o  Novidado  de  Coimbra  a 
22  de  Fevereiro  de  1583.  Sendo  ainda 
Noviço  pedio  com  repetidas  inftandas  a 
miíTaõ  do  Oriente  para  onde  partio  no 
anno  de  1586.  Efludou  Filofofia  em  Goa, 
c    Theologia    em    Macáo    em    cujas    Facul- 


D.  lOAÕ  DA  ROCHA  natural  de  Lis- 
boa onde  teve  por  Pays  a  Gafpar  da  Rocha,  e 
Izabel  Fernandes  Rocha.  Aliftoufe  na  Compa- 
nhia de  lefus  em  o  Noviciado  da  fua  pátria 
a  25  de  laneiro  de  1603.  cm  cuja  fagrada  palef- 
tra  floreceo  em  letras,  e  virtudes.  Foy  emi- 
nente nas  Humanidades  que  diftou  com  aplau- 
20  cm  os  Collegios  de  Lisboa  Évora,  c  Coim- 
bra onde  compoz. 

Tragicomedia    de    Nabuco  de    No/or.     Que 


L  USITAN A, 


7^ 


mereceo  a  aclamação  de  todos  os  expec- 
tadores.  Partio  para  índia  com  o  titulo 
de  Bifpo  de  Herapolis  a  12  de  Março 
de  1623.  com  o  Patriarcha  da  Etiópia 
D.  Affonfo  Mendes  juntamente  com  o 
Bifpo  de  Nicea  D.  Diogo  Seco,  e  tan- 
to que  chegou  a  Goa  foy  fagrado  em 
a  dignidade  Epifcopal,  e  exercitou  o  lu- 
gar de  Deputado  da  InquiQçaõ  da  mef- 
ma  Cidade  de  que  tomou  poíTe  a  20  de 
Agoílo  de  1635.  e  nella  falleceo  com 
grande  faudade  dos  feus  Companheiros. 
Delle  fe  lembraõ  Franco  Imag.  da  Virt. 
do  Nov.  de  Coimh.  Part.  i.  liv.  2.  cap. 
25.  n.  2.  Annal.  S.  I.  in  'Lufit.  p.  257. 
n.  II.  e  Am.  Glor.  S.  l.  in  'Lufit.  p.  500. 
e  o  P.  D.  Manoel  Caetano  de  Souza 
Cathal.  dos  Bi/p.  que  tiveraõ  Diocefe  fora 
do    Keyno    de    Portug.    pag.     174. 

lOAÕ  RODRIGUES  natural  da  G- 
dade  de  Tavira  em  o  Reyno  do  Al- 
garve Pay  do  iníigne  Poeta  Gregório 
Sylvellre  do  qual  fe  fez  a  merecida  lem- 
brança em  feu  lugar,  e  Medico  da  Em- 
peratris  D.  Izabel  que  o  levou  em  fua 
companhia  no  anno  de  1526.  quando  fe 
foy  defpozar  com  o  Cezar  Auíhiaco  Car- 
los V.  e  lhe  deu  em  remuneração  o 
foro  de  Fidalgo  da  fua  Caza  para  elle, 
e  feus  filhos.  Foy  peritiíTimo  na  Arte 
Medica  como  manifella  a  feguinte  obra 
que  publicou  antes   de  partir  para  CafteUa. 

Keprehenforium  editum  contra  pravos  errores 
de  fecanda  vena  in  Pleurifi  in  hafilica  ejujdem 
lateris.  In  Qvitate  Paceníi  in  Officina  Frandfci 
Rodrigues  per  Hyeronimum  Eraudum  Nor- 
mandum  1550.  4.  He  dedicado  ao  Serenif- 
íimo  Duque  de  Bragança. 

Fr.   lOAÕ   RODRIGUES   cujo  inítituto 
que  profeUou  fe  ignora,  quando  fe  fabe  cla- 
ramente a  profimda  fciencia  que  tinha  da  Mu- 
fica  efcrevendo  no  anno  de  1560. 
Arte  do  Canto  CbaÕ.  M.  S.  foi. 

Para  reduzir  efta  obra  à  ultima  perfeição 
afirma  que  gaftara  quarenta  annos.  Foy  apro- 
vada em  Roma  por  António  Bocapadula  Mef- 
tre  da  CapeUa  Pontificia,  e  Secretario  da  San- 
tidade de  Gregório  XIH.  e  loaõ  Pedro  Luiz 

47 


Peneífaina  Oráculos  da  Faculdade  Mufica. 
O  original  confervava  na  fua  Livraria  Fran- 
cifco  de  Valhadolid  Meílre  do  Seminário 
Archiepifcopal  de  Lisboa  de  quem  fe  fez 
mençaõ  em  feu  lugar.  No  cap.  14.  tra- 
tando do  Género  Enharmonico  diz.  Aora 
nuevamente  aliado  en  Portugal  ano  de  1560. 
por  Fr.  luan  Rodrigue^  en  la  Villa  de  Mar- 
van   Obifpado   de    Portale^e. 

lOAÕ  RODRIGUES  natural  de  Lis- 
boa peritiíTimo  artífice  de  efpingardas  on- 
de tinha  a  fua  Officina  com  feu  irmaõ 
lozé  Francifco  igualmente  como  elle  in- 
figne  no  mefmo  artificio.  Querendo  dei- 
xar na  poíleridade  difcipulos  da  perfei- 
ção com  que  fe  podiaõ  fabricar  eftes 
inílrumentos  publicou  com  nomes  fupof- 
tos. 

Ef pingar  da  perfeita,  e  regras  para  a  fua  ope- 
ração com  circunfiancias  nece ff  árias  para  o  feu  arti- 
ficio, e  doutrinas  úteis  para  o  melhor  acerto.  Lis- 
boa por  António  Pedrozo  Galraõ.  171 8.  4. 
com  eftampas. 

lOAÕ  RODRIGUES  DE  CAMPOS  na- 
tural da  Qdade  de  Leyria  Presbitero  de  vida 
inculpável,  e  infigne  direéèor  das  almas  que 
inílruia  no  Confeífionario  com  íaudaveis  con- 
felhos,  e  doutrinas  afcetícas.  De  algumas 
fuás  confeíTadas  que  fe  diflinguiaõ  no  caminho 
da  perfeição  efcreveo  as  vidas,  fendo  as  prin- 
dpaes. 

Vidas  de  Sehafiiana  de  lefus,  Ií(abel  da  Ea- 
camaçaõ,  e  loanna  de  lESUS  Terceiras  profeffas 
da  Ordem  Terceira  de  S.  Francifco  que  floreceraÕ 
nos  annos  de  1636.  e  1640.  Delias  extrahio 
as  noticias  para  a  Fiifi.  Seraf.  o  P.  M.  Fr.  Ma- 
noel da  Efperança.  Confervaõ-fe  M.  S.  no 
Archivo  do  Convento  de  S.  Francifco  da  G- 
dade. 

lOAÕ  RODRIGUES  DE  CASTEL- 
LOBRANCO  Contador  da  Gdade  da  Guar- 
da taõ  nobre  pelo  nacimento  como  in- 
figne pela  Poezia  que  cultivou  com  feli- 
cidade da  qual  fe  lem  algumas  produ- 
çoens  a  foi.  106  do  Cancioneiro  de  Garcia 
de  Kefende.  Lisboa  por  Herman  de  Cam- 
pos   15 16.    foi. 


738 


BIBLIO THE  CA 


lOAÕ  RODRIGUES  CHAVES  filho 
de  Francifco  Rodrigues  Chaves,  c  de 
Arma  Maria  nacco  em  Lisboa  a  6  de 
Novembro  de  1704.  Eíludou  a  lingua 
Latina,  e  Filofofia  no  CoUegio  pátrio  de 
Santo  Antaõ  fendo  feu  Meftre  defta  Fa- 
culdade o  R.  P.  lozé  Moreira  da  Com- 
panhia de  lefus,  que  prezentemente  ocupa 
o  lugar  de  Confeflbr  do  SereniíTimo  Prín- 
cipe do  Brazil.  Aplicou-fe  com  difvelo 
à  liçaõ  da  Hiíloria  Ecclefiaftica,  dos  San- 
tos Padres,  e  Sagrados  Expofitores  de 
cuja  aplicação  colheo  profundas  noticias, 
que    manifeftou    na    feguinte    obra. 

Hijloria  'Exckfiaftica,  e  Chrono lógica  da  primeira 
Idade  do  Mundo.  Flores  hiftoricas  moraes,  e 
criticas  produv^das  entre  os  vicio/os  ef pinhos,  que 
hrotáraõ  os  primeiros  Jeculos.  Tom.  i .  Lisboa. 
Na  Officina  Sylviana,  e  da  Academia  Real. 
1744.  4.  O  2.  e  3.  Tomo  eílaõ  promptos  para 
a  impreíTaõ. 


lOAÕ  RODRIGUES  CORDEIRO  na- 
tural da  Villa  de  Fonte  Arcada  da  Co- 
marca de  Pinhel  em  a  Província  da  Beyra 
filho  de  loaõ  Rodrigues  Cordeiro,  e  Ca- 
therina  Martins.  Depois  de  receber  em 
a  Univerfidade  de  Coimbra  o  gráo  de 
Bacharel  em  a  Faculdade  de  Direito  Pon- 
tifício exercitou  com  grande  credito  da 
fua  literatura  o  Officio  de  Advogado  de 
Cauzas  Forenfes  principalmente  das  per- 
tencentes à  Mitra  de  Lamego.  Falleceo 
em  a  Villa  de  Moymenta  da  Beyra  a 
29  de  Agoílo  de  1731.  quando  contava 
80  annos  de  idade.  Para  demonftraçaõ 
do  profundo  eíludo,  que  tinha  feito  nas 
matérias  jurídicas  publicou  a  feguinte  obra 
em  que  fe  admiraõ  fubtilmente  interpre- 
tadas muitas  das  noíTas  leys  Municipaes, 
como  também  vários  textos  de  hum,  e 
outro    Direito. 

Dubitationes  in  foro  frequentes  more  juri- 
dico  difputata,  d?*  fecundam  Jus  nojlrum  refoluta 
ex  vera,  €^  in  multis  fortajfe  nova  illius  intelligen- 
tia.  Opus  in  quatuor  partes  divifum.  i .  de  Tejla- 
mentis.  1.  de  Naturalium  fuceffione.  3.  de  Jure 
Emphyteutico.  4.  de  InterdiSHs.  Conimbricac  ex 
Typographia.  Reg.  Colleg.  Artium.  1713.  foi. 


P.  lOAÕ  RODRIGUES  GIRAÕ  na- 
tural da  Villa  de  Alcouchete  em  a  Pro- 
vinda do  Alentejo,  e  filho  de  Francifco 
Giraõ,  e  Beatriz  Lourenço.  Recebeo  a 
roupeta  de  Jefuita  em  o  Noviciado  de 
Coimbra  a  16  de  Dezembro  de  1576. 
quando  contava  17  annos  de  idade.  Na- 
vegou para  a  índia  em  o  anno  de 
1583.  e  com  fervorozo  zelo  cultivou  a 
Vinha  do  Japaõ  cuja  lingua  aprendeo 
para  fe  fazer  intelligivel  aos  Gentios,  que 
atrahio  ao  grémio  da  Igreja.  Partio  a 
lograr  o  premio  dos  feus  trabalhos  apof- 
tolicos  em  o  anno  de   1633.    Efcreveo. 

Cartas  Annuas  de  Nanga^achi  dos  an- 
nos de  1604.  e  1605.  Sahiraõ  vertidas  em 
latim.  Antuérpia:  per  loachimum  Torque- 
cium  161 1.  12.  e  em  Italiano  com  ou- 
tras. Roma  por  Bartholomeu  Zannetti 
1608.  e  1610.  12.  Bologna  por  Gio: 
Baptiíla  BoUagamba.  1609.  8.  No  fim 
deíla   ediçaõ   traz  efcrito  pelo  Padre  Giraõ. 

Kelatione  delia  morte  che  hanno  patita  per  la 
Fede  de  Chriflo  Melchior  Cieco,  e  Melchior  Bugen- 
dono  Giapponefi  fotto  Morindono  Tiranno  de 
Amangucci.   &c. 

Annuas  de  1609.  e  161  o.  Roma  por  Bar- 
tholameo  Zannetti.  161 5.  12. 

Annuas  do  anno  161 1.  efcritas  em  Nagan- 
t^achi  a  11  de  Janeiro  de  161 3.  Ambas  fahiraõ 
Roma  por  Bartholameo  Zannetti.  161 5.  8. 

Annua  do  anno  de  1624.  Roma  pelos  her- 
deiros  de   Bartholameu   Zannetti.    1628.    12. 

Annua  do  anno  de  1626.  efcrita  a  i  de  Março 
de  1627.  Roma  por  Francifco  Corbclleti. 
1632.  12. 

Dellc  fazem  mençaõ  B/^.  Societ.  pag. 
498.  col.  2.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom. 
I.  pag.  390.  col.  2.  e  Franco  Imag. 
da  Virt.  em  o  Nov.  de  Coimb.  Tom.  2. 
pag.    620. 


lOAÕ  RODRIGUES  DE  LEAÕ  ir- 
mão de  António  de  Leaõ  Pinello  de 
quem  fe  fez  larga  memoria  cm  feu  lu- 
gar, teve  o  berço  no  Reyno  do  Pcrú  c 
por  Pay  a  Diogo  Lopez  de  Leaõ  natural 
de  Lisboa  por  cuja  cauza  he  admitido  á  Bi- 
bliotheca    Luíitana.     Foy   Cónego   da   Igre- 


L  USITANA 


7^9 


ja  Cathedral  de  Tascai  íituada  en  la  Pue- 
bla  de  los  Angeles  das  índias  Occiden- 
taes  onde  mereceo  geral  eílimaçaõ  por 
fer  grande  Theologo,  inligne  Pregador, 
e  muito  verfado  na  liçaõ  da  Hiftoria,  e 
letras  humanas,  a  cujo  talento  celebrou 
o  famofo  Lope  da  Vega  Carpio  Laurel 
de  Apollo  Sylv.  2.  com  eíle  Elogio  mé- 
trico. 

Si  a  luan  Kodrigues  de  Leo/í  nò  huviera 

Dado  con  larga  mano 

£/  Cielo  otro  Leon,  que  fuè  Ju  hermano 

Quien  con  L^on  tan  bravo  competiera? 

EJie  en  la  f acra  esfera 

Del  foi  dei  Evangelio  refplandece 

Con  heróica  acion,  que  el  mundo  admira, 

Y  a  quel  con  vivo  efpirito  engrandece 
Quanto  en  el  polo  de  Califlo  mira 
Febo,  que  de  oro,  y  plata  le  enriquece, 

Y  mas,  que  foi  los  dòs  con  tantas  leyes 
Del  Cielo,  y  dei  confejo  de  los  Reyes. 

Compoz. 

La  Perla.  Vida  de  Santa  Margarita 
V.  e  Aí.  Madrid  en  la  Imprenta  Real. 
1629.  4. 

£/  Predicador  de  las  gentes  S.  Pablo, 
fciencia,  preceptos,  avi!(ps  y  obligaciones  de  los 
Predicadores  Evangélicos  con  doãrina  dei  Apof- 
tol.     Madrid  en  la  Imprenta  Real.    1638.  4. 

Juit(io  militar  de  la  batalla  de  D.  Car- 
los de  Ibarra  General  de  Galeones  con  17 
l>láos  de  Olanda  em  31  de  Agojlo  de 
638.    México  por  Bernardo  Calderon.  1638.  4. 

Panegyrico  auguflo  Cafielhano,  e  Latino 
a  D.  Fernando  Infante  Cardenal;  Llanto 
en  las  muertes  de  D.  Filippe  III.  e  D. 
Margarida  de  Auflria  repetida  en  la  dei 
Infante  D.  Carlos:  alegria  en  los  caí^amien- 
tos  de  Filippe  IV.  con  D.  Isabel  de  Bor- 
bon,  de  Lui^  XIII.  de  Francia  con  D. 
Anna  de  Auflria:  celebridad  dei  nacimiento 
de  D.  Carlos  Principe  de  Efpana.  Epitome 
de  las  guerras,  de  Alemania^  y  Flandes. 
México    pelo  dito    ImpreíTor.    1639.    4. 

Parecer,  que  diò  en  defenfa  de  la  Pin- 
tura. Madrid  por  Francifco  Martines.  1633. 
4.  He  o  ultimo,  que  eiiá  nos  Diálogos 
da  Pintura  compoílos  por  Vicente  Car- 
ducci. 

Martyrologio    de    los   que    an  padecido  por 


la  Fee.  Deíla  obra  o  fazem  author  Gil  Gon- 
zalves  de  Avilla  Theatr.  dela  Iglef  delos  Angeles 
de  la  nueva  Ffpanà,  e  o  moderno  addicionador 
da  Bib.  Occid.  de  Ant.  de  Leaõ.  Tom.  2.  Tit. 
23,  col.  843. 

Kelacion  dei  Viage  de  los  Galeones  de  la  Real 
Armada  de  las  índias  el  ano  de  1627.  defde,  que 
falieron  de  Cadii^  hafla,  que  bolvieron  a  el  con  dif- 
cripcion  de  los  puertos  en  que  entraron.  M.  S. 
Defta  obra  faz  mençaõ  António  Pinello  irmaõ 
do  Author  Bib.  Occid.  Tit.   16. 

Memorial  ai  Key  fobre  la  Ereccion,  Divijion 
de  la  Iglefia  de  Guaçacoalco  y  Tabafco  en  el  Ter- 
ritório de  la  Puebla  de  los  Angeles,  foi.  Imper. 
Deíla  obra  faz  memoria  o  moderno  addicio- 
nador da  Bib.  Occid.  de  António  de  Leaõ 
Tom.  2.  Tit.  21.  col.  803. 

Quarefma  meditada  en  Epigramas.  M.  S. 
Confervava-fe  eíla  obra  na  Livraria  de  D. 
Lourenço  Ramires  dei  Prado  como  efcreve 
Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  650. 
col.  2. 

lOAÕ  RODRIGUES  DE  LUCENA 
filho  de  Chriftovaõ  de  Lucena,  e  neto 
de  Vafco  Fernandes  de  Lucena,  que  acom- 
panhou em  o  anno  de  1435.  ao  Marquez 
de  Valença  D.  AíFonfo  Embaxador  ao 
ODncilio  de  Bafilea  onde  recitou  a  Ora- 
ção Obediencial  com  geral  eílimaçaõ.  Foy 
cazado  com  D.  Maria  Tavares  filha  de 
Sancho  Tavares  de  quem  naõ  deixou  def- 
cendencia.  Teve  génio  feliz  para  a  Poezia 
de  que  faõ  teílemunhas  os  Verfos,  que  fe 
lem  em  o  Cancioneiro  de  Garcia  de  Kefende. 
Lisboa  por  Hermaõ  de  Campos.  15 16.  foi. 
defde  foi.  139.  até  142.  Entre  eílas  Poe- 
zias  eílaõ  duas  Cartas  traduzidas  de  La- 
tim em  Portuguez,  huma  de  Sabino,  e  ou- 
tra  de   Ovidio   com  eíles   titulos. 

Carta  de  Ulyffes  a  Penélope. 

Carta  de  Enone  a  Pari;^^. 

lOAÕ  RODRIGUES  DE  SA',  E  ME- 
NEZES. Senhor  de  Sever,  Matozinhos, 
Payva,  Baltar,  Alcayde  mòr  da  Cida- 
de do  Porto,  e  do  Confelho  delRey 
teve  por  Progenitores  a  Henrique  de 
Sá,  e  Menezes  Senhor  de  Sever,  e  Al- 
cayde    mór     do     Porto,     e     a     D.     Brites 


740 


BIBLIO THE  C  A 


de  Menezes  filha  de  D.  loaõ  de  Menezes 
Senhor  de  Cantanhede,  e  de  D.  Leonor 
da  Sylva.  Dotado  de  fublime  engenho  apren- 
deo  com  facilidade  as  Artes  liberaes,  e  fallou 
com  expedição  as  línguas  fahindo  taõ  emi- 
nente em  a  Latina  que  illuftrou  com  varias 
obfervaçoens  a  Virgílio,  e  traduzio  na  lín- 
gua materna  muitas  Elegias  de  Ovídio. 
Naõ  foy  menos  verfado  na  intelligencia  da 
Grega  fazendo  doutiíTimos  commentos  a 
Homero,  Pindaro,  e  Anacreonte  Princepes 
defte  Idioma.  G^m  a  continua  liçaõ  de  taõ 
famozos  Corifeos  da  Poefia  fe  lhe  infundio 
a  inclinação  para  prafticar  os  preceitos  def- 
ta  divina  Arte  fendo  os  feus  verfos  mais 
eftimaveis  pela  profundidade  dos  concei- 
tos, que  pela  elegância  das  vozes.  Naõ  lhe 
deveo  menor  difvelo  a  Hiíloria  Secular,  e  a 
Filofofia  penetrando  com  huma  os  fegredos 
da  natureza,  e  inílruindo-fe  com  a  outra 
nos  myfterios  da  Politica.  As  fciencias  que 
com  o  eftrondo  das  armas  fe  viaõ  fugitivas 
deíle  Reyno  as  introduzio  fuavemente  fa- 
zendo com  o  feu  exemplo,  que  as  PeíToas 
da  primeira  lerarchia  fe  aplicaíTem  aos  ef- 
tudos  de  que  eftavaõ  divorciados,  como 
em  feu  aplauzo  cantou  o  infigne  Francifco 
de  Sà,  e  Miranda. 

As  leiras,  que  naÕ  achajles 

Vòs  as  metejles  na  terra 

A'  nobreza  as  ajuntaftes 

Com  quem  dantes  tinhaõ  guerra. 
Eíbis  expreflbens   métricas  as  verteo  em 
mais    elegante    lingua    o    famozo    Macedo 
Dom.  Sádica,  p.  54. 

Hoc  irrepertas  tempore  litteras 

Tu  luce  donas,  puluere  fuf  citas 

Armifque  florentum  virorum, 

Qua  fuerant  inimica  jungis. 
Naõ  foy  menos  claro  na  Paleílra  de  Marte 
do  que  fora  na  Aula  de  Minerva  pois  feguin- 
do,  e  excedendo  os  progreflbs  de  feu  Tio 
D.  loaõ  de  Menezes  Senhor  de  Cantanhede, 
deu  illuftres  argumentos  de  feu  valor  nas 
campanhas  de  Azamor,  e  Arzilla  onde  im- 
mortalizou  o  nome  na  poíleridade.  Com 
igual  fidelidade  que  definterefle  fervio  a  quatro 
Monarchas  fuceíTivos  confiando  da  fua  pru- 
dente direção  os  mais  graves  negócios  da 
Monarchia.    Por  duas  vezes  reprezentou  a 


auguíla  peíToa  delRey  D.  Manoel  com  o 
honorifico  Carafter  de  feu  Embaxador;  a 
primeira  mandando  no  anno  de  15 16.  vizi- 
tar  a  Fernando  Catholico  feu  fogro  que 
eílava  doente  de  cuja  infermidade  morreo; 
e  a  fegunda  acompanhando  a  Senhora  D. 
Beatris  quando  fe  foy  defpozar  no  anno 
de  15  21.  com  Carlos  III.  de  Saboya  em  cuja 
fimçaõ  fe  admirou  a  generofa  profufaõ 
do  feu  animo.  Com  femelhante  Caraôer 
o  nomeou  a  Mageftade  de  D.  loaõ  o  III. 
a  Carlos  V.  fendo  a  repetição  deftas  no- 
meaçoens  o  mais  evidente  argumento  da 
fua  madura  capacidade,  e  prudente  juizo. 
Cazou  com  D.  Camilla  de  Noronha  filha 
de  D.  Martinho  de  Caftellobranco  I.  Con- 
de de  Villanova,  e  Camareiro  mòr  delRey 
D.  loaõ  o  III.  Governador  das  luftiças, 
e  Vedor  da  Fazenda  dos  Reys  D.  Af- 
fonfo  V.  D.  loaõ  o  II.  e  D.  Manoel,  e  de 
D.  Mecia  de  Noronha  filha  de  loaõ  Gon- 
zalves  da  Camará  Capitão  da  Ilha  da  Ma- 
deira, e  D.  Maria  de  Noronha  de  quem 
teve  a  Francifco  de  Sà,  e  Menezes  primeiro 
Conde  de  Matozinhos  do  qual  fe  fez  larga 
memoria  em  feu  lugar.  Chegou  a  contar 
cento,  e  quinze  annos  de  idade  com  igual 
vigor  no  juizo,  que  no  corpo  de  tal  forte 
que  fendo  já  de  cem  annos  montava  com 
fumma  agilidade  os  cavallos,  e  os  mandava 
com  a  mefma  deílreza  que  tinha  na  idade 
juvenil.  Falleceo  piamente  na  Cidade  do 
Porto  no  anno  de  1576.  e  jaz  fepultado  em 
a  Capella  do  Capitulo  do  Convento  de  N. 
Senhora  da  Conceição  de  Matozinhos,  e 
na  campa  de  bronze  fe  lè  gravado  eíle  breve 
epitáfio. 

Aqui  jã!(^  loaõ  Rodrigues  de  Sá. 

A  eíle  grande  Cavalhero  dedicarão  vá- 
rios elogios  em  verfo,  e  profa  infignes  Ef- 
critores  como  faõ  Damiaõ  de  Góes  Cbron. 
delRey  D.  Manoel  Part.  4.  cap.  58.  A  quem 
fe  pode  dar  inteira  fé  pela  muita,  e  varia 
liçaõ,  e  doãrina,  que  nelle  há  nas  Artes  Li- 
beraes, e  Filofofia,  e  experiência  das  cousas 
que  de  feu  tempo  acontecerão  nejles  régios, 
e  outros.  lUuftriíTimo  Cunha  Cathal.  dos 
Bifp.  do  Port.  Part.  2.  cap.  36.  Grande 
Poeta,  e  Orador,  e  dos  que  com  fua  Poetam 
authoriv^araJÔ  a  Nafaõ  Portuguesa.  loan.   Soar. 


L  USITAN A, 


741 


de   Brit.    Theatr.   Ijdjit.   Lifer.   lit.   I.   n.    71. 
Vir  omnis  literatura  peritia   clarus.    Fr.    Ma- 
noel   da    Efper.    Hijl.    Seraf.    da    Prov.    de 
Portug.    Part.    2.    liv.    10.    cap.    53.     VaraÕ 
grave   por    armas,    e   por  prudência.    Macedo 
Dom.    Sádica,    p.    49.     Pueritiam    in    littera- 
ria    palejira     magijlris    erudiendam     dedit,     & 
ingenium,    quod    acre    ohtigerat.    difciplinis    ex- 
collíút.      Cum    rudi   illo  Jaculo    latine    balbuti- 
rent    homines    ille    in    Gracum   fermonem    lin- 
guam   Jolvere    voluit    (&    in    barbaras   Jcholas 
Atiçam     elegantiam      intulit.      Bonuci      Iftor. 
di    D.    Affonf.    Henr.    lib.    3.    cap.    10.    de 
Índole    generofa,     e    di    acutijjimo    ingegno    che 
feppe  fino    de   gli  anni  piu  teneri  appieno  col- 
tivare  fra  le  arte  piu  belle  dei  Lat^io,  e  delia 
Grécia;     verfatijfimo     nella     Filofofia     umana, 
e  divina;   abile   con  igual  laude  a  manegiar  la 
Jpada,    e    la   penna,   prudente    ne    configli,    in- 
trépido   ne    pericoli,    inalterabile    nelle    vicende 
di   profpera    ó    rea   fortuna,    e   fopratuto    di 
antica  probitã,   e  de  vita  veramente    Chrifiiana. 
Catald.    Sicul.   Epifiol.   lib.    2.   Epifi.   ad  Co- 
mitem    Alcoutinii    D.    Petrum    Menefium,    en- 
tre    outras     couzas     de     que     coníla     eíla 
carta    diz    fallando    de    loaõ    Rodriguez    de 
Sà,     e     Menezes.      loannem    Kodericum,    qui 
pulchra    ne    corporis    dijpofitione,    an    ingenio, 
modefiia,     optimis     que     moribus,     an     loquendi 
fuavitate,    (&    rerum   peritia    excellat,    magto- 
pere     dubito:    qui    adolefcens    ad    buc    natura 
duce,    et  fuo  ftudio    adeò    enituit,    ut   quoscum- 
que    habuit   praceptores,   facile,    <&    brevi  fu- 
peraverit.      Nec    contentus    opibus  patemis,    et 
avitis,    ut    omnium  fere   generoforum    hac    nof- 
tra   tempefiate   natura   efi,  fed  literas  ita   vi^- 
lanter    profequitur    tum    legendo,  tum    peritio- 
res  fifcitando,   ac  fi  per   illas  foret  fibi  viãus 
queerendus   Carvalho    Corog.    Portug.    Tom.    i. 
p.  413.    ¥oj  grande    Poeta,    e    Orador.    Souza 
Apparat.   a  Hifi.   Gen.  da  Ca;^.   Real  Portug. 
p.  40.  §.  19.    Teve  grande  erudição,  foube  as  Artes 
liberaes,    e    a    Filofofia   admiravelmente.     Fran- 
cifco  de  Sá,  e  Ivliranda  Carta  4. 

Dos  noffos  Sãs  Colonefes 

GraÕ  tronco,  nobre  coluna, 

Grojfo  ramo  dos  Menev^s 

Em  fangue,  bens  da  fortuna 

Que  be   todo  entre   os   Portugueses. 


Aias  vós  que  fempre  vos  rifies 
Do  povo  que  naÕ  vè  mais 
Ricamente  alma  vefiifies 
O  mais  tendes  por  de  mais. 
Diogo  Bernardes  Uma.  Cart.  7.  a  Pedro- 
de  Lemos. 

luà  tens  o  grande  Sá,  naÕ  Sà  Miranda 
O  de  Meneses  digo,  o  qual  bonrou 
Configo  as  nove  Irmãos,  tens  f  eu  filho 
Que  na  brandura  mais  fe  levantou. 
E  na  Carta  32  efcrita  ao  mefmo  loaõ  Ro- 
drigues de  Sà. 

E  pois  a  vojfo  ef pirita  naõ  fe  ef conde 
O  lume  da  doutrina  pura  e  rara 
Day  lu^  ao  meu  Poema  porque  fefa 
Seguro  da  nociva,  e  cega  enveja. 
O    Doutor    António    Ferreira    Põem.    Ljffit.^ 
Sonet.  liv.  I.  Sonet.  52. 
Alegrame,  e  entrifiece  a  real  Cidade 
Qu'o  Douro  rega,  e  meus  Sãs  ennobrecem 
Com  as  armas,  e  trofeos  que  refplandecerff 
E  refplandeceraõ  em  toda  a  idade. 
Ifio  me  alegra,  e  fafme  faudade 

Ver  a  dito:(a  terra  em  que  aparecem 
As  raives  de  buma  planta  em  que  florecem^ 
Fermofura,  faber,  e  alta  bondade. 
Aqui  o  tronco  naceo  que  em  toda  a  parte 
Deu  gloriofos  ramos  de  bonra  e  gloria 
Nas  armas,   e   efquadroens  do  fero   Marte^ 
&c. 
E  no  liv.  I.  das  Cartas.  Carta  6.  efcrita  ao 
mefmo   loaõ   Rodrigues   de   Sà,   e   Menezes 
afliítindo  na  Gdade  do  Porto. 
Antigo  Paj  das  Mufas  defia  terra 
Illufire  geração  forte,  e  prudente 
Igual  fempre  na  pa^  igual  na  guerra. 
Vifiete  ja  louvar  da  tua  gente 
Vifiete  dos  eftranbos  envejado 
E  vefie  bora  viver  tan  longamente... 
Enriquecefies  o  peito,  e  a  memoria 
D'  altos  exemplos  de  antigos  feitos 
Que  no  mundo  deixarão  clara  bifioria. 
Encbendo  a  alma  fam  de  faõs  conceitos 
A  ra^aÕ  fegues,  que  te  leve,  e  guie 
Pelos  caminhos  que  ao  Ceo  vaõ  direitos. 
Quando    mais   ociofo,    entaõ  abrindo 
Os  bons  livros  regendo  efiás  tua  terra 
Em    ti   as  próprias    leys    tuas    cumprindo 
&c. 
O    P.    Luiz    de    Aguilar    da    Companhia 


742 


BIB  LIO  THE  CA 


de    Jefus    Paneg.    ad  D.    loan.    Kodericttm   Sã 
Menefium   loan.    IV.    cubículo    Prapofitum. 
Qui  proavos   virtute,    (Ò*   Avum   qui   nomine 

prafert: 
Cui    Parca    non  parca    manus    dat    Neftora, 

datque 
Explere    Ejóoící    numerojum  pulveris   avum. 
Hinc    Mu/a    in  pretio,    <&    dileíta    Palladis 

artes: 
Cumque    Deo    mens    taHa,    ulli    non    largtus 

ujquam 
<Zaftalíos  latices,  et  amicam  vatibus  undã 
Effluxijfe   putes:    nullius  peãora    tantus 
Intravit   calor,    aut   tanti   data   copia  pleãri. 

Sed  nihil  ingenium,  nihil  heu  tam  grande  mo- 

rata  eft 
Averjum  ftudiis  depafta  incúria  Jeclum. 
Invidia,    credo,    PamaJJum    agitante    Camana 
Ne  foret  hic  pátria  alter,   <&  alter  Apollo 
Qua  tamen  a  tanto  rejlant  vejligia  damno 
Arguti   doãos   commendant  peãinis    iãus 
Ac    dignum    Calo,    <ò'  pralo   oftentat   opus: 

omnes 
Defcendijfe  putes   modulata   ad  carmina   Mu- 
fas. 
Henrique    da    Motta    no    Cancioneiro    de 
Kefende  2.  foi.   204.  verf.   o  louva  com  eftas 
vozes. 

Senhor  a  quem  Febo  deu 
Ungua  Virgiliana 
De  que  corre,  de  que  mana 
Quanta  fama  ouço  eu. 
E  alem  dejle  primor 
O  muy  alto  Deos  de  amor 
Triumfante 

Vos  fe:^  hum  gentil  galante 
De  Damas  graõ  fervidor. 
De  nobrei^a,  e  fidalguia 
Efcufo  eu  de  f aliar, 
Pois  vojfo  claro  folar 
Como  Sol  refplandecia ; 
E  das  Artes  liberaes. 
E  Virtudes  Cardeaes 
Naõ  vos  gabo. 
Porque  niflo  naô  tem  cabo 
A  ff^am  fama,  que  là  daes. 
Compoz. 

Quarenta,  e  nove  Quintilhas  aos  Bra^oens  das 
Armas  das  Familias  de   Portugal.     Começaõ. 


Por  fe  levantar  a  gloria 
Das  Linhagens  muy  honradas 
Que  por  obras  mtty  louvadas 
Defi  leixaraõ  memoria 
A  quem  lhes  figuas  pilhadas. 

Sahiraõ  impreíTas  no  Cancioneiro  de  Gar- 
cia de  Kefende  Lisboa  por  Hermaõ  dei  Cam- 
po 1516.  foi.  defde  foi.  114.  até  127.  O  Ori- 
ginal fe  conferva  na  feleílifTima  Livraria 
do  ExcellentiíTimo  Marquez  de  Abrantes 
fexto  Neto  do  Author.  Defta  obra  fazem 
particular  memoria  os  Padres  Bonucci,  e 
Souza  nos  lugares  aíTima  allegados;  D.  An- 
tónio Soares  de  Alarcão  Kelac.  Genealog. 
cap.  9.  pag.  58.  e  pag.  18.  cap.  5.  Gonçalo 
Argote  de  Molina  em  a  Noble^.  de  Andalus^. 
onde  fe  equivocou  com  o  nome  do  Author 
chamando-lhe  Francifco  cujo  erro  feguio  o 
Padre  Cláudio  Meneftrier  Art.  du  Bla(pn. 
pag.  74. 

Nobili,  ac  doãijftmo  viro  Damiano  á  Góes 
fuo  S.  P.  D.  Epiflola  data  Portu  Gallia  Idi- 
bus  lanuarii.  1541.  Começa.  Ut terás  tuas, 
(&  Carmanici  belli,  feu  mavis  Aracofici  Com- 
mentaria  libens  accepi.  Sahio  impreíTa  nas 
obras  de  Damiaõ  de  Gocs.  Lovanii  apud 
Rutgerum  ReíTium.  1544.  4. 

Carta  efcrita  do  Porto  em  Novembro 
de  1558.  a  Damiaõ  de  Góes.  Delia  tranf- 
creveo  grande  parte  o  mefmo  Góes  na 
Chronica  delRey  D.  Manoel  Part.  4.  cap.  38. 
Efta  Carta  traduzio  na  lingua  Latina  o 
infigne  Fr.  Francifco  de  Santo  Agoftinho 
Macedo,  e  a  imprimio  no  livro  intitulado 
Domus  Sádica  a  pag.  5  7. 

Cadabali  Gravio  Calydonio  S.  D.  Epif- 
tola  data  Portugallia  quarto  Calend.  Septemb. 
an.  1568. 

Cármen  in  Keliffofijfími  DoHoris  Koderià 
Pinarii  Dei  gratia  Portugallenfts  Epifcopi  Eft- 
comium.  Confta  de  26  Dyftichos.  Huma, 
e  outra  obra  fahiraõ  impreíTas  na  Pityo^aphia 
Cadabalis  Gravii  OlyíTipone  apud  Antonium 
Gonzalves.  1568.  4. 

Annotaçoens  ao  Nobiliário  do  Conde  D. 
Pedro.  M.  S.  Defta  obra  fazem  memoria 
Argote  de  ^íolina  Noblev^a  de  Andai.  liv.  i. 
cap.  48.  e  D.  António  Caet.  de  Souz. 
Appar.  a  Hifi.  Gen.  da  Ca^-  Keal  Portug. 
pag.  6i.  §.  19. 


I 
I 


L  USITAN  A. 


De  vera  Plátano  apud  nos  reperta  Com- 
mentatio.  Ad  amicum  loidovicum  Teixei- 
ram  Regis  Palatii  expeditorem.  Aí.  S.  Pal- 
iando defta  obra  loaõ  de  Barros  Geograf. 
de  Enír.  Dour.  e  Alinh.  foi.  29.  verf.  A. 
Igreja  do  lugar  de  Zurara  he  muy  boa; 
iunto  delia  efiã  huma  arvore  Juave,  e  grande 
a  modo  de  Amoreira  porque  tem  a  ma- 
deira torta,  mas  as  folhas  faÕ  como  de  vide 
fmá  frefcas;  naõ  fahem  bem  o  nome  delia; 
e  loaõ  Kodriguei^  de  Sá  fidalgo,  e  VaraÕ 
mui  doão  afirma  fer  ejla  arvore  Plátano,  e 
fet^  em  luitim  Jobre  iffo  hum  Tratado  mui 
elegante  provando  a  Jua  tenção  por  muitas 
re^oens,  e  authoridades.  Sendo  impugnada 
efta  obra  por  loaõ  Fernandes  Meílre  de  le- 
tras humanas  em  Coimbra  lhe  refpondeo  o 
Author  com  fundamentos  novos  em  que 
eftabelecia  mais  foUdamente  a  fua  opinião, 
e  a  dedicou  ao  Cardial  Infante  D.  Henrique 
no  anno  de  1537. 

Tratado  da  Cidade  de  Coimbra  M.  S.  He 
allegada  eíla  obra  por  Pedro  de  Mariz  Dial. 
de  Var.  Hijl.  Dial.  i.  cap.  4. 

lOAÕ  RODRIGUES  DE  SÁ,  E  ME- 
NESES Terceiro  Conde  de  Penaguião, 
e  bifneto  do  precedente,  Senhor  de  Se- 
ver, Matozinhos,  Payva,  Baltar,  Alcay- 
de  mór  do  Porto  Commendador  de  S. 
Pedro  de  Faro  e  S.  Tiago  de  Cacem  da  Or- 
dem de  S.  Tiago  Commendador  e  Alcay- 
de  mór  de  S.  Tiago  de  Proença  na  Ordem 
de  Chriílo,  naceo  em  Lisboa  a  4  de  No- 
vembro de  161 9.  e  teve  por  Progenito- 
res a  D.  Francifco  de  Sá,  e  Menezes  11.  Con- 
de de  Penaguião,  e  Camareiro  mór  de 
Filippe  IV.  e  D.  loanna  de  Caftro  filha 
de  loaõ  Gonzalves  de  Attayde  V.  Con- 
de da  Attouguia.  Na  idade  juvenil  deu 
evidentes  provas  do  engenho  com  que  na 
adulta  foy  venerado  dos  mayores  erudi- 
tos cultivando  com  tanto  difvelo  as  fcien- 
cias  amenas,  e  feveras,  como  fe  as  hou- 
vera  de  enfinar.  Penetrou  com  igual  agu- 
deza as  dificuldades  da  Filofofia  como  as 
máximas  da  PoUdca,  que  fempre  regulou 
pelos  diâames  do  Evangelho.  Foy  Cama- 
reiro mór  dos  Reys  D.  loaõ  o  IV.  e  D.  Af- 
fonfo  VI.  Confelheiro  do  Eílado,  e  Guerra, 


743 

Embaxador  Extraordinário  a  Inglaterra,  e 
neíles  authorizados  lugares  praâicou  fum- 
ma  fidelidade  para  com  o  feu  Soberano,  e 
incanfavel  zelo  para  os  augmentos  da  Monar- 
chia.  Havendo  no  anno  de  1657.  efmal- 
tado  a  Campanha  de  Badajos  com  o  própria 
fangue  no  aíTalto,  que  deu  a  efta  Praça  o 
noíTo  exercito  governado  pelo  Conde  de  S. 
Lourenço  fucedeo,  que  no  anno  feguinte 
aífiftindo  ao  mefmo  fitio  fe  retirou  infermo 
ao  Mofteiro  de  S.  Francifco  fituado  fora 
dos  muros  da  Qdade  de  Elvas  onde  fendo 
prizioneiro  pelo  exercito  Caftelhano,  que 
mandava  D.  Luiz  Mendes  de  Haro,  e  le- 
vado para  o  Campo  acabou  a  vida  merece- 
dora de  mais  larga  duração  a  21  de  Outu- 
bro de  1658.  quando  contava  trinta,  e  nove 
annos  de  idade.  Foy  fepultado  em  a  Qda- 
de de  Elvas.  Cazou  com  D.  Luiza  Maria 
de  Faro  fua  Prima  filha  de  D.  Luiz  de  At- 
tayde V.  Conde  da  Attouguia,  e  de  D.  Fi- 
lippa  de  Vilhena  Camareira  mór  da  Ray- 
nha  D.  Luiza  Francifca  de  Gufmaõ  de  quem 
teve  D.  Francifco  de  Sá  que  morreo  me- 
nino: D.  Francifco  de  Sá  de  Menezes  L 
Marquez  de  Fontes  IV.  Conde  de  Pena- 
guião, e  Camareiro  mór  delRey  D.  Affon- 
fo  VI.  D.  Miguel  de  Almeyda  Senhor  do 
Sardoal,  e  Alcayde  mór  de  Abrantes,  que 
morreo  a  18  de  Novembro  de  1674.  fem 
fuceíTaõ:  D.  Fihppa  de  Vilhena,  que  ca- 
zou com  D.  lozé  de  Lancaftro  III.  Con- 
de de  Figueiró  Commendador  de  Aviz  em 
51  de  lulho  de  1664.  e  faUeceo  no  anno 
de  1689.  fem  deixar  geração:  D.  loanna 
de  Caftro,  e  D.  Maria,  que  morrerão  fem 
tomar  eftado  Com  vários  Elogios  he 
celebrado  o  feu  nome.  D.  Luiz  de  Me- 
nezes Conde  da  Ericeira  Portug.  Kejl. 
Part.  2.  Uv.  3.  pag.  133.  era  fummamente^ 
valerofo,  e  entendido,  e  amantijfimo  da  conjer- 
vaçaÕ  do  Rejno.  Efperança  Hifi.  Seraf.  da  Prov. 
de  Portug.  Part.  2.  liv.  10.  cap.  53.  n.  3.  flo- 
receo  em  todas  as  boas  partes  de  que  confia  hum 
Cavalheiro  perfeito:  esforço,  letras  humanas,, 
e  grande  amor  da  pátria.  Carvalho  Co- 
rog.  Portug.  Tom.  3.  pag.  413.  Peffoa  de 
grande  fupofiçaõ.  P.  Emman.  Lud.  in  Pra~ 
loq.  Vit.  Princip.  Theodos.  n.  19.  de  ajferta 
L^fitania    optime    meritus.     lantillet    EJvia    ab 


744 


BIB  LIO  THE  CA 


€hfidione  liberai,  pag.  ly  Macedo  Dom.  Sa- 
Jica.  pag.  99.  e  feguintes.  Souza  Hiji.  Gen. 
■da  Caz.  Real  Portug.  Tom.  9.  liv.  8.  pag. 
47.  e  nas  Mem.  HiJi.  e  Gen.  dos  Grand.  de  Por- 
Jííg.  p.  43.  Padre  Lourenço  de  Aguilar  Pa- 
negyr.  ad  Joan.  Roder.  Sá  MeneJ. 
Quid   prius    admirer?    maffta    num    mentis 

acumen, 
Et  quas  ingenio   felici  ampleãitur  artes? 
Quis   luitio    Procerum  Jermone  potentior?  ec 

quis 
Ad  Jophiam    incubuit    tantus?    dum    no/cere 

rerum 
Fejlinat  caufas,   naturaque   ahdita   quarit. 
llle  fovet  Mu/as,  docios  colit:  ille  poetas 
Profequitur    donis,     illi    mea    carmina    cura. 
Efcreveo,  e  publicou  com  o  nome  de  Vi- 
cente    Soares     de    Gufmaõ    feu    particular 
amigo. 

Ultimas  Acçoens  delRey  D.  loaõ  IV.  Nojfo 
Senhor  Lisboa  Na  Officina  Crasbeckiana. 
1657.  4. 

EJogio  Funeral  do  Príncipe  D.  Theo- 
dofio ,  relação  das  exéquias,  e  lutos  com  que 
Jentio  fua  morte  loaÕ  Rodrigues  de  Sã  Con- 
de de  Penaguião  Camareiro  mór  <á'c.  dos 
Confelhos  de  EJlado,  e  Guerra,  Embaxa- 
Jor  Extraordinário  a  Inglaterra.  Londres 
1653.  4.  Sahio  em  nome  de  hum  feu 
■Criado.  Defta  obra  compofta  pelo  Conde 
de  Penaguião  extrahio  o  P.  Manoel  Luiz 
•da  Companhia  de  lefus  noticias  para  a 
Vida  que  efcreveo  do  Príncipe  D.  Theo- 
-dozio  como  elle  confeíTa  no  Prologo  delia, 
n.  16. 

Duas  Cartas  ejcrita  a  primeira  a  El- 
Rrf  D.  loaÕ  o  4.  e  a  fegunda  ao  Príncipe 
D.  Theodo!(io  em  zS  de  lulho  de  1650.  Sahi- 
raõ  impreíTas  em  a  obra  intitulada  Domus 
.Sádica  compofta  pelo  grande  P.  Fr.  Fran- 
cifco  de  Santo  Agoftinho  Macedo,  e  por 
cUe  mefmo  traduzidas  em  Latim  defde  pag. 
123.  até  125. 

Conjíderaçoens  fobre  o   Pfalmo  Miferere  mei 
Deus.  M.  S. 

Ócio     do     Conde     Camareiro     môr    deàica- 
Jo    ao    SereniJJimo    D.  Affonfo     VI.    Rey    de 
Portugal.     Efla     obra     em     que     formava 
a    idea    de    hum    Príncipe    perfeito    con- 
firmada  com  exemplos   dos   Reys   de   Por- 


tugal foy  efcrita  em  o  lugar  de  Que- 
lús  diftante  huma  legoa  de  Lisboa  eftan- 
do  convalecendo  o  author  de  huma  fe- 
rida. 

Votos  do  Concelho  de  EJlado  defde  i-/  de  Se- 
tembro de  1654.  até  2.  de  Março  de  1656.  M.  S. 
Todas  eftas  obras  fe  confervaõ  na  Livraria  do 
Excellentilfimo  Marquez  de  Abrantes  bifneto 
do  Author. 

Arte  Francesa  ejcrita  para  feus  filhos. 
8.  Delia  confervava  grande  parte  fua  fi- 
lha D.  Filippa  de  Vilhena  Condefla  de 
Figueiró. 

lOAÕ  RODRIGUES  DE  SA»,  E  ME- 
NEZES Commendador  de  S.  Pedro  de 
Folgofinho  em  a  Ordem  de  Chrifto  na- 
tural de  Lisboa  filho  de  Conftantino  de 
Sá,  e  Noronha  de  quem  fe  fez  merecida 
lembrança  em  feu  lugar,  e  de  D.  Luiza 
da  Sylva  filha  de  Duarte  de  Mello  da 
Sylva  fexto  Senhor  de  Povolide,  e  Caf- 
tro  verde,  e  de  D.  Margarida  de  Men- 
donça filha  de  D.  Duarte  da  Cofta  Ar- 
meiro  mòr  do  Reyno,  e  Governador  do 
Brazil.  Foy  difcreto,  urbano,  valerofo,  e 
taõ  infigne  alumno  da  efcola  de  Palias, 
como  de  Minerva.  Teve  os  poftos  de 
Capitão  mòr  das  Náos  da  índia,  c  de 
Governador  do  Caftello  de  S.  Filippc  em 
Setúbal.  Falleceo  a  27  de  Dezembro  de 
1682.  laz  fepultado  em  o  Real  Convento 
de    Santa    Maria    de    Belém.    Efcreveo. 

Rebelion  de  Ceylan,  y  los  pro^effos  de 
Ju  conquijia  en  el  goviemo  de  D.  Conftan- 
tino de  Sã,  y  Norona  fu  padre.  Lisboa 
por  António  Crasbeeck  de  Mello.    1681.  4. 

Delle  fazem  mençaõ  D.  Luiz  Salaz. 
y  Caftr.  Hift.  Gen.  da  Cav^.  de  Sylv.  Part. 
2.  liv.  12.  cap.  23.  e  o  moderno  addi- 
cionador  da  Bib.  Oríent.  de  António  de 
Leaõ    Tom.    i.    Tit.    3.    col.    72. 

Fr.  lOAÕ  DO  SACRAMENTO  cha- 
mado no  feculo  loaõ  Ribeiro  naceo  em 
Lisboa  onde  fendo  virtuofamente  edu- 
cado por  feus  Pays  António  Ribeiro,  c 
Maria  Ribeira  abraçou  o  auftero  inftitu- 
to  de  Carmelita  Defcalfo  cm  o  Conven- 
to   pátrio    de    Noífa    Senhora    dos    Reme- 


L  USITAN A, 


745 


dios  a  5  de  Novembro  de  1684.  com  o 
nome  de  Fr.  loaõ  dos  Santos  que  mu- 
dou em  o  do  Sacramento  quando  folem- 
nemente  profeíTou  a  11  de  Novembro  de 
1685.  Eftudou  Artes  em  o  Collegio  de 
Figueiró,  e  Theologia  em  o  de  Coim- 
bra em  cujas  Faculdades  excedeo  aos  con- 
difcipulos,  competio  com  os  Meftres  prin- 
cipalmente quando  as  diâou  pelo  efpaço 
de  doze  annos  em  o  Collegio  de  Coim- 
bra com  igual  fubtileza  que  profundida- 
de. O  aplauzo,  que  conciliou  nas  Ca- 
deiras, fe  augmentou  em  os  Púlpitos  fen- 
do hum  dos  celebres  Pregadores  que  ou- 
vio  a  Univeríidade  de  Coimbra,  e  a  Cor- 
te de  Lisboa  com  admiração.  Como  o 
feu  engenho  era  de  fuperior  esfera  o  ele- 
geo  a  Provinda  para  feu  Chroniíla  cuja 
incumbência  dezempenhou  com  exceíTo  de 
toda  a  expeétaçaõ  publicando 

Chronica  de  Carmelitas  Defcalfos  particular 
da  Provinda  de  S.  Filippe  do  Keyno  de  Portugal, 
e  fuás  Conquifias.  Tomo  2.  Lisboa  na  Offidna 
Ferreiriana.  1721.  foi. 

Obrigado  de  graviíTimas  cauzas  paíTou 
no  anno  de  1728.  com  faculdade  Pontifí- 
cia para  o  Carmo  Calçado  onde  leyo  Theo- 
logia Moral.  Eftando  hofpede  no  Conven- 
to dos  Religiofos  de  S.  loaõ  de  Deos  def- 
ta  Corte  fe  fentio  acometido  de  huma  taõ 
grave  infermidade,  que  entendendo  fer  a 
ultima  mandou  chamar  ao  Prior  do  Con- 
vento dos  Remédios  Fr.  André  do  Sacra- 
mento onde  nacera  para  Deos,  e  lhe  re- 
comendou pediífe  da  fua  parte  perdaõ  a 
fua  reformada  Província  do  efcandalo  que 
lhe  cauzara  quando  deixou  a  fua  primeira 
vocação.  Recebidos  os  Sacramentos  com 
fumma  piedade  falleceo  a  28  de  Março  de 
1737.  O  feu  Cadáver  foy  conduzido  pelos 
feus  Religiofos  ao  Convento  do  Carmo. 
Delle  faz  diíUnta  memoria  Fr.  Martial  a 
S.  loan.  Baptiíla.  Biblioth.  Script.  Carm. 
Excalc.  p.    251.    Compoz. 

Carta  efcrita  a  10  de  Fevereiro  de  1729. 
ao  P.  Fr.  SimaÕ  António  de  Santa  Catherina 
em  aplaudo  da  Relação  Métrica  que  compoa^  das 
Jokmnijfimas  Fefias  que  o  Convento  do  Carmo 
de  Lisboa  dedicou  na  Canonização  de  SaÕ  loaõ  da 
Cru:^,    Sahio  no  principio  defta    obra    Lis- 


boa    na     Patriarchal     Officina     da     Muíica 
1729.    4. 

Tinha  promptos  para  a  impreflaõ  no 
tempo  que  afliftio  entre  os  Carmelitas  Def- 
calços. 

Sermoens  Vários.  3.  Tom. 

Os  quais  naõ  fahiraõ  à  luz  publica  por 
naõ  querer  emendar  hum  reparo  que  lhe 
fez  hum  Revifor  da  Ordem. 


Fr.  lOAÕ  DO  SACRAMENTO  MON- 
TE ALVERNE.  Naceo  em  a  Qdade  do 
Porto  a  20  de  Agoílo  de  1673.  e  fendo 
educado  virtuofamente  por  feus  Pays  loaõ 
Rodrigues  Porto,  e  Izabel  da  Cunha,  e 
ter  aprendido  a  Hngvia  Latina,  e  huma- 
nidades recebeo  o  habito  de  Menor  no 
recoleto  Convento  de  Noíía  Senhora  da 
Conceição  de  Matozinhos  da  Provinda 
de  Portugal  a  24  de  Abril  de  1692. 
e  profeíTou  a  25  do  dito  mez  do  anno 
feguinte.  Eftudou  as  fdendas  feveras  com 
aplicação  de  que  refultou  padecer  grande 
diminuição  na  faude  por  cuja  cauza  naõ 
feguio  as  Cadeiras,  e  fe  dedicou  ao  mi- 
nifterio  de  Pregador  em  que  tem  alcan- 
çado fama,  de  cujo  argumento  publicou 
quando  era  ComiíTario  da  Ordem  Ter- 
ceira   em    a    VUla    de    Penacova. 

Sermão  nas  Exéquias  do  ExcellentiJJimo 
Duque  D.  Nuno  Alvares  Pereira  de  Mello 
celebradas  em  24  de  Fevereiro  de  1727.  na 
Igreja  Matri^  da  Villa  de  Penacova.  Lis- 
boa na  Officina  da  Muíica.  1730.  foi. 
Sahio  nas  Ultimas  Açoens  do  Duque  def- 
de  pag.  93.  até  106.  onde  eítaõ  duas 
Cartas  do  mefmo  Fr.  loaõ  do  Sacramen- 
to efcritas  de  Penacova;  a  primeira  a  17 
de  Março,  e  a  fegimda  a  5  de  Mayo 
de  1727  ao  Duque  D.  layme.  O  Ser- 
mão fahio  fegunda  vez  impreíTo.  Coim- 
bra   por    Manoel    Carvalho    1727.    4. 

Vida  de  D.  Maria  de  Nápoles  Terceira 
de  S.  Francijco.  4.  M.  S.  Confervafe  na 
maõ    do    Author. 

Relaçoens  das  Congregaçoens  da  Ven.  Or- 
dem Terceira  da  Penitencia  de  S.  Francijco 
fundadas   na    Provinda    da    Beyra.    M.    S. 


74Ó  BIBLIO 

lOAÕ  DE  SALDANHA  DE  ALBU- 
QUERQUE DE  MATTOS  COUTINHO, 
E  NORONHA  Alcayde  mòr  de  Soure 
Commendador  das  GDmmendas  de  NoíTa 
Senhora  da  GDnceiçaõ  da  Savacheira,  S. 
Thomé  de  Alencarcas,  e  S.  Martinho  de 
Lagares  da  Ordem  de  Chriílo  naceo  em 
Lisboa  onde  teve  por  Progenitores  a  Ay- 
res de  Saldanha  de  Albuquerque  Aclama- 
dor  da  Mageftade  de  D.  loaõ  o  IV.  e 
Meftre  de  Campo  na  batalha  do  Montijo 
onde  a  26  de  Mayo  de  1644.  perdeo 
valerofamente  a  vida  em  obfequio  da  pá- 
tria, e  a  D.  Izabel  da  Sylva  irmãa  de 
feu  cunhado  loaõ  Saldanha  da  Gama,  e 
filha  de  LuÍ2  de  Saldanha  Commendador 
de  Alcains,  e  Salvaterra,  Vedor  da  Caza 
da  Raynha  D.  Luiza  Francifca  de  Guf- 
maõ.  Aplicou-fe  na  primeira  idade  ao  ef- 
tudo  das  fciencias  em  a  Univerfidade  de 
Coimbra,  mas  querendo  feguir  os  veíligios 
dos  feus  Mayores  preferio  a  Aula  de  Mar- 
te à  paleílra  de  Minerva  onde  fendo  Ca- 
pitão de  Cavallos  na  Provincia  do  Alentejo 
moftrou  em  repetidos  combates  o  bellicofo 
íangue,  que  lhe  animava  as  veas  fendo 
em  hum  priíioneiro  pelos  Caílelhanos  no 
anno  de  1667.  Por  fer  dotado  de  fumma 
madureza  exercitou  os  lugares  de  Deputado 
da  lunta  dos  Três  Eílados,  Governador, 
e  Capitão  General  da  Ilha  Terceira,  e  da 
Praça  de  Mazagaõ,  Vedor  da  Caza  da  Se- 
reni/Tima  Raynha  D.  Mariana  de  Auíbda, 
Confelheiro  de  Guerra,  Tenente  General  da 
Artilharia,  e  Prezidente  do  Senado  de 
Lisboa.  Foy  cazado  com  D.  Catharina 
de  Noronha  Dama  da  Raynha  D.  Ma- 
ria Francifca  Izabel  de  Saboya  filha  de 
D.  Pedro  Coutinho  Commendador  de  Al- 
mourol,  e  de  D.  Mariana  de  Noronha 
de  quem  teve  a  Ayres  de  Saldanha  de 
Albuquerque  Coronel,  e  Brigadeiro  de  In- 
fantaria, Governador,  e  Capitão  General 
do  Rio  de  Janeiro,  e  Gentilhomem  da 
Camará  do  Senhor  Infante  D.  António: 
D.  Mariana  de  Noronha  Dama  da  Ray- 
nha D.  Maria  Sofia,  que  cazando  com 
loaõ  Pedro  de  Saldanha  Morgado  de 
Oliveira  naõ  deixou  fuceíTaõ;  e  D.  Iza- 
bel   da    Sylva    Dama    da    mefma    Raynha, 


THE  CA 

que  morteo  fem  eftado.  Falleceo  em  ida- 
de proveda  em  a  Villa  de  Santarém  a 
10  de  Setembro  de  de  1752.  laz  enter- 
rado na  fua  Capella  do  Menino  Icfus 
dos  Milagres  fituada  em  o  Convento  de 
S.  Domingos  da  mefma  Villa.  Foy  mui- 
to verfado  na  liçaõ  da  Hiftoria,  e  foube 
com  perfeição  a  lingua  Franceza  da  qual 
por  infinuaçaõ  delRey  D.  Pedro  II.  tra- 
duzio  em  a  materna  fem  declarar  o  feu 
nome. 

Kecopilaçaõ  de  remédios  e/colhidos  de  Ma- 
dama  Fouquet  fáceis,  domefticos,  experimen- 
tados, e  aprovados  para  toda  a  forte  de 
males  internos,  e  externos,  e  difíceis  de  curar 
para  alivio  dos  pobres.  Qiànta  imprejfaõ  au- 
gmentada  de  quantidade  de  fegredos,  emenda- 
da, e  pofta  em  melhor  ordem,  que  as  im- 
prejfoens  precedentes  muito  útil  para  toda  a 
forte  de  familias,  que  podem  fa:(er  efles  re- 
médios com  pouco  cufio.  i.  e  2.  ^arte.  Lis- 
boa por  Miguel  Manefcal  ImpreíTor  do 
Santo  Ofíicio,  e  da  SerenifiTima  Caza  de 
Bragança.  171 2.  8.  Poílo  que  diga  5. 
ImpreíTaõ,  he  a  i.  em  Portuguez,  e  as 
quatro  que  lhe  precederão,  em  Franccz. 

Terceira  Parte  da  Kecopilaçaõ  dos  Remédios 
ef colhidos,  e  recolhidos  por  ordem  da  caritativa,  il- 
lufire,  e  piedofa  Madama  Fouquet  para  confolaçaõ 
dos  pobres  enfermos  com  bum  regimento  de  vida 
para  cada  compreiçaô  e  para  cada  achaque,  e 
hum  Tratado  do  Lejte.  Lisboa  por  António 
Manefcal  Livreiro  de  S.  Mageílade,  e  de  fuás 
Altezas.  17 14.  8. 


k 


lOAÕ  SALGADO  DE  ARAÚJO  natu-  * 
ral  da  Villa  de  Monçaõ  em  o  Arcebifpado 
de  Braga  Doutor  em  Direito  Pontifício  pela 
Univerfidade  de  Coimbra,  Prothonotario  Apof- 
tolico,  Confervador  da  Religião  de  Malta, 
Abbade  da  Igreja  de  S.  Lourenço  de 
Souro  Pirez  donde  paíTou  para  a  de  S. 
Martinho  de  Pêra  em  o  Bifpado  de  Vi- 
feu  no  anno  de  1644.  e  ultimamente  de 
Villanova  de  Fofcoa  deixando  em  todas 
eílas  Parochias  faudofas  memorias  di  fua 
vigilância  paíloral.  Cultivou  com  indefef- 
fa  aplicação  o  eíludo  da  Hiftoria,  c  Ge- 
nealogia fendo  o  feu  mayor  empenho 
narrar  os  gloriofos  fuccflòs,  que  as  Armas 


L  USITAN  A. 


747 


Portuguezas  alcançarão  no  feliz  tempo  em 
que  foy  exaltado  ao  trono  de  Portugal 
o  SereniíTimo  Rey  D.  loaõ  o  IV.  e  de- 
fender a  juftiça  deíla  cauza  contra  a  am- 
bição Caftelhana.  Vir  varia  leãionis  o  in- 
titula loan.  Soar.  de  Brit.  Theatr.  Lnjit. 
Utter.  lit.  I.  n.  72.  Perfona  de  muchas  le- 
tras por  Manoel  de  Faria,  e  Souza  Vid. 
de  Camoens  no  princip.  do  Coment.  das 
Lufiad.  §.  4.  y  doão,  y  t^elofo  efcritor.  no 
Coment.  das  "Lufiad.  Eftanc.  29.  de  engenho 
agudo,  e  animo  atrevido  por  D,  Francifco 
Manoel  Epanaph.  de  Var.  Hifi.  p.  102. 
dofffís  por  António  de  Souza  de  Maced 
Lufit.  Liber.  Proaem  i.  §.  i.  n.  6.  e 
ertiditus  Prosem.  2.  cap.  7  erudito  por  D. 
António  Caetano  de  Souza  Apparat.  á 
Hifi.  Gen.  da  Ca^.  Real  Portug.  p.  87.  §. 
80.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  p. 
594.  col.  I.  Franckenau  Bib.  Hifp.  Gen. 
Herald,    p.    240.     Compoz 

Ley  Regia  de  Portugal  i.  Part.  Ma- 
drid por  luan  Delgado  1627.  4.  He  hu- 
ma  Idea  de  hum  Príncipe  Perfeito  con- 
firmada com  exemplos  dos  Reys  de  Por- 
tugal. 

Summario  de  la  Família  lllufirijfima  de  Vaf- 
conceilos  hifioriada,  y  con  eloffos.  Madrid  por 
luan  Sanches.  1638.  4. 

Marte  Portuguev^  contra  emulanones  Caf- 
tellanas,  o  lufiificaciones  de  las  Armas  delRey 
de  Portugal  contra  Cafiilla.  Lisboa  por  Lou- 
rèço  de  Anveres.  1642.  4. 

Carta  que  un  Cavallero  Bifcaiiio  ejcrevio  en  dif- 
curfos  políticos,  y  militares  a  otro  delReyno  de  Na- 
varra en  repuefia  de  averle  conjultado  fobre  la 
jufiificacion  de  las  Armas  auxiliares  Aragonesas 
Navarras,y  Bijcainas  por  Cafiilla  contra  el  Prin- 
cipado de  Cataluna :  y  le  dà  cuenta  dei  efiado  que 
tienen  las  Portuguesas,  y  abonando  con  graves  do- 
cumentos fu  Jufiificacion  eng-adece  Ju  Valor.  Lis- 
boa por  Paulo  Craesbeeck.  ImpreíTor  de  las 
Três  Ordenes  ívlilitares.    1643.   4. 

Suceffos  Viãoriofos  dei  exercito  de  Alentejo  <&c. 
Relacion  Summaria  de  lo  que  por  mar,  y  tierra 
obraron  las  armas  Portuguesas  contra  Cafiilla  el 
ano  1643.  Lisboa  por  Lourenço  de  Anveres. 
1643.  4- 

Suceffos  militares  das  Armas  Portuguesas 
em  fuás  fronteiras  depois  da  Real  Aclamação  con- 


tra Cafiella  com  a  Geografia  das  Provindas,  e 
nobres^  delias.  Lisboa  por  Paulo  Crasbeeck. 
1644.  4. 

Memorial,  informacion,  y  defenfion  Apologé- 
tico dei  Patronato  de  Ff  pana  por  el  Apofiol.  S. 
Tiago.  Salamanca.  1629.  foi.  A  efta  obra, 
de  que  faz  mençaõ  o  Padre  D.  Manoel  Cae- 
tano de  Souza  Exped.  Hifp.  D.  Jacob.  Tom.  2. 
p.  1325.  §.  368.  aplaude  Manoel  Faria,  e  Souza 
em  o  Soneto  99.  da  Centur.  4.  da  Fuente  de 
Aganip.  o  qual  finaliza. 

Quando    en  punto,    que   a   nuefira    Ffpana   im- 
porta 
Una  pluma  esgrimis  tambien  cortada 
Que   el  Patron  la  corto,  gran   lus   me   ex 
horta. 
Pues  fi  efcriviendo  hiris,  nò  dtido  nada. 

Que  el  con  fu  efpada  vuefira  pluma  corta, 
Y  que  vos  vays  cortando  con  fu  efpada. 

Que  los  efiatutos  de  Portugal  Jurados  por 
fu  Magefiad  nò  impiden  las  Juntas,  que  fe 
hasen  en  efia  Corte  de  Miniftros  Cafielhanos 
fobre  pretenciones ,  pleitos,  y  causas  de  aquel 
Reyno.  foi.  fem  lugar  nem  nome  do  im- 
preíTor.     Saõ    duas    folhas    que    vimos. 

Nobiliário  das  Casas  nobres  de  Galiso- 
M.  S.  Deíla  obra  fazem  memoria  Faria, 
e  Souza.  Vid.  de  Cam.  §.  4.  Marquez 
de  Montebello  Memoria  da  fua  Famil.  p. 
37.  à  margem  Fr.  Filippe  de  Gandara 
Triumf.  de  Galis-  foi.  221.  e  308.  e  na 
foi.  489.  afíirma  que  a  lera,  e  nella 
tratava  feu  Author  da  Familia  dos  Sal- 
gados. 

De  Primatu  EccleJia  Bracharenfis.  M.  S. 
Deíla  obra  o  faz  author  o  Licenciado  lorge 
Cardozo  Agiol.  L,ufit.  Tom.  2.  p.  727  no  Com- 
ment.  de  26  de  Abril  letr.  A. 

Do  Sacrificio  da  Mi  ff  a.  M.  S.  Deíla  obra 
faz  mençaõ  loaõ  Franco  Barreto  Bib.  Portug. 
M.  S. 

Fr.  lOAÕ  DE  SAHAGUM  natural 
da  Villa  de  Cea  da  Comarca  da  Guar- 
da, e  do  Bifpado  de  Coimbra  em  a  Pro- 
vinda da  Beira  onde  teve  por  Pays  a 
Pedro  Gomes  de  Abreu,  e  D.  Maria  de 
Caibro     defcendentes     de     famílias     nobres. 


748 


BIBLIO THE  CA 


Profcflbu  o  fagrado  inílituto  de  Erimita  de 
Santo  Agoftinho  em  o  Real  Q)nvento  da  Gra- 
ça de  Lisboa  a  23  de  lunho  de  161 5.  A  fua 
literatura  o  fez  jubilar  na  Sagrada  Theologia, 
c  a  fua  prudenda  o  elevou  ao  lugar  de  Pro- 
vincial em  o  anno  de  1670.  Falleceo  no  Con- 
vento de  Lisboa  a  51  de  lunho  de  1682.  Ef- 
creveo 

Conceitos  Efcriturarios.  3.  Tom.  4.  M.  S. 
Confervaõ-fe  na  Livraria  do  Convento  da 
Graça  defta  Corte. 


Fr.  lOAÕ  DOS  SANTOS  natural  da 
Gdade  de  Évora,  e  filho  de  Barthola- 
meu  Fernandes  Cidadão  da  mefma  Gda- 
de, e  de  Beatriz  Ferreira.  Na  idade  da 
adolefcencia  entrou  na  Ordem  dos  Pre- 
gadores profeflando  folemnemente  em  o 
Convento  pátrio  a  5  de  Novembro  de 
1584.  onde  depois  de  frequentar  as  efcolas 
com  grande  fruto  da  fua  eftudiofa  aplica- 
ção inflamado  com  o  zelo  de  diffipar  as 
fombras  da  Gentilidade  Oriental  com  as 
luzes  do  Evangelho  partio  para  a  índia 
com  beneplácito  dos  Superiores,  e  chegan- 
do a  Moçambique  foy  chamado  por  Fr. 
loaõ  Madeira  para  feu  companheiro  em  a 
cultura  daquella  vaíla  vinha  onde  em  o 
efpaço  de  onze  annos  difcorrendo  pelos 
rios  de  Cuama,  Tete,  e  Sena  bautizou  in- 
numeraveis  gentios,  extinguio  efcandalozos 
abuzos,  edificou  Seminários  para  Neófitos, 
c  Conventos  para  Miniílros  Evangélicos. 
Reílituido  ao  Reyno  no  anno  de  1607. 
foy  mandado  pelo  Confelho  de  Portugal 
partir  fegunda  vez  àquella  Regiaõ  para 
continuar  os  progreíTos  da  Chriftandade, 
que  com  fervorofo  zelo  tinha  promovido, 
e  como  naõ  havia  inílante,  que  perdefle 
de  tempo  ocupava  aquelle,  que  reílava 
da  iníbruçaõ  dos  Gentios  em  fazer  patentes 
com  a  penna  as  noticias  das  terras,  que 
foraõ  theatro  dos  feus  apoftolicos  minif- 
terios.  Ultimamente  em  o  Convento  de 
Goa,  para  onde  tinha  paliado  no  anno  de 
1622.  falleceo  com  faudade  dos  feus  com- 
panheiros dos  quais  fervio  de  exemplar  na 
obfervancia  do  inílituto,  e  auíleridade  de 
vida.    Fazem  delle  honorifica  memoria  Fa- 


ria Ai(ia  Portug.  Tom.  3.  Part.  3.  cap.  10.  n.  8. 
Echard.  Script.  Ord.  Prad.  Tom.  2.  pag.  427. 
col.  2.  Fernandes  H(/?.  Ecc/ef.  de  nuejir.  Tiemp. 
liv.  2.  cap.  16.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom. 
I.  pag.  595.  col.  2.  Monteiro  Clauftr.  Domin. 
Tom.  3.  pag.  239.  loan.  Soar.  de  Brit.  Theatr. 
"Lufit.  Utter.  lit.  L  n.  74.  Guerreiro  Addic. 
às  Kelac.  da  Etiop.  do  anno  de  1606.  e  1607. 
cap.  I.  foi.  268.  verf.  Ant.  de  Leaõ  Bib.  Orimt. 
Tit.  12.  Fonceca  jEfor.  Glorio/,  pag.  412.  Com- 
poz. 

Etbiopia  Oriental,  e  varia  bijloria  de  coufas 
notáveis  do  Oriente,  em  que  Je  dà  relação  dos  princi- 
paes  Keynos  defia  larga  ReffaÕ,  dos  cujlumes, 
ritos,  e  abut(ps  de  feus  habitadores,  dos  animaes, 
bichos,  e  feras,  que  nellas  fe  criaÕ,  de  fuás 
minas,  e  cout^as  notáveis,  que  tem  ajftm  no  mar 
como  na  terra,  de  varias  guerras,  e  vitorias  injigrus, 
que  ouve  em  nojfos  tempos  nejlas  partes  entre  Cbrif- 
tãos.  Mouros,  e  Gentios,  i.  e  z.  Parte.  Évo- 
ra por  Manoel  de  Lyra.  1609.  foi.  Sa- 
hio  traduzida  abreviadamente  na  lingua 
Franceza  pelo  Padre  D.  Caetano  Charpy 
Clérigo  Regular  Theatino  com  o  titulo 
feguinte. 

Hijloire  dei'  Etiopie  Oriental  traduite  de 
Portugais  de  K.  P.  lean  dos  Santos  reli- 
gieux  dei'  Ordre  de  S.  Dominique.  Pariz. 
1684.  12.  e  1688.  12. 

Commentarios  da  RegiaÕ  dos  Rios  de  Cua- 
ma. M.  S.  Efta  obra  deu  o  Author  a 
António  Bocarro  Chroniíla  mòr  da  ín- 
dia   como   elle    confeíTa   nas   fuás   Décadas. 

Relação  do  Defcubrimento  das  Minas  da 
prata  da  Chicova  efcrita  em  o  anno  de 
161 8.  M.  S.  Dedicada  a  D.  Duarte  Mar- 
quez de  Flexilla  a  quem  dedicara  a  fua 
Etiópia. 

lOAÕ  SARDINHA  MIMOSO  natural  da 
Villa  de  Setuval,  e  Abbade  da  Igreja  de  Santa 
Maria  de  Meixedo  em  o  Arcebifpado  de  Braga, 
muito  erudito  nas  letras  humanas,  e  nas  lín- 
guas Latina,  e  Caílelhana.  Falleceo  cm 
Lisboa  a  14  de  Novembro  de  1644  e 
jaz  fepultado  na  Caza  profeíía  de  S.  Ro- 
que. Delle  fe  lembraõ  loan.  Soar.  de  Bri- 
to Theatr.  Lufit.  Utter.  lit.  I.  n.  76.  Ni- 
col. Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  596.  col.  2. 
e  o  moderno  addicionador  de  António  de 


L  USITAN  A, 


749 


l^aò  na  Bib.  Orienf.  Tom.  i.  Tit.  3.  col. 
54.    Compoz. 

Kelacion  de  la  real  Tragicomedia  con  que  los 
Padres  de  la  Compania  de  Jefus  en  fu  Collegio 
de  S.  Anton  de  'Lisboa  recebieron  la  Magejlad  Ca- 
tholica  de  Filipe  11.  de  Portugal,  y  de  Ju  entrada 
en  ejle  Rejno  con  lo  que  fe  hi^o  en  las  Villas,  y 
Ciudaàes  en  que  entro.  Lisboa  por  lorge  Ro- 
driguez  1620.  4. 

Eíla  Tragicomedia  compoíla  pelo  Padre 
/\ntonio  de  Souza  da  Companhia  de  lefus 
em  verfo  latino,  do  qual  fe  fez  mençaõ 
em  feu  lugar  foy  a  mais  magnifica,  que 
admirou  aquella  idade  por  conftar  de  finco 
Aétos  em  que  reprezentáraõ  trezentas,  e 
íincoenta  figuras  preciofamente  ornadas  além 
de  quarenta  figuras  de  animaes.  Aves,  e 
Monftros  marinhos,  que  appareceraõ  no 
Theatro.  O  Argumento  foy  o  defcubrimento 
da  índia  pelo  incomparável  Rey  D.  Ma- 
noel. 

lOAÕ  SARRAM  natural  da  Cidade  de 
Tavira  em  o  Reyno  do  Algarve  infigne 
profeíTor  de  Medecina  por  cuja  arte  o  ele- 
geo  para  feu  Medico  o  Duque  de  Aveiro 
D.  loaõ  de  Lencaílre  a  quem  dedicou  a 
feguinte  obra,  que  acabou  quando  contava 
70  annos  de  idade,  e  nella  confumio  fm- 
coenta   de   eíludo   intitulando-a. 

Mofaica  Filojofia. 

Nella  fegue  com  graves  fundamentos 
naõ  haver  mais,  que  dous  elementos  on- 
de interpreta  com  erudição,  e  engenho 
muitos  textos  do  livro  do  Genefis.  Ef- 
tava  prompta  para  a  impreíTaõ  no  anno 
de    1602. 

lOAÕ  SARRAM  natural  de  Lisboa  onde 
aprendidos  os  preceitos  Gramaticaes  paíTou 
à  Univerfidade  de  Coimbra,  e  nella  fe  graduou 
em  os  Sagrados  Cânones  dos  quais  teve  taõ 
vafta,  e  profunda  intelligencia,  que  fendo 
Prothonotario  Apoftolico,  e  Prior  da  Paro- 
chial  Igreja  de  S.  Thome  de  Lisboa  exerci- 
tou o  lugar  de  Vigário  Geral  do  Arcibif- 
pado  UlyíTiponêfe  com  igual  credito  da  fua 
integridade,  como  fama  da  fua  litteratura. 
Falleceo  na  pátria  em  idade  muito  provec- 
ta a    13    de   Fevereiro   de    1697.    laz   fepul- 


tado  na  Caza  profeíTa  de  S.  Roque  dos 
Padres  Jezuitas  deixando  toda  a  fua  fa- 
zenda, que  era  copiofa  para  a  fabrica 
de  hum  Collegio  de  ^'liírionarios  para  a 
índia,  que  fe  edificou  no  lugar  de  Ar- 
royos  fuburbio  da  Cidade  de  Lisboa.  Com- 
poz. 

DefenfaÕ  do  Kalendario  da  Ket^a  do  anno  de 
1661.  Lisboa  por  Henrique  Valente  de  Oli- 
veira. 1662.  4. 

Kepertorio  das  Conjlituiçoens  novas  do  Arce- 
bijpado  de  Lisboa.  Lisboa  na  Officina  Craes- 
beeckiana.  1664.  foi. 

Fr.  lOAÕ  DE  SEYXAS  natural  da 
Gdade  de  Vifeu  Monge  Ciílercienfe  cujo 
habito  fendo  de  quinze  annos  recebeo 
no  Convento  de  Santa  Maria  de  Salce- 
das  em  o  anno  de  1627.  onde  aprendeo, 
e  diâou  as  fciencias  Efcholaílicas  até  fer 
admetido  ao  numero  dos  Doutores  Theo- 
logos  merecendo  univerfal  refpeito  pela 
gravidade  de  fua  peíToa,  e  obfervancia  do 
feu  religiofo  inftituto.  Depois  de  fer  Ab- 
bade  do  Collegio  de  S.  Bernardo  de  Coim- 
bra em  o  anno  de  165 1,  e  de  Santa  Ma- 
ria de  Salcedas  em  1657.  foy  Secretario  do 
Geral  Fr.  Gabriel  de  Almeyda  donde  fu- 
bio  á  Mitra  do  Funchal.  Ao  tempo,  que 
fegunda  vez  governava  o  Convento  de  Sal- 
cedas foy  mandado  no  anno  de  1663.  pela 
Mageílade  delRey  D.  AíFonfo  VI.  a  pro- 
curar a  confirmação  dos  Bifpos  defte  Rey- 
no da  Santidade  de  Alexandre  VIL  de 
quem  recebeo  particulares  eftimaçoens  dan- 
do-lhe  duas  medalhas,  huma  de  ouro,  e 
outra  de  prata  com  grandes  indulgências. 
Reílitmdo  a  Portugal  foy  eleito  Vizitador 
Geral  da  fua  Congregação  em  o  anno 
de  1666.  e  depois  Abbade  de  Nofla  Se- 
nhora do  Defterro  em  Lisboa  onde  aca- 
bou a  vida  caduca  para  começar  a  eter- 
na a  20  de  Agofto  confagrado  ao  feu 
Mellifluo  Patriarcha  de  1674.  Tinha  com- 
pofto,  e  preparado  para  a  impreíTaõ  hum 
grande   volume   de  folha. 

In  Primam  Partem  D.  Thoma  o  qual  levou 
com  a  mayor  parte  da  fua  Livraria  para  Goa 
o  Arcebifpo  defta  Cidade  D.  Fr.  António 
Brandão  Monge  Ciítercienfe. 


jSo 


BIBLIO  THECA 


D.  Fr.  lOAÕ  SEYXAS  DA  FON- 
CECA.  Naceo  em  a  Cidade  de  S.  Sebaf- 
tiaõ  Capital  do  Rio  de  Janeiro  a  6.  de 
Mayo  de  1681.  fendo  filho  de  Francifco 
de  Seixas  da  Fonceca,  c  de  Maria  da  Ro- 
cha Fiufa.  No  Convento  da  Bahia  recebeo 
a  cogulla  monaílica  do  Príncipe  dos  Pa- 
triarchas  S.  Bento  onde  eíludou  as  fcien- 
cias  feveras  com  tanto  difvelo,  que  fendo 
difcipulo  parecia  Meílre.  Paflando  à  Corte 
de  Roma  conciliou  com  a  urbanidade  do 
feu  génio,  e  madureza  do  feu  talento  o 
affefto  do  Summo  Pontífice  Clemente  XII. 
que  querendo  premiar  os  feus  merecimen- 
tos o  creou  Bifpo  de  Areopoli  no  Confif- 
torio  de  28  de  Setembro  de  1735.  em  cuja 
dignidade  foy  fagrado  em  a  Igreja  de  San- 
to António  dos  Portuguezes  pelo  Cardial 
loaõ  António  Guadanhi  fobrinho  do  dito 
Pontífice.  AfiíUndo  em  Florença  eftampou 
hum  livro  de  Sonatas  de  Cravo,  que  de- 
dicou ao  Sereniífimo  Senhor  Infante  D. 
António  em  a  língua  Italiana  da  qual  tra- 
duzio  em  a  materna. 

Giro  do  Mundo  compojlo  por  Gimelii.  Tomo 
primeiro.  M.  S.  4.  Continua  na  tradução  dos 
feguintes. 

D.  lOAÕ  DA  SYLVA  IV.  Conde  de 
Portalegre  naceo  em  a  Gdade  de  Toledo  no 
anno  de  1528.  fendo  filho  de  D.  Manrique 
da  Sylva  Commendador  de  Guadalerça  na 
Ordem  de  Calatrava,  Regedor  de  Toledo, 
Meílre  Sala  da  Emperatriz  D.  Izabel,  e  de 
Filippe  II.  e  de  D.  Brites  da  Sylveira,  que  de 
Portugal  paíTou  por  Dama  da  Emperatriz 
D.  Izabel  quando  fe  foy  defpozar  com  Car- 
los V.  filha  de  Martim  da  Sylveira  Se- 
nhor de  Terena,  e  de  D.  Caterina  de 
Azambuja,  que  teve  por  Pays  a  Diogo 
de  Azambuja  Commendador  de  Cabeço  de 
Vide,  primeiro  Capitão,  e  Conquiílador 
de  Safim,  do  Confelho  dos  SereniíTimos 
Reys  D.  loaõ  o  II.  e  D.  Manoel,  e  a 
D.  Leonor  Botelho.  Da  fecunda  arvore  dos 
Sylvas  foy  efte  Heroe  pompofo  ramo, 
que  ferve  de  ornato  a  Bibliotheca  Lu- 
íitana  por  nacer  de  Mãy  Portugueza.  No 
primeiro  crepufculo  da  idade  deu  claros 
argumentos  de  talento  perfpicas  para  com- 


prehender  as  fciencias  natural  inclinação 
para  cultivar  as  Muías,  c  prudente  juizo 
para  exercitar  os  mayores  lugares  aflim 
militares,  como  políticos.  Depois  de  fer 
Gentilhomem  da  boca  de  Filippe  Pru- 
dente, e  de  feu  filho  o  Príncipe  D.  Car- 
los, e  militar  algum  tempo  em  a  Praça  de 
Oraõ  foy  mandado  por  aquelle  Monarcha 
com  o  caraéler  de  Embaxador  Ordinário  à 
Mageílade  delRey  D.  Sebaíliaõ  de  quem 
recebeo  eílimaçoens  dignas  da  reprezenta- 
çaõ  da  fua  peflba.  A  efte  Príncipe  acom- 
panhou na  jornada,  que  fez  ao  Santuário 
de  Guadalupe  onde  fe  aviftou  com  feu 
Tio  FeUppe  fegundo,  e  aíTiílio  na  infeliz 
batalha  de  Alcafer  com  D.  Theodozio  Du- 
que de  Barcellos  da  qual  fahio  ferido  de 
huma  bala  em  o  braço  efquerdo,  que  lhe 
ficou  para  fempre  lezo.  ReíUtuido  à  li- 
berdade como  tivefle  formado  huma  Junta 
Filippe  Prudente  para  fe  tratar  da  fuceffaò 
de  Portugal,  a  qual  fe  compunha  do  Car- 
dial D.  Gafpar  de  Quiroga  Arcebifpo  de 
Toledo,  D.  Luiz  Fernandes  Manrique  IV. 
Marquez  de  Aguilar,  e  D.  António  de 
Menezes,  e  Padilha  Prefidente  de  Ordens, 
foy  D.  loaõ  da  Sylva  nomeado  entre  taõ 
graves  Miniíbros  onde  moílrou  as  prudentes 
máximas  do  feu  juizo.  Refoluto  Filippe  a 
paíTar  armado  a  Portugal  em  o  anno  de 
1580.  o  acompanhou  já  com  o  titulo  de 
Conde  de  Portalegre,  que  herdara  por  mor- 
te de  D.  Álvaro  da  Sylva  avò  de  fua  mu- 
lher, e  juntamente  o  honorifico  lugar  de 
Mordomo  mòr  dos  Reys  de  Portugal  com 
o  qual  aífiílio  em  as  Cortes  celebradas  cm 
a  Villa  de  Thomar  no  anno  de  1581. 
Querendo  aquelle  Monarcha,  que  fucedeíTe 
ao  Duque  de  Medina,  e  Sidónia  em  o  go- 
verno do  Eftado  de  Milaõ,  c  naõ  fc  efFei- 
tuando,  o  nomeou  Prefidente  do  Confelho 
de  Ordens  de  Caftella  de  cujo  emprego  fc 
efcuzou  ao  Secretario  Matheos  Vafqucz 
com  o  pretexto  de  fer  aquella  incumbência 
totalmente  contraria  ao  feu  génio.  Sendo 
Commendatario  da  Obraria  em  a  Ordem 
de  Calatrava,  e  Capitão  General  de  Por- 
tugal com  jurifdiçaõ  em  as  Ilhas  nos 
AíTores,  como  o  Archiduque  Cardeal  Al- 
berto    paflaííc     do     governo     de     Portugal 


LUSITANA. 


para  o  dos  Paizes  Baixos,  refoluto  Fi- 
lippe  Prudente  à  imitação  de  que  tinhaõ 
feito  D.  Sebaíliaõ,  e  D.  Henrique  no- 
mear íinco  Governadores  para  tratar  de 
todos  os  negócios  pertencentes  a  Portu- 
gal, e  entre  os  quatro,  que  eraõ  D.  Mi- 
guel de  Caftro  Arcebifpo  de  Lisboa,  D. 
Francifco  Mafcarenhas  Conde  de  Santa 
Cruz,  D.  Duarte  de  Caftello-branco  Con- 
de do  Sabugal  Meirinho  mòr  do  Reyno, 
e  Miguel  de  Moura  Efcrivaõ  da  Puri- 
dade foy  eleito  o  Conde  de  Portalegre, 
que  entre  Varoens  taõ  illuftres  por  Tan- 
gue, e  prudência  fe  diftinguio  pela  fua 
grande  capacidade.  Dezejando  acabar  tran- 
quillamente  a  vida,  e  preparar-fe  para  a 
eternidade  deixou  todos  os  lugares,  e  re- 
tirado a  Toledo  lhe  fervio  de  tumulo  o 
feu  mefmo  berço  fallecendo  nefta  Cidade 
no  anno  de  1601.  Foy  cazado  com  D.  Fi- 
lippa  da  Sylva  Condefla  proprietária  de 
Portalegre,  Senhora  das  Villas  de  Gouvea,  S. 
Romaõ  Moymenta,  Valerim,  e  das  Ilhas  de 
S.  Nicoláo,  e  S.  Vicente  filha  única  de  D.  loaõ 
da  Sylva,  e  Neta  de  D.  Álvaro  da  Sylva  III. 
Conde  de  Portalegre  Mordomo  mòr  da  Caza 
Real  de  Portugal,  e  do  Confelho  de  Eftado,  de 
cujo  conforcio  naceraõ  D.  Diogo  da  Sylva 
V.  Conde  de  Portalegre:  D.  Manrique  da 
Sylva  6.  Conde  de  Portalegre,  primeiro 
Marquez  de  Gouvea  Mordomo  mòr  da 
Caza  Real;  e  Confelheiro  de  Eftado:  D. 
Álvaro  da  Sylva  Commendador  de  Tor- 
ro va  da  Ordem  de  Calatrava:  D.  loaõ 
da  Sylva  Capellaõ  mòr  delRey  Filippe 
III.  e  do  Confelho  Geral  do  Santo  Of- 
ficio;  e  D.  Filippe  da  Sylva  Commenda- 
dor de  Terrova  Gentilhomem  da  Camará 
de  Filippe  IV.  Vicerey,  e  Capitão  Gene- 
ral de  Catalunha.  Foy  inftruido  em  todo 
o  género  de  erudição,  e  muito  elegante, 
e  difcreto  na  Poeíia  vulgar  fendo  hum 
dos  principaes  collegas  da  Academia  de 
que  era  Preíidente  o  Duque  de  Alva  D. 
Fernando  de  Toledo.  Moftrou  igual  ani- 
mo na  profpera,  e  adverfa  fortuna  confer- 
vando  no  coração,  e  no  afpefto  inalterável 
ferenidade  ainda  com  aquelles  que  lhe  eraõ 
pouco  afeâos.  Regulou  as  máximas  politicas 
pelos  diéíames  Evangélicos.    Foy  igualmente 


75 1 

religiofo  para  com  Deos,  como  fiel  pa- 
ra o  feu  Príncipe.  Das  virtudes  de  que 
fe  ornou  o  feu  efpirito,  faõ  illuftres  pre- 
goeiros Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i. 
p.  597.  col.  I.  fnagni  ingenii,  perfeãijftma 
eloquentics ,  folertis  Judicii,  miraque  in  expo- 
nendis  coram,  aut  per  litteras  animi  fenfibus, 
prudentia,  <&  urhanitatis  fama  clarus.  Maíleo 
Vit.  dei  P.  Soar.  cap.  22.  Nulla  meno 
tnjigne  per  V  ampiev^a  de  Juoi  ftati,  che  per 
la  Juhlimità  de  Juoi  talenti  lufto  Lypfius 
Bpift.  Cent.  ad  Ítalos  et  Hifpan.  Epift.  8. 
ad  Antonium  Covarruvias  efcrita  em  Lo- 
vaina  a  13  de  Outubro  de  1592.  lllud 
in  litteris  tuis  et  novum,  et  jucundijftmum 
de  Viro  Príncipe  loanne  Sylva  Comité  Por- 
talegrenfi:  quem  non  amicum  foliim  litterís, 
fed  etiam  nobis  Jignificas,  rarum  in  illuftri- 
hus  illis  hodie  bonum.  Atque  is,  quod  meãs 
etiam  ad  te  miferit,  quàm  me  devinxit}  Si 
ocafio  eft,  fignifica:  et  non  morís  dicis  que 
caufa,  fed  ex  pedtore,  peEtus  hoc  illi  dona. 
Salazar,  y  Caftr.  Hifl.  Gen.  de  la  Ca^. 
de  Sylva  liv.  4.  cap.  16.  Tuvo  gran  cono- 
cimiento  de  las  Cofas  de  la  antiguidad,  y 
trato  la  lengua  Cajlellana  con  mayor  dulçura, 
y  propriedad,  que  otro  de  los  fabios  de  fu 
tiempo,  como  fe  reconoce  por  diferentes  pape- 
ies fuyos  que  tienen  fu  nombre,  por  otros 
que  Jin  el  le  reconocen  por  fu  author.  Mendo- 
ça  Virídar.  Sacr.  et  prophan.  erudit.  Ub.  6. 
Orat.  20.  Surculus  mihi  videtur  hujus  fylva  fe- 
licijfimus  IlluJiríJJimus  Comes  qui  à  'L.ufitania 
in  Hifpaniam  propagatus,  iterumque  ab  Hifpa- 
nia  in  L^fitaniam  traducíus  utrumque  folum,  et 
Hifpanum,  et  L.ujitanum  decoravit:  et  ficut  in- 
ter Hifpanos  Próceres  unus  inventus  efl,  qui 
L^gatione  apud  augujlijfimum  Kegem  hMfita- 
nicB  Sebaflianum  fungeretur;  ita  plane  di- 
gnijfimus  inter  L.uJitanos  Summates  extitit, 
qui  non  folum  tergeminis,  fed  quatergeminis 
in  l^ufitania  honoríbus  clareret.  Nam  et  Co- 
mes fuit  Portalegrenfis,  et  fupremus  I^ujitana 
militia  Prafeãus,  <&  maximus  in  domo  re- 
gia Oeconomus,  <&  aquijfimus  totius  Kegni 
Gubernator:  cujus  faãa  fingularia  libens  in 
aures  darem,  nifi  adhuc  viva,  ut  recentia  om- 
nium  ob  óculos  verfarentur.  Cabrera  Hift.  de  Fi- 
Up.  2.  Uv.  13.  cap.  5.  p.  1125.  e  cap.  6.  p. 
II 38.  Herrera  Conq.  de  los  Ajfor.  liv.  3.  pag. 


B  IB  LIOTH  E CA 


752 

140.  e  141.  e  na  Hijl.  Gen.  dei  mundo.  Part.  5. 
liv.  10.  cap.  23.  D.  Agoftin.  Man.  Su- 
cef.  dei  Reyfj.  de  Portug.  foi.  19.  Addicio- 
nou. 

Terceiro  livro  da  Guerra  de  Granada 
efcrita  por  D.  Diogo  de  Mendoça  do 
Confelho  do  Emperador  Carlos  V.  feu 
Embaxador  em  Roma,  e  Veneza,  Gover- 
nador, e  Capitão  General  de  Tofcana. 
Foy  publicada  eíla  addiçaõ  por  Luiz 
Tribaldos  de  Toledo  Chroniíla  mór  de 
índias  o  qual  a  foi.  100  da  Impreflaõ  de  Lis- 
boa por  Giraldo  da  Vinha  1627.  4.  diz.  JE/ 
Conde  de  Portalegre  D.  luan  da  Sylva  con  Ju 
gran  jui^o  fue  quien  primero,  y  aun  quien  Joio 
reparo  en  que  faltava  ai  fin  dejle  libro  tercero 
un  huen  pedaço  de  la  hiftoria:  reparo,  y  repa- 
rola,  hav^endo  una  Epitome  de  la  falta  con  tanta 
gallardia,  y  modeftia  como  pudiera  el  próprio 
D.  Diego  de  Mendoça  porque  en  ejie  género  de 
eloquência  y  en  fuma  gentilet^a,  y  cortet^a  fue- 
ron  entre  Ji  tan  parejos  quanto  fuperiores  en 
de  aquella  edad.  En  poços  exemplares  fe  halla 
efia  addicion,  fi  bien  dignijfima  de  que  la  lean  todos. 
Nefta  Hiftoria  acrecentada  por  D.  loaõ  da 
Sylva  eftá  impreíTa  no  principio  huma  Intro- 
dução fua  à  mefma  Hiftoria 

Inflruçaõ  que  fez^  a  feu  filho  D.  Diogo 
da  Sylva  quando  o  mandou  para  ajfiflir  na 
Corte.  M.  S.  Paliando  defta  obra  o  dif- 
creto  Lourenço  Gracian  Criticon  Part.  i. 
Crife  II.  Aqui  ejlá  la  juii(iofa  y  grave 
inflrucion  dei  prudente  luan  de  Vega  a  fu 
hijo  quando  le  embiava  a  la  Corte.  Realço 
ejia  mifma  inflrucion  que  nó  la  comento  muy 
a  lo  Senor  y  Portuguet(j  que  es  quanto  de- 
:(trfe  puede  el  Conde  de  Portalegre  en  feme- 
Jante  oca:(ion  de  embiar  otro  hijo  a  la  Corte. 
Es  grande  obra,  dixo  el  Corte^ano,  y  fo- 
brado  grande,  pues  es  folo  para  grandes  Per- 
fonages.  e  Part.  3.  Crife  12.  Y  las  hojas 
de  la  Inflrucion,  que  dió  luan  da  Vega  a  fu 
hijo  commentada,  6  realçada  por  el  Conde  de 
Portalegre. 

Cartas  efcritas  a  elKey,  Archiduque, 
e  outros  Minijlros  fobre  matérias  politi- 
cas. Efcritas  em  lingua  Caftelhana  que 
chegaõ  ao  numero  de  Quarenta.  Con- 
fervaõfe  na  Livraria  do  ExcellentiíTi- 
mo   Duque   de   Lafoens   que  foy   do   Em- 


minentiflimo    Cardial    de    Souza    como    taõ- 
bcm. 

Varias  Poefias.   M.   S.   Começaõ  por  cfte 
Soneto. 
Qtàen  eres  bombre  di  ?  foy  tu  bechura. 

Para  que  te  he  criado^  para  amar  te  &c. 

Cartas  diverfas  efcritas  a  varias  Pef- 
foas.  M.  S.  Efte  volume  confervava  com 
grande  eftimaçaõ  D.  leronimo  Mafca- 
renhas  Bifpo  de  Segóvia,  como  efcreve 
Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  597. 
col.  1. 

Deir  Unione  dei  Regno  di  Portugallo 
a  la  Corona  di  Cajiiglia  Ifloria.  Géno- 
va por  Girolamo  Bartoli  1589.  4.  tradu- 
zida em  Caftelhano  pelo  Doutor  Luiz 
de  Bavia  Capellaõ  delRey  Catholico  em 
a  Real  Capella  de  Granada.  Barcelona 
por  Sebaftian  de  Cormellas  1610.  4.  Efta 
obra  que  fahio  com  o  nome  de  leroni- 
mo Franchi  Coneftagio  Cavalleiro  Geno- 
vez  he  atribuída  por  muitos  authores  a 
D.  loaõ  da  Sylva  Conde  de  Portalegre 
fendo  o  mais  empenhado  nefta  opinião 
Lourenço  Gracian  Criticon  Part.  2.  Crife  4. 
fallando  das  pennas  dos  Efcritores  diz.  Las 
que  parecian  de  unas  aves  eran  de  otras,  como 
la  que  pajjó  planta  dei  Coneflagio  en  la  Union 
de  Portugal  con  Caflilla,  que  bien  mirada  fe  halló 
no  fer  fuya,  fi  nó  dei  Conde  de  Portalegre  para 
deslumbrar    la    mas    atenta  prudência. 

P.  lOAÕ  DA  SYLVA  natural  de 
Lisboa  Coadjutor  efpiritual  da  Compa- 
nhia de  lESUS  onde  fe  diftinguio  aífim 
na  agudeza  do  talento,  como  na  obfer- 
vancia  do  Inftituto,  fendo  prompto  em 
obedecer,  continuo  em  orar.  Ao  tempo 
que  fe  ocupava  em  beneficio  dos  próximos 
faleceo  piamente  em  o  Collegio  de  S.  Paulo 
de  Goa  a  31  de  Mayo  de  1624.  Fez  colleçaõ 
das 

Cartas  da  Provinda  de  Goa  do  anno 
de  1623.  em  11  de  Dezembro  defte  anno. 
Sahiraõ  traduzidas  em  Italiano  com  ou- 
tras. Roma  por  Francifco  Corbelleti  1627. 
8.  defde  pag.  243.  até  282.  Delias  £az 
mençaõ  o  moderno  addicionador  da  Bib. 
Orient.  de  Ant.  de  Lcaõ  Tom.  i.  Tit. 
6.  col.  loi. 


I 


L  V  SITAN  A, 


D.  lOAÕ  DA  SYLVA  naceo  em  a 
Qdade  de  Elvas,  e  na  Parochial  Igreja  do 
Salvador  lhe  conferio  o  bautifmo  o  Li- 
cenciado António  Gonzalves  Vilia  Prior 
da  dita  Igreja  a  7  de  Abril  de  1630.  A'  vir- 
tuofa  educação  de  feus  illuílres  Pays  D. 
Miguel  da  Sylva,  e  D.  Maria  de  Caílro  de- 
veo  o  exercício  daquellas  heróicas  açoens, 
que  foraõ  exemplares  da  Fidalguia  Portu- 
gueza.  Dezejando  feu  Pay,  que  feguiíTe 
a  vida  Ecclefiaftica  recebeo  as  primeiras 
Ordens  de  D.  Manoel  da  Cunha  Bifpo  de 
Elvas,  porem  ou  levado  dos  impulfos  do 
feu  belliciofo  génio,  ou  do  fiel  aflefto  para 
a  fua  Pátria  invadida  pelas  Armas  Cafte- 
Ihanas  preferio  a  paleftra  de  Marte  à  de 
IVIinerva  Tentando  praça  de  foldado  em 
o  Regimento  de  que  era  Meílre  de  Cam- 
po feu  Tio  Gonçalo  Vaz  Coutinho  onde 
paliou  a  fer  Alferes  do  Meílre.  Com  eíle 
pofto  embarcou  na  Armada,  que  ElRey 
D.  loaõ  o  IV.  expedio  a  favor  dos  Prínci- 
pes Palatinos  contra  os  Parlamentarios,  e 
voltando  ao  porto  de  Lisboa  foy  feito  Ca- 
pitão de  CavaUos  donde  paíTou  a  Comif- 
fario  Geral  de  Cavallaria,  e  depois  a  Te- 
nente General  devendo-fe  á  direção  da 
fua  difciplina  militar  grande  parte  das 
famofas  vitorias  das  linhas  de  Elvas,  e 
Montes  claros  onde  foraõ  totalmente  def- 
baratados  os  Caftelhanos.  Retirado  à  Vil- 
ia de  Thomar  naõ  aceitou  os  lugares  de 
Sargento  mòr  de  batalha,  e  de  General  da 
Cavallaria  da  Beyra  juílificando  a  repulfa 
com  a  injuítíça  da  preferencia  de  quem  lhe 
era  muito  inferior  em  o  merecimento.  Naõ 
foy  menos  gloriofo  o  triumfo,  que  alcan- 
çou dos  inimigos  domeíHcos  do  que  tinha 
alcançado  dos  eílranhos  pois  armada  a  ma- 
levolencia  dos  feus  emulos  o  delatou  de 
inconfidente  à  Coroa,  e  violador  da  honef- 
tidade,  e  da  juítiça.  No  rigorofo  exame  de 
outenta  teílemunhas  fahio  a  fua  innocencia 
taõ  juftificada,  que  foy  declarado  pelo  Procura- 
dor da  Coroa  o  mais  fiel  VaíIaUo  de  todo 
o  Reyno,  e  que  foíTe  o  author  daqueUas 
acufaçoens  caíligado  como  inimigo  da  pá- 
tria, porem  nem  o  acuzador  foy  punido, 
nem  a  fidelidade  premiada.  Entre  os  do- 
tes, de  que  abundantemente  o  ornou  a  na- 
48 


tureza  foy  o  fublime  génio,  que  teve  para 
a  Poezia  Heróica,  e  Lyrica  onde  a  delica- 
defa  dos  penfamentos  competia  com  a  afluên- 
cia das  vozes.  No  tempo,  que  tinha  aca- 
bado hum  Romance  profano  ouvio  huma 
muda  voz,  que  intelleftualmente  o  arguia 
de  que  fendo  o  feu  talento  igualmente  ca- 
paz, para  as  armas,  e  para  as  letras  fomente 
era  inútil  para  o  ferviço  de  Deos,  de  cuja 
advertência  fe  fentio  taõ  penetrado,  que 
deramou  copiofas  lagrimas  pelo  efpaço  de 
três  dias  explicando  pelos  olhos  a  ingra- 
ta correfpondencia  dos  benefícios,  que  rece- 
bera de  feu  Criador.  Para  exercitar  a  pa- 
ciência com  os  feus  emulos  aiTiílentes  na 
Corte  deixou  o  retiro  da  Villa  de  Thomar 
por  confelho  dos  veneráveis  Padres  Fr. 
António  das  Chagas,  e  Bartholameo  do 
Quental.  No  Hvro  do  Officio  de  NoíTa  Se- 
nhora, que  todos  os  dias  devotamente  reci- 
tava tinha  metido  hum  papel  efcrito  da  fua 
maõ  o  qual  continha  elias  judiciofas  clau- 
fulas.  Quem  di^er  hem  de  mim  obra  pelos  moti- 
vos da  Charidade,  pagarlho-há  Deos.  Quem 
di^er  mal  de  mim  obra  pelos  diãames  da  jujiiça 
agradecerlho  hey  eu.  Por  direção  do  feu  Con- 
feflbr  comungava  todas  as  fegundas,  quin- 
tas, e  fabbados,  e  fe  na  femana  concorria 
algum  Santo,  ou  Myfterio  da  fua  devoção, 
repetia  taõ  religiofo  aélo.  Todos  os  dias 
fe  levantava  da  cama  as  três  horas  da  ma- 
drugada, e  períiília  orando  mentalmente 
até  as  finco.  Cumulado  de  tantas  virtu- 
des tolerou  com  heróica  paciência  as  afli- 
çoens  da  ultima  infermidade,  e  recebidos 
os  Sacramentos  entregou  o  efpirito  ao  feu 
Criador  a  11  de  Fevereiro  de  171 2.  às  dez 
horas  da  menhãa  quando  contava  82  an- 
nos  de  idade.  A  alegria  do  afpeâo,  e  a  fle- 
xibilidade de  todos  os  membros,  que  fe 
experimentou  quando  fe  lhe  veílio  o  manto 
da  Ordem  militar  de  Chriílo  de  que  fora 
Cavalleiro  profeíío,  teftemunháraõ  com  af- 
fombro  o  Arcebifpo  Primaz  Ruy  de  Moura 
Telles,  os  Excellentiflimos  Condes  de  Via- 
na, e  Sarcedas  feus  Teílamenteiros,  e  o 
feu  ConfeíTor  declarando,  que  pelo  efpa- 
ço de  dez  annos  lhe  naõ  achara  matéria 
fuficiente  para  o  abfolver.  laz  fepultado 
na  Igreja  do  Convento  da  Madre  de  Deos 


754 


BIBLIO  THE  CA 


fituado  em  o  fuburbio  de  Lisboa  como  dif- 
poz  no  feu  Teftamento,  e  que  fofle  levado 
na  tumba  dos  pobres  pelos  feus  Irmãos  Ter- 
ceiros de  S.  Francifco.  Fazem  da  fua  pef- 
foa  honorifica  mençaõ  D.  Luiz  de  Mene- 
zes Conde  da  Ericeira  Portttg.  Ke/laur.  Tom.  2. 
liv.  3.  pag.  159.  liv.  6.  pag.  590.  liv.  8.  pag. 
522.  liv.  10.  pag.  703.  D.  Luiz  de  Salaz. 
c  Caftr.  Hift.  Gen.  da  Car(.  de  Sylv.  Part.  2. 
liv.  6.  cap.  12.  n.  19.  e  o  Doutor  Ignacio  Bar- 
boza  Machado  meu  Irmaõ  Fajlos  da  antig.  e 
nov.  'L.ufit.  Tom.  i.  pag.  498.  Com  o  affedlado 
nome  de  loaõ  Ignacio,  e  de  loaõ  Alvares  Bo- 
telho feu  Efcudeiro  publicou  as  feguintes 
obras   claros   Índices   da   fua   religiofa   vida. 

Officio  da  Conceição  de  NoJJa  Senhora 
fempre  Virgem  concebida  em  graça  Jem  ma- 
cula de  pecado  Original.  Lisboa  por  Mi- 
guel Manefcal.  1675.  24.  He  em  Verfo 
Portuguez. 

Oração  para  qualquer  peffoa  de  qualquer 
ejlado  com  outro  pequeno  exercido  da  Via-Sa- 
cra,  q  fe  pode  correr  cada  dia  com  a  conjideraçaõ 
em  todo  o  lugar,  e  ocupação  honejla.  Lisboa  por 
Joaõ  da  Cofta.  1680.  16. 

Notas  ás  Cartas  do  V.  P.  Fr.  António 
das  Chagas  com  ellas  impreffas.  Lisboa  por 
Miguel  Deslandes  1684.  4. 

Aão  de  Amor  de  Deos,  e  conjideraçoens  fobre 
as  Claufulas  do  Padre  Nojfo,  Ave  Maria,  e 
Salve  Rajnha  com  humas  coplas  devotas,  e  hum 
difcurfo  breve  intitulado  Brado  interior.  Lis- 
boa por  Miguel  Deslandes  1685.  16.  Efta 
obra  foy  compofta  à  inftancia  da  Madre  He- 
lena da  Cruz  religiofa  do  Convento  da  Ef- 
perança  de  Lisboa. 

Def engano  da  Conciencia  em  repofta  a  N.  que 
vivia  pouco  lembrado  da  eternidade,  e  de\  Me- 
ditaçoens  da  PayxaÕ  de  Chrifto  Senhor  Noffo 
ordenadas  à  Virgem  Senhora  Nojfa  para  os 
dez  f<ibbados  def  de  a  Septuagejftma  até  a  Kefur- 
reiçaô  do  Senhor,  e  hum  exercido  intitulado. 
Doutrina  de  Chrifto.  Lisboa  por  Domin- 
gos Carneiro.  1687.  12.  Eflas  Meditaçoens 
foraõ  comportas  por  petição  das  religiofas 
do  Convento  da  Madre  de  Deos. 

Guerras  de  Portugal  contra  Caftela  nas  quais 
ajfiftio.  M.  S. 

De  todas  as  fuás  Poezias,  que  foraõ 
excellentes,    fe    podem    formar    dous    Volu- 


mes confervando  grande  parte  delias  feu 
fobrinho  D.  Jozé  da  Sylva  Paçanha  Ca- 
valleiro  profeíTo  da  Ordem  de  Chrifto  das 
quais  fomente  fe  publicarão  dous  Sonetos; 
hum  no  2.  Tom.  da  Acad.  dos  Singular,  a 
pag.  269.  e  outro  na  Collec.  polit.  dos  Apo- 
them.  memor.  que  fez  Pedro  Jozé  Supico  de 
Moraes,  liv.  2.  p.  161. 

D.  lOAÕ  DA  SYLVA  FERREYRA 
natural  da  Freguezia  de  Santa  Lucrécia 
da  Ponte  do  Louro  lulgado  de  Vermoim 
termo  da  Villa  de  Barcellos  em  a  Provín- 
cia do  Minho,  onde  foy  regenerado  com  a 
graça  bautifmal  a  14  de  Mayo  de  i68j.  fen- 
do filho  de  loaõ  da  Sylva,  c  Maria  Ferreira 
moradores  na  fua  Quinta  de  Linhares.  Apren- 
de© os  primeiros  rudimentos  no  CoUegio 
dos  Meninos  Orfaõs  da  Qdade  do  Porto, 
que  fundou  o  apoftolico  Varaõ  Balthezar 
Guedes.  Chegando  à  idade  adulta  fe  reco- 
Iheo  à  Congregação  de  Nofla  Senhora  da 
Conceição  de  Oliveira  diftante  do  Porto  huma 
pequena  legoa  onde  diftou  Artes  aos  Con- 
gregados porem  obrigado  de  urgentes  cau- 
fas  os  deixou,  e  paíTando  a  Univerfidade 
de  Coimbra  recebeo  o  gráo  de  Bacharel 
em  os  Sagrados  Cânones  merecendo  pelo 
progreíTo,  que  nelles  fez  o  feu  talento,  exer- 
citar na  Cidade  de  Braga  os  lugares  de 
Dezembargador  dos  aggravos,  luiz  Supe- 
rintendente da  Caza  do  defpacho.  Vigário 
Geral  do  mefmo  Arcebifpado,  e  Cónego 
Prebendado  em  a  fua  Cathedral  em  cujos 
minifterios  unio  a  profundidade  da  littera- 
tura  com  a  reâa  adminiftraçaõ  da  juftiça. 
Atendendo  a  eftes  dotes  com  que  fe  ornava 
o  feu  efpirito  a  Mageftade  delRey  D.  loaõ 
o  V.  o  nomeou  Deaõ  da  Capella  Real  de  Villa- 
viçofa,  e  Bifpo  Tutelar  de  Tangere  fendo 
fagrado  pelo  EmminentifTimo  Cardial  Pa- 
triarcha  D.  Thomaz  de  Almeyda  na  Santa 
Igreja  Patriarchal  a  9  de  Junho  de  1745. 
em  que  cahio  a  Dominga  da  Santiírima 
Trindade.    Publicou. 

Allegaçoens  Juridicas  porque  fe  mofhra 
o  indubitável  Direito,  que  tem  o  Reveren- 
do Cabbido  da  Sé  Prima^  para  obrigar  aos 
moradores  das  terras  de  Guimaraens,  e  Mon- 
te  Longo  a  lhe  pagarem  os  votos  de  S.    Tia- 


L  USITAN A. 


755 


go  pertencentes  à  Jua  Me^a  Capitular.  Coim- 
bra no  Collegio  das  Artes  da  Companhia 
de  lefus.  1722.  foi. 

Sermão  primeiro  da  Canonização  dos  glo- 
rio/os Santos  Lui^  Gonzaga,  e  Eftanislao 
Kofika  pregado  no  folemnijjimo  Triduo,  que 
com  ajfijlencia  do  divino  Sacramento  celebrou 
o  Collegio  de  S.  Paulo  da  Companhia  de 
lefus  da  Cidade  de  Braga  em  z-j  de  Julho 
de  i-jz^.  Lisboa  na  Oííicina  Patriarchal  da 
Muíica.  1728.  4. 


lOAÕ  DA  SYLVA  MORAES  Na- 
ceo  em  Lisboa,  e  na  Parochial  de  Santa 
Maria  Magdalena  recebeo  a  primeira  graça 
a  27  de  Dezembro  de  1689,  fendo  filho  de 
António  da  Sylva  Moraes,  e  Domingas  Ro- 
drigues. Na  idade  da  puericia  foy  admitido 
ao  Collegio  Real  dos  Meninos  Orfaõs  da  fua 
pátria  onde  com  a  difciplina  de  Fr.  Braz 
Soares  da  Sylva  Freyre  da  Ordem  mili- 
tar de  Chriílo,  e  Reytor  do  mefmo  Colle- 
gio fahio  profundamente  inílruido  na  Arte 
de  Mufica  aífim  praética,  como  efpecula- 
tiva  bailando  fomente  eíle  difcipulo  para 
immortal  credito  do  feu  magiiierio.  Como 
a  fciencia  de  taõ  fonora  Faculdade  fe  au- 
gmentaíle  com  mayores  progreíTos  pelas  con- 
tinuas produçoens  da  fua  penna  mereceo 
fer  preferido  entre  muitos  Oppofitores  ao 
Meftrado  da  Santa  Caza  da  Mifericordia  de 
Lisboa  de  que  tomou  poíTe  em  o  primeiro 
de  lulho  de  171 3.  e  depois  de  o  exercitar 
pelo  efpaço  de  quatorze  annos  paíTou  com 
o  mefmo  miniílerio  para  a  Cathedral  de 
Lisboa  a  27  de  Mayo  de  1727.  onde  co- 
mo em  mayor  Theatro  fez  mais  plaufivel 
o  feu  nome  pela  copia  de  compofiçoens 
Aíuficas  em  que  fe  admiraõ  venturofamen- 
te  unidas  a  novidade  das  ideas  com  a 
confonancia  das  vozes  fempre  reguladas  pe- 
los preceitos  da  Arte.  Entre  elles  faõ  di- 
gnas   de    diílinta   memoria   as    feguintes. 

Kefponforios  da  Vefta  do  Natal,  a  8.  vozes. 
Os  mefmos  a  4  vozes.    Outros  a  4.  vozes. 

Kefponforios  da  Fejia  da  Epifania  a  4  com 
Rabecas. 

Kefponforios  da  Fefia  do  Baptifla  z  4  com 
Rabecas. 


Kefponforios   da    Fefla   do   Evangelifla.  a  4. 

Kefponforios  da  Fefla  de  S.  Vicente  dos 
quais  he  o  3.  do  i.  Nodumo  Tanta 
grajfabatur  crudelitas  a  8.  de  6.  tom.  com 
Rabecas,  o  i.  do  2.  Nofturno  Ecce  jam 
in  fublime  agor.  a  8.  de  5.  Tom.  alto 
com  Rabecas;  o  3.  do  2.  No£himo  Cuf- 
todivit  illum  Dominus  a  8.  de  6.  Tom. 
fem  Rabecas,  e  o  2.  do  3.  Nodhirno 
Cognito  fanão  ejus  abfcejfu  a  4.  de  8.  Tom 
fem    Rabecas. 

Kefponforios  da  Fefla  da  Conceição  da 
re^a    dos    Francif canos    a    4.    fem    Rabecas. 

Kefponforios  3.  da  Fefla  da  Purificação  a  4. 
com  Rabecas. 

Outo  Kefponforios  da  Fefla  de  Santa  Mónica 
a  8.  com  Rabecas. 

Outo  Kefponforios  da  Fefla  de  S.  Jerónimo 
a  4. 

Diverfos  Kefponforios  da  Fefla  da  Senhora  do 
Carmo  a  4.  com  Rabecas. 

Kefponforio  de  Santa  Cecilia.    O  beata  Cecilia 
a  4.  de  6.  Tom  com  Rabecas. 

Kefponforio  de  Santa  Cecilia,  que  co- 
meça    Cecilia    me    mifit    ad    vos    a     8.     de 

5.  Tom    alto    com    Rabecas,    e    Trombe- 
tas. 

Todos  os  Kefponforios  da  /^.  5.^6.  feyra  da 
Semana  Santa  a  8.  vozes.  Os  mefmos  a  4. 
vozes. 

luimentaçoens  do  i.  Noãumo  da  5.  fej- 
ra    a    4.     vozes    com    Rabecas,     a     i.    de 

6.  Tom.   a    2.    de    i.    Tom   baixo,   e   a    3. 
por    2.    Tom. 

lamentação  primeira  da  4.  feyra  a  6.  vozes 
por  3.  Tom. 

luimentaçoens  dos  Três  dias  da  Sema- 
na Santa  do  Kito  Dominicano  a  4.  Duo 
e    Solo. 

Miferere  mei  Deus  de  3.  coros  por 
2.  Tom  por  bmol.  Outro  de  3.  coros 
por  6.  Tom.  Outro  de  3.  coros  por  5. 
Tom.  Outro  de  3.  coros  por  2.  Tom 
por  bmol.  Outro  de  4.  vozes  por  6. 
Tom  com  Rabecas.  Outro  por  6.  Tom 
fem  Rabecas.  Outro  de  4.  de  5.  Tom. 
Outro  a  4.  de  3.  Tom.  Outro  de  8.  vo- 
zes por  2.  Tom  por  bmol.  com  Rabe- 
cas. Vinte  para  trinta  de  três  vozes  até 
o    Tibi   Soli  peccavi. 


75ó 


BIB  LIO  THE  CA 


Pfahios  da  Prima  com  o  feu  Hymno  por  i. 
Tom  a  4.  com  Rabecas. 

PJalmos  de  Noa  com  o  feu  Hymno  a  4.  de  8. 
Tom  com  Rabecas.  Outros  a  4.  de  6.  Tom 
com  Rabecas. 

Pfalmo  Domine  probajli  me  2^  %.  com  Ra- 
becas. 

Pfalmo  In  convertendo  a  4.   com  Rabecas. 

Pfalmo  Beati  omnes  a  4.  5.  Tom  com  Ra- 
becas. 

Maffíificat  de  8.  vozes.  Outra  a  4  de  5. 
Tom. 

Invitatorio  da  Fefla  do  Natal  a  8.  de  4.  Tõm. 

Invitatorio  da  Fefla  da  Santijftma  Trindade  a 
8.  de  6.  Tom. 

Invitatorio  da  Fefla  de  S.  Vicente  a  8.  de  3. 
Tom. 

Venite  exultemus  Domino,  a  8.  fem  Ra- 
becas. 

Te  Deum  L^udamus  a  4  de  6.  Tom  com 
Rabecas,  e  Trombetas.  Outro  a  4.  de  5.  Tom 
ponto  alto  com  Rabecas.  Outro  a  4.  de  5. 
Tom  ponto  alto  com  Rabecas.    Outro  a  3.  de 

3.  Tom. 

Miffa  de  5.  vo:(es  de  8.  Tom. 

Graduaes,  e  Offertorios  para  todas  as  Feflivida- 
des  da  Igreja  a  4.  vozes;  alguns  com  Rabecas. 

Ladainha  de  Noffa  Senhora  a  4.  de  6.  Tom. 
com  Rabecas. 

Pange  lingua  a  duo  de  i.  Tom  com  Rabe- 
cas. Outro  a  4.  por  5 .  Tom  ponto  alto.  Outro 
a  4.  de  5.  Tom. 

Sequentia  da  Miffa  do  Corpo  de  Deos 
l^uda  Sion  Salvatorem  &c.  a  8.  de  5. 
Tom  ponto   alto. 

Sequentia  da  Fefla  da  Pafchoa.  Viãima 
Pafchalis    a    8.    por    2.    Tom   por    bquadro. 

Motetes  do  Sacramento.  Caro  cibus  a  4. 
por  5.  Tom  alto.  Quod  non  capis.  a  4. 
5.    Tom.     Outro    a    4.     O  falutaris    hofiia    a 

4.  6.  Tom.  Outro  a  4.  6.  Tom.  Caro 
f?jea.  a  4.  5.  Tom.  O'  Sacrnm  Convivium 
a  4.  5.  Tom.  Fraão  demum  Sacramento  a 
4.    5.    Tom    natural. 

'     Stahat    Mater    dolorofa    z    4. 
''"*"'' Veni   Sponfa    Chrifli.    a    4. 

Gloriofa  Virginis  Maria  a  4.  de  i. 
Tom  pór  bmol  com  Rabecas. 

Hymnos.  Exultet  orbis  gaudiis  a  4.  de 
$.    Tom    ponto    alto    com    Rabecas.    Deus 


tuorum  militum  2.  4.  de  8.  Tom  com 
Rabecas.  Jefu  Corona  gloria  a  4.  de  6. 
Tom  com  Rabecas.  Caleflis  Urbs  Jerufa- 
lem  a  4.  por  5.  Tom  ponto  alto  com 
Rabecas.  Ifie  Confejfor  a  4.  de  2.  Tom. 
Ave  Maris  Stella  a  4.  de  i.  Tom.  Veni 
Creator  Spiritus  a  4.  5.  Tom.  alto  com  Ra- 
becas. Outro  a  4.  de  2.  Tom  por  bmol.  Je- 
fus  dulcis  memoria  a  4.  de  i.  Tom  com  Rabe- 
cas Summe  parens  clementia  a  4.  de  6.  Tom 
com  Rabecas. 

Refponforios  Gaudent  in  calis  a  8.  de  5. 
Tom.  Viri  Sanai  2.  8.  3.  Tom.  Outro  a  4. 
8.  Tom  alto  com  Rabecas.  Abfterget  Deus 
a  4.  de  5.  Tom.  alto  com  Rabecas.  Tra- 
diderunt  corpora  fua  a  4.  de  5.  Tom  com 
Rabecas. 

Seis  Vilhancicos  de  8.  vozes  para  a 
Feíla    de    Santa    Cecília. 

Vilhancicos  de  Natal  de  4.  e  Hnco  vo- 
zes, e  de  outras  Feílividades,  que  exce- 
dem   o    numero    de    íincoenta. 

lOAÕ  DE  SIQUEYRA  DA  COSTA 
natural  da  Cidade  de  Mazagaõ  íituada  na 
Regiaõ  Africana  muito  verfado  na  liçaõ 
dos  livros  afceticos  como  publica  a  obra 
feguinte,    que    compoz. 

Exercido  de  Predejiinados,  e  cutello  de  vidos. 
Tratado  da  OraçaÕ,  e  fácil  modo  de  orar  deregido 
aos  cuidadofos  da  fua  falvaçaò.  Lisboa  por  Jozé 
António  da  Sylva.  1732.  8. 

lOAÕ    DA    SYLVEYRA    natural    de" 
Évora,  e  filho  de  Fernaõ  da  Sylveira  Efcri- 
vaõ    da  Puridade   delRey   D.   loaõ   o   II.   ej 
Affonfo   V.   e  de  D.   Brites  de  Souza  filha] 
de   loaõ   de   Mello   Alcayde   mór  de  Serpa. 
Teve  por  theatro  de  feus  belicofos  efpiritosi 
a  Praça   de   Safim  cm  Africa,  e  de   Coulaõ 
na  Afia  quando  no  anno  de   15 16  foy  por 
Capitão    mòr    de    huma    Armada    compofta 
de  finco  Navios.    Acompanhou  no  anno  dei 
15  21.  a  Infanta  D.  Brites  filha  do  Serenif- 
fimo  Rey  D.  Manoel  futura  efpoza  de  Car-j 
los  III.  Duque  de  Saboya.    Foy  Commenda- 
dor   de   Montalvão,    c   Qavciro   da   Ordem 
de     Chriílo,     Trinchante    delRey    D.     loaõ 
o     III.     e     feu     Embaxador     a     Francifco 
primeiro    de    França   onde    pelo    efpaço    de 


L  USITAN  A. 


757 


nove  annos,  tratou  negócios  muito  im- 
portantes a  eíla  Coroa.  Foy  cazado  duas 
vezes,  a  primeira  com  D,  Leonor  de  Me- 
nezes filha  de  D.  Fernando  Pereira,  e  a 
fegunda  com  D.  Izabel  de  Távora  filha  de 
Diogo  da  Sylveira,  e  de  ambas  eílas  duas 
confortes  teve  fuceíTaõ.  Falleceo  na  fua 
pátria,  e  delle  faz  memoria  Pacheco  Vid. 
da  Infant.  D.  Alar.  liv.  i.  cap.  4.  e  Fon- 
ceca  Evor.  Glorio/,  pag.  105.  Entre  os  Poe- 
tas grandes  mereceu  lugar  diílinto  de  cuja 
Mufa  fahiraõ  alguns  Verfos  no  Cancioneiro 
de  Garcia  de  Ke/ende.  Lisboa  por  Herman 
de  Campos.  15 16.  foi,  a  foi.  147.  148. 
150.   v.o    152.    154.    176.    188,    \^  e    189. 

Fr.  lOAÕ  DA  SYLVEYRA  illuílre  cre- 
dito da  Gdade  de  Lisboa  onde  naceo  a  30 
de  Agofto  de  1592.  fendo  filho  de  Fernaõ 
Lopes  de  Lisboa,  e  Catherina  Fernandes,  co- 
mo da  Religião  Carmelitana  cujo  habito  rece- 
beo  no  Convento  da  Villa  de  Setúbal  a  15 
de  Agofto  de  1611.  quando  contava  defa- 
nove  annos  de  idade.  Eftudou  em  o  Colle- 
gio  de  Coimbra  as  fciencias  efcholafticas, 
que  diâou  com  aplauzo  nos  Conventos 
de  Évora,  e  Lisboa  cuja  fciencia  fe  fazia 
mais  eftimavel  pela  modeftia  do  femblan- 
te,  e  humildade  do  génio.  Depois  de 
ter  profundamente  examinado  as  dificul- 
dades da  Theologia  Efpecvilativa,  Moral,  e 
Afcetica  fe  dedicou  com  indefeíTa  aplica- 
ção a  penetrar  os  arcanos  da  Sagrada 
Efcritura  valendo-fe  das  luzes  dos  Santos 
Padres,  e  dos  mais  infignes  Interpretes 
para  defcubrir  o  verdadeiro  fentido  da 
Palavra  divina  oculta  em  as  myfteriofas 
fombras  dos  vaticínios  dos  Profetas.  Def- 
ta  continua  liçaò  fe  illuftrou  o  entendi- 
mento, e  inflamou  a  vontade  para  reve- 
lar com  a  penna  a  vafta,  e  profunda  in- 
telligencia,  que  alcançara  das  letras  fagra- 
das  emprendendo  formar  hum  Comento  ao 
Texto  Evangélico  cuja  árdua  empreza  glo- 
riofamente  dezempenhou  em  féis  grandes 
volumes  eternos  padroens  da  fua  fecunda 
erudição,  e  penetrante  agudeza  com  que 
extrahio  do  fentido  litteral  a  multiplici- 
dade de  conceitos  moraes,  e  políticos 
para    ornato    dos    Difcurfos    concionatorios. 


A  fama  do  feu  nome  fe  divulgou  com  tal 
excesso  por  toda  a  Europa,  que  naõ  havia 
homem  grande,  que  vieíTe  a  Portugal,  que 
logo  quizeíTe  teftemunhar  com  os  olhos  o 
que  tinha  percebido  pelos  ouvidos,  diftin- 
guindo-fe  entre  todos  o  ReverendiíTimo  Fr. 
Jozè  Ximenes  Samaniego  Aliniftro  Geral 
da  Religião  Seráfica,  e  Grande  de  Efpa- 
nha,  que  falleceo  Bifpo  de  Segóvia  o  qual 
chegando  no  anno  de  1678.  ao  Real  Con- 
vento de  S.  Francifco  defta  Corte  antes 
de  fer  conduzido  para  o  apozento  defti- 
nado  por  taõ  grave  Communidade  quiz,. 
que  o  conduziíTem  ao  Convento  do  Car- 
mo para  ver  ao  Meftre  Sylveira  com  quem 
efteve  algumas  horas  adnJrando  a  íince- 
ridade,  e  modeftia  virtuofa  de  taõ  infigne 
Varaõ,  levando  alguns  dos  feus  compa- 
nheiros como  relíquias  da  erudição  fagra- 
da  as  pennas,  e  tinteiro,  que  lhe  ferviaõ 
para  a  compofiçaõ  das  fuás  obras.  Mere- 
cendo tantas  eftimaçoens  pela  fua  Sabidoria 
ainda  era  credor  de  outras  mayores  pela 
fevera  obfervancia  da  vida  regular.  Era 
taõ  rígido  cultor  da  pobreza,  que  cobrando 
annualmente  mil  ducados,  que  lhe  deixara 
por  legado  fua  Irmãa  a  Baroneza  D.  Bri- 
tes da  Sylveira  como  confta  do  feu  Tefta- 
mento  impreíTo  foi.  14.  verf.  n.  49.  e  ren- 
dendo-lhe  copiofo  dinheiro  as  fuás  obras 
tudo  difpendia  em  o  culto  de  Deos,  e  bene- 
ficio da  fua  Religião  mandando  fabricar 
o  Retabolo  da  Capella  mòr  do  Convento  de 
Lisboa  em  q  compete  a  preciofidade  com  o 
artificio;  o  cofre  de  prata  guarnecido  de  pe- 
dras de  grande  valor,  que  ferve  de  depozito 
ao  auguftiíTimo  Sacramento  do  Altar,  e  a 
Caza  da  Livraria  ornada  de  elegantes  pintu- 
ras, e  livros  exquifitos.  Todas  as  alfayas  da 
fua  Cella  fe  reduziaõ  a  huma  pobre  cama 
fobre  cuja  cabeceira  pendia  huma  Cruz  de 
pinho,  duas  cadeiras,  e  huma  banca  em 
que  efcrevia.  Confervou  por  todo  o  ef- 
paço  da  vida,  como  no  fim  delia  declarou 
illeza  a  flor  da  Caftidade.  Mais  amante  de 
obedecer,  que  de  mandar  nunca  quiz 
aceitar  Prelazia,  e  obrigado  pelo  Geral 
Fr.  leronimo  Ari  foy  Prefidente  do  Ca- 
pitulo celebrado  em  Lisboa  a  13  de  Mayo 
de    1664.   cujo  lugar  teve  mais  duas  vezes,. 


7^8 

•^ue  foraõ  a  8.  de  Abril  de  1674.  e  a  8  de  Mayo 
•de  1677.  conílrangido  dos  preceitos  dos  Gc- 
raes  Fr.  Matheos  Orlando,  e  Fr.  Emílio  laco- 
melli.  Unicamente  foy  Definidor  perpetuo 
<ia  Religião  eleito  em  o  Gipitulo  Geral  cele- 
brado em  Roma  a  16  de  Mayo  de  1660.  Naõ 
fe  altercou  controverfia  grave  em  feu  tempo, 
•que  delia  naõ  foíTe  confultado  pelas  peíToas  da 
primeira  lerarchia,  cuja  refoluçaõ  como  efta- 
belecida  em  fundamentos  folidos,  e  mais 
conformes  a  re6tidaõ  da  cõciencia  era  pre- 
ferida aos  votos  de  outros  grandes  Letrados. 
Para  defender  a  Immunidade  Ecclefiaftica 
infultada  pela  authoridade  dos  Miniftros  Ré- 
gios foy  eleito  Procurador  em  o  anno  de 
1633.  pelo  IlluftriíTimo  CoUeitor  Alexandre 
Caílracani,  e  na  Corte  de  Madrid  fuftentou 
naõ  fomente  com  a  voz,  mas  com  a  penna 
a  juíliça  de  taõ  importante  cauza.  Cumulado 
<de  religiofas  virtudes  paíTou  de  caduco  a 
■eterno  em  o  Convento  de  Lisboa  a  1 7  de  lulho 
<ie  1687.  quando  contava  a  provefta  idade 
àc  94.  annos  10  mezes,  e  13  dias;  de  religiofo 
75  annos  11  mezes,  e  4  dias.  O  fentimento 
<la  fua  morte  correfpondeo  à  eílimaçaõ  da 
lua  vida.  laz  fepultado  no  Cemitério  novo, 
e  fobre  a  pedra  fepulchral  fe  lhe  gravou  o 
Seguinte  Epitáfio. 

Sifie  leãor. 

Híc  jacet 

Carmeli  doãijftmus  Do£ior 

Sapiens,  et  humilis, 

Pauper,  Jed  magnanimus, 

Pater   sylveyra 

Uhris  incumhens,  Deo  impenfius 

Studuit,  Jcripfit,  compofuit: 

Ni/  habens  litteris  pretiofius 

Prater  virttitem. 

Nobis  exempla,  Lyfia  decorem, 

Famam  aternitati  relinquens , 

Sicut  vixerat  morttms  ejl 

In  ofculo  Domini. 

Ne  decedas  qtiin  dicas 

Requiefcat  in  pace. 

Obiit  die  17  //////'  anno  1687. 

He  celebrado  o  feu  nome  por  diverfos 
Authores  como  faõ  António  de  Souza 
Macedo  Eva,  e  Ave.  Part.  2.  cap.  15.  n.  12. 


BIBLIO THE  CA 


Efcri/or  mais  infigne  do  noffo  Jeculo,  e  Ljif- 
tre  grande  defta  fua  pátria,  e  cap.  20.  n.  5. 
doutiffimo  Padre,  e  luftre  de  Portugal  em 
Jeus  excellentes  efcritos.  D.  Franc.  Man. 
de  Mello  Cart.  dos  A  A.  Portug.  ao  Dou- 
tor Themudo  Por  quem  pode  fallar  a  eftima- 
çaô  dos  Jeus  Efcritos.  Fr.  Ant.  à  Matr.  Dei. 
Apis  Libani.  in  10.  Cap.  Proverb.  Flor.  i. 
Delibat.  i.  n.  5.  indefejfus,  et  perdoãus 
Evangeliorum  illujlrator.  Illuílriffimo  Bar- 
zia  Defpert.  Chriji.  Tom.  i.  Serm.  10. 
n.  II.  grande  Expojitor  dei  Evangelio,  e 
Tom.  2.  Serm.  24.  n.  21.  do£io\  e  no  Tom. 
2.  do  Querefmal  Serm.  25.  n.  20.  erudito 
Hozes  n^elo  Paftoral.  Explic.  dela  Propof. 
64,  n.  32.  eruditijftmo  Maeftro  D.  Emman. 
Caiet.  de  Souz.  Exped.  Hifp.  S.  Jacob.  Tom. 
2.  pag.  1325.  §.  369.  Carmelitarum  decus. 
Sá  Mem.  Hijl.  dos  Efcrit.  Portug.  do  Carmo. 
cap.  52.  pag.  230.  Honra  defta  Provinda, 
luftre  da  Carmelitana  Família,  e  credito 
da  NaçaÕ  Portugue:(a  cujo  infigne  nome  bafta 
para  milhor  Elogio  da  fua  vida,  e  acçoens, 
que  o  fit^eraÕ  conhecido  naõ  fó  nefte  Keyno,  w, 
em  os  eftranhos  pois  de  todos  foy  venera, 
por  hum  fogeito  eminente;  e  nas  Mem.  Hift. 
da  Prov.  do  Carm.  de  Portug.  pag.  18 
Heroe,  que  pela  fciencia,  e  virtudes  illuftn 
a  Keligiaõ,  e  o  Keyno  como  fe  vè  da  venen 
çaô,  que  tem  em  todo  o  mundo  os  feus  ej 
critos  tantos,  e  taÕ  multiplicadamente  i. 
pregos.  Cofta  Corog.  Portug.  Tom.  i.  pagi 
630.  VaraÕ  doutijftmo  nas  Divinas,  e  Hi 
manas  letras,  cuja  memoria  fera  eterna  ei 
todos  os  feculos  pelos  muitos,  e  eruditos 
vros,  que  compôs^  fobre  a  Sagrada  EfcritUTi 
fogeito,  que  naÕ  fó  acreditou  a  Keligiaõ,  m^ 
também  illuftrou  a  NaçaÕ  Portuguev^a.  Im 
nati  Hib.  Eat.  Heb.  pag.  421.  n.  1240 
long.  Bib.  Sacr.  pag.  mihi  979.  col.  2.  Ni 
col.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  59 
col.  I.  Fr.  Daniel  à  Virg.  Mar.  Spea 
Carmel.  Part.  2.  Tom.  2.  foi.  1078.  n.  577 
Compoz. 

Commentaria    in    Textum    Evangelicum 
mus     Tomus.      Ulyflipone     apud     Antoniu: 
Alvres.     1640.     foi.      Lugduni     apud 
brielem      BoiíTac.      et      Laurent.      AniíTo; 
1645.  foi.    Matriti  apud  Gabrielem  de  Leo 
1648.  foi.    Lugduni  apud  Laurentium 


L  USITAN A. 


759 


fon.  1662.  foi.  et  ibi  1667.  foi.  Antuerpise 
apud  Viduam  Henrici  Aertfens  1665.  foi. 
et  ibi  apud  Lucam  de  Poter  1665.  foi.  Lug- 
duni  apud  AniíTonianos  et  PoíTuel  1697.  foi. 

Tomus  fecundus.  Lugduni  apud  Gabrie- 
lem  Boiílat,  et  Laurent.  AniíTon.  1645. 
Matriti  apud  Gabrielem  de  Leon.  1648. 
foi.  Lugduni  apud  BoiíTat,  et  AniíTon.  1662. 
e  1667.  foi.  Antuerpiae  apud  Viduam  Hen- 
rici Aertfens  1665.  foi.  et  ibi  apud  Lucam 
de  Poter  1665.  &  Lugduni  apud  AniíTonia- 
nos 1697.  foi. 

Tomus  Tertius  Lugd.  apud.  BoiíTat  et 
AniíTon.  1645.  foi.  &  ibi  apud  eofdem  1652. 
1662.  e  1667.  Antuerpiae  apud  Viduam 
Henrici  Aertfens  1665.  foi.  e  Lugd.  apud 
AniíTonianos.  1697.  foi. 

Tomus  Quartus  Lugduni  apud  Lauren- 
tium  AniíTon  1649.  foi.  ibi  per  eumdem 
1656.  1657.  1662.  1668.  Antuerpiae  apud 
Viduam  Henrici  Aertfens  1665.  foi.  et  Lug- 
duni  apud   AniíTonianos    1697.   foi. 

Tomus  Qiúntus.  Lugduni  apud  Lauren- 
tium  AniíTon  1659.  foi.  et  ibi  apud  eumdem 
1662.  e  1668.  foi.  et  ibi  apud.  AniíTonianos. 
1697.  foi. 

Tomus  fextus.  Lugduni  apud  Laurentium 
AniíTon  1672.  foi.  Antuerpiae  apud  Hyero- 
nimum  VerduíTen  1676.  foi.  et  Lugduni  apud 
AniíTonianos  1701.  foi. 

Commentaria  in  Apocalypfin  D.  loannis  Apof- 
toli  Tomus  primus.  Lugduni  apud  Laurent. 
AniíTon  1665.  foi.  et  Antuerpiae  apud  Viduam 
Henrici  Aertfens  1667.  foi.  et  ibi  apud  Lucam 
de  Poter  1666.  foi. 

Tomus  fecundus.  Lugd.  apud  AniíTon  1669. 
foi.  et  Antuerpiae  apud  Viduam  Henrici 
Aertfens  1668.  foi. 

Commentaria  in  Aãa  Apofiolorum  cum 
qmdam  Apologia  Carmelitana.  Lugd.  apud 
Aniflbn  et  PoíTuel  1681.  col.  et  ibi  apud  eof- 
dem 1687.  foi. 

Opufcula  Varia  Lugd.  ex  Oííicina  AniíTo- 
niana  1675.  foi. 

Todos  eftes  dez  volumes  fahiraõ  ulti- 
mamente Venetiis  apud  Ludovicum  Lovifa 
1728.  foi. 

Sermão  nas  primeiras  Exéquias  do  Se- 
nniffimo  Vrincipe  o  Senhor  D.  Tòeodo^io 
filho    delKej    Nojfo    Senhor    D.    loaô    o    IV. 


as  quais  a  z-f  de  May  o  dejle  pret^ente  anno  cele- 
brou a  KeligiaÕ  de  Nojfa  Senhora  do  Carmo 
no  Keal  Convento  de  S.  leronimo  de  Belém.  Lis- 
boa por  António  Alvares  ImpreíTor  delRey 
1653.  4. 

Sermão  pregado  no  Convento  de  S.  Filippe  dor 
Carmelitas  Defcalfos  em  o  fexto  dia  do  folemne 
Outavario  da  Canonit^açaõ  de  Santa  Maria  Mag- 
dalena  de  Paf^^i.  Sahio  na  Part.  2.  do  Fora/- 
tetro  Admirado  a  pag.  79.  Lisboa  por  Antónia 
Rodrigues  de  Abreu.  1672.  foi. 

Traãatus  in  quo  deciditur  an  religiofa  domus^ 
teneatur  Jervare  interdiãum  qui  Juppofita  ejl' 
Parada  vicina  non  Ecclejia  Cathedralis.  Confer- 
vafe  M.  S.  na  Livraria  do  Convento  do  Car- 
mo de  Lisboa,  e  he  citado  por  Fr.  António 
do  Efpirito  Santo  Direã.  Morale  Traâ.  12. 
de  Interdiã.  difp.  5.  Saâ.  i.  n.  736. 

Traãatus  de  Tertiariis  quos  poffunt  hahere- 
Carmelita.  Confervafe  M.  S.  na  mefma. 
Livraria,  e  he  citado  por  Lezana  Sum.  Quají^ 
Regul.  Tom.  2.  cap.  14.  n.  7.  Barbofa.  Col- 
leã.  Apojl.  Decif.  Decif.  DCC.  e  Fr.  lozé 
de  Santa  Maria  Traã.  de  Tertiariis  n.  28^ 
e  32. 

Traãatus  de  Incamatione. 

Traãatus  de  Legibus. 

Traãatus  de  Immunitatc,  ac  libertate  Ec- 
clejiajlica.  Todos  eíles  Tratados  fe  confer- 
vaõ  M.  S.  na  Livraria  do  Convento  do- 
Carmo. 

Compendium  in  doãrinam  Arijlotelis.  foL 
M.  S.  Confervafe  no  Collegio  do  Carmo  de 
Coimbra. 

D.  Fr.  lOAÕ  SOARES  chamado  no  fe- 
culo  loaõ  Soares  de  Urro  teve  por  Pays  a 
Diogo  Diaz  de  Urro,  e  a  Luciana  de  Alcân- 
tara de  igual  nobreza  à  de  feu  conforte,  e 
por  pátria  a  fregueíia  de  S.  Miguel  de  Urro- 
lituada  em  o  Confelho  de  Penafiel  de  Sou- 
za do  Bifpado  do  Porto  annexa  ao  Mofteiro 
de  S.  Pedro  de  Cete  dos  Erimitas  de  San- 
to Agoftinho  cujo  fagrado  inílituto  abra- 
çou em  Salamanca  a  11  de  Abril  de  1523. 
quando  contava  16  annos  de  idade  para 
onde  o  levara  o  dezejo  de  aprender  as 
fciencias  efcholaílicas  na  fua  celebre  Uni- 
verfidade  fendo  tal  o  progreíTo  que  fez^ 
neíle    género    de    eíhidos    que    com    ada- 


yóo 


BI  B  LIO  THE  C  A 


maçaõ  de  todos  os  Cathedraticos  foy  laureado 
com  as  infignias  doutoraes  em  o  anno  de 
1J29.  Incorporado  em  a  Provinda  de  Por- 
tugal com  faculdade  do  Geral  da  Família 
Erimitica  paflada  a  17  de  laneiro  de  1536. 
conciliou  de  tal  modo  o  afefto  delRey  D. 
loaõ  o  III.  que  em  atenção  aos  feus 
grandes  merecimentos  o  nomeou  feu  Q)n- 
feflbr.  Pregador  Efmoler,  e  Meftre  de  feus 
filhos  os  Príncipes  D.  Filippe,  e  D.  loaõ. 
Depois  de  exercitar  eíles  honoríficos  lugares 
com  geral  aprovação,  e  ter  fido  Deputado 
do  Confelho  Geral  do  Santo  Oííício  de  que 
tomou  poíTe  a  16  de  lunho  de  1539.  foy 
aíTumpto  à  Cathedral  de  Coimbra  a  22  de 
Mayo  de  1545.  onde  dezempenhou  as  obri- 
gaçoens  de  Paílor  vigilante  aífim  na  continua 
repartição  de  efmolas,  como  na  magnifi- 
cência de  fabricas  fagradas  quais  foraõ  a 
<]a2a  da  Mizericordia  fundada  fobre  as  abo- 
badas da  Igreja  de  S.  Tiago  à  qual  deixou 
trezentos  mil  reis  de  juro;  e  ao  Tribunal 
<lo  Santo  Officio  hum  conto  de  reis  para 
fempre.  A'  Capella  do  Santiífimo  Sacramento 
•em  a  Cathedral  lhe  fez  o  donativo  de  hum 
Cálix  de  ouro;  e  os  PaíTos  da  Paixaõ  de 
•Chriílo  em  o  Palácio  de  Coja.  Conduzio 
com  grande  apparato  da  Cidade  de  Bada- 
jos  até  Lisboa  com  D.  loaõ  de  Lancaftre 
primeiro  Duque  de  Aveiro  a  SereniíTima 
Princeza  D  loanna  de  Auílria  filha  de  Car- 
los V.  que  vinha  defpozarfe  com  o  Prín- 
cipe D.  loaõ.  Entre  os  Prelados  que  a  ^la- 
geílade  delRey  D.  Sebaíliaõ  mandou  ao 
Concilio  Tridentino  foy  nomeado,  e  em 
laõ  authorizado  Congreflb  deixou  im- 
mortaes  memorias  da  facúndia  com  que 
orava.  Concluído  o  Concilio  em  o  anno 
■de  1563.  partio  a  vizitar  os  lugares  de  leru- 
falem  fantificados  com  o  fangue  do  divi- 
no Redemptor  deixando  para  eterno  tefte- 
munho  da  fua  gcnerofa  piedade  hum  pre- 
ciofo  ornamento  ao  Templo  do  Santo  Se- 
pulchro.  Reftituido  à  fua  Diocefe  con- 
tinuou com  vigilância  o  Officio  paftoral 
até  que  avizado  pela  ultima  infermidade 
<le  eftar  propinqua  a  morte  recebeo  o 
Viatico  fora  do  leyto  em  que  jazia,  e 
<ntre  fervorozos  coUoquios  com  Chrifto 
•Crucificado    efpirou    placidamente    a    26    de 


Novembro  de  1572.  laz  fepultado  na  Ca- 
pella do  Santiflimo  Sacramento  da  fua  Ca- 
thedral que  tinha  edificado.  Fazem  me- 
moria deíle  illuftre  Prelado  Andrade  Chron. 
delKey  D.  loaõ  o  III.  Part.  4.  cap.  95. 
lUuílriíTimo  Cunha  Cathal.  dos  Bifp.  do 
Porto  Part.  2.  cap.  34.  Souza  Vid.  de  Fr. 
Barthol.  dos  Martyr.  liv.  2.  cap.  17.  Foy 
eminentijfimo  no  minifterio  do  púlpito,  tanto 
que  os  mayores  Pregadores  do  Jeu  tempo  lhe 
reconheciaõ  a  ventagem,  e  como  a  fegundo 
Demojlhenes  o  veneravaõ.  Brandão  Mon.  Lu- 
fit.  Part.  5.  liv.  17.  cap.  12.  VaraÕ  de  gran- 
des letras,  e  virtude.  Marrado  Bib.  Marian. 
Part.  I.  p.  795.  Floruit  in  Concilio  Triden- 
tino celebris.  Orland.  Hijl.  Societ.  lef.  lib.  5. 
n.  56.  Vir  de  Societate  inde  u/que  ab  ejus 
in  iMJitaniam  accejju,  perpetuis,  <&  maximis 
officiis  optime  meritus.  Pacheco  Vida  da  Inf. 
D.  Mar.  liv.  2.  cap.  4.  Varon  en  virtud,  y  le- 
tras eminente.  Tellez  Chron.  da  Companhia 
de  lef.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  i.  lib.  i. 
cap.  26.  n.  4.  dignijfimo  da  mitra  de  Coim- 
bra ajft  no  que  Je^  no  fadado  Concilio  Tri- 
dentino como  no  muito  que  aproveitou  fuás 
ovelhas  que  tudo  he  notório  a  todo  Portu- 
gal. Fr.  Ant.  Purif.  de  Vir.  illuflrib.  Ord. 
Erimit.  D.  Aug.  lib.  i.  cap.  22.  Fjvajit 
in  Theologia,  et  Sacris  Scripturis  apprime 
doãus,  et  ad  concionandum  profundijfima  qua- 
dam  eloquentia  omatiffimus.  D.  Nicol.  de 
S.  Mar.  Chron.  dos  Coneg.  Keg.  lib.  10. 
cap.  16.  n.  6.  Foy  grande  Letrado,  e  Pre- 
gador, e  liv.  II.  cap.  ult.  Grande  Prelado. 
Poflevin.  Apparat.  Sacer.  Tom.  i.  pag. 
940.  Guerreiro  Coroa  de  esforçad.  Relig. 
da  Comp.  de  lef.  cap.  13.  religiofo  de  mm 
perfeitos  talentos  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  1 . 
p.  600.  col.  2.  Certe  bis,  Ó^  aliis  argu- 
mentis  quaftta  pietatis  fama,  nec  vulgaris 
doíírina  laus  dignitatem  hominis  ad  popu- 
lum  declamantis  e^egie  tuebantur.  Camar- 
go Chron.  Sacr,  pag.  322.  Tan  eminente 
en  lo  Pofitivo  que  hafla  oy  no  hã  podido  la 
muchedumbre  de  Predicadores  que  hà  teni- 
do  la  Keligion  en  aqttel  Reyno  olvidar  fus 
memorias.  loan.  Soar.  de  Brito  Theatr. 
Lujit.  Liter.  lit.  I.  n.  77.  Sixto  Scnenf. 
Bib.  Sana.  lib.  4.  Crufenius  Monajl.  Auguflin. 
Part.     3.    cap.    40.    vir    fupra    modum    pius 


L  USITAN  A 


ac  eruditus  ui  ex  operibus  confcripHs  coUi- 
fftur.  Fr.  Luiz  dos  Anjos  lard.  de  Portug. 
cap.  134.  diffio  de  eterna  memoria.  Herrera 
Anafias.  Augufiian.  pag.  126.  Vir  fingulari 
beneficentia  omatus,  et  apprime  eruditus.  Ley- 
taõ  Cathal.  dos  Bifp.  de  Q)imbra.  §.  68. 
Compoz. 

In  EvangeJium  D.  N.  Jefu  Cbrijii  fecundam 
Matòaum  Commentaria.  Conimbricae  apud  loan- 
nem  Barreira.  1562.  foi.  Venetiis  apud  Zile- 
tum.  1565.  et  PariGis  apud  Sebafidanum  Ni- 
vellum.  1578.  foi. 

In  Evangelium  Morei  Homilia.  GDnim- 
bricae  apud  loannem  Barrerium.  1566.  foi. 
&  Pariíiis  apud  Sebaftianum  Nivellum.  1578. 
foi. 

In  Evangelium  L^ca  Commentaria.  G>- 
nimbricae  apud  Antonium  Maris.  1574.  foi. 
et  Pariíiis  apud  viduam  Sebaftiani  Nivelli. 
1604.  foi.  addicionado. 

De  la  Verdad  de  la  Fé.  Lisboa  por  Luiz 
Rodrigues  livreiro  de  S.  Alteza.  Tem  no 
fim  as  feguintes  palavras.  Acabo/e  a  los  XX. 
dias  dei  men^  de  Enero  de  mil,  e  quinientos,  e 
quarenta,  e  três  foi.  Foy  mandado  impri- 
mir por  ordem  delRey  D.  loaõ  o  IIL  Delie 
livro,  que  he  impreíTo  em  letra  Gothica  vi- 
mos hum  exemplar  na  feleéta  Livraria  de 
meu  Irmaõ  D.  loze  Barboza  Clérigo  Regular, 
e  Chroniíla  da  SereniíTima  Caza  de  Bra- 
gança, como  também  o  feguinte. 

Cartinha  para  enfinar  a  ler,  e  efcrever 
com  os  Myfierios  de  Nojfa  Santa  Fé.  Prin- 
cipia pelo  titulo  feguinte.  Começa  o  tra- 
tado dos  remédios  contra  os  fete  pecados  mor- 
tas. Depois  fegue.  Começa  a  Oraçaõ 
do  /alimento  de  graças  pelas  obras  do  fe- 
nbor,  e  petiçoens  pelos  me/mos  myfierios.  No 
fim  acaba  com  eftas  palavras.  Foy  imprejfa 
a  premente  Cartinha  com  ho  tratado  dos  re- 
médios contra  os  fete  pecados  mortaes,  e  a 
Oraçaõ  do  fa^imento  de  ^aças  em  a  muy 
nobre  Cidade  de  Coimbra  em  ca^a  de  loam 
Alvares  impreffor  polo  Keverendijfimo  Se- 
nor  D.  Joam  Soares  Bifpo  de  Coimbra. 
Imprejfa  com  alvará  de  fua  Senoria  em 
que  manda  que  nenhua  pejfoa  infine  por  ou- 
tra algUa  Cartinha  em  todo  o  feu  Bifpa- 
do,  fe  naÕ  por  efia  sob  pena  de  trinta  aba- 
dos para    as    obras    da    Sé,    e    meyrinho^    e    a 


761 

terça  para  quem  os  acufar.  1554.  12.  e  1383. 
24.  fem  lugar  da  impreflaõ,  e  Lisboa  por 
Domingos  Carneiro.  1672.  12. 

Confejfwnario,  ou  interrogatório  breve 
para  os  Confeffores  prestarem  aos  peni- 
tentes. Coimbra  por  loaõ  de  Barreira. 
1557.  8.  e  Évora  por  André  de  Burgos. 
1573.  8. 

Sermão  de  Exéquias  do  SereniJJimo  Key  D. 
Affonfo  Henriques  pregado  no  Mofieiro  de  Santa 
Cru^  de  Coimbra  em  6.  de  Dei^embro  de 
1560.  O  qual  Sermão  (como  efcreve  D.  Ni- 
coláo  de  Santa  alaria  Cbron.  dos  Coneg.  Keg. 
liv.  II.  cap.  ult.  n.  I.  por  fer  em  grande 
louvor  do  Santo  Key  fe  imprimio  no  mef- 
mo  Mofieiro  de  Santa  Cru^  no  anno  feguinte 
de  15  61.  por  mandado  do  KeverendiJJimo  Pa- 
dre Prior  Geral  da  nojja  Con^egaçaÕ,  e  Can- 
cellario  da  Univerfidade  de  Coimbra  D.  Lou- 
renço Leyte. 

Exbortaçaõ  aos  Soldados.  Sem  o  feu 
nome. 

Carta  efcrita  em  o  atmo  de  1534.  a  E/Rey 
D.  JoaÕ  o  IIL  confolando-o  na  morte  de  feu  fi- 
lho o  Príncipe  D.  Manoel.  He  muito  larga, 
e  judiciofa.  Começa.  Bem  fey  que  V.  A. 
be  CbrifiianiJJimo.  Acaba;  fa^er  ao  que  deve 
ao  ferviço  de  Nojfo  Senhor  ao  qual  fejàò  graças, 
e  gloria  para  tudo,  que  fe:^  Amen. 

Fr.  lOAÕ  SOARES  natural  de  Lisboa 
donde  paíTando  a  Caftella  recebeo  o  habito 
dos  Minimos  de  S.  Frandfco  de  Paula  em  o 
Convento  de  Sevilha  fendo  em  taõ  douta 
paleftra  Lente  da  Sagrada  Efcritura,  e  Theo- 
logia  moral.  Alcançou  grandes  aplauzos 
o  feu  talento  pelo  miniílerio  do  púlpito  em 
que  foy  infigne.  Morreo  em  o  anno  de 
1680,  em  o  mefmo  Convento  em  que  naceo 
para  Deos.    Publicou. 

EJo^os  fúnebres  de  la  Serenijftma  Alagefiad 
de  nuefiro  muy  Catholico  muy  alto,  y  muy  po- 
derofo  Senor  D.  Manuel  único  defie  nombre  de 
gloriofa  memoria  Rey  de  Portugal  en  fit  Keal 
Ca^a  de  la  Santa  Mifericordia  de  Lisboa.  Lis- 
boa por  Diogo  Soares  de  Bulhoens. 
1670.  4. 

De  Conceptione  B.  Maria  Virffnis.  foi.  2. 
Tom.  Confervaõ-fe  no  Convento  de  Se- 
vilha da  Ordem  dos  Minimos. 


7Ó2 


BIB  LIO  THE  CA 


D.  lOAÕ  SOARES  DE  ALARGAM 
natural  de  Villa  de  Torres  Vedras  do 
Patriarchado  de  Lisboa  Sétimo  Alcay- 
dc  mòr  deíla  Villa,  e  Meftre  Sala  da 
Gaza  Real  Portugueza,  Q)mmendador  de 
S.  Pedro  de  Torres  Vedras  em  a  Or- 
dem de  Chriílo,  e  filho  de  D.  Marti- 
nho Soares  de  Alarcão  fexto  Alcayde 
mòr  de  Torres  Vedras,  e  de  D.  Ce- 
cilia  de  Mendoça  filha  herdeira  de  Fi- 
lippe  de  Aguilar  Meftre  Sala  da  Giza 
Real,  e  de  D.  Anna  de  Lugo,  e  Mofco- 
fo.  Defde  os  primeiros  annos  fe  apli- 
cou aos  eftudos  próprios  do  feu  naci- 
mento  de  cuja  aplicação  fahio  verfado 
nas  letras  humanas,  Hiftoria  profana,  e 
Arte  da  Poezia,  que  cultivou  com  felici- 
dade. Ao  tempo,  que  fe  efperavaõ  copio- 
fos  frutos  do  feu  engenho  o  arrebatou  a 
morte  na  florente  idade  de  trinta,  e  outo 
annos  em  o  mez  de  Dezembro  de  1618. 
Foy  cazado  com  D.  Izabel  de  Caftro, 
e  Vilhena  irmãa  de  D.  lorge  Mafcare- 
nhas  Marquez  de  Montalvão  de  quem 
teve  a  D.  Martinho  Soares  de  Alarcão  7. 
Senhor  da  Caza  de  Torres  Vedras,  e  Vil- 
la de  Rey,  que  morreo  na  Praça  de  Tan- 
gere  em  o  anno  de  1625.  fem  tomar 
eftado.  D.  Francifco  Soares  de  Alarcão, 
que  renunciando  a  Caza  em  feu  Irmaõ 
abraçou  o  Inftituto  da  Companhia  de  lefus 
de  quem  fe  fez  mençaõ  em  feu  lugar: 
D.  loaõ  Soares  de  Alarcão  de  quem  logo 
fe  tratará:  D.  Felippe  de  Alarcão,  e  Ruy 
Gomes  Soares  de  Alarcão,  que  morrerão 
de  tenra  idade.  D.  leronima  de  Caftxo, 
que  cazou  com  D.  loaõ  de  Almeida  Se- 
nhor de  Avintes;  D.  Cicilia  de  Menezes 
defpozada  com  Ambrozio  de  Aguiar  Cou- 
tinho Senhor  da  Capitania  do  Efpirito 
Santo,  e  Caza  de  Aguiar,  e  D.  Izabel  de 
Caftro  mulher  de  Álvaro  Pirez  de  Távo- 
ra de  cujo  matrimonio  foy  filha  única  D. 
Gcilia  de  Távora,  que  cazou  com  Francifco 
Botelho  primeiro  Conde  de  S.  Miguel.  Com- 
poz. 

ha  Iffanta  Coronada  por  EJRey  D.  Pe- 
^0,  D.  Ine!^  de  Cafiro.  Lisboa  por  Pedro 
Cracsbccck.  1606.  4.  Poema  em  8.  rima, 
que  confta  de  6.  Cantos. 


Archimufa.  Madrid.  4.  Confta  de  varias 
Poezias. 

Arcádia  Pajloril.  He  femelhante  à  de 
Sanazaro.  Conferva-fc  M.  S.  em  poder  de 
muitos  eruditos. 

Perdição  das  Nãos,  e  das  que  fe  falvá- 
raô  na  barra  de  Lisboa  em  o  anno  de  1606. 
M.  S. 

Fazem  delle  memoria  loan.  Soar.  de 
Brito  Theatr.  Lujit.  LiUer.  Lit.  L  n.  78. 
Nicol.  Ant.  Bib.  Hi/p.  Tom.  i.  pag.  601. 
col.  I.  Alarcão  Re/ac.  Genealog.  de  la  Caz. 
de  los  Marqusf^es  de   Trucifal.    lib.   4.   cap.   6. 


D.  lOAÕ  SOARES  DE  ALARCAM, 
E  MELLO  nono  Senhor,  e  Alcayde 
mór  de  Torres  Vedras  onde  teve  o  feu  ber- 
ço. Senhor  da  Villa  de  Rey,  c  dos  mor- 
gados de  Aguilar,  e  Lugo,  que  herdou 
por  fua  Avò,  Commendador  de  S.  Pedro 
de  Torres  Vedras,  e  Santa  Maria  de  Ma- 
ção em  a  Ordem  de  Chrifto,  Meftre  Sala 
da  Caza  Real  Portugueza.  Foy  filho  ter- 
ceiro de  D.  loaõ  Soares  de  Alarcão  de  quem 
fe  fez  a  precedente  memoria,  c  de  D.  Iza- 
bel de  Caftro,  e  Vilhena  irmãa  do  primei- 
ro Marquez  de  Montalvão  D.  lorge  Maf- 
carenhas.  Havendo  moftrado  a  fciencia  mi- 
litar igualmente  nas  expediçoens  mari- 
timas,  que  terreftres  cometidas  á  fua  pru- 
dente direção  fucedeo  a  feliz  aclamação 
delRey  D.  loaõ  o  IV.  em  o  primeiro  de 
Dezembro  de  1640.  e  como  foíTe  mais  af- 
fefto  ao  dominio  Caftelhano,  que  ao  feu 
legitimo  Soberano  fahio  de  Portugal  pa- 
ra Madrid  com  outros  fidalgos  abominá- 
veis fequazes  da  fua  refoluçaõ,  e  cahin- 
do  em  mais  injuriofo  abfurdo  entrou 
pela  Beyra  a  17  de  Outubro  de  1642.  com 
o  pofto  de  General  da  Cavallaria  onde 
em  varias  hoflilidades  eternizou  a  memo- 
ria da  fua  infidelidade  premiada  por  Ei- 
Rey  de  Caftella  com  os  titulos  de  primeiro 
Marquez  do  Trocifal,  e  Conde  de  Torres 
Vedras,  e  os  lugares  de  Mordomo  das  Sc- 
rcniflimas  Raynhas  D.  Izabel  de  Borbon, 
e  D.  Mariana  de  Auftria,  Confelheiro  do 
Confelho  Supremo  de  guerra,  c  Governa- 
dor,  c  Capitão  General  da   Praça  de   Tan- 


L  USITAN  A 


í^ere  em  o  anno  de  1643.  e  da  Praça  de 
Ceuta  em  1646.  Falleceo  a  6  de  Outu- 
bro de  1669.  Foy  cazado  com  D.  Ma- 
ria de  Noronha,  e  Eça  filha  de  loaò  Fo- 
gaça de  Eça,  e  D.  Leonor  da  Camará  fua 
fobrinha  de  quem  teve  a  D.  Martinho  Soa- 
res de  Alarcão  que  no  fitio  de  Barcelona 
aflaltando  o  Forte  de  S.  loaõ  dos  Reys  a 
17  de  lunho  de  1652.  acabou  gloriofamente 
matando  ao  Governador  Francez  a  cuja 
valeroza  acçaõ  dedicarão  as  Mufas  Cafte- 
Ihanas  hum  grande  volume  de  Poezias: 
D.  António  Soares  de  Alarcão  de  quem 
fe  fez  diftinta  memoria  em  feu  lugar,  e  D. 
Francifco  de  Alarcão  ambos  Cavalleiros  da 
Ordem  de  Calatrava:  D.  Leonor  de  Noro- 
nha que  morreo  menina:  D.  Mariana  de 
Alarcão,  e  Noronha  que  cazou  com  D.  Luiz 
Mofen  Rubi  Bracamonte,  e  Ávila  primo- 
génito de  D.  loaõ  Bracamonte,  e  Ávila 
iVIarquez  de  Fuente  do  Sol,  e  Mordomo 
da    Raynha    de    Caílella.      Compoz 

yirte  militar,  e  do  que  deve  obrar  qualquer 
Soldado,  e  Cabo  em  governar,  e  menear  aí  armas. 
M.  S. 

Defte  author  fazem  mençaõ  Menez.  Por- 
tug.  Keft.  Tom.  i.  liv.  3.  p.  125.  e  liv.  6. 
p.  351.  Alarcão  Kelac.  Geneal.  liv.  4.  cap.  7. 
Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  p.  601.  col.  i. 
e  Franckenau  Bib.  Hifp.  Gen.  Herald,  p. 
241.  atribuindo-lhe  eftes  dous  últimos  Ef- 
critores  a  obra  das  Kelac.  Genealog.  de  la  Ca-:(a 
Âe  los  Marquet^es  de  Trocifal  quando  certa- 
mente he  de  feu  filho  D.  António  Soares 
de  Alarcão  como  em  feu  lugar  deixamos  ef- 
crito. 


lOAÕ  SOARES  DE  BRITO.  Na- 
ceo  em  o  lugar  de  Matozinhos  fituado  em 
a  Comarca  da  Maya  do  Bifpado  do  Porto 
a  21  de  Fevereiro  de  161 1.  fendo  filho  de 
loaõ  Monteiro  Leaõ,  e  Beatriz  de  Brito  Soa- 
res, Aprendeo  os  rudimentos  gramaticaes 
em  a  Cidade  do  Porto  de  que  teve  por  Meftre 
a  loaõ  Nunes  Freyre  infigne  profeíTor  de 
letras  humanas  de  quem  fe  fez  memoria 
em  feu  lugar,  e  Rhetorica  em  o  CoUegio 
de  S.  Paulo  de  Braga  dos  Padres  lefuitas  em 
cujos  eftudos   fez   grandes   progreílos   a   vi- 


763 

veza    do    feu    engenho,    naõ    fendo    meno- 
res   quando    ouvio    revelados    os    myfterios 
da    Theologia    Efcholaílica    por    D.    André 
de    Almada    em    a    Univerfidade    de    Coim- 
bra,   e    na    de    Salamanca   por    Fr.    Francif- 
co   de   Araújo    da    Ordem   dos    Pregadores, 
Fr.      Angelo     Manrique     Mercenário,      Fr. 
Pedro      Hurtado      de      Mendoça,      Agofti- 
nho,    e   o   Padre   loaõ   Martins    Ripalda   fa- 
mofos    oráculos    daquella    fublime    Faculda- 
de    fahindo     taõ     profundamente     inftrui- 
do     nas     fuás     mayores     dificuldades     que 
depois     de     ter     diâado     Filofofia     natural 
na    Univerfidade    de    Salamanca    recebeo    o 
grão  de  Doutor  Theologo  em  a  de  Évora, 
e    Coimbra.      Querendo    moftrarfe    agrade- 
cido loaõ  Rodrigues  de  Sá  Camareiro  mòr 
delRey  D.  loaõ  o  IV.  á  doutrina  que  delle 
recebera    afiim    nas    letras    humanas,    como 
nas  especulaçoens  Filofoficas  o  nomeou  Ab- 
bade  da  Igreja  de  S.  Miguel  de  Rebordofa 
em  o  Confelho  de  Aguiar  de  Souza  do  Bif- 
pado do  Porto  donde  paíTou  para  a  de  S. 
Tiago   Dantas,    que   eftá   em   o   lulgado   de 
Vermoim    termo    de    Guimaraens    do    Ar- 
cebifpado    de    Braga    ambas     do    feu    Pa- 
droado, e  dotadas  de  copiofa  renda  que  dif- 
pendia    compaífivo    com    os    pobres.      Fal- 
leceo  com    eterna    faudade    das    fuás    ove- 
lhas em  o  anno   de    1664.     Foy  muito  pe- 
rito   na    lingua    Latina    que    efcreveo    com 
pureza,   e  f aliou  com  promptidaõ.     Da  lu- 
rifprudencia   Canónica   teve    profunda   intel- 
ligencia  como  moftrou  quando  era  Dezem- 
bargador  da  Relação  Ecclefiaílica  de  Braga. 
Na    Poefia    vulgar    fe    diftinguio    dos    feus 
mayores  alumnos,   como  na  liçaõ  da  Hifto- 
ria    Sagrada,    e    profana    por    cujos    dotes 
mereceo     os    elogios    de    infignes    pennas. 
leronimo      Genuin.      Neapolitano      Acadé- 
mico Ociofo  lib.   4.   Metamorph.   Sagro  dotor 
tu  fei,  e  fen^a  pare,  e  huomo  ben  infigne  Bar- 
thol.  Portolletus  ^pift.  ad  Melchior,  da  Graça 
Suare^anum  Jcriptum    leff:  papa    quãm   acre! 
vividuml     quãm     Comelianum    calamum    fapitX 
Mihi     in     vi/cera     penetravit,     fi    fie    omnia 
nihil  fias    Latium    debet.     D.     Franc.     Ma- 
noel   Cart.    dos    A  A.    Portug.    Vicente    de 
Gufmaõ    Soares    LMfit.    E^fiaurad.    Cant.    5. 
Eílanc.  3. 


764 


BIB  LIO  THE  CA 


Em    quanto    aos    annaes    vojfos    chama    o 

Fado 
Da  vojfa  immortal  gloria  cuidado/o 
A  erudição  de  Brito  que  na  Hijloria 
Divulgue  em  alto  eftilo  voffa  gloria. 
Fr.     leronimo    Vahia    Monge    Benedi£lino 
na  obra  intitulada  Armas  de  Theodov^o. 
Teftemunha  Jerá  o  graõ  talento 
Do  mundo  admiração  do  I^JJa  gloria 
Do  L^Jfa  rio  já  do  efquecimento 
Ho/e  por  elle  rio  da  memoria. 
O  excel/o  Brito  fingular  portento 
Que  de  calumnias  mil  lhe  deu  Vitoria 
Ornando  para  aff ombro  do  Univerfo 
Com  a  profa  milhor,  o  milhor  Verjo. 

Gjmpoz 

Apologia  em  que  defende  a  Poe:(ia  do  Principe 
dos  Poetas  de  E/panha  Luiz  ^  Camoens.  No 
Canto  4.  da  EJianc.  67  e  75.  e  Cant.  2.  Eftanc. 
zi  e  ref ponde  às  Cenfuras  de  hum  Critico  deftes 
tempos.  Lisboa  por  Lourenço  de  Anvers. 
1641.  4.  Dedicada  a  loaõ  Rodrigues  de 
Sà,  e  Menezes  Camareiro  mòr  delRey,  e 
Conde  de  Penaguião. 

lus,  €^  jufium  de  Kegni  Eujitani  fucejfwne. 
UlyíTipone  apud  Paulum  Craesbeeck.  1641. 
foi.  &  Lugduni  Batavorum  1641.  em  a  Re- 
publica Portugallia  a  pag.  380.  He  hum  Ma- 
nifeílo  fobre  o  Direito  da  Aclamação  del- 
Rey D.  loaõ  o  IV.    Sahio  fem  o  feu  nome. 

Nemejis,  five  recriminatio  in  lutcejfen- 
tem.  Cofmopoli.  1644.  4.  fem  o  feu  no- 
me. He  huma  rigida  inveftiva  contra  o 
livro  Eufitania  Captivitas  &c.  compoílo  por 
Gafpar  Pinto  Corrêa  do  qual  fe  fez  memoria 
em  feu  lugar. 

Theatrum  Eufitania  Utteratum,  five  Bi- 
bliotheca  Scriptorum  omnium  Eufitanorum 
foi.  Eíla  obra  comporta  em  o  anno  de 
1645.  a  mandou  feu  Author  em  o  anno  fe- 
guinte  para  fe  imprimir  em  Pariz,  e  naõ 
tendo  efeito  eíla  determinação  fe  conferva 
o  Original  na  Bibliotheca  delRey  Chriília- 
lúífimo  donde  mandou  extrahir  huma  Co- 
pia o  ExcellentiíTimo  Vifconde  de  Villa 
Nova  de  Cerveira  Thomaz  Tellez  da  Sylva 
quando  aíTiílio  naquella  Corte,  a  qual  bene- 
volamente me  comunicou,  c  delia  extrahi 
algumas    noticias,    que    vaõ    infertas    ncíla 


Bibliotheca.  Coníla  de  876.  Efcritores 
feguindo  feu  Author,  como  afirma,  o  ef- 
tilo do  Cardial  Bellarmino  de  Scriptoribus 
Ecckfiafiicis.  He  allegada  muitas  vezes  por 
Fr.  lacobo  Echard.  Script.  Ord.  Pradicat. 
Pariíiis  1719.  e  1721.  foi.  2.  Tom.  No  pro- 
logo efcreve,  que  meditava  publicar  hu- 
ma obra  intitulada  Portugal  dividido  em 
finco  Theatros;  Coro^afico,  Politico,  Eit- 
terario,  Militar,  e  Keliffofo;  e  fallando 
particularmente  do  Eitterario  diz  Omnes 
ifftur  Eufitania  Scriptores,  Operaque  ipjo- 
rum,  et  quidquid  de  viris  clarijjimis  cognoj- 
cere  fas  efi,  huc  u/que  nec  indeligenter ,  nec 
incuriofe  quafivimus,  at  multa  nos  fugtffe  inge- 
nue  fatemur,  nam  tamet  fi  plures,  qtá  Eufita- 
niam  fcriptis  eruditijfimis  illuftrarunt  omnino 
cognofcamus,  multorum  tamen  atas.  Pátria, 
vita  infiitutum,  fcriptorumque  numerus,  ac  feries 
i^oratur,  (&  id  genus  alia  ad  exaãam,  perfec- 
tamque    notitiam    neceffaria. 

DiJJertatio  apologética  de  vifione  Dei  per 
potentiam  materialem.  4.  M.  S.  Eftava  revifta, 
e  aprovada  por  grandes  Theologos,  e  prompta 
para  a  impreíTaõ. 

Allegaçaõ  hifiorico  -Jurídica  em  huma 
cau^a  de  frutos  da  fua  Igreja  de  S.  Tiago 
Dantas  efcrita  em  1664.  foi.  Conferva-fe 
huma  Copia  na  Livraria  do  Excellen- 
tiffimo  Duque  de  Lafoens,  que  foy  do 
EmminentiíTimo  Cardial  de  Souza,  c  outra 
em  a  Livraria  do  Conde  de  Redondo. 

El  Poliphemo  enano.  Examen  politico  dei 
Poliphemo  de  D.  Ef/i^  de  Gongoni,  M.  S.  com 
o  aíFeâado  nome  de  Thoraaz  TribiíTano  de 
Urrea. 

lOAÕ  SOARES  DE  BRITO  natu- 
ral da  Villa  de  Setúbal  onde  na  Paro- 
chial  Igreja  de  Santa  Maria  da  Graça 
foy  bautizado  a  24  de  Novembro  de  168 1. 
Teve  por  Pays  a  Gafpar  Agoftinho  Soa- 
res, e  D.  Brites  Mexia  Pereira.  A  natu- 
reza o  ornou  de  taõ  monftruofo  talento 
que  foy  difcipulo  de  fi  mefmo,  naõ  fen- 
do neceíTario  frequentar  aulas  nem  ouvir 
Meílres  para  fahir  perfeito  Latino  com- 
pondo em  profa,  e  Verfo  com  elegância, 
e  pureza;  difcorrendo,  c  argumentando 
nas    mais    dificcis    queftoens    da    Filofofia, 


L  USITANA. 


765 


Theologia,  lurifprudencia,  e  Mathematica 
com  tanta  profundidade,  que  admirava, 
e  confundia  aos  mais  celebres  profeíTo- 
res  daquellas  Faculdades.  Foy  o  princi- 
pal inítrumento  da  iníUtuiçaõ  da  Academia 
Problemática  em  a  fua  pátria  a  30  de  lunho 
de  1721.  onde  recitou  a  primeira  Oraçaõ, 
que  nella  fe  ouvio.  Falleceo  intempeíli- 
vamente  na  varonil  idade  de  41  annos 
a  26  de  lunho  de  1722.  e  ja2  fepultado 
na  Parochial  de  Santa  Maria  da  Graça. 
A  Academia  Problemática  em  final  de 
fentimento  pela  falta  de  taõ  eílimavel 
Collega  lhe  dedicou  hum  Elogio,  que 
compoz  o  Doutor  Qemente  Rodrigues 
Montanha  Prior  da  Parochial  Igreja  de 
S.  Juliaõ  de  Setúbal  com  varias  obras  poéticas. 
■Compoz. 

U^o  da  Re^aÕ  do  EJlado.  Dedicado  ao 
SereniíTimo  Príncipe  do  Brazil  o  Senhor 
D.  lozé.  M.  S.  Conferva-fe  em  poder  dos 
feus  herdeiros. 

lOAÕ  SOARES  DA  GAMA  natu- 
ral da  Villa  de  Setúbal  onde  rccebeo  a  pri- 
meira graça  na  Parochial  de  Santa  Maria 
a  24  de  laneiro  de  1620.  fendo  filho  do  Doutor 
Gafpar  Soares  da  Gama,  e  D.  Arma  Lopez 
■da  Sylva.  Frequentou  a  Univerfidade  de 
Évora,  e  nella  recebeo  o  gráo  de  Meftre 
■em  Artes  no  anno  de  1639.  e  em  a  de  Coim- 
bra fe  formou  Bacharel  na  Faculdade  de 
Direito  Qvil.  Foy  Juiz  dos  Direitos  reaes 
da  Portagem  em  Setuval,  Procurador  da 
Coroa,  e  Fazenda,  e  Sindico  do  Senado. 
Falleceo  na  pátria  a  3  de  Julho  de  1697. 
com  77.  annos  de  idade.  Foy  infigne  Poeta 
vulgar  deixando  entre  as  multiplicadas  obras 
•da  fua  elevada  Mula. 

Duas  Comedias  à  Aclamação  delRey 
D.  loaõ  o  IV.  Foraò  reprezenladas  no 
anno    de    1641.    M.    S. 

Batalha  do  Montijo  celebrada  em  Guiavas. 
M.  S. 

Kelaçaõ  das  Batalhas  do  Canal,  e  Montes 
Claro  i.    Romance  M.  S. 

Cançaõ  à  morte  do  Serenijfimo  Infante 
D.   Duarte.    M.    S. 

Cançaõ  à  morte  do  Sereniffimo  Prit.cipe  D. 
Tbeodov^o.  M.  S. 


lOAÕ  SOARES  REBELLO,  ou  loaõ 
Lourenço  Rebello  pois  de  ambos  eítes 
nomes  uzava,  naceo  em  a  Villa  de  Ca- 
minha fituada  na  Provinda  de  Entre  Douro, 
e  Minho  onde  teve  por  Pays  a  loaõ  Soa- 
res Pereira,  e  D.  Domingas  Lourença 
Rebello  filha  de  Gonçalo  Rebello  da  Ro- 
cha, e  D.  Mariana  do  Valle.  No  anno 
de  1624.  em  que  contava  15  de  idade  foy 
admetido  ao  ferviço  da  Sereniífima  Ca- 
za  de  Bragança  onde  começou  a  brilhar 
o  feu  agudo  engenho,  e  vaíla  comprehen- 
faõ  exercitando  pratica,  e  efpeculativa- 
mente  os  preceitos  da  Arte  da  Mufica 
em  que  fe  coníHtuhio  o  mais  infigne  Co- 
rifeo  deita  armonica  faculdade.  Como  dif- 
cipulo  de  fi  mefmo  nunca  feguio  os  veítí- 
gios  de  algum  Meftre  ainda  que  famofo, 
baftando  para  apologia  das  fuás  compo- 
fiçoens  a  authoridade  do  feu  nome.  Nellas 
competia  a  novidade  da  idea  com  a  regu- 
laridade do  artificio  em  que  fe  admiravaõ 
claufulas  fonoras  animadas  por  efpirito 
ardente,  e  bellicofo  por  cuja  caufa  diíTe 
Carlos  Patinho  Meftre  de  Capella  Real  de 
Madrid  vendo  algumas  das  fuás  obras  la 
fiere:(a  eí  para  la  guerra.  A  mayor  parte 
das  fuás  compofiçoens  dedicou  para  o  obfe- 
quio  dos  Templos  fendo  o  theatro  das 
principaes  a  Capella  Real  onde  era  Meftre 
feu  irmaõ  Marcos  Soares  Pereira.  Sem- 
pre compoz  violentado  alguma  Poezia  hu- 
mana julgando  fe  naõ  devia  manchar  Arte 
taõ  divina  com  aíTumpto  profano.  Delia 
mereceo  ter  por  difcipulo  ao  Sereniífimo 
Duqiie  de  Bragança  D.  loaõ  de  cujo  ma- 
gifterio  fahio  eminente  profeííor,  o  qual 
depois  de  fubir  ao  trono  querendo  remu- 
nerar a  doutrina,  que  delle  recebera  lhe 
deu  o  foro  de  Fidalgo  Cavalleiro  da  fua 
Caza  por  Alvará  de  1646.  e  as  Commen- 
das  de  S.  Bartholameu  do  Rabal,  e  de  San- 
ta Maria  de  Monçaõ,  e  Donatário  das  Ju- 
gadas  de  Penalva,  e  Colheitas  de  Gulfar. 
A  mayor  exceíTo  chegou  o  afefto  defte 
Monarcha  para  com  Varaõ  taõ  grande 
dedicando-lhe,  antes  de  fer  Rey  a  De- 
fenfa  da  Mufica  moderna  contra  la  errada 
opinion  dtl  Obifpo  Cyrillo  Franco,  que  com- 
poz,   e   fe   imprimio    em   Lisboa   no    anno 


766 


BIB  LIO  TH  E  CA 


de  1649.  4.  Quando  contava  a  idade 
de  51  annos  falleceo  intempeíUvamen- 
tc  a  16  de  Novembro  de  1661.  em  a 
fua  Quinta  de  Santo  Amaro  do  lugar 
da  Appellaçaõ  íituado  no  fuburbio  de 
Lisboa,  e  jáz  fepultado  na  Igreja  Pa- 
rochial  de  Nofla  Senhora  da  Encarnação 
do  mefmo  lugar.  Cazou  no  anno  de  1657.. 
com  D.  Maria  de  Macedo  filha  de  Do- 
mingos Rodrigues  de  Macedo  Dezem- 
bargador  da  Caza  da  Suplicação,  e  Pro- 
vedor das  Lizirias  de  Santarém,  e  de  Gi- 
therina  de  Macedo  fua  Prima  de  quem 
teve  Pedro  Vaz  Soares  que  nacendo  a 
10  de  Fevereiro  de  1654.  falleceo  a  11 
de  Outubro  de  1721.  fendo  cazado  com 
D.  Mariana  de  Caílellobranco,  e  Rego: 
D.  Catherina  Maria  de  S.  lozé  religiofa 
em  o  Convento  Seráfico  da  Efp>erança 
de  Villaviçofa  que  morreo  a  15  de  No- 
vembro de  1722.  e  a  Francifco  Soares 
de  Macedo  que  frequentando  a  Univer- 
fidade  de  Coimbra  falleceo  a  18  de  lunho 
de  1682.  Do  matrimonio  contrahido  entre 
Pedro  Vaz  Soares,  e  D.  Mariana  de  Caílel- 
lobranco, e  Rego  naceo  entre  outros  fi- 
lhos Francifco  Soares  de  Macedo  que  re- 
cebendo as  infignias  Doutoraes  na  Facul- 
dade de  Direito  Cefareo  em  a  Academia 
Conimbricenfe  foy  admetido  a  CoUegial  do 
Real  CoUegio  de  S.  Paulo  a  25  de  lulho  de 
1723,  e  Conduólario  em  1726.  donde  fubio  a 
fer  Prelado  da  Santa  Igreja  Patriarchal  de  Lis- 
boa em  1739.  podendo  virtuofamente  jaâarfe 
de  fer  Neto  do  grande  loaõ  Soares  Rebello  a 
quem  chama  D.  Francifco  Manoel  Obras  Me- 
tric.  Avena  de  Terjicore  Tono  1 5 .  infigne  Maejlro 
Real.  loaõ  Soares  de  Brito  Theatr.  L.ujit.  U- 
ter.  lit.  ].  n.  46  in  arte  Mujica  peritijftmus. 
D.  António  Caetano  de  Souza  Hift.  Gen.  da 
Cai(^.  Rea/  Portug.  Tom.  7.  pag.  241. 

Compoz 

Pfalmi  tum  Vejperarum,  tum  Com- 
pletorii.  Item  Magnificat,  Lamenta  tiones, 
€>*  Miferere.  Romae  Typis  Mauritii,  & 
Amadsei  Balmontiarum  1657.  17  Tom.  4. 
grande. 

Mijfas  a  4.  5  e  6  Vozes  de  Eílante. 

PJalmos  das  Vejperas  a  4  de  Eftantc. 


Hymnos  das  Vê/peras  a  4.  de  Eíbinte. 

Mijfa  de  59  vozes  que  offereceo  a  ElRey 
D.  loaõ  o  IV.  quando  cumpria  femclhante 
numero  de  annos. 

Mijfas  de  Coros  a  8.  vozes  2.  a  10  vozes, 
e  huma  a  17  vozes. 

Te  Deum  "Laudamus  a  9  vozes. 

Re  ff  na  Cali  La  tare  a  8.  vozes. 

Viãima  Pajchalis.  a  8  duas.  a  i.  de  Com- 
paílnho,  ca  2.  de  Prolação  mayor. 

Invitatorio  dos  Dejimtos  a  3  e  8  vozes. 

Parce  miki  a  12  vozes  para  as  exéquias 
do  Duque  D.  Theodozio  Pay  delRey  D. 
loaõ  o  IV. 

S piri  tus  meus  attenuabitur.  z  8  para 
as  exéquias  de  Luiz  XIII.  chamado  o 
luílo  celebradas  na  Igreia  de  S.  Luiz  de 
Lisboa. 

Miffa  de  Defuntos  com  a  Sequencia,  e 
Refponfo  a  12  vozes. 

Credidi  propter  quod  locutus  Jnm  a  12  vo- 
zes. 

lofeph  Fili  David  noli  iimere.  Motete 
a  3  vozes. 

Vilhanciccs  a  4  6  8  e  12  vozes  da 
Conceição,  Natal,  e  Reys,  como  taõbcm 
diverfos  Tonos  a  4.  A  mayor  parte  def- 
tas  obras  fe  confcrvaõ  com  merecida  efti- 
maçaõ  na  Bibliotheca  Real  da  Mufica  onde 
eílà  primorofamente  retratado  feu  Author 
de  figura  inteira. 


Fr.   lOAÕ   SOBRINHO  defcendentc  da 
Familia   defte   apellido    por   feu   Pay,   e   da 
dos   Coelhos   por  fua   Mãy   naceo   em   Lis- 
boa para  fer  hum  dos  iníignes  Varoens  que 
floreceraõ    na    Provinda    Carmelitana    defte 
Reyno  cujo  inítituto  profeífou  no  Convento 
pátrio  donde  com  faculdade  dos  SuperiorciJ 
paíTou  a  eíhidar  as  fciencias  feveras  na  Uni-j 
veríidade  de  Oxonia,  e  depois  de  fer  nellaj 
laureado    com    a    borla    de    Doutor    Theo- 
logo   ocupou   o   lugar   de   Lente   de   Primai 
em   a    de   Athem   fendo    muitas    vezes    feai 
Regente.    ReíUtuido  a  Portugal  como  foíTej 
ornado    de    religiofas    virtudes,    e    profun-j 
damente    inftruido    em    a    Theologia    Efpc- 
culativa,   e   Polemica,   e   em   hum,   c   outra 
Direito    conciliou    de    tal    modo    a    vcnc-l 


L  USITAN  A 


xaçaõ  dos  Monarchas  Portuguezes  que  foy 
eleito  Meílre  delRey  D.  Duarte,  e  Prega- 
dor de  feu  filho  D.  Affonfo  V.  o  qual  pof- 
to  que  quÍ2  remunerar  os  feus  grandes  me- 
recimentos nunca  aceitou  lugar  que  o  pri- 
vaíTe  do  amável  retiro  da  fua  cella.  Era 
taõ  numerofo  o  concurfo  que  concorria 
aos  feus  fermoens  que  fendo  para  elle  pe- 
quena esfera  o  magnifico  Templo  do  Car- 
mo de  Lisboa  fe  collocava  o  púlpito  à  porta 
para  a  mayor  parte  dos  ouvintes  que  ocu- 
pava o  átrio  do  Convento  podeiTe  perce- 
ber as  vozes  defte  apoftolico  Varaõ.  Cheyo 
mais  de  virtudes  de  que  annos  eílando  para 
entregar  o  efpirito  ao  feu  Criador  fez  a  Pro- 
teftaçaõ  da  Fé  em  que  fe  admirou  unida 
a  ternura  do  Coração  com  a  profundidade 
da  fciencia,  a  qual  fahindo  depois  da  fua 
morte  impreíTa  em  algumas  claufulas  efta- 
va  adulterada.  Falleceo  a  ii  de  laneiro 
de  1475  com  fofpeitas  de  veneno  dado  pe- 
los fequazes  da  Sinagoga  dos  quaes  fem- 
pre  foy  acérrimo  Antigonifta.  laz  fepul- 
tado  no  Cruzeiro  do  Convento  de  Lisboa 
de  baixo  do  púlpito  em  que  fe  canta  o  Evan- 
gelho. Delle  fazem  ílluftre  memoria  mui- 
tos Efcritores.  Hypolit.  Marrac.  Bib.  Alarian. 
Part.  I.  p.  795.  Vir  in  divinis  Híteris  erudi- 
iijjimus,  et  fua  afatis  clarijftmm  conàona- 
íor.  Cardofo  Agiol.  Ljdjit.  Tom.  i.  p. 
112.  Foy  Varaõ  douto  nas  letras  humanas, 
e  divinas,  de  felice  memoria,  vivo  engenho, 
maduro  jui!(0,  e  indefeffo  eftudo.  loan.  Soar. 
de  Brito.  Theatr.  l^ufit.  Liter.  lit.  I.  n. 
32.  Vir  in  omni  litterarum  genere  eruditus, 
et  celeberrimus  fui  temporis  concionator.  Coe- 
lho Chron.  da  Ord.  de  Nojfa  Senhor,  do 
Carm.  p.  91.  Teve  engenho,  e  memoria  admi- 
rável fobre  todos  os  do  feu  tempo.  D.  Fr. 
Thom.  de  Faria  Decad.  i.  lib.  10.  cap.  i. 
diãtis  illa  atate  ter  maximus  Magijler.  Vaf- 
concel.  Defcript.  Kegn.  Ljijit.  p.  492. 
Apud  Anglos  fuam  miro  Jludio  facundiam 
impendit  falfa  aliquarum  doãrina  objijlens 
ubi  infgnem  qua  praflitit  eloquentiam,  et 
facram  fcientiam  indicavit.  Fr.  Franc.  da 
Nativid.  L^enit.  da  dor  ^.  508.  Famofo.  Pinto 
da  Vidoria  lerarch.  Carmelit.  Tom.  i. 
Trat.  5.  cap.  10,  e  Trat.  2.  cap.  8.  do^tif- 
fimo,  y    Venerable.    D.    Nicul.    de    S.   Maria 


767 

Cbron.  dos  Coneg.  Keg.  Part.  i.  liv.  4.  cap. 
12.  n.  II.  Famofo  Pregador,  e  confumado 
Theologo  Lezana  Annal.  Carmel.  Tom.  4. 
foi.  937.  n.  4.  Munos  Propugn.  EJia.  lib.  2. 
Tit.  3.  cap.  I.  art.  3.  foi.  116.  Nicol. 
Ant.  Bib.  Vet.  Hifp.  Part.  2.  lib.  10. 
cap.  16.  §.  896.  e  897.  Franc.  de  Santa 
Maria  Diar.  Portug.  p.  58.  Fr.  Daniel 
á  Virg.  Mar.  Specul.  Carmelit.  Part.  2. 
Tom.  2.  lib.  4.  foi.  981.  n.  3439.  e  Fr. 
Manoel  de  Sà  Mem.  Hiji.  dos  Efcrit.  do  Carm. 
da  Prov.  de  Portugal,  cap.   53.    Compoz. 

De  luftitia  Commutativa,  et  arte  Campfo- 
ria,  ac  alearum  ludo.  Ex  Oíficina  Parifienfi 
Guidonis  alias  Gedeonis  Merentoris  in  Campo 
Guilhardi.    1496.    8. 

Traãatus  de  Conceptione  Deipara.  M.  S. 
Deíla  obra  faz  mençaõ  Marrado  Bib.  Marian. 
Part.  I.  p.  793. 

Compendium  operis  Conflatile  Magiftri  Fran- 
cifci  Mayronis  Ord.  Min.  M.  S. 

Reffmento  de  ouvir  com  perfeição  o  Santo 
Sacrifião  da  Mijfa.  Compofto  para  feu  dlf- 
cipulo  elRey  D.  Duarte. 

Tratados  Theologicos. 

Sermoens  diverfos. 

Tratados  Filofoficos  fobre  Arifloteks.  Con- 
fervaõ-fe  M.  S.  na  Livraria  do  Carmo  de 
Lisboa  como  afirma  Fr.  Simaõ  Coelho  Chron. 
do  Carm.  pag.  91. 

Genealogia,  e  Origem  dos  Bragançoens. 
M.  S.  Defta  obra  o  faz  author  loan. 
Soar.  de  Brito  Theatr.  Loifit.  Uter.  lit.  I. 
n.  32. 

lOAÕ  SOBRINHO  filho  de  Antó- 
nio Sobrinho  natural  da  Qdade  de  Bragança, 
e  da  celebre  matrona  Cecilia  de  Morillas 
ou  Henriques,  irmaõ  de  Fr.  António  So- 
brinho de  quem  fe  fez  memoria  em  feu 
lugar.  Naõ  degenerou  da  capacidade  he- 
riditaria  da  fua  familia  fendo  taõ  verfado 
em  Theologia  como  na  Mufica,  e  Mede- 
cina  diílinguindofe  neíla  Faculdade  com  tal 
exceíTo  dos  feus  mais  celebres  profeíTores, 
que  foy  Medico  do  Arcebifpo  de  Sevilha 
D.  Rodrigo  de  Caibro.  Igual  engenho  teve 
para  as  artes  mecânicas,  que  para  as  liberaes 
entalhando  com  taõ  delicado  artificio  em 
madeira    que    era    predfa    grande    perfpica- 


708 

cia  para  diftinguir  qualquer  obra  fua.  Por 
fer  muito  perito  em  a  lingua  Grega  exa- 
minou pelo  largo  efpaço  de  trinta  annos 
tudo  quanto  efcrevera  Hipócrates  famofo 
Q)rifeo  da  Medecina  notando  tudo  quanto 
faltara  para  a  fua  perfeita  intelligencia 
aos  interpretes  Latinos.  Efta  grande  obra 
digna  da  luz  publica  como  delia  efcreve  Ni- 
col.  Ant.  Bib.  Hijp.  Tom.  2.  p.  243.  fe  ignora 
onde  exifte. 

P.  lOAÕ  SOEYRO  natural  da  ViUa 
de  Monte  mòr  o  Velho  do  Bifpado  de  Coim- 
bra, e  filho  de  Francifco  Soeyro,  e  Ignez 
Affonfo.  Quando  contava  18  annos  de  ida- 
de fe  aliftou  na  Companhia  de  lefus  em  o 
Noviciado  de  Coimbra  a  8  de  laneiro  de 
1584.  Inflamado  com  o  dezejo  da  Con- 
verfaõ  da  Gentilidade  impetrou  faculdade 
dos  Superiores  para  navegar  à  índia  on- 
de logo  que  chegou  foy  deílinado  para  a 
MiíTaõ  do  Império  da  China  cuja  dilatada, 
e  agrefte  vinha  cultivou  pelo  efpaço  de 
dez  annos  fendo  companheiro  do  P.  Ma- 
theos  Riccio.  Naõ  perdoou  a  género  algum 
de  trabalho  o  feu  apoftolico  efpirito  para 
agregar  almas  ao  conhecimento  do  ver- 
dadeiro Deos  em  cuja  laboriofa  empreza 
tolerou  confiantemente  multiplicadas  afron- 
tas, e  innumeraveis  tribulaçoens  que  lhe 
faziaõ  os  bárbaros  fequazes  da  idolatria. 
Atenuadas  as  forças  pela  violência  de  huma 
febie  lenta  contrahida  pelo  incanfavel  dif- 
velo  com  que  promovia  o  augmento  da 
Chriílandade  paíTou  de  mortal  a  eterno  em 
a  Metrópole  de  Namcham  em  Agofto  de 
1607.  quando  contava  41  annos  de  idade 
e  25  de  Companhia.  Foy  univerfalmente 
lamentada  a  fua  morte,  e  com  mayores 
expreíToens  de  fentimento  pelos  Neófi- 
tos que  gerara  para  Chriílo.  Para  naõ  paíTar 
ociofamente  o  tempo  efcreveo  na  lingua 
Chinenfe  já  quando  pela  falta  de  faude  jazia 
na  cama. 

Compendio  da  ley  Santa,  ou  injlrtiçaõ  para 
quem  despeja  ohjervar  a  ley  de  Chrijlo.  M.  S. 

Tratado  dos  Mandamentos  da  ley  de  Deos. 
M.  S. 

Deftas  obras  como  de  feu  Author  fa- 
zem    diíHnfta     memoria     Trigaultius     de 


B IB  LIO  THE  CA 


Chrijl.  Exped.  apud  Cbin.  lib.  3.  cap.  13.  e 
liv.  4.  cap.  18.  lib.  5.  cap.  4.  Gouvca  Afia 
Extrema  Part.  i.  lib.  3.  cap.  2.  n.  8.  et  lib.  4. 
cap.  9.  Guerreiro  Relaç.  da  China  do  anno 
de  1607.  e  1608.  liv.  3.  cap.  22.  Nicol.  Ant. 
Bib.  Hi/p.  Tom.  i.  pag.  598.  col.  1.  Bib. 
Societ.  pag.  503.  col.  2.  loan.  Soar.  de  Brito 
Theatr.  Ijufit.  IJtter.  lit.  I.  n.  81.  Franco 
Imag.  da  Virtud.  do  Nov.  de  Coimb.  Tom.  2. 
p.  620.  Cathal.  PP.  S.  J.  qui  pofi  obitum  S. , 
Franc.  Xav.  ab  anno  15  81.  u/que  ad  1681.  ;/;  /zv-j 
perio  Sinarum  ].  C.  fidem  propagarunt.  §.  8. 

Fr.    lOAÕ    DA    SOLEDADE     Naocol 
em  Lisboa  a  9  de  Mayo  de  1641.  e  chegandc 
a  idade  de  defanove  annos  em  que  conhe- 
ceo  os  enganos  do  mundo  bufcou  para  transi 
quillo  porto  da  Salvação  o  clauftro  da  Rc-Í 
ligiaõ  Beneditina  recebendo  a  cogulla  Mo-: 
nachal  em  o  Convento  de  Santo  André  dei 
Rendufe  a   10  de   Setembro  de   1660.   ond< 
foy    exemplar    de    virtudes,    que    cultivonj 
por   toda  a  vida  fendo   ornado  de  fu 
finceridade  com  que  fe  fazia  amável  a  todoi 
o    género    de    peflbas.     Falleceo    piamente] 
no  Convento  de  Lisboa  a  26  de  Setembrc 
de  1720.  quando  contava  79  annos  de  idade,] 
e  60  de  Monge.   Publicou. 

Keg-a   de   S.    Bento    Abbade,    e    PatriarcbaX 
de  todos  os  Monges.     Príncipe  de  todos  os  Pa-X 
triarchas;    uefta    quarta    impreffàõ    acrccentadatX 
as  Cartas,  e  praãicas  do  me/mo  Santo.    Lisboa 
por    António    Pedrozo    Galraõ     171 3.     16.^ 
Na  Dedicatória  tem  muitas  noticias  da  au- 
gufta  Religião  de  S.  Bento. 
Traduzio  do  livro  intitulado  Paradifus  anima 
Chriftiana,  e  acrecentou. 

Exercido     de    grande     merecimento,     e    efi- 
cácia,  ou   atio   heróico,    e  paão   que   com   Deos 
Je    hade  jav^er    compofio   por    Filippe    Kovenio 
Arcebijpo  Philip.    Lisboa  pelo  dito  Imprcflbr 
1718.  16. 

lOAÕ  DE  SOUZA  Presbítero  do  ha- 
bito de  S.  Pedro  c  muito  inftruido  nos 
preceitos    da    Poética.     Compoz. 

Quental  poético,  ou  brevijftmo  compeM' 
dio  das  principaes  circunftancias  do  naà- 
mento,  vida,  morte,  e  obras  pofihttmas 
do    V.    P.    Bartbolameu  do  Quental  Emtàaàor 


LUSITANA, 


769 


da  Congregação  do  Oratório  em  Portugal.  4. 
M.  S.  Conferva-fe  na  Livraria  do  Excel- 
lentilTimo  Conde  de  Redondo. 


lOAÕ  DE  SOUZA  CARIA  natural 
de  Lisboa  filho  de  loaõ  de  Souza  Qrurgiaõ 
do  Hofpital  Real  de  todos  os  Santos,  e  nelle 
Meíbre  infigne  deíla  Arte.  Frequentou  a 
Univerfidade  de  Coimbra  eftudando  Direi- 
to Pontifício  em  que  recebeo  o  gráo  de 
Bacharel.  Provada  a  fua  fciencia  legal  em 
o  Dezembargo  do  Paço  fervio  com  igual 
definterefle,  que  benevolência  os  Lugares 
de  Juiz  dos  Orfaõs  de  Lisboa,  Juiz  de  fora 
da  Villa  de  Santarém,  e  ultimamente  de 
Corregedor  de  Évora.  He  muito  fciente 
da  lingvia  Latina,  e  da  Arte  Poética  de  que 
fão  teílemunhas  as  fuás  métricas  produçoens 
em  que  fe  admiraõ  unidas  a  afluência  das 
vozes,  à  elevação  dos  conceitos.    Publicou. 

Imagens  conceituo/as  dos  Epi^amas  do 
Reverendo  Padre  Meftre  António  dos  Reys 
redut^idas  do  metro  latino  ao  metro  iMJitano 
reflexoens  fobre  algumas  das  argiicias.  Tomo 
primeiro.  Lisboa  na  Officina  da  Mufica. 
1731.  4. 

Tomo  2.  Lisboa  por  Maurido  Vicente 
de  Almeyda.  1735.  4. 

Excellentijftmi  Domini  D.  Nonii  Alvarez 
Pereira  de  Mello  Duris  do  Cadaval  Tumuli 
Jnfcriptio.    Começa. 

Abfoluta  tandem    vita  meta. 

He  de  obra  Lapidaria.  Sahio  nas  Ul- 
timas Acçoens  do  Duque.  Lisboa  na  Offi- 
cina da  Muíica.  1730.  foi.  defde  pag.  335. 
até  338. 

A  S.  loaÕ  da  Cru^,  que  fendo  ainda  menino 
pela  Virgem  Santijftma  fqy  extraindo  ^  hum 
poço  em  que  havia  cabido  Romance  fahio  a 
pag.  156.  das  Memor.  Hijl.  Paneg.  e  Metric. 
do  Sacado  culto  com  que  o  Convento  do  Carmo 
de  Usboa  celebrou  a  Canonização  dejle  Santo. 
Lisboa  por  Miguel  Rodrigues.  1728.  4. 

Romance  a  fer  reeleita  Abbadeffa  de  Santa 
Clara  de  Usboa  a  hladre  D.  Margarida 
Bautijia.  Lisboa  por  Jozé  António  da  Sylva. 
1736.  4. 

Soneto  à  morte  da  SereniJJima  Senhora 
Infanta  D.   Franrifca.     Sahio  nos  Sentimentos 

49 


Métricos  Collec.  i.  a  pag.  23.  Lisboa  por 
^Miguel  Rodrigues  1736.  4. 

Dous  Sonetos.  Sahiraõ  a  pag.  164. 
e  186.  dos  Pro^eJ.  Academ.  dos  AnofVfm. 
de  Usboa  ibi  por  Jozé  Lopez  Ferreira. 
1718.  4. 

Na  primeira  Parte  das  Obras  de  Fr. 
Simaõ  António  de  Santa  Catherina.  Lisboa 
na  Officina  da  Muíica.  1723.  8.  eftaõ  quatro 
Sonetos  a  pag.  132.  205.  326.  425.  Dous 
Romances  Lyricos  a  pag.  174.  e  215.  Hum 
Endecajyllabo  a  pag.  288.  e  outro  de  Paro- 
nomafias  a  pag,  368.  Huma  Derima.  pag.  211. 
Canção  Caftelhana  a  pag.  234.  Sylva  a  pag.  311. 
e  Ode  Sajica  2.  pag.  393.  do  Doutor  Joaõ  de 
Souza  Caria. 

Carta  e/crita  em  ^o  de  Agofto  de  1728. 
ao  Reverendo  Padre  Fr.  SimaÕ  António 
de  Santa  Catherina  em  aplaudo  da  Relação 
Métrica^  que  compoz  em  as  folemnijjimas  FeJ- 
tas  com  que  o  Convento  do  Carmo  de  Us- 
boa Jolemnizpu  a  Canonit^açaõ  de  S.  loaõ  da 
Cruz,.  Lisboa  na  Patriarchal  Officina  da 
Mufica.  1729.  4. 


D.  lOAÕ  DE  SOUZA  DE  CARVA- 
LHO Naceo  em  a  Qdade  de  Évora  em 
cuja  Cathedral  foy  bautizado  a  23  de  la- 
neiro  de  1658.  fendo  filho  do  Dezembar- 
gador  Pedro  Ferreira  de  Andrade,  e  D. 
Serafina  de  Souza  de  Carvalho.  Aprendi- 
das na  pátria  as  primeiras  letras  paiíou  a 
Univerfidade  de  Coimbra  onde  fez  taõ  gran- 
des progreíTos  a  viveza  penetrante  do  feu  en- 
genho em  a  fublime  Faculdade  de  Theolo- 
gia,  que  laureado  nella  Doutor  foy  admitido 
a  Collegial  do  Real  Collegio  de  S.  Paulo 
a  30  de  Dezembro  de  1689.  fubindo  pelos 
degraos  do  feu  merecimento  a  illuftrar  as 
Cadeiras  de  Gabriel  no  anno  de  1696.  e 
de  Durando  em  o  de  1700.  De  Cónego 
Magiítral  das  Cathedraes  de  Vifeu,  Coim- 
bra, e  Évora,  e  de  Deputado  da  Inquifi- 
çaõ  de  Coimbra  foy  eleito  Inquifidor  em 
Évora  a  4.  de  Março  de  171  o.  Havendo 
dado  repetidos  argumentos  da  fua  profun- 
da litteratura,  e  inculpável  procedimento 
em  lugares  taõ  diferentes  foy  aílumpto  à 
Cathedral  de  Miranda  fendo  confirmado  nefta 


770 


BIB  LIO  TH  E  CA 


dignidade  pela  Santidade  de  Clemente  XI. 
a  8.  de  Junho  de  1716.  e  Sagrado  pelo  Em- 
minentiíTimo  Cardial  da  Cunha  Inquizidor 
Geral  em  o  Convento  da  SantiíTimia  Trin- 
dade deíla  Corte.  Governou  as  fuás  ove- 
lhas com  benevolência  de  Paílor,  e  vigi- 
lância de  Prelado  até  paíTar  defta  vida  mor- 
tal para  a  eterna  a  15  de  Agofto  de  1757. 
Entre  os  dotes  de  que  foy  ornado  o  feu 
efpirito  mereceo  a  primazia  o  talento,  que 
teve  para  o  miniílerio  do  púlpito  do  qual 
fc  publicarão  as  feguintes  produçoens. 

Sermão  do  Evangelijia  S.  Marcos.  Coim- 
bra por  Jozé  Ferreira  ImpreíTor  da  Univer- 
lidade.  1689.  4. 

Sermão  de  S.  Lourenço  na  Igreja  de  NoJJa 
Senhora  do  Monte  Agudo.  Lisboa  por  Miguel 
Manefcal.  1696.  4. 

Sermaõ  do  Aão  da  Fé,  que  fe  celebrou 
na  Cidade  de  Coimbra  em  Domingo  25  de 
Novembro  de  1696.  Coimbra  por  lozé 
Ferreira  ImpreíTor  do  Santo  Ofíicio.  1697.  4. 

Sermaõ  das  Exéquias  do  Illujlrijftmo, 
e  KeverendiJfiMO  Senhor  D.  Fr.  Jo!(ê  de  Alen- 
caftre  Bifpo  Inquit^idor  Geral  na  Igreja  do 
Convento  de  S.  Domingos  da  Cidade  de  Évora 
a  25  de  Outubro  de  1705.  Lisboa  por 
Miguel    Manefcal.     1706.    4. 

Con/en/us  Conjlitutioni  Unigenitus  praf- 
titus  Ulyífipone  apud  Pafchalem  da  Sylva 
Ser.  Reg.  Typ.   1720.  4. 

Fazem  particular  memoria  defte  illuf- 
tre  Prelado  o  Padre  Francifco  da  Fonce- 
ca  Evor.  Glorio/,  pag.  330.  n.  598.  Fa- 
mofo  Lente  da  Univerjidade  de  Coimbra  Fr. 
Pedro  Monteiro  Cathalog.  dos  Deput.  de 
Coimb.  §.  139.  e  dos  Inqui^id.  de  Évora 
§.  69.  Fr.  Martinho  do  Amor  Div.  Chron. 
da  Prop.  de  Santo  António  pag.  259.  D. 
Jozé  Barbofa  Mem.  do  Colleg.  Real  de 
S.  Paulo.  pag.  231.  E^xcellente  Theologo, 
e  difcretijftmo  Pregador,  e  no  Archiath.  Lufit. 
pag.  61. 

Pontificem     Miranda     colet     Carvalho     beni- 

ffium 
Canada    quem    mérito  juvenem    dodrina    co- 

ronat. 
Jnfirtiet    hic    populos    facundus    praco,     di- 

fertá 


Mente    trahet   cum    vera  facra    det    dogmata 

legis. 
Priftina    Pontificum    quà    vita,    €>    more    re- 

ducet 
Sacula     foliciti     Paftons     múnus     adimpltns. 

D.  lOAÒ  DE  SOUZA  DE  CASTEL- 
LOBRANCO  natural  de  Lisboa  onde  te- 
ve por  progenitores  a  lozé  de  Souza  de  Caf- 
tellobranco  Senhor  de  Guardaõ  CoUegial 
do  Collegio  Real  de  S.  Paulo  Dezembar- 
gador  dos  Aggravos,  Confelheiro  da  Fa- 
zenda, Chanceller  das  Três  Ordens  Mili- 
tares, e  D.  Izabel  Soares  da  Albergaria. 
Eíhidou  em  a  Academia  Conimbricenfe  Di- 
reito Pontifício  em  que  fahio  profunda- 
mente vcrfado.  Depois  de  fer  Deputado, 
e  Promotor  na  Inquifiçaõ  de  Coimbra,  e 
Inquizidor  em  a  de  Lisboa  de  que  tomou 
poíTe  a  17  de  Janeiro  de  1704.  Cónego 
da  Collegiada  de  Santarém,  e  Chantre  da 
Collegiada  da  Capella  Real,  fo)'  eleito  Bifpo 
de  Elvas,  e  confírmado  pela  Santidade  de 
Clemente  XI.  a  23  de  Janeiro  de  171 6.  e 
fagrado  na  Capella  Real  pelo  Emmincn- 
tilfimo  Cardial  da  Cunha  a  15  de  Março  do 
mefmo  anno.  Entre  as  obrigaçoens  do  feu 
Officio  paíloral  fe  diílinguio  na  comifera- 
çaõ  para  os  pobres,  e  na  reformação  dos 
cuftumes  celebrando  a  24  de  Agofto  de 
1720.  Synodo,  que  foy  o  3  que  fe  fez  na- 
quella  Diocefe.  Mais  cheyo  de  virtudes, 
que  de  annos  faleceo  piamente  a  17  de  Mar- 
ço de  1728.  entre  o  feu  rebanho,  que  com 
lagrimas  explicou  a  falta  de  taõ  benévolo 
Paftor.  Delle  fe  lembraô  Monteiro  Cathal, 
dos  Deput.  da  Inq.  de  Coimb.  §.  138.  e  dos 
Inqui:^^.  de  Lisboa.  §.  71.  e  Carvalho,  e  Sou- 
za Cathal.  dos  Bifpos  de  Elvas.  ^.  15.  Publi- 
cou. 

Decretos  Synodaes  feitos,  e  ordenados  pelo 
Illujlrijftmo,  e  Keverendijfimo  Senhor  D.  loaõ 
de  Sout^a  de  Cajlellobranco  hifpo  de  Elvas  do 
Confelho  de  S.  Magejlade  que  Deos  guarde,  os 
quais  fe  celebrarão  na  Sh  da  me/ma  Cidade  em 
24  de  Agojlo  de  1720.  Lisboa  na  Oííicina  da 
Mufíca.  1722.  foi. 

Conftnfus  Conjlitutioni  Unigenitus  pral- 
titus.  4.  Naõ  tem  anno,  nem  lugar  da 
impreíTaõ. 


L  USITAN A, 


771 


lOAÕ  DE  SOUZA  FERREYRA 
Provedor  da  Fazenda  dos  auzentes  do 
Graõ  Pará.  Pela  aíTiIlenda  que  fez  muitos 
annos  neíla  opulenta  parte  da  America  Por- 
tugueza  efcreveo,  e  dedicou  em  2  de  la- 
neiro  de  1685.  a  D.  Fr.  António  de  Santa 
Maria  BLÍpo  Cortezaõ,  e  Deaõ  da  Capella 
Real  Bifpo  eleito  do  Maranhão  o  qual  fal- 
leceo  Bifpo  de  Miranda  em  o  anno  de  1689. 

Noticiário  Maranhenfe.  DefcripçaÕ  do 
EJlado  do  AíaranbaÕ,,  Juas  contendas,  e  pere- 
grinas circunjlancias.  4.  O  original  con- 
ferva  na  fua  Livraria  o  eruditiíTimo  lozé 
Freyre  de  Montarroyo  Mafcarenhas.  Def- 
ta  obra  como  de  feu  author  faz  men- 
ção o  addicionador  da  hib.  Ocid.  de  An- 
tónio de  Leaõ  Tom.  3.  col.  1725.  onde 
por  erro  da  imprelTaõ  fe  lè  que  fora  ef- 
crita  em  o  anno  de  1585.  quando  certamente 
o  foy  no  anno  de  1688.  como  nella  vimos, 
e  florecer  neíle  anno  o  Prelado  a  quem 
foy  dedicada. 

D.  lOAÕ  SOTELLO  DE  FIGUY- 
ROA  filho  de  Nuno  Sotello  de  Araújo 
Alcayde  mòr  do  Caftello,  e  Fortaleza  de 
Sande  dos  Coutos  de  Campello,  e  Vai  de 
poldros,  Cavalleiro  profeíTo  da  Ordem  de 
Qirifto,  e  Capitão  de  Infantaria.  Foy  na- 
turalmente inclinado  à  Poezia  compondo 
muitos  Verfos  na  lingua  Caftelhana  dos  quais 
unicamente  fe  publicou. 

Canção    real    em    aplaufo    de   feu    Tio    o 
I       Doutor    loaõ    Salgado    de    Araújo    Sahio    na 
B       obra    que    elle    compoz    intitulada    Memo- 
rial,   informacion,   y    dejenjion    Apologética  dei 
'Patronato  de  E/pana  por  el  Apoftol.  S.    Tiago 
Salamanca  1692.  foi. 

lOAÕ  SUCARELLO  CLARAJVÍONTE 
natural  do  Porto  Cavalleiro  profeíTo  da 
Ordem  de  Chrifto,  Medico  infigne,  e  Ex- 
cellente  Poeta  principalmente  no  eíUlo  jo- 
coferio  em  que  levou  a  palma  a  todos  os 
mais  celebres  profeílores  delia  divina  arte. 
Das  fuás  Poeíias  fe  podiaõ  formar  diverfos 
volumes,  e  fomente  fe  fizeraõ  públicos  nas 
Mem.  Funeb.  da  Senhora  D.  Maria  de  Afayde. 
Lisboa  na  Offic.  Crasbeeckian.  165 1.  4. 
a  pag.  66  v.o  e  75.  v.\ 


Soneto,  e  huma  Decima. 

EJludante  Fantaftico.    Entremez  M.  S. 

D.  lOAÕ  TASSIS,  E  PERALTA  U. 
Conde  de  Villamediana  Cavalleiro  da  Or- 
dem de  S.  Tiago,  Correyo  mòr  de  Caftella 
ainda  que  por  origem  Caftelhano  admiti- 
do á  Bibliotheca  Lufitana  por  haver  na- 
cido  em  Lisboa  no  anno  de  1580.  (como 
afirma  Alonfo  Lopes  de  Haro  Nob.  Ge- 
neal.  de  EJpan.  Part.  2.  liv.  6.  pag.  29)  na 
ocafiaõ  que  feus  Pays  D.  loaõ  de  Taflis  pri- 
meiro Conde  de  Villamediana,  e  D.  Maria 
de  Peralta  Munátones  filha  de  D.  Antó- 
nio de  Peralta  Munátones  Cavalleiro  da  Ordem 
de  S.  Tiago,  Commendador  de  Carricofa,  e 
de  D.  Cafilda  de  Munátones  acompanharão  a 
Mageftade  de  Filipe  II.  a  Portugal  para  fe 
coroar  Soberano  deíla  Monarchia.  Foy  orna- 
do o  feu  efpirito  de  todos  aqueUes  dotes,  que 
fervem  de  ornato  ás  peíloas  da  primeira  le- 
rarchia  fendo  generofo,  afável,  difcreto,  ga- 
lhardo, e  valente.  logava  as  armas  com  def- 
treza,  mandava  os  cavallos  com  arte,  per- 
feguia  as  feras  no  corro,  e  na  Caíía  com 
valor,  e  agilidade.  Bebeo  com  tanta  afluên- 
cia das  correntes  da  Caballina  que  foy  reco- 
nhecido por  Príncipe  da  Poezia  Lyrica  en- 
tre os  mayores  Corifeos  do  PamaíTo  Cafte- 
lhano merecendo  pela  difcreta  elevação  da 
fua  Mufa  os  aplauzos  dos  eruditos  de  Ná- 
poles quando  aíTiIlio  nefte  Reyno  empe- 
nhados em  celebrar  a  perfpicacia  do  feu 
talento,  que  fe  fazia  mais  eftimavel  pela  afa- 
bilidade do  feu  génio.  Sendo  digno  de  vida 
prolongada  a  perdeu  infauftamente  quando 
contava  44  annos  de  idade  ferido  por  im- 
pulfo  foberano  de  huma  bala  em  o  peito 
a  10  de  Setembro  de  1622.  Logo  que  rece- 
beo  o  golpe  fahio  intrepidamente  do  coche, 
e  tirando  pela  efpada  diíTe  ejlo  es  becho,  e  cahio 
morto.  laz  fepultado  na  Capela  mòr  do 
Convento  de  Santo  Agoflinho  de  Valha- 
dolid  do  qual  he  padroeira  a  fua  Caza.  Pa- 
ra epitáfio  defte  Cavalhero  efcreveo  a  fe- 
guinte  Decima  o  Conde  de  Salinas. 

Fatigado  peregrino; 

Nido  breve,  uma  Junefta 

Es  la  que  contemplas  ejla 

Decretada  dei  Defiino. 


772 


BIBLIO THE  CA 


Ya^e  aqui  un  Cijne  divino; 

1-lega,  y  lafiitnofo  advierte 

En  tan  dejejlrada  Juerte, 

Que  con  la  violenta  herida 

Como  canto  tanto  en  vida, 

Nó  pudo  cantar  en  mueríe. 
Foy  cazado  com  D.  Anna  de  Mendo- 
ça,  e  Lacerda  filha  de  D.  Henrique  de  Men- 
doça,  e  Aragaõ  irmaõ  legitimo  do  quinto 
Duque  do  Infantado,  e  de  D.  Anna  de  La- 
cerda Marque2a  que  fora  de  Canhete,  e  de- 
pois de  Ateia  filha  de  D.  Fernando  de  La- 
cerda irmaõ  legitimo  do  Duque  de  Me- 
dina Celi.  Celebraõ  a  fua  memoria  erudi- 
tas pennas  como  faõ  Lourenço  Gracian 
Art.  de  Ingen.  chamandolhe  Ingeniojo,  e  Difc. 
i6.  luntò  el  fentenciofo  con  lo  critico  de  Villa- 
mediana  què  fuè  el  único  de  nucfiros  tiempos 
en  lo  picante.  D.  Luiz  de  Gongora  Sonet.  4. 
Começa. 

£«    veií^    de    las   Heliades   agora 
Acaba    alludindo    a    fer    o    Conde    Correyo 
mòr  de  Caftella. 

O'  Mercúrio  dei  Júpiter  de  IBJpam. 
Em  outro  Soneto  o  louva  acabando 

O'  Efplendor  generofo  de  Seiiores.  Ni- 
cul.  Ant.  Bib.  Hi/p.  Tom.  2.  p.  602.  c.  2. 
ingenio,  animi  magnitudine,  omnihujque  aliis 
dotibus,  qua  aulicum,  ac  nobilem  virum  de- 
cent,  clarijftmus,  Poeta  non  vulgaris  vena.  o 
Doutor  Francifco  de  Caldas  Pereira  Kef- 
ponf.  pro  D.  D.  loanna  de  Tajfts.  UlyfTip. 
1588.  refolve  que  ainda  que  he  filho  de 
Pays  Caftelhanos  por  fer  concebido,  e  na- 
cido  em  Lisboa  he  natural  dcfte  Reyno, 
c  capaz  das  mercês  que  fe  fazem  aos  na- 
turaes.  Spener.  Opus  Heraldic.  Part.  i.  lib.  5. 
cap.  37.  Faria  Fuente  de  Aganip.  Part.  i.  no 
Prologo.  §.  II.    Sahiraõ  pofthumas. 

Obras  dei  Conde  de  Villamediana.  Alcala 
1629.  4.  &  ibi  1634.  Madrid.  1635.  4.  Bar- 
celona 1648.  8. 

Obras  poéticas  2.  Tomo.  M.  S.  Confervafe 
na  Livraria  de  ExcellentiíTimo  Duque  de  La- 
foens  que  foy  do  EmminentiíTimo  Cardial  de 
Souza. 


Fr.      lOAÕ      TAVARES      natural      da 
Gdade    do    Porto    filho    de    Manoel    Fran- 


cifco Corrêa,  e  Francifca  Corrêa.  Pro- 
feíTou  o  iníUtuto  da  illuílre  Religião  da  San- 
tiíTima  Trindade  em  o  Convento  de  San- 
tarém a  8  de  Dezembro  de  1689.  onde  foy 
Lente  lubilado  na  Sagrada  Theologia,  Qua- 
lificador do  Santo  Ofíicio,  Reytor  do  Col- 
legio  de  Coimbra,  e  Provincial  eleito  a  14 
de  Março  de  1729.  Teve  iníigne  talento 
para  o  púlpito.  Falleceo  no  Convento  onde 
nacera  para  a  Religião  a  30  de  laneiro  de 
1736.    Publicou 

Sermoens  Vários  Tom.  i.  Lisboa  na  Of- 
íícina  da  Mufica  1725.  4. 

Sermoens  Vários  Tom.  2.  ibi  na  Oífidna 
Auguíliniana  1733.  4. 

Sermoens  Vários  Tom.  3.  Prompto  para  a 
impreíTaõ  o  qual  continha  os  Sermoens  das 
Domingas,  e  Ferias  de  Quarefma.  M.  S. 


lOAÕ  TAVARES  MASCARENHAS 
natural  de  Lisboa  onde  teve  por  Pays  ao 
Doutor  Manoel  Martins  de  Oliveira  Fci- 
joo,  e  D.  Anna  Maria  Tavares  Mafcarenhas. 
Foy  muito  inílruido  nas  letras  humanas, 
e  preceitos  poéticos  merecendo  pela  fua 
erudição  fer  Académico  de  varias  Acade- 
mias onde  era  ouvido  com  atenção,  e  aplau- 
zo.  Cazou  com  D.  Luiza  lozefa  de  Távora 
de  quem  teve  ao  Doutor  leronimo  Tava- 
res Mafcarenhas  de  Távora  que  naõ  dege- 
nerou de  feu  Pay  na  inclinação  à  Poezia  do 
qual  fez  merecida  memoria  em  feu  lugar. 
Compoz. 

Vo:(es  da  Fama  articuladas  pelo  intimo 
de  hum  afeito  verdadeiro  exageradas,  e  nacidas 
de  amorofos  dev^ejos  de  huma  lealdade  Portu- 
guev^a  na  felicijfima  coroação  do  muito  alto,  t 
muito  poderojo,  Rey,  e  Senhor  nojfo  D.  loaÕ 
o  V.  em  o  dia  de  Sabbado  primeiro  de  laneiro 
do  anno  de  1707.  Lisboa  por  António  Pedrozo 
Galraõ  1707.  4.  Confia  de  5  Sonetos,  e  hum 
Romance  largo. 

Cithara  Imperial,  Lyra  Poética  em  que  fo-l 
lemniza  a  Fama  os  jejlivos  aplau!(ps  e  Jingulares^ 
júbilos  do  felicijfimo  ingrejfo,  e  ceUbradiJftma  en- 
trada {em  efte  mais  que  todos  felivi  Reyno  de  Por-I 
tugal)  da  Soberana  Magejiade  da  augujlifma\ 
Raynha  Nojfa  Senhora  D.  Mariana  de  Au/-] 
fria  em  o  ditoi(p  anno  de   1708.     Lisboa  pori 


L  USITANA, 


Manoel,  e  Jozé  Lopes  Ferreira.  1708.  4.  Confta 
de  diverfo  género  de  Metros. 

Dous  Sonetos,  e  hum  Komance  Hendeca- 
fyllabo  à  morte  do  Bailio  de  l^JJa  D.  Fr.  Filippe 
de  Távora,  e  Noronha.  Sahiraõ  com  outras 
Poezias  a  efte  Cavalhero.  Lisboa  por  Paf- 
choal  da  Sylva  Impreflbr  de  S.  Mageftade. 
1716.  4.  a  pag.  8.  39.  e  53. 

lOAÕ  TAVARES  DE  VELES  GUER- 
REYRO  Capitão  de  mar,  e  guerra  em 
a  índia  Oriental,  o  qual  acompanhan- 
do no  anno  de  171 8.  ao  Governador,  e 
Capitão  General  da  Cidade  do  Nome  de 
Deos  de  Macao  em  a  China  António  de 
Albuquerque  Coelho  efcreveo  a  Relação 
deíla  jornada  com  eíUlo  claro,  e  curiofa 
obfervaçaõ,  e  a  publicou  com  o  feguinte 
titulo. 

Jornada,  que  o  Senhor  António  de  Albu- 
querque Coelho  Governador,  e  Capitão  Geral 
da  Cidade  do  Nome  de  Deos  de  Alacão  na 
China  je^  de  Goa  até  chegar  à  dita  Cidade 
dividida  em  duas  partes.  ImpreíTa  em  Ma- 
cáo  fem  nome  do  Impreflbr,  nem  anno 
da  ediçaõ,  mas  confta  da  mefma  Jornada, 
que  o  Governador  chegara  a  Macào  a 
29  de  Mayo  de  171 8.  e  nelle  foy  imprefla. 
Sahio  depois  Lisboa  na  Officina  da  Mu- 
íica.  1721.  8.  Defla  obra  faz  mençaõ  o 
moderno  Addicionador  da  Bib.  Orient.  de 
António  de  Leaõ  Tom.  i.  foi.  541.  verf.  no 
Appendix. 

lOAÕ  TEYXEIRA  iníigne  profeflbr 
de  Jurifprudencia  em  cuja  Faculdade  rece- 
beo  o  gráo  de  Doutor,  do  Confelho  del- 
Rey  D.  loaõ  o  II.  e  feu  Chanceller  mòr 
muito  intelligente  em  os  preceitos  da  lin- 
gua  Latina,  e  verfado  em  toda  a  erudição 
fagrada,  e  profana.  A  madureza  do  talento 
unida  com  a  fagacidade  politica  o  fizeraõ 
digno  de  acompanhar  duas  celebres  Em- 
baxadas,  fendo  a  primeira  quando  D.  M- 
fonfo  V.  mandou  dar  obediência  pelo  feu 
Embaxador  D.  Lopo  de  Almeyda  à  San- 
tidade de  Xifto  IV.  e  a  fegunda  quando 
D.  Joaõ  o  n.  nomeou  no  anno  de  1490. 
feu  Embaxador  Femaõ  da  Sylveira  Coudel 
mòr  do  Reyno,  e  Regedor  da  Caza  da  Su- 


77^ 

plicaçaõ  para  ajuftar  os  defpozorios  de  feu 
filho  o  Príncipe  D.  Affonfo  com  a  Prin- 
ceza  D.  Izabel  filha  delRey  D.  Fernando 
o  Catholico,  e  em  ambas  eftas  funçoens 
moftrou  o  vigUante  zelo  com  que  fervia 
aos  feus  Soberanos.  No  dia  em  que  a  Ma- 
geftade delRey  D.  loaõ  o  II.  creou  com. 
apparato  magnifico  Marquez  de  Villa  Real 
a  D.  Pedro  de  Menezes  cazado  com  a  Se- 
nhora D.  Brites  filha  fegunda  dos  Sere- 
niflimos  Duques  de  Bragança  D.  Fernando,, 
e  D.  Joanna  de  Caftro  para  fer  mais  plau- 
fivel  efte  afto  orou  o  Doutor  Joaõ  Teixeira, 
com  tanta  elegância,  que  fufpendeo  as  aten- 
çoens  de  taõ  authorizado  congreflb,  lou- 
vando a  liberalidade  dos  Soberanos  quan- 
do rectamente  fe  dedica  a  premiar  Vafla- 
los  beneméritos,  e  referindo  os  heróicos 
ferviços,  que  em  obfequio  da  pátria  tinha, 
feito  o  Marquez  de  ViUa  Real  pelos  quais,, 
e  pela  coroada  afcendencia  da  fua  Caza 
era  acredor  de  femelhantes  honras.  Efla 
Oraçaõ,  que  foy  recitada  no  anno  de 
1489.  logrou  do  beneficio  da  luz  publi- 
ca fetenta,  e  três  annos  depois  de  fer  ouvi- 
da, e  fahio  traduzida  na  lingua  Latina  por 
feu  filho  o  Doutor  Luiz  Teixeira  com  efte 
titulo. 

Oratio  habita  ab  infi^i  viro  Joanne  Teixeira 
Serenijfimi  Joannis  fecundi  JLufitania  Reps,  et 
Algarbiorum,  Cifmarinorum  pariter,  <á>^  qu(t 
Junt  in  Africa  tranfmarinorum,  Mtiopia- 
que  Domini,  Cancellario  máximo,  Conjilia- 
rioque  cum  Marchionatus  ignitas  ã  fua  Cel- 
fitttdine  collata  attributaque  fuit  illufiri  ac 
magiifico  Domino  Petro  Menejio  Villa  Rega- 
lis  Marchioni,  comitique  Urania  &c.  Men- 
fe  Martio  armo  à  falute  Chrifiiana.  1489. 
Be^ae.  Começa.  Marci  Tullii  latina,  vel 
eloquentia,  vel  doctrina  Frincipis  (ò'c.  Conim- 
bricae  per  Joannem  Alvarum  Idibus  Decemb. 
M.D.LXn.  4.  Depois  a  traduzio  na  lingua 
Portugueza  o  Meflie  Miguel  Soares  como 
confefla  na  Dedicatória  da  tradução  a  D. 
Miguel  de  Menezes  4.  Marquez  de  Villa 
Real,  e  bifneto  de  D.  Pedro  de  Menezes  I. 
Marquez  de  Villa  Real  em  cujo  aplauzo 
foy  recitada.  Efta  tradução  Portugueza  fa- 
hio imprefla  como  a  Latina  no  mefmo 
anno,  e  forma,  e  de  ambas  confervo  hum 


774 


BIB  LIO THECA 


exemplar.  Deíla  obra  como  do  feu  Autor 
o  Doutor  loaõ  Teixeira  faz  mençaõ  D.  An- 
tónio Caetano  de  Souza  HiJ.  Gen.  da  Ca:(^. 
Keal  PortNg.  Tom.  5.  liv.  6.  p.  190.  e  191. 
Epijiola  Joannis  Teixeira  Angelo  Poliiiano 
data  16  Kalend.  Septemb.  1489. 

lOAÕ  TEYXEIRA  Cofmografo  mór 
de  S.  Mageftade,  e  muito  perito  nas  difci- 
plinas  Mathematicas.  Compoz  em  o  anno 
de  1640. 

DefcripçaÕ  de  todo  o  tnaritimo  da  Terra 
de  Santa  Crtc^  chamado  vulgarmente  o  Bra- 
Zi/.  M.  S.  foi.  Conferva-fe  com  vários 
Mappas  illuminados,  e  com  diverfas  decla- 
raçoens  em  a  Livraria  do  Excellentinimo 
Marquez  do  Louriçal. 

lOAÕ  TEYXEIRA  DE  SAMPAYO, 
E  SEYXAS  COELHO  Naceo  a  27  de 
Junho  de  1680.  em  a  Quinta  de  Tei- 
xeira fituada  na  Freguezia  de  S.  Salva- 
dor de  Villa  Cova  entre  as  Villas  de 
Guimaraens,  e  Amarante.  Foy  filho  de 
loaõ  Teixeira  Vieira  de  Sampayo,  e  D. 
Anna  Teixeira  de  Seyxas  das  principaes 
famílias  da  Província  de  Entre  Douro, 
e  Minho.  He  Senhor  do  Morgado  da 
Teixeira,  e  de  Santo  Ildefonfo  de  Villa 
Verde  no  Confelho  de  Unhaõ  inílituido 
por  Francifco  Teixeira  Coelho  dos  Senho- 
res de  Sergude.  Cultivou  com  aplicação 
defde  os  primeiros  annos  as  fciencias  ame- 
nas em  que  fez  grandes  progreflbs  a  fua 
comprehenfaõ,  fendo  frutos  do  feu  eftudo 
as  feguintes  obras. 

Compendio  hijforico  de  novidades  do  Reyno 
do  Ceo.  Contem  Novo  Caminho  da  Salvação. 
Diário  de  Ijouvores  da  Senhora.  Forma  de  orar 
confejfar,  Comungar,  ouvir  MiJJa,  correr  a  Via- 
-Sacra  e  ganhar  as  indulgências.  4.  M.  S.  Com 
todas  as  licenças  para  fe  imprimir. 

PraíHca  de  Cavallaria  onde  fe  contem  Arte 
de  enfinar,  conhecer,  e  criar  os  Cavallos.  Arte 
de  enfrear  os  Cavallos  à  brida  com  eflampas  de 
todos  os  freyos,  e  arte  de  ferrar  os  Cavallos.  foi. 
M.  S.    Eílá  nas  Approvaçocns. 

Arvores  Genealógicas  de  algumas  Famílias 
âo  Reyno.  foi.  M.  S. 


lOAÕ  TEYXEYRA  DA  SYLVA  na- 
tural da  Cidade  do  Porto  filho  de  Domin- 
gos Teixeira,  e  D.  Maria  Pereira  da  Sylva, 
e  irmaõ  de  Fr.  Fernando  da  Soledade  Pro- 
vincial da  Província  Seráfica  de  Portugal 
feu  Chronifta,  e  Académico  da  Academia 
Real  de  quem  em  feu  lugar  fe  fez  diílin- 
ta  memoria.  Na  Univerfidadc  de  Coim- 
bra eíhidou  Direito  Pontificio  cm  que  mof- 
trou  a  fubtileza  do  juizo,  e  comprehen- 
faõ do  talento  principalmente  quando  era 
oppozitor  às  Cadeiras.  Das  letras  huma- 
nas, Oratória,  Poezia,  Hiíloria  Sagrada,  c 
profana  teve  vaftas  noticias  merecendo  por 
ellas  fer  confultado  pelo  Confelho  de  Ef- 
tado  para  Enviado  da  Republica  de  Olan- 
da,  e  conciliar  os  afFeélos  das  primeiras 
Peflbas  de  huma,  e  outra  lerarchia  como 
foraõ  o  IlluílriíTimo  Arcebifpo  de  Lisboa 
Luiz  de  Souza  depois  Cardeal  da  Igreja 
Romana,  e  feu  irmaõ  o  Marquez  de  Arron- 
ches, o  Duque  do  Cadaval  D.  Nuno  Al- 
vres  Pereira  de  Mello,  e  o  Príncipe  de  Lignc. 
Falleceo  intempeílivamente  no  anno  de  1686. 
Compoz. 

Poema  Heróico  á  Raynha  Santa  It(abel. 
Lendo  efta  obra  o  lUuílriffimo  Bifpo  do 
Porto  Fernando  Corrêa  de  Lacerda  afirma 
que  fe  o  tivera  viílo  antes  de  imprimir  a  vida^ 
da  mefma  Santa  Raynha  a  naõ  publicara 
pelo  exceíTo,  que  reconhecia  no  Poema 
aíTim  na  elegância  como  em  a  difcriçaõ  á 
obra,  que  compuzera. 

Exemplar  politico  da  vida,  e  acçoens  delKey 
D.  Pedro  I.  M.  S. 

Dous  Nobiliários  das  Familias  do  Reyno. 
foi.  Aí.  S. 

Fjicyclopedia  de  todas  as  Artes,  e  Sciencias. 
foi.  Aí.  S. 

Rimas  Varias.  Aí.  S.  4. 

D.  lOAÒ  THEOTONIO  DE  AL- 
MEYDA  Naceo  em  Lisboa  onde  teve 
por  Progenitores  a  D.  Luiz  de  Almey- 
da  Capitão  de  Cavallos  irmaõ  de  D.  Pe- 
dro de  Almeyda  primeiro  Conde  do  Af- 
fumar,  e  Viccrcy  da  índia,  e  D.  Maria 
lozefa  de  Mello  Cortcreal  filha  de  Di-| 
niz  de  Mello  de  Caftro  primeiro  Con- 
de   das    Galveas,    e   D.    Angela    Maria    dai 


L  USITAN  A. 


7/5 


Sylveira.  Por  morte  de  fua  Conforte  D. 
There2a  Antónia  de  Caílro  filha  herdeira 
de  António  LuÍ2  de  Beja  Capitão  de  Cavai- 
los,  e  de  D.  Izabel  de  Caftro  filha  de  Egas 
Coelho  Senhor  da  Ilha  de  Maya  (da  qual 
teve  a  D.  LuÍ2  lozé  de  Almeyda,  D.  An- 
tónio lozé  de  Almeida,  e  D.  Violante  de 
Portugal  cazada  em  26  de  Setembro  de 
1730.  com  Luiz  António  de  Bailo  Baha- 
rem  Donatário  da  Villa  da  Praya  Alcayde 
mór  de  Linhares,  e  Cavalleiro  da  Ordem 
de  Chriílo)  fe  ordenou  de  Presbítero  exer- 
citando as  virtudes  próprias  de  taõ  fublime 
eílado.    Efcreveo. 

Re/açaõ  das  Fejlas  que  fe  fi^eraõ  em  Villa 
nova  de  Gaja  em  3  de  Mayo  de  1759.  ^ 
Sagrada  Imagem  de  lejus  Crucificado.  Coim- 
bra por  Francifco  de  Oliveira  ImpreíTor 
da  Univerfidade,  e  do  Santo  Ofíicio  1740.  4. 

Fr.  lOAÕ  DE  SANTA  THEREZA. 
Naceo  na  Villa  de  Pedrógão  o  grande 
útuada  na  Província  da  Estremadura  de 
Pays  de  conhecida  nobreza  quaes  eraõ  Luiz 
de  Sá  de  Miranda,  e  D.  Mariana  de  Sou- 
za. ProfeíTou  o  fagrado  inílituto  da  Ordem 
militar  de  lefu  Chriiio  no  Real  Convento 
de  Thomar  a  10  de  Mayo  de  1692.  onde 
igualmente  fe  fez  eftimavel  pela  obfervan- 
cia  religiofa  como  pela  fciencia  efpecula- 
tiva  da  fagrada  Theologia  em  que  recebeo 
as  infignias  doutoraes  em  a  Univerfidade 
de  Coimbra  onde  foy  Conduâario  com 
privilégios  de  Lente  provido  a  4  de  Mayo 
de  1728.  Foy  o  primeiro,  que  diftou  aos 
feus  religiofos  a  doutrina  da  Efcola  Tho- 
miftica  como  dirivada  das  luzes  do  Sol  de 
Aquino  que  mereceo  a  aprovação  da  eterna 
fabidoria.  Falleceo  em  Coimbra  a  25  de 
Mayo  de  1729.  Jaz  enterrado  no  feu  Col- 
legio  ao  fahir  da  Sancriília  para  a  parte  di- 
reita. Querendo  feguir  o  methodo  da  obra 
Theologica  de  que  deixou  impreííos  2  To- 
mos o  Meílre  Fr.  Martinho  Pereira  Len- 
te de  Prima  da  Univerfidade  de  Coim- 
bra, e  grande  credito  da  fua  Ordem. 
Compoz 

Commentaria  in  Primum  librum  Sen- 
tentiarum.  2.  Tom.  foi.  M.  S.  os  quaes 
fervem    de    continuação    à    obra    do    Mef- 


tre  Fr.  Martinho  Pereira,  e  fe  confervaõ- 
promptos  para  a  impreílaõ  no  feu  CoUe- 
gio  de  Coimbra. 

Fr.  lOAÕ  DE  SANTA  THEREZA  na 
tural  da  Villa  da  Amieyra  do  Priorado  do- 
Crato  em  cuja  Matriz  recebeo  a  graça  bau- 
tifmal  a  2  de  Agofto  de  1671.  fendo  filha 
de  Domingos  de  Araújo,  e  Catherina  Ma- 
deira. Dezejofo  da  vida  mais  perfeita  pre- 
ferio  o  eílado  de  facerdote  fecular  ao  de 
Rehgiofo  recebendo  o  habito  CarmeUtano 
em  o  Convento  da  Villa  de  Collares  a  15 
de  Agoílo  de  1710.  e  profeíTou  com  difpenfa 
de  quatro  mezes  a  16  de  Abril  de  171 1.  Por 
alguns  tempos  exercitou  o  lugar  de  Por- 
teiro mòr  do  Convento  de  Lisboa.  Publi- 
cou 

Devoção    ao    Santiffimo    Nome    de    lESUS- 
Lisboa  por  Bernardo  da  Coíla  de  Carvalho. 

1716.  24. 

Devoção    ao    nome    do     Patriarcha    o    Se- 
nhor  S.    lot(é.     Lisboa   pelo    dito   ImpreíTor.. 

1717.  24. 

Fr.  lOAÕ  DE  SANTO  THOMAZ  Na- 
ceo em  a  Cidade  de  Lisboa  a  9  de  lulho  de 
1589.  para  credito  da  pátria  que  lhe  deu  ç> 
berço,  como  efplendor  da  Ordem  dos  Prega- 
dores que  illuílrou  com  a  doutrina,  edificou 
com  o  exemplo.  Teve  por  Pays  a  Pedro 
Poinfot  natural  de  Viena  de  AuUria  Secretario- 
do  Archiduque  Alberto  Governador  deíle 
Reyno  de  Portugal,  e  D.  Maria  Garcez; 
de  igual  nobreza  à  de  feu  Conforte.  O  pri- 
meiro theatro  em  que  deu  manifeílos  ar- 
gumentos do  profundo  talento,  e  aguda  perf- 
picacia  de  que  profufamente  o  ornara  a  na- 
tureza, foy  a  Univerfidade  de  Coimbra  on- 
de inílruido  nas  letras  humanas,  e  efpecula- 
çoens  íilofoficas  recebeo  o  grão  de  Meílre 
em  Artes.  Obedecendo  ao  preceito  de  feu 
Pay  aíTiílente  em  Flandes  (por  ter  acompa- 
nhado no  anno  de  1596.  ao  Archiduque 
Alberto  quando  foy  defpozarfe  com  a  In- 
fanta D.  Izabel  filha  de  Filippe  Prudente) 
partio  no  anno  de  1608.  e  como  toda  a  fua. 
inclinação  era  para  a  cultura  das  letras  fre- 
quentou a  celebre  Univerfidade  de  Lovai- 
na   onde   ouvio   explicados   os   myfterios   da. 


B  IB  LIO  TH  E  C  A 


776 

Theologia    Efcholaílica    pelo    iníigne    Lente 
<lc    Prima    Fr.    Thomaz    de    Torres    natural 
Ác  Madrid  da  Ordem  dos  Pregadores,  cujo 
inílituto    profeíTara    no    Real    Convento    da 
Tocha,  e  taes  foraõ  os  progreflbs  que  fez 
o    feu    penetrante    engenho,    que    mereceo 
■com    aplauzo    de    todos    os    Cathedraticos 
receber  o   gráo   de   Bacharel  em  taõ   fubli- 
me    Faculdade.     Penetrado    de    heróico    de- 
fengano    fe    refolveo    deixar    as    efperanças 
caducas   do   mundo,   e   dedicarfe   em   algu- 
ma  familia   religiofa  ao   obfequio   de   Deos 
para   fegurar   a   falvaçaõ   eterna.     Deíle   pio 
intento    fez    participante    a    feu    Meílre    Fr. 
Thomaz  de  Torres  o  qual  como  terniffima- 
mente  o  amaíTe  menos  pela  agudeza  do  ta- 
lento que  pela  innocencia  da  vida  lhe  acon- 
felhou  que  deixando  Flandes  partiíTe  a  Ma- 
<lrid  onde   no   celebre   Convento   da  Tocha 
acharia  tranquillo  porto  ao  feu  efpirito.    Com 
fumma    brevidade    chegou    ao    lugar    defti- 
nado  para  a  vida  religiofa,  e  fuplicando  ao 
Prior   o   habito   foy   admitido   com  aprova- 
•çaõ    geral    daquella    graviflima    Comunidade 
■em  o  anno  de  161 2.  ou  161 3.  como  vatici- 
nando   a    gloriofa    fama    que    havia    refultar 
à   Ordem   dos   Pregadores   com  eíle   infigne 
alumno.    Feita  a  profiíTaõ  folemne  foy  man- 
dado   para    Alcala    em    cuja    Univerfidade 
depois    de    haver    didado    pelo    efpaço    de 
<[uinze     annos     Filofofia,     e     Theologia    tal 
opinião    conciliou    da    fua    profunda    litera- 
tura que  fendo  elevado  à  Cadeira  de  Prima 
<la    mefma   Univerfidade   em    11    de    Setem- 
bro de   1630.  o  Meílre  Fr.  Pedro  de  Tapia 
lhe    fubftituhio   na  Cadeira  de  Vefpora,  que 
regentou  por  dez  annos  até  fubir  à  de  Prima 
por    fer    transferido    a    Cathedral    de    Segó- 
via o  grande  Tapia  que  em  fua  peíToa  co- 
piou as  virtudes  dos  Prelados  da  primitiva 
Igreja.    Em  todo  o  tempo  do  feu  magiíle- 
rio  eraõ  innumeraveis  os  ouvintes  que  que- 
riaõ    participar  da  fua  doutrina  eftabelicida 
fobre  os  folidos  fundamentos  das  opiniocns 
■de  feu  Angélico  Meílre  de  quem  foy  fideliíTi- 
mo  interprete  nunca  apartando  os  olhos  das 
luzes  dcílc  Sol  das  Efcolas  pelo  qual  regu- 
lava os  movimentos  da  fua  penna.    Eleyto 
Inquizidor  dos  Reynos  de  Caílella,  e  Aragaõ 
promoveo   com  incanfavel   difvelo   os   aug- 


mentos   da   Religião,  e  cometendolhe  o  fu- 
premo  Tribunal   da   Inquiíiçaõ   de   Efpanha 
a  reforma  do  Expurgatorio  dos  Livros  prohi- 
bidos   dezempenhou   taõ   laborioza   empreza 
como  da  fua  grande  fabidoria,  e  apoílolico 
zelo    fe    efperava.     Ao    tempo    que    paíTava 
a  mayor  parte  da  fua  vida  na  continua  liçaõ 
dos    livros,    e    douta    compoíiçaõ    das    fuás 
obras    recebeo    huma    carta    efcrita    no   an- 
no de  1643.  em  que"  a  Mageílade  de  Filip- 
pe    IV.    o    nomeava    feu   ConfeíTor.     Tanto 
que    a   leu    coníiderando    que   aquelle   lugar 
ainda   que   honorifico   o   privava   do  amável 
defcanfo  da  fua  Cella  para  aíTiílir  no  Paço,  a 
cujas  paredes  fempre  tivera  horror,  rompeo 
neílas  fentidas  vozes.    Aãum  ejl  Patres  de  vi  ta 
mea;  mortuus  Jum:  orate  pro  me.    Obrigado  da 
obediência  aceitou  eíle  miniílerio  totalmente 
opoílo  à  humildade  do  feu  génio  que  exer- 
citou   com    taõ    virtuofa    independência,    c 
prudente    moderação    que   podia   fer   exem- 
plar de  ConfeíTor  de  Principes  do  qual  bre- 
vemente (como   tinha  vaticinado)   o   privou 
a  morte  pois  acompanhando  a  Filippe  IV. 
no    anno    de    1644.    na    jornada    de    Catalu- 
nha foy  acometido  no  lugar  de  Fraga  fitua- 
do  nos  fins  do  Reyno  de  Aragaõ,  de  huma 
ardente    febre    que    degenerou   em    maligna, 
e   conhecendo  fer  anuncio  certo  da  ultima 
hora   recebidos    os    Sacramentos    com   fum- 
ma  piedade   entregou   placidamente   o   efpi- 
rito cumulado  de  fantificadas  obras  ao  feu 
Creador   em    17   de   lunho   de    1644.   quan-j 
do   ainda  naõ   contava  completos    55    annos 
de   idade.      Vir  fane   longiori  vi  ta   dignas,  fei\ 
immortalitate  jám   maturus  efcreve    delle   Fr. 
lacobo    Echard    Script.    Ord.     Prad.    Tom.] 
2.  p.  538.  col.  2.  Fr.  Franc.  à  D.  Aug.  Ma- 
cedo   Collat,    in    3.    Partem.    Collat.    6.   Dif-J 
fer.    2.    feél.    8.    p.    409.    Princeps  inter  ali^ 
Thomijias     ob    eximiam    doãrinam,     et    eru 
tionem.    et    DifFer.    3.    fedi.    2.    p.    427.    in} 
gnis    Thomifla,    et    fcft.    5.    p.    458.     IHuJí 
fiio    nomine    Author    et    pag.     440.    eximia 
hujíis  Jactai  S.    Tboma  mentis  interpres.   Di 
na  Part.   11.   Tra£l.   8.   Refol.   67.  virum  Já 
pientijftmum  c  Traft.    5.   Refol.    38   doâiJftmA 
Magifter.    Fr.    loan.    à    Crucc    Direã.    Conj 
cient.  §.  4.  n.  8.  fapientijjimtds  Magifier  in  01 
Jcientiarum,    et    difciplinarum   genere    vere 


LUSITANA.  jjj 

gnus,    et  profundus.    Nicol.    Ant.    Bih.    Hifp.  Philip.    Borde,    Laurent.    Amaud.    Petxum 

Tom.   I.  pag.   603.  col.   i.  doãrina  ingeniique  Borde  et  Guillielm.  Barbier.   1663.  foi. 

efus   clariffima    extant   monumenta.    loan.    Soa-  Curjus    Tbeolo^ci   in    'Primam    Partem    D. 

res    de    Brito    Tbeatr.    Lnjit.    Utter.    lit.    I.  Tboma  Tom.  \.  fcilicet  à  quafl.  1.  ujque  ad  quaft. 

n.     82.      Vir    ingenio    acuto,  judinoque  Jelec-  XV.    G^mpluti    apud    Antonium    Vafques. 

tijftmo.     TouroQ    Vie  de  S.    Thom.  d*  Aquin  1637.    foi.    &    Lugduni    apud    Benediéhim 

iiv.    5.    cap.    14.    Theoloffen  fort  judicieuXf    e  GuaTchum.  1663.  foi. 

ires  efiime  des  Jcavans.   Cardofo   Affol.   Ljijit.  Curfus    Theologici   in    Primam       Partem   à 

Tom.     3.     p.     724.    famofo    Letrado.      Gra-  quaft.  XV.  uJque  ad  XXVII.  Tom.  11.  Lug- 

veflbn    Hiíl.    Ecclef.    Tom.     8.    pag.    mihi  duni  apud  Petrum  Proft.   1643.   &  ibi  apud 

130.    Subtilitate,   Jiudio,    &    eruditione  Jupre-  Benediâum  Gviafchimi. 

mum    Jubtilitatis    fcbolajiica     attigijfe     videtur.  Curfus     Tbeoloffci     Tom.     III.     à     quaft. 

Monteiro    Claujir.    Dom.    Tom.    3.    pag.    89.  XXVII.  u/que  ad  finem  prima  Partis.       Lug- 

e  239.  Fr.  Luc.  de  Santa  Cather.  Hiji.  de  S.  duni    apud    Petrum    Proft.     1643.    foi.     & 

Doming.  da  Prov.  de  Portug.  Tom.  4.  pag.  936.  ibi     apud     Benediâum     Guafchum.      1663. 

Gampoz.  foi. 

Artis    I^ffca   prima    Pars    de    Dialeãiàs  Curfus     Tbeoloffà    in     Prim.    fecund.     D. 

inftitutionibus,    quas    Summulas    vocant.      Q)m-  Tboma   à    quafl.    I.    ufque    ad   XXI.    inclufive 

pluti.  1631.  e  1634.  4.    Roma:  apud  Manei-  Tomus   primus.      Matriri    apud    Mariam    de 

phium.  1636.  Duaci  1638.  Quinònes.      1645.      foi.       Obra     pofthuma 

Artis    Lj)gica    fecunda     Pars    in    Ifagogen  que     publicou     feu     difcipulo     Fr.     Diogo 

Porpbirii,    Ariflotelis    Categorias,    ó"    Periber-  Ramires.     Lugduni    apud    Benedidum  Gua- 

minias     ac      Pofteriorum     libros.       Compluti.  fchum.  1663.  foi. 

1632.  4.    Romae  apud  Manelphium.  1638.  8.  Curfus     Tbeoloffci     Tomus    II.     ufque     aã 

Matriti.  1640.  4.  Quaflion.   CXIV.  ibi  eodem  anno   &   Lug- 

Naturalis   Pbilofopbia  prima  pars,   qua  de  dimi  apud  Guafchum.  1661.  foi. 

natura  in  communi,  ejufque  affeãionibus  ãjjerit.  Curfus  Tbeolo^  in  fecund.  fecund.  D.  Tbo- 

Matriti.   1633.  4.    Romse  apud  Manelphium.  ma  Tomus  unicus,  boc  eji  de  Fide,  Spe,  dr  Cba- 

1637.  et  Caefarauguftae.  1644.  4.  ritate;  de  Homicidio,  Keligione,  Oratione,   Voto 

EJufdem  2.  Pars  in  VIII.  libros  Phyficorum.  cum    quibufdam    expofitivis    quaflionibus.      Ma- 

Mãtriti   1633.  4.     Romae  apud  Manelphiimi.  triti.  apud  Mariam  de  Qxiinònes.   1649.  foi. 

1637.  et  Caefarauguftae.  1644.  4-  &    Lugdimi    apud    Benediftum    Guafchum. 

Ejufdem     3.     Pars    qua    de    Ente    mobili  1663.  foi. 

£orruptibili  apt   ad  libros   Ariflotelis   de   ortu,  Curfus     Tbeologici     Tomus     VII.    five     de 

<àr  interitu  cum  decem  traãatibus  de  Meteoris.  Incamatione     Verbi.      Divini    Traãatus.      Ma- 

Compluti.  1634;  4.  Monachii.  1637.  8.  Gefa-  triti   Typis   regiis.    1656.    &    Lugduni   apud 

rauguftac.  1644.  4.  Guafchum.  1663.  foi. 

Ejufdem    4.     Pars,    qua    de    Ente    mobili  Curfus    Tbeologici    Tomus    VIII.    De    Sa~ 

animato  ad  libros  Ariflotelis  de  Anima.  Compluti.  cramentis    in   genere,    de    que     Venerabili    Eu- 

1655.  4.  cbarifia   Sacramento,    eb*    de    Panitentia    difpu- 

Sahiraõ  todas  eftas  obras  Filofoficas  Ma-  tationes.      Parifiis    apud    Antonium    Bertier. 

triti.    1648.    4.    Coloniae.    1638.    4,    3.    Tom.  1667.  foi.    Sahio  efte  Volume  por  deligencia 

correâas   por   Fr.    Thomas    de    Sarria  et  ibi  de  Frãcifco  Combeíis,  e  lacobo  Quetif  Do- 

165 3-  4-  3-  Tom.    Romae  apud  Manelphium.  minicanos. 

1636.  e  1637.  8.  9.  Tom.    Ultimamente  com  Os    fete    Volumes    da    Theologia    fahi- 

o  titulo.  raõ     impreíTos     Lugduni     apud     Philippum 

Curfus      Pbilofophicus      Tbomijlicus     fecun-  Borde,    Laurentium    Amaud,    Petrum    Bor- 

dum     exaãam,     veram,     et    genuinam     Arijio-  de,    Guillielmiim    Barbier.    1663.    foi.    acre- 

telis,    et    Doãoris    Angelici    mentem    et   in    di-  centado    no    i.    Tom.    em    o    fim    Traãa- 

verfas    partes     diflributus.       Lugduni     apud  tus   de    Opere  fex   dierum,   e   no    Tom.    11.    . 


778 

ad  Prm.  fecund.  as  Matérias  Theologi- 
cas,  que  diftou  na  Cadeira  da  queftaõ 
deíla  Parte  109.  até  114.  que  conílaõ  de 
Grafia,  <ò'  Mérito.  Os  8  Tomos  Sahi- 
raõ  impreíTos  CxAomx.  Agripinac.  171 1. 
foi. 

Speculum  Jine  macula,  id  ejl,  Traãatus 
de  approbatione,  authoritate,  €>*  puritate 
doãrina  D.  Thoma  Aquinatis.  Auguftac 
Ubiorum  apud  loannem  Bufxum.  1658. 
8.  Eíla  obra  já  fe  tinha  publicado  no  i. 
Tomo  do  Curfo  Theologico. 

Explicaccion  de  la  do£frina  Chrifiiana. 
Valença.  1644.  16.  Alcala.  1645.  16.  Sa- 
ragoça por  Pedro  de  Lanaja.  1644.  4. 
Anveres  en  la  Imprenta  Plantiniana.  165 1. 
24.  Roma  1663.  12.  Madrid  por  Diego 
Martines  Abad.  1692.  8.  Traduzida  em 
Latim  por  Fr.  Henrique  Hechtermans 
Dominico.  Bruxellis  apud  Francifcum  Vi- 
vien.  1658.  16.  e  na  lingua  Portugue- 
2a  Lisboa  na  Oíficina  Craesbeckiana. 
1654.  8. 

Pra£Hca  y  confideracion  para  ajudar  a  bien 
morir.  Saragoça  por  Pedro  de  Lanaja.  1645.  8. 
Traduzida  em  Italiano  por  Francifco  Onofri. 
Florencia.  1674.  12. 

Breve  Tratado  y  muy  importante  que 
por  mandado  de  fu  Magefiad  ejcrevió  el  Rí- 
verendijftmo  Padre  Fr.  Juan  de  Santo  Tho- 
ma:;^ para  faber  har^er  una  confejfwn  Gene- 
ral. Começa.  Sefior  Solo  la  obediência  ai 
mandato  de  V.  Mageftad  puede  efcufar  el 
embiar  efios  papeies,  en  los  quales  he  ceiii- 
do  lo  mas,  que  he  podido  las  matérias  que 
parece  fon  dijcurjables  en  una  conjejjion  Ge- 
neral. Si  en  algo  fe  ha  acertado  fera  premio 
de  mi  defeo:  fi  he  errado  habré  verificado 
con  la  obra  lo  que  dife  de  mi  infuficiencia,  y 
quedará  campo  a  V.  Magefiad  de  perdonar 
mis  defaciertos.  Dios  nuefiro  Senor  nos  gttar- 
de  a  V.  Magefiad  como  toda  la  Chrifiiandad 
a  menefier.  Madrid  aiio  de  1644.  Fr.  luan  de 
S.  Thoma^.  Coníla  de  20  paginas,  c  a  tradu- 
zi© em  Latim  lacobo  Quetif  Dominicano 
como  affirma  no  2.  Tom.  Scrip.  Ord.  Prad. 
P^g-  339'  col.  2.  de  cuja  tradução  Latina 
efte  he  o  titulo. 

Brevis,  ó'  expecta  methodus  facra  Ge- 
neralis      difponenda     peccatorum      exhomolegis 


BIB  LIO  THE  CA 


Philippi  IV.  Hifpaniarum  Regis  Catho- 
lici  juffa  à  Keverendifiimo  P.  Fr.  Joanne  à  S. 
Thoma  edita. 

Fr.  lOAÒ  DE  SANTO  THOMAZ  Na- 
ceo  em  a  Cidade  de  Coimbra,  c  no  Colle- 
gio  Carmelitano  da  mefma  Cidade  rece- 
beo  o  habito  a  7  de  Março  de  1587.  na  flo- 
rente idade  de  17  annos  onde  aprendeo  as 
fciencias  fe  veras,  Diftando  Theologia  cm 
a  Cidade  de  Évora  foy  aplaudido  o  feu  talento 
pelo  infigne  Efcriturario  o  P.  Braz  Viegas 
da  Companhia  de  lefus  de  quem  fe  fez  me- 
moria em  feu  lugar.  Movendo-fe  algu- 
mas duvidas  neíle  Reyno  em  o  anno  de  1609. 
acerca  dos  privilégios  da  Bulia  Sabbatina 
foy  mandado  a  Roma  para  defender  huma 
cauza  em  que  era  intereíTada  a  gloria  da 
fua  Religião,  e  depois  de  vencidas  varias 
dificuldades  de  que  triumfou  com  funda- 
mentos folidos  allegados  cm  doutiíTimos 
Tratados,  que  para  efte  fim  compoz,  fahio 
confirmada  a  Bulia  por  Decreto  Pontifí- 
cio a  II  de  Fevereiro  de  161 3.  Reftituido 
a  Portugal  foy  eleito  Prior  do  Convento 
de  Lisboa  donde  fubio  a  Provincial  a  9 
de  Abril  de  161 7.  fendo  huma  das  açocns 
mayores  do  feu  governo  deftinar  o  Con- 
vento de  CoUares  para  Recolleta  da  Pro- 
víncia efcrevendo  os  Eftatutos,  que  haviaõ 
obfervar  os  feus  moradores.  De  todas  as 
virtudes  religiofas  foy  exaótiffimo  cultor  dif- 
tinguindo-fe  com  tal  cxceíTo  na  humilda- 
de que  naõ  aceitou  o  lugar  de  Meftre,  que 
merecera  pela  leitura  das  Cadeiras,  fe  naõ 
obrigado  do  preceito  do  Geral  conferindo- 
-Ihe  o  gráo  de  Doutor  em  o  Convento  do 
Carmo  de  Lisboa  D.  Fr.  Thome  de  Faria 
Bifpo  de  Targa,  feu  particular  amigo.  Pela 
madureza  do  juizo,  e  profundidade  da  fua 
litteratura  era  eftimado  das  primeiras  pef- 
foas  da  Corte  fendo  eleito  por  D.  António 
de  Attayde  Conde  da  Caftanheira  Prefidentc 
da  Meza  da  Conciencia  para  reformador 
dos  Examinadores  defte  Tribunal,  c  come- 
tendo á  fua  decifaõ  graves  negócios  o  Illuf- 
triíTimo  Arcebifpo  de  Lisboa  D.  Miguel 
de  Caftro.  Falleceo  no  Convento  do  Car- 
mo de  Lisboa  com  fumma  piedade  a  15 
de  Julho  de  1645.  quando  contava  7J  an- 


L  USITAN  A, 


779 


nos  e  IO  mezes  de  idade  e  58  de  Religião. 
Fazem  delle  memoria  Munos  Vropiign.  Elia 
lib.  2.  Tit.  3.  cap.  I.  Art.  3.  p.  952.  Cafa- 
nate  Paradis.  Carmel.  Decor.  Stat.  5.  ^ftas 
18.  cap.  159.  p.  487.  Cathal.  Script.  Ord. 
Carmel.  p.  83.    Compoz. 

Allegationes  pro  Scapularis  Vtrginei 
jingulari  concejftone.  Hv-polito  Marrado  as 
intitula  eruditas  na  Bib.  Alariana  Part.  i. 
p.  791.  onde  fallando  de  feu  author  lhe 
faz  o  feguinte  elogio  vir  omni  Utterarum, 
ac  virtutum  nitore  prafulgidus,  <&  Sacri  Car- 
melitarum  Scapularis  a  S.  Virffne  Matre 
Simoni  Stoch  largiti  fingularis  Aíacenas.  G^n- 
íervaõ-fe  M,  S.  na  Livraria  do  Convento 
Romano  da  Tranfpontina. 

Tratados  Apologéticos  do  Profeta,  e  Pa- 
triarcha  Elias  até  loaÕ  44.  Eílaõ  na  Livra- 
ria   do    Convento    do    Carmo    de    Lisboa. 

Ejlatutos  do  Convento  de  Santa  Anna 
de  Collares  jM.  S.  Parte  delles  fe  lem 
impreíTos  nas  Mem.  Hijl.  dos  Efcrit.  do 
Carm.  da  Prov.  de  Portug.  efcritas  por  Fr. 
Manoel  de  Sá  a  pag.  249. 


Fr.  lOAÒ  DE  S.  TIAGO.  Naceo 
em  Lisboa  a  12  de  Mayo  de  1686.  fendo 
filho  de  Sebaftiaõ  Francifco  Roufado,  e  Ma- 
ria lozefa.  Inílruido  nos  preceitos  da  lín- 
gua latina  recebeo  o  habito  Carmelitano 
no  Convento  pátrio  a  15  de  Agofto  de  1702. 
e  profeííou  folemnemente  a  20  do  dito  mez 
do  anno  feguinte.  Moílrando  naõ  vul- 
gar capacidade  em  as  fciencias  Efcholaf- 
ticas,  que  aprendera  no  Convento  de  Lis- 
boa, e  Collegio  de  Coimbra  as  diftou  pelo 
efpaço  de  doze  annos  em  o  Convento  de 
Moura  com  grande  credito  do  feu  talento 
merecendo  o  gráo  de  Meílre  da  Ordem 
por  patente  paílada  a  4  de  Agofto  de  1725. 
Governando  a  Provinda  defde  7  de  la- 
neiro  até  12  de  lulho  de  1728.  viíitou  com 
igual  prudência,  que  vigilância  os  Con- 
ventos de  Lisboa,  Collares,  Camarate,  S. 
Romaõ,  Torres  novas,  Collegio  de  Coim- 
bra, e  as  Religiofas  dos  Mofteiros  de 
Tentúgal,  e  Guimaraens.  A  Venerável 
Ordem  Terceira  defta  Corte  o  propoz 
para   feu   Corniílario   em   cujo   lugar   fendo 


confirmado  pelo  Provindal  a  12  de  Abril 
de  1731.  fatisfez  a  taõ  laboriofa  ocupação 
com  fummo  zelo,  e  incanfavel  difvelo.  A'  fua 
a6Hva  deligenda  fe  devem  as  Infíituiçoens 
da  Ven.  Ordem  Tercdra  em  as  Villas  de 
Alcobaça,  Eftremos,  e  Qdade  de  Vizeu. 
Para  o  minifterio  do  púlpito  o  dotou  a  natu- 
reza com  particular  génio  alcançando  re- 
pitidos  aplaufos  pelos  Sermoens  que  tem 
recitado  a  auditórios  numerofos  dos  quaes 
fe  fizeraõ  públicos  pela  impreíTaõ  os  feguin- 
tes. 

Sermão  nas  fumptuofas  Eeftas  da  Canoni- 
zação de  S.  Luiz  ^o^Z^^^f  ^  ^  Santo  Eftanif- 
lao  Koska  pregado  na  Ca^a  profeffa  de  S.  Ro- 
que  a  d  de  Agofto  de  \~iz~i.  no  4.  <&/  do  feu  Jolem- 
nijjimo  Outavario.  Lisboa  por  António  Pe- 
drozo  Galraõ   1728.  4. 

OraçaÕ  Fúnebre  nas  exéquias  que  a  Ven. 
Ordem  Terceira  de  Nojfa  Senhora  do  Monte 
do  Carmo  fez  no  Real  Convento  de  Lisboa 
aos  17  de  Abril  de  1733.  ao  Excellentif- 
fimo  D.  Pedro  de  Caftello  branco  Conde  de 
Pombeiro,  Senhor  da  Caza  de  Bellas,  Al- 
cayde  mor  de  Villa  Franca  de  Xira,  do  Con- 
felho  de  Sua  Alageftade,  e  Capitão  de  huma 
das  fuás  Companhias  da  Guarda.  Lisboa 
por  Miguel  Rodrigues  ImpreUor  do  Se- 
nhor  Patriarcha.    1733.    4. 

OraçaÕ  Fúnebre  Panegyrica,  e  Hiftorica 
nas  fumptuofas  exéquias  que  em  10  de  Fe- 
vereiro de  1734.  fe  celebrarão  na  Igreja  do 
Real  Convento  de  NoJfa  Senhora  do  Carmo 
da  Cidade  de  Usboa  pelo  llluftrifftmo  D.  Fr. 
Bartholameo  do  Pilar  primeiro  Bifpo  do  GraÕ 
Pará  do  Confelho  de  Sua  Alageftade,  e  religiofo 
que  fqy  da  Ordem  do  Carmo  da  Provinda 
de  Portugal.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor. 
1734.  4. 


Fr.  lOAÕ  DA  TRINDADE  natu- 
ral de  Lisboa  donde  partio  no  anno  de 
1645.  com  o  pofto  de  Soldado  para  a  índia 
Oriental  porém  illuftrado  da  divina  Gra- 
ça fe  aliftou  em  outra  mais  nobre  mili- 
da  qual  foy  a  Religião  Seráfica  em  a 
Provinda  de  S.  Thomè.  Nella  mereceo 
pelo  feu  talento  cultivado  com  o  eftudo 
fer    Meftre    de    Theologia,    Pregador    Ge- 


780 


BIB  LIOTHE  C  A 


ral,  Guardião  do  Collegio  de  S.  Boaven- 
tura de  Goa,  Cuftodio,  e  Definidor  da  Pro- 
víncia, c  luiz  delegado  pelo  Summo  Pon- 
tifice  para  decifaõ  de  graviíTimas  cauzas. 
Quatro  vezes  paflbu  por  terra  da  índia 
a  Portugal  com  negócios  cometidos  pelos 
Vicereys  do  Eftado,  os  quais  concluio  com 
fumma  induftria,  e  igual  fidelidade.  Ef- 
tando  para  partir  quarta  vez  para  a  índia 
no  anno  de  1678.  quando  contava  57  de 
idade  com  o  lugar  de  Guardião  do  Mof- 
teiro  de  Salfete  afirmou  em  Roma  ao  Pa- 
dre Francifco  da  Cruz  da  Companhia  de 
lefus  como  efcreve  nas  Aíem.  M.  S.  para  a 
Biblioth.  Portug.  que  deixava  em  Lisboa 
prompta  para  fe  imprimir. 

Re/açaõ  Verdadeira  das  Jornadas  que  tinha 
Jeito  da  Índia  a  "Portugal,  e  de  Portugal  á  ín- 
dia. 4. 

Fr.  lOAÕ  DO  VALLE  natural  de  Lis- 
boa onde  teve  por  Pays  a  Manoel  Rodri- 
gues do  Valle,  e  Mariana  lorge.  Deixan- 
do o  feculo  profeíTou  o  inílituto  do  Dou- 
tor Máximo  S.  leronimo  em  o  Convento 
de  Penhalonga  a  19  de  Agoílo  de  1674. 
e  fe  perfilhou  em  o  Real  Convento  de  Be- 
lém a  16  de  Outubro  de  171 8.  Aprendeo 
as  fciencias  feveras  em  o  Collegio  de  Coim- 
bra em  que  fahio  taõ  egregiamente  inftrui- 
do  que  recebeo  o  gráo  de  Doutor  Theo- 
logo  na  Academia  Conimbricenfe  que  il- 
luílrou  com  o  feu  magiílerio  fendo  Lente 
da  Cadeira  de  Gabriel  a  24  de  lunho  de  171 8. 
donde  paíTou  à  de  Prima  em  15  de  Feve- 
reiro de  1726.  diâando  as  Matérias  de  Vo- 
luntate  Dei,  e  de  Fruitione  Dei.  Falleceo  no 
Collegio  de  Coimbra  a  8  de  lulho  de  1734. 
com  80  annos  de  idade  e  60  de  reli- 
giofo.  Publicou  fem  o  feu  nome  em  obze- 
quio  de  Carlos  VI.  Emperador  de  Ale- 
manha no  tempo  que  pertendia  fer  Rey  de 
Efpanha. 

Enganos  en  los  def enganos,  vicias  en  los  re- 
médios dejcuhiertos  a  mayor  luv^  y  expuefios  a 
la  dei  mundo  para  fociego  de  inquietos,  direcion 
de  efcrupulofos,  aliento  de  los  Efpaiioles  verda- 
deros,  y  confujion  de  infieles  Hifpano  Gallos. 
Lisboa  por  Miguel  Deslandcs  ImprcíTor  do 
S.  Officio.  1704.  4. 


lOAÕ  DO  VALLE  PEYXOTO  na- 
tural da  Villa  de  Guimaraens  em  a  Pro- 
vinda de  Entre  Douro,  c  Minho.  Eíhidou 
Direito  Cefareo  em  a  Univerfidade  da  Sa- 
piência cm  Roma  onde  foy  o  primeiro  Por- 
tuguez  que  neíla  Academia  recebeo  as  in- 
fignias  Doutoraes  na  Faculdade  da  lurif- 
prudencia  Civil.  Foy  Arcediago  de  Oli- 
veira em  a  Primacial  Igreja  de  Braga,  e 
celebre  lurifconfulto  como  o  intitula  loan. 
Soar.  de  Brito  Theatr.  iMJit.  LJíer.  lit.  I. 
n.  83.  Emendou,  e  ampliou  com  novos 
fuplementos. 

Celebris  Repetifio  Signoroli  de  Homodeis. 
I.  V.  Conjulti  fuper  L.  i .  C.  qui  admitti  ad 
bonorum  pojfejftonem  pojfunt.  Romãs  in  Cam- 
po Florae  per  Valerium  Doricum,  &  Ludo- 
vicum  Fratres  Arifcianos  1541.  foi.  De- 
dicada a  Cai  los  da  Guarda  Deaõ  da  Cathe- 
dral  de  Braga,  e  Lamego  aíTiílente  na  Cúria 
Romana  como  era  o  Author.  Neíla  Dedi- 
catória afirma  ter  compofto. 

Kepertorium  magnum,  et  utile  fuper  omnia 
diverforum  Doãorum  volumina  repetitionum . 
Defta  obra  como  de  feu  author  faz  memoria 
o  Doutor  Manoel  Barbofa  no  4.  e  5.  livro 
das  Kemijfoens  a  Orden.  do  Reyno. 


lOAÕ  VALVERDE  natural  de  Lis- 
boa como  efcrevem  Zacuto  lib.  i.  Hi^. 
84  &  lib.  6.  Hijl.  6.  e  o  Licenciado 
lorge  Cardofo  Mem.  M.  S.  para  a  Bib. 
Portug.  Foy  celebre  profeíTor  da  Me- 
decina  que  exercitou  com  grande  fa- 
ma do  feu  nome  em  Roma  fendo  Me- 
dico do  Cardial  D.  Fr.  loaõ  de  Tolc-j 
do  Arcebifpo  de  Compoftella  da  OrdemJ 
dos  Pregadores.  Igual  fciencia  teve  da. 
Anatomia,  que  aprendeo  do  Meftre  Mi- 
guel Columbo  cm  Itália  deixando  pa- 
ra irrefragavel  argumento  defta  Facul- 
dade a  obra  feguinte  com  que  illufixouj 
a  André  Vcfalio,  que  nclla  efcrevera  douta- 
mente. 

Hijloria     de     Compoficion     dei    cuerpo     buA 
mano.      Roma    por    António    de    Salaman-j 
ca,   e   António   Lanfrerio.    1556.    foi.   Conf-j 
ta   de   7   livros,   o    i.   trata   dos   fundamen- 
tos   do    corpo    humano,    que    faõ    oíTos, 


LUSITANA 


781 


cartilagens,  z.  dos  ligamentos  dos  oíTos, 
e  fuás  cuberturas,  que  faõ  carne,  e  pelle. 
3.  dos  membros  necelTarios  para  a  con- 
fervaçaõ  do  corpo  aíTim  em  individuo, 
como  em  efpecie.  4.  dos  membros  ne- 
ceflarios  à  vida,  como  coração,  e  outros, 
que  compõem  o  peito.  5.  dos  membros, 
que  fervem  para  o  fentir,  e  mover.  6.  das 
primeiras  veyas,  e  artérias.  7.  dos  iníbrumen- 
tos  médios  pelos  quais  fentimos,  e  nos  mo- 
vemos. As  eílampas  defta  obra  foraõ  di- 
buxadas,  e  abertas  por  Gafpar  Bezerra  fa- 
mofo  Pintor,  e  abridor  de  eftampas.  Sahio 
traduzida  eíla  obra  em  Italiano  por  feu 
Author.  Venetia  apreíío  Jimti.  1586.  foi. 
Depois  a  traduzio  na  lingua  Latina  Miguel 
Columbo,  e  fahio  com  efte  titulo. 

Anatome  Corporis  bumani  à  Michaele 
Columbo  latine  reddita,  &"  additis  Latims  ali- 
quot  tabuJís  exomata.  Venetiis  apud  Jun- 
tas. 1589.  foi. 

De  animi,  et  Corporis  Sanitate  tuenda  liber. 
Pariíiis  apud  Robertum  Stephanum.  1552.  8. 
et  Venetiis  apud  Ludovicum  lilium.  1553.  8. 

Dua  E-piJlola  ad  Michaelem  Keynofum 
J.  C.  data  Kalend.  Atig.  1625.  Sahiraõ 
impreflas  ao  principio  das  Obfervaçoens 
Praticas  do  mefmo  Reynofo  onde  coníla, 
que  ainda  neíle  anno  vivia.  Na  mef- 
ma  obra  eftá  impreíTa  huma  fua  EJeffa, 
Latina  em  aplaufo  das  mefmas  Obfervaçoens 
na  qual  moílra  a  natural  afluência,  que  tinha 
para  a  Poezia. 


P.  lOAÕ  DE  VASCONCELLOS  na- 
tural da  Gdade  de  Leiria,  e  filho  de  Fran- 
dfco  Mendes  de  Vafconcellos,  e  D.  An- 
tónia de  Sá  defcendentes  de  familias  quali- 
ficadas. Ao  tempo,  que  contava  15  an- 
nos  de  idade  com  refoluçaõ  heróica  fugio 
do  feculo  para  o  Qauíbro  da  Companhia 
de  Jefus  recebendo  a  roupeta  em  o  GdI- 
legio  de  Coimbra  a  30  de  Janeiro  de  1607. 
onde  depois  de  eftudar  as  letras  humanas, 
e  fagradas  enfinou  pelo  efpaço  de  outo 
annos  Theologia  Moral.  A  madureza  do 
juizo  unida  com  a  afabilidade  do  génio 
o  fizeraõ  merecedor  de  fer  Reytor  dos  Col- 
legios  de  Braga,  Santarém,  Porto,  e  Coim- 
bra em  cujo  governo  deixou  a  vida  caduca 


pela  eterna  a  21  de  Setembro  de  1661.  com 
68  annos  de  idade,  e  53.  de  Companhia. 
Foy  perfeito  exemplar  de  virtudes  religio- 
fas.  Delle  fazem  memoria  Bib.  Societ.  pag. 
510.  col.  I.  Franco  Imag.  da  Virtud.  em  o 
Nov.  de  Coimb.  Tom.  2.  p.  1620.  Compoz 
com  o  fupofto  nome  de  Gregório  de  Al- 
meyda. 

Rejiauraçaõ  de  Portugal  prodi^ofa.  Lis- 
boa por  António  Alvares.  1643.  4.  A  efta 
obra  de  que  o  fazem  author  o  Padre  Fer- 
nando de  Queirós  Vida  do  Irm.  Ped.  do  Bajlo. 
liv.  4.  cap.  8.  Joan.  Soar.  de  Brit.  Tbeatr. 
Ljifit.  Utter.  lit.  I.  n.  84.  louva  elegante- 
mente Nicol.  Mont.  Vox  Turturis  in  Prosem. 
Art.  3.  pag.  70. 

Sermaõ  nas  Exéquias  do  muy  ejclarecido 
Senhor  Fr.  Luiz  ^^vare^  de  Távora  Balia  de 
hejfa,  e  Luingo  Fundador  do  Collegio  de  S.  Lou- 
renço da  Cidade  do  Porto  as  quais  fe  celebrarão 
no  mefmo  Collegio  em  1%  de  Novembro  de  1645. 
Lisboa  por  Paulo  Crasbeeck.  1646.  4. 

Tratado,  em  q  evidentemente  fe  prova  fer  vindo 
o  Mejftas  prometido  pelos  Profetas.  M.  S.  foi. 
Conferva-fe    no    Collegio    de    Évora. 

Fr.  lOAÕ  DE  VASCONCELLOS  cha- 
mado no  feculo  Álvaro  Mendes  de  Vaf- 
concellos, que  lhe  foy  impofto  em  memo- 
ria de  feu  Vifavo  paterno  Álvaro  Mendes  de 
Vafconcellos  do  Confelho  delRey  D.  loaõ 
o  III.  Embaxador  Extraordinário  a  Carlos  V. 
e  à  Sanridade  de  Paulo  III.  Naceo  em  a 
famofa  Gdade  de  Lisboa  no  anno  de  1590. 
fendo  filho  fegundo  de  Manoel  de  Vafcon- 
cellos Regedor  das  luíliças,  Confelheiro  de 
Eftado,  Commendador  de  Izeda  na  Ordem 
de  Chrifto,  Senhor  do  Morgado  de  Efpo- 
raõ,  e  Prefidente  do  Senado  de  Lisboa,  e 
de  D.  Luiza  de  Vilhena  filha  de  loaõ  Nunes 
da  Cunha,  e  de  D.  Filippa  de  Mendoça, 
e  irmaõ  de  D.  Frandfco  de  Vafconcellos 
primeiro  Conde  de  Figueiró.  Igual  ao  ef- 
plendor  do  nacimento  lhe  concedeo  a  na- 
tureza perfpicada  de  juizo,  que  fendo  cul- 
tivado com  a  virtuofa  direção  do  V.  P. 
António  da  Conceição  fingular  ornato  da 
Canónica  Congregação  do  Evangeliíla  fa- 
hio inflxuido  nas  letras  humanas,  e  do- 
cumentos   moraes.     Para   fe    aplicar   ao    ef- 


782 

tudo  das  fciencias  mayores  paíTou  à  Uni- 
vcrfidade  de  Coimbra  onde  admitido  a  Por- 
cionifta  do  Collegio  de  S.  Pedro  a  10  de 
Mayo  de  1605.  fe  diílinguio  dos  feus  colle- 
gas  em  os  progreflbs  litterarios,  porem  con- 
fiderando  com  madura  reflexão  as  caducas 
efperanças  com  que  o  mundo  lhe  lizon- 
geava  a  fantezia,  refolveo  a  preferir  as  morti- 
ficaçoens  do  clauftro  aos  aplauzos  da  Uni- 
verfidade  pedindo  humildemente  o  habito 
da  efclarecida  Ordem  dos  Pregadores  ao  Mef- 
tre  Fr.  Martinho  Efcay  Vizitador  da  Pro- 
víncia de  Portugal,  que  admirado  da  modef- 
tia  do  femblante  lhe  difirio  promptamente 
a  taõ  piedofa  fuplica  ordenando,  que  folTe 
recebido  em  o  Real  Convento  da  Batalha 
donde  vencidas  fortiíTimas  contradiçoens 
de  feu  Pay,  e  Parentes  contra  o  eftado  que 
emprendera,  paíTou  a  continuar  o  Novi- 
ciado em  o  Convento  de  S.  Paulo  de  Al- 
mada, e  nelle  profeíTou  folemnemente  a  11 
de  Mayo  de  1608.  e  para  naõ  confervar  a 
menor  memoria  do  feculo  mudou  o  nome 
de  Álvaro  em  Joaõ.  Neíla  fagrada,  e  douta 
paleílra  renovou  os  eíludos  efcholafticos  com 
tanto  credito  do  feu  talento,  que  fubindo 
à  Cadeira  diftou  Filofofia,  e  Theologia 
em  os  Conventos  de  Lisboa,  e  Évora  até 
receber  o  gráo  de  Meftre.  Ainda  naõ  con- 
tava completos  trinta,  e  íinco  annos  de 
idade  quando  foy  eleito  Prior  do  refor- 
mado Convento  de  Bemfica  edificando  aos 
feus  moradores  com  o  exemplo,  e  reedi- 
ficando a  Igreja  com  taõ  primorofa  archi- 
teéhira,  que  he  huma  das  mais  excellen- 
tes,  que  tem  o  noíTo  Reyno.  A  liberdade 
apoílolica  com  que  do  púlpito  reprehendia 
os  vicios,  e  o  ardente  zelo  com  que  pro- 
movia os  augmentos  da  Fe  pelos  quais  foy 
obrigado  paíTar  diverfas  vezes  à  Corte  de 
Madiid,  o  habilitarão  para  fer  eleito  Prega- 
dor delRey,  e  Deputado  do  Confelho  Ge- 
ral do  Santo  Officio  de  que  tomou  poíTe  a 
23  de  Novembro  de  1632.  Sendo  Provincial 
temperou  de  tal  modo  a  feveridade  com 
a  brandura,  que  naõ  faltando  às  obrigaçoens 
de  Prelado,  uzou  da  benevolência  de  Pay. 
Com  animo  heroicamente  refoluto  regei- 
tou  as  Mitras  das  Cathedraes  de  Miranda, 
e  Braga  julgando,  que  taõ  altas  dignidades 


BIB  LI  O  THE  CA 


perdiaõ  a  cftimaçaõ  conferidas  à  fua  Pef- 
foa.  Nomeado  pelo  Pontífice  Innocencio' 
X.  Vifitador,  e  Reformador  da  Congrega- 
ção dos  Cónegos  Seculares  do  Evangeliíla 
fe  efcuzou  deíla  incumbência  como  repu- 
gnante à  quietação  do  feu  cfpírito.  Obri- 
gado pelo  Inquizidor  Geral  D.  Francifco  de 
Caílro  vizitou  o  Tribunal  da  Inquiziçaõ  de 
Coimbra  com  aquella  prudência  de  que  era 
fummamente  ornado.  Sendo  eleito  por  or- 
dem do  SereniíTimo  Rey  D.  loaõ  o  IV.  Re- 
formador da  Univerfidade  de  Coimbra  emen- 
dou muitos  abuzos,  que  a  inércia  tinha, 
introduzido,  e  eílabeleceo  prudentes  Efta- 
tutos  para  beneficio  comum  dos  difci- 
pulos,  e  Meftres  daquella  Athenas  Portu- 
gueza.  Ultimamente  para  complemento  da& 
virtuofas  acçoens  emprendeo  quando  era 
Vigário  do  exemplariíTimo  Mofteiro  do  Sa- 
cramento de  Religiofas  Dominicas,  erigir 
pelas  medidas  do  feu  generofo  coração- 
novo  Templo  para  culto  daquelle  amo- 
rofo  Myílerio,  o  qual  fahio  taõ  elegante  na 
fabrica  como  a  de  Bemfica  devendo  ao- 
primor  da  fua  idea,  e  piedade  de  feu  animo- 
a  fumptuofa  magnificência  com  que  fe  or- 
naõ.  Neíle  fagrado  domicilio  em  que  exer- 
citou fervorofamente  as  virtudes  praétíca- 
das  por  toda  a  vida  foy  acometido  da  ulti- 
ma infermidade,  e  confortado  com  os  Sa- 
cramentos expirou  placidamente  em  o  primeiro , 
de  Fevereiro  de  1652.  quando  cotava  62  an- 
nos de  idade,  e  44  de  religiofo.  Collocado  Qj 
Cadáver  na  Igreja  do  Mofteiro  do  Sacramen- 
to fe  lhe  fez  o  Officio  em  que  cantou  a  Miíía 
o  Bifpo  Inquizidor  Geral  D.  Francifco 
Caftro  aíTiftindo  ao  Funeral  os  Bifpos  d< 
Coimbra,  Leiria,  e  Elvas.  Sendo  condu- 
zido para  fe  fepultar  em  o  Convento  de  S, 
Domingos  de  Lisboa  foraõ  os  primeiros 
que  tomarão  fobre  os  hombros  o  feret 
em  que  jazia,  D.  loaõ  Mafcarenhas  Condi 
de  Santa  Cruz,  D.  Pedro  de  Lancaftre,  D. 
Viriífimo  de  Lancaftre  fobrinho  do  V.  Pa^^ 
dre,  o  Provincial,  os  Priores  de  Lisboa 
e  Bemfica,  e  o  Meftre  Fr.  Fernando  d< 
Menezes.  A  5  de  Fevereiro  fe  lhe  d< 
caraõ  fumptuofas  exéquias  em  o  Conven- 
to de  S.  Domingos  afliftindo  o  Inquizidol 
Geral   com   o   Tribunal   do   Santo    Officio^ 


L  US ITAN A. 


7^3 


■e  a  mayor  parte  da  nobreza,  e  das  Famí- 
lias Religiofas.  Recitou  o  Panegyrico  Fú- 
nebre o  Prezentado  Fr.  Álvaro  Leytaõ  re- 
fumindo  a  breve  Mappa  as  virtudes  de  taõ 
iníigne  Varaõ.  Da  Sepultura  raza  em  que 
jazia  no  Antecoro,  lhe  mandou  levantar 
hum  magnifico  Maufoleo  feu  fobrinho  o 
£mminentinimo  Cardial  D.  VeriíTimo  de 
Lencaftre  Inquizidor  Geral  deftes  Reynos 
onde  defcanfaõ  as  veneráveis  cinzas  defte 
graviíTimo  Regular,  e  fe  lhe  gravou  a  feguinte 
infcripçaõ. 

Magnus  Theologus  Frater  loannes  de  Vaf- 
concellos  ex  Vradicatorum  família  clarijftmus 
Janguine,  morihus  nitidior,  Regis,  ac  fupre- 
mi  Inquifitionis  Senatus  à  Conjiliis,  Prioris 
Provincialis  mimere,  Kegii  Concionatoris  lau- 
rea,  Pontifícia  recufata  dignitate,  virtutibus 
cumulatus,  ac  meritis,  in  Crncifixi  ample- 
xu  magna  Chrifliana  piefatis  opinione,  pati- 
perum  dolore,  omniumque  defiderio  Uljjfipone 
moritur  Kalend.  Feh.  ann.  falut.  1652.  atatis 
Jua.  62. 

Efcreveraõ  a  fua  vida  com  elegantes  pen- 
nas  o  Meílre  Fr.  André  Ferrer  de  Valde- 
cebro  em  a  Ungua  Caftelhana,  e  na  Por- 
tugueza  Fr.  Lucas  de  Santa  Catherina  Chro- 
niíla  da  Provinda  de  S.  Domingos  de  Por- 
tugal, e  Académico  Real  na  4.  Part.  da  Hifl. 
áe  S.  Doming.  defla  Prov.  liv.  i.  cap.  15. 
até  23.  onde  difufamente  fe  podem  ler 
as  fuás  fanétíficadas  obras.  Delle  fe  lem- 
I  braõ  drdozo  Agiol.  Lâifit.  Tom.  3.  p.  336. 
no  Coment.  de  20  de  Mayo  letr.  F.  VaraÕ  ver- 
dadeiramente Apoflolico,  infigne  Pregador  do  feu 
tempo,  benemérito  Inquifidor  do  Confelho 
Geral,  eximio  amador  da  obfervancia,  e  po- 
bret(a  religiofa,  efpelho  claro  de  virtudes  di- 
vinas, e  letras  humanas.  Echard  Script.  Ord. 
Prcsã.  p.  570.  col.  2.  Vir  avita  nobilitate 
clarus,  fed  innocentia,  et  morum  fanâitate 
longe  clarior  fuit.  Sylva  Leal  Cathal.  dos 
Porcion.  do  CoUeg.  de  S.  Pedro  n.  7.  Va- 
raÕ dotado  ae  muitas  virtudes.  Fr.  Pedro 
Monteiro  Claujlr.  Domin.  Tom.  i.  p. 
94.  Grande  Theologo,  e  Pregador  Régio. 
€  no  Cathalog.  dos  Deput.  do  Conf.  Ge- 
ral. §.  40.  Venerável  fervo  de  Deos.  D. 
Nicol.  de  S.  Mar.  Chron.  dos  Goneg.  Regr. 
liv.    4.    cap.    8.    §.    23.    illuflre  por  fangue,  e 


muito  mais  por  fuás  grandes  virtudes,  e  o  mais 
reformado,  e  obfervante  Reli^ofo  entre  todos  os 
da  fua  Familia,  e  que  foube  defprei^ar  Bif pados, 
e  outras  dignidades,  e  morrer  Frade  muj  pobre, 
e  com  fama  de  Santo.    Compoz. 

Gurfus  Artium,  feu  in  Philofophiam  Uni- 
verfam  Gommentaria.  Defta  obra  fe  fizeraõ 
vários  treflados  para  fe  diâar  em  toda  a 
Provinda  pois  f/u  (como  efcreve  na  fua 
Vida  Valdecebro  cap.  8.  pag.  27)  y  es  oj  el 
más  celebrado  y  admetido  en  aquella  Provinda 
de  quantos  bafla  fu  tiempo  fe  avian  leydo  y  le  ante- 
cedieron  bombres  eminentes  y  de  nó  vulgar  aplatc^p 
en  todas  Facultates. 

Garta  efcrita  de  Aveyro  a  zz  de  Setembro 
de  1640.  ao  Conde  Duque  em  que  fe  efcufa  do 
Bifpado  de  Aíiranda.  Sahio  impreíTa  na  fua 
vida  efcrita  por  Valdecebro  liv.  i.  cap.  35. 
p.  105. 

Repojla  ao  Alvitre  que  deu  Paulo  Goelho 
de  Abreu  contra  o  fifco  da  Santa  Inquififaõ  de 
Lisboa.  M.  S. 

Gapitulaciones  entre  la  Inquificion  de  Gaflilla 
y  Portugal  fobre  la  remijfton  de  los  culpados  de 
Reyno,  a  Reyno.  M.  S.  Eftas  duas  obras  fe 
confervaõ  na  Livraria  do  ExceUentiíTmio 
Marquez  de  Abrantes. 


Fr.  lOAÕ  DE  VASCONCELLOS  na- 
tural de  Lisboa,  e  religiofo  da  Ordem  da 
Santiffima  Trindade  cujo  fagrado  inftituto 
profeílou  no  Convento  de  Santarém  a  29  de 
Setembro  de  1725.  Publicou  com  o  fupofto 
nome  do  P.  Nicolao  Carlos  Vejefe  Sacerdote 
Ulisbonenfe. 

Efcudo  Santiffimo,  e  armas  da  Igreja  contra  a 
malicia  diabólica,  com  que  os  efpiritos  immundos 
juntandofe  torpemente  com  as  Bruxas,  ou  Feiti- 
ceiras as  tomaÕ  por  injlrumentos  para  infeflar 
os  caminhos,  inquietar  as  ca;(as,  atterrar  os  mora- 
dores com  fantafmas  noãumos,  e  matar  os  meninos 
inocentes  antes  do  Baptifmo  tiradas  da  Efcritura 
Sagrada,  e  das  Oraçoens  da  Igreja.  Lisboa 
1737.  24.  fem  nome  do  ImpreíTor. 


lOAÕ  VAZ  Bacharel  formado  na  Uni- 
veríidade  de  Coimbra,  e  muito  inteUi- 
gente   nos   precdtos    da   Gramática    Latina 


784 


BIB  LIO  THE  CA 


emendou,  e  reformou  com  grande  difvelo 
a  Gramática  de  loaõ  Paílrana  intitulada 
Thefaurns  pauperum,  et  Speculum  puerorum, 
a.  qual  diílou  António  Martins  em  a  Uni- 
verfidade  de  Lisboa  como  em  feu  lugar 
fe  fez  mençaõ,  com  os  additamentos  que  lhe 
fizera  de  outro  livro  chamado  Bacu/us  cacorum. 
No  fim  da  ultima  folha  tem  as  feguintes  pala- 
vras impreflas  com  efta  orthografia. 

Magijiri  lohãnis  de  paftrana  compendium  cum 
conjugationihus  tempor.  noviter  inventis  (ó^c. 
f&ma  cii  deligentia  à  hachalario  lohaiie  Va- 
lajci  correíium  et  per  Venerabilem  lohanem 
petri  de  honis  hõibiis  de  Cremona  in  Jplen- 
didijftma  Ulixbone  civitate  quarto  Kalendas 
Decembris  impreffum  ano  dni  millefimo  qgen- 
tejftmo  primo  Jelici  fydere  explicit.  Do  au- 
thor,  e  da  obra  faz  memoria  o  eruditiíTimo 
Académico  Real  Francifco  Leytaõ  Ferreira 
'b^otic.  Chronol.  da  Univerf.  de  Coimb.  p.  549. 
§.  1175.  e  1176. 

lOAÕ  VAZ  natural  de  Évora  donde 
paíTou  a  morar  no  lugar  do  Botaõ  junto 
da  Cidade  de  Coimbra,  como  efcreve  o 
P.  Fonceca  Evor.  Glor.  p.  412.  Na  Univer- 
fidade  da  fua  pátria  eftudou  letras  huma- 
nas, e  Filofofia  fendo  dotado  de  grande 
génio  para  a  Poezia  Cómica.  Compoz  em 
Outava  rima. 

Breve  recopilaçaÕ,  e  tratado  novamente  ti- 
rado das  antiguidades  de  Hefpanha,  que  trata 
como  e/Reji  Almançor  morreo  em  Portugal 
junto  à  Cidade  do  Porto  onde  agora  cha- 
maÕ  Gaja  às  maõs  de/Rey  Ramiro,  e  fua 
gente  donde  taõbem  cobrou,  e  matou  fua  mu- 
lher chamada  Gaja  que  efiava  com  ejle  mouro 
da  qual  ficou  ejie  lugar  chamado  do  feu  nome. 
Lisboa  por  António  Alvres  1601.  foi.  et 
ibi  por  Domingos  Carneiro  1661.  foi. 

Hijloria  de  Abel,  e  Caim  reprezen- 
tada  em  huma  ProciíTaõ  do  Santiflimo 
Sacramento  da  Freguefia  de  S.  Mamede  de 
Évora. 

Hifloria  da  Samaritana  reprezentada 
junto  do  poço  que  eílá  à  porta  da  Freguefia 
de  S.  Mamede  de  Évora. 

Tratado  da  SuceJfaÕ  de  Fiíippe  nefie  Keyno 
de  Portugal  com  muitos  louvores  dejle  Principe. 
M.  S. 


lOAÕ  VAZ  BARRADAS  MUITO- 
PAM,  E  MORATO.  Naceo  cm  a  Qda- 
de  de  Portalegre  da  Província  Tranftagana 
a  30  de  Abril  de  1689.  fendo  filho  primeiro 
de  Manoel  Barradas  Soria,  e  Izabel  Lopes. 
Aplicoufe  ao  eíludo  da  Mufica  praóHca,  c 
efpeculativa  em  o  Collegio  dos  Rcys  da 
SereniíTima  Caza  de  Bragança  fituado  em 
Villaviçofa  onde  foy  Collegial,  c  fahio  taõ 
infigne  neíla  armonica  Faculdade  que  paf- 
fando  a  Lisboa  depois  de  fer  Meftre  do 
Coro  da  Parochial  Igreja  de  S.  Nicoláo 
exercitou  eíle  miniílerio  na  clauílra  da  Ba-  ^ 
filica  de  Santa  Maria  defta  Corte.  Publi- 
cou 

Preceitos  Ecclefiajlicos  do  Canto  firme  para 
beneficio,  e  u:(o  commum  de  todos.  Lisboa  na 
Officina  loaquiniana  1753.  4. 

Flores  muficaes  colhidas  no  jardim  da  mi- 
Ihor  liçaÕ  de  vários  authores.  Arte  praãica 
de  Canto  de  Orgaõ.  índice  de  Cantoria  para 
principiantes  com  hum  breve  refumo  das  regras  \ 
mais  principaes  do  Canto  ChaÕ,  e  reffmen  d(t 
Coro,  e  o  u:(p  Romano  para  os  fubchantres,  e 
Organifias.  Lisboa  na  Officina  da  Mufica. 
1735-  4- 

Flores  muficaes  colhidas  no  jardim  da 
milhor  liçaÕ  de  vários  authores.  Arte  prac- 
tica  de  Canto  de  OrgaÔ.  índice  de  Cerimo- 
nia para  principiantes  com  hum  breve  refu-^ 
mo  das  regias  mais  principaes  de  acompa* 
nhar  com  infirumentos  as  vo^es,  e  o  conheci^ 
mento  dos  tons  ajfim  naturaes,  como  accic 
taes.    Lisboa  na  Officina  da  Mufica.  1738. 

Breve    Refumo    de    Canto-chaõ   com    as 
gras    mais    principaes,    e    a   forma,    que 
guardar    o    Direãor    do    Coro   para    o  fufien 
tar  firme   na   corda   chamada    Coral,   e   o 
ganifia  quando  o  acompanha.     Lisboa  na 
cina  da  Mufica.  1738.  4. 

Domingas    da    Madre    de    Deos,    e    exet 
cicio    quotidiano    revelado   pela    mefma    Sen 
Lisboa   na   Officina   da   Mufica.    1733. 
hio    com   o    nome    de    loaõ   Gonzalves 
Sylvcira. 

Breve     Rejumo     do      Canto-cbaò.       Dedi^ 
cado  á  Mageftade  de  D.  loaõ  V.  4.  M. 
Confervafe     na     Bibliotheca     Real,     c    foj 
compofto    no    anno    de    1729. 


L  USITAN  A 


785 


lOAÕ  VAZ  DA  MOTA  natural  de 
Lisboa,  e  filho  de  António  Vaz  da  Mo- 
ta Cónego  na  Cathedral  da  mefma  Q- 
dade.  Foy  peritiíTimo  nas  letras  huma- 
nas, e  nas  linguas  Grega,  e  Latina  que 
fallou  com  expedição,  e  efcreveo  com 
pureza;  Doutor  em  hum,  e  outro  Di- 
reito, e  dos  mais  celebres  Oradores  do 
feu  tempo.  O  theatro  em  que  brilhou  a 
perfpicacia  do  feu  talento  foy  a  Corte 
de  Roma  onde  fendo  na  Univeríidade 
da  Sapiência  fubftituto  da  Cadeira  de  Rhe- 
torica,  que  regentavaõ  o  inQgne  Antó- 
nio Mureto,  e  o  noíTo  AchiUes  Eílaço 
explicou  os  Tópicos,  e  Paradoxos  de 
Cicero  com  igual  elegância  á  defte  Prín- 
cipe da  Oratória  conciliando  a  eílima- 
çaõ  do  Pontífice  Gregório  XIIL  e  o 
aplauzo  dos  mais  famofos  eruditos  de 
Itália.  Como  fiel  Portuguez  feguio  ao 
Senhor  D.  António,  quando  fe  opoz  á 
Coroa  de  Portugal  por  cuja  cauza  mor- 
reo  prezo  pelos  Caftelhanos  na  Qdade 
de  Caeta  em  o  anno  de  1590.  Delle  faz 
o  feguinte  Elogio  o  Senhor  D.  António 
na  Carta,  que  efcreveo  a  Gregório  XIIL 
em  o  anno  de  1583.  que  traduzio  em 
Latim  Odavio  Sylvio  Cavalheiro  Ro- 
mano. Joannes  Va^  Motta  nobilis  vir  Jú- 
ris utriujque  praclarus  Doãor  Conimhricen- 
fis  in  bello,  in  quo  acriter  pugnaverat  non- 
ntúlis  vulnerihtis  acceptis  propter  commime 
tandem  incendium,  atqm  ajfliãionem  patriam 
relinquere,  et  opes  fuás  deferere  coaãus  fuit,  (ô" 
in  alienis  regionihus  commorari:  ibi  tamen 
et  fua  probitatis  documenta  non  vulgaria  dat, 
€>•  eruditionis  fruãus  ubérrimos  profert.  Pu- 
blicou. 

Oratio  habita  in  Gymnajio  Komano  ini- 
tio  profejftonis  fua  5  Novembris.  1 5  84.  Dicata 
'Eftenfi  Cardinali  Aloyjio.  Romãs  per  Joannem 
Martinellum.  1584.  4. 

Oratio  habita  in  Gymnajio  Komano  pridie 
Non.  Novemb.  1585.  cum  inciperet  explicara 
lib.  Paradox.  Aíarci  Tullii.  Romãs  apud 
Alexandrum  Guardanum  et  Francifcum  Coat- 
tinum.  1585.  4. 

Oratio  habita  die  7.  Martii  cum  inci- 
peret explicare  lib.  Topic.  Marc.  Tullii.  Ro- 
mae     apud     loannem     Martinellum.      1585. 

50 


Funebris  Oratio  in  lllujlrijftmum,  et  Rí- 
verendijjimum  Cardinalem  Guillielmum  Strle- 
tum  habita  in  ade  S.  luiurentii  in  Pane, 
et  Perna.  Romx  per  Joannem  Ofmari- 
num  GaUiottum.  1585.  4.  No  prologo 
ao  leytor  adverte  Vicente  da  Motta  irmaõ 
do  Author,  que  a  compuzera  no  efpaço 
de  finco  dias,  e  que  fazia  tençaõ  de  efcre- 
ver   mais   largamente   a   Vida   defte   Cardial. 

Encomium  S.  Joannis  Evangelina  coram  San- 
tijftmo  Gregório  XIIL  ad  llluftrijfimum  <& 
KeverendiJJimum  Cardinalem  Vajlavillanum 
S.  R.  E.  Camerarium.  Romae  apud  eumdem 
Typog.   1585.  4. 

Annotationes  in  Eaãancium  Firmianum. 
M.  S.  D.  Jerónimo  de  Menezes,  que  foy 
Bifpo  de  Miranda,  e  do  Porto  fendo  Rey- 
tor  da  Univerfidade  de  Coimbra  lhe  pedio 
huma  memoria  das  obras,  que  tinha  com- 
pofto  a  qual  dedicou  a  efte  Prelado,  e  entre 
ellas  numerava  hum  Tratado  de  Najutis, 
e  outro  de  Meretricibus. 


Fr.  lOAÕ  DA  VEYGA  filho  da  Se- 
ráfica Provinda  da  Piedade  fendo  Pro- 
vincial delia  Fr.  loaõ  de  Albuquerque 
partio  para  inftxuir  com  os  fagrados  do- 
cumentos do  Evangelho  as  índias  Oc- 
cidentaes  cuja  piedofa  empreza  promo- 
vera a  Emperatriz  D.  Izabel  filha  do  Se- 
reniíTimo  Rey  D.  Manoel  efcrevendo  no 
anno  de  1532.  ao  Capitulo  Geral  de  To- 
lofa  em  que  foy  eleito  Geral  da  Ordem 
Francifcana  Fr.  Nicolao  Herbonio  pe- 
dindo novos  agricultores  para  taõ  dila- 
tada vinha.  Portentofo  foy  o  fruto,  que 
efte  apoftoUco  Operário  fez  naquelle  novo 
Mundo  atrahindo  com  a  eficácia  das  fuás 
vozes  innumeraveis  almas  ao  fuave  jugo 
do  Evangelho,  e  plantando  virtudes  ao  tem- 
po, que  arrancava  vicios.  Sendo  Confef- 
for  do  Marquez  de  Canhete  Vicerey  da- 
quelle  Eftado  foy  o  primeiro  Provincial 
da  Cuftodia  de  Chile  donde  pafíou  para  a 
Provinda  dos  doze  Apoftolos  em  que  ef- 
tava  incorporado,  e  nella  foy  duas  vezes  Guar- 
dião, e  huma  Vigário  Provindal.  Pela  fuavida- 
de  do  feu  governo  foy  nomeado  Provincial  da 
Provinda  de  Charcas  até  que  voltando  a  Lima 


786 


BIBLIO  THE  CA 


obrigado  pela  obediência  aceitou  a  Guardiania 
deíle  Convento,  que  he  cabeça  da  Provincia 
dos  doze  Apoftolos  onde  cumulado  de  virtuo- 
ías  obras  paíTou  a  lograr,  o  premio  por  ellas 
merecido  a  4  de  Junho  de  1596.  em  idade 
muito  decrépita.  Delle  fe  lembraõ  honorifica- 
mête  Cardofo  Agiol.  'Lufit.  Tom.  3.  pag.  522. 
e  no  Comment.  de  4  de  Junho  letr.  C.  Córdova 
Chron.  da  Prov.  dos  do^e  ApoJI.  liv.  2.  cap.  11. 
Gonzaga  de  Orig.  Seraph.  Kelig.  Part.  4.  foi. 
1347.  Monforte  Chron.  da  Prov.  da  Pied.  liv.  3. 
cap.  12.  Compoz,  e  fc  imprimio  em  Lima. 
Arte  de  Grammatica  da  lingua  Occidental. 
Deíla  obra  fazem  memoria  Fr.  Diogo  de  Cór- 
dova Chron.  da  Prov.  dos  12.  Apojlol.  liv.  6. 
cap.  7.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  607. 
col.  2.  e  Fr.  loan.  a  D.  Ant.  Bib.  Francifc. 
Tom.  2.  pag.  229.  col.  i.  efcrevendo  fer  natural 
da  America  quando  elle  fendo  Portuguez,  e 
profeíTo  na  Provincia  da  Piedade  partio  defte 
Reyno  a  pregar  onde  erradamente  o  faz  nacido. 


Fr.  lOAÕ  DA  VEYGA  natural  de 
Lisboa,  e  filho  de  Manoel  Diaz  da  Vey- 
ga  Secretario  do  L  Marquez  das  Minas 
D.  Francifco  de  Souza  quando  com  o 
Caradier  de  Embaxador  Extraordinário 
foy  mandado  em  o  anno  de  1669.  pelo 
Príncipe  Regente  D.  Pedro,  á  Santidade 
de  Clemente  X.  e  de  D.  Maria  Ferreira  da 
Sylva.  Na  idade  juvenil  profeíTou  o  infti- 
tuto  da  illuílre  Ordem  da  SantiíTima  Trin- 
dade no  Convento  pátrio  a  16  de  Abril  de 
1699.  onde  floreceo  o  feu  perfpicaz  engenho 
aíTim  nas  efpeculaçoens  Theologicas,  que 
diftou  aos  feus  domefticos,  como  nas  de- 
clamaçoens  Evangélicas  que  proferio  pelo 
efpaço  de  vinte  annos  em  os  mais  authori- 
zados  púlpitos  da  Corte  em  que  foy  ouvi- 
do com  aplauzo  pela  agudeza  do  difcurfo, 
e  valentia  da  reprezentaçaõ.  Foy  Quali- 
ficador do  Santo  Officio,  e  Definidor  da 
Ordem.  Falleceo  de  hum  accidente  apo- 
pletico  no  Convento  de  Lisboa  a  6  de  Ju- 
nho de  1726.  com  46  annos  de  idade,  e  27 
de  religiofo.  Tinha  promptos  para  a  im- 
preíTaõ  fetenta  Sermoens,  que  a  morte  im- 
pedio  a  fua  publicação  dos  quais  unica- 
mente fahio  à  luz  publica  o  feguinte. 


Sermão  do  De/agravo  de  Chrifto  Sacra- 
mentado pregado  no  Triduo,  que  celebrou  a 
Mea^a  dos  Irmãos  do  Santijfimo  Sacramento 
da  Igreja  Parochial  de  S.  luliaÕ  defta  Corte 
de  Usboa  por  oca^aò  de  hum  roubo  facri- 
lego  a  que  fe  atreveo  hum  bárbaro  homem 
no  Collegio  da  Companhia  de  Jefus  da  Villa 
de  Setúbal  abrindo  o  Sacrário,  e  levando  o 
cofre  em  que  eftavaõ  as  Formas  facadas  dei- 
xando-as  com  afeãada  demência  cubertas  fobre 
o  altar  no  anno  de  171 5.  Lisboa  por  António 
Pedrozo  Galraõ.   171 5.  4. 


V.  D.  lOAÕ  VICENTE  Fundador  da 
florentiífima  Congregação  dos  Cónegos  Se- 
culares do  Evangeliíla  S.  loaõ  nefte  Rey- 
no naceo  em  a  Cidade  de  Lisboa  a  2  de  Mar- 
ço de  1380.  Teve  por  Pays  a  Eílevaõ  Ro- 
drigues Maceira  defcendente  da  Caza  defte 
appellido  illuflie  naquella  idade,  e  a  D. 
Mecia  Ponce  Senhora  Caftelhana  parenta 
muito  propinqua  de  D.  Maria  Ponce 
mulher  de  D.  Álvaro  de  Caftro  Conde 
de  Arrayolos,  e  primeiro  Condeftavel  de 
Portugal.  Na  primeira  idade  defcubrio  Ín- 
dole dócil  para  feguir  a  virtude  fendo  efcuza- 
do  o  difvelo  da  doutrina  quando  fobejava 
a  propenfaõ  da  natureza.  Ao  mefmo  tempo, 
que  conheceo  o  mundo  o  defprezou,  e  que- 
rendo fugir  dos  feus  enganos  determinou 
veftir  o  habito  da  Ordem  dos  Pregadores 
em  o  exemplariíTimo  Convento  de  Bem- 
fica  de  cuja  virtuofa  refoluçaõ  foy  impe- 
dido pelo  império  do  Pay,  e  ternura  da 
Mãy.  Para  evitar  as  fataes  confequencias 
da  ociofidade  fe  aplicou  na  Univerfidadc 
de  Lisboa  ao  Eftudo  da  Filofofia,  e  como 
era  ornado  de  engenho  perfpicaz  pene- 
trou com  tanta  brevidade  as  fuás  mayores 
dificuldades,  que  recebeo  gráo  defta  fcien- 
cia  com  aplaufo  de  todos  os  Académicos. 
Defta  fciencia  paíTou  a  frequentar  a  de  Mc- 
decina,  que  naquelles  tempos  era  cultiva- 
da por  peflbas  de  nobre  qualidade,  e  taes 
foraõ  os  progreííos,  que  nella  fez  a  fua  pro- 
funda efpeculaçaõ,  que  laureado  com  as 
infignias  doutoraes  a  diâou  fete  annos  com 
grande  emolumento  dos  feus  difcipulos 
c  naõ   menor  alivio   dos  infermos  de  que 


L  USITAN A. 


787 


fe  feguio  o  nomeallo  ElRey  D.  Duarte 
feu  Medico,  e  Fiíico  mòr  do  Reyno.  Am- 
bidofo  de  vida  mais  perfeita  fe  ordenou 
de  Presbitero  celebrando  a  primeira  TvIiíTa 
no  Oratório  íituado  junto  da  Villa  de  Se- 
tuval  onde  habitava  fazendo  aulleras  peni- 
tencias Mendo  de  Gabra  Erimita  da  Serra 
de  OíTa  homem  de  iUuílre  nacimento,  e  va- 
lido delRey  D.  loaõ  o  I.  Ganíiderando  o 
laíHmozo  eílado  a  que  eílava  reduzido  o 
Qero  cujos  licenciofos  cuíhimes  ferviaõ  de 
abominável  efcandalo  aos  feculares  inten- 
tou illuílrado  da  divina  graça  procurar  a 
fua  Reforma  para  cujo  efeito  elegeo  para  com- 
panheiros de  taõ  árdua  empreza  a  Martim 
Lourenço  Doutor  Theologo;  D.  Affonfo 
Nogueira  graduado  em  hum,  e  outro  Direito 
pela  Univeríidade  de  Bolonha  que  depois  foy 
Bifpo  de  Coimbra,  e  Arcebifpo  de  Lisboa, 
e  agregandofe-lhe  outros  Sacerdotes  de  incul- 
pável vida,  como  foíTe  provido  pelo  Arce- 
bifpo de  Braga  D.  Fernando  da  Guerra  na 
Igreja  de  S.  Salvador  de  Villar  de  Frades 
que  tinha  íido  de  Monges  de  S.  Bento,  nella 
lançou  os  primeiros  fundamentos  da  Con- 
gregação dos  Cónegos  Seculares  em  o  an- 
no  de  1425.  da  qual  teve  confirmação  de 
Martinho  V.  a  20  de  laneiro  de  1431.  quan- 
do paíTou  de  Flandes  a  Roma  por  oca- 
ziaõ  de  ter  acompanhado  a  Infanta  D.  Iza- 
bel  filha  do  noflb  SereniíTimo  Rey  D.  loaõ 
o  L  hindo  defpozarfe  no  anno  de  1429. 
com  Filipe  o  Bom  Duque  de  Borgonha. 
Sublimado  ao  foUo  do  Vaticano  Eugé- 
nio IV.  naõ  fomente  confirmou  a  concef- 
faõ  do  feu  Anteceílor,  mas  conhecendo 
as  virtudes  que  praâicava  o  V.  loaõ  Vi- 
cente o  nomeou  Bifpo  de  Lamego  onde 
exercitadas  com  vigilância  as  virtudes  paf- 
toraes  foy  promovido  pelo  mefmo  Pontí- 
fice no  anno  de  1444.  à  Cathedral  de  Vi- 
feu,  e  fupoílo  que  com  humildes  expreíToens 
reprezentou  ao  Summo  Paftor  a  repugnân- 
cia que  tinha  de  fe  defpozar  com  fegun- 
da  Efpoza  obedeceo  ao  preceito  fendo  a 
primeira  açaõ  que  obrou  nefte  Bifpado  o 
transferir  o  Palácio  Epifcopal  para  junto  da 
Cathedral.  Ao  tempo  que  apafcentava  as 
fuás  ovelhas  com  benevolência  de  Paftor,  e 
feveridade    de    Prelado    foy    chamado    pelo 


Infante  D.  Pedro  para  acompanhar  com  o 
exercido  de  ConfeíTor,  Efmoler,  e  Capd- 
laõ  mòr  à  Rainha  D.  Izabel  que  partia  a  re- 
ceberfe  com  D.  loaõ  11.  de  CafteUa  donde 
voltou  a  Portugal  por  fuplica  que  à  San- 
tidade de  Eugénio  IV.  fez  o  Infante  D. 
Henrique  Governador  da  Ordem  militar 
de  Chrifto  para  a  reduzir  á  fua  primitiva 
obfervanda.  Com  prudência  fumma  intentou 
o  Bifpo  de  Vifeu  dezempenhar  efta  incum- 
bência porem  naõ  refponderaõ  os  efeitos 
ao  feu  difvelo.  Voltando  a  CafteUa  prac- 
ticou  as  máximas  do  feu  maduro  juizo  até 
que  reftituido  à  fua  Diocefe  no  armo  de 
1456.  todo  o  feu  cuidado  confiftia  no  pre- 
mio dos  beneméritos,  caftigo  dos  diílolu- 
tos,  e  remédio  dos  neceíTitados.  No  mayor 
exerddo  de  taõ  illuftres  açoens  cahio  en- 
fermo a  29  de  Agofto  de  1463.  e  ainda  que 
pelo  juizo  dos  médicos  naõ  era  perigoía 
a  infermidade  aíleverou  que  ao  dia  feguinte 
havia  de  morrer.  Recebidos  os  Sacramentos 
com  terniíTima  devoção  proferindo  as  pa- 
lavras In  manus  tuas  Domine  commendo  fpi- 
ritum  meum  paíTou  da  vida  caduca  para  a 
eterna  a  30  de  Agofto  do  referido  anno 
com  83.  annos  de  idade.  O  Ceo  fe  em- 
penhou a  dedarar  com  prodigiofos  finaes 
a  fantidade  defte  Varaõ.  Foy  fepultado 
em  hum  maufoleo  que  mandara  edificar  no 
anno  de  1455.  fituado  em  huma  Capella 
do  Clauftro  da  Cathedral  de  Vifeu  fobre 
o  qual  fe  vé  aberta  de  relevo  a  fua  efigie 
em  forma  Pontifical.  As  açoens  da  fua  vida 
relata  com  penna  difufa,  e  elegante  o  P.  Fran- 
dfco  de  Santa  Maria  Chron.  dos  Coneg.  Sec. 
liv.  3.  cap.  I.  até  14.  fendo  vigorofamen- 
te  criticado  em  alguns  faâos  defte  Bifpo 
por  Fr.  Manoel  dos  Santos  Monge  Cifter- 
cienfe  Chronifta  do  Reyno  e  Académico 
Real  na  Alcobaça  llluftrada,  e  na  Alcobaça 
Vindicada.  Vafconcell.  Defcript.  Rfgn.  Im- 
fit.  p.  522.  o  intitula  virum  SantiJJimum. 
O  illuftrimmo  Cunha  Catbal.  dos  Bi/p.  do 
Port.  Part.  2.  cap.  27.  e  na  Hijl.  Ecclef. 
da  Igrej.  de  Usboa  Part.  2.  cap.  69.  §. 
9.  Purificat.  Cbronolog.  Monajlic.  p.  63. 
Cbaritatis  (ò"  innocentia  fama  celebris.  et 
de  Vir,  llluftr.  Ord.  Erímit.  S.  Aug.  lib. 
I.    cap.    17.    ThomaíTino    Annal.    Can.    Sec. 


788 


BIB  LIO  THE  CA 


p.  148.  politioris  litteratura  profeffor  exi- 
mius,  corporis  forma,  animique  dotihus  praj- 
tantijfimus.  Brandão  Mon.  hjdfit.  Part.  6. 
liv.  10.  cap.  7.  Veffoa  capat^^  de  mayores  ocupa- 
foens  ajji  por  Jua  exemplar  vida,  como  taÕ- 
bem  por  Jer  de  grandes  letras,  e  governo. 
Soveral  Hijl.  do  Apparecim.  de  NoJJa  Se- 
nhora da  Lu^  liv.  I.  cap.  9.  D.  Nicol. 
de  Santa  Maria  Chron.  dos  Coneg.  Keg.  liv.  4. 
cap.  6.  n.  5.  Famofo  Medico  delKey  D. 
loaõ  o  I.  Fr.  Leaõ  de  S.  Thomas  Bened. 
Ljijií.  Tom.  2.  Trat.  2.  p.  350.  VaraÕ 
Santo  Fr.  Manoel  Rodrig.  Queftion.  Regu- 
lar. DevotiJJimo  VaraÕ,  e  Medico  eruditijfi- 
mo,  e  Souza  Hijl.  de  S.  Domingos  da  Prov. 
de  Portug.  Part.  2.  liv.  2.  cap.  7.  e/piri  to  taõ 
perfeito,  e  que  Deos  tinha  efcolhido  para  Fun- 
dador de  taõ  Santa  KeligiaÕ. 
Compoz 

Livro  de  Medecina.  Delle  fallando  o  Pa- 
dre Santa  Maria  Chron.  dos  Coneg.  Sec.  liv.  i. 
cap.  4.  Fqy  efie  livro  taõ  efiimado  e  bem  rece- 
bido de  todos  os  homens  doutos  daquelle  tempo 
que  os  nojfos  Cónegos  antigos  guardarão  ou  o 
Oriffnal,  ou  huma  copia  delle  no  Carthorio  da 
noffa  Ca:(a  de  Vi  liar  de  Frades. 

Eflatutos  da  Congregação  dos  Cónegos  Seculares. 
Foraõ  impreíTos  no  anno  de  1540.  fendo 
Reytor  Geral  o  Padre  Francifco  de  Santa 
Maria  como  efcreve  o  Licenciado  lorge 
Cardofo  Agiolog.  Lufit.  Tom.  3.  p.  701.  no 
Comment.  de  15  de  lunho  Letr.  F. 

Reff^a,  e  Definiçoens  da  Ordem  militar 
de  Chriflo.  De  fer  author  defta  obra  o 
aíTeveraõ  as  Confiituiçoens  da  Ordem  de  Chriflo. 
Tit.  2.  p.  56.  Com  eftas  definiçoens 
feitas  pelo  Bifpo  de  Vifeu  D.  loaõ  fe 
governou  efta  militar  Ordem  até  o  tempo 
delRey  D.  Manoel,  que  as  confirmou 
pela  Sé  Apoftolica  como  diz  Brandão 
Mon.    Lujit.    P.    6.    liv.    19.    cap.    8. 

lOAÕ  VIEYRA  natural  da  Qdade 
de  Elvas  filho  de  Pedro  Mendes,  c  Iza- 
bel  Fernandes.  Havendo  recebido  a  rou- 
peta de  lezuita  em  8  de  Novembro  de 
1561.  e  diébdo  Humanidades  na  fegun- 
da  ClaíTe  do  CoUcgio  de  Lisboa  fahio 
da  Religião,  e  foy  Parocho  de  huma 
Igreja  do  Campo  de  Ourique.    Teve  gran- 


de génio  para  a  Poezia  heróica  latina  efcre- 
vendo  nella  com  eílilo  de  Lucano  a  ba- 
talha de  Alcântara  junto  a  Lisboa  onde 
foy  desbaratado  o  Senhor  D.  António  fi- 
lho do  SereniíTimo  Infante  D.  Luiz  pelo 
exercito  Caftelhano  capiteneado  no  anno 
de  1580.  pelo  Duque  de  Alva,  e  juntamente 
a  Entrada  de  Filippe  Prudente  em  Lisboa. 
Começava 

Bella  per  Alcantaros  plufquam  civilia 
canto. 

Fr.  lOAÕ  VIL  DE  SANTA  THERE- 
ZA  natural  de  Lisboa  filho  de  Roque  Gon- 
zalves,  e  Sebaíliana  Ferreira,  religiofo  da 
Ordem  dos  Erimitas  Defcalços  de  Santo 
Agoílinho  onde  pela  madureza  do  feu  ta- 
lento tem  exercitado  os  lugares  de  Prior  dos 
Conventos  de  Monte  mòr,  de  Nofla  Se- 
nhora da  Conceição  de  Monte  Olivete  fi- 
tuado  fora  dos  muros  de  Lisboa,  de  San- 
tarém, e  de  NoíTa  Senhora  da  Boa  Hora 
em  o  anno  de  1753.  Definidor  Geral,  e  Con- 
feflbr  das  Religiofas  AgoíHnhas  Defcalças 
do  Convento  do  Grillo.  Entre  muitos  Ser- 
moens  que  com  aplauzo  tem  pregado  fe  fez 
publico  pela  impreflaõ  o  feguinte. 

SermaÕ  de  Santo  Agoflinho  pregado  no  Con- 
vento de  Noffa  Senhora  da  Boa  Hora.  Lisboa 
por    loaõ    Antunes    Pedrozo    1722. 

Fr.  lOAÕ  DE  VILLA  DO  CON- 
DE natural  do  Termo  defta  Villa  que 
tomou  por  appellido  Monge  Ciftercienfc 
em  o  Convento  de  Santa  Maria  do  Bou- 
ro, infigne  Efcriturario,  como  manifcf- 
ta  a  obra  feguinte  que  fe  conferva  na 
Bibliotheca  do  Real  Convento  de  Alco- 
baça. 

Commentaria  in   "Lucam.  foi.  M.  S. 

lOAÕ    DA    VISITAÇAM.     Naceo    cm| 
a  Gdade  de  Braga  a  6  de  lulho  de   1681.; 
onde  teve  por  Pays,  e  Francifco  Vaz  Frcy- 
re,  e  Maria  de  Araújo.    Na  idade  da  adolcf- 
cencia  recebeo  a  murça  de  Cónego    Secular 
do  Evangelifta  a  2  de  lulho  de  1700.  ondej 
foy  Meftre,  e  Pregador.    Afliftindo  na  Bahlai 
de  todos  os  Santos  Capital  da  America  Por-| 
tugueza  pregou 


L  USITAN  A. 


789 


Sermão  do  de/agravo  do  Santijfimo  Sa- 
cramento pelo  execrando  roubo  da  fua  amhula 
de  ouro  furtada  na  noute  de  21  para  zz  de 
Fevereiro  de  1729.  do  Sacrário  da  Sé  da 
Cidade  da  Bahia.  Lisboa  por  Manoel 
Fernandes  da  Cofta.  1734.  4- 

Fr.  lOAÕ  XIRA  natural  da  Cidade 
do  Porto  a  quem  como  a  feu  patrício  con- 
correo  o  Senado  com  huma  efmola  para 
que  foíTe  eíhidar  fora  do  Reyno  para  o  qual 
voltando  inílruido  profundamente  na  Sa- 
grada Theologia  recebeo  as  inJQgnias  douto- 
raes  nefta  Faculdade  em  a  Univeríidade  de 
Lisboa  em  o  anno  de  1596.  ProfeíTou  o 
inílituto  Seráfico  em  os  Clauílraes,  e  co- 
mo fempre  pradticaíTe  os  primitivos  rigo- 
res da  Obfervancia,  logo,  que  eíla  fe  intro- 
duzio  a  abraçou  no  Convento  de  Alanquer 
no  anno  de  1399,  e  tal  foy  o  conceito,  que 
fizeraõ  os  moradores  deíla  Venerável  Ca- 
za  da  fua  religiofa  modeftia,  que  o  elege- 
rão no  anno  de  1400.  Reformador,  e  Pre- 
lado do  Convento  de  Leyria.  Atrahido 
do  feu  maduro  juizo,  e  profunda  fciencia 
o  invencível  Monarcha  D.  loaõ  o  L  o  no- 
meou feu  Confeííor,  Pregador,  e  Confe- 
Iheiro  fendo  hum  dos  mayores  eílimulos 
para  que  efte  Príncipe  fogeitaíle  ao  feu  do- 
mínio a  importante  Praça  de  Ceuta,  e  de 
publicar  a  Cruzada  com  que  incitou  os  âni- 
mos dos  Soldados  para  taõ  iUuíbre,  e  herói- 
ca emprefa.  Falleceo  piamente  entre  os 
annos  de  1425.  e  1427.  de  cujo  nome  fazem 
honorífica  lembrança  Zurara  Chron.  da  To- 
mad.  de  Ceut.  Part.  3.  cap.  51.  e  95.  Cunha 
Cathal.  dos  Bi/p.  do  Port.  Part.  2.  cap.  26. 
Efperança  Hiji.  Seraf.  da  Prov.  de  Portug. 
Part,  2.  Uv.  3.  cap.  36.  Fr,  Fem.  da  Soled. 
Hiji.  Seraf.  Part,  3.  Uv,  i,  cap.  24,  n.  151. 
Sylva  Memor.  delKeji  D.  loaÔ  o  I.  Tom.  3. 
Uv.  3.  cap.  301.  n,  1636,  e  cap.  307.  n.  1687. 
Compoz. 

Sermão  da  publicação  das  Indulgências  da 
Crtt^ada,  e  da  expedição  da  Armada  de  Ceuta, 
pregado  na  Cidade  de  luigos  a  z<y  de  Julho  de 
141 5.  na  pret^ença  delRej  Príncipe,  Infantes 
&c,  Deíle  Sermaõ  fez  hum  refumo  Gomes 
Eannes  de  Zurara,  e  fe  imprimio  no  cap,  51. 
da  fua  Chron.  da  Tomada  de  Ceuta. 


Sermaõ  de  AcçaÕ  de  graças  pela  Con~ 
qmfta  de  Ceuta.  Tomou  por  Thema  as 
palavras  de  JuUo  Cezar.  Veni  Vidi,  Vici. 
as  quais  chriílianizou  na  forma  feguinte. 
Veni,  Vidi,  Vicit  Deus.  Recopilou  efte  Ser- 
maõ o  aUegado  Zurara  no  cap.  95.  onde  fe 
pode  ler, 

V.  Fr.  lORDAÕ  natural  da  Cidade  de 
Évora,  e  digno  alumno  da  illuftriflima  Or- 
dem dos  Pregadores  o  qual  com  animo 
heróico,  e  apoftoUco  zelo  deixando  a  patría 
partio  ao  Oríente  em  o  anno  de  1320.  cento, 
e  outenta  annos  prímeiro,  que  os  noíTos 
Portuguezes  intentalTem  taõ  famofa  Con- 
quifta  para  lucrar  almas  a  Chrifto  junta- 
mente com  Fr.  Francifco  de  Pifis  Domi- 
nico,  e  quatro  fortiíTimos  Athletas  da  Re- 
Ugiaõ  Seráfica,  que  com  o  proprío  fangue 
fobfcreveraõ  as  verdades  da  ReUgiaõ  Ca- 
thoUca.  Nefta  fagrada  empreza  obrou  açoens 
confirmadas  com  milagres  até  que  em 
obzequio  da  ley,  que  promulgava  fe  offe- 
receo  viítima  nas  aras  do  Martyrio  em 
a  Villa  de  Tanà  da  lUia  de  Salfete,  Os 
Gentios,  agradecidos  aos  beneficios,  que 
deUe  receberão  formarão  huma  Eftatua  da 
fxia  figura  veftida  do  habito  Dominicano,  e  a 
collocáraõ  em  hum  Pagode  a  qual  foy  def- 
cuberta  no  anno  de  1564,  entre  huns  aUcef- 
fes,  que  fe  abriaõ  para  hum  edificio  deven- 
do-fe  a  noticia  certa  de  quem  reprezentava 
aqueUa  Eftatua  à  diUgencia  de  Fr.  António 
de  Setuval  Dominico  morador  no  Convento 
de  Baçaim,  e  a  António  de  Souza  Coutinho 
celebre  defenfor  da  Praça  de  Dio,  que  lha 
participarão  os  Gentios  mais  velhos  da  mef- 
ma  terra.  Fazem  memoría  defte  ApoftoUco 
Varaõ  Souza  Hifl.  de  S.  Doming.  da  Prov. 
de  Portug.  Part.  3.  Uv.  4.  cap.  2.  Cardofo 
Agiol.  Ljifit.  Tom,  2.  pag.  307,  no  Cõment. 
de  24  de  Março  letra  A.  Nicol.  Ant.  Bib. 
Vet.  Hifp.  Tom.  2,  pag.  268.  Monteiro 
Claufir.  Domin.  Tom,  3.  pag.  246.  e  o  moderno 
addicionador  da  Bib.  Orient.  de  António 
de  Leaõ  Tom.  i.  Tit.  6.  col.  97.  Sendo  Fr. 
lordaõ  companheiro  dos  gloríofos  Marty- 
res  da  Ordem  Seráfica  na  fagrada  empreza 
da  Converfaõ  da  GentiUdade  como  eftivef- 
fem  expoftos  no  lugar  do  fupUcio  por  efpaço- 


790 


BIBLIO  TH E  CA 


de  defafete  dias  lhes  deu  fepultura,  e  para 
naõ  caducar  na  pofteridade  a  admirável 
conílancia  com  que  padecerão  a  morte  em 
obzequio  de  Chriílo,  efcreveo. 

Carta  em  que  fe  relata  o  glorio/o  Mar- 
Jyrio  de  Fr.  Tòoma^  de  Tolentino,  Jacobo 
Ae  Pádua,  Demétrio  de  Tifolio,  e  Pedro  de 
Senna  religiofos  Francifcanos  ejcrita  em  Taná 
a  iz  de  Outubro  de  1521.  Foy  vertida 
na  lingua  Latina  por  Fr.  Lucas  Wadingo 
Annal.  Ord.  Min.  ad  an.  13  21.  n.  13. 
Fr.  lacobo  Quetif.  Script.  Ord.  Prad. 
Tom.  I.  pag.  549.  col.  1.  fallando  de  Fr. 
lordaõ,  e  deíla  fua  Carta  a  tranfcreve  em 
Latim  diferente  em  algumas  partes  da  tra- 
dução de  Wadingo,  a  qual  copiou  de  hum 
Códice  em  pergaminho  aíTinado  com  o  nu- 
mero de  1596.  entre  os  M.  S.  da  famofa  Li- 
vraria de  loaõ  Baptifta  Colbert  Secretario  do 
Lftado  delRey  ChriílianiíTimo  Luiz  o  Grande, 
«  fe  pode  ler  no  lugar  citado  de  Quetif. 
Deíla  Carta  extrahiraõ  as  noticias  do  mar- 
tyrio  dos  quatro  Varoens  Francifcanos  S. 
Antonin.  Hijl.  3.  Part.  Tit.  24.  cap.  9.  §. 
15.  Fr.  Marc.  de  Lisboa  Chron.  de  S.  Franc. 
liv.  7.  cap.  36.  Caílilho  Chron.  de  S.  Domin- 
jips  Part.  2.  liv.  I.  cap.  45.  Santos  Etiop. 
Orient.  Part.  2.  liv.  i.  cap.  16.  Bzovio  An- 
nal. Ecclef.  ad  an.  13 19.  n.  12.  et  ad  an.  1321. 
n.  23.  e  outros  Authores. 

Fr.  lORDAÕ  DE  SANTARÉM  cujo 
apellido  denota  a  illuíbre  Villa,  que  lhe  deu 
o  berço  fendo  hum  dos  doutos  religiofos 
da  Seráfica  Provincia  de  Portugal  onde  pela 
capacidade  do  feu  talento  foy  o  primeiro 
Provincial  deíla  Provincia  quando  delia  fe 
feparou  no  anno  de  1533.  a  dos  Algarves. 
Falleceo  no  anno  de  1553.  deixando  para 
teílemunhas  da  fua  erudição. 

Provérbios,  ou  flores  de  Séneca.  M.  S.  Eíla 
obra  fe  conferva  no  Convento  de  Santa- 
rém, e  no  frontifpicio  eílá  a  faculdade  para 
fe  poder  imprimir  dada  no  mefmo  Convento 
em  14  de  Dezembro  de  1540.  por  Fr.  loaõ 
Calvo  ComiíTario  Geral  dos  Frades  Menores 
na  Cúria  Romana,  e  neíle  Reyno.  Da  obra, 
como  do  Author  fazem  mençaõ  Soled. 
Hiji.  Seraf.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  4.  liv.  3. 
cap.  12.  §.  545.  e  liv.  4.  cap.  18.  §.  914.  e 


Fr.  loan.  a  D.   Anton.  Bib.  Francijc.  Tom. 
2.  pag.  237.  col.  I. 

lORGE  DE  AGUIAR  natural  de  Lis- 
boa Alcayde  mòr  de  Monforte,  c  Caval- 
leiro  da  Ordem  militar  de  S.  Tiago  filho 
de  Pedro  de  Aguiar,  e  de  Mecia  de  Siqueira 
ama  da  SereniíTima  Princeza  D.  loaima 
filha  delRey  D.  AfFonfo  V.  que  fugindo 
das  adoraçoens  do  Paço  mereceo  receber 
fagrados  cultos  em  os  Altares.  Foy  ca- 
zado  com  D.  Violante  de  Vafconcellos 
filha  de  loaõ  Rodrigues  Ribeiro  de  Vaf- 
concellos de  quem  naõ  deixou  fuceíTaõ. 
Navegando  no  anno  de  1508.  com  o  poílo 
de  Capitão  mòr  de  huma  Armada  para  a 
índia  falleceo  na  viagem.  Teve  natural 
inclinação  para  a  Poezia  Lyrica  como  moílraõ 
alguns  feus  Verfos  impreíTos  no  Cancioneiro 
de  Garcia  de  Kefende  Lisboa  por  Herman 
de  Campos.  15 16.  foi.  a  foi.  3.  e  v.o  54.  65. 
131.  v.o  142.  v.o  149.  151.  v.o  157.  162.  v.o 
168.  v.o. 

JORGE  DE  ALBUQUERQUE  COE- 
LHO Naceo  em  a  Cidade  de  Olinda  Ca- 
pital do  Eílado  de  Pernambuco  na  America 
a  23  de  Abril  de  1539.  Foraõ  feus  Proge- 
nitores Duarte  Coelho  Pereira,  c  D.  Bri- 
tes de  Albuquerque  filha  de  D.  Lopo  de  Albu- 
querque e  D.  loanna  Bulhaõ,  e  da  Cunha. 
Defde  os  primeiros  annos  exercitou  os  feus 
marciaes  efpiritos  em  obzequio  deíla  Monar- 
chia  confumindo  a  mayor  parte  da  fua  fazen- 
da, e  derramando  o  próprio  fangue  em  va- 
rias expediçoens,  q  fez  contra  os  Tamoyos,  c 
Francezes,  que  infeílavaõ  os  portos  da  Ameri- 
ca, de  cuja  aílucia,  e  valor  alcançou  repetidas 
Vitorias.  Igual,  ou  mayor  valentia  oílentou 
em  Africa  á  com  que  tinha  admirado  a  Ame- 
rica pois  fendo  nomeado  por  ElRey  D.  Se- 
baíliaõ  Enfermeiro  mòr  do  exercito  com 
que  paífou  no  anno  de  1578.  ao  Campo  de 
Alcácer  depois  de  ter  recebido  fete  penetran- 
tes feridas  nas  partes  mais  nobres  do  cor- 
po fe  encontrou  com  ElRey  a  tempo,  que 
eílava  reduzido  á  ultima  mina  o  noíTo 
exercito,  e  pedindo-lhe  o  feu  Cavallo 
promptamente  lho  deu  para  nelle  falvar 
a   vida   de   taõ   fatal   calamidade.     Atropel- 


L  USITAN  A. 


791 


lado  o  Albuquerque  pela  Cavallaria  foy 
conduzido  do  campo  quaíi  agonizante  em 
hum  carro  até  a  Gdade  de  Fez  onde  pa- 
ra fer  curado  das  feridas  lhe  tirarão  vinte 
oíTos  de  cuja  violenta  operação  que  durou 
o  largo  efpaço  de  fete  mezes  tolerou  com 
heróica  paciência  horríveis  dores  de  que 
fe  feguio  andar  quatro  mezes  fobre  duas 
moletas,  e  no  fim  delles  deixar  huma  em 
23  de  Abril  de  1582.  pendente  do  Altar 
de  NoíTa  Senhora  da  Luz  para  memoría 
do  beneficio  que  da  fua  maternal  clemên- 
cia recebera.  Cazou  duas  vezes;  a  primei- 
ra em  18  de  Dezembro  de  1585.  com  D. 
Maria  de  Menezes  fua  fegunda  Prima,  fi- 
lha de  D.  Pedro  da  Cunha,  e  D.  Anna  de 
Menezes  de  quem  teve  huma  única  filha. 
Por  morte  de  fua  mulher  fucedida  a  12  de 
Mayo  de  1585.  paílou  a  fegundas  vodas 
a  25  de  Novembro  de  1587.  com  D.  Anna 
de  Menezes  filha  de  D.  Álvaro  Coutinho 
filho  de  D.  Francifco  Coutinho  Conde  de 
Redondo,  e  Vicerey  da  índia,  e  de  D. 
Brites  da  Sylva  de  quem  teve  a  D.  Bri- 
tes de  Albuquerque:  Duarte  Coelho  de 
Albuquerque  Marquez  de  Bafto  Conde, 
e  Senhor  de  Albuquerque  Gentilhomem 
da  Camará  de  Filippe  IV.  e  do  feu  Con- 
felho  de  quem  fe  fez  particular  memoria 
em  feu  lugar;  e  Paulo  de  Albuquerque 
Coelho.    Compoz 

Fa//a  que  fe^  aos  Governadores,  e  defen- 
Jores  defies  Rejnos  de  Por  fuga/  aos  1^  de  lunho 
de  1580.  e  ajfi  aos  Procuradores  dos  Povos  que 
efiavaÕ  juntos  em  Setuval  para  começarem  a 
Ja\er  Cortes.  Dita  em  o  dia  que  vejo  a  nova  que 
o  Campo,  e  exercito  de/Rey  Filippe  de  Cafiella 
entrava  por  ejle  Rejno  de  Portugal  /em  que- 
rer efperar  que  fe  julgaffe  quem  era  herdeiro 
dejles  Rejnos.  Começa.  Senhores.  Venho  faber 
fe  he  verdade.  Acaba.  Da  peffoa  que  nomear- 
des por  Rcj,  e  verdadeiro  Juceffor  deftes  Rejno  . 
foi.  M.  S. 

Conjelho,  e  parecer  que  deu  a  alguns  pa- 
rentes, e  amigos  feus,  e  aos  Criados  da  fiui  Caf(a. 
foi.  M.  S. 

Reconciliação,      proteftaçaÕ,      e     fupplicaçaÕ 

feita     a     NoJJo     Senhor     lefu     Chrifto,     e     à 

Virgem    Maria    Nojfa    Senhora    em    dia    dos 

Três    Rjjs    Magos    era    de     1558.    annos    na 


Sè  dejia  Cidade  de  Lisboa  na  Capella  do  San- 
tijfimo  Sacramento  o  dia  que  o  recebeo.  foi.  M.  S. 
Todas  eftas  obras  com  as  Petiçoens  que 
fez  a  Filippe  Prudente  fobre  o  defpacho- 
dos  feus  ferviços  que  faõ  muito  exten- 
fas,  fe  confervaõ  em  hum  volume  de 
folha  na  Livraria  do  ExcellentiíTimo  Mar- 
quez de  Valença.  Fazem  memoria  de  lor- 
ge  de  Albuquerque  Coelho  Miguel  Ley- 
taõ  de  Andrade  Mifcel.  de  var.  Hiji.  cap.  7. 
e  o  P.  lozé  Pereira  Bayaõ  Chron.  delRej  D. 
Sehaji.  Uv.  5.  cap.  55. 

D.  lORGE  DE  ALMEYDA.  Naceo- 
em  Lisboa  fendo  filho  III.  de  D.  Lopo 
de  Almeyda  Vedor  da  Caza  da  Princeza. 
D.  loanna  de  Auílria  Mãy  delRey  D.  Se- 
baíliaõ.  Capitão  mòr  de  Sofala,  e  de  D. 
Antónia  Henriquez  filha  de  D.  loaõ  Pe- 
reira Comendador  do  Pinheiro  na  Or- 
dem de  Chrifto,  Vedor  da  Fazenda  do  In- 
fante D.  Luiz,  e  de  D.  Fihppa  Henriquez. 
de  Aliranda  fua  primeira  mulher.  Na  ida- 
de juvenil  deu  claros  argumentos  dos  do- 
tes que  omavaõ  o  feu  efpirito  aíTim  para. 
comprehender  as  fciencias,  como  cultivar 
as  virtudes.  Recebida  a  borla  doutoral 
dos  Sagrados  Cânones  em  a  Univerfidade 
de  Coimbra  com  aplauzo  de  todos  os  Aca- 
démicos fubio  pelos  degraos  do  feu  mere- 
cimento iUuftrado  com  o  efplendor  do  na- 
cimento,  e  integridade  de  cuftumes  a  ocupar 
os  mayores  lugares  da  lerarchia  Ecclefiafti- 
ca  quais  foraõ  Capellaõ  mòr,  Arcebifpo 
de  Lisboa,  Inquizidor  Geral,  Commenda- 
tario  do  Real  Convento  de  Alcobaça,  e  luiz 
dos  Três  nomeados  pelo  Cardial  Rey  para 
decidir  a  fucefíaõ  defta  Coroa  por  cuja  morte 
foy  dos  finco  Governadores  que  a  regeraã 
até  que  violentamente  a  cingio  Filippe  Pru- 
dente. Teve  afpeâo  grave,  juizo  prudente,, 
animo  compafiivo.  Nos  defpachos  era  prom- 
pto,  nas  audiências  continuo,  nos  caftigos 
parco,  e  nos  prémios  profufo.  Falleceo  em 
Lisboa  a  20  de  Mayo  de  1585.  quando  con- 
tava 54  annos  de  idade.  laz  fepultado  na 
Capella  mòr  da  fua  Cathedral  em  fepultura 
raza  com  efte  breve  epitáfio. 

Aqui  nefta  fepultura  ejlá  o  corpo  de  D^ 
lorge    de    Almeyda    Arcebifpo    que   foy    defla 


792 


BIB  LIO  THE  C  A 


Cidade,  Inquijidor  Geral  dejies  Rejnos,  Com- 
mendatario  do  Mqfteiro  de  Alcobaça  falleceo  de 
idade  de  54.  annos  a  zo  de  Março  de  1385. 

Delle  fazem  memoria  Draudius  Bib. 
Clajftc.  Carvalho  Corogr.  Porttíg.  Tom. 
3.  p.  548.  Santos  Alcobaça  lllufirad.  Part. 
1.  Tit.  16.  p.  475.    Compo2 

Index  librorum  prohibitorum  cum  regulis  con- 
feris per  Paires  á  Tridentina  Synodo  delec- 
tos  authoritate  Santijfimi  Domni  nojlri  Pii 
IV.  Pont.  Max.  comprobatus.  Addito  etiam 
altero  Índice  eorum  librorum,  qui  in  bis  Por- 
tugallia  Regnis  prohibentur.  UlyíTipone  apud 
Antonium  Riberium  1581.  4. 

Nobiliário  das  Familias  de  Portugal,  foi. 
M.  S.  He  allegado  por  D.  Luiz  de  Salazar, 
e  Caftro  Hifl.  Gen.  da  Caa^.  de  Silva  liv.  6. 
cap.  6.  e  liv.  9.  cap.  15.  O  P.  D.  António 
Caet.  de  Souza  Appar.  à  Hiji.  Gen.  da  Ca^. 
Real  Portug.  p.  153.  §,  181.  o  numera  entre 
os  celebres  Genealógicos. 


em  cuja  paleftra  laureado  com  as  infignias 
doutoraes  em  a  Faculdade  de  Direito  Ce- 
fareo  o  exercitou  com  fumma  integrida- 
de nos  lugares  de  Dezembargador  da  Ga- 
za da  Suplicação  de  que  tomou  pofle  a  27 
de  Março  de  1629.  Dezembargador  dos 
Aggravos  a  24  de  Setembro  de  1635.  luiz 
da  Coroa,  Confelheiro  da  Fazenda,  c  luiz 
das  luíliíicaçoens.  Falleceo  na  pátria  a  17 
de  Agoílo  de  1657.  laz  fepultado  no  Con- 
vento de  S.  Francifco.  Sendo  Fidalgo  da 
Caza  Real,  c  Procurador  da  Cidade  de  Lis- 
boa nas  Cortes  celebradas  em  o  anno  de 
1653.   recitou  por  parte  do  Eílado  Secular. 

Repojla  à  propojla  do  Juramento  do  Se- 
renijfimo  Príncipe  D.  Affonfo  Nojfo  Senhor 
feita  pelo  Bifpo  CapellaÕ  mor  em  o  a£to  das 
Cortes,  de  zz  de  Outubro  de  1653.  Lisboa 
na  Officina  Crasbeeckiana  1653.  4. 

Segunda  repojla  ao  mefmo  no  Aão  das  me/mas 
Cortes  em  z^  do  dito  me^.  Lisboa  na  Officina 
Crasbeeckiana  1653.  4. 


P.  lORGE  DE  ALMEYDA  natural  da 
Villa  de  Águeda  do  Bifpado  de  Coimbra 
filho  de  Pedro  lorge,  e  Britez  de  Almeyda. 
Recebeo  a  roupeta  de  lefuita  em  o  Noviciado 
•de  Coimbra  a  30  de  laneiro  de  1582.  onde 
praéUcou  com  exemplar  exaçaõ  os  pre- 
ceitos religiofos,  e  por  muitos  annos  fe 
exercitou  no  minifterio  do  púlpito  para 
o  qual  fe  preparava  com  rigorofa  difci- 
plina.  Falleceo  na  Caza  profeíTa  de  S.  Ro- 
■que  a  21  de  Abril  de  1643.  com  51  annos  de 
Religião.  Delle  faz  breve  memoria  Franco 
Annal.  S.  I.  in  Luft.  p.  285.  n.  10.    Compoz 

Sermaõ  na  Beatificação  de  S.  Francifco  Xa- 
vier pregado  na  Ca!(a  profejja  de  S.  Roque  em 
2  de  Dezembro  de  1620.  primeiro  dia  do  Ou- 
tavario  dejla  fotemnidade  Lisboa  por  loaõ 
Rodrigues  1620.  8.  Sahio  na  Relação  das 
Fejlas  que  a  Religião  da  Companhia  de  lefus 
fev(^  em  Ldsboa  na  Beatificação  de  S.  Francifco 
Xavier  de  foi.  8.  até  94. 


lORGE  DE  ARAÚJO  ESTACO 
natural  de  Lisboa  onde  inftruido  nas  le- 
tras humanas  fe  aplicou  em  a  Univerfi- 
•dadc    de    Coimbra    ao    eíhido    das    feveras 


D.  lORGE  DE  ATTAYDE.  Naceo 
em  a  Cidade  de  Lisboa,  e  teve  por  pro- 
genitores a  D.  António  de  Atayde  pri- 
meiro Conde  da  Caílanheira  Valido  del- 
Rey  D.  loaõ  o  3.  e  a  D.  Anna  de  Tá- 
vora filha  de  Álvaro  Pires  de  Távora  Se- 
nhor do  Mogadouro,  e  D.  loanna  da  Sylva. 
A  natureza  lhe  concedeo  talento  igual  à 
nobreza  do  fangue  comprehendendo  na  ida- 
de juvenil  aquellas  artes  com  que  fe  acredi- 
taõ  os  annos  mais  provedos.  Ordenado 
de  Presbítero  antes  do  tempo  precifo  para 
o  Sacerdócio  acompanhou  aos  infignes  Pre- 
lados, e  famofos  Theologos  que  a  Magef- 
tade  delRey  D.  Sebaíliaõ  mandou  no  an- 
no de  IJ62.  ao  Concilio  Tridentino,  e  nef- 
te  venerável  CongreíTo  com  exemplo  nunca 
pradUcado  teve  lugar,  e  voto  mais  pela 
madureza  do  Talento  que  ainda  pela  quali- 
dade da  PeíToa.  Concluído  o  Concilio  paf- 
fou  a  Roma  com  a  incumbência  de  re- 
formar o  MiíTal,  e  Breviário  Romano 
que  lhe  cometera  Pio  IV.  donde  por 
morte  de  feu  Pay  partio  para  Portugal, 
c  fendo  eleito  Bifpo  de  Vifeu  no  anno  de 
1568.   foy   fagrado   na   Igreja  do   Convento 


L  U SI  TAN A. 


de  Nofla  Senhora  da  Graça  cuja  funçaõ 
fe  fez  mais  plauzivel  com  a  aíTiftencia  del- 
Rey  D.  Sebaftiaõ,  a  Raynha  D.  Catheri- 
na,  a  Infanta  D.  Maria,  e  toda  a  Nobreza 
da  Corte.  Feita  a  entrada  publica  no  feu 
Bifpado  a  14  de  Março  de  1569.  aplicou 
todo  o  difvelo  para,  que  fe  praétícaíTem 
os  Decretos  do  ConciUo  naõ  faltando  à 
menor  obrigação  de  Prelado  vigilante  até 
que  querendo  alliviar-fe  de  hum  pezo  in- 
tolerável ainda  aos  hombros  angélicos  re- 
nunciou a  Mitra  no  anno  de  1578.  Nomea- 
do Capellaõ  mòr  pelo  Cardial  Rey  promo- 
veo  com  fervorozo  zelo  o  culto  divino, 
e  as  Cerimonias  Eccleíiaílicas.  Filippe  Pru- 
dente o  elegeo  feu  Efmoler  mòr,  Preíidente 
da  Meza  da  Conciencia,  e  Inquizidor  Ge- 
rai deíles  Reynos  cuja  dignidade  renun- 
ciou, e  fe  conferio  ao  Senhor  D.  Alexan- 
dre filho  dos  SereniíTimos  Duques  de  Bra- 
gança D.  Joaõ,  e  D.  Catherina  em  que  foy 
confirmado  pelo  Pontífice  Qemente  VIII. 
a  23  de  Agofto  de  1602.  Sendo  Confelhei- 
ro  de  Eftado  de  Portugal  em  Madrid  fem- 
pre  fe  oftentou  igualmente  amante  da  juf- 
tiça,  e  inimigo  do  intereíTe  como  fe  vio 
com  grande  gloria  do  feu  nome  na  repulfa 
de  cem  mil  cruzados  offerecidos  pelos  Chrif- 
tãos  novos  para  votar  indiferentemente  na 
fuplica  do  feu  perdaõ.  Com  animo  fupe- 
rior  ás  paxoens  humanas  retribuio  benefi- 
cies por  offenfas  confundindo  com  efta  nobre 
vingança  a  cegueira  de  feus  emulos,  que 
iiniftramente  lhe  interpretava©  as  fuás  ir- 
reprehenfiveis  açoens.  Foy  Abbade  Com- 
mendatario  de  Alcobaça  de  cuja  dignidade 
teve  por  fuceUor  ao  Infante  D.  Fernando 
filho  de  Filippe  III.  de  Caftella.  Lembra- 
do de  q  o  celebre  efcritor  loaõ  de  Barros 
fora  feu  Padrinho  de  bautifmo  o  mandou 
transferir  da  fepultura  em  que  jazia  no  ter- 
mo da  Qdade  de  Leiria  para  a  Parochial 
Igreja  de  Alcobaça  onde  fe  a  morte  o  naõ 
impidira  determinava  fabricar-lhe  hum  fump- 
tuofo  Maufoleo.  Eíle  generofo  intento  effei- 
tuou  com  as  cinzas  de  feus  illuílriíTimos  Pays 
mandando  levantar  à  fua  cufta  duas  magni- 
ficas fepulturas  em  o  Convento  de  Santo 
António  da  Caílanheira,  que  elles  tinhaõ 
fundado,    onde    efperaõ    a    refurreiçaõ    uni- 


79-3 

verfal,  e  nellas  lhe  gravou  elegantes  Epi- 
táfios diâados  pela  fua  penna.  Teve  a  glo- 
ria de  fagrar  Bifpo  de  Vifeu  a  21  de  Março 
de  1610  a  feu  fobrinho  D.  loaõ  Manoel 
fendo  o  quinto  fuceíTor  defta  Jvlitra  depois, 
que  a  renunciou.  Nos  últimos  annos  pa- 
deceo  o  achaque  de  gotta  até  que  enfermou 
gravemente,  e  recebendo  com  alegre  fem- 
blante  a  notícia  de  fer  chegado  o  termo 
da  fua  peregrinação  aífiítido  do  feu  Con- 
feíTor  o  Padre  Bartholameo  Guerreiro  da 
Companhia  de  Jefus  fe  preparou  com  as 
armas  dos  Sacramentos  para  taõ  formidá- 
vel confliâo  confervando  o  juizo  até  ef- 
pirar  às  10  horas,  e  três  quartos  da  noute 
de  17  de  Janeiro  de  161 1.  quando  contava 
76  annos  de  idade.  Paílados  dous  dias  foy 
tranfferido  o  feu  Cadáver  para  huma  fe- 
pultiira  raza,  que  mandou  fazer  junto  dos 
Maufoleos  em  que  defcanfaõ  as  cinzas  de 
feus  illuílres  Pays  em  o  Convento  de  Caf- 
tanheira.  Efcreveo  a  vida  defte  infigne 
Prelado  Thomaz  Alvres  Thezoureiro  mòr 
da  Capella  Real,  e  no  fim  delia  juntou  mui- 
tas Cartas  efcritas  a  diverfos  Príncipes  fo- 
bre  graviíTimos  negócios  com  as  repoftas. 
Fazem  memoria  da  fua  peíToa  Souza  Vi- 
da  de  Fr.  Bartbolam.  dos  Martyr.  liv.  2.  cap. 
17.  D.  Nicol.  de  S.  Maria  Chron.  dos  Coneg. 
Keg.  Uv.  10.  cap.  28.  n.  3.  Efperança  Hift. 
Seraf.  da  Prop.  de  Porfug.  Part.  2.  liv.  11. 
cap.  2.  n.  2.  e  Soledade  Hifi.  Seraf.  Part.  4. 
liv.  2.  cap.  6.  n.  247.  O  Padre  Joaõ  Col 
Cathalog.  dos  Bi/p.  de  Vifeu.  §.  54.  Ma- 
gna Biblioth.  Ecclef.  Tom.  i.  pag.  696.  col.  i. 
Efcreveo. 

Aãas  do  Conàlio  Tridentino  até  a  7.  Sejfaõ 
em  que  ajfifiio.  foi.  2.  Tomos  grandes.  M.  S. 
Confervaõ-fe  na  Livraria  dos  Monges  Car- 
tuxos do  Convento  de  Laveiras  diftante 
finco  legoas  de  Lisboa  aos  quais  deixou 
a  fua  Livraria,  e  duas  Capellanias  pela  fua 
alma.  Huma  copia  deíla  obra  eftá  na  Bibliothe- 
ca   do   ExceUentiífimo   Conde   do   Redondo. 

Nobiliário  das  Familias  do  Keyno.  foi. 
M.  S.  Delia  obra  o  faz  author  loaõ 
Franco  Barreto  Bib.  Portug.  M.  S.  e  o 
Padre  Souza  Apparat.  à  Hifi.  Gen.  da  Ca^- 
Reai  Portug.  pag.    57.   n.    35. 

Regu/a      Ccmcellaria      SantiJJimi      Domini 


794 


BIBLIO THE  CA 


noftri  Píi  divina  Providentia  Papa  Qtànti, 
ejufque  Motús  proprii  Bulia,  eb*  alia  Decreta 
nec  non  felicis  recordationis  Pauli  Quarti  pojl 
promulgatiomm  Sacrofanãi  Tridentini  Concilii 
edita  per  'Keverendijftmum  Patrem,  e^*  llluf- 
trijfimum  Patrem,  <&  lllujtriffimum  Dominum 
D.  Georgium  D'attayde  Epifcopum  Vijenfem 
approbata.  ExcuíTa  per  Emmanuelem  loannis 
Typographum  Rever.  Domini  Epifcopi  Vifei 
in  eadem  urbe  anno  Incarnationis  Dominicse. 
1570.  4.     GDníla  de  176.  folhas. 

Mandou  copiar  dos  Originaes,  que  fe 
confervaõ    no    Archivo    Real,    e    imprimir. 

Privilegia  facidtates,  jurijdiãiones,  <&  aliquot 

gratia,  quas  Summi  Pontifices  Regibus  Portugallia, 

<Ò^  ad  eorum  infiantiam  Capellano  Mayori  concej- 

ferunt.     UlyíTipone   apud   Petrum   Crasbeeck. 

1609.  4. 

lORGE  DE  CABBEDO  natural  da 
Villa  de  Setuval  folar  defta  illuílre  famí- 
lia filho  de  Miguel  de  Cabbedo  Dezem- 
bargador  dos  Aggravos,  Chanceller,  e  Pre- 
fidente  da  Alçada  da  Beyra,  Minho,  Trás 
os  montes,  e  de  D.  Leonor  Pinheiro  de 
Vafconcellos  fua  prima  com  irmãa  filha 
de  Gonçalo  Mendes  de  Vafconcellos,  e 
de  D.  Brites  Pereira.  Depois  de  eftar 
inílruido  na  intelligencia  da  lingua  La- 
tina, e  letras  humanas  frequentou  a  Uni- 
verfidade  de  Coimbra  eftudando  Direito 
Canónico,  e  de  tal  modo  penetrou  as 
fuás  mayores  dificuldades,  que  laureado 
com  as  infignias  doutoraes  foy  admetido 
a  Collegial  do  Real  Collegio  de  S.  Pau- 
lo a  8  de  Mayo  de  1575.  e  na  mefma 
Univerfidade  diftou  a  poílilla  ad  Tit.  de 
exharedat.  Uberorum.  Tanta  era  a  profun- 
didade do  feu  talento,  que  na  floren- 
te idade  de  28  annos  começou  a  admi- 
niftrar  os  lugares  da  Republica  chegando 
a  poíTuir  os  mayores  quaes  foraõ  De- 
2embargador  dos  Aggravos  na  Caza  da 
Supplicaçaõ  de  que  tomou  pofle  a  21 
de  Fevereiro  de  1583.  Procurador  da  Coroa 
a  2  de  Janeiro  de  1590.  Chanceller  da  Ca- 
2a  da  Suplicação  a  27  de  Novembro  de 
1597.  Dezembargador  do  Paço,  Chancel- 
ler mòr  do  Reyno,  e  Confelheiro  de  Efta- 
do   de  Portugal   na  Corte  de   Madnd.  Foy 


Cavalleiro  da  Ordem  de  Chriílo,  e  Com- 
mendador  das  Commendas  de  Santa  Ma- 
ria de  Frechas,  e  S.  Pedro  de  Rio  Torto, 
e  Guarda  mòr  da  Torre  do  Tombo.  Fallc- 
ceo  em  Lisboa  a  2  de  Março  de  1602.  Jaz 
fepultado  na  Parochial  Igreja  de  S.  Tiago. 
Foy  cazado  com  fua  fobrinha  D.  Ignes  da 
Attouguia  filha  de  Jorge  de  Cabbedo  da 
Attouguia,  e  Violante  Tavares  de  Souza 
de  quem  teve  a  Miguel  de  Cabbedo  de  Vaf- 
concellos moço  fidalgo,  e  Commendador 
de  Santa  Maria  de  Frechas  o  qual  cazando 
duas  vezes  deixou  do  fegundo  matrimonio 
contrahido  com  D.  Angela  de  Caftello- 
branco  filha  de  Lançarote  Leytaõ  Pereftrel- 
lo  a  D.  Catherina  de  Caílello-branco,  e  a  Jorge 
de  Cabbedo,  que  herdou  a  Caza.  Fazem  hono- 
rifica memoria  de  Jorge  de  Cabbedo  Nicol. 
Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  411.  col.  1. 
colleãam  in  adolefcentia  non  mediocris  doãrina 
famam.  loan.  Soar.  de  Brit.  Theatr.  Ijufii. 
Utter.  lit.  G.  n.  35.  Vir  genere  nobili  doãrina 
etiam,  €>*  eruditione  fingulari.  Thom.  Vaz 
Alleg.  Tom.  i.  AUeg.  46.  n.  i.  doctiffimus. 
D.  Franc.  Man.  Cart.  dos  A  A.  Portug.  ao 
Doutor  Themudo  Famofo.  Franc.  de  S. 
Mar.  Diar.  Portug.  Tom.  i.  pag.  288.  illuftre 
em  fangue,  e  illujlrijjimo  em  letras.  Didac.  Mend. 
de  Vafconc.  Vit.  Mich.  Cabbed.  p.  395.  pa- 
terna vejliffa  ingreffus  in  Senatoris  munere  obetm- 
do,  atque  aliis  arduis  negotiis  ipjius  fidei  commijfts 
cum  fumma  integritatis ,  eb*  doãrina  laude  ver- 
Jatur.  Souza  de  Maced.  ¥lor.  de  Efpan. 
cap.  8.  Excel.  9.  D.  Nicol.  de  Santa  Maria 
Chron.  dos  Coneg.  Keg.  liv.  10.  cap.  15.  Car- 
valho Corog.  Portug.  Tom.  3.  pag.  296.  Drau- 
dius  Bib.  Clajica.  Barbofa  Memor.  do  Colleg. 
Real  de  S.  Paul.  pag.  90.  e  Archiath.  Luftf. 
pag.  19.   Compoz. 

De  Patronatibus  Ecclejiarum  Regia  Co- 
rona Regni  hafitania  OlyíTipone  apud  Geor- 
gium Rodrigues.  1603.  4. 

Praãicarum  obfervationum  five  Decifio- 
num  Jupremi  Ijufitania  Senatus  Pars  prima. 
OlyíTipone  apud  Georgium  Rodrigues  1602. 
foi. 

Secunda  Pars,  in  qua  de  Donatioràbns 
regiis  circa  jurifdiccionalia,  <&  jura  Regalia 
traífantur.  ibi  apud  Petrum  Craesbecck. 
1604.  foi. 


L  USITAN A. 


Sahiraõ  eftas  duas  Partes  em  hum  volume. 
OíFenbachii  apud  Conradum  Nabenium.  1610. 
foi.  Antuerpiae  apud  loannem  Kaember- 
gium  1620.  foi.  Francofurti  apud  haere- 
des  BaíTaei  1646.  foi.  et  Antuerpias  apud 
loannem  Baptiftam  VerduíTen  1684.  foi.  jun- 
tamente com  o  tratado  de  Patronatibus.  & 
ibi  apud  Viduam  et  íilium  loannis  Baptiíbe 
VerduíTen  1719.  foi.  &  ibi  per  eumdem 
1734.  foi. 

Tertia  Pars  Decijtonum.  foi.  M.  S.  Q>n- 
fervafe  em  poder  de  lozé  de  Cabbedo,  e 
Vafconcellos  moço  fidalgo  Commendador 
da  Ordem  de  Chriílo,  bifneto  do  Author, 
e  herdeiro  de  fua  Caza. 

P.  lORGE  CABRAL.  Naceo  na  Villa  de 
Tomos  do  Bifpado  de  Vifeu  em  a  Provin- 
da da  Beyra  fendo  filho  de  Salvador  de 
Figueiredo,  e  Izabel  de  Souza,  Eftudan- 
do  letras  humanas  no  G^llegio  de  Coim- 
bra dos  Padres  lefuitas  fe  afeiçoou  com  tanto 
exceflb  a  eíle  fagrado  inílituto  que  a  elle  foy 
admetido  a  20  de  Outubro  de  1587.  quando 
contava  dezafeis  annos  de  idade.  Soube 
eminentemente  as  Faculdades  de  Filofofia, 
c  Theologia  que  didou  com  aplauzo  em  Coim- 
bra, e  Évora  onde  recebeo  a  borla  de  Doutor 
Theologo.  AíTiílio  como  ConfeíTor  às  mor- 
tes dos  Duques  de  Aveiro  D.  Álvaro,  e  D. 
Jorge,  e  a  Duqueza  D.  luliana  ordenando 
pelas  direçoens  de  taõ  prudente  Varaõ  as 
declaraçoens  de  fuás  ultimas  vontades.  Eleito 
Bifpo  de  Vifeu  D.  Diniz  de  Mello  o  nomeou 
feu  ConfeíTor,  e  partindo  com  elle  para  o 
Bifpado  como  quizeíTe  pacificar  duas  famí- 
lias principaes  de  cuja  difcordia  fe  tinhaõ 
originado  graves  efcãdalos  foy  mandado 
para  concluir  eíle  negocio  que  felifmente 
confeguio.  Voltando  para  Vifeu  adoeceo 
gravemente  na  fua  pátria  onde  antes  de 
receber  o  Viatico  fez  a  proteftaçaõ  da  Fé 
proferida  com  aífeílo  taõ  cordial,  que  moveo 
a  compunção  a  todos  os  aíTiílentes.  Ulti- 
mamente pedindo  a  Extrema  Unçaõ  falle- 
■ceo  com  íinaes  evidentes  de  lhe  ter  fido 
revelada  a  ultima  hora,  a  3  de  Mayo  de  1637. 
c[uando  contava  66  annos  de  idade,  e  50 
-de  Companhia.  Delle  fe  lembra  Franco 
Imag.  da  Vht,  em  o  Nov.  de  Coimb.  Tom.  i. 


795 

liv.  2.  cap.  94.  et  Anml.  S.  J.  in  "Lufit.  pag. 
27c.  n.  I. 

Entre  muitas,  e  doutas  Confultas,  que 
compoz  em  diverfas  matérias  em  que  era 
confultado  pelas  primeiras  PeíToas  da  Cor- 
te por  fempre  regular  o  feu  voto  pelos  diâa- 
mes  da  conciencia  timorata,  fe  fez  publica  a 
feguinte. 

Conjultum  in  Allegatione  Francifci  Valafci 
pro  mayoratu  domiis  Averienfis.  à  n.   356. 

Sem  o  feu  nome. 

KelaçaÕ  Geral  das  Fejias,  que  fe^  a  Re/t- 
giaõ  da  Companhia  de  JESUS  na  Provinda 
de  Portugal  na  Canoni:(açaõ  dos  glorio/os  Santos 
Ignacio  de  Loyola  feu  fundador,  e  S.  Francifco 
Xavier  Apojiolo  da  índia  Oriental  no  anno  de 
1622.  Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck.  Im- 
preíTor  delRey.  1623,  4. 

P.  lORGE  CALDEYRA  reUgiofo  da 
Companhia  de  Jefus  cuja  roupeta  veítío 
em  o  Noviciado  de  Goa  a  4  de  Novembro 
de  1559.   Efcreveo. 

Carta  annua  efcrita  de  Goa  a  w  de  De- 
zembro de  1564.    Coníla  de  9  paginas.  M.  S. 

Carta  annua  efcrita  de  Goa  a  G  de  Dezem- 
bro de  1565.   Coníla  de  14  paginas. 

lORGE  CALHANDRO  natural  de 
Lisboa  infigne  profeíTor  de  Direito  Pon- 
tifício de  que  teve  por  Meílre  em  Salamanca, 
e  Coimbra  ao  grande  Martim  de  Afplicue- 
ta  Navarro  como  elle  affirma,  e  louva  no 
Trat.  de  Spoliis  Clericorum.  §.  15.  n,  5.  cha- 
mando-lhe  auditor  meus  ferventijjimus.  Paf- 
fando  a  Roma  no  Pontificado  de  Gregório 
XIIL  adquerio  tal  opinião  de  Letrado  na 
Faculdade  dos  Sagrados  Cânones,  que  de- 
pois de  fer  na  Cúria  Advogado  de  grande 
nome  fubio  a  fer  Lente  de  Prima  em  a  Sa- 
piência onde  era  conhecido  pela  nobre  an- 
tonomaíia  de  Canonum  parens.  Foy  muito 
erudito  na  lingua  Latina,  e  letras  huma- 
nas como  fe  vè  na  Carta,  que  efcreveo  a 
Jerónimo  Cardofo  cuja  repoíla  imprimio 
entre  as  que  publicou  com  o  titulo  Epif- 
tolarum  Familiarium  libellus.  OlyíTipone 
apud  loan.  Barrerium.  1556.  8.  onde  a 
P^g-    57'    ^    eftc    Elogio    elegantiíTimo    a 


796 

Jorge  Calhandro.  Is  enim  mea  quidem  fen- 
tentia,  et  omnium  confenfu  es.  Nec  amore 
cacutio:  qui  cum  aqualium  tuorum,  aut  etiam 
multo  te  natu  grandiorum  tam  morum  praf- 
tantia  quam  Jludiorum  laude  principem  lo- 
cum  ohtineas,  et  tamquam  exemplar  quod- 
dam  omnihus  propofitus  ejfe  debeas,  quod 
finguli  imitentur.  Quod  Jequantur  miverji, 
qui  fajligium  litterarum  cupiunt  prehendere. 
Nam  cum  ante  pilos,  ingenium  eruditio,  pru- 
dentia  {ut  Perjius  itiquit)  tibi  uni  obtigerint. 
Qtád  aliud  Jujpicandum  ejl,  nifi  te  cum 
laãe  fimul  litteras  ipfas  fuxijfe,  mufafque 
ipfas  parturienti  matri  objletricum,  tibi  ve- 
ro nutricum  vice  juiffe.  Quod  vero  ad  litte- 
ras tuas  attinet,  feito  me  earum  leãione  ames- 
nijjima  fie  effe  affeãum,  ut  non  Georgium 
ipjum  loquentem,  fed  plane  Veneres,  Cha- 
ritefque  omnes,  quas  tibi  jugiter  ajfidere 
exijlimo,  loqui  putarem.  Deus  boné  qui  flof- 
culi  quam  redolentes,  quãm  variis  dijlinãi 
coloribus  illic  pajfim  renidebant:  qui  fales;  qua 
venufias,  qua  denique  Verborum  ubertas,  quafi 
ex  purifimo  quodam  fonticulo  fcatebant.  Com- 
po2  varias  obras  cujos  titulos  fe  igno- 
raõ  como  efcreve  Joaõ  Franco  Barreto 
Bib.  Portug.  M.  S. 

lORGE  DA  CAMARÁ  natural  da 
Qdade  do  Porto  filho  de  Martim  Gon- 
zalves  da  Camará  Commendador  de  S.  Chrif- 
tovaõ  da  Nogueira  da  Ordem  de  Chriílo, 
e  de  fua  fegunda  mulher  D.  Brites  Manoel. 
ProfeíTando  a  vida  Ecclefiaftica  nunca  ocupou 
lugar  devido  ao  feu  nacimento.  Foy 
muito  perito  na  arte  da  Pintura  dibu- 
xando  com  fingular  primor,  e  muito  ver- 
fado  na  intelligencia  das  linguas  Italiana, 
e  Efpanhola,  que  fallava  com  pureza,  e 
expedição.  Defde  os  primeiros  annos  fe 
criou  no  grémio  das  Mufas  alcançando 
pelos  termos  joviaes,  e  faty ricos  com  que 
metrificava,  a  antonomafia  de  Marcial  Por- 
tuguez.  Teve  agradável  afpeélo,  natural 
graça  na  converfaçaõ,  c  fumma  prom- 
ptidaõ  nas  repoftas  que  foraõ  refpeitadas 
como  apothemas.  Ao  tempo  que  prepa- 
rava as  fuás  obras  poéticas  para  a  impreíTaõ 
o  arrebatou  improvifamente  a  morte  a 
31  de  lulho  de  1649.   Na  Carta  que  Francifco 


BIB  LIO  THE  CA 


LuÍ2  de  Vafconccllos  bifneto  de  D.  An- 
tónio de  Ataydc  I.  Conde  da  Caftanhcira 
efcreveo  a  D.  António  Alvares  da  Cunha 
lhe  dedica  eíle  métrico  elogio. 

Nojfo  Amigo  fiel  Camará  illuftre 

Kibeiras  Ja  do  Tejo  caminhando 

O  Douro  vay  bujcando 

O  Douro  que  bramando  crefpo,  e  ronco 

Por  ver  do  feu  alumno  mais  querido 

O  Tejo  enrequicido 

Para  feu  cttrfo  quando  mais  furiofo; 

Entra  o  mar  temerário. 

Emulo  mais  do  mar,  que  tributário 

E  fem  poder  dijfimularfe  amante 

O  feu  Camará  chama 

NaÕ  da  corrente  a  vo^t  do  peito  a  chama. 
loan.  Soares  de  Brito  Theatr.  LMfit.  Liter. 
lit.  G.  n.  36.  Ingenio  acuto,  mufa  facili,  fed 
poética.  D.  Franc.  Man.  Cart.  dos  A. A. 
Portug.  Marcial  Portugue^^. 

Compoz 

Poefias  Varias.  1640.  4.  M.  S. 

Fabulas  de  Ovidio  tradwi^das  em  Outa- 
vas,  e  Sylvas  Caflelhanas  em  eftilo  jocofo.  4. 
M.  S.  Ambos  eftes  tomos  fe  confervaò 
na  Livraria  do  ExcellentiíTimo  Marquez  de 
Abrantes. 

Sylva  em  aplaufo  do  Doutor  Domingos 
Pereira  Bracamonte  Sahio  no  Banquete  de 
Apollo  defte  author  a  pag.   42.   Começa 

Huy  Senhor  Bracamonte 

Vos  quereis  por  comigo  a  barca  em  montei 
E  na  pag.    122.     Romance  que  principia. 

Nò  dexeis  los  libros  nó 

Senor  Licenciado  Ortiv^. 

lORGE  CARDOSO  natural  de  La- 
mego profeííor  de  Direito  Gvil,  c  Advo- 
gado na  fua  pátria  de  Caufas  Forenfes.  Foy 
naturalmente  inclinado  a  Hiftoria  do  noíTo 
Reyno  concorrendo  nelle  (como  efcreve  feu 
patrício  António  de  Almeyda  de  Gouvca 
em  carta  de  22  de  Setembro  de  1659.  ao 
Licenciado  lorge  Cardofo  de  quem  logo 
fe  fará  a  merecida  mençaõ)  notável  talento, 
nunca  vijla  curiofidade,  inexhaufia  liç<w,  e 
fuave  difpofi^aô  de  quem  fe  pode  di:(er  com 
Quintiliano   de   Inftit.    Orat.    Hb,    10.    cap.    i. 


L  USITANA. 


797 


I/k    quidem     omnibus    ejufàem     operis    auãori- 
bus  abjiulit  nomen,  &"  fulgore  qmdam  Jtia  cla- 
ritatís   tenebras   obduxit. 
Compoz 

Chronica  univerjal  de  todas  as  cou-:^as  que 
em  Portugal  acontecerão  de/de  a  criação  do  mundo, 
e  de  todos  Jeus  Rejs,  e  habitadores,  povoaçoens, 
guerras,  e  conquiftas.  M.  S. 

A  eíla  obra  com  o  titulo  de  ^Anacepha- 
leojes  das  Antiguidades  'Lujitanas  em  diverfas 
partes  allega  o  Licenciado  lorge  Cardozo 
principalmente  no  Agiol.  L.ujit.  Tom.  2. 
p.  602.  col.  2.  no  Coment.  de  16  de  Abril 
letra  B.  e  pag,  727.  col.  i.  no  Comment. 
de  26  de  Abril  letr.  A.  e  no  Tom.  3.  p.  19. 
no  Comment.  do  i.  de  Mayo  letr.  E.  e 
pag.  102.  col.  2.  no  Comment.  de  6  de  Mayo 
letr.  A. 


lORGE  CARDOSO  naceo  em  a  Q- 
■dade  de  Lisboa  a  31  de  Dezembro  de  1606. 
fendo  filho  primogénito  entre  dez  que  tive- 
laõ  feus  Pays  Manoel  Fernandes  Henri- 
quez,  e  Mariana  Cardofa.  Foy  purificado 
•da  mancha  Original  na  real  Parochia  de  S. 
luliaõ  a  6  de  laneiro  de  1607.  e  logo  nos 
primeiros  annos  moílrou  génio  dócil  para 
a  cultura  das  virtudes,  como  prompta  com- 
prehenfaõ  para  a  comprehenfaõ  das  fcien- 
cias.  Em  o  CoUegio  pátrio  de  Santo  Antaõ 
ouvio  as  letras  humanas  explicadas  por  aquelle 
oráculo  de  erudição  fagrada,  e  profana  o 
Padre  Francifco  de  Macedo,  e  fahio  nellas 
taõ  eminentemente  verfado  como  fe  efpe- 
Tava  da  exceUencia  do  Meftre,  e  da  apli- 
cação do  difcipulo.  Aprendeo  os  arcanos 
<k  Filofofia  Peripatetica  no  Real  Convento 
<le  S.  Domingos,  e  os  myfterios  da  Theo- 
logia  efcholaftica  em  os  Collegios  de  Santo 
Antaõ,  e  Santo  Agoftinho  revelados  em  o 
primeiro  pelo  Padre  Nuno  da  Cunha  igual- 
mente illuftre  por  fangue,  e  virtudes,  e  em 
o  fegundo  por  Fr.  Manoel  do  Efpirito  San- 
to Examinador  das  Três  Ordens  Milita- 
res, podendo  gloriarfe  taõ  famofas  Reli- 
gioens  de  fer  alumno  das  fuás  Efcholas 
quem  depois  com  a  fua  penna  havia  eterni- 
zar a  memoria  de  feus  virtuofos  filhos.  Or- 
denado de  Presbítero  a  4  de  lulho  de  1632. 


por  Fr.  Paulo  da  EílreUa  Bifpo  de  Meliapor, 
e  Religiofo  da  Ordem  Terceira  de  S.  Fran- 
cifco celebrou  a  primeira  Miffa  a  2  5  de  Agofto 
do  referido  anno  em  a  CapeUa  de  Noíla 
Senhora  das  Candeas  Collateral  da  parte 
da  Epiílola  do  Altar  mòr  da  Parochia  on- 
de recebera  a  primeira  graça  fendo  feus 
Padrinhos  o  Prelado,  que  lhe  conferira  as 
Ordens,  e  o  Doutor  Eugénio  Cabreira  Có- 
nego da  Cathedral  de  Lisboa,  e  Vigário 
Geral  do  feu  Arcebifpado.  Obteve  hum 
Beneficio  fimples  em  a  Igreja  Parochial 
de  S.  loaõ  Baptiíla  da  Villa  de  Abrantes 
merecendo  pela  vaílidaõ  da  fciencia  Hif- 
torica,  e  integridade  da  fua  vida  poíTuir  as 
mayores  dignidades  Ecclefiaíricas.  Queren- 
do deixar  hum  perpetuo  padraõ  de  obze- 
quio  para  com  a  Pátria  emprendeo  com 
infatigável  difvelo,  e  continuo  eiludo  efcre- 
ver  as  virtuofas  açoens  de  feus  infignes  filhos 
que  em  cada  dia  do  anno  floreceraõ,  e  fru- 
tificarão em  heróicos  aâos  de  Santidade  para 
cuja  árdua  empreza  o  animava  a  vaítiíTima 
noticia,  e  profunda  erudição  da  Hiftoria 
Ecclefiaítica,  e  Secular  que  cultivara  def- 
de  a  primeira  idade  dezempenhando  taõ 
laboriofo  aflumpto  com  exceíTo  ao  que  pro- 
metia o  argumento  da  obra  pois  alem  de 
narrar  as  vidas  dos  Santos,  e  Varoens  il- 
luílres  de  Portugal,  e  fuás  Conquiftas  que 
pelo  circulo  do  anno  deixarão  a  vida  cadu- 
ca pela  eterna,  lhe  correfponde  hum  lar- 
go, e  erudito  Commentario  cheyo  de  noti- 
cias Topographicas,  em  que  fe  defcrevem 
as  pátrias  das  PeíToas  efcritas  no  Texto; 
as  Fundaçoens  de  diverfos  Conventos, 
e  Mofteiros;  a  dedicação  de  muitos  Tem- 
plos, a  introdução  das  fagradas  Famílias 
copiofas  minas  de  que  fempre  eflaõ  fahindo 
pedras  para  a  fabrica  dos  muros  da  lerufa- 
lem  Celefte;  e  elegantes  elogios  de  Varoens 
infignes  que  ornarão  o  Sacerdócio,  e  o  Impé- 
rio. Para  ultimo  complemento  de  taõ  gran- 
de obra  lhe  foy  precifo  difcorrer  por  grande 
parte  do  Reyno  querendo  teftemunhar  com 
os  olhos  as  noticias  que  aprendera  dos  li- 
vros merecendo  a  gloria  de  fer  o  primei- 
ro que  intentou  taõ  árduo  aíTumpto  co- 
mo em  feu  aplauzo  efcreveo  a  feverida- 
de  de  Nicolao  António  Bib.  Hifp.  Tom.   i. 


798 


BIBLIO  THE  CA 


pag.  411.  col.  I.  inta£ium  aliis  pro  digni- 
tate  argumentum ,  commemorationem  inquam 
iMJitania  Jua  San^orum,  atque  Venerabi- 
Hum  uiriujque  fexus  homimtm  his  annis  curiofe, 
ac  diligenter  projeqtntttr.  Sendo  natural- 
mente modeílo,  e  inimigo  declarado  da 
vaõgloria  naõ  podia  evitar  a  diftinçaõ  com 
que  era  tratado  pelas  primeiras  PeíToas 
da  lerarchia  Ecclefiaílica  quais  foraõ  o 
lUuílriíTimo  Arcebifpo  Primaz  D.  Rodrigo 
da  Cunha;  D.  Pedro  de  Alencaftro  Inqui- 
íidor  Geral,  e  depois  Duque  de  Aveiro, 
c  o  IlluílriíTimo  Capellaõ  mòr  Luiz  de  Sou- 
za depois  Arcebifpo  de  Lisboa,  e  Cardial 
da  Igreja  Romana  que  muitas  vezes  o  tra- 
zia em  o  feu  coche  onde  igualmente  trium- 
fava  a  benignidade  defte  Prelado  como 
o  merecimento  de  taõ  grave  Eccleíiaf- 
tico  cuja  fama  fahindo  dos  limites  da  pátria 
retumbou  com  taõ  gloriofo  eco  em  os 
Reynos  eílranhos  que  os  mais  celebres  eru- 
ditos procuravaõ  com  oficiofas  cartas  a 
fua  amizade  entre  os  quais  fe  diílinguiraõ 
Fr.  Aifonfo  Ramon,  e  Fr.  Pedro  de  S. 
Cecilio  Chroniílas  Mercenários;  D.  Fr.  An- 
gelo Manrique  Chroniíla  Geral  da  Ordem 
de  Qíler,  depois  Bifpo  de  Badajos;  o  Li- 
cenciado Gregório  de  Louvarinhas  Feijó 
author  da  Topografia  Sacra  de  Galit^a.  An- 
tónio de  Leaõ  Pinello  Chroniíla  de  índias, 
Gil  Gonzalves  de  Ávila  Chroniíla  de 
Caílella,  Luiz  Munòs,  e  D.  Jerónimo  Maf- 
carenhas  Bifpo  de  Segóvia.  Eftes  obfequios, 
que  lhe  dedicarão  Varoens  taõ  infignes 
quando  aíTiília  em  Portugal  fubiraõ  a  mayor 
exceíTo  quando  lograrão  da  fua  eílimavel 
prezença  no  anno  de  1669.  em  que  paflbu 
a  Madrid  por  ordem  do  IlluílriíTimo  Ca- 
pellaõ mór  Luiz  de  Souza  com  a  comiíTaõ 
de  augmentar  a  magnifica  Livraria  deíle 
grande  Prelado.  Admirada  aquella  Corte 
do  profundo  talento,  vaíla  erudição,  e  fumma 
modeília  com  que  fe  ornava  o  feu  efpirito 
lhe  offereceo  o  lugar  de  Chroniíla  com  qui- 
nhentas patacas  de  Ordenado,  e  huma  Co- 
nezia  da  Cathedral  de  Toledo.  Agradecido 
à  ofFerta  de  lugares  taõ  honoríficos  como  aten- 
deíTe  mais  ao  amor  da  pátria,  que  á  propría 
conveniência  os  naõ  aceitou  até  comunicar 
ao   Marquez   de   Arronches   Embaxador   de 


Portugal  naquella  Corte  fe  feria  agradá- 
vel ao  noíTo  Príncipe  aquella  nomeaçaf> 
de  que  fe  feguio  ordenar-lhe,  que  fc  ref- 
tituiíTe  a  Portugal.  Obedeceu  com  tanta 
promptidaõ,  que  ainda  que  veyo  em  hu- 
ma Liteira,  como  a  eílaçaõ  era  ardente^ 
e  naõ  lograva  de  faude  perfeita  fe  Iht 
originou  da  jornada  a  doença  de  quc 
morreo.  Eílando  próximo  á  morte  depois 
de  ter  recebido  com  fumma  piedade 
os  Sacramentos  foy  vizitado  pelo  Capel- 
laõ mòr  Luiz  de  Souza  o  qual  lhe  pre- 
guntou  com  grande  aíTedlo  fe  queria  al- 
guma couza  em  que  pudeíTe  fatisfazer  o 
feu  dezejo !  A  eíla  pregunta  refpondeo, 
que  unicamente  pedia  a  S.  Senhoria  a  lem-| 
branca  da  fua  alma  cuja  fuplica  foy  pia^j 
e  generofamente  defirida.  Falleceo  placi- 
damente  em  Lisboa  a  5  de  Outubro  de  1669. 
quando  contava  63  annos  de  idade.  Foy 
levado  na  tumba  dos  Clerígos  da  Irman- 
dade de  S.  Pedro,  e  S.  Paulo  de  que  fora.! 
Irmaõ,  e  Juiz  a  fepultar  na  Parochialí 
Igreja  de  Santa  Juíla  onde  defcança  noj 
jazigo  de  feus  AntepaíTados  junto  da 
porta  principal.  Para  Epitáfio  da  fua  fepul- 
tura  lhe  efcreveo  a  elegante  Mufa  do  Padre 
D.  Manoel  Caetano  de  Souza  ProcomiíTa-l 
rio  da  Bulia  da  Cruzada,  e  Cenfor  da  Acadc 
mia  Real  da  Hiíloria  Portugueza  eílas  me 
tricas  expreíToens. 

Hic  jaceí  infignis  Cardo/o  Georgitu,  Aãa 
Qui  Divum  exprejfit  moribus,  atque  Styl 

Haujli  pro  Jujlts   reqtàem   dat  JUSTA 
boris 
Cui  pátria  ut  nieruit  Jolvere  jufta  neqdi^ 

Foy  de  mediana  eílatura,  olhos 
quenos,  e  graciofos,  nariz  aquilino  cuu 
extremidade  lhe  cahia  fobre  os  bci^ 
que  eraõ  delgados;  a  barba  pequena 
proporcionada  a  todo  o  roílo,  que 
muito  alvo;  o  cabello  branco,  o  aff 
£lo  grave,  a  voz  branda  igualmente  par- 
co em  fallar,  como  em  rir;  taõ  modcf- 
to  nas  açoens,  como  limpo  nos  veílidos, 
c  verdadeiro  exemplar  do  Eílado,  qt 
profeíTava.  Juntou  huma  Livraria 
eílimavel  pela  qualidade,  que  pelo  ni 


L  USITAN  A, 


799 


ie  livros  entre  os  quais  confervava  a  Ar- 
te Latina  por  onde  efhidou  os  rudimen- 
tos deíla  lingua  com  tal  aceyo  como  fe  ti- 
vera fahido  da  impreíTaõ.  Delia  deixou 
cem  Volumes  M.  S.  ao  IlluílriíTimo  Capel- 
laõ  mòr  LuÍ2  de  Souza,  e  os  livros,  que 
tratavaõ  das  excellencias  de  Maria  Santif- 
ílma  ao  Meílre  Fr.  líidoro  da  Luz  Provin- 
cial da  Ordem  da  SantiíTima  Trindade  Lente 
de  Controverfia  em  a  Univeríidade  de  Coim- 
l^ra,  que  com  grande  difvelo  havia  feito 
hum-a  Colleçaõ  de  livros  defte  aíTumpto, 
que  fe  confervava  na  Livraria  do  Convento 
da  Trindade  de  Lisboa.  O  feu  nome,  como 
os    feus    efcritos    faõ    celebrados    com    ele- 

antes  expreíToens  por  graviflimos  Autho- 
res.  Padre  loaõ  Bollando  Praf.  Aã.  Sana. 
Menf.    Feb.    cap.    5.    lhe    chama    Virum   do- 

■ijjimum.  Nicol.  Ant.  Bih.  Vet.  Hifp. 
lib.  3.  cap.  4.  §.  78.  Vir  diligens.  et  lib.  3. 
cap.  5.  §.  125.  viro  qtúdem  probo,  ac  di- 
Hgenti.  Gafpar  Ibanés  de  Segóvia  Marquez 
de  Agropoli  Dijfert.  Ecclef.  foi.  284.  n.  21. 
infatigable  inveftigador  de  la  Hijloria  IBxcle- 
fiafiica  de  Portugal.  Fr.  Manoel  da  Efperan- 
ça  Hift.  Seraf.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  i. 
liv.  I.  cap.  19.  n.  2.  obra  grande,  e  digna 
de  perpetuo  louvor,  e  cap.  36.  n.  7.  efplen- 
dor  das  L.ujttanas  virtudes,  e  liv.  2.  cap.  27. 
n.  2.  merecedor  da  noffa  ejiimaçaõ.  e  Part.  2. 
liv.  7.  cap.  26.  n.  4.  benemérito  dos  Santos 
Portugue^^es.  Emman.  Ludov.  Vit.  Princip. 
Theodof.  Proloq.  n.  17.  LMJitanis  ipfe  Jcrip- 
íoribus  virifque  optimis  jure  óptimo  injeren- 
dus,  quorum  illufiria  opera  faãaque  nec  un~ 
quam  interirent  tribus  luculentis  tomis  effe- 
cit  três  alios  expeãaãijfimos  quibus  totius  an- 
ui circulus  clauderetur  nobis  immatura  ejus 
tnorte  invidente.  et  lib.  i.  cap.  31.  §.  405.  author 
fnmma  fide  digius.  Purif.  Chron.  de  S.  Agof- 
tinho  da  Prov.  de  Portug.  Part.  i.  liv.  i. 
Tit.  5.  §.  4.  muy  verfado  em  todo  o  género  de 
hijloria  dejle  Rejno  principalmente  Ecclejiaf- 
tica.  e  Part.  2.  liv.  7.  Tit.  4.  §.  6.  Peffoa 
bem  conhecida  por  verjada  nas  Antiguidades 
defte  Rejno.  P.  António  de  Macedo  JLuftt. 
Inf.  et  Purp.  pag.  65.  qui  multa  fitu  obfita, 
&  oblivione  fepulta  ajfidua  leãione,  ftudio- 
que  deterjit,  (&  magno  rei  litteraria  bono 
publici  júris  fecit.    et    pag.    61,    nobilis  feri- 


ptor.  &  in  Prsefat.  ad  Leâorem  Hifpani- 
carum,  pracipue  in  'L.ufitania  Antiquitatum 
diligentijfimus  indagator.  Maced.  T)ivi  Tu- 
telares, pag.  255.  D.  Nicol.  de  Santa  Ma- 
ria Chron.  dos  Coneg.  Keg.  liv.  7.  cap.  25. 
n.  13.  Curiojo  antiquário,  e  deligente  in- 
veftigador de  memorias.  Valdeceb.  Templ. 
de  la  Fama  art.  25.  De  los  que  han  ef- 
crito  con  acierto  hiftorias  lo  más  celebre  de 
los  tiempos  es  el  Agioloffo  hjifitano  de  Jor- 
ge Cardot(o.  Marinho  Prolog,  da  Fund. 
e  Antiguid.  de  luisboa.  Que  com  feus  eftu- 
dos  trabalhos,  e  inveftigaçoens  tem  dado  grande 
realce  a  muitas  obras  infignes,  e  PeJJoas  defte 
Reyno,  e  fora  delle,  que  o  confultaõ  como 
em  outros  tempos  a  André  de  Refende,  D. 
Fr.  Amador  Arraes,  o  Bifpo  D.  António  Pi- 
nheiro, e  Gafpar  Alvres  lj)u^ada.  e  liv.  3. 
cap.  17.  Efcritor  de  grande  authoridade.  Fr. 
Filippe  Columbo  Chroniíla  Geral  da  Or- 
dem da  Mercê.  Vid.  de  Fr.  Gonçal.  Diai^ 
liv.  I.  cap.  I.  El  cuidadofo  defvelo  dei  erudito 
Jorge  Cardofo  en  fu  Agiologio  iMfitano  com 
que  illuftrò  la  Hiftoria  Fccleftaftica  de  fu 
Pátria,  y  huviera  concluído  tan  defeado  tra- 
bajo  en  mucha  gloria  de  los  Santos  Portu- 
gueses, fi  la  muerte  no  huviera  embaraçado 
fu  elevada  pluma  en  el  médio  de  fu  buelo 
a  cqfta  de  juftijftmos  fentimientos  delos  que 
en  Madrid  experimentamos  fu  exemplar  vida, 
y  la  f agrada  erudicion  de  fus  contínuos  eftu- 
dios.  Mas  deveríamos  di^ir  por  merecer  màs 
tan  digno  fugeto,  venerador  de  todas  las  fa- 
gradas  Religiones,  ftendo  fu  pluma,  y  fu  len- 
gua  honor  de  todos  Eftados  y  fu  modefto  traje, 
y  exemplar  vida  efpejo  de  un  Ecclejiaftico 
perfeão.  Leal  Crifol  Purificat.  pag.  187.  col. 
I.  Baronio  Portugue^-  Fr.  Franc.  da  Nati- 
vid.  Lenit.  da  dor.  pag.  308.  indefejjo  invefti- 
gador das  cousas  de  Portugal.  Franco  Ann. 
Glor.  S.  J.  in  'L.ufit.  pag.  277.  Vir  de  noftra 
Natione  infinitum,  (ò"  immortaliter  meritus. 
Fr.  Belchior  de  S.  Anna  Chron.  dos  Carm. 
Defcal.  da  Prov.  de  Portug.  Tom.  i.  liv.  i. 
cap.  12.  n.  77.  Com  incanfavel  eftudo, 
grande  engenho,  e  curiojidade  nunca  bem  lou- 
vada defcubrio  a  quem  o  Reyno  deve  immor- 
taes  graças  pelo  t^elo  de  verdadeiro  Portugue^ 
com  que  tratou  de  honrar  a  pátria  publicando 
ao    Mimdo    no  feu    douto    A^oloffo    a    multi- 


8oo 


BI  B  LIO  THE  CA 


daõ  de  Santos,  que  tem  gerado.  loan.  Soar. 
de  Brito  Theaír.  "Lufit.  Utter.  lit.  G.  n. 
36.  Vir  perdiligens,  e5>*  curiofus.  D.  Franc. 
Manoel  Cart.  dos  A  A.  Portug.  ao  Doutor 
Themudo  Pio,  e  intelligente  efcritor  dos 
Santos  defie  Keyno  como  fe  vè  no  Jeu  louvá- 
vel Agiologio.  Franckenau  hib.  Hifp.  Ge- 
neaL  Herald,  pag.  162.  Hijloricus  clarijftmus. 
Telles  Hijl.  da  Etiop.  Alt.  liv.  2.  cap.  18. 
muito  douto,  e  erudito  VaraÕ,  e  no  cap.  20. 
doutijfiMO  no  Jeu  admirauel,  e  eruditijfimo 
Agiologio,  e  liv.  3.  cap.  8.  muito  erudito, 
e  liv.  6.  cap.  34.  muy  erudito  no  Jeu  admirá- 
vel Agiologio  Franc.  de  Sant.  Mar.  Chron. 
dos  Coneg.  Secul.  liv.  i.  cap.  41.  emprendeo 
huma  matéria  vajlijfima,  e  quaji  immenja. 
Valdeceb.  Vid.  do  V.  Fr.  JoaÕ  de  Vajcon- 
cel.  liv.  2.  cap.  26.  de  los  EJcritores  màs  injignes 
que  Portugal  hà  tenido,  de  ingénua  verdad,  y 
noticioja  comprehenjion.  Fr.  lofeph  de  Santo 
António.  ¥los  Sana.  Augujl.  Tom.  i. 
pag,  39.  col.  2.  e  pag.  685.  col.  i.  Jamojo. 
Huerta  Vid.  de  S.  Ped.  de  Alcant.  liv.  3. 
cap.  21.  muy  devoto  y  diligente  hijloriador.  Bar- 
bofa  Cathal.  das  Kaynh.  de  Portug.  p.  145. 
digno  de  toda  a  ejlimaçaõ  pela  immenja  varie- 
dade de  Jeus  efiudos  Cordeiro  H//?.  Injulan. 
liv.  6.  cap.  41.  §.  413  eruditijfimo.  Fr.  Daniel 
a  Virg.  Mar.  Specul.  Carmelit.  Tom.  2.  part.  4. 
p.  407.  n.  1458.  e  cap.  3.  p.  411.  n.  1475. 
diligentijftmus.  Mariz,  e  Faria  Vid.  de  S. 
loaõ  Marcos  p.  120.  cuja  eruditijjtma  obra 
com  a  devida  veneração  corre  em  toda  a  Eu- 
ropa. Fr.  loaõ  do  Sacramento  Chron.  dos 
Carm.  Dejc.  da  Prov.  de  Portug.  Tom. 
2.  liv.  4.  cap.  34.  §.  264.  diligente.  Souza 
Cathal.  dos  Bijp.  do  Funchal,  fallando  de 
D.  Fr.  Fernando  de  Távora  lhe  chama 
injigne.  Leytaõ  Ferreira.  Not.  Chronol.  da 
Univ.  de  Coimb.  p.  531,  n.  1141.  EJcritor  dili- 
gentijftmo.  Pedro  Lobo  Corrêa  Prolog,  da  Vid. 
do  V.  Greg.  Lope^-  Para  vôjos  Portuguev^es 
de  Jelit^  recordação  pois  Joy  verdadeiramente  aman- 
te da  pátria,  e  Jingular  invejligador  dos  Santos, 
e  Varoens  illujkes  que  nejle  nojjo  Reyno  Jlorece- 
raõ  com  virtudes,  e  JrtiãiJicaraÕ  com  exemplos. 
Compoz 

Agiologio  Ijifitano  dos  Santos,  e  Va- 
roens illujlres  em  virtude  do  Keyno  de  Por- 
tugal,   e  Juas    ConquiJlas.    Tomo    i.    que   com- 


prehende  os  dous  primeiros  me!(es  Janeiro,  e  Fe- 
vereiro com  Jeus  Commentarios.  Lisboa  na 
Officina    Craesbeeckiana.    1652.    foi. 

Tomo  2.  qfíe  comprehende  os  dous  me- 
:ies  de  Março,  e  Abril  com  Jeus  Commen- 
tarios. Lisboa  por  Henrique  Valente  de 
Oliveira.  1657.  foi. 

Tomo  3,  que  comprehende  os  dous  me- 
rcês de  Mayo,  e  lunho,  com  Jeus  Commentarios. 
Lisboa  por  António  Crasbeeck  de  Mello, 
1666.  foi. 

Officio     menor     dos     Santos     de     Portugal"  \ 
tirado    de    Breviários,    e    memorias   dejle    Keyno. 
Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck.    1629.   24. 

KelaçaÕ  da  Fundação  do  Convento 
Madre  de  Deos  de  religiojas  Francijcanas  JiA 
tuado  Jora  dos  muros  de  Lisboa  e  das  gra-^ 
ças,  e  privilégios  que  lhe  concederão  os  Sum-, 
mos  Pontijices.  Lisboa  1629.  4.  De 
obra  faz  memoria  no  i.  Tom.  do  Affol\ 
Ijijit.  no  Comment.  de  7  de  Fevereiro 
pag.  375.  col.  2. 

Officium    parvum    de    Corona    Spinea    Do 
mini  in  ujum  privatorum.    Deíla  obra  faz  prc 
mefla  no  3.  Tom.  do  Agiol.  lai/it.  no  Com- 
ment. de  4  de  Mayo  p.  71. 

Santuários  de  Portugal,  e  das  milag 
Jas  Imagens  de  NoJJa  Senhora  apparec 
neJle  Keyno.  M.  S.  Deíla  obra  faz  men- 
ção em  diverfas  partes  do  Agiologio 
Jitano  como  faõ  em  o  Comment.  do  pri-i 
meiro  de  laneiro  letr.  F.  pag.  9.  e  Com- 
ment. de  6.  de  laneiro  letra  D.  p.  62J 
e  no  Comment.  de  7  de  laneiro  letr.  L." 
p.  75.  e  no  Tomo  2.  Comment.  de  Março, 
letr.  L.  pag.  296.  col.  2.  e  no  Comment. 
de  26  de  Março  letr.  D.  p.  319.  col.  2.  e  no 
Tomo  3.  Comment.  de  30  de  Mayo  letra  B. 
pag.  466.  col.  2. 

Tiaras  Ijijitanas.  M.  S.  Defta  obra  faz 
repetida  memoria  no  Tom.  i.  do  Agiol.  Ltijit. 
Comment.  de  2  de  laneiro  letra.  D.  p.  17. 
col.  I.  no  Tom.  2.  Comment.  de  2  de  Mar- 
ço letr.  A.  p.  24.  col.  i.  e  no  Comment.  de  9 
e  12  de  Março  p.  iij.  e  151.  no  Comment. 
de  29  de  Abril  letr.  D.  p.  761.  col.  2.  e  no 
Tomo  3.  Comment.  de  5  de  Mayo  letr.  A. 
p.  84.  col.  2.  no  Comment.  de  10  de  Mayo 
letr.  H.  p.  160.  col.  2.  c  no  Comment.  do 
1.  de  lunho  letr.  B.  p.  496.  col.   2.     DcíU 


L  USITAN  A, 


8oi 


obra  fe  lembra  o  P.  António  de  Macedo 
Lufif.  Inful.  et  Purpurai,  p.  6i.  94.  e  115. 
Bibliotheca  iMpana.  M.  S.  a  qual  vio 
Nicolao  António  como  efcreve  na  Wih.  Vet. 
Hifp.  lib.  9.  cap.  4.  §.  201.  e  delia  faz  men- 
ção repetidamente  como  fe  pode  ver  no 
Tom.  I.  do  Agiol.  l^ufit.  Comment.  de  5 
de  laneiro  letr.  A.  p.  24.  col.  i.  e  no  Q)m- 
ment.  de  21  de  laneiro  letr.  I.  p.  214.  col.  i. 
e  no  Tom.  3.  Comment.  de  4  de  Mayo  letr.  I. 
p.  74.  col.  2.  onde  efcreve  que  loaõ  Soa- 
res de  Brito,  e  o  Licenciado  loaõ  Franco 
Barreto  tinhaõ  emprendido  o  mefmo  argu- 
mento. 


Fr.  lORGE  DE  CARVALHO  natu- 
ral de  Lisboa  filho  de  Sebaíliaõ  de  Carva- 
lho Dezembargador  do  Paço  inftituidor  do 
Morgado  de  Sernacelhe,  e  de  D.  Maria  de 
Braga,  e  Figueiredo  filha  herdeira  de  lorge 
Alvares  de  Figueiredo,  e  de  D.  Izabel  de 
Braga.  Ainda  contava  poucos  annos  quan- 
do com  madura  refoluçaõ  deixou  o  feculo, 
e  abraçou  o  inílituto  monaftico  do  Prínci- 
pe dos  Patriarchas  S.  Bento  em  o  Conven- 
to de  Tibaens  cabeça  da  Congregação  Be- 
nediâina  neíle  Reyno  a  13  de  Fevereiro 
de  1623.  merecendo  pela  fua  literatura  rece- 
ber o  gráo  de  Doutor  Theologo  em  a  Uni- 
verfidade  de  Coimbra,  e  fer  Qualificador 
do  Santo  Officio,  e  pela  fua  prudência  admi- 
niílrar  as  Abbadias  dos  Conventos  do  Porto, 
Santarém,  S.  Miguel  de  Refoyos,  e  do  Col- 
legio  de  N.  Senhora  da  Eftrella  em  a  Corte 
de  Lisboa.  Foy  dos  celebres  Oradores 
Evangélicos  do  feu  tempo  pregando  em  os 
púlpitos  mais  authorizados  onde  a  fua  graça 
natural  que  nunca  degenerou  em  pueril 
conciliava  a  atenção  dos  ouvintes.  Falleceo 
no  Collegio  da  Eftrella  a  22  de  Outubro 
de  1677.    Publicou 

Sermão  da  publicação  da  Bulia  da  Santa 
Cruzada.  Lisboa  por  Manoel  da  Sylva. 
1639.  4. 

Sermão  no  dia,  em  que  Sua  Magejla- 
de  mandou  expor  o  Santijftmo  no  Convento 
de  S.  Bento  de  Lisboa  pela  jornada  do  Alen- 
tejo. Lisboa  por  Domingos  Lopes  Roza. 
1643.  4. 

51 


Sermão  de  Santa  Anna  em  o  feu  Mof- 
teiro  de  Lisboa  profejfando  Sor  Anna  Afaria. 
Lisboa  por  Lourenço   de  Anvers.    1646.   4. 

Sermão  de  S.  Paulo  primeiro  Ermitão  pre- 
gado no  feu  Convento  de  Lisboa.  Ibi  na  Offi- 
cina    Crasbeeckian.    1653.    4. 

Três  Sermoens  das  Almas  do  Purgatório. 
Lisboa   por  loaõ   da   Cofta.    1662.   4. 

Vida  do  Conde  Duque  efcrila  pelo  Mar- 
quei::^ Virgilio  Maluef(t(i.  Dedicada  ao  Prín- 
cipe D.  Theodo^io,  Lisboa  por  Manoel 
Gomez  de  CatA^alho.  1650.  8.  He  tra- 
dução da  lingua  Italiana  em  a  materna 
da  qual  faz  memoria  D.  luan  Yanes 
Prolog,  às  Memor.  para  a  Hiftoria  de  Filippe. 
in.  pag.  18. 

Solliloquios  em  que  hum  pecador  arre- 
pendido falia  com  Deos;  difpofçoens  para 
bem  fe  confejfar,  indujlrias  para  bem  mor- 
rer. Acharaõfe  em  o  Efcritorio  do  Se- 
nhor D.  António  Príncipe  Portugm^  efcri- 
tos  da  fua  própria  letra  na  lingua  latina 
com  tradição  que  era  obra  de  feu  grande 
juiv^o ,  e  confiffoens  feitas  pelo  seu  grande 
arrependimento  agora  tradut^idas,  e  pouco 
acrecentadas  para  milhor  cadencia  da  lin- 
gua PortugNet^a.  Lisboa  por  Paulo  Craes- 
beeck.  16^3.  12.  Dedicados  a  D.  Ma- 
riana Tozefa  da  Sylva  filha  de  Francifco 
de  Sà,  e  Menezes,  e  de  fua  mulher  D.  Marga- 
rida da  Sylva. 

Kelaçaõ  verdadeira  dos  fucejfos  do  Conde 
de  Cajlelmelhor  loaÕ  Rodrip/ez  de  Sou^a 
pre^o  em  Carthagena  de  Índias.  Lisboa  por 
Domingos  Lopes  Rofa.  1642.  Sahio  fem  o 
feu  nome. 

Commento  fobre  as  palavras  que  he  tra- 
dição, dijfe  Chrijlo  Senhor  noffo  ao  pri- 
meiro Rey  de  Portugal  D.  Affonfo  Hen- 
rique^, Svidido  em  finco  Capitulos  para 
proveito  dos  Pregadores,  divertimento  dos 
Cortet^aem,  comodidade  do  Reyno,  e  re- 
formação dos  cufiumes.  Dedicado  ao  Aíef- 
tre  Fr.  Pedro  de  Souza  Doutor  pela 
Univerfidade  de  Coimbra,  e  aéhial  Ge- 
ral da  Ordem  de  S.  Bento.  Eftava  com 
todas  as  licenças  prompto  para  a  Impref- 
faõ. 

Sermoens  de  Santos.  M.  S.  4. 

Sermoens  de  Quarefma.   2.    Tom.  M.   S.  4. 


802 


BIBLIO  THE  C  A 


Delle  faz  memoria  loan.  Soar.  de  Brit.  Theatr. 
L.ujit.    Utter.    lit.    G.    n.    37. 

Fr.  lORGE  DE  CASTRO  natural 
do  lugar  de  Penedono  do  Bifpado  de  La- 
mego filho  de  nobres  progenitores  quais  fo- 
raõ  loaõ  Ribeiro  de  Afonceca  morgado 
da  Salgoza,  e  Izabel  de  Mefquita.  Para 
augmentar  mayor  brazaõ  à  fua  caza  fe  adop- 
tou por  alumno  da  clariíTima  Ordem  dos 
Pregadores  em  o  Convento  de  Azeitão  a 
5  de  Mayo  de  1634.  Com  tanta  fubtileza 
penetrou  as  dificuldades  Theologicas  que 
competio  com  feu  Meílre  o  grande  Fr.  Do- 
mingos de  Santo  Thomaz  de  quem  fe  fez 
em  feu  lugar  merecida  lembrança,  bailan- 
do eíle  difcipulo  para  immortal  aplauzo 
do  feu  magifterio.  Admetido  a  CoUegial 
do  CoUegio  de  Santo  Thomaz  em  Coim- 
bra a  16  de  Fevereiro  de  1642.  diftou  as  fcien- 
cias  feveras  com  admiração  dos  Cathedraticos 
da  Academia  Conimbricenfe  até  que  jubi- 
lou em  a  Sagrada  Theologia.  A  prudên- 
cia do  juizo  o  elevou  a  governar  o  Convento 
de  Aveiro,  e  o  Collegio  de  Coimbra,  e  a 
Provincial  eleito  no  anno  de  1675.  A  reâii- 
daõ  do  animo  o  habilitou  para  Deputado 
da  Inquifiçaõ  de  Évora  provido  a  24  de  Se- 
tembro de  1674.  donde  brevemente  paíTou 
com  o  mefmo  minifterio  para  Lisboa.  Reti- 
rado à  fua  pátria  para  experimentar  clima 
mais  benigno  aos  achaques  que  padecia  o 
nomeou  o  lUuftriíTimo  Inquifidor  Geral  D. 
VeriíTimo  de  Lancaftro,  Deputado  do  Con- 
felho  Geral  que  vagara  pela  promoção  do 
Meftre  Fr.  Valério  de  S.  Raymundo  ao 
Bifpado  de  Elvas,  de  cujo  honorifico  lu- 
gar naõ  tomou  poíle  impedido  pela  morte 
que  o  privou  da  vida  a  21  de  Setembro 
de  1685.  Delle  faz  memoria  Fr.  Pedro  Mon- 
teiro Clauft.  Dom.  Tom.  3.  p.  225.  onde 
com  erro  manifefto  efcreve  que  recebera 
o  habito  em  o  Convento  de  Almada  a  16 
de  Abril  de  1679.  quando  elle  em  1675. 
era  Provincial,  e  certamente  o  recebeo  em 
Azeitão  no  dia,  e  anno  aíTima  efcritos  como 
confta  do  aíTento  que  fc  me  remeteo  defte 
Convento.    Publicou 

Sermão  nas  exéquias  do  Excellentijftmo, 
e    Kevereadijftmo    Senhor    D,    Pedro    de    Lan- 


caftro  Duque  de  Aveyro  Inquifidor  Geral  pre- 
gado no  Convento  da  Arrábida  cabeça  da- 
quella  Provinda  de  que  faò  Padrotiros,  e  tem 
ja^jgo  os  Senhores  Duques  de  Aveiro  em  25 
de  Mayo  de  1673.  Lisboa  por  loaõ  da  Cofta 
1673.  4. 

lORGE  COELHO  (a  quem  duvido- 
famente  faz  natural  de  Lisboa  loaõ  Soa- 
res de  Brito  Theatr.  L.ufit.  Utter.  lit.  G. 
n.  38.  foy  filho  do  Capitão  Nicolao  Coe- 
lho companheiro  em  o  defcubrimento  da 
índia  Oriental  do  clariíTimo  Argonauta  D. 
Vafco  da  Gama,  e  irmaõ  de  Francifco  Coe- 
lho Eftribeiro  mór  da  Raynha  D.  Cathe- 
rina  conforte  delRey  D.  loaõ  o  IIL  En- 
tre os  profeíTores  das  letras  humanas  mereceo 
no  feu  tempo  a  primazia  aífim  na  elegân- 
cia da  Poética,  e  eloquência  da  Oratória, 
como  na  intelligencia  das  linguas  Grega, 
e  Latina  fendo  difcipulo  da  primeira  de 
Nicoláo  Clenardo,  e  Meftre  da  fegunda  do 
Conde  do  Vimiofo  D.  Aífonfo  de  Portugal, 
que  fahio  taõ  confumado  nefte  mageftozo 
idioma  que  recebeo  muitas  cartas  de  Jeró- 
nimo Oforio  Cicero  Portuguez  às  quais 
refpondia  com  igual  pureza,  e  gravidade. 
Venerado  por  Oráculo  das  fciencias  ame- 
nas paíTou  à  Univerfidade  de  Salamanca 
eftudar  as  feveras,  e  foraõ  taõ  gloriofos  os 
progreíTos  da  fua  aplicação  que  em  premio 
delia  recebeo  o  gráo  de  Doutor  em  Di- 
reito Pontificio.  Voltando  a  Portugal  co- 
mo o  Cardial  Infante  ocupaíTe  nefte  tempo 
a  Cadeira  Primacial  de  Braga  atendendo 
á  qualidade  da  fua  peíToa  que  fe  fazia  mais 
recomendável  pela  integridade  dos  cuftu- 
mes,  e  vaftidaõ  de  Letras  o  nomeou  feu  Se- 
cretario cujo  lugar  confervou  quando  aquellc 
Príncipe  paíTou  para  Metropolitano  de  Évora 
conftituindo  -  o  feu  Procurador  no  anno 
de  1546.  para  approvar  pelo  Núncio  Apof- 
tolico  loaõ  Bifpo  Sipontino  os  Eftatutos 
que  reformara,  e  acrecentara  para  o  feu  Cab- 
bido  Eborenfe.  Crecendo  com  o  tempo 
o  afeóVo  que  lhe  tinha  efte  Príncipe  lhe  deu 
o  Priorado  do  Convento  de  S.  lorge  de 
Cónegos  Regrantes  fituado  junto  da  Cidade 
de  Coimbra  do  qual  era  Commendatario. 
Nefta  dignidade   moftrou   o  talento  de  que 


L  USITAN A, 


8o3 


a     natureza     o     dotara    augmentando     com 
vários    edifícios    ao    Convento,    que    deze- 
jou    fe     uniiTe     à     Congregação     de     Santa 
Cruz     de     Coimbra    por    carta    efcrita    ao 
Capitulo   celebrado  a  4  de  Mayo   de    1557. 
cujos    dezejos    naõ    tiveraõ    effeito    por    fal- 
ta do  confentimento  do  Cardial  D.   Henri- 
que.    Falleceo  a   28   de  Agofto   de    1563.   e 
jaz    fepultado    em   fepultura    raza   no    meyo 
da   Capella    mòr   do   Moíleiro    de    que   fora 
digno    Prior.     Delle    fazem    honorifica    me- 
moria os  mais  celebres  Humaniftas,  e  graves 
Efcritores  do  feu  tempo  como  faõ  André  de 
Refende  in  Anmtat.  lib.  2.  S.  Vicent.  n.  48. 
iMJitania    nofira    ornamento,   jive   poeticam   fa- 
cultatem,   Jive    Ciceroniana    Orationis   eemuhtio- 
nem  fpeães.   Hyeron.    Cardof.    Epiji.  epift.  6. 
Ljifitania   nofircB   decus.    loan.    Vafaeus    Chron. 
Hifpan.    cap.    6.    non    carmine    tantum    Kefen- 
dio  rivalis,  fed  et  oratoriis  laudibus  adeò   bene 
percultus,     ut    paucos    credam    tam    prope    ad 
puritatem     accedere     Ciceronis;     certe     Ifocr ati- 
çam   jucunditatem ,    lenifatemque    fie    refert    ut 
parem    non    viderim.    e    cap.     i.      Vir    omtn- 
biis    bonarum   artium  fiudiis   omatijftmus.    Gaf- 
par     Barreiros     na     Dedicatória,     que     lhe 
fez    em    Évora    a    28    de    Abril    de    1553. 
à  Oraçaõ,  que  recitou  em  prezença  de  Xif- 
to  IV.  o  Bifpo  de  Évora  D.  Garcia  de  Me- 
nezes   efcreve    o    feguinte    Elogio,    que    fez 
a    Jorge    Coelho    o    Cardeal    Sadoleto.     In 
quibiís    tu   primítm    Coeli    doãifftme    occurrifii, 
díxit   enim    legijje  fe   nonnulla    ingenii   tui   mo- 
mimenta    qtia    Htteris    mandaveras    in    utraque, 
&    Oratória,    e>*    Poética   facultate,    praclara 
illa    quidem,     <&     qua    acumen    ingenii,    fum- 
mum  judicium,    optimam    verborutn    elecHonem, 
gravem,   (ò"  Jplendidam   diãionis  formam,   deni- 
que      eruditionis,      (&      doãrina,      caterarumque 
rerum    praftantiam    pra    fe     ferrent.     Nicol. 
Ant.   Bib.  Hifp.   Tom.    i.   pag.   411.   col.    2. 
propter    eximiam    Latina    lingua,    (ò"  humani- 
tatis     eruditionem    gratus     Henrico    Portugal/ia 
In/anti,     Patrique     Ecc/efia    purpurato.     Joan. 
Soar.    de    Brito.     Theatr.    l^fit.    Utter.    lit. 
G.     n.     38.     in    humanioribus    Htteris    exíul- 
tus.  Nicol.  de  S.  Mar.  Chron.  dos  Coneg.  Reg. 
liv.    8.    cap.    15.    n.    14.    de   gentil   engenho, 
grande    Humanifia,    e    Poeta    Latino    Cardofo 
Agiol.  Ijifit.  Tom.  2.  pag.  667.  no  Comment. 


de  21  de  Abril.  letr.  D.  e  Leytaõ  No/.  Chro- 
nol.  da  Univ.  de  Coimb.  pag.  546.  §.  11 69. 
infigte  Poeta.  Achil.   Stat.  Sylv. 

Coeli  nofier  amor,   Coeli  doãiffime  vatum 
Coeli,    (ò"    eloquio    multum    laudande   forenfi. 
Hyeron.    Cardof.    Elevar,    lib.    z.    Eleg.    ad 
ipfum. 

Nam    vel    ingenium    mibi,    vel    mens    ejfet 
Homeri 
Non  pojfem  numeris  par  retulijfe  tiíis. 
Quis    tibi  credo   nove  pariter  diãaffe  puellas 
Incolere    Aonium,     quis    Helicona    ferunt: 
£/    Vénus    ipfa  fuo    tepejecit  peãore   pofi- 
quàm 

Traãavit  nati  dextra  proterua  fui. 
Quin    etiam    tanto    Charites  fparfere    lepore 
Quantum    Nafo    tuis    cemimus    ejfe   jocis. 
Eleg.  13. 

De  tuis  tandem  numeris,  quod  ipfe 
Senferim  dicam:  mihi  nempe  vifus 
Dum  tuos  legi  números  Horati 

Volvere  doai. 
Alter  Alcaus  fore  mi  videris 
Si  dm  lufús  genus  hoc  fequére 
Et  ttás  cedet  numeris,  <Ò'  arti 

Lésbia  Sapho. 
Dives  es  certe  tibi  vena  puros 
Qui  tot  effundit  latices,  nec  unquàm 
Aret,  (ò*  multúm  licet  ufque  demas 
Plenior  exit. 
Petrus    Sanches    Epifi.    ad   Ignat.    Moralium. 
Calius   infurgit   qui   carmine  fchemate    multo 
Micans  verborum  tentat  candore  referre 
Illum,  qui  duri  per  tot  dif crimina  Martis 
Traxit  in   Emathiam  foceri,  generique  furo- 
res. 
Compoz. 

Serenijfmi  Principis  D.  Alphonfi  Portu- 
gallia  Infantis  Confecratio.  Elegia  ad  Virgi- 
nem  Deiparam  de  Chrifio  moriente  Conimbricas 
in  Caenobio  Sanftae  Cruds.  1536.  4. 

De  Patientia  Chriftiana  liber  mus.  De- 
dicado ao  SereniíTimo  D.  Henrique  In- 
fante de  Portugal,  e  Arcebifpo  de  Bra- 
ga. Coníla  eíle  livro  além  do  tratado  af- 
íima  efcrito  das  feguintes  obras  poéti- 
cas. Lamentatio  D.  Maria  Magdalena  aã 
Domini  nofiri  JESU  Chrifii  fepulchrum. 
Cármen     Heroicum     ad     Ludovicum     Infantem 


8o4 


BIBLIO  THE  CA 


Vortugallia  de  fimulachro  Virginis  Deipara 
ab  ipfo  in  direptione  Urbis  Tmetis  reperto. 
Nonnulla  Epigrammafa.  VWoria  'Lãifitano- 
rum  adverfus  Turcas  carmine  heróico.  Hle- 
ffa  in  obitum  Alphonfi  Cardinalis  Infantis 
Portugallia.  Conqueftio  Virginis  Deipara  cum 
Domini  nojlri  JESU  Chrijli  Corpus  de  Cruce 
depofituni  eft.  carmine  heróico.  L.uciani  de 
Dea  Syria  liber  unus  eodem  authore  inter- 
prete cum  prafatione  ejujdem  carmine  he- 
róico ad  Henricum  Infantem  Vortugallia  Ar- 
chiepijcopum  Bracharenfem.  No  fim  tem  eftas 
palavras.  Excufum  ejl  hoc  opus  nunc  primam 
editum,  <i>'  emendatum  compojititm  a  Georgio 
Coelho  h.ufitano  nobili  viro,  ac  Keverendijfimi 
Domini,  Excellentijftmique  Principis  Henrici  In- 
fantis Portugallia  Archiepifcopi  Bracharenfis,  €>* 
Hifpaniarum  Primatis  à  Secretis.  Apud  Lu- 
doiicum  Khotorigum  Typographum,  Bibliopolamque 
Kegium.  Anno  ã  Virgíneo  pariu  AI.D.XL. 

Lamentatio  in  Pajpone  Domini  Noflri  J.  C. 
heróico  carmine.  Epigrammata  in  mortem 
Joannis  III.  (ò*  Epiflola  heróica  ad  Nicolaum 
Clenardum.  OlyíTipone  apud  Joannem  Bla- 
vium.  1557.  4. 

In    laudem    D.    Georgii    Martyris,    Poema. 

Começa. 

hjifiadum  Patrone  potens,  qui  fanguine 
fufo. 

G)nferva-fe  efcrito  em  o  Coro  do  Mof- 
teiro  de  S.  Jorge  do  qual  fora  Prior,  como 
affirma  D.  Nicol.  de  Santa  Maria  Chron. 
dos  Coneg.  Keg.  liv.  8.  cap.  15.  n.  15. 

Epigramma   in   Laudem   Ferdinandi  Soares. 

Começa. 

Plurima,  qua  paucis  qiuerit  comprehendere 
chartis. 

Sahio  impreíTo  no  principio  de  Gra- 
mática latina  defte  Author.  Eborae  apud 
Andracam    Burgenfem.     1572.    8. 

Epiflola  Latina  in  Laudem  Antimoria 
Arii  Barbofa. 

Sahio  impreíTa  no  principio  dcíla  obra 
Conimbricx  apud  Cacnobium  San£fcc  Cru- 
cis.  1536.  8. 

Clarijftmo  Viro  Damiano  a  Góes  S.  P. 
D.  Epiflola  data  Olyftpone  7.  Calend.  Sept. 
1540. 

Clariffimo    Viro    Damiano   á   Góes   S.    P. 


D.  Epiflola  data  Olyftpone  Idibus  Decembris. 
1541. 

Eftas  duas  Cartas  Latinas  fe  imprimi- 
rão com  as  obras  de  Damiaõ  de  Gocs.  Lo- 
vanii  ex  Officina  Rutgeri  Refcii.  1J44.  4. 
onde  as  vimos. 

Vida  do  Senhor  D.  Duarte  filho  natural 
delRey  D.  Joaõ  o  III.  foi.  M.  S.  Começa. 
Poflo  que  nefla  vida.  Acaba,  e  a  nhs  deixou 
nefle  valle  de  lagrimas.  Conferva-fe  na  Bibliothc- 
ca  do  ExcellentiíTimo  Marquez  de  Gouvea, 
e  delia  vimos  hum  exemplar. 

Fr.  lORGE  DA  CONCEIÇÃO  na- 
tural da  Cidade  de  Goa  onde  recebeo  o 
habito  de  Erimita  Auguftiniano.  Foy  taõ 
verfado  na  Oratória  Eccleíiaftica  como 
nas  efpeculaçoens  Theologicas  merecendo 
aplauzos  de  bom  pregador,  e  grande 
Letrado.  Falleceo  na  pátria  a  29  de  Junho 
de  1726.    Compoz. 

Sermão  das  Sacratijfimas  Chagas  de  Chrifio 
Senhor  Nojfo  com  a  circunflancia  de  ferem  as  armas 
de  Portugal;  pregado  na  fua  Igreja  da  Kibeyra 
em  Goa  na  fefla  annual,  que  em  dia  da  Exalta- 
ção da  Cru:^  lhe  fets^  o  Vedor  Geral  da  Fazett' 
da  daquelle  Eflado  fendo  o  anualmente  JoaÕ  Rth 
drigue^  da  Cofia.  Lisboa  por  António  Pe- 
drozo  Galraõ.  1719.  4. 

Orthodoxa      veritatis      libella,      Auguflin 
na     Doãrina     Vindicia.      Eftava     no     annl 
de   1724.  com  todas  as  licenças  para  a  Ii 
preíTaõ. 

P.  lORGE  DA  COSTA  natural 
Villa  de  Azeitão  do  Patriarchado  de  Lií 
boa  filho  de  António  Coelho,  e  Izabel 
Carvalhal.  Na  juvenil  idade  de  quinze  annc 
recebeo  a  roupeta  da  Companhia  de  Ief« 
em  o  Noviciado  de  Lisboa  a  4  de  Ma] 
de  1626.  e  tal  foy  o  progreflb  que  o  fc 
agudo  engenho  fez  em  as  fciencias  ai 
nas,  e  fevcras  que  diélou  Rhctorica  ei 
Coimbra,  e  Filofofia,  e  Sagrada  Efcritura 
em  a  Univerfidade  de  Évora  até  receber 
o  gráo  de  Doutor  em  Theologia  a  25  de 
Novembro  de  1653.  em  a  mefma  Univer- 
fidade. Depois  de  fer  Reytor  do  Collegi(Hi 
de  Setuval,  e  Propozito  da  Caza  profeíli^ 
de  Villaviçofa  foy  mandado  com  o  lugar  de 


L  US  ITAN  A. 


8o5 


Procurador  a  Roma  donde  voltando  a  Por- 
tugal todo  o  feu  difvelo  empregou  no  fo- 
corro  dos  pobres,  e  converfaõ  dos  here- 
ges. Teve  grande  talento  para  o  púlpito 
cujo  miniílerio  exercitou  para  beneficio  das 
almas.  Falleceo  na  Caza  profeíTa  de  S.  Ro- 
que a  25  de  Abril  de  1688.  com  67  annos 
de  idade,  e  52  de  Companhia.  Delle  fazem 
memoria  Bih.  Societ.  p.  286.  col.  i.  loan. 
Soar.  de  Brito  Theaír.  'Lufit.  'Litter.  lit.  G. 
n.  39.  Franco  Imag.  da  Virt.  do  Noviciado 
de  I^ishoa.  p.  970.  et  in  Annalib.  S.  I.  in  Ijifit. 
p.  383.  n.  8,  Fonceca  EAfora  Glor.  p.  433. 
Publicou 

Sermão  da  CircumcifaÕ  do  Senhor  myjle- 
riofa  alkgoria  a  Portugal  refgatado.  Lisboa 
por  Lourenço  de  Anvers  1643.  4.  &  ibi  por 
António  Rodrigues  de  Abreu.   1675.  4. 

Sermão  do  lubileo  geral  concedido  pelo  muito 
Santo  Padre  Innocencio  X  na  Sé  de  Évora.  Tra- 
ta/e engenhofamente  como  ejles  favores  da  mife- 
ricordia  de  Roma  faõ  para  Portugal  empenhos 
da  declaração  da  Jua  jujiiça.  Lisboa  por  Lou- 
renço de  Anvers.  1645.  4. 

Eloffum  Ludovico  XIII.  cogtomento  lujlo  Gal- 
lia,  <ò°  Navarra  Regi  augujlo,  invião,  immortali 
conjecratum.  Conimbriae  apud  Emmanuelem 
Girvalho  Academiae  Typ.  1647.  4. 


Fr.  lORGE  COTRIM  natural  de  Lis- 
boa onde  teve  por  Pays  a  Manoel  Cotrim, 
e  Sebaíliana  Pinheira.  No  Convento  pa- 
tiio  de  NoíTa  Senhora  do  Monte  do  Car- 
mo recebeo  o  habito  a  6  de  laneiro  de  1620. 
e  a  10  do  dito  mez  do  anno  feguinte  pro- 
feflbu  folemnemente.  Completos  os  eítu- 
dos  efcholaíHcos  com  aplauzo  do  feu 
talento  ocupou  os  mais  honorificos  luga- 
res devidos  à  madureza  do  feu  juizo,  como 
foraõ  fer  Prior  dos  Conventos  de  S.  Ro- 
mão, Setuval,  e  Lisboa,  terceiro  Definidor, 
Cuílodio  da  Provinda,  e  ultimamente 
Provincial  por  motu  próprio  de  Alexandre 
Vil.  que  começou  a  exercitar  em  o  pri- 
meiro de  Mayo  de  1667.  Sendo  Prior  do 
Convento  de  Lisboa  celebrou  com  magni- 
fica pompa  pelo  efpaço  de  8  dias  a  cano- 
nização da  extática  Virgem  Santa  Maria 
Magdalena    de    Pazzi    prodigiofa    flor    que 


brotando  em  Florença  fe  trefplantou  ao» 
Monte  Carmelo  para  o  coroar  de  fazona- 
dos  frutos  de  fantidade  a  cujo  fagrado  aplau- 
zo deu  principio  a  29  de  Setembro  de  1669.. 
e  fe  terminou  com  hum  foberbo  triumfo' 
que  em  vários  carros  reprezentavaõ  as  açoens. 
da  vida  defta  Seráfica  Virgem.  Com  in- 
canfavel  difvelo  dedicou  a  mayor  parte  do 
tempo  na  inveftigaçaõ  das  antiguidades,  e 
exceUencias  da  fua  Ordem  até  que  cheya 
de  merecimentos  paíTou  de  caduco  a  eterno- 
no  Convento  de  Lisboa  em  o  anno  de  1678. 
Delle  faz  mençaõ  Fr.  Manoel  de  Sá  Me- 
mor.  Hiji.  dos  Efcrit.  do  Carm.  da  Prov.  de^ 
Portug.   cap.   65.   pag.    253.     Compoz. 

Carmelo  Lufitano.  foi.  M.  S. 

Relação  Hijlorial  Ecclejiajlica  que  con- 
tem as  Provindas,  que  no  Rejno  de  Portugal,, 
e  Jeus  Domínios  tem  as  Sagradas  Ordens,  e 
Congregaçoens,  e  fe  declara  os  Conventos  de 
cada  huma  em  particular,  ajjim  de  Frades,, 
como  de  Frejras,  e  as  Armas  de  que  cada 
huma  das  ditas  Provindas  us^a.  2.  Tom.  foL 
M.  S.  Começou  eíla  obra  no  anno  de  1677.. 
No  fim  de  2.  Tomo  trata  da  Origem  dos 
Collegios,  e  Ermidas,  que  havia  até  aquelle 
tempK)  em  a  Qdade  de  Lisboa.  Eíla  obra 
como  a  precedente  fe  confervaõ  na  Livraria 
do  Convento  de  Lisboa. 

Das  Armas  da  Nobreza  defle  Reyno.  M.  S.^ 
Efte  livro  fe  deu  a  peíloa  da  primeira  con- 
dição como  efcreve  Fr.  Manoel  de  Sá  no 
lugar  aíTima  referido. 

Cathalogo  dos  Reli^ofos  que  falleceraõ  na 
Provinda  de  Portugal.  M.  S.  Efta  obra  que 
eftava  efcrita  em  Taboas  a  mandou  reduzir 
a  hum  livro  o  Provincial  Fr.  António  da 
Cimha  no  anno  de  1693.  que  foy  o  primeiro 
do  feu  Provincialado. 


lORGE  FERREYRA  DE  VASCON- 
CELLOS  natural  de  Coimbra,  ou  de 
Monte  mòr  o  Velho  Cavalleiro  profeíTo 
da  Ordem  de  Chriílo,  e  hum  dos  mais 
diftintos  criados  da  Excellentinima  Ca- 
za de  Aveyro  donde  paíTou  a  Efcrivaã 
do  Thezouro  Real,  e  da  Caza  da  índia. 
Foy  ornado  de  juizo  agudo,  erudição 
vaíla,    e    graça    natural    cujos    dotes    fiel- 


ío6 


BIB  LIO  THE  CA 


mente  exprimio  em  todas  as  fuás  compo- 
íiçoens  que  merecerão  a  admiração  dos  con- 
temporâneos, e  aplaufo  dos  vindouros.  Foy 
cazado  com  D.  Anna  de  Souto  matrona  de 
igual  nobreza  a  que  elle  herdara  dos  fcus 
mayores  de  quem  teve  a  Paulo  Ferreira 
que  na  idade  juvenil  facrificou  a  vida  na 
infeliz  batalha  de  Alcafer,  e  a  D.  Briolanja 
de  Vafconcellos  que  fe  defpozou  com  D. 
António  de  Noronha.  Falleceo  no  anno  de 
1585.  e  jáz  fepultado  com  fua  Conforte  em  o 
Cruzeiro  do  Convento  da  SantiíTima  Trindade 
defta  Corte.  Nicolao  António  Bib.  Hifp.  Tom. 
I.  pag.  412.  col.  I.  urbanitate  vir  ac  dijertis 
Jalibus  fuo  tempore  in  pretio  habitus.  loan.  Soar. 
de  Brit.  Theatr.  LmJíí.  Uter.  Ut.  G.  n.  40. 
vir  ingenio  promptijftmo,  et  lepedijftmo.  Diogo  de 
Teyve  celebre  profeíTor  de  letras  humanas 
lhe  dedicou  o  feguinte  epigramma  em  que 
com  elegância  fumma  o  aplaude  de  nunca  ef- 
crever  o  feu  nome  nas  obras  que  compunha. 

Injcribmt  alii  morituris  nomina   Chartis 
Cumque  illis  cemunt  nomina  obire  fiia: 
Fmeribus  que  Juis  inter Jmt  vefteqm  operti 

Hac  fua  lugubri  fata  Juprema  vident. 
Tu  boné   Ferreri  viãuris  nomina   Chartis 
Non  tua  Jubjcribis,  fed  latitare  cupis. 
Fft  tibi  Jat  faclis  prodejfe  aliquando  futuris, 

Quamvis  nulla  tui  nominis  aura  fonet. 
Ni/  agis  infequitur  fugientem  fama,  fequentem 
Aufugit;    ad  fuperos   <&    volat   alta  poios. 
Compoz 

Comedia  Fuphrofina.  Lisboa  por  An- 
tónio Alvres.  161 6.  8.  Sahio  traduzida 
em  Caftelhano  por  D.  Fernando  de  Bal- 
leftcros,  y  Saavedra  Madrid  em  la  Imprenta 
Real.  1651.  12. 

Comedia  Olyjftpo.  Lisboa  por  Pedro  Cras- 
beeck.  161 8.  8. 

Comedia  Aulegrafica.  Confta  de  4  Aftos 
fahio  por  deligencia  de  feu  Genro  D.  Antó- 
nio de  Noronha.  Lisboa  por  Pedro  Cras- 
bceck.  16 19.  4.  No  fim  eftá  o  epigrama 
de  Diogo  de  Teyve  affima  cfcrito. 

Triumfos  de  Sagramor,  em  que  fe  tra- 
taõ  os  feitos  dos  Cavalleiros  da  fegunda  Ta- 
vola  Kedonda.  Deregido  ao  Príncipe  D. 
loaõ.  Coimbra  por  loaõ  Alvres  Impreflbr 
delRey  1J54.  foi. 


Memorial  das  proezas  dos  Cavalleiros  da  fe- 
gunda Tavola  redonda.  Derigido  a  ElRey  D. 
Sebaftiaõ.  Lisboa  por  loaò  Barreira.  1567. 
foi. 

Dialogo  das  grandei^as  de  Salamaõ  interlo- 
cutores Bernardo,  e  Lmíí^.  Dedicado  a  El- 
Rey D.  Sebaíliaõ  para  a  fua  inílruçaõ. 

Peregrino.  Livro  curíofo,  efcrito  no  eíHlo 
da  Ejiphrojina.  M.  S. 

Colloquio  fobre  parvos,  interlocutores  An- 
tónio, e  L///:ç.  Compoílo  no  anno  de 
1556.  em  repofta  de  huma  pregunta  que 
lhe  fez  fua  Prima  religiofa  que  couza 
era    parvoiíTe  ? 


lORGE  FREYRE  DE  ANDRADE  Ca- 

valleiro     profeíTo     da     Ordem     militar     de 
Chriílo     naceo     a     25     de     Novembro     de 
1650.    em    a    Vilia    da    Arruda    fituada    na 
diftancia    de    féis    legoas    para   o    Norte    da 
Cidade    de    Lisboa.    Foy    filho    do    Doutor 
António     Freyre    de    Andrade     Encerrabo 
des   Dezembargador   na   Relação    do    Porto, 
e    D.    Izabel    de    Noronha.   Imitando    a  feu 
Pay    no    eftudo    da    lurifprudencia    a    fre- 
quentou   na    Univerfidade   de    Coimbra  com 
tanto    difvelo    que    foy    promovido    a  exer- 
citar  os    lugares    de   luiz   de   fora   de  Cam- 
po   mayor,    e    Coimbra,    Ouvidor    do    Cam- 
po   de    Ourique,    Provedor    de    Elvas  don- 
de   paíTou    a    28    de    lunho    de    1706.    para 
Dezembargador   da    Caza   da    Suplicação,   c 
depois    a    Vereador    do    Senado   de   Lisboa 
e    luiz    Confervador    da    Caza    da    Moeda 
Foy    cazado    com    D.    Antónia    de    Caftro 
fua    príma    com     irmaã     filha     de    Vicente 
Pereira    de    Caibro    que    militou    na    índia 
com    diílinto    valor,    e    D.    Leonor    de    So- 
tomayor,    de    quem    teve    ao    Doutor    An- 
tónio    Freyre     de     Andrade     Encerrabodcs 
que   prezentemente   he   o   Decano   da   Meza 
dos  Aggravos  da  Caza  da  Supplicaçaõ,  Con- 
fervador da  Naçaõ  Franccza,  e  Académico  do 
numero  da  Academia  Real  taõ  profundo  na 
profiíTaõ  do  Direito  Cefareo,  como  verfado  na 
intelligencia  das  linguas  mais  polidas  da  Euro- 
pa, e  na  liçaõ  da  Hiíloria  Ecdefiaftica,  e  y^ 
fana.     Falleceo  em  Lisboa  a   15    de   M. 
de  1741.  quando  contava  a   provcda   idade 


LUSITANA 


807 


de  90  annos  3  mezes,  e  18  dias.  No  fauf- 
to  dia  em  q  os  SereniíTimos  Príncipes  do 
Brazil  entrarão  publicamente  nefta  Corte  os 
congratulou  em  nome  da  Qdade  de  Lis- 
boa com  a  feguinte  Oraçaõ,  que  fez  publi- 
ca  com  eíle   titulo. 

Oraçaõ  na  entrada,  que  fi^eraÕ  os  Serenijfimos 
Príncipes  do  Brat(il  os  Senhores  D.  Jo^é,  e  D.  Ma- 
ria Anna  Vitoria  em  \z  de  Fevereiro  de  1729. 
Lisboa  na  Officina  da  Muíica.  1729.  4. 

lORGE  GOMES  PEREYRA  celebre 
Doutor  de  Medecina  diftinguindo-fe  em 
diverfas  opinioens  eílabelecidas  fobre  a  pe- 
netrante agudeza  do  feu  juizo  dos  mais 
famofos  profeíTores  daquella  arte  fendo 
acérrimo  propugnador  de  naõ  ferem  os 
aoimaes  dotados  de  difcurfo,  opinião  que 
depois  feguio,  e  illuílrou  o  infigne  Filo- 
fofo,  e  excellente  Mathematico  Renato 
Defcartes  como  efcreve  Borrichio  entre 
as  Cartas  de  Thomas  Bartholino  Cent.  3. 
n.  85.  Compoz  as  feguintes  obras,  que 
intitulou  com  o  nome  de  feus  Pays  An- 
tónio,   e    Margarida. 

J^ntoniana  Margarita.  Opus  Phyjicis,  Me- 
dias ac  Theologis  utile,  <&  neceffaríum.  Medinas 
Campi  apud  Antonium  Craesbeckium.  1554. 
foi.  &  ibi  apud  Francifcum  do  Canto.  1558. 
foi.  et  Francofurti  apud  Joanam  Rodium. 
1610. 

Nova,  veraque  medecincB  Chríjliana  ratione 
comprohata  V ar s  fecunda.  Medinas  Campi  apud 
Francifcum  do  Canto.  1558.  foi.  Efta  he  Me- 
dica, como  a  I  Filofofica. 

Antoniana  Margarita  de  Immortalitate  anima. 
Medinae  Campi  apud  eumdem  Typog.   1554. 

Delle  fazem  memoria  Nicol.  Ant.  JB/^. 
tíifp.  Tom.  I.  p.  414.  col.  I.  Joan.  Soar.  de 
Brit.  Theatr.  'Uifit.  l^itter.  lit.  G.  n.  41.  Mer- 
cklinus  Linden.  Renov.  Draudius  Bih.  Clajftc. 
I  Wander-Linden  Script.  Med.  Hallevord.  Bib. 
Curiofa.  p.  103.  col.  i. 

P.  lORGE  DE  GOUVEA  natural  de 
Lisboa  donde  paíTou  ao  Oriente,  e  de- 
pois de  ter  pelo  efpaço  de  trinta  annos 
com  o  poílo  de  Soldado  feito  celebre  o 
leu  nome  com  açoens  valerofas  fe  alif- 
tou    em    outra    mais    nobre    miliria    rece- 


bendo a  roupeta  na  Companhia  de  Jefus 
em  o  anno  de  1592.  onde  fez  os  pri- 
meiros votos  a  22  de  Junho  de  1594. 
Foy  Superior  da  Reíidencia  de  Bendorá, 
e  partindo  para  Portugal  no  anno  de 
16 10.  como  Procurador  das  Províncias  da 
índia  molirou  o  zelo  do  feu  animo.  Ref- 
tituido  à  índia  havendo  exercitado  as 
obrigaçoens  de  Operário  EvangeUco  paf- 
fou  a  lograr  o  premio  dos  feus  conti- 
nuos  trabalhos  em  a  Caza  profeíTa  de 
Goa  no  anno  de  1647.  Delle  faz  memoria 
Cardofo  A^ol.  Ijíjit.  Tom.  i.  p.  254.  no 
Comment.  de  25  de  laneiro  letra  I.  Com- 
poz. 

Re/açaô  da  ditot^a  morte  de  45  Chrifiãos, 
que  em  Japaõ  morrerão  pela  confijfaõ  da  Fé  Catho- 
lica  em  Novembro  de  16 14.  tirada  de  hum  procejfo 
authentico  pelo  P.  Jorge  de  Gouvea  S.  J.  Pro- 
curador das  Provindas  Oríentaes  da  me/ma  Com- 
panhia.   Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck.  161 7.  8^ 

lORGE  HENRIQUES  natural  de  Vi- 
feu,  e  Cónego  da  Cathedral  deíla  Cidade, 
Inflamado  com  o  exemplo  de  Saõ  Theo- 
tonio  I.  Prior  de  Santa  Cruz  de  Coimbra 
de  ter  lido  na  fua  vida,  que  três  vezes 
vizitara  os  lugares,  que  o  divino  Redemp)- 
tor  fantificou  com  a  fua  prezença  fe  re- 
folveo  intentar  efta  fagrada  peregrinação, 
e  partindo  da  fua  pátria  a  3  de  Março  de 
1561.  chegou  a  Veneza  a  4  de  Julho  do 
dito  anno,  e  paíTando  a  Jofe  em  4  de 
Agofto  celebrou  a  primeira  MiíTa  no  altar 
do  Santo  Sepulchro ;  a  fegunda  no  altar  do 
Santo  Nacimento;  e  a  terceira  no  celebre 
Sanéhiario  do  Loureto;  e  depois  de  ter 
vifto  a  Gdade  de  Roma  fe  reflituhio  à  fua 
pátria  a   8    de   Janeiro   de    1562.     Efcreveu. 

Itinerarío  da  Jornada,  que  fef^  de  Vi/eu  a 
J eruf alem  até  J'e  rejlituir  ã  fua  patría.  M.  S.  He 
dividido  em  68  Capítulos.  Começa.  Fojr 
a  minha  partida  da  Cidade  de  Vifeu  er/r 
huma  fegunda  fejra  3  de  Aíarço  de  1561.  às- 
finco  horas  da  menhãa.  Parte  defta  obra  ef- 
tava  efcrita  pela  maõ  do  author,  e  a  ou- 
tea  mandou  elle  copiar  em  boa  letra  a 
qual  fe  confervava  em  poder  de  feus  pa- 
rentes como  affirma  Joaõ  Franco  Barreto  Bib, 
Portug.  M.  S.  Huma  Copia  defte  Itinerário  fe 


^o8 


BIB  LIO  THE  CA 


•conferva  M.  S.  na  Livraria  do  Convento  de 
5.  Francifco  de  Lisboa. 

lORGE  HENRIQUES  natural  da  Q- 
<lade  da  Guarda  Profeflbr  de  Medecina 
<lc  quem  fa2  memoria  Abrah.  Mercklin. 
Und.    Ketiov.     Compoz. 

De  cibo,  (ò"  potu.  Matriti  ex  Officina 
Regia    1615.    8. 

De  perfeão  Medico,  Deíla  obra  o  faz 
author  Zacuto  Lufit.  lib.  i.  de  Med.  Prin- 
^ip.   Hijl.   hift.    6.   de  dolore   Capitis. 

lORGE  HENRIQUES  MORAÕ  natu- 
ral da  Villa  de  Covilhãa  da  Comarca  da 
•Cidade  da  Guarda  em  a  Provinda  da 
Beyra,  iníigne  Medico,  e  muito  perito 
nas    letras    humanas,    e    divinas.     Compoz. 

Kegimento  politico  dei  homhre  en  edad  florecien- 
te;  reprev^entalo  la  ociojidad  afliãa  a  la  juventud 
ociofa.      Lisboa  por   Joaõ   Galraõ.    1697.   4. 

Fr.  lORGE  DE  S.  JOZE'  chamado 
no  feculo  Jozè  Serraõ  filho  de  Francifco 
Serraõ  naceo  em  a  Cidade  de  Lisboa,  e 
foy  Pagem  do  Archiduque  Cardeal  Al- 
berto quando  governava  eíle  Reyno.  Mo- 
vido de  fuperior  impulfo  deixando  as  ef- 
peranças,  que  lhe  prometiaõ  os  feus  me- 
recimentos, e  a  Corte,  que  lhe  dera  o 
berço,  recebeo  o  militar,  e  religiofo  ha- 
bito dos  Mercenários  em  o  Convento  de 
Sevilha  donde  anhelando  a  mayor  aufte- 
ridade  fe  paflbu  para  os  Defcalfos  da 
mefma  fagrada  Familia  onde  exercitou  o 
feu  efpirito  em  todo  o  género  de  virtu- 
•des.  Penetrou  profundamente  os  myfterios 
<la  Theologia  Myílica  derigindo  muitas  al- 
mas ao  caminho  da  perfeição.  Teve  par- 
ticular efficacia  para  expellir  os  demónios 
<los  corpos  dos  energúmenos.  Taõ  dextra- 
mente tocava  Orgaõ,  que  foy  convidado 
com  hum  largo  eílipendio  pelo  Cabbido  da 
•Cathedral  de  Sevilha  para  nella  exercitar 
cfte  miniílerio  de  que  fe  efcuzou  com  o 
pretexto  de  nunca  fahir  do  Convento.  Foy 
Commendador  do  Convento  dei  Vifo  junto 
■de  Sevilha,  e  em  o  de  OíTuna  habitou  pe- 
lo efpaço  de  vinte  annos  onde  tolerando 
•com    heróica    conílancia    acerbas    dores    na 


ultima  infermidade  havendo  muito  tempo, 
que  eftava  tolhido  de  hum  lado  paíTou 
à  pátria  do  defcanfo  a  26  de  Outubro 
de  1636.  Delle  fe  lembraõ  Nicol.  Ant. 
Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  412.  col.  2.  e 
Fr.  Pedro  Cecilio  Annal.  de  la  Ord.  DeJ- 
calf.  de  la  Merced.  Part.  2.  liv.  3.  cap. 
29.  §.  29.  e  liv.  4.  cap.  7.  §.  I.  Com- 
poz. 

Buelo  dei  efpirito,  y  e/cala  de  perjecion.  Sevilha 
por  Andres  Grande.  1632. 

£/  Solitário  contemplativo  j  Guia  efpiri- 
tual  colegido  de  dichos  de  los  Santos.  Lis- 
boa por  Jorge  Rodrigues.  1616.  8.  Sahio 
traduzido  em  Portuguez  pelo  Padre  An- 
tónio de  Araújo.  Lisboa  por  Joaõ  Gal- 
raõ.   1678.    8. 

Vida    do     V.    António    de    S.    Pedro 
quem    foy    muitos    annos    ConfeíTor.    J2* 
nó  Jalio    a    lu:^   (faõ    palavras    de    Fr.    AnJ 
dre    de    Santo    AgoíUnho    na    Vid.    do    VJ 
Fr.    António   de   S.   Pedro   liv.   4.   cap.   15^ 
n.    98.)   por  falta   de    médios,  pêro  fe  confet 
va    Aí.    S.    en    el  archivo    de   la    Provinda 
Andaluv^a,    j    enquanto    a    lo    fubflancial 
obra    digna   dei   mucho    efpirito    de  fu   authorl 

Relação   do    que    obrou   em    commum 
ficio    no    tempo    da    pefie.     M.     S.     Grane 
parte    delia    eftá    impreíla    nos    Annal. 
la    Ord.    Defc.    de   la    Merced.    Part.    2.    lii 
3,    cap.    29.    §.    2.    compoftos    por   Fr. 
dro    de    S.    Cecilio. 

lORGE  DE  LEMOS  natural  da  Qc 
de  de  Goa  onde  pelo  talento  de  que  et 
ornado  fervio  de  Secretario  de  muitos  Vi- 
ccreys  do  Eílado.  PalTou  a  Portugal  donde  fe 
reftituhio  à  fua  pátria  com  o  Vicerey  Mathias 
de  Albuquerque  no  anno  de  1590.  defpachado 
com  o  Officio  de  EfcrivaÕ  da  Matricula,  Dellc 
fe  lembraõ  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag. 
412.  António  de  Leaõ  Bib.  Ind.  Tit.  3.  pag.  18. 
Tofcano  Paralel.  de  Varoens  infignes  cap.  39. 
e  loaõ  Soar.  de  Brito  Theatr.  "Lufit.  Utter.  lit. 
G.  n.  42.    Efcreveo. 

Hiforia  dos  Cercos,  que  em  tempo  de  António 
Moniz  ^f^f^o  Governador,  que  foy  dos  Eflados  da 
índia  os  Achens,  e  Jaós  ptn^eraò  à  Tortalev^a  dt 
Malaca  fendo  Triflaô  Vaí(^  da  Veyga  Capitão  delia. 
Lisboa  por  Manoel  da  Sylva.  1385.  4. 


L U  SITAN  A 


809 


lORGE  LUIZ  natural  de  Lisboa  Li- 
cenciado em  a  Faculdade  dos  Sagrados 
Cânones,  e  muito  perito  em  Poezia  a 
cuja  arte  o  inclinava  o  génio.  Sendo  condu- 
zida com  folemne  apparato  para  o  Gan- 
vento  do  Carmo  de  Lisboa  em  18  de 
lulho  de  1638.  a  imagem  de  Chriílo 
morto  que  fora  cativa  pelos  mouros,  e 
refgatada  de  Argel,  celebrou  eíle  fuceíTo 
com  hum  elegante  Romance  que  impri- 
mio    com    efte    titulo. 

Re/açaõ  da  Santa  Imagem  de  Cbrifio  que  v^o 
de  Argel  ao  Comento  do  Carmo  de  Lisboa.  Lisboa 
por  Pedro  Craesbeeck.  1638.  4. 

Fr.  lORGE  MAGRISSO  Erimita  Au- 
guftiniano  cujo  inftituto  profeíTou  no  Con- 
vento de  Lisboa  onde  nacera.  Paflbu  á 
Provinda  de  Flandes  fendo  incanfavel  in- 
veíligador  das  antiguidades  da  fua  Or- 
dem, e  elegante  Panegyrifta  dos  frutos 
que  tem  produzido  taõ  frondofa  arvore 
efcrevendo. 

Sttrculi  facri  pulltdantes  é  palma  primorum 
Ordinis  Erimitarum  S.  Augufiini  Martyrum. 
LeodiiapudChriílophorumOulewerx.  1628. 8. 

Vida  de  S.  loaõ  de  Sahagum  ejcrita  em  lingua 
belgica.   Tornay.  16 10. 

lORGE  DE  MENDOÇA  DA  FRAN- 
CA fidalgo  da  Caza  Real,  Cavalleiro  da 
Ordem  de  Chrifto,  Capitão  de  Cavallos 
em  as  Praças  de  Ceuta,  e  Tangere,  e  da 
Infantaria  nas  Galés  de  Efpanha  dando 
em  mar,  e  terra  gloriofos  argumentos  do 
feu  natural  valor,  e  difciplina  militar. 
Sendo  preguntado  pelo  Marquez  de  Ve- 
lada qual  era  a  qualidade  de  Muley  Ha- 
meth,  e  quanto  era  conveniente  a  fua 
amizade  a  ElRey  de  Efpanha,  refpondeo 
a  eílas  duas  preguntas  com  huma  douta 
repofta  efcrita  em  Madrid  a  16  de  Outu- 
bro de  1648.  Sahio  imprefla  em  folha  da 
qual  vimos  hum  exemplar  fem  lugar  da  ediçaõ. 
Começa 

Rejnaron  en  Berbéria  dos  bermanos.  No  fim 
tem 

Tabla  Genealógica  de  los  R^j"  de  Aíar- 
ruecos  y    F^^  y    de    toda    la    Berbéria. 


D.  lORGE  DE  MENEZES  Senhor 
de  Alconchel,  e  Fermozelhe  filho  de  D.  Pe- 
dro de  Menezes  Senhor  de  Alconchel,  e 
Fermozelhe,  e  de  D.  Maria  ^Manoel  filha 
de  D.  Bernardo  Manoel  Camareiro  mòr 
delRey  D.  Manoel.  Entre  as  Artes  que 
cultivou  com  eíhido  foy  a  Poezia  dei- 
xando  entre   muitos,   e   elegantes   Verfosos 

Sete  Pfalmos  Penitenciaes  redu^dos  a  me- 
tro Portuguet^.  Compoz  efta  obra  para  eter- 
namente teiiemimhar  o  feu  arrependimen- 
to de  ter  privado  injuílamente  da  vida  a 
hum    Clérigo    na    Villa    de    Palmella. 

Tragedia  a  la  muerte  delRiy  D.  Sebajlian.  De- 
dicada a  Filippe  Prudente. 

Foy  cazado  com  D.  Guiomar  de  Fa- 
ria filha  de  Antaõ  de  Faria  Alcayde  mór 
de  Palmella,  e  de  D.  Leonor  de  Vilhe- 
na filha  de  Sancho  de  Tovar  de  quem 
teve  a  D.  António  de  Menezes  fuceflbr 
da  Caza  que  fe  defpozou  com  D,  Ce- 
dUa  de  Mendoça  filha  de  D.  Fernando 
de  Menezes  Commendador  de  Caftello- 
branco  Embaxador  a  Roma,  e  de  D. 
Filippa   de   Mendoça. 

lORGE    DE    MONTE    MAYOR    na- 

ceo  em  a  Villa  do  feu  appellido  dif- 
tante  quatro  legoas  de  Coimbra  fituada 
nas  margens  do  faudofo  Mondego  menos 
iUuftre  pela  antiguidade  da  fua  Fundação 
que  por  fer  berço  de  Varaõ  taõ  infigne 
como  o  congratula  Francifco  de  Sà,  e  Mi- 
randa   Cart.    8. 

Vicino  à  quel  tu  monte  dò  bas  nacido 
Co^  el  ayre  de  vida,  y  dei  Mondego 
1m  clara  y  tan  fabro/a  agua  bè  bevido. 

Nos  feus  primeiros  annos  foy  dos  ce- 
lebres Cantores  da  CappeUa  Real  de  Caf- 
tella  naõ  fomente  pela  melodia  da  voz, 
mas  pela  fingularidade  do  eíHlo.  Do  Co- 
ro paUou  para  a  Campanha  em  que 
militou  por  algum  tempo  com  credito 
do  feu  valor  atè  que  preferindo  o  odo 
de  Apollo  ao  rumor  de  Marte  buf- 
cou  para  habitação  o  PamaíTo,  já  que 
outro  monte  lhe  dera  o  berço,  beben- 
do   com    taõ    larga    aâuenda    os    influxos 


8io 


BIBLIO THE  C  A 


do  furor  poético  que  fahio  hum  dos 
mais  famofos  alumnos  deíla  divina  Arte 
fendo  a  fermofura  de  huma  honefta  Da- 
ma, que  venerou  com  o  nome  de  Diana 
aíTim  como  Petrarcha  a  Laura,  e  Ca- 
moens  a  Natércia  o  argumento  das  fuás 
elegantes,  e  amorofas  expreíToens.  Com 
igual  facilidade  efcrevia  em  proza,  como 
em  verfo  por  fer  ornado  de  penetrante,  c 
fecunda  difcriçaõ.  Os  mayores  eruditos  de 
Itália,  e  Efpanha  contemplando  em  as  fuás 
obras  a  feliz  uniaõ  de  agudos  conceitos, 
e  terniíTimos  afeâos,  com  louvável  emula- 
ção as  traduzirão  em  os  feus  idiomas  adop- 
tandoo  por  eíle  modo  feu  Patrício.  Me- 
recendo pelos  íingulares  dotes  de  que  o 
ornou  a  natureza  mais  larga  vida  a  perdeo 
violentamente  no  Piemonte  a  26  de  Fevereiro 
de  1561.  Para  honorifico  epitáfio  da  fua  fe- 
pultura  fe  lhe  grave  o  feguinte  Soneto  com- 
pofto  por  Manoel  de  Faria,  e  Souza  Fuent. 
de  Aganip.  Part.  i.  Cent.  6.  Sonet.  76. 

Nacejie  Jorge  no  Venufto  monte, 

Que  o  mouro  qui:(^  fat(er  fua  Colónia, 

Adonde  te  entregou  Mufa  Meonia 

O  numerofo  Pay  de  Faetonte. 
Na  Ibéria  vivefte  da  alta  Fonte 

Que  outro  Monte  mais  pre^a  em  Trácia  Aonia; 

E  noutro  monte  da  foberba  Aujonia, 

Pajfajle  irrevocável  Acheronte. 
Pequeno  em  major  Monte  em  fim  nacefte 

Mayor  vivejle  em  Monte  mais  ufano 

E  em  Piemonte  naô  pio  fenecefie: 
De  Monte  em  Monte  andou  teu  paço  humano; 

O'  feli^  tu  fe  o  efpirito  pu^efie 

Lã  no  Monte  do  Olympo  Soberano. 

Com  femelhantes  elogios  correfpondem 
Lourenço  Gracian  Art.  de  Ingen.  difc. 
67.  ingenuofamente  afeííuofo.  Difc.  40.  fubti- 
lijjimo.  Difc.  42.  tan  ingeniofo  como  afec- 
tuofo  Maced.  Flor.  de  Efpan.  cap.  8.  ex- 
ccl.  9.  Ingeniofo  e  na  Eva,  e  Ave  Part. 
I.  cap.  26.  n.  7.  foy  dos  primeyros,  que 
cultivarão  a  lingua  Caflelhana.  Faria  Fuente. 
de  Aganip.  Part.  2.  Advert.  n.  10.  natu- 
ralmente en  la  expoficion  de  los  afeãos  amo- 
rofos  ninguno  le  excede,  y  poços  le  iffmlan 
Jccn.    Soar.    de    Brit.    Tbeatr.    Ljéfit.    Liter. 


lit.    G.    n.    43.     Vir  ingenii   celebratijjimi,    (àr 
ameenifftmi.    Nicol.    Ant.    Bib.    Hifp.    Tom. 
I.    pag.    413.     col.     I.     Exteris    nemo    alius 
quidem   notior,    aut  propter  flylum  perfpicuum, 
fuave   que   laudatior.    Sà,    e   Miranda   Cart.  8. 
Monte  mayor  que  ai  alto  dei  Pamafo 
Subifle  porque  ai  nueflro  Eufitano 
Truxieffes  dulces  aguas  dei  Pegafo. 

Diogo  Ramires  Pagan  Poeta  celebre  no  tempo 
de  Carlos  V.  R//w.   Var. 

Nueflro  Monte  mayor  dó  fue  nacido? 
En  la  Ciudad  dei  hijo  de  Eaerte. 

Y  que  parte  en  la  humana  injiable  fuerte^ 
Corte^ano,  difcreto,  y  entendido. 

Su  trato  como  fue?  como  há  vivido. 

Serviendo;  y  no  acerto  ni  ay  quien  acierte. 

Quien  tan  preflo  le  dió  taõ  cruda  muerte? 

Imbidia,y  Marte,  y  Vénus  lo  hà  movido. 
Sus  hueffos  onde  eflan}  en  Piemonte. 

Porque}  por  nó  los  dar  a  pátria  ingrata. 

Que  le  deve  fu  pátria"?  Im mortal  nombre. 
De  que}  de  larga  vena  dulce,y  grata. 

Y  en  pago  que  le  dan?    Talar  el  monte. 

Y  haura  quien  le  cultive?  no  ay  tal  hombre. 

leronimo  Sampere  o  aplaude  com  a  fe- 
guinte Profopopeya  do  Parnafo  expreíTada 
nefte  Soneto. 

Pamafo  monte  f acro,  y  celebrado, 

Mufeo  de  Poetas  deleytofo, 

Venido  ai  paragon  con  el  famofo 

Pareceme  que  ejlàs  defconfolado. 
Efioylo  con  rav^n,  pues  fe  han  pajfado 

Eas  Mufas  y  fu  coro  gloriofo 

A  ejfe  que  es  mayor  Monte  dichofo, 

En  quien  mi  fama  y  gloria  fe  há  mudado. 
Dichofa  fue  en  eflremo  fu  Diana, 

Pues  para  fer  dei  orbe  más  mirada 

Mofhró  en  el  Monte  excelfo  fu  ff-andev^a 
Alli  vive  con  gloria  foberana. 

Por  todo  el  Univerfo  celebrada 

Gov^ando    celfitud,    que    es    mas    que    alteia. 

Lopo    da    Vega    Carpio    Eaurel   de    Apollo 
Sylva  3. 

Quando  Montemayor  con  fu  Diana 
Ennoblecio  la  lengua  Caflelhana 


L  USITANA. 


8ii 


Líígar  noble  tmnera 

Mas  ja  pafó  la  edad  en  que  pudiera 

Uamarfe  el  mayor  Monte  de  Parthenio.  Com- 
poz 

Lm  Diana  primera,  y  fegunda  Parte.  Coníla 
de  Verfo.  e  Proza.  Pamplona  1578.  8.  Antuér- 
pia por  la  Viuda  de  luan  Helíio  1580.  8. 
Valença  1602.  Madrid  por  luan  Flamengo 
1602.  12.  Barcelona  1614.  8.  Lisboa  por 
Pedro  Crasbeeck.  1624.  8.  Madrid  por  Alonfo 
Martin  1622.  8.  Aífonfo  Perez  natural  de 
Salamanca,  e  profeíTor  de  Medecina  com- 
poz  a  2,  parte  da  Diana  muito  inferior 
no  artificio,  e  eíUlo  á  de  Montemayor, 
porem  Gafpar  Gil  Polo  efcreveo  a  3 
Parte  que  mereceo  geral  eftimaçaõ  a  qual 
verteo  na  lingua  Latina  Gafpar  Barthio 
celebre  Filólogo,  e  fahio  Valentias  apud 
loannem  Mey  1574.  8.  onde  promete 
traduzir  a  primeira,  e  fegunda  Parte  de 
lorge  de  Montemayor  cuja  primeira  par- 
te fahio  traduzida  na  lingua  Franceza  por 
Nicolao  CoUn.  Rhemis  na  Ofíicina  de 
loaõ  Toigny  1578.  8.  A  2  e  3  Parte 
na  mefma  lingua  por  Gabriel  Chapuiz. 
Lyon  apres  Lovis  Cloquemin  1582.  12. 
e  na  lingiia  Alemáa  por  Harsdorfer.  No- 
rimberga.  1646. 

Cancionero.  Dedicado  pelo  Author  a 
lorge  Fernandes  de  Q)rdova  Duque  de 
SeíTa.  Saragoça  por  la  Viuda  de  Bar- 
tholameo  de  Naxara  15  61.  12.  Salaman- 
ca por  Domingo  de  Portonariis  1571.  & 
ibi  por  luan  Perier  1572.  12.  Coníla  de 
4  Partes  a  i  de  Cartas;  a  2.  de  Sone- 
tos, Cançoens  &c.  a  3  de  Eglogas.  a 
4  de  Obras  jocofas.  Madrid  por  la  Viu- 
da de  Alonfo  Gomez  1588.  8. 
Traduzio    na    lingua    Caílelhana. 

Ltfj-  ohras  do  Excelíentijftmo  Poeta  Aujias 
Man/j  Cavallèro  Valenciano  de  la  lengua  l^mo- 
Jina.  Saragoça  por  Pedro  de  Naxara  1562.  8. 
Madrid  por  Francifco  Sanches  1579.  8.  et 
ibi  por  la  Viuda  de  Alonfo  Gomes.  1588.  8. 

Três  Sonetos,  duas  Regias,  e  quatro  Cançoens 
de  Monte  mayor  eiiaõ  no  Cancioneiro  do  Padre 
Pedro  Ribeiro  efcrito  no  anno  de  1577.  que 
fe  conferva  na  Livraria  do  ExcellentiíTimo  Du- 
■que  de  Lafoens. 

V abula    de    Piramo  y    Tisbe    a    qual    cha- 


ma Manoel  de  Faria,  e  Souza  Comment. 
das  'Lufiad.  de  Cam.  Cant.  7.  Eftanc.  52. 
dulcijfimo  Poema.  Efta  obra  opinou  com 
erro  crafiíTimo  Lope  da  Vega  Carpio  luiu- 
rel  de  Apollo  Sylv.  3.  que  fora  traduzida, 
ou  furtada  pelo  noíTo  Montemayor  de  loaõ 
Baptifta  Marino  celebre  Poeta  do  Parnafo 
Italiano  quando  efte  tresladou  no  Poema 
que  compoz  do  mefmo  aíTumpto  quanto 
delle  tinha  efcrito  Montemayor  como  afir- 
ma o  referido  Souza  Comment.  das  Lu- 
^d.  Cant.  5.  Eftanc.  15.  e  também  o 
deixou  confirmado  lacinto  Cordeiro  EJog. 
dos    Poet.    Lujit.    Eíl.    5. 

Honrar  la  pátria  en  mi  nò  es  def atino 
Que  es  leyy  obligacion y  efia  lo  es  mia: 
Mucko  antes  ejcrivtò  y  nò  el  Marino 
Monte  Aíayor,  y  ajfi  como  podia 
Hurtarle  a  Tisbe  ingenio  tan  divino  \ 
Mucbos  produ^e  nueftro  Tojo  y  cria 
Cuyas  armas  y  letras  las  hi florias 
Son  clarin  de  la  fama  de  Jus  glorias. 

Corroborafe  com  evidencia  Chronologica, 
que  naõ  podia  o  noíTo  Montemayor  apro- 
veitar-fe  do  Poema  de  Piramo,  compofto  por 
Marino  quando  efte  naceo  8  annos  depois 
da  morte  de  Montemayor;  pois  fallecendo 
Marino  a  26  de  Março  de  1625.  quando  con- 
tava 56  atmos  de  idade  como  confta  do  feu 
Epitáfio,  que  eftá  na  Igreja  de  Nápoles  dos 
PP.  Theatinos,  e  Montemayor  a  26  de  Fe- 
vereiro de  1561.  claramente  fe  colhe,  que  eraõ 
paíTados  8  annos  de  morto  quando  fahio 
à  luz  do  mundo  Marino,  e  que  efte  foy  o 
que  extrahio  do  noíTo  Monte  mayor  os  me- 
lhores conceitos  com  que  ornou  ao  feu  Pi- 
ramo, contra  a  aíTeveraçaõ  de  Lope  da  Vega, 
que  miferavelmente  fe  enganou  quando  ef- 
creveo no  ÍMurel  de  Apollo  Sylv.  3. 

Con  que  efcriviò  fu  Piramo  divino 
Hurtado,  ó  tradifí(ido  de  Marino. 

lORGE  DE  MORAES  infigne  pro- 
feíTor de  Medecina  cuja  Faculdade  diftou 
com  grande  credito  do  feu  nome,  e  naõ 
menor  fruto  dos  feus  difdpulos  em  a 
Univerfidade  de  Pifa  para  onde  foy  chama- 
do com  largo  eflipendio.    Naõ  logrou  me- 


8l2 


BIBLIO THECA 


nor  aplau20  cm  a  Univeríidade  de  Vene- 
za onde  fe  diílinguio  em  o  Theatro  da 
Anatomia  de  todos  os  profeíTores  deíla 
Arte  exercitando  com  tal  fciencia  pelo 
efpaço  de  vinte  annos  o  methodo  cura- 
tivo em  beneficio  dos  enfermos,  que  cau- 
zou  naõ  pequeno  aíTombro  a  Miguel  An- 
gelo Rota  celebre  Medico  Venefiano,  e  cre- 
cendo  mais  a  fua  fama  mereceo  conciliar 
eftreita  amizade  com  Carlos  Contareno  no- 
nageíTimo  nono  Duque  da  Republica  de 
Veneza  eleito  no  anno  de   1655.    Compoz. 

Commentaria  in  Magni  Hippocratis  Coi  Apho- 
rijmorum  lihros  duos  priores.  Venetiis  apud  Pau- 
lum  Balleonium.  1648.  4.  &  ibi  por  eumdem 
Typ.  1671.  4. 

Manuduãio  ad  Vniverjam  Hippocratis  Apho- 
rijmorum  do^rinam:  opus  cunãis  medicis  necejfa- 
rium,  Philofophis  apprime  utile.  Venetiis  apud 
Guerilios.  1653.  8. 

Enchiridion  Medicum,  Ethicum,  &  Theologi- 
cum.  ibi  1655.  12. 

In  Hippocratem  ars  parva.  Venetiis.  1653. 
16.  Lugduni  apud  loannem  Antonium  Hu- 
guetan.  1670.  16. 

lORGE  DA  MOTA,  E  SYLVA  Na- 
ceo  em  a  Villa  de  Aveiro  a  9  Fevereiro 
de  1670.  fendo  filho  terceiro  do  Dezembar- 
gador  Vicente  Coelho  Serraõ,  e  D.  Maria 
Matoza  da  Sylva.  Foy  muito  aplicado  a 
arte  da  Poezia,  que  cultivou  com  fumma 
felicidade.  Cazou  com  D.  Magdalena  Clara 
da  Sylva  Corte  Real  filha  de  Francifco  Ri- 
beiro da  Sylva  fidalgo  da  Caza  Real,  e 
Commendador  de  S.  Pedro  de  Trinta,  e 
de  D.  Francifca  Maria  Marecos  de  Bu- 
Ihoens.  Falleceo  no  lugar  das  Lapas  ter- 
mo da  Villa  de  Torres  Novas  em  Domin- 
go 18  de  Outubro  de  1739.  Compoz  mui- 
tas Comedias,  que  com  fevera  refoluçaõ 
condenou  ao  fogo  por  ferem  partos  da 
fua  adolefcencia  merecendo  entre  ellas  dif- 
tinto  lugar  a  que  intitulou. 

Cada  uno  como  quiere.  M.  S. 

Fr.  lORGE  DA  NATIVIDADE  na- 
tural da  Gdade  de  Coimbra  religiofo  da 
Seráfica  Provinda  dos   Capuchos   de   Santo 


António  onde  exercitou  o  miniílerio  de 
Pregador  com  fatisfaçaõ  dos  ouvintes  por 
fer  muito  verfado  na  liçaõ  da  Sagrada 
Efcritura,  e  Santos  Padres.  Ocupou  por 
muitos  annos  o  lugar  de  Porteiro  do 
Collegio  de  Santo  António  da  Pedreira 
fituado  na  fua  Pátria  onde  falleceo  pia- 
mente em  idade  muito  proveâa. 
Compoz 

Centúrias  Predicáveis  dos  Evangelhos  das  Do- 
mingas, Segundas,  Terças,  Quartas,  Quintas,  Sex- 
tas, e  Sabbados  da  Quarejma.  Tomo  i .  Coimbra 
por  Jozé  Ferreira  ImpreíTor  da  Univerfidade, 
e  do  Santo  Officio.  1698.  foi. 

lORGE  DE  S.  PAULO  natural  de 
Lisboa  chamado  no  feculo  Jorge  de  Car- 
valho filho  de  Filicio  Rodriguez,  e  Cathe- 
rina  de  Carvalho.  Recebeo  a  murça  de 
Cónego  Secular  da  Congregação  do  Evan- 
geUíla  em  o  Convento  de  Villar  a  20  de 
Julho  de  1609.  onde  pelas  fuás  letras  foy 
Meílre  em  Theologia,  e  pela  fua  prudência 
duas  vezes  Secretario  da  Congregação,  Rey- 
tor  dos  Conventos  do  Porto,  e  da  Feyra, 
Provedor  das  Caldas  da  Rainha.  Com  in- 
canfavel  difvelo  difcorreo  por  todas  as  Ca- 
zas  da  fua  Congregação  para  inveíligar  nos 
Carthorios  os  privilégios,  e  antiguidades 
delia  de  cujo  laboriofo  exame  extrahio  no- 
ticias que  reduzio  a  fete  volumes  onde  fe 
comprehendem  as  Fundaçoens  dos  Conven- 
tos de  Villar  de  Frades,  de  Santo  Eloy 
de  Lisboa,  de  Santo  Eloy  do  Porto,  do 
Convento  da  Feyra,  e  Hofpital  das  Caldas. 
Todos  eíles  volumes  efcritos  da  fua  pró- 
pria maõ  contribuhiraõ  para  a  Chronica 
que  depois  publicou  o  Padre  Francifco  de 
Santa  Maria  como  elle  ingenuamente  con- 
fefla  no  Prologo  dizendo  o  qual  me  foy  de 
tanta  utilidade  quanto  naõ  pojfo  encarecer.  Com- 
poz mais 

Chronica  da  Congregação  dos  Cónegos  Seculares. 
Deíla  obra  o  faz  author  o  Licenciado  lorgc 
Cardofo  Agiol.  Ei4jit.  Tom.  3.  p.  279.  no  Com- 
ment.  de  1 5  de  Mayo  letr.  E.  fe  naõ  he  a  mef- 
ma  de  que  fe  fez  afllma  mençaõ. 

Vida  da  Serenijftma  Raynha  D.  Leo- 
nor Fundadora  do  Hofpital  das  Caldas.  Ef- 
crita   no   anno   de    1656.   quando   o   author 


L  USITAN  A. 


8i3 


era  Procurador  do  dito  Hofpital,  como  aííirma 
o  Doutor  Francifco  da  Fonceca  Henriques 
Aquileg.  Medic.  pag.  lo. 

Falleceo  na  Villa  das  Caldas  a  21  de  Mayo 
■de  1664.  Delle  faz  memoria  loan.  Soai.  de 
Brito  Theafr.  iMJit.  Utter.  lit.  G.  n.  44,  e  Ja- 
cob. Filip.  Thomaíino  Annal.  Can.  Secul.  foi. 
174.  exercitatijjimo  ingenio,  et  memoria  pracellenti. 

Fr.  lORGE  PINHEYRO  natural  do 
lugar  de  Águeda  termo  da  Villa  de  Avey- 
ro  do  Bifpado  de  Coimbra  onde  teve 
por  Pays  a  Pedro  Jorge,  e  Maria  Pi- 
nheira. A  penetração  do  juÍ20,  que  lo- 
^o  moílrou  na  primeira  idade,  o  habili- 
tou para  fer  alumno  da  preclarilTima  Or- 
dem dos  Pregadores,  que  profeflbu  no 
Convento  de  Lisboa  a  15  de  Fevereiro 
de  1589.  Aprendidas  as  fciencias  Efcho- 
lafticas  com  admirável  progreflb  naõ  fo- 
mente as  diftou  aos  feus  dcT^eílicos  mas 
fahindo  do  clauftro  a  fua  vafta  Utteratura 
illuílrou  a  Academia  Conimbricenfe,  onde 
recebera  o  gráo  de  Doutor,  em  a  Ca- 
deira de  Prima  de  Sagrada  Efcritura  em 
<jue  jubilou  a  7  de  Fevereiro  de  1647. 
Foy  Prior  do  Real  Convento  da  Batalha, 
Provincial  eleito  no  anno  de  1634.  e  De- 
putado da  Inquiíiçaõ  de  Coimbra  de  que 
tomou  poíTe  a  2  de  Abril  de  1635.  Fal- 
leceo com  fumma  piedade  no  Collegio 
de  Coimbra.  Delle  faz  memoria  Mon- 
teiro Cathalog.  dos  Deput.  da  Inquif.  de 
Coimb.  §.  88.  e  Clauftr.  Domin.  Tom.  3. 
p.    40.    e    225.     Compoz. 

Sermão  no  Auto  da  Fé,  que  Je  celebrou  em 
Coimbra  a  29  de  Março  de  1620.  quarta  Dominga 
da  Quarefma.  Lisboa  por  Pedro  Crasbeeck 
ImpreíTor  delRey.  1620.  4. 

Sermão  nas  Vejias,  que  o  lllufirijfimo,  e 
'Reverendijfimo  Senhor  D.  loaõ  Manoel  Bif- 
po  de  Coimbra  fe:^  na  Canonis^açaÕ  de  Santa 
Iv^abel  Raynha  de  Portugal  no  me^  de  Ou- 
tubro de  1625.  Sahio  no  Certame  Poético, 
que  fe  fez  a  eíle  aflumpto.  Coimbra  por 
Diogo    Gomes    de    Loureiro    1626.    4. 

SermaÕ  pregado  na  Igreja  da  Kaynha  San- 
ta If(abel  em  o  Prefiito,  que  a  injigne  Uni- 
verjidade  de  Coimbra  fe:^  dando  a  Deos  as 
ffoças   pelo    nacimento    do    Príncipe    Baltbev^ar 


Carlos  Domingos.  Coimbra  pelo  dito  Im- 
preíTor. 1630.  4. 

Traãatus  de  Ahrahamo.  4.  M.  S. 

Traãatus  de  laudibus  Evangelijfa,  et  Bap- 
ti/ta.  4.  M.  S.  Confervaõ-fe  ambos  em 
a  Livraria  do  Convento  de  S.  Francifco 
de    Lisboa. 

lORGE  PINTO  Poeta  Cómico  de  cuja 
fecunda  veya,  que  hc  celebrada  por  Pedro 
Sanches  Epi^.  ad  Ignat.  Moral.  Sahiraõ  di- 
verfas  obras,  que  reprefentadas  merecerão 
os  aplauzos  dos  ExpeÃadores.  Delias  fe 
fez   publico. 

Auto  de  Kodrigo,  e  Aíendo.  Sahiraõ  a  foi. 
44.  v^  da  Primeira  Parte  dos  Aut.  e  Comed. 
Portuguesas.  Lisboa  por  André  Lobato. 
1587.  4. 

lORGE  PINTO  DE  MORAES  igual- 
mente difciplinado  na  efcola  de  Marte  fendo 
Capitão  em  o  Principado  de  Catalunha,  como 
perito  na  palelira  de  ApoUo  a  cujo  influxo  de- 
veo  a  elegante  facilidade  com  que  poetizava, 
publicando. 

Aíaravillas  dei  PamaJfo,j  flor  delas  mejores  Ko- 
mances  graves,  burle/cos,  y  Jatiricos.  Barcelona 
por  Jayme  Mateaud.  1640.  8.  Efta  obra  foy 
aprovada  pela  Inquiíiçaõ  de  Lisboa  a  4  de 
Abril  de  1637. 

Fr.  lORGE  DO  POMBAL  natural  da  Vil- 
la do  feu  apelUdo  íituada  em  o  Bifpado  de 
Coimbra,  reUgiofo  da  illuftre  Ordem  da  Santif- 
íima  Trindade  onde  pela  fua  exemplar  vida,  e 
madura  prudência  foy  Miniílro  de  Santarém,  e 
Provincial.  Com  generofa  idea  edificou  com  as 
rendas  do  Convento  da  Villa  de  Alvito  a  Igreja 
Matriz  da  mefma  Villa  por  fer  muito  pequena, 
e  eftar  quafi  arruinada.  Falleceo  em  Alvito 
cujo  dia,  e  anno  fe  ignora.    Compoz. 

Documentos  efpirituaes.  4.  M.  S.  A  eíla 
obra  allega  Fr.  António  da  Trindade.  Annal. 
Sacr.  pag.  175. 

D.  Fr.  lORGE  QUEIMADO  natu- 
ral de  Aldeã  Gallega  em  a  Provinda  do 
Alentejo  fendo  íilho  de  Manoel  Cazado, 
e  Branca  Queimada.  Pela  capacidade  de 
que    era    ornado    na    idade    da    adolefcen- 


8i4 


BIB  LIO  THE  CA 


cia  foy  admitido  ao  inílituto  dos  Erimi- 
tas  de  Santo  Agoílinho  que  profeflbu  no 
anno  de  1563.  Com  animo  de  lucrar  al- 
mas para  Chriílo  que  vagavaõ  fugitivas 
do  feu  rebanho  paflbu  no  anno  de  1575. 
á  índia  Oriental  acompanhado  de  outros 
Varoens  Apoftolicos,  e  depois  de  colher 
abundante  fruto  da  fua  evangélica  cultu- 
ra fe  reftituhio  ao  Reyno,  onde  fendo 
patentes  ao  Illuílriffimo  Arcebifpo  de  Bra- 
ga D.  Fr.  Agoftinho  de  Caílro  as  virtu- 
des, e  letras  de  que  era  ornado  o  no- 
meou feu  Q)nfeíror  em  o  anno  de  1589. 
c  crecendo  com  o  tempo  o  feu  mere- 
cimento o  elegeo  feu  Bifpo  Coadjutor 
confirmado  com  o  titulo  de  Fez  pela 
Santidade  de  Clemente  VIII.  em  o  pri- 
meiro de  Fevereiro  de  1599.  ^^Y  VÍ2Í- 
tador  das  Ordens  Militares  de  S.  Ben- 
to de  Aviz,  e  de  Saõ  Tiago  onde  com 
fumma  prudência  reformou  vários  abu- 
zos.  Falleceo  na  fua  pátria,  e  jaz  fepul- 
tado  na  Capella  mòr  da  Igreja  Matriz  ao 
lado  do  Evangelho  com  o  feguinte  epitáfio. 

Aqui  jat;^  D.  Fr.  Geor^e  Queimado  Bifpo  de 
Fez  y^iz^^^^or  Geral,  e  Keformador  dos  Conventos 
de  Palmella,  e  Avi^-  Faleceo  aos  29  de  Abril  de 
1618. 

Dclle  fazem  honorifica  lembrança  Fr.  Ant. 
á  Punf.  de  Vir.  illujlrib.  Ord.  Erim.  D.  Aug. 
lib.  I.  cap.  3.  Herrera  Alphah.  Auguft.  lit.  G. 
p.  305.  e  o  P.  D.  Manoel  Caet.  de  Souz.  Cathal. 
dos  Bi/p.  Vortug.  p.  176.    Compoz 

Vida  do  Illujlrijfimo  Arcebifpo  de  Braga 
D.  Agojlinho  de  Cajlro.  M.  S.  a  qual  confervava 
em  feu  poder  o  Licenciado  lorge  Cardofo 
como  afirmou  em  huma  Carta  efcrita  em  6  de 
Outubro  de  1633.  ao  Illuftriffimo  D.  Rodrigo 
da  Cunha  Arcebifpo  de  Braga  onde  nefte  tempo 
aíTiília. 

Fr.  lORGE  DA  REDINHA  cujo  apel- 
lido  denota  a  pátria  onde  naceo,  fituada  entre 
Pombal,  e  Condeixa  do  Bifpado  de  Coimbra. 
Foy  dos  primitivos  Monges  Ciílercienfes  que 
habitarão  o  Real  Convento  de  Santa  Maria 
de  Alcobaça  onde  fe  confctva  M.  S.  in  foi. 
a  feguinte  obra  que  compoz 

De  inflitutione  Canobiorum,  €>•  Statu  Mona- 
íborum. 


lORGE  DE  RESENDE  Poeta  infi- 
gne  do  feculo  decimo  quinto  como  ma- 
nifeílaõ  as  fuás  obras,  que  de  foi.  184. 
verf.  até  188.  fahiraõ  impreflas  no  Can- 
cioneiro de  Garcia  de  defende.  Lisboa  por 
Hermaõ    de    Campos.    1516.    foi. 

Fr.  lORGE  DE  SANTA  ROSA  DE 
VITERBO  Naceo  em  a  Villa  de  Tro- 
voens  do  Bifpado  de  Lamego,  e  na  Igreja 
Matriz  recebeo  a  graça  bautifmal  a  9  de 
lulho  de  1684.  Chegando  á  juvenil  ida- 
de de  defafete  annos  deixou  heroicamen- 
te a  amável  companhia  de  feus  nobres 
Pays  Manoel  de  Almeyda  Camello,  e  D, 
Paula  de  Figueiredo,  e  Távora  para  abra- 
çar o  Seráfico  inílituto  da  Ordem  Ter- 
ceira em  o  Convento  de  S.  loaõ  da 
Pefqueira  onde  profeíTou  folemnemente  a  16 
de  lulho  de  1702.  Eftudou  as  fciencias 
efcholaílicas  no  Convento  de  Caria,  e  Col- 
legio  de  Coimbra,  e  pofto  que  com  a 
mefma  capacidade,  com  que  as  aprendeo, 
as  podia  di£lar,  prefetio  o  púlpito  á  Ca- 
deira exercitando  nas  Províncias  da  Beyra,. 
e  Trás  os  montes  o  miniílerio  de  Ora- 
dor Evangélico  pelo  qual  mereceo  fer 
feito  Pregador  Geral  por  Fr.  loaõ  de 
Soto  ComiíTario  Geral  da  Familia  Traf- 
montana  cuja  patente  foy  aceita  pelo  Ca-| 
pitulo  celebrado  no  Convento  de  NoíTa.] 
Senhora  de  lefus  a  6  de  Outubro  dcí 
1631.    Publicou 

Oração  Panegyrica,  Problemática,  GratulaA 
torta,  e  Genealógica  pregada  em  acçaõ  dei 
grafas  em  o  dia  outavo  dos  Santos,  na  FeJIa\ 
que  fe  fe^  no  Convento  de  S.  Francifco  íh\ 
Mogadouro  a  Nojfa  Senhora  das  Mercês  por\ 
haver  nacido  no  feu  dia  a  Senhora  D.  Aía-j 
ria  Anna  Bernarda  Primogénita  dos  ExcelA 
lentiffimos  Senhores  Marqueses  de  Távora  ConA 
des  de  S.  loaÕ  da  Pefqueira.  Salamanca 
na  Officina  de  Maria  Efteves  ImpreíTora] 
da  Univerfidade.  4.  Naõ  tem  anno 
ediçaõ    mas    foy    certamente    em    1722. 

Zodiaco  Soberano  que  entre  dous  Come-\ 
tas  da  Vida  humana  contem  brilhantes  af-i 
tros  em  difcurfos  tropoloffcos,  encomiaflicos,  e\ 
exege  ticos  para  os  do^e  me^es  do  anno,  QuaA 
refma,    e    Advento    ideados   nas   divinas   letras. 


L  USITAN  A. 


8i5 


íxomados  de  varias  Allegorias,  exquifitos  Pro- 
blemas, myfteriojos  lerogliphicos,  Filofoficas  Jen- 
íen^as,  e  Humanidades  feleãas.  Com  hum  Aftro- 
labio  Sacro-Khetorico  omnimoda  injiríiçaõ  de  Pre- 
dadores na  qual  como  em  Planisferio  mathematico 
eftaõ  recopilados  todos  os  preceitos  de  Khetorica 
Jagrada,  breve  extraão  de  quanto  o  Evangélico 
Orador  deve  faber  compendiado  dos  mayores  Ora- 
dores Gregos,  e  Latinos,  /agrados,  e  profanos. 
Tom.  I.  Salamanca  por  Sebaftiaõ  Eftrada, 
1726.  4. 

Zodiaco  Soberano  (ò'c.  Tom.  2.  Sala- 
manca por  lozé  Villagordo  y  Alcaraz. 
1734.  4.  Nefte  tomo  fahio  reimpreíTa  a 
Oração  Panegírica,  Problemática  &c.  que  af- 
Tima    eftá    efcrita. 

Kepojla  Apologética:  Cri^^ol  de  Verdades 
Orthodoxas  calculadas  nos  fignos  do  Zodiaco 
Soberano  em  o  Jeu  primeiro  Tomo  contra  a 
Hypercritica  Cenfura  de  hum  Antigonijia  an- 
típoda da  Verdade.  Madrid  en  la  impren- 
ta  de  los  Gufmanes  4.  Sem  anno  da 
«diçaõ,    e    nome    do    author. 

Nomenclatttra  Soberana,  Ethjmologica,  Tri- 
pologica,  e  Ejicomiajiica  de  S.  loaÕ  Baptiza 
em  huma  Oração  literal,  Moral,  e  Panegí- 
rica. Lisboa  por  António  Ifidoro  da  Fon- 
cfcca.    1742.    4. 

lORGE  DE  SA'  SOTOMAYOR  Com- 
mendador  da  Ordem  de  S.  Tiago  naceo 
cm  Coimbra  fendo  taò  nobre  por  naci- 
mento  como  filho  de  Duarte  de  Sá,  e 
irmaõ  de  António  Corrêa  de  Sá  Cathe- 
dratico  de  Cânones  em  a  Univerfidade 
de  Coimbra,  e  depois  Corregedor  do  Cri- 
me da  Corte,  como  pela  fciencia  Me- 
dica em  que  recebeo  o  grão  de  Licen- 
ciado a  29  de  Novembro  de  13  51.  em 
a  Univerfidade  da  fua  pátria  que  illuf- 
trou  com  o  magifterio  quando  foy  fubf- 
tituto  da  Cadeira  de  Prima  auzente  o 
Lente  Proprietário  em  19  de  Janeiro  de 
1560.  Congratulou  em  nome  da  Cidade 
de  Coimbra  com  huma  elegante  Oraçaõ 
90  Serenifiimo  Príncipe  D.  Sebaítiaõ  quan- 
do em  13  de  Outubro  de  1570.  vizitou 
aquella  Gdade  acompanhado  de  toda  a 
0)rte.  Falleceo  na  pátria  a  7  de  laneiro 
de    1577.   com  85.   annos   de  idade.  Defen- 


dendo humas  Concluzoens  anteriores  ao 
feu  exame  privado  fuftentou  algumas  opi- 
nioens  que  foraõ  criticadas  pelos  Médicos 
da  Camará  delRey  D.  loaõ  o  III.  e  para 
as  corroborar  com  fundamentos  mais  foli- 
dos,  publicou 

Breves  difceptatio  medica  in  qua  quadam  objeãa 
diluuntur,  (Ò"  Oratio  in  luiudem  SereniJJimi  Prin- 
cipis  loãnis  III.  Regis  filii.  8.  Naõ  tem  anno 
nem  lugar  da  ediçaõ,  e  nome  de  ImpreíTor. 

Falia  que  /^^  ao  muito  alto,  e  poderov^o 
Rey  Dom  Sebafiiam  na  entrada  de  Coimbra 
aos  trev^e  de  Outubro  de  1570.  Dedicada  ao 
me/mo  Príncipe.  Coimbra  por  loaõ  Alva- 
res ImpreíTor  delRey  aos  nove  de  De- 
zembro   de    1570.    4. 

Conclujiones  Medica.  Conimbricas.  1582.  12. 
Delle  fazem  memoria  Zacuto  Hiji.  Hb.  2. 
Quaeft.  II.  Abrah.  Merckiin.  Und.  Renovat. 
Vander.  Linden  de  Scríp.  Med.  lib.  i.  e  loan. 
Soar.  de  Brito  Theatr.  Lujit.  Liter.  lit.  G.  n.  46. 

D.  Fr.  lORGE  DE  S.  TIAGO  in- 
figne  alumno  da  Ordem  dos  Pregadores, 
cujo  fagrado  inílituto  profeíTou  no  exem- 
plariíTimo  Convento  de  Santo  Eftevaõ  de 
Salamanca  donde  paíTando  ao  de  Pariz 
com  Fr.  Gafpar  dos  Reys  que  depois  foy 
Bifpo  Coadjutor  com  o  titulo  de  Tripoli, 
do  Cardial  Infante  Arcebifpo  de  Évora,  tal 
foy  a  aplicação  com  que  cultivou  as  letras 
fagradas  que  mereceo  receber  as  infignias 
doutoraes  na  Faculdade  de  Theologia  con- 
feridas pela  Univerfidade  Parifienfe.  A  fa- 
ma da  fua  grande  literatura,  e  o  ardente 
zelo,  com  que  promovia  os  augmentos  da 
Religião  no  Tribunal  do  Santo  Officio 
de  Coimbra  onde  em  10  de  Novembro 
de  1540.  tomara  poíTe  do  lugar  de  In- 
quizidor,  moverão  a  ElRey  D.  Sebaftiaõ 
para  o  mandar  por  feu  Theologo  junta- 
mente com  Fr.  leronimo  da  Azambuja,  e 
Fr.  Gafpar  dos  Reys  todos  filhos  da  ef- 
clarecida  Religião  dos  Pregadores,  ao  Con- 
cilio Tridentino  convocado  por  Paulo  III. 
a  quem  por  carta  efcrita  de  Évora  em 
29  de  lulho  de  1545.  fignifica  o  conceito 
que  fazia  de  Fr.  lorge  de  S.  Tiago,  e 
feus  companheiros  neftas  palavras  Cate- 
rum  cum  legatos  meos,   et  quos  illis  participes, 


8ió 


BIB  LIOTH  E CA 


Jociosque  deftinavi,  minore  celeritate  quám  vellem, 
viderem  fe  ad  iter  componere,  ne  ulla  ejfe 
in  me  mora  videretur  ad  id,  qmd  Sanãitas 
tua  tantopere  vidt  efficere:  delegi  ex  eo  nu- 
mero viros  bonos,  et  eruditos  Fr.  Georgium 
a  Sanão  Jacobo,  Fr.  Hjeronimum  ab  Oleaf- 
tro,  et  Fr.  Ga/parem  à  Regibus  Sacrarum 
litterarum  profejjores,  qui  ad  Sanãitatem  tuam 
celerius  mandata  mea  perferrent,  et  quid  de 
Sacro  Concilio  peragendo  Jeniirem,  accurate  ex- 
ponerem.  Chegando  a  Trento  no  anno  de 
1547.  defempenhou  com  gloria  da  Naçaõ 
Portugueza  a  eleição,  que  fe  fizera  da  fua 
peíToa  para  Congreflb  taõ  venerável  onde 
foy  admirado  pela  fciencia  Theologica, 
como  pela  Oratória  Ecclefiaftica.  Reftitui- 
do  ao  Reyno  o  nomeou  para  premio  dos 
feus  merecimentos  ElRey  D.  loaõ  o  III. 
Bifpo  da  Cidade  de  Angra  Capital  da 
Ilha  Terceira  de  cuja  dignidade  lhe  paíTou 
Bulia  a  Santidade  de  Júlio  III.  a  13  de 
Agoílo  de  1552.  Tanto  que  entrou  na  fua 
Diocefe  ocupou  todo  o  difvelo  em  extirpar 
os  vicios,  que  tinhaõ  contaminado  grande 
parte  do  feu  rebanho  cuja  árdua  empreza 
vendo  armada  a  rebeldia  de  muitos  cora- 
çoens,  que  pareciaõ  de  feras,  e  naõ  de  ho- 
mens, com  ardor  verdadeiramente  apoílolico 
triumfou  de  todos  os  obftaculos  ainda,  que 
por  ocafioens  eíleve  facrificada  a  fua  vida 
nas  facrilegas  aras  da  impiedade.  Para  re- 
forma dos  cuftumes,  e  exafta  obfervancia 
dos  Decretos  do  Concilio  Tridentino  ce- 
lebrou em  a  folemne  Fefta  do  Efpirito 
Santo  do  anno  de  1539.  Synodo  Dioce- 
fano  em  a  Cathedral,  cujas  Conílituiçoens 
cfcreveo  para  diredorio  das  fuás  ovelhas 
entre  as  quais  piamente  falleceo  a  26  de 
Outubro  de  1561.  Jaz  fepultado  na  Ca- 
pclla  mòr  da  Cathedral  com  efte  Epitá- 
fio. 

Fiic  jacet  Dominus  Georgius  à  Sanão  Ja- 
cobo Pajlor  Angrenjis  inter  oves  fuás  primus 
Jepultus. 

Vários  faõ  os  Elogios  com  que  eternizarão 
a  fua  memoria  infignes  Efcritores  como  faõ 
Fr.  Luiz  de  Souza  Hift.  de  S.  Doming.  da  Prov. 
de  Portug.  Part.  i.  liv.  3.  cap.  36.  Echard.  Script. 
Ord.  Prad.  Tom.  2.  pag.  139.  lUuftriflimo 
Cunha  Hijior.   Ecclef.  de  Brag.  Part.   z.  cap. 


80.  n.  7.  Gil  Gonzalvcs  de  Ávila  Hiji. 
e  Antig.  de  Saiam.  liv.  3.  cap.  3.  Fontana 
Monum.  Domin.  ad  an.  1579.  Fernandes  Con- 
cert.  Pradicat.  foi.  457.  loaõ  Miguel  Gal- 
laria  Tom.  i.  pag.  391.  n.  140.  Cordeira 
Hift.  Injulan.  liv.  6.  cap.  11.  Fr.  Ant.  de 
Souza  Aphor.  Inquijit.  De  Orig.  Inquif.  §. 
4.  n.  2.  Monteiro  Cathal.  dos  Inq.  de  Coimb, 
§.  2.  e  no  Claujl.  Domin.  Tom.  i.  pag.  29. 
e  Tom.  3.  pag.  226.  Nicol.  Ant.  Bib,  Hifp, 
Tom.  I.  pag.  412.  col.  2.  e  D.  Ant.  Cact. 
de  Souza  Cathalog.  dos  Bi/p.  de  Angra.  %.^ 
3 .     Compoz. 

Oratio   habita    Tridenti   ad   Patres    Concilii 
Dominica    prima    Ouadragejftma  27    Februariií^ 
1547.  Sahio  com  outras  Lovanii.  1567.  foi. 
pag.  36.  e  no  Concil.  Gener.  Tom.  XIV.  pag^ 
1024.    Começa.  Tanta  ejl  altitudo,  (Ò' fublimita 
Myfteriorum  Dei  (&c. 

Conftifuiçoens  do  Bi/pado  de  Angra. 


P.  lORGE  SERRAÕ  natural  de  Lis 
boa,  e  filho  de  Duarte  Serraõ,  e  Brite 
Gomes  ambos  de  conhecida  nobreza.  Quan-^ 
do  contava  quatorze  annos  de  idade  abra-í 
çou  o  inílituto  da  Companhia  de  Jefu 
em  o  Collegio  de  Coimbra  a  23 
Março  de  1544.  onde  viveo  pelo  efpaço 
quarenta,  e  féis  annos  para  exemplar  de  de 
mefticos,  e  eftranhos.  Nos  Magilterios  fcmpi 
teve  a  primazia  aíTim  pelo  talento,  como 
pelo  tempo  pois  foy  o  primeiro,  que  enfi- 
nou  Filofofia  em  Coimbra  quando  ElRey 
D.  Joaõ  o  III.  entregou  aos  Padres  Jefui- 
tas  as  Efcolas  Menores,  e  o  primeiro,  que 
diftou  Theologia  em  a  Univerfidade  de 
Évora,  que  erigira  o  Cardial  D.  Henrique 
onde  foy  Cancellario,  e  Reytor,  e  depois 
Reytor  de  Coimbra,  Prepofito  da  Caza 
profeíTa  de  Lisboa,  e  Provincial.  Aflif- 
tindo  cm  Roma  na  Congregação  Gc«l, 
que  fe  fez  pela  morte  de  Santo  Igna- 
cio  recebeo  o  gráo  de  Doutor  na  Sa- 
piência. Foy  Deputado  do  Confelho  ge- 
ral do  Santo  Officio  em  cujo  lugar  deu 
manifeftos  argumentos  de  ardente  zelo  para 
fe  confervar  pura  a  Religião.  Era  taõ  rcf- 
peitada  a  fua  peíToa,  que  o  elegeo  o  Sena- 
do  de   Lisboa  para   dar  a  noticia  ao  Car- 


L  USl  TAN  A. 


deal  D.  Henrique  de  fer  fuceíTor  da  Co- 
roa de  Portugal  pela  falta  de  feu  fobri- 
nho  ElRey  D.  Sebaíliaõ.  Provada  a  fua 
paciência  com  acerbas  dores  na  ultima 
idade  paflbu  em  a  Caza  profefla  de  S. 
Roque  de  mortal  a  eterno  a  8  de  Agof- 
to  de  1590.  O  Tribunal  do  Santo  Ofíi- 
do  lhe  dedicou  hum  folemne  Funeral  a 
que  aíTiftio  a  mayor  parte  da  Nobreza  da 
Corte.  Delle  fe  lembraõ  Telles  Chron.  da 
Comp.  de  Jef.  da  Prov.  de  Portiig.  Part.  i. 
liv.  I  cap.  32.  n.  8.  e  Part.  2.  liv.  5.  cap. 
43.  n.  2.  e  liv.  6.  cap.  20.  n.  4.  Franco 
Imag.  da  Virt.  em  o  Novic.  de  Coimbra  Tom. 
I.  liv.  2.  cap.  60.  e  nos  AnnaL  S.  J.  in  iMJit. 
pag.  152.  n.  2.    Efcreveo. 

In  Prim.  Secund.  D.  Thoma.  foi. 

Traãatus  de  Detraãione.  foi. 

Elias  obras  fe  confervaõ  M.  S.  no  Collegio 
de  Évora. 

lORGE  SERRAÕ  cuja  pátria,  e  efta- 
do  de  vida  fe  ignora,  e  fomente  fe  fa- 
be,  que  efcrevera  na  lingua  latina  em  que 
era   profundamente   perito. 

De  contemptu  rerum  humanarum. 

Do  author,  e  da  obra,  que  a  intitula  áurea, 
faz  memoria  Joan.  Soar.  de  Biito  Theatr. 
iMJit.  Utter.  lit.  G.  n.  47. 

lORGE  DA  SYLVA  filho  de  Joaõ  da  Syl- 
va  fexto  Senhor  de  Vagos,  Alcayde  mòr  de 
Monte  mòr  o  Velho,  e  de  Lagos,  Regedor  das 
Juíliças,  e  Commendador  de  Mefegana  da  Or- 
dem de  S.  Tiago,  e  de  D.  Joanna  de  Caílro  filha 
de  D.  Diogo  Pereira  fegundo  Conde  da  Feyra, 
e  de  D.  Brites  de  Caílro  irmãa  de  D.  Pedro  de 
Caibro  terceiro  Conde  de  Monfanto.  Ao  ef- 
plendor  herdado  de  taõ  claros  afcendentes  au- 
gmentou  novas  luzes  com  as  virtudes  moraes, 
e  açoens  politicas  de  que  foy  perfeitiíTimo 
exemplar.  Habilitado  pela  madureza  do  feu 
juizo  para  aíTiílir  na  Camará  do  Príncipe  D. 
loaõ  filho  delRey  D.  loaõ  o  III.  renunciou 
quando  fe  lhe  poz  Caza  no  anno  de  1 549.  exer- 
cício de  mais  honorifica  ocupação,  fendo 
todo  o  feu  difvelo  focorrer  com  largos  dona- 
tivos, e  continuas  efmolas  a  todo  o  género  de 
peUoas  oprimidas  da  ultima  neceífidade  as 
quais  diílribuia  por  fuás  mãos,  ou  pelas  alheas 

52 


817 

por  cuja  charitativa  benificencia  alcançou 
a  antonomafia  de  Pay  da  pátria,  e  dos 
Pobres  como  em  feu  aplauzo  efcreveraõ 
o  infigne  Jurifconfulto  o  Doutor  Antó- 
nio da  Gama  T)ecif.  i.  n.  30.  ob  itiji- 
gnem  clementiam,  atque  magnificentiam  erga 
pauperes,  <&  pietatem  erga  omnes  bonis  for- 
tuna dijiitutos,  religione  erga  Deum  Pater 
pátria  meritijjime  appellatur.  e  Fr.  Luiz  de 
Souza  Hift.  de  S.  Dom.  da  Prov.  de  Por- 
tug.  Part.  I.  liv.  3.  cap.  30.  Fidalgo  rico, 
Pay  de  pobres  para  difpender  com  elles  cada 
dia  huma  boa  quantia.  Para  alimento  das 
Alampadas,  que  ardem  na  Capella  do  San- 
to Sepulchro  de  Jerufalem  deixou  hum  le- 
gado perpetuo  de  cem  cruzados.  Sendo 
Confelheiro  de  Eftado  delRey  D.  Sebaíliaõ 
o  acompanhou  na  fatal  jornada  de  Africa 
onde  obrando  açoens  merecedoras  de  fim 
mais  gloriofo  facrificou  a  vida  ao  lado  do 
feu  Príncipe  em  o  infauílo  dia  de  4  de 
Agoílo  de  1578.  Foy  cazado  duas  vezes 
naõ  deixando  outra  poíleridade  mais,  que 
as  fuás  virtuofas  obras  de  que  fazem  il- 
luílre  memoria  Andrad.  Chron.  deíKej  D. 
Joaõ  o  III.  Part.  4.  cap.  38.  Cabrera  Hijl. 
de  Filip.  11.  liv.  12.  cap.  8.  Cardofo 
Agiol.  'Lufit.  Tom.  3.  no  Comment.  de 
8  de  Mayo  letr.  E.  Fr.  Pantaleaõ  de 
Aveiro.  Itiner.  da  Terra  Sant.  cap.  34. 
Salazar  Hifi.  Genealog.  de  la  Ca^a  de  Sylv. 
liv.  8.  cap.  7.  pag.  274.  e  loaõ  Soar. 
de  Brit.  Theatr.  'Lufit.  Utter.  lit.  G.  n.  48. 
Compoz. 

Tratado  da  Criação  do  Mundo,  e  dos  Myfierios 
da  Nojfa  KedempçaÕ.  Lisboa  por  Germaõ  Ga- 
Ihard.  1552.  e  Coimbra  por  loaõ  Barreira 
1554.  Lisboa  por  Balthezar  Ribeiro.  1590.  8. 
Lisboa  por  António  Craesb.  de  Mello  1667.  8. 
&  ibi  1672.  8.  Coimbra  pela  Viuva  de  Manoel 
Carvalho.  1677.  24.  Lisboa  por  loaõ  Galraõ. 
1680.  et  ibi  1685.  &  ibi  por  António  Pedrozo 
Galraõ.  1697.  8.  &  ibi  por  Filippe  de  Souza 
Vniela.  1700.  8,  Coníla  de  Meditaçoens  da 
Criação  do  Mundo,  e  Vida  de  Chriílo  Se- 
nhor NoíTo  repartidas  pelos  dias  da  Sema- 
na: doutrina  de  S.  Bernardo  de  interiori  domo 
importante  á  vida  efpiritual.  O  Pfalmo 
Quemadmodum  defiderat  em  rima.  Huma 
Elegia     efpiritual     em     rima     folta.     Dous 


8i8 


BIB  LIO  THE  CA 


Sonetos  aos  Bemaventurados.  Endechas  dos 
Pfalmos,  e  Cantares,  e  humas  Trovas  á  Af- 
cençaõ  de  Chrifto. 

Homilia  ao  Santijftmo  Sacramento.  Carta 
a  huma  alma  devota  perfuadindoa  a  receber 
o  Santijftmo  Sacramento.  Elegia  da  alma  de- 
vota a  feu  efpo^o  em  Tercetos.  Aparelho 
para  a  Sagrada  Comunhão.  Todas  eftas 
obras  fahiraõ.  Évora  por  André  de  Bur- 
gos a  4  de  laneiro  de  1J54.  8.  e  Lis- 
boa   por    Manoel    de    Lyra.     1586.    8. 

Tratado  da  PayxaÕ  de  lESU  Chrijlo 
Senhor  noffo  conforme  a  efcrevem  os  Ejfange- 
lijlas,  e  declaraõ  os  doutores;  no  cabo  ejlaõ 
duas    EJegias    á    Magdalena    em    Tercetos. 

Tratadinho  dos  proveitos  que  vem  aos  ho- 
mens de  ferem  membros  de  Chrijio,  e  da 
contemplação  da  fua  Sacratiffima  Humanidade. 
Q)meça.  Conjiderando  o  homem  em  quanto 
criatura    racional    &c. 

Vida  de  Noffa  Senhora.  M.  S.  Defta 
obra  o  faz  author  o  iníigne  antiquário 
Manoel  Severim  de  Faria  Chantre  de 
Évora  por  carta  efcrita  em  27  de  Se- 
tembro de  1645.  ao  Licenciado  lorge 
Cardozo. 

Difcurfo  fobre  as  coufas  da  índia,  e  da  Mina 
offerecido  a  EJRej  D.  SebaJliaÕ.  foi.  M.  S.  Con- 
fervafe  na  Bibliotheca  delRey  Catholico  co- 
mo efcreve  o  moderno  addicionador  da 
Bib.  Orient.  de  António  de  Leaõ  Tom. 
1.  Tit.  3.  col.  78.  Naõ  poflb  afirmar  fe 
o  author  deftc  Difcurfo  he  o  mefmo 
Jorge  da  Sylva  de  quem  temos  tratado, 
ou  outro  diferente  porem  o  tempo  em  que 
foy  efcrito  perfuade  fer  o  mefmo  fendo 
Confelheiro  de  Eftado  delRey  D.   Sebaftiaõ. 

lORGE  DA  SYLVEYRA  filho  de 
Fernando  da  Sylveira  Senhor  de  Sarze- 
das,  e  Regedor  da  Caza  da  Suplicação 
de  que  fe  fez  memoria  em  feu  lugar, 
c  de  D.  Izabel  Henriques  filha  de  Fer- 
nando Henriques  Senhor  das  Alcáçovas, 
e  D.  Branca  de  Souza,  e  irmaõ  de 
Francifco  da  Sylveira  Coudei  mòr.  PaíTou 
à  índia  no  anno  de  1512.  com  o  pofto  de 
Capitão  de  huma  Náo  da  Armada  que  ca- 
piteneava  lorge  de  Albuquerque,  e  naquel- 
le  Theatro  do  valor  Portuguez  moftrou  que 


naõ  degenerara  de  feus  Mayores.  Foy 
muito  inclinado  á  Poczia  Vulgar  deixan- 
do para  teftemunho  da  fua  metrificação 
os  Verfos  que  fe  imprimirão  no  Cancio- 
neiro de  Garcia  de  Refende.  Lisboa  por 
Hermaõ  de  Campos  15 16.  foi.  a  foi.  i. 
2.  10  vo  143.  146.  149.  vo  151,  152. 
158.  vo  163.  164.  265.  et  v<»  166.  168. 
180.    v<>. 

D.  Fr.  lORGE  THEMUDO  filho  pe- 
la natureza  da  Cidade  de  Lisboa,  e  pela 
graça  da  illuftre  familia  dos  Pregadores 
cujo  habito  recebeo  em  o  Convento  pátrio  on- 
de igualmente  fe  inftruio  nas  virtudes,  como 
em  as  letras.  Ornado  de  humas,  e  outras  foy 
nomeado  no  anno  de  1559.  primeiro  Bifpo 
da  Cathedral  de  Cochim  a  qual  governou 
pelo  efpaço  de  nove  annos  com  tanto  zelo, 
e  vigilância  que  foy  transferido  a  Metropo- 
litano de  Goa  em  cuja  dignidade  primacial 
foy  confirmado  por  S.  Pio  V.  em  1 3  de  laneiro 
de  1 568.  fendo  a  primeira  açaõ  do  feu  governo 
convocar  o  Concilio  Provincial  que  feu  ante- 
ceíTor  D.  Gafpar  de  Leaõ  principiara  no  anno 
de  1567.  de  que  refultou  fazer  Conftituiçoens 
para  obfervancia  dos  Cânones  Ecclefiaílicos, 
e  reforma  de  vários  abuzos.  Havendo  exer- 
citado com  difvelo  as  obrigaçoens  paftoraes 
acometido  da  ultima  infermidade  fe  recolheo 
ao  Collegio  de  S.  Paulo  dos  Padres  lefuitas 
onde  depois  de  receber  piamente  os  Sacramen- 
tos efpirou  a  29  de  Abril  de  15  71.  Foy  con- 
duzido o  feu  Cadáver  à  Cathedral  com 
grande  pompa  a  cujas  exéquias  aíTiftiraõ 
os  Bifpos  de  Cochim,  c  Malaca  com 
outras  Dignidades  que  eftiveraõ  no  Con- 
cilio Provincial.  Delle  fe  lembra  honori- 
ficamente Fr.  loaõ  Lopes  Chron.  de  S. 
Domingos.  Part.  4.  cap.  37.  Sena  Chron. 
Ord.  Prad.  ad  an.  1550.  Fr.  loaõ  dos 
Santos  Etiópia  Orient.  liv.  2.  cap.  11. 
Sachin.  Hi^.  Societ.  Part.  3.  lib.  7.  n.  154. 
Souza  Hijl.  de  S.  Domingos  da  Prov.  d» 
Portug.  Part.  i.  liv.  3.  cap.  36.  Cardozo  Agiol. 
LMfit.  Tom.  2.  p.  756.  c  762.  no  Com.  de  19  de 
Abril  letr.  F.  Mont.  Claufl.  Dom.  Tom.  i.  p. 
32.  e  Tom.  3.  p.  226.  Souza  Cathal.  dos  Bifp. 
de  Cochim,  e  no  Cathal.  dos  Arceh.  de  Goa  n.  4. 
Compoz 


J 


L  USITAN  A. 


819 


Confiituiçoens     do     Arcebifpado  de     Goa. 

M.   S.    De  cuja  obra  faz  repetida  memoria 

Fr.  Pedro  Monteiro  Claufir.  Dom.  Tom.    i. 
p.   32.  e  Tom.   3.  p.   226. 

Fr.  lORGE  DE  SANTO  THOMAZ 
Religiofo  Menor  da  Província  de  Portu- 
gal muito  erudito  nos  ritos,  e  Cerimonias 
Eccleíiaíticas,  como  taõbem  nas  Rubri- 
cas do  MilTal  Romano.  Floreceo  pelos 
annos  de  1628.  em  que  deu  principio  á  obra 
feguinte. 

Kalendario  perpetuo  para  it^o  dos  Frades 
Menores  Jegundo  o  breviário  Romano  refiituido 
por  decreto  do  Sacro  Concilio  Tridentino  feito 
de  mandado  de  Pio  V.  Pontifice  Máximo, 
e  por  authoridade  do  Papa  Clemente  VIU. 
reconhecido,  com  os  Offiáos  dos  Santos  orde- 
nados por  os  Pontifices  Komanos  Jeus  JuceJ- 
Jores  Paulo  V.  Gregório  XV.  e  Urbano 
VIII.  8.  muito  alto.  Confervafe  M.  S. 
na  Bibliotheca  de  S.  Francifco  da  Gdade. 
Precedem  a  eíle  Calendário  doutiíTimas  adver- 
tências para  com  toda  a  perfeição  fe  reci- 
tar o  Ofíicio  Divino,  e  celebrar  o  Santo 
Sacrifício  da  Mifla;  regras  utilifTimas  para 
a  intelligencia,  e  u2o  das  Letras  Dominicaes, 
Epafta,  Áureo  Numero,  e  letras  do  Mar- 
tyrologio  &c. 

Fr.  lORGE  VOGADO  nobre  por  na- 
cimento,  e  muito  mais  illuílre  pela  heróica 
refoluçaõ  com  que  fendo  Moço  da  Camará 
delRey  D.  loaõ  II.  recebeo  o  habito  Do- 
minicano em  o  Convento  de  Azeitão.  Em 
taõ  fagrada  paleftra  fahio  confumado  Theo- 
logo,  e  infígne  Pregador.  Por  dous  qua- 
driénios foy  Provincial,  e  depois  Prior  do 
Convento  de  Lisboa  fobejando  para  eter- 
no brazaõ  do  feu  governo  admitir  ao  ha- 
bito aquelles  dous  infígnes  Varoens  que 
illuftráraõ  a  Cathedral  de  Braga,  e  a  do  Fun- 
chal; hum  o  Ven.  D.  Fr.  Bartholameo  dos 
Martyres;  e  o  outro  D.  Fr.  lorge  de  S.  Tiago 
Atendendo  a  Mageftade  delRey  D.  Ma- 
noel á  fua  prudente  capacidade,  o  elegeo 
ConfeíTor  devendofe  ao  feu  confelho  a  ex- 
pulfaõ  que  eíle  Monarcha  fez  dos  Mou- 
ros, e  Judeos  que  com  efcandalo  da  pie- 
dade    habitavaõ     nelle     Reyno.      Era     taõ 


venerado  o  feu  talento  que  o  nomeou  El- 
Rey  D.  loaõ  o  III.  para  vizitar  a  fua  Irmãa 
a  SereniíTima  Duqueza  de  Saboya  D.  Bri- 
tes, que  eílava  exceíTivamente  fentida  pela 
morte  de  hum  filho,  e  partindo  no  anno 
de  1536.  com  Fr.  Pedro  Lobato  Subprior 
do  Convento  de  Lisboa  de  tal  modo  de- 
zempenhou  eíla  incumbência  que  mereceo 
diíHntas  eítimaçoens  daquella  Princeza.  DeUe 
fe  lembra  Damiaõ  de  Góes  Cbron.  delKey 
D.  Manoel  Part.  4.  cap.  83.  Souza  Hiji.  de 
S.  Doming.  da  Prov.  de  Portug.  Part.  2.  liv.  4. 
cap.  5.  e  6.  Monteiro  Clauftr.  Domin.  Tom.  3. 
p.  226.  e  D.  António  Caet.  de  Souza  HiJl. 
Gen.  da  Cat^^a  Real  Portug.  Tom.  3.  p.  199. 
Efcreveo 

Aíemorias  da  Provinda  de  Portugal.  M.  S. 
Do  author,  como  da  obra  fe  lembra  Car- 
dofo  Agiol.  l^Jit.  Tom.  3.  p.  326.  no  Com- 
ment.  de  19  de  Mayo.  letr.  B. 

lOSIAS  PINTO  filho  de  lozé  Pinto 
do  qual  como  de  feu  Pay  fazem  memoria 
lacobo  Lelong.  Bih.  Sacr.  pag.  mihi  802. 
col.  I.  e  Bartoloc.  Bib.  Rabbin.  Tom.  3.  pag.  3. 
col.  I.  e  2.  Foy  Portuguez,  e  famofo  Rab- 
bino  em  a  Sinagoga  de  Amílerdaõ.  Efcreveo 
na  lingua  hebraica. 

Sèpher  Chejeph  Niuchar,  id  eft,  liber 
argenti  ekãi  ex  Proverb.  8.  n.  19.  Ve- 
netiis  apud  Petrum  et  Laurentium  Braga- 
dinum.  1621.  foi.  Saõ  Homilias  fobre  o 
Pentateucho. 

Sepher  Chefeph  Me^ukak.  id  eít,  liber 
argenti  purgati  ex  i.  Paralip.  29.  n.  4.  Ve- 
netiis  apud  loannem  Caleonem.  1628.  foi. 
Saõ    Homilias    fobre    o    Pentateucho. 

Sepher  Meor  enaim,  id  eít  liber  luminis 
oculorum  ex  Proverb.  15.  n.  30.  He  Com- 
mento  ao  livro  En  Ifraei  Venetiis  apud 
Francifcum  Viecerum  1643.  foi.  Ao  prin- 
cipio tem  dous  Dyítichos  em  louvor  do 
Author  o  primeiro  he  do  Rab.  ludas  de 
Modena;  e  o  2.  do  Rab.  lacob  Bar  Moyfes 
Levita 

Fr.  lOZÉ  DE  AGUIAR  natural  de 
Lisboa  filho  de  Luiz  Vieyra,  e  Maria 
de  Aguiar.  Na  idade  juvenil  abraçou 
o    inítituto    Carmelitano    em    o    Convento 


820 


BIB  LIO  THE  C  A 


pátrio  a  28  de  laneiro  de  1689.  e  profeflbu 
folemnemente  a  29  do  dito  mez  do  anno 
feguinte.  Foy  Meftre  jubilado  na  Sagra- 
da Theologia  fendo  muito  perito  em  a  Myf- 
tica,  e  Moral.  Ao  tempo  que  exercitava 
o  lugar  de  Vigário  ConfeíTor  no  Convento 
das  Religiofas  Carmilitas  da  Cidade  de  Beja 
onde  afnftio,  féis  annos  o  arrebatou  intem- 
pefti vãmente  a  morte  a  2  de  lunho  de  1733. 
Teve  natural  inclinação  para  a  Poezia  la- 
tina, e  vulgar  de  que  deixou  varias  com- 
pofiçoens,  e  delias  unicamente  fe  fizeraõ 
publicas  nas  Memorias  Hijl.  Panegyr.  e  Metric. 
do  fadado  culto  com  que  o  Convento  do  Carmo 
de  Usboa  celebrou  a  CanonÍ!;^açaÕ  de  S.  loaÕ 
da  Cruz-  Lisboa  por  Miguel  Rodrigues. 
1728.  4.  a  pag.   374. 

Soneto  glojfado  à  tolerância  com  que  S.  íoaõ 
da  Cru^.  acabou  a  vida  cheyo  de  molejiias.  e  a 
pag.  369. 

Epigramma  Latino.  Sobre  aquellas  pa- 
lavras do  Santo.  Domine  pati,  et  contemni 
pro  te. 

P.  lOZE'  AYRES  natural  de  Lisboa 
filho  do  Capitão  António  Fernandes  Ay- 
res, e  Mariana  Francifca.  Quando  con- 
tava 16  annos  de  idade  recebeo  a  rou- 
peta de  lefuita  em  o  CoUegio  da  Bahia 
a  12  de  Fevereiro  de  1689.  Depois  de 
Ter  Reytor  do  Collegio  do  Reciffe  em 
Pernambuco  paííou  a  Lisboa  eleito  Pro- 
curador da  Provincia  Brazilica  cuja  in- 
cumbência exercitou  com  fumma  vigilân- 
cia defde  o  anno  de  171 2.  até  1718. 
merecendo  pela  fua  natural  afabilidade  os 
afeftos  de  todos  que  o  comunicavaõ.  Foy 
ouvido  com  aplauzo  geral  em  os  mais 
authorizados  púlpitos  da  Bahia,  Pernambuco, 
e  Lisboa.  Reílituhido  ao  Brazil  acabou  a 
carreira  da  vida  mortal  onde  principiara  a 
religiofa.    Compoz. 

Breve  direção  para  o  Santo  exercido  da  boa  mor- 
te, que  fe  praíHra  nos  Domingos  do  anno  na  Igreja 
dos  Padres  da  Companhia  de  Jefuf  do  Collegio  da 
Bahia.   Lisboa  na  Ofíicina  da  Muíica.  1726.  8. 

lOZE*  DE  ALMEYDA,  E  MOURA 
Cavalleiro  profeíTo  da  Ordem  Militar  de 
Chrifto.    Naceo  em  a  Freguczia  de  S.  Cofme 


de  Gondomar  termo  da  Cidade  do  Por- 
to onde  recebeo  a  primeira  graça  a  28 
de  Setembro  de  1681.  Foraõ  feus  Pays 
Belchior  Nunes,  e  Izabel  de  Moura.  Ao 
tempo  que  eíhidava  Gramática  feguio  a 
vida  militar  aíTentando  praça  em  10  de 
Setembro  de  1703,  na  Infantaria  da  Q- 
dade  do  Porto  donde  paíTou  para  a  Ca- 
vallaria  da  Provincia  da  Beyra.  Depois 
de  fer  Furriel,  Alferez,  e  Ajudante  no 
Regimento  da  Praça  de  Almeyda  foy 
feito  Capitão  no  anno  de  1735.  donde 
paflbu  a  Sargento  mòr  do  Regimento  da 
Cavai laria  de  Beja  com  exercido  em  Oli- 
vença. Para  inftruir  os  feus  fubalternos. 
Efcreveo 

Movimentos  da  Cavai  laria  com  addiçaô  para 
Dragoens,  e  Infantaria.  Lisboa  na  Oííicina  da 
Mufica  1741.  4.    Com  eílampas. 

lOZE*     DE     ANDRADE     BARRETO 
natural  de  Lisboa  filho  de  Manoel  de  An- 
drade   Barreto    Cantor    da    Capclla    Real,    Cj 
Pafchoa    de    Meza,    e   irmaõ    de    Fr.    Lucas] 
de    Santa    Catherina    Chronifta    da    Ordem 
de   S.   Domingos,   e   Académico   da   Acade- 
mia  Real   de   quem   em   feu   lugar   fe   í»xk\ 
mais   diftinta   memoria.     Foy   muito   inftrui- 
do    nas    letras    humanas,    e    na    Liçaõ    da 
Hiftoiia   profana,    como    em   a    Poezia    pofj 
cujos   dotes   mereceo   fer  hum   dos   celebres 
alumnos    da    Academia   dos   Anonymos  inítí-l 
tuida   nefta   Corte   onde   entre   outras   obras  1 
com  que  acreditou  o  feu  nome  fe  fez  pu- 
blica   nos    Progrejfos    Académicos    da    mefma 
Academia  Anonyma  a  pag.    306.   a  Oraçaõ 
que  recitou  fendo  o  argumento. 

O  Arcebifpo  de  Braga  D.  lj)urenço  que  rece- 
bendo na  batalha  de  Aljubarrota  hum  a  cutilada 
no  roflo,  vendo  depois  hiima  eflatua  fua  fem  ella, 
elle  lha  fe:^  com  huma  efpada  distendo  que  fô  com 
aquelle  final  ficava  bem  retratado. 

lOZE'  DE  ANDRADA  DE  MORAES. 
Naceo  em  a  Cidade  de  Miranda  da  Pro- 
vincia Tranftagana  a  17  de  Abril  de 
1701.  fendo  filho  de  Francifco  Fernan- 
des de  Andrade,  c  Anna  Fernandes.  For-J 
mado  na  Faculdade  dos  Sagrados  Ca-' 
nones     em    a     Univerfidade     de     Coimbi» 


L USITAN  A 


82r 


paíTou  a  America,  e  na  Villa  do  Ribei- 
rão do  Carmo  exercita  com  geral  aceita- 
ção os  Officios  de  Patrono  de  Caufas 
Forenfes,  e  de  Pregador  Evangélico  de 
cujo  miniílerio  tem  publicado  como  pri- 
mícias   do    feu    engenho. 

OraçaÕ  Hijlorico-S agrada  da  Sacrojanãa  Paj- 
xaÕ  de  Jefu  Chrijio  pregada  na  Matri:(^  das 
Msfías  de  ouro  no  anno  de  1738.  Lisboa 
na  Officina  Joaquiniana  da  Muíica.   1741.  4. 

OraçaÕ  fimebre  em  as  Exéquias  do  Ex- 
ceilentiJfiMO,  e  Keverendijfimo  Senhor  D.  Fr. 
António  de  Guadalupe  quarto  Bifpo  do  Rio 
de  Janeiro  celebradas  na  Igreja  Aíatri^  da 
Villa  do  Carmo  em  as  Minas.  Lisboa  em 
a   dita    Officina.    1743.    4. 

Sermão  AJcetico  Apologético,  e  Panegí- 
rico pregado  na  Fejla  de  N.  Senhora  do 
Carmo  Padroeira  da  Villa  do  RiheiraÕ  do 
Carmo  das  Minas  do  ouro.  ibi  Na  Offi- 
diia  dos  Herdeiros  de  António  Pedrozo 
Galraõ.     1 744.    4, 

Sermão  Gratulatorio  pela  felicijjima,  e  de- 
spejada faude,  que  por  benefício  da  Senhora 
das  NeceJJídades  alcançou  EJKey  D.  JoaÕ  V. 
Nojfo  Senhor  recitado  na  Igreja  Matri^  da 
Villa  do  Carmo  das  Minas  do  ouro.  Lis- 
boa   na    mefma    Officina.    1744.    4. 

Sermão  de  AcçaÕ  de  Graças  pela  conti- 
nuação das  Milhoras  da  faude  delRey  D. 
JoaÕ  V.  NoJfo  Senhor,  e  pela  exaltação  da 
Villa  do  Carmo  das  Minas  em  Cidade 
Mariana  na  Fejla  do  Anjo  Cujlodio  do  Rey- 
no  a  \%  de  Julho  de  1745.  Lisboa  por 
Miguel  Rodrigues  ImpreíTor  do  Emminen- 
díTimo  Senhor  Patriarcha.  1746.  4. 

lOZE'  DOS  ANJOS  chamado  no  fe- 
culo  Jozè  Góes  naceo  em  a  augufta  Ci- 
dade de  Braga  a  21  de  Novembro  de 
1664.  aonde  teve  por  Pays  a  Miguel  Ro- 
drigues, e  Urfula  Francifca.  Ainda  naõ 
excedia  os  annos  da  adolefcencia  quando 
recebeo  a  Murça  de  Cónego  Secular  do 
Evangelifta  em  o  Convento  de  Villar  de 
Frades  a  16  de  Fevereiro  de  1682.  on- 
de fez  taes  progreíTos  nas  fciencias  Ef- 
cholaílicas,  que  laureado  com  a  borla 
doutoral  foy  Cathedratico  da  Cadeira  de 
Efcoto     em     a     celebre     Univeríidade     de 


Coimbra  de  que  tomou  poíTe  a  15  de 
Fevereiro  de  1726.  Foy  inimigo  da  vaõ 
gloria,  e  amante  da  moderação.  Conhe- 
cendo fer  chegada  a  ultima  hora  pedio 
o  Rofario,  que  todos  os  dias  devota- 
mente recitava,  o  qual  acabado  de  re- 
zar com  grande  pauza,  placidamente  ef- 
pirou  no  Collegio  de  Coimbra  a  25  de 
Mayo  de  1731.  com  68  annos  de  idade. 
Dos  muitos  Sermoens,  que  com  aplauzo 
tinha    pregado    fe    fez    publico    o    feguinte. 

Sermão  no  Aâo  publico  da  Fé,  que  Je  celebrou 
na  Praça  de  S.  Miguel  da  Cidade  de  Coimbra 
em  z^  de  Aíayo  de  ijzj.  Coimbra  na  Officina 
do  Real  Collegio  das  Artes.  1727.  4. 

Sermão  das  Exéquias  do  IlluJlriJfímo,  e  Ke- 
verendijpmo  Senhor  Arcebijpo  Primat^  Ruy  de 
Moura  Telles.  4.  M.  S.  Sendo  digno  da  im- 
preíTaõ  por  conter  hum  Epitome  das  açoens 
defte  iníigne  Prelado,  naõ  quiz,  que  fe  publi- 
caíTe  pelo  aplauzo,  que  lhe  podia  refultar. 

Fr.  lOZE'  DE  SANTA  ANNA  na- 
tural do  Porto  donde  paíTando  á  Bahia 
Capital  da  America  Portugueza  profeíTou 
o  habito  Carmelitano  em  o  Convento 
deíla  Cidade  a  31.  de  Outubro  de  1700. 
Sendo  Prior  do  Convento  da  Cachoeira  íi- 
tuado  no  Recôncavo  da  Bahia  pregou  com 
geral  aceitação  o  feguinte   Sermaõ. 

Thei(puro  Eucharijlico  Sermão  doutrinal  in- 
timado ao  popular  da  notável  Villa  da  Ca- 
choeira nas  demonjiraçoens  publicas  de  fentimen- 
to,  que  fet!^  o  Convento  do  Carmo  da  mefma 
Villa  pelo  facrilego  roubo,  e  execrando  defa- 
cato  feito  ao  reverente  culto  do  venerado  Sa- 
crário da  Cathedral  da  Bahia  no  infaujlo  dia 
de  zz  de  Fevereiro  próximo  pajjado.  Lisboa 
por  Manoel  Fernandes  da  Cofta  ImpreíTor 
do    Santo   Officio.    173 1.    4. 

Fr.  lOZE'  DE  SANTO  ANTÓNIO 
natural  da  Gdade  de  Évora  filho  de  Ma- 
noel Xará,  e  Maria  Peftana.  Deixando 
o  feculo  profeíTou  o  inítituto  de  S.  Pau- 
lo primeiro  Ermitão  em  o  Convento  da 
Serra  de  OíTa  Cabeça  deíla  Erimitica  Con- 
gregação a  20  de  Junho  de  1668.  fen- 
do Geral  Fr.  António  Tellez.  Igual  ta- 
lento    teve     para     o     púlpito,     como     pa- 


B22 


BIBLIO THE  CA 


ta.  a  Cadeira  pois  recebendo  o  gráo  de 
Doutor  Theologo  cm  a  Univerfidade  de 
Évora  exercitou  o  miniílerio  de  Orador 
Evangélico  nas  Cidades  mais  populofas 
defte  Reyno,  e  ultimamente  na  Corte  de 
Lisboa,  e  Capella  Real  onde  era  ouvido 
com  plauíivel  aceitação.  Foy  Reytor  do 
Convento  de  Setuval,  e  do  CoUegio  de 
Évora;  Secretario,  e  Vizitador  da  fua 
Congregação,  e  Examinador  das  Três  Or- 
dens Militares.  Querendo  eternizar  com 
a  penna  a  memoria  dos  feus  Religiofos 
principiou  a  efcrever  a  Chronica  da  Or- 
dem porem  a  morte  interrompeo  taõ  he- 
róico intento  fallecendo  no  Convento  de 
Lisboa  a  28  de  Fevereiro  de  1710.  Dos 
muitos  Sermoens  de  que  tinha  promptos 
vários     Volumes,     fomente     fe     publicarão. 

SermaÕ  dos  PaJJos.  Lisboa  por  Miguel  Des- 
iandes.  1687.  4.  Sahio  na  haurea  Poríugue:(a 
defde  pag.  382.  até  406. 

Oração  fúnebre  nas  Jattdov^as  lembranças,  e 
devidas  honras  da  Serenijftma  Raynòa  de  Por- 
tugal D.  Maria  It^abel  de  Neoburg  na  Santa 
Ca^a  da  Mifericordia  da  muy  notável  Villa  de 
Setuval  em  i\  de  Setembro  de  1699.  Lisboa 
por  Manoel  Lopes  Ferreira.  1700.  4. 

Retiro  Manifejlo  da  Vida  Erimitica  M.  S. 
Com  efte  titulo  efcreveo  no  efpaço  de  três 
annos  18  Séculos  dos  Annaes  Erimiticos,  que 
naõ  lograrão  da  luz  publica.  Deíla  obra  como 
de  feu  Author  faz  memoria  o  P.  M.  Fr.  Hen- 
rique de  S.  António  no  Prologo  da  Chron. 
dos  Erimit.  da  Serra  de  OJfa,  que  modernamente 
publicou.  Delle  também  fe  lembra  o  P.  Fon- 
ceca  Evor.  Glorio/,  p.  412. 


Fr.  lOZE'  DE  SANTO  ANTÓNIO 
natural  de  Lisboa  onde  educado  com  os 
virtuofos  documentos  de  feus  Pays  loaõ 
Rodriguez  da  Cofta,  e  Antónia  Thoma- 
2Ía  recebeo  o  habito  de  Erimita  Au- 
guftiniano  no  Convento  pátrio  de  N.  Se- 
nhora da  Graça  profeíTando  folemnemen- 
te  a  21  de  Agoílo  de  1688.  As  fcien- 
cias  feveras,  que  aprendeo  com  felicida- 
de as  diftou  com  aplauzo  aos  feus  do- 
meíUcos  fendo  o  primeiro,  que  feguio  a 
doutrina   do   B.   Egidio   Colona   mais   emi- 


nente pela  fabidoria  do  que  ainda  pela 
purpura.  No  anno  de  1721.  que  o  Pro- 
vincial deíla  Provinda  foy  votar  ao  Ca- 
pitulo Geral  exercitou  o  lugar  de  Vi- 
gário Provincial  com  tanta  madureza,  que 
moílrou  fer  digno  de  mayores  dignida- 
des. Foy  taõ  obfervante  das  máximas 
do  feu  inftituto  como  verfado  em  as 
Antiguidades  da  fua  Ordem.  Falleceocom 
fumma  piedade  no  Convento  de  Lisboa 
a    29    de    lunho    de    1727.     Compoz 

Incentivos  de  devoção  com  o  glorio/o  S. 
Nicoláo  de  Tolentino  expojlos  no  epitome  da 
portento/a  vida  do  me/mo  Santo.  Lisboa 
por    António    Pedrozo    Galraõ.     171 6.     16. 

Vitorias  dos  impojfweis  confeguidas  em  três 
Campanhas  da  vida,  morte,  e  bemaventu- 
rança  da  B.  Rita  de  CaJJia.  Viuva  Reli- 
gioja  da  Ordem  dos  Erimitas  de  noffo  ff'an- 
de  Padre  Santo  Agojlinho  aclamada  commum 
mente  pela  devoção  dos  povos,  advogada  dos 
impojfweis.      Lisboa     pelo     dito     ImpreíTor. 

1718.  4. 
Epitome    da    Vida,    e    martyrio    de    Santa 

Apollonia  admirável  Virgem,  e  portento/a 
Martyr  juntamente  com  a  novena  da  mef- 
ma     Santa.     Lisboa     pelo     dito     ImpreíTor. 

1719.  24. 
Fios    Sanãorum    Auguftiniano    dividido    em 

6  partes;  as  4.  primeiras  trataô  dos  San- 
tos, e  Beatos  que  tem  dia  determinado  nos 
12  me:(es  do  anno;  a  5.  dos  Santos,  e 
Beatos  de  que  naõ  fe  fabe  o  dia  do  feM\ 
ditot^o  tranfito;  a  6  dos  Servos  de  Deot 
que  morrerão  com  opiniaõ  de  Santidade.  Pri- 
meira Parte.  Lisboa  na  Officina  da  Mu- 
íica.    1721.    foi. 

Segunda  Parte.  Lisboa  na  dita  Offi- 
cina    1725.     foi. 

Terceira  Parte  que  contem  os  Santos  di\ 
lulho,  e  Agojlo,  Lisboa  na  mefma  Offi- 
cina.   1726.    foi. 

Iman  efpiritual  atraãivo  dos  Coraçoens  ao 
amor,  veneração,  e  feqtáto  da  Terceira  Or- 
dem Augujiiniana  dividido  em  duas  partes; 
a  primeira  contem  a  origem,  progreffos,  e 
felicidade  da  mefma  ordem;  a  fegunda  a 
Re^a,  conjlituiçoens,  exercidos,  e  cerimonias, 
que  os  Terceiros  devem  obfervar.  Lisboa  na 
mefma    Officina.     1726.    4. 


1 


L  USITANA. 


825 


lOZE'  ANTÓNIO  DE  ABREU  BA- 
CELLAR  natural  de  Coimbra  filho  de 
Manoel  de  Abreu  Bacellar  CavaUeiro  da 
Ordem  de  Chriílo,  e  de  D.  Maria  Frey- 
re,  compoz  juntamente  com  feu  irmaõ 
Francifco  lozè  de  Abreu  que  fe  reco- 
lhe© ao  Clauílro  dos  Carmelitas  Defcal- 
fos. 

Diário  efpiritual  de  Oração  Vocal,  e 
Mental  dividido  em  dtms  partes;  a  pri- 
meira contem  a  Oração  Vocal  a  fegtmda 
inclue  a  Oração  Mental.  Coimbra  por  Ben- 
to Seco  Ferreira  ImpreíTor  do  Santo  Of- 
ficio.    1726.    12. 


P.  lOZE'  ANTUNES  alumno  da  Sa- 
grada Companhia  de  lefus  cujo  inítítuto  pro- 
feflbu  em  o  Noviciado  de  Goa  merecendo 
pelas  fuás  letras  fer  Deputado  da  Inquifiçaô 
da  mefma  Gdade  de  cujo  lugar  tomou  poíTe 
a  26  de  Abril  de  1713.  Teve  infigne  talento 
para  o  púlpito  de  que  íaõ  irrefragaveis  tefte- 
munhas. 

Sermão  do  ff-ande  Patriarcha  S.  Iot(é  pregada 
em  Goa  no  anno  de  171 1. 

Sermão  Jegundo  de  S.  ]ois^é  pregado  no  anno 
de  1712. 

Sermão  Terceiro  de  S.  Jot^é  pregado  no  anno 
171 5.  Sahiraõ  todos  juntos.  Lisboa  na  Ofíi- 
cina  Real  Deslandefiana.  171 5.  4. 


lOZE'  ANTÓNIO  MONTEYRO  BRA- 
VO. Naceo  em  a  Cidade  de  Lisboa  a 
19  de  Fevereiro  de  171  o.  fendo  filho 
do  De2embargador  Miguel  Monteiro  Bra- 
vo, e  D.  Thomazia  ^lichaela  da  Sylva. 
Profeííou  na  idade  da  adolefcencia  o  inf- 
tituto  da  Ordem  militar  de  Saõ  Tiago 
no  Real  Convento  de  Palmella  a  16  de 
Abril  de  1735.  onde  pela  fua  prudente 
capacidade,  e  literatura  obteve  o  Priorado 
da  Igreja  de  S.  luliaõ  da  Villa  de  Se- 
tuval  que  adminiftra  com  zelo  de  vi- 
gilante Paftor.  De  igual  talento  o  ornou 
a  natureza  para  o  exercido  da  Poefia 
T  atina  que  da  Oratória  Ecclefiaftica  de 
que  faõ  fazonados  frutos  as  feguintes 
produçoens. 

Epigrammatum  Centúria  infcripta  Duci  Ca- 
davallenfi  laymio  de  Mello.  UlyíTipone  apud 
Emmanuelem   Fernandes   da   Coíla    1733.    8. 

Sermão  do  inviãijftmo  Martyr.  S.  Inf- 
tíno  pregado  na  Igreja  de  Nojfa  Senhora  do 
Laureio  da  naçaÕ  Italiana  onde  fe  achaÕ 
depofitaãos  os  ojfos  do  me/mo  Santo.  Lis- 
boa   por    Miguel    Rodrigues    1737.    4. 

SermaÕ  do  Santijfimo  Sacramento  em  o 
ultimo  dia  do  folemne,  e  aniverjario  Tridtw 
que  a  fua  Irmandade  da  Parocbial  I^eja 
de  Santa  Maria  da  Graça  Matri^  de  Se- 
ttéal  lhe  dedicou  pregado  em  1^  de  lulho 
de  1739.  ^^  do  Anjo  Cujlodio  do  Rejno. 
Lisboa  por  António  Ifidoro  da  Fonceca. 
1740.    4. 


Fr.  lOZE'  DO  APOCALIPSE  LINHA- 
RES. Naceo  na  Villa  que  tomou  por 
apelUdo  fituada  nas  faldas  da  Serra  da 
Eílrella  em  a  Província  da  Beyra  alta  a 
25  de  Novembro  de  1674.  fendo  feus  pro- 
genitores António  Botelho  de  Carvalho,  e 
D.  Barbara  da  Coíla  Pacheco  peíToas  qua- 
lificadas pela  fua  afcendencia.  Inftruido  na 
pátria  com  as  letras  humanas  recebeo  o 
habito  ferafico  no  Convento  de  S.  Fran- 
cifco de  Lisboa  da  Província  de  Portugal 
a  3  de  Mayo  de  1689.  quando  contava 
quinze  annos,  e  profeífou  a  6  do  dito 
mez  do  anno  feguinte.  Nos  eftudos  efcho- 
lafticos  moílrou  tal  talento  que  logo  foy 
deíHnado  para  Meílre  que  exercitou  em  vá- 
rios Conventos  da  fua  Ordem,  principal- 
mente em  o  Collegio  de  Coimbra  onde 
foy  admirada  a  fua  agudeza  no  argumentar,, 
e  promptidaõ  no  refponder.  Foy  Guardião 
do  Convento  de  Leyria,  e  Examinador  Syno- 
dal  da  fua  Diocefe,  Definidor,  Guardião  do 
Convento  de  Lisboa  e  Confeífor  das  religio- 
fas  do  Convento  da  Efperança  deíla  Corte. 
Entre  muitos  Sermoens  que  com  aplauzo 
tem  recitado  fe  publicou  o  feguinte. 

SermaÕ  da  Canonização  de  S.  loaõ  da 
Cru^  primeiro  Carmelita  Defcalfo,  e  Theo- 
logo  Mjflico,  no  Collegio  de  S.  lo^è  dos 
ditos  Carmelitas  Defcalfos  da  Univerfdade  de 
Coimbra  no  fegundo  dia  do  Triduo  que  os 
mefmos  reliffofos  lhe  conf agrarão.  Lisboa  por 
António    Pedrozo    Galraõ.     1728.    4. 


«24 


BIBLIO  TH E  CA 


P.  lOZE'  DE  ARAÚJO  natural  do 
Porto  filho  de  Pedro  Moreira  Porto,  e 
Maria  de  S.  loaõ  Benavides.  Na  flo- 
rente idade  de  defafeis  annos  trez  mezes, 
e  vinte  c  finco  dias  abraçou  o  inftituto 
fagrado  da  Companhia  de  lefus  cm  o 
Noviciado  de  Lisboa  a  lo  de  Outubro 
de  1696.  Diftou  Rhetorica  em  G^imbra, 
Filofofia  no  Porto,  e  Theologia  em  o 
G3llegio  de  Santo  Antaõ  de  Lisboa.  He 
Examinador  das  três  Ordens  Militares, 
Qualificador  do  Santo  Officio,  e  Confef- 
for  do  Sereniífimo  Senhor  Infante  D. 
Manoel.     Publicou 

Curfíis  Theologicus  in  decem  dijputattones 
divifus.  Tomus  primus.  Ulyffipone  apud  Mi- 
chaelem  Rodrigues  D.  Patriarchaí  Ty^pog. 
1734.  foi. 

Curjus  Theologicus  in  novem  dijputationes 
divifus  Tomus  Jecundus.  ibi  apud  eumdem 
Typ.    1737.    foi. 

Fr.  lOZE'  DE  ARGANIL  natural  da 
Villa  do  feu  apelido  Cabeça  de  Condado 
:anexo  aos  Bifpos  de  Coimbra.  Profef- 
fou  o  inftituto  Seráfico  em  a  reformada 
Provinda  da  Soledade  onde  aprendeo  as 
fciencias  capazes  de  o  formar  Theologo, 
e  Pregador  de  cujo  fagrado  minifterio 
fez    patente    por    beneficio     da    ImpreíTaõ. 

Orat^aÕ  fúnebre  nas  exéquias  de  Bento  de  Moura 
Barata  Mendoça,  e  Frejre  Fidalgo  da  Cav^a  de  S. 
Magejlade,  e  Cavalleiro  profejfo  da  Ordem  de 
Chrijlo  recitada  no  Convento  de  Nojfa  Senhora  da 
Charidade  de  religiofos  da  Provinda  da  Soledade 
de  que  a  fua  Cav^a  tem  o  Padroado,  e  la^igo  na 
Villa  do  Sardoal.  Lisboa  por  Miguel  Ma- 
nefcal  da  Cofta.  Impreflbr  do  Santo  Officio 
1741.  4. 

Fr.  lOZE'  DA  ASSUMPÇÃO  natu- 
ral da  Qdade  de  Angra  Capital  da  Ilha 
Terceira  filho  de  Pays  nobres  chamados 
Matheos  de  Lima  Pacheco,  e  Catheri- 
na  Vaz.  Profeflbu  o  fagrado  inftituto  da 
Ordem  da  SantiíTima  Trindade  em  o  Con- 
vento de  Lisboa  a  6  de  Agofto  de 
1640.  onde  brilhou  o  feu  talento  diftan- 
•da    Theologia    no    Collegio    de    Coimbra, 


e  no  Convento  de  Lisboa,  e  a  fua  pru- 
dência fendo  Secretario  do  Vizitador  Ge- 
ral, Difinidor  aífiftente  em  Roma,  e  ulti- 
mamente Miniftro  do  Convento  de  Lis- 
boa onde  falleceo  a  11  de  Novembro 
de    1 667.    Compoz. 

SermaÕ  prigado  na  folemnidade  que  os  Ke- 
ligiofos  Theatinos  da  Divina  Providencia  fii(eraÕ 
a  feu  Santo  Fundador  o  B.  Caetano  no  Convento 
da  Santijfima  Trindade  a  -j  de  Agojio  de  1652. 
Naõ  tem  lugar,  nem  nome  do  Impreflbr.  4. 

SermaÕ  em  a  folemnidade,  que  os  Cléri- 
gos Regulares  da  Divina  Providencia  fi^eraò 
à  nova  fundação  da  Ordem  em  Usboa  dia 
de  S.  Miguel  Padroeiro  das  fuás  MiJJoens 
anno.  1653.  Naõ  tem  lugar,  nem  anno, 
e    nome    do    Impreflbr.    4. 

Fr.  lOZE*  DA  ASSUMPÇÃO  natu- 
ral de  Lisboa  fendo  filho  de  António 
da  Sylva,  e  loanna  Baptifta.  Querendo 
contrahir  mais  nobre  confaguinidade  com 
feu  irmaõ  o  Meftre  Fr.  Frandfco  de 
Santa  Maria  Provincial,  que  foy  dos  Eri- 
mitas  de  Santo  Agoftinho  de  quem  fc 
fez  merecida  lembrança  em  feu  lugar, 
profeflbu  o  mefmo  inftituto  no  Convento 
de  Nofla  Senhora  da  Graça  de  Lisboa  a 
15  de  Março  de  1695.  onde  didou  Theo- 
logia até  jubilar  no  anno  de  1725.  Foy 
Prior  do  Convento  de  Torres  Vedras,  c 
Definidor  da  Provincia.  He  muito  fadl 
na  metrificação  Latina,  verfado  na  liçaõ 
dos  Poetas,  e  Oradores  antigos,  e  naõ 
menos  intelligente  nas  Antigviidades,  c 
privilégios  da  fua  Ordem  Erimitica  de 
cujos  eflxidos  refultou  a  fecunda  produ- 
ção de  varias  obras,  que  fe  dedaraõ  no 
Cathalogo    feguinte. 

Epigrammata  Sacra  Vitam  B.  Andrea  de 
Comitihus  Seraphici  Ordinis  S.  Francifci  alth 
mni  praclarijfimi  explanantia.  Ulyffipone  cx 
Typog.  Auguftiniana.  1731.  4- 

Hymnologia  Sacra  em  6  Partes  iffmlmenU 
dividida.  Parte  primeira,  na  qual  com  grane» 
variedade  de  Textos  da  Sacada  Efcritura,  aih 
tboridade  dos  Santos  Padres,  e  muitas  noticiai 
das  Hiflorias  humanas  fe  explanaõ  todos  os  Hjmnos 
do  tempo  do  Breviário  Romano,  e  algttt 
mais    de    alguns    Santos,    que   por    devoçaÕ  f* 


L  USITANA. 


825 


acrecentáràõ  a  efia  primeira  Parte.  Lisboa 
na  Officina  da  Congregação  do  Oratório. 
1738.   4. 

Hymnoloffa  Sacra  em  6  Varies  total- 
mente dividida.  Parte  2  na  qual  fe  expla- 
nou todos  os  Hymnos  dos  Santos,  que  nos 
primeiros  féis  messes  fe  contem  no  Breviário 
Romano,  Auffiftiniano,  e  dos  KK.  PP.  Car- 
melitanos,  e  Francifcanos.  Lisboa  por  Mi- 
guel   Manefcal    da    Coíla    1744.    4. 

Funiculus  Triplex  fcilicet  Kegula  Aíagni 
Parentis  Augujlini  Erimitarum  Ordinis  Pa- 
triarcba  a  tribus  Augufliniana  Familia  Coe- 
rimitis  pátria  Ulyjfiponenfbus  Fr.  Joanne  Ma- 
riano, Fr.  Francifco  a  Sanãa  Alaria,  Fr.  Jo- 
fepbo  ab  Ajfumptione  carmine  heróico  concin- 
nata.  Accedunt  Três  Fpigrammatum  libri,  et 
Centones  ad  Aljfteria  Cbrijii.  UlyíTipone  1739. 
4    Naõ    tem    nome    do    impreflbr. 

Martyroloòum  Ajiguflinianum  in  três  par- 
tes aqualiter  SJlributum  in  quo  fumma  lati- 
tudine,  Ó"  amplitudine  innumerabiles,  €>*  quaji 
fuper  arenam  multipUcati  Sanai,  Beati,  (ò*  Ve- 
nerabiles,  qtá  in  Augufliniana  Keliffone  clarue- 
runt  per  fngulos  totius  anni  dies  referuntur, 
additis  ad  illorum  eloffa  meliús  intelligenda 
mflijjimis  Commentariis.  Pars  prima  in  qua 
Sanai,  Beati,  (ò"  Venerabiles  prima  partis 
explanantur.  UlyíTipone  ex  Typographia  Pi- 
nheirieníi  Muíices,  ac  Sacri  Ordinis  Me- 
liteníis.    1743.    foi. 

EJeffa  in  obitum  Fratis  ftá  amabilijfi- 
mi  Fr.  Francifci  a  S.  Maria  Ord.  Eri- 
mrít.  D.  Augufi.  moderatoris  di^ijjimi.  Co- 
meça. 

Tolleris  è  médio  Francifcel  O'  fata  fi- 
mflra\  Confta  de  18  Dyftichos.  Dous  Epi- 
táfios ao  mefmo  AíTumpto,  que  faõ  dous 
Epi^ammas  de  7  Dyílichos  cada  hum. 
Sahiraõ  eílas  obras  no  fim  do  Elogio 
Fúnebre,  que  à  memoria  de  Fr.  Fran- 
cifco de  Santa  Maria  dedicou  Manoel 
Ferreira  Leonardo.  Lisboa  na  Officina  Pi- 
nheirienfe  da  Mufica,  e  da  Sagrada  Re- 
ligião   de    Malta.    1745.    4. 

Ejicomiaflicum  Appollineum  ex  pracipuis  pra- 
toniis  Joannis  V.  "Lufitama  Regis.  UlyíTipone 
cx  Officina  Muficae.  1732.  foi,  Sahio  com 
o  fupofto  nome  do  Doutor  D.  Domingos 
Novi  Chavarria. 


Obras  M.  S. 

Vita  S.  Patris  Augujlini  heróico  carmine  12 
libros. 

Vida  do  Santo  compofla  em  emblemas,  e  autho- 
ridades  do  Santo  Doutor. 

Translationes,  e^  inventio  S.  P.  Auguffini. 
8.  em  Verfo  elegíaco. 

Miraculum  S.  Augufiini  ad  40  Tranfalpinos 
compofto  de  centoens  de  Virgílio  em  três 
livros. 

Regula  D.  Augujlini  oratione  pedeflri. 

Vita  S.  Nicolai  Tolentini  libri  duoderim. 
He  compoíla  de  Centoens  de  VirgiUo. 

De  Creatione  Mundi.  De  Centoens  de  Vir- 
gílio. 

Vita  BB.  JEffdii  Romani,  Bonaventura  Pa- 
tavini,  ac  Alexandri  Oliva  libri  12.  Carmine 
heróico. 

Chorus  Pieridum.  ConAa  de  nove  livros  de 
Epigramas. 

Mafrenfe  opus  feptem  columtns.  em  Verfo  ele- 
gíaco. 

Paradifus  voluptatis.  Coníla  das  prindpaes 
excellendas  da  Ordem  Erimitica  de  Santo 
Agoítinho. 

Nania  Sacra.  Coníla  dos  Santos,  e  Ve- 
neráveis da  Ordem  devotos  das  Almas  do 
Purgatório. 

Eremus  infulata.  Trata  dos  Bifpos  AugulH- 
nianos  Portugue2es. 

Polyanthea  EuchariJHca.  Confta  de  féis  mil 
Epiâetos  ao  SantiíTimo  Sacramento. 

Anna^amatum  líber. 

Vida  de  Fr.  Effdio  Eujitano. 

Computo  de  todas  as  Pafchoas. 
Livros  incompletos. 

Aimo  Virgíneo  de  favores  de  Maria  San- 
tijjima     aos     Reli^ofos     de     Santo     Agoflinbo. 

Anno  Angélico.  Trata  dos  favores,  que 
os  Efpiritos  Angélicos  fizeraõ  a  Religio- 
fos    Agoítínhos. 

Armo  Sacramental. 

Anno  de  Vi^oens. 

Profodia  Poética. 

Tratado  de  Etymolo^as. 


D.  lOZE*  BARBOSA  filho  do  Capi- 
tão loaõ  Barbofa  Machado,  e  D.  Catherina 
Barboía  meu  Irmaõ  naceo  em  Lisboa  a  25 


826 


BIB  LIO  THE  CA 


de  Novembro  de  1674.  e  a  2  de  De- 
2embro  recebeo  a  graça  baptifmal  na 
Real  Parochia  de  Nofla  Senhora  da  G)n- 
ceiçaõ.  Aprendeo  a  Gramática  Latina,  e 
os  preceitos  da  Poezia,  e  Rhetorica  em 
o  Collegio  de  Santo  Antaõ  dos  PP.  Je- 
íuitas  donde  quando  ainda  naõ  contava 
completos  quatorze  annos,  e  meyo  abra- 
çou o  fagrado  inílituto  de  Qerigo  Regu- 
lar Theatino  em  a  Giza  de  NoíTa  Se- 
nhora da  Divina  Providencia  defta  G)rte 
profeflando  folemnemente  no  fauíliíTimo 
dia  de  8  de  Dezembro  de  1690.  dedica- 
do a  Conceição  immaculada  da  Raynha 
dos  Anjos.  Confumada  a  carreira  dos  Ef- 
tudos  EfcholaíUcos  fe  dedicou  ao  minif- 
terio  de  Orador  Evangélico,  que  tem 
exercitado  pelo  largo  efpaço  de  quarenta, 
e  quatro  annos  nas  mayores  funçoens  af- 
íim  feítívas,  como  fúnebres.  Pregando  em 
o  feu  Convento  a  10  de  Novembro  de 
171 5.  de  Santo  André  Avellino  brilhante 
aftro  da  Congregação  Theatina,  collocado 
nefte  anno  pela  Santidade  de  Clemente 
XI.  em  o  Cathalogo  dos  Santos,  teve  a 
fublime  honra  de  fer  feu  Ouvinte  o  noíTo 
SereniíTimo  Monarcha  D.  loaõ  V.  que  pa- 
ra demonílraçaõ  do  conceito,  que  formara 
do  Orador  o  nomeou  Chroniíla  da  Sere- 
niíTima  Caza  de  Bragança.  Entre  os  pri- 
meiros íincoenta  Académicos  da  Academia 
Real  foy  eleito  para  efcrever  as  Memorias 
Hiíloricas  do  Conde  D.  Henrique  tronco 
dos  Monarchas  Portuguezes,  e  de  feu  au- 
gufto  filho  D.  AfFonfo  Henriques  cuja  pri- 
meira incumbência  tem  fatisfeito  com  apro- 
vação da  mefma  Academia.  He  Examina- 
dor das  Três  Ordens  Militares,  e  do  Pa- 
triarchado  de  Lisboa.  As  obras  Concio- 
natorias,  Hiíloricas,  e  Poéticas,  que  tem 
publicado,    faõ    as    feguintes. 

Sermaõ  Hijlorico  Panegvrico  da  Conceição  de 
Nojfa  Senhora  Padroeira  do  Reyno  de  Portugal 
pregado  na  Capella  Keal  a  %  de  De^enthro  de 
1709.  Lisboa  na  Ofíicina  Real  de  Valentim 
da  Coíla  Deslandes.  1710.  4. 

Sermaõ  dos  Bons  Annos  pregado  na  Capella 
Keal  ao  primeiro  de  Janeiro  de  1 7 1 1 .  Lisboa  por 
Miguel  Manefcal  ImpreíTor  do  Santo  Ofíicio,  e 
da   SercniíTima  Caza  de   Bragança.    171 1.   4. 


OraçaÔ  fúnebre  nas  Exéquias  do  Excellentif- 
fimo  Senhor  Luiz  ^  Vafconcellos,  e  Sou^a  Conde 
de  Caftelmelhor  EfcrivaÕ  da  Puridade  deíRey  D. 
Affonfo  VI.  e  Confelheiro  de  EJlado  delKey 
D.  loaõ  V.  Nojfo  Senhor  celebradas  na 
Collegiada  de  NoJfa  Senhora  da  Conceição 
a  zf  de  Setembro  de  1720.  Lisboa  por 
Mathias  Pereira  da  Sylva,  e  loaõ  An- 
tunes Pedrozo  1720.  4.  &  ibi  por  An- 
tónio   líidoro    da    Fonceca.    4. 

Panegyrico  fúnebre  nas  Exéquias  do  Ex- 
cellentifftmo  Senhor  D.  António  L/dz  de  Sou- 
Za  11.  Marquez  das  Minas  IV.  Conde  do 
Prado  do  Confelho  de  EJlado,  e  guerra, 
Governador  das  Armas  da  Provinda  do  Alen- 
tejo, Eflribeiro  mòr  da  Rainha  Noffa  Se- 
nhora, celebradas  pela  Meza  do  Santijfimo 
Sacramento  da  Freguejia  de  Santos  a  zf)  de 
Janeiro  de  1722.  Lisboa  na  Officina  da 
Mufica.    1722.    4. 

Panegyrico  fúnebre  nas  Exéquias  do  Du- 
que D.  Nuno  Alvares  Pereira  de  Mello 
celebradas  pela  Irmandade  do  Santijftmo  Sa- 
cramento da  Freguejia  de  Santa  lujla  em 
10  de  Março  de  1727.  Lisboa  por  António 
Manefcal  ImpreíTor  do  Santo  Officio.  1727. 
4.  e  nas  Ultim.  Açoens  do  mefmo  Duque. 
Lisboa  na  Ofíicina  da  Muíica.  1730.  fo!. 
grande    defde    pag.  287.    até  307. 

Sermaõ  da  Canonização  de  S.  Euiz  Gon- 
Z^g^y  c  de  Santo  Stanislao  Koztka  pregado 
na  Igreja  de  S.  Roque  a  10  de  Agojlo 
de  1727.  ultimo  dia  do  feu  folemnijfimo  Ou- 
tavario.  Lisboa  na  Patriarchal  Officina  da 
Muíica.    1727.    4. 

Sermaõ  da  Canonização  de  S.  loaÕ  da 
Cruz  pregado  na  Igreja  das  Religiofas  de 
Santa  Thereza  de  Camide  em  12  de  Se- 
tembro de  17 zj.  Lisboa  por  Miguel  Ro- 
drigues.    1727.    4. 

Sermaõ  da  Canonização  de  S.  loaÕ  da  Cruz 
pregado  no  Convento  de  NoJfa  Senhora  das 
Remédios  dos  Carmilifas  Defcalfos  da  Cidade 
de  Évora  fazendo  a  Fejla  no  primeiro  dia  d» 
Triduo  o  Illufiriffimo  Senhor  Cabido  em  i^  de 
Outubro  de  i^z-j.  Lisboa  na  Patriarchal  Ofíi- 
cina da   Mufica.    1727.   4. 

Sermaõ  nas  Exéquias  de  D.  Izahel  Ma- 
ria   de    Gamboa    no    Hofpital    ReaJ    em    27 


L  USITAN  A. 


de  Junho  de  1732.  Lisboa  por  ^íauricio  Vi- 
cente de  Almeyda.  1732.  4. 

Oraçaõ  fúnebre  nas  exéquias  da  SereniJJi- 
ma  Senhora  D.  LuÍ!(a  filha  do  muito  alto, 
e  muito  poderofo  Kej  D.  Pedro  II.  celebra- 
das pela  Irmandade  do  Santijfimo  Sacramento 
da  Freguef(ia  de  Santa  lufia  em  30  de 
janeiro  de  1733.  Lisboa  por  Jo2è  An- 
tónio da  Sylva  Impreflor  da  Academia 
Real.    1733.    4- 

SermaÕ  da  AJfumpçaõ  da  Virgem  Ma- 
ria com  o  titulo  de  Nojfa  Senhora  de  To- 
do o  Bem  na  profijfaõ  do  Irmaõ  Aíanoel 
Caetano  de  Azevedo  Coutinho  Clérigo  Ke- 
gidar  pregado  na  I^eja  de  Nojfa  Senhora 
da  Divina  Providencia  em  15  de  Agofto 
de     1732.      Lisboa     pelo     dito     Impreflor. 

1733-    4. 

SermaÕ  de  Santo  André  Avellino  pregado  na 

I^eja  de  NoJfa  Senhora  da  Divina  Providencia 

a   10   Novembro  de   1732.     Lisboa  pelo   dito 

Impreflor.  1733. 

SermaÕ  da  purijfima  Conceição  da  Virgem  Se- 
nhora NoJfa  pregado  na  Vefta,  que  como  a  fua 
Protectora  lhe  fa:(^  a  Academia  Real  na  Capella 
do  Paço  do  Duque  a  1^  de  De!(embro  de  1735. 
Lisboa  pelo  dito  Impreflor.  1735. 

Panegyrico  Fúnebre  nas  Exéquias  do 
ExceltentiJJimo,  e  R£verendiJfimo  Senhor  Cae- 
tano Cavalieri  Núncio  Apofiolico  nos  Reynos, 
t  Senhorios  de  Portugal  celebradas  pela  NaçaÕ 
Italiana  na  I^eja  de  Noffa  Senhora  do  Lo- 
reto  a  i^  de  Novembro  de  1738.  Lisboa 
por  António  líidoro  da  Fonceca  1738.  4. 
Traduzido  na  lingua  Italiana  por  Domingos 
Maria  Vaccari.   Lisboa  pelo  mefmo  Impreflor. 

1739-  4- 

SermaÕ  da  Canonif^açaõ  de  S.  Vicente  de 
Paulo  Fundador  da  Con^egaçaõ  da  MiffaÕ  pre- 
gado na  fua  Ca^a  a  zi  de  lulho  de  1738.  Lisboa 
pelo  dito  Impreflor  1739.  4- 

SermaÕ  de  S.  Bento  Príncipe  dos  Patríar- 
íbas  pregado  no  Mofleiro  de  S.  Bento  de  Lisboa 
41  zi  de  Março  de  1739.  Lisboa  pelo  dito 
Impreflor  1739.  4. 

SermaÕ  de  S.  Paulo  primeiro  ErmitaÕ  pré- 
.^ido  no  Convento  defla  Corte  em  Domingo  10 
de  laneiro  de  1740.  Lisboa  por  Miguel  Ro- 
•drigues  Impreflor  do  Emminentiflimo  Se- 
nhor Cardial  Patriarcha   1740.  4. 


827 

Oraçaõ  fúnebre  nas  exéquias  do  IlliflriJJi- 
mo,  e  'Excellentifftmo  Senhor  Conde  de  Alva 
D.  loaÕ  Diogo  de  Atayde  do  Confelho  de 
S.  Mageflade,  e  de  Guerra,  Capitão  General 
da  Armada  Real  celebradas  no  Recolhimento 
de  Menino  Deos  em  z%  de  Aíajo  de  1740. 
Lisboa  por  António  líidoro  da  Fonceca 
1740.  4. 

SermaÕ  da  Soledade  de  Maria  SantiJJima 
em  dia  da  Encarnação  25  de  Aíarço  de  1712. 
pregado  na  Capela  Real.  Lisboa  por  António 
líidoro  da  Fonceca   1740.  4. 

SermaÕ  da  Exaltação  da  Cru^  em  que 
no  anno  de  1524.  infHtubio  S.  Caetano, 
loaÕ  Pedro  Carafa,  Bonifácio  a  Colle,  e  Paião 
Confiliario  a  Congregação  dos  Clérigos  Regulares 
pregado  na  Ca^a  de  N.  Senhora  da  Providencia 
a  \^  de  Setembro  de  ij4z.  Lisboa  pelo  dito 
ImpreíTor.  1742.  4. 

SermaÕ  de  Acçaõ  de  graças  pela  melhoria 
de  S.  Mageflade  na  F regue t(ia  de  Santos  a  30 
de  Setembro  de  1742.  Lisboa  pelo  dito  Im- 
preflor   1742.    4. 

Obras  Hiftoricas. 

EJoffo  de  lulio  de  Mello  de  Caftro  Acadé- 
mico da  Academia  Real  da  Hifloria  Portu- 
guesa em  âf  de  Aíarço  de  1721.  Lisboa  por 
Pafchoal  da  Sylva  ImpreíTor  de  S.  Magef- 
tade,  e  da  Academia  Real.  1721.  foi.  Sahio 
no  1.  Tom.  da  Collec.  dos  Documentos  da  Aca- 
demia Real.  et  ibi  por  lozé  Manefcal  1721. 
foi.  no  principio  da  Vida  de  D.  Dini^  de 
Mello  de  Cafiro  I.  Conde  das  Galveas.  &  ibi 
por  lozè  António  da  Sylva  ImpreíTor  da 
Academia  Real.  1727.  4.  na  Hiflor.  da  Acad. 
Real.  que  efcreveo  o  Excellentiírmio  Mar- 
quez de  Alegrete  Manoel  Tellez  da  Sylva 
Secretario  da  mefma  Academia  defde  pag. 
167.  até  174. 

Elo^os  dos  Serenijftmos  Aíonarchas  Portu- 
gueses D.  loaõ  IV.  D.  Affonfo  VI.  D.  Pedro  II. 
e  D.  loaÕ  V.  Sahiraõ  na  fegvmda  ediçaò 
dos  Elogios  dos  Rejs  de  Portugal  compof- 
tos  por  Fr.  Bernardo  de  Brito  Qironiíla 
Geral,  e  Monge  da  Ordem  de  S.  Bernardo. 
Lisboa  na  Officina  Ferreiriana  1726.  4.  defde 
pag.    177.    até    223. 

Cathalogo     Chronolo^co^     Hijlorico,     Genea- 


828 


BIBLIO THE  CA 


lo  ff  CO,  e  Critico  das  Kaynhas  de  Portugal, 
e  feus  filhos.  Lisboa  por  Jozé  António  da 
Sylva  Impreflbr  da  Academia  Real.  1727.  4. 
grande  com  os  efcudos  das  Armas  das  Se- 
reniflimas    Raynhas. 

Memorias  do  Colkgio  Real  de  S.  Paulo 
da  Univerjidade  de  Coimbra,  e  dos  feus  Colle- 
ffaes,  e  Porcioniftas.  Lisboa  pelo  dito  Impreflbr. 
1727.   foi. 

Conta  dos  feus  Efludos  Académicos  dada 
no  Paço  a  zz  de  Outubro  de  Jjzy  Sahio  no 
Tom.  3.  da  Collec.  dos  Documentos  da  Aca- 
demia Real.  Lisboa  por  Pafchoal  da  Sylva. 
1723.  foi. 

Conta  dos  feus  ejiudos  Académicos  dada 
no  Paço  a  -j  de  Setembro  de  1726.  Sahio  no 
Tom.  6.  da  Collec.  dos  Documentos  da  Aca- 
demia Real.  Lisboa  por  Jo2è  António  da 
Sylva.     1726.     foi. 

Conta  dos  feus  Efludos  Académicos  em  7 
de  Setembro  1733.  recitada  no  Paço.  Sahio 
no  Tom.  12  da  Collec.  dos  Documentos  da 
Academia  Real.  Lisboa  pelo  dito  Impreflor. 
1753.  foi. 

Eloffo  do  Excellentijfímo  Senhor  D.  loaõ 
de  Almeyda  Portugal  Conde,  e  Senhor  de  Affu- 
mar  Gentilhomem  da  Camará  de  S.  Magejiade 
do  Confelho  de  Eflado,  e  Guerra.  Lisboa  por 
lozè  António  da  Sylva  Impreflor  da  Aca- 
demia Real.   1735.  4. 

Elogio  Fúnebre  na  fentidijfima  morte  da 
Sereniftma  Senhora  D.  Francifca  Infanta  de 
Portugal.  Sahio  com  o  fupoílo  nome  de 
Ambroíio  Machado  de  Abreu  em  a  fegunda 
Parte  dos  Accentos  faudot^os  das  Mufas  Lu- 
fitanas.  Lisboa  por  António  líidoro  da  Fon- 
ceca.   1736.  4. 

EJogio  Fúnebre  de  Diogo  de  Mendoça  Cor- 
tereal  do  Confelho  de  S.  Mageflade,  e  feu 
Secretario  de  Eflado.  Lisboa  pelo  dito  Im- 
preflbr.  1737.  4. 

Elogio  Fúnebre  do  Desembargador  Bel- 
chior do  Rego  de  Andrade.  Lisboa  pelo 
dito    Impreflbr.    1738.    4. 

Elogio  do  Reveren^jfimo  Padre  Antó- 
nio dos  Reys  da  Congregação  do  Oratório 
recitado  no  Paço  a  i  de  lunho  de  1738.  Lis- 
boa pelo  dito  Impreflor.  1738.  4. 

Breve    narração    da    admirável   vida    e  pro- 


digiofa  morte  do  B.  Pedro  de  Negles  Erimita 
natural  de  Lisboa.  Lisboa  por  Manoel 
Fernandes  da  Oííla.  1738.  8.  Tradução  àc 
latim  em  Portuguez. 

Vida  de  S.  Vicente  de  Paulo  Fundador, 
e  primeiro  Superior  Geral  da  Congregação 
da  Mijfaõ  tradu!(ida  em  a  lingua  materna 
da  Caflelhana  do  P.  M.  Fr.  loaõ  do  San- 
tijftmo  Sacramento  da  Ordem  de  Santo  Agof- 
tinho  da  Provinda  de  Caflella  Provincial, 
que  fqy  de  Cerdenha  Theologo,  e  Confeffor  de 
D.  Bemabè  de  Cajlro  Bifpo  de  Brindiji.  Lisboa 
por  lozè  António  da  Silva  Impreflor  da 
Academia  Real.  1738.  foi. 

Panegyrico  ao  Excellentijfimo,  e  Reveren- 
dijftmo  Senhor  D.  Thomav^  de  Almeyda  Prin- 
cipal da  Santa  Igreja  Occidental  do  Confelho 
de  S.  Magejiade.  Lisboa  pelo  dito  Impreflbr. 
1739-  4. 

Elogios  dos   Emminentijftmos  Cardiaes  Por- 
tugue^es    D.     Viriffimo    de     Lancajlro;     Lm^ 
de   Sou^a;    Nuno   da    Cunha   de   Attayde;    D. 
lo^é    Pereira   de  Lacerda;  D.   loaõ  da  MottaJ 
e    Sylva,    e    D.    Thoma:^    de    Almeyda.     Sahi«i 
raõ     na    fegunda     ediçaõ     das     Noticias 
Portugal  compoílas  por  Manoel  Severim 
Faria   Chãtre,   e    Cónego   da   Sè   de   Evoi 
Lisboa    por    António    líidoro    da    Fon< 
1740.  foi.  defde  pag.   267.  até  286. 

Elogio    de    D.     Pedro    Balthev^ar    de    Aá 
meyda  de  Lancajlro  Commendador  da  Ordem 
Chrijio.    Lisboa  pelo  dito  Impreflbr.  1741. 

Elogio  do  M.  R.  P.  Pedro  Alvares 
Congregação  do  Oratório.  Sahio  no  fim 
Sermão  nas  Exéquias  da  Excellentijfima  Se- 
nhora Condejja  de  Redondo  pregado  pelo  dito 
Padre.  Lisboa  por  António  Ifidoro  da  Fon- 
ceca.   1742.  4. 

Epitome  da  Vida  do  Illujlrijfimo,  e  Excel- 
lentijfimo Senhor  D.  Lm:(^  Carlos  Ignacio 
Xavier  de  Meneses  primeiro  Marque:(^  do 
Louriçal  Qiúnto  Conde  da  Ericeira  do  Con- 
felho de  S.  Magefiade  duas  ve:(es  Viferey, 
e  Capitão  Gerai  do  Eftado  da  índia.  Lisboa 
pelo  dito  Impreflbr.  1743.  4. 

EJoffo  do  Illujh-iftmo,      e      Excellentii 
D.    Francifco    Xavier   Jo!(è    de    Menr^es 
Conde  da  Ericeira  f^c.     Lisboa  por  Ignada 
Rodrigues.   174J.  4. 


isboa 
nada 

J 


L  USITAN  A. 


829 


E/ogio  do  Keverendijfimo  P.  Me/ire  Fr. 
Vrancifco  de  Santa  Maria  religiofo  Erimita 
de  Santo  Agojlinho,  e  Provincial  defta  nohilif- 
fima  Provinda  ds  Portugal.  Lisboa  na  Offi- 
cina  Pinheirienfe  da  Muíica,  e  da  Sagrada 
Religião  de  Malta.   1746.  4. 

Carta  efcrita  da  Peninha  a  iS  de  Setembro 
'k  1720.  em  que  fe  dá  noticia  das  Fejlas,  que  a 
\offa  Senhora  da  Piedade  fit^eraõ  os  Duques 
na  fua  Quinta  de  Cintra  a  10  11  e  iz  de  Se- 
tembro de  1720.  4.  Naõ  tem  lugar  da  im- 
preíTaõ.  Sahio  com  o  nome  fupofto  do 
Irmaõ  Pedro  da  Conceição  Ermitão  de  NoíTa 
Senhora  da  Peninha. 

Retiro  Efpiritual  de  hum  Ordinando  para 
Bifpo.  Lisboa  na  Regia  Officina  Sylviana, 
e  da  Academia  Real.  1740.  16.  Tradução 
de  Italiano  em  Portuguez.  Sahio  fem  o  feu 
nome. 

Obras  Poéticas. 

Ebora  planãus  in  morte  optimi,  <ò^  defide- 
ratiffimi  Civis  Excellentijftmi.  D.  D.  Nonii 
ílvares  Pereira  de  Mello  Ducis  do  Cadaval. 
Elegia.  Confia  de  154.  Dyftichos.  Sahio 
nas  ultimas  acçoens  do  mefmo  Duque  ef- 
critas  por  feu  ExcellentiíTimo  filho  o  Du- 
que D.  Jayme  Eílribeiro  mór.  Lisboa  na 
Officina  da  Mufica.  1730.  foi.  defde  pag. 
326.  até  334.  No  fim  deíle  livro  eftaõ  pri- 
morofamente  abertas  as  eftampas  de  doze 
Infcripçoens,  4  Emblemas,  e  doze  Empre- 
zas  cada  huma  animada  com  feu  Dyfticho 
latino  que  ferviraõ  de  ornar  o  magnifico 
Maufoleo  que  fe  levantou  nas  Exéquias  do 
Duque  de  Cadaval  D.  Nuno,  cujas  ideas,  e 
poezias  faõ  de  quem  compoz  a  precedente 
Elegia  fupoílo  que  no  mefmo  livro  fe  naõ 
declara  feu  author. 

Archiathenaum  Eufitanum,  five  Regale 
Collegium  Collimbrienfe.  Ulyflipone  apud 
Tozephum  Antonium  da  Sylva  Regiae 
Academiae.  Typog.  1733.  4.  grande  Confta 
Je  4036.   Verfos  heróicos. 

Hippodromus  Pedroucianus  ab  Excellentijftmo 
Domino  Duce  Cadavallenji  Régio  Stabulo 
Prafe^o  conjlruãus,  poetice  defcriptus.  Ulvf- 
fipone  apud  Antonium  Ifidorum  da  Fon- 
ceca  1735.  4.  Sahio  com  o  fupoílo  nome  de 
lorge  Gracez.  Coníla  de  542.  Verfos  he- 
róicos. 


Eijia  gemitus  in  obitu  Serenijfima  D.  Fran- 
ciJccB    Poriugallia    Principis.     Elegia.     Começa 

Ejjia  cur  pioras?  Eacrymas  cur  anxia 
fundis?  Com  a  tradução  Portugueza  em 
Endechas  EndecafiUabas  do  mefmo  Author. 
Sahio  na  i .  Part.  dos  Acentos  Métricos 
das  Mnfas.  Lisboa  por  António  Ifidoro 
da    Fonceca    1736.    4. 

Serenijfimo,  ac  Clementijfimo  Domino  D. 
António  Infanti  Portugallia  pro  reparata  falute 
Hecatombe  Eucharijlica  Matriti.  1739.  4. 
Sem  o  nome  do  author. 

In  Nuptiis  lamii,  (&  Henriqueta  Ducum 
Cadavallenfium  Epithalamium.  Ulyflipone 
apud  Antonium  Ifidorum  da  Fonceca 
1739.  foi.  Sahio  com  o  fupoílo  nome  de 
Fernando  Monteiro  de  Souza.  Coníla  de 
436.  Verfos  heróicos. 

Parafrafe  Eatina  em  Verfos  heróicos  a 
hum  Romance  Endecafillabo  Portuguez  com- 
poílo  por  Luiz  CaUxto  da  Coíla,  e  Faria 
Abbade  de  Rubiaens  ao  Excellentiflimo,  e 
ReverendiíTimo  Senhor  D.  Francifco  de 
Almeyda  fendo  elevado  a  Cónego  da  Igreja 
Patriarchal.  foi.  Naõ  tem  lugar  da  ImpreíTaõ 
nem  anno. 

Verjio  Eatina  de  hum  Romance  En- 
decafillabo Portuguez  compoílo  por  Ma- 
noel Pereira  da  Coíla  em  louvor  do  Author 
da  Bibíiotheca  Eufitana  que  ao  principio 
delia  eílà  impreíío.  Lisboa  por  António 
Ifidoro  da  Fonceca.  1741.  foi.  A  cada 
verfo  Portuguez  correfponde  felifmente  outro 
Latino. 

lOZE'  BARRETO  DE  VALDEVI- 
NOS, E  VASCONCELLOS.  Naceo  em 
a  Cidade  de  Évora  fendo  bautizado  na  Ca- 
thedral  a  26  de  Março  de  1654.  Foraõ  feus 
Progenitores  o  Doutor  Nicolao  Coelho  Lan- 
dim de  quem  fe  fará  memoria  mais  larga 
em  feu  lugar,  e  D.  Mariana  Vafconcel- 
los  de  Valdevinos  da  qual  herdou  o  mor- 
gado, que  poíTuia.  Defde  os  primeiros  an- 
nos  até  os  últimos  fe  aplicou  ao  eíludo  das 
letras  humanas,  e  fagradas  em  que  o  feu 
claro  entendimento,  e  feUz  memoria  íize- 
raõ  admiráveis  progreflbs.  Foy  infigne  Poeta 
aifim  na  lingua  materna,  como  na  CaíleUia- 
na.     Da    Genealogia    teve    profunda    inUru- 


830 


BIB  LIO  THE  CA 


çaõ,  e  também  da  Hiíloria  Ecclefiaftica, 
e  Secular.  Decifrava  os  Caraétercâ  das  Ef- 
crituras  mais  antigas  confervadas  em  os 
Archivos,  e  Cartórios  donde  colheo  im- 
portantes noticias  que  participou  à  Aca- 
demia Real  de  que  foy  digniffimo  CoUega. 
Sempre  fe  confervou  no  Celibato  exerci- 
tando aftos  de  fumma  Religião  para  com 
Deos,  e  fua  SantiíTima  Mãy,  e  de  ardente 
charidade  para  com  os  pobres.  Foy  no 
femblante  modefto,  no  veftido  moderado, 
no  comer  abftinente,  e  no  dormir  parco. 
Recebidos  os  Sacramentos  na  ultima  in- 
fermidade  com  fumma  ternura  pronunciando 
os  fuaviffimos  Nomes  de  lefus,  Maria,  lozé 
efpirou  placidamente  a  21  de  Fevereiro 
de  1737.  quando  contava  83  annos  de  idade. 
laz  fepultado  no  Convento  do  Salvador 
de  Religiofas  Francifcanas  em  huma  Capella 
dotada  por  feu  Tio  lozé  de  Valdevinos. 
Compoz 

Noticias  de  Évora,  e  de  todo  o  Keyno  de 
Portugal,  foi.  M.  S.  Efte  livro  remeteo  o 
Author  à  Academia  Real,  e  fe  conferva 
na  Livraria  do  ExcellentiíTimo  Conde  da 
Ericeira  D.  Francifco  Xavier  de  Menezes 
Cenfor  da  Academia  Real  a  quem  eftavaõ 
cometidas  as  Memorias  Ecclejiajlicas  do  yirce- 
bijpado  de  Évora. 

lOZE'  BENTO  DOS  SANTOS  fi- 
lho de  loaõ  Francifco,  e  Antónia  dos  San- 
tos naceo  em  a  Freguezia  dos  Santos  Reys 
do  Campo  grande  fuburbio  da  Cidade  de 
Lisboa  a  19  de  Março  de  1718.  Tendo 
cíhidado  Gramática,  e  Rhetorica  no  Col- 
Icgio  de  Santo  Antaõ  impellido  do  dezejo 
de  ver  paizes  eílranhos  partio  fugitivo  da 
Cafa  de  feus  Pays  a  18  de  laneiro  de  1735. 
e  depois  de  haver  difcorrido  por  toda 
a  Itália,  e  vizitado  os  mais  celebres  San- 
duarios  de  Roma  vindo  pelo  Reyno  de 
França  foy  roubado  em  a  Cidade  de  Ar- 
ies por  quatro  dezertores  Efpanhoes. 
Reduzido  ao  ultimo  dezemparo  continuou 
a  jornada  até  Pamplona  antiga  Corte  do 
Reyno  de  Navarra,  c  por  falta  de  paíTa- 
porte  fendo  julgado  dezertor  o  obrigarão 
a  fervir  nos  exércitos  delRey  de  Efpanha  com 
cominação  de  fer  lançado  a  Galés,  fe  naõ 


obedeceíTe.  Para  evitar  mayor  calamidade 
abraçou  a  vida  militar,  c  nella  pelo  efpa- 
ço  de  dous  annos,  e  quatro  mezes  ocupou 
os  lugares  de  Furriel,  Caravineiro,  Sar- 
gento, e  tendo  patente  de  Alferes  da  Com- 
panhia do  Coronel  D.  Fernando  Caxigal 
illuílre  morgado  do  Principado  das  Af- 
turias,  a  naõ  aceitou  procurando  com 
todo  o  empenho  faculdade  para  fe  refti- 
tuhir  à  fua  pátria,  porem  para  que  nunca 
voltaíTe  a  ella  foy  mandado  para  o  Pre- 
fidio  de  Fuente  Rabia  na  Provinda  de 
Bifcaya.  Confiderando  que  fe  lhe  fazia 
impoíTivel  a  liberdade  efcreveo  a  fua  Mã', 
para  que  logo  lhe  mandafle  huma  declara 
çaõ  pela  qual  conftaíTe  fer  elle  adiélo  á  fua 
Parochia,  e  juntamente  excomunhão  ful- 
minada pelo  coadjutor  do  EmminentiíTimo 
Patriarcha  de  Lisboa  D.  Valério  da  Cofta 
de  Gouvea  Arcebifpo  de  Lacedemonia.  In- 
timada a  excomunhão  ao  Coronel  por  hum 
Cónego  da  Cathedral  de  Pamplona  promp- 
tamente  lhe  concedeo  licença  para  fe  reftituir 
á  fua  pátria,  e  vindo  embarcado  em  navio 
Inglez  foy  prizioneiro  por  hum  Coflario 
Caílelhano  no  Cabo  da  Roca  de  Cintra,  e  jul- 
gando os  Efpanhoes  que  era  lingua  dos 
Inglezes  foy  levado  a  Curunha  donde  ampa- 
rado da  noute  fe  ocultou  até  chegar  a  Lis- 
boa no  mez  de  Março  de  1740.  No  ann' 
feguinte  recebeo  as  Ordens  Sacras,  e  no  de 
1743.  as  de  Presbítero.  Teve  natural  incli- 
nação para  a  Poezia  Latina  da  qual  pro 
duzio  diverfas  obras  fendo  a  feguinte  a  que 
mereceo  a  luz  publica. 

Prajlantijfimo  Herói  praconiis  Jatis  num- 
quam  commendando,  praclarijftmo  Ecclejia 
Principi  ubique  gentium  veneratione  magia 
colendijfimo  Excelentijftmo  ac  Rjeverendijfmo 
D.  D.  Valério  Cojlio  Gouvea  irt  Lacedemo- 
nenfem  Archiepijcopum  máximo  totius  huji- 
tania  plaufu  Jeliciter  inaugurato.  UlyíTipone 
ex  Typog.  Pinheirienfi  Muíices.  1741.  4- 
Confia  de  dous  Epigrammas  latinos,  c  hum 
Poema  EncomiaíUco. 

P.  lOZE'  BERNARDINO.  Naceo 
em  Lisboa  fendo  filho  de  Domingo^ 
Soares  Caftelmoço,  e  Mariana  Pereir.i 
de  Souza.    PaíTando  com  feu  Pay  á  Bahia 


L  USITANA. 


83 1 


Capital  da  America  Portugue2a  aprendeo  os 
primeiros  rudimentos  no  Collegio  dos  Padres 
lefuitas  da  dita  Cidade  onde  atrahido  do 
exemplo,  e  doutrina  de  feus  Meftres  abra- 
çou o  fagrado  Inílituto  da  Companhia  de 
lESUS  no  mefmo  Collegio  a  3  de  Dezem- 
bro de  1681.  quando  contava  18  annos 
de  idade.  Pela  fua  afabilidade,  e  prudên- 
cia conciliou  os  afeftos  de  domefticos, 
c  eftranhos.  Tanta  era  a  obfervancia  do 
íeu  inílituto  que  lhe  cometeo  o  V.  P. 
Alexandre  de  Gufmaõ  a  educação  dos  Se- 
minariílas  do  Seminário  de  Belém  onde 
íoy  Reytor  alguns  annos,  e  depois  o  foy 
do  Collegio  do  Recife  em  Pernambuco, 
<lo  CoUegio  da  Bahia,  Meftre  dos  Noviços, 
Provincial.     Nos    ultímos    annos    fegun- 

i   vez   exercitou   os   lugares   de   Reytor,   e 

Meftre  dos  Noviços  do  novo  Noviciado  da 

Bahia  até  que  cegou.    Recolhido  no  CoUe- 

Mo  onde  nacera   para   Deos,     falleceo  com 

oiniaõ  de  homem  jufto.     Compoz. 
Direííorio     dos     exercidos     da     Congregação 
^'?    Virgem   Senhora  com  as  regras,   que   devem 

'.ràar  feus    Congregados.     Lisboa    por    lozé 
António    da    Sylva.    1725.    12. 

Direãorio  dos  Exercidos  do  Gtoriofo  S. 
Jo:(é.  ibi  na  mefma  Officina,  e  anno. 

Jlríe  por  onde  devem  efiudar  os  SeminariJIas 
Jo  Seminário  de  Belém  para  poderem  proceder 
Chrifiã,    e    cortejmente,    e  fahirem    aproveitados 

::  letras,  e  virtude.    Lisboa  por  Pedro  Fer- 
reira. 1740.  8. 


Fr.     lOZÉ     DE     S.     BOAVENTURA 
Aaceo     em     Lisboa     a     10   de     Novembro 
c     1701.     fendo    filho    de    António    Do- 
mingues,    e     loanna     Cordeira.       Recebeo 
o  ferafico   habito   em  o   Convento   de   San- 
tarém a   14  de  lulho  de  171 3.  onde  apren- 
I  <íeo    as    fciencias    Efcholaíticas.     Como    ti- 
\eíre    talento    para    o    púlpito    foy    inftitui- 
,  do    Pregador    no     Capitulo    celebrado    em 
'  Lisboa   a    23    de    laneiro    de    1723.     Ambi- 
ciofo    de    obedecer,    e    naõ    mandar    regei- 
I  tou    todos     os    lugares     da    Religião,     que 
'  diverfas    vezes    fe    lhe    ofFereceraõ.     Publi- 


cou. 


Via    reli§oJa  para  feguirem    os  fieis    Ec- 


clefiaflicos,  e  Seculares  efpedalmente  todos  os 
filhos  de  meu  Padre  S.  Francifco  em  que 
fe  contem  a  preparação,  e  graças,  que  fe  de- 
vem u:(ar  antes,  e  depois  do  Santo  Sacrifi- 
cio  da  Miffa,  e  outras  muitas  devoçoens  para 
fegurarem  milhor  a  falvaçaõ  de  fuás  almas. 
Lisboa  por  Miguel  Rodrigues  ImpreíTor  do 
Emminentiflimo  Senhor  Cardial  Patriarcha. 
1741.  16. 


lOZÉ  BOREAS  DE  ARAÚJO  Naceo 
em  Lisboa  a  2  de  Mayo  de  1667.  onde  teve 
por  Pays  a  Pedro  de  Araújo  e  D.  Magda- 
lena  Boreas  ambos  de  conhecida  nobreza. 
Desde  a  idade  de  dezanove  annos  em  que 
herdou  do  feu  Pay  a  propriedade  do  Ofíicio 
de  Efcrivaõ  da  Caza  de  Ceuta  fe  ocupou 
até  os  últimos  em  diverfos  lugares  políticos 
de  cuja  adminiíbraçaõ  fundada  em  fummo 
defintereíTe,  e  grande  inteUigencia  fe  feguio 
manifefto  augmento  para  a  Fazenda  Real. 
Naquellas  horas  vagas,  que  lhe  permitiaõ 
as  fuás  obrigaçoens  difcorria  fobre  os  arca- 
nos da  Filofofia  natural  defcubrindo  a  pene- 
tração do  feu  juizo  fem  direção  de  Meftre 
hum  novo  Syftema  do  Fogo  Elemental,  e 
Natural  contra  os  didames  do  Principe 
da  Efcola  Peripatetica,  cuja  obra  ornada  de 
erudição  fagrada,  e  profana  collocou  o  feu 
nome  entre  os  Corifeos  da  Filofofia  mo- 
derna. Teve  profunda  inteUigencia  da  Pin- 
tura, a  qual  praôicou  taõ  felifmente  com  o 
pincel,  e  com  a  penna,  que  os  feus  defenhos 
podiaõ  competir  com  os  mayores  profef- 
fores  de  taõ  admirável  Arte.  Com  animo 
heróico  regeitou  o  Officio  de  Vedor  da 
Fazenda  do  Eftado  da  índia,  e  de  outros  lu- 
gares ultramarinos  igualmente  honorificos, 
que  rendozos  querendo  antes  a  gloria  de 
os  merecer,  que  a  conveniência  de  os  acei- 
tar. Cultivou  com  efcrupuloza  exaçaõ  as 
virtudes  moraes  obfervando  com  mayor  ex- 
ceflb  a  da  Charidade  por  difpender  com  pa- 
rentes, e  outras  peflbas,  neceíTitadas  a  co- 
piofa  quantia  de  cem  mil  cruzados,  quan- 
do para  fi  refervava  menos  do  que  lhe  era 
precifo.  Sempre  fe  confervou  no  Eftado 
do  Celibato,  e  pela  obfervaçaõ  dos  domefti- 
cos, e  de  peíToas,  que  familiarmente  o  trata- 


832 


BIBLIO  THE  CA 


raõ  falleceo  virgem  a  28  de  Dezembro 
de  1743.  quando  contava  75  annos  7  me- 
zes,  e  26  dias  de  idade.  laz  fepultado 
no  Convento  de  Santo  Eloy  de  Lisboa, 
Efcreveo. 

Difcurfos  da  ignorância,  em  que  fe  duvida 
do  fogo  Elemental,  e  fe  difine  o  material,  e  em 
confequencia  fe  dificulta  a  mayor  parte  da  Filo- 
fofa  Peripatetica.  Tom.  i.  Lisboa  por  Mi- 
guel Rodriguez  ImpreíTor  do  Emminentif- 
fimo  Senhor  Cardial  Patriarcha.   1740. 

Tom.  2.  ibi  pelo  dito  ImpreíTor.  1740.  4. 

Lipro  de  Contas,  onde  por  modo  brevijft- 
mo,  e  nunca  praãicado  enfina  as  mayores  dificul- 
dades da  Arithmetica.  4.  Aí.  S. 


Fr.  lOZÉ  DE  BERIGEL  natural  da 
Villa  do  feu  apellido  íltuada  em  a  Pro- 
vinda do  Alentejo  onde  teve  por  Pays 
a  António  Fernandes,  e  Margarida  Mar- 
tins. Recebeo  o  ferafico  habito  na  re- 
formada Provinda  da  Piedade  a  26  de 
lunho  de  1726.  onde  pelos  progreflbs, 
que  fez  nos  eftudos  mereceo  fer  Lente 
de  Theologia,  Qualificador  do  Santo 
Officio,  Examinador  das  Três  Ordens 
Militares,  e  Confultor  da  Bulia  da  Cruzada. 
Foy  Secretario  duas  vezes  da  fua  Provin- 
da, c  Cuftodio.  Afliftio  no  Capitulo  Geral 
celebrado  em  Valhadolid  no  anno  de  1740. 
Publicou. 

Via  Sacra  elucidada,  e  defendida.  Pro- 
poemfe  nella  as  advertências,  que  na  fua  ere- 
çaõ  devem  obfervarfe  fegundo  a  declaração, 
que  o  Santiffimo  Padre  Papa  Clemente  XII. 
mandou  fa^er  pelo  Emminentijftmo  Senhor 
Cardial  Pico  de  la  Mirandola  Perfeito  da 
Sagrada  Congregação  das  Indulgências.  Lis- 
boa por  António  Corrêa  de  Lemos.  1740.  8. 

Sermão  da  Sereniffima,  e  Auguftiffima 
Rajnha  de  Portugal  Santa  Isabel  pregado  no 
Capitulo  Geral,  que  celebrou  a  Religião  Será- 
fica na  Corte,  e  Cidade  de  Valhadolid  a  4  de 
lulho  de  1740.  Lisboa  na  Officina  Sylviana, 
c  da  Academia  Real.  1741.  4. 

Theofobia  Ecclefiaflica.  e  religiofa.  foi. 
M.  S.  Trata  de  Cerimonias.  Eílava 
prompto,  como  vimos,  para  as  licen- 
ças. 


D.  lOZÉ  DE  BRITIANDOS  appel 
lido,  que  tomou  defta  Villa  onde  nacco 
a  qual  cílá  fituada  huma  legoa  da  Cidaci? 
de  Lamego,  Cónego  Regular  de  Santo  Agoí 
tinho  onde  foy  Prior  do  Convento  de  Lar 
dim  no  anno  de  1636.  c  Procurador  d< 
Convento  de  S.  Vicente  de  fora  em  1644 
e  Vigário  Geral  da  fua  illuftre  Congrcgi 
çaõ  da  qual  fendo  nomeado  Chronifta  cxa 
minou  com  infatigável  difvelo  os  archi 
vos  dos  Conventos  pelo  efpaço  de  trinta 
annos  de  cuja  laboriofa  inveíligaçaõ  fe  fc- 
guio  compor  como  efcreveo  de  Coimbr 
em  7  de  Outubro  de  1657.  ao  Licenciad< 
Jorge  Cardofo. 

Omnimoda      Hifioria      Canónica      EcclefiaJ 
tica,    e    Secular   em    outo    Tomos   difpofia   com 
Eras,    e    annos.     M.     S.      Por    efta    grr.-r!- 
obra  de  que   fe  aproveitou   muito  o   1  : 
D.   Nicolao  de   Santa  Maria  como  confcílk 
no    Prologo    da    Chronica   dos   Cónegos   Keffh 
lares  da  Congregação  de  Santa  Crtfí^  de  Coim- 
bra, o  intitula  o  mefmo  Cardofo  Agol.  hii 
Jit.  Tom.    I.  pag.    348.   Comment.   de  4  de 
Fevereiro  letr.  C.  diligentijftmo  antiquaria  deftã 
Congregação;   e   pag.    4J9.    no   Comment.   de 
17    de    Fevereiro    letr.    B.    infigne    Cbroràfta 
da  Ordem;  e  Fr.   António  Brandão  Prolog 
da  4.  Part.  da  Mon.  l^fit.  ao  qiml  eflá  encomei 
dada  a  Chronica  da  fua  Keliffaõ  por  concorri 
rem  nelle  as  partes,  que  fe  requerem  para  tts 
grande  empre:(a. 

De    Primatu   Ecclefia    Bracharenfis.    M.    S 
Defta    obra    o    faz    author    Cardofo    Ago. 
Eufit.  Tom.   3.  pag.   727.  no  Comment.  de 
27   de   Abril   letr.    A. 

Falleceo  a   11   de  Fevereiro  de   1665. 

Fr.   lOZÉ  DE  BRITO  natural  de  Us- 
boa    filho    de    Matheos    Machado,    c    Mar 
garida    Nunes.     Profeflbu   o    miiit.ir   habit 
de  Chrifto  em  o  Real  Convento  de  Thoma 
no  anno  de   1661.  onde  foy  Reytor  do  St 
minario.  Lente  de  Theologia  Moral,  e  Car 
tor    mòr.     Culdvou    com    igual    aplicação 
c  engenho  as  letras  amenas,  c  fevcras  foi 
do    muito   vcrfado   em   todo   o   género  d^ 
erudição.    Morrco  no  Convento  de  Thomar 
a  4  de  Julho  de  1700.   Tinha  prompto  pan  a 
impreíTaõ. 


L USITANA 


833 


Commento  de  Perjio,  e  Juvenal  em  vulgar 
com  as  explicaçoens  de  todos  os  lugares  ejcuros, 
fabulas,  e  antiguidades  que  encerraõ.  4. 

Tratado  das  principaes  pedras  preciofas 
moralii^adas  com  lugares  da  Efcritura,  e  todo 
o    género    de    humanidades.    4. 

Obras  de  Proba  Falconia  addicionadas 
com  os  paffos  principaes  do  Tefiamento  Velho, 
e  Novo  tirado  tudo  do  Poema  de  Virgílio, 
em  que  ella  foy  diminuta. 

lOZÉ  CABBEDO  DE  VASCON- 
CELLOS  filho  de  Jorge  Cabbedo  de  Vaf- 
concellos,  e  D.  Anna  Maria  de  Caílel- 
lobranco  naceo  na  Villa  da  Fronteira  da 
Provinda  Tranílagana  a  25  de  Junho  de 
1658.  e  naõ  em  Setúbal  Solar  da  fua 
iUuftre  Familia  como  efcreveo  o  Padre  D. 
António  Caetano  de  Souza  Apparat.  á  Hift. 
Gen.  da  Caz-  Real  Portug.  pag.  130.  §. 
151.  Foy  Juiz  da  Tabula  de  Setúbal, 
e  moço  Fidalgo  de  que  fe  lhe  paíTou  Al- 
vará a  17  de  Março  de  1645.  Foy  muito 
eftudiofo  da  Genealogia,  e  pela  particular 
comunicação,  que  teve  com  o  Dezembar- 
gador  lozè  de  Faria,  e  Diogo  Gomes  de 
Figueiredo  infignes  Genealógicos  alcançou 
perfeita  intelligencia  deíla  taõ  importante 
parte  da  Hiíloria,  efcrevendo  com  verdade, 
e  individuação. 

1  Nobiliário     das     Famílias     de      Portugal. 

'  foi.  5.  Tom.  os  quais  vio  o  Padre  Souza 
aíTima    allegado,     e     os     julga    por    muito 

I      eftimaveis,    e    fe    confervaõ    em    poder    de 

'  feu  Neto  Jozè  Bruno  de  Cabbedo.  Falle- 
ceo   a    18    de   Novembro   de    1691. 

lOZÉ  CABREYRA  Capitão  mòr  de 
I  huma  Náo,  que  no  anno  de  163 1.  par- 
tio  para  a  índia  Oriental  jimtamente 
com  outra  de  que  era  Capitão  mòr  An- 
tónio de  Saldanha.  Depois  de  ter  nave- 
gado finco  mezes  voltou  arribado  ao  Por- 
to de  Lisboa  a  14  de  Setembro  do  refe- 
rido anno  com  grande  diminuição  de  gen- 
te cxtinéta  por  diverfas  infermidades. 
Segunda  vez  íahio  da  barra  de  Lisboa  no 
anno  de  1633.  com  huma  efquadra  de  três 
Navios  da  qual  era  Almirante  em  cuja 
navegação     experimentou     mais     fatal     ca- 

55 


lamidade,  que  na  primeira,  naufragando  na 
Cofta  do  Natal  junto  do  Cabo  da  boa  Ef- 
perança.  Defie  laílimofo  fuceíío  como  tef- 
temunha  ocular  efcreveo  com  individuação. 

Naufrágio  da  Não  NoJJa  Senhora  de 
Belém  feito  na  Terra  do  Natal  Cabo  da 
Boa  Efperança.  Lisboa  por  Lourenço 
Crasbeeck.    1636.   4. 

Do  Author  faz  memoria  Faria  Afia 
Portug.  Tom.  3.  Part.  4.  cap.  8.  n.  23.  e 
no  fim.  Memor.  das  Armad.  n.  230.  e  da 
obra  o  moderno  Addicionador  da  Bib.  Orient. 
de  António  de  Leaõ  Tom.  i.  Tit.  12.  col.  439. 

lOZÉ  DE  CÁCERES  nacido  em  Por- 
tugal, e  affiílente  em  Amílerdam  muito 
verfado  na  intelligencia  da  lingua  Franceza 
da  qual  traduzio  em  a  Caílelhana. 

Eos  fiete  dias  de  la  femana  de  la  crea- 
cion  dei  mundo.  Amlierdam  afio  de  la  Crea- 
cion  5373.  que  he  de  ChriUo  Senhor 
Noflo  1575.  8.  Dedicado  a  lacob  Firado 
Portuguez. 

P.  lOZÉ  CAEYRO  natural  dos  Re- 
guengos de  baixo  termo  da  Villa  de  Monfa- 
rás  em  a  Provinda  do  Alentejo,  filho  de 
Gonçalo  Corrêa,  e  Domingas  Fernandes. 
Recebeo  a  roupeta  de  Jefuita  em  o  Colle- 
gio  de  Évora  a  23  de  Mayo  de  1726.  on- 
de foy  Lente  de  Humanidades  por  fer  muito 
perito  na  lingua  Latina,  e  preceitos  da  Ora- 
tória como  manifeílou  redtando  na  prefença 
do  ExceUentiflimo,  e  Reverendiflimo  Bif- 
po  do  Porto  D.  Fr.  Jozè  Maria  da  Fonceca, 
e  Évora  quando  no  anno  de  1741.  vizitou 
eíla  Qdade  fua  pátria  o  feguinte  Pane- 
gyrico,  que  fe  publicou  com  o  titulo  fe- 
guinte. 

Excellentiffimo  ac  Keverendifftmo  Do- 
mino D.  Fr.  lo^epho  Afaria  da  Fonceca, 
e  Évora  Epifcopo  Portucallenfi  digniffimo 
Regia  Majeflatis  a  Conjiliis  EJbora  orna- 
mento ter  máximo  Paneg^ricus.  Ulyflipone 
apud  Officinam  Sylvianam,  et  Regias  Aca- 
demias.   1741.   4. 

Fr.  lOZÉ  CAETANO  natural  de 
Lisboa,  e  filho  de  Francifco  Viegas  de 
Lima,    e    de    D.    Maria    dos    Santos.     Pro- 


8.34 


BIBLIO THE  C  A 


feflbu  o  inílituto  do  Doutor  Máximo  S. 
leronimo  no  Real  Convento  de  Santa  Ma- 
ria de  Belém  a  5  de  lunho  de  1691.  para 
fer  immortal  credito  deíla  illuílre  G^ngre- 
gaçaõ.  A  natureza  o  ornou  de  talento  taõ 
perfpicas  para  a  comprehenfaõ  das  le- 
tras amenas,  e  feveras,  que  fe  podia  con- 
troverter com  gloria  do  feu  nome  em 
qual  delias  fofle  mais  infigne.  A  pureza 
do  idioma  latino,  a  elegância  da  Poefia, 
a  eloquência  da  Oratória,  e  a  intelligen- 
cia  da  Mythologia  foraõ  as  delicias  dos 
feus  primeiros  annos  donde  paflbu  a 
penetrar  os  arcanos  da  Filofofia,  os  myf- 
terios  da  Theologia,  e  as  antinomias  da 
Sagrada  Efcritura.  Laureado  com  as  infi- 
gnias  doutoraes  na  Faculdade  Theolo- 
gica  pela  Univerfidade  de  Coimbra  a  illuftrou 
com  o  magiílerio  nas  Cadeiras  de  Duran- 
do, Gabriel,  e  Efcoto  na  qual  no  anno  de 
1734.  alcançou  igualaçoens  com  a  Cadeira 
de  Prima  da  Efcritura.  Em  todos  os  aítos 
litterarios  foy  admirada  a  gravidade  com 
que  defendia;  a  vehemencia  com  que  ar- 
gumentava. No  púlpito  encheo  as  partes 
de  Orador  Evangélico  afTim  na  fubtileza 
do  difcurfo,  como  na  mageílade  da  reprefen- 
taçaõ.  Foy  Reytor  do  feu  Collegio  de  Coim- 
bra, Vifitador  Geral  da  Congregação,  QuaU- 
íícador  do  Santo  Officio,  Examinador  Sy- 
nodal  do  Bifpado  de  Coimbra,  e  Acadé- 
mico Supranumerário  da  Academia  Real 
da  Hiíloria  Portugueza  eleito  em  o  anno 
de  1731.  Falleceo  no  Collegio  de  Coimbra 
a  20  de  Março  de  1746.  quando  contava 
76  annos  de  idade,  e  65  de  Religião.  Com- 
poz. 

Sermão  Gratuhtorio,  e  Panegyrico  offe- 
recido,  e  confagrado  a  Nojfa  Senhora  de  Be- 
lém, e  a  feu  gloriojijfimo  Efpo!(p  o  Senhor 
S.  lo^è  em  acçaõ  de  graças  pelo  feiiv^  naci- 
mento  do  Rxcelientijftmo  Senhor  D.  Io:(è  Ma- 
ria Leonardo  de  Cajlro  duodécimo  Conde 
de  Monfanto  Primogénito  dos  ExcellentiJJimos 
Senhores  D.  Manoel,  e  D.  Lui^a  Marqma^es 
de  Cafcaes.  Lisboa  na  Officina  Real  Des- 
landefiana.   171 5.  4. 

Theo-Khetoris  jimulachrum,  feu  vera  effi- 
gies  Concionatoris  Evangelici  opufculum  pra- 
vium  ad  Divini    Verhi  Hierologiam,  five   Ar- 


fem Theorico-Praãicam  ponderandi  facram  Scrip- 
turam  per  Conceptus,  ut  vocant,  pradica- 
biles.  Pars  prima.  Conimbricx  ex  Typog. 
Regali  Artium  CoUegii  S.  J.  1750.  4. 
grande. 

Divini  Verhi  Hieroloffa.  Pars  fecunda,  ibi 
apud  eamdem  Typog.  1730.  4. 

Pars  Tertia.  ibi  apud  eamdem  Typog. 
1731.  4. 

Pars  Quarta,  ibi  apud  eamdem  Typ. 
1734.  4. 

Pars  Quinta,   ibi   apud   eamdem   Typog. 

1734. 

Pars   Sexta,    ibi    apud    eamdem    Typog. 

1735-  4. 

Remetendo  a  Univerfidade  de  ParÍ2 
huma  Carta  à  de  Coimbra  fobre  a  Conf- 
tituiçaõ  Unigenitus  em  que  tinha  con- 
demnado  a  Santidade  de  Gemente  XI. 
a  8  de  Setembro  de  171 3.  cento,  e  huma 
Propoíiçoens  do  Padre  Pafchoal  Quenel  cujo 
titulo  era:  Decanus,  et  Facultas  Theologo- 
rum  Parijienjium,  celeberrima  fludii  Conim- 
bricenjis  Univerfitati  falutem  plurimam  in  eo 
qui  convertit  lu£tum  nojlrum  in  gaudium. 
Principiava.  Si  juxta  monitum  Sapientis 
curam  hahere  debeamus  de  bono  nomine  &c. 
Acabava.  Datum  Parifiis  in  Comitiis  ge- 
neralibus  Kalend.  Septemb.  anno  reparata 
falutis  humana  fupra  millejfimum  Septin- 
genteffimo  trigejfimo.  A  efta  carta  refpon- 
deo  por  ordem  da  Universidade  o  Mef- 
tre  Fr.  lozé  Caetano  com  igual  pureza 
de  eílilo,  e  elegância  de  locução.  Co- 
meçava. Reãor,  Reformator,  Univerji  Or- 
dines,  et  Facultates  Academia  Conimbricen- 
fis  Sacra  Theoloffa  Factdtati  celeberrima  Pa- 
rifienjis  Univerjitatis  falutem  plurimam  in 
eo  qui  repleat  vos  omni  gáudio,  et  pace  in 
credendo.  Principiava.  Quantum  Nobir 
voluptatis,  ^  gaudii  littera  veflra  religione, 
benevolentia,  Ò^  fuavitate  plena,  attulerint  &c 
Acabava.  Datum  Conimbrica  in  pleno  Aca- 
demia Confejfu  Idibus  Novemhris  anno  re- 
parata falutis  fupra  millejftmum  feptingentejftmo 
trigejftmo. 

Em  nome  da  mefma  Univerfidade  de 
Coimbra  efcreveo  em  o  anno  de  172$- 
outra  elegantiflima  carta  latina  ao  Sum- 
mo    Pontificc    cm    que    lhe    fupplicava    a 


L  USITAN A. 


835 


Beatificação  dos  Infantes  D.  AfFonfo  San- 
ches, e  D.  Thereza  Martins  Fundadores 
do  G^nvento  de  Santa  Clara  da  Villa  do 
Conde  onde  jazem  fepultados. 

Obras  M.  S. 

De   Sapientia,    <ò'   infipientia   Salomonts. 

Commentaria  in  Aíagijirum  Sententiarum  foi. 
1.  Tom. 

Traãatus  de  Conctentia. 

Traãatus  de  Pradejlinatione. 

Traãatus  de  necejfitate  ^atia. 

Traãatus  de  Jujlificatione. 

Rationale  aureum,  Jive  Curfus  Philofo- 
pbicus. 

Todas  eftas  obras  fe  confervaõ  no  Real 
Collegio   de    S.    Jerónimo   de   Coimbra. 


Fr.  lOZÉ  CAETANO  naceo  em  Lis- 
boa a  27  de  Abril  de  1717.  fendo  filho 
de  Manoel  dos  Santos  Pinheiro,  e  Maria 
de  Jefus.  Recebeo  o  habito  Carmelitano 
no  Convento  pátrio  a  30  de  Abril  de  1732. 
Efludou  as  fciencias  Efcholaíticas  com  tan- 
ta aplicação,  que  depois  de  as  didar  aos 
feus  domeílicos  mereceo  fer  graduado  Dou- 
tor Theologo  pela  Univerfidade  de  Coim- 
bra em  o  anno  de  1740.  He  profundamente 
inftruido  na  Rhetorica  Ecclefiaftica  de  que 
faõ  manifeílos  argumentos  as  feguintes  pro- 
duçoens. 

Sermão  em  acçaÕ  de  graças  pelas  melho- 
ras do  Serenijfimo  Key  D.  JoaÕ  o  V.  Nojfo 
Senhor,  que  por  de/empenho  do  voto  do  Mof- 
Uiro  de  Nojfa  Senhora  dos  Poderes  em  Via- 
-Umga  renderão  a  Deos  pelas  mãos  da  mef- 
ma  Senhora  a  Ahhadeffa,  e  mais  religiofas 
4o  dito  Mojleiro  em  o  dia  1^  de  Agofio  de  1742. 
Lisboa  por  Miguel  Rodrigues  Impref- 
for  do  EminentiíTimo  Senhor  Patriarcha. 
1742.  4. 

Sermão  Panegyrico,  Deprecativo  â  Ray- 
nha  Santa  ln^ahel  na  Fejia,  que  lhe  dedica- 
rão as  Religiofas  de  S.  Francifco  do  Real 
Kjmvento  de  Santa  Clara  de  Coimbra  pela 
tontinuaçaõ  das  milhoras  do  Serenijfimo  Rey, 
e   Senhor    Nojfo    D.   JoaÕ   o    V.    em    iz    de 


Julho,  e  primeiro  depois  do  folemne  Outavario  da 
Raynha    Santa    em    agradecimento    de    repetidos 
favores   do   mefmo   Monarcba   recebidos.     Coim- 
bra no   Real   Collegio   das   Artes.    1745.   4. 

Sermão  de  S.  Luiz  ^CX  ^  França  pregado 
no  dia  do  mefmo  Santo  em  1746.  na  fua  Igreja 
fita  na  Cidade  de  Usboa.  Lisboa  na  Officina 
Sylviana.  1746.  4. 


lOZÉ  CAETANO  Naceo  a  9  de 
Abril  de  1690.  em  a  Quinta  das  Macha- 
das junto  da  Villa  de  Setuval  no  Termo 
de  Palmella,  e  na  Igreja  de  Santa  Maria 
do  Caílello  deíla  ViUa  recebeo  a  graça  bau- 
tifmal  a  16  do  dito  mez,  e  anno.  Foy  fi- 
lho natural  do  Doutor  António  Luiz  de 
Távora,  que  no  anno  de  1702.  morreo  fen- 
do Juiz  de  fora  de  OUvença.  Eíhidou 
os  princípios  Gramaticaes  em  a  Villa  de 
Arronches,  que  lhe  explicava  Fr.  Jozé 
de  Milaõ  religiofo  Erimita  de  Santo 
Agoílinho,  e  depois  fe  aperfeiçoou  nefte 
idioma  em  a  Villa  de  Setuval  cm  que 
fahio  eminentemente  veifado,  como  tefte- 
munhaõ  as  obras  que  publicou,  e  os 
difcipulos,  que  íahiraõ  da  fua  Paleftra 
aberta  nefta  Coite.  Naõ  fomente  he  erudito 
na  lingua  Latina,  mas  em  a  Theologia, 
e  Direito  Gvil  de  cujas  faculdades  tem  baf- 
tante  inlbruçaõ,  como  de  todos  os  Poe- 
tas, e  Hiíloriadores  Latinos.  Do  feu  en- 
genho fecundo  fe  tem  publicado  os  feguin- 
tes partos. 

Modo  fácil  para  enjinar  a  conflrtár,  e  verter 
em  bom  romance,  e  lingua  Portuguet(a  quaef- 
quer  períodos  efcritos  na  latina,  e  primeiras 
definiçoens  da  Gramática  Hijlorica.  Lisboa  por 
Pedro  Ferreira.   1731.  8. 

Syntaxinha  Ericeyriana  para  u^p  dos  Se- 
nhores D.  Fernando,  e  D.  Henrique  de  Mene- 
ses filhos  do  Illujlrijfimo  e  ExcellentiJJimo  Se- 
nhor D.  JLuiz  Carlos  de  Meneses  Conde  da 
Ericeira.  &c.  Lisboa  por  Miguel  Rodri- 
gues. 1740.  8.  et  ibi  na  Officina  Joaquiniana 
de   Bernardo   Fernandes   Gayo.    1742.    8. 

Regras  dos  Géneros  dos  Nomes,  e  defini- 
çoens dos  Accidentes  deftes  com  os  fuccintos  exem- 
plares das  finco  Declinaçoens,  e  algumas  adver- 


836 


BIB  LIO THECA 


fendas  fobre  ellas.  Lisboa  na  Ofíicina  loaqui- 
niana.    1743.    8. 

"Praxe  Syntaxiftica  com  algumas  ohjerva- 
çoens  fobre  o  promptuario  do  Padre  António 
Franco,  e  huma  Syntaxe  iMtino-lMJitamca, 
e  huma  Allegaçaõ  a  favor  do  Relativo  Qui, 
qua,  quod  &c.  Lisboa  por  António  de 
Souza  da  Sylva  1735.  8.  Sahio  com  o 
aftèâado    nome    de    Bento    Ver  jus. 

Sagttta  Medicata,  five  de  Nuptiis  Excellen- 
tijfimorum  Dominorum  Domini  Francifci  Xaverii 
Kaphaelis  Aíenejii  VI.  Comitis  de  Ericeira  cum 
ExcellentiJJima  Domina  Maria  Joi(epha  Gra- 
fia ef  Norognia,  et  Domina  Confiantia  "Ka- 
veria  Dominica  Aureliana  cum  praclarijjimo 
Domino  Jo^^epho  Felice  Cugnio  Menejio  &c. 
UlyíTipone  ex  Typog.  Joaquiniana  Mufi- 
c£e.    1741.    foi. 

Cenfura  Politica,  e  Catholica  fobre  o  pa- 
pel intitulado  Repoíla  a  huma  carta  que 
certo  Cavalheiro  efcreveo  a  hum  feu  af- 
feiçoado  Auftriaco  querendo  faber  fe  o 
Príncipe  Carlos  havia  repaíTado  o  Rhe- 
no.    Lisboa  por  Miguel  Rodrigues.  1745.  4. 

Nemejis  fuperata  á  virtute,  five  de  die- 
bus  Natali  fcilicef,  <ò^  Confecratione  "Excel, 
et  Ríf.  Domini  D.  Jo^ephi  Maria  da 
Forneça,  e  Évora.  Poema.  Coníla  de  669. 
Vcrfos  Heróicos  Latinos  compoftos  de 
Centoens    de    diverfos    Poetas. 

Excellentijfimo  Domino  D.  ]o^epho  Ma- 
ria da  Fonceca  d'  Ebora  Epifcopo  Portu- 
callenji  á  Pátria  fua  ad  Ulyjfiponem  rever- 
tentt  Epibaterium.  Coníla  de  91  Verfos 
heróicos. 

Centum  Anagrammata  diverfa  ex  Epi- 
graphe  S,  Malachia  (à^c.  qua  proxime  fu- 
furum  S.  R.  E.  Pontificem  adumbrat,  vi- 
delicet  Rofa  Umbriac  deprompta,  Epigram- 
matifque  inferta.  Coníla  de  100.  Epigram- 
mas,  e  Vaticínio  Poético  em  aplauzo  do 
mefmo  Prelado.  Todas  eílas  obras  fa- 
hiraõ.  UlyíTipone  apud  Officinam  Sylvia- 
nam,    et    Academiac    Regiac.     1742.    4. 

Elia  SantiJJimi  Patriarcha  Patres  elo- 
ffantur.  Sylva.  Coníla  de  Vtrfos  heróicos 
Latinos. 

De  progrejfu  Ordinis  Carmelitarum  in  Le- 
ge    Grafia    Elegia.    Eílas    duas    obras    fahi- 


raõ  no  1.  Tomo  do  Jardim  Carmelitano 
&c.  Lisboa  na  Officina  Sylviana,  e  da 
Academia  Real.  1741.  foi.  A  i.  a  pag. 
14.    c   a    2.    a    pag.    13?. 

Profopopeya  do  livro  intitulado  Modo  fá- 
cil para  enfinar  a  conflrtàr  é>'c.  onde  fe 
trataõ  varias  queíloens,  e  entre  ellas  fe 
moílra  evidentemente,  que  a  pronunda- 
çaõ,  que  uzaõ  os  Portuguezcs  nos  Vo- 
cábulos Latinos  he  a  própria,  e  genuí- 
na provada  com  as  authoridadcs  dos 
Authores  Latinos  da  primeira  ClaíTe.   M.  S. 

Ecoo  Latina  ad  Hexamefra,  Pentamen- 
traque  Carmina  componenda  Echús  você  finita. 
Eílá  dividida  em  2  Partes.  A  i.  para 
os  Verfos  Heróicos,  e  a  2.  para  os 
Pentametros.  As  diçoens  faõ  efcolhidas, 
e  cabem  na  medição  dos  Verfos.  Os 
Eccos  vaõ  por  ordem  Alphabetica.  Eíla 
obra,  que  conferva  feu  Author  M.  S. 
he    de    igual    trabalho,    que    engenho. 


lOZE'  CALDEYRA  Prothonotario  Apof- 
tolico.  Beneficiado  na  Igreja  de  NoíTa 
Senhora  da  Purificação  do  lugar  de  Sa- 
cavém, Freyre  profeHb  da  Ordem  mili- 
tar de  Chriílo,  e  Ouvidor  da  Real  Igre- 
ja da  Conceição  da  mefma  Ordem  fita 
neíla  Corte  de  Lisboa,  e  Juiz  Confer- 
vador  dos  Religiofos  Arrabidos  do  Con- 
vento da  Serra  de  Gntra  naceo  em  Lis- 
boa a  2j  de  Outubro  de  1701.  fendo 
filho  de  António  Caldeira,  c  Clara  Luiza 
de  Figueiredo.  Do  talento,  de  que  o 
ornou  a  natureza,  faõ  teílcmunhas  as  fe- 
guintes    produçoens. 

Oração  fúnebre  nas  folemnes  exéquias,  que 
fe  fi:(eraÕ  na  Igreja  Aíatriz  da  Villa  de 
Bellas  á  Sereniffima  Senhora  Infanta  D.Fran- 
cifca  no  dia  30  de  lulho  de  1736.  Lisboa 
por  Miguel  Rodrigues  ImpreíTor  do  Emi- 
nentiffimo    Patriarcha.    1736.    4. 

Sermão  do  inviãijftmo  Martyr  S.  Jufino 
pregado  na  folemnidade,  que  fe  lhe  confagra 
na  Igreja  de  Nojfa  Senhora  do  Loreto  da 
NofaÕ  Italiana  na  primeira  Dominga  de  Se- 
fembro  nejle  prefente  anno  de  1736.  Lisbot 
pelo    dito    ImpreíTor.    1737.    4. 


L  U  SITAN  A. 


83/ 


Exercício  devoto  para  celebrar  os  ont^e 
dias  em  que  a  injigne  Virgem,  Jingular  Mar- 
tyr,  e  prodigiofa  Doutora  Santa  Catherina 
"tfieve  no  fen  Cárcere  por  ordem  do  impe- 
rador híaximino.  Lisboa  por  Pedro  Fer- 
reira.   1732.    8. 

Fr.  lOZE'  DA  CAMARÁ  natural  de 
Lisboa  filho  de  loaõ  Gonzalves  da  Ca- 
mará Coutinho  Almotacè  mór  do  Reyno, 
e  de  D.  LuÍ2a  de  Menezes  Dama  da 
Raynha  D.  Maria  Sofia  Izabel  de  Neo- 
burg  filha  de  D.  Lourenço  de  Almada 
Meftre  Sala  delRey  D.  Pedro  II.  Gover- 
nador da  Ilha  da  Madeira,  e  Senhor  dos 
Lagares  delRey,  e  de  D.  Catherina  Hen- 
riques. Augmentou  o  efplendor  do  nad- 
mento  adoptando-fe  por  filho  do  Patriar- 
cha  S.  Domingos  igualmente  illuftre  por 
virtude,  que  por  fangue,  cujo  fagrado 
inílituto  profeflbu  no  Real  Convento  de 
Lisboa  a  6  de  Agofto  de  1724.  Para 
inflamar  os  coraçoens  dos  fieis  em  a  de- 
voção do  SantiíTimo  Rofario  produzio  em 
annos  verdes  efta  madura  produção  do 
feu   engenho,    que   publicou    com   o   titulo. 

Arte  da  perfeição  Chriftãa,  que  enjina  fe- 
gíiir  as  virtudes,  e  deteftar  os  vicios  por  meyo  do 
Santijftmo  Kojario  meditando  os  Jeus  Myjie- 
rios  com  huma  recopilaçàõ  das  Indulgências 
concedidas  aos  que  o  rer^aõ,  e  aos  Jeus  Con- 
frades das  Confrarias  de  toda  a  Chriflan- 
dade  explicadas  no  fentido  mais  conforme  ás 
Conftituiçoens  Apoftolicas,  e  doutrina  mais  fo- 
lida  dos  Theologos.  Lisboa  na  Officina  Syl- 
viana    da    Academia    Real.     1739.     8. 

lOZE'  CARDOSO  BORGES  natural 
da  Cidade  de  Bragança,  em  a  Provinda 
Tranfmontana,  e  Sargento  mór  da  mefma 
Qdade  filho  de  Francifco  Borges  Band- 
ros  Cidadão  da  Cidade  de  Miranda,  e  de 
fua  mulher  Anna  Rodrigues.  IniJituhio  em 
5  de  Novembro  de  1706,  hum  Morgado 
na  Cidade  de  Bragança,  e  feu  diítrito  com 
fua  mulher  D.  Clara  Maria  de  Figudredo 
Sarmento  filha  de  António  de  Figueiredo 
Sarmento  Governador  da  Qdade  de  Bra- 
gança de  quem  teve  larga  defcendencia. 
Foy    muito    aplicado    ao    eftudo    da    Hilio- 


ria  Secular,  e  EcdefiaíHca,  como  à  da 
Genealogia,  efcrevendo  com  eíHlo  cor- 
rente,   e    fumma    indagação. 

Noticias  da  Cidade  de  Bragança,  foi.  M.  S. 
cujo  Original  conferva  o  eruditiífimo  Jozè 
Freyre  de  Montarroyo  Mafcarenhos,  que  ma 
partidpou. 

Fr.  lOZE'  DE  CARVALHO  Naceo 
em  Lisboa  a  19  de  Março  de  1631. 
fendo  virtuofamente  educado  por  feus  Pays 
Miguel  Alvares,  e  Maria  Carvalha.  Dei- 
xando em  tenra  idade  o  feculo  abraçou  o 
inftituto  CarmeHtano,  que  profeíTou  no  Real 
Convento  da  fua  pátria  a  15  de  Junho  de 
1648.  A  perfpicacia  do  talento  lhe  facili- 
tou brevemente  comprehender  as  dificul- 
dades das  fdendas  Efcholaílicas,  que  de- 
pois explicou  aos  feus  domefticos  com 
grande  gloria  da  fua  litteratura.  Recebido 
o  gráo  de  Doutor  em  a  Univerfidade  de 
Coimbra  foy  hum  dos  mais  celebres  Ca- 
thedraticos  deíla  Athenas  Lufitana  illuftran- 
do  com  o  magiílerio  as  Cadeiras  de  Ga- 
briel, e  Efcoto  até  chegar  a  de  Prima  em 
6  de  Outubro  de  1695.  onde  jubilou  no 
anno  de  1699.  Igual  à  profundidade  Theo- 
logica  era  a  eloquenda  latina  pra£Hcada  nas 
Oraçoens,  que  recitava  quando  conferia  os 
gráos  onde  fe  admiravaõ  felifmente  unidas 
a  fuavidade  da  voz  com  a  viveza  da  reprezen- 
taçaõ,  confervando  eftes  dotes  na  ultima  idade, 
que  por  caduca  naõ  cuftuma  lograr  feme- 
Ihantes  privilégios.  Como  os  feus  votos 
fempre  eraõ  regulados  pelos  didames  da 
condenda  timorata  meredaõ  fer  feguidos 
pelos  Deputados  da  Meza  da  Condenda 
em  os  negodos  pertencentes  à  Univerfi- 
dade de  Coimbra  da  qual  foy  muitas  ve- 
zes Vicereytor,  e  duas  por  Decreto  del- 
Rey D.  Pedro  11.  FaUeceo  piamente  no 
Collegio  de  Coimbra  a  28  de  Março  de 
1708.  quando  contava  77  annos,  e  nove 
dias  de  idade.  Foy  exceíTivamente  lamenta- 
da a  fua  morte  aíTim  pela  Religião,  coma 
pela  Univerfidade  vendo-fe  huma  defpojada 
de  hum  taõ  infigne  filho,  e  a  outra  de  hum 
taõ  famofo  Cathedratico.  DeUe  fazem  me- 
moria Carvalho  Corog.  Portug.  Tom.  5. 
liv.  2.  Part.  8.  cap.  47.  e  Fr.  Manoel  de  Sá 


838 


BIB  LIO  THE  C  A 


Jiíemor.  Hift.  dos  Efcrit.  do  Carm.  da 
Prov.  de  Porttig.  cap.  57.  As  memorias 
que  deixou  do  feu  feliz  talento  fc  con- 
fervaõ  eternÍ2adas  em  4.  Tomos  de  fo- 
lha.   Coníla    o    I. 

Oraçoens  Latinas  recitadas  nos  Doutoramentos 
da  Faculdade  da  Theologta. 

Diverjos  Tratados  Theologicos,  e  Efcritu- 
rarios  distados  na  Univerjidade  de  Coimbra.  3. 
Tom. 

Eftas  obras  fe  confervaõ  no  Collegio 
de  Coimbra  M.  S.  as  quais  queria  mandar  im- 
primir o  IlluílriíTimo  D.  Nuno  Alvares  Pe- 
reira de  Mello  fendo  Reytor  da  Univerfidade 
ao  tempo,  que  morreo  feu  Author,  e  por 
inércia  dos  CoUegiaes  Carmelitas  fe  naõ  cfFei- 
tuou  o  intento  daquelle  Prelado. 

lOZE*  DE  CARVALHO  Veja-fe  o  Pa- 
<lre  lOZE'  PIMENTA. 

D.  lOZE'  DE  CHRISTO  Veja-fe  D. 
lOZE'  DE  BRITIANDOS. 

lOZE'  DE  COIMBRA  DE  ANDRADE 
Fidalgo  da  Caza  de  S.  Mageftade  Senhor  do 
Morgado  de  NoíTa  Senhora  da  Conceição 
chamado  vulgarmente  dos  Coimbrãs  iníU- 
tuido  pelo  Doutor  loaõ  de  Coimbra  no  anno 
de  1630.  Naceo  em  a  Cidade  de  Braga  a  20 
de  Agofto  de  1684^  fendo  filho  de  Lourenço 
Jozè  de  Coimbra,  e  Andrade  Fidalgo  da 
Caza  de  S.  Mageftade,  e  de  D.  Clara  da 
Sylva.  Inílruido  na  lingua  Latina  fre- 
quentou a  Unlveríidade  de  Coimbra  apli- 
cado às  fciencias  feveras  porem  como 
era  herdeiro  de  huma  Caza  opulenta  fe 
dedicou  à  cultura  das  amenas  principal- 
mente à  liçaõ  da  Hiftoria  profana,  e 
Poetas  vulgares  em  que  fahio  muito  f)e- 
rito.  Cazou  com  D.  Bernarda  Ignacia  Pe- 
reira Pimentel  filha  de  loaõ  Pereira  de 
Miranda,  e  de  D.  Ignes  Maria  Pimentel 
ambos  das  principaes  Famílias  Bracharen- 
fes  de  quem  naõ  teve  fuceíTaõ.  Sendo 
Vereador  mais  velho  do  Senado  de  Bra- 
ga quando  nefla  augufta  Gdade  fez  a 
fua  publica  entrada  a  23  de  Julho  de 
1742.  o  Sereninimo  Senhor  D.  lozè  de 
Bragança   Arcebifpo,    e    Senhor    da    mefma 


Cidade  recitou  a  feguinte  Oraçaõ,  que  fe  fez 
publica  com  o  feguinte  titulo. 

Oraçaõ  na  glorio/a  Entrada,  e  feli:^  PoJJe 
do  fempre  augujlo  Príncipe,  e  Serenijfimo  Senhor 
D.  Joi^è  na  Cidade  de  Braga.  Coimbra  no  Real 
Collegio  das  Artes  da  Companhia  de  lESUS. 
1742.  foi. 

Fallecco  na  fua  pátria  a  27  de  Novem- 
bro de  1743.  fendo  o  ultimo  adminiftra- 
dor  do  Morgado,  que  defde  a  fua  inf- 
tituiçaõ  fe  confervara  em  linha  mafculina. 
laz  fepultado  na  Capella  de  NoíTa  Senhora 
da  Conceição  da  Igreja  de  S.  loaõ  de 
Souto  jazigo   da  fua   Caza. 

Fr.    lOZE'    DA    CONCEYÇAÕ    Naceo 
em    a    Villa    de    Santarém,    e    na   Parochial 
Igreja    de    S.    Nicoláo    recebeo    a    primeira 
graça   a    20   de   laneiro   de    1667.    fendo   fi- 
lho   de    António    de    Mattos,    e    Catherina 
da    Cofta.    Tanto   fe   lhe   adiantou   a   viveza 
do    engenho    ao    progreíTo    da    idade,    que 
naõ    excedendo     defafeis    annos    já    eftava 
inftruido    nos    preceitos    da    Mufica,    regras 
da    Gramática,    e    fubtilezas    da    Filofofia. 
Querendo  abraçar  inflituto  religiofo  efteve  in- 
decifo  entre  a  eleição  da  Ordem  dos  Pregado- 
res, ou  da  Terceira  de  S.  Francifco  por  ter 
em   ambas    eftas   illuftres    Famílias    parentes, 
que  lhe  conciliavaõ  o  affefto  até  que  refoluto 
fe  aliftou  em  a  religião  Seráfica  recebendo  o 
habito  no  Convento  de  Nofla    Senhora    de 
lESUS  de  Lisboa  a  10  de  Abril  de  1684.   No 
Collegio  de  Santa  Catherina  de  Santarém,  c 
no  de  S.  Pedro  de  Coimbra  aprendeo  as  fcien- 
cias Efcholafticas  em  que  fahio  Meftre  con- 
fummado.     No  Capitulo  Geral  celebrado  na 
Cidade    de    Viftoria    a     30    de     Mayo    de 
1694.    defendendo    Conclufoens    de    toda   a 
Theologia    Efpeculativa,    c    Moral    manifcf- 
tou    com    tanta    promptidaõ,    e    fubtileza   a 
fua    grande    litteratura,    que    admirado  hum 
celebre    Thcologo    aíTiftente    a    taõ    douto 
Congreflb    exclamou    em    aplauzo    do    Dc- 
fendente    Miror    in  juvene    Scotum    rediviuum 
de     cujo     Elogio     fe     feguio     o     fer     co- 
nhecido pela  antonomazia  de  Efcotinho.   Rcf- 
tituido    ao    Reyno    diétou    duas    vezes    Fi- 
lofofia,   e    Theologia    em    Coimbra,    e  Lis- 
boa    de     cujo     magifterio     fahiiaõ     difci- 


L  US  l  TAN  A. 


pulos  que  illuftraraõ  os  púlpitos,  e  as 
Cadeiras.  Da  laboriofa  incumbência  das 
Aulas  foy  chamado  para  o  minifterio  das 
Pfelaturas  fendo  eleito  Reytor  do  Col- 
legio  de  S.  Pedro  de  Coimbra  no  anno 
de  1706.  Cuftodio  da  Província  em  1707. 
e  Miniílro  Provincial  em  171 8.  cujo  lu- 
gar adminiílrou  com  tal  vigilância,  e  reéti- 
daõ  que  podia  fer  norma  dos  feus  fucef- 
fores  reformando  com  o  exemplo  os  edifi- 
cios  efpirituaes,  e  reedificando  com  profu- 
faõ  aos  materiaes.  Mandou  fabricar  o  cor- 
po da  Igreja  da  Villa  de  Santarém  com 
outo  Capellas  ornadas  de  primorofos  reta- 
bolos,  e  de  hum  nobre  frontifpicio  co- 
roado com  duas  fumptuofas  Torres  de  pe- 
dra. Nos  Conventos  de  Sylves,  e  de  V«l- 
lares  levantou  dous  dormitórios,  e  conti- 
nuou o  que  eftava  começado  em  o  Con- 
vento de  Arrayolos,  e  outras  muitas  obras 
ftflim  para  a  perfeição  do  culto  Divino, 
como  para  cómoda  habitação  dos  Religio- 
fos.  Retirado  ao  Convento  de  Santarém  fe 
preparou  com  aôos  de  piedade,  e  mortificação 
para  a  morte  fallecendo  em  o  i  de  Mayo  de 
1741.  com  74  annos  de  idade.  Ao  dia  feguinte 
foy  fepultado  a  cujas  exéquias  aíTiíliraõ  as  Com- 
munidades  Religiofas.    Efcreveo 

Cttrjiis  Philofophicus.  3.  Tom.  4. 

Traãatus  de  Contraãihus.  4. 

Theoloffa  Moral  2.  Tom.  4. 

Conceitos  Predicáveis.  4. 

Fajlos  da  Provinda  da  Sacada  Ordem  da 
Penitencia  da  Kegular  Obfervancia  nejfe  Reyno 
de  Portuga/  dividido  em  três  Partes,  Bullario, 
Memorial,  e  Formulário  Seráfico.  Confta  a  i. 
Parte  dos  Breves,  Decretos  Apoílolicos,  e 
Sentenças  fobre  matérias  pertencentes  ao  go- 
verno defta  Província  expedidos  atè  o  anno 
de  1724.  2  Part.  dos  Princípios  da  Terceira 
Ordem  de  Portugal,  Fundaçoens  dos  Con- 
ventos, PeiToas  que  floreceraõ  com  opinião 
de  Virtude,  Efcritores,  e  religiofos  conílitui- 
dos  em  dignidades,  e  outras  couzas  memorá- 
veis na  Religião  defde  o  feu  principio  até 
o  anno  de  1724.  A  3  parte  confta  de 
Patentes,  e  formas  de  ProfiíToens,  e  lan- 
çar do  habito  da  Terceira  Ordem,  e  ou- 
tras couzas  que  cuftumaõ  os  Prelados  paf- 
far  firmadas  com  o  fello  mayor,  ou  menor 


839 

da  Província.  Efla  obra  deixou  imper- 
feita feu  author,  a  qual  por  informação 
menos  verdadeira  efcreve  Fr.  loaõ  de  S. 
António  Bib.  Francifc.  Tom.  2.  pag.  244. 
col.  I.  fahira  imprefla  em  Lisboa  no 
anno    de    171 5. 

Fr.  lOZE'  DA  CONCEIÇAM  natural 
de  Lisboa,  e  filho  de  loaõ  Vieyra  Mato- 
20,  e  D.  Magdalena  de  Almeida  ambos 
de  nobreza  conhecida.  Com  judiciofa  re- 
foluçaõ  preferio  as  mortificaçoens  do  Clauf- 
tro  ás  delicias  do  Século  profeíTando  o 
Sagrado  Inftituto  de  S.  Jerónimo  no  Real 
Convento  de  Belém  a  12  de  Outubro 
de  1672  onde  inftiuido  com  as  fcien- 
cias  fe  veias  as  enfinou  com  credito  da 
fua  literatura.  Sendo  Qualificador  do  San- 
to Officio  fubio  a  Geral  da  fua  illuftre 
Congregação  no  anno  de  1710  onde  deu 
manifeftos  argumentos  da  fua  prudente  ca- 
pacidade. De  muitas,  e  graviíTimas  maté- 
rias em  que  era  confultado,  unicamente  fe 
fez  publico  o  parecer  que  eílá  impreíTo  no 
Tom.  I.  QiuBJl.  Seleã.  Buli.  Crtic.  compoftas 
por  Lourenço  Pires  de  Carvalho  de  pag. 
534  até  544.  com  efte  titulo. 

Judicium  Juper  Ouafitum.  An  approhatm  in 
una  Diacefi  pojfit  in  alia  confejftones  excipere  per 
Buliam  Criíciata?    Deixou  M.  S. 

Traãatus  de  Panifentia. 

Traãatíis  de  I^gibus. 

Traãatus  de  Contraãibus. 

Fr.  lOZE'  DA  CONCEYÇAM  naceo  em 
Lisboa  a  8  de  laneiro  de  1690.  onde  teve  por 
Pays  a  Bartholameu  da  Fonceca,  e  Francifca 
de  Souza.  Na  idade  juvenil  profeííou  o  inf- 
tituto de  S.  Jerónimo  no  Convento  de  Be- 
lém a  14  de  Dezembro  de  1706.  onde  exerci- 
tou os  lugares  de  Vizitador  Geral  da  fua 
Congregação,  e  de  Prior  do  Convento  de 
Penha  Longa.  Pelo  talento  que  teve  pa- 
ra o  Púlpito  foy  Pregador  do  Sereniffi- 
mo  Senhor  Infante  D.  Francifco  de  cujo 
minifterio  fagrado  tem  publicado  as  feguin- 
tes   produçoens. 

Sermão  da  Canonis^açaÕ  do  glorio/o  Saõ 
loaõ  da  Cru^  da  ef clareada  Ordem  de  Nof- 
fa     Senhora     do     Vencimento     do     Monte     da 


840 


BIB  LIO  TH  E  C  A 


Carmo  no  primeiro  dia  do  folemne  Triduo 
que  celebrarão  os  Keligiofos  Kejormados  da 
me/ma  Ordem  no  feu  Convento  de  Santa 
Tòere^a  na  Villa  de  Cafcaes.  Lisboa  por 
Maurício   Vicente   de   Almeyda    1733. 

Sermão  da  Vijitaçaõ  de  Nojfa  Senhora 
a  Santa  Isabel  pregado  a  z  de  lulho  de 
ijii.  na  Santa  Ca:(a  da  Mit^ericordia  de 
Lisboa.  Lisboa  por  Mauricio  Vicente  de 
Almeyda    1734.    4. 

Sermão  Panegírico  de  S.  Jerónimo  pre- 
gado no  Real  Aíojleiro  de  Santa  Maria  de 
Belém  aos  30  de  Setembro  de  1736.  Lis- 
boa na  Officina  de  Theotonio  Antunes 
IJma.    1737.    4. 

Sermoens  de  varias  Fejlividades  Primeira  Parte. 
Lisboa  na  Officina  da  Mufica,  e  da  Sagrada 
Religião  de  Malta  1739.  4- 

Parte  Jegunda.  ibi  na  Regia  Officina  Syl- 
viana  1744.  4. 

lOZE*  CORRÊA  naceo  em  Lisboa  a 
12  de  Abril  de  1703.  devendo  à  vir- 
tuofa  educação  de  feus  Pays  Manoel  Cor- 
rêa, e  Maria  Magdalena  do  Valle  o  fe- 
guir  o  eftado  Eccleíiaílico,  e  ocupar  o 
tempo  em  piedofos  exercícios.  PubUcou 
fem    o    feu    nome. 

Diário  para  os  novos  tret(e  dias  de  Santo 
António  principiados  em  dia  de  S.  Bra:;^ 
Bi/po,  Martyr,  e  finaliv^aÕ  tf  15  de  Feve- 
reiro dia  de  Jua  glorio/a  Tresladaçaõ.  Lis- 
boa por  Domingos  Gonçalves  ImprefTor 
dos  Monges  das  covas  de  Monte  furado. 
1736.    8. 

De:(^  horas  do  dia  no  Relógio  da  PaixaÔ  Sa- 
grada de  Nojfo  Senhor  Jefu  Chrijlo,  e  Dores  de 
Alaria  Santijfima.  8.  Sem  lugar  nem  anno  da 
ImpreíTaõ. 

lOZE'  CORRÊA  BARRETO.  Naceo  em 
Lisboa  a  4  de  Abril  de  1673.  fendo  filho  de 
António  Rodrigues  de  Elvas  Cavalleiro 
profeíTo  da  Ordem  de  Chrifto,  e  D.  Maria 
Michaela.  Eíludadas  na  pátria  as  letras  hu- 
manas frequentou  a  Unlverfidade  de  Coim- 
bra aplicado  à  lurifprudencia  Ccfarea  em 
cuja  Faculdade  fe  formou  a  22  de  lulho  de 
1695.  moílrando  tal  viveza  de  engenho,  e 
felicidade  de  comprehenfaõ  que  parecia  Mcf- 


tre  quando  era  difcipulo.  Reítituldo  a 
pátria  exercitou  o  Officlo  de  Patrono  de 
Cauzas  Forenfcs  correfpondendo  o  aplau- 
zo  dos  mayores  profeíTores  da  Jurifpru- 
dencia  á  profunda  vaíHdaõ  da  fua  lite- 
ratura que  unida  á  candura  do  génio, 
e  á  uibanidade  do  trato  fe  fez  digno  de 
grande  eílimaçaõ.  He  Advogado  da  Q- 
za  da  Suplicação,  e  Promotor  da  Ca- 
pella,  e  Padroado  Real.  Das  muitas,  c 
doutiífimas  Allegaçoens  Jurídicas  que  tem 
efcrito  patrocinando  as  cauzas  controver- 
tidas entre  os  Litigantes  da  primeira  es- 
fera   fe    fizeraõ    publicas    as    feguintes. 

AllegaçaÕ  de  Direito  a  favor  do  ExcellentiJ- 
fimo  Senhor  Marquei^  Mordomo  mór  Jobre  a  Ju- 
ceçaõ  do  EJlado,  e  Ca:(a  de  Aveiro.  Lisboa 
por  Pafchoal  da  Sylva  ImprefTor  de  Sua  Ma- 
geílade.  171 9.  foi. 

AllegaçaÕ  pratica,  e  jurídica  Jobre  a  pojje 
e  fucejfaõ  do  Titulo,  e  Ca^a  da  Feira  contra  os 
Senhores  Procuradores  da  Coroa,  e  Infantado  a 
favor  de  D.  Álvaro  Pereira  Forjas  Coutinho. 
Lisboa  por  Mathlas  Pereira  da  Sylva,  e  loaõ 
Antunes  Pedrozo.  1720.  foL 

lOZE'  CORRÊA  DE  BRITO  Ulyf- 
fiponenfe.  Defde  os  primeiros  annos  cul- 
tivou as  letras  humanas,  e  os  preceitos 
da  Poezia  para  cuja  divina  Arte  era  na- 
turalmente inclinado  de  que  foraõ  fc- 
lices  confequencias  metrificar  na  língua 
materna,  e  Caftelhana  com  afluência,  fua- 
vldade,  e  dlf eriça õ  podendo  gloriarfe  de 
fer  hum  dos  mais  fonoros  Qfnes  do 
ParnaíTo  I^ufitano  como  publicaõ  as  obras 
feguintes. 

Epithalamio  em  os  defpo^orios  do  Senhor 
Conde  da  Ribeira  D.  lov^é  Rodrigo  da  Camará 
do  Confelho  de  Sua  Altet^a  Governador,  e  Capi- 
tão General  da  Ilha  de  S.  Miguel,  Senhor  Do- 
natário da  dita  Ilha,  e  AUayde  mòr  da  Cidade 
da  Ponte  Delgada  com  a  Excellentijfima  Senhora 
D.  Confiança  Emilia  de  Ruaõ.  Lisboa  por 
António  Crasbeeck,  de  Mello  ImprefTor  da 
Caza  Real  1683.  4.  Confta  de  diverfo  género 
de  Verfos. 

Tumulo  Apollineo  ás  faudofas  memorias  de 
D.  Francifco  Mafcarenhas  Conde  de  Coculim.  Lis- 
boa por  Miguel  Deslandes  1685.  4.  ^^ 


L  USITANA, 


841 


Epitalamio  em  os  felicijjimos  deJpo:(prios 
do  Senhor  D.  Francifco  Xavier  los^é  de 
Mmer^es  Conde  da  "Ericeira  com  a  Excel- 
JentíJJima  Senhora  D.  loanna  de  Noronha  fi- 
lha, dos  Senhores  Condes  de  S arredas.  Lis- 
boa por  Miguel  Manefcal  ImpreíTor  do 
Santo  Officio  1688.  foi.  Coníla  de  100 
Outavas. 

A.'   Sagrada  Imagem  de   Nojfa  Senhora   do 

Valle  dos  Keligiofos  de  Santo  Eloy  dejla  Cidade 

de  Lisboa.     Lisboa  por  Domingos  Carneiro 

.1677.    He  a  Salve  Rainha  gloíTada  em  fexti- 

Ihas. 

Tragicomedia.  El  Capitam  Eujitano  Viriato. 
IJsboa  por  loaõ  da  Coíla  1677.  4. 

El  Mercúrio  Divino.  AMto  Sacramental,  e 
Alkgorico.  Lisboa  por  António  Craesbeeck 
de  Mello.  1678.  4. 

Epitome  Hijlorico  de  todos  os  progreffos,  que 
íiveraõ  as  Armas  Cefareas  contra  a  Joherba  das 
Imos  Ottomanas  de/de  o  cerco  de  Viena  com  todos 
os  Jucejfos  das  Armadas  de  Venen^a,  e  mais  Au- 
xiliares.   Lisboa  por  Joaõ  Galraõ.    1686.  4. 

Epitome  Hijlorico  fegunda  Parte  de  todos  os 
progrejfos,  que  tiveraô  as  Armas  Cefareas  contra 
a  Joherba  das  Euas  Ottomanas  até  a  memorável 
tomada  de  Buda  com  todos  os  Jucejjos  das  Ar- 
mas de  Veneza,  e  mais  Auxiliares.  Lisboa 
pelo  dito  ImpreíTor,  e  no  mefmo  anno.  4. 

lOZE'  DA  COSTA  COIMBRA  natu- 
ral da  Qdade  do  feu  appellido,  e  muito 
perito  em  as  noticias  da  Hiíloria  do  nof- 
fo    Reyno    publicou. 

Manijejlo  fingular  em  que  a  Jelicidade 
de  Portugal  fe  admira,  e  pela  qual  a  to- 
dos conjla  a  prodigioja  aparição  de  Chrijlo 
Crucificado  ao  Injante  D.  AJfonJo  Henri- 
ques em  o  fempre  celebre,  e  Jecundijfimo 
Campo  de  Ourique.  Lisboa  por  Manoel 
Fernandes    da    Coíla.     1736.    4. 

lOZE'  DA  COSTA  PROENÇA  na- 
tural da  Qdade  da  Guarda  Beneficiado 
lia  Parochial  Igreja  de  S.  Vicente  da 
dita  Cidade  igualmente  douto  na  Facul- 
dade da  Theologia  como  em  a  Rheto- 
lica  Ecclefiaftica  da  qual  deixou  hum 
claro    teftemunho    na    obra    feguinte. 


Sermão  do  glorio/o,  e  invi^o  Martyr  Saõ  Vi- 
cente pregado  na  Parochial  do  mejmo  Santo  da 
Cidade  da  Guarda.  Coimbra  por  Joaõ  Antunes. 
1695.  4.  ,  . 

lOZE'  DO  COUTO  PESTANA  Ca- 
valleiro  profeíTo  da  Ordem  de  Chriílo,  e 
Contador  da  Contadoria  Geral  de  guerra, 
e  Reyno  naceo  em  Lisboa  a  19  de  Mayo 
de  1678.  fendo  feus  Progenitores  o  Capi- 
tão loaõ  Pereira  Peftana,  e  D.  Antónia 
Coutinho  de  Andrade  ambos  de  conhecida 
nobreza.  As  primeiras  açoens  da  fua  vida 
eraõ  taõ  reguladas  pela  prudência,  que  cla- 
ramente moílraraõ,  que  a  madureza  do 
juizo  por  privilegio  particular  da  natureza 
fe  anticipara  ao  verdor  da  idade.  Sendo 
iníigne  na  intilligencia  da  lingua  Latina, 
Rhetorica,  e  Filofofia  bebeo  com  tanta 
afluência  das  aguas  da  Hypocrene,  que  pe- 
lo feu  fecundo  enthufiafmo  fublime,  e  fuave 
aífim  na  metrificação  heróica  como  lyrica 
fubio  a  collocarfe  entre  os  primeiros  habita- 
dores do  Parnaflb.  Naõ  foy  menos  eftimavel 
o  feu  talento  pela  Oratória  atrahindo  os  ânimos 
com  a  armonica  elegância  dos  feus  períodos. 
Ornado  deíles  fingulares  dotes  fe  habili- 
tou para  fer  Collega  das  mais  celebres 
Academias  fendo  repetidas  vezes  Prefiden- 
te  em  a  dos  Anonjmos,  Meftre  em  a  Por- 
tuguen^a  inllituida  no  Palácio  do  Excel- 
lentiíTimo  Conde  da  Ericeira  D.  Francifco 
Xavier  de  Menezes  onde  illuílrou  com 
agudas  reflexoens  os  Apothegmas  dos  Mo- 
narchas  Portuguezes,  e  ultimamente  em  a 
P^eal  da  Hifioria  Portuguet^a  para  efcrever 
as  Memorias  Hiíloricas  delRey  D.  Diniz, 
e  fua  conforte  Santa  Izabel,  que  da  ve- 
neração do  folio  paflbu  a  fer  adorada  nos 
altares.  Como  inimigo  jurado  da  vaõglo- 
ria  fempre  regulou  todas  as  açoens  com 
fumma  modeília.  Praâicou  as  virtudes  de 
religiofo  fendo  fecular  para  cujo  fim  fe 
confervou  no  eílado  do  celibato.  Acome- 
tido de  hum  accidente  deixou  a  vida  ca- 
duca pela  eterna  a  7  de  Agoílo  de  1755. 
quando  contava  63  annos  de  idade.  Jaz 
na  Igreja  do  Convento  dos  religiofos  Ter- 
ceiros de  Noíía  Senhora  de  lESUS  de 
cuja  Ordem  foy  irmaõ  profeíTo  onde  exer- 


842  BIB  LIOTHE  C  A 

citou    vários     lugares     com    igual    aíTiílen-  De    Amor    Divino    ardente    pura    chama. 

cia,     que     piedade,     e     delle     faz     memoria  Ao  repentino,  e  ^ande  incêndio  que  redtC(io  a 

entre    os    Authores    da    'Bih.    Franc.    Tom.  Cinv^as  em  a  noute  de  z^  de  Novembro  de  1726. 

2.    pag.    244.    col.    I.    Fr.    Joaõ    de    Santo  o  Jumptuo:(o,  e  magnifico  Palácio  dos  Excellen- 

Antonio.     Por    ordem    da    Real    Academia  tijftmos  Marqueses  de   Valença.     Soneto.    G> 

redtou    o    feu    Elogio    Fúnebre    o    Acade-  meça 

mico    Jerónimo    Godinho    de    Niza    Cavai-  Arde  o  Valado  excelfo  nas  violências.    Sahio 

leiro    profeflb    da    Ordem    de    Chrifto,    e  a  pag,  362.  do  Tom.  5.  da  Fw/;^  rí«tf«/Í7.   Lis- 

Official     mayor    da     Secretaria     de     Eftado  boa  por  António  Pedrozo  Galraõ.   1728.  8. 

onde     immortalizou     com     eloquentes     ex-  Conta     dos    Jeus     eftudos     Académicos     re- 

preflbens    a    memoria    de   taõ    infigne  Aca-  citada    no    Paço   a    zz    de    Outubro    de    1725. 

demico,    cujas    obras    faõ    as    feguintes.  Sahio  no  Tom.   5.  da  Collec.  dos  Documentos 

Epithalamio    real   nos  Jelicijfimos    Dejpov^o-  da  Academia  Keal.     Lisboa  por  Pafchoal  da 

rios    dos    Augujlijftmos    Rejs    D.    loaõ    o    V.  Sylva  1723.  foi. 

e    D.    Maria    Anna    Regina    Io:(efa    Antónia  Conta  dos  Jeus  eftudos  Académicos  recitada 

de     Auftria     Nojfos     Senhores.     Lisboa     por  no  Paço  a  j  de  Setembro  de  1726.    No  Tom. 

Valentim     da     Coíla     Deslandes     1709.     4.  6.    da    ColleçaÕ  dos   Documentos    &c.     Lisboa 

Gíníla    de    181.    Outavas.  por  lozé  António  da  Sylva  1726.  foi. 

Quitéria   Santa   Poema    Sacro.    Lisboa  por  Conta  dos  f eus  eftudos  Académicos  no  Paço  a  7 

lozè    Lopes    Ferreira    Impreflbr    da    Sere-  de  Setembro  de  1730.    No  Tom.  10.  da  Colleçaõ 

niflima     Rainha     171 5.     8.     Coníla     de     7  dos  Documentos,  ibi  pelo  dito  ImpreíTor.  1750. 

Gmtos.  foi. 

Outavas  Epithalamicas     em     que    fe    pede  Conta    dos  Jeus    eftudos    Académicos    a    17 

ás    Njmfas    do     Tejo    celebrem    os  Jelicijfimos  de  Fevereiro  de   1731.    No   Tom.  11.  da  Col- 

dejpoi^orios   do   E.xcellentiJfimo    Senhor   D.    Iov(é  lec.    dos    Documentos    ibi    pelo    dito    Imprcf- 

Miguel     loaÕ     de     Portugal     IX.     Conde     do  for    1731.    foi. 

Vimiojo    com    a    Excellentijfima    Senhora    D.  Conta     dos    Jeus     eftudos     Académicos    em 

ladroa    de    lorena.     Lisboa    na    Officina    da  2    de    Mayo    de    nj^z.     No    Tom.     11.    da 

Mufica    1729.    foi.  Collec.     dos    Documentos,    ibi    pelo  dito    Im- 

Sinco    Oraçoens   Académicas,    vinte    e    três  preíTor    1732.    foi. 

Sonetos,     defanove     Romances,     outo     Silvas,  Conta    dos  Jeus    eftudos    Académicos    em    t 

três    Decimas;    quatro    Epigramas    Portugue-  de  Outubro  de  1732.    No  Tom.  11.  da  Collec. 

í^es;    huma    CançaÕ,    humas     "Liras,    e    hu-  dos  Documentos  &c. 

mas  Seguidilhas  defte  author  eftaõ  impref-  Conta  dos  Jeus  eftudos  Académicos  no  Paço  a 
fos  nos  Progrejfos  Académicos  dos  Anony-  24  de  Outubro  de  1733.  No  Tom.  12.  da  Col- 
mos de  Lisboa  Primeira  Parte.  Lisboa  por  lec.  dos  Documentos,  ibi  pelo  dito  Impreflbr. 
lozé    Lopes    Ferreira    1718.    4.  i753-  foi. 

Dous  Sonetos,  dous  Romances,  huma  Sjlva,  Obras  M    S 
e  humas  Lyras.    Nas  Oraçoens  Académicas  de 

Fr.   SimaÕ  António  de  S.    Catherina.     Lisboa  Onde     ay     rav^on,     ay    dejculpa.     Comedia 

na  Officina  da  Mufica  1725.  8.  El  Sueno  es  vida.    Comedia 

A     S.     loaÕ     da     Cru^     quando     apagou  Todo  es  riejgo  lo  fingido.    Comedia 

hum    grande     incêndio     ateado     em     hum     boj-  Campos  Elyfios  de  amor,  y  conjujion  de  los 

que    vivinho    do    Convento.    Sylva.     Sahio    nas  nombres.    Comedia. 

Mem.     Hift.     Paneg.,    e    Metric.    do    Jagrado  Hechi:(p  de  amor  los  Zelos.    Comedia 

culto    com    que     o     Convento     do     Carmo    de  Explicação   do   Soneto   de   Camoens.     Alma 

Lisboa     celebrou    a     Canonii^açaÕ    do     Doutor  minha  gentil  que  te  partiftc. 

Myftico   S.   loaÕ  da   Cru^'     Lisboa   por   Mi-  Quatro  Oraçoens  Académicas  recitadas  na  Aca- 

gucl   Rodrigues    1728.    4.    Eftá   a   pag.  148.  demia  Portu^e^a,  e  Latina  do  Conde  da  Hrr- 

Comcça.  ceira. 


L  USITANA. 


843 


Sinco  Oraçoens  Académicas  recitadas  na  Aca- 
demia dos  EJitidio^os. 

Sinco  liçoens  Académicas  Jobre  a  Hijioria 
recitadas   na    Academia    Portuguesa,    e    Latina. 

Três    Oraçoens   recitadas   na    Academia    dos 
,  Inonymos  alem  das  que   Sahiraõ  em  os  Pro- 
greffos  Académicos,    da   mefma   Academia. 
Os  Originaes  deitas  obras  conferva  em  feu 
poder  Francifco   Luiz  Ameno. 

lOZE'  DA  CUNHA  Cavalleiro  pro- 
feíTo  da  Ordem  de  Chrifto  querendo  eter- 
nizar com  a  penna  os  triumfos  alcança- 
dos pelos  Portuguezes  com  a  efpada  nas 
Regioens  Africanas  publicou. 

Treslado  de  una  Carta  embiada  a  la  Villa 
de  Setúbal  a  un  amigo  fuyo  dandolhe  cuenta  de 
una  ^an  batalla  y  feli:(^  Vitoria  que  han  tenido 
los  Cavalleros  Portugueses  en  Melilla,  Ceuta 
Ma^agan  j  Tanger,  Cofta  de  Africa  a  los  -f  de 
Oãubro  de  1638.  Madrid  por  Diego  Dias 
■S8.  4. 

lOZE'  DA  CUNHA  BROCHADO  Ca- 
valleiro da  Ordem  militar  de  Chrifto,  Fi- 
dalgo da  Caza  de  fua  Mageílade  do  feu 
Confelho,  Confelheiro  da  fua  real  Fazenda, 
Chanceller  das  Ordens  Militares,  Deputado 
da  lunta  da  Fazenda,  e  Eftado  da  Rainha 
NoíTa  Senhora  Cenfor,  e  Direótor  da  Aca- 
demia Real  da  Hiftoria  Portugueza  naceo 
em  a  marítima  Villa  de  Cafcaes  a  2  de  Abril 
de  165 1.  para  credito  da  educação  que  lhe 
deraõ  feus  Pays  António  da  Cunha  da  Fonceca 
Tenente  Governador  do  Caftelo  de  S.  lor- 
ge  defta  Qdade,  e  D.  loanna  do  Quen- 
tal igualmente  nobres,  e  virtuofos.  Inf- 
truido  nos  primeiros  rudimentos  apren- 
deo  as  letras  humanas  em  o  Collegio  de 
5anto  Antaõ,  e  nefte  prologo  dos  feus  eftu- 
dos  deu  claros  indícios  da  comprehenfaõ 
para  mayores  Faculdades.  Aplicado  á  pe- 
netração das  dificuldades  do  Direito  Ce- 
fareo  em  a  Univerfidade  de  Coimbra  fahio 
taõ  eminente  que  aprovada  pelos  Cathe- 
draticos  a  fua  fdencia  legal  a  praâicou  em 
os  Iviagiftrados  da  Republica  com  taõ  reéta 
4idminiftraçaõ  que  foy  venerado  como  o  mais 
-leligiofo    cultor    do    Sanóhiario    da    luftiça 


Sendo  nomeado  em  o  anno  de  1695.  Em- 
baxador  Extraordinário  á  Corte  de  Pariz 
o  Marquez  de  Cafcaes  D.  Luiz  Alvares  de 
Caftro  o  acompanhou  com  o  lugar  de  Se- 
cretario da  Embaxada,  e  em  taõ  famofa 
Gdade  conciliou  pela  fuavidade  do  génio, 
e  luzimento  da  peíToa  as  atençoens  de  gran- 
des, e  pequenos.  Sahindo  de  Pariz  no  an- 
no de  1699.  o  Marquez  Embaxador,  refi- 
dio  nefta  Corte  com  o  Carader  de  Envia- 
do Extraordinário  até  o  anno  de  1704.  e 
neftes  finco  annos  fe  valeo  da  fua  politica 
dexteridade  para  naõ  fer  ofendido  o  de- 
coro do  feu  Príncipe  a  tempo  que  os  in- 
tereífes  daquella  Coroa  fe  naõ  conformavaõ 
com  os  da  noífa.  Reftituido  a  Lisboa  onde 
no  lugar  de  Confelheiro  da  Fazenda  Real  fer- 
vio  com  zelo,  e  independência  foy  mandado  no 
anno  de  17 10.  á  Corte  de  Londres  com  or- 
dem que  naõ  podendo  por  algum  incidente 
aíTiftir  no  congreílo  de  Utrech  D.  Luiz  da 
Cunha,  palTafe  logo  fem  novo  avizo  a  Olan- 
da  como  fegundo  Plenipotenciário  defta  Co- 
roa. Por  naõ  ter  efeito  efta  fubflitviiçaõ  re- 
zidio  em  Londres  com  o  carader  de  En- 
viado Extraordinário  atè  o  anno  de  171 5. 
onde  concorreo  com  as  fuás  máximas  pa- 
ra a  conclufaõ  da  Paz  em  que  tanto  fe  in- 
tereíTou  a  noíTa  Monarchia.  Terceira  vez 
o  obrigou  o  ferviço  do  feu  Príncipe  fahir 
da  pátria  fendo  nomeado  em  o  anno  de 
1725.  primeiro  Plenipotenciário  para  a  con- 
clufaõ dos  Tratados  Matrimoniaes  entre  os 
SereniíTimos  Príncipes  do  Brazil,  e  Aftu- 
rias  em  cuja  negociação  moftrou  que  o 
vigor  do  juizo  fe  naõ  diminuirá  com  a  exten- 
faõ  da  idade.  Entre  os  primeiros  fincoenta 
Académicos  de  que  fe  formou  a  Academia 
Real  da  Hiftoria  Portugueza  foy  eleyto  Aca- 
démico, e  depois  Cenfor  merecendo  repe- 
tidos aplauzos  dos  feus  CoUegas  quando 
recitava  alguma  das  fuás  compoziçoens  em 
que  a  novidade  da  idea  competia  com  a  ele- 
gância, e  difcreçaõ  das  palavras,  e  dos  pen- 
famentos.  PraéHcou  com  felicidade  a  Poe- 
fia  vulgar,  e  naõ  menos  a  Oratória  fendo 
os  feus  verfos  eloquentes,  os  feus  Difcurfos 
elegantes.  Alcançou  o  principado  no  eftilo 
epiftolar  excedendo  em  o  numero,  e  ainda 
na   difcriçaõ   as   cartas   de   Plinio,  e   Séneca 


(} 


844  BIBLIOTHEC  A 

taõ    aplaudidas   pela   venerável   antiguidade.  Conta    dos  feus    eftttdos    Académicos    dada 

Da   Hiíloria   Eccleíiaftica   teve   baílante   inf-  na  Academia  a   i^  de  Mayo  de  1723.    Sahio 

truçaõ;    o   principio,    c   augmento    das   Ar-  no  Tom.  5.  da  Collec. 

tes,  e  fciencias  lhe  naõ  foraõ  ocultos;  dif-  Conta    dos   feus    ejludos    Académicos    dada 

tinguio    com    judiciofa    politica    os    interef-  na  Academia  a   ^   de  Agofto  de  1723.    Sahio 

fes   dos  Príncipes,   e   os   myíleríos   dos   Ga-  no  Tom.  3.  da  Collec. 

binetes;    fallou   com   expedição,    c   efcreveo  Conta  dos  feus  eftudos  Académicos  em  22  àt 

com  pureza  as  linguas  mais  polidas  da  Eu-  Outubro  de  1723.    No  Tom.  3.  da  Collec, 

ropa.    Foy    ornado    de  gentil  prefença,  gc-  Conta   dos  feus   eftudos  no    Paço   a    zz   dt 

nio    fuave,    eloquência    natural,    e    fcm    cx-  Outubro   de    1727.     No   Tom.    7.    da   Collec, 

ceder   os   limites   da   modeftia   fe   diílinguio  Lisboa  por  Jozé   António   da   Sylva.    1727 

no   ornato    da   fua   PeíToa.     Perfuadido   pe-  foi. 

lo  numero  dos  annos,  que  naõ  eílava  muito  E/ogio  de  D.   Fernando  Mafcarenbas  Mar- 

diJftante    a    ultima    hora    fe    preparou    para  quev^  de   Fronteira  dos  Confelbos  de  Eflado,  e 

a     Eternidade     com     aftos     fervorofos     de  Guerra,   Mordomo   mór  da   Rajnba   Nojfa  Se- 

reíignaçaõ      Chriílãa     até      que      lentamente  nòora,    Preftdente    do    Dev^embargo    do    Paço, 

confumido      da      infermidade      efpirou      a  Cenfor   da    Academia    Real  da    Hiftoria    Por- 

27    de    Setembro    de     1733.    quando    con-  tugue:(a  em  ^  de  Março  de  1729.    No  Tom.  9. 

tava  82  armos  5  mezes,  e  25  dias  de  idade,  da  Collec.    Lisboa  pelo  dito  Impreflbr.  1729. 

Jaz    fepultado    em    a    Igreja    do    Convento  foi. 

de  Santo  Eloy  de  Lisboa  em  fepultura    pro-  Introdução   ao   lugar   de   Cenfor  da   Acadt- 

pria.     As    fuás    acçoens    politicas,    e    catho-  mia  Real.    No  Tom.  9.  da  ColleçaÕ. 

liças    reduzio    a    hum    elegante    Panegyrico  Conta     dos    feus     eftudos     Académicos     o 

recitado    na    Academia    Real    Gonçalo    Ma-  6    de    Dezembro    de     1729.     No    Tom.     9 

noel    Galvaõ    de    Lacerda    Confelheiío    do  da  Collec. 

Ultramar,    e    CoUega    da    mefma    Academia  Conta    dos    feus    eftudos    no     Paço    a     7 

onde    primorofamente    dibuxou    a    imagem  de    Setembro    de    1730.    No    Tom.     10.    da 

deíle  infigne  Varaõ.  Collec.    Lisboa    pelo    dito    ImpreíTor.    173c 

foi. 
Cathalogo    das    fuás    obras    Académicas.  Difcurfo    fendo     DireSfor     na     Conferemia 

Parecer  fobre    a   propofta,    que    o    Acade-  de   1^   de  Fevereiro  de   1730.     No  Tom.    ic 

mico    o    Padre    Doutor   Fr.    Bernardo   de    Caf-  da  Colleçaõ. 

tellobranco    Chronifta    mór   do    Reyno,    que    tem  Conta    dos  feus   eftudos   em    iz    de    Se  tem 

o     emprego     de     cfcrever     as     Memorias     dei-  bro  de  1730.    No  Tom.  10.  da  ColleçaÕ. 
Rey   D.    Pedro    o    I.  fei(^  fobre  fe   efte    Prin-  OraçaÕ   fendo     Direãor    recitada    no     Pao 

cipe    merecia    o    epitheto    de    cruel,    ou  jufti-  a   \G  de  Novembro  de   1730.     No  Tom.    ic 

çofo.     Sahio    no    Tom.     2.     da    Collec.    dos  da  ColleçaÕ. 

Docum.     da     Academia     Real.     Lisboa     por  Declaração    fendo     Direãor     da     Academi 

Pafchoal   da   Sylva  ImpreíTor  de   S.   Magef-  Real     da     Hiftoria     Portugtter^^a     na     C  ' 

tade.  1722.  foi.  rencia    de    %    de    Fevereiro    de    1731.    de     ^ 

Conta    dos  feus    eftudos    Académicos    dada  tar    eleito    Académico    com    aprovação    de    S. 

no  Paço  a  zz  de  Outubro  de  1722.    Sahio  no  Mageftade    o    Conde    do    Vimiofo.    No    T 

Tom.   2.   da   ColleçaÕ  dos  Documentos.  11.    da   ColleçaÕ.    Lisboa   pelo   dito   Impr-: 

Elogio   de   D.    Fernando  de   Noronha   Con-  for.  1731.  foi. 
de  de  Monfanto  do   Confelbo  de  S.   Mageftade,  Conta    dos   feus    efttiãos    em    17    de     /v- 

e  Académico  real  da  Hiftoria   Portuguet(a  reci-  vereiro    de    1731.    No    Tom.    11.    da    CoHc- 

tado  na  Academia  a  z^  de  Dev^embro  de  1722.  çaõ. 

Sahio    no    Tom.    5.    da    Collec.    dos  Docum.  Difcurfo  fobre  o  defcubrimento  do  mar  In- 

da    Academia    Real.     Lisboa    pelo    dito   Im-  dico  por  EJRey  D.  Manoel  em  z  de  Agf>fto  dt 

prcíTor.  1723.  1731-    No  Tom.  11.  da  Collec. 


L  USITAN A 


845 


OraçaÕ  fendo  Diretor  da  Academia  Keal 
da  Hijioria  Portuguet^a  na  uitima  Conferencia, 
que  fe  fe^i  em  10  de  Det(emhro  de  173 1.  No 
Tom.  II.  da  Collec. 

Dijcurfo  na  Conferencia  de  ^i  de  Janeiro 
de  1112..  em  que  congratula  aos  Académicos 
de  o  elegerem  novamente  Cenfor  da  Academia. 
No  Tom.  II.  da  CollcçaÕ. 

Difcurfo  acerca  de  quem  be  mais  útil  a 
hum  Keyno,  fe  o  luivraãor,  fe  o  Soldado? 
Recitado  a  z  de  Aíayo  de  ij^z.  No  Tom.  11. 
da  Col/eçaÕ. 

OraçaÕ  recitada  no  Paço  a  z^  de  Outu- 
bro de  1732.  em  que  celebrou  os  annos  del- 
Rey  Nojfo  Senhor.  No  Tom.  11.  da  Col- 
leçaõ. 

Auto  da  vida  de  Adaõ  Pay  do  Género 
Humano  Primeiro  Monarcha  do  Univerfo. 
Lisboa  por  Jozé  António  da  Sylva  1727.  8. 
Sahio  com  o  fupoílo  nome  de  Fdix  Jozé 
da  Soledade. 

Obras  M.  S. 

Cartas  das  Negociaçoens  do  tempo  que  re- 
Jidio  em  a  Corte  de  França  fendo  Enviado  Ex- 
traordinário foi.  2.  Tom. 

Memorias  Annedoãas  da  Corte  de  França, 
que  contem  vários  ca^ts,  e  duvidas,  que  houve 
naquella  Corte. 

Cartas,  e  Negociaçoens  no  tempo,  que  re- 
fidio  em  Inglaterra  fendo  Enviado  na  mefma 
Corte.  foi.  2.  Tom.  O  primeiro  he  para  a 
Secretaria  de  Eflado  O  fegundo  para  os  noffos 
Plenipotenciários  em  Utrech  o  Conde  de  Tarouca, 
e  D.  Luiz  ^  Cunha. 

Cartas,  e  Negociaçoens  do  tempo  que  refi- 
dio  na  Corte  de  Madrid  com  o  Caraãer  de  Ple- 
nipotenciário, foi. 

Todos  eftes  M.  S.  conferva  com  a  me- 
recida eíUmaçaõ  em  feu  poder  o  UluftriíTimo 
Bartholameo  da  Cunha  Brochado  Prelado 
da  Santa  Igreja  Patriarchal  de  Lisboa  So- 
brinho do  Authof. 

lOZÉ  CUSTODIO  DA  COSTA  natu- 
ral de  Viana  do  Minho,  e  Cirurgião  aprovado. 
Para  iníbuçaõ  dos  profeflores  da  Arte  Chi- 
rurgica  publicou. 

Epilogo  de  varias  Obfervaçoens  atireas. 
Lisboa  por  António  Pcdrozo  Galraõ. 
1731.  8. 


D.  Fr.  lOZÉ  DELGARTE  natural 
de  Coimbra  filho  do  Doutor  loaõ  Del- 
garte  da  Cofta,  e  D.  Anna  Moreira.  Na 
idade  juvenil  profeflbu  o  íagrado  infli- 
tuto  da  illuíbre  Ordem  da  SantiíTima  Trin- 
dade em  o  Convento  de  Santarém  a  19  de 
Agofto  de  1681.  onde  inílruido  nas  fden- 
das  feveras  para  as  quais  teve  admirável 
comprehenfaõ,  diôou  Theologia  Moral,  e 
foy  Pregador  Geral  do  numero  da  fua  Pro- 
víncia, e  Reytor  do  Collegio  de  Coimbra. 
Por  muitos  annos  exercitou  o  minifterio 
de  Orador  Evangélico  com  grande  fruto 
dos  ouvintes  fendo  os  feus  difcurfos  deri- 
gidos  à  reforma  dos  cuíhimes,  e  naõ  lizon- 
ja  dos  ouvidos.  Mereceo  pela  fua  exem- 
plar vida  as  eíUmaçoens  dos  Reys  D. 
Pedro  II.  e  D.  Joaõ  o  V.  que  o  nomeou 
a  29  de  Fevereiro  de  171 6.  Bifpo  do 
Maranhão  em  cuja  dignidade  foy  fagrado 
a  27  de  Dezembro  do  dito  anno  pelo  II- 
luítriflimo  Arcebifpo  de  Laodicea  Vi- 
cente Bichi  Núncio  Apoílolico  neíle  Rey- 
no,  e  agora  Cardial  da  Igreja  Romana- 
No  anno  de  171 7.  deu  a  entrada  publica 
na  fua  Diocefe  a  qual  vizitou  com  gran- 
de zelo  caminhando  mais  de  mil,  e  quinhen- 
tas legoas,  e  conferindo  o  Sacramento  da 
Confirmação  a  quatro  mil  PeíToas.  Falle- 
ceo  com  fumma  piedade  em  o  feu  Bifpa- 
do  a  14  de  Dezembro  de  1724.  Jaz  fepul- 
tado  na  Sancriftia  do  Convento  de  Noíla 
Senhora  das  Mercês  da  Gdade  de  S.  Luiz 
do  Maranhão.  Delle  faz  memoria  Maran- 
goni    Thefaur.     Parocb.    Tom.    2.    pag.    88. 

Compoz. 

Sermaõ  na  ocafiaõ,  que  fe  queimou  o  Con- 
vento da  Trindade  de  Usboa  pregado  na 
Igreja  do  mejmo  Convento  a  ^o  de  Setembro 
de  1708.  Coimbra  por  Bento  Seco  Fer- 
leira.  1709.  4. 

Sermaõ  pregado  ao  recolher  da  Procijfaõ 
na  Tresladaçaõ  da  Mila^oja  Imagem  do  Santo 
Chrijlo  de  Santa  Jujla  para  a  Igreja  de  S. 
Tiago  por  caufa  da  ^ande  chea  com  que  o 
rio  Mondego  allagou  a  Igreja,  em  que  ejlava 
collocada  a  dita  Imagem.  Coimbra.  por 
António  Simoens  ImpreíTor  da  Univerfidade. 
1709.  4. 


846 


BIB  no  THE  CA 


SermaÕ  pregado  no  Triduo,  que  na  Ca- 
thedral  da  Corte  de  'Lisboa  celebrou  o  II- 
lufirijfimo,  e  Keverendijfimo  Cabbido  Sè  Va- 
cante  a  d  de  Mayo  na  ocajiaô,  que  na  Villa 
de  Setuval  Juceàeo  hum  roubo  Sacrílego  anno 
1715.  Lisboa  por  António  Pedrozo  Galraõ. 
1715.  4. 

Novena  conjiderada  em  alguns  prodígios 
da  milaff'o:(a  vida  de  Santo  Onofre.  Lisboa 
por  António  Pedrozo  Galraõ.  171 5.  12. 
e  Coimbra  no  Collegio  das  Artes.  1727.  12. 

Sermoens  vários  3.  Tom.  foi.  M.  S.  Eíla- 
vaõ  promptos  para  a  impreflaõ,  que  naõ 
teve  efFeito  por  fe  auzentar  o  Author  para 
o  feu  Bifpado. 


Fr.  lOZÉ  DO  EGYPTO  natural  de 
Lisboa,  e  religiofo  profeíTo  da  Seráfica 
Província  de  Portugal  onde  ocupou  com 
louvável  opinião  do  feu  talento  os  lugares 
de  Prefidente  do  Real  Convento  de  S.  Fran- 
cifco  de  Lisboa,  de  Guardião  do  Convento 
do  Efpirito  Santo  da  Villa  de  Gouvea,  e 
de  CorniíTario  da  Ordem  Terceira  do  Con- 
vento de  S.  Francifco  da  Ponte  de  Coim- 
bra a  cujo  ardente  zelo  fe  deve  o  feu  aug- 
mento.  Foy  fuficientemente  inílruido  na 
liçaõ  da  Sagrada  Efcritura,  e  Santos  Pa- 
dres, e  muito  verfado  em  as  noticias  da 
fua  penitente  Ordem.  Falleceo  no  anno 
de  1722.    Publicou. 

Ramalhete  ferafico  compojlo  de  varias  flo- 
res efpirituaes  para  falvaçaõ,  e  aproveitamento 
dos  Irmãos  Terceiros  Seculares  da  Venerável 
Ordem  Terceira  da  Penitencia.  Coimbra  por 
Bento   Seco   Ferreira.    171 6.    8. 

Infante  Peregrino,  Efcravo  Príncipe  fi- 
lho de  Jacob  em  eflilo  politico,  moral,  e 
Hiflorico.  Lisboa  na  Oííicina  da  Mufica. 
1721.    4. 

Thefouro  efpirítual  ferafico,  guia  de  Ca- 
tholicos  para  o  Rejno  da  Bemaventurança 
pelo  caminho  da  ferafica.  Santa,  e  Sacada 
Ordem  Terceira  da  Penitencia  infiituida  por 
S.  Francifco.  &c.  Primeira  Parte.  Lisboa 
por  Mathias  Pereira  da  Sylva,  e  Joaõ  Antu- 
nes Pedrozo.  1721.  4. 

Traduzio  do  Caílelhano  cm  Portu- 
guez. 


Relógio  da  alma,  e  defpertador  da  vida  h 
mana  em  que  fe  contem  vários  exercidos  utc 
e  proveitofos  â  falvaçaõ  de  hum  pecador  & 
Lisboa  por  Pafchoal  da  Sylva.  1723.  8. 

Fios      Sanãorum      da      Venerável     Ordt 
Terceira    da    Penitencia    de    Nojfo    Padre 
Francifco.  4.  M.  S. 

InflruçaÕ  efpirítual  ferafica  para  os  filL 
da  Venerável  Ordem  Terceira  da  Peniter.i 
de  S.  Francifco  em  que  trata  do  amor  de  Der 
e  do  próximo.  4.  M.  S. 

Eílas    duas    obras   eílavaõ   promptas  pa- 
ra a  impreflaõ,   c  as   conferva  em  feu  po- 
der  o    Padre   Meftre    Fr.    António   Caetai 
de  S.  Boaventura  de  quem  já  fizemos  me 
çaõ  em  feu  lugar,  e  perecerão  no  fatal  in 
cendio,  que  confumio  o  Convento  de  Lb- 
boa  na  madrugada  de  30  de  Novembro  de 
1741. 

Fr.     lOZÉ    DO    ESPIRITO     SANT( 
Naceo  em  a  augufta  Cidade  de  Braga  a  : 
de  Dezembro  de  1609.  para  credito  de  feu 
honrados  Progenitores  Paulo  Barrofo,  e  Oh 
therina  Francifca,   e  para  ornato   da  aufte- 
Familia    do    Carmo    Defcalfo    cujo    habi; 
veílio    no    folemniflimo    dia    do    Pentecoft. 
30  de  Mayo  de  1632.  quando  contava  vime, 
e  três  annos  de  idade.    Aplicoufe  com  di^ 
velo   aos   eíhidos    Efcholafticos   porem   co 
mayor  fervor  aos   exercícios   religiofos  fc 
vindo   de  venerado   exemplar  aos   feus  di 
meílicos.     Por   fer   eminente    nos    myílerio. 
da   Theologia  Myílica   alcançou   o   dom  <k' 
difcriçaõ   dos  efpiritos,   que  regulados  pe! 
feu   diâame   chegarão   ao   cume   da   perfei- 
ção   Evangélica.      Inimigo    da    ambição,    e 
amante  do  retiro  aborrccco  os  lugares  ho- 
noríficos   aceitando    obrigado    da    obediên- 
cia os   Priorados   dos  Conventos  da  Bahia. 
e  de  Cafcaes.    Fundou  na  fua  Pátria  o  Coi 
vento  de  Nofla  Senhora  do  Carmo  em  qi 
lançou  a  primeira  pedra  a  21  de  Novembíw 
de  1654.  onde  depois  de  fer  Vigário  foy  o 
feu  primeiro  Prior.    À  fua  incanfavel  dei 
gencia   fe    deve    a    Fundação    do    Con\cr; 
da  Cidade  da  Bahia.    Ocupou  grande  ti 
da  vida  cm  o  miniílcrio  de  Orador  Evangc 
lico  do  qual  colheo  igual  aplauzo  ao  fruto, 
reduzindo    muitos    coraçoens    obftinados  «o 


LUSITANA.  847 

caminho     da    penitencia.      Cumulado     mais  Sermão     Fúnebre     nas     exéquias     da     Du- 

de    merecimentos,     que     cheyo     de     annos  quet^a    de    Caminha    Condejfa    de     UnhaÕ    D. 

falleceo    piamente    em    a    Corte    de      Ma-  Joanna    Juliana    Maria    Alaxima    no    Cõvento 

drid  a  27  de  Janeiro  de   1674.    O  feu  Re-  de    Santarém     Carmelitano    de    que    he    Fun- 

trato     com     confentimento     dos     Reiigiofos  dadora.    Coimbra  por  Manoel  Dias.   1653.  4. 

Carmelitas    Deícalfos    fe    collocou    no    Con-  Oração    Fúnebre    nas    exéquias    do    Senhor 

vento    onde    morrera    com    a    feguinte    inf-  D.  JoaÕ  filho  dos  Duques  de  Aveyro  D.  Jorge, 

capçaõ,     que     brevemente    declara    as    fuás  e  D.  Anna  Maria  <&€.    Lisboa  por  Henrique 

virtudes.    Ven.    Pater    Fr.   Jo^ephus  ab   Spi-  Valente    de    Oliveira.    1659.    4. 

ritu   Sanão    quo  plenus,    honorum    temporalium  Três     Sermoens     i.     da     Santijftma     Trin- 

?xtitit    /pretor;     bonorum     calejlium     amator:  dade    pregado    no    Convento    da    Santa    Anna 

'n    fcientiis     doãijfimus,     virtutibus    perfeãijfi-  de    Coimbra   2.    da   Conceição   da   Senhora  pre- 

mus;    fine    dolo    in    vi  ta:    propriis    amabilis,  gado   na    Capella    Keal  anno    de    1657.    3.    de 

ilienis    defiderabilis ;     cunãis    Jolamen;     &    in  Santa    There:(a   pregado    no   feu    Convento    de 

Kegulari  obfervantia   Excalceatorum   verus   Car-  Carmelitas  Defcalfos  de  Lisboa.     Lisboa    pelo 

mlita.     Brachara    cum    nobilitate    ortus  felici-  dito  Impreflbr.  1659.  4- 

Vr  obiit   in    Carpentania   die    z-j   Januarii  an-  Três  Sermoens.   i.  do  Nacimento  de  Chrifto. 

10   Domini.    1674.    atatis  fua    65.    Fr.    Jozé  2.    da    AJfumpçaÕ   da    Senhora.    3.    da    Degol- 

ic  Santa  Thereza  Parte  4.   da  Chron.  de  los  laçaõ  de  S.  JoaÕ  Baptifia.     Lisboa  pelo   dito 

Carm.    De/c.    liv.    18.    cap.    40.    n.    39.     Fji  Impreflbr.  1664.  4. 

Cathedra,  y  púlpito  de  los  majores,  que  ha  tenido  Três   Sermoens.    i .    no    Auto    da    Fé   cele- 

Portugal,  y  no  menos  virtuojo  pues  ofreciendo  le  brado    em    Évora    a    11    de    Mayo    de    1664. 

H  Príncipe  un  Obif pado  nó  fue  poftble  admitillo.  2.    de    NoJJa    Senhora    do    Carmo  pregado    no 

i^r.  Martial.  à  D.  loan.  Baptiíl.  Bib.  Script.  Mofieiro    do    Salvador   de    Évora   ejiando   ali   a 

Zarm.  Excalc.  pag.   268.     Verbi  Divini  prceco  Imagem    da    Senhora    por    lhe    haver    defiruido 

'xcellentijfimus.    Compoz.  os   Cafielhanos   o  feu   Convento   anno   de    1663. 

Cadena    myftica    Carme litana    de    los    Au-  3.    da    Vitoria    do    Canal   com    o    Sacramento 

■hores    Carmelitanos    Defcalfos    por    quien    fe  expofio,    e    RefiauraçaÕ    de    Évora,    acçaõ    de 

)á  renovado   en   nuefiro  figlo   la   doãrina   de   la  graças  na  Sé  de  Ej^ora.    Lisboa  pelo  dito  Im- 

Theologia    Mjfiica    de    que    há   fido    difcipulo  preflbr.  1664.  4. 

in  primero    S.    Dyonifio    Areopagita    Obifpo,  Três     Sermoens.      i.     do     Menino     lESU 

'  Martjr  adornada  con  la  doãrina  dei  Doãor  no    feu    Nacimento    pregado    em    Madrid    no 

Angélico,    que  fe   el  no   hà  fido    Carmelita   en  Convento      das      Defcalfas      Carmelitas      anno 

'a  profejfion,  y    habito    religiofo  fon    los    Def-  1671.    2.    da   Exaltação   da    Crui^   em   o   mef~ 

alfos   en    los    Theologicos    muy  profejjos  fuyos,  mo    Convento.     3.     do    Anjo     Cujlodio    em    o 

ormada    en    methodo    de    las    Colaciones    efpi-  mefmo  Convento.    Lisboa  por  Domingos  Car- 

ituales     dei     Carmelo      Erímitico.       Madrid  neiro.  1673.  4- 

)or    António    Gonzalves    de    Reys.     1678.  Sermão    na    CanonÍ!(açaÕ    de    Santa    Maria 

ol-  Magdalena    de     Pa^:(is    pregado    no     Convento 

No   Prologo   defte   livro   faz   mençaõ   de  dos    Remédios    de    Carmelitas    Defcalfos.     Lis- 

mblicar   outro    intitulado.  boa    por    António    Rodrigues     de    Aureu. 

Algunas    Colaciones    efpirituales    en    la  for-  1672.   foi.     Sahio   a  p.    91.    da  Parte   2.    do 

nãy    que  fe  publican    en    los    Defiertos    de  fu  Forafieiro  Admirado, 

^ligion.  Theologia    Myftica.     foi.     Efta     obra     ef- 

Promete  outro  com  o  titulo.  crita    na    lingua    Latina    remeteo    ao    Padre 

Queftiones    Myfticas,    que    intentava    acre-  Fr.    Paulo    de    todos    os    Santos    Carmelita 

,entar    no    fim    da    Cadena    Myftica    como  Defcalfo   aíTiílente    em   Alemanha   para    que 

fcreve  na  Propofiçaõ   32.    Repoft.   4.  Duas  a    imprimifle    como    efcreve    Fr.    Jozè    de 

leftas  Queíloens  fahiraõ  no  fim  da   Cadena  Santa   Thereza   Chron.   de  los  Carm.    Defcalf 

Myftica.  Part.  4.  liv.  18.  cap.  40.  n.  59. 


848 


BIBLIO  THE  C  A 


Poesias  varias  4.  M.  S.  Q)iifervafe 
cíle  volume  com  outras  obras,  que  com- 
poz  quando  era  fecular  cm  poder  de  fcu 
parente  Miguel  Carvalho  da  Sylva  mora- 
dor na  Cidade  de  Braga. 

lOZÉ  DE  FARIA  Cavalleiro  profeflb 
da  Ordem  de  Chriílo  Fidalgo  da  Caza  Real 
naceo  em  Lisboa  onde  aprendidos  os  pri- 
meiros rudimentos  deu  claros  argumentos 
da  viveza  do  engenho  de  que  liberal  o  or- 
nara a  natureza.  Na  Univerfidade  de  Coim- 
bra aplicado  ao  eftudo  da  Jurifprudencia 
Cefarea  pareceo  fer  Meftre  quando  era  dif- 
cipulo  merecendo  pela  fua  litteratura,  e 
deíintereíTe  ocupar  os  lugares  de  Dezem- 
bargador  da  Caza  da  Suplicação,  Confelheiro 
do  Confelho  Ultramarino,  e  do  Confelho 
da  Fazenda.  Pelas  prudentes  máximas  do 
fcu  juízo  foy  eleito  Enviado  Extraordi- 
nário a  Inglaterra,  donde  paíTou  com  o 
mefmo  Carafter  a  Madrid,  e  refidindo  mui- 
to annos  em  hunu,  e  outra  Corte  dezem- 
penhou  as  obrigaçoens  do  feu  miniílerio. 
Nomeado  para  que  o  cxercitaíTe  na  Cor- 
te de  Roma  fe  naõ  cfFeituou  efta  nomeação 
por  fci  eleito  por  ElRcy  D.  Pedro  II.  feu 
Secretario  da  AlTinatura,  e  foy  depois  de 
Eílado  por  morte  de  Mendo  de  Foyos  Pereira. 
A  vafta  noticia,  que  teve  da  Hiftoria  Eccle- 
Caftica,  e  fecular  lhe  adquirio  os  lugares 
de  Chroniíla  mór  do  Reyno,  e  Guarda  mór 
da  Torre  do  Tombo  em  que  foy  pro- 
vido no  anno  de  1695.  Mereceo  o  prin- 
cipado entre  os  Genealógicos  por  fer  emi- 
nente neíla  principal  parte  da  Hiftoria  para 
a  qual  além  da  profunda  vaftidaõ  do  fcu 
eftudo  concorria  a  felicidade  da  memoria 
com  que  repetia  fielmente  os  Chefes,  e 
íamos  das  Famílias  defte  Reyno,  como 
também  de  Efpanha,  França,  e  Alemanha. 
Juntou  com  igual  difpendio,  que  eleição 
huma  numerofa  Livraria  em  as  Cortes  on- 
de fora  Miniftro  da  qual  comprou  grande 
parte  o  ExccUentinimo  Conde  da  Ericeira 
D.  Francifco  Xavier  de  Menezes  com  que 
augmentou  mais  na  qualidade,  que  em  o 
numero  a  fua  admirável  Bibliothcca.  Fal- 
Iccco  em  idade  provcâa  cm  Lisboa  a 
15    de    Setembro    de    1705.     laz   fepultado 


em  o  Convento  do  Carmo.    Celebraõ  a  fua 
memoria  Manoel  de  Souza  Moreira  Tbeaír. 
Gen.    de   la  gran   Cai(a   de   Sotc^ei.   pag.    483. 
Genealogifia    primero     entre     los     mayores     de 
Efpaiia,  y    uno    de    los    más    conjummados  Jh- 
getos,   que   en   todo  género   de   humana   erudicion 
qy     reconoce     la     Europa.      Franckcnau     / 
Hífp.    Gen.   Herald,   pag.    248.     Vir  ut  a;*., 
eis   in   artibus,  fie   et   in  fiudiis   Hiftorico   im- 
primis    Genealogicoque     verfatijftmus.       Grei 
rio    Lcti.     Cerem.     Polit.    Trat.    6.    liv.    u 
p.    605.     Souza    Apparat.    á   Hifi.    Gen.   /ir 
Ca^.    Real   Portug.    pag.    142.    §.    167.     i 
muito    erudito    com    grande    vafiidaÕ    na    i. 
toria,     muy     aplicado     á     Genealogjia     em    ^. 
trabalhou    com   génio,   e   em   que  foy    eminmtt. 
Compoz. 

Nobiliário  das  Familias  Portugue!(as  6.  Tc 
foi.   M.    S.     Por   morte   do   Author  poíTu 
efta   obra   o   IlluftriíTimo   Bifpo  do  Algarve 
D.    António    Pereira    da    Sylva    curiofo  dai 
Genealogia. 

Defcendencia   da   Serenijfima    Ca^a   de   L 
gança    de/de    o    Duque    D.    Affonfo    hiftoria 
em  que  Je  comprehendem  três  mil  dus^ntos,  e  j. 
tenta,   e  outo  defcendentes.  foi.  M.   S.    O  ori 
ginal     confervava     Belchior     de     Andr.. 
Leytaõ   Fidalgo   da   Caza   de   S.   Mageftaac 
e    Efcrivaõ    dos    Filhamentos    de    quem   ff 
fez   memoria   em   fcu   lugar.     Huma   Co 
eftá    na    Livraria    do    Excellentiífimo    M 
quez  do  Louriçal  e  outra  conferva  o  Pai 
D.    António    Caetano    de    Souza    como 
creve   no   lugar   aíTima   allegado   aíHrmaoòt 
fer  obra  de  trabalho  em  que  fe  vé  a  fua  grande  S(' 
e  conhecimento  da  Hiftoria  Genealógica  de  todo 
Europa.      O    mefmo    Padre    poíTuc    algwl 
Titulos  de  Familias  efcritos  da  própria  maõ  ' 
Author   de   quem  faz   repetida  memoria 
Hift.  Gen.  da  Ca^-  Real  Portug.  Tom.  2.  p 
47.  c  Tom.  7.  pag.  720. 

lOZÉ    DE    FARIA    ARRAES    na 
ral    da   Villa    de    Setúbal,    e   bautizado 
Parochia     de     Santa     Maria     da     Graça 
24    de    Novembro    de    1672.    fendo    filh 
de     Luiz     Sucyro     Salvado,     c     Maria    d 
Faria.      Foy    infignc    profcflbr    de    Mafic 
como    da    Poética    produzindo    cm    hum; 
e   outra    Arte   fazonados   frutos   cm   anr 


L  USl  TANA. 


849 


verdes.  Falleceo  na  fua  pátria  a  11  de  Ja- 
neiro de  1734.  Jaz  fepultado  na  Igreja 
onde  foy  regenerado  pelo  bautifmo.  Ef- 
creveo. 

Ao  Soberano  Monarca,  e  inviãijfimo  Key 
D.  loaõ  o  V.  Nojfo  Senhor  em  aplaujivel 
obfeqmo  da  fua  real  magnijicencia,  e  porten- 
to/a obra  de  Mafra,  e  da  fagra^aõ  do  feu 
celefiial,  e  régio  Templo  única  maravilha  do 
mundo,  e  Jingular  portento  do  Orbe.  M.  S. 
foi.     He    compoílo    em    Outava    rima. 

El  Vafior  de  las  Brottas.    G^media. 

Bien  fucede   aquien   bien   vive.     Q)media. 

Sete  Loas  com  Jeus  Bayles  em  obfeqmo  da 
Senhora  das  Brottas.  4.  M.  S. 

Eílas  obras  fe  confervaõ  em  poder  de 
feus  herdeiros. 


lOZÉ  DE  FARIA  CAZADO  Frey- 
re  da  Ordem  militar  de  Chriílo  filho  de 
ODfme  de  Faria,  e  Catherina  Alvares 
Cazada  naceo  na  Villa  de  Freixo  de  efpa- 
da  acinta  íituada  na  Provinda  Tranfmon- 
tana  a  22  de  Agoílo  de  1699.  Aprendeo 
com  tanta  aplicação  Gramática,  e  fahio 
nella  taõ  eminente,  que  naõ  contando  mais, 
que  treze  annos  teve  carta  paíTada  pelo 
UluílriíTimo  Arcebifpo  Primaz  Ruy  de  Moura 
Telles,  de  Meftre  aprovado  para  a  poder 
eníinar.  Eíhidadas  as  Faculdades  da  Fi- 
lofofia,  e  Theologia  em  a  Congregação 
do  Oratório  da  fua  Pátria  paíTou  à  Uni- 
verfidade  de  Coimbra  a  cultivar  o  eíhido 
da  Jurifprudencia  Canónica,  e  recebendo 
o  gráo  de  Bacharel  exercitou  o  Offido 
de  Advogado  em  a  Qdade  de  Miranda, 
e  na  Corte  de  Lisboa  onde  fendo  pro- 
vido em  hum  Benefido  da  Ordem  militar 
de  Chriílo  fe  ordenou  de  Presbítero,  e  no 
anno  de  1738.  obteve  o  Priorado  da  Col- 
legiada  de  Saõ  Mamede  da  Villa  de  Moga- 
douro onde  prezentemente  aífiíle  com  zelo 
de   vigilante    Paftor.     Compoz. 

AllegaçaÕ  Jttridica  fobre  o  poderem-fe 
remover  os  Vigários  ad  nutum  vulgo  confir- 
mados por  acçaÕ  de  força  nova  em  a  Cau^a, 
que  corre  por  apellaçaõ  em  a  Relação  do 
Porto  entre  Partes  o  Prior  da  Colleffada  de 
S.  Mamede  da  Villa  de  Mogadouro.    Salamanca 

54 


por  la  viuda  de   Gregório   Ortiz.   foi.   fem 
anno  da  ImpreíTaõ. 

TotiUs  legitima  Scientia  prima  elementa  fe- 
cundam Ordinem  Academicum  Forenfem,  Fo- 
rumque  intemum  expojita.  foi.  M.  S. 


lOZÉ  DE  FARIA  MANOEL  Na- 
ceo em  Lisboa  onde  inftruido  em  as  letras 
amenas  paíTou  a  eíhidar  as  feveras  em  a 
Univerfidade  de  Évora,  que  lhe  confe- 
rio  o  gráo  de  Doutor  na  Faculdade  da 
Theologia.  Reítítuido  à  pátria  foy  Ca- 
pellaõ,  e  ConfeíTor  da  Capella  Real  dos  Se- 
reniflimos  Monarchas  D.  Affonfo  VI.  e  D. 
Pedro  11.  Poetizou  com  deganda,  e  orou 
com  eloquenda  por  cujos  dotes  mereceo 
fer  alumno  das  celebres  Academias  dos 
Generofos,  e  Singulares  onde  conciliou  as  aten- 
çoens,  e  aplauzos  dos  feus  mais  famofos 
Collegas.  No  exerddo  da  Oratória  Ec- 
defiaftica  naõ  adquirio  menor  fama  pre- 
gando com  fubtileza,  e  profundidade  em 
os  mais  authorizados  púlpitos  da  Corte. 
Falleceo  em  Lisboa  a  15  de  Novembro 
de  1689.  Jaz  fepultado  no  Carneiro  da 
Congregação  da  Doutrina  em  a  Caza  pro- 
feíTa  de  S.  Roque.    Publicou. 

Sermão  do  Triumfo  da  Cru^  na  Dominga 
de  Ramos  ã  tarde  pregado  na  Igreja  de  San- 
tos o  Velho.  Lisboa  por  loaõ  da  Coíla. 
1671.  4.  e  Coimbra  por  Joaõ  Antunes. 
1692.  4. 

Sermão  no  Oficio  dos  Defuntos  da  Ir- 
mandade dos  Clérigos  ricos  da  Caridade  na 
Igreja  da  Magdalena.  Lisboa  pdo  dito 
ImpreíTor.  1671.  4.  e  Coimbra  por  loaõ  Antu- 
nes. 1692.  4. 

Sermão  da  Sexta  Feira  do  Paralítico.  Lis- 
boa por  loaõ  da  Coíla.  1672.  4. 

Officio  particular  da  V.  e  M.  Santa  Bar- 
bara fua  vida,  e  milagres.  Lisboa  por  Do- 
mingos Carneiro.  1683.  12.  &  ibi  por  Miguel 
Deslandes.  1701.  8.  nas  Flor.  de  Devoção 
de   Ignado    Lopes   de   Moura. 

O  Thefouro  do  Ceo  defcuberto  no  Cam- 
po huma  breve,  e  devotijfima  OraçaÕ  para 
buma  alma  fe  por  bem  com  Deos,  e  adque- 
rir  grandes  merecimentos  a  pouco  cuflo; 
acertar   em    tudo    o    que  pedir   a    Deos,   e  fa- 


85o 


BIBLIO  THE  CA 


tisfa^^er  com  hum  modo  fácil  com  as  ohri- 
gaçoens  principaes,  que  tem.  Lisboa  por 
Domingos  Carneiro.  1680.  8.  He  tradu- 
ção de  Caílelhano  do  Padre  Bernardino  de 
Vilhegas  Jefuita. 

Efpelho  da  alma  tradu:(ido  de  Latim  do 
V.  Luiz  ^lojfto,  e  acrecentado  com  varias 
devoçoens  efpirituaes.  Lisboa  por  António 
Crasbccck    de    Mello.     1678.     8. 

Philothea  Portuguesa,  ou  Caminho  Real 
da  Cruz-  Lisboa  por  Domingos  Car- 
neiro. 1682.  8.  He  tradução  de  Caílelha- 
no do  V.  D.  loaõ  de  Palafox. 

Injlruçaõ  para  examinar  a  conciencia  antes 
da  confiffaõ  Geral,  ou  particular.  He  tradu- 
ção de  Caílelhano  do  Padre  Francifco  do 
Soto  Jefuita. 

Avisos  contra  os  enganos  da  vida,  e  mo- 
tivos da  Contrição  para  nova  vida  da  alma. 
Lisboa  por  Domingos  Carneiro.  1685.  4. 
Saõ  diverfos  Romances. 

Modo  de  Orar  no  Laufperene  das  Qua- 
renta Horas  concedido  a  Lisboa  por  Inno- 
cencio  XI.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor. 
1682.  12. 

Fejlas  Reaes  na  Corte  de  Lisboa  ao  feliz 
cazamento  dos  Reys  de  GraÕ  Bretanha  Carlos, 
e  Catherina  com  os  Touros,  que  fe  correrão  no 
Terreiro  do  Paço  em  Outubro  de  1661.  Lis- 
boa por  Domingos  Carneiro.  1661.  4.  Coníla 
de  três  Sylvas  muito  largas  em  que  fe  relata 
os  três  dias  da  Feíla  dos  Touros,  fem  o  nome 
do  Author. 

Terjicore  Mufa  Académica,  diverfos  ajfump- 
tos  na  Aula  dos  Académicos  de  Lisboa  Lisboa 
por  loaõ  da  Coíla.  1666.  12. 

Solliloquios  ao  Santijftmo  Sacramento.  Lisboa 
por  Domingos  Carneiro.  1662.  12.  Sahio  no 
livro  do  Rofario  de  Fr.  Francifco  Falconi 
Dominico. 

Soneto,  Romance,  e  4  Decimas.  Nos  Avizos 
para  la  muerte.  Lisboa  por  Domingos  Car- 
neiro. 1659.  24. 

Três  Sonetos  Portuguezes,  e  huma  Decima  á  mor- 
te do  Marquez  de  Távora  Luiz  -alvares  de  Távora. 
Sahio  no  Comp.  Paneg.  da  Vid.  dejle  Fidalgo.  Lis- 
boa por  António  Rodriguez  de  Aureu.  1674.  4. 

OraçaÔ  recitada  a  i^  de  Janeiro  de  1664. 
na  Academia  dos  Singulares.  Sahio  na 
I.    Parte   deíhi   Academia   com   dous    Sone- 


tos a  diverfos  aíTumptos  do  mefmo  Au- 
thor. Lisboa  por  Henrique  Valente  de  Oli- 
veira. 1665.  4. 

lOZÉ  FERREYRA  natural  da  Gdade 
do  Porto,  e  fuficientemente  inílruido  cm 
noticias  hiíloricas  principalmente  do  noíío 
Reyno.    Efcreveo. 

Breve  relação  das  Grandezas  de  Lisboa  de 
Bifpos,  e  Senhores  de  Titulo  deJle  Reyno,  e  fuás 
Conquiflas.  Lisboa  por  Pedro  Craesbeeck. 
1606.  8.  Sahio  no  fim  do  Lunario  compoílo 
por  Domingos  Martins  da  Veyga  Bracha- 
renfe. 

RecopilaçaÕ  muy  certa,  e  verdadeira  de  muitas 
coufas,  que  fucederaÕ  no  mundo  em  diverfos  tem- 
pos recopilada  de  graves  Authores.  Lisboa 
por  Vicente  Alvares  1608.  8.  Sahio  no 
Prognoílico  deíle  anno  de  1608.  compoílo 
pelo  Licenciado  Paulo  da  Motta. 

Fr.  lOZÉ  FERREYRA  natural  de  Lis- 
boa filho  de  Domingos  Diaz,  e  Maria  Ferreira. 
Recebeo  o  habito  de  Erimita  Auguíliniano 
no  Real  Convento  de  NoíTa  Senhora  da  Graça 
de  Lisboa  a  4  de  Abril  de  1673.  onde  exer- 
citou com  aceitação  o  miniílerio  de  Orador 
Evangélico.  Falleceo  na  pátria  a  9  de  Agoílo 
de  1727.    Publicou. 

Sermoens  vários  primeira  Parte.  Lis- 
boa por  Manoel,  e  Jozé  Lopes  Ferreira. 
1708.  4. 

P.  lOZÉ  FERREYRA  naceo  cm  a 
marítima  Villa  de  Peniche  do  Patriarchado 
de  Lisboa  a  30  de  Março  de  1693.  fendo 
filho  fegundo  entre  dez  Irmãos  de  Jozè 
Ferreira  Souto,  e  Maria  Quarefma  Franca 
defcendente  de  familia  nobre.  Aprendeo 
os  prímeiros  rudimentos  na  patría  com  Pe- 
dro Martins  Pereira  taõ  perito  na  lingua 
Latina  como  verfado  no  exercício  de  vir- 
tudes heróicas.  Paífando  com  fcus  Pays 
a  Lisboa  continuou  o  eíhido  das  Humani- 
dades em  o  Collegio  de  Santo  Antaõ  on- 
de atrahido  do  inílituto  da  Companhia  de 
lESUS  fe  aliílou  nclla  a  17  de  Mayo  de 
1708.  Acabado  o  curfo  da  Filofofia  em 
a  Univerfidadc  de  Évora  onde  recebeo  o 
gráo  de  Meílre  cm  Artes  diólou  Humanida- 


L  USITAN A. 


85 1 


dcs  em  Lisboa  pelo  efpaço  de  finco  an- 
nos  onde  deu  a  conhecer  a  fuavidade  da 
fua  MuTa  em  diverfos  Poemas  Latinos. 
Da  amenidade  das  letras  humanas  paíTou 
a  penetrar  os  myiierios  da  Theologia  que 
depois  enfinou  no  Collegio  de  Q)imbra 
havendo  lido  Moral  no  Collegio  da  Ri- 
beira grande.  Para  o  miniiierio  do  púl- 
pito teve  particular  génio  como  teílemu- 
nharaõ  as  Gdades  de  Lisboa,  Coimbra, 
Évora,  e  a  Ilha  de  S.  Miguel  que  foraõ 
os  Theatros  das  fuás  Declamaçoens  Evan- 
gélicas. Infpirado  fuperiormente  com  o 
ardente  zelo  de  paflar  ao  lapaõ  para  con- 
duzir almas  ao  grémio  da  Igreja  Catho- 
lica  fuplicou  com  repetidas  inílancias  ao 
Padre  Geral  lhe  concedeíTe  faculdade  para 
executar  taõ  fagrada  refoluçaõ;  difirio  al- 
gum tempo  o  Geral  à  fupUca  até  que  inf- 
tado  condefcendeo.  Prrtio  de  Lisboa  a 
31  de  May  o  de  1741.  com  finco  Náos 
de  que  era  Commandante  António  de  Sal- 
danha, e  havendo  navegado  com  feliz  jor- 
nada naõ  permitio  a  divina  Providencia 
que  chegaíTe  à  dezejada  baliza  dos  feus  vo- 
tos pois  acometido  de  grave  doença  que 
fe  fez  rebelde  a  todos  os  remédios,  rece- 
bidos os  Sacramentos  efpirou  a  29  de  Agofto 
do  dito  anno  no  efparcel  do  Cabo  da  Boa 
Efperança  com  geral  fentimento  dos  feus 
companheiros  quando  contava  48  annos  de 
idade,  e  23  de  Religião.  Dos  muitos  Ser- 
moens  que  pregou  unicamente  fe  fez  publico 
o  feguinte. 

Sermão  da  Profijfaõ  da  Reverenda  Madre 
Franàfca  Quitéria  de  lESUS,  a  qual  tendo 
vivido  alguns  annos  em  ejlado  de  pupilla  no 
Convento  da  Efperança  da  Cidade  de  Pon- 
tedelgada  na  Ilha  de  S.  Aíiguel  paffou  para 
o  de  S.  loaÕ  Evangelifta  da  mejma  Cidade. 
Lisboa  por  Pedro  Ferreira.  1728.  4. 

Entre    as    Obras    Latinas    que    compoz    em 
j  Vetfo,  e  proza  fe  diftinguiraõ. 

Oratio  Sapientia  habita  in  Collegio  Ulyf- 
Jyponenji  Magni  Antonii  cum  effet  primarius 
litterarum  huf/janiorum  magifier.  4.   M.   S. 

Vota  D.  Pauli  Juxta  illud.  Cupio  dif- 
i  folui  Ad  Philip.  I.  em  Verfo  elegíaco. 
Começa. 


Qualis    in    umhrojo    nemorii    Philomela    receffa 
Aut   canit,   aut  virides  lata  pererrat  agros. 
Ubera  nunc  campis,   ripis  modo  gavdet,    et  illi 
Affurgunt  placidi  flabra  canora   Noii 
Bellum  Tartareum.      He     huma     defcrip- 
çaõ    que    comprehende    500    Verfos    herói- 
cos da  confpiraçaõ  do  inferno  contra  Santo 
Antaõ. 

Começa. 

Infernas  acies,   Erebi  que  eduãa  caminis 
Audaãer  vos  monfira  Jequar,  médium  ire  per 

iffiem 
Per    que    tuos    Cocyte    luuus,    atque    ofiia 

Ditis 
Irruere,  <&  cacos  Baratbri  penetrar e  receffus 
Pierius  mentem  calor  imperat  &c. 
Depois   do  preludio   começa  a  narração  da 
batalha. 

Viderat    obfcuris    Síygiis    moderator   ah    um- 

hris 
Thebaidas  inter  late  clarefcere  fylvas 
Kuricolam,  qui  /ponte  damos,  patriofque  Pe- 
nates 
Abjiciens,  nemus  ignotum,  ac  fpelaa  ferarum 
Inço  ler e    ejl    aufus:    totum    bine    ad   pralia 

vulgus. 
Tanarii  occlufum  adytis,  Ó^  quidqiHH  Avemi 
Igne     calety    Juperis    que     infeftum    provocai 
Orcum  &c. 


lOZÉ  FERREYRA  natural  da  Vil- 
la  da  Batalha  do  Patriarchado  de  Lisboa 
filho  de  lozé  Fernandes,  e  Margarida 
Ferreira,  Aprendeo  a  arte  da  Cirurgia  em 
o  Hofpital  Real  de  todos  os  Santos  def- 
ta  Corte  onde  teve  por  meílre  ao  Licen- 
ciado loaõ  de  Souza  infigne  neíla  Facul- 
dade da  qual  penetrou  os  fegredos  com 
tanta  comprehenfaõ  que  contando  vinte, 
e  nove  annos  de  idade  publicou. 

Cirurgia  Stachliana  medico-T armaceuti- 
ca,  e  Chirurffco-Manual.  Primeiro  Tomo.  Lis- 
boa na  Oíficina  da  Congregação  do  Ora- 
tório  1740.  4. 

Tratado  das  Chagas  efcrito  no  anno  de 
1720.  quando  era  Praticante.  M.  S. 

Ramilbete  de  Minerva.  4.  M.  S.  Conlla 
de  varias  matérias  Chirurgicas. 


852 


BIBLIO  THE  CA 


lOZE'  FERREYRA  DE  MATTOS  na- 
tural de  Lisboa,  e  Thefourfiiro  mór  da 
Cathedral  da  Bahia  de  todos  os  Santos. 
Para  que  naõ  caducafle  na  poftcridade  a 
pompa  com  que  os  fieis  VaíTalos  da 
America  Portugueza  celebrarão  os  mútuos 
defpo2orios  dos  Príncipes  do  Brazil,  e 
Aftunas,    efcreveo. 

Diário  Hijiorico  das  celebridades,  que  na  Cidade 
da  Bahia  fe  fin^eraÕ  em  acçaÔ  de  graças  pelos  felicif- 
Jimos  Calçamentos  dos  Serenijftmos  Senhores  Prín- 
cipes de  Portugal,  e  Cajlella.  Lisboa  por  Manoel 
Fernandes  da  Coíb.  1729.  4. 

lOZE'  FERREYRA  DE  MOURA  fi- 
lho de  Manoel  Ferreira,  e  Iria  Simoa 
naceo  no  lugar  de  PralTeiros  termo  da 
Villa  de  Torres  Novas  do  Patriarchado 
de  Lisboa  a  10  de  Fevereiro  de  1671. 
Aprendeo  a  Arte  de  Cirurgia  com  An- 
tónio de  Figueiredo  celebre  Cirurgião  do 
Hofpital  Real  de  todos  os  Santos  defta 
Corte  fahindo  taõ  dextramente  verfado 
nas  fuás  operaçoens,  que  as  exercitou 
com  grande  opinião  do  feu  nome  naõ 
fomente  em  Lisboa,  e  Cidade  de  S. 
Sebaítiaõ  do  Rio  de  Janeiro  mas  nos 
exércitos  defta  Coroa,  que  do  Alentejo 
atraveíTaraõ  o  Principado  de  Catalunha 
nos    annos    de     1706.    e     1709.     Efcreveo. 

Syntagma  Chirurgico  Theorico-praãico  de  JoaÕ 
V^igo  traduv^do  do  Latim  em  Portugue:^  e  acre- 
centado  com  hum  Tratado  de  ferídas,  e  hum  Ca- 
thalogo  de  remédios  para  muitas,  e  varias  infermi- 
dades  do  corpo  humano.  Primeira  Parte.  Lis- 
boa na  Oííicina  Deslandefiana.  1713.  foi. 

lOZE*  DE  S.  FRANQSCO  CASTEL- 
LOBRANCO  GALVAM  natural  de  Us- 
boa  filho  de  Francifco  Galvaõ  Efcrivaõ 
da  Camera  de  S.  Magcftade  da  reparti- 
ção da  Juftiça,  e  de  D.  Mariana  Igna- 
cia  de  Caftellobranco.  Recebeo  o  habito 
de  Cónego  Regular  de  Santo  Agoftinho 
cm  o  Real  Convento  de  S.  Vicente 
de  fora  a  4  de  Abril  de  1712.  onde 
depois  de  profeíTo,  e  inftruido  nas  fcien- 
cias  Efcholafticas  fahio  fcr  Parocho  das 
Igrejas    de    Fontello,    e     S.     Martinho    de 


Ranhados,  e  ultimamente  da  Abbadia  de 
Sevadim  entre  cujas  ovelhas  falleceo  a 
20    de    Novembro    de    1732.    Compoz. 

OraçaÕ  Fúnebre  nas  exéquias  do  Excel- 
lentijjimo  D.  Nuno  Alvares  Pereira  de  Mel- 
lo Duque  do  Cadaval,  Marquev^  de  Ferreira 
Conde  de  Tentúgal  dita  na  Igreja  de  S. 
Martinho  de  Ranhados.  Coimbra  por  Ma- 
noel   Carvalho.     1727.    4. 

lOZE*  FRANCISCO  FREYRE  DE  SA* 

filho  de  Domingos  Ferreira  natural  de 
Lisboa,  e  Cirugiaõ  mór  do  Hofpital 
Real  do  Caftello  defta  Cidade,  c  Meftre  da 
mefma  Arte  em  o  Hofpital  de  todos  os  San- 
tos. Para  inftruçaõ  dos  feus  profeíTores  com- 
poz, e  imprimio. 

Epitome  Cirúrgico  medicinal  Prímeira  Parte. 
Lisboa  na  Officina  Ferreiriana.  1723.  foi. 

lOZE'  FRANCO  SERRAM  filho  de 
Pays  Portuguezes  ainda,  que  nacido  na 
Qdade  de  Amfterdaõ  onde  era  Meftre 
da  lingua  Santa  em  que  foy  infignc. 
Falleceo  em  idade  muito  florente  na  fua 
pátria.    Efcreveo. 

Loj-  Jinco  libros  de  la  Sacra  Ley  interpretados 
en  lengua  efpaiiola.  Amfterdam  por  Miguel 
Dias  ano  de  la  Creacion  5455.  que  he  de  Chrifto 
Senhor  NoíTo.  1695.  4.  Do  Author  como 
da  obra  que  he  tradução  do  Pentateucho 
faz  memoria  Jacob  le  Long.  Bib.  Sacr.  pag. 
mihi  368.  col.  I. 

lOZE*  FREYRE  DE  ANDRADE  natu- 
ral de  Lisboa  Clérigo  de  Ordens  menores  taõ 
pio  como  douto  publicou. 

Tratado  do  Santijfimo  Sacramento  do  Al- 
tar com  hum  exercido  para  antes,  e  depois 
da  Sagrada  Comunhão,  e  modo  de  examinar 
a  conciencia  para  os  que  fe  confejfaõ  amiú- 
do; aão  de  ContríçaÕ,  e  Oraçoens  Jaculató- 
rias para  pedir  o  amor  de  Deos  tirado 
do  livro  de  exercidos  Santos  de  D.  Francif- 
co Bermudes  de  Caftro  Meftre  em  Sagrada 
Theologia.  Lisboa  por  Manoel  da  Sylv». 
1632.  8.  &  ibi  por  António  Alvrcs. 
1652.    8. 

Oj^cio    particular    em    louvor    do    Príndpe 


L  USITAN  A. 


853 


dos  Anjos  S.  Miguel  Arcbanjo.  Lisboa  por 
Manoel  da  Sylva  1638.  24.  &  ibi  por 
António  Alvres.  1652.  24.  Eíte  Offido, 
como  vimos  he  compofto  em  latim  fu- 
pollo    tem    o    titulo    Portuguez. 

lOZE'  FREYRE  DE  MONTARROYO 
MASCARENHAS    naceo   em   Lisboa   a    22 
de   Março   de    1670.    onde   foraõ   feus   pro- 
genitores   Manoel    Alvres    Freyre    Mafcare- 
nhas,    e    D.    Urfula    Maria    de    Montarroyo 
ambos    de    conhecida    nobreza.     Na   adolef- 
cencia  manifeftou  a  perfpicas  compreheníaõ 
do   feu   talento   nos   eíhidos    da   Gramática, 
Filofofia,  e  Mathematica  em  que  fez  admi- 
ráveis   progreíTos.     Iguais,    ou    mayores    fez 
a    fua    apUcaçaõ    em    as    fciencias    amenas 
exercitando    com    elegância    os    Tropos    da 
Rhetorica,    e    bebendo    com    a    fluenda    as 
aguas     da     Hipocrene.      Ornado     com    taõ 
fdentificos    dotes    naõ    houve    celebre   Aca- 
demia do  feu  tempo,   que  o  naõ  admitifle 
para    feu    Collega    fendo    Secretario    em    a 
dos    Únicos,   Meílre,   e   Expozitor   do   Canto 
terceiro    da    Luíiada    do    divino    Camoens 
cm  a  dos   Canoros,  e  Orador  repetidas  ve- 
zes em  a  dos   Generofos  inítítiiida  em  Caza 
de  D.  Luiz  da  Cimha,  que  fe  interrompeo 
por  fer  nomeado   Miniílro   à   Corte   de   In- 
glaterra.   Ambidofo    de    teftemimhar    com 
os  olhos  do  que  eftava  informado  pelos  li- 
vros  fahio   da   pátria  no   anno   de    1693.   e 
difcorrendo    por    Hefpanha,     França,     Paiz 
Baixo,    Olanda,    Alemanha    parte    de    ItaUa, 
e    Hungria,    como    taõbem    Inglaterra    naõ 
fomente  fe  fez  perito  nas  linguas  de  todas 
eftas  Naçoens,   que  as  traduz  fielmente  em 
a   materna,    mas    aprendeo    as    máximas    da 
Politica,  noticias  da  Hiíloria  Ecdeíiaílica,  e 
Secular,    os    chefes    das    prindpaes    Farmlias 
da  Europa  por  cuja  apUcaçaõ   mereceo  fer 
venerado   por   hum   dos    mayores    Genealó- 
gicos deíla  idade.    Reílituido  a  Portugal  af- 
fiítío  em  todas  as  Campanhas  defde  o  anno 
de   1704,  atè   1710.   em  que  fe  difputava  a 
fuceíTaõ     da    Monarchia    de    Efpanha,    em 
que    teve    patente    de    Capitão    de   Cavallos 
dos   Regimentos   que   em  ferviço   defta  Co- 
roa  mandou   levantar   a   Raynha   de   Ingla- 
terra.    Deixado    o   tumulto   de   Marte   pelo 


odo  de  Apollo  frequentou  as  Academias 
fendo  duas  vezes  Preíidente  em  a  dos 
Anonymos,  e  Secretario,  Cenfor,  e  Meftre 
da  Ortografia  Portugueza  em  a  dos  Apli- 
cados. Para  inftruir  com  noticias  politi- 
cas, e  militares  da  Europa,  e  outras 
partes  do  mundo  aos  feus  naturaes  foy 
o  primeiro  que  introduzio  em  Portugal 
as  Gazetas  ptindpiadas  no  anno  de  171 5. 
e  profeguidas  atè  o  anno  prezente  imi- 
tando neíla  laboriofa  empreza  ao  erudi- 
tiílimo  Abbade  Eufebio  Renaudot  hum 
dos  40  Académicos  da  Academia  Fran- 
ceza  que  a  eílabeleceo  em  Pariz  no  an- 
no de  1638.  Em  todas  as  produçoens 
da  fua  penna  fe  admiraõ  fehfmente  uni- 
dos eflilo  elegante,  locução  caíla,  erudi- 
ção vafldílima  das  quais  fe  tem  publicado 
as  feguintes  taõ  multiplicadas  em  o  nu- 
mero como  diverfas  no  aíTumpto. 
Obras    impreílas    por    Ordem    Chronologica 

Kela^aÕ  de  rEntrh  publique  de  M.  le 
Prittce  Senefcbal  de  Ugie  Amhaffadeur  Ex- 
traordinaire  du  Roj»  de  Portugal  à  la  Cour 
de  Vienne,  e  de  l'  Audience  publique  qu*il 
eut  de  r  Empereur.  Sahio  nas  lo- 
ires Hijloriques  Tom.  10.  a  pag.  47  atè 
56.    Haye   ches   Adrian   Moetiens    1696. 24. 

Negociation  de  la  Paix  de  ^jfwik  ou 
r  on  examine  les  droits,  e  Pretenrions  du 
Roy  de  France  fur  chacun  des  Serenijfimes 
Princes  Allie^;  et  les  Droits,  e  Preten- 
tions  des  Princes  Allies  fur  le  Kqy  de 
France.  Haye  1697.  8.  2.  Tom.  Sahi- 
raõ  eftas  duas  obras  fem  o  nome  do 
Author. 

Kepofia  de  bum  Gentilbomem  Hefpanbol 
retirado  da  Corte  a  bum  Minifiro  do  Con- 
feibo  de  EJlado  de  Madrid  fobre  a  Juceffaõ 
de  Hefpanba  por  morte  delKey  Carlos  II. 
Amfterdam  1693.  12.  Sahio  com  o  nome 
fupofto  de  António  Homem  Perez  Fer- 
reira. 

Memorias  das  Negociaçoens  da  Pa^  de  Re/v- 
vycb.    Haya  por  Adriaõ  Moetiens   1698.   12. 

Fpifiola  doãijfimo,  nobilijjimo,  clarijjimo  que 
viro  António  Soario  Farienfi  Pbilojopbo,  cu  Medico 
experientijfimo,  nec  non  Avifienfis  Senatus  De- 
curioni  digtiffimo  in  applaufu  libri  ab  eo  com- 
pojiti   CM   ejl   titulus   Fafdculus    Medico-Pra- 


«54 


BIB  LIO  THE  CA 


■âicus.  UlyíTipone  apud  Micheelem  Des- 
landes    1700.    4. 

Aureola  dos  índios,  e  Nobiliarquia  Brac- 
mana.  Tratado  Hijlorico  Genealoffco,  Pane- 
^yrico  Politico,  e  Moral.  Lisboa  por  Mi- 
guel Deslandes  Impreflbr  delRey  1702. 
foi.  Supofto  que  efte  livro  foy  compoílo 
pelo  Licenciado  António  loaõ  de  Frias, 
«  dedicado  ao  ExcellentiíTjmo  Marquez 
de  Marialva  D.  Pedro  Luiz  de  Menezes, 
4  inílancia  defte  Cavalhero  o  reformou  to- 
talmente lozè  Freyrt  aíTim  na  Ordem, 
como  na  frafe  que  era  indigna  de  fe 
dedicar    a    taõ    grande    Mecenas. 

Relação  da  famoja  Vitoria  de  Aude- 
narde  alcançada  em  Flandes  pelas  Armas 
dos  Aliados  mandadas  pelo  Duque  de  Mal- 
horough  contra  o  exercito  de  França  manda- 
do pelo  Senhor  Duque  de  Borgonha  Neto 
delKej  Chrijlianijftmo  em  11.  de  Julho  de 
1708.     Lisboa    fem    o    nome    do    Author. 

Relação  dos  progrejfos  das  Armas  Por- 
tugue^as  no  EJlado  da  índia  no  anno  de 
171 3.  fendo  Vicerey,  e  Capitão  General  do 
mejmo  EJiado  Vafco  Fernandes  Ce^ar  de 
Mene!(es  Lisboa  na  Officina  Real  Deslan- 
defiana.    171 5.    4. 

Relação  dos  Progrejfos  ^c.  Parte  2.  Lisboa 
na  mefma  Ofíicina  1 7 1 5 .  4. 

Parte  3.  ibi  por  Pafchoal  da  Sylva 
171 6.  4.  Parte.  4.  ibi  pelo  dito  Impref- 
for    no    mefmo    anno. 

Relação  Hijlorica  da  enfermidade,  morte, 
e  enterro  do  Chrijlianijftmo  Monarcha  Lui^ 
XIV.  Rey  de  França,  e  Navarra  chama- 
do o  Grande  com  a  copia  do  feu  Tef- 
tamento,  e  outras  circunflancias  dignas  de  me- 
moria. Lisboa  na  Officina  Real  Deslan- 
defiana    1715.    4. 

Hijloria  Annual  Chronologica,  e  politica 
do  Mundo,  e  efpecialmente  da  Fjtropa  onde 
fe  fav^  memoria  dos  nacimentos,  defpor^orios,  e 
morte  de  todos  os  Emperadores,  Reys,  Prín- 
cipes, e  pejfoas  conjideraveis  pela  fua  quali- 
dade, ou  empregos;  encontros,  fitios  de  Pra- 
ças, e  Batalhas  terrejlres,  e  navaes;  vijlas, 
e  jornadas  de  Príncipes,  Tratados  de  Alian- 
ça, Tregoa,  e  pat^^.  Parte  i.  Lisboa  por 
Pafchoal  da  Sylva  ImpreíTor  delRey  171 5. 
4.    Defte    anno    atè    o    prezentc    de    1747. 


tem  o  author  profeguido  eíla  Hiíloriaque 
chega  a  32  Partes,  e  cada  huma  fahc 
em  feu  anno,  a  qual  confta  das  Gazetas 
de    Lisboa. 

Os  Orí^es  conquijlados,  ou  noticia  da 
converjaõ  dos  indómitos  Ori:(es  Proca^es  po- 
vos bárbaros,  e  guerreiros  do  CertaÕ  do  Bra- 
!(il  novamente  redta^idos  á  Santa  Fé  Cathc- 
lica,  e  obediência  da  Coroa  Portugue:(a  &c. 
Lisboa  por  António  Pedrozo  Galraõ.  171 6.  4, 

Relação  da  Fejiividade,  com  que  joy  ce- 
lebrada nejla  Corte  a  noticia  do  nacimento 
do  Serenijfimo  Príncipe  Leopoldo  Archiduqm 
de  Aujlría  filho  primogénito  de  juas  Magejla- 
des  Imperiaes.  Lisboa  por  Pafchoal  da 
Sylva.    171 6.    4. 

Eclypje  da  L^ua  Ottomana,  ou  Relaçai 
individual  da  jamoja  batalha  de  Peter-vara- 
dim,  em  que  as  Armas  Imperíaes  em  bene- 
ficio univerjal  da  Chríjlandade  vencerão,  9 
desbaratarão  as  jorças  do  Império  Ottomam, 
Lisboa    pelo    dito    Impreflbr.     1716.    4. 

Relação  diaría  do  fitio  de  Corjú  com 
a  dejcripçaô  dejia  importante  Praça,  e  dâ 
Ilha  em  que  ejiá  fituada;  operaçoens  dos  jt- 
tiados,  e  dos  Turcos  com  todos  os  jucejfot, 
que  neila  ouve  até  ejles  je  recolherem  deftnà- 
dos  á  jua  armada.  Lisboa  pelo  dito  Im- 
preflbr.     171 6.    4. 

Relação  da  gloríoja  Vitoria  alcançada  do 
exercito  Ottomano  pelas  Armas  Imperiais 
mandadas  pelo  Príncipe  Eugénio  de  Saboya 
entre  Salankemen,  e  Cariowit^  no  dia  ^  de 
Agojto  de  171 6.  Lisboa  pelo  dito  Imprcf- 
for.    171 6.    4. 

Prodiffojas  apparíçoens,  e  jucejfos  ejpanto- 
:(ps  viftos  no  anno  de  171 6.  e  nos  fins  do 
pajfado  em  varías  partes  do  mundo.  Lisboa 
pelo    dito    Impreflbr.     171 6.    4. 

Noticia  Summaría  da  gloríoja  Vitoria  al- 
cançada pelo  Serenijfimo  Príncipe  Eugénio  Fran- 
cijco  de  Saboya  lugar  Tenente  de  jua  Ma- 
gejlade  Cejarea  no  dia  16  de  Agf>^  à 
ifi-j.  contra  o  jormidavel  exercito  dos  Tur- 
cos nos  Campos  de  Belgrado.  Lisboa  pelo 
dito    Impreflbr.    1717.    4. 

A  Águia  Imperíal  remontada  ao  Orbe 
da  Lmú  Ottomana,  ou  jucejjos  da  Campa 
nha  da  Servia  nefte  anno  de  171 7*  ^^ 
a   Relação  diária   do  fitio   da  jortijffima    Praça 


L USITANA 


855 


ile  Be/grado,  e  inSvidml  noticia  da  glorio/a 
Vitoria  alcançada  no  dia  i6  de  Agofio  do 
me/mo  anno  do  exercito  dos  Turcos  pelas 
Armas  Imperiaes  (ó'c.  ibi  pelo  dito  Im- 
preíTor.     171 7.    4. 

O  novo  Nabuco,  oufonho  do  Sultão  dos  Turcos 
Acbmet  III.  interpretado  &c.  ibi  pelo  dito  Im- 
preíTor.  171 7.  4. 

Brados  do  Ceo  à  injenjibilidade  dos  ho- 
mens, ou  cativos  formidáveis,  e  horrorofos  fu- 
cedidos  em  diferentes  partes  do  mundo  no 
anno  de  171 7.  Lisboa  pelo  dito  Impref- 
for.    1718.    4. 

Noticia  da  Tresladaçaõ  dos  OJfos  do  glo- 
riofo  S.  JoaÕ  Marcos  Bifpo  de  Atina,  Apof- 
tolo  de  Celtiberia,  Martyr  da  primitiva  Igre- 
ia,  bum  dos  72  Difcipulos  de  JESU  Chrif- 
to  Senhor  Nojfo  com  buma  relação  diária 
dos  milagres  novamente  obrados  no  feu  fa- 
^ado  tumulo,  e  por  fua  intercejfaõ.  Lisboa 
pelo    dito    ImpreíTor.    171 8.    4. 

Novo  triumfo  da  KeligiaÕ  Seráfica,  ou 
noticia  fummaria  do  martyrio,  e  morte,  que 
padecerão  em  ódio  da  nojfa  fanta  Fé  o 
V.  P.  Fr.  Liberato  Weis  com  dous  com- 
panheiros feus  religiofos  da  Ordem  de  S. 
Francifco  Mijftonarios,  e  Pregadores  Apoflo- 
licos  no  Império  da  Abajfia  no  dia  ^  de 
Março  de  171 6.  Lisboa  pelo  dito  Impref- 
for    171 8.    4. 

Breve  noticia  da  magnifica  Tresladaçaõ  do 
Sagrado  Corpo  de  S.  Fernando  Key  de  Caf- 
tella,  e  reflauraçaÕ  da  Ínclita  Cidade  de  Se- 
vilha celebrada  no  dia  i^  de  Mayo  de  1720. 
Lisboa    1720.    4. 

I  Tresladaçaõ  fole  mne  das  gloriofas  Raynhas  San- 
ta Tbere:(a,  e  Santa  Sancha  Infantes  de  Portugal 
beatificadas  pela  Santidade  de  Clemente  XI.  com 
a  noticia  da  magnificência,  e  cerimonias  com  que 
fe  celebrou  efe  aão  no  real  Mofteiro  de  L/)rvaõ. 
Lisboa  por  Pafchoal  da  Sylva  ImpreíTor  del- 
Rey  1720.  4. 

O  encuberto  Mabometano,  ou  Mobardin  redi- 
vivo.  Lisboa  1720,  4. 

Noticia  da  Academia,  ou  Curfo  da  Filofo- 
fía  Experimental,  feu  fiftema,  e  apparato  Técnico 
Filofofico.    Lisboa  1723.  4. 

Noticia  da  dejiruiçaõ  de  Palermo  cabeça 
do  Reyno  de  Sicilia  causado  pelo  horrível 
terremoto    que   padeceo    na    noute    do   primeiro 


de    Setembro    de    1726.     Lisboa    por    Pedro 
Ferreira    1726.    4. 

Kelaçaõ  de  hum  formidável,  e  horrenda 
monfiro  Sylvefire  vifto,  e  morto  nas  vizinhan- 
ças   de    lerufalem.     Lisboa    1726.    4. 

Emblema  vivente,  ou  noticia  de  hum  por- 
tentofo  monfiro  que  da  Provinda  de  Ana- 
tólia foy  mandado  ao  Sultão  dos  Turcos^ 
Lisboa    1727.    4. 

Tejiamento  em  que  difpo^  da  fua  ul- 
tima vontade  achandofe  vi;(inho  à  morte  Mii- 
ley  Ifmael  Emperador  de  Marrocos.  Lisboa 
1727.    4. 

Triumfo  Carmelitano  na  Canonização  de- 
S.  loaÕ  da  Cru^,  ou  disposição  da  Ordem- 
da  prorijfaõ  folemnijfima  do  Mofleiro  do  Car- 
mo de  Usboa  com  a  explicação  das  fuás  figu- 
ras.   Lisboa  por  Miguel  Rodrigues  1727,  4. 

Guimaraens  fefiiva,  ou  relação  de  feftefa 
publico  com  que  na  nobilijftma  Villa  de- 
Guimaraens  fe  aplaudirão  os  reaes  Defpo^o- 
rios  do  Serenijftmo  Príncipe  do  Brasil  Nof- 
fo  Senhor,  e  da  Serenijfima  Senhora  In- 
fanta D.  Maria  Barbara  Princesa  das  Af- 
turias.    Lisboa   por  Pedro   Ferreira    1728.   4. 

Innocenria  infultada,  ou  noticia  da  barbara 
atrocidade  com  que  os  negros  Mabometanos- 
infulíaraõ  o  Convento  da  Conceição  que  os- 
Miffionarios  de  S.  Francifco  tem  na  Cida- 
de de  Mequine-^.  Lisboa  pelo  dito  Impref- 
for    1728.    4. 

Publicação  de  hum  novo  pródigo  do  mila- 
groso Santo  António  o  ^ande  Santo  An- 
tónio de  Usboa.  Lisboa  por  Pedro  Fer- 
reira   1 729.    4. 

Topografia  admirável,  ou  impreffaÕ  pro- 
digiofa  no  Coração  da  V .  Madre  V^ cró- 
nica Giulani.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor. 
1729.    4. 

Kepofia  ao  Padre  Fr.  Simaõ  António- 
de  Santa  Catherina  Monge  da  Ordem  de 
S.  Jerónimo  pedindo-lhe  a  fua  aprovação  fo- 
bre  o  livro  que  compor^  intitulado  Relaçaã 
métrica  das  folemniíTimas  Feftas  com  que 
os  religiofos  Carmelitas  de  Lisboa  cele- 
brarão a  Canonifaçaõ  de  S.  Joaõ  da 
Cruz  &c.  Lisboa  na  Patriarchal  Officina 
da    Muíica.     1729.    4. 

Crueldade  fem   exemplo   executada   em   Af- 
fonfo    Koberto    menino    de    três    annos,    e    nove- 


856 


BIBLIO  THE  C  A 


mev^es  natural  da  Villa  de  D.  Gonçalo  no 
Keyno    de    Córdova    em    zS    de    De:(embro    de 

1731.  Lisboa  por  Pedro  Ferreira.  1731.   4. 
Carta    efcrita    ao    Padre    Roberto   Juftinia- 

no  de  Macedo  Cónego  Secular  de  S.  Joaõ 
Evangelijla  Mejlre  de  Theologia  fobre  o  Ser- 
mão pregado  na  CanonifaçaÕ  de  S.  JoaÕ  da 
Cruz  ^c.  Lisboa  na  Officina  Auguílinia- 
na.    1731.   4. 

Catajlrophe  da  Corte  Ottomana,  ou  no- 
ticia da  depojiçaô  de  Achmet  III.  do  no- 
me XVII.  Emperador  de  Confiantinopla,  e 
XXVI.  SultaÕ  dos  Turcos j  e  exaltação  do 
Príncipe  Mahamud  filho  do  SultaÕ  Mujla- 
pba  II.  f medida  em  zz  de  Outubro  de  1730. 
Lisboa   por   Pedro   Ferreira.    1731.    4. 

Breve  noticia  da  glorio/a  Vitoria  alcan- 
çada no  dia  17  de  Outubro  de  1732.  pe- 
jas Armas  do  Serenijfimo  Kej  Catholico  D. 
Filippe  V.  nos  Campos  de  Ceuta  contra  as 
Tropas  delKey  de  Mequines  que  cercavaÕ  a 
me/ma    Praça.    Lisboa    por    Pedro    Ferreira. 

1732.  4. 

Oran  Conquijlado,  ou  Relação  Hijlorica, 
em  que  fe  dá  noticia  dejla  Praça,  da  fua 
Conquijla,  e  da  fua  perda,  e  rejlauraçaõ  co- 
lhida de  vários  avisos.  Lisboa  pelo  dito 
ImpreíTor.    1732.    4. 

Noticia  do  fatal  terremoto  fucedido  no 
Reyno  de  Nápoles  em  29  de  Novembro  de 
1732.    Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor.   1732.  4. 

Oran  Conquijlado,  e  defendido.  Relação 
Hijlorica  em  que  fe  referem  diariamente  os 
fuceffos  militares,  que  tem  havido  depois  da 
Conquijla  deJla  Praça  no  feu  território.  Lis- 
boa   pelo    dito    ImpreíTor.    1733.    4. 

Noticia  da  dejhuiçaõ  da  Armada  Arge- 
lina, que  fqy  a  Turquia  bufcar  f ocorro  para 
Jitiar  Oran  por  mar,  e  terra,  ibi  pelo  dito 
ImpreíTor.    1733.    4. 

Noticia  de  hum  cafo  raro,  e  extraordi- 
nário fucedido  no  anno  de  1733.  em  Villa- 
-Franca   de    Xira.    ibi    pelo    dito    ImpreíTor. 

1753-    4. 

Oração  recitada  no  obfequio  fúnebre,  que 
dedicou  a  Academia  dos  Aplicados  á  me- 
moria do  Reverendijfimo  Padre  D.  Rafael 
Bluteau  Clérigo  Regular  da  Divina  Provi- 
dencia, fendo    Direãor   da    dita    Academia    em 


28  de  Fevereiro  de  1734.  Sahio  no  livro 
intitulado  Obfequio  fúnebre  dedicado  á  fau- 
dofa  memoria  do  Reverendijfimo  Padre  D. 
Rafael  Bluteau  pela  Academia  dos  Aplica- 
dos.   Lisboa    por    Jozé    António    da    Sylva. 

1734.  4. 

Carta  notável  efcrita  de  Gallipoli  Bà^ 
ro  em  que  habitaô  os  Chrijlãos  na  Cidade 
de  Conjlantinopla  em  que  fe  refere  hum  Jo- 
nho  do  SultaÕ  Mahamud,  e  fua  interpreta- 
ção.  Lisboa  na  Officina  AuguíUniana.  1734.  4. 

Epanaphora  bellica  em  que  fe  referem  os 
gloriofos  progreffos  das  Armas  Imperiaes  em 
Itália  por  noticias  mais  importantes,  e  mab 
feguras.  Lisboa  por  António  Corrêa  de 
Lemos.    1735.    4. 

Relação  de  hum  prodiffo  fucedido  em  hu- 
ma   das    Provindas   do    Paraguay    no    anno   de 

1735.  Lisboa    1736.    4. 

Appendix  ao  Báculo  Pajloral.  Relofof 
de  hum  prodigiofo  cafo  fucedido  tia  Cidah 
do  Porto  de  Santa  lalaria  no  anno  de  1736. 
Lisboa    por    António    Corrêa    de    Lemos. 

1736.  4. 

Rujfui  ofendida,  e  fatisfeita,  ou  noticie 
dos  gloriofos  progrejfos  dos  RuJJianos  conim 
Turcos,  e  Tártaros.  Lisboa  pelo  dito  Im- 
preíTor.   1736.    4. 

ExpugnaçaÕ  de  Ocv^akow  noticia  individual, 
e  verdadeira  do  modo  com  que  ejla  Praça  foj  ganbaàí 
pelos  Rujfianos  aos  Turcos.  Lisboa  pelo  dito 
ImpreíTor.  1737.  4. 

Noticia  dos  gloriofos  progrejfos  das  Ar- 
mas Rujftanas  na  Peninfula  ae  Crimia  co- 
mandadas pelo  Feld-Marichal  Lafci  nos  dias 
■j  e  10  de  Julho  de  1738.  Lisboa  pelo 
dito    ImpreíTor.    1738.    4. 

Relação    da  gloriofa    batalha,    que    as    Ar 
mas    Rujfianas   alcançarão    dos    Turcos   na    Pé- 
dolia    em    11    de    Julho    de    1738.    ibi    peto 
dito    Impreflbr.    1738.    8. 

Novos    progrejfos    das     Armas     RjíJJianas 
Relação    da    fegunda     Vitoria    alcançada    pcl^ 
Feld-Marichal     Conde     de    Munich    contra    es 
Turcos,    e    Tártaros.    Lisboa    pelo    dito    Im 
preíTor.    1738.    4. 

Continuação    dos   fauflijftmos    progreffos    ^ 
Exercito     Ruffiano    comandado    pelo    Feíd-Ma 
ríchal     Conde     de     Munich     nos     Campos    c 
Podolia    com    a    noticia    da    Vitoria    alcançada 


L  USITAN  A. 


j  na  Ribeira  de  Molokifcbe  em  -^  de  Agofio  de  ij^S. 
ibi  pelo  dito  Impreflbr.  1738.  4. 

Quarta  Vitoria  ganhada  pelo  Conde  de 
Municb  em  d  de  Agofio  de  1758.  ibi  pelo 
dito    Impreflbr.     1738.    4. 

Qiánta  Vitoria,  que  o  Conde  de  Mu- 
nicb  alcançou  dos  Tártaros,  ]ani^aros,  Spabis 
ò^c.  na  Ribeira  de  Bieloãca  em  10  de 
Agofio  de  1738.  ibi  pelo  dito  Impreflor. 
1738.    4. 

Noticia    do    Cerco,    que    os    Turcos   pus^e- 

j    raõ    á    Cidade    de     Oct(akow,     opera^oens    de 

',  feus  ataques,  maravilho/a  defenfa  dos  RMjJia- 
r.os,    efirago    dos    me/mos    Infiéis,    e    injurio/a 

j  precipitação  da  fua  retirada,  ibi  pelo  dito 
loopreflòr.    1738.    4. 

Noticia    dos    primeiros   fucejfos    do    exer- 

I  àto  Imperial  na  Servia,  e  na  Hungria  nefia 
Campanha  de  1739.  ^^^  P^<^  '^^^  Impref- 
lbr.   1739.    4- 

Primeiros  pro^effos  das  Armas  RuJJia- 
tias.  Relação  da  notável  batalha  de  VilmãJ- 
tradia  fucedida  a  i  de  Setembro  de  1741. 
ibi  por  LuÍ2  Jo2è  G^rrea  de  Lemos. 
1741. 

Noticia  da  Viagem  que  /q;  fegunda  ve:(^ 
ao  Efiado  da  índia  o  Illufirijfimo,  e  Excel- 
lentijfimo  Senhor  Marquev^  do  Ijouriçal,  e 
primeiros  progrejfos  do  feu  governo.  Lisboa 
pelo    dito    Impreflbr.    1742.    4. 

Epanaphora  Indica  na  qual  fe  dá  noticia 
da  Viagem,  que  o  Illufirijftmo,  e  Excellentijfimo 
Senhor  Marque^  de  Cafiello  novo  fe^  com  o 
cargo  de  Vice-Rey  do  Efiado  da  índia,  e  dos 
primeiros  progrejfos  do  feu  governo,  em  que  fe 
referem  também  a  viagem,  entrada,  e  primei- 
ras fmçoens  Epifcopaes  do  ExcellentiJJimo,  e 
Reverendijfimo  D.  Fr.  Lourenço  de  Santa  Ala- 
ria Arcebifpo  Metropolitano  de  Goa.  Lisboa 
por  Pedro  Ferreira  Impreflbr  da  Raynha. 
1743.    4. 

OraçaÕ  Panegyrica  recitada  no  obfeqmo  fúnebre 
do  Illufirijftmo,  e  Excellentiffimo  Senhor  Conde 
da  Ericeira  D.  Francifco  Xavier  lo^é  de  Meneses 
em  huma  Academia  defie  Reyno.  ibi  pelo  dito 
Impreflor.  1746.  4.  fem  o  feu  nome. 

Traduzio  das  linguas  Franceza,  Ingleza, 
e  Alemãa  vários  Manifefios  dos  Soberanos  da 
Europa;  Tratados  de  Pavões;  Cartas,  que  relataõ 
fucejfos  militares,  que  excedem  o  numero  de 


857 

quarenta  papeis,  que  lÂhiraõ  impreflbs  em  Lis- 
boa defde  o  anno  de  171 5.  até  1746.  4. 
Obras  M.  S. 

Genealo^as  das  Famílias  de  Portugal  com- 
provadas com  muitos  documentos  redur^idas  a 
Ordem  Alfabética,  foi.  24.  Vol.  Neíla  Gjlleçaõ 
eflaõ  muitas  fanúlias  ordenadas  novamente,  e 
illuflxadas  pelo  Author. 

Memorias  Genealógicas  redus^idas  a  ordem  Al- 
fabética foi.  3.  Tom. 

Tratado  da  antigua  Familia  de  Couto  fua 
origem  antiguidade.  Armas,  Genealo^a,  e  pro- 
S^effos  por  vários  Ramos  efiabelicidos  em  di- 
ferentes partes  de  Portugal,  e  fuás  Conqtàfias. 
foi. 

Bofque  Genealoffco  em  que  fe  contem  huma 
Arvore  de  Cofiados,  duas  de  Varonia  por  Bu- 
Ihoens,  e  Ferrares,  e  89.  de  parentefcos.  Dedi- 
cado a  foaõ  Pereira  da  Cunha  Ferra^  do  Con- 
felho  ae  S.  Magefiade,  e  feu  Secretario  de  Guerra. 
foi. 

Veridario  illufire,  e  Genealo^o  em  que  fe 
comprehendem  as  Arvores  de  Vafconcellos,  e  Caf- 
faros  produãores  de  André  Jo!(è  de  Vafconcellos, 
e  Azevedo,  foi. 

Hifioria  da  antiquijftma,  e  iliufire  Cav^a  de 
As^evedo  continuada  por  nove  feculos  com  os  pro- 
greffos  de  muitos  Heroes  defia  familia  com  a  fua 
Genealoffa  dedui(ida  defde  a  fua  origem  até  o  pre- 
ssente. Dedicada  a  Pedro  Eopes  de  Azevedo  Se- 
nhor defia  Cas^a  foi. 

Familia  de  Altám  fua  Origem,  antigtádade 
do  feu  apellido,  fuás  Armas,  e  Solar  com  a  fua 
Genealo^a  continuada  por  vários  ramos  até  o  pre- 
s^ente  comprovada  com  muitos  documentos  impreffos, 
e  M.  S.  Dedicada  ao  D.  Prior  de  Barcelos  André 
de  Sou^a  da  Cunha.  4.  grande. 

Compilatio  Stirpium  de  quibus  non  a^tur 
Rheufnerus:  ut  funt. 

Stirps  Teimurlanica,  qua  ex  vetufHffimis  Tar- 
taria,  feu  Sarmatia  Principibus  S tem  ma  produxit 
illufire.  Rjegum  Perfarum,  ImperatorU  Rujfo- 
rum,  feu  Genealoffa  C^ariana  familia  ntmc  im- 
perãtis.  Stirps  Xerijica,  feu  Africa  Occiden- 
talis  Imperatorum.  Stirps  Mtiopica  Abaccia  Rje- 
gum. 

Viagem  militar  em  que  fe  referem  to- 
dos os  fucejfos  da  ultima  guerra  entre  Por- 
tugal, e  Cafiella  defde  o  anno  de  1704. 
até   o    de    1710.    em   que   o    Author  fe   achou 


858 


BIBLIO THE  CA 


Com  a  defcripçaõ  de  todas  as  Cidades,  e  Vil- 
ias  por  onde  paffou  em  Portugal,  e  Hefpa- 
nha  até  o  Rejino  de  Valença,  formas  de  bata- 
lhas, Plantas  de  Sitias,  Confelhos  dos  Gene- 
raes,  e  muitas  cartas  deftes,  e  outros  Minif- 
tros  4.    5.    Tom. 

Quinta  EJfencia  da  Hijioria  da  Europa 
no  feu  Eftado  pref^ente  por  hum  methodo  novo. 
4.  8.  Tom. 

Campo  mayor  defendido.  Noticia  individual 
do  Valor  com  que  os  Caflelhanos  fitiaraõ 
efla  Praça  no  anno  de  171 2.  e  admirável  es- 
forço com  que  foy  defendida  pelos  Portugue- 
v^es  com  a  defcripçaõ,  hijioria  abreviada  da 
mefma  Povoação.  4. 

Triumfo  da  Ma^animidade.  Defcrevefe 
a  Entrada  publica,  e  folemne  que  fev^  na  Ci- 
dade de  Usboa  Occidental  Metrópole  da  fua 
Diocefe  o  Senhor  D.  Thomat^  de  Almeyda 
por  Mifericordia  divina  feu  Proto  Patriar- 
cha  do  Confelho  de  Sua  Mageflade,  e  feu  Ca- 
pelão mór  em  Sabbado  13  de  Fevereiro  de 
1717.  4.  O  original  fe  conferva  na  Biblio- 
theca  Real. 

Triumfo  triplicado,  ou  noticia  da  magni- 
fica, e  folemne  procifaõ  que  na  fefla  do  Santijft- 
mo  Sacramento  da  Euchariflia  chamada  vul- 
garmente do  Corpo  de  Deos  fe!(^  a  Ínclita  Cidade 
de  Usboa  no  anno  de  1719.  4.  Foy  compoíla 
por  Ordem  de  Sua  Mageftade,  e  fe  confer- 
va na  fua  Bibliotheca  Real. 

Carta  Apologética  pelo  Ca:(amento  da 
Kaynha  D.  Mecia  Lopes  de  Haro  contra 
Fr.  António  Brandão  em  ^  de  Novembro  de 
1719.  efcrita  ao  Brigadeiro  loaò  de  Quintal  Lobo. 

Carta  Apologética  em  que  fe  fuflenta 
fer  a  Infanta  D.  Berengela  filha  de  D. 
Sancho  I.  de  Portugal  mulher  de  Waldemaro 
II.  4. 

A  Tiara  depofla  no  Qtúrinal,  e  exaltada 
no  Vaticano.  Relação  hijlorica,  e  Panegírica 
do  falecimento  do  Papa  Clemente  XI.  e  exal- 
tação de  Innocencio  XIII.  4. 

O  Caja  gloriofo,  ou  relação  da  mafftifi- 
cencia  com  que  fe  celebrou  o  rio,  Caya  o  a£ío 
das  entregas  das  Serenijftmas  Senhoras  Prin- 
cev^as  do  Barril,  e  Aflurias  em  20  de  laneiro 
de  1729.  4. 

Nova  Arte  de  Orthografia  di£tada  na 
Academia    dos   Aplicados,    e    dividida    em    va- 


rias liçoens  nas  quaes  fe  expõem  a  Origem  de 
efcrever,  fua  antiguidade  em  diferentes  Provin- 
das, feus  inventores  w(ps,  e  formas  de  caraãe- 
res  entre  varias  linguas,  e  Naçoens.  Obra 
hiftorica,  critica,  e  dogmática.  4. 

Difcurfo  Problemático.  Qual  feja  mais 
útil  á  Republica  fe  o  efiudo  das  letras,  fe 
o  exercido  das  Armas  ^  Recitado  na  Aca- 
demia dos  Anonymos.  4.  Rcfoluto  pela 
2.    Parte. 

Oração  Académica  fobre  a  acçaò  de  partir 
logo  ElRey  D.  Manoel  para  o  Algarve  quan- 
do recebeu  a  noticia  do  fitio  de  Ar(illa.  4.  Reci- 
tada na  dita  Academia. 

Difcurfo  Problemático.  Se  para  o  adian- 
tamento dos  lugares  convém  mais  fer  fa- 
bio,  ou  a  reputação  de  o  fer?  Recita- 
do na  Academia  dos  Aplicados  a  5  de 
Novembro  de  1724.  Refolvefe  pela  pri- 
meira  parte. 

Difcurfo  Panegyrico  em  que  fe  aplau- 
dia a  exaltação  de  Benedião  XIII.  ao  tro- 
no Pontifício.  Recitado  na  mefma  Acade- 
mia  4. 

Difcurfo  Problemático.  Se  os  Portugui- 
:(es  na  batalha  contra  os  Turcos  fendo  auxi- 
liares de  Veneza  fe  fit(eraõ  mais  ref peitados, 
e  temidos  pelo  feu  lu:(imento,  e  valor,  ou  pelo 
Rejf  de  que  eraõ  Vaffalos?  Recitado  na 
mefma  Academia  no  anno  de  1724.  Rc- 
foluto   pela    fegunda    parte. 

Oração  Panegyrica  em  aplasc^o  do  naci- 
mento  da  Serenijfima  Senhora  Princesa  da  Beyra 
mandada  à  Academia  de  Guimaraens  em  Feve- 
reiro de  1755.  4. 


lOZÉ  GAGO  DA  SYLVA.  Naceo  cm 
a  Cidade  de  Beja  recebendo  a  graça  bau- 
tifmal  a  21  de  Novembro  de  1684.  Teve 
por  Pays  a  António  Rodrigues  Manfos, 
e  Anna  Maria.  Aplicoufe  ao  eíhido  das 
letras  humanas,  Poeíia,  e  Hiíloria  Secular, 
e  Eccleíiaílica,  e  fahio  taõ  inílruido,  que 
compoz  as  feguintes  obras  irrefragavcis  tcf- 
temunhas  do  feu  grande  talento. 

Explicação  da  Gramática.  4.  M.  S. 

Apologia  Critica  contra  os  Padres  lefmtas. 
M.  S. 

Noticias  das  Antiguidades  de  Beja   M.   S. 


L  USITANA. 


859 


Poejias  Varias  Vortu^ie^as,  e  Cafielha- 
fíos.  M.  S. 

lOZÉ  GOMES  AMADO  DE  AZAM- 
BUJA natural  da  Villa  de  Aljubarrota  do 
Patriarchado  de  Lisboa,  e  morador  em 
a  Gdade  de  Coimbra  filho  de  Manoel 
Gomez  Vogado  de  Azambuja,  e  de  D. 
Maria  Amada.  Aplicoufe  com  particular 
difvelo  ao  eíhido  da  Genealogia  com- 
pondo. 

Famílias  do  Reyno  de  Vortugal  lo  Tom. 
foi.  M.  S. 

Arvores  de  Cofiados  divididas  pelas  Pro- 
vindas do  Reyno.  M.  S. 

Do  Author,  como  de  fuás  obras  faz  me- 
moria o  Padre  Souza  no  fim  do  Tom.  8. 
da  Hifi.  Gen.  da  Ca^.  Real  Portug.  p.  19. 

lOZÉ  GOMES  DA  CRUZ  Caval- 
leiro  profeíTo  da  Ordem  militar  de  Chrifto 
naceo  em  Lisboa,  e  na  Parochia  dos 
Santos  Martyres  VeriíTimo  Máxima,  e  lulia 
recebeo  a  graça  baptiímal  a  10  de  Dezem- 
bro de  1685.  Foraõ  feus  Pays  Manoel  Go- 
mez da  Cruz,  e  Catherina  Rodrigues  Pa- 
laura.  Quando  contava  nove  annos  de 
idade  aprendeo  a  lingua  Latina  na  ClaíTe 
de  loaõ  da  Cofta  infigne  profeíTor  de  le- 
tras humanas,  e  ouvio  hum  armo  Filofofia 
diétada  pelo  Padre  lozè  Saraiva  da  Compa- 
nhia de  lefus  em  o  Collegio  pátrio  de  Santo 
Antaõ,  e  foy  tal  o  progreíTo  que  a  fua  na- 
tural viveza  fez  neíle  prologo  dos  feus  eftu- 
dos,  que  naõ  tendo  completos  1 3  annos  paflbu 
à  Univerfidade  de  Coimbra  onde  aplicado 
à  lurifprudencia  Canónica  fe  formou  neíla 
Faculdade  com  aplauzo  dos  Meftres,  e  enveja 
dos  Condifcipulos.  Provada  a  fua  fcienda 
legal  em  o  Dezembargo  do  Paço  foy  def- 
pachado  na  florente  idade  de  19  annos  para 
luiz  de  fora  de  Cezimbra,  Barreiro,  e  Azey- 
taõ  donde  paíTou  para  luiz  dos  Orfaõs  do 
bairro  alto  de  Lisboa,  Superintendente  das 
Decimas,  e  depois  do  quarto,  e  meyo  por 
cento  cujos  lugares  exercitou  com  geral 
fatisfaçaõ  pelo  efpaço  de  18  annos.  Dei- 
xado o  minifterio  de  luiz  fe  dedicou  ao  patro- 
cinio  de  Cauzas  Forenfes  fendo  hum  dos  mais 
famofos    Advogados    defta    Corte    naõ    fo- 


mente pela  vaíla  noticia  de  hum,  e  outro 
Direito,  mas  pela  eloquente  energia  com 
que  orna  as  fuás  Allegaçoens  emulas  das 
que  recitou  Gcero  em  o  Senado  Romano. 
A  inftruçaõ  que  tem  da  Hiíloria  Ecclefiaf- 
rica,  e  fecular  o  habilitou  para  fer  eleito 
no  anno  de  1745.  Académico  do  numero  da 
Academia  Real,  de  cuja  penna  efperaõ  as 
Memorias  Ecclefiafticas  do  Bifpado  da  Guar- 
da a  fua  continuação  principiadas  por  íeu 
Anteceííor  o  Doutor  Manoel  Pereira  da 
Sylva  Leal.  Para  teílemunhas  da  fua  pro- 
fundidade jurídica,  e  elegante  facúndia  pu- 
blicou. 

AllegaçaÕ  de  Preito  pelo  ExcelleníiJJi- 
mo  Senhor  D.  Iof(é  Miguel  loaõ  de  Portugal 
Conde  de  Vimiojo  fohre  a  fuceffaõ  das  Ca- 
^as,  e  Morgados  de  Cortes  Reaes,  e  Mou- 
ras na  Cau^a  que  he  Oppoente  contra  os 
Excellentijpmos  Senhores  Marque:(es  de  Va- 
lença, e  a  Excellentijftma  Senhora  D.  loan- 
na  Efpinola,  e  Lacerda  Princet^a  Pio  como 
Tutora  de  feu  filho  Primogénito  o  Excellen- 
tijjimo  D.  Gisberto  Pio  Moura  Corte  Real  Prín- 
cipe Pio.  Lisboa  pelos  herdeiros  de  Paf- 
choal  da  Sylva  1725.  foi. 

AllegaçaÕ  de  Direito  em  defenfa  do  Excel- 
lentijftmo  Senhor  D.  Francifco  de  Portugal  Mar- 
que^ de  Valença  para  a  cau^a  em  que  o  Ex- 
cellentijffimo  Príncipe  Pio  D.  Gisberto  Pio  Moura 
Cortereal  pertende  pela  pejfoa  de  fua  Mãy,  e 
Tutora  a  ExcellentiJJima  Senhora  Princesa 
Pio  D.  loanna  Efpinola,  e  Eacerda  reinuidicar 
as  Ca:iias,  e  Morgados  dos  Cortes  Reaes,  e  Mou- 
ras.    Lisboa    por    lozé    António    da    Sylva. 

1725.  foi. 

Segunda  AllegaçaÕ  de  Direito  pelo  Ex- 
cellentijfimo  Senhor  D.  Jot(è  Miguel  JoaÕ 
de  Portugal  Conde  de  Vimiofo  fufientan- 
do  os  Embargos  contra  a  fentença,  que  fe 
proferio  a  favor  do  Excellentijftmo  D.  Gis- 
berto Pio  Moura  Corte-Real  Príncipe  Pio  fobre 
a  fucejfaõ  dos  Morgados,  e  Cat^as  dos  Cortes- 
-Reaes,    e    Mouras,    ibi    pelo    dito    Impreflbr 

1726.  foi. 

Petição  de  Revifia  a  favor  dos  Excel- 
lentijftmos  Senhores  Marquets^  de  Valença, 
e  Conde  de  Vimiofo  D.  Iof(è  Miguel  loaõ 
de  Portugal  na  caut^a  em  que  faõ  partes 
com      o      ExcellentiJJimo      D.      Gifberto      Pio 


86o 


BIB  LIO  THE  CA 


Moura  Corte-Keal  fobre  a  fucejfaõ  da  Cav^a 
dos  Cortes  Reaes,  e  Mouras,  ibi  pelo  dito  Im- 
prcflbr.  1737.  foi. 

Df/cur/o  Apologético,  Crítico,  e  Chro- 
nologico  fobre  as  Excomunhoens  Interdictos, 
e  CeJfaçaÕ  à  Divinis  com  que  procedco  o 
Reverendo  Doutor  Jo^é  Gomes  Dias  com 
o  pretexto  de  Jui:(^  Apojlolico  de  S.  San- 
tidade contra  o  Illujirijftmo  Cabbido  da 
Santa  Sé  Metropolitana  de  Lisboa  Occi- 
dental. Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor.  1735.  4. 
grande. 

AllegaçaÕ  de  Direito  a  favor  do  Doutor 
Joaõ  Machado  de  Brito,  ibi  pelo  dito  Im- 
preíTor. 1729.  foi. 

Memorial  Apologético,  ou  fegunda  Alle- 
gaçaÕ a  favor  do  Doutor  Joaõ  Machado  de 
Brito  para  fervir  na  fegunda  inflancia  na 
demanda,  que  fe  lhe  move  fobre  a  filiação 
natural,  que  conta  de  Pedro  Machado  de 
Brito  excluida  a  do  Doutor  Francifco  Nu- 
nes de  Miranda,  ibi  pelo  dito  ImpreíTor.  1731. 
foi. 

AllegaçaÕ  de  Direito  pelo  Excellentijfimo 
Senhor  D.  Joaõ  Diogo  de  Attayde  do  Confe- 
Iho  de  Guerra,  e  Governador  das  Armas  do 
"Exercito,  e  Provinda  do  Alentejo  fobre  o  Paul, 
e  Sefmarias  da  Atella.  ibi  pelo  dito  ImpreíTor. 
1727.  foi. 

AllegaçaÕ  de  Direito  na  demanda,  que 
move  Manoel  de  Bajlos  Viana  ao  Senhor 
De!(embargador  Procurador  da  Fazenda  da 
Repartição  do  Ultramar  fobre  o  Contrato 
do  Sal  para  o  Provimento  da  America,  Ma- 
drid por  los  herdeiros  de  Juan  Garcia  In- 
fançon.  1743.  foi. 

Manifeflo  Apologético  Jurídico  pelo  Padre 
Francifco  Xavier  Barbosa  fobre  o  procedimento 
requerido  pelo  Excellentijfimo  Duque  de  Avejro. 
foi.   Naõ  tem  lugar  da  impreíTaõ. 

Apendix  Jurídico  nas  partilhas  de  Pedro 
Vicente  da  Sjlva  com  Jov^  Laurenço  Botelho. 
foi.  fem  lugar  da  impreíTaõ. 

AllegaçaÕ  de  Direito  por  Feliciano  No- 
gueira de  Lara.  Lisboa  por  António  líidoro 
da  Fonceca.  foi. 

Difcurfo  Theol^igico  Jurídico,  e  Ano- 
nymo  fobre  a  propofla,  que  fe  fev^  para 
cabal  conhecimento  da  validade,  ou  nulli- 
dade     do     Capitulo     Provincial     dos     Padres 


Trínos  da  Provinda  de  Portugal,  que  fe  cele- 
brou nefle  feu  Convento  de  Lisboa  Occidental 
em  1  de  Mayo  de  1735.  Veneza  na  Offidna 
Bableoniana.    1735.    4.    grande. 

Carta  Apologética,  Moral,  Critica,  e  Ano- 
nyma  contra  a  Pafloral  do  Excellentijfimo  Ar- 
cebifpo  de  Évora.  Scvilla  en  la  Imprcnta 
Real  Caza  dei  Garreo  Viejo.  4. 


lOZÉ  GOMES  DE  FREYTAS  Caval- 
leiro  da  Ordem  militar  de  Chriílo  Bacharel 
formado  cm  Jurifprudencia  Canónica,  e  Q- 
vil  pela  Univeríidade  de  G)imbra,  e  Sin- 
dico do  Hofpital  Real  de  todos  os  Santos 
deíla  Corte  pelo  efpaço  de  vinte,  e  quatro 
annos.   Compoz. 

AllegaçaÕ  de  Direito  feita  a  favor  da  fa- 
r^enda  dos  pobres  do  Hofpital  Real  na  Cau^ã 
em  que  fqy  parte  o  Deí^embargo  do  Paço  Gr$- 
gorío  Pereira  Fidalgo  como  Procurador  de  Fer- 
não de  Bríto  de  Malta  eflante  na  índia,  em  qm 
fe  fev^  evidente  a  nullidade  da  fentença,  que  ejk 
houve  a  feu  favor,  e  manifefla  injuftiça  dei- 
la.  4.  grande.  Naõ  tem  lugar,  nem  an 
no,  ou  nome  do  ImpreíTor,  mas  do  Ca 
ra£ter  fe  conhece  fer  impreíTa  em  Amílerda»" 


lOZÉ  GOUVEA  DE  ALMEYDA  na 

tural    da    Qdade    de    Angola    Presbítero, 
Prefidente  da  Caza  da  Mifericordia  da  mel 
ma  Cidade.   Publicou. 

Doutrina  Chríflãa  acrecentada  com  alíf/ns 
documentos.  Lisboa  por  Miguel  Manefcd 
ImpreíTor  do  Santo  Officio,  c  da  ScreniíTima 
Caza  de  Bragança.  171 5.  24. 


Fr.   lOZÉ  DE  S.  GUALTER  LAMA 
TIDE  cujo  apellido  tomou  de  hunu  Quinu 
em  que  teve  o  berço  a  14  de  Março  de  lí'" 
íituada  na  Freguezia  de  S.  Fauílino  dii 
dos  limites  da  deliciofa  Ribeira  de  Vizcli 
Foraõ  feus  Pays   Francifco  Gomes  de  OV 
veira,    e    Maria    Marquez    Vieyra    Senhorc 
da  Quinta  de  Lamatide.    Aprcndco  os  pri- 
meiros rudimentos  na  Villa  de  Guimar 
diílante  huma  pequena  legoa  da  fua  Paui- 
c   logo   moílrou   a   viveza   do   talento  para 


L  USITAN  A. 


8ÓI 


facilmente  comprehender  as  fciencias  mais 
profundas.  Recebeo  o  axiílero  habito  de 
Saõ    Francifco    no    recolledo    Convento    de 

I  Mat02Ínhos  da  Província  de  Portugal  a 
i6  de  Novembro  de  1708.  e  profeíTou  a  17 
do  dito  mez  do  anno  feguinte.  Aplicado 
ao  eíhido  das  faculdades  efcholaílicas  fe  dif- 
tinguio  na  felicidade  da  memoiia,  e  fubtileza 
de  juizo  de  todos  os  feus  condifcipulos  por 
cuja  cauza  foy  elevado  ao  magiílerio  que  prin- 
cipiou por  huma  Cadeira  da  Theologia  Mo- 
ral em  o  Real  Convento  de  Alenquer  à  inf- 
tancia  do  Emminentinimo  Senhor  Patriar- 
ca de  Lisboa  D.  Thomas  de  Almeyda.  No 
fim  defta  leitura  que  durou  três  annos  diftou 
Filofofia  em  os  Conventos  do  Porto,  e  de 
Coimbra,  e  ultimamente  Theologia  efpe- 
culativa  no  Collegio  de  S.  Boaventura  def- 
de  o  anno  de  1732.  atè  1744.  em  que  jubilou. 
He  Qualificador  do  Santo  Officio,  Exami- 
nador das  três  Ordens  Militares,  e  Conful- 
tor  da  Bulia  da  Cruzada.    Da  fua  profunda, 

;  e  vafta  literatura  faõ  pregoeiros  os  feguintes 
partos  que  eílaõ  promptos  para  ver  a  luz 
publica. 

I        Analyjis     Philofophica     in     quatuor    partes 

\  hoffcam  nempe,  Phyjuam,  Methaphyficam , 
et  Animafiicam  dijiributa,  ac  juxta  veridi- 
cam,  (ò'  irrejragahilem  Ven.  ac  Juhtilis  Doc- 
toris  loannis  Dtms  Scoti  mentem  principiis 
que  Philofophia  Jenjum  in  lucem  edita.  foi.  2. 
Tom.  M.  S. 

Viridarium  Theologicum  in  quo  pulchrio- 
res  totius  Theologia  flores  magia  cum  Jim- 
vitate  inveniuntur  injerti;  in  quorum  foliis 
exarantur  certamina,  Tentativas  Conimbricenfes 
continentia,  in  agro  Seraphico  plantatum.  foi. 
4.   Tom.    M.    S. 

Compendium  abbreviatum  :ontinens  rejolu- 
tiones  difficultatum,  qtta  ab  aliquibus  celeber- 
rima  Conimbricenfis  Univerjitatis  Doãoribusob- 
jiciebãtur  pro  impedienda  graduatione  Fratrum 
Minorum  de  Objervantia  ab  alumnis  alma  Pro- 
víncia   Portugallia  praintenta.    M.    S. 

Conjultationes  Theologico-morales,  et  Kegula- 
res.  foi.  M.  S. 

Manifefio  Theologico,  Moral,  Canónico,  e 
Dogmático  em  que  fe  perfuade  que  pertence 
privamente  ao  Santo  Tribunal  da  InquiJiçaÕ 
nos    Reynos    de    E/panAa    inquirir    dos    ConfeJ- 


Jores  que  praticarem  a  doutrina  de  que  lhes  he  licito 
perfuadirem  aos  penitentes  a  que  lhes  revelem 
os  compleces,  e  companheiros  dos  feus  pecados,  os 
nomes,  e  lugares  das  fuás  habitaçoens,  e  lhes  dem 
licença  para  os  denunciarem  aos  fuperiores  para  o 
fim  de  ferem  corregidos,  e  cajligados  denegando  o 
beneficio  da  abfolviçaõ  aos  que  repugnaÕ  revelar, 
e  affirmando  que  efie  meyo,  e  modo  de  os  emendar, 
e  cajiigar  he  do  ferviço,  e  agrado  de  Deos.  Madrid 
na  Officina  dos  herdeiros  de  Francifco  dei 
Hierro  1746.  4.  Sahio  fem  o  nome  do  Au- 
thor. 

lOZE'  GUTERRES  DE  LIMA  Almo- 
xarife da  Praça  de  Mazagaõ  fituada  na  Regiaõ 
Africana,  celebre  Colónia  dos  Portuguezes. 
Efcreveo. 

Manifefio  do  miferavel  efiado  em  que  fe 
acha  a  Praça  de  Ma:(agaÕ  no  anno  de  171 5.  e 
dos  cufiumes,  açoens  e  procedimentos  dos  naturaes 
delia  chamados  comummente.  Fidalgos,  e  Ca- 
valleiros.  4.  M.  S.  Confervafe  na  Livraria 
do  Convento  de  S.  Bento  de  Santarém. 

lOZE'  HENRIQUES  DE  ALMEYDA 
aíTiftente  na  Qdade  de  Amílerdaõ,  e  inf- 
truido  em  todo  o  género  de  erudição. 
Compoz 

Panegyrico  encomiafiico  ao  ExcellentiJJimo  Se- 
nhor D.  loaõ  Gome^  da  Sylva  Embaxador  Ex- 
traordinário de  Sua  Magefiade  Kej  de  Portugal 
por  primeiro  Plenipotenciário  da  Pa^  a  efias  Pro- 
vindas de  Holanda,  Conde  de  Tarouca,  Mefire 
de  Campo  General  das  Armas  Utrech  171 2.  4. 
fem  nome  do  ImpreíTor. 

lOZE'  HOMEM  DE  ANDRADE  fi- 
lho de  lorge  Gonzalves,  e  Margarida  de 
Andrade  naceo  em  Lisboa  a  24  de  No- 
vembro de  1658.  Nos  eíhidos  da  Gra- 
mática Latina,  Filofofia,  e  Theologia  fez 
grandes  progreíTos  a  fua  curiofa  aplica- 
ção naõ  fendo  menores  no  exame  das 
mayores  dificuldades  da  Arte  da  Mede- 
dna  inveftigando  diverfos  Authores  La- 
tinos, Italianos,  e  Francezes,  que  me- 
recerão eílimaçaõ  neíla  faculdade.  Exer- 
citou na  fua  pátria  a  Arte  de  Boticário 
manipulando    todo    o    género    de    medica- 


8Ó2 


BIB  LIO  TH  E  CA 


mentos  pelo  methodo  dos  mais  infignes  pro- 
feíTores  da  Pharmaceutica.  Falleceo  a  17  de 
May  o  de  1716.  quando  contava  68  annos  de 
idade. 

Compoz 

Apologia  Pharmaceutica  pela  verdadeira  tri- 
turação da  lallapa,  e  dos  Aromáticos  difcutientes 
que  entraõ  na  compoi^içaõ  da  Benediãa;  e  pela 
operação  do  unguento  Apojlolorum  de  Avicena 
em  ordem  a  Je  lhe  naõ  acrecentar  mais  verdete, 
do  que  feu  Author  pede  na  dita  compotQçaõ.  Lis- 
boa por  Bernardo  da  Coíla  de  Carvalho 
1691.  4. 

Segunda  Parte  Apologética  pela  trituração 
da  lallapa,  e  todos  os  mais  medicamentos  fegundo 
a  ordem  dos  Cânones  Univerfaes  de  Mejfue,  e  fua 
verdadeira  expojiçaõ.  Lisboa  pelo  dito  Impref- 
for  1692.  4. 

Encjclopedia  Pharmaceutica.  foi.  M.  S. 

Manipulus  Medecinarum.  4.  M.  S. 

Officina  Medica  morhorum.  4.  M.  S. 

Theorica  Pharmaceutica  in  qua  continen- 
tur  regula,  Ó^  pracepta  ut  melius  Jimplicia 
cognofcantur,  et  compojita  conferventur.  4.  M.  S. 

Controverfias  Medecinaes.  4.  M.  S. 

Ramillete  de  Plantas.  4.  M.  S.  efcrito 
na    lingua    Caílelhana. 

lOZE'  HOMEM  DE  MENESES  na- 
tural de  Lisboa  filho  de  Diogo  da  Q)f- 
ta  de  Barbuda  Almoxarife  dos  Fornos 
delRey.  Foy  dotado  de  infigne  talento, 
muito  erudito  na  Hiftoria,  e  naõ  menos 
verfado  na  lingua  Italiana  da  qual  ver- 
teo    na    materna. 

Vida  de  Santa  Isabel  de  Ungria  e/crita 
por  Pedro  Matheo  Chronijla  de  Henrique  IV. 
Rej  de  França.  Lisboa  por  Francifco  Vil- 
lela.    1671.    16. 

Diálogos  de  Varia  Hijioria  de  Pedro  de 
Mariz  addicionados  com  as  vidas  de  Filip- 
pe  II.  e  III.  e  ElRej  D.  loaõ  o  IV. 
Lisboa  na   Officina   Craesbeckiana.    1676.   4. 

Sendo  Almoxarife  das  Armas  tradu- 
2Ío  de  Italiano  de  Lazaro  da  Islã  Ge- 
novês. 

Breve  retrato  da  Arte  da  Artilharia,  e 
Geometria,  e  artifícios  de  fogo.  Lisboa  por 
Domingos    Carneiro.    1676.    8. 


JOZE*  lACHIA  filho  de  David  Ja 
chia  de  quem  já  fe  fez  memoria  em  fcu 
lugar,  e  neto  de  Jozè  Jachia  naceo  em 
Lisboa  como  feu  Pay  do  qual  foy  0|^ 
ccíTor  no  magiílerio  em  a  Sinagoga  d& 
Cidade  de  Imola  da  Provinda  de  Ro- 
mandiola,  explicando  os  ritos  do  Talnnid 
em  que  era  profundamente  inílruido.  Fal- 
leceo no  anno  de  1539.  quando  contavi 
45  annos  de  idade.  Paliados  dez  anoot 
foraõ  tresladados  os  feus  oíTos  pata  ft 
Cidade  de  Saphèth  da  Galilea  Superior 
e  collocados  junto  da  fepultura  de  Jozè 
Karo  como  ordenara  em  feu  Teftamentf 
Deixou  três  filhos;  o  primeiro  chii 
mado  David  morreo  de  fmcoenta  an- 
nos; o  fegundo  foy  Ghadalia  Aben  Ja- 
chia author  de  muitos  livros;  o  teroeilD 
Rab.  Judas  que  no  anno  de  1JJ7.  fe 
doutorou  em  Filofofia,  e  Medecina  ot 
Univerfidade  de  Pádua,  e  cazando  em 
Bolonha  no  anno  de  1560.  morreo  fem 
fuceflaõ  quando  contava  51  annos  de 
idade. 

Compoz. 

Sepher  derech  chafim  id  eft,  Uher  via,  et  riUt 
ex  Jerem.   21.  verf.   8.     Nelle   explica   mui 
tos  lugares  allegoricos  extrahidos  do  Ghepnr 

Mer  Mitt^uã  Ljicerna  Pracepti  ex  Pro\cr. 
6.  V.  25.  onde  explicava  as  cauzas  de  todo 
os  preceitos.  Eíla  obra,  como  a  precedem 
foraõ  confumidas  pelo  fogo  no  anno  de  155^: 
em  Pádua  das  quais  fe  falváraõ  poucos  quader 
nos. 

Thora  or  Lex  Lux.  ex  Prov.  6.  v.  25.  Bonc 
niae.  1538.  4.  &  Venetiis.  1606.  4.  &  Lubliiu. 
&  Ferrariae.    Coníla  da  Bemaventurança  <k 
alma,  Paraizo,  Inferno,  e  fcculo  futur. 

Pen}/e  col  Chetuvin.    Commentarium  in  ommt 
Hagiographa.   Bononise.  1538.  foi.  e  naõ  ViA-^ 
in  Tufcia.  1528.  como  cfcreve  Bartolocci  &' 
Rabbin.  Part.  3.  pag.  802.  col.  i.  pois  o  mcfrr 
Jachia  finaliza  eíla  obra  com  eílas  palavras   i 
nis  impofitíis  fuit  operi  feflo  Pafcbatis  anno  zSiv 
Maffa  in  Tufcia  cum  fugerem  procellas  plagarum 
qua  erant  in  Komandiola  regione  peregrinatums 
mea.   Donde  fe  manifeíla  claramente,  que  cm 
MaíTa  acabara,  c  naõ  imprimira  a  obra. 

Parapbrafis    in    Danielem    cum    animaâ»tr 


L  USITAN  A. 


863 


fumibtís  Conftantini  V  Empereur  ah  Oppyck. 
lAmftelodami     apud     Joannem     JaníTonium. 

i      Clavis  Thalmuàica  compleãens  formulas,   loca 
\iialeãica,  eí^  rhetorica  prijcorum  Hebraorum  cum 
'.nterpretatione  latina.    Leidas.  1654.  4. 
1      De   ILegibus  Hebraorum  forenjibus.     Leidae. 
1687.  4. 

Thalmudis  Babilon.  Codex  Meddoth,  five  de 
mmjuris  Templi  cum  verjione  Latina,  ibi  1637.  4. 
1  Fruãus  Jujlitia,  arbor  vita,  Commentarius 
•n  Ecclejiajiicum.  M.  S. 

In  Pfalmos.  Acabou  eíia  expoíiçaõ  no 
inno  de  1527.  como  elle  affirma  no  fim  la- 
■nentando  as  hoftelidades,  que  padecera  a  Si- 
lagoga  de  Roma  executadas  pelo  furor  dos 
jSoldados. 

I  Delle  fe  lembraõ  Jacob.  Le  Long.  Bib. 
\Sacr.  pag.  mihi  800.  col.  2.  Wolf.  Bib.  Heb. 
3ag.  526.  §.  878.  Bartolocci.  Bib.  Rab.  Part. 
V  pag.  802.  col.  I.  Plantivit  Bib.  Rabb.  e  Ghe- 
laJia  Schalfeèleth  hakkabala  pag.  66. 

I  Fr.  lOZE'  DE  lESUS  MARIA  filho 
|lo  Capitão  Salvador  Martins,  e  de  fua 
jnulher  Francifca  do  GDuto  naceo  em 
Jsboa,  e  na  Freguezia  de  Santa  Cathe- 
{ina  foy  baptizado  a  30  de  Outubro 
|le  1660.  No  Convento  pátrio  de  N. 
!)enhora  do  Carmo  recebeo  o  habito  a 
'  de  Dezembro  de  1679.  quando  con- 
lava  19  de  idade,  e  profeíTou  no  Con- 
,'^ento  da  Villa  da  Goyana  da  reforma 
le  Pernambuco  a  8  de  Dezembro  de 
j68o.  Obrigado  de  algumas  dependências, 
'm  que  era  intereíTada  fua  Mãy  paíTou  a 
'ortugal,  e  voltando  à  Bahia  o  Arcebifpo 
lefta  Cidade  D.  Fr.  Manoel  da  Refurrei- 
!aõ  o  elegeo  MiíTionario  Apoílolico  por 
{*rovifaõ  de  29  de  Março  de  1690.  Com 
Isrvorofo  zelo  exercitou  eíle  fagrado  mi- 
ifterio  principiando  na  Villa  da  Cachoei- 
a  até  chegar  ao  rio  de  S.  Francifco 
m  que  difcorreo  por  mais  de  trezentas 
•igoas  colhendo  copiofo  fruto  aíTim  na 
eforma  dos  Catholicos,  como  na  redu- 
!aõ  dos  Gentios.  ReíUtuido  a  efte  Rey- 
[o  para  que  naõ  eftiveíTe  ociofo  em  be- 
neficio dos  próximos  foy  ComiíTario  da 
)rdem    Terceira    em    Villa    Franca    donde 


paíTou  a  exercitar  a  mefma  incumbência 
em  a  Corte  de  Lisboa  devendofe  à  fua 
grande  actividade  lançar  o  habito  a  mais 
de  vinte  mil  peíToas,  e  de  fe  erigir  o 
fumptuofo  Hofpital  fituado  junto  do  Con- 
vento do  Carmo,  onde  fe  curaõ  com  igual 
difpendio,  que  charidade  os  Irmaõs  Ter- 
ceiros de  hum,  e  outro  fexo.  Das  efmolas 
dos  feus  Sermoens  mandou  fabricar  no  an- 
no  de  1722,  o  Orgaõ  grande  no  Convento 
do  Carmo  deíla  Corte  em  que  gaílou  fete 
mil  cruzados.  Foy  Prezentado  por  concef- 
faõ  do  Geral  Fr.  Pedro  Thomas  Sanches, 
e  Definidor  eleito  no  anno  de  1714.  Fal- 
leceo  com  fumma  piedade  no  Convento 
pátrio  a  8  de  laneiro  de  1727.  com  67 
annos  de  idade,  e  48  de  Religião.  Delle 
faz  memoria  Fr.  Manoel  de  Sá  nos  Efcrit. 
do  Carm.  da  Prov.  de  Portug.  Cap.  58.  p. 
258.     Compoz 

Thet(ouro  Carmelitano  manifejlo,  e  offerecido 
aos  Irmaõs,  e  Irmaãs  da  Venerável  Ordem  Terceira 
da  Rainha  dos  Anjos,  Mãy  de  Deos,  Senhora  do 
Carmo.    Lisboa  por  Miguel  Manefcal.  1705.  8. 

D.  Fr.  lOZE'  DE  lESUS  MARLA. 
natural  de  Lisboa  onde  fendo  virtuofa- 
mente  educado  por  feus  Pays  lozé  da  Fon- 
ceca,  e  loarma  de  Oliveira  elegeo  a  iUuílre 
Ordem  dos  Pregadores  à  qual  foy  adme- 
tido  em  o  Real  Convento  de  Bemfica  a  10 
de  Novembro  de  1683.  Nefta  doutiíTima 
paleílra  frequentou  os  eíhidos  efcholafticos 
com  diítinç?õ  de  todos  os  feus  condifcipu- 
los,  e  com  enveja  dos  Meílres  principal- 
mente quando  diftou  Filofofia,  e  Theologia 
em  cuja  Faculdade  foy  Prezentado.  De- 
pois de  fer  Secretario  da  Província,  e 
Prior  do  Convento  de  Lisboa  foy  no- 
meado no  primeiro  de  Dezembro  de  171 3. 
Bifpo  Coadjutor  do  Arcebifpo  de  Évora 
D.  Simaõ  da  Gama  fendo  confirmado  pela 
Santidade  de  Clemente  XI.  com  o  titu- 
lo de  Patára  Cidade,  e  Cabeça  da  Li- 
da a  5  de  Mayo  de  1714.  Foy  Depu- 
tado da  Inquiziçaõ  de  Évora  creado  a 
24  de  Dezembro  de  171 6.  Provifor,  Prefi- 
dente  da  Relação  Ecclefiaftica,  e  Chanceller 
do  Arcebifpado  de  Évora  onde  fe  admirou 
fumma    integridade     unida    a    natural     be- 


8ó4 


B IB  LIO  THE  CA 


nevolencia.  Foy  dos  grandes  Oradores  Evan- 
gélicos do  feu  tempo  de  cujos  difcur- 
fos  folidos  foraõ  theatros  os  mais  au- 
thorizados  púlpitos.  A  exaâa  obfervan- 
cia  do  feu  inftituto  prafticada  no  eftado 
de  religiofo  confervou  em  a  dignidade 
de  Bifpo  fendo  a  modeília  do  femblante 
tacita  cenfura  dos  vicios,  mudo  defperta- 
dor  das  virtudes.  Falleceo  piamente  em 
Évora  a  15  de  Agoílo  de  1738.  làz  fe- 
pultado  no  Capitulo  do  Convento  de  S. 
Domingos  como  humildemente  pedio  cujo 
cadáver  foy  levado  por  féis  Prelados  de 
diverfas  Religioens.  Sobre  a  campa  fe 
lhe    gravou    o    feguinte    epitáfio. 

Excellentíjftmus,  €>*  Keverendijftmus  D.  D. 
Io!(ephus  de  lefu  Alaria  Epifcopus  Patarenjis  Ke- 
gis  a  Conciliis,  S.  Officii  Deputatus,  Senatus  Ec- 
clejiaftici  Prafes,  Eboretijis  Archiepifcopatus  auxi- 
liaris,  d^  Cancellarius ,  Ord.  Prad.  decor,  et  fplen- 
dor,  plenus  meritis,  <&  virtutihus  ohiit  1 3  Augujli 
1738. 

H/V  fepultus  efi. 

Fazem  honorifica  mençaõ  defte  Prelado 
o  P.  D.  Manoel  Caetano  de  Souza  Cathal. 
dos  Bi/p.  Portug.  p.  176.  Fonceca  Evor.  Glor. 
p.  317.  Monteiro  Claujlr.  Domin.  Tom.  i. 
p.  75.  e  Tom.  3.  p.  244.  e  no  Cathalog.  dos 
Deput.  da  Inquif.  de  Evor.   n.   III.     Compoz 

Sermoens  primeira  Parte.  Évora  1736.  4. 
fem  nome  de  ImpreíTor. 

Sermoens  fegunda   Parte  ibi  no  dito  anno  4. 

Sermoens  Terceira  Parte,  ibi  no  dito  anno  4. 

Sermoens  Quarta  Parte,  ibi  1737.  4. 

Sermoens  Quinta  Parte  ibi  1737.  4. 

Oração  Funeral  nas  folemnes  exéquias  do 
Beatijftmo  Padre  Clemente  XI.  celebradas  na 
Ifffeja  Metropolitana  de  Évora  em  27  de  May  o 
de  1721.  Évora  na  Officina  da  Univerfidade. 
1721.  4. 

Sermão  de  S.  Euiz  Gon;(aga  no  pri- 
meiro dia  do  folemnijftmo  Outavario,  que  a 
Sagrada  Companhia  de  JESUS  celebrou  no 
/eu  Real  Col/egio,  e  Univerjidade  de  Évora 
na  Canoni:(açaÕ  dos  Santos  Em:;^  Gon!(aga, 
t  EJianislao  Kofcha  em  d  de  Novembro  de 
1727.  Évora  na  Officina  da  Univerfidade 
1727.    4. 

Breve    Kefumo  para    injlruçaõ,   e  direção  de 


Ordinandos  ajfim  para  fe  fa^^erem  capat^es  para  os 
exames,  como  para  faberem  as  grandes  obrigofotnr 
a  que  ficaÔ  fogeitos  por  re^aõ  do  feu  EJlado.  Evobl 
1738.  8.    Naõ  tem  lugar  da  ImpreíTaõ. 

Promptuarium  Qualificatorum  in  quo  r 
perientur  explicata,  e^  exemplificata  omm 
cenfura  quibus  Propofitiones  inuri,  çir  notari 
folent.  Cui  accedit  Traãatus  de  libris  prth 
hibitis  cum  notitia  harefum,  €>•  h^eticenm 
quibus  Ecclejia  Dei  exagitata  fuit,  €>•  Pn- 
pojitionum,  qua  a  Summis  Pontifi^ibus  fm- 
runt  damnata.  In  calce  operis.  Quajlio  Ap- 
pendix  de  Confejforibus  follicitantibus.  fiÕL 
M.    S. 

Triumfo  da  Fé  contra  a  perfídia  Judaica, 
objlinaçaõ  herética  dividido  em  dous  Tratados.  4. 
M.  S. 

Eílas  duas  obras  digniíTtmas  da  luz  pulJki 
fe  confervaõ  na  Livraria  do  Convento  de  S. 
Domingos  de  Évora. 

Fr.    lOZE'   DE   lESUS   MARIA   natu- 
ral   da    Villa    dos    Arcos    de    Valdevez  em 
a    Provinda    do    Minho    filho    de    Manoel 
de    Cerqueira,    e    Catherina    Cerqueira.    Na 
idade    da    adolefcencia    profeííou    o   auAefo 
inílituto     da     Seráfica     reforma     de     Santi 
Maria    da    Arrábida    em    o    Convento    ck 
Loures    a    26    de    Julho    de     1690.    onde 
enfinou     por    féis     annos     Theologia    mo- 
ral   com    grande    fruto    dos    feus    ouvintr* 
A    fua    litteratura,    e    prudência    lhe    a^-ii^^ 
riraõ    os    lugares    de    Guardião,    Definidor,  j 
Cuílodio,     e     Chronifta    da    fua    Provinda,] 
Vizitador,    e    reformador    da    Provinda   da 
Immaculada     Conceição     do     Rio     de    }tr 
neiro.     Qualificador    do    Santo    Offido,    e 
Examinador     das     Três     Ordens     Militaies. 
Compoz. 

InJlruçaÔ  de  Noviços  da  Provinda  de  Santa  Ma- 
ria da  Arrábida  com  que  o  V.  Padre  Fr.  Martàlè» 
de  Santa  Maria  feu  primeiro  Fundador  os 
no  caminho  da  perfeição,  e  perfeita  ObftrvMáê  m 
regra  de  Noffo  Padre  S.  Francifco.  Lisboa  por 
Jozè  Lopes  Ferreira.  171 6.  8. 

Efpelho  de  perfeitas  religiofas,  expofiçaò  ia  fe- 
gunda regra  de  Santa  Clara  muy  útil  naÕ  f6  fãn^ 
as  reliffofas,  que  a  profeffaô,  efeus  Confeffores, 
para  todos  os  Frades,  e  Freyras  de  todas  as 
liffoens    pois    além    dos    votos    efftmims, 


MMfj 


L  USITA  NA. 


865 


ne//a  fe  explicaõ,  que  a  todos  faõ  communs 
fe  refolvem  muitas  duvidas  principaes  do  Ef- 
tado  religiojo.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor. 
1718.    8. 

Chronica  da  Provinda  de  Santa  alaria 
da  Arrábida  da  regular,  e  mais  efireita  Ob- 
Jervancia  da  Ordem  do  Seráfico  Patriarcba 
S.  Francifco.  Tom.  2.  Lisboa  por  Jozé 
António  da  Sylva  ImpreíTor  da  Acade- 
mia   Real.    1737.    foi. 

Efpelho  de  dijciplina  para  criação  de  Noviços, 
e  novos  profeffos  compofio  pelo  Seráfico  Doutor  S. 
^aventura  tradifí^do  do  idioma  Portugue^  em  ef- 
tilo  antigo  para  o  moderno  que  de  pre:(ente  fe  praãi- 
ca  para  que  mais  facilmente  feja  entendido  daquelles 
para  quem  o  Seráfico  Doutor  o  ordenou.  Lisboa 
por  Miguel  Rodrigues  ImpreíTor  do  Emminen- 
tiírimo  Senhor  Patriarcba.  1740.  4. 

Sermão  Panegyrico,  e  Moral  na  profif- 
faõ  de  D.  Catherina  Telle:^^  de  Meneses 
mulher  que  foy  de  Pedro  Vieyra  da  Syl- 
va pregado  no  Mofieiro  de  N.  Senhora  de 
Nas^areth  de  Bernardas  Defcalfas  na  Cidade 
de  Lisboa.  Lisboa  na  Ofíicina  Almeydia- 
na.     1740.    4, 


Fr.  lOZE'  DE  lESUS  MARIA  na- 
tural de  Lisboa  onde  teve  por  Pays  a 
Gafpar  Rebello  de  Azevedo,  e  Izabel 
Maria  da  Sylva.  Abraçou  o  iníUtuto  Se- 
ráfico em  o  Convento  de  N.  Senhora 
dos  Anjos  íituado  em  a  Villa  de  Torres 
Vedras  da  Provinda  da  Arrábida  onde 
profeíTou  folemnemente  a  26  de  Março 
de  1704.  Aplicoufe  a  todo  o  género  de 
erudição  em  que  fahio  egregiamente  ver- 
fado.  Foy  Pregador  do  SereniíTimo  In- 
fante D.  Francifco,  e  três  vezes  Guar- 
dião do  G^nvento  de  Santa  Catherina 
de  Riba  mar,  e  huma  Cuílodio  da  Pro- 
vinda.    Publicou 

Academia  fingular,  e  univerfal,  hiflorica,  mo- 
ral, e  politica,  Ecclefiajlica  f cientifica,  e  Crono- 
loffca,  conflitutivo  de  hum  VaraÕ  perfeito  defde 
o  infante  primeiro  que  fe  gera  no  ventre  mater- 
no até  o  infante  ultimo  que  no  Claufro  da  fe- 
pídtura  fe  refolve.  Comprehende  todos  os  Ef- 
tados,  operaçoens,  e  modos  da  vida  huma- 
na. Artes  fcientificas,  liberaes,  politicas,  me- 
55 


chanicas,  e  fervis,  autborif(ada  com  vaflijfimas 
noticias,  primeiros  princípios,  e  antiguidades 
celebres  extrahldas  naõ  fó  da  Efcrltura  Sa- 
cada, Santos  Padres,  e  Doutores  da  Igreja, 
mas  de  outros  quafi  infinitos  lEfcritores  que 
do  Orbe  todo  umverf alistado,  e  fngularlf^ado 
blforlaraõ.  Lisboa  por  Pedro  Ferreira  Im- 
preíTor da  Rainha  NoíTa  Senhora.  1737.  foi. 
Brognolo  recopilado,  e  fubf  anelado  com  ad- 
diãamentos  de  gravljfimos  authores.  Metbodo 
mais  breve,  muy  fuave,  e  utllljfimo  de  exor- 
cl!(ar  expelllndo  demónios,  e  desfaf(endo  feiti- 
ços fegundo  os  diãames  do  Sacado  Evange- 
lho. Lisboa  na  Offidna  Ferreiriana.  1725. 
8.  e  Coimbra  por  lozè  Antunes  da  Sylva 
1727.  8.  He  tradução  de  Latim  de  Fr. 
Cândido    Brognolo    Frandfcano. 


Fr.  lOZE'  DE  lESUS  IViARIA  DO 
ROSÁRIO  natural  de  Lisboa  religiofo 
profeíTo  em  a  reformada  Provinda  de 
Santo  António  donde  paíTou  para  o  Se- 
minário de  NoíTa  Senhora  dos  Anjos  de 
Brancanes  exerdtando  por  muitos  annos 
o  miniílerio  de  Aliílionaiio  Apoílolico. 
Falleceo  no  dito  Seminário  a  7  de  Ou- 
tubro   de     1733.     Compoz 

Modo  mui  devoto  para  vl^tar  a  Via  Sacra 
exercitada  em  as  Mijfoens  pelos  reli^ofos  Mijfio- 
narlos  do  Seminário  de  Nojffa  Senhora  dos  Anjos 
de  Brancanes  na  Villa  de  Setúbal.  Lisboa  por 
lozè  Lopes  Ferreira.  ImpreíTor  da  Sere- 
niíTima    Rainha.    1718.    24. 


lOZE'  lOACHIM  SOARES.  Naceo 
em  a  Villa  de  Setuval  a  19  de  Março 
de  1721.  filho  de  loaõ  Soares  de  Brito, 
e  D.  Izabel  Apollonia.  Seguindo  a  vida 
militar  fempre  lhe  mereceo  particular  in- 
clinação o  eíhido  da  hiftoria  profana,  e 
a  intelligencia  da  lingua  Franceza  da  qual 
tem  traduzido  os  feguintes  Kvros. 

Conjuração  de  Portugal.  Amílerdaõ  1689.  12. 

Vida  de  Augufto  Rey  de  Polónia.  Lon- 
dres 1739.  8. 

Vida  de  Henrique  IV.  de  França.  8. 

Todas  eílas  Traduçoens  conferva  o  Au- 
thor  em  feu  poder. 


866 


BIB  LIOTH  E  C  A 


lOZE'  DE  S.  lOACHIM  XAVIER 
natural  de  Lisboa  filho  de  Manoel  An- 
tunes, e  Filippa  Moreira.  Recebeo  a  mur- 
ça  de  Cónego  Secular  do  Evangelifta  em 
o  Convento  pátrio  de  Santo  Eloy  a  15 
de  Setembro  de  1714.  donde  tendo  exer- 
citado o  minifterio  de  Pregador  com 
aplaufo,  fahio  para  Prior  da  Igreja  de 
AíTumar.     Publicou 

OraçaÕ  fúnebre  nas  exéquias  do  Excelleníif- 
fimo  Senhor  D.  Filippe  Mafcarenhas  II.  Conde 
de  Coculim  celebradas  na  Parochial  Igreja  de  S. 
loaÕ  da  Praça  de  Lisboa  em  i^  de  lunho  de  1735. 
Lisboa  por  lozè  António  da  Silva  1735. 
4.  Sahio  com  duas  Oraçoens  ao  mefmo 
AíTumpto. 

Fr.  lOZE*  DO  LORETO  filho  natu- 
ral de  Luiz  de  Mello  Freyre  decimo  ter- 
ceiro Senhor  da  Villa  de  Mello  fituada  na 
Beyra  alta,  o  qual  obfervando  a  agudeza 
do  talento  de  que  benéfica  o  dotara  a  na- 
tureza o  aplicou  à  cultura  das  letras  onde 
fe  diítinguio  com  exceíTo  dos  mayores  en- 
genhos ou  fofle  na  intelligencia  da  lingua 
latina,  elegância  Poética,  e  noticia  da  Hif- 
toria.  Com  heróico  defengano  deixou  o 
feculo  pelo  clauftro  profeíTando  o  peniten- 
te inftituto  de  S.  Francifco  da  Provinda 
de  Portugal  em  o  Convento  de  Lisboa  a 
16  de  laneiro  de  1700.  e  nefta  virtuofa  pa- 
leftra  foy  venerado  o  feu  talento  na  Ca- 
deira, e  no  púlpito.  Pela  fuavidade  do 
génio,  e  prudência  do  juizo  ocupou  os  lu- 
gares de  Guardião  do  Convento  de  Santa- 
rém, Definidor,  e  de  ConfeíTor  das  Reli- 
giofas  de  Santa  Clara  de  Lisboa  no  anno 
de  1730.  c  do  Convento  de  Santa  An- 
na  da  mefma  Cidade  em  1758.  Como 
era  muito  perito  nos  myfterios  da  Poe- 
zia  foy  hum  dos  Cenfores  do  Certame 
Académico  celebrado  no  Convento  de  Nof- 
fa  Senhora  da  Graça  defta  Corte.  Ao 
tempo  que  eftava  limando  os  feus  Ser- 
moens  que  formariaõ  doze  volumes  o 
arrebatou  a  morte  intempeftivamente  no 
anno  de  1740.  dos  quais  fe  fizeraõ  pú- 
blicos   os    feguintes. 

Sermão  no  Jolemnijftmo  Outavario  em  que 
celebrarão   os    Keverendijftmos    Padres   da    Com- 


panhia de  lESUS  da  Ca^a  profejfa  de  S. 
Roque  a  Canonização  de  Santo  Eftanislao 
Kofka,  e  S.  L/d^  Gonzaga  egreffos  filhos 
da  mefma  Companhia.  Lisboa  por  Manoel 
Fernandes  da  Cofta  ImpreíTor  do  Santo 
Officio.     1728.    4. 

Sermão  da  Senhora  Santa  Anna  glorio- 
fa  Mãy  da  Mày  de  Deos  Alaria  Santif- 
fima  pregado  no  feu  Mofleiro  de  Lisboa  na 
tarde  do  dia  da  fua  fefla  do  anno  de  1738. 
Lisboa  por  António  Ifidoro  da  Fonceca. 
1739.    4. 

Fr.  lOZE'  LEYTAM  TELLES  filho 
de  Cuílodio  Vaz  Tellez  naceo  no  lugar 
de  Manteygas  do  Bifpado  de  Coimbra. 
Tendo  cultivado  as  letras  amenas  com 
viveza  de  engenho,  e  felicidade  de  me- 
moria fe  aplicou  às  feveras  em  a  Aca- 
demia Conimbricenfe,  e  fendo  admitido 
a  CoUegial  do  real  Collegio  das  Orden 
militares  a  10  de  Março  de  1675.  e  lau- 
reado com  as  infignias  doutoraes  na  Fa- 
culdade dos  fagrados  Cânones  a  12  de 
Outubro  de  1681.  fubio  a  Cathedratic* 
da  Cadeira  de  Clementinas  de  que  to 
mou  poíTe  a  ij  de  Abril  de  1707.  e  dt 
Vefpera  a  23  de  Agofto  de  1708  em 
cujo  magiílerio  fe  admirou  a  grande  li- 
teratura de  que  era  depofito  a  fua  me- 
moria diftando  a  celebre  Poftilla  de  Con- 
cefftone  Prabenda.  Foy  Deputado  da  Inqui- 
fiçaõ  de  Coimbra  provido  a  25  de  Agof- 
to de  1707.  e  Cónego  da  Guarda.  I  al- 
leceo  em  Coimbra  a  13  de  lulho  de 
1712.  Addicionou  com  doutiíTimas  No- 
tas. 

Summa,  feu  Praxis  Judicum,  ^  Advocatorum 
á  facris  Canonibus  dedtiâa  (&c.  Compoíla  por 
António  Cardozo  do  Amaral  ProfeíTor  dos 
Sagrados  Cânones,  e  Reytor  da  Igreja  de  S. 
Lourenço  da  Villa  de  Santarém.  Sahio  o  1. 
Tomo.  Conimbricx  apud  Viduam  Antonii 
Simoens  Univ.  Typ.  1729.  foi. 

Tom.  2.  ibi  apud  Francifcum  de  Oliveira 
Univ.  Typ.  1732.  foi. 

Diverfos   Textos  das   Decretaes,  Clementinas. 
Sexto,  e  Extravagantes  explicados,  com  m:-: 
leys  de  Direito  Cefareo.  8.  Tom.  4.  efcritos  pci;i 
maõ  do  Author. 


H 


L  U  SITAN  A. 


8Ó7 


lOZE'  LEYTE  DA  COSTA  Bracha- 
fcnfe  fendo  bautÍ2ado  na  Parochia  de 
Saõ-Tiago  de  Cividade  a  19  de  Julho  de 
1700.  Teve  por  Pays  a  Jo2è  Leyte,  e 
Maiia  Leyte.  Inílruido  em  a  pátria  com 
as  primeiras  letras  frequentou  a  Univeríi- 
dade  de  Coimbra  onde  recebeo  o  gráo 
de  Bacharel  em  a  Faculdade  dos  Sagra- 
dos Cânones  com  que  fe  habilitou  para 
fer  Abbade  de  S.  Miguel  de  SouteUo  do 
Confelho  de  Larim  do  Arcebifpado  de 
Braga.     Compoz. 

De/empenho  feftivo,  ou  triíimpbal  apparato 
com  que  os  illuftres  Bracharenfes  pelas  ruas  da 
augufia  Braga  tiráraõ  a  publico  o  EMchariJlico 
Maná  da  lej  da  Gra^a,  Epilogo  de  mara- 
vilhas, faborofo  Jujlento  de  Angélicos  E.fpiritos, 
t  Soberano  Corpo  de  Cbrifto  Sacramentado 
tm  o  anno  de  1729.  Lisboa  por  António 
Pedrozo  Galraõ.  1729.  4.  Coníla  de  proza, 
'    e  Verfo. 

Fr.  lOZE'  DE  LIMA  Naceo  em  Us- 
boa  a  3  de  Dezembro  de  1668.  filho 
de  Francifco  Gomes  Corrêa,  e  Filippa 
da  Afcençaõ  de  Lima.  No  Collegio  pá- 
trio de  Santo  Antaõ  dos  Padres  Jefuitas 
eftudou  letras  humanas,  e  na  Congrega- 
ção do  Oratório  ouvio  Filofofia  diftada 
pelo  Padre  Diogo  Curado,  e  Theolo- 
gia  pelo  Padre  Francifco  Pedrozo  vene- 
rados ambos  nefta  Corte  por  fuás  gran- 
des letras.  Refoluto  a  abraçar  o  eílado 
religiofo  foy  admitido  à  Ordem  Carmeli- 
tana  cujo  habito  lhe  lançou  feu  Irmaõ 
Fr.  Manoel  de  Santa  Catherina,  que  de- 
pois foy  Bifpo  de  Angola,  em  o  Con- 
vento da  Villa  da  Horta  na  Ilha  do 
Fayal  a  31  de  Outubro  de  1686.  No- 
vamente eíhidou  Filofofia,  que  lhe  diâiou 
feu  Irmaõ,  como  também  Theologia,  que 
acabou  em  o  Convento  de  Évora,  cujas 
Faculdades  leyo  com  aplauzo  em  o  Con- 
vento do  Maranhão  para  onde  partio  a 
25  de  Março  de  1693.  fendo  Provizor 
defte  Bifpado  por  Provizaõ  de  29  de 
Aíayo  de  1697.  paíTada  por  D.  Fr.  Thi- 
moteo  do  Sacramento  Bifpo  deíla  Dio- 
cefe,  exercitando  ao  mefmo  tempo  a  Vi- 
gairaria    da    fua    Religião,    e    em    hum,    e 


outro  lugar  deu  claros  argumentos  do 
zelo,  e  vafta  fciencia  da  Theologia  Mo- 
ral, e  Direito  Pontifício.  Reítítuido  ao 
Reyno  no  anno  de  1701.  por  condefcen- 
der  ás  inílancias  do  Provincial  Fr.  Fran- 
cifco Ribeiro  Cathedratico  da  Univerfida- 
de  de  Coimbra  paííou  fendo  já  jubilado 
a  ler  Filofofía  no  feu  Collegio  deíla  Ci- 
dade. Foy  ConfeíTor  das  ReUgiofas  dos 
Conventos  de  Lagos,  e  Tentúgal,  Vifíta- 
dor  do  Collegio  de  Coimbra,  Prothono- 
tario  Apoílolico,  Chroniíla  da  Provinda 
por  patente  do  Geral  Fr.  Carlos  Comac- 
cioh  palfada  a  9  de  Julho  de  1721.  e 
Confultor  da  Bulia  da  Cruzada.  Falleceo 
no  Convento  de  Lisboa  a  26  de  Março 
de  1745.  quando  contava  77  annos  de 
idade,    e    39    de    Religião.    Publicou. 

Peregrinação  Evangélica  expreffa  em  vários 
Sermoens  Moraes,  e  Panegyricos.  Tom.  i .  Lisboa 
por  Jozè  António  da  Sylva.  1720.  4. 

Tom.  2.  Lisboa  por  Miguel  Rodrigues. 
1732.   4. 

Sermão  do  glorio/o  Pafriarcha  S.  Jeró- 
nimo.    Lisboa  por  Pafcoal  da  Sylva.  1723.  4. 

Tratado  fobre  as  Propojiçoens  condemnadas 
pelos  Summos  Pontífices  Alexandre  Vil.  e  Inno- 
cencio  XI  foi.  M.  S. 

Conjulta  varia  Tbeologica,  Jurídica,  et  Regu- 
laria, foi.  M.  S. 

Delle  faz  larga  mençaõ  Fr.  Manoel  de  Sá 
Mem.  Hijl.  dos  EJcrit.  do  Carm.  da  Prov.  de 
Portug.  cap.  60.  pag.  277. 

lOZE'  LOPES  DE  MIRANDA  na- 
ceo em  Lisboa  a  15  de  Março  de  1688. 
fendo  filho  de  Domingos  Lopes,  e  D. 
Mariana  de  Miranda  igualmente  inítruido 
nas  letras  humanas,  liçaõ  de  Poetas,  e 
Hiíloriadores.  Publicou  em  nome  de  feu 
filho  Thomaz  Jozé  de  Macedo,  e  ^li- 
randa  Cavalleiro  Profeflb  da  Ordem  de 
Saõ-Tiago  Fidalgo  da  Caza  Real,  e  Con- 
tador    dos     Contos     do     Reyno,     e     Caza. 

Kamilhete  do  Jardim  da  erudição,  e  de- 
leitavel  Compendio  das  fentenças  dos  milhares 
Authores  expojlas  pelas  letras  do  A,  B, 
C.  Lisboa  por  António  Manefcal.  1754. 
8.  Tem  os  feguintes  tomos  promptos 
para    a    impreíTaõ. 


8ó8 


BIB  LIO  TH  E  CA 


lOZE'  LOPES  POMBEYRO  natural 
da  Cidade  de  Beja  em  a  Província  Tranf- 
tagana  filho  de  Domingos  Vaz,  e  Maria 
Pombeira.  Eíhidou  Medecina  em  a  Uni- 
vcrfidade  de  Q)imbra  em  que  fahio  emi- 
nente, aflim  como  o  era  na  Poefia.  Fal- 
leceo  a  9  de  Novembro  de  1732.  Ti- 
nha   prompto    para    a    impreíTaõ. 

Prophyjia  antiqua,  (&  nova  Medicina  in  qua 
Veterum,  ó^  Juniorum  Medicorum  Sententia  in 
tinitm  coharent.  foi.  M.  S. 

Poejias  varias  divididas  em  três  livros  dos 
quais  o  I.  tinha  por  titulo  Flores  eminentes. 
O  2.  Flores  venturor^as;  o  5.  Flores  ale^es. 

lOZE'  DE  MACEDO  natural  de  Lis- 
boa filho  de  António  de  Macedo,  e  D. 
Violante  de  Caítílho,  e  irmaõ  do  Padre 
Jerónimo  de  Caftilho  da  Companhia  de 
JESUS  de  quem  fe  fez  particular  memo- 
ria em  feu  lugar.  Foy  profundamente 
inftruido  nas  fciencias  amenas,  e  feveras, 
e  naõ  menos  intelligente  nas  linguas  Gre- 
ga, Latina,  Italiana,  e  Franceza.  Falle- 
ceo  na  pátria  a  28  de  lulho  de  171 7. 
Ia2  fepultado  no  Convento  do  Carmo. 
Com  o  afeitado  nome  de  António  de 
Mello    da    Fonceca    publicou 

Antídoto  da  língua  Portuguev^a.  Amfterdam 
por  Miguel  Dias.  4.  grande  naõ  tem  anno 
da  Impreflaõ. 

Fr.  lOZE'  MANOEL  DA  CONCEY- 
ÇAM.  Naceo  em  Lisboa  a  10  de  Ja- 
neiro de  171 5.  onde  teve  por  Pays  a 
Pafchoal  Diaz,  e  Maria  de  lefus.  Apren- 
dco  a  lingua  Latina  com  o  P.  Gafpar 
Simoens  infigne  profeflbr  de  letras  hu- 
manas de  quem  fe  fez  memoria  em  feu 
lugar,  e  moftrou  taõ  grande  engenho  que 
foy  admitido  a  religiofo  da  Terceira  Or- 
dem Seráfica  no  Convento  de  Nofla  Se- 
nhora de  lefus  defta  Corte  a  8  de  Fe- 
vereiro de  1731.  c  profeflbu  a  9  do 
dito  mez  do  anno  feguinte.  Eftudadas 
com  difvelo  as  fciencias  Efcholafticas  as 
enfinou  com  aplauzo  no  Convento  de  S. 
Francifco  de  Viana,  e  no  Collegio  de  S. 
Pedro  de  Coimbra.  Do  feu  talento  con- 
cionatorio   he    teftemunha   a   obra   feguinte 


Sermão  Gratulatorio  Panegyrico  pregado  em 
AçaÕ  de  graças  pela  glorio/a  Aclamação  do  Sere- 
nijfimo  Senhor  D.  loaõ  IV.  XXI.  Rey  de  Por- 
tugal na  Cathedral  de  Coimbra  em  o  primeiro 
de  De:(embro  de  1745.  Coimbra  por  Luiz  Seco 
Ferreira  1746.  4. 

Fr.  lOZE*  de  SANTA  MARIA  cha- 
mado  no  feculo  Pafchoal  de  Andrade 
naceo  em  Lisboa,  c  na  Parochial  Igrqt  1 
da  Magdalena  recebeo  a  graça  bautifmal 
a  15.  de  Abril  de  161 8.  em  que  cahio 
o  feftivo  dia  da  Pafchoa  da  Refurreiçaõ. 
Sendo  Sacerdote  como  anhelaííe  a  eftado 
mais  auílero  veílio  a  cogulla  Ciftercienfe 
no  Mofteiro  de  Santa  Maria  de  Macey- 
radaõ  a  25  de  Março  de  1658.  quando 
contava  a  madura  idade  de  quarenta  an-  1 
nos,  e  profeíTou  o  eftatuto  monachal  t  | 
13  de  Abril  do  anno  feguinte.  Exercitou 
com  fumma  vigilância,  e  ardente  chari- 
dade  em  o  Convento  Real  de  Alcobaça 
os  Officios  de  Celereiro  no  Generalato 
de  Fr.  loaõ  Oforio,  e  de  Enfermeiro  no 
tempo  que  fegunda  vez  foy  Geral  Fr. 
Sebaftiaõ  Sotomayor.  Foy  igualmente  par- 
co em  comer,  como  cm  fallar.  Recebi-  j 
dos  os  Sacramentos  na  ultima  infermida- 
de  pedio  que  lhe  rezaíTem  o  officio  da 
agonia  que  elle  com  clara  voz  juntamen- 
te recitava,  e  abraçado  com  hum  Cruci- 
fixo efpirou  piamente  a  23  de  Outubro 
de  1697.  quando  contava  79  annos  de 
idade,  e  29  de  Monge.  Acabou,  e  reduzio 
a  melhor  forma  a  obra,  que  principiara  Fr. 
Vivardo    de   Vafconcellos,    intitulada. 

Fundação  do  Mofteiro  de  Nojfa  Senhora  de  Na- 
v^areth  de  religiofas  de  S.  Bernardo  fituado  em  Lis- 
boa. Confervafe  M.  S.  no  Carthorio  do  Real 
Convento  de  Alcobaça  onde  o  author  fallccco. 

D.  Fr.  lOZE*  MARIA  DA  FON- 
CECA, E  ÉVORA  chamado  no  feculo 
lozè  Ribeiro  da  Fonceca  Figueiredo,  c 
Souza  naceo  neíla  illuílrc  Qdade  a  3  de 
Dezembro  de  1690.  que  para  eílima- 
çaõ  de  lhe  ter  dado  o  berço  a  con- 
fervou  f>or  apellido.  Foraõ  feus  proge- 
nitores Manoel  Ribeiro  da  Fonceca  1  i- 
gueiredo    que    fervio    de    Tenente    de    Ca 


S 


L  USITANA. 


869 


vallos  à  auguítííTima  Caza  de  Auílria  em 
Milaõ,  e  Flandes;  e  D.  Anna  Maria  Bar- 
rofo  da  Gama  ^lichaõ  parenta  de  feu 
Conforte.  Na  primeira  idade  deu  manifef- 
tos  indicios  da  admirável  comprehenfaõ,  e 
feliz  memoria  de  que  o  dotara  a  nature- 
za para  penetrar  as  fciencias  amenas,  e 
feveras  diftinguindo-fe  entre  todos  os  feus 
condifcipulos  aíTim  na  Univerfidade  de  Évo- 
ra onde  recebeo  o  gráo  de  Meíire  em  Ar- 
tes, como  em  a  de  GDÍmbra  eíhidando  Di- 
reito Pontificio.  Afortuna,  que  lhe  deílina- 
va  os  mayores  augmentos  augurados  no  feu  fe- 
liz nome  lhe  preparou  naõ  menor  theatro,  que 
a  cabeça  do  Mundo  para  a  qual  partindo  no 
anno  de  171 2.  com  o  ExceUentiíTimo  Marquez, 
de  Fontes,  depois  de  Abrantes  Embaxador 
Extraordinário  á  Santidade  de  Clemente  XI. 
depois  de  receber  as  iníignias  doutoraes  em 
hum,  e  outro  Direito  para  fatisfaçaõ  do  voto, 
que  em  huma  infermidade  fizera  de  fer  religiofo 
de  S.  Francifco  o  cumprio  veítindo  o  penitente 
habito  do  Serafim  dos  Patriarchas  no  Conven- 
to de  Ara  CasU  a  8  de  Dezembro  de  1 71 2.  Nef- 
ta  fagrada  paleftra  diâou  Filofofia,  e  Theologia 
com  tanta  agudeza  que  podia  difputar  com  a 
de  feu  fubtil  Meíire  Efcoto.  PoíTuio  os  mais 
honorificos  lugares  da  Religião  Seráfica, 
fendo  Perfeito  do  Capitulo  Geral  Roma- 
no a  que  prefidio  Innocencio  XIII.  Se- 
cretario Procurador  da  Ordem  devendo- 
-fe  á  fua  incanfavel  aétívidade  a  Cano- 
nização, e  Beatificação  de  outo  Santos 
Franàfcanos  celebrados  com  magnifica  pom- 
pa; Superior,  e  Prelado  Geral  de  toda 
a  Familia  Seráfica  a  cuja  eleição  aíTif- 
tio  a  Santidade  de  Clemente  XII.  Vi- 
fitador,  e  Reformador  ApoftoHco  de  to- 
da a  Religião,  Difcreto  perpetuo,  e  pri- 
meiro Padre  delia,  fendo  gloriofo  inf- 
trumento  de  fe  collocar  no  Templo  Va- 
ticano a  eftatua  de  S,  Francifco  em  ha- 
bito de  Obfervante  contra  os  obílaculos 
dos  Clauílraes,  e  Capuchinhos  afliliidos  da 
authoridade  dos  Cardeaes  feus  Protedo- 
res,  merecendo,  que  em  gratificação  de 
confeguir  taõ  árdua  empreza  lhe  gra- 
vaíTem  os  religiofos  da  reformada  Pro- 
víncia de  Nápoles  a  feguinte  infcrip- 
çaõ. 


Rep.  admodum  Patri 
Fr.  Jofepho  Mana  ah  Ebora 
S.  Tbeolog.  Leãori  prímarío  AracelitanOr 
(ò^  totius  Ord.   Min.   Secret.   GeneraU 
Ob  Statuam  Serapbici  Pafriarcba 
in  Vaticano  Templo 
maxtmis  fuperatis  difficultatibus 
Collocatam  ; 
Juraque  Bjliffonis  Jumma  conjtantia 

Vindicata; 
Fratr.   Franc.   tot  beneficiorum  memores 
boc  atemum  pojtâre  monumentum 
Anno  1725. 
Para  fe  moftrar  benéfico  à  ReUgiaõ,  que 
com  tantos  titulos,  e  minifterios  tinha  nobi- 
litado o  feu  nome,  erigio  com  generofa  pro- 
fufaõ  novas  aulas  de  Filofofia,  e  Theologia 
efpeculativa,  e  Moral  no  Convento  de  Ara- 
cxli,  e  para  que  efte  beneficio  fe  etemizaífe  na 
pofteridade  lhe  gravou  taõ  douta  Comunidade 
a  feguinte  infcripçaõ. 

Pdív.  admodum  Patri 
Fr.  Jofepho  Maria  FJborenfi  , 

Sacr.  Tbeolog.  Leãori 
Plurium  Con^egationum  Judiei 
integerrimo, 
Scientiarum  Patrono,  €>•  Mecenati 
ter  máximo; 
quod 
Has  Studiorum  Aulas 
â  fundamentis  extruxerit 
Fr.  Fr.  in  amoris,  e>*  gratitudinis 
pignus 
H.  M.  P. 
Naõ  fatisfeito  o  feu  generofo  animo  com  ef- 
ta  magnifica  obra  ideou  outra  mais  nobre  em  a 
mefmo  Convento  qual  foy  a  caza  da  Livraria 
ornada  de  primorofas  Eílantes,  e  elegantes  pin- 
turas onde  collocou  immenfa  copia  de  livros 
aíTim  impreíTos,  como  M.  S.  de  que  refultou  fer 
huma  das  mais  magnificas,  e  numerofas,  que 
fe  admiraõ  em  Roma.    Em  remuneração  defte 
litterario   difpendio   lhe    concedeo    Qemente 
Xn.  por  Breve  expedido  a  20  de  Setembro 
de    1727.    que    começa    Seraphica    Ríliffonir 
decus,    tÍT    incrementum    <&c.    a    adminiílraçaõ 
delia    Bibliotheca    dentro,    e    fora    da    Or- 
dem por  todo   o  tempo   da  fua  vida  con» 
faculdade  de  nomear  Bibliothecarios,  e  ou- 
tros miniftros  neceílarios  para  aíTiítir  na  dita 


«70 

Bibliotheca.  Tendo  adminiftrado  com  geral 
aplauzo  os  mayores  Lugares  da  fua  Religião 
exercitou  com  igual  aclamaÇaõ  fer  Prefidente 
das  Salinas  em  Roma,  Theologo  nomeado 
pelo  Pontifice  Benedifto  XIII.  para  o  Conci- 
lio Lateranenfe,  Confultor  das  Sagradas  Con- 
gregaçoens  do  índice,  Indulgências,  Relí- 
quias, e  Ritos,  Votante  Confiílorial,  e  da  Vi- 
fita  Apoftolica,  Confultor,  e  Qualificador 
da  Suprema,  e  Univerfal  Inquifiçaõ,  Exa- 
minador Synodal  Romano,  e  depois  de 
Bifpos,  e  Arcebifpos,  Juiz  arbitro  em  di- 
verfas  controverfias,  e  ComiíTario  Apoílo- 
lico  cm  varias  partes.  A  eftes  miniílerios 
Ecclefiafticos  correfponderaõ  os  Polilicos 
em  que  manifeílou  a  fua  judiciofa  madu- 
reza, e  prompta  aétividade  fendo  Confe- 
Iheiro  aulico  do  Emperador  Carlos  VI. 
Intendente  dos  negócios  delRey  de  Sarde- 
nha na  Cúria,  e  Plenipotenciário  deíla  Co- 
roa nos  Pontificados  de  Benedifto  XIII. 
Clemente  XII.  e  Benedifto  XIV.  As  mais 
florentes  Academias  admirando  os  frutos 
das  fuás  produçoens  oratórias,  e  poéticas 
fe  illuftráraõ  com  a  fua  fociedade  de  que 
foraõ  participantes  a  'E.trujca  fucedendo 
ao  Cardlal  Albani;  a  dos  Árcades  com  o 
nome  de  Garafto;  a  Infecunda,  e  ultimamente 
a  ^eal  da  Hijloria  Portugue:(a.  Contribui- 
rão para  o  efplendor  da  fua  peíToa  a  Re- 
publica de  Veneza  declarando-o  feu  Patrí- 
cio; o  Senado  Romano  elegendo-o  Optimate, 
e  da  Ordem  Senatoria;  e  a  Mageftade  reynan- 
te  delRey  D.  Joaõ  o  V.  nomeando-o  Bifpo 
da  Cidade  do  Porto  a  lo  de  Fevereiro  de  1759. 
cuja  dignidade  havendo  regeitado  as  Mitras 
de  Ofimo,  Tivoli,  e  AíTis,  aceitou  obríga- 
do  do  preceito  real.  Partio  da  Cúria,  e 
chegando  a  Lisboa  a  18  de  Dezembro 
de  1740.  foy  fagrado  pelo  Emminentif- 
íimo  Cardial  Patriarcha  na  Bafilica  Pa- 
triarchal  a  12  de  Março  de  1741.  De- 
pois de  vifitar  a  fua  pátria,  que  com 
plaufiveis  cultos  celebrou  a  gloria  de  taõ 
illuftre  filho  partio  para  o  feu  Bifpado 
onde  com  paternal  vigilância  governa  as 
fuás  ovelhas.  Com  merecidos  encómios 
aplaudem  o  feu  nome,  como  as  fuás 
obras  diverfos  Efcritores,  que  faõ  Fr. 
Deodat.    à    Cuneo    Orat.    Acodem.    Jofeph 


BIBLIO THE  C  A 


Maria  de  Vedano  Memoria/e  virt.  eS^  me- 
ritor.  P.  Fr.  Jofephi  ah  Ebora  Fonceca 
Difcnrf.  deWOrigin.  e  difcend.  delia  Famí- 
lia Fonceca.  Theophilus  Mefomilhert  Hift. 
fui  Temporis.  Jofephus  Catalanus  in  Epift. 
D.  Hyeron.  Moretus  de  ritu  variandi  Cho- 
rale  tndumentum  in  folemnitate  Pafchali.  Fer- 
nandes delRio  Supplex  libei.  Suprem.  In- 
quif.  Koman.  fuper.  Lib.  V.  Matr.  Maria 
ab  Agreda.  Rolland.  Moyen  facile  de  con- 
cilier  les  Efprit.  Padre  Cafimiro  Mem. 
Hifloriche  de  la  Chiev^a,  e  Convento  d'  Ara- 
calli.  Hallier  de  facris  leãionib.  <&  Ordin. 
Fr.  Fortunatus  à  Brixia  Differt.  Phyjico- 
Theolog.  Souza  Hijl.  Gen.  da  Cav^a  Real 
Portug.  Tom.  9.  pag.  256.  Fr.  Joan.  a 
D.  Ant.  Bib.  Franc.  Tom.  2.  pag.  230. 
col.  I.  Para  eterna  memoria  dos  Benc- 
ficios,  que  generofamente  fizera  ao  Con- 
vento de  Araceli  lhe  levantarão  em  a 
Livraria  huma  Eftatua  de  mármore  os 
religiofos  depois  que  fe  auzentou  da 
Cúria,  e  na  baze  fe  lhe  gravou  a  fc- 
guinte    Infcripçaõ. 

ReligiofJJimo,  ac  prope  fingulari  viro,  Excel- 
lentijfimo,  <&  Reverendijftmo  D.  D.  Fr.  Jo- 
fepho  Maria  da  Fonceca  ab  Ebora  Ord.  Koman. 
Prov.  Obferv.  Leãori  jubilato,  ejufdem  Ordinis 
fcriptori,  (Ò"  Generali  Miniflro,  Sanãa,  <&  Uni- 
verfalis  Inquijitionis  Confult.  Epifcoporum  Exa- 
minai; Congregationi  Confiflorial.  Votanti  Su- 
premo in  Ordine  Senatorio  inter  Romanos  Pró- 
ceres adfcripto,  Aug.  Imperatoris,  diverforum- 
que  Regum  Confiliario,  ac  Theologo,  Pote/h 
tijftmi  L,ujitania  Regis  Joannis  jQuinti  aptii 
S.  Sedem  Minijiro  Plenipotenciário,  Eleão 
Epifcopo  Portuens.  Ob  doãrina  preeflantiam, 
morum  integritatem,  dexteritatem  ingenii,  rt- 
rum  agendaram  peritiam,  Summis  Pontifià- 
bus,  Regibus,  ac  Principibus  fià  temporis 
acepto,  de  boc  Aracelitano  Conventu,  quem 
pluribus  in  partibus  aut  exomatum,  aut  ref- 
titutum  in  meliorem  formam  redegit.  De 
Romana  Provinda,  quam  monajleriis,  vel  adi- 
ficatis,  vel  reparatis  injlauravit;  de  Cifmon- 
tana  Familia  cui  fumma  pruãentia,  vigilan- 
tia  ac  fortitudine  prafuit;  de  Univerfo  Or- 
dine quem  in  fupremis  obeundis  magiftrati- 
bus,  SS.  ac  BB.  cultu  promovendo,  domef- 
ticis  fludiis  ordinandis,  juribus  defendendis,tgrt- 


à 


LUSITANA.  871 

ffe  omavit,  de  CatboHca  Exclefia,  cujus  utilitati  Giacomo    de    la    Aíarcifa,    e    Francifco    Solan& 

in  arduis  negotiis  non  Jemel  conjuluit,  optime  meri-  con    ie    efiampe    dei    apparato    de    la    Cbie^a^ 

to.    Quod    inter    tot    excelfi    animi    monumen-  faciata,    e  fuocbi   artifiàali.     Roma    per    Giu- 

1  ta  Bibliotbecam    bane    difiàllimo    loco    á  funda-  feppe    Borgiani.     1727.     8. 

■  mentis    excitatam,    ingentique    librorum,    ac    co-  Dijfertatio    Cbronoloffca,    hiftorica,     €^  ju- 

dicum  Jupelleãili   infiruãam,    elaboratijfimis  plu-  ridica     qua     demonftratítr     Soaram     Portitmcula 

teis,     ac    piãuris     omatam     in    publicum     rei  Bafilicam  prope   AJftfium   effe    Caput,   <&   ma~ 

literária   commodum    erexerit,    Romana    Provin-  trem    totius    Ordinis    Minorum.     Lucse    apud 

cia   in  perpetuum  grati  animi  argumentum    P.  Marefcandolum    1727.    4. 

anno    R.    S.    1740.  Breve    epilogo    de    la    vita,    e    miracoli    di 

S.    Níargarita    di    Cor  tona    dei    3.    Ordine    di 

Naõ    obílante    a    continua    aplicação    a  S.    Francefco.     Roma    per    Girolamo     Mai- 

I  tantas     incumbências     religiofas,     e     politi-  nardi.     1728.  8. 

cas    era    taõ    fecundo    o    feu    engenho,    e  Applaufi  Fejlivi  nel  Solenijftmo  Otavario  de 

veloz    a    fua    pena    que    chegavaõ    ao    nu-  la    Canoni^acione    di  S.   Margarita  di  Cortona 

mero    de    íincoenta    as    fuás    obras    impref-  celebrato  nella  Cbieja  d'  Araceli  con  la  dijcrejione 

t  lãs,    e    M.    S.    como    fe    lè    expreífado    em  delia  Capella  Papale,  Medaglione,  e  Gieroglifici 

himi    Breve    de    Clemente    XII.    expedido  &c.  Roma    per    Girolamo  Mainardi.  1728.  8. 

a    8    de    Outubro    de    1737.    que    começa  Primatus     Ordinis     Serapbici    pro     Obfer- 

j  Tuo  nomine   Nobis  nuper  expojitum    &c.    on-  vantibus     vindicatus,     <Òr     quoad     titulum,     en 

de   o   exhorta   a   concluir   as   addiçoens    do  quoad  fi^llum    Minijlri    Generalis    totius    Or- 

Bullario,     Annaes,    e    Bibliotheca    da    Or-  dinis     unà     cum     impofitione    perpetui    Jilentit 

dem    Seráfica    que    com    taõ    laboriofo    dif-  pp.      Conventualibus     adverfariis     ab     Apof- 

velo   tem   ideado.  toUca  fede    <&c.    Romse    Typis    Rev.    Cam. 

Apoft.    1728.    foi. 

Cathalogo    das    Obras    ImpreíTas  Arcádia  fefiiva    nell    inal^amento    ai    Tro~ 

Jura    Romana    Provinda,    et    Ordinis   fu-  no     Pontificio     dei    Emminentijfimo,     e     Revê- 

per    Ecclejiam    Aracelitanam ,    Scbalam,     Con-  rendijftmo     Signore     Cardinale     Corfini     dig^iif- 

ventum,     et     Claujuram     contra     Excellentijfi-  fimo    Proteãore    dei    Ordine    Seráfico    col   nome^ 

mum    S.    P.    Q.    R.    difcujfa,    (&    vindicata.  di    Clemente    XII.      Roma    per    il    Ferri 

RomíE     Typis     Rev.     Cam.     Apoíl.     171 9.  1730-    4- 

foi.  Rjgefium   de   Confiitutionibus,   Brevibus,    De~ 

Privilegia    Terra   Sanâa,   (&  facultas  uten-  cretis,     Refcriptis,     aliifque     recentioribus     Ro- 

di    Pontificalibus,    atque    Sacrum    Cbrifma    in  mana    Cúria    monumentis    ad   Serapbicum    Or- 

Sacramento    Confirmationis    adminijlrandi    ordini  dinem   pertinentibus    ab    anno    1723.    ufque    ad 

conceffa   apertijftme    demonflrantur.    Romae    Ty-  an.     1729.    Romae    Typis    Petri    Rofati,     & 

pis    Rev.    Gim.    Apoíl.     1721.    foi.  lozephi    Borgiani    173 1.    foi. 

Ubellus   contra    Fraticellorum    Seãam  falfô  Annales     Minorum     Ljdca      Wadingi     cor- 

atribuitur    B.    lacobo    de    Marcbia.     Difcurfus  reãi,     illufirati,     e^    profecuti    ufque     ad     18 

bifloricus,     e^    juridicus.      Romae    in     eadem  Volumina.      Romac     Typis     Rochi     Barnabo 

Typog.     1724.    foi.  ab    anno    173 1.    ad    annum.    1740.    foi.    18^ 

P.    Fr.    Clauãii    Fraffen     Pbilofopbia,     e^  Tom. 

I  Tbeolo^a    correãa,    €>*    emendata.    Romae    Ty-  Studiorum       metbodus       pro       Cifmontana 

pis    Rochi    Bernabò     1726,     4.     16.    Tom.  Familia,    ubi    elencbus    qtuefiionum    legendarum 

Bxcellencias,   Virtudes,  y  milagres  dei  Apof-  prafinitur,    Quaflionum     Traãatus    per     annos 

tol.    de    las   índias   S.    Francifco    Solano.    Ro-  diflinguntur,   concurfus,  feu  oppofitio   ad   Cathe- 

ma    en     la    Imprenta     Salviana.     1727.     8.  dras  difponitur,  &  inflruitur.      Romae     Typis 

Relatione     de     la     Procejfione,     &     Otava-  Maynardi  1733.  8. 

rio   folene   fato    nella    Cbiefa    di    S.    Mana  Tabula   Chronoloffca  in  qtàbus  fculpta  funf 

de    Araceli    por    la    Canonit(acione    de    Santi  effigies,     &    gefla     San^orum,     €>•     Beatorum 


8/2 


BIBLIO THECA 


Ordinis  de  quibus  Officium  aliquo  modo 
^ekbratur:  Pontificum,  Ó^  Cardinalium,  Mi- 
niftrorum  Generalium,  €>•  infifftium  Viro- 
rum  Ordinis  prafati,  qui  legationihus  ad 
Sanãam  fedem,  alio/que  Reges,  et  Prínci- 
pes funãi  Jitnt;  ficuti  etiam  Doãorum,  (& 
Scríptorum  magni  nominis,  Kegum,  €>•  Prín- 
cipum,  qui  Seraphica  militia  Junt  adjcrípti. 
Romíc  per  Andream  de  RoíTi  1737.  Tom. 
I.  foi. 

Cathalogo  das  Obras  M.  S. 

Opera  Philojophica  Critica  Scholis  Seraphicis 
/ucomodata.   2.    Tom. 

Theologia  Speculativo  -  dogmática  juxta 
mentem  Doãoris  Mariano  fubtilis  3.  Tom. 
Confervaõfe  na  Bibliotheca  do  G^nvento 
de  Araccli 

Bullarium  Komano-Seraphicum  Notis  hijlo- 
ricis  Criticis,  <&  Chronologicis  illuftratum, 
•€^  in  \z.  Tomos  diftributum. 

Aãa  Ordinis  Minorum  ubi  Conjlitutio- 
nes,  Statuta,  et  Decreta  Capitulorum,  et  Con- 
ff-egationum  Generalium  utriufque  Familia 
colle£ia  reperiuntur. 

Syllabus  Jive  Bibliotheca  máxima  omnium 
Scríptorum,  qui  tribus  S.  Francifci  Ordinibus 
ftomen  dederunt. 

Eftas  três  grandes  Obras  pertencentes 
^  gloria  da  Religião  Seráfica  tinha  mui- 
to adiantado  eíle  Prelado  principalmen- 
te o  Bullario  de  que  tinha  compoílo  5. 
Volumes,  porém  como  as  fuás  varias  in- 
cumbências lhe  impediaõ  pòr  o  ultimo  com- 
plemento as  entregou  a  religiofos  eruditos 
•aífiílindolhe  com  os  gaílos  neceíTarios  para 
que  fe  publiquem. 

InJlruçaÕ  hijloríco  politica  dos  Intereffes  dos 
Príncipes  na  Corte  de  Koma. 

Mifcellanea  de  matérias  Juridicas,  Po- 
liticas, e  Theologicas  fobre  negócios,  e  depen- 
dências de  Portugal  na  Cúria  foi.  2.  Tom. 

L^  Nego^iai(ioni  dei  P.  Évora  nella 
<2uria  Romana  non  Joio  in  ferviggio  di  S.  Aí. 
Portuguev^a  ma  d'altre  Soverani,  e  Corti  de 
Europa,  foi.  3.  Tom. 

Injlruçoens    para     diverfos     Conclaves,     foi. 

Eílas  quatro  obras  fe  confervaõ  na  Li- 
vraria que  efte  ExcellentiíTimo  Prelado 
tem  no  Porto. 

Direãoríum     chori     ad     u/um     Ecclejiarum 


Ordinis  Minorum  et  cantu  Gregoríano  illuf- 
tratum. 4. 

ChrífiaÕ  inflruido  ru>s  Myfleríos  da  Fi,  9 
da  obrígaçaÕ  propría. 

O  Parocho  pra£Hco,  e  advertido. 

Confins  do  Sacerdócio,  e  do  Imperío,  e 
Concórdia  do  lus  da  Regalia  com  a  liberdade 
da  Igreja. 

Sendo  ComilTario  Geral  lhe  foy  come- 
tido pelo  Capitulo  geral  celebrado  cm  Milaò 
no  anno  de  1729.  a  reforma  do  Breviário, 
e  MiíTal  Seráfico,  e  fatisfez  a  efta  incumbência 
compondo  as  liçoens  do  2.  Noôurno  de 
Santa  Margarida  de  Cortona,  S.  Jacome  de 
Marca,  S.  Francifco  Solano,  S.  loaõ  de  Ca- 
piílrano,  B.  lacinta  Marefcotí,  B.  loaõ  do 
Prado,  e  B.  André  Contí. 

Fr.  lOZE'  DE  SANTA  MARIA  alum- 
no  da  preclariíTima  Ordem  dos  Pregado- 
res cujo  inílituto  profeflbu  em  o  G^nvcoto 
de  Lisboa  a  17  de  Abril  de  157J.  onde  pela 
profunda  intelligencia  da  Sagrada  Theo- 
logia foy  promovido  a  Meíbre  da  Ordem 
no  anno  de  1608.  de  cuja  Faculdade  foy 
Lente  de  Prima  em  o  Collegio  de  Santo 
Thomaz  de  Q)imbra,  e  depois  em  o  Col- 
legio de  Lisboa  fundado  pela  SereniíTima 
Raynha  D.  Catherina  conforte  delRey  D 
loaõ  o  IIL    Compoz 

Traãatus  Thomiflicus  de  libero  arbítrio 
in  communi  circa  ea,  qua  funt  Ordinis  natu- 
ralis.  OlyíTipone  typis  Gerardi  á  Vinca 
1652.  foi.  O  2.  Tomo  defta  obra  naõ  logrou 
da  luz  publica. 

Do  author,  e  da  obra  fazem  memoria 
Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  p.  620.  col.  i 
Fr.  Pedro  Monteiro  Claufir.  Dom.  Tom.  5 
p.  24  j.  loan.  Soar.  de  Brito  Tbeatr.  Luf: 
Liter.  lit.  L  n.  88.  c  Echard  Scrípt.  Orà. 
Prad.  Tom.  2.  p.  441.  col.  2.  onde  o  intitula 
vir  eruditione  clarus. 

Fr.  lOZE'  DE  SANTA  MARIA  na 
tural  de  Lisboa  filho  de  Pays  nobre» 
António  Gomez  Delvas,  c  D.  Brites 
Angela.  Quando  contava  poucos  annos 
de  idade,  c  muitos  de  prudência  deixou 
o     feculo     pela     illuítóíTima     Religião     dt 


L  USITAN A. 


873 


Santiffima  Trindade  profeíTando  o  feu  inf- 
tituto  no  GDnvento  pátrio  a  24  de  Julho  de 
1657.  Didou  as  fdendas  Efcholafticas  aos 
feus  domeílicos,  e  no  fim  de  taõ  laboriofa 
incumbência  recebeo  na  Univerfidade  de 
Coimbra  a  borla  de  Doutor  Theologo.  Pelo 
efpaço  de  quatorze  annos  aíTiítio  na  Cúria 
Romana  com  o  lugar  de  Procurador  Geral 
da  fua  Província  onde  conciliou  as  eftima- 
çoens  das  primeiras  Peflbas.  Foy  Vifitador 
da  Provinda,  e  Viíitador  Geral,  e  nelles 
lugares  fez  patentes  o  zelo  do  feu  animo, 
c  a  obfervanda  do  feu  inftituto.  Falleceo 
no  Convento  de  Lisboa  a  16  de  Mayo  de 
1676.    Publicou. 

SermaS  na  Jolemne  prociffaÒ  do  Kefgate 
Geral,  que  Je  celebrou  em  z^  de  Dev^embro 
de  1655.  Lisboa  por  António  Craesbeeck 
de  Mello.  1656.  4. 

Fr.  lOZÉ  DE  SANTA  MAIOA  cha- 
mado no  feculo  Pafchoal  de  Andrade  naceo 
em  Lisboa  no  anno  de  161 8.  Ordenado 
de  Presbítero  como  anhelaíTe  a  vida  mais 
perfeita  recebeo  a  cogulla  Cifterdenfe  no 
Convento  de  Santa  Maria  de  Maceyradaõ 
íituado  no  Bifpado  de  Vifeu  a  29  de  Março 
de  1658.  quando  contava  a  madura  idade  de 
quarenta  annos,  e  profeflbu  a  13  de  Abril  do 
anno  feguinte.  Ainda,  que  tinha  talento  para 
ocupar  todos  os  lugares  fempre  repugnou  acd- 
tar  Prelafias,  e  imicamente  fe  fatisfez  com  fer 
ConfeíTor  das  religiofas  do  reformado  Con- 
vento de  Nazareth  em  Lisboa.  No  anno  de 
1687,  era  Emfermeiro  em  o  Real  Convento 
de  Alcobaça.  Reduzio  a  milhor  eílilo,  e 
ordem  a  feguinte  obra,  que  prindpiara  Fr. 
Vivardo  de  Vafconcellos  Monge  Cifterdenfe. 

Fundação  do  Mqfteiro  de  Na:(areth  fituado 
na  Cidade  de  Lisboa.  M.  S.  Confervafe  no 
Convento  de  Alcobaça. 

Fr.  lOZÉ  DE  SANTA  MARL\  fi- 
lho de  Manoel  de  Oliveira,  e  Frandf- 
ca  Gomes  naceo  em  Lisboa  no  anno  de 
1683.  ProfeíTou  o  inítítuto  da  Terceira 
Ordem  da  Penitencia  do  Seráfico  Patri- 
archa  em  o  primeiro  de  Janeiro  de  1700. 
Eftudou  Filofofia  no  Convento  de  Via- 
na, e  Theologia  em  o  Collegio  de   S.   Pe- 


dro de  Coimbra  cujas  Faculdades  diâou 
em  os  Conventos  de  Viana,  e  Lisboa.  Foy 
Cuftodio  da  Provinda,  e  ComiíTario  da  Or- 
dem Terceira  do  Convento  de  Noíla  Se- 
nhora de  Jefus  de  Lisboa  defde  o  anno 
de  1722.  até  29  de  Dezembro  de  1637.  em 
que  deixou  a  vida  caduca  pela  eterna.  Teve 
natural  inclinação  para  a  Poefia,  que  fem- 
pre praâicou  em  aíTumptos  fagrados,  dos 
quais  por  deligencia  de  Jacinto  Manhoías 
Irmaõ  Terceiro  fe  imprimio. 

A.ão  de  Contrição.  Lisboa  por  Manoel 
Fernandes  da  Cofta  1738.  4.  Conlia  de  42. 
Coplas  fendo  a  primeira. 

Meu  Deos,  antes,  que  da  morte 

Sinta  os  rigores  precifos, 

Ouvi  de  bum  trifie  os  lamentos 

De  bum  penitente  os  gemidos 

Fr.  lOZÉ  DE  SANTA  MARIA  na- 
tural da  Villa  de  Amarante  filho  de  Ma- 
noel Carvalho  Medina,  e  Domingas  Fer- 
nandes, alumno  da  Seráfica  Provinda  de 
Portugal  cujo  habito  recebeo  a  25  de  Mayo 
de  1726.  Tantos  foraõ  os  progreíTos,  que  a 
fua  aplicação  fez  nos  eftudos  Efcholaítícos, 
que  foy  hum  dos  fete  Meftres  eldtos  para 
fundar  a  nova  Academia  Utteraria  em  o  Real 
Convento  de  NoíTa  Senhora,  e  Santo  Antó- 
nio junto  da  Villa  de  Mafra  hoje  cabeça 
da  Província  da  Arrábida  onde  diâou  Fi- 
lofofia, e  Efcritura  Sagrada  pelo  efpaço  de 
fete  annos.  Reítítuido  à  fua  Província  em 
o  anno  de  1744.  diôou  outra  vez  Filofofia 
em  o  Convento  de  Guimaraens.  Tem  com- 
pofto  as  feguintes  obras. 

Claves  áurea  quibus  aperiuntur  Sacra  Pa- 
^na  Candidatis  abfirufiora  ejus  loca  ex  capite 
9  ujque  ad  14  libri  Genefeos.  foi.  M.  S. 

Hypomnemata  Sacra  Tbeolo^o-Dogmatica, 
€^    Polemica,   foi.    M.    S. 

De  Poteftate  Clavium  in  'Ecclefiafiico  Tbe- 
fauro  largiendo  deduãa  ex  Textu  Math.  26. 
Tibi  dabo  Claves  Reffii  Calorum,  &  Joannis 
21.  Pafce  oves  meãs. 

D.  Fr.  lOZÉ  DE  SANTA  MARLA. 
DE  lESU.  Naceo  em  a  Qdade  de  Évo- 
ra a  8  de  Novembro  de  1670.  onde  te- 
ve   por    progenitores    a    Manoel    de    Aze- 


8/4 


BIB  LIO  THE  CA 


vedo  Leal,  e  D.  Antónia  Ribeira  de  Mo- 
raes de  igual  nobreza  à  de  feu  ODoforte. 
ProfeíTou  o  Seráfico  iníUtuto  no  Convento 
de  Santa  Maria  de  Xabregas  Cabeça  da 
Provinda  dos  Algarves  em  15  de  Agofto 
de  1695.  Eftudou  as  fciencias  neceflarias 
para  a  vida  regular  em  que  fahio  egregia- 
mente  inftruido.  Defejozo  de  atrahir  aos 
peccadores  ao  eílado  da  penitencia  com  a 
cfficacia  das  fuás  vozes  alcançou  faculdade 
para  paíTar  ao  Seminário  de  Santo  Antó- 
nio do  Varatojo,  onde  com  o  miniílerio 
da  fua  apoílolica  pregação  colheo  admirá- 
veis frutos.  Atendendo  à  fua  exemplar  obfer- 
vancia  a  Mageílade  delRey  D.  loaõ  o  V. 
Noflb  Senhor  o  nomeou  Bifpo  de  Cabo 
Verde  a  12  de  Dezembro  de  1720.  em  cuja 
dignidade  foy  fagrado  pelo  EmminentiíTi- 
mo  Patriarcha  D.  Thomaz  de  Almeyda  a 
8  de  Junho  de  1721.  Logo,  que  entrou  no 
Bifpado  doutrinou  com  incanfavel  difvelo  as 
fuás  ovelhas,  que  eftavaõ  famintas  do  pafto 
efpiritual  padecendo  neíla  empreza  gravif- 
fimas  contradiçoens  aíTim  do  povo,  que  era 
inculto,  como  dos  Parochos  efquecidos  da 
fua  obrigação.  Naõ  fe  coarâiou  o  feu  ar- 
dente zelo  à  Ilha  de  Cabo  Verde,  paíTou  a 
Guiné  onde  fizeraõ  prodigiofas  conver- 
foens  a  vehemencia  das  fuás  vozes,  e  a  effi- 
cacia  dos  feus  exemplos.  Voltando  pa- 
ra Cabo  Verde  padeceo  huma  horrível  tor- 
menta em  que  fe  vio  quafi  engolido  das 
ondas,  e  falvando-fe  em  hum  Navio,  que 
navegava  para  a  índia  defembarcou  na  Bahia 
de  todos  os  Santos  em  taõ  laíHmofo  eíla- 
do, que  perdeo  a  viíla,  mas  naõ  a  efperança 
de  voltar  para  as  fuás  ovelhas.  Sendo  ge- 
nerofamente  hofpedado  pelo  Arcebifpo 
da  Bahia  fe  embarcou  na  Frota,  que 
defte  porto  partia  para  Lisboa,  e  logo, 
que  defembarcou  foy  bufcar  o  hofpicio  do 
Varatojo  donde  pelas  inftancias  de  Fr. 
António  da  Purificação  Provincial  da 
Provinda  dos  Algarves  veyo  habitar 
no  Convento  de  Xabregas,  c  em  onze 
mezes  menos  quatro  dias,  que  nelle  ef- 
teve  frequentava  o  Coro  na  milhor  for- 
ma, que  podia,  celebrava  quotidianamente 
MiíTa  com  tanta  perfeição  como  fe  naõ 
cílivera    privado    da    viíla,    e    vifitava    os 


religiofos  enfermos  focorrendo  com  efmo- 
las  a  neceífidade  de  cada  hum.  Acometi- 
do da  ultima  enfermidade  fe  preparou  com 
todos  os  Sacramentos,  e  entre  repetidos 
aélos  de  contrição,  e  comformidade  com  a 
vontade  divina  efpirou  a  7  de  Junho  de 
1756.  quando  contava  66  annos  de  idade, 
e  42  de  religião.  Jaz  fepultado  no  Cruzeiro 
da  Igreja  de  Xabregas,  e  na  Campa  fe  lhe 
gravou  o  feguinte  Epitáfio  compoílo  por 
Fr.  loaõ  de  NoíTa  Senhora  Chroniíla  da  Pro- 
vinda. 

Aqui  Ja:^  D.  Fr.  Jo^é  Bifpo  de  Cabo 
Verde  filho  da  Provinda  dos  Algarves,  Pre- 
gador Apojlolico,  e  Guardião,  que  foy  do 
Seminário  do  Varatojo.  Tomou  o  habito, 
e  profejfou  nefle  Convento  em  i^  de  Agofto  de 
1695.  Teve  virtuofa  vida,  e  falleceo  com  morte 
preciofa  em  7  de  Junho  de  1736. 

Sponfi  habuit  nomen,  Sponfa,  na  tique  duorum; 

Hac  tria  laus  ejus  nomina  femper  erut. 

P. 

Fr.  J.  A.  D.  N. 

C.  P. 

Compoz. 

Brados  do  Paftor  ás  fuás  ovelhas.  Obra 
efpiritual  dividida  em  duas  partes.  Na  pri- 
meira fe  contem  quarenta  pra£fícas  doutrinacs 
por  fácil,  e  breve  eftilo  explicadas  para  mayor 
utilidade  do  Bifpado  de  Cabo  Verde.  Na  feguKu.i 
bum  efpelho  de  defengano  para  peccadores  con- 
fiados. Lisboa  por  Manoel  Fernandes  da 
Coíla  Impreflbr  do  Santo  Offido.  1731. 
4.  Como  toda  eíb  impreífaõ  fc  confumiífc 
no  Bifpado  de  Cabo  Verde  preparou  fegunda 
mais  acrecentada,  e  difpoíla  em  milhor  for- 
ma, que  fahio  na  Ofíidna  do  dito  ImpreíTor. 
1735.  4.  fuprindo  o  feu  grande  zelo  a  mo- 
ral impoífibilidade,  que  tinha  na  falta  d.i 
viíla  para  cuidar  do  aprovdtameto  efpiritual 
das  fuás  ovelhas. 

lOZÉ  DE  S.  MARTHA  HENRI- 
QUES naceo  em  Lisboa  a  2  de  Fevc- 
rdro  de  1705.  fendo  filho  de  Pafchoal 
da  Sylva,  e  Azevedo,  e  Catherina  Hen- 
riques. Quando  contava  14  annos  de  ida- 
de como  eíbveíTe  inílruido  nas  letras  hu- 
manas ouvio  Filofofia  na  Congregação  do 
Oratório    diâada    pelo    Padre    Júlio    Fran- 


L  USITAN  A. 


cifco  que  hoje  dignamente  ocupa  a  Cadei- 
ra Epifcopal  de  Vizeu,  e  afeiçoado  ao  inf- 
tituto   de   Congregado   veftio   a   roupeta   de 
j  S.  FUippe  Neri  no  anno  de  1719.  em  a  Con- 
I  gregaçaõ   do   Porto   onde   leyo   Filofofia   de 
cuja   Faculdade   defendeo   outo   concluzoens 
'  publicas    com    grande    credito    do    feu    no- 
me.    Da    Gongregaçaõ    do    Oratório    paflbu 
para    a    dos    Cónegos    Seculares    do    Evan- 
geliíla    recebendo    a    murça    no    Convento 
de  S.  loaõ  de  Xabregas  em  o  i  de  Dezem- 
bro de    1757.   onde  pela  fua  literatura  me- 
!  leceo  depois  de  jubilar  na  leytura  de  Theo- 
1  logia  graduarfe   Doutor  em  a   Univeríidade 
'  de  Évora,  e  fer  Qualificador  do  Santo  Officio. 
Compoz 

Trurína      Tbeoloffco-Polemica,     feu      Dog- 
mática,   et   Mora/is  ad  quam   revocantur  juxta 
'  tondus    Sanãuarii    quinque     Propojitiones    Mu- 
torum    Vulgo   dos    Pedreiros    livres.     Ebo- 
ex  Typographia  Academiae   1744.  4. 

Fr.  lOZÉ  DE  SANTA  MARIA  MAG- 
I  DALENA.    Vejafe  Fr.  lOZÉ  DE  SOUZA. 

lOZÉ  MARTINS  FERREYRA  na- 
i  tural  do  Couto  de  S.  Pedro  de  Roriz 
j  junto  da  Gdade  do  Porto,  ou  da  Fre- 
guezia  de  S.  Martinho  do  Campo  pró- 
ximo á  Villa  de  Guimaraens  muito  intel- 
ligente  na  lingua  latina,  e  Caílelhana, 
e  naõ  menos  perito  na  Hiftoria  do  Rey- 
no,  e  feus  mais  celebres  fuceflbs.  Com- 
poz 

^reve  relação  das  ^andet^as  de  Usboa 
e  dos  Bifpos,  e  Senhores  de  Titulo  defte  R^- 
no,  e  fuás  Conqmflas.  Sahio  no  fim  do 
Prognoftico  do  anno  de  1606.  compofto 
por  Diogo  Martins  da  Veyga.  Lisboa  por 
Pedro  Crasbeeck.  1606.  8. 

Breve  Compendio,  ou  Summario  das  ^an- 
de:(as,  e  cou^s  notáveis  da  Comarca  de  En- 
tre  Douro,  e  Minho  com  a  lifla  dos  Condef- 
iaveis  de  Portugal,  e  Vicereys  da  índia.  Lis- 
boa por  Pedro  Crasbeeck.  1608.  8.  Sahio 
no  fim  do  Prognoftico  de  1608.  compofto 
por  Paulo  da  Motta. 

Summario  das  Comarcas,  que  há  nefte 
Kíyno    de    Portugal    com    as    correiçoens,    Ci- 


875 

dades,  e  outras  cousas  notáveis,  e  curiofas, 
que  nellas  há.  Lisboa  por  Vicente  Alvares. 
1609.  8.  Sahio  no  fim  do  Prognoftico  de 
1609.   compofto  por  Paulo  da  Mota. 

Relação  da  laftimofa  Tragedia  de  Carlos 
Gotaulti  Duque  de  Biron  Marichal  de  França 
degolado  por  mandado  de  Henrique  IV.  Lis- 
boa por  Pedro  Crasbeeck.  1604.  4. 

Relação  da  grande  traiçaÔ  de  hum  Ef- 
co!(es  junto  com  feu  irmaÕ  maqtànada  contra 
Jacobo  VI.  Rey  de  Efcocia,  e  Inglaterra 
a  ^  de  Agojlo  de  1600.  ibi  pelo  dito 
Impreflbr.  1605.  4.  Traduzida  da  lingua 
Latina. 

Relação  que  contem  os  venturofos,  e  prodi- 
ffofos  fuceffos  de  loaõ  Baptifla  Gallinato,  e  como 
veyo  a  fer  Rey  das  Provindas,  e  Reynos  de  Cam- 
baya  que  eflã  junto  com  o  grande,  e  potentijjimo 
Reyno  da  China.  Lisboa  pelo  dito  Impreflbr 
1607.  4. 

Relação  fummaria  dos  Authores  que  ef- 
creveraõ  cousas  tocantes  a  Portugal,  e  fuás 
conquijias  defde  o  anno  de  1580.  até  1629. 
Dedicada  ao  Chantre  de  Évora  Manoel 
Severim  de  Faria  4.  M.  S. 

Relação  Summaria  dos  Vicereys,  e  Gover- 
nadores que  houve  na  índia  defde  o  anno  de  1497. 
em  que  fe  defcubrio  até  o  de  1629.  OfFeredda 
ao  mefmo  Chantre.  4.  M.  S. 

lOZÉ  DA  MATA  FREYRE  natu- 
ral de  Lisboa  Doutor  na  Faculdade  dos 
Sagrados  Cânones  pela  Univerfidade  de 
Coimbra,  Prothonotario  Apoftolico  Capel- 
laõ  do  SereniíTimo  Senhor  Infante  D.  An- 
tónio, Dezembargador  da  Cúria  Patriarchal, 
e  luiz  do  Tribunal  da  Legada  Apofto- 
lica.  Foy  ornado  de  talento  para  a  Poe- 
zia,  como  para  o  púlpito,  e  digno  de  mayo- 
res  lugares  fe  a  morte  o  naõ  arrebatara  in- 
tempeftivamente  a  20  de  Fevereiro  de  1739. 
laz  fepultado  no  Convento  de  S.  Frandfco. 
Compoz 

Sermaõ  da  Canonização  de  S.  Luiz  Gon- 
zaga pregado  em  50  de  Julho  de  1727.  na 
I^eja  do  Colleffo  de  Santo  Antaõ  dos  Pa- 
dres da  Companhia  de  lESUS  4.  dia  dejla 
folemnidade  celebrandofe  a  Canoni^fiçaÕ  de 
Santo  EJlanifláo  Kofcka.  Lisboa  na  Offidna 
da  Muíica  1728.  4. 


876 

lurijdiçaõ  defendida,  e  de/agravo  patronnado 
a  favor  dos  Curas  do  Hof pitai  real  de  todos  os 
Santos  defta  Corte  de  Lisboa.  Lisboa  por 
Maurício  Vicente  de  Almeyda  1738.  foi. 
Sahio  fem  o  feu  nome. 

Soneto  na  morte  da  Sereniffima  Senhora 
Infanta  D.  Francifca,  onde  a  morte  refponde 
aos  queixov^os  da  fua  tyrania.  Sahio  nos  Sentim. 
Metric.  a  eíle  aflumpto  Collec.  2.  a  pag.  22. 
Lisboa  por  Miguel  Rodrigues  1736.  4. 


lOZÉ  DE  MATOS  DA  ROCHA 
natural  da  Villa  de  Alanquer  do  Patriar- 
chado  de  Lisboa  onde  na  Parochial  Igre- 
ja de  S.  Pedro  da  dita  Villa  foy  purificado 
da  culpa  original  a  22  de  Março  de  1673. 
Orfaõ  de  feus  Pays  Francifco  de  Araújo, 
e  Ignez  de  Matos  paíTou  impellido  da  na- 
tural incUnaçaõ  de  fe  inílruir  nas  fciencias, 
à  Univerfidade  de  Coimbra,  e  nella  culti- 
vou o  eftudo  da  Medicina  em  cuja  Facul- 
dade recebeo  o  gráo  de  Bacharel  a  17  de 
Março  de  1706.  e  fubílituhio  algumas  ve- 
zes as  Cadeiras  na  auzencia  dos  Lentes  Pro- 
prietários com  grande  credito  da  fua  ca- 
pacidade. Da  efpeculaçaõ  paílou  a  pradtica 
exercitando-a  com  igual  fama,  que  lucro 
na  Corte  de  Lisboa,  e  nas  Villas  de  Azeitão, 
e  Cezimbra.  Foy  dotado  de  influxo  poé- 
tico metrificando  elegantemente  no  idioma 
latino  de  cuja  pureza  foy  obfervante  cul- 
tor, como  em  a  lingua  materna  fendo  os 
fcus  Verfos  cadentes,  armoniofos,  e  dif- 
cretos  dos  quais  fe  podiaõ  formar  diverfos 
Volumes.  Teve  erudita  comunicação  com 
os  profeíTores  das  Artes  mais  infignes  dif- 
tinguindofe  entre  todos  o  R.  P.  D.  Manoel 
Caetano  de  Souza  ProcomiíTario  da  Bulia 
da  Cruzada,  e  Cenfor  da  Academia  Real 
da  Hiíloria  Portugueza  que  o  eíUmava  ex- 
ceíTivamente  pela  felicidade  da  fua  vcya 
poética.  Falleceo  na  Villa  de  Cezimbra 
a  16  de  laneiro  de  1742.  quando  contava 
69  annos  de  idade.  laz  fepultado  na  Igreja 
de  S.  Tiago  Matris  da  dita  Villa. 

Compoz. 

Sylva  E.pitbalamica  em  que  o  Tejo  celebra 
a  feliàjftma  vinda  da  Serenijftma  Rajnòa  Nojfa 


BIBLIO TH E  CA 


Senhora  D.  Mariana  de  Auflria.     Lisboa  por 
Miguel  Manefcal.  1708.  4. 

Epithalamio  nas  augufias  vodas  do  Se- 
renijftmo  Principe  do  Brat^il  o  Senhor  D. 
Io:(é  com  a  Serenijftma  Infanta  de  Hfpanba 
a  Senhora  D.  Mariana  Viãoria.  Lisboa 
na  Officina  da  Mufica  1729.  4. 

In     obitu     Excellentijftmi     Domini     Ntmi 
yílvres    Pereira    de    Mello    Ducis    do    Cadaval 
Elegia.    Começa 
Quid  lúgubre  monent  tormenta  explofa  per  arces 

Ingemit  horrífica  cur  tuba  rauca  fonoi 
Sahio  a  pag.  315.  das  Ultim.  Acçoens 
do  mefmo  Duque.  Lisboa  na  Officina  da  Mu- 
fica 1730.  foi. 

Defcriptio  poética  Villa  Calarifiana  nr 
libros  duos  opus  dividitur.  Primus  Calarifi 
fitu,  fertilitate,  amanitate,  prima  que  Palatii 
domo  defcripta,  Tabeliãs  omnes  ex  orSm 
enumerai.  Secundus  nobili  Calarifii  SacelU, 
Kegumque  adventu  enarrato  Soufarum  Gema- 
logiam  exponit.  Ulyffiponc  apud  Antonium 
Ifidorum  da  Fonccca.  Duc.  Cadaval.  Typb 
1739-  4-  grande.  Confta  de  2933.  Verfo» 
heróicos. 

No  primeiro  Tomo  do  Jardim  CarmeU- 
tano  novamente  cultivado  por  Fr.  Eftcvaõ 
de  Santo  Angelo.  Lisboa  na  Officina  Syl- 
viana  1741.  foi.  Eílaõ  huma  Sylva  fua  ao 
principio.  Epigrama  Latino  a  pag.  72.  2 
Decimas  Portuguesas  a  pag.  73.  Poema  Latino 
a  pag.  177.  em  aplauzo  da  Rehgiaõ  Carmc- 
litana,  e  feus  Santos. 

No  Tomo  2  do  Jardim  Carmelitano  a 
P^g'  537'  Poema  Latino  a  Santo  Elesbaõ 
Emperador  da  Etiópia. 

Oraçaõ  em  aplaudo  do  R.  P.  D.  Caetano 
de  Santo  António  Cónego  Kegular  imprcíla 
ao  principio  da  fua  PharmacoJ>ea  Lufitasia 
reformada.  Lisboa  no  Real  Convento  de 
S.  Vicente  de  fora  1711.  foi. 

Puericias  do  Pamajfo  nas  Ribeiras  do 
Mondego.  M.  S.  4.  Coníla  de  Sylvas  Can- 
çoens,  Sonetos,  Outavas,  Motes  com 
gloflas.  Romances  heróicos,  c  Ly ricos,  Gc- 
ncthliacos,  Vilhancicos,  Entremezes,  Loas 
na  lingua  materna. 

Pfdericias  do  Pama;(0  nas  Ribeiras  do  Tejo. 
M.  S.  4.  Coníla  de  fcmclhantes  obras  ^^ 
precedentes. 


L  USITAN A. 


^77 


Poemas  heróicos.  Odes  faficas,  EJogios  Fú- 
nebres, 'Panegíricos  Gratulatorios  efcritos  na 
lingua  Latina  a  diverfos  aíTumptos  de  que 
fe  podem  formar  dous  volumes  grandes 
de  4.  Todas  eílas  obras  fe  confervaõ  em 
poder  de  Alexandre  Jozè  de  Mattos  filho 
do  Author.  Entre  as  produçoens  metri- 
<a.s  merece  diílinto  lugar  a  fua  vida  defcrita 
em  huma  elegantiffima  Elegia,  que  coníla 
de  51  Dyítíchos.  Começa. 
]am    mihi    longavo    tredecim  funt    Itifira  pe- 

raãa 

Et  fitmt  annis  próxima  hufia  méis. 


D.  lOZÉ  DE  MELLO  filho  illegi- 
timo  de  D.  Francifco  de  Mello  IL  Mar- 
quez de  Ferreira,  e  Qjnde  de  Tentúgal  na- 
ceo  em  a  Qdade  de  Évora,  que  depois  il- 
|luíb:ou  com  virtudes  heróicas,  e  açoens 
infignes  fentado  na  fua  Cadeira  Archie- 
pifcopal.  Foy  criado  incognitamente  na  Villa 
ide  Moura  donde  com  o  affeâado  nome 
de  Jo2è  Pimenta  paíTou  à  Univerfidade 
de  Coimbra,  e  entre  a  farmlia  de  feu  Irmaõ 
,  D.  Joaõ  de  Bragança  Bifpo,  que  foy  de  Vi- 
Í2eu  aplicado  ao  eftudo  dos  Sagrados  Câno- 
nes mereceo  pela  capacidade  do  feu  talento 
laurear-fe  Doutor  em  taõ  fagrada  Facul- 
dade. Tanto,  que  foy  conhecido  por  filho 
do  Marquez  de  Ferreira  paíTou  à  Corte  de 
Madrid  para  que  o  Monarcha,  que  domi- 
nava eíla  Coroa  atendeíle  ao  feu  mereci- 
mento, que  fe  augmentava  com  a  alta  af- 
cendencia  dos  feus  Mayores.  PaíTados  qua- 
tro annos  de  aíTiílencia  em  Madrid  o  nomeou 
Filippe  in.  Agente  de  Portugal  na  Cúria 
Romana,  e  poílo,  que  elia  incumbência 
era  indecorofa  á  fua  peííoa  a  aceitou  por 
naõ  incorrer  no  defagrado  daquelle  Prin- 
dpe,  que  efperava  propicio  à  fua  fortuna. 
Partio  a  28  de  Junho  de  1604.  e  logo,  que 
chegou  à  Cúria  foy  benevolamente  hof- 
pedado  por  D.  Joaõ  Fernandes  Pacheco 
V.  Marquez  de  Vilhena,  e  Duque  de  Ef- 
calona  Embaxador  delRey  Catholico  caza- 
tdo  com  a  Senhora  D.  Serafina  filha  do  Du- 
que de  Bragança  D.  Joaõ  o  I.  com  quem 
;D.  Jozè  de  Mello  tinha  parentefco,  e  o  le- 
Ivou    à    prefença    de    Gemente    Vni.    do 


qual  foy  recebido  com  grandes  diítínçoens 
ainda  mais  pela  authoridade  da  peiToa,  que 
pelo  caraâier  do  miniJlerio.  No  efpaço 
de  quatro  annos,  que  aíTiIUo  na  Cúria  con- 
cluio  graves  negociaçoens  em  obfequio  da 
Coroa  Portugueza  valendo-fe  do  feu  pro- 
fundo talento,  e  natural  actividade  para 
vencer  todos  os  obílaculos  maquinados  pela 
fagacidade  Romana.  Reítituido  ao  Rey- 
no  em  o  primeiro  de  Outubro  de  1608.  com 
a  gloria  de  deixar  celebrado  o  feu  nome 
na  primeira  Corte  do  Mundo  fe  recolheo  a 
Évora  donde  foy  promovido  a  Bifpo  de 
Miranda.  Nefta  Diocefe  fe  enfayou  para 
brilhar  em  mayor  theatro  a  fua  vigilância  paf- 
toral  qual  foy  o  Arcebifpado  de  Évora  onde 
fez  a  primeira  entrada  a  4  de  Novembro 
de  161 1.  De  todas  as  virtudes  Epifcopaes 
foy  animado  compendio  zelando  a  honef- 
tidade  das  donzellas,  focorrendo  a  miferia 
das  viuvas,  e  amparando  a  Orfandade  dos 
pupillos.  Para  miniílros  do  Altar  elegia 
aquelles  que  tinhaõ  a  integridade  dos  cuftu- 
mes  com  a  praétíca  das  fciencias.  Difpen- 
deo  grande  copia  de  dinheiro  na  fundação, 
e  reedificaçaõ  de  muitos  Templos  para  cvdto 
da  Divina  Mageftade  fendo  o  principal 
o  Convento  dos  Remédios  da  Reformada 
fanúlia  do  Carmelo  onde  defcanfaõ  as  fuás 
iUuílriífimas  cinzas.  Reduzio  a  elegante  fy- 
metria  o  Palácio  Archiepifcopal  para  di- 
gna habitação  de  feus  fuceílores,  como 
também  a  Caza  de  Campo  no  fitio  de  Val- 
verde, que  de  inculto  bofque  o  converteo 
em  deUciofo  Jardim.  Augmentou  com  ge- 
nerofa  maõ  os  dotes  das  Donzellas,  que  ha- 
bitavaõ  no  Collegio  de  S.  Mancos,  que 
principiara  feu  Tio  o  Venerável  D.  Theo- 
tonio  de  Bragança,  e  feu  anteceíTor  na  Mi- 
tra, e  lhes  deu  Eílatutos  para  feu  governo 
a  20  de  Setembro  de  1625.  Enfermando 
gravemente  como  conheceíTe  fer  chegado 
o  termo  da  fua  perigrinaçaõ  fe  preparou 
com  todos  os  Sacramentos  para  a  ultima 
hora  em  que  piamente  efpirou  a  2  de  Feve- 
reiro 1633.  com  geral  fentimento  das  fuás 
ovelhas.  Jaz  fepultado  na  Igreja  do  Convento 
dos  Religiofos  da  Qdade  de  Évora  com  o 
feguinte  Epitáfio. 

Sepultura    de    D.   Jo:(è    de    Mello  filho    do 


878 


BIB  LIO  THE  CA 


Aíarquez  de  Ferreira  D.  Francifco  I.  dejle 
nome,  Bijpo,  que  foy  de  Miranda,  Arcehif- 
po  de  Évora,  Fundador  do  Padroado  deJle 
Convento  com  féis  Mijfas  Quotidianas,  e  três 
Ofícios  cada  anno  por  fna  alma,  de  Jeus 
Pays,  Irmãos,  Padroeiros,  Juceffores,  e  parentes. 
Falleceo  a  z  de  Fevereiro  de  1635. 

Fazem  delle  honorifica  mençaõ  Fr.  Joaõ 
do  Sacramento  Chron.  dos  Carm.  Dejcalf. 
da  Prov.  de  Portug.  Tom.  2.  liv.  5.  cap.  19. 
até  24.  Souza  Hiji.  Gen.  da  Car(^  Real  Por- 
tug. Tom.  10.  liv.  9.  cap.  8.  Fonceca  Evor. 
Glorio/,  p.  306.    Publicou. 

Conjiituiçoens  do  Arcebifpado  de  Évora. 
Madrid.  1622.  foi.  Eílas  ConíUtuiçoens, 
que  fizera  o  Infante  Cardial  D.  Affonfo 
reformou  no  Synodo  celebrado  em  1565. 
D.  Joaõ  de  Mello,  as  quais  innovou, 
e  reformou  D.  Jozè  de  Mello  como  efcreve 
Fr.  Joaõ  do  Sacramento  no  lugar  aíTima 
allegado  liv.  5.  cap.  22.  §.  526. 


Fr.  lOZÉ  DE  MENDOÇA  Naceo 
em  Lisboa  a  22  de  lulho  de  1661.  fendo 
filho  de  Manoel  da  Cofta  Pereira,  e  D. 
Maria  lozefa  de  Mendoça.  Profeflbu 
o  inílituto  monachal  Ciílercienfe  no  Real 
Convento  de  Alcobaça  a  8  de  Março  de 
1677.  Pelo  feu  talento,  e  obfervancia  re- 
ligiofa  foy  Provifor  do  Excellentiffimo  Bif- 
po  de  Elvas  D.  Fr.  Pedro  de  Alencaílre 
Geral,  que  fora  da  Ordem  de  S.  Bernardo; 
Secretario  dos  Geraes  D.  Fr.  António 
do  Quental  no  anno  de  17 14.  e  Fr.  Paulo 
de  Brito  no  anno  de  1717.  e  D.  Abbade 
do  Real  Mofteiro  de  Santa  Maria  de  Cei- 
ça  em  1720.  Falleceo  a  13  de  Junho  de 
1728.  com  67  annos  de  idade,  c  5 1  de  religião. 
Compoz. 

Septenario  de  Nojfa  Senhora  do  Dejlerro,  que 
começa  em  o  fegundo  Domingo  depois  dos  Reys. 
Lisboa  por  António  Pedrozo  Galraõ.  171 2.  24. 

Breve  noticia  da  Fundação  do  Real  MoJ- 
teiro  de  Santa  Maria  de  Ceiça  da  Ordem  de 
Cifier,  e  Conff-egaçaõ  de  S.  Bernardo  dejie  Rey- 
no.  foi.  M.  S.  Q)meça.  O  Real  Mofteiro 
de  Santa  Maria  de  Ceiça.  da  Ordem  de  S.  Bernardo 
ç^c.  Defta  obra  vimos  huma  copia  cfcrita 
em  15  paginas. 


Fr.  lOZÉ  DE  MESQUITA  nat-;-  ' 
de  Lisboa  filho  do  Dezembargador  Mi: 
Nunes  de  Mefquita,  e  D.  Jozefa  Maria  Re- 
bello  de  igual  nobreza  à  de  feu  Conforte. 
Profeflbu  o  militar  habito  de  NoíTo  Senhor 
lESUS  Chriílo  no  Real  Convento  de  Tho^ 
mar  a  18  de  Dezembro  de  17 14.  onde  apreo- 
deo  com  promptidaõ  as  fciencias  Efcho- 
lafticas,  que  lhe  facilitarão  o  caminho  para 
fer  Orador  Evangélico  de  cujo  fagrado 
minifterio  publicou. 

Oração  das  Exéquias  do  Serenijftmo  Senhor 
Infante  D.  Carlos  pregado  no  Real  Conventú 
de  Thomar  da  Ordem  de  Chrifto  em  20  de  ^í'"'* 
de  1736.  Lisboa  por  António  Ifidoro  \x 
Fonceca.  1736.  4. 

Ohjervaçoens  Chimicas,  e  varias  receitas  tf" 
pecificas  para  diverjos  achaques.  M.  S.  4.  Confta 
de  233.  folhas. 

Flores  Doãorum.  M.  S.  4. 


D.  lOZÉ  MIGUEL  lOAM  DE  POR- 
TUGAL nono  Conde  do  Vimiofo,  c  Dir 
putado  da  lunta  dos  Três  Eftados  filha 
dos  Excellentiflimos  Marquezes  de  Valença 
D.  Francifco  de  Portugal,  c  D.  Francifai 
Roza  de  Menezes  filha  de  Manoel  Telles 
da  Sylva  I.  Marquez  de  Alegrete,  e  D.  Lui- 
za  Coutinho,  naceo  em  a  famofa  Cidade 
de  Lisboa  a  27  de  Dezembro  de  1706.  pa- 
ra immortal  brazaõ  da  fua  coroada  alccn- 
dencia.  Nos  primeiros  crepufculos  da  ida- 
de brilharão  com  tal  intenção  as  luzes  do 
feu  talento,  que  para  comprehendcr  as  fcien- 
cias teve  a  natureza  por  Meftra.  Inftruitio 
nos  preceitos  da  Gramática  Latina,  Tro- 
pos da  Rhetorica,  e  primores  da  Poética, 
afllm  como  na  liçaò  da  Hiíloria  Ecclelmi- 
tica,  e  Secular  produzio  frutos  fazonados 
na  Primavera  dos  annos  ou  foíTc  mctr» fi- 
cando na  lingua  Latina,  ou  materna  cm 
que  a  agudeza  dos  Epigramas  competia  com 
a  elegância  dos  Sonetos,  ou  foflc  efcrevendo 
Elogios,  e  recitando  Oraçoens  cm  que  fc 
conftituhio  Príncipe  da  eloquência  Portu- 
gueza  pela  pureza  da  fraze,  fublimidadc 
do  eftilo,  e  novidade  da  idea.  Com  uô 
fmgulares  dotes  illuílrou  a  Real  Academia 
da    Hiíloria    confirmando    de    juftificada    a 


L USITAN  A 


elevçaõ  que  fe  fizera  da  fua  peflba  com  a 
Oraçaõ  gratulatoria  que  recitou  aos  Col- 
legas  de  taõ  erudita  fociedade.  Mayores 
virtudes  enobrecem  o  feu  efpirito,  que  as 
fdencias  com  que  fe  orna  o  feu  entendi- 
mento fendo  amante  da  verdade,  inimigo 
da  lizonja,  modeílo  nas  açoens,  urbano 
no  trato,  erudito  na  converfaçaõ,  e  na  con- 
ciencia  timorato.  Cazou  a  24  de  Outubro 
de  1728.  com  D.  Luiza  de  Lorena  filha 
do  feu  Primo  com  irmaõ  Manoel  Tellez 
da  Sylva  III.  Marquez  de  Alegrete,  e  da 
Marqueza   D.    Eugenia   de   Lorena   filha   de 

'Nuno  Alvres  Pereira  de  Mello  I.  Duque 
do  Cadaval,  e  da  Duqueza  Margarida  Ar- 
manda   de    Lorena   fua   terceira   mulher,   de 

{cujo    conforcio    tem    havido    copiofa    def- 

'  cendencia.    G^mpoz. 

'       B.pigrammatum  líber  unus.    Ulyflipone  apud 

(Michaelem  Rodriguez  1752.  8. 

Vida   do   Infante    D.    L/d^-     Lisboa    por 
^  ntonio  Ifidoro  da  Fonceca.  1735.  4. 

Praâica    com    que    con^atulou   a    Academia 

\Real  por  efiar  eleito  feu  Collega.  Lisboa 
por  lozé  António  da  Sylva.  1731.  foi. 
Sahio   no    Tom.    11.    da    Collec.   dos   Docum. 

.Ja  Acad.  Real. 

Quatro  'Epigrammas  luitinos  em  aplatfí^o 
tiu  Rxcellentijftmo  Duque  de  Cadaval  D. 
lajme   de    Mello   efcrevendo  as  ultimas  Acçoens 

\de  feu  ExcellentiJJimo  Pay.  Lisboa  na  Offi- 
cina  da  Mufica.  1730.  foi.  Sahiraõ  ao  prin- 
cipio deíle  livro. 

Dous  Sonetos  Portuguef^es,  e  bum  Epi- 
^ama  luitino  à  morte  da  SereniJJima  Se- 
nhora Infanta  D.  Francifca.  Lisboa  por 
António  Ifidoro  da  Fonceca.  1736.  4.    Sahi- 

iiaõ    nos    Acent.    Saudof.    das    Abfas    a    efte 
*  "^umpto 

Dous  Epi^amas  Latinos  em  aplati^  dos 
Epi^amas  do  Padre  D.  Lui^  Caetano  de  Uma. 
UlyíTipone  apud  lozephum  Antonium  da 
Sylva  1730.  8. 

Soneto  a  Santa  Tbere^a  fabindo  dos  Car- 
melitas ohferv antes  para  fa!(er  a  Reforma.  Sahio 
no  2.  Tomo  do  Jardim  Carmelitano  nova- 
mente cultivado  por  Fr.   Eílevaõ  de   Santo 

I  Angelo  a  pag.  419.    Lisboa  por  lozè  António 

ida  Sylva  1741.  foi. 

Parabém     ao     llluflrifftmo,     e     Excellentif- 


879 

fimo  Senhor  Duque  do  Cadaval  pela  ocafiaõ 
do  feu  Casamento.  4.  Naõ  tem  lugar  da 
ImpreíTaõ. 

Carta,  Epigramma  Latino,  e  Soneto  Portu- 
guês em  aplau:(p  do  Author  da  Bihliotheca  Eufi- 
tana.  Sahiraõ  ao  principio  defta  obra.  Lis- 
boa por  António  Ifidoro  da  Fonceca.  1741. 
foi. 

Inflruçaõ  dada  a  feu  filho  D.  Francifco  lo^é 
Miguel  de  Portugal  fundada  nas  açoens  moraes, 
politicas,  e  militares  dos  Condes  do  Vimiofo  feus 
afcendentes.  Lisboa  por  Miguel  Rodrigues 
ImpreíTor  do  Emminentinimo  Senhor  Cardial 
Patriarcha  1741.  8. 

Inflruçaõ  dada  a  feu  filho  fegundo  D.  AíanoeJ 
lo^é  de  Portugal  fundada  nas  acçoens  Chriflaàs, 
moraes,  e  politicas  dos  Ecclefiafiicos,  que  teve  a 
fua  Familia.  ibi  pelo  dito  ImpreíTor  1744.  8. 

Oraçaõ  ao  Príncipe  Nojfo  Senhor  pelo  fe- 
liZ  nacimento  da  Sereniffima  Senhora  Infanta 
quarta  filha  de  Sua  Alteia.  4.  Naõ  tem 
lugar  nem  anno  da  Impreflaõ  fendo  em 
o    de    1746. 

lOZE*  I>A  MOTTA  SYLVA  Caval- 
leiro  profeíTo  da  Ordem  Militar  de  Qirif- 
to  naceo  no  lugar  das  Lapas  Termo  de 
Torres  novas  a  16  de  Dezembro  de 
1663.  fendo  filho  do  Dezembargador  Vi- 
cente G)elho  Serraõ,  e  D.  Maria  Matoza 
da  Sylva.  Ainda  que  frequentou  as  Uni- 
verfidades  de  Évora,  e  Coimbra  com 
grande  aplicação  nunca  recebeo  Gráo  em 
Faculdade  alguma  por  naõ  querer  ocupar 
os  lugares  da  Republica.  Toda  a  fua 
inclinação  era  para  a  Poezia  Cómica  dei- 
xando em  diverfas  produçoens  eternizada 
a  felicidade  da  fua  Mufa,  como  a  vafta 
erudição  de  que  era  ornado.  Foy  ca- 
zado  com  D.  Catherina  Coelho  filha  de 
Francifco  Dias,  e  Guiomar  Coelho  de 
quem  naõ  teve  fuceífaõ.  Falleceo  na  pá- 
tria a  25  de  Agofto  de  1741.  Compoz 
as    feguintes    Comedias. 

Ea  nueva  lin^  dei  Carmel. 

Ea  defdicha  dei  nacer  no  quita  la  buena  ef- 
trella. 

EJ  Galan  dijfimulado. 

El  Bayle  dei  Sacrílego. 

Las  Glorias  de  S.  Iot(é.  1.  e  z.  Parte. 


88o 


BIB  LIO  THE  CA 


EJ  Patron  de  Salamanca. 

EJ  De/po!(orio  entre  muertos. 

En  el  agita  muerte,  y  vida. 

"Los  Verdugos  de  Ju  Jangre.  Sahio  impref- 
fa  em  Caílella  com  o  nome  de  hum  Caf- 
telhano. 

Al  defdichado  la  dicha. 

EJ  Tjmbre  de  Portugal 

Ea  Aurora  de  "Nav^areth,  Eflrella  de  Por- 
tugal Part.  I.  2.  3.  Contem  a  Hiíloria  da 
perda  de  Efpanha,  penitencia  delRey  D.  Ro- 
drigo, e  da  invenção  da  Imagem  de  N.  Se- 
nhora de  Nazareth  em  o  íitio  da  Pederneira. 

La  Ro/a  de  los  Mar ty rios.  i.  e  2.  Parte 
coníla  da  Vida  de  Santa  Genoveva. 

Amor  conftancia,  y  ventura  con  el  favor  de 
la  Virgen. 

Amar  o  que  Je  dejprev^a. 

Amor  inconjlante,  e  vario. 

Quem  troca  amor  por  amor  cada  vei^  eftá 
peyor. 

Troya  de  amor. 

El  monjlro  en  la  penitencia 

Nó  ejlá  la  dicha  fegura  en  agrados  de  hermo- 
fura.  Eílas  duas  ultimas  Comedias  eílavaõ 
imperfeitas. 

Problema  Cómico  em  que  fe  ventila:  qual 
he  mais  eftimavel,  Je  o  Ouro  das  Minas, 
Je  as  Flores  do  Prado?  Dedicado  ao  Mar- 
quez   das    Minas,    e    Conde    do    Prado. 

Problema  cómico  em  que  Je  dijputa.  Qual  Joy 
mais  excellente  em  S.  Pedro,  Je  a  Fé,  ou  Je  o 
Amor} 

Epithalamio  aos  Augujlos  Calçamentos  dos 
Serenijfimos    Príncipes    do    Brasil,    e    AJlurias. 

Todas  eftas  obras  fe  confervaõ  M.  S.  em 
poder  do  feu  Author. 

P.  lOZE'  DE  MURCIA  filho  de  loaõ 
de  Murcia,  e  Izabel  da  Sylva  nacco  cm 
Lisboa,  e  veílio  a  roupeta  de  lefuita 
em  o  CoUegio  de  Évora  a  9  de  De- 
zembro de  1657.  onde  foy  taõ  infigne 
nas  fciencias  amenas,  e  feveras  como  nas 
virtudes  religiofas.  Foy  Lente  primário 
de  Rhetorica  em  o  Collegio  de  Lisboa, 
c  de  Theologia  em  Coimbra,  Qualifi- 
cador do  Santo  Officio.  Teve  cordial 
afefto    a    S.    Francifco    Xavier,    c    a    feu 


patrício    Santo   António   venerando   em  am- 
bos    eíles     dous     Athlantes     da     Santidade 
o   ardente   zelo    da    Converfaõ    das    Almas. 
Sempre  eílava  prompto  para  confeflar  qual 
quer    penitente    que    o    bufcava    atrahinc]« 
com    a    brandura    das    palavras    os    cora 
çoens    mais    duros    ao    caminho    da    peni 
tencia.    Falleceo    no    Collegio    de    Coimbr 
a     51     de     Outubro    de     1697.     Delle    ft 
zem    memoria     Foncec.     Évora    glorioj.    p. 
433.     e    Franco    Annales    S.     I.     in    ImJí: 
p.    402.    §.    6.     Compoz 

Sermão  do  Pay  dos  Pobres  Santo  Tho 
mav^  de  Villanova  Arcebijpo  de  Valença  n. 
collocaçaò  da  Jtia  reliquia  mandada  para  a 
Santa  Sé  de  Coimbra  pello  lllujlrijftmo,  t 
Keverendijftmo  Cabbido  de  Valença,  e  mh 
dua^ida  pelo  Doutor  Euiz  àe  Loureiro,  e 
Albuquerque  Cónego  da  mejma  Sè  de  Coim- 
bra. Coimbra  por  lozé  Ferreira  Impreflor 
da  Univerfidade  1690.  4.  Sahio  no  livro 
intitulado    Acroamas    Panegyrícos.    &c. 

Laureato  Cbrijli  militi  K.  P.  loanni  ie 
Bríto  Malabarica  Mijfionis  Anteji^ano  pr 
Catholica  Fide  mortem  Jlrenue  oppetenti  Ep: 
nicium.  He  hum  largo  elogio  de  obr 
lapidaria  em  que  fe  relataõ  as  açoens  deft 
heróico  Varaõ,  e  fahio  impreíTo  na  Vid 
do  mefmo  Padre  efcrita  por  feu  Irmn 
Fernando  Pereira  de  Brito.  Coimbra  n 
Real   Collegio   das   Artes.    1722.    foi. 

Fr.   lOZE'   DO   NAQMENTO   natural 
de  Lisboa  filho  de  Mathias  lorge,  e  Izabel 
de  Amorim.   Na  idade  da  adolefcencia  profef 
fou  o  fagrado  inílituto  do  Doutor  Maxim 
S.  leronimo  no  Convento  de  Penhalonga 
25  de  Dezembro  de  1683.  e  depois  fe  perfi- 
lhou  no    Real   Convento   de   Belém   em  i- 
de    Agoílo    de     1721.     Taõ    profundamcn 
te    penetrou   as    fciencias    Efcholaílicas,  qu 
naõ    fomente    as    diftou    aos    feus    domei 
ticos     com    grande    fama    do    feu    nomi 
mas    jà    laureado    Doutor    na    Univerfidad 
de    Coimbra   as    cnfinou    com   igual    aplai: 
zo  em  a  Cadeira  de  Durando  de   que  to 
mou  polTe  a  24  de  laneiro  de   1726.    Foy 
taõ  infigne   Pregador,   como  famofo  Theo- 
logo    fendo    os    feus    difcurfos    folidos,    c 
ornados  da  profunda  intelligencia  de  hum,  ^ 


L  USITANA. 


88 1 


outro  Teftamento.  Obfervou  com  exaçaõ 
as  obrigaçoens  de  religiofo  por  onde  me- 
receo  acabar  a  vida  temporal  com  fum- 
ma  piedade  em  o  Collegio  de  Coimbra 
a    i6    de    ^'larço    de     173 1.     Compoz. 

Sermão  do  Glorio/o  Pontífice  S.  Nicolao  pre- 
gado na  Freguet^ia  do  me/mo  Santo  de  Usboa. 
Lisboa  por  Pafchoal  da  Sylva  ImpreíTor  de 
S.  Mageftade.  1722.  4. 

SermaÕ  do  Aão  publico  da  Fé  que  fe 
celebrou  no  Terreiro  de  S.  hUguel  da  Ci- 
dade de  Coimbra  em  30  de  Junho  de  1726. 
G)imbra  por  Io2é  Antunes  da  Sylva  Im- 
preíTor   da    Univeríidade.     1726.    4. 

Sermoens  Tomo  i.  Gaimbra  por  António 
Simoens  Ferreira.  1732.  4. 

Sermoens  Tomo  2.  ibi  pelo  dito  ImpreíTor, 
e  anno  4. 

Sermoens  Tomo  3.  ibi  pelo  dito  ImpreíTor. 

1733-  4- 

Sermoens  Tomo  4.  ibi  pelo  dito  ImpreíTor. 

1736.  4. 

De  Arbore  fcientia  boni,  €>"  ma/i.  EAe  Tra- 
tado deixou  imperfeito. 

Fr.  lOZE'  DA  NATIVIDADE  naceo  em 
a  Gdade  de  S.  Sebaíliaõ  do  Rio  de  Janeiro  a 
19  de  Março  de  1649.  onde  foy  admetido  à  co- 
gula Monachal  do  Príncipe  dos  Patriarchas  S. 
Bento  em  o  Moíleiro  de  Santa  Maria  de  Mon- 
íarrate.  Admiráveis  progreíTos  fez  a  fua  apli- 
cação nos  eíhidos  EfcholaíHcos,  fahindo  taõ 
iníigne  nas  efpeculaçoens  da  Filofofia,  e  Theo- 
logia,  que  naõ  fomente  adquirio  a  antonoma- 
íia  de  fubtil,  ou  foíTe  didando  nas  cadeiras,  ou 
argumentando  nas  Aulas,  mas  mereceo  rece- 
ber a  borla  doutoral  em  a  Univeríidade  de 
Coimbra.  Sendo  confultado  em  matérias  per- 
tencentes ao  Foro  interno  fempre  fundou  o 
íeu  voto  fobre  as  folidas  bazes  das  opinioens 
mais  prováveis.  Foy  Abbade  do  Moíleiro  de 
S.  Sebaíliaõ  da  Bahia,  Preíidente  da  Provin- 
da, e  ultimamente  Provincial  eleito,  cujo  lu- 
gar naõ  permitio  a  morte  que  o  exerdtaíTe. 
Confortado  com  os  Sacramentos  efpirou  pia- 
mente no  Convento  da  Bahia  a  9  de  Abril 
de  1714.  quando  contava  65  annos  de  idade. 
Os  feus  Monges  dedicarão  excquias  fole- 
mnes  á  fua  memoria  redtando  no  fim  o 
Panegyrico  Fúnebre  o  Padre  Meftre  Fr.  Ma- 
56 


theos  da  Encarnação  Pina  de  quem  fe 
fará  diftinta  mençaõ  em  feu  lugar.  Pu- 
blicou. 

SermaÕ  do  Gloriofijftmo  Vatriarcba,  e  Dou- 
tor Santo  Agofiinbo  na  Cidade  da  Bahia 
na  I^eja  de  Nojfa  Senhora  da  Palma.  Lis- 
boa por  Bernardo  da  Coíla  de  Carvalho. 
1658.    4. 

OraçaÕ  Fúnebre  da  tresladaçaõ  dos  Offos 
do  lilufirijfimo  Senhor  D.  Jo^è  de  Barros, 
e  Alarcão  primeiro  Bifpo  do  Rio  de  Janeiro 
na  Igreja  de  S.  Bento  da  mejma  Cidade 
aos  31  de  Agojlo  de  1702.  Lisboa  por 
Miguel    Manefcal.    1703.    4. 

SermaÕ  do  Patriarcba  S.  Francijco.  Lisboa 
pelo  dito  ImpreíTor.  171 5.  4. 

Confultas  Canónicas,  Kegulares,  e  Moraes,  foi. 
M.  S. 

Fr.  lOZE'  DA  NATIVIDADE  naceo 
em  Lisboa,  e  na  Parochial  Igreja  de  S. 
Nicolao  recebeo  a  primeira  graça  a  29 
de  Abril  de  1709.  Deixando  a  caza  de 
feus  Pays  Manoel  Ribeiro  da  Fonceca,  e 
Eugenia  da  Natividade,  e  Mello  elegeo 
entre  todas  as  Religioens  Sagradas  a  do 
illuíbre  Patriarcha  S.  Domingos  fendo  admi- 
tido ao  habito  no  Convento  de  Azeytaõ 
a  30  de  Novembro  de  1727.  Depois  de 
eíhidar  as  fdencias  Efcholaíticas  fe  apli- 
cou com  grande  difvelo  inveftigar  as  no- 
ticias da  fua  preclariífmia  Ordem,  de  cujo 
trabalho  colheo  augmentar  a  grande  obra 
do  A^ologio  Dominico,  que  tinha  fido  glo- 
riofo  argumento  dos  eíludos  dos  Padres 
Fr.  Manoel  Guilherme,  e  Fr.  Manoel  de 
Lima,    publicando. 

Additamento  ao  Affoloffo  Dominica,  que  confia 
das  vidas  dos  Santos,  Beatos,  Martyres,  e  outras 
PeJJoas  veneráveis  da  Ordem  dos  Pregadores  por 
todos  os  dias  do  anno.  Tomo  5 .  Lisboa  na  Offi- 
cina    Alvarenfe.  1743.  foi. 

E/cada  Myfiica  de  Jacob  compofia  pelo  Padre 
Pre^entado  Fr.  hianoel  Guilherme  addicionada 
com  outo  refiexoens  moraes.  Lisboa  na  Offidna 
Alvarenfe.  1744.  4. 

lOZE'  DA  NATIVIDADE  SEYXAS 
Naceo  em  Lisboa  a  16  de  Abril  de 
1661.     onde     teve    por     Pays     a    Máximo 


882 


BIB  LIO  THE  CA 


da  Arruda,  e  Seixas,  e  a  Maria  de  Santo 
António  de  Oliveira.  Recebeo  a  murça 
de  Cónego  Secular  do  Evangelifta  em  o 
Convento  de  S.  Salvador  de  Villar  de  Fra- 
des a  5  de  Setembro  de  1679.  quando  con- 
tava defoito  annos  de  idade.  Aprèdidas 
as  faculdades  de  Filofofia,  e  Theologia  com 
admirável  comprehenfaõ  as  diélou  com  mayor 
aplauzo  aos  feus  domefticos  coroando  toda 
a  carreira  do  feu  magifterio  com  a  borla 
doutoral,  que  lhe  foy  conferida  em  a  Uni- 
verfidade  de  Évora  a  25  de  Novembro 
de  1696.  confagrado  à  memoria  da  vale- 
rofa  Martyr,  e  Ínclita  Doutora  Santa  Ca- 
therina  de  quem  foy  cordial  devoto.  Pre- 
gou com  fatisfaçaõ  dos  ouvintes  em  di- 
verfas  partes  convertendo  as  efmolas,  que 
recebeo  de  taõ  laboriofo  minifterio  em  pre- 
ciofos  donativos  para  culto  dos  Altares. 
Foy  Examinador  Synodal  do  Arcebifpado  de 
Lisboa,  e  das  Três  Ordens  Militares,  e 
Reytor  do  Convento  de  Santo  Eloy  de 
Lisboa  onde  paíTou  da  vida  caduca  para 
a  eterna  a  29  de  Novembro  de  1740.  quando 
contava  79  annos  de  idade,  e  61  de  Cónego 
da  fua  florentiíTima  Congregação.  Compoz 
alludindo  aos  fete  fellos,  que  daquelle  livro 
vio  pendentes  o  Evangeliíla  Águia. 

Medalha  Evangélica  illuftrada  com  quin^^e 
Sermoens.  Primeiro  Tomo.  Lisboa  por  António 
Pcdrozo  Galraõ.  1706.  4. 

Segundo  Tomo.  ibi  pelo  dito  Impreflbr. 
1708.  4. 

Terceiro  Tomo.  ibi  pelo  dito  ImpreíTor. 
1712.  4. 

Medalha  Evangélica  gravada  no  centro  com  o 
Soberano  Nome  de  Maria,  e  na  circumferencia 
com  todas  as  letras  do  A.  B.  C.  que  def atadas 
em  Symholos  publicaõ  em  devotos  epithetos  as 
Excellencias  da  Rajnha  dos  Anjos.  Quarto  To- 
mo.    Lisboa   pelo   dito   ImpreíTor.    171 5.    4. 

Quinto  Tomo.  ibi  pelo  dito  ImpreíTor. 
1718.  4. 

Sexto  Tomo.  ibi  pelo  dito  ImpreíTor. 
1722.  4. 

Sétimo  Tomo.  ibi  pelo  dito  ImpreíTor. 
1724.  4. 

O  Reformador  Prodigiofo  S.  JoaÕ  da 
Cru^  aplaudido  no  Sermão  ultimo  com  que 
foy    celebrada    a   fua    CanonÍ!(afaõ    por    bum 


folemne  Outavario,  que  lhe  dedicarão  feus 
filhos  os  Carmelitas  Delcalfos  no  Convento 
de  Nojfa  Senhora  dos  Remédios  da  Corte  de 
Lisboa  que  finali;(ou  em  zi  de  Setembro  de  1727. 
Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor.    1728.   4. 

Opufculum  Theologico-furidicum  de  Sacula- 
ritate  Canonicorum  Congrega tionis  Eufitana  San& 
Joannis  Evangelifta.  UlyíTipone  cx  Typ.  Au- 
guíliniana.  1735.  4. 

Rofa  Peruana,  vita  mirabilis,  eJ»*  mors 
pratiofa  S.  Rofa  à  S.  Maria  Umenfis  ex  ter- 
tio  Ordine  S.  Dominici  per  Eeonardum  Han- 
fen  Ord.  Prad.  UlyíTipone  apud  Petrum 
Ferreira.  1728.  8. 

Mandou  reimprimir  eíla  obra  por  fcr 
aíTeíhiofo  devoto  de  Santa  Roza  de  San- 
ta Maria,  e  lhe  acrecentou  hum  Elogio 
de  eílilo  lapidario  em  aplauzo  da  mefma 
Santa  compofto  por  ele,  cuja  impreíTaô 
foy  feita  com  o  difpendio  do  próprio  di- 
nheiro. 

Evangelifla  ih  Pathmos  relega  tus;  Joannes 
terrefiri  pátria  exterminatus,  (Ò*  ad  caleflem 
eueãus  fuper  illa  verba  Apocalypfis  cap.  i.  K. 
9.  ufque  ad  11.  Ego  Joannes  frater  veíler 
&c.  liber  unicus.  Septem  referantur  fifflla, 
feu  feptem  demonflrantur  myfleria  in  relegatiom 
D.  loannis  inventa.  4.  M.  S. 

Procejfus  Criminalis  Offenfivus,  et  De- 
fenfivus  pro  Conflitutionibus.  S.  loannis  Evan- 
gelifla ordinatus  anno.  171 5.  4.  M.  S.  Coníla 
de  17  Capitulos. 


Fr.  lOZÉ  DE  NOSSA  SENHORA  Na- 
ceo  em  Lisboa  a  11  de  Abril  de  1682.  Sen- 
do filho  de  Gonçalo  Villcla  Cavalleiro  da 
Ordem  de  Chriílo,  e  D.  loanna  Paula  de 
Alvellos.  Inílruido  nas  primeiras  letras 
feguio  a  vida  militar  em  que  moílrou  va- 
lor, e  difciplina  porem  anhelando  alcan- 
çar vitoria  dos  feus  apetites  fe  aliftou  em 
outra  mais  nobre  milicia  qual  foy  a  rehgiaõ 
Seráfica  profeíTando  o  feu  penitente  iníb- 
tuto  em  o  Convento  da  Gdade  do  Porto 
a  17  de  Abril  de  171 7.  quando  contava 
35  annos  de  idade.  Depois  de  curfar  os 
eíhidos  efcholaíHcos  fe  aplicou  á  liçaõ  da 
Sagrada  Efcritura,  e  dos  Santos  Padres  da 
qual    colheo    abundante    noticia   para   exor- 


L  USITANA. 


883 


nar  os  feus  Difcurfos  concionatorios  com 
que  alcançou  aplauzo  dos  ouvintes,  e  o 
titulo  de  Pregador  Geral  da  fua  ReUgiaõ. 
PubUcou. 

Sermão  Panegyrico  no  Jolemne  aplaudo 
com  que  o  bendito  Convento  de  noffo  Se- 
ráfico P.  S.  Franctfco  da  Real  Villa  de 
Alanquer  celebrou  a  Canoni;(açaÕ  do  glo- 
riofo  Saõ  Tiago  de  Marca  Minorita  da  regular 
obfervancia.  Lisboa  por  Bernardo  da  Q)fta 
1727.  4. 

Sermão  Panegírico  no  dia  11  de  Outu- 
bro, e  fegundo  do  Jolemne  Triduo  com  que 
o  reliffofijjimo  Convento  de  Carmelitas  Def- 
calfos  da  notável,  e  fempre  leal  Villa  de 
Santarém  fejlejou  a  Canonizarão  do  glorio/o 
\  S.  loaõ  da  Cru^  primogénito  da  fua  Re- 
forma Sagrada  Lisboa  na  Patriarchal  Offi- 
dna  da  Muíica  1728.  4. 
j  Sermão  Panegyrico  na  Jefta  dos  Nobres 
que  todos  os  annos  pela  Outava  da  Pafchoa 
confagraõ  à  fempre  Virgem  Mãy  de  Deos 
em  a  fua  maravilhofa  imagem  venerada  no 
Clauflro  do  Santo  Convento  de  Alenquer, 
e  chamada  vulgarmente  Nojfa  Senhora  do 
Capitulo.      Lisboa    na    Officina    da    Mufica. 

i  1730.  4- 

Sermão   Panegyrico  da  milagrofa  Imagem  do 

Santo    Chrifio    dos    Perdoens  pregado    na    Paro- 

chial  Igreja  da  Magdalena  de   Usboa  em   ^    de 

\  Novembro  de  1724,    Lisboa  por  lozé  António 

da  Sylva  1731.  4. 

Sermão  Panegyrico  do  Corarão  de  lESUS 
no  feu  dia  Outavo  pregado  no  Mofleiro  da  Ef- 
perança  de  Usboa.  Lisboa  na  Officina  da 
Congregação  do  Oratório  1736.  4. 

Sermão  Panegyrico  no  folemniffimo  culto  da 
gloriofa  Santa  Barbara,  que  todos  os  annos  lhe 
confagra  a  Fidalguia  da  Corte  de  Usboa  na  Igreja 
do  Hof pitai  Real.  Lisboa.  1739.  4-  ^^^^  nome 
do  ImpreíTor. 

Sermão  Panegyrico  na  Fefla  do  Seráfico 
Patriarcha  S.  Francifco  que  todos  os  annos  lhe  con- 
fagra a  fua  venerável  Ordem  Terceira  do  Real 
Convento  de  Usboa  aj/ifiindo  a  Terceira  Ordem 
Dominicana  no  i.  Domingo  de  Outubro  em 
que  univerfalmente  fe  Jejleja  o  Rojario  San- 
tijftmo.     Coimbra    por    LuÍ2    Seco    Ferreira. 

|I739-  4- 

Seis     Anagrammas     Reais,     e     Chronoloff- 


cos  aplicados  ã  glorioja  Dedicação  do  Jumptuo^p, 
e  admirável  Templo  de  Mafra.  Lisboa  por 
lozè  António  da  Sylva  1731.  foi. 


P.  lOZE'  NOGUEYRA  natural  da 
Villa  do  Recife  do  Eílado  de  Pernam- 
buco filho  de  António  Nogueira  lorge, 
e  Maria  da  Coíla.  Quando  contava  de- 
fafete  annos  de  idade  recebeo  a  roupeta 
da  Companhia  de  lefus  no  Collegio  da 
Bahia  a  9  de  Novembro  de  1727.  on- 
de fendo  Meílre  da  primeira  Clafle  de 
Humanidades.    Compoz 

Júris  confultijjimo  Domino  Ignatio  Dia^  Ma- 
deira olim  Indiarum  Quajlori  integerrimo,  nunc 
Brajilienjis  Status  Criminalium  Caujarum  Cen- 
Jori  abjolutijfimo  Fpigrammata  Varia.  Uly- 
flipone  apud  Michaelem  Manefcal  da  Coíhi 
Typ.  S.  Officii.  1742.  4. 


lOZE'  NUNES  DE  FARIA  naceo  em 
a  Villa  de  Eliremoz  da  Provinda  Tranfta- 
gana  a  13  de  Março  de  1702.  onde  teve 
por  Pays  a  lozé  Gonzalves,  e  Antónia  de 
Faria.  Eftudou  Gramática  com  tanta  apli- 
cação como  quem  a  havia  publicamente 
eníinar.  Na  juvenil  idade  de  quinze  annos 
aflentou  praça  de  Soldado  infante  no  Re- 
gimento da  fua  pátria,  e  nelle  fervio  dous 
annos  em  a  Praça  de  Elvas.  Preferindo 
o  ócio  literário  ao  tumulto  militar  eftudou 
Filofofia  em  Évora,  e  jurifprudenda  Pon- 
tifícia em  Coimbra  fahindo  em  huma,  e 
outra  faculdade  fuficientemente  inftruido,  naõ 
fendo  menos  verfado  nos  preceitos  da  Poe- 
fía  que  cultiva  com  grande  felicidade.  Mo- 
vido de  devoto  afefto  traduzio  da  lingua 
Latina  do  P.  Fr.  Pedro  Sanches  em  a  materna. 

Gemidos  do  Coração.  Dedicado  ao  Reve- 
rendo Padre  Fr.  Manoel  de  Santa  lalaria  Vi- 
gário Geral  da  Congregação  dos  Agojlinhos  DeJ- 
caljos.  Lisboa  por  Pedro  Ferreira  Impreflbr 
da  Rainha  NoíTa  Senhora.  1743.  8. 

Rejugio  de  Fadigas.  He  huma  colleçaõ 
dos  feus  Verfos  que  fe  eftá  imprimindo 
com  o  nome  afeéb.do  de  D.  Mariana  The- 
reza  dos  Martyres  religiofa  em  o  Convento 
de  Santa  Cruz  de  Villa  Viçoía. 


884  BIB  LIOTH  E  C  A 

D.    Fr.    lOZE*    DE   OLIVEYRA.     Naceo  i.  pag.  92.  por  fuás  muitas  letras,  authoridade, 

na    celebre    Villa    de    Guimaraens    do    Ar-  e  virtude  Bifpo  de  Angola,  c  Fr.  Manoel  de 

cebifpado   de   Braga   a   4   de   Fevereiro   de  Figueiredo    Fios   Saníi.    Augujl.    Part.    4.   p. 

1638.      Foy     virtuofamente     educado     por  140.   §.   64.     Voy  dotado  de  rara  aguder^a  nos 

feus    Pays    António   Alvares,    e   Izabel    An-  argumentos,    e  fingular  facúndia    nos   Sermoens. 

tunes    de    que    foy    felÍ2    confequencia    dei-  Compoz. 

xar   o   feculo    na    idade   de   defafeis   annos  Sermoens    Vários    Tomo    i.    Gíimbra    por 

e    abraçar    o    fagrado     inílituto     dos    Eri-  lozè  Ferreira.  1688.  4. 

mitas     de     Santo     Agoílinho     que     profef-  Sermoens    Varias    Tom.    z.     Lisboa    por 

fou    no    Real    Convento    da    Graça    a     5  Bernardo  da  Gjfta  1700.  4. 

de   laneiro    de    1654.     Em   toda   a   carreira  Sermoens   Vários  Tom.   3.  ibi  por  Miguel 

dos     eftudos     efcholaílicos     foy     envejado  Manefcal.  1710. 4. 

dos    condifcipulos,    e    admirado    dos    Mef-  Sermoens   Vários  Tom.  4.  ibi  na  Officina 

três   o   feu   talento   pela   fubtil   comprehen-  Deslandefiana.  171 5.  4. 

faõ    com    que    penetrava    as    mayores    difi-  Sermoens  Vários  Tom.  5.  ibi  por  Pafchoal 

culdades.     Laureado    com    a    borla    douto-  da  Sylva  1716.  4. 

ral  pela  Univerfidade  de  Coimbra  a  28   de  Sermão  ao  recolher  da   ProciJfaÕ  dos  Paffm 

lunho  de  1671.  foy  nella  Conduélario  com  pri-  do  feu    Collegio    de    Coimbra.     Coimbra    pof 

vilegios  de  Lente  a  19  de  Outubro  de  1684.  Rodrigo    de    Carvalho    Coutinho    Imprcflbr 

c  hum  dos   mais  doutos   Qualificadores  do  da  Univerfidade.  1673.  4. 

Santo    Officio.     No    minifterio    do    púlpito  Sermaõ   das    Lagrimas   da    Magdalena  pr^ 

levou  a  palma  aos  mayores  Oradores  Evan-  gado    na    Ca:^a    da    Mifericordia    de    Coimbrã, 

gelicos    do    feu    tempo    como    teftemunha-  Coimbra  por  lozè  Ferreira  1676.  4. 

raõ   os   mais   eruditos   auditórios    que   efta-  SermaÕ  em   o    Prejlito   que   a   infixe    LW» 

vaõ  pendentes  da  fubtileza  dos  feus  difcur-  verfidade    de    Coimbra  /í:^    á   Igreja    da    Raj- 

fos    illuftrados    com    os    textos    de    hum,    e  nba    Santa    Isabel    em    acçaõ    de    grafas   pele 

outro   Teílamento,   e   Sentenças   dos    Santos  nacimento    do    Príncipe    Noffo    Senhor.     Coim- 

Padres,    e    Sagrados    Expozitores.     Ornava-  bra    por    lozè    Ferreira    Impreflbr    da    Uni- 

fe    efta    profunda    literatura    com    modeftia  verfidade  1690. 4. 

reUgiofa,  vida  irreprehenfivel,  génio  humilde,  Sermaõ   no    Auto    da    Fè    que  fe    celebrou 

e  afabilidade  fumma  cujos  dotes  lhe  feiviraõ  em    a    Cidade    de    Coimbra    em    o    Átrio   dt 

de  memoriaes  para  que  a  Mageílade  delRey  S.     Miguel    na    primeira    Dominga    de    lulbo 

D.  Pedro  IL  o  nomeaíTe  Bifpo  de  Angola,  de     1691.      Coimbra    pelo    dito    Impreflbr. 

e  fendo  fagrado  nefta  dignidade  naõ   pode  1691.  4. 

apacentar  as  fuás  ovelhas  impedido  de  gra-  Sermaõ     das      Exéquias     do      Illuftrijfmo 

ves  achaques  que  tolerou  com  grande  refi-  Senhor     D.     Fr.     loi^è     de     Alencajire     Bifpo 

gnaçaõ    vivendo    entre    os    feus    Religiofos  Inquifidor    Geral    no    Convento    dos    Remédios 

exemplarmente    atè    paflar    à    immortalidade  dos    Padres    Carmelitas    Descalfos    de    Lisboa 

gloriofa  em  o  Convento  de  NoíTa  Senhora  em    23.    de    Outubro    de    1705.     Lisboa    por 

da  Graça  de  Lisboa  a  22  de  Março  de  1719.  Miguel   Manefcal    1706.    4. 

quando    contava    81    armos    de    idade.     Fa-  Sermaõ    nas    Exéquias    do    Serenijftmo    St- 

zem     honorifica     mençaõ     do     feu     nome  nhor  D.  Pedro  2.  Key  de  Portugal  que  fe  cele- 

o    P.    D.    Manoel    Caetano    de    Souza    nas  braraõ  na  Santa,  e  Real  Ca^a  da  Aíi^ericordia 

Quefloens     Sele£í.     Buli.     Cruciat.     compoftas  da  Cidade  de  Lisboa  em  6  de  Fevereiro  de  1707. 

por    Lourenço    Pires    de    Carvalho    p.    76.  Lisboa  por  Miguel  Manefcal  Impreflbr  do 

Conimbricenjis       Academia      perpetuum       defi-  Santo  Officio  1707.  4. 

derium,    c>*    immortale    decus    Província    Lu-  Sermaõ  do  Auto  da  Fè  que  fe  celebrou  m 

fitana    Erimitarum    S.    AuguJHni    e    lu    Ex-  Rocio  da  Cidade  de  Lisboa  em  Domingo  6  it 

ped.    Hifp.    S.    lacobi    Tom.    2.    pag.    1326.  Novembro   do   anno    de    1707.     Coimbra   por 

§.     373.    Carvalho    Corograf.    Portug.    Tom.  lozè  Ferreira  1707.  4. 


L  USITAN  A. 


885 


'  Utrum  Chrifli  fideles  pojfmt  intra  annum 
pro  multis  defunãis  tot  Bulias  defunãorum 
fumere  quot  voluerint:  an  folum  duas;  unam 
Jcilicet  tn  principio  anni,  <&  poft  fex  men- 
fes  alteram?  Sahio  defde  pag,  37.  até 
52.  do  Tom.  I.  Qtupft.  Jeleã.  Bui.  Cru- 
ciai per    Luiurentium    Pires    de    Carvalho. 

Fr.  lOZE'  DE  OLIVEYRA  naceo 
em  Lisboa  fendo  filho  do  Doutor  Ma- 
noel Lopes  de  Oliveira  De2embargador 
do  Paço,  e  Chanceller  mór  do  Reyno, 
e  de  D.  Helena  Ramires  Efquivel.  Pro- 
feíTou  o  fagrado  inílituto  da  Ordem  Tri- 
nitaria  em  o  Convento  pátrio  a  2  de  Fe- 
vereiro de  1694.  onde  he  Meflxe  jubilado 
em  Theologia  pela  liçaõ  de  taõ  fublime 
Faculdade,  Definidor,  e  Secretario  duas  ve- 
zes, Regente  dos  Eíhidos  do  Convento 
de  Lisboa  ornado  de  igual  talento  para  o 
púlpito,  como  para  o  voto  nas  matérias 
da  Theologia  Moral  em  que  he  infigne. 
j  Publicou. 

j  Sermão  da  Canonização  de  S.  JoaÕ  da 
\  Cru^  pregado  no  Convento  de  Nojfa  Senhora 
\  da  Piedade  dos  Keligiofos  Carmelitas  Defcal- 
fos  da  Vi  lia  de  Cafcaes  no  ultimo  dia  do  Tri- 
duo,  que  minijlráraõ  os  Keligiofos  da  SantiJJima 
Trindade.  Lisboa  na  Officiíu  Ferreiriana. 
1728.  4. 

Sermão  ao  recolher  da  Procijjaõ  do  Kefgate, 

.  que  no  anno  de   1731.  fi^eraõ  os  Keligiofos  da 

I  SantiJJima    Trindade,    e    Kedempçaõ   de    Cativos 

da  Provinda  de  Portugal.    Lisboa  na  Officina 

da  Mufica.  1732.  4. 

Com  o  nome  fupollo  de  Fr.  Viâoriano 
Clemente. 

Kepojia  Theologico- Jurídica  a  hum  papel  ano- 
«ymo,  que  fe  divulgou  na  Corte  de  Lisboa  con- 
tra a  validade  do  Capitulo,  que  em  7  de  Mayo 
^  1735-7^  cdehrou  no  Convento  da  SantiJJima 
Trindade  da  mefma  Corte  em  que  fahio  eleito 
Provincial  o  muito  Keverendo  Padre  Meflre 
Fr.  JoaÕ  da  Cru^.  Madrid  por  Francifco  dei 
Hierro.  1735.  foi. 

lOZE'  DE  OLIVEYRA  SERPA 
Naceo  na  Qdade  da  Bahia  Capital  da 
America  Portugueza  a  13  de  Janeiro  de 
1696.    fendo    filho    de     Francifco    Alvares 


Carneiro,  e  D.  Archangela  Guedes  de  Bri- 
to. Eíhidou  letras  humanas  no  Collegio 
dos  Padres  Jefuitas  da  fua  pátria,  e  Filofo- 
fia  em  que  recebeo  o  gráo  de  Meftre  em  Ar- 
tes. Frequentou  com  igual  difvelo  a  Theo- 
logia, como  também  a  intelligencia  da  Sa- 
grada Efcritura.  Ordenado  de  Presbítero 
começou  a  exercitar  o  minifterio  de  Ora- 
dor Evangélico  com  aplauzo  dos  ouvin- 
tes como  publicaõ  as  feguintes  obras. 

Sermão  da  Soledade  da  Santijfima  Vir- 
gem Aíaría  NoJfa  Senhora  na  Aíatri^  de 
S.  Pedro  da  Cidade  da  Bahia  em  27  de^ 
Março  de  1739.  Lisboa  por  Miguel  Ma- 
nefcal  da  Coíla.  1740.  4. 

SermaÕ  de  NoJfa  Senhora  da  Porta  do  Ceo, 
e  todo  bem  pregado  na  l^eja  de  S.  Pedro  dos 
Clérigos  da  Bahia  em  o  anno  de  1743.  Lisboa 
pelo  dito  Impreííor.  1744.  4. 

SermaÕ  da  Conceição  da  Virgem  Maria 
pregado  na  ultima  menhãa  do  Triduo,  que  fe 
/í:ç  na  Igreja  da  Lapa  quando  no  feu  Convento 
entrarão  as  novas  reli^ofas  da  Conceição  no 
anno  de  1744.  Lisboa  pelo  dito  ImprelTor. 
1746.  4. 

Novo  obfequio  ao  ^ande  Patriarcha  S.  Jof^è. 
Coníla   de   Novena,   e   varias   Poefias.  M.  S. 

Tríndade  da  terra  exaltada,  effeitos  do 
Temor  de  Deos  por  cau^a  de  buma  horrível 
trovoada  fucedida  em  a  noute  do  dia  de  S^ 
Jo^e  do  anno  de  1721.  M.  S. 

lOZE'  DE  OLIVEYRA  DE  SOU- 
ZA Naceo  em  Lisboa  no  anno  de  1680. 
fendo  filho  de  Manoel  Luiz  de  Souza^ 
e  Barbara  de  Oliveira.  Foy  Contador  dos 
Contos  do  Reyno,  e  Caza,  Efcrivaõ  do 
Thezoureiro  da  Embaxada,  que  a  Ale- 
manha fez  o  ExcellentiíTimo  Marquez  de 
Alegrete  Fernaõ  TeUes  da  Sylva  no  an- 
no de  1708.  e  depois  Secretario  do  Con- 
de de  Tarouca  Plenipotenciário  na  Paz  de 
Utrech.  Falleceo  em  Viena  de  Auftria 
a  6  de  laneiro  de  1734.  Formou  huma  nu- 
merofa  Uvraria  cujo  principal  argumento 
era  Hiíloria  fecular.   Publicou. 

£«  ios  felicijftmos  Defpov^orios  dei  SereniJJi- 
mo  Kejf  de  Portugal  D.  Juan  V.  con  la  Sere- 
nijfima  Kejna  D.  Maríana  de  Auflria  Epitha- 
lamio.  Viena  por  luan  Diego  Kúmer.  1708,  4* 


mô 


BIBLIO THE  CA 


lOZE'  ORTIZ  DE  AYALA  por  ori- 
gem Caílelhano,  e  por  nacimento  Portu- 
guez  Cura  da  Parochial  Igreja  de  S.  Mi- 
guel da  Viila  de  Torres  Vedras  do  Patriar- 
•chado  de  Lisboa.  Traduzio  da  lingua  Caf- 
tclhana  do  Padre  Eufebio  Nieremberg  da 
-GDmpanhia    de    lESUS    em    a    Portugueza. 

Cathecijmo  Romano,  e  PraíHcas  da  Dou- 
Jrina  Chrifiãa  para  os  principaes  Myjleríos  de 
Noffo  Senhor,  Fejlas  dos  Santos,  e  Domingos 
Jo  anno.  Lisboa  por  Domingos  Carneiro. 
1678.  4. 


Fr.  lOZE'  DE  S.  PATRÍCIO  filho  de 
AfFonfo  Camacho,  e  Domingas  Corrêa  na- 
ceo  no  lugar  de  Alcantanilla  termo  da  Cidade 
de  Sylves  em  o  Reyno  do  Algarve.  Pro- 
feflbu  o  inftituto  de  Erimita  Auguíliniano 
<;m  o  Convento  de  Nofla  Senhora  da  Graça 
-de  Lisboa  a  16  de  laneiro  de  1679.  ^^^'^  foy 
Prior  do  Conuento  de  Tavira  em  o  qual 
falleceo  no  anno  de  171 2.  tendo  fido  Lente 
jubilado  em  Theologia,  e  Examinador  Sino- 
dal   do    Arcebifpado    de    Braga.     Publicou. 

Sermão  do  "Príncipe  dos  Apojlolos  S.  Pedro 
na  Dominga  fetima  depois  do  Pentecoftes  na  Igreja 
Parochial  de  S.  Tiago  de  Tavira.  Lisboa  por 
António  Pedrozo  Galraõ.   1705.  4. 


Fr.  lOZE'  PEREYRA  DE  SANTA 
ANNA.  chamado  no  feculo  lozé  Pe- 
reira de  Sà  Bocan  naceo  em  a  Cidade 
de  S.  Sebaftiaõ  do  Rio  de  laneiro  do 
Eftado  do  Brazil  a  4  de  Fevereiro  de 
1696.  onde  teve  por  Pays  a  Simaõ  Pe- 
reira de  Sà,  e  Salinas,  e  Anna  Bocan 
<}ue  da  Qdade  de  Antibes  em  o  Reyno 
•de  França  trouxe  o  appelido,  e  a  afcen- 
dencia.  Ornado  de  perfpicas  talento  pe- 
netrou nos  primeiros  annos  com  fumma 
brevidade  os  preceitos  da  Gramática,  e 
<la  Poética  metrificando  elegantemente 
na  lingua  latina,  e  materna,  naõ  fendo 
menos  perito  na  arte  da  Mufica  cujas 
compofiçoens  armonicas  ainda  fe  cantaõ 
em  todo  o  Brazil  com  igual  credito  do 
Meílre,  como  fuave  deleitação  dos  Ou- 
vintes.    Contando   defanove   annos   de   ida- 


de deixou  por  vocação  própria  o  mundo, 
e  fe  recolheo  ao  Clauílro  da  Ordem  de  Nof- 
fa  Senhora  do  Carmo  cujo  habito  recebeo 
no  Convento  pátrio  a  15  de  Julho  de 
171 5.  e  profeflbu  folemnemente  a  16  do 
dito  mez  do  anno  feguinte.  Vendo  feu 
Pay  o  progreíTo  que  fizera  a  fua  aplicação 
em  as  fciencias  amenas  determinou  que 
cultivafle  as  fe  veras  para  cujo  fim  alcan- 
çada faculdade  do  Provincial  Fr.  Ma- 
noel da  Nóbrega  o  mandou  eftudar  cm 
a  Univerfidade  de  Coimbra.  Neíla  palcf- 
tra  literária  dezempenhou  as  bem  fun- 
dadas efperanças  dos  feus  eíhidos  efcho- 
laílicos  fahindo  nelles  taõ  infigne  que  me- 
receo  fer  laureado  com  a  borla  doutoral 
na  faculdade  de  Theologia  em  17  de  Mayo 
de  1725.  Reftituido  á  fua  pátria  didou 
Filofofia,  e  Theologia  efpcculativa,  c  Mo- 
ral fendo  o  primeiro  que  naquella  Provinda 
prafticou  a  doutrina  do  feu  Fundatiffimo 
Meílre  loaõ  Bacon  até  jubilar.  Voltando 
fegunda  vez  a  Portugal  foy  incorporado  nefta 
Província  por  ordem  de  Sua  Mageftade, 
e  para  naõ  fer  acuzado  de  inútil  o  feu  talento 
em  obfequio  da  Religião  fubíHtuhio  hu- 
ma  Cadeira  de  Filofofia  em  o  Collegio  de 
Coimbra,  e  fe  ocupou  em  diverfas  obras 
Hiíloricas  derigidas  á  gloria  da  Familia  Car- 
melitana.  Sendo  Qualificador  do  Santo  Offi- 
cio,  e  fegundo  Definidor  foy  nomeado  Chro- 
niíla  deíla  Provinda  no  anno  de  1740.  cuja 
laboriofa  incumbenda  intentada  por  Va- 
roens  infignes  da  mefma  Provinda,  e  nun- 
ca confeguida,  emprendeo  com  difvelo,  c 
executou  com  promptidaõ.  Foy  Preziden- 
te  do  Capitulo  celebrado  em  Lisboa  a  11 
de  landro  de  1744.  em  que  moftrou  a  ma- 
dureza do  juizo,  candura  de  animo,  e  refti- 
daõ  de  juíliça  com  que  fe  orna  o  feu  cfpi- 
rito.  alcançando  em  premio  das  fuás  virtu- 
des religiofas,  e  trabalhos  literários  conce- 
derlhe  o  Vigário  Geral  Fr.  Luiz  Lag- 
hio  por  patente  paffada  a  28  de  Março  de 
1744.  os  privilégios  de  Provincial  deíla  Pro- 
vinda.   Compoz 

Noticia    myftica,    repre:^entacion    métrica,  y 
Verdadera   Hijioria  de   los  Abuelos  de   Maria, 
y  Bifabuelos  de  Chrifto.    Lisboa  na  Officina  da 
Mufica  1730.  4. 


L  USITAN  A, 


887 


Triumfo  Panegyrico  expofto  na  Fejia,  que 
ao  glorio/o  Tranjtto  do  Senhor  S.  Jof(é  cujiu- 
ma  fa^er  com  o  Santijftmo  Sacramento  expofio 
na  Igreja  do  Keal  Convento  do  Carmo  de  Lis- 
boa hum  ejpecialijfimo  devoto  dejle  grande  Santo. 
Lisboa  por  Miguel  Rodrigues.   1732.  4. 

Novo  ornato  de  virtudes,  que  como  de 
nove  pedras  preciojas  fe  offerecem  ao  pre- 
clarijfimo  Príncipe  dos  Patríarchas  o  Sol 
do  Occidente  S.  Bento.  Lisboa  por  António 
Pedrozo  Galraõ.  1734.  8. 

Os  dous  Athlantes  da  Etiópia  Santo 
Elesbaõ  Emperador  47  da  Abejftna  advo- 
gado dos  perígos  do  mar,  e  Santa  Ifigenia 
Prínce^a  da  Núbia  advogada  dos  incêndios 
dos  edifuios  ambos  Carmelitas  Tom.  i.  com 
varias  annotaçoens,  e  hum  Sermão  do  mef- 
mo  Author  pregado  na  CollocaçaÕ  das  /agra- 
das Imagens  de  ambos  os  Santos.  Lisboa 
por    António    Pedrozo    Galraõ.     1735.    foi. 

Segundo  Athlante  da  Etiópia  Santa  Ifi- 
\  genia  Princesa  do  Keyno  da  Núbia  religiofa 
Carmelita  advogada  contra  os  incêndios  Tomo 
feffmdo,  que  trata  da  Hijtoría  do  Athlante  fe- 
gundo  com  varias  annotaçoens.  Lisboa  pelo 
dito  ImpreíTor.  1738.  foi. 

Vida  da  infigne  Meftra  de  Efpiríto  a 
virtuofa  Madre  Maria  Perpetua  da  Lj^ 
religiofa  Carmelita  Calçada  do  exemplaríf- 
fimo  Convento  da  EJperança  da  Cidade  de 
Beja  onde  acabou  a  vida  temporal  no  dia 
6  de  Agoflo  de  1756.  Lisboa  pelo  dito 
ImpreíTor.  1742.  foi. 

Chronica  dos  Carmelitas  da  antigua, 
e  regular  Objervancia  nejles  Reynos  de  Por- 
tugal, Algarves,  e  /eus  Domínios.  Tom.  i .  na 
Ofíicina  dos  Herdeiros  de  António  Pedrozo 
Galraõ.  1745.  foi. 


lOZE  PEREYRA  BAYAM  Hlho 
de  António  Jorge  Bayaõ,  e  de  Maria 
Simoens  Pereira  naceo  no  lugar  de  Gon- 
delim  termo  da  Villa  de  Penacova  da 
Q)marca  de  Coimbra  a  23  de  Mayo  de 
1690.  Nos  primeiros  annos  agricultava 
a  terra  com  feu  Pay,  que  era  lavrador 
rico,  e  depois  por  fer  muito  perito  na 
Arithmetica  aíTiftio  em  caza  de  feu  Tio 
materno     Manoel      Pereira     de     Carvalho, 


que  recebia  opulentos  lucros  do  feu  ne- 
gocio, em  cujo  tempo  levado  de  natural- 
indinaçaõ  fe  ocupava  na  continua  liçaã 
de  livros  Hiíloricos  de  que  fe  feguio  adqui- 
rir noticia  vafta  da  Hiíloria  Univerfal  do 
Mundo.  Eíludada  a  lingua  Latina  fe 
ordenou  de  Presbítero  quando  contava  trin- 
ta, e  dous  annos  de  idade,  e  fe  aplicou  à 
Mathematica,  e  Theologia  Moral  em  que 
fez  grandes  progreíTos  podendo  fer  mayo- 
res  em  outras  Faculdades  fe  a  fortuna  lhe 
naõ  fora  taõ  avara,  como  liberal  a  natu- 
reza. Taõ  profundamente  fe  inífaruio  na 
Hiíloria  Portugueza,  que  referia  todos  os 
fuceíTos  de  que  ella  fe  compõem  fem  abrir 
livro  podendo  reftituilla  de  memoria  fe 
fe  perdeíTe  diílinguindo  com  judiciofa  cri- 
tica o  falfo  do  verdadeiro,  e  o  certo  do  du- 
vidofo.  Deíla  vaíla  fciencia  da  noíTa  Hif- 
toria  foraõ  teílemunhas  iníignes  Académi- 
cos da  Academia  Real  como  foraõ  o  Be- 
neficiado Francifco  Leytaõ  Ferreira,  e  os 
ReverendiíTmios  Padres  D.  António  Cae- 
tano de  Souza  Deputado  da  Bulia  da  Cru- 
zada, e  Fr.  Manoel  dos  Santos  Monge  Cif- 
tercienfe  Chronifta  deíle  Reyno  advertindo- 
-Ihe  algtms  Faôos  Hiíloricos,  cuja  verda- 
deira indagação  eftava  oculta  aos  feus  eítu- 
dos.  Foy  ornado  de  fumma  modeftia,  in- 
corrupto procedimento,  e  folida  piedade.^ 
Falleceo  em  Lisboa  a  8  de  Março  de  1743. 
com  53  annos  de  idade  deixando  o  pouco, 
que  poíTuia  à  Ordem  Terceira  de  S.  Fran- 
cifco do  Convento  de  Xabregas  com  obri- 
gação de  fe  collocarem  em  huma  Capella 
da  Igreja  do  Menino  Deos,  que  he  do  Hof- 
pital  da  mefma  Ordem,  as  Imagens  das  San- 
tas Raynhas  Sancha,  e  Mafalda  Freiras  Cifter- 
cienfes  das  quais  era  cordial  devoto,  e  lhe 
efcreveo  as  vidas. 

Cathalogo  dos  livros  impreíTos  por  Ordem 
Chronologica. 

Hijloria  das  prodiffofas  vidas  dos  glorío- 
fos  Santos  António,  e  Benedião,  Aíayor  honra,, 
e  lujlre  da  gente  preta,  Lisboa  na  Ofíicina. 
de  Pedro  Ferreira  1726.  4. 

Portugal  gloriofo,  e  illuftrado  com  a  vi- 
da,   e    virtudes    das    Bemaventuradas    Raynhar 


888 


BIB  LIO  THE  C  A 


Santas  Sancha,  Tòere:(a,  Mafalda,  I^abe/, 
e  loanna,  breve  noticia  dos  feus  milagres, 
de  feus  cultos,  e  Trafladaçoens,  com  hum 
difcurfo  no  fim  fohre  as  paridades  das  Sagra- 
das Keligioens  Dominica,  e  Francifcana,  ditas 
de  Coimbra,  e  felicidades  do  Me^  de  Outubro. 
Lisboa  na  Officina  de  Pedro  Ferreira 
1727.  4. 

Vida  do  gloriofo  S.  loaÕ  da  Cru^  Dou- 
tor Myflico  primeiro  Carmelita  Defcalfo 
da  Keforma  de  S.  Theret^a.  Lisboa  por  Pedro 
Ferreira  1727.  12. 

Hifloria  da  Vida,  acçoens  heróicas,  e  vir- 
tudes infignes  do  gloriofo  S.  Fernando,  Rej 
de  Caflella,  e  LeaÕ,  efpelho  de  Príncipes 
perfeitos  meriti£imo  filho  da  venerável  Or- 
dem Terceira  do  Seráfico  Padre  S.  Francifco 
traduv(ida,  e  acrefcentada  na  lingua  Portuguev^a. 
Lisboa  na  Officina  de  Pedro  Ferreira.  1728.  4. 

Chronica  do  muito  alto,  e  muito  efclare- 
cido  Príncipe  D.  SebafliaÕ  Decimo  Sexto 
Key  de  Portugal  primeira  parte  que  contem 
os  fuceffos  defle  Rejno,  e  Conquiflas  em  fua 
menor  idade.  Lisboa  na  Officina  Ferreiriana 
1730.  Sahio  com  o  nome  de  D.  Manoel 
de  Menezes  foi. 

Hifloría  verdadeira  do  famofiffimo  Heroe, 
4  invencível  Cavalheiro  Hefpanhol  Rodrígo 
Dias  de  Bivar,  chamado  por  excellencia  o 
Cid  Camptador,  de  fuás  grandes  Cavallarías, 
Conquiflas,  Vitorias,  e  outras  acçoens,  e  vir- 
tudes infignes,  em  que  fe  dá  também  muitas 
noticias  dos  Reys,  e  Rejnos  de  Hefpanha  de 
/eu  tempo.  Lisboa  por  António  de  Souza 
da  Sylva  anno  1734.  8. 

Epitome  Chrono-genealogico,  e  Critico,  da 
Vida,  virtudes,  e  milanês  do  Prodigiofo 
Portugue:^  S.  António  de  Lisboa  illuflra- 
do  com  ponderaçoens,  e  elogios  em  lingua 
Caflelhana  pelo  Padre  M.  Fr.  Miguel 
Pacheco,  Religiofo  da  Ordem  de  Chriflo 
de  novo  Reformado,  e  acrefcentada  com  mui- 
tas noticias,  e  circunflancias  maravilhofas 
da  fua  vida,  e  vários  pródigos  novos. 
Lisboa  por  António  de  Souza  da  Sylva 
1735.  8. 

Chronica  delRey  D.  Pedro  I.  defle 
nome,  e  dos  Reys  de  Portugal  o  oytavo, 
coffiominado  o  lufliceiro,  na  forma,  em 
^pte   a   efcreveo   FemaÔ   Lopes,  prímeiro    Chro- 


nifla  mor  defle  Reyno  copiada  fielmente  do 
feu  Oriffnal  antigo,  dada  à  lu:^,  e  acref- 
centada de  novo  defde  o  feu  naf cimento  até 
fer  Rr/,  e  outras  acçoens,  e  noticias  de  que  o 
Author  naõ  trata.  Lisboa  por  Francifco 
da  Coíla.  1735.  8. 

Hifloria  da  prodiffofa  vida,  morte,  e  mi- 
lagres do  gloriofo  S.  Franco  de  Sena  da  Or- 
dem de  Nojfa  Senhora  do  Carmo,  maravilhofo 
exemplar  de  pecadores  arrependidos,  e  dos  pe- 
nitentes mais  mortificados.  Lisboa  na  Officina 
Rita  Caíiana  1737.  12. 

Portugal  Cuidadov^o,  e  laftimado  com  a 
vida,  e  perda  do  Senhor  Rey  D.  SebaJliaÕ, 
o  det(efado  de  faudo:(a  memoria  Hifloria  Chro- 
nologica  de  fuás  acçoens,  e  fuceffos  defla  Mo- 
narquia em  feu  tempo;  fuás  fornadas  a  Afríca, 
batalha,  perda,  circunflancias,  e  Confequencias 
notáveis  delia,  dividido  em  finco  livros.  Lis- 
boa por  António  de  Souza  da  Sylva 
1737.  foi. 

Fios  Sanãorum,  ou  Hifloría  das  vi- 
das de  Chrífto  noffo  Senhor,  de  fua  San- 
tiffima  Mãy,  e  dos  Santos,  e  fuás  Fefias 
repartido  pelos  dov^  mev^es  do  anno,  com 
Sermoens,  e  praííicas  para  as  fefias,  qm 
nelles  fe  celebraÕ,  compoflo  pelo  Padre  Fr. 
Diogo  do  Rofario,  da  Ordem  dos  Pregado- 
res; novamente  Reformado,  e  addicionado  com 
Praticas,  Fefias,  e  cento,  e  tantas  vidas 
de  Santos  novos  nefla  ultima  ediçaÕ.  Lis- 
boa na  Officina  de  Miguel  Rodrigues  j 
anno  de  1741.  foi.  2.  Tom.  fem  o  nome  i 
do  Addicionador  cuja  obra  lhe  deveo  grande 
trabalho. 

Retrato  do  Purgatorío,  e  fuás  penas, 
defpertador  do  peccador  adormecido  no  abij 
mo  da  culpa,  exortação  á  emenda,  e  de- 
voção das  almas,  que  nelle  padecem,  ã  1 
que  fe  ajunta  a  maravilhofa  Hifloria  ê» 
Purgatorío  de  S.  Patrício  com  circumflan- 
cias  novas.  Lisboa  na  nova  Officina 
Almeidiana  de  Maurício  Vicente  de  Al- 
meyda.    1742.    8. 

dthalogo  das  Obras  M.  S. 

Relação  da  milagrofa  Imagtm  da  Se- 
nhora da  Mouta  do  lugar  de  Gondolim  ter- 
mo da  Villa  de  Penacova.    Sahio  no  Tom.  7. 


L  USITANA, 


889 


de  Santuário  Mariano,  liv.  4.  cap.  29.  on- 
de a  intitula  curiofa  difcreta,  e  larga  o  Pa- 
dre Fr.  Agoftinho  de  Santa  Maria,  e  louva 
muito  a  feu  author 

Addicionou  o  cap.  11.  do  livro  15.  do 
Tom.  4.  da  Monarchia  iMJitana  da  impreíTaõ 
de  Lisboa  na  Officina  Ferreiriana  1723.  foi. 

Como  também  tudo  quanto  pertence 
às  Santas  Raynhas  Tere2a,  e  Mafalda  na 
Cbronica  de  Cijier  compoíla  por  Fr.  Bernar- 
do de  Brito  da  impreíTaõ  de  Lisboa  por 
Pafchoal  da  Sylva.  1720.  foi. 

Chronica  do  muito  alto,  e  muito  ejclarecido 
Principe  D.  SebaJliaÕ,  Decimo  Sexto  R^  de 
Portugal  2.  tf  3.  parte  que  conthem  as  fuás  acçoens, 
e  Juceffos  de  Jua  vida,  jornada,  e  perda  em  Africa, 
com  as  mais  conjequencias  folha. 

Supplemento ,  e  illujlraçaõ  critica  das 
Cbronicas  antigas  dejle  Reyno  té  ElRey  D.  Fer- 
nando, folha. 

Cathalogo  Keal  Portuguev^  dos  Rejs,  e 
Raynòas  de  Portugal,  e  feus  filhos  com  buma 
breve,  e  apurada  noticia  de  fuás  vidas,  e  EJoffos 
do  todos  4. 

Portugal  exclarecido,  e  illuflrado  pelo 
feu  gloriofo  Fundador,  Hijloria  do  Venerá- 
vel Rej    D.    Affonfo    Henriques.  4. 

Theatro  abreviado  das  grandev^as  de  Lisboa 
reduzidas  a  breve  fumma.  4. 

Planta  da  Verdadeira  Fé,  e  Fonte  da 
Divina  Graça.  4. 

Vida,  Prerogativas,  e  excellencias  da  in- 
cliãa  Matrona  S.  Anna,  em  que  fe  prova 
com  efficacia  naÕ  cardar  mais,  que  buma  fô 
ve:(^,  traduzida,  e  acrefcentada  com  muitos 
milagres,  delia,  e  do  Senbor  S.  Joaquim  feu 
único   efpofo.    8. 

Nojfa     Senbora     das     Mercês,     ou     Mercês 

de   Nojfa   Senbora   traduzida   de   Caflelbano.    8. 

I        Lisboa  Gloriofa,  e  enriquecida  pelo  feu  por- 

I  ^tofo    Padroeiro    S.     Vicente,    Hijioria    defle 

inviãijfimo  Martyr.  8. 


lOZE'  PEREYRA  DA  COSTA  na- 
tural da  nobre  ViUa  de  Setuval  onde 
foy  bautÍ2ado  na  Freguezia  de  S.  Juliaõ 
a  24  de  Março  de  1703.  fendo  filho  de 
Manoel  dos  Santos,  e  Luiza  lozepha. 
Sahio    taõ    perito    na    lingua    Latina,    que 


abrio  claíTe  publica  delia  em  a  Villa  de  Azey- 
taõ,  e  depois  em  Lisboa  onde  por  morte 
de  fua  mulher  recebeo  as  Ordens  de  Pres- 
bítero.   Compoz. 

Convite  efpiritual,  e  preparação  para  a 
Sacada  ComunbaÕ,  e  Santo  Sacrijido  da  Mijfa 
traduzido  de  muitos  lugares  da  Sacada  Ffcritura 
nejle  breve  volume.  Dedicado  à  Excellentif- 
fima  Senbora  D.  Francifca  lMÍ!(a  de  Noro- 
nba  filba  primeira  do  Excellentijftmo  Senbor 
Conde  de  Aveiras.  Lisboa  por  Pedro  Fer- 
reira Impreflbr  da  Auguítiflima  Raynha  Nofla 
Senhora.  1733.  12. 

Jardim  doutrinal. 

D.  lOZE'  PEREYRA  DE  LACER- 
DA naceo  em  a  Villa  de  Moura  da  Pro- 
vinda Tranftagana  a  7  de  lunho  de  1661. 
fendo  feus  Progenitores  Francifco  Pereira 
de  Lacerda,  e  D.  Antónia  de  Brito  Fidalgos 
de  conhecida  nobreza,  que  fe  augmentou 
com  a  produção  defte  filho  a  quem  a  na- 
tureza dotou  de  engenho  perfpicaz,  enten- 
dimento agudo,  e  feliz  memoria  para  com- 
prehender,  e  enfinar  as  fciencias  amenas, 
e  feveras  de  que  teve  por  theatro  a  Uni- 
verfidade  de  Coimbra  onde  recebidas  as 
infignias  doutoraes  na  Faculdade  dos  Sagra- 
dos Cânones  foy  Oppofitor  às  Cadeiras, 
e  fubílituhio  a  liçaõ  de  muitas  com  aplauzo 
geral  daquella  famoza  Athenas.  A  inte- 
gridade da  vida  com  a  profundidade  da  li- 
teratura o  habilitarão  para  ocupar  os  lu- 
gares da  Jerarchia  Ecclefiaítíca  fendo  Pro- 
motor, Deputado,  e  Inquifidor  da  Inqui- 
fiçaõ  de  Évora  provido  em  2  de  Setem- 
bro de  1692.  donde  paíTou  a  Prior  da  Igreja 
de  S.  Lourenço  de  Lisboa  da  qtial  fora  feu 
anteceflbr  o  Emminentiflimo  Patriarcha  D. 
Thomaz  de  Almeyda.  Crecendo  com  os 
annos  os  feus  merecimentos  foy  nomeado 
Prior  mòr  da  Ordem  militar  de  San  Tia- 
go de  cuja  dignidade  tomou  pofle  no  Real 
Convento  de  Palmella  a  4  de  Novembro 
de  1709.  Subio  à  Cathedral  do  Algarve 
fendo  fagrado  em  o  Convento  da  Santif- 
fima  Trindade  de  Lisboa  a  30  de  Agofto 
de  171 6.  Foy  Executor  da  Bulia  Áurea  para 
a  ereçaõ  do  Patriarchado  de  Lisboa  con- 
cedida pela  Santidade  de  Qemente  XL  que 


890 


BIBLIO THE  C  A 


o  creou  Presbítero  drdial  da  Igreja  Ro- 
mana no  Gjníiílorio  de  19  de  Novembro 
de  1719.  e  o  noflb  Monarcha  reynante  o 
nomeou  cm  1721.  Confelheiro  de  Eftado. 
Em  9  de  Mayo  deíle  anno  fahio  juntamente 
com  o  Cardial  da  Cunha  da  Barra  de  Lis- 
boa para  votar  no  Conclave  pela  morte 
de  Clemente  XI.  e  tanto,  que  chegou  à  Cúria 
foy  conduzido  pelo  Cardial  Piazza  ao 
Coníiílorio  onde  lhe  deu  Innocencio  XIII. 
que  já  achou  eleito,  o  chapeo,  e  anel 
Cardinalício,  e  o  titulo  de  S.  Suzana,  e 
o  nomeou  para  as  Congregaçoens  do  Con- 
cilio Tridentino,  Immunidade  Eccleíiaf- 
tica,  índice,  e  Indulgências,  em  que  mof- 
trou  a  profunda  noticia  de  huma,  e  ou- 
tra Jurifprudencia,  como  também  a  ma- 
dura ponderação  com  que  obfervava,  e 
a  prompta  facilidade  com  que  refolvia  os 
negócios  mais  graves.  Em  obfequio  da  fua 
natural  eloquência,  e  vafta  erudição  o  clc- 
geo  a  Academia  dos  Árcades  feu  Collega 
com  o  nome  de  Ketinio,  e  denominação 
de  Sidiato  dos  Ompos  vizinhos  à  Cidade 
de  Sida  na  Laconia.  Os  Porcioniilas  do 
Collegio  Clementino,  que  faõ  todos  Fi- 
dalgos da  primeira  Nobreza  de  Itália  lhe 
dedicarão  huma  Fefta  Académica  aíTiíUda 
de  vinte,  e  duas  Purpuras  Romanas  retribuin- 
do efte  obfequiofo  aplauzo  com  hum  conto 
de  reis,  que  fe  entregou  aos  Direílores 
do  Collegio  precedendo  huma  magnifica 
meza  de  iguarias,  e  licores.  Por  morte  de 
Innocencio  XIII.  entrou  no  Conclave  fen- 
do elle  hum  dos  primeiros  votos  para  a 
prudentiíTima  eleyçaõ  de  Benediélo  XIII.  a 
29  de  Mayo  de  1724.  No  anno  feguinte  que 
era  Santo  fez  no  feu  Palácio  hum  Hofpi- 
cio  para  doze  Clérigos  pobres,  que  de  Hefpanha 
partiíTem  a  ganhar  as  indulgências  de  taõ 
grande  Jubileo.  Inflado  das  fuás  ovelhas 
para  que  declarafle  de  guarda  na  Gdade  de 
Faro,  e  feu  termo  o  dia  4  de  Dezembro 
dedicado  à  Virgem,  e  Martyr  Santa  Bar- 
bara a  qual  tinhaõ  eleito  por  Protedora 
contra  os  Terramotos,  c  tempeílades,  difi- 
rio  benevolamente  a  fuplica  taõ  juílifica- 
da.  Voltando  para  Portugal  no  anno  de 
1728.  depois  de  aíTiílir  algum  tempo  na 
Corte  partio  para  o  feu  Bifpado  a  fatisfazer 


às  obrigaçoens  do  Officio  paíloral.  Na 
Vizita,  que  começou  a  26  de  Abril  de  1738. 
fe  fentio  taõ  gravemente  moleílado,  que 
fe  recolheo  ao  Palácio  de  Faro  a  24  de  Ju- 
nho onde  continuando  a  gravidade  da  doen- 
ça recebeo  o  Santiflimo  por  Viatico,  que 
acompanhou  o  Cabbido  de  quem  com  gran- 
de ternura  fe  defpedio,  e  chegando  29  de 
Setembro  efpirou  às  10  horas  da  noutc 
quando  contava  77  annos  três  mezes,  c 
vinte,  c  dous  dias  de  idade.  Jaz  fepultado 
na  Cathedral  onde  a  20  de  Outubro  fc 
lhe  fizeraõ  fumptuozas  Exéquias  recitan- 
do a  Oraçaõ  fúnebre  o  Meftre  Fr.  Joaé 
Lobo  Mercenário  Defcalfo  natural  do 
Algarve.  Fazem  illuftre  memoria  da  fua 
Emminentinima  peflba  o  Padre  D.  Manoel 
Caetano  de  Souza  Cathalog.  Hijl.  dos  CanL 
Vortug.  pag.  41.  Sá  Me  mor.  Hiji.  dos  E/"- 
crit.  do  Carm.  da  Prov.  de  Portug.  pajç. 
307.  §.  451.  e  pag.  317.  §.  464.  e  465.  D. 
Ant.  Caet.  de  Souza  HiJl.  Gen.  da  Ca:^.  Re^ 
Portug.  Tom.  10.  pag.  901.  D.  Jozè  Bar- 
bofa  Addiçoens  às  Not.  de  Portug.  coni> 
poftas  por  Manoel  Severim  de  Faria  pag. 
275.  e  Marangoni  Thefaur.  Paroch.  Tom.  1. 
pag.  187.    Compoz. 

Memoriale  Santijftmo  Domino  Nojiro  D. 
Papa  Benedião  XIII.  ohlatum  circa  vifitatio- 
ncm  omnium  Ecciejiarum  etiam  Cardinalium  Ti- 
tulorum  bujus  alma  urbis  Sanãitatis  Jtue  jujju 
per  Delegatos  fuos  facienda.  Romae  Typis 
Reverendae  Camarse  Apoftolicae.    1725.  4. 

Difcurfus  circa  Proteãoriam,  quam  geril, 
Ven.  Monajlerii  S.  Sufana  hujus  alma  Urbis. 
ibi  per  eamdem  Officinam.  1726.  4. 

Det^empenho  Civil  da  Verdade  Canom- 
ca,  e  Moral  contra  os  que  a  pertendem  ef- 
curecer.  Feita  em  Faro  <í  15  de  De;^:r 
bro  de  1732.  Coníb.  de  92  §.  foi.  N- 
tem  lugar,  nem  anno  da  ImprcíTaõ  m.i^ 
do  carafter  fe  conhece  fer  cftampada  cm 
Caílella.  O  argumento  deíle  papel  he  con- 
tra os  Monges  Bernardos  naõ  quererem, 
que  as  Patentes  dadas  pelos  fcus  Prelados 
para  confeífarem  as  Freyras  da  fua  Ordem 
foíTem  approvadas  pelo  Bifpo  da  Dioaic 
cm  que  ellas  affiílcm. 

Carta  para  o  Keverendijftmo  Padre  Hen- 
rique    de     Carvalho     Provincial,     que    foy    da 


L  USITAN  A. 


891 


Sagrada  Companhia  de  lESUS,  e  Confeffor 
do  Príncipe  Nojfo  Senhor  efcríta  de  Faro  a  6 
ie  Janeiro  de  1734.  foi. 

Verdadeira  copia  de  huma  Carta  para  o 
Keverendijfimo  Padre  Henríque  de  Carvalho  da 
Sagrada  Companhia  de  lESUS.  Faro  28. 
de  Fevereiro  de  1734.  foi.  Huma,  e  outra 
be  fobre  a  controveríia  precedente  fem  anno 
nem  lugar  da  impreíTaõ. 

Sermoens  Vários  pregados  por  todo  o  dif- 
■urfo  da  fua  vida  achando/e  em  varias  luga- 
res, e  empregos  de  que  o  fe^  digto  o  feu  jujlo 
merecimento.  Na  Officina  de  lozé  de  Ai- 
neyda  1738.  4.  No  fim  eílá  Carta  ef- 
rita  a  hum  amigo  feo  quando  tomou  o  Eftado 
Bcclejiaftico. 

Controverfia  movida  na  Corte  de  Lisboa 
'm  lu/ho  de  1729.  Defende  naõ  poderem 
'er  citados  os  Cardiaes  para  nenhum  género 
de  letigio.  Naõ  tem  lugar  nem  anno  da 
mpreíTaõ.  foi. 

lOZE'  PEREYRA  VELOSO  natural 
le  Lisboa  Livreiro,  e  fuficientemente 
/erfado  na  liçaõ  de  livros  afceticos,  e 
3redicativos.  Falleceo  na  patiia  a  7 
ide  lulho  de  171 1.  em  idade  proveâa. 
;ía2  fepultado  na  Parochia  da  Magdalena. 
!?ublicou 

Dei(eJos  piedofos  de  huma  alma  faudofa  de 
'eu  divino  EJpot^o  lefu  Chrifio  divididos  em 
'arios  emblemas  para  antes  da  confiJJaÕ,  e  para 
intes,  e  depois  da  CommunhaÕ  com  humas  adver- 
tências para  o  me/mo  intento.  Lisboa  por  Mi- 
guel Deflandes  1688.  8. 

Sermão  do  gloríofo  Archanjo  S.  Miguel 
om  commemoraçaõ  do  Ofício  que  fe  fav^  pelas 
•Imas  do  Purgatório  pregado  na  Igreja  Matri^ 
io  Arrecife  de  Pernambuco,  ibi  pelo  dito 
mpreíTor  1691.  4.  Sahio  com  o  fupofto 
lome  de  lozè  Velo2o  natural  da  Bahia  Vi- 
cário da  Igreja  do  Arecife. 
II 

Lp.     IOZE'     pimenta     filho     de    lor- 

WL    Pimenta,     e    Catherina    Rodrigues     na- 

MBal    de    Lisboa    onde    recebeo    a    roupeta 

la    Congregação    do    Oratório    de    S.    Fi- 

ippe    Neri    a    14    de    Fevereiro    de    1682. 

em   taõ   devota   palefbra   encheo   as   obri- 


gaçoens  do  feu  eftado  fendo  modefto,  cha- 
ritativo,  e  mortificado.  Faleceo  na  pátria 
a  19  de  Novembro  de  1738.  Com  o  fupofto 
nome  do  Padre  lozè  Carvalho  publicou. 
Devotas  conjideraçoens  fobre  os  principaes 
motivos  da  pena,  e  dor,  que  Maria  Santi£ima 
Senhora  nojfa  teve  ao  pe  da  Cru^.  Lisboa  na 
Officina  da  Congregação  1737.  12. 


IOZE'  PINHEIRO  natural  de  Lis- 
boa infigne  ProfeíTor  de  lurifprudencia  Ce- 
farea  por  cuja  fciencia  mereceo  fer  Dezem- 
bargador  da  Suplicação,  e  dos  Aggravos 
a  27  de  Novembro  de  1676.  Procurador 
da  Coroa  a  7  de  Dezembro  de  1678.  Con- 
felheiro  da  Fazenda,  e  luiz  das  luftificaçoens 
do  Reyno.  FaUeceo  em  Lisboa  a  8  de  lu- 
nho  de  1694.  laz  no  Convento  de  Nofla 
Senhora  da  Graça  dos  Enmitas  de  Santo 
Agoftinho.  Foy  cazado  com  D.  Izabel  Ma- 
ria de  Camide.  Sendo  Procurador  da  Q- 
dade  de  Lisboa  nas  Cortes  celebradas  em 
o  anno  de  1674.  em  que  fe  jurou  por  her- 
deira defta  Coroa  a  Sereniffima  Senhora 
Infanta  D.  Izabel  filha  delRey  D.  Pedro  II. 
recitou. 

Praãica  no  primeiro  Aão  em  que  foy  ju- 
rada a  Sereniffima  Infanta  D.  If(abel  Lui^^ 
lofepha  NoJfa  Senhora.  Lisboa  António  Cias- 
beeck  de  Mello  1674.  4. 

Praãica  no  fegundo  Aão  de  Propofi- 
çaõ  às  Cortes,  ibi  pelo  dito  Impreflbr,  e 
anno  4. 


IOZE'  PINTO  PEREYRA  fidalgo 
da  Caza  de  Sua  Mageftade,  Cavalleiro  pro- 
feíTo  da  militar  Ordem  de  Chrifto  naceo  em 
a  illuftre  Villa  de  Guimaraens  da  Provinda 
do  Minho  a  31  de  Março  de  1659.  Foraõ 
feus  Progenitores  leronimo  Vaz  de  Sà,  e 
D.  leronima  da  Cunha  filha  de  Frandfco 
Pinto  da  Ctmha  Alcayde  mòr  de  Bafto, 
Senhor  de  Filgueiras,  e  Vieyra,  Commen- 
dador  do  Salvador  de  Forjes  em  a  Ordem 
de  Chrifto.  O  talento,  de  que  o  ornou  a 
natureza,  foy  igualmente  capaz  para  com- 
prehender  as  fciencias  feveras  fendo  Dou- 
tor   em    Theologia,    e    verfado    em    hum 


892 


BIB  LIO  THE  CA 


c  outro  Direito,  como  as  letras  humanas, 
inveftigaçoens  Genealógicas,  c  máximas  po- 
liticas que  praéticou  na  Gírte  de  Roma 
onde  pelo  efpaço  de  vinte,  e  nove  annos 
foy  Expedicioneiro  deíla  Coroa.  Voltan- 
do para  Portugal  por  Ordem  de  Sua  Ma- 
geílade  de  quem  recebeo  efpeciaes  favo- 
res, paíTaraõ  poucos  annos  que  naõ  pagafle 
o  tributo  do  mortal  a  17  de  Fevereiro  de 
1733.  quando  contava  74  annos  de  ida- 
de. Delle  faz  honorifica  memoria  o  Pa- 
dre Souza  Apparat.  à  Hijl.  Gen.  da  Ca^- 
Real  Porfug.  p.  164.  §.  201.    Compoz 

Obelifcus  Nuptialis  Jovis  l^ufitani  trium- 
phantis  elegantem  imaginem  indicans.  foi.  fem 
anno,  e  lugar  da  impreflaõ.  He  hum 
elogio  de  eftilo  lapidado  aos  auguílos 
Defpozorios  do  Sereniffimo  Monarcha  D. 
loaõ  o  V.  com  a  SereniíTima  Senhora  D. 
Mariana  de  Auílria. 

Noticia  Genealógica  di  linea  reale  fepa- 
rata  dirivata  dallo  invito  Re  Don  Alfonfo 
Enriques  primo  Re  di  Portugallo  fino  ai 
Illuftrijftmo,  e  Excellentijftmo  Signore  D.  Ora^io 
Albani.  Roma  per  Giovani  Francifco  Chracas 
172c.  4.  grande 

Benediãus  XIIL  Summus  Ecclejia  Ponti- 
fex  grafia  benediãus,  <&  nomine  glorificatus 
à  Deo  in  confpe£iu  Regum  terra  cum  qtúhus 
ducit  originem  a  D.  Dyonijio,  et  S.  Elifabeth 
Portugallia  olim  Regibus,  ut  in  lineis  Genealo- 
ffcis  hic  exhibitis  ojlenditur.  Romae  apud  Ro- 
chum  Barnabó  1724.  4.  grande 

Apparatus  hijloricus  decem  continens  ar^t- 
menta,  five  non  obfcura  fanãitatis  indicia  reli- 
ffofijjimi  Principis  D.  Alfonji  Henrici  primi 
Portugallia  Regis.  Romae  ex  Typis  Rochi 
Barnabó  1728.  4. 

Clavis  áurea  in  excelfa  fphera  officina  for- 
mata EJifabetha  Ghriftina  de  Brunfuvick,  et 
Wolfembutel  Hifpaniarum,  d^  Indiarum  Re- 
gina  Catholica,  myjlica  Corona  Aujlrina  Jifflla, 
<&  emphaticum  Afirologia  Genealoffca  fenfum 
feliciter,  facile  que  aperiens.  Barcinone  foi. 
fem  anno  da  ediçaõ. 

Antiloquio  a  la  S.  C.  R.  M.  de  D.  Car- 
los III.  Rej  de  E/pana  y  de  las  índias.  Bar- 
celona, foi. 

Vaticínio  de  la  Corona  Auftrina  prefentado 
en  Barcelona  a  S.  Aí.  C  ibi  foi. 


Rejponjio  Equitis  Pinti  ad  curiofam  inter- 
rogationem  cujufdam  amici  quarentis;  Quare  no- 
vus  Summus  Pontijex  Innocentius  XIII.  qt: 
vivet  annos  Nejlorios,  ab  omnibus  nuncupatur 
de  bona  Reliffone  cum  non  fuerit  à  Claujiro  Jed 
de  Jaculo  eveãus  ad  Cathedram  S.  Petri: 
4.  Naõ  tem  anno  nem  lugar  da  impref- 
faõ,  mas  do  Caraéler  fe  conhece  fer  em 
Roma. 

Protoloffa  ad  Santif.  Dom.  Nofir.  Ck- 
mentem  XI.  cum  Anacrijim  de  fuprema  Jortt 
Ecclefiaflicorum  ad  ofcula  pedum  provolutus  offer- 
ret.    Barcinone  171 1.  foi. 

Genealogia  dos  Senhores  de  Filgueira 
e  Vieira  dedua^ida  de/de  o  grande  Cavai 
leiro  D.  Egaz  Moniz  até  António  Lui:^ 
Pinto  Coelho  da  Sylva  Senhor  dos  ditos 
Conjelhos.  foi.  M.  S.  Confervafe  em  po- 
der de  loaõ  Pinto  da  Cunha  Deça  Sc 
brinho    do    Author. 


lOZE'  PINTO  DA  VEYGA  nacido 
em  Amfterdaõ  de  Pays  Portuguezes. 
Foy  muito  difcreto,  e  elegante  aíTim  em 
proza,  como  em  verfo  brilhando  o  fcu 
talento  nas  Academias  dos  Sitibundos,  1 
Floridos  em  que  era  ouvido  com  aplauzo 
Publicou 

Rumbos  peligrofos 
Confujion  de  confufiones 
Triunfos  dei  Aguila. 
Ideas  pojftbles 
Todos    eftes    livros    fahiraõ    Amfterdaõ 
1684.  4. 

Difcurfos  Académicos,  Morales,  Rhetoricos. 
j  /agrados.    Amberes  i68j.  8. 

Retrato    de    la    Prudência  y  fimulachro   àtl 
Valor.  Amfterdaõ  1690.  4. 


lOZE'  DA  PURinCAÇAM  chama 
do  no  Século  lozè  Gomez  Ferraz  na 
ceo  em  a  celebre  Villa  de  Setúbal  a  1; 
de  Mayo  de  1635.  fendo  regenerado  na^ 
aguas  do  bautifmo  cm  a  Parochia  de 
S.  luliaõ  a  20  do  dito  mez.  Foy  filho 
de  Domingos  Gomez  de  Campos,  e  Ma 
ria  Ferreira  da  Cofta.  Na  idade  de  ado 
lefcencia  já   moftrava   madureza   da  velhice 


L  USITAN A. 


aíGm  na  compoíhira  do  femblante,  como 
na  profundidade  do  talento  com  que  pe- 
netrou as  letras  fagradas,  e  profanas  das 
quais  teve  por  paleílra  o  Collegio  da  Pu- 
rificação de  Évora  onde  deu  manifeítos 
argumentos  dos  progreíTos  literários  que 
havia  teftemunhar  admirada  a  Univerfida- 
de  de  Coimbra.  Ambiciofa  a  florentifli- 
ma  Congregação  do  Evangeliíla  amado  de 
que  recebeíTe  a  fvia  murça  hum  homem 
dotado  de  tanta  litteratura  o  rogou  já  qvian- 
do  era  Presbitero  para  que  fofle  feu  Có- 
nego, e  dificultando  a  execução  com  o  pre- 
texto de  eftar  aíTiítíndo  a  fua  Mãy,  e  Irmaãs 
diílituidas  dos  bens  da  fortuna,  fe  obri- 
gou a  Congregação  a  fuílentallas  por  fe 
naõ  defraudar  de  hum  Vaiaõ  taõ  infigne. 
Admetido  a  Cónego  Secular  do  EvangeUf- 
ta  a  29  de  De2embro  de  1661.  continuou 
com  mayor  difvelo  os  eftudos  Theologicos, 
e  Efcriturarios,  e  recebendo  a  borla  dou- 
toral em  a  Athenas  Conimbricenfe  a  illuf- 
trou  com  o  magifterio  da  Catedrilha  de 
Efcritura  em  8  de  lunho  de  1684,  e  na  Ca- 
deira grande  em  3  de  Abril  de  1694.  Nas 
Aulas,  e  nos  Púlpitos  foy  igualmente  ve- 
nerado fendo  taõ  folido  em  os  difcurfos, 
como  fubtil  em  os  argumentos.  Naõ  fe 
coarâou  a  fua  litteratura  a  Theologia  Ef- 
cholaílica,  e  Expofitiva  mas  chegou  a  pe- 
netrar as  dificuldades  da  Jurifprudenda,  e 
Medecina  efcrevendo  as  Liçoens  de  ponto 
oeftas  Faculdades  para  dous  Irmãos  profef- 
fores  delias.  Mayor,  que  a  fua  fdenda  era 
a  integridade  da  vida  obfervando  com  tal 
exaçaõ  o  feu  inítituto,  que  podia  fer  exem- 
plar dos  domefticos,  e  exemplo  dos  eiira- 
nhos.  Falleceo  intempeítívamente  no  Col- 
legio de  Coimbra  quando  era  delle  Reytor 
a  6  de  Setembro  de  1694.  quando  conta- 
va 59  annos  de  idade.  Delle  fe  lembra  o 
Padre  Santa  Maria  Chron.  dos  Coneg.  Secul. 
liv.  2.  cap.  50.  Deixou  condes  obras  fobre  a 
Theologia,  Efcritura,  e  Cânones  em  que  era 
verfadijftmo.  e  D.  Leonard.  de  S.  Jozè. 
luutreola  da  Cort.  Sant.  Trat.  i.  cap.  4.  n.  8. 
BJoquentijfimo,  fubtil,  e  em  fuperlativo  gráo 
bem  delicado  Pregador  pela  graça  pela  f ciência, 
e  pela  enerva.    Compoz. 

Sermão    da    Beatificação   do   grande    Summo 


893 

Pontifice  Pio  V.  em  S.  Domingos  de  Usboa 
em  14  de  Outubro  de  1672.  Lisboa  por  Fran- 
cifco  ViUela.  1673.  4. 

Sermão  em  o  Outavario,  que  celebrarão  em 
a  Igreja  de  S.  Roque  os  reliffofos  da  Compa- 
nhia de  JESUS  na  Fefla  da  Canonização  de 
S.  Francifco  de  Borja  reli^fo  da  mefma  Ordem , 
e  Geral  delia,  e  Duque,  que  foy  antes  de  Gandia. 
Coimbra  pela  Viuva  de  Manoel  Carvalho 
ImpreíTor  da  Univerfidade.  1673.  4. 

Sermão  na  Beatificação  de  S.  Pedro  de  Ar- 
bues  Cónego  Kegrante  de  Santo  Agoflinho  pri- 
meiro Inquijidor  em  o  Reyno  de  AragaÕ  no  Real 
Convento  de  S.  Vicente  de  fora.  Lisboa  por 
loaõ  da  Cofta  1674.  4. 

Seleãa  Quafliones  in  Univerfam  Theologiam. 
M.  S.        "^ 

Commentaria  in  Apocalypfim.  M.  S. 

Antinomia  Sacra.  M.  S. 

A*  inílanda  de  Marcello  Durazzo  Nún- 
cio ApoftoUco  nefte  Reyno,  e  depois  Car- 
dial  da  Igreja  Romana  efcreveo  contra  as 
Propofiçoens  de  Clero  Gallicano  cuja  obra  levou 
para  a  imprimir  quando  parrio  para  Hef- 
panha. 

Fr.  JOZE'  DA  PURIHCAÇAM  na- 
tural de  Lisboa  filho  de  Paulo  da  Fonce- 
ca,  e  Izabel  da  Cofta.  Aprendidas  as  Fa- 
culdades de  Filofofia,  e  Theologia  deixou 
o  feculo  pelo  rigorofo  clauftro  da  Provinda 
da  Arrábida  profeíTando  o  Seráfico  infti- 
tuto  em  o  Convento  da  Magdalena  fitua- 
do  na  Villa  de  Alcobaça,  a  6  de  Fevereiro 
de  1688.  onde  diftou  naõ  tendo  mais,  que 
quatro  annos  de  habito  as  fdencias  Efcho- 
lafticas  até  a  Cadeira  primaria  de  Theologia. 
Foy  Guardião  do  Convento  da  Arrábida, 
e  outros  Conventos  Prefidente  de  Capitvdo. 
De  muitos  Sermoens,  que  pregou  fe  pubM- 
cáraõ  os  fegiiintes. 

Sermão  do  Efpot^p  da  Raynha  dos  An- 
jos S.  Jo^é  na  Cathedral  da  Cidade  de  Us- 
boa.   Lisboa  por  António  Pedrozo  Galraõ. 

1698.  4. 

Sermão  da  Calenda  do  Nacimento  do  Menino 
Deos  no  Convento  de  S.  Jot^é  de  Ribamar  da 
Provinda  da  Arrábida,  ibi  pdo  dito  ImpreíTor. 

1699.  4. 

Sermaõ    do     Efpirito     Santo    pregado     no 


894 

Jeu  me/mo  dia  tia  Catheãral  da  Cidade  de  Lis- 
boa, ibi  pelo  dito  ImpreíTor.   1700.  4. 

SermaÔ  da  Jegtmda  Dominga  da  Quarejma 
pregado  no  Hofpital  Real  de  iodos  os  Santos 
da  Cidade  de  Lisboa.  Lisboa  por  Filippe 
de  Souza  Villela.  1707.  4. 

Sermão  da  ejclarecida  Virgem,  e  Mar- 
tyr  Santa  Barbara  protectora  dos  rayos,  e 
trovoens  pregado  na  Parochial  Igreja  de  Nojfa 
Senhora  dos  Anjos  defta  C  dade  de  Lisboa. 
Lisboa     por     António      Pedrozo      Galraõ. 

1707.  4. 

Sermão  da  alegre,  e  glorio/a  KefurreiçaÕ 
de  Chrijio  Nojfo  Salvador  na  Parochial  Igreja 
de  S.  Jo^é  de  Lisboa.  Lisboa  pelo  dito  Im- 
preíTor. 1707.  4. 

SermaÕ  do  admirável  Alyjlerio  da  Afcen- 
çaÕ  de  Chrijio  pregado  no  Convento  da  Ef- 
perança  de  Lisboa,  ibi  pelo  dito  ImpreíTor. 
1705.  4. 

Remédio  admirável  para  as  dores  de  dentes 
dejcuberto  na  prodigiofa  virtude  da  Virgem, 
e  Martyr  Santa  Apollonia  Jua  particular 
Advogada.       Lisboa     pelo     dito     ImpreíTor. 

1708.  12. 

Fr.  lOZE'  DA  PURIFICAÇAM  na- 
ceo  em  a  Villa  de  Setúbal,  e  foy  bautiza- 
do  na  Parochia  de  S.  Sebaíliaõ  a  21  de  Mar- 
ço de  1673.  fendo  filho  de  Francifco  loaõ, 
e  Brites  Netta.  Quando  contava  defoito 
annos  de  idade  profeíTou  o  fagrado  iníli- 
tuto  da  illuílre  Ordem  dos  Pregadores  em 
o  Convento  de  Azeytaõ  a  19  de  Março  de 
1691.  onde  floreceo  o  feu  engenho  em  pro- 
duçoens  poéticas,  a  inveíligaçoens  Theo- 
logicas  fendo  Meftre  do  numero  em  a  Sa- 
grada Theologia.  Foy  muito  perito  na 
lingua  Latina,  e  Italiana,  como  em  os  pre- 
ceitos da  Oratória.  Tendo  íido  Acadé- 
mico da  Academia  Portugueza  inílituida  em 
Caza  do  ExcellentiíTimo  Conde  da  Eri- 
ceira D.  Francifco  Xavier  de  Menezes 
onde  recitou  vários  difcurfos  com  univer- 
fal  aplauzo,  foy  eleito  Académico  do  nu- 
mero da  Academia  Real  da  Hiíloria  Por- 
tugueza para  efcrever  as  Memorias  Hiílori- 
cas  das  Três  Ordens  militares  deíle  Reyno. 
Falleceo  em  o  Convento  de  Lisboa  a  30  de 
Março    de    1746.    com    73    annos    de   idade 


BIBLIO  THE  C  A 


e  55  de  religiofo.  Delle  faz  mençaõ  Fr 
Pedro  Monteiro  Claujlr.  Dom.  Tom.  3.  pa^' 
245.    Compoz. 

SermaÕ    nas    Exéquias    Solemnes    ao    San 
tijfimo     Padre     Benediâo     XIII.     da     Sagrada 
Ordem     dos     Pregadores     celebradas     no     Rtaf 
Convento   de   S.    Domingos   de    Lisboa   em    y. 
de  Março  de  1730.    Lisboa  por  Miguel  Rodri- 
guez.  1730.  4. 

SermaÔ  de  Nojfa  Senhora  das  Dores  Rajnba 
dos  Martyres  pregado  na  Santa  Se  Patriarcbal 
no  ultimo  dia  do  Septenario.  Lisboa  na  Offi- 
cina  Auguíliniana.   1730.  4. 

Cathalogo     dos     Mejlres,     e     Adminijlrado 
res    da    illujlre,    e    antiquijfima    Ordem    militar 
de    Avi^-      Lisboa    por    Pafchoal    da    Syl- 
va    ImpreíTor    de    S.    Mageílade.    1722.    foi 
Sahio  no  Tom.   2.  da  Colleç.  dos  Docum.  d. 
Academia  Real. 

Conta    dos   Jeus    ejludos    Académicos    reci 
tada    no    Paço    a    zz    de    Outubro    de    1723 
No  Tom.   2.   da  Colleç.  dos  Docum.    Lisboa 
pelo  dito  ImpreíTor.  1725.  foi. 

Conta    dos   Jeus    ejludos    Académicos    dad 
no  Paço  a  f  de  Setembro  de  1724.     Sahio  n 
Tom.  4.  da  Colleç.  (à^c.  ibi  pelo  dito  ImpreíTor. 
1724.  foi. 

Conta    dos  Jeus    ejludos    Académicos    em 
Paço  a  1  de  Setembro  1726.    Sahio  no  Tom.  6 
da  Colleç.  &c.  ibi  por  Jozè  António  da  Sylva 
ImpreíTor  da  Academia.  1726.  foi. 

Fr.     lOZE'     DA     QUIETAÇAM   natu 
ral  de  Lisboa,  e  íílho  de  loaõ  Tavares  Pc 
reira,  e  Francifca  Maria  da  Luz.    ProfeíTou 
o  ferafico  inílituto  da  Provincia  dos  Algar- 
ves  em  o  Real  Convento  de  Xabregas  cm 
o   primeiro   de   Março   de    1717.    onde   fo> 
Guardião    dos    Conventos    de    Santo    Ante 
nio  de  Alcacere,  e  de  S.  Francifco  de  Mon 
temor,  Comifario  dos  Terceiros  do  Convento 
de    Setúbal,    e    Pregador    Geral    para    cujo 
minifterio   o   dotou   a   natureza   de   efpecinl 
génio,    e    prompta    facilidade    fendo    fen  ;  : 
ouvido    com    geral    aceitação.     Tem   publi- 
cado. 

Sermão  em  aplaus^o  do  Máximo  Doutor 
S.  Jerónimo  pregado  no  Convento  do  Maito. 
Lisboa  na  Patriarchal  Officina  da  Muíica. 
1728.  4. 


L  USl  TANA. 


895 


Sermaõ    na    enternecida    prociffaõ    que   faa^ 

devota,  e  venerável  Congregação  de  Nojfa  Se- 
nhora da  Soledade,  ereãa  unicamente  em  a  no- 
tável Villa  de  Setúbal.  Lisboa  na  Ofíicina 
da  Muíica.  1735.  4. 

Sermaõ  do  Capitulo  Provincial.  Lisboa  na 
mefma  Officina  1757.  4. 

Sermaõ  de  S.  lo^e  pregado  na  Jua  Igreja. 
ibi  na  dita  Officina.  1738.  4. 

Vida,    e    Novena    do    glorio/o    S.    Marçal 
Difcipulo     de    Jefu     Chrifto     Ínclito     Bifpo,     e 
efpecial    Advogado    contra    os    incêndios.      Lis- 
boa   por    Maiiricio    Vicente     de    Almeyda 
,1736.  8. 

i  Semana  devota  em  louvor  de  Aíaria  Santif- 
fima,  e  do  glorio/o  S.  Marçal.  Lisboa  na  Offi- 
cina da  Muíica.  1737.  8. 

Novena  da  Senhora  dos  Anjos,  e  modo  de 
rer^ar  a  Seráfica  Coroa.  Lisboa  na  Officina 
de  Theotonio  Antunes   de   Lima.    1737.    12. 

Novena  de  S.  Sebajliaõ.  ibi  pelo  dito  Im- 
preíTor  1737.  12. 

Novas  Horas  Seráficas  Latinas,  e  Portu- 
,^f(as.    Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor  174c.  12. 

Defpertador  Catholico  expojlo  em  os  qua- 
tro Novijfimos  do  homem,  e  em  os  Pajjos 
da  PayxaÕ  de  lefu  Chrijlo.  Lisboa  por  Pedro 
Ferreira.   1741.   12. 

Remédio  contra  o  terrível  mal  da  pejle 
aplicado  em  nove  dias  dijlríbuido  em  nove 
fetas  do  nome  do  foberano,  glorio/o,  e  invião 
Martjr  S.  Sebajliaõ.  Lisboa  por  Fran- 
cifco  da  Sylva  1743.  4. 

Tríbuto  de  objequios  a  Senhora  Santa  Anna. 
Lisboa  por  Pedro  Ferreira  1744.  12. 

Sujpiros  a  Deos  menino  antes  de  nacido. 
ibi  pelo  dito  ImpreíTor  1744.   12. 


Fr.  lOZE'  DO  REDONDO  natural  da 
Villa  do  feu  appellido  em  a  Provinda  do 
lAlentejo,  titulo  de  Condado,  onde  naceo 
li  13  de  Fevereiro  de  1683.  fendo  íilho  de 
[ozè  Pereira,  e  Maria  Collaça.  Recebeo 
3  habito  ferafíco  em  a  reformada  Província 
ia  Piedade  a  25  de  Abril  de  1699.  merecendo 
5ela  leitura  das  Artes,  e  Theologia  fer  Qua- 
ificador  do  Santo  Officio,  Guardião  dos 
Conventos  de  Beja,  Lagos,  e  Elvas,  e  af- 
!iftir    quando    era    Cuítodio    da    fua    Pro- 


vinda ao  Capitulo  Geral  celebrado  em  Mi- 
lão a  4  de  Junho  de  1729.  e  depois  fer  Vi- 
zitador  da  Provinda  de  Santo  António. 
Compoz 

Noviciado  Minorítico  novamente  infirui- 
do.  Évora  na  Officina  da  Univeríldade 
1742.  8. 

Memoríal  Religiofo  ibi  na  dita  Officina 
1742.  8. 

Efpelho  regular,  e  apurado  demojlrador. 
M.  S.  4. 

P.  lOZE'  DOS  REYS  filho  do  U- 
cenciado  Manoel  Carneiro  de  Aguilar,  e 
de  Mariana  Pacheco  Carndro  igualmente 
nobres,  e  virtuozos  naceo  em  a  Gdade  do 
Porto  donde  paíTando  a  Lisboa  quando 
contava  quatorze  annos  de  idade  fe  aliílou 
na  Companhia  de  lefus  a  17  de  Outubro 
de  1708.  Liftruido  nas  letras  humanas,  e 
divinas  em  que  fahio  eminente  diftou  Fi- 
lofofia  no  Collegio  de  Santarém,  e  a  Cadeira 
de  prima  de  Theologia  Moral  em  o  de  Braga 
onde  he  Examinador  Synodal.  Para  argu- 
mento do  génio  que  tem  para  o  púlpito  pu- 
blicou. 

OraçaÕ  junebre  nas  reaes  Exéquias,  e  Jolem- 
nijfimas  Honras  que  na  Sé  Primacial  de  Braga 
mandou  celebrar  ao  Serenijfimo  Infante  o  Senhor 
D.  Francifco  feu  IrmaÕ  o  Serenijfimo  Senhor 
D.  Io!(é  Arcebifpo,  e  Senhor  de  Braga  Prima^ 
das  Efpanhas  no  dia  20  de  Setembro  de  1742. 
Coimbra  no  Real  Collegio  das  Artes  da  Com- 
panhia de  lefus  1742.  4. 

lOZE'  RIBEYRO  naceo  em  a  Villa 
de  Setúbal  a  4  de  Mayo  de  1720.  fendo  filho 
de  Pedro  Ribeiro,  e  Luiza  Maria  de  Santo 
António.  Aprendeo  a  arte  de  manipular 
os  remédios  medicinaes  que  exerdta  peri- 
tamente   illuftrando    com   reílexoens    doutas. 

Pharmacopea  CbinAco  Galenica  obra  T ri- 
par titã.  foi.  M.  S. 

lOZE'  RODRIGUES  DE  ABREU 
naceo  em  a  Cidade  de  Évora  a  31  de 
Agoílo  de  1682.  onde  foy  virtuofamen- 
te  educado  por  feus  Pays  Manoel  Ro- 
drigues de  Abreu,  e  Maria  Antunes. 
Aprendeo    na    Univerfidade    da    fua    pátria 


896 


BIBLIO  THE  CA 


as  letras  humanas,  e  Filofoíia  recebendo 
o  gráo  de  Meílre  ncíla  Faculdade  a 
18  de  Agoílo  de  1699.  No  anno  feguinte 
paíTou  à  Athenas  G^nimbricenfe  onde  apli- 
cado ao  eftudo  de  Medecina  fez  diftintos 
progreíTos  entre  todos  os  feus  condifd- 
pulos  cuja  Faculdade  prafticou  com  aplauzo 
em  Lisboa  atè  que  embarcandofe  a  30  de 
Novembro  de  1705.  com  António  de  Al- 
buquerque Coelho  Governador  do  Rio  de 
laneiro,  Capitania  de  S.  Paulo,  e  das  Mi- 
nas difcorreo  por  todas  eftas  terras  com 
obfervaçaõ  de  fabio  colhendo  varias  no- 
ticias das  virtudes  medicinaes  das  ervas, 
e  plantas  que  produzem  aquellas  vaftiíTimas 
terras.  Reftituido  a  Portugal  a  26  de  Ou- 
tubro de  1714.  fendo  eleito  Fiíico  mòr  das 
Armadas  por  provifaõ  de  15  de  Mayo  de 
171 6.  foy  nomeado  para  acompanhar  ao 
Conde  do  Rio  grande  General  da  Ar- 
mada expedida  contra  os  Turcos  que  íi- 
tiavaõ  a  Ilha  de  Corfú  o  que  executou 
promptamente  como  na  jornada  que  no 
anno  de  1729.  fizeraõ  as  Mageftades  Por- 
tuguezas  ao  rio  Caya  para  concluir  os  au- 
guílos  defpozorios  dos  Príncipes  do  Bra- 
zil,  e  Aíhirias.  Em  remuneração  deíles 
ferviços  recebeo  o  habito  da  Ordem  mi- 
litar de  Chriílo  a  14  de  Mayo  de  1724. 
com  o  foro  de  Fidalgo  por  alvará  de  18 
de  Outubro  do  dito  anno,  e  ultimamente 
fer  nomeado  Medico  da  Camará  de  Sua 
Mageftade.    Compoz 

Lu!(^  de  Cirurgioens  emharcadiffos  que  tra- 
ta das  doenças  epidemicas  de  que  cujlumàõ  enfer- 
mar ordinariamente  todos  os  que  Je  embarcaõ 
para  as  partes  Ultramarinas.  Lisboa  por 
António  Pedrozo  Galraõ.  1711.  4. 

Hijloriologia  Medica  fundada,  e  ejlabelecida 
nos  principios  de  George  Emejlo  Stabl  fami- 
geradiffimo  Efcritor  do  pre:^ente  feculo,  e  ajuf- 
tada  ao  u:(p  praãico  defle  Pai:^.  Tom.  i.  em 
que  fe  contem  as  fuás  inflituiçoens  incluidas  na 
Phyjiologfa,  Patboloffa,  e  Semiologia  primeiras 
partes  da  Medecina.  Lisboa  na  Officina  da 
MuUca  1725.  foi. 

Hifloriologia  Medica  Tomo  2.  dividido 
em  duas  partes  em  que  fe  contem  a  pratH- 
ca  geral,  e  effencial  curatoria  das  queixas 
a    que    eflã  fogeito    o    corpo    humano    incluídas 


na  praxe  Medica.  Lisboa  por  António  de 
Souza,  e  Sylva  1739.  ^o^* 

Hiflorioloffa  Medica  Tom.  2.  Part.  2. 
Lisboa   por   Francifco   da    Sylva    1745.   foi. 

Hifloria  das  Minas  Brafilicas.  M.  S.  4. 

Hifloria  das  perturbaçoens  dos  Pay:^es 
Baixos  no  tempo  do  Emperador  Carlos  V. 
Filippe  II.  Margarida  de  Parma,  e  Duque 
de  Alva,  e  dos  mais  Governadores  que  fe 
feguiraõ  até  a  conclufaÕ  da  Tregpa  com  os 
Eflados  confederados  das  Provindas  unidts.  foi. 
M.  S. 

lOZE'     RODRIGUES     PENELLA    fi- 
lho   de    Manoel    Rodrigues    Botaõ,   c   Lau- 
rencia     Gomez    nacco     em    a    Gdade    de 
Faro  do  Reyno  do  Algarve  a   15   de  Abril 
de     1704.      Aprendeo    as    primeiras    letras 
com     Rodrigo     Corrêa     Prior     da      Pato- 
chial    Igreja    de    S.    Tiago    da    Gdade    de 
Tavira,    e    no    Convento    dos    Erimitas   de 
Santo    Agoílinho    da    mefma    Gdade    cíhi-  j 
dou    Theologia    Moral    cm    que    defendeo  j 
Conclufoens    publicas.      Ordenado    de    Or-  j 
dens    menores    que    lhe    conferio   em   Evo-  ' 
ra   D.    Fr.    lozè   de   lefus   Maria   Bifpo  de 
Patára    a    7    de    Março    de     1721.    paíToa  | 
a    Lisboa    a    frequentar    Filofoíia    na    Cor. 
gregaçaõ     do     Oratório     pelo     efpaço     c 
três    annos    no    fim    dos    quais    fe    aplicou 
íinco    em    a    Univeríidade    de    Coimbra    r. 
eftudo     da    lurifprudencia    Cefarea.      ToK 
rados    com    grande    conftancia    vários    i: 
fortunios   cauzados   por  feus   parentes   cor 
tinuou    na   Congregação    do    Oratório   dot 
annos  a  Theologia  Moral  de  que  era  Lei 
te    o    P.    lulio    Francifco    hoje    digniíTim 
Bifpo     de     Vifeu.      Pela     grande     fci 
que    tinha    adquerido    nefta    fagrada    1  .^>- 
dade  fez  varias  oppoíiçoens  as  Igrejas  d. 
Ordens    Militares    com    grande    credito   c! 
feu  talento  até  que  foy  provido  em  a  Igri 
ja   de    S.    Tiago   de   CaíTem   para   cuja  co 
laçaõ    recebeo    o    habito    da    militar    Or 
dem    de    S.    Tiago    em    o    Convento    dcj 
Palmella    a    29    de    Setembro    de    1756.   c' 
fe   ordenou   de   Presbítero   cuja   ordem  lhe 
conferio    D.    Fr.    loaõ    de    Seixas    da    ' 
ceca   Bifpo   de   Areopoli  a    30   de   No^c:. 
bro    de    1736.     Como    foíTc    Prcíidentc   r 


L  USITAN A. 


897 


Academia    Latina,    e    Portugueza    recitou    a 
18    de   Julho    de    1734.   a   Oraçaõ   feguinte. 

Glorias  de  Portugal,  fendo  affumpto  trinta 
Portuguet^es  defendendo-fe  em  CoulaÕ  de  trinta 
Gentios,  de  que  triumfáraõ  fendo  Capitão  D. 
Jorge  de  Cajlellobranco.  Lisboa  na  Offidna 
da  Muíica.  1736.  4. 


lOZE'  RODRIGUES  PEREYRA  Na- 
ceo  em  Lisboa  no  anno  de  1687.  onde 
aprendidos  os  primeiros  rudimentos  da  La- 
tinidade,  e  letras  humanas  paíTou  à  Univer- 
fidade  de  Q)imbra  a  eíhidar  os  Sagrados 
Cânones  em  cuja  Faculdade  recebeo  o  gráo 
de  Bacharel.  Sendo  Prothonotario  Apof- 
tolico,  e  Beneficiado  na  Parochial  de  San- 
ta Marinha  de  Lisboa  pela  fua  litteratura, 
e  innocencia  de  cuíhimes  paíTou  a  Vigário 
da  Igreja  do  Salvador  da  Villa  de  Santarém, 
Prior  das  Igrejas  de  Triana,  e  Santa  Maria 
da  Várzea  da  Villa  de  Alanquer,  e  de  San- 
ta Maria  Magdalena  de  Lisboa,  e  ultima- 
mente em  o  anno  de  1740.  da  Igreja  da 
Ventoza  em  a  Villa  de  Alanquer,  que 
he  do  Padroado  da  SereniíTima  Raynha, 
onde  exercita  as  obrigaçoens  de  folicito 
Paftor.  Teve  natural  génio  para  a  Ora- 
tória EccleíiaíHca  de  que  foraõ  theatros 
diverfos  púlpitos  em  que  mereceo  o  aplau- 
20  dos  ouvintes  publicando  por  primi- 
das  deíle  evangeUco  minifterio  as  feguin- 
tes  produçoens. 

Sermoens  da  Canonit^a^àÕ  de  S.  Joaõ  Nepo- 
muceno  pregado  no  Real  Hofpicio  dos  Car- 
melitas Defcalfos  Alemaens.  Lisboa  na  Officina 
Auguftiniana.  1730.  4. 

Sermão  de  Preces  por  agua  pregado  na  Pa- 
rochial Igreja  de  Santo  EJlevaõ  da  Villa  de  Alen- 
quer ao  recolher  de  huma  procijfaÕ  levando-fe  nella 
a  milag-ofijfima  Imagem  da  Mãj  de  Deos  da  Re- 
donda. Lisboa  por  António  líidoro  da  Fon- 
ceca.  1737.  4. 

Sermão  Gratulatorio,  e  Panegírico  na  exal- 
tação á  Purpura  do  EmminentiJJimo,  e  Reve- 
rendijftmo  Senhor  D.  Thomat^  de  Almeyda  Pa- 
triarcha  I.  de  Lisboa  pregado  no  dia  do  Apof- 
tolo  S.  Mathias.  Lisboa  por  Manoel  Fer- 
nandes da  Colla.  1738.  4. 

57 


Ff.  JOZE*  DE  SÁ  natural  do  lugar 
de  Cabellas  GDnfelho  de  Ferreiros,  e 
Tendaes  no  Bifpado  de  Lamego  filho  de 
Francifco  de  Sá,  e  Azevedo,  e  Antónia 
Lopes  Cordeira  de  igual  nobreza  à  de  feu 
Conforte.  ProfeíTou  o  fagrado  inftituto  dos 
Erimitas  de  Santo  Agoílinho  em  o  Con- 
vento de  NoíTa  Senhora  da  Graça  de  Goa 
em  o  anno  de  1604.  DiTcorreo  com  facul- 
dade dos  Superiores  grande  parte  da  índia 
Oriental,  e  Occidental,  até  que  reíHtuido 
a  efte  Reyno  efcreveo  o  feu  Itinerário  com 
eíle  titulo. 

Vida,  y  trahajos  dei  Padre  Fr.  Jo^è 
de  Sá  Portuguez-  M-  S.  4.  Confervafe  na 
Livraria  do  Convento  de  NoíTa  Senhora 
da  Graça  de  Lisboa. 

lOZE'  SANCHES  DA  SYLVA  Sar- 
gento mór  da  Infantaria  com  exercido 
de  Engenheiro  nefta  Corte  de  Lisboa, 
muito  perito  nas  difdplinas  mathemati- 
cas  prindpalmente  em  artifidos  de  fogo 
efcrevendo. 

Obra  Pirotenica  dividida  em  três  Trata- 
dos. Comprehende  Arithmetica  por  números, 
e  parte  de  Geometria  efpeculativa,  e  praãica, 
e  o  u:(p  dos  fogos  artificiaes  militares  por  mar, 
e  terra,  e  fuás  partes  de  que  fe  compõem,  e 
o  u^o  dos  fogos  feflivos,  e  recreativos,  fuás 
partes,  e  medidas  de  que  fe  compõem,  e  no 
fim  o  appendix  dos  fogos  antigos  dos  Egípcios. 
Tom.  I.  com  fig.  4.  M.  S. 

Tom.  2.  da  Arte  de  deitar  Bombas,  que  com- 
prehende as  Bombas,  e  feu  movimento  fegundo  a 
figura,  que  defcrevem,  como  das  Granadas,  e  Mor- 
teiros, e  mais  w(o  das  mefmas  Bombas,  e  no  fim 
hum  appendix  do  Petardo.  4.  M.  S. 

Fr.  lOZE'  DOS  SANTOS  natural  de 
Lisboa  filho  de  Pedro  Gonzalves,  e  Joan- 
na  BaptiUa,  reUgiofo  da  iUuílre  Ordem 
da  SantiíTima  Trindade  cujo  inftituto  pro- 
feíTou  no  Convento  pátrio  a  13  de  Ou- 
bro  de  171 8.  Aprendeo  com  admirável 
comprehenfaõ  as  fdencias  Efcholafticas, 
e  com  mayor  aplauzo  as  diâou  aos  feus 
domeíticos  merecendo  fer  admitido  ao 
numero    dos    Doutores    Theologos    em    a 


898 


BIB  LIO  THE  CA 


Univerfidade  de  Q)imbra,  que  muitas  vezes, 
como  também  a  Cotit  de  Lisboa  admira- 
rão a  nervofa  efficacia  dos  feus  argumentos 
em   diverfos   ados   litterarios.     Publicou. 

Sermão  no  fejlivijjimo  Outavario  da  Ca- 
nonização de  S.  Joaõ  Francifco  Reffs  da 
Companhia  de  JESUS  pregado  na  Ca^a 
profejfa  da  me/ma  Companhia  no  2.  dia  do 
me/mo  Outavario.  Lisboa  na  Ofíicina  da 
Mufica.  1739.  4- 

lOZE'  DOS  SANTOS  DE  ANDRA- 
DE natural  da  Cidade  do  Porto,  e  Ba- 
charel formado  em  a  Faculdade  dos  Sagra- 
dos Cânones  em  a  Univerfidade  de  Coim- 
bra. Foy  muito  verfado  na  liçaõ  da  Hif- 
toria  Eccleíiaftica,  e  Secular  defte  Reyno, 
como  em  a  Genealogia  de  que  faõ  paten- 
tes teftemunhas  as  feguintes  produçoens, 
que  efcritas  pela  fua  nuõ  fe  confervaõ  na 
Livraria  do  Convento  de  S.  Domingos  do 
Porto  onde  as  vimos. 

KecopilaçaÕ  Hijlorial  do  principio,  e  Ori- 
gem do  ejlado  religiofo,  e  das  Sagradas  Keligioens, 
que  nefie  Reyno  de  Portugal  propagarão  feu  Santo, 
e  religiofo  inftituto.  4. 

Compendio  Hijlorial  de  Efpanha,  na- 
çoens,  que  a  habitarão,  e  fua  KeJlauraçaÕ 
do  tempo  dos  Godos  até  Filippe  III.  de  Por- 
tugal. 4. 

Nobiliário  Ljijitano,  Epitome  da  Nobre:(a, 
e  Alfabeto  das  famílias  Portuguer^as  i.  e  z. 
Parte  dedicado  ao  Illufirijftmo  Senhor  D.  loaÔ 
de  Sous^a  Arcebifpo  Prima^-  4. 

Efpelho  puro,  e  clarifftmo  de  exempla- 
res virtudes  no  qual  fe  podem  ver  expref- 
fadas  as  Ideas  mais  primorofas  da  perfeição 
Evangélica.  4. 

lOZE*  DOS  SANTOS  PALMA  fi- 
lho de  Manoel  loaõ,  e  Igncz  de  Jefus 
nacco  em  Lisboa  em  o  i.  de  Novembro 
de  1680.  fendo  bautizado  na  Real  Igreja 
da  Conceição  a  17  do  dito  mez.  Eftu- 
dadas  as  letras  humanas  em  o  Colle- 
gio  de  Santo  Antaõ  dos  Padres  Jefuitas 
cm  que  fahio  eminente,  como  na  intd- 
ligencia  da  lingua  Latina  frequentou  a 
Univerfidade  de  Coimbra  aplicado  à  Ju- 
tifprudencia     Cefarea     em     cuja     Faculdade 


fez  tantos  progreíTos  a  fua  grande  comprehen- 
faõ,  que  formado  nefta  fciencia  lhe  rogarão 
os  Meftres  continuaíTe  a  aíTiftencia  da  Univer- 
fidade para  ocupar  as  mayores  Cadeiras  delia. 
Como  inimigo  de  aplauzos  deixou  a  Aca- 
demia Conimbricenfe,  e  na  pátria  exerci- 
tou pelo  efpaço  de  dez  annos  o  Officio  de 
Advogado  em  que  adquirio  grande  opi- 
nião fundada  em  fumma  litteratura,  e  naõ 
menor  defintereíTe.  Deíle  exercido  paflbu 
a  fer  Juiz  do  Civel  fendo  igualmente  reâo 
no  juizo  das  Cauzas,  como  no  feu  patro- 
cínio. Defte  lugar  fubio  ao  de  luiz  do  Fif- 
co  de  Évora,  e  depois  de  Coimbra  donde 
foy  promovido  a  Dezembargador  da  Caza 
da  Suplicação  a  7  de  Agofto  1734.  Foy 
Deputado  da  Junta  do  Tabaco,  Juiz  do 
Tombo  dos  Armazéns  do  Reyno,  Juiz  da 
moeda  falfa,  e  Ouvidor  das  Terras  da  Ray- 
nha.  Teve  natural  génio  para  a  Poefia  La- 
tina, e  vulgar;  vafla  liçaõ  da  íiiftoria  Ecde- 
fiafidca,  e  Secular.  Falleceo  a  28  de  Abril 
de  1739.  quando  contava  59  annos  de  idade. 
Jaz  fepultado  no  Convento  de  Santo  Eloy 
defta  Corte.    Compoz. 

Additiones  in  Decifiones  Melchioris  Phebi 
J.  C.  UlylTipone  apud  Jofephum  Lopes 
Ferreira  Typ.  SereniíTimas.  Reginx.  171 3. 
foi.  z.  Tom.    Sahiraõ  fem  o  feu  nome. 

Oraçaò  fendo  affumpto  mandar  ElRey 
D.  Fernando  fortificar  Lisboa  de  muros. 
Sahio  nos  Progrejjos  Académicos  dos  Ano- 
nymos  de  Lisboa.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor. 
1718.  4.  a  pag.  58. 

Addiçoens  ao  Re^mento  do  Fifco  Real. 
foi.  M.  S. 

Additiones  ad  Decifiones  Gabrielis  Pereira 
de  Caftro  J.  C.  foi.  M.  S.  Eftas  duas  ultimas 
obras  ddxou  imperfeitas. 

Fr.  lOZE'  DOS  SERAHNS  natu- 
ral da  Villa  de  Palmella  cabeça  da  Or- 
dem militar  de  Saõ-Tiago  do  Patriarcha- 
do  de  Lisboa  filho  de  Joaõ  Gomes,  c 
Joanna  Baptifta,  e  religiofo  Menor  da 
Seráfica  Provinda  dos  Algarves,  cujo 
inftituto  profeíTou  no  Convento  da  Vil- 
la de  Setuval  a  9  de  Janeiro  de  1702. 
Pelas  fuás  letras,  e  virtudes  religiofas  he 
Qualificador    do    Santo    Oífido,    Confultor 


L  USITANA. 


da  Bulia  da  Cruzada,  e  Examinador  das 
Três  Ordens  Militares.  Ocupou  os  luga- 
res de  Guardião  do  Collegio  de  Coimbra, 
e  do  Convento  de  Santa  Maria  de  Enxo- 
bregas,  e  Vizitador  duas  vezes  da  Provinda. 
Publicou. 

SermaÕ  da  Beatifkaçaõ  do  B.  André  Conti 
da  Sagrada  Ordem  dos  Frades  Menores  de  noffo 
Seráfico  Padre  S.  Francifco  pregado  na  folemnif- 
fima  Fejla  que  fe  lhe  fet^  com  o  Santijftmo  Sacra- 
mento manifefto  no  Mofteiro  de  Santa  Clara 
de  Évora.  Lisboa  por  Manoel  Fernandes 
da  Coíla  ImpreíTor  do  Santo  Ofíicio  1739.  4- 

P.  lOZE'  DE  SEPÚLVEDA  natural 
da  Bahia  de  todos  os  Santos  Capital  da 
America  Portugueza  filho  de  Manoel  de 
Sepúlveda  de  Carvalho,  e  Maria  de  Abreu. 
Abraçou  na  pátria  o  iníUtuto  da  Companhia 
de  lefus  a  21  de  Abril  de  1727.  quando 
contava  15  annos  de  idade  onde  fahio  egre- 
giamente  inftruido  nas  fciencias  amenas,  e 
feveras.    Compoz 

Jurifperitijfimo  Domino  Ignatio  Dias 
Madeira  Bahienfis  Cúria  luiticlavio  conful- 
tijjimo  EJogium.  Ao  mefmo  hum  Epi^ama 
Latino.  Sahiraõ  eílas  duas  obras  com  outras 
ao  mefmo  aíTumpto.  Lisboa  por  Miguel 
Manefcal  da  Coíla.  1742.  4. 

P.  lOZE'  DE  SEYXAS  naceo  em 
Lisboa  fendo  filho  de  Belchior  Gomez,  e 
Izabel  de  Seixas.  Na  juvenil  idade  de  quatorze 
annos  veftio  a  roupeta  de  lefuita  em  o  No- 
viciado da  fua  pátria  a  9  de  Abril  de  1627. 
Enfinou  com  aplauzo  Rhetorica,  e  Filo- 
fofia  em  Coimbra,  e  Theologia  em  Évora 
onde  recebeo  o  gráo  de  Doutor  a  4  de  lu- 
Iho  de  i66c.  Das  Cadeiras  paíTou  às  Pre- 
lazias em  que  moílrou  a  fua  grande  pru- 
dência fendo  Reytor  do  Collegio  de  Braga, 
e  Coimbra,  e  Provincial  do  Brazil.  Refti- 
tuido  ao  Reyno  foy  por  quatro  vezes  Pro- 
vincial em  cujo  tempo  paliou  a  Roma  ao 
Capitulo  em  que  fahio  eleito  Geral  o 
Padre  Carlos  de  Noyelle.  Foy  muito  ob- 
fervante  do  feu  inílituto,  e  entre  as  vir- 
tudes, que  cultivou  fe  diftinguio  aíTim 
na  abíUnencia,  como  na  tolerância  das  dores 


899 

cauzadas  pela  pedra  que  por  diverfas  ve- 
vez  acerbamente  o  atormentarão.  Fal- 
leceo  no  Collegio  de  Coimbra  a  9  de  Feve- 
reiro de  1691.  com  77  annos  de  idade.  Delle 
faz  larga  memoria  Franco  Imag.  da  Virtud. 
em  o  Nov.  de  Coimb.  Tom.  2.  p.  707.  Ann. 
Glor.  S.  I.  in  Eufitan.  p.  713.  e  Annal.  S.  I. 
in  iMfit.  p.  387.  n.  5.  6.  e  7.    Compoz. 

Vida  do  V.  Irmaõ  Domingos  da  Cunha 
da  Companhia  de  lESUS.  M.  S.  Defta 
obra  o  fazem  author  lorge  Cardozo  A^o/. 
Eufit.  Tom.  3.  p.  198.  letr.  M.  Nadafi 
Ann.  dier.  memorab.  S.  I.  Part.  i.  p.  262. 
col.  I.  Franco  Imag.  da  Virt.  em  o  Novic. 
de  Lisi'oa.  liv.  3.  cap.  32.  pag.  550.  onde 
affirma,  que  tudo  quanto  efcrevera  do  Ir- 
maõ Domingos  da  Cvmha  o  extrahira  da  Vida 
compofta  pelo  Padre  lozè  de  Seixas. 

lOZE'  DA  SYLVA  DE  AZEVEDO 
naceo  em  Lisboa  no  Anno  de  1680.  fen- 
do filho  de  leronimo  da  Sylva  de  Azevedo, 
e  Maria  Ribeyra  da  Conceição.  Apren- 
deo  a  lingua  Latina,  Humanidades,  e  FUo- 
fofia  no  Collegio  pátrio  de  Santo  Antaõ, 
em  que  fahindo  muito  intelligente  paf- 
fou  à  Univerfidade  de  Coimbra  eíhidar 
Medecina,  e  tanto  que  fe  formou  neíla 
Faculdade  voltou  para  a  Corte  onde  fen- 
do provido  em  Medico  da  Santa  Caza 
da  Alizericordia  navegou  à  índia  com  o 
lugar  de  Fifico  mòr  do  Eíbdo,  e  nelle 
exercitou  pra6tíca,  e  efpeculativamente 
Medecina,  lendo  huma  Cadeira,  e  curando 
no  Hofpital  dos  Militares.  Reftituido  ao 
Reyno  foy  remunerado  com  o  habito 
de  Chrifto,  e  huma  Tença  de  fincoenta 
mil  reis.  He  muito  verfado  nas  letras 
humanas,  e  divinas  como  publica  a  feguinte 
obra. 

Expofiçaõ  Delphica  Apologetico-Critica 
em  que  fe  convence  huma  falfidade  com  a  ver- 
dade declarada  em  que  fe  propõem  varias  dou- 
trinas pertencentes  á  /ciência  da  Medecina, 
e  tocaõfe  outras  noticias  úteis  para  o  exer- 
cido de  hum  Medico  Politico-Catholico:  nem 
menos  jucundas,  e  proveitofas  para  todos  os 
amantes  das  doutrinas  Etbicas.  Lisboa  por 
António  Pedrozo  Galraõ  1736.  4. 


çoo 


BIBLIO THE  C  A 


lOZE'  DA  SYLVA  FERNANDES  na- 
tural de  Lisboa  Qrurgiaõ  approvado,  e 
muito  inílruido  em  todo  o  género  de  eru- 
dição.   Efcreveo. 

Difcurfo  Apologético  Cirúrgico  Medico 
efcrito  em  ejlilo  Epijlolar.  Lisboa  por  Miguel 
Rodrigues  1729.  4. 

Novena  para  fejiejar  o  Tranfito  do  glorio- 
Jijfimo  faõ  Jo:(è.    Lisboa  1731.   12. 

P.  lOZE'  SOARES  natural  da  Villa 
de  Setúbal  filho  de  António  Soares,  e  D, 
Violante  de  Almeyda.  Na  idade  de  quinze 
annos  recebeo  a  roupeta  de  lefuita  cm  o 
Noviciado  de  Lisboa  a  3  de  Outubro  de 
1644.  onde  diftou  muitos  annos  Humani- 
dades com  aplauzo  do  feu  nome.  Sendo 
Meftre  da  primeira  ClaíTe  no  Collegio  de  Santo 
Antaõ  pubUcou 

Expiicationes  in  pracipuam  partem  to- 
tius  Artis  P.  Emmanuelis  Alvares  S.  I. 
qua  Syntaxim  compleãitur.  Ulyflipone  apud 
Michaelem  Deslandes  1689.  4.  3  ediçaõ 
&  ibi  apud  eundem  1699.  4.  &  ibi  apud 
Michaelem  Rodrigues  1739.  4-  ^  outras 
muitas  vezes  reimpreíTo. 

Falleceo  no  Collegio  de  Évora  a  15 
de  Setembro  de  1658.  Delle  fe  lembraõ 
Franco  Imag.  da  Virtud.  em  o  Nov.  de  Lis- 
boa,   p.    970.    e    Fonceca    Eí^or.    Glorio/,    p. 

433. 

P.  lOZE'  SOARES  religiofo  da  Com- 
panhia de  lESUS,  e  iníigne  Operário 
Evangélico  na  vaíliíTima  vinha  do  lapaõ. 
Efcreveo,  e  mandou  ao  Padre  Sebaíliaõ 
de  Magalhaens  lefuita  Confeílor  delRey  D. 
Pedro  IL 

Annua  do  Colleffo  de  Pekim  de/de  o  fim 
do  anno  de  1694.  atl  o  fim  de  Aíajo  de  1697. 
e  de  algumas  outras  Kefidencias,  e  Chrijlandades 
da  MiffaÕ  da  China  ejcrita  em  Pekim  a  ^o  de 
lulho  de  1697.  foi.  Sahio  traduzida  em  Cafte- 
Ihano  por  D.  luan  de  Efpinula  com  efte 
titulo. 

La  libertad  de  la  Ley  de  Dios  en  el  Império 
de  la  Coina  (concedida  por  el  Emperador  Khamhi 
a  zz  de  Março  de  1692.)  compuefia  por  el  P. 
Io:(è  Soares  de  la  Companhia  de  lefus  Reãor 
dei  Colle^o  de   Pekim  Corte  dei  Império  Ó^c. 


Valença  por  el  Heredero  de  Bonito   Mace. 
1696.  8. 

lOZE*  SOARES  DA  SYLVA  Caval- 
leiro  profeflb  da  Ordem  Militar  de  Chrifto 
naceo  em  Lisboa  a  9  de  laneiro  de  1672. 
Foraõ  feus  Pays  António  Soares  de  Ma- 
dureira Cavalleiro  Fidalgo,  c  ProfeíTo  da 
Ordem  de  Chrifto  Efcrivaõ  das  Guardas 
rcaes,  c  Thezoureiro  da  Caza  real,  e  D.  Ma- 
ria lozefa  da  Sylva  filha  de  loaõ  Pereira 
da  Sylva,  e  D.  Violante  da  Sylva.  Rece- 
beo o  Sacramento  do  Baptifmo  a  2  de  Fe- 
vereiro que  lhe  conferio  cm  a  Igreja  de 
N.  Senhora  do  Loreto  o  Doutor  Eftevaõ 
Briofo  de  Figueiredo  Vigário  Geral  do 
Arcebifpado  de  Lisboa  que  depois  foy  Bif- 
po  do  Funchal,  e  Pernambuco.  Defdc  os 
primeiros  annos  cultivou  as  letras  ame- 
nas diftinguindo  com  judiciofa  critica  o 
caraâer,  e  eftilo  dos  Poetas,  e  Hiftoriado- 
res.  Teve  grande  intelligencia  das  linguas 
Latina,  Caftelhana,  e  Franceza.  Foy  natu- 
ralmente inclinado  à  Poefia  principalmente 
Hefpanhola  em  que  a  fua  Mufa  fe  coroou 
em  diverfos  Certames  com  o  primeiro  pre- 
mio. Na  Academia  Portugueza  inftituida 
no  Palácio  do  Excellentiffimo  Conde  da 
Ericeira  D.  Francifco  Xavier  de  Menezes 
foy  Meftre  da  Politica  enfinando  as  máxi- 
mas defta  arte  mais  pelos  didames  do  Evan- 
gelho, que  pelos  Aforifmos  de  Tácito.  Entre 
os  primeiros  fincoenta  Académicos  de  que 
fe  formou  a  Academia  Real  da  Hiftoria 
Portugueza  foy  eleito  para  efcrever  as 
Memorias  Hiftoricas  delRey  D.  loaõ  o 
L  as  quais  deflxibuidas  cm  quatro  volumes 
cm  que  confumio  outo  annos  lhe  concilia- 
rão ao  feu  nome  naõ  pequena  gloria.  Teve 
correfpondencia  com  os  mais  eruditos  Ef- 
panhoes,  fendo  a  mais  familiar  com  os  ce- 
lebres Monges  Fr.  Bento  leronimo  Feijoo, 
e  Fr.  Martim  Sarmento.  Padeceo  com  he- 
róica conftancia,  e  refignaçaõ  catholica  hu- 
ma  penofa  infermidade  pelo  cfpaço  de  qua- 
tro annos  até  paíTar  ao  eterno  defcanfo 
a  26  de  Agofto  de  1759.  quando  contava 
67  annos,  7  mezes,  c  17  dias  de  idade. 
Foy  cazado  com  D.  Antónia  Maria  lo- 
zefa   de    quem    teve    António    Soares    da 


L  USITANA. 


901 


Sylva,    e    D.     Mariana    Ignacia    da    Sylva. 
Compoz. 

Diário  Métrico  em  aplaudo  de  la  Im- 
maculada  Concepcion  de  Maria  Santijfima 
dijiribuido  por  todo  el  ano.  Lisboa  por  Paf- 
choal  da  Sylva  ImpreíTor  de  S.  Mageftade. 
1717.  4. 

Memorias  para  a  Hijloria  de  Portu- 
gal, que  comprehende  o  governo  delKey  D. 
JoaÕ  o  I.  do  anno  de  1583.  até  o  anno  de 
1433.  Tom.  I.  Lisboa  por  Jozè  da  Syl- 
va ImpreíTor  da  Academia  Real.  173c.  4. 
grande. 

Memorias  para  a  Hijloria  de  Portugal, 
que  comprehende  o  governo  delRey  D.  loaõ  o  I. 
do  anno  de  1383,  até  o  de  1433.  Tom.  2.  ibi 
pelo  dito  ImpreíTor.  1731.  4. 

Memorias  para  a  Hijloria  de  Portugal 
díyc.  Tom.  3.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor. 
1732.  4. 

Colleçaõ  dos  Documentos  com  que  fe  au~ 
thorif^aõ  as  Memorias  para  a  vida  delRey 
D.  JoaÕ  o  I.  ejcrita  nos  primeiros  Três  To- 
mos Tom.  4.  Lisboa  pelo  dito  ImpreíTor. 
1734.  4. 

Conta  dos  feus  ejludos  Académicos  reci- 
tada no  Paço  a  zz  de  Outubro  de  1722. 
Sahio  no  Tom.  2.  da  Colleç.  dos  Docum. 
da  Academia  Keal.  Lisboa  por  Pafchoal 
da  Sylva  ImpreíTor  de  S.  Mageílade,  e  da 
Academia  Real.  1722.  foi. 

Conta  dos  feus  ejludos  Académicos  reci- 
tada no  Paço  a  -j  de  Setembro  de  1724. 
No  Tom.  4.  da  Colleç.  dos  Docum.  da 
Academia  Real.  ibi  pelo  dito  ImpreíTor. 
1724.  foi. 

Conta  dos  feus  ejludos  Académicos  no  Paço 
a  -j  de  Setembro  de  1726.  No  Tom.  6.  da  Col- 
leç. dos  Docum.  da  Acad.  Keal.  ibi  por  lozé 
António  da  Sylva.  1726.  foi. 

Komance  Endecafjllabo  a  la  muerte  dei  Se- 
renijfimo  Senor  Infante  D.  Alexandro  hijo  de 
los  Senores  Rejes  de  Portugal  D.  Juan  el 
V.  y  D.  Mariana  de  Aujlria.  Lisboa  por 
Jozè  António  da  Sylva.  1728.  4. 

A    S.    Juan    de    la    Crus^     que     contem- 
plando   el    alto    Myjlerio    de    la     Trindad    en 
fu     mifmo     dia    y     conferiendole     con     Santa 
Theret^a     ambos     quedaron     extáticos    pêro     el 
Santo     con     mas    efpecialidad.      Endechas,     e 


Soneto.  Sahiraõ  nas  Mem.  Hiji.  Paneg.  e 
Metric.  do  fadado  culto  com  que  o  Convento 
do  Carmo  de  Usboa  celebrou  a  Canonização 
do  Doutor  Myflico  S.  JoaÕ  da  Cru^.  Lisboa 
por  ^liguei  Rodrigues.  1728.  4.  de  pag. 
160.  té  168.  e  no  2.  Tomo  do  Jardim  Car- 
melitano  novamente  cultivado  por  Fr.  EJíevaÕ 
de  Santo  Angelo.  Lisboa  na  Officina  Sylviana. 
1741.  foi.  a  pag.  529. 

DiJJertaçaõ  fobre  o  numero  Era.  Sahio 
na  HiJl.  da  Acad.  Real.  Lisboa  por  Jozè 
António  da  Sylva.  1727.  4.  defde  pag.  132. 
até  145. 

Carta  efcrita  a  j  de  Março  de  1720.  a  Júlio 
de  Mello  de  Cajlro  em  aplaus^o  da  Vida,  que 
compov^  de  feu  Tio  Dini^  de  Mello  de  Caflro  I. 
Conde  das  Galveas.  Sahio  ao  principio  deíla 
Obra.  Lisboa  por  Jozé  Manefcal  ImpreíTor 
da  SereniíTima  Caza  de  Bragança.   1721.  foi. 

Carta  efcrita  a  ^i  de  Julho  de  1728. 
em  aplau:(0  do  Padre  Fr.  SimaÕ  de  Santa 
Catherina  compondo  a  Relação  Métrica  nas 
Solemnijfimas  Fejlas,  que  os  Religiofos  Car- 
melitas do  Carmo  de  Usboa  Jit^eraÕ  à  Ca- 
nonização de  S.  JoaÕ  da  Cru^  Lisboa  na  Offi- 
cina da  Muíica.  1729.  4. 

Cloris,  e  Ardenio.  Poema  Trágico.  Ganíla 
de  3  Cantos.  Dedicado  ao  G^nde  da 
Ericeira  D.  Francifco  Xavier  de  Menezes. 
M.  S. 

Diverfas  obras  em  Pro^a,  e  Verfo  re- 
citadas em  diverfas  Academias  de  que 
fe  pode  formar  hum  volume  de  juHa  gran- 
deza. M.  S.  Eílas  obras  conferva  em  feu 
poder  Francifco  António  Soares  da  Sylva 
filho  do  Author. 

lOZE'  SOARES  DA  SYLVA  Veja-fe 
o  P.  MANOEL  TAVARES  da  Congrega- 
ção do  Oratório. 

Fr.  lOZE'  DE  SOUZA  filho  de  Manoel  de 
Souza  Machado,  e  de  fua  mulher  Maria  da 
Conceição  naceo  em  a  Qdade  do  Porto,  e 
na  fua  Cathedral  foy  bautizado  a  19  de  Março 
de  1664.  Inífaruido  na  pátria  com  os  precei- 
tos gramaticaes  recebeo  o  habito  Carmeli- 
tano  em  o  Real  Convento  de  Lisboa  a  31 
de  Março  de  1679.  ^  profeíTou  em  o  primei- 
ro de  Junho  de  1680.    Eíhidou  as  fciencias- 


902 


BIBLIO THE  CA 


Efcholaílicas  em  o  Gjllegio  de  Q)imbra  as 
ijuais  diftou  em  o  Convento  de  Lisboa 
pelo  efpaço  de  doze  annos  em  que  jubilou 
conferindo-lhe  o  gráo  de  Doutor  Theo- 
logo  em  o  anno  de  1694.  o  Geral  Fr.  Joaõ 
Fcijoo  de  Villaiobos.  Foy  Secretario  do 
Capitulo  celebrado  em  12  de  Setembro 
de  1700.  em  que  preíidio  o  Cardial  Conti 
Núncio  Apoftolico  nefte  Reyno,  que  de- 
pois foy  elevado  ao  Sólio  do  Vaticano  com 
o  nome  de  Innocencio  XIII.  Tendo  íi- 
■do  Prior  do  Convento  de  Lisboa  foy  Vi- 
gário Geral  três  annos,  e  ultimamente  Pro- 
vincial eleito  em  3  de  May  o  de  1721.  e  Qua- 
lificador do  Santo  Officio.  Falleceo  no 
Convento  de  Lisboa  a  20  de  Março  de  1730. 
com  66  annos  de  idade,  e  51.  de  Religião. 
Delle  faz  larga  memoria  Fr.  Manoel  de 
Sá  Mem.  dos  Efcrit.  do  Carm.  da  Prov.  de  Por- 
tug.  cap.  61.    Publicou. 

Sermoens  Panegíricos  da  Immaculada 
■Conceição  de  Nojfa  Senhora  pregados  no  Con- 
vento do  Carmo  de  Ushoa.  Lisboa  por  Paf- 
choal  da   Sylva  ImpreíTor  delRey.    1721.   4. 

Sermoens  Panegjricos  pregados  em  varias  Fef- 
tividades  de  Chrijfo,  e  de  Jua  Mãy  Santijftma. 
Lisboa  pelo  mefmo  ImpreíTor.  1722.  4. 

Sermoens  Panegjricos  de  vários  Santos.  Lis- 
boa pelo  mefmo  ImpreíTor.  1723.  4. 

Sermoens  Qmrejmaes.  Lisboa  por  António 
Pedrozo  Galraõ.  1724.  4.  Todos  eíles  To- 
mos comprehendem  20  Sermoens. 


lOZE'  DE  SOUZA  naceo  em  Lis- 
boa a  19  de  Agoílo  de  1680.  fendo  fi- 
lho de  Sylveftre  de  Araújo,  e  Catherina 
de  Souza.  Ainda  naõ  contava  hum  an- 
no de  nacido  quando  pelo  contagiofo  mal 
de  bexigas  foy  privado  do  mais  nobre 
fentido,  qual  era  o  da  vifta,  mas  rou- 
bando-lhe  a  luz  dos  olhos  lhe  augmentou 
a  do  entendimento  com  que  penetrou  as 
fciencias.  No  Collegio  pátrio  de  Santo 
Antaõ  cultivou  as  letras  humanas  de  que 
teve  por  Meftre  ao  Padre  Jerónimo  de 
Caftilho  infigne  profeíTor  da  lingua  La- 
tina, que  tanto  eílimava  a  habilidade  def- 
te    difcipulo,    que    para    decifaõ    de    algu- 


ma duvida  mandava  ao  Jeu  Cego,  que  a  re- 
folveíTe.  Sendo  femelhante  a  Homero  na 
cegueira  o  excedeo  na  metrificação  com- 
pondo com  admirável  enthufiafmo,  e  na- 
tural cadencia  nas  linguas  Latina,  materna, 
e  Caílelhana  quando  aquelle  celebre  Gre- 
go unicamente  no  pátrio  idioma  compoz 
os  feus  Verfos.  Mayores  progreflbs  fez  a 
fua  aplicação  na  Filofofia,  e  Theologia  de- 
fendendo publicamente  Conclufoens  de  hu- 
ma,  e  outra  Faculdade  com  tal  comprehen- 
faõ  das  duvidas,  e  promptidaõ  de  refpof- 
tas,  que  era  efcufado  o  Meílre  para  patroci- 
nar eíles  aftos  litterarios  de  que  eraõ  plau- 
fiveis  teílemunhas  innumeraveis  aíTiftentes. 
Para  naõ  haver  Aula  no  Collegio  de  San- 
to Antaõ  que  fe  naõ  jaéíaíTe  de  taõ  grande 
difcipulo  frequentou  a  da  Mathematica  me- 
recendo-lhe  tanto  difvelo  as  demonílraçoens 
defta  infigne  Faculdade,  que  delia  fuftcn- 
tou  Conclufoens  publicas  donde  todo  o 
auditório  fahio  admirado  confiderando, 
que  pudeíTe  profundamente  inílruir-fc  em 
huma  fciencia  em  que  para  fe  explicar  por 
figuras  lhe  eraõ  precifos  os  olhos.  Foy  ver- 
fado  na  Theologia  Polemica,  que  ouvio 
no  Collegio  de  S.  Patrício;  como  na  Hif- 
toria  Ecclefiaílica,  e  Secular,  Chronologia, 
Mufica,  Oratória,  e  Poética  de  que  teve 
por  theatro  a  Academia  dos  Anonymos  da 
qual  foy  Prefidente,  e  Collega  fendo  igualmente 
eílimaveis  as  fuás  compofiçoens  ferias, 
e  jocofas  animadas  de  efpirito  fublime,  lo- 
cução caíla,  e  eítílo  eloquente.  Para  fe 
inílruir  em  taõ  diverfas  fciencias  ainda  que 
falto  dos  bens  da  fortuna  fempre  adverfa 
aos  eíhidiofos,  comprava  muitos  livros  de 
que  formou  huma  feleâa  livraria,  valen- 
do-fe  dos  olhos  de  algumas  peíToas  para 
aprender  pelos  ouvidos  o  que  liaõ,  para 
cujo  fim  naõ  receando  a  inclemência  do 
inverno,  e  muito  menos  o  tempo  da  noutc 
fautora  de  vários  defaílres,  bufcava  a  al- 
guns amigos  ainda,  que  habitaíTem  muito 
remotos  da  fua  Caza.  Todo  eíle  infada- 
vel  defejo  de  faber  fe  illuíbrava  com  a 
pradtica  de  virtudes  Catholicas  frequentac- 
do  os  Sacramentos  na  Caza  profeíTa  de  S. 
Roque,  e  aífiíUndo  quotidianamente  ao 
Sacrificio    da    MiíTa    com    atenção    devota. 


L  U  SITAN  A. 


9o3 


Foy  cordial  devoto  de  Maria  SantiíTima, 
e  de  feu  caílo  Efpozo  S.  Jozè  aos  quais 
ckgeo  por  Proteftores  da  ultima  hora. 
Tendo  paíTado  a  vida  com  inalterável 
animo  entre  as  opreíToens  da  pobreza  foy 
aíTaltado  de  hum  difluxo,  que  fazendo-fe 
rebelde  aos  medicamentos  lhe  annunciou 
ter  chegado  o  termo  da  fua  peregrinação, 
e  recebidos  devotamente  os  Sacramentos 
efpirou  a  9  de  Dezembro  de  1744.  quan- 
do contava  64  annos  de  idade,  5  mezes, 
e  20  dias  de  idade.  Jaz  fepultado  na  Pa- 
rochial  Igreja  da  Encarnação  devendo  gra- 
varfe  na  fepultura  para  eterna  recomen- 
dação do  feu  nome  o  eloquente  elogio, 
que  à  fua  memoria  dedicou  o  erudito  Fran- 
cifco  lozè  Freyre.  Das  fuás  obras  em  profa, 
e  verfo  efcritas  na  lingua  Latina,  e  materna 
fe  podia  formar  hum  volume  de  juíla  gran- 
deza, e  fomente  fe  fizeraõ  publicas  nos  Pro- 
grejfos  Academ.  dos  Anonym.  de  Usboa  (ú^c. 
Lisboa  por  Jozè  Lopes  Ferreira.  171 8.  4. 
as  feguintes. 

Difcurfo  Académico  fobre  o  que  diffe  Vafco 
da  Gama  aos  Portugueses,  que  o  acompanhavaõ 
em  hum  tremor  do  mar.  a  pag.  330. 

Soneto  a  pag.  16.  Soneto,  pag.  37.  De- 
cimas, pag.  52.  Soneto,  pag.  57.  Soneto  f>ag 
107.  Komance.  pag.  122.  Sextilhas.  149 
Soneto  pag.  154.  Soneto  p.  162.  Komance 
pag.  188.  Komance.  pag.  214.  Soneto,  pag 
216.  Soneto  pag.  254.  Komance.  pag.  299 
Soneto,    pag.    311.    Soneto,    pag.    333.    Soneto 

pag-  337- 

Colleçaõ  de  algumas  obras  pofihumas  em  Profa, 

e    Verfo.     Lisboa.     Na   Regia   Officina    Syl- 

viana,  e  da  Academia  Real.  1746.  8. 

Fr.  lOZE'  DE  SOUZA  natural  de 
Lisboa,  e  filho  de  Matheos  Corrêa  Tha- 
gano,  e  de  Thereza  de  Araújo.  Profef- 
fou  o  Sagrado  iníHtuto  da  iUuílre  Ordem 
dos  Pregadores  em  o  Real  Convento  de 
Bemfica  a  13  de  Fevereiro  de  1691.  on- 
de eíhidadas  as  fciencias  Efcholaílicas  fe 
dedicou  ao  minifterio  do  púlpito.  Foy 
ComiíTario  da  Venerável  Ordem  Tercei- 
ra da  Milicia  de  JESU  Chriílo,  e  peni- 
tencia do  Patriarcha  S.  Domingos.  Publi- 
cou. 


Sermão  nas  'Exéquias  de  D.  Pedro  Ma- 
noel de  Távora  V.  Conde  da  Atalaya  Gran- 
de de  Efpanha  da  primeira  Claffe,  Akayde 
mór  de  Marvão,  Governador  da  Torre  dt 
Belém,  General  Comandante  das  Tropas  Por- 
tugue^as  no  Principado  de  Catalunha,  Con- 
felheiro  de  Eflado  da  Cefarea  Mageflade  de 
Carlos  VI.  Vicerey  de  Sardenha,  General 
da  Cavallaria  de  Nápoles,  e  Governador  do 
Caflello  novo  do  mefmo  Keyno.  Lisboa  por  Ber- 
nardo da  Cofta  de  Carvalho.  1724.  4. 

Com  o  nome  de  Fr.  Jozé  de  Santa  Maria 
Magdalena,  que  tomou  pelo  apellido  de 
Souza,  imprimio. 

Sermão  nas  honras  funeraes,  que  a  Ve- 
nerável Ordem  Terceira  de  S.  Domingos  de- 
dicou ao  Santiftmo  Padre  Benedião  XIIL 
no  Collsffo  de  Nojfa  Senhora  do  Kofario^ 
dos  Padres  Irlandet^es  no  primeiro  de  Abril 
de  1730.  Lisboa  na  Officina  da  Muíica» 
1731.  4. 

Sermão  do  grande  Patriarcha  S.  Domingor 
pregado  na  Fejla,  que  lhe  fe^  a  Venerável  Or- 
dem Terceira  da  Milicia  de  JESU  Chriflo,  ^ 
Penitencia  do  mefmo  Santo  em  o  feu  dia  4  de^ 
Agoflo  de  1734.  Lisboa  na  Officina  da  Mu- 
fica.  1735.  4. 

Delle  faz  mençaõ  Fr.  Pedro  Monteiro 
Claufl.  Dom.  Tom.  3.  pag.  246. 

D.  lOZE*  DE  SOUZA  DE  CASTEL- 
LOBRANCO  naceo  em  a  Qdade  de  Ley- 
ria  a  2  de  Novembro  de  1654.  fendo  feus 
nobres  progenitores  Heytor  Vaz  de  Caftel- 
lobranco,  e  D.  Luiza  Maria  da  Sylva,  e 
Attayde.  A  fciencia  dos  Sagrados  Câno- 
nes, e  a  integridade  dos  cuíhimes  o  habili- 
tarão para  fer  Cónego  da  Cathedral  da  fua 
Pátria,  Deputado,  e  Inquifidor  da  Inqui- 
fiçaõ  de  Évora,  e  Promotor  em  a  de  Lis- 
boa donde  fubio  à  Cadeira  Epifcopal  do 
Funchal  em  cuja  dignidade  foy  fagrado 
pelo  Illuílriffimo  Inquizidor  Geral  D.  Fr.. 
Jozè  de  Lancaftro  na  Igreja  da  Congrega- 
ção do  Oratório  de  S.  Filippe  Neri  de  Lis- 
boa a  29  de  Junho  de  1698.  Partindo  pa- 
ra o  Bifpado  lhe  recomendou  a  Magefta- 
de  de  D.  Pedro  11.  folfe  à  Praça  de  Maza- 
gaõ  para  conferir  o  Sacramento  da  Confir- 
mação aos  feus  moradores,  o  que  fez  a  mais 


•904 


BIBLIOTHE  C  A 


de  mil,  e  quatrocentas  pefloas.  Entrou  na 
fua  Diocefe  a  29  de  Agofto  cujas  ovelhas 
apacentou  pelo  efpaço  de  vinte,  e  dous 
annos  com  zelo,  prudência,  e  charidade. 
Obrigado  da  violência  de  achaques  que 
fc  faziaõ  intoleráveis  pelo  Clima  renun- 
ciou por  confelho  dos  Médicos  o  Bifpa- 
do  no  anno  de  1721.  Reftituido  a  Portugal 
praéticou  as  virtudes  próprias  do  feu  Ef- 
tado  atè  que  falleceo  em  Lisboa  a  29  de 
lulho  de  1746.  com  86  annos  de  idade.  laz 
fepultado  em  huma  Capella,  que  mandara 
edificar  em  o  Convento  dos  Cartuxos  de 
Laveiras  diílante  finco  legoas  de  Lisboa. 
Foy  ornado  de  entendimento  agudo,  talento 
fublime,  converfaçaõ  deleitavel,  fciencia  pro- 
fimda,  e  erudição  vafta  principalmente  em  a 
Genealogia  efcrevendo. 

Defcendencia  da  Ca:(a  Real  Portuguet^a.  foi. 
M.  S. 

Famílias  do  Keyno  de  Portugal,  foi.  M.  S. 

Deftas  obras,  como  de  feu  Illuíbiíri- 
mo  Author  faz  louvável  memoria  o  P. 
D.  António  Caetano  de  Souza  Apparat. 
á  Hijl.  Gen.  da  Ca^.  Real  Portug.  pag. 
167.  §.  208.  afirmando  que  faõ  efcritas  com 
grande  exaçaõ. 

Fr.  lOZE'  SUPICO  natural  de  Lisboa 
filho  do  Doutor  Luiz  Supico  de  Moraes,  e 
de  D.  Mariana  da  Cruz  Mexia,  alumno  da 
preclariíTima  familia  Dominicana  cujo  fa- 
grado  inílituto  profeíTou  no  real  Convento 
de  Bemfica  a  17  de  Novembro  de  1669. 
do  qual  fendo  Prior  o  augmentou  com 
fumptuofas  obras  diftadas  pela  grandeza 
do  feu  efpirito  como  taõbem  em  o  Convento 
das  religiofas  de  S.  loaõ  de  Setuval  fendo 
feu  Vigário.  Foy  dos  iníignes  Pregadores 
do  feu  tempo  concorrendo  a  natural  graça 
da  expreííaõ  com  a  prompta  facilidade  do 
difcurfo  para  merecer  o  comum  aplaufo. 
Deixou    promptos   para  a  impreflaõ. 

Sermoens  Vários  10  Tomos.  4.  dos 
quais  defaparecendo  finco  que  faziaõ  co- 
herencia  com  os  que  fe  acharão,  naõ 
lograrão  do  beneficio  publico  da  impref- 
faõ.  De  muitos  conceitos  que  nelles  fe 
incluiaõ  fez  repetida  mençaõ  Pedro  lozè 
■Supico    de    Moraes    Moço    da    Camará    do 


SereniíTimo  Senhor  Infante  D.  Francifco 
Sobrinho  do  Author  na  Collec.  Moral, 
e  Polit.  de  Apothem.  Memor.  que  íahio 
Lisboa  por  António  Pedrozo  Galraõ 
1720.    8. 

Fr.  lOZE*  TEYXEIRA.  Naceo  em  Lis- 
boa no  anno  de  1543.  onde  educado  com 
documentos  virtuofos,  e  inílruido  nas  le- 
tras humanas  deixou  o  feculo  quando  con- 
tava vinte,  e  dous  annos  de  idade,  e  fe  re- 
colheo  ao  Clauílro  da  illuílriíTima  Ordem 
dos  Pregadores  no  anno  de  ij6j.  em  o 
Convento  de  Azeytaõ.  Nefta  douti/fima  pa- 
leílra  fe  diílinguio  o  feu  talento  dos  ou- 
tros domefticos  aífim  nas  inveftigaçoens  Theo- 
logicas,  como  nas  Oraçoens  Evangélicas. 
Era  Prior  do  Convento  de  Santarém  quan- 
do executou  ElRey  D.  Sebaftiaõ  a  infauíla 
jornada  de  Africa  cm  que  fepultou  a  glo- 
ria da  Naçaõ  Portugueza,  e  fucedendo  na 
Coroa  o  Cardial  D.  Henrique  foy  taõ  bre- 
ve a  duração  do  feu  Reynado,  como  da 
fua  Vida.  Extinfta  com  a  morte  deíle  Prín- 
cipe a  linha  dos  Monarchas  Portuguezes 
entre  os  Pretendentes  da  nofla  Monarchia 
era  o  mais  acérrimo  o  Senhor  D.  Antó- 
nio Prior  do  Crato,  e  filho  do  SereniíTimo 
Infante  D.  Luiz,  cujas  partes  feguia  Fr. 
lozé  Teixeira  feu  Confeflbr  com  taõ  cx- 
tremofa  fidelidade  que  naõ  fomente  o  acom- 
panhou a  França  para  pedir  focorro  à  Ray- 
nha  Catherina  de  Medicis,  mas  eílando  na 
armada  que  efta  Princeza  expedio  cm  au- 
xilio do  Senhor  D.  António  de  que  era 
General  Filippe  Strozi,  como  foflc  derro- 
tada a  26  de  lulho  de  1382.  por  D.  Álvaro 
de  Bafan  Marquez  de  Santa  Cruz,  foy  man- 
dado prefo  a  Lisboa,  e  reclufo  em  hum 
cárcere,  em  que  padeceo  graviíTimas  mo- 
leílias,  c  como  fc  lhe  offereceíTe  ocafuõ 
oportuna  fugio  furtivamente  para  França 
onde  aíTiftia  o  Senhor  D.  António,  e  de  tal 
modo  conciliou  o  afedto  de  Henrique  IH. 
e  de  fua  mãy  Catherina  de  Medicis  que  o 
elegerão  feu  Pregador,  e  Confelheiro.  Ha- 
vendo acompanhado  ao  Senhor  D.  An- 
tónio no  anno  de  1585.  quando  foy  implorar 
outro  focorro  a  Izabel  de  Inglaterra, 
que     foflc     favorável     aos     fcus     intentos 


LUSITANA.  9o5 

voltou  para  Pariz  no  anno  de   1588,   onde  tal  exceíTo    que    pregando    na    Parochia    da. 

recebeo    da    Raynha    Mãy    diílintas    eítíma-  Magdalena    de    Lisboa    do    amor    dos    ini- 

çoens.     No   fatal    tempo    da    Liga   formada  migos    fe    animou    a    proferir    que    eílava- 

em  França  contra   o   feu  Monarcha   Henri-  mos  obrigados   a  amar  aos   Gentios,   Mou- 

que   III.    fe   vio    reduzido   ao    ultimo   peri-  ros,    Judeos,     Hereges,    e    atè    aos    Cafte- 

go,  pois   conhecendo   os   authores   da   Liga  lhanos.      Viveo    atè    o    anno    de     1620.    e 

que  delia  era  declarado  inimigo  fjelas  obri-  naõ    de    1601.    como    efcreveo    Bayle    Di- 

gaçoens  que   devia  a   ElRey  QiriítianifTimo,  çion.   Hijíoriq.   e   Critiq.    Tom.   4.    pag.    mihi 

foy    julgado    por    herege,    e    defpojandolhe  338.     Celebraõ    o    feu    nome    diverfos    Ef- 

a  cella  de  todos  os  livros,  e  obras  que  tinha  critores     como     faõ     Petr.     Vitorio     Palma 

efcrito    onde    fe    efperava    achar    cauza    pa-  Append.     aã     Cbronol.     Genebrardi     ab     an. 

ra   fer   condenado,    os   entregarão   ao   fogo.  1590.     llle    Teixeira   hufitanus  erga  fuam  pa- 

Receando     prudentemente     que     de     feme-  triam     iMJitanani,     ac     illius    lihertatem    pro- 

Ihante   violência   fe   uzaííe   com   a   fua   pef-  penfione   efi   increáibili ;   optime   in   biftoria   ver- 

foa   fe    auzentou    ocultamente    no    principio  Jatus;     Genealoffas    omnes    Principum    ommum 

do    anno    de     1589.      Serenada    eíla    tem-  ad    unguem     tenet;     Regis     ChriftianiJJimi,     €>* 

peftade     voltou     ao     feu     Patrono     Henri-  Prinàpis    Jllufirijfimi    Condai    optime,    (&    or- 

que    III.     de    quem    recebeo     novas     hon-  natijftme     contextát.      Hifpanis     valde     exofus, 

ras,   como   taõbem  particular  afefto   de   feu  vir    ex    nobilijfima  familia    orimdus,    (&    apud 

fuceíTor    Henrique    IV.      AíTiftio    em    Pariz  V^ges   Juos   femper    educatus;    quali   fit    inge- 

à  morte   do   Senhor  D.   António  exhortan-  nio  illius  opera  id  abunde  teftantur.    O  author 

doo  naquella  tremenda  hora  a  alcançar  hu-  da    Uberte   de    Portugal   pag.    88.     Perfonage 

ma   Coroa    mais    gloriofa,    que    aquella   que  fort   renommè   en   /'    Europe,    e   co^u   de   tous 

lhe   negou   a   fortima.     Nefta   grande   G)rte  les    Primes    de    icelk    tant    lEjciefiajtiques    que 

exercitou   os   honorificos   lugares   de   Prega-  Jeculiers:    e   jingulierement    en    ¥  rance    ou    les 

dor,    e    Efmoler    dos    Reys    Qiriftianiflimos.  plus    Grandes    du    Royaume,    e    tous    bommes 

Entre    o    numerofo    concurfo,    que    eíleve  de    honneur    l*    eàment,    e    voyent    volentiers    à 

no  Templo  de  S.  Miguel  da  Gdade  de  Ruaõ,  caufe   de  fon   bonefie   converjation,  bormes  meurs, 

quando  a   26  de  Dezembro  de   1596.  abju-  e  finguliere  doãrine,  comme  V  un  dej plus  acom- 

rou  os  erros  do  Calvenifmo  Carlota  Cathe-  plis   en   la   conoiffance   de   l'   biftoire,    e  proja- 

rina    de    la    Tremoille    Viuva    de    Henrique  pie  des  Granas  qtà  fe  puijfe  trouver  felon,  que 

Príncipe  de  Conde  em  as  maõs  do  Cardial  fes   aures,    e    devis    communs    en    donnent  Juffi- 

Alexandre    de    Medices    Legado    a    Latere  Jant    tefmoignage.    Echard    Script.    Or.    Prad. 

de    Clemente    VTIL    foy    Fr.    lozè    Teixeira  Tom.   2.  p.  418.  pir  fuif  et  dijâplina  reffila- 

huma    das    prindpaes    pelToas    que    afliftiraõ  ris  ftudio,    et   eruditionis   laude,    <&   avita    Ca- 

a  eíle   religiofo   aôo   por   fer   o   author   da  tholica    fidei    vrelo    commendatijftmus.      O     Se- 

converfaõ    daqueUa    Princeza    para    a   Igre-  nhor   D.    António   in    Epijlcl.    ad  Gre^nium 

]a.   Romana,    da   qual    foy   ConfelTor,   e   Ef-  XIII.       Virum     de    pátria     optime     meritum. 

moler.    Todo  o  tempo  que  tinha  vago  das  Souza   Apparat.   à  Hijl.   Gen.   da  Ca^.   Real 

ocupaçoens    politicas    o    dedicava    aos    feus  Portug.  pag.  44.  §.  23.  Franckenau  Bib.  Hifp. 

eíhidos   hiíloricos,    e   Genealógicos   em   que  Gen.    Herald,    pag.    271.    Niceron    Mem.    des 

foy    profundamente    verfado.      Teve    gran-  Hom.  Illujl.  Tom.   5.  pag.  401.  Faria  Europ. 

de    intelligencia    da    lingua    Latina,    ItaUa-  Portug.    Tom.    3.    Part.     i.    cap.    4.    n.    5. 

na,   e   Franceza   que  fallou   com  expedição,  onde  com  manifeíla  equivocaçaõ  o  faz  reli- 

e  efcreveo   com  pureza.     Defendeo  vigoro-  giofo    Trino.    Draud.    Bib.    ClaJJic.    Konig. 

famente  o  direito,  que  à  Coroa  Portugueza  Bib.  Vet.  vÍT  Nova  pag.  796.  col.  i.  Nic.  Ant. 

tinha    o    Senhor    D.    António    dando    com  Bib.  Hifpan.  Tom.   2.  pag.   626.  col.    i.  Fr. 

a  voz,  e  com  a  penna  manifeftos  argumen-  Pedro  Monteiro  Claufir.  Dom.  Tom.   i.  pag. 

tos  da  fidelidade  para  com  a  pátria,  como  205.  e  Tom.  3.  p.  246.  Altamura  Bib.  Dominic. 

de    averíaõ    a    Caftella    a    qual    chegou    a  pag.  400.    Compoz. 


çoó 


BIBLIOTHE  CA 


De  Portugallia  ortu,  Regni  initits,  (ò' 
denique  de  rehus  â  Kegibus,  univerfoque  Ke- 
ffio  praclare  gejlis  compendium ;  ex  fidelibus 
fpeBatiJJimorum  Hijioricorum  monumentis  ex- 
cerptum.  Pariíiis  apud  Joannem  Mettayer. 
1582.  4. 

Sahio  eíla  obra,  fe  naõ  hc  diverfa,  com 
o  titulo  feguinte. 

Arhor  Genealógica  Kegum  Portugallia. 
Pariíiis  apud  loannem  Lc  Qerc.  1582. 
Cum  privilegio  Sereniflimi,  ac  Chriftia- 
niíTimi  Henrici  III.  Galliac,  &  Poloniac 
Regis. 

Contra  efta  obra  efcreveo  o  Dezem- 
bargador  Duarte  Nunes  de  Leaõ  huma 
fevera  Critica,  que  publicou  em  Lisboa  no 
anno  de  1585.  4.  à  qual  refpondeo  ner- 
vofamente  Fr.  lozè  Teixeira  com  o  livro 
feguinte. 

Confutatio  nugarum  Duardi  Nonii  Leo- 
nis  Jurifconfulti  hMJitani,  (Ò"  aliorum,  qui 
Portugallia  Kegnum  Philippo  Caftella  Kegi 
iure  hariditario  obvenijfe  contendunt,  <&  An- 
tonii  veri  Portugallia  Kegis  jus  vellicare,  ex- 
cerpta  ex  Anticriji  Jofeph  Texera.  Ticini. 
1594.  8. 

De  eleãionis  Jure  quod  competit  viris  Por- 
tugallenfihus  in  augurandis  fuis  Kegibus,  ac  Prin- 
cipibus.  Lugduni.  1589.  &  ibi  com  o  afeâado 
nome  de  Pedro  Olim  1590.  e  terceira  vez 
com  o  feguinte  titulo. 

Speculum  Tyranidis  Philippi  Regis  Cajiel- 
la  in  ujurpanda  Portugallia,  verique  Portugal- 
lenfium  júris  in  eligendis  fuis  Re  ff  bus,  ac  Princi- 
pibus  cum  annotationibus.  J.  J.  F.  a  V.  I.  C. 
Pariíiis.  1395.  8. 

Em  todas  eílas  obras  fuílenta  vigoro- 
famente  contra  Duarte  Nunes  de  Leaõ 
naõ  pertencer  a  Coroa  de  Portugal  a  Fi- 
lippe  Prudente,  mas  ao  Senhor  D.  An- 
tónio. 

Exege/s  Genealógica,  Jtve  explicatio  Ar- 
boris  Gentilitia  Inviãijftmi,  ac  potentijfimi  Gal- 
liarum  Regis  Henrici  ejus  nominis  IV.  Regum 
LXV.  Navarra  III.  Regum  XXXIX.  ex 
probatijftmis  hijioricis  latinis,  Gallicis,  Italicis, 
Cajlellanis,  ac  Portugallenjibus  delineata, 
atque  defumpta.  Turonibus  1590.  Nova- 
mente addicionada  pelo  Author.  Lug- 
duni    Batavorum    ex    Officina    Plantiniana 


1592.  4.  Foy  traduzida  em  a  lingua  Fran- 
ceza  por  C.  de  Heris,  e  fahio  com  efie 
titulo. 

E^plication  de  la  Genealogie  du  três  invin- 
cible,  et  três  Puijfant  Monarque  Henry  IIII. 
de  ce  nom,  65  Roy  de  France,  ou  (Jelon  aucuns) 
dl  e  III.  de  ce  nom,  39  Roy  de  Navarre  e^r. 
Paris  ches  Gilles  Beys.  1595.  4. 

Stemmata  Francia.  Item  Navarra  Rtffim 
á  prima  utriufque  gentis  oriffne  u/que  ad  Regem 
Henricum  IV.  Lugd.  Bat.  apud  loannem 
le  Mayre.  161 9.  4.  Efta  obra  he  a  mefma, 
que  a  precedente. 

Explicatio  Genealoffa  Henrici  II.  Con 
dea  Principis  a  D.  Ludovico,  et  ab  Imbaláo 
Trimulio  ad  utrumque  diãi  Henrici  parentem 
repetita.  Pariíiis  Plantin.  1596.  8.  Tra- 
duzida em  Francês  por  loaõ  Montbelliard. 
Pariz.  1596.  8. 

Rerum  ah  Henrici  Borbonii  Francia  proto- 
principis  mayoribus  gejlarum  epitome:  ejufdemqm 
Henrici  Genealogia  explicatio  a  D.  iMdovUô 
per  Borbonios,  atque  ab  Imbaldo  Trimollio  ad 
utrumque  diãi  Henrici  parentem  repetita  Pari- 
íiis per  Leodegarium  Delaz.  1598.  12.  No 
fim  defta  obra  fe  intitula  o  Author  Con- 
felheiro,  Efmoler,  e  Pregador  de  Henri- 
que IV.  ConfeíTor  de  Carlota  Viuva  do 
Principe  de  Conde,  e  primeiro  Efmoler 
do  Principe  de  Conde  a  quem  dedica  a 
obra. 

Reffa  Borboniorum  familia,  cÍT  Trimol- 
liorum  Principum  Genealogia.  Deíla  obra, 
que  eílava  brevemente  para  fahir  a  pu- 
blico fe  lembra  o  author  a  pag.  74.  da 
precedente. 

Narra  tio,     in     qua     tra£iatur     de     appari 
tione,    abjuratione,    converjione,    Ó^   fy^axi    ii 
lujlrijfima    Principis    Carlotta    Catherina    Tn 
mollia  Principijfa  Condea,  Henrici  Borbonii  prin. . 
in   Francia   Principis  fanguinis,  primique   Paris 
matris.    M.    S.     Conferva-fe    no    Convc* 
de   Santo   Honorato   de   Pariz   de  religiv 
Dominicos  como  cfcreve  Echard  Script.  Ord. 
Prad.    Tom.    2.    pag.    419.    duvidando    fcr 
Fr.    lozè    Teixeira    Author   defta    obra   por 
nella    fe    comprehcnderem    muitas    notidi 
da   fua   peíToa,   c   fendo   dellc,   também   fao 
as  três  obras  feguintes,  que  defejava  foíTcm 
impreíTas  por  Rafael  Parnipal. 


L  USITAN A, 


907 


De  régio  Henrici  IV.  in  Kothomagenfem 
Civitatem  ingreffu  anno.  1596. 

De  Gilberti  Talbot  Comitis  Salopia  adventu, 
qui  Garterium  Jucb  Aíajejlati  Chrijiianijftma 
obtulit,  ac  de  ejujdem  Garterii,  jive  perifce- 
iiàis  origine. 

De  numero  equitum  auratortim  quos  fua 
diãa  majefias  in  Juum  Ordinem  Sanai  Spi- 
ritus  cooptavit  Kotomagi,  atque  de  ipfius  Ordinis 
injlituíione. 

Adventure  admirahk  par  dejfus  toutes 
autres  des  Jiecles  paffes,  e  prejent,  qui  contient 
un  dijcours  touchant  les  Juccev^  du  Koy  de  Por- 
tuga/ Dom  Sebaftien  depuis  fon  vqyage  d'  Afrique 
auquel  il  fe  perdit  en  la  bataille  qu'  il  eut 
contre  les  infideles  V  an.  1578.  jufques  au  6 
I  de  Janier  au  prejent.  1601.  Au  quel  dijcours 
^  il  y  a  plujiurs  hijioires  cuerieujes,  quelques  an- 
denes  propheties,  e  autres  chojes  par  les  quel- 
ks  appert  evidemment  celuique  la  Seigneurie 
de  Venije  a  detenu  prijioner  lejpace  de  deux  ans, 
e  vingt  deux  jours  ejire  le  propre,  e  urai  rqy  de 
Portugal  D.  Sebajlien.  Plus  une  letre  qui  declare 
par  que  lie  maniere  il  Jut  mis  en  liberte  /<?  1 5 
Decemb.  dernier  pajje.  En  outre  come  il  Jortit 
de  Venije,  e  Jen  vint  a  Florence.  lu  tout 
traduit  de  Cajiillan  en  Francois.  1601.  8. 
Coníla  de  126.  pag. 

De  Flammula,  Jeu  vexillo  S.  Dionijii, 
vel  de  Orimphla,  aut  Auri  flamma  Trafaãus. 
Pariíiis.  1598.  12. 

Defta  obra  o  faz  author  Niceron  Aíem. 
des  Hom.  Illujl.  Tom.   5.  pag.  408. 


Fr.  lOZE'  DE  SANTA  THERESA 
natural  de  Coimbra  religiofo  Agoftinho 
Defcalfo  em  cuja  Ordem  nunca  quiz 
aceitar  ocupação  alguma  offerecendo- 
-Ihe  as  mais  honorificas,  e  fendo  obri- 
gado da  obediência  exercitou  em  a  G^r- 
te  de  Madrid  o  lugar  de  Procurador  Ge- 
lai onde  morreo  a  4  de  Novembro  de 
1671.    Compoz. 

Jornada  a  Koma,  que  por  ordem  da  Ma- 
gejiade  delRey  D.  Affonjo  VI.  Je^  o  Padre  Fr. 
Manoel  da  Conceição  primeiro  Fundador  dos  AgoJ- 
tinhos  Dejcaljos  nejle  Rejno  para  propagar  nelle 
eje  Injlituto.  O  author  efcreveo  efta  Rela- 
ção  acompanhando    à   Cúria   ao    Padre    Fr. 


Manoel  da  Conceição,  e  fe  entregou  no  anno 
1668.  M.  S.  ao  Doutor  Belchior  do  Rego 
de  Andrade  Secretario  da  SereniíTima  Prin- 
ceza  D.  Izabel,  e  Chanceller  da  Caza  da 
Supplicaçaõ. 

Fr.  lOZE'  DE  S.  THERESA  chama- 
do no  feculo  Jozè  dos  Reys  filho  de  Manoel 
dos  Reys,  e  Júlia  Nunes  naceo  em  Lisboa, 
e  no  Convento  pátrio  de  NoíTa  Senhora  dos 
Remédios  recebeo  o  habito  de  Carmelita 
Defcalfo  a  9  de  Junho  de  1684.  e  profeílou 
a  16  de  Julho  de  1685.  Eíhidou  Artes  em  o 
Collegio  de  Figueiró,  Theologia  em  Coimbra, 
e  Moral  em  Viana  fahindo  neftas  Faculdades 
eminente.  Sendo  Lente  de  Efcritura  em  o  feu 
Collegio  de  Coimbra  o  elegerão  Prior  do 
Collegio  de  Figueiró,  que  humildemente 
recufou.  Foy  dos  bons  Pregadores  do  feu 
tempo.  Falleceo  no  Convento  de  Corpus 
Chriíli  a  14  de  Novembro  de  1724.  Publi- 
cou. 

SermàÕ  na  Fejia  do  SantiJJimo  Sacramento  com 
a  profijfaõ  da  Aladre  Apollinaria  Alaria  Jos^eja 
de  Jejus  pregado  no  Real  Convento  das  Reliffojas 
Carmelitas  Dejcaljas  de  Camide.  Lisboa  por 
António  Pedrozo  Galraõ.  171 1.  4. 

V.  P.  lOZE'  VAZ.  Naceo  na  Aldeya 
de  Sacoàle  na  Provinda  de  Salcete  da  ín- 
dia Oriental  a  21  de  Abril  de  165 1.  onde 
teve  por  Progenitores  a  Chriftovaõ  Vaz, 
e  Maria  de  Miranda  de  geração  Bracma- 
nes,  taõ  morigerados  nos  cuíhimes,  como 
abundantes  dos  bens  da  fortuna.  Nos  pri- 
meiros annos  deu  claros  finaes  de  Deos 
o  ter  deltínado  para  Varaõ  Apoftolico  exer- 
citando açoens  na  idade  pueril,  que  cau- 
zavaõ  admiração  a  todo  o  género  de  pef- 
foas.  Eftudadas  as  letras  amenas  no  Col- 
legio de  Goa  dos  Padres  Jefuitas  apren- 
deo  as  feveras  no  Collegio  de  Santo  Tho- 
maz  de  Aquino  onde  por  informação  dos 
Meílres  fahio  confumado  Philofofo,  e  Theo- 
logo.  Conferio-lhe  as  Ordens  de  Presbí- 
tero em  o  anno  de  1676.  o  Illuíbdírimo  Ar- 
cebifpo  Primas  D.  Fr.  António  Brandão 
dandolhe  faculdade  para  confeíTar,  e  pre- 
gar em  cujos  miniílerios  moftrou  o  fublime 
talento  de  que  o  ornara  a  natureza,  fendo 


9o8 

ouvido  com  aplau2o  no  púlpito,  e  ouvin- 
do com  frequência  os  penitentes  em  o  Con- 
fefionario  entre  os  quais  fe  quÍ2  numerar 
o  Governador  do  Eílado  D.  Rodrigo  da 
G)fta,  que  o  venerava  com  fummo  refpei- 
to.  O  primeiro  Theatro  das  fuás  fadigas 
apoftolicas  foy  o  Reyno  de  Canará  que  tem 
de  extenfaõ  trinta  legoas  e  quaíi  noventa 
de  circuito  onde  inílruindo  com  fauda- 
veis  documentos  a  infinitas  almas  erigio  huma 
Igreja  em  Barcelor,  e  outra  em  Gongalym 
dedicadas  a  Maria  SantiíTima,  e  fabricou 
varias  Ermidas  para  nellas  fomentar  a  pie- 
dade dos  Fieis.  Reftituido  a  Goa  fe  delibe- 
rou a  preferir  o  Clauílro  ao  feculo  elegendo 
a  Congregação  do  Oratório  onde  recebeo 
a  roupeta  a  25  de  Setembro  de  1685,  e  nella 
introduzio  os  Inílitutos  compoílos  para 
a  Congregação  de  Lisboa  pelo  V.  Padre 
Bartholameo  do  Quental  de  quem  humil- 
demente alcançou  que  lhos  remetefle,  os 
quais  confirmados  pela  Santidade  de  Cle- 
mente XI.  a  26  de  Novembro  de  1706. 
obferva  exadlamente  a  Congregação  de  Goa. 
Naõ  podia  defcanfar  por  algum  tempo  o 
feu  efpirito  para  beneficio  do  próximo, 
e  fahindo  fegunda  vez  de  Goa  derigio  a 
jornada  ao  Reyno  do  Canará  para  confo- 
lar  aquellas  almas  que  foraõ  primícias  do 
feu  zelo,  e  em  3  de  laneiro  de  1687.  partio 
para  o  Malabar  bufcando  a  Ilha  de  Ceylaõ 
anciofa  baliza  de  feus  apoílolicos  difvelos. 
Depois  de  padecer  com  fumma  paciência 
neíle  caminho  graviíTimas  moleítías  chegou 
a  Jafana  Peninfula  ao  Norte  de  Ceylaõ  on- 
de pela  groíTaria  do  fuílento  que  como  era 
mendigado  o  comia  frio,  e  duro  fe  lhe  def- 
compoz  de  tal  forte  o  eftomago  que  quafi 
fe  fentio  reduzido  a  exahalar  o  efpirito, 
de  cujo  perigo  efcapou  milagrofa mente  fem 
embargo  da  oppofiçaõ  de  Henrique  Wan- 
rey  Comiflario  Geral  da  Ilha  de  Ceylaõ 
que  como  acérrimo  fequaz  da  feita  Lu- 
therana  perfeguia  ferofmente  aos  profeíTo- 
res  da  Fè  Catholica  Romana,  fazendo,  que 
entre  os  efpinhos  da  herética  pravidade  fru- 
tificafle  a  femente  evangélica.  Semelhante 
fruto  colheo  na  Ilha  de  Potulaõ  em  que 
confirmou  na  Fè  a  mil  Chriílaõs  que  o  eraõ 
em    o   nome   pela   perverfa,    e    abominável 


BIBLIO THE  Ca 


communicaçaõ  dos  Hereges,  donde  paf- 
fou  à  Corte  delRey  de  Candea,  e  fen- 
do acuzado  por  efpia  o  prenderão  cm 
hum  tenebrozo  cárcere  atè  que  juftifica- 
da  a  fua  innocencia  edificou  huma  Igreja 
com  o  titulo  de  NoíTa  Senhora  da  Con 
verfaõ  dos  Fieis  pelos  que  tinha  o  feu 
zelo  agregado  ao  rebanho  do  divino  Paf- 
tor.  Na  Gdade  de  Columbo  reduzio  mui- 
tos hereges,  compoz  ânimos  difcordes,  cele- 
brou vários  matrimónios,  e  em  Candea 
affiílio  com  ardente  charidade  a  huma  epi- 
demia gerada  do  mal  de  bexigas  de  que  livrou 
a  innumeraveis  infermos.  Havendo  como 
fiel  Operário  cultivado  taõ  agreftes  vinhas 
contra  a  infernal  confederação  de  hereges, 
e  Gentios  chegou  o  tempo  de  alcançar  o 
premio  merecido.  Provada  a  fua  tolerân- 
cia com  huma  larga  doença  em  que  naõ 
tinha  membro  izento  de  moleília  recebeo  os 
Sacramentos  com  grande  ternura,  cantou 
o  Terço,  orou  meya  hora,  e  pedio  a  Un- 
ção cujas  preces  ajudou  a  recitar  com  voz 
intelligivel,  e  abraçado  com  hum  Cruci- 
fixo a  que  tinha  aplicado  indulgência  pie 
naria  o  Cardial  de  Toumon  Nimcio,  e  Vi 
zitador  Geral  Apoílolico  da  índia,  e  Chi 
na,  placidamente  efpirou  a  16  de  laneiro 
de  171 1.  quando  contava  60  annos  de  ida- 
de, e  26  de  Congregado.  Tanto  que  na 
Corte  de  Cândia  fe  divulgou  a  morte  do  V 
Padre  concorreo  innumeravel  povo  a  ve 
nerar  o  feu  Cadáver,  naõ  havendo  peflba 
alguma  que  pelos  olhos  naõ  declarafle  o  fen- 
timento  da  falta  deíle  univeifal  Bemfeitor 
Três  dias  eíleve  expofto  para  fatisfazer  aos 
dezejos  dos  Chriíbiõs,  que  de  diverfas  Al- 
deyas,  e  outros  lugares  djftantes  três,  e  qua 
tro  dias  de  caminho  concorrerão.  No  ter 
ceiro  dia  antes  de  fe  entregar  à  terra  Iht 
recitou  huma  Oraçaõ  fúnebre,  e  Panegyrica 
o  P.  Jacome  Gonzalves  da  mefma  Congre- 
gação de  quem  fe  fez  larga  memoria  cm 
feu  lugar,  em  que  elegantemente  narrou  as 
virtudes  defte  infigne  Varaõ  as  quais  fi 
podem  ler,  e  admirar  na  fua  Vida  efcrita 
pelo  Padre  Sebaíliaõ  do  Rego  que  publicou 
no  anno  de  1744.    Efcreveo 

Carta   efcrita   em   Cândia   a    if   de   Agofio 
de    1708.    a  feu  fobrinbo    Io:(é    Ks^;    Diácono 


L  USITAN A. 


909 


da  Congregação  do  Oratório  de  Goa.  Sahio 
ImpreíTa  na  fua  Vida  defde  p.  124.  até  156. 

Cartas  ef cri  tas  de  Cândia  a  1^  de  Ja- 
\  neiro  de  171 1.  ao  Padre  Jo^è  de  Meneses  da 
■  Congregação  do  Oratório.  Na  mefma  Vida 
defde  pag.  262.  até  265. 

Vocabulário  da  lingtm  Chingala.  M.  S. 

Obras  Efpirituaes  para  infiruçaS  dos  MiJJio- 
narios  na  lingua  Tamtd.  M.  S. 

Deílas  duas  obras  faz  mençaõ  o  Padre 
Rego  na  Vida  do  Servo  de  Deos  a  primeira 
a  pag.  69.  e  a  2.  a  pag.  193. 

lOZE'  VAZ  FREYRE  natural  da 
augufta  Qdade  de  Braga  recebendo  a 
primeira  graça  na  Parochial  Igreja  de  S. 
Joaõ  de  Souto  a  21  de  Fevereiro  de  1652, 
Foraõ  feus  Pays  António  Vaz  Peyxoto, 
e  Izabel  da  Coíla.  Formado  em  a  Facul- 
dade dos  Sagrados  Cânones  em  a  Univer- 
Hdade  de  Coimbra  fe  reíUtuhio  á  pátria 
onde  exercitou  com  credito  da  fua  litte- 
ratura  o  Ofíicio  de  Advogado  de  Cau- 
zas  Forenfcs.  Falleceo  a  24  de  Junho  de 
1705.  quando  contava  55  annos  de  ida- 
de. Jaz  fepultado  na  Capella  de  NoíTa 
Senhora  da  Conceição  do  monte  de  Pe- 
nas em  a  fua  pátria.   Compoz. 

Praãica  Delegationum  Criminaliiim  vtdgo  A.I- 
fodas.  Conimbricx  apud  Joannem  Antunes. 
1700.  foi. 

Praãica  Civil.  Dedicada  ao  Doutor 
Jerónimo  Vaz  Vieyra  Dezembargador  do 
Paço.  foi.  M.  S.  Eíla  obra  andava  nas  li- 
cenças   quando    feu    author    falleceo. 

Poefias  Varias.  4.  M.  S.  Confervaõ- 
fe  em  poder  de  feu  filho  António  Vaz  Freyre 
de  Lucena. 

lOZE'  VAZ  PINTO  DE  SOUZA 
natural  do  lugar  do  Garajal  do  Bifpado 
de  Lamego  filho  do  Doutor  Gafpar  Vaz 
de  Souza,  e  D.  Maria  Corrêa;  irmaõ  naõ 
fomente  pela  natureza  de  Gafpar  Pin- 
to Corrêa  de  quem  em  feu  lugar  fe  fez 
memoria,  mas  pelo  efpirito  com  que 
traduzirão  na  lingua  materna  a  VirgUio 
fendo  hum,  e  outro  infigne  Illuilrador 
defte  Príncipe  da  Poefia  Latina,  com- 
pondo. 


Thefaitrus  Mufa  Virgiliana  in  quo  germa- 
nas verborum  Ordo  luujitano  primum  idiomate 
uberiores  deinde  rerum  nota  inveniuntttr.  Bra- 
charas  apud  Fruâuofum  Laurentium  de  Bailo. 
1624.  4.  2.  Tom. 

Fazem  mençaõ  honorifica  deíle  author 
Nic.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  pag.  626. 
col.  I.  D.  Franc.  Man.  Carta  dos  AA. 
Portug.  efcrita  ao  Doutor  Themudo  Joan. 
Soar.  de  Brito  Theatr.  L,ujit.  Uter.  lit.  I. 
n.  91. 

lOZE*  VELOSO.  Veja-fe  lOZE*  PE- 
REYRA  VELOSO. 

P.  lOZE'  VELOSO  naceo  em  Lisboa 
onde  teve  por  Pays  a  loaõ  da  Sylva,  e  An- 
tónia Velofa.  Quando  contava  quatorze 
annos  de  idade  foy  admetido  ao  Novicia- 
do dos  Padres  lefuitas  da  fua  pátria  a  10 
de  lulho  de  1694.  Por  fer  muito  verfado 
nas  letras  humanas,  e  lingua  Latina  a  en- 
finou  no  anno  de  1704.  em  a  notável  Villa 
de  Setúbal.  Para  inftruçaõ  dos  eíhidiofos 
da  Rhetorica  compoz,  e  fahio  á  luz  publica 
fem  o  feu  nome. 

Geniale  Khetorices  Topiarium  in  elegantes 
Areolas  tripartitum,  et  omnigenis  EJoquentia 
flofculis  concinnatum.  Ulyflipone  apud  haere- 
des   Antonii   Pedrozo   Galraõ.    1744.    8. 

Fr.  lOZE'  DE  S.  VICTORINO  na- 
tural de  Lisboa  filho  de  Thome  Domin- 
guez,  e  Antónia  Barbara.  ProfeíTou  o 
Seráfico  inítituto  da  Província  dos  Al- 
garves  em  o  Convento  de  S.  Francifco 
de  Eílremós  a  2  de  Fevereiro  de  1710. 
Depois  de  frequentar  os  eftudos  Efcho- 
lafticos  fe  dedicou  ao  minifterio  do  púl- 
pito do  qual  deu  por  primícias  do  feu  ta- 
lento quando  era  Comillario  dos  Terceiros 
do  Convento  de  Olivença. 

SermàÕ  da  Indulgência  da  Porciuncula 
pregado  no  Keal  Convento  de  Santa  Maria 
de  Jefus  de  Xabregas  da  Cidade  de  Lisboa 
com  a  circunflancia  de  que  nefie  dia  fe  fefieja 
o  Corpo  de  Deos  anno  de  1734.  Lisboa 
por  Pedro  Ferreira  ImpreíTor  da  Raynha 
Noíla  Senhora.  1740.  4. 


9IO 


BIBLIO THECA 


lOZE'  VILLAREAL  filho  do  Ca- 
pitão Manoel  Fernandes  Villa-Real  de 
quem  em  feu  lugar  fe  fará  mençaõ  mo- 
rador na  Cidade  de  Marfelha,  e  infigne 
profeflbr  da  lingua  Grega  da  qual  como 
elle  efcreve,  foy  Meftre  do  SereniíTimo 
Delfim  de  França.  Tinha  compofto  no 
anno  de  1682.  na  lingua  Caílelhana. 
E/cada  de  Jacob.  M.  S. 

Fr.  JOZE'  VILLASBOAS  DA  CON- 
CEYÇAM  natural  de  Lisboa  onde  teve 
por  Progenitores  a  Francifco  Lopes  Villas- 
boas  Cavalleiro  ProfeíTo  da  Ordem  de  Chrifto, 
e  Meílre  de  Campo  da  Artilharia  em  a  Ci- 
dade da  Bahia;  e  a  D.  Francifca  da  Sylva. 
Recebeo  o  habito  de  Carmelita  calçado 
em  o  Convento  da  Bahia  a  2  de  Agofto 
de  171 3.  e  profeíTou  a  5  de  Agoílo  do  an- 
no feguinte.  Paflbu  à  Univerfidade  de  Coim- 
bra onde  depois  de  eíludar  as  fciencias  fe- 
veras  foy  laureado  Doutor  Theologo  a 
23  de  Janeiro  de  1722.  Falleceo  no  Con- 
vento da  Bahia  a  14  de  Outubro  de  1738. 
Publicou. 

Sermão  Panegyrico  no  terceiro  dia  do  fo- 
lemne  Triduo  da  Fejlividade  de  Nojfa  Senhora 
do  Carmo,  e  em  acçaô  de  graças  ao  Pa/riarcba 
Santo  Jgnacio,  que  no  me/mo  dia  foy  em  folemne 
procijfaõ  para  o  feu  Collegio  por  troca,  que  fe 
fev^  com  o  Patriarcha  Santo  EJias  pela  grande 
falta,  que  ouve  de  chuva.  Lisboa  por  Maurício 
Vicente  de  Almeyda.  1736.  4. 

lOZE'  XAVIER  DE  VALLADA- 
RES,  E  SOUZA  natural  da  ViUa  de 
Alanquer  do  Patriarchado  de  Lisboa 
e  filho  do  Doutor  Francifco  Le5rtaõ  de 
Carvalho,  e  D.  Izabel  de  Lima.  Inftrui- 
do  nas  letras  humanas  frequentou  a  Uni- 
verfidade de  Coimbra  onde  aplicado  à 
Jurifprudencia  Canónica  fe  formou  nefta 
Faculdade  com  aplauzo  dos  Meílres,  e 
enveja  dos  condifcipulos.  Defde  os  pri- 
meiros annos  cultivou  o  Parnaflb  com 
tanta  felicidade,  que  merecerão  os  feus 
Verfos  os  Elogios  dos  mayores  Corifeos 
da  Poética  julgando  ferem  mais  produ- 
çoens  da  natureza,  que  da  arte.  He  pro- 
fimdamente     verfado     na     lingua     Italiana, 


e  Franceza,  e  na  liçaõ  dos  principacs 
Poetas  deftas  duas  illuftres  Naçoens.  Pu- 
blicou. 

Em  louvor  do  Illufirijftmo,  e  Reverendif- 
fimo  Senhor  D.  António  Monfenhor  de  Ná- 
poles na  ocafiaÕ  em  que  foy  elevado  â  dignidade 
de  Minijlro  da  Santa  Sè  Patriarchal.  Ode.  1739. 
fem  lugar,  e  nome  do  Impreflbr.  Conft 
de  16  ramos. 

Exame  critico  de  buma  Sylva  Poeti, 
feita  à  morte  da  Serenijfima  Senhora  In 
fanta  de  Portugal  a  Senhora  D.  Francifco 
Coimbra  no  Collegio  das  Artes  da  Con. 
panhia  de  JESUS.  1739.  4-  Sahio  com 
o  fupofto  nome  de  Diogo  Novaes  Pa 
checo. 

Sor    lOZEFA    IZABEL    DA    VISITA 
ÇAM  religiofa  da  Sagrada  Ordem  dos  Eri- 
mitas  de   Santo  Agoftinho  em  o  Convento 
de    Santa    Cruz    de    Villaviçofa    Corte    dos 
SereniíTimos  Duques  de  Bragança.    Para  tc{ 
temunhar    o    affefto    com    que    venerava   a- 
exemplar    da    Penitencia,    e    Prototypo    íi< 
amor  mais  fagrado,  efcreveo. 

Novena   de  Santa   Maria   Magdalena.     Lis 
boa  na  Officina  da  Mufica.   1723.  24. 

Sor    lOZEFA    MARIA    DA    MADK! 
DE    DEOS    natural    da     Villa    de     A;  :. 
rante    em    a    Provincia    de    Entre    Douro 
e   Minho   filha   de    Lucas   Teixeira   de   Vai 
concellos     peflba     principal     da     dita     Vil 
la    (que    depois    de    eftudar    Direito    Pon- 
tifício    na     Univerfidade     de     Coimbra,     t 
de    ler    em    o    Dezembargo    do    Paço,    t 
fervir    os    lugares   de   luiz   de  fora,   e   Ou- 
vidor da   Cidade   de   Braga   fe   ordenou  de 
Presbitero    levando    por    opofiçaõ    a    Tr* 
ja    de    S.    loaõ    de    Gataõ)    e    de    And-. 
da     Rocha     Barbofa.      No     Seráfico     M 
teiro  da  fua  pátria  recebeo  o  habito  quan- 
do   contava    poucos    annos    de    idade    onde 
mereceo    geral    eftimaçaõ    de    todas    as    rc 
ligiofas    pela    obfervancia    do    feu    Inílitu- 
to.     A   prudência   do   juizo   unida   à   affabi- 
lidade   do   génio   concorrerão   para   que   di 
gnamente    exercitaíTe    os    mayores    lugares 
da    Comunidade,    como    foraõ    Vigaria    do 
Coro,     Efcrivãa     duas     vezes,     huma     San- 


L  USITAN A, 


1 1 


<rriílaã,  e  ultimamente  AbbadeíTa  eleita  a 
II  de  Novembro  de  1734.  Nas  horas  va- 
^s  deftas  ocupaçoens  efcreveo  com  eftilo 
fincero  as  vidas  de  algumas  Religiofas,  que 
<leixaraõ  naquelle  Convento  perdurável  me- 
moria, fendo  as  principaes. 

Vida  da  Madre  Soror  ]ov^eja  da  Cru^. 
4.  M.  S. 

Vida  da  Madre  Soror  Catberina  da  Cru^. 
4.  M.  S. 

Vida  da  Aíadre  Soror  Joanna  da  Conceição. 
4.  M.  S. 

Confervaõ-fe  com  a  devida  eftimaçaõ 
no  Archivo  do  Real  Convento  de  S.  Fran- 
cifco  da  Cidade  de  Lisboa. 

D.  lOZEFA  MICHAELA  DE  CRASTO 
natural  de  Lisboa  filha  de  António  de 
Crafto  Guimaraens  Efcrivaõ  do  Dezem- 
bargo  do  Paço,  e  de  D.  Izabel  Vieyra  Mon- 
terroyo.  A  natureza  a  ornou  de  fermo- 
fura,  difcriçaõ,  e  taõ  raro  engenho,  que  exe- 
cutava primorofamente  tudo  quanto  obra- 
vaõ  os  milhores  profeíTores  das  artes  li- 
beraes.  Teve  grande  inílruçaò  dos  livros 
para  que  lhe  fervia  a  intelligencia  das  lín- 
guas Latina,  e  Franceza.  Foy  cazada 
com  lozè  Maria  Caftro  de  quem  teve 
fete  filhos.  Falleceo  na  pátria  a  10  de  Se- 
tembro de  171 8.  quando  contava  49  annos 
de  idade.  Deixou  efcritas  na  lingua  materna, 
e  latina. 

Varias  Obras  M.  S.  que  fe  confer- 
vaõ  em  poder  de  feus  filhos.  Delias,  como 
•de  fua  Authora  faz  memoria  o  Theatr.  Heroin. 
Tom.  I.  pag.   545. 

lOZEFA  THEREZA  DO  MONTE 
CARMELO  natural  da  Villa  Alcácer  do 
Sal  antiga  Colónia  dos  Romanos  em  a  Pro- 
víncia Tranílagana,  filha  de  Nicoláo  Coelho 
da  Cofta  Capitão  de  Cavallos,  e  de  D.  Inez 
JMaria  de  Mattos.  Na  tenra  idade  de  três 
para  quatro  annos  entrou  no  Convento 
de  Santa  Clara  de  Évora  onde  profeíTando 
a  8  de  Setembro  de  1721.  exercitou  o  lugar 
de  Vigaria  do  Coro,  e  de  Meftra  das  Ceri- 
monias em  que  he  taõ  perita,  como  publica 
a  feguinte  obra,  que  compoz. 

Norma    direStiva    de    Cerimonias    para    as 


Senhoras  Abbadejfas  da  ejclarecida  Ordem 
Seráfica  em  que  fe  trata  dos  ritos  particula- 
res, que  devem  objervar  nos  aãos  Jolemnes 
da  KeligiaÔ  com  o  ifí(p  do  Bago,  e  taõbem 
fe  moflra  o  poder,  e  jurifdiçaõ  que  tem  nos 
feus  Mofieiros  fegundo  o  fentir  de  vários  Au- 
thores  com  outras  muitas  fingularidades,  e 
preeminências  pertencentes  ao  fupremo  lugar 
da  Prelajia.  Madrid.  4.  Sem  anno  da 
Impreííaõ,  e  nome  do  ImpreíTor.  Hum 
exemplar  deíla  obra  vimos  na  feleâa  Li- 
vraria de  meu  Irmaõ  D.  lozè  Barbofa 
Clérigo  Regular. 

ISAC  ABARBANEL  filho  de  Ju- 
das Abarbanel,  e  neto  de  Samuel  Abarba- 
nel  familia  igualmente  illuílre,  que  opu- 
lenta, naceo  em  Lisboa  no  aimo  de  1437. 
jaâandofe  fabulofamente  de  fer  oriundo  da 
Real  Caza  de  David.  Educado  na  obfer- 
vancia  dos  ritos  Judaicos  fahio  acérrimo 
propugnador  dos  dilirios  do  Talmud. 
Taõ  anticipada  lhe  amanheceo  a  luz  da 
comprehenfaõ  que  quando  contava  vinte 
annos  de  idade  explicou  aos  fequazes  da 
Sinagoga  na  fua  pátria  o  livro  do  Deuto- 
ronomio.  A  penetrante  agudeza  do  en- 
genho unida  com  a  prudente  madureza  do 
juizo  o  habilitarão  para  que  muitas  vezes 
foííe  confultado  em  graviffimos  negócios  pelo 
noíTo  Monarcha  Aifonfo  V.  porem  como 
pela  morte  deíle  Príncipe  receaíTe  a  feveri- 
dade  de  feu  fuceíTor  D.  Joaõ  o  II.  contra 
as  perniciofas  machinas  que  armara  a  fa- 
gaz  perfídia  de  feu  animo,  fe  auzentou  clan- 
deftinamente  de  Portugal  para  Caílella  onde 
exercitando  a  mercancia  creceo  em  taõ  co- 
piofos  cabedaes  adqueridos  por  uzuras,  que 
naõ  fomente  teve  entrada  livre  no  Palácio 
dos  Reys  Catholicos  Fernando,  e  Izabel 
fervindofe  da  fua  grande  capacidade  pelo 
efpaço  de  outo  annos,  mas  com  tyrana  am- 
bição arrogava  para  fi  os  Titulos,  e  pree- 
minências dos  primeiros  Fidalgos  de  Ef- 
panha.  Efta  infolente  arrogância,  e  o  de- 
clarado ódio  que  tinha  à  Religião  Chriílaã  fo- 
raõ  as  cauzas  motoras  da  fua  ruina,  fendo  ex- 
pulfo  de  Caftella  no  anno  de  1492.  pelo  ar- 
dente zelo  dos  Reys  Catholicos  com  todos 
os  profeíTores  do  Talmud  que  chegarão  ao 


912 


BIB  LIO  TH  E  CA 


numero  de  trezentas  mil  pcflbas  de  hum,  e 
outro  fexo.  Embarcado  com  fua  mulher, 
e  filhos  atraveíTou  o  Mediterrâneo,  e  che- 
gando a  Nápoles  começou  a  pradtícar  os 
fcus  politicos  artifícios  que  tinha  exerci- 
tado em  Portugal,  e  Caftella,  pelos  quais  fe 
introduzio  na  graça  delRey  Fernando  que 
fazia  do  feu  talento  eílimavel  conceito.  Por 
morte  defte  Príncipe  fucedeo  na  C0T02.  de 
Nápoles  feu  irmaõ  AfFonfo  II.  no  anno 
de  1494.  da  qual  fendo  defpojado  pelas 
armas  de  Carlos  VIII.  de  França  fe  retirou 
conílernado  para  SiciUa  a  quem  feguio  Abar- 
banel  atè  que  morto  AfFonfo  II.  no  anno 
de  1495.  navegou  para  a  Ilha  de  Corfú. 
No  anno  feguinte  voltou  a  Nápoles,  e  na  Ci- 
dade de  Monopoli  fituada  na  Provinda 
de  Bari  na  Apulha  habitou  pelo  efpaço  de 
fete  annos  donde  paífando  a  Veneza  para 
ajuftar  as  diferenças  que  haviaõ  entre  efta 
Republica,  e  a  Coroa  de  Portugal  acerca 
da  navegação  das  efpeciarias,  finalizou  a 
carreira  da  vida  em  o  anno  de  1508.  quan- 
do contava  71  annos  de  idade.  Teve  de 
fua  mulher  três  filhos  Judas,  Jozè,  e  Sa- 
muel, fendo  o  primogénito  infigne  Filo- 
fofo,  grande  Medico,  e  elegante  Poeta;  o 
ultimo  foy  mayor  que  feu  Pay,  e  irmaõs 
pois  abjurando  em  Ferrara  os  erros  da  Si- 
nagoga abraçou  as  verdades  do  Evangelho 
fendo  bautizado  com  o  nome  de  Affonfo 
em  obfequio  de  feu  Padrinho  o  Duque 
de  Ferrara.  O  Cadáver  de  Abarbanel  foy 
transferido  de  Veneza  para  Pádua,  e  no 
Cemeterio  antigo  dos  Hebreos  fe  lhe  deu  fe- 
pultura  que  no  anno  de  1509.  feguinte  ao 
da  fua  morte,  por  cauza  da  guerra  foy  arrui- 
nado ignorandofe  atè  o  tempo  prezente 
onde  feja  a  fua  fepultura.  Foy  dotado  de 
engenho  perfpicaz,  e  de  taõ  infatigável 
eíhido  que  paíTava  vigilante  dias,  e  noutes 
inteiras  fobre  os  livros.  Na  expoziçaõ  das 
Efcrituras  era  taõ  fácil  que  em  breve  tem- 
po publicava  qualquer  livro  da  Efcritura 
fubtilmente  interpretado,  e  certamente  mere- 
ceriaõ  mayor  eftimaçaõ  as  fuás  obras  fe  as 
naõ  adulterafle  com  muitas  falfidades.  Adu- 
lava com  obzequiofas  expreíToens  aos  Prín- 
cipes Catholicos  ao  mefmo  tempo  que  vo- 
mitava   atrozes    injurías    contra    os    profef- 


fores   da   Religião   Chríílaã,   e   para   diíTimu 
lar  o  veneno  que  diíUllava  pela  pcnna  bui 
cava  a  fua  converfaçaõ  na  qual  com  ca  vil - 
lofa  familiaridade  introduzido  pertendia   fc^ 
reputado  por  fequaz  do   Evangelho,  e  na» 
da    Sinagoga.     Saõ    innumeraveis    as    blas 
femias,   que  proferío  contra  Chriílo   Senho 
NoíTo,    o    feu    Vigário    na    terra,    Cardiaes 
Bifpos,    e    EcclefiaíHcos    que    eftaõ    difper 
fas    pelas    fuás    obras    principalmente    no 
Commentarios    aos    últimos    Profetas    fendo 
rara  a  pagina  que  naõ  eíleja  manchada  com   1 
taõ  peftifero  veneno.    De  tudo  quanto  com- 
poz  antes,  e  depois  de  fer  expulfo  de  Efpanha   1 
formou  elle  o  Cathalogo  que  relata  o  Author   ' 
do    Scialfcèlech    Kakkabala    pag.    64.   que  hc 
o  feguinte. 

Perufch    ai    hattorà    id    eft,     Commentarti  ' 
in  heges.    He  himia  expoziçaõ  fobre  o  Pen- 
tateucho    de    Moyfes,    onde    explica    o    fen 
tido  litteral  com  methodo  efcholaftico.    Pro- 
põem   ao    principio    diverfas    queíloens  que 
pertencem  à  Hiftoria  Sagrada,  e  ao  fentid 
litteral   compiladas   de   Authores   Catholicos» 
e    depois    de    examinar    cada    huma    declan 
a  fua  opinião,  e  refponde  às  duvidas  con 
trarias.     Sahio  impreflb  Venetiis.    1579.  por   1 
deligencia    do    R.    Samuel    Archivolti    aputf 
loannem     Bragadinum     foi.     et    ibi     1584 
de    cuja    ediçaõ    uzaraõ    André    Eifenmc 
gero    in   Juá.    deteão,    e    loaõ    Bento    Car 
pfovio;    &    ibi    1604.     A    prímeira    impreí 
faõ  illuílrou   com   allegaçoens   marginaes,  ^ 
índices    Latinos    Henrique    Jacobo    Bashux 
fen,   e  fahio   Hanoviae   1710.   foi.     Foy  cor 
reâa    em    muitos    lugares    por    ordem    do 
Inquizidores    como    moílra    Joaõ    Wulgef 
AnimcducrJ.     ad     Theriac.     Judaic.     p.     206 
Acabou  Abarbanel  efta  obra  em  Monopo/ 
no  anno  de   1496.  quatro  annos  depois  cii 
expulfo   de   Efpanha  a   qual  príncipiara  cn 
Lisboa.    O  Proemio  in  Uviticum  fahio  cor 
o   livro   de   Sacrifício   compofto   por   Moifc 
Maimonidas  com  outras  obras  que  de  hebraic' 
verteo    em    Latim    Luiz    de    Campeigne   dt 
Vcil  1683.  4. 

Mircòèvet  hammifni,  id  eft  Currus  ft- 
cmdaríus  Tit  ex  Gen.  41.  4j.  Sabionetz 
apud  Tobiam  Puam  15  51.  foi.  Depois 
fahio    juntamente    com    os    Commentarios 


L  USITAN  A. 


fobre  os  qiiatro  livros  do  Pentateucho. 
1579.  foi.  Efta  obra  principiou  em  Lis- 
boa, e  perdendo-a  quando  fugio  defta  G- 
dade  como  a  recuperaíTe  a  acabou  cm  Veneza 
no  anno  de  1496. 

Commentarii  in  Prophetas  Anteriores.  Covci- 
poílos  em  16  dias  como  elle  afíirma  na  Pre- 
fação ao  Profeta  Daniel.  Neapoli.  1593. 
e  mais  correftos  Lipíiae  apud  Weidamannum. 
1686.  foi.    Hamburgi.  1687. 

Commentarii  in  Libros  Judicum.  Q)mpof- 
tos  em  25  dias  Venetiis  1625.  4.  Nefta  obra 
em  que  no  Cap.  9.  de  Abimalech  o  traduzio 
em  Latim  loaõ  Francifco  Budeo  com  o  titulo 
Prudentia  Civilis  Kabbinica  Specimen.  Jenx. 
1693.  12. 

Commentarii  in  Ubros  Samitelis.  Princi- 
piados em  o  primeiro  de  Dezembro,  e  aca- 
bados a  13  de  Fevereiro  em  que  fe  celebrava 
o  jejum  de  Efther. 

Commentarii  in  Ubros  Kegum.  Foraõ 
efcritos  no  anno  de  1493.  afliftindo  em 
Nápoles.  Todos  eíles  Q)mmentarios  fahi- 
raõ  impreíTos  em  Itália  apud  Haeredes 
Soncinates.  1493.  foi. 

Commentarii  in  Prophetas  Pojleriores. 
Pifauri.  1311.  &  apud  Soncinates.  1520. 
foi.  Amftelodami.  1641.  foi.  com  huma 
Prefação  Latina  de  Joaõ  Cocceo.  Na 
blasfema  interpretação,  que  Abarbanel  faz 
de  verf.  13.  do  cap.  52.  até  54.  de  Ifaias 
contra  a  Paixaõ,  e  morte  do  noíTo  Redemp- 
tor  o  impugna  vigorofamente  Conftan- 
tino  L'Empereur  cuja  impugnação  íahio 
impreíTa  Lugd.  Batav.  1631.  8.  e  Fran- 
cof.  1687.  8.  O  Com  mento  ao  Cap.  34. 
Ifaia  verteo  em  Latim  Sebaftiaõ  Schnel- 
lio,  e  o  confutou  das  blasfémias  profe- 
ridas contra  os  Chriílãos.  Altorphii.  1647. 
4.  Joaõ  Buítorfio  filho  compoz  huma 
DiíTertaçaõ  fobre  o  G^mmento  de  Abar- 
banel onde  difputa  fe  fe  deve  entender 
por  Edom  os  Romanos,  e  os  Chriftãos. 
Sahio  in  Mantiffa  ad  librum  Q)ín  p.  389. 
loaõ  Bento  Carpzovio  in  Dijfertationib. 
Academ.  pag.  93.  traduzio  em  Latim  o 
G3mmento  ao  cap.  3.  de  Jeremias  verf. 
16.  e  17.  O  Commento  a  Sofonias  fahio  defen- 
dido por  Brandano  Henrique  Gabbardi  da 
falfa  interpretação,  que  lhe  dera  Abarbanel. 

58 


Gryphis  Wald.  1702.  O  Commento  fobre 
Ofeas  illuftrou  com  Notas  muito  doutas 
Francifco  de  Hufen.  Lugd.  Batav.  1687.  4. 
O  Commento  de  Abdias  verteo  em  Latim, 
e  confutou  em  diverfas  partes  Auguílo  Pfei- 
fero  Traã.  Philologico  Anti  Rabbinic.  Witem- 
berg.  1664.  4.  e  1670.  4.  O  Commento  fo- 
bre Jonas  traduzio  em  Latim,  e  illuífarou 
com  eruditas  notas  Joaõ  Palmeroot.  Upfa- 
lias.  1692,  8.  2.  Tom.  Sahio  fem  a  veríaõ, 
mas  com  algumas  notas.  Francofurti  ad 
Maenum.  1697.  4.  Os  Com  mentos  fobre  Nahum, 
e  Habacuc  fahiraõ  por  diligencia  de  Joaõ 
Diedécico  Sprechero  vertidos  em  Latim. 
Hemíladii.  1703.  4.  O  Commento  de  Habacuc 
com  a  verfaõ  de  Sprechero.  Trajeâi  ad 
Rhenum  apud  Thomam  Apples.  1710.  8. 
Commento  fobre  Aggeo  vertido  em  Latim 
por  Scherzero.  Lypíias.  1663.  e  1672.  com 
o  titulo  Opera  pretii,  e  ultimamente  por 
Joaõ  George  Abichtio.  1705.  8. 

Nlaatenè  haijefcivah,  id  eíl.  Fontes  Sa- 
lutis  ex  Ifai.  12.  3.  He  hum  Commento 
a  Daniel  dividido  em  12  Fontes,  e  70  Pal- 
mas. 15  51.  4.  fem  lugar  da  impreíTaõ.  Buf- 
torfio  efcreve,  que  fora  impreíTo  em  G^nf- 
tantinopla,  pofto  que  Bartoloccio  ^ib.  Rab. 
Tom.  3.  pag.  878.  col.  2.  quer  que  pelo 
caraâer  da  letra,  papel,  e  ornato  do  fron- 
tifpicio  feja  impreíTo  pelos  Soncinos  em 
Itália.  Sahio  Ferrariae.  1550.  Amftelodami 
apud  Immanuelem  Bembavafti.  1644.  4.  & 
ibi  apud  David  Bar  Abrahami  de  Caftro. 
1647.  e  Francof.  171 1.  Sahio  recopilado,  e 
traduzido  em  Latim  por  António  Hulíio. 
Bredas  apud  Abrahamum  Subingiam.  1653.  4. 
G)mpoz  Abarbanel  efta  obra  em  Monopoli 
em  o  anno  de  1497. 

Mafcmiãh  Jefcivàb,  id  eft,  Pradicator  Sa- 
lutis  ex  Uai.  52.  n.  7.  G)nfta  de  algumas 
Profecias  de  Ifaias,  Jeremias,  Ezechiel,  Ofeas, 
Amoz,  Abdias,  Micheas,  Sofonias,  Ageo, 
e  Zacharias,  e  dos  Pfalmos  onde  intenta 
provar  naõ  fe  deverem  entender  da  vinda 
do  MeíTias  no  tempo  da  fegunda  reftaura- 
çaõ  do  Templo.  Gjmpofto  em  Monopoli 
anno  de  1498.  Sahio  impreíTo.  1526.  apud 
R.  Judam  de  domo  Ghedaliàh.  foi.  Naõ 
tem  lugar  da  ediçaõ.  Amftelodami  apud  Im- 
manuelem Benbavafti.  1644.  4. 


9M 


BIB  LIO  THE  CA 


Atheth  Zekenin,  id  eft,  Corona  Senum 
ex  Proverb.  17.  6.  He  huma  cxpofiçaõ 
da  Vifaõ  dos  70  Velhos  defcrita  no  Êxodo 
cap.  23.  V.  20.  Sabionetae  apud  Tobiam. 
Puam  1557.  4. 

Kojc  amanáy  'd  eft,  Capnt  Fidei  ex  Cant. 
Cant.  4.  V.  8.  Nelle  fe  explicaõ  os  artigos 
da  Religião  Judaica.  Dividido  em  12.  Ca- 
pitulos,  em  que  principalmente  fe  impu- 
gna a  opinião  do  R.  Moyfcs  Egypcio,  que 
admetia  15  Artigos  da  Fé.  Conftantinopoli. 
1506.  4.  apud  R.  David.  Venetiis  apud 
Marcum  Antonium  Juftinianum.  1545.  4. 
Cremonae  1547.  vertido  em  Latim  por  Gui- 
lherme Vorftio  com  eruditas  notas.  Amfte- 
lodami  apud  Guillielmum,  et  loannem  Blaeu. 
1638.  4. 

Zevach  Pèfach,  id  eft,  Sacrtficium  Paf- 
chafis.  Efcreveo  efta  obra  em  Monopoli  em 
o  anno  de  1496.  a  qual  confia,  de  huma 
douta  explicação  dos  Ritos  com  que  fe  de- 
ve principar  a  Fefta  da  Pafchoa.  Conftan- 
tinopoli. 1496.  Venetiis  apud  Marcum  An- 
tonium Juftinianum.  1545.  4.  Sahio  com 
admirável  carafter,  e  Commentos  Rabbi- 
nicos.  Cremonae  apud  Vincentium  Conti. 
1557.  4.  et  Rivae  Tridenti  por  deligencia 
do  R.  lacobo  Markaria.  1561.  foi.  Biftro- 
vitíii.  1593.  &  Lublini.  1604.  Sahio  com- 
pendiada Venetiis.    1664. 

Nachalàth  Avòth,  id  eft,  Hareditas  Pa- 
trum  ex  i.  Reg.  21.  v.  3.  compofto  em  Mono- 
poli em  1496.  e  acabado  no  fim  de  Junho. 
Efcreveo  efta  obra  em  obfequio  de  feu  fi- 
lho mais  moço  Samuel.  He  hum  Compen- 
dio de  Antiguidades  Hebraicas  onde  Abar- 
banel  defcreve  elegantemente  os  dotes  do 
corpo,  e  do  efpirito  dos  primeiros  Meftres 
da  Sinagoga.  Conftantinopoli.  1506.  jun- 
tamente com  a  obra  Ro/o  amanà  de  que 
aíTima  fe  fez  mençaõ.  Venetiis  apud 
Marcum  Antonium  Jufiinianum.  1545. 
4.  &  ibi  apud  Viílorem  Elianum.  1567. 
foi. 

Mipaalòth  Elohim,  id  eft,  Opera  Dei 
ex  Pfalm.  66.  v.  5.  Trata  do  Mundo, 
Anjos,  Ley  de  Moyfes.  Difputa  contra 
os  Filofofos  Pcripateticos  acerca  da  Cria- 
ção do  Mundo,  e  lhes  refuta  os  argumen- 
tos   fobre    a    fua    duração.     Venetiis    apud 


Joannem    de    Gara.     1592.    4.      Confia    de 
dez  Tratados. 

Kefponfiones  ad  dmdecim  quafita  R.  Cham 
Sacerdotis.    Venetiis.  1574.  4. 

Obras  M.  S.  que  fe  perderão. 

Jefcivòth  Mefchichò,  id  eft.  Saltites  Meffta 
ex  Pfalm.  28.  8.  Nefia  obra  explica  todos 
os  Textos  dos  Rabbinos,  que  do  MelTias  fe 
achaõ  no  Talmud. 

l^ahakàth  Neveim,  id  eft,  Congregatio 
Prophttarum  ex  i.  Sam.  19.  20.  onde  trata 
da  profecia  de  Moyfes,  c  dos  outros  Pro- 
fetas. 

Aíachaa^è  Sciaddai,  id  eft,  Vijio  Omni- 
potentis.  Perdeo  efia  obra  quando  fe  auzentou 
de  Lisboa. 

Sepher  iemòth  haolàm,  id  eft,  liber  diertm 
JacuH.  He  huma  Chronologia,  em  que  pro- 
mete relatar  as  perfeguiçoens,  que  tem  pade- 
cido o  povo  Judaico  á  die  in  qm  natus  eft  Adam 
homo  primtis  u/que  ad  diem  hanc.  Defta  obra 
faz  elle  mençaõ  no  Fontes  Salvatoris  Font.  2. 
Palm.  3.  pag.  21.  no  fim. 

Tfedeck  Olam,  id  eft,  Juftitia  Saculortim 
ex  Dan.  9.  25.  dividido  em  três  Tratados, 
o  I.  do  Mundo,  que  hade  acabar,  e  dos 
ritos,  e  expiaçoens  na  Fefta  do  Anno  novo. 
2.  do  outro  Mundo,  ou  do  Paraizo,  e  Inferno 
das  almas  III.  da  Refurreiçaõ  dos  mortos, 
e  das  penas,  e  caftigos. 

Sèpher  Jciamin  chadafcim,  id  eft,  liber  Ca- 
lorum  novorum  ex  Jef.  65.  27.  onde  trata  da 
Creaçaõ  do  Mundo. 

Eftas  faõ  as  obras,  que  compoz  Ifac 
Abarbanel  das  quais  muitas  foraõ  tradu- 
zidas em  Latim  por  Varoens  eruditos  diflin- 
guindo-fe  entre  todos  Buftorfio  que  verteo 
as  feguintes  DiíTertaçoens. 

Dijfertatio  de  Eo,  quod,  et  qua  de  caufa 
apud  Prophetas  por  Edom  Romani,  et  Chriftiani 
inielligantur  I 

Dijfertatio  de  lepra  Veftimentorum.  Ad  I>e- 
vit.  15.  V.  47. 

Dijfertatio  de  lepra  adium.  Ad  Liv.  14. 
V.  33. 

De  Poefi  Veteri  Hebraica.    Ex  eodera.  15. 

De  principio  anni,  e^  con/ecratione,  Jen 
determinatione     Novilmii;     utrum    ea   facienda 


1 


L  USITAN  A. 


jit  jtixta    Phajiti,   an  juxta   calculum   Aftrono- 
micum} 

Com  differentes  epitedos  fallaõ  os  Au- 
thores  Catholicos,  e  Judeos  de  Abarba- 
nel,  louvando  huns  a  profundidade  do 
feu  talento,  e  vaftidaõ  da  fua  fciencia, 
e  condenando  outros  a  impia  mordaci- 
dade com  que  fe  dezenfreou  contra  os 
profeíTores  do  Chriftianifmo.  Buftoríio  de 
Ahhreu.  Heb.  p.  loo.  Infenjiffimus  fuit 
Chrijliani  nominis  hojlis,  infignis  tamen,  et 
accuratus  Scriptura  interpres,  qià  pree  cateris 
Rabinis  Prophetas  dillgenter  explicíàt.  Joan. 
Pkntavic.  Bib.  Rabbiri.  Cod.  439.  librorum, 
et  doãrina  varietate  apud  fuos  celeberrimus 
c  Cod  169.  perfpicuo  ingenio  vir,  et  qui 
Scripturam  diligenter  expofuit.  Hoting.  Bib. 
Orient.  lib.  i.  Cap.  6.  Chrijlianorum  ajibtis 
cum  ob  methodi  perjpicuitatem,  tum  etiam 
matéria  Jeleãum  accomodatijfimus  eft.  Salom. 
Filias  Virgas  Hijl.  Jitdaic.  §.  51.  Clarijft- 
mum,  (&  incomparabilem  virum.  Nicol.  Ant. 
Vraf.  ad  Bib.  Hi/p.  fi  a  natura  eum  ex- 
pendas ingeniojijjimus,  fi  a  Judais  doãijftmus, 
fi  ab  induftria  totus  labor,  idem  tam  Cbrif- 
tiani  nominis  fiquis  alius  infenfijfimus  hofiis, 
ac  pervifijfimus  veri  calumniator.  Joan.  Meye- 
rus  in  Not.  ad  Seder  0/am.  Inter  cateros 
Hebraorum  interpretes  Jubtilitate,  et  ertiditio- 
ne  excellit.  David  Ganz  Chronol.  Millenar 
6  ad  an.  269.  author  prafians,  et  celeber. 
Halleu.  Bib.  Curiof.  p.  216.  Doãor  cele- 
bris.  Imman.  Aboab.  Nomolog.  part.  2. 
cap.  27.  p.  302.  fobre  todos  fue  famofo 
el  muy  illufire,  j  muy  fabio  Senor  D.  IJac 
Aharbanel.  Bartoloci  Bib.  Rab.  Tom.  3. 
P^g*  875.  col.  I.  Fuit  vir  perfpicm,  fed 
pejjimi  iíigenii,  in  labore  fiudiorum  infatigabi- 
lis...  Scripturarum  diligens,  fed  plerumque  men- 
dax  explanator.  Bayle  Diccion.  Hifiorique 
Critiq.  Tom.  i.  pag.  mihi  31.  Abarbanel 
avoit  de  grands  dons  il  ua  de  pair  avec 
le  fameux  Maimonides  e  il  ya  meme  des 
gens  qui  le  mettent  au  deffus  de  lui.  Si- 
mon  Hift.  Critiq.  du  Vieux  Tefiam.  liv.  3. 
cap.  6.  Don  Ifaac  Abrabanel  tn  a  paru 
ètre  celui  de  toiís  les  Rabbins  dont  l'on 
ptáffe  le  plus  profiter  poitr  V  intelligence  de 
V  Ecriture.  Magna  Bib.  Ecclef.  Tom.  i. 
pag.    18.    col.    2.    Rabbinus  percelebris.    Mo- 


rery  Dicion.  Hifioriq.  Tom.  i.  pag.  mihi 
45.  col.  2.  ci  regarde  comme  un  des  plus 
Jcavans  Rabbins  Lelong.  Bib.  Sacr.  pag. 
mihi  802.  e  803.  Wolfio  Bib.  Heb.  pag. 
627.  §.  1142.  Reland.  Analeã.  Rab.  p. 
iio.  e  141.  Joan.  Reytorph.  in  Canta- 
leãis.    356. 

ISAC  ABUHAB  DA  FONCECA  na- 
tural de  Lisboa  donde  quando  contava 
a  tenra  idade  de  féis  annos  paíTou  com 
feus  Pays  para  Amílerdaõ  e  aplicandofe 
com  grande  difvelo  ao  eftudo  da  Sagrada 
Efcritura  fahio  taõ  profundamente  inílruido 
nos  feus  myfterios  que  chegou  a  ocupar 
em  annos  muito  verdes  a  Cadeira  de  Rab- 
bino  em  a  Sinagoga  dos  Efpanhoes  em 
Amílerdaõ  onde  foy  Prezidente.  Falleceo 
na  proveâa  idade  de  90  annos  em  a  dita 
Qdade.     Efcreveo. 

Paraphrafis  fobre  el  Pentateucho.  Amíleled. 
1 68 1 .  foi.  Na  prefação  prometia  Filofofia  'Legal. 

Traduzio  de  Caftelhano  de  Abrahaõ 
Coen  Irira,  ou  Ferreira  de  quem  fe  fez 
mençaõ  em  feu  lugar,  na  lingua  he- 
braica 

Ca\a  de  Dios  ex  Genef.  27.  V.  18.  Amíler- 
daõ 1655.  4. 

Tratados  Cabalifiicos,  e  Theologicos. 

Sermoens  Panegíricos  dos  quais  alguns 
fe  imprimirão.  Delle  fazem  memoria  Baf- 
nage  Hift.  des  Juifs  Tom.  5.  p.  2105. 
Wolíio  Bib.  Heb.  p.  627.  n.  1140.  que 
erradamente  o  faz  natural  de  Breccia, 
como  taõbem  Lelong.  Bib.  Sacr.  pag. 
mihi    802.    col.    2. 

ISAC  ATHIAS  cujo  appellido  tomou  pelo 
de  Diaz  que  em  Lisboa  fua  pátria  confervava 
donde  paíTou  a  Caílella,  e  ultimamente  a  Ve- 
neza onde  exercitou  o  miniílerio  de  Rabbino. 
Foy  muito  douto  na  lingua  Hebraica,  e  efcre- 
veo na  Caflelhana. 

Theforo  de preceptos.  Veneza  1627.  e  Amíler- 
daõ por  Samuel  Sueiro  4.  &  ibi  em  lingua 
hebraica  1660.  4.  Neíla  obra  declara,  e  explica 
os  6 1 3 .  preceitos  da  Ley  Mofaica.  Delle  fe  lem- 
braõ  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  i.  p.  630. 
Lelong.  Bib.  Sacr.  pag.  mihi  803.  col.  2.  e 


9IÓ 


BIB  LIO  THE  CA 


Jacob.  Bafnage  Hi^.  des  Jui/s.  Tom.  5.  pag. 
2104.  que  com  manifefta  equivocaçaõ  o  faz 
author  da  ediçaõ  da  Biblia  Hebraica  que  fahio 
em  Amílerdaõ  1667.  fendo  de  Jozé  Athias. 

ISAC  CARDOSO  Vejafe  FERNANDO 
CARDOSO. 

ISIDORO  DE  ALMEYDA  natural  do 
Reyno  do  Algarve  donde  paflbu  à  Uni- 
verfidade  de  Coimbra,  e  nella  fe  inf- 
truio  nas  letras  amenas  para  as  quais 
teve  iníigne  génio.  Do  ócio  das  Mufas 
fe  transferio  para  o  tumulto  das  Cam- 
panhas militando  com  diílinçaõ  nos  exér- 
citos Septentrionaes.  Mereceo  a  primaíia 
na  promptidaõ,  como  no  effeito  com 
que  difpunha  os  feus  artifícios  fendo  del- 
les  famofo  theatro  a  noíTa  Praça  de  Ma- 
zagaõ  quando  no  anno  de  1562.  foy  fi- 
tiada  pelo  formidável  exercito  de  Mou- 
ros em  cujo  cerco  concorreo  com  repe- 
tidas maquinas  para  total  ruina  dos  ini- 
migos, e  immortal  gloria  do  feu  nome. 
Compoz 

Inftruçoens  militares.  Évora  por  André  de 
Burgos  1575.  8.  Na  Dedicatória  a  Martim 
Gonzalves  da  Camará  lhe  diz  que  por  obede- 
cer publicava  o  quarto  livro  defta  obra  em 
quanto  fe  naõ  imprimiaõ  os  outros.  Coníla 
dos  Officiaes  da  Infantaria,  que  faõ  Soldado, 
Caporal,  Sargento,  Alferes,  Capitão,  Sargento 
mòr.  Coronel,  e  Meftre  de  Campo. 

Hifioria,  e  Suceffos  do  Cerco  de  Ma^a- 
gaõ.  M.  S.  Confervafe  no  Collegio  de 
Coimbra  dos  Padres  Jefuitas,  e  nella  a 
vio,  e  leyo  António  Viegas  em  19  de 
Janeiro  de  1604.  como  aflirma  Francifco 
Galvaõ  Maldonado  na  Bib.  Portug.  M.  S. 
que    vimos. 

Faz  mençaõ  defte  author  Manoel  de  Faria, 
e  Souza  Afric.  Portug.  cap.  12.  n.  5.  e  eu 
nas  Mem.  Polit.  e  Mi/it.  delKey  D.  Se- 
bajliaõ  Part.  2.  liv.  i.  cap.  7.  n.  52. 
53.  56.  cap.  9  n.  (>(>.  e  70.  cap.  10. 
n.    72. 

Fr.  ISIDORO  BARREYRA  natural  de 
Lisboa  ou  como  alguns  querem  do  lugar  do 
feu  apellido  diílantc  três  legoas  da  Villa  de 


Thomar  em  o  Bifpado  de  Leyri?.  Pro- 
feflbu  o  militar  habito  da  Ordem  de 
Chrifto  em  o  real  Convento  de  Thomar 
a  7  de  Março  de  1606.  onde  pela  agu- 
deza do  engenho,  c  comprehenfaõ  do  jui- 
20  fahio  infignc  Meftre,  c  famofo  Prega- 
dor. Naõ  poíTuio  dignidade  alguma  em  a 
Ordem,  fatisfeito  de  fempre  obedecer,  c 
nunca  mandar.  Foy  muito  obfervante  do 
feu  Inftituto,  e  continuamente  aplicado  à 
liçaõ  dos  livros.  Falleceo  no  Convento  de 
Thomar  em  o  anno  de  1634.  Delle  fe 
lembraõ  com  louvor  Nicol.  Ant.  B/i».  Hifp. 
Tom.  I.  p.  630.  col.  I.  Cardozo  Affol. 
L^ujit.  Tom.  2.  p.  68.  no  Comment.  de  6 
de  Março  letr.  C.  Jacob.  Lc  long.  Bib. 
Sacr.  pag.  mihi  626.  col.  i.  Joan.  Soar.  de 
Brit.  Theatr.  iMJit.  Uter.  lit.  I.  n.  92. 
Faria  Comment.  às  Rim.  de  Cam.  Tom.  4. 
p.  51.  col.  2.  e  o  moderno  addicionador 
da  Bib.  Orient.  de  António  de  Leaõ  Tom. 
I.   Tit.    16.    col.   497.     Compoz. 

Hijloria  da  vida,  e  martyrio  da  glorio/a 
Virgem  Santa  Eria  freira  da  Ordem  do 
Patriarcha  S.  Bento  natural  de  Nabancia, 
que  hoje  he  a  notável  Villa  de  Thomar, 
e  relação  da  fua  milagrofa  Jepultura  feita 
por  maõ  de  Anjos  dentro  das  aguas  do  Rio 
Tejo  onde  eflà  feu  corpo.  Lisboa  por  An- 
tónio   Alvres    1618.    4. 

Tratado  das  fgnificaçoens  das  Plantas,  e 
flores  referidas  na  Sagrada  Efcritura.  Lis- 
boa por  Paulo  Crasbeeck.  1622.  4.  O 
2  Tomo  defta  obra  confervava  em  feu 
poder  Fr.  Miguel  Pacheco  Religiofo  da 
Ordem  militar  de  Chrifto,  e  Procurador 
Geral  da  fua  Ordem  em  Madrid  de 
quem  fe  faiá  larga  memoria  cm  feu 
lugar. 

Regra  do  nojjo  gloriofo  Padre  S.  Bento  Ah- 
bade,  Confejfor,  e  Patriarcha  de  todas  as  Re- 
ligioens  dada  aos  Freyres  da  Ordem  de  Nojfo 
Senhor  Jefu  Chrifto,  e  tradtr^ida  de  'Latim 
em  Portugtie:^  na  forma,  que  primeiro  foj 
approvada.  e  confirmada  pelos  Summos  Pontífi- 
ces quando  a  mefma  Ordem  fe  reformou.  Lis- 
boa por  Pedro  Crasbeeck.  ImpreíTor  delRcy 
1623  4. 

Comedia  famofa  de  Santa  Maria  Egypciaca 
M.    S. 


L  USITAN  A, 


917 


Fr.  ISIDORO  DA  CASTANHEYRA 
natural  da  Villa  do  feu  apellido  íituada 
no  Patriarchado  de  Lisboa,  Monge  Cif- 
tercienfe,  e  morador  no  Real  Convento 
de  Alcobaça  onde  efcreveo,  e  neUe  fe 
conferva. 

Commentaría  in  univerfam  Arifiotelis  Phi- 
lojophiam  foi.  M.  S. 

Fr.  ISIDORO  DA  LUZ  natural  da  ce- 
lebre  Villa   de    Santarém,   que   lhe   augmen- 
íou   a    fua    fama    com   a    produção    de    taõ 
grande   homem,   e   illuftrou  a   Religião  Tri- 
nitaria  com  o  brazaõ   das   fuás   obras   litte- 
tadas.     Inftruido    na    pátria    com    as    letras 
humanas    eftudou    as    divinas    na    Univeríi- 
dade  de   Coimbra   onde  jubilado  em  a   Sa- 
grada  Theologia   recebeo   o   gráo   de   Dou- 
tor nefta  Faculdade  com  aplauzo  de  todos 
os  Cathedraticos  augurando  fer  feu  compa- 
nheiro  no   magifterio,   porque   fendo   nova- 
mente creada  a  Cadeira  de  Theologia  Pole- 
mica foy  nella  provido   com  igualaçoens   à 
de  Efcoto  da  qual  tomou  poíTe  a  25  de  Feve- 
reiro de  1665.  merecendo  alcançar  os  privilé- 
gios de  Vefpera  no  anno  de  1666.  e  de  Prima 
em    1667.     Negandolhe   avara  a  natiireza  a 
promptidaõ  da  pronuncia  lhe  concedeo  liberal 
a  agudeza  do  juizo  com  que  fe  fazia  refpeitado 
o  feu  talento  aíTim  na  Theologia  Efcholaiiica, 
Polemica,  e  Expozitiva,  como  em  a  noticia 
da  Hiftoria  Eccleíiaílica,  e  Secular.    Ocupou 
na  Religião  os  lugares  mais  honoríficos  como 
foraõ   Vizitador   da   Provinda,    Miniílro    do 
Convento    de    Santarém,    Comiílarío    Geral, 
e    ultimamente     Provincial    eleito     no     an- 
no   de     1664.    e    em    taõ    diverfos    minif- 
terios    fempre    preferio    a    benevolência    à 
feveridade    querendo    antes    fer    dos    fubdi- 
tos     amado     como     Pay,     de     que     temido 
como    Prelado.     Foy    cordialiíTimo    devoto 
de     Maria     SantiíTima     em     cujo     obzequio 
naõ     fomente     compoz     diverfos     tratados, 
mas   juntou    com   igual    defpeza,    que    eley- 
çaõ    huma    numerofa    colleçaõ    de    Autho- 
res    que    efcreveraõ    elogios    de    taõ    divina 
Princeza,    que    ainda    fe    conferva    na    Li- 
vraria    do     Convento     da     Trindade     delia 
Corte.     Cumulado    mais    de    merecimentos, 
que   annos   faUeceo    no    Collegio    de    Coim- 


bra a  22  de  lulho  de  1670.  e  naõ  a 
12  de  Dezembro  como  efcreve  Fr.  Igna- 
cio  de  S.  António  Microlog.  Trinit.  foi. 
305.  Jaz  fepultado  no  Cemeterio  comum 
do  Collegio,  e  fobre  a  fepultura  fe  lhe 
gravou    o    feguinte    epitáfio. 

Hic  tenebrefcit  lux,  ohmtitefcit  fcientia, 
dum  jacet  hic  Keveren^jfimus  Pater  Magifter 
Fr.  IJidorífs  à  Luce  ijlius  Provinda  Minifier 
Provincialis,  Vicarius,  cb*  Commiffarius  Ge- 
neralis;  In  ifia  Conimhricenji  Academia  pri- 
mtís,  (ò"  primarius  Controverfiarum  Magifter. 
Quatuor  volumina  reliqmt  edita,  Jex  edenda. 
Ohiit    die    zz    Julii    1670. 

O  feu  retrato  ao  natural  fe  vè  pri- 
morofamente  pintado  em  hum  quadro 
grande  em  hum  dos  Dormitórios  do 
Convento  da  Trindade  de  Lisboa  e  na 
parte  inferior  fe  lé  eíle  epigramma  ef- 
crito    em    letras    de    ouro. 

Ljix    tua    praclarum    fecit    coffiomen,     (ò^ 
nomen; 

Sic  certe  ingenium  clartàt  orbe  tuum. 
Qtds  neget  bu  Jolem  nefctt  nã  Jolis  adinftar 

Vifitur  in  fcriptis   Lux   Ifidore   tua. 

Elegantes  faõ  os  elogios  com  que  celebraõ 
o  feu  nome  diverfos  Efcritores.  Fr.  Ant. 
ab  Spir.  Sanft.  Confult.  49.  n.  5.  iMcidif- 
fimum  juhar  Ktliffonis  Santijftma  Trinitatis. 
P.  Emman.  Lud.  Vit.  Princip.  Theod.  lib. 
2.  cap.  2.  §.  38.  vir  fumma  autboritatis. 
Joan.  Soar.  de  Biit.  Theatr.  Ljifit.  Utter. 
lit.  I.  n.  93.  vir  doãus,  et  eruditus;  doctor 
egre^us.  Marracio  Bih.  Alarian.  Part.  i. 
p.  831.  vir  mu/tis  ingenii  dotihus  preecellens, 
atque  inter  infixes  laifitanica  Nationis  vi- 
ros  mérito  reponendus.  Cardofo  Affol.  Lm- 
fit.  Tom.  3.  p.  761.  no  Comment.  de 
20  de  Junho  col.  2.  Bem  conhecido  nefte 
Rejno  por  Jtias  muitas  letras,  e  honrados 
procedimentos.  Vafconcel.  Hift.  de  Sant.  Part. 
2.  cap.  36.  Êw  todas  as  /ciências  foy  Va- 
rão   conjumado.     Compoz. 

Difputationes  de  Aãibus  humanis.  Parifils 
apud  Stephanum  Maucroy  1659.  foi.  et  ibi 
apud  Ludovicum  Billaine  1669.  foi. 

Opujculum  de  Sacris  Traditionibus  Parifils 
apud  Joannem  Boullard.  1666.  4. 

Opujculum  de  Ecclefia  Dei  in  três  par- 
tes   divijum;    qtiamm  prima    de  ^ cie  fia  abfo- 


9i8 


BIB  LIO  THE  CA 


Jtite;  2  de  Ecclejia  Romana;  3.  de  loco  ubi  inve- 
menda  ejl  Ecclejia.  UlyíTipone  apud  Joannem 
■da  Q)fta  1667.  4. 

Officium  parvum,  grande  voluntatis  mu- 
,nus  dile^i  Ejtangelijla  dileãtonis  Chrijli  ha- 
redis,  divina  charitatis  Sacrarii,  novi  Filii 
Maria,  Jingularis  jratris  JESU.  UlyíTipone 
apud  Antonium  Alvres  1658.  24.  &  ibi 
^pud    Ant.    Rodrigues    de    Abreu    1675.   24. 

Examen  Veritatis  pro  immaculata  Vir- 
ginis  Conceptione  in  duas  partes  divijum, 
.quarum  una  pugnax  ejl,  altera  pacifica.  Co- 
meça.. Uher  primus  proamialis,  five  appa- 
ratus  ad  celebrem  controverjiam  de  Immaculata 
Virginis  Conceptione.  Confta  de  8  livros. 
Confervafe  M.  S.  na  Bibliotheca  do  Con- 
vento Trinitario  de  S.  Maturino  em  Ro- 
ma como  efcreve  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp. 
Tom.  I.  p.  650.  col.  I.  Deíla  obra  faz 
mençaõ  Marrac.  Bib.  Mar.  Part.  i.  p. 
831. 

Janjenius  appenfus  in  Statera  Auguftini. 
M.  S.  Efta  obra  como  a  antecedente 
mandou  o  author  (que  aíTim  o  efcreve 
no  Prologo  do  Opufculo  de  Ecclefia  Dei) 
.ao  ReverendiíTimo  Fr.  Pedro  Mercier  tri- 
^effimo  Miniftro  Geral  da  Ordem  da 
SantifTima  Trindade  aíTiílente  em  Pariz  pa- 
ra fe  imprimirem,  cujo  intento  fe  fruf- 
'trou. 

Di/cordia  Concors  in  Sacrum  Textum  in 
quo  loca  Scriptura  Sacra  prima  facie  inter  fe 
■dijcordia  ad  concordiam  rediguntur  triplici  con- 
córdia litterali,  morali,  eS^  myftica  de  B.  V.  Ma- 
ria. Tom.  I.  in  Genejim  2.  in  Exodum.  Confer- 
vaõfe  na  Livraria  do  Convento  de  Lisboa. 

Commentarii  Encomiajiici  de  laudibus  Virgi- 
ms  Maria  in  Canticum  Magpificat.  M.  S. 
Confervafe  o  Original  na  Bibliotheca  dos 
PP.  Theatinos  defta  Corte.  Nelle  eftá  a  fa- 
culdade de  Fr.  Filipe  da  Rocha  da  Ordem 
da  Santinima  Trindade  Qualificador  do  Santo 
Officio  dada  em  16  de  Outubro  de  1664. 
para  fe  poder  encadernar.  Defta  obra  fe 
Jembra   Marracio   no   lugar  aíTima  allegado. 

Dijputatio  de  permanente  vijione  intui- 
Jiva  Dei,  quam  habuit  Virgo  Mater  a 
primo  fua  immaculata  Conceptionis  inftanti 
ufque  ad  ultimum  fua  dormitionis  et  per 
Jotam  aternitatem   continuata.    4.    M.    S.    Hu- 


ma  copia  efcrita  com  grande  perfeição 
que  tem  Index  dos  lugares  da  Efcritura, 
e  couzas  notáveis  conferva  meu  Irmaõ 
D.  lozè  Barbofa  Cler.  Reg.  Chronifta  da 
SereniíTjma  Caza  de  Bragança  cm  a  fua 
Livraria. 

Oratio  pro  Creatione  Cathedra  Controverfia- 
rum  recitanda  a  Fr.  Doãore  Ifidoro  à  Euce. 
Começava 

Tremente  hofte,  grajfante  Marte,  Jonante  tuba 
dato  belli  Jigno  aucíam  quis  non  miratur  Acade- 
miam\   &c.  M.  S.    Conftava  de  duas  folhas. 

Fr.  ISIDORO  DE  MELLO.  Naceo  na 
Villa  de  Mello  da  Província  da  Beyra  fi- 
lho de  Eftevaõ  Soares  de  Mello,  decimo 
Senhor  de  Mello,  e  de  D.  Maria  da  Syl- 
va  herdeira  de  Eftevaõ  Soares  de  Mcllcj 
feu  Primo  com  Irmaõ  que  taõbem  foy 
Senhor  de  Mello.  Deixando  as  delicias  da 
Caza  paterna  recebeo  o  habito  de  Carmeli- 
ta da  antiga  obfervancia  no  Real  Convento 
de  Lisboa  a  15.  de  Abril  de  1587.  e  pro- 
feíTou  a  17  do  dito  mez  do  anno  feguin- 
te.  Aplicado  no  CoUegio  de  Coimbra  às 
fciencias  feveras,  fahio  nellas  taõ  egregia- 
mente  inftruido  que  ainda  naõ  tendo  Or- 
dens Sacras  foy  nomeado  Lente,  cuja  in- 
cumbência dezempenhou  com  tanto  credito 
da  fua  litteratura  que  em  premio  rece- 
beo as  infignias  doutoraes  de  Theologo 
em  a  Univerfidade  de  Coimbra,  fendo 
nella  oppozitor  às  Cadeiras.  Depois  de 
ter  fido  Reytor,  e  Regente  do  CoUegio 
foy  eleito  Provincial  a  26  de  Julho  de 
16 14.  Illuftrou  a  nobreza  do  nacimento 
com  a  obfervancia  do  Inftituto  fervindo 
com  as  fuás  acçoens  de  exemplar  aos  domefti- 
cos,  e  de  exemplo  aos  eftranhos.  Os  aplauzos 
que  mereceo  na  Cadeira  correfponderaõ  aos 
que  alcançou  no  púlpito,  fendo  hum  dos  mais 
celebres  Oradores  Evangélicos  do  feu  tempo. 
Acometido  da  ultima  enfermidade  no  fegundo^ 
anno  do  Provincialado  fe  difpoz  com  rezif 
çaõ  Catholica  para  a  morte  que  o  privoi 
da  vida  em  o  Convento  de  Lisboa  a  16 
Dezembro  de  161 5.  Fr.  Manoel  Ror 
EJucid.  27.  foi.  330.  diz  que  dexó 
morias  de  Ju  emdicion,  e  pofto  que  ignc 
remos    quais    ellas    foflera,    como    hc    ni 


L  USITANA, 


919 


meiado  entre  os  Efcritores  por  Nic.  Ant. 
Bib.  Hi/p.  Tom.  i.  p.  630.  col.  e  Fr. 
Manoel  de  Sà  Mem.  Hift.  dos  Efcrit.  da 
Prov.  de  Portug.  cap.  63.  o  collocamos 
nefta  Bibliotheca.  Delle  fazem  mençaõ  Fr. 
Jorge  GDtrim  Flores  do  Carmelo.  cap.  23 
Fr.  Joaõ  Pinto  de  Vitoria  Hierarch.  Car- 
mel.  Tom.  i.  Trad.  2.  cap.  8.  e  Car- 
valho Corog.  Portug.  Tom.  3.  Uv.  2. 
Trat.    8.    cap.    47.    p.    634. 

Fr.  ISIDORO  DE  OVREM  natural 
da  Celebre  Villa  que  tomou  por  appel- 
lido  íituada  duas  legoas  ao  Sudueíle  da 
Gdade  de  Coimbra,  quatro  de  Leyria  para 
o  Sul,  e  três  da  Villa  de  Thomar  para  o 
Poente.  ProfeíTou  o  monachal  Inílituto  do 
Doutor  Melifluo  Saõ  Bernardo  no  Convento 
de  Santa  Maria  de  Tamaraes  íituado  em  o 
Bifpado  de  Leyria.  Foy  muito  erudito, 
como  moftra  a  obra  feguinte  que  fe  con- 
ferva  M.  S.  no  Real  Convento  de  Alco- 
baça. 

Ars  demonflrativa,  <&  inventiva  Kaymundi 
Lulii.  foi.  M.  S. 

Fr.  ISIDORO  PAEZ  natural  da  Villa 
de  S.  Pedro  do  Sul  da  Comarca  de  Vifeu 
Monge  Ciílercienfe,  cujo  fagrado  inílituto  pro- 
feflbu  no  Convento  de  S.  Chriftovaõ  do  Con- 
felho  de  Lafoens  em  a  Provinda  da  Beyra. 
Foy  muito  verfado  na  intelligencia  da  Sa- 
grada Efcritura,  e  liçaõ  dos  Santos  Padres. 
Efcreveo. 

Ijeviticum  cum  Gloífa.  foi.  M.  S.  Confer- 
vafe  na  Bibliotheca  do  Real  Convento  de 
Alcobaça. 

Fr.  ISIDORO  DE  PINA  natural  de  Lis- 
boa, e  filho  de  Femaõ  Lopez  de  Pina,  e  Izabel 
Mendes  igualmente  nobres,  que  opulentos.  Na 
idade  juvenil  profeíTou  o  fagrado  inílituto  da 
Ordem  da  SantiíTima  Trindade  em  o  Convento 
de  Lisboa  a  7  de  Junho  de  1590.  onde  fez 
taes  progreflbs  na  Theologia,  e  Oratória  Ec- 
clefiaftica  que  recebendo  o  gráo  de  Doutor 
em  a  Univerfidade  de  Coimbra  foy  aplaudido 
por  infigne  Pregador.  Exercitou  com  imi- 
verfal  aceitação  dos  feus  fubditos  os  lugares  de 
Reytor  do  Collegio  de  Coimbra,  e  Miniftro  do 


Convento  de  Lisboa.  Falleceo  em  Coimbra, 
a  5  de  Agoílo  de  1620.     Compoz 

Sermoens  Vários,  foi. 

Otiejloens  Theologicas,  e  Moraes  foi.  M.  S^ 
Deílas  obras  fe  confervaõ  algims  fragmentos, 
na  Uvraria  do  Convento  de  Lisboa,  e  do  Col- 
legio de  Coimbra. 

lUDAS  ABARBANEL,  ou  LEAM  por 
fer  para  os  Hebreos  o  mefmo  Judas,, 
que  Leaõ.  Foy  o  filho  mais  velho  do 
celebre  Rabbino  Ifaac  Abarbanel  de  que  proxi- 
mamente fizemos  mençaõ,  e  herdeiro  da- 
quelles  dotes  que  faõ  fuperiores  ao  domi- 
nio  da  fortima.  Naceo  em  Lisboa,  e  naõ~ 
em  Caftella  como  efcreve  Nicol.  Ant.  Bib. 
Hi/p.  Tom.  2.  p.  678.  col.  2.  por  conftar 
que  elle  com  feus  Pays,  e  Irmaõs  fe  em- 
barcarão fugitivos  de  Lisboa  para  Caftella 
naõ  querendo  experimentar  o  caftigo  que 
lhes  prometia  a  feveridade  de  D.  loaõ  o 
II.  Sendo  expulfo  de  Caftella  no  anno  de 
1492.  com  feu  Pay,  e  todos  os  fequazes- 
da  Sinagoga  chegou  a  Nápoles,  e  fendo^ 
conquiftado  efte  Reyno  pelas  armas  de 
Carlos  VIII.  Rey  de  França  como  feit 
Pay  feguiíTe  a  Aífonfo  11.  defpojado  def- 
ta  Coroa,  até  Siciha,  Judas  Abarbanel  fe 
retirou  para  Génova  como  Republica 
livre  onde  exercitou  com  igual  felicida- 
de, que  fciencia  a  Arte  da  Mufica.  Foy^ 
profundo  Filofofo,  e  elegante  Poeta  pro- 
duzindo em  ambas  eflas  Faculdades  fazo- 
nados  frudos.  Entre  elles  merece  o  pri- 
meiro   lugar. 

De  amore  dialogi  ires.  Foraõ  publica- 
dos com  o  nome  de  Leaõ  Hebreo.  Conf- 
ta  o  I.  de  Filofofia  moral;  o  2  de  Filofo- 
fia  natural,  e  Mathematicas ;  e  o  3  de 
Theologia.  Saõ  interlocutores  Philo,  e  So- 
phia.  Imita  exaftamente  a  Plataõ,  e  fem- 
pre  quanto  pode  o  concorda  com  feu  difcipulo- 
Ariftoteles.  Sahiraõ  traduzidos  em  lingua. 
Italiana.  Venetia.  1558.  8.  e  1564.  por  Nico- 
láo  Bevilaque.  8.  loaõ  Carlos  Saraceno  os  tra- 
duzio  em  latim  com  fumma  elegância,  cuja 
tradução  collocou  loaõ  Piftorio  entre  os. 
Authores  da  Arte  Cabbaliftica.  Tom.  i.. 
p.  331.  Na  lingua  Franceza  os  traduzia 
Dionifio    Sauvage.    Leaõ.     15  51.    8.    e    na. 


920 


BIBLIO  THE  CA 


Caftelhana  Micer  Carlos  Monteia  Gdadaõ  de 
Saragoça  com  efte  titulo. 

Philographia  Univerjal  de  todo  el  Mundo 
de  los  Diálogos  de  Leon  Hebreo.  &c.  Sa- 
ragoça por  los  hermanos  Lxjrenço,  e 
Diego  de  Robles  1584.  4.  &  ibi  1554. 
4.  Outra  Caílelhana  fahio  feita  por  Ghe- 
dalia  Jachia.  Veneza  1568.  4.  como  conf- 
ta  do  Cathalogo  de  Thuano  Tom.  2, 
pag.    405. 

Carmina  in  Laudem  fui  Parentis.  Fo- 
raõ  impreíTos  ao  principio  da  obra  inti- 
tulada Zevãch  Pèfach.  id  eíl  Sacrificium 
Pajchatis.  efcrita  por  feu  Pay.  Conílan- 
tinopoLi  1496.  4.  et  Venetiis  apud  Mar- 
cum  Antonium  Juílinianum  1545.  4-  e 
no  principio  da  obra  intitulada  Nachaláih 
Avoth,  id  eíl,  Hareditas  Patrum.  Conílanti- 
nopoli  1566,  &  Venetiis  apud  Marcum 
Antonium    Juílinianum    1545.    4. 

Fazem  memoria  honorifica  de  Judas 
Abarbanel  Bartoloc.  P>ib.  Rab.  Tom.  3. 
p.  56.  col.  2.  Philofophus,  et  Medicus  non 
Dulgaris  fui  temporis.  Bib.  Magn.  Ecclef.  Tom. 
1.  p.  21.  col.  I.  Medicus,  et  Philofophus 
£ximius.  Nicol.  Ant.  Bib.  Hifp.  Tom.  2. 
p.  678.  col.  1.  Immanuel  Abuab  Nomolog. 
part.  2.  cap.  27.  fallando  da  obra  dos  Diá- 
logos em  que  moflró  fu  extremada  fabidoria. 
Wolfio  Bib.  Heb.  pag.  434.  n.  731.  Medi- 
cus, et  Philofophus  eximius.  Bayle  Diccion. 
Hijioriq.  Tom.  i.  pag.  mihi  30  col,  2. 
ManaíTech  Ben  Ifrael  livr.  de  Fragilidad  hu- 
man.   Part.    i.    §.   4.    n.    6. 

lUDAS  lACHIA  filho  primogénito  de 
David  Jachia  de  quem  fe  fez  mençaõ 
■cm  feu  lugar,  naceo  em  Lisboa  onde 
feu  Pay  aíTiília  em  o  anno  de  1390. 
Foy  infigne  Jurifconfulto  fendo  muitas 
vezes  confultado,  e  aíTinando  os  feus  pa- 
receres com  a  fubfcripçaõ  deíla  palavra 
iV/w  que  fymbolicamente  fignificava  o  feu 
nome,  e  appelUdo  qual  era  Dicit  Judas 
Ben    Jachia.     Compoz 

Kina  letis  cáh  beáu,  id  eíl,  lutmentatio  reci- 
tanda  in  jejunio  á  Judais  XI.  Julii.  G)meça. 
Judas,  €>•  Ifrael.  Eílá  no  Machfore  Hifpanic. 
Part.  2.  p.  174.  da  ediçaõ  de  Veneza  1656.  8. 
Delle   fazem   memoria   Scialfcel  Kakkabal  p. 


65.  Bartol.  Bib.  Rab.  Tom.  3.  p.  56.  col.  i. 
e  Wolf.  Bib.  Heb.  p.  435.  n.  729.  Júris  aque 
ac  poefeos,  aliarumque  doãrinarum  coffiitione  cla- 


rus. 


Sor  lULIANA    DE  lESUS   Nacco  cm 
Lisboa  de  Pays  nobiliífimos,    como  ramo  das 
preclariffimas  Cazas  dos  Duques  de  Aveyro, 
e  dos  Marquezes  de  Villareal.    Na  primavera 
dos  annos  facrificou  a  fua  liberdade  ao  Di- 
vino Efpozo  no  Q)nvento  de  Chellas  em  que 
profeíTou  o  inllituto  de  Conega  Regrante  de 
Santo  Agoílinho  para  fer  exemplar  da  Vida 
religiofa  medindo  a  humildade  com  que  fe 
abatia   aos    mais   vis    miniílerios   pela   altura 
da  fua  clara  origem.   Jejuava  quotidianamente 
a  paõ,  e  agua,  e  com  abílinencia  mais  fevera 
em  a  Semana  Santa  afliílindo  a  todos  os  Offi- 
cios  delia  em  pè  fem  admitir  a  menor  inter- 
rupção em  taõ  mortificada  poílura  da  qual 
paíTava  a  outra  mais  rigorofa  qual  era  eílar 
de    joolhos    três    dias    na    prezença    do    fa- 
grado     monumento    atè    dia     de     Pafchoa. 
Foy    três    vezes    Prioreza,    Vigaria,    Presi- 
dente,   e    Meílra    das    Noviças,    e    em    taò 
diferentes    miniílerios    experimentarão    as  re- 
ligiofas    amor    maternal,    e    vigilância    fum- 
ma    para    que    naõ    experimentaflem    a    me- 
nor   falta    concorrendo    em    diverfas    occa- 
zioens    o    Ceo    para    eíla    providencia    com 
manifeílos,    e    prodigiofos    focorros.    Em   o 
dilatado    efpaço    de    quatro    mezes    fe    puri- 
ficou   o    feu    efpiíito    na    fragoa    de    huma 
prolongada    enfermidade    tolerando    acerbif- 
fimas   dores   com  alegre   femblante,   e  agra- 
decendo pelas  vozes  do  Pfalterio  que  reci- 
tava de  còr  à  divina  Mageílade  a  comuta- 
ção   dos    tormentos    da    outra    vida,    pelos 
que  eílava  padecendo.    Chegado  o  termo  de 
ferem  premiados  os  feus  merecimentos  acom- 
panhou com  o  movimento  da  boca  o  Credo 
que  eílava  cantando  a  Comunidade,  e  cooti^^ 
nuando  o  Pfalmo  In  te  Domine  fperavi   de    qo^^ 
a     moribunda     era     muito     devota,     como 
fe    erraíTe    hum    verfo    fez    final    com 
Cabeça     do     erro,     que     promptamente 
emendou.     Com     eíla     ferenidade     efpcro^ 
conílante  a  morte  que  a   transferi©  ao 
canfo  eterno  a  18  de  May  o  de  1639.  quanc 
fechava  o  circulo  de  cem  annos.    Foy  cx- 


omo 
defl 


L  USITAN  A. 


921 


ceíTivamente  lamentada  a  fiia  falta  aíTim 
pelas  peíToas  domeíUcas,  como  eílranhas 
pois  nella  fe  perdera  a  norma  mais  per- 
feita da  Religião,  e  a  compaíTiva  bemfei- 
tora  de  todos  os  neceflitados.  Do  feu 
nome  faz  memoria  o  Licenciado  Jorge 
Cardozo  Agiol.  loifit.  Tom.  3.  p.  308. 
cuja  vida  afirma  ter  efcrito  o  feu  Con- 
feíTor  Fr.  Luiz  Gracez  da  Ordem  dos 
Pregadores.     Efcreveo 

Kelaçoens  de  algumas  Keli^ofas  do  Convento 
de  Chellas.  M.  S.  Delias  fe  aproveitou  o  alle- 
gado  Jorge  Cardozo  como  diz  no  3.  Tom. 
do  Agiol.  híijit.  p.  63.  no  G^mment.  de  3  de 
Mayo  letr.  H. 

Fr.    lULIAM    DA    ASCENÇAM    natu- 
ral  de    Lisboa,    e    filho    de   loaõ    Lopez,    e 
Maria   do    Loureiro.     Nos   primeiros   aimos 
mollrou  o  iníigne  talento,  e  grande  capaci- 
dade,  para   as   fciencias   de   que   abundante- 
mente  o  dotara  a  natureza.    Recebeo  o  ha- 
bito de  Carmelita  Defcalfo  em  o  Convento 
pátrio  de  NoíTa  Senhora  dos  Remédios  a    11 
de  Mayo  de  1673.  para  fer  immortal  credito 
deíla  reformada,  e  douta  família.    Didou  Fi- 
iofofia  em  o  Collegio  de  Figueiró,  e  Theo- 
logia  em  o  de  Coimbra  fem  poílilla  confer- 
vando  na  fua  monílruofa  memoria  as  citaçoens, 
e  folhas  dos  Authores  allegados  para  confir- 
mação das  matérias  efpeculativas,  e  moraes 
que  lhe  ouviaõ  os  feus  domefticos.   Parecendo 
incrível  efte  modo   de   didar  as  Faculdades 
Efcholafticas  concorrerão  alguns  infignes  Ca- 
thedraticos  da  Univerfidade  à  porta  da  aula 
do  feu  Collegio,  e   certificados   pelos   olhos 
do  que  tinhaõ  ouvido  o  aclamarão  por  ho- 
mem imico  na  felicidade  da  memoria.    Foy 
dos  grandes  Pregadores  do  feu  tempo  fendo 
muitas   vezes   o   theatro   das  fuás    Oraçoens 
Evangélicas    a    Capella    Real   onde   alcançou 
univerfal  aplauzo  de  taõ  authorizado  auditó- 
rio.    Acometido   de  huma  doença  aguda  fe 
preparou  com  aâos  fervorofos,  cantando  an- 
tes de  efpirar  com  voz  alta,  fuave,  e  devota 
o    Hymno    Jefus    dulcis     memoria,    no     fim 
do    qual  entregou    o   efpirito   ao   feu   Crea- 
dor    em    o    Convento    de    Cafcaes    em    o 
primeiro    de    Abril    de    1699.    Dos    muitos, 
e    doutiflimos    pareceres    que    compoz    em 


Theologia  Moral,  e  Sagrados  Cânones  em 
que  era  muito  verfado,  fe  fizeraõ  imi- 
camente  públicos  pelo  beneficio  da  Im- 
preílaõ    os    feguintes. 

Cenjura  in  qua  refoluttur  Kegularem  in 
una  Diaceji  tantummodó  approbatum  poffe  in 
quacumque  et  Ji  in  ea  ab  E.pifcopo  approba- 
tus  non  fuerit,  virtute  Cruciata  in  Conjeffo- 
rem  eliff.  Sahio  no  Tom.  i.  Quaft.  Se- 
kã.  Bulia  Cruciat.  à  D.  Laurentio  Pires 
de    Carvalho    á    pag.     548.    ufque    ad    558. 

Cenfura  fuper  Ouaftionem.  An  pojftnt  Re^ 
lares  omnes  utriujque  fexus  virtute  Bulia  Cruciata 
eligere  Confejforem  exterum  Regularem,  vel  fa- 
cularem  ã  fuo  Ordinário  approbatum,  qui  eos  ab 
omnibus  peccatis,  tam  fuis  Pralatis,  quám  Summo 
Pontifici  refervatis  toties  quoties  abfoluat}  Sahio 
no  Tom.  2.  Quaft.  Seleã.  Bui.  Cruciat.  a  pag. 
910.  ufque  ad  928. 

Ordo  Judicialis  Kelij^oforum.  foi.  M.  S. 
Confervafe  entre  os  feus  Religiofos. 

lULL^VM  MACIEL.  Naceo  em  Lis- 
boa fendo  filho  de  loaõ  Maciel,  e  An- 
gela Mendes.  Depois  de  fahir  eminente 
nas  letras  humanas  que  eíhidara  na  pá- 
tria fe  formou  na  Univerfidade  de  Coim- 
bra em  a  Faculdade  dos  Sagrados  Câ- 
nones. Foy  Cónego  na  Cathedral  da  fua 
pátria,  e  como  era  falto  da  viíla  para 
fatisfazer  á  obrigação  do  Coro  fabia  de 
còr  todo  o  Pfalterio.  Entre  os  fonoros 
Cifnes  do  ParnaíTo  Caftelhano  alcançou  no 
feu  tempo  o  principado,  afiim  na  pu- 
reza da  Ungua,  como  na  cadencia  do 
metro  fendo  incomparável  em  os  Ver- 
fos  Lyricos  que  fe  cantavaõ,  onde  a  con- 
fonancia  métrica  era  igual  com  a  mufica. 
Foy  na  Converfaçaõ  jovial  fem  fer  pue- 
ril arguindo  com  difcreta  feveridade  os 
vicios,  e  louvando  com  elegantes  expref- 
foens  as  virtudes.  Falleceo  na  pátria  a 
18  de  Junho  de  171 8.  e  jaz  fepultado 
na  Cathedral.  Dos  feus  Verfos  ferios, 
jocofos,  e  fatyricos  fe  podiaõ  formar 
dous,  ou  três  volumes  de  juíia  grande- 
za os  quais  fe  confervaõ  com  merecida 
eftimaçaõ  em  poder  dos  eruditos.  Publi- 
cou   fem    o    feu  nome. 

Fabula   de    Acis,  y    Galatea.    Fefta  armo- 


922 


BIB  LIO  THE  CA 


nica  com  violones,  violines,  Flautas,  e  Ubues  a  la 
celebridad  de  los  felices  anos  dei  auguftijftmo  Senor 
D.  Juan  V.  Rey  de  Portugal.  Lisboa  cn  la 
Officina  Deslandefiana.  171 1.  4.  Coníla  de 
vario  género  de  verfos. 

Oratório,  que  fe  canto  com  vários  injlrumentos 
en  zz  de  Enero:  Fiejla  dei  Glorio/o,  tnvião  Mar- 
tyr  S.  Vicente  Patron  de  ambas  Lisboas  en  la 
Metropolitana  Cathedral  dei  Oriente.  Lisboa  na 
Officina  da  Mufica  1719.  8.  &  ibi  1721.  8. 
&  ibi  1722.  8.  &  ibi  1725.  4. 

Oratório  que  fe  canto  en  la  Iglejia  dei  Real 
Convento  de  NoJJa  Senhora  de  la  Efperança  en 
los  May  tines,  y  Fiejia  dei  prodigiofo  S.  Gonçalo 
de  Amarante.  Lisboa  na  Officina  da  Mufica. 
1722.  8. 

Fr.  lULIAM  DE  REZENDE  natural 
do  lugar  do  feu  apelido  diftante  três  le- 
goas  da  Cidade  de  Lamego  na  Provin- 
da da  Beyra  Monge  Ciílercienfe,  e  infi- 
gne  Efcriturario  como  publicaõ  as  obras 
feguintes  que  fe  confervaõ  M.  S.  no 
Real    Convento    de    Alcobaça. 

Ethimologia    nominum    S.     Scriptura.     foi. 

Glojfa  in  Evangelium  Matthai.  foi. 

D.  lULIO  FRANCISCO  DE  OLI- 
VEYRA.  Naceo  em  a  Cidade  de  Lisboa 
a  12  de  Abril  de  1693.  onde  foy  vir- 
tuofamente  educado  por  feus  Pays  An- 
tónio Francifco  de  OUveira,  e  Lourença 
Vieyra.  Na  tenra  idade  de  quatorze  an- 
nos  entrou  a  16  de  Julho  de  1707.  na 
Congregação  do  Oratório  de  Lisboa  pa- 
leílra  igualmente  de  fciencias  que  virtu- 
des onde  aprendidas  as  faculdades  efcho- 
laílicas  as  diftou  com  tanto  credito  do 
feu  nome,  que  mereceo  fer  venerado  por 
hum  dos  famozos  Theologos  do  feu  tem- 
po. Foy  admetido  á  Academia  Real  em 
o  anno  de  1756.  para  efcrever  as  Me- 
morias Hiíloricas  delRey  D.  Joaõ  o  Ter- 
ceiro. Attcndendo  a  Mageftade  delRey 
D.  Joaõ  o  V.  NoíTo  Senhor  às  fuás 
letras,  que  fe  faziaõ  mais  eíHmaveis  pela 
exaéla  obfervancia  do  feu  Inílituto  o  no- 
meou Bifpo  do  Funchal  Capital  da  Ilha 
da  Madeira  a  11  de  Fevereiro  de  1739. 
fendo    fagrado    pelo    Emminentiffimo    Car- 


dial  Patriarcha  de  Lisboa  D.  Thomaz 
de  Almeyda  em  a  Bafilica  Patriarchal  a 
5  de  Março  de  1741.  Antes  que  partif- 
fe  para  efte  Bifpado  foy  nomeado  em 
o  de  Vifeu  onde  exercita  as  obrigaçocns 
paftoracs  com  igual  2clo  do  culto  divi- 
no, como  compaffivo  focorro  da  pobre- 
za.    Compoz 

AllegaçaÕ  Jurídica  a  favor  da  Congregação  do 
Oratório  da  Cidade  de  Usboa  Occidental  em  re- 
pojla  a  que  mandarão  fav^er,  e  imprimir  os  Reve- 
rendos Prior,  e  Beneficiados  da  Igreja  Parochiai 
de  faõ  Nicolao  fobre  a  controverfia,  que  movem  à 
mefma  Congregação  periendendo  impedirlhe  o  com- 
plemento da  fua  Cav^a,  dividida  em  três  partes 
I.  em  que  fe  dá  huma  fincera  noticia  de  todo  o 
faão  que  fe  involve  nefla  controverfia.  1.  em  qu: 
fe  moflra  a  Jufiiça  da  Congregação.  3.  em  que  fe 
ref ponde  á  AllegaçaÕ  feita  a  favor  dos  Reverendos 
Prior,  e  Beneficiados.  Lisboa  por  Bernardo  da 
Cofta  ImpreíTor  da  Religião  de  Malta  1750. 
foi. 

Oração  recitada  no  Paço  a  ^o  de  Abril  de 
1736.  com  que  congratulou  aos  Académicos  da 
Academia  Real  pela  eleição  que  fi^eraõ  da  fua 
Pejfoa  para  feu  Collega.  Sahio  na  Collec.  dos 
Docum.  da  Academia  Real  do  anno  de  1736. 
Lisboa  por  lozé  António  da  Sylva  ImpreíTor 
da  Acad.  Real.  1736  4. 

Confultas  Moraes  M.  S.  foi.  Confer- 
vaõ-fe  na  Congregação  do  Oratório  de 
Lisboa. 

lULIO  DE  MELLO  DE  CASTRO. 
Naceo  em  a  Cidade  de  Goa  Cabeça  do 
Império  Oriental  Portuguez  em  Setem- 
bro de  1658.  fendo  filho  de  Antoni 
de  Mello  de  Caftro  que  pela  qualidade 
do  nacimento,  e  valor  de  animo  mere- 
ceo o  governo  daquelle  cftado,  e  D. 
Anna  Moniz  filha  de  Júlio  Moniz  da 
Sylva  cujo  nome  fe  lhe  impoz  em  obzc- 
quio  de  feu  Avó  materno.  Dezejando 
nos  primeiros  annos  feguir  os  militares 
veftigios  de  feus  Mayores  voltou  para 
o  Reyno  em  companhia  de  feu  Pa\, 
e  paíTando  a  Villaviçofa  foy  Tenente  à\ 
Tropa  do  General  feu  Tio  Diniz  de 
Mello  de  Caftro  primeiro  Conde  das  Gal- 
vcas    Confelheiro    de    Eftado,    e    Guerra,    c 


i 


L  USITAN  A. 


Governador  das  Armas  da  Provinda  do 
Alentejo  o  qual  pelo  efpaço  de  28  an- 
nos  foy  heróica  teftemunha  dos  mais  ce- 
lebres fuceíTos  em  que  no  Tribunal  da 
Campanha  fe  difputava  a  liberdade  defta 
Monarchia.  Reílituido  à  Corte  fe  embar- 
cou com  grande  parte  da  nobreza  na 
famoza  Armada  que  fe  expedio  no  anno 
de  1682.  a  Villa  Franca  de  Niza  para 
conduzir  ao  Duque  de  Saboya  cujo  efeito 
fe  fruftrou  por  difpoíiçaõ  de  mais  alta  pro- 
videncia. A  delicadeza  do  juizo,  e  a  afa- 
bilidade do  génio  de  que  prodigamente  o 
ornou  a  natureza  lhe  conciliarão  as  eítima- 
çoens  das  primeiras  PeíToas  aíTim  na  quali- 
dade como  na  erudição.  Naõ  houve  Aca- 
demia do  feu  tempo  que  com  ambidofa 
emulação  o  naõ  pertendefle  para  feu  Col- 
lega.  Na  Injiantanea  inítítuida  em  Caza  do 
Bifpo  do  Porto  Femaõ  Corrêa  de  Lacerda 
onde  fe  propunhaõ  matérias  fem  eftudo  an- 
tecedente, difcorria  taõ  folidamente  como 
fe  fora  por  muito  tempo  meditado  o  feu 
difcurfo.  Em  a  dos  Generofos  renadda  no 
anno  de  1684.  em  Caza  de  D.  António 
Alvares  da  Cunha,  e  renovada  por  feus 
filhos,  D.  Pedro,  e  D.  Luiz  da  Cunha  em 
1695.  foy  ouvido  com  geral  aplauzo  prin- 
dpalmente  quando  ocupou  o  lugar  de  Pre- 
fidente.  Naõ  adquirio  menor  aclamação 
fendo  Meftre,  e  Lente  na  Academia  Portu- 
^\a  renovada  em  o  anno  de  171 7.  em 
o  Palácio  do  Excellentiflimo  Conde  da  Eri- 
ceira D.  Francifco  Xavier  de  Menezes  onde 
com  elegante  fraze,  e  agudos  penfamen- 
tos  efcrevia  os  Elogios  dos  Varoens  Por- 
tuguezes.  Em  a  dos  Anonymos,  e  Illujirados 
collocou  o  feu  nome  entre  os  Principes  da 
Oratória,  e  Poética  até  fer  numerado  entre 
os  íincoenta  Académicos  da  Academia  Real 
Porfuguet(a.  no  anno  de  1720.  para  efcrever 
as  Memorias  Hiftoricas  dos  Monarchas  San- 
cho I.  e  Aífonfo  2.  dos  quais  era  ded- 
mo  fexto  neto.  Na  poezia  Caftelhana,  e 
Portugueza  excedeo  aos  mais  celebres  cul- 
tores do  Parnazo;  com  prodigiofa  fecun- 
didade produzia  a  fua  Mufa  conceitos  agu- 
dos, penfamentos  difcretos,  ideas  novas  em 
cuja  metrificação  eraõ  taõ  cadentes  as  vo- 
zes   que    moftrava    ter    por    Meftra    a    na- 


tureza,  e  naõ  a  Arte.  Igual  foy  o  feu 
talento  para  a  Hiíloria  efcrevendo  a  de 
feu  grande  Tio  o  primeiro  Conde  das 
Galveas  com  tanta  eleganda  que  igxialou 
a  valentia  da  fua  penna  à  da  efpada  da- 
quelle  Heroe.  Como  Varaõ  confiante  to- 
lerou por  todo  o  efpaço  da  fua  vida 
a  falta  dos  bens  da  fortuna  fendo  taõ 
abundante  dos  dotes  da  graça  até  que 
provada  a  fua  paciência  com  huma  di- 
latada, e  penofa  infermidade  falleceo  a 
19  de  Feverdro  de  1721.  quando  con- 
tava 63  annos  de  idade.  A'  fua  faudofa 
memoria  fe  dedicarão  dous  Elogios  fen- 
do o  primeiro  recitado  a  20  de  Feverei- 
ro na  Academia  Portugueza  pelo  Excd- 
lentiflimo  Conde  da  Ericeira  D.  Francifco 
Xavier  de  Menezes;  e  o  fegimdo  a  4 
de  Março  na  Academia  Real  por  meu 
Irmaõ  D.  lozè  Barboza  Qerigo  Regular 
Académico  do  numero,  e  Chroniíla  da  Se- 
reniíTima  Caza  de  Bragança.    Compoz 

Romance  à  imagem  de  Santo  Thomat^^  de 
vulto  que  veyo  de  Valença  com  a  Santa  Re/iquia. 
Começa 

Tan  vivo  ejiàsj  que  parece 

Sahio  nos  Acroamas  Panegyricos  com  que 
a  Santa  Cathedral  l^eja  de  Coimbra  receheo,  vene- 
rou, e  aplaudio  a  Sagrada  Re/iquia  de  Santo  Tho- 
ma^  de  Villanova.  Coimbra  por  lozè  Ferreira 
ImpreíTor  da  Univeríidade  1690.  4.  a  pag.  134. 

Romance  'Ejtdecajyllaho  em  aplaudo  de  Níanoel 
de  Sou^a  Moreira  author  do  Theatro  Geneal.  da 
Cat(a  de  Sott^a.    Sahio  ao  principio  defta  obra. 

Vida  de  Lj/it^  do  Couto  Félix  Guarda  mór 
da  Torre  do  Tombo.  Sahio  ao  principio  do 
Tácito  Portugue^  do  mefmo  Luiz  de  Couto. 
Lisboa  na  Officina  Deslandeíiana  171 5.  4. 

Romance  Endecafjllabo  fendo  AíTumpto 
Martim  de  Freytas  fallando  com  o  Ca- 
dáver delRey  D.  Sancho  IL  de  Portu- 
gal. Sahio  a  pag.  231.  dos  Progrejfos 
Académicos  dos  Anonymos  de  Usboa.  Lisboa 
por  lozè  Lopes  Ferrdra  171 8.  4. 

Hijloria  Panegyrica  da  Vida  de  Dini^ 
de  Mello  primeiro  Conde  das  Galveas  do 
Confelho  de  EJlado,  e  guerra  dos  Serenif- 
Jimos  Reys  D.  Pedro  II.  e  D.  Joaõ  V. 
Lisboa  por  lozè  Manefcal  ImpreíTor  da 
Sereniírmia    Caza    de    Bragança    1721.    foi. 


924 


BIB  LIO  THE  CA 


&  ibi  por  António  Duarte  Pimenta. 
1745.    4. 

Romance  Heróico  em  que  fe  defcreve  em  dous 
mil  Verfos  a  vida  de  Maria  Santifllma.  M.  S. 

EJogíos,  e  Difcurfos  Vários  recitados  cm 
diverfas  Academias,  como  grande  copia  de 
Verfos  Ijjfricos,  e  heróicos.  M.  S. 


D.  IZABEL  Infanta  de  Portugal  fi- 
lha de  D.  Jayme  único  do  nome  IV. 
Duque  de  Bragança,  e  de  fua  primeira 
conforte  D.  Leonor  de  Mendoça  foy  or- 
nada de  todos  aquelles  excellentes  dotes, 
que  fem  o  coroado  efplendor  da  origem 
fe  conílituem  Heroinas  no  Templo  da 
immortalidade.  A  fermofura  do  corpo 
correfpondeo  à  Santidade  do  efpirito  fendo 
compaíTiva  para  os  pobres,  religiofa  para 
Deos,  nas  açoens  prudente,  no  juizo  dif- 
creta,  e  na  converfaçaõ  afável.  Foy  def- 
pozada  com  o  Infante  D.  Duarte  filho  dos 
SereniíTimos  Monarchas  D.  Manoel,  e 
D.  Maria  cujo  auguílo  conforcio  fe 
celebrou  em  Villaviçofa  a  23  de  Abril 
de  1537.  de  que  foraõ  gloriofos  frutos 
a  Senhora  D.  Maria  nacida  a  8  de  De- 
zembro de  1538.  que  cazando  em  o 
anno  de  1365.  com  o  famofo  Alexandre 
Farnefi  terceiro  Duque  de  Parma,  e  Pla- 
cencia.  Governador  de  Flandes,  e  Caval- 
leiro  do  Tuzaõ  de  quem  teve  larga  def- 
cendencia  paíTou  piamente  a  coroarfe  no 
Impirio  a  8  de  Julho  de  1577.  A  Se- 
nhora D.  Catherina  que  nacendo  a  18 
de  Janeiro  de  1540.  cazou  com  feu  Pri- 
mo com  irmaõ  D.  Joaõ  I,  do  nome,  e 
VI.  Duque  de  Bragança  a  qual  foy  Opo- 
fitora  à  G)roa  deíla  Monarchia  contra  a 
ambição  de  Filipe  Prudente.  O  Senhor 
D.  Duarte  Duque  de  Guimaraens,  e  Con- 
deílavel  de  Portugal,  que  morreo  em  Évo- 
ra a  28  de  Novembro  de  1576.  Cumu- 
lada de  virtuofas  obras  falleceo  a  Infanta 
D.  Izabel  em  Villaviçofa  a  16  de  Setem- 
bro de  1576.  Jaz  fepultada  no  Seráfico 
Convento  das  Chagas  defta  Villa  com  o 
feguinte   epitáfio   gravado   na   fepultura. 

Aqtd  já:(^  a  Senhora  Infanta  D.  Ii^abel  mtdher 
do  Infante  D.  Duarte  filha  do  Duque  D.  Jayme, 


que  pela  muita  devoçaõ  que  teve  a  efla  Ca!(a  fe 
mandou  aqui  lançar  Anno  M.  D.  L.XXVI. 
Foy  muito  aplicada  à  liçaõ  dos  livros  princi- 
palmente Afceticos,  e  Efcriturarios  de  cuja 
aplicação  fe  feguio  efcrever  com  madura 
reflexão. 

Nottas  aos  Evangelhos  que  fe  lem  nas  Domin- 
gas Feflas,  e  outros  dias  do  Anno.  foi.  2.  Tom. 
Eíla  obra  efcrita  da  própria  maõ  da  Infanta 
fe  conferva  na  Bibliotheca  real  cm  cujo  fim 
eílà  o  feguinte  teftemunho  que  canoniza  a  fua 
legalidade.  Certifico  eu  o  Doutor  Manoel  do 
Valle  de  Moura  Deputado  do  Santo  Officio  que 
entre  os  livros  ef cri  tos  de  maÕ,  e  papeis  que  S.  A. 
a  Senhora  D.  Catherina  que  Santa  gloria  haja 
dos  feus  efcritorios  me  entregou  para  rever  por 
comiffao  do  Senhor  Alexandre  feu  filho,  fen- 
do Inquifidor  môr  deftes  Reynos,  e  eu  feu 
Meflre,  e  Criado,  me  entregou  efte  livro,  e 
outro  da  mefma  letra,  e  me  diffe  que  am- 
bos foraõ  da  Senhora  Infanta  D.  lí^abel  fua 
Mãy,  e  eraõ  de  fua  letra,  e  maÕ  própria. 
Os  quais  livros  eu  revi  entaõ,  e  agora,  e  naõ 
acho  nelles  com^a  que  ofenda  a  fé,  ou  bons 
cufiumes,  antes  os  tenho  por  diffios  de  naÕ 
ficarem  fepultados  no  efquecimento,  e  fahirem 
ao  publico  por  qualquer  meyo,  que  julgar 
quem  milhor  voto  tiver,  porque  no  meu  re- 
fulta  delles  prova  clara  de  erudição,  efpi- 
rito, e  grande  Santidade  defia  Senhora,  e 
hum  exemplo  heróico  da  fua  piedade  para 
das  outras  Senhoras  da  fua  eminência,  e  in- 
feriores humas  o  imitarem,  outras  o  admira- 
rem, e  todos  darem  por  elle  gloria  a  Deos 
que  he  Pater  luminum  de  quem  decem  efies 
dons  perfeitos.  Évora  24  de  Agofto  de  1635. 
Manoel    de    Valle    de    Moura 


D.  IZABEL  DE  CASTRO,  E  AN- 
DRADE filha  herdeira  de  Álvaro  Perez 
de  Andrade  defcendente  legitimo  dos  Con- 
des de  Andrade,  e  Vilhalua  em  Galiza, 
Commendador  de  Torres  Vedras,  e  Se- 
nhor do  morgado  da  Annunciada  de 
Lisboa,  e  Padroeiro  da  Capella  mòi  dcf- 
te  Convento;  e  de  D.  Guiomar  Hcn- 
riquez  filha  de  D.  Manoel  Pereira  III. 
Conde  da  Feira,  e  de  fua  fegunda  mu- 
lher   D.     Francifca     Henriques.     A    graça 


L  USITAN A. 


925 


cm  competência  da  natureza  a  ornou  de 
cfpiíito  fublime,  entendimento  perfpicàz, 
memoria  feliz,  natural  benevolência,  e  dif- 
criçaõ  fumma.  Das  fciendas  feveras  teve 
taõ  profunda  inftruçaõ  que  defendeo  G^n- 
duzoens  de  Filofofia,  e  Theologia  em  o 
Convento  de  Santo  António  do  Varatojo. 
Na  Poeíia  mereceo  lugar  deftinto  entre  o 
Coro  das  Mufas  fendo  os  feus  verfos 
conceituofos,  cadentes,  e  elegantes.  Foy 
cazada  com  D.  Fernando  de  Menezes  4. 
Senhor  do  Louriçal  Capitão  General  de 
Tias  os  montes  do  Confelho  delRey,  e 
Commendador  de  Santa  Chriftina  de  Sar- 
zedello  na  Ordem  de  Chrifto,  de  quem 
teve  quando  já  contava  54  annos  de  idade 
a  D.  Henrique  de  Menezes  V.  Senhor  do 
Louriçal  que  alcançou  naõ  pequena  gloria 
na  Reftauraçaõ  da  Bahia;  e  a  D.  Maria  de 
Caibro  que  cazou  com  D.  Joaõ  de  Menezes 
Alferez  mòr  do  Reyno.  Falleceo  em  Lis- 
lx>a  no  anno  de  1595.  e  eílá  fepultada  na 
Capella  mòr  do  Convento  da  Annunciada 
jazigo  da  fua  illuílre  Caza.  Das  fuás  obras 
poéticas  fe  podia  formar  hum  volume, 
dos  quais  fe  fizeraõ  unicamente  públicos 
dous  Sonetos,  hum  em  aplauzo  de  Alonfo 
de  Erzila  author  do  Poema  Aratuana  dedi- 
cado ao  Conde  de  Lemos,  e  Andrada 
parente  de  D.  Izabel  de  Caífaro,  e  naquelle 
tempo  Embaxador  em  Portugal,  cujo  So- 
neto tranfcreveo  Manoel  de  Faria,  e  Souza 
no  Comment.  do  Sonet.  95 .  de  Camoens. 
Tom.  I.  p.  181.  e  tanto  o  louva  que 
diz  parecerlhe  produção  da  penna  defte 
divino  Poeta.  O  outro  Soneto  fahio  im- 
preíío  na  Part.  5.  Uv.  3.  cap.  14.  da  Hijl. 
Seraf.  da  Prov.  de  Portug.  efcrita  por  Fr. 
Fernando  da  Soledade  o  qual  para  fe  co- 
nhecer o  efpirito  poético  delia  Heroina  fe 
tranfcreve  nefte  lugar.  O  argumento  do 
Soneto  era  eílar  convertido  o  forno  de 
cal  que  fervio  para  as  obras  do  Convento 
de  Varatojo  em  himia  Capella  dedicada  a 
Chrifto  Crucificado,  e  ainda  no  anno  de 
1590.  fe  lia  fobre  o  frontifpicio  gravado. 
Cheyo  de  furiofa  fiam  ma  ardente, 
A.  dura  pedra  fendo  aqui  lanhada. 
Em  pó  miúdo,  e  brando  transformada 
Nejle  forno  jã  fqy  antigamente. 


Outra  transformação  mais  excelknte 

Por  mais  fuave  flamma  hejá  aqui  dada. 

Antes  a  duras  pedras  cujlumada 

Agora  a  Coraçoens  de  dura  gente. 
Edificios  na  terra  entaô  fa:(ia 

Edifícios  no  Ceo  levanta  agora. 

Vede  a  transformação  daquelle  efeitoX 
Pajfou  de  noyte  efcura  a  claro  dia. 

Com  taõ  ff-ande  ventagem  fe  melhora 

Que  entaõ  abrandou  pedras,  boje  o  peito. 

O  Padre  António  dos  Reys  Enthufiafm.  Poet. 
n.  277.  a  aplaude  com  eftas  expreíToens  mé- 
tricas. 

Elifabeth  ctgus,  vel  dum  Camonius  Orbem 
Adfe  vertebat  ftupefaãum,  pleãra  fuere 
Affcultata:   dolet    Pbabus,    I^íufaque   Sorores 
Pauca,  quod  è  tantis  fuperejfent  Carmina,  tem- 

pus 
Accufantque  vorax,  nec  non  oblivia  noflra, 
Qua  rodenda  feris  tineis  totfcripta  dederunt. 


D.  IZABEL  CORRÊA  igualmente  inf- 
truida  na  intelligencia  das  linguas  mais 
polidas  da  Europa,  como  verfada  em  to- 
das as  Artes  liberaes.  Na  Gdade  de 
Amfterdaõ  onde  afliítío  a  mayor  parte  da 
fua  vida  inílituyo  em  Caza  huma  Aca- 
demia, que  era  frequentada  dos  mais  eru- 
ditos engenhos  de  hum,  e  outro  fexo 
onde  fe  altercavaõ  queftoens  deleitáveis, 
e  judidoías.  Publicou  o  infigne  Poema 
de    Baptiíla    Guarino    com    eíle    titulo. 

El  Pafior  Eido  tradut(ido  de  Italiano 
en  Metro  Efpanbol  y  illuflrado  com  refle- 
xiones. Amílerdam  por  Juan  Raveniiein 
1694.    8. 

Ao  feu  fublime  talento,  do  qual  bre- 
vemente fe  lembra  o  author  do  Tbeatr. 
Heroin.  Tom.  i.  p.  337.  lhe  fez  eíle  elo- 
gio métrico  o  Padre  António  dos  Reys 
Entbuf.  Poet.  n.  282. 

ítala  Paflorem  Fidum  Corrêa  vetabat 
Dulcia  verba  loqui,  tradens  mjfleria  lingua 
Hifpana,  duplicem  fanâiflima  jura  per  orbem 
Dantis:  odora  comas  neãebat  laurea;  plectro 
Dextera  Tbreiciam  citbaram  pulfabat  ebumo: 
Quà  tamen  in  Sacri  ft  Montis  fede  lo- 
canda. 


926 

Non  bene  cum  Im/is  Ho l landis  convém  t:  ijli 
Conviãum  objichmt  per  têmpora  longa,  fui/que 
Proin  jungendam  contendunt  Vatibus:  illi 
Deberi   L^yjia  jam  grandia   verba   crepantem, 
QuíB  Lm/os  inter  balbas  dedit  ore  loqudlas, 
Difficilesque  Jonos  meliori  jttre  reponunt. 

Sor  IZABEL  DA  MADRE  DE  DEOS 
Abbadefa  do  Seráfico  Mofteiro  de  Santa 
Qara  da  Qdade  do  Funchal  na  Ilha  da 
Madeira  taõ  obfervante  do  feu  Inílituto, 
como  deligente  obfervadora  das  açoens 
memoráveis  das  fuás  companheiras,  ef- 
crevendo 

KelaçaÕ  Summaria  de  varias  Keligiojas 
que  floreceraÕ  em  virtudes  no  Convento  de 
Santa  Clara  da  Cidade  do  Funchal.  Deíla 
obra,  como  da  Authora  faz  mençaõ  Fr. 
Fernando  da  Soled.  Hijl.  Seraf.  da  Prov. 
de     Portug.     Part.     3.     addicionad.     n.     952. 

IZABEL  MARIA  DE  S.  lOZE'  na- 
ceo  na  Villa  de  Olivença  Praça  de  Ar- 
mas da  Província  do  Alentejo  a  8  de 
Abril  de  1647.  e  na  Parochia  de  Nofla 
Senhora  do  Caftello  recebeo  a  primeira 
graça  a  15  do  dito  mez.  Teve  por  Pays 
a  Manoel  Gomez  Sardinha  Capitão  de 
Cavallos,  e  Maria  Nunes.  Defde  os  pri- 
meiros annos  cultivou  as  virtudes  fazen- 
do nelles  mayores  progreflbs  quando  vef- 
tio  o  habito  de  Terceira  na  Ordem  de 
S.  Domingos.  Falleceo  piamente  a  31  de 
Mayo    de     1701.     Compoz. 

Memorias  dafua  Vida.  M.  S. 
Das  quais  efcritas  da  fua  própria  maõ 
conferva  huma  parte  o  Padre  Prezenta- 
do  Fr.  Agoftinho  de  S.  Boaventura  da 
Ordem  dos  Pregadores.  No  Tom.  VI. 
do  Agiolog.  Domin.  fahirá  largamente  def- 
crita  a  fua  Vida  pela  penna  do  P.  Fr. 
lozé  da  Natividade  Dominico  continua- 
dor   daquella    grande    Obra. 


BIBLIO THE  CA 


D.  IZABEL  SENHORINHA  DA  SYL- 
VA  irmaã  de  Soror  Maria  do  Ceo  Religiofa 
cm  o  Seráfico  convento  da  Efperança  defta 
Corte  da  qual  fe  fará  illuftre  memoria  em  feu 
lugar,  naceo  em  Lisboa  fendo  filha  de  António 
Deça  de  Caftro,  e  naõ  António  de  Sà  como 
modernamente  efcreveo  o  author  do  Theatr. 
Heroin.  Tom.  2.  pag.  499.  e  de  D.  Cathcrina 
de  Távora  filha  terceira  de  D.  Antaõ  de 
Almada  Senhor  do  Pombalinho,  c  dos  la- 
gares delRey,  Embaxador  extraordinário  á 
Corte  de  Inglaterra,  e  de  D.  Izabel  da 
Sylva.  Foy  muito  inclinada  à  liçaõ  dos 
livros  donde  o  feu  penetrante  juizo,  c 
natural  difcriçaõ  colheo  as  flores  com 
que  ornou  as  fuás  compoziçocns  aíTim 
Poéticas,  como  Hiíloricas  meiecendo  entre 
ellas    a    primazia. 

Comedia  de  Santa  Iria. 

JEJlrella  errante 

Noutes  do  Sol. 

Obras  de  Mifericordia. 
Foy  cazada  com  Diogo  Luiz  Ribeiro 
Soares  Tenente  General  da  Cavallaria  da  Corte» 
General  de  batalha,  e  Tenente  General  da 
Artilharia  do  Reyno,  Confelheiro  de  Guerra 
Commendador  das  Commendas  de  Santa. 
Maria  de  Azave,  e  de  Santa  Maria  de  Monte 
Alegre  da  Ordem  de  Chriílo  de  quem  teve  a 
Joachim  Manoel  Ribeiro  Soares  que  cazou 
com  D.  Thereza  Barbara  de  Menezes  Dama 
da  SereniíTima  Rainha  D.  Mariana  de  Auífaia 
filha  de  D.  Luiz  Balthezar  da  Sylveira  feu 
Vedor,  c  de  D.  Luiza  Bernarda  de  Menezes 
irmaã  do  II.  Marquez  das  Minas:  e  a 
D.  Maria  Catherina  de  Távora  cazada  com 
feu  Primo  com  irmaõ  Manoel  Lobo  da 
Sylv^a  Commendador  de  Santa  Maria  de 
Moncorvo,  e  de  S.  Tiago  de  Adeganha 
da  Ordem  de  Chrifto,  Coronel  da  Caval- 
laria, Brigadeiro  na  Provinda  do  Alentejo, 
e  General  de  Batalha  de  quem  teve  fu- 
ceííaò. 


F  I  M. 


ERRATAS    EMENDADAS 


P  Ag.  8.  col. 

I.  reg.  27. 

profeíTo 

profeffou 

1      pag.  i6.  < 

;ol.  2.  reg.  22. 

Defralfos 

Dejcaljas 

pag.     58.  col. 

I.  reg. 

33- 

Qtiidem 

Quidam 

pag.     75.  col. 

2 

reg. 

40. 

MONTALVO 

MONTALTO 

pag.     88.  col. 

reg. 

45- 

Sonorum 

Sororum 

pag.  155.  col. 

reg. 

9- 

Officico 

Officio 

pag.  138.  col. 

2 

reg. 

48. 

Louvalmente 

Ijouvavelmente 

pag.  147.  col. 

reg. 

44. 

1620. 

1720. 

pag.  155.  col. 

reg. 

9- 

Horeem 

Heroiim 

pag.  182.  col. 

I 

reg. 

26. 

Reliofa 

Keligiofa 

pag.  205.  col. 

reg. 

29- 

feverofo 

fervorofo 

pag.  209.  col. 

reg. 

53. 

pela  materna 

pela  parte  materna 

pag.  232.  col. 

2 

.  reg. 

25- 

Carmana 

Carmina 

pag.  262.  col. 

reg. 

13- 

acompaheíTe 

acompanhaffe 

pag.  314.  col. 

reg. 

31- 

Vilhancios 

Vilbancicos 

pag.  337.  col. 

2 

reg. 

26. 

efpedo 

a/peão 

pag.  343.  col. 

reg. 

18. 

piedade 

piedade  os  Sacramentos 

pag.  360.  col. 

reg. 

16. 

caTiamtos 

ca/amentos 

pag.  365.  col. 

2 

reg. 

17. 

Petrum 

Patrum 

pag.  389.  col. 

2 

reg. 

24. 

publicou 

jíihilou 

pag.  389.  col. 

2 

reg. 

37- 

conrmaticne 

confirmatione 

pag.  392.  col. 

I 

reg. 

28. 

Idalcal 

Idalcaò 

pag.  421.  col. 

I 

•  reg. 

21. 

exçaõ 

exaçaõ 

pag.  491.  col. 

I 

•  rcg. 

29. 

três 

terceira 

pag.  524.  col. 

I 

reg. 

28. 

Inftituta 

Inftituta 

pag.  541.  col. 

2 

reg. 

II. 

Baltheza 

Baltheí(ar 

pag.  541.  col. 

2 

reg. 

48. 

>• 

fua 

pag.  543.  col. 

I 

reg. 

26. 

fupendia 

fufpendia 

pag.  607.  col. 

I 

reg. 

3- 

Torre 

Terre. 

pag.  636.  col. 

2 

reg. 

8. 

idode 

idade 

pag.  656.  col. 

I 

reg. 

10. 

parculari 

particulari. 

pag.  657.  col. 

2 

reg. 

12. 

Tbeofitis 

Theodofeus 

pag.  674.  col. 

2 

reg. 

17. 

natoveis 

notáveis 

pag.  675.  col. 

I 

reg. 

41. 

Celeftia 

Cekftial 

pag.  728.  col. 

2 

reg. 

38. 

cujo 

cuja 

pag.  751.  col. 

2 

reg. 

38. 

Hipanos 

Hifpanos 

pag.  760.  col. 

I 

reg. 

5- 

Erimitaa 

Erimitica 

pag.  773.  col. 

I 

reg. 

49- 

Lobo 

Lopo 

pag.  784.  col. 

2 

reg. 

27- 

Komona 

Romano 

pag.  805.  col. 

I 

reg. 

53- 

Magdalela 

Aíagda/ena 

pag.  816.  col. 

I 

reg. 

26. 

tirpinar 

tirpar 

pag,  821.  col. 

I 

reg. 

52- 

adeira 

Cadeira 

pag.  824.  col. 

I 

reg. 

20. 

1743, 

1734- 

pag.  830.  col. 

2 

reg. 

22. 

Corocel 

Coronel 

pag.  837.  col. 

I 

reg. 

16. 

Lugares 

luigares 

pag.  860.  col. 

2 

reg. 

7- 

Emminentijpmo 

Excellentijftmo 

pag.  869.  col. 

I 

reg. 

51- 

Providencia 

Provinda 

pag.  874.  col. 

I 

reg. 

49- 

eftava 

efteve 

pag.  897.  col. 

I 

reg. 

36. 

Sermoens 

Sermão 

pag.  902.  col. 

I 

reg. 

46. 

agmentou 

augmentou 

pag.  906.  col. 

2 

reg. 

31. 

Cartola 

Carlota 

ESTA  NOVA  EDIÇÃO  DA  BIBUOTOECA  LUSITANA,  CORRECTA 
REPRODUÇÃO  DA  EDIÇAO  ePRINCEPS».  FOI  REVISTA  POR 
M.  LOPES  DE  ALMEIDA,  DIRECTOR  DA  BIBUOTECA  GERAL 
DA  U>aVERSIDADE  DE  COIMBRA.  FIZERAM-SE  TODAS  AS 
EMENDAS  PROPOSTAS  PELO  AUTOR,  E  AQUELAS  QUE  NO 
DECORRER  DA  REVISAO  SURGIRAM  COMO  ERROS  TIPOGRA- 
nCOS.  FOI  COMPOSTA  E  IMPRESSA  NAS  OFICINAS  GRAFICAS 
DA  «ATLÂNTIDA  EDITORA»,  EM  COIMBRA.  NA  RUA 
COMBATENTES  DA  GRANDE  GUERRA,  67,  SOB  A  DIREC- 
ÇÃO DO  MESTRE-TIPÓGRAFO  JOSÉ  ABRANTES  MACHADO 
E  ACABOU  DE  SE  IMPRIMIR  FJrf  18  DE  FEVEREIRO  DE  1966, 
DIA  DE  S.  TEOTÓNIO,  l.»  PRIOR  DO  MOSTEIRO  DE  SANTA 
CRUZ    DE    COIMBRA- 


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BNDING  SECT.    SÈPZIWB 


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2722 
B233 
17^1 
t.2 


Barbosa  Machado,   Diogo 
Bibliotheca  lusitana 


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